0 " Aprenda a preparar um delicioso pão caseiro recheado Neste domingo (18), o Clube Rural traz a receita de um pão caseiro. A cozinheira Cynthia Ribeiro ensina a fazer esse prato delicioso e fácil de ser preparado. Pão Caseiro — Foto: Reprodução/TV Clube Comédia Pão com Ovo faz live beneficente no dia 20 de junho. — Foto: Divulgação. No dia 20 de junho a família Pão com Ovo vai invadir as telas, a partir das 14h30, com uma live divertida e beneficente. A transmissão ao vivo será feita pelo Gshow e pela TV Mirante, afiliada da Rede Globo, que inova mais uma vez e traz um conteúdo diferente para alegrar o telespectador maranhense. O grupo de comédia vai levar muito humor e ainda arrecadar doações para os maranhenses que mais precisam de auxílio neste momento de pandemia. A diversão vai ser garantida, já que Yardi, filha de Dijé, planeja um noivado online no bairro do Fumacê, em São Luís. E Clarisse aproveita a oportunidade para ver esse fuxico de perto e se voluntaria para ajudar a amiga Dijé nos preparativos dessa festa pra lá de divertida, bem humorada e virtual. E o grupo não vai estar sozinho, pois a live terá participações pra lá de especiais. A influencer Thaynara OG, o ator Rômulo Estrela e a cantora Alcione também vão animar o telespectador. Segundo a gerente de Marketing do Grupo Mirante, Adriana Sarney Caminha, as lives transmitidas pelos veículos do grupo oferecem um conteúdo relevante, que ajuda as pessoas a passarem por um momento complicado como esse de pandemia. A gerente de Marketing também ressalta a importância das lives como uma forma de dar apoio à classe artística, que está tão desassistida nesse momento. •Comédia Pão com Ovo - 14h30 - Link Pão com Ovo e Grupos de Boi realizam lives neste fim de semana — Foto: Divulgação Neste fim de semana e também no dia 23 de junho, vários grupos de Bumba Meu Boi farão apresentações pela internet. As 'lives' terão caráter solidário e com transmissão pelos perfis oficiais dos grupos nas redes sociais (veja os horários mais abaixo). Dentre as apresentações estão o Boi da Maioba, Boi de Morros e Boi de Ribamar, que são tradicionais grupos do São João maranhense. Quem também realiza uma 'live' beneficente neste fim de semana é o grupo de comédia Pão Com Ovo. A transmissão ao vivo será feita no dia 20, às 14h30, pelo Gshow e pela TV Mirante. A influencer Thaynara OG, o ator Rômulo Estrela e a cantora Alcione também confirmaram presença na live. No enredo, a filha de Dijé, Yardi, planeja um noivado online no bairro do Fumacê, em São Luís. Clarisse aproveita a oportunidade para ver esse fuxico de perto e diz que vai ajudar a amiga Dijé nos preparativos dessa festa. Comédia Pão com Ovo faz live beneficente no dia 20 de junho. — Foto: Divulgação. Veja abaixo a lista de lives Chef JPB mostra receita de pão de queijo recheado O Chef JPB segue com a temporada com estudantes de gastronomia que viraram empreendedores. Neste sábado (17), Hildebrando Neto conheceu o chef e gastrólogo Gui Miranda, que ensinou como fazer pães de queijo recheados. Confira o passo a passo abaixo: Gastrólogo se destaca com criação de pães de queijo com formatos e sabores diversos — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Ingredientes Modo de preparo Leve ao fogo o leite, a manteiga e o óleo ou banha e o sal. Espere ferver até que levante espuma. Escalde o polvilho com o líquido quente e misture com uma espátula ou colher até que todo o polvilho seja envolvido. Espere esfriar e acrescente os ovos 1 a 1 até que a massa fique hidratada e homogênea. Adicione o queijo misturando só até o ponto de absorção da massa. Faça bolinhas e distribua no tabuleiro dando uma distância de pelo menos 3 cm de um pão para o outro. Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus, asse por aproximadamente 25 minutos ou até que comece a dourar. Aprenda como fazer receita de pão de queijo recheado no Chef JPB — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Recheio de bacon com geleia de goiaba Geleia de Goiaba: Corte as goiabas em pedaços, adicione todos os ingredientes na panela e leve a fogo baixo sem ficar mexendo para que não cristalize a geleia. Desligue o fogo e passe para um pote de vidro esterilizado assim que começar a ver o fundo! Bacon crocante: Corte o bacon em cubos pequenos e leve a fogo médio em uma frigideira mexendo sempre, até que fiquem crocantes. Passe a goiaba no pão e jogue os cubos de bacon por cima. Recheio nordestino Pão de queijo com recheio nordestino leva nata e carne de sol — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Paçoca de carne de sol: Dessalgue a carne de sol em água fria, trocando a água de 30 em 30 min por até 3 vezes. Frite numa frigideira em fogo médio até que esteja bem passada. Bata em um pilão ou leve ao processador até que fique bem desfiada. Vinagrete de coentro: Corte como preferir a cebola o coentro e a azeitona, misture todos os ingredientes, tempere com sal e pimenta e leve para geladeira até que esteja gelado. Abra os pães, passe nata na parte de baixo, acrescente a paçoca de carne de sol e o vinagrete. Recheio de doce de leite Doce de leite caseiro: Leve a fogo baixo mexendo até que dê o ponto desejado. 'Pão com Ovo' foi condenado a mais 20 anos de prisão em regime fechado — Foto: Digulgação O traficante Luiz Claudio Gomes, conhecido como ""Pão com Ovo"", preso desde 2015, foi condenado a mais de 20 anos de prisão. Pão com Ovo, integrante do Comando Vermelho, foi considerado por muito tempo como o mais perigoso traficante de Niterói e foi preso em 2015 no Ceará. A sentença foi dada a partir da Operação Background, realizada pela 78ª DP na Favela Nova Brasília, em 2017. Segundo a polícia, mesmo após a prisão, Luiz Claudio, o Pão com Ovo, continuou comandando o tráfico de drogas no morro por meio de seu advogado, Mauro Silva Sant'Anna, e de sua mulher, Angela Cristina Polisseni, presos em 2017. A Justiça entendeu que os dois repassavam as ordens do traficante aos demais criminosos, recolhiam dinheiro do tráfico e levavam vida de luxo. Mauro, conhecido como Dr. Mauro, e Angela, conhecida como Princesa, também foram condenados a penas maiores, de nove anos e meio cada um. ""Destaque-se, outrossim, que a organização criminosa mantida pelos denunciados caracteriza-se pela extrema violência com que age, pelo poder das armas empregadas pelos denominados ´soldados do tráfico´, além de ser dotada de regras e códigos próprios"", diz a decisão. A prisão de seus maiores comparsas, a mulher e o advogado, em 2017, não desmantelou o controle exercido por Pão com Ovo que seguiu dando ordens ao tráfico de dentro da prisão, em uma nova estrutura que se formou, de acordo com as investigações. ""Cabaré do Pão com Ovo"" inicia temporada em São Luís — Foto: Ayrton Valle / Divulgação O espetáculo Pão com Ovo está de roteiro completamente renovado e inicia nova temporada a partir desta quinta-feira (11), as 20h, no Teatro Arthur Azevedo. A peça maranhense é produzida pelo grupo Santa Ignorância Cia. de Artes. O novo espetáculo é chamado de “Cabaré do Pão com Ovo” e agora conta as personagens Dijé (Adeílson Santos) e Clarisse Milhomem (por César Boaes) não tem mais o Zé Maria (por Charles Júnior). Sai o torcedor apaixonado pelo Sampaio e entra um motense de coração chamado de José de Ribamar, interpretado por Davyd Dias. O novo espetáculo fica em cartaz em curta temporada no Teatro Arthur Azevedo de 11 a 14 de julho, quinta e sexta, às 20h, e sábado e domingo, em duas sessões, às 17h30 e 20h. > MUDANÇA: Pão com Ovo anuncia a saída de Charles Júnior, o 'Zé Maria' O público vai saber os motivos pelos quais Dijé está de amado novo e ainda o início da caminhada do marido de Clarisse Milhomem, que vai tentar ser prefeito de São Luís. ""São oito anos em cartaz, mesmo assim, a cada temporada a gente tem sempre a preocupação de trazer novidades. Esse é um espetáculo mais maduro que tem momentos de canto. Brincamos com o musical dentro da 'breguice' e do canto popular. É um espetáculo com dramaturgia mais amarrada, com começo meio e fim, mas sem perder a essência, o humor e o jeito maranhense de falar. A drama terá mais crítica social e vai girar em torno da separação de Dijé e da pré-candidatura a prefeito de São Luís de Carlos Alberto”, disse Boaes. O novo espetáculo tem textos de César Boaes e Adeílson Santos e a consultoria de dramaturgia de Lauande Aires e Bruno Magno. A duração é de 1h e meia e terá mais crítica social. “Esse espetáculo não terá quadros como os outros. A drama terá mais crítica social e vai girar em torno da separação de Dijé e da pré-candidatura a prefeito de São Luís, de Carlos Alberto. Tudo está sendo feito com muito amor e profissionalismo e espero que o público goste e se divirta muito”, finalizou. Aprenda a fazer um pão de queijo com broto de bambu O bambu é uma planta da família das gramíneas com 1.642 espécies espalhadas pelo mundo, das quais cerca de 20% estão no Brasil: 258 são nativas e cerca de 80 foram trazidas ao país, afirma o presidente da associação de produtores (Aprobambu), Guilherme Korte. A planta tem, aproximadamente, 10 mil usos, sendo matéria-prima na produção de papel, celulose, móveis e artesanatos, além de gerar energia por meio de sua queima. Brasil tem 258 espécies nativas de bambu e cerca de 80 exóticas. — Foto: Juliana Cortez/Arquivo pessoal Seu carvão pode ser usado em cosméticos e em cremes dentais por ter efeito clareador e, com tratamento correto, serve como estrutura e acabamento na construção de casas. A gramínea tem a mesma resistência da madeira com a vantagem de não precisar ser replantada. ""O bambu rebrota, diferentemente do eucalipto"", diz o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Acre, Eufran Amaral. A planta também tem vocação para a culinária. Na Índia e na China, por exemplo, é comum o consumo da farinha de bambu, que ainda não é fabricada no Brasil, conta a pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Juliana Cortez Barbosa. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 9,2 milhões de hectares de florestas com bambu nativo e plantado, dos quais metade está no Acre (4,5 milhões de hectares), segundo um cruzamento de dados da Embrapa. A maior floresta do mundo com a presença de bambu fica na fronteira entre o Brasil, Bolívia e Peru (18 milhões de hectares). Nesta área, a gramínea está misturada com outros tipos de plantas, explica o analista da Embrapa, Bruno Imbroisi. Já a maior floresta do mundo onde só há a presença do bambu está na China, em uma área de 6 mil hectares. De acordo com a Aprobambu, as principais plantações para uso econômico no Brasil estão: Korte afirma que não há dados sobre o quanto o setor gira na economia. ""Isso é difícil porque o próprio fazendeiro que produz o bambu, consome o bambu. Não existe a emissão de nota fiscal. (...) E se a gente olha para quem trabalha com artesanato, por exemplo, muitos são informais"". Porém, este levantamento tem sido feito pela BambuBR, uma associação que reúne empresas, pesquisadores e produtores. Eles estão colhendo informações neste link. Bambu pode ser usado de 10 mil maneiras diferentes. — Foto: Arte / G1. Broto de bambu precisa ser colhido até 3 dias depois de sair da terra para usar na alimentação — Foto: Instituto Jatobás e BambuBR O broto de bambu é a primeira estrutura da planta que sai da terra. ""Assim que o broto sai, nós temos 2 ou 3 dias para colher, senão ele cresce e fica duro"", explica Juliana Cortez, que também é presidente da BambuBR. Depois de colhido, o broto é descascado e precisa passar por um processo de cozimento antes de ir para o consumo humano. Esse processo serve para eliminar os glicosídeos cianogênios, que são tóxicos. Broto de bambu: segundo Juliana Cortez, o alimento é semelhante a um palmito, só que crocante — Foto: Arquivo pessoal/Juliana Cortez Depois do cozimento, a lista de possibilidades de preparo com o broto é muito variada, pois ele é uma ""base neutra que absorve todos os sabores"", explica a pesquisadora. O broto de bambu pode ser usado para fazer a base de um sorvete, por exemplo. ""Você bate ele no liquidificador e depois com o creme de leite, leite condensado"", diz. À esta massa, outros sabores podem ser acrescentados. Em um dos cursos promovidos pela Unesp, foi desenvolvido até um sorvete de morango com coentro que, apesar de não ser uma combinação muito convencional, Juliana diz ter gostado do sabor. Sorvete de morango com coentro à base de broto de bambu — Foto: Arquivo pessoal/Juliana Cortez Pão de queijo com broto de bambu desenvolvido pela culinarista Iraci Araújo — Foto: Arquivo pessoal/Iraci Araújo A culinarista Iraci Araújo, da cidade de Pardinho, interior de São Paulo, conhece bem a versatilidade do bambu na cozinha. Veja o passo a passo do pão de queijo: Ingredientes Modo de fazer A culinarista desenvolveu todas essas receitas em 2019, por meio de uma ação do município de Pardinho junto à empresa Tudubambu, que, na ocasião, fez diversos experimentos do broto para comercialização. Atualmente, a empresa está se reestruturando e não comercializa mais o broto, afirma a coordenadora do Instituto Jatobás, Madalena Carneiro. O instituto, que desenvolve projetos sociais e sustentáveis com o bambu, fica localizado na Fazenda dos Bambus, em Pardinho, onde também está a Tudobambu. A empresa deve começar a fabricar, em breve, quadros de bicicletas com a planta e estuda, junto com pesquisadores da Unesp, a fabricação de próteses com o bambu. Uma edição de 2020 de Globo Rural comentou sobre essa e outras iniciativas, veja a seguir: Conheça a versatilidade do bambu Juliana, da Unesp, coordena um projeto de fabricação do broto para comercialização por pequenos produtores de Itapeva e conta que, além de São Paulo, conhece produção em Goiás, Rio Grande do Sul e que, no Acre, há projetos iniciais. Farinha feita à base de bambu tem valor nutricional mais vantajoso do que farinhas convencionais — Foto: EPTV 1 Outro produto que a Unesp está desenvolvendo no Brasil é a farinha de bambu, que, além da China e Índia, é muito consumida também na Tailândia e Indonésia, por causa do seu teor rico em fibras. Para fabricá-la, o bambu precisa ter, no máximo, 2 anos de vida. E, depois de colhido, é preciso tirar a parte mais dura e moer. “Ele fica bem fininho”, conta Juliana. “Nós estamos adquirindo máquinas para fazer o processamento deste material e vamos testar várias espécies para estudar o valor nutricional”, diz. A universidade paulista também atua em Ribeirão Branco (SP) capacitando os produtores da cidade na produção de cabos, que são vendidos para uma indústria fabricar pentes e escovas de dentes e cabelos, por exemplo. Pentes de bambu que foram fabricados com os cabos produzidos por agricultores de Ribeirão Branco (SP) — Foto: Divulgação Esses agricultores fazem parte da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Bairro dos Pacas e Região. E, além de capacitação, receberam máquinas para trabalhar. Os recursos do projeto vêm do Ministério da Ciência e Tecnologia. “Muitas vezes, esses agricultores ficam sem trabalho porque a cultura em que eles trabalham é sazonal. Quem trabalha com tomate, por exemplo, fica 6 meses parado. Mas, com a produção de cabo para indústria, eles conseguem ter uma renda”, diz Juliana. Agricultores de Ribeirão Branco (SP) na confecção de objetos de bambu — Foto: Arquivo pessoal “O bambu usado pelos agricultores é colhido em uma área de uma empresa madeireira, por meio de uma outra parceria nossa. Tudo é feito por meio parceria”, diz. Ampliar as diversas cadeias de produção de bambu no Brasil depende de uma regulamentação do setor, para o pesquisador da Embrapa Acre, Eufran Amaral. Em 2011, o governo federal lançou a Política Nacional do Bambu (Lei 12.484), mas, até hoje, não publicou nenhum decreto para regulamentá-la. A falta de equipamentos, inclusive, é um forte gargalo do setor. “A maioria das máquinas que temos no Brasil é de origem asiática. Mas o bambu chinês tem menos fibra e é mais maleável. Então, hoje, nós temos que importar a máquina chinesa e adaptar"", diz Amaral, da Embrapa. Floresta com bambu — Foto: Arquivo pessoal/Juliana Cortez Alguns dos principais benefícios do bambu são o ""sequestro"" de carbono da atmosfera, proteção do solo e recuperação da fauna e flora. Segundo ela, o sistema radicular (raízes) do bambu tem cerca de 1 metro de profundidade. ""Esse sistema de raízes não deixa a água escorrer e fazer erosão"", diz. Amaral, da Embrapa, afirma ainda que uma floresta de bambu tem até 5 vezes mais de biomassa do que uma área de pastagem, por exemplo. Biomassa, neste caso, é toda a vida da planta: raiz, galhos, comos (popularmente conhecido como a vara do bambu). ""Com isso, você consegue incorporar mais matéria orgânica ao solo e ter mais biodiversidade da fauna e flora"", diz Amaral. Segundo ele, a sombra do bambu atrai um maior número de mamíferos e, os seus galhos, mais passarinhos. Além disso, o pesquisador lembra que diversos tipos de abelhas vivem dentro dos comos de bambu. Bambu pode ser usado na construção civil, artesanato e até em próteses Negócios bilionários, pão e manteiga ainda enfrentam desafios no país Algodão é o 'boi vegetal' em que tudo se aproveita Quase metade da produção do campo passa por cooperativas Além da pipoca, milho alimenta a economia do Brasil Agricultores familiares usam internet para manter negócios na pandemia Campo já está pronto para receber as ""máquinas do futuro"" Café é a 2ª bebida mais consumida no país e interesse cresceu na pandemia Caju pode virar até 'queijo', mas não é fruta Além da farinha, mandioca entra na cerveja e até na extração do ouro De roupas a calçados, couro tem origem no boi e movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano Abacate perde fama de vilão para saúde e produção brasileira deve dobrar em 3 anos Pecuaristas focam em gestão e testam até 'sutiã' para aumentar a produção de leite Nova geração da agricultura familiar encara dificuldades para continuar missão dos pais Com gosto de sábado, feijoada ajuda a movimentar mais de R$ 40 bilhões no campo Cana-de-açúcar vira eletricidade para 12 milhões de residências Maçã movimenta R$ 7 bilhões na economia e exportação nacional deve crescer em 2021 Veja 5 pesquisas agropecuárias que mudaram o consumo e a qualidade de vida dos brasileiros Irrigação usa quase metade de toda a água do Brasil para produzir alimentos Brasil já faz hambúrguer, linguiça e até bolinho de 'siri' com plantas e grãos Melhoramento genético impulsiona produtividade do arroz no Brasil Uma idosa de 80 anos teve os cartões bancários furtados pelo próprio neto, nesta segunda-feira (27), na Vila Jacy, região sul de Campo Grande. A vítima contou para a polícia que o homem entrou na casa dela, pediu comida e cometeu o crime enquanto ela fazia ""ovo frito e pão com salame"" para o suspeito, de 33 anos. ""Nós fizemos buscas e conseguimos abordá-lo no centro da cidade, no momento em que ele já estava negociando a corrida com um mototaxista. Ele estava com R$ 950 dos R$ 1,5 mil que ele sacou da vítima. No início, negou e disse que o dinheiro era de um serviço que havia feito e os cartões não sabia de quem era. Depois, já na viatura, confessou o crime"", afirmou ao G1 o delegado Mikail Faria, responsável pelas investigações. Conforme o delegado, o suspeito também afirmou ser usuário de drogas. ""A idosa comentou que é maltratada há tempos e já registrou boletim de ocorrência contra o neto, que já a furtou em outras ocasiões, além de agredir e fazer ameaças. Ela disse que é a única parente que ainda tem esperança dele largar o vício"", comentou. O suspeito também tem antecedentes criminais por violência doméstica contra uma ex-companheira. ""Nós achamos que ele já estava a monitorando, pois, a idosa tinha ido em uma lotérica. No entanto, ela não estava com dinheiro. Quando ela retornou, ele disse que estava com fome e ela abriu e ainda foi fazer comida para ele"", explicou Faria. O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia como furto qualificado com abuso de confiança. Funcionárias impedem assalto à panificadora usando rolo de pão, em Curitiba Um homem, suspeito de tentar assaltar uma panificadora, foi preso logo após ser impedido do roubo por funcionárias do estabelecimento. A ação aconteceu na noite de terça-feira (20), no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, e as funcionárias usaram até um rolo de pão para reagir ao assalto. Segundo as funcionárias, o homem entrou e pediu um copo de água. Minutos depois, anunciou o assalto. Para ameaçar as mulheres, ele usava uma faca e um guarda-chuva. As funcionárias não se intimidaram e correram atrás dele para impedir que o estabelecimento fosse assaltado. Até um rolo de pão foi usado pelas funcionárias para impedir o assalto. — Foto: Reprodução/Câmera de Segurança Na tentativa de impedir o roubo, uma das funcionárias pegou um rolo de pão e correu atrás do homem. Mesmo com as funcionárias em cima dele, o homem não desistiu da ação. Ele tentou fugir levando uma bicicleta, mas não conseguiu pegar, porque duas funcionárias impediram. Ao sair da panificadora correndo, o homem foi contido por algumas pessoas que estavam na rua. Mesmo com as funcionárias em cima dele, ele tentou pegar uma bicicleta, mas não deu certo. — Foto: Reprodução/Câmera de Segurança Durante a tentativa de fuga, ele teve ferimentos leves. Por isso, ao ser detido por uma equipe da polícia, ele precisou ser atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Após o atendimento, o homem foi encaminhado à Central de Flagrantes da Polícia Civil. As funcionárias não se machucaram e nada foi levado do local. A polícia lembrou que a orientação é não reagir em caso de assalto. Segundo a polícia, é importante ressaltar que os suspeitos, muitas vezes, atuam em dois ou três integrantes, e a reação pode acabar sendo perigosa para a vítima. Outro ponto destacado pela polícia é a orientação para que a população evite utilizar bens de valor em parques, praças ou outros locais movimentados, para evitar este tipo de crime. Veja mais notícias do estado no G1 Paraná. A Prefeitura de Cotia, na Grande São Paulo, atrasou a entrega de cestas básicas e ovos de Páscoa aos alunos da rede municipal. A entrega dos alimentos deveria ser feita mensalmente e a última aconteceu no dia 15 de março. Segundo a Prefeitura, a licitação da compra dos alimentos deve ser finalizada nas próximas semanas e, por isso, a entrega ainda não tem data prevista. Ainda de acordo com a gestão municipal, a cesta deverá ser entregue junto com os ovos de Páscoa. A diarista Rita de Cássia Mendes lamenta a situação. ""Eu não tenho nada. Hoje mesmo, não tenho café. Não tem. A salvação é que meu tio deu um quilo de feijão."" Durante a pandemia, Rita perdeu o emprego e utiliza do Bolsa Família para sustentar os três filhos. Segundo ela, a cesta básica recebida pela Prefeitura era necessária. ""Vem cinco quilos de arroz, um pacote de feijão, um de óleo, o sal, o leite em pó, fubá e a farinha da mandioca. Um pacote de macarrão e um de extrato de tomate."" Em abril de 2020, com as aulas suspensas durante a quarentena, a Prefeitura de Cotia publicou um decreto determinando a distribuição de um kit alimentação aos pais e responsáveis de alunos das escolas municipais. Segundo as redes sociais da Prefeitura, as últimas entregas das cestas básicas aconteceram nos dias 18 de fevereiro e 15 de março. Nenhuma foi entregue em abril. Flávia Soares de Lima tem dois filhos e não trabalha, porque um deles tem deficiência motora. ""Como a gente não recebeu [a cesta básica], não tem nada. Essa semana mesmo, não vou conseguir fazer comida para eles. Se não tiver ajuda de outra pessoa, eles não vão ter o que comer."" Ladrões mantém reféns durante assalto a fazenda em Patrocínio Paulista, SP Uma quadrilha manteve um casal refém por cinco horas durante um assalto a uma fazenda em Patrocínio Paulista (SP) na tarde de quarta-feira (7). Durante o roubo, os criminosos mantiveram as vítimas, que trabalham na fazenda, sob ameaça de armas e ousaram usar os utensílios da cozinha da casa em que elas vivem para fazer pão com ovo e tomar suco. No fim, fugiram com um carro, uma caminhonete, duas TVs, uma câmera, um celular e um caminhão, utilizado para levar tudo embora. Fazenda em Patrocínio Paulista foi alvo de assaltantes por cinco horas — Foto: Reprodução/EPTV ""Foi pelo tempo que ficaram, deu fome e eles comeram. Fiquei indignada porque não é só a gente que fica refém, é sua casa inteira, você fica sem ação, sem poder fazer nada"", diz uma mulher, uma das vítimas, que prefere não ser identificada. A Polícia Civil investiga o caso, mas até agora nenhum suspeito foi identificado. Também na zona rural de Patrocínio Paulista, suspeitos foram detidos em flagrante após furtarem uma caixa d'água de uma propriedade e a transportarem no teto de um carro na noite de segunda-feira (5). Quatro ladrões chegaram armados à fazenda no fim da tarde e pegaram de surpresa os moradores, que foram trancados em um quarto da residência em que vivem. Segundo uma das vítimas, os criminosos estavam à procura do dono da propriedade, que não estava no local. ""A gente ficou sem ação de nada, ficou com medo. Na hora a gente paralisou, não sabia o que fazia"", relata o morador. Durante o assalto, a moradora da casa, que tem problema de pressão alta, relata que chegou a passar mal. Moradora relata que ladrões fizeram pão com ovo enquanto mantinham vítimas reféns em fazenda de Patrocínio Paulista (SP) — Foto: Reprodução/EPTV ""Sou hipertensa, já conheço os sintomas. As minhas mãos começaram a formigar bastante, a cabeça a doer, os olhos a arder"", conta. Segundo ela, os ladrões estavam tão à vontade que foram até a cozinha e prepararam sanduíches com ovos, além de pegar um suco que estava guardado no armário. Depois de cinco horas, os criminosos foram embora, mas deixaram trauma e medo. ""Fica muito ruim pra trabalhar, eu mesmo, deu vontade até de ir embora. (...) Mas não tem lugar pra onde ir, precisa de serviço"", lamenta o morador. Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca Ovos representam vida e renascimento; acima, exemplares decorados, em uma tradição que remonta à Idade Média — Foto: Getty Images via BBC O que explica a associação entre os símbolos do ovo e do coelho com a celebração da Páscoa, a crença na ressurreição de Jesus Cristo? Há controvérsias e diferentes versões circulam entre os religiosos. Uma dessas versões, que tem sido disseminada ao longo dos séculos é a de que Maria Madalena teria ido antes do amanhecer de domingo ao sepulcro de Jesus de Nazaré — crucificado, na sexta-feira — levando consigo material para ungir o corpo dele. Ao chegar ao local, teria visto a sepultura entreaberta. Um coelho, que teria ficado preso no túmulo aberto na rocha, seria o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição de Jesus. Por essa razão, ganhou o privilégio de anunciar a boa nova às crianças do mundo inteiro na manhã da Páscoa. É ele, portanto, o suposto portador do ovo de chocolate. VÍDEO: Papa Francisco visita centro de vacinação na Sexta-Feira Santa Papa faz visita surpresa a centro de vacinação no Vaticano O ovo, por sua vez, é um símbolo de vida e renascimento. Povos da Antiguidade, como os romanos, propagavam a ideia de que o Universo teria a sugestiva forma oval. Na Idade Média, houve quem acreditasse que o mundo teria surgido dentro da casca de um ovo. ""Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no equinócio da primavera, comemorado no dia 21 de março no hemisfério norte, era um costume que celebrava o fim do inverno"", explica o monsenhor André Sampaio Oliveira, doutor em Direito Canônico. Na Alemanha, os ovos são pendurados nos galhos das árvores, como se fossem bolas de Natal — Foto: EPA via BBC Foi uma questão de tempo para que os ovos presenteados passassem a ser ornamentados. Na Idade Média, as cascas dos ovos de galinha eram pintadas à mão. Os czares russos elevaram o hábito de dar ovos de presente a um novo patamar. Entre 1885 e 1916, 50 ovos foram encomendados a Peter Carl Fabergé, um famoso joalheiro russo, pelos czares Alexandre 3º e Nicolau 2º. Um deles, dado de presente por Alexandre 3º para sua mulher, a imperatriz Marie Feodorovna, trazia em seu interior um relógio cravejado de safiras e diamantes. Em abril de 2014, o mimo, de 8,2 cm de altura, foi avaliado em US$ 20 milhões. Entre 1885 e 1916, 50 ovos foram encomendados ao joalheiro Peter Carl Fabergé por czares russos — Foto: Getty Images via BBC Por volta do século 18, os confeiteiros franceses resolveram experimentar uma nova técnica de preparo: que tal esvaziar os ovos e recheá-los de chocolate? Um século depois, os ovos passaram a ser feitos de chocolate e recheados por bombons. A invencionice gastronômica foi aprovada até por quem não vê qualquer significado religioso em ovos e coelhos. É o caso do rabino Michel Schlesinger, da Confederação Israelita do Brasil (Conib). ""Crianças judias que ganham ovos de Páscoa de presente ficam muito felizes e não os recusam de jeito nenhum"", faz graça o rabino. Desde o Egito antigo, o coelho já era sinônimo de fertilidade — Foto: Getty Images via BBC Mas e o coelho? Se o animal, como a maioria dos mamíferos, não bota ovos, por que, então, se consolidou como um símbolo da maior festa cristã? Desde o antigo Egito, o simpático roedor já era sinônimo de fertilidade. Em média, podem gerar filhotes de 4 a 8 vezes por ano, de oito a 10 coelhinhos por ninhada. Com o tempo, o coelho tornou-se também símbolo de renascimento, por ser o primeiro animal a sair da toca depois do inverno. ""A lebre já foi associada até a Cristo na iconografia cristã, com orelhas grandes para escutar melhor a palavra de Deus"", observa o pesquisador Evaristo de Miranda. No Brasil, o costume de associá-lo à ressurreição de Jesus teve início na década de 1910. Na ocasião, imigrantes alemães pintavam ovos à mão e os escondiam pela casa para as crianças encontrarem. ""Na perspectiva histórica, não é possível precisar a origem do coelho e dos ovos de Páscoa. No máximo, é possível saber que não há uma única versão, mas diversas, todas válidas, narradas pelos mais diferentes povos e culturas"", esclarece o doutorando em História pela Universidade de Campinas (Unicamp) Jefferson Ramalho. Para a Igreja Católica, o verdadeiro símbolo da Páscoa é o círio pascal, uma grande vela branca que simboliza a ressurreição de Jesus. Nela, estão inscritas as letras alfa e ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, indicando que o filho de Deus é o princípio e o fim. Dayse Juliana, do PSB, foi eleita, neste domingo (15), prefeita de Primavera para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Dayse Juliana teve 60,52% dos votos válidos. Foram 5.403 votos no total. A candidata derrotou Rômulo Pão Com Ovo, do PSD, que ficou em segundo lugar com 33,89% (3.025 votos). A eleição em Primavera teve 18,83% de abstenção, 1,53% votos brancos e 3,91% votos nulos. Dayse Juliana tem 34 anos, é divorciada, tem ensino médio completo e declara ao TSE a ocupação de prefeita. Ela não tem patrimônio declarado. O vice é Caca de Tutu, do PDT, que tem 44 anos. Os dois fazem parte da coligação Vem com a Gente o Trabalho Vai Continuar, formada pelos partidos PSB, DEM, PDT e PP. Veja o resultado após o fim da apuração: Dayse Juliana - PSB - 60,52% Rômulo Pão Com Ovo - PSD - 33,89% Felipe de Lado - PL - 5,11% Junior Padre - PTC - 0,48% Vídeos mostram cachorro 'roubando' pão várias vezes da mesma padaria no ES Uma padaria de Marilândia, no interior do Espírito Santo, vive às voltas com a presença de um cão ladrão. O mesmo cachorro foi flagrado por câmeras de segurança várias vezes pegando pães que ficam expostos na entrada do estabelecimento. A dona do local, Maria de Fátima, já perdeu as contas de quantas vezes foi assaltada pelo ""meliante canino"". A comerciante ressaltou ainda que os furtos acontecem desde o ano passado. ""A gente põe os pães numa mesinha ao lado da porta, pra fazer promoção. Aí esse cachorro vem e rouba os pães em cima da mesa. A primeira vez foi no ano passado, e já perdemos as contas de quantas vezes ele veio aqui roubar os pães"", disse. Cão roubou pão de padaria em Marilândia — Foto: Reprodução/TV Gazeta O problema pode ser ainda pior, porque outros cachorros do bairro estão seguindo o exemplo dele e indo atrás dos pães. ""Esse cachorro parece que tem dono, mas vive na rua. E ele está trazendo outros cachorros para cá, todos de rua. Na primeira vez que ele veio, ele pegou o pão, atravessou a rua, subiu no canteiro e começou a comer. Ele tentou voltar, brigamos com ele, mas agora está vindo direto, acabou acostumando. A gente fica vigiando, mas um minuto de bobeira, ele entra, pega e sai, igual ladrão mesmo"", explicou Maria de Fátima. Edilson, João e Francisca morreram por Covid-19 em Mato Grosso do Sul, em agosto de 2020 — Foto: Arquivos pessoais Nesta quarta-feira (14), Mato Grosso do Sul ultrapassou a triste marca de 5 mil mortes por Covid-19. De um lado, histórias de muitos sul-mato-grossenses foram interrompidas e, de um outro ponto de vista, vários legados, de acordo com os familiares, se perduram. O apóstolo Edilson Vicente da Silva morreu no dia 19 de agosto de 2020, desde então, os quatro filhos, nove netos e a esposa dele seguem convivendo com o luto e as lembranças. A filha de Edilson, Fernanda Gutierrez, disse que mesmo com a perda, o pai, deixou à ela, ""o exemplo verdadeiro de como se viver"". Greice Meza, dona de casa e neta de João Ribeiro Novaes e da Francisca Araújo Novaes, perdeu os avós em um intervalo curto, ambos pela Covid-19. João morreu no dia 8 de agosto de 2020, no mesmo dia, Francisca foi intubada e, no dia 9 de agosto de 2020, não resistiu e veio à óbito. A dor das perdas repentinas ainda perduram no coração de Greice, como ela define. ""Não tem um final de semana que nós não pensamos neles. Os domingos e sábados que tomávamos nosso café da manhã juntos, não são mais os mesmo"", com a voz embargada, disse Greice. Amor, orgulho, verdade, exemplo e outras características que Greice e Fernanda compartilham ao falarem sobre o legado que os familiares deixaram para elas. Ao centro da foto, Edilson era apóstolo de uma igreja em Campo Grande e a família dele ia além dos laços sanguíneos — Foto: Fernanda Gutierrez/Arquivo pessoal Para Fernanda que compartilha da mesma religião que o pai, diz que muito do que Edilson foi, ela consegue enxergar no dia a dia dela. ""Eu vejo muita coisa na minha vida que eu nem sabia era tão forte dentro de mim por causa dele"", disse a pastora. Greice lembra que ""ombro amigo, cafezinho e pão com ovo"" não era negado à ninguém na casa dos avós e, atualmente, o que perdura na vida dela e dos três filhos é o amor à família ensinado por João e Francisca. João e Francisca tinham 56 anos de casados quando morreram por Covid — Foto: Greice Meza/Arquivo pessoal ""Na vida o que eu mais lembro deles é o amor, ser família e ajudar o próximo, principalmente os seus. Se você não consegue ajudar a sua família, como ajudará quem está lá fora? Eu quero passar este amor aos meus filhos"", chorando, Greice contou ao G1. A pastora Fernanda traduz o legado do pai, Edilson, como ""riqueza"". ""Apesar da dor e da falta, eu consigo sentir essa alegria do privilégio de ter nascido filha dele. Parece que só depois da morte a gente enxerga a grandeza que alguém fez, eu sempre valorizei meu pai imensamente, mas hoje é tão maior, é mais profundo"". Nas histórias contadas por Fernanda e Greice um ponto em comum é visto nos legados que perduram dos familiares que morreram por Covid-19: a família. Para Greice, os avós eram como pais e, para Fernanda, Edilson ""investiu muito tempo para família"". Para facilitar as buscas feitas pelos internautas, o G1 Santos preparou um glossário com todas as receitas feitas e testadas pela nossa equipe. Semanalmente, sempre que uma receita nova for incluída na página, automaticamente ela aparecerá também aqui, em ordem alfabética. Por esse motivo, adicione essa página na sua lista de favoritos e fique sempre atento para as novidades. Os internautas do G1 podem sugerir quais receitas gostariam de ser vistas na página e também podem participar ensinando pratos especiais, basta enviar um e-mail para g1@grupo-tribuna.com. O G1 vai avaliar cada caso. Última receita adicionada: Cookies tradicionais, em 16/04/2021. Arroz de marisco feito por Eliane D'Antonio Tozato — Foto: Mariane Rossi/G1 A Abóbora assada Abobrinha à parmegiana recheada Abobrinha marinada Almôndegas de grão de bico Arroz branco Arroz com frutas cristalizadas sem uvas passas Arroz com lula Arroz de marisco Arroz de palmito pupunha Arroz doce gourmet Arrumadinho Atoladinho de carne seca Brigadeiro de cream cheese recheado com doce de leite, feito pela confeiteira Roberta Nobre Neves — Foto: Mariane Rossi/G1 B Babaganoush - pastinha de berinjela Bacalhau à lagareiro Bacalhau à Zé do Pipo Bacalhau crocante Bacalhau gratinado Batata frita, assada e gratinada Batata suíça de frango com catupiry Berinjela à parmegiana Berinjela em rolinhos Berinjela recheada com mostarda e queijo Beterraba assada Biscoito de queijo parmesão feito pela cozinheiro Myriam Monteiro, de Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 Biscoitinho amanteigado Biscoitinho de queijo Biscoito de Natal Brigadeiro de açaí Brigadeiro de cream cheese recheado com doce de leite Brigadeiro tradicional Bruschettas de abobrinha e espinafre Bruschettas caprese Bolo gelado de coco, feito pela doceira Solange Russo — Foto: Mariane Rossi/G1 Bobó vegano Bolinho de bacalhau português Bolo de banana de frigideira Bolinho de carne Bolo de banana de frigideira feito pelo cozinheiro Thiago Ribeiro — Foto: Thiago Ribeiro Bolinho de carne de panela Bolinho de feijoada Bolinho de mandioca com carne seca Bolinho de mandioca Bolinho de peixe Bolo de açaí, banana e granola Bolo de banana integral Bolo de chocolate vegano Bolo com brigadeiro de laranja e mousse de ninho Bolo de fubá com goiabada Bolo de maçã com camomila e cranberry feito pelo chef Lucas Cavalcanti — Foto: Mariane Rossi/G1 Bolo de laranja Bolo de maçã com camomila e cranberry Bolo de matchá Bolo gelado de coco Bolo naked cake de churros Bolo de fubá com cobertura de goiabada, de Gisele Gonçalves — Foto: Mariane Rossi/G1 Bolo salgado de atum Bolo sem glúten e com cobertura de doce de leite Bolo de cenoura Bolo de tapioca Bolo de chocolate ao cubo Bolo de chocolate branco com frutas vermelhas Bolo de Reis com frutas secas Bolotone Bombom low carb com amendoim Brownie tradicional com cobertura de leite ninho, creme de avelãs e morango — Foto: Fabrícia Marques Brownie tradicional Brownie com brigadeiro de amarula Brownie funcional com geleia de frutas vermelhas Brigadeiro de milho com coco Brigadeiro indiano Burrito de frango com geleia de pimenta Drink 'Mariana', com doce de leite e café, preparado pelo barista Hallysson Ramos — Foto: Mariane Rossi/G1 C Café perfeito Café Janduia e Café Valsa Café 'Mariana' Café 'Elisabeta' Caldeirada de frutos do mar Cappuccino de Creme de Avelã Caipirinha de laranja com café Caldo de legumes caseiro Caldo verde com linguiças e batatas Calzone vegetariano Camafeu de nozes Camarão ao molho de coco Camarão 'croc croc' recheado com catupiry Cartola, sobremesa típica de Pernambuco Cenoura caramelizada Ceviche com três peixes e manga Ceviche de salmão com purê de batata doce roxa - 'Causa Peruana' Ceviche tradicional Charlotte de chocolate branco Cheesecake de bolachas Cheesecake de açaí Cheesecake 'sorvete' de morango foi feita pela doceira Michelle Cristovão, de Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 Cheesecake com calda de morango Cheesecake de paçoca Chester recheado com farofa Chips de banana Chips de maçã Chuchu empanado Churros crocantes Cocada de mandioca Colomba pascal Cogumelos pais, shimeji e shitake Contra-filé à francesa Contra-filé a francesa feito por Marielly dos Santos, do litoral de SP — Foto: Mariane Rossi/G1 Cookie de chocolate Cookies tradicionais Costela com molho de barbecue Coxinha de brigadeiro com morango Confeiteira Livia Bueno ensinou a fazer cookies perfeitos — Foto: Livia Bueno Coxinha fit Creme de abóbora rápido Creme de abóbora com carne seca Creme de alho poró Creme de abacate Creme de frutas vermelhas Creme de frutas vermelhas com kiwi e coco Creme de maçã Creme de mandioquinha com carne seca Crepe de filé mignon com queijo Cupim com molho de pimenta e goiabada feito pelo chef de cozinha Marcos Silveira de Almeida, de Santos — Foto: Alexsander Ferraz/Jornal A Tribuna Crepioca light de peito de peru Croc-tartar Cuscuz marroquino Cupcake de cenoura com brigadeiro Cupim com molho de goiabada e pimenta Drip cake de café feito pela chef de cozinha Fátima Duarte, de Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 D Dadinho de tapioca Drinks alcoólicos (Sex on the beach e MSC Blue and Blue) Drinks 'Aperol Cherry' e 'Iemanjá' Drinks com gin, espumante e café Drip cake de café Doce de manga com farofa de gengibre Entrecôte ao molho de mostarda — Foto: Isabela Oliveira/G1 E Entrecôte ao molho de mostarda Escondidinho caiçara Escondidinho de banana da terra e carne seca Espaguete de abobrinha Espaguete de palmito pupunha Espetinho de frango oriental Espinafre variado Estrogonofe de grão de bico Filé na mostarda recheado de presunto e queijo acompanhado de um purê de maçã, preparado pela culinarista Renata Gaia — Foto: Mariane Rossi/G1 F Feijão saboroso e sem erros Feijoada simples com couve refogada Filé de frango Filé mignon argentino com molhos de manjericão ou berinjela Filé mignon aperitivo com toque de gorgonzola Filé mignon recheado Filé mignon suíno Focaccia de azeitonas sem glúten Fricassê de frango feito pela cozinheira Suade Moghabe, em Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 Francesinha - sanduíche típico de Portugal Frango assado com tempero a base de vinho Frango crocante tropical com frutas Frango frito coreano com molho de pimenta Fricassê de frango Fudge de chocolates variados Gibanica, torta de maçã e creme de queijo, tradicional na Sérvia, feita por Fátima Duarte — Foto: Mariane Rossi/G1 G Galette tradicional Gallo Pinto, prato típico da Costa Rica Gaspacho - sopa fria a base de tomates Geleia de manga Geleia de pimenta Geleia de frutas e pimenta rosa Gibanica doce, torta típica da Sérvia Granola caseira Grão-de-bico tostado Hambúrguer recheado com gorgonzola é rápido e delicioso — Foto: Isabela Oliveira/G1 H Hambúrguer caseiro Hambúrguer de grão de bico Hambúrguer recheado com gorgonzola Hambúrguer com estrogonofe Hambúrguer com fondue de queijo Hambúrguer de quinoas feito pela chef de cozinha Inês Candido — Foto: Inês Candido Hambúrguer de quinoa Homus de cenoura Hot roll doce e hot roll salgado Hot roll doce com açaí, banana e morango Prato se chama 'khaop sapparod' no seu país de origem, a Tailândia — Foto: Isabela Oliveira/G1 K Kakuni Khaop sapparod (Risoto de Camarão no Abacaxi) Lámen tradicional feito pelo cozinheiro Gabriel Gassi, de Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 L Lámen tradicional Lasanha vegetariana Lasanha de berinjela Leite de coco caseiro Linguiça recheada tomate, queijo e rúcula Linguine de palmito e legumes Lombo com calda vidrada e damascos Lomi-lomi, prato típico havaiano Linguine de pupunha e de legumes foi feito pelo chef de cozinha Eduardo — Foto: Mariane Rossi/G1 M Mac and cheese Manjar de coco com calda de damasco Meca Santista Medalhão de filet mignon recheado de queijo e presunto Medalhão de porco com bacon Milkshake de bacon Milkshake de café, feito pela barista Julia Cristy — Foto: Mariane Rossi/G1 Milkshake de café Mini muffin de baunilha e chocolate Mini pastel assado de calabresa Mini quindim Mini quiche de chocolate amargo Molho branco Molho de tomate Molho para hambúrger com whisky e refrigerante Moqueca de coco verde sem peixe preparada pela chef de cozinha Marilene Santos, do litoral de São Paulo — Foto: Mariane Rossi/G1 Moqueca com farofa de banana da terra Moqueca de banana Moqueca de coco verde Mousse de chocolate Mousse de manga Bolo naked cake com recheio de creme de confeiteiro e doce de leite — Foto: Mariane Rossi/G1 N Naked cake de doce de leite Nhocão Nhoque de batatas Nhoque recheado de cheddar e bacon Nhoque de banana da terra com ragu de porco Nuggets funcionais de frango Ovo de colher de brigadeiro com crocante — Foto: Mariane Rossi/G1 O Ovos de chocolate de colher Ovo frito Ovo cozido Ovo poché Ovo mollet Ovo mexido cremoso Focaccia feita pelo chef e consultor gastronômico Welder Albuquerque — Foto: Welder Albuquerque P Palha italiana de café Panceta de porco Panetone salgado com presunto e tomate seco Panetone no pote Panqueca doce Pão caseiro Pão de arroz integral sem glúten e lactose Pão de mel de brigadeiro Pão de mel de brigadeiro feito pela confeiteira Graziela Barros — Foto: Mariane Rossi/G1 Pão recheado com ingredientes de pizza Pastel de pernil Pavê de chocolate com paçoca e pé de moleque Palmito pupunha assado Palmito pupunha com quinoa Peixe grelhado, cozido e assado Peixe com creme de vinho, mexilhões e batatas assadas Peixe com crosta de coco e cuscuz de ervas Pernil assado Pernil desfiado, na panela de pressão Pescada crocante com purê de brócolis e maionese de limão Pescada recheada Picadinho - eleito o melhor de São Paulo Picanha com farofa de banana da terra Pizza Rochetta Rossa feita por Oscar Martins, de Santos — Foto: Alex Ferraz/Jornal A Tribuna Pizza perfeita Pizza Rochetta Rossa Poke vegetariano Polvo grelhado Polvo ao vinagrete Pudim de caipirinha Pudim de coco e chia Pudim de chocolate com nozes Pudim de leite Pudim de panetone Purê de maçã Quiche de legumes, do chef de cozinha Geraldo Faber — Foto: Mariane Rossi/G1 Q Quiabo sequinho Quibe recheado com queijos Quiche de legumes Quiche francesa com bacon Risoto de salmão com ervas frescas, do chef de cozinha Lucas Botarelli — Foto: Mariane Rossi/G1 R Rabanada frita e assada Ravióli com recheio de muçarela de búfala Ravióli de beterraba Raviolone de gorgonzola Repolho assado Repolho empanado Ribeye bone in com um purê de batata doce Risoto básico Risoto de funghi Risoto de salmão com ervas frescas Risoto de tender com pêssegos Risoto quatro queijos Risoto de gorgonzola Risoto vegano Rocambole de frango recheado Rolinho vietnamita Salada de folhas, frutas e flores, da chef de cozinha Marcela Sena — Foto: Mariane Rossi S Salada caprese Salada com abacate Salada com rosbife Salada da juventude Salada de repolho Salada de atum selado Salada de folhas, frutas e flores Salada grega adaptada 'Salada da Juventude' feita pela nutricionista Thalyta Franco, de Santos — Foto: Mariane Rossi/G1 Salada marroquina com cenoura Salada no pote Salada de berinjela Salada de grão de bico Salada de quinoas Salmão folhado Salmão gratinado na cama de shimeji Salpicão de frango Shimeji na manteiga Shot da imunidade Sorbet de banana e morango Sorbet de banana e cacau Sorvete de manga Sorbet de banana com baunilha e de banana com cacau feito pelo cozinheiro Thiago Ribeiro — Foto: Thiago Ribeiro Stick de queijo Suchá de hibisco e laranja Suco energizante de cenoura e manga Suco verde e suco de pitaia Supreme à Cordon Bleu Sushi tradicional e vegetariano Torta de caramelo com doce de leite — Foto: Mariane Rossi/G1 T Tainha grelhada com molho de camarão Tapioca de salmão e tapioca de chocolate Temaki de salmão com cream cheese Tempurá com legumes e camarões Tomates assados e recheados Torta banoffe Torta de banana em camadas Torta de chocolate com avelãs vegana e sem açúcar Torta de chocolate com avelã vegana e sem açúcar, feita por Bianca Paes — Foto: Mariane Rossi/G1 Torta de doce de leite e paçoca Torta holandesa com confeitos Torta de caramelo com doce de leite Torta de camarão Torta de maçã de frigideira Torta de morango com merengue Torta de limão siciliano Trufas de coco e damasco, da chef saudável Dani Faria Lima — Foto: Dani Faria Lima Torta de pernil Torta de ricota com tomates Torta low carb de frango Trufa de damasco com coco Waffle com cobertura de brigadeiro, sorvete e morango — Foto: Mariane Rossi/G1 V Vitamina de abacate W Waffle Wrap de shimeji Wrap caprese Wrap caprese é um sanduíche leve, que foi feito pela chef de cozinha Françoise Rousseau — Foto: Mariane Rossi/G1 X X-Toscana Tapioca salgada leva linhaça e salmão — Foto: Isabela Oliveira/G1 Ovos de Páscoa artesanais ganham espaço no mercado mas empreendedores precisam inovar As microempreendedoras Rebeca Menezes e Letícia Gomes, de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, decidiram inovar para a Páscoa deste ano. Rebeca Menezes, por exemplo, conta que para aumentar as vendas, está investindo em variedades como é o caso do ovo de casca de brownie, um tipo de bolo macio e saboroso que pode ser recheado com o sabor que o cliente escolher. ""Ele é feito da massa brownie com a camada de chocolate. O cliente pode escolher tanto o recheio como topo [a camada mais superficial do ovo]. É uma novidade que está tendo grande procura e sucesso. O cliente também pode escolher o tamanho que ele quiser"", revela Rebeca. Já Letícia Gomes, quem também trabalha com ovos de páscoa há pelo menos 20 anos traz de novidade um kit de caça aos ovos para brincar com as crianças. O kit vem com as pistas, patinhas pra espalhar pela casa e várias recompensas, como os ovos trufados e um caderno interativo. ""O ovo trufado, na verdade, já era um produto que a gente trabalhava há muito tempo. Só que depois a ""pompa"" do ovo de colher, o trufado ficou um pouco esquecido. Então, este ano, a gente trouxe novamente o ovo trufado, que também é tendência"", explica Letícia. Microempreendedoras da Bahia inovam para a Páscoa e inovam nos ovos de chocolate — Foto: Reprodução/TV Bahia Apesar de tantas delícias, esse ano a páscoa não tá sendo muito doce pra quem trabalha com ovos caseiros. Isso porque segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o preço da matéria prima subiu de preço. Desde o cacau até o plástico e papel usados nas embalagens. Esses custos subiram pelo menos 10%. Entretanto, o aumento dos preços não impediu Rebeca de botar a mão na massa mais uma vez esse ano. Para não afastar a clientela, ela continua apostando em ingredientes de qualidade e opções que vão de R$ 15 a R$ 75. ""A gente trabalha só com produtos de qualidade, não é uma casca hidrogenada é um ovo ao leite, com produtos de qualidade e mesmo o custo sendo alto, a gente consegue ter um lucro muito bom"", explica Rebeca. Letícia também sentiu na pele o aumento dos produtos, então, resolveu investir em possibilidades, que vão desde o pão de mel decorado, de 8 reais a unidade, até ovos maiores e recheados de R$ 65 reais. Um investimento que pra ela compensa. ""O doce sempre compensa. Você pode personalizar, pode dar uma caixinha de pão de mel com palavras que trazem mensagens de paz, fé e outras. A gente não pode estar próximo fisicamente, mas a gente pode estar próximo em um gesto, em mensagem"", fala Letícia. As encomendas pras doceiras estão sendo feitas desde o meio deste mês de março. Rebeca conta que a procura é grande e já alcançou quase a metade de encomendas planejadas. A procura também tem sido alta para os produtos de Letícia. Diante desse cenário, elas esperam ter e oferecer uma páscoa cheia de doçura e esperança. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Comédia 'Pão com Ovo' será apresentada em Salvador em janeiro — Foto: Divulgação A comédia maranhense ""Pão com Ovo"", da Santa Ignorância Cia de Artes, será apresentada no Teatro ISBA, em Salvador, nos dias 13 e 14 de janeiro. No dia 13, a sessão ocorrerá às 20h. Já no dia 14, ocorre às 19h. Os ingressos custam R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia). Eles podem ser adquiridos nas bilheterias do teatro e no site e aplicativo Compre Ingressos a partir da semana que vem. A data de início das vendas não foi divulgada. Vinda do Maranhão, a peça é adaptada para cada cidade onde é apresentada com uma rápida pesquisa, sobre bairros, nomes de famílias tradicionais, linguajar e costumes. O espetáculo é um texto de Adenílson Santos e César Boaes, que também assina a direção. ""Pão com Ovo"" surgiu da pesquisa de dois anos feita pelos atores da companhia, baseada na observação do corpo das mulheres brasileiras moradoras de áreas nobres e de periferia, além de um estudo de dança de ritmos populares como estilos como brega, funk, tecnobrega e forró em casas de festas de bairros populares. A comédia retrata de forma bem humorada situações dos costumes e hábitos das diferentes classes sociais, contando a história das personagens, Dijé (Adeílson Santos), moradora de bairro da periferia, seu marido, Zé Maria (Charles Jr.), e Clarisse (César Boaes), uma emergente alpinista social. De forma irreverente e dinâmica, os três atores se revezam em vários personagens, com uma linguagem direta e simples, mas sem apelações fáceis e sem linguagem chula. Local: Teatro ISBA, Avenida Oceânica, Ondina, Salvador Data: 13 e 14 de janeiro de 2018 Horários: 13 de janeiro às 20h / 14 de janeiro às 19h Ingressos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia) Vendas: Bilheterias do ISBA, site e aplicativo Compre Ingressos ou pelo telefone (71) 2626 0032 Duração: 90 minutos Classificação: 16 anos O sistema de abastecimento de água de Pão de Açúcar, que possui duas elevatórias localizadas no Rio Ipojuca, em Pesqueira, Agreste de Pernambuco, voltou a operar neste mês de abril. O retorno da operação foi possível após a ocorrência das chuvas no ano passado, que fizeram com que o manancial que estava em colapso, atingisse 50% da sua capacidade de acumulação. Segundo o gerente de Unidade de Negócios Ipojuca, Gustavo Serafim, a reativação do sistema de abastecimento de água de Pão de Açúcar também vai contribuir com o abastecimento de Belo Jardim, Sanharó, Tacaimbó e São Bento do Una, que dependem da Barragem do Bitury que se encontra com apenas 14% da capacidade. Grupos de amigos estão utilizando as redes sociais para fazer campanhas de combate à fome em Caruaru e Bezerros, no Agreste de Pernambuco. Eles criam projetos sociais, aceitam voluntários e doações para ajudar a mudar a realidade de muitas famílias durante a pandemia contra a Covid-19. Em Caruaru, um grupo de mulheres se uniram para distribuição de refeições como sopa, pão e café semanalmente e na primeira ação conseguiram atender 60 pessoas. Durante a ação, elas ouviram que era necessário também cobertor, fraldas, roupas, chinelo, máscara, álcool em gel e água potável. Por isso, elas resolveram se organizar e criaram o “Bolha Agreste” no Instagram para divulgar e arrecadar doações de produtos ou contribuição financeira para poder alcançar um número maior de beneficiários. “Queremos, além de ajudar pontualmente, emancipar essas pessoas para que elas tenham condições dignas de se sustentarem sozinhas. Nosso grupo conta com algumas voluntárias advogadas e assistentes sociais dispostas a contribuir também auxiliando com essa parte de cidadania”, disse uma das organizadoras do projeto, Camila Pessoa. Já em Bezerros, diversos projetos de voluntariado tiveram que ser suspensos por se tratar de idosos em grupo de risco e aglomeração, e por causa disso, mais de 100 famílias que dependiam de doações ficaram em situação de fome ainda mais grave. Um grupo de amigos resolveu criar o ""Projeto Pão com Ovo"" para arrecadar produtos ou dinheiro para compra de pão e ovo para distribuir para essas famílias. “Pensamos em pão e ovo por serem alimentos relativamente baratos e com alto valor nutricional e que poderia conter a fome de muita gente que está em situação grave”, conta Bartolomeu Júnior, um dos organizadores. ""Na primeira ação realizada no último sábado (27) atendemos 125 famílias. Nossa equipe tem também diversos voluntários que são profissionais de saúde e já estão vacinados e eles realizam a entrega”, explica a administradora da parte financeira do projeto, Rafaela Santos. Para ajudar esses projetos, basta ir no Instagram @BolhaAgreste e @Projetopaocomovo e verificar a forma de fazer doação ou de contribuir como voluntário. É através da rede social também que é possível acompanhar toda a prestação de contas e compromisso dos projetos. Preço dos ovos de Páscoa tem variação de mais de 60% em João Pessoa, aponta Procon — Foto: Procon/Divulgação Uma pesquisa divulgada pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JP), nesta terça-feira (23), revela a diferença nos preços dos ovos de Páscoa, em João Pessoa. Nos supermercados, os valores podem variar mais de 60%, o que corresponde a R$ 15. O levantamento encontrou o ovo Galak Nestlé 185g, com preços entre R$ 24,99 e R$ 39,99. A pesquisa traz preços de 54 itens pesquisados em nove estabelecimentos. O secretário Rougger Guerra alerta ao consumidor para ficar atento às diferenças nos preços e consultar a pesquisa do Procon-JP, principalmente quem pretende antecipar a compra desses produtos. ""Quem quiser economizar nesse alimento tão comum durante a Páscoa, deve prestar atenção aos locais que estão vendendo o chocolate mais barato"", ressaltou. Outras diferenças significativas nos preços desses produtos foram encontradas no Kinder Ovo Ferrero 150g, R$ 13, com preços entre R$ 54,99 e R$ 67,99; e no Baton Dino Ovo 172g Garoto, também R$ 13, com preços entre R$ 26,99 e R$ 39,99. O levantamento de preços foi realizado nos seguintes estabelecimentos: Pão de Açúcar e Extra (Epitácio Pessoa); Supermercados Latorre e Santiago (Torre); Lojas Americanas (Shopping Tambiá), Supermercado Manaíra (Manaíra), Carrefour e Big Bompreço (Aeroclube); e Bemais (Bancários). Panela de Bairro ensina receita de moqueca de camarão, carne de sertão e fruta pão O quadro Panela de Bairro deste sábado (24) ensinou a fazer uma receita de ""escondidinho às avessas"". Confira abaixo os ingredientes necessários e o modo de fazer. VOTE: QUAL A RECEITA DO PANELA DE BAIRRO MAIS TE DEU ÁGUA NA BOCA? ** Porção pra 04 pessoas Meio quilo de filé de camarão médio 200 grama de carne de sertão 200 grama de futa pão 06 ovos 04 tomates maduros 01 cebola grande 06 pimentas doce 05 dentes de alho Cheiro Verde a gosto Leite de coco (01 coco) 02 colheres de azeite de oliva Dendê a gosto 04 limões Primeiro, frite a carne de sertão. Depois de frita, acrescente a cebola, os tomates, a pimenta doce. Deixe rechear. Em seguida, acrescente a fruta pão, coloque o leite de coco até levantar fervura. Em seguida, acrescente o dendê. Coloque os ovos e baixe o fogo. Em outra panela já aquecida, acrescente o azeite de oliva, o alho e os camarões e deixe dourar por alguns segundos. Acrescente sal a gosto e os limões. Em seguida, coloque o camarão na panela que contém os ovos e a carne, deixando ferver por alguns segundos. Cantinho da Daniela Ladeira da Água Brusca, nº 100 Agua de meninos Salvador (BA) CEP 40301296 Tel (71) 991045824 (71) 87858424 ***O prato é preparado apenas sob encomenda (ligar um dia antes) Moqueca de fruta pão com carne de sertão, camarão e ovo — Foto: Dalton Soares/TV Bahia As restrições que foram implementadas no Rio de Janeiro com o avanço da pandemia de Covid mexeram com os horários de funcionamento de bares e restaurantes da cidade, mas não com a imaginação dos comerciantes. Para tentar chegar à freguesia mesmo com poucas horas de funcionamento ou em horários pouco convidativos, eles lançaram mão de soluções criativas como a de levar o happy hour para a casa do cliente, transformar o bar em um bom lugar para tomar um café da manhã ou atrair o público para o estabelecimento com a boa e velha dose dupla. O café da manhã foi a solução encontrada pelo Velho Adonis, em Benfica, na Zona Norte da cidade, para atrair a freguesia quando os bares tinham que fechar até às 17h. A ideia era que o cliente chegasse, tomasse café da manhã e fosse ficando para o almoço ou para um chope à tarde. Café da manhã do Velho Adonis: pão, ovo, bolos, sucos e chope — Foto: Reprodução/Redes sociais Com o novo decreto em vigor na cidade, que prevê o funcionamento das 10h às 21h, o café saiu de cena por enquanto, mas deve voltar em breve, nos finais de semana. Como o forte do espaço é o chope e o bolinho de bacalhau, ele promete uma rodada das iguarias de cortesia para quem chegar ao bar às 10h no domingo (11). Tudo para atrair a freguesia na nova realidade. A Casa Porto, que fica no Largo da Prainha, no Centro da cidade, também foi de café da manhã ao ar livre quando se viu tendo que funcionar até às 17h. Mas agora, com a extensão do horário, vai abrir espaço para o Bafo da Prainha, um lugar que só vai vender churrasco e que vai funcionar onde era o café da manhã da Porto. “A gente funcionava das 11h às 23h e basicamente vendendo bebida alcóolica. Com a restrição que limitava o funcionamento até às 17h, perdemos seis horas de funcionamento. Era muita coisa. Resolvemos adiar a abertura do Bafo da Prainha, descer com o bar para o ar livre e evitar a aglomeração. Com o horário até às 21h, a gente chega com o churrasco, mas continua sem aglomerar”, diz Júlio Barroso, produtor cultural do lugar. Casa Porto e Bafo da Prainha: mesas ao ar livre para atrair a freguesia — Foto: Reprodução/Redes sociais Para quem não quer nem sair de casa, o Jobi criou a caixa happy hour, uma cesta que vai para casa do freguês com uma garrafa (growler) de 1,5 litro de chope, bolinhos, pasteis, caldinhos e dois copos personalizados. Caixa Happy Hour: chope, petiscos e até os copos do bar direto na casa do cliente — Foto: Eliane Santos/G1 Com um público que costuma chegar tarde e sair tarde do lugar, o Bhar Ginteria Descolada, na Tijuca – que costumava funcionar das 18h à 1h -, teve que pensar em uma solução eficiente para atrair clientes até às 17h e agora até às 21h. “No primeiro decreto da restrição, criamos o conceito de tardezinha com dose dupla das 14h às 16h, para atrair nosso público para o bar. Agora que podemos funcionar até às 21h, a dose dupla está das 17h às 20h"", conta Mozart Jardim, sócio do lugar. Drinques da Ginteria Descolada: dose dupla para quem chega cedo — Foto: Reprodução/Redes sociais Ele diz que, apesar dos horários muito diferentes dos originais, o público abraçou a ideia. “O que complica são as mudanças porque, quando as pessoas começam a se acostumar com um horário, vem um novo decreto”, diz ele que, também tem apostado no delivery de iguarias para datas comemorativas. Ovo de Páscoa de coxinha da Gineteria Descolada — Foto: Reprodução/Redes Sociais Buquê de coxinha animou o Dia dos Namorados no meio da pandemia — Foto: Reprodução/Redes sociais Pão de queijo mineiro feito na folha da bananeira. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica O Amazônia Rural deste domingo (28) ensina a preparar um delicioso pão de queijo mineiro feito na folha da bananeira. Uma receita que faz muito sucesso em Minas Gerais, e quem passou a receita foi a Angeline Rabelo, do Amapá. Ingredientes: Passo a passo: Comece fervendo o óleo, o leite e a água. Após ferver coloque aos poucos no polvilho. Esse é o momento do sal e misture. A massa ainda pode estar um pouco quente, espere esfriar e logo depois coloque os ovos. Com uma colher, mexa um pouco mais. Agora vamos colocar a mão na massa e misturar bem todos os ingredientes. Quanto mais você mexer a massa, mas ela deve ficar macia e crocante. Por último, com a massa fria, acrescente o queijo. Com a folha da bananeira já higienizada e cortada, é só espalhar a massa sobre ela. Se você preferir pode colocar um recheio da sua preferencia. Lembrando que se for colocar recheio não deixe com muito óleo ou muita água, isso pode estragar a massa do seu pão de queijo. Depois é só fechar a folha da bananeira e levar ao forno alto preaquecido (220ºC) por cerca de 40 minutos. Após é só retirar a folha da bananeira e se quiser pode levar os pães ao forno novamente para dourar. Aproveite. Receita da ""Hora do Rancho"" ensina um lanche clássico da cidade de Americana Ingredientes Pão de forma, bife de filet mignon, 2 ovos, cheiro-verde, muçarela a gosto, parmesão a gosto, maionese, tomate, presunto e molho de tomate caseiro. Modo de preparo Comece colocando duas fatias de pão na frigideira ou na chapa até que ele fique tostado. Abra o bife de filet mignon para ficar mais fino e coloque para grelhar com sal. Quando o pão estiver pronto, amasse com as mãos prensando as duas fatias e retire as bordas. Em uma tigela bata o ovo com sal, cheiro-verde, muçarela e parmesão e faça um ""caminho"" com a mistura na chapa ou na frigideira. Aguarde um pouco e, em cima do omelete, acrescente o pão com uma camada de maionese, o tomate em cima do pão, o bife, o presunto e várias camadas de muçarela. Feche com o próprio omelete e finalize com mais queijo e, já em um prato, com o molho de tomate por cima. Polícia investiga morte de jovem por um PM à paisana na Zona Leste da capital A Polícia Militar e a Polícia Civil investigam o caso de um rapaz de 20 anos que morreu, após 12 dias internado, baleado no rosto por um policial militar de folga na Zona Leste de São Paulo. Segundo a Polícia Militar (PM), Thiago Aparecido Duarte de Souza era suspeito de ter roubado o carro de um motorista junto com um conhecido. A Polícia Civil informou que o parceiro foi reconhecido pela vítima, mas Thiago, que foi baleado e morreu, não foi reconhecido através de uma foto tirada no hospital. O condutor também não mencionou ter visto arma alguma quando foi roubado. O PM alegou que atirou em legítima defesa depois que o jovem tentou sacar uma arma em sua direção. A Polícia Civil apurou o caso do roubo e a suspeita de porte ilegal de arma de fogo e diz que já enviou à Justiça e ao Ministério Público o inquérito que investigava o caso. Já a Corregedoria da PM ainda apura a conduta do PM, um cabo, que estava à paisana e foi afastado das ruas após o caso. O Ouvidor das Polícias do Estado, Elizeu Lopes, defendeu que o policial seja processado caso haja a confirmação, pelas investigações, de que ele teve a intenção de matar o rapaz. ""Eu já vou amanhã provocar o Ministério Público para propor uma ação para que, se havendo de fato uma atitude suspeita, uma atitude que não seja verdadeira, que esse policial seja acusado de homicídio doloso"", disse Lopes. Polícia Civil investiga morte de jovem de 20 anos durante ação policial na Zona Leste de SP O pai do suspeito baleado no rosto pelo cabo da PM, o pintor Wilson Aparecido de Souza, diz esperar a verdade sobre o que ocorreu. ""A gente vai até o fim [na investigação do caso], para outra mãe não chorar e nem outro pai não chorar como eu estou chorando aqui"", afirmou Souza. A família de Thiago sempre negou a versão do policial e afirma que Thiago, que era negro, com problemas mentais, não cometeu o roubo e nem estava armado. Para eles, à paisana que atirou acabou acertando um inocente que tinha ido comprar leite num mercado do bairro Iguatemi. Vídeo mostra PM e policial militar à paisana (de camisa branca) abordam dois suspeitos de roubo na Zona Leste de São Paulo. PM de folga baleou o suposto comparsa (de camiseta vermalha) — Foto: Reprodução/Redes sociais A Corregedoria da Polícia Militar já analisava um vídeo gravado por testemunhas, e que circula nas redes sociais, do momento da prisão de Thiago e de Fernando. A corporação apura a conduta do policial de folga e de outros agentes da corporação envolvidos na ocorrência (veja abaixo). Isso porque um dos policiais, que aparece de farda nas imagens, pisou na cabeça de Fernando enquanto tentativa tirar uma mochila de suas costas quando ele estava rendido e desarmado. Dentro dela estariam ferramentas roubadas de um motorista de uma empresa de telefonia. A filmagem ainda mostra Thiago caído e com um rastro de sangue ao seu lado. Ele foi baleado na boca pelo policial à paisana que aparece de camisa branca no vídeo. O PM é o cabo Denis Augusto Amista Soares, de 37 anos. O rapaz não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Geral de São Mateus, onde estava com escolta policial. Fernando, que trabalhava como ajudante, foi levado pela Polícia Militar a uma delegacia, onde foi indiciado por roubo. Até a última atualização desta reportagem, ele continuava preso. Thiago foi responsabilizado pela Polícia Civil por porte ilegal de arma de fogo. Mas segundo parentes, ele souberam por outras pessoas que o rapaz teria sido atingido por um tiro na boca porque teria se desentendido com o agente de folga num mercado do bairro. O motivo, segundo eles, seria o fato de o jovem não estar com máscara de proteção, item obrigatório para ser usado durante a pandemia de Covid-19. De acordo com os familiares, Thiago fazia acompanhamento psicológico por causa da deficiência intelectual. A filmagem mostra ainda que ao menos cinco policiais militares armados atenderam a ocorrência na Rua Moreira Preta: quatro fardados e o de folga, sem uniforme. Na gravação, um dos agentes aparece dizendo algo no áudio sobre um dos suspeitos ter tentado pegar sua arma. Antes, em outra rua próxima, na Adutora do Rio Claro, a PM informou que tinha encontrado o carro roubado do motorista. O veículo havia sido abandonado no local. PM pisa na cabeça de suspeito de roubo em SP enquanto outra rapaz aparece sangrando após ser baleado no rosto por policial A Ouvidoria da Polícia e a Defensoria Pública acompanham o caso. Ele também criticou o PM que pisou em Fernando, outro suspeito. ""Injustificáveis também são as atitudes desumanas do policial, que chegou a pisar no pescoço de um dos rapazes abordados mesmo após ele já estar dominado, o que fere os protocolos da polícia"". A Ouvidoria pediu o afastamento preventivo dos policiais envolvidos na ocorrência. ""Os fatos merecem maior elucidação. Os indiciados foram detidos longe do carro roubado. A vítima não reconheceu Thiago. Por outro lado, apesar de ter afirmado não ter visto arma de fogo, um revólver foi encontrado junto ao corpo do indiciado que tomou um tiro na face. O indiciado baleado é justamente aquele não reconhecido pela vítima"", informa trecho de uma declaração da Defensoria Pública sobre o caso. O caso é investigado pelo 54º DP, Cidade Tiradentes, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). ""O agente, que estava de folga na ocasião, segue no serviço administrativo. A conduta dos outros policiais envolvidos no atendimento da ocorrência é apurada pela Polícia Militar, em IPM e procedimento interno administrativo"", informa nota da SSP. Thiago Souza, preso por suspeita de porte ilegal de arma, foi baleado no rosto por policial militar à paisana — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal Segundo ela, Thiago ainda tem défict intelectual. “Meu filho tem um problema, um atraso mental, ele não sabe falar a idade e não aceita que ninguém toque nele”, falou ela. De acordo com parentes de Thiago, ele não tinha passagem criminais anteriores. E apenas conhecia Fernando por serem moradores da comunidade. Eles ainda disseram que logo após a prisão dos colegas, PMs foram ao mercado em busca de câmeras de segurança que poderiam ter gravado a ação. ""A gente vai lutar ate o fim. A gente vai até o fim para outra mãe não chorar e outro pai não chorar como eu estou aqui chorando"", disse Wilson Aparecido de Souza, pai de Thiago. A reportagem não encontrou parentes de Fernando ou sua defesa para comentarem o assunto. O cabo Denis também não foi localizado pelo G1 e nem os policiais que participaram da ocorrência. No boletim de ocorrência há ainda versões conflitantes sobre o que os policiais disseram a respeito do roubo e de como os suspeitos foram detidos. Numa delas, por exemplo, os PMs que foram atender a ocorrência do roubo do carro disseram que após localizarem o veículo abandonado, viram mais a frente dois suspeitos presos pelo policial à paisana. Segundo eles, o agente estava passando pelo local quando foi abordado pelos homens. Em seguida, atirou após Thiago tentar atirar nele. Mas essa versão não foi a mesma que o policial à paisana deu na delegacia. Ele falou que disparou após abordar os dois suspeitos, quando um deles tentou atirar, mas não falou que a dupla queria roubá-lo. O caso é acompanhado pelo coletivo de voluntários da Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio, que está dando assessoria para os familiares dos suspeitos. Feira da ADS volta ao Comando Geral da Polícia Militar em Manaus — Foto: Divulgação A partir de sábado (10), a Feira da ADS vai retornar ao Comando Geral da Polícia Militar, no Bairro Petrópolis, em Manaus. A novidade será a volta do café regional, com tapioca e pão com tucumã, tradicional para quem frequenta as Feiras da ADS. A expectativa de público é de 900 visitantes por edição. Cerca de 18 feirantes, com 18 boxes, vão oferecer os produtos no local. Entre os itens que serão ofertados estão: hortaliças, frutas, artesanatos e ovos. Os alimentos disponibilizados são oriundos de produtores da Região Metropolitana de Manaus. “Essas feiras, principalmente nos bairros, são uma grande oportunidade para os produtores de criar força dentro da própria comunidade, além de movimentar a economia do bairro”, enfatiza a presidente da ADS, Michelle Bessa. O endereço tem local estratégico para os moradores do bairro e oferece boas condições de circulação para os clientes, tendo sido uma sugestão da comunidade, que sempre prestigia os produtores rurais do Amazonas nas edições da feira. No ambiente, serão cumpridas todas as normas de segurança para prevenção do coronavírus, incluindo a fiscalização do distanciamento social para evitar aglomerações, obrigatoriedade do uso de máscara para proteção e a aferição de temperatura. Não será permitido degustar e nem tocar nos produtos durante as compras. Todo manuseio dos alimentos será feito com apoio dos feirantes. Durante a semana, as Feiras da ADS acontecem em vários pontos estratégicos de Manaus. As localidades e horários são: Aqui em Melhores Pães, reunimos dicas de receitas deliciosas e muito fáceis de fazer. Chegou a hora da receita de Pão de Inhame. Receita fácil. Quem nos ensina é a nutricionista Gisele Marcondes, de Taubaté. “Além do pão branco tradicional (feito com farinha simples) que é mais indicado em alguns casos, como atletas e crianças ativas, onde a necessidade de energia rápida é maior, ou em dietas livre de fibras, como na diverticulite, temos os pães integrais, com maior porção de fibras, tendo um índice glicêmico menor, aumentando a saciedade, auxiliando no trânsito intestinal e controle de colesterol, e mantendo alguns nutrientes, como a vitaminas do complexo B”, explicou a nutricionista, em entrevista. Aos que gostam muito desse alimento e buscam um cuidado com a saúde, é possível produzir pães em casa com valor nutricional maior, adicionando alguns ingredientes que geralmente não se encontra. Segue receita muito saborosa: Pão de Inhame. Ingredientes Modo de preparo: Armazenamento: Fora da geladeira (em sacos de papel) duram por cerca de 3 dias. Já assado, pode ser armazenado no freezer inteiro ou em fatias. Para descongelar, deixe em temperatura ambiente por cerca de 40 minutos (pão inteiro) ou descongele as fatias diretamente no forno ou torradeira. A Iannuzzi é uma empresa familiar, com raízes na Itália. Desde 1995 em Atibaia, no ramo da panificação, a Iannuzzi se consolidou no interior de São Paulo como padaria de qualidade e com a produção dos pães congelados. Iannuzzi Pães Congelados Atibaia - Melhores Pães G1 Ficou interessado no produto? Siga a Iannuzzi Pães para receber mais dicas, receitas e informações. Para comprar pães congelados pela internet, basta chamar a Equipe de Atendimento Iannuzzi pelo WhatsApp. Acesse Melhores Pães no G1 e confira dicas com receitas, dicas para alimentação saudável e dicas para criar uma nova renda com pães. Frutas como bananas, melão e melancia são boas opções para curar a ressaca — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre O carnaval é um dos períodos mais animados do ano. Os foliões aproveitam para sair da dieta, comer doces, petiscos, salgados e também para beber. Para você que exagerou na bebida, não cuidou da alimentação e enfiou o pé na jaca, o nutricionista André Cavalcante deu algumas dicas de alimentos que ajudam a curar a ressaca. Banana, ovo, iogurte, frutas cítricas, pão e caldo de tucupi estão na lista de alimentos que te ajudam a acabar com a ressaca. “A principal dica para quem quer curar a ressaca é se hidratar, porque, durante a bebedeira, o álcool faz com que a pessoa perca muitos eletrólitos e também vai muita água com isso. Você precisa tomar sucos, água, água de coco são ótimas opções para se hidratar”, falou. O profissional falou que outro líquido que auxilia e ajuda bastante é o leite. Além de evitar que a pessoa fique com gastrite, que é provocada também pelo álcool, a proteína cisteína presente no leite dá aquela animada. “O próprio iogurte também ajuda, que é rico em vitamina B e ajuda nessa questão da ressaca. Outro sólido que é muito bom é o pão com alguma proteína, que pode ser uma carne ou bacon. O pão tem carboidrato e vai ajudar também. A banana é muito boa porque recompõe o potássio perdido com a ressaca, seja pelo vômito, urina. O que todo mundo tem em casa e é barato é o ovo. Tem muitas vitaminas do complexo B, que é importante nesse momento”, aconselhou. Caldos ajudam na recuperação da ressaca — Foto: Rede Amazônica/Reprodução O excesso de álcool baixa a imunidade, segundo o profissional. Para dar aquela levantada, Cavalcante garantiu que tomar sucos de frutas cítricas e o caldo de tucupi dão a energia necessária para sair da ressaca. “O segredo do caldo do tucupi é porque o rabo, tipo de carne usada, é rico em gordura. Nesse momento você está procurando energia para se livrar da tortura, náuseas e a gordura faz se recuperar mais fácil”, garantiu. Um cuidado que precisa ser tomado antes de cair na folia é se alimentar bem. Cavalcante ressaltou que as pessoas acreditam que comer algo leve é a melhor opção, porém, ele diz que a solução é outra. “As pessoas acabam se preocupam só no pós, mas o antes da festa também vai te ajudar a não ter ressaca muito grande. Quando for sair para beber, tem que consumir um carboidrato ou algo assim. A pessoa acha que precisa comer algo leve para beber, mas é o contrário, tem que comer alguma coisa mais consistente”, concluiu. Se alimentar bem antes de ingerir bebida alcoólica também é necessário — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre Agentes apreendem maconha em fatias de pão enviadas a presídio em Potim — Foto: Divulgação/SAP Agentes penitenciários fizeram duas apreensões de maconha em sedex na Penitenciária 2 de Potim (SP) na tarde desta sexta-feira (16). De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária, nos dois casos os entorpecentes estavam escondidos em fatias de pão. Em uma encomenda enviada pelo irmão de um preso, foram encontradas 21 porções de maconha escondidas entre as fatias de pão. Já em outro pacote, que havia sido enviado pela mãe de outro preso, os agentes descobriram, também em fatias de pão, 23 porções de maconha. A direção da penitenciária encaminhou o material apreendido para o DP da cidade, onde foi registrado um boletim de ocorrência. Também foram abertos procedimentos disciplinares internos. Veja a receitado pão de tapioca com queijo de manteiga — Foto: Inter TV Costa Branca O pão com queijo está sempre presente no cardápio dos nordestinos e, junto com a tapioca, vai bem no café da manhã, lanche da tarde e até no jantar. Pensando nisso, o gastrólogo Alexandre Dantas teve a ideia de criar um pão de tapioca recheado com queijo de manteiga. O processo é simples. O pão fica parecido com o pão de queijo e tem o sabor dos ingredientes que fazem parte da gastronomia potiguar. Confira a receita divulgada no Inter TV Rural deste domingo (6). O primeiro passo é desidratar a goma de tapioca no forno. Pra isso, vamos peneirar a goma e espalhar ela já peneirada em uma forma de alumínio. A goma deve ser espalhada em toda superfície do fundo da forma deixando a camada uniforme. Depois ela deve ser levada ao forno preaquecido a 200° de 15 a 20 minutos, ou até que a massa fique bem seca e quebradiça, mas sem deixar queimar. Enquanto a goma assa, em um recipiente colocamos o leite, os ovos, a manteiga de garrafa e também o sal. Depois misturamos tudo com a ajuda de um garfo. O ideal é que todos esses ingredientes estejam em temperatura ambiente. Depois de misturar, reservamos. É hora de retirar a goma do forno. Quando ela estiver morna, vamos quebrar a goma em pedaços com as mãos formando uma espécie de farinha bem granulada. O próximo passo é adicionar essa farinha aos ingredientes líquidos que foram misturados anteriormente. Podemos usar as mãos, se for necessário, pra desfazer os pedaços maiores da farinha. Misturamos até deixar a massa bem homogênea e lisa. Depois fechamos o recipiente com um plástico filme e levamos a geladeira para descansar por pelo menos 30 minutos. Depois de 30 minutos na geladeira, a massa fica em uma consistência que não gruda nas mãos. É necessário sovar um pouco pra deixar a massa bem uniforme. Depois podemos modelar os pães do formato de preferência. Mas, é importante que eles tenham mais ou menos o mesmo tamanho para assar por igual. Depois de abrir a massa, recheamos com os pedaços de queijo e fechamos bem fechada. Depois que estiveram no formato escolhido , vamos pincelar com a gema e fazer um pequeno corte na parte de cima da massa, semelhante ao do pão francês, pra deixar a aparência mais bonita. É preciso assar em forno aquecido por 200 graus por cerca de 30 minutos ou até que fiquem levemente dourados. Depois é só retirar do forno e consumir. As exportações brasileiras de ovos fecharam o primeiro trimestre de 2021 com alta de 142,5% na comparação com o mesmo período em 2020, diz a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). — Foto: Reprodução/TV TEM As exportações brasileiras de ovos fecharam o primeiro trimestre de 2021 com alta de 142,5% na comparação com o mesmo período em 2020, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) nesta quinta-feira (15). Foram 3,773 mil toneladas embarcadas, que elevaram também a receita, alcançando US$ 5,01 milhões, número 154,3% maior que o obtido no primeiro trimestre de 2020, quando valor foi de US$ 2 milhões. Apenas em março, as vendas para o exterior alcançaram 596 toneladas, 106,8% a mais do que o mesmo mês no ano anterior e com aumento no faturamento de 160,5% . A maior parte dos embarques tiveram como destino os Emirados Árabes Unidos, responsáveis por 72,9% do total das vendas no primeiro trimestre. Ao todo, foram 2,799 mil toneladas, gerando receita de US$ 2,974 milhões. Para a instituição, este crescimento deve continuar, motivado pela abertura da Argentina e do Chile para ovos in natura e pela proximidade geográfica com as nações do Mercosul. 45,3% do lixo no Brasil são de resíduos orgânicos, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. — Foto: Reprodução/ TV Gazeta O Brasil gerou 79,6 milhões de toneladas de lixo em 2020, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Segundo o estudo, 45,3% deste total foram de lixo orgânico, o que equivale a uma geração de 170 kg por pessoa no país. Entre estes resíduos, estão sementes, cascas de frutas e outros compostos que, quando chegam aos aterros, produzem gás metano, nocivo à atmosfera. Apesar do seu comum descarte, eles podem ser reaproveitados ainda na casa dos usuários. Veja a seguir três receitas de como aproveitar ""restos"" de alimentos: Casca da laranja pode ser usada para criar aromatizantes e repelentes naturais. — Foto: Pixabay A laranja é uma fruta rica em vitamina C, que tem ação antioxidante e ajuda a fortalecer o sistema imunológico, contribuindo para a prevenção de gripes e resfriados comuns. Mas, além das vantagens nutricionais, a laranja possui uma série de benefícios domésticos. Há quem recomende a sua casca até para lavar a louça. Quando transformada em óleo, a casca da fruta tem uma função antimicrobiana, o que permite ""a sua possível aplicação na conservação de alimentos e apresentando-se como uma alternativa natural aos conservantes sintéticos"", segundo uma pesquisa da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS). Outras possibilidades para este óleo são seus usos como um repelente natural de insetos e aromatizante. Veja a receita abaixo: Para usar o conteúdo como repelente, basta misturar o óleo com álcool de cereais e, usando o borrifador, espalhar pelo ambiente doméstico. Já para usar o seu perfume, é só pingar algumas gotinhas do óleo essencial em um aromatizador elétrico. Estudantes goianos criam gel que mata o coronavírus a partir da casca da laranja. Miolo da maçã pode ser usado para produzir vinagre. — Foto: Marco Aurélio/Prefeitura de Uberaba A maçã é uma das frutas mais populares no Brasil. Ela movimenta R$ 7 bilhões ao ano na economia do país em operações que envolvem desde o campo até as vendas nos mercados, com a produção de cerca de 1,1 milhão de toneladas da fruta. No caso dela, é comum que sua casca seja consumida, porém, para muitos, o seu miolo, local onde se encontram as sementes, não aparenta ter nenhuma função e é destinado ao lixo. Mas, na realidade, ele pode ser usado na produção do vinagre de maçã. Veja como abaixo: Casca da banana pode ser aproveitada para fazer pão. — Foto: Reprodução/TV TEM A banana é a fruta mais produzida no mundo e, no Brasil, é a segunda mais importante em relação à área colhida, quantidade produzida e valor da produção, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba). Além disso, ela é uma grande fonte de potássio e também é rica de vitamina C, de acordo com informações no estudo. Até mesmo a sua casca possui nutrientes, sendo rica em fibras. Apesar disso, no consumo, esta parte da banana costuma ir direto ao lixo. Aprenda uma forma de reaproveitá-la para fazer pão com a receita abaixo: 'Fica Dica' traz receita de bolo feita com casca de banana Aprenda como preparar uma receita deliciosa de cuscuz de banana com queijo coalho Aqui em Melhores Pães nós reunimos dicas, receitas e informações para quem é apaixonado por pães. Mas tenho intolerância ao glúten. E quero receitas fáceis e deliciosas de pães sem glúten. Pois muito bem. Vamos lá... Entrevistamos a Ana Carolina Camargo, de São José dos Campos, que é especialista em pães e bolos artesanais e sem glúten. Alimentação funcional e prática. Começamos com o pão de forma sem glúten. Anote aí a receita! O desenvolvimento de um pão sem glúten mostra-se mais complexo para se obter características sensoriais agradáveis como o pão tradicional, em que utiliza-se farinha de trigo. O glúten é uma proteína importante na elaboração de pães, pois proporciona maciez e elasticidade. Sendo assim, para se elaborar um pão sem glúten agradável, utilizamos um mix de farinhas, que podem ser compradas prontas (há muitas marcas no mercado) ou fazer o mix de farinha caseira. A esse mix de farinha, acrescentamos a goma xantana, que faz as vezes do glúten na receita, propiciando maciez e elasticidade à massa. Receita da Ana de pão de forma sem glúten — Foto: Divulgação Segue uma receita simples, rápida e fácil de pão integral sem glúten. Nessa receita nem utilizamos a goma xantana e obtivemos um pão leve e saboroso. Ingredientes: Modo de preparo: Veja mais receitas de pães e bolos artesanais sem glúten. A Iannuzzi é uma empresa familiar, com raízes na Itália. Desde 1995 em Atibaia, no ramo da panificação, a Iannuzzi se consolidou no interior de São Paulo como padaria de qualidade e com a produção dos pães congelados. Ficou interessado no produto? Siga a Iannuzzi para receber mais dicas, receitas e informações. Para comprar pães congelados pela internet, basta chamar a Equipe de Atendimento Iannuzzi pelo WhatsApp. Acesse Melhores Pães no G1 e confira dicas com receitas, dicas para alimentação saudável e dicas para criar uma nova renda com pães. Chefe Deocleciano ensina a fazer um cuscuz diferente Neste domingo (18), o programa Acre Rural, da Rede Amazônica, trouxe uma receita diferente de dar água na boca. O chefe de cozinha Deocleciano Brito ensinou uma receita de cuscuz de mandioca com banana da terra, ou comprida, como é mais conhecida, e ovo frito. ""É uma receita prática e simples para seu café da manhã. Para você dar uma inovada e fazer a coisa ficar muito mais gostosa ainda. Vamos trazer uma preciosidade que temos no Brasil e na região Norte, que é a mandioca, aipim ou macaxeira. É um prato sensacional"", contou o chefe. Para fazer a receita, você vai precisar dos seguintes ingredientes: Receita rápida e prática de cuscuz de mandioca é apresentada por chefe de cozinha no Acre Rural — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre Modo de preparo: Rale a mandioca para usar no cuscuz. Após ralar, retire o excesso de água da mandioca, tempere com uma pitada de sal, pimenta do reino (opcional) e queijo ralado. Misture tudo e coloque na cuscuzeira. Tampe a cuscuzeira e leve ao fogo por cerca de 15 minutos. Enquanto aguarda, corte a banana da terra, mais conhecida como banana comprida. Depois, frite com um fio de azeite. Para complementar a receita, frite um ovo e junte à receita. Retire o cuscuz do fogo e reserve para montar o prato. Coloque o cuscuz em um prato, adicione o ovo frito ao lado e junte a banana ao cardápio. Pronto, seu cuscuz de mandioca está pronto e agora é só aproveitar o café da manhã. ""É um produto [macaxeira] é muito consumido no Brasil, se faz farinha, a goma, é um produto com muito carboidrato, fibra, potássio, vitamina C também e que faz muito bem"", disse Brito. Cerca de 1.700 ovos de 'kit merenda' foram entregues estragados a alunos da rede municipal de Votorantim — Foto: Reprodução/TV TEM A Prefeitura de Votorantim (SP) suspendeu a entrega do 'kit merenda' a alunos das escolas municipais após reclamações dos pais de que os ovos que compõem a cesta estavam estragados. Os pais relataram ao vereador Ita (Cidadania) que o alimento apresentava mau cheiro e estava podre. Cerca de 1.700 ovos estavam estragados e os outros alimentos estão sendo enviados normalmente. Após reclamações, o vereador encaminhou a denúncia à prefeitura, que informou que a entrega dos kits foi suspensa e que a empresa foi notificada para trocar os produtos. Nenhum representante da empresa distribuidora foi encontrado para falar sobre os ovos estragados. Ovos estragados são distribuídos em kit merenda aos alunos de Votorantim Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Aqui em Melhores Pães nós reunimos dicas, receitas e informações para quem é apaixonado por pães. Mas tenho intolerância ao glúten. Pão sem glúten fica gostoso mesmo? É fácil de fazer? Quero receitas fáceis e dicas. Então vamos lá! Entrevistamos Ana Carolina Camargo, de São José dos Campos, que é especialista em pães e bolos artesanais e sem glúten. Alimentação funcional e prática. Começamos com o pão sem glúten. Segue uma receita simples, rápida e fácil de pão integral sem glúten. Nessa receita nem utilizamos a goma xantana e obtivemos um pão leve e saboroso. Ingredientes: Modo de preparo O desenvolvimento de um pão sem glúten mostra-se mais complexo para se obter características sensoriais agradáveis como o pão tradicional, em que utiliza-se farinha de trigo. O glúten é uma proteína importante na elaboração de pães, pois proporciona maciez e elasticidade. Sendo assim, para se elaborar um pão sem glúten agradável, utilizamos um mix de farinhas, que podem ser compradas prontas (há muitas marcas no mercado) ou fazer o mix de farinha caseira. A esse mix de farinha, acrescentamos a goma xantana, que faz as vezes do glúten na receita, propiciando maciez e elasticidade à massa. Veja mais receitas de pães e bolos artesanais sem glúten. A Iannuzzi é uma empresa familiar, com raízes na Itália. Desde 1995 em Atibaia, no ramo da panificação, a Iannuzzi se consolidou no interior de São Paulo como padaria de qualidade e com a produção dos pães congelados. Ficou interessado no produto? Siga a Iannuzzi para receber mais dicas, receitas e informações. Para comprar pães congelados pela internet, basta chamar a Equipe de Atendimento Iannuzzi pelo WhatsApp. Acesse Melhores Pães no G1 e confira dicas com receitas, dicas para alimentação saudável e dicas para criar uma nova renda com pães. Preço alto de insumos prejudica produção de ovos em Pernambuco O alto custo dos insumos vem sendo um problema para os agricultores de Pernambuco. Segundo Carlos André Braga, tesoureiro de uma cooperativa em São Bento do Una - maior cidade produtora do estado -, os avicultores estão pagando quase R$ 90 pelo saco de milho e vendem a bandeja de ovos por R$ 11, em média ""Ano passado estava o mesmo preço o ovo, com o milho de R$ 54. Então, por aí, já dá pra tirar o quanto inflacionou"", diz. Ele estima que 20% dos produtores do estado deixem a atividade no final do ano. Gastrólogo Guilherme Miranda se destaca com criação de pães de queijo com formatos e sabores diversos — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Guilherme Miranda é mineiro, mas foi na Paraíba que ele se consagrou na gastronomia. Há 20 anos morando no estado, ele começou a empreender muito cedo e hoje tem uma indústria com 15 funcionários. É produzindo pão de queijo com variações de formatos e sabores que o gastrólogo se destaca na área. “Brinco muito com isso”, afirma o gastrólogo que participa do Chef JPB deste sábado (17). Ao G1, Gui - como é conhecido - contou como tudo começou. Pouco depois que chegou na Paraíba ele começou a produzir pão de queijo na cozinha de casa, ainda aos 17 anos. “Os amigos gostavam e sempre aparecia um ou outro querendo fazer sociedade para abrir um negócio”, relembrou. Coxinha com massa de pão de queijo — Foto: Guilherme Miranda/Arquivo Pessoal Atualmente, ele faz pão de queijo em formato de croissant, de coxinha. Faz recheado com diversos sabores, e criou até uma pizza com massa de pão de queijo. “Eu brinco muito com isso”, afirma. Conforme o gastrólogo, no início a venda dos pães de queijo era direcionada às padarias, hotéis e restaurantes. Ao passar do tempo a ideia foi ficando cada vez mais sólida. “Deixou de ser uma ideia e passou a ser um negócio, e daí a gente abriu a empresa de fato, como indústria”, contou. Hoje a empresa já atende, além de João Pessoa, Campina Grande, interior do estado, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Gastrólogo da PB se destaca com criação de pães de queijo: “Brinco muito com isso"" — Foto: Guilherme Miranda/Arquivo Pessoal Com a empresa funcionando a todo vapor, Guilherme sentia a necessidade de ter uma formação na área alimentícia. Foi quando ele escolheu a gastronomia. “Eu vi que o curso me serviria tanto na questão da área de serviço de restaurante, que eu não tinha tanto aperfeiçoamento, quanto nas questões que eu já conhecia aqui na empresa. Somou muito pra mim”, disse. Guilherme relatou, também, que a experiência que ele já tinha adquirido ao longo dos anos ajudou muito dentro da sala de aula. “Eu senti uma facilidade muito grande de compreensão, na matérias teóricas que abordavam gestão, controle de qualidade, pois eu já vivia isso há anos”. Gastrólogo se destaca com criação de pães de queijo com formatos e sabores diversos — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Já a respeito das aulas práticas, Gui conta que foi um divisor de águas na carreira dele. “Fui aprendendo técnicas, conceitos e aí acrescentou muito”, ressaltou o gastrólogo, que na época já usava as redes sociais para divulgar os pratos mineiros que ele fazia em casa, no dia-a-dia. “Apesar de eu não aparecer nas fotos, meus pratos começaram a ganhar notoriedade”, acrescentou Gui, sobre os pratos que ele publicava usando as técnicas aprendidas na faculdade. Ele se formou em 2019. Apesar de gostar muito da comida brasileira, Guilherme conta que houve uma época que ele começou a se encantar com a parte da apresentação dos pratos e da fusão de cozinhas, ou seja, ele começou a usar técnicas de uma cozinha em outra. “Foi a partir daí que comecei a me destacar”, afirmou. Ainda na faculdade, Guilherme começou a ter o pratos contemporâneos publicados em páginas de gastronomia nas redes sociais, até mesmo em perfis internacionais. Prato chess, criado por Guilherme — Foto: Guilherme Miranda/Arquivo Pessoal Ele relata que a primeira foto repostada por uma página especializada foi do prato que combina cubos de queijo coalho e cubos de carne de sol e que ele nomeou como Chess, que significa xadrez em inglês. “Eu montei o prato como se fosse um tabuleiro de xadrez”, contou. Todos os pratos que foram repostados pelas páginas, foram todos “contemplando o minimalismo, a gastronomia contemporânea”, ressaltou Gui. “Na cozinha contemporânea você minimaliza e cria um conceito do seu jeito. Quando você vai pra cozinha regional, que tem a pegada de conforto, você não tem muito essa apresentação do prato feito [...] eu gosto de criar”, explicou. Apesar de toda essa paixão pelo contemporâneo, Guilherme ressalta que o pão de queijo é o que ele mais domina e faz há mais tempo. Cozinha da empresa de Guilherme, onde são produzidos os pães de queijo — Foto: Guilherme Miranda/Arquivo Pessoal Ovo de Páscoa é renda principal de confeiteiras de Jundiaí (SP) nesta época do ano — Foto: Reprodução/TV TEM Afetadas pela pandemia do coronavírus, algumas moradoras de Jundiaí (SP) decidiram abandonar os empregos fixos para se dedicar à confeitaria durante a Páscoa deste ano. Carla Daiane Formes conciliava a rotina administrativa com a cozinha havia três anos, mas a pandemia mexeu com toda a rotina e o orçamento da profissional. ""Foi muito difícil o ano passado quando suspenderam o meu contrato de trabalho, mas eu fui fazendo os docinhos, fui fazendo coisas para vender. Então, uma hora era pão de mel, outra hora era bolo e isso acabou virando o meu trabalho normal"", comenta. Comerciantes de Jundiaí se preparam para vendas de ovos de Páscoa Neste ano, Carla já começou a produção de ovos de colher e bombons, o que exigiu muito preparo para a sua primeira Páscoa como confeiteira profissional. ""Tem vários cursos disponíveis na internet, então eu assisti bastante deles. Estudei, vi como eu podia adaptar para o meu dia a dia e como eu podia fazer isso dar certo. A gente faz toda a precificação dos ovos, eu já comprei bastante embalagem, comprei chocolate. Já fiz vários testes e já tenho até algumas encomendas prontas"", explica. Carla passou a trabalhar somente com confeitaria após a pandemia da Covid-19 — Foto: Reprodução/TV TEM Por incentivo de uma amiga, a confeiteira Luanne Duarte Monteiro trabalha com doces há três anos e os ovos de Páscoa foram ganhando cada vez mais espaço na casa dela. ""Eu estou investindo mais. Agora eu tenho um tempo maior para poder me dedicar só aos ovos, porque antes, como eu trabalhava fora, e aí eu só fazia à noite e não tinha aquela dedicação. Agora eu só faço isso, então é 100%"", explica. O ovo recheado de bolo de cenoura com brigadeiro é uma das opções oferecidas por Luanna, além de um dos mais pedidos, que é um ovo recheado com creme de avelã. Mas a novidade deste ano é o de banoffee, feito com doce de leite, banana e chantilly. Para aumentar as vendas neste ano, Luanna tem investido cada vez mais nas redes sociais e no delivery. ""Já estou postando alguns nas redes sociais e tem bastante gente me procurando, pedindo a tabela desse ano. Então, o pessoal está vindo atrás e eu estou confiante"", comenta. Moradoras de Jundiaí trocam empregos fixos por confeitaria — Foto: Reprodução/TV TEM Um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que pelo menos 279 empresas da cidade trabalham na fabricação de produtos com chocolate, que é o principal ingrediente da data comemorativa. Com o mercado a todo vapor, o representante do Sebrae-SP Marcos Ramos pede cautela para quem está na área ou pretende entrar no ramo. ""Reforço a importância do planejamento, do controle de produção, do entender para atender os seus clientes, dos controles da operação e dos controles financeiros. Ressalto que esse é um mercado de extrema competitividade, onde apenas os empreendedores que ofereçam diferenciais aos seus clientes conseguirão chegar a seus resultados"", explica. Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Nancy Patacho e o filho Luiz Fernando, de 6 anos — Foto: Nancy Patacho/Arquivo Pessoal Uma moradora de Mongaguá, no litoral de São Paulo, chorou ao ouvir o filho de 6 anos pedir um ovo de Páscoa, após ver um na casa do vizinho. Segundo Nancy Patacho, a família vem passando por dificuldades financeiras por conta da pandemia. Em entrevista ao G1 neste domingo (4), a auxiliar de veterinária Nancy Patacho, de 45 anos, contou que o filho Luiz Fernando, ao ir à casa do vizinho para brincar, viu o ovo de Páscoa do amigo e, ao retornar para casa, perguntou quando chegaria o dele. ""Ele veio da casa do amigo e me perguntou 'mãe, por que o coelhinho da Páscoa foi na casa do vizinho e não veio aqui?'. Na hora, eu desabei de chorar, e falei que iria ver se conseguia falar com o coelho"", conta. Desempregada, Nancy conta que a família vinha recebendo ajuda de duas professoras com doações, mas elas acabaram morrendo de Covid-19. Além disso, ela perdeu a aposentadoria há três anos por questões burocráticas, mesmo sendo deficiente física, com a mobilidade de braço e perna reduzida. ""A pandemia prejudicou minha renda. Eu fazia transporte de animais, mas, com o coronavírus, acabei perdendo meus clientes. O pai do meu filho está desempregado, há um ano não paga pensão. Minha filha de 22 anos, que mora em São Paulo, tem dois filhos, e não pode me ajudar, porque também está precisando. Estou sem chão"", lamenta. Filho pediu ovo de Páscoa após ver um na casa do vizinho — Foto: Nancy Patacho/Arquivo Pessoal Sem conseguir receber ajuda assistencial do município de Mongaguá, por conta de seu cadastro estar registrado na capital paulista, Nancy conta que o auxílio emergencial que recebia do Governo Federal a ajudava bastante, mas que, agora, a fome bate à sua porta. Ela explica que pede ajuda para as pessoas na internet, porém, escuta que a situação está difícil. Além disso, a família mantém um abrigo com 16 cães e nove gatos, e afirma que ""se vira nos 30"" para cuidar deles. ""Antes, a gente dava ração para eles, as pessoas doavam. Agora, só comem ração de dia e à noite. A gente acaba dividindo o arroz que tem com eles"", afirma. De acordo com a mãe, na Páscoa, ela sempre fazia marquinhas no chão imitando patinhas de coelho para o filho, e sempre tinha ovo, mas este ano será diferente. ""Hoje, eu vou falar para ele que o coelhinho deixou os ovos no supermercado, e que depois nós iremos lá buscar"", finaliza. Ovos de Páscoa para pets: empresas e tutores de Juiz de Fora apostam nos doces para integrar os animais na família — Foto: Mariana Silva Guerson/Arquivo pessoal Além das tradições cristãs, o Domingo de Páscoa é uma data conhecida pelos doces. As crianças são surpreendidas com ovos de chocolate e os adultos reservam o dia para comer as guloseimas sem culpa. Mas, há empresas que resolveram apostar em um outro público nesta época: os pets. Parte importante de muitas famílias, os animais recebem os mimos de acordo com o que podem comer. Ovos de Páscoa preparados pelo Pet's Natural Food — Foto: Camilla Barreto/Arquivo pessoal Camilla Barreto, de 40 anos, é PetChef e proprietária da empresa Pet's Natural Food, em Juiz de Fora. Segundo ela, a integração do bichinho como parte da família é o principal motivo pela procura durante o período da Páscoa. A engenheira de produção Victória Campos, de 23 anos, concorda: ""acredito que seja uma forma de eles presenciarem também o momento da mesma forma que nós"". A Luli, cachorrinha de Victória, é um spitz alemão. Ela adora os doces e costuma comer em outras épocas do ano também. A cachorrinha Luli gosta dos doces mesmo em outras épocas do ano — Foto: Victoria Campos/Arquivo pessoal Já a proprietária da empresa Cookie Pet, Mariana Silva Guerson, considera o ato como uma prova de amor aos bichinhos. ""Comprar um ovo de Páscoa para o pet não é somente a compra de um produto. É, principalmente, a inserção do pet em uma data tão especial, com o carinho que ele merece. Considerá-los como membros da família e lembrar dos peludos na hora das comemorações é um gesto de amor, e é isso que achamos o mais importante"", afirma. O Theo, spitz alemão da empresária Camila Guedes Quinelato, come docinhos para cachorros em todas as datas comemorativas. ""Inclusive comemoramos os mêsversários do meu filho, com cupcake todo mês [para o cãozinho]"", conta Camila. E para provar que é acostumado, Theo percebe logo quando a surpresa está chegando: ""só de sentir o cheiro, [ele] fica eufórico. Ele já come comida natural, então reconhece os cheiros dos alimentos"". Theo deseja uma feliz Páscoa com os docinhos que ganhou — Foto: Camila Guedes Quinelato/Arquivo pessoal A empresa Pet's Natural Food trabalha com comida para animais durante todo o ano, como na produção de biscoitos e bolos, mas Camilla Barreto afirma que a Páscoa é a época que mais saem produtos de confeitaria. A Pet's Natural Food também trabalha com bolos e biscoitos — Foto: Camilla Barreto/Arquivo pessoal Camila ressalta, no entanto, que a procura está um pouco menor em 2021, por conta pandemia. Apesar de na Páscoa de 2020 o volume de encomendas ainda ter sido alto, esse ano a empresa percebeu que os clientes estão um pouco mais cuidadosos com os gastos. Nalu, uma das clientes do Cookie Pet, posa para fotos com os ovinhos de Páscoa — Foto: Mariana Silva Guerson/Arquivo pessoal Já a Cookie Pet procura vender docinhos de acordo com a época do ano, sendo os ovos exclusivos da Páscoa. Segundo a proprietária Mariana Silva Guerson, o objetivo é sempre oferecer novidades temáticas de acordo com as datas. ""As vendas aumentam consideravelmente nas datas comemorativas como Páscoa ou Natal. Acredito que as famílias estejam introduzindo cada vez mais os pets em todas as comemorações"". A Páscoa de 2021 é a primeira da Cookie Pet, mas Mariana afirma estar sendo positivamente surpreendida. Apesar da situação da pandemia, ela afirma perceber que muitas famílias estão escolhendo comemorar a data com presentes, mesmo que não seja possível a presença física. Um dos ovos produzidos pela Cookie Pet — Foto: Mariana Silva Guerson/Arquivo pessoal E na produção dos docinhos, as duas empresas afirmam terem acompanhamento de nutricionistas, nutrólogas e veterinárias, para ter certeza que nenhum ingrediente vai fazer mal aos animais, já que o chocolate que os humanos comem é tóxico para os pets. Biscoitos feitos pela Pet's Natural Food, com ingredientes próprios para os animais — Foto: Camilla Barreto/Arquivo pessoal ""[Os doces] são produzidos a partir de receitas humanas adaptadas para os pets, levando em consideração ingredientes que não causem alergia ou não sejam tóxicos"", explica Camilla. Além de frutas, proteína animal, farinha de arroz e aveia, mel e leites vegetais, um ingrediente é comum na produção dos chocolates: a alfarroba. ""Fruto muito utilizado na culinária pet, por ser um substituto saudável do cacau em pó ou do chocolate tradicional"", explicou Mariana. Mas, mesmo com todos os cuidados na escolha dos ingredientes, ainda é importante prestar atenção quando os animais estiverem comendo. Os ovos da Cookie Pet surpreendem pelo visual — Foto: Mariana Silva Guerson/Arquivo pessoal E o feedback é sempre positivo. As duas proprietárias contam que a parte visual dos doces é o que mais chama atenção dos tutores, enquanto os pets se encantam é pelo gosto. Segundo Camilla, a Pet's Natural Food tem a preocupação dos doces serem, além de gostosos, bastante atrativos aos olhos. Produção de ovos e abate de frango registram alta em 2020 na BA; alguns frigoríficos, no entanto, relatam redução Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística registrou um aumento recorde no abate de frango na Bahia em 2020. Os números apontam um crescimento de 6,6% em relação a 2019, o sexto aumento consecutivo em todo o estado. A indústria já apontava um crescimento, divulgado em levantamento trimestral revelado em dezembro do ano passado. Mais de 127 milhões de frangos foram abatidos somente em 2020. No entendimento do supervisor de pesquisas agropecuárias do IBGE, Augusto Barreto, uma das maiores razões é a substituição da carne suína pelo frango, causada pela alta nos preços e aumento do dólar. “Muito explicado pela substituição do consumo da carne suína, que ficou [com o preço] mais alto. Como são os commodities que têm grande demanda no mercado exterior, então o preço do dólar acabou influenciando. Então o frango acabou sendo uma proteína mais acessível ao consumidor. Então essa demanda no mercado interno acabou aquecendo e favorecendo esse abate aqui no estado”, disse. O órgão também apontou um aumento recorde na produção de ovos na Bahia. Somente no ano passado, mais de 58 milhões de dúzias foram produzidas – um aumento de 31% em relação a 2019. O avanço aconteceu depois de dois anos seguidos em queda. A diretora da Associação de Avicultura da Bahia, Patricia Nascimento, atribuiu o aumento na produção pelo fato do ovo ser uma das proteínas com preço mais acessível à população. “A gente observa esse crescimento em função do consumo de ovos, de ser uma das proteínas mais em conta que a gente tem. E aqui no polo não foi diferente essa observação. Houve um crescimento aqui na região”, disse. Pesquisa do IBGE registrou aumento recorde no abate de frangos na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia Na contramão dos números indicados pelo IBGE, alguns frigoríficos em Feira de Santana registraram queda na produção. O abate de frango chegou a cair entre 15% e 20% comparando no ano passado a 2019 e uma das razões é a incerteza da demanda em meio à pandemia. Ronaldo Gama, gerente comercial de um frigorífico na cidade explicou as razões que fizeram a indústria recuar. “Como as importações aumentaram muito em 2020, nossa gestão estratégica recuou. Saímos de um abate médio/dia de 55 mil para 48 mil por conta desse cenário. Grãos aumentaram muito e a gente teve que passar também esse custo para o consumidor em 2020”, disse. Embora a produção no estado tenha aumentado em 2020, a produção esbarra em uma dificuldade: o aumento do preço do milho e da soja usados no alimento das aves. Ainda segundo a diretora Patrícia, os custos foram ampliados na pandemia e acarretou também o valor dos insumos. “Apesar do custo de produção ter aumentado em função da pandemia, tivemos aumento no [preço do] milho, da soja, queda de safra no sul. Então isso também acaba acarretando aumento no valor dos insumos. Mas a gente conseguiu manter a produção considerando como essencial durante a pandemia. E o que fez com que a gente crescesse bastante foi o consumo”, explicou Patrícia. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. As pessoas com estilo de vida mais saudável procuram opções sem açúcar e sem lactose. — Foto: Fernanda Borges/G1 O período de páscoa está se aproximando e a venda de chocolate começou a aumentar em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Este ano, as lojas da cidade estão investindo em opções de ovos de chocolate adequados a alimentação restritiva de pessoas veganas, alérgicas ou intolerantes a lactose. Uma loja de doces no centro da cidade preparou o estoque com chocolate de vários tipos. As pessoas com estilo de vida mais saudável procuram opções sem açúcar e sem lactose. Esse comportamento fez a empresa de Alan Lima reformular a diversidade de produtos oferecidos. “Isso tem superado as nossas expectativas”, destaca o empresário. Docerias de Petrolina apostam em ovos de páscoa mais saudáveis Com opções de ovos especiais, uma loja no bairro Cidade Universitária também está investindo em produtos mais saudáveis para a páscoa. São opções zero leite e açúcar; zero leite-açúcar fit, com leite-zero açúcar, e com leite sem lactose. Todos sem glúten e sem gordura hidrogenada. A empresária e gastrônoma Ana Barros, percebe que as pessoas estão despertando para um paladar mais saudável. “De criança a adulto a gente tem procura”. Ela conta que as crianças estão ajudando os pais a escolher os sabores especiais. O fechamento do comércio em Pernambuco para conter o avanço daCovid-19 também provocou mudanças nas vendas da loja de Ana. Ela passou a receber encomendas pela internet. “As pessoas montam os ovos de acordo com a necessidade e gosto. No dia será oferecido o serviço de delivery ou retirada”. Acompanhe as notícias do Sertão de PE Fiscalização do Ipem-AM notifica empresa por venda irregular de chocolates. — Foto: Divulgação O Instituto de Pesos e Medidas do Amazonas (Ipem-AM) encerrou, nesta segunda-feira (29), a operação Páscoa, que fiscalizou mais de 700 unidades de ovos de chocolate e testou 196 amostras, para verificar o peso e a segurança dos brinquedos acompanhados como brindes nos chocolates. Uma empresa localizada na avenida via láctea, no bairro Aleixo, foi flagrada comercializando 100 unidades de ovos de páscoa, de fabricação própria, sem a devida indicação de peso do produto. (veja abaixo como denunciar) De acordo com o diretor-presidente do Ipem-AM, engenheiro Márcio André Brito, a empresa foi notificada e tem um prazo de dez dias para apresentar defesa junto ao instituto, e pode ser penalizada com multas que variam de R$ 1.500 a R$ 1,5 milhão. A operação teve início no dia 18 de março, e analisou as marcas locais, nacionais e internacionais, como: a marca Garoto, Nestlé, Lacta, Ferrero Rocher, Guylian (Bélgica) e Perugina (Itália). O Ipem-AM orienta os consumidores que, ao fazer a compra dos ovos de páscoa, devem ficar atentos para o peso do produto; verificar a numeração, de acordo com a marca de cada produto; e no caso dos ovos de páscoa que oferecem brindes, como brinquedos para as crianças, os pais e responsáveis precisam observar se na embalagem possui a seguinte frase: “Atenção: Contém brinquedo certificado no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade”; o brinde deve apresentar o selo do Inmetro. Caso o consumidor desconfie de possíveis irregularidades em relação à quantidade e brindes oferecidos sem a certificação do Inmetro, denuncie ao Ipem-AM, por meio da Ouvidoria no e-mail: ouvidoriaipem@ipem.am.gov.br ou pelo Fale Conosco no endereço: www.ipem.am.gov.br. Campanha solidária distribui ovos de páscoa e alimentos para famílias carentes em Sorocaba — Foto: Cufa/Divulgação A Central Única das Favelas (Cufa) de Sorocaba realizou neste sábado (10) ação para doar ovos de páscoa e cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social na zona norte da cidade. A ação feita nas favelas do Jardim Aeroporto e Santa Rosa em parceria com o projeto 'Amigos do Bem' distribuiu cerca de 250 ovos de páscoa para as crianças. Crianças ganharam ovos de Páscoa em Sorocaba — Foto: Cufa/Divulgação Também foram doados alimentos para 150 famílias, que receberam cestas básicas e caixas de leite. A ação feita em parceria como time de futebol 'Paulistano' e o 'Banco de Alimentos' doou cerca de quatro toneladas de alimentos e 1.500 litros de leite. A Cufa continua arrecadando alimentos não perecíveis, produtos de higiene, álcool em gel, materiais de limpeza e máscaras, como a PFF-2 sem filtro. As doações podem ser entregues na Rua Duque de Caxias, 194, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e também na Rua Aparecida, 563, de segunda a sexta-feira, das 9h ás 16h, e aos sábados, das 9h às 14h. Campanha solidária distribui ovos de páscoa e alimentos para famílias carentes em Sorocaba — Foto: Cufa/Divulgação Moradores receberam doação de alimentos em Sorocaba — Foto: Cufa/Divulgação Campanha solidária distribui ovos de páscoa e alimentos para famílias carentes em Sorocaba — Foto: Cufa/Divulgação Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Voluntários se unem para fazer mais de 500 ovos de Páscoa e doar para crianças em Sorocaba — Foto: Reprodução/ TV TEM Voluntários de Sorocaba (SP) que trabalham em uma empresa de buffet se uniram para fazer mais de 500 ovos de Páscoa e doar para crianças em situação de vulnerabilidade social e que vivem no município. De acordo com um dos idealizadores do projeto, Rafael Zachetin, a doação será feita neste sábado (3) e o trajeto de visita em bairros ainda está sendo planejado. A equipe trabalha também para tomar todos os cuidados de combate ao coronavírus durante a distribuição. ""É com alegria que a gente criou essa ideia de fazer ovos para distribuir para crianças carentes. Sabendo desse quadro que estamos passando no momento, a gente viu que muitas pessoas perderam o emprego, muitos pais perderam o emprego e, infelizmente, não conseguiria comprar um ovo da Páscoa para as crianças"", explica. Voluntários se unem para fazer ovos de Páscoa e doar para crianças carentes de Sorocaba Ainda segundo Rafael, foi a primeira vez que a equipe decidiu fazer uma ação como esta e, mesmo trabalhando com buffet, ninguém nunca tinha feito ovos de Páscoa. ""O ovo, como simboliza esperança, sabemos desse momento da pandemia e a gente quer dar esperança para essas famílias, para que possam, através desse símbolo, ver que há algo bom, que ainda têm pessoas que pensam nelas"", conta Rafael. Veja mais notícias da região em G1 Sorocaba e Jundiaí Pão e manteiga caseiros são dicas da Hora do Rancho relembradas no TG do dia 02/01 Ingredientes Pão de milho - 1 lata de milho - A mesma medida da lata de milho de leite morno - A mesma medida da lata de milho de água morna - Meia lata de milho de óleo - 3 ovos e 1 gema - 4 colheres de sopa de açúcar - 2 colheres de sopa de sal - 20g de fermento biológico seco - A mesma medida da lata de milho de fubá - Cerca de 1 quilo de farinha de trigo (depende da massa) Modo de preparo pão - Coloque no liquidificador o milho, o leite, a água, o óleo, os 3 ovos, o sal, o açúcar e o fermento e bata tudo até que fique uma massa homogênea. - Em um recipiente grande, despeje a massa e adicione o fubá. Mexa tudo com uma colher. - Em seguida, comece a acrescentar a farinha de trigo aos poucos e vá mexendo com a colher até que a massa se torne grossa o suficiente para despejar na bancada e continuar mexendo com as mãos. - Adicione o restante da farinha, até a massa não grudar por fora. Sove por cerca de 20 minutos ou bata na batedeira planetária com o gancho até a massa ficar mais lisa. - Coloque em um recipiente com um pouco de farinha, cubra com um pano e espere a massa dobrar de tamanho (cerca de 40 minutos, mas depende da temperatura do ambiente). - Com a massa descansada, separe em pedaços com tamanhos de sua preferência e enrole os pães. Se quiser, faça riscos na superfície do pão com uma faca bem afiada. - Unte as assadeiras com manteiga e farinha e coloque os pães. Deixe descansar até dobrar de tamanho novamente. - Misture a gema com uma colher de sopa de leite e pincele na massa do pão já crescida. Polvilhe um pouco de fubá e coloque no fogo pré-aquecido a 180° por mais ou menos 40 minutos ou até o pão dourar. Dicas da Gente: prepare uma manteiga caseira para acompanhar o pão! Novas versões do cuscuz, um prato tradicional do Nordeste, viram alternativa para empreendedores durante a pandemia no RN. — Foto: Lucas Cortez/Inter TV Cabugi Hambúrguer e até barca de cuscuz? O alimento feito a base de milho tradicional na região Nordeste brasileira ganhou versões e virou alternativa para potiguares que buscam uma renda durante a pandemia da Covid-19 no Rio Grande do Norte. No Bairro Nordeste, em Natal, Rodrigo Medeiros da Silva, de 31 anos, tomou a iniciativa de abrir um espaço gourmet tendo como base o cuscuz em agosto de 2020, após ser infectado pelo coronavírus e registrar baixa nas vendas no antigo emprego como vendedor de panelas. Mesmo sem curso na área gastronômica, o empreendedor abriu o espaço na área de casa e começou a atender de forma presencial e delivery. ""Cuscuz é vida, é o prato que sustenta a minha família atualmente"", conta Rodrigo, que mora com a esposa e um filho de 5 anos de idade. 'Hambúrguer' de cuscuz é um dos pratos inventados por empreendedores potiguares. — Foto: Lucas Cortez/Inter TV Cabugi Segundo o empreendedor, as receitas são criadas e reformuladas continuamente, já que o cuscuz é um prato dinâmico que se adapta a diversos tipos de acompanhamentos. ""Os pratos mais vendidos são o cuscuz com carne de sol na nata, que é o mais tradicional. Também sai muito o cuscuz búrguer, que é o mais novo agora. No lugar do pão, a gente usa a massa de milho e recheia com queijos, hambúrguer, ovo e salada"", explica. Por dia, ele vende de 20 a 30 pratos. Por causa da pandemia da Covid-19 e os novos decretos do Governo do RN e Prefeitura de Natal, o espaço está funcionando exclusivamente de forma delivery. Após se afastar do trabalho, a enfermeira Edilene Santos, de 34 anos, também resolveu começar a vender e entregar cuscuz em novembro do ano passado, em Parnamirim, na Grande Natal. Mas o produto também ganhou uma versão especial em embalagens em formato de barco. Barcas de cuscuz entregues em Parnamirim, na Grande Natal, viraram fonte de renda para empreendedora. — Foto: Cedida As primeiras vendas foram no próprio condomínio onde ela mora, mas o negócio começou a se expandir e o marido, Mateus Santos, precisou ajudar nas entregas na Coophab e em Nova Parnamirim. Todas as noites, ela prepara os pedidos e ele realiza as entregas. ""Eu estava em casa e a gente precisava de uma renda extra. Vi a foto de uma barca e tive a ideia de fazer o cuscuz na barca"", conta Edilene. A empreendedora postou uma foto do produto no grupo do condomínio e o primeiro cliente já pediu três. Ao longo do tempo, o cuscuz foi ganhando outras versões em caixinhas e porções individuais. ""Hoje, eu consigo tirar do cuscuz o salário que eu ganhava antes na minha área (de formação) e a gente pretende expandir"", conta. Marca de pão de queijo aumenta em 80% as vendas com atendimento especializado Um casal que virou empresário produzindo pão de queijo teve aumento de 80% nas vendas esse ano. Ailton Junior e Veruska Morais contam essa história no VC NO PEGN. Ailton era corretor de seguros e Veruska era vendedora de roupas de grifes mineiras. A receita do pão de queijo deles vem de Passos, no interior de Minas Gerais, e é criação da avó da Veruska, a dona Filinha. A receita leva ovo, polvilho, leite e o queijo da Serra da Canastra. “O queijo vem de Minas para São Paulo pra gente fazer esse pão de queijo tão gostoso”, conta Veruska. O negócio foi criado em 2018, com investimento de R$ 15 mil. São quatro tipos de pães de queijo: tem o para hambúrguer, o redondo, de 25g ou 60g, e o carro chefe, o palito de pão de queijo. “A gente deu um super atendimento para cada cliente que comprava 1 quilo de pão de queijo, um atendimento como se eu tivesse vendendo um carro. E isso trouxe um retorno muito bacana de indicações, de reincidência, a gente tem uma fidelidade muito grande com os clientes”, explica Veruska. O pão de queijo custa a partir de R$ 50 o quilo. É vendido pelas redes sociais, na loja virtual da marca, em padarias e cafés. Ailton e Veruska já projetam o crescimento para 2021. “A nossa meta é atingir uma tonelada ao mês. Esperamos que até julho do ano que vem a gente consiga chegar nessa meta”, diz Ailton. Lá de Passos Comércio de Alimentos LTDA Endereço: Rua José da Silva Ribeiro, 120 - ap 24A - Vila Andrade São Paulo/SP - CEP 05726 130 Telefone: (11) 99993-0313 E-mail: contato@ladepassos.com.br www.ladepassos.com.br Facebook: ladepassos Instagram: @la.depassos Pai e filho no ponto de ônibus que agora também é cenário de fotos — Foto: Eduardo Sanches/Arquivo Pessoal Antes desgastados pela ação do tempo, dois pontos de ônibus de Bonito, cidade que atrai turistas pelas belezas naturais e que fica a 278 quilômetros de Campo Grande, ganharam vida nas mãos de pai e filho nascidos no município. Eduardo Fernando Sanches, o Du, 24 anos, e Ernando Jacques Sanches, 48, trabalhavam com pinturas de imóveis, mas sempre gostaram de artes e desenhavam e pintavam sempre que podiam. ""Meu pai sempre desenhou. Eu lembro que com 5 anos eu já pegava papel e lápis e rabiscava porque via meu pai desenhando"", conta Du. Um dos primeiros 'trabalhos' dele foi em uma parede da casa, que depois de ter passado por uma reforma, ficou sendo do quarto dele. Antes e depois da revitalização — Foto: Eduardo Sanches/Arquivo Pessoal O trabalho no primeiro ponto de ônibus começou a ser planejado em 2020 com a intenção de divulgar o trabalho deles e também revitalizar um local muito usado por moradores. A ideia deu tão certo que muitos moradores e turistas usam os locais como cenário para fotos. O primeiro trabalho 'virou' a sala dos Simpsons, famosa família de desenho animado. Com recursos próprios, pai e filho transformaram o espaço danificado em mais do que um simples local para esperar ônibus. Nas redes sociais, fotografias no cenário são quase que diárias. Desenho animado no ponto de ônibus — Foto: Eduardo Sanches/Arquivo Pessoal Em 2021 saiu a segunda arte em ponto de ônibus, dessa vez, com apoio de um empresário. Rafael Braga, proprietário do Grupo Praia Parque, via diariamente um ponto danificado e então teve a ideia de contratar os serviços do Eduardo e do Ernando. Ponto de ônibus com referência a um dos balneários de Bonito — Foto: Carlos Arakaki Em 2021 saiu a segunda arte em ponto de ônibus, dessa vez, com apoio de um empresário. Rafael Braga, proprietário do Grupo Praia Parque, via diariamente um ponto danificado e então teve a ideia de contratar os serviços do Eduardo e do Ernando. “Eu via as pessoas ali esperando o ônibus. Teve um dia que estava chovendo. O pessoal não conseguia ficar na parte coberta por causa da lama e nem para fora por causa da chuva. Foi aí que resolvi refazer o ponto inteiro e chamei o Du para enriquecer com arte”, conta Braga. A obra que mostra o toboágua da Praia da Figueira e o pássaro símbolo de Bonito, o udu-de-coroa-azul, foi entregue no final de março deste ano. Antes e depois da segunda revitalização — Foto: Eduardo Sanches/Arquivo Pessoal Para o Ademir Antunes, gerente de restaurante, que mora pertinho de um dos pontos revitalizados, o novo espaço trouxe conforto e bem-estar. “Eu levava balde com água e rastelo para limpar. A situação era horrível. Agora está ótimo”. Ademir faz selfie com o ponto revitalizado — Foto: Ademir Antunes/Arquivo Pessoal Ovos de Páscoa artesanais: conheça histórias de confeiteiras e a alta demanda do período — Foto: Layla Tomaz/Arquivo pessoal A Páscoa será celebrada no próximo domingo, 4 de abril, e, além de ser uma celebração religiosa importante para os cristãos, marca também a tradição de comprar chocolates para toda a família. Outra característica desta época é o aumento do preço dos ovos a cada ano, que tem que ser observado pelas famílias brasileiras. Em 2021, em meio à pandemia da Covid-19, esta situação se agravou ainda mais. Em entrevista ao MG1, o economista Fernando Agra explicou que o preço do cacau está mais caro no mercado internacional, assim como de insumos como plástico e papel (veja o vídeo abaixo). Também por causa causa deste cenário, muitas fábricas precisaram diminuir a produção de chocolate. Tudo isso resulta na alta dos preços: ainda de acordo com a reportagem do MG1, tem ovo de 100 g sendo vendido por R$ 45 nos mercados de Juiz de Fora. Ovos de Páscoa: confira preços, novidades e dicas de chocolates saudáveis Por isso, para as famílias que não abrem mão do chocolate, mas buscam um maior custo-benefício, o G1 conversou com algumas confeiteiras da cidade sobre a produção de ovos artesanais. A instrutora de Confeitaria e cake designer Michelle Peixoto, do Instituto Gourmet de Juiz de Fora, comentou sobre os tipos de chocolate que estão mais em alta atualmente. Assista abaixo: Instrutora de confeitaria em Juiz de Fora fala sobre tipos de doces vendidos na Páscoa A jornalista e confeiteira Juliana Duarte trabalha com produção de doces, bolos e pães desde 2017, durante todas as épocas do ano. Mas, segundo ela, não tem pandemia que faça cair a demanda na Páscoa. “Na Páscoa, meu faturamento chega a ser três vezes maior que em alguns meses. 2020 foi o ano de maior procura. Acredito que por fazer divulgação e venda pela internet, por trabalhar com entrega e por haver cada vez mais valorização de produtos artesanais"", contou. Juliana Duarte vende doces desde 2017, e o faturamento aumenta na Páscoa — Foto: Juliana Duarte/Arquivo pessoal Questionada pelo G1 sobre o motivo do crescimento nas vendas de ovos artesanais, Juliana afirmou acreditar que a valorização do artesanal se deve a uma qualidade cada vez maior deste tipo de produção, além da possibilidade de escolher sabores especiais e ingredientes frescos. Além do aumento nos preços dos ovos industrializados, o bolso também está pesando para as produtoras artesanais: segundo Juliana, os materiais para a produção dos ovos também estão mais caros. “Para tentar reduzir o impacto para os clientes, pesquisei com mais antecedência matérias-primas e embalagens, incluí produtos menores e mais baratos no cardápio e reduzi minha margem de lucro para conseguir manter e aumentar minhas vendas”, explicou. A confeiteira conta com a ajuda de uma outra pessoa na cozinha — Foto: Juliana Duarte/Arquivo pessoal Juliana contou ao G1 que sempre gostou de cozinhar e fazer doces para a família, mas decidiu investir nessa paixão como uma carreira quando foi demitida de um emprego e precisou se reinventar. A profissional conta com ajuda de apenas uma outra pessoa na cozinha, e afirma que precisa de muita disciplina e planejamento para conseguir atender a todas as demandas pascais. Por sempre ter tido muito cuidado e atenção na produção dos chocolates, Juliana explica que os protocolos de biossegurança não alteraram muito o processo de produção dos ovos artesanais. Sobre a entrega dos ovos, a jornalista e confeiteira afirmou que o cliente pode escolher entre retirada e entrega, que é terceirizada, de carro, já que é mais seguro para o produto. Entretanto, é cobrada uma taxa de acordo com o endereço. Raquel decidiu começar a fazer doces durante a pandemia — Foto: Raquel Bonaldi Mendes/Arquivo pessoal Em busca de novos caminhos profissionais e uma renda extra na pandemia, a assistente administrativa Raquel Bonaldi Mendes começou a fazer bolos caseiros e doces em 2020. Por ter começado por volta de maio, a Páscoa de 2021 vai ser a primeira enfrentada pela profissional, que faz os doces sozinha e ainda entrega aos clientes. Apesar de não ter como comparar com o feriado em outros anos, Raquel afirma que o público está em busca dos ovos artesanais como alternativa aos industrializados. “Os [preços dos] ovos de supermercados aumentaram demais e os ovos artesanais tem todo um cuidado específico. Você pode escolher o tipo de recheio, cobertura e decoração para cada presenteado”, opinou. Raquel também produz ovos e outros tipos de chocolate — Foto: Raquel Bonaldi Mendes/Arquivo pessoal Já a terceira confeiteira entrevistada pelo G1, Layla Tomaz, também está passando pela primeira Páscoa como produtora de ovos artesanais. Ela começou a fazer e vender doces em junho de 2020, como forma de melhorar a renda durante a pandemia. Apesar de ser novata nessa época do ano, Layla diz já estar sentindo a diferença. “Vários de meus produtos já estão esgotados”, afirmou. Ainda segundo ela, a população, em grande parte, parou de consumir os produtos industrializados e passaram a consumir produtos artesanais. ""A pandemia contribuiu um pouco para que essa mudança ocorresse, pois vejo que os produtores passaram a ter mais cuidado na fabricação e o cliente quer saber de todos os detalhes da produção”, acrescentou. A demanda está alta durante a Páscoa para Layla — Foto: Layla Tomaz/Arquivo pessoal Outro ponto levantado pela confeiteira é a condição dos ovos: os industrializados, por serem produzidos em larga escala, são feitos meses antes da venda. Enquanto isso, os ovos artesanais são frescos e produzidos em menor quantidade, o que pode influenciar até mesmo na qualidade da produção. A confeiteira faz a produção dos doces sozinha e conta com a ajuda dos pais para fazer as compras do material e as entregas. “Na confeitaria, nós temos um protocolo de higienização dos produtos e materiais utilizados, desde a chegada dos ingredientes do supermercado, fabricação até a entrega ao cliente. Além disso, usamos todos os EPIs necessários para estarmos trabalhando adequadamente para a produção dos doces, como, avental, toucas, máscara, luvas, etc”, disse. O fato de produtos artesanais serem manuseados por um número menor de pessoas também é um ponto a favor desses em detrimento dos industrializados durante a pandemia, já que isso reduz o risco de contaminação pelo coronavírus. “Nosso respeito e zelo pela vida do cliente é nosso lema, sabor e prazer é nossa finalidade. Fazemos com carinho, porque colocamos amor em tudo que é fabricado”, finalizou a profissional. Layla explica porque acha que as vendas de ovos artesanais aumentaram — Foto: Layla Tomaz/Arquivo pessoal Aprenda a fazer uma ovo de Páscoa de empada Neste domingo (4), o Clube Rural traz uma receita especial de ovo de Páscoa de empada. A cozinheira Jaqueline Barbosa ensina a preparar esse prato delicioso, onde a empada fica no formato de um ovo de Páscoa. Recheio Ovo de Pásco de empada — Foto: TV Clube Aprenda como fazer um ovo de páscoa para celebrar esta data A celebração da Páscoa, neste domingo (4), é recheada de orações, fé, esperança e ovos de chocolate, em muitas casas tocantinenses. Os ovos de colher, feitos artesanalmente, têm ganhado destaque nos últimos anos. Se você gosta de colocar a mão na massa, que tal aprender a fazer um delicioso ovo com casquinha de brownie? A receita é da confeiteira Isadora Santos. Nessa delícia, você pode colocar recheio de brigadeiro ou de beijinho. Veja o passo a passo abaixo. Veja o passo a passo de uma deliciosa receita de ovo de páscoa Veja como fazer um delicioso ovo de páscoa para vender ou presentear Segundo Isadora, a casquinha do ovo é feita com o brownie, assado no tabuleiro ou forma. ""É importante a gente deixar ele com três centímetros de espessura para colocar na forminha e formar a casquinha do ovo"". Utilize a medida da forma do ovo de 250 gramas, corta o brownie nesse formato e encaixa. ""Vai apertando, encaixando, depois vem com o chocolate derretido, passa com uma colher mesmo. O brownie vai ficar no formato do ovo"". Para fazer o recheio, use uma lata de leite condensado, acrescente o chocolate em pó, o creme de leite e a margarina sem sal. Antes de levar ao fogo, é importante mexer para incorporar todos os ingredientes. Em seguida, coloque em um saquinho de confeiteiro e deixe esfriar. Caso não tenha em casa, use uma colher. Se você quiser fazer o recheio de beijinho, é só substituir o chocolate em pó pelo coco ralado. Na hora de montar, coloque uma camada do brigadeiro na casquinha do ovo. Pegue pedacinhos que sobraram do brownie para incrementar. Faça outra camada com brigadeiro ou beijinho. Pronto, é só deliciar com toda a família! Feliz Páscoa! Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. Ovo de chocolate feito com brownie é opção para degustar com a família ou presentear — Foto: Rprodução/TV Anhanguera Quer aprender a fazer uma rabanada recheada com brigadeiro? Veja o passo a passo Que tal uma receita tradicional natalina, mas com um ingrediente novo? A rabanada não pode faltar na mesa de muitos brasileiros durante a ceia. Em Araguaína, a chefe de cozinha Marilene Sarmento ensina a preparar o prato recheado com brigadeiro. (Veja o vídeo) ""Rabanada é um pão que é passado no leite, no ovo e depois frito. É tradicional na ceia de Natal e nós vamos inovar colocando recheio de brigadeiro porque as crianças adoram"". O primeiro passo é cortar os pães. A chefe usa um copo pequeno para cortar os pães em formato arredondado. Em seguida, misture o leite condensado ao leite. Coloque os ovos em um recipiente. ""Muitas pessoas não sabem. O ovo tem uma capinha, geralmente ela dá um cheiro forte. Você vai pegar um garfo e tirar ela. Nossa receita vai ficar mais saborosa e não vai ficar com aquele cheiro forte de ovo"", deu a dica. Bata os ovos. Em seguida, recheie o pão com o brigadeiro. Posteriormente, molhe o pão no leite e na mistura de ovos. Frite os pães. Saiba mais notícias da região no G1 Tocantins. Veja como preparar uma rabanada com recheio de brigadeiro — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Comerciantes apostam em ovos de chocolate diversificados para a Páscoa Com a chegada da Páscoa, empreendedores de Araçatuba (SP) aproveitam a data comemorativa para lucrar com a venda de ovos de chocolate. E o segmento de ovos ""saudáveis"" têm se destacado neste ano. É o caso da empresária Fernanda de Grande Vieira, que pelo terceiro ano produz quitutes veganos para a venda. Empreendedores fazem ovos de chocolate 'saudáveis' em Araçatuba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM Já a aposta da chef Maria Rita é na linha ""saudável"", com a produção de ovos de chocolate sem açúcar ou sem leite. Para ela, a aceitação deste tipo de produto foi grande na Páscoa. ""Foi super positiva a aceitação, pela primeira vez a gente não espera um resultado tão bom, mas me surpreendi, teve uma grande procura, por isso resolvi investir pelo segundo ano."" Empreendedores fazem ovos de chocolate 'saudáveis' em Araçatuba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM Os ingredientes usados para fazer este tipo de produto são mais caros do que os usados em ovos tradicionais, por isso, o preço do ovo de chocolate deste segmento é um pouco mais alto. Rafaela Ferreira Cazerta Bonine precisou parar de consumir produtos sem glúten ou lactose no ano passado por questões de saúde, e ela garante que os doces mais saudáveis também são saborosos. ""É muito gostoso. Os doces saudáveis que tenho consumido têm me suprido 100%, não têm deixado a desejar. Às vezes experimento algo novo e até fico na dúvida se realmente é saudável, porque não deixa a desejar."" Empreendedores fazem ovos de chocolate 'saudáveis' em Araçatuba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM Veja mais notícias da região no G1 Rio Preto e Araçatuba Pimentões podem ser recheados e virar um delicioso antepasto — Foto: Gustavo Yoda Culinária #013: Aprenda a fazer receitas com pimentão Com um sabor intenso, o pimentão é um alimento muito utilizado na culinária mundial. Na cozinha, ele pode ser inserido cru na salada, ser cozido, assado e refogado. Com diversas cores diferentes, além de dar sabor, trazem mais cor e vida à diversos pratos. O chef de cozinha Carlos Gustavo Yoda, do Tábua Caiçara e do Eventos Dona Neide, mostrou os tipos de pimentões ao G1 e explicou como deixá-los menos indigestos. Além disso, ele ensinou a fazer um pimentão recheado e a preparar a sardela, um antepasto de sabor forte e saboroso a base de pimentões. As duas receitas são bem fáceis e ficam perfeitas para servir em um happy hour. CLIQUE AQUI E VEJA DE A a Z TODAS AS RECEITAS DO G1 SANTOS Os pimentões mais comuns são o verde, amarelo e o vermelho. ""Mas, tem diversas cores como roxo, laranja, com outros formatos. Uns que tem a carne mais fina e adocicados. Tem os mini pimentões também"", comenta o chef. Chef explicou os tipos de pimentões — Foto: Gustavo Yoda O chef recomenda escolher os pimentões com cores bem vivas. A pele do pimentão também deve estar lisa e sem pontos escuros. Diferentes tipos de pimentões — Foto: Gustavo Yoda O chef recomenda deixar em solução clorada por cerca de 20 minutos e lavar em água corrente. Uma boa dica é retirar a pele e a parte branca, bem como as sementes. Para quem apresenta algum desconforto, o chef recomenda evitar o pimentão verde, que é o mais indigesto. ""Eu recomendo utilizar o pimentão amarelo e o vermelho porque são mais suaves e adocicados. Além disso, o preparo no cozimento, assando ou refogado, diminuiu bastante essa sensação"", orienta. O pimentão, segundo o chef, pode ser adicionado cru em uma salada, pode ser assado e recheado e até refogado com carnes, por exemplo. Sardela, um antepasto de sabor forte e saboroso preparado a base de pimentões. — Foto: Gustavo Yoda O chef sugere uma sardela, feita com pimentão vermelho. Confira a receita do chef Gustavo Yoda. Ingredientes Modo de preparo: Higienize os pimentões, remova as sementes e as fibras esbranquiçadas. Triture no mixer ou processador os pimentões, o alho, o aliche e a metade do azeite. Na mistura, acrescente a páprica e as folhas de louro. Leve para cozinhar por cerca de 90 minutos, em fogo baixo, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo. Acrescente o restante do azeite e acerte o sal. Sardela fica perfeita em pães e torradas — Foto: Gustavo Yoda Confira a receita de mini pimentões recheados recheados, do chef Gustavo Yoda. Ingredientes: Modo de preparo: Higienize os pimentões e corte-os na transversal, para ficar como uma barquinha. Remova as fibras brancas e as sementes. Misture o catupiry ou outro queijo cremoso com salsinha picada e bacon em cubos frito. Recheie os pimentões e cubra com parmesão ralado. Leve ao forno para gratinar de 5 a 10 minutos. Pimentão recheado do chef Gustavo Yoda — Foto: Gustavo Yoda Pit dog faz sucesso em Goiânia com receita de sanduíche belga chamado pitta O comerciante Estevo Luiz de Souza está fazendo sucesso em seu pit dog com uma receita que aprendeu quando trabalhava na Bélgica. O prato, chamado pitta, é um sanduíche feito em pão folha. Veja os ingredientes da pitta Refogue as carnes, o bacon, cebola e a calabresa. Em seguida, frite o ovo. No pão folha, coloque o molho barbecue, a salada, o catupiri, o abacaxi e, por fim, as carnes junto com o ovo. Em seguida, feche o pão e embrulhe no papel alumínio. O sanduíche serve até duas pessoas. Veja mais notícias da região no G1 Goiás. Pit-dog de Goiânia faz sucesso com receita de sanduiche belga chamado pitta — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Animais de zoológico de Bauru comemoram a Páscoa com ovos especiais — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação Os animais do Zoológico de Bauru (SP) receberam presentes especiais para comemorar a Páscoa deste ano. Já que não podem consumir ovos de chocolate, os bichinhos ganharam ovos feitos com produtos naturais já presentes na alimentação deles. De acordo com a prefeitura de Bauru, a ação fez parte de uma proposta de oferecer novos estímulos sensoriais, alimentares, cognitivos, sociais e físicos aos bichos, através de enriquecimentos ambientais temáticos. Ovos de Páscoa foram feitos com elementos naturais para os animais em Bauru — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação O zoológico municipal informou que cada espécie recebeu um ovo especial, feito sob a consulta de biólogos, zootecnistas e veterinários, para impedir que os presentes causassem qualquer dano aos bichos. Para os suricatos e mangustos, os funcionários prepararam ovos de galinha coloridos com corantes naturais. Já os babuínos e mandris ganharam cocos verdes embrulhados em folhas. Também teve folhas de hibisco embrulhadas no ovo de papel para os cangurus e veados; peixes para o lobo guará e curicaca; e milho e couve para o o urumutum e jacucaca. Cada espécie foi presenteada com um ovo de Páscoa em Bauru — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação Segundo o zoológico, os bichinhos adoraram os ""ovos de Páscoa"", que serviram como uma forma de divertimento, quebra da rotina e incentivo ao raciocínio dos animais. Animais de zoológico de Bauru comemoram a Páscoa com ovos especiais — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação Funcionários fizeram ovos de Páscoa para animais do zoológico de Bauru — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação Ovos de Páscoa foram feitos sob a consulta de profissionais do zoológico em Bauru — Foto: Prefeitura de Bauru/Divulgação Veja mais notícias da página Mundo Pet Aprenda a fazer ovos de páscoa em casa Neste período de Páscoa, existe muita gente empreendendo com criatividade. Duas ideias diferentes para ovos recheados foram feitas no Bom Dia Paraíba. A doceira Ana Carolina ensinou como fazer um “ovobrownie”, um ovo de páscoa com casca de brownie. Já a também doceira Dona Vanda mostrou uma receita de um ovo empada, feito com recheios salgados como frango e bacalhau. Confira abaixo. Veja como preparar receita de ovo de brownie — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco Ingredientes Modo de preparo Misture o açúcar e os ovos em uma tigela. Depois, junte o chocolate meio amargo em barra picado com a manteiga. Leve ao microondas por alguns segundos até derreter e depois separe uma parte para a montagem. Misture o açúcar e os ovos já incorporados com a combinação do chocolate derretido com a manteiga. Depois, alterne na mistura líquida a farinha de trigo e o chocolate em pó, mexendo sempre e incorporando os ingredientes secos aos poucos. Leve ao forno em uma forma média forrada com papel manteiga, a 180 graus. Montagem Meça o tamanho da sua forma de ovo de páscoa com papel e corte o brownie conforme o decalque, porém um pouco maior que a forma. Depois, é só moldar o brownie conforme a forma. Para que o ovo não quebre, sele ele com uma camada do chocolate meio amargo derretido. Leve a geladeira de 5 a 10 minutos para se solidificar. Depois de estruturado, tire o brownie da forma com cuidado para rechear. O recheio pode ser de sua preferência. Na receita, a doceira usou: brigadeiro tradicional e de ninho, finalizando com bolas de chocolate por cima. Veja receita de ovo de empada para essa páscoa — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco Ingredientes Modo de preparo Incorpore em uma tigela a farinha, margarina, gemas e a água até dar o ponto da massa - que é soltando da mão. Ela deve descansar por de 20 a 30 minutos. Depois disso, molde a massa conforme a forma de ovo e depois recheie. Na receita, Dona Van usou frango desfiado. Leve ao forno por 20 minutos. O Ibovespa zerou as perdas e passou a ter saldo positivo em 2021 – mas a maior parte das ações que integram o principal índice da Bolsa brasileira ainda acumula perda no ano. Levantamento da provedora de informações financeiras Economática mostra que, dos 81 papéis da carteira atual do Ibovespa, 49 ainda registram retorno negativo no ano, no acumulado até o fechamento do pregão de terça-feira (13). Segundo o levantamento, apenas 31 ações do Ibovespa registram desempenho superior ao do índice de referência da bolsa. A maior valorização na parcial do ano é a da Braskem (BRKM5), com alta de 99,02%, seguida da EmbraerON (78,08%) e Petrorio ON (43,18%). Na outra ponta, os papéis com as maiores quedas em 2021 foram os do Pão de Açúcar (-36,67%), do IRB Brasil (-23,59%) e da Eztec (-23,15%). Entre as maiores baixas no ano, destaque também para o desempenho das ações da Petrobras e do Banco do Brasil – estatais que foram alvo de interferência do governo e tiveram troca recente no comando. Na véspera, a Bolsa fechou em alta de 0,41%, a 119.297 pontos. Com o resultado, o Ibovespa passou acumular alta de 0,24%. Nesta quarta-feira, atingiu o patamar de 120 mil pontos. Veja a cotação. A atual carteira do Ibovespa reúne 81 ativos de 78 empresas. As ações com maior peso na composição do índice são Vale ON (11,330%), Itauunibanco PN (6,868%), Petrobras PN (5,909%), B3 ON (5,417%) e Bradesco PN (5,281%). Variação do Ibovespa em 2021 — Foto: G1 Economia O avanço do Ibovespa nos últimos dias também vem sendo acompanhado de um maior ingresso de capital externo. Na parcial do mês, até o dia 12, os investidores estrangeiros colocaram R$ 1 bilhão na bolsa, segundo dados da B3, após uma retirada de R$ 4,6 bilhões em março. No acumulado no ano, o saldo líquido segue positivo em cerca de R$ 13 bilhões. Em 2020, os estrangeiros retiraram R$ 31,8 bilhões da bolsa brasileira em 2020. ""Diante de um cenário de incerteza os investidores ficam mais cautelosos, principalmente o estrangeiro. Os investidores precisam ver um sinal de melhora para voltar as suas alocações no Brasil"", avalia Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos. Apesar da recuperação do Ibovespa na parcial do ano, analistas destacam que permanece a preocupação com o quadro fiscal do país em meio à indefinição do Orçamento 2021, instalação da CPI da Covid e situação ainda muito grave da pandemia de coronavírus no Brasil. ""Temos uma situação política conturbada no Brasil, a vacinação precisa tirar esse freio de mão que estamos assistindo, mas acredito que no segundo semestre provavelmente possamos ter uma melhora e uma retomada da atividade econômica"", acrescenta Panonko. Nesta quarta-feira, o Ibovespa engatava a terceira alta seguida, buscando superar os 120 mil pontos, em sessão marcada pelos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro. ""A temporada de resultados nos EUA estará no centro das atenções durantes as próximas semanas, quando as otimistas expectativas de lucro serão comparadas com a realidade dos demonstrativos"", destacou a equipe da XP, em nota a clientes. Profissionais da saúde ganham ovos de Páscoa e cartazes de gratidão em hospital de Jundiaí — Foto: Hospital de Caridade São Vicente de Paulo/Divulgação Uma parceria entre o grupo de voluntários ""Caminho da Alegria"", uma empresa da cidade e o time de humanização da unidade tornou o domingo de Páscoa (4) mais especial para os profissionais de saúde do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, em Jundiaí (SP). Durante a troca de plantão, os voluntários receberam os trabalhadores com cartazes que continham frases positivas e de gratidão, além de ovos de chocolate que foram doados para eles. A ação continua na segunda-feira (5) para contemplar os profissionais que não estavam de plantão neste domingo. Ação continua na segunda-feira (5) para contemplar funcionários que não estavam de plantão neste domingo (4) — Foto: Hospital de Caridade São Vicente de Paulo/Divulgação Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Mac and cheese dentro e fora do sanduiche, stick de queijo e risoto cremoso de queijos, receitas feitas pelo chef de cozinha Winícios Cabral Pereira — Foto: Winícios Cabral Pereira Culinária #013: Aprenda a fazer receitas com queijo O queijo é uma paixão do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo, o brasileiro consome cerca de 5,5 kgs por ano. No Brasil, há diversos queijos de qualidade igual ou superior a dos estrangeiros. Na cozinha, ele ganha cada vez mais espaço, trazendo sabor e cremosidade a deliciosas receitas. Em entrevista ao G1, o chef de cozinha Winícios Cabral Pereira, do restaurante Dags, falou sobre os tipos de queijos mais utilizados no Brasil. Ele também ensinou a fazer três receitas fáceis e diferentes para fazer em casa: mac and cheese, stick de queijo e risoto cremoso de gorgonzola. CLIQUE AQUI E VEJA DE A a Z TODAS AS RECEITAS DO G1 SANTOS Muçarela, parmesão, queijo prato e cheddar são os queijos mais consumidos pelos brasileiros, segundo o chef Winicios. ""Vem crescendo, nos últimos anos, o consumo de cheedar, inclusive, com produção nacional de excelente qualidade"", disse. Winicios fala que não há um limite diário para consumo. ""Como temos uma grande variedade, até mesmo no Brasil de produção de queijos, experimentar todos eles, com moderação, é sempre o melhor caminho"". Queijo grana padano é produzido em uma fazenda pioneira do Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução/Globo Rural Sempre buscar queijos de boa procedência, de bons fornecedores, de bons produtores. Respeitar o que está escrito na embalagem. Por exemplo, queijos frescos merecem um cuidado maior. É importante sempre deixar refrigerado. ""Se está com um odor estranho e esquisito, não é aconselhado para o consumo. Os queijos maturados, mesmo depois de abertos, continuam maturando, apurando o sabor dele. Neste caso, desses queijos, que são mais resistentes, buscar apenas por bolores nas cascas"", explica. Sempre refrigerado. O que estiver aberto, cubra com plástico filme. Mac and cheese feito pelo chef de cozinha Winícios Cabral Pereira — Foto: Winícios Cabral Pereira ""Eu tenho paixão por mac'n cheese, inclusive, é um dos pratos que eu mais executo ultimamente. Ele é um macarrão, uma massa. A gente usa o macarrão cotovelo e fazemos um molho a base de cheedar"", explica Winicios. Ingredientes Modo de preparo: Cozinhe o macarrão em água salgada por aproximadamente 8 minutos. Em uma panela refogue cebola e alho com um fio de azeite, adicione o creme de leite fresco e os queijos mexendo até que derretam, se achar muito grosso adicione o leite integral e acerte o sal. Frite o bacon bem crocante em uma frigideira com fogo baixo, pique e misture parte dele no molho. Para servir, adicione o macarrão ao molho com bacon, e decore com cheddar inglês, mussarela e o restante do bacon, se preferir leve ao forno para gratinar. Mac and cheese no hambúrguer; feito pelo chef de cozinha Winícios Cabral Pereira — Foto: Winícios Cabral Pereira Segundo o chef, o molho do mac'n cheese deve estar no ponto napê. Basta mergulhar uma colher e passar o dedo nas costas dessa colher. Se formar um caminho e o creme não escorrer, significa que está no ponto napê. Sticks de queijo no pão feito pelo chef de cozinha Winícios Cabral Pereira — Foto: Winícios Cabral Pereira Confira a receita de sticks de muçarela,do chef de cozinha Winícios Cabral Pereira. Ingredientes Modo de preparo: Corte a muçarela em pedaços de aproximadamente 2cm x 5cm ou como desejar, temperar a farinha de trigo e a Panko com sal, pimenta do reino e deixe cada um em um recipiente, em seguida bata os ovos com um pouco de água. Após isso passe os pedaços de queijo no trigo no ovo batido e por fim na Panko. Faça esse empanamento duas vezes para que o queijo não estoure na hora de fritar. Frite em óleo quente até dourar. Risoto de gorgonzola, feito pelo chef Winícios Cabral Pereira — Foto: Winícios Cabral Pereira Risoto de gorgonzola, do chef de cozinha Winícios Cabral Pereira. Ingredientes Modo de preparo do risoto : Em uma panela em fogo médio coloque a manteiga e o arroz e mexa. Após isso adicione o vinho mexer também e depois adicione o caldo de legumes aos poucos e sempre mexendo até chegar no ponto do grão estar ao dente. Se quiser mais cozido, deixe mais tempo e adicione mais caldo. Adicione os queijos e mexa até serem incorporados. Em seguida sirva. Modo de preparo da crosta de parmesão: coloque o parmesão em uma pequena frigideira antiaderente em fogo médio até derreter e firmar. Depois disso vire e deixe mais 1 minuto. Aguarde esfriar. Ovos diferentes para Páscoa ganham as redes sociais em Campo Grande — Foto: Arquivos pessoais Longe dos tradicionais ovos de chocolates, empresárias de Campo Grande decidiram reinventar os produtos e passaram a oferecer novidades ao mercado. Sushi, empada ou coxinha? A escolha é variada, e os consumidores podem fugir do convencional chocolate optando pelos ovos ""diferentões"". Um levantamento do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul (IPF-MS) e do Sebrae MS mostra que a Páscoa de 2021 deve ser movimentada. A pesquisa mostra que serão injetados R$ 250 milhões na economia, sendo R$ 136,6 milhões em chocolates e R$ 119,27 milhões em comemorações. Os números são otimistas em comparação a Páscoa de 2020, os dados mostram que o gasto médio com chocolates e ovos será de R$143,21, contra R$112,76 no ano passado. Mais da metade dos consumidores, 56%, comprarão três ou mais chocolates/ovos. É neste cenário que empresárias da capital escolheram permanecer com as vendas dos ovos diferentes. Saeko Cristina Kono Kawagushi e Raquel Valério são exemplos de persistência e criatividade. Elas buscaram nas ideias dos ""ovos diferentões"" um respiro nas rendas. Ovo de sushi é uma opção na Páscoa em Campo Grande — Foto: Saeko Cristina Kono Kawagushi/Arquivo pessoal Salmão, cream cheese, cebolinha e arroz japonês, estes são os principais ingredientes do ""ovos de sushi"" vendidos por Saeko Cristina Kono Kawagushi. A empresária tem um delivery de comidas japonesas desde 2015, e no ano passado começou a ofertar ovos de Páscoa exclusivos e direcionados aos amantes dos sushis. Saeko explica que a ideia do ""ovo de sushi"" surgiu de um cliente, e após a primeira unidade, colocou em prática a novidade que ganhou a internet. ""Começamos a divulgar depois do primeiro ovo que fizemos e foi muito comentado, viralizou até no Japão"". São três ovos diferentes e todos vêm sobre um base de chocolate devidamente embalada para não ter contato com os alimentos. As opções são: filadélfia - salmão com cream cheese; salmão grelhado; e o ""skin"" - com carne de peixe desfiada, cream cheese e cebolinha. O preço é único, a unidade do ""ovo de sushi"" é R$ 49,90. Saeko está otimista com as vendas para este ano, no início tinha se preparado para apenas 50 encomendas, e os números dos pedidos ultrapassaram o esperado, chegando a 100 pedidos, todos feitos por delivery em Campo Grande. Na época da Páscoa, Raquel Valério deixa os salgadinhos de lado e foca as vendas nos ovos de empada e coxinha — Foto: Raquel Valério/Arquivo pessoal Para Raquel Valério, as vendas dos ovos de coxinha e empada começaram no início da pandemia, ano passado. A empresária resolveu fazer os produtos diferentes algumas semanas antes da Páscoa de 2020. As coxinhas ou empadas já são salgados procurados por muitos, e Raquel Valério lembra que os amantes dos salgadinhos ""piraram com a ideia de poderem comprar um ovo de Páscoa diferenciado"". A maior parte dos produtos são divulgados na própria rede social da empresária Muito frango, muito catupiry, muito recheio, assim que Raquel Valério elabora os seus ""ovos diferentões"". Os ovos de empada são disponibilizados em três sabores: frango com catupiry, frango com palmito e palmito com queijo. Os preços vão de R$ 35,00 a R$ 40,00. Já os ovos de coxinha são feitos exclusivamente com massa de mandioca e recheados com frango e catupiry. Raquel Valério relembra que no começo da pandemia havia perdido inúmeros pedidos, ""as pessoas ficaram com medo, e os ovos acabaram se saindo como uma saída para continuar com a minha renda"". Voluntária fala da emoção de oferecer alimento na porta de hospitais em Manaus O sol ainda nem tinha nascido quando a vendedora Rayane Oliveira, de 25 anos, e sua família levantaram, neste domingo (17), para preparar as doações para serem distribuídas em hospitais de Manaus. Eles fazem parte de uma rede de solidariedade que vem crescendo na capital e no país, após o ápice da crise de oxigênio. Vários grupos se organizaram para ajudar de maneiras diferentes. ""Começamos às 4h da manhã. Já fomos no SPA na Alvorada, da Redenção, estamos aqui no 28 e vamos em seguida para outro. Trouxemos pão com ovo, pão com queijo e presunto, café, achocolatado, suco, água. Tudo para ajudar, né?"". A ação foi pensada pela família, segundo Rayane, mas eles acharam que não conseguiriam tanto apoio. No entanto, as doações superaram as expectativas e agora, com tanta solidariedade, eles pretendem repetir a iniciativa. Família faz parte de uma rede de solidariedade que vem crescendo em Manaus A família da operadora de caixa Milena de Reis também esteve no local desde cedo. Ela, a cunhada e o irmão estavam distribuindo mingau de banana e mungunzá para as pessoas. Segundo ela, muitas pessoas que estão com parentes internados nos hospitais sequer tem dinheiro para tomar um café da manhã digno. Isso motivou a ajuda. Voluntárias doam alimentos na porta de hospital em Manaus — Foto: Matheus Castro/G1 O Amazonas registrou 50 mortes por Covid-19 e 2.856 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. Com outros 30 óbitos confirmados após investigação, o total de vidas perdidas chegou a 6.123. O número de infectados desde o começo da pandemia é de 229.367. O estado enfrenta colapso no sistema de saúde por falta de oxigênio em hospitais de Manaus, que estão lotados por conta do aumento recorde de internações por Covid. Com o caos na Saúde, pacientes começaram a ser levados a outros estados. O fechamento do comércio não-essencial no Amazonas está prorrogado até o dia 31 de janeiro, informou o governador Wilson Lima. O decreto que proibiu as atividades por 15 dias começou a valer no dia 2 de janeiro, após determinação da Justiça. Por conta de um novo surto da Covid-19, o governo também decretou toque de recolher no Amazonas, de 19h às 6h. Em 2020, a população do Amazonas atingiu 4.207.714 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo do estado informou que, na primeira fase na vacinação, 1.154.504 pessoas de grupos prioritários devem ser imunizadas no Amazonas. A meta é vacinar 95% (1.096.778). 5 pontos sobre a Covid-19 no Amazonas Unidades de saúde ficaram sem oxigênio em Manaus Amazonas envia pacientes para outros estados Prefeitura de Manaus amplia horário de funcionamento dos cemitérios Capital adota medidas mais duras de isolamento e toque de recolher Nova variante do coronavírus é encontrada no Amazonas Justiça Federal suspende Enem no Amazonas Ministro da Saúde diz Manaus é 'prioridade nacional neste momento' RELATOS: Médicos e familiares de pacientes descrevem colapso Entenda por que o oxigênio é tão importante para pacientes com Covid Artistas fazem campanha por oxigênio 'Terrível, o problema em Manaus. Agora, nós fizemos nossa parte', diz Bolsonaro PODCAST | O Assunto #362: Manaus de volta ao inferno da Covid Crianças receberam ovos de Páscoa neste domingo, 4 — Foto: Amigos dos Anjos de Deus/Divulgação A manhã deste domingo (4) foi mais doce para crianças em tratamento contra o câncer e que moram em comunidades na região do Eixo Forte, em Santarém, no oeste do Pará, graças ao Projeto “Amigo dos Anjos de Deus” que doou os presentes. A ação solidária esteve no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) e em duas comunidades, Santa Luzia, e outra já nas proximidades da vila de Alter do Chão, dentro da aldeia Borari. Segundo Aldenora Andrade, coordenadora do Projeto, em sete anos de ações, nenhuma havia sido realizada nesta época do ano. Membros do Projeto entregaram doces as crianças no Hospital e em comunidades — Foto: Amigos dos Anjos de Deus/Divulgação Mulher é presa furtando mais de 100 cervejas em supermercado do Maranhão — Foto: Divulgação Uma mulher, que não teve sua identidade revelada, foi presa em flagrante na tarde do último sábado (3), furtando 128 cervejas, 11 ovos de páscoa, quatro frangos e outros itens em um supermercado localizado em um shopping na Estrada de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís. De acordo com a Polícia Militar, a suspeita estava com outros dois homens. O trio foi flagrado por seguranças do supermercado tentando escapar. Funcionários que constataram o furto e acionaram a polícia. Durante a abordagem, os dois suspeitos conseguiram fugir. Em seguida, a mulher foi apresentada na Delegacia do bairro Maiobão, em Paço do Lumiar, onde ficará a disposição da Justiça. Clientes se aglomereram em loja no centro da capital — Foto: TV Seripe/ Reprodução Neste sábado (3), consumidores se aglomeraram para comprar ovos de Páscoa no centro de Aracaju. É a segunda Páscoa durante a pandemia e, apesar das restrições impostas, tanto pelo governo , quanto pela prefeitura, muitas famílias preferiram se arriscar e não abriram mão do chocolate. No início da manhã, equipes da Guarda Municipal e da Polícia Militar passaram pelo local fiscalizando as lojas, que também contavam com funcionários para organizar as filas. Já as equipes do Procon Aracaju informaram que estão operando nas fiscalizações das medidas restritivas, neste sábado, apenas na faixa litorânea da capital, durante todo dia. Consumidores enfrentam longas filas para manter tradição da compra de chocolates na Páscoa Granjas produzem ovos para a fabricação de vacinas contra a Covid-19 em SP O Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou há dez dias que está testando uma nova vacina contra a Covid-19.E a matéria-prima para a produção dela está sendo feita a partir de ovos de galinha fecundados. Somente das granjas de uma empresa de São Carlos, no interior de São Paulo, devem sair cerca de 15 milhões de ovos para o Instituto Butantan. Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima. Granjas produzem ovos para a fabricação de vacinas contra a Covid-19 em SP O Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou há dez dias que está testando uma nova vacina contra a Covid-19.E a matéria-prima para a produção dela está sendo feita a partir de ovos de galinha fecundados. Somente das granjas de uma empresa de São Carlos, no interior de São Paulo, devem sair cerca de 15 milhões de ovos para o Instituto Butantan. Saiba mais na reportagem completa no vídeo acima. pão recheado com carne de sol e queijo coalho é ensinado por gastrólogo potiguar. — Foto: Inter TV Costa Branca O pão é um dos alimentos mais antigos da humanidade. Segundo os historiadores, a receita tem cerca de 12 mil anos. O pãozinho está presente na mesa de quase todo mundo, todos dias, em várias refeições. Mas na receita ensinada pelo gastrólogo Alexandre Dantas, o alimento ganhou um toque sertanejo com um recheio de carne de sol e queijo de coalho - ingredientes que são tradicionais no Rio Grande do Norte Para fazer o pão, são necessários os seguintes ingredientes para massa e recheio: Para a massa Recheio Para a massa, a orientação do gastrólogo é misturar primeiro em um recipiente a farinha de trigo, o açúcar, o fermento, os ovos e parte da água (a água deve ser colocada aos poucos até dar o ponto). Depois de incorporar, vão a manteiga, o sal e, se necessário, mais um pouco de água. A pessoa deve misturar bem até que todo os ingredientes estejam incorporados e a massa fique homogênea. Depois, a massa deve ser levada para uma bancada. Deve-se passar farinha e sovar a massa por cerca de 20 minutos, pra ativar o glúten da farinha e deixar a massa bem lisa. Quando a massa está no ponto ela fica lisa e uniforme. Depois de sovar bem, a massa vai a um recipiente coberto com um pano. É preciso deixá-la descansar para o fermento agir. A massa deve crescer por cerca de 40 min a 1 hora, ou até que dobre de volume. Enquanto a massa fermenta, em uma panela, o cozinheiro deve aquecer um fio de azeite e dourar a cebola roxa até ela ficar transparente. O alho é colocado para dourar e na sequência, entra a carne de sol já desfiada, que deve ser refogada até que fique dourada. Para finalizar, um pouco de pimenta do reino. Depois, o preparo fica reservado até esfriar. Pão recheado ganhou toque sertanejo no Rio Grande do Norte — Foto: Inter TV Costa Branca Depois que a massa crescer, são feitas as porções e a modelagem dos pães. Em uma bancada enfarinhada e com a ajuda de um rolo, a massa é aberta em pequenos pedaços (quem não tiver rolo, pode abrir com uma garrafa higienizada). O formato do pão pode ser da forma que a pessoa preferir. Depois de aberta a massa, é colocado o recheio já frio de carne de sol. Por cima, vai o queijo de coalho ralado bem grosso. Na sequência, a massa é fechada. Pra finalizar, é só pincelar com gema de ovo toda parte de cima do pão. O processo é repetido em todas as porções. Depois, os pães devem ser colocados em uma forma untada com manteiga ou margarina e polvilhada com farinha de trigo. Antes de levar ao forno, é preciso deixar os pães descansando na forma por mais 15 muitos para que eles continuem fermentando. Depois dos 15 minutos, eles são levados para assar em um forno preaquecido a 180°, por aproximadamente 30 minutos ou até que os pães fiquem dourados. Por fim, é só se deliciar. Preço do pão francês varia quase R$ 10 em três meses em João Pessoa, diz Procon — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução O preço do pão francês manteve uma variação de quase R$ 10 em João Pessoa, nos últimos três meses, segundo o Procon da capital. O levantamento considera preços apresentados por 27 estabelecimentos localizados em 23 bairros da capital, e foi divulgado nesta terça-feira (6). A média de preço do pão francês é de R$ 9,65, com o menor valor em R$ 7,25 e o maior em R$ 16,90, em padarias que ficam em Mangabeira e Tambaú. O Procon constatou que estabelecimentos localizados em Cruz das Armas, Rangel e Mangabeira apresentaram os menores preços de pão francês, com valores entre R$ 8,00 e R$ 8,99. Já as padarias que ficam no Cabo Branco, Bairro dos Estados, Torre, Jardim Luna e Altiplano tiveram os maiores preços, com valores oscilando entre R$ 14,50 e R$ 16,50. Consultando a pesquisa, os consumidores podem economizar antes de finalizar a compra, podendo escolher o local, também, de acordo com a proximidade de sua casa. “A pessoa pode escolher o local que fica em sua rota diária e, assim, economizar no orçamento mensal previsto para o pão"", reforçou o secretário do Procon-JP, Rougger Guerra. Aprenda como fazer receita de shakshuka no Chef JPB — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução O Chef JPB deste sábado (8) mostrou uma receita de shakshuka, ensinada pela ex-apresentadora do JPB2 e atual editora de qualidade da Rede Paraíba de Comunicação, Edilane Araújo. Existem muitas versões sobre a verdadeira origem desse prato. É considerado um dos símbolos da cozinha da Tunísia, da Argélia e também de Israel. Nesses países é chamado de shakshuka, mas recebe o nome de ovos no purgatório na Itália e é conhecido como ovos rancheros no México. Para Edilane Araújo, que aprendeu a fazer essa iguaria com um amigo que manda muito bem na cozinha, não importa o nome ou a origem dela. O fato é que esse prato simples com ovos no molho apimentado de tomate, cebola, pimentão e especiarias é muito saboroso e bem fácil de fazer. Ideal para receber amigos em casa para agradáveis noites de vinhos e boas conversas. Modo de preparar:comece dourando a cebola e o alho no azeite. Depois coloque o alho poró, o pimentão e os temperos. Deixe dourar mais um pouco e acrescente as linguiças cortadas. Depois de alguns minutos, coloque os tomates pelados, sal e um pouco de pimenta do reino. Tampe e deixe em fogo baixo por cerca de 15 minutos, mexendo de vez em quando. Em seguida, faça pequenas cavidades no molho e coloque os ovos inteiros delicadamente e deixe por cerca de 3 a 5 minutos. Sirva com pão. Bom apetite! Aprenda como fazer receita de shakshuka no Chef JPB — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução Missa de Páscoa, transmitida pela internet, na Catedral Metropolitana de Brasília — Foto: Arquidiocese de Brasília/Reprodução Com o avanço da pandemia de Covid-19 no Distrito Federal, a Arquidiocese de Brasília orienta os fiéis a participarem das missas e celebrações da Páscoa pela internet. As transmissões ocorrem a cada hora, desde as 10h30 deste domingo (4) e vão até as 18h. A recomendação é assinada pelo arcebispo de Brasília Dom Paulo Cezar Costa. Na carta enviada às paróquias da capital, o religioso incentiva a transmissão online dos ritos sagrados, ""para que os fiéis impedidos de estar presentes possam seguir as celebrações"". Apesar da orientação para que padres realizem transmissões virtuais das missas, algumas paróquias do DF, inclusive a Catedral Metropolitana, têm recebidos fiéis que optaram por participar dos cultos de forma presencial, com apenas 30% da capacidade dos locais. ""Em todas as celebrações presenciais, sejam observadas, rigorosamente, as normas referentes ao distanciamento social, de acordo com a capacidade do templo de acolher os fiéis"", escreveu o arcebispo. Um decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) considera a atividade como essencial, portanto, as missas, cultos e outras atividades em templos religiosos estão permitidos na capital, sem restrição de horário. Os espaços devem cumprir, entretanto, as restrições impostas pelo toque de recolher, de 22h às 5h. O ministro Nunes Marques, do STF — Foto: Adriano Machado/Reuters Neste sábado (4), o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em caráter liminar (provisório) que estados, municípios e o Distrito Federal não podem editar normas de combate à pandemia do novo coronavírus que proíbam completamente celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas. decisão individual do ministro, tomada na véspera deste domingo (5) de Páscoa, portanto, libera cultos e missas em todo o país. No DF, a prática já estava autorizada. O ministro também determinou que governadores e prefeitos não podem exigir o cumprimento de normas já editadas que barrem a realização de missas, cultos e reuniões de quaisquer credos e religiões. Procurador-Geral pede ao STF suspensão de decretos que proíbem missas e cultos no país A liberação de cultos e missas no país, mediante medidas de prevenção, ocorre no momento mais crítico da pandemia, que se aproxima de 330 mil mortes por Covid-19, com média móvel acima de 3 mil óbitos por dia e falta de leitos de UTI em hospitais pelo país. No DF, o total de óbitos chega a 6.235, e os infectados somam 348.687, segundo dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), divulgados no sábado (3). Com as restrições impostas pela pandemia, famílias da capital precisaram se adaptar. Na casa da professora Alessandra Guedes, no Gama, o domingo começou com a celebração transmitida pela internet. A família é evangélica e tem uma filha de 3 anos. Olívia Guedes, de 3 anos, participa de celebração da Páscoa em casa, com a família, no Gama (DF) — Foto: Alessandra Guedes/Arquivo pessoal Após a celebração religiosa, Alessandra deixou a criatividade tomar conta e preparou uma surpresa para a pequena Olívia. A menina, que estava na casa dos avós, participou de uma ""caça aos ovos de Páscoa"" neste domingo (4). ""É a primeira vez que fizemos a brincadeira com os ovos. Como não tem outra criança e nem os primos para comemorar no momento, decidimos fazer isso para alegria dela"", disse Alessandra ao G1. Leia mais notícias sobre a região no G1 DF. Ovos são decorados para Páscoa em oficina de arte da Hungria — Foto: ATTILA KISBENEDEK / AFP Com gravuras tão delicadas como rendas e pinturas em cera, a artista húngara Tunde Csuhaj mantém a tradição ancestral de decorar ovos de Páscoa. Como a Ucrânia e a Romênia, a Hungria tem uma longa tradição neste campo e Csuhaj, de 67 anos, trabalha nessa arte o ano todo, em uma oficina em Szekszard, 150 quilômetros ao sul de Budapeste. ""Depois de 30 anos de amor, agora nos conhecemos muito bem, o ovo e eu"", brinca a enérgica artista, mostrando à AFP seu ateliê. ""Se eu cometer um erro e o ovo quebrar, será tão doloroso para mim quanto para ele"", diz, meio séria. Esta húngara começou pintando de acordo com a tradição ""Sarkoz"", nascida numa região vizinha, mas rapidamente desenvolveu o seu próprio estilo gravando e esculpindo as cascas com uma mini furadeira manual. Faisão, galinha, ema e até avestruz... qualquer ave pequena ou grande fornece sua delicada matéria-prima. Mas os ovos de ganso, segundo ela, continuam ""os mais adequados, porque têm uma grande superfície, uma casca sólida e são brancos, o que é importante para colorir e desenhar detalhes em miniatura"". Depois de esvaziar o ovo de seu conteúdo através de minúsculos orifícios feitos com um alfinete, ela o limpa e seca, antes de fazer desenhos a lápis fino. Ovo de ganso é decorado para Páscoa em oficina de arte da Hungria — Foto: ATTILA KISBENEDEK / AFP Em seguida, usando uma pequena caneta-tinteiro, ela o pinta delicadamente com cera quente, um método chamado ""batik"". A casca é imersa em uma solução química que dissolve as partes não cobertas com cera. A cera é então removida com uma escova de dente, sob uma torneira de água morna, deixando apenas o corante. Para criar o efeito de renda, os furos são feitos no último momento. No ateliê modesto, as obras são expostas como joias em vitrines giratórias e apresentam cenas de contos de fadas e lendas, animais, símbolos religiosos e figuras geométricas complexas. ""Todos os meus designs são diferentes"", orgulha-se Tunde Csuhaj, que nutre um carinho especial por aqueles que evocam ""o retorno da primavera"". Não é de surpreender que esse nível de detalhe leve dias de esforço e seja impossível concluir mais de cem produções por ano. Desde a década de 1990, a artista participa regularmente de exposições na Europa Ocidental e suas obras são populares entre os colecionadores, que apreciam seu estilo único. ""Eu não as assino, e mesmo assim todo mundo sabe quem as fez"", declara com orgulho. Embora ela não tenha podido viajar este ano devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, os pedidos de clientes a mantêm ocupada. ""Um bombeiro recentemente me pediu para pintar seu caminhão, eu faço o que deixa as pessoas felizes"", conclui ela com um sorriso. Ovos são decorados para Páscoa em oficina de arte da Hungria — Foto: ATTILA KISBENEDEK / AFP O Brasil bate mais um recorde assustador na pandemia: 3.600 mortes por Covid em 24 horas. A doença dispara 565% entre jovens de 30 a 39 anos, diz Fiocruz. Após o governador João Doria anunciar a Butanvac, a vacina do Instituto Butantan, o ministro Marcos Pontes diz que a Anvisa já recebeu pedido de testes de um imunizante financiado pelo governo federal. E no dia seguinte ao corte no Orçamento do Censo 2021, a presidente do IBGE alega motivos pessoais e deixa o cargo. Brasil registra 3,6 mil mortes por Covid em 24 horas, novo recorde Mais um recorde assustador: o Brasil voltou a quebrar a marca de seu pior dia da pandemia, com 3.600 vítimas da Covid em 24 horas. Com isso, o país soma 307.326 óbitos. Alguns estados relacionaram os altos números de hoje com o represamento causado pela mudança que o Ministério da Saúde impôs no sistema de registro de casos e mortes, e que depois revogou no meio da semana. A Fiocruz alerta para um aumento expressivo de casos da doença entre os mais jovens. O crescimento foi de 565,08% (30 a 39 anos). Na capital paulista, um estudo realizado pela prefeitura e pela USP mostra que a variante brasileira, conhecida como P1, atinge 64% dos infectados. Entenda ponto a ponto da Butanvac O Instituto Butantan apresentou a Butanvac, vacina contra Covid que vai usar tecnologia semelhante à da gripe e que será desenvolvida no Brasil. Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, os testes devem começar em abril e a fabricação em maio, se a Anvisa autorizar. Marcos Pontes anuncia outra vacina brasileira: 'Estava nessa expectativa de poder anunciar o mais rápido possível' Horas depois, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse que uma candidata a vacina contra a Covid apoiada pelo governo federal solicitou autorização, na quinta, à Anvisa para testes em voluntários. A Versamune, que usa proteína recombinante do próprio Sars-Cov-2, é desenvolvida por empresas do setor farmacêutico em parceria com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. PF faz operação para investigar denúncia de vacinação ilegal de empresários do transporte em BH A Polícia Federal apreendeu uma lista com nomes de 57 pessoas que supostamente foram vacinadas na última terça-feira (23) em uma empresa de transportes em Belo Horizonte (MG). A Operação Camarote apura a suposta importação irregular de vacinas e a receptação doses. Há indícios de que empresários tenham obtido os imunizantes em algum país que faz fronteira com o Brasil, e não diretamente com a Pfizer. Governo de São Paulo prorroga a fase emergencial até o dia 11 de abril O governo de São Paulo prorrogou a fase emergencial, que prevê regras mais rígidas do que a fase vermelha da quarentena, até o dia 11 de abril. Em vigor desde 15 de março, a medida iria inicialmente até o dia 30. Em meio à explosão de casos e ao colapso do sistema de saúde, o estado registrou 1.193 mortes provocadas pela Covid, novo recorde em 24 horas. Fábrica Honda Itirapina (SP) em 2019 — Foto: Gabrielle Chagas/G1 A Honda anunciou a paralisação de produção no Brasil devido ao agravamento da pandemia. É a oitava montadora a suspender as atividades no país pelo mesmo motivo. Toyota, Nissan, Volkswagen, Mercedes Benz, Renault, Volvo e Scania já anunciaram a suspensão. Segundo a Honda, a pausa temporária das operações nas unidades de Sumaré e Itirapina, no interior de São Paulo, vai acontecer de 30 de março a 9 de abril. A retomada está prevista para 12 de abril, segundo informações do Valor Online. Presidente do IBGE, Susana Guerra, e diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto — Foto: Reprodução/TV Globo A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, pediu exoneração do cargo por motivos pessoais e de família. Em nota, o IBGE informou que Susana seguirá ""até a transição para o novo presidente a ser indicado"". Indicada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a economista assumiu o cargo em fevereiro de 2019. Nesta semana, o IBGE sofreu um importante revés com a aprovação do Orçamento da União. O texto, que precisa ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, deixa quase sem recursos o Censo 2021, e pode inviabilizar a pesquisa. Entenda. Contestado por Câmara e Senado, Ernesto Araújo participa com Bolsonaro de cúpula do Mercosul O presidente Jair Bolsonaro defendeu, em reunião comemorativa aos 30 anos do Mercosul, a ampliação das negociações comerciais com países de fora do bloco. Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que passa por forte pressão política para deixar o cargo, Bolsonaro disse que as diferenças de natureza política ou econômica não podem afetar o projeto de integração do Mercosul. O presidente brasileiro saiu da reunião virtual antes do fim, enquanto outras autoridades ainda estavam no encontro. Ex-primeira-dama Marisa Letícia — Foto: Ricardo Stuckert´/Instituto Lula O Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu que Marisa Letícia desistiu do triplex no Guarujá e determinou que a OAS e a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) devolvam o valor pago em parcelas pela ex-primeira-dama. Em 2005, a mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu entrada no apartamento, mas após atrasos na obra ela desistiu do imóvel. O triplex era objeto de denúncia e sentença da Lava Jato contra o ex-presidente, que foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal ao considerar que a Vara Federal de Curitiba não era competente para julgar o caso. Caso Henry: polícia do RJ apreende celulares dos pais e do padrasto do menino Os celulares e computadores da mãe, do padrasto e do pai do menino Henry Borel, que morreu em circunstâncias ainda não esclarecidas, foram apreendidos pela polícia. O apartamento onde a criança morava também foi interditado. A Justiça decretou ainda a quebra do sigilo telefônico de todos os alvos da operação desta sexta. Os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 terão acesso às notas das provas objetivas e da redação na próxima segunda-feira (29). Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os resultados estarão disponíveis após as 18h, na página do participante. Mega da Virada — Foto: Reprodução/Globo Um dos vencedores da Mega da Virada pode perder o prêmio de R$ 162.625.108,22 a que tem direito. Isso porque o prazo para retirar o dinheiro expira na próxima quarta e o apostador da capital paulista ainda não se apresentou. Caso ele não saque, o valor será repassado ao Fundo de Financiamento do Ensino Superior (FIES). VÍDEO: mal-entendido mobiliza famosos e políticos em gincana da FGV Vídeos de famosos e políticos declarando apoio a turmas de calouros da FGV viralizaram e foram hit na web. A rápida repercussão deixou os alunos envolvidos surpresos. Entenda o caso: o desafio inicial era conseguir vídeos de veteranos da própria faculdade, mas quando um calouro enviou o vídeo da apresentadora Angélica, a busca por celebridades começou e os organizadores aceitaram modificar a prova. As turmas conseguiram mais de 70 mensagens de famosos como o humorista Fábio Porchat, o ex-juiz Sergio Moro, o deputado federal Rodrigo Maia e a apresentadora Xuxa Meneghel. G1 conversou com alunos novatos que disputam a gincana e com a veterana que viralizou os vídeos para entender como eles conseguiram mobilizar tantos artistas nacionais e internacionais. Anthony Mackie e Sebastian Stan falam sobre 'Falcão e o Soldado Invernal' Depois de anos sob a sombra de um certo Capitão América, dois dos principais parceiros do herói finalmente ganham seu lugar nos holofotes. Em ""Falcão e o Soldado Invernal"", Anthony Mackie e Sebastian Stan assumem os papéis de protagonistas em uma trama de ação e espionagem sem a guarda de seu antigo mentor/amigo. A segunda série da Marvel na plataforma de vídeos Disney+ estreia o segundo de seus seis episódios nesta sexta-feira (26). A baguete francesa faz parte da lista dos candidatos a fazer parte do Patrimônio Imaterial da Unesco — Foto: Pixabay A França inscreveu a baguete como candidata a patrimônio cultural imaterial da Unesco. Segundo o comunicado do governo francês, a condecoração do pão ""permitiria sensibilizar de que uma prática alimentar que faz parte da vida cotidiana, partilhada por todos e tida como certa, constitui um patrimônio em si"". Todos os anos, a Unesco declara quase uma centena de bens como patrimônio imaterial mundial. Uma das condições de aceitação é que o objeto candidato diga respeito a toda uma comunidade. A decisão da Unesco sobre a baguete sairá no fim de 2022. Equipe médica usa cartazes para informar paciente com Covid-19 que ela será extubada ""Parabéns, dona Regina. Vamos respirar agora fora desse tubo?"": foi através de um cartaz que o fisioterapeuta Roni Rodrigues anunciou a recuperação da paciente Regina Pires, de 56 anos, que ficou internada durante 10 dias com Covid, em Fortaleza (CE). Ao compartilhar a mensagem de carinho em uma rede social, o profissional de saúde afirmou que sempre que vai remover o tubo de um doente é um dia de alegria e de alívio. Veja os cartazes. Procon/SE divulga pesquisa de preços de pescados e ovos de páscoa — Foto: Divulgação/Procon/SE Os preços de peixes, frutos do mar e ovos de páscoa foram pesquisados pelo Procon em Sergipe, entre os dias 22 e 26 de março. O levantamento ocorreu em supermercados, mercados e lojas especializadas na venda desses produtos de Aracaju e foi divulgado nessa terça-feira (30). Com relação ao chocolate, o menor preço é o da caixa de bombons de 250 gramas. O custo varia de R$ 7,98 a R$ 10 dependendo da marca e do estabelecimento comercial. Já os ovos de páscoa apresentam a maior variação de preço. Há os produtos entre 175g e 500g com preços que vão de R$ 25,98 a R$ 69,90. Os preços dos pescados, como vermelha, robalo, pescada amarela, tilápia, merluza, analisados em supermercados, nos mercados centrais e do Conjunto Augusto Franco, foram de R$ 17 17 a R$ 40 por quilo. Os valores cobrados pelo camarão variam de acordo com o peso e o tratamento. Meio quilo com cabeça custa entre R$ 15,75 e R$ 35; sem cabeça, 400g, tem custo entre R$ 25 e R$ 35. O camarão sem cabeça, 800g, foi encontrado por até R$ 92,49. Já o camarão pistola tem o custo de R$ 50 a R$ 55. Clique aqui e confira a pesquisa completa. Nancy Patacho e o filho Luiz Fernando, de 6 anos — Foto: Nancy Patacho/Arquivo Pessoal O menino de seis anos que pediu chocolate para mãe, que não tinha dinheiro para comprar, recebeu a doação de ovos de Páscoa após ela mobilizar a web neste domingo (4). Moradora de Mongaguá, no litoral de São Paulo, a mãe, Nancy Patacho, havia dito que não tinha condições de dar para o filho o ovo de Páscoa este ano por conta da dificuldade financeira que a família vem enfrentando em meio a pandemia. A mãe de Luiz Fernando sensibilizou internautas com seu relato de que o menino havia visto ovo de Páscoa na casa do vizinho e perguntou quando o coelho entregaria um para sua família. Sem condições financeiras, ela chorou e disse ao filho que o coelho da Páscoa havia deixado o ovo no mercado e que passariam para buscar depois. Neste domingo, a família foi surpreendida com uma doação de cesta básica, além do ovo de Páscoa que o filho lhe havia pedido. Em entrevista ao G1, Nancy conta que escondeu o presente atrás do travesseiro do filho para que quando ele acordasse, fosse surpreendido. Mãe escondeu ovo atrás do travesseiro do filho para surpreende-lo — Foto: Nancy Patacho/Arquivo Pessoal Após abrir o ovo e comer seu pedaço, Luiz Fernando partiu um pedaço para mãe e lembrou do amiguinho que mora próximo a sua casa e que também não havia recebido ovo de Páscoa este ano. ""Ele pegou o ovo, dividiu e foi levar um pedaço pro amigo dele Juventino, que não havia ganhado ainda também. Disse que o coelho deixou e que iria dividir com seus amigos. Fiquei emocionada, sempre ensinei ele a dividir as coisas, temos que pensar sempre no próximo. Ele é uma pessoa especial"", finaliza. Família recebeu mais dois ovos de Páscoa neste domingo — Foto: Nancy Patacho/Arquivo Pessoal Ovo de páscoa de pudim tem calda cristalizada com maçarico — Foto: Izabela Borges/Arquivo pessoal Inovar e reinventar são as palavras-chave que guiam os negócios de quatro profissionais paraibanas, na Páscoa de 2021. Para agradar e fidelizar a clientela, elas investem em novas versões do tradicional ovo de chocolate, geralmente comercializado no período. Algumas do segmento da confeitaria. Outras de áreas diferentes. Em comum, elas têm a produção artesanal do produto que, apresentado de várias formas, pode atrair um público mais abrangente. Receitas da Semana Santa Para mostrar algumas dessas iniciativas, o G1 conversou com empreendedoras que estão se destacando com a venda de ovos de Páscoa recheados com maquiagem e nos sabores empada, pudim e bolo de rolo (veja produtos e histórias abaixo). Recheio de ovo de Páscoa com sabor empada, feito em Campina Grande — Foto: Vanusa Monteiro/Divulgação No decorrer da pandemia, Vanusa Monteiro, que faz e vende salgados por encomenda em Campina Grande, precisou adotar novas formas para continuar trabalhando. Pela internet, passou a oferecer combos promocionais e interagir mais com os clientes. Na Páscoa de 2021 resolveu dar um sabor diferente para o período, que é considerado um dos mais doces do ano. A alternativa foi a produção de ovos salgados, no sabor empada. A massa é macia e crocante. Já o recheio leva frango, queijo catupiry e azeitonas. O resultado, depois de alguns minutos no forno, é uma empada de quase meio quilo, no formato de ovo de colher. Ovo de empada é aposta para a Páscoa, em Campina Grande — Foto: Vanusa Monteiro/Arquivo pessoal O produto, que é novidade na cidade, conquistou o paladar dos clientes. “Muita gente procurou saber, encomendou. A gente já entregou muitos [ovos] antes da Páscoa”, contou. Izabela Borges com ovo de pudim — Foto: Izabela Borges/Arquivo pessoal Como o ovo de Páscoa com recheio de pudim já é comercializado, Izabela Borges, que tem uma loja de doces no Centro de Campina Grande, quis dar um toque especial à guloseima. “Resolvi colocar meu jeitinho. Meu diferencial é fugir do tradicional pudim que fica em cima do ovo. O nosso é feito um delicioso creme com o próprio pudim, finalizado com uma calda cristalizada no maçarico. Os clientes adoraram a novidade. Os amantes de pudim ficaram bem curiosos”, explicou. Confeiteira da Paraíba produz ovo de páscoa de pudim — Foto: Izabela Borges/Arquivo pessoal Izabela atua na área da confeitaria há cinco anos. Começou trabalhando em casa, com a mãe. Ela conseguiu expandir o negócio para uma loja, onde também serve cafés e salgados. Mesmo com uma equipe maior, o processo de criação e testes é feito apenas por ela. Apesar das dificuldades enfrentadas na pandemia, ela conseguiu se superar e tirou uma boa lição. Ovo de Páscoa recheado com produtos de maquiagem — Foto: Sheila Agra/Arquivo pessoal Também tem opção para quem tem restrições alimentares ou prefere manter a dieta. Para esse público, Sheila monta ovos em formas de plástico, recheados com produtos de maquiagem. Para a empreendedora, inovar “é a única forma se destacar em um nicho de maquiagem”. Disso, ela entende bem. Com três anos de loja, também já comercializou buquês e vasos que, no lugar das flores, têm maquiagem. A divulgação foi feita pelas redes sociais de uma dupla de influenciadoras digitais de Campina Grande. A estratégia resultou em uma “aceitação muito boa, principalmente dos namorados [que compram o produto para as parceiras]”, explicou. O ramo da beleza nem sempre foi a prioridade de Sheila. Ela é fisioterapeuta, mas por ter doenças preexistentes, precisou suspender os atendimentos durante a pandemia. Agora, a maquiagem gera a principal renda dela. Ovo de Páscoa com recheio de bolo de rolo, feito em Guarabira, na PB — Foto: Ascom Sebrae/Divulgação Symonne Lima também entrou para o time dos que apostam na criatividade. Unindo tendência com regionalismo, ela produz ovos de Páscoa com o tradicional bolo de rolo nordestino. Formada em arquitetura e em direito, Symonne trabalhava, até pouco tempo, em um cartório. No ano passado, por causa da pandemia, deixou a antiga profissão e se dedicou aos doces. “Eu sempre gostei muito de fazer doces, mas era para o consumo da família e de amigos. Além disso, já fazia um tempo que eu não estava satisfeita com o trabalho, foi quando, em 2020, veio a pandemia e eu tive que me isolar por problemas de saúde. Como aconteceu com muita gente, eu comecei a buscar algo que me preenchesse”, recordou a empreendedora. Páscoa: empresárias apostam em sabores variados e chocolates com biscoitos 'Páscoa Solidária': Polícia Militar distribui ovos para crianças carentes em Alpinópolis, MG — Foto: Polícia Militar de Alpinópolis (MG). A Polícia Militar distribuiu ovos de Páscoa para crianças carentes em Alpinópolis (MG). A ação chamada de Páscoa Solidária foi realizada na sexta-feira (2) em vários bairros da cidade. O foco dos militares foi atender crianças em que a família possui baixa renda e enfrenta dificuldades na pandemia. A ação, segundo a polícia, foi possível após colaboradores anônimos ajudarem com donativos. De acordo com a Polícia Militar, este tipo de trabalho social já ocorre há alguns anos na cidade e acompanha famílias em situações de risco. Veja mais notícias da região no G1 Sul de Minas Cufa Goiás distribui ovos de Páscoa para famílias carentes de 10 cidades A Central Única das Favelas em Goiás (Cufa-GO) distribuiu cinco mil ovos de Páscoa em dez cidades do estado no sábado (3). A instituição arrecada doações de todos os tipos o ano todo para ajudar as famílias goianas que têm passado por dificuldades para se alimentar. Segundo o presidente da Cufa em Goiás, 398 mil famílias estão “abaixo da linha da pobreza” no estado – o que significa que cada uma vive com menos de R$ 10 por dia, de acordo com a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cufa Goiás doa 5 mil ovos de Páscoa para ciranças em dez cidades — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Em parceria com a sociedade civil, a Central pode ajudar crianças de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Águas Lindas de Goiás, Rio Verde, Jataí, entre outras. “É o mínimo que podemos fazer para que essas crianças tenham o mínimo de alegria nesse dia. Estamos apenas amenizando um pouco do que vem acontecendo em essas pessoas que estão passando por tantas dificuldades”, avaliou o presidente da instituição. Segundo ele, para ajudar no projeto e fazer uma doação basta acessar o site da Cufa-GO. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Rabanada portuguesa e rabanada francesa, no ramequim e decorada no prato. Receitas foram feitas pela chef e professora Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Culinária #013: Aprenda a fazer dois tipos de rabanada para o Natal A rabanada é uma das sobremesas mais clássicas do Natal. O aroma que fica pela casa já traz a sensação que as festas de fim de ano estão chegando. Feita a base de grossas fatias de pão, a receita tem diversas versões no mundo inteiro. O preparo é simples e rápido, mas existem alguns segredos pra deixar a rabanada sequinha e saborosa. A chef de cozinha Maria de Fátima Gonçalves, que também é coordenadora do curso de Gastronomia da São Judas Unimonte, ensinou a equipe do G1 a fazer duas versões dA receita: rabanada portuguesa e rabanada francesa. A primeira é a mais tradicional, que faz sucesso com os fãs de rabanada. Já a segunda leva frutas e é uma opção para fazer uma sobremesa diferente para arrasar na ceia de Natal. CLIQUE AQUI E VEJA DE A a Z TODAS AS RECEITAS DO G1 SANTOS Essa reportagem faz parte da série 'Em casa', do G1, que foi criada durante a pandemia do novo coronavírus. Chefs e profissionais da gastronomia ensinam, de forma simples e direta, como fazer receitas básicas da culinária brasileira e a não errar na hora do preparo, garantindo pratos simples e gostosos no dia a dia. A rabanada tradicional é de origem portuguesa, diz Fátima. Porém, em várias regiões do mundo existem receitas diferentes de rabanada. ""Os franceses tem sua rabanada, os espanhóis tem também e os ingleses também. Cada um com sua especificidade"", fala. As duas mais famosas são a portuguesa e a francesa. Basicamente, a diferença é que a rabanada portuguesa deve ser frita e a francesa, conhecida como pain perdu, é a assada com frutas que também podem ser adicionadas. Alguns ingredientes também podem ser modificados. Ela tem que ser macia por dentro e crocante por fora. Dourada, não pode queimar. E com a quantidade razoável de açúcar e canela por fora para formar aquela casquinha doce. Sim. Se o pão for muito novo, na hora de passar no leite, ele irá desmanchar. O melhor é que o pão seja amanhecido. Pode ser o pão francês ou especial para rabanada. ""Se você vai fazer a rabanada hoje, você deve ter comprado ontem. Sempre pão amanhecido, do dia anterior ou de mais dias. Pode fazer com um pão mais velho, sem estar estragado"" Ingredientes para a rabanada portuguesa preparada por Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Confira a receita de rabanada portuguesa, a mais tradicional, da chef Fátima Gonçalves. Ingredientes Modo de preparo: Corte o pão em fatias na espessura de um dedo. Aqueça o leite e misture o açúcar e canela. Bater os ovos e leve o óleo para esquentar. Passe as fatias de pão no leite e depois nos ovos. Leve para fritar dos dois lados. Retire e deixe escorrer em papel absorvente. Passe as rabanadas no açúcar com canela e arrume no prato. Rabanada portuguesa feita pela chef Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Sim. Basta passar as fatias no leite e no ovo. Unte uma assadeira com óleo e coloque as fatias. Leve para assar em um forno pré-aquecido a 180 graus. Quando elas estiverem douradas, retire-as do forno e passe no açúcar e na canela. Ingredientes para a rabanada francesa preparada por Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Confira a receita de rabanada francesa, da chef Fátima Gonçalves. Ingredientes Modo de preparo: Com uma faca de pão, corte o brioche, de preferência amanhecido, ao meio, no sentido horizontal. Somente a parte de cima será usada. Corte a parte superior em fatias finas. A ideia é deixar as fatias da altura do ramequim, por isso, se o brioche for muito baixo, ou o ramequim for muito alto, cortar o pão ao meio no sentido horizontal será desnecessário. Unte 4 ramequim (tigelinhas individuais de suflê) com manteiga e polvilhe com açúcar. Em uma frigideira, coloque 1 colher (sopa) de manteiga e leve ao fogo médio. Quando aquecer, doure as fatias de brioche dos dois lados. Com uma faca afiada, corte a maçã e a pera ao meio. Retire os miolos e as sementes e despreze. Corte as metades das frutas em fatias fininhas. Nos ramequins, disponha as fatias de pão com a parte trançada para cima. Intercale as fatias de pão com as frutas fatiadas até preencher completamente as tigelinhas. Pré-aqueça o forno a 150ºC (temperatura baixa). Numa panela, junte o creme de leite fresco, a essência de baunilha, o açúcar e as gemas. Leve ao fogo baixo para cozinhar, mexendo sem parar, até obter um creme. Despeje 1/4 do creme em cada ramequim preparado e polvilhe com 1/2 colher (sopa) de açúcar cristal. Os ramequins irão ao forno em banho-maria. Para isso, coloque as tigelinhas em uma assadeira grande e leve ao forno. Com cuidado, coloque um pouco de água fervente na assadeira, feche o forno e deixe assar por 20 minutos. Sirva quente. Rabanada francesa preparada pela chef Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Antes de fazer a ceia, prepare as rabanadas com tranquilidade para não misturar com os sabores dos pratos assados, comuns nessa época do ano. Quando estiverem prontas, mantenha as rabanadas em um local arejado, senão todo o açúcar vai derreter e vazar do prato. Deixe em um local fresco e, após a ceia, guarde na geladeira para o dia seguinte para não correr o risco de azedar as rabanadas. ""Todo mundo pode fazer. É muito simples, você pode aproveitar aquele pão guardado. Ela acompanha bem uma sobremesa, uma taça de vinho. Ela é muito gostosa, muito saborosa. Usa ingredientes muito simples, fáceis e que todo mundo tem que em casa"", finaliza ela. Rabanada francesa feita pela chef Maria de Fátima Gonçalves — Foto: Giovanna Timon Oficina de tingimento de ovos de páscoa em Piracicaba — Foto: Divulgação/Engenho da Notícia A oficina de tingimento de Ovos de Páscoa realizada pela Colônia Tirolesa de Piracicaba (SP) se adaptou aos tempos de pandemia e acontecerá por meio de uma live no Instagram do Café Tirol, neste sábado (3), às 14h. O autor do ovo mais bonito vai ganhar uma cesta de produtos fornecida por uma empresa de café. Durante a transmissão ao vivo, os participantes conhecerão as técnicas para o tingimento dos ovos a partir da fervura com matérias-primas encontradas na natureza. Para acompanhar a oficina, os participantes devem reunir os seguintes materiais: ovos brancos, papel alumínio ou pano/dimensão aproximada de 30 cm x 30cm, barbante, cola branca e uma panela. Quem optar pelo tingimento natural pode utilizar as flores e plantas: Cosmos amarelo (flor e folhas), Macela (flor e folhas), casca de cebola, cenoura (folhas), Losna (folhas) e Crisântemo (cor vinho). No caso do tingimento artificial, os materiais necessários são: papel crepon (cor roxa, azul, vermelho, rosa), Samambaia (folhas), Avencas (folhas), Trevos (folhas) e outras folhas. Para concorrer ao prêmio de ovo mais bonito, o participante deverá postar uma foto do ovo finalizado, marcando os perfis do Café Tirol (@cafetirol) e Café Morro Grande (@cafemorrogrande). Os organizadores farão a escolha de 10 ovos e as imagens dos 10 concorrentes será divulgada no perfil do Café Tirol. A votação será aberta e ocorrerá nos comentários da postagem. O mais votado levará a cesta. Veja mais notícias da região no G1 Piracicaba Ovos de Páscoa de coxinha, empadão de frango e creme de camarão — Foto: Diego Breno A Páscoa está chegando e, em tempos de pandemia, a criatividade vale muito para quem quer aumentar o lucro. Em Natal, a confeiteira Iraci Belarmino da Silva foi incentivada pelo filho amante da gastronomia para comercializar ovos de Páscoa salgados neste ano e a aposta tem dado certo. O ovo de coxinha é o que mais chamou atenção nas redes sociais quando eles começaram a divulgação da novidade, mas também tem as opções de empada de frango e creme de camarão. ""A minha mãe sempre trabalhou fazendo bolos, tortas, doces, salgados como forma de tirar uma renda extra. Sempre a observei para tentar fazer. No ano passado, resolvi fazer ovos de Páscoa e, nas redes sociais, um que estava tendo um sucesso era o ovo de coxinha. Fizemos juntos, ela gostou, mas preferimos deixar a venda para depois"", lembra o jornalista Diego Breno. Em 2021, Iraci topou colocar a ideia do filho em ação. ""Este ano, vendo que um dos sucessos dela era um salgadinho de camarão, resolvi arriscar fazendo algo parecido, só que no formato de ovo de Páscoa. Achamos interessante e falei pra ela: 'Vamos vender este ano?'. Ela olhou e disse, meio que se segurando: 'Tá bom, então'"", completou Diego. A partir daí, o jornalista caiu em campo para ajudar a mãe com questões de embalagens, de entregas, de material. Também foi o responsável pela divulgação, compartilhando inicialmente as fotos dos ovos de Páscoa com amigos. ""Quando postamos nas redes sociais, veio o boom de gente interessada, de gente querendo imediatamente, e vamos assim até o domingo de Páscoa"", lembra. Iraci Belarmino e Diego Breno comercializam ovos de Páscoa salgados em Natal — Foto: Divulgação As encomendas, feitas pelo Instagram e WhatsApp, precisam ser realizadas com 48 horas de antecedência e há opção de delivery ou retirada. Aumenta produção de ovos de páscoa caseiros em Divinópolis — Foto: Aline Araújo/Arquivo Pessoal Em Divinópolis, a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus fez diversas pessoas – como os empresários do mercado de flores e decoração – se reinventarem para garantir o sustento financeiro. Outro ramo que ganhou força neste cenário é o da produção caseira de ovos de Páscoa. Por isso, o G1 conversou com confeiteiras que contaram sobre as novidades para este ano (veja mais abaixo). A Páscoa é a celebração da morte e ressurreição de Jesus, um dos acontecimentos mais importantes para os cristãos. Neste ano, a data será celebrada no dia 4 de abril. Paralelo à simbologia religiosa no Brasil, a data também é marcada pela comercialização de ovos de chocolate. Devido às restrições da Onda Roxa em Divinópolis, a Câmara Municipal aprovou, na última sexta-feira (26), o projeto de lei 026/2021 que autoriza a Prefeitura a antecipar feriados municipais deste ano e os de 2022, para conter o avanço da Covid-19. Desta forma, serão considerados feriados os dias 29, 30 e 31 de março e 1º de abril - de segunda a quinta-feira. Já sexta-feira (2) é feriado de Paixão de Cristo. Entretanto, em entrevista ao MG1, o bispo Diocesano Dom José Carlos esclareceu que antecipação de feriados não interfere nas comemorações litúrgicas da Semana Santa. Ovos decorados com docinho são o carro chefe da Ângelus Doceria — Foto: Gislaiziane Rocha/Arquivo pessoal Ao G1, a confeiteira Gislaiziane Pereira Rocha contou que os ovos mais pedidos no empreendimento dela são os de colher decorados com docinhos. Ela também comentou sobre as novidades para este ano. Por causa das restrições na pandemia, a confeiteira disse que fará a entrega de encomendas em alguns locais da cidade previamente combinadas pelo telefone. Bombons páscoa caseira Divinópolis — Foto: Gislaiziane Rocha/Arquivo pessoal A empresária Aline Araújo contou que o carro-chefe da confeitaria dela durante a Páscoa são os ovos de leite em pó com chocolate e o de paçoquinha. Segundo Aline, os preços dos ovos variam entre R$ 10 e R$ 80. Além disso, a confeiteira diz que trabalha com opções que vão desde a ovos para crianças quanto para os adultos. Mini ovos de colher de 50g ou 100g — Foto: Aline Araújo/Arquivo Pessoal Em outra confeitaria, a aposta será um kit especial para agradar os paladares infantis nesta Páscoa. Ovos caseiros de Páscoa — Foto: Pop Doces/ Divulgação Ovos de colher fazem sucesso entre os amantes de chocolate — Foto: Anna Beatriz Lourenço Domingo (4) é dia de comemorar a Páscoa e, por causa da pandemia, os comerciantes precisaram se reinventar mais uma vez. Mylene Gabriel Imhof é confeiteira e está apostando nas redes sociais para divulgar os ovos de colher. Entre os mais pedidos, estão o ovo com recheio de mousse de leite ninho cremoso, creme de avelã e pedaços de bombom. Outra opção é o ovo recheado de creme de leite em pó com lascas de amêndoas e ganache branca. Para completar o cardápio, tem também ovos de brownie rústico, de biscoito oreo, e de chocolate branco. A novidade são os ovos de pote, feitos com bolo de baunilha com recheio e confeito crocante por cima. A confeiteira Mylene Gabriel Imhof aposta na variedade para atrair clientes de todos os gostos — Foto: Anna Beatriz Lourenço Desde quando trabalhava em uma empresa, Mylene costumava vender doces caseiros para conseguir uma renda extra. Ano passado foi a primeira vez que ela fez ovos de colher pra vender na Páscoa, mas ela conta que não deu certo porque faltou preparo. “De um tempo pra cá, venho me especializando. Fiz um curso de confeitaria ano passado, e agora para a Páscoa eu fiz outro só de ovos de páscoa gourmet. Eu achei que não iria ter muita saída, mas eu comecei a fazer a pré-venda duas semanas antes da Páscoa, para fazer um teste se as pessoas iriam comprar ovo feito em casa e a minha experiência tem sido boa, tanto com ovos de colher, quanto de pote”, conta Mylene. Ovos de colher caseiros têm substituido os tradicionais ovos vendidos por grandes marcas — Foto: Anna Beatriz Lourenço A clientela gosta. Andrielly Souza é amiga da Mylene há anos, e sempre compra doces com a confeiteira. “Para começar, tem o gostinho caseiro, e a gente sabe que é feito com carinho. Eu assisto ela nas redes sociais e vejo onde ela compra as coisas, sei que é de boa qualidade. O custo benefício é muito bom e ela faz entrega, me entrega tudo aqui na porta de casa, é perfeito. E também é bom ajudar os microempreendedores. A gente ajuda e tenta fazer o máximo pelo próximo”, diz Andrielly. Restaurantes apostam em pratos criativos e fora do comum para o festival delivery de chocolate em Maricá, no RJ — Foto: Anna Beatriz Lourenço Para os maricaenses que querem se entregar para esse período doce, tem outra opção também além dos ovos de colher. Está rolando um festival de chocolates na cidade, com 24 restaurantes participantes. Por causa das medidas de restrição, o Fantástico Festival do Chocolate funciona apenas por delivery e por retirada. O evento vai até o dia 10 de abril. Cada estabelecimento apresenta um prato com o ingrediente principal: chocolate. Nos cardápios, os chefes de cozinha precisam de criatividade. Rosana Lobato, por exemplo, criou uma receita fora do tradicional. “Frango frito com molho de chocolate balsâmico e um pouco de tabasco apimentado. Não é um prato muito tradicional, mas eu garanto que ficou delicioso e crocante”, explica Rosana. Frango frito com molho de chocolate balsâmico é uma das opções do festival delivery em Maricá, no RJ — Foto: Anna Beatriz Lourenço Outro exemplo de criatividade é o hambúrguer desenvolvido por Julio Rodrigues. “O hambúrguer tem um filé de frango crispado, que leva um american cheese de provolone e barbecue de chocolate”, conta ele. Para os amantes de bacon, também há opção. “O Wonka Stick Bread é uma massa salgada com chocolate ao leite, pedaços de morango, creme de leite e crisp de bacon por cima”, conta Marcelo Perrone. Wonka Stick Bread mescla o sabor doce do chocolate, frutas e sorvete com o salgado do bacon — Foto: Anna Beatriz Lourenço A culinarista Patrícia Vieira conta que a combinação de chocolate com pratos salgados é boa. “O chocolate teve origem no México, e quando foi criado, não era necessariamente uma bebida doce. O chocolate era combinado com ingredientes salgados, como pimentão, cogumelos, e depois foi aprimorado com açúcar e aí as pessoas enlouqueceram com o sabor. Mas dá para combinar com pratos salgados, como carne, queijos, é só usar a criatividade com o chocolate”, explica. As receitas agridoces estão em alta, mas o festival também tem muitas opções para quem curte opções cheias de doçura. Receitas tradicionais como crepe também fazem parte do cardápio do festival de chocolate delivery em Maricá, no RJ — Foto: Anna Beatriz Lourenço “Nosso prato é um crepe tradicional francês com recheio de banana caramelizada, açúcar e canela, por cima uma ganache de chocolate com amendoim torrado”, conta Augusto Goulart. “O meu prato do Festival é um tronco de páscoa. É um bolo de rolo de laranja com cobertura de chocolate. A gente fez esse prato rústico como se fosse uma árvore, para embelezar a mesa do almoço de páscoa”, sugere Rose Katty. A pizza doce também está entre os pratos do cardápio do festival de chocolate delivery de Maricá, no RJ — Foto: Anna Beatriz Lourenço “A pizza de Kit Kat com borda de chokito é um prato doce com massa salgada. O recheio é uma pasta de kit kat com pedaços de biscoito e barras de Kit Kat para complementar o prato”, conta Antônio Márcio. “A gente preparou um strudel recheado com chocolate branco, castanha e damasco e maçãs, acompanhado de um sorvete de chocolate branco”, explica Milene Malta. Strudel com chocolate branco está no cardápio do festival de chocolate delivery em Maricá, no RJ — Foto: Anna Beatriz Lourenço Além desses pratos, o cardápio do festival também tem canjica de chocolate com morango e hortelã, arroz a piamontese de camarão com chocolate e pimenta, além de outras opções. Opção de ovo de Páscoa de brigadeiro da Seleve, no DF — Foto: Divulgação A época mais doce do ano chegou, e o chocolate é o astro da vez durante a Páscoa. No entanto, algumas pessoas sofrem com alergias alimentares e nem sempre podem se dar ao prazer de saborear a iguaria. Pensando nisso, algumas lojas do Distrito Federal se prepararam para oferecer opções inclusivas para os alérgicos. De acordo com a World Allergy Organization (WAO), cerca de 8% das crianças com até dois anos de idade e 2% dos adultos sofrem algum tipo de alergia alimentar. No Brasil não há estatísticas oficiais, mas segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a prevalência parece se assemelhar aos dados mundiais. Uma padaria localizada na quadra 702/703 Norte, que vende produtos artesanais, sem glúten e sem lactose, este ano está produzindo ovos especiais para a data. Entre as opções, ovos de páscoa sem açúcar e opções com menos calorias. Opção de ovo de Páscoa de cajuzinho, para alérgicos, da Seleve, no DF — Foto: Divulgação Para o casal Gleuton e Fernanda Tavares, que tem dois filhos com intolerância a lactose, é difícil encontrar versões sem leite que agradem as crianças. ""Os ovos nunca são divertidos, como os tradicionais, pois as crianças buscam tanto a 'surpresinha', quanto o chocolate em si"", conta. Opção de ovo de Páscoa para alérgicos, da Seleve, em Brasília — Foto: Divulgação Outra opção de produtos voltados para pessoas alérgicas é um mercado em Águas Claras, que também vende ovos de páscoa e outros produtos para esse público. A SOS Alergia vende ovos sem leite e tem opções infantis. Segundo a nutricionista Carla de Castro, alergias e intolerâncias alimentares, podem ocorrer em pessoas de todas as faixas etárias. ""Atendo no meu consultório pessoas de todas as idades com intolerâncias alimentares e alergias"". , Leia outras notícias da região no G1 DF. Veja como preparar bombons e ovos de páscoa — Foto: Reprodução/RPC A repórter Dulcinéia Novaes, da RPC, ensina a fazer, em casa, ovos e bombons de chocolate para a Páscoa. Veja como preparar as receitas da confeiteira Karla Kusma Ingredientes Modo de fazer Derreta o chocolate em banho maria ou no microondas. Se for fazer no microondas, é preciso aquecer com cuidado, de 30 em 30 segundos, e mexer até o chocolate ficar líquido. Na sequência, coloque o chocolate numa pedra de mármore para fazer a temperagem. Com uma espátula vá mexendo o chocolate até ele ficar num ponto mais frio. Para fazer o ovo, coloque o chocolate dentro da forma de ovo e leve à geladeira. O ovo estará pronto quando ficar esbranquiçado. Para fazer os bombons, pegue parte deste chocolate e misture as castanhas. Coloque em forminhas de gelo e também leve à geladeira. Ingredientes Modo de fazer Coloque o leite condensado, manteiga e o chocolate na panela. Mexa em fogo baixo até o brigadeiro desgrudar da panela. Enrole alguns brigadeiros e reserve. No restante do brigadeiro, coloque o creme de leite. Essa parte será usada para rechear os ovos. Com um saco de confeiteiro ou com a colher mesmo, recheio os ovos e decore com os brigadeiros. Se quiser coloque algumas frutas. Veja mais receitas na página Receitas Paranaenses. Empreendedor faz coxinha em formato de ovo de Páscoa de colher em Rio Branco Esqueça os tradicionais ovos de Páscoa de chocolate com recheios doces. Alguns empreendedores do Acre apostaram em receitas salgadas para preparar a famosa guloseima vendida nessa época do ano. São opções com recheio de banana da terra frita (ou banana comprida, como é conhecida no Acre) e até coxinha e empada. Para driblar a crise financeira causada pela pandemia do novo coronvírus, alguns empreendedores do Acre usam a criatividade na hora de produzir os ovos e lucrar na Páscoa, celebrada no domingo (4). O ovo de coxinha de frango e a empada são criações do chef Marcus Bessa. Já o ovo de banana frita é feito pela doceira Jaqueline Said, que já trabalha com ovos de Páscoa desde 2015. ""É em formato de ovos de colher só que é uma coxinha. Chamamos de coxinha de Páscoa. O que tem saído muito é a coxinha, já esgotamos até as embalagens. Esse ano todo mundo que trabalha com o ovo de Páscoa está correndo atrás"", contou Marcus Bessa. Coxinha em formato de ovo de Páscoa de colher é aposta de vendas do Marcus Bessa — Foto: Arquivo pessoal A coxinha preparada por Bessa pesa entre 600 a 700 gramas custa R$ 32. O valor da empada é de R$ 29,99. Apenas nessa quinta-feira (1º), Bessa já tinha recebido mais de 52 encomendas. Ele acredita que até sábado (3), quando devem encerrar os pedidos, o número de encomendas deve chegar a 100. ""Não trabalho com ovos de Páscoa, aquele tradicional, somos uma hamburgueria. Já fazemos a coxinha, que é muito aceita, e pegamos a dica de uma ciente no Instagram e resolvemos fazer. Está superando as expectativas, deixamos de fazer outras coisas para fazer os ovos"", brincou. Bessa falou que a novidade ajudou mais ainda a alavancar as vendas durante a pandemia. ""Fizemos mais para ver se gerava um engajamento no Instagram, mas tive olhando esses dias as postagens desses ovos tiveram muito acesso, que gera muito pedido também"", comemorou. Outra que apostou na criatividade na hora de produzir os ovos foi Jaqueline Said. Ela preferiu não mudar complemente o sabor do doce, mas acrescentou alguns receios diferentes. O carro-chefe das vendas de Jaqueline esse ano é o ovo de chocolate com banana da terra frita e canela. ""Faço com leite condensado e canela, quando finaliza coloco a banana frita e por cima também vai banana frita com açúcar. Do jeito que gostamos de comer a banana no café da manhã. É um ovo de colher"", explicou. Ovo de chocolate com receio de banana da terra frita é o mais encomendado para Jaqueline Said — Foto: Arquivo pessoal Jaqueline produz e vende ovos de Páscoa desde 2015. O ovo pesa cerca de 250 gramas custa R$ 45. Há ainda um kit com dois ovos, de 100 gramas cada, que sai no valor de R$ 16. Em 2020, devido à pandemia, a empreendedora aceitou apenas 30 encomendas com medo do novo coronavírus. Este ano, os pedidos subiram para mais de 100. ""A maioria é para o ovo de banana frita e o de brigadeiro. O de Nutella sai muito também, mas todo mundo gosta desses. Temos mais sabores no cardápio, mas esses saem mais"", complementou. Jaqueline trabalha com doces de festas durante o ano, mas contou que os maiores lucros são obtidos na Páscoa e Natal. Ela trabalha sozinha, atende, produz, organiza e entrega. Os pedidos são finalizados uma semana antes da data para que Jaqueline se organize. ""Ano passado foi muito apertado, foi muito em cima e tive problemas com a minha segurança e do cliente. A gente não sabia como lidar com isso, tudo era um problema: trabalhar de máscara, receber dinheiro em espécie. Esse ano consegui administrar melhor"", relembrou. Entre as principais receitas de Jaqueline Said de ovo de Páscoa está o de banana da terra frita — Foto: Arquivo pessoal Doceria de Rio Preto cria torta em formato de ovo de Páscoa — Foto: Arquivo Pessoal Ovos de chocolate tradicionais, recheados, de colher ou no pote. Os cardápios de Páscoa costumam agradar aos amantes de doces, mas uma doceria de São José do Rio Preto (SP) inovou para atrair novos públicos e fez ovos sabor torta de frango. Segundo Lucinda Luciano, proprietária do estabelecimento, a ideia surgiu após a sugestão de um cliente para atender quem não come chocolate ou prefere opções salgadas. Clientes elogiam criação de torta em formato de ovo de Páscoa em Rio Preto — Foto: Arquivo Pessoal A empresária afirma que não esperava a grande procura pelo novo quitute, por isso precisou encerrar as encomendas antes do prazo. ""Por não esperarmos que teria tanta saída, não tínhamos tantas embalagens e assadeiras. Nós calculamos que a procura seria menor, mas foi maior que a expectativa"", explica. Os clientes que compraram o ovo salgado recebem o produto assado ou também resfriado, podendo ser consumido no prazo aproximado de cinco dias. ""Ele dura mais ou menos cinco dias na geladeira. Pode abrir, cortar um pedaço e guardar o restante"", explica Lucinda. ""Nós trabalhamos com tudo fresquinho"", completa. Doceria de Rio Preto cria torta em formato de ovo de Páscoa — Foto: Arquivo Pessoal Devido à pandemia de coronavírus e ao ""lockdown"" decretado em Rio Preto entre 17 e 31 de março, o acesso dos clientes à loja ficou restrito. De acordo com Lucinda, os aplicativos de ""delivery"" e o ""drive-thru"" têm ajudado a manter as vendas, mas a impossibilidade de os clientes verem os produtos nas gôndolas ainda é um ponto negativo. ""O que não tivemos este ano foi a venda visual; Páscoa é visual. O cliente só viu os produtos por foto, as vendas foram só por cardápio, então impactou bastante. Mas ainda assim vendemos bem"", afirma Lucinda. Veja mais notícias da região no G1 Rio Preto e Araçatuba *Colaborou sob supervisão de Heloísa Casonato Para quem prefere preparar os ovos de chocolate em casa e para quem quer aproveitar o período para garantir renda extra, a Fecoplay fez a playlist Especial Páscoa. — Foto: reprodução Fecoplay Uma das tradições mais doces da nossa cultura é a troca de ovos de chocolate na Páscoa. E é sempre possível inovar nesse presente. Das versões mais comuns que encontramos no supermercado até os modelos recheados e com sabores diversos oferecidos por confeitarias e pequenos produtores, há opções para diferentes paladares: trufado, com brigadeiro, brownie, mousse, geleias e muitas outras. Mas há também quem goste de colocar a mão na massa e preparar os presentes com todo o carinho. Tanto para quem prefere preparar os próprios ovos de páscoa quanto para quem quer aproveitar o período para garantir renda extra, a Fecoplay fez a playlist Especial Páscoa. Nela, profissionais do Senac e do Sesc ensinam técnicas para fazer diferentes ovos de páscoa, incluindo sabores especiais, como o ovo de red velvet, que você confere no vídeo abaixo: Nos outros vídeos da playlist, são abordadas técnicas como a temperagem (para preparar o chocolate antes de fazer o ovo) e até uma receita simples para fazer com a participação da criançada. Clique aqui para cessar a Fecoplay, plataforma de streaming gratuita do Sistema Fecomércio. Pandemia de Covid-19 faz aumentar as encomendas de ovos de páscoa por delivery — Foto: Reprodução/TV TEM Falta menos de uma semana para a Páscoa e, neste ano, por conta da pandemia da Covid-19, a maneira de se vender está diferente. Quem trabalha com chocolates já percebeu que a procura diminuiu e que convencer os clientes a continuar comprando não tem sido uma tarefa fácil. Entre as táticas utilizadas pelos comerciantes estão os pedidos via delivery e até criar produtos personalizados. Em uma fábrica de chocolates de Itapetininga (SP), o trabalho segue intensamente. Mesmo com as restrições da fase emergencial, a produção segue para atender a demanda de clientes e empresas que buscam os produtos. De acordo com o gerente da empresa, Felipe Masztaler Aurichio, as vendas deste ano serão menores que as do ano passado. Foi preciso buscar alternativas para aquecer o mercado em tempos de pandemia. Ele comenta que a empresa adotou um sistema de entregas de ovos de Páscoa: Felipe conta que antes da Covid-19, a produção estava em torno de 7 mil ovos. Este ano, serão 5 mil ovos de chocolate para venda na loja da fábrica. Para atrair a clientela, a aposta precisa ser em produtos mais inovadores, com recheio diferentes, tradicionais, trufados, sem açúcar e sem lactose. Em um outro comércio de chocolates do município, a solução encontrada foi a montagem de cestas personalizadas. Os clientes entram em contato pelo celular ou por meio das redes sociais, indicam os produtos e recebem o chocolate em casa. Responsável pela iniciativa, a empresária Gabriella Moura comenta que a solução ajudou a equilibrar as contas: “a gente tem feito até chamada de vídeo com os clientes, temos focado em mandar muitas fotos e muitos vídeos. Também temos feitos promoções como entregas grátis, pois sabemos que o quanto é difícil para nós também é difícil para os clientes”. Pandemia de Covid-19 faz aumentar as encomendas de ovos de páscoa por delivery Veja mais notícias no G1 Itapetininga e Região Confira a receita de um ovo da páscoa regional para essa Páscoa A receita dessa edição do É do Pará é para se preparar para o feriado da Páscoa. A chef Lia Rodrigues, que há sete anos se dedica aos doces, ensina o passo a passo para fazer um ovo de chocolate que reúne ainda os ingredientes regionais cupuaçu, castanha do Pará e cumaru. Confira o modo de preparo da receita no vídeo acima. Casca do ovo Brownie Creme de cumaru Praliné Chegou a hora de encontrar pães diferentes para vender hoje mesmo. Aqui em Melhores Pães, reunimos 10 dicas para você começar a comercializar agora. Acompanhe nossa lista a seguir. São pães congelados da Iannuzzi. O cheirinho é o mesmo. O sabor é o mesmo. Você vai se surpreender com a marca Iannuzzi em pão francês. A chipa é uma iguaria tradicional das culinárias paraguaia e argentina. Na Iannuzzi, a Chipa está na Linha Gourmet. E com sabor incomparável! Feito com azeite de oliva. Receita exclusiva. Os ingredientes são sal, farinha de trigo, azeite, leite em pó, ovos e fermento fresco. Massa versátil, pode ser assada sem recheio ou utilizar para lanches. E ainda cobrir para rechear. Uma delícia! É prático como lanche para as crianças na escola. Opção para agregar ou substituir o pão francês. Trata-se de produto leve, macio e saboroso. Tem um sabor irresistível. Também pode trocar pelo pão francês. O pão suíço tem receita exclusiva da Iannuzzi. Já ouviu falar? Ela é semi folhada. Trata-se de pão doce saboroso, macio e leve. Descongelou, cresceu um pouco, fritou, passou no açúcar com canela. Irresistível! Aqui a melhor opção para lanches. Pode ser doce ou salgado. Os recheios são leves e deliciosos. Que tal um café da tarde com esse pão de queijo tão prático? Encerramos com uma opção menor e mais leve. Os mini pães são práticos e irresistíveis. Trata-se de uma empresa familiar, com raízes na Itália. Desde 1995 em Atibaia, no ramo da panificação, a Iannuzzi se consolidou no interior de São Paulo como padaria de qualidade e com a produção dos pães congelados. Grandes empresas são construídas por grandes pessoas. E não é diferente com a Iannuzzi. A empresa investe na capacitação profissional dos seus funcionários. E não mede esforços para alcançar os melhores resultados. Na Iannuzzi, por exemplo, há um setor amplo da área de engenharia, com engenheiros de alimentação, estudando os mínimos detalhes para encontrar as melhores soluções. Quero ser um representante comercial de pães. Procuro uma distribuidora de pães. Quero criar a minha própria marca de pães com a estrutura da fábrica Iannuzzi. Ou ainda: quero vender pães diferentes pela internet. Ficou interessado no produto? Siga as redes sociais da Iannuzzi para receber mais dicas, receitas e informações. Para comprar pães congelados pela internet, basta chamar a Equipe de Atendimento Iannuzzi pelo WhatsApp. Acesse Melhores Pães no G1 e confira dicas com receitas, dicas para alimentação saudável e dicas para criar uma nova renda com pães. O vice-governador do DF, Paco Britto (Avante). — Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília O governo do Distrito Federal divulgou um edital de licitação para contratar uma empresa que deve fornecer ""alimentos de primeira qualidade"" para a residência oficial do vice-governador, Paco Britto (Avante). A estimativa é gastar até R$ 122 mil pelo período de um ano, ou seja, R$ 10 mil por mês. A lista inclui, entre outros itens, o fornecimento de 863 quilos de carne, 200 quilos de pão de queijo e 2,5 mil litros de refrigerante (veja mais abaixo). Paco Britto não mora na residência oficial, no Lago Sul. Porém, segundo o GDF, ""a contratação é necessária para suprir a demanda de alimentos servidos nos compromissos oficiais inerentes ao exercício do cargo de vice-governador do DF"". Compras da Residência Oficial do vice: 863 kg de carne e 2.500 litros de refrigerante Acionado pela reportagem, o GDF informou que o valor é uma estimativa baseada no consumo de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Naquele ano, a residência recebeu 635 pessoas em 66 reuniões oficiais. A assessoria do vice não disse quantas pessoas foram recebidas na residência oficial no ano passado, mas informou apenas que ""houve várias reuniões presenciais"", em meio à pandemia. Ainda de acordo com o governo local, só serão pagos só os alimentos que forem consumidos. Entre os itens previstos estão: De acordo com o documento, ""é comum que o vice receba autoridades do Brasil e do exterior"". O edital diz ainda que ""a residência oficial também é usada para reuniões do GDF, onde, em via de regra, são servidas refeições"". Em 2019, o gasto da residência oficial do vice-governador com comida já havia sido alvo de polêmica. À época, o Executivo local abriu licitação para adquirir 223 tipos de alimentos, ao custo de R$ 147 mil. Entre os itens, estavam: Após a polêmica, o governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou o cancelamento do edital. Segundo o ato, a medida atendia ""aos princípios do interesse público e da economicidade"". Leia mais notícias sobre a região no G1 DF. Goiatuba vai fornecer ovos embrionados para vacina ButanVac Uma granja localizada em Goiatuba, no sul de Goiás, deve ser uma das responsáveis por fornecer ovos embrionados para o desenvolvimento da vacina Butanvac, de produção nacional do Instituto Butantan. A empresa responsável pela planta é a Globoaves, cujo presidente, Roberto Kaefer, disse que espera uma produção de até 360 mil ovos por dia. “Serão 380 mil aves em produção, cerca de 360 mil ovos por dia sendo produzidos em Goiatuba. Esses ovos são classificados e têm um aproveitamento de 75%, porque é uma seleção que a gente faz. Eles são incubados por 10 ou 11 dias, depois são transportados para o Butantan”, detalhou. A empresa tem outras plantas em outras partes do Brasil e já fornece os ovos para produção das vacinas contra a gripe, mas prepara a unidade goiana para esse fornecimento exclusivo para o desenvolvimento da Butanvac. Granja em Goiatuba deve produzir ovos para desenvolvimento da vacina Butanvac — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Segundo o supervisor de biotecnologia da empresa, Ronaldo Alves Pereira, a granja em Goiatuba é atualmente uma matriz de corte - onde nascem os frangos para abate -, mas está passando por uma reforma, sendo adaptada para conseguir produzir os ovos embrionários, que é o tipo necessário para a fabricação das vacinas. ""A granja de Goiatuba é uma das que temos mais preparada para isso. Estamos em reforma a todo vapor que deve ficar pronta nos próximos 45 dias. Ela foi construída há dez anos, mas já é uma granja moderna, feita pensando numa possibilidade de expansão”, explicou. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), chegaram a Goiás mais de 1,2 milhão de doses de vacinas para imunizar os grupos prioritários contra a Covid-19. A pasta divulgou, na quinta-feira (1º), que foram aplicadas 487.180 doses das vacinas contra a Covid-19 em todo o estado. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 127.146 pessoas. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Produção de ovos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Ovos de Páscoa em supermercado de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV O Procon, que é a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, encontrou diferenças ao comparar preços entre ovos, tabletes e caixas de bombons de chocolate das mesmas marcas nesta Páscoa no estado de São Paulo. O feriado é comemorado nesta sexta-feira (2). Levantamento feito pela Escola Paulista de Defesa do Consumidor, por meio do seu Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP, encontrou a maior diferença de preços num tablete de chocolate (94,19%). O produto que num estabelecimento custava R$ 9,69, era vendido em outro por R$ 4,99. Diferença de R$ 4,70 em valor absoluto. Entre os ovos de Páscoa, a maior diferença encontrada foi de 50,48%. Num ovo de 225 g, seu preço em um estabelecimento foi de R$ 89,99 e, em outro, R$ 59,80. Em valor absoluto a diferença foi de R$ 30,19. Nas caixas de bombons, a maior diferença foi de 81,51%: uma caixa com 12 unidades custava R$ 47,50 em uma loja e, em outra, R$ 26,17, diferença de R$ 21,33 em valor absoluto. Na comparação dos produtos comuns entre as pesquisas online de 2021 e 2020 constatou-se que houve, em média, acréscimo no preço médio nos bombons de 7,38% e nos tabletes de chocolate de 8,95%. Já o preço médio dos ovos de Páscoa apresentou decréscimo de 2,05%. O levantamento foi realizado em nove sites, nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro. Foram pesquisados 96 itens entre caixa de bombons, ovos de Páscoa e tabletes de chocolates. Só foram comparados os produtos encontrados em, no mínimo, três dos locais visitados. A orientação do diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez, é para que o consumidor faça a comparação entre os preços praticados por diferentes estabelecimentos. É importante verificar com atenção o prazo de validade, a composição e o peso líquido do produto. Produtos licenciados com personagens em geral têm um preço mais elevado, em face do repasse do custo deste licenciamento. Ovos de Páscoa que trazem brinquedos em seu interior devem apresentar em sua embalagem a frase “Atenção: contém brinquedo certificado no âmbito do Sistema Brasileiro da Avaliação da Conformidade”. Também é obrigatória a indicação de faixa etária ou, se for o caso, frase que informe que não existe restrição de faixa etária. O brinquedo deve ter o selo do Inmetro em sua embalagem, identificação do fabricante ou importador (nome, CNPJ, endereço), instruções de uso e de montagem, quando for o caso, e eventuais riscos que possam apresentar à criança. Pão de queijo feito com três ingredientes. — Foto: Leo Paixão / Arquivo pessoal No dia 17 de agosto é celebrado o Dia do Pão de Queijo. E nada melhor para comemorar do que uma fornada quentinha no café da tarde. O chef mineiro do Mestre do Sabor, Leonardo Paixão, ensina uma receita com apenas três ingredientes (veja abaixo). A praticidade chamou atenção nas redes sociais e a receita viralizou. “Inacreditável, foi o que mais me alavancou nas redes sociais. Inclusive, esgotou o polvilho azedo em diversos supermercados de Belo Horizonte”, disse o chef. Leonardo Paixão ensina receita de pão de queijo com três ingredientes — Foto: Leo Paixão/Arquivo pessoal De acordo com a pesquisadora gastronômica do Senac Vani Pedrosa, o pão de queijo surgiu por volta de 1750, quando fazendas mineiras começaram a produzir leites e derivados. Naquela época não havia farinha de trigo no estado, mas polvilho não faltava. Leonardo Paixão — Foto: Click Estúdio/Leo Paixão/Divulgação Quando o quitute surgiu, as farinhas disponíveis para panificação em Minas eram aquelas à base de mandioca e de milho. Segundo Paixão, daí vieram também as tradicionais broas da culinária mineira. “Geralmente, o pão de queijo era feito com o soro do leite que sobrava, escaldava, depois acrescentava o ovo e o queijo. Essa receita com três ingredientes, o pão de queijo minuto, é tradicional nas regiões do Serro e qualquer um pode fazer em casa. Na minha opinião, é o mais saboroso, fica estourado de queijo e leve”, afirmou. No Dia do Pão de Queijo, aprenda receita com 3 ingredientes Ingredientes: (Use a lata de creme de leite para medir o mesmo volume para os três ingredientes). Como fazer: Misture as três proporções iguais de ingredientes e acrescente sal a gosto. O creme de leite deve ser de caixinha ou de latinha, não pode ser o fresco. Com duas colheres, tire porções de massa e coloque em uma assadeira untada. Comece assando a 200ºC e, quando corar, abaixe para 180ºC. Deixe no forno até “firmar a casca”. Hora do Rancho' te ensina a preparar um saboroso pão de mel Ingredientes 100g açúcar mascavo; 100g mel; 320g leite; 1 colher de chá de canela em pó; 1 colher de chá de cravo em pó; 180g farinha de trigo; 15g fermento; 10g bicarbonato; doce de leite e cobertura de chocolate para rechear. Modo de preparo Em uma tigela misture o leite, o açúcar mascavo, o cravo, a canela em pó e o mel. Misture bem. Em outro recipiente coloque a farinha, o bicarbonato e o fermento e misture. Aos poucos, acrescente a mistura seca na líquida até tudo ficar homogêneo. Leve ao forno preaquecido a 180 graus em uma forma untada por 25 minutos. Depois de pronto e já frio, corte os pedaços, coloque o recheio de doce de leite e mergulhe na cobertura fracionada. Leve a geladeira e depois é só servir. Ovos de Páscoa criados por Walter Musco — Foto: Vincenzo PINTO / AFP Em um bairro popular no sul de Roma, as vitrines de uma confeitaria exibem suntuosos ovos de Páscoa multicoloridos, alinhados como obras de arte, uma homenagem à arte e à confeitaria. Cada ovo de chocolate é esculpido em homenagem a um conhecido artista por Walter Musco, um romano de 47 anos apaixonado pela arte moderna e especialista em confeitaria na decoração de uma das tradições culinárias da festa do Domingo de Páscoa. Sob um coração vermelho, os personagens de Keith Haring se destacam, um ovo amarelo-girassol foi adornado com as famosas incisões das telas do pintor ítalo-argentino Lucio Fontana, conhecido por seus trabalhos abstratos. ""Surgiu de uma ideia muito simples, minha paixão pela arte, que se estendeu à literatura, à música e ao cinema"", explicou Walter em conversa com a AFP. ""Todos os artistas que cito nesta exposição representam dez anos de produção. São os mais representativos e os que mais gosto. Incluí muitos artistas italianos (...) e internacionais, mas sobretudo da pop art: Keith Haring, Roy Lichtenstein"", acrescenta. Surpreende o ovo com um vestido de veludo vermelho, inspirado na estilista Azzedine Alaïa. Esses ovos especiais custam entre 150 e 400 euros (cerca de R$ 1 mil a R$ 2,6 mil). ""Alguns pude decorar rapidamente, outros, porém, exigiram vários dias de trabalho"", explica Walter, cuja cabeça está raspada com a mesma perfeição de suas criações. Por serem muito caros, esses ovos de chocolate raramente são comidos. ""Eles podem ser mantidos por muito tempo em lugares frescos, onde a temperatura não é muito alta"", recomenda. Alguns ovos pertencem a coleções particulares de clientes que os compraram, mas nunca quiseram abri-los ou comê-los. Para suas obras gastronômicas, Walter, que as fabrica inteiramente à mão, usa 55% de chocolate amargo. ""Todas as cores que usamos são para alimentos e são misturadas à manteiga de cacau em proporções precisas"", explica. Na oficina localizada no porão de sua confeitaria, no bairro de Tor Marancia, Walter voluntariamente se presta a uma demonstração de seu talento e armado com uma faca afiada, concentrado como um cirurgião em frente à mesa de operação, desenha com um gesto confiante. ""Sou autodidata. Tive uma galeria de arte há muitos anos. Vendia arte da África, Sudeste Asiático, Oceania, de aborígenes da Austrália. Aí me apaixonei por essa forma de arte mais eurocêntrica"", confessa com um grande sorriso. ""Tudo o que é abstrato e difícil de entender tem um forte impacto emocional"", diz ele. Também gostaria de contar com a colaboração de atores para suas criações, um projeto que o empolga para continuar evoluindo em busca de novas ideias e opiniões. Walter Musco entre algumas de suas criações: os ovos de Páscoa podem custar até 400 euros — Foto: Vincenzo PINTO / AFP Conheça opções diferentes de ovos de Páscoa em Ribeirão Preto A Páscoa em Ribeirão Preto (SP) terá os tradicionais ovos de chocolates trocados por sabores inusitados, como coxinha de frango, temaki e cerveja. Nas novas receitas, não faltou o ingrediente principal: criatividade. Os empreendedores que criaram os cardápios inusitados buscam alavancar as vendas e atrair ainda mais clientes durante um período em que lojas e restaurantes seguem fechados diante do agravamento da pandemia de Covid-19. A estudante Ana Carolina Matheus trabalha com a venda de doces há um ano. Junto com uma amiga, criou uma confeitaria que incialmente tinha como foco os produtos gourmet. Junto com a avó, apostou em uma opção salgada e deu certo. Na embalagem, o cliente recebe uma coxinha de frango em formato de ovo de chocolate. O produto é aberto, com o recheio em cima, e vai acompanhado de outras três coxinhas menores. Deu certo. Ovo de coxinha tem feito sucesso na Páscoa em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reproduçaõ/EPTV Helena Kimura, gerente de um restante de comida japonesa, conta que a produção do ovo temaki começou com um desafio de uma amiga no ano passado. Após divulgar a inovação nas redes sociais e receber a avaliação positiva dos clientes, resolveu investir nas vendas. Com o saldo positivo nas vendas 2020, o restaurante resolveu investir ainda mais na produção neste ano, comprando mais materiais e aumentando a fabricação. Segundo Helena, o ovo composto basicamente por arroz, sushi e cream cheese agradou o paladar de quem experimentou.. Ovo de temaki é nova tendência de vendas em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV A sommelier de cerveja, Bia Macedo, produz doces há quatro anos e viu na junção de cerveja com brigadeiro as vendas de ovos de Páscoa aumentarem. Para ela, a busca por novidade dentro do segmento é constante e a popularidade dos ingredientes foi um fator essencial para que as encomendas disparassem. Os dois ingredientes juntos, de acordo com a sommelier, formaram um ""casamento perfeito"". Ovo de chocolate com cerveja tem conquistado o paladar dos clientes em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Reprodução/EPTV Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca Ovos de Páscoa em supermercado de Palmas — Foto: Procon Palmas/Divulgação O Procon de Palmas realizou uma pesquisa sobre os ovos de Páscoa que já estão sendo vendidos em supermercados e lojas de departamento da capital. As equipes de fiscalização encontraram grandes variações de preços, com o mesmo produto sendo vendido por até 76% a mais dependendo do local. O levantamento foi feito em nove estabelecimentos de todas as regiões da cidade. As comparações são sempre entre produtos da mesma marca e peso. A variação de 76% foi encontrada em três itens. São dois ovos de 185 gramas e um de 196 gramas. No estabelecimento mais barato eles saem por R$ 24,99 e em outros mais caros chegam a custar R$ 43,99. Ao todo, o Procon levantou preços de 17 tipos diferentes de ovos. Em termos absolutos, o valor de R$ 24,99 é o mais baixo entre todas as marcas e tamanhos de ovos pesquisadas. O maior valor encontrado na pesquisa é para um ovo de apenas 170 gramas que chega a custar R$ 76,49. A pesquisa completa, com todos os valores e a lista de estabelecimentos, foi publicada no site da prefeitura. Quem quiser pode consultar a tabela para saber onde encontrar ovos mais baratos. O Procon fez ainda um alerta lembrando que informações como se os ovos têm brinquedos dentro ou se possuem alguma restrição de idade são obrigatórias nas embalagens. O brinquedo, caso venha acompanhando o chocolate, deve ter o selo do Inmetro, a identificação do fabricante (nome, CNPJ, endereço), o importador (caso o brinquedo seja importado), as instruções de uso e de montagem, e eventuais riscos que possam apresentar à criança. Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. Se tem uma coisa que toda criança adora além de sonhar é comer. O É do Pará deste sábado (4) convidou a nutricionista Simone Silva que ensinou a fazer duas receitas saudáveis para as crianças. Aprenda a fazer um pão de queijo de frigideira e um smoothie de morango com beterraba. Veja no vídeo a receita: Aprenda a fazer pão de queijo de frigideira e smoothie de morango com beterraba -250 g de morango - 1 fatia de beterraba -2 xícaras de leite de coco -2 xícaras de gelo -1 colher de sobremesa de linhaça dourada Em um liquidificar acrescente todos os ingredientes, bata por uns minutos e está pronto para servir. -1 ovo -Duas colheres de goma de tapioca -Queijo parmessão ralado -Uma pitada de sal Em um refratário coloque um ovo, duas colheres de tapioca, queijo ralado parmessão e uma pitada de sal. Misture bem todos os ingredientes. Em uma frigideira despeje todos os ingredientes ja envolvidos, deixe dourar dos dois lado e pronto sirva a vontade. Moradores receberam kits de chocolate para celebrar a Páscoa em Bauru — Foto: TV TEM/Reprodução Iniciativas solidárias deixaram o feriado mais doce para algumas famílias de Bauru (SP) neste sábado (3), com doações de café da manhã, kits de chocolate e ovos de Páscoa. O projeto voluntário ""Casa da Sopa"" fez um café da manhã em uma praça no Jardim Petrópolis, com pães, bolos e outros alimentos. A iniciativa é feita todo sábado, mas desta vez, a refeição contou com kits de chocolates distribuídos para as crianças das 60 famílias atendidas pelo projeto. Café da manhã no Jardim Petrópolis, em Bauru, contou com pães e bolos — Foto: TV TEM/Reprodução A auxiliar de limpeza Talita Silva Lopes de Oliveira aproveitou a ação, que deixou o feriado mais alegre para os seus cinco filhos. ""Não é sempre que dá para fazer alguma coisa diferente para eles”, admite. De acordo com a voluntária Eide Ferreira Lima Abreu, o objetivo do projeto neste sábado foi justamente esse: levar alegria para as crianças na Páscoa. Iniciativa de voluntários deixa Páscoa mais doce para famílias carentes em Bauru “Vai me ajudar bastante. Só meu marido está trabalhando, então ajuda bastante a gente”, afirma Patrícia dos Santos Monteiro, que está desempregada e grávida do sexto filho. Crianças receberam ovos de Páscoa neste sábado (3) em Bauru — Foto: TV TEM/Reprodução Uma outra iniciativa que alegrou a Páscoa dos moradores de Bauru neste sábado (3) foi a de uma família que, há dois anos, realiza ações solidárias em datas comemorativas no assentamento Morada Nova. Nesta Páscoa, o casal e os filhos receberam 170 ovos de chocolate de uma entidade para distribuir às crianças. “Fico até emocionada porque vai juntando um pinguinho, um pinguinho e você vê o sorriso. Não tem preço”, declara Janaína Souto Teixeira Alves. Família distribui ovos de chocolate em assentamento em Bauru — Foto: TV TEM/Reprodução E o sorriso citado por Janaína foi visto neste sábado (3) no rosto de Abner de Andrade, de apenas 10 anos. ""Faz tanto tempo que eu não ganho ovo e 'tô' feliz'. Agora vou passar a Páscoa inteira com a minha mãe"", disse. *Com informações de Gabriela Dias, TV TEM. Veja mais notícias da região no G1 Bauru e Marília Aprenda a fazer ovo de páscoa recheado mais saudável A confeiteira funcional Sônia Nóbrega ensinou uma receita de ovo da páscoa mais saudável que os convencionais, no Bom Dia Paraíba. A onda fitness veio com toda e muita gente não deixa de lado o prazer de comer chocolate, mas escolhe por produtos mais saudáveis. A receita é ovo da páscoa sem lactose, glúten e açúcar, com recheio de paçoca cremosa. Aprenda receita de ovo de páscoa colher mais saudável — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco Bater o amendoim, o açúcar e uma pitada de sal no processador, até formar uma pasta. Depois de fazer a paçoca cremosa, derreta o chocolate como preferir e transfira para um pote de vidro. Encha um refratário com água gelada e coloque o pote com o chocolate dentro do refratário com água, para um processo chamado de temperagem. Mexa o chocolate até que o chocolate baixe de temperatura. Com o chocolate frio, coloque ele na primeira camada da forma de ovo de páscoa e dê batidinhas, para retirar as bolhas de ar que se formam. Coloque a segunda camada de silicone da forma e depois, a terceira camada. Leva a geladeira por 10 minutos. Após isso, retire o chocolate da forma e recheie com a paçoca cremosa. Pão caseiro: cariocas investem em panificação na quarentena Quem não tinha muito costume de colocar a mão na massa, literalmente, achou na quarentena uma ótima oportunidade para se aventurar e aprender a fazer pães de diferentes formas e sabores. No Rio de Janeiro, a prática milenar virou onda durante a pandemia do novo coronavírus, e muitas pessoas investiram tempo e dinheiro para adquirir conhecimentos sobre pães, tão comuns na casa das pessoas. O designer Eduardo Oliveira, 37 anos, sempre amou cozinhar, mas nunca tinha feito um pão caseiro até chegar a quarentena. Ele revela que seu primeiro contato com os pães começou na primeira semana do isolamento social e que, depois disso, não parou mais. Hoje falta até espaço em sua geladeira para armazenar o famoso fermento natural. Eduardo Oliveira conta que nunca tinha feito pão antes da quarentena — Foto: Nina Ramos ""Eu sempre quis aprender a fazer pão, mas trabalhando fora de casa sempre chegava cansado e não tinha disposição. Então substitui uma atividade física que eu fazia regularmente como distração - o tênis - por outra distração"", conta Eduardo. Sem saber nada do processo, a primeira coisa que Eduardo fez foi buscar na internet sobre o assunto. De acordo com o Google, desde o início da série histórica da plataforma online (2004), nunca se buscou tanto por “como fazer pão” quanto em abril de 2020. As buscas pelo termo cresceram 72% entre março e julho deste ano se comparadas com o mesmo período do ano passado. O termo ""receita de pão caseiro"" atingiu seu nível recorde também em abril deste ano. E a palavra Levain, que significa fermento natural, teve seu ápice das buscas em maio. ""Joguei na busca 'pão caseiro simples', vi o passo a passo, e comprei os ingredientes. Os itens básicos do pão são farinha e água. Faltava o fermento. O primeiro pão fiz com fermento biológico seco. E deu certo. Continuei pesquisando e vi que poderia fazer o fermento em casa. É o chamado levain. Já tinha uma balança de cozinha, que é essencial pra pesar os ingredientes, e fiz o primeiro levain"", acrescenta. O designer já fez pão de fermentação natural, focaccia, ciabatta e massa de pizza — Foto: Nina Ramos Por conta dos fermentos caseiros, a mulher de Eduardo, Nina Ramos, diverte-se ao dizer que agora em sua casa faltam potes de vidro e espaço na geladeira para guardar outros alimentos. Um dos pães feitos por Eduardo Oliveira durante a quarentena — Foto: Nina Ramos Depois de fazer pão de fermentação natural, focaccia, ciabatta e massa de pizza, Eduardo decidiu que era hora de criar ferramentas para facilitar sua empreitada culinária. Ele então criou uma planilha em que ele insere as receitas e consegue calcular a quantidade certa dos ingredientes. ""A base dessas receitas é basicamente a mesma: farinha, água, fermento e sal. A diferença fica nos detalhes: em uma entra uma gordura, em outro muda a quantidade de água, em outro muda o processo de modelagem da massa...E eu sou um tanto quanto metódico e viciado em planilhas. Então, criei uma planilha pra inserir as receitas dos pães com essas variáveis. Eu só coloco a quantidade de farinha que quero usar pra fazer o pão e a planilha calcula o restante automaticamente."" Para muitos, a nova experiência virou até negócio, como é o caso da Érica Borges Rezende, o marido Caio e a sogra Elaine de Paula, da Focaccia Carioca. O experimento, que começou como um hobby, ganhou investimento e agora é uma fonte de renda da família. Focaccia: negócio da família Rezende — Foto: Reprodução/Focaccia Carioca ""Nessa quarentena, em razão da dificuldade e do medo inicial de comprar produtos frescos, começamos a fazer e testar inúmeras receitas diferentes, começamos com o tradicional pão francês, fizemos pães rústicos, o próprio macarrão e até sobremesas, como coockie, donut, brownie. E uma dessas receitas desenvolvidas foi a focaccia, que imediatamente virou a paixão da casa, sempre que acabava alguém pedia para fazer mais"", conta Érica, que também fica responsável pela divulgação dos produtos. Quem comanda a cozinha é a sogra dela, Elaine, e que, segundo eles, ""manda muito bem"" nos quitutes. ""Após desenvolver a receita base da massa, passamos a brincar com o sabor delas, adicionando alho confitado, outra de queijo meia cura. Eu cheguei a fazer uma de bacon com cebola roxa, que embora tenha ficado muito boa, não entrou no cardápio, ainda"", adiantou Elaine. O marido de Érica conta que ficou impressionado com a rapidez com que o modelo de negócio ganhou forma. ""Sempre tivemos a vontade de empreender nesse ramo e, antes que déssemos contas, a Érica já havia criado o nome, montado uma página na internet e redes sociais e já havia vendido mais de 30 focaccias, só no primeiro dia. Naquele dia ainda não tínhamos uma estrutura adequada para atender, foi uma correria danada mas deu tudo certo, e a partir da focaccia desenvolvemos os acompanhamentos"", detalha Caio. Focaccia Carioca: um negócio em família que nasceu durante a pandemia — Foto: Reprodução Para a família, a pandemia criou a oportunidade que eles realizassem um sonho antigo. ""Ainda somos uma empresa em pleno desenvolvimento, pois temos apenas dois meses, mas já temos uma demanda incrível, grande parte em razão do momento que estamos vivendo. Momentos como esse, de pandemia, nos permite refletir, nos trazem grandes perigos, mas também grandes oportunidades, e foi assim que surgiu a Focaccia Carioca, complementa Érica. E com tanta gente fazendo pão em casa, alguns profissionais do ramo ficaram com medo de perder o emprego ou acharam que as vendas pudessem ter uma queda considerável. Ricardo Alves, padeiro em uma padaria em Icaraí, Niterói, conta que a venda dos pães caiu um pouco, mas que ninguém foi mandado embora por isso. Já Isaías Abreu, de 63 anos, dono da padaria Panteão do Sabor, em Nova Iguaçu, diverte-se ao dizer que os ""novos padeiros da quarentena"" são uma espécie de ""concorrência do bem"". E ele ainda dá dicas para quem quer empreender. ""Acho que tem espaço pra todo mundo, é uma saída que as pessoas desempregadas têm. Com uma receita de massa básica dá para criar uma linha de produtos como pão doce, os sonhos, os donuts, massas folhadas. Acho que o importante é todo mundo sobreviver a essa crise aí"", aponta Isaías. Isaías Abreu, dono da padaria Panteão do Sabor, em Nova Iguaçu, dá dicas para quem quer empreender — Foto: Marcelle Abreu Ele trabalha nesse ramo há 50 anos, desde os anos 70, e aprendeu a fazer pães observando os padeiros. Recentemente, Isaías se acidentou e precisou ficar três meses afastado do trabalho. Nesse período, estudou receitas de produtos na internet e cursos para atualização de seu negócio. ""Houve uma queda nas vendas. Tínhamos uma produção em que colocávamos os produtos no centro da padaria, mas precisamos tirar as mesas. Ficamos com básico mesmo no balcão, com limite para não aglomerarem, e isso fez as vendas caírem muito. Mas tivemos a ajuda de uma excelente publicitária que divulgou nossos produtos na internet e começamos a fazer as entregas em domicílio"", comenta ele, que ganhou a ajuda da filha Marcelle Abreu na divulgação dos produtos e no delivery. Ainda de acordo com o Google, as receitas mais buscadas relacionadas a “receita de pão”, nos últimos 30 dias foram: E se você leu a reportagem e ficou com vontade de fazer um pão para chamar de seu, a gente te dá um empurrãozinho. E já que a busca na internet do termo ""receita pão caseiro"" bateu recorde esse ano, anota aí uma receita simples de pão caseiro, ensinada pelo profissional Isaías Abreu. Receita: aprenda a fazer um delicioso pão adocicado Pão caseiro salgado — Foto: Marcelle Abreu Ingredientes: Passo a passo Esponja (pré-fermentação): Massa: Pão caseiro massa adocicada — Foto: Marcelle Abreu Ingredientes: Passo a passo Esponja (pré-fermentação): Massa: VÍDEO: Alguns pontos turísticos do Rio reabrem com medidas de restrição O Bondinho Pão de Açúcar abre neste domingo (11), das 12h até as 19h, com venda de ingressos até as 18h. De acordo com a administração do ponto turístico, todas as medidas de segurança foram adotadas e o espaço está funcionando com capacidade reduzida. O Parque Nacional da Tijuca também está aberto e tem várias atrações e atividades ao ar livre. Mas o horário de funcionamento e quantidade de visitantes também estão restritos. O Corcovado está com visitação liberada das 12h às 19h, respeitando o limite de 40% da capacidade total. O Parque Lage está com a visitação aberta ao público das 12h às 17h, com limite de capacidade de 50% e entrada mediante a agendamento prévio pelo site ou pelo aplicativo. A trilha Parque Lage – Corcovado está fechada. As trilas da Pedra Bonita e da Pedra da Gávea também estão fechadas para qualquer tipo de atividade. Estão proibidos ainda o acesso a cachoeiras e mirantes. Os voos duplos e de instrução seguem proibidos a partir da rampa de voo livre da Pedra Bonita. Estão permitidos apenas os voos individuais. O tempo fica ensolarado ao longo do dia na capital fluminense, sem previsão de chuva e temperatura de até 35°C. BPRv apreende 2,5 mil bandejas de ovos sem nota fiscal em Arapiraca, AL O Batalhão de Polícia Rodoviário (BPRV) apreendeu cerca de 2.500 bandejas de ovos sem nota fiscal na AL-115, na cidade de Arapiraca, Agreste de Alagoas. Segundo a polícia, os caminhoneiro estava parado às margens da rodovia em atitude suspeita. Os policiais verificaram a documentação do veículo e do motorista, que não tinha irregularidades. O motorista disse que a carga vinha de Pernambuco. A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) foi acionada e fez um termo de apreensão de mercadoria. A carga foi recolhida para o pátio do BPRv. Caso os responsáveis não paguem a multa, os ovos serão entregues para instituições de caridade. BPRv apreende cerca de 3.500 bandejas de ovos em Arapiraca, Alagoas — Foto: BPRv Veja mais notícias da região no G1 Alagoas Produtos furtados pelas três mulheres — Foto: Divulgação/Polícia Militar Três mulheres foram presas por furtar ovos de Páscoa, barras de chocolate, balas e brinquedos em Resende (RJ) no fim da tarde de segunda-feira (29). O estabelecimento invadido foi a Lojas Americanas do Resende Shopping. Segundo a Polícia Militar, elas colocaram tudo em uma mochila e pediram um carro de aplicativo para fugir. Os agentes ficaram sabendo do furto, receberam a descrição do veículo em que elas estavam e conseguiram abordar o automóvel na Via Dutra, próximo ao retorno do Polo Industrial. Na mochila tinha dois ovos de Páscoa, 142 barras de chocolate, uma caixa de bombom, nove sacos de bala de gelatina e três caixas com cinco carrinhos em cada uma, além de 31 carrinhos avulsos. As três mulheres, com idades entre 25 e 34 anos, foram levadas para a delegacia de Resende. Elas ficaram presas e vão responder por furto. O motorista de aplicativo, de 41 anos, também foi para a delegacia, mas foi ouvido e liberado. Aprenda como fazer receita de pizza de pão dormido no Chef JPB — Foto: TV Paraíba/Reprodução Chef JPB deste sábado (25) mostrou como fazer uma pizza de pão dormido com ingredientes bem simples. O chef de cozinha Luiz Milane foi quem ensinou a receita. Massa Recheio Aprenda como fazer receita de pizza de pão dormido no Chef JPB — Foto: TV Paraíba/Reprodução Corte o pão em rodelas, umedece com a água, acrescenta o queijo e o ovo. Encorpe a massa bem, coloque na forma untada com trigo e manteiga. Depois leve ao forno 180 graus para pré-assar por aproximadamente 15 minutos. Depois recheie a massa na seguinte sequência: molho de tomate , muçarela, requeijão e rodelas de tomate. Coloque mais 15 minutos de forno para gratinar. Ovo frito, ovo cozido e ovos mexidos feitos pela chef de cozinha Maísa Campos — Foto: Maísa Campos Culinária #013: Aprenda a fazer ovo frito, cozido, poché, mollet e mexido cremoso A comida caseira nunca foi tão valorizada. Com o confinamento causado pelo novo coronavírus, muita gente se arriscou pela primeira vez na cozinha e fez suas primeiras receitas na quarentena. A comida feita em casa virou uma boa alternativa para economizar e manter a saúde, essencial na pandemia. Para muitos, cozinhar virou um hobby. Para outros, foi a descoberta de um mundo de sabores. CLIQUE AQUI E VEJA DE A a Z TODAS AS RECEITAS DO G1 SANTOS A série 'Em casa', do G1, foi criada durante a pandemia do novo coronavírus. Ela é feita com a ajuda de chefs e profissionais da gastronomia que ensinam, de forma simples e direta, como fazer receitas da culinária brasileira e a não errar na hora do preparo, garantindo refeições simples e gostosas no dia a dia. Ingrediente mais prático que o ovo não existe. Ele é usado em várias preparações, mas sozinho também vira a estrela de um prato rápido e gostoso. Tem ovo cozido, mexido e frito. Tem aqueles com cara de sofisticação como o ovo poché e o mollet. E como acertar o ponto certo de cada um deles? Com certeza, quem usou a expressão ""não sabe nem fritar um ovo"", não sabe a dificuldade que é essa tarefa. Mas, a gente descomplicou. A chef de cozinha Maísa Campos, vencedora do 1º Cozinheiros em Ação, no GNT, e professora da Casa 147, ensinou dicas e técnicas para escolher os ovos certos, truques para não errar em cada preparo e ainda dar toques de sabor para obter ovos super saborosos. Chef de cozinha explica como escolher os ovos no mercado — Foto: Maísa Campos Existem três tipos de ovos, segundo definição do Ministério da Agricultura: ovos orgânicos, ovos caipiras e ovos de granja (ou convencionais) Escolha de acordo com a qualidade e a fabricação. Os mais novos sempre e, para isso, olhe a data de validade. Prefira os ovos orgânicos. ""A primeira coisa é chacoalhar o ovo. Ele não pode estar líquido ou solto, tem que estar consistente no interior. A segunda dica é observar as cascas. Quando tiver qualquer rachadura ou quebra, não use. Além disso, se atente a validade e a fabricação, sempre escolhendo os ovos mais frescos"", explica a chef. Ovo mollet: gema cozida por cinco minutos — Foto: Maísa Campos Leve uma panela pequena com água ao fogo médico. Segundo a chef, coloque o ovo em temperatura ambiente quando a água já estiver em ebulição, em uma fervura rasa. Coloque também um pouco de vinagre na água, o que vai ajudar a descascar o ovo posteriormente. O tempo de cozimento vai variar de acordo com o tipo de gema desejado (veja abaixo). Depois de pronto, retire o ovo com uma colher e coloque em uma tigela com água fria para parar o cozimento. Cada ovo apresenta um tipo de gema diferente. Conte os minutos assim que colocar o ovo na panela. Use uma frigideira anti-aderente, em um fogo médio ou baixo, além de adicionar um fio de azeite ou manteiga. Quebre o ovo e coloque-o na frigideira. Se o fogo estiver alto, a gema vai estourar. A chef sugere utilizar uma espátula e ir desgrudando a borda da clara. Para ter um ovo frito com gema mole, deixe por cerca de um minuto. Para ter uma gema cozida, após esse tempo, coloque uma tampa para finalizar o cozimento no vapor. Bata o ovo em uma tigela e despeje na panela ainda com o fogo desligado. Ligue o fogo e deixe cozinhar por cerca de cinco minutos, sempre mexendo. Adicione um pouco de manteiga para dar cremosidade. Ovos mexidos bem cremosos, como os de hotéis, e uma fatia de pão para acompanhar — Foto: Maísa Campos A chef sugere utilizar o vinagre de vinho branco ou maçã para chegar no ponto certo do ovo poché. Utilize 10% de vinagre para a quantidade de água como, por exemplo, 10 ml para 1 litro de água. Esquente a água e o vinagre na panela, mas não deixe ferver. Com um batedor de arame, faça movimentos circulares na água no centro da panela, formando um redemoinho. Despeje o ovo na água. Deixe que o ovo cozinhe por 3 minutos até que a clara fique bem cozida e a gema mole. Retire o ovo com uma colher e coloque em uma tigela com água fria para interromper o cozimento. Ovo mollet é um ovo cozido com gema mole e clara dura. Em água fervente com vinagre, coloque o ovo com casca e deixe cozinhar por 5 minutos. Retire o ovo com uma colher e coloque em uma tigela com água fria para interromper o cozimento. Descasque e parta ao meio. ""Se tiver ovos frescos orgânicos, manteiga, sal e pimenta não tem quase nenhuma chance de errar"", diz a chef Maísa Campos. Ingredientes que ajudam a para fazer e temperar os ovos — Foto: Maísa Campos Policiais civis da 12ª DP, em Copacabana, prenderam na sexta-feira (26) um grupo de sete pessoas que roubava ovos de Páscoa no bairro. Policiais da 12ª DP predenram grupo que furtava ovos de Páscoa no Rio — Foto: Reprodução / TV Globo O primeiro a ser detido foi um homem, que foi levado à delegacia pelo crime. Mas agentes notaram a movimentação de três mulheres e três adolescentes no local e apuraram que elas também tinham participação no furto, avaliado em R$ 1.258,20 em ovos de chocolate. Uma funcionária do estabelecimento comercial furtado fez o reconhecimento das acusadas como coautoras do crime, além das imagens das câmeras de segurança que mostraram a ação. Aprenda como fazer uma pizza com massa de pão de queijo A segunda-feira pode começar diferente, em clima de festa já no café da manhã. E o motivo não poderia ser mais especial: 17 de agosto é o celebrado Dia do Pão de Queijo, a iguaria mais mineira de todas, e muito apreciada por cariocas e fluminenses. E já que é dia de festa, nada melhor do que usar ""roupa nova"". Mesmo que seja para ficar em casa, como manda o figurino nesses tempos de pandemia. Dá para encomendar por telefone e redes sociais pão de queijo nas versões torresmo, pizza, coxinha, sanduíche, de tapioca ou até mesmo na opção tradicional, mas com sabores inusitados, como brócolis, beterraba e vegano. A origem do pãozinho crocante por fora e macio por dentro é controversa. Estudiosos dizem que ela data do século XVII. Mas só na década de 1960 começou a sair do Minas Gerais e ganhar o mundo. E no Rio, vem ganhando versões diferentes, que podem ser pedidas para saborear em casa, nesta época de distanciamento social. O pão de queijo de tapioca, do chef Sebastião, do Empório Farinha Pura — Foto: Divulgação/Farinha Pura Uma dessas versões nasceu das mãos do chef carioca Sebastião Costa, do Empório Farinha Pura, em 2015. Ele conta que foi mais ou menos na época que o carioca começou a descobrir a tapioca. E aí, teve a ideia de juntar os dois quitutes. O pão de queijo de tapioca fez tanto sucesso, que a loja passou a fazer também na versão congelada para o cliente fazer em casa. Outro carioca, o chef Philipe Martins, da Sanduicheria Seu Vidal, resolveu criar, ou melhor, como ele mesmo diz, ""usar e abusar do pão de queijo"". Com a massa maleável, ele inventou coxinha e pizza, um dos carros-chefe da casa. ""A gente que gosta de cozinha está sempre querendo dar um toque pessoal, inusitado aos pratos. A pizza é sucesso porque a massa é leve, não leva farinha, não tem glúten. Agora, para celebrar o Dia do Pão de Queijo, estamos lançando o torresmo de pão de queijo. É a massa cortada em cubinhos e frita com azeite trufado. Fica crocante, salgadinho, uma delícia que dá pra ir do café da manhã ao fim da noite comendo"", disse Philipe. Para celebrar o Dia do Pão de Queijo, o chef Philipe Martins criou o torresmo de pão de queijo — Foto: Divulgação/Alex Woloch A chef Malu Mello cercou o pão de queijo de sofisticação. Como gosta de pesquisar e inovar na preparação dos alimentos em seu catering (serviço de refeições coletivas), transformou a iguaria num sanduíche de costelinha suína defumada, com barbecue de abacaxi. E para quem gosta, pode vir com queijo da Serra da Canastra, derretido com maçarico. A chef Malu Mello colocou suas memórias afetivas no sanduíche de pão de queijo com costelinha, barbecue de abacaxi e queijo da Serra da Canastra — Foto: Divulgação/Lipe Borges Numa outra versão, ela faz pão de queijo meia cura frito com molho pomodoro, tomatinhos cereja e manjericão. ""Cozinhar é uma arte e estou sempre buscando novos sabores e experiências. Nasci no interior fluminense, quase Minas Gerais, num sítio onde meus pais criavam porcos. Então, esse sanduíche tem um toque de Rio e de Minas, muito de memória afetiva com a costelinha defumada, os tomates e manjericão e o queijo produzido pela minha família. Uso sempre alimentos frescos e orgânicos e gosto de pratos mais elaborados"", disse Malu. Pão de queijo frito com molho pomodoro ganha sofisticação na criação da chef Malu Mello — Foto: Divulgação/Lipe Borges Versátil, o pão de queijo também ganhou uma versão mais saudável pelas mãos de uma dona de salão de beleza. Incentivada a ir para a cozinha pela pandemia, a carioca Carolina Duque Estrada encontrou nas receitas diferentes de pão de queijo feito com legumes a saída para sobreviver à crise financeira. E a alternativa deu tão certo, que o Na Lancheira RJ virou a principal fonte de renda da família. ""Com o salão fechado, tive a ideia de fazer pão de queijo para vender. Como sempre gostei de inventar moda na cozinha, comecei a testar umas receitas mais saudáveis, com legumes. Mas não sabia como vender. Aí, tive ajuda de amigos nas redes sociais. Comecei com 200 gramas de queijo para fazer os primeiros pães. Hoje, preciso de 40 quilos de queijos para garantir a produção"", disse Carol. Ela transformou a receita de família do pão de queijo tradicional. Primeiro, usou batata doce e inhame na massa. Deu certo. Agora, quatro meses depois, ela tem as versões de beterraba, cenoura, abóbora, batata baroa, batata doce roxa, aipim, coco e até de brócolis com espinafre. Pães de queijo de legumes, como o de beterraba e o de inhame, viraram principal fonte de renda de Carol Duque — Foto: Divulgação/Divulgação ""Tudo começou porque queria fazer uma comida mais saudável para a minha família. Meu pão de queijo não leva óleo, leite ou ovo. E uso um mix de queijos que não os deixa enjoativos. Fica leve, saudável e gostoso. E ainda tem a versão sem lactose e a vegana"", destacou Carol. Brócolis e espinafre fazem parte da massa do pão de queijo criado por Carol Duque — Foto: Divulgação/Thabata O petisco ganhou um dia só para ele, em 2007, depois de a apresentadora Ana Maria Braga, promover um concurso no programa Mais Você para escolher o melhor pão de queijo do Brasil. A final do concurso aconteceu em 17 de agosto, que passou a ser o Dia do Pão de Queijo. Veja como encomendar as versões cariocas do pão de queijo: Empório Farinha Pura Sanduicheria Seu Vidal Malu Mello Catering Na Lancheria RJ A exportação de ovos no Brasil cresceu 150,6% em volume no primeiro bimestre de 2021, comparado com o mesmo período do ano passado, segundo ABPA. — Foto: Reprodução/TV TEM A exportação de ovos no Brasil cresceu 150,6% em volume no primeiro bimestre de 2021, comparado com o mesmo período do ano passado, de acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em receita, o aumento foi de 152,8%. No início deste ano, mais de 3 mil toneladas foram enviadas ao exterior, arrecadando US$ 4,128 milhões. Olhando apenas para fevereiro, com 1,552 mil toneladas embarcadas, a alta do volume foi 247,9% superior ao mesmo mês em 2020, quando apenas 446 toneladas foram vendidas no mercado externo. Em receita, o crescimento deste mês também foi grande: US$ 2,099 milhões, saldo 172,8% maior que os US$ 769 mil realizados no mesmo período comparativo. Os principais destinos das exportações de ovos do Brasil foram os Emirados Árabes Unidos, compradores de 2,356 mil toneladas no primeiro bimestre deste ano, 209% a mais do que em 2020, e Serra Leoa, que consumiu 103 toneladas do produto, seguida pelo Japão, com 89,2 toneladas. “A forte elevação das exportações em 2021 retoma os patamares de embarques praticados antes da pandemia. O saldo das vendas incrementa as divisas geradas pelo setor produtivo em um momento especialmente importante para o setor de ovos, com os fortes custos produtivos”, avalia Ricardo Santin, presidente da ABPA. Bloco 03 Caminhos do Campo (19 07 2020) A professora de piano Patrícia Lins compartilhou uma receita de família para ensinar a fazer um delicioso pão de mel. Patrícia se mudou de Blumenau (SC) para Curitiba para estudar e, além de uma história de amor com a música, ela contou sobre o carinho que tem com essa receita que passa de geração em geração na família dela. Assista no vídeo acima o passo a passo da receita. Pão de mel é a receita deste domingo (19) do Caminhos do Campo — Foto: RPC/Reprodução A receita rende 24 pedaços de pão de mel Receita de família ensina a fazer pão de mel — Foto: RPC/Reprodução Veja mais receitas na página do Caminhos do Campo. Antes de chegar aos postos de saúde, doses de vacina passam por longo processo até se tornar eficaz — Foto: Reprodução/EPTV O nosso planeta enfrenta um inimigo invisível: o SARS-CoV-2. Enquanto o vírus que causa a COVID-19 se espalha em grande escala pelo mundo, a ciência luta contra o tempo para encontrar uma forma de combatê-lo. Produzir uma vacina eficaz para esse vírus tão pouco conhecido é um dos desafios. As vacinas são de fato a melhor forma de se prevenir do contágio. E vale lembrar que antes do novo coronavírus chegar ao Brasil, outras doenças já eram alarmantes por aqui, como a gripe Influenza tipo H1N1 e H3N2 e tipo B. Mas desde 2011 o nosso País consegue produzir a vacina contra as variáveis desse vírus. O que pouca gente imagina é que a dose adquirida em postos de saúde passa por um longo e delicado processo para ser feita. São mais de oito etapas diferentes até serem criadas de fato as doses da vacina da gripe. Em 2020, em função da pandemia, a produção da vacina contra Influenza foi adiantada. Cerca de 75 milhões de doses saíram da fábrica na Zona Oeste de São Paulo no Instituto Butantan e foram entregues ao Ministério da Saúde desde o mês de março. Doses de vacinas contra a gripe — Foto: Reprodução/ EPTV O número impressiona, mas na fábrica toda a produção é em grande escala. Ano a ano a vacina é ""inovada"", isso porque o vírus influenza que circula no Hemisférios Norte e Sul sofre mutações. E a partir dessas variantes que são identificadas pela Organização Mundial de Saúde é possível planejar a produção da ""nova"" vacina contra Influenza. Caso as cepas presentes não existam no Instituto elas são importadas para servirem de base pra produção atual. Na fábrica do Butantan o vírus é multiplicado em ovos que são fornecidos por uma granja do interior de São Paulo exclusivamente para esta finalidade. Diariamente meio milhão de ovos chega no local. Os vírus são injetados nos ovos e preparados para não causar a doença e ainda ativar a proteção natural do corpo. Os ovos passam por diversas etapas e diferentes equipamentos. Na primeira fase, o vírus é injetado nos ovos por meio de uma máquina inoculadora. Depois disso eles são encaminhados à estufa onde podem ficar por 5 dias ou até um pouco mais para que o vírus se multiplique. Nesse processo o vírus consegue se propagar até 10 milhões de vezes. Após a incubação, os ovos passam por outra ferramenta onde é cortada a parte de cima deles para que seja extraído o líquido onde o vírus se replicou. Uma curiosidade é que, de cada ovo, pode sair até 3 doses de vacina. Ovos precisam ter embriões vivo para produção da vacina — Foto: Paulo Chiari/EPTV A fábrica gera 6 mil litros desse líquido por dia, onde existem trilhões de vírus. O líquido é colocado em filtros e em seguida passa por uma etapa de purificação. Nessa fase os 6 mil litros são transformados em 3 litros de material concentrado. A partir daí o vírus é fragmentado e inativado. Esse processo final de fragmentação e inativação é repetido três vezes, pois a vacina produzida no Butantan é trivalente, protege contra os três principais vírus de Influenza que estão em circulação. As doses são envasadas, rotuladas e encaminhadas para o Ministério da Saúde para serem posteriormente distribuídas pelo Programa Nacional de Imunização. No Instituto Butantan está a maior fábrica de produção da vacina da gripe na América Latina. No ano passado cerca de 60 milhões de vacinas fornecidas foram produzidos por eles. O número de doses aumenta ano a ano. Erro ao carregar o recurso de vídeo. Ocorreu um problema ao tentar carregar o vídeo. Atualize a sua página para tentar novamente. Guarda Municipal de Campinas encontra drogas escondidas em ovos de Páscoa Agentes da Guarda Municipal (GM) de Campinas (SP) apreenderam, na manhã deste domingo (21), cerca de 250 kg de drogas em uma residência na Vila Industrial. Segundo a instituição, parte dos entorpecentes estava escondida dentro de ovos de Páscoa. A GM informou que o local foi encontrado após uma moradora realizar uma denúncia. Segundo ela, a casa, que estava inabitada, exalava um forte odor de drogas. No local, a equipe encontrou o portão entreaberto. Droga estava escondida em ovos de Páscoa, diz GM — Foto: Jonatan Morel/EPTV A perícia foi acionada e, a princípio, a instituição acredita que as porções sejam de maconha, haxixe e pó do pólen da maconha, conhecido como kief. A ocorrência será apresentada na 1ª Delegacia Seccional de Campinas. Parte dos entorpecentes estava dentro de ovos de páscoa, diz GM — Foto: Guarda Municipal de Campinas/Divulgação Veja mais notícias da região no G1 Campinas. Preço da cesta básica voltou a subir em março no Vale — Foto: TV Fronteira O preço da cesta básica no Vale do Paraíba voltou a subir em março após a leve queda registrada em fevereiro. De acordo com o Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais (Nupes) da Universidade de Taubaté (Unitau), o valor apresentou alta de 1,1% no terceiro mês do ano. Em março, o valor da cesta básica foi de R$ 2.036,35 - em fevereiro o preço era de R$ 2.013,51. O percentual registrado na alta ficou acima da inflação medida pelo IBGE, que ficou em 0,93%. A pesquisa é feita em São José dos Campos, Caçapava, Taubaté e Campos do Jordão. Nela são levados em conta produtos de higiene pessoal, limpeza e alimentação de uma família com poder de compra de cinco salários mínimos, R$ 5.500. Os principais produtos que puxaram a alta no preço da cesta básica foram: Em contrapartida, houve queda no valor dos seguintes itens: Aprenda como fazer receita de pão com dois tipos de recheio no Chef JPB — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco O Chef JPB deste sábado (4) deu mais uma dica de receita bem simples para ser feita em casa. O chef de cozinha Marcílio Cavalcante ensinou a fazer um pão com dois tipos de recheios. Ingredientes Modo de preparo Corte o frango em pedacinhos, coloque em uma tigela com milho, requeijão e o caldo onde o frango cozinhou (que foi batido do liquidificador). Misture e coloque na geladeira para resfriar. Ingredientes Modo de preparo Corte as linguiça em tirinhas e em uma panela frite com o alho, a cebola e o tomate. Depois de dourado, passe para uma tigela e acrescente o requeijão e o queijo muçarela. Misture e coloque na geladeira para resfriar. Ingredientes Modo de preparo Separe o frango da massa e bata no liquidificador. Separe uma xícara desse caldo e acrescente o ovo, óleo, fermento biológico, leite em pó, sal e o açúcar. Bata tudo no liquidificador. Em uma tigela grande, coloque a farinha e vá acrescentando na mistura aos poucos, até ficar no ponto para sovar a massa. Deixe crescer até dobrar de tamanho (cerca de 30 minutos). Modele os pães, coloque os recheios e leve ao forno pré-aquecido por cerca de 25 minutos, ou até dourar. Bom apetite! Chef JPB: aprenda a fazer pão com dois tipos de recheio 472 anos de Salvador: G1 listou algumas atrações da cidade — Foto: Arte/G1 Hoje é dia de aniversário! Salvador completa, nesta segunda-feira (29), 472 anos de fundação, ocorrida em 1549. Parece muito tempo, não é? 472 anos... Mas tudo é relativo. Damasco, a capital da Síria, e Beirute, no Líbano, por exemplo, tem cerca de 5 mil anos. E mesmo ainda jovem, Salvador é uma cidade famosa em todo o mundo, pelas praias, pelo carnaval, pelas atrações históricas, por ser a primeira capital do Brasil, a cidade da música reconhecida pela Unesco, e muitas outras qualidades. Para comemorar os 472 anos desta jovem senhora, o G1 listou atrações que não são tão óbvias de Salvador. Tem muita coisa: de acarajé gigante a Memorial do Holocausto, da maior baía do Brasil ao pãozinho delícia, além, é claro, de ser a terra natal da primeira santa brasileira. Veja lista abaixo: Baía de Todos-os-Santos — Foto: Ruan Melo/G1 O ano era 1501 quando as primeiras embarcações colonizadoras navegaram pelas águas da Baía de Todos-os-Santos. Com 1.233 km de extensão e mais de 50 ilhas, ela é a maior baía do país e a segunda maior do mundo, atrás apenas do Golfo de Bengala. Considerada a Amazônia Azul, dessas águas saem a subsistência de ribeirinhos e pescadores, bem como servem de ""piscinas"" particulares de píers de prédios de luxo situados no Corredor da Vitória, em Salvador, ou ""tapete"" para desfile de lanchas e veleiros. Acarajé gigante da Binha — Foto: Lílian Marques/ G1 Em todo canto do Brasil você encontra acarajé, mas em Salvador a coisa tomou proporções nunca antes vista na história desse país. O mercado é bruto e a concorrência pelo cliente é feroz e, como a palavra de ordem no mundo corporativo é “inovar”, uma baiana de Salvador foi fundo. Regivalda Linhares, conhecida como Binha, do bairro da Liberdade, inventou o acarajé gigante, que pesa um quilo (imagina a pimenta?). Ela contou que teve a ideia durante período que o marido estava desempregado. O acarajé Golias deu tão certo, que até famoso virou cliente. ""Márcio Victor, do Psirico, vem aqui de vez em quando. Gosto muito dele"", disse a baiana. O artista fez elogios ao quitute: ""É impressionante o acarajé dela. Conheci através de Júnior, dançarino do Psirico, que mora na Liberdade. A gente tinha saído de um ensaio com a banda e tava todo mundo com fome. Passamos por um acarajé [tabuleiro] e deu vontade de comer. Aí ele deu a ideia de ir lá porque sairia mais barato e dava pra todo mundo. Juntou o útil ao agradável. Virei freguês”. Pãozinho Delícia — Foto: Reprodução/TV Bahia Ah, o pãozinho delícia! Presença garantida em toda festa, encontro, happy hour e o que mais inventarem para confraternizar. Os forasteiros às vezes se confundem com pão de queijo, mas deixa eu dizer de uma vez por todas: a massa não leva nem um grama de queijo e é uma mistura de farinha de trigo, fermento, açúcar, leite, ovos, sal, óleo e margarina. Com o tempo, os chefs mais criativos foram adicionando os mais variados recheios que, aí sim, podem ser de queijo, pasta de peito de peru e o que mais combinar com essa maravilha A lenda mais aceita dá conta que o pãozinho delícia nasceu de um erro, igual à descoberta da penicilina (e por aqui, o quitute parece ser mais apreciado que a penicilina): alguém estava fazendo massa para pão, mas usou pouca farinha e a mistura ficou grudenta. A massa acabou fermentando e a pessoa resolveu assar assim mesmo. O resultado foi essa estrela da alta cozinha popular. Algumas fontes dão conta que o pãozinho delícia foi inventado em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Independentemente disso, é na capital baiana que ele reina supremo. É tipo aquele ditado: ""os ingleses podem ter inventado o futebol, mas foi o brasileiro quem criou o drible"". Segue o jogo! Memorial do Holocausto, no Cemitério Israelita de Salvador — Foto: Léo Azevedo/Arquivo pessoal O Cemitério Israelita da Bahia fica no Largo da Quintas dos Lázaros, bairro da Baixa de Quintas. No local, foi construído, em 2007, um Memorial do Holocausto. A construção fica a leste, fazendo com que o fiel reze na direção de Jerusalém, conforme a tradição judia. Segundo o arquiteto Sergio Ekerman, responsável pelo projeto do Memorial, a construção “busca a inspiração de suas formas na palavra “chai” – vida em hebraico – compreendendo que a lembrança tanto dos que se foram como daqueles que estão entre nós faz-se através da recapitulação de suas vidas, suas ações e seu legado. Não à toa, chamamos o cemitério, em hebraico, de Beit HaChayim, Casa da Vida”. Já na Ladeira da Barra, fica o Cemitério dos Ingleses. Inaugurado em 1814, o cemitério fica na Avenida Sete de Setembro. Sua história está relacionada à transferência da corte portuguesa para o Brasil e à assinatura do Tratado de Comércio e Navegação entre o Reino de Portugal e o Reino Unido, que permitiu a presença da Igreja Anglicana no Brasil. Salvador recebeu o título de cidade da música — Foto: Max Haack/Ag Haack Ôôô, aqui em Salvador, a cidade do axé, a cidade do rock, a cidade do forró... Em junho de 2016, a capital baiana foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como ""Cidade da Música"" – a única no Brasil. A medida teve como objetivo promover a cooperação internacional entre cidades para desenvolvimento urbano sustentável, inclusão social e aumento da influência da cultura no mundo. Em setembro de 2020, o título de cidade da música de Salvador foi renovado pela Unesco. Museu da Sexualidade, em Salvador — Foto: Reprodução/Redes sociais Tirem as crianças da sala! Você sabia que Salvador tem um Museu da Sexualidade? Pois tem e fica no Pelourinho. No local, está disponível um rico acervo de esculturas, desenhos e objetos utilitários provenientes de diversas culturas, relacionados a fenômenos da vida sexual e da sexualidade no mundo. As peças são feitas de diversos materiais, como cerâmica, porcelana, mármore, vidro, fibra, acrílico, madeira e tecido. A ideia inicial do museu surgiu a partir da obtenção de peças de cerâmica artesanais feita nas feiras nordestinas, representando cenas de erotismo ou representações de nudez. A partir daí, foram adquiridas novas peças em outros estados e países. Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia — Foto: Reprodução/TV Bahia Igreja de Nossa Senhora da Conceição tem em todo lugar, mas só em Salvador ela é da praia! E o motivo é o mais prosaico possível: a pequena capela construída em 1549 e que deu origem à igreja foi construída na praia. A história da igreja se confunde com a de Salvador. A capela foi construída por ordem do então governador do Brasil,Tomé de Souza, e após 300 anos de reformas e até aterramento da área, a igreja tomou a forma conhecida atualmente. A capela de 1549, entretanto foi preservada no local Nossa Senhora da Conceição se tornou a padroeira da Bahia, e a festa em homenagem à santa é celebrada em 8 de dezembro, há 50 anos. Antes, a celebração, que ocorre há mais de quatro séculos, não tinha uma data específica. Elevador Lacerda — Foto: Alan Oliveira/G1 Primeiro elevador que serviu de transporte público no mundo e um dos cartões-postais mais populares do Brasil, o Elevador Lacerda tem 147 anos. O empreendimento foi criado para solucionar um problema de desnível existente na cidade. No início do Século XVII, o único recurso para transportar cargas entre as chamadas ""Cidade Alta"" e ""Cidade Baixa"", em Salvador, era o uso de guindaste. As pessoas se deslocavam em longas escadarias e ladeiras íngremes. Depois da fundação, além de um meio de transporte, o elevador se tornou um cartão postal e atração turística. Do alto dos seus 72 metros de altura, próximo à sede da Prefeitura de Salvador, é possível ter a vista da Baía de Todos-os-Santos, do Mercado Modelo e, ao fundo, o Forte de São Marcelo. O elevador já passou por várias reformas até chegar ao modelo atual. A primeira ocorreu em 1906, quase 33 anos depois da inauguração, quando começou a funcionar movido à eletricidade e teve a base alargada. Em 1930, foi acrescentada uma segunda torre e mais duas cabines. Irmã Dulce com crianças, em Salvador — Foto: Divulgação/Obras Sociais Irmã Dulce Em 2019, Irmã Dulce foi canonizada pelo Vaticano e se tornou Santa Dulce dos Pobres. Com isso, Salvador se tornou o local onde nasceu e viveu a primeira santa brasileira. Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914, e desde cedo demonstrou que sua missão na terra era estar perto daqueles que necessitavam de ajuda. Principalmente as pessoas enfermas e pobres. Aos 13 anos, ela já acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré. De um simples galinheiro, criou o que veio se tornar as Obras Sociais Irmã Dulce, na Cidade Baixa, e fundou o Hospital Santo Antônio, que faz parte do complexo das Obras. Irmã Dulce salvou vidas, tirou pessoas do vício em drogas, deu esperança a adolescentes abandonados e fez tudo isso com muito trabalho e dedicação. Em 2003, foi construído ao lado da sede da Osid, no Largo de Roma, o santuário de Irmã Dulce. No local, que estão depositadas as relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) do Anjo Bom do Brasil, em um espaço chamado Capela das Relíquias – uma sala circular, com pé direito triplo, tendo ao centro o túmulo que guarda os restos mortais da Mãe dos Pobres. A Capela das Relíquias foi aberta em junho de 2010, quando o corpo de Irmã Dulce foi transladado da Capela Santo Antônio (localizada no Memorial Irmã Dulce) para sua nova morada. Em setembro de 2019, o santuário passou por uma nova reforma, ganhando um túmulo de vidro com uma efígie em tamanho real da Santa Dulce dos Pobres. Casa do Carnaval, no Pelourinho — Foto: Divulgação Agora uma questão de matemática para você: qual o resultado se somarmos uma cidade que respira carnaval com uma cidade cheia de museus? Isso aí! O resultado é a Casa do Carnaval, um museu que reúne adereços, instrumentos musicais, figurinos usados por artistas da música baiana e vídeos que contam a história da festa. Fundado em fevereiro de 2018, a atração fica na Praça Ramos de Queirós, Pelourinho, centro Histórico de Salvador. Antes mesmo de entrar no museu, o público é recepcionado por uma escultura de ""caretas"", fantasias tradicionais no carnaval do recôncavo baiano, principalmente da cidade de Maragogipe, município onde, desde 2009, a folia de fevereiro é Patrimônio Imaterial da Bahia. O museu tem sete espaços que incluem as salas que abordam a história e as belezas do carnaval, cafeteria, sala de pesquisa acadêmica, cinema interativo, terraço para eventos como saraus e lançamento de livros, além de uma vista imperdível para a Baía de Todos-os-Santos. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. Shoppings de Salvador vão vender chocolates por delivery ou drive-thru — Foto: Divulgação A venda de óvos de páscoa desse ano será diferente. Por causa das medidas adotadas para conter a pandemia de coronavírus no estado, shoppings e lojas de Salvador estão oferecendo serviços de entrega por delivery ou retirada de compras por meio de drive-thrus. [Confira lista de estabelecimentos e serviços ofertados no final da matéria]. Este ano, a Páscoa será comemorada no dia 4 de abril, em meio a medidas mais restritivas adotadas pelo Governo do Estado para conter a pandemia de covid-19. Em Salvador, o horário do toque de recolher foi antecipado para as 18h, e prorrogado até o dia 5 de abril. Além disso, apenas estabelecimentos considerados essenciais só podem comercializar gêneros alimentícios e produtos de limpeza e higiene. O G1 preparou uma lista de estabelecimentos e shoppings que estão oferecendo os serviços de entrega de ovos de páscoa por drive-thru ou delivery. Shoppings de Salvador tem esquema especial para entrega de ovos de páscoa — Foto: Divulgação/Cacau Show do Bela Vista Diversas lojas farão vendas por delivery ou drive-thru — Foto: Divulgação Compras realizadas pela internet poderão ser retiradas por drive-thru — Foto: Divulgação Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Visitação ao Cristo é suspensa por 10 dias — Foto: Reprodução / TV Globo O Bondinho Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, o Parque Lage e as cachoeiras da Floresta da Tijuca vão ficar fechados a partir desta sexta-feira (26) até o domingo (4). O objetivo é contribuir com o endurecimento das medidas de distanciamento social para evitar a disseminação da Covid-19. Nesta terça (23), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o projeto de lei que cria um ""superferiado"" neste período. As trilhas da Pedra Bonita e da Pedra da Gávea, além do acesso aos mirantes, também ficarão fechadas. De acordo com a administração do Parque Nacional da Tijuca ficam suspensas as seguintes atividades: Nesta quarta (24) e quinta (25), o Bondinho mantém seu horário de funcionamento atual, de 9h às 17h, com entrada de visitantes até às 16h30. Todas as atualizações sobre o assunto podem ser conferidas no site e nas redes sociais oficiais do parque. Em caso de dúvidas e mais informações, os visitantes pode entrar em contato pelo e-mail: sac@bondinho.com.br. Fica suspensa a circulação de veículos motorizados na Estrada das Paineiras (entre a rua Almirante Alexandrino e o Centro de Visitante Paineiras), na Estrada do Corcovado (entre o cruzamento das estradas Redentor x Paineiras e vai até o estacionamento do morro do Corcovado), e nas vias do setor floresta do Parque Nacional da Tijuca, que estavam liberadas somente para veículos motorizados de idosos e de pessoas com deficiência. As exceções são os veículos oficiais e de órgãos públicos, veículos usados para a execução de manutenção e reparo das antenas localizadas no Sumaré, e veículos que façam o transporte de esportistas de voo livre, portando equipamento embarcado, observando as limitações e regras estabelecidas em protocolos específicos associados ao funcionamento da rampa de voo livre. Fica liberada a prática individual de atividades físicas, desde que os visitantes não formem grupos. Os visitantes devem fazer o uso das trilhas apenas para a prática individual de atividade física. Isso significa que o público não deve fazer uma trilha para chegar ao topo, pois este comportamento se caracteriza como atividade turística, temporariamente proibida. Exemplo de trilhas que estarão abertas, dentro do horário de funcionamento do parque: Horário de funcionamento: As atividades do Santuário Cristo Redentor, como celebrações e lives durante o período da pandemia continuarão a acontecer. As atividades sociais para a doação de alimentos e itens de higiene pessoal para pessoas em situação de vulnerabilidade social também permanecem. Mais informações sobre o trabalho social estão disponíveis no site do projeto. No domingo (20), o Museu de Arte Moderna, o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio divulgaram um comunicado afirmando que ficariam fechados por três semanas para evitar o avanço da doença. A Casa Roberto Marinho também anunciou o fechamento por duas semanas. O município do Rio publicou uma série de regras em uma edição extra do Diário Oficial. O decreto define as restrições no município para o recesso prolongado a ser criado pelo estado para conter a Covid. Niterói também adotará essas regras. A fila por um leito de UTI no Estado do Rio tinha 528 pacientes nesta terça-feira (23). Esta é a maior fila desde o início da pandemia. Em todo o estado, 745 pacientes aguardam por uma vaga em enfermarias ou UTIs. Há exatamente um mês, a fila era de 12 pessoas. Superferiado no RJ — Foto: Editoria de Arte/G1 Pão francês, pão de forma, focaccia, brioche, pão árabe, pão australiano, pão de fermentação natural... A lista é extensa. E os brasileiros que estão em casa não querem abrir mão do pão fresquinho, tradicional no café da manhã. Neste mês, durante o isolamento social, a pergunta ""Como fazer pão?"" bateu recorde de pesquisas no Google. Por isso, o G1 conversou com os padeiros Iara Manin, da ""Árvore do Pão"", e Zeca Ferreira, do “Zona Zen”, e pediu dicas e receitas fáceis para aprender a fazer pão em casa – sem necessidade de comprar qualquer máquina. A padeira proprietária da ""Árvore do Pão"", Iara Manin, escolheu a receita da focaccia. “É um pão com poucos ingredientes e modo de preparo fácil. E também pode ser assado em um forno comum.” Iara conta que tem recebido mensagens nas redes sociais de pessoas com dúvidas sobre as etapas da receita de pães. Apesar disso, a padaria localizada no bairro da Consolação, em São Paulo, continua aberta para os clientes buscarem os pães ou mesmo para a entrega em até 2 km de distância, com taxa de R$ 10. Iara Manin, padeira proprietária da ""Árvore do Pão"", ensina a fazer a receita da focaccia após o interesse por fazer pão crescer na internet — Foto: Arquivo pessoal/Iara Manin “Em 2002, eu fiz um intercâmbio nos EUA para trabalhar em uma rede de fast food (Mc Donald’s), e essa experiência me marcou. Voltei para o Brasil meses depois, e minha vida tomou outro rumo. Fui estudar engenharia, comecei a trabalhar no mercado financeiro, mas nunca fui realizada no trabalho”, conta Iara Manin, que abriu o empreendimento “Árvore do Pão” com o marido, Dalton. “Após 10 anos, eu decidi pedir demissão e começar a fazer cursos de panificação e estágios na área para então montar meu negócio (2 anos depois da demissão).” Porção: uma focaccia de 850g, que pode servir até oito pessoas. Focaccia de alho poró, orégano e parmesão feita por Iara Manin, padeira proprietária da Árvore do Pão — Foto: Arquivo pessoal/Iara Manin Ingredientes: Modo de preparo: Zeca Ferreira, chefe padeiro do ""Zona Zen"", trabalha na área há 16 anos e recomenda que os amadores na cozinha comecem a aprender a fazer pão pela receita do brioche. ""O brioche é simples de fazer, bem fácil. O custo benefício dele ainda vale a pena. E é um pão muito gostoso"", diz. Zeca Ferreira, chefe padeiro do ""Zona Zen"", ensina a fazer o brioche: simples e gostoso — Foto: Arquivo pessoal/Zeca Ferreira A padaria localizada em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, continua aberta para a compra dos pães e também faz entregas durante o isolamento social. ""Eu comecei na profissão porque um amigo que me convidou para trabalhar em uma confeitaria. Eu acabei me apaixonando. Fui me aprofundando. E cada vez eu gosto mais da profissão de padeiro e quero melhorar ainda mais"", afirma o chefe padeiro, que trabalha no ""Zona Zen"" há quatro anos. Porção: 30 unidades de brioche médio Para Zeca Ferreira, chefe padeiro do Zona Zen, o brioche pode ser o ponta-pé inicial para quem quer aprender a fazer pão em casa — Foto: Arquivo pessoal/Zeca Ferreira Ingredientes Modo de preparo: — Foto: Divulgação: Flormel Não é por acaso que dizem que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Uma refeição completa e saudável logo pela manhã fará você ter um dia mais produtivo pois você se sentirá mais disposto e animado. E para te ajudar nesta missão, A Flormel separou algumas dicas incríveis para que você tenha um café da manhã completo e saudável. Mas claro que sem perder a praticidade, afinal, você ainda tem um longo dia pela frente! Praticidade e saúde são as principais motivações da Flormel, uma empresa que produz alimentos de qualidade e sabor incomparáveis. Você pode encontrar os produtos nas principais redes do Brasil, como as Lojas Americanas e os supermercados Carrefour e Pão de Açúcar, além do ecommerce: www.flormel.com.br. Saiba mais sobre a Flormel: A Flormel é uma indústria de alimentos saudáveis, que produz doces, chocolates e snacks sem adição de açúcares, levando só coisa boa à todo o Brasil, de uma forma simples e inovadora, com sabor e saúde. Por que é importante seguir as dicas para ter um café da manhã completo e saudável? O café da manhã tem a missão de quebrar o jejum noturno e o indicado é que seja equilibrado e completo. Já ouviu dizer que, o jeito que você inicia o dia influenciará todas as horas restantes dele? Por isso, o ideal é que o café da manhã seja feito com calma, atenção e tirando máximo proveito desse momento de reenergização! Quais alimentos eu devo escolher na hora de tomar um café da manhã completo e saudável? Para um café da manhã equilibrado e completo, o ideal é que nele contenha todos os grupos alimentares: carboidratos, proteínas e lipídeos. Veja alguns exemplos para você se inspirar: Como fonte de carboidrato, você pode incluir: pães ou cereais integrais, tapioca, frutas como banana e mamão, granola, mel. Já como opção de proteína, algumas opções seriam: ovos mexidos, queijo minas padrão, iogurte, leite. Lipídeos (ou gorduras) são fundamentais para auxiliar na saciedade, o segredo é fazer boas escolhas, como: azeite (para os ovos, por exemplo), abacate, coco, castanhas. Um bom exemplo de um café da manhã completo e equilibrado seria: Pão integral com ovos mexidos, suco verde e um café sem açúcar. — Foto: Divulgação: Flormel Sentindo falta de um docinho? A Flormel também tem uma dica para incluir um toque ainda mais especial no seu café da manhã completo e saudável Você pode ter doces em um café da manhã completo e saudável Se você é daqueles que ama comer um docinho para começar bem o dia ou quer agradar a criançada, uma dica certeira é o creme de avelã zero adição de açúcares da Flormel para completar o seu café da manhã saudável. Ele é extremamente saboroso, adoçado naturalmente com taumatina e ainda é fonte de cálcio e fibras. Demais, né? Conseguimos te ajudar? Agora você já sabe todas as dicas para ter um café da manhã completo e saudável, não deixe de acompanhar o blog da Flormel para conferir mais dicas importante, fique ligado também no youtube e nas redes sociais para não perder nada! Siga a Flormel nas redes sociais e acesse o site para saber mais! Nutricionista Responsável: Lara Taranto - Nutricionista - CRN3 43.690 A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou nesta quinta-feira (25) que há uma tendência de manutenção dos altos preços de commodities agrícolas como milho e soja. ""Nós não enxergamos que os preços das commodities internacionais cairão. Ou se manterão ao nível que temos hoje, ou podem até se elevar. O aumento das importações pela China e a taxa de câmbio no Brasil tem favorecido fortemente as exportações”, afirmou durante reunião da Comissão de Agricultura do Senado. Tereza Cristina destacou que o governo se preocupa especialmente com a alta no preço do milho e da soja, que tem forte impacto nos preços de carnes, ovos e leite. A alta no mercado externo impacta o preço interno, o que acaba gerando uma alta da inflação desses alimentos nas gôndolas dos supermercados brasileiros. Preço do óleo de soja dobra em 1 ano: entenda em 3 pontos Desde o ano passado, o preço dos alimentos vem pressionando a inflação. Em 2020, a inflação oficial foi de 4,52% – maior índice anual desde 2016. Os gêneros alimentícios foram os ""vilões"" da inflação no último ano, com alta acumulada de 14,09% de janeiro a dezembro. A ministra da Agricultura afirmou que o Brasil precisa elevar sua produção de milho. O cereal tem impacto direto na produção de carnes, ovos e leites já que o produto é usado como alimento para animais. Segundo Tereza Cristina, a China está recuperando o nível de produção de carne suína e, por isso, elevou muito a importação de milho. Apesar do aumento da demanda internacional, a ministra afirmou ao Senado que não prevê nenhum problema de abastecimento, mas sim, um choque de demanda que pode apertar os estoques. O Brasil, destacou a ministra, deve produzir 23,5 milhões de toneladas na safra de verão e 84,6 milhões de toneladas na safra de inverno. Atualmente, explicou, o país exporta cerca de 33% da produção. A Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi) anunciou edital com 40 vagas gratuitas para oficina de ovos de páscoa. As inscrições começam nesta sexta-feira (26). Os interessados na oficina de duas horas, a ser realizada de 10h às 12h da quarta-feira (31), deverão baixar o edital, se inscrever nesta sexta-feira, das 13h às 14h, e preencher o formulário disponível em semtepi.manaus.am.gov.br para realizar sua pré-inscrição. O preenchimento do formulário garante a inscrição desde que haja vagas disponíveis. É de inteira responsabilidade do candidato matriculado possuir dispositivos eletrônicos para o acompanhamento da oficina. Atendendo a uma determinação do prefeito David Almeida, a oficina faz parte do projeto “Aprendendo Para Empreender” – Ação Empreendendo na Páscoa, cujo propósito é disponibilizar capacitação empreendedora virtual para os empreendedores. A atividade é destinada a empreendedores e potenciais empreendedores residentes em Manaus, a partir de 18 anos, com ensino fundamental. A oficina será realizada via internet, com tutoria e supervisão do departamento de Qualificação Profissional da Semtepi. O pato-mergulhão se alimenta com pequenos peixes de águas limpas — Foto: Rodrigo Agnelli/via BBC Em setembro deste ano, biólogos e conservacionistas tiveram um fio de esperança ao se depararem com nove ovos de uma espécie de ave raríssima e que há anos luta para não ser extinta da natureza, o pato-mergulhão. A descoberta ocorreu na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, por membros do Plano Nacional de Ação para a Conservação do Pato-Mergulhão (PAN Pato-Mergulhão), projeto que reúne pesquisadores, órgãos ambientais e entidades não-governamentais em busca de uma salvação para a espécie. Originalmente, o pato-mergulhão ocupava margens de rios brasileiros, como o São Francisco. Mas também era encontrado no Centro-Oeste e em algumas áreas do Sudeste e do Sul. Também havia populações na Argentina e no Paraguai, mas hoje é considerado extinto nesses dois países. Estima-se que, atualmente, existam apenas 250 indivíduos adultos no mundo — todos no Brasil. ""Hoje, há informações de populações apenas na Chapada do Veadeiros, no Jalapão e Serra da Canastra"", explica o biólogo Paulo Antas, membro da Fundação Pró-Natureza (Funatura) e integrante do PAN Pato-Mergulhão. O biólogo faz parte da equipe que encontrou os ovos na Chapada dos Veadeiros, em setembro. ""Cada filhote e cada ninho ativo que encontramos são um fio de esperança para salvar a espécie"", diz. Estima-se que existam apenas 250 patos-mergulhões na natureza — Foto: Rodrigo Agnelli/via BBC Segundo o ICMBio, o pato-mergulhão encontra-se na categoria ""criticamente ameaçada"", e é uma das aves aquáticas mais raras do mundo. Para sobreviver e se reproduzir, o animal, que se alimenta de peixes de até 12 centímetros, necessita de águas limpas e transparentes, principalmente dos rios e córregos cercados por matas ciliares, com cachoeiras e piscinas de diferentes tamanhos e profundidades. Mas esses locais estão cada vez mais escassos. É por isso que o pato é considerado um ""bioindicador"" ambiental: o bem-estar e a reprodução da espécie significam que o habitat e a qualidade água estão em equilíbrio. Quando o ambiente está poluído ou degradado, o pato-mergulhão desaparece. Essa condição de reflexo das condições ambientais deu a ele o apelido de ""embaixador das águas brasileiras"". O declínio da espécie começou em meados dos anos 1970, principalmente por causa da poluição dos rios e bacias hidrográficas, mas também por conta da construção de hidroelétricas. Filhotes são altamente dependentes dos pais até cerca de quatro meses de vida — Foto: André Dib via BBC ""A questão energética é muito importante para a conservação de espécies, pois ela tem impactos ambientais relevantes. Pequenas centrais elétricas, que abastecem núcleos urbanos e que represam rios importantes, mudam dinâmicas da água e afetam espécies importantes"", diz Robson Capretz, coordenador de ciência e conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, entidade que apoia ações de conservação do pato-mergulhão. Os pesquisadores costumam citar o rio Palmeiras, no Tocantins, como um exemplo do impacto das hidrelétricas para a ave. Décadas atrás havia populações saudáveis do animal nas margens do rio, mas elas desapareceram depois da instalação de 11 pequenas centrais elétricas por ali. ""Do ponto de vista ecológico, mesmo uma pequena hidroelétrica ou represa causa um desequilíbrio no rio e no fluxo da água: pode não haver mais tantos peixes, ou a profundidade necessária para o pato se alimentar e se reproduzir. Outra questão é a degradação do meio ambiente, com poluição e uso de elementos que alteram o equilíbrio físico e químico dos rios"", diz Antas. Já essa alta taxa de mortalidade é considerada normal, pois, quando nascem, os patos são bastante frágeis e altamente dependentes dos pais. ""No primeiro mês de vida, são os pais que alimentam os filhotes. Qualquer desequilíbrio no habitat, ou uma pequena queda, já pode significar um perigo para esse filhote"", explica Paulo Antas. O pato-mergulhão só se reproduz em ambientes equilibrados e sem poluição — Foto: Kléber Toledo/via BBC O pato-mergulhão não gosta do contato com seres humanos. Por isso, é difícil encontrá-lo nas grandes áreas onde ele ainda está presente no Brasil, como a Chapada dos Veadeiros e o Jalapão, no Tocantins. Em 2011, estimava-se que havia 250 indivíduos no meio ambiente. Nove anos depois, esse número permanece igual. Agora, um dos desafios é tentar mensurar a real presença do pato na natureza e entender melhor seu processo de reprodução. Pesquisadores estão realizando um censo nas áreas com a presença da ave, projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário. A entidade tem uma reserva no Cerrado, a Serra do Tombador, onde já foram vistos alguns patos-mergulhões. Sabe-se que um casal de patos se forma na juventude e fica junto a vida toda — cada indivíduo vive por cerca de oito anos na natureza. Para se tornar independente, um filhote fica quatro meses sob a dependência dos pais. Depois da separação, o destino de um filhote é incerto até sua idade de reprodução, aos dois anos, quando ele forma outro casal. Com população reduzida e em risco diante da degradação ambiental, há outra esperança para o pato-mergulhão: a reprodução em cativeiro. Desde 2011, o ZooParque Itatiba, no interior de São Paulo, é a única instituição do mundo a criar o animal em cativeiro para posterior soltura na natureza. Hoje, o zoológico, que é patrocinado por entidades de conservação estrangeiras, mantém 43 indivíduos no local. ""Quando encontramos ovos na natureza, retiramos dois ou três para criá-los no zoológico. Neste ano nasceu a segunda geração de patos, filhos dos primeiros indivíduos que nasceram aqui"", explica Camila Piovani, bióloga responsável pelo ZooParque Itatiba. Em 2020, novos 15 patos nasceram no zoológico, o maior número desde o início do projeto. Como são ariscos à presença humana, os animais ficam isolados — apenas um cuidador mantém contato com eles. Piovani espera que em breve os primeiros patos sejam soltos. ""É um trabalho demorado. Precisamos ter certeza de que eles estão prontos para a soltura, que vão conseguir sobreviver e se reproduzir, aumentando a população da espécie no meio ambiente. Para isso, precisamos encontrar um local adequado, uma reserva, onde eles fiquem seguros"", diz. A espirulina, uma cianobactéria de cor vibrante, era um alimento básico da era pré-colombiana — Foto: BRENT HOFACKER/ALAMY Na Cidade do México, a espirulina tem aparecido em quase todos os cardápios. Desde os habituais smoothies até em pratos mais tradicionais, como tortilhas e tlayudas (base de tortilha crocante com feijão frito e outras coberturas). Mas não pense que este é um símbolo da invasão ""hipster"" da globalização dos alimentos saudáveis: na verdade, séculos antes de serem consideradas um ""superalimento"", essas cianobactérias de cores vibrantes (ou algas verde-azuladas) — que crescem sobretudo em lagos alcalinos quentes, lagoas e rios nas zonas tropicais e subtropicais — eram um alimento básico na era pré-colombiana. Os mexicas — ou astecas, como ficaram conhecidos posteriormente — colhiam a substância rica em proteínas da superfície do Lago Texcoco, um extenso corpo de água no centro do México que acabou sendo drenado em grande parte pelos espanhóis para abrir caminho para a construção da Cidade do México. As águas do lago tinham o equilíbrio perfeito entre salinidade e alcalinidade para o florescimento da espirulina. Os mexicas a chamavam de tecuitlatl, palavra nahuatl que pode ser traduzida como ""excremento de rocha"", embora tivessem decididamente um apreço maior por ela do que o nome sugere. ""As tradições orais dizem que os mensageiros e corredores mexicas na antiga Tenochtitlan comiam espirulina seca com milho, tortilhas, feijão ou pimenta como combustível para viagens de longa distância"", afirma Denise Vallejo, chef que dirige o restaurante vegano Alchemy Organica, em Los Angeles, nos EUA. Mesmo sem a ciência moderna, os mexicas puderam reconhecer a densidade de nutrientes que fez da espirulina um dos alimentos preferidos da atualidade. Ela tem cerca de 60%-70% de proteína e aminoácidos essenciais, além de muitas vitaminas e minerais, sobretudo ferro, manganês e vitaminas B, de acordo com a Encyclopedia of Dietary Supplements. Na verdade, é tão saudável e relativamente fácil de cultivar que especialistas acreditam que pode ser uma potencial fonte de alimento para as futuras colônias de Marte. É claro que, para os conquistadores espanhóis que chegaram no século 16, parecia estranho. No México, a espirulina aparece sob diferentes formas nos cardápios — de smoothies a pratos tradicionais — Foto: ANTONS JEVTEREVS/ALAMY por BBC Bernal Díaz del Castillo escreveu em suas memórias de 1568 sobre ""uma espécie de pão feito de um tipo de lama ou limo coletado da superfície do lago e comido dessa forma, e que tem um sabor semelhante ao nosso queijo"". E o frade franciscano Bernardino de Sahagún incluiu ilustrações da colheita de espirulina em seu estudo etnográfico do século 16, o Florentine Codex. ""Depois da invasão espanhola, a maior parte de seu consumo diminuiu com a drenagem dos lagos do Vale do México"", diz Vallejo. ""E muitos dos espanhóis não gostavam de suas propriedades 'viscosas' ou 'pegajosas'. O conhecimento de seu consumo se perdeu por muito tempo."" O mundo ocidental redescobriu o ingrediente nutritivo na década de 1940, quando um ficologista francês (cientista que estuda algas) notou que o povo Kanembu ao longo do Lago Chade, que banha Níger, Camarões, Nigéria e Chade, estavam colhendo espirulina e transformando-a em bolos que secavam ao sol chamados dihé. Mas ela não fez seu grande retorno ao México até um feliz acidente na década de 1960, quando os proprietários da Sosa Texcoco — que produzia carbonato de sódio e cloreto de cálcio em uma grande lagoa em forma de caracol no que restou do Lago Texcoco — notaram uma substância de coloração verde arruinando o trabalho deles. O Lago Texcoco foi drenado em grande parte pelos espanhóis para construir a Cidade do México — Foto: CHICO SANCHEZ/ALAMY Eles procuraram pesquisadores franceses, que concluíram que era o mesmo organismo que vinha alimentando os Kanembu por gerações. Em vez de tentar erradicar as cianobactérias, a Sosa Texcoco reconheceu seu valor, incentivou seu cultivo e abriu a primeira empresa comercial de espirulina do mundo, a Spirulina Mexicana. Embora a Spirulina Mexicana já tenha fechado, uma microfazenda nos arredores de San Miguel de Allende, chamada Spirulina Viva, dá continuidade à antiga tradição. Desde 2010, a americana Katie Kohlstedt e seu marido, Francisco Portillo, nascido em San Luis Potosí, cultivam espirulina fresca — que provavelmente tem um gosto muito semelhante à que os mexicas colhiam séculos atrás. ""Estamos muito orgulhosos de cultivá-la aqui"", diz ela. ""Não precisávamos inventar algo novo ou trazer algo de outro lugar."" Embora muitas pessoas possam estar familiarizadas com a espirulina na forma de pó desidratado, a Spirulina Viva vende a substância verde crua e congelada, o que confere a ela um sabor muito mais delicado. ""A espirulina fresca deve ser cremosa como um requeijão"", afirma Kohlstedt. ""Se você fechar os olhos, pode achar que está comendo algo entre abacate e espinafre."" Ela adverte que se você acha que a espirulina tem sabor de peixe, é provável que esteja comprando um produto de qualidade inferior — ou inclusive algum que use espinhas de peixe moídas para fornecer o fósforo que a espirulina precisa para crescer. Kohlstedt e Portillo organizam workshops de cultivo de espirulina e já receberam futuros agricultores de lugares distantes, como Austrália e Argentina. ""É jardinagem combinada com química"", diz Kohlstedt sobre o processo. Mas, para muitos consumidores, o produto final ainda permanece sendo um mistério. ""Se eu ler mais um artigo que diz que a espirulina é cultivada no oceano ou [que mostra] a foto de uma alga marinha, vou gritar"", afirma ela, rindo. Kohlstedt recomenda comer espirulina da forma mais simples possível, misturada em uma sopa quente de missô ou caldos, batida em um smoothie, passada no pão ou com guacamole e suco de limão, uma vez que a vitamina C mostrou ajudar na absorção de ferro. Os chefs abusam da criatividade ao usar a espirulina em pratos e drinques — Foto: MARSBARS/GETTY IMAGES por BBC ""Você vai se sentir como se tivesse acabado de comer o almoço de Popeye"", afirma. Na Cidade do México, os chefs estão ficando cada vez mais criativos ao usar o ingrediente. Você pode encontrar espirulina na tlayuda coberta com abacate e escamoles (larvas de formiga) no restaurante Balcón del Zócalo; ou iluminando uma tortilla na Cintli Tortilleria; adicionando um toque verdejante às tigelas de smoothie e cheesecakes no Vegamo; e até mesmo em coquetéis no Xaman Bar, de inspiração pré-colombiana. Lá, o barman chefe, Kenneth Rodrigez, incorporou a espirulina em uma série de drinques, incluindo um coquetel à base de gim com limão mexicano e licor de aspargos. ""Eu uso quando alguém não gosta de clara de ovo ou [em drinques para] pessoas veganas, porque a espirulina tem proteína e podemos obter texturas interessantes"", diz Rodrigez, ""sem falar na cor incrível e nos componentes nutricionais que ela fornece"". Ele acrescenta que o ingrediente ""pode ainda ser usada para realçar outros sabores, pois tem muitos minerais, como uma alternativa ao sal"". Do outro lado da fronteira nas comunidades mexicanas-americanas, o uso da espirulina significou estabelecer uma conexão direta com o passado pré-colombiano. No criativo restaurante mexicano Mixtli de San Antonio, por exemplo, os chefs Rico Torres e Diego Galicia apresentaram a espirulina em um menu especial inspirado na invasão espanhola. Eles participaram de um jantar colaborativo no Dia dos Mortos no James Beard House de Nova York, onde uma das entradas era um iogurte de espirulina defumado com ovas de truta e rabanetes. No Alchemy Organica, Vallejo incorpora espirulina em pó à água fresca (bebida sem álcool tradicional mexicana) de abacaxi com sementes de limão e chia. E ela usa inclusive como ""um corante alimentar natural e reforço nutricional, junto com cactos e espinafre em pó"" para preparar uma massa verde vibrante (feita com milho que foi nixtamalizado ou tratado com uma solução alcalina), que ela transforma em tortilhas e tamales coloridos. ""Também uso para intensificar o sabor de alguns dos meus pratos inspirados em frutos do mar, já que oferece um sabor muito parecido com o das algas"", explica. E quando um de seus cozinheiros começou a vender espirulina fresca no mercado de agricultores, Vallejo passou simplesmente a colocar colheradas em suas bebidas. ""Dá a energia que você espera de uma xícara de café!"", afirma. A espirulina é cultivada e colhida em lugares como o México — Foto: BLOOMBERG CREATIVE/GETTY IMAGES por BBC De certa forma, esses chefs estão explorando algo muito mais profundo do que simplesmente o sabor ou a nutrição. Vallejo, que estuda curandeirismo (medicina popular), disse que a espirulina costuma ser vista como um desintoxicante para preparar rituais, feitiços e ""cerimônias visionárias"". Kohlstedt também ouviu falar sobre as conexões místicas do ingrediente: ""Alguém me disse que a razão de ser chamada 'espirulina' tem a ver com sua forma espiral, mas também com nosso DNA e como há algo realmente básico e espiritual sobre como nos relacionamos com as plantas [e as cianobactérias]. "" ""Muitos dos 'superalimentos' desfrutados hoje têm uma rica história na Mesoamérica: chia, amaranto, cacau, abacate, cacto"", observa Vallejo. ""Acho que o atual movimento descolonizador nos Xicanx (mexicanos nos EUA), na América Central e em outras comunidades de língua espanhola está nos ajudando a redescobrir e lembrar nossos hábitos alimentares ancestrais. Devemos recuperar nossos alimentos e nossa sabedoria vegetal. Quanto mais os comemos, mais despertamos esse DNA e essa história."" Confira a receita de focaccia paraense Quem quer pão? Desde os tempos de Cristo, esse alimento é praticamente um fato histórico. Ao longo dos séculos ele foi se tornando uma das marcas do cardápio de várias sociedades mundo afora. Do Oriente Médio veio o pão sírio. Na França tem o croissant e o pão baguette. Aqui no Brasil, quem não gosta de um pão careca, ou massa grossa, bem quentinho? Na Itália surgiu um pão que é consumido todo dia, o dia todo: a focaccia. Só que por aqui ela ganhou sabores tipicamente regionais e se transformou na Focaccia Paraense. E quem vai ensinar a receita é o chef de cozinha Miguel Pantoja. Ingredientes: 1kg de farinha de trigo 300ml de tucupi gelado 300ml de água gelada 15g de manjericão 2g de alecrim fresco 25g de açúcar 20g de sal 3 claras de ovo 25g de fermento biológico (especial pra fazer pão) 1 cebola grande picada 200ml de azeite 200g azeitona 1 dente de alho 200g de camarão refogado e temperado 1 maço de jambu cozido Modo de preparo: Misture água e tucupi. A água deve estar gelada. Em seguida, acrescente o fermento biológico, a clara, açúcar, sal, cebola e alho. Misture. Acrescente manjericão, azeitona e alecrim. Misture a farinha e depois, mão na massa. Depois coloque o azeite. São sete minutos sovando a massa. Depois a massa vai fermentar por 15 a 20 minutos. Em uma forma untada com azeite, coloque a massa. Para o recheio, coloque camarão e jambu. Deixe fermentar novamente por 10 minutos. Depois, coloque no forno, por 30 minutos, a 200 graus. Aprenda a fazer uma torta salgada de camarão com jambu O programa ""É do Pará"" foi até a casa das irmãs Val e Veruza para aprender a receita da deliciosa torta salgada no pão caseiro com camarão com jambu. Veja a matéria. Para o recheio Para Cobertura Torta salgada de pão caseiro com camarão e jambu — Foto: Reprodução/TV Liberal Em um liquidificador coloque açúcar, óleo, queijo ralado, sal e as claras dos ovos. Com as gemas, colocá-las sem a película, que deixa um gosto forte de ovos na comida. E para fazer isso basta utilizar um coador e estourar a gema nele. O líquido vai descer e a película ficará retida no crivo. Bater tudo no liquidificador por um minuto. Em seguida, colocar a baunilha, e bater só para misturar. Em uma tigela diluir o fermento em leite morno. Depois de bem diluído, pegar a mistura do liquidificador e colocar na tigela com o leite e o fermento. Por último, acrescentar o trigo. Misturar até fazer uma massa homogênea. Depois colocar a massa para descansar por cinco minutos. Em seguida bater a massa mais um pouco e deixar para descansar por 30 minutos. Após a segunda fermentação, colocar a massa numa forma untada com trigo e deixar descansar pela terceira vez, mas agora por 20 minutos. Por fim, colocar no forno preaquecido a 200°C até o topo da massa ficar dourado. Não há um tempo certo, isso varia de forno para forno. Preparo do recheio Colocar para refogar em uma panela a manteiga, cebola, camarão, cheiro verde e o jambu. Depois de refogado, separar uma parte para colocar no topo da cobertura. Em seguida, adicionar o creme de leite na panela e misturar bem. Montagem da torta Com uma faca grande corte a massa em duas partes. Adicionar bem o recheio nos dois andares e montar a torta. Para a cobertura misturar bem a maionese, o creme de leite e o requeijão. Em seguida cobrir a torta com a cobertura. E por fim, colocar o camarão com jambu separado no topo da torta para enfeitar. Servir. OAB pede a Ministério Público uma investigação sobre abusos da GCM na Cracolândia Novo vídeo divulgado mostra policial militar abordando voluntários de Organização Não Governamental (ONG) que doa comida à população em situação de rua na Cracolândia, no Centro de São Paulo, durante a pandemia de Covid-19. Ricardo Frugoli, do Projeto Pão do Povo da Rua, afirma que as abordagens são constantes. (veja acima). Em outras imagens, é possível ver também funcionários da prefeitura lavando as ruas com as pessoas ainda ocupando as calçadas. Na segunda-feira (5), o coletivo Craco Resiste já havia divulgado outros 12 vídeos que mostram ações violentas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) contra os moradores de rua na Cracolândia (veja alguns abaixo). A região é conhecida por esse nome devido à presença de usuários e de traficantes de drogas. Segundo a Craco Resiste, as imagens foram gravadas por seus membros entre o final de dezembro de 2020 até março deste ano. Elas mostram guardas civis usando armas e disparando bombas de gás, balas de borracha, usando spray de pimenta e dando golpes de cassetetes, aparentemente sem motivo, nas pessoas que ocupam praças e ruas da região com barracas. Os vídeos e essas denúncias estão num dossiê que o coletivo entregou à Defensoria Pública e à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo. O objetivo da Craco Resiste é que esses órgãos levem as denúncias de violência cometidas pelos guardas civis e pelos policiais militares na Cracolândia para o Ministério Público (MP). O coletivo quer que a Promotoria apure as eventuais responsabilidades dos agentes envolvidos e busque suas punições na Justiça. Craco Resiste divulga vídeos com ações violentas da GCM na Cracolândia durante pandemia A Polícia Militar, em nota, informou que ""a motivação para remoção e apreensão de veículos em via pública, além dos casos de crimes, refere-se às infrações previstas no CTB [Código de Trânsito Brasileiro]. No caso em tela, por irregularidade administrativa de estacionamento em horário e/ou local não permitidos"". Sobre os vídeos da Crao Resiste, afirmou que dá apoio para as ações da GCM e da prefeitura e que apreendeu em 15 meses mais de 100 armas brancas, como facas, e armas de fogo, como revólveres, na Cracolândia. Comentou ainda que a Corregedoria da PM está à disposição para registrar denúncias de abuso. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo comentou as denúncias feitas pela Craco Resiste contra a Guarda Metropolitana. De acordo com Roberta, a Craco Resiste entende que os problemas na Cracolândia vão terminar quando o poder público e as autoridades resolverem algumas questões: falta de moradia na região; legalização das drogas, fim do encarceramento para todos os crimes; acolhimento de saúde mental à população; criação de espaços de convívio social. Segundo Arthur Guerra, coordenador do programa Redenção, da prefeitura, para tentar recuperar usuários de drogas, a violência das forças de segurança não ajuda. Vídeos mostram ação da GCM na Cracolândia BodyText Espetáculo Bumba Meu Mito será transmitido no YouTube — Foto: Divulgação/Patrick Lima O espetáculo virtual ""Bumba Meu Mito"" vai ser apresentado na próxima terça-feira (30). A peça vai mostrar a transformação do Minotauro em Boi Bumbá. A apresentação será transmitida pela internet, às 19h. Os interessados em assistir ao espetáculo podem se inscrever, gratuitamente, no site do evento. A peça conta a saga da grávida Catirina e seu valente Chico. Tomada pelo desejo de consumir a língua do boi de estimação do fazendeiro, a grávida obriga o esposo a roubá-lo. A morte do animal leva o casal ao desafio de ressuscitá-lo e, para isso, contam com o auxílio e chocalhos do Pajé. O espetáculo, que é um dos vencedores do edital Retomada Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECECRJ), tem direção de Rogério Magalhães. Composições plásticas e sonoras do espetáculo incorporam elementos da cultura clássica grega — Foto: Divulgação/Patrick Lima Centenário de Seu Teodoro — Foto: Webert da Cruz/Divulgação Durante o mês de novembro, o Distrito Federal será palco das comemoração aos 100 anos de Seu Teodoro. Nascido em 1920, o mestre morreu em 2012, mas deixou como legado o Bumba Meu Boi de Seu Teodoro, que é reconhecido patrimônio imaterial do DF. Em celebração à data, serão realizadas apresentações do grupo em feiras populares da capital, a partir deste sábado (21) (veja cronograma abaixo). Além disso, a memória do mestre vive por meio do álbum ""O Legado do Sonho de Uma Criança"" e da serie documental ""Bumba Maria Meu Boi"". O disco vai ser disponibilizado na segunda-feira (16) e reúne registros em áudio do bumba meu boi de Seu Teodoro. Já a série reúne oito vídeos, publicados nas redes sociais, que mostram Tamá Freire, filha do mestre, conversando com personalidades da cultura popular sobre as tradições do boi. Tamá Freire, filha de Seu Teodoro — Foto: Webert da Cruz/Divulgação As atividades em lembrança de Seu Teodoro são organizadas pelo Instituto Rosa dos Ventos, por meio do Circuito Candango de Culturas Populares. Bumba Meu Boi — Foto: Davi Mello/Divulgação ""O centenário acontece em um momento de muitas restrições, então pensamos em uma programação cultural que fizesse o possível para chegar perto daquilo que Seu Teodoro fazia"", explica Stéffanie Oliveira, presidente do Instituto Rosa dos Ventos. Nascido em 9 de novembro de 1920, no Maranhão, Seu Teodoro encontrou no planalto central um novo lar. Em 1963, ele criou o grupo de bumba meu boi que leva o seu nome. O mestre também era conhecido por organizar grandes festas, que reuniam milhares de pessoas no DF. Mestre de bumba-meu-boi Seu Teodoro — Foto: Daiane Souza / UnB Agência Para Tamá Freire, Seu Teodoro foi ""um grande homem e professor. Tinha uma fé imensa e sabedoria ímpar"". Já para Stéffanie Oliveira, ""mestre Teodoro é uma personalidade fundamental no breve, mas também profundo, caminho artístico de Brasília. A história da cidade se mistura com a de Seu Teodoro, ele é peça-chave da cultura popular, um homem movido pela fé e paixão pela família"". Confira abaixo o cronograma de apresentações nas feiras populares do DF: Veja o que fazer em Brasília no G1 DF. Neste fim de semana em que é comemorado o Dia da Proclamação da República, no domingo (15), o Distrito Federal tem programação cultural para todos os gostos. Há opções presenciais e pela internet – por conta da pandemia do novo coronavírus –, gratuitas e com preços variados. Uma das atrações do fim de semana é a cantora Zélia Duncan, que faz show online no projeto Sesc Viva Cultura. Tem também apresentação do bumba meu boi de Seu Teodoro, festival de cinema fantástico e várias opções de teatro. Veja abaixo a programação completa na capital: As atividades do Sesc Viva Cultura estão na penúltima semana. A iniciativa reúne atrações de circo, teatro, dança e música, tudo transmitido gratuitamente pelas redes sociais. A grande atração desta semana é a cantora Zélia Duncan que ocupa o palco virtual do projeto no sábado (14), às 21h. A programação deste fim de semana tem também as oficinas ""Contação de Histórias"" e ""Brinquedos Populares"", e a Mostra Panorama do Cinema Brasiliense. Veja abaixo: Sexta (13) Banda de rock Joe Silhueta — Foto: Janine Moraes/Divulgação Sábado (14) Domingo (15) O fim de semana também traz o início das atividades em comemoração aos 100 anos de Seu Teodoro. O mestre morreu em 2012 e deixou como legado o Bumba Meu Boi de Seu Teodoro, que é reconhecido como patrimônio imaterial do Distrito Federal. Em celebração à data, serão liberados, nas redes sociais, episódios da série documental ""Bumba Maria Meu Boi"". No total, o projeto reúne oito vídeos que mostram Tamá Freire, filha de Seu Teodoro, conversando com e personalidades da cultura popular sobre as tradições do boi. O primeiro episódio já está disponível. Mestre de bumba-meu-boi Seu Teodoro — Foto: Daiane Souza / UnB Agência Também serão realizadas apresentações do grupo em feiras populares da capital federal. As atividades são organizadas pelo Instituto Rosa dos Ventos, por meio do Circuito Candango de Culturas Populares. Veja o cronograma de apresentações durante o mês de novembro: Acaba no domingo a segunda edição do Anjo Exterminador - Festival Internacional de Cinema Fantástico de Brasília. O evento leva o nome de um filme de 1962, do mexicano Luís Buñuel, e ocupa o YouTube com exibição gratuita de curtas-metragens nacionais e internacionais. Segundo os organizadores, os curtas poderão ser assistidos apenas nos horários das sessões, que começam a partir das 20h. Durante o evento, serão exibidos filmes feitos no Brasil, França, Argentina, Turquia, Croácia e Finlândia. Veja programação abaixo: Sexta (13) Sábado (14) Domingo (15) Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília — Foto: CCBB/Divulgação Após mais de um mês, o Musicar – Festival de Música Infantil chega ao fim neste domingo (15), com shows e oficinas musicais para crianças de todas as idades. A iniciativa faz parte do projeto #CCBBemCASA, do Centro Cultural Banco do Brasil. As atrações, como oficinas, podcasts e shows são transmitidas gratuitamente no Youtube e pelo Spotify. Na última semana, a programação tem Tião Carvalho, com a oficina ""A Roda Viva do Brincar"", e o episódio de podcast ""Contando Histórias Negras"". Veja abaixo: Sexta (13) Sábado (14) Domingo (15) A segunda edição do Festival Internacional de Teatro Popular de Bonecos também chega ao fim neste domingo (15). O ""Bonecos de Todo Mundo"" é gratuito e pode ser acessado pelas redes sociais. Ao longo da semana, o evento reuniu apresentações de grupos da Espanha, do Uruguai, da França, da Colômbia e de diversas regiões do Brasil. Para fechar a programação, no sábado (14), às 16h, será realizada uma roda de conversa, pela internet. Festival internacional 'Bonecos do Mundo' — Foto: Jonathan Lins/G1 Os interessados em participar da atividade precisam se inscrever, pela internet. Segundo os organizadores, a iniciativa busca ""discutir a renovação da tradição e ações de salvaguarda do teatro de bonecos enquanto patrimônio cultural universal"". Uma opção de programa cultural para a criançada são as apresentações de teatro encenadas aos sábados e domingos de novembro, a partir das 16h, no shopping Pátio Brasil, na Asa Sul. Neste fim de semana, a peça em cartaz é ""Jake e os piratas"". Na obra, Jake e os amigos tentam enganar o capitão Gancho em uma aventura na Terra do Nunca. Para assistir, basta retirar o ingresso, , com antecedência, pelo aplicativo do Pátio Brasil para iOS ou Android. Segundo os organizadores, o limite de público é de 50 pessoas por apresentação. O objetivo é manter o distanciamento social, por causa da pandemia do novo coronavírus. As máscaras serão obrigatórias. Casa do Cantador, em Ceilândia — Foto: Divulgação A partir deste sábado (14), a internet se torna palco das apresentações dos ""Campeões do Repente em Cantoria"". Ao longo de três semanas, a iniciativa reúne artistas do DF e do Nordeste em apresentações que misturam canto e poesia, com versos criados no improviso. Os shows serão transmitidos pelas redes sociais nos dias 14 e 21 de novembro e 4 de dezembro, a partir das 20h. Quem quiser sugerir temas para as apresentações, pode mandar mensagem nas páginas do projeto e da Casa do Cantador de Ceilândia. Veja programação: Sexta (14) 21 de novembro 4 de novembro Por conta da pandemia, a sexta edição da Feira Cultural de Ceilândia ocorre pela internet neste sábado (14) e no dia 28 de novembro, com transmissão ao vivo pelas redes sociais. O evento traz apresentações de diferentes ritmos e tradições culturais. Segundo os organizadores, a feira é um ""espaço de forte interação entre espectadores e artistas expoentes da periferia do Distrito Federal"". Veja a programação deste sábado (14): ""A relação com o sagrado não é abalável"", diz monja Coen O 7º Festival Internacional Cinema e Transcendência também está é opção para este fim de semana. O evento, que começou no último sábado (7) e vai até 27 de novembro, também é parte do projeto #CCBBemCasa. A edição deste ano exibe, pela internet e gratuitamente, 12 longas-metragens. As obras só podem ser assistidas pelo público no horário da sessão (veja programação abaixo). Para esta versão online, os curadores escolheram obras aclamadas nas edições anteriores. A programação inclui também live com Monja Coen, neste sábado, às 20h. Sexta (13) Sábado (14) Domingo (15) O espetáculo ""(In) Cômodos – A Mulher da Ponte"" entra em cartaz gratuitamente, na internet, nesta sexta (13) e sábado (14), às 20h30. A apresentação é um monólogo de 45 minutos baseado na obra literária ""Aqueles Livros Não Me Iludem Mais"", de Cícero Belmar, que conta a história de uma prostituta e sua jornada para ganhar dinheiro. “Ela é uma mulher que faz aquilo para ganhar a vida. Mas, não ficamos apenas na história dessa mulher. Ela é uma mulher solitária e que se indigna com tantos casos de preconceitos. Sejam eles religiosos, de gênero, orientação sexual”, adianta o direto, Ernandes Silva. Para as pessoas com deficiência auditiva, o monólogo tem legendas em português realizadas por Natália Leite e tradução em libras pela atriz Tatiana Elizabeth. A peça foi produzida por dez artistas que, devido ao ano de pandemia e teatros com portas fechadas, tiveram que se virar de forma independente. Veja o que fazer em Brasília no G1 DF. Composições plásticas e sonoras do espetáculo incorporam elementos da cultura clássica grega — Foto: Divulgação/Patrick Lima O espetáculo ""Bumba Meu Mito"" vai fazer uma última apresentação virtual neste sábado (17). A peça, que já foi transmitida no dia 30 de março, mostra a transformação do Minotauro em Boi Bumbá. O evento será realizado às 18h, no canal da companhia Destoiados no YouTube, organizadora do projeto. Logo em seguida, às 19h05, uma roda de conversa será aberta virtualmente para que o público possa interagir com os artistas. A peça conta a saga da grávida Catirina e seu valente Chico. Tomada pelo desejo de consumir a língua do boi de estimação do fazendeiro, a grávida obriga o esposo a roubá-lo. A morte do animal leva o casal ao desafio de ressuscitá-lo e, para isso, contam com o auxílio e chocalhos do Pajé. O espetáculo, que é um dos vencedores do edital Retomada Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), tem direção de Rogério Magalhães. Espetáculo Bumba Meu Mito será transmitido no YouTube — Foto: Divulgação/Patrick Lima São João no Maranhão — Foto: Foto: Agência São Luís Neste dia 30 de Junho comemora-se o Dia Nacional do Bumba-Meu-Boi. Patrimônio Cultural do Brasil, a manifestação cultural que une em seus rituais o lúdico e o religioso, é uma das principais manifestações populares praticadas no país. O Bumba-Meu-Boi é também um importante símbolo da cultura do Maranhão, estando intimamente ligado à identidade de seu povo, mas pode ser encontrado em diversas partes do país. O artesanato, os instrumentos musicais, o bordado do couro do Boi e da indumentária dos participantes representam a devoção a São João, São Pedro e São Marçal. Porém, embora esteja muito ligado à religiosidade católica, o Bumba-Meu-Boi também traz em suas coreografias muitos elementos de cultos afro-brasileiros. O folguedo mistura personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. A brincadeira do Boi conta, por meio de danças, músicas e vestimentas, a história de Pai Francisco e sua mulher, Mãe Catirina. Na lenda encenada pelos participantes, Pai Francisco, trabalhador de uma fazenda, rouba a língua do boi para satisfazer os desejos de sua mulher Catirina, que estava grávida. O dono da fazenda encontra o boi doente e pede ajuda aos pajés para curar o animal. Depois de ver seu boi curado, o fazendeiro perdoa Pai Francisco e celebra a saúde do boi com uma grande festa. Boi da Maioba é uma das atrações do Arraial da Maria Aragão — Foto: Divulgação/Governo do Maranhão Encontrado em todas as regiões brasileiras, o Bumba-Meu-Boi recebe diferentes nomes e contém características específicas conforme o estado onde é praticado. Bumba-meu-boi, Boi-bumbá, Boi Surubi, Boi Calemba, Boi-de-mamão, Boi Pintadinho, Boi Maiadinho, Boizinho, Boi Barroso, Boi Canário, Boi Jaraguá, Boi de Canastra, Boi de Fita, Boi Humaitá, Boi de Reis, Reis de Boi, Boi Araçá, Boi Pitanga, Boi Espaço e Boi de Jacá são algumas das nomenclaturas utilizadas pela brincadeira do boi nos estados. Na região Norte, nos estados do Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, festeja-se o Boi-bumbá, durante o ciclo junino, assim como no Maranhão, onde é chamado de Bumba-meu-boi, Bumba-boi, Bumba ou simplesmente Boi. Em outros estados, o Bumba-Meu-Boi mantém a nomenclatura maranhense, mas o ciclo de festas é celebrado no período natalino. O Bumba-Meu-Boi encontrado no Maranhão pode ser de Zabumba (o mais antigo), de Orquestra (originado do encontro do Boi de Zabumba com uma procissão, mescla tambores com instrumentos de sopro), da Ilha (criado em São Luís), da Baixada, de Cururupu ou de Costa de Mão. A divisão é feita por “sotaques”, que são os ritmos tocados no Bumba Meu Boi. Boi de Morros é destaque da programação do São João do Maranhão — Foto: Flora Dolores / O Estado Como parte do reconhecimento da relevância do Bumba-Meu-Boi para cultura nacional, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aprovou, em 2017, por unanimidade, a candidatura do Complexo Cultural Bumba-Meu-Boi do Maranhão para a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Em novembro de 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o Bumba Meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, durante uma cerimônia realizada em Bogotá, na Colômbia. O Bumba Meu Boi agora é o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional junto com a Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014). Bumba Meu Boi do Maranhão se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A programação do São João do Maranhão vai poder ser acompanhada de um jeito diferente em 2020. Durante três noites, o projeto Bumba Minha Casa apresentará lives com atrações imperdíveis e tradicionais, com transmissão pela internet. A programação será apresentada pela influenciadora Thaynara OG e pelo radialista da Mirante FM, João Marcos. A primeira live foi realizada dia 29 de junho, e contou com a participação dos grupos Boi da Maioba, Boi de Axixá, Boi Barrica e da cantora Alcione. Já a segunda noite de espetáculos acontecerá no dia 3 de julho e contará com o Show de Mano Borges, participação de Betto Pereira, César Nascimento e Erasmo Dibell, além do Boi de Nina Rodrigues e Boi de Santa Fé. A terceira e última noite do Bumba Minha Casa será no dia 10 de julho e contará com apresentações do Boi de Maracanã, Boi de Morros e o show da banda Mesa de Bar. Arraial Bumba Minha Casa acontece nesta segunda (29) Boi Lendas e Magias e Cacuriá de Dona Teté farão apresentações pela internet neste fim de semana — Foto: Divulgação Boi Lendas e Magias e Adriano Soares Nesta sexta, sábado, domingo e segunda-feira (29), vários grupos folclóricos do São João do Maranhão farão apresentações pela internet. Os principais destaques são os grupos de cacuriá, bumba meu boi, além da nova live da cantora Alcione no dia de São Pedro. A live do Cacuriá de Dona Teté também vai celebrar o aniversário da 'dona Teté', que faria 96 anos em 2020. A live terá presença da pernambucana Lia de Itamaracá, do pesquisador popular Itaércio Rocha e dona Rosa, caixeira régia do Divino. As apresentações pela internet têm sido a forma de manter a tradição do São João em meio as recomendações de distanciamento social provocadas pela pandemia do novo coronavírus. As lives também terão caráter solidário com o objetivo de arrecadar doações. Todas as transmissões serão pelo perfil oficial dos grupos nas redes sociais. Veja a lista abaixo: Sexta-feira (26) Sábado (27) Domingo (28) Segunda-feira (29) Thaynara OG apresenta a live Bumba Minha Casa junto com o radialista João Marcos, da Mirante FM — Foto: Reprodução/Instagram A programação do São João do Maranhão vai poder ser acompanhada de um jeito diferente em 2020. Durante três noites, o projeto Bumba Minha Casa apresentará lives com atrações imperdíveis e tradicionais, com transmissão pela internet. A programação será apresentada pela influenciadora Thaynara OG e pelo radialista da Mirante FM, João Marcos. A primeira live foi realizada dia 29 de junho, com a live dos grupos Boi da Maioba, Boi de Axixá, Boi Barrica e a cantora Alcione. Nesta sexta-feira (3), será realizada a segunda live com apresentações de Mano Borges, Betto Pereira, César Nascimento e Erasmo Dibell, além do Boi de Nina Rodrigues e Boi de Santa Fé. A terceira e última noite do Bumba Minha Casa será no dia 10 de julho e contará com apresentações do Boi de Maracanã, Boi de Morros e o show da banda Mesa de Bar. O Bumba Minha Casa nasce com objetivo de valorizar a cultura local, estimular ações de solidariedade voltadas aos grupos folclóricos, afetados pelo fato de não haver São João neste ano, além de levar alegria para todos que estão em casa se protegendo durante o período de pandemia. O projeto conta com apoio das empresas Equatorial, Ambev, Mirante e Phocus. Como esse ano todas as festas juninas foram canceladas por conta do Coronavírus, os grupos folclóricos do Maranhão ficarão sem sua fonte de renda. Então, como uma forma de ajudar quem faz parte da nossa cultura, arrecadaremos doações por meio do Movimento Gratitude, direcionando tudo para as comunidades dos grupos folclóricos através da plataforma Vakinha. Programação do arraial 'Bumba Minha Casa' continua nesta sexta-feira (3) Grupos de Bumba Meu Boi do Maranhão fazem lives nesta sexta, sábado e domingo — Foto: Divulgação/Lauro Vasconcelos Grupos tradicionais de Bumba Meu Boi do Maranhão anunciaram a realização da apresentações ao vivo (lives), pelas redes sociais, durante este fim de semana. A ideia é manter a tradição do São João em meio as recomendações de distanciamento social provocadas pela pandemia do novo coronavírus. As apresentações também terão caráter solidário com o objetivo de arrecadar doações para famílias carentes. Nesta sexta (5), sábado (6) e domingo (7), o Boi de Axixá, a Companhia Barrica e o Boi de Morros farão apresentações em seus perfis oficiais na internet e prometem tocar grandes clássicos e matar desejo de São João, já que o público não poderá acompanhar as apresentações nos arraiais neste mês de junho. Cantadores de boi farão apresentações conjuntas em live nesta sexta-feira — Foto: Divulgação Também nesta sexta (5), a tradicional Festança Junina do Ceprama vai reunir os grandes cantadores de boi Chagas (Boi de Ribamar), Zé Olhinho (Boi de Santa Fé), Ribinha (Boi de Maracanã), Régis Marques (Boi de Tamarineiro) e Marcos (Boi da Maioba). As apresentações também serão pela internet. No dia 13 de junho, o Boi de Maracanã também já garantiu a sua live e vai usar a #FicaEmCasaBatalhãodeOuro. Veja a lista das lives abaixo: Pacientes de Manaus recebem alta da Covid-19 após internação em São Luís Onze pacientes de Manaus que vieram para São Luís, receberam alta médica nesta quarta-feira (27), após terem sido curados da Covid-19. Os pacientes estavam internados no Hospital Universitário Presidente Dutra (HU-UFMA), localizado na capital maranhense. (Veja o vídeo acima) Com uma bandeira do Maranhão, os pacientes saíram do hospital ao som de 'Maranhão meu tesouro, meu torrão', toada do Boi de Maracanã, grupo de Bumba-meu-boi, manifestação cultural popular no estado e que, desde 2019, é Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, título concedido pela UNESCO. Durante a saída, eles foram aplaudidos e receberam o carinho dos profissionais de saúde da unidade, que seguravam cartazes que celebravam a cura dos pacientes. Pacientes vindos de Manaus com Covid-19 recebem alta no Hospital Universitário Presidente Dutra (HU-UFMA) em São Luís (MA) — Foto: Divulgação/HU-UFMA Na porta do hospital, os amazonenses posaram para fotos e comemoraram a recuperação. Em agradecimento aos cuidados recebidos durante o período de internação, eles seguraram uma faixa com a mensagem: ""Vencemos à Covid! Obrigado HU-UFMA/EBSERH! Obrigado São Luís"". De acordo com a assessoria do hospital, os pacientes embarcaram no fim da tarde no Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, na capital, em um voo volta ao Amazonas. Os pacientes haviam chegado à São Luís entre os dias 15 a 19 de janeiro, em voos da Força Aérea Brasileira (FAB). Após receberem alta, pacientes embarcam de volta à Manaus nesta quarta-feira (27) em São Luís (MA). — Foto: Divulgação/HU-UFMA Ao todo, São Luís recebeu 39 pacientes após o colapso no sistema de saúde do Amazonas, ocasionando pelo aumento no número de internações e casos de Covid-19. Os pacientes foram internados no HU-UFMA, que mobilizou mais de 100 profissionais de saúde para a ação. Desde a chegada na capital, 20 pacientes já tiveram alta hospitalar e um veio à óbito. Segundo o HU-UFMA, oito pacientes seguem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sete na enfermaria e três na área de Clínica Médica. Chupinguaia teve melhor valor de mercado na terceira semana de abril. — Foto: Reprodução/TV Fronteira O preço da arroba do boi gordo disparou em Rondônia na terceira semana de abril. Na cotação divulgada pela Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), o município de Cacoal teve o melhor valor de mercado: R$ 298 por cada arroba de boi gordo (para pagamento à vista). Machadinho do Oeste foi o município que regirstrou o menor valor, sendo R$260. A cotação da Emater refere-se ao preço médio pago ao produtor rural. Veja, abaixo, os valores em algumas cidades. Boi gordo à vista em Rondônia Bumba Meu Boi do Maranhão se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) escolheu o Bumba Meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A batucada que enche os terreiros no norte do Maranhão vem da força das mãos. Num estilo tribal que só essa gente tem, e tocado com a costa das mãos, só no Maranhão - em mais nenhum outro lugar. Mas não é só o estilo. O sotaque costa de mão, uma herança lá dos tempos das senzalas, passou a ser Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. São todos os sotaques. As danças, o ritmo, os bordados, o brilho. “É justamente a natureza desse complexo. Não é um boi, é um complexo cultural onde se tem vários sotaques. Vai um pouco de cada coisa do Brasil, dentro do Bumba Meu Boi. É uma grande riqueza cultural que o Maranhão tem”, contou Maurício Itapary, superintendente do Iphan do Maranhão. Riqueza espalhada em mais de 300 grupos animando os terreiros das festas juninas. A conquista desta quarta-feira (11) na reunião da Unesco em Bogotá, na Colômbia, valoriza uma das mais ricas tradições maranhenses, que já era patrimônio imaterial no Brasil. “É uma resistência cultural forte, identitária, de pertencimento e também da questão de você se auto reconhecer enquanto negro”, disse o produtor cultural Luiz Carlos Guerreiro. “Eu acho lindo o colorido. É uma coisa que só a gente tem, sabe?”, contou a também produtora cultural Carla Coreira. David Assayag é internado com Covid-19 em Parintins — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal O levantador de toadas David Assayag foi transferido para Manaus, na tarde desta segunda-feira (4), para dar continuidade ao tratamento contra a Covid-19. O artista foi diagnosticado com a doença no domingo (3), e apresenta quadro de saúde estável. Em todo o Amazonas, mais de 200 mil pessoas já foram infectadas pela Covid. O estado voltou a ter aumento de casos e internações pela doença nas últimas semanas, e o comércio não essencial está proibido de abrir por 15 dias. A transferência de David Assayag aconteceu por volta de 16h, em um voo fretado pelo Município. David saiu caminhando do Hospital Jofre Cohen e sem ajuda de aparelhos. O artista foi levado até o aeroporto da cidade em uma ambulância. Ele estava internada em Parintins desde a tarde de domingo, quando apresentou falta de ar, sonolência e saturação baixa. Um tomografia identificou lesões nos pulmões compatíveis com pneumonia por Covid. Na sexta-feira (1º), o cantor participou da cerimônia de posse do prefeito eleito de Parintins, Bi Garcia. Na cidade de Parintins, já foram registrados mais de 7 mil casos de Covid, e mais de 160 mortes. Agora, David Assayag deve seguir com o tratamento para a Covid-19 em um hospital particular de Manaus. *Com colaboração de Jean Beltrão, da Rede Amazônica. Bumba Meu Boi se torna Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade O Complexo Cultural do Bumba meu Boi se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Bogotá, na Colômbia. O Bumba Meu Boi agora é o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional junto com a Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014). Conteúdo não disponível. Infelizmente este vídeo não está mais disponível. Desculpe-nos pelo inconveniente. Comissão do Iphan defende título do Bumba meu Boi em conferência da Unesco A candidatura foi analisada pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, durante a 14º reunião realizada em Bogotá. Delegação do Iphan defende a candidatura do Bumba meu Boi como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. — Foto: Divulgação/Iphan Nesta quarta (11), vários grupos de Bumba Meu Boi se reuniram no centro de São Luís para comemorar o anúncio feito pela Unesco. Brincantes de diversos ritmos fizeram a festa pelo título de Patrimônio da Humanidade. Grupos se reúnem para comemorar título de Patrimônio Cultural da Humanidade em São Luís Bumba boi é o carro-chefe de atrações do São João do Maranhão; no detalhe índia dança com o Boi de Axixá — Foto: Divulgação/ Lauro Vasconcelos O Bumba Meu Boi é uma das principais manifestações culturais do Maranhão e recebe destaque pela diversidade dos sotaques durante o festejos de São João. A brincadeira foi reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil em 2011, sendo considerada um 'Complexo Cultural', por agregar diversos bens associados em uma única manifestação. Brincante de bumba meu boi, uma das brincadeiras típicas do São João do Maranhão — Foto: Aluízio Ribeiro Enraizado na cultura religiosa, o bumba meu boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, que mobilizam promessas e marcam datas comemorativas. Os brincantes e o amor pelo Bumba Meu Boi Considerado a mais importante manifestação da cultura popular do Maranhão, o ciclo festivo é dividido em ensaios, batismo do boi, as apresentações públicas ou brincadas, e a morte do boi. É vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano. São Luís recebe título de capital nacional do bumba meu boi — Foto: Reprodução/TV Mirante O tradicional Bumba Meu Boi do Maranhão pode receber o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A candidatura da principal manifestação folclórica do Maranhão, elaborada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), será avaliada pela Unesco, entre os dias 10 e 12 de dezembro, na Colômbia. O Bumba Meu Boi é uma das principais manifestações culturais do Estado e recebe destaque pela diversidade dos sotaques durante o festejos de São João realizados no Maranhão. A brincadeira foi reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil em 2011, sendo considerada um 'Complexo Cultural', por agregar diversos bens associados em uma única manifestação. Em termos de expressão popular, o Bumba Meu Boi possui performances dramáticas, musicais e coreográficas, no plano material, podem ser apreciados o artesanato das indumentárias, os bordados feitos no couro do boi, os instrumentos musicais que são confeccionados artesanalmente. A proposta é encaminhada na lista representativa da Unesco e o bem cultural deve atender os requisitos que estão dispostos na Resolução 1/2009 do órgão. Se for preenchido, a proposta de candidatura é enviada ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, junto de uma avaliação preliminar feita pelo Departamento de Patrimônio do Imaterial do Iphan. Em seguida, é elaborado um dossiê de acordo com o formulário da Unesco e com a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco de 2003. O documento diz que o bem preenche requisitos de excepcionalidade cultural e por isso, deve receber o título. Caso seja o vencedor, o Bumba Meu Boi será o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional da Unesco. Entre os vencedores do país, estão a Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014). Em 1997, São Luís recebeu o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. O título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) em 6 de dezembro de 1997 em Nápoles, na Itália. O conjunto arquitetônico do Centro Histórico, com seus 407 anos de história, é composto por casarões seculares, revestidos por azulejos portugueses, reúne um acervo com mais de mil prédios construídos entre os séculos 18 e 19, que são tombados pelo patrimônio federal. A capital colonizada por portugueses nasceu moderna, já que sua planta foi desenhada no século 17 e inspirada pelo urbanismo espanhol, que época tinha Portugal sob domínio. As peculiaridades como traçados lineares nas ruas, com desenhos geométricos, quadras bem desenhadas, garantiram a São Luís, o titulo de Patrimônio Mundial da Humanidade. Título de 'Patrimônio da Humanidade' foi concedido pela UNESCO em 6 de dezembro de 1997 em Nápoles, Itália. — Foto: Reprodução/TV Mirante Bloco C de Asa anima foliões em prévia de carnaval em São Luís Reconhecido na folia maranhense por sair pelas ruas cantando grandes clássicos da festa momesca e por dar o primeiro grito de carnaval no estado, ainda no dia de Natal, o Bloco C. de Asa tem apostado na força da festa junina do Maranhão e carregado uma multidão pelas ruas da capital. A manifestação carnavalesca vem introduzindo no seu repertório eternos clássicos do Bumba Meu Boi. As chamadas toadas (músicas cantadas nas apresentações da brincadeira junina) tem embalado foliões do bloco durante o pré-carnaval de São Luís. ""O C de Asa é isso. É popularidade. Grandes clássicos do carnaval e também do bumba-meu-boi, que é algo nosso, genuinamente do Maranhão"", disse Selma Carvalho, brincante do bloco. Bloco C. de Asa arrasta multidão nas ruas de São Luís-MA — Foto: Divulgação Durante a caminhada pelas ruas grandes toadas entram em cena como ""Se não existisse o sol"", que se consagrou na voz de Chagas, quando ainda cantava na Maioba, ""Cabocla Ita"", Hino da Umbanda e que também é ecoada por vários cantadores de Bumba Meu Boi, ""Maranhão meu tesouro meu torrão"", de Humberto de Maracanã, emblemático cantador que já faleceu, entre outras grandes obras. Tudo isso em ritmo de samba e embalado nas vozes de uma multidão. O C. de Asa é o bloco de rua da Madre Deus, bairro de São Luís-MA reconhecido pela efervescência cultural no Maranhão. Caracterizado pela primeira saída na tarde de Natal, a manifestação carnavalesca é sucesso desde o pré-carnaval na capital maranhense, foi fundado em 1995 e nesta temporada ganha as ruas comemorando suas bodas de prata. Em dezembro de 2019, o Complexo Cultural do Bumba meu Boi se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Bogotá, na Colômbia. O Bumba Meu Boi entrou em um seleto grupo de seis bens brasileiros, junto com a Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014). Complexo Cultural do Bumba meu Boi se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade — Foto: Divulgação O Bumba Meu Boi é uma das principais manifestações culturais do Maranhão e recebe destaque pela diversidade dos sotaques durante o festejos de São João. A brincadeira foi reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil em 2011, sendo considerada um 'Complexo Cultural', por agregar diversos bens associados em uma única manifestação. Enraizado na cultura religiosa, o bumba meu boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, que mobilizam promessas e marcam datas comemorativas. Considerado a mais importante manifestação da cultura popular do Maranhão, o ciclo festivo é dividido em ensaios, batismo do boi, as apresentações públicas ou brincadas, e a morte do boi. É vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano. Festival Bumba Meu Boi de Maceió — Foto: Secom Maceió/Pei Fon O Festival de Bumba Meu Boi começa nesta sexta-feira (30) no Estacionamento de Jaraguá, em Maceió. O evento é gratuito e acontece até sábado (31) a partir das 18h. Nesta 27ª edição do festival, o evento vai contar com a participação de 20 grupos e cada apresentação terá duração máxima de 30 minutos. O Festival de Bumba Meu Boi é uma realização da Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), e da Liga de Bumba Meu Boi. Sexta-feira (30) Sábado (31) De acordo com o diretor de Produção Cultural da Fundação, Keyler Simões, cerca de 20 mil pessoas devem prestigiar a edição deste ano do festival. “Todos os anos as arquibancadas ficam lotadas e não esperamos que seja diferente na edição de 2019. É importante mencionar que a estrutura da arena é, hoje, muito maior e mais adequada para receber o público, os jurados e os próprios grupos de Bumba Meu Boi, que promovem verdadeiros espetáculos”, disse. Veja mais notícias da região no G1 Alagoas Estação Literária de Guararema realiza oficina neste sábado, 17. — Foto: Luciana Rodrigues Oliveira/ Prefeitura de Guararema Crianças a partir de 6 anos de idade podem participar da oficina de marionete bumba meu boi, que será neste sábado (17), às 15h30, na Estação Literária de Guararema. Há 20 vagas disponíveis, por isso, os interessados devem fazer inscrição com uma hora de antecedência no balcão de atendimento. Para a construção do bumba meu boi, a Estação disponibilizará materiais recicláveis como rolo de papel higiênico. Os participantes terão ainda à disposição barbante, papel crepom, lantejoulas, canetinhas e outros acessórios para enfeitar a marionete. A Estação Literária de Guararema fica na Rua 19 de Setembro, número 233, no Centro. Quando: 17 de agosto Horário: 15h30 Quanto: gratuito Classificação: a partir de 6 anos Onde: Estação Literária Endereço: Rua 19 de Setembro, 233, Centro, Guararema Entre os dias 9 e 11 de agosto, Ceilândia será um pedacinho do Nordeste e do Norte no Distrito Federal. O Maior São João do Cerrado 2019, traz como tema ""O Bumba-Meu-Boi do Seu Teodoro"". O ingresso solidário custa R$ 1 e a renda será revestida para o grupo folclórico. O Boi do Seu Teodoro é um dos mais importantes grupos de cultura popular do DF. Criado pelo mestre Teodoro Freire, o grupo que tem mais de 50 anos de existência e traz valores históricos e artísticos para a capital. Joelma durante show — Foto: Emanuel Tadeu/Medow Entre os nomes confirmados no palco principal estão Joelma, Mano Walter, Dorgival Dantas, Forró Anjo Azul, Del Feliz, Fulô de Mandacarú e a banda Jammil e Uma Noites. O evento também conta com três Ilhas de Forró, onde se apresentam trios locais. Na Arena do Folclore acontecem apresentações de quadrilhas juninas e outros grupos folclóricos. Já no Coreto, sobem ao palco cordelistas e poetas. A edição de 2019 do Maior São João do Cerrado vai contar, ainda, com circo e um parque de diversões. A tradicional Vila Borborema e seus artesãos completam a programação. Maior São João do Cerrado 2019 Veja o que fazer em Brasília no G1 DF. Mestra-artesã Vânia de Oliveira conquista título de Imortal do Brasil Patrimônio Vivo de Alagoas, a mestra artesã Vânia de Oliveira foi declarada imortal da cultura brasileira. O mérito foi dado pela Organização Internacional de Folclore e Artes Populares (IOV World) - filiada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com peças de folguedo e artesanatos coloridos, Vânia vem retratando a cultura popular alagoana há 38 anos. A artesã é autodidata e se destaca pelo trabalho com bumba meu boi e chapéus de Guerreiro. Ela diz que o título de imortal vai estimular ainda mais o seu trabalho de divulgação da arte alagoana. “Recebi a notícia com muita surpresa. Fiquei orgulhosa e honrada em ter sido escolhida na primeira vez que foi decidido realizar essa homenagem no país. Agora, me sinto ainda com mais responsabilidade em lutar sempre pelo maior reconhecimento do artesanato alagoano e divulgar a nossa cultura”, disse. O título passou a ser entregue a artesãos brasileiros em 2020. Em Alagoas, o trabalho desses artistas tem sido promovido pelo programa Alagoas Feita à Mão. Artesã Vânia de Oliveira é declarada Mestra Imortal do Brasil — Foto: Jonathan Lins Veja mais notícias da região no G1 AL Boi Carion faz parte da tradição cultural de Mâncio Lima desde a década de 30 — Foto: Alonso Pafyese/Arquivo pessoal Documentário que conta a história do Boi Carion, o Boi de reisado de Mâncio Lima, no interior do Acre, foi lançado na tarde desta sexta-feira (9) por meio de uma live, no canal do Instituo Baquimirim, responsável pela produção. Tradicional na cidade, o Boi Carion chegou a Mâncio Lima na década de 30 e faz parte das manifestações culturais do município. São pelo menos 90 anos de tradição. ""É uma tradição de reisado, como o bumba meu boi, e veio do nordeste na década de 30, no processo civilizatório. E o povo, a maioria é indígena lá, então, tem muito preservada nessa cultura a música e a dança indígena. Não é igual ao do nordeste, já virou outra coisa e é uma ópera"", contou o coordenador do Baquimirim no Acre, Alexandre Anselmo. A festa ocorre durante a noite inteira e permanece do Natal até o dia de Reis, com 13 noites, com o grupo fazendo apresentações, colhendo também doações para a festa de Reis e para sustentar o grupo. Anselmo disse que o objetivo do documentário é de tornar a tradição da cidade conhecida e também de preservar o patrimônio cultural. ""O que é mais impactante é que uma cultura tão forte e desconhecida pelo próprio povo e desvalorizada por todas as esferas de governo. É a salvaguarda do patrimônio cultural, até como direito a herança para as próximas gerações conhecer a própria cultura"", contou. A cultura popular foi mantida e celebrada por gerações, e, hoje segue viva através dos ensinamentos do mestre Tião Moura. Após anos sem realizar as apresentações típicas do dia de Reis, o Boi Carion retomou o festejo em dezembro de 2019, quando foram feitas as gravações do documentário. Festa ocorre durante 13 dias, do Natal ao dia De Reis — Foto: Alonso Pafyese/Arquivo pessoal Com 40 minutos de duração, o documentário conta a história de Jaraguá, personagem do Boi Carion, uma espécie “cavalo/jacaré” que é oferecido ao Rei por Mateus, para que ele não seja cobrado pelo Boi que matou. O enredo conta com participantes como rei, rainha, príncipe, princesa, general, secretário, criada, embaixadores, damas e figuras como: Boi Carion, bode, jaraguá, araúna, barca bela, borboleta, sereia e Joana Baia. Todas essas figuras são comandadas por outro personagem chamado de Mateus, que vem acompanhado por seus caretas, que são os seus filhos com a Joana Baia. São pelo menos 40 pessoas envolvidas no projeto. ""A gente é um grupo formado em 2007 que trabalha com os mestres tradicionais e o primeiro foi Antônio Pedro e, por meio dele, vieram outros. Em 2012, conhecemos o Boi de Mâncio Lima e em 2017 veio a aproximação"", contou Alselmo. Em 2019, o coordenador contou que o grupo conseguiu o apoio do Instituto Nova Era, em São Paulo, e foi como gravaram o documentário. UFSCar Sorocaba recebe exposição fotográfica sobre o Bumba-meu-boi — Foto: Divulgação O Núcleo de Extensão Educação, Tecnologia e Cultura (NETC-So) do campus Sorocaba (SP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) recebe, até esta terça-feira (30), a exposição fotográfica ""A potência da alegria no Bumba-meu-boi de Matraca do Maracanã em São Luís - MA"". Idealizada pela professora Dulcinéia de Fátima Ferreira, do Departamento de Ciências Humanas e Educação (DCHE-So) da UFSCar, a mostra reúne 27 fotografias que exaltam a cultura popular brasileira. A exposição está relacionada à pesquisa de pós-doutorado ""Cultura popular e processos de subjetivação: desenhando mapas para festa em busca da potência da alegria no Bumba-meu-boi de Matraca do Maranhão"", vinculada à UFSCar e à Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A mostra já foi exposta no Centro Histórico de São Luís do Maranhão, em junho de 2018, com o apoio do Governo do Estado do Maranhão, e também enviada à comunidade que Ferreira visitou no âmbito da pesquisa. A exposição é gratuita, aberta ao público e pode ser vista no Núcleo ETC (Rua Maria Cinto de Biagi, 130, Jardim Santa Rosália), de segunda-feira a sábado, das 9h às 17h. Mais informações estão disponíveis na página do Núcleo ETC no Facebook. Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Fábio Júdice dá dicas para o final de semana Dicas do Fábio Júdice — Foto: Editoria de Arte/G1 Grupos de Bumba Meu Boi do bairro do Vergel — Foto: Jonathan Lins/G1 A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) publicou um edital onde serão contemplados 80 grupos de Bumba-meu-Boi e Coco de Roda onde serão destinados R$ 160 mil. No total, serão contemplados 30 grupos de Bumba-Meu-Boi e 50 de Coco de Roda no edital Bumba Meu Coco. ""Mais uma vez, a Secult lança um edital inédito. Desta vez beneficiando os grupos de Coco de Roda e Bumba-Meu-Boi. Temos realizado grandes festivais envolvendo estes dois segmentos culturais alagoanos, que são sempre sucesso. Agora, estamos premiando 80 projetos destas manifestações folclóricas tradicionais alagoanas"", disse a secretária de Cultura, Mellina Freitas. As 80 propostas têm como base o mapa de Regiões de Planejamento de Alagoas: Agreste, Alto Sertão, Baixo São Francisco, Médio Sertão, Norte, Planalto da Borborema, Serrana dos Quilombos e Tabuleiros do Sul. Desse modo, 26 grupos de Coco de Roda serão da região Metropolitana e 24 das demais regiões. Para os grupos de Bumba-meu-Boi, serão 14 grupos da região Metropolitana e 16 das demais regiões. A premiação é de R$ 2.000,00 para cada grupo. Veja mais notícias da região no G1 Alagoas São Luís recebe título de capital nacional do bumba meu boi São Luís recebeu o título de capital nacional do bumba meu boi. O reconhecimento veio após a sanção da Lei nº 13.851, de 4 de julho de 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro. O relator do projeto de lei foi o senador maranhense Roberto Rocha (PSDB). Ele defendeu que essa manifestação cultural está presente em diversos estados do Brasil, mas é no Maranhão que o bumba meu boi se destaca com mais força, como uma expressão da cultura, fé e devoção, misturando elementos de tradições europeias, africanas e indígenas. São Luís recebe título de capital nacional do bumba meu boi — Foto: Reprodução/TV Mirante Para o autor do projeto, a oficialização de São Luís como a capital nacional do bumba meu boi pode produzir impactos positivos no setor turístico. Desfile de São Marçal é marca do período junino maranhense — Foto: Alessandra Rodrigues/ Mirante AM Grupos de Bumba-meu-boi do sotaque de matraca de todo Maranhão estão no bairro do João Paulo, em São Luís-MA, prestando homenagem a São Marçal. Concentrados na avenida que tem o nome do santo, as manifestações folclóricas realizam uma série de desfiles desde o começo da madrugada deste domingo (30). O ""Encontro de Batalhões"" é uma marca da cultura popular maranhense e é uma espécie de encerramento do período junino no Maranhão. Tradicionalmente realizada na bairro do João Paulo a multidão ganhas as ruas do bairro sempre no começo da madruga e chegam a varar o dia seguinte. Milhares de pessoas fazem festa na Avenida São Marçal — Foto: João Ricardo/G1 Maranhão Um palco foi montado para o desfile oficial de bumba-meu-boi e a concentração dos grupos é muito grande desde as primeiras horas do dia. Grandes filas de bumba-meu boi de sotaque de matraca foram registradas e algumas manifestações conduzem suas próprias aparelhagem de som e já aquecem as turbinas mesmo distante do local oficial de desfile. A força do ""Encontro de Batalhões"" é tão grande que fez com que a Avenida João Pessoa, principal do bairro João Paulo, mudasse de nome e passasse a se chamar Avenida São Marçal. Em 2006, a Prefeitura de São Luís, depois de ter sancionado a lei que alterou o nome, atribuiu à Festa de São Marçal, através da lei Nº 4.626/06, o título de bem cultural e imaterial, transformando a data no Dia Municipal do Brincante de Bumba Meu Boi. Posteriormente, foi construída uma estátua de São Marçal na região, com 5 metros de altura. Encontro de batalhões de bumba-meu-boi é tradicional no Maranhão — Foto: João Ricardo/G1 Maranhão Remendo Remendó tem sessão em Piracicaba — Foto: Adeloiá Magnoni A peça “Remendo Remendó” será encenada às 16h de sábado (24) e domingo (25) no Sesi de Piracicaba (SP). A história é inspirada nos cordéis do mestre João Grilo e um dos contos do livro “Alexandre e outras histórias”, de Graciliano Ramos. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser reservados pela internet. Haverá também a oficina ""Remendando o Boi“, que acontece às 10h do sábado. O espetáculo tem duração de 50 minutos. Na história, o prefeito de uma cidade do interior decide organizar um festival de contadores de histórias, sendo que entre os competidores estão os filhos dele: a extrovertida Porcia, o intelectual Corisco, o sábio Firmino e o divertido Alexandre. Segundo a organização, o cenário aborda elementos da cultura nordestina e reúne música e dramaturgia, valorizando a estética cartoon e os traços cordelistas. Os ingressos devem ser reservados pelo site do Sesi. A oficina “Remendando o Boi” dura duas horas e os participantes aprendem, por meio de um jogo, a construir um estilo próprio do bumba-meu-boi. Além disso, será possível conhecer a dramaturgia e a expressão de ritmos tradicionais. São 20 vagas ao total e podem participar pessoas com mais de 10 anos. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail cacpiracicaba@sesisp.org.br Veja mais notícias da região no G1 Piracicaba Apresentações de dança de menino que superou o medo brincando de Buma Meu Boi, no PA Uma história que começa como brincadeira em caixa de papelão e se tornou um exemplo de superação. Em Terra Santa, no oeste do Pará, Apolo Cavalcante, de 5 anos, movido pelo amor à cultura perdeu o medo de multidão e barulho após o pai fazer um ""Bumba Meu Boi"" de caixas e papel. Hoje, ele dá show em apresentação em festas juninas e festivais. Mesmo não sabendo ler, a busca do menino pelo assunto começou com pesquisas de voz na internet. Com apenas 4 anos, Apolo pegava o celular e pesquisava sobre as danças tradicionais do folclore brasileiro em vídeos. Menino começou a brincadeira de Bumba Meu Boi em uma caixa de papelão — Foto: Eila Gimaque/Arquivo Pessoal “Ele apareceu com uma caixa de papelão, pediu para abrir uns buracos para ele enxergar de dentro e ficou brincando por algumas semanas. Depois ele queria que eu fizesse uma cabeça para a caixa igual a do boi, e assim fiz”, contou o pai, o comerciante Ediandro Ferreira. O tempo passou e o garotinho queria ter uma fantasia ainda mais parecida com as que ele via nos vídeos. Os pais, então, resolveram conversar com um artesão que confeccionou o Bumba Meu Boi. Apolo Cavalcante faz apresentações em escolas após perder o medo de aglomeração com brincadeiras — Foto: Eila Gimaque/Arquivo Pessoal Ao G1, os pais contaram que o menino tinha dificuldade de interação, não gostava de lugares com barulho e aglomeração. Entretanto, com a brincadeira, Apolo foi perdendo o medo e os pais começaram a perceber a evolução rítmica e social do filho através da “terapia”. A nova fantasia ainda é confeccionada com papelão e ganhou adereços com fitas, lantejoulas e pedrarias. Com a desenvoltura de Apolo, convites começaram a surgir para apresentações, começando pela escola na qual o menino estuda. A partir daí a projeção na cidade cresceu. Para deixar tudo mais profissional, os pais fizeram camisas para que Apolo fosse à caráter e conseguiram que uma amiga do filho também se apresentasse. Bumba Meu Boi de Apolo é caracterizado como o menino pede aos pais, em Terra Santa (PA) — Foto: Eila Gimaque/Arquivo Pessoal “Ele gosta muito de azul, ele torce para o Boi Caprichoso de Parintins (AM), então a maioria dessas roupas é nessa cor. Ele está sempre pesquisando usando o recurso de voz do celular”, enfatizou a mãe, Cleuda Cavalcante. A mãe conta que Apolo fica apreensivo antes de começar a dançar, mas basta colocar a fantasia que tudo passa. “Sempre damos força. Ele pede as músicas, se prepara ensaiando, cria os passinhos e na hora sempre surpreende”, disse Cleuda. A história que começou com uma caixinha de papelão mudou a vida de uma criança. “Hoje o meu filho dá um show e estamos felizes com esse avanço”, finalizou. Carnaboi em Manaus — Foto: Bruno Zanardo e Tacio Melo/Secom O carnaval ao ritmo de boi-bumbá levou milhares de pessoas ao Centro de Convenções de Manaus nesta Segunda-Feira Gorda de Carnaval. Na ponta dos pés, o ""dois pra lá e dois pra cá"", que embalam dos fãs de Garantido e Caprichoso na capital do Amazonas. Os mais de 30 artistas escalados para os shows se apresentaram ao público em um palco que teve formado de 360 graus e deixou os artistas mais próximos dos foliões. Festa reúne muito boi-bumbá — Foto: Luciano Abreu/Rede Amazônica Os bumbás de Manaus, Brilhante, Corre Campo e Garanhão abriram a festa, numa noite dedicada ao cantor Arlindo Jr. O pop da Selva, como era conhecido, morreu em dezembro de 2019, vítima de um câncer. O público lotou a pista, mas também movimentou as arquibancadas do Sambódromo. Festa reúne muito boi-bumbá — Foto: Bruno Zanardo e Tacio Melo/Secom Grupos de Bumba Meu Boi participam de festival em Jaraguá — Foto: Jonathan Lins/G1 O I Festival Alagoano de Bumba Meu Boi começou nesta sexta-feira (16) no estacionamento do bairro de Jaraguá, em Maceió. Ao todo, 28 grupos de acesso e uma categoria especial de Bumba Meu Boi participarão do festival, que vai até o sábado (17). A competição, que terá 1°, 2° e 3° colocados, tem temática livre. O presidente da Liga dos Grupos de Bumba Meu Boi de Alagoas, Zé do Boi, explicou que cada grupo terá 30 minutos para se apresentar na arena. Os grupos serão julgados por uma comissão composta por sete técnicos, que avaliará quesitos como evolução do boi, evolução do vaqueiro, bateria, fantasia, beleza do boi, conjunto e entoada. ""Normalmente, os grupos escolhem cidades e personalidades históricas para homenagear"", afirma o presidente. ""Estamos promovendo um grande evento para fazer ecoar por todos os cantos de Alagoas uma das principais manifestações culturais do nosso estado"", destaca a secretária de Cultura, Mellina Freitas. O evento contará também com exposição de Bumba Meu Boi. A entrada para o público é gratuita. I Festival Alagoano de Bumba Meu Boi Local: Estacionamento do Jaraguá Data: sexta-feira (16) e sábado (17) Horário: 18h Entrada gratuita Veja mais notícias da região no G1 Alagoas Grupos de Bumba Meu Boi selecionados vão atuar em 2019 — Foto: Jonathan Lins/G1 A Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), divulgou nesta terça-feira (18) o resultado final de habilitação do processo de seleção de grupos para participarem no 27° Festival de Bumba meu Boi de Maceió em 2019. A mensagem foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM). No total foram selecionados 25 grupos para participarem do festival que faz parte do projeto Ginga Maceió que tem parceria com Ministério da Cultura (Confira lista completa no final do texto). As propostas foram analisadas por uma comissão composta por três funcionários da FMAC. Cada grupo selecionado vai receber R$ 4 mil para arcar com os custos da apresentação. Veja mais notíia da região no G1 Alagoas Apresentações de Bumba Meu Boi animam público no Estacionamento do Jaraguá, em Maceió — Foto: Carolina Sanches/G1 O Festival de Bumba Meu Boi começou nesta sexta-feira (24) no Estacionamento de Jaraguá, na parte baixa de Maceió. O evento é gratuito e acontece até sábado (25) a partir das 19h. A programação do festival conta com a participação de 23 grupos de Bumba Meu Boi de vários bairros da capital, sendo 11 no primeiro dia e 12 no segundo dia. Cada grupo tem 25 minutos para realizar a apresentação. A estimativa da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac) é de que 10 mil pessoas devam passar pelo festival para prestigiar o evento. Para noite desta sexta (24), as apresentações são compostas pelos grupos Guerreiro da Vila, Pérola, Diamante, Anaconda, Pacato, Pacato Rei, Kimera, Fênix, Treme Terra, Dragãozinho e Cobra Criada. Já para o sábado (25), as apresentações são do grupo especial, com os bois Força Bruta, Águia Dourada, Trovão, Águia Vergel, Águia de Ouro, Cão de Raça, Africano, Axé, Bumbá Alagoano, Lacrau, Dragão e Vingador. Festival Bumba Meu Boi acontece até sábado (25) no Estacionamento do Jaraguá, em Maceió — Foto: Carolina Sanches/G1 Veja mais notícias da região no G1 Alagoas 'A Farra do Boi Bumbá' é apresentado no Sesc de Piracicaba — Foto: Foto: Danilo Sergio O Sesc de Piracicaba (SP) recebe a peça ""A Farra do Boi Bumbá"" neste sábado (4) com entrada gratuita. O espetáculo faz parte da programação do Cena Criança, projeto que reúne trabalhos para incentivar a criatividade e a educação. A montagem é do grupo Os Ciclomáticos Cia de Teatro e começa às 16h. A história se desenvolve em torno de um fazendeiro rico que tem um boi. Pai Chico, trabalhador da fazenda, quer satisfazer a sua mulher Catirina, que está grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Ele traz a língua do boi e a confusão está formada. Além da história do boi, a trama também traz pequenos contos do folclorista Câmara Cascudo. A peça será apresentada no Parque Lúdico. Confira a programação de espetáculos para janeiro. Veja mais notícias da região no G1 Piracicaba Espetáculo A Farra do Boi Bumba será apresentado em Presidente Prudente — Foto: Danilo Sergio Neste domingo (1º), a partir das 15h, a companhia Os Ciclomáticos, do Rio de Janeiro (RJ), apresenta o espetáculo infantil A Farra do Boi Bumba, em Presidente Prudente. A peça será no Sesc Thermas e a entrada é gratuita. Com autoria e direção de Ribamar Ribeiro, a história se desenvolve em torno de um fazendeiro que tem um boi muito bonito. Pai Chico, trabalhador de fazenda, rouba o boi para satisfazer a sua mulher que está grávida e sente desejo de comer a língua do animal. O fazendeiro manda diversos personagens populares procurarem o animal, apresentando contos do folclorista Câmara Cascudo. Em seguida, às 16h, é a vez da criançada participar da oficina Personagens Voadores, pelo projeto Brincando com Arte. A arte-educadora Magê Blanques propõe criar a partir de materiais diversos, como tecidos, papéis e sucatas, objetos de voar inspirados nos sonhos de cada criança. Para participar, basta realizar a inscrição da Central de Atendimento do Sesc. As vagas são limitadas e atividade também é gratuita. Cantor e levantador de toadas Klinger Araújo, do Amazonas. — Foto: Arquivo Pessoal Morreu, aos 51 anos, o cantor e levantador de toadas Klinger Araújo, na manhã desta terça-feira (29), em Manaus. Ele estava internado com Covid-19 desde o dia 13 deste mês, em uma unidade de saúde privada de saúde, mas não resistiu às complicações da doença. Manaus vivencia, nas últimas semanas, um aumento de casos e internações pela Covid-19. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que a capital vive uma segunda onda da doença, e recomendou lockdown (bloqueio total de circulação) para impedir o avanço da mesma. Até essa segunda (28), o Amazonas registrava mais de 4 mil mortos pela Covid-19. Popularmente conhecido como “Furacão do Boi”, Klinger Araújo era natural de Parintins, mas vivia há muitos anos em Manaus, onde realizava diversos trabalhos como levantador de toadas do boi-bumbá Caprichoso. Ele é lembrado como um dos maiores ícones do boi-bumbá no estado. Sua trajetória artística começou em 1986, quando ele atuava como radialista em Parintins. Alguns anos depois, foi DJ e locutor dos noticiários da emissora local. Já na capital manauara, Klinger também teve passagens por rádios, inclusive em emissoras locais do Pará e do Ceará. A ascensão do cantor como levantador de toadas aconteceu em 1990, quando ele se apresentou pela primeira vez com o Boi-Bumbá Garantido. Anos depois, Klinger foi convidado para cantar no Boi-Bumbá Caprichoso, onde se firmou nas raízes folclóricas do “boi azulado”. Em 1996 o artista foi convidado por um grupo de empresários para divulgar a cultura do boi-bumbá pelo Brasil. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro foram seu destino, onde participou de vários programas como ""Mais Você"", de Ana Maria Braga, e ""Domingão do Faustão"". Klinger Araújo morre em Manaus. — Foto: Arquivo Pessoal O Grupo Samel, responsável pela unidade onde Klinger estava realizando tratamento, manifestou pesar pela morte do cantor amazonense. A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa também lamentou, por meio de nota, a morte de Klinger. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e a primeira-dama e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro, também manifestaram pesar pela morte do artista parintinense. A Associação Cultural do Boi-Bumbá Caprichoso lamentou a morte do cantor, e decretou luto de três dias na agremiação, em respeito à memória do artista. ""No dia em que lembramos nove meses da partida do Pop da Selva, Arlindo Júnior, o Furacão do Boi, Klinger Araújo, resolveu ao lado dele e de Emerson Maia, cantar as toadas azuladas no firmamento azul. Ficam nas nossas memórias os grandes momentos e o encontro desses amigos no teatro da vida, como a emocionante flauta de Klinger Araújo acompanhando a interpretação de Arlindo Júnior, no Teatro Amazonas"", declarou a associação, por meio de nota. A última apresentação de Klinger Araújo, em Parintins, pelo boi Caprichoso, foi durante o Carnaboi 2020, onde comandou a Nação Azul e Branca e ainda foi homenageado no Carnailha pelo bloco Fax Clube. Klínger, que era casado com a também cantora Vanessa Alfaia, deixa quatro filhos e dois netos. Arraial Bumba Minha Casa acontece nesta segunda-feira (29) A programação do São João do Maranhão vai poder ser acompanhada de um jeito diferente em 2020. Durante três noites, o projeto Bumba Minha Casa apresentará lives com atrações imperdíveis e tradicionais, com transmissão pela internet. A programação será apresentada pela influenciadora Thaynara OG e pelo radialista da Mirante FM, João Marcos. A primeira live será realizada dia 29 de junho, com a live dos grupos Boi da Maioba, Boi de Axixá, Boi Barrica e a cantora Alcione. Já a segunda noite de espetáculos acontecerá no dia 3 de julho e contará com o Show de Mano Borges, participação de Betto Pereira, César Nascimento e Erasmo Dibell, além do Boi de Nina Rodrigues e Boi de Santa Fé. A terceira e última noite do Bumba Minha Casa será no dia 10 de julho e contará com apresentações do Boi de Maracanã, Boi de Morros e o show da banda Mesa de Bar. O Bumba Minha Casa nasce com objetivo de valorizar a cultura local, estimular ações de solidariedade voltadas aos grupos folclóricos, afetados pelo fato de não haver São João neste ano, além de levar alegria para todos que estão em casa se protegendo durante o período de pandemia. O projeto conta com apoio das empresas Equatorial, Ambev, Mirante e Phocus. Como esse ano todas as festas juninas foram canceladas por conta do Coronavírus, os grupos folclóricos do Maranhão ficarão sem sua fonte de renda. Então, como uma forma de ajudar quem faz parte da nossa cultura, arrecadaremos doações por meio do Movimento Gratitude, direcionando tudo para as comunidades dos grupos folclóricos através da plataforma Vakinha. Arraial Bumba Minha Casa: um arraial para unir a gente, cada um no seu canto — Foto: Divulgação/Boi de Axixá Serão selecionados 20 grupos para a 27ª edição do Festival de Bumba Meu Boi de Maceió — Foto: Jonathan Lins/G1 O edital de chamada pública para o Festival de Bumba Meu Boi de Maceió foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) na manhã desta segunda-feira (25). No total, serão selecionados 20 grupos para apresenta na 27ª edição do evento. Confira aqui o edital completo (a partir da página 17) As inscrições começaram nesta manhã e devem ser feitas na sede da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), em Jaraguá, até o dia 8 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h. As propostas serão analisadas por uma comissão, e cada grupo selecionado vai receber R$ 4 mil para arcar com os custos da apresentação. O resultado deve ser publicado no site da FMAC no dia 31 de agosto. Veja mais notícias da região no G1 Alagoas Entregue no Iphan candidatura do Bumba-meu-boi a Patrimônio Imaterial da Humanidade O Complexo Cultural do Bumba-meu-boi pode se tornar Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O primeiro passo para o reconhecimento internacional concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) foi dado nesta quinta-feira (5) com a entrega do dossiê de candidatura do bem cultural ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). A cerimônia de entrega teve a presença da secretária executiva do Ministério da Cultura, Mariana Ribas; a presidente do Iphan, Kátia Bogea; o diretor do Instituto de Patrimônio Imaterial, Hermano Queiroz; e o superintendente do Iphan no Maranhão, Mauricio Itapary. Bumba-meu-boi pode se tornar Patrimônio Imaterial da Humanidade já em 2019 — Foto: Divulgação/IPHAN O dossiê de candidatura foi entregue à diretora do Departamento Cultural do Itamaraty, ministra Paula Alves de Souza. A previsão é de que em 2019 o Comitê do Patrimônio Imaterial decida sobre a inserção do bem brasileiro na lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Com uma decisão positiva, o Bumba-meu-boi vai se unir a Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), ao Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e a Roda de Capoeira (2014). Todos são bens brasileiros reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Dossiê de candidatura foi entregue à diretora do Departamento Cultural do Itamaraty, ministra Paula Alves de Souza. — Foto: Divulgação/IPHAN Considerado Patrimônio Cultural do Brasil desde 2011 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o caminho do bumba-meu-boi percorrido para se chegar a candidatura de Patrimônio Imaterial da Humanidade passou por várias etapas até chegar ao estágio atual. Segundo o Iphan, tudo começa quando existe a solicitação da comunidade ao instituto para que o bem seja inscrito na lista representativa da Unesco a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Esse é o primeiro passo para que o Patrimônio Cultural do Brasil obtenha o reconhecimento internacional. Bumba-meu-boi concorre a título de Patrimônio Imaterial da Humanidade — Foto: Divulgaçao/IPHAN A partir de então, o pedido é apresentado pelo Iphan para avaliação ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e, tendo a anuência, é dado início a elaboração de um levantamento sobre os aspectos relevantes do bem cultural, legitimando sua importância para a humanidade. Ao ser reunido em um Dossiê, os dados são entregues pelo MRE à Unesco, como aconteceu nesta terça (5). A partir de agora o Bumba-meu-boi passa a integrar um conjunto de bens imateriais que serão objeto de análise do organismo internacional sobre a aceitação ou rejeição da proposta levada à apreciação final durante uma reunião do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda. O Complexo Cultural do Bumba meu boi está presente em todo o Estado do Maranhão, dividido em cinco principais estilos conhecidos como sotaques: Matraca, Orquestra, Zabumba, Baixada e Costa-de-mão. Contabiliza-se mais de 400 grupos, localizados nas zonas urbana e rural de São Luís e em, pelo menos, 75 municípios do estado. Repórter Mirante - Programa especial sobre as toadas do Bumba-meu-boi do Maranhão Segundo o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Queiroz, participar da manifestação extrapola a ideia de ser parte de um grupo. Para além da unidade mais estreitamente ligada às celebrações do Boi, os praticantes se identificam como uma grande comunidade boieira, comungando a mesma visão de mundo que envolve religiosidade católica, cultos de matriz africana de diversas tradições, crenças e ritos. “Para os participantes, integrar o Bumba meu boi é motivo de orgulho e devoção, de modo que há quem traduza seu compromisso com o Boi comparando-o a uma religião”. Iphan considera a brincadeira do boi como uma grande comunidade boieira que reúne religião, tradição e ritos. — Foto: Divulgação/IPHAN Para o IPHAN, ainda que existam formas de expressão similares ao Bumba-meu-boi em outros estados brasileiros, no Maranhão o elemento se diferencia por se constituir num complexo cultural, que compreende uma variedade de estilos, multiplicidade de grupos e, principalmente, porque estabelece uma relação intrínseca entre a fé, a festa e a arte, fundamentada na devoção aos santos católicos juninos, nas crenças em divindades de cultos de matriz africana e na cosmogonia e lendas da região. O Dossiê de candidatura destaca que a manifestação cultural, portadora de uma carga simbólica que reproduz o ciclo vital (nascimento, vida e morte), é uma metáfora da própria existência humana. Repórter Mirante - Programa especial sobre o Bumba-meu-boi do Mraanhão Divulgado o resultado do Festival Bumba Meu Boi em Maceió O grupo Cobra Criada foi eleito o vencedor no grupo de acesso da 26ª edição do Festival Bumba Meu Boi, após apuração realizada na tarde desta segunda-feira (27), no bairro do Jacintinho, em Maceió. Em segundo lugar ficou o grupo Fênix, e ocupando a terceira posição, o grupo Diamante. O prêmio de Melhor Condutor ficou com o Cobra Criada, assim como os de Melhor Cantor e Melhor Bateria. Já o de Melhor Vaqueiro, com a Fênix. O evento, realizado por meio de uma parceria entre prefeitura de Maceió e a Liga de Bumba Meu Boi, aconteceu nos dias 24 e 25 no Estacionamento do Jaraguá. Neste ano, o festival contou com a participação de 23 grupos de vários bairros da capital, sendo 11 grupos de acesso no primeiro dia e 12 especiais no segundo dia. Cada grupo teve 25 minutos para realizar a apresentação. Veja mais notícias da região no G1 Alagoas Brincantes de boi de zabumba durante apresentação em São Luís — Foto: Divulgação Neste sábado (14) acontece o 24º Festival de Bumba-Meu-Boi de Zabumba no bairro Monte Castelo, em São Luís. O ponto exato é ao lado da escola Barbosa de Godois, na Avenida Newton Belo. 17 grupos de bumba-boi representantes do sotaque começam a se apresentar às 21h e a programação só encerra na manhã de domingo (15). O evento surgiu com objetivo de preservar e resgatar as raízes do Boi de Zabumba que estava entrando em declínio nos últimos anos. Em 2016, o festival foi vencedor do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na categoria ‘Iniciativas de excelência em técnicas de preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural’. O sotaque de zabumba é marcado pela presença da percussão rústica e cadenciada, gerrando dinamismo e maior movimentação corporal nos brincantes, que usam roupas aveludadas, saias bordadas e chapéus com fitas. Os grupos também possuem uma riqueza de detalhes bordados em miçangas e canutilhos. O instrumento ‘zabumba’ - que dá nome ao sotaque - é revestido de forros de pele de couro ou sintético e sonoridade é caracteristicamente grave. São tambores bem grandes socados por baquetas e macetas (espécies de varetas, também conhecidas popularmente por “bacalhau”). Espetáculo A Farra do Boi Bumbá será apresentado em Rio Preto — Foto: Danilo Sergio O espetáculo “A Farra do Boi Bumbá” é a atração desta sexta-feira (24) no segundo dia do festival Janeiro Brasileiro da Comédia, em São José do Rio Preto (SP). A apresentação, da Cia Os Ciclomáticos, do Rio de Janeiro, será encenada no Teatro Paulo Moura, às 20h. O espetáculo traz a cultura popular brasileira como tônica nesta montagem. O diretor Ribamar Ribeiro mergulhou no universo do teatro popular, das farsas medievais e das festas brasileiras para contar a história de Catirina e a língua do boi. A história se desenvolve em torno de um rico fazendeiro que tem um boi muito bonito. O Pai Chico, trabalhador da fazenda, para satisfazer a sua mulher Catirina, que está grávida e sente desejo de comer a língua do boi, traz a língua do boi e a confusão está formada. Além da história do boi, a trama também traz pequenos contos do folclorista. A peça também será apresentada no sábado (25), às 19h30, no CEU das Artes “Aristides dos Santos. A classificação é livre e a peça tem duração de 50 minutos. A entrada para as sessões no Teatro Municipal Paulo Moura e no Mezanino, ambos espaços localizados no Complexo Swift, é um litro de leite longa vida (caixinha) por ingresso. A troca é feita na bilheteria no local, uma hora antes do início de cada espetáculo. Já as demais apresentações são gratuitas. A Farra do Boi Bumbá – (Os Ciclomáticos Cia de Teatro – Rio de Janeiro/RJ) No Dia Seguinte – A Quase História da Tevê Brasileira – (Antropofocus – Curitiba/PR) Pequena Ladainha Anti Dramática Para a Reunião de Emergência dos Catedráticos da Instituição Feitosa Bulhões a Excelência do Ensino em Mais de Cinco Décadas de Funcionamento – (Cia do Bife – São Paulo/SP) H2OBoom – (Regazzoni e Tressi Produções Culturais – São Paulo/SP) Histórias Extraordinéditas – (Antropofocus – Curitiba/PR) Fuzurufafa Bafafazuru – (Circo Teatro Rosa dos Ventos -Presidente Prudente/SP) Queijo & Goiabada – Das Canções Que Você Não Autorizou Pra Mim – (Cia Cênica – São José do Rio Preto/SP) Spaghetti – (Seres de Luz Teatro – Campinas/SP) Ordinários – (LaMínima Circo e Teatro – São Paulo/SP) O Circo Bélico (Trupe da Lona Preta -São Paulo/SP) Veja mais notícias da região em G1 Rio Preto e Araçatuba Telespectadores dão oito sugestões culturais bem variadas para os próximos dias Mande suas dicas para o whatsapp 994242523, ou pelas redes sociais no @judicefabio Dicas do Fábio Júdice — Foto: Editoria de Arte/G1 Festejo de São Pedro é comemorado em São Luís Grupos de Bumba meu boi amanheceram nesta sexta-feira (29) no largo da Capela de São Pedro, no bairro da Madre Deus na capital, para prestar homenagens ao santo. Com muita música, cultura e religiosidade, milhares de pessoas se juntaram aos batalhões que pedem bençãos e pagam promessas ao santo que é padroeiro dos pescadores e dos grupos de boi. O festejo é um dos mais tradicionais do Maranhão, sendo considerado um marco da cultura e religiosidade no estado. Os primeiros grupos começaram a chegar desde a noite dessa quinta-feira (28) após saírem de apresentações em arraiais de São Luís e seguiram para a frente da capela entoando toadas que embalam os apaixonados pela cultura popular maranhense. Grupos de Bumba meu boi e fiéis participam de festa em comemoração a São Pedro em São Luís. — Foto: Reprodução/TV Mirante Em seguida, os brincantes subiram até a capela onde agradecem ao santo pela proteção durante o período junino. A tradição já dura mais de 60 anos. Por conta da festa, o trânsito de São Luís na região do bairro João Paulo foi alterado pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT). Além do encontro dos bois, as homenagens religiosas à São Pedro devem ser realizadas em alto-mar. Às 6h30 desta sexta, a imagem de São Pedro saiu do largo de São Pedro em direção a rampa Campos Melo, no Cais da Praia Grande na capital, para a tradicional procissão marítima. Ao sair do local, as embarcações seguem em um percurso que passa pelo Porto de Genipapeiro, Ponta d’Areia, Barragem do Bacanga e para a rampa Campos Melo, por quase duas horas. Brincantes de boi sobem até a Capela de São Pedro para prestar homenagens ao santo. — Foto: Reprodução/TV Mirante Durante o percurso, centenas de fiéis acompanham a imagem e aproveitam para renovar a fé no santo. Além das três principais embarcações, outros barcos de pequeno porte seguem prestando homenagens e uma embarcação da Capitania dos Portos acompanha todo o trajeto para garantir a segurança dos fiéis. Este ano, a procissão começou mais cedo por conta do clima que deve ficar mais seco durante a manhã. Uma das organizadoras do evento, Regina Soeiro, afirma que muitos fiéis vieram de outras cidades para participar do evento. “Muita gente de fora já está vindo para São Luís, justamente para participar. Infelizmente não temos embarcação para todos, seria bom né, mas quem sabe um dia pode acontecer isso. Pelo menos o povo vem, participa e fica ali orando por nós que estamos no mar”, conta. A programação em homenagem ao santo continua durante todo o dia. A partir das 17h será realizada a procissão terrestre, que sai da Capela de São Pedro e segue pelas ruas do centro de São Luís e retorna para o Largo de São Pedro. Após a chegada da procissão, será realizada uma missa campal, seguido por um momento de ação de graças com a participação do Boi Barrica. À tarde, a partir das 17h, acontece a procissão terrestre, que sairá da capela e seguirá pelas ruas de São Pantaleão, entrada da Casa das Minas, do Passeio, Largo do Cemitério do Gavião, Avenida Ribamar Pinheiro, Avenida Rui Barbosa, Múcio Teixeira, retornando ao Largo de São Pedro. Após a chegada da procissão, será celebrada missa campal. Imagem de São Pedro foi levada em barco que seguiu por duas em procissão. — Foto: Reprodução/TV Mirante O funkeiro Jerry Smith ganha chapéu no Ribeirão Rodeo Music, em Ribeirão Preto, SP — Foto: Érico Andrade/G1 O cantor Jerry Smith será a atração nacional do palco Ponta Negra, no Réveillon de Manaus 2020. Os cantores Guto Lima, Uendel Pinheiro, Banda Impakto, Canto da Mata e outras 16 atrações também agitarão a festa da virada promovida pela Prefeitura de Manaus em três pontos da cidade: Praia da Ponta Negra, zona Oeste; Educandos, zona Sul; e Shopping Phelippe Daou, zona Leste. Na Ponta Negra, a praia já está recebendo os preparativos para a grande festa. Além de Jerry Smith, passarão pelo palco que já está sendo montado, as atrações: The Beatles Bossa Club, Grupo Cacildes, Marcos Paulo, Uendel Pinheiro, Guto Lima e Dj May Seven. No local a tradicional queima de fogos terá duração de dez minutos que partirão de balsas posicionadas no rio Negro. Simultaneamente, a festa do Réveillon de Manaus 2020 também acontece no Shopping Phelippe Daou, e na orla do Amarelinho, no bairro do Educandos. Nos dois lugares também haverá queima de fogos com duração de cinco a oito minutos. Pelo palco do Shopping Phelippe Daou passarão os artistas do Canto da Mata, Pegada do Gueto, Berg Guerra, Guto Lima, Tomi Xote, Toinho Forró Show e Dj Carol Amaral. Já na orla do Amarelinho, as atrações confirmadas são Paulo Onça, Uns e Outros, Frutos do Pagode, Banda Impakto, Forró Já Quero, Jyou Guerra e DJ. Outros pontos da cidade, como o Viver Melhor, na zona Norte, e Colônia Antônio Aleixo, na zona Leste, também receberão apoio da Prefeitura de Manaus para as festas da virada do ano. E ainda o Réveillon de Yemanjá, promovido pela Articulação Amazônica dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama) e a Associação de Desenvolvimento Sociocultural Toy Badé, que acontece na Ponta Negra. Grupos de Bumba Meu Boi do bairro do Vergel — Foto: Jonathan Lins/G1 O Festival de Bumba Meu Boi de Maceió chega à sua 25ª edição, nos dias 22 e 23 de setembro, às 20h, no estacionamento do bairro de Jaraguá – localizado na parte baixa da capital alagoana. O evento conta com a participação de 20 grupos de Bumba Meu Boi, contemplados com o edital lançado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), para custear as apresentações. O presidente da Fundação, Vinicius Palmeira, comemora a consolidação do evento, realizado pelo Município há cinco anos consecutivos. “Nós ficamos muito contentes em construir esse festival ao lado de um coletivo que é a cara de Maceió e de suas tradições. Então, eu aproveito para convidar a população para, mais uma vez, prestigiar essa festa colorida feita pela nossa gente”, disse. De acordo com o diretor de Produção Cultural da Fundação, Keyler Simões, o evento atrai milhares de pessoas todos os anos. “Esperamos a participação de um público de até sete mil pessoas por dia, por isso, recomendamos que cheguem cedo para conseguir uma posição confortável na arena”, informou. Para o presidente da Liga de Bumba Meu Boi de Maceió, Zé do Boi, a 25ª edição do evento não irá decepcionar. “As expectativas dos grupos para a edição desse ano são as melhores possíveis. As comunidades já estão preparadas para o festival, que arrasta multidões todos os anos”, destacou. De aconto com a organização do Festival, cada grupo contemplado com o edital receberá R$ 4 mil para participar do evento. Lista de nomes e temas dos 20 grupos selecionados para as apresentações. Começam os preparativos para 25º Festival de Bumba Meu Boi em Jaraguá Quer saber mais notícias do estado? Acesse o G1 AL. Espetáculo será encenado neste domingo (30), em Presidente Prudente — Foto: Sesc/Divulgação Neste domingo (30), o projeto Arte em Cena do Sesc Thermas de Presidente Prudente apresenta o espetáculo Terreiro de Folia, às 15h, encenado pelo ator e músico Inimar dos Reis e o Grupo Folias e Folguedos, de São Paulo (SP). A peça conta a história de dois vaqueiros. Um é Mateus e o outro é Pai Francisco. Ambos estão à procura de um boi. Mateus procura o boi misterioso e Pai Francisco procura um boi para satisfazer o desejo de sua mulher, Catirina, que está grávida e tem estranha vontade de comer língua de boi. Terreiro de Folia é uma leitura da dramatização de um dos folguedos mais tradicionais do Brasil, o Bumba-Meu-Boi. Em seguida, às 16h, a musicista Meire Valin e a pedagoga Dani Fioruci, ambas de Londrina (PR), ministram a oficina Costurinha, em que cada criança produz o seu próprio móbile de fio ou chaveiro colorido, a partir de pontos simples de costura e muita criatividade. Para se inscrever, é necessário comparecer à Central de Atendimento do Sesc e apresentar documento da criança. As vagas são limitadas. Edital da chamada pública foi publicado nesta terça (25). — Foto: Jonathan Lins/G1 O edital de chamada pública para o Festival de Bumba Meu Boi de Maceió foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) nesta terça-feira (25). No total, serão selecionados 20 grupos para se apresentar na 25ª edição do evento. As inscrições devem ser feitas na sede da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), em Jaraguá, até o dia 24 de agosto. O edital foi publicado na página 6 do DOM, clique aqui para acessar. As propostas serão analisadas por uma comissão, e cada grupo selecionado vai receber R$ 4 mil para arcar com os custos da apresentação. O resultado deve ser publicado no site da FMAC no dia 29 de agosto. Quer saber mais notícias do estado? Acesse o G1 AL. Serão selecionados 20 grupos para o Festival de Bumba Meu Boi de Maceió — Foto: Shade Andrea/G1 As inscrições para o 25º Festival de Bumba Meu Boi de Maceió foram prorrogadas até o dia 31 de agosto. A informação foi divulgada pela Fundação Municipal de Cultura (Fmac) nesta quinta (24). De acordo com a Fmac, a comunidade cultural pediu a prorrogação do prazo para ter mais tempo de organizar a documentação necessária para realizar a inscrição. ""Para participar, o grupo deve preencher uma série de requisitos presentes no edital, apresentar toda a documentação jurídica, dizer se tem condições de receber o recurso ou se é instituição que não tem fins lucrativos"", explica o coordenador de políticas culturais da Fmac, Amaurício de Jesus. Ainda segundo o coordenador, vários pontos serão levados em conta na hora de selecionar um grupo para participar do festival e ganhar recursos. ""Os grupos serão avaliados por diversos pontos, como o histórico, envolvimento da população, desenvolvimento de outros trabalhos produzidos por eles e também pela temática"", afirma Amaurício de Jesus. Ao todo, a prefeitura vai distribuir R$ 80 mil para os 20 grupos de Bumba Meu Boi que serão selecionados para participar do festival. Os nomes dos selecionados serão divulgados no Diário Oficial do Município (DOM) em setembro. As inscrições e a entrega da documentação necessária devem ser feitas na sede da Fmac, na Avenida da Paz, no bairro de Jaraguá. O local funciona de segunda a sexta, das 8h às 14h. Quer saber mais notícias do estado? Acesse o G1 AL. Atores da Ciclomáticos Cia de Teatro levao ao palco do Sesc história clássica do folclore brasileiro — Foto: Danilo Sérgio/Divulgação O palco da unidade de Bauru (SP) do Sesc recebe neste domingo (11) à tarde a peça “A Farra do Boi Bumbá”. A apresentação infantil é gratuita e os interessados devem retirar os ingressos com uma hora de antecedência na Central de Atendimento da unidade, a partir das 15h. A peça começa às 16h. A produção dos Ciclomáticos Cia de Teatro conta um das lendas mais conhecidas do folclore brasileiro, a história de bumba-meu-boi que nasceu no século 18 e está presente em diversos estados com diferentes nomes: boi-calemba em Pernambuco, boi janeiro na Bahia e boi de mamão em Santa Catarina. A direção e o texto são de Ribamar Ribeiro. O diretor mergulhou no universo do teatro popular, das farsas medievais e das festas brasileiras para contar a tradicional história. Com 45 minutos de duração, a trama ainda aborda pequenos contos do folclorista Câmara Cascudo. ‘A Farra do Boi Bumbá’ Veja mais notícias da região no G1 Bauru e Marília. Milhares de pessoas amanheceram no largo da Capela de São Pedro, no bairro da Madre Deus, em São Luís — Foto: Dalva Rego / TV Mirante Milhares de pessoas amanheceram no largo da Capela de São Pedro, no bairro da Madre Deus, em São Luís, lugar que recebe o tradicional encontro de grupos de bumba meu boi. A festa que reúne cultura e religiosidade deve receber ao longo do dia mais de 100 grupos, que vão ao local para pedir bênçãos e agradecer ao santo padroeiro dos pescadores. Os primeiros grupos começaram a chegar por volta das 20h do dia 28, sobretudo do sotaque de matraca, passam pelo local, rendendo homenagens ao santo. A festa é tradicional e reúne também milhares de amantes das festas juninas no largo e entorno da capela. Grupos de Bumba Meu Boi se reúnem no Largo de São Pedro em São Luís Durante a noite e toda a madrugada, dezenas de grupos de bumba meu boi saíram de suas apresentações nos arraiais da cidade e seguiram para frente da capela, onde pedem bênçãos e proteção ao santo. A tradição, que já dura mais de 77 anos e é um marco da cultura e religiosidade maranhenses. Várias pessoas acenderam velas, levaram imagens e rezaram ajoelhados ou tocando as fitas da barca da imagem de São Pedro, agradecendo pelas conquistas obtidas, pela recuperação da saúde de parentes e até pela obtenção graças. Com o tema “Sob a proteção de São Pedro vivenciamos o ano Mariano. 300 anos”, desde o dia 20 deste mês a capela dedicada ao santo, no bairro Madre Deus, lota de fiéis rendendo homenagens ao padroeiro, mas é na virada da noite do dia 28 para o dia 29 (data dedicada a São Pedro) que acontece o ponto máximo do festejo. Milhares de pessoas se reúnem no Largo de São Pedro na capital maranhense Antes da passagem e apresentação dos grupos de bumba meu boi na Capela de São Pedro, a comunidade católica da Madre Deus cumpriu uma programação religiosa que serviu como preparação para a festa durante a madrugada. Sobrou emoção, devoção e muita música às dezenas de grupos de bumba meu boi que estiveram diante da imagem do santo. Os grupos folclóricos, vindos da capital e do interior do estado, a cada vez que adentravam a capela, traziam no rastro dezenas de fãs e admiradores dos sotaques. No local, acumulavam-se o colorido das indumentárias e histórias de fé. Programação religiosa A partir das 8h30, dezenas de embarcações devem se concentrar na Rampa Campos Melo, Praia Grande, de onde seguem em procissão marítima. Partindo do Cais da Praia Grande, os pescadores seguirão em seus barcos pelo Porto do Genipapeiro, Ponta d’Areia, Barragem do Bacanga, voltando para a rampa Campos Melo, em um percurso de quase 2 horas. A procissão marítima acontece anualmente porque São Pedro é considerado o padroeiro dos pescadores. Sobrou emoção, devoção e muita música às dezenas de grupos de bumba meu boi que estiveram diante da imagem do santo — Foto: Dalva Rego / TV Mirante À tarde, a partir das 17h, acontece a procissão terrestre, que sairá da capela e seguirá pelas ruas de São Pantaleão, entrada da Casa das Minas, do Passeio, Largo do Cemitério do Gavião, Avenida Ribamar Pinheiro, Avenida Rui Barbosa, Múcio Teixeira, retornando ao Largo de São Pedro. Após a chegada da procissão, será celebrada missa campal. Grupos de Bumba Meu Boi do bairro do Vergel — Foto: Jonathan Lins/G1 A Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac) divulgou na terça-feira (12) a lista com os nomes dos grupos que irão receber ajuda de custo para apresentações na 25ª edição do Festival de Bumba Meu Boi de Maceió. Confira aqui a relação dos classificados. Cada grupo selecionado receberá a quantia de R$ 4 mil para se apresentar no festival, que acontece entre os dias 22 e 23 de setembro, no estacionamento do Jaraguá. De acordo com o coordenador de políticas culturais da Fundação, Amaurício de Jesus, o edital de chamada pública beneficiou 20 grupos selecionados. “Disponibilizaremos R$ 80 mil para a contratação dos grupos de Bumba Meu Boi que irão participar do festival, que é a grande mostra desses trabalhos em Maceió” afirmou. Durante o processo seletivo foram analisados quatro quesitos apresentados no edital: mérito do projeto, tema proposto, currículo do proponente (pessoa jurídica) com comprovação das atividades culturais realizadas anteriormente e comprovação das apresentações artísticas já promovidas pelo grupo. O coordenador acrescentou ainda que o evento é “uma cadeia produtiva ligada à cultura popular”. Participarão do evento artistas, cenógrafos, figurinistas e coreógrafos. Quer saber mais notícias do estado? Acesse o G1 AL. 'Teatro ao Pôr do Sol' traz a Cia. Girândola de Contadores de Histórias apresentando o auto do Bumba 'Nosso' Boi Bumbá. — Foto: Agência Pará Neste domingo (24), a Estação das Docas recebe a Cia. Girândola de Contadores de Histórias, que apresenta o auto do Bumba “Nosso” Boi Bumbá. A apresentação faz parte do projeto “Teatro ao Pôr do Sol” e começa às 17h, na orla da Estação, em Belém. A programação é gratuita. O espetáculo mostra Sinhá Pureza, filha do fazendeiro Waldemar, de volta à Fazenda Pinheiro ansiosa para ver Mimoso, seu boi de estimação que agora é um boi reprodutor. O que ela não sabe, e nem seu pai sabia, é que o boi foi morto para atender a um capricho. Ao final da sessão de história, os participantes vão receber peças semiprontas para confeccionar um adereço de mão na forma de “boizinho”. As peças serão usadas durante um miniarrastão ao som de toadas de bois tradicionais como “Boi-Bumbá”, do maestro paraense Waldemar Henrique. Projeto Teatro ao Pôr do Sol com a Cia. Girândola de Contadores de Histórias Neste domingo (24), às 17h Na orla da Estação (Boulevard Castilhos França, s/n) Entrada gratuita. Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do G1 Pará no (91) 98814-3326. Do Círio de Nazaré ao Festival de Parintins, festas populares atraem turistas pelo Brasil De norte a sul, o Brasil tem muita festa popular o ano inteiro. Quem viajar para a Bahia, por exemplo, conhece a lavagem da Igreja do Bonfim, que acontece na quinta feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis, no mês de janeiro. Em São Paulo, destaque para a Virada Cultural, que dura 24 horas e espalha palcos por diversas partes da cidade com shows gratuitos e que abrangem os mais diversos tipos de música. No Amazonas, o destaque é o Festival de Parintins, que acontece anualmente no último fim de semana de junho na cidade de Parintins, e apresenta o duelo entre os bois Caprichoso e Garantido. Ainda tem Bumba meu boi no Maranhão, Círio de Nazaré em Belém do Pará e Oktoberfest em Santa Catarina. Delta do Parnaíba oferece espetáculo de guarás, dunas e igarapés para amantes da natureza Jericoacoara: da Lagoa do Paraíso ao Mangue Seco, vila oferece relaxamento e aventura Gramado: turista pode esquiar na neve, desbravar mundo em miniatura e curtir noite em bar Canela: parques envolvem turista com magia, natureza e aventura Lençóis Maranhenses: por Barreirinhas, deserto brasileiro guarda lagoas em meio ao areal Lençóis Maranhenses: em Santo Amaro, aventura e lagoas de águas transparentes Em Gramado e Canela, turismo natalino tem Papai Noel no rapel e desfile gratuito na rua Belo Horizonte - 4 passeios grátis na capital mineira Curitiba - 4 passeios grátis na capital paranaense Lençóis Maranhenses, a partir de Barreirinhas Lençóis Maranhenses, a partir de Santo Amaro Recife - 4 passeios na capital pernambucana Rio de Janeiro - 4 passeios gratuitos pela cidade maravilhosa São Paulo - 4 passeios gratuitos pela capital paulista Serra Gaúcha: as atrações do Natal Luz Serra Gaúcha: o que fazer em Gramado Serra Gaúcha: o que fazer em Canela Jericoacoara: o que fazer na vila Delta do Parnaíba: navegue pelo rio Rota das emoções: três estados numa só viagem Bento Gonçalves: para quem ama vinho Confira a programação do arraial Flor do Maracujá em Porto Velho — Foto: Reprodução/TV Integração Com dez dias de programação, o 38º Flor do Maracujá dá início às apresentações nesta quarta-feira (31) às 20h no Parque dos Tanques em Porto Velho. Uma quadrilha junina mirim abre a noite de competição e uma banda encerra a festa na madrugada. O arraial, tradicional na capital, será realizado até o dia 4 de agosto com dezenas de atrações. Além das apresentações de quadrilhas, bois-bumbás, carimbó e bandas ao vivo, a festa também conta com barraquinhas de comida e parque de diversões. Uma linha de ônibus coletivo também está disponível para levar a população ao local. Ela sai da Praça Marechal Rondon, na Avenida Sete de Setembro, esquina com Rogério Weber. Confira a programação desta quarta-feira, 31 No próximo domingo (24), a Cia. Girândola de Contadores de Histórias apresenta o auto do Bumba “Nosso” Boi Bumbá, a partir de 17h, na orla da Estação das Docas, em Belém. A programação é gratuita. Alci Santos e Katulo Gutierrez utilizarão na narrativa tradicional diversos adereços, para dar vida aos personagens do Boi – fazendeiro, sinhazinha, capataz, Nego Chico, Catirina, cacique, padre, médico e vaqueiros. O espetáculo mostra Sinhá Pureza, filha do fazendeiro Waldemar, de volta à Fazenda Pinheiro ansiosa para ver Mimoso, que agora é um boi reprodutor. O que ela não sabe, e nem seu pai sabia, é que o boi foi morto para atender a um capricho. Catirina, criada da fazenda e mulher de Nego Chico, capataz e compadre de Cazumbá, grávida de seu oitavo filho, sentiu o desejo estranho de comer sarapatel dos miúdos de boi, mas justamente do boi de estimação de Sinhá Pureza. Cada participante, ao final da sessão de história, receberá peças semiprontas para confeccionar um adereço de mão na forma de “boizinho”, para manipulação durante um miniarrastão, ao som de toadas de bois tradicionais, a exemplo de “Boi-Bumbá”, do maestro paraense Waldemar Henrique. Serviço Projeto Teatro ao Pôr do Sol com a Cia. Girândola de Contadores de Histórias em o auto do Bumba “Nosso” Boi Bumbá, no domingo (24), às 17 h, na orla da Estação – Boulevard Castilhos França, s/n. Entrada franca. Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do G1 Pará no (91) 98814-3326 Boi é arrastado por carro no Crato O vídeo de um boi sendo arrastado por uma corda amarrada em uma caminhoneta causou revolta nos moradores do Crato, na Região do Cariri do Ceará. As imagens foram feitas neste domingo (18). Segundo relatos de moradores, o boi fugiu do curral do dono, que amarrou o pescoço do animal com uma corda e o colocou na parte de trás da caminhoneta. Um motorista que passava pelo local filmou os maus-tratos. Em um momento, o vídeo mostra que o boi cansa e chega a cair na estrada. De acordo com a presidente da Associação de Defesa dos Animais do Crato, Mariângela Bandeira, a entidade registrou um boletim de ocorrência. A Polícia Civil do Crato vai investigar o caso. “O Centro de Controle de Zoonoses da cidade foi oficiado para que o técnico veterinário vá até a localidade aonde o animal se encontra para fazer uma análise veterinária. Se for constatado que o animal ficou ferido, a associação, junto com a polícia recolherá o animal. Se o animal não estiver ferido vai transcorrer todo o inquérito policial. Processo na Justiça e o tutor vai ser punido a rigor da lei”, afirmou. O homem pode ser autuado com base na Lei Sansão (Lei 14.064/2020), que aumentou a punição para quem maltrata cães e gatos e se for condenado pode pegar até pena de reclusão de dois a cinco anos, e multa. Arlindo Jr. na última participação na apresentação do Boi Caprichoso, em 2019 — Foto: Divulgação/Boi Caprichoso Morreu na noite deste domingo (29) o cantor, ex-levantador do boi-bumbá Caprichoso e ex-vereador Arlindo Júnior aos 51 anos, em Manaus, após uma luta contra o câncer. A informação foi confirmada pela assessoria do Boi Caprichoso. Em nota ao G1, o Boi Caprichoso falou sobre a sensação de perda para a cultura amazonense. ""Na memória e no coração azulado, estamos com os grandes clássicos do Festival em sua voz"", diz trecho do pronunciamento. A carreira de Arlindo Jr. como levantador de toadas teve início no fim dos anos 1980, quando ele se tornou levantador de toadas do Boi Caprichoso, em Parintins. A função foi responsável pelo salto profissional. Por mais de 20 anos, Arlindo conquistou títulos e cantou as toadas clássicas que embalam festas de bumbás pelo Amazonas até os dias de hoje. Na Rede Amazônica, sua última aparição foi durante a campanha dos 350 anos de Manaus, cidade onde ele ajudou a popularizar a musicalidade de Parintins. O cantor confirmou em 2016, por meio de redes sociais, que estava com câncer de pleura. Na postagem, ele informou que doença foi diagnosticada como inflamação no pulmão. Após o primeiro turno das eleições naquele ano, quando não conseguiu reeleição, Arlindo Jr. voltou ao hospital porque sentia falta de ar, e lá descobriu que teve um derrame pleural, ou seja, água na pleura. Brincantes dançam no Sambódromo ao som de boi-bumbá — Foto: William Costa/Rede Amazônica Realizado há 19 anos, o Carnaboi reúne mais de vinte artistas de boi-bumbá no Sambódromo de Manaus nesta segunda-feira (12). Centenas de foliões viraram brincantes do ritmo amazônico e dançaram o ""dois pra lá, dois pra cá"" em uma maratona de dez horas de festa. A festa iniciou às 19h com o trio elétrico comandado pelos levantadores de toadas Robson Jr., Fabiano Neves e Patrick Monteiro com repertório deles e do boi Caprichoso. Carrapicho, Carlos Batata e Márcia Siqueira vieram depois, seguidos por Canto da Mata, Carlinhos do Boi e outros artistas. A torcida do Garantido também curtiu as canções do boi encarnado. A festa deve seguir até o início da manhã da terça-feira (13). Dançarinas capricham nas coreografias no Carnaboi, em Manaus — Foto: William Costa/Rede Amazônica Pajé foi colocado no centro turístico de Guajará, RO — Foto: Júnior Freitas/G1 Um dos principais personagens folclóricos do boi-bumbá, o pajé, ganhou uma escultura e se tornou um ponto turístico definitivo na Praça do Pioneiros, ao lado do Museu Histórico Municipal de Guajará-Mirim (RO), na fronteira com a Bolívia, a 330 quilômetros de Porto Velho. A estátua foi fixada e inaugurada na noite da última quarta-feira (6), e agora faz parte do acerto cultural e histórico da cidade, através de um decreto da Justiça do Trabalho. Nesta quinta-feira (7), várias pessoas já aproveitaram para registrar o encontro com o monumento, principalmente os turistas bolivianos, que ficaram encantados com o trabalho. A instalação da estátua faz parte do projeto “Personagens Folclóricos: resgatando a cultura”, que foi idealizado pelo Boi Flor do Campo e abrange também o Boi Malhadinho. A agremiação vermelha e branca montou e encaminhou o projeto para o Tribunal Regional do Trabalho, que ordenou um decreto para que a Prefeitura Municipal instalasse cinco monumentos folclóricos em diversos pontos da cidade. De acordo com a diretoria do Boi Flor do Campo, inicialmente a ideia abrangia somente a agremiação, mas como os dois bois têm pendências judiciais e estão impedidos de receber dinheiro do governo, surgiu a necessidade de mudar o projeto para que a prefeitura representasse as duas instituições e pudesse captar recursos. A instalação das cinco estátuas foi uma determinação do Juiz do Trabalho, Carlos Antônio Chagas Júnior, através de uma ação trabalhista, que obriga o município a colocar os monumentos para valorizar a cultura, além de revitalizar a Praça dos Pioneiros e pintar e iluminar o prédio do Museu. Os recursos para a execução do projeto são de multas trabalhistas, que são revestidos para este fim. Estátuta virou atração entre turistas — Foto: Júnior Freitas/G1 O pajé é um dos grandes personagens da história do boi-bumbá, que é bastante apreciado e valorizado na Região da Pérola do Mamoré. Anualmente acontece o Festival Folclórico da Pérola do Mamoré (Fefopem), onde os dois bois fazem o “Duelo na Fronteira”. Além do pajé, outras quatro estátuas serão confeccionadas e fixadas em outras praças da cidade. Os demais personagens que serão homenageados são a cunhã-poranga, sinhazinha da fazenda, rainha do folclore e a porta-estandarte. A previsão do projeto é que seja instalada uma estátua por mês, já contando a partir de janeiro de 2018, finalizando no mês de abril. As confecções serão feitas pelo artesão do Boi Flor do Campo. São João do Maranhão neste domingo será de muito bumba meu boi — Foto: Afonso Diniz/G1 MA Neste domingo (23) a programação dos arraiais espalhados pela ilha terá de tudo, principalmente dança portuguesa , tambor de crioula e, claro, bastante bumba meu boi em São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. O G1 levantou tudo. Confira a programação nos arraiais. Arraial do IPEM - Calhau Praça Maria Aragão Arraial Largo de Santo Antônio - Centro Arraial Tradição da Ilha – Bairro João Paulo Arraial Comunitário – Bairro Liberdade Arraial da Ressurreição – Bairro Anjo da Guarda Arraial Comunitário - Viva Cidade Operária Arraial Renascer - Bairro Anil Arraial Movimento e Solidariedade – Bairro João de Deus Arraial do Viva Maiobão Sede Vilas Panaquatira Rio São João Matinha Parque Vitória Piçarreira Programação neste final de semana (14 a 16) será na Praça Nauro Machado e na Praça dos Catraieiros, em São Luís. — Foto: Divulgação/Gilson Teixeira A programação neste final de semana (14 a 16) será na Praça Nauro Machado e na Praça dos Catraieiros, em São Luís. Nesta sexta-feira (14), o Cacuriá de Dona Teté, Boizinho Barrica, Boi da Maioba e Joãozinho Ribeiro farão apresentações na Nauro Machado. Na Praça dos Catraeiros, os grupos de Tambor de Crioula Arte Nossa Mirim, Rosa de Saron e Capricho de Bom Jesus também se apresentarão. No sábado (15) na Nauro Machado, o espetáculo especial ‘O Desejo de Catirina’, destinado ao público infantil será apresentado. Ainda no sábado, Josias Sobrinho e cerca de seis grupos de tambor de crioula e bumba meu boi se apresentam até as 00h. No domingo (16) a atração principal é na Feirinha São Luís com o 'Anarriê das Sanfonadas', às 17h em um cortejo de quadrilhas juninas que têm como característica o uso de sanfonas. Praça Nauro Machado Praça dos Catraieiros Praça Nauro Machado Feirinha São Luís Programação será intensa em arraiais neste sábado (29) em São Luís — Foto: Divulgação/Gilson Teixeira Neste fim de semana do São João do Maranhão, a programação dos arraiais neste sábado (29) conta com uma programação especial por conta do feriado do Dia de São Pedro, que é considerado o santo padroeiro dos grupos de Bumba meu boi no estado. Entre os destaques da programação, estão as apresentações dos bois da Maioba, de Maracanã, da Madre Deus e o show do grupo Criolina. O G1 listou todas as apresentações, confira abaixo: Arraial do IPEM – Calhau 18h – Cacuriá de Dona Teté 19h – Boi de Nina Rodrigues 20h – Boi de Santa Fé 21h – Show Mix in Brasil 22h – Boi de Axixá 23h – Boi de Morros 00h – Boi da Maioba Barracão do Forró no Arraial do IPEM 18h – Forró Grude Aí 19h – Andrezinho e os Brotos do Forró Arraial da Maria Aragão – Centro 19h – Dança do Caroço de Tutóia 20h – Companhia Encantar 21h – Boi de Nina Rodrigues 22h – Show Mesa de Bar 00h – Boi de Santa Fé 01h – Boi de Maracanã Arraial da Praça Nauro Machado – Centro 18h – Tambor de Crioula Maria Seguins 19h – Boi de Morros 20h – Boi Lendas e Magias 21h – Grupo Piaçaba 22h – Show Henrique Menezes 23h – Boi de Guimarães 00h – Boi da Madre Deus Arraial Largo de Santo Antônio – Centro 19h – Cacuriá Estrela do São Francisco 19h30 – Tambor de Crioula Milagre de São Benedito de Dona Zeca 20h – Tambor de Crioula da Fé em Deus 21h – Boi Rama Santa 22h – Show Criolina no Laborarte 23h – Tambor de Crioula de Leonardo 00h – Boi de Maracanã 01h – Boi de Guimarães Arraial Tradição da Ilha – João Paulo 19h – Tambor de Crioula Lírio do Sertão 19h30 – Tambor de Crioula Desejo do Nordeste 20h – Cacuriá Fé em Deus 20h30 – Dança Portuguesa Império de Lisboa 21h – Show Gerude nos Arraiais 22h – Boi Trono de Ouro 23h – Boi Oriente 00h – Companhia Marizés 01h – Boi de Ribamar Arraial Comunitário – Liberdade 19h – Tambor de Crioula Arte Nossa 19h30 – Tambor de Crioula Maracrioula 20h – Boi Capricho do Oliveira 20h30 – Quadrilha Junina Explode Coração 21h – Show Adriana Bosaipo 22h – Boi Lendas e Magias 23h – Boi Mocidade Alegre – Itapecuru Mirim 00h – Boi de Penalva do Bairro de Fátima 01h – Boi Rama Santa 02h – Boi Novilho dos Lençóis de Humberto de Campos Arraial da Ressurreição – Anjo da Guarda 19h – Tambor de Crioula de Maria da Paz 19h30 – Tambor de Crioula Boa Esperança 20h – Boi Encantos da Natureza de Carutapera 21h – Show Boscotó 22h – Boi Brilho da Ilha 23h – Boi Capricho do Oliveira 00h – Boi Brilho da Liberdade 01h – Boi da Maioba Arraial Comunitário – VIVA Cidade Operária 19h – Tambor de Crioula Um Degrau de Santa Luzia 19h30 – Tambor de Crioula Proteção de São Benedito do Anjo da Guarda 20h – Companhia Marizés 21h – Boi Brilho do Amanhecer 22h – Boi Lírio do São João 23h – Boi de Ribamar 00h – Boi Brilho do São Francisco 01h – Mocidade Alegre – Itapecuru Mirim 02h – Boi Itapera de Icatu Arraial Renascer – Anil 19h – Tambor de Crioula do Mestre Amaral 19h30 – Tambor de Crioula Alegria do Maranhão – Daniel 20h – Boizinho Encantado 20h30 – Dança Portuguesa Talentos e Encantos 21h – Show de Diel França – Esfregue Dance 22h – Boi Encanto do São Cristóvão 23h – Folclórico Banho de Cheiro de Caritapera 00h – Boi Pirilampo 01h – Boi da Lua Arraial Movimento e Solidariedade – João de Deus 19h – Culto 20h – Dança Portuguesa Harmonia de Portugal 20h30 – Cacuriá do Jhon 21h – Boi Explendor da ilha 22h – Boi Upaon Açu 23h – Boi de Umbelino 00h – Boi da Vila Bacanga 01h – Boi Brilho da Noite do Sítio do Pica Pau Amarelo Arraial do Viva Maiobão – bairro Maiobão 19h – Quadrilha Juventude do Sertão 20h – Cacuriá Segu de Cristo 21h – Boi Barrica 22h – Show Drica Ribeiro 23h – Boi de Icatu 00h10 – Banda Click 01h – Rodrigo Alves 02h – Boi de Morros Sede 15h – Reinaldinho e Banda 19h – Quadrilha Beijou Já Era 20h – Dança Portuguesa Juventude de Portugal 21h – Dança do Boiadeiro Gibão de Couro 22h – Banda Fênix 01h – Boi da Mata Grande Vilas 19h – Dança Portuguesa Jovem Família de Lisboa 20h – Banda Dá 1 Rollé 22h – Boi de Panaquatira 23h – Boi de Matinha 00h – Boi Sítio de Apicum Panaquatira 20h – Quadrilha Juventude do Sertão 21h – Boi de Juçatuba 22h – Boi Touro da Ilha de Santana 23h – Banda 360º Rio São João 19h – Dança do Boiadeiro Gibão de Couro 21h – Dança Portuguesa Bailado Lusitano 22h – Boi d’Itapari 23h – Boi de Juçatuba 00h – Garotinho Show Matinha 20h – Dança do Boiadeiro Forasteyros Country 21h – Boi da Matinha 22h – Vania e Vanessa 00h – Boi de Juçatuba Parque Vitória 20h – Boi d’Itapari 21h – Quadrilha Quem Já Beijou 22h – Gil Balada VIP 00h – Boi de Panaquatira 01h – Boi da Matinha Piçarreira 19h – Dança do Boiadeiro Forasteyros Country 20h – Banda Top 10 22h – Dança Portuguesa Juventude de Portugal 23h – Boi da Mata Grande 00h – Boi d’Itapari São Pedro é festejado em todo o país, encerrando as festas juninas No último fim de semana de festejos juninos, as comemorações pelo dia de São Pedro começaram logo cedo. Todo mundo esperava por esse dia. “Ele dá muita força para a gente. Na semana da festa dele, sempre meu barco faz pescaria boa”, diz o pescador Edmilson Marinho do Carmo. Mal amanheceu, já tinha celebração. “São Pedro foi uma pessoa muito importante porque ele foi aquele que Jesus escolheu para ser o seu sucessor, o primeiro papa da Igreja”, explicou Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife. A missa juntou devoção com cultura popular. Terminada a missa, a procissão, que atravessou todo o bairro, povoado de gente que vive do que o mar oferece, foi até o cais. Todos os anos, os moradores de uma comunidade de 2.400 pessoas não deixam de entrar nos seus barcos no dia 29 de junho. Não para fazer o que fazem corriqueiramente, lançar anzóis e redes, mas para levar o andor com a imagem de São Pedro pela água. Também pelo rio, celebração. E teve homenagem a São Pedro em São Luís do Maranhão, onde o santo é considerado também padroeiro dos brincantes do Bumba Meu Boi. Muitos viraram a noite e vieram dos arraiais juninos direto para a capela, onde rezaram e agradeceram com pandeirões, matracas e cheios de devoção. ""Oro bastante, acredito em São Pedro. Isso para mim é uma alegria"", comenta a aposentada Ermínia Claudina dos Santos. E há os que vão para cumprir o compromisso de pagar promessas. “Eu quero que ele me dê muitos anos de vida, felicidade, para eu vir todo ano de joelho na capela de São Pedro”, diz o brincante Raimundo Nonato. Em Caruaru, agreste de Pernambuco, quase mil pessoas se reuniram para começar a se despedir dos festejos juninos. “É o período que a gente mais trabalha, tem oportunidade de mostrar nosso fruto. É uma coisa linda, um momento único”, conta o músico Marques Antônio. Bacamarteiros, artistas de circo, músicos e integrantes das quadrilhas que animaram os arraiais se juntaram num imenso cortejo para reverenciar o santo do dia. Centro Histórico de São Luís fica movimentado durante prévia de São João — Foto: Divulgação/ Secap O segundo final de semana de prévias do São João promete reunir várias pessoas no Centro Histórico de São Luís. As prévias juninas serão realizadas até o dia 15 de junho. Na programação há várias participações de Bumba-meu-boi, danças regionais e tambor de crioula. O Centro Histórico de São Luís ficou tomado no fim de semana, na primeira prévia do São João no Maranhão. Segundo o secretário de Cultura, Diego Galdino aproximadamente 10 mil pessoas lotaram o Centro Histórico. ""O primeiro final de semana de prévias do São João do Maranhão 2019 foi simplesmente espetacular. Centro Histórico de São Luís ocupado, comércio aquecido, maranhenses e turistas satisfeitos e o melhor de tudo: nossa cultura enaltecida pra todo o mundo ver. Tá só começando!"", afirmou Galdino. No dia 19 inicia a temporada oficial nos arraiais do Ipem, Calhau e na Praça Maria Aragão. Em Imperatriz o São João do Maranhão será realizado de 12 a 15 de junho. Além dos arraiais oficiais, o São João estará nos bairros da Cidade Operária, João de Deus, Anil, João Paulo, Liberdade, Anjo da Guarda, Largo de Santo Antônio (22 a 29 de junho) e Cohajap (até o 13 de junho). Peixe boi é resgatado no interior do Amazonas Um peixe-boi recém-nascido resgatado por pescadores em Tonantins, município distante 863 quilômetros de Manaus, chegou à capital na tarde deste sábado (17), após uma viagem de barco que durou três dias. Agora, o mamífero deve permanecer sob cuidados de veterinários na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Segundo o cientista agrário Roberval Castelo, que acompanhou o transporte do mamífero, os pescadores o encontraram quase morto em um rio nos arredores da cidade. Ele foi entregue à Secretaria de Meio Ambiente de Tonantins. Em posse do animal, a Secretaria entrou em contato com o Inpa que orientou como ele deveria ser cuidado. Agentes da Secretaria cuidaram do bebê por cerca de 30 dias. Nessa semana, a Comissão de Proteção aos Animais, Assuntos Indígenas, Cidadania e Legislação participativa da Assembleia Legislativa conseguiu trazê-lo a Manaus, onde receberá tratamento. Peixe-boi resgatado no interior do Amazonas chega a Manaus — Foto: Matheus Castro/G1 Serão mais de 400 atrações selecionadas no São João no Maranhão — Foto: Divulgação Neste sábado (22) a programação dos arraiais espalhados pela ilha terá cacuriá, danças, bumba meu boi e shows espalhados por São Luís, Paço do Lumiar, com destaque para a abertura oficial do São João em São José de Ribamar. Confira a programação em todos os arraiais. Arraial do IPEM - Calhau Barracão do Forró Praça Maria Aragão Barracão do Forró Arraial Largo de Santo Antônio - Centro Arraial Tradição da Ilha – Bairro João Paulo Arraial Comunitário – Bairro Liberdade Arraial da Ressurreição – Bairro Anjo da guarda Arraial Comunitário - Viva Cidade Operária Arraial Renascer - Bairro Anil Arraial Movimento e Solidariedade – Bairro João de Deus Praça Nauro Machado – Centro Histórico Arraial Pertinho de Você - Cohama Arraial do Viva Maiobão Sede Vilas Panaquatira Rio São João Matinha Parque Vitória Piçarreira Apuração foi realizada no domingo — Foto: Divulgação/SEC O Boi-Bumbá Corre Campo foi eleito grande campeão da Categoria Ouro do 60º Festival Folclórico do Amazonas, com o tema ""Patrimônio do Povo"". O bumbá conquistou o bicampeonato com total apurado de 476,4 pontos, na modalidade Master A. O Boi Brilhante foi o ganhador na modalidade Master B, com 472,9 pontos. O Festival foi realizado no Centro Cultural dos Povos da Amazônia (CCPA), no período de 16 a 23 de setembro. O evento reuniu 72 associações folclóricas da Categoria Ouro em oito noites de apresentações, de 16 a 23 de setembro, no CCPA. Os grupos abrangem 17 modalidades, dentre elas danças tradicionais - Ciranda, Dança Alternativa, Dança Nordestina, Dança Nacional e Dança Internacional -, Cacetinhos, Garrotes - Tradicional e Regional -, Quadrilhas - Cômica, Tradicional e de Duelo - e Tribos, mais Bois-Bumbás, nas modalidades Master A, Master B, Regional e Tradicional. Na contagem de pontos, realizada na tarde do domingo (24), no CCPA, o Boi Garanhão ficou em segundo lugar na modalidade Master A, com 472,2 pontos. O Boi Carinhoso foi o terceiro, com 467,1 pontos, devendo passar à modalidade Master B em 2018, de acordo com as regras de acesso e descenso do Festival Folclórico. O Boi Brilhante, por sua vez, irá disputar o evento na modalidade Master A no próximo ano. Na modalidade Master B, o Boi Galante de Manaus foi o segundo colocado, com pontuação de 460. O Boi Brilha Noite, que não compareceu para a apresentação na noite de sábado (23), no CCPA, ficou fora da disputa deste ano e não poderá se credenciar para receber recurso público na edição de 2018 do Festival. 60º Festival Folclórico do Amazonas começa neste sábado, em Manaus Evento integra o Circuito Junino da capital — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Neste domingo (18), a partir das 19h, acontece a última noite do ‘São João Popular’, evento junino que há cinco finais de semana tem reunido artistas e amantes do folclore regional no Mercado Cultural, no centro histórico de Porto Velho. O evento será encerrado com a apresentação dos grupos de boi-bumbá 'Brilhantinho' e 'Az de Ouro' e das quadrilhas 'Girassol das Três Marias' e 'Rosas de Ouro', segundo anunciou a prefeitura. O evento, que integra a programação do Circuito Junino da capital, é organizado pela Secretaria Municipal de Comércio, Indústria e Turismo (Semdestur) e, além de danças folclóricas, oferece ao público músicas regionais e comidas típicas. O objetivo do evento, segundo a prefeitura, é promover o turismo e fortalecer a cultura popular, além de aquecer a economia local. Depois das apresentações deste domingo, os grupos irão se preparar para o Arraial Flor do Maracujá, que, segundo a prefeitura, será realizado entre os dias 3 e 16 de julho. A Farsa do Boi é atrração no Theatro Victória, em Santarém — Foto: Grupo Kauré/Divulgação Um espetáculo divertido e extremamente popular será apresentado na noite desta quinta-feira (20), feriado de Corpus Christi, no Theatro Victória, em Santarém, oeste do Pará. A peça ""A Farsa do Boi"" ou ""O Desejo de Catirina"", será encenada pelo grupo teatral Kauré, a partir das 19h. A entrada é gratuita. No enredo, Seu Gumercindo recebe ordens de sua autoritária esposa, Dona Madalena, de cuidar com extremo afinco do boi no dia do aniversário do animal. Nego Chico, empregado da fazenda de Seu Gumercindo e apaixonado por Catirina, filha de seu patrão, decide realizar o desejo de sua amada em troca de ser seu namorado, porém o desejo põe a vida do boi em jogo. Nego Chico faz um pacto com um encantado, a Matinta Pereira, para realizar o desejo de sua amada e se mete em uma grande confusão. O texto de Adriano Barroso, premiado pelo Centro de Artes do Pará em 2002, reconstrói a lenda do Boi-Bumbá do Pará de maneira primorosa. Serviço O quê: Espetáculo ""A Farsa do Boi"" ou ""O Desejo de Catirina"" Onde: Theatro Victória, Rua Senador Lemos - Centro. Quando: 20 de Junho Horário: 19 horas Quanto: Entrada gratuita. Garantido e Caprichoso encerram 3ª noite do Festival de Parintins; edição reúne 40 mil O boi-bumbá Garantido é o campeão da 54º Festival de Parintins. O boi da Baixa do São José venceu a segunda e a terceira noite do festival folclórico - e empatou a primeira. A apuração das notas dos jurados foi realizada na tarde desta segunda-feira (1º), na ilha localizada a 369 km de Manaus. Este é o 32º título da história do Garantido. Com o tema “Nós, O Povo”, o boi-bumbá Garantido, que defende as cores vermelho e branco, defendeu na arena as lutas, as alegrias e a liberdade do povo brasileiro. Cada subtema foi desenvolvido nas três noites do festival folclórico. Na primeira noite do festival, a última sexta-feira (28), o bumbá exaltou as adversidades com o subtema “O Boi das Lutas do Povo” ao falar das lutas pelo folclore.Durante a apresentação, o Garantido surgiu na galera – torcida - para dar início à festa. Logo, a cunhã-poranga – nome dado à índia mais bonita da tribo – completou o cenário. Boi Garantido é campeão do festival de Parintins 2019 — Foto: Divulgação/Secom ""Garantido, o boi da alegria do povo"" A segunda noite de festival, que deu sorte para a vitória, carregou o subtema ""Garantido, o boi da alegria do povo"". O bumbá iniciou sua apresentação com bela homenagem a São João, a quem o fundador do boi, Lindolfo Monteverde, fez promessa que motiva o bumbá até hoje. O santo foi tema da primeira alegoria do ""boi vermelho"", que revelou ainda a sinhazinha, a rainha do folclore e o amo do boi. Macacos gigantes em batalha contra um guerreiro Karajá retrataram a lenda amazônica. A luta foi vencida pelo guerreiro somente com a ajuda de flechas serpentes, que libertaram a cunhã-poranga - nome dado à índia mais bonita da tribo - no centro da alegoria. As mulheres erveiras, que mantém a tradição de cura por meio de ervas medicinais, foram exaltadas e serviram de figura típica para o Garantido. Deste âmbito surgiu então a portaestandarte. Para o momento tribal, o Garantido mostrou na arena tribos indígenas comandadas pelos tuxauas. Posteriormente, um ritual da tribo Mura que prepara jovens guerreiros - coordenados pelo pajé - encerrou a apresentação do ""boi vermelho"". Garantido abriu a terceira noite de apresentações do festival — Foto: Divulgação/Secom “O Boi da Liberdade do Povo” Com o subtema “o Boi da Liberdade do Povo”, mostrou em sua despedida um garantido histórico e engajado na luta pelo povo, fazendo belo uso do folclore como bandeira de luta do povo brasileiro pelo direito de se viver quem é. ""Pelo fim da violência, do machismo e da homofobia"". O ""boi encarnado"" fez um clamor pela liberdade, que esteve presente na cerimônia das místicas tribais. Fez ainda homengaem ao cabloco amazônico na luta diária pela subsistência e resgatou bem as memórias do fundador Lindolfo Monteverde, como de praxe. Exaltando a cultura, a liberdade folclórica e a tomada cultural que move o festival, o boi celebrou os ""Sonhos de Liberdade"" ao resgatar memórias de ""Dona Xanda"", mãe do terreiro histórico da Baixa do São José - casa do Garantido. A Sinhazinha surgiu após bela apresentação da vaqueirada em interação com o amo do boi ao convidar Garantido a descer à arena. Ponto alto da noite foi a performance da lenda amazônica ""Wadye, Devorador de Cunhça"". Em grande noite, a cunhã-porganga Isabelle Nogueira venceu combate o sobrenatural e agraciou a galera com a comemoração. Em um dos pontos mais emocionantes do festival o levantador Sebastião Júnior levou o público aos prantos - junto com o seu próprio - ao personar um belíssimo dueto com Márcia Siqueira ao puxar a toada ""Rosas Vermelhas"". A canção pede fim da violência e levanta bandeiras contra a homofobia e o machismo, além de exaltar a igualdade de gêneros. Para selar a já grandiosa noite, o Garantido entregou ao público a execução do ritual ""Palikur, o Triunfo da Luz"", orquestrado impecavelmente pelo estreante pajé Adriano Paketá. Com tempo de sobra, o bumbá vermelho brincou de boi por longos minutos ao fim da apresentação. Era um bom presságio das comissões. Apresentação do boi-bumbá Caprichoso no festival 2019 — Foto: Reprodução/Rede Amazônica “Do Caos à Utopia”. Essa foi narrativa do espetáculo apresentado pelo Boi Caprichoso na primeira noite, que abriu a ode à ""Mátria Brasilis"". Sob os olhares mais apaixonados de sua galera, a alegoria de abertura do bumbá destacou a divindade mítica do povo Dessana, chamada “Yêba, a deusa Brasilis”. A porta-estandarte surgiu na festa enquanto o boi evoluía junto à galera. Na lenda amazônica “mura-pirahã, houve celebração com preces de esperança. Logo surgiu a cunhã-poranga. Barcas da exaltação folclórica transformam o cenário da arena no Brasil colônia, revelando o Amo do Boi e a sinhazinha da fazenda. A vaqueirada trouxe o ""Auto do boi"". O mateiro, herdeiro dos saberes tradicionais, foi representado na figura típica regional que, em seguida, trouxe a rainha do folclore. A noite teve, ainda, o ritual indígena do povo Yanomami - a cura da terra, de onde o pajé é levado para o mundo sobrenatural. Através de rezas e canções, ele cura a ""mãe terra"" de degradações do homem branco. ""Nos braseiros da fé, esperança é minha luz"" A alegoria ""As mátrias da fé brasileira"", que representou três matrizes culturais, foi o ponto de partida da apresentação do Caprichoso na segunda noite, que trouxe o subtema ""Nos braseiros da fé, esperança é minha luz"". Foi ela que revelou o amo do boi e a porta estandarte. Para simbolizar a figura típica regional, entrou em cena caboclo sacaca da floresta - um tipo de médico - que realiza curas, espanta maus espíritos, mas que também é afetado pelas políticas públicas. Deste cenário, surgiram os tuxauas. A relação entre o estado do Maranhão e a cidade de Parintins compôs a celebração folclórica do boi, envolta em encantamento entre o Caprichoso e o Encantado - que foram destaques - juntamente com a sinhazinha da fazenda. Uma lenda que se inicia com a fuga de três princesas da Turquia também foi apresentada. Elas cruzam os portais do mundo encantado de Aruanda e despertam na foz do Rio Amazonas, onde surge também a rainha do folclore. O momento tribal foi simbolizado pela fé nas Caruanas, entidades de cura que vivem nas águas da Amazônia. Para finalizar a apresentação, o Caprichoso trouxe o ritual Kalankó, onde o pajé representou a luta pela reconquista territorial e de identidade dos povos indígenas do Nordeste. ""O Brasil que a gente quer reinventar"" O boi da Francesa encerrou a noite de apresentações do último dia de festa. Com o enredo ""O Brasil que a gente quer reinventar"" levantou a bandeira da esperança, arte e fé. Fazendo belo uso de hinos da música popular brasileira, o boi preto fez ode a Chico Buarque e Milton Nascimento ao declamar os clássicos ""Deus lhe pague” e ""Nos Bailes da Vida"". O boi usou todo seu espetáculo para jogar luz à intolerância no país e questões sociais atuais em pauta. Um dos pontos altos ocorreu quando todos os componenntes entraram emcapuzados ao som de hip hop. O ""boi azul"" ainda fez homenagem às lavadeiras e à padroeira de Parintins, Nossa Senhora do Carmo. Momento dos mais belos na arena tocou a alma de cada um da galera que foi agraciado com a entoação de ""Matriarca"". Ela foi a trilha sonora para o momento em que o estandarte de Marcela Marialva exibiu a faixa ""Paz no Brasil"", solta aos céus e carregada por balões brancos. Paulinho Faria, ícone do Boi-Bumbá no Amazonas, morre vítima da Covid. — Foto: Reprodução/Redes Sociais O ex-apresentador do Boi Bumbá Garantido, Paulinho Faria, de 61 anos, morreu vítima da Covid-19, na tarde desta segunda-feira (22). A informação foi confirmada pela família do artista. Ele estava internado em um hospital particular de Manaus. O artista parintinense tinha sido transferido da cidade natal para continuar o tratamento contra a Covid-19 em Manaus no início desse mês de fevereiro. Ao G1, foi informado que o corpo do ex-apresentador será sepultado em Parintins, a 369 Km de Manaus. O velório será realizado na Cidade Garantido, o horário ainda não foi confirmado pela família. Paulinho Faria acumulou 24 vitórias no Festival Folclórico de Parintins durante 26 anos como apresentador do Garantido. Em entrevista ao Paneiro, da Rede Amazônica, em 2016, o artista comentou que foi forçado a se afastar do posto em 2001 por causa de um problema auditivo. O prefeito de Parintins, Frank Bi Garcia, publicou uma nota de pesar em redes sociais sobre a morte do ex-apresentador. ""Filho de Dona Maria Angela, eternizada na história como madrinha do boi vermelho e branco, Paulinho Faria marcou gerações como apresentador na Baixa do São José. Conhecido pelos improvisos e uma narrativa riquíssima, mudou a forma de se apresentar o Festival. Nossa cidade perde um ícone do seu maior patrimônio, a cultura"", comentou o prefeito. Também em redes sociais, o Boi Bumbá Garantido publicou uma mensagem por conta do falecimento do ex-apresentador. Leia na íntegra: ""Impossível não chorar com a sua perda, o Amazonas precisa te reconhecer como uma das pessoas mais importantes para o crescimento da cultura parintinense no nosso estado. Você me apresentou durante 26 anos, você era praticamente imbatível, foi o melhor apresentador da história do festival, em todos esses anos perdeu apenas uma única vez e honradamente foi para outra lenda, Arlindo Jr. A importância de Paulinho Faria na construção do festival em seu início é algo ímpar, o carinho e o carisma com a sua galera também. O amor por mim, seu brinquedo, seu boi de pano, estará sempre guardado em meu coração. Gostaria de relembrar a sua despedida como apresentador, em 2001, onde as duas nações em uma única voz pela primeira vez se uniram em coro por aquilo que era a sua grande marca, a contagem de abertura do meu espetáculo"". O último boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) divulgado nesta segunda-feira (22) apontou que mais de 10,5 mil pessoas morreram no Amazonas, vítimas da Covid-19. Ao todo, o Estado possui mais de 307 mil casos confirmados. Nesta segunda-feira (22), o comércio voltou a funcionar após o decreto do Governo do Amazonas. Mesmo diante do cenário da pandemia, o Centro de Manaus registrou cenas de aglomerações no primeiro dia de abertura das atividades não-essenciais. Apesar da reabertura, o estado e a capital seguem marcando índices assustadores de casos e mortes por Covid-19. Manaus é, até o momento, a cidade mais afetada. Dos 306.003 casos confirmados no estado, 141.674 são de Manaus (46,30%), cidade em que já morreram 7.407 pessoas. Jalília Messias visita prédios históricos de Bragança para conhecer os costumes da cidade, conhecida pela cultura e também pela conhecida produção de farinha. Veja a reportagem completa no vídeo abaixo. É do Pará mostra a cultura e os espaços históricos de Bragrança, nordeste do Estado Operação apreende 270kg de produtos impróprios ao consumo humano em Campos, no RJ — Foto: Divulgação/Vigilância Sanitária Uma nova fase da operação Boi Garantido, em Campos, no Norte Fluminense, apreendeu 270kg de produtos impróprios ao consumo humano na manhã desta quinta-feira (22). A fiscalização conjunta de agentes da Defesa Agropecuária, Vigilância Sanitária, Polícia Militar e Guarda Civil Municipal verificou denúncias quanto ao comércio de carne de abate clandestino na baixada campista e em Farol de São Thomé. Fiscalização flagrou ambientes desorganizados e com falta de higiene — Foto: Divulgação/Vigilância Sanitária De acordo com os agentes, três estabelecimentos foram fiscalizados, sendo dois açougues em Baixa Grande e um minimercado no Farol de São Thomé. Nos dois açougues, os comerciantes assumiram a prática do abate clandestino. De acordo com a fiscalização, os animais eram abatidos na zona rural, transportados em uma carretinha diretamente num fundo de madeira e cobertos com lona plástica comum, depois eram expostos para o consumo. Em um dos açougues ainda foi constatada a fabricação clandestina de linguiça e carne seca. Animais abatidos clandestinamente eram transportados em carretinha de madeira até o açougue — Foto: Divulgação/Vigilância Sanitária Já no minimercado, localizado na praia do Farol, os agentes flagraram desorganização e falta de higiene, além de encontrarem queijo e mel de origem clandestina, alimentos com prazo de validade vencido e produtos de limpeza sem registro. Os estabelecimentos foram autuados e o material foi descartado no aterro sanitário, localizado em Conselheiro Josino. Carnes foram apreendidas e descartadas em aterro sanitário em Campos, no RJ — Foto: Divulgação/Vigilância Sanitária Os fiscais alertam ao consumidor que somente adquira e consuma produtos de origem animal que tenha registro no serviço oficial de inspeção sanitária, seja S.I.M., S.I.E., S.I.F. ou S.I.S.B.I. A população pode fazer denúncias à Vigilância Sanitária pelo telefone (22) 99868-0244. O anonimato é garantido. Peixe-boi marinho é encontrado morto no interior do Maranhão — Foto: Divulgação/ICMBio O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou, nesta quinta-feira (15), que um peixe-boi marinho (Trichechus m. manatus) foi encontrado morto na praia de Itapiranga, na cidade de Guimarães, a 434 quilômetros de São Luís. O animal foi encontrado no último dia 7de abril, em um local de difícil acesso, por um pescador artesanal, identificado como José Itamir, conhecido como “Seu Pixuca”. O pescador informou o caso para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Guimarães. De acordo com o ICMBio, por se tratar de uma espécie ameaçada de extinção, o ICMBio São Luís foi acionado e deslocou uma equipe até o local. O local do encalhe fica no entorno da Reserva Extrativista de Itapetininga, uma das Unidades de Conservação Federais gerida pelo ICMBio São Luís. Peixe-boi marinho é encontrado morto no interior do Maranhão — Foto: Divulgação/ICMBio Segundo a líder da Área Temática da Gestão do Conhecimento e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio São Luís, Laura Reis, a parceria e o apoio dos moradores das Comunidades, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e do CMA/ICMBio, são extremamente importantes em atividades como esta. Peixe-boi marinho é encontrado morto no interior do Maranhão — Foto: Divulgação/ICMBio Neste ano, esse é o segundo caso de peixe-boi marinho encontrado morto no Maranhão. No dia 23 de janeiro, um animal recém-nascido da mesma espécie foi encontrado morto no interior da Reserva Extrativista da Baía do Tubarão, localizada na cidade de Humberto de Campos, a 153 km de São Luís. Filhote de peixe-boi é encontrado morto no Rio Mapari, no município de Humberto de Campos (MA) — Foto: Divulgação/ICMBio Para gestora do ICMBio São Luís, Karina Teixeira, as análises da causa da morte e o trabalho de monitoramento da espécie, ameaçada de extinção, são ações que ajudam diretamente na manutenção do peixe-boi marinho na costa amazônica maranhense. Quadrilhas, bois-bumbás e banda fazem parte da programação do Flor do Maracujá — Foto: Toni Francis/G1 No quinto dia de evento, o 38º Arraial Flor do Maracujá estreia as quadrilhas juninas mirins da edição. Nesta terça-feira (30) também serão realizadas apresentações de quadrilhas adultas, boi-bumbá e banda para encerrar a noite em Porto Velho. A programação tem início às 20h no Parque dos Tanques, localizado na Avenida Lauro Sodré, 3102, Bairro Nacional. O arraial tem dez dias de festa e acontece até o dia 4 de agosto. Uma linha de ônibus coletivo também está disponível para levar a população ao local. Ela sai da Praça Marechal Rondon, na Avenida Sete de Setembro, esquina com Rogério Weber. Confira a programação desta terça-feira, 30 Serão mais de 400 atrações selecionadas no São João no Maranhão — Foto: Divulgação As inscrições para os artistas que desejam se apresentar no São João de Todos 2019 começam nesta terça-feira (23). São oito categorias: Artes Cênicas, Banda/show, Bumba Meu Boi, Cordel e Repente, Danças Regionais, Forró Pé de Serra, Grupo Alternativo e Tambor de Crioula. Serão mais de 400 grupos ou artistas selecionados, com ampla valorização da cultura maranhense. A categoria com maior número de contemplados será Bumba Meu Boi com 141. As inscrições vão até o próximo dia 2 de maio e podem ser feitas na Secretaria de Estado da Cultura, no Setor de Credenciamento Cultural. Fica na Av. dos Holandeses, nº 1803, São Marcos, em São Luís, CEP 65077-357. O horário é das 14h às 18h. Cada categoria tem datas específicas de inscrição e serão divididas em bumba meu boi e tambor de crioula que será realizada no período de 23 a 25 de abril, danças regionais e grupos alternativos que será realizada no período de 26 a 29 de abril, e artes cênicas, banda/show, cordel, repente e forró pé de serra que será no período de 30 de abril a 2 de maio. Também serão aceitas inscrições enviadas via Correios, com Aviso de Recebimento, postadas até o último dia de inscrição. Após a inscrição, cada proposta vai passar por análise dos documentos e da pertinência em relação às categorias previstas. O edital com todas as informações para as inscrições está no site da Secretaria de Cultura do Maranhão na seção Credenciamento Cultural. Neste ano, a programação oficial do São João de Todos em São Luís vai de 19 a 30 de junho. Estão confirmados os arraiais do Ipem (Centro Social dos Servidores do Estado – Calhau), da Praça Maria Aragão (Beira-Mar) e da Praça Nauro Machado (Centro Histórico de São Luís), além de apoios aos festejos tradicionais de diversos bairros da cidade. O evento também vai ser feito em Imperatriz, com palco na Avenida Beira-Rio, entre 12 e 15 de junho.BodyText O quinto episódio do podcast Eu Te Explico fala sobre os desafios da retomada das aulas semipresenciais em tempos de pandemia na Bahia. Os entrevistados são Maria Celeste Ramos da Silva, professora da rede municipal, integrante do coletivo de professoras e professores, pedagoga, mestra e doutora em educação, e o secretário estadual da Educação, Jerônimo Rodrigues. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia O secretário Jerônimo Rodrigues falou sobre as estratégias do estado para a retomada das aulas na Bahia. “Nós estamos tocando um calendário na rede estadual, aguardando as condições melhorarem, as condições de infecção, de mortes, de leitos, pra gente iniciar as atividades semipresenciais. O que o decreto do dia 18 [de abril], do governador, apontou, é que regiões ontem tenham esses números já adequados, abaixo de 75% de UTIs disponibilizadas, que os municípios, que a rede particular, podem sim analisar se tem as condições reais [para voltar]. Não é obrigatório, o decreto não obriga a começar [aulas semipresenciais], é a possibilidade, é facultado ao município, iniciar ou não”, disse o secretário. Secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues — Foto: Mateus Pereira/GOVBA E Salvador já tem data para o retorno das aulas semipresenciais: 3 de maio. A decisão foi anunciada pelo prefeito Bruno Reis na última sexta-feira (23). Além disso, a vacinação para professores da rede municipal foi ampliada. Porém, apesar disso, os professores ainda se sentem inseguros para a retomada presencial das aulas sem a completa imunização da categoria, como defendeu a professora e doutora em educação, Maria Celeste Ramos. “Nós verificamos certas preocupações que valem pontuar. A primeira preocupação da retomada das aulas sem a imunização dos profissionais da educação. Sejam professores, sejam aqueles que auxiliam a escola nos mais variados campos de auxílio de cada uma das escolas onde os nossos estudantes estarão compondo um grupo que necessariamente também nos preocupa”, diz a educadora. Professora e doutora em Educação, Maria Celeste Ramos — Foto: Arquivo pessoal O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Veja mais informações no G1 Bahia. A técnica de imitação linguística pode ser útil tanto em ambientes profissionais quanto na vida pessoal — Foto: Getty via BBC Todos nós sabemos que cair nas graças de alguém é mais difícil do que parece. Fazer com que alguém fique do seu lado, seja durante uma apresentação ou venda de uma ideia, ou simplesmente quando se quer causar uma boa impressão, é um processo estressante. Mas descobrir o segredo para se conectar com alguém pode ser mais fácil do que parece: basta imitar essa pessoa. Já sabemos que copiar a linguagem corporal, as expressões e os gestos pode ajudar a criar relacionamentos, mas os resultados de um novo estudo sobre comportamento organizacional indicam que imitar o estilo de comunicação de alguém também pode te deixar mais convincente. Por exemplo, da próxima vez que você participar de uma videoconferência com todos os seus colegas, preste muita atenção em como eles falam e apresentam suas ideias. Alguns podem se preocupar apenas com dados rápidos e resultados e agir de forma abrupta e até um pouco distante. Outros podem ser muito menos lineares e se enredar em pormenores. Se os seus colegas forem mais informais na escrita e na fala, relaxe também seu estilo de comunicação — Foto: Getty via BBC Desenvolver esse talento camaleônico pode ser um acréscimo muito útil às suas ferramentas para conquistar pessoas e progredir na carreira. ""Como você faz sua voz se destacar na maré de sugestões, propostas e muito mais? Isso é o que a imitação linguística pode facilitar"", diz Maxim Sytch, professor de Gestão e Organizações da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Sytch e Yong H Kim, professor de Gestão da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, são os dois pesquisadores responsáveis por esse novo estudo. A pesquisa deles se concentra na área do Direito e em como a imitação linguística pode ajudar os advogados a conquistar a simpatia dos juízes e a ganhar causas. Copiar o estilo de comunicação de seus interlocutores pode te deixar mais convincente — Foto: Getty via BBC Eles usaram uma ferramenta computacional de análise linguística para identificar o estilo de escrita dos juízes e advogados envolvidos. E avaliaram quatro estilos de escrita, cada um com uma escala móvel: A partir daí, eles analisaram quais advogados ganharam suas causas — e quais não. Para sua surpresa, os pesquisadores descobriram que, se as equipes jurídicas imitassem mais de perto o estilo de escrita preferido do juiz em documentos de decisões judiciais anteriores, suas chances de vitória mais do que dobravam. Em média, os advogados da amostra de Sytch e Kim tinham 11,5% de chance de ganhar. Mas os advogados que praticaram mais a imitação linguística viram essa taxa subir para 25%. Mesmo durante as agora frequentes videoconferências, podemos analisar o estilo de comunicação dos outros colegas — Foto: Getty via BBC Conquistar a simpatia de alguém por meio da comunicação pode significar que você vai se sentir mais confortável, mas a recompensa por uma observação perspicaz vai além disso. Considere, por exemplo, fechar um acordo com um cliente, impressionar o executivo certo ou construir relacionamentos com pessoas da sua organização, que estarão mais propensas a fazer o que você deseja. Para aplicar de forma eficaz a imitação linguística, Sytch sugere prestar atenção à maneira como as pessoas fazem perguntas e observar que partes das apresentações elas acham mais ou menos convincentes. Essa seria ""uma janela não apenas para como se comunicar com elas, mas também para como elas processam as informações"". Prestar atenção em como uma pessoa faz uma apresentação pode ajudar a imita-la — Foto: Getty via BBC Você pode encontrar muitas pistas sobre como eles gostam de se comunicar. ""Tenho alguns colegas que adoram e-mails longos com vários tópicos e planilhas anexadas. A maneira de respondê-los é provavelmente escrevendo um e-mail igualmente longo, respondendo a cada um dos pontos"", sugere Sytch. Em outras situações, você pode conhecer alguém que acrescenta cor às mensagens, com histórias e sentimentos pessoais. Você pode enviar uma resposta semelhante, talvez incluindo até um breve caso seu para enfatizar o que deseja dizer. Uma boa estratégia de observação pode levar você a alcançar seus objetivos — Foto: Getty via BBC ""Se você me apresentar algo de uma maneira que estou acostumado a ouvir, semelhante à forma como articulo meus pensamentos, será mais fácil para eu processar a essência desse argumento. Como resultado, isso permite que você seja mais persuasivo"", explica Sytch. Claro que é mais fácil falar do que fazer. Mas você pode usar seus contatos para ter uma ideia de como uma pessoa é, especialmente se você não a conhece. Pergunte a alguém que conheça ""seu alvo"", recomenda Sytch. ""Ser sensível a esse processo de fornecer informações — a como outras pessoas processam a informação —, pode aumentar a chance de sermos ouvidos"", finaliza Sytch. Recém-nascida é encontrada em caixa de papelão em Salvador com carta escrita por possíveis pais — Foto: Divulgação / PM Uma bebê recém-nascida foi encontrada em uma caixa de papelão, na manhã deste sábado (24), no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador. Conforme a Polícia Militar, a criança foi encontrada por um homem, que atua como catador de reciclagem, com um bilhete dos possíveis pais dela. Segundo informações da PM, policiais militares da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (19ª CIPM) resgataram o bebê em frente a um estabelecimento comercial de transportes coletivos, situado na Avenida Afrânio Peixoto. Eles foram acionados pelo homem que encontrou o bebê. Na mensagem os pais da pequena Sophia, como ela é citada na carta, falam sobre as dificuldades que estão passando em casa para comer, afirmam que não têm condições financeiras e psicológicas para proporcionar uma vida digna para a menina e deixam um recado para quem for ficar com ela. As equipes fizeram contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e depois levaram a bebezinha até a Maternidade Tsylla Balbino, onde ela ficou recebendo cuidados médicos. O caso foi registrado na 5ª Delegacia Territorial. Recém-nascida é encontrada em caixa de papelão em Salvador com carta escrita por possíveis pais — Foto: Divulgação / PM Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. Comida a nosso favor: como a nutrição pode gerar bom humor, bem-estar e alegria — Foto: Acervo Nosso corpo precisa estar bem alimentado e abastecido com todos os nutrientes dos quais ele necessita para funcionar em boas condições. E isso vale tanto para a saúde física quanto para a mental. Além das sensações de prazer causadas pelas substâncias químicas que nosso cérebro libera quando comemos, alguns alimentos são capazes de aumentar a produção de neurotransmissores que podem diminuir a sensação de dor, combater o estresse e melhorar a qualidade do sono, provocando, assim, sensação de bem-estar, bom humor, tranquilidade, disposição e felicidade. PREVENÇÃO A QUADROS DEPRESSIVOS Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o poder desses alimentos é comprovado cientificamente com estudos que atestam a relação entre o desequilíbrio hormonal e a depressão, mal que afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o planeta e está entre as principais causas de invalidez. Quatro neurotransmissores destacam-se no papel de causar sensação de prazer e bem-estar: dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina. Sua produção pode ser estimulada com a ingestão de alimentos específicos, que vamos listar mais abaixo e que podem, inclusive, ajudar nos quadros de esquizofrenia e no combate a doenças degenerativas. Um estudo realizado na Inglaterra revelou mudanças positivas para a saúde mental a partir de alterações no cardápio. Realizado com cerca de 200 pessoas, o Food and Mood Project (Projeto Comida e Humor), elaborado por Amanda Geary, constatou que 26% apresentaram melhora na instabilidade emocional, 24% na depressão e 26% em ataques de pânico e ansiedade. Durante a pesquisa, os participantes diminuíram o consumo de açúcar, cafeína, álcool e chocolate e aumentaram o de frutas, peixes e líquidos. Por tudo isso, fazer um acompanhamento nutricional pode ser decisivo para a manutenção completa de sua saúde. O SESI dispõe de serviços de nutrição tanto para os trabalhadores da indústria quanto para a comunidade em geral. SESI 4LIFE Para acesso de toda a comunidade, o SESI Goiás desenvolveu o aplicativo de celular Sesi 4Life. Por ele, são disponibilizados aos usuários atendimento virtual com profissionais da atividade física, nutrição e bem-estar. O profissional nutricionista oferece orientação, apoio e incentivo ao usuário que deseja qualidade de vida, seja pela perda de peso ou pela adoção de hábitos alimentares adequados e saudáveis. Durante a sessão, a pessoa define seu objetivo e, a partir de então, são construídas metas para o alcance do propósito escolhido. Os usuários do Sesi 4Life têm acesso gratuito a funcionalidades que auxiliam no acompanhamento de sua saúde: avaliação do bem-estar, medidas, passos, dicas de saúde e desafios. O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS. INDÚSTRIA E COMUNIDADE Para melhorar a qualidade de vida do trabalhador, o SESI disponibiliza os Serviços de Alimentação e Nutrição para a Indústria, que são um conjunto de ações criativas e adaptáveis à realidade das empresas e que promovem a melhoria dos hábitos alimentares dos colaboradores. O atendimento individualizado com nutricionista pode ser realizado in company ou nas unidades do SESI e traz benefícios para a empresa, como redução de custos com consultas médicas, aumento da capacidade produtiva do funcionário e melhora da percepção de saúde e bem-estar no local de trabalho e da confiança junto à companhia. Confira a lista de todos os serviços para a indústria: E atenção: a maioria dos serviços citados acima também é oferecida para a comunidade em geral. Para mais informações, procure uma das unidades do SESI ou entre em contato com a central das unidades pelo telefone (62) 4002-6213. “NUTRIENTES DA FELICIDADE” De acordo com a nutricionista do SESI Goiás Renata Mendes, os principais nutrientes que aumentam o bom humor são: aminoácido triptofano, carboidratos, ácido fólico, potássio, vitamina C, magnésio, selênio, cálcio, vitaminas do complexo B e os ácidos graxos. Porém, segundo a profissional, é preciso manter uma dieta equilibrada, com o consumo frequente e respeito às quantidades necessárias para que o corpo se mantenha saudável. Confira tabela com os benefícios de cada alimento. Comida a nosso favor: como a nutrição pode gerar bom humor, bem-estar e alegria — Foto: Acervo PRAZER MOMENTÂNEO Renata alerta ainda para a ingestão de alimentos ricos em gordura e açúcar, pois eles ativam o ciclo de recompensa do cérebro e liberam dopamina e serotonina, dando uma sensação de prazer imediata. Isso pode fazer com que consumamos alguns alimentos de forma desregrada, como: frituras, salgadinhos, chocolates e doces em geral. Esse hábito pode ser maléfico, pois, apesar do prazer momentâneo, podem causar sentimento de culpa pelo exagero, baixa autoestima, angústia e problemas de saúde. Por isso, é sempre importante o acompanhamento de um profissional nutricionista, para buscarmos com segurança o prazer nos alimentos saudáveis. Aliada a uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos também aumenta a produção de serotonina e endorfinas, proporcionando a tão desejada sensação de felicidade. FIEG — Foto: Acervo “Alterar sua senha” é provavelmente o comando mais odiado nas plataformas de internet. — Foto: Getty Images via BBC *Senha incorreta*. *Criar nova senha*. *A nova senha não pode ser igual à anterior*. Quantas vezes você já experimentou a frustrante situação de não lembrar uma senha, acabar digitando só no final a que era correta, apenas para ter que alterá-la novamente? Os constantes pedidos de alteração da senha de serviços digitais que utilizamos todos os dias – desde o e-mail, à conta no Zoom ou em redes sociais – podem ser uma verdadeira dor de cabeça. Como lembrar todas elas?. Mas, além disso, essas exigências de trocas frequentes de senhas podem nos tornar mais vulneráveis a hackers, de acordo com vários especialistas em segurança cibernética. Como é possível que uma nova senha comprometa a segurança de suas redes? O fato é que, quando alteramos nossas senhas, tendemos a fazer alterações mínimas que tornam muito mais fácil para os cibercriminosos adivinhá-las. Por exemplo, mudamos ""bsb1"" para ""bsb2"". Ou incluímos no final da expressão o ano em que nascemos. Ou trocamos a última letra por outra; às vezes colocamos o número do mês em que estamos. E se forem senhas muito complicadas, alguns usuários as escrevem em notas adesivas e as colam no computador. ""No final, acabamos recorrendo a derivados da mesma senha porque não conseguimos lembrar de outras novas e mais robustas para todos os serviços que utilizamos. Além disso, é comum reutilizar a mesma senha - ou outra muito semelhante - em vários serviços"", diz à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Juan Caubet, diretor da Unidade de Segurança de TI do centro de tecnologia Eurecat, na Espanha. ""Isso significa que, se houver uma violação de segurança ou uma senha for roubada em uma campanha de phishing [uma fraude baseada em roubo de identidade], os hackers podem adivinhar facilmente a senha que você usa em outras plataformas, adicionando ou alterando os dígitos da base que eles já têm."" O especialista em cibersegurança afirma que, para não facilitar tanto aos golpistas, o ideal seria que cada vez que nos pedissem uma mudança de senha, a trocássemos por uma totalmente nova, mas também robusta. ""O problema é que isso é complicado porque usamos muitas senhas."" VÍDEO: Como criar uma senha forte? ""As pessoas vêm tentando descobrir como tornar as senhas mais seguras há muito tempo, mas a mudança de senha obrigatória é um conserto temporário e logo ficará obsoleto - uma única senha forte é melhor do que várias que são menos seguras"", diz Caubet . Ele não é o único que pensa assim. Na verdade, os especialistas em segurança de TI há muito alertam contra as frequentes alterações de senha. É melhor ter uma única senha forte do que alterá-la constantemente para outras menos seguras, dizem os especialistas. — Foto: Getty Images via BBC Alguns anos atrás, Bill Burr, autor de um guia influente para senhas de computador que foi distribuído pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos - voltou atrás em alguns de seus próprios conselhos. Entre eles, o de alterar a senha a cada 90 dias, adicionando letras maiúsculas, números e símbolos, de forma que, por exemplo, ""protegido"" se tornasse ""pr0t3Gid0!"". No entanto, demonstrou-se que os computadores demoram mais para decifrar uma combinação aleatória de palavras do que adivinhar uma palavra com substituições fáceis de lembrar, como ""senha!"". ""Lamento muito do que recomendei. Acho que o conselho foi provavelmente muito incômodo para muitas pessoas"", disse, em 2017, o especialista aposentado de 72 anos sobre o manual que publicou em 2003. Muitas plataformas e instituições continuam a recomendar (e forçar) mudanças frequentes de senha, mas outras não recomendam mais essas diretrizes. A Microsoft juntou-se ao segundo grupo em 2019, quando anunciou que estava eliminando as alterações periódicas de senha após décadas de recomendações. ""É uma prática velha e obsoleta"", argumentou então. O quarto episódio do podcast Eu Te Explico fala sobre os desafios dos indígenas na Bahia em tempos de pandemia. As entrevistadas são Maria Hilda Baqueiro, doutora em história social pela USP e profesora da Ufba, e Luena Maria Ferreira, indígena Pataxó, presidente de uma associação de pescadores no sul da Bahia e empreendedora. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia A professora doutora Maria Hilda Baqueiro falou sobre a relação entre a população indígena que vive na Bahia e o novo coronavírus. ""No caso da Bahia, esses índios já viveram longos períodos de comorbidades, de viroses trazidas pelas populações europeias...são aqueles que nós chamamos de sobreviventes. Consequentemente, são pessoas que já têm anticorpos, mas de qualquer maneira eles não têm a facilidade de reação orgânica a doenças mais graves"", afirma. Maria Hilda Baqueiro Paraíso — Foto: Divulgação Luena Maria Ferreira Santos contou um pouco sobre a luta como marisqueira e também empreendedora, e confessou o medo ao tomar a vacina conta a Covid-19. ""Eu não quis tomar a vacina no início. A primeira dose, eu não quis tomar. Era o medo de achar que era cobaia. A gente já tem uma história de sofrimento há muitos anos, de sempre ser usado, então quando falaram que era primeiro para os idosos e os indígenas, então a gente teve aquela dúvida"", disse. Luena Maria Ferreira Santos, indígena Pataxó da Bahia — Foto: Arquivo pessoal O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Veja mais informações no G1 Bahia. O quarto episódio do podcast Eu Te Explico fala sobre os desafios dos indígenas na Bahia em tempos de pandemia. As entrevistadas são Maria Hilda Baqueiro, doutora em história social pela USP e profesora da Ufba, e Luena Maria Ferreira, indígena Pataxó, presidente de uma associação de pescadores no sul da Bahia e empreendedora. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia A professora doutora Maria Hilda Baqueiro falou sobre a relação entre a população indígena que vive na Bahia e o novo coronavírus. ""No caso da Bahia, esses índios já viveram longos períodos de comorbidades, de viroses trazidas pelas populações europeias...são aqueles que nós chamamos de sobreviventes. Consequentemente, são pessoas que já têm anticorpos, mas de qualquer maneira eles não têm a facilidade de reação orgânica a doenças mais graves"", afirma. Maria Hilda Baqueiro Paraíso — Foto: Divulgação Luena Maria Ferreira Santos contou um pouco sobre a luta como marisqueira e também empreendedora, e confessou o medo ao tomar a vacina conta a Covid-19. ""Eu não quis tomar a vacina no início. A primeira dose, eu não quis tomar. Era o medo de achar que era cobaia. A gente já tem uma história de sofrimento há muitos anos, de sempre ser usado, então quando falaram que era primeiro para os idosos e os indígenas, então a gente teve aquela dúvida"", disse. Luena Maria Ferreira Santos, indígena Pataxó da Bahia — Foto: Arquivo pessoal O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Veja mais informações no G1 Bahia. Preso suspeito de matar homem a facadas dentro de supermercado de Catalão após discussão O suspeito de matar um homem a facadas dentro de um supermercado de Catalão, na região sudeste de Goiás, foi preso após se apresentar na delegacia na terça-feira (12). Uma câmera de segurança registrou quando Mardonio Aparecido Martins, de 37 anos, tenta se esquivar dos golpes, mas é atingido várias vezes e acaba morrendo. Denison Vieira da Silva, de 34 anos, se apresentou à polícia dois dias depois do crime, mas a Justiça já tinha expedido um mandado de prisão contra ele, que foi cumprido assim que ele chegou à delegacia. O G1 não conseguiu localizar a defesa do preso até a última atualização dessa reportagem. “O autor passou de moto, confundiu a vítima com outra pessoa e o chamou de ‘coelho’. A vítima fez um sinal para o autor, que voltou. A vítima teria dito: ‘Vocês sabe exatamente quem eu sou, que não sou coelho nenhum’. Aí começou a discussão entre eles”, disse a delegada Marcela Magalhães. Mardonio Aparecido Martins, morto esfaqueado em supermercado de Catalão — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Em depoimento, o suspeito disse que, durante a discussão, Mardonio chegou a dar um tapa em seu capacete, o que o machucou. Ele contou ainda que foi para casa, pegou uma faca e foi para um bar. Após passar um tempo bebendo, acabou encontrando a vítima no supermercado. De acordo com a polícia, os dois já tiveram desavenças no passado, tendo se envolvido em algumas brigas. O suspeito foi encaminhado para o presídio da cidade e vai responder por homicídio qualificado, devido ao motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Homem morre esfaqueado em supermercado de Catalão — Foto: Reprodução/TV Anhanguera O terceiro episódio do podcast Eu Te Explico fala sobre o que se sabe sobre as variantes do novo coronavírus na Bahia e o que mudou na prevenção da doença. Os entrevistados são Tiago Gräf, biomédico, cientista e pesquisador em saúde pública na Fiocruz/Bahia, onde estuda virologia, evolução e epidemiologia, e Bruno Buzo, infectologista do Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia O pesquisador Tiago Gräf falou sobre as novas variantes que têm circulado na Bahia. “Com a pandemia descontrolada no Brasil, e a constante infecção de novas pessoas, propicia com que novas linhagens estejam sempre surgindo e com essas alterações que podem dar algumas vantagens para o vírus”, disse. Um estudo feito com mais de 67 mil profissionais de saúde de Manaus apontou que a vacina CoronaVac tem 50% de eficácia contra P.1, variante brasileira do coronavírus identificada pela primeira vez na capital do Amazonas. Gräf também falou sobre essa nova pesquisa. “Esse estudo que saiu essa semana é realmente bem animador, que mediu a eficácia da Coronavac contra a P.1 [variante de Manaus], que é a variante que causa preocupação e dominou o Brasil inteiro. É diferente de outros testes que já fizeram”, analisa o pesquisador. Tiago Gräf, pesquisador da Fiocruz/Bahia — Foto: Arquivo pessoal E há uma dúvida sobre as formas de prevenção com as novas variantes circulando: os protocolos de segurança seguem os mesmos? O infectologista Bruno Buzo falou sobre a melhor estratégia para se prevenir da contaminação. “A principal estratégia no momento é continuar as prevenções padrão contra a Covid-19 como distanciamento social, uso de máscara, evitar aglomeração, evitar frequentar locais públicos, até que a gente consiga vacinar boa parte da população”, alerta o médico. Ele ainda falou sobre o tipo de máscara que deve ser usado pela população. “A N95 não deve ser usada pela população geral, deve ser restrita a profissionais de saúde. Para a população em geral, a recomendação é a mesma: utilizar máscaras, mas dar preferências para máscaras cirúrgicas, para máscara comercial, ao invés da máscara de pano”, afirma. Bruno Buzo, infectologista da Cárdio Pulmonar — Foto: Arquivo pessoal O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Veja mais informações no G1 Bahia. O segundo episódio do podcast Eu Te Explico fala sobre a saúde mental em tempos de isolamento social e o luto na pandemia. As entrevistadas são Caroline Dallalana, psiquiatra e pesquisadora do Ambulatório de Transtorno de Humor e Ansiedade, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), e Tita Matos, psicóloga com atuação em hospital por 10 anos, na clínica e docência, e um trabalho direcionado para a clínica do luto, saúde, casal e família. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia A psiquiatra Caroline Dallalana falou sobre o caso que chocou o país na última semana quando o policial militar Wesley Góes foi morto após disparar contra outros PMs durante um possível ""surto"", segundo informações dos órgãos de segurança pública da Bahia. ""Existem vários gatilhos. É importante ressaltar primeiro a predisposição genética para o desenvolvimento de um transtorno mental, um surto psicótico; fatores ambientais, estamos vivendo um momento muito delicado relacionado à pandemia, a problemas financeiros, a lockdown"", diz a psiquiatra Caroline Dallalana. Caroline Dallalana, psiquiatra e pesquisadora da Ufba — Foto: Arquivo pessoal Sobre o luto na pandemia, a psicóloga Tita Mattos falou sobre o momento crítico que muitas famílias têm vivido com as perdas para a Covid-19. O mês de março foi de recordes diários em relação ao número de mortes na Bahia por causa da doença. ""Nesse contexto, a gente tem vivido vários lutos, os lutos simbólicos do isolamento, do distanciamento, do sair para trabalhar, do encontrar as pessoas, do passear, do lazer, então cada um está tendo que lidar com esses lutos. E tem um agravante que é o luto proveniente da morte, dentro do contexto que a gente não pode abraçar as pessoas e nem se despedir"", diz a psicóloga Tita Matos. Tita Matos, psicóloga baiana que fala sobre o luto — Foto: Arquivo pessoal Tita Matos fez parte de um bate-papo promovido pelo espetáculo ""A Última Live"", que aconteceu de forma online e gratuita até o final do mês de março. A Última Live foi um projeto em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e a Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). A live cênica que foi exibida no canal oficial do grupo TOCA narra a tragicômica história de Matias Deodato, um estudante de direito que planeja dar um fim à vida ao vivo, transmitindo em suas redes sociais emblemáticas reflexões sobre o sentido da vida enquanto passeia entre os cômodos da casa em que cresceu. O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Veja mais informações no G1 Bahia. Páscoa de Canela acontece entre os dias 26 de março e 2 de maio — Foto: Prefeitura de Canela/Divulgação A Páscoa em Canela encanta crianças e adultos com uma decoração lúdica e bela. Tudo isso com muito chocolate e atrativos para todos os gostos. Neste ano tudo foi organizado e preparado com muito carinho, com cuidados especiais pensados nos mínimos detalhes por estarmos em um período pandemia que nos tirou muitos benefícios de viajar e vivenciar novas experiências, mas não nos tirou o prazer de viver. E nesta data tão especial Canela se preparou para bem receber e hospedar a todos que procuram a esperança e a fé de dias melhores e mais doces. A Páscoa em Canela, que neste ano será realizada entre os dias 26 de março e 2 de maio, deixa a cidade toda decorada com coelhos dos mais variados tamanhos e cores. Belas esculturas lúdicas completam a decoração, fazendo da Páscoa em Canela uma das mais belas do Brasil. ""Nossa Páscoa terá uma decoração alegre, visando despertar a autoestima dos canelenses e visitantes neste momento tão delicado. Vamos valorizar nossa gastronomia e nossa cultura local através de lives em nossos canais mídia e parcerias com a imprensa. A Páscoa em Canela vem de encontro a um momento de renovação e valorização da vida"", avalia o secretário de Turismo e Cultura de Canela, Ângelo Sanches. Espetáculos virtuais Além da beleza da decoração, a programação da Páscoa em Canela sempre conta com espetáculos e este ano não poderia ser diferente. Os espetáculos gratuitos serão online pelos canais digitais Canela Paixão Natural, onde muitas receitas deliciosas nas lives gastronômicas apresentarão variedades de receias baseadas em chocolate. Já nas lives Retrô acontecerá um resgate histórico de espetáculos vivenciados nos anos anteriores, tendo a cidade de Canela como palco principal. Nas lives Kids haverá muita interação e diversão para os nossos pequenos apaixonados pelo coelhinho da Páscoa, além da divertidíssima Paradinha de Páscoa que terá como atração principal a participação dos parques da cidade. Venha curtir a Páscoa em Canela com sua família, com conforto, um atendimento carinhoso e profissional, de uma rede hoteleira e gastronômica preparada para bem receber e com o máximo de cuidados, cumprindo sempre os protocolos sanitários com segurança e competência. ""Buscaremos, através deste evento, fortalecer a retomada segura e sustentável da nossa economia, seguindo protocolos rígidos e tendo uma fiscalização eficiente que será realizada durante todo o período do evento. Também vamos promover campanhas de conscientização com foco na preservação da saúde"", completa o secretário Ângelo Sanches. Mais informações podem ser conferidas pelo site. 26/03 - Paradinha de Páscoa às18h e Live Retrô às 20h; 27/03 - Paradinha de Páscoa às 18h; 30/04 - Live Gastronômica às 20h; 01/04 - Live Retrô às 20h; 02/04 - Live Retrô às 20h; 03/04 - Paradinha de Páscoa às 18h e Live Retrô às 20h; 04/04 - Paradinha de Páscoa às 18h 06/04 - Live Gastronômica às 20h 08/04 – Live Especial Kids às 15h; 09/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 10/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 13/04 - Live Gastronômica às 20h; 15/04 - Live Especial Kids às 15h; 16/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 17/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 20/04 - Live Gastronômica às 20h; 22/04 - Live Especial Kids às 15h; 23/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 24/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 27/04 - Live Gastronômica às 20h; 29/04 - Live Especial Kids às 15h; 30/04 - Paradinha de Páscoa às 18h; 01/05 - Paradinha de Páscoa às 18h. O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão: Você pode ouvir o Papo de Política no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o Papo de Política para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Neste episódio, o Papo de Política fala sobre os territórios que o presidente da República tenta reconquistar após perder inúmeras batalhas. A movimentação mais evidente desta semana foi o jantar de Jair Bolsonaro e de ministros com empresários em São Paulo. Será que a nata do PIB está unida no apoio ao presidente? O que falaram em um aplicativo de mensagens sobre o encontro? O episódio ainda fala sobre o enfraquecimento de Paulo Guedes, na mira de ministros, parlamentares e do mercado, e o nome do governo mais aplaudido por empresários. Também analisa a torta de climão por trás das trocas no comando do Ministério da Justiça e da Polícia Federal e os bastidores das mudanças no alto escalão do governo. Além do podcast, você também pode assistir ao Papo de Política todas as quintas, às 23h30, na GloboNews. O QUE SÃO PODCASTS? 🎧 Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça — e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. Podcast Papo de Política: Maju Coutinho, Natuza Nery, Andréia Sadi e Julia Duailibi — Foto: Globo Você pode ouvir o Papo de Política no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o Papo de Política para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. O presidente da República muda de tom em relação à vacina, enquanto a variante amazônica da Covid-19 assusta secretários de saúde. Este episódio traz informações alarmantes que chegam de Manaus sobre a contaminação de crianças, fala qual a previsão de especialistas para o início da produção da vacina de Oxford no Brasil e a possibilidade de compra de imunizantes por empresários brasileiros. Na política, Bolsonaro está mais próximo do que nunca de controlar a Câmara e o Senado. Para aliados, isso afasta qualquer crise contra o presidente e garante a sobrevivência do governo até 2022. Natuza Nery, Andréia Sadi, Julia Duailibi e Maju Coutinho contam o custo para atender os desejos dos partidos, em troca da lealdade ao governo e o saco sem fundo que isso deve se tornar. Tem ainda o incêndio na relação entre o presidente e o vice, Hamilton Mourão e as apostas de políticos em mais um ex-presidente para assumir o Ministério das Relações Exteriores. O QUE SÃO PODCASTS? 🎧 Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça — e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. Podcast Papo de Política: Maju Coutinho, Natuza Nery, Andréia Sadi e Julia Duailibi — Foto: Globo Você pode ouvir o Papo de Política no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o Papo de Política para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Com 364 votos a favor e 130 contra, os deputados mantiveram a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), decretada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal, depois que o parlamentar divulgou um vídeo com exaltações à ditadura militar e ameaças a ministros da Suprema Corte. O Papo de Política te conta o que está por trás das expressivas decisões do STF e da Câmara e, ainda, fala sobre o silêncio do presidente e seus aliados. Depois de um período de ataques de bolsonaristas contra a Suprema Corte e a democracia, o episódio Daniel Silveira sela a bandeira branca entre os poderes? O clã Bolsonaro mudou algumas convicções ou entendeu as respostas aos ataques? Natuza Nery, Andréia Sadi, Julia Dualibi e Maju Coutinho falam sobre isso e avaliam os efeitos colaterais que a prisão do deputado ainda trará. Neste episódio, as apresentadoras também comentam a articulação envolvendo parlamentares do centrão e o teste de fogo da primeira costura política do novo presidente da Câmara, Arthur Lira. O QUE SÃO PODCASTS? 🎧 Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça — e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. Podcast Papo de Política: Maju Coutinho, Natuza Nery, Andréia Sadi e Julia Duailibi — Foto: Globo Em homenagem aos 472 anos de Salvador e aos 10 do G1 Bahia, o episódio de lançamento do podcast ""Eu Te Explico"" tem esses dois importantes aniversários como tema. A primeira capital do Brasil é conhecida pelo patrimônio histórico, pela riqueza cultural, pelas belezas naturais e pela alegria do seu povo. O que pouca gente sabe é por qual motivo o adjetivo pátrio de quem nasce em Salvador é soteropolitano. Eu Te Explico - O Podcast do G1 Bahia — Foto: G1 Bahia O professor de História e comediante Matheus Buente fez um estudo para descobrir a origem do termo soteropolitano. ""Aqui em Salvador a gente é soteropolitano por causa de um padre, Manoel de Casal. Ele era historiador e geógrafo e em 1867 fez uma pesquisa sobre a geografia do Brasil"". Matheus Buente, historiador e comediante — Foto: Divulgação Ao longo de 10 anos, são mais de 80 mil publicações e 1 bilhão de acessos na história do G1 Bahia. O portal não somente testemunhou parte da história recente de Salvador, como também mostrou, para todo o Brasil, soteropolitanos que tornam tão especial a cidade que foi a primeira capital do Brasil. Uma das matérias mais acessadas no portal ao longo de todo esse tempo é sobre a engenheira mecânica, tatuadora e digital influencer Helen Fernandes, conhecida como Malfeitona. ""O G1 faz parte da minha história, porque com ele mudei toda a minha trajetória"", afirma. O Eu Te Explico - O podcast do G1 Bahia vai ao ar todas as segundas, às 6h. Você pode ouvir Eu Te Explico no G1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Helen Fernandes, conhecida como Malfeitona — Foto: Redes Sociais Veja mais informações no G1 Bahia. Você pode ouvir o Papo de Política no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o Papo de Política para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Neste episódio, o Papo de Política analisa a conturbada troca de ministro da Saúde em meio ao momento mais crítico da pandemia, se o novo ministro seguirá a cartilha do antecessor ou dará uma guinada na condução da crise e os impactos de sua indicação ao posto, especialmente na relação com os partidos que compõem o ""centrão"" no Congresso. Natuza Nery, Julia Duailibi e Maju Coutinho falam ainda sobre o aumento da reprovação do presidente no combate à pandemia e se, dentro do governo, há expectativa para a piora da avaliação. Na área da economia, o Papo aborda o aumento na taxa de juros após seis anos, as críticas ao governo em meio a uma alta nos preços de alimentos e a demora para a chegada do auxílio emergencial. O Papo também fala sobre a morte do senador Major Olimpio (PSL-SP), aos 58 anos, em decorrência da Covid-19 - terceiro parlamentar do Senado morto desde o início da pandemia, e os riscos da ofensiva contra críticos do presidente, especialmente em casos que lançam mão da Lei de Segurança Nacional. Além do podcast, você também pode assistir ao Papo de Política todas as quintas, às 23h30, na GloboNews. O QUE SÃO PODCASTS? 🎧 Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça — e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. Podcast Papo de Política: Maju Coutinho, Natuza Nery, Andréia Sadi e Julia Duailibi — Foto: Globo Você pode ouvir o Papo de Política no G1, no Spotify, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o Papo de Política para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar. Neste episódio, o Papo de Política analisa as primeiras falas e a estratégia do ex-presidente Lula para refazer sua imagem política, te conta como os partidos receberam a notícia da anulação das condenações do ex-presidente e como estão se reorganizando para a disputa presidencial de 2022. Tem gente revendo a estratégia, tem gente fingindo que não está vendo, gente chorando, gente vendendo lenço e tem gente procurando um novo nome, mas a pergunta que se fazem é: quem? O Papo também fala sobre a mudança na postura do presidente Bolsonaro em relação ao uso da máscara e defesa da vacina. Há uma intenção real de mudança ou é apenas uma tentativa de driblar as críticas feitas pelo ex-presidente Lula? Tem ainda as negociações para a volta do auxílio emergencial e as novas cobranças do “centrão” para apoiar o presidente. Além do podcast, você também pode conferir o Papo de Política na GloboNews, toda quinta, às 23h30. O QUE SÃO PODCASTS? 🎧 Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça — e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado. Podcast Papo de Política: Maju Coutinho, Natuza Nery, Andréia Sadi e Julia Duailibi — Foto: Globo Bilhete de amor motiva reencontro de casal internado com Covid-19 em Rio do Sul — Foto: Hospital Regional do Alto Vale/Divulgação ""Te amo, estou com saudades”. Foi com essas palavras que Maria dos Santos, 62 anos, expressou a falta que sentia do marido, João Custódio Maciel, 67, durante os últimos 15 dias em que ficaram afastados por conta da Covid-19. O reencontro, motivado pelo bilhete de amor, ocorreu na manhã de segunda-feira (22) no Hospital Regional Alto Vale, em Rio do Sul, no Vale do Itajaí. Os dois estão internados em alas separadas da unidade em tratamento contra a doença. O casal conseguiu voltar a se encontrar após Maria contar para uma das enfermeiras que estava com saudades do companheiro. A funcionária sugeriu, então, que a mulher escrevesse uma mensagem e ficou encarregada de entregar ao destinatário. João se emocionou após ler as palavras. Segundo Karina Menegav, enfermeira responsável pela ala de clínica médica do hospital, os funcionários organizaram uma surpresa para o casal. Eles improvisaram até uma flor com dobradura de papel e marcha nupcial. Casal se reencontra após bilhete de amor no Vale do Itajaí — Foto: Hospital Regional do Alto Vale/Divulgação Maria foi a primeira a ser internada após o diagnóstico da Covid-19, em 8 de março. Desde então, eles não haviam mais se encontrado. Seis dias depois, João precisou ser hospitalizado por conta da piora do quadro de saúde devido à doença. Durante a internação do casal, os funcionários afirmam que os dois pacientes sempre preguntavam um pelo outro. Karina contou que quando os funcionários souberam que o casal estava internado até tentaram colocar os dois juntos no mesmo quarto. No entanto, a demanda de pacientes e o contágio tornou inviável a ação. Os dois seguem internados em alas diferentes e a idosa ainda necessita do auxílio do oxigênio para respirar. A expectativa da administração do hospital é que até o fim da semana o casal poderá receber alta. Até a terça-feira (23), 731.389 pessoas se recuperaram da doença em Santa Catarina. De acordo com o governo do estado, 33.187 seguem em tratamento, 774.409 pessoas foram diagnosticadas com o coronavírus e 9.833 delas morreram por conta da doença. (veja os números no vídeo abaixo) SC registra mais de 180 mortes por Covid em 24 horas Veja mais notícias do estado no G1 SC Pratagy lança ""Te Amo"" nas plataformas digitais. — Foto: Divulgação / Isabella Dias O artista paraense Pratagy vivencia a fase de descoberta do que é ser adulto no novo single, com lançamento nesta sexta (12) pelo canal do Youtube. A faixa ""Te Amo"" inaugura um período de cuidado consigo e com quem se ama, como ele descreve. O trabalho, disponibilizado nas plataformas de internet, é acompanhado por um clipe em animação criado pelo artista visual Gabriel Rolim, que já trabalhou com Giovani Cidreira, Boogarins e Metronomy. Questionado pela família como alguém que pouco expressa os sentimentos e que dificilmente fala “Te Amo”, Pratagy pegou o violão e escreveu a música como uma resposta à cobrança. “Quando começou o lockdown e eu fiquei em casa distante do resto da minha família, passei alguns meses completamente sozinho, a letra se elevou para um outro nível: de todas as oportunidades que eu poderia ter dito ‘te amo’, agora eu estava privado de fazer isso pessoalmente"", comenta. Nessa nova fase, as batidas eletrônicas e o clima tropical típicos dos últimos trabalhos abrem espaço para o poder das frases e do canto de Pratagy. As músicas, criadas nos dois últimos anos, surgem do estado de solidão e da companhia do violão e do piano. As letras registram o contraste de olhar o passado e ver o que ficou e o quanto mudou, se sentindo mais forte: “E os traumas que passaram / Já não doem mais”, canta em “Te Amo”. “Sabe aquela sensação de estar mais velho, de querer mostrar para sua família ou para quem quer que seja que agora você está mais forte? Mas na verdade você ainda continua procurando aquilo que te faz ver que a vida vale a pena, aquele sentimento de verdade”, explica. A música teve produção do próprio artista, que ainda assina piano Rhodes, sintetizadores, órgão, baixo elétrico e percussão. Os dedilhados são do Lucas Torres, na guitarra e no violão, completados pela bateria de Emmanuel Pena, músicos que acompanham Pratagy nos palcos e nos estúdios. No visual do trabalho, estão artistas que também já fazem parte do rol de colaborações presentes em outros lançamentos dele. A identidade visual foi criada pela artista Elisa Arruda, com uma interpretação poética da cozinha da casa da mãe de Pratagy para a capa do single. As fotos são de Maria Pratagy, irmã do artista. Sobre a parceria, o artista visual Gabriel Rolim descreve que desenvolveu um videoclipe em animação trazendo uma interpretação da música sobre os desafios de se expressar emocionalmente. “A música fala muito da construção do amor e de erros, e de muitas vezes você guardar o sentimento pra você, ainda mais num lugar masculino de falar poucas coisas, se expressar muito pouco e guardar muitas vezes os sentimentos. Eu acho que é isso que me remete a música e o clipe tenta passar um pouco de expressar sentimentos de amor através de uma animação”, analisa Gabriel. Com baixa procura, médico faz apelo aos idosos em São Vicente O médico geriatra Marco Antonelli, que atua em São Vicente, no litoral de São Paulo, gravou um vídeo pedindo que os idosos procurem os postos de vacinação para se imunizarem. Segundo a Secretaria de Saúde, a procura pela vacina contra a Covid-19 é baixa na cidade. Enquanto isso, todos os leitos de enfermaria estão ocupados. O município recebeu, na quinta-feira (11), mais 3.420 doses da CoronaVac e iniciou, na segunda-feira (15), a vacinação em idosos de 75 e 76 anos. Porém, a procura têm sido baixa nos postos de saúde, segundo a Secretaria de Saúde. O órgão orienta que os idosos saiam de casa, de máscara, apenas para tomar a vacina, que é a principal arma contra a doença. “Os hospitais estão lotados, não há vagas para mais ninguém com Covid-19. Todas as unidades de saúde tem vacinas disponíveis. Então, se você ainda não se vacinou, vá lá e tome, é a única forma de gente a prevenir essa doença. Não deixe de se vacinar, é segura, poucos efeitos colaterais, nada que vá prejudicar sua saúde e vai te proteger de morrer de Covid-19"", afirmou o médico, em um vídeo divulgado pela Prefeitura de São Vicente. Dr. Marco Antonelli, médico geriatra de São Vicente faz um apelo aos idosos que ainda não foram se vacinar contra o coronavírus. — Foto: Prefeitura de São Vicente O atendimento acontece em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégias de Saúde da Família (ESF), além da sede do Fundo Social de Solidariedade (FSS) e na Subprefeitura, que funcionam também como drive-thru. Os postos ficam abertos de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h30. Para receber a vacina, é necessário apresentar RG, CPF e comprovante de residência. A Sesau ainda orienta as pessoas que façam um pré-cadastro no site VacinaJá. A inscrição não é obrigatória, mas importante para agilizar o atendimento. Para as pessoas que vão vacinar, a Sesau pede que respeitem os protocolos sanitários recomendados, como utilizar máscara e manter o distanciamento. As unidades de saúde vão disponibilizar álcool em gel aos munícipes. Segundo a Secretaria de Saúde de São Vicente, nesta quarta-feira (17), os 14 leitos de enfermaria disponíveis para atendimento exclusivo a pacientes com Covid-19 estão ocupados. Há oito pacientes internados na UTI e apenas um leito disponível. Dois pacientes aguardam vaga de enfermaria e foram inseridos na Central de Regulação de Vagas e Serviços de Saúde (Cross). Samir publicou várias fotos em momentos especiais com a mãe antes dela ter se infectado com a Covid-19. — Foto: Facebook/Reprodução O médico Samir Ribeiro, que é mato-grossense, mas atualmente mora na Argentina e trabalha na linha de frente da Covid-19 naquele país, publicou na segunda-feira (22), no Facebook, uma mensagem e uma carta escrita à mão no dia em que a mãe morreu com a doença. A mãe dele, a assistente social Carmosina Ribeiro, de 61 anos, morava em Cuiabá e estava internada há nove dias em um hospital particular, onde morreu. Segundo Samir, ela deu entrada no hospital com 25% do pulmão comprometido e não precisava de ajuda para respirar. Ela era diabética e hipertensa. Médico publicou carta no perfil dele no Facebook — Foto: Facebook/Reprodução Na carta, ele pede perdão por não ter conseguido salvar a mãe e diz que conseguiu ajudar o pai dele de 64 anos, que também se infectou com o coronavírus e teve uma infecção bacteriana hospitalar, mas foi curado. Ele é diabético hipertenso, obeso e cardiopata. Samir fez medicina na Argentina, se formou em março do ano passado, e desde então está trabalhando na linha de frente contra a Covid-19 em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Lanús, uma cidade localizada na província de Buenos Aires. Samir Ribeiro trabalha na linha de frente contra a Covid-19 em um hospital na Argentina. — Foto: Facebook/Reprodução O médico diz ter ajudado mais de 300 pacientes com a doença e lamentou não ter conseguido evitar a morte da mãe. ""Tentei. Difícil ver, lutar, ser médico e não conseguir ajudar a sua própria mãe. Antecipar passos, ser treinado. Salvei diversas vidas, até a do meu pai consegui, mas da minha mãe não consegui. Eu salvei mais de 300 pacientes com Covid-19"", afirma. No depoimento, Samir conta que a mãe estava se recuperando de Covid-19, mas depois contraiu uma infecção bacteriana hospitalar e pediu aos médicos a troca do antibiótico usado no tratamento de Carmosina, mas, segundo ele, os médicos falavam que ele era recém-formado e não lhe deram ouvidos. ""Ela estava se curando da Covid-19, mas os médicos pensam que o único microrganismo que temos é o vírus Sars-CoV-2 e esquece que ele é debilitante e faz com que as bactérias, fungos e até mesmo outros vírus oportunistas se ativem e se manifestem. Por isso, o médico tem que estar atento para não fechar os olhos para os outros microrganismos. Infelizmente fracassei com a minha mãe"", afirma. Junto com a carta, o médico publicou várias fotos da mãe com a família e de momentos deles juntos. ""Perdão mãe por não conseguir te salvar, tentei, tentei muito, infelizmente não tive voz. Foi uma tortura porque eu podia adiantar cada passo seu. Mãe tive a oportunidade de estar com você nos últimos momentos ainda saudável e no estágio gravíssimo. Pensei e acreditei como filho e médico que você iria sair e que iria se recuperar. Você se foi e é difícil pensar que você se foi. Você me pediu e sabia que o antibiótico estava mal, eu queria ter o poder para trocá-lo. Falhei mãe com você, falhei"", escreveu o médico na carta. Psiquiatra fala sobre alcoolismo no Bom Dia Paraíba — Foto: jarmoluk/Creative Commons O psiquiatra Charlles Lucena participou do Bom Dia Paraíba nesta quinta-feira (18) para tirar dúvidas dos telespectadores sobre alcoolismo. Para complementar o bate-papo, ele preparou um teste para ajudar a identificar se o consumo de álcool te prejudica. Confira abaixo: Imagine-se jogando o seu game favorito de boa, sem pausas e sem quedas na sua internet... parece um sonho né? Esse sonho pode ser uma realidade e, às vezes, só precisa da sua atenção em relação à latência da sua rede. Sim, uma rede com latência alta gera lentidão e quedas quando você joga, e ninguém merece isso. Uma rede muito latente só vai atrapalhar seu game, mas você pode tornar a sua internet mais ágil. Veja como: Entre de cabeça nos games, conte com baixa latência. — Foto: Divulgação Como uma rede fica com latência alta? Como tudo no processo de funcionamento da internet, não há apenas um fator que possa causar um problema. Às vezes, pode ser a velocidade do plano de internet que você contratou, a quantidade de upload, que é muito importante nessa relação ou, até mesmo, problema no dispositivo. Como a rede sofre variações, a latência registra e informa o tempo em que um comando está sendo executado. Em uma internet com uma velocidade mais baixa, com pacotes de Mega mais baixos, a latência tende a subir, fazendo seu jogo ficar com lag ou até mesmo travar. Por isso, caro gamer, é essencial verificar se tudo vai bem com seu aparelho, sua conexão e o plano de internet que vai contratar. Essa é uma missão apenas sua! Latência x Games Você já deve ter notado enquanto joga, como os games costumam exigir mais das atividades de rede enquanto “rodam”, seja pelo seu design arrojado, seu gráfico ou, até mesmo, a necessidade de atender a comandos simultaneamente. Para você ter uma ideia, atividades como acessar redes sociais ou ver séries, exigem uma latência entre 50/100ms. Já para os games, a latência tem que ser muito menor, por volta de 20ms ou até menos. Viu como os games custam mais para a rede? Como melhorar a latência na minha rede? Ter uma internet que ofereça menos latência nos jogos não é uma tarefa difícil, é só se ligar em todos os equipamentos da vida real, como você geralmente faz nos games. Por isso, vista-se com as armaduras de uma boa máquina, que funcione bem até com jogos mais “pesados” e depois escolha a arma mais fatal contra qualquer lentidão, a internet Fibra Óptica Netiz. Unindo tudo isso com o super Plano Gamer Netiz, não há latência que fique alta com tanto poder! A Netiz tem planos de até 300 Mb. O G1 Pará divulga a agenda com as programações dos cinemas de Belém e Ananindeua para esta semana. Confira: 'Green Book - o guia': assista ao trailer Direção: Peter Farrely Gênero: Drama Classificação: 12 anos Sinopse: Tony Lip, um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca fechar. Ele conhece um pianista que o convida para uma turnê. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam. UCI Bosque: 17h10, 22h30 Cinépolis Boulevard: 19h, 21h45 Moviecom Pátio: 16h20, 21h10 Cinesystem Ananindeua: 13h50, 16h25, 19h, 21h35 Assista ao trailer de 'Creed 2' Direção: Steven Caple Jr. Gênero: Drama Classificação: 12 anos Sinopse: Adonis Creed saiu mais forte do que nunca de sua luta contra 'Pretty' Ricky Conlan, e segue sua trajetória rumo ao campeonato mundial de boxe, contra toda a desconfiança que acompanha a sombra de seu pai e com o apoio de Rocky. Sua próxima luta não será tão simples, ele precisa enfrentar um adversário que possui uma forte ligação com o passado de sua família, o que torna tudo ainda mais complexo. UCI Bosque: 14h20, 15h15, 17h05, 19h Cinépolis Boulevard: 14h10, 17h, 19h45, 22h25 Cinépolis Parque: 14h, 16h40, 19h20, 21h55 Moviecom Pátio: 14h, 16h35, 19h10, 21h45 Moviecom Castanheira: 14h, 16h35, 19h10, 21h45 Cinesystem Ananindeua: 14h, 15h50, 19h10, 21h45 Trailer de 'Eu sou mais eu' Direção: Pedro Amorim Gênero: Comédia Classificação: 10 anos Sinopse: Camilla Mendes é uma estrela da música pop sem paciência para a concorrência. Tudo que importa é que a sua nova música ""Eu Sou Mais Eu"" seja a número um nas paradas. Mas ela misteriosamente acorda em 2004 e precisa lidar com os dramas da adolescência novamente. UCI Bosque: 13h30, 15h45, 18h, 20h15, 22h30 Cinépolis Boulevard: 15h50, 18h, 19h20, 20h10, 22h20 Cinépolis Parque: 13h50, 16h10, 18h30, 21h20 Moviecom Pátio: 15h, 17h10, 19h20, 21h30 Moviecom Castanheira: 15h, 17h10, 19h20, 21h30 Cinesystem Ananindeua: 13h20, 15h20, 20h, 22h Um dos destaques desta sexta é a exibição do filme maranhense 'Muleque té doido!' — Foto: Reprodução Direção: Erlanes Duarte Gênero: Comédia Classificação: 10 anos Cinépolis Parque: 13h, 15h15, 17h30, 19h45, 22h Moviecom Castanheira: 14h15, 19h10 Cinesystem Metrópole: 14h, 16h10, 18h15, 20h20 Soluço e Banguela em cena de 'Como treinar seu dragão 3' — Foto: Divulgação Direção: Dean DeBlois Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: A animação acompanha o personagem Soluço e o desenvolvimento de seu maior sonho: arrumar um lar onde os dragões possam viver em paz. Mas, no meio deste plano, o perigo começa a rondar a sociedade viking quando o vilão Grimmel aparece para acabar com a liberdade dos dragões - especialmente Banguela. UCI Bosque: 13h, 17h55, 20h10, 22h35 Cinépolis Boulevard: 14h15, 16h35, 18h50 Cinépolis Parque: 14h10, 14h45, 16h30, 17h10, 18h50, 21h10 Moviecom Pátio: 14h45, 17h, 19h20, 21h30 Moviecom Castanheira: 14h10, 14h40, 16h30, 18h50, 19h30, 21h10 Cinesystem Ananindeua: 14h15, 16h30, 18h45, 21h 'Vidro' ganha primeiro trailer Direção: Night Shyamalan Gênero: Suspense Classificação: 14 anos Sinopse: Após a conclusão de Fragmentado (2017), Kevin Crumb (James McAvoy), o homem com 24 personalidades diferentes, passa a ser perseguido por David Dunn (Bruce Willis), o herói de Corpo Fechado (2000). O jogo de gato e rato entre o homem inquebrável e a Fera é influenciado pela presença de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que manipula seus encontros e guarda segredos sobre os dois. UCI Bosque: 15h50, 19h50, 21h45 Cinépolis Boulevard: 17h05, 21h10, 22h30 Cinépolis Parque: 19h30, 22h20 Moviecom Pátio: 16h40, 21h40 Moviecom Castanheira: 16h50, 21h40 Cinesystem Ananindeua: 14h, 16h35, 18h30, 21h30 Veja o trailer de 'Homem-Aranha no Aranhaverso' Direção: Peter Ramsey, Bob Persichetti, Rodney Rothman Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Miles Morales é um jovem negro do Brooklyn que se tornou o Homem-Aranha inspirado no legado de Peter Parker, já falecido. Entretanto, ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, ele é surpreendido com a presença do próprio Peter, vestindo o traje do herói aracnídeo sob um sobretudo. A surpresa fica ainda maior quando Miles descobre que ele veio de uma dimensão paralela, assim como outras versões do Homem-Aranha. UCI Bosque: 13h20, 18h50, 21h20 Cinépolis Boulevard: 14h20, 16h50, 19h20, 21h50 Cinépolis Parque: 14h50, 17h20 Moviecom Pátio: 14h15, 19h15 Moviecom Castanheira: 14h30, 19h Cinesystem Ananindeua: 14h, 16h20, 18h40, 21h Cena de 'Máquinas Mortais' — Foto: Reprodução Direção: Cristhian Rivers Gênero: Ficção Classificação: 14 anos Sinopse: Anos depois da ""Guerra dos Sessenta Minutos"". A Terra está destruída e para sobreviver as cidades se movem em rodas gigantes, conhecidas como Cidades Tração, e lutam com outras para conseguir mais recursos naturais. Quando Londres se envolve em um ataque, Tom (Robert Sheehan) é lançado para fora da cidade junto com uma fora-da-lei e os dois juntos precisam lutar para sobreviver e ainda enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco. Moviecom Castanheira: 21h30 Cinesystem Ananindeua: 17h20 Cena de 'Dragon Ball Super Broly' — Foto: Reprodução Direção: Tatsuya Nagamine Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Apesar da Terra estar em um período de calmaria, Goku se recusa a parar de treinar constantemente - ele quer estar pronto para quando uma nova ameaça surgir. O que ele não imaginava era que seu novo inimigo seria Broly, um poderoso super saiyajin sedento por vingança, que deseja destruir todos que encontrar pela frente. Moviecom Castanheira: 17h, 21h30 Cinesystem Metrópole: 18h50 Trailer de 'WiFi Ralph' Direção: Rich Moore e Phil Johnston Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos ""cidadãos da Internet"" e de Yess, a alma por trás do ""Buzzztube"", um famoso website que dita tendências. UCI Bosque: 14h, 16h30, 19h Cinépolis Boulevard: 14h, 16h30 Cinépolis Parque: 13h10, 15h30, 18h Moviecom Pátio: 14h20, 16h40, 19h Moviecom Castanheira: 14h40, 19h10 Cinesystem Metrópole: 13h30, 15h, 17h30, 19h50 Paulo Gustavo e Mônica Martelli nas gravações do filme 'Minha vida em Marte' — Foto: Divulgação Direção: Susana Garcia Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Sinopse: Fernanda está casada com Tom, com quem tem uma filha de cinco anos, Joana. O casal está em meio ao desgaste causado pelo convívio por muitos anos, o que gera atritos constantes. Quem a ajuda a superar a crise é seu sócio Aníbal, parceiro inseparável durante a árdua jornada entre salvar o casamento ou pôr fim a ele. UCI Bosque: 17h05 Cinépolis Boulevard: 15h25, 17h40, 20h05, 21h50, 22h15 Cinépolis Parque: 20h30, 22h40 Moviecom Pátio: 19h Moviecom Castanheira: 16h50 Cinesystem Ananindeua: 13h30, 16h40, 21h 'Aquaman' ganha trailer final antes da estreia em dezembro Direção: James Wan Gênero: Ação Classificação: Não definida Sinopse: Arthur Curry (Jason Momoa), mais conhecido como Aquaman, ainda é um homem solitário, mas quando ele começa uma jornada com Mera (Amber Heard), em busca de um algo muito importante para o futuro de Atlantis, ele aprende que não pode fazer tudo sozinho. UCI Bosque: 15h50 Cinépolis Boulevard: 14h05, 19h40 Cinépolis Parque: 22h30 Moviecom Pátio: 21h20 Moviecom Castanheira: 16h20, 21h15 Cinesystem Metrópole: 15h35, 18h25, 21h15 Filme 'Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano' — Foto: Reprodução Direção: Viviane Jundi Gênero: Infantil Classificação: Livre Sinopse: Durante a Expo-Bruxas, a maior feira de bruxos do mundo, Pippo (Pedro Henriques Motta), Bento (Anderson Lima) e Sol (Leticia Braga) viajam até a Itália para investigar o sumiço da feiticeira Berenice (Nicole Orsini), que foi sequestrada pelos bruxos Máximo e Mínima Buongusto. Com o trabalho em equipe e a ajuda da avó de Pipo, eles conseguirão desvendar esse mistério. Cinépolis Boulevard: 15h25 Globo Repórter te leva para conhecer uma França Selvagem, de paisagens deslumbrantes Nesta sexta-feira, 19 de fevereiro, o Globo Repórter leva você para conhecer um lado pouco conhecido da França, o da vida selvagem. Você vai visitar lugares com paisagens deslumbrantes e preservadas, um cenário de contos de fadas. Regiões onde espécies raras de animais vivem em total liberdade. No alto das montanhas, os cavalos que nunca foram dominados pelo homem. No oceano, a simpatia do golfinho embaixador, que gosta de se aproximar das pessoas, e a aventura dos 'pinguins' voadores que cruzam o céu por milhares de quilômetros e fazem ninhos nos penhascos. Assista, depois do BBB! Familiares da médica veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, que contraiu Síndrome de Haff, conhecida como ""doença da urina preta"", utilizaram as redes sociais nesta terça-feira (2) para se despedir dela. No entanto, em nota divulgada às 17h desta terça, o Hospital Particular Português informou: ""Até o presente momento, a equipe médica não confirmou o óbito"". Na manhã da quarta (3), a unidade informou que a paciente seguia internada. Priscyla foi internada na unidade, que fica na área central do Recife, em 18 de fevereiro, depois de ter contraído essa doença rara, causada pelo consumo de peixe contaminado (saiba mais ao final desta reportagem). Nesta terça, a mãe da veterinária, a empresária Betânia Andrade, publicou uma homenagem à filha nas redes sociais. ""O céu hoje estará te recebendo com muita luz na casa do Pai e aqui jamais esqueceremos da sua humildade, caráter, da sua eficiência como profissional. Seu sorriso vai ficar na minha memória eternamente"", escreveu. A irmã de Priscyla, Alyne Andrade, também fez um um post em homenagem à veterinária. ""Meu amor, você é luz por onde passa, e hoje essa luz irá iluminar o Céu dia e noite, tenha certeza que todos nós ouvimos suas mensagens sobre a vida e não iremos baixar a guarda [...]"", disse. ""A vida é um sopro, e você aproveitou cada minuto com sabedoria, ajudou muita gente e continuará ajudando do seu jeitinho ao lado de papai do céu. Que os anjos te recebam com muito amor, e sei que você será meu anjinho da guarda e estará a todo momento ao meu lado me guiando e ajudando no que for necessário."" A veterinária foi internada no mesmo dia em que comeu o peixe durante um almoço na casa de uma das irmãs, a empresária Flávia Andrade. Priscyla Andrade, de 31 anos, foi diagnosticada com a 'doença da urina preta' — Foto: Reprodução/WhatsApp Ao G1, Flávia contou ter visto Priscyla sentir muitas dores musculares após o consumo. ""Minha irmã, quatro horas depois [do almoço], disse que o corpo estava diferente, que estava sentindo uma coisa estranha e começou a se apavorar. A musculatura foi travando. Não é que ela tenha ficado paralisada, ela não conseguia se mexer de tanta dor”, contou a empresária em entrevista no dia 25 de fevereiro (veja vídeo abaixo). Doença da urina preta: após alta, paciente relata sintomas da Síndrome de Haff Priscyla foi socorrida primeiramente em um hospital que não deu o o diagnóstico da Síndrome de Haff. Em um segundo hospital, ela foi internada. Dois dias depois, ao voltar à unidade de saúde para visitar a irmã, Flávia contou ter descoberto que os sintomas eram de Síndrome de Haff em conversa com um médico. Segundo a empresária, ele comentou sobre um outro paciente que tinha desenvolvido os mesmos sintomas de Priscyla após ter comido o peixe arabaiana. VÍDEO: conheça a doença da urina preta A doença é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina capaz de causar necrose muscular, ou seja, a degradação dos músculos. Outros sintomas da doença são decorrentes desse quadro. A síndrome está associada ao consumo de peixes como arabaiana, conhecido como olho de boi, e badejo (veja vídeo acima). A forma como o animal é contaminado pela toxina que provoca a doença, no entanto, não é consenso entre especialistas. Alguns infectologistas dizem que a toxina é gerada pelo mau acondicionamento do pescado, mas outros afirmam que a toxina vem de algas consumidas pelo animal. O G1 Pará divulga a agenda com as programações dos cinemas de Belém e Ananindeua para esta semana. Confira: Sam Rockwell como George W. Bush em 'Vice' — Foto: Divulgação Direção: Adam Mckay Gênero: Drama Classificação: 14 anos Sinopse: Na juventude, Dick Cheney (Christian Bale) se aproximou do Partido Republicano ao ver na política uma grande oportunidade de ascender de vida. Para tanto, se aproxima de Donald Rumsfeld (Steve Carell) e logo se torna seu assessor direto. Com a renúncia do ex-presidente Richard Nixon, os poucos republicanos que não estavam associados ao governo ganham imediata importância e, com isso, tanto Cheney quanto Rumsfeld retornam à esfera de poder do partido. Décadas depois, com a decisão de George W. Bush (Sam Rockwell) em se lançar candidato à presidência, Cheney é cortejado para assumir o posto de vice-presidente. Ele aceita, mas com uma condição: que tenha amplos poderes dentro do governo, caso a chapa formada seja eleita. UCI Bosque: 13h40, 16h30, 19h20, 22h10 Cinépolis Boulevard: 16h50, 19h40, 22h25 Cena de 'A Sereia - Lago dos Mortos' — Foto: Reprodução Direção: Svyatoslav Podgayevskiy Gênero: Terror Classificação: 12 anos Sinopse: Uma sereia malvada se apaixona por Roman, noivo de Marina, e tenta mantê-lo longe dela em seu Reino submerso. Marina terá apenas uma semana para superar o medo do oceano, lutar com monstros e se manter viva e na forma humana. UCI Bosque: 18h10, 22h30 Cinépolis Parque: 13h40, 15h50, 18h10, 20h20, 22h30 Moviecom Pátio: 29h20, 21h50 Moviecom Castanheira: 17h20, 19h15, 21h10 Cinesystem Ananindeua: 19h, 20h55 Domingo, 03 de fevereiro UCI Bosque: 20h Cena de 'O Menino que Queria ser Rei' — Foto: Reprodução Direção: Joe Cornish Gênero: Aventura Classificação: Livre Sinopse: Alex (Louis Serkis) é um garoto que enfrenta problemas no colégio, por sempre defender o amigo Bedders (Dean Chaumoo) dos valentões Lance (Tom Taylor) e Kaye (Rhianna Dorris). Um dia, ao fugir da dupla, ele se esconde em um canteiro de obras abandonado. Lá encontra uma espada encravada em uma pedra, da qual retira com grande facilidade. O que Alex não sabia era que a espada era a lendária Excalibur e que, como seu novo portador, precisa agora enfrentar a meia-irmã do rei Arthur, Morgana (Rebecca Ferguson), que está prestes a retomar seu poder. Para tanto, ele conta com a ajuda do mago Merlin (Angus Imrie), transformado em uma versão bem mais jovem. UCI Bosque: 13h15, 15h50, 18h25, 21h Cinépolis Boulevard: 14h, 16h30, 19h10, 21h45 Cinépolis Parque: 15h, 17h40, 20h10, 22h40 Moviecom Pátio: 14h, 16h30, 19h, 21h30 Moviecom Castanheira: 16h30, 19h, 21h30 Cinesystem Ananindeua: 14h10, 16h40, 19h10, 21h40 Cena de 'Uma Nova Chance' — Foto: Reprodução Direção: Peter Segal Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Sinopse: Maya (Jennifer Lopez) é uma caixa de supermercado insatisfeita com sua vida profissional. Porém, tudo muda com uma pequena alteração em seu currículo e suas redes sociais. Com sua experiência das ruas, habilidades excepcionais e a ajuda de seus amigos, ela se reinventa e se torna uma executiva de sucesso. UCI Bosque: 17h40, 20h, 22h20 Cinépolis Parque: 16h10, 18h40, 21h10 Viggo Mortensen e Mahershala Ali em 'Green Book: O Guia' — Foto: Divulgação Direção: Peter Farrely Gênero: Drama Classificação: 12 anos Sinopse: Tony Lip, um dos maiores fanfarrões de Nova York, precisa de trabalho após sua discoteca fechar. Ele conhece um pianista que o convida para uma turnê. Enquanto os dois se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles viajam. UCI Bosque: 21h30 Cinépolis Boulevard: 19h25, 22h10 Cinesystem Ananindeua: 16h10, 16h15 Michael B. Jordan, Ivo Nandi e Florian Munteanu em cena de 'Creed II' — Foto: Divulgação Direção: Steven Caple Jr. Gênero: Drama Classificação: 12 anos Sinopse: Adonis Creed saiu mais forte do que nunca de sua luta contra 'Pretty' Ricky Conlan, e segue sua trajetória rumo ao campeonato mundial de boxe, contra toda a desconfiança que acompanha a sombra de seu pai e com o apoio de Rocky. Sua próxima luta não será tão simples, ele precisa enfrentar um adversário que possui uma forte ligação com o passado de sua família, o que torna tudo ainda mais complexo. UCI Bosque: 13h30, 16h15 Cinépolis Boulevard: 19h30, 22h15, 22h30 Cinépolis Parque: 21h20, 22h20 Moviecom Pátio: 14h10, 16h45, 21h15 Moviecom Castanheira: 16h15, 18h50, 21h25 Cinesystem Ananindeua: 13h40, 18h55m 21h20, 21h30 Kéfera e João Côrtes no filme 'Eu sou mais eu' — Foto: Divulgação Direção: Pedro Amorim Gênero: Comédia Classificação: 10 anos Sinopse: Camilla Mendes é uma estrela da música pop sem paciência para a concorrência. Tudo que importa é que a sua nova música ""Eu Sou Mais Eu"" seja a número um nas paradas. Mas ela misteriosamente acorda em 2004 e precisa lidar com os dramas da adolescência novamente. Cinépolis Boulevard: 14h40 Cinépolis Parque: 14h Moviecom Pátio: 14h20 Moviecom Castanheira: 15h20 Cinesystem Ananindeua: 14h30, 16h40 Um dos destaques desta sexta é a exibição do filme maranhense 'Muleque té doido!' — Foto: Reprodução Direção: Erlanes Duarte Gênero: Comédia Classificação: 10 anos Moviecom Castanheira: 14h10 Cinesystem Metrópole: 17h40, 19h40 Soluço e Banguela em cena de 'Como treinar seu dragão 3' — Foto: Divulgação Direção: Dean DeBlois Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: A animação acompanha o personagem Soluço e o desenvolvimento de seu maior sonho: arrumar um lar onde os dragões possam viver em paz. Mas, no meio deste plano, o perigo começa a rondar a sociedade viking quando o vilão Grimmel aparece para acabar com a liberdade dos dragões - especialmente Banguela. UCI Bosque: 13h, 15h20, 19h10 Cinépolis Boulevard: 15h, 15h40, 17h15, 18h, 20h15 Cinépolis Parque: 14h10, 16h30, 18h50 Moviecom Pátio: 16h, 19h15, 21h30 Moviecom Castanheira: 14h30, 16h20, 18h40, 19h20, 21h Cinesystem Ananindeua: 14h, 14h20, 16h30, 18h40, 21h Samuel L. Jackson, M. Night Shyamalan, James McAvoy e Bruce Willis em gravação de 'Vidro' — Foto: Jessica Kourkounis/Universal Pictures Direção: Night Shyamalan Gênero: Suspense Classificação: 14 anos Sinopse: Após a conclusão de Fragmentado (2017), Kevin Crumb (James McAvoy), o homem com 24 personalidades diferentes, passa a ser perseguido por David Dunn (Bruce Willis), o herói de Corpo Fechado (2000). O jogo de gato e rato entre o homem inquebrável e a Fera é influenciado pela presença de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que manipula seus encontros e guarda segredos sobre os dois. UCI Bosque: 19h, 21h45 Cinépolis Boulevard: 18h55, 21h40 Cinépolis Parque: 19h30, 22h10 Moviecom Pátio: 16h20, 18h50 Moviecom Castanheira: 16h40, 21h30 Cinesystem Ananindeua: 13h45, 16h20, 18h55, 21h30 Homem-Aranha no Aranhaverso — Foto: Divulgação Direção: Peter Ramsey, Bob Persichetti, Rodney Rothman Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Miles Morales é um jovem negro do Brooklyn que se tornou o Homem-Aranha inspirado no legado de Peter Parker, já falecido. Entretanto, ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, ele é surpreendido com a presença do próprio Peter, vestindo o traje do herói aracnídeo sob um sobretudo. A surpresa fica ainda maior quando Miles descobre que ele veio de uma dimensão paralela, assim como outras versões do Homem-Aranha. Cinépolis Boulevard: 14h30, 17h Cinépolis Parque: 14h20, 19h10 Moviecom Pátio: 16h50, 19h20 Moviecom Castanheira: 19h Cinesystem Ananindeua: Cena de 'Máquinas Mortais' — Foto: Reprodução Direção: Cristhian Rivers Gênero: Ficção Classificação: 14 anos Sinopse: Anos depois da ""Guerra dos Sessenta Minutos"". A Terra está destruída e para sobreviver as cidades se movem em rodas gigantes, conhecidas como Cidades Tração, e lutam com outras para conseguir mais recursos naturais. Quando Londres se envolve em um ataque, Tom (Robert Sheehan) é lançado para fora da cidade junto com uma fora-da-lei e os dois juntos precisam lutar para sobreviver e ainda enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco. Cinesystem Ananindeua: 21h40 Cena de 'Dragon Ball Super Broly' — Foto: Reprodução Direção: Tatsuya Nagamine Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Apesar da Terra estar em um período de calmaria, Goku se recusa a parar de treinar constantemente - ele quer estar pronto para quando uma nova ameaça surgir. O que ele não imaginava era que seu novo inimigo seria Broly, um poderoso super saiyajin sedento por vingança, que deseja destruir todos que encontrar pela frente. Moviecom Pátio: 14h40 Moviecom Castanheira: 14h15 Vanellope e Ralph, os melhores amigos de 'WiFi Ralph' — Foto: Divulgação Direção: Rich Moore e Phil Johnston Gênero: Animação Classificação: Livre Sinopse: Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos ""cidadãos da Internet"" e de Yess, a alma por trás do ""Buzzztube"", um famoso website que dita tendências. UCI Bosque: 14h10, 16h40 Cinépolis Boulevard: 14h05, 16h25 Cinépolis Parque: 14h30, 17h Moviecom Pátio: 16h10, 19h30 Moviecom Castanheira: 14h40, 19h10 Cinesystem Metrópole: 14h10, 16h30, 18h50, 19h, 21h10 Paulo Gustavo e Mônica Martelli nas gravações do filme 'Minha vida em Marte' — Foto: Divulgação Direção: Susana Garcia Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Sinopse: Fernanda está casada com Tom, com quem tem uma filha de cinco anos, Joana. O casal está em meio ao desgaste causado pelo convívio por muitos anos, o que gera atritos constantes. Quem a ajuda a superar a crise é seu sócio Aníbal, parceiro inseparável durante a árdua jornada entre salvar o casamento ou pôr fim a ele. UCI Bosque: 13h40, 15h55, 20h15 Cinépolis Boulevard: 15h20, 17h40, 20h, 22h20 Cinépolis Parque: 16h50, 21h40 Moviecom Pátio: 21h45 Moviecom Castanheira: 17h, 21h30 Jason Momoa como o Aquaman — Foto: Divulgação/DC Direção: James Wan Gênero: Ação Classificação: Não definida Sinopse: Arthur Curry (Jason Momoa), mais conhecido como Aquaman, ainda é um homem solitário, mas quando ele começa uma jornada com Mera (Amber Heard), em busca de um algo muito importante para o futuro de Atlantis, ele aprende que não pode fazer tudo sozinho. Moviecom Pátio: 21h20 Moviecom Castanheira: 16h15, 21h20 Cinesystem Metrópole: 13h40, 16h30, 21h30 Filme 'Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano' — Foto: Reprodução Direção: Viviane Jundi Gênero: Infantil Classificação: Livre Sinopse: Durante a Expo-Bruxas, a maior feira de bruxos do mundo, Pippo (Pedro Henriques Motta), Bento (Anderson Lima) e Sol (Leticia Braga) viajam até a Itália para investigar o sumiço da feiticeira Berenice (Nicole Orsini), que foi sequestrada pelos bruxos Máximo e Mínima Buongusto. Com o trabalho em equipe e a ajuda da avó de Pipo, eles conseguirão desvendar esse mistério. Cinépolis Boulevard: 13h20 Novas imagens mostram a ação da polícia americana na morte de George Floyd Novas imagens mostram a ação de policiais americanos que resultou na morte de George Floyd, em 2020. O caso gerou uma onda de protestos no mundo inteiro. As imagens foram gravadas pelas câmeras que ficam no uniforme dos policiais. Eles foram chamados pelo balconista de uma loja porque George Floyd teria usado uma nota falsificada para pagar uma compra. Os agentes tentaram colocar Floyd dentro do carro da polícia, e ele começa a dizer que não consegue respirar. Floyd repete a frase várias vezes e manda uma mensagem. Ele diz: ""Mãe, eu te amo. Diga aos meus filhos que amo eles"". Testemunhas pedem que os policiais parem e dizem que Floyd está desacordado. O policial Derek Chauvin, que ajoelhou no pescoço de Floyd, está sendo julgado por três acusações de homicídio. Cruz Gago morreu de Covid-19 nesta terça-feira (16), no Maranhão — Foto: Reprodução/TV Globo Profissão Repórter – Músicos – 12/10/2016 Morreu nesta terça-feira (16) aos 50 anos, em Imperatriz (MA), o músico Cruz Gago. Vítima de Covid, o autor de ""Tentei te esquecer"" ficou conhecido quando participou do Profissão Repórter. O editor-executivo do programa, Caio Cavechini, que o entrevistou em 2007 e 2016, presta homenagem a um dos personagens mais inesquecíveis do Profissão. Leia abaixo: ""Tentei te esquecer… não deu. Estamos em cima do palco, uma multidão cantando junto com Leonardo. Do lado dele, o compositor dessa música que rodou o Brasil nos anos 2000, Cruz Gago. “Tentei te esquecer”… É a deixa para o público responder, em automático: “Não deu”. Depois de mais de um mês convivendo com o compositor desse refrão tão simples quanto poderoso, um mês conhecendo seus sonhos e frustrações, sua família e sua casa simples no interior do Maranhão, me arrepio ao registrar o momento em que sua obra é reverenciada pelo público, conduzida por um artista famoso. Me arrepio hoje de novo, revendo esses momentos todos. Pensei em começar um texto em sua homenagem de outra forma. É difícil. Seu refrão é simples e poderoso, isso eu já disse, e é também conhecido o suficiente para fazer mais gente se interessar um pouco por esse texto, parar um pouco para pensar no que ele fez, mandar boas energias para sua família hoje que Cruz Gago acaba de nos deixar, aos 50 anos, vítima da Covid. O Profissão Repórter ainda era um quadro no Fantástico, de 10 minutos, com edições especiais de uma hora ao longo daquele 2007. Fui ao Maranhão dirigir uma rádio novela sobre trabalho escravo, colaboração com um grupo de teatro e ativistas locais. No fim do dia, comendo uma pizza com o grupo, descubro que um deles estava tentando a sorte no Paraíba Pop Star. Voltei para São Paulo, contei do concurso, pedi pra viajar de novo e nessa segunda viagem eu descobri a história de Cruz Gago, já conhecido na região pela composição de sucesso que acabo de citar. O que se seguiu foi contado num programa de 2007, “Em Busca da Fama”, em que Cruz Gago ganha a primeira etapa, em Imperatriz, mas perde a finalíssima, em Teresina. Em vez de cantar ""Tentei te Esquecer"", Cruz Gago preferiu ir de Frejat, ""Segredos"". Naquela época, alguém achou que a derrota deixava um gosto amargo no fim de um programa de histórias alegres, e sugeriu o encontro de Cruz Gago com Leonardo, que cantaria em Penápolis, interior de São Paulo, em alguns dias. Foi assim que se produziu aquela cena. Caco, Leonardo, Cruz Gago e eu, no palco. Nove anos depois, eu reencontro Cruz Gago com uma pergunta provocativa: “Você não tem medo de ser conhecido como um cara de um sucesso só?”. Ele responde que nunca tinha pensado nisso. Com o sorriso aberto, sempre generoso, sempre sonhador, via a minha presença como uma nova chance. É difícil para quem trabalha em reportagem para a televisão lidar com uma dicotomia que quase sempre nos acompanha: queremos contar uma história como ela é, mas muitas vezes o simples fato de contar essa história faz com que ela se transforme. E mesmo quando não se transforma, a presença de uma câmera já é suficiente para gerar expectativas, alimentar sonhos. Afinal, quantos bons artistas existem no país, esperando apenas uma improvável combinação de talento, sorte, contatos e momento para respirarem acima da linha da água e serem notados? A pergunta provocativa eu tentei consertar depois, dizendo que eu passaria pela vida sem nunca produzir um sucesso como o dele. E ainda disse (e isso não coube na edição) que ""Tentei Te Esquecer"" acompanhava minhas listas desde o primeiro iPod, ou até antes dele, um MP3 da Foston, com capacidade de 20 ou 30 faixas, comprado num camelô. Mas muita gente não entendeu - e me criticou com bastante veemência - por eu ter jogado realismo demais na esperança de um cara batalhador. Era uma relação que se estabelecera muito tempo antes, com os exageros numéricos do entrevistado e minha tentativa - que eu achava bem humorada - de fazê-lo pôr os pés no chão. Cruz Gago tinha o bom humor e a capacidade de improviso que todo repórter espera de um entrevistado. Quando em 2007 minha pergunta amadora foi: “O que mais você já fez para ficar famoso?”, reduzindo sua vida numa pauta, ele respondeu com um sorriso largo: “Até garimpo… Menos assaltar”. Quando eu perguntei porque ele usaria uma jaqueta de couro no calor de 35 graus na noite de Teresina, ele disse que estava no “estilo Tazmania”. E quando eu o repreendi por não conseguir tirar a mesma jaqueta na cena dramática da apresentação, ele me mostrou a barriga e culpou as calorias, rindo de si mesmo. Quando, 9 anos depois, eu passei horas no carro o acompanhando em seu novo trabalho como motorista da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, falando das paixões humanas com um grupo de engenheiros, ele concluiu, enfático: “O amor acidenta o homem mais do que o trânsito”. Hoje Cruz Gago partiu. Antes da hora. Seus filhos estavam começando a seguir o pai nos pequenos shows e serestas do interior do Maranhão, Pará e Tocantins. É neles que eu penso agora. Para a Glória, o Victor e o Everest, deixo a minha homenagem e meus sentimentos. Seu pai foi grande, um homem de um sucesso na música e três sucessos na vida. De muitos amigos e admiradores. De cantar tecnobrega e sucessos internacionais dos anos 80. De chamar todo mundo de Imperatriz e redondezas para aparecer no programa também. Cruz Gago perdeu a vida para a Covid, importante repetir. Que todos nós possamos cuidar de quem está próximo. Infelizmente ela ainda está aí, acidentando os homens mais do que o amor, mais do que o trânsito"". Doido Rabelo, do MDB, foi eleito, neste domingo (15), prefeito de Mãe do Rio (PA) para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Doido Rabelo teve 56,34% dos votos. Foram 10.625 votos no total. O candidato derrotou Badel, do PT, que ficou em segundo lugar com 26,75% (5.045 votos). A eleição em Mãe do Rio teve 22,82% de abstenção, 1,27% votos brancos e 3,62% votos nulos. Doido Rabelo tem 58 anos, é casado, tem ensino fundamental incompleto e declara ao TSE a ocupação de prefeito. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 1.050.000,00. A vice é Dona Léia, do DEM, que tem 54 anos. Os dois fazem parte da coligação Coligação Democrática de Mãe do Rio, formada pelos partidos REPUBLICANOS, DEM, MDB, PSDB e PODE. * Esta reportagem foi produzida de modo automático com o apoio de um sistema de inteligência artificial e foi revisada por um jornalista do G1 antes de ser publicada. Se houver novas informações relevantes, a reportagem pode ser atualizada. Saiba mais sobre o sistema de inteligência artificial usado pelo G1 em g1.com.br/eleicoes Bem-te-vi-rajado é flagrado por câmera de monitoramento na Rodovia dos Tamoios — Foto: Concessionária Tamoios/Divulgação Um Bem-te-vi-rajado foi flagrada por uma câmera de monitoramento da Rodovia dos Tamoios no trecho de serra em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. O vídeo foi divulgado pela concessionária Tamoios. De acordo com a concessionária, a ave fez a aparição diante da câmera na altura do km 77, no Parque Estadual da Serra do Mar, em dezembro, mas as imagens foram divulgadas somente neste ano. O Bem-te-vi-rajado tem em suas características principais o voo solitário e o canto alto logo no início do dia ou no entardecer. Bem-te-vi-rajado fez uma aparição surpresa em uma das câmeras de monitoramento da Tamoios — Foto: Reprodução / Tamoios Nesta segunda (18), a concessionária Tamoios registrou um outro visitante inusitado. A equipe da concessionária localizou pequenos canários-da-terra em um dos postes que sustenta as câmeras. Veja abaixo: VISITA NOVA🕊️Dessa vez, nossa equipe localizou esses pequenos canários-da-terra (Sicalis flaveola) em um dos postes que sustenta as câmeras. São reconhecidos por um canto forte e estalado (🔊 habilite o áudio).⚠️Importante lembrar que aprisionar animais silvestres é crime! pic.twitter.com/S7Z85sDl96 Um homem de 40 anos é suspeito de agredir a ex-mulher e ameaçá-la de morte, na frente da mãe e do atual namorado dela. Tudo aconteceu na noite de terça-feira (02), quando os três chegavam na casa da avó da vítima, no Jardim Campo Alto, em Campo Grande. A mulher, de 30 anos, disse à polícia que logo após eles entrarem na residência, ouviram alguém gritar do lado de fora e quando saíram para ver o que acontecia, se depararam com o suspeito batendo com capacete no carro do atual namorado dela. Ao impedir que o suspeito continuasse a danificar o veículo, a mulher foi agredida pelo ex. Ele a bateu com capacete, a derrubou no chão, deu chutes, apertou o pescoço dela para enforcá-la e a ameaçou. ""Se você registrar boletim de ocorrência eu vou te matar"". O homem fugiu do local e a vítima chamou a Polícia Militar (PM). Ela denunciou o ex à polícia e pediu medidas protetivas contra ele. A mulher e o suspeito ficaram juntos por cinco anos, estão separados há 4 meses e possuem uma filha de 2 anos. O caso foi registrado como lesão corporal e ameaça em situação de violência doméstica. Os pets se tornaram parte da família do brasileiro; isso aumentou ainda mais nos últimos tempos, onde eles se tornam grandes aliados no combate ao estresse, ansiedade e depressão. Para muitas pessoas eles são os companheiros do dia a dia, ainda há quem diga que em casa que tem bicho, a tristeza não faz morada. Se tiver criança, então, não tem depressão que aguente! Porém para que isso aconteça você deve ficar atento a alguns pontos e não esquecer que eles também precisam de cuidados especiais. A seguir vamos tratar de alguns deles que podem te ajudar, vamos lá? Obesidade animal: como identificar e prevenir? — Foto: Imagem reprodução Quando você adota um animal, você se compromete a cuidar, proteger, amar muito e alimentar sempre que for necessário. Mas, você já pensou que isso pode levar a obesidade animal? Nem sempre um pet gordinho é sinal de fofura, isso pode esconder uma doença. Muitas vezes quando o assunto é alimentação, os tutores se rendem aquele contato visual do pet e acabam repartindo o sanduíche que estão comendo, só para ele não ficar com vontade. No entanto, quando se tem pets em casa, é importante estar sempre atento para que a saúde dele seja perfeita. O que é a obesidade animal? Definida pelo acúmulo de gordura corporal, a obesidade pode atingir 20 a 40% da população animal em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento. E, é comprovada quando o animal possui mais de 15% de sobrepeso referente ao peso ideal para sua raça. Como acontece? A obesidade dos pets, não é muito diferente da humana. Há duas formas de ocorrer a doença: Como tratar a obesidade: Quando o pet precisa emagrecer, o comprometimento dos tutores é essencial. Para o processo de emagrecimento, o uso de dietas específicas é fundamental. As dietas diet por exemplo, possuem um maior teor de fibras, elevando o tempo de saciedade. Os passeios devem se tornar uma rotina diária. No inicio, o cão pode ser levado a dois ou três passeios curtos por dia, aumentando gradativamente à medida que o cão se adapte ao exercício e que a perda de peso comece efetivamente a acontecer. O médico veterinário também pode indicar medicamentos que auxiliam na perda de peso e controle da saciedade, para ajudar no tratamento. Essa doença quando não tratada a tempo, pode prejudicar o desenvolvimento do pet e diminuir seu tempo de vida. Portanto, fique sempre atento e leve seu bichinho frequentemente ao veterinário! Como ganhar a confiança dos felinos? — Foto: Imagem reprodução Agora para você que tem um gato e ainda não aprendeu a lidar com a timidez felina, veja como fazer com que um gato tímido confie em você: Nós sabemos que gatos podem ser imprevisíveis: enquanto alguns amam atenção e companhia, outros são mais solitários, uns preferem ficar em casa e outros são mais exploradores e gostam da rua. Entretanto, independente das preferências, uma coisa que todos eles possuem, é uma personalidade forte, além de serem territoriais. Às vezes pode acontecer de um felino ser mais tímido, pensando nisso daremos algumas dicas para que você aprenda a ganhar a confiança dos gatinhos, até mesmo dos mais tímidos. Para começar, não os olhe diretamente nos olhos, quando isso acontece, eles podem entender como um desafio ou ameaça, principalmente se estiver tenso ou agitado, é abertura para que você faça carinho nele, então não faça, de início abaixe-se devagar e estenda sua mão, se ele vier até você é porque está aceitando o carinho de bom grado, quando ele cansar irá se afastar, nesse momento é preciso deixá-lo quieto. Um reforço positivo como petiscos, brinquedos, biscoitos e afins, são sempre úteis quando queremos chamar atenção para fazer amizade com os bichinhos. Porém, é de extrema importância que você o alimente regularmente, se você quer criar um laço forte com o gato, precisa fazer isso para que ele passe a vê-lo como importante, aprendendo a confiar em você e para que essa ligação não seja quebrada. Lembre-se de não aumentar a voz com os felinos ou até mesmo assustá-los, além de possuírem ouvidos sensíveis, animais tímidos precisam de tempo para se acostumar. Todas as vezes que entram em uma nova casa, eles permanecem em estado de alerta até que se acostumem com o novo lar, deixe que ele explore todos os lugares, ele precisa conhecer para se adaptar, certifique-se também de deixar uma almofada para ele, assim ele terá onde se esconder quando quiser. Quando um gato não tem uma boa adaptação, é possível que ele se torne arisco, pois sente que precisa estar sempre alerta, o que dificulta a interação com os tutores, tudo isso por estar inseguro. Portanto, faça de tudo para que ele se sinta à vontade, gatos são animais incríveis e com certeza farão você e sua família muito felizes. Você sabia que o estresse humano, afeta os animais? — Foto: Imagem reprodução Nós sabemos como a conexão entre homem e pet é intensa e gera diversas curiosidades. Pensando nisso, a Universidade Linköping, pesquisadores suecos, buscaram mostrar a sincronização do stress entre as espécies. De acordo com a pesquisa, os níveis de estresse entre os animais e os tutores tornam-se ""sincronizados"", a longo prazo o stress agudo demonstrou ser muito contagioso. Para entender esse fato, 58 pares de cão-humano foram analisados, para fazer esse estudo, usaram cortisol capilar, por ser uma matriz promissora de avaliação a longo prazo. A pesquisa teve como foco cães das raças Border collies e Shetlands sheepdogs e os tutores responderam uma espécie de questionário sobre a personalidade de seus cães. Com base no inventário dos cincos grandes fatores de personalidade em humanos e o monitoramento dos níveis de atividade física dos animais, o estudo apontou correlações no stress a longo prazo, onde as concentrações de cortisol capilar humanos, se correlacionaram fortemente com as do cão. Foi identificado também, que apesar das personalidades dos cães afetarem pouco seu cortisol, os traços de personalidades humanas como neuroses, consciência, por exemplo, afetaram significativamente os animais. Esses resultados mostram que há um contágio emocional e que os cães espelham o stress dos tutores, bem como diversas outras emoções, por isso, cada vez mais têm surgido pesquisas sobre essa relação entre home x pet. Cada vez mais, aprendemos que as emoções humanas afetam diretamente os pets. Talvez seja bom manter a calma, para não refletir as emoções nos animaizinhos. Em breve traremos mais artigos incríveis em nosso blog! Edinaldo Rações — Foto: Imagem Reprodução Ednaldo Rações é referência quando se trata de Pet Shop e rações para animais na cidade de Presidente Prudente e Região. Você encontra rações à pronta entrega, produtos e brinquedos para o seu pet. Além de ter o “Disk Ração” com entrega gratuita em toda a cidade de Pres. Prudente e também em Álvares Machado. Endereço: Avenida Ana Jacinta, 1019 – Cohab, Presidente Prudente SP. Disk Rações (18) 3906-1553 WhatsApp: (18) 99749-1980 Site: www.ednaldoracoes.com.br Facebook: https://www.facebook.com/ednaldoracoespet/ Instagram: https://www.instagram.com/ednaldoracoes/ Seis aves foram resgatadas e rapaz autuado em R$ 3 mil por mantê-las em cativeiro irregularmente — Foto: Polícia Ambiental A Polícia Militar Ambiental libertou seis aves que eram mantidas irregularmente em cativeiro numa casa em Flórida Paulista. O morador, um rapaz de 19 anos, foi multado em R$ 3 mil pela prática. O flagrante foi nesta quarta-feira (24). Em patrulhamento pela área urbana, uma equipe da Polícia Ambiental constatou a presença de aves em uma casa. Seis aves foram resgatadas e rapaz autuado em R$ 3 mil por mantê-las em cativeiro irregularmente — Foto: Polícia Ambiental O morador foi contatado e disse aos policiais que capturou os pássaros e os mantinha em cativeiro, de estimação. Eram seis aves, sendo cinco da espécie coleiro papa-capim e um da espécie bigodinho. Como o rapaz não possuía autorização do órgão ambiental competente para manter as aves da fauna silvestre em cativeiro, foi elaborado um Auto de Infração Ambiental no valor de R$ 3 mil em desfavor do infrator. Por apresentarem estado bravio, os pássaros foram libertados em seu habitat. Seis aves foram resgatadas e rapaz autuado em R$ 3 mil por mantê-las em cativeiro irregularmente — Foto: Polícia Ambiental Veja mais notícias em G1 Presidente Prudente e Região. Família monitora ninho de bem-te-vi e registra comportamentos reprodutivos; predação de lagartixa é destaque entre flagrantes Isolados em casa durante meses os aposentados Hostilia e Carlos Eduardo Gussoni, e a filha Maria Elisa, encontraram na natureza não só um refúgio, mas também a chance de se dedicarem à ciência. Tudo começou com a observação de um ninho de bem-te-vi na Vila Mariana, bairro de São Paulo (SP), que rendeu horas de filmagens e material suficiente para um artigo científico. “No meio do ano nosso médico orientou que eu e meu marido fizéssemos caminhadas matinais, no bairro mesmo, para nos exercitarmos. Durante esses passeios tínhamos tempo para observar as aves da região e foi em uma dessas ‘passarinhadas’ que percebemos um casal de bem-te-vi construindo um ninho”, conta Hostilia. A advogada aposentada já tinha o hábito de observar a natureza, afinal, o filho, Carlos Otávio Gussoni, é ornitólogo e sempre incentivou a prática. O que ela não imaginava era ter a chance de acompanhar de perto a renovação da vida. “Quando comentamos com meu filho sobre nossa observação ele disse que, apesar da ave ser comum, há poucas informações sobre o processo reprodutivo da espécie e que seria interessante se conseguíssemos registrar mais detalhes”, lembra a observadora, que junto ao marido e à filha, encarou a missão de documentar os comportamentos da nova família que estava se formando. As observações diárias renderam registros importantes sobre o comportamento da ave — Foto: Reprodução/Carlos Eduardo Gussoni Tal ‘missão’ foi longa e recheada de aprendizados: entre julho e setembro de 2020 a família Gussoni garantiu observações detalhadas da construção do ninho, escritas diariamente em relatórios; e mais de sete horas de filmagens que documentam os cuidados das aves adultas com os filhotes. “Foi muito interessante, pois fizemos um trabalho bem documentado e apuramos nosso olhar para a observação de aves. A região é muito arborizada e recebe diversas espécies, mas nem sempre nos atentamos. Agora conseguimos identificar muitas delas, às vezes até pela vocalização”, conta Hostilia. Entre os flagrantes destacam-se os registros de alimentação dos filhotes — Foto: Reprodução/Carlos Eduardo Gussoni História de passarinheiro? Cientes da importância científica das observações, o casal e a filha se dedicaram aos registros de cada comportamento flagrado. “Meu marido ficou responsável pelas filmagens e minha filha nos ajudou com os relatórios e as edições. Entre tantos flagrantes, o mais legal foi ver os filhotes disputando por uma lagartixa no ninho”, lembra a observadora, orgulhosa das outras conquistas. “Ficamos tão entusiasmados que seguimos com a prática e, nesse período, observamos outros 17 ninhos de 10 espécies diferentes”, completa. Durante as caminhadas os observadores registraram os pontos de observação no bairro — Foto: Reprodução Google Maps A 180 km de distância, em Rio Claro (SP), o filho ornitólogo Carlos Otávio Gussoni acompanhou remotamente a saga da família passarinheira. O especialista, que por mais de cinco anos estudou a maria-da-restinga, ave da mesma família do bem-te-vi, orientou as observações e auxiliou na revisão dos relatórios, que futuramente se tornarão um artigo científico. “Não tem quase nada de informação sobre os hábitos reprodutivos dessa ave. A maior parte dos dados existentes são de um artigo do Texas, publicado em 1995. Aqui no Brasil temos só um material, publicado em 1998 pela Maria Martha de Oliveira, em parceria com outras autoras, mas nesse caso as observações foram da alimentação do filhote fora do ninho”, explica. “Como eu já sabia dessas lacunas de conhecimento do bem-te-vi, logo no início orientei meus pais e minha irmã na coleta das informações, para que pudessem ser aproveitadas no mundo científico”, ressalta Gussoni, que destaca alguns flagrantes dessa longa jornada de monitoramento. “Pudemos observar que os adultos alimentavam os filhotes 12 vezes por hora, ou seja, a cada cinco minutos faziam uma visita no ninho com alimento. Essa frequência está dentro do esperado, mas o que chamou a nossa atenção foram as presas, como por exemplo a lagartixa”, conta. O ninho foi construído em uma escola, próximo ao prédio da família — Foto: Reprodução/Carlos Eduardo Gussoni De acordo com o ornitólogo, a observação confirmou a característica alimentar da espécie, uma vez que no artigo escrito pelas brasileiras, há 22 anos, o cardápio se repete nas análises. “Eles também registraram os filhotes se alimentando de minhocas e outros itens que não puderam ser identificados. Mas está de acordo com a dieta típica do bem-te-vi, que é onívoro, além de invertebrados e pequenos vertebrados se alimenta de frutos”, completa. Observações viraram rotina e renderam flagrantes de outras espécies — Foto: Arte TG Família unida Além de contribuir com a ciência, a família de Gussoni encontrou na atividade uma maneira de estreitar laços. “Antes disso tudo acontecer nós nos falávamos com menos frequência por conta da distância entre minha casa e a casa dos meus pais. Depois que as observações começaram passamos a ter uma interação maior, nos falando diariamente”, reforça o ornitólogo. Erro ao carregar o recurso de vídeo. Ocorreu um problema ao tentar carregar o vídeo. Atualize a sua página para tentar novamente. VÍDEO: festa com cerca de 300 pessoas é fechada no Rio Uma festa na piscina (pool party) com cerca de 300 pessoas na Taquara, Zona Oeste do Rio, foi descoberta e fechada pela Secretaria de Ordem Pública (Seop) neste domingo (28). A ação contou com agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Em um dos vídeos feitos pelos fiscais da Prefeitura, um dos presentes ameaça: ""Não filma não por gentileza, tá? Tô te avisando"" 'Carteirada' no posto de saúde: homem tenta se vacinar sem máscara e causa confusão Segundo a Seop, a festa de música eletrônica foi encerrada e o responsável também foi punido. Em plena pandemia, o evento dizia que ""nada melhor que uma piscina, bebida gelada, amigos reunidos"". A organização da festa foi feita por um grupo de WhatsApp. A página da casa de eventos foi desativada recentemente em uma rede social. Mais cedo, a GloboNews flagrou desrespeito às regras de isolamento social também nas praias — que estão proibidas. No terceiro dia da pausa emergencial para conter o avanço da Covid-19, banhistas foram flagrados na faixa de areia e no mar da Praia do Leme, Zona Sul do Rio. A situação se repetia nas praias do Leblon, Ipanema, Arpoador e Copacabana. O decreto publicado pela administração municipal diz que apenas esportes individuais estão autorizados até o dia 4 de abril, seja na areia ou no mar. Está autorizada, por exemplo, a prática de corrida e caminhada, com o uso de máscara. Natação e surfe também estão liberados. No entanto, banho de sol e mar estão proibidos. Paulo Gustavo durante apresentação para imprensa do seriado ""Divã"" — Foto: TV Globo/João Miguel Júnior Um boletim médico divulgado nesta segunda-feira (26) informa que o ator Paulo Gustavo segue em estado grave, mas tem apresentado sinais de recuperação. O ator foi internado no dia 13 de março com Covid e intubado no dia 22 no mesmo mês. De acordo com as informações, no sábado foi detectada uma nova pneumonia bacteriana, ""que já está sendo eficientemente tratada"". ""Apesar disso, evidências de melhora na função pulmonar têm surgido"", diz o texto. Veja abaixo a íntegra do boletim. O médico Thales Bretas, marido de Paulo Gustavo, publicou uma mensagem numa rede social dizendo ter fé que o artista vai melhorar logo. Íntegra do boletim: Internado desde 13 de março, no Rio de Janeiro, com quadro de COVID-19, Paulo Gustavo continua no Serviço de Terapia Intensiva e ainda encontra-se em situação grave, em uso de ventilação mecânica e ECMO. Após algumas intervenções cirúrgicas e broncoscópicas, além de mudanças na conduta clínica, ele tem apresentado sinais de recuperação. Hoje, dia 26/04, a assessoria de imprensa do ator emite novo boletim médico informando que: “Há cerca de sete dias não surgem complicações relevantes, fato que aumenta as nossas esperanças na boa recuperação do paciente. Entretanto, como em outros casos graves, ocorrem oscilações no estado geral, demandando reajustes nas medicações, na ventilação mecânica e na ECMO, o que ainda determina a vigilância constante da equipe multiprofissional. Ontem foi detectada uma nova pneumonia bacteriana, que já está sendo eficientemente tratada. Apesar disso, evidências de melhora na função pulmonar têm surgido. Em alguns momentos, o paciente mostra sinais discretos de interação com o meio, apesar do uso de sedativos. A família do ator agradece muito todo o carinho e orações e pede que continuem a enviar boas energias para a recuperação de todos os que se encontram na luta contra o vírus"". Jovens foram para porta de escola apoiar estudantes antes do Enem — Foto: Cristiano Dias/Inter TV dos Vales Chegar ao colégio e na porta encontrar cartazes com frases de incentivo. Foi assim na Escola Estadual Professor Nelson de Sena, em Governador Valadares (MG), no segundo dia de provas do Enem. Um grupo com cerca de dez jovens se reuniu em frente ao colégio e, com um violão, formaram um pequeno coral e cantavam músicas enquanto os candidatos entravam. Além disso, cartazes também apoiavam os estudantes. ""A pandemia não te parou! Persista!"" dizia uma das frases de incentivo. O apoio diminuir a ansiedade daqueles que iriam fazer a prova, uma tarefa difícil. A estudante Gabriela Lima levou três canetas com medo de alguma falhar. Os portões abriram com meia hora de antecedência, dessa forma os estudantes tiveram mais tempo para se organizarem e escolher um horário. O movimento nas escolas de Governador Valadares foi bem tranquilo. Essa edição do Enem ficou marcada não apenas por ter sido realizada em meio à uma pandemia, mas também pelo grande número de ausentes. De acordo com o INEP, no primeiro domingo de provas, 51,5% dos inscritos faltaram. Veja mais notícias da região em G1 Vales de Minas Gerais. Polícia Militar na localidade da Polêmica, onde dois homens foram torturados e mortos a tiros em Salvador — Foto: Adriana Oliveira/TV Bahia Dois homens foram mortos nesta segunda-feira (26), na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, os dois homens foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. Ambos ainda estão sem identificação. Ainda segundo a polícia, a motivação do crime está relacionada ao tráfico de drogas. A polícia informou ainda que possui o indicativo de autoria e equipes da unidade realizam diligências na região para tentar localizar os suspeitos. O duplo homicídio é investigado pela 1ª DH/Atlântico. Confira mais notícias do estado em G1 Bahia. Aglomerações são flagradas em lanchas, em Porto Alegre O secretário de Segurança Pública e vice-governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, falou sobre as ações de fiscalização das medidas contra o coronavírus, em entrevista ao Bom Dia Rio Grande desta terça-feira (16). Segundo ele, 36 festas clandestinas foram interrompidas só no último final de semana. [Veja o vídeo acima] Ranolfo acrescentou que desde que a Operação Te Cuida RS começou, em 25 de fevereiro, até o último domingo (14), quase 5 mil locais foram fiscalizados e mais de 200 festas clandestinas foram flagradas. ""Os produtores desses eventos, proprietários desses locais, são conduzidos até a delegacia e acabam respondendo um procedimento policial. As demais pessoas são identificadas e, em regra, não têm sido conduzidas as delegacias, mas são identificadas, advertidas"", explica o secretário. Com a situação crítica que o estado vive, com lotação máxima dos leitos de UTI, o vice-governador disse que os indicativos para permanecer na bandeira preta são fortes. Na manhã desta terça, a ocupação de leitos críticos estava em 109,6%. Ranolfo afirmou ainda que o sistema de cogestão, que está suspenso desde o dia 27 de fevereiro, vai ser discutido se poderá retornar a funcionar ou não na próxima semana. O secretário acrescentou que é de extrema importância que as pessoas se conscientizem. Secretário de Segurança Pública fala sobre as medidas de fiscalização no RS No sábado (13), na Avenida do Forte, Zona Norte de Porto Alegre, ocorreu a autuação e interdição cautelar de um bar, onde havia cerca de 30 pessoas — Foto: Reprodução/RBS TV Zezé di Camargo lamenta a morte do pai, em Goiânia — Foto: Reprodução Instagram O cantor Zezé Di Camargo postou um longo texto na manhã desta terça-feira (24) lamentando a morte do pai, Francisco José de Camargo, conhecido como Seu Francisco. Ele faleceu aos 83 anos em um hospital particular de Goiânia. O artista publicou nas redes sociais uma foto segurando a mão do pai. Na publicação, ele também pede perdão pela ""tristeza que estou sentindo agora"" e pelo ""egoísmo"" em insistir que o pai permaneça com ele. O cantor afirma que o amor que sente pelo pai é tão grande que ""me tira a sensatez, a lucidez e o entendimento, que a vida é assim"". Morre Francisco Camargo, pai de Zezé di Camargo e Luciano Por fim, ele volta a pedir perdão e encerra com uma declaração a Seu Francisco: ""Te amo meu pai"". Em menos de meia hora, a postagem já tinha quase 70 mil curtidas e mais de 3,7 mil comentários. Vários outros famosos, como o cantor Buchecha e o padre Fábio de Melo também postaram mensagens de pesar pela morte. Zezé em foto com o pai, Francisco Camargo — Foto: Reprodução/Instagram Seu Francisco morreu na noite de segunda feira (23). A informação foi confirmada pela assessoria da dupla. Por meio de nota, o Hospital Órion informou que o paciente morreu às 23h05 por causa de uma parada cardiorrespiratória e uma ""instabilidade hemodinâmica"". Em comunicado lamentando a morte do idoso, a assessoria dos sertanejos informou que o velório deve ser às 10h no Jardim das Palmeiras, em Goiânia. O sepultamento está marcado para as 17h (veja a íntegra ao fim da reportagem). Seu Francisco estava internado desde o último dia 10 de novembro, quando sentiu dores no intestino. Quatro dias depois, ele precisou passar por uma cirurgia de emergência para estancar um sangramento no órgão. No dia, Zezé e Luciano estavam em Goiânia para acompanhar de perto a evolução do quadro. Francisco Camargo pai de Zezé Di Camargo e Luciano, morre aos 83 anos, em Goiânia Apesar dos filhos famosos, ele só ficou conhecido nacionalmente em 2005, após o lançamento do filme “Dois Filhos de Francisco”, que contou a história dele e de sua família. Francisco Camargo deixa a esposa, Helena Siqueira de Camargo, de 75 anos, e oito filhos: Mirosmar José de Camargo (Zezé), Marlene José de Camargo, Wellintgton Camargo, Emanoel Camargo, Luciele de Camargo, Welson David de Camargo (Luciano), Wesley José de Camargo e Walter José de Camargo. Outro filho do patriarca da família, Emival Camargo, que foi a primeira dupla com Zezé, morreu em 1975 em um acidente de carro. Seu Francisco tinha 26 netos, sendo que 23 estavam no velório, e 5 bisnetos. Seu Francisco ficou 14 dias internado em hospital particular de Goiânia — Foto: Cristina Cabral/O Popular ‘Seu’ Francisco se despede com a certeza de missão cumprida Nascido em Sítio Novo, no interior de Goiás, o homem que um dia presenteou os colegas de trabalho da obra, na construção civil, com fichas telefônicas, sob a condição de que eles usassem as moedas para ligar na principal rádio de Goiânia pedindo pela canção chamada “É o Amor”, despediu-se de nós, nesta segunda feira (23), aos 83 anos, com a sensação de dever mais do que cumprido. Desde que começou a multiplicar filhos com Dona Helena, “seu Francisco” preparava com afinco a dupla sertaneja com que tanto sonhava. Primeiro fez de Emival, o segundo filho, par de Mirosmar, o primogênito, mas, quis o destino que Emival saísse de cena precocemente. Só muitos anos depois, o Seu Francisco foi ver Mirosmar alinhado com o Welson David, ambos atendendo já como Zezé Di Camargo e Luciano. A essa altura, o amor já era algo que mexia com a nossa cabeça e o nosso coração, e fazia a gente “entender que a vida é nada sem você”. Neste momento, diante da partida do pai, os filhos todos de Francisco - Mirosmar José, Emmanoel José, Marlene, Wellington, Walter, Welson David, Werlei e Luciele entoam justamente esse verso, certos de que a vida não seria nada sem ele e a parceria da mãe, a guerreira dona Helena, que tem amparado os filhos e netos com uma força descomunal. De origem extremamente humilde, Seu Francisco viveu bem e o bastante para experimentar a maior das dores – a perda de um filho – e a mais gratificante das vitórias, que é o alcance do êxito absoluto dos filhos. Teve sua história contada em filme visto por a grande consagração dos filhos. Ainda há poucos dias, contabilizaram-lhe, em uma mesa, os quase 7 milhões de pessoas que foram assistir a esse enredo só no cinema. Salve! O pai do Seu Francisco chamava-se Onofre Francisco. Ele pensava que Francisco fosse sobrenome e foi batizando todos os filhos com Francisco: Vicente Francisco, Liberato Francisco... O impasse se deu quando quis batizar um deles justamente com o nome de Francisco. Não podia ser Francisco Francisco. E então ficou Francisco José, acrescido de Camargo. E assim ele formou com honra o clã que todos amam. Foi embora um homem simples, que deixou um grande exemplo de superação com um legado de honestidade! Veja outras notícias da região no G1 Goiás. 'Fé': veja, na íntegra, as interpretações de fé pelo romeiro Miguel Carvalho Em um ano atípico, marcado pela pandemia do novo coronavírus, o romeiro Miguel Carvalho, de Piracicaba (SP), falou em conteúdo exclusivo para o G1 sobre a importância da fé diante de tempos difíceis. A entrevista faz parte da série de cinco reportagens sobre a fé, exibida pelo EPTV 1 durante a semana de Natal. Para Miguel Carvalho, a fé é essencial para superar as dificuldades da vida. Ele reforça que, em tempos de medo e insegurança, é preciso confiar na força da própria crença. Miguel Carvalho já participou de 70 romarias ao longo da vida — Foto: Reprodução/EPTV Devoto de Pirapora do Bom Jesus (SP), na região metropolitana de São Paulo (SP), Miguel conta que, somente em 2020, já visitou o santuário da cidade três vezes, totalizando 70 romarias realizadas durante a vida. A tradição começou em 1979, quando o romeiro visitou o santuário pela primeira vez para orar pela vida da cunhada, que convivia com uma doença grave e sem diagnóstico. Miguel conta que, no meio do percurso, ligou para a mãe e recebeu a notícia de que a cunhada estava curada. Nesta quarta-feira (23), a terceira reportagem da série conta histórias de pessoas que viveram desafios na vida e que, por meio da fé, encontraram um recomeço. Veja mais notícias da região no G1 Campinas. José Antônio Batista foi embora do Acre quando tinha 21 anos — Foto: Arquivo da família Renovar as esperanças. Esta é uma das principais celebrações do Natal, quando as famílias costumam se reunir para festejar a data. Foi justamente com esta fé, que o professor de língua portuguesa Marcos Luís Batista, de 47 anos, escreveu uma carta de Natal emocionante ao irmão mais velho, José Antônio Batista, de quem não tem notícias há pelo menos 34 anos. O professor conta que a família é natural de Sena Madureira, no interior do Acre, e que José Antônio deixou a cidade para ""conhecer o mundo"" há quase 40 anos, aos 21, e nunca mais voltou. O educador conta que nos primeiros cinco anos ele costumava escrever cartas para os pais. Porém, depois disso, deixou de mandar notícias à família, que até hoje espera pela chegada dele no Natal. Atualmente, o professor e as irmãs, Ângela Batista e Lúcia Batista, moram em Rio Branco. Marcos Luís disse que quando o irmão foi embora, ele tinha sete anos e cresceu ouvindo os pais e as irmãs dizendo que o irmão voltaria. Como sempre mantiveram viva a esperança de que ele retornaria, especialmente no Natal, ele escreveu uma carta ao primogênito e publicou nas redes sociais, nesta sexta-feira (25), em mais um tentativa de saber o paradeiro do irmão mais velho, que hoje está com 60 anos. O professor conta que tem poucas memórias do irmão. Mas, relembra que em todas as cartas que a família recebia, José - que ele descreve como protetor - pedia aos pais que o educasse e que não batessem nele. Hoje, tudo o que ele quer é poder sentir esse carinho de perto. A mãe de Batista morreu há sete anos e o pai há seis e não tiveram a oportunidade de reencontrar o filho, mas procuraram por ele a vida inteira. “Papai nos dizia para termos paciência, porque o Natal era a celebração pelo nascimento do menino Jesus, que veio ao mundo para renovar a nossa esperança e a nossa fé. Mas, eu continuo te esperando, meu irmão. Eu e nossas duas irmãs. E saiba que você já é tio e até tio-avô. Volte!"" pede. Marcos Luís e as irmãs, Ângela Batista e Lúcia Batista, moram em Rio Branco e não têm notícias do irmão há 35 anos — Foto: Arquivo pessoal Apesar da busca dos pais ter terminado, os irmãos Batista ainda não desistiram. Eles acreditam que José Antônio tenha virado hippie e que ainda está vivo e vão continuar tentando encontrá-lo. “Detectamos nas últimas cartas dele e achamos que tenha virado hippie, porque ele só colocava ‘em trânsito’. Chegou um momento em que meu pai vendeu terra para ir atrás dele. Meu pai se preparou para que quando chegasse uma carta, no estado que fosse, tinha que ir para procurá-lo. Então, o pai vendeu uma área [de terra] e ficou aguardando e, quando ele mandou a última carta estava em Itaituba, em Belém, no Pará, lá foram meus pais que nunca tinham saído de Sena Madureira”, relembrou. Sem sucesso na busca, os pais retornaram mas sempre mantiveram vivas as esperanças. Há dois anos, o professor disse que uma amiga fez consulta no CPF de José Antônio e ainda estava ativo. Eles acreditam que o irmão esteja vivo e que ainda vão reencontrá-lo, em algum momento. A carta foi escrita com a esperança de que chegue até ele. ""Eu, particularmente, e minhas irmãs acreditamos que ele está vivo e que não quer apenas contato porque na última carta ele falou assim: 'meus amores, de hoje em diante não mandarei mais notícias, mas, não se preocupem, eu estarei bem, eu sou do mundo.’ E deixou claro que ele tinha muito a conhecer. A gente só não cansa de procurar, hoje estou com 47 anos e cresci esperando por esse irmão"", acrescentou. Unidos e amorosos, Marcos Luís contou que ele e as irmãs moram todos próximos. E, faltando apenas José, ele já tentou encontrá-lo em comunidades de desaparecidos, enviando cartas a programa de televisão. Tudo para ter de volta o irmão amado. ""Todos os meios que você imaginar, de pedido de ajuda para procurar desaparecidos, nós tentamos e não vamos desistir"", concluiu. ""José Antônio, FELIZ NATAL. Há quase quarenta anos você saiu de Sena Madureira para conhecer o mundo e até hoje não voltou. Por cinco anos tivemos cartas, sempre com endereço ""Em trânsito"", porque você deixava claro que pertencia ao mundo, mas que sabia da importância familiar. Cresci com meus pais e minhas irmãs dizendo que você voltaria no Natal. E, em todo Natal eu esperava encontrar o meu irmão protetor, o irmão que conheci pelas histórias de outrem. Passaram-se vários Natais e nada de você. Todavia, nossos pais sempre diziam: é nesse que ele vem e, assim, em cada chegada de época natalina, que é sinônimo de união familiar, de paz e celebração, ficávamos na expectativa de você chegar repentinamente, mas... Nada de você! Papai nos dizia para termos paciência, porque Natal era a celebração pelo nascimento do menino Jesus, que veio ao mundo para renovar a nossa esperança e a nossa fé. Infelizmente, nossos pais já fizeram a passagem para a morada eterna, ao lado de Deus-Pai. Mas eu continuo te esperando, meu irmão. Eu e nossas duas irmãs. E saiba que você já é tio e até tio-avô. Volte! Assim como papai e mamãe esperaram tanto por você, os seus irmãos continuam te esperando, com muito amor e uma vontade grandiosa de passar um Natal com você. Um não, todos os que nosso bom Deus permitir. Nós te amamos, José Antônio."" Marcos Luís, Lúcia e Ângela Batista. Liveb Investimentos lança planos para investimento no setor imobiliário. — Foto: Crédito: Divulgação. Imagens meramente ilustrativas Tempos atrás, a taxa Selic flutuava entre 12% a 14% ao ano. Neste cenário, investimentos tradicionais, como Tesouro Direto, eram excelentes aplicações, havendo um bom retorno e baixíssimo risco. Porém, os tempos mudaram e com os novos acontecimentos foi necessário pensar em algo diferente para que os investidores pudessem obter lucros como o esperado. Nesta nova conjuntura, com a taxa Selic na casa dos 2% ao ano, o menor patamar da história, e diante de um grande déficit habitacional no Brasil, os investimentos imobiliários são seguros e rentáveis. As profundas mudanças impostas pela ação de um vírus em todas as áreas da atividade humana ao redor do mundo devem mudar também o perfil do investidor e, por consequência, dos investimentos a partir de agora. Liveb Investimentos oferece proposta imobiliária com 100% de garantia do valor investido. — Foto: Crédito: Divulgação. - Imagens meramente ilustrativas Butezloff reuniu sua experiência profissional no mercado financeiro americano com a bagagem no segmento imobiliário da família e fundou a Liveb Investimentos, empresa que possibilita investimentos imobiliários com 100% de garantias. A empresa é especializada em investimentos no setor imobiliário e oferece aos clientes pacotes de investimento com lucro compartilhado. Com recursos a partir de R$ 1 mil, o cliente pode ter dividendos mensais de 1,5%, chegando a 4% ao mês em aportes acima de R$ 25 mil. Thiago Maloste Butezloff: investimento imobiliário com 100% de retorno garantido. — Foto: Crédito: Divulgação. A Liveb Investimentos gerencia e executa projetos imobiliários próprios. O primeiro projeto executado pela Liveb Investimentos é do residencial Tambaú/SP, um condomínio de alto padrão em área de 49 mil m2, no município de Tambaú, a 100 km de Ribeirão Preto/SP. O projeto já está aprovado e as obras estão previstas para entrega em dezembro de 2021. O condomínio terá 76 lotes de até 576 m2. Seu mais novo investimento, um condomínio com um conceito verde, proporciona uma proximidade com a natureza e ótima localização na cidade de Tambaú/SP, contendo diversos benefícios como: Através de garantias reais, a Liveb Investimentos oferta ao investidor a segurança necessária para seu dinheiro, proporcionando também uma das melhores rentabilidades do mercado, tudo isso sem burocracia e com prazos curtos. Após anos de experiência em avaliação de empresas, negócios e empreendimentos, a LIVEB Investimentos aposta em uma modalidade de investimento moderna e inovadora, criando um “braço” de investimento coletivo. A Liveb Investimentos oferece três tipos de planos: Plano Gold, Platinum e Black. O plano básico, Gold, pode render até 10 vezes mais que o investimento na poupança. Além disso, a empresa apresenta atualmente condições especiais para quem contratar um de seus serviços até 1o de dezembro de 2020. Conheça os planos oferecidos pela empresa clicando aqui. Liveb Investimentos – Sua empresa de investimentos imobiliários — Foto: Divulgação: Flormel Quer participar de uma prova? Se preparar para uma prova de corrida pode dar um friozinho na barriga. Mas não se assuste, é possível se preparar para uma prova de corrida e a Flormel preparou algumas dicas para te ajudar nesta missão! A Flormel, que trouxe as dicas de como se preparar para uma prova de corrida, é uma empresa que foi fundada em 1987 em Franca e defende uma alimentação prazerosa e consciente. Comercializada em todo o Brasil, através das grandes redes como Carrefour, Lojas americanas, Droga Raia, Pão de Açúcar entre outas. Confira agora as dicas de como se preparar para uma prova de corrida. Conte com ajuda profissional é importante para se preparar para uma prova de corrida! O seu maior aliado na hora de se preparar para uma prova de corrida é um profissional especializado e focado em corrida. Acompanhamento é muito importante no processo! Saiba mais sobre a Flormel: A Flormel é uma indústria de alimentos saudáveis, que produz doces, chocolates e snacks sem adição de açúcares, levando só coisa boa à todo o Brasil, de uma forma simples e inovadora, com sabor e saúde. Crie objetivos para se preparar para uma prova de corrida Estabeleça seus objetivos e atinja suas metas, a cada meta atingida, você estará mais próximo de estar pronto para uma corrida. O Primeiro objetivo estabelecido, é concluir uma prova. Correr até o final do percurso estabelecido. O segundo objetivo, é estabelecer um tempo para cumprir a prova de corrida. Estabeleça as metas e mude quando você as atingir. Quando você se prepara para uma prova de corrida, chega uma hora que ultrapassa os seus próprios limites e buscamos provas maiores e objetivos maiores. Se sentiu motivado a se preparar para uma prova de corrida? Siga o blog e as redes sociais da Flormel para mais dicas. Siga a Flormel nas redes sociais e acesse o site para saber mais! Adilson Gomes - CREF 4555 G-SP Governo do Estado abre inscrições para 200 mil vagas em cursos gratuitos de qualificação — Foto: Divulgação / SEC As inscrições para o Programa Educar para Trabalhar, lançado pelo governo do estado, por meio da Secretaria Estadual da Educação (SEC), foram abertas nesta segunda-feira (26). O prazo para se inscrever gratuitamente em uma das 200 mil vagas é até 5 de maio. As formações são voltadas para estudantes e egressos da rede estadual de ensino. As inscrições são por meio do preenchimento de formulário eletrônico e questionário socioeconômico, disponíveis no Portal da Educação. O cronograma e as vagas disponíveis estão detalhados no site institucional da SEC. O processo de seleção dos candidatos inscritos será feito por sorteio eletrônico, no dia 6 de maio. A listagem com o resultado parcial do processo de seleção com a indicação dos nomes dos classificados será divulgada na mesma data do sorteio e o resultado final, no dia 9 de maio, ambos no Portal da Educação. A matrícula será realizada no período de 10 a 16 de maio. Os cursos terão duração média de três meses e serão distribuídos em três entradas. As aulas da primeira entrada serão iniciadas no dia 17 de maio, as da segunda entrada, no dia 5 de julho e as da terceira entrada, no dia 30 de agosto. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Menina de 11 anos é vítima de racismo em rede social Uma criança de 11 anos do Rio de Janeiro que mantém uma página numa rede social teve a conta invadida e foi alvo de xingamentos racistas e de ameaças. A família registrou o caso na polícia. No último dia 11, a garota perdeu o acesso à conta, que foi renomeada para “Canal da Macaca Magrela”, e foi ameaçada. “Eu vou te achar e te matar”, escreveu o agressor. “Eu sinto medo de sair na rua. A gente não sabe como é a pessoa, não sabe a intenção dela”, disse a menina. Criança de 11 anos teve página numa rede social invadida e foi alvo de xingamentos racistas e ameaças — Foto: Reprodução O pai afirma que a filha não está conseguindo dormir e “tem pesadelo todo dia”. Cláudia Costin, diretora de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, lamentou as agressões e falou sobre a importância da educação e da cidadania no combate a esse tipo de crime. “Para além de responsabilizar os criminosos que fizeram isso com uma menina, fica a pergunta: como que a gente cria uma sociedade em que isso não aconteça mais? Evidentemente isso passa pela educação”, afirmou. “É muito importante educar crianças e jovens para uma comunicação não agressiva, para não acharem graça em humilhação de colegas ou de pessoas que nem sequer conhecem. A invisibilidade que as redes sociais vêm trazendo para certas pessoas favorece infelizmente esse tipo de ataque”, detalhou. A Polícia Civil informou que está investigando o caso. O ator, humorista e bailarino Kleber Lopes, que interpretou o cantor 'Rick Marcos' no programa do SBT — Foto: Divulgação/SBT Carlos Alberto de Nóbrega, apresentador do programa ""A Praça é Nossa"", do SBT, fez uma homenagem ao humorista Kleber Lopes, que morreu aos 39 anos após sofrer complicações decorrentes da Covid-19. Ele lembrou o início da carreira de Kleber no programa, como bailarino, a conquista do quadro fixo como o personagem Ricky Marcos, e disse: ""Obrigado por ter te conhecido"". O corpo do humorista Kleber Lopes foi enterrado no domingo (7) no Cemitério Vila Rio, em Guarulhos, na Grande São Paulo. O enterro ocorreu por volta das 14h30 e não teve cerimônia de velório. Toda a família também está em tratamento contra a doença. Ele estava internado desde sábado (6) no Hospital Municipal de Urgência, também em Guarulhos, por causa da piora do quadro de saúde. ""Já deve estar fazendo bagunça no céu"", disse Clayton Lopes, irmão do ator, nesta segunda-feira (8). ""Kleber sempre foi muito alegre e brincalhão, mas fiquei surpreso com a quantidade de mensagens que tenho recebido, de amigos que ele deixou no mundo todo. Agora temos que ser fortes. Meus pais estão muito abalados"", continuou. Ele disse que a família vai precisar de força para superar esse momento dolorido, pois todos também estão em tratamento contra a doença. Em nota, o SBT prestou solidariedade à família e aos amigos do ator, e ""deseja que Deus conforte sua família”. Ator Kleber Lopes em foto compartilhada por ele há uma semana nas redes sociais — Foto: Instagram/Reprodução Policiais de três cidades procuram jovem que desapareceu após ter carro roubado O pai do estudante Murilo Ramos de Souza, de 25 anos, não para de fazer buscas pelo filho, que desapareceu após ter o carro roubado em Itapuranga, na região central de Goiás. Quatro suspeitos de terem levado o veículo foram mortos em confronto com a Polícia Militar. Murilo foi visto pela última vez no sábado (26), após pedir o carro do pai emprestado para sair. Ele parou em uma praça para comer um espetinho. Um comerciante disse que ele estava sozinho na mesa e ficou pouco tempo. A polícia acredita que os criminosos estavam por perto e decidiram seguir o jovem para roubar o carro. Uma imagem de câmera de segurança registrou quando o carro em que Murilo é seguido por outro, em uma rua da cidade. Desde domingo, Cícero tem feito buscas, percorrendo vários locais em busca do filho. “Imagina o coração de um pai sabendo que um filho seu pode estar em lugar incerto, sem possibilidade que ele volte. Eu às vezes choro porque meu filho não está aqui sob o meu poder, mas ele está sob o poder de Deus”, disse. Os policiais das delegacias de Itaberaí, Ceres e Anápolis estão trabalhando de maneira conjunta para investigar o desaparecimento. Já o confronto está a cargo do Grupo de Investigação de Homicídios de Anápolis. Não foram passados detalhes para não atrapalhar o trabalho da polícia. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Murilo Ramos de Souza desapareceu após ter carro roubado, em Itapuranga — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Com medo de discriminação e possíveis demissões, funcionários pedem que médicos não revelem doença em atestados — Foto: Getty Images Quando ia ao consultório médico, Natasha fazia um pedido: ""pode colocar outro CID?"". CID é a sigla para Classificação Internacional de Doenças, e é onde o médico informa, com a autorização do paciente, sua doença, sintoma ou queixa no atestado médico. Natasha Kaminski, uma administradora de empresas de 30 anos, é uma entre milhares de brasileiros com doenças crônicas não transmissíveis. Mas, até pouco tempo atrás, ela fazia parte de um grupo que teme sofrer preconceito ou perder o emprego caso sua doença seja descoberta pelo empregador ou colegas. Dessa forma, tenta escondê-la. ""Tenho esclerose múltipla e por muito tempo pedi pra colocar CID de virose quando precisei pegar atestado"", conta ela. Cerca de 40% da população brasileira, ou 57,4 milhões de pessoas, possui pelo menos uma doença crônica não transmissível, segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde feita pelo Ministério da Saúde e o IBGE, de 2013. Hipertensão arterial, diabetes, doença crônica da coluna, colesterol e depressão são as doenças de maior prevalência no Brasil. O trabalhador não precisa informar ao empregador que tem uma doença crônica. É sua prerrogativa — o direito à intimidade e privacidade está garantido na Constituição Federal. A intimidade do trabalhador deve sempre ser preservada, diz Sandra Lia Simon, subprocuradora geral do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho. ""Tanto para que ele não seja discriminado, quanto para que seja resguardado. Ninguém precisa saber quando você está doente"", diz. O atestado, afirma, serve para o prontuário da pessoa para efeito da análise de risco da empresa, com o objetivo de verificar se a doença está relacionada com o trabalho. Não há lei específica sobre a dispensa de pessoas com doenças crônicas no trabalho, mas há uma construção jurisprudencial com base em normas internacionais que protegem o trabalhador se a motivação tiver sido discriminatória. Caso consiga provar na Justiça que sua demissão ocorreu em razão da enfermidade, o trabalhador pode conseguir sua reintegração no trabalho e indenização. O Brasil ratificou a Convenção 111, da Organização Internacional do Trabalho, que elenca as hipóteses em que ocorre discriminação no emprego. Também há proteção na Convenção Interamericana Contra Toda Forma de Discriminação e Intolerância. Há também uma Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, a 443, que considera discriminatório despedir empregado portador de ""HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito"". O que acontece com frequência, diz Simon, do Ministério Público do Trabalho, é que funcionários sofram assédio moral no emprego depois que a empresa descobre que estão doentes. ""Começam a não passar trabalho para ela, tirar projetos, escanteá-la. Há diversas coisas que deixam a pessoa em situação desconfortável porque além da doença, ela ainda é tratada dessa forma pelo empregador"", diz. Para ela, a discriminação por causa de doenças no trabalho pode piorar depois pandemia, já que muitas doenças crônicas colocaram o trabalhador no grupo de risco para a covid-19 — o que pode fazer com que empregadores não queiram funcionários que tenham de ficar afastados ou trabalhar de casa por causa dos riscos. ""Achamos que isso pode causar futuramente discriminação, inclusive no período pré-contratual"", diz ela. ""Sempre houve discriminação com a idade. Agora, pode haver um novo tipo de discriminação por conta da pandemia."" Natasha não está só: é comum que, com medo que o empregador descubra sua doença, funcionários peçam que o CID seja modificado no atestado médico, diz à reportagem um médico reumatologista que não quis ser identificado, lembrando uma paciente que descobriu recentemente que tinha lúpus, uma doença inflamatória e autoimune, e lhe pediu exatamente isso. ""Especialmente com médicos que lidam com doentes crônicos, e especialmente médicos que lidam com doentes crônicos jovens"", afirma. Pessoas mais velhas também relatam ter medo de perder o emprego e não conseguirem mais voltar para o mercado de trabalho, diz ele. Mas o CID foi criado justamente para preservar a privacidade do paciente, explica o advogado trabalhista Sergio Batalha. A ideia era que, com um código representando uma doença, ele dificilmente seria identificada por pessoas leigas. E, de qualquer forma, esclarece o advogado, o empregador não pode exigir CID no atestado médico. ""Não é uma imposição legal. Nem o médico é obrigado a botar o CID"", diz ele. ""Ele pode usar uma fórmula mais genérica, ou dizer simplesmente que a pessoa, por motivo de doença, não pode exercer atividade porque está sob seus cuidados."" O médico entrevistado pela BBC News Brasil diz que é comum que os profissionais de saúde coloquem nos CIDs sintomas da doença, e não a doença em si. Uma pessoa com artrite reumatoide pode, por exemplo, apresentar um atestado com CID de dor nas costas; quem tem esclerose múltipla pode pegar um CID de cefaleia; lúpus, dermatose a esclarecer; enfisema, bronquite aguda. ""A doença deveria gerar mais empatia dos empregadores, mas o que acontece é justamente o contrário. Como têm a percepção de que pessoa pode adoecer, ficar afastada ou com um desempenho possivelmente inferior, acabam preferindo não contratá-la ou a dispensando"", diz o médico. Em grupos no Facebook de doenças crônicas, discussões sobre contar ou não contar no trabalho são comuns — a BBC News Brasil encontrou dezenas de publicações com essas questões. No caso de Natasha foram duas empresas em que ela não contou a ninguém sobre sua doença. A esclerose múltipla é uma doença neurológica, crônica, progressiva e autoimune. Os sintomas são diferentes — perda de visão, dor, fadiga e comprometimento da coordenação motora, e sua gravidade e duração variam de pessoa a pessoa. Acomete pessoas jovens, principalmente entre os 20 e 40 anos. Hoje, com tratamento, é possível estabilizar a doença, e portadores podem ter uma rotina ativa e com qualidade de vida. Quando tinha 26 anos, dois anos depois do diagnóstico da doença, Natasha fez um processo seletivo para entrar em uma empresa de pesquisa e desenvolvimento. ""Por orientação do meu médico, não falei que tinha a doença no exame admissional. Ele me disse para contar depois, se eu fosse contratada e se me sentisse confortável"", conta ela. Ela foi contratada, mas ainda não se sentia confortável para contar. Natasha conta que um dos fatores que contribuíram para seu desconforto foi ter ouvido comentários sobre uma colega com depressão — outra doença crônica — que tinha ficado 10 dias afastada por causa disso. ""Eu ouvi dizerem: 'Nossa, trabalhar com pessoa doente desmotiva, né'. Não me fazia querer falar que eu também tinha uma doença"", diz ela. Quinze dias depois que a funcionária voltou, conta Natasha, ela foi demitida. ""A empresa tinha uma hierarquia rígida, e eu tinha medo. Por muito tempo fiz o esquema de pedir para colocar outro CID com medo de que descobrissem."" Um ano e meio mais tarde, seu chefe acabou descobrindo que ela tinha a doença porque encontrou um texto na internet sobre um projeto que ela tinha participado sobre esclerose múltipla. A reação dele foi positiva. ""Ele entendeu a situação. Por ele, não teria problema, mas eu expliquei que, aos olhos da empresa, eu pensava que realmente me traria um empecilho, até, talvez, para conseguir uma promoção"", diz. Dois anos depois, ela foi trabalhar na indústria automotiva. ""É um ramo muito competitivo, e eu me senti acuada de contar"". Um ano e meio depois, após familiarizar-se com os colegas e abrir sua rotina, decidiu comentar sobre essa parte da sua vida. A reação também foi positiva. Mas, ainda assim, conta que já ouviu comentários ofensivos. ""Uma vez fiz um erro no trabalho e comentaram: 'Você está tomando seus remédios direito?'"", conta ela. ""O preconceito maior é das pessoas não saberem o que é e julgarem de forma negativa."" Em outra ocasião, ouviu: ""Ah, mas você vai promover ela. E se ela tiver alguma coisa e não conseguir trabalhar?"" e ""Você vai colocá-la em um cargo de gestão? E se ela tiver um ataque na frente do cliente?"" ""É muito do preconceito. Se a pessoa tem vontade e pesquisa sobre a doença, ela vê que não acontece esse tipo de coisa. São comentários maldosos."" ""Nós que temos doença crônica temos medo de falar, mas ao mesmo tempo queremos dizer: 'Eu tenho uma doença, mas consigo trabalhar como vocês, consigo ser promovida'. É uma luta diária para quem eu posso falar."" Hoje, ela trabalha em uma start-up menor, com 30 funcionários, no ramo de manutenção. ""Já no primeiro dia senti que a empresa é aberta. Me senti acolhida e aberta para falar para o dono da empresa no primeiro dia de trabalho"", conta ela. ""Mas mesmo assim foi um desafio falar pela primeira vez."" Para Camila Gomes, 24, o problema não é trabalhar, é passar nas entrevistas. Aos 18 anos, ela descobriu que tinha uma doença inflamatória intestinal crônica. Ela foi diagnosticada com retocolite ulcerativa, uma doença autoimune que atinge o intestino grosso que provoca diarreias, dor abdominal e sangramento nas fezes. ""Eu me formei como técnica em enfermagem em 2018 e até hoje não consegui um emprego"", diz ela. Nas entrevistas, ela diz que conta sobre a doença. ""Não tenho como esconder, já que apresento sintomas de tempos em tempos. A doença causa remissão e crises"", afirma, contando que frequentemente sente muita dor e precisa de tratamento. ""Eu faço uso de imunomoduladores, tenho imunidade baixa, três médicos diferentes, crises e dores no corpo. Tomo algumas medicações que só podem ser tomadas no hospital."" Em um grupo de Facebook de portadores de esclerose múltipla, os membros debatem sobre contar ou não contar sobre a doença em entrevistas de emprego ou no trabalho. ""Se entrar no emprego sem contar sobre a EM o que vai fazer quando tiver exames? Consultas? Surtos? Vai inventar o quê? Não tem jeito, e se contar ninguém contrata!"", diz uma integrante. ""Não conto que sou portadora de EM... Só com o tempo, quando vou a consultas periódicas que vou esclarecendo...."", diz outra. ""Se você contar que tem, você não consegue emprego, mas também não é legal não contar! É muito complicado nossa situação!"", diz um usuário. ""Estamos em uma sinuca de bico."" Ali, uma portadora de esclerose múltipla conta seu caso pessoal, e depois o detalha à BBC News Brasil, pedindo para não ser identificada. Algum tempo depois de contar no trabalho, uma empresa de seguros, que tinha a doença, ela foi demitida. Entrou na Justiça, conseguiu provar que a demissão havia sido discriminatória e teve a demissão anulada. Além disso, recebeu o pagamento dos salários durante o período em que esteve demitida e indenização por danos morais. Isso porque provou que uma supervisora começou a tratá-la de forma diferente quando soube do diagnóstico, ""me podando de projetos e impedindo que eu fizesse processos seletivos para outras áreas"". Na opinião dela, foi fundamental contar na empresa que ela tinha a doença como uma forma de proteção. União Química apresenta primeiro lote da vacina Sputinik V fabricada no Brasil — Foto: União Química/Divulgação O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (26), que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifeste, nos próximos 30 dias, sobre possibilidade da Bahia importar a vacina russa Sputnik V. Conforme a decisão do ministro Lewandowski, após os 30 dias sem que haja manifestação da Anvisa, contados a partir da formalização do pedido à agência reguladora, o governo da Bahia estará autorizado a importar e a distribuir o imunizante à população local, “sob sua exclusiva responsabilidade, e desde que observadas as cautelas e recomendações do fabricante e das autoridades médicas”. Também nesta segunda, Ricardo Lewandowski negou o pedido da Anvisa para suspender o prazo dado ao órgão para decidir se autoriza a importação de doses da vacina russa Sputnik V. Diante da determinação do ministro, a Anvisa realiza na noite desta segunda (26) uma reunião para tratar do imunizante. Além da Bahia, o ministro já autorizou que Ceará, Piauí, Maranhão e Amapá também possam importar caso a agência não adote o protocolo. A Anvisa é o órgão responsável por permitir ou não o uso de medicamentos e vacinas no Brasil. Em caso de liberação, a Bahia iniciará o recebimento de 9,7 milhões em lotes mensais da Sputnik V, adquiridas em março. A compra foi negociada de maneira coletiva, por meio do Consórcio dos governadores do Norte e Nordeste, além do Fundo Soberano Russo, e o contrato é assinado de forma direta com cada estado. No início deste mês, Lewandowski estipulou prazo até o fim de abril para que a Anvisa decida sobre a ""importação excepcional e temporária"" de doses da Sputnik V. O ministro tomou a decisão em uma ação protocolada pelo governo do Maranhão, que diz ter negociado 4,5 milhões de doses da vacina produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. Na terça-feira (20), a Anvisa pediu que o prazo fosse suspenso. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. União Química apresenta primeiro lote da vacina Sputinik V fabricada no Brasil — Foto: União Química/Divulgação O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (26), que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifeste, nos próximos 30 dias, sobre possibilidade da Bahia importar a vacina russa Sputnik V. Conforme a decisão do ministro Lewandowski, após os 30 dias sem que haja manifestação da Anvisa, contados a partir da formalização do pedido à agência reguladora, o governo da Bahia estará autorizado a importar e a distribuir o imunizante à população local, “sob sua exclusiva responsabilidade, e desde que observadas as cautelas e recomendações do fabricante e das autoridades médicas”. Também nesta segunda, Ricardo Lewandowski negou o pedido da Anvisa para suspender o prazo dado ao órgão para decidir se autoriza a importação de doses da vacina russa Sputnik V. Diante da determinação do ministro, a Anvisa realiza na noite desta segunda (26) uma reunião para tratar do imunizante. Além da Bahia, o ministro já autorizou que Ceará, Piauí, Maranhão e Amapá também possam importar caso a agência não adote o protocolo. A Anvisa é o órgão responsável por permitir ou não o uso de medicamentos e vacinas no Brasil. Em caso de liberação, a Bahia iniciará o recebimento de 9,7 milhões em lotes mensais da Sputnik V, adquiridas em março. A compra foi negociada de maneira coletiva, por meio do Consórcio dos governadores do Norte e Nordeste, além do Fundo Soberano Russo, e o contrato é assinado de forma direta com cada estado. No início deste mês, Lewandowski estipulou prazo até o fim de abril para que a Anvisa decida sobre a ""importação excepcional e temporária"" de doses da Sputnik V. O ministro tomou a decisão em uma ação protocolada pelo governo do Maranhão, que diz ter negociado 4,5 milhões de doses da vacina produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. Na terça-feira (20), a Anvisa pediu que o prazo fosse suspenso. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. Prefeitura de Camaçari publica decreto com medidas restritivas até 3 de maio — Foto: Prefeitura de Camaçari A Prefeitura de Camaçari, em atuação conjunta com o Governo da Bahia, publicou nesta segunda-feira (26) um decreto com medidas restritivas até 3 de maio. Os detalhes estão no Diário Oficial do Município (DOM). De acordo com o decreto, nesta segunda começou a valer o toque de recolher das 21h às 5h. Até o dia 3 de maio, fica determinada a restrição de locomoção noturna vedada a qualquer indivíduo a permanência e o trânsito em vias, equipamentos, locais e praças públicas. Ficam excluídas da vedação, o deslocamento noturno para ida a serviços de saúde ou farmácia, para compra de medicamentos, ou situações em que fique comprovada a urgência, além da aplicação a servidores, funcionários e colaboradores, no desempenho de suas funções, que atuam nas unidades públicas ou privadas de saúde e de segurança. O documento suspende ainda, a circulação dos meios de transporte metropolitanos das 21h30 às 5h. Além disso, está proibida a venda de bebida alcoólica em qualquer estabelecimento, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery), no fim de semana, a partir das 18h de 30 de abril até às 5h de 3 de maio. Os estabelecimentos comerciais que funcionam como restaurantes, bares e congêneres devem encerrar o atendimento presencial às 19h30, permitidos os serviços de entrega em domicílio de alimentação até às 24h. Para o cumprimento das medidas de distanciamento social, as ações de fiscalização vão contar com funcionários municipais e apoio da Polícia Militar. Haverá ainda a instalação de postos de fiscalização nas vias de acesso às localidades da costa para evitar o acesso de turistas e não moradores às praias e demais espaços públicos aos fins de semana. De acordo com a prefeitura, esta é a 23ª alteração no decreto municipal de 1º de julho de 2020. As medidas são de atuação conjunta com os demais municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS), como normas de combate à disseminação da Covid-19, que podem ser conferidas no Diário Oficial. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. A Prefeitura de Mossoró suspendeu nesta segunda (26) a aplicação da segunda dose da Coronac por falta de vacinas. Segundo a Coordenação de Imunização do município, Mossoró aplicou todas as vacinas que recebeu destinadas à segunda dose da coronavac, seguindo as notas técnicas do ministério da saúde. “O município está usando as doses conforme a nota técnica do Ministério da Saúde. Infelizmente, o quantitativo de doses que está vindo devido à falta de insumos por parte do butantan está sendo insuficiente”, disse Etevaldo de Lima, coordenador de imunização de Mossoró. A aposentada Jucileide Mara, de 67 anos, tentou se vacinar no domingo (25), mas foi informada de que deveria retornar nesta segunda. Ao chegar na unidade de saúde foi informada que as doses acabaram. “Cheguei ontem e já tinha acabado e me disseram que voltasse hoje bem cedo. Cheguei antes do posto abrir e a notícia que a gente recebeu aqui é que não te mais a vacina”, disse. Segundo o município, pelo menos três mil pessoas não vão tomar a segunda dose da vacina dentro do prazo. A prefeitura aguarda a chegada de mais doses de Cornavac pra retomar a aplicação. Enquanto isso, o município segue vacinando os idosos a partir de 60 anos e pessoas com problemas renais crônicos com as doses da vacina de Oxford. Ponto de vacinação no Sesi Mossoró tem baixa procura pela vacina — Foto: Hugo Andrade/Inter TV Costa Branca A Visconde Construtora chegou ao Vale do Paraíba com um empreendimento que vai elevar o conceito de morar bem em Jacareí. Afinal, o que é morar bem para você, conforto, infraestrutura e boa localização? Assim, você começa a pensar Bosque Monet. O empreendimento traz tudo isso e muito mais. Os efeitos da pandemia e a eficiência do home office, fizeram pessoas desacelerarem e procurarem qualidade de vida, contato com a natureza e um lar muito mais confortável. Nesse viés, de olho nesse movimento do mercado, a Visconde Construtora apresenta o Bosque Monet. Bosque Monet — Foto: Bosque Monet O Bosque Monet é o único empreendimento na cidade com opção garden. São plantas de 58m² a 75m², opções com 2 suítes e ampla varanda. Além disso, ele tem 2.500m² de área verde, duas torres com elevador e área de lazer com muitas opções para que os moradores curtam cada momento do seu lar. As vivências ao ar livre e nas áreas comum poderão acontecer em locais como playground, piscinas adulto e infantil, salão de festas, espaço gourmet com churrasqueira, salão de jogos, academia, brinquedoteca e, claro, um bosque, que batiza o empreendimento. Tudo projetado especialmente para moradores exigentes, experiências únicas e momentos inesquecíveis, sem sair de casa. “Esses produtos que trazem, dentre seus diferenciais, o cuidado com a qualidade de vida de seus moradores, se tornaram os queridinhos dos consumidores. Por isso, digo com toda a certeza, o Bosque Monet já é um sucesso.” afirma o Diretor da Visconde Construtora, Marcos Morelli. Bosque Monet — Foto: Bosque Monet Prepare-se para um estilo de vida diferenciado no Bosque Monet com portaria blindada, água, energia e gás individualizados, dois elevadores por torre, área de lazer isolada dos prédios respeitando a privacidade, aquecimento a gás natural e muito mais numa localização privilegiada em Jacareí. Esse é o primeiro lançamento da Visconde Construtora no Vale do Paraíba, que é amplamente conhecida e tem dezenas de empreendimentos no interior de São Paulo. Permita que a natureza faça parte do seu dia a dia e abrace um jeito de morar exclusivo em Jacareí no Bosque Monet. Bosque Monet Jacareí 18022021 O Grupo Visconde, desde 2005, se consolida no mercado atuando com responsabilidade social e econômica. Construindo empreendimentos variados para todos estratos sociais, buscando qualidade de vida e a satisfação de seus clientes. Atuamos no mercado imobiliário desenvolvendo empreendimentos que expressam a arquitetura moderna aliada à capacidade técnica e à eficiência da engenharia civil ao alcance de todos. Atualmente estamos presentes em 8 cidades, são elas: São Paulo, Itu, Sorocaba, Salto, Campinas, Jacareí, Indaiatuba e Porto Feliz. Nos orgulhamos em construir empreendimentos de qualidade que trazem felicidade às pessoas. O Bosque Monet fica na Rua Sebastião Carlos da Silva, nº 201 – Jardim Califórnia. Saiba tudo em www.bosquemonet.com.br ou pelos telefones: (12) 3600-5385 e (12) 99637-0706. Bosque Monet — Foto: Bosque Monet Bosque Monet — Foto: Bosque Monet Covid-19: Camaçari suspende aplicação de 1ª dose por falta de estoque — Foto: Jean Victor/Prefeitura de Camaçari A prefeitura de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, suspendeu a vacinação da 1ª dose contra a Covid-19 por falta de estoque, nesta segunda-feira (26), para todos os públicos – exceto pacientes em hemodiálise. A aplicação da 2ª dose segue normalmente, todos os dias da semana, das 9h às 16h. A imunização está sendo feita nos pontos da sede do município e também na região da costa de Camaçari. Veja: Manhã e Tarde: Manhã: Tarde: Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. RJ1 estreia série ""Quem te representa?"" e analisa a atuação dos vereadores no estado Como tem sido a atuação dos vereadores nas Câmaras Municipais? O que eles fizeram nesse mandato? Quais foram as principais iniciativas durante a pandemia? Como eles têm gastado o nosso dinheiro? Será que os vereadores nos representam? O RJ1 exibe, a partir desta terça-feira (13), a série “Quem te representa?”, com informações sobre o que fazem os vereadores das cidades da Região Metropolitana do Rio. Em quatro episódios -- de 13 a 16 de outubro --, o repórter Pedro Figueiredo traça um panorama das Câmaras Municipais, analisando a representatividade na casa, os orçamentos e projetos propostos na última gestão, a presença de vereadores em seus gabinetes ao longo do ano e as ações tomadas durante a pandemia de coronavírus. Os vereadores são os políticos mais próximos da população. Como parte do poder Legislativo, eles elaboram, discutem e votam as leis municipais, que envolvem impostos municipais, educação municipal, linhas de ônibus, saneamento, entre outros temas da cidade. Eles também têm o poder e o dever de fiscalizar a administração, cuidando da aplicação dos recursos e observando o orçamento. Só que muitas vezes eles não refletem o que a sociedade pensa, como deveria ser. Em São Gonçalo, por exemplo, o plenário é cheio de homens de terno e gravata. Mas será que eles refletem a maior parte dos eleitores e das eleitoras da cidade? A maioria do eleitorado em São Gonçalo é de mulheres. Elas representam quase 54% de todas as pessoas com direito a voto na cidade. Mas atualmente, no plenário, nenhuma das 27 cadeiras, onde sentam os vereadores, é ocupada por uma mulher. Apenas uma mulher foi eleita para o cargo de vereadora na segunda maior cidade do estado: Iza Deolinda (MDB). Mas ela teve o mandato cassado no ano passado pela justiça eleitoral por abuso de poder político. “Tem a parte negativa, não tem uma figura feminina dentro do poder legislativo da cidade para legislar e, principalmente, aí para as mulheres negras, para as mulheres em si, para a parte feminina, esperamos que venha. Dependemos muito da população gonçalense”, comenta Diney Marins (Cidadania), presidente da Câmara de Vereadores de São Gonçalo. Mas São Gonçalo não é exceção. Das 22 cidades da Região Metropolitana do Rio, em nove não há mulheres nas Câmaras de Vereadores. E nas treze em que há representantes femininas, elas estão longe de ser a maioria. Na Câmara de Nova Iguaçu, o plenário tem duas galerias de imagens. Uma de todos ex-presidentes. São quase 50 fotos, todas de homens. Do outro lado, as ex-vereadoras da cidade em toda a história foram apenas onze. Atualmente há apenas uma mulher no plenário: Renata da Telemensagem (MDB). Ela é vice-presidente da frente parlamentar feminina da Baixada Fluminense. E diz que não é fácil ser mulher e ser vereadora. Tanto que desistiu de disputar a reeleição. “O preconceito, a rejeição, ela existe e é notória no dia a dia, tanto fora e dentro de uma Câmara Municipal. É necessário você brigar pelo direito da mulher. E quem briga é quem é mulher. E quanto menos mulher, menos você consegue correr atrás desse objetivo. E quando não tem uma mulher na Câmara, como é que faz?”, questiona Renata. A entrada do plenário da Câmara de São João de Meriti exibe as mesmas galerias e disparidade. Ao longo de toda a história da cidade, são 44 ex-presidentes da Câmara. E durante todo esse tempo, a Câmara teve apenas onze vereadoras. A última foi na legislatura passada. Atualmente, não há nenhuma vereadora na cidade que tem mais eleitoras do que eleitores. “Acho que uma mulher no poder, eu acho que mudaria muita coisa”, diz a diarista Juliana Alves Torres. “Uma mulher consegue atender as necessidades das mulheres poque ela vai estar passando pelo que a gente passa. Ela vai entender que é inseguro andar na rua, ela vai sentir o quanto o machismo é opressivo pra gente”, avalia a auditora Bruna Tinoco. Para Thiago Amparo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), esse é o retrato de muitas Câmaras de Vereadores do Brasil. “Homens não têm um dom natural ao poder, né? Isso a gente precisa desmistificar. As pessoas estão ali e homens brancos estão mais ali nesses espaços por causa de incentivos econômicos e institucionais dos partidos, alianças dos partidos, falta de democracia dentro dos partidos, que dificulta a oxigenação de novas lideranças”. “A primeira razão pela qual a gente precisa de um parlamento mais diverso é porque a sociedade é diversa. Então a ideia é que o parlamento, ele tem que refletir as pessoas que esse parlamento representa”. Para aumentar a diversidade, a legislação prevê que 30% dos candidatos de cada partido devem ser mulheres. Mas a pesquisadora Débora Gershon, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj) não bastam as candidaturas. São necessários votos. “Se a gente olhar só pra 2016, por exemplo, né, as mulheres tiveram uma taxa de sucesso eleitoral quase quatro vezes menor do que a taxa de sucesso dos homens. Os avanços existem, eles não são desprezíveis, mas são muito insuficientes pra reversão desse quadro de sub-representação”. Da mesma forma que as mulheres, negros, LGBTS, pessoas com deficiência e outros setores da sociedade não se veem representados nas Câmaras e têm maior dificuldade de conseguir sucesso nas eleições que disputam. No Rio, os negros representavam 47% dos candidatos a vereador nas últimas eleições, mas apenas 29% foram eleitos. Em Nova Iguaçu, 49% das candidaturas eram de negros. Mas eles representam apenas 17% dos eleitos. O professor da FGV diz que essa realidade precisa mudar. “Existe um distanciamento da população negra e LGBT para o poder e a gente sente ali nos espaços da Câmara de Vereadores. A gente se sente como um estranho nesse espaço. E na verdade esse espaço não deveria ser estranho a nós, porque nós somos maioria nessa população que esse espaço deveria representar”. “Antigamente era quem tinha mais representatividade na política eram os homens. Acho que agora que está começando a aumentar, e acho que tem que aumentar mesmo, acho que lugar de mulher é na política”, diz a auditora Bruna. “É muito difícil dizer que a gente tá sendo representado. É complicado. eu queria dizer, queria te dar uma resposta, mas tá difícil”, fala o professor Vitor. Guia do eleitor Datas do calendário eleitoral Regras da eleições 2020 Como consultar o local de votação Como consultar o título de eleitor Como justificar o voto Cola eleitoral Biometria está suspensa em 2020 e-Título substitui cédula de eleitor O ato de se alimentar bem nos conecta a uma sensação de bem-estar e prazer que se estende por todo o nosso corpo: melhora o funcionamento do organismo, garante boas horas de sono, ajuda no equilíbrio da nossa saúde mental e, claro, previne doenças. Além das funções orgânicas, comer com qualidade também envolve a satisfação de estar reunido com quem a gente ama entorno de uma mesa farta, onde além dos sabores, também nos servimos de alegria e prazer. Uma boa rotina alimentar, com os cuidados necessários com a qualidade do que se come, de preferência em boa companhia, faz bem para o corpo e para a alma. Ou seja, comer bem é um estilo de vida e de cuidado com o físico, a mente e as conexões. Nós, mineiros, sabemos bem o que isso significa. O Jornal de Rondônia 1ª Edição (JRO1) exibiu nesta sexta-feira (13), o quarto episódio da série ""Conheça Porto Velho"" que mostra, através dos olhares de moradores, os desafios que o próximo prefeito terá que enfrentar. Desta vez o destino foi o centro da capital. Conheça: Centro histórico é tema de reportagem na série 'Conheça Porto Velho' Idosa abusa de EPIs para se proteger do novo coronavírus, em Teresina — Foto: Reprodução TV Clube Maria Deusa, de 69 anos, se cobriu dos pés à cabeça com equipamentos de proteção individual (EPIs) para ir até o Centro de Teresina na manhã desta segunda-feira (24). Ela contou que saiu de sua casa no Bairro São Joaquim, Zona Norte, e usou touca para proteger seu cabelo, face shield - protetor facial de plástico preso à cabeça - máscara de tecido, avental e luvas para se proteger do coronavírus. Idosa abusa de EPIs para se proteger do novo coronavírus, em Teresina — Foto: Reprodução TV Clube Maria Deusa, por ser do grupo de risco do novo coronavírus, relatou que só sai de casa em casos de necessidade. ""Eu vim comprar umas coisas de cozinha na sexta-feira, mas tinha faltado luz no estabelecimento e eu tive que voltar para casa. Retornei hoje, pois está faltando lá em casa e eu saí toda protegida dos pés à cabeça"", relatou. Ela disse que o o medo do vírus aumentou depois que uma colega, também idosa e que respeitava o isolamento social, morreu vítima da Covid-19. Ruas fechadas no Centro são reabertas e ônibus circulam apenas com passageiros sentados Para ir até o Centro da cidade, a idosa recorreu a uma carona e assim evitou o transporte público, para evitar aglomerações e cuidar da sua saúde. Para evitar a contaminação pelo vírus, o isolamento social e medidas emergenciais foram determinadas por meio de decretos do governo do estado e das prefeituras, como na capital piauiense, para que a população fique em casa e evite ao máximo ir às ruas. Aulas em escolas e universidades, a maioria das atividades comerciais, esportivas e de serviços em geral estão suspensas por tempo indeterminado. Serviços essenciais como farmácias, postos de combustíveis e supermercados continuam mantidos mas estão regulamentados. O atendimento em clínicas, hospitais e laboratórios, assim como o funcionamento de escritórios de advocacia e contábeis também foram liberados mediante cumprimento de regras. O uso de máscaras em locais públicos tornou-se obrigatório em todo o estado. Policiais fazem abordagens nas fronteiras do estado a ônibus e veículos particulares. Os decretos preveem que quem descumprir as regras pode ser penalizado com multa ou até prisão. Lavar as mãos de forma correta (veja vídeo), uso de álcool em gel, sempre usar máscaras, evitar contato pessoal e aglomerações de pessoas são algumas das orientações para evitar o contágio da doença. É importante também ficar atento quanto aos principais sintomas (tosse seca, congestão nasal, dores no corpo, diarreia, inflamação na garganta e, nos casos mais graves, febre acima de 37° C e dificuldade para respirar). Um guia ilustrado preparado pelo G1 ajuda a tirar dúvidas. VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus Conheça Porto Velho — Foto: Rede Amazônica O Jornal de Rondônia 1ª Edição (JRO1) exibiu nesta terça-feira (10), o segundo episódio da série ""Conheça Porto Velho"" que mostra, através dos olhares de moradores, os desafios que o próximo prefeito terá que enfrentar. Desta vez o destino foi a Zona Sul da capital, composta por 14 bairros e 88.936 moradores. Conheça: Conheça Porto Velho: Zona Sul Conheça Porto Velho — Foto: Rede Amazônica O Jornal de Rondônia 1ª Edição (JRO1) começou nesta segunda-feira (9) a exibir a série ""Conheça Porto Velho"" que mostra, através dos olhares de moradores, os desafios que o próximo prefeito terá que enfrentar. O primeiro episódio fala sobre a Zona Leste da capital, composta por 23 bairros e 87.199 moradores. A ZL é a maior região da cidade. Conheça: Conheça Porto Velho: Zona Leste O Jornal de Rondônia 1ª Edição (JRO1) exibiu neste sábado (14), o quinto episódio da série ""Conheça Porto Velho"" que mostra, através dos olhares de moradores, os desafios que o próximo prefeito terá que enfrentar. Desta vez o destino foi a Zona Oeste. Conheça: Conheça Porto Velho: Zona Oeste Conheça Porto Velho — Foto: Rede Amazônica O Jornal de Rondônia 1ª Edição (JRO1) exibiu nesta quarta-feira (11), o terceiro episódio da série ""Conheça Porto Velho"" que mostra, através dos olhares de moradores, os desafios que o próximo prefeito terá que enfrentar. Desta vez o destino foi a Zona Norte da capital. Conheça: Conheça Porto Velho: Zona Norte — Foto: Divulgação: Flormel Opte por pratos com alimentos que já são práticos Se você busca praticidade, na hora de escolher o ingrediente para preparar sua alimentação, opte por aqueles que são mais práticos, de fácil cozimento e que não lhe dê muito trabalho no manuseio durante o preparo. Reunimos algumas receitas práticas, saudáveis e gostosas para você se inspirar. Carne moída com abóbora Uma das dicas para um almoço prático, saudável e gostoso é carne moída com abóbora. Você pode contar com: Tempere a carne moída, refogue-a com a cebola, acrescente o tomate, a abóbora o molho de tomate e acerte o sal. É recomendado que deixe tudo na panela por aproximadamente 15 minutos ou até a abóbora atingir o ponto que você gosta. Saiba mais sobre a Flormel: A Flormel é uma indústria de alimentos saudáveis, que produz doces, chocolates e snacks sem adição de açúcares, levando só coisa boa à todo o Brasil, de uma forma simples e inovadora, com sabor e saúde. Almôndegas Para te ajudar com mais dicas para um almoço prático, saudável e gostoso, segue um prato super simples, que vai facilitar o seu dia a dia e te ajudar em uma melhor alimentação com muito sabor. Para esta almôndega você vai precisar de: Na hora de preparar, basta colocar em um liquidificador a cebola em pedaços, o alho, com os temperos, salsinha e o farelo de aveia ou o pão integral picado e, na sequência, misture esse creme com a carne. Faça bolinhas e em seguida leve ao forno. É uma dica de dar água na boca, né? Não deixe de anotar e fazer. Leia também: Como decidir qual é o melhor lanche para cada fome? Lasanha de abobrinha Se você quer uma opção vegetariana, não pense que ficou de fora da nossa lista. Nós também temos dicas para um almoço prático, saudável e gostoso para você! Ingredientes: Corte as abobrinhas em fatias finas, no sentido de uma ponta à outra, obtendo fatias compridas. Tempere com azeite e temperos a gosto. Na travessa, intercale: abobrinha, molho de tomate, queijo ralado e orégano, até preencher toda travessa. Leve ao forno pré aquecido por 20 a 30 minutos. Consulte um nutricionista! Sempre quando se fala em alimentação saudável e, neste caso, quando se apresentam dicas para um almoço prático, saudável e gostoso, vale reforçar a importância em consultar um(a) nutricionista que irá avaliar sua saúde e te orientar no melhor cardápio para manter uma alimentação equilibrada. Sobre a Flormel Fundada em 1987, na cidade de Franca, a Flormel traz em seu DNA a proposta de uma alimentação prazerosa e consciente. Comercializada em todo o Brasil, hoje a marca conta com uma vasta linha de produtos, chocolates, doces, snacks e barras, para atender às mais diferentes necessidades alimentares e estilos de vida, sempre aliando sabor e saudabilidade. Siga a Flormel nas redes sociais e acesse o site para saber mais! Nutricionista Responsável: Lara Taranto - Nutricionista - CRN3 43.690 Um Oscar diverso e diferente. Assim foi a cerimônia da maior premiação do cinema em 2021. Com vários recordes de indicações para não-brancos e mulheres, a Academia de Cinema de Hollywood seguiu a tendência inovadora dos últimos anos e também distribuiu as estatuetas sob o aspecto da diversidade. Diante das restrições impostas pelas medidas de prevenção à Covid-19, a cerimônia foi adaptada: muitas categorias foram anunciadas em vídeos gravados, apenas poucos artistas tiveram o privilégio de comparecer presencialmente e bastante distanciamento social, inclusive no tapete vermelho. Para conversar sobre os vencedores e as mudanças desta cerimônia, Murilo Salviano recebe os apresentadores e comentaristas do Oscar na Globo: a atriz Dira Paes e os jornalistas Maria Beltrão e Artur Xexeo. Para você que não entende muito de cinema, eles explicam tudinho. Mas se você é cinéfilo e assistiu todos os indicados, eles vão te dar ainda mais informações num papo super divertido. Ouça o episódio! ASSISTA AO 'FANTÁSTICO' NO GLOBOPLAY Ouça e assine Clique nos links abaixo para ser alertado sobre um novo episódio do podcast 'Isso é Fantástico': Spotify Apple Todos os podcasts de jornalismo da Globo Logo podcast Isso é Fantástico - matéria — Foto: Comunicação/Globo VÍDEO: Assista à entrevista completa COMEÇO DA CARREIRA: 'Me viam assim: se sou loira, sou modelo, sou prostituta' POLÊMICA: 'Quem não viu o filme, por favor veja' LIVRO: 'A Maya veio para mostrar que Deus é amor' PODCAST: Xuxa como você nunca ouviu: veganismo, sexo, religião e polêmicas Bruno Covas (PSDB) e o filho Tomás, de 15 anos, durante a campanha eleitoral em novembro de 2020. — Foto: Arquivo pessoal Internado para tratar novos focos de câncer, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse nesta segunda-feira (26) nas redes sociais que ""continua a luta pela vida"" e com “vontade gigante de vencer”. Em uma postagem para homenagear o filho Tomás, de 15 anos, o prefeito escreveu que vai “enfrentar, combater e vencer” a doença. “Enfrentar, combater e vencer. A luta pela vida continua, e com você ao meu lado, a vontade de vencer é gigante. Obrigado por estar sempre aqui, filho. Eu te amo”, afirmou o prefeito. Covas foi internado na última quinta-feira (15) para a realização de exames de controle, que descobriram novos focos de tumor nos ossos e no fígado. Na semana passada, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões. Drenos foram colocados para a retirada do líquido e uma suplementação nutricional também foi iniciada. Bruno Covas ainda não tem previsão de alta do hospital Postagem do prefeito de SP, Bruno Covas, nesta segunda-feira (26). — Foto: Reprodução/Redes Sociais O prefeito da capital foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia. Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos. Covas passou por oito sessões de quimioterapia que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia. Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença. Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento. Em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado. Em entrevista ao Fantástico logo após a descoberta do câncer, no final de 2019, ele se disse confiante no tratamento, como mostra o vídeo abaixo: 'Estou muito confiante', diz Bruno Covas após descoberta de câncer; veja entrevista É fundamental conhecer todas as regras atuais para planos de saúde no Brasil. Nesta reportagem especial apresentamos segredos e pegadinhas que alguns planos podem oferecer. É importante estar atento para não amargar arrependimentos após alguns meses de contrato. Como fugir dessas pegadinhas? Conheça todos os segredos. Paciente de plano de saúde usando máscara — Foto: Divulgação O primeiro ponto é pedir à empresa que vende o plano de saúde o número de registro da operadora e do plano na ANS, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a agência reguladora dos planos de saúde no Brasil. No site da ANS há avaliações das operadoras. É possível conferir os dados, conhecer o desempenho dessa operadora de planos de saúde no programa de Qualificação da ANS e a posição dela no ranking das empresas de planos de saúde que mais recebem reclamações de seus consumidores. O site Reclame Aqui também é um bom termômetro nesse sentido. Procura por planos de saúde mais baratos? Mas por que alguns são tão baratos? Os planos que incluem somente consultas e exames tendem a ser mais baratos que outros que incluam também tratamentos odontológicos e internação hospitalar. Um plano que só dê direito a atendimento na cidade em que você mora tende a ser mais barato do que um plano que permita que você seja atendido em qualquer lugar do país. Outro fator que influencia o preço de um plano de saúde é a idade: quanto mais idosa a pessoa for, maiores as chances de ela precisar usar os serviços de saúde e com mais frequência; por isso, o plano tende a ser mais caro. Atente-se a essas informações para descobrir se um plano está mais barato ou mais caro. Há planos de todos os tipos por aí. Inclusive com coparticipação, em que o usuário paga uma taxa extra por consultas, internações ou procedimentos médicos. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec, orienta o consumidor a escolher com muito cuidado o seu plano de saúde. E saber qual tipo de serviço você está comprando. A coparticipação de 60%, por exemplo, sobre o valor de uma consulta ou de um procedimento cirúrgico podem pesar muito no orçamento em uma emergência. Ou um plano que funcione somente em uma cidade específica. O plano que tem acomodação em enfermaria significa que o quarto é coletivo. Acomodação em apartamento é um quarto individual para o cliente. Qual é a relação de hospitais para internação disponível? Terá acesso à rede credenciada de médicos? Essas e outras perguntas precisam ser respondidas antes de escolher o plano ideal. Outro ponto de observação é a avaliação obtida no IDSS (Índice de Desenvolvimento da Saúde Suplementar). Essa avaliação é destacada no site da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Entre em contato com a equipe especializada da New Saúde Leader e conheça esta nova opção em plano de saúde. Com preço justo. Ligue no 0800-580-0082 ou fale pelo WhatsApp através do número (11) 94758-3560. No site oficial você também conversa através de chat. Acesse: saudeleader.com.br Solicite um atendimento consultivo para esclarecer dúvidas sobre tempo de carência de planos e migrações de pacotes. Buscar ajuda profissional de um psicólogo ou de um psiquiatra é fundamental em momentos de crise pessoal. E a saúde mental da população se agravou com os efeitos da pandemia, percebidos em diversas áreas. Pesquisa inédita divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que quase 30% dos brasileiros procuraram ajuda profissional por questões relacionadas à saúde mental entre agosto e outubro do ano passado. Por outro lado, 34,2% não chegaram a procurar ajuda, mas gostariam de tê-la. As causas: apoio psicológico para lidar com a ansiedade (78%) e o estresse (51,9%). O estigma de ""fraqueza"" associado ao pedido de ajuda psicológica tem diminuído em tempos recentes. É um obstáculo importante a ser superado. Mas ainda há outros, como os valores de consultas na área, proibitivos para a maior parte da população brasileira. No mapa abaixo, você encontrará opções de atendimento gratuito ou por ""valor social"", um preço reduzido de consulta. Muitos locais, por conta das restrições da pandemia, estão atendendo de forma on-line. Para melhor navegação, IMPORTANTE: As localizações dos pontos do mapa estão aproximadas e não representam os endereços reais. Muitos dos projetos estão on-line, inclusive, sem um endereço fixo. Veja a coluna 'como se cadastrar' para ter a informação correta sobre como ir atrás do serviço. Você também pode consultar mais opções nesse mapa disponibilizado pela Rede de Atenção Psicossociais (Raps), do Ministério da Saúde. Há, ainda, duas iniciativas independentes formadas por especialistas: a ""Psi Social"" e o aplicativo ViBe Saúde. Ambas as opções têm alternativas com valores mais baixos para atendimento. As informações detalhadas nesses serviços não foram checadas pelo G1. Jérémy Gabriel (esq) e Mike Ward (dir): o jovem, que é portador de deficiência, diz que piada grosseira do humorista o levou a pensar em suicídio — Foto: MARIE-JOSÉE BOISVERT/MICHEL GRENIER Em 2010, o humorista canadense Mike Ward estreou um show de comédia stand-up no qual zombava de diversas celebridades, entre elas um jovem cantor, Jérémy Gabriel, que na época tinha 13 anos de idade e já era famoso por ter se apresentado ao lado de Céline Dion e cantado para o Papa Bento XVI no Vaticano. Os alvos de Ward – um dos comediantes mais populares do Quebec, vencedor de vários prêmios e conhecido por material muitas vezes ousado – eram o que ele descrevia como ""os intocáveis"", ou ""vacas sagradas"", figuras famosas da província canadense das quais, segundo ele, não se podia debochar. Gabriel nasceu com síndrome de Treacher Collins, doença rara que causa deformidades no rosto e no crânio. Ele também nasceu surdo, e usa um implante auditivo. O cantor iniciou sua carreira ainda criança e ficou conhecido como ""O Pequeno Jérémy"". Na apresentação, Ward ridicularizava a voz e a aparência de Gabriel, descrito por ele como ""o menino com um subwoofer na cabeça"", em referência ao implante auditivo. Em determinado momento, o humorista dizia que pesquisou na internet a doença do menino e descobriu que ele só era ""feio"" mesmo. Em parte da piada, Ward dizia que sempre defendeu Gabriel quando as pessoas reclamavam que ele era péssimo cantor, porque achava que o menino tinha uma doença terminal, mas que, quando percebeu que ele não estava à beira da morte, tentou afogá-lo. O show foi um sucesso, e Ward repetiu a apresentação mais de 200 vezes nos três anos seguintes. Em vídeos disponíveis na internet, é possível ouvir o público rindo sem parar. Mas a piada sobre Gabriel acabou virando alvo de uma longa batalha judicial que agora chegou à Suprema Corte, a mais alta instância da Justiça canadense, em um caso que vem dividindo opiniões e que poderá redefinir os limites da liberdade de expressão no país. Segundo Gabriel, que hoje tem 24 anos de idade, a piada, amplamente divulgada online, o tornou alvo de bullying na escola, em um momento em que ele estava começando o ensino médio. A deficiência do então adolescente era motivo de risada enquanto outros estudantes repetiam as piadas contadas por Ward. Gabriel entrou em depressão e chegou a pensar em suicídio. Em 2012, a família de Gabriel encaminhou uma reclamação à Comissão de Direitos Humanos e Direitos da Juventude, agência do governo responsável por fazer cumprir o código de direitos humanos da província. A comissão decidiu levar o caso ao Tribunal e Direitos Humanos do Quebec, que trata de casos de discriminação e assédio que ferem esse código. Em 2016, o tribunal decidiu que o show de Ward incluía comentários que configuravam discriminação contra Gabriel com base em sua deficiência, o que fere a lei. Segundo os juízes, o direito à dignidade do cantor, que é protegido por lei, foi violado, e o humorista ""excedeu os limites"" da liberdade de expressão. O tribunal ordenou Ward a pagar 35 mil dólares canadenses (cerca de R$ 153 mil) ao cantor e 7 mil dólares canadenses (cerca de R$ 30 mil) a sua mãe, Sylvie Gabriel. O humorista entrou com recurso, mas, em 2019, o Tribunal de Apelação do Quebec manteve a decisão, descartando apenas o pagamento à mãe do cantor. Segundo juízes do caso, o direito à dignidade do cantor, que é protegido por lei, foi violado, e o humorista ""excedeu os limites"" da liberdade de expressão — Foto: Getty Images/BBC O Tribunal de Apelação disse que sua ""intenção não é restringir a criatividade ou censurar as opiniões de artistas"", mas que ""humoristas, assim como qualquer outro cidadão, são responsáveis pelas consequências de suas palavras quando estas ultrapassam certos limites"". Em declaração após a decisão, Ward disse que ""comédia não é crime"". ""Em um país 'livre', não deveria caber a um juiz decidir o que constitui uma piada"", afirmou o humorista, que decidiu recorrer à Suprema Corte. Na semana passada, os nove juízes da corte ouviram os argumentos do caso. O caso vem ganhando atenção em um momento em que há um grande debate, no Canadá e em outros países como o Brasil, sobre quais devem ser os limites da liberdade de expressão. A decisão da Suprema Corte deverá ter impacto em várias questões no país norte-americano: se um humorista tem o direito de contar piadas ofensivas, quais os limites da liberdade artística e do humor e qual o papel de tribunais de direitos humanos em julgar questões relativas a liberdade de expressão. Os apoiadores de Ward argumentam que o humor – inclusive piadas ofensivas – é protegido pelo direito à liberdade de expressão no Canadá. O advogado Julius Grey, que representa o comediante, salienta que somente discurso de ódio ou formas extremas de pornografia costumam ser excluídos desse direito. Mas a lei na província de Quebec também garante o direito à dignidade e o direito contra discriminação, não apenas com base em deficiência, mas também em raça, cor, sexo, identidade ou expressão de gênero, gravidez, orientação sexual, estado civil, idade, religião, convicções políticas, idioma, origem étnica ou nacional e status social. Para ser considerada discriminação e violar esse direito, é necessário que a piada ou comentário seja grave o suficiente para afetar a dignidade da pessoa. O Tribunal de Apelação concluiu que a piada de Ward teve esse efeito. ""Há três conceitos fundamentais que este caso poderá redefinir. Um deles é se meras palavras configuram discriminação"", diz Grey à BBC News Brasil, ressaltando que, caso contrário, o Tribunal de Direitos Humanos não tem jurisdição, já que trata somente de casos de discriminação, não de difamação ou calúnia. ""O segundo é o quão ampla é a liberdade de expressão. Mesmo se for discriminação, (o direito à) liberdade de expressão deve prevalecer? E o terceiro é sobre liberdade artística"", afirma o advogado do humorista. Caso será decidido pela Suprema Corte do Canadá — Foto: Getty Images/BBC Grey argumenta que o caso não trata de discriminação. ""Discriminação é relacionada a bens ou serviços. Você não pode negar acesso a emprego, ou moradia, ou o que quer que seja (com base em discriminação)."" O advogado salienta que zombar de alguém não priva essa pessoa de serviços nem fere seus direitos. ""Ninguém tem o direito de não ser ofendido"", afirma. Mas o advogado Karim Luigi Fezzani, que, ao lado do advogado Stéphane Harvey, representa Gabriel e sua mãe no caso diante da Suprema Corte, diz que se trata sim de discriminação, como concluído pelo Tribunal de Direitos Humanos e pelo Tribunal de Apelação. ""O Tribunal de Direitos Humanos expressou claramente que, se não fosse por sua deficiência, Gabriel não teria sido alvo dos comentários de Ward"", diz Fezzani à BBC News Brasil. ""Quando você ridiculariza uma criança por sua deficiência, quando você diz que ela é feia, quando você sugere que ela é inútil, que ela está prestes a morrer, que todos a consideram digna de pena, você está atacando a dignidade dessa criança por anos no futuro, diminuindo a estima que ela tem por si mesma e, consequentemente, a estima que outros têm por ela."" Fezzani diz que o caso pode ter impacto na maneira como os direitos de pessoas deficientes são tratados. ""Em um momento em que pessoas com deficiências já enfrentam numerosas barreiras na sociedade, como exclusão, estigma e discriminação, este caso envia uma mensagem clara a todos os canadenses vivendo com deficiência, de que certas palavras e ações contra eles não serão toleradas."" Humoristas em Quebec e outras partes do Canadá acompanham o caso com atenção. A Associação dos Profissionais da Indústria de Humor é uma das organizações que participam do processo na Suprema Corte, em apoio a Ward. ""Se as sanções contra Mike Ward forem mantidas, isso terá um efeito inibidor (sobre o humor)"", opina à BBC News Brasil o advogado Walid Hijazi, advogado que representa a associação. Segundo Hijazi, há o risco de que os artistas recorram a autocensura. ""Comediantes ficarão com medo de fazer piadas polêmicas, por medo de serem sancionados, processados, de ter de pagar do próprio bolso. O conteúdo vai ficar mais homogêneo."" Hijazi ressalta que a comédia tem o objetivo não somente de fazer o público rir, mas também de provocar, e sempre foi uma forma de arte polêmica, testando os limites do que é socialmente aceitável. Segundo o advogado, para permitir que os humoristas criem conteúdo sem medo, a liberdade de expressão artística deve ser a mais ampla possível. ""O limite deve ser discurso de ódio, que, disfarçado de humor, promove violência e ódio. O resto deve ser permitido"", afirma. Grey, o advogado de Ward, vê problemas para a liberdade de expressão ""em um mundo politicamente correto e de conformidade"", e questiona o futuro da comédia. ""A questão é: poderá essa forma de arte (comédia stand-up) sobreviver se (o humorista) tiver que se perguntar, a cada vez, se alguém vai dizer que sua dignidade foi ofendida?"" Mas Fezzani, o advogado de Gabriel, observa que, no Canadá, o direito à liberdade de expressão sempre foi razoavelmente equilibrado com outros direitos, como à dignidade. ""A promoção do autodesenvolvimento individual em uma democracia verdadeira como o Canadá, onde a participação de todos é aceita e encorajada, requer o uso ocasional da lei restringindo a expressão para evitar a dor sofrida por grupos que a legislação decidiu proteger"", afirma. ""Arte não significa permissão para fazer e dizer qualquer coisa. Os artistas devem ser sensíveis à natureza e ao alcance de seus comentários e não tentar se esconder atrás de um manto artístico para justificar a violação dos direitos dos outros."" A Suprema Corte deverá chegar a uma decisão nos próximos meses. — Foto: Divulgação: Flormel Quando você busca entender como uma alimentação saudável e balanceada pode melhorar sua disposição, é preciso começar olhando para o fato de que o corpo precisa de combustível para funcionar perfeitamente e essa munição é dada para ele através dos alimentos. Concomitantemente a isso, o organismo também precisa de hidratação, portanto a ingestão adequada de água é super importante, pois ajudará a transportar os nutrientes para dentro das células e assim eles são metabolizados e convertidos em energia, auxiliando no que chamamos de disposição. A alimentação e a produtividade Outro ponto importante a se destacar neste texto é que a disposição ataca em todas as atividades que precisamos executar durante o dia, como por exemplo, a produtividade no trabalho. A relação entre alimentação equilibrada e saudável e produtividade é e já foi tema de estudos e isso interfere bastante até mesmo na concentração, pois o corpo recebe, através dos nutrientes, a energia necessária para realizarmos nossos afazeres com maior atenção e eficiência. Compre online: flormel.com.br Afinal, o que consumir para melhorar a disposição? Ao ingerir alimentos gordurosos ou de forma errada, como mastigar rápido demais e exceder a quantidade consumida, fornecendo ao seu corpo mais do que ele precisa, ele responderá de uma forma negativa, o que poderá impactar significativamente na sua disposição. Por essa razão, este conteúdo traz uma lista de alimentos que podem te ajudar a fazer escolhas saudáveis e balanceadas para manter seus ânimos lá em cima. Banana Essa fruta possui muitas variedades, como a banana da terra, nanica, prata, maçã, etc. Sabores e preferências a parte, a banana é uma fruta de alta digestibilidade, que fornece energia rapidamente após o seu consumo, e além disso é fonte de vitaminas e minerais, como vitaminas C e do complexo B e potássio. O seu consumo pode ajudar bastante no metabolismo e evitar fraquezas musculares, por exemplo. Saiba mais sobre a Flormel A Flormel é uma indústria de alimentos saudáveis, que produz doces, chocolates e snacks sem adição de açúcares, levando só coisa boa à todo o Brasil, de uma forma simples e inovadora, com sabor e saúde. Aveia Integral Outro ingrediente para você anotar e não esquecer mais sobre como uma alimentação saudável e balanceada pode melhorar a sua disposição é a aveia integral que possui baixo índice glicêmico, ou seja, fornece energia sem aumentar os níveis de açúcar no sangue, além do mais a aveia ajuda aumentar a saciedade, tendo como mais um benefício, a fonte de vitaminas do completo B, que melhoraram a disposição. — Foto: Divulgação: Flormel Snacks Flormel Comer algo saudável e saboroso ao longo do dia para matar aquela fome do meio da tarde é possível. Os snacks da Flormel são ótima opção para esses momentos e são sem adição de açúcares, além de terem garantia na qualidade. A CEO da empresa, Alexandra Casoni, comenta que cada vez mais pessoas estão preocupadas em manter uma alimentação mais saudável e lembra que a Flormel está “há mais de 30 anos propondo um estilo de vida mais equilibrado, além de conscientizar as pessoas de que alimentação saudável deve nutrir o corpo, mente e alma, através de sabores e novas descobertas”. Você encontra os produtos da empresa em supermercados perto de você como Carrefour, Savegnago e Pão de Açúcar, também nas prateleiras das farmácias Droga Raia e nas Lojas Americanas. Açaí O Açaí é um alimento energético, fonte de gorduras boas e seu consumo frequente pode ajudar no controle da pressão arterial e também do colesterol. É bem provido de vitaminas C, B1 e B2 além de ser fonte de antioxidantes. Portanto, está mais uma boa pedida para se você está buscando saber como uma alimentação saudável e balanceada pode melhorar a sua disposição. Inclua o açaí no seu cardápio. Oleaginosas Todo mundo tem uma quedinha por esses alimentos. São eles: nozes, amêndoas e castanhas, ingredientes com fontes incríveis de gorduras boas e também de proteínas vegetais. Além disso, as oleaginosas ainda possuem minerais que contribuem para a redução do estresse e melhoram a nossa memória, além de darem mais energia para o corpo. Bolos saudáveis Pensou que um bolinho gostoso não entraria em uma lista de alimentos saudáveis? Isso porque você ainda não provou os bolinhos integrais e sem adição de açúcares da Flormel. Ao optar pela Flormel você encontra opções de bolos práticos e saudáveis em sabores como chocolate e baunilha que misturam com recheio de creme de avelã e goiabada. Siga a Flormel nas redes sociais e acesse o site para saber mais! Nutricionista Responsável: Lara Taranto - Nutricionista - CRN3 43.690 Confira os dados atualizados da Covid-19 em Salvador e municípios da Bahia Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 1.811 novos casos de Covid-19, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab), nesta segunda-feira (26). O boletim também registra 84 óbitos. Apesar de as mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram realizados nesta segunda. Dos 885.855 casos confirmados desde o início da pandemia, 852.616 são considerados recuperados, 15.152 encontram-se ativos e 18.087 tiveram óbito confirmado, o que representa uma letalidade de 2,04%. Dentre os óbitos, 55,43% ocorreram no sexo masculino e 44,57% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,69% corresponderam a parda, seguidos por branca com 21,86%, preta com 15,40%, amarela com 0,45%, indígena com 0,13% e não há informação em 7,46% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 65,02%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,62%). O boletim epidemiológico contabiliza ainda 1.188.549 casos descartados e 192.223 em investigação. Na Bahia, 46.979 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17h desta segunda-feira. O boletim completo está disponível no site da Sesab e em uma plataforma online. O boletim também traz dados sobre a situação da regulação de Covid-19 na Bahia. Às 12h desta segunda, 63 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 31 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia. Outro dado do boletim é sobre a vacinação no estado. A Bahia tem 2.245717 vacinados contra o coronavírus, dos quais 888.673 receberam também a segunda dose, até as 15h desta segunda. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia realiza o contato diário com as equipes de cada município a fim de aferir o quantitativo de doses aplicadas e disponibiliza as informações detalhadas no painel da vacinação. Bahia registra 1.811 novos casos de Covid-19 em 24h e mais 84 óbitos pela doença — Foto: Lucas Lins/Supcom Lauro de Freitas A Bahia tem 3.459 leitos ativos para tratamento da Covid-19. Do total, 2.388 estão com pacientes, uma taxa de ocupação geral de 69%, conforme registado no boletim desta segunda-feira. Desses leitos, 1.578 são de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos e estão com taxa de ocupação de 82% (1.294 leitos ocupados). Das UTIs pediátricas, 19 das 36 estão com pessoas internadas, o que representa uma taxa de ocupação de 53%. Tanto os leitos clínicos adultos quanto os pediátricos tem ocupação de 58% em toda a Bahia. Em Salvador, 1.553 leitos estão ativos, com ocupação geral de 69% (1.175 leitos ocupados). A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto é de 76% e pediátrica 52%. Já os leitos de enfermaria apresentam ocupação de 63% para adultos, e os leitos pediátricos estão com ocupação de 62%. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Moema Gramacho fala sobre a voltas às aulas na região metropolitana de Salvador A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, disse nesta segunda-feira (26) que os municípios da região metropolitana de Salvador ainda não têm previsão de retomada da Educação. Na última sexta (23), o prefeito Bruno Reis anunciou as aulas semipresenciais em Salvador. Segundo Moema, dois consórcios de Saúde formados por municípios da RMS – Metro Recôncavo Norte e Baía de Todos-os-Santos – se reuniram na última semana e avaliaram que ainda não é o momento adequado para o retorno das atividades educacionais. Representantes das secretarias da Educação e da Saúde do estado também participaram da reunião, além de técnicos das 12 prefeituras que integram os consórcios. Os dados estatísticos da pandemia, como número de casos e taxa de ocupação de leitos, foram fatores decisivos. ""Após apresentação dos dados da Saúde, nós entendemos que ainda não é o momento [de reabrir escolas]. Primeiro porque, no mês de março, nós tivemos mais de 3.200 mortes. Isso significa que foi um ponto fora da curva, porque vinha uma média de 1.500 mortes, que já é demais. Nós estamos em abril e continuamos com muitos casos acontecendo, muitos casos ativos em vários municípios. Não conseguimos ainda atingir o índice abaixo de 75% da ocupação de leitos de UTIs"", detalha a prefeita. Escola fechada em Camaçari — Foto: Reprodução/TV Bahia Moema acrescenta que o surgimento de novas variantes, mais agressivas e perigosas, além de ""algumas dificuldades no ponto de vista da vacinação"" também pesaram na decisão. ""Começamos a vacinar no sábado por uma decisão da CIB, que é a Comissão Intergestores Bipartite do estado. Uma decisão justamente para valorizar cada vez mais as aulas presenciais, valorizar os educadores. Mas não é uma decisão do Ministério da Saúde. Não tem vindo vacinas do Ministério da Saúde para essa finalidade. E a gente tem recebido vacinas de forma irregular, nem sempre chega nos dias que estão marcados, e a quantidade que vem é muito pequena"". Segundo ela, em contato com sindicatos dos trabalhadores da educação e a APLB, concluiu-se que não há condição marcar data para o retorno das aulas, antes que toda a categoria esteja imunizada contra Covid-19. ""Não dá para retomar as aulas sem garantir a vacinação de todos"", reforça. Moema adianta que, ainda essa semana, uma nova reunião deve acontecer para que o assunto volte a ser discutido. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Mais de 38 atividades culturais gratuitas serão realizadas até 7 de fevereiro na segunda edição do Festival Ações Literárias (FAL), em Rio Preto (SP). Toda a programação será transmitida ao vivo pela internet. O festival vai contar com bate-papos com escritores, saraus, contações de história para crianças, jovens e adultos, apresentações musicais, espetáculos de teatro, oficinas, leituras e outras atividades. Interessados em participar de oficinas devem se inscrever pela internet. Apenas para a oficina “Brincadeiras de Papel/Meu Primeiro Livro” as vagas são limitadas, e a seleção será por ordem de inscrição. Para as demais oficinas, não há limite de vagas. Confira a programação completa no site. Veja mais notícias da região no G1 Rio Preto e Araçatuba Rua sem asfalto em Duque de Caxias — Foto: Reprodução/TV Globo Em Duque de Caxias, 46 dos 108 projetos de lei apresentados nos três primeiros anos da legislatura foram para mudar o nome de ruas — ou 43% do total. Produtividade é o tema desta quarta-feira (14) da série 'Quem te representa?', que detalha a composição das Câmaras do Grande Rio e mostra o que fazem os vereadores. Todo o esgoto que sai das casas acaba em um rio que já virou um valão. Série ""Quem te representa?"" questiona a produtividade das câmaras municipais Dar nome às ruas e praças de uma cidade é função dos vereadores, mas existem outras necessidades mais urgentes. Os parlamentares podem apresentar projetos de lei e cobrar ações da Prefeitura para melhorar a vida dos moradores de um bairro. Trocar nome de rua é especialidade da Câmara de Caxias. A cidade, no entanto, tem outros problemas. É a 12ª com pior acesso a saneamento básico, entre as 100 maiores cidades do país. E, desde 2015, não atinge as metas do Ideb, o índice que avalia a educação básica. Câmara Municipal de Duque de Caxias — Foto: Reprodução/TV Globo A equipe do RJ1 esteve na Câmara de Caxias na quinta-feira passada (7), no horário da sessão. Mas ela não aconteceu por falta de quórum - ou seja, não havia vereadores suficientes para abrir os trabalhos. Procurado, o presidente Sandro Lelis (MDB) não quis gravar entrevistar e nem explicar o motivo de tantas mudanças nos nomes de ruas. O RJ1 tentou contato também com a vereadora Deise do Marcelo do Seu Dino (PSL), que mudou os nomes das ruas onde falta o básico. Mas ela não estava na Câmara. Além de trocar os nomes das ruas, os vereadores de Caxias apresentaram também projetos para criar novas datas comemorativas. Por exemplo, o terceiro domingo do mês de setembro é o Dia do Cowboy em Caxias. A Câmara de Niterói também faz questão de criar datas comemorativas para a cidade. Existe até um calendário específico: Ao todo, nos três primeiros anos dessa legislatura, 96 dos 780 projetos apresentados pelos vereadores eram de datas comemorativas, ou seja, mais de 12% do total. “As prioridades que tinham continuam acontecendo e votando. Essa Câmara não só votou data comemorativa. Teve várias matérias que nós votamos nessa Câmara. A questão, como você diz, a questão da altinha, quando você cita aí umas duas delas são matérias do esporte. E a gente acredita que o esporte ajuda muito a nossa cidade”, defende Paulo Bagueira (SDD), presidente da Câmara Municipal de Niterói. O vereador Ricardo Evangelista (Republicanos) apresentou 95 projetos de lei nos três primeiros anos do mandato, 29 deles foram para criar datas comemorativas e 5 para mudar nomes de rua. Isso representa mais de um terço do total da produtividade do vereador, que faz parte da mesa diretora da Câmara. “Nosso mandato é participativo, ouve a população. Niterói é isso, acho que essas datas são realmente importantes para ele. E como nós somos uma pessoa pública e ouvimos a população, e chega ao nosso conhecimento, imediatamente a gente traz para Câmara para ser votado e aprovado pela maioria dos nossos vereadores que participam da gente”, diz o vereador. Esses projetos que não têm impacto na vida das pessoas são chamados pelos especialistas de irrelevantes e servem apenas para ganhar votos. E afastam ainda mais o legislativo das reais necessidades da população. “Um projeto irrelevante é um projeto que não vai ter impacto direto na vida do cidadão. Não é um projeto que trata de políticas públicas, de serviço público. A saúde, a segurança, tudo que importa de verdade, não é afetado em função dessas atividades"", fala Juliana Sakai, diretora de Operações da ONG Transparência Brasil. O presidente da Câmara de Duque de Caxias, vereador Sandro Lelis (MDB), encaminhou uma nota à produção do RJ1 dizendo que a falta de nome oficial nas ruas pode criar muitas dificuldades para as pessoas que nelas residem. Disse ainda que os projetos de lei que instituem datas comemorativas são justificados pela proposta da discussão e conscientização do tema. Já a Prefeitura de Caxias disse que iniciou essa semana obras de drenagem no bairro Pilar e de asfaltamento. Sobre a educação, informou que tem elaborado nos últimos anos vários projetos para melhorar a qualidade do ensino. A vereadora Deise do Marcelo do Seu Dino (PSL), que mudou o nome de duas ruas em Caxias, disse que os projetos não eram dela. O RJ1, no entanto, teve acesso a um projeto assinado pela vereadora. Projeto assinado pela vereadora Deisimar Quaresma Ribeiro, a Deise do Marcelo do Seu Dino (PSL) — Foto: Reprodução/TV Globo Ao ver a imagem, ela disse que se lembrou do projeto e que tem cobrado a prefeitura sobre um pedido de asfaltamento das ruas do bairro Pilar. Em quatro episódios -- de 13 a 16 de outubro --, a série “Quem te representa?” traz um panorama das Câmaras Municipais, analisando a representatividade na casa, os orçamentos e projetos propostos na última gestão, a presença de vereadores em seus gabinetes ao longo do ano e as ações tomadas durante a pandemia de coronavírus. Guia do eleitor Datas do calendário eleitoral Regras da eleições 2020 Como consultar o local de votação Como consultar o título de eleitor Como justificar o voto Cola eleitoral Biometria está suspensa em 2020 e-Título substitui cédula de eleitor Prefeito Bruno Covas reage bem à drenagem de líquido dos pulmões O médico oncologista que acompanha o tratamento contra o câncer do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (26) que a drenagem de líquidos no pulmão a que ele foi submetido surtiu efeito, e que o político pode ter alta na terça-feira (27). Na semana passada, Covas apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões. Drenos foram colocados para a retirada do líquido e uma suplementação nutricional também foi iniciada. Covas enfrenta um câncer na região da cárdia, localizada na transição entre o estômago e o esôfago, com metástase em outras áreas do corpo. Ele foi internado na última quinta-feira (15) para a realização de exames de controle, que descobriram novos focos de tumores nos ossos e no fígado. Segundo os médicos, nesses últimos dias de internação, Bruno Covas continuou trabalhando do hospital e recebeu apenas a visita de pessoas próximas. Caso tenha alta nesta terça, a orientação é que ele mantenha suas atividades pessoais e profissionais, mas sem agendas públicas. Pfiffer disse ainda que Covas se alimenta via oral, mas seguirá com suplementação alimentar venosa durante a noite. A previsão é a de começar um novo ciclo de quimioterapia e imunoterapia daqui a duas semanas. O prefeito usou as redes sociais nesta segunda-feira para fazer uma homenagem ao filho Tomás, de 15 anos. No vídeo abaixo, a equipe médica de Covas explica o que significa o acúmulo de líquido na pleura. Assista: Bruno Covas tem acúmulo de líquido no pulmão e abdômen LEIA TAMBÉM O prefeito da capital foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia. Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos. Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), participa virtualmente de evento de entrega de um novo hospital na capital, no dia 15 de abril de 2021. — Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Covas passou por oito sessões de quimioterapia que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia. Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença. Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento. Em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado. Em entrevista ao Fantástico logo após a descoberta do câncer, no final de 2019, ele se disse confiante no tratamento, como mostra o vídeo abaixo: 'Estou muito confiante', diz Bruno Covas após descoberta de câncer; veja entrevista Em igreja, Witzel ignora lei sancionada por ele que obriga uso de máscara O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse nesta segunda-feira (22) que quer substituir uma frase que ficou célebre no início da gestão, quando defendeu o ""abate"" de criminosos. A afirmação foi feita em um culto da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Wiltzel se referia a uma frase de 7 de janeiro, quando afirmou que quem tem arma de guerra não deveria circular livremente. VÍDEO: veja a frase dita por Wilson Witzel, em janeiro de 2019, logo após ser eleito: ""Não ande de fuzil, você vai morrer"" Nas imagens, as pessoas no púlpito aparecem sem máscara. O uso de máscara é obrigatório no Rio, inclusive em espaços privados de acesso coletivo, como templos, desde 4 de junho. A obrigação foi sancionada pelo próprio Witzel, que, à época, ainda era governador. A lei prevê multas que variam de R$ 106 a R$ 1.065. Segundo Witzel, ele foi ao aniversário de um evangelista da igreja, ao qual compareceram também deputados e vereadores. De acordo com a assessoria de imprensa do governador afastado, ele ""estava sem máscara na imagem porque estava falando ao microfone"". O vídeo mostra, ao fim do discurso, Witzel abraçando religiosos. Nenhum deles usa máscara. A Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias é liderada pelo pastor Marcos Pereira da Silva, que foi preso e condenado a 15 anos de prisão por estupro. De acordo com o processo, o estupro foi cometido em 2006 nas dependências da igreja. Marcos Pereira foi colocado em liberdade em dezembro de 2014. Declarado católico na campanha ao governo do estado, Witzel se batizou em outra igreja evangélica em dezembro do ano passado, quando já estava afastado do cargo de governador. Ele é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. O afastamento do cargo de governador, recentemente prorrogado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), vai até fevereiro de 2022. Witzel também está proibido de: O governador afastado foi denunciado pelo Ministério Público Federal na operação Tris in Idem, desdobramento da Lava Jato no RJ que apontou corrupção na Saúde do estado. A suspeita é de que o governador tenha recebido, por intermédio do escritório de advocacia de sua mulher, Helena Witzel, pelo menos R$ 554,2 mil em propina. A descoberta do esquema criminoso teve início com a apuração de irregularidades na contratação dos hospitais de campanha, respiradores e medicamentos para o enfrentamento da pandemia do coronavírus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o governo do RJ estabeleceu um esquema de propina para a contratação emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais (OSs) que prestam serviços ao governo, especialmente nas áreas de Saúde e Educação. Nesta sexta-feira, 19 de fevereiro, o Globo Repórter mostra um lado diferente da França: a vida selvagem que resiste em várias regiões do país, com flagrantes da vida de várias espécies. Assistiu ao programa? Mostre que prestou atenção e responda as perguntas sobre os animais mostrados nesta edição! — Foto: Divulgação: Flormel Dica de leitura: Boas práticas de alimentação que você pode ter a partir de agora! Começar a ter uma alimentação saudável e equilibrada pode ser um desafio, mas não é uma missão tão difícil quanto parece. A Flormel, líder no segmento de sobremesas sem adição de açúcares no Brasil, foi consultada para que você descubra por onde começar a ter uma alimentação saudável e equilibrada. Saiba como selecionar os alimentos no seu prato para ter uma alimentação saudável e equilibrada Para começar a ter uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental que o processo comece na escolha dos alimentos que irão para o seu prato. Dê preferência aos produtos que são os aliados de uma alimentação saudável e equilibrada, como os in natura, os grãos, folhas, frutos, legumes e verduras. Se jogue sem medo! Ah, a Flormel também relembra aquela dica clássica, porém certeira para ter uma alimentação saudável e equilibrada: beber bastante água! Ela é a melhor companheira que se pode ter quando se fala sobre começar a ter uma alimentação mais saudável e equilibrada. Saiba mais sobre a Flormel A Flormel é uma indústria de alimentos saudáveis, que produz doces, chocolates e snacks sem adição de açúcares, levando só coisa boa à todo o Brasil, de uma forma simples e inovadora, com sabor e saúde. Os snacks também podem fazer parte de uma alimentação saudável e equilibrada! Sim, você pode ter lanchinhos em uma alimentação saudável e equilibrada na verdade, eles são essenciais! Quando bater aquela vontade de comer algo no meio do dia, faça escolhas mais saudáveis, sempre respeitando o que o seu corpo está te pedindo. A Flormel, por exemplo, tem um mix incrível de opções, para todos os gostos e desejos, feito com ingredientes naturais, sem adição de açúcares e cheio de sabor, que você pode encontrar nas principais redes de supermercado, como Carrefour, Pão de Açúcar, Lojas Americanas e diversos outros. — Foto: Divulgação: Flormel Comer bem é essencial para ter uma alimentação saudável e equilibrada! Escolher os alimentos do seu prato é muito importante, mas o ambiente e a forma como você come também influencia muito na hora de começar a ter uma alimentação saudável e equilibrada. O tempo reservado para comer deve ser tranquilo e satisfatório, bem como o lugar. Sempre que possível, escolha comer em um ambiente calmo, aconchegante, que lhe permita aproveitar ao máximo suas refeições! Siga a Flormel nas redes sociais e acesse o site para saber mais! Nutricionista Responsável: Lara Taranto - Nutricionista - CRN3 43.690 Eduardo Pio X, do MDB, foi eleito, neste domingo (15), prefeito de São Miguel do Guamá (PA) para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Eduardo Pio X teve 51,74% dos votos. Foram 16.194 votos no total. O candidato derrotou Antonio Doido, que ficou em segundo lugar com 48,26% (15.102 votos). A eleição em São Miguel do Guamá teve 18,4% de abstenção, 0,8% votos brancos e 2,81% votos nulos. Eduardo Pio X tem 37 anos, é divorciado, tem superior completo e declara ao TSE a ocupação de administrador. Ele não declara nenhum bem como patrimônio. A vice é Ana da Saúde, do PSD, que tem 45 anos. Os dois fazem parte da coligação São Miguel Que Queremos, formada pelos partidos MDB, PSC, PSD, PC do B, PODE, PDT e PSDB. Veja o resultado após o fim da apuração: Eduardo Pio X - MDB - 51,74% Antonio Doido - PL - 48,26% * Esta reportagem foi produzida de modo automático com o apoio de um sistema de inteligência artificial e foi revisada por um jornalista do G1 antes de ser publicada. Se houver novas informações relevantes, a reportagem pode ser atualizada. Saiba mais sobre o sistema de inteligência artificial usado pelo G1 em g1.com.br/eleicoes Terra da Gente se aventura por maior campo de gelo fora da Antártica na Patagônia Chilena. Onde fica o fim do mundo? Pode parecer estranho, mas não é tão longe do Brasil e faz parte da Patagônia sul chilena. Para chegar até lá, a equipe do TG precisou de avião e muita estrada, até finalmente chegar ao mar, em um dos lugares mais difíceis do mundo para navegação. É tanto gelo que a velocidade do barco diminuiu e quase para. Vale tudo para conhecer o maior campo de gelo fora da Antártica que existe, com cerca de 100 metros de altura e três quilômetros de frente: o Glacial Amália. Glacial Amália é o maior campo de gelo fora da Antártica. — Foto: Terra da Gente/Acervo pessoal O paredão gelado é a terceira maior extensão de gelo continental do mundo e impressiona a todos pela grandiosidade e beleza. Venha viver essa aventura e se encantar com a gente neste sábado (20/06), a partir das 14h, na EPTV. Viih Tube participa do ""Mais Você"" e conversa com Ana Maria Braga — Foto: Reprodução/Globo Viih Tube esteve no ""Mais Você"" na manhã desta segunda-feira (26), após ser eliminada do ""BBB21"". A youtuber deixou o reality show ao receber 96,69% dos votos em um paredão contra Fiuk e Gil. Logo no início da entrevista, Viih Tube brincou com sua fama de não tomar banho ao longo do programa ao explicar que passou a noite em claro. ""Não dormi, mas tomei banho. Pelada com meu namorado, foi tudo, maravilhoso"", disparou a youtuber. Ao final da entrevista, o assunto sobre os banhos de Viih foi retomado e ela explicou porque foi vista poucas vezes embaixo do chuveiro. “É 'uó' tomar banho naquela casa com todas as câmeras olhando. Mas tomava banho, sim. No [banheiro] reservado tem ducha e sabonete íntimo. Tomava banho de gato. Um dia banho normal, um dia banho de gato. Odiava tomar banho naquela casa, todo mundo te ohando. Então ficava no banheiro peladona e era melhor."" Durante conversa com Ana Maria Braga, a youtuber apontou que o excesso de jogo pode ter sido o motivo de sua eliminação. ""No BBB acabei sendo outra pessoa. E foi jogo por um lado. Inclusive acho que foi o motivo pelo qual fui eliminada. Joguei até demais, passei do ponto. Percebi, mas já saí"", afirmou. ""Lá dentro, fui a Viih Tube jogadora. Tive meu jogo lá dentro, mas não imaginava que ia repercutir tanto aqui fora, não."" Ana Maria ainda mostrou para a youtuber alguns memes gerados com a vibração do público quando Viih foi indicada ao paredão. ""Se eu fosse o público, eu faria a mesma coisa. Eu me tiraria. Porque eu já assisti BBB. Sei como é ser telespectador. Eu já tava sabendo que eu ia sair, não tinha nenhuma dúvida."" ""Já era minha hora de sair. Acho muito justo ter saído. Queria um milhão? Queria. Mas já tinha cagado em tudo, então vamos embora."" ""O público do BBB é um público muito justo. Achei justo o que fizeram"", declarou a sister. Viih ainda comentou que sua torcida vai para Juliette e que aposta em uma final entre a maquiadora, Gil e Camilla de Lucas. Acadêmicos do BBB: jogadores estrategistas têm menos chance de ganhar o reality? Sala de exames do Lacen, único laboratório autorizado, atualmente, para confirmar ou descartar casos de coronavírus em MT — Foto: Tchélo Figueiredo - Secom/MT A Secretaria Estadual de Saúde (SES) notificou, até esta sexta-feira (31), 52.078 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, sendo registrados 1.842 óbitos em decorrência do coronavírus no estado e 48 mortes nas últimas 24 horas. Foram registradas 1.540 novas confirmações de coronavírus no Estado. Do total de casos confirmados, 18.087 estão em monitoramento e 32.149 estão recuperados. Entre casos confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, há 301 internações em UTIs públicas e 296 em enfermarias públicas. Isto é, a taxa de ocupação está em 86,34% para UTIs adulto e em 33,48% para enfermarias adulto. Dentre os dez municípios com maior número de casos de Covid-19, estão Cuiabá (11.507), Várzea Grande (4.167), Rondonópolis (3.288), Lucas do Rio Verde (2.844), Tangará da Serra (2.150), Sorriso (2.037), Sinop (2.016), Primavera do Leste (1.782), Nova Mutum (1.461) e Pontes e Lacerda (936). O boletim ainda aponta que 45.722 amostras já foram avaliadas pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-MT) e que, atualmente, restam 3.237 amostras em análise laboratorial. O casal Kim Kardashian e Kanye West posa para fotos antes da cerimônia do Oscar 2020 em 9 de fevereiro — Foto: Evan Agostini/Invision/AP Após uma série de polêmicas nos últimos dias, o rapper Kanye West publicou neste sábado (25) em seu perfil de Twitter um pedido de desculpa a sua esposa, a empresária e influenciadora digital Kim Kardashian. Nos últimos dias, o rapper tem feito comentários e posts polêmicos nas redes sociais e em eventos: Na quarta-feira (22), Kim fez posts no Instagram para falar sobre o transtorno bipolar do marido e pediu “compaixão e empatia”. Kim publicou um longo texto justificando que achava necessário falar “por causa do estigma e das visões equivocadas sobre questões de saúde mental”. “Como muitos de vocês sabem, Kanye tem transtorno bipolar. Quem tem isso ou tem um ente querido em sua vida sabe o quão incrivelmente complicado e doloroso é entender”, escreveu. “Eu nunca falei publicamente sobre como isso nos afetou em casa, porque eu sou muito protetora dos nossos filhos e do direito de Kanye à privacidade quando se trata de sua saúde. Mas, hoje, sinto que devo comentar sobre sua saúde, por causa do estigma e equívocos sobre saúde mental.” A empresária falou que entende a exposição do marido por ser uma figura pública e a repercussão que seus comentários podem ter. “Ele é uma pessoa brilhante, mas complicada, que, além das pressões de ser um artista e um homem negro, viveu a dolorosa morte de sua mãe, e ainda tem que lidar com a pressão e o isolamento que é intensificado pelo seu transtorno bipolar”, explicou Kim. Kim e Kanye têm quatro filhos: Rapper Kanye West anuncia candidatura à presidência dos EUA Ao avistar um bem-te-vi fica fácil entender de onde seu nome surgiu: canto inconfundível — Foto: Rudimar Narciso Cipriani Quem é que não sabe identificar um bem-te-vi, não é mesmo? Considerada uma das aves mais populares do Brasil, ela é facilmente reconhecida pela vocalização, que deu origem ao seu nome e, claro, pelo seu traje característico: dorso castanho, ventre amarelo, garganta branca, cabeça preta com listras brancas e penas amarelas no topo que só ficam em evidência em alguns momentos. Mas apesar de ser aparentemente reconhecida pela grande maioria da população, esta espécie da família dos tiranídeos, merece um capítulo à parte. Isto porque é comum ouvir relatos distintos sobre ela. Quem nunca escutou alguém dizendo “eu vi um bem-te-vi anão esses dias” ou até: “olha só que bem-te-vi grandão, esse tem um bico enorme!”. Essas análises curiosas revelam um fato que nem todo mundo sabe. No Brasil não existe um único bem-te-vi, mas vários! Pelo menos onze espécies distintas podem ser encontradas em nosso território. E apesar de algumas apresentarem grandes semelhanças, cada uma possui particularidades. Bem-te-vi é uma das aves mais populares do Brasil; espécie é confundida com outros parentes — Foto: Ananda Porto/TG O que também dificulta um pouco esta compreensão dos bem-te-vis é que, em cada região, as espécies têm nomes populares distintos e, muitas vezes, isso pode confundir. Mas de uma maneira geral, pode-se dizer que o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) possui vários “primos” que também levam seu nome, como: bem-te-vi-barulhento, bem-te-vi-de-copa, bem-te-vi-de-barriga-sulfúrea, bem-te-vi-de-cabeça-cinza, bem-te-vi-pequeno, bem-te-vi-pirata e bem-te-vi-rajado. Existem ainda os parentes que são relativamente menores, recebem o nome popular no diminuitivo e são muito semelhantes, como o bentevizinho-de-asa-ferrugínea, bentevizinho-do-brejo e bentevizinho-de-penacho-vermelho. Este trio apresenta a plumagem quase idêntica e por isso são as espécies alvo de confusão. Mas as semelhanças não param por aí. O neinei, também conhecido como bem-te-vi-bico-de-gamela, ou bem-te-vi-do-bico-chato é um dos parentes mais comuns de serem confundidos com o “verdadeiro” bem-te-vi. A principal diferença entre eles está no tamanho do bico, que é bem mais robusto no primo, e também na voz, que é estridente e parece dizer “neinei”, por isso o nome popular da espécie. Pelo menos outras quatro aves podem ser confundidas com o bem-te-vi — Foto: Ilustração Tomas Sigrist/ Arte TG Uma ave que muitas pessoas acreditam que seja filhote de bem-te-vi, devido ao tamanho e a plumagem, mas não pertence à família é a cambacica, também conhecida como sebinho, ou caga-sebo. Se de longe essas espécies são quase iguais, de perto é possível notar diferenças, mesmo que minuciosas. Além da aparência, é possível perceber a diferença entre algumas a partir do canto, e também pela área de ocorrência. Bem-te-vi pode ser encontrado em todo o país — Foto: Ananda Porto/TG Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) Mede pouco mais de 20 centímetros, é conhecido popularmente como bem-te-vi-verdadeiro, ou bem-te-vi-de-coroa, por apresentar penas amarelas no topo da cabeça e quando eriça essas penas elas se assemelham à uma coroa. Tem o canto característico em que parece dizer “bem-te-vi”, daí a origem do nome da ave. Pode ser visto sozinho ou aos pares. Alimenta-se de insetos, frutos e até filhote de outras aves. É uma ave valente, comum de ser observada espantando tucanos e até aves de rapina em voo. Distribui-se por todo o Brasil e é encontrado com facilidade dentro de áreas urbanas. Bem-te-vi-pequeno é uma das espécies confundidas com o bem-te-vi ""verdadeiro"" — Foto: Carlos Gussoni Bem-te-vi-pequeno (Conopias trivirgatus) Como o próprio nome popular diz, é uma espécie relativamente pequena se comparada ao “verdadeiro”. Mede pouco mais de 10 centímetros. Apresenta a plumagem característica do bem-te-vi, exceto por não possuir penas brancas na região da garganta. Assemelha-se ainda com o bem-te-vi de copa, porém não tem o tom amarelo no topo da cabeça. Ocorre no Sudeste da Bahia a Santa Catarina e na Amazônia. Pode ser observado em bandos mistos. Apesar de parecer com o verdadeiro, bem-te-vi-da-copa ocorre exclusivamente na região Amazônica — Foto: Tomaz Melo Bem-te-vi-da-copa (Conopias parvus) Com cerca de 15 centímetros esta espécie é facilmente confundida com o bem-te-vi “verdadeiro” e também com o bem-te-vi-pequeno. A principal diferença entre o último é que o bem-te-vi-da-copa tem penas amarelas no píleo. A dificuldade é identificar esse detalhe, que nem sempre fica em evidência. Assim como os demais parentes se alimenta de insetos. É uma ave amazônica, habita o interior de florestas úmidas, clareiras e matas secundárias. Pode ser avistado sozinho, aos pares ou em bandos mistos. Distribui-se no Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Nenei possui um bico avantajado se comparado ao bem-te-vi verdadeiro — Foto: Carlos Gussoni Neinei (Megarynchus pitangua) Com pouco mais de 20 centímetros, este é um dos parentes mais confundidos com o bem-te-vi. Apresenta a plumagem característica, porém se difere principalmente pela vocalização e pelo tamanho do bico, que é avantajado, mas dependendo do ângulo não dá para notar esse detalhe. Se alimenta de insetos, frutos, lagartos e filhotes de outras aves. É considerada uma espécie mais arisca que o bem-te-vi “verdadeiro”. Canta em dueto e em algumas regiões é migratório. Distribui-se por todo o Brasil. Bentevizinho-de-penacho-vermelho possui bico e cabeça menores ao bem-te-vi verdadeiro — Foto: Carlos Gussoni Bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis) Pode medir até 18 centímetros. Com porte menos avantajado, é confundido com o bem-te-vi por apresentar a plumagem semelhante. Como o nome popular diz, esta ave tem penas em tons vermelho no topo da cabeça, porém só são notadas quando eriçadas. O bico é menor se comparado ao do primo. Alimenta-se de insetos e pode ser visto aos pares ou em pequenos grupos. Distribui-se por quase todo o Brasil. Bentevizinho-do-brejo apresenta o bico mais fino e alongado — Foto: Carlos Gussoni Bentevizinho-do-brejo (Philohydor lictor) Assim como outros parentes, esta espécie se assemelha ao bem-te-vi, por apresentar o mesmo traje característico, inclusive as penas amarelas no topo da cabeça. Mede cerca de 18 centímetros e pode ser diferenciado por apresentar um bico comprido e fino. Como o próprio nome diz, esta ave está associada às margens de rios e lagos. Pode ser observada aos pares ou em pequenos grupos familiares. Ocorre em quase todo o Brasil, exceto em alguns estados do Nordeste e no Sul do país. Bentevizinho-de-asa-ferrugínea pode ser visto aos pares ou pequenos grupos — Foto: Tomaz Melo Bentevizinho-de-asa-ferrugínea (Myiozetetes cayanensis) Possui as mesmas características do bem-te-vi verdadeiro, podendo ser distinguido por pequenas características. Com pouco mais de 16 centímetros esta espécie apresenta parte da asa em tom ferrugem, porém nem sempre é fácil de visualizar. Uma forma de identificá-la dos demais é pela vocalização. Pode ser encontrado em quase todo o país, com exceção de áreas no Nordeste e também ao Sul do Brasil. Vive em áreas próximas à água e tem o hábito de dormir em grupo. Globo Repórter - 10/07/2020 Nestes tempos difíceis em que vivemos, de automóveis estacionados, aviões no chão, ônibus e trens que podem significar risco para a nossa saúde, nenhum outro meio de transporte ganhou tanto prestígio quanto a bicicleta. Governos europeus estão oferecendo facilidades e até dinheiro para cada cidadão disposto a comprar uma e se locomover sobre duas rodas: opção menos poluente e muito mais segura contra o ameaçador coronavírus. Era um bom momento, portanto, para reviver uma reportagem que levou os repórteres do Globo Repórter a pedalar pelo Brasil. Eles chegaram à cidade onde carros e motos não entram e mostraram pessoas que fizeram da bicicleta seu parceiro de trabalho ou que optaram por ela como uma forma de melhorar sua qualidade de vida e também acabaram melhorando a vida financeira. Você sabia que ir para o trabalho de bicicleta ajuda a evitar doenças crônicas, perder peso e é muito mais econômico. Assista! Nesta sexta-feira (10), horas antes da reapresentação do #GloboRepórter, um dos entrevistados do programa, o professor Erlon Marum de Freitas sofreu um infarto fulminante e não resistiu. Deixamos aqui nosso agradecimento a esse homem gentil, alegre e apaixonado pelo ciclismo que conhecemos durante a gravação do programa em Sorocaba, no interior de São Paulo. Graças ao professor Erlon, centenas de alunos conseguiram realizar o sonho de andar de bicicleta. Poeta e contador de histórias, Jessier Quirino se apresenta no Recife — Foto: Vitor Quirino/Divulgação O poeta e contador de histórias Jessier Quirino traz duas apresentações do seu mais recente espetáculo ao Recife. Os shows da turnê ""Doidos do Juízo"" acontecem na sexta-feira (8) e no sábado (9), no Teatro RioMar, na Zona Sul da capital. Os ingressos custam a partir de R$ 35. Paraibano de Campina Grande, Quirino é arquiteto, poeta, compositor e se diz um “prestador de atenção das coisas do mato”. No palco, o artista é acompanhado pelos músicos Arnaud Neto, no sax e na flauta; Nelys Nunes, no piano; e Antonio China, na percussão. O espetáculo traz a veia brincante de Quirino, que conta os causos do interior explorando personagens e histórias peculiares. Os ingressos para “Doidos de Juízo” são vendidos na pela internet e na bilheteria do teatro. Jessier Quirino em “Doidos de Juízo” Sexta-feira (8) e sábado (9), às 20h30. Teatro RioMar Recife Ingressos: à venda na bilheteria do teatro e pela internet Informações: (81) 3039-3700 Cantor sertanejo Cauan está com 70% dos pulmões comprometidos por causa da Covid-19 Depois de passar a comemoração do aniversário de 8 anos sem o pai, o cantor sertanejo Cauan, por estar internado numa UTI de um hospital particular de Goiânia em razão da infecção por coronavírus, a filha do artista, Maria Eduarda Máximo, disse em vídeo que está orando pela melhora dele. Cauan e a filha Maria Eduarda em casa, em post publicado nas redes sociais — Foto: Reprodução/Instagram De acordo com o comunicado sobre o estado de saúde do cantor, divulgado pela família, ""a tomografia mostrou piora do comprometimento pulmonar, que agora é de 70% a 75%"", neste domingo. O boletim também informa que Cauan está ""estável, fazendo uso de vários medicamentos (antibióticos, anticoagulante, plasma do convalescente, dentre outros) e em oxigenioterapia contínua"". Em conversa com a TV Anhanguera, a Duda diz que está com saudades do pai, a quem é muito apegada. Assim que o artista se recuperar e voltar para casa, a filha afirma que só vai querer matar as saudades. Maria Eduarda, filha de Cauan, comemorou 8 anos sem o pai, que está internado, em Goiás — Foto: Reprodução/Instagram O aniversário de 8 anos da Maria Eduarda foi comemorado no sábado, em casa, com alguns familiares, mas sem a presença de Cauan. O cantor Cleber, que canta com Cauan, disse em vídeo que torce pela melhora do parceiro e que espera voltar aos palcos juntos. Em uma publicação nas redes sociais da dupla, a equipe informou que Cauan começou a sentir sintomas do coronavírus no último dia 7 de agosto, quando teve febre e dores no corpo. Na segunda-feira (10), o cantor fez o exame e, no dia seguinte, teve a confirmação da doença. Na última quarta-feira (12), ele precisou ser internado. Dupla Cleber e Cauan é atração do fim de semana em Natal — Foto: Divulgação Cauan, da dupla com Cleber, cantando música religiosa Adolescente de 15 anos foi morta com tiro na testa em Cariacica Uma adolescente de 15 anos foi morta com um tiro na testa no bairro Vila Prudêncio, em Cariacica, na Grande Vitória, na tarde deste sábado (24). Nenhum suspeito do crime foi preso. O crime aconteceu na casa de um tio de Raíssa da Silva Souza. De acordo com os familiares, Raíssa decidiu deixar o companheiro na última sexta (23) e ele enviou um áudio fazendo ameaças. Em um dos trechos do áudio, ao qual a TV Gazeta teve acesso, um homem, que segundo a família da vítima é o ex-companheiro, diz: ""Você pode ficar longe o tempo que for. Você pode sumir o tempo que for, parceira. Mas mas uma coisa que vou falar pra você: uma hora eu te acho, Raissa. Uma hora alguém aparece e diz 'eu vi Raissa em tal bairro, eu vi Raissa em tal lugar'"", diz parte do áudio. Em um outro momento, uma voz que parece ser da mesma pessoa continua: ""Eu já falei com você, que você vai derramar sangue nosso por causa desse mal costume de meter o pé. Então, parceira, segura os voos. Você não está acreditando em mim, a notícia vai bater na sua porta. Desse jeito aqui, ó! Vai bater na sua porta a notícia. Pode ter certeza"", diz outro trecho do áudio, Após sair da casa onde vivia com o ex-companheiro, Raíssa foi para a casa de uma amiga. Depois, passou a noite na casa de parentes na tentativa de se esconder dele. Já no sábado, ela seguiu para a casa dos pais, em Vila Velha, mas acabou sendo encontrada pelo rapaz. Familiares da adolescente afirmam que ele apareceu armado na residência e a obrigou a sair com ele. Os dois foram então para a casa do tio de Raíssa, em Vila Prudêncio, onde ela foi assassinada. Raíssa da Silva Souza foi assassinada em Vila Prudêncio, Cariacica — Foto: Reprodução/TV Gazeta ""O tio falou que eles chegaram conversando. E o tio foi fazer um miojo. Os vizinhos viram que ela chegou três vezes na varanda, mas eles não sabiam de nada e não tinham como interferir. Aí eles escutaram o tiro e os dois saíram para fora"", contou a avó de Raíssa. Segundo testemunhas, enquanto o tio de Raíssa saiu para pedir ajuda para a sobrinha, o ex-companheiro da vítima pedia ajuda para fugir. A Polícia Militar foi chamada e acionou uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No entanto, ao chegar ao local, a equipe constatou que Raíssa já estava morta. No quintal da casa, os policiais localizaram uma metralhadora semi-industrial com uma munição deflagrada. A arma foi entregue à Polícia Civil. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), mas não confirmou que se trate de um crime de feminicídio ou se o ex da vítima está sendo investigado como suspeito. ""Somente após a autoridade policial que estará à frente das investigações formar sua convicção pautada na análise de todos os elementos indiciários coletados no inquérito policial que se pode afirmar a presença de uma qualificadora, como a qualificadora do feminicídio"", destacou a polícia. Semana Pop conta fofocas e tudo o que você precisa saber sobre os VIPs do 'BBB 21' O ""BBB21"" terá anônimos e famosos, como na histórica edição anterior. Para quem ainda está perdido nas informações sobre os VIPs escalados para o programa, o Semana Pop deste sábado (23) explica tudo o que é preciso saber sobre cada um deles. O Semana Pop vai ao ar toda semana, com o resumo do tema que está bombando no mundo do entretenimento. Pode ser sobre música, cinema, games, internet ou só a treta da semana mesmo. Aline Souza foi morta pelo pai em Ariquemes — Foto: Arquivo Pessoal A mãe de Aline Santos Souza Silva, a menina assassinada pelo próprio pai em Ariquemes (RO), se manifestou nas redes sociais sobre o crime brutal contra a criança de um ano e nove meses. No Facebook, nesta sexta-feira (26), Verônica Silva postou uma foto da filha e escreveu: Aline Souza foi enforcada e morta pelo pai na noite de quinta-feira (25), em uma estrada da zona rural de Ariquemes. O suspeito, de 28 anos, confessou o crime e diz que matou a filha para se vingar da ex-companheira, pois ela não queria reatar o relacionamento. Segundo a Polícia Militar (PM), Verônica já tinha uma medida protetiva contra o ex-marido, pois depois do fim do relacionamento ele a perseguia. Na quinta-feira, o suspeito foi à casa dos avós paternos e buscou a criança para passar o dia com ele, em uma casa do Loteamento São Francisco. Enquanto cuidava da criança, o homem criou um perfil fake no Facebook e começou a conversar com Verônica. Durante o bate-papo fake com a ex, o suspeito descobriu que a mulher estava tendo um novo relacionamento. Logo depois o homem devolveu a filha na casa dos avós e passou a enviar vários prints para o celular de Verônica, mostrando ter descoberto a nova relação dela. Incomodada com a insistência do suspeito, Verônica ressaltou que não tinha vontade de reatar o relacionamento com o ex-marido e o homem então arquitetou como poderia prejudicar e magoar a ex-mulher. Nesse momento, segundo a PM, ele decidiu matar a própria filha. À noite, o suspeito retornou na casa dos avós de Aline e pediu para ficar mais um pouco com a filha, pois ainda estaria com saudades da menina. O pai então pegou Aline no colo e, logo depois dos dois saírem da casa, o homem passou a enforcar a própria filha. Quando já estava mais afastado da casa, na linha rural C-55, o pai jogou Aline no chão e passou a dar pauladas na cabeça da filha. Ele só parou de golpear a menina quando teve certeza que ela não tinha mais sinais vitais. Segundo a PM, depois de matar a menina o suspeito foi até a casa de Verônica e afirmou ter matado a filha deles, mas ela não acreditou. O homem de 28 anos foi então até um vizinho e pediu para a polícia ser chamada até o local do crime. Criança foi morta pelo próprio pai em uma estrada da Linha C-55 em Ariquemes, RO — Foto: WhatsApp/Reprodução O suspeito confessou o assassinato da filha, foi preso em flagrante e conduzido à Delegacia de Ariquemes. Após Verônica postar uma foto da filha, amigos e internautas enviaram mensagens de apoio à mãe de Aline. ""Deus lhe dê força, amiga. Que a justiça de Deus e dos homens seja feita"", diz uma amiga. Outra internauta escreveu: ""Essa princesa [Aline] está em um bom lugar. Que Deus conforte seu coração e de toda a família"". Sharon Acioly, autora de 'Ai se eu te pego' e 'Dança do Quadrado', nos tempos de coreógrafa e cantora do Axé Moi e em 2020, em Miami, nos EUA — Foto: Acervo Pessoal Lançada oficialmente há 10 anos, ""Ai se eu te pego"" só virou sucesso após cinco versões diferentes e quatro anos de muita insistência de Sharon Acioly. A empresária de 50 anos também é autora da ""Dança do Quadrado"", hit que viralizou em 2008. Hoje, ela mora em Miami, onde produz festas infantis, mas os dois sucessos são dos tempos em que ela era a criadora de músicas e coreografias do Axé Moi, complexo de lazer em Porto Seguro, na Bahia. ""Eu não me considero compositora"", diz Sharon ao G1 (ouça no podcast abaixo). ""Só fiz duas músicas na vida e vieram de brincadeiras de palco. Como não estou mais no palco para ter essas inspirações, não tem nada para compor. A coisa vinha ali da troca com a plateia. Você vai brincando e vira música."" Nesta semana, o G1 conta as histórias dos maiores hits do Brasil no exterior. E de seus compositores. Quais as músicas brasileiras que bombaram nas paradas da Europa e dos EUA? Criada no Rio de Janeiro, Sharon nasceu nos Estados Unidos, para onde voltou em 2016. ""Eu tenho duas festas consolidadas. Faço carnaval, folia junina."" ""Vim pra cá, porque estava bem ruim de trabalho. Eu estava trabalhando com eventos. Depois das Olimpíadas, o mercado no Rio ficou muito, muito ruim. Caíram demais os eventos. Eu tenho uma filha de sete anos. Achei que seria uma boa e vim para cá."" ""Ai se eu te pego"" foi criada a partir dos gritos de três estudantes paraibanas, que estavam no Axé Moi. ""Eu vi aquilo e botei as meninas em cima do palco. 'Agora vocês vão ser minhas backing vocals'. Eu apresentei os dançarinos e elas entraram falando. Ficou nisso. Elas foram embora e eu continuei usando aquilo."" Sharon Acioly, empresária e compositora de 'Ai se eu te pego', com a filha e com Jacaré — Foto: Acervo Pessoal A primeira versão da música foi escrita em meia hora, no percurso entre os aeroportos de Guarulhos e Congonhas. Sharon criou a versão mais estruturada (""estrofe, refrão, tudo direitinho"") para apresentá-la no programa ""Superpop"", de Luciana Gimenez. Mas não rolou. Então, começou a usar a nova ""Ai se eu te pego"" em uma turnê pelo Brasil, de carona em ""Dança do Quadrado"". Depois de um apresentador de uma barraca de praia rival do Axé Moi começar a cantar a música, Sharon correu para gravar e registrar ""Ai se eu te pego"". Segundo Sharon, ela tentou conversar com as três meninas para creditar a coautoria, mas não teve respostas. Depois que os versos viraram hit, as estudantes entraram na justiça e foi feito um acordo. Após o sucesso do vídeo de ""Dança do Quadrado"" no YouTube, hoje com mais de 22 milhões de visualizações, ela tentou a sorte de novo. ""Eu pensei com os meus botões: 'Pô, vou fazer um vídeo tosco do 'Nossa, assim você me mata'. A gente vai bombar e vai viralizar"", lembra Sharon, rindo. ""Só que não deu certo. O vídeo não deu em nada. Mas eu continuava insistindo. Eu tocava duas, três vezes por dia no Axé Moi. Os dançarinos já querendo de matar. Mas eu dizia: 'Eu não posso abandonar isso, porque vai acontecer alguma coisa com esse negócio.' Foram quatro anos até a música chegar no Michel Teló. Eu insisti muito."" Michel Teló — Foto: Foto: Divulção Cantada por Michel Teló, ""Ai se eu te pego"" subiu até o lugar de número 81 no Hot 100, a principal parada da revista americana ""Billboard"". Na Europa, foi ainda melhor. Ela ficou em primeiro lugar em rankings da Suíça, Alemanha, Áustria, França, Holanda, Bélgica, Suécia, Espanha e Itália. Boa parte do sucesso é explicada pela coreografia, que foi parar nos jogos do Real Madrid. Marcelo, lateral-esquerdo do time espanhol, apresentou os passinhos para Cristiano Ronaldo. O atacante português comemorou muitos gols dançando ""Ai se eu te pego"", em 2011. A banda baiana Meninos de seu Zeh foi a primeira a cantar em shows, em nova versão feita por Sharon e pelo compositor e empresário Antonio Dyggs. A primeira versão oficial foi da também baiana Cangaia de Jegue, em 2010, com um arranjo mais forró pé de serra. Mas a música mostrou sua força no nordeste após ser ""comprada"" por Wesley Safadão, na época ainda vocalista do Garota Safada. Em 2011, era comum sucessos surgirem no nordeste, com versões forrozeiras, e depois estourarem de vez com versões sertanejas dançantes. Naquele ano, o cantor cearense contou ao G1 que pagava entre R$ 7 mil e 40 mil para comprar a exclusividade de gravação dessas músicas. Ele pagou pela exclusividade de “Ai se eu te pego”, mas depois aceitou liberá-la para Teló. ""Ter a autorização para cantar uma música é igual comprar um carro. Você compra e a música é sua"", comentou Safadão. Nesse momento de distanciamento social, ficar em casa e se cuidar é fundamental. Mas os sonhos não podem parar. E a conquista de uma moto é possível mesmo em tempos de quarentena. Sua segurança sempre foi a prioridade da Sanmell Motos, e agora ainda mais, por isso, todo atendimento continua no modo on-line, com a mesma qualidade de sempre. Através dos nossos canais, você pode escolher a melhor forma de adquirir sua moto seguindo alguns passos: No consórcio: No financiamento: Financiamento Titan — Foto: Divulgação Sanmell Motos Oficinas da Sanmell — Foto: Divulgação Sanmell Motos Nossas oficinas continuam abertas também com agendamento on-line, tudo para você fazer a manutenção na sua moto e deixar em dia o veículo que está fazendo com que o país não pare. Você pode escolher a cidade mais próxima de você e agendar seu serviço ou revisão mandando um whats para: Contato — Foto: Divulgação Sanmell Motos Por tudo, quando alguém perguntar o que faz uma empresa durar mais de 40 anos no Brasil, mesmo em épocas de crise como essa? A resposta é: Trabalho sério e perseverança. Jessier Quirino apresenta novo show em Caruaru — Foto: Aderaldo Júnior O poeta paraibano Jessier Quirino vai voltar a Caruaru, no Agreste de Pernambuco, com o novo show, ""Doidos de Juízo"". A apresentação será no dia 4 de outubro, às 20h, no Centro de Convenções do Senac. O espetáculo, embalado por humor e música, é, nas palavras do poeta, “uma homenagem à galeria de espíritos iluminados que habitam esse mundão de meu Deus, cada um, a seu modo, cometendo suas doidices”. Jessier sobe ao palco com três músicos: Arnaud Neto, no sax e na flauta, Nelys Nunes, no piano, e Antonio China, na percussão. De acordo com a assessoria, em “Doidos de Juízo”, Quirino se vale de sua veia brincante como nunca para contar causos que revelam comportamentos, personagens e peculiaridades do interior, com um amplo repertório gestual que dá ainda mais vida às narrativas já cheias de graça. Os ingressos para “Doidos de Juízo” já estão sendo vendidos nas lojas Mioche do Shopping Caruaru e do Shopping Difusora, e custam R$ 45 (meia) e R$ 90 (inteira). Há ainda o ingresso social ao valor de R$ 75 mais um quilo de alimento, que deve ser entregue na entrada do espetáculo. Todas as doações serão encaminhadas para uma instituição de caridade. Serviço Jessier Quirino em “Doidos de Juízo” Data: 4 de outubro de 2019 Local: Centro de Convenções do Senac Hora: 20h Ingressos: R$ 45 (meia), R$ 90 (inteira) e R$ 75 + 1kg de alimento (ingresso social) Informações: (81) 99693-8800. Wassef, dono do imóvel em que foi preso Queiroz, nega tê-lo escondido Dois dias depois de a polícia entrar na casa registrada como escritório de advocacia de Frederick Wassef em Atibaia e retirar de lá Fabrício Queiroz, Wassef decidiu se manifestar neste sábado (20). Ele negou ter escondido Fabrício Queiroz e contradisse a alegação da advogada Karina Kufa, de que ele não representaria o presidente Jair Bolsonaro. Wassef disse que é advogado do presidente e do filho Flávio. A reportagem é de Willian Okada e Renata Ribeiro. O homem de confiança da família Bolsonaro falou na saída de uma farmácia, na capital paulista. Frederick Wassef disse que estava a caminho de Atibaia, interior de São Paulo. “Eu vou lá, eu tenho coisas para fazer lá, eu vou no escritório, eu quero ver o que aconteceu lá e tenho que ir lá no outro endereço também, onde eu tirei todas as coisas do escritório e botei no outro”, afirmou. Foi em Atibaia, na casa registrada como escritório de advocacia de Wassef, que Fabrício Queiroz foi preso, na quinta-feira (18) de manhã. Neste sábado, depois de quase três dias de silêncio, o advogado não explica o que ex-assessor de Flávio Bolsonaro fazia na casa dele. “Daqui a poucos dias, talvez já essa semana, eu vou poder contar. Hoje eu não posso me antecipar na televisão sobre estratégias e nem falar sobre qualquer coisa que prejudique”, disse. Repórter: O senhor monitorava as ações dele? Wassef: Nunca. Isso é ment... isso é crime, isso é crime de calúnia, fake news. E vou dizer mais. Desde que o Queiroz foi preso, eu estou sofrendo há três dias todo tipo de fake news, mentiras e o objetivo disso é destruir minha imagem, minha reputação. Vamos deixar bem claro: Queiroz não era testemunha, não é testemunha, não é réu, ele um averiguado, certo? E outra coisa: jamais escondi Queiroz, Queiroz não estava escondido. Por que que não estava? Porque ele sequer estava sendo procurado. Repórter: Por que morando na sua casa? Já não acabaria com essas fake news? Wassef: Mas quem que disse que ele está morando na minha casa? Repórter: Por que ele estava lá quando foi encontrado? Wassef: Nós estamos aqui, numa padaria na rua. Nós não podemos afirmar que a senhora é dessa farmácia ou trabalha aqui, não tem nada a ver. Vocês têm uma localização, num dia que aconteceu e eu vou poder logo mais explicar porque e eu vou contar o todo, do A ao Z e vocês vão entender. No dia da operação, o caseiro, que mora numa edícula no fundo da casa, contou aos policiais que Fabrício Queiroz estava no local havia cerca de um ano. Informação confirmada pela delegada da Divisão de Capturas de São Paulo. “O que nós temos conhecimento é que ele estava lá há pouco mais de um ano, segundo informações do local”, disse a delegada Ivalda Aleixo. Em julho do ano passado, em entrevista à jornalista Andréia Sadi, ele afirmou que não conhecia Queiroz. Andréia Sadi: Quanto uma outra estratégia, muito discutida em Brasília, de que o Fabrício Queiroz, se ele falar, ele pode esclarecer esse caso. O senhor acha que ele deveria falar? Wassef: Eu entendo que essa ... toda pauta relativa a Fabrício Queiroz deve ser dirigida ao advogado dele. Como não represento esse cidadão e não o conheço, eu não posso responder por ele. Frederick Wassef disse que a casa de Atibaia estava em obras e que os móveis estavam do lado de fora. “A casa estava para reformar, para pintar, você pode ver que todos os móveis estavam fora. Você vê isso nas imagens da Globo. Vamos lá, o que me preocupou? Eu vi na imprensa por todos esses dias o seguinte, que quando prenderam o Queiroz foi encontrado dois celulares, 900 reais, um malote, agora eu não me recordo direito se foi um malote ou uma caixa com vários papeis e documentos, e isso me chamou atenção. Por que? Não tinha uma caneta Bic na casa. Tinha só os móveis básicos e que inclusive muitos já estavam desmontados, inclusive para fora da casa, porque ia ser pintada, reformada, uma série de serviços iam ser implementados ali naquela casa e não tinha nada”, disse. Pelas imagens da operação, é possível ver o que parece ser um sofá e ao lado uma mesa no quintal. Na sala, onde Queiroz espera os policiais havia móveis, um colchão e uma mesa. Investigadores esclareceram que os pertences de Queiroz encontrados lá foram guardados e lacrados em um malote para serem transportados para o Rio de Janeiro, onde o inquérito é conduzido. A delegada que comanda a Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo diz que nada lá dentro lembrava um escritório. “Lá dentro não aparentava, não tinha assim, num primeiro momento, que fosse um escritório de advocacia. Uma casa comum, não tinha nada que chamasse a atenção, que fosse um lar ou alguma coisa, comum e ele ficava num cômodo, num dos quartos, nada que despertasse a atenção que morava mais pessoas lá ou que frequentavam lá, não tinha nada, mais objetos colocados lá de uma forma mais displicente”, afirmou a delegada Ivalda Aleixo. Três representantes da OAB acompanharam a operação. ""Quando se trata de uma diligência em escritório de advocacia, a fim de preservar as prerrogativas profissionais da profissão, nós somos convocados a acompanhar a diligência e não foram encontrados indícios de que se tratava de um escritório de advocacia, no interior da residência, dentro dos cômodos em que tivemos acesso, e a pessoa que era procurada pelo mandado também não era advogado e nem os caseiros que residiam no imóvel eram advogados”, afirmou o presidente da OAB Campinas/SP, Daniel Blikstein. Segundo os investigadores, Queiroz e a mulher dele, Marcia Oliveira de Aguiar, que está foragida, trocaram mensagens em novembro do ano passado indicando que o casal estaria obedecendo instruções de alguém identificado como ""Anjo"". E que ""Anjo"" manifestou a intenção de esconder toda a família de Queiroz em São Paulo ao perceber que a decisão do STF seria favorável à continuação das investigações contra Flávio Bolsonaro. As investigações apontam que “Anjo” é Frederick Wassef. Na mensagem, Márcia pergunta: “Está na casa do anjo?” “Estamos.” Marcia: “Resume, ele falou alguma coisa?” Queiroz responde: “Querendo mandar todos pra São Paulo se a gente não ganhar. Aquela conversa de sempre.” Wassef nega que seja o anjo: “Outra coisa, nunca na vida eu tive imagem ou apelido de anjo. Esse tal de anjo, se é que existe não sou eu, tá? Deixar bem claro isso.” Na entrevista ao Jornal Nacional, Frederick Wassef disse que é responsável por todos os atos que praticou. Ele também diz que é vítima de uma conspiração para atacar o presidente Bolsonaro. “Eu conheço as forças que estão unidas para tentar fazer mal a mim para consequentemente atingir o presidente da República. Então eu vou dizer o seguinte: sobre isso, vão se decepcionar. Só no dia de hoje várias matérias dizendo que eu estaria bravo ou chateado ou fazendo algum tipo de ameaça ao presidente. Mentira, Brasil, não existe isso. Sou advogado do presidente, sou advogado do Flávio, não existe qualquer problema ou qualquer atrito. Tanto o presidente Bolsonaro não sabia de nada do meu trabalho e não tem nenhuma responsabilidade, como Flávio Bolsonaro também não sabia e não tem nenhuma responsabilidade. Aqueles que estão achando que atacar o advogado, destruir a vida e a imagem e a reputação do advogado, que com isso vão atingir o presidente Bolsonaro, se equivocam completamente”, afirmou. Depois da entrevista, Wassef foi até o carro de reportagem. A repórter voltou a perguntar sobre o motivo de Fabrício Queiroz ter sido encontrado na casa dele. Ele disse que não ia falar, porque revelaria uma estratégia de defesa do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro. “Então para eu dar as informações porque que o Queiroz estava lá e foi preso lá, eu tenho que contar um monte de coisa. Para eu contar esse monte de coisa, eu antecipo estratégia, eu vou ferir a ética profissional, que eu vou falar de sigilo profissional de um processo que estou defendendo o Flávio, e atrapalha. O chamado tiro no pé”, disse. A cada dia que passa, a saudade de encontrar os amigos aumenta. Mas sabemos também que ainda não é hora de aglomeração, nem de dar chance para o coronavírus. Em tempos de isolamento social, é importante manter o contato com as pessoas queridas e comemorar datas especiais sem sair de casa. Mas como? O Fantástico conversou com Deo'Jorge, e Cris Matos, organizadores das festas online D/BOA e O/NDA, que dão algumas dicas simples e essenciais pra você montar a sua. Veja no vídeo: Festa virtual: guia do Fantástico te ensina a montar uma balada durante o isolamento Confira também o manual abaixo: 1 - Decida dia, hora e a plataforma que será usada. - Hoje, existem várias plataformas para a realização da sua festa virtual, como Skype, Zoom, Google Hangouts, Instagram e muitas outras. Pesquise e escolha a sua preferida. Balada online — Foto: Fantástico 2 - Convide seus amigos para a chamada de vídeo através de redes sociais, aplicativos de mensagens ou e-mail. Balada online — Foto: Fantástico 2 - Escolha um espaço legal da casa: vale decorar com plantas, luzes e até fundos alternativos. Balada no isolamento — Foto: Fantástico 3- No dia da festa, capriche nos comes e bebes, dê um tapa no visual e vá curtir! Balada no isolamento — Foto: Fantástico Larissa Gomes, editora na agência de tendências WGSN Brasil e frequentadora assídua de festas online durante a quarentena, conta que já era comum ver em outros países as pessoas fazendo eventos online. Porém, com o isolamento social, a necessidade por encontrar formas de interagir acelerou essa tendência, que antes era mais comum no mundo dos games. Ela afirma que os movimentos de interação online, como as festas, não são sobre negar os desafios e o que tem de negativo acontecendo, mas sobre entender o que vem de aprendizado e as formas que as pessoas encontram para serem resilientes. ""As pessoas têm buscado um respiro, um escapismo e formas de se unir. A festa online tem ajudado muito a minha saúde mental, pois sei que pelo menos uma vez na semana vou interagir com pessoas, encontrar amigos que estão longe de mim e fazer coisas que eu amo, como me expressar montando looks. Em tempos de incerteza, o otimismo é uma opção corajosa"", diz. O G1 fez uma lista de festas virtuais, pra você que quer curtir no fim de semana. Clique aqui e veja. O novo prefeito de Mãe do Rio, Doido Rabelo (MDB), toma posse nesta sexta-feira (1º). Além dele, 11 vereadores assumem o cargo na Câmara Municipal para a legislatura 2021-2024. O prefeito Jose Villeigagnon Rabelo Oliveira tem 58 anos, é casado, declara ao TSE a ocupação de prefeito e tem ensino fundamental incompleto. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 1.050.000,00. Já a vice Dona Léia (Gelsileia de Araujo Bastos), do DEM, tem 54 anos, é casada, declara ao TSE a ocupação de vereadora e tem ensino médio completo. Ela não declara nenhum bem como patrimônio. O prefeito e os vereadores do município foram eleitos em novembro do ano passado. As maiores bancadas serão do PSDB e REPUBLICANOS, com 3 vereadores cada um. Cabe à prefeito decidir onde aplicar os recursos repassados ao município pelo Estado ou pelo governo federal e como administrar o que é arrecadado de impostos, como IPTU e ISS. Ele também é responsável pelas políticas de áreas como educação, saúde, moradia, transporte público e saneamento básico. Para isso, conta com secretários que são nomeados. O prefeito também precisa trabalhar junto com os vereadores, que representam os cidadãos no Legislativo municipal. Os vereadores são responsáveis por elaborar e propor leis. Os vereadores podem decidir, por exemplo, sobre a criação de políticas públicas. E têm a obrigação de fiscalizar o uso do dinheiro pelo Executivo e analisar a Lei Orçamentária Anual (LOA), que estabelece as despesas do ano seguinte do município. Há a possibilidade de vereadores deixarem os cargos para assumir funções na prefeitura. Quando isso acontece, o cargo é assumido por um suplente. Os vereadores de Mãe do Rio vão representar 30.235 habitantes. A cidade paraense tem um PIB de R$ 292.956.155,00 e um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,599, segundo a última medição do IBGE, que é de 2010. O IDH vai de 0 a 1 – quanto maior, mais desenvolvida a cidade – e tem como base indicadores de saúde, educação e renda. A média no Brasil é de 0,765, segundo dados de 2019 divulgados em 15 de dezembro de 2020 pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD). * Esta reportagem foi produzida de modo automático com o apoio de um sistema de inteligência artificial e foi revisada por um jornalista do G1 antes de ser publicada. Saiba mais sobre o sistema usado em g1.com.br Os três filhos de João estavam dentro do carro e pararam no estacionamento do hospital — Foto: Divulgação /Ascom Internado há 19 dias com Covid-19, João Pádua Filho, de 58 anos, recebeu uma grande surpresa da sua família na última sexta-feira (24). O homem pôde rever os três filhos no estacionamento do hospital particular de Teresina, onde se encontrava internado. Em entrevista ao G1, a coordenadora dos postos de enfermagem da rede hospitalar, Karinny Brito, contou que o paciente dizia aos profissionais de saúde que sentia saudades da família. A partir dessa reclamação, a equipe organizou a surpresa com a esposa de João Pádua. “Nós fomos fazer uma nova visita, ele foi falar da família, que estava há muito tempo sem ver. Nós conversamos com a esposa para saber se ela poderia trazer os filhos dele, para que ele os visse pelo menos uns minutos”, afirmou. Cartaz entregue pelos filhos de João Pádua — Foto: Divulgação /Ascom Unimed Os profissionais de saúde informaram ao paciente que o levariam para realizar um exame de raio-x. Durante a ida, a equipe desviou o caminho e o levou para o estacionamento exclusivo para ambulâncias do hospital. A surpresa foi na sexta-feira (24), mas no sábado (25) o paciente recebeu alta para continuar o tratamento em casa. João Pádua passou dez dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e nove no apartamento. Para evitar a contaminação pelo vírus, o isolamento social e medidas emergenciais foram determinadas por meio de decretos do governo do estado e das prefeituras, como na capital piauiense, para que a população fique em casa e evite ao máximo ir às ruas. Aulas em escolas e universidades, a maioria das atividades comerciais, esportivas e de serviços em geral estão suspensas por tempo indeterminado. Serviços essenciais como farmácias, postos de combustíveis e supermercados continuam mantidos mas estão regulamentados. O atendimento em clínicas, hospitais e laboratórios, assim como o funcionamento de escritórios de advocacia e contábeis também foram liberados mediante cumprimento de regras. O uso de máscaras em locais públicos tornou-se obrigatório em todo o estado. Policiais fazem abordagens nas fronteiras do estado a ônibus e veículos particulares. Os decretos preveem que quem descumprir as regras pode ser penalizado com multa ou até prisão. Lavar as mãos de forma correta (veja vídeo), uso de álcool em gel, sempre usar máscaras, evitar contato pessoal e aglomerações de pessoas são algumas das orientações para evitar o contágio da doença. É importante também ficar atento quanto aos principais sintomas (tosse seca, congestão nasal, dores no corpo, diarreia, inflamação na garganta e, nos casos mais graves, febre acima de 37° C e dificuldade para respirar). Um guia ilustrado preparado pelo G1 ajuda a tirar dúvidas. VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus Nosso estado de felicidade depende muito da nossa personalidade e se conseguimos encontrar prazer no contentamento. — Foto: Fantástico Questões sobre felicidade, propósito e metas de vida me fazem lembrar de Dom Quixote, o cavaleiro sonhador do romance homônimo de Miguel de Cervantes, e de seu fiel escudeiro Sancho Pança, a antítese de um sonhador. De fato, a literatura costuma estar repleta de personagens e temas que narram verdades universais sobre a existência, a experiência e a psicologia humana. À medida que o romance avança, percebemos que os dois personagens são igualmente sofisticados intelectualmente. Mas, embora os objetivos de Dom Quixote sejam utópicos, românticos e claramente inatingíveis, Sancho se contenta em se sentir seguro e comer pedaços de pão e queijo – acompanhados de um pouco de vinho, é claro – após cada uma de suas desventuras frustradas. Sou psiquiatra, e as pesquisas sobre personalidade mostram que aqueles que são mais abertos e curiosos sempre vão querer buscar novas experiências e sensações. É mais emocionante, mas também menos confortável, do que rejeitar o que parece estranho ou desconhecido. A personalidade inquieta de Dom Quixote, assim como seus ideais sublimes, são os fios condutores de suas aventuras equivocadas. Incapaz de encontrar emoção na vida cotidiana confortável, mas mundana, de um morador do interior, ele resolve corrigir todos os erros do mundo da maneira mais nobre e valente que pode imaginar. Seus objetivos ambiciosos são inatingíveis e, portanto, ele permanece cronicamente insatisfeito. Em contrapartida, os objetivos de Sancho (queijo e vinho) são simples, além de plausíveis e imediatamente alcançáveis. Ele enfrentará inevitavelmente algumas emoções difíceis, como qualquer outro ser humano, que o impedirão de ser constantemente feliz. Mas estará menos inclinado a expressar seus momentos ocasionais de angústia em termos existenciais complexos – e é pouco provável que os mesmos o irritem ou atormentem da mesma maneira. Por um lado, portanto, a personalidade de Sancho parece mais propensa do que a de Dom Quixote a alcançar um nível satisfatório de bem-estar psicológico. Mas precisamos considerar o fato de que a altivez atormentada de Dom Quixote também proporcionará a ele momentos ocasionais de êxtase que Sancho nunca terá. Dom Quixote vivenciará todos os maravilhosos altos e baixos da existência. Ele tem um tipo de personalidade que Galeno, o médico grego da era clássica, chamaria de ""colérica"": apaixonada, carismática, impulsiva, em busca de sensações. Ele também tem uma vida interior extremamente rica, mas igualmente instável, que produz uma quantidade abundante de fantasia e emoção. Logo após a Segunda Guerra Mundial, um psicólogo londrino chamado Hans Eysenck desenvolveu outra teoria da personalidade que incluía as dimensões da extroversão e do neuroticismo. O personagem de Dom Quixote é rico em extroversão (ele se envolve constantemente com o mundo externo) e rico em neuroticismo (sua vida emocional é instável e intensa), combinação que seria equivalente à personalidade colérica de Galeno. Enquanto os objetivos inalcançáveis de Dom Quixote proporcionavam a ele picos de euforia, ele nunca sentiu o contentamento de Sancho Pança. — Foto: Gustavo Doré/Wikimedia Commons Sancho, por sua vez, é o extremo oposto. Ele poderia ser descrito como ""fleumático"" na classificação de Galeno. É geralmente introvertido e, sendo perfeitamente estável em termos emocionais, certamente apresentaria uma pontuação muito baixa no neuroticismo. Ele não vê o mundo por meio do filtro de uma vida interior rica, mas volátil – em vez disso, ele enxerga meros moinhos de vento, onde Dom Quixote vê gigantes. Sabe-se que os tipos de personalidade são preditores do bem-estar psicológico de maneira considerada relativamente intuitiva. Essencialmente, existe uma correlação positiva entre felicidade e extroversão, e uma correlação negativa entre felicidade e neuroticismo. Dom Quixote é mais neurótico que Sancho, mas também é mais extrovertido. Os dois vão encontrar e vivenciar momentos de felicidade de maneiras diferentes. Por um lado, o que precisamos para ser felizes é uma personalidade estável (baixo neuroticismo) e sociável (extrovertida). Mas não para por aí. Quem se considera um pouco mais neurótico do que gostaria – e talvez não tão sociável quanto outras pessoas – pode encontrar conforto ao saber que uma vida interior vibrante e movimentada, junto a uma natureza curiosa, pode ser associada com certos tipos de criatividade. A ideia de felicidade como um estado de placidez e serenidade, facilitada por uma estrutura psicológica estável e tranquila, é convincente. Mas talvez ignore os limites máximos e mais intensos da experiência humana – e estes têm um poder próprio. Não é à toa que o romance de Cervantes se chama Dom Quixote, e não ""Sancho Pança"". Quando Abraham Maslow, o célebre psicólogo americano, colocou a autorrealização no topo da hierarquia de necessidades humanas, ele pensou nela como um impulso positivo para desenvolver o potencial pessoal. E o seu potencial pessoal será diferente do seu parceiro, por exemplo. Maslow acreditava que as necessidades mais básicas tinham que ser atendidas antes de passar para o nível seguinte – ou seja, água e comida antes da segurança; depois amor, autoestima e só então autorrealização. Mas pesquisas subsequentes mostram que os seres humanos nem sempre fazem isso na ordem prevista – e que satisfazer diferentes níveis de necessidade simultaneamente, ou na ""ordem errada"", parece não afetar significativamente o bem-estar. Isso explica como aqueles que vivem em países pobres também são capazes de satisfazer suas necessidades psicológicas, mesmo quando é incerto suprir as necessidades mais básicas. De qualquer forma, ter um conjunto de necessidades – hierárquicas ou não – nos coloca inevitavelmente em uma posição de carência; e a relação entre tentar nos tornar pessoas melhores e a felicidade não é simples. O próprio Maslow enfrentou dificuldades em sua vida pessoal com questões como racismo (ele era judeu) e um péssimo relacionamento com a mãe, a quem odiava. Pesquisas mostram que fatores como pobreza, dor e solidão nos deixam infelizes, e é igualmente claro que qualquer tipo de prazer contribui para a nossa sensação de bem-estar. O pensador britânico do século 19 John Stuart Mill postulou em termos simples que a felicidade é ""o prazer pretendido, e a ausência de dor"", enquanto a infelicidade é ""a dor e a privação do prazer"". Assim como Maslow e sua hierarquia de necessidades, Mill também viu uma hierarquia semelhante no prazer, com o fisiológico na base, e o espiritual no topo. Ele também desaconselha refletir muito sobre questões relacionadas à felicidade: ""Pergunte a si mesmo se você é feliz, e você deixa de ser"". Prazer e alegria podem contribuir muito para a nossa sensação de bem-estar — Foto: Getty Images via BBC E, embora Mill enxergasse a felicidade como algo baseado no prazer e na dor, ele também sugere que o fato de ser humano, com tudo o que isso implica, pode trazer uma insatisfação que seria preferível ao mero contentamento. Dom Quixote é um homem insatisfeito, e suas ambições de conquistar objetivos gloriosos são sempre frustradas. Ele tem, no entanto, certas características que foram encontradas associadas à felicidade: um estilo de atribuição otimista e um locus interno de controle. Este locus interno de controle significa que Dom Quixote se sente no controle de seu destino (apesar de todas as evidências mostrarem o contrário). O controle reside dentro dele. E seu estilo de atribuição otimista, enquanto isso, se refere ao fato de que ele sempre atribui suas falhas a forças externas transitórias, em vez de questões internas permanentes. Sancho, por outro lado, tem uma atitude reativa à vida. Ele não tem qualquer fantasia sobre estar no controle de seu destino, que ele acredita estar nas mãos dos deuses. ""O homem de sorte não tem com o que se preocupar"", diz ele. Portanto, pelo menos neste aspecto, ao tomar as rédeas do seu próprio destino e fazer sua própria sorte, Dom Quixote provavelmente é mais feliz em sua busca, por mais frustrante que seja, do que Sancho em seu contentamento passivo. A diferença entre contentamento e felicidade, ou, para ser mais preciso, a incompatibilidade que existe entre um estado de contentamento permanente e o ser humano, também foi explorada em romances modernos, escritos séculos depois de Dom Quixote, como A Máquina do Tempo, de H.G. Wells, ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Alguns dos personagens destas distopias futuristas, em que a dor e o sofrimento foram erradicados, são perfeitamente plácidos, até mesmo contentes. Mas sua pseudo felicidade insípida, desprovida de escolha ou intensa emoção, é menos desejável que nossas próprias tribulações emocionais imperfeitas – pelo menos de acordo com os autores. De fato, nossa capacidade de nos sentirmos felizes é afetada por uma variedade de fatores de personalidade e atitudes temperamentais, não apenas por uma única dimensão de placidez versus inquietação psicológica, ou até mesmo de otimismo versus pessimismo. Mas de que isso importa? Quer a gente tenha uma personalidade do tipo que vê o copo ""meio cheio"" ou ""meio vazio"", nenhum de nós foi concebido para ser feliz – apenas, em última análise, para sobreviver e se reproduzir. Consequentemente, todos nós vamos lutar com frequentes emoções desagradáveis, qualquer que seja o nosso temperamento. Nossa natureza é perseguir a borboleta fugaz da felicidade, nem sempre para capturá-la. A felicidade não pode ser engarrafada, comprada e vendida. Pode ser, no entanto, uma jornada. E talvez todos nós possamos encontrar conforto ao saber que nossa insatisfação irritante é parte essencial do que nos torna humanos. * Rafael Euba é professor de Psiquiatria na Universidade King's College London, no Reino Unido. Este artigo é parte da série Life's Big Questions, do site de notícias acadêmicas The Conversation, que está sendo copublicada pela BBC Future. Bebê é encontrada em caixa de papelão em Salvador com carta escrita por possíveis pais Um dos policiais militares que atuou no resgate à recém-nascida encontrada abandonada em uma caixa de papelão, no sábado (24), em Salvador, relembrou o momento em que foi acionado para o caso. O soldado Rafael Albuquerque disse que nunca havia visto uma ocorrência dessa natureza. “Em 11 anos, eu nunca presenciei nada parecido. Estava agasalhada, sapatinho branco, uma roupa rosa e aparentemente alimentada porque não estava chorando. Estava calma. E foi levada rapidamente para prestar os primeiros cuidados”, contou. Junto com a pequena Sophia, havia uma carta dos pais, relatando as dificuldades que estão passando em casa para comer e afirmando que não têm condições financeiras e psicológicas para cuidar dela. De acordo com o tenente-coronel Everaldo Maciel, apesar da garota ter sido atendida e já estar sob cuidados médicos, mesmo com a alegação de não ter condições de criarem a filha, os pais podem ser responsabilizados pelo crime de abandono de incapaz. Eles ainda não foram identificados e não há pistas sobre quem teria deixado a garota no local, em frente à garagem de ônibus do bairro de Paripe. “Como as circunstâncias que ocorreram, existe, na minha visão atenuante, como por exemplo: a criança estava em bom estado de saúde, a criança estava bem acolhida, a carta que foi deixada mostra que ainda há um vínculo sentimental com os pais. Acredito que ele pode pegar uma pena mínima, de seis meses. A previsão é de seis meses a três anos. E quem vai definir isso é o juiz”, afirmou. A recém-nascida foi encontrada por um catador de materiais recicláveis, que entregou o bebê a um funcionário da empresa para quem presta serviço. Essa pessoa que chamou a polícia. O supervisor de tráfego da empresa, Morialverson Brito, disse ter se comovido com a situação e acrescentou que o tempo estava chuvoso. E pouco depois que recebeu a garotinha, começou a chover no bairro. “Logo depois que o catador de reciclagem entregou, começou a chover. Se ela não tivesse sido encontrada logo, poderia ter tomado chuva. Poderia ser um filho nosso, um neto. É muita maldade. Que ela encontre uma família que cuide dela. Que seja muito abençoada”, disse Morialverson. A 19ª CIPM, responsável pelo policiamento no bairro foi acionada e se deslocou até onde a garota estava e, segundo as palavras do comandante da companhia, o tenente-coronel Everaldo Maciel, todas as equipes ficaram consternadas e fizeram questão de atender à ocorrência. “Interessante é que, quando recebemos o chamado, pela natureza do chamado, todas as guarnições fizeram questão de fazer o atendimento. Isso cria uma comoção, uma consternação. Quando a gente vê uma criança, um recém-nascido”, disse o oficial. Recém-nascida é encontrada em caixa de papelão em Salvador com carta escrita por possíveis pais — Foto: Divulgação / PM A bebê recém-nascida foi encontrada em uma caixa de papelão, na manhã de sábado, no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador. Conforme a Polícia Militar, a criança havia sido encontrada por um homem, que atua como catador de reciclagem, com um bilhete dos possíveis pais dela. Na mensagem os pais da pequena Sophia, como ela é citada na carta, falam sobre as dificuldades que estão passando em casa para comer, afirmam que não têm condições financeiras e psicológicas para proporcionar uma vida digna para a menina e deixam um recado para quem for ficar com ela. ""Peço que cuidem muito bem da minha pequena Sophia e que ela cresça nos caminhos do Senhor. Saiba que nós te amamos, filha. Beijos de seu pai e de sua mãe”, escreveram. As equipes fizeram contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e depois levaram a recém-nascida até a Maternidade Tsylla Balbino, onde ela permanece internada. O caso foi registrado na 5ª Delegacia Territorial, no bairro de Periperi. Bebê foi levada para a Maternidade Tsylla Balbino, onde permanece internada e fora de perigo — Foto: Reprodução/TV Bahia Confira mais notícias do estado em G1 Bahia. Jovem de 20 anos é assassinada a facadas pelo ex-namorado em Santana; ele foi preso Imagem cedida pela Polícia Civil mostra mensagens enviadas pelo ex-namorado de Raiane Miranda no dia 26 de julho, 5 dias antes do crime — Foto: Polícia Civil/Divulgação Cinco dias antes de ser morta a facadas na sexta-feira (31) no Amapá, Raiane Miranda de Almeida, de 20 anos, foi ameaçada de morte pelo ex-namorado. A Polícia Civil encontrou, no telefone da jovem, mensagens enviadas pelo homem, que tem 26 anos e foi preso neste sábado (1º) por suspeita de feminicídio. O crime aconteceu em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, próximo da casa da vítima. O G1 tentou contato com a defesa do jovem, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. Ainda no sábado, o delegado Yuri Agra, que conduz a investigação do crime na 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Santana, já havia falado sobre as mensagens. Nesta segunda-feira (3), ele mostrou ao G1 prints com ameaças. O ex-namorado de Raiane foi preso horas após o crime, na casa de um familiar. O delegado disse que o homem ficou em silêncio durante o interrogatório. Ainda segundo Agra, a investigação aponta que o jovem não aceitou o fim do relacionamento e que ele já planejava cometer o crime. De acordo com o delegado, no domingo anterior à morte de Raiane, o ex-namorado enviou uma série de mensagens nas quais falava, entre outras coisas: ""Vai denunciar, que eu vou te matar, pode fazer isso"". Preso pela polícia civil, jovem é principal acusado de matar a facadas a jovem Raiane Miranda de Almeida, de 20 anos — Foto: Polícia Civil/Divulgação Raiane Miranda, de 20 anos, foi vítima de feminicídio — Foto: Redes Sociais/Reprodução Segundo polícia, ex-namorado fez ameaças à Raiane através de familiares — Foto: Polícia Civil/Divulgação Depois de ter recebido as mensagens, Raiane mudou de número para não ser mais ser incomodada, informou a polícia. Depois disso, em 27 de julho, o ex-namorado fez contato com um familiar da vítima e citou a ""denúncia"". ""Mas manda ela denunciar logo porque a hora que pegar ela por aí ela já sabe"", mostra o print cedido pela Polícia Civil. O delegado comentou: ""Ela não registou BO [Boletim de Ocorrência] nem requereu medida protetiva de urgência. A família se preocupou de certa forma com as ameaças, mas ninguém imaginava, nem na pior das hipóteses, que ele poderia fazer isso. Ele não dava sinal de que teria capacidade de assassinar Raiane. Ele não tinha esse perfil. Segundo a família, todos foram pegos de surpresa"". Até a última atualização desta reportagem, a polícia pretendia ouvir testemunhas. Jovem de 20 anos é assassinada a facadas pelo ex-namorado em Santana; ele foi preso Delegado Yuri Agra investiga o caso como feminicídio — Foto: Polícia Civil/Divulgação Imagens de câmeras de monitoramento gravaram crime — Foto: Reprodução De acordo com familiares de Raiane, a jovem voltava do trabalho quando o ex-namorado a abordou próximo de casa, na noite de sexta-feira. O crime ocorreu às 21h30, no bairro Hospitalidade, conforme registraram imagens de câmeras de monitoramento perto do local do crime. A faca usada no crime foi deixada no local, recolhida pelos policiais e entregue na 1ª DP de Santana. A arma ainda estava ensanguentada. No hospital, a Polícia Militar recebeu informação de que a vítima tinha lesões de quatro facadas. O corpo foi periciado na Polícia Técnico-Científica (Politec), e Raiane foi velada e enterrada ainda no sábado. Veja o plantão de últimas notícias do G1 Amapá Jovem de 20 anos é assassinada a facadas pelo ex-namorado em Santana; ele foi preso Imagem cedida pela Polícia Civil mostra mensagens enviadas pelo ex-namorado de Raiane Miranda no dia 26 de julho, 5 dias antes do crime — Foto: Polícia Civil/Divulgação Cinco dias antes de ser morta a facadas na sexta-feira (31) no Amapá, Raiane Miranda de Almeida, de 20 anos, foi ameaçada de morte pelo ex-namorado. A Polícia Civil encontrou, no telefone da jovem, mensagens enviadas pelo homem, que tem 26 anos e foi preso neste sábado (1º) por suspeita de feminicídio. O crime aconteceu em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, próximo da casa da vítima. O G1 tentou contato com a defesa do jovem, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. Ainda no sábado, o delegado Yuri Agra, que conduz a investigação do crime na 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Santana, já havia falado sobre as mensagens. Nesta segunda-feira (3), ele mostrou ao G1 prints com ameaças. O ex-namorado de Raiane foi preso horas após o crime, na casa de um familiar. O delegado disse que o homem ficou em silêncio durante o interrogatório. Ainda segundo Agra, a investigação aponta que o jovem não aceitou o fim do relacionamento e que ele já planejava cometer o crime. De acordo com o delegado, no domingo anterior à morte de Raiane, o ex-namorado enviou uma série de mensagens nas quais falava, entre outras coisas: ""Vai denunciar, que eu vou te matar, pode fazer isso"". Preso pela polícia civil, jovem é principal acusado de matar a facadas a jovem Raiane Miranda de Almeida, de 20 anos — Foto: Polícia Civil/Divulgação Raiane Miranda, de 20 anos, foi vítima de feminicídio — Foto: Redes Sociais/Reprodução Segundo polícia, ex-namorado fez ameaças à Raiane através de familiares — Foto: Polícia Civil/Divulgação Depois de ter recebido as mensagens, Raiane mudou de número para não ser mais ser incomodada, informou a polícia. Depois disso, em 27 de julho, o ex-namorado fez contato com um familiar da vítima e citou a ""denúncia"". ""Mas manda ela denunciar logo porque a hora que pegar ela por aí ela já sabe"", mostra o print cedido pela Polícia Civil. O delegado comentou: ""Ela não registou BO [Boletim de Ocorrência] nem requereu medida protetiva de urgência. A família se preocupou de certa forma com as ameaças, mas ninguém imaginava, nem na pior das hipóteses, que ele poderia fazer isso. Ele não dava sinal de que teria capacidade de assassinar Raiane. Ele não tinha esse perfil. Segundo a família, todos foram pegos de surpresa"". Até a última atualização desta reportagem, a polícia pretendia ouvir testemunhas. Jovem de 20 anos é assassinada a facadas pelo ex-namorado em Santana; ele foi preso Delegado Yuri Agra investiga o caso como feminicídio — Foto: Polícia Civil/Divulgação Imagens de câmeras de monitoramento gravaram crime — Foto: Reprodução De acordo com familiares de Raiane, a jovem voltava do trabalho quando o ex-namorado a abordou próximo de casa, na noite de sexta-feira. O crime ocorreu às 21h30, no bairro Hospitalidade, conforme registraram imagens de câmeras de monitoramento perto do local do crime. A faca usada no crime foi deixada no local, recolhida pelos policiais e entregue na 1ª DP de Santana. A arma ainda estava ensanguentada. No hospital, a Polícia Militar recebeu informação de que a vítima tinha lesões de quatro facadas. O corpo foi periciado na Polícia Técnico-Científica (Politec), e Raiane foi velada e enterrada ainda no sábado. Veja o plantão de últimas notícias do G1 Amapá Patuscanto traz ritmos típicos do Brasil para apresentação infantil — Foto: Júlia Moretzsohn O projeto ""Patuscanto - Narrativas Cancionais e Ilustradas para Crianças"" fará duas apresentações virtuais entre sexta-feira (23) e domingo (25). O show, gratuito, conta com nove canções infantis inéditas inspiradas no cotidiano das crianças. Idealizado durante a pandemia por educadores e artistas de Campinas (SP), o projeto reúne canções lúdicas e criativas sobre o dia a dia das crianças em casa. Assim, o show tem música, poesia e brincadeira com um repertório criado a partir de gêneros tipicamente brasileiros, como a Bossa Nova, Baracatu, Arrasta-Pé e Frevo. No dia 30 de abril, o grupo apresenta um vídeo da canção ""Doido"", elaborada pelos artistas que compõe a iniciativa. As transmissões ocorrem pelo canal no YouTube. A iniciativa é realizada com incentivo da Lei de Emergência Cultura Aldir Blanc. Veja mais notícias da região em G1 Campinas. Barbeiro ao lado dos três filhos em MS — Foto: Fernando Duarte/Arquivo Pessoal ""O mais novo fica no caixa. Ele prefere cuidar das questões administrativas. O do meio corta cabelos desde os 15 anos. E o mais velho é o gerente. Ele é o responsável quando eu não estou aqui"". É assim que, com orgulho, define o barbeiro Fernando Santos Duarte, de 41 anos, sobre o fato de ter os três filhos por perto no estabelecimento comercial dele, que fica no bairro Guanandi, região sul de Campo Grande. Há 8 anos, Fernando se tornou barbeiro profissional. Antes, ele atuava como músico, mas, mudou definitivamente de profissão quando decidiu ter o próprio negócio. ""O que aconteceu com os meninos foi algo muito natural. Eu nunca forcei eles a nada. Eles foram se interessando, pegando nas ferramentas. Foi o exemplo mesmo, no início algo que era sem compromisso foi se tornando uma responsabilidade para eles, um gosto que eles tomaram"", afirmou. Segundo o barbeiro, o filho mais velho, de 24 anos, é o primeiro que passou a acompanhá-lo no serviço. ""Ele terminou o ensino médio, começou a faculdade e vinha para cá. Desde o início, ele me falava que já queria trabalhar e até hoje está comigo. São seis anos de profissão no caso dele. A segunda pessoa que eu ensinei foi um sobrinho, que hoje tem a própria barbearia"", relembrou. Barbeiros e os filhos atendendo aos clientes em barbearia de MS — Foto: Fernando Duarte/Arquivo Pessoal Os outros dois filhos, de 15 e 16 anos, também tiveram facilidade para aprender o ofício. ""Quem tem filho homem sabe: eles estão em uma idade em que a gente não pode bobear, senão a pessoa pode ir para outro caminho. Eu prefiro que eles fiquem aqui, varrendo o chão ou fazendo outras coisas em que ocupem a cabeça. Mas, também sei que são jovens e também deixo andarem de bicicleta um pouco, acompanho os estudos aqui e vejo o que estão fazendo no computador. É muito bom tê-los por perto"", avaliou. Além dos meninos, Fernando também é pai de uma menina, de apenas três anos de idade. ""Ela vem às vezes, mas, quando vem fala para a mãe dela: vou lá trabalhar com o meu papai. E então pega as bonecas e fica cortando o cabelo delas. Com tudo isso acontecendo, eu vejo que este é um negócio de família e uma hora eu vou cansar. São eles quem vão dar continuidade, exatamente como era nos anos 70 e 80, em que as barbearias passavam de pai para filho"", comentou. Neste domingo (9), data em que se comemora o Dia dos Pais, Fernando pretende, novamente, estar ao lado dos filhos. ""Nós estamos sempre juntos e hoje não vai ser diferente. É uma satisfação quando eu ouço elogios dos clientes sobre isso. Nunca fiz para ter nenhum reconhecimento e sim para o bem deles. Acho que o grande pagamento que tenho é poder acompanhar, de perto, cada um deles"", finalizou. Pai se tornou exemplo para os filhos em barbearia de Campo Grande — Foto: Fernando Duarte/Arquivo Pessoal Jade Nascimento, de 28 anos, morreu vítima da Covid-19 nesse domingo (2), em Teresina — Foto: Arquivo pessoal Geovanne Silva, marido de Jade Nascimento, que estava grávida e morreu nesse domingo (2) vítima da Covid-19, em Teresina, usou sua conta em uma rede social para fazer uma homenagem e lamentar a morte da esposa, que passou dois meses internada. Marido lamenta morte de esposa grávida que morreu vítima da Covid-19, no Piauí — Foto: Reprodução Facebook Na publicação, Geovanne fez uma postagem de várias fotos que marcaram momentos que o casal passou juntos. No texto, o marido lamentou a morte de Jade e ressaltou os momentos felizes que o casal viveu. ""Éramos tão felizes, entre altos e baixos, nunca desistimos um do outro e não existia idas e vindas, porque éramos simplesmente feitos um para o outro"", declarou na publicação. Marido lamenta morte de esposa grávida que morreu vítima da Covid-19, no Piauí — Foto: Reprodução Facebook Em entrevista à TV Clube, Geovanne Silva contou sobre o momento de luto que ele e toda a família está passando pela perda de Jade. “A gente está tentando aceitar, foi uma perda muito dolorosa, nunca pensei passar por isso e espero que ninguém passe por isso. Foram muitas coisas que nós vivemos”, afirmou. Covid-19 faz 3 vítimas na mesma família e parentes falam da dor de sua perda Maternidades públicas do Piauí atenderam mais de 250 gestantes e puérperas com Covid-19 — Foto: Charles Krupa/AP As duas maternidades públicas do Piauí que estão atendendo casos de Covid-19, ambas localizadas em Teresina, registram 252 casos de Covid-19 entre gestantes e puérperas, que são mulheres na fase pós-parto. Desde o início da pandemia, duas mulheres morreram no estado em decorrência de complicações da Covid-19. Nenhum recém-nascido testou positivo para a doença. Para evitar a contaminação pelo vírus, o isolamento social e medidas emergenciais foram determinadas por meio de decretos do governo do estado e das prefeituras, como na capital piauiense, para que a população fique em casa e evite ao máximo ir às ruas. Aulas em escolas e universidades, a maioria das atividades comerciais, esportivas e de serviços em geral estão suspensas por tempo indeterminado. Serviços essenciais como farmácias, postos de combustíveis e supermercados continuam mantidos mas estão regulamentados. O atendimento em clínicas, hospitais e laboratórios, assim como o funcionamento de escritórios de advocacia e contábeis também foram liberados mediante cumprimento de regras. O uso de máscaras em locais públicos tornou-se obrigatório em todo o estado. Policiais fazem abordagens nas fronteiras do estado a ônibus e veículos particulares. Os decretos preveem que quem descumprir as regras pode ser penalizado com multa ou até prisão. Lavar as mãos de forma correta (veja vídeo), uso de álcool em gel, sempre usar máscaras, evitar contato pessoal e aglomerações de pessoas são algumas das orientações para evitar o contágio da doença. É importante também ficar atento quanto aos principais sintomas (tosse seca, congestão nasal, dores no corpo, diarreia, inflamação na garganta e, nos casos mais graves, febre acima de 37° C e dificuldade para respirar). Um guia ilustrado preparado pelo G1 ajuda a tirar dúvidas. VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus Neste sábado (7), a Ilha do Retiro recebe o clássico entre Sport e Santa Cruz, válido pela Copa do Nordeste — Foto: Daniel Gomes/GloboEsporte O clássico entre Sport e Santa Cruz e a festa do Bloco Galo Doido, que ocorrem na Zona Oeste do Recife, neste sábado (7) e no domingo (8), respectivamente, provocam interdições de avenidas e ruas da cidade. O jogo ocorre na Ilha do Retiro, às 16h, e é válido pela 6ª rodada da Copa do Nordeste. O esquema de monitoramento do trânsito nas proximidades do local da partida, montado pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), tem início às 13h. A princípio, apenas a Rua Tabaiares, que dá acesso ao estádio, é bloqueada. No entanto, as interdições podem ser ampliadas a depender da necessidade. Também são monitoradas a Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho, a Estrada dos Remédios, o Túnel Chico Science e o cruzamento entre Avenida Governador Agamenon Magalhães e a Rua do Paissandú. A Polícia Militar escalou 497 profissionais para atuar na segurança do jogo. A área interna do estádio conta com 112 policiais do Batalhão de Choque. Além disso, a área externa e as principais vias de acesso ao estádio contam com a presença de 385 policiais. Nas estações de metrô e nos terminais integrados de passageiros, ficam guarnições no patrulhamento motorizado para inibir a ação dos vândalos. Neste sábado (7), também ocorre a montagem do palco do Bloco Galo Doido, no bairro da Iputinga. Por causa disso, à noite, é realizado um bloqueio na Avenida Maurício de Nassau e Rua Nossa Senhora da Saúde, no sentido subúrbio. Os motoristas que saem do Centro em direção aos bairros do Barbalho e Monsenhor Fabrício precisam, obrigatoriamente, entrar na Rua Nossa Senhora da Saúde. No domingo (8), devido à festa do bloco, os motoristas que querem ir para os bairros do Cordeiro e da Torre devem utilizar a Rua São Mateus, cruzar a Avenida Caxangá e seguir pela mesma via. Projeto viabiliza aulas de yoga online para moradores da Maré durante pandemia “Ioga te dá a qualidade de vida que o mundo te nega”. A declaração é da moradora do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, Karoline Rodrigues, de 23 anos. Ela encontrou na prática da ioga uma saída para superar a ansiedade durante a pandemia de Covid-19, através de aulas gratuitas. Karoline é aluna do Instituto Yoga Na Maré, que leva aulas gratuitas há quase cinco anos sobre a técnica asiática para os moradores do complexo, composto por 16 favelas. Em entrevista ao G1, ela afirmou que a atividade pode ser feita por qualquer pessoa, independentemente de cor, raça e classe social. Karoline Rodrigues pratica ioga em casa durante pandemia — Foto: Arquivo Pessoal “Se você está passando por um processo de ansiedade e depressão, se você é muito nervoso, se você está com o dia muito corrido. O ioga é para você. Se você é uma mulher da favela, um homem, uma pessoa que sofre com várias coisas, o ioga é, principalmente, para você. O ioga te dá a qualidade de vida que o mundo te nega”, completou a moradora da comunidade da Maré. Durante a pandemia, os encontros presenciais promovidos pelo instituto foram suspensos e o ensino online foi aplicado. Três lives são realizadas por semana e, em seguida, disponibilizadas na internet. Além disso, um ‘aulão’ interativo é feito todos os meses com data e hora marcada. “É a primeira atividade que eu faço depois que acordo. Nas lives, que acontecem segundas, quartas e sextas eu me incentivo a fazer. Acordo cedo, tomo café, estico meu tapetinho e faço as aulas”, disse David Magalhães, de 25 anos. David pratica ioga em casa todos os dias durante a pandemia — Foto: Arquivo Pessoal Portuguesa de origem e carioca de coração, Ana Olivia Cardoso, de 39 anos, é presidente do Instituto Yoga na Maré. Ela disse ao G1 que a prática da ioga não acaba com os sofrimentos cotidianos, mas ensina a como passar por eles “de boa”. “É impossível viver sem sofrimento. E, durante a pandemia, a gente está sofrendo. Nós não estamos preparados, ninguém estava preparado para viver tudo isso. É essa consciência de que o sofrimento faz parte da vida, mas que nós podemos nos conectar com a nossa natureza e ultrapassar ‘de boa’. Se nos conectarmos, vamos passar por tudo isso”, afirmou Ana Olívia. “O ioga nos traz essa consciência de que parar por 5 minutinhos para respirar vai influenciar seu estado mental (...) Você não vai se deixar afetar tanto e adoecer. Lógico que não é um ‘oba-oba’, somos todas zens, yoguis, yoguines e ninguém sofre. Não. É ter consciência da gravidade de tudo isso, mas clareando a mente para tomarmos as nossas decisões da melhor forma”, completou a presidente do Yoga na Maré. Professora Ana Olivia faz live para alunos do Yoga na Maré — Foto: Arquivo Pessoal Não poder sair de casa, noites mal dormidas e indefinição sobre a criação de uma vacina contra o coronavírus. Esses são alguns “problemas” que a pandemia trouxe para as pessoas. Alguns deles ou a soma de todos fizeram com que indivíduos desenvolvessem transtornos psicológicos durante a “quarentena” como ansiedade, síndrome do pânico e depressão. Apesar disso, especialistas ouvidos pelo G1 afirmaram que todos esses sintomas são normais e podem ser controlados. A psicóloga Ana Claudia Bittencourt explicou que a pandemia é um grande “gatilho” e que pode deflagrar alguns transtornos que a pessoa não sabia que tinha. A ioga no tratamento destas questões busca um equilíbrio entre corpo e mente. “O ser humano tem um ‘cabedal’ de coisas sobre ele mesmo que ele não conhece. Na psicologia, nós chamamos de inconsciente. Quando deflagra algum tipo de gatilho, e nós estamos com um enorme gatilho que é a pandemia, está deflagrando nas pessoas várias coisas que elas não tinham ou não sabiam que tinham. São elas: ansiedade, depressão, pânico, fobia, mania”, disse Ana Cláudia. A especialista em iogaterapia Saraswati Shakti afirmou que os exercícios físicos da ioga criam resistência para as pessoas durante o isolamento social. ""Nessa pandemia, cuidar da saúde física e mental se torna ainda mais necessário, já que a ansiedade, as apreensões e as incertezas do período tendem a nos afetar muito. A ioga ajuda a lidar com o estresse de uma forma administrável, buscando fortalecer o corpo e a mente, com atitudes que podem garantir bem-estar, resiliência e resistência para atravessarmos essa fase"", disse a professora de ioga Saraswati Shakti. VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus O Fantástico relembra os memes criados no ""Isso a Globo Não Mostra"". Entre cenas de novela e da realidade, teve muita passagem icônica. Qual delas será que combina mais com você e o seu último ano? Faça o teste e descubra! Isso a Globo Não Mostra: reveja todos os episódios Filha de Queiroz posta mensagem emocionada em rede social após a Justiça conceder prisão domiciliar ao pai — Foto: Reprodução Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), deve ir para a prisão domiciliar na manhã desta sexta-feira (10). O benefício foi concedido após uma decisão do ministro João Otávio Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na quinta (9). Uma das filhas dele deixou uma mensagem emocionada avisando que vai buscar o pai no Complexo Penitenciário de Gericinó. Queiroz está preso desde 18 de junho, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Anjo. A defesa afirma que o ex-assessor está fazendo um tratamento contra um câncer e usou como argumento o ""atual estágio da pandemia do coronavírus"". Os advogados disseram que Queiroz ""é portador de câncer no cólon e recentemente se submeteu a cirurgia de próstata"". O benefício também contempla a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, cuja prisão foi determinada na operação e é considerada foragida. De acordo com a defesa, ela vai se apresentar. Queiroz é alvo de investigação sobre o esquema das ""rachadinhas"" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Prisão domiciliar de Fabrício Queiroz deve seguir regras definidas pelo STJ — Foto: Reprodução/ TV Globo Para a concessão da prisão domiciliar, a defesa teve que indicar o endereço onde o casal deve cumprir a prisão domiciliar. Será na Taquara, na Zona Oeste do Rio. Autoridades policiais terão acesso ao local sempre que for necessário. Também há a proibição de contato com terceiros, menos familiares próximos, profissionais de saúde e advogados. Foi determinado o desligamento das linhas telefônicas fixas e a entrega de todos os telefones móveis, assim como computadores, laptops e tablets. A medida foi tomada porque, de acordo com a investigação, havia uma interferência de Queiroz nas investigações. Queiroz foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo, cidade a 80 km da capital. A casa onde ele estava pertence a Frederick Wassef, então advogado da família Bolsonaro. Ao ser preso, Queiroz disse que estava ""muito doente"". O caseiro afirmou que ele estava no local havia mais de um ano. As autoridades suspeitam que Queiroz recebia parte do salário pago pela Alerj a funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando o senador era deputado estadual. Flávio nega a acusação. Estudante ganha vacinação contra Covid em supermercado nos EUA — Foto: Montagem/G1 Um estudante de Direito de Washington D.C. ganhou inesperadamente uma dose da vacina da Moderna contra a Covid-19 em um supermercado nos Estados Unidos. David MacMillan e seu amigo estavam em uma unidade da Giant Food na capital americana, na semana passada, quando foram surpreendidos por uma funcionária da seção de farmácia oferecendo uma dose para cada um. Americanos recebem vacina por acaso em farmácia nos EUA MacMillan afirma que uma farmacêutica ofereceu a aplicação pois havia duas doses da vacina prestes a expirar. ""Ela disse: 'Ei, tenho duas doses da vacina e vou ter que jogá-las fora se não der a alguém. Fechamos em 10 minutos. Vocês querem a vacina da Moderna?'"", contou o estudante. O vídeo dele recebendo a dose já foi visto mais de 700 mil vezes na rede social TikTok. A rede de supermercados Giant Food confirmou a informação, disse que os profissionais de saúde que deveriam receber as doses não haviam comparecido e afirmou que a funcionária respeitou as diretrizes das autoridades sanitárias da capital americana. A vacina da Moderna deve ser armazenada em temperaturas muito baixas e se deteriora rapidamente após ser removida do freezer e ter sua tampa perfurada. A campanha de vacinação começou em meados de dezembro nos EUA e atualmente é voltada para os profissionais de saúde, seguindo as recomendações das autoridades de saúde do país. Portanto, David MacMillan e seu amigo não tinha prioridade para receber a vacina. De acordo com o governo americano, mais de 4,5 milhões de pessoas receberam a primeira dose de uma das vacinas contra a Covid-19. Até o momento, os imunizantes desenvolvidos pela Pfizer/BioNTech e Moderna estão autorizados para uso emergencial nos EUA. O estudante chamou a mulher de ""heroína"" e afirmou ter aproveitado a oportunidade para informar as pessoas sobre a vacina postando o vídeo no TikTok. ""É importante, quando há tanta desinformação, que as pessoas vejam que é algo bom, algo positivo. Deveríamos estar entusiasmados por poder combater a pandemia"", afirmou MacMillan em entrevista à rede de televisão NBC. A previsão é que ele e seu colega recebam a segunda dose no final do mês. A cantora Alinne Rosa movimentou as redes sociais na madrugada desta sexta-feira (3), ao postar uma foto onde aparece nua, apenas com uma toalha na cabeça e o corpo coberto de emojis, carinhas e símbolos usados nas redes sociais. A postagem foi feita no Instagram e foi acompanhada da pergunta: ""Gostaria de saber, por gentileza, qual emoji te define neste momento?"". Muitos seguidores reagiram à publicação da artista. Um deles comentou: ""Assim vc me mata Alinne. Eu te amo. Cada dia mais linda"". Outros comentaram: ""Mulher... amo"", ""Misericórdia.. perfeita 🔥❤️😍"". Confira mais informações do estado no G1 Bahia. Sem roupa, Alinne Rosa posta foto nas redes sociais e pergunta: 'Qual emoji te define neste momento?' — Foto: Reprodução / Redes Sociais A cantora Alinne Rosa movimentou as redes sociais na madrugada desta sexta-feira (3), ao postar uma foto onde aparece nua, apenas com uma toalha na cabeça e o corpo coberto de emojis, carinhas e símbolos usados nas redes sociais. A postagem foi feita no Instagram e foi acompanhada da pergunta: ""Gostaria de saber, por gentileza, qual emoji te define neste momento?"". Muitos seguidores reagiram à publicação da artista. Um deles comentou: ""Assim vc me mata Alinne. Eu te amo. Cada dia mais linda"". Outros comentaram: ""Mulher... amo"", ""Misericórdia.. perfeita 🔥❤️😍"". Confira mais informações do estado no G1 Bahia. Sem roupa, Alinne Rosa posta foto nas redes sociais e pergunta: 'Qual emoji te define neste momento?' — Foto: Reprodução / Redes Sociais Profissionais da saúde do interior de SP relatam dificuldades na luta contra a Covid-19 — Foto: Arquivo Pessoal ""Quando vamos para a chácara a cada 15 dias para ver meus filhos, eles perguntam: ‘pai, você está cuidando da Covid?’. Eu respondo que sim e eles falam: ‘pai, estamos rezando toda noite para Deus proteger o senhor e a mamãe’. Isso é emocionante e também doloroso para gente"". O relato é do enfermeiro Valmir Leme, de 47 anos, que trabalha na área da saúde há 23 anos, mas viu sua rotina de trabalho e até pessoal transformada com a pandemia de Covid-19. Ao G1, o profissional contou que ele e a esposa, que também é enfermeira, ficam semanas sem ver os filhos para protegê-los do novo inimigo invisível contra qual o mundo todo está lutando. Para aliviar a tensão, Valmir encontrou um jeito de se aproximar dos pacientes do hospital particular onde trabalha. Ele conversa com cada um deles e diz palavras de apoio que os ajudam na recuperação. Mas o dilema de lidar com a doença todos os dias vivenciado por Valmir também está fazendo parte da rotina de muitos profissionais da saúde no país. O G1 conversou com outros enfermeiros que trabalham em Sorocaba, interior de São Paulo, e que afirmam que a doença tem mudado a vida de cada um deles. Ana Laura Cassamassimo se formou há pouco mais de um ano e trabalha no setor Covid de um hospital em Sorocaba — Foto: Arquivo Pessoal Quando se formou em enfermagem, há pouco mais de um ano, a enfermeira Ana Laura Cassamassimo Ribas, de 23 anos, não imaginava o que iria enfrentar uma pandemia com mortes no início de sua carreira A jovem trabalha no setor de Covid-19 na Santa Casa de Sorocaba. Ela relata que lidar com o coronavírus é diferente de tudo que aprendeu na faculdade e de tudo que já havia vivenciado como profissional. “Nenhuma faculdade prepara os profissionais para lidar com esse tipo de coisa. Ninguém estava preparado para isso. É uma coisa que ninguém imaginava passar. Já tivemos H1N1, dengue, mas uma coisa dessas ninguém estava preparado para lidar. A Covid-19 é totalmente diferente. Tudo. Até a entubação é outra técnica. Uma parada cardíaca a gente tem que agir de outro jeito”, diz. Ana Laura explicou que os profissionais da unidade receberam um treinamento, no início da pandemia, para saber lidar com a doença. Para dar conta de tanto trabalho, as equipes, que antes trabalhavam seis horas por dia, dobraram o horário e têm uma carga horária de 12 horas. Com o aumento no número de casos, uma das maiores dificuldades dos profissionais, segundo Ana Laura, é a taxa de ocupação dos leitos para pacientes com Covid-19. “É assustador. A gente não imaginou que ia precisar de 40 leitos de UTI, que é o que temos hoje. Todos os dias, todos estão ocupados. Isso atrapalha nossa luta, porque ao mesmo tempo que a gente está dando uma alta, a gente está admitindo um novo paciente”. Para a jovem, o maior desafio na batalha contra o coronavírus são as mortes dos pacientes. Além disso, ela afirma que é muito doloroso ter que dar a notícia para as famílias. “Lidar com as mortes dos pacientes, para mim, é o mais difícil. Sempre foi. Até antes da Covid. Mas depois é tudo mais intenso, mais complicado. Por mais que não seja um ente querido seu, você está ali prestando um cuidado diário. O mais difícil é pensar que não existe uma família por perto"", diz. Ana Laura contou ainda que foi a juventude que a motivou a aceitar o trabalho e cuidar dos pacientes com Covid-19. Segundo ela, todos os profissionais do setor foram convidados pela administração do hospital para atenderem esses pacientes. “Nunca pensei em desistir, muito pelo contrário. Eu sou nova, estou com gás. Se não tivesse pessoas ali, que queiram lidar com isso de frente seria muito pior. Lógico, tem dias que é muito difícil. A gente pensa, às vezes: ‘meu Deus, porque escolhi isso?’. Mas a gente tem um propósito maior. E eu sou apaixonada pelo que eu faço. Quando a gente vê um paciente curado, de alta, lembramos porque estamos aqui aqui”. Ana Laura trabalha no setor Covid da Santa Casa de Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal Morando sozinha, a enfermeira ainda afirma que a ausência da família tem um ponto positivo, mas também negativo. “Por um lado é bom porque fico tranquila em saber que vou chegar em casa e não vou estar transmitindo para ninguém. Mas o lado ruim é que isso me afastou muito mais da minha família. A gente tem muito medo de transmitir para as outras pessoas. Às vezes os pacientes falam: ‘estou com saudades da minha família e eu falo: eu também estou’. A gente está abrindo mão de certas coisas pela profissão”, relata. Equipe médica aplaude técnico de enfermagem que morreu de Covid-19 Trabalhando na área da saúde há 10 anos, a enfermeira de um hospital particular, Lívia Maria Sartorelli, de 33 anos, precisou lidar de perto com a morte por conta da doença. Ela trabalhava e era amiga de Douglas Barbosa, também enfermeiro e que morreu por conta da Covid-19 no mês de abril. No momento em que o carro funerário fazia o transporte do corpo de Douglas, enfermeiros, médicos e funcionários fizeram um corredor, todos lado a lado, e o aplaudiram. “Foi muito difícil, sabíamos que ele estava na UTI. Acompanhei todo caso. Tínhamos esperança que ele ia vencer, que ia se recuperar. Foi um choque, na verdade. O pior aconteceu. A gente lá, na linha de frente, ficamos fragilizados para continuar, mas a gente se fortaleceu nisso também. Nunca nos passou pela cabeça recuar”, conta. Mesmo com o medo, a enfermeira conta que nunca pensou em desistir. Ela afirma que cada dia é uma batalha e que precisou se adaptar às novas rotinas no hospital. “Dentro do hospital, muitas vezes, o clima é de tensão. Todos trabalhando de máscaras. Não se vê mais os sorrisos, aprendemos a sorrir com os olhos. As histórias de recuperação são o que nos fortalece. O trabalho em equipe, a força e a humanização estão sendo primordiais”. Lívia trabalha no setor Covid-19 de um hospital particular de Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal A profissional que morava com os pais, mas se isolou no início da pandemia, afirma que o carinho e a humanização são muito importantes para os pacientes. Lívia relatou que um médico também ficou internado e ela pensava muito que poderia ser ela na cama de hospital. ""Vivenciamos também o outro lado. Perdemos o Douglas, que estava com a gente na linha de frente. Ver os familiares e os colegas de trabalho que não podiam nem ao menos se despedir foi uma das coisas mais tristes que já vivi. Ele é lembrado sempre com muito carinho. Buscamos forças para continuar. Tenho certeza que quando isso acabar, jamais serei a mesma pessoa de quando tudo começou"". Profissionais da saúde usam equipamentos especiais para trabalharem no setor Covid — Foto: Arquivo Pessoal Para enfrentar os desafios da pandemia, o técnico em enfermagem Cleisson Augusto Padilha, de 26 anos, que é técnico de enfermagem em um hospital particular em Sorocaba, contou ao G1 que os profissionais têm se ajudado como podem e, às vezes, acabam virando até “psicólogos” uns dos outros. Cleisson contou que a rotina profissional mudou muito. Antes de entrar nos quartos, mesmo que para o menor trabalho que seja, é preciso se proteger com os equipamentos de segurança. “Emocionalmente é bem complicado, mas ainda bem temos suporte entre a gente e entre a empesa, nos damos forças. Viramos psicólogo um do outro. A gente acaba conversando, se apoiando um no outro. É um medo, insegurança de achar que a gente não pode ter uma coriza porque já acha que é sintoma”, relata. O técnico em enfermagem garante que a empatia com o paciente é um dos quesitos mais importantes na hora do tratamento. “A gente faz um juramento perante Deus de que a gente ia cuidar do paciente independentemente do que acontecesse. O medo é constante. Mas ele até ajuda a gente a se policiar, a se proteger mais. A gente, como profissional, tem que se ajudar até na hora de se paramentar”, diz. Cleisson reforçou ainda que os métodos de isolamento e de higiene são fundamentais no combate à Covid-19 e que as pessoas precisam ter noção da rapidez com que a doença evoluí. “Eu quero que eles [pacientes] tenham novos domingos em família, quero ajudar meus pacientes a não desistir. É empatia, é querer que a outra pessoa também tenha esse privilegio de lutar pela vida”. Valmir cuida de pacientes com coronavírus em um hospital de Sorocaba — Foto: Arquivo Peessoal “Tenha força”. “Resista, tenha fé”. Há 23 anos, o enfermeiro de Sorocaba Valmir Leme, de 47 anos, trabalha na área da saúde. Na pandemia, passou a ficar na linha de frente ao combate do coronavírus. Mas esse combate também acabou sendo através de palavras de incentivo. Valmir, atualmente, trabalha em um hospital particular, no setor da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta e está cuidando dos pacientes com Covid-19 desde o início da pandemia. Em entrevista ao G1, o enfermeiro contou que costuma trabalhar bastante com a humanização para ajudar os pacientes durante a recuperação. E para Valmir, palavras de incentivo são uma forma importante durante o tratamento. “A maioria dos pacientes que vai para a UTI fica vários dias lá, longe da família e dos amigos. Então a gente tem que descontrair, dar forças para eles vencerem. Costumo sempre conversar, incentivando eles a ter forças e lutar contra as doenças. A gente que tem mais contato com esses pacientes, precisa se colocar no lugar deles e ter empatia”, diz. Um dos pacientes atendidos por Valmir foi o Claudinei Marques Júnior, de 48 anos, que ficou 14 dias na UTI da unidade. O gerente de produção relatou ao G1 que foram as palavras de incentivo de Valmir que o ajudaram a lutar e vencer a doença. “Eu ouvia essas vozes, mas uma que me marcou era de um homem que sempre fala coisas como ‘vai rapaz, resista’. Isso me marcou”, conta o gerente de produção. E essa voz era a de Valmir, incentivando o paciente a se recuperar. Claudinei contou ao G1 que reencontrou o enfermeiro quando foi para a área de isolamento. Valmir disse que ficou muito comovido em saber que participou da recuperação de Claudinei de alguma forma. O enfermeiro relembrou que conversou com Claudinei quando ele foi para a UTI e que continuou dizendo palavras de força enquanto o paciente estava desacordado. “Incentivei ele a ter forças, fé e nunca desistir porque ele ia conseguir vencer essa batalha. Pedi para ele confiar na equipe. Graças à Deus e à força dele e à toda equipe, ele conseguiu se recuperar e hoje está em casa. Fiquei emocionado, muito grato”, comenta. Mensagens de apoio em refeições alegram pacientes em Sorocaba — Foto: Arquivo Pessoal São com frases positivas e de motivação que o setor de nutrição de um hospital particular de Sorocaba encontrou uma maneira de trazer um pouco de alívio para os pacientes internados no setor Covid. Sem poder receber visitar, ver a família ou ter algo com o que se distrair, os pacientes têm encontrado nas mensagens bons motivos para sorrir e lutar. Os bilhetes carinhosos são levados junto com as refeições para quem está internado na unidade com diagnóstico ou suspeita de coronavírus. Em entrevista ao G1, Carina Yananaka, de 38 anos, que é coordenadora do serviço de nutrição, contou que a ideia surgiu depois que a gerente de hotelaria da unidade viu a ação sendo praticada por outros hospitais. Equipe do setor de nutrição de hospital em Sorocaba escreve recados para pacientes — Foto: Arquivo Pessoal Como o serviço de nutrição não tem contato com os pacientes, as mensagens foram a maneira encontrada para transmitir o carinho. A ação tomou uma proporção gigantesca e os profissionais da saúde começaram a levar os cartões para casa e pedir ajuda aos familiares para escrever os recados. A coordenadora contou ainda que muitos pacientes relataram que estão guardando os recados. Além dos pacientes em isolamento, as crianças internadas na unidade também estão recebendo os recados carinhosos. “Uma das funcionárias levou a ideia para casa e as filhas começaram a escrever. Uma colaboradora perdeu o marido e escrever os recados foi uma terapia para ela. Não faz bem só para quem recebe, mas também para quem está fazendo. O detalhe mais legal é que é tudo feito a mão, com muito carinho”. Amigos e parentes de profissionais da saúde ajudam a escrever mensagens para pacientes — Foto: Arquivo Pessoal Penélope Aparecida Esquerdo é responsável pelo setor Covid em um hospital público de Sorocaba — Foto: Arquivo Pessoal Penélope Aparecida Esquerdo Fernandes de Oliveira, de 37 anos, é responsável pelo setor de Covid-19 de um hospital público de Sorocaba desde o início da pandemia. Ela conta que a doença mudou o convívio com os familiares e também alterou o dia a dia no hospital. A enfermeira relatou também que, muitas vezes, os cuidados emocionais com os pacientes com Covid-19 são até maiores dos que são usados com pacientes internados com outras enfermidades. “Boas ações e empatia em qualquer situação são muito bem-vindas. É uma ajuda que hoje a gente se esforça para dar uma necessidade maior desses pacientes que, além de estarem lutando contra essa doença, se encontram sozinhos em relação aos seus familiares”, diz. Além disso, Penélope garante que se preocupa e cuida de toda a equipe responsável pelo setor. Segundo ela, a preocupação é com a saúde e com o bem-estar de cada colaborador. “Nunca pensei em desistir da minha profissão. Por nenhum motivo na vida eu pensei em desistir, muito menos por conta da pandemia. É pra isso que eu estudei, é para isso que me formei e encaro essa profissão que tanto amo. Jamais vou pensar em desistir. Nessa luta eu vou até o final”. Veja mais notícias da região G1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus Jessier Quirino apresenta show ""Doidos de Juízo"", em Campina Grande — Foto: Aderaldo Júnior O poeta paraibano Jessier Quirino volta a Campina Grande com o novo show ""Doidos de Juízo"". A apresentação acontece no dia 25 de outubro, às 20h, no Teatro Municipal Severino Cabral. O espetáculo, que combina humor e música, nas palavras do poeta, é “uma homenagem à galeria de espíritos iluminados que habitam esse mundão de meu Deus, cada um, a seu modo, cometendo suas doidices”. De acordo com a assessoria, em “Doidos de Juízo” Jessier usa de sua veia brincante para contar causos e peculiaridades do interior, e sobe ao palco com três músicos: Arnaud Neto, no Sax ; Nelys Nunes, no piano; e Antonio China, na percussão. Os ingressos para o show são vendidos na Livraria Nobel, no Centro, e na Mioche do Partage Shopping, e custam R$ 45 (meia) e R$ 90 (inteira). Há ainda o ingresso social ao valor de R$ 75, mais um quilo de alimento, que deve ser entregue na entrada do espetáculo. Todas as doações serão encaminhadas para uma instituição de caridade do município. Semana Pop explica como foram filmadas as mais impressionantes cenas de pragas do cinema Não é nada fácil criar, na ficção, uma cena como a da nuvem de gafanhotos, que destruiu plantações na América do Sul e preocupou autoridades nessa semana. Para quem ficou chocado com o caso, o Semana Pop explica neste sábado (27) como foram filmadas as mais impressionantes cenas de pragas do cinema. O Semana Pop vai ao ar toda semana, com o resumo do tema está bombando no mundo do entretenimento. Pode ser sobre música, cinema, games, internet ou só a treta da semana mesmo. Está disponível em vídeo e podcast. Cadeiras vão ganhar slogan #AlagoasTeFazFeliz — Foto: Jonathan Lins A Praia da Ponta Verde, em Maceió, vai ganhar um colorido especial a partir de janeiro. Cadeiras e guarda-sóis vão ser padronizados nas cores da campanha ""Verão arretado"". Ao todo, serão 900 equipamentos distribuídos para os ambulantes. O slogan da campanha ""Alagoas te faz feliz"" vai estar marcado em todos os equipamentos. Além dos kits de praia, as velas dos jangadeiros da Praia da Pajuçara também vão ganhar um novo colorido. O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, disse que o projeto deve ser estendido para outras praias da orla marítima de Maceió. “O nosso intuito é trazer mais qualidade ao trabalho do ambulante maceioense e proporcionar maior conforto e segurança aos turistas e visitantes que estão nas nossas praias. Este é só o início, iremos levar essa padronização a todos os ambulantes das praias urbanas da capital. Impulsionar este serviço é garantir que milhares de pessoas sigam gerando renda e oportunidades por meio do turismo”, disse o secretário. Veja mais notícia da região no G1 AL 3 aparelhos que podem te ajudar a não sair de casa Separamos três aparelhos para você ter em casa que te ajudam com a sua saúde e vão evitar a saída de casa para ir ao médico. Umidificador de ar Pessoas que possuem sinusite, rinite ou bronquite podem sofrer em dormir em lugares com ar condicionado, por causa do ar seco, e ter a imunidade reduzida por causa disso. Os umidificadores de ar são de grande auxílio para que esse cenário não ocorra. Você pode encontrar aqui e comprar sem sair de casa. Termômetro Pode parecer o mais simples dos itens, mas o termômetro é um utensílio muito útil. A febre é um dos principais sintomas do COVID-19 e muitas vezes nós nos deixamos enganar por falsos sinais vindo do nosso corpo. Apenas o termômetro pode te dar uma resposta mais concreta. Você também pode comprar sem sair de casa, veja esse modelo aqui. Medidor de pressão A nossa pressão muitas vezes é uma inimiga silenciosa. Em tempos de isolamento, nosso psicológico pode ocasionar problemas que podem subir ou abaixar demais a nossa pressão. Por isso, ter um medidor de pressão pode te ajudar nessas ocasiões. Clicando aqui, você encontra um modelo que pode ser comprado sem que você precise sair de casa. Todos os itens que você viu nesse artigo, você consegue comprar sem sair de casa. Basta acessar: https://www.bemolfarma.com.br/. Lá você também encontra dermocosméticos, medicamentos, itens de cuidados diários e alimentos e nutrição. Vítimas foram enterradas no Cemitério Municipal de Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Os corpos do vereador e ex-prefeito de Santo Expedito (SP) Valfrido Cauneto (PP), de 76 anos, e de sua esposa, Maria Vanda Bernardelli Cauneto, de 68 anos, foram sepultados na manhã desta sexta-feira (24), no Cemitério Municipal. Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens às vítimas no Centro Comunitário de Santo Expedito, onde ocorreu o velório. O casal foi morto a tiros na madrugada desta quinta-feira (23) em uma propriedade rural da família e a Polícia Civil investiga as hipóteses de latrocínio e execução para o crime. O crime deixou chocada a cidade de Santo Expedito, que possuí cerca de três mil habitantes. Aparecida Ferreira da Silva, de 59 anos, era amiga do casal e lamentou a perda. A amiga do casal ainda enfatizou que espera que a justiça seja feita e que o responsável pelos assassinatos seja punido. O aposentado Aparecido Amorim, de 65 anos, trabalhou com o vereador quando ele ainda era prefeito de Santo Expedito. “Trabalhamos juntos por cerca de oito anos na Prefeitura. Ele era uma pessoa excelente, não tinha inimigos. O casal era muito querido na cidade. A forma como o crime aconteceu deixa todos chocados, pois estamos acostumados a ver esse tipo de situação em grandes centros. Em cidade pequena, quando isso acontece, o sofrimento é maior”, relatou ao G1. “Tive um caso parecido na família, é algo que não se esquece jamais. A família é muito querida por todos da cidade”, acrescentou Amorim. Cícero Soares de Amorim, de 52 anos, trabalhava com Valfrido Cauneto na atual legislatura da Câmara Municipal. Cícero é tesoureiro do Poder Legislativo e contou que o político era muito atuante como vereador, principalmente, na busca de ajudar os deficientes. “Ele possuía a mais alta reputação, tanto no trabalho, como na vida particular. A cidade está de luto, está chorando e clama por justiça. A prova de que ele era uma pessoa de caráter foi sua reeleição por seis vezes. O responsável tem que pagar pelo que fez”, desabafou o tesoureiro ao G1. Ele ainda pontuou o medo que atormenta os moradores da cidade está, devido à gravidade do crime. Vítimas foram enterradas no Cemitério Municipal de Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 O vereador e ex-prefeito Valfrido Cauneto e sua esposa, Maria Vanda Bernardelli Cauneto, foram encontrados mortos na madrugada desta quinta-feira (23), na propriedade rural da família. Em decorrência do crime, a Câmara Municipal decretou luto oficial de três dias e fechou para atendimento nestas quinta-feira (23) e sexta-feira (24). O filho do casal contou que chegou à propriedade rural para ordenhar vacas junto ao pai, por volta das 4h30, quando encontrou um guarda-roupas revirado e os idosos mortos em um quarto. De acordo com a polícia, as vítimas apresentavam perfurações nos corpos causadas por tiros. A porta dos fundos da casa estava aberta, sem sinais de arrombamento. Equipes das polícias Civil, Militar e Científica compareceram ao local. Conforme a Polícia Civil, o local era cercado por câmeras externas, mas a central com as imagens do circuito de segurança foi levada por quem cometeu o crime. A polícia realiza diligências e ouve testemunhas para tentar esclarecer o caso. Um perito de São Paulo (SP) foi acionado para fazer o levantamento de impressões digitais na área onde ocorreu o crime. Vereador e esposa assassinados em Santo Expedito são enterrados Valfrido Cauneto estava em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal de Santo Expedito e já havia sido chefe do Poder Executivo em dois períodos, de 1973 a 1977 e de 1983 a 1988. Ao G1, o presidente da Câmara Municipal, Sordelino Dias Filho (PV), informou que foi decretado luto oficial de três dias para o Poder Legislativo. Dias Filho ainda disse ao G1 que Valfrido Cauneto era um vereador atuante no município, sempre participativo nas fiscalizações e investigações. ""Vamos prestar todo apoio possível à família"", declarou. Em 2012 e 2016, Maria Vanda também tentou ingressar como vereadora na Câmara Municipal, candidatando-se pelo PP, mas não se elegeu. O prefeito de Santo Expedito, Ivandeci José Cabral (MDB), informou ao G1 que decretou luto oficial de três dias e ponto facultativo nesta sexta-feira (24) no município. “Foi um crime de violência extrema. Isso afronta a imagem da cidade. Esperamos que o crime seja esclarecido o mais rápido possível”, declarou Cabral ao G1. Vítimas foram enterradas no Cemitério Municipal de Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Vítimas foram veladas e sepultadas em Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Vítimas foram veladas e sepultadas em Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Vítimas foram veladas e sepultadas em Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Vítimas foram veladas e sepultadas em Santo Expedito — Foto: Aline Costa/G1 Veja mais notícias em G1 Presidente Prudente e Região. Guardar dinheiro não é fácil, a gente sabe. Sempre tem uma coisa para comprar, um boleto para pagar... Se você tem dificuldade para juntar uma grana (você não está sozinho), saiba que economizar tem mais a ver com organização do que com o seu salário. Se pessoa ganha salário mínimo e consegue fazer sobrar R$ 30 por mês, ótimo. O importante é manter uma regularidade e investir o valor economizado. Veja abaixo, dicas que podem te ajudar a começar uma mudança. Sim, você já escutou isso por aí milhões de vezes. Mas não tem outro caminho para quem quer guardar dinheiro. Você precisa anotar tudo que paga e que recebe. Pode ser num caderno, num bloco de notas, no computador… O fundamental é registrar tudo. Hoje existem vários apps de finanças pessoais gratuitos que ajudam nesta tarefa. A partir daí, você vai ver onde pode economizar para começar a guardar dinheiro. Se você recebe por banco, uma ótima dica é fazer uma aplicação com resgate automático no dia que cai seu salário. Comece com pouco, você nem vai sentir. Depois, na medida do possível, vá aumentando. Há planos de previdência privada, por exemplo, em que é possível fazer esta programação pensando no futuro. Tá bem, é chato. Mas um jeito fácil de fazer sobrar dinheiro é olhar para as contas fixas, como TV, internet, celular e assinaturas. Primeiro, analise se você realmente está usando estes serviços. Se forem úteis mesmo, tente renegociar o preço. Quase sempre tem margem para baixar. A anuidade do cartão daria para baixar? Uns minutinhos de paciência falando com pessoal do atendimento e ouvindo algumas musiquinhas podem valer a pena. Para guardar dinheiro, é fundamental ter metas claras com prazos pré-definidos. Quer viajar? Quanto você precisa? Quando será a viagem? Quanto será necessário guardar todo mês. Isso ajuda muito a chegar lá. O mesmo vale para compra de carro, imóveis e outras coisas. É duro, sim. Mas rever o estilo de vida é fundamental. O que eu ganho é compatível com meus gastos com restaurante? Preciso mesmo ter um carro com esse seguro caro? Muitas vezes, uma simples mudança vai permitir sobrar alguma coisa no fim do mês. “É baratinho”. Essa expressão leva muita gente para o buraco. Um cafezinho, um sorvete. Nunca ignore os pequenos gastos. Ao anotar tudo, você vai ver quanto dinheiro está indo nisso. Mas, calma, você não precisa cortar tudo. Uma redução nas coisas “baratinhas” certamente vai fazer você economizar dinheiro para investir. Quer saber mais? Entra lá no projeto De Bens com a Vida que você encontra muito conteúdo bacana. Veja mais dicas nos vídeos do canal, toda segunda e quinta no Youtube. Diante de tantas opções, a expectativa de quem tem costume de trocar ovos de Páscoa é alta. “Qual é o melhor para presentear?” e “Será que ganharei um que gosto?” são perguntas frequentes. A campanha #ProplastikEuQueFiz consiste em disponibilizar todos os itens necessários para a produção de um ovo de Páscoa com o melhor preço. A partir de R$ 20, é possível presentear alguém especial. Por lá, é possível encontrar cascas de chocolate ao leite, branco, diet e sem lactose além dos confeitos, ingredientes para produção de recheio e embalagens. E para facilitar ainda mais, a Proplastik preparou um Quiz especial. Antes de mais nada, pense em uma pessoa para presentear. Depois, responda as perguntas abaixo para receber uma indicação que combine com os gostos dela. Cascas Prontas — Foto: Divulgação Proplastik Médica posta realidade em Cais: 'Continua fazendo festa que te espero no plantão' Em três horas de atendimento no Centro de Atenção Integral em Saúde (Cais) de Campinas, em Goiânia, a médica de urgência e emergência Thamine Mesquita do Vale assinava o terceiro pedido de internação para paciente com coronavírus. Ela decidiu desabafar sobre a gravidade da doença e postou uma foto em sua rede social com um alerta: ""Continue fazendo festa que eu te vejo aqui no plantão"". Cerca de 60 a 70 pessoas com sintomas de Covid-19 procuram diariamente atendimento médico no Cais de Campinas, como explica a médica. Destes casos suspeitos, aproximadamente 10 acabam sendo internados. Na manhã desta quarta-feira (17), todos os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para tratar casos suspeitos e confirmados de Covid-19 em hospitais públicos da capital estavam lotados. ""A coisa está bem feia. Só no Cais Campinas tem cerca de 60 a 70 atendimentos só de Covid-19 e pedimos internação para cerca de 10 pessoas e, às vezes, é preciso de internação para outras especialidades, porque tem acontecido casos de Covi-19 junto com outras doenças. Não é momento para fazer festa e esquecer que está acontecendo uma pandemia que está tirando tantas vidas"", desabafa a médica. Médica Thamine Mesquita desabafa em rede social sobre a gravidade da Covi-19, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera A foto mostrando que três internações já haviam sido solicitadas ainda de manhã foi postada na terça-feira (16) e, logo depois, viralizou. A médica diz que não esperava tanto impacto na internet. A médica disse se sentir frustrada ao sair nas ruas e ver as pessoas sem máscara de proteção facial e com poucos hábitos de higiene pessoal. ""Nós, como profissionais de saúde, após observar o que acontece com os doentes, ficamos frustrados de não ter apoio da população que fica dizendo que somos heróis. É muito ruim sair de casa e ver pessoas sem máscaras, como se estivesse tudo normal. Estão morrendo mais de 1 mil pessoas por dia por conta de uma doença"", pondera. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. No dia 5 de junho, se comemorou o Dia do Meio Ambiente e nada melhor para comemorar a data do que relembrar algumas das reportagens do Globo Repórter dos últimos anos. Reveja os programas e se encante com toda a riqueza da natureza! Nesta sexta (12), o programa é uma homenagem à data! Não perca. Expedição Amazônia Em setembro de 2016, o Globo Repórter viajou pelas áreas inundadas da maior floresta do mundo. Globo Repórter – Expedição Amazônia, 02/09/2016 Floresta Amazônica No primeiro programa de 2020, voltamos à região e fomos a lugares inexplorados da floresta. Globo Repórter - Floresta Amazônica - 28/02/2020 Cerrado Em março de 2018, embarcamos para as fascinantes matas do coração do Brasil e mostramos o renascimento do parque da Chapada dos Veadeiros. Globo Repórter – Cerrado, 02/03/2018 Pantanal A viagem, feita originalmente em setembro de 2017 e reprisada durante a pandemia, revela os segredos do coração do Brasil numa expedição pelo Pantanal. Globo Repórter - Pantanal - 29/05/2020 Amazônia Peruana Outro lugar revisitado pelo programa durante a pandemia foi a região. Em outubro de 2017, atravessamos a Cordilheira dos Andes em uma aventura em um dos lugares mais preservados do planeta. Globo Repórter - Amazônia peruana - 17/04/2020 Mata Atlântica Em junho de 2017, o Globo Repórter foi até o extremo-sul da Bahia para desvendar um tesouro verde do Brasil. Globo Repórter – Mata Atlântica, 21/07/2017 Serra da Mantiqueira Em junho de 2016, viajamos pela Serra das Águas, descobrimos o prazer da vida nas alturas e exploramos as belezas naturais. Globo Repórter – Serra da Mantiqueira, 17/06/2016 Animais Silvestres Em dezembro de 2014, o Globo Repórter focou o programa no trabalho de proteção e resgate de animais silvestres no país e relação deles com as cidades. Globo Repórter: Animais Silvestres, 12/12/2014 Animais Urbanos Em novembro de 2012, o programa mostrou como animais considerados selvagens convivem no mesmo ambiente com seres humanos nas cidades. Globo Repórter - Animais Urbanos, 23/11/2012 Cânions do Sul Exploramos a região em fevereiro de 2015. O maior conjunto de cânions da América do Sul tem mais de 200 km e ajuda a manter o equilíbrio e o clima do planeta. Globo Repórter: Cânions do Sul - 20/02/2015 Ilha Grande A baía, que fica no litoral do estado do Rio de Janeiro, é um dos lugares mais bonitos do Brasil. São quase 200 ilhas, mais de 100 praias e cinco territórios protegidos: um paraíso da natureza para onde viajamos em junho de 2017. Globo Repórter - Ilha Grande, 30/06/2017 Jalapão Cenário da novela ""O Outro Lado do Paraíso"", o parque estadual, no Tocantins, foi o destino do Globo Repórter em maio de 2018. Globo Repórter – Jalapão, 11/05/2018 Alter do Chão As extraordinárias paisagens de um pedaço do Brasil onde rio e floresta se unem para desenhar um cenário sem igual, no Pará, foram mostradas pelo programa em março de 2019. Globo Repórter – Alter do Chão, 29/03/2019 África Selvagem Em março de 2019, fomos até a África e o programa mostra os grandes tesouros naturais e a vida selvagem deste continente. Globo Repórter – África selvagem, 22/03/2019 Má postura, tabagismo, sedentarismo e má alimentação são os grandes vilões para nossa saúde. Como já vimos aqui no Bem Viver em Minas, um trabalhador que não mantém um estilo de vida saudável está propenso a ser menos produtivo e se afastar mais do trabalho por motivos de saúde. De acordo com conteúdo da FIEG – Federação das Indústrias do Estado de Goiás publicado no G1, em média, um quarto dos gastos com assistência médica dos trabalhadores está relacionado ao estilo de vida que ele leva. “No mercado de trabalho não estamos competindo só com o outro, mas com a gente mesmo. Isso traz um certo esgotamento físico, levando a pessoa a deixar de hidratar, de comer bem, de ter boas noites de sono, enfim, de se cuidar”, destaca a psicóloga e especialista em gestão de RH, Priscilla Neves. Para ela, é importante observar estes sinais que o corpo e a mente emitem de que é preciso mudar o estilo de vida para se manter produtivo e feliz. Com tamanho impacto do ponto de vista econômico e social, o estilo de vida norteado por hábitos saudáveis tem se tornado pauta recorrente nas agendas corporativas. O setor empresarial tem, em algum nível, se mobilizado ao inserir programas e ações que visam a melhoria da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida dos trabalhadores. Mas é bom lembrar que muito ainda pode ser feito para que uma ação provoque bons resultados na qualidade de vida das pessoas e dos negócios. Mesmo com o esforço das corporações, não adianta todo mundo se mexer se o maior interessado, que é o próprio trabalhador, não tomar uma atitude e mudar os próprios hábitos. Isso, não só pelo fato de se manter ativo no mercado de trabalho, mas também por conta do cuidado com a própria saúde e bem-estar. “A maioria das pessoas que procuram atendimento médico querem um atalho, um remédio que funcione rápido porque precisam voltar e continuar trabalhando. Mas o que elas não entendem é que aquilo que apareceu como enxaqueca, hipertensão, diarreia ou gastrite foi causado por um gatilho, que é a própria vida que a pessoa leva”, analisa o médico cardiologista Valério Trindade. O especialista concorda que criar uma rotina positiva, baseada em atitudes simples, é o primeiro passo para que o trabalhador possa se livrar de antigos hábitos que prejudicam a sua saúde física e mental e, consequentemente, a sua produtividade. Preparamos algumas dicas para você começar a mudar de vida e encontrar o equilíbrio necessários para se manter produtivo e saudável: Desafio #BemViverEmMinas: O que você faz para relaxar a mente nos intervalos do trabalho? QUIZ: Você trabalha para viver ou vive para trabalhar? No dia 5 de junho, se comemorou o Dia do Meio Ambiente e nada melhor para comemorar a data do que relembrar algumas das reportagens do Globo Repórter dos últimos anos. Reveja os programas e se encante com toda a riqueza da natureza! Nesta sexta (12), o programa é uma homenagem à data! Não perca. Expedição Amazônia Em setembro de 2016, o Globo Repórter viajou pelas áreas inundadas da maior floresta do mundo. Globo Repórter – Expedição Amazônia, 02/09/2016 Floresta Amazônica No primeiro programa de 2020, voltamos à região e fomos a lugares inexplorados da floresta. Globo Repórter - Floresta Amazônica - 28/02/2020 Cerrado Em março de 2018, embarcamos para as fascinantes matas do coração do Brasil e mostramos o renascimento do parque da Chapada dos Veadeiros. Globo Repórter – Cerrado, 02/03/2018 Pantanal A viagem, feita originalmente em setembro de 2017 e reprisada durante a pandemia, revela os segredos do coração do Brasil numa expedição pelo Pantanal. Globo Repórter - Pantanal - 29/05/2020 Amazônia Peruana Outro lugar revisitado pelo programa durante a pandemia foi a região. Em outubro de 2017, atravessamos a Cordilheira dos Andes em uma aventura em um dos lugares mais preservados do planeta. Globo Repórter - Amazônia peruana - 17/04/2020 Mata Atlântica Em junho de 2017, o Globo Repórter foi até o extremo-sul da Bahia para desvendar um tesouro verde do Brasil. Globo Repórter – Mata Atlântica, 21/07/2017 Serra da Mantiqueira Em junho de 2016, viajamos pela Serra das Águas, descobrimos o prazer da vida nas alturas e exploramos as belezas naturais. Globo Repórter – Serra da Mantiqueira, 17/06/2016 Animais Silvestres Em dezembro de 2014, o Globo Repórter focou o programa no trabalho de proteção e resgate de animais silvestres no país e relação deles com as cidades. Globo Repórter: Animais Silvestres, 12/12/2014 Animais Urbanos Em novembro de 2012, o programa mostrou como animais considerados selvagens convivem no mesmo ambiente com seres humanos nas cidades. Globo Repórter - Animais Urbanos, 23/11/2012 Cânions do Sul Exploramos a região em fevereiro de 2015. O maior conjunto de cânions da América do Sul tem mais de 200 km e ajuda a manter o equilíbrio e o clima do planeta. Globo Repórter: Cânions do Sul - 20/02/2015 Ilha Grande A baía, que fica no litoral do estado do Rio de Janeiro, é um dos lugares mais bonitos do Brasil. São quase 200 ilhas, mais de 100 praias e cinco territórios protegidos: um paraíso da natureza para onde viajamos em junho de 2017. Globo Repórter - Ilha Grande, 30/06/2017 Jalapão Cenário da novela ""O Outro Lado do Paraíso"", o parque estadual, no Tocantins, foi o destino do Globo Repórter em maio de 2018. Globo Repórter – Jalapão, 11/05/2018 Alter do Chão As extraordinárias paisagens de um pedaço do Brasil onde rio e floresta se unem para desenhar um cenário sem igual, no Pará, foram mostradas pelo programa em março de 2019. Globo Repórter – Alter do Chão, 29/03/2019 África Selvagem Em março de 2019, fomos até a África e o programa mostra os grandes tesouros naturais e a vida selvagem deste continente. Globo Repórter – África selvagem, 22/03/2019 Polícia Ambiental apreende macaco em Sorocaba — Foto: Polícia Militar Ambiental/Divulgação Um macaco sagui foi apreendido pela Polícia Militar Ambiental em Sorocaba (SP) nesta terça-feira (8) após uma denúncia de maus-tratos. O morador denunciado foi abordado durante a Operação Área Rural Mais Segura e o animal foi encontrado dentro da casa dele. De acordo com a corporação, o macaco não apresentava sinais de maus-tratos, mas o dono não tinha autorização para tê-lo dentro da residência. O animal foi apreendido e o homem autuado em R$ 500 por ter uma espécie da fauna silvestre em cativeiro sem autorização do órgão competente, infringindo a lei. Na segunda-feira (7), o resgate de outro macaco mobilizou uma equipe do Corpo de Bombeiros na cidade. O animal foi encontrado no portão de um estabelecimento comercial na Avenida Nogueira Padilha. Após uma avaliação clínica, ele foi solto na mata do zoológico. Polícia Ambiental apreende macaco em Sorocaba — Foto: Polícia Militar Ambiental/Divulgação Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Edital vai selecionar 120 conteúdos digitais, já que shows e espetáculos teatrais estão suspensos diante da crise na saúde mundial — Foto: Uchôa Silva/Pará 2000 A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) abriu, nesta sexta-feira (20), o credenciamento para o ""Festival Te Aquieta em Casa"", que vai selecionar 120 conteúdos digitais da mais variadas linguagens. A medida é para fomentar a cultura no estado respeitando as medidas restritivas de prevenção ao novo coronavírus (Covid-19). O interessado em participar do festival consegue acessas as instruções no site da Secult. O credenciamento é feito pelo email artedigitalsecultpa@gmail.com, de 20 a 30 de março, respeitando as orientações do edital. Os artistas contemplados serão premiados com o valor de R$ 1.500, e terão suas páginas na internet - nas quais estará disponível o trabalho selecionado - divulgadas nas redes da Secult (Facebook e Instagram). De acordo com o órgão, o objetivo é gerar renda para os artistas, além de incentivar a permanência das pessoas a permanecerem em casa consumindo conteúdos culturais por meio das redes sociais. Todos que estão envolvidos com teatro, dança, música, contação de histórias, artes visuais, artesanato e expressões culturais populares, afro-brasileiras, indígenas e oriundas de comunidades tradicionais podem se credenciar. Jessier Quirino apresenta show ""Doidos de Juízo"", em Campina Grande — Foto: Aderaldo Júnior O poeta paraibano Jessier Quirino apresenta o show ""Doidos de Juízo"" em Campina Grande, nesta sexta-feira (25). A apresentação acontece a partir das 20h, no Teatro Municipal Severino Cabral. O espetáculo, que combina humor e música, nas palavras do poeta, é “uma homenagem à galeria de espíritos iluminados que habitam esse mundão de meu Deus, cada um, a seu modo, cometendo suas doidices”. De acordo com a assessoria, em “Doidos de Juízo” Jessier usa de sua veia brincante para contar causos e peculiaridades do interior, e sobe ao palco com três músicos: Arnaud Neto, no Sax ; Nelys Nunes, no piano; e Antonio China, na percussão. Os ingressos para o show são vendidos na Livraria Nobel, no Centro, e na Mioche do Partage Shopping. Vítima foi mantida em cárcere por três dias antes de ser libertada por guardas municipais — Foto: Arquivo pessoal O filho da mulher de 47 anos que foi agredida pelo namorado e mantida em cárcere privado por três dias em Várzea Paulista (SP) disse que o suspeito já havia feito ameaças de morte à vítima. O homem, de 48 anos, foi preso na terça-feira (12). A mulher foi libertada por guardas municipais no início de maio, após os vizinhos escutarem o pedido de socorro dela e acionarem a polícia. Segundo a Polícia Civil, o suspeito não aceitava o fim do relacionamento e, depois de insistir no retorno, a vítima acabou se reaproximando dele. No entanto, o agressor vasculhou o celular da mulher e se revoltou com uma mensagem trocada com uma amiga, o que motivou o crime. Ao G1, o filho dela contou que o homem fazia diversas ameaças à mulher e à família dela, caso ela não aceitasse continuar o relacionamento. ""Ele me ameaçou, ameaçou minha irmã e meu sobrinho, dizendo que mataria a família da minha mãe se ela não ficasse. Ele falava para mim que a minha mãe o amava e dizia: você vai ver só. O que se faz aqui se paga."" Após as investigações, o delegado Rafael Diório Costa, responsável pelo inquérito, pediu a prisão temporária do suspeito. O mandado foi cumprido e o investigado capturado. A polícia também recuperou o celular da mulher, que será analisado. Mulher foi mantida em cárcere privado pelo namorado em Várzea Paulista — Foto: Arquivo pessoal Segundo o filho, o envolvimento da mãe com o homem começou em outubro de 2019. Porém, os dois teriam se separado por cerca de três meses, após o suspeito ter ameaçado agredi-la. ""Ele sempre falou que minha mãe era mulher dele, mas nunca se casaram. Ele queria dar banho nela e grudou no pescoço dela, porque ela não queria. Ela veio até a gente pedindo ajuda, porque achou que ele era louco"", conta. Posteriormente, o casal acabou se envolvendo novamente, pois o homem dizia que queria resolver os problemas e se casar com a mulher. Foi quando ela foi visitá-lo onde morava, em uma edícula localizada em Várzea Paulista, onde aconteceram as agressões. O filho relata que, enquanto cometia o crime, o suspeito faltou dois dias do trabalho para ficar torturando a mulher. ""Ele começou a trabalhar de segurança em uma agência bancária e, no terceiro dia, uma mulher ligou falando que mandaria embora caso ele faltasse. A dona da casa da frente chamou a policia. Ele teve a cara de pau de voltar no local de madrugada, acho que queria terminar o trabalho e matar minha mãe. Ele só tinha uma mala com roupa, nem o colchão que ele dormia era dele."" *Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku. Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Um dos fatores mais importantes na hora de conversar com os recrutadores é não tentar mostrar algo diferente do que você realmente é — Foto: Divulgação Sempre bastante concorrido, o mercado de trabalho se torna ainda mais exigente quando o número de vagas ofertadas não é muito grande. Num cenário como esse, é cada vez mais importante estar atento a detalhes na hora de se apresentar para concorrer a uma colocação. Para ajudar aqueles que estão em busca de uma vaga, a coordenadora do Banco de Oportunidades do Senac Ceará, Karla Rolemberg, dá algumas dicas sobre uma das fases mais temidas dos processos seletivos: a entrevista: 1. Seja educado e cortes, mostrar segurança e autoconfiança na postura e no comportamento, além de fala compassada e clara; 2. Procure conhecer a empresa antes da entrevista e não fale mal da empresa anterior, superiores e equipe; 3. Importante: não queira ser na entrevista o que você não é de fato. Não minta ou utilize discursos decorados que não estejam de acordo com as suas competências. 4. Cuidado com roupas informais, da moda e escritas em idioma estrangeiro. Na dúvida, opte por uma vestimenta formal; 5. Atenção a higiene corporal. Mantenha também as unhas cortadas e limpas; 6. Acessórios como relógios, brincos e pulseiras, devem ser usados com cautela e a maquiagem deve ser leve e formal; Ajuda de peso O Banco de Oportunidades é um serviço gratuito que tem a função de orientar e encaminhar ao mercado de trabalho os alunos que concluíram com êxito um dos cursos do Senac/Ce. O banco também tem a finalidade de auxiliar os empresários do setor, facilitando a seleção ao encaminhar para as vagas disponibilizadas, candidatos que já estão dentro do perfil buscado. Atualmente o programa funciona nas cidades de Fortaleza, Maranguape, Sobral, Iguatu, Crato e Juazeiro. Além de conectar ex-alunos e empresas, o Banco de Oportunidades também atua orientando aqueles que estão se qualificando nos cursos da instituição em temas que influenciam na hora de conseguir uma vaga, como comportamento em entrevistas de emprego, elaboração de currículo e outras abordagens para se obter êxito nos processos seletivos. Segundo especialista, devemos nos concentrar em decisões mais importantes. — Foto: Getty Images Há quem defina a vida como uma sucessão de decisões. E, em quase todos os momentos, às vezes mesmo sem perceber, estamos fazendo escolhas, uma após a outra: qual roupa vestir, se atravessamos ou não a rua, se vamos a determinado lugar ou até o que pedimos para comer. No entanto, para algumas pessoas, tomar uma decisão pode ser extremamente complexo e até angustiante. E se tivermos de enfrentar uma decisão importante, pode ser difícil saber por onde começar. ""Algumas decisões são pequenas, como qual roupa vestir. Mas algumas dessas escolhas podem marcar nossas vidas por anos ou para sempre, como qual carreira seguir"", diz a médica Radha Modgil. A especialista compartilhou com a BBC algumas dicas que podem nos ajudar a tomar decisões no cotidiano. Segundo ela, há três elementos básicos que devemos levar em consideração quando nos sentimos indecisos. Ao eliminar pequenas escolhas, você economiza o melhor das habilidades do seu cérebro para as decisões mais importantes. Quando era presidente dos Estados Unidos, Barack Obama decidiu parar de tomar uma decisão cotidiana: a escolha do que vestir. ""Era sempre um terno azul ou cinza, com uma camisa branca, porque ele conhecia a ciência por trás das decisões e, usando um tipo de uniforme, economizava energia para tomar decisões realmente importantes"", diz Mogdil. Segundo a especialista, os cientistas que estudam o cérebro e descobriram que todas as decisões, grandes ou pequenas, consomem a mesma energia. Ou seja, uma pequena escolha exige a mesma quantidade de energia que uma decisão importante. ""Então, quando você precisar tomar decisões realmente importantes, como em qual universidade se matricular ou se deve ou não mudar de emprego, tome cuidado para não desperdiçar energia com decisões que não trarão mudanças reais à sua vida"", sugere a médica. ""Guarde suas energias para coisas realmente importantes"", acrescenta. Graças às novas tecnologias médicas, hoje podemos ver como o cérebro funciona. — Foto: Getty Images O cérebro precisa de energia para pensar, assim como o corpo exige energia para se movimentar. Hoje, graças às novas tecnologias médicas, sabemos como o cérebro funciona — ele é o nosso órgão mais complexo e o que consome mais energia. Se estamos com fome, os neurotransmissores não funcionam bem, o que afeta a comunicação entre os cerca de 86 milhões de neurônios que nosso cérebro possui. ""Isso compromete nossa capacidade de pensar e tomar decisões"", diz Mogdil. ""Portanto, este conselho é muito simples: quando você precisar tomar uma decisão importante, verifique se não está com fome"", acrescenta. Pesquisas mostram que beber muita água e tomar um café da manhã com poucos carboidratos, mas com cereais ou aveia, pode nos ajudar a pensar com mais clareza. Os produtos com ômega 3 também são um ótimo alimento para o nosso cérebro: ele é encontrado em alguns peixes e em sementes de abóbora ou girassol. Procurar pessoas que pensam diferente é uma das chaves para tomar melhores decisões. — Foto: Getty Images ""O último conselho é abandonar a sensação de possível perda que domina sua tomada de decisões"", diz o especialista. O economista Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia em 2002, passou décadas estudando a maneira pela qual os seres humanos tomam decisões. Ele descobriu que, nos momentos em que temos de fazer uma grande escolha, sentimos muito receio sobre o que podemos perder — e esse sentimento é maior que a motivação com os ganhos com a escolha. De acordo com a pesquisa, é por isso que sempre tentamos escolher a opção mais segura em vez daquela que teria o maior impacto positivo em nossas vidas. ""Kahneman costumava dar uma recomendação muito interessante para superar esse medo da perda: pergunte a um amigo que seja honesto o suficiente para lhe dizer coisas que você talvez não queira ouvir"", lembra Mogdil. A médica sugere que um amigo que seja objetivo em suas recomendações pode ajudá-lo a identificar a melhor decisão, principalmente porque eles não são influenciados pelo medo da perda que você pode ter. ""No final, a decisão será sempre sua, mas ajuda muito procurar esse tipo de conselho"", diz ela. ""Então, da próxima vez que você tomar uma decisão importante: liberte sua mente de decisões corriqueiras, dê ao cérebro uma 'boa gasolina' para fazê-lo funcionar e consulte um amigo que se preocupa mais com seu futuro do que com seus medos"" conclui. Especialista explica que o ato de ""adiar"" decisões tem solução; entenda a procrastinação Medicina integrativa ajudou no tratamento da leucemia da Cora Companhia estreia espetáculo de dança e faz bate-papo online em Jundiaí — Foto: Prefeitura de Jundiaí/Divulgação A Cia. Jovem de Dança de Jundiaí (SP) faz nesta quinta-feira (3), às 20h, a estreia online de seu novo espetáculo ""P.A.Q.U.I.T.A. – Passos aleatórios que um impulso te apresenta"". A transmissão será feita pela página do Facebook da Unidade de Gestão de Cultura (UGC). Após a estreia, o diretor artístico da companhia, Alex Soares, os bailarinos e os assistentes da companhia realizam um bate-papo online nos mesmos canais, respondendo às perguntas dos espectadores e interessados. As coreografias de ""P.A.Q.U.I.T.A"", gravadas no Teatro Polytheama, trazem como trilha sonora as canções do famoso balé homônimo do século 19, mas com passos inspirados na improvisação e no trabalho que a companhia vinha desenvolvendo durante o período de isolamento social. Quem assistir ao espetáculo poderá conferir tanto apresentações individuais quanto dos bailarinos em grupos. Durante a gravação, os bailarinos seguiram as orientações sanitárias necessárias para o enfrentamento à pandemia do coronavírus. Veja mais notícias da região no G1 Sorocaba e Jundiaí Assessor de prefeito assassinado alertou sobre possível execução O assessor do prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto, afirmou ao G1 que avisou ao gestor que ele seria alvo de um atentado. Kléber Freitas trabalhava com ""João do Povo"" há três anos e via rivais políticos dispostos a tomar a prefeitura a qualquer custo. João Gregório Neto, conhecido como João do Povo, foi assassinado a tiros em 24 de dezembro perto da casa dele, em Granjeiro. Na manhã desta sexta-feira (24), a família do gestor pediu justiça e celeridade para prender os responsáveis. A Secretaria da Segurança diz que a hipótese de que o homicídio se trata de um crime político ""está cada vez mais forte"". O pai do atual prefeito de Granjeiro, que assumiu o cargo após o assassinato de João do Povo, usa tornozeleira eletrônica e é suspeito de participação no crime. Segundo Kléber, a primeira alternativa dos rivais foi realizar denúncias de supostos crimes cometidos por João Gregório à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público do Ceará (MPCE). O político era investigado na Operação Bricolagem, realizada em novembro de 2018 para apurar fraudes em licitações de empresas para a construção de escolas no município. João Gregório Neto estava caminhando quando foi atingido em Granjeiro, no sul do Ceará — Foto: Divulgação/Prefeitura de Granjeiro ""Chegou a um certo ponto que, em outubro do ano passado, procuraram alguns vereadores, tentando afastá-lo pela Câmara. O pai do atual prefeito procurou, oferecendo dinheiro, D-20 [veículo]. Perguntaram o que o vereador queria. Ele queria ser prefeito, a qualquer custo. Viviam marcando data na cidade: 'tal dia, o prefeito é Ticiano Tomé'"", afirma Kléber Freitas. ""Quando aconteceu esse fato, eu chamei o prefeito João do Povo. 'João, eles estão vendo que não vão conseguir te afastar por Justiça, pela Câmara eles não conseguem porque a gente sabe os nossos vereadores. Então tu cuida na tua vida, que vão atrás de te matar'. Eu disse isso com todas as palavras. Não foi só uma, nem duas, nem três vezes. Foram várias vezes"", completa. Prefeito foi assassinado enquanto caminhava à beira de açude em Granjeiro — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução A defesa de Vicente e Ticiano Tomé afirmou ao G1 que não há provas da participação de seu cliente no crime e que é ""precoce"" qualquer acusação de homicídio envolvendo a família do atual prefeito. ""Nós temos um procedimento inquisitivo, ainda no início. Temos uma investigação policial em curso. Nós não temos nenhum indiciamento formal, que tenha Ticiano Tomé ou o seu pai, Vicente Tomé, como autores intelectuais do delito. É ainda muito precoce essa afirmação. A Polícia ainda investiga e trilha outras linhas de investigação"", ponderou o advogado Luciano Daniel. Kléber revela que o prefeito começou a tomar mais cuidados. ""Um deles foi correr no pátio da casa dele, com medo. Porque antes ele corria na rua, na parede do açude. Também contratou um segurança, que dormia sempre na casa dele."" Na manhã de 24 de dezembro de 2019, João Gregório voltou a correr em volta de um açude da cidade. E foi assassinado a tiros. Dois suspeitos de ligação com o caso foram presos pela Polícia Civil, que também pediu pela prisão do antigo vice-prefeito (agora prefeito) Ticiano Tomé e do pai dele, Vicente Félix de Souza, conhecido como ""Vicente Tomé"", mas a Justiça Estadual negou. O cantor e compositor Aldir Blanc durante cerimônia e show no Prêmio Shell de Música realizado no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio de Janeiro, em novembro de 2004 — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo O corpo do compositor e escritor Aldir Blanc, que morreu aos 73 anos, foi cremado na tarde desta terça-feira (5) no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Devido ao isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, não houve velório. Blanc morreu na madrugada de segunda-feira (4) depois de ser internado, em 15 de abril, na UTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, em estado muito grave. A filha dele, Isabel Blanc, publicou uma foto e uma mensagem homenageando o pai numa rede social. Cinco dias antes de ser encaminhado para a UTI do Pedro Ernesto, o compositor já estava hospitalizado na Coordenação de Emergência Regional (CER) no Leblon, na Zona Sul, com infecção urinária e pneumonia. O quadro evoluiu para uma infecção generalizada e, depois de um apelo feito pela filha para que ele fosse internado numa UTI, Blanc foi transferido para o Hospital Pedro Ernesto. MORTE DE COVID-19 MEMÓRIA GLOBO FOTOS TRECHOS DE OBRAS REPERCUSSÃO HOMENAGENS NO RIO OUÇA MÚSICA INÉDITA Um gramado verde, com plantas floridas e harmônicas tornam o jardim de qualquer casa muito mais vivo e alegre. O jardim é parte importante do paisagismo e durante essa temporada de calor e clima seco, é importante redobrarmos os cuidados com esse espaço. Com produtos coringa e uma rotina de cuidados mais dedicada, você consegue contornar as variações do clima e ter sempre um jardim saudável e bonito para fazer jus à sua casa. Lembre-se que, como as pessoas, as plantas têm sede. Da mesma forma, elas também têm um limite de água diário que deve ser respeitado. Com equilíbrio, conseguimos mantê-las sempre hidratadas na medida certa. A poda também é parte importante deste processo, pois retira da planta tudo o que não fornece nutrientes e que pode impedir seu crescimento. Na hora da manutenção, utilize sempre equipamentos de qualidade. Principalmente na hora de aparar a grama, o equipamento utilizado faz toda a diferença, já que alguns modelos ao invés de cortar, “mastigam” a grama, o que pode enfraquecê-la e impedir sua recuperação. Bons fertilizantes também podem ser ótimos aliados na hora de dar aquela forcinha que a planta precisa e repor seus nutrientes. Caso você tenha pets, não se esqueça de certificar que nenhuma das plantas do seu jardim possam ser prejudiciais à saúde deles e que toda a permanência deles nesse jardim deve ser supervisionada. A urina de um cachorro, por exemplo, pode ser fatal para algumas espécies de plantas. O mais importante: o jardim pode ser um ambiente de conexão com a natureza e um espaço especial para relaxar. Cuide bem do seu! Família faz declaração a idoso que está sozinho durante pandemia em Goiás Para amenizar a saudade de receber visitas, a família de João de Deus Dias, de 94 anos, colocou uma faixa na porta da casa dele, em Rialma, a 180 km de Goiânia. A ideia foi reforçar o amor dos oito filhos, 18 netos e 10 bisnetos pelo idoso e que ele não deve sair de casa por conta da pandemia do coronavírus. Uma das netas dele, a auxiliar administrativa Keila Caroline Dias disse que o avô estava se sentindo muito sozinho e sentia falta das visitas da família em casa. “Há 2 meses, desde o início da pandemia, nós da família optamos por não visitá-lo mais. Tem gente de São Paulo e de outras cidades. Eu mesma sou de Aparecida de Goiânia. Então, os parentes da cidade iam lá, mas ficavam do lado de fora, só davam um ‘tchauzinho’ pela janela, levavam alguma comida pra ele, mas só assim. Nas ligações com a gente, ele sempre perguntava: ‘Quando vocês vão vir?’. Ele estava bem tristinho”, diz Keila. Keila conta que a ideia da faixa surgiu como uma alternativa de demonstrar carinho e dizer para o avô que ele não está abandonado. Além da faixa, a família gravou vídeos para o idoso. “No vídeo tem tias, primos, todo mundo se mobilizou, gostou da ideia e quis mandar um recadinho para o vovô”, conta Keila. A neta contou que, ao ler a faixa, o idoso ficou feliz e entendeu a importância de ficar em casa. Segundo Keila, o avô é bastante lúcido e há mais de 30 anos, aos sábados, faz até uma participação em um programa de rádio da cidade. Ele espera completar 100 anos para comemorar com festa. “No programa ele manda beijo para os ouvintes, manda música para família e amigos, fala sobre a vida e é conhecido como um dos idosos mais velhos da cidade, ele é muito querido. Depois que minha avó morreu, eu fiquei muito triste, a partir disso ele me fez essa promessa de ser 'imortal'. Acho ele bonitinho demais. Ele já disse que quando completar 100 anos vai ter festa!”, ressalta Keila. Família do idoso João de Deus Dias — Foto: Keila Caroline da Silva Dias/Arquivo pessoal Veja outras notícias da região no G1 Goiás. A série 'Mulheres Fantásticas' contou histórias de mulheres guerreiras, batalhadoras, inspiradoras! No último capítulo da série você vai conhecer duas mulheres que não se conformaram com limites: Amelia Earhart, a aviadora que se tornou a primeira pessoa a voar sozinha pelos oceanos Atlântico e Pacífico; e a mineira Odete. Órfã, pobre, ex-catadora de amendoim, conseguiu montar seu próprio negócio - uma loja de churros - e se formar em Direito. Enquanto o seu domingo com o Fantástico não chega, que tal fazer o teste e descobrir com qual mulher fantástica você se parece? Clique aqui para ver todos os episódios da série. Teste seus conhecimentos sobre as personagens da série! A indústria 4.0, ou como alguns preferem, a 4ª revolução industrial, pressupõe uma ação muito mais ativa e de responsividade a mercados, a um ritmo nunca visto antes, por meio de ofertas e soluções disruptivas para setores de crescimento exponencial. Cada vez mais, não será o grande que irá sobrepujar o pequeno, mas o rápido que irá tomar à força a demanda do mais lento. Baiana Business School — Foto: Divulgação Mais importante que um produto ou serviço a ser ofertado, cursos de pós-graduação e MBAs na área de gestão e negócios devem atualmente explicitar a importância e implementar um propósito transformador nas carreiras dos seus alunos com as respectivas ideias e habilidades necessárias para uma adequada exploração e atendimento das demandas do mercado consumidor, demandas estas que muitas vezes o próprio mercado nem percebe existir ou mesmo nem imagina estar disponível. De conteúdo e abordagens voltadas às mais contemporâneas e aplicáveis demandas no ensino de pós-graduação em gestão e negócios, tem surgido matérias em raras instituições de ensino superior que acompanham tendências globais e trazem aos alunos uma preparação para o novo mercado de trabalho. Matérias como Foresight (cenários futuros e tendências estratégicas emergentes) e Disruptive Business (modelos de negócios disruptivos), por exemplo, mais do que nomes pomposos em inglês, são temas que buscam explicitar o que há de mais acentuado e imprescindível à atuação e exploração de novos mercados e oportunidades no contexto da indústria 4.0. Cursos que conseguem trazer aos seus alunos abordagens de temas como estes, saem na frente em quesitos como atualização, metodologias ativas e inovadoras de ensino, aprendizado otimizado e oferecem maior empregabilidade aos profissionais que formam. Baiana Business School — Foto: Divulgação O objetivo é fornecer ao pós-graduando o conhecimento e críticas necessários a uma abordagem ampla e madura quanto às diferentes estratégias de diagnóstico e exploração de demandas emergentes por meio da compreensão dos princípios, conceitos e iniciativas dos negócios contemporâneos e disruptivos, numa leitura cientifica das oportunidades e da necessária antecipação das oscilações dos mercados e demandas de crescimento exponencial. Apesar de ser uma tendência que ainda engatinha nas instituições de ensino superior do país, esta não é uma realidade distante do mercado baiano e de seus profissionais. A percepção da carência de escolas com esse nível de qualidade de ensino na área de gestão fez com que a Faculdade Baiana de Direito elaborasse, em conjunto com profissionais renomadas nacionalmente na área, o projeto Baiana Business School. Além de proporcionar, a partir de MBAs e cursos de educação corporativa, as mais modernas técnicas de gestão em diversas áreas do conhecimento, a escola conta com professores de referência nacional de qualidade comprovada, metodologias ativas que aliam teoria e prática através de cases e simulações empresariais. Entrevista com professor dr. Éder Polizei A metodologia das aulas na Baiana Business School, como ocorre no MBA Premium em Engenharia de Negócios e Gestão de Empresas, um dos principais cursos da instituição, segue as mais contemporâneas práticas utilizadas nos principais laboratórios de inovação do Vale do Silício, do MIT e Shenzhen na China, principais destinos das mentes mais inquietas que estão impondo os novos modelos e pressupostos das atuais startups e empresas disruptivas de destaque mundial. As aulas exibem os principais conceitos e ferramentas contemporâneas de gestão para que, logo em seguida, problemas e/ou demandas não atendidas possam ser apresentadas a fim de que os alunos apresentem soluções não convencionais e novos modelos de negócios disruptivos. A solução deve sempre atender a um benefício, conforme cita o professor Dr. Eder Polizei, Executivo de Negócios da MSX International de São Paulo e docente da Baiana Business School. Baiana Business School — Foto: Divulgação Para o Professor Eder, mais importante que ser o melhor é ser o primeiro. Os temas na Baiana Business School são apresentados no contexto compreendido como o novo “normal” da economia contemporânea, ou melhor, a partir do cenário VUCA (sigla em inglês para volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), onde temas como inteligência artificial, crowdsourcing, desenvolvimento cooperativo, laboratórios de inovação, possibilidades da impressão 3D, entre outros, são abordados com o objetivo de prover aos alunos conhecimentos, habilidades e atitudes para destacada atuação no mercado 4.0. — Foto: Tijana87 Muita gente tem dúvida quando o assunto é carboidrato. Afinal, o carboidrato é “mocinho” ou é “vilão”? Os carboidratos constituem um grupo fundamental para o funcionamento do corpo humano porque são uma das principais fontes para obtenção de energia do organismo. Ao ser ingerido, ele se transforma em glicose, uma substância altamente energética cuja quebra no interior das células libera energia. Energia para o corpo e energia também para o cérebro A glicose é a única fonte de energia do cérebro, por isso que é muito comum em dietas low-carb sentir que o cérebro está lento, trabalhando abaixo da capacidade real. O carboidrato também atua na produção de serotonina - o hormônio responsável pelo bem-estar. Mau hálito A restrição de carboidratos durante um longo período pode levar a sintomas indesejáveis, como dor de cabeça, tontura, alterações de humor e até mau hálito. A explicação para isso é que dietas restritivas de carboidrato favorecem a queda do teor de açúcar no sangue, fazendo com que o organismo busque energia alternativa na queima de gorduras que libera resíduos conhecidos como corpos cetônicos, responsáveis pelo indesejável mau hálito. Perda de massa magra Outro fator que ocorre se a ingestão de carboidrato for muito baixa, é que o corpo vai explorar a energia dos músculos - a massa magra - para a formação da glicose, ocasionando perda de massa muscular. Então carboidratos são 'mocinhos'? Sim, desde que consumidos de forma equilibrada! Quando consumidos em excesso, o organismo vai armazená-los na forma de gordura favorecendo, além dos quilinhos a mais, a sua fama de 'vilão'. Simples ou complexos ? Outra coisa que dever ser levada em conta e que pode pesar na balança é que existem dois tipos de carboidratos: simples e complexos. Os simples são metabolizados rapidamente pelo corpo causando 'explosões de energia', mas trazem também o famoso 'efeito rebote', aquela sensação de fome exagerada. — Foto: tashka2000 Exemplos: Já os complexos não geram picos glicêmicos, dessa forma, estendem por mais tempo a sensação de saciedade. — Foto: vonEisenstein Exemplos: Nem sempre conseguimos o equilíbrio perfeito dessa relação e acabamos abusando dos carboidratos. Saiba que existe um produto natural manipulado que atua como um bloqueador de carboidrato: O InSea2®! Na prática, InSea2® é um potente redutor da absorção de carboidratos. Com sua ação, os carboidratos não conseguem ser digeridos e são enviados diretamente ao intestino, para sua eliminação através das fezes. Isso ajuda na redução da glicemia, uma vez que regulariza os níveis de glicose no sangue e reduz a absorção de açúcar dos alimentos em até 50%! Ele é um produto manipulado, que você encontra nas melhores farmácias de manipulação. Algumas indicações para InSea2® : Conheça outras ações do InSea2® acessando este link . Procedência O InSea2® é um produto Infinity Pharma®, uma empresa líder no segmento de distribuição de matérias-primas no Brasil e se destaca por ser especialista no tratamento individualizado ao distribuir uma variedade de produtos com eficácia comprovada e segurança garantida. Tudo isso, porque é a única do segmento a atender as normas internacionais do FDA (Food and Drug Administration), órgão americano responsável pelo controle de alimentos, suplementos, medicamentos, cosméticos, equipamentos médicos e materiais biológicos. Quer saber mais? Fique por dentro das nossas novidades e dicas na fanpage da nossa rede social e veja também nossas fotos e outras publicações. Ivete mostra gêmeas em postagem nas redes sociais — Foto: Reprodução/Instagram Ivete Sangalo mostrou através das redes sociais as filhas gêmeas Marina e Helena. Em um registro raro das meninas, que fazem dois anos no dia 10 de fevereiro, Ivete aparece as abraçando as filhas. Na postagem, ela escreveu uma declaração de amor ás filhas. ""Se alguém aguenta me avisa , porque eu não to aguentando. O amor me invadindo de uma forma que nem eu consigo explicar. Meus mundos apertados num abraço. Te amos filhas. Papai do céu, vc é massa demais. Lhe agradeço"", escreveu. Ivete, que também é mãe de Marcelo, não posta com frequência fotos das gêmeas. A primeira imagem delas foi publicada pelo pai das meninas, Daniel Cady, no dia do parto, em 10 de fevereiro de 2018. Ivete também publicou uma foto das filhas no Instagram, um dia após o nascimento das meninas. As gêmeas Marina e Helena também foram alvos de posts da cantora 14 dias após o nascimento, quando Ivete mostrou elas com os médicos que cuidaram das bebês e no dia do aniversário delas de um ano. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Imagem de Ivete com as gêmeas Helena e Marina, após o parto — Foto: Instagram Ivete fez post com a família no dia do primeiro aniversário das gêmeas Marina e Helena — Foto: Reprodução/Instagram Diego Guimarães, vereador de Cuiabá — Foto: TVCA/Reprodução O vereador de Cuiabá Diego Guimarães (Cidadania) registrou um boletim de ocorrência contra o colega parlamentar Renivaldo Nascimento (PSDB) alegando ter sido ameaçado em um grupo de WhatsApp que reúne vereadores cuiabanos. Ao G1, a assessoria de imprensa de Renivaldo disse que o parlamentar assumiu o erro e pediu desculpas. Conforme o boletim de ocorrência, Renivaldo teria ficado irritado após críticas feitas por Diego sobre a atuação da Câmara de Cuiabá durante a pandemia de Covid-19. No grupo de WhatsApp, o vereador teria feito ameaças contra Diego. “Diego, você é covarde, safado, e quem mais colocou moções de aplauso. Jabuti no poste, mandado, não respeita seus colegas. Te desafio a falar na minha frente. Vou te mostrar o que é ser homem. Estou te desafiando a falar o que falou covardemente não minha frente, seu covarde. Com certeza vai dar serviço ao setor de odontologia. Seja homem, se não vai aprender o que é ser"" , teria falado Renivaldo. Banda Suzana Flag retorna com formação original para o Festival Se Rasgum — Foto: Divulgação O Drops Se Rasgum traz, nesta quarta-feira (16), a apresentação da banda Suzana Flag, às 22h, em um pub na r. Bernal do Couto, no bairro do Umarizal, em Belém. O evento tem entrada gratuita e é uma amostra do que vai rolar no Festival Se Rasgum 2019, marcado para 31 de outubro, no Pier das Onze Janelas, e de 1 a 3 de novembro em um espaço náutico na av. Bernardo Sayão, em Belém. Os ingressos já estão à venda. O grupo Suzana Flag retornou com a formação original para a comemoração de 15 anos de lançamento do álbum ""Fanzine"", que projetou a banda de Castanhal, nordeste do Pará, para o cenário do rock nacional. No dia 19, o rapper MC Xico Doido faz uma apresentação no Mercado de São Brás. MC Xico Doido está se destacando por misturar o sotaque regional ao flow do rap, em letras que tratam com humor e crítica aos problemas da capital paraense. E no dia 24, a banda Móbile Lunar encerra as atividades gratuitas do Drops Se Rasgum antes do grande festival. DROPS SE RASGUM Dia: 16/10 – Suzana Flag toca “Fanzine”, 22h, Black Dog English Pub (R. Bernal do Couto, 791 - Umarizal) Dia: 19/10 - Xico Doido/ Nic Dias / Anna Suav e Bruna BG, 17h, Mercado de São Brás. Dia: 24/10 - Móbile Lunar, 19h, Vila Container (Av. Gov Magalhães Barata, 62 - São Brás) Entrada franca Marcelo Otaviano, do MDB, foi eleito, neste domingo (15), prefeito de Monte Azul Paulista (SP) para os próximos quatro anos. Ao fim da apuração, Marcelo Otaviano teve 63,31% dos votos. Foram 6.544 votos no total. O candidato derrotou Antonio Sergio Leal - Té, que ficou em segundo lugar com 36,69% (3.793 votos). A eleição em Monte Azul Paulista teve 18,88% de abstenção, 2,66% votos brancos e 4,9% votos nulos. Marcelo Otaviano tem 47 anos, é casado, tem ensino médio completo e declara ao TSE a ocupação de prefeito. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 178.254,06. O vice é Percival Rogge, do PL, que tem 70 anos. Os dois fazem parte da coligação Trabalhando Juntos Monte Azul Sera Melhor, formada pelos partidos MDB, PSL, PODE, PP, PL e DEM. Veja o resultado após o fim da apuração: Marcelo Otaviano - MDB - 63,31% Antonio Sergio Leal - Té - PSDB - 36,69% * Esta reportagem foi produzida de modo automático com o apoio de um sistema de inteligência artificial e foi revisada por um jornalista do G1 antes de ser publicada. Se houver novas informações relevantes, a reportagem pode ser atualizada. Saiba mais sobre o sistema de inteligência artificial usado pelo G1 em g1.com.br/eleicoes Profissionalização em época de crise é a melhor opção para quem não quer ficar parado. Saiba como o SENAI pode te ajudar — Foto: Acervo O Brasil está passando por uma terrível onda de contágio das pessoas pelo coronavírus. Por questão de saúde pública, as autoridades determinaram o isolamento social. A medida serve para que as pessoas não saiam de casa e evitem aglomerações. Como reflexo, temos visto empresas fechadas, aulas presenciais suspensas, permitidas apenas de forma remota. Iniciativa que deu destaque a uma modalidade de ensino que sempre foi deixada como segunda opção: a educação à distância. Com o passar dos anos muita coisa mudou, menos a certeza do SENAI de que a educação à distância, seria o canal de oportunidades para todas as pessoas se qualificarem. Fatores importantes colaboraram para isso, como o avanço da tecnologia, a revolução da internet, o aumento da velocidade com mais “megas e megas” a cada ano. Porém a visão do SENAI de que o curso a distância é uma oportunidade de levar a educação profissional de qualidade para as pessoas, não mudou. NÓS SAIMOS NA FRENTE. No SENAI Goiás, a Educação à Distância tem seu espaço garantido desde o início dos anos 2000. Em 2003, já oferecíamos cursos técnicos de nível médio à distância. E é sempre bom lembrar que todos que concluíam um de nossos cursos na época, já adquiriam seu diploma, igual ao do presencial. Garantindo o mesmo direito a se inscrever no Conselho Profissional, assim como funciona nos dias de hoje. Nos cursos a distância do SENAI, você pode estudar pelo computador, notebook, smartphone ou tablet. Com toda essa flexibilidade para escolher os horários e definir seu ritmo de estudo, fica mais fácil, não? Neste período de isolamento social, nos vemos “obrigados” a ficar em casa. Felizmente hoje, temos a tecnologia como principal aliada. Sejam nos notebooks ou smartphones, todos estão conectados à internet. Essa é uma boa oportunidade para aproveitarmos o tempo e nos aperfeiçoarmos. As aulas ministradas apresentam situações reais da indústria, para que você encontre soluções com autonomia e responsabilidade. Essas atitudes fazem a diferença no mercado de trabalho. É importante lembrar que os cursos a distância do SENAI têm a mesma qualidade dos cursos presenciais. Os empregadores valorizam quem tem o SENAI no currículo. A qualidade de nossos conteúdos, é reconhecida pelo mercado e comprovada pelos excelentes resultados em avaliações educacionais e competições de educação profissional. PARA IR ALÉM. Já ouviu falar em Indústria 4.0? Não conhece? Sua oportunidade é agora. De graça. Acessando o nosso site, você tem informações sobre o que é: computação em nuvem, big data, segurança digital, internet das coisas, integração de sistemas, robótica avançada, manufatura digital, manufatura aditiva etc. CLIQUE AQUI. Ou quem sabe, você esteja precisando de um curso na área de Construção Civil. Já ouviu falar em BIM? Quer saber o que é? CLIQUE AQUI para ler mais e fazer sua matrícula. Já ouviu a palavra cibersegurança? Conhece? É um remédio para evitar cair em golpes digitais. Fique por dentro do assunto: CLIQUE AQUI. São mais de cinquenta CURSOS GRATUITOS, disponíveis. É a sua chance de se capacitar enquanto está em casa. ESTEJA PREPARADO PARA O MERCADO, QUANDO O ISOLAMENTO ACABAR. — Foto: Acervo ESTEJA PREPARADO PARA O MERCADO, QUANDO O ISOLAMENTO ACABAR. Não há dúvidas de que o Brasil vai voltar em ritmo acelerado. Os profissionais que estiverem preparados terão prioridade neste cenário. Então, além de fazer a máxima quantidade de cursos gratuitos do SENAI que você puder, busque também um curso Técnico de Nível Médio. Os telejornais, rádios e mídias digitais, divulgam que alguns setores estão funcionando plenamente para atender a cadeia de abastecimento. Algumas empresas estão com milhares de vagas abertas. Indústrias das áreas de alimentos, química e logística são exemplos. Como estar preparado para pegar uma dessas oportunidades? Começando agora. Nos cursos técnicos a distância do SENAI, além das aulas virtuais, o estudante terá atividades práticas em laboratórios de alta tecnologia, que simulam o ambiente da indústria, com encontros presenciais agendados depois que as medidas de isolamento social forem retiradas, sem prejuízo para o aluno, com a qualidade SENAI. São disponibilizados para os estudantes do SENAI: vídeos, livros didáticos, animações, simuladores e tecnologia de realidade aumentada, que facilitam e aceleram o seu aprendizado. Veja o que é fazer um curso a distância pelo SENAI. Aproveite o seu tempo neste período de isolamento social. Venha para o SENAI, esteja preparado e saia na frente. Casa onde Valter Pereira Cardoso foi morto em Vale do Anari (RO) — Foto: Anoticiaagora/ Reprodução Um homem de 49 anos identificado como Valter Pereira Cardoso morreu em casa na Linha PA 18, Vila Boa Esperança na zona rural do Vale do Anari (RO), após ser atingido por tiros de espingarda na noite de sexta-feira (03). A esposa disse que o marido trabalhava com transporte de gado. Ele havia acabado de chegar em casa e se preparava para ajudar a fazer o jantar. Conforme a ocorrência registrada pela Polícia Militar (PM), Valter saiu na área da casa e foi atingido por um tiro. A mulher diz que o marido retornou para dentro da residência dizendo que a amava, mas foi atingido por outro disparo. A mulher informou que após o segundo tiro, ouviu barulho de moto saindo, ela pediu socorro, mas os vizinhos perceberam que a vítima já havia morrido. A viúva ainda disse que o companheiro era uma pessoa calma e não tinha desavença com ninguém, e por isso ela não tem suspeitas de quem pode ter sido o autor do homicídio. A Política Técnico Cientifica (Politec) acompanhados por investigadores da delegacia de Machadinho do Oeste (RO) estiveram no local e acompanharam a perícia. Consta na ocorrência que os disparos possivelmente foram feitos por uma espingarda calibre 28. O corpo foi removido por uma funerária ao Instituto Médico Legal (IML). 'Vou te dar um tiro na cara', diz síndico durante confusão em condomínio no DF O síndico do condomínio Mansões Entre Lagos, no Itapoã, no Distrito Federal foi flagrado, na segunda-feira (13), ameaçando e mostrando uma arma para moradores durante uma discussão (veja vídeo acima). O homem é militar da reserva do Exército. Nas imagens, é possível ver o síndico dentro de um carro, enquanto discutia com moradores. De repente, ele mostrou um revólver para as pessoas que estavam no local. A reportagem entrou em contato com militar. Em nota, ele disse que por ser da reserva tem o direito de usar arma. O síndico alegou ainda que foi agredido por um morador, quando tentava cumprir uma ordem da justiça que determinou que um dos portões do condomínio fique aberto (veja íntegra abaixo). 'Vou te dar um tiro na cara', diz síndico durante confusão em condomínio no DF — Foto: TV Globo/Reprodução Dentro do condomínio Mansões Entre Lagos há um portão que dá acesso ao Setor de Chácaras Quinhão 5, do Itapoã. Após vários desentendimentos entre os moradores das duas localidades, a Justiça determinou que esse portão deveria permanecer aberto. No entanto, o militar teria mandado soldar o portão. A discussão com o síndico começou, segundo as testemunhas, porque o síndico teria mandado um funcionário arrebentar o portão. A Polícia Militar foi chamada. O caso foi registrado na 6ª Delegacia de Polícia, do Paranoá, como ""vias de fato e ameaça"". Após a divulgação do caso, o síndico mandou uma nota onde explica o que teria ocorrido, além de documentos que comprovariam sua versão. Veja abaixo. Após confusão, síndico de condomínio do DF, divulga nota — Foto: Reprodução Após confusão, síndico de condomínio do DF, divulga nota — Foto: Reprodução Após confusão, síndico de condomínio do DF, divulga nota — Foto: Reprodução Após confusão, síndico de condomínio do DF, divulga nota — Foto: Reprodução Leia mais notícias sobre a região no G1 DF. Bem-te-vi é uma espécie popularmente conhecida — Foto: Ananda Porto/TG A observação de aves é uma das atividades praticadas ao ar livre que mais crescem no Brasil. Parques nacionais e outras áreas protegidas estão entre os destinos preferidos para quem gosta de passarinhar, mas mesmo os observadores de aves mais viajados tem o hábito de manter uma lista das aves da janela de casa ou do quintal. Acredite, ao longo de um ano, até em um apartamento no centro de grandes cidades é possível acumular mais de 30 e muitas vezes mais de 50 espécies registradas da janela. Começar a observar as aves da sua janela pode ser uma ótima forma de ter contato com a natureza, mesmo em tempos de quarentena. Abaixo apresentamos cinco espécies que provavelmente são seus vizinhos mesmo que talvez você nunca as tenha visto. Elas certamente já te observaram. Gavião-carijó pode ser observado inclusive em áreas urbanas — Foto: Rudimar Narciso Cipriani Gavião-carijó Possui o ventre claro, riscado de marrom, conforme sugere o nome. O dorso e a cabeça são marrom uniforme. Em voo pode ser identificado pelas suas penas primárias (as mais compridas nas pontas das asas) castanho-avermelhado vivo. Diferente da maior parte dos gaviões, a espécie é bastante barulhenta. Macho e fêmea vocalizam juntos um “cacarejar"" repetido enquanto voam em círculo para demarcar território. Pousado, emite um assobio agudo, que faz lembrar o som dos gaviões que colocam nos filmes de velho-oeste. Nas cidades, pode ser observado no topo de antenas, postes e na copa das árvores. Entre as suas principais presas estão aves, roedores e lagartos. Depois da coruja-buraqueira, a corujinha-do-mato é considerada uma das espécies mais comuns do Brasil — Foto: Ananda Porto/TG Corujinha-do-mato Como o próprio nome já revela, é uma coruja pequena. Sua plumagem é cinza com marcas brancas e negras, ajudando camufla-la contra os o troncos das árvores. Há também uma fase de coloração ferrugínea, mas é menos comum. Possui dois pequenos “chifres” de penas no alto da cabeça. Semelhante à maioria das corujas, possui hábitos noturnos, sendo bastante discreta durante o dia, repousando na vegetação densa nas copas de árvores. Nidifica em ocos e outras cavidades. A melhor forma de encontrá-la é ficar atento ao seu canto, um trinado gutural emitido principalmente logo ao anoitecer ou pouco antes do sol nascer. Pode ser encontrada em quintais, praças e ruas mais arborizadas. Caça insetos, incluindo baratas, e roedores. Tuim é o menor psitacídeo do Brasil e pode ser avistado em casais ou bandos — Foto: Rudimar Narciso Cipriani Tuim Um dos menores membros da famílias dos papagaios e periquitos. É do tamanho aproximado de um pardal. A primeira vista, macho e fêmea parecem idênticos, inteiramente verdes, mas em voo o macho exibe penas azuis nas asas e no uropígio (região das costas logo acima da cauda). Vive em casais ou pequenos bandos nas copas das árvores, onde se camufla muito bem. Para notá-lo é preciso estar atento à sua vocalização, emitida principalmente quando está em voo e que lembra um molho de chaves sendo balançado. Faz seu ninho em casas de joão-de-barro abandonadas ou outras pequenas cavidades. Andorinha-pequena-de-casa tem plumagem azul metálica — Foto: Rudimar Narciso Cipriani Andorinha-pequena-de-casa É uma das aves mais comuns nas cidades brasileiras. Geralmente é observada em voo contra o céu, sendo difícil perceber suas cores. Uma olhada mais de perto revela o ventre branco puro enquanto a cabeça e o dorso são azul bem escuro. Seu voo é lento e elegante, chamando atenção a cauda bifurcada. O canto é chiado, curto, mas bastante melodioso. Faz ninho em cavidades nos telhados. Se alimenta de insetos, capturados exclusivamente no ar. Pode ser encontrada até mesmo nas áreas mais movimentadas da cidade, repousando em fios de alta tensão e antenas quando não estão em voo. Pitiguari é uma ave comum e pode ser reconhecida facilmente pelo canto — Foto: Ananda Porto/ TG Pitiguari Ele é um pouco menor que um pardal. Possui cabeça e o bico nitidamente robustos. A cabeça possui os lados cinza, alto castanho amarronzado e uma mancha com tom avermelhado logo à frente dos olhos. O ventre é claro, contrastando com uma faixa amarela que atravessa o peito. Observado através do binóculo é possível ver o olho laranja vivo. Vive na copa das árvores, onde passa praticamente invisível, mas não silencioso. Sua vocalização é alta e variada e é a melhor pista para encontrá-lo. Um dos seus chamados parece bastante o assobio de uma pessoa quando está chamando outra. Possui dieta variada, se alimentando de frutos, insetos e até mesmo filhotes de passarinhos e pequenos lagartos que destroça com seu bico robusto enquanto segura com as patas contra o poleiro. Habita quintais, praças e ruas com grandes árvores. Saí-azul macho se destaca pela plumagem intensa, ave pode ser atraída para o quintal com comedouro e bebedouro — Foto: Rudimar Narciso Cipriani Saí-azul Com sua coloração ""exótica"", muita gente duvida que o saí-azul pode ser encontrado em grandes cidades, mas acredite, nesse exato momento pode ter um não muito longe de você. O macho é azul reluzente com uma máscara e outros detalhes pretos, enquanto a fêmea é verde com o alto da cabeça azul claro. Apesar da coloração chamativa do macho, o tamanho pequeno torna difícil localizar a espécie na copa das árvores, onde passa a maior parte do tempo em casal ou em pequenos grupos. Para encontrar a espécie é preciso estar atento ao seu canto, que também é bastante discreto, um assobio curto e limpo. Se alimenta de pequenos frutos e néctar, que consegue acessar nas flores com auxílio do seu bico fino. Explore! Quer descobrir mais aves que cantam na sua janela? Ou alguma que você já observou não está entre as espécies acima? O aplicativo Merlin (gratuito) e o site WikiAves são ótimas formas de descobrir mais sobre seus vizinhos emplumados. Dica do telespectador Na semana em que Chico completa 75 anos, o anexo do Teatro Municipal de Niterói apresenta uma mostra gratuita com 54 charges do artista, feitas pelo projeto do Instituto Memória Musical Brasileira, o IMMuB. Mande suas dicas para 994242523 ou @judicefabio Dicas do Fábio Júdice — Foto: Editoria de Arte/G1 Como você pode garantir que vai escolher algo que seu presenteado adorará? — Foto: Getty Images/BBC Estamos na época das listas de presentes de fim de ano. Você precisará ver quem vai presentear — mas também quanto vai gastar e, o mais importante, o que dar. Embora dar presentes possa deixar você feliz e até fortalecer relacionamentos, um presente não muito bom pode ter o efeito inverso. ""Escolher o presente errado pode ser meio arriscado para os relacionamentos, porque diz que vocês não têm nada em comum"", diz Elizabeth Dunn, professora de psicologia da Universidade da British Columbia, no Canadá, e coautora de ""Happy Money: The Science of Happier Spending"" (""Dinheiro Feliz: A ciência de gastar com alegria"", em tradução livre). Para evitar que seu presente cause mais danos que benefícios, como garantir que você esteja dando um presente que agrade? A psicologia pode ter a resposta. Um presente caro pode funcionar? Pesquisas demonstraram que gastar mais nem sempre garante um presente bem recebido. Um estudo constatou que, quanto mais caro um presente, mais a pessoa que o dava esperava que os presenteados o apreciassem. Mas, embora os doadores pensassem que o alto gasto seria levado em consideração, constatou-se que os que receberam o presente não associaram o preço a seu nível de satisfação. ""Parece bastante intuitivo que, se você gastar mais, terá um presente melhor. Acontece que não há evidências de que os destinatários sejam sensíveis ao custo de um presente"", diz Jeff Galak, professor associado de marketing da ""Carnegie Mellon Tepper School of Business"", na cidade americana de Pittsburgh. Galak, que estuda o comportamento do consumidor e a tomada de decisões, reconhece que talvez você tenha de gastar um determinado valor devido à tradição ou às expectativas. Mas, uma vez atingido esse piso, ""não importa se você compra algo mais valioso"", diz ele. O presente em si é o que mais importa. Panetone com sabores que são um presente comum neste fim de ano — Foto: Acervo Bom Brasileiro Galak diz que o truque para dar um grande presente é pensar além do momento fugaz de realmente entregá-lo, um conceito que ele e seus colegas Julian Givi e Elanor Williams notaram ser um tema comum nos estudos sobre presentes. Em outras palavras, pode não ser empolgante assistir a um amigo ou membro da família abrir o presente de uma assinatura de um serviço de streaming de filmes, portanto, é menos provável que você o faça. Mas um destinatário pode realmente amar isso, já que é um presente que pode ser desfrutado com frequência ao longo do tempo. Galak também sugere que não se preocupe muito em dar o presente mais original do mundo. Às vezes, algo que muitas pessoas desejam pode ser exatamente o que a pessoa também deseja. Um estudo mostrou que temos a tendência de focar nos traços e na personalidade únicos de um destinatário ao presenteá-los. Mas essa especificação nos leva a ignorar outros aspectos de seus desejos e necessidades, o que pode nos fazer comprar um presente inferior. Também tendemos a querer comprar presentes diferentes para várias pessoas, mesmo que todos fiquem mais felizes com a mesma coisa. Para se sentir boas presenteadoras, as pessoas erroneamente sentem que precisam diversificar os presentes. Você também pode deixar de comprar algo que possui, porque não quer prejudicar seu próprio senso de individualidade. Então, sabe aquele tênis que seu amigo ama? Não deixe de dar um par igual só porque você quer ser único. Moradores de Itapetininga compram presentes para o Natal — Foto: Reprodução/TV TEM Para comprar melhor, Dunn, professor de psicologia, sugere começar com algo que você tem em comum com o destinatário. Ela diz para você se concentrar no que vocês compartilham e escolher um presente a partir daí. ""As pessoas são melhores em escolher algo para si mesmas"", diz ela, ""então se você tem algo em comum com alguém, compre algo da mesma afinidade, porque algo que você gostaria provavelmente será algo que eles gostam"". Para um presente ainda melhor, pense em um interesse comum que você compartilha com a pessoa e compre algo que seu destinatário possa viver — por exemplo, ingressos para shows ou uma aula de culinária. A pesquisa também mostrou que presentes oferecendo experiências podem aproximar você e o destinatário, mesmo que você não aproveite da experiência com ele. Se você não tem nada em comum com a pessoa, Dunn recomenda apenas perguntar ao destinatário o que ele deseja. De fato, pesquisas mostram que as pessoas apreciam mais os presentes que pedem do que os que não pedem. ""As pessoas querem ser criativas e surpreender o destinatário"", diz Dunn, ""mas o melhor presente será o que elas disserem que querem ganhar"". Galak concorda que a maneira mais simples de fazer uma pessoa feliz com um presente é perguntar o que ela quer. Mas ele sabe que bons presentes devem ser uma ""surpresa"" — mesmo que a ciência tenha refutado isso. ""Perguntar a alguém o que eles querem é visto como um tabu. E isso é uma pena"", diz ele. ""Todos estaríamos melhor se déssemos às pessoas o que elas querem"". Não se preocupe muito com a possibilidade de estar dando um presente ruim: presentes realmente ruins são raros. A menos que seja algo totalmente inapropriado, o destinatário sentirá algum nível de apreciação. Galak diz que, ao longo de sua pesquisa, perguntou a milhares de participantes sobre presentes que receberam e raramente ouviu alguém falar sobre um presente ruim. E mesmo se você der um presente ruim a alguém próximo, poderá ser salvo por sua consideração. Quando alguém dá um presente ruim, isso pode fazer com que o receptor pense no motivo pelo qual o doador o escolheu. ""Quando alguém faz algo intrigante que precisa ser explicado — como dar um presente ruim — é quando você pensa no que está pensando a outra pessoa"", diz Nicholas Epley, professor da Booth School of Business da Universidade de Chicago que estuda como nós tomamos a perspectiva de outras pessoas e fazemos julgamentos a partir disso. A pesquisa dele mostra que, se o destinatário achar que você gastou muito tempo fazendo sua seleção, ele será grato pelo esforço dedicado à escolha de um presente, mesmo que indesejado. Em outras palavras, o velho ditado ""o que vale é a intenção"" pode realmente ser verdadeiro. E mesmo se você não der o presente certo, alguém ainda se sentirá bem na situação: você. ""Quando as pessoas que estão dando colocam muito esforço em um presente, eles se sentem mais próximos do destinatário"", diz Epley. ""Mesmo que o destinatário não seja muito afetado pela consideração, o doador é."" VÍDEO: BRASILEIROS PLANEJAM COMPRAR PRESENTES DE NATAL Mais da metade dos brasileiros endividados no Natal passado planeja comprar presentes Paciente foi pedida em casamento após ficar mais de um mês internada com Covid-19 no Acre A estudante de enfermagem Michelle da Cruz Cavalcante, de 35 anos, ganhou um incentivo a mais para vencer as sequelas da Covid-19 e sair do hospital: subir ao altar. Ela foi pedida em casamento dentro de um dos leitos do Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, na terça-feira (20), pelo empresário Antônio Muniz da Costa, de 48 anos. Michelle está internada com Covid-19 há mais de um mês, sendo 15 dias no Instituto de Traumatologia do Acre (Into-AC) e 15 no Hospital Santa Juliana. O exame dela já deu negativo para Covid, mas ela trata as sequelas deixadas pela doença, como trombose na perna direita e no pulmão. A estudante é asmática e deve deixar a unidade de saúde na sexta-feira (23). ""Estou fazendo uns exames, as plaquetas estavam baixas também. Acho que na sexta devo sair. Já sou técnica de enfermagem e cuidava de uma idosa há mais de dois anos. Acho que devo ter pegado enquanto cuidava dela"", acredita. Michelle e Antônio estão juntos há 21 anos e são pais de três meninos, de 7, 13 e 15 anos. O casal sempre falava em casamento, mas o tempo foi passando e os dois nunca pararam para resolver os trâmites e dar entrada na papelada. Michelle Cavalcante e Antônio Costa ficaram noivos após 21 anos juntos — Foto: Asscom/Hospital Santa Juliana Segundo ela, após receber uma nova chance de vida, os dois decidiram que era hora de oficializar a união. O empresário encomendou as alianças e Michelle o bolo. A ideia era de que seria um momento simples, com troca de alianças, um selinho, sem a presença dos familiares devido às restrições, mas o destino tinha preparado algo bem mais emocionante para o casal. ""Minha cunhada disse: 'mano, você tem que casar com a Michelle agora porque vocês não separam mais. Tem que casar'. Foi aí que decidimos e ele falou que seria aqui mesmo no hospital. Ele encomendou as alianças, que a gente não tinha, o cara passou nossa encomenda na frente dos outros. Eu liguei e encomendei o bolo, ele comprou um balão. Era uma coisa minha e dele"", relembrou. O momento ficou mais especial porque familiares do casal e os colaboradores do hospital organizaram uma surpresa para os apaixonados. Músicos da unidade fizeram uma serenata enquanto Antônio caminhava em direção ao quarto de Michelle, compraram salgadinhos e registraram o momento. A estudante ainda ganhou um dia de beleza. ""Aqui no hospital fizeram o dia de noiva comigo, massagem, cabelo, maquiagem. Eu tinha um vestido de renda em casa e pedi para minha cunhada trazer. Não podia calçar sapato e fiquei de sandálias mesmo, mas foi tudo muito lindo, perfeito. Não imaginava que ia ser tudo isso, foi tudo no meu leito"", recordou. Antônio se ajoelhou e pediu a companheira em casamento no leito do hospital — Foto: Asscom/Hospital Santa Juliana Ao G1, o empresário disse que sempre foi um desejo do casal regularizar a situação matrimonial. Antônio dorme quase todas noites com a mulher no hospital. Ele revelou que faz questão de cuidar e ajudar Michelle na recuperação para que logo ela volte para casa. Antônio e os filhos não se infectaram com a doença. ""Foi uma coisa de doido, pedir assim no hospital, mas tudo no tempo de Deus, que programa tudo. Tudo tem a hora certa. Ela é minha companheira, é muito difícil com ela internada. Vai acabar tudo bem"", frisou. O marido revelou que Michelle é o amor de sua vida e não vai esperar mais 21 anos para casar com ela. ""Sou o esposo dela, tem que contar comigo, tenho que cuidar dela. Não vou esperar tanto tempo para oficializar, vou logo amanhã [quinta,22] no cartório para saber o que tem que fazer, pagar, para quando ela sair já casar"", garantiu. Cão em apartamento — Foto: Divulgação Você tem algum problema com vizinhos? Já teve que discutir por causa de barulho, música alta ou por causa de animais de estimação? A gente vai ajudar você a desenrolar esse problema! Nesta quarta-feira (25), um defensor público estará no estúdio do MG1 para tirar suas dúvidas sobre o que pode ou não ser feito. Conte sua história em texto ou vídeo e publique nas redes sociais com a #MG1 ou escreva sua pergunta aqui mesmo nessa página, lá embaixo no campo de comentários. Atualmente, mais de 500 mil organizações sem fins lucrativos atuam no Brasil. De diferentes áreas, as ONGs têm atuação fundamental em regiões do país onde há carência de serviços básicos, de infraestrutura e de garantia de direitos. Você já pensou em ajudar alguma dessas instituições? Gostaria de saber mais sobre o trabalho delas? Selecionamos uma pequena amostra do que já mostramos no nosso programa para te inspirar. Matapi sintético torna pesca de camarão mais sustentável A organização é de Mazagão, no Amapá, e quer tornar a pesca de camarões uma atividade mais sustentável e que não prejudique a reprodução dos animais. Clique aqui para saber mais sobre a atividade que, aliás, só praticada tradicionalmente por mulheres. Associação ensina dança para pessoas com deficiência física De São Paulo, o Solidariedança é uma associação sem fins lucrativos que virou referência no trabalho de popularização da arte e na inclusão sociocultural. A ideia do projeto é permitir e garantir que pessoas com deficiência física também possam aprender a dançar. Assista à matéria completa e conheça a história de alguns dançarinos. Associação União de Mãe de Anjos acolhe crianças que têm microcefalia Criada no Recife, a instituição saiu do papel pelas mãos de uma mãe que queria acolher crianças com microcefalia. A ideia é dar assistência não apenas aos filhos, mas à família toda. Conheça a história assistindo à matéria completa. Planta aquática vira artesanato no Pantanal Você vai conhecer as belas bolsas feitas por mulheres de Ladário, no Mato Grosso do Sul. Dos mais diversos tamanhos e modelos, a matéria prima é sempre a mesma: a fibra de uma planta aquática comum no Pantanal, a camalote. Ficou curioso para saber como as tramas são feitas? Assista a matéria na íntegra e entenda como a atividade até aumenta a autoestima das artesãs. ONG usa música para aumentar a inclusão de pessoas com deficiência visual De Itapeva, São Paulo, o projeto oferece aulas de coordenação motora, dança, canto e cursos profissionalizantes para promover a inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência visual. Veja a matéria e descubra como as artes podem fazer o bem. ONG instala pequenas bibliotecas em escolas públicas Já imaginou se toda escola pública do Brasil tivesse a própria biblioteca bem abastecida? Um grupo de jovens criou a ONG Odisseia do Conhecimento para fazer esse trabalho no Rio Grande do Sul. Saiba os detalhes do projeto de leitura assistindo à matéria completa. ONG apoia projetos de educação para motoristas Criada no Rio de Janeiro, a ONG Trânsito Amigo apoia projetos de educação para motoristas, dando maior orientação e fornecendo o suporte necessário para que você e outras pessoas desviem de problemas na hora de entrar no carro. A instituição, aliás, foi uma das criadoras da Lei Seca. Assista à matéria completa e saiba mais sobre a iniciativa. Projeto ensina fotografia para jovens com Síndrome de Down Em atividade desde 2013, o projeto é uma instituição voltada à fotografia. A ideia é ensinar jovens com síndrome de down a baterem fotos incríveis. E a gente garante: eles têm talento. Conheça o trabalho dessa turma assistindo à matéria completa. Erro ao carregar o recurso de vídeo. Ocorreu um problema ao tentar carregar o vídeo. Atualize a sua página para tentar novamente. Empresário é preso após ser flagrado com drogas dentro de veículo no município de Itabuna Um empresário e profissional de educação física foi preso em flagrante com 20 tabletes de maconha na BR-415 em Itabuna, sul da Bahia, na noite de quinta-feira (22). As informações são da Polícia Civil. O suspeito é dono de uma pousada em Itacaré, tradicional destino turístico do sul da Bahia. De acordo com a polícia, a prisão aconteceu após abordagem feita por policiais ao veículo do suspeito. A droga foi achada em um compartimento secreto localizado próximo ao para-choque traseiro do veículo, que saiu de São Paulo. Ainda de acordo com a polícia, um mandado de prisão foi expedido pela Justiça de São Paulo contra o homem preso, por falta de pagamento de pensão alimentícia. Ele foi preso e encaminhado para o Conjunto Penal de Itabuna e vai responder por tráfico de drogas. O veículo foi apreendido. Empresário é preso com maconha em Itabuna, sul da BA — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz Confira mais notícias do estado em G1 Bahia. Mulher agredida por namorado em Barretos, SP, encoraja vítimas a denunciar agressões Após sobreviver ao ataque de um namorado em Barretos (SP), uma mulher, que prefere não se identificar, encoraja outras como ela a denunciar os abusos cometidos pelos próprios companheiros, apesar das promessas reiteradas deles de que a violência não vai se repetir. Em 2019, ela foi esfaqueada dentro de casa e só escapou porque se fingiu de morta. O suspeito está preso preventivamente e responde por tentativa de feminicídio. “Te bateu uma vez, acabou. Vai bater sempre, sempre, sempre. Um recado que eu dou é não se sujeite a isso. A gente merece muito mais. Começa com uma agressão, um xingamento, aí chora. Depois é um empurrão, aí fala ‘me perdoa’. Tirem isso da cabeça, porque isso não muda”, diz. Apesar de as marcas da agressão ainda estarem pelo corpo, ela se sente aliviada por poder recomeçar a vida. Vítima da violência do namorado sobreviveu a ataque em Barretos, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV O relacionamento teve início por meio de um aplicativo. Ela e o homem trocaram mensagens por um ano, mas ela relutou conhecê-lo pessoalmente durante esse tempo. Após muita insistência dele, em 2019, os dois marcaram o primeiro encontro. “Começamos a namorar. Eu gostei dele, ele gostou de mim. No começo, eu pensava: ‘nossa é o homem que eu pedi a Deus’. Aquela pessoa perfeita.” Mas, segundo a mulher, o comportamento do namorado mudou após três meses de relação. Segundo ela, o homem passou a controlar os passos dela, chegando a vigiá-la no trabalho, e a monitorar as conversas no celular. Mulher mostra marcas de facadas no pescoço dadas pelo namorado em Barretos, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV Em uma das brigas por causa do ciúme excessivo, ele ameaçou matá-la com uma faca. A vítima correu para fora de casa, mas foi perseguida e jogada no chão. Por causa da queda, ela rompeu os ligamentos da mão e sofreu uma fratura no braço. Ainda é preciso fazer fisioterapia para os movimentos. “Ele falou que se eu desse parte, ele ia me matar. Eu dizia que tinha caído de moto com ele.” Com medo, por várias vezes, a mulher tentou terminar o relacionamento, mas passou a ser constantemente ameaçada de morte pelo namorado. As agressões e as humilhações aconteciam até mesmo na frente de amigos do casal. Apesar de dizer com frequência que iria mudar o comportamento, a vítima afirma que isso nunca aconteceu e que os episódios violentos eram cada vez mais comuns. Em maio de 2019, ela disse ao companheiro que iria contar aos amigos que ele a agredia, mas o homem reagiu e a atacou com uma faca. A delegada Denise Vichiato Polizelli, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Barretos, SP — Foto: Sérgio Oliveira/EPTV Após sobreviver ao ataque, a mulher decidiu denunciar o agressor. Segundo a delegada Denise Vichiato Polizelli, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Barretos, em muitos casos, as mulheres deixam de acusar os companheiros por terem esperança de que eles deixarão de ser agressivos. Mas a conduta deles só se agrava. Em janeiro deste ano, 4.942 agressões mulheres foram vítimas de agressões no estado de São Paulo. Do total, 3.062 casos foram registrados no interior. Na região de Ribeirão Preto, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em 2019, 12 mulheres foram mortas. Em 2020, já são três vítimas fatais da violência. “O que a gente alerta é sempre isso: começaram os episódios de violência, para que ela identifique essa situação e se resguarde. Se o companheiro não aceitar o fim desse relacionamento e for necessário, pedir uma medida protetiva de urgência para que ele seja afastado dela. O mais importante é resguardar a integridade física da mulher”, diz a delegada. Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca Um homem suspeito de estuprar a filha adolescente foi denunciado por uma equipe médica, na última segunda-feira (19), no distrito de Jurema, em Lincínio de Almeida, município que fica a cerca de 675 km de Salvador. A informação é da Polícia Militar. De acordo com a polícia, militares da 94ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foram acionados através de ligação telefônica. Ao chegar no hospital, a guarnição não localizou o suspeito do crime, pois ele fugiu após perceber que tinha sido denunciado. A PM ainda informou que a vítima ficou sob os cuidados do Conselho Tutelar da cidade, que foi acompanhado pela equipe policial durante todo o trabalho. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Precaução e organização ajudaram Aline a resolver o que poderia ter sido um grande problema em sua viagem aos EUA — Foto: Agnaldo Daniel dos Santos Fazer uma viagem de férias exige um bom planejamento. Às vezes, são meses ou mesmo anos guardando dinheiro e abrindo mão de pequenos prazeres para juntar grana. Vale quase tudo: economizar no cafezinho, fazer plantão de madrugada para conseguir uma promoção de passagem aérea, pesquisar hospedagem mais em conta, pegar dicas de lugares mais baratos para comer...Só não dá para abrir mão do seguro viagem - afinal, você não vai querer que um imprevisto estrague seus poucos dias de vida boa, não é? A técnica em enfermagem Aline Vadasz de Oliveira Nacev, 33 anos, sabe muito bem disso. Quando decidiu a ir com o marido e um casal de amigos para uma aventura de 20 dias pelos Estados Unidos, em 2015, a moradora de São José dos Campos (SP) planejou todos os detalhes: das passagens aos passeios, organizou tudo por conta e fez questão de contratar um bom seguro viagem. “Como iríamos ficar 20 dias longe de casa e não contratamos nenhuma agência de viagens, pensamos que era bom termos respaldo caso acontecesse alguma coisa, como o extravio de alguma bagagem”, conta. Aline e seu grupo partiram para o trajeto que incluiu visitar uma amiga em Washington, seguir de ônibus para Nova York, de avião para Orlando e de carro para Miami. E foi na reta final que veio o susto. Em um mesmo dia, ela passou quatro horas sentada no carro para chegar a Miami, mais de uma hora sentada visitando pontos turísticos de ônibus e outra hora num passeio de barco. “No final do dia, minha perna estava muito inchada e dura, pesada. Eu mal conseguia levantá-la”, recorda. “Pensei que fosse uma trombose e liguei para minha irmã, que é enfermeira. Ela mostrou a foto para uma médica e ambas me aconselharam a procurar atendimento médico. Se fosse esse o diagnóstico, eu não poderia pegar o avião dois dias depois de volta ao Brasil”, relata. Aflita, Aline voltou a Orlando e, já à noite, acionou o seguro viagem. “Achava que iriam me indicar um hospital para ir, mas descobri que o médico viria até mim, o que já foi ótimo. Uma enfermeira falou comigo o tempo todo até que ele chegasse, em cerca de meia hora. Foi tudo muito ágil”, lembra, aliviada. Após os exames, o médico a tranquilizou. Um problema muscular acompanhado por um inchaço eram as causas da dor. Recomendou que Aline usasse uma meia de compressão para poder aproveitar o último dia de passeio. Mesmo com o problema sob controle, a equipe médica seguiu atenta: fazia ligações regulares para saber da evolução do quadro. “Chegando no Brasil, me ligaram de novo para saber se estava tudo bem. Eu conversava com um brasileiro que me auxiliava na tradução. Mesmo falando bem inglês, eu não domino certos termos técnicos e poderia não conseguir entender exatamente o que o médico dizia. Deu tudo certo graças a eles, que foram rápidos, responsáveis e muito cuidadosos”, conta Aline. A satisfação com o atendimento é ainda maior quando ela pensa no baixo investimento que teve de fazer para ser tão bem amparada. “Ao estudarmos os planos, ficamos felizes de conseguirmos nos manter dentro do orçamento. Foi um valor relativamente baixo para tudo o que me ofereceram. Até hoje sou muito grata”, diz. Casarão desaba no bairro do Tororó, em Salvador; Codesal interdita região A rua Amparo, localizada no bairro do Tororó, em Salvador, foi interditada nesta quinta-feira (22) após o teto de um casarão desabar na quarta-feira (21). De acordo com informações iniciais, o imóvel estava desocupado e não há registro de feridos. Segundo a Defesa de Salvador (Codesal), a interdição da rua aconteceu para evitar acidentes, já que a parede lateral do prédio apresenta instabilidade. Equipes da Transalvador e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) foram acionadas para fazer o rebaixamento da parede e isolar a rua da frente. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Rua é interditada após teto de casarão desabar em bairro de Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia Esposa de jornalista disse que achou que ele estivesse brincando quando falou que 'ela tem que ser forte' — Foto: TV Morena/Reprodução Aos prantos, com medo e ainda em estado de choque pela execução do jornalista Léo Veras, atingido por 12 tiros na noite de quarta-feira (12) em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai na fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul, a esposa Cinthia Veras desabafou sobre as palavras ditas anteriormente pelo companheiro. ""Achei que ele estava brincando comigo. Ele dizia: estou te preparando para ficar sem mim, você tem que se acostumar porque eu já estou velho. Você tem que ser forte"", contou. Na ocasião do crime, Cinthia conta que o marido estava na cama quando ela o chamou para jantar. ""A gente estava jantando, era nove da noite, nove e pouco. Ele estava na cama quando eu falei: 'amor, vamos comer, vida, vem comer'. Meu pai sentou na mesa, meu filho também. Ele estava terminando de comer, tinha se passado uma meia hora, quando os homens chegaram na caminhonete. Eles entraram atirando quando eu falei: 'amor, amor' e ele não tinha falado nada, nada mesmo"", lamentou. Jornalista Léo Veras — Foto: Facebook/Reprodução Em 2017, o jornalista falou sobre ameças durante um documentário de lançamento do programa Tim Lopes, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Em dos trechos do vídeo Léo disse: ""Que não seja com tantos disparos de fuzil, porque aqui se o pistoleiro quer ter matar ele vem na sua porta, manda você abrir e vai te dar o disparo, espero que seja só de um disparo para não estragar tanto a pele"". Léo Veras é paraguaio e tem nacionalidade brasileira. Ele tinha um site de notícias em Ponta Porã, cidade que faz fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, onde é bastante conhecido em Mato Grosso do Sul por seu trabalho. O site dele produzia notícias policiais da região da fronteira em português e espanhol. Frequentemente ele noticiava situações relacionadas ao tráfico de drogas. De acordo com a Polícia Nacional do Paraguai, Léo foi atingido por cerca de 12 tiros de pistola 9 milímetros. Um dos disparos acertou a cabeça dele no momento em que ele tentou correr dos assassinos. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital particular da cidade paraguaia, mas não resistiu. Segundo a ocorrência, Léo estava jantando com a família no quintal de sua casa. Por volta das 21 horas, dois pistoleiros encapuzados chegaram em uma caminhonete branca, entraram pelo portão que estava aberto e invadiram o local. Eles direcionaram os disparos contra o jornalista e foram atrás dele quando Veras tentou correr para a rua. O promotor paraguaio responsável pelo caso, Marco Amarilla, informou ao G1 que apurou que o jornalista vinha sofrendo ameaças. Nos últimos dias, segundo o promotor, Léo Veras estava com medo. Cláudia Leitte faz declaração para o marido na manhã pós carnaval A cantora Claudia Leitte se declarou para o marido, o empresário Márcio Pedreira, após agitar os foliões com o bloco ""Largadinho"" na terça-feira (25), último dia oficial da folia em Salvador. Ainda de roupão vermelho, usado para chegar e sair do circuito da folia, Claudia, já na residência o casal, em Salvador, registrou um momento romântico. No vídeo ela diz: ""Eu te amo. É sério, tenho que registrar isso no meu celular"". Em seguida Márcio Pedreira responde brincando: ""É sério? Você está procurando ousadia comigo depois do carnaval? Você é guerreira mesmo"". E por fim, Claudia responde: ""Eu estou ovulando. Não quero fazer mais filho, mas eu te amo muito"", concluiu dando um beijo no marido. Claudia e Márcio em clima de romance após desfile em Salvador — Foto: Reprodução/Instagram Márcio Pedreira é empresário da cantora e acompanha a mulher durante todos os dias do carnaval de Salvador. De cima do trio, ele observa a organização da equipe, acompanha passagem de som e dá assistência à cantora na apresentação. Antes da declaração ao marido, Claudinha revelou que estava com muita fome com o fim do desfile e que na banda, os músicos brincam com a apetite dela. ""Tem um ditado na banda que diz assim: Eu estou com tanta fome que eu comeria igual a Claudinha depois do carnaval"", revelou. Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Joilson César/Ag Haack No último dia oficial da folia na capital baiana, a artista desfilou com o trio no Circuito Dodô (Barra/Ondina), orla da capital baiana, vestida de Mulan, protagonista de um desenho animado lançado em 1998, foi divulgada no Instagram da artista. A artista lançou toda sua energia para a avenida. Ela dançou tanto que quando já estava em mais da metade do percurso, trocou a sandália de salto por um chinelo de dedo. Claudia Leitte canta 'Claudinha Bagunceira' na Barra Durante o circuito, Claudia homenageou o cantor e compositor baiano Gilberto Gil. O momento aconteceu enquanto ela passava pelo camarote Expresso 2222, que também fica na orla do percurso. A cantora ofereceu a música ""Saudade"" para o compositor. [Veja vídeo abaixo] Claudia Leitte se declara para Gilberto Gil e em seguida canta a música 'Saudade' Antes de cantar a música, Claudinha agradeceu a Gilberto Gil. ""Muito obrigado por tudo o que você e sempre será"", a cantora se despediu e voltou a cantar. Claudia Leitte canta com MC Zaac na Barra O funkeiro MC Zaac foi um dos convidados da cantora nesta terça. Ele, que estava na folia de blusa listrada e uma bandana vermelha, cantou com Claudia as músicas ""Rebolada bruta"" e ""Bumbum granada"" em cima do trio. [Veja vídeo acima] Ainda nesta terça, Claudia deu uma bronca nos foliões após sentir um odor forte de urina durante o circuito. A artista abriu a folia com duas músicas candidatas ao prêmio de mais tocada no carnaval. Com batidas e ritmos dançantes, ""Perigosinha"" e ""Bandera"" – com letra cantada em inglês, português e espanhol – estão entre as mais tocadas nas rádios e academias. Claudia Leitte canta 'Exttravasa' na Barra Esse ano, o carnaval de Claudia Leitte é inspirado no poder feminino e tem como tema ""We Can Do It"", que em português significa ""Nós podemos fazer isso"". Na quinta (20), durante trio sem cordas, quando chegou montada em uma motocicleta, a artista homenageou às mulheres da Guarda Municipal. Já na sexta (21), vestida de Madonna, Claudia voo no carnaval de Salvador. No mesmo dia, ela comentou sobre a possibilidade de uma turnê junto com Ivete Sangalo. Já no sábado (22), ela estava de Joana D'Arc. Na segunda (24), a cantora homenageou Maria Quitéria, heroína baiana que se vestiu de homem para lutar nos movimentos para a Independência do Brasil na Bahia. Durante o percursso, ela chamou uma Ex-The Voice Kids para cantar com ela. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Joilson César/Ag Haack Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Mauro Zaniboni /Ag Haack Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Mauro Zaniboni /Ag Haack Claudia canta com MC Zaac no último dia do carnaval de Salvador — Foto: Elias Dantas/Ag. Haack Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Max Haack/Ag Haack Claudia Leitte durante carnaval 2020 em Salvador — Foto: Elias Dantas/Ag. Haack Claudia Leitte voa em meio aos foliões — Foto: Reprodução/GloboNews Desenrola - MG1 - Minas — Foto: Editoria de Arte/Globo Você tem algum problema com construção? Já teve que discutir com os vizinhos por causa do barulho das obras? Nesta quarta-feira (23), MG1 vai ajudar você a desenrolar essas confusões. O telejornal vai receber no estúdio um defensor público para responder todas as dúvidas. Você pode participar mandando o vídeo com sua pergunta para o nosso Whatsapp: (31) 99955-9000. E também pode mandar as suas dúvidas pelas redes sociais com #MG1. Público pode enviar vídeos e fotos para o Bom Dia Minas, MG1 e MG2 pelo Whatsapp — Foto: Editoria de Arte/Globo Minas Uma mulher de 70 anos procurou uma delegacia de polícia no centro de Campo Grande nesta quarta-feira (19), depois de sofrer ameças de morte e ataques racistas da vizinha. A vítima contou à polícia que há cerca de quatro meses a suspeita invadiu um dos apartamentos no prédio em que ambas vivem e, desde então, perturba a vizinhança. Com comportamentos descritos como ""estranhos e intimidadores"" pela idosa, a suspeita teria chegado até a jogar lixo na frente da casa da mulher. A situação chegou à polícia após a idosa dizer que teria sido ameaçada de morte pela vizinha, com os dizeres “vou te dar um tiro, porque eu odeio preto”. Após o registro do boletim de ocorrência, o caso seguirá em investigação pela Polícia Civil. *Estagiária supervisionada por João Pedro Godoy Uma mulher de 70 anos procurou uma delegacia de polícia no centro de Campo Grande nesta quarta-feira (19), depois de sofrer ameças de morte e ataques racistas da vizinha. A vítima contou à polícia que há cerca de quatro meses a suspeita invadiu um dos apartamentos no prédio em que ambas vivem e, desde então, perturba a vizinhança. Com comportamentos descritos como ""estranhos e intimidadores"" pela idosa, a suspeita teria chegado até a jogar lixo na frente da casa da mulher. A situação chegou à polícia após a idosa dizer que teria sido ameaçada de morte pela vizinha, com os dizeres “vou te dar um tiro, porque eu odeio preto”. Após o registro do boletim de ocorrência, o caso seguirá em investigação pela Polícia Civil. *Estagiária supervisionada por João Pedro Godoy O programa Jornal do Almoço, da RBS TV, inciou, na terça-feira (8), uma série de reportagens especiais que valorizam a vocação em empreender do Rio Grande do Sul. O ""Te mostra, Rio Grande"" vai apresentar histórias inspiradoras de gaúchos que fazem a diferença nas regiões em que vivem. Serão 12 reportagens, que vão ao ar nas terças e sextas-feiras. Todos os vídeos serão publicados no G1 RS. Vídeo: Valter Pötter, sócio-proprietário e administrador do Grupo Guatambu Te Mostra, Rio Grande: família que vive da pecuária inova na produção de vinhos e turismo Quando o pai de Valter Pötter iniciou o trabalho no campo, na década de 1950, o foco era a agricultura. Depois que o filho assumiu o comando, inovou implantando a pecuária no negócio. ""Nós temos mais de mil prêmios na agropecuária, sustentabilidade, produtividade, rentabilidade"", destaca. Hoje, ele administra o Grupo Guatambu, que trabalha com agropecuária diversificada, com uva e vinho. Ramo que também conquistou as filhas de Valter, que decidiram inovar um pouco mais. A plantação começou em 2003, inicialmente como uma aposta. Em 2009, o primeiro vinho produzido já mostrava que a iniciativa tinha dado certo. O sucesso de vendas do vinho e a quantidade de medalhas que o rótulo ganhou serviriam de incentivo para ir além, aliando vinhos e turismo. ""A vinícola em si traz oportunidade de oferecer serviços à clientela, ou seja, piquenique, almoço harmonizado, cursos de harmonização, isso cada vez mais atrai clientes e nos deixa cada vez mais entusiasmados"", acrescenta Valter. O paisagismo da propriedade é composto por plantas nativas da Região do Pampa. As videiras são tratadas com produtos naturais, sem deixar resíduos no meio ambiente. E os resíduos sólidos, como bagaço, viram compostagem. Depois, voltam aos vinhedos como adubo. Em 2019, Valter investiu na compra de 600 placas fotovoltaicas para que toda a vinícola fosse abastecida com a energia que vem do sol. Assim, ela se tornou a primeira da América Latina a ser totalmente abastecida com energia solar. A ideia que deu tão certo que está sendo ampliada e, em seguida, toda a propriedade rural vai ser abastecida com energia solar. ""Eu não conheço ninguém, ninguém mesmo nessa vida, que tenha trabalhado bastante, estudado bastante e que não venceu. A realidade é incontestável. Então está aí a receita: trabalhar, estudar, viajar, assistir a seminários, ler, porque aí que vem a inspiração, aí que vem as coisas novas aflorando"", finaliza Valter. Vídeo: Bruno Costa, fundador do My Club Te Mostra, Rio Grande! Conheça desenvolvedor de aplicativo que une o consumidor à marca O empresário Bruno Costa encontrou um negócio ao unir tecnologia com o hábito de compras. Fundador do MyClub, Bruno define o aplicativo como simples, mas que garante vantagens aos usuários. ""Um produto simples e fácil e que os consumidores tenham um benefício e jamais percam esse benefício"", explica. O negócio opera baseado no cashback, ou seja, dinheiro de volta. No lugar de dar descontos aos clientes, as lojas parceiras fazem vendas e, através do aplicativo, oferecem um crédito que pode ser acumulado e usado em novas compras. ""Tudo no MyClub foi pensando para fomentar o consumo, para esticar o bolso dos nossos consumidores, dos nossos clubers, que é como a gente chama o nosso usuário. Sem limites de acúmulo, sem limites de utilização, sem prazo para utilizar, sem nenhuma regra"", conta. A iniciativa inovadora emprega 13 funcionários e está presente em sete cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Após dois anos de criação, já são 25 mil usuários cadastrados que receberam mais de R$ 1 milhão em créditos. Vídeo: Cléo Barbiero, empresário ‘Te Mostra, Rio Grande!’: conheça veterinário que desenvolveu novas soluções de produção O empresário e médico veterinário Cléo Barbiero trabalha desde 1997 no desenvolvimento de soluções inovadoras nas áreas de saúde e nutrição animal. Ele criou produtos que utilizam canela, anis estrelado, pimenta, orégano, e outros condimentos, para combater fungos, vírus e parasitas que atacam bovinos, suínos e aves. ""Quando você consegue enxergar que tem outras vertentes e tem outros caminhos que tu pode buscar. Aquilo me atraiu. Eu saí de uma situação de uma distribuidora de produtos veterinários, de antibióticos e vacinas, e procurei focar na pesquisa para desenvolver novas tecnologias. Aquilo que eu não tinha condições de desenvolver, eu fui buscar parceiros, alguns dos quais eu mantenho um relacionamento desde 2003, que nos trouxeram também outras tecnologias muito promissoras"", afirma Barbiero. A empresa que começou com 18 funcionários, hoje conta com 40. A produção que era de seis toneladas por dia, deu um salto. Hoje são produzidas 8 toneladas de produtos por hora. São produtos customizados, personalizados, de acordo com a necessidade de cada cliente. Isso para que os produtores rurais tenham mais eficiência no campo, ou seja, produzam mais, gastando menos. A empresa vende os produtos para todo Brasil e logo será a vez de abrir mercado para países do Mercosul. Como nada se faz sozinho, para construir toda essa história, Barbiero teve uma ajuda importante de uma sócia nos negócios e na vida. A esposa, Patrícia Barbiero, com quem é casado há 28 anos. ""É um desafio muito grande como administradora, administrar todo esse complexo, mas isso também faz parte da realização de um sonho, de uma vida de trabalho que a gente teve juntos. A gente está muito feliz com toda essa conquista que a gente teve e, com certeza, estamos preparados para atender o que o mercado nos exige"", afirma Patrícia. Vídeo: João Gabriel Hillal, empresário ‘Te Mostra, Rio Grande!’: empresário cria novas opções de turismo na região da fronteira Mesmo conhecendo a forte concorrência da região, o empresário João Gabriel Hillal decidiu investir no turismo em Santana do Livramento, Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Destino daqueles que buscam por compras em free shops, a cidade também oferece lazer no complexo Amsterland. Além de contribuir com a geração de empregos, todo o empreendimento é sustentável. Com ajuda de aquecedores que funcionam com a energia solar, todo o parque funciona com energia limpa. ""Nós identificamos uma necessidade de um turismo mais sustentável. Então, há 9 anos atrás, tivemos uma ideia de criar um produto turístico, que não tem na região, que seja sustentável, fugindo um pouco do turismo de compras"", explica o empresário. Gabriel que ir além. Em dezembro deve ser inaugurada uma piscina com ondas, rio corrente e ainda um shopping center. Vídeo: Alexandre Figueiró, CEO da Lamiecco Te Mostra, Rio Grande: empresário tem como principal negócio a sustentabilidade no RS Uma iniciativa que une sustentabilidade e geração de empregos locais, assim pode ser definida a Lamiecco de Montauri, no Norte do Rio Grande do Sul. A empresa recicla garrafas pet e transforma os resíduos em revestimentos de portas, pisos e paredes. ""Eu acho que a coisa mais importante é a gente levantar da cama e ter um propósito. Nosso propósito muito claramente é de gerar um impacto positivo para todos os entes envolvidos"", explica o CEO Alexandre Figueiró. Para manter o negócio funcionando, todos os meses chegam mais de oito milhões de unidades de garrafas. Sendo referência para o setor moveleiros, a iniciativa gera impacto ambiental, econômico e influencia no futuro dos moradores da cidade. Com 51 colaboradores empregados, um dos objetivos centrais de Alexandre era que a empresa fosse sediada no estado, mesmo que outros locais oferecessem incentivos melhores. ""Nós batalhamos muitos para permanecer no estado, fazer nosso empreendimento na terra onde a gente nasceu, ajudar no desenvolvimento das pessoas, da comunidade, estado. Deu muito certo porque a gente acabou conquistando o espaço que era necessário no lugar onde a gente nasceu"", pontua. Vídeo: Jorge Hoelzel Neto, conselheiro de administração da Mercur Te Mostra, Rio Grande: conheça a história da empresa Mercur e como se atualizou no mercado Sob gestão da terceira geração de uma mesma família, a Mercur foca na produção de borracha com produtos direcionados para as áreas da saúde e da edução. ""Ao invés de olhar pura e simplesmente pra números, a gente resolveu olhar pra pessoas. Porque afinal o mundo está feito pra nós. Então, a gente precisa se cuidar, uns cuidar dos outros"", explica Jorge Hoelzel Neto, conselheiro de administração da empresa. Fundada em 1924 pelo avô e tio avô de Jorge, a empresa de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, produz desde borrachas escolares até andadores. O que era um pequeno negócio familiar cresceu e emprega atualmente 700 colaboradores. O processo de criação da Mercur é colaborativo e inclui não só funcionários, como a comunidade. Dentro do projeto 'Laboratório de Inovação Social', pessoas com deficiência, cuidadores, familiares e colaboradores criam produtos com base em necessidades específicas e individuais. ""A gente já está cheio de tudo, de coisas. Nós temos muitas coisas pra consumir, mas temos pouco relacionamento. Então a gente acredita muito que a construção de relacionamentos é o que vai fazer evoluirmos enquanto humanidade nesse planeta"", pontua. Vídeo: Fabiane Khun, cofundadora da Raks Jovens empreendedores criam sistema que otimiza processo de irrigação na produção rural ""Nós desenvolvemos um sistema pra otimizar e automatizar o processo de irrigação. Conseguindo ajudar os produtores a terem mais alimentos e evitarem o desperdício de recurso hídrico na irrigação"", conta a empresária Fabiane Kunn. Uma tecnologia desenvolvida pela empresa indica a quantia exata de água que o produtor precisa usar. ""Quando tem muita água no solo, a planta acaba sofrendo pela falta de oxigênio, quando tem pouca água, obviamente, ela acaba sofrendo pela falta de água. Isso afeta a produtividade e o quanto o agricultor vai lucrar lá no final da safra. Reflete também em quanto dinheiro ele vai gastar pra manter o sistema ligado, então quanta energia elétrica vai ser colocada para manter o sistema de irrigação ligado quando não é necessário"", explica. O projeto começou durante uma pesquisa para um trabalho de escola. ""Nós vimos que aproximadamente 70% da água no mundo é destinada a agricultura e aproximadamente 70%é desperdiçada na irrigação"". Em 2016, quando eles apresentaram o projeto na Mostratec, uma das feiras de ciências mais importantes do país que acontece todos em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, eles nem imaginavam que essa ideia poderia virar negócio. Eles foram para uma das maiores feiras do mundo, que acontece nos Estados Unidos, e ganharam vários prêmios. ""Desde muito jovem, a gente tinha 18 anos, quando a gente começou. A gente pegou esse sonho com muita garra e quis seguir com ele"", conta o cofundador Vinícius Muller. O professor orientador também acreditou na ideia e virou sócio. Hoje eles são a única empresa brasileira entre cinco selecionadas no mundo para um programa de aceleração de startups de agronegócio, que acontece nos Estados Unidos. Essa tecnologia já está em cinco propriedades, quatro delas no Brasil e uma nos Estados Unidos. ""O sensor que fica fixo em campo não precisa de conectividade. Toda a comunicação é sem fio e sem internet, que envia todos os dados para uma central que recebe essas informações. E essa central fica na propriedade do agricultor, pode ser na casa, no galpão. É o único ponto com conectividade à internet"", explica. O sistema no campo funciona com energia solar, e os produtores podem monitorar tudo de longe, é só usar o celular. Vídeo: Rubens Pacheco, criador do Donamaid, aplicativo de contratação de diaristas Sócios criam aplicativo que otimiza contratação de diaristas A sala cheia de trabalhadores jovens, muitos recém saídos da faculdade, mostra que a empresa está numa cidade universitária, Pelotas. Há dois, os chefes desta galera resolveram transformar um problema em negócio. ""Junto com meus sócios, criei um aplicativo que conecta diaristas e quem está precisando de uma faxina. Começamos aqui em Pelotas, e hoje estamos em 14 cidades de três estados"", conta o empresário Rubens Pacheco. Luiz, Janine e Rubens somaram esforços e criaram uma plataforma online para unir quem precisa de uma faxina com quem está oferecendo esse tipo de serviço. ""Eu lembrava também que tinha muitos colegas meus que tinham dificuldades de encontrar alguém para limpar suas casas, porque Pelotas é uma cidade universitária, tem muita gente de fora, não conhece ninguém. Ai eu falava: 'vamos facilitar, otimizar isso', tanto de indicação, quanto ter uma diarista de qualidade. Então, acabou que surgiu a ideia da Donamaid"", conta Rubens. A ideia começou com três diaristas cadastradas, e hoje são 180. Já foram feitas mais de 15 mil limpezas e a plataforma já repassou cerca de R$ 1,5 milhão às diaristas. ""No inicio da empresa, a gente pensava só em no problema que ela resolvia, que era conexão entre duas pontas. Mas, com o passar do tempo, nós começamos a ver uma transformação social fantástica: criando renda para diversas famílias que antes não tinham possibilidade de atuar nesse mercado ou outro mercado. Então, a gente quer continuar fazendo isso que nos alegra muito"", diz. Vídeo: Mariana Tellechea, empresária da Cabanha Basca Conheça empresária que abriu a própria cabanha e deu continuidade a uma tradição familiar A vida da empresária Mariana Tellechea está conectada com o mundo rural desde a infância. Filha do zootecnista Flávio Tellechea, considerado um dos responsáveis por aperfeiçoar a raça Crioula no estado, Mariana uniu tradição familiar ao trabalho e administra uma cabanha campeã em títulos na cidade de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do estado. Além de vitórias em morfologia, freio de ouro e na Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos, os leilões promovidos pela cabanha também são destaque. Já são mais de 60 eventos organizados, e apesar de negociar reprodutores de raças nobres e cabeças de gado gordo, os cavalos da raça Crioulo são a grande atração. ""A gente ganha dinheiro, hoje, com cavalo"", explica Mariana. Após a morte do irmão e do pai, ainda nos anos 90, coube a empresária assumir os negócios da família. Mesmo incentivada por amigos a vender os gados, cavalos e arrendar o campo, Mariana aceitou o desafio ao lado mãe e da irmã. ""Nós admirávamos tanto o trabalho do meu pai e do meu irmão que a gente queria que aquilo continuasse. Então não medimos esforços para que isso fosse realizado"", lembra. Anos depois, em 2009, a empresária decidiu gerir o seu próprio negócio com a ajuda da filha e do genro, nascia a Cabanha Basca. ""Quando a gente faz com amor, a gente faz com vontade"", conta a empresária. Entre as centenas de cavalos que disputaram a Expointer deste ano, a cabanha levou para Uruguaiana dois prêmios. A Basca Destemida garantiu o título de 'Campeã', enquanto a Constância se consagrou como a terceira 'Melhor Fêmea'. ""Sou realizada porque todos nós adoramos né, o que a gente faz. Somos muito felizes nessa opção de vida"". Vídeo: Leonardo Guedes, criador da Cowmed Conheça empreendedor que inovou e criou ferramenta que previne doenças do gado O empresário Leonardo Guedes é engenheiro eletricista e nunca pensou em trabalhar com vacas, mas ele e o irmão queriam ser empresários, como o avô. Criaram, então, uma coleira que vai no pescoço da vaca e funciona como um ""tradutor"" de comportamento do animal. A tecnologia já ajuda mais de 100 criadores em 11 estados brasileiros. Hoje, o sistema monitora 15 mil vacas. ""A gente monitora o tempo que ela caminha, o tempo que ela rumina, quanto tempo ela rumina a cada hora do dia, o tempo que ela fica parada, em ócio"", explica Leonardo. A iniciativa é uma forma de não deixar que o animal esconda a doença. Já que muitas vezes os produtores só percebem que há alguma coisa errada com o animal quando ele já está com alguma coisa mais séria. ""Geralmente ela tende a esconder a doença, quando o produtor vê a vaca doente é quando ela já está deitada"", afirma o empresário. Com a coleira, sempre que o comportamento da vaca sai do padrão, o produtor recebe um alerta no celular: se os níveis de atividade e ruminação diminuíram, pode ser um sinal de que a vaca está doente. Se a atividade aumenta, pode ser período de cio. Criador de de gado, Nédio Genário nunca soube exatamente a melhor época de reprodução de cada vaca. Ele tem 65 cabeças no Norte do estado e não consegue observar elas o tempo todo. ""O problema das propriedades geralmente é o cio. O sistema acusa, e aí a gente vai lá e insemina a vaca no caso"", explica. O custo ao produtor é de R$ 160, por coleira, e R$ 11,90, por mês, por animal. A ideia já rendeu 14 prêmios aos irmão. ""Geralmente um plano de saúde, a gente brinca, é um plano de doença, porque tu usa ele quando fica doente. Nós somos realmente um plano de saúde porque a gente evita que a vaca fique doente"", explica. A equipe de 30 funcionários está criando um banco de dados com informações sobre os sintomas de cada doença. Eles já conseguem reconhecer mudanças de comportamento até cinco dias antes de uma doença se manifestar. Vídeo: Lídia Linck Lagemann, administradora da Biotecno Conheça uma empreendedora que encontrou na área da saúde a oportunidade de inovar Ainda estudante, Lídia Linck Lagemann decidiu se tornar empreendedora. Criou uma indústria no Noroeste do estado que produz refrigeradores e freezeres científicos que estão distribuídos em todos os estados brasileiros e na América Latina. A inspiração surgiu dentro de casa, acompanhando o trabalho do pai que fazia a manutenção de refrigeradores na empresa da família. ""A maior lição que nós temos é que poderíamos fazer grandes coisas, trabalhar para melhorar a saúde do país, desenvolvendo um produto tecnológico mesmo estando no interior do estado. E nós não enxergávamos que existiam barreiras para levar esse produto para todo o país"", diz Lídia. Uma das maiores sacadas da empresa foi para o mercado em 2011. Depois de cinco anos de estudos e pesquisas, foi desenvolvido um sistema de emergência que faz com que refrigeradores continuem funcionando por até 72 horas mesmo sem energia elétrica. ""Produto foi tomando o mercado por ser uma solução, uma alternativa para esse problema da falta de energia. Tomou uma proporção e, hoje, está presente em todos os estados brasileiros, inclusive em alguns países da América Latina. Essa foi uma forma que a Biotecno fez de se colocar no lugar daquele usuário e pensar: 'o que eu poderia prover de solução para deixar a tua vida mais fácil?'"" Os refrigerados são usados em centros de oncologia, dermatologia, banco de leite, sangue e também na agricultura. São produzidos, em média, 150 equipamentos por mês em Santa Rosa. Eles evitam que vacinas sejam perdidas pela falta de conservação quando falta energia elétrica. A empresa surgiu em 2001, com quatro pessoas. Atualmente, são 50 colaboradores espalhados pelo Brasil. ""Fazer parte de todo esse tempo, desde que a empresa começou e no porte em que ela está hoje, é um prazer"", comemora o coordenador de projetos Luiz Mateus Diel Schneider. E esse prazer de reinventar na saúde pública, trouxe prêmios nacionais e o reconhecimento em lei da obrigatoriedade de ter um sistema de emergência nos equipamentos. ""Motivação é poder escrever a própria história e deixar um legado. E essa motivação eu aprendi em casa. A inovação faz parte do DNA da empresa. Então, tudo o que nós fazemos hoje é sempre pensando em trazer algo novo e diferente, não o que já existe"", conclui Lídia. Vídeo: Gustavo Ghertler, CEO da Belas Letras Conheça a história de um empreendedor que abriu editora de livros em Caxias do Sul Há 11 anos, quando o empresário Gustavo Ghertler decidiu abrir uma editora de livros em Caxias do Sul, foi preciso um olhar diferente. ""Sou um apaixonado por livros, e trabalho numa editora que tem o objetivo de causar impacto positivo na vida das pessoas através de histórias. A gente procura levar a inspiração para que você mesmo faça a transformação. A gente encara nossos livros como uma ferramenta de mudança nas pessoas"". A ideia da editora surgiu quando ele percebeu, ao trabalhar em livrarias, que as pessoas queriam ler sobre assuntos diferentes daqueles expostos nas prateleiras. A primeira coleção foi de livros infantis sobre futebol no Brasil. ""A gente publicou esse primeiro projeto com a anuência dos clubes, com os clubes participando, com o Grêmio, com o Inter e depois com outros clubes brasileiros. Essa primeira coleção vendeu 50 mil exemplares, era um número muito grande para época. E ajudou a financiar o negócio, para que prosperasse e começasse a publicar outros títulos, a criar outros projetos"", disse. A editora tem oito funcionários e vende em média 200 mil livros por ano, a maior parte pela internet. O faturamento passa dos R$ 3 milhões ao ano. A empresa recebeu o Prêmio Nacional de Inovação do Sebrae, a única no estado premiada entre as 1,7 mil avaliadas. Há três anos, a editora criou um programa chamado 'Compre 1, Doe 1', em que cada leitor que comprar um livro pelo canal de venda da empresa na internet, recebe um segundo livro para doar na sua comunidade. Um projeto que, segundo a editora, gerou um crescimento de 265% nas vendas pelo site. Mais de 20 mil exemplares foram doados até agora, e a iniciativa chegou a outros estados do país. ""A gente pensa assim: 'se a minha empresa não existisse mais, isso faria diferença na vida das pessoas?'. E hoje a gente pode dizer que sim. Se a nossa empresa não existisse mais, algumas pessoas sentiriam falta da gente, e acho que isso é o mais importante para uma empresa"". Natalia Castanho, de Pedagogia, acredita que a proximidade entre aluno e professor é um grande diferencial — Foto: Toledo Prudente A educação a distância deu um salto nos últimos anos com a grande oferta de cursos livres, de graduação e pós-graduação. A oportunidade de flexibilizar os horários de estudo, conciliando com a rotina e trabalho, é um chamariz que atrai muitas pessoas para a modalidade. Com a concorrência e grande quantidade de cursos a distância, muitas vezes, o interessado sente dificuldade em escolher a melhor opção. Com o compromisso de transformar pessoas por meio da educação, a Educação a Distância – EAD da Toledo Prudente une qualidade, inovação e acolhimento, com a tradição de 60 anos em formar profissionais de destaque no mercado de trabalho. Wellington Paulo Cavalcante da Costa, 25, é aluno do curso de Ciências Contábeis EAD. A oportunidade de organizar sua rotina de trabalho e estudos e conquistar o sonho de cursar uma graduação fez com que o auxiliar de escritório investisse na modalidade. Para Patricia Alves da Silva Ernandes, 26, a dedicação ao aluno é um ponto forte na EAD do Centro Universitário. A aluna do curso de Processos Gerenciais EAD conta que a infraestrutura contribui com a formação efetiva e facilita o aprendizado. Patricia Ernandes, aluna de Processos Gerenciais, elenca a dedicação ao aluno como ponto forte na EAD da Toledo Prudente — Foto: Toledo Prudente Natalia Moraes Castanho, 25, é aluna do curso de Pedagogia EAD. Para a estudante, a estrutura diferenciada do Centro Universitário e a proximidade entre aluno e professor são grandes diferenciais. Com 16 cursos nas áreas de negócios, tecnologia e educação, a EAD da Toledo Prudente conta com diferenciais que contribuem com a formação de profissionais alinhados com as novas exigências do mercado de trabalho. O gerente do Núcleo de Educação a Distância – Nead, Eli Cândido Junior, salienta que fazer um curso de graduação na EAD da Toledo Prudente é ter a tranquilidade de estudar com uma educação de excelência, que possui conceito máximo, conforme avaliação do Ministério da Educação – MEC. Eli Cândido Junior, gerente do Núcleo de Educação a Distância – Nead — Foto: Toledo Prudente O processo seletivo para a educação a distância pode ser feito por meio do vestibular ou com a nota do Enem. Acesse: www.toledoprudente.edu.br/ead. Mais informações por meio do WhatsApp (18) 99602-8656 ou pelo e-mail ead@toledoprudente.edu.br. A validade do diploma Toledo Prudente reconhecido pelo mercado de trabalho também na educação a distância. O clipe da música será lançado na proxima semana. — Foto: Arquivo Pessoal/Cabron Studios A cantora paraense Keila Gentil lançou nesta sexta-feira (12), o single ‘Brega Doido’. A música é a primeira faixa do seu álbum Malakan que foi dirigido pela própria cantora. Com sonoridade sintética e envolvida pelos vocais elétricos da artista, a música exala um clima descontraído e tropical, com a fórmula de um hit genuinamente paraense e pra lá de dançante. “Tava brincando no celular sem compromisso, fiz uma harmonia, uma levada de tecnobrega e aí veio a melodia, de repente pensei um refrão forte. Isso me fez pensar em como o paraense trabalha o tecnobrega, aquela coisa que é produzida com pouca tecnologia, pouco recurso, pensando só na diversão. Esse é o caminho do tecnobrega, da produção até o consumo”, comenta Keila. Na próxima semana o clipe oficial da música será lançado. Segundo a cantora, ainda revela alguns detalhes de Malaka, destacando que a ideia do disco é ser um link do Tecnobrega com a sonoridade de outras periferias. No primeiro single do novo trabalho, Keila traz para si uma nova a responsabilidade. Entre um beat e outro, o visual gangsta pop do clipe reforça a atitude. Ainda segundo a cantora se em Malaka a ideia é fazer ritmos paraenses dialogarem com hits da periferia de todo o Brasil, 'Brega Doido' começa a conversa com o autêntico tecnobrega, que em outras faixas do disco se comunica facilmente com batidas de ritmos como o ragga, o afrobeat e até do funk carioca. Keila começou como solista no coral infantil da igreja. Aos 13 anos, ingressou em um coral juvenil lírico do Estado e também sempre esteve envolvida com grupos de dança, tendo como grande paixão a dança de rua. Aos 15 anos começou a cantar em barzinhos da noite paraense. Aos 17 anos, já tinha tocado em várias bandas locais e recebeu o convite para assumir os vocais da Gang do Eletro. Keila também é atriz e participou do filme Órfãos de Eldorado, de Guilherme Coelho, e foi coadjuvante no longa Para Ter Onde Ir, de Jorane Castro, que rendeu um prêmio de melhor atriz coadjuvante pelo festival Guarnicê e melhor atriz. Além disso, atuou no curta Encantada do Brega e protagonizou o 5º episódio da websérie Sampleados, que é sucesso de visualizações na internet. Caso é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção Pessoa (DHPP) — Foto: Alan Oliveira/G1 Uma adolescente de 14 anos, que segundo a Polícia Civil estava desaparecida desde domingo (18), foi encontrada morta dentro de uma casa, na Rua Senhor do Bonfim, bairro de Pernambués, em Salvador, na quarta-feira (21). Informações iniciais ainda apontam que a vítima, identificada como Ludmila Ester Nascimento Reis, teria sido estuprada, mas ainda não houve confirmação da polícia. A perícia foi solicitada, e os resultados devem sair com cerca de 30 dias. A Polícia Civil informou que testemunhas estão sendo ouvidas. Uma das testemunhas foi o companheiro da adolescente, que foi levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento. Depois de ser ouvido, ele foi liberado. Ainda não há informações sobre quem cometeu o crime, nem o que motivou o assassinato. O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Homicídios da capital. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Nesta sexta-feira (25), o Globo Repórter fala sobre felicidade. Você é feliz? Faça o teste e descubra que traço da sua personalidade te impede de ter mais alegria no seu dia a dia. Os resultados, cinco tipos de pessoas diferentes, foram elaborados por Bruno Severo Gomes, doutor em Microbiologia com especialização em Psicopedagogia, coordenador do programa de Palhaçoterapia do Hospital das Clínicas da UFPE e professor da disciplina Felicidade na universidade. Pai é suspeito de matar a própria filha em Aparecida de Goiânia A empresária Yara Maeve Teixeira de Faria, de 45 anos, morta a tiros na sexta-feira (17), chegou a implorar para que o pai não a matasse e disse que o amava, segundo o delegado responsável pela investigação, Álvaro Melo Bueno. O crime aconteceu dentro da empresa que Yara administrava, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana. Em depoimento, José Maria Alves de Faria, de 72 anos, disse que não se lembrava do que aconteceu no momento do crime. O G1 não conseguiu localizar a defesa do investigado até a última atualização dessa reportagem. Segundo o delegado, o pai matou a filha porque ela teria desviado R$ 2 milhões de um comércio que os dois tinham juntos anteriormente. “Eles já estavam tendo uns desentendimentos, a vítima já tinha registrado ocorrências dizendo que o autor, que é o pai dela, já tinha ameaçado ela de morte”, disse. José Maria Alves de Faria, de 72 anos, foi preso suspeito de matar a filha em Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera “O homem falou que os dois tinham uma empresa juntos e, há mais de um ano, a filha, com ajuda de outra funcionária, desviou R$ 2 milhões e, desde então, eles brigam com frequência. Ele disse que ficou em dificuldades financeiras. Os dois romperam a sociedade, e a vítima teria aberto uma nova empresa e levado todos os clientes”, disse o delegado Álvaro Melo, responsável pela investigação. O delegado explicou ainda que o idoso foi encontrado na GO-060, em Trindade, dirigindo sem rumo definido. “Ele disse aos policiais militares que tinha matado a filha, ia matar a funcionária que a ajudou a desviar o dinheiro e, depois, ia se matar. Mas, na delegacia, ele disse que toma muitos remédios controlados, foi até a empresa, os dois começaram a discutir, mas não se lembra do crime”, completou. O idoso foi autuado em flagrante por homicídio qualificado e encaminhado ao presídio de Aparecida de Goiânia. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Homem é preso por ameaçar a ex-namorada em São Luís Mensagens divulgadas pela Polícia Militar mostram as ameaças que uma jovem recebia do ex-namorado, o empresário Wellington Lima Bacelar, preso preventivamente na Casa da Mulher Brasileira nesta quarta-feira (21), em São Luís. Homem é preso após enviar mensagens ameaçando a ex-namorada em São Luís — Foto: Divulgação/Polícia Militar/G1 MA De acordo com a delegada da Mulher, Kazumi Tanaka, Wellington não aceitava o fim do relacionamento e, desde o início da semana, a jovem começou a receber uma série de ameaças. Em uma das mensagens, Wellington envia a ela a foto de uma pistola calibre .40 que segundo ele, seria usada para matar a jovem. “Uma hora eu te encontro e te mostro, enquanto eu não me vingar de tudo que você me fez de ruim eu não vou sossegar. Você é uma vagabunda, mentirosa e eu vou te executar”, diz Wellington em uma das mensagens. Mensagens enviadas para a vítima, mostram as ameaças sofridas pela jovem. — Foto: Divulgação/Polícia Militar/G1 MA Em outra mensagem, Wellington ameaça a vítima e membros da família dela e afirma que irá se vingar da jovem ‘custe o que custar’. “Hoje eu te pego, desgraça! Eu tenho ódio de ti, eu tenho ódio de ti, eu te odeio! Hoje eu te pego ou pego qualquer um dá tua família, hoje eu me vingo de custe o que custar! Eu sei que vou perder minha vida hoje também, porque eu não vou me entregar, a polícia não vai me pegar porque na hora que eu te pegar ou matar alguém de ti, eu me mato também mas hoje eu me livro de ti! Hoje tu vai saber o preço da sacanagem que tu fez comigo, desgraça!”, disse em áudio. Nas mensagens, vítima pergunta se Wellington estaria fazendo as ameaças apenas porque ela não o quer mais — Foto: Divulgação/Polícia Militar/G1 MA Em outra mensagem enviada pela vítima, ela pede ao ex-namorado para ele parar com as ameaças e diz que nunca fez nada de errado com ele, diferente do que ele havia feito a ela. Empresário Wellington Lima Bacelar foi preso após ameaçar de morte a ex-namorada em São Luís — Foto: Divulgação/Polícia Militar Segundo a delegada, o empresário já tinha uma medida protetiva por agressão e lesão corporal movida pela ex-namorada. Após ser preso por policiais da Patrulha Maria da Penha, o empresário foi autuado por posse e munição de arma de fogo. Nas mensagens, a vítima diz para o ex-namorado aceitar o fim do relacionamento. — Foto: Divulgação/Polícia Militar/G1 MA Uma mulher de 51 anos teve a casa invadida por bandido na manhã deste domingo (16), em Dourados, a 210 quilômetros de Campo Grande. Ela teve as mãos amarradas, foi trancada em um dos quartos e teve dinheiro, roupa e celular roubados. Conforme boletim de ocorrência, a vítima foi rendida pelo bandido armado aparentemente com pistola quando saiu de dentro de casa para alimentar os animais. À polícia, a mulher contou que o assaltante disse pra ela: ""Entra, minha intenção não é te estuprar, só quero suas coisas"". Depois, amarrou as mãos dela e passou a procurar por dinheiro e pediu a '""jaqueta de cor preta"" e ""o outro celular"". Antes de sair da residência, o bandido trancou a mulher em dos quartos e disse para sair só depois de 15 minutos. Vizinhos da vítima disseram que viram um homem saindo da casa da mulher e indo embora com outros dois em uma bicicleta. Nenhum suspeito foi identificado. O caso foi registrado como roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima e exercido com emprego de arma de fogo. Fãs de Roberto Carlos enviam mensagens em vídeos para o cantor, que completa 80 anos nesta segunda-feira Fãs de Roberto Carlos reservaram alguns instantes para gravar vídeos em homenagem ao cantor, que completa 80 anos nesta segunda-feira (19). ""Dia 19 de abril. Vou tomar vacina hoje para nunca esquecer do quanto eu amo esse homem. Ele é o melhor, é o rei"", disse uma fã. ""Queremos que você faça 80, 100, 150, 200 anos. Vida longa para você"", desejou outra admiradora. ""Não só eu, mas toda a minha família. Todos somos fãs do rei"", afirmou um apreciador. ""Eu queria mandar um abraço para o meu amigão. Sou fã dele, fã mesmo. Meu parabéns, Roberto. Tudo de bom para você"", disse Nilson Ferreira, de 76 anos, que costuma acordar às 4h para servir café aos motoristas de ônibus em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. ""Quando eu estou aqui, eu vivo este momento lindo"", cantou os versos de ""Emoções"", a enfermeira Patrícia da Silva. ""Parabéns, meu rei. Que nossa senhora te cubra com seu manto. Que Deus te abençoe infinitamente. Te amo do fundo do meu coração. A vida toda"", disse uma outra fã. ""Roberto Carlos, eu te amo há 62 anos. Nunca esqueci seu aniversário"", afirmou uma admiradora. ""Eu quero te desejar muitas felicidades, muitos anos de vida. Amo, amo suas músicas. Sempre amei. E hoje é meu aniversário, também. Tenho o maior prazer de fazer aniversário junto com o rei"", garantiu uma fã. Entenda quais são as diferenças entre os veganos e vegetarianos Coxinha com carne de jaca, sanduíche com hambúrguer de ervilha, esfirras com recheios de soja e espinafre. A produção destes pratos passou a fazer parte da rotina do casal Matheus e Carla Adami. Em setembro de 2020 eles decidiram investir e abrir um negócio que pudesse atender ao público vegetarianos e vegano em Palmas. A ideia veio durante um momento de adversidade. ""Tava no meio da pandemia já. A gente acabou ficando, nós dois, desempregados por causa da pandemia. E ai a gente aproveitou, a gente viu uma oportunidade porque estava crescendo muito o delivery por causa do isolamento e porque tinha poucas opções veganas aqui em Palmas"", conta Matheus. ""A gente ficou um pouco surpreso. Porque a gente não imaginava a demanda, principalmente de pessoas que vem de fora também. A gente fica aberto até um pouco mais tarde e essas pessoas acabam pedindo"", completa Carla. Coxinha com carne de jaca é uma das opções — Foto: Reprodução/TV Anhanguera É o cliente quem escolhe o recheio e como quer montar. Todos os produtos utilizados são naturais. Para o casal, além de um negócio lucrativo, foi também uma oportunidade de conhecer pessoas que compartilham de filosofias de vida parecidas. ""Quando a gente virou, a gente não conhecia ninguém que era vegetariano ou vegano aqui em Palmas. Ai quando a gente começou a vender, depois que vendeu o primeiro, que as pessoas começaram a compartilhar nas redes sociais, a gente conheceu muita gente que é vegana aqui em Palmas que a gente nem sabia que tinha"", comenta Matheus. A advogada Cristina Dorbelles, por exemplo, parou de comer carne aos 18 anos e afirma estar percebendo vantagens. ""Minha energia duplicou, meu intestino ficou um reloginho, meu sono melhorou, rinite nunca mais. É só alegria"", diz ela. E também lembra que comidas consideradas veganas são consumidas no dia a dia mesmo por quem come carne. Pratos estão fazendo sucessos em Palmas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera ""Pipoca, paçoca, batata frita, mandioca, sucos, frutas. Isso é vegano! Se você acha impossível a alimentação vegana, eu vou te dar uma sugestão. Considere um dia da semana sem carne. A nutricionista Nathalia Bertuol é vegetariana há 6 anos, ela afirma que as pessoas ainda tem ideias equivocadas sobre esse tipo de alimentação. ""É totalmente possível ser vegetariano, ser vegano, de forma saudável, de forma saborosa e sem nenhum sofrimento animal"". Ela produz leites e queijos vegetais em Palmas. A diferença entre o vegetariano estrito e o vegano é que o vegano além de não consumir não utiliza nada que tenha origem animal. Quem pretendem aderir a esse estilo de vida, deve fazer a transição com acompanhamento profissional. ""Pra você se tornar um vegetariano estrito, ou qualquer uma das outras variações do vegetarianismo, não é só retirar. A gente precisa fazer adequações nutricionais, fazer substituições. A dieta onívora, por exemplo, é muito rica em proteína, em ferro, vitamina B12"", diz a nutricionista Patrícia Kelly Cirqueira. Casal investiu na produção de pratos vegetarianos e veganos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. Entenda quais são as diferenças entre os veganos e vegetarianos Coxinha com carne de jaca, sanduíche com hambúrguer de ervilha, esfirras com recheios de soja e espinafre. A produção destes pratos passou a fazer parte da rotina do casal Matheus e Carla Adami. Em setembro de 2020 eles decidiram investir e abrir um negócio que pudesse atender ao público vegetarianos e vegano em Palmas. A ideia veio durante um momento de adversidade. ""Tava no meio da pandemia já. A gente acabou ficando, nós dois, desempregados por causa da pandemia. E ai a gente aproveitou, a gente viu uma oportunidade porque estava crescendo muito o delivery por causa do isolamento e porque tinha poucas opções veganas aqui em Palmas"", conta Matheus. ""A gente ficou um pouco surpreso. Porque a gente não imaginava a demanda, principalmente de pessoas que vem de fora também. A gente fica aberto até um pouco mais tarde e essas pessoas acabam pedindo"", completa Carla. Coxinha com carne de jaca é uma das opções — Foto: Reprodução/TV Anhanguera É o cliente quem escolhe o recheio e como quer montar. Todos os produtos utilizados são naturais. Para o casal, além de um negócio lucrativo, foi também uma oportunidade de conhecer pessoas que compartilham de filosofias de vida parecidas. ""Quando a gente virou, a gente não conhecia ninguém que era vegetariano ou vegano aqui em Palmas. Ai quando a gente começou a vender, depois que vendeu o primeiro, que as pessoas começaram a compartilhar nas redes sociais, a gente conheceu muita gente que é vegana aqui em Palmas que a gente nem sabia que tinha"", comenta Matheus. A advogada Cristina Dorbelles, por exemplo, parou de comer carne aos 18 anos e afirma estar percebendo vantagens. ""Minha energia duplicou, meu intestino ficou um reloginho, meu sono melhorou, rinite nunca mais. É só alegria"", diz ela. E também lembra que comidas consideradas veganas são consumidas no dia a dia mesmo por quem come carne. Pratos estão fazendo sucessos em Palmas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera ""Pipoca, paçoca, batata frita, mandioca, sucos, frutas. Isso é vegano! Se você acha impossível a alimentação vegana, eu vou te dar uma sugestão. Considere um dia da semana sem carne. A nutricionista Nathalia Bertuol é vegetariana há 6 anos, ela afirma que as pessoas ainda tem ideias equivocadas sobre esse tipo de alimentação. ""É totalmente possível ser vegetariano, ser vegano, de forma saudável, de forma saborosa e sem nenhum sofrimento animal"". Ela produz leites e queijos vegetais em Palmas. A diferença entre o vegetariano estrito e o vegano é que o vegano além de não consumir não utiliza nada que tenha origem animal. Quem pretendem aderir a esse estilo de vida, deve fazer a transição com acompanhamento profissional. ""Pra você se tornar um vegetariano estrito, ou qualquer uma das outras variações do vegetarianismo, não é só retirar. A gente precisa fazer adequações nutricionais, fazer substituições. A dieta onívora, por exemplo, é muito rica em proteína, em ferro, vitamina B12"", diz a nutricionista Patrícia Kelly Cirqueira. Casal investiu na produção de pratos vegetarianos e veganos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. G1 no BDMG: Funcionário da Cemig em BH denuncia cliente por suspeita de injúria racial Um cliente teria xingado com palavras racistas um funcionário da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) durante atendimento na agência que fica na Rua Bernardo Ferreira da Cruz, no Bairro Parque São Pedro, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. De acordo com a vítima, o homem de 65 anos foi ao local para resolver um problema no pagamento de uma conta de luz. Assim que chegou na agência, o idoso começou a ofender o funcionário com xingamentos. Ele teria dito, ""a culpa é daquele escurinho bandido que registrou meu serviço errado"". O homem ainda teria chamado a vítima de ""preto ladrão"" e ""preto safado"", por cinco vezes. O caso foi registrado como injúria racial na Delegacia de Polícia Civil de Venda Nova. A Cemig informou, em nota, que ""repudia demonstrações de ódio e intolerância e toda e qualquer expressão de violência, especialmente as firmadas em pensamentos racistas e discriminatórios"". Filha de Asa Branca fez postagem em homenagem ao pai — Foto: Reprodução/Redes Sociais Uma das filhas de Asa Branca lamentou a falta de proximidade com o pai em uma postagem nas redes sociais. O locutor de rodeios morreu aos 57 anos na terça-feira (4), no Instituto do Câncer, em São Paulo. Ele deixou cinco filhos. ""Você se foi... Queria poder mudar tantas coisas, queria poder ter tido mais tempo para te conhecer melhor. Eu te amo. Apesar do pouco tempo que passamos juntos, você me ensinou uma das lições mais importantes da minha vida e que levarei comigo para sempre. Te amo Pai, voa alto anjinho, estarei aqui sempre rezando por você"", publicou Lara Lemos, que mora nos Estados Unidos, em sua página no Instagram. Fãs. amigos e parentes se despedem do locutor de rodeios Asa Branca Waldemar Ruy dos Santos, conhecido como Asa Branca, foi diagnosticado com câncer na boca em 2017. Ele também era portador do vírus HIV, doença descoberta em 2007. Na manhã desta quarta-feira (5), o corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e o sepultamento será em Turiúba, no interior de São Paulo, cidade natal do locutor, às 16h de quinta (6). Velório de Asa Branca na Alesp na Zona Sul de SP — Foto: Francisco Cepeda/Estadão Conteúdo Lara postou ainda seis fotos com o locutor: duas delas de mãos dadas com o pai no hospital, em dezembro, outra na maternidade no dia em que ela nasceu, e outras três imagens em que ele a abraça, já abatido, e posam para fotos. A mãe de Lara e ex-mulher de Asa Branca, Carla Lemos, se emocionou com a mensagem, compartilhou a homenagem e escreveu: ""Tenho tanto orgulho de você, minha filha!!!!"". Ela ainda postou uma homenagem em que afirma ter perdoado Asa Branca. ""Descanse em paz Rui, eu te perdoo do fundo do meu coração e sei que você vai cuidar da Lara por mim. E não poderia ser diferente se você me deu a coisa mais importante que tenho na vida: nossa filha!!!"". Postagem foi feita por ex-mulher de Asa Branca em perfil de rede social — Foto: Reprodução/Redes Sociais Asa Branca foi um ícone no mundo dos rodeios por criar um novo estilo de narração. Ele revolucionou as apresentações no final dos anos 1980 ao incrementar a locução a partir de um microfone sem fio, algo inédito para época. Asa Branca aproveitou a evolução tecnológica para dar ainda mais ênfase ao famoso “segura, peão”, criado por José Antônio de Souza, o Zé do Prato, outro grande nome da locução de rodeios e que morreu em 1992. “Ah, este é do Zé do Prato, conhecidíssimo. Eu só estiquei um pouco mais: ‘seguuuuura peãããão’”, relembrou em entrevista ao G1 Campinas e Região em 2018. Morre, em São Paulo, o locutor de rodeios Asa Branca A partir disso, o rei de versos e jargões e da potente voz inconfundível começou a fazer história nos rodeios Brasil afora. “O Brasil tem ótimos locutores e me sinto orgulhoso quando me dizem que fiz escola. Me falam, ‘olha lá, Asa, está te imitando’. Eu respondo que isso é ótimo, é sinal que sou uma referência”, afirmou. Sucesso, excessos e fé transformaram Asa Branca em um mito. No documentário “A Última Lenda dos Rodeios”, lançado esse ano durante a Festa do Peão de Barretos, o locutor contou detalhes sobre a vida atribulada, a luta contra drogas, as relações amorosas e a batalha enfrentada para encarar de frente doenças como a Aids, e um câncer de boca. Em maio de 2018, ele fez um rodeio em Fernandópolis (SP), e, mesmo recém-aposentado das arenas, se mostrou feliz em ver se aproximar o início das filmagens do longa-metragem “Asa Branca – A Voz da Arena”. “O Brasil tem ótimos locutores e me sinto orgulhoso quando me dizem que fiz escola. Me falam, ‘olha lá, Asa, está te imitando’. Eu respondo que isso é ótimo, é sinal que sou uma referência”, conclui. Da janela de hospital, mãe mostra filho ao pedreiro Joel Gomes — Foto: Arquivo Pessoal ""Vontade de tê-lo nos meus braços"". Esse é o desejo do pedreiro Joel Gomes Coelho, que se tornou pai pela segunda vez nesta terça-feira (31), em meio à pandemia do novo coronavírus. Por precaução, a Secretaria Estadual da Saúde restringiu a entrada de acompanhantes e visitantes nos hospitais públicos do estado. O jeito foi improvisar. A mãe Silverlândia Vieira foi até a janela do Hospital Regional de Gurupi nesta manhã e mostrou o menino a Joel. De longe, pelas grades, ele conseguiu ver, pela primeira vez, o filho recém-nascido. ""Não consegui ver o rostinho dele direito, mas foi o único jeito. Me deu uma angústia, a ansiedade é grande para pegar ele no colo, vê-lo no berço lá na minha casa. Quando eu o vi, a vontade de tê-lo nos meus braços aumentou ainda mais"", disse em entrevista ao G1. Joel e Silverlândia moram em Cariri do Tocantins, cidade vizinha a Gurupi, e já têm uma filha de 9 anos. O recém-nascido Erick Ravy Vieira já chegou provocando ansiedade na família toda. As fotos tiradas pela mãe também ajudam a superar essa demora. Erick Ravy nasceu nesta terça-feira, em meio a pandemia do novo coronavírus — Foto: Arquivo Pessoal O pedreiro conta que o bebê nasceu na tarde desta terça-feira em Gurupi. Ele estava no hospital e pensou que poderia entrar para acompanhar o nascimento do filho. ""Eu tenho consciência do que está acontecendo, a gente tem que cooperar. Mas eu poderia colocar máscara, passar álcool em gel, tomar as medidas, a gente fica chateado"", disse. Sem conseguir ver o menino, Joel voltou para a cidade onde mora na terça-feira, mas nesta manhã retornou ao hospital novamente para levar fraudas e uma manta. Foi neste momento, que a mãe teve a ideia de mostrar o menino, entra as grades da janela. A previsão é que a mãe e o filho recebam alta hospitalar nesta quinta-feira. Até lá, o jeito é ficar olhando as fotos e tentar controlar a ansiedade. ""Toda a família está ansiosa, o coração bate a mil, mas o difícil seria se eles estivessem passando mal. O que importa é que está tudo bem"", disse. Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. Joel, Silverlândia e a filha de 9 anos — Foto: Arquivo Pessoal Startup lança aplicativo com inteligência artificial que te ajuda a escolher roupas Você abre o armário e se depara com aquela dúvida que te atormenta todas as manhãs: o que vestir? Sabe que até pra isso já existe um aplicativo que pode te ajudar? Uma startup de São Paulo também apostou na inteligência artificial pra desenvolver essa solução. A empresária Carolina Albarran criou uma assistente virtual inteligente. “Cadastramos a peça, tiramos a foto e fazemos o upload. Depois vemos na loja quais produtos podem combinar e que looks podemos ter de inspiração"". Ela e o sócio André Borges passaram um ano desenvolvendo a tecnologia capaz de ajudar as pessoas a criar combinações com peças próprias ou de lojas parceiras. “A gente nasceu pra atender demandas de milhares de pessoas que estão dispersas ao redor do globo, seja essa pessoa brasileira, chinesa, uma dinamarquesa. São dificuldades de combinar roupas que cada pessoa tem em qualquer lugar do mundo"", diz André. “É uma assistente virtual. Ela pode se conectar num aplicativo, pode estar no site do varejista, no e-commerce fazendo a sugestão de looks com as peças da loja ou pode estar como a gente tá vendo aqui no ponto de venda físico"", diz Carolina. Para o consumidor, o aplicativo é de graça. Quem paga a conta da startup são as lojas que disponibilizam o serviço para o cliente. O banco de dados da empresa é conectado com a tecnologia e a marca paga a cada acesso da assistente virtual. “A gente oferece essa inteligência artificial totalmente pronta e acabada. Então as marcas podem colocar dentro dos seus sites, por exemplo, o produto final e acabado mostrando as combinações completamente prontas para que o usuário faça uso desse serviço"", diz André. A startup também oferece relatórios sobre o comportamento do consumidor. Assim as marcas podem desenvolver suas coleções com foco no que o cliente procura. “A nossa capacidade, a nossa preparação é trazer essas informações para a marca, de modo que esse processo produtivo possa ser mais eficaz, mais eficiente"", completa André. CATWALK - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA MODA Rua Cristiano Viana 517, Pinheiros São Paulo/ SP CEP: 05405-050 Site: www.mycatwalk.com.br Contato: falecom@mycatwalk.com BRECHÓ AGORA É MEU Rua Martinico Prado, 372 – Higienópolis São Paulo/SP – CEP: 01224-010 Site: https://brechoagoraemeu.com.br/ Telefone: (11) 3129-4001 Rede social: https://www.facebook.com/brechoagoraemeuoficial https://www.instagram.com/brechoagoraemeu_oficial/ Cantora baiana, Aila Menezes, vence processo judicial após sofrer ataques gordofóbicos A cantora baiana e ex-The Voice, Aila Menezes, venceu um processo judicial após sofrer ataques gordofóbicos e ameaças na internet que, segundo ela, foram incitados e iniciados por um pré-candidato a vereador do município de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. O resultado da ação saiu na última terça-feira (20). O réu, que não teve o nome divulgado porque o caso corre em segredo de Justiça, terá que pagar uma indenização à cantora, além de retratar-se publicamente nas redes sociais. O valor da indenização não foi detalhado. De acordo com Aila, em julho de 2020, ela publicou um vídeo em uma rede social de um trecho de um show realizado no Pelourinho, em Salvador, antes da pandemia da Covid-19. Após a publicação da cantora, o político processado usou o mesmo vídeo para fazer críticas negativas ao corpo e o figurino usado pela artista. [Assista ao vídeo acima] ""Sendo que no show eu estou com um figurino que Luísa Sonza, Anitta e tantas outras mulheres maravilhosas usam, mas o fato de eu ser gorda, baiana, nordestina e fora dos padrões incomodou"", relatou. Com a repercussão do vídeo, que teve mais de nove milhões de visualizações, a baiana começou a sofrer ataques gordofóbicos, racistas, machistas e foi ameaçada. Em entrevista ao G1, a artista falou que desenvolveu depressão, crise do pânico e transtorno de ansiedade. Por isso, precisou iniciar acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Atualmente, ela toma cerca de seis remédios por dia. Cantora da BA e ex-The Voice, Aila Menezes, vence processo judicial após sofrer ataques gordofóbicos e ameaças na internet — Foto: Divulgação A cantora revela ainda que as pessoas entravam em grande quantidade nas redes sociais dela para atacá-la. Entre os ataques e ameaças, Aila recebeu vídeos de pessoas sendo estupradas, assassinadas e, até mesmo, comidas por cachorros. De acordo com a baiana, ele ficou muito assustada, já que a situação fugiu completamente de controle. ""Eu tinha uma crise de pânico horrível, que meus pais não sabiam o que fazer, eles ligavam desesperados para o psiquiatra. Eu começava a gritar dentro de casa de tanta mensagem que eu recebia, tive que parar de usar a internet praticamente"". Cantora da BA e ex-The Voice, Aila Menezes, vence processo judicial após sofrer ataques gordofóbicos e ameaças na internet — Foto: Arquivo Pessoal Aila conta também que ficou com medo de sair de casa, porque o endereço da casa ela foi descoberto. Apesar de todo o transtorno que passou, a baiana disse estar feliz com o resultado positivo do primeiro processo e disse que vai continuar realizando seu trabalho para empoderar ainda mais mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIA+. O processo contra esse político não é o único movido pela cantora. Segundo Aila, outros sete processos judiciais contra políticos de diversos estados do país, como Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo, que ainda correm na Justiça. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Juliana Paiva fala sobre personagem Luna em ""Salve-se quem puder"" Para Juliana Paiva, ""o grande barato da profissão é viver várias vidas em uma só"". Só em ""Salve-se quem puder"", novela das 19h da TV Globo, a atriz tem a oportunidade de viver duas. Na trama, ela é Luna, uma estudante de fisioterapia e funcionária de um resort em Cancún. A personagem é mexicana, filha de brasileiros e vê sua vida mudar ao presenciar um assassinato em uma cidade que está prestes a ser atingida por um furacão. Com Alexia (Deborah Secco) e Kyra (Vitória Strada), outras testemunhas do crime, ela precisa mudar de país, de identidade e de nome. Passa a ser Fiona. Com tantos desafios, acaba encarando a morte de perto. Juliana Paiva é Luna/Fiona em ""Salve-se quem puder"" — Foto: Globo/Camilla Maia ""Acho que pra Luna, é uma coisa em cima da outra, porque ela passa por um furacão, depois tem a quase morte do pai, depois ela descobre que tem que mudar de vida e vai abandonar a família."" ""Então é muita emoção em cima da outra. Além dela repensar a vida, ela vai meio que anestesiando ao longo dessas notícias. Porque nada é tão forte quanto a quase morte"", afirma a atriz em entrevista ao G1. Ao falar sobre o assunto, ela recorda da morte do pai, Gilmar Santos, em setembro de 2019, aos 64 anos. ""Perdi meu pai recentemente, então é uma coisa que mexe, que faz a gente repensar. Minha conexão com Deus que sempre foi muito forte, aumentou, multiplicou."" Juliana Paiva grava cena de furacão em ""Salve-se quem puder"" — Foto: Globo/João Miguel Júnior Questionada se conseguiria assumir o papel de Luna e mudar completamente de vida para sobreviver, Juliana diz que sim. Mas com ressalvas. ""Sim, mas seria difícil. Tirar esse contato da família é muito forte. A pessoa não vai saber se você está viva, se está morta. Pelo contrário, a notícia que chega para a família é que a Luna morreu. Então seria muito doloroso. Mas ela está fazendo isso tudo para o bem do pai. Por amor, sim. Mas seria muito difícil."" Antes da estreia da novela, muitas gravações aconteceram no México. Por lá, Juliana teve momentos de folga e aproveitou para fazer passeios culturais: ""Eu não conhecia o México. Então quando falaram que ia gravar lá, falei: 'que presente. Vou estar trabalhando com o que amo, conhecendo lugar de origem da personagem, e ao mesmo tempo conhecendo um novo país'. O México é incrível, Cancún é paradisíaco, aquela cor de mar é alucinante."" ""Todas as gravações que eu tive eram diurnas. Então de noite a gente sempre estava liberado pra passear, conhecer um lugarzinho ou outro. E quando a Lexia [personagem de Deborah Secco] gravava, a Luna não gravava. Então eu tinha algumas folguinhas alguns dias."" Juliana define a viagem como ""muito rica e muito rápida"". ""A gente foi pra trabalhar mesmo. Poder observar essas pessoas que levam a vida parecida com a vida da minha personagem, observar um casebre, uma família, as camareiras no hotel... tudo é muito bom e muito saudável pra construção de uma personagem."" Juliana Paiva e José Condessa gravam cenas de 'Salve-se quem puder"" em Cancún — Foto: João Miguel Júnior Juliana Paiva fala sobre personagem Luna em ""Salve-se quem puder"" Para Juliana Paiva, ""o grande barato da profissão é viver várias vidas em uma só"". Só em ""Salve-se quem puder"", novela das 19h da TV Globo, a atriz tem a oportunidade de viver duas. Na trama, ela é Luna, uma estudante de fisioterapia e funcionária de um resort em Cancún. A personagem é mexicana, filha de brasileiros e vê sua vida mudar ao presenciar um assassinato em uma cidade que está prestes a ser atingida por um furacão. Com Alexia (Deborah Secco) e Kyra (Vitória Strada), outras testemunhas do crime, ela precisa mudar de país, de identidade e de nome. Passa a ser Fiona. Com tantos desafios, acaba encarando a morte de perto. Juliana Paiva é Luna/Fiona em ""Salve-se quem puder"" — Foto: Globo/Camilla Maia ""Acho que pra Luna, é uma coisa em cima da outra, porque ela passa por um furacão, depois tem a quase morte do pai, depois ela descobre que tem que mudar de vida e vai abandonar a família."" ""Então é muita emoção em cima da outra. Além dela repensar a vida, ela vai meio que anestesiando ao longo dessas notícias. Porque nada é tão forte quanto a quase morte"", afirma a atriz em entrevista ao G1. Ao falar sobre o assunto, ela recorda da morte do pai, Gilmar Santos, em setembro de 2019, aos 64 anos. ""Perdi meu pai recentemente, então é uma coisa que mexe, que faz a gente repensar. Minha conexão com Deus que sempre foi muito forte, aumentou, multiplicou."" Juliana Paiva grava cena de furacão em ""Salve-se quem puder"" — Foto: Globo/João Miguel Júnior Questionada se conseguiria assumir o papel de Luna e mudar completamente de vida para sobreviver, Juliana diz que sim. Mas com ressalvas. ""Sim, mas seria difícil. Tirar esse contato da família é muito forte. A pessoa não vai saber se você está viva, se está morta. Pelo contrário, a notícia que chega para a família é que a Luna morreu. Então seria muito doloroso. Mas ela está fazendo isso tudo para o bem do pai. Por amor, sim. Mas seria muito difícil."" Antes da estreia da novela, muitas gravações aconteceram no México. Por lá, Juliana teve momentos de folga e aproveitou para fazer passeios culturais: ""Eu não conhecia o México. Então quando falaram que ia gravar lá, falei: 'que presente. Vou estar trabalhando com o que amo, conhecendo lugar de origem da personagem, e ao mesmo tempo conhecendo um novo país'. O México é incrível, Cancún é paradisíaco, aquela cor de mar é alucinante."" ""Todas as gravações que eu tive eram diurnas. Então de noite a gente sempre estava liberado pra passear, conhecer um lugarzinho ou outro. E quando a Lexia [personagem de Deborah Secco] gravava, a Luna não gravava. Então eu tinha algumas folguinhas alguns dias."" Juliana define a viagem como ""muito rica e muito rápida"". ""A gente foi pra trabalhar mesmo. Poder observar essas pessoas que levam a vida parecida com a vida da minha personagem, observar um casebre, uma família, as camareiras no hotel... tudo é muito bom e muito saudável pra construção de uma personagem."" Juliana Paiva e José Condessa gravam cenas de 'Salve-se quem puder"" em Cancún — Foto: João Miguel Júnior Escola de Samba Bem-Te-Vi, de BH, elege rainha da bateria Gabriela Santos, rainha de bateria da Bem-Te-Vi — Foto: Escola de Samba Bem-Te-Vi/Divulgação A rainha de bateria da escola de samba Mocidade Independente Bem-Te-Vi, de Belo Horizonte, foi anunciada nesta segunda-feira (10). Gabriela Santos, de 29 anos, é a nova musa da agremiação verde e branca. A Bem Te Vi é uma das oito escolas que vão desfilar na Avenida Afonso Pena na terça-feira de carnaval (25), com transmissão ao vivo pelo G1. Lucinha Nobre e Zu Moreira vão comentar as apresentações. A confecção de cenários e fantasias está a todo o vapor no ateliê no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de BH. Com o tema “A Bem-Te-Vi alça voo sobre a Broadway e 154 anos de histórias dos musicais desfilam por aqui”, a escola vai retratar as produções norte-americanas. Para a comissão de frente, oito bailarinos ensaiam oito horas por dia. Ordem dos desfiles das escolas de samba de BH no carnaval 2020 — Foto: Reprodução/TV Globo Com a proximidade do verão, muita gente decide colocar em prática aquela meta lá do começo do ano: iniciar uma atividade física. Sair do sedentarismo não é fácil – requer disciplina e muita força de vontade. Mais do que uma luta contra a preguiça, a atividade física regular é uma questão de saúde. De acordo com a OMS, quase metade dos brasileiros são sedentários. A organização recomenda praticar duas horas e meia de exercícios moderados por semana e 47% da população não chega nem perto dessa meta. Na América Latina, os brasileiros estão no topo da lista do sedentarismo, com 40% dos homens e 53% das mulheres passando longe das atividades físicas regulares. Se você faz parte do grupo que listou “academia” como meta para 2019, saiba que ainda dá tempo de começar. Ainda faltam mais de dois meses para o fim do ano. É tempo de sobra para encontrar a sua atividade favorita, se apaixonar e ganhar qualidade de vida. Neste quiz, você descobre um pouco mais sobre hábitos saudáveis de atividades físicas. Nos resultados, a Clinipam te dá algumas dicas para começar a colocar o corpo em movimento. Direção Clinipam: Dr. Gilton Guilgen: CRM 6838 Dr. Cadri Massuda: CRM 6310 A TV Record divulgou, na noite desta quinta-feira (6), a continuação da conversa entre Neymar e Najila Trindade Mendes de Souza, em 16 de maio, dia seguinte ao suposto estupro. Em um primeiro trecho do diálogo na rede social, divulgado por Neymar no dia 2, Najila convida o jogador para um segundo encontro e, sem obter resposta, ela diz: ""Eu vou dormir, tá? Você não vem e está dando mancada, me deixando esperando"". No novo trecho divulgado, logo depois de ela dizer que vai dormir, Neymar diz que chegará ao hotel em 15 minutos. A conversa é interrompida e retomada aparentemente depois do encontro no hotel em que Najila bate em Neymar. A conversa tem alguns trechos amenos, mas acaba nervosa. Na conversa, Neymar diz que ela foi culpada pelas marcas também ""porque pedia mais"". Najila responde com uma pergunta: ""Tá doido?"". Veja a transcrição da conversa (sem correção ortográfica), na íntegra: (Os horários são os indicados no celular. Não está claro se são de Paris ou de Brasília) Najila (17h15): “Eu vou dormir, tá? Vc não vem e tá dando mancada me deixando esperando. Era só falar q não vinha.” Neymar (17h15): “15’in eu chego. Eu to indo. Tava me arrumando. Hahaha.” Najila (17h15): “Vai casar não.” Neymar (17h16): “Hahahhaha grazas a Deus né.” Najila (17h16): “Meu cel vai descarregar eu não sei onde tá meu carregador. To esperando. 203” Neymar (18h16): “Independente do que você fez comigo, fica bem aí. Qualquer coisa manda msg.” Najila (18h24): “Eu quero ir embora. Só isso.” Neymar (18h24): “Ok.” Najila envia a foto das nádegas. Neymar responde com emojis de “carinha triste” e “o que posso fazer?” Najila (18h26): “Eu tava de meia calça por causa disso. Vc lembra de tudo ontem? Enfim.” Neymar (18h26): “Óbvio.” Najila (18h27): “Pode me bloquear. Eu vou sumir. Vou acabar com essa... ...Nem sei explicar.” Neymar (18h27): “Relaxa, segue sua vida e tá tudo certo.” Najila (18h30): “Se conseguir o voo de manhã me avisa, por favor.” Neymar (18h37): “Ok, mando” Najila (18h40): “O cara q eu conheci hoje não era o mesmo q ontem. Foi por esse Neymar de hj q me apaixonei.” Neymar (18h41): “Vc não me conhece bem, sou normal.” Najila (18h41): “Somos todos” Neymar (18h42): “Eh que ontem foi rápido e não tivemos tempo de conversar. E hoje a gente trocou ideia.” Najila (18h44): “Pode ser. Tava empolgada em te conhecer... Ontem foi tudo tão rápido... Daí pela manhã vi essas marcas... Ontem mal falamos. Vc tava agitado... Aí hoje chegou mais calmo. Ontem eu tava calma, e hj quem ta agitada sou eu... Desencontramos... Pena que deu errado.” Neymar (18h45): “Mas as marcas vc foi culpada tb hahaha vc pedia mais (enviou emoji de 'o que posso fazer').” Neymar responde a mensagem em que Najila afirma que eles se desencontraram: “Sim, infelizmente.” Neymar responde a mensagem em que Najila diz ‘Pena que deu errado’: “Não deu não, a gente se conheceu e foi legal...da pra ver que você eh uma pessoa maneira. Infelizmente o episódio de hj estragou um pouco. Mas foi um prazer te conhecer.” Najila (18h46): “Tá doido? Eu pedi pra parar e vc até pediu desculpas. Mas agora. Mais uma pra terapia. Neymar manda dois emojis de ""carinha pensativa"". Najila (18h47): ""Fica sussa. Vc continua sendo Neymar. E eu só uma qualquer."" Najila (21h24): Se vc mandou aquela foto p alguém pfv pede pra apagar pq não quero nada envolvendo meu nome c o seu."" Neymar (21h27): “Jamais faria isso.” Najila (21h42): “Perto do que vc fez. Não seria nada. Mesmo q eu tenha me alterado só hoje, (e pagado de loca pq antes a ficha não tinha caindo) Vc sabe mt bem o q vc fez e como me tratou. Aliás, destratou!!! Mesmo que isso fique em off pra sempre e nunca mais nos falamos, lá no fundo vc sabe o q aconteceu... Deus é justo e a Ele dinheiro nenhum compra. Espero q vc nunca sinta metade da angústia que eu senti nessa viagem... Acho que uma GP é tratada com mais empatia. O q mais me assusta nisso tudo é que vc realmente achar q foi tudo de boa, e eu sou totalmente louca. Mostra q seu cérebro só funciona dentro de campo. E seu coração não funciona em lugar nenhum. Mas enfim, seja o q for não me importa mais. Vou seguir e tomar o máximo de remédio possível pra esquecer q um dia estive aqui pra ser tratada assim. Dorme bem! E obrigada. Pelo menos agora eu realmente sei quem é Neymar Jr.” Vídeo que mostra Neymar e mulher que o acusa de estupro circula nas redes Desde quarta-feira (5), está circulando em aplicativos de trocas de mensagens e na internet um vídeo de cerca de um minuto que mostra Neymar e Najila em um quarto de hotel. As imagens teriam sido gravadas no dia 16, o dia seguinte ao que, segundo ela, teria acontecido o estupro. No começo do vídeo, aparece apenas o quarto vazio. Em seguida, Najila e o jogador Neymar conversam amistosamente. Neymar: “Assim como?” Depois Najila começa a bater nele. Neymar: “Não, não, não. Aí não me bate não”. E pergunta se ele vai bater nela. Najila: “Não? Você vai me bater, né. Vai me bater? Não?” Neymar diz que não e aí Najila diz que ela vai bater. Neymar: “Dá licença. Dá licença”. Najila: “Mas eu vou te bater. Sabe por que eu vou te bater? Saber por quê? Sabe por quê? Porque você me agrediu ontem. Você me deixou aqui sozinha"" No trecho do vídeo que veio a público, que tem um minuto de duração, Najila fala em agressão, mas não menciona estupro. Não se sabe se há menção a estupro nos outros seis minutos de gravação, que não foram divulgados. Fontes da polícia informam que o vídeo foi gravado em 16 de maio, um dia depois do suposto estupro. A troca de mensagens com Najila exibida por Neymar mostrava que eles voltaram a conversar normalmente depois do dia apontado pela mulher como o do suposto estupro. Mas pareciam indicar que eles não tinham se encontrado no dia 16. Ambos falam do desejo de um segundo encontro. Ela diz que quer ver o jogador de novo e Neymar responde: “Claro que quero transar com você de novo”. Ela pede: “'Trás' alguma coisa para eu levar para o meu filho”. Nas mensagens exibidas por Neymar, não aparece nenhuma reclamação da mulher em relação ao jogador. Ela insiste em revê-lo. Mais tarde, sem que a mensagem revele o horário, ela escreve que ele a deixou sozinha: “Eu vou dormir, tá? Você não vem e tá dando mancada me deixando esperando”. Com a divulgação do vídeo, sabe-se agora que eles se encontraram mais tarde, depois desse último diálogo. O advogado de Najila, Danilo Garcia de Andrade, disse que ainda não assistiu à integra do vídeo, e não soube dizer qual é o conteúdo dos seis minutos que ainda não foram divulgados. Apesar de o vídeo só mostrar Najila agredindo Neymar, o advogado disse que o objetivo da sua cliente era mostrar que ela foi agredida e estuprada. “O segundo encontro, o que ela me disse sobre o segundo encontro foi o seguinte: que ela precisava de uma prova de que aquela agressão, que aquele tapa, era o Neymar que teria dado. Então ela atraiu o Neymar novamente ao quarto e gravou o Neymar naquela situação. Eu ainda não vi o vídeo de forma exaustiva. Eu vi um minuto do vídeo”, disse o advogado. O advogado disse que Najila deve comparecer à delegacia que conduz o inquérito, em São Paulo, às 11h da sexta-feira (7), e que o vídeo só deve ser entregue à polícia depois que ele for estudado pela defesa. O pai do jogador viu a imagem e disse que ela prova que o filho estava sendo agredido pela denunciante; que a mulher provoca uma agressão para ver se ele revidaria; e que Neymar, ao perceber que era uma armadilha, se jogou para trás da cama. Em entrevista ao SBT na noite de quarta-feira (5), Najila disse que sua intenção ao viajar para Paris era ter relações sexuais com Neymar, e confirmou que passagem e hospedagem foram pagas por ele, mas que, ao recebê-lo no hotel, Neymar estava agressivo; que, mesmo assim, como ela tinha muita vontade de ficar com ele, começou a trocar carícias com Neymar, até que perguntou se ele tinha levado preservativo, já que ela não tinha. Segundo Najila, ele respondeu que não e ela então disse que não ia acontecer nada além do que já tinha acontecido. Najila disse que Neymar primeiro ficou em silêncio, depois a virou e cometeu o que ela chamou de ato enquanto batia violentamente nas nádegas dela. Najila afirmou que repetiu algumas vezes para ele parar. Ela disse que tudo foi muito rápido, questão de segundos até que ela conseguiu se retirar para o banheiro. Em outro trecho Najila lembra que, no dia seguinte, Neymar mandou para ela uma foto dela machucada nas nádegas. É o trecho das mensagens divulgada por Neymar em que ela diz que “vai ter volta” e ele responde: “Vai ter volta nada”. Ela não foi perguntada e não explicou como Neymar conseguiu fazer uma foto dela machucada, se, na versão dela, ela escapou em poucos segundos para o banheiro. Sobre o fato de ter mantido conversas amistosas com ele após o primeiro encontro, Najila disse que fez isso para que Neymar continuasse a falar com ela e assim ela pudesse provar o que ele fez com ela. A delegada Juliana Lopes Bussacos, que investiga a acusação contra o jogador Neymar na Delegacia de Defesa da Mulher, na Zona Sul de São Paulo, tem em mãos uma carta precatória com duas perguntas que devem ser feitas a Najila no inquérito que apura a exposição de imagens íntimas dela em redes sociais pelo atacante. A primeira delas: se Najila confirma que as conversas expostas por Neymar foram realizadas. E a segunda: se ela autorizou a publicação ou se compartilhou as imagens e mensagens com outras pessoas ou grupos. A delegada já recebeu o relatório clínico particular feito pela mulher no dia 21 de maio e, nesta quinta-feira (6), protocolou no Instituto Médico Legal um pedido para que esse relatório e o laudo do exame de corpo de delito --feito no dia em que o caso foi registrado-- sejam analisados por um grupo de médicos legistas. É o chamado corpo de delito indireto. O objetivo é analisar se as queixas da mulher e as lesões têm relação com o caso. Na tarde desta quinta-feira, o médico Luiz Eduardo Rossi Campedelli, que assina o relatório clínico particular, esteve na delegacia. Ele não deu entrevista, mas confirmou o laudo e não entrou em detalhes sobre o exame por causa do sigilo médico-paciente. Ele afirmou que não tirou as fotos que foram anexadas no final do relatório. Também nesta quinta, José Edgar Bueno, o primeiro advogado de Najila, chegou à porta da delegacia acompanhado por outro advogado, Pedro Beretta, e não falou com a imprensa. “A convite da doutora Juliana, o doutor José Edgar veio hoje apenas complementar algumas informações preservando o sigilo profissional que lhe cabe, com relação a, no caso, sua ex-cliente”, disse Beretta. A mulher que denunciou Neymar por estupro disse à polícia que vai voltar à delegacia na sexta-feira (7) para prestar um novo depoimento. A delegada quer tirar dúvidas sobre a história contada por Najila na semana passada e, principalmente, ter acesso à íntegra do vídeo que mostraria a agressão de Neymar. Nesta quinta-feira, o Jornal Nacional teve acesso a um boletim de ocorrência registrado em 2014, um caso de violência doméstica com lesão corporal. Na época, Najila relatou à polícia que, depois de uma briga com o marido, ela estava na sala de estar, comendo uma maçã com uma faca na mão, e disse que ele partiu para cima dela. Foi puxada pelos braços e foi quando o marido foi atingido pela faca. O caso foi arquivado. A polícia tem um novo fato a esclarecer neste caso: Najila disse que o apartamento onde mora foi arrombado. Um delegado foi até o apartamento para verificar se isso, de fato, aconteceu. A síndica do prédio já registrou um boletim de ocorrência. Nesta noite, o advogado Danilo Garcia, que representa Najila, divulgou uma declaração dela, registrada em um cartório de São Paulo. No documento, Najila reitera que sofreu os crimes de estupro e agressão praticados por Neymar. Afirma que tem amplo material probatório sobre as agressões sofridas. No fim, Najila afirmou estar ciente de que caso a declaração não seja a expressão da verdade responderá criminalmente por infração do Código Penal. Antes de 15 de maio 15 de maio 16 de maio 21 de maio 31 de maio 1º de junho 2 de junho 5 de junho 6 de junho Mulher acusa Neymar Neymar nega agressão Laudo aponta hematomas e estresse Ex-advogados de mulher deixam caso Neymar é intimado a depor Vídeo mostra modelo agredindo Neymar Modelo fala pela 1ª vez: 'Fui vítima de estupro' Neymar diz que 'verdade aparece cedo ou tarde' Polícia de SP decide não indiciar Neymar por estupro e agressão MP pede arquivamento de investigação sobre estupro Justiça arquiva processo que apura denúncia sobre estupro Emily Clow ficou chocada com a forma como a Kickass Masterminds a expôs — Foto: Arquivo pessoal Uma empresa do Texas (EUA) publicou uma foto de uma candidata a um emprego vestindo um maiô como um exemplo de como não concorrer a uma vaga. A empresa de marketing Kickass Masterminds postou a imagem tirada do Instagram de Emily Clow, de 24 anos, junto com conselhos sobre profissionalismo. ""Não compartilhe suas mídias sociais com um empregador em potencial se for este o tipo de conteúdo"", afirmou a companhia. O post da empresa dizia ainda: ""Estamos procurando um profissional de marketing, não uma modelo de biquíni. Faça o que quiser em particular. Mas isso não te faz nenhum bem na busca por um emprego."" Desde então, a Kickass colocou suas próprias contas em modo privado após receber ""ameaças de morte e mensagens de assédio"". Clow concorria a uma vaga na companhia porque ""era uma empresa fundada por mulheres, parecia apoiar mulheres nos negócios e trabalhava com startups"". Ela se disse chocada com sua exposição pública. Clow disse que o formulário de inscrição pedia para identificar as contas do Instagram e/ou do Facebook do candidato. A empresa então sugeriu que Clow seguisse sua conta do Instagram, e foi assim que ela descobriu o post sobre ela. ""Fiquei surpresa. Não sabia ao certo como reagir e demorei um pouco para processar o que havia acontecido."" Clow afirma que decidiu entrar em contato com a empresa primeiro para dizer que havia tirado a foto do ar e apreciado seus conselhos. ""Enviei um email logo depois com meu currículo, carta de apresentação e dizendo que esperava por uma resposta em breve. Pedi ainda para tirarem o post do ar e agradeci pela compreensão."" A presidente da Kickass Mastermind, Sara Christensen, disse que isso foi feito assim que Clow solicitou. Mas a candidata afirma que teve de pedir várias vezes a remoção da postagem e acabou sendo bloqueada na rede social pela companhia. Ela então relatou sua situação no Instagram e no Twitter. ""Fui objetificada hoje cedo por uma empresa por causa de uma foto minha de biquíni. Eles alegaram que isso não era 'profissional'. Eles publicaram a foto em sua conta no Instagram e me repreenderam. Ainda estou perplexa que a empresa tenha lidado com isso dessa maneira"", escreveu Clow. Houve diversas reações ao que ela contou. Um usuário do Twitter disse que não havia nada errado com o maiô que Clow estava usando, porque era a roupa apropriada para o ambiente em que estava. ""A verificação de mídias sociais deve ser usada para encontrar conteúdo ofensivo. [Publicar uma foto] em um ambiente comum, vestindo roupas adequadas àquele ambiente, é literalmente o objetivo das mídias sociais #inteligenteeatraenteépossível #nuncaacontececomumhomem"", escreveu Todd Cheney. Mas outro usuário disse que é uma prática comum empregadores visualizarem os perfis de mídia social dos candidatos para determinar sua adequação para as funções da vaga. ""Sim, isso é errado, mas você deve saber que muitas empresas fazem isso, mas são inteligentes o suficiente para nunca falar a respeito. A mídia social já impediu muitas pessoas de conseguir um emprego"", escreveu 2BePrepared. Um outro usuário achou que os dois lados haviam cometido erros. ""Embora seja possível questionar se é sábio postar publicamente uma foto de biquíni nas redes e compartilhá-la com um potencial empregador, o maior problema aqui é o comportamento não profissional e inaceitável exibido pela empresa"", disse KonTheTweeter. Christensen disse que Clow ""não foi eliminada por causa de seu perfil de mídia social"". ""Não houve nenhuma mensagem para ela dizendo que ela havia sido desqualificada. Tenho um e-mail dela ainda manifestando interesse na posição após a publicação."" Mas a atitude da empresa teve repercussão negativa nas redes sociais. Algumas pessoas destacaram que há imagens nas próprias contas da empresa que mostravam funcionários em trajes de banho e roupas com palavrões. O site e as contas sociais da empresa foram excluídos ou colocados em modo privado. ""Fizemos isso por causa de inúmeras ameaças de morte e milhares de mensagens de assédio que recebemos"", diz Christensen. Clow afirma que, desde então, recebeu ofertas de ""entrevistas e oportunidades"" de outras empresas. Globo Repórter te leva em uma viagem por Nova York, a capital do mundo Nova York: capital do mundo! 800 idiomas, a maior diversidade de povos num mesmo lugar em todo o planeta. O Globo Repórter viaja pela primeira das cidades fascinantes desta nova temporada. Há trinta anos, um brasileiro chegou em Nova York de mãos vazias. Como Vik Muniz se tornou um dos artistas mais admirados do mundo? E o jovem que foi neste ano? Ele conseguirá voltar com uma carreira de sucesso? O céu é o limite. Torres gigantes, modernas e futuristas. Luxuosos apartamentos nas alturas. O metrô por onde circula meia São Paulo por dia. Qualidade de vida: a metrópole se reinventa a cada minuto... Um dia de praia em Nova York? Abelhas criadas em terraços e a maior feira orgânica da cidade a cada dia mais saudável. Nas ruas, todos os sabores do mundo. Você já ouviu falar da Nova York selvagem? Florestas, cavernas, animais silvestres, baleias, águias-pescadoras e um pantanal surpreendente! Não deixe de conferir nesta sexta, no Globo Repórter. Jovens de 21 e 24 anos morreram em acidente na BR-470 em Blumenau — Foto: Redes sociais/Reprodução O velório dos três jovens que morreram no acidente entre uma van de turismo e um carro na BR-470 em Blumenau, no Vale do Itajaí, foi a notícia mais lida entre 26 de setembro e 2 de outubro no G1 Santa Catarina. O velório ocorreu em Indaial, na mesma região. O Instituto Geral de Perícias (IGP) confirmou as identidades das vítimas: uma jovem de 21 anos, o noivo dela, de 24 anos, e um primo, de 21 anos. Outro destaque da semana foi a operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na Casa d'Agronômica, onde mora o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), e no Centro Administrativo do governo do estado. Os dois locais ficam em Florianópolis. Confira abaixo as notícias mais lidas da semana. Concentração de pessoas com barracas e guarda-sóis na praia da Joaquina, em Florianópolis, no final da manhã deste sábado (26) — Foto: Diorgenes Pandini/NSC Florianópolis registra concentração de pessoas em praia neste sábado Carro em que os jovens estavam ficou destruído; os três morreram na BR-470 em Blumenau — Foto: PRF/Divulgação Jovens que morreram em acidente entre carro e van de turismo em SC são velados juntos STF nega seguimento de ação do governo de SC que questionava rito de impeachment Família diagnosticada com Covid-19 recebe ajuda bem especial Vizinhos se unem para cuidar de plantação de agricultores de SC com Covid-19 Governador de SC é alvo de buscas em investigação sobre compra de respiradores Governador de SC é alvo de buscas em investigação sobre suposta fraude na compra de respiradores Temporal atinge Santa Catarina e causa destelhamentos e quedas de árvores Homem é preso suspeito de matar filha bebê em Florianópolis Justiça dos EUA define indenização de R$ 4,8 bilhões para vítimas de voo da Chapecoense Justiça dos EUA determina indenização de R$ 4,8 bilhões para vítimas do voo da Chapecoense Costão fica no canto esquerdo da praia da Joaquina, em Florianópolis — Foto: CBMBOA/Divulgação Jovem morre e outra fica ferida após caírem de costão em Florianópolis Veja mais notícias do estado no G1 SC Planos de saúde — Foto: Pixabay/CC0 Creative Commons Você tem algum problema com planos de saúde? Já teve autorização negada ou ficou sem atendimento? A gente vai ajudar você a desenrolar esse problema! Nesta quarta-feira (2), um defensor público estará no estúdio do MG1 para tirar suas dúvidas sobre o que pode ou não ser feito. Conte sua história em texto ou vídeo e publique nas redes sociais com a #MG1 ou mande para o Whatsapp (31) 99955-9000. Você também pode escrever sua pergunta aqui mesmo nessa página, lá embaixo no campo de comentários. Terra da Gente fez um panorama de por onde passou em 2019 — Foto: Ananda Porto/TG Do Rio Itapará (RR) à Lagoa do Peixe (RS). Dos caminhos de pedras pré-históricas ao maior jardim do mundo. O Terra da Gente em 2019 esteve com você em 134 reportagens nos mais de 40 sábados em que o programa foi exibido no ano, passeando por 18 estados brasileiros e três outros países. As aventuras registraram marcos: o flagrante de um dos beija flores mais bonitos do Brasil, o recorde no número de onças observadas em uma única expedição pela equipe, o contato com espécies ameaçadas, a captura de animais para monitoramento e expedições históricas em busca da solidariedade e do apreço pela natureza. Terra da Gente de 2019 se destacou por grandes emoções, registros inéditos e contato com grandes iniciativas — Foto: Terra da Gente Muitas foram as cidades que visitamos e muito tempo de produção foi necessário para alcançar o resultado de todos os sábados. Neste cenário, buscamos uma forma de recordar e nada melhor para isso do que entender um panorama: por onde o Terra da Gente fez você viajar neste ano que está se encerrando? Confira um panorama das reportagens feitas pelo programa Terra da Gente em 2019 — Foto: Arte/TG As boas notícias do site do TG Toda aventura de descobrir a vida incluiu trilhas difíceis e tortuosas, mas, mesmo diante de algumas dificuldades, 2019 reservou boas notícias. No site do Terra da Gente, de espécies mutantes e raras (como uma maritaca azul, uma arara amarela, um pardal albino e uma lontra albina) à beleza nos olhares de mamíferos por todo o mundo, os internautas curtiram e compartilharam reportagens de descobertas, como a da maior queda livre do estado de São Paulo. Aves raras e mutantes foram mostradas no site do Terra da Gente, em 2019, e os fenômenos foram explicados por especialistas — Foto: Frank Gnaase/Arquivo Pessoal; Wanieulli Pascoal/VC no TG; Anderson Pedroso/VCnoTG; Gustavo de Oliveira/VCnoTG O encontro de um biólogo paraense com uma das menores serpentes do mundo agitou as redes e encheu o observador e muitos internautas de alegria, logo no início do ano. Em agosto, houve o registro de uma nova espécie de sagui, em uma das áreas mais ameaçadas da Amazônia. Encontros surpreendentes com espécies curiosas e novas no campo da ciência foram reportagens de destaque do TG — Foto: Leandro Alves da Silva / VC no TG; Ilustração de Stephen Nash O nascimento de filhotes, em momentos diferentes do ano, alimentou as esperanças de pesquisadores e amantes de natureza. As araras-azuis-grandes, nascidas em Poços de Caldas (MG), deram foco ao status de uma espécie considerada vulnerável na natureza. As ararinhas-azuis, de outra cidade mineira, são frutos de uma população extinta na natureza. Nascimentos de araras-azuis-grandes e ararinhas-azuis estiveram entre os destaques das boas notícias de 2019 — Foto: Acervo Zoo das Aves; Criadouro Fazenda Cachoeira E também vivenciamos algumas reviravoltas no rumo da narrativa! O TG mostrou, por exemplo, o vídeo de um tamanduá encarando uma onça-pintada e espantando a fera. Teve ainda um GPS que mostrou o raro esconderijo de filhotes de lobo-guará e até a história de um funcionário público que tentava filmar um macaco prego e acabou flagrando uma onça-pintada. Histórias com desfechos surpreendentes envolvendo onças e lobos-guará estiveram presentes no site do TG — Foto: Valquíria Cabral/Onçafari; Divulgação/Onçafari Diversos sabores e texturas também acrescentaram colorido e água na boca ao site do Terra da Gente em 2019. Já o contato com plantas foi uma busca constante nesse ano que está acabando. As dicas de usos de plantas medicinais, como a babosa, agradaram os internautas e um flagrante de uma flor gigante, que se abriu após 10 anos, garantiu muitos acessos. Uso de plantas como remédios ou curiosidades da flora brasileira também estiveram no Terra da Gente em 2019 — Foto: Terra da Gente; Terra da Gente; Paulo Eduardo Cerri/Arquivo Pessoal E mesmo de fatos já conhecidos o TG soube extrair narrativas impressionantes como na história por trás do registro da foto mais popular no maior site brasileiro de observação de aves, o Wikiaves. A imagem é de uma jiboia devorando um gavião-carijó. Registro do gavião-carijó sendo predado já foi visualizado por mais de 60 mil pessoas — Foto: Pablo Souza/Arquivo Pessoal — Foto: Editoria de Arte/Globo Os serviços de telecomunicações, com telefonia e internet, lideraram o ranking de reclamações de consumidores em 2018. E você, tem algum problema com algum dos dois serviços? Já tentou negociar as dívidas e contas atrasadas? Nesta quarta-feira (18), o MG1 vai entrevistar no estúdio um representante da Defensoria Pública, especializado em direito do consumidor. Ele vai responder as dúvidas sobre os problemas com telefonia durante o jornal. Faça um vídeo contando sua história e publique nas redes sociais com a #mg1 ou escreva sua pergunta no espaço para comentários no fim desta página. Igor Cesar de Oliveira, de 22 anos confessou o assassinato — Foto: TV Morena/Reprodução Igor Cesar de Oliveira, de 22 anos, que confessou ter assassinado a tiros o motorista de aplicativo Rafael Baron, de 24 anos, em Campo Grande, na noite de segunda-feira (13), disse à polícia que se escondeu em uma mata logo após o crime. Ele foi preso e indiciado nesta quinta-feira (16). Igor contou ainda que, após sair da mata ligou para o advogado, que já tinha o defendido em outra ocasião, já que ele tem passagem por roubo. Nesta manhã, ele foi até a casa do profissional que entrou em contato com a polícia e negociou a entrega do cliente. Igor chegou às 10h30 na 5° Delegacia de Polícia na presença de dois advogados. Já na DP, Igor disse que gosta muito da esposa e, por isso, não permitiu que ela fizesse ""sacanagens"" com ele. Sobre o revólver, de calibre 38, ele informou que adquiriu para ""própria segurança"", já que teria tido alguns problemas na cadeia. Conforme a polícia, o motorista de aplicativo foi morto por um motivo banal. Na segunda-feira, ele retornava de um posto de saúde transportando Igor e esposa que está grávida, quando o crime ocorreu. ""O motorista viu que ela estava com uma tipoia no braço e perguntou o que tinha acontecido, quando ela esclareceu que foi um acidente e ele então perguntou como tinha sido o acidente. Ela respondeu que estava sozinha, que foi de moto. Isso foi suficiente, segundo nossas testemunhas, para que o autor mudasse o semblante dele e passasse a ter outro comportamento"", explicou o delegado. Rafael foi morto assim que chegou no condomínio em que o casal mora. ""Enquanto a mulher fazia o pagamento da corrida, o Igor saiu rapidamente do veículo, pulou a janela do apartamento e já retornou com a arma de fogo, acreditamos que seja um revolver calibre 38 e, sem dar nenhum tipo de chance para a vítima, efetuou dois disparos à queima roupa"", completou. O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foram chamados, mas, o jovem morreu no local. Rafael Baron morreu com dois tiros enquanto trabalhava — Foto: Redes sociais/Reprodução Ave ficou pendurada em um poste de Tupã — Foto: Diogo Pereira/Mais Tupã Um bem-te-vi morreu na manhã deste domingo (15) após se enroscar em uma linha de pipa no alto de um poste em Tupã (SP). Segundo o Corpo de Bombeiros, foi preciso cortar com uma tesoura a linha que prendia o pássaro na Rua Nambiquaras. Não se sabe quanto tempo a ave ficou enroscada. Pássaro se enroscou em uma linha de pipa em Tupã — Foto: Diogo Pereira/Mais Tupã De acordo com a corporação, por estar perto de fios de alta tensão, o trabalho precisou ser feito com cautela. O passarinho, que estava muito machucado, chegou a ser levado para o veterinário, mas acabou morrendo. Resgate dos Bombeiros precisou ser feito com cautela — Foto: Diogo Pereira/Mais Tupã Veja mais notícias da região no G1 Bauru e Marília — Foto: Divulgação ACIC O comércio varejista corresponde a 43% do comércio geral e 12% do PIB brasileiro. Ele também é o mais sensível às oscilações da economia por isso, deve se adaptar rapidamente ao mercado e suas tendências. As tendências que afetam o varejo de moda são importantes para qualquer segmento de negócio. Por exemplo, os nichos do varejo da moda; o comportamento do consumidor; as vendas do segmento e o papel dos influenciadores de moda são fatores que podem inspirar também outros segmentos. Essas informações podem auxiliá-lo a tomar decisões, com o objetivo de sobreviver à competitividade e saber sair por cima em situações de turbulências na economia. Em pesquisas realizadas pelo PayPal e pela BigData Corp., os e-commerces cresceram - até agora - 37,59% em 2019, quando comparamos com o ano anterior. Além disso, em dados fornecidos pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, pudemos ver que entre as 50 maiores empresas de e-commerce no país, 26 foram fundadas há apenas 10 anos. O que demonstra um amadurecimento dessa cultura. Dentre as 50 maiores empresas, 15 são varejistas de moda. Além disso, em 2017 pudemos ver que dos 50 maiores e-commerces brasileiros, 15 são varejistas de moda. A Associação Comercial e Industrial de Campinas busca compartilhar aprendizados para incentivar a inovação e transformação dos empresários da região de Campinas. Por isso, criamos a Semana de Negócios e Empreendedorismo (SNE), que já está em sua sétima edição. No dia 17 de outubro - quarto dia da SNE - das 18h às 22h, a ACIC promove o evento Retail Meeting Moda. Evento esse que trará as maiores tendências do mercado físico e digital e do consumidor. No Retail Meeting Moda, o grupo Icomm - que ocupa a 21.ª posição entre os 50 maiores e-commerces do Brasil- estará presente com a idealizadora do Shop2gether e dona do Oquevestir para nos fornecer uma palestra case. O evento ocorre no espaço de eventos do Iguatemi Campinas. Aproveite essa oportunidade única para agregar valor ao seu negócio aplicando técnicas utilizadas no mercado de moda. Acesse: semanane.com.br ou entre em contato através de nosso WhatsApp! Globo Repórter - 23/10/2020 No Globo Repórter desta sexta (23), embarcamos em uma jornada mágica pelo deserto peruano: um mundo coberto de areia e mistérios que nem a ciência conseguiu desvendar. Nossa equipe esteve no Peru pouco tempo antes da pandemia começar. E quantas surpresas! Imagens gigantescas desenhadas na areia há séculos estão lá até hoje e só é possível vê-las do alto. Quem teria criado gravuras tão impressionantes antes da existência dos aviões? Este é apenas um dos enigmas que encontramos. Nós pudemos registrar a famosa Dama de Cao, a múmia enterrada na areia por 1.700 anos. Subimos até uma das maiores dunas do mundo, Cerro Blanco, onde participamos de rituais, achamos óasis em meio à imensidão seca do deserto e caminhamos no meio de um cânion. O programa desta noite é uma co-produção com a TV Tem, afiliada da Globo do interior de São Paulo. Embarque nessa aventura, assista ao programa completo acima. Os revestimentos são parte fundamental da obra e interferem em diversos aspectos da casa. Além da aparência, ela também influencia na temperatura, possibilidades de limpeza e manutenção, além da acústica. Por isso, é importante pensar no que é desejado para cada ambiente antes de investir em um determinado tipo de revestimento. As opções são muitas, de cores à formas e texturas e tudo isso têm o poder de transformar completamente o espaço desejado. Para fazer uma escolha mais assertiva, primeiro você deve separar a casa em ambientes, já que para cada um há um tipo mais adequado de revestimento. Lembre-se de levar em conta o conforto desejado em cada um deles e qual a mensagem que você quer passar. Em ambientes pessoais, como quartos e lavabos, os revestimentos devem ser pensados para trazerem luminosidade e conforto, geralmente em cores mais claras e texturas mais delicadas. Sertão — Foto: Divulgação Já em cozinhas e espaços gourmet, é importante prezar pela facilidade na hora da limpeza e resistência às temperaturas mais elevadas. Sertão — Foto: Divulgação Nos espaços de convivência, as cores e texturas podem, e devem, ser exploradas. Uma parede diferenciada e uma harmonização de estilos complementam todo o conceito que é desejado de forma simples e sofisticada. Sertão — Foto: Divulgação Lembre-se que para fazer a transição de revestimentos, é importante ter delimitada a separação dos ambientes, levando em conta a harmonia de cada um e que, o mais importante, é que o todo se complemente. Sua casa reflete sua personalidade e cada detalhe importa na hora de compor o local que abrigará os momentos mais importantes da sua vida. Na Sertão, você encontra um especialista que vai te ajudar a escolher os melhores revestimentos para deixar a sua casa ainda mais bonita. Passe na loja mais perto de você! Na contramão da tendência atual de pedir comida em casa, a empresa Primeira Mesa aposta em criar parceria com bares e restaurantes da cidade de São José dos Campos para proporcionar uma experiência de primeira para todos os clientes. O aplicativo Primeira Mesa, disponível para aparelhos com sistema Android e iOs, quer fazer com que você tenha uma experiência quase exclusiva e que ainda receba 50% de desconto., para isso, basta você chegar mais cedo ao estabelecimento e sem precisar enfrentar filas. Além disso, você também acessar através do site www.primeiramesa.com.br. Para garantir os 50% de desconto em refeições e sobremesas, o cliente paga apenas um voucher, que equivale à taxa paga pelo serviço de intermediário do site. O valor do cupom aumenta conforme o número de pessoas: custa 5 reais para uma pessoa, 9 reais para duas pessoas, 14 reais para quatro pessoas e 20 reais para seis pessoas. Basta o cliente escolher seu restaurante preferido, fazer a reserva de uma mesa e comparecer ao restaurante no horário reservado mostrando o seu voucher. Veja abaixo o vídeo: Primeira Mesa É necessário se apresentar como cliente Primeira Mesa assim que chegar no estabelecimento. O garçom ou gerente responsável te mostrará a mesa e aí é só fazer o pedido. Quando finalizar, peça a conta e se surpreenda. Todas as refeições (incluindo sobremesa) estarão com 50% de desconto. Bebidas não estão inclusas e o desconto pode não ser acumulativo com outras promoções da casa (como por exemplo bebida refil ou em dobro, combos, entre outras). Lembrando que a taxa de 10% do garçom não é calculada após o desconto para não prejudicar o trabalho deles. O aplicativo já possui mais de 1.000 restaurantes cadastrados em mais de 30 cidades do Brasil. A culinária é diversificada, mas muitos servem pizza, massas, hambúrgueres gourmet e comida japonesa. Aqui na cidade de São José dos Campos, contamos com a parceria da pizzaria Troína, Barbaresco, O Pedal, Container Burger, Pizza 1, entre outros. O horário de reserva vai variar conforme o ponto comercial, mas geralmente essas mesas estão disponíveis entre 11h e 12h para almoço e entre 18h e 19h30 no jantar. E as reservas possuem tolerância de 30 minutos. A partir desse horário, o restaurante não é obrigado a conceder o desconto. A idéia surgiu através de um casal que viu que essa prática de restaurantes darem desconto para clientes que chegam mais cedo, chamada de early bird, é comum em países como Estados Unidos e Austrália. Nas horas que os restaurantes ficam vazios, eles não deixam de gastar com água, luz e outras contas básicas. O Primeira Mesa atua para amortizar esses prejuízos. Mercado Bem-te-vi acontece na Avenida Afonso Pena — Foto: Divulgação O Mercado Bem-te-vi vai celebrar um ano de atividades neste domingo (22), com uma programação especial de Natal. O evento acontece das 15h às 21h na avenida Afonso Pena, no trecho entre as ruas Açu e Trairi e faz parte da programação do Natal em Natal de 2019. O acesso ao local é gratuito. O local conta com várias tendas com produtos de moda e decoração, além de espaços de convivência, área pet e apresentações musicais. A programação desta edição terá com um cortejo natalino, com uma bandinha e Papai Noel, além de apresentações do espetáculo ""Papai Noel no Reino do Bem-te-vi"" e do Coral Infantil Corangelis. A rua, inclusive, terá espaços com decorações para fotos com Papai Noel e outros personagens. O evento vai contar ainda com locais para andar de patins e skate e uma apresentação de adestramento para animais de estimação. Também haverá uma seleção de expositores e a abertura das lojas físicas da região. Para a edição deste domingo (22), a organização do evento está arrecadando brinquedos, que serão doados para crianças carentes no Natal. O saxofonista Nivaldo Cerqueira, que faz parte da equipe da cantora Claudia Leitte, morreu na quinta-feira (12). Muito emocionada, a musa postou um vídeo em homenagem ao amigo. No vídeo publicado pela cantora, Nivaldo Cerqueira manda um recado para Claudia e toca uma música com o saxofone. ""Essa [música] eu fiz para você Claudia, vamos nessa! Feliz 2019 gente"", diz o músico. A postagem recebeu mais de 90 mil visualizações. Cantores como Margareth Menezes e Edcity comentaram a publicação. ""Que nosso senhor conforte o coração de todos os familiares e amigos"", lamentou o cantor Edcity. ""Meus sentimentos a todos da família e a vc minha querida. Que ele esteja com Deus"", comentou Margareth Menezes. Ao G1, a assessoria da cantora confirmou a morte de Nivaldo, mas não detalhou o motivo. Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento do músico. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Claudia Leitte presta homenagem ao músico nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes Sociais Bem-te-vi-rajado é uma das aves que migram para a região sudeste durante a Primavera — Foto: Susana Coppede/Arquivo Pessoal A Primavera chegou e com ela vieram algumas surpresas: os observadores de aves, Susana e Wagner Coppede, registraram no quintal da casa, em Vinhedo (SP), sovi, bem-te-vi-rajado e tesourinha. Os cliques são motivo de comemoração, já que essas espécies migratórias começam a chegar às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a partir do mês de agosto para se reproduzir. “Todos os anos entre agosto e setembro ficamos atentos às aves migratórias. A tesourinha nidifica todos os anos na mesma árvore, então conseguimos observá-la no começo da manhã e no final da tarde”, conta Susana, que junto ao marido desbrava um remanescente de mata do condomínio em busca dos flagrantes. “Perto do lago observamos cinco indivíduos de sovi, no período da manhã, quando se alimentam das cigarras”, diz. As aves foram observadas em Vinhedo, no interior de São Paulo — Foto: Susana Coppede/Arquivo Pessoal Já o bem-te-vi-rajado demorou a aparecer: a presença da ave se fazia pelo som. “Escutamos a vocalização da ave na primeira semana de setembro, mas só agora conseguimos fotografá-la no nosso quintal. Ele vocaliza bastante no período da manhã e costuma se mostrar por volta das 11 horas”, detalha a observadora. Olhos vermelhos do sovi contrastam com a plumagem acinzentada — Foto: Susana Coppede/Arquivo Pessoal Migratórias A chegada da Primavera anuncia o início de um novo ciclo, a renovação da vida. Muitas espécies de aves se reproduzem durante a estação e, no caso das migratórias, a escolha do local considera principalmente clima e a quantidade de horas de luz, fatores que têm influência direta na disponibilidade de alimentos. É por isso que espécies como o sovi (Ictinia plúmbea), por exemplo, migram do norte para o sul, sudeste e centro-oeste durante os meses de agosto e setembro e permanecem na região até o final de janeiro. A ave de rapina permanece no sul, sudeste e centro-oeste até o final de janeiro — Foto: Susana Coppede/Arquivo Pessoal Comum no Brasil, a ave de rapina vive em bordas de florestas densas, florestas de galeria e capoeiras altas. É possível observá-la solitária, aos pares ou até mesmo em bandos com outras espécies de gavião. Com cerca de 35 centímetros de comprimento, possui asas estreitas e compridas. Os olhos vermelhos e as pernas alaranjadas se destacam entre a plumagem cinza. Be-te-vi-rajado chama atenção pela plumagem e vocalização — Foto: Susana Coppede/VC no TG Discreta e solitária A lista de espécies migratórias conta ainda com o bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus), conhecido também por siriritinga e bem-te-vi-preto. Entre os meses de julho e agosto a ave chega ao Pantanal, para iniciar o período reprodutivo. Outros indivíduos seguem o trajeto até o estado de São Paulo, em setembro, também para se reproduzir. Encarregada pela construção do ninho e incubação dos ovos, a fêmea costuma aproveitar ocos de árvores feitos por pica-paus e ninhos feitos por outras aves em cupinzeiros. Com folhas e capins a estrutura é forrada e fica pronta para receber até quatro filhotes. Após o nascimento, macho e fêmea dividem a tarefa de alimentar a prole por até 21 dias. Após a reprodução, a espécie retorna para regiões mais ao norte do Brasil Central e Amazônia. Tesourinha costuma voltar para a mesma árvore todos os anos, no período de migração — Foto: Susana Coppede/VC no TG Fiel ao ninho A observação do casal de passarinheiros quanto ao ninho da tesourinha (Tyrannus savana) ilustra um comportamento característico da espécie: as aves dormem em uma mesma árvore ou em árvores próximas durante o período migratório, seja em áreas naturais ou urbanas. Durante o outono e o inverno vivem em regiões Amazônicas e, com a chegada da Primavera, retornam à região de origem, podendo ser na Argentina, Paraguai ou regiões do sul e sudeste do Brasil. Por isso, para observar vários indivíduos da espécie é preciso aproveitar os meses mais quentes e sair para passarinhar. O período de reprodução da espécie ocorre entre os meses de setembro e dezembro — Foto: Susana Coppede/Arquivo Pessoal Para receber a ninhada o casal de tesourinha constrói um ninho aberto com gravetos amontoados, que nem sempre garante a proteção dos ovos: é comum que ovos e filhotes sejam derrubados pelo vento. Após o nascimento, os pais se revezam na criação dos filhotes, que entre fevereiro e março voam para o norte do continente. Lauro de Freitas inicia imunização de profissionais da Educação com idade entre 55 a 59 anos — Foto: Maína Diniz/Supcom Lauro de Freitas Os profissionais da educação com idade entre 55 e 59 anos vão começar a se imunizados no sábado (24), em Lauro de Freitas, cidade da região metropolitana de Salvador. A informação é da prefeitura da cidade. A vacinação será realizada em dois drive-thrus: Ginásio de Esportes do Aracui e Quadra da Escola Dois de Julho, na Itinga, das 8h às 12h. Para receber a imunização, os profissionais devem apresentar documento de identidade com foto, cartão do SUS ou CPF e contracheque. Nos mesmos locais continua a vacinação de idosos com 60 anos ou mais. A vacinação de pessoas com Síndrome de Down também entrou na programação dessa fase, mas é preciso agendar pelo telefone 3269-9922. De acordo com a prefeitura, em Lauro de Freitas, além dos mais de 19 mil idosos que receberam a primeira dose, outros grupos prioritários já iniciaram o processo de imunização. De acordo do último boletim divulgado pela secretaria municipal de Saúde foram quase 5 mil trabalhadores da saúde, 406 quilombolas, 189 profissionais das forças de segurança e salvamento e 151 dialíticos, o que totaliza mais de 25 mil pessoas vacinadas. A nova remessa de imunizantes recebida na quinta-feira (22), foi direcionada para idosos com idade igual ou superior a 60 anos. Para receber a primeira dose é necessário ser integrante do público alvo e estar munido de documento de identificação com foto, cartão SUS e comprovante de residência. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Quando falamos sobre cuidar da saúde, a primeira coisa que vem à cabeça de muitas pessoas são os cuidados com a saúde física. A prática de esportes e manter uma boa alimentação são dois exemplos de cuidados que, no geral, são os mais conhecidos. Porém, cuidar da saúde vai muito além. Tudo porque o funcionamento do corpo pode ser comparado ao de uma máquina perfeita. E, como tal, precisa de todas as suas engrenagens interligadas para funcionar em plenitude. Nessa máquina, a saúde mental é uma peça determinante ao atuar no regulamento de hormônios, funcionamento dos órgãos e até do coração. Relação entre doenças cardíacas e a saúde mental O Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina. De acordo com a OMS, nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%. Pessoas com transtornos mentais apresentam mais chances de desenvolver problemas no coração. Os fatores responsáveis por isso são as constantes variações de humor, situações de estresse e desregulação hormonal que pacientes com transtornos sofrem no decorrer do tempo. Tudo isso afeta o funcionamento do coração e cria um ambiente favorável para o surgimento de doenças cardiovasculares. Atitudes simples de autocuidado com a mente podem te proteger de doenças que você nem imagina. — Foto: Unimed Londrina Ao mesmo tempo, pessoas com doenças cardiovasculares também têm mais chances de desenvolver transtornos mentais como depressão e ansiedade. Por isso, sintomas como apatia, insônia exagerada e falta de apetite não devem ser ignorados por pessoas próximas desses pacientes. É muito importante ficar atento e buscar ajuda imediatamente. Para ajudar você e toda a sua família nos cuidados com a saúde mental, a Unimed Londrina preparou um quiz especial com curiosidades e informações importantes sobre o assunto. Com o resultado, você irá receber mais dicas, informações e orientações exclusivas para cuidar da saúde da mente e do corpo. É uma forma interativa para você aprender e começar a cuidar 100% de si. CRM da Psiquiatra, 8279 – Rose Meire Albuquerque Pontes Confira os dados atualizados da Covid-19 em Salvador e municípios da Bahia A Bahia registrou 3.319 novos casos de Covid-19 nas últimas 24h, de acordo com boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), neste sábado (24). [Veja ocupação dos leitos no fim da matéria] Segundo boletim, 104 óbitos foram contabilizados. Apesar das mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram realizados neste sábado. Dos 880.803 casos confirmados desde o início da pandemia, 847.324 são considerados recuperados, 15.571 encontram-se ativos e 17.908 tiveram óbitos confirmados. Entre os óbitos, 55,42% ocorreram no sexo masculino e 44,58% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,69% corresponderam a parda, seguidos por branca com 21,84%, preta com 15,42%, amarela com 0,46%, indígena com 0,12% e não há informação em 7,47% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 65,16%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,65%). O boletim da Sesab contabiliza ainda v casos descartados e 195.190 em investigação. Na Bahia, 46.902 profissionais da saúde testaram positivo para Covid-19. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17h deste sábado. O boletim completo está disponível no site da Sesab e em uma plataforma online. O boletim também traz dados sobre a situação da regulação de Covid-19 na Bahia. Às 12h deste sábado, 74 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 35 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia. Outro dado que também consta no boletim é sobre a vacinação. De acordo com a Sesab, a Bahia registra 2.226.177 pessoas vacinadas contra o coronavírus, das quais 863.660 mil receberam também a segunda dose até as 15h deste sábado. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia informa que realiza o contato diário com as equipes de cada município a fim de aferir o quantitativo de doses aplicadas e disponibiliza as informações detalhadas no painel da vacinação. Respiradores mecânicos são consertados por força-tarefa em Salvador — Foto: TV Bahia A Bahia tem 3.459 leitos ativos para tratamento da Covid-19. Do total, 2.465 estão com pacientes, uma taxa de ocupação geral de 71%, conforme consta no boletim deste sábado. Desses leitos, 1.578 são de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos e estão com taxa de ocupação de 82% (1.296 leitos ocupados). Das UTIs pediátricas, 24 das 36 estão com pessoas internadas, o que representa uma taxa de ocupação de 64%. Já os leitos clínicos adultos têm ocupação de 63% e os pediátricos, de 49%. Em Salvador, 1.553 leitos estão ativos, com ocupação geral de 71% (1.096 leitos ocupados). A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto é de 77% e pediátrica 63%. Já os leitos de enfermaria apresentam ocupação de 64% para adultos, e os leitos pediátricos estão com ocupação de 57%. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Duas pessoas foram encontradas mortas na zona rural de Passos (MG) na segunda-feira (28). De acordo com a Polícia Militar, o homem, de 61 anos, e a mulher, de 42, foram localizados com sinais de violência. A Polícia Civil investiga o caso. A Polícia Militar explicou que eles foram encontrados por uma testemunha que achou estranho não ter visto o homem, que trabalhava como caseiro na propriedade, pela manhã no local. A testemunha, ainda segundo a polícia, disse ter tentado chamar o caseiro, que também não respondeu. Com isso, ele ligou para o proprietário do local, que indicou para que a janela da casa onde o caseiro morava fosse arrobada. Ao fazer isso, a testemunha viu o corpo da mulher com um fio enrolado na cabeça. Já o homem, conforme a testemunha disse à polícia, foi localizado logo em seguida, na parte externa da casa, com uma camisa cobrindo o rosto. Uma moto que seria do homem foi levada do local, além do celular dele. O caso agora está sendo investigado pela Polícia Civil. Veja mais notícias da região no G1 Sul de Minas Suspeito tinha dois mandados em aberto por roubo e estupro de vulnerável — Foto: Divulgação / Polícia Civil Um homem foi preso na terça-feira (20), suspeito de estupro de vulnerável e roubo. A prisão aconteceu no bairro dos Barris, em Salvador. De acordo com informações da Polícia Civil, o homem, que não teve identidade divulgada, foi preso inicialmente por roubo, por uma equipe da Polinter. Em seguida foi identificado que havia outro mandado de prisão contra ele, por estupro de vulnerável. Os mandados foram expedidos pela 15ª Vara Criminal de Salvador e pela 1ª Vara dos Feitos Relativos aos Crimes Praticados Contra Criança e Adolescente. Ele deve responder pelos dois crimes e será encaminhado para o sistema prisional. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Moradores registram chuva forte em Ubaíra, no interior da Bahia Uma chuva forte causou alagamentos e transtornos para moradores de Ubaíra, cidade a cerca de 270 quilômetros de Salvador, nesta sexta-feira (23), Segundo a prefeitura, três famílias foram orientadas a deixar os imóveis. Por causa da força da água, a ponte que fica no Riacho de Areia, zona rural da cidade, desabou. A ponte liga o povoado de Três Braços ao centro do município, e é usada por feirantes para transportar produtos. A prefeitura informou que há uma estrada alternativa, que será utilizada até a reconstrução da ponte. Moradores registraram vários pontos de alagamento na cidade, e segundo a prefeitura, parte do muro de um estádio desabou. A Defesa Civil do município realiza levantamento para contabilizar os danos causados pela chuva. Ainda segundo a gestão local, a chuva começou na quarta-feira (21), mas se intensificou nos dois últimos dias. Chuva deixou ruas alagadas em Ubaíra, nesta sexta-feira (23). — Foto: Redes Sociais A chuva forte causou estragos também em outras cidades do estado, nesta sexta. Em Salvador, um idoso de 71 perdeu imóveis após ter a casa alagada. por causa da água. Também na capital baiana, a chuva foi tão forte que um carro ficou preso na Rua Ceará, no bairro da Pituba. Os donos do veículo precisaram descer e empurrar o veículo, já que a água estava na altura das rodas. No interior da Bahia, a água chegou a invadir o prédio da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Itaquara. Na região oeste do estado, em Bom Jesus da Lapa, a chuva causou transtornos em ruas e avenidas, destruindo estruturas na urbanização de alguns bairros. Parte do asfalto e alguns paralelepípedos foram levados com a força da água e algumas famílias precisaram sair de casa. Chuva deixou ruas alagadas em Ubaíra, nesta sexta-feira (23). — Foto: Redes Sociais Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Foragido da Justiça é preso após agredir ex-companheira em festa e enviar mensagens com ameaças de morte, em Manaus — Foto: Divulgação/PC-AM Após agredir a ex-companheira em uma festa, um homem de 19 anos foi preso nesta terca-feira (17), na Zona Leste de Manaus. A jovem, de 20 anos, foi à polícia denunciar as agressões e ameaças que vinha sofrendo do ex. Em mensagens, o suspeito desafiava a moça a ""colocá-lo"" na cadeia: ""Pra ver se eu não vou te matar esses dias"". As agressões dentro de uma festa aconteceram na madrugada do último domingo (15), no bairro Grande Vitória. Segundo o titular do 4° Distrito Integrado de Polícia (DIP), delegado Costa e Silva, durante as agressões, o homem chegou a jogar a vítima no chão e bater sua cabeça na calçada. Em seguida, a moça foi até a delegacia para registar a denúncia. Ela imprimiu trechos de conversas com o suspeito. Entre as mensagens, o homem dizia saber os locais que ela frequentava e que iria esperar a vítima ficar ""de bobes"" [de bobeira] e matá-la. Foragido ameaça companheira e diz saber os locais que vítima frequenta — Foto: Divulgação/PC-AM Por conta das ameaças, a vítima solicitou da polícia, uma medida protetiva contra o homem, que era foragido da Justiça e tinha um mandado de prisão preventiva em aberto por tráfico de drogas. A polícia foi até a casa do suspeito e realizou a prisão. O homem deve passar por audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, na Zona Sul de Manaus. Mostra Literária de Salvador exibe live sobre conexões entre pessoas através das literaturas; veja — Foto: Foto: Felipe Miranda A terceira edição do evento Mostra Literária de Salvador, começou nesta sexta-feira (23), dia em que se comemora o dia Mundial do Livro, e vai até o domingo (25). A edição apresenta novos autores baianos com lançamento de livros. Os interessados devem se inscrever através do site do evento. Nos três dias de programação, o evento traz a participação de autores, influenciadores digitais, pesquisadores, projetos e movimentos literários que abordarão temas como produção na pandemia, novas publicações, consumo literário, produções no mundo online e offline através dos livros físicos e dos espaços virtuais. Além disso, a mostra apresenta o projeto Livres Livros, que tem o objetivo desenvolver ações de incentivo à leitura, a exemplo de sarau de poesias, oficinas, instalação de mini bibliotecas livres em espaços públicos e o clube de leitura social, onde leitores são adotados e recebem livros em casa. O projeto está recebendo inscrição de novos amigos leitores através do site. A realizadora do evento, Rebeca Lisboa, ressaltou que para além de agente transformador, o livro é acesso que possibilita novos caminhos, novas leituras e sentidos, transformando realidades e criando conexões em suas diversas literaturas. Ela ainda reforçou que a Mostra Literária também é o lugar de encontro, acesso e novas conexões. Isso é o que abordaremos nesta terceira edição. Enquanto for realizada a transmissão e durante todo o evento, a Mostra seguirá respeitando todos os protocolos de segurança, exigidos pelos órgãos competentes e com número limitado de pessoas, contando apenas com a participação do apresentador e mediadores, onde os participantes das mesas, convidados e público participarão de forma virtual dos seus respectivos espaços. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. E conta ainda com a parceria da ITs Brasil, Projeto Livres Livros e Quântica Comunicação. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Luca Bueno, filho de Galvão — Foto: Reprodução / Instagram oficial do artista Luca Bueno, filho do apresentador Galvão Bueno, se lançou como cantor e divulgou sua primeira música, ""Vou te chamar (te llamare)"". Assista ao clipe abaixo. A faixa é um reggaeton em parceria com o colombiano Lord Juan. A letra é triíngue, com Luca cantando em português e inglês e Lord Juan, em espanhol. O clipe tem estilo ""ostentação"", com carros de luxo, e foi gravado em Miami. Luca, 18 anos, já mostrava carros e viagens em seu canal no YouTube, que tem mais de 770 mil seguidores. Camisa da Polícia Civil usada por integrantes de quadrilha que passava por agentes policiais para extorquir vítimas com mandados falsos — Foto: Divulgação/Polícia Civil A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (20), dois suspeitos que se passavam por policiais e que usavam mandados de prisão e de busca e apreensão falsos para extorquir de vítimas que, supostamente, não teriam cumprido as ordens judiciais. Segundo investigação da 66ª DP (Piabetá), além dos dois presos, a quadrilha teria outros dois integrantes. A Operação Extorsão S/A também visa cumprir cinco mandados de busca e apreensão. De acordo com a polícia, uma das vítimas foi alvo da quadrilha pelo menos três vezes, tendo um prejuízo de quase R$ 30 mil. ""Ela foi obrigada a fazer saques em instituições financeiras, teve celular levado e outros bens"", disse o delegado titular da 66ª DP (Piabetá), Ângelo Lages. Os mandados são cumpridos nas cidades de Duque de Caxias, Belford Roxo e Magé, na Baixada Fluminense, e contou com a participação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de agentes do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB). Com os presos, os agentes apreenderam camisetas da polícia, acessórios para portar armas, um veículo blindado, e celulares, possivelmente roubados da vítima. Um diálogo obtido pelo RJ 1 mostra como os criminosos se aproximavam das vítimas. Um deles diz para um comerciante: ""Podemos resolver isso. Você tem que me ajudar a te ajudar"", diz o suspeito. O comerciante responde: ""Onde eu te encontro para te dar esses 1500 e a gente desenrola?"" Um encontro chegou a ser marcado, mas o comerciante desfez o acordo e perguntou: ""Como posso ter certeza que você é policial?"" ""Mostro a minha carteira, não vou ficar de lero lero com você. Não quer, irmão? Vida que segue"", disse o criminoso, posteriormente preso. Homem é preso e adolescente é apreendido após tentativa de arrombamento e furto de celular em agência bancária na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civil Um homem foi preso e um adolescente apreendido nesta sexta-feira (23) após uma tentativa de arrombamento ao caixa eletrônico de uma agência bancária no município de Malhada, no interior da Bahia. A dupla também é suspeita de furtar um celular, segundo informações da Polícia Civil. De acordo com a polícia, o caso aconteceu em um posto de atendimento do banco Bradesco no dia 12 de abril. Os suspeitos entraram na instituição financeira e tentaram arrombar o caixa eletrônico com uma chave de fenda, um martelo e chutes. No entanto, como não conseguiram, eles arrombaram a porta de acesso à parte interna do posto de atendimento e furtaram um celular da agência bancária. Segundo informações do delegado titular da DT de Malhada, Zanderlan Fernandes, imagens de uma câmera de segurança foram captadas. No vídeo, foi possível ver a entrada dos dois suspeitos e, a partir das investigações, conseguiram chegar a um dos autores por conta do celular, que era do banco, mas que foi vinculado a um deles. O delegado ainda informou que o suspeito confessou o crime e levou os policiais ao outro indivíduo. De acordo com o delegado, não houve corrupção de menores, porque o autor intelectual do crime teria sido o adolescente. A polícia informou que devolveu o celular ao gerente da agência bancária e disse que o homem foi indiciado por furto qualificado. Já o adolescente, irá responder pelo ato infracional. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Ovelhas furtadas em São Desidério foram recuperadas pela polícia em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia — Foto: Divulgação/SSP-BA Nove ovelhas furtadas de uma propriedade no povoado de Cabeceira Grande, município de São Desidério, no oeste da Bahia, foram resgatadas na quinta-feira (22), no Assentamento Rio de Ondas, e, Luís Eduardo Magalhães, também no oeste do estado e a cerca de 93 km de São Desidério. A informação é da Polícia Militar, por meio da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Os animais foram recuperados por equipes das Rondas Especiais (Rondesp) Oeste, 10 dias após o furto e depois de serem anunciados por R$ 5 mil para venda em grupos de aplicativo de mensagens, informou a SSP-BA. Dois homens fora conduzidos à Delegacia Territorial (DT) de Luís Eduardo Magalhães e autuados por interceptação. Não há detalhes se eles permaneceram na unidade policial ou se foram liberados após serem autuados. Conforme explicou o comandante da Rondesp Oeste, major Araken Ferreira de Souza, as equipes foram até o Assentamento Rio de Ondas onde encontraram os animais com um homem que não soube dizer a procedência das ovelhas. Outro homem, também suspeito de fazer intermediação da venda dos animais, foi capturado. Após o resgate, os animais foram apesentados na delegacia e devolvidos ao proprietário. Ovelhas furtadas no oeste da Bahia são recuperadas pela polícia após anúncio de venda em aplicativo de mensagens — Foto: Divulgação/SSP-BA Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Filha de Luciana de Melo Ferreira, de 49 anos, encontrou mãe morta em apartamento no DF — Foto: Facebook/Reprodução O vigilante de 45 anos suspeito de matar a ex-namorada, no Distrito Federal, deixou um bilhete para a vítima dizendo que a amava. A declaração foi deixada no carro de Luciana de Melo Ferreira, de 49 anos, encontrada morta nesta segunda-feira (23). A informação foi confirmada ao G1 pela delegada Cláudia Alcântara, da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), que investiga o caso. A morte de Luciana é investigada como o 34º feminicídio registrado no DF em 2019, de acordo com levantamento do G1 (veja abaixo). O corpo foi encontrado pela filha dela, por volta das 17h, no apartamento onde a vítima morava, na quadra 2, do Sudoeste Econômico. De acordo com a Polícia Civil, no entanto, o assassinato pode ter ocorrido no sábado (21). O suspeito não havia sido encontrado até a última atualização desta reportagem. Mulher é encontrada morta no Sudoeste Segundo as investigações, o principal suspeito de cometer o crime é o ex-namorado de Luciana, um homem de 45 anos. O casal teve um relacionamento de quatro meses. A mulher teria sido ameaçada ao tentar terminar o namoro. Ela chegou a denunciar o ex, que foi preso à época. Ao G1, a delegada responsável pelas investigações disse que o vigilante ficou detido por três dias e saiu com medida protetiva – ele estava proibido de se aproximar de Luciana. Apartamento, no Sudoeste, onde Luciana de Melo Ferreira morava — Foto: TV Globo/Reprodução A Justiça determinou ainda que ele usasse tornozeleira eletrônica. No entanto, a investigação apontou que o suspeito estaria sem usar o equipamento há 10 dias. A delegada disse ainda que Luciana comentou que procuraria a polícia nesta segunda (23) para denunciar o ex-companheiro. Leia mais notícias sobre a região no G1 DF. 5 de janeiro: Vanilma dos Santos, 30 anos 28 de janeiro: Diva Maria Maia da Silva, 69 anos 30 de janeiro: Veigma Martins, 56 anos 11 de março: Cevilha Moreira dos Santos, 45 anos 17 de março: Maria dos Santos Gaudêncio, 52 anos 29 de março: Edileuza Gomes de Lima, 68 anos 31 de março: Isabella Borges, 25 anos 14 de abril: Luana Bezerra da Silva, 28 anos 21 de abril: Elaine Maria Sousa, 49 anos 6 de maio: Jacqueline dos Santos Pereira, 39 anos 9 de maio: Cacia Regina Pereira da Silva, 47 anos 9 de maio: Maria de Jesus do Nascimento Lima, 29 anos 20 de maio: Débora Tereza Correa, 43 anos 12 de junho: Francisca Naíde de Oliveira Queiroz, 57 anos 12 de julho: Genir Pereira de Sousa, de 47 anos. 22 de julho: Joyce Oliveira Azevedo, 21 anos 8 de agosto: Maria Almeida do Vale, 68 anos 20 de agosto: Iram Francisca de Vasconcelos, 68 anos 23 de agosto: Letícia Sousa Curado Melo, 26 anos 26 de agosto Talita Valadares de Lavôr, 38 anos 29 de agosto: Cristiane Mendes de Sá, 41 anos 1º de setembro: Pedrolina Silva, de 50 anos 12 de setembro: Lilian Cristina da Silva Nunes, 25 anos 15 de setembro: Graizielle Feitoza de Carvalho, 31 anos 26 de setembro: Queila Rejane da Costa Martins, 43 anos 29 de setembro: Adriana Maria de Almeida. 29 anos 30 de setembro: Tatiana Luz da Costa, 35 anos 17 de outubro: Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos 1º de novembro: Renata Alves dos Santos, 26 anos 14 de novembro: Necivânia Eugênio de Caldas, 34 anos 15 de novembro: Gláucia Sotero da Silva, 45 anos 23 de novembro: Sandra Maria Sousa Moraes, 39 anos 17 de dezembro: Letícia Pereira de Morais Melo 21 de dezembro: Luciana de Melo Ferreira Complexo policial em Ibirapitanga, cidade onde homem foi preso por estuprar filha — Foto: Giro Ipiaú Um homem foi preso em flagrante por estuprar a própria filha, na cidade de Ibirapitanga, no sul da Bahia. De acordo com o delegado Lane Andrade, que investiga o caso, os abusos aconteciam há cerca de três anos, quando a vítima ainda tinha 11 anos. O homem, que não teve nome divulgado pela polícia, foi preso na segunda-feira (19). O delegado detalhou que o caso foi descoberto por vizinhos, que ouviram a vítima pedir socorro ao ser estuprada novamente. Os moradores tentaram linchar o suspeito, a polícia foi acionada e o homem preso na ocasião. O suspeito segue detido na delegacia e está à disposição da Justiça. Ele deve responder por estupro de vulnerável. A vítima está com familiares. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Vacinação em um drive-thru de Salvador, na Bahia imunização vacina contra Covi-19 — Foto: Valter Pontes/Secom Apenas 1% dos vacinados contra a Covid-19 ainda não tomaram a 2ª dose da vacina após o prazo estabelecido na Bahia. O levantamento foi divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) nesta quinta-feira (22). No total, são 21.628 pessoas que ainda não procuraram os pontos de vacinação, após o período estipulado para a segunda aplicação. Até a publicação desta reportagem, a Bahia tinha mais de 2.143.400 vacinados contra o coronavírus. Desse número, 728.608 receberam também a segunda dose, até as 15 horas de quarta-feira (21). O restante das pessoas, cerca de 1,39 milhão, ainda não cumpriu o tempo necessário entre as duas doses. Apesar do percentual baixo, a secretaria alerta para que as pessoas procurem os pontos de imunização, porque a primeira dose sozinha não garante a proteção completa, oferecendo uma taxa de não está dentro dos parâmetros estabelecidos pelos fabricantes e agências sanitárias dos testes clínicos. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Diário de Campo Com os olhos e ouvidos bem atentos, o biólogo Luciano Lima se aventurou pelo Parque do Instituto Butantan, em São Paulo, em busca de espécies especiais para adicionar ao “Diário de Campo” dele. Na mata Luciano encontrou três aves diferentes que, se ele estivesse desatento, poderiam passar pela mesma espécie. O primeiro foi o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). Mas a ave, famosa pelo canto que lhe dá o nome, é muito semelhante ao neinei (Megarynchus pitanguá) e ao bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis). São as diferenças de bico, penugem e até do canto que podem dar pistas para evitar a confusão na hora da classificação das aves. É saber olhar e ouvir com atenção para esses sinais delicados da natureza. Empresário de Poços de Caldas (MG) deixa recado para ladrões Mais de três anos após colocar usar um outdoor para alertar ladrões, um empresário de Poços de Caldas (MG) resolveu repetir a ação. A medida foi tomada porque os furtos a holofotes que iluminam as placas voltaram a acontecer, deixando um prejuízo estimado em mais de R$ 10 mil. O recado na placa é claro e direto: “Ladrão de holofotes de LED, fica esperto, a polícia vai te pegar”. Empresário instala placa para alertar ladrões em MG: 'A polícia vai te pegar' — Foto: Reprodução EPTV Com diversos outdoors espalhados na cidade, Luís Gonzaga Laier sofreu com uma série de furtos nas últimas semanas. Foram quase 80 holofotes levados das placas publicitárias. “Está roubando da gente, roubando do concorrente. E a gente coloca o holofote em um dia, no outro dia já amanhece sem o holofote”, afirma. “Não é um problema da polícia, é um problema nosso também, nós temos a obrigação de ajudar a polícia. E ajudamos colocando essa mensagem”. Em um dos locais, que tem 10 holofotes, o conjunto de luzes já foi roubado três vezes. Cada uma delas tem custo aproximado de R$ 100. A solução foi reforçar as ferragens e instalar aquela concertina. Mas mesmo com o reforço o ladrão tentou furtar uma das luminárias. “Só na estrutura, eu gastei mais de R$ 800. Para reforçar a estrutura, colocar a concertina, etc e tal. Agora não posso dizer que eu estou seguro com essa concertina, porque no dia que eu coloquei a concertina, no outro dia a gente já percebeu que ele tentou roubar um holofote”, completa Gonzaga. Concertina (espécie de arama farpado) foi instalada para aumentar segurança das placas — Foto: Reprodução EPTV O empresário Edis Paulo Ferraz, que também trabalha com outdoors, disse que chegou a ver um ladrão furtando os holofotes. O crime aconteceu ao meio-dia. Com os furtos, os prejuízos já chegam a R$ 10 mil. “Se ele está roubando, deve ter um receptador que está forte nisso. Então nós tínhamos que pegar primeiro esse receptador para acabar com esse roubo. Não só da minha empresa, mas do meu concorrente. Todos estamos tendo prejuízo”, completa Ferraz. A Polícia Civil informou que um inquérito já foi instaurado para apurar os furtos. Veja mais notícias da região no G1 Sul de Minas O programa É do Pará te ensina a receita do mujica de sarnambi de Algodoal, no Pará — Foto: Reprodução/TV Liberal O programa É do Pará te apresenta a mujica de sarnambi. Este prato é feito na vila de Algodoal, que fica na ilha de Maiandeua, em Maracanã, nordeste do estado. A receita é do chef Francisco, que vende essa iguaria regional em seu restaurante. Veja a receita: O É do Pará te ensina a fazer o famoso prato mujica de sarnambi de Algodoal Ingredientes 150g de sarnambi cozido (ferver o marisco até abrir a casca) 150g de farinha de mandioca fina 2 colheres de sopa de azeite 1/2 colher de sopa de azeite de dendê Sal a gosto Pimenta do reino e cominho a gosto 1l de água 1 cebola picada 1 tomate picado 1 pimentão picado 1 xícara de cheiro verde e chicória picados 2 dentes de alho e um pedacinho de gengibre picados Preparo Refogue o alho com gengibre na panela com azeite, no fogo alto. Depois coloque cebola, pimentão e o tomate e o sarnambi cozido, tudo para refogar. Já refogado, corrija o sal. Em seguida, acrescente o dendê, a chicória e uma parte da água quente, sempre misturando até voltar à ferver. Em outra panela, mistura a outra parte da água com a farinha de mandioca até virar um pirão. Depois, acrescentar na panela com os demais ingredientes e mexer até engrossar. Depois de pronto, servir. Pastor é flagrado fazendo campanha política em igreja de Aparecida de Goiânia Um pastor foi flagrado pedindo votos para um candidato a vereador durante um culto na Igreja Universal do Reino de Deus, no Jardim Nova Era, em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. Esta atitude é proibida em templos religiosos. Em áudios gravados pela reportagem do jornal O Popular, é possível ouvir o pastor Marcos Bacelar questionando alguns fiéis sobre a quantidade de votos conseguidos para o candidato apoiado por ele, Marcos Miranda (Republicanos). Em dado momento, ele afirma que precisa de 1 mil votos no setor (ouça acima). O G1 e a TV Anhanguera não conseguiram contato com Marcos Bacelar, Marcos Miranda nem com o Republicanos até a última atualização desta reportagem. A Igreja Universal informou em nota que cumpre rigorosamente as leis brasileiras e orienta bispos e pastores a fazerem o mesmo. A igreja declarou ainda que apenas orienta a escolha de candidatos que defendam valores como honestidade e família. O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) informou que não comenta casos específicos. Pastor faz campanha para candidato a vereador durante culto em igreja de Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera Durante o culto, realizado no último dia 6, o pastor lembra que as eleições estão chegando e pede ajuda dos fiéis. Ao conversar com uma mulher, ele agradece pela quantidade de votos que ela afirma ter conseguido para Marcos Miranda, que também já foi pastor na igreja. Em outo trecho, ele questiona outra fiel sobre número de votos e estipula a quantidade que é preciso no bairro para eleger o candidato. ""A senhora conseguiu quantos votos? Três? Três, no mínimo, no mínimo três, vai dar seis, você vai conseguir (...) Nós precisamos de quantos votos aqui no Nova Era? Mil votos"" Em outra fala, Bacelar faz elogios a Miranda e deixa a entender que ele pode ""cuidar de forma diferente"" do povo caso seja eleito. ""E se tem alguém que se preocupa, que dá a vida pelo povo, é o pastor, não é verdade? Sim ou não? E o Marcos Miranda, em todo esse tempo, a vida dele foi cuidar do povo. E ele vai continuar cuidando de forma diferente agora, nas obrigações dele, diga graças a Deus... compreende?"", afirma. Pastor faz campanha para candidato a vereador durante culto em igreja de Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera A legislação eleitoral não permite o pedido de voto em templos religiosos. A prática é chamada de ilícito eleitoral. O advogado Dyogo Crossara, especialista em direito eleitoral, afirmou que a pena, nestes casos, é multa por propaganda irregular, caso haja denúncia. ""A lei eleitoral ela visa sempre o equilíbrio de forças, e quando uma pessoa que tem um poder sobre a outra, no caso um poder religioso, ela usa esse poder em benefício de uma candidatura dentro um templo religioso, ela pratica um ilícito eleitoral e desiguala a competição"", completou. Veja outras notícias da região no G1 Goiás. Goiás tem 58 cidades com mais eleitores que habitantes Mais de 80 candidatos doaram para a própria campanha valor superior ao patrimônio declarado Goiás tem um aumento de mais de 140 mil eleitores e passa a ter 4,6 milhões de pessoas aptas a votar Guia do Eleitor: confira locais de votação e regras das eleições Menina de 5 anos estuprada pelo primo diz que foi ameaçada com faca A menina de cinco anos que afirma ter sido estuprada pelo primo, de 32, em Cubatão (SP), contou que foi ameaçada com uma faca. O áudio da conversa dela com a mãe foi disponibilizado ao G1 nesta terça-feira (31). ""Ele pegou a faca para mim, porque ele quis. Eu não sei o que ele queria fazer. Para fazer medo. Era a faca bem grandona, faca de cortar carne"", diz a criança. O áudio foi disponibilizado pela própria família e anexado ao processo. Em outro trecho da conversa, que ocorreu na última segunda-feira (29), a criança diz que foi ameaçada de morte. ""Ele falava que não podia contar para a senhora"", afirma. ""Se você contar para sua mãe eu vou te matar"", lembra a garota. A mãe pergunta por que ela não passou essas informações para o psicólogo e a criança diz que esqueceu. ""Tô com medo de ele pegar eu"". O pai da menina, que era amigo de infância do suspeito de estupro, prestou depoimento na Delegacia da Mulher de Cubatão na última terça-feira (30). O trabalho de investigação está em andamento e segue em sigilo policial. Criança revelou ter sido abusada pelo próprio primo em Cubatão, SP — Foto: Arquivo Pessoal A mãe da criança, uma comerciante, de 27 anos, descobriu que o primo aproveitou que ela saiu para pagar uma conta e estuprou a menina. O abuso ocorreu no dia 20 de maio na casa onde ela mora com a filha, no bairro Vila Esperança, em Cubatão, mas a criança só revelou o ocorrido à mãe no dia 31 de maio, ao apresentar sangramento nas partes íntimas. Segundo ela, a menina tentou evitar as agressões ao se enrolar em um lençol, mas ainda assim foi violentada pelo familiar. A comerciante havia deixado a filha brincando no quintal de casa, acompanhada do primo. Ela deixou a casa aberta antes de sair e estranhou quando chegou e encontrou o imóvel com as janelas e a porta da frente fechadas, além do fato de a criança estar deitada e enrolada em um lençol. Após o abuso, a menina passou a apresentar um comportamento diferente. A mãe afirma que ela passou a cortar o próprio cabelo, além de evitar usar roupas femininas. ""Ela dizia que não queria ser mulher, que era uma coisa ruim, e eu achei aquilo estranho, então fiquei mais de olho"". A criança, que chegou a pedir para morrer, agora passa por acompanhamento psicológico. ""Quando ela me falou que queria morrer foi muito difícil. Fiquei muito mal, não sabia como reagir e por onde começar. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso, era como um irmão. Ela era ameaçada de morte para não contar. Quero justiça"", desabafa a mãe Criança estava brincando no quintal da casa quando e mãe saiu — Foto: Arquivo Pessoal Depois que a criança disse que havia sido abusada, a mãe questionou o agressor a respeito das acusações. ""Chamei ele na mesma hora em que ela me contou e perguntei se ele tinha realmente feito aquilo tudo. Ele negou, se prontificou a ir comigo na delegacia no dia seguinte para esclarecer as coisas, mas, no outro dia, ele mudou dizendo que tinha ido para Minas Gerais a trabalho"". Após fugir, o suspeito chegou a entrar em contato com a comerciante através de mensagens de texto. Um dos registros mostra que ele tentou negociar com a prima para que as queixas fossem retiradas, chegando a oferecer uma casa e um terreno em Cubatão. ""Ele me ofereceu casa, terreno, até me ameaçou, dizendo que eu deveria retirar as queixas para poupar minha vida, mas ele sumiu quando viu que eu não ia desistir. Eu sei onde ele está, parentes já comentaram comigo, e a polícia não faz nada. Só queremos justiça e que ele vá preso, é um trauma horrível"", finaliza. Agressor tentou negociar após estuprar menina de cinco anos em Cubatão, SP — Foto: Reprodução Evento vai falar sobre moda e tem o objetivo de conectar empreendedores, estudantes e interessados na área de moda — Foto: Armazém da Criatividade/Divulgação No dia 15 de agosto, será realizada a terceira edição do “Te vejo no Armazém"", em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Terceira edição vai falar sobre moda e tem o objetivo de conectar empreendedores, estudantes e interessados na área de moda para conversar sobre as dificuldades e oportunidades em gerar negócios. A iniciativa vai contar com uma bancada de debate, com Marina Pacheco, da startup Marina Pacheco Atelier, Mariana Pinto, da startup Marinas, Carolina Fontes, do Brechó Carolina Desapegada, e Luiz Clério, coordenador do curso de design de moda da Faculdade Senac. O projeto vai acontecer no Armazém da Criatividade, localizado no Polo Caruaru, a partir das 18h30. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site do projeto. Serviço Te Vejo no Armazém pra Falar de Moda Data: 15 de agosto Hora: às 18h30 Local: Armazém da Criatividade, localizado no Polo Caruaru. Um homem de 45 anos foi preso na noite desta terça-feira (3), em Anastácio, a 140 quilômetros de Campo Grande, após agredir, ameaçar de morte e ainda cometer injúria racial contra a própria sobrinha. Conforme a ocorrência, a sobrinha dele, de 25 anos, estava na casa da mãe do suspeito, ajudando a realizar uma mudança, quando o homem chegou de bicicleta, aparentando estar bêbado. Tio e sobrinha teriam começado a discutir, até que o homem deu um empurrão na vítima e acertou as pernas dela com a bicicleta que usava. Logo depois, a ameaçou, com um ato racista: ""sua preta imunda, vou te matar"", teria dito o suspeito. A mulher se escondeu dentro da casa e chamou a polícia de Anastácio. Os policiais prenderam o homem e o encaminharam para a Delegacia, onde foi registrado o boletim de ocorrência pelos crimes de injúria racial, ameaça e vias de fato. A sobrinha, porém, disse não querer representar criminalmente contra o tio, por estar se mudando de cidade e não querer magoar a avó, mãe do suspeito, que poderia ficar chateada com a prisão do filho. Até o momento da publicação desta reportagem, a polícia não havia confirmado se o suspeito continua preso. Evento será na Catedral Basílica de Salvador — Foto: Georgina Maynart/TV Bahia Para marcar o início dos festejos pela conquista da Independência do Brasil na Bahia, o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidirá o Te Deum no próximo domingo (30). A tradicional cerimônia acontecerá na Catedral Basílica do Salvador, no Terreiro de Jesus, às 10h, e contará com a presença de autoridades civis e militares. O Te Deum (A Ti, Deus!) é um hino da Liturgia das Horas, rezado nos domingos e dias solenes. Este hino foi composto por Santo Ambrósio e Santo Agostinho, no ano de 387, em Miçao, por ocasião do batismo de Santo Agostinho. Logo na primeira estrofe é proclamado: ""A Ti, Deus, louvamos, a Ti, Deus, cantamos. A ti, Eterno Pai, adora toda a terra"". Te Deum pela Independência do Brasil na Bahia, com Dom Murilo Krieger Data: 30 de junho Horário: às 10h Local: Catedral Basílica do Salvador (Terreiro de Jesus) Prato Piauí doido, feito a partir de combinações de carnes em bar de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera O casal Leozinho e Andreia decidiu apostar no “Piauí doido” como carro-chefe da cozinha do bar deles, Buteko do Leozinho, aberto há dois meses em Goiânia. A receita leva um mix de carnes, além de cebola e manteiga do sertão. A refeição é servida com mandioca, tomate e cebola. Outros acompanhamentos, como arroz, feijão tropeiro e maionese, ficam à escolha do cliente. Dono de bar de GO ensina receita de 'Piauí doido', feito a partir de combinação de carnes Passar os cortes temperados dos três tipos de carne e passar na chapa, com manteiga do sertão. Buteko do Leozinho: Rua C-217, esquina com C-210, quadra 516, lote 11. Jardim América – Goiânia. VÍDEO: Ouça dublagens marcantes de Ana Lucia Menezes Ana Lucia Menezes, dubladora na série ""iCarly"", na novela ""Rebelde"" e no desenho ""Peppa Pig"", morreu nesta terça-feira (20), aos 46 anos. Bia Menezes, filha da atriz, confirmou a morte da mãe nas redes sociais uma semana após ela ter sofrido um AVC. ""Esse texto estava preparado desde sexta, eu já sabia. Você não voltou pra mim. Mas voltou para sua casa. seu lar, sua morada ao lado do nosso Pai. E estou grata a Deus por isso, grata a Deus por te levar para os braços Dele, grata a Deus por fazer, não foi do nosso jeito, mas foi da maneira mais perfeita possível, como tudo que Ele faz. Você escreveu uma história aqui, e eu terei a obrigação de continuá-la porque sei que seria exatamente como você gostaria que eu fizesse. Você lutou até o último minuto, agora é hora de descansar e usufruir do que Deus preparou para Ti. Eu te amo e sempre te amarei, até a eternidade"", escreveu Bia Menezes. Bia também usou a página oficial da mãe no Instagram para confirmar a morte. Dias antes, na mesma rede social, Ana Lucia Menezes gravou dois vídeos contando que passou mal em casa enquanto tomava banho. ""Fui tomar um banho, chamei minha filha. Achei que ia desmaiar. Pedi pra ela vir correndo. Senti uma dor de cabeça muito grande, como se tivesse estourado alguma coisa aqui. Fiquei quase três horas apagada"", contou Ana, que disse não se lembrar do desmaio. ""Creio que vai ficar tudo bem. Não estou enxergando muito bem, estou com a vista bem turva. Mas uma coisa de cada vez"", afirmou a dubladora. Durante o período de internação na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, Ana foi submetida a uma cirurgia para a retirada do coágulo no cérebro. Ana Lucia Menezes, dubladora de 'iCarly' e 'Rebelde', morre aos 46 anos — Foto: Reprodução/Instagram Ao longo dos 30 anos de carreira, Ana Lucia Menezes deu voz a diversos personagens. Na série ""iCarly"", ela era responsável pela dublagem da personagem Sam Puckett. Ana também dublou a atriz mexicana Maitê Perrone em diversos projetos, incluindo na novela ""Rebelde"". Também dublou a atriz americana Amanda Seyfried nos filmes ""Mamma Mia!"" e ""Mamma Mia! Here We Go Again"", e a personagem Rory na série ""Gilmore Girls"". As personagens Suzy, em ""Peppa Pig"", e Po, nos ""Teletubbies"", também estão no currículo da dubladora. Tarifa de ônibus será reajustada a partir de segunda-feira (26) — Foto: Jefferson Peixoto/Secom A tarifa de ônibus em Salvador passará de R$ 4,20 para R$ 4,40 a partir de segunda-feira (26). A informação foi divulgada na noite desta sexta-feira (23), pela prefeitura da capital baiana. De acordo com a gestão municipal, o aumento de R$ 0,20 representa um percentual de reajuste de 4,76%. O último reajuste aconteceu em março de 2020, quando a tarifa passou a custar R$4,20. A prefeitura explica que o reajuste anual, previsto em contrato com as concessionárias que operam o transporte público em Salvador, deveria ter acontecido desde março deste ano. Porém, em razão da pandemia, aliado ao processo de intervenção em uma das bacias, a prefeitura optou por adiar o reajuste da tarifa. O aumento, segundo a gestão municipal, foi autorizado principalmente em função do acréscimo de insumos básicos para a operacionalização do serviço, em especial o preço do óleo diesel, que ultrapassou 20% nos últimos meses. De acordo com a prefeitura de Salvador, a análise para definição do valor da tarifa foi realizada pela Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal). O cálculo é feito de acordo com as variações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do preço do diesel e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período de 12 meses entre o último reajuste e o mês anterior ao da revisão tarifária. O processo de intervenção em uma das bacias ao qual a prefeitura cita ocorre com a Concessionária Salvador Norte (CSN), que no dia 27 de março deste ano teve o contrato rescindido pela prefeitura após um relatório de uma auditoria apontar diversas irregularidades na gestão do contrato por parte da empresa. Segundo o prefeito Bruno Reis, R$ 516 milhões é o valor total da dívida acumulada da CSN. Com isso, a prefeitura anunciou que montaria uma operação emergencial de transporte buscando garantir o atendimento dos usuários do transporte público na bacia operada pela concessionária. Desde o dia 29 de março, de acordo com a prefeitura, o atendimento aos usuários que usavam as linhas operadas pela CSN passaram a ser realizados através de ônibus do Subsistema de Transporte Especial Complementar (Stec), conhecidos como Amarelinhos. Em junho de 2020, a prefeitura já havia decretado a intervenção da CSN, após ser informada pelo Sindicato dos Rodoviários de que a concessionária vinha descumprindo acordo coletivo assinado com a categoria, além de atrasar constantemente o adiantamento salarial e o tíquete alimentação. O decreto, segundo a prefeitura, foi para manter o serviço e garantir os empregos dos 4,5 mil funcionários que atuam no sistema. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Ex-deputado federal Laerte Bessa agride porteiro e síndico de condomínio Novas imagens mostram outro ângulo da agressão cometida pelo ex-deputado federal Laerte Bessa (PL-DF) contra o porteiro do prédio onde ele mora, em Águas Claras, no Distrito Federal. No vídeo o ex-parlamentar ameaçou o funcionário e também agrediu o síndico do prédio (veja acima). À TV Globo, Bessa disse que se arrepende da forma como agiu, mas que o jeito como foi tratado pelo porteiro e o síndico o levou a essa ""explosão"" (leia mais abaixo). O ex-parlamentar ficou irritado porque o funcionário impediu a entrada de um entregador de pizza no prédio por volta das 23h40. O condomínio possui uma regra que proíbe que motoboys acessem os apartamentos depois das 23h. Ex-deputado federal Laerte Bessa agride porteiro no DF — Foto: Reprodução Veja transcrição de parte da discussão: Laerte Bessa: Quem que não vai subir, agora? Porteiro: O síndico não autorizou. Laerte Bessa: Ele é um bosta e você também é. Porteiro: Então, mas eu não posso fazer. Laerte Bessa: Cadê o cara? É você que tá com a comida aí? Porteiro: É ele aí Laerte Bessa: Ô seu... tô falando pra você deixar ele subir. Você quer morrer? Quer morrer? Eu te mato aqui agora. Cadê o síndico? Chama ele, chama ele lá. E vai chegar outro aqui. Se você falar isso de novo, eu vou te dar um tiro na cara. Após alguns instantes, o porteiro tenta se afastar do ex-deputado, mas Bessa vai atrás e o ameaça novamente. Depois da confusão, o porteiro chamou o síndico, que desceu até o térreo. Outra parte do vídeo mostra que o ex-deputado também agrediu o síndico. Laerte Bessa: Você que é o síndico? Você me respeita! Você me respeita! Cachorro, você me respeita! Eu sou o primeiro morador. Aqui para você. Síndico: Não pode subir, é uma regra. Laerte Bessa: Não pode? Eu quero ver você impedir. E vai subir mais. Subiu agora e vai subir mais. Regra aqui pra você! Regra aqui! Ex-deputado Laerte Bessa agride porteiro de condomínio no DF Imagens de câmeras de segurança do condomínio também registraram as agressões. Nelas é possível ver que o ex-deputado se aproximou do porteiro chutando a cadeira onde ele estava sentado. O funcionário do prédio se afastou, sem revidar. Mas em seguida, Bessa continuou a agressão. Após o chute, o ex-deputado partiu para cima do porteiro. Ele empurrou o funcionário e deu um tapa no braço dele. Depois das agressões, ele ainda ordenou ao entregador que subisse ao apartamento. Ex-deputado federal Laerte Bessa — Foto: Reprodução/TV Globo Em entrevista à TV Globo, Laerte Bessa afirmou que foi tratado de forma desrespeitosa pelo síndico e pelo porteiro. Ele também negou que estivesse armado no momento. ""A forma como eu fui abordado pelo porteiro e pelo síndico me levou a essa reação. Me levou à explosão. Eles me ligaram dizendo que o meu pedido não poderia entrar porque o condomínio não aceitava comida depois das 23h. Eu moro só, não faço comida em casa e todo dia peço comida fora."" O ex-parlamentar disse ainda que se arrepende da ação. ""Claro, me sinto arrependido de ter me dirigido ao porteiro daquela forma. Mas foi uma situação que não tive como conter no momento. Foi muito rápido"". Em maio de 2018, ainda no exercício do cargo de deputado federal, Bessa foi acusado de agredir, xingar e ameaçar o então subsecretário de articulação federal do Governo do Distrito Federal, Edvaldo Dias da Silva. O caso teria acontecido durante uma audiência pública. A denúncia partiu do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que chegou a ingressar com uma representação contra Bessa no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Ao final da análise, o colegiado arquivou o processo - dos 13 votantes, 11 deliberaram contra a acusação e dois se abstiveram. Leia mais notícias sobre a região no G1 DF. Dezenas de fiéis celebraram o Te Deum, em Salvador — Foto: Miro Filho/TV Bahia Dezenas de fiéis se reuniram na manhã deste domingo (30) para acompanhar a celebração do Te Deum, na Catedral Basílica de Salvador, no Terreiro de Jesus, no Centro Histórico da capital baiana. O evento marca o início dos festejos pela conquista da Independência do Brasil na Bahia. Celebrada pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, a cerimônia começou por volta das 10h e contou com a presença de autoridades civis e militares. Por volta das 11h, a celebração havia sido encerrada. Segundo a Arquidiocese de Salvador, o Te Deum (A Ti, Deus!) é um hino da Liturgia das Horas, rezado nos domingos e dias solenes. Este hino foi composto por Santo Ambrósio e Santo Agostinho, no ano de 387, em Milão, por ocasião do batismo de Santo Agostinho. Logo na primeira estrofe é proclamado: ""A Ti, Deus, louvamos, a Ti, Deus, cantamos. A ti, Eterno Pai, adora toda a terra"". Celebração aconteceu na manhã deste domingo (30) — Foto: Miro Filho/TV Bahia Por possuir poucos nervos e gorduras, o Patinho Mult Beef é considerada uma carne magra e muito macia. Este corte fica localizado no limite com o coxão mole. Mult Beef — Foto: Mult Beef Muito utilizado no preparo de carne moída crua, este corte pode ser utilizado em muitos outros pratos, um deles é o bife à milanesa, por exemplo. Uma boa dica que a Mult Beef traz é utilizar o Patinho no preparo de quibe, o sabor desse corte de carne harmoniza muito com a receita! São tantas opções no preparo do Patinho Mult Beef que essa praticidade não pode faltar no dia a dia das suas refeições! Mult Beef Comercial Ltda. José Geraldo Zana - Diretor Avenida Dom Luiz do Amaral Mousinho, 500 Jardim Sabino – Brodowski – SP CEP: 14340-000 (16) 3664-7000 contato@multbeef.com.br Por possuir poucos nervos e gorduras, o Patinho Mult Beef é considerada uma carne magra e muito macia. Este corte fica localizado no limite com o coxão mole. Mult Beef — Foto: Mult Beef Muito utilizado no preparo de carne moída crua, este corte pode ser utilizado em muitos outros pratos, um deles é o bife à milanesa, por exemplo. Uma boa dica que a Mult Beef traz é utilizar o Patinho no preparo de quibe, o sabor desse corte de carne harmoniza muito com a receita! São tantas opções no preparo do Patinho Mult Beef que essa praticidade não pode faltar no dia a dia das suas refeições! Mult Beef Comercial Ltda. José Geraldo Zana - Diretor Avenida Dom Luiz do Amaral Mousinho, 500 Jardim Sabino – Brodowski – SP CEP: 14340-000 (16) 3664-7000 contato@multbeef.com.br Tamires Vaz, fã que subiu ao palco durante show de Bon Jovi no Rock in Rio — Foto: Acervo Pessoal Ainda rouca (“ontem estava bem pior”) de tanto gritar no show de Bon Jovi, a pedagoga Tamires Vaz, de 27 anos, contou ao G1 mais detalhes sobre seu encontro com o vocalista no palco do Rock in Rio, na noite de domingo (29). Tamires foi uma das meninas que subiram ao palco durante a apresentação da banda no festival. Foi dela o momento esperado por muitas fãs de Jon Bon Jovi: o já tradicional selinho que o artista costuma dar após cantar ou dançar com elas. Tamires chegou às 10h ao portão do Parque Olímpico. Estranhou ao ver as pessoas em uma fila única - normalmente, são várias fileiras para a entrada -, mas aguardou sua vez. ""Como choveu, a galera não chegou cedo. Quando começaram a andar, acabei ficando em primeiro na minha fila - a de pessoas com mochilas."" ""E quando liberou, corri muito. Cheguei na grade passando mal. O que me ajuda é que jogo futebol, mas logo que cheguei, sentei”. Ela conta que levantou para curtir o show de Ivete Sangalo e de Jessie J, mas confessa que foi ao Rock in Rio motivada apenas pelo Bon Jovi. Jon Bon Jovi recebe fã no palco, no Rock in Rio Na hora de escolher o lugar na grade, analisou o percurso de Jon Bon Jovi no palco em 2017, ano em que acompanhou pela primeira vez a apresentação do ídolo no Rock in Rio. Focou no lado direito do palco e a tática deu certo. Mesmo que, por alguns segundos, Tamires tenha achado que deu errado. ""Quando vi o segurança vindo com a outra moça, pensei: 'ai, não vai ser a gente'. Mas a menina foi muito rápido, saiu correndo. E ele ficou de braços abertos. Aí comecei a gritar, pular, falar 'me chama, que danço com você'"". ""Aí ele olhou pra mim e o segurança me chamou. Quando me puxaram, não acreditei"". “Acho que ele ficou com tanta dó, que tentou falar em português, em espanhol, e falou ‘Te quiero hoje’. E falei ""Te quiero também'"". “Foi a única coisa que falamos. Só conseguia ficar olhando pra ele. Lindo, cheiroso, maravilhoso.” Após a dança no palco, Tamires não foi para os bastidores. “Queria encontrar ele depois, mas não sabia como falar.” Bon Jovi beija fã no palco do Rock in Rio — Foto: Reprodução/TV Globo Tamires quase deixou de comprar ingresso para o Rock in Rio. Quando abriu a primeira fase de vendas para o festival, ainda namorava e achava que o ex não a deixaria ir. As amigas também duvidaram que ela iria quando contou que compraria o ingresso. Em junho, o namoro de oito meses teve fim. “Acabou por outros motivos”, explicou quando questionada se o rompimento havia acontecido pela compra do ingresso. Tamires foi ao festival solteira e sozinha. Comprou o pacote para uma excursão e seguiu, de ônibus, de Rio Claro, no interior de São Paulo, onde mora há três anos, para o Rio de Janeiro. “Estou nem aí se vou com amiga ou não. Vou lá para ver o Bon Jovi"", disse a pernambucana. Fãs de Jon Bon Jovi falam sobre encontro com cantor no palco do Rock in Rio Depois de revelar que não havia entendido nada do que Jon Bon Jovi disse no palco, Tamires já recebeu duas propostas de bolsa de estudos de escolas de inglês. “Quero estudar. Parei por motivos financeiros, mas agora vou aproveitar a oportunidade, já que ofereceram o curso.” Tamires Vaz, fã que subiu ao palco durante show de Bon Jovi no Rock in Rio — Foto: Acervo Pessoal Tamires Vaz, fã que subiu ao palco durante show de Bon Jovi no Rock in Rio — Foto: Acervo Pessoal VENDA DE INGRESSOS ESPAÇO FAVELA ÁREA DO EVENTO PROGRAMAÇÃO COMPLETA COBERTURA AO VIVO INTERDIÇÕES COMO CHEGAR PREVISÃO TEMPO PREÇOS DE COMIDA E BEBIDA Sean Connery e Harrison Ford em cena de 'Indiana Jones e a Última Cruzada' — Foto: Divulgação Harrison Ford fez nesta segunda-feira (2) sua homenagem a Sean Connery, que morreu no sábado (31) aos 90 anos. O escocês interpretou o pai do americano em ""Indiana Jones e a Última Cruzada"" (1989). ""Ele foi meu pai. Não na vida, mas em 'Indy 3'"", disse Ford em comunicado à revista ""Variety"". ""Você não sabe o que é prazer até que alguém te pague para levar Sean Connery para um passeio no carro lateral de uma moto russa por uma trilha acidentada e sinuosa em uma montanha e poder assistir a ele se contorcer. Deus, a como nos divertimos — se ele está no céu, torço para que tenham campos de golfe. Descanse em paz, meu amigo."" Connery, que ficou conhecido por ser o primeiro intérprete de James Bond nos cinemas, teve uma carreira marcada também por outros papéis de sucesso. Entre eles, o professor Henry Jones, pai do arqueólogo vivido por Ford. Em 2007, o escocês se recusou a sair de sua aposentadoria e repetir o personagem em ""Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal"" (2008). Travessia Salvador-Mar Grande será encerrada mais cedo neste sábado — Foto: Rafael Teles/G1 A travessia marítima entre Salvador e Mar Grande vai ser encerrada mais cedo neste sábado (17) e o último horário das viagens será às 18h. A informação é da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), que administra o transporte. A Astramab não detalhou o motivo do encerramento antecipado. A travessia de lanchas entre Salvador e a Ilha havia sido suspensa na tarde de sexta-feira (16) por causa do mau tempo, mas foi retomada na manhã deste sábado. Entretanto, as últimas viagens, 18h30 partindo de Mar Grande e 19h de Salvador, não acontecerão. A Astramab informa ainda que a previsão é que a travessia volte a operar normalmente neste domingo (18), a partir das 5h. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Número de policiais mortos cresce em 2020 no Brasil; o de pessoas mortas pela polícia tem ligeira queda Em 2020, aumentou, no Brasil, o número de policiais assassinados. Os dados são do Monitor da Violência do G1, em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O policial sabe que está com a vida constantemente em risco. “Se o bandido descobre que você é polícia, ele te mata. E mesmo quando ele não sabe que você é policial e achar sua arma, ele também te mata”, diz um policial. No ano passado, em média, um policial foi assassinado a cada 44 horas. No total, foram 198 mortes, número 10% maior do que em 2019. Esse crescimento nos óbitos foi registrado depois de três anos seguidos de queda. O Piauí é o estado com a maior taxa de policiais mortos. Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Pernambuco e Rondônia vêm logo atrás. O governo de Goiás alegou sigilo e se recusou a passar os dados. Acre, Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul não registraram mortes violentas de policiais. O PM Felipe, que trabalha na capital paulista, perdeu um primo, que também era policial: ""Ele levantou as mãos, se rendeu, pediu pelo amor de Deus. Acharam a arma dele. No momento que falaram é polícia, o de trás deu um tiro na nuca dele”. Se de um lado há a polícia vítima, do outro existe a que mata. No ano passado, pelo menos 5.660 pessoas perderam a vida no Brasil em ações policiais, média de 15 mortes por dia, uma ligeira queda em relação a 2019. O Rio de Janeiro teve 575 mortes a menos de um ano para o outro, puxando esse índice para baixo no país. Uma das razões foi a suspensão das operações em comunidades durante a pandemia por decisão do Supremo Tribunal Federal. Apenas casos excepcionais podem ser autorizados. Dezesseis estados e o Distrito Federal registraram crescimento nesse tipo de crime, mesmo com o coronavírus que reduziu a circulação de pessoas nas ruas. O Amapá foi o estado com a maior taxa de letalidade policial em 2020, e o Distrito Federal apresentou a menor. Operações policiais desastrosas viram alvo de investigações. Rebecca tinha sete anos. A prima dela, Emily Victoria, quatro. Em dezembro, as duas foram mortas na porta de casa, enquanto brincavam, na Baixada Fluminense. Testemunhas dizem que o tiro partiu da arma de um policial militar. No mês passado, houve a reprodução simulada dos assassinatos. O laudo ainda não foi divulgado. “Eles foram preparados para nos proteger. E daí eu vejo que não há preparo nenhum. Eu não consigo ter uma noite de sono. Eu escuto os tiros e, no momento em que eu escuto os tiros, eu vejo o corpo das duas estirados no chão. A minha palavra é revolta”, desabafa Lídia da Silva, avó de Rebecca e tia de Emily. Operação Immobilis: MP-BA denuncia seis investigados e requer prisão preventiva de dois envolvidos — Foto: Alan Oliveira/G1 Seis pessoas investigadas em uma operação de combate a fraudes em transações imobiliárias na Bahia foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), na quinta-feira (22). A informação é do órgão estadual. O MP-BA ainda requereu a prisão preventiva do casal Adailton Maturino dos Santos e Geciane Souza Maturino dos Santos, que segundo o órgão, eram articuladores de processos fraudulentos e têm envolvimento na organização criminosa. Adailton e Geciane também são investigados em outra operação, a Faroeste, de 2019, que apura venda de sentenças judiciais na Bahia. A operação de combate a fraudes em transações imobiliárias, intitulada Immobilis, foi deflagrada em 2016. De acordo com o MP-BA, a organização criminosa simulava a presença de pessoas em ações das quais eram emitidas ordens judiciais cancelando a hipoteca de imóveis, o que permitia a transferência destes para alguém do grupo criminoso ou a comercialização para terceiros de boa-fé. A ordem judicial era emitida pelo ex-magistrado do Tribunal de Justiça do Piauí, Cícero Rodrigues Ferreira. Entretanto, o MP-BA identificou fraudes na Bahia. Conforme apontam os promotores de Justiça do Gaeco, Adailton Maturino e Geciane Souza pertencem ao ""núcleo delitivo central, permitindo, com sua atuação, a ocorrência dos graves crimes por meio da captação de magistrados corruptos, que, de maneira reiterada, e por longos anos, lograram êxito em gerar insegurança oriunda de práticas criminosas contra o sistema notarial de registro de imóveis do Brasil"", Além do casal, foram denunciados pelo MP, o ex-magistrado Cícero Rodrigues Ferreira Silva, a advogada Emanuella Moraes Lopes, o colaborador Frede Brito De Andrade e o beneficiário Neivson Fernandes Barreto. No documento, o MP-BA requereu também a decretação da indisponibilidade de ativos, no valor de R$ 2,2 milhões, em relação ao patrimônio dos denunciados, com exceção do colaborador Frede Brito De Andrade, para reparação dos danos causados às vítimas e instituições financeiras lesadas. Segundo os promotores do Gaeco, os investigados atuavam, em parceria com o ex-magistrado, na simulação da presença de pessoas em ações judiciais, das quais eram emitidas ordens judiciais com o cancelamento da hipoteca de imóveis, o que permitia a transferência destes para alguém do grupo criminoso. Esta ação gerava um novo documento no cartório de registro de imóveis, sem nenhuma hipoteca, o que permitia a comercialização dos mesmos para terceiros, em sua maioria de boa-fé. O MP-BA ainda informou que após as fraudes imobiliárias ocorridas no estado do Piauí, por meio das decisões decretadas pelos magistrados integrantes do esquema criminoso, foi decretada a aposentadoria compulsória do juiz Cícero Rodrigues Ferreira Silva. Confira mais notícias do estado em G1 Bahia. Reveja região da França que guarda marcas de 150 milhões de anos atrás nesta sexta (28) O Jurassic Park da vida real: sim, ele existe e fica no interior da França. Mais de 1.500 pegadas de dinossauros ainda estão lá, impressionantes marcas de 150 milhões de anos atrás em uma região onde tudo é surpreendente e rústico. Paisagens extraordinárias, lagos deslumbrantes e montanhas que contam, em suas camadas, a história geológica do planeta fazem parte da viagem. Na região, também vamos conhecer um santuário para proteger a vida selvagem: águias, linces, falcões; a beleza de uma viagem de barco pelos canais que unem a França de norte a sul; um vinho amarelo que dura mais de 100 anos - o mais forte e resistente, raro e quase desconhecido no Brasil; e os queijos gigantes: 400 litros de leite para fabricar apenas um. Reveja nesta sexta-feira (28), no Globo Repórter. Menino de 12 anos confessa ter matado Raíssa Raíssa e o menino de 12 anos que confessou tê-la matado eram muito próximos, de acordo com vizinhos no bairro do Morro Doce, na Zona Norte de São Paulo. Os dois moravam na mesma rua, a menos de cem metros de distância. A menina Raíssa Eloá Caparelli Dadona, de 9 anos, foi encontrada morta na tarde de domingo (29) no Parque Anhanguera, na região de Perus, Zona Norte de São Paulo, após desaparecer em uma festa em um Centro Educacional Unificado (CEU) municipal na região. A confissão do assassinato ocorreu durante a madrugada desta terça (1º) na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro de São Paulo. De acordo com a polícia, o menino se recusou a dizer a motivação do crime. Vizinhos que não quiseram ter os nomes divulgados contam que Raíssa e o adolescente de 12 anos brincavam muito na rua de casa e também no Centro Educacional Unificado (CEU) Anhanguera, de onde Raíssa desapareceu. Amigos da família contam que os dois estavam tão apegados que a mãe de Raíssa levou o menino, junto com filha, a um culto em uma igreja evangélica no Jardim Britânia, no mês passado. Raíssa era muito tímida. Os médicos avaliavam se ela tinha autismo. Segundo a família, dificilmente ela deixaria a companhia da mãe. Só o apego ao amigo explicaria ela ter deixado o CEU Anhanguera para ir até o parque, a pouco mais de 2 km de distância. Nova foto mostra Raíssa com adolescente de 12 anos na fila do pula pula no CEU Anhanguera — Foto: Reprodução/TV Globo Uma câmera de segurança gravou Raíssa de mãos dadas com o menino, por volta de 12h30 do domingo (29), já perto do parque Anhanguera. Eles pegaram um ônibus até ali. Uma hora e meia depois, o menino procurou a segurança do parque para dizer que tinha encontrado um corpo. Raíssa estava amarrada em uma árvore. O corpo foi enterrado à tarde no Cemitério Municipal de Perus sob forte emoção. Vídeo mostra menina Raíssa andando com adolescente antes de ser morta O menino prestou depoimento à polícia três vezes. A última terminou no início da madrugada desta terça-feira (1º). A Justiça autorizou a apreensão dele por pelo menos 45 dias. O menino não voltou para casa. Saiu do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) já com os policiais. Os pais pegaram outro carro. Ele será ouvido por promotores do Departamento de Infância e Juventude do Ministério Público (MP). E, posteriormente, deve ser encaminhado a uma das unidades da Fundação Casa, entidade que visa recuperar menores infratores. Desenho feito por alunos do Núcleo de Apoio à Pessoa com Deficiência em homenagem a Raíssa Dadona — Foto: Reprodução/TV Globo Na manhã desta terça-feira (1º) os alunos do Núcleo de Apoio à Inclusão Social para Pessoas com Deficiência (NAISPD) onde Raíssa Eloá Caparelli Dadona era atendida há cerca de um ano fizeram uma homenagem à menina de 9 anos. Eles desenharam a colega e lembranças com a amiga. Desenho feito por alunos do Núcleo de Apoio à Pessoa com Deficiência em homenagem a Raíssa Dadona — Foto: Reprodução/TV Globo Menina é encontrada morta Adolescente confessa crime Raíssa e adolescentes se conheciam Adolescente usou galho para matar Mãe de Raíssa: 'Ela confiava nele' Mãe de Raíssa: ''Não sai de perto que mamãe não gosta' Hortolândia exibe comédia ""De onde eu te vejo"" nesta sexta-feira (10) — Foto: Reprodução/Trailer Oficial Hortolândia (SP) recebe nesta sexta-feira (10) a exibição da comédia “De onde eu te vejo”. A sessão tem entrada gratuita e será realizada às 14h, na Escola de Artes “Augusto Boal”. O filme tem classificação indicativa de 12 anos. O longa-metragem acompanha um casal, interpretado por Domingos Montagner e Denise Fraga, que decide se separar após 20 anos de casamento. Com o fim do matrimônio, o protagonista se muda para o outro lado da rua onde fica o apartamento que costumava dividir com a esposa e a filha. O elenco do filme dirigido por Luiz Villaça ainda conta com Marisa Orth, Juca de Oliveira, Laura Cardoso e Fúlvio Stefanini. Exibição de comédia “De onde eu te vejo”, em Hortolândia Veja mais notícias da região no G1 Campinas Filme 'De onde eu te vejo' será exibido no Museu Paulo Setúbal em Tatuí — Foto: Divulgação/Prefeitura de Tatuí O filme ""De onde eu te vejo"" está sendo exibido no cinema do Museu Histórico Paulo Setúbal, em Tatuí (SP). A exibição é realizada de terça-feira a domingo, das 9h30 às 14h30. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é para maiores de 12 anos. Mais informações podem ser obtidas com o setor de agendamento no telefone (15) 3251-4969, de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 16h, ou pelo e-mail museupaulosetubal@tatui.sp.gov.br. O filme mistura comédia e romance e tem no elenco Denise Fraga, Domingos Montagner, Laura Cardoso e Marisa Orth. O longa narra a saga de Ana Lúcia (Denise Fraga) e Fábio (Domingos Montagner), que decidem se separar após 20 anos de casamento. Fábio se muda para um apartamento do outro lado da rua e eles terão que aprender a viver com essa nova realidade da separação, envolvendo a crise no trabalho e a mudança de cidade da filha, e perceberão que, com todas essas mudanças, é possível reinventar uma nova forma de amar. Veja mais notícias no G1 Itapetininga e Região Chuva forte alaga bairros de Salvador nesta sexta-feira; confira Salvador registra pontos de alagamento e deslizamento de terras nesta sexta-feira (23). O dia amanheceu com tempo chuvoso na capital baiana e a previsão é de muitas nuvens com pancadas de chuva e trovoadas isoladas durante todo o dia. Até às 11h, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) havia registrado 54 ocorrências. Seis delas foram de deslizamento de terra, 11 ameaças de desabamento, oito alagamentos de imóvel e oito avaliações de imóvel alagado. Também foram verificados três desabamentos parciais, dois alagamentos de área, duas árvores ameaçando cair, uma ameaça de desabamento de muro e uma árvore caída. Chuva intensa atinge bairro da Pituba nesta sexta-feira No bairro da Pituba, a chuva foi tão forte que um carro ficou preso na Rua Ceará. Os donos precisaram descer e empurrar o veículo, já que a água estava na altura das rodas. Na Avenida Paulo VI, a pista ficou alagada por causa do volume de chuva. Nesta manhã, o bairro foi o que mais teve chuvas na capital: cerca de 29 mm em uma hora. Carros chegaram a ficar submersos, na Pituba. Carro é 'engolido' pela água da chuva na Pituba - 23/04 — Foto: Arquivo pessoal Chuva forte atinge região do bairro da Pituba nesta sexta-feira, em Salvador Na Avenida Antônio Carlos Magalhães, o tráfego também esteve lento por causa da chuva. O bairro da Calçada, na Cidade Baixa, tem pontos de alagamento na região dos Mares, Baixa do Fiscal e no Largo da Calçada. O trânsito é intenso na região. Avenida ACM, Caminho das Árvores - 23/04 — Foto: Arquivo pessoal No bairro do Stiep, motoristas tiveram dificuldade para trafegar com a pista tomada por água e lama. Moradores registraram muita chuva também na região do Vale dos Rios. Chuva no Stiep, em Salvador — Foto: Arquivo pessoal No Nordeste de Amaralina, o volume da chuva fez com que a água entrasse em algumas casas. Mesma situação do Rio Vermelho, onde estabelecimentos também foram invadidos pela lama da chuva. Chuva forte atinge região do bairro de Amaralina nesta sexta-feira, em Salvador Ainda no Rio Vermelho, motoristas tiveram dificuldades para trafegar pela Rua Marquês de Monte Santo, por causa da água na pista. No Vale das Pedrinhas, moradores também gravaram a água da chuva invadindo casas e estabelecimentos. Rua Maquês de Monte Santo, no Rio Vermelho - 23/04 — Foto: Arquivo pessoal Na Avenida Luís Viana Filho, conhecida como Avenida Paralela, a chuva também tomou a pista nos dois sentidos. Na região de Piatã e Itapuã, a chuva também tomou calçadas e entrou em algumas casas. A Avenida Dorival Caymmi ficou inundada. Nordeste de Amaralina - 23/04 — Foto: Nordesteusou Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Anitta e Kevinho posam juntos no casamento de Carlinhos Maia nesta terça (21), em Piranhas (AL) — Foto: Reprodução/Instagram/Anitta Ausente no Rock in Rio após problemas de saúde, Kevinho se declarou para Anitta em suas redes sociais. O cantor se apresentaria no evento no mesmo dia que a cantora, mas precisou cancelar sua participação no Palco Sunset após diagnóstico de intoxicação alimentar. Kevinho acompanhou o show de Anitta pela TV e fez um post dedicado à amiga. “Você sabe que tenho muito orgulho de você! Te amo meu amor, o mundo é seu! Voa!”, escreveu o cantor. Pouco depois, Anitta respondeu ao post do cantor: ""Amo você"". Cantor Augusto César morre aos 61 anos de insuficiência renal agravada pela Covid Fãs, artistas e admiradores de Augusto César prestaram homenagens, nesta quarta (21), ao se despedir do cantor. Ele morreu com insuficiência renal, agravada pela Covid-19, na noite da terça (20) (veja vídeo acima). O prefeito Yves Ribeiro (MDB) decretou luto de três dias em Paulista, cidade do Grande Recife em que o artista nasceu. O sepultamento de Augusto César foi marcado para a tarde desta quarta, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. Devido à pandemia, a direção pediu que os fãs não compareçam à cerimônia. O cantor Adilson Ramos, com quem Augusto compartilhou os palcos por várias vezes, disse não ter palavras para expressar o quão triste ficou pela notícia da morte de Augusto César. Adilson Ramos lamentou a morte de Augusto César — Foto: Reprodução/WhatsApp Eliel Barbosa, vocalista da Banda Labaredas, também era bastante ligado à carreira e à vida de Augusto César. “Fui buscar ele em Paulista, para fazer um show num local chamado 21 de Abril, em Peixinhos [Olinda], e depois ele estourou com ‘Escalada’, ‘Como Posso te Esquecer’ e tantas outras. Aí, Deus, agora, o levou. Eu quero aqui dizer que estou muito emocionado, mas vai com Deus, Augusto. Muita força para sua família”, afirmou Eliel Barbosa. A cantora Michelle Melo publicou, nas redes sociais, uma foto do cantor, com uma mensagem. ""Inacreditável. Eu nem tenho palavras para descrever. Mais uma pessoa incrível que perdemos pra esse vírus maldito! Vai com Deus, amigo. Sua música, sua alegria, estarão para sempre em nosso coração. LUTO"", escreveu. Da mesma forma, Eduarda Alves, com quem Augusto César também costumava cantar, publicou uma foto junto com o artista. ""Vai com Deus, amigo. Cantor admirável e respeitado por todos nós pernambucanos e brasileiros. Tínhamos planos de gravarmos juntos e esse maldito vírus interrompeu. Deus sabe de tudo. Suas canções sempre serão lembradas junto a sua personalidade, humildade, simpatia e respeito"", disse a artista. O comerciante José Firmino Nery, que trabalha no Mercado de São José, no Centro do Recife, conheceu de perto o artista. Ele era frequentador assíduo do local, onde fazia apresentações improvisadas para vender CDs. ""Quando ele estava por aqui, animava o mercado todo. O mercado todo ficava alegre e todo mundo gostava das músicas dele. Ele vendia os CDs, vendia muito. A gente sente muita falta, ainda mais agora. Era um bom cantor, um bom amigo e um bom freguês"", declarou. A aposentada Cida Batista utilizou um verso de uma das canções mais famosas de Augusto César para lamentar a perda. Pastor deixa recado inusitado após furto — Foto: Joel Feitosa/Arquivo Pessoal O pastor João Domingos, morador da região sul de Palmas, resolveu deixar um recado inusitado após ter mandiocas furtadas. Ele escreveu em uma placa a seguinte frase: ""Senhor ladrão, a mandioca ainda está fina e aguada, obrigado. Jesus te ama, mesmo sendo ladrão"". As raízes ainda estavam em desenvolvimento e foram plantadas no terreno de uma igreja. A placa chamou a atenção de moradores do setor Jardim Bela Vista. O agente de saúde Joel Feitoza achou curioso e fez o registro. O pastor contou que usa o terreno para o plantio. As verduras e raízes colhidas são destinadas a membros da igreja que precisam. Ele contou que os furtos aconteceram por diversas vezes. A Polícia Militar informou que realiza diuturnamente policiamento no local, que não possui registro desta natureza e orienta a população para, em casos de furtos ou roubos, acionar a PM para quantificação de ocorrências e redirecionamento de policiamento. Disse ainda que eventuais furtos de alimentos em plantações abertas, sem os cuidados preventivos necessários, pode ser alvo de ações de pessoas diversas, não necessariamente criminosos convictos, mas factuais, baseando-se no princípio da oportunidade. Veja mais notícias da região no G1 Tocantins. Quatro unidades do SAC em Salvador ampliam horários de atendimento a partir de quinta-feira. — Foto: Carol Garcia/GOVBA A partir de quinta-feira (22), postos da rede de Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), localizados nos shoppings Barra, Bela Vista, Shopping da Bahia e Salvador Shopping passam a atender de terça à sábado, das 10h às 19h. Os novos horários amplia em uma hora o horário de atendimento nessas unidades e também passa a realizar atendimentos aos sábados. Os postos do SAC voltaram a funcionar no começo do mês de abril, em cumprimento a decretos municipal e estadual. O atendimento na Rede SAC é exclusivamente por agendamento através do SAC Digital. Para agendar o atendimento, é necessário baixar o aplicativo ou acessar o endereço na internet. Para outras informações, a Secretaria da Administração (Saeb) ainda disponibiliza o site institucional do SAC e o call center: (71) 4020-5353 (ligação de celular) ou 0800 071 5353 (ligação de telefone fixo). A Rede SAC reforça ainda as medidas de segurança adotadas contra a Covid-19: disponibilização de dispensers com álcool a 70%; reforço na higienização das dependências, bem como dos móveis; reorganização do espaço de espera para promover o distanciamento, e controle da quantidade de agendamentos, reduzindo o número de pessoas no ambiente. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Todos nós sabemos uma das principais razões pelas quais engordamos: comer mais calorias do que as que queimamos ao longo do dia. Mas isso não esclarece por completo uma questão mais interessante: afinal, por que comemos demais em alguns momentos? Por que eu às vezes insisto em comer aquele pedaço a mais de bolo ou de chocolate, apesar de saber que vou me arrepender minutos depois? Seria apenas gula ou há algo a mais em jogo? Apesar de o autocontrole ser importante nessas horas, há fortes evidências de que o estresse tem seu papel em eventuais ganhos de peso. O estresse crônico interrompe o sono e interfere no nível de açúcar no sangue. Isso aumenta a sensação de fome e a de conforto ao comer. Essa combinação pode levar, posteriormente, a mais interrupções no sono e a níveis ainda mais altos de estresse e de concentração de açúcar no sangue. Com o tempo, esse quadro pode resultar não só em níveis pouco saudáveis de gordura no corpo, como também no desenvolvimento de diabetes tipo 2. Para colocar isso à prova, Giles Yeo, membro da equipe do programa da BBC Trust me, I'm a doctor (""Confie em mim, sou médico"", em tradução livre), decidiu se submeter a um dia especialmente estressante sob a supervisão de cientistas da Universidade de Leeds. Eles começaram pedindo a Giles que fizesse o chamado ""Teste de Estresse Maastricht"". Os cientistas o colocaram em frente a um computador e o pediram para subtrair 17 de 2.043 rapidamente. Ele errou algumas vezes - algo que, para alguém como Giles, é muito estressante. Depois, pediram que ele colocasse a mão em uma banheira de água bem gelada e a mantivesse ali durante algum tempo. Antes e depois dos testes, a equipe mediu os níveis de açúcar no sangue de Giles. Os níveis de açúcar no nosso sangue naturalmente aumentam quando comemos e, em uma pessoa saudável, como Giles, eles voltam ao normal em pouco tempo. Mas o que a equipe da Universidade de Leeds descobriu é que no dia em que Giles estava sendo submetido ao teste de estresse, seus índices levaram três horas para voltar ao normal - cerca de seis vezes mais do que costumava acontecer em um dia tranquilo. O motivo é que, quando você está estressado, seu corpo entra no modo ""lutar ou fugir"" - o organismo funciona como se estivesse sob ataque e libera glicose para o sangue, para fornecer energia aos músculos. Mas se você não precisa de fato dessa energia para fugir do perigo, seu pâncreas vai liberar insulina para fazer com que o nível de açúcar no sangue volte ao normal. O aumento da insulina - ao mesmo tempo em que o nível de açúcar no sangue cai - farão com que você fique com fome. É por isso que você mergulha nos carboidratos quando está estressado. E a mesma coisa acontece quando você dorme mal. Um estudo recente feito por pesquisadoes da King's College, em Londres, descobriu que pessoas que dormem mal consomem, em média, 385 calorias a mais por dia em comparação com pessoas que dormem bem - seria o equivalente à quantidade de calorias de um muffin enorme. Crianças que não dormem bem também tendem a atacar comidas - especialmente as guloseimas mais gordurosas. Em outro estudo recente, pesquisadores estudaram um grupo pequeno de crianças de três ou quatro anos de idade que costumavam tirar uma soneca à tarde. As crianças não puderam dormir durante o dia e também tiveram que ficar acordadas cerca de duas horas a mais do que estavam acostumadas à noite. No dia seguinte, elas comeram pelo menos 20% calorias a mais do que o normal - principalmente alimentos ricos em açúcar e carboidratos. Depois disso, os cientistas permitiram que as crianças dormissem o tempo que quisessem. No dia seguinte, elas ainda comeram 14% calorias a mais do que o normal. Então como seria possível reduzir o estresse diário? Uma técnica de respiração recomendada pelo sistema de saúde pública britânico (NHS) pode ser bastante eficiente. Mas, para obter benefícios maiores, é importante incorporá-la a sua rotina. Você pode praticá-la de pé, sentado ou deitado, da maneira que for mais relaxante. - Comece inspirando bem profundamente pelo nariz (mas sem forçar) e contando até cinco; - Depois, expire aos poucos, pela boca, contando até cinco; - Continue inspirando pelo nariz e expirando pela boca, de forma constante; - Faça isso por cinco minutos. Uma das principais recomendações para reduzir o estresse é tentar dormir bem todas as noites - um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que pessoas a partir dos 18 anos devem dormir pelo menos 6 horas por dia (o ideal seria de 7h a 9h de sono). Exercício físico, técnicas de ""mindfulness"" e ioga também ajudam a diminuir o estresse. Mas os benefícios delas só ocorrem se você realmente gostar dessas atividades. G1 Ouviu - MC Doni - 'Te amo sem compromisso' “Te amo sem compromisso”, do MC Doni, pode seguir caminho semelhante ao de ""Shallow"", música de Lady Gaga em ""Nasce uma estrela"": de hit ficcional a sucesso real. Ouça trecho e veja comentário do G1 Ouviu acima. A música está na série ""Sintonia”, do diretor Kondzilla para a Netflix. Não é só trilha, mas parte da história. É o hit do personagem Doni, um dos protagonistas da história, que sonha em ser estrela do funk. A letra tem um estilo pegador, mas bonzinho, que tem a ver com o estilo do Kevinho. É um funk pop acessível. O Doni pode ser considerado um Kevinho de laboratório Mas o intérprete é o MC Jottapê, ator da série. Ele fez o “Menino da Porteira” quando criança e virou funkeiro. O Jottapê está estourado com a música “Sentou e gostou”, versão de Old Town Road. Mas quem escreveu “Te amo sem compromisso” foi o Ezequias Rocha Gomes, o MC EZ. Ele é conhecido nos bastidores do funk por paródias de vários hits e também por composições originais. O MC EZ é o autor de “Olha a explosão”, o maior hit do Kevinho, por exemplo. Ele já tem 119 composições cadastradas no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). A produção e coautoria é do duo Tropkillaz, parceiros em hits de Anitta, Karol Conka e outras. Eles fizeram toda a trilha original da série. ""A gente fez varias sessões juntos pra criar as musicas com a cara dos personagens, ainda antes de começarem as filmagens, porque elas foram usadas em cena"", contou ao G1 o produtor Zegon, do Tropkillaz. Recapitulando esse ""Inception"" do funk ""Te amo sem compromisso"": É complicado, mas o resultado é um funk chiclete que pode pegar além de ""Sintonia"". Ouça abaixo o programa G1 Ouviu completo desta semana, que também teve Marília Mendonça, Taylor Swift, Barão Vermelho e Normani: De 'Menino da porteira' (esquerda) a 'Old time road', JottaPê fez sucesso encarnando jovens caubóis. Agora, tenta a sorte no ambiente urbano em 'Sintonia', nova série de Kondzilla na Netflix — Foto: Divulgação Hoje é dia de Equilíbrio: Entenda como os prédios balançam, mas não caem O Alexandre Henderson mostrar como o equilíbrio é importante no nosso dia a dia. Ele conversa com um professor de Física para saber como as construções ficam equilibradas. Para melhorar o equilíbrio do corpo humano, ele vai pegar dicas de alimentação e exercícios com um médico otorrinolaringologista. Além disso, ele vai ver como a filosofia japonesa do Ikigai pode trazer paz e equilíbrio para a vida das pessoas. Recurso permite desabilitar notificações para focar no trabalho ou nos estudos. — Foto: Reprodução/Google Você é uma das pessoas que rapidamente fica presa no YouTube assistindo a um vídeo atrás de outro no seu telefone? Ou você sente que rapidamente se distrai com o que está fazendo para ver o Facebook em seu smartphone? Nesse caso, o novo sistema operacional do Google, o Android 10 (anteriormente chamado Android Q), terá uma ferramenta que pode ajudá-lo. Pode cair bem caso você precise se concentrar em uma tarefa ou simplesmente deseje controlar seu vício em determinados aplicativos. Chama-se Focus Mode (ou, em uma tradução livre, ""modo sem distrações"") e sua função é, como sugere o nome, desativar os aplicativos que mais o distraem. Basicamente, o que o Focus Mode faz é aplicar um timer que impede o acesso a determinados aplicativos temporariamente, o que ajuda você a manter o foco em outros assuntos. Quando o Focus Mode está ativado, os aplicativos não podem ser usados e, portanto, suas notificações não chegam. Se um aplicativo estiver desativado, o ícone aparecerá em cinza, com a ideia de tornar a tela menos atraente; isto é, menos suscetível à distração. Você pode escolher quais aplicativos deseja desativar temporariamente e também quando quer ativá-los novamente. O ""modo sem distrações"" estará disponível no aplicativo Digital Wellbeing (bem-estar digital) do Google, que fornece informações sobre quanto tempo você usa seu dispositivo e quanto tempo dedica a cada um dos aplicativos que instalou. Se você ainda não possui o Android 10, pode instalar uma versão beta do aplicativo. Quando um de seus aplicativos é desativado, quando você tenta abri-lo, uma caixa será exibida, informando que o ""Focus Mode"" está ativado. Agora, se você é um usuário do Android, não terá mais uma desculpa para deixar de se distrair com os aplicativos do seu telefone. Bahia entra em estabilidade na média móvel de casos de Covid-19; veja balanço da pandemia Um recém-nascido com menos de um mês morreu em decorrência da Covid-19 em Salvador. De acordo com a mãe, Camila Carvalho, o filho, chamado Eduardo, ficou apenas quatro dias em casa após nascer. No quinto dia ele apresentou febre de 38,5. Segundo Camila, ela e o companheiro Iverton, levaram o filho ao hospital em que ele nasceu, por causa do estado febril que apresentou. ""Dessa febre, ele ficou internado e foi aí que tudo começou: suspeita de Covid"". Ainda de acordo com a mãe, após o internamento o recém-nascido começou a ter dificuldade para respirar e precisou ser intubado. ""Teve que intubar ele com cinco dias de internado. Ele veio a óbito com 22 dias de nascido devido a complicações da Covid"", comentou. O filho de Camila e Iverton foi uma das vítimas da Covid-19 no mês de março, quando foi registrado o maior número de óbitos desde o início da pandemia na Bahia. Recém-nascido com menos de um mês morreu em decorrência da Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Bahia Ao todo, 3.511 pessoas perderam a vida em março por causa da doença, com uma média de 113 mortos por dia. Já no mês de abril, já foram registradas 2.244 mortes, com uma média de 106 por dia. Para a médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fernanda Grassi, os números, apesar de apresentarem leve queda, ainda são preocupantes. ""De uma maneira geral, o que a gente observa, é um grande número de casos novos, ainda, e um grande número de mortos a cada dia. Então é uma situação preocupante que pede muito cuidado e observação"", disse a médica. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Ressaca intensa pode provar ondas de mais de 2m nos próximos dias — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal A passagem de uma nova frente fria pela Baixada Santista, no litoral de São Paulo, promete derrubar as temperaturas e trazer muita chuva para a região a partir desta quinta-feira (20). Há ainda previsão de ressaca intensa, com ondas que podem ultrapassar os dois metros de altura. Segundo informações do Instituto Climatempo, a frente fria deve chegar na madrugada desta quinta, favorecendo o aumento de nebulosidade e deixando o tempo instável nos próximos dias. As temperaturas permanecem amenas nesta quarta-feira (19), chegando aos 27ºC, mas há previsão de pancadas de chuva durante a tarde e à noite. As temperaturas começam a cair na quinta-feira, com mínima de 17ºC e máxima de 22ºC. Há chance de chuva a qualquer hora do dia e o acumulado deve ficar em torno de 60 milímetros. As temperaturas caem na sexta (21) e no sábado (22), quando os termômetros devem marcar entre 14ºC e 18ºC, e 11ºC e 16ºC, respectivamente. A sexta-feira será o dia mais chuvoso, com previsão de acumulado de 85 milímetros. Já no sábado chove um pouco menos, com acumulado de 60 milímetros. De acordo com o Climatempo, a população da Baixada Santista deve ficar em estado de atenção, pois três dias consecutivos com chuvas acima dos 50 milímetros podem resultar em deslizamentos de terra e transbordo de rios. De acordo com o Plano Municipal de Contingência para Ressacas e Inundações de Santos, o estado é de Alerta devido à previsão de maré alta. Se as previsões se mantiverem, há possibilidade de alagamentos, que podem ser agravados pelas chuvas intensas. Também há risco de impactos nas estruturas urbanas costeiras. Ventos de até 80 km/h podem atingir a região a partir da tarde desta sexta-feira (11). — Foto: Silvio Luiz/Jornal A Tribuna de Santos Há ainda previsão de ventos fortes, entre 60 e 80 Km/h e de ressaca intensa em Santos. Segundo o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta, o mar começa a ficar agitado na noite de quinta, com ondas quem podem ultrapassar dois metros de altura. Durante a sexta e o sábado, a previsão também indica ondas superiores a dois metros. Com relação ao nível do mar, na Baía de Santos a maré será elevada e poderá ultrapassar 1,9 m na tarde de quinta-feira e dois metros nos dias seguintes, representando aumentos de até 60cm em relação a tábua de maré. No interior do estuário esse aumento será maior, a previsão é que o nível do mar ultrapasse 2,2 metros. Contribuintes denunciam falta de atendimento da Receita Federal Contribuintes de Salvador reclamam da dificuldade para conseguir atendimento na Receita Federal durante pandemia da Covid-19. Por causa disso, decidiram ir presencialmente no órgão para tentar resolver a situação. De acordo com a aposentada Célia Souza, ela não consegue fazer o parcelamento pela internet, nem realizar o agendamento do atendimento presencial. O auditor fiscal da Receita Federal, João Vicente Veloso, informou que a dificuldade que há para o agendamento tem a ver com a redução drástica no quantitativo de atendentes. ""Hoje menos de 20% das pessoas estão no atendimento presencial. Muitos profissionais estão trabalhando de casa, porque são do grupo de risco, e estão trabalhando nos outros canais de atendimento"", explicou o auditor. Ainda segundo João Vicente, o órgão federal já oferecia serviços pela internet, no entanto, por causa da pandemia, o atendimento virtual foi intensificado para evitar que as pessoas tenham que ir ao local. Contribuintes de Salvador reclamam da dificuldade para conseguir atendimento na Receita Federal durante pandemia — Foto: Reprodução/TV Bahia A aposentada Célia Souza contou que foi ao órgão cinco vezes para tentar resolver uma pendência, mas não conseguiu. ""Hoje mesmo a vigilante não quis nem mais falar comigo, porque disse que eu estava atrapalhando ela atender as pessoas que estavam na fila atrás"", comentou. Quem também está passando pela mesma situação é o autônomo Luis Américo. Segundo ele, o sistema tem apresentado erro constantemente e por isso resolveu ir até o órgão. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Grupo de dança apresenta espetáculo “Estio_rito em lapso” de forma online e gratuita; confira — Foto: Foto: Divulgação O grupo de dança 'Nii Colaboratório', apresenta na próxima quarta-feira (28), o espetáculo online 'Estio_rito em lapso', em homenagem ao dia internacional da dança, com um experimento audiovisual criado em meio à pandemia. A exibição é gratuita e será transmitida através do no canal do Teatro Castro Alves (TCA), no youtube. O elenco, que conta com nove artistas de dança da Bahia, foi também responsável pelo próprio registro em vídeo de suas interpretações, sob direção artística de Alana Falcão, Melissa Figueiredo e Neemias Santana, direção de fotografia de João Rafael Neto e trilha sonora de Ramon Gonçalves. O grupo Nii Colaboratório é uma plataforma de artistas e produtores da dança, articulada com os diversos campos da arte, que desenvolve, a partir da capital baiana, ações locais e internacionais de criação, formação, pesquisa e difusão. O trabalho do grupo se interessa em colocar ideias de distopias coreográficas em novos termos, levando em consideração a pandemia do presente e investigando, ainda, que danças emergem quando o virtual e o real passam a ser equivalentes. Como insistir frente à desolação e ao esquecimento? Futuros ainda podem ser inventados? Grupo de dança apresenta espetáculo “Estio_rito em lapso” de forma online e gratuita; confira — Foto: Foto: Divulgação Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Cidade de Vera Cruz, onde ocorreu o crime na Bahia — Foto: Vanderson Nascimento/TV Bahia Um homem de 45 anos foi morto após reagir a um assalto na cidade de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador. O caso aconteceu no dia 11 de abril e até esta quarta-feira (21), nenhum suspeito havia sido preso pelo crime. De acordo com a Polícia Civil, André Conceição Azevedo trabalhava como pedreiro e estava em uma casa para negociar a prestação de serviço com um outro homem. A vítima estava acompanhada da companheira no momento do assalto. Durante a conversa, dois suspeitos entraram no imóvel e renderam o casal junto ao homem prestador de serviço. O trio foi levado para um banheiro e, ao entrar no cômodo, André teria reagido ao assalto batendo a porta. Ele foi baleado em seguida. A polícia detalhou que os suspeitos levaram uma televisão e os celulares das três vítimas. O caso é investigado pela 24ª delegacia, que apura a autoria do crime. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Rose McGowan durante a Convenção da Mulher em Detroit (EUA), em outubro de 2017 — Foto: AP Foto/Paul Sancya A atriz Rose McGowan acusou o diretor Alexander Payne de má conduta sexual ao relembrar uma situação de quando ela tinha 15 anos. Em um post do Twitter, a atriz de ""Jovens Bruxas"" e conhecida por seu trabalho dentro do movimento #MeToo, escreveu: ""Você me fez me fez sentar e colocou um filme pornô leve que você dirigiu com um nome diferente. Eu ainda lembro de seu apartamento em Silverlake. Você me deixou uma esquina depois. Eu tinha 15 anos"". ""Eu só quero um pedido de desculpas. Eu não quero te destruir. Este era eu aos 15"", seguiu a atriz e ativista, hoje com 46 anos de idade. Na publicação, ela inclui uma foto dela da época. Alexander Payne. You sat me down & played a soft-core porn movie you directed for Showtime under a different name. I still remember your apartment in Silverlake. You are very well-endowed. You left me on a street corner afterwards. I was 15. pic.twitter.com/mVqiN4S9NW I just want an acknowledgement and an apology. I do not want to destroy. This was me at 15. pic.twitter.com/XeNpsrpY4s Payne, de 59 anos, ganhou dois Oscars pelo filme ""Os Descendentes"" (2011) e ""Sideways: Entre Umas e Outras"" (2004). A revista Newsweek tentou contato com o diretor para comentar a acusação, mas não obteve retorno. McGowan foi uma das primeiras mulheres a acusar publicamente o produtor Harvey Weinstein de abuso sexual, em 2017. Em março, ele foi condenado a 23 anos de prisão por estupro e agressão sexual. Rose McGowan durante a Convenção da Mulher em Detroit (EUA), em outubro de 2017 — Foto: AP Foto/Paul Sancya A atriz Rose McGowan acusou o diretor Alexander Payne de má conduta sexual ao relembrar uma situação de quando ela tinha 15 anos. Em um post do Twitter, a atriz de ""Jovens Bruxas"" e conhecida por seu trabalho dentro do movimento #MeToo, escreveu: ""Você me fez me fez sentar e colocou um filme pornô leve que você dirigiu com um nome diferente. Eu ainda lembro de seu apartamento em Silverlake. Você me deixou uma esquina depois. Eu tinha 15 anos"". ""Eu só quero um pedido de desculpas. Eu não quero te destruir. Este era eu aos 15"", seguiu a atriz e ativista, hoje com 46 anos de idade. Na publicação, ela inclui uma foto dela da época. Alexander Payne. You sat me down & played a soft-core porn movie you directed for Showtime under a different name. I still remember your apartment in Silverlake. You are very well-endowed. You left me on a street corner afterwards. I was 15. pic.twitter.com/mVqiN4S9NW I just want an acknowledgement and an apology. I do not want to destroy. This was me at 15. pic.twitter.com/XeNpsrpY4s Payne, de 59 anos, ganhou dois Oscars pelo filme ""Os Descendentes"" (2011) e ""Sideways: Entre Umas e Outras"" (2004). A revista Newsweek tentou contato com o diretor para comentar a acusação, mas não obteve retorno. McGowan foi uma das primeiras mulheres a acusar publicamente o produtor Harvey Weinstein de abuso sexual, em 2017. Em março, ele foi condenado a 23 anos de prisão por estupro e agressão sexual. Ítalo fez post após o crime e caso repercutiu entre usuários — Foto: Reprodução Um rapaz de 18 anos, identificado como Ítalo Lima, foi preso neste sábado (7) por matar a própria irmã com um tiro na cabeça em uma casa da Zona Leste de Porto Velho, na noite de sexta-feira (6). Após o homicídio, Ítalo fez um post no Facebook pedindo desculpas à irmã. ""Te amo, me desculpa por isso que te fiz"", diz. Segundo a Polícia Militar (PM), o homicídio aconteceu em uma residência do bairro Três Marias. A vítima de 19 anos, identificada como Davilla Vitória, estava em casa quando o irmão chegou e iniciou uma discussão por uma suposta dívida. Durante a briga entre os irmãos, Ítalo pegou uma arma e atirou em Davilla. O tirou atingiu a cabeça da jovem, que morreu minutos depois. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado por vizinhos que ouviram o disparo e a equipe constatou a morte da jovem. Segundo informações de testemunhas, Ítalo só fugiu da casa depois que os médicos chegaram e constataram o óbito. Davilla foi morta pelo próprio irmão em Porto Velho — Foto: Facebook/Reprodução Enquanto moradores vizinhos aguardavam a chegada dos policiais, dois jovens entraram na casa e pegaram a arma usada no crime. Eles tentaram fugir do local, mas foram alcançados por populares. A dupla recebeu voz de prisão logo depois e afirmou ter emprestado a arma ao suspeito, mas que não sabia da intenção de Ítalo em matar a própria irmã. Depois de fugir do local do crime, Ítalo fez um post no próprio Facebook pedindo desculpas e marcou a irmã na postagem. ""Te amo. Me desculpa por isso que te fiz. Amo muito você. Deus te guarda em lugar que preparar para você"", diz a mensagem. Ítalo Lima foi preso por matar a irmã em Porto Velho — Foto: Facebook/Reprodução Em poucos minutos a postagem ganhou repercussão, chegando a ter 500 comentários de internautas condenando a atitude de Ítalo. Horas após o post, o suspeito foi preso pela PM, já na madrugada deste sábado. Nas redes sociais, quem conhecia o casal de irmãos se diz chocado com a tragédia. ""Que horror meu Deus. Irmão matando irmão por causa de dinheiro"", disse uma internauta. ""Conheço os dois . Estudei com eles. Cresci com eles moram na rua da casa do meu avô 😓😓 Ela deixou uma filhinha. Deus conforte o coração de todos da família!😔"", diz uma amiga de Davilla. UFRB abre processo seletivo com 30 vagas para pós-graduação em Política e Gestão Cultural — Foto: Divulgação / UFRB A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) abriu inscrições, nesta quinta-feira (22), para o processo seletivo da pós-graduação em Política e Gestão Cultural. Ao todo, serão ofertadas 30 vagas, incluindo cotistas. A previsão é que as aulas comecem no mês de agosto. A inscrição deve ser realizada pela internet, no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), mediante o preenchimento de formulário e anexação da documentação exigida no Edital 01/2021. O prazo é até 21 de maio. O valor da inscrição é de R$ 55 e é possível entrar com processo de isenção da taxa. Os pedidos de isenção serão analisados até a próxima quinta-feira (29). O resultado na seleção será divulgado no site institucional da UFRB. O curso é voltado para profissionais de nível superior com graduação em qualquer área e que atuem no campo da política e da gestão da cultura, como gestores de órgãos, espaços, coletivos culturais e instituições públicas, privadas e da sociedade civil, conselheiros de cultura, produtores culturais e artistas em geral. A especialização é ministrada pelo Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT), em Santo Amaro, com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação (PPGCI). O processo de seleção incluirá duas etapas: Análise de Currículo e Carta de Intenções, ambos com caráter eliminatório. Haverá também uma fase de entrevistas, de caráter classificatório, observando o mérito do candidato e sua trajetória com as atividades do curso, seu desenvolvimento profissional e acadêmico, relevância de sua atuação no território, em redes, comunidades e setores artístico-culturais. Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. Há vagas para professor de inglês em Feira de Santana — Foto: Thought Catalog / Unsplash Empresas localizadas na cidade de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, divulgaram vagas de emprego disponíveis para terça-feira (20). Os interessados devem entrar em contato por telefone, enviar e-mail para os endereços citados, ou comparecer nos endereços informados na lista abaixo. Professor de inglês Com fluência para trabalhar em Alagoinhas. Enviar currículo para o whatsapp (75) 9.8845-0188 1 vaga Gerente de loja Com experiência. Enviar currículo para o e-mail rhuman.contrat@hotmail.com 1 vaga Pedreiro ceramista Ligar para (75) 9.9270 6778 15 vagas Pintor imobiliário Ligar para (75) 9.9270 6778 10 vagas Confira mais notícias do estado em G1 Bahia. Bruno Reis anuncia retomada das aulas semipresenciais em Salvador: 'Dia 3 de maio' O prefeito de Salvador, Bruno Reis, anunciou a retomada das aulas de forma semipresencial, nesta sexta-feira (23). O retorno será a partir do dia 3 de maio, tanto para escolas públicas municipais, quanto para as particulares. [Veja protocolos abaixo] Segundo ele, até a próxima sexta-feira (30), as escolas estarão abertas para ""visitação e acolhimento"". Nesse período, as famílias poderão procurar as instituições para conversar com professores e direção, e fazer verificação dos espaços. O prefeito não detalhou se o retorno será obrigatório ou facultativo. As escolas particulares podem fazer o retorno completo, em todas as séries. Já as públicas, retornam apenas as séries até o ensino fundamental, porque a prefeitura não administra escolas de ensino médio, que são de responsabilidade do governo do estado. Prefeito de Salvador, Bruno Reis — Foto: Reprodução/Redes Sociais Além dos protocolos gerais de uso obrigatório de máscaras, o prefeito também definiu um escalonamento dos estudantes. Por aula, apenas 50% de uma turma poderá estar na sala. Para que todos tenham o conteúdo presencial, os alunos serão escalonados em grupo por dia. As turmas especiais serão de, no máximo, duas horas para cada turno de aula. Veja detalhes: Protocolos de retomada das aulas em Salvador — Foto: Divulgação/Prefeitura de Salvador Protocolos de retomada das aulas em Salvador — Foto: Divulgação/Prefeitura de Salvador Uma reunião foi feita com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) ainda na manhã desta sexta, antes do anúncio. Bruno Reis informou que a APLB levou 13 reivindicações para retorno, das quais 12 foram aceitas pela prefeitura. Os pleitos não foram especificados. “Apenas uma reivindicação não depende do prefeito, que é dizer uma data de quando vamos terminar de imunizar todos os trabalhadores da Educação, em primeira e segunda dose. Não dá para a gente esperar mais para retomar, porque não temos como definir essa data”, argumentou Bruno Reis. Por meio de nota, a APLB afirmou que os professores só retornarão às escolas após a imunização total dos trabalhadores da Educação. O sindicato afirmou que, sem a vacinação completa, a categoria poderá entrar em greve. O prefeito disse ainda que vários fatores foram levados em consideração para assegurar a retomada das aulas. Esses critérios foram divulgados pela prefeitura nesta semana. Entre eles, estão: taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 75%, disponibilidade dos leitos de UTI e de vagas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e gripários, além da queda do número de óbitos. ""Agora a gente também tem dois principais fatores que não tínhamos no passado: o principal é a vacina. O segundo é nova ótica do transporte público. Apesar da educação não impactar tanto, porque a rede municipal são seis mil alunos, em comparação com a rede estadual que são 40 mil"", explicou. O prefeito também citou escolas particulares pequenas e disse que essas instituições não têm condição de funcionar de forma virtual, cumprindo com o cronograma da Educação. Bruno também pediu a colaboração dos professores. ""Eu faço um apelo aos professores para que pensem nos alunos, na Educação, no presente e no futuro dessas crianças, porque podemos sepultar esse futuro se não tomarmos essa atitude"". Veja mais notícias do estado no G1 Bahia. BodyText Blocos tradicionais são uma das principais referências do carnaval de São Luís. Na imagem, integrantes do Bloco Tradicional 'Os Feras'. — Foto: Arquivo Pessoal/ Bloco Tradicional Os Feras Os blocos tradicionais são uma das principais referências do carnaval de São Luís. O Dia Municipal do Bloco Tradicional é comemorado neste sábado (8), e foi instituído pela Câmara Municipal da capital. A data é uma homenagem ao dia do nascimento do carnavalesco Walmir Moraes Corrêa, conhecido como Mestre Walmir. Atualmente, existem mais de 48 blocos tradicionais na cidade. Bloco Tradicional Tropicais do Ritmo — Foto: Bloco Tropicais do Ritmo/Arquivo pessoal Anualmente celebrado, neste ano devido as medidas de isolamento provocadas pela pandemia de Covid-19, a data não deve ser comemorada presencialmente. Ao G1, o presidente do bloco Tropicais do Ritmo, Nielson Magalhães Menezes, conta que além de celebrar a manifestação, a data deve servir para que as pessoas possam refletir sobre a importância da brincadeira na cultura maranhense. Nielson Magalhães Menezes, presidente do bloco Tropicais do Ritmo. Um dos integrantes da nova geração da manifestação, Guilherme Soares, começou a ter interesse pelos blocos ainda na infância. Hoje, ele é intérprete do Bloco Tradicional Tropicais do Ritmo e fala do seu amor com a manifestação. Guilherme Soares, intérprete do Bloco Tradicional Tropicais do Ritmo. Os primeiros blocos surgiram no final da década de 1920. — Foto: Arquivo/Biblioteca Pública Benedito Leite Os primeiros blocos surgiram no final da década de 1920, quando as chamadas ""turmas"" saiam pelas ruas. Já na década de 1940, foram criados os primeiros concursos e com o passar dos anos, desfiles competitivos nas praças de São Luís também foram criados. Com um figurino próprio e o som de instrumentos de percussão típicos como tambor contratempo, retintas, cabaças, reco-recos, agogôs, ganzás, maracás, rocas, afoxés e apitos, os Blocos Tradicionais passaram a invadir as ruas da capital no período carnavalesco. O professor e pesquisador Euclides Moreira Neto, conta que ritmo foi naturalizado na periferia e hoje, a maioria dos grupos continua sendo da periferia. ""A plebe se apoderou desse ritmo e representa a identidade maranhense"", disse. Euclides Moreira Neto, professor e pesquisador. O presidente do Bloco Tradicional Os Feras, Paulo Salaia, conta que a brincadeira nasceu da inspiração dos mais apaixonados amantes da categoria. Brincantes da folia de momo aprenderam a brincar o carnaval desde criança e no meio das retintas, marcações, contratempos, cabaças e agogôs, viram a alegria de cantarem juntos a felicidade da vida e celebrarem a riqueza divina da vida, o maior tesouro humano. Paulo Salaia, presidente d'Os Feras. *Estagiária supervisionada por Rafaelle Fróes e Rafael Cardoso, do G1 MA. Estudantes da rede estadual participam do Circuito Ludovicense de Xadrez Escolar 2020 — Foto: Divulgação O Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) Joãosinho Trinta foi destaque no Circuito Ludovicense de Xadrez Escolar 2020 e conquistaram os primeiros lugares na competição. Normalmente o CLXE é realizado em nove etapas, mas, este ano, devido à pandemia da Covid-19, foi realizado em apenas cinco. A 5ª e última etapa ocorreu, nesse sábado (19), no Q-BALL, localizado no bairro Vinhais, em São Luís, mesmo local das etapas anteriores. Os destaques do Circuito 2020, contabilizando o resultado de todas as etapas, foram Luiz Augusto Costa Barbosa, campeão Sub-14 e 1º colocado na classificação geral; Edson Tabet Ahid Netto, que conquistou o 3º lugar no ranking geral na categoria Sub-12; Railson Santos Costa, que disputou o Circuito pelo CE Estado do Mato Grosso e ficou em 3º lugar no ranking geral da competição; e, no feminino, Jainara da Silva Elias, que obteve a 2ª colocação na categoria 15 a 18 anos. O professor do NAAH/S, Cleverson Ferreira Castro, expressou sua alegria em ver o desempenho de seus estudantes sendo reconhecido em uma competição importante e destacou que o xadrez representa muito mais do que movimentar peça em um tabuleiro. A estudante Jainara da Silva expressou que aprendeu a jogar xadrez quando era pequena e nunca mais parou. “O NAAH/S me estimulou a voltar a jogar e eu agradeço muito a eles. O xadrez me ensinou que, às vezes, devemos sacrificar algumas peças para dar o xeque-mate e isso eu levo para vida. Agradeço muito ao NAAH/S, ao professor Cleverson, ao mestre Nicolau Leitão e a minha família que contribuíram muito com o meu aprendizado e sempre me apoiam”, informou. A premiação dos melhores do ano do Circuito Ludovicense de Xadrez Escolar 2020 será realizada em janeiro de 2021, com data ainda não definida pela comissão organizadora do evento. Equipes do Samu recebem trotes durante a pandemia — Foto: Divulgação/Prefeitura Por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), todos os brasileiros têm sido orientados com medidas de isolamento social e, mesmo assim, os leitos dos hospitais maranhenses seguem sendo cada vez mais ocupados. O que chama atenção, no meio dessa crise, é que o número de trotes ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São Luís entre os meses de março a maio passou de sete mil. Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus), de 1º de março até 21 de maio, o Samu recebeu 7.581 ligações falsas (trotes), que foram contabilizados da seguinte maneira: Os números são menores que os registrados no mesmo período do ano passado, quando a Semus registrou 8.514 ligações falsas, sendo 2.581 em março, 2.761 em abril e 3.172 em todo o mês de maio. Vale lembrar que o trote telefônico é crime de acordo com artigo 266 do Código Penal que descreve: “Interromper ou perturbar o serviço telefônico é crime e o infrator poderá incorrer em pena de detenção de um a seis meses ou multa”. ""A Secretaria reforça que, apesar de o período referente a 2020, apresentar um número menor em relação a 2019, esse resultado ainda é considerado alto e acaba prejudicando o atendimento oferecido à população"", disse a Secretaria ao G1. Para tentar inibir essa prática, o órgão diz que está sendo realizada a catalogação dos números que mais efetuam ligações falsas, para que sejam adotadas as medidas necessárias. Além disso, informa que realiza campanhas educativas sobre a importância do serviço prestado pelo Samu e os prejuízos provocados à sociedade pelos trotes feitos para a central de atendimento do órgão, principalmente neste período de pandemia. Ficar em casa é importante porque, segundo as autoridades de saúde, é a única maneira mais eficaz no momento para frear o aumento repentino no número de casos, o que poderia causar um colapso no sistema de saúde pela falta de leitos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Um colapso causaria a diminuição drástica da capacidade do sistema de saúde em cuidar dos pacientes, o que aumenta a chance de óbitos por Covid-19 e também por outras doenças. Para evitar a proliferação do vírus, o Ministério da Saúde recomenda medidas básicas de higiene, como lavar as mãos com água e sabão, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo. Evitar tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam limpas. VÍDEOS: Coronavírus: perguntas e respostas VACINA: testes estão em andamento pelo mundo; SIGA as novidades Manual das máscaras: como fazer, como usar e a importância do uso Como se prevenir do coronavírus? Saiba quais os sintomas do coronavírus e quando procurar um médico Veja o que é #FATO ou #FAKE sobre o coronavírus Eduardo Braide, do Podemos, é eleito prefeito de São Luís Após ser confirmado como vencedor no 2º turno das eleições de São Luís, o candidato do Podemos, Eduardo Braide, comemorou o resultado das urnas neste domingo (29). Ele venceu o candidato Duarte Jr (Republicanos) no segundo turno da eleição municipal, e assumirá o cargo pela primeira vez a partir de 2021. Braide faz discurso da vitória em comitê de campanha, em São Luís — Foto: Reprodução/Redes Sociais Com 100% das urnas apuradas, Braide recebeu 55,53% dos votos. Duarte, por sua vez, recebeu 44,47% dos votos válidos. Em discurso aos apoiadores no comitê montado no Retorno do Caolho, na capital, Braide agradeceu os votos que recebeu. Em seguida, lembrou do embate com Flávio Dino, governador do Maranhão, durante a campanha do primeiro e segundo turno, em que diz ter sido atacado: ""Eu fui covardemente atacado pelo governador do Estado a campanha inteira. Mas não respondi a ele em nenhum momento, porque minha resposta vai ser com trabalho a partir de janeiro do ano que vem"". Em outro momento do discurso, Braide disse que trabalhará em parceria com o governo estadual e federal quando necessário. ""Eu sempre disse que seria um prefeito independente, que iria dialogar com todos. Eu disse a campanha inteira que meu compromisso é com o povo de São Luís"", disse o prefeito eleito. ""Poder mostrar ao Brasil que quem manda em São Luís é o povo. Aqui quem ganhou foi o povo. Eu faço questão de dizer isso porque é para o povo que iremos governar, especialmente para aqueles que mais precisam. Nossos votos foram livres, votos de consciência, votos verdadeiros"". ""Quero dizer da minha alegria de saber que não estaremos sozinhos. Quero poder contar com cada um de vocês para poder cuidar bem da nossa cidade. São Luís tem um porto que todo mundo queria, uma praia, uma cultura e um povo trabalhador e abençoado. E é para esse povo que nós iremos arregaçar as mangas a partir de amanhã"" ""Quero agradecer as mulheres, especialmente a minha vice, a professora Esmênia. Uma mulher, policial militar, professora e que vai ajudar muito a administrar nossa cidade"" ""Eu quero finalizar com uma frase. Hoje, dia 29 de novembro de 2020, a esperança venceu o medo. Mas mais importante, a esperança vai virar realidade a partir do ano que vem. A esperança vai fazer nossa cidade ficar melhor a cada dia. Que Deus nos abençoe e abençoe a nossa cidade de São Luís"" Braide foi oficializado como candidato a prefeito de São Luís, pelo Podemos, em convenção partidária no dia 14 de setembro. A professora e policial militar Esmênia Miranda é a candidata a vice-prefeita pela chapa. Na última pesquisa Ibope, divulgada na sexta-feira (27), pela TV Mirante, Eduardo Braide aparecia com 54 % das intenções de votos válidos. Em seguida, aparecia Duarte Júnior com 46% das intenções de voto. Eduardo Braide tem 44 anos e é natural de São Luís. Ele é advogado e está no primeiro mandato de deputado federal pelo Maranhão. Anteriormente, ele já foi eleito por dois mandatos como deputado estadual. Esta é a segunda vez que Eduardo Braide concorre à prefeitura de São Luís. Nas eleições de 2016, ele chegou a disputar o segundo turno, mas foi derrotado pelo atual prefeito da capital, Edivaldo Holanda Jr. Braide tem um patrimônio declarado de R$ 1.067.620,62. Em seu projeto de governo, Eduardo Braide afirma que pretende transformar São Luís, caso seja eleito, em uma cidade humana, participativa, inteligente e sustentável. Suas propostas foram pontuadas em 19 eixos de trabalho em áreas como saúde, educação, cultura e turismo, mobilidade urbana, proteção animal, geração de emprego, renda e transporte público. Entre suas propostas, está a criação de um Centro de Referência em Saúde, a construção de creches em tempo integral, a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social na capital. O candidato também defende a patrulha em terminais de integração e propõe a criação de um Parque Tecnológico de São Luís, com foco no investimento e incentivo ao desenvolvimento de softwares, aplicativos, startups, oportunizando a geração de emprego, renda, além de trazer soluções criativas e inovadores ao município. Eduardo Braide, do Podemos, é eleito prefeito de São Luís — Foto: Ascom/TRE-RJ Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o índice de eleitores que dizem que irão votar com certeza nas eleições municipais em novembro é de 85% em São Luís, mostra a pesquisa Ibope encomendada pela TV Mirante. Ainda segundo o Ibope, 2% dos eleitores ludovicenses dizem que não vão votar de jeito nenhum em novembro. Enquanto isso, 12% dos entrevistados dizem que ainda estão em dúvida se comparecerão para votar ou não. Veja, abaixo, como responderam os eleitores ao Ibope sobre comparecer na votação durante a pandemia: Neste ano, o calendário das eleições foi adiado por causa da pandemia do coronavírus. O primeiro turno acontece em 15 de novembro; e o segundo, em 29 de novembro, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal anunciou uma série de medidas de segurança para evitar a contaminação durante a votação. Pela primeira vez, será possível justificar o voto pelo celular, usando o aplicativo e-Título. O eleitor tem até 14 de janeiro, para ausência no 1º turno, e 28 de janeiro, no 2º turno. Na mesma pesquisa, o Ibope também perguntou a intenção de voto dos eleitores entre os candidatos nas eleições municipais 2020 em São Luís. O resultado foi divulgado nessa sexta-feira (23) e mostra Braide com 44%, Duarte com 19% e Neto com 14% das intenções. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. Quase 70% dos ludovicenses estão com algum tipo de dívida, segundo a Fecomércio — Foto: Divulgação Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio-MA) apontou que 69,8% dos consumidores de São Luís estavam com algum tipo de dívida em dezembro de 2019. O índice é o maior desde agosto de 2017 e também representa aumento de 5,9% em relação ao mês anterior, além de uma elevação de 17,3% na comparação com 2018. O estudo apontou ainda que o número de consumidores que afirmaram possuir dívidas em atraso - ou seja, inadimplentes - , alcançou 28,4% dos ludovicenses, o que indica uma queda mensal de 5,6% e avanço de 8% em relação ao índice registrado em dezembro de 2018. Já as famílias que afirmaram não ter condições de quitar suas dívidas chegaram a 8,6% do total de endividados. A dívida com maior impacto em São Luís está atrelado ao cartão de crédito, alcançando 69,0% das famílias, seguido dos carnês (15,2%), cheque especial (10,1%), crédito pessoal (5,3%) e cheque pré-datado (5,0%). O tempo médio de atraso para o pagamento das dívidas está em 59,5 dias. Entre os endividados, 83,2% afirmaram ter de 11% a 50% de sua renda mensal comprometida com o pagamento das dívidas. Passeio Serenata acontece nesta quarta-feira (31) em São Luís — Foto: A.Baeta/Agência São Luís Nesta quarta-feira (31) acontece em São Luís mais uma edição do Passeio Serenata, atividade que integra a programação do Férias Culturais. O passeio busca levar o público a uma viagem pelo tempo, rememorando ares da antiga São Luís. O itinerário do Passeio Serenata tem concentração na Praça Benedito Leite e sai às 19h para a Avenida Pedro II, seguindo pela Rua de Nazaré, Rua da Estrela e Rua da Alfândega. O passeio também mostra detalhes do Beco Catarina Mina, Rua Portugal e finaliza na Praça da Praia Grande. Durante o percurso, personagens da história, interpretados por atores, ficam posicionados em prédios e construções e lembram passagens curiosas da cidade. Alguns personagens históricos, como Daniel da La Touche, Apolônia Pinto e barões importantes depõem sobre seu papel na história. Bloco da Imprensa promove concentrações no Centro Histórico de São Luís — Foto: Divulgação/Joel Jacinto No clima de pré-carnaval, o Bloco da Imprensa inicia sua temporada carnavalesca em São Luís. Como o tema “Vamos Colorir” para 2019, o tradicional encontro de comunicadores terá sua primeira concentração neste sábado (2), a partir das 18h, na Praça dos Catraieiros, no Centro de Histórico da capital maranhense. Durante o pré-carnaval o Bloco da Imprensa terá um total de três concentrações antes do seu grande baile. Os encontros serão sempre aos sábados e no mesmo local, dias 2, 9 e 16 de fevereiro. “Nós da imprensa historicamente rotulados por cores (amarela, branca, marrom, vermelha ou colorida). Aceitamos as críticas pois somos críticos, por vez pintamos o sete. Mas nosso objetivo maior é retratar os fatos documentar como diz a expressão ‘pôr o preto no branco’ numa alusão à impressão do preto da tinta no branco do papel”, disse um dos organizadores do bloco, Joel Jacinto, sobre o tema “Vamos Colorir” para 2019. Bloco da Imprensa é tradicional atração do pré-carnaval ludovicense — Foto: Divulgação Neste sábado (2) a ideia é que os comunicadores vistam-se de branco para a sua fantasia ganhar um colorido especial, feito por artistas visuais e designs convidados. As pinturas das roupas serão feita durante o evento. Para este sábado (2) uma série de atrações estão programadas. Como grupos de samba e pagode, bloco tradicional, escola de samba e blocos alternativos. 18h – Bem Dito Samba 19h – Bloco Tradicional Príncipe de Roma 20h- Grupo As Brasileirinhas 21h – Bateria Carcará da Favela do Samba 22h – Banda Máquina de Descascar Alho Pesquisa aponta crescimento na intenção de compra para o Dia das Crianças em São Luís Levantamento de intenção de consumo para o Dia das Crianças realizado pela Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio-MA) demonstra que 62,7% dos ludovicenses pretendem comprar algum produto para presentear em função da data, o que representa aumento de 12,8% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a Fecomércio, a aceleração de consumo este ano se dá em função da gradual recuperação do mercado de trabalho, que tem contribuído para o restabelecimento da renda das famílias e para o aumento do nível de intenção de consumo. “Acreditamos que a recuperação gradativa do mercado de trabalho cria uma base sólida para o desenvolvimento comercial no segundo semestre e, principalmente, a partir do próximo ano. No entanto, considerando as projeções do mercado econômico e o cenário de incertezas promovidas pelo quadro eleitoral, a economia deverá continuar reagindo de maneira lenta em busca de uma posição confortável para retomar o efetivo crescimento a partir de 2019, possivelmente”, explicou o presidente da Fecomércio-MA, José Arteiro da Silva. Pesquisa aponta crescimento da intenção de consumo para o Dia das Crianças em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante A pesquisa revelou que 69,2% dos consumidores pretendem comprar presentes nas lojas do Centro Comercial e Rua Grande. Em seguida, estão as lojas de bairro (35,1%) e os shopping centers (23,8%), que sofreram redução de 24% na intenção de consumo em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento demonstrou ainda que a intenção de consumo se apresenta mais favorável entre o público feminino (68,3%), consumidores com idade de 21 a 35 anos (67,9%), com ensino médio (59,1%) e renda familiar mensal de três a seis salários mínimos (71,1%). Em relação aos produtos preferidos, a lista dos presentes é liderada por brinquedos, que alcançaram 84,1% de intenção de consumo, revelando um aumento de 43% em relação a 2017. Em segundo lugar ficou os artigos de vestuário (27%), seguido de videogame (5,7%), jogos eletrônicos (3,2%) e bicicleta (2,7%). 68% dos consumidores afirmaram que deverão realizar as compras para o Dia das Crianças utilizando a modalidade à vista, sendo que 40,6% pretendem utilizar dinheiro em espécie e 27,4% tem a intenção de usar cartão de débito. Em segundo lugar aparece o uso do cartão de crédito com 55,8% de preferência, o que representa um aumento de 145% em comparação com 2017. Imigrantes africanos no Maranhão comemoram vitória de Senegal na Copa da Rússia Os 25 imigrantes africanos que foram resgatados à deriva em alto mar e trazidos para o Maranhão assistiram com entusiasmo a estreia de Senegal na Copa do Mundo da Rússia. Dentre eles, os 19 senegaleses até se misturaram aos ludovicenses na festa pela vitória da seleção no Estádio do Spartak, em Moscou. Desde o dia 09 de junho todos possuem um documento provisório de Registro Nacional Migratório e podem andar livremente pelo país. Nesta terça (19) eles fazem um mês no Maranhão. Imigrantes africanos assistiram a partida de dentro do Ginásio Costa Rodrigues, em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante Foram 16 anos sem a participação de Senegal na Copa e todos estavam ansiosos. Em São Luís, o animado grupo acompanhou a partida dentro do Ginásio Costa Rodrigues, onde estão alojados desde quando chegaram no Brasil. Durante a partida, antes mesmo do primeiro gol dos Leões, o clima era de puro otimismo. ""Senegal vai ganhar"", disse Muctarr Mansary, de Serra Leoa. Quando a partida começou o clima era tenso e com orações, mas quando Thiago Cionek abriu o placar para Senegal com um gol contra tudo virou festa, com direito a dança típica de Senegal. Veja no vídeo. Imigrantes senegaleses dançam com a vitória da seleção contra a Polônia na Copa da Rússia Aos 15 minutos do segundo tempo Niang ampliou para os leões e Krychowiak descontou para os poloneses aos 40. A vitória por 2 a 1 de Senegal - único triunfo de uma seleção africana na competição até agora - garantiu a liderança do grupo H, junto com o Japão. O partida empolgou os torcedores a ponto de gerar uma previsão de final contra o Brasil. ""A Seleção Brasileira e Senegal vão para a final. A gente acredita"", disse o senegalês Modou Lu. Após a partida, o centro de São Luís virou arquibancada para os senegaleses, que aproveitaram para comemorar com os novos amigos maranhenses. Muitos deles são comerciantes trabalham na região que fica ao redor do Ginásio Costa Rodrigues. ""Fizemos uma amizade muito grande com eles. São muito gente boa"", contou a comerciante Raquel Nascimento. A comerciante Raquel comemorou junto com os imigrantes africanos a vitória da seleção de Senegal na Copa — Foto: Reprodução/TV Mirante Imigrantes resgatados no Maranhão receberão documentos provisórios para permanência Barco à deriva com 25 imigrantes é resgatado na costa do Maranhão, diz governo do Estado Cerca de 150 casarões correm o risco de desabar em São Luís — Foto: Reprodução/TV Globo Cerca de 51 casarões do Centro Histórico de São Luís correm o risco de desabar, de acordo com Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA). Por conta do período chuvoso que atinge todo o estado, a situação tem se agravado rapidamente. O levantamento aponta que em 2020, a quantidade de imóveis históricos com risco de desabamento era de 152 casarões catalogados, sendo 14 deles incluídos na categoria de risco elevado. Atualmente, está sendo realizada, pelo CBMMA, a Operação “Caça Riscos de Desabamentos” no Centro Histórico ludovicense com previsão para término na primeira quinzena de março, até o momento já foram monitorados 107 casarões. A operação de registro atual, conforme informações do CBMMA tem como intuito monitorar a situação estrutural das edificações já catalogadas e identificar novos riscos além de ampliar a área de cobertura e atualizar os dados cadastrais dos imóveis. Obras de urbanização da orla marítima da Ponta d´Áreia são entregues em São Luís As obras de urbanização da orla marítima da Ponta d´Areia serão entregues a partir das 9h nesta quinta-feira (24) em São Luís. A urbanização da área contemplou a reconstrução do calçadão, do guarda-corpo e da escadaria. Além de promover melhorias no aspecto urbanístico, os serviços, que integram as ações de revitalização de espaços públicos visam garantir a segurança, mobilidade e conforto do ambiente público aos ludovicenses e turistas, deixando o lugar mais atrativo para os frequentadores. A área ganhou um deck, teve as calçadas recuperadas, ganhou novos bancos, lixeira, novo paisagismo e acessibilidade. No local também foi instalada uma luneta onde os frequentadores, ludovicenses e turistas vão poder observar o mar. Imagem de um jovem de capa amarela na Avenida Beira Mar 'viralizou' por lembrar o personagem Jonas, da série alemã 'Dark' — Foto: Ruy Barros Na última semana, a foto de um jovem de capa amarela em meio a uma forte chuva de São Luís 'viralizou' nas redes sociais. O motivo? As referências à série alemã Dark, que teve um grande sucesso em 2020. Na série, o personagem principal Jonas aparece diversas vezes andando de bicicleta em um clima sombrio, por vezes chuvoso, na cidade de Winden. Quase sempre, o personagem usa sua vestimenta favorita: Uma capa amarela. Em clima chuvoso, a série 'Dark' tem várias cenas do personagem Jonas andando de bicicleta com uma capa amarela — Foto: Reprodução/Netflix Esse tipo de cena é tão comum na série que qualquer semelhança na vida real é logo reconhecida. Foi assim que, no dia 10 de março, o clima chuvoso de São Luís se tornou a cena perfeita para uma foto que já recebeu mais de 12 mil curtidas e diversos compartilhamentos na internet. ""Foi pela manhã. Eu estava indo no Centro resolver umas coisas. Sofri uma batida e tive que estacionar o carro. Nesse período que fiquei meio 'reflexivo', esperando a chuva passar, passou aquele rapaz da foto, de capa amarela. Eu olhei ele pela para-brisa do carro. A referência foi toda em Dark. Foi o pensamento que veio quando olhei o rapaz de capa amarela"", disse o fotógrafo Ruy Barros, responsável pela imagem. Ruy Barros, fotógrafo que tirou a foto do 'Jonas ludovicense' — Foto: Arquivo pessoal O sucesso foi absoluto nas redes sociais, principalmente para os fãs da série. Outros, também reconheceram semelhanças com o filme 'It: A Coisa'. Apesar da repercussão positiva da foto, Ruy não pretende, por enquanto, se enveredar por esse tipo de fotografia focada em séries. Atualmente, o fotógrafo se dedica a registrar imagens em eventos e casamentos. ""A cena da foto me remeteu a série Dark, mas não é um intuito buscar essas referências. Talvez se numa ocasião tiver passando por algum local e lembrar de alguma série/filme, eu faça o click. É uma terapia pra mim"" ""Meu autoral fica muito de lado, pois meu comprometimento maior tem sido com nosso trabalho de casamentos e eventos. Mas sempre que posso, saio às ruas pra fotografar o cotidiano. Agora eu tô aproveitando o momento também pra dar mais prioridade pra venda de telas/quadros das minhas fotografias"", disse Ruy. Vereador Batista Matos morre por complicações da Covid-19 em São Luís — Foto: Divulgação/Câmara Municipal de São Luís O vereador João Batista Matos (Patriota), de 46 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (31) em São Luís por complicações da Covid-19. Ele estava internado desde o último dia 15 de março em um hospital da capital após ser infectado pelo novo coronavírus. Atualmente, o vereador era vice-líder do governo municipal na Câmara de São Luís. João Batista Matos era natural de São Luís e era formado em Rádio e TV pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Antes de atuar na vida política, ele trabalhou nos jornais ""O Estado do Maranhão"", ""O Imparcial"" e nas emissoras de rádio FM Esperança e Mirante AM. Jornalista, radialista e vereador Batista Matos morre vítima da Covid-19 O presidente da Câmara Municipal de São Luís, Osmar Filho, lamentou nesta quarta a morte do vereador João Batista. Por meio de nota, ele disse que o parlamentar era um ""comunicador por excelência"" e que vinha cumprindo o seu papel com ""maestria e afinco"". Leia a íntegra da nota: ""Lamento profundamente a partida precoce do vereador João Batista Matos, na manhã desta quarta-feira (31). Batista era comunicador por excelência, dedicou sua vida trabalhando em diversos veículos de comunicação da cidade, e em 2020, conseguiu se eleger para seu primeiro mandato como parlamentar na Casa Legislativa, no qual vinha cumprindo com maestria e afinco. Se descobriu homem público após diversos trabalhos voltados para as comunidades da capital, se empenhando em causas nobres e sociais. Peço que Deus na sua infinita misericórdia, console e acalente os corações da sua esposa, Liana, da sua mãe Dona Clenir, dos seus filhos Samuel e Daniel, e dos amigos que ele construiu nesta jornada de vida"". O prefeito da capital, Eduardo Braide (Podemos), decretou luto de três dias e disse que o vereador ""era reconhecido por sua fé em Deus, extremamente dedicado à sua família e ao povo de São Luís"". Sobre o seu papel como jornalista, Braide disse que Batista Matos ""tinha uma grande capacidade de diálogo e conciliação, sempre preocupado em ajudar ao próximo"". Leia a nota completa: ""Com o coração cheio de tristeza recebi a notícia da morte do vereador e vice-líder do nosso Governo na Câmara, Batista Matos, vítima de complicações causadas pela Covid-19, ocorrida nesta quarta-feira (31). Batista era reconhecido por sua fé em Deus, extremamente dedicado à sua família e ao povo de São Luís. Como jornalista, tinha uma grande capacidade de diálogo e conciliação, sempre preocupado em ajudar ao próximo. Nossa cidade perde uma referência na política e eu perdi um amigo. Neste momento de tamanha dor, me uno à Liana, sua esposa; seus filhos, Samuel e Daniel; demais familiares e admiradores do seu trabalho. Peço a Deus que conforte o coração de todos. Decreto luto oficial por três dias"". O vereador ludovicense João Batista Matos ingressou na vida política no ano de 2004, quando disputou pela primeira vez uma vaga na Câmara Municipal de São Luís. Ele ainda disputou mais quatro eleições nos anos de 2008, 2012, 2016 e 2020, ocupando cargos de suplência que lhe garantiram o exercício do mandato em algumas ocasiões. Mas, foi somente no ano de 2020 que João Batista foi eleito pela primeira vez ao cargo de vereador da capital maranhense. Sars CoV-2, o causador da Covid-19 — Foto: Getty Images via BBC O Maranhão registrou nessa terça-feira (30) 1431 novos casos e 40 mortes pela Covid-19, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Agora, o Maranhão soma 241.577 casos e 6031 mortes pela Covid-19, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Dos novos casos registrados, 194 foram na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), 121 em Imperatriz e 1116 nos demais municípios do estado. Os casos ativos, ou seja, pessoas que estão atualmente em tratamento contra a Covid-19, chegaram a 15.147. Desses, 13.535 foram orientados a estar em isolamento domiciliar, 990 estão internados em enfermarias e 622 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O primeiro dia de 2021 vai ser marcado com variação de nuvens — Foto: Reprodução/TV Mirante A previsão do tempo para esta quinta-feira (31) na capital maranhense é de sol com muitas nuvens durante o dia, mas ao decorrer das horas, o clima passa a ser instável, com probabilidade de 80% de chuva a qualquer momento. A temperatura mínima é de 25° e a máxima de 29°. O primeiro dia de 2021 vai ser marcado com variação de nuvens e pancadas de chuva localizadas que poderão ser fortes e vir acompanhadas de trovoadas a qualquer hora do dia. Com temperatura mínima de 26° e máxima de 33°. Para o primeiro final de semana do ano, São Luís pode esperar muitas nuvens com curtas aberturas e chuvas isoladas, com temperatura mínima de 25° e máxima de 32°. Os ludovicenses podem esperar para o domingo (4) um dia nublado, com mínima de 26° e máxima de 32°. Internautas usam memes e brincam com a sensação de 'frio' registrada em São Luís (MA) — Foto: Reprodução/Redes sociais/Alan Rodrigues São Luís é conhecida por ser uma das capitais mais quentes do Nordeste e registrar, durante boa parte do ano, altas temperaturas e forte calor. Entretanto, desde o início da semana, as fortes chuvas registradas na cidade têm chamado a atenção da população, principalmente pela queda na temperatura. Na internet, o ‘friozinho’ gerou muitos memes. (Veja alguns abaixo). De acordo com o site ClimaTempo, às 8h desta quinta-feira (18), São Luís registrou uma temperatura de 26º graus. A previsão meteorológica é que a capital possa oscilar, durante todo o dia, entre 24º a 28º e uma chance de chuva de até 80%. Ao G1, Hallam Cerqueira, do laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), explica que a grande nebulosidade provocada pelas chuvas que caem na capital, impede que a radiação solar não chegue a superfície. O fenômeno associado com o vento, faz com que tenha uma sensação térmica de frio. Por conta do início do período chuvoso, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegou a emitir um alerta laranja de perigo das chuvas intensas. O nível mais grave é o vermelho e o mais leve é o verde. A explicação, segundo o meteorologista, é que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) provoca a chuva e está concentrada neste período do ano sobre o Maranhão. Na sexta-feira (19), os ludovicenses podem continuar tendo essa sensação de frio e clima mais ameno. A previsão é de 90% de chance de chuvas durante o dia inteiro, com temperaturas que podem variar entre 24º a 30º. Segundo o ClimaTempo, há 80% de chance de chuva durante o sábado (20) em São Luís. A previsão é que seja registrada chuvas rápidas durante todo o dia. A máxima chega a 31º e a mínima a 24º. As apresentações ocorrerão na Praça Maria Aragão e serão abertas ao público sempre a partir das 19h e seguindo todas as regras sanitárias necessárias para prevenção da Covid-19. — Foto: Divulgação O resultado do sorteio da ordem de apresentação da 1ª eliminatória do Canta São Luís, I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música foi divulgado nesse sábado (14). A primeira etapa do evento que tem como objetivo divulgar e incentivar a produção artística, vai acontecer nos dias 18, 19 e 20 deste mês. As apresentações ocorrerão na Praça Maria Aragão e serão abertas ao público sempre a partir das 19h e seguindo todas as regras sanitárias necessárias para prevenção da Covid-19. No total, 120 participantes, dos 446 inscritos, foram selecionados e terão a oportunidade de se apresentarem ao público nas três eliminatórias. A ordem de apresentação pode ser conferida no site https://saoluis.ma.gov.br/cantasaoluis/. O evento disponibilizará arranjador, banda base, palco, som e iluminação para todos os selecionados para garantir a todos condições iguais de competição nos ensaios e nas apresentações. Durante as apresentações caso algum candidato necessite de algum instrumento específico ele deverá providenciar pessoalmente. O festival acontece entre 18 de novembro e 4 de dezembro e visa divulgar, incentivar a criação musical, revelar talentos, promover intercâmbio cultural entre artistas do município, fortalecer a cultura ludovicense e oferecer lazer cultural gratuito para o município de São Luís e para os turistas que estejam de passagem pela capital. Aos finalistas, serão oferecidas as seguintes premiações: Os prazos das eliminatórias serão nos seguintes dias: — Foto: Roberto Jayme/TSE Há oito dias das eleições municipais em São Luís, 36% do eleitorado ludovicense diz já ter decidido o candidato em que irá votar e que não pretende mudar de escolha. É o que mostra a pesquisa Ibope encomendada pela TV Mirante, divulgada nessa sexta-feira (6), que também questionou sobre o nível de decisão dos eleitores em relação aos candidatos que disputam a prefeitura da capital esse ano. Ainda segundo o Ibope, 19% dos eleitores ludovicenses dizem que a a decisão, por enquanto, é apenas uma preferência inicial. Enquanto isso, 18% dizem que é uma escolha do atual momento, que durante a campanha poderá mudar. Veja, abaixo, como responderam os eleitores ao Ibope sobre o nível de decisão do voto: Neste ano, o calendário das eleições foi adiado por causa da pandemia do coronavírus. O primeiro turno acontece em 15 de novembro; e o segundo (se houver), em 29 de novembro, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal anunciou uma série de medidas de segurança para evitar a contaminação durante a votação. Pela primeira vez, será possível justificar o voto pelo celular, usando o aplicativo e-Título. O eleitor tem até 14 de janeiro, para ausência no 1º turno, e 28 de janeiro, no 2º turno. Na mesma pesquisa, o Ibope também perguntou a intenção de voto dos eleitores entre os candidatos nas eleições municipais 2020 em São Luís. O resultado foi divulgado nessa sexta-feira (6) e mostra Braide com 36% das intenções de voto, Duarte Jr. com 22% das intenções e Neto Evangelista com 16%. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. — Foto: Divulgação Foi divulgada, neste sábado (7), a lista dos candidatos classificados para o Canta São Luís, I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música. No total, 120 participantes, dos 446 inscritos, foram selecionados e terão a oportunidade de se apresentarem ao público nas próximas etapas do concurso. A antecipação do resultado, que seria divulgado somente na próxima semana, pretende possibilitar mais tempo para a preparação dos candidatos e para a organização dos arranjos dos maestros. Após a divulgação da lista de classificados, os maestros entrarão em contato com todos os 120 participantes para agendar a data do primeiro ensaio, que vai acontecer nos dias 16 e 17 deste mês. Já a 1ª eliminatória, está com a data mantida para os dias 18, 19 e 20, assim como todas as outras datas previstas no regulamento. O festival disponibilizará arranjador, banda base, palco, som e iluminação para todos os 120 selecionados, que se apresentarão, em público, na Praça Maria Aragão, localizada no Centro da cidade. Aos participantes da final, que ocuparem as primeiras cinco posições, serão oferecidas as seguintes premiações: O festival, que acontecerá entre 18 de novembro e 4 de dezembro, visa divulgar, incentivar a criação musical, revelar talentos, promover intercâmbio cultural entre artistas do município, proporcionar o fortalecimento da cultura ludovicense e oferecer lazer cultural gratuito para o município de São Luís e toda a região metropolitana, sendo um atrativo, também, para os turistas que estejam de passagem pela capital. Após o Festival Canta São Luís ser criticado por entidades que representam religiões de matriz africana, a Prefeitura de São Luís comunicou que o edital do projeto foi alterado. Antes, segundo o edital, as religiões católica e evangélica tinham categorias próprias, enquanto as de matriz africana foram classificadas como ""música popular"", junto de outros ritmos musicais. Dessa forma, a Secretaria Municipal de Cultura informou que as categorias foram unificadas para que todos os inscritos possam concorrer na categoria Música Popular Brasileira As apresentações do festival Canta São Luís serão realizadas na Praça Maria Aragão, no Centro de São Luís. — Foto: Divulgação As inscrições para o Canta São Luís - I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música, seguem com as inscrições abertas até a próxima sexta-feira (23). O festival ocorrerá entre os dias 18 de novembro e 4 de dezembro deste ano. Podem se inscrever artistas solos, comprovadamente, residentes na capital, com idade acima de 18 anos. O formulário de inscrição está disponível no site www.saoluis.ma.gov.br/cantasaoluis. O evento é promovido pelas secretarias de Cultura (Secult) e de Governo (Semgov). Segundo a Prefeitura de São Luís, o evento tem como objetivos divulgar, incentivar a criação musical, revelar talentos, promover intercâmbio cultural entre artistas do município, proporcionar o fortalecimento da cultura ludovicense e oferecer lazer cultural gratuito para o município de São Luís e toda a região metropolitana, sendo um atrativo, também, para os turistas que estejam de passagem pela capital. O resultado das inscrições, com o nome dos artistas selecionados para concorrerem nas eliminatórias, também será divulgado no site já no próximo dia 12 de novembro. A cada um dos participantes será disponibilizado arranjador, banda base, palco, som e iluminação, com etapas (eliminatória e final) a acontecerem na Praça Maria Aragão, no Centro da cidade, em dias a serem sorteados, sempre a partir das 19h30 durante o período, já estabelecido, de três semanas. Aos participantes da final, que ocuparem as primeiras cinco posições, serão oferecidas as seguintes premiações: Veja o regulamento do festival! Mais de 30 cantores disputam final do Festival Canta São Luís nesta sexta-feira (4) — Foto: Divulgação Acontece nesta sexta-feira (4) a grande final do Festival Ludovicense de Música - Canta São Luís, a partir das 19h30, na Praça Maria Aragão, no Centro da cidade. A última disputa contará com a participação de 33 finalistas, que se apresentação em estrutura montada no local. Destes, apenas os cinco primeiros vão receber prêmios que variam de R$ 60 mil a R$ 10 mil, dependendo da colocação. Secretarias municipais de Governo e Cultura dizem que o evento está seguindo todos os protocolos sanitários de combate à Covid-19. A escolha dos finalistas se deu durante eliminatórias, que foram bastante acirradas em virtude do potencial dos candidatos. Dos 33 concorrentes, cinco serão premiados: A ordem de apresentação dos finalistas foi definida em sorteio realizado no dia 28: O público que comparece ao evento pode se acomodar em cadeiras distribuídas por toda a praça, diante o palco, obedecendo distância mínima entre a fileira da frente como medida de proteção à Covid-19. Ainda por causa da doença, todos devem permanecer com máscaras de proteção. Millena Mendonça é um destaques da grande final do Canta São Luís — Foto: Foto: Mauricio Alexandre A grande final do Festival Ludovicense da Música - Canta São Luís será realizada nesta sexta-feira (4), a partir das 19h30, na Praça Maria Aragão. Trinta e três artistas se apresentarão nessa final e os cinco primeiros colocados receberão prêmio que varia de R$ 60 mil a R$ 10 mil, dependendo da colocação. A escolha dos finalistas se deu durante eliminatórias, que foram bastante acirradas em virtude do potencial dos candidatos. Dos 33 concorrentes, cinco serão premiados: A ordem de apresentação dos finalistas foi definida em sorteio realizado no dia 28. Os participantes vão apresentar variados ritmos musicais ao público no dia da grande final. Dentre os 33 finalistas que vão se apresentar na noite de 4 de dezembro estão: O público que comparece ao evento pode se acomodar em cadeiras distribuídas por toda a praça, diante o palco, obedecendo distância mínima entre a fileira da frente como medida de proteção à Covid-19. Ainda por causa da doença, todos devem permanecer com máscaras de proteção. As apresentações ocorrerão na Praça Maria Aragão e serão abertas ao público sempre a partir das 19h e seguindo todas as regras sanitárias necessárias para prevenção da Covid-19. — Foto: Divulgação A primeira eliminatória do festival de música Canta São Luís, I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música, acontece a partir desta quarta-feira (18), às 19h30, na praça Maria Aragão. As apresentações dos intérpretes maranhenses serão gratuitas e abertas ao público, seguindo todas as regras necessárias para a prevenção da Covid-19. O objetivo do festival é divulgar e incentivar a produção artística, revelando talentos e promovendo intercâmbio cultural entre artistas do município. Nesta primeira eliminatória participarão todos os 120 artistas, deste grupo, 60 intérpretes serão selecionados para a segunda fase. Entre os critérios de avaliação estão: talento, interpretação, ritmo, perfomance e presença de palco. Na segunda eliminatória, que vai acontecer entre os dias 25 e 27 de novembro, o público participará por meio de votação aberta no site, onde poderá resgatar algum artista eliminado pelo júri técnico, atuando como ""anjo"" . No sábado (28), acontece o sorteio de ordem de apresentação para a grande final, que contará com 30 intérpretes e será no dia 4 de dezembro, no mesmo local. A relação dos selecionados estão no endereço www.saoluis.ma.gov.br/cantasaoluis. Aos finalistas, serão oferecidas as seguintes premiações: Eduardo Braide, do Podemos e Duarte Júnior, do Republicanos, vão disputar o 2º turno em São Luís (MA) — Foto: Arte / G1 O JM2 começou a ouvir os candidatos que disputam o segundo das eleições sobre suas propostas em diversos temas. Nesta quarta-feira (18), os candidatos à Prefeitura de São Luís, Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Jr (Republicanos) falaram sobre suas propostas no combate à Covid-19. Veja abaixo o que cada um falou: As propostas de Braide e Duarte no combate a Covid-19 ""A primeira preocupação que temos que ter é com as aulas no ano que vem. As aulas precisam voltar com segurança. Segurança para os nossos alunos, segurança para os nossos professores, e tranquilidade para os pais dos alunos. Por isso, nós vamos ter as intervenções e nossas escolas municipais, para que elas tenham água no banheiro, para que elas tenham toda a infraestrutura necessária para atender as recomendações sanitárias para poder enfrentar a situação da pandemia. Por outro lado, nós torcemos para que a vacina chegue o mais rápido possível. Mas enquanto a vacina não chegar, o isolamento social, a forma mais segura de você evitar a disseminação e evitar com que outras pessoas sejam contaminadas. Nós temos que cumprir as recomendações da Organização Mundial da Saúde e aquele que for infectado tem que cumprir o isolamento de 14 dias recomendado pela OMS. E é isso que nós vamos fazer. Fazer de São Luís uma cidade com capacidade de cuidar das pessoas, e de enfrentar, mas acima de tudo, de superar essa pandemia"" ""Estou em casa cumprindo isolamento social e vou dizer a vocês que essa experiência de ter vencido o Covid-19 vai fazer toda a diferença durante a nossa gestão. Eu acredito e defendo a ciência. Por isso, antes da tomada de qualquer decisão, nós vamos ouvir os profissionais da saúde, as autoridades de saúde, nós vamos priorizar a atenção básica. Nós vamos colocar os postos de saúde para atender de domingo a domingo, fazer parcerias com os hospitais estaduais e também os hospitais universitários. Garantir que não falte leitos. Quanto ao distanciamento social, é preciso analisar caso a caso. Nós também precisamos nos preocupar com a economia, para que as empresas, em especial as pequenas empresas, não sofram mais com essa pandemia. E mais. Nós vamos liderar a discussão nacional para buscar uma vacina para atender o povo ludovicense e para buscar também a retomada das aulas com segurança aos professores e nossos alunos"" Rua Grande, em São Luís — Foto: Adriano Soares/Grupo Mirante O mês ainda não acabou e o nível de endividamento das famílias de São Luís já alcançou a maior marca em junho desde 2011. A informação é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio). Calculadora e contas — Foto: Bom Dia Brasil O índice de endividamento chegou a 79,1% das famílias ludovicenses, com um crescimento de 8,06% na contratação de novas dívidas em relação ao mês de maio e 37,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Fecomércio, as famílias em São Luís estão recorrendo mais ao crédito para financiar suas despesas e o consumo essencial. “As famílias foram obrigadas a lançar mão de fontes de financiamento, como o cartão de crédito, para manter seu consumo essencial, tal como alimentos, medicamentos, materiais de limpeza, higiene pessoal, entre outros”, explica o presidente da Fecomércio, José Arteiro da Silva. Além da pandemia do novo coronavírus, uma das causas para o maior endividamento seria o baixo desempenho do consumo após a reabertura gradual do comércio estimulada pelo governo Flávio Dino. ""Ainda existe uma preocupação do consumidor quanto ao futuro da sua renda. O aumento da inadimplência e redução da renda dos ludovicenses são fatores que preocupam o comércio nesta retomada das atividades”, diz José Arteiro. Do total de famílias com dívidas, 31,5% afirmaram que possuem pelos menos uma conta em atraso neste mês de junho. O índice é o maior dos últimos 12 meses, apresentando elevação de 17,5% na comparação com o mês anterior e de 3,2% sobre o nível registrado no mesmo período de 2019. Os principais tipos de dívidas dos ludovicenses em junho estão relacionadas ao cartão de crédito (65,5%) e carnês de lojas (25,5%). O tempo médio de atraso dessas dívidas é de 48,6 dias. Atualmente, a pesquisa da Fecomércio-MA estima que a média de parcelamento das dívidas é de seis meses e o percentual de comprometimento da renda do consumidor com essas dívidas é de 32%. Prefeitura de São Luís apresenta o Plano Municipal de Vacinação contra a Covid-19 Nesta sexta-feira (15), o prefeito Eduardo Braide apresentou o Plano Municipal de Vacinação contra o novo coronavírus em São Luís. A imunização da população ludovicense está prevista para começar na quarta-feira (20), segundo cronograma elaborado pelo Ministério da Saúde. A primeira fase da campanha deve durar sete semanas e contempla 37 mil profissionais de saúde e 143 idosos acima de 60 anos que vivem em instituições de longa permanência, como asilos. Serão disponibilizadas doses das vacinas desenvolvidas pelo consórcio da farmacêutica britânica AstraZeneca e da Universidade de Oxford. O lote foi fabricado pelo laboratório indiano Serum e importado pela Fiocruz. Também serão disponibilizadas seis milhões de doses da vacina Coronavac, desenvolvida pela parceria Sinovac-Butantan. Profissional de saúde se prepara para aplicar a vacina contra a Covid-19 — Foto: Lucy Nicholson/Reuters Para que a pessoa possa ser imunizada é preciso tomar duas doses da mesma vacina. Por isso, no ato da vacinação, o paciente será informado sobre qual tipo de vacina tomou, o lote e o fabricante. Estas informações também serão incluídas no cadastro do paciente no aplicativo Conecte-SUS para que as equipes de vacinação tenham o devido controle. A segunda dose da Coronavac deve ser aplicada três semanas após a primeira. No caso da vacina da AstraZeneca, a segunda dose deve ser feita três meses depois. Os idosos que vivem em asilos, por exemplo, serão vacinados na própria instituição onde residem. Para isto, a prefeitura afirma que os idosos serão cadastrados previamente no aplicativo Conecte-SUS, do Ministério da Saúde, que funcionará como uma carteira de vacinação digital. Porém, a maioria das vacinações serão concentradas em um só local: O Centro Municipal de Vacinação, que ainda será criado. É nesse local, por exemplo, que serão realizadas as vacinações nos profissionais de saúde. O objetivo, segundo Braide, é centralizar o atendimento, além da assistência médica ao longo de todas as etapas da imunização para garantir a efetividade das vacinas. “Desde o início do processo de transição começamos a trabalhar na elaboração do Plano Municipal de Vacinação. Agora, com as diretrizes dadas pelo Ministério da Saúde, fizemos as adequações necessárias para que possamos começar a vacinar a população imediatamente após a disponibilização das doses. É importante destacar que o plano municipal seguirá as diretrizes do plano nacional elaborado pelo ministério"", afirmou o prefeito. Eduardo Braide disse ainda que a prefeitura já tem em estoque todo o quantitativo necessário de agulhas e seringas para realizar a vacinação de todo o público-alvo da primeira fase da campanha, além de um local seguro para acondicionar as doses que forem enviadas. Segundo a prefeitura, o Centro de Vacinação terá área de triagem para investigar se o paciente tem condições de ser imunizado. A triagem é fundamental porque quem estiver infectado pelo novo coronavírus ou quem já teve a Covid-19 só poderá ser vacinado 28 dias após a suspenção dos sintomas. O Centro também terá sala de apoio onde o cidadão ficará em observação por alguns minutos após a aplicação da dose da vacina para verificar o surgimento de algum possível efeito colateral. Havendo manifestações adversas, equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) prestarão o primeiro atendimento. Se houver o agravamento do quadro e a necessidade de remoção do paciente para uma unidade de saúde, a unidade definida como referência para este tipo de atendimento em São Luís é o Hospital Municipal Dr. Clementino Moura (Socorrão II). O público-alvo das fases de vacinação poderão ser alterados mediante diretrizes do Ministério da Saúde, porém, a prefeitura já apresentou os grupos prioritários que devem receber a vacina na segunda e terceira fase. A segunda fase da vacinação contemplará idosos em geral acima de 60 anos, que contempla quase 80 mil pessoas em São Luís. Neste grupo, os idosos que tiverem mobilidade reduzida ou estiverem acamados serão vacinados em casa. A terceira fase contemplará pessoas que apresentem alguma comorbidade. Os portadores de comorbidades que estiverem acamados também serão vacinados em casa. Nas etapas seguintes serão imunizados: A pandemia do coronavírus impôs duro revés à indústria do turismo em escala global. Dados de julho da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que o faturamento do setor chegou a R$ 12,8 bilhões em setembro com sinais de recuperação, acumulando um crescimento de 28%, em comparação com agosto, no melhor resultado desde o início do surto de covid-19, em março. Os dados são do Índice Cielo de Vendas do Turismo da CNC (ICVTur-CNC), pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Um dos segmentos mais afetados pela pandemia, o turismo foca em alternativas para se posicionar na retomada. — Foto: Divulgação Os números de setembro, contudo, ainda estão distantes dos registrados no início do ano (R$ 17,8 bilhões, em fevereiro) e no mesmo mês de 2019 (R$ 19,9 bilhões) e a expectativa é que o ano feche com perdas perto de 40% com relação a 2019 e perspectiva de retorno aos níveis de antes da pandemia apenas no terceiro trimestre de 2023. Com esse cenário, a indústria do turismo foi obrigada a se reposicionar adotando novas relações de consumo e de experimentação do produto turístico. Entre essas, está a valorização do turismo interno, de atrativos e equipamentos localizados nas proximidades do local de residência do viajante, em um eixo de até 300 Km, com segurança e facilidade de acesso. Vantagens para fomentar o turismo interno Clube vai estimular turismo interno no Polo São Luís, ofertando vantagens aos viajantes. — Foto: Divulgação É nesse contexto que se coloca uma iniciativa do Sebrae no Maranhão, organizada em parceria com entidades de classe do setor (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH/MA; Associação Brasileira de Agências de Viagens – Abav/MA; Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação – Sehama; Associação de Bares e Restaurantes da Avenida Litorânea – ASLIT; Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel/MA e Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares – Sindebares) - um Clube de Vantagens, que surge como uma estratégia para dinamizar os negócios do trade na retomada. O Clube tem como objetivos fortalecer o turismo interno, divulgar equipamentos e produtos turísticos do entorno, focando nos próprios maranhenses e ludovicenses, que muitas vezes não conhecem os atrativos ou produtos turísticos das proximidades de seu local de residência. A iniciativa abrange, em princípio, o Polo São Luís e se inscreve entre as ações de responsabilidade do Sebrae no Plano Avança Maranhão, de apoio às empresas do turismo na retomada pós pandemia. Uma das cidades do Polo, a capital maranhense detém atrativos singulares, muitas vezes pouco aproveitados pelos próprios maranhenses. — Foto: Divulgação Adicionalmente, espera-se que a iniciativa contribua para ampliar a carteira de clientes das empresas participantes e o fluxo de vendas e, ainda, para elevar o movimento de visitantes no Polo São Luís, especialmente dos maranhenses, com reflexos para a lucratividade das empresas e geração de negócios neste momento de reposicionamento de mercado. Shamia Renata Coimbra, analista técnica do Sebrae e gestora do projeto Turismo Criativo no Polo São Luís. — Foto: Divulgação Projeto piloto - O projeto piloto abrange, inicialmente, de 20 a 30 empresas do Polo São Luís como ofertantes de benefícios. São empresas como bares, restaurantes, hotéis, pousadas, agências de viagens, motéis, hostels e albergues. Posteriormente, deve se expandir para outros ramos, contemplando negócios ligados direta ou indiretamente à cadeia do turismo. Os empreendimentos estão sendo mobilizados pelas entidades de classe e, com o apoio de uma consultoria viabilizada pelo Sebrae, estão sendo identificadas as vantagens a serem oferecidas, além de captação, na outra ponta, dos beneficiários dessas vantagens. Técnicos do Sebrae e entidades do turismo se reúnem para alinhamentos do Clube de Vantagens. — Foto: Divulgação “Em um primeiro momento, vamos atuar no piloto com empresas do polo, captadas com a ajuda das entidades de classe, junto às quais estão sendo levantadas as vantagens que podem oferecer. E, paralelamente, temos uma consultoria trabalhando para identificar empresas e corporações (grandes empreendimentos, com alto número de colaboradores) que podemos atingir, na outra ponta dessa relação de consumo do Clube de Vantagens”, frisa Shamia Renata Coimbra. Ao focar corporações que tem um grande fluxo de funcionários que se deslocam entre filiais localizadas no polo São Luís e permanecem nessas localidades nos finais de semana, as vantagens oferecidas pelas empresas do Clube podem significar também oportunidade para que esse público e suas famílias, que às vezes moram em cidades próximas, possam usufruir nos finais de semana, ou mesmo em pequenas viagens de férias para conhecer atrativos do polo. Após a validação do projeto piloto, nos próximos meses, a iniciativa prevê uma segunda etapa, com a expansão do Clube de Vantagens para a comunidade em geral – turistas e clientes finais do trade – e para outros polos de Turismo do estado. Segundo Shamia Renata, nesta fase inicial de captação das empresas interessadas em participar do Clube já há sinalizações de interesse de empreendimentos dos polos Lençóis e Chapada das Mesas, o que sugere que a iniciativa tem grande potencial para se tornar uma estratégia de mercado interessante. “Nesta primeira etapa, estamos trabalhando para viabilizar a adesão de empreendimentos do Polo São Luís e esperamos que, com o decorrer da iniciativa, outras empresas percebam a boa oportunidade e se engajem no Clube”, acrescenta a gestora. Iniciativa deve fomentar negócios Clube inicia ações no Polo São Luís, com perspectiva de extensão para outros polos turísticos do estado. — Foto: Divulgação Embora a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já aponte um crescimento da atividade turística de 4,8% em julho ante o mês de junho, configurando a terceira alta seguida desde o início da pandemia, o ganho acumulado de 36,1% ainda está longe de se contrapor à queda de 68,1% nos meses de março e abril, que resultou no fechamento de quase 450 mil empregos formais no setor. Daí a importância de iniciativas como o Clube de Vantagens e da aposta no turismo interno. Para o gerente da Unidade Regional do Sebrae em São Luís, Mauro Ribeiro Formiga, ao fomentar o turismo interno, essa iniciativa deve contribuir significativamente para a melhoria dos negócios e para o início da recuperação de postos de trabalho fechados com a pandemia. Mauro Formiga, gerente da UR Sebrae São Luís: “Clube deve gerar negócios e fortalecer cadeia do turismo no Polo São Luís” — Foto: Divulgação “O Clube tem potencial para gerar um movimento que deve se traduzir em incremento no desempenho das empresas na recuperação pós-pandemia, já que o turismo foi um dos setores mais afetados com a crise. Esse movimento também vai contribuir para divulgação e promoção e no acesso a equipamentos e atrativos que estão no nosso entorno e que, muitas das vezes, não são conhecidos por nós mesmo, ludovicenses e maranhenses. As ações vão fortalecer o Polo São Luís, podendo ser replicadas nos outros polos trabalhados pelo Sebrae no estado, sendo uma estratégia concreta para a geração de negócios, melhoria da lucratividade das empresas e recuperação de postos de trabalho”, analisa o gerente. Serviço Índice Cielo de Vendas do Turismo da CNC Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Sebrae no Maranhão Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - ABIH/MA Associação Brasileira de Agências de Viagens - Abav/MA Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação - Sehama Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Abrasel/MA Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares - Sindebares Polo São Luís Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) Canais de Atendimento Sebrae: Central de Atendimento Sebrae 0800 570 0800 Redes Sociais: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter Jogo criado por maranhense é lançado na internet Um grupo maranhenses de desenvolvedores de jogos fez o pré-lançamento, nesta terça-feira (8), aniversário de 408 anos de São Luís, de um game de aventura que usa como cenário o Centro Histórico da capital maranhense. Intitulado 'Lunar Axe', o jogo segue em desenvolvimento, mas já pode ser baixado na versão desktop. Lunar Axe é um jogo point-and-click de aventura com objetos escondidos, contendo locais e enredo baseados em histórias reais com uma incrível arte feita à mão. O jogador deve resolver quebra-cabeças e explorar vários ambientes diferentes para encontrar uma arma mística, resolvendo o mistério por trás de terremotos que estão destruindo a cidade. ""O ludovicense que se aventurar no jogo Lunar Axe vai identificar elementos da nossa cidade logo de cara, desde os característicos lampiões até a carranca. Casarões e ruas do centro histórico de São Luís são palco de um mistério e você deve mostrar suas habilidades de solucionar quebra-cabeças e desvendar a trama para impedir que a cidade seja destruída"", explica Kassio Sousa, um dos desenvolvedores do jogo. A versão completa do jogo tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2021 na Steam. Imagem do jogo mostra cena inspirada na tradicional região do Desterro, em São Luís — Foto: Lunar Axe Beco do Silva localizado no Centro Histórico de São Luís — Foto: Divulgação Como parte das ações de programa estadual, o artista visual Gil Leros repaginou o visual da escadaria Beco do Silva, localizada no Centro Histórico de São Luís. Em 2019, a imagem de uma coreira fez com que o espaço se tornasse sensação entre turistas e ludovicenses. Este ano, a coreira deu lugar à ilustração de um guará, pássaro de penas vermelhas encontrado em larga escala na costa maranhense, e uma janela colonial, marca arquitetônica da capital patrimônio histórico da humanidade. Gil Leros conta que o tema mudou, mas a intenção de sua nova intervenção artística continua a mesma: transmitir via arte de rua, valores e belezas típicos do Maranhão. Só que dessa vez o artista se preocupou em alertar o público sobre a importância da preservação ambiental, com ênfase na conservação das áreas de manguezais. Apesar de ser figura marcante da fauna maranhense, Gil Leros acredita que o guará é um ilustre desconhecido para boa parte da população. E assim como fez quando pintou a coreira, o artista aposta no tom educativo do seu trabalho para conscientizar moradores e visitantes sobre as potencialidades locais. Duarte Júnior é entrevistado no Bom Dia Mirante Dando continuidade a série de entrevistas aos candidatos que concorrem no 2º turno à Prefeitura de São Luís, o jornalista Clóvis Cabalau, que apresenta o quadro ""Bastidores"", que faz parte do Bom Dia Mirante, conversou na manhã desta sexta-feira (20) com Duarte Júnior (Republicanos). A entrevista do 2º turno programada pelo Grupo Mirante teve uma duração de dez minutos e foi realizada pela internet porque o candidato do Republicanos cumpre quarentena por Covid-19. Duarte Júnior falou sobre o suposto exame que ele teria feito no Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão (Lacen) para detectar a Covid-19 e afirmou que o caso não passou de um boato. “O exame do Lacem é falso. Eu nunca fui ao Lacem, nunca solicitei nenhum exame ao Lacem. Não nenhuma assinatura, nenhum requerimento médico solicitando tal exame ou recebendo tal exame. É um exame falso”. Sobre o auxílio emergencial municipal que deseja implantar, caso vença o 2º turno das eleições na capital, Duarte afirmou que o recurso no valor de R$ 200, que será destinado as famílias mais carentes, será garantido de setores como a comunicação, já que diz que a prefeitura prestará um bom serviço sem precisar gastar com a comunicação. Ele acrescenta ainda que parcerias com governo estadual serão realizadas com o intuito de contribuir para a aquisição do recurso. “Existem várias formas de garantir esse recurso. Primeiro utilizando a verba da comunicação. Prefeitura que presta um serviço bom não precisa gastar com comunicação. Nós vamos fazer a prefeitura funcionar mais, funcionar melhor e gastar menos para desenvolver as ações com esses recursos e vamos fazer parcerias com governo estadual”, revelou o candidato do Republicanos. Candidato à prefeitura de São Luís Duarte Júnior (Republicanos) é entrevistado no Bom Dia Mirante — Foto: Reprodução/TV Mirante Ao ser questionado a respeito da geração de emprego e renda para a população ludovicense, Duarte Júnior pontuou que criará os shoppings de serviços nos terminais de integração de São Luís com o objetivo de garantir mais empregos. Além disso, ele afirmou que explorará o lado cultural da cidade estimulando dessa maneira a cadeia produtiva. “Sobre a geração de emprego e renda tem duas ações imediatas. Primeiro a questão do shopping de serviços. Nós vamos em parceria com a iniciativa privada transformar os terminais de integração em shopping de serviço garantindo emprego, renda, desenvolvimento. São Luís é uma cidade portuária, é uma cidade que tem um grande apelo turístico, cultural e precisa ser melhor explorada. A indústria do entretenimento é a terceira que mais gera emprego e renda no mundo. A toda uma cadeia produtiva. Rede hoteleira, bares, restaurantes, os produtores culturais, os fazedores de cultura. Nós vamos fazer com que a nossa cultura gere mais emprego, renda e desenvolvimento e, claro, investir em formação, investir em educação pra preparar melhor a nossa mão de obra”, contou o candidato. Por fim, o candidato do Republicanos revelou que dentre seus planos para socorrer a educação e recuperar o tempo que foi perdido pelos estudantes em 2020 em virtude da pandemia do novo coronavírus está a adoção do programa “Escola Digna Municipal”, que visa propiciar aos estudantes atendidos pelo Sistema Estadual de Ensino e pelo Sistema Público de Ensino dos Municípios, o acesso à infraestrutura necessária para as suas formações como cidadãos preparados para atuar profissionalmente nos mais diversos campos da atividade social. PROS confirma a candidatura de Yglésio Moyses à prefeitura de São Luís O Partido Republicano da Ordem Social (PROS) oficializou, em convenção partidária realizada na noite de sexta-feira (11), a candidatura de Yglésio Moyses à prefeitura de São Luís. O evento foi realizado em um hotel no bairro São Francisco, na capital. Este é o terceiro nome confirmado para disputar as eleições municipais deste ano. O partido também anunciou o nome do médico Mauro César, como candidato à vice-prefeito pela chapa. Durante o evento, que contou presencialmente com um número restrito de participantes por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o PROS também anunciou que quatro candidatos a vereador vão disputar espaço na Câmara Municipal da capital. PROS confirma a candidatura de Yglésio Moyses à prefeitura de São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante No programa de governo do candidato tem como foco o programa de apoio à primeira infância. São ações na área da saúde, trabalho e da geração de renda, com objetivo de melhorar a qualidade de vida da população. ""É um programa de transferência de renda, para famílias que tenham crianças de zero a seis anos, de até R$ 200 por família. No caso de autistas, o benefício será majorado"", disse Yglésio. ""70% dos ludovicenses dizem que a saúde é o principal problema a ser enfrentado"", completou. Já Mauro César, que é oftalmologista e presidente da Associação Médica do Maranhão, falou sobre os desafios como candidato a vice-prefeito. ""Eu tive a honra de aceitar esse convite como um desafio de poder contribuir com um projeto que pretende fazer uma gestão, que se eu fosse resumir em uma palavra, seria 'surpreendente'. Ou seja, fazer uma gestão que possa admirar as pessoas pelo grande potencial que a nossa cidade tem"", destacou. Yglésio Moyses tem 39 anos, é médico, advogado e professor universitário. Natural de São Luís, ele está no primeiro mandato como deputado estadual do Maranhão. Funciona Assim: O que faz o prefeito? Funciona Assim: O que faz o vereador? Bloco é uma marcar do pré-carnaval ludovicense — Foto: Flora Dolores/O Estado Um dos blocos mais tradicionais do carnaval maranhense, o bloco de rua Máquina de Descascar'Alho completa 32 anos nesta terça-feira (1º) e promete levar muita alegria aos foliões de São Luís. A partir das 16h a banda faz o tradicional cortejo pelas ruas da Madre Deus e Centro, marcando o pré-carnaval ludovicense. Durante o cortejo carnavalesco, os foliões são animados por uma banda que relembra marchinhas e sambas históricos, além de ecoar novas apostas para o carnaval. Todos anos milhares de pessoas acompanham o “arrastão” tradicional do primeiro dia do ano com a Máquina de Descascar'Alho. Foliões ganham ruas da Madre Deus no primeiro dia do ano — Foto: Divulgação A concentração dos foliões é iniciada nas primeiras horas da tarde no Morro do Querosene, no bairro da Madre Deus. O início do cortejo pelas ruas do bairro se inicia sempre no fim da tarde. Outro bloco de rua tradicional do bairro é o C. De Asa que tem a tradição de desfilar pelas ruas em pleno Natal, abrindo o pré-carnaval maranhense. No último dia 25 de dezembro, milhares de pessoas fizeram a festa que ganhou também as ruas do Centro da cidade. Outro bloco que ganhou as ruas de São Luís foi o Só Safados, que abriu sua festa no dia 16 de dezembro no Centro Histórico Ludovicense. Prefeito de São Luís (MA), Edivaldo Holanda Jr, com jurados do I Festival Canta São Luís. — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís A Prefeitura de São Luís abre, nessa terça-feira (13) as inscrições para o I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música (Canta São Luís). O festival deve premiar os primeiros colocados nas categorias música popular, gospel e católica. As inscrições podem ser realizadas até o dia 23 de outubro, por meio do site do projeto. O festival será realizado entre os dias 18 de novembro e 4 de dezembro. Poderão se inscrever artistas que comprovem residência em São Luís e tenham idade acima de 18 anos. Além disso, a iniciativa é voltada exclusivamente para artistas solos, não podendo participar duplas, trios, bandas, grupos, corais entre outros. Ao todo, serão disponibilizadas 200 vagas para as três categorias De acordo com o regulamento, cada candidato só poderá se inscrever em uma delas. Os candidatos também devem enviar um vídeo, de até 45 segundos, cantando uma música à capela da categoria para qual se inscreveu. No ato da inscrição, também devem ser preenchidos corretamente o formulário disponibilizado pelo site, enviando o comprovante de residência fixa em São Luís, os dados bancários para recebimento da premiação. O vencedor de cada uma das três categorias recebe um prêmio de R$ 30 mil. O segundo e o terceiro lugares recebem R$ 20 mil e R$ 10 mil, respectivamente. As apresentações serão realizadas na Praça Maria Aragão, na região central da capital, e serão abertas ao público. A Prefeitura afirma que o objetivo do 'Canta São Luís' é incentivar a produção musical, revelar talentos, promover o intercâmbio cultural, revelar talentos, fortalecer a cultura local e oferecer lazer gratuito para à população. As eliminatórias devem acontecer em dois dias, para cada uma das categorias. Após o término do período de inscrições, serão pré-selecionados 40 concorrentes em cada categoria. Os nomes dos aprovados serão divulgados no site do festival em 12 de novembro. Os 40 selecionados de cada categoria serão divididos em dois grupos com 20 pessoas. Em seguida, os dois grupos serão divididos novamente, desta vez, com 10 candidatos. Por fim, cada categoria deve permanecer com 20 representantes finais. A ordem das apresentações nas eliminatórias será definida por sorteio. O candidato que não cumprir as exigências do regulamento será automaticamente desclassificado. Os intérpretes que realizarem performances que incitem a violência ou qualquer tipo de preconceito também serão desclassificados. Veja o cronograma completo do festival no fim desta reportagem. O júri formado pelos cantores Mano Borges, Fernando de Carvalho, Clay Viana, o maestro Fernando Mouchrek e o arranjador e produtor musical, Anaucy Fontes, serão responsáveis por analisar as gravações que serão enviadas durante as inscrições para o festival. Além disso, eles também serão responsáveis por selecionar os 40 classificados de cada categoria para a fase final das eliminatórias, julgarem as apresentações, escolher os finalistas e os vencedores. Durante as eliminações e fases finais, a presença de palco, afinação, ritmo, talento, interpretação, dicção e performance serão avaliadas. Serão realizados ensaios oficiais para que os artistas possam se preparar e tenham as mesmas condições para cada apresentação. Cada categoria terá um produtor musical responsável. Dentre eles, está Luís Júnior para a categoria de música popular, Lin Júnior para a de música católica e Carlos Raquete para a de música gospel. ELIMINATÓRIAS 1ª Eliminatória: 2ª Eliminatória: FASE FINAL Pesquisa do IBGE põe o Maranhão com menor rede coletora de esgoto do país — Foto: Reprodução/TV Mirante O Maranhão está entre os 24 estados brasileiros que precisam ampliar seus investimentos em saneamento básico, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil divulgado pelo G1 nesta quarta-feira (25). Indicadores apontam que o estado precisaria fazer uma investimento 8,66 vezes maior para atingir a meta de universalização até 2033. Em julho, o Brasil sancionou o novo marco legal do saneamento básico. O texto aprovado tem, entre outros objetivos, tem a meta de que o país precisa chegar a 2033 com 99% de sua população atendida com água tratada e com 90% coleta e tratamento de esgoto. Nesse sentido, o Maranhão está entre os estados que precisam investir mais para alcançar as metas. Atualmente, segundo o Instituto Trata Brasil, o estado tem 2,7 milhões de pessoas sem acesso à água tratada, o que corresponde a 43,6% da população, e 5,3 milhões sem coleta de esgoto, que representam 86,2% dos maranhenses. Segundo dados disponibilizados ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2018 o Maranhão investiu R$ 149,9 milhões em saneamento básico, R$170,7 milhões em 2017 e R$ 136,3 milhões em 2016. Além do Maranhão, outros 15 estados também têm média de investimentos muito abaixo da prevista para que a meta seja atingida: Acre, Ceará, Piauí, Rondônia, Pará, Amazonas, Goiás, Bahia, Tocantins, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraíba e Alagoas. Atualmente, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) – ano base 2018, 82% da população de São Luís recebem abastecimento de água. Com 66,2% de perdas de água, São Luís excede a média nacional no quesito. A média de perda do país é de 38,3%. Quando o assunto é esgotamento sanitário, a situação é ainda mais preocupante para os ludovicenses. Estima-se que em São Luís apenas 48,3% da população recebe atendimento de coleta de esgoto, e 18% dos esgotos da capital do Maranhão são tratados. Por fim, dados retirados do portal do Trata Brasil, o “Painel Saneamento Brasil”, mostram que entres os anos de 2010 e 2018, R$ 460 milhões foram investidos nos serviços de água e esgotamento sanitário de São Luís. Saneamento básico — Foto: Economia G1 Em nota ao G1 Maranhão, o Governo do Estado não informou quais os investimentos em saneamento serão feitos para atingir as metas da nova Lei do Saneamento Básico. Através da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), o Governo disse que tem investido nos serviços de saneamento básico nos 140 municípios do estado. Informou ainda que a companhia executou mais de R$ 402 milhões, na construção de novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) e redes de esgoto em São Luís. Sobre o abastecimento de água, o governo disse que foram construídas nesse período Estações de Tratamento de Água (ETA’s), além disto, foi concluída a obra da adutora em São Luís. Disse também que nesse período, a Caema construiu e entregou sistemas de abastecimento de água de pequeno, médio e grande porte, em regiões estratégicas do estado. Eduardo Braide (Podemos) — Foto: Arte/G1 O candidato Eduarde Braide, do Podemos, vai disputar o segundo turno das Eleições 2020 em São Luís, com o candidato Duarte Jr (Republicanos). Braide teve, no primeiro turno, 37,81% dos votos. O segundo turno das eleições em São Luís será no dia 29 de novembro. Por meio das redes sociais, Braide agradeceu os votos recebidos e afirmou que ganhou em todas as zonas eleitorais de São Luís. Além disso, o candidato falou que vai buscar novos aliados e parceiros para vencer a eleição no dia 29 de novembro. Braide foi oficializado como candidato a prefeito de São Luís, pelo Podemos, em convenção partidária no dia 14 de setembro. A professora e policial militar Esmênia Miranda é a candidata a vice-prefeita pela chapa. O Podemos conta com o apoio do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Democrático (PSD) e Partido da Mobilização Nacional (PMN). Eduardo Braide tem 44 anos e é natural de São Luís. Ele é advogado e está no primeiro mandato de deputado federal pelo Maranhão. Anteriormente, ele já foi eleito por dois mandatos como deputado estadual. Esta é a segunda vez que Eduardo Braide concorre à prefeitura de São Luís. Nas eleições de 2016, ele chegou a disputar o segundo turno, mas foi derrotado pelo atual prefeito da capital, Edivaldo Holanda Jr. Braide tem um patrimônio declarado R$ 1.067.620,62. Eleições 2020: Eduardo Braide (PODE) disputará 2º turno em São Luís Em seu projeto de governo, Eduardo Braide afirma que pretende transformar São Luís, caso seja eleito, em uma cidade humana, participativa, inteligente e sustentável. Suas propostas foram pontuadas em 19 eixos de trabalho em áreas como saúde, educação, cultura e turismo, mobilidade urbana, proteção animal, geração de emprego, renda e transporte público. Entre suas propostas, está a criação de um Centro de Referência em Saúde, a construção de creches em tempo integral, a criação da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social na capital. O candidato também defende a patrulha em terminais de integração e propõe a criação de um Parque Tecnológico de São Luís, com foco no investimento e incentivo ao desenvolvimento de softwares, aplicativos, startups, oportunizando a geração de emprego, renda, além de trazer soluções criativas e inovadores ao município. • Veja na íntegra o plano de governo de Eduardo Braide PSB/MA oficializa candidatos em São Luís O Partido Socialista Brasileiro (PSB) oficializou, em convenção partidária realizada na tarde de sábado (12), em uma casa de eventos no bairro Renascença, na capital, a candidatura de Bira do Pindaré à prefeitura de São Luís. Para as eleições deste ano, o PSB não fez coligações e vai lançar 40 candidatos a vereadores para a Câmara Municipal de São Luís. ""Nós estamos aqui porque queremos uma cidade mais humana, mais bela e mais justa. Esse é o ponto central que vai orientar toda discussão que vamos fazer e que se resume em 40 compromissos. Nosso plano de governo possui 40 compromissos com a nossa cidade"", discursou Bira do Pindaré. PSB oficializa a candidatura de Bira do Pindaré à prefeitura de São Luís — Foto: Reprodução/Redes Sociais Na ocasião, o partido anunciou Letícia Cardoso como candidata à vice-prefeita pela chapa. Ela é jornalista, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). ""É preciso ter espaços que garantam as vozes dessas pessoas que não se sentem contempladas com a situação de desigualdade que existe na sociedade ludovicense hoje. A nossa chapa, o projeto político do Bira, possui 40 metas em diversos setores, elaboradas junto com a população, é amplo e que é a única candidatura anti-bolsonarista em São Luís"", discursou Letícia. Natural de Pindaré-Mirim, município a 255 km de São Luís, Bira do Pindaré tem 51 anos e é advogado, bancário e professor. Atualmente, está no primeiro mandado de deputado federal e foi deputado estadual por dois mandatos entre 2010 e 2014. Ele é formado em direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e possui mestrado em Políticas Públicas também pela UFMA. Funciona Assim: O que faz o prefeito? Funciona Assim: O que faz o vereador? São Luís elege Eduardo Braide do Podemos O prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), afirmou que já dará continuidade a todas as obras que estão sendo executadas pela atual gestão do prefeito Edivaldo Holanda: “Vamos continuar todas as obras que estão em execução”. Braide falou sobre esse assunto e outros temas em entrevista, nesta segunda-feira (30), ao JM1. Perguntado sobre a sua opinião em relação a atual gestão da cidade, Eduardo afirmou que São Luís pode ter muito mais. “São Luís é uma cidade que pode ter muito mais cultura, que pode ter mais geração de emprego e renda, que pode ter uma educação de qualidade, uma educação que funcione e é exatamente isso o que vamos fazer a partir do mês que vem”, disse Eduardo. O candidato eleito disse que se sente pronto para ser prefeito de São Luís e afirma ter acumulado muita experiência nos últimos anos, ocupando os cargos de secretário, gestor, deputado estadual por duas vezes e atualmente deputado federal. O futuro gestor disse que já iniciou o levantamento com os primeiros nomes para fazer parte da equipe de transição. Afirmou ainda que o atual prefeito Edvaldo se colocou à disposição para que o processo de transição aconteça de forma tranquila e amigável. O prefeito eleito foi entrevistado nesta segunda-feira (30), no JM1 — Foto: Reprodução/TV Mirante Questionado sobre as prioridades do início do seu governo, Braide afirmou que a saúde é o primeiro item do seu plano de governo. “Nossa prioridade de gestão é a saúde. Por isso vamos agir de forma muito rápida para colocar parcerias em andamento já nos primeiros dias”. O futuro prefeito deu o exemplo da Santa Casa que, segundo ele, possui 400 leitos e 11 de UTI’s equipadas, mas que não estão sendo utilizadas. Citou também a Maternidade Maria do Amparo, que realizava cerca de 200 partos por dia, mas está de portas fechadas. Segundo Braide, a partir de 2021 duas unidades estarão disponíveis para atendimento da população de São Luís. Ele garantiu também que vai ampliar as parcerias com o Hospital Aldenora Belo e a Apae de São Luís. Sobre educação, Braide afirmou que esse é um dos maiores desafios para o ano que vem. Em relação a presença dos alunos nas escolas, Braide disse que, nos primeiros meses, pretende reformar as escolas para que todas tenham condições necessárias para receber alunos e professores com segurança. Prefeito eleito em São Luís Eduardo Braide. — Foto: Reprodução/TV Mirante Em relação ao sistema remoto, o futuro prefeito declarou já estar fazendo um levantamento para ver a possibilidade da prefeitura oferecer tablets com internet para os alunos. Já sobre mobilidade urbana, Braide declarou que vai investir nos corredores metropolitanos em parceira com os outros municípios da Grande São Luís. “O governo federal tem recursos exclusivos para investir na mobilidade urbana das áreas metropolitanas e é isso que eu vou buscar. Parcerias com os outros três perfeitos para que a gente vá a Brasília buscar recursos para implantar, tirar do papel o corredor metropolitano da nossa ilha”, disse Eduardo Braide. Questionado sobre atenção básica, o prefeito eleito disse que é necessário primeiro colocar para funcionar o que já existe. “Nós temos mais de 50 unidades básicas de saúde. Mas a Unidade Básica de saúde da Vila Nova República, por exemplo, tá fechada. Não está funcionando. Nós temos que botar para funcionar bem, colocar os medicamentos, toda equipe médica, enfermeiro, dentista, tudo o que prevê o programa de estratégia de saúde da família.” Ainda sobre o assunto, Braide disse que São Luís só tem 110 equipes de estratégia de saúde da família e que, segundo as recomendações do Ministério da Saúde, pelo número de habitantes, São Luís deveria ter 273 equipes, no mínimo. Eduardo disse ainda que vai abrir novas oportunidades de emprego na área da saúde e garantiu a implantação das clínicas da família. Prometeu também o compromisso com a classe artística ludovicense. “Cultura é emprego, é renda e aliada ao turismo é a forma mais rápida de se gerar emprego. Eu assumi um compromisso de nos implantarmos um calendário cultural anual” Sobre a situação de poluição das praias da capital, Braide destacou que a prefeitura vai fazer a sua parte interrompendo as ligações clandestinas de esgotos na rede de galeria de água de drenagem da chuva da prefeitura. Confira o resumo de algumas das principais reportagens e as mais acessadas pelos leitores do G1 Maranhão na semana de 15 a 21 de novembro. A eleição para a Prefeitura de São Luís será decidida no 2º turno, marcado para o dia 29 de novembro. A disputa será entre os candidatos Eduardo Braide, do PODE e Duarte Júnior, do Republicanos. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 100% das urnas apuradas e 553.499 votos computados, Eduardo Braide tinha 193.578 votos (37,81% dos votos) e Duarte Júnior tinha 113.430 votos (22,15%). Votos brancos somaram 3,01% e nulos 4,48%. Eduardo Braide, do Podemos e Duarte Júnior, do Republicanos, vão disputar o 2º turno em São Luís (MA) — Foto: Arte / G1 O candidato do Podemos à Prefeitura de São Luís, Eduardo Braide, venceu em todas as zonas eleitorais de São Luís durante o 1º turno das eleições. Já Duarte Júnior (Republicanos) ficou em segundo lugar em todas as zonas, com exceção da 3ª zona, onde ficou em terceiro lugar (atrás de Neto Evangelista). Ambos os candidatos disputam a eleição no 2º turno. Eduardo Braide venceu na zona rural, Centro, região Itaqui Bacanga, região do Calhau, Cidade Olímpica e Cohatrac. A maior diferença de votos entre Braide e Duarte ocorreu na 3º zona, que compreende parte dos bairros do Calhau, Bequimão, Angelim e Vinhais. Uma cobra jiboia chamou atenção de quem passava pela praia de São Marcos, na manhã desta terça-feira (17). A serpente, de aproximadamente dois metros de comprimentos, se rastejava pelo trecho de areia, bem próxima ao mar e dos banhistas que passavam pelo local. O Corpo de Bombeiros fez o resgate por volta das 7h. Segundo um dos bombeiros que fez o resgate, casos como este se tornaram cada vez mais comuns em razão das mudanças climáticas. A cobra foi levada para ser avaliada e, em seguida, será solta em seu habitat natural. Jiboia de 2 metros é encontrada na praia de São Marcos, em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante A primeira eliminatória do festival de música Canta São Luís, I Festival Ludovicense de Intérpretes da Música, acontece a partir desta quarta-feira (18), às 19h30, na praça Maria Aragão. As apresentações dos intérpretes maranhenses serão gratuitas e abertas ao público, seguindo todas as regras necessárias para a prevenção da Covid-19. O objetivo do festival é divulgar e incentivar a produção artística, revelando talentos e promovendo intercâmbio cultural entre artistas do município. Nesta primeira eliminatória participarão todos os 120 artistas, deste grupo, 60 intérpretes serão selecionados para a segunda fase. Entre os critérios de avaliação estão: talento, interpretação, ritmo, perfomance e presença de palco. As apresentações ocorrerão na Praça Maria Aragão e serão abertas ao público sempre a partir das 19h e seguindo todas as regras sanitárias necessárias para prevenção da Covid-19. — Foto: Divulgação Um homem foi preso depois de esfaquear um cachorro da raça pit bull no município de Bacabal, a 195 km de São Luís. O crime é investigado como maus-tratos. Segundo a dona do pit bull, a agressão ocorreu durante uma caminhada com o cachorro, quando ele estava brincando com o poodle do vizinho. Ela diz que o dono do poodle fez ameaças afirmando que mataria o pit bull, caso o poodle se ferisse no contato entre eles. Pit bull é esfaqueado em Bacabal — Foto: Reprodução/ Tv Mirante Como parte das ações referentes à Semana da Consciência Negra 2020, a Cafua das Mercês, museu localizado na Rua Jacinto Maia, no Centro Histórico de São Luís, passou por uma reforma completa, que será entregue à população nesta sexta-feira (20). O espaço funcionou durante muitos anos como depósito de escravos que eram comercializados na capital e em outras cidades do Maranhão. Na reabertura, além da exposição de acervo composto por objetos de cultos africanos e de religiões de matriz africana, como estatuetas, cabaças e tambores, o novo Museu Cafua das Mercês vai contar com mostra de peças do acervo de Jorge Itaci Oliveira, mais conhecido como pai Jorge Babalaô, um dos mais tradicionais babalorixás do Maranhão, que chegou a ser gestor desse espaço cultural antes de falecer em 2003. Na reabertura, além da exposição de acervo composto por objetos de cultos africanos e de religiões de matriz africana, como estatuetas, cabaças e tambores — Foto: Divulgação De acordo com a Superintendência da Defesa Civil, São Luís possui 60 áreas de riscos que são alvos de vistorias diárias. A ocorrência de chuvas na capital maranhense já preocupa os moradores que residem em regiões com risco de desabamento e, segundo o Setor de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a tendência é de que nos próximos meses as chuvas fiquem mais intensas. De acordo com a Superintendência da Defesa Civil, São Luís possui 60 áreas de riscos que são alvos de vistorias diárias — Foto: Paulo Soares/ O Estado Eduardo Braide, do Podemos e Duarte Júnior, do Republicanos, vão disputar o 2º turno em São Luís (MA) — Foto: Arte / G1 A eleição para a Prefeitura de São Luís será decidida no 2º turno, marcado para o dia 29 de novembro. A disputa será entre os candidatos Eduardo Braide, do PODE e Duarte Júnior, do Republicanos. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com 100% das urnas apuradas e 553.499 votos computados, Eduardo Braide tinha 193.578 votos (37,81% dos votos) e Duarte Júnior tinha 113.430 votos (22,15%). Votos brancos somaram 3,01% e nulos 4,48%. Neto Evangelista, do DEM, aparece em terceiro lugar com 83.138 votos, que soma 16,24%. Rubens Júnior, do PC do B, ficou em quarto lugar com 54.155 votos (10,58%). Na última pesquisa Ibope, divulgada na sexta-feira (13), pela TV Mirante, Eduardo Braide aparecia com 41% das intenções de votos válidos. Em seguida, aparecia Duarte Júnior com 19% das intenções de voto. Em pronunciamento após o resultado do 1º turno, Eduardo Braide afirmou que deve buscar novos aliados e parcerias para vencer as eleições na capital maranhense. “Hoje, nós vencemos a primeira batalha dessa eleição. E vencemos bem, nós ganhamos em todas as zonas eleitorais de São Luís, nós ganhamos em todas as regiões de São Luís e ganhamos bem, ganhamos com uma diferença grande em relação aos outros adversários. Aquilo que juntos nós conseguimos construir nessa primeira batalha e vencemos, nós vamos fazer redobrado, pra vencer a segunda batalha mais importante no dia 29. Hoje é dia de agradecer a Deus, é dia de agradecer a ele que nunca me deixou nos momentos mais difíceis dessa campanha, de agradecer a cada um e a cada uma de vocês, que acreditam no nosso trabalho por São Luís, de agradecer aos milhares de ludovicenses que escolheram nosso nome no primeiro turno para ser prefeito de São Luís. Vamos arregaçar as mangas cada vez mais, vamos pra rua. Nós vamos caminhar juntos, lado a lado, com novos aliados, com novos parceiros, na certeza de que São Luís vai vencer no dia 29, na certeza de que nós vamos estar comemorando a vitória do povo de São Luís”, declarou Eduardo Braide. Eleições 2020: Eduardo Braide (PODE) disputará 2º turno em São Luís Pelas redes sociais, Duarte Júnior disse que deve dar continuidade ao 'bom trabalho' que atual gestão municipal, do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) e realizar parcerias com o governo estadual e federal. “Estou muito feliz com o resultado das urnas, muito obrigado São Luís, muito obrigado por ter apostado e acreditado numa nova forma de fazer política, uma política das pessoas, pelas pessoas e com as pessoas, não mais aquela política de transferência de poder, de pai pra filho, pra neto de político. Esse é o nosso diferencial, de ter um serviço prestado na cidade de São Luís. As pessoas sabem a seriedade do nosso trabalho, aquilo que nós fizemos no Procon, no Viva Cidadão e sabem a nossa vontade e a nossa retidão de manter o combate efetivo à corrupção. E esse é o nosso perfil, essa é a proposta do 10 que, com certeza vai botar pra resolver. É muito importante haver uma união, uma unidade, unir todos aqueles querem uma São Luís ainda melhor. Dar continuidade àquilo que a atual gestão ela fez e faz de bom e mudar rapidamente aquilo que precisa ser modificado. Fazer parceria com o governo do estado, com o governo Flávio Dino, que eu tive a honra de fazer parte de seu governo, e também com o governo federal, reunindo todas as esferas”, afirmou Duarte Júnior. Eleições 2020: Duarte Jr (Republicanos) disputará 2º turno em São Luís Eduardo Braide tem 44 anos, é casado e é natural de São Luís. Ele é advogado, está no primeiro mandato como deputado federal e já foi deputado estadual por dois mandatos. Esta é a segunda vez que ele concorre à prefeitura de São Luís. A vice é Professora Esmênia, do PSD, que tem 38 anos. Já Duarte Júnior tem 33 anos, é casado e é natural do Rio de Janeiro. Ele é advogado, professor universitário e está no primeiro mandato de deputado estadual. Ele ingressou na carreira política em 2017 e, anteriormente, foi presidente do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Maranhão (Procon). A vice é Fabiana Vilar, do PL, advogada de 34 anos. Veja o resultado com 100% das urnas apuradas: São Luís foi a capital com o maior índice de inflação em março do país — Foto: Reprodução/TV Mirante O índice de Intenção de Consumo das Famílias em São Luís atingiu recorde negativo pelo segundo mês consecutivo, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio). A pesquisa de intenção de consumo das famílias (ICF) mediu a avaliação que os consumidores fazem sobre aspectos da condição de vida de sua família, como a capacidade de consumo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo. Segundo a pesquisa, o índice da intenção de consumo caiu 28,0% na passagem de maio para junho em São Luís, atingindo nível abaixo do registrado em 2010, ano que a federação iniciou as medições. No ano, o índice teve desaceleração de 45,9% em relação a junho de 2019. Já o índice de confiança dos consumidores marcou 53,9 pontos no mês de junho, em uma escala que vai de 0 a 200 pontos. Nessa escala, os níveis de pessimismo estão concentrados na percepção no momento para a compra de bens duráveis (21,9 pts), nível de consumo atual (35,8 pts) e perspectiva profissional (49,3 pts). Um dos principais fatores para a queda no desejo de consumo está na deterioração do mercado de trabalho no período da pandemia do novo coronavírus. A Fecomércio afirma que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou redução de 1.484 vagas com carteira assinada entre março e maio, em São Luís. O resultado só não caiu mais em função dos serviços médico-hospitalares, que registraram aumento de 3.545 empregos formais no período, impactado pela crise sanitária. “O comércio eliminou 1.659 postos de trabalho, a construção civil teve saldo negativo de 1.177 empregos formais, o setor de serviços de alimentação e hospedagem fechou 924 vagas de emprego. Ou seja, nesses três meses de pandemia, somente esses três setores foram responsáveis pelo desemprego de 3.760 ludovicenses. Esses números refletem o resultado negativo da intenção consumo para o mês de junho”, avaliou o presidente da Fecomércio, José Arteiro da Silva. A Fecomércio também avalia que o nível de consumo para o mês de junho foi impactado pelo cancelamento das festividades juninas, que todos os anos aqueciam a cadeia produtiva cultural São Luís. — Foto: Assessoria Apesar da reabertura das atividades comerciais em São Luís, a pandemia ainda gera reflexos sobre a economia local. Isso é o que mostra a mais recente pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA). De acordo com o levantamento, 36,9% das famílias da capital maranhense estão atualmente com dívidas em atraso, representando o maior nível de inadimplência registrado nos últimos nove anos na cidade. O crescimento dos inadimplentes acompanha um aumento expressivo na utilização do crédito, segundo o estudo. A pesquisa mostra que 85,5% dos consumidores recorreram às formas de financiamento neste mês para possibilitar o consumo. O nível de tomada de crédito pelos consumidores foi o maior desde janeiro de 2011. Para a Fecomércio, a aceleração do uso do crédito é uma alternativa que os consumidores encontraram para driblar a redução ou perda momentânea dos salários, utilizando principalmente o cartão de crédito como uma extensão da renda familiar, o que resulta no crescimento da inadimplência. A pesquisa da Fecomércio destaca que o nível de inadimplência, na avaliação mensal, avançou 17,1% em relação ao mês de junho e, na comparação anual, subiu 29,5% sobre julho de 2019. Com isso, o estudo estima que 113.563 famílias de São Luís estão em situação de inadimplência atualmente. Já o índice de utilização do crédito cresceu 8,0% na passagem mensal de junho para julho e 49,7% em relação ao mesmo período do ano passado, resultando na estimativa de 263.420 famílias ludovicenses endividadas, de acordo com o levantamento. Os principais tipos de dívidas contraídas pelos consumidores no período foram o cartão de crédito (65,5%) e os carnês de lojas (26,1%). O estudo da Fecomércio ressalta, ainda, que o tempo médio de atraso da dívida é de 47 dias e o tempo médio de envolvimento com o parcelamento dessa dívida é de 6 meses. O nível de comprometimento da renda familiar com as dívidas é de 33%. “Temos um aumento de 16% no comprometimento da renda do consumidor endividado neste mês de julho na comparação com o ano passado, refletindo na redução da capacidade de consumo das famílias neste momento. Esse cenário deverá ser revertido nos próximos meses a partir do reaquecimento da economia e da reativação dos postos de trabalho”, finaliza o empresário José Arteiro da Silva. Giovanni Spinucci durante a apresentação do Jornal Nacional, em 23 de novembro — Foto: Reprodução/TV Globo O apresentador do JM2, Giovanni Spinucci, voltará à bancada do Jornal Nacional em 2020. A oportunidade acontecerá até duas vezes no ano, de forma semestral, devido ao sucesso do projeto do JN em levar apresentadores das afiliadas para a bancada aos sábados. Em mensagem às afiliadas, Willian Bonner agradeceu a colaboração de todos os jornalistas das afiliadas que foram no Jornal Nacional e elogiou a apresentação de cada um, incluindo Giovanni Spinucci. ""Em virtude de nossa satisfação com os resultados e de nossa gratidão pelo seu empenho, decidimos que o Jornal Nacional deveria manter as portas abertas para todos os apresentadores que, por sorteio, tiveram a oportunidade de participar dessa celebração"", diz Bonner. Ao G1, Giovanni disse ter sido surpreendido pela notícia e afirmou que, mais uma vez, será o Maranhão no maior telejornal do país. Jornal Nacional, Íntegra 23/11/2019 Junto com a apresentadora do MG1, Aline Aguiar, Giovanni Spinucci apresentou uma edição histórica do Jornal Nacional no dia 23 de novembro. Ele apresentou um telejornal que destacou as manchas de óleo no Nordeste, a crise política na Bolívia e ainda a cobertura completa da morte de Gugu Liberato e a conquista da Libertadores pelo Flamengo. Veja abaixo alguns momentos do Giovanni apresentando na bancada. Veja os principais momentos de Giovanni Spinucci no Jornal Nacional A edição do JN do dia 23 de novembro parou o Maranhão. Nas redes sociais, a apresentação de Giovanni também foi destaque. Antes mesmo da apresentação, vários internautas compartilharam a expectativa de ver o representante maranhense na bancada mais importante do país. Internautas compartilham a emoção de ver o representante do Maranhão, Giovanni Spinucci, no Jornal Nacional — Foto: Reprodução/Redes sociais A apresentação do Jornal Nacional também rendeu ao apresentador uma homenagem da Câmara Municipal de São Luís , que concedeu o título de cidadão ludovicense a Giovanni. ""A entrega de títulos é uma justa homenagem para os ludovicenses de coração que não nasceram aqui, mas que todos os dias contribuem com a nossa cidade. O Giovanni desenvolve um papel muito importante que é o de informar e nos representou a nível nacional no telejornal de maior audiência do país"", disse o vereador Umbelino Junior. Giovanni Spinucci recebe título de cidadão ludovicense pela Câmara de São Luís — Foto: Divulgação/Câmara Municipal de São Luís Veja como foi o primeiro dia da propaganda eleitoral gratuita em São Luís A propaganda eleitoral gratuita dos candidatos a prefeito de São Luís começou nesta sexta-feira (9), na televisão e no rádio. A veiculação vai até 12 de novembro, no primeiro turno das eleições 2020. Os candidatos à prefeitura de São Luís têm tempos diferentes na propaganda eleitoral (veja o tempo de cada um ao final desta reportagem). No primeiro programa eleitoral, os candidatos que tiveram tempo de TV, apresentaram suas propostas e parte da sua trajetória política. Abaixo, veja um resumo do que foi apresentado, pela ordem de exibição no programa desta sexta-feira: O candidato do Podemos começou com um vídeo da campanha de 2016 em que agradecia a sua família. “Quero agradecer a minha família. Aos meus filhos de forma especial. Que há mais de dois meses não conseguem ver o seu pai"", disse. A propaganda mostrou de maneira breve o candidato em sua carreira política. Eduardo Braide (Podemos) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante O candidato do Democratas (DEM) iniciou seu programa eleitoral falando do orgulho que tem em ser de São Luís. “Eu tenho muito orgulho de ser de São Luís. É uma cidade linda demais, com uma história e uma cultura que ninguém tem, sem falar no calor humano dos ludovicenses, que é um negócio totalmente diferente do resto do mundo”, disse. O candidato mostrou em seu programa um pouco da sua história de vida. Neto Evangelista (DEM) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante Em seu programa eleitoral o candidato do PROS diz: “Eu sou Yglésio e quero ser você na prefeitura de São Luís.” Yglésio Moyses (PROS) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante O candidato do PSB falou da sua trajetória de vida. “Assim como grande parte da população da capital, eu vim do interior. Cheguei em São Luís com dois anos de idade, pra morar na periferia. Aqui cresci, estudei em escola pública durante toda a minha vida. Eu vivi na pele o que é necessitar do serviço público pra tudo. E a minha vivência me deu forças para viver todas as barreiras. O candidato falou também da sua experiência profissional. Bira do Pindaré (PSB) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante O candidato do Republicanos começou seu programa se apresentando e falando sobre a sua experiência profissional. “Sou Duarte. Algumas pessoas me conhecem como Duarte do Procon. Acho que tenho algo parecido com você. Eu não nasci em berço de ouro. Eu não sou filho de político. Se cheguei até aqui, é porque ralei como você”. O candidato explicou sobre os projetos que tem para a cidade. Duarte Júnior (Republicanos) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante Em seu programa eleitoral o candidato do PSOL falou sobre o presidente Jair Bolsonaro. “Com Bolsonaro o Brasil deu um passo terrivelmente para trás. Não podemos entregar São Luís para os candidatos que estão com ele.” Franklin Douglas é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante O candidato do PCdoB deu início ao seu programa fazendo uma breve apresentação e falou que pertence ao partido do governador do estado e com apoio do ex-presidente Lula. “Olá, sou Rubens Júnior, candidato a prefeito pelo partido do governador Flávio Dino e com apoio do presidente Lula à prefeitura de São Luís.” O candidato também falou sobre os planos que tem para a cidade. Rubens Pereira Jr.(PCdoB) é candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante Hertz Dias (PSTU), Silvio Antônio (PRTB) e Jeisael Marx (REDE) não tiveram espaço de televisão e rádio destinados a propaganda eleitoral gratuita. A propaganda eleitoral será veiculada de segunda a sábado nos seguintes horários: O horário eleitoral vai ocupar inserções de 30 à 60 segundos e serão exibidas ao longo da programação, tendo um total de 70 minutos diários, sendo 60% para candidatos a prefeito e 40% para vereador. Tempo de propaganda dos candidatos à Prefeitura de São Luís Integrante do bloco Dragões da Madre Deus — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís Em uma disputa acirrada, os três Blocos Organizados Dragões da Madre Deus, Turma do Saco e Os Liberais terminaram empatados em primeiro lugar e levaram juntos o título do Carnaval 2020. A festa reuniu mais de 70 atrações na Passarela do Samba em cinco dias de folia. Jorge Muniz, presidente da mesa de apuração dos blocos organizados, comentou o resultado. ""Fizemos a apuração dos votos e terminamos com esses três grupos empatados, mesmo depois de seguirmos todos os critérios de desempate. Entrou-se, então, num consenso, e os três grupos foram considerados campeões"", esclareceu Muniz. Neste ano, os blocos levaram para a Passarela temas como a escravidão, a herança africana no Maranhão e uma homenagem ao grupo As Brasileirinhas -- primeiro grupo de samba do país formado só por mulheres. Bloco Os Liberais foi um dos vencedores do Carnaval 2020 — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís Na noite de encerramento da folia, o secretário municipal de Cultura, Marlon Botão, falou sobre o sucesso do circuito. ""O Carnaval de São Luís, aqui na Passarela do Samba, bem como em todos os nossos circuitos, foi mais uma vez um sucesso. A gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior, em parceria com o Governo do Estado, resgatou o orgulho do ludovicense pelo seu Carnaval"". Candidato à prefeitura de São Luís, Hertz Dias (PSTU) é entrevistado no JM1 O JMTV 1ª deu continuidade, nesta sexta-feira (30), a rodada de entrevista com os candidatos a prefeito de São Luís nas eleições 2020. O candidato Hertz Dias (PSTU), foi o terceiro entrevistado desta semana, pelo repórter Sidney Pereira, da TV Mirante. As entrevistas foram realizadas em um ambiente controlado, portanto, tanto o candidato quanto o entrevistador estão sem máscara. O formato seguiu todas as determinações impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em combate à Covid-19. Hertz Dias afirmou, que caso seja eleito, deve investir na implementação de Conselhos Populares na Saúde, para tentar resolver os problemas relacionados à saúde municipal na capital maranhense. O candidato afirma que apenas os trabalhadores tem condições de gerir a verba pública que é destinada para a área. Hertz Dias (PSTU) pretende reduzir salários de prefeito, vice-prefeito e vereadores caso seja eleito em São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante O candidato defendeu a realização de uma auditoria nas contas da Prefeitura de São Luís e a suspensão do pagamento da dívida pública, que segundo ele, corresponde a 22% do orçamento anual. Ele afirma que sem a ação, não será possível resolver os problemas que enfrentam o serviço público da capital. ""Mas tem outro debate também, a gente não vai conseguir resolver problema da saúde pública, da educação, ou de qualquer outro serviço público se a gente continuar pagando a dívida pública. Representa cerca de 22% do orçamento da prefeitura de São Luís, é um absurdo o que está acontecendo. Se não fizer auditagem da dívida pública das contas da prefeitura municipal de São Luís e suspender o pagamento da dívida pública, não tem como resolver esses problemas"", disse. Em seu plano de governo, Hertz Dias também defende a redução da jornada de trabalho sem a redução de salários. Ele explica que dentro do capitalismo não é possível acabar com o desemprego, mas que com a implementação da medida, pode ajudar a aumentar a oferta de vagas no mercado de trabalho ludovicense. ""A classe que produz riqueza é a classe que está desempregada, por exemplo. Para São Luís inclusive a gente está defendendo a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, para gerar emprego. A forma de organização da capitalismo é irracional, eles estão fazendo o oposto. Eles estão aumentando a jornada de trabalho e reduzindo os salários de maneira drástica, esse é um dos fatores que fazem inclusive que o capitalismo não saia da crise que ele está metido. Inclusive o Reino Unido fez uma pesquisa recente, que só reduzindo a jornada de trabalho é possível você diminuir o desemprego, não dá para acabar com o desemprego dentro do capitalismo, mas é uma medida que dá para acabar com a pressão que tem no desemprego"", explicou. Candidato do PSTU afirmou que pretende implementar conselhos municipais de saúde que devem ser geridos por servidores da saúde de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/TV Mirante Caso seja eleito, Hertz Dias afirmou, que pretende reduzir salários de prefeito, vice-prefeito e vereadores. O candidato considera um absurdo, em plena pandemia, que políticos recebam altos salários e privilégios, enquanto parte da população passa por dificuldades. ""Nenhum parlamentar pode receber um salário superior a de um professor, é isso que a gente tá defendendo. A verba de 106 milhões de gabinete tem que acabar. É um absurdo essas verbas de gabinete. Então não é possível, em plena pandemia, o individuo votarem a LOA de 2021 e mantiveram a verba de todos os seus privilégios. 15 mil reais para salário de vereador é um absurdo"", disse. Veja, abaixo, outros temas que foram abordados durante a entrevista: ""A gente é contra a flexibilização do trabalho. Têm que manter a garantia dos direitos. Toda a flexibilização do trabalho, tem a ver com o neoliberalismo. Então a crise do capitalismo é fruto do desgaste de um modelo que vem desde a década de 80 e que se desgastou totalmente. A pandemia mostrou isso. Como ele se espalhou rapidamente pelo mundo, o coronavírus, tem a ver com a classe trabalhadora e com a flexibilização dos direitos da classe trabalhadora que não teve como se proteger da pandemia"", disse. ""Não, não muda não. Na verdade ganha uma importância superior porque fica cada vez mais explícito que o problema da humanidade não é um problema da falta da produção de riquezas, que são as produzidas pela nossa classe, mas é a concentração de riqueza. Então você tem aí uma produção espantosa de alimentos e 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo. Um, dois, três, quatro, cinco segundos uma pessoa morreu de fome. 8,5 mil crianças morrem de fome por dia. Então é um sistema completamente irracional. Portanto, a classe que produz a riqueza através do seu trabalho, na nossa concepção, é justamente a única classe que tem condições de fazer um plano racional para que a gente não viva essa situação no nosso planeta e na nossa cidade também"", afirmou. ""Era possível ter contido a pandemia, se tivesse renda. Tem que manter, mas era possível garantir uma renda muito superior a isso. O que o governo Bolsonaro fez foi transferir 1,2 bilhões para banqueiros e grandes empresários, com isso, você garantiria isolamento social, renda, um controle da pandemia por três, quatro meses, inclusive, retornar ao trabalho e retornar as aulas. Mas como? Essa forma de organização social é irracional, eles preferiram destinar esse recursos e essas verbas para os grandes grupos econômicos, inclusive, jogando a responsabilidade nas costas de todo mundo. Eram todos os contra o coronavírus. Mentira, os 42 ricaços do Brasil ficaram mais ricos durante a pandemia, inclusive o próprio G1 divulgou isso. 172 bilhões de reais eles acumularam durante a pandemia, enquanto a população sofreu"", disse. ""Antes da pandemia, eram aproximadamente 80 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, entre desempregados, subempregados e desalentados, que são as pessoas que nem procuram mais emprego e por isso, nem são mais cadastrados. Em São Luís, não é só 120 mil, 120 mil são os desempregados cadastrados, se você considerar as pessoas que estão fora do mercado de trabalho, isso vai dar mais de 200 mil pessoas. Então isso mostra mais uma vez, a concentração de riquezas que existe. Então o programa do PSTU é um programa para tirar dos ricos e dar para os pobres, o que acontece é o inverso. O que vem acontecendo no último período, inclusive a LOA que foi aprovado no orçamento para 2021 é um crime o que a Câmara de Vereadores cometeu contra a população mais pobre de São Luís. É para arrancar para os pobres e dar para os grandes grupos, é para jogar a crise nas costas dos servidores públicos, é para jogar a crise nos servidores públicos. É um crime. E esses candidatos, o que eles estão apresentando na televisão, não é um programa para governar uma cidade que tem mais de 70% da população endividada"" ""A pandemia para você conter, em primeiro lugar, você tem que estatizar o sistema público de saúde. Não pode ter fila dupla. O SUS utiliza apenas 46% da sua verba para a saúde pública, o resto é transferido para a saúde privada. E quando o individuo da periferia fica doente, ele vai ter que ir pro hospital público, ele não pode ir para o privado que está utilizando dinheiro que é do bolso dele. Então tem que ser SUS 100% público, verba do SUS não pode ser transferido para hospital privado. Esse é um dos elementos fundamentais que a gente vai definir para a saúde pública e colocar o sistema sob o controle dos trabalhadores da saúde"", afirmou. ""Antes de tudo, o turismo não pode servir como uma política de higienização social. Então, parte do turismo econômico é para valorizar o produto da cultura e não valoriza os artistas que produzem a cultura. Gerô, Coxinho, João do Vale, foram os artistas que morreram à mingua. Então não vale a gente ter uma política de cultura e turismo que exclua as comunidades que inclusive esses indivíduos fazem parte"", afirmou. O candidato Eduardo Braide (PODE) será o entrevistado na segunda-feira (02). Confira abaixo, o cronograma de entrevistas: Candidato à prefeitura de São Luís, Neto Evangelista (DEM) é entrevistado no JM1 O JMTV 1ª deu continuidade, nesta terça-feira (3), a rodada de entrevista com os candidatos a prefeito de São Luís nas eleições 2020. O candidato Neto Evangelista (DEM), foi o sétimo entrevistado pelo repórter Sidney Pereira, da TV Mirante. As entrevistas foram realizadas em um ambiente controlado, portanto, tanto o candidato quanto o entrevistador estão sem máscara. O formato seguiu todas as determinações impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em combate à Covid-19. Neto Evangelista afirmou que há um grande atraso na entrega do Plano Diretor de São Luís, que é fundamental para o desenvolvimento da cidade, em decorrência de brigas pequenas entre grupos políticos, e São Luís acaba perdendo. Ele afirma que, por isso, irá liderar a aprovação do Plano Diretor em 2021. Ao ser questionado sobre como pretende fazer essa aprovação, Neto afirmou que é preciso revisar diversas questões. “A gente precisa fazer toda uma revisão pra permitir a retomada, por exemplo, do desenvolvimento econômico, da construção civil da cidade de São Luís, pra voltar a gerar emprego para os nossos ludovicenses. Com um exemplo, quando tem um programa habitacional do governo federal aqui em São Luís, nós não temos previsto, na nossa lei de Zoneamento de Uso e Ocupação de Solo, as ZEIS, as Zonas Especiais de Interesse Social dentro da zona urbana. Resultado, esses programas habitacionais são levados pra zonas bem distantes da cidade de São Luís, que não tem nenhum tipo de infraestrutura. Não tem escola, não tem saneamento básico, não tem unidades básicas de saúde. Pra pegar um ônibus o pessoal lá do Santo Antônio, do Amendoeira, pra pegar um ônibus tem que andar um quilômetro e meio pra chegar até a BR. Então, a gente precisa fazer toda essa revisão na nossa Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação de Solo pra poder entregar uma cidade melhor para as pessoas, aonde possa ter verdadeiros investimentos, como do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, dentro da zona urbana”, afirmou. Neto Evangelista também foi questionado sobre o fato de ter uma candidatura ligada ao Palácio dos Leões e se isso não tiraria a sua identidade como candidato. Ele afirmou que na Assembleia Legislativa é, de fato, da base do governador Flávio Dino e que sempre teve lado, o que é importante na política. Mas, Neto afirmou que o candidato a prefeito de São Luís é ele, sendo que ele é quem vai liderar todo esse processo. “Eu sou da base do governador Flávio Dino, na Assembleia Legislativa. Atualmente estou licenciado da Assembleia, justamente, pra me dedicar única e exclusivamente para as eleições e, sempre tive lado, isso é um negócio importante na política hoje em dia. O governador Flávio Dino tem tomado algumas decisões importantes aqui no estado do Maranhão, sobretudo neste momento de pandemia. Mas eu tô muito tranquilo com relação a isso, porque o candidato a prefeito de São Luís sou eu, é o Neto Evangelista. Quem vai liderar todo esse processo sou eu. Inclusive, todos os partidos que vieram somar junto conosco nesta eleição estão sabendo. Olha, os partidos que vão ajudar na campanha são os partidos que vão ajudar a governar, entretanto, há um líder. Porque o prefeito que vai ser eleito pra governar os próximos quatro anos da cidade serei eu e nenhuma outra pessoa. Portanto, eu não tutelo a minha administração pra outra pessoa”, declarou. Sobre o fato de ter sido candidato à vice-prefeito de São Luís na chapa de João Castelo, que acabou não ganhando a eleição, Neto afirmou que, durante a campanha, Castelo, que ainda era prefeito da capital, apresentou a ele o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), mas que, como Castelo não conseguiu a reeleição, não houve a continuidade do VLT. E Neto declarou que, hoje, o VLT não faria parte de um plano de governo seu. “Se você me perguntar hoje se o VLT faria parte de um plano de governo pra minha gestão agora, eu lhe diria que não, porque a gente vive um outro momento. Primeiro, que não existe mais o PAC Mobilidade Urbana pra trazer recurso federal aqui pra São Luís, pra outros modais de transporte público. Segundo que as prioridades, durante essa pandemia, mudaram completamente, na educação, na saúde, na mobilidade urbana. Eu quero fazer o básico por São Luís. Não adianta querer inventar a roda, fazer promessa mirabolante. A gente precisa colocar as coisas pra funcionar e, dar seguimento naquilo que tá dando certo, como, por exemplo, o programa ‘São Luís em Obras’ do atual prefeito Edivaldo Holanda, que nós vamos continuar”, afirmou. Veja na íntegra o plano de governo de Neto Evangelista (DEM) Neto Evangelista (DEM). — Foto: Reprodução/TV Mirante. Sobre a Covid-19, Neto Evangelista disse que a pandemia trouxe lições sobre a desigualdade social, mostrando que ela é presente em São Luís e que, quando era deputado estadual, fez ações para ajudar as pessoas. “A pandemia deixou diversas lições, duas delas muito importantes, é que a desigualdade social ela é latente e mostrou, realmente, o quanto ela ainda existe aqui na cidade de São Luís. E uma outra coisa muito importante é que mostrou que todo cidadão é igual, todos precisaram do mesmo atendimento, todos precisavam dos mesmos cuidados. Eu, no meu mandato de deputado estadual, durante a pandemia, eu pude promover diversos momentos, inclusive, de doações de alimentos à época. De guardar os nossos profissionais da área de saúde. Nós fizemos um movimento, diversos colegas, nos unimos e levamos profissionais pra hotéis, pra ficarem resguardados”, declarou. Ao ser questionado sobre a realização de atos de campanha com aglomerações, o candidato afirmou que tem tomado as medidas sanitárias necessárias. “Agora, nós estamos num processo eleitoral, a gente precisa discutir a cidade de São Luís, isso é um fato. Nós estamos tomando todas as medidas sanitárias necessárias, que precisam ser tomadas. Inclusive, teve um determinado momento que eu estava fazendo uma caminhada numa rua do comércio, no bairro da Cohab, levando poucas pessoas pra evitar aglomeração e, inclusive, fui criticado dizendo que a campanha tava com poucas pessoas caminhando. Agora, a nossa agenda é pública, toda vez a gente divulga a agenda e diversas pessoas participam. A gente sempre pede o uso de máscara, pede que as pessoas tentem manter o maior distanciamento possível”, afirmou. Sobre o fato de ter tido a experiência de cuidar da política social do governo do Maranhão, ele foi questionado se havia falhado em algo, já que a renda per capita domiciliar no estado ainda é muito pequena. “Olha, primeiro que isso é um problema de muitos anos no Maranhão e você não vai resolver em três, quatro anos. Agora, eu sou muito feliz com a participação que eu tive na Secretaria do Desenvolvimento Social. Você que tá em casa nos acompanhando sabe o quanto cresceu o número de Restaurantes Populares aqui no Maranhão. Ou seja, eu me preocupei em cuidar das pessoas que têm fome, me preocupei em cuidar das pessoas que mais precisam, das pessoas que tavam desempregadas, através do Programa Mais Renda, que deu oportunidade pra muita gente trabalhar. Cuidei de crianças que não tinham condições de comprar o seu material escolar, através do programa Bolsa Escola. Então, esse foi o nosso foco na Secretaria do Desenvolvimento Social, cuidar das pessoas que mais precisam e esse vai ser o meu foco na Prefeitura de São Luís”, destacou. “O meu plano de governo ele tá alinhado aos objetivos da ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). Inclusive eu assinei uma carta aqui em São Luís, junto com algumas instituições, aonde nos comprometemos a respeitar os objetivos da ODS. Antes mesmo disso, meu plano de governo já tava previsto. A gente precisa fazer a cidade de São Luís crescer, a gente precisa industrializar a cidade de São Luís, precisa entrar investimentos pra cidade de São Luís, óbvio, respeitando as condicionalidades que nós temos de uma ilha, que precisa ter os seus cuidados ambientais. É necessário que a gente tenha atração de investimentos, é a partir daí que nós vamos ter condições, inclusive, de empregabilidade para as pessoas na cidade de São Luís. A gente precisa, obviamente, ser rígidos nas questões ambientais e dar oportunidade para as pessoas da cidade de São Luís”, disse. “Eu fiz uma reunião com surdos, fiz reunião com pais e mães de autistas, fiz na escola de cegos e assumi um compromisso, nós vamos ter a Secretaria de Direitos Humanos na cidade de São Luís, pra unificar esse diálogo para as pessoas que mais precisam do atendimento do poder público”, afirmou. O candidato Bira do Pindaré (PSB) será o entrevistado na quarta-feira (04). Confira abaixo, o cronograma de entrevistas: Ponte do São Francisco, em São Luís — Foto: TV Mirante São Luís completa 408 anos marcada por sua riqueza arquitetônica, história, e agora também pelo reconhecimento de sua cultura a nível mundial. Em uma capital tão única, cabe refletir sobre o que uma cidade assim agrega em cada ser humano que passa por essas terras. São Luís do Maranhão — Foto: Flora Dolores Nos Estados Unidos, a cidade de Nova York apresenta moradores que prezam pelo trabalho e praticidade. Não é a toa que serviços que resolvem problemas de forma rápida fazem sucesso, estimulando até a inovação dentro das empresas. Nova York é conhecida pela inovação e praticidade pregada pelos habitantes — Foto: Mark Lennihan/AP Em várias cidades africanas, a celebração da vida através da dança garante alegria, mesmo em condições sociais adversas. Londres é mundialmente conhecida pela pontualidade, o que pode gerar mudança de hábitos até em quem é estrangeiro. Londres é mundialmente conhecida pela pontualidade durante encontros — Foto: derwiki/Creative Commons Já no Japão, os habitantes de Okinawa ensinam o que é ter ‘ikigai’, que pode ser traduzido como ""a felicidade de ter um propósito na vida”. Uma mistura de paixão, missão, profissão e vocação. A expectativa de vida de quem vive em Okinawa fica acima até mesmo da média japonesa — Foto: Héctor García/BBC E São Luís, afinal, em quais aspectos pode ensinar o ser humano a ser melhor? O historiador Euges Lima afirma que a cidade tem muito a ensinar no que diz respeito a história do Maranhão e do Brasil. “Seu Centro Histórico é uma verdadeiro ""livro de história"" a céu aberto. Suas manifestações culturais são expressões que nos ensinam muito sobre religiosidade, saberes, práticas e tradições dos africanos que aqui se resinificaram e deram origem a cultura ludovicense. Na educação temos toda uma tradição intelectual forjada por grandes homens de letras e seus legados: Gonçalves Dias, João Lisboa, Sotero dos Reis, César Marques, Odorico Mendes, Aluísio Azevedo, Artur Azevedo, Graça Aranha, Viriato Correia e muitos outros”, conta o historiador. Euges Lima é historiador com atuação no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão — Foto: Arquivo pessoal Osmilde Miranda é angolano e está há 7 anos em São Luís. Veio para estudar, mas acabou ficando e fazendo família. Com a bagagem adquirida, Osmilde aponta alguns desafios que a cidade precisa superar, mas reconhece a hospitalidade como o maior valor da capital maranhense. “O reconhecimento e assimilação da diversidade como potencial no processo de democratização dos espaços ainda permanece. Ou seja, como tanto outros lugares do mundo, ainda é limitado para determinados grupos sociais, como estrangeiros e outros. Nem com isso deixa de ser um lugar maravilhoso para viver. Portanto, penso que a ilha é agregadora e rica no quesito hospitalidade” Osmilde Miranda está há 7 anos em São Luís. Na cidade, o angolano fez família, se graduou em jornalismo e é mestre em ciências sociais — Foto: Arquivo pessoal Já a pesquisadora, doutora em comunicação e mestre em ciências sociais, Letícia Cardoso, lembra a capacidade de São Luís se transformar ao longo do ano, entregando às pessoas o ensinamento de que ‘há tempo para tudo’. “Costumo dizer que São Luís não é a mesma. Nunca. Todos os dias tem uma paisagem diferente. Temos uma cidade todos os dias, especialmente na área da Beira-Mar. Tem o horário dos barcos, dos pescadores... Isso ensina a ter um tempo específico na cidade, que é atrelado a questão das marés"" Letícia Cardoso é mestre em ciências sociais e especialista em jornalismo cultural. Também é professora no curso de Comunicação Social, na UFMA — Foto: Arquivo Pessoal (foto de 2019) Outro destaque vai para as conexões entre as pessoas. Letícia explica que os encontros entre classes sociais, comuns na cidade, ajudam as pessoas a terem empatia umas com as outras. Já o cantor César Nascimento destaca o que chama de ‘magia do encontro da diversidade’. “Quando você tem muitas pessoas de muitas formas de ver o mundo, se encontrando, a gente acaba tendo uma cultura diversificada. Isso faz com que as pessoas sejam mais tolerantes, mais compreensivas, mais humanas... porque elas percebem que sua vida não é só ‘sua bolha’”, afirma César. César Nascimento é cantor e carrega um amor antigo por São Luís — Foto: Arquivo Pessoal O cantor aponta, por fim, que a cidade sempre deixa algum sentimento às pessoas, sendo a diversidade cultural o carro-chefe da saudade presente naqueles que já estiveram em São Luís. “Qualquer pessoa que tenha contato com São Luís se encanta, no primeiro momento, com a receptividade e a diversidade cultural. Ela vê que existe um mundo dentro de um só lugar e isso fica no coração delas. A música ‘Ilha magnética’ tem esse efeito. Por isso a frase: 281 mil empreendedoras é o contingente de mulheres donas de negócios hoje no Maranhão. — Foto: Divulgação A empresária Letícia Almeida, da Cozinha Sem Leite, entrou no universo empreendedor em 2014, aproveitando uma oportunidade de mercado em função de uma necessidade específica do filho, Ricco. Portador de alergias múltiplas, o bebê necessitava de produtos alimentares bem específicos, a maioria inexistente ou de difícil acesso em São Luís. Letícia se encaixa no perfil da mulher empreendedora maranhense. Hoje elas são 281 mil empresárias, contingente que representa 11,1% das empresárias nordestinas e 34% de todos os donos de negócios do estado. São empresárias maranhenses como Letícia as homenageadas desta terça-feira (03/11) quando se comemora o Dia da Mulher Empreendedora Maranhense, instituído em 2018, com a aprovação do PLO (Projeto de Lei Ordinária) nº 36/2018, pelos deputados estaduais maranhenses. Letícia Almeida, da Cozinha Sem Leite, perfil representativo da empreendedora maranhense. — Foto: Acervo Pessoal A empresária ludovicense também se encaixa em outros aspectos do perfil das empresárias maranhenses: ela é mãe e acumula as obrigações domésticas com o comando do negócio. Segundo os dados da pesquisa “Donos de Negócios: Análise por Sexo”, 70% das empresarias são mães e 92,4% tem um terceiro turno. Isso quer dizer que, no Maranhão entre as 281 mil mulheres donas de negócios, há 196,5 mil mães, e do contingente total, 259,6 mil acumulam as obrigações domésticas com o desafio de tocar os negócios em frente. Letícia também empreende por ter percebido uma oportunidade de negócios, uma característica que – segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor de 2019 (GEM 2019), realizada anualmente pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) – é observada em 66% das mulheres que optaram por empreender, criando negócios por terem percebido uma oportunidade e não mais apenas por necessidade como se observou em outros tempos. Em números, a força do empreendedorismo feminino no Maranhão. — Foto: Divulgação A ideia de negócio de Letícia veio da necessidade que ela enfrentou com o filho, o que a coloca como um exemplo do que a pesquisa GEM 2019 mostra. Ela começou um microempreendimento individual especializado na produção de alimentos para portadores de restrições a leite, ovos e glúten. “São alimentos gostosos, inclusivos e seguros para esse público específico”, explica a empreendedora. “Trabalho com critérios de segurança alimentar e insumos livre de componentes que possam desencadear processos alérgicos”, completa. A empresa atende hoje ao mercado de São Luís e ingressou recentemente no ramo da confeitaria inclusiva, aliada à linha original de alimentos para pessoas com algum tipo de restrição. “Trata-se de um mercado com grande potencial, se pensarmos que 30% dos adultos apresentam restrições a insumos como glúten, por exemplo. Tenho como missão adoçar e marcar na memória daquela família, daquele cliente, mostrando que é possível ingerir guloseimas gostosas e seguras”, comenta. Planejamento é a aposta de futuro da empreendedora para garantir o crescimento sustentável da Cozinha Sem Leite. “No começo, busquei apoio do Sebrae para formulação do plano de negócios, mas acabei desistindo. Agora, sinto a necessidade de planejar bem o crescimento da empresa e vou buscar toda ajuda necessária”, afirma Letícia. Cozinha Sem Leite: necessidade transformada em oportunidade de negócio. — Foto: Divulgação Apesar da participação da mulher no empresariado representar pouco mais de um terço do universo total, este perfil deve mudar nos próximos 20 anos, uma tendência que já vem sendo apontada por estudos e especialistas. Conforme a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor de 2019 (GEM 2019), dos novos empreendimentos, 49% hoje são tocados por mulheres. Há 13 anos elas representavam apenas 42% dos novos empreendimentos, o que quer dizer que houve um ganho de sete pontos percentuais em 13 anos. Projeto do Sebrae propicia atendimento coletivo a 330 mulheres de negócios no Maranhão. — Foto: Divulgação “Estes números mostram uma mudança de paradigma. A mulher está cada vez mais ativa no mercado, seja com empregadora ou como empregada. E em alguns segmentos importantes para a economia do Maranhão já vemos isso de uma maneira mais enfática, como no varejo de confecções e nos serviços estéticos e de beleza. O Sebrae percebeu estas mudanças no mercado maranhense e está pronto a oferecer produtos e soluções adequadas para este novo cenário, com o Projeto Delas Sebrae Mulher de Negócios, que é focado no empreendedorismo feminino, com ações de desenvolvimento e aperfeiçoamento empresarial, sendo um exemplo do que estamos oferecendo para as mulheres que já empreendem ou que desejam empreender”, explicou a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Rachel Jordão. Rotina une afazeres domésticos e administração de negócios O perfil da empresária maranhense é diferente do registrado no início do século XXI, quando elas empreendiam por necessidade tinham escolaridade parecida com a do homem empresário e trabalhavam quase sempre por conta própria. Segundo a pesquisa “Donos de Negócios: Análise por Sexo”, a mulher que empreende preparou-se para ser empresária – elas estudaram cerca de 9 anos, o que é quase três anos a mais do que a média entre os homens – é mãe, atua nos setores de serviços ou no de comércio, tem entre de 30 e 49 anos de idade – 43 anos é a idade média - e empreende por oportunidade. Segundo a diretora Administração e Finanças do Sebrae no Maranhão, apesar de a mulher ter um papel cada vez mais ativo no mercado de trabalho, deixar de lado os afazeres domésticos não está na agenda. “As pesquisas que o Sebrae tem feito mostram que a mulher tem um papel cada vez mais ativo no mercado, seja como empresária ou como trabalhadora, mas não deixou de lado o seu papel na educação dos filhos e no lar. O que vemos é que elas estão conciliando a profissão com os afazeres domésticos e cada vez mais tem buscado qualificação por não aceitar o amadorismo”, explicou Rachel Jordão. O levantamento “Donos de Negócios no Brasil” mostra que cerca de 92,4% das mulheres empreendedoras tem jornada tripla, porque ao chegar em casa ainda precisam executar afazeres domésticos, como cuidar dos filhos. Porém, de acordo com sondagens feitas junto a empreendedoras atendidas pelo Sebrae no Maranhão, o que as levou a empreender é a possibilidade de gerenciar sua rotina e conciliar trabalho e obrigações domésticas. “O fator determinante para o aumento do número de mulheres que empreendem é a flexibilidade para administrar o próprio tempo. Gerenciar a própria empresa permite que consigam dividir o trabalho com outras atividades da vida familiar. Isso não quer dizer que elas trabalhem menos, mas ganham autonomia para escolher seus horários”, comentou a diretora do Sebrae no Maranhão. Papo sobre empreendedorismo feminino Rachel Jordão, diretora de Administração e Finanças do Sebrae-MA. — Foto: Divulgação Rachel Miranda Jordão da Silva é a única mulher na Diretoria Executiva do Sebrae no Maranhão. Formada em Administração de Empresas com pós-graduação em Gestão Empresarial e em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, a diretora destaca as diversas soluções que a instituição oferece às mulheres que se lançaram ao desafio de empreender. Confira! Qual o perfil da mulher empreendedora hoje? Rachel Jordão: ""Diversos estudos do Sebrae têm mostrado que a mulher assumiu um papel cada vez mais ativo no mercado, seja como empresária ou como trabalhadora. Segundo as pesquisas que fazemos e acompanhamos, já são 281 mil donas de negócios (Donos de Negócios: Análise por Sexo) e 358 mil trabalhadoras com carteira assinada (Anuário RAIS 2019). Porém, 92% delas não deixaram de lado o papel na educação dos filhos e no lar, enfrentando uma jornada tripla de trabalho, uma jornada dura, que exige muito."" O que leva a mulher a empreender atualmente? Rachel Jordão: ""O fator determinante para o aumento do número de mulheres que empreendem é a flexibilidade para administrar o próprio tempo. Gerenciar a própria empresa permite que elas consigam dividir o trabalho com outras atividades da vida familiar. Isso não quer dizer que elas trabalhem menos, mas com isso elas ganham autonomia para escolher seus horários."" Como o Sebrae pode ajudar a mulher empreendedora? Rachel Jordão: ""O Sebrae possui produtos, soluções e prêmios direcionados às mulheres empresárias, o que acaba servindo como incentivo e inspiração para que outras mulheres busquem empreender e crescer nos negócios. Neste modelo, temos o Projeto Delas Sebrae Mulher de Negócios, que reuniu cerca de 330 mulheres de São Luís, Imperatriz e Caxias durante dois anos. O projeto é uma estratégia de atendimento coletivo onde as empresárias participantes estiveram em eventos, palestras, oficinas e receberam consultoria com foco no desenvolvimento e aperfeiçoamento empresarial, melhoria do desempenho e desenvolvimento de estratégias de gestão de seus negócios. Este projeto está na fase final, no entanto podemos apoiar as empresárias com atendimento individualizado e com soluções customizadas específicas para cada caso. Para isso, basta que a empresária nos procure presencialmente ou pelos nossos canais de atendimento, como a Central de Atendimento pelo telefone 0800-570-0800 ou o canal “Fale com Especialista”, cujo acesso é feito pelo Portal Sebrae, para agendar e já receber orientações seguras para seu negócio”. Empresa Citada: Cozinha Sem Leite Contato: (98) 98781-1985 Serviço: Lei de Criação do Dia da Mulher Empreendedora Maranhense - PLO (Projeto de Lei Ordinária) nº 36/2018 Donos de Negócios: Análise por Sexo Global Entrepreneurship Monitor de 2019 (GEM 2019) Donos de Negócios no Brasil Anuário RAIS 2019 Projeto Delas Sebrae Mulher de Negócios Canais de Atendimento Sebrae: Central de Atendimento Sebrae 0800 570 0800 Redes Sociais: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter Conteúdo não disponível. Infelizmente este vídeo não está mais disponível. Desculpe-nos pelo inconveniente. Em meio ao Natal, foliões dão 1º grito de Carnaval em São Luís Em pleno Natal, centenas de foliões lotaram ruas no bairro da Madre Deus, em São Luís, na tarde desta quarta-feira (25), no primeiro grito do Carnaval 2020. Veja no vídeo acima o clima da festa. A folia foi comandada pelo bloco 'C. de Asa', que há 25 anos mantém a tradição de desfilar no dia 25 de dezembro para, em meio ao Natal, abrir o clima momesco e distribuir alegria ao povo ludovicense. O grupo Pão com Ovo também marcou presença. Comédia Pão com Ovo também esteve presente na folia de Natal no bairro Madre Deus, em São Luís — Foto: João Ricardo/G1 O bloco se concentrou às 14h no Largo de São Sebastião, com percurso passando pelas ruas São Pantaleão e Passeio, e sendo finalizado no Largo do Caroçudo, endereço tradicional e ponto de encontro de boêmios e artistas da Madre Deus. Multidão desfila na Madre Deus no primeiro grito do Carnaval 2020 em São Luís — Foto: Divulgação/Bloco C de Asa Chegada de 2020 foi celebrada com queima de fogos na Avenida Litorânea em São Luís (MA) — Foto: Paulo Soares/O Estado Em São Luís, as pessoas tiveram diversos pontos públicos de concentração. Alguns para entrar 2020 com muita festa e folia, outros para começar o ano com fé e adoração. Eventos públicos e particulares com atrações locais e nacionais que abrilhantaram a festa dos ludovicenses e turistas. Na Praça Maria Aragão, a Virada com Jesus reuniu grupos que começaram o ano cantando louvores. ""Não tinha lugar melhor para escolher. Estar na Virada com Jesus é uma forma de gratidão a Deus por tudo que ele tem feito por nós"", disse a jornalista Katia Jamile. Diversidade religiosa marca virada do ano em São Luís Já na Praia do Olho d'Água, caravanas de dez municípios maranhenses se reuniram para reforçar a tradicional Virada do Ano com os rituais de religiões de matriz africana. Um altar com imagens de Iemanjá e outros orixás foi montado na praia. ""Primeiramente a Deus, Senhor Jesus Cristo, pedindo proteção pra todos, minha família, meu terreiro, pra todo povo brasileiro e do mundo"", disse a mãe de santo Graça Bastos. Grupos religiosos celebram com fé e devoção a virada de ano em São Luís (MA) — Foto: Paulo Soares/O Estado Enquanto isso, na Avenida Litorânea, um palco foi montado no trecho do prolongamento da avenida para atrações como da cantora de axé Daniela Mercury. Muitos ludovicenses, maranhenses de outros municípios, mas também diversos turistas curtiram a virada do ano em São Luís. Avenida Litorânea ficou cheia durante as festividades da virada de ano em São Luís (MA) — Foto: Paulo Soares/O Estado A capital teve ainda diversos eventos particulares. Em um deles, o sambista Xande de Pilares foi a atração principal da noite. ""Desejo positividade, paz e saúde em maior quantidade, pois com mais saúde podemos alcançar os objetivos que a gente quiser"", declarou o cantor. Em Imperatriz, milhares de pessoas receberam o ano novo na Beira-Rio Em Imperatriz, o principal ponto de concentração foi a Avenida Beira-Rio. Muita gente se reuniu para brindar com os amigos ao som de artistas de diversos gêneros musicais como Aldair Playboy, atração principal da noite. Teve ainda a tradicional queima de fogos que atraiu as pessoas animadas com a chegada de 2020. ""Estou muito feliz. Preparei um repertório muito legal para todo mundo dançar e se divertir. Muita música romântica para os casais, além das músicas pra cima, para todos se divertirem bastante"", disse o cantor destaque da noite. Ponto turístico é ponto de encontro para saudar ano novo em Santa Inês Em Santa Inês, cerca de 15 minutos marcaram a queima de fogos para registrar com muita alegria a chegada de 2020. O principal ponto de concentração na cidade foi a Praça da Matriz. Lá, pessoas que tiveram um 2019 complicado e outros que conseguiram conquistas importantes se misturaram para orar por um futuro melhor e agradecer o que foi conquistado. Maranhenses e turistas se reúnem na faixa de areia da praia do Calhau, em São Luís (MA) — Foto: Paulo Soares/O Estado Números do DataSebrae (dados da Receita Federal de 2020) revelam que em São Luís operam no setor serviços pouco mais de 35 mil empresas (35.080, entre empresas matriz), superando as 33.604 registradas como atividades de comércio. Uma tendência que vem se concretizando nas últimas décadas na esteira da diversificação econômica da capital. Juntos, os dois segmentos respondem pela geração de R$ 36,43 bilhões do total do PIB de São Luís (dados de 2019). São Luís, nos 408 anos, uma economia em que setores de serviços e comércio são destaques. — Foto: Acervo Central de Notícias O crescimento do setor de serviços está entre as tendências de negócios com boas perspectivas de crescimento em São Luís, segundo o economista e secretário municipal de Planejamento, José Cursino Raposo Moreira. “Sendo São Luís uma cidade prestadora de serviços por excelência na sua condição de capital do estado, de um modo geral, vejo como tendência o crescimento de todas as atividades de prestação de serviços e, de modo especial as de base tecnológica”, analisa o secretário. “No setor de serviços, de modo geral, estão atividades muito viáveis em uma cidade como São Luis, com o comércio continuando a ser um forte ativo na economia local, entendendo-se que a inovação é poderá contribuir muito para que as empresas deem um salto no que se refere à competividade”, completa Cursino Moreira. Além disso, o secretário também aponta outros segmentos com potencial de crescimento em decorrência da infraestrutura já instalada na capital e entorno, como exemplo a Estrada de Ferro Carajás, a planta da Alumar e o Complexo Portuário de São Luís, com ênfase no Porto do Itaqui. “Aproveitando suas características naturais, São Luis já conta com alguma infraestrutura implantada, como a ferrovia Carajás que chega até nós; o complexo portuário de Itaqui e a planta da Alumar, o que abre boas oportunidades no ramo da logística”, frisa o secretário. Secretário de Planejamento aponta oportunidades no setor de serviços e logística portuária. — Foto: Francisco Diniz Outro importante catalisador de oportunidades, na opinião do secretário Cursino Moreira, seriam os negócios de base tecnológica e a economia criativa. “Entendo que, em função do Centro de Lançamento de Alcântara, atividades de base científica e tecnológica também se tornarão muito viáveis na capital, sendo possível pensarmos na ‘organização’ de um setor industrial fornecedor de materiais, peças e equipamentos para a indústria aeroespacial, como algo que pode vingar aqui. De outro lado, temos uma expressiva base de universidades, institutos tecnológicos e de pesquisa, que viabilizariam esse setor”, argumenta ele, ressaltando que segmentos ligados ao entretenimento, economia criativa, saúde, intermediação financeira e bancária, no âmbito da cultura e do lazer e o turismo complementam esse leque de oportunidades em São Luís. Resultados decorrem de políticas para melhoria no ambiente de negócios Com forte atenção à questão econômica, a atual gestão municipal fez dessa bandeira uma estratégia, atuando sobre as principais questões que influem no ambiente geral de negócios na capital. E, contando com parcerias com instituições como o Sebrae, agregou uma série de ações que vieram somar com a Lei Geral Municipal (Lei n° 4.830, de 31 de julho de 2007), editada na gestão do então prefeito Tadeu Palácio, que assegura tratamento diferenciado e facilitado aos pequenos negócios preconizados pela Lei Complementar 123, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Superintendente do Sebrae, Albertino Leal Barros Filho, destaca Sebrae como parceiro do desenvolvimento da capital. — Foto: Acervo Sebrae Os reflexos disso podem ser avaliados em ações no âmbito municipal que tem contribuído para esse ambiente. Por exemplo, a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento (COMDES) e, na Secretaria de Planejamento, de uma secretaria adjunta de Desenvolvimento Sustentável, que coordena as diversas políticas de âmbito municipal voltadas para o desenvolvimento econômico em geral. De modo mais específico, o secretário Cursino Moreira destaca, ainda, a algumas iniciativas como a criação de duas Salas do Empreendedor em parceria com o Sebrae em regiões estratégicas e de forte concentração de negócios – os eixos Itaqui/Bacanga e Cohab. “Essas estruturas há muito eram reivindicadas por empreendedores, foram estimuladas pelo Sebrae e tem sido fundamentais para centralizar ações de apoio aos pequenos negócios”, opina Cursino Moreira. Também no eixo Cohab, ele destaca a criação do Centro de Atendimento ao Trabalho e ao Empreendedorismo, que “concretiza a municipalização da política de emprego e renda e viabiliza a aproximação entre ofertantes e demandantes de oportunidades de emprego, com a prefeitura atuando na preparação do futuro trabalhador para a entrevista, para seguir os protocolos laborais, com a emissão da carteira de trabalho digital e de acesso ao seguro desemprego”, explica ele. E, no fomento ao desenvolvimento agrícola, a Feirinha de São Luís é uma das estratégias mais interessantes, ao articular produtores e consumidores, sendo, segundo o secretário, “uma vitrine do trabalho voltado ao setor rural, organizando a produção, capacitando produtores e lhes dando um canal de comercialização ancorado por atividades culturais”. Essa iniciativa, ressalta ele, resultou por duas vezes na premiação do prefeito Edivaldo Holanda Jr (PDT/MA) como Prefeito Empreendedor e teve participação do Sebrae na elaboração do projeto de implantação. Feirinha São Luís se consolida como espaço de comercialização para produtores rurais. — Foto: Acervo Prefeitura de São Luís Setor de Serviços em dados: O setor de serviços cresceu 1% em 2019, interrompendo uma sequência de quatro anos sem resultados positivos: Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo dados do Portal da Junta Comercial do Maranhão - Jucema (2019), São Luís contava com 6074 estabelecimentos ativos no setor de serviços, destacando-se as atividades de cabeleireiros (674), promoções de vendas (611), restaurantes e similares (353), lanchonetes, casas de chás e de sucos e similares (353) e atividades de estética e similares (250). Do total (6.074), 4288 seriam MEI; 1459 Microempresas; 177 Empresas de Pequeno Porte e 150 abrangidas como DEMAIS. Serviço: DataSebrae Lei n° 4.830, de 31 de julho de 2007 Lei Complementar 123 Prefeito Empreendedor Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE Portal da Junta Comercial do Maranhão Canais de Atendimento Sebrae: Central de Atendimento Sebrae 0800 570 0800 Redes Sociais: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter Estudo aponta que 67% das famílias em São Luís estão endividadas A radiografia do endividamento das famílias brasileiras 2017 aponta que 67% das famílias em São Luís estão endividadas. A cidade tem a terceira maior concentração de famílias endividadas do nordeste. O índice está acima da média nacional, que é de 62%. No total, são 200.103 ludovicenses endividados. “Essa queda representa, na realidade, a queda na intenção de consumo financiada, a queda na utilização do cartão de crédito e a queda nos financiamentos de modo geral. Ou seja, a gente teve um desaquecimento da economia na aquisição de bens duráveis, que necessitam do crédito”, afirmou Max de Medeiros, superintendente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio). 200.103 ludovicenses estão endividados, segundo estudo da Fecomércio. — Foto: Reprodução/TV Mirante A pesquisa revelou ainda que 3 em cada 10 famílias de São Luís estão inadimplentes, o que representa um aumento de 3% se comparado a 2016. A microempresária Antônia Lisboa, que trabalha com venda de joias, usa a estratégia de negociar para não perder a clientela. “Eu ligo e retorno a ligação para o cliente. Digo quando estou vendendo semijoia, quando a compra anterior é lingerie ou bolsa. Quando ela está devendo eu digo ‘olha, mas a gente pode conversar, você pode passar na maquininha de cartão o valor que você deve e a gente continua trabalhando’, né?”, contou a microempresária. Microempresária Antônia Lisboa busca negociar para não perder a clientela na venda dos produtos — Foto: Reprodução/TV Mirante Outro ponto da pesquisa indica que as dívidas em atraso são de, em média, 1.210 R$ por mês. A inadimplência compromete 28% da renda média da família ludovicense. A Fecomércio orienta que, embora seja das menores cifras entre as famílias brasileiras, ainda assim está difícil pagar e todo desconto ou crediário de confiança é valido. “Esse é o momento do empresário propor estratégias para facilitar esse consumo para os ludovicenses. Então, embora a gente tenha um momento de recuperação, mas ainda é um momento lento. Em 2019 a gente deve ter um aumento do consumo, principalmente de bens duráveis, que dependem do crédito”, explicou Max de Medeiros. Bicho Terra levou alegria do carnaval neste domingo — Foto: Renato Carvalho Os maranhenses já estão gritando é gritando carnaval antes mesmo do ano de 2019 começar. Vários blocos de rua estão ganhando as ruas ainda no mês de dezembro e na Praça Benedito Leite, neste domingo (30) um palco foi montado e o clima foi totalmente momesco. O tradicional Bicho Terra levou os foliões ao delírio com grandes canções características do carnaval ludovicense. Destaque também para a bateria da Favela do Samba, que colocou todo mundo para sambar, no Programa Feirinha São Luís. Os sambas enredos tocados pela escola de samba Favela do Samba, não deixaram ninguém parado, e o Bicho Terra, com toda sua irreverência do Carnaval de rua maranhense, encantou turistas como o italiano Guido Formica. ""É minha primeira vez em São Luís e estou encantado com todas essas cores e a alegria do povo ludovicense, nunca vi igual em nenhum lugar do mundo, estou imaginando como deve ser o Carnaval nesse lugar, a energia é única, e eu já estou planejando a minha viagem de volta pra cá"", disse Guido. Já Celebrando 2019 o ritmo carnavalesco deu o tom da alegria no evento, que agrega, além de atrações culturais, economia criativa com venda de produtos agrícolas, artesanato, literatura, e gastronomia, sempre aos domingos de 7h às 15h, na Praça Benedito Leite. O G1 resume os principais pontos das propostas de governo dos 11 candidatos à Prefeitura de São Luís (MA) nas eleições de 2020. Os candidatos foram organizados em ordem alfabética a partir do nome de urna. Veja abaixo. PSB oficializa a candidatura de Bira do Pindaré à prefeitura de São Luís — Foto: Reprodução/Redes Sociais Resumo: Em seu plano de governo chamado de 'São Luís mais humana, bela e justa', Bira do Pindaré estabelece os seguintes compromissos com a saúde: criar o programa ""Saúde Digna"" que traz como ações principais descentralizar a marcação de consultas e exames via plataformas digitais e agências de atendimento do Programa Ganha Tempo; ampliar número de consultas diárias e ações nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), incluindo fins de semana e com equipes de saúde bucal; ampliar núcleos de especialidades e de diagnóstico em saúde, por distrito sanitário ou aglomerados de bairros, e viabilizar infraestrutura adequada para as unidades de saúde das zonas urbana e rural. Garantir qualidade no serviço do Programa Farmácia Básica; adequar número de profissionais, atividades e espaços físicos dos Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) às demandas na área da saúde mental; viabilizar ações de promoção, vigilância e assistência à saúde do trabalhador nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e sua integração à rede de saúde do SUS; instituir Práticas Integrativas e Complementares (homeopatia, meditação, acupuntura etc.), nas unidades de saúde; criar o projeto Chega de Violência, nas UBS, para diagnóstico precoce da violência doméstica e familiar e assistência, articulada às Redes de Enfrentamento à Violência; Ampliar atendimento especializado às pessoas idosas. O candidato Carlos Madeira (Solidariedade) anunciou nesta quarta-feira (7) a saída da corrida eleitoral em São Luís por complicações na saúde causadas pela Covid-19. Desta forma, o plano de governo dele foi retirado desta reportagem. Republicanos oficializa a candidatura de Duarte Júnior a prefeitura de São Luís — Foto: Reprodução/Redes Sociais Resumo: Em seu plano de governo, Duarte Júnior defende descentralizar a marcação e reduzir o tempo de espera por consultas e exames especializados, de consulta e exames, com redução progressiva de filas e gerenciamento inteligente da demanda; ampliar o horário de funcionamento das Unidades Básicas De Saúde; a ampliação imediata dos leitos de retaguarda da Rede Assistencial para aumentar a disponibilidade de leitos nos Socorrões e instituir serviços básicos de saúde nos Terminais de Integração do Transporte Públicos. Além disso, defende a criação da Força Municipal de Saúde e serviços de atendimento para pacientes na Pós-Covid; ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família, buscando a cobertura de 100% dos bairros de São Luís com serviços de saúde; criação de uma Mesa de Negociação Permanente com servidores, para criação de uma “carreira única” dos servidores da saúde, para gratificar o bom desempenho; instituição em todas as Unidades de Saúde de um Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e o fortalecimento das vigilâncias em saúde: epidemiológica, sanitária e ambiental. Também será viabilizado um hospital veterinário público. Podemos oficializa a candidatura de Eduardo Braide à prefeitura de São Luís. — Foto: Reprodução/TV Mirante Resumo: Em seu projeto de governo, Eduardo Braide afirma que pretende criar as Clínicas da Família, que representa a a reforma da Atenção Básica do Município de São Luís. Além de prestar os atendimentos básicos, terá o incremento da oferta de exames de elucidação diagnóstica (laboratoriais, ultrassom, Raio-x e eletrocardiograma) no mesmo local; Construir Unidades Básicas de Saúde - UBS, em parceria com o governo federal; Ampliar o número de equipes de Estratégia de Saúde da Família e Saúde Bucal; Criar o programa Ônibus da Saúde, efetivando atendimento móvel nas comunidades; Além disso, pretende implantar Centros de Referência Especializados em Consultas e Exames com diversas especialidade; ampliar o horário de atendimento em unidades de Saúde do município; Criar o programa Parceiros da Saúde para complementar o atendimento no SUS; criar o Centro de Apoio ao Diabético; Manter e ampliar os serviços do Centro de Atenção Integral à Pessoa Idosa (Caisi); implantar o Programa de Educação Continuada em parceria com o Ministério da Saúde; Criar o Programa Bebê Saudável, que visa, por meio de um aplicativo, complementar o acompanhamento de gestantes atendidas pela rede municipal; além de construir uma Maternidade Municipal. Franklin Douglas é candidato à prefeito de São Luís (MA) pelo PSOL. — Foto: Reprodução/TV Mirante Resumo: Em seu projeto de governo denominado 'São Luís pra Maioria', Franklin Douglas afirma que vai priorizar prevenção e promoção da saúde; transparência total à gestão do sistema; concurso público para a saúde, garantindo a estabilidade aos concursados; cobertura de 100% da cidade com o Programa Saúde da Família; por fim a gestão via OS´s na área da saúde; garantir o controle técnico e social das licitações na área da saúde; repactuar a gestão bipartite da saúde na capital; debater a metropolização do atendimento à saúde. Além disso, o candidato diz que vai incentivar as academias ao ar livre; defesa incondicional do SUS e seus princípios; implantar o Prontuário eletrônico do Paciente, garantindo a implantação de rede de internet em toda a unidade; estabelecer debate com as instituições de ensino para estabelecer contrapartidas com o uso do sistema para a formação de novos profissionais da saúde para o sistema. Hertz Dias, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), é oficializado como candidato à Prefeitura de São Luís (MA). — Foto: Reprodução/TV Mirante Resumo: Em seu plano de governo, Hertz Dias afirma que tem como objetivo de revalorizar e reerguer a saúde pública, gratuita com acesso universal; ampliar o horário de atendimento das UBS (Unidades Básicas de Saúde); contratar mais servidores públicos concursados, qualificados e com remuneração digna; colocar fim na terceirização/privatização dos serviços municipais desaúde; Transformar as UBS em centros de promoção, proteção e recuperação da saúde, com equipes multidisciplinares durante todo o período; implantar um programa de saúde mental adequado às reais necessidades da população; Além disso, pretende expandir e consolidar o Programa de Saúde da Família (PSF) com aumento da atenção primária à saúde, composta por educação em saúde e atendimento domiciliar, para não onerar a família; Atendimento Integral pelo SUS, para qualquer cidadão, com investimentos que forem necessários pelo Município e exigindo dos Governos Federal e Estadual o repasse integral das verbas destinadas à saúde; Conselho Popular Municipal de Saúde, com a participação dos usuários e servidores, para definir as políticas públicas de saúde. Rede Sustentabilidade confirma o nome Jeisael Marx como candidato à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Lucas Vieira/G1 MA Resumo: Em seu plano de governo, Jeisael Marx afirma que as prioridades de sua gestão na saúde serão reformar das UBS; desenvolver ações educativas em saúde; ampliar as equipes de ESF; intensificação da Assistência Farmacêutica; a informatização e modernização da CEMARC via aplicativo; iniciar o projeto Carreta Saúde no Bairro e o programa Saúde Perto de Casa; implantar a unidade de acolhimento para adolescentes com transtornos mentais e usuários de drogas; fortalecer as redes de atendimento em saúde e incentivar a prática esportivas e práticas integrativas em saúde para crianças, adolescentes, adultos e idosos, como política de combate ao uso de drogas, de inclusão social, e de educação popular libertadora, além de propiciar melhor condição de saúde a todos. Convenção do Democratas oficializa a candidatura de Neto Evangelista à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/Redes sociais Resumo: Em seu plano de governo, Neto Evangelista defende ampliação da cobertura da atenção Básica. Segundo o plano do candidato, São Luís tem baixa cobertura de Atenção Básica, apenas cerca de 45% de sua população. O compromisso de ampliar a cobertura, ampliar o acesso a consultas e exames e a melhoria da qualidade e resolutividade dos serviços é fundamental para a qualidade de vida da nossa gente. Além disso, quer reestruturar a assistência dos 4 hospitais do município, com foco na automação e padronização de processos, gerindo os recursos com maior eficiência, eficácia e efetividade. Neto também diz que quer cuidar do ludovicense de forma integral, com foco na atenção às pessoas com doenças crônicas (diabetes, hipertensão, HIV, leishmaniose e tuberculose). O atendimento na Atenção Básica e média complexidade, com garantia de acesso à medicação, a exames, à avaliação médica, psicológica, nutricional e proteção social é necessário para reduzir o número de internações hospitalares. PCdoB oficializa a candidatura de Rubens Pereira Jr. à prefeitura de São Luís (MA) — Foto: Reprodução/Redes sociais Resumo: Em seu plano de governo, Rubens Pereira Jr. propõe efetivar o Programa Inova Saúde para ampliar, reformar e equipar as unidades já existentes, além de promover a especialização dos hospitais municipais e a integração efetiva entre a rede de atenção primária municipal, a rede estadual e marcação de exames e consultas. Reestruturar, articular e organizar a oferta de especialidades e cirurgias eletivas de média complexidade com a Integração do Hospital da Ilha à Rede Municipal, dotando os Socorrões I e II de atendimento com excelência e promovendo a revitalização e ampliação e do atendimento do SAMU Construir, reformar, integrar e qualificar a rede de Policlínicas públicas totalizando dez unidades; Construir Um Centro Especializado em Reabilitação - CER que ofereça acompanhamento e tratamento à pessoa com Deficiência Física, Intelectual, Auditiva, Visual e Múltiplas Deficiências. Instituir o programa Mais Saúde São Luís para a ampliação da oferta dos serviços da atenção primária por meio do fortalecimento da rede e da valorização dos profissionais da saúde. .Instituir o Programa Vida Digna para melhorar e ampliar os serviços de Unidades CAPSad da infantojuvenil e o CAPSad para adultos, além de apoio da Rede de Comunidades Terapêuticas para acolhimento e tratamento de pessoas que estejam em situação de uso abusivo de drogas. PRTB anuncia a candidatura de Silvio Antônio à prefeitura de São Luís. — Foto: Reprodução/TV Mirante. Resumo: Em seu plano de governo, Silvio Antônio pontuou suas propostas para a saúde, como a criação da ouvidoria da saúde que tem como objetivo proporcionar a comunicação entre a SES e o cidadão, receber solicitações, sugestões, críticas, denúncias sobre o atendimento para a população; criar novas unidades de saúde, como a de Atenção Primária à Saúde (APS), que vai constituir um conjunto de práticas integrais em saúde, direcionadas a responder necessidades individuais e coletivas da população; Aumentar o número de Unidades de Pronto Atendimento em locais estratégicos; Promover melhorias nas estruturas físicas das Unidades e Postos de Saúde já existentes; Humanizar o atendimento da nossa população, desde a recepção das unidades até o atendimento médico; reduzir o tempo de espera para as marcações de consultas; Criar uma unidade de atendimento de Saúde Mental específica para crianças e adolescentes até 16 anos; e criar o projeto ""Mãe Feliz, Bebê Sadio"", que visa melhorar a assistência à gestante, desde o pré-natal até o parto. PROS confirma a candidatura de Yglésio Moyses à prefeitura de São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante Resumo: Em seu plano de governo, Yglésio Moyses estabelece propostas para a saúde capital a criação do projeto Pacto pela Primeira Infância e de uma Casa do Diabético, com realização de consultas médicas, exames de rotina, inclusive alta complexidade, com setor de reabilitação e fornecimento de próteses. Além disso, propõe o fortalecimento da dispensação de medicamentos nas UBS, com redução de custos de medicamentos, com adoção de pregão eletrônico e continuidade da informatização dos processos nos almoxarifados. Sarau Histórico ‘O Baile de Ana Jansen’ será realizado no Teatro Arthur Azevedo em São Luís — Foto: Maurício Alexandre O Sarau Histórico vai realizar na quarta-feira (29) no Teatro Arthur Azevedo, em São Luís, “O Baile de Ana Jansen”. O evento, que terá tom carnavalesco, contará com as atuações do grupo Tramando Teatro e as músicas da banda Mákina du Tempo, tocando as mais conhecidas marchinhas de Carnaval. Ana Jansen ou simplesmente Donana, era conhecida por todos os ludovicenses por ser uma anfitriã onde os banquetes e festas tinham sua marca registrada. Políticos e outros nomes importantes da cidade por ela eram reunidos em seus salões, onde as festas eram apenas um pretexto para as alianças políticas. A Tramando Teatro traz essa faísca histórica para reunir grandes nomes dos antigos carnavais maranhenses de todos os tempos. Essa alegoria cênica se inicia com Ana Jansen fazendo um convite para Reinaldo Faray e Aldo Leite para organizarem seu Grande Baile de Máscaras. Como mestres das artes cênicas, os dois, entre várias imposições da anfitriã, se deparam entre conflitos e escolhas para realizarem todos os desejos da Dona do Maranhão. Sem ter uma linha do tempo fixa, os personagens ora aparecem e ora são citados como forma de homenagem do seu trabalho incansável e reconhecido nas artes carnavalescas no Maranhão e em alguns casos, no Brasil. Sarau Histórico ‘O Baile de Ana Jansen’ é realizado em São Luís — Foto: Maurício Alexandre As entradas para a peça serão disponibilizados na terça (28) e quarta-feira (29) 29 na Central de Atendimento ao Turista, na Praça Benedito Leite, situado na área central da capital. Os ingressos são gratuitos, limitados, de acordo com o número de assentos do teatro. As entradas que não forem retiradas na Central, serão disponibilizadas na portaria do Teatro Arthur Azevedo uma hora antes do evento, às 18h. Segundo dados do Data Sebrae, os pequenos negócios (micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais) representam cerca de 93% dos negócios formais existentes em São Luís. Hoje, há cerca de 87,9 mil empresas ativas na capital, sendo que desse total, 82,1 mil são micro e pequenas empresas. Nesse conjunto, são cerca de 42,2 mil microempreendedores individuais, 36,1 mil micro empresas (ME) e 3,7 mil empresas de pequeno porte (EPP) que, juntas, impulsionam o PIB da capital, que somou cerca de R$ 27,2 bilhões em 2018, segundo dados do IBGE, e que empregam cerca de 300 mil trabalhadores e pagam pouco mais de 1 bilhão de reais em salários todos os meses a esses trabalhadores. E esses números estão em expansão. 408 anos atrás São Luís foi fundada por franceses, mas tem a herança colonial portuguesa como principal acervo patrimonial — Foto: Acervo Sebrae Um bom indicador de como as MPE’s tem se desenvolvido na capital está entre os MEI’s. De acordo com dados do Governo Federal, registrados no Portal do Empreendedor, as empresas deste porte estão em plena expansão. Este ano, de janeiro a agosto, já foram registrados cerca de 14 mil novos MEI’s ante aos 11 mil novos MEI’s no mesmo período do ano passado. Isso quer dizer que o ritmo de abertura de MEI’s cresceu 20,9% em relação ao registrado em 2019, o que mostra que a pandemia do Covid-19 fez com que os empreendedores maranhenses vissem oportunidades de negócios e estão empreendendo. “A crise gerou oportunidades e novos negócios surgiram para dar vazão às novas tendências. Percebemos uma concentração no setor do comércio e serviços. No entanto houve quem empreendesse por necessidade sim , porém sempre vislumbrando uma oportunidade no mercado para atender uma necessidade”, comentou a gerente estadual de Gestão de Atendimento e Relacionamento com o Cliente do Sebrae no Maranhão, Hildenê Maia. As oportunidades abertas pelo mercado ludovicense estão o tempo todo sendo estudadas pelos empresários das 82 mil MPE’s que operam na capital. Um bom exemplo é o do empresário José Gonçalves dos Santos Junior, da nova geração que comanda o Centro Elétrico, tradicional grupo de varejo da capital, há 97 anos no mercado, que tem três unidades e cerca de 360 funcionários. “Entendo que o grande desafio do comércio hoje é a adaptação às rápidas mudanças na sociedade, nas relações de consumo, nos formatos de aquisição dos produtos. Hoje, as empresas precisam estar preparadas para atender seus clientes em todos canais de vendas presenciais e digitais. Você precisa ter sua loja física aliada à virtual, com políticas bem definidas para cada ambiente desses. Lembrando que essas mudanças este ano, com a pandemia, aconteceram em velocidade máxima, o que nos leva a uma adaptação constante. Quem não conseguiu se adaptar e acompanhar, acabou perdendo espaço na frente de grandes vendas que aconteceram no comércio virtual”, analisa o empresário. “No âmbito das empresas, entendo que precisamos de atenção redobrada na preparação das nossas equipes para atender bem aos clientes, focando mesmo em ações de educação básica e atendimento de excelência, ao treinamento técnico para que essas equipes estejam prontas para oferecer ao cliente a melhor experiência de consumo. Também julgo importante atenção ao planejamento, à gestão e na preparação para aproveitar oportunidades”, completou. José Gonçalves Jr, nova geração na administração do Centro Elétrico, há 97 anos no mercado. — Foto: Acervo pessoal Já o empresário Saullo Lima, da sorveteria Oba Oba, localizada no bairro do Cohatrac, também fala sobre as dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios para empreender em São Luís. Para ele, a necessidade de planejamento, a preparação do empreendedor para gerenciar o negócio, conhecimento do mercado, atenção com as finanças e apoio para empreender são fundamentais em todas as etapas de um negócio, tudo isso aliado à carga tributária elevada e à falta de fornecedores no próprio estado são fatores que dificultam a atuação do empresário. “Como grande parte dos insumos vem de fora, isso acaba aumentando consideravelmente o preço e tendo grande influência nos resultados da empresa. Contudo, o empreendedor deve buscar se profissionalizar bem naquilo que faz para conseguir se sobressair às dificuldades e dar sustentabilidade ao seu negócio. O Sebrae tem sido um grande parceiro, apontando caminhos e nos ajudando a solucionar as nossas necessidades”, ressalta Gomes, atuando no mercado de São Luís há dois anos. Saullo Lima: Falta de fornecedores no estado dificulta atuação do empreendedor. — Foto: Acervo pessoal Economia em transformação Gonçalves e Saullo representam duas faces de uma economia em franca expansão, que deriva do fluxo comercial da Praia Grande no período colonial, passando por ciclos industriais vigorosos no pós guerra (arroz, babaçu e algodão), mas que não foram duradouros, passando pelo ciclo dos grandes empreendimentos (Alumar, Vale, Tegram, MPX Itaqui/ENEVA, Porto do Itaqui, entre outros) e que agora, nos 408 anos se transforma apontando para oportunidades no setor de serviços, logística portuária e negócios de base inovadora e tecnológica, mas com o comércio ainda tendo expressiva força. Segundo o diretor Técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho, é para atender clientes como Gonçalves Jr e Saullo que a instituição tem atuado para se adaptar às novas necessidades do mercado. “O Sebrae também está passando por um momento de transformação. Já vínhamos trabalhando pela transformação digital da instituição, o que foi acelerado pela Pandemia. Estamos disponibilizando um mix de serviços e produtos para preparar melhor o empresário, dar acesso ao crédito, para atuar apoiando o candidato a empresário, que vai abrir seu negócio por oportunidade ou por necessidade, e principalmente dar conhecimento aos empresários para fins de adaptação das micro e pequenas empresas as atuais condições de mercado, com vistas a melhoria de competitividade e produtividade”, comentou Borralho. Mauro Borralho, Diretor Técnico do Sebrae no Maranhão. — Foto: Acervo Sebrae Sobreviver é desafio permanente Sucesso no mercado é um dos grandes anseios de todo empreendedor. E o desafio se manterem ativos, especialmente neste ambiente de pandemia, mobiliza milhares deles. Não é possível atribuir a um único fator a causa da mortalidade dos pequenos negócios. Estudos apontam uma combinação de fatores em quatro grandes áreas: a situação do empresário antes da abertura, o planejamento dos negócios, a capacitação em gestão empresarial e a gestão do negócio em si. De acordo com a gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae no Maranhão, Keila Pontes, dentre os principais entraves, de modo geral, destacam-se: ausência de planejamento (“o empreendedor inicia a empresa sem muito conhecimento do negócio e do mercado”); e deficiências na gestão financeira (nas empresas familiares, por exemplo, é muito comum misturar os recursos pessoais e os da empresa; já nas empresas consolidadas, a falta de recursos para investimentos, capacitação e inovação são decisivos como fatores de mortalidade nos primeiros anos”). Ela também enfatiza o baixo investimento em inovação. “O empresário costuma confundir inovação com a aquisição de novos equipamentos ou informatização. Poucos (cerca de 1,6% dos pequenos negócios) investem em inovação e a maioria tende a achar que isto não é prioridade e só o farão quando estiverem em boa situação financeira, não percebendo que inovar dá lucro e pode ser um diferencial importante”, alerta a analista. Para suprir a necessidade de uma gestão eficaz, o Sebrae disponibiliza uma série de soluções para ajudar os pequenos negócios nas várias fases de seu desenvolvimento, desde capacitação para começar bem, treinamentos para fortalecer características empreendedoras, consultorias de gestão e tecnológica desde a modelagem do negócio, ao estudo de viabilidade técnica e econômica, elaboração de planos de negócios e de identidade visual, até orientações de como se formalizar, volume de investimentos e tempo de retorno dos recursos aportados, dentre outras. Empresas citadas: Centro Elétrico Redes Sociais: Instagram, Facebook Oba Oba Sorvetes Redes Sociais: Instagram, Facebook Serviço: Data Sebrae Portal do Empreendedor Portal Sebrae Portal Sebrae Maranhão Canais de Atendimento Sebrae: Central de Atendimento Sebrae 0800 570 0800 Redes Sociais: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter Bicho Terra recepciona turistas em aeroporto de São Luís — Foto: A. Baêta / Prefeitura de São Luís Uma ação no Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, em São Luís, fez com que turistas e ludovicenses entrassem no clima do carnaval da capital maranhense. Uma das principais atrações da folia maranhense, o Bicho Terra, recepcionou mais de mil pessoas. A ação foi realizada na tarde dessa quinta-feira (28) aproveitando o desembarque dos passageiros que chegaram em São Luís de diversos pontos do Brasil, como Imperatriz, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Fortaleza. Nesta sexta-feira (1º), a ação será desenvolvida pelo bloco tradicional Os Tremendões, a partir das 13h30. O bloco também é uma referência carnavalesca de São Luís e já foi campeão dez vezes no desfile de passarela. ""Acreditamos que mais de 1.100 pessoas, entre turistas e maranhenses, tenham sido recepcionados nessa operação da Prefeitura de São Luís, com a Infraero e a Cruz Vermelha. Toda ação visa que esses passageiros sejam recebidos no formato diferenciado e que eles consigam ter todas as informações de como será o Carnaval aqui"", disse a superintendente da Infraero, Taíse Brandão Figueiredo. Os turistas receberam informações, também preservativos e tiveram a oportunidade ainda de curtir o melhor do Bicho Terra nesta ação que foi chamada de Operação Boas-Vindas. As músicas tradicionais do grupo foram executadas no aeroporto: 'Canguru', 'Zig Zag', 'Carangueijo,' 'É Gostosa', 'Fogo de Amor' e 'Batendo Lata'. ""Excelente essa ideia de receber os turistas com músicas e grupos locais. É a primeira vez que sou recebida com tanta festa e alegria em um aeroporto"", declarou Iracy Rabêlo, de Brasília. Teve baiana também entrando no clima da folia ludovicense. ""Adorei essa animação toda. Apesar de ter vindo à capital do Maranhão por motivos de trabalho, já entrei no clima das festas carnavalescas"", disse Maria Marta França. Programação cultural durante o mês de julho atrai turistas e maranhenses para as ruas do Centro Histórico de São Luís — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís Música, teatro e dança são algumas das atividades fazem parte da programação cultural do programa ‘Férias Culturais’, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura da capital e que deve movimentar durante todo o mês de julho o Centro Histórico de São Luís. Serão realizados durante todo o mês de férias Sarais Históricos, o Passeio Serenata, Roteiro Reggae e o Conheça São Luís que este ano, conta com apresentações de blues, jazz e uma programação voltada para o público infantil. A primeira edição do Sarau Histórico foi realizada na última quarta-feira (10), no Complexo da Praça Deodoro na capital. O evento que reúne literatura, teatro, música e história reuniu centenas de pessoas que puderam conferir apresentações que contaram as histórias por trás dos bustos de personalidades maranhenses que estão expostos na Praça do Panteon, na Deodoro. Além disso, será realizada no dia 24 de julho mais uma edição do Sarau Histórico que tem como tema ‘O Mulato’, uma das principais obras do escritor maranhense Aluísio Azevedo, um dos maiores nomes da literatura brasileira. Primeira edição do Sarau Histórico foi realizada na última quarta-feira (10) no Complexo da Praça Deodoro em São Luís. — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís O Passeio Serenata, uma das atrações da programação cultural de férias, será realizado nos dias 17 e 31 de julho, a partir das 19h, na Praça Benedito Leite, região central de São Luís. A iniciativa promove um mergulho na vida de personalidades da cidade, com a representação ao vivo de personalidades culturais, políticas e sociais que marcaram e ajudam a contar a história da capital. Ludovicenses, maranhenses e turistas terão a oportunidade de conhecer e apreciar a riqueza dos detalhes e a história dos casarões do Centro Histórico que são Patrimônio da Humanidade durante as ações do Conheça São Luís. As ações serão realizadas nos dias 18 e 25 de julho, com saída da Praça Benedito Leite, a partir das 16h. Conhecida como ‘Jamaica Brasileira’, São Luís concentra um grande número de grupos e apaixonados pelo reggae, um ritmo que encanta turistas e maranhenses. Por conta da fama, o som jamaicano em terras ludovicenses ganhou destaque durante a programação cultural de férias com o programa ‘Roteiro Reggae’, que realiza um cortejo pelas ruas do Centro Histórico ao som de clássicos que embalam gerações e contando a história do movimento regueiro em São Luís. Guiado por um grupo de Djs, dançarinos e admiradores do movimento reggae, o cortejo será realizado no dia 16 de julho, a partir das 19h na Praça Benedito Leite, na capital. A rota inclui visitas a clubes de reggae que funcionaram ou estão em atividade no Centro Histórico, a feirinha de artesanato ligada do ritmo seguindo pela Avenida Dom Pedro II, Rua da Estrela, Praça da Faustina, Rua Alfândega, Beco Catarina Mina, Rua Portugal e Rua do Trapiche. Histórias e personagens de São Luís são retratados durante eventos culturais em São Luís — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís Como se imagina que seja Maria Firmina dos Reis, autora de ""Úrsula"" (1859), hoje considerado o primeiro romance afro-brasileiro, pioneiro da literatura antiescravista no país — Foto: André Valente/BBC Cabelos presos, colar, um vestido aparentemente luxuoso, a pele branca. Assim esteve representada até 2012 a escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917), primeira romancista negra do Brasil, em uma parede da Câmara dos Vereadores de Guimarães, cidade do Maranhão onde a autora passou a maior parte de sua vida. Não se sabe quando nem como, mas a imagem da autora de Úrsula (1859) — hoje considerado o primeiro romance afro-brasileiro, pioneiro da literatura antiescravista no país — se confundiu com a da escritora gaúcha Maria Benedita Câmara (1853-1895), conhecida como Délia. ""Em Guimarães já sabiam que aquela não era Maria Firmina, mas, como o quadro foi doação de alguém importante da cidade, não tiraram da parede"", conta Régia Agostinho, professora da Universidade Federal do Maranhão. Em 2012, ela visitou Guimarães durante um trabalho de pesquisa para sua tese de doutorado sobre a escritora. De volta à cidade após concluir sua tese, publicada em 2013, o quadro havia sido removido. Como Maria Firmina não deixou para trás nenhuma foto ou retrato, no entanto, o engano perdura. Mesmo hoje, algumas das primeiras imagens que aparecem em pesquisas pelo nome da escritora na internet ainda são de Délia. Em um busto esculpido em sua homenagem, hoje exposto na Praça do Pantheon, no centro de São Luís, pouco transparece da descrição feita por ex-alunos e conhecidos de Maria Firmina: uma mulher de rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, cortado curto e amarrado na altura da nuca, com nariz curto e grosso. Na estátua ""o nariz é afilado, os lábios finos, cabelos lisos, amarrados em coque, em nada se parecendo a uma mulher negra ou mulata"", constata Agostinho. Para ela, o escultor Flory Gama se preocupou antes em representar a artista como a única mulher, em meio aos bustos de tantos homens maranhenses ilustres, do que como negra. Daí os seios avantajados, ainda mais marcantes em contraste com a magreza das feições da estátua. As confusões com a imagem de Maria Firmina espelham sua própria obra, que teve boa aceitação da crítica quando publicada, mas acabou caindo no esquecimento após sua morte. Só seria redescoberta em 1962, quando o historiador paraibano Horácio de Almeida (1896-1983) encontrou, em um sebo do Rio de Janeiro, uma edição de Úrsula, único romance da escritora e hoje considerado o primeiro livro brasileiro a se posicionar explicitamente contra a escravidão, antecedendo em mais de dez anos obras como O Navio Negreiro (1870) e A Escrava Isaura (1875). Maria Firmina nasceu no dia 11 de março de 1822, na cidade de São Luís do Maranhão, filha de uma escrava alforriada e de um pai negro. Até 2018, acreditava-se que tivesse nascido em 11 de outubro de 1825 — na realidade a data de seu batismo —, de mãe branca com origem portuguesa, segundo a primeira biografia da autora, Maria Firmina - Fragmentos de uma Vida (1975), escrita pelo poeta e jornalista maranhense José Nascimento Morais Filho (1922-2009). A descoberta da nova data de nascimento foi feita por Dilercy Aragão, professora aposentada da Universidade Federal do Maranhão que hoje ocupa a cadeira de Maria Firmina na Academia Ludovicense de Letras. O caso é um exemplo do pouco que se conhece sobre a vida da autora. Do nascimento até a publicação de Úrsula, em 1859, há várias lacunas. Sabe-se que ficou órfã e se mudou em 1830 para a casa da tia em Guimarães, onde viveu até o fim da vida. Com a parente, que tinha melhores condições financeiras, teve a oportunidade de estudar, algo raro para mulheres negras no período. Em 1847, foi aprovada em concurso público para professora de primário, cargo que exerceu até se aposentar em 1881. No momento de receber o título, Maria Firmina se recusou a ser levada em um palanque sobre o ombro de escravos, uma tradição na época. ""Negro não é animal para se andar montado nele"", teria dito. Em vez disso, foi a pé. Durante 50 anos, a escritora colaborou com vários jornais maranhenses, onde publicou poesias, contos e crônicas. Entre eles, os contos Gupeva (1861) e A Escrava (1887), dois de seus textos mais famosos. Um ano antes de se aposentar, Maria Firmina fundou em Guimarães a primeira escola mista do Maranhão, que recebia gratuitamente meninos e meninas pobres. Morreu em 1917, aos 95 anos de idade, deixando 11 filhos adotivos. Além da imagem, Aragão lembra que faltam detalhes importantes da biografia da escritora, como os anos de sua juventude, a vida do pai, João Pedro Esteves, e onde ela teria realizado seus estudos. ""Guimarães era uma vila pequena naquela época, então onde ela pode ter estudado? Ainda existe uma longa jornada pela frente, e todas essas dúvidas só nos instigam a buscar mais respostas"", diz a pesquisadora. Maria Firmina esteve entre os primeiros escritores a de fato dar voz a personagens negros no Brasil, afirma o professor de literatura brasileira da Universidade de Brasília Danglei de Castro. ""O enfoque dado aos problemas da escravidão, como a situação da criança negra, a perda de identidade dos escravos em seu deslocamento da África para o Brasil e o alcoolismo são formas de representar o lugar dos negros na sociedade brasileira do século 19"", explica. Para Agostinho, da Universidade Federal do Maranhão, a autora humanizava os personagens cativos, colocando-os em pé de igualdade com os brancos da trama — a Úrsula do título do romance é uma mulher branca. ""Ele escuta a nênia plangente de seu pai, escuta a canção sentida que cai dos lábios de sua mãe, e sente como eles, que é livre; porque a razão lho diz, e a alma o compreende. Oh! A mente! Isso sim ninguém a pode escravizar!"" O trecho de Úrsula retrata uma reflexão do escravo Túlio sobre sua condição. Também no livro, a negra Susana descreve as dificuldades do traslado entre África e Brasil anos antes da publicação de O Navio Negreiro, de Castro Alves. De acordo com a pesquisadora, exemplos como esses mostram que Maria Firmina apresentava personagens escravos ""com uma positividade que não foi feita nem depois dela, mesmo por escritores abolicionistas"". Isso porque livros posteriores, como As Vítimas-Algozes (1869), de Joaquim Manuel de Macedo, e A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães, teriam sido escritos para sensibilizar leitores brancos, mostrando como a escravidão poderia ser um problema para eles, mas deixando em segundo plano o sofrimento dos negros. Décadas mais tarde, com o avanço da causa na sociedade brasileira, a autora chegou a criar em contos como A Escrava personagens negras abertamente abolicionistas. O caso da escritora foi atípico para a sociedade profundamente machista da época. Segundo a professora da Universidade Estadual do Piauí Algemira de Macêdo, ela foi a única mulher com presença tão marcada na imprensa maranhense ao longo de todo o século 19. Esse descompasso não passava despercebido à própria autora, que, no prólogo de Úrsula, dizia ter consciência de que ""pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem"". Na sua escrita, destaca-se uma pluralidade do retrato das mulheres, com exemplos que vão desde o ideal feminino do período até personagens que desafiam fortemente as convenções. ""No conto A Escrava, encontramos grupos de mulheres que se sujeitam aos ditames dos maridos ou apoiam a escravidão, mas também outras da sociedade burguesa que lutam contra ela"", explica Macêdo. A pesquisadora também aponta a personagem da negra Susana, de Úrsula, como uma quebra no estereótipo da mulher negra sexualizada, interessada em seduzir, muito presente na literatura do período. ""Ela é descrita como uma mulher não atraente, magra, seca. A autora não se preocupou em incluir esse aspecto que a cultura brasileira costuma dar para mulheres negras."" Na cidade de Guimarães, da casa onde Maria Firmina viveu e lecionou a única memória que resta é uma placa com seu nome, sobre a fachada de uma loja de móveis construída no mesmo lugar. Quando visitou o local, em 2012, Agostinho não encontrou nas bibliotecas públicas nenhum exemplar da obra da autora. Nem mesmo seu túmulo estava identificado — na ocasião, a placa tinha sido roubada por vândalos. Apesar do descaso com a memória física de Maria Firmina, a pesquisadora relatou em sua tese que os moradores conheciam a autora, concluindo que ""a memória social de Maria Firmina dos Reis está viva entre os habitantes da cidade de Guimarães"". Desde então, o reconhecimento da escritora no país se expandiu. Entre os anos de 2017 e 2018, Úrsula ganhou 13 novas edições. Além disso, vários estudos foram dedicados a sua vida e obra e, em 2019, a escritora foi homenageada com um Doodle do Google — em outubro, ainda na data errada de seu nascimento. Para Danglei de Castro, o lugar da autora em nossa literatura vem sendo progressivamente recuperado. ""A obra de Firmina é atual, mesmo distante no tempo histórico. É uma autora de grande força expressiva e, por isso, sua leitura é importante para compreender a complexidade da sociedade brasileira."" ""Algumas pessoas têm publicado trabalhos sobre o livro Úrsula, mas ainda é pouco para a grandiosidade de Maria Firmina, considerando que foi a primeira romancista brasileira"", afirma Dilercy Aragão. ""Nós brasileiros não valorizamos a nossa cultura. Por isso, é importante continuar consolidando essa visibilidade."" No ano de 2017, o estado do Maranhão instituiu o Dia da Mulher Maranhense, que coincide com o aniversário da autora. Em 2018, Maria Firmina foi uma das artistas homenageadas na Flup (Festa Literária das Periferias), no Rio de Janeiro, que organizou um concurso visando recriar o rosto da autora. ""Ainda estamos reconstruindo a história de Maria Firmina"", diz Algemira de Macêdo. ""Quando comecei a pesquisar sobre ela, em 2011, me sentia praticamente sozinha. Hoje fico feliz em ver minha voz ecoada."" Corte Momesca do Carnaval 2019 de São Luís é eleita nesse domingo (17). — Foto: Lauro Vasconcelos / Divulgação Diego Massete Silva, de 32 anos e Itayanna Abreu Santos, 31, foram eleitos na noite desse domingo (17) o Rei Momo e a Rainha do Carnaval 2019 de São Luís. O concurso foi realizado no Largo do Desterro, no bairro Madre Deus, na capital. Além deles, Lucimar de Jesus Costa Barros, de 34 anos e Marlete Soares Ferreira, de 30, foram coroadas como primeira e segunda princesas, completando a Corte Momesca. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), a corte vai participar de todas as festas, desfiles, shows que fazem parte da programação oficial do Carnaval na capital. A Corte Momesca recebe no dia 1º de março, na Passarela do Samba, a chave da cidade, marcando a abertura oficial dos circuitos carnavalescos em São Luís. De acordo com a Secult, a programação do carnaval segue até o dia 5, no baile popular Blocão do Bicho. Ao todo, 15 candidatos se inscreveram no concurso que definiu a Corte Momesca de São Luís. Participando pela primeira vez do concurso, o Rei Momo Diego Massete afirmou que nem acreditou na vitória. “""Não imaginava, é muita felicidade, uma alegria imensurável. Para o Carnaval mostrarei muita descontração e samba no pé, além de curtir com responsabilidade"", disse. Itayanna Abreu Santos, foi eleita pela segunda vez como Rainha do Carnaval de São Luís. Veterana na premiação, a ludovicense já foi coroada Rainha em 2015 e como princesa do carnaval em nos anos de 2009 e 2012. Amante do carnaval, a Rainha eleita prometeu representar o carnaval ludovicense. ""É uma satisfação imensa, por amar o Carnaval e carregar essa responsabilidade que é representá-lo. Eu amo e visto a camisa do Carnaval e vou levar isso para o resto da vida"", concluiu. Concorrendo pela terceira, a primeira princesa eleita, Lucimar de Jesus Costa Barros revelou que ficou emocionada com a vitória na competição. ""Já é a terceira vez que participo e a primeira que sou eleita, é uma emoção muito grande, porque era algo que sempre quis e ainda não tinha dado certo. Dessa vez consegui e irei mostrar muita alegria e samba no pé"". A segunda princesa eleita, Marlete Soares Ferreira, já é veterana na competição e já foi eleita em 2011, Rainha do Carnaval e em 2014, princesa. ""Mais uma vez participando e disposta a mostrar durante o Carnaval muita alegria, simpatia e samba. Espero que todos brinquem uma bonita festa de Momo"", concluiu. Casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso — Foto: Rodrigo Gorosito/G1 A Turma do Quinto realiza na noite deste sábado (23) o festival de mestres-salas e porta-bandeiras com presenças especiais. Para abrilhantar o encontro dois personagens emblemáticos quando se trata do assunto: Selminha Sorriso e Claudinho da Beija-Flor. O evento será realizado na sede da Turma do Quinto, no bairro da Madre Deus, em São Luís. O encontro está marcado para às 20h e contará com a presença de todos os casais do carnaval ludovicense. Os ingressos estão sendo cobrados a R$ 10,00. Juntos há 28 anos, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso estão na tradicional Beija-Flor desde 1995. Além da participação do ilustre casal, o evento contará ainda com os shows do grupo Madrilenus, do bom samba do Tsão de Velho e da Bateria Explosão TQ. Selminha Sorriso e Claudinho formam o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor. — Foto: Alexandre Durão / G1 No Carnaval 2019, a Turma do Quinto levará para avenida uma temática mergulhada na cultura popular maranhense e cheia de possibilidades: “Alcântara Divina: o cantar de cantarias"". O último título da Turma do Quinto foi conquistado no Carnaval de 2016. Na oportunidade, a TQ homenageou o próprio intérprete da escola, Gabriel Melônio. Companhia responsável pelas atuações será a Teoria das Artes — Foto: A.Baeta O Centro Histórico de São Luís vai apresentar nesta sexta-feira (19) a partir das 19h, na Praça Benedito Leite, na área central da capital, mais uma edição do Sarau Histórico, evento que reúne música, história e destaca as produções artísticas de poetas e escritores que nasceram em São Luís. O Sarau retratará ao público, por meio de uma peça teatral, o auge das produções maranhenses com nomes como Arthur Azevedo, Graça Aranha e Ferreira Gullar. A companhia responsável pelas atuações será a Teoria das Artes, proporcionando uma verdadeira aula de história maranhense por meio da arte. Além disso, a noite contará ainda com muita música com o grupo Regional Atraente, que também apresentará ao público um repertório composto por músicas maranhenses. O Sarau Histórico tem como objetivo principal propagar a cultura ludovicense aos turistas, oferecendo um evento gratuito e de qualidade, e disseminar as raízes culturais de São Luís aos próprios moradores da Ilha, para valorizar a cidade e toda a sua riqueza cultural. Blocos de ruas animaram foliões no pré-carnaval de São Luís O Pré-Carnaval em São Luís leva multidões, principalmente, as ruas da região central da cidade. Nesse fim de semana, a folia foi grande e blocos de rua ganham cada vez mais seguidores. Na Avenida Beira-Mar, o bloco Só Safados arrastou muita gente. A concentração foi na Praça Maria Aragão. Nos últimos anos, o bloco se tornou um dos maiores de São Luís. “Ao mesmo tempo que cresce o público, cresce também a responsabilidade”, declarou a cantora do bloco, Valda Lino. Pré-Carnaval no Centro de São Luís — Foto: Reprodução/ TV Mirante O estreante foi o Batuque da Onça. “Trabalhamos com a didática com as crianças, moradores de rua, idosos, então é muito gratificante receber o apoio do público”, disse o presidente da Associação Cultural Batuque da Onça, José Domingos. Próximo dali, na Fonte do Ribeirão, outra banda tradicional do Pré-Carnaval ludovicense animou a noite de sábado (9). Antes de parar no palco da Fonte, teve o arrastão pelas ruas do Centro Histórico. “A Bandida se tornou tradição em São Luís por trazer alegria, paz e conquistou o público assim”, disse o cantor Dan Suyte. A festa segue no próximo fim de semana com mais folia pelas ruas do Centro de São Luís. Atual corte momesca de São Luís, eleita em concurso realizado no CineTeatro da Cidade — Foto: Lauro Vasconcelos As inscrições para a Corte Momesca do Carnaval 2019 de São Luís estão abertas e vão até o dia 15 de fevereiro. São vagas para o rei momo, a rainha e as duas princesas do Carnaval. O concurso é promovido pela Secretaria Municipal de Cultural (Secult). Leia aqui o edital completo. Pelo edital, o rei momo e a rainha são premiados com R$ 5 mil cada um. As princesas recebem R$ 3,5 mil. De acordo com o edital, apenas maiores de idade podem participar, mas não há idade máxima para o interessado. Apenas moradores de São Luís podem se inscrever. Outra exigência também é ter concluído o ensino fundamental (9º ano). Quem quiser ser o rei momo vai ter que pesar mais de 100 kg, como determina o edital. A atual corte momesca não pode concorrer. As inscrições vão até o dia 15 de fevereiro e o evento para eleição da nova corte será no dia 17 de fevereiro no Largo do Desterro. Os vencedores vão participar de eventos importantes da folia ludovicense até o dia 5 de março. Centro Histórico recebe decoração de Natal em São Luís. — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão A cidade de São Luís já iniciou sua programação do período natalino. Dentre os lugares mais frequentados, o Centro Histórico da capital é o que reserva mais opções dentro da programação. O roteiro inclui shows, passeios e apresentações infantis. Saiba onde aproveitar a programação Palácio dos Leões Um espetáculo de luz e muito encanto é apresentado diariamente, a partir das 18h30 e desperta no público a sensação de estar dentro de uma performance mágica com direito à presença do Papai Noel e as renas que o acompanham. Os efeitos, feitos com a técnica de videomapping, serão exibidos de segunda a domingo, sempre no mesmo horário e local, até o dia 29 de dezembro de 2019. Hall do João Goulart Nos dias 16, 17, 18, 19, 23, 26 e 27 de dezembro, a partir das 19h30, atrações musicais se apresentam no Hall do João Goulart, animando pessoas de todas as idades com canções que características da época de natal. Entre as atrações estão: Orquestra Guajajara - segunda-feira (16) Banda Unidunitê - terça-feira (17) Sexteto de Metais - quarta-feira (18) Show de violino, piano, cello e solista - quinta-feira (19) Grupos de Reis - segunda-feira (23) Orquestra Jovem João do Vale - quinta-feira (26) Coral Jovem Adventista – sexta-feira (27) Bandeirinhas é um dos principais elementos na decoração de Natal em São Luís — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão Complexo Deodoro E já pensou em participar de um Cortejo Natalino pelas ruas do Centro Histórico? Essa atividade faz parte da programação que é realizada às sextas-feiras, partindo da Rua Grande em direção ao Complexo Deodoro, a partir das 18h. Já no Complexo, a partir das 19h, tem apresentações musicais de artistas ludovicenses, que fazer o par perfeito com a decoração natalina instalada no local. Aos sábados também são realizadas as apresentações e, aos domingos, o foco é no público infantil! A partir das 17h, no Complexo Deodoro, atrações infantis ocupam o palco com atividades interativas para crianças e adolescentes. Nesta segunda-feira (16), às 19h, haverá uma cantata de natal com a participação do Coral da UFMA e outros corais convidados, como o Coral São João, Madrigal Santa Cecília, Coral Maranatha e Coral Nossa Voz. Coreto Benedito Leite O público infantil também recebe uma programação exclusiva, com a contações de história, animação de palhaços, espetáculos e oficinas que serão realizadas no coreto da Praça Benedito Leite, localizada ao lado da Igreja da Sé. As atividades infantis ocorrem de segunda a domingo, até o dia 23 de dezembro, a partir das 19h30. Shamach Viana – segunda-feira (16) Maria Firmina em Poesias – terça-feira (17) Grupo Vagalume – quarta-feira (18) O Circo Tá na Rua – quinta-feira (19) Oficina de Porta Treco de Natal e contos indígenas – sexta-feira (20) Tramando Teatro e contação de histórias – sábado (21) Shamash Viana e Grupo Vagalume – domingo (22) Contação de histórias e oficinas de cartoneiras – segunda-feira (23) Igreja da Sé Na segunda-feira (23), haverá a tradicional cantata natalina, em frente a Igreja da Sé. O evento tem previsão para iniciar a partir das 19h30. Rua da Estrela Outra opção para aproveitar a magia do natal em grande estilo é a Casa do Papai Noel que está montada na Rua da Estrela. As visitações ocorrem de segunda a domingo, com exceção dos dias 24 e 25 de dezembro. Além das atrações, haverá apresentação de bandas musicais no local, a partir das 18h30. Árvore de Natal decora área central de São Luís — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão Centro Histórico recebe decoração de Natal em São Luís. — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão A cidade de São Luís já iniciou sua programação do período natalino. Dentre os lugares mais frequentados, o Centro Histórico da capital é o que reserva mais opções dentro da programação. O roteiro inclui shows, passeios e apresentações infantis. Saiba onde aproveitar a programação Palácio dos Leões Um espetáculo de luz e muito encanto é apresentado diariamente, a partir das 18h30 e desperta no público a sensação de estar dentro de uma performance mágica com direito à presença do Papai Noel e as renas que o acompanham. Os efeitos, feitos com a técnica de videomapping, serão exibidos de segunda a domingo, sempre no mesmo horário e local, até o dia 29 de dezembro de 2019. Hall do João Goulart Nos dias 16, 17, 18, 19, 23, 26 e 27 de dezembro, a partir das 19h30, atrações musicais se apresentam no Hall do João Goulart, animando pessoas de todas as idades com canções que características da época de natal. Entre as atrações estão: Orquestra Guajajara - segunda-feira (16) Banda Unidunitê - terça-feira (17) Sexteto de Metais - quarta-feira (18) Show de violino, piano, cello e solista - quinta-feira (19) Grupos de Reis - segunda-feira (23) Orquestra Jovem João do Vale - quinta-feira (26) Coral Jovem Adventista – sexta-feira (27) Bandeirinhas é um dos principais elementos na decoração de Natal em São Luís — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão Complexo Deodoro E já pensou em participar de um Cortejo Natalino pelas ruas do Centro Histórico? Essa atividade faz parte da programação que é realizada às sextas-feiras, partindo da Rua Grande em direção ao Complexo Deodoro, a partir das 18h. Já no Complexo, a partir das 19h, tem apresentações musicais de artistas ludovicenses, que fazer o par perfeito com a decoração natalina instalada no local. Aos sábados também são realizadas as apresentações e, aos domingos, o foco é no público infantil! A partir das 17h, no Complexo Deodoro, atrações infantis ocupam o palco com atividades interativas para crianças e adolescentes. Nesta segunda-feira (16), às 19h, haverá uma cantata de natal com a participação do Coral da UFMA e outros corais convidados, como o Coral São João, Madrigal Santa Cecília, Coral Maranatha e Coral Nossa Voz. Coreto Benedito Leite O público infantil também recebe uma programação exclusiva, com a contações de história, animação de palhaços, espetáculos e oficinas que serão realizadas no coreto da Praça Benedito Leite, localizada ao lado da Igreja da Sé. As atividades infantis ocorrem de segunda a domingo, até o dia 23 de dezembro, a partir das 19h30. Shamach Viana – segunda-feira (16) Maria Firmina em Poesias – terça-feira (17) Grupo Vagalume – quarta-feira (18) O Circo Tá na Rua – quinta-feira (19) Oficina de Porta Treco de Natal e contos indígenas – sexta-feira (20) Tramando Teatro e contação de histórias – sábado (21) Shamash Viana e Grupo Vagalume – domingo (22) Contação de histórias e oficinas de cartoneiras – segunda-feira (23) Igreja da Sé Na segunda-feira (23), haverá a tradicional cantata natalina, em frente a Igreja da Sé. O evento tem previsão para iniciar a partir das 19h30. Rua da Estrela Outra opção para aproveitar a magia do natal em grande estilo é a Casa do Papai Noel que está montada na Rua da Estrela. As visitações ocorrem de segunda a domingo, com exceção dos dias 24 e 25 de dezembro. Além das atrações, haverá apresentação de bandas musicais no local, a partir das 18h30. Árvore de Natal decora área central de São Luís — Foto: Divulgação/ Governo do Maranhão Turma do Quinto foi a terceira escola a se apresentar na Passarela do Samba — Foto: Luciano Dias Foi uma noite de muito samba no pé, emoção, brilho e glamour. O primeiro dia de desfile das escolas de samba de São Luís na Passarela do Samba teve um show de cores na avenida e uma apoteótica festa que varou a madrugada e foi encerrada somente depois das quatro da manhã. Destaque para o desfile da Turma do Quinto, Mangueira e Favela do Samba, que já aparecem como favoritas para o título. Nesta segunda-feira (24), mas cinco desfiles estão programados. No palco carnavalesco um turbilhão de belas histórias. A primeira a ser contada foi a do tradicional bairro do Anil, levada na Passarela do Samba pela Unidos de Fátima. A escola do BF mostrou as metamorfoses vividas pela bairro e veia trabalhadora com destaques para fábricas e todo seu progresso. Alegorias que relembraram grandes craques nascidos no bairro também foram destaque. A religiosidade com destaque para os festejos de Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião foi ponto de emoção. A escola também abordou em seu desfile o espaço para arte como cinema e poesia. Quem viajou o mundo em busca de uma história foi a Mocidade Independente da Ilha. A escola trouxe o glamour de Las Vegas para a avenida. Fazendo uma relação de viagem do Maranhão para a cidade norte-americana, a escola da Cohab apostou em uma marca de Las Vegas: os jogos. As noites e a bohemia também foram destaques. Nesse mergulho a Mocidade trouxe a tona os grandes hotéis, os cassinos e as tradicionais as strips, que chamaram atenção. Público lotou as arquibancadas para prestigiar as escolas de samba na Passarela do Samba em São Luís — Foto: Luciano Dias A terceira escola a desfilar foi a Turma do Quinto que mudou o patamar dos desfiles do domingo. A partir da escola de samba da Madre Deus as favoritas entraram em cena e deixaram a disputa ainda mais acirrada. A azul e branco trouxe para Passarela do Samba Chico Coimbra uma celebração ao centenário de Bacabal, cidade maranhense da Região do Mearim. A TQ apresentou uma vertente pluralizada da cidade com mergulho na história, na cultura do povo, a fé, a política, o esporte entre diversas abordagens. Um dos pontos altos do evento foi uma homenagem feita ao cantor bacabalense, Papete, que imortalizou grandes canções como Bandeira de Aço, por exemplo. Outros artistas da terra também foram lembrados no desfile. Vários bacabalenses de destaque também foram vistos na homenagem da Turma do Quinto, que contou também com a presença de algumas comunidades da cidade do interior do estado. A última alegoria da escola trouxe uma homenagem ao Bacabal Esporte Clube, clube da cidade que foi o primeiro campeão maranhense do interior. Com bandeiras e até faixas torcedores da TQ foram ao delírio nas arquibancadas da Passarela do Samba. A primeira escola de samba a ser fundada no Maranhão foi a penúltima a desfilar na noite de Domingo de Carnaval. A Verde e Rosa trouxe um desfile com uma vasta paleta de cores e emocionou ao contar a história da romancista Maria Firmina. A força da mulher negra e todo seu empoderamento foi o molde escolhido pela Turma de Mangueira para contar a história da escritora maranhense. Durante a passagem das alegorias da escola, além da vida e obra de Maria Firmina, a escola fez questão de apresentar grandes batalhas e conquistas do movimento negro. Obras imortais como o livro Úrsula também apareceram como destaque da escola. A influência de Maria Firmina na literatura brasileira também foi outro ponto abordado pela escola que representa o bairro do João Paulo. Durante o desfile, a Mangueira contou com a presença de moradores de Guimarães, município da Baixada Maranhense, onde Maria Firmina viveu boa parte de sua vida apesar de ser natural de São Luís. A Turma de Mangueira ainda teve que superar uma leve chuva durante seus desfile. O encerramento do desfile das escola de samba de São Luís no Domingo de Carnaval foi realizado pela atual campeã ludovicense. A azul, dourado e branco propôs um mergulho nos velhos tempos para contar a história da Rua Grande, tradicional ponto comercial de São Luís. Durante o desfile a Favela mostrou as mudanças das Ruas através dos séculos e trouxe a tona algumas lendas e mistérios atrelados a popular rua. As alegorias também apresentaram as inspirações culturais e a relação portuária com outros povos. A disseminação entre as cultura foi outra abordagem feita no percurso do desfile, que discorreu sobre toda a metamorfose da Rua Grande. A Favela do Samba trouxe ainda na Passarela Chico Coimbra a importância da Rua Grande para o cotidiano do maranhense. Além do comércio, a arte, como o cinema, a cultura e a fé com as igrejas no centro da capital. Outro ponto que chamou atenção no desfile foi a abordagem para o trabalhador que tira seu sustento da região. O ""pão de cada dia"" foi destaque na avenida. Ao fim do desfile alguns torcedores saíram em arrastão com a escola que foi outra que também levantou as arquibancadas. Assim como a Turma de Mangueira, a Favela ainda teve que encarar uma leve chuva durante seu desfile. Escolas de Samba se apresentam no domingo de carnaval na Passarela do Samba em São Luís — Foto: Luciano Dias Turma do Quinto foi a terceira escola a se apresentar na Passarela do Samba — Foto: Luciano Dias Foi uma noite de muito samba no pé, emoção, brilho e glamour. O primeiro dia de desfile das escolas de samba de São Luís na Passarela do Samba teve um show de cores na avenida e uma apoteótica festa que varou a madrugada e foi encerrada somente depois das quatro da manhã. Destaque para o desfile da Turma do Quinto, Mangueira e Favela do Samba, que já aparecem como favoritas para o título. Nesta segunda-feira (24), mas cinco desfiles estão programados. No palco carnavalesco um turbilhão de belas histórias. A primeira a ser contada foi a do tradicional bairro do Anil, levada na Passarela do Samba pela Unidos de Fátima. A escola do BF mostrou as metamorfoses vividas pela bairro e veia trabalhadora com destaques para fábricas e todo seu progresso. Alegorias que relembraram grandes craques nascidos no bairro também foram destaque. A religiosidade com destaque para os festejos de Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião foi ponto de emoção. A escola também abordou em seu desfile o espaço para arte como cinema e poesia. Quem viajou o mundo em busca de uma história foi a Mocidade Independente da Ilha. A escola trouxe o glamour de Las Vegas para a avenida. Fazendo uma relação de viagem do Maranhão para a cidade norte-americana, a escola da Cohab apostou em uma marca de Las Vegas: os jogos. As noites e a bohemia também foram destaques. Nesse mergulho a Mocidade trouxe a tona os grandes hotéis, os cassinos e as tradicionais as strips, que chamaram atenção. Público lotou as arquibancadas para prestigiar as escolas de samba na Passarela do Samba em São Luís — Foto: Luciano Dias A terceira escola a desfilar foi a Turma do Quinto que mudou o patamar dos desfiles do domingo. A partir da escola de samba da Madre Deus as favoritas entraram em cena e deixaram a disputa ainda mais acirrada. A azul e branco trouxe para Passarela do Samba Chico Coimbra uma celebração ao centenário de Bacabal, cidade maranhense da Região do Mearim. A TQ apresentou uma vertente pluralizada da cidade com mergulho na história, na cultura do povo, a fé, a política, o esporte entre diversas abordagens. Um dos pontos altos do evento foi uma homenagem feita ao cantor bacabalense, Papete, que imortalizou grandes canções como Bandeira de Aço, por exemplo. Outros artistas da terra também foram lembrados no desfile. Vários bacabalenses de destaque também foram vistos na homenagem da Turma do Quinto, que contou também com a presença de algumas comunidades da cidade do interior do estado. A última alegoria da escola trouxe uma homenagem ao Bacabal Esporte Clube, clube da cidade que foi o primeiro campeão maranhense do interior. Com bandeiras e até faixas torcedores da TQ foram ao delírio nas arquibancadas da Passarela do Samba. A primeira escola de samba a ser fundada no Maranhão foi a penúltima a desfilar na noite de Domingo de Carnaval. A Verde e Rosa trouxe um desfile com uma vasta paleta de cores e emocionou ao contar a história da romancista Maria Firmina. A força da mulher negra e todo seu empoderamento foi o molde escolhido pela Turma de Mangueira para contar a história da escritora maranhense. Durante a passagem das alegorias da escola, além da vida e obra de Maria Firmina, a escola fez questão de apresentar grandes batalhas e conquistas do movimento negro. Obras imortais como o livro Úrsula também apareceram como destaque da escola. A influência de Maria Firmina na literatura brasileira também foi outro ponto abordado pela escola que representa o bairro do João Paulo. Durante o desfile, a Mangueira contou com a presença de moradores de Guimarães, município da Baixada Maranhense, onde Maria Firmina viveu boa parte de sua vida apesar de ser natural de São Luís. A Turma de Mangueira ainda teve que superar uma leve chuva durante seus desfile. O encerramento do desfile das escola de samba de São Luís no Domingo de Carnaval foi realizado pela atual campeã ludovicense. A azul, dourado e branco propôs um mergulho nos velhos tempos para contar a história da Rua Grande, tradicional ponto comercial de São Luís. Durante o desfile a Favela mostrou as mudanças das Ruas através dos séculos e trouxe a tona algumas lendas e mistérios atrelados a popular rua. As alegorias também apresentaram as inspirações culturais e a relação portuária com outros povos. A disseminação entre as cultura foi outra abordagem feita no percurso do desfile, que discorreu sobre toda a metamorfose da Rua Grande. A Favela do Samba trouxe ainda na Passarela Chico Coimbra a importância da Rua Grande para o cotidiano do maranhense. Além do comércio, a arte, como o cinema, a cultura e a fé com as igrejas no centro da capital. Outro ponto que chamou atenção no desfile foi a abordagem para o trabalhador que tira seu sustento da região. O ""pão de cada dia"" foi destaque na avenida. Ao fim do desfile alguns torcedores saíram em arrastão com a escola que foi outra que também levantou as arquibancadas. Assim como a Turma de Mangueira, a Favela ainda teve que encarar uma leve chuva durante seu desfile. Escolas de Samba se apresentam no domingo de carnaval na Passarela do Samba em São Luís — Foto: Luciano Dias A temporada de prévia carnavalesca vai se despedindo, o próximo fim de semana será o último de pré-carnaval em São Luís, mas o público não vai ter tempo de sentir saudades. É que o circuito Beira-Mar, que faz sucesso entre os brincantes ludovicenses, volta com atrações ainda mais completas no período momesco. Serão artistas locais e nacionais comandando a festa nos quatro dias de Carnaval do Maranhão. A expectativa, para o secretário de Estado de Cultura, Anderson Lindoso, é que o sucesso da prévia se mantenha no Carnaval, consolidando, cada vez mais, o circuito Beira-Mar como palco da folia. “O circuito Beira-Mar, criado em 2017, se fortaleceu e hoje é um dos mais badalados do carnaval maranhense. Neste ano, incluímos pela primeira vez esse circuito na programação do pré-carnaval e está sendo um sucesso, prometendo muito mais para a temporada oficial”, pontuou o secretário. Prévias carnavalescas atraíram milhares de pessoas para a Avenida Beira-Mar — Foto: Divulgação Este ano, ao todo, são cinco fins de semana de prévias, com programação variada, começando na sexta-feira e se estendendo até o domingo, em vários pontos da região do Centro de São Luís. Aos sábados, sempre às 15h, começa a animação na Avenida Beira-Mar. As primeiras atrações se apresentam em palco instalado próximo à Praça Maria Aragão e ao entardecer, um trio elétrico carrega multidões percorrendo a avenida mais charmosa de São Luís. Para o quinto e último sábado, espera-se que o volume de público supere os demais, já que o número foi crescente. No primeiro dia, 18 de janeiro, foram registrados 10 mil brincantes, e no sábado passado, 8 de fevereiro, na mesma avenida, o número já chegou próximo a 30 mil. Nos primeiros quatro sábados, pelo menos 75 mil pessoas passaram pelo local. Prévias carnavalescas atraíram milhares de pessoas para a Avenida Beira-Mar — Foto: Divulgação O público compareceu em peso e também aprovou o Circuito Beira Mar. O vendedor Willen Abreu elogiou a programação diversificada e o policiamento durante o Pré-Carnaval. “A segurança está nota 10. Percebi que em cada esquina tem segurança. Dá para trazer sua família e seus filhos à vontade. Dá para todo mundo brincar em paz. A segurança está maravilhosa”, disse Willen. Já o professor de dança Sávio Lopes acredita que a festa, feita por artistas da terra, fortalece a cultura popular maranhense. “Essa energia é contagiante demais e só em saber que estamos prestigiando nossa cultura popular, a gente se diverte mais, dança, canta. É um momento de curtir com a turma e é sempre essa alegria”, disse. Carnaval Entre os dias 22 e 25 de fevereiro, o Carnaval do Maranhão tem vasta programação, com artistas locais e nacionais, que farão a festa nos Circuitos Beira Mar, Madre Deus, Passarela e Rio Bacanga. Na Beira-Mar, no domingo (23), os povos tradicionais de terreiros do Maranhão, grupos de capoeira, Casinha da Roça e Blocos Afros, irão abrir a programação do circuito às 15h com um Banho de Axé. Daí é dada a largada da festa. Ainda no domingo, passam pela avenida a cantora Maria Rita, liderando o bloco do Bem; e o grupo maranhense Lamparina comandando outro bloco, que terá o grupo Cidade Negra como convidado. Na segunda-feira (24), entre as atrações para o palco estão a banda Jegue Folia, o grupo Sindicato do Samba e baianidade de Margareth Menezes animam os foliões. Nos trios, passam pela avenida o bloco de reggae da Tribo de Jah, que terá a participação do cantor internacional Kenyatta Hill, e o bloco do grupo Argumento, que fará dobradinha com o grupo Bom Gosto, fazendo todo mundo cair no samba. No último dia, na terça-feira (25), a Beira-Mar vai receber no palco Mano Borges, Bicho Terra e Zeca Baleiro. Entre os trios, o destaque vai para o bloco da cantora Flávia Bittencourt, que terá a companhia dos cantores Jaloo e Mariana Aydar, e do bloco Bota pra Moer, comandado pela dupla Criolina, com participação de Duda Beat e do cantor Otto. Mais de 300 atrações locais e nacionais se preparam para animar o Carnaval do Maranhão 2020 Novidade do Carnaval do Maranhão, Circuito Rio Bacanga tem Saia Rodada, Mano Walter e Ávine Vinny Conheça o esquema de segurança montado para o Carnaval do Maranhão 2020 A temporada de prévia carnavalesca vai se despedindo, o próximo fim de semana será o último de pré-carnaval em São Luís, mas o público não vai ter tempo de sentir saudades. É que o circuito Beira-Mar, que faz sucesso entre os brincantes ludovicenses, volta com atrações ainda mais completas no período momesco. Serão artistas locais e nacionais comandando a festa nos quatro dias de Carnaval do Maranhão. A expectativa, para o secretário de Estado de Cultura, Anderson Lindoso, é que o sucesso da prévia se mantenha no Carnaval, consolidando, cada vez mais, o circuito Beira-Mar como palco da folia. “O circuito Beira-Mar, criado em 2017, se fortaleceu e hoje é um dos mais badalados do carnaval maranhense. Neste ano, incluímos pela primeira vez esse circuito na programação do pré-carnaval e está sendo um sucesso, prometendo muito mais para a temporada oficial”, pontuou o secretário. Prévias carnavalescas atraíram milhares de pessoas para a Avenida Beira-Mar — Foto: Divulgação Este ano, ao todo, são cinco fins de semana de prévias, com programação variada, começando na sexta-feira e se estendendo até o domingo, em vários pontos da região do Centro de São Luís. Aos sábados, sempre às 15h, começa a animação na Avenida Beira-Mar. As primeiras atrações se apresentam em palco instalado próximo à Praça Maria Aragão e ao entardecer, um trio elétrico carrega multidões percorrendo a avenida mais charmosa de São Luís. Para o quinto e último sábado, espera-se que o volume de público supere os demais, já que o número foi crescente. No primeiro dia, 18 de janeiro, foram registrados 10 mil brincantes, e no sábado passado, 8 de fevereiro, na mesma avenida, o número já chegou próximo a 30 mil. Nos primeiros quatro sábados, pelo menos 75 mil pessoas passaram pelo local. Prévias carnavalescas atraíram milhares de pessoas para a Avenida Beira-Mar — Foto: Divulgação O público compareceu em peso e também aprovou o Circuito Beira Mar. O vendedor Willen Abreu elogiou a programação diversificada e o policiamento durante o Pré-Carnaval. “A segurança está nota 10. Percebi que em cada esquina tem segurança. Dá para trazer sua família e seus filhos à vontade. Dá para todo mundo brincar em paz. A segurança está maravilhosa”, disse Willen. Já o professor de dança Sávio Lopes acredita que a festa, feita por artistas da terra, fortalece a cultura popular maranhense. “Essa energia é contagiante demais e só em saber que estamos prestigiando nossa cultura popular, a gente se diverte mais, dança, canta. É um momento de curtir com a turma e é sempre essa alegria”, disse. Carnaval Entre os dias 22 e 25 de fevereiro, o Carnaval do Maranhão tem vasta programação, com artistas locais e nacionais, que farão a festa nos Circuitos Beira Mar, Madre Deus, Passarela e Rio Bacanga. Na Beira-Mar, no domingo (23), os povos tradicionais de terreiros do Maranhão, grupos de capoeira, Casinha da Roça e Blocos Afros, irão abrir a programação do circuito às 15h com um Banho de Axé. Daí é dada a largada da festa. Ainda no domingo, passam pela avenida a cantora Maria Rita, liderando o bloco do Bem; e o grupo maranhense Lamparina comandando outro bloco, que terá o grupo Cidade Negra como convidado. Na segunda-feira (24), entre as atrações para o palco estão a banda Jegue Folia, o grupo Sindicato do Samba e baianidade de Margareth Menezes animam os foliões. Nos trios, passam pela avenida o bloco de reggae da Tribo de Jah, que terá a participação do cantor internacional Kenyatta Hill, e o bloco do grupo Argumento, que fará dobradinha com o grupo Bom Gosto, fazendo todo mundo cair no samba. No último dia, na terça-feira (25), a Beira-Mar vai receber no palco Mano Borges, Bicho Terra e Zeca Baleiro. Entre os trios, o destaque vai para o bloco da cantora Flávia Bittencourt, que terá a companhia dos cantores Jaloo e Mariana Aydar, e do bloco Bota pra Moer, comandado pela dupla Criolina, com participação de Duda Beat e do cantor Otto. Mais de 300 atrações locais e nacionais se preparam para animar o Carnaval do Maranhão 2020 Novidade do Carnaval do Maranhão, Circuito Rio Bacanga tem Saia Rodada, Mano Walter e Ávine Vinny Conheça o esquema de segurança montado para o Carnaval do Maranhão 2020 Momento do Passeio Serenata no qual são apresentadas algumas lendas da cidade — Foto: Maurício Alexandre O Centro Histórico de São Luís será palco nesta quarta-feira (28), a partir das 19h, na Praça Benedito Leite, de mais uma edição do Passeio Serenata que tem como intuito tornar a história da capital ainda mais conhecida entre os turistas e também para a população local. Além do Roteiro Reggae e do Sarau Histórico, completa o Passeio Serenata que é uma excelente oportunidade de conhecer o Centro com o auxílio de um guia de turismo, ao som de ótimas músicas, além da presença de personagens ilustres que fazem parte da história da cidade. As histórias da cidade são contadas por um guia de turismo que aponta curiosidades e fatos sobre as ruas, casarões e todo o acervo arquitetônico da cidade, que renderam à capital maranhense o título de Patrimônio da Humanidade. O som da noite será da Banda Serenata, com músicas clássicas que todos os ludovicenses sabem decoradas. O ponto de partida do passeio é a Praça Benedito Leite, de onde o cortejo seguirá passando pela Igreja da Sé, Palácio de La Ravardiére (sede da Prefeitura), Palácio dos Leões (sede do governo estadual), Capitania dos Portos, Rua de Nazaré, Rua Portugal, Beco Catarina Mina e Praça da Praia Grande. Câmara de São Luís aprova regulamentação do Uber sem limitar quantidade de veículos — Foto: Hamilton Jr Após quase doze horas de discussão, a Câmara Municipal de São Luís aprovou por unanimidade, na tarde desta terça-feira (26), o Projeto de Lei nº 001/2017 que regulamenta os serviços de transporte individual de passageiros com uso de aplicativos de celular, como Uber, Mary Drive e 99 POP. O projeto cria obrigações aos serviços de transporte individual por aplicativo, como: Um dos pontos apresentados na discussão foi em relação a uma emenda que poderia limitar a quantidade de veículos e motoristas cadastrados para atuar em São Luís. A matéria, entretanto, foi vencida e retirada de pauta. Para o presidente da Câmara, vereador Osmar Filho (PDT), a proposta aprovada não restringe direitos e não penaliza a população. “Foram quase 12 horas de discussão até chegarmos à decisão final, com todas as emendas que foram destacadas, votando uma a uma até votarmos a matéria inicial. Não restringimos qualquer tipo de direito ou penalizamos a população. Pelo contrário, preservamos tanto os passageiros, quanto os condutores e, principalmente, a população ludovicense”, afirmou. O vereador Paulo Victor (PTC), autor da proposta, avaliou que o projeto aprovado foi um grande passo para a cidade. “Graças a Deus chegamos a um consenso e retiramos toda e qualquer limitação deixando o projeto constitucional. O projeto foi um grande passo para a cidade, pois representa a inovação para a mobilidade e também para os passageiros”, disse. Com a aprovação dos parlamentares, a proposta segue para redação final para adicionar as emendas aprovadas e, após revisão, será encaminhada à sanção do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Vereador de São Luís, Astro de Ogum (PR) — Foto: Paulo Caruá / Câmara de Vereadores de São Luís O vereador de São Luís Astro de Ogum (PR) e mais dois assessores foram presos na residência do parlamentar, em São Luís, na manhã desta quinta-feira (12), pela Polícia Civil do Maranhão. As prisões dos assessores foram por decisão da Justiça, enquanto o vereador foi preso em flagrante por conta de uma arma de fogo ter sido encontrada em sua residência sem a devida posse, segundo a polícia. A operação é de responsabilidade do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos vinculado à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC). Segundo o superintendente, Armando Pacheco, um dos assessores presos, Raimundo Costa, conhecido também como ""Filho"", trocava mensagens com pessoas na internet e conseguia material suficiente das vítimas para começar a extorqui-las. ""Raimundo Costa conhecia as vítimas e depois ameaçava divulgar material delas na internet. Assim as forçava a praticar sexo com ele, com a Raíssa Martins Mendonça (outra presa) e com o próprio vereador, segundo nos contou a vítima. Dos dois assessores nós conseguimos elementos suficientes para pedir as prisões, do vereador conseguimos um mandado de busca e apreensão em sua residência"", disse Armando Pacheco. O superintendente disse ainda que pelo menos uma vítima já foi confirmada, que é um adolescente. O jovem quem procurou a polícia. O crime que fundamentou os mandados de prisão dos assessores foi ""estupro mediante fraude"", de acordo com o próprio Armando Pacheco. Todos os três estavam sendo levados pelos agentes para a sede da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (SEIC), mas o vereador passou mal e foi encaminhado antes para um hospital da cidade. Na superintendência, o vereador foi liberado após pagar fiança, mas vai continuar respondendo pela arma encontrada em sua residência. ""Ele deve voltar nesta sexta à Seic para prestar depoimento"", informou o superintendente. Generval Martiniano Moreira Leite, mais conhecido como Astro de Ogum, começou a atual legislatura como presidente da Câmara de Vereadores de São Luís e agora segue como vice-presidente. Por meio de nota enviada ao G1, a Câmara de Vereadores de São Luís afirmou que os alvos da operação deflagrada pela Polícia Civil foram dois assessores do vereador Astro de Ogum. A nota diz ainda que a polícia apreendeu na casa do vereador uma arma de propriedade de um dos funcionários que faz a segurança do imóvel e por conta disso o político foi conduzido à Seic para explicar o fato. Por fim, a nota diz que para comprovar a situação foram enviados documentos que mostram a veracidade dos fatos. Leia a íntegra da nota ""Acerca de matérias jornalísticas publicadas na imprensa maranhense, tratando da prisão do vereador Astro de Ogum por posse de arma, em respeito à sociedade ludovicense, a defesa do parlamentar faz este comunicado com base nos esclarecimentos abaixo narrados, para que se restabeleça a verdade dos fatos, equivocadamente divulgados em blogs, portais e emissoras de rádio.1 – Sob comando da Superintendência Estadual de Investigações Criminais, por meio do Departamento de Crimes Tecnológico, sob o comando do delegado Odilardo Muniz, a Polícia Civil deflagrou uma operação na residência do vereador Astro de Ogum, mas os alvos foram dois de seus assessores: um homem e uma mulher. 2 - No local, a Polícia apreendeu aparelhos celulares e notebooks dos investigados. No entanto, no imóvel foi encontrada uma arma de propriedade de um dos funcionários que faz a segurança do imóvel. Por conta disso, o político foi conduzido à Seic para explicar a arma encontrada em sua residência, fato que já foi devidamente esclarecido. 3 – Por fim, para comprovar a veracidade dos fatos, anexamos cópias dos mandatos de busca e apreensão para comprovar que Astro não tem envolvimento com o episódio cujo alvo foi seus funcionários"". Kelvin Bruno interpretou a canção “Elephant Gun” da banda norte-americana Beirut — Foto: Reprodução/TV Globo O músico maranhense Kelvin Bruno segue na disputa pelo prêmio máximo do programa global “The Voice Brasil”. Ele foi salvo na noite de quinta-feira (13) por seu mais novo técnico, o baiano Carlinhos Brown. Kelvin interpretou a canção “Elephant Gun”, um grande sucesso da banda norte-americana Beirut. (Veja a apresentação do maranhense) A mudança ocorreu na fase “Remix”, na qual os técnicos podem trazer para si participantes que antes pertenciam a um outro técnico. Kelvin na primeira fase do atrativo pertencia a equipe do sertanejo Michel Teló. Durante a escolha Brown, que chegou com três vozes na atual fase da competição, chegou a pedir ajuda do público e ao final deu o seu veredito em favor do músico ludovicense. “Eu não sou ladrão meu velho. Sou homem honesto, jogador. Quem é que vocês querem que eu escolha. Por que vocês me colocam sempre nesse barulho? Kelvin”, disse. (Confira o momento da escolha de Carlinhos Brown) Kelvin Bruno iniciou a sua vida no universo musical aos 15 anos de idade. Atualmente, o cantor de 26 anos possui mais de 70 composições, já tocou em barzinhos se apresenta em festas e eventos. Com clássico de Bob Marley maranhense passa fase e segue no The Voice Brasil Após vencer ‘Batalha dos Técnicos’, maranhense segue no 'The Voice Brasil' Segundo a Fecomércio, 54,9% das famílias em São Luís se declararam endividadas em junho de 2018 — Foto: Reprodução/TV Mirante O último boletim da conjuntura econômica feito pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC) divulgou que 54,9% das famílias em São Luís se declararam endividadas em junho de 2018. Os dados são de um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/MA). O percentual de famílias com contas em atraso foi de 28,3% em junho, o que representa um crescimento de 13,5% em relação a maio. O percentual de famílias que avaliam que não terão condições de honrar seus compromissos correspondeu a 16,5%, atingindo o 2º maior nível desde 2012. O tempo de comprometimento com dívidas é de 7,1 meses, em média, e se tornou o maior nível histórico desde janeiro de 2015. Em relação às famílias com contas em atraso, o tempo de pagamento em atraso alcança uma média de 78 dias. Em junho de 2018, as principais dívidas das famílias ludovicenses foram: Na comparação com junho de 2017, houve queda no endividamento das famílias em cartão de crédito, expansão em crédito pessoal e em carnês. Desse modo, segundo o Boletim, a redução do endividamento e o aumento da inadimplência em São Luís indica cautela para a aquisição de novas dívidas, tendo em vista as dívidas assumidas e ainda não pagas. Passeio Serenata apresenta aos turistas e ludovicenses a história da capital maranhense — Foto: Maurício Alexandre Daniel de La Touche, Marquês de Pombal, Ana Jansen e Dom Sebastião. Esses são alguns personagens importantes da história de São Luís que se apresentarão ao público do Passeio Serenata, que acontece nesta quarta-feira (18), a partir das 19h, no Centro Histórico da capital. A atividade faz parte do Programa Férias Culturais, coordenado pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur), com o objetivo de promover a cultura e valorizar a história da cidade. O Passeio Serenata apresenta aos turistas e ludovicenses a história da capital maranhense, por meio de música, interpretações teatrais e informações de um guia de turismo. A concentração acontece na Praça Benedito Leite e um guia de turismo acompanha o público, que segue pelo Centro Histórico ao som de músicas regionais e que fazem parte do cancioneiro popular nacional. A rota Passeio Serenata tem início na Praça Benedito Leite, seguindo pela Avenida Dom Pedro II, Rua de Nazaré, Rua da Estrela, Rua da Alfândega, mostrando também os detalhes do Beco Catarina Mina e da Rua Portugal, finalizando o passeio na Praça da Praia Grande. Todo o caminho será acompanhado por um guia de turismo, além do músico João Soeiro e dos personagens dos atores da companhia teatral Tramando Teatro, que vão surgindo ao longo do passeio. O Programa Férias Culturais conta também com as edições do Conheça São Luís nas Férias na próxima quinta-feira (19) e no dia 26 deste mês, ambos às 16h, e com o Roteiro Reggae, no dia 25 de julho, às 19h. A concentração de público antes de iniciarem os passeios, será na Praça Benedito Leite. Público pode apreciar o Roteiro Reggae e conhecer sobre o estilo musical de São Luís — Foto: Maurício Alexandre Com o Roteiro Reggae, o público é levado a conhecer o estilo musical que deu a São Luís o título de capital brasileira do reggae e Jamaica Brasileira. Pontos turísticos ou históricos que fazem referência ao reggae são apresentados ao público. Durante o passeio, grupos de dança do ritmo acompanham os visitantes dando um clima diferenciado ao evento cultural. Foi com o Conheça São Luís nas Férias que teve início as atividades do Programa Férias Culturais, no dia 12 deste mês. Com o projeto, a proposta é contar a história e a cultura da capital maranhense durante um passeio tendo, que tem como cenário belos casarões de rica arquitetura secular. Todo o trajeto é acompanhado por guia que ao longo do passeio relata as instigantes histórias sobre prédios históricos, a exemplo da Igreja da Sé, o Palácio de La Ravardière, o Palácio dos Leões e a sede da Capitania dos Portos. São Luís está entre as capitais brasileiras com aumento na cesta básica São Luís está entre as 20 capitais brasileiras que tiveram aumento no custo da cesta básica no mês de janeiro. A mais alta foi a de Porto Alegre com R$446.69, seguida do Rio de Janeiro com R$ 443.81. A capital maranhense ficou em R$ 355.22. O aumento de 6.31 por cento da cesta no mês de janeiro compromete 41 por cento do salário mínimo. O percentual é maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Em janeiro de 2017, a cesta comprometeu 40,47 por cento do salário. Entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018 houve elevação no valor médio do tomate com 53,59%, banana com 6,69%, óleo de soja com 1,91% e carne bovina de primeira com 0,38%. O trabalhador ludovicense que ganha um salário mínimo em janeiro necessitou cumprir uma jornada de trabalho de 81 horas e 55 minutos, maior que o tempo necessário em dezembro do ano passado, de 78 horas e 27 minutos. Segundo o economista Oiama Cardoso vários fatores contribuem para o aumento da cesta básica. “Os fatores que elevaram foram as chuvas e isso favorece o aumento de preço do tomate, da cebola"", finalizou. Percentual da cesta básica em São Luís é maior que o registrado no mesmo período do ano passado — Foto: Reprodução/TV Mirante Programação cultural é realizada no Centro Histórico em São Luís — Foto: Maurício Alexandre/Divulgação Uma programação cultural que une música, teatro, dança, histórias e tradições vai abrir a temporada de férias, no período de 7 a 31 de julho, em espaços públicos do Centro Histórico de São Luís, por meio de apresentações que incluem eventos como o Sarau Histórico, Passeio Serenata, Roteiro Reggae, o Conheça São Luís e terá como novidades apresentações de Blues, Jazz, além de uma programação infantil. A abertura do programa será neste domingo (7), na Feirinha São Luís, situada na Praça Benedito Leite. Na Feirinha São Luís deste domingo destaque para as apresentações do Tambor de Crioula Brilho de São Benedito, Grupo de Capoeira Malícia da Ilha e os shows de Emanuel de Jesus, Mix Brazil e Soul Reggae. Quem abre o evento é a tradicional Banda da Feirinha. Sarau Histórico Na próxima quarta-feira (10), acontece o primeiro Sarau Histórico deste ano e o evento acontece a partir das 19h, no Complexo Deodoro. O Sarau Histórico também traz como tema O Mulato, um dos principias livros do maranhense Aluísio Azevedo, ícone da literatura brasileira. Este último acontece no dia 24 de julho. O Sarau Histórico reúne literatura, teatro, música e história e, nas últimas edições, atraiu centenas de moradores e turistas ao Centro Histórico. No ato, atores caracterizados com roupas de época evocam o passado áureo da cidade, transmitindo uma sensação de nostalgia ao mesmo tempo de aprendizagem da história local. Sarau Histórico deste ano ocorre no dia 10 de julho no Complexo Deodoro em São Luís — Foto: Maurício Alexandre/Divulgação Passeio Serenata Com a mesma proposta de promover um mergulho na história da cidade de São Luís por meio da representação de personalidades que marcaram a literatura e as artes, será realizado também o Passeio Serenata, nos dias 17 e 31 deste mês, com saída sempre às 19h da Praça Benedito Leite. Durante o Passeio Serenata, o público pode saber mais sobre os fatos que marcaram história da cidade, os principais nomes da literatura, da cultura e da política local. A concentração acontece na Praça Benedito Leite. Conheça São Luís Integra ainda as atividades culturais na capital o programa Conheça São Luís, que será realizado nos dias 11, 18 e 25 de julho, também com saída da Praça Benedito Leite, às 16h. Com o Conheça São Luís turistas e ludovicenses têm a oportunidade de conhecer e apreciar melhor cada detalhe da riqueza material e imaterial da cidade patrimônio da humanidade. Durante a rota por ruas do Centro Histórico, atores representando personagens da história e das lendas locais surgem e contam fatos da antiga São Luís, ressaltando as mudanças que a cidade já passou e tudo que ela preserva até os dias atuais. Roteiro Reggae será realizado no dia 16 de julho com saída às 19h da Praça Benedito Leite em São Luís — Foto: Maurício Alexandre/Divulgação Roteiro Reggae O Roteiro Reggae será realizado no dia 16 de julho, com saída às 19h da Praça Benedito Leite, e vai promover um passeio no qual os participantes percorrem ruas do Centro Histórico ao som do ritmo jamaicano e contando a origem do movimento regueiro em São Luís. O cortejo é guiado por um grupo formado por DJs, dançarinos e admiradores do movimento reggae na capital. A rota inclui ainda os principais clubes de reggae que funcionaram ou estão em funcionamento na área do Centro Histórico, a feirinha de artesanato ligada ao ritmo, entre outros elementos da cultura regueira. O roteiro segue pela Avenida Dom Pedro II, Rua da Estrela, Praça da Faustina, Rua da Alfândega, Beco Catarina Mina, Rua Portugal e Rua do Trapiche. As ações culturais incluem ainda apresentações do Grupo de Choro Regional Tira-teima, no dia 12, às 18h, na Praça Pedro II; e do Bom Tom Jazz & Blues, no Complexo Deodoro, às 19h do dia 13. Multidão tomou conta das ruas da Madre Deus — Foto: Marcenilse Martins Carvalho Enquanto muita gente ainda reaquece a ceia de Natal, troca presentes e vive o clima natalino em todo mundo, em São Luís, MA, já é carnaval. Centenas de foliões ganharam as ruas da capital maranhense, na tarde desta segunda-feira (25), no Bloco C. Asa, que tem como tradição desfilar no dia 25 de dezembro para, em meio ao Natal, abrir o clima momesco e distribuir alegria ao povo ludovicense. O grito de carnaval é tradicionalmente realizado no bairro da Madre Deus, que é reconhecido por sua efervescência cultural e é tido com um dos mais boêmios de São Luís, MA. Com uma batucada ritmada, os foliões natalinos ganharam as ruas da comunidade cantando sambas-enredos e hinos dos grandes carnavais do Maranhão e de todo Brasil. Logo nas primeiras horas da tarde os sedentos por carnaval já começaram a se aglomerar no bairro. No começo da noite, após desfilar pelas ruas e avenidas da comunidade, o C. de Asa desembarcou no Largo do Caroçudo, na Madre Deus. Mesmo após o fim da apresentação muita gente ainda ficou por lá fazendo a festa, que ganhou a noite. Grito de Carnaval em São Luís veio no Natal — Foto: Marcenilse Martins Carvalho Na mesma Madre Deus, uma nova festa já tem dia marcado. Após a virada do ano, no dia primeiro de janeiro, o Bloco Máquina de Descascar Alho se apresentará também em desfile pelas ruas do bairro. A concetração acontece a partir das 15h, no Morro do Querosene. Conheça uma atração tradicional no primeiro capítulo da série Carnaval O JMTV 1ª edição iniciou uma série de reportagens sobre o carnaval maranhense e o G1 entra junto na festa. A primeira atração é a tradicional brincadeira de rua e de passarela do Carnaval em São Luís: as tribos de índios. Os brincantes se fantasiam com cocares e adereços indígenas e animam o carnaval ludovicense ao som de uma batucada ligeira e única. Os passos são marcados e fazem referência às danças das comunidades indígenas, reproduzindo rituais e hábitos milenares desse povo. Na capital, há 12 grupos que se apresentam pelo Maranhão e são atrações no carnaval de rua. Instrumentos de percussão, como o surdo, fazem parte dos blocos de tribo de índio em São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante Geralmente, os grupos são formados por cerca de 50 integrantes, que usam surdos e ritintas como instrumentos musicais. Os brincantes são os índios guerreiros: cacique, os enfermos e o feiticeiro. Eles pintam os rostos, vestem penas, peles e usam sementes. “Ele é encarregado de espantar todos os males, as feitiçarias que vem para a tribo”, declarou Roque Barros, assistente administrativo e brincante de tribo de índio. Durante algumas apresentações, os grupos encenam um ritual onde o feiticeiro (ou o curandeiro) devolve a vida a alguém doente. Para evocar forças e energias, há grupos que trazem ao público os animais protetores da floresta. Animais da floresta, como a onça e o macaco, fazem parte de blocos de tribos de índio que desfilam pelo Centro Histórico de São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante Há 20 anos, Augustinho Cabral decidiu montar a própria tribo de índios, a Kamayurá. Vindo de uma família que respira a cultura do Maranhão, optou por manter viva esta tradição. Já houve época em que só restavam dois grupos ativos no estado. “As tribos de índios já tiveram um papel muito importante na cultura do estado. Antigamente eu via aquelas várias tribos que se acabaram. Então, para não deixar a coisa parar, chamei o grupo. Hoje eu tenho um legado muito grande. Isso é o que é importante e que a gente se sente bem. Chegar e ver que a gente tá deixando essa semente, que está criando vida"" Grupos de tribos de índio são tradicionais no Carnaval de rua do Maranhão — Foto: Reprodução/TV Mirante Relatos históricos afirmam que as tribos de índios tiveram início com a presença de militares dos Estados Unidos durante a segunda guerra mundial no aeroporto de São Luís, quando o país servia de suporte para base aérea de Recife. Os militares trouxeram vários filmes, como faroeste hollywoodiano, o que contribuiu para que a cultura ficasse pela capital. “As pessoas se identificaram com a indumentária e começaram essa grande brincadeira. Então, no Maranhão, as primeiras roupas foram identificadas com a vestimenta indígena de fora. Por muitos anos vieram muitas tribos com nomes brasileiros, mas outras também com nomes internacionais. Foi aí que se formou uma brincadeira folclórica aqui pra gente”, explica a presidente da Tribo de índio Curumim, Fernanda Carvalho. A São Luís do presente e do futuro na voz do povo — Foto: Luciano Melo Neste 8 de setembro, São Luís completa 407 anos com grandes transformações. Em um ano, foram entregues reformas em praças, ruas e monumentos da cidade em obras que custaram mais de R$ 50 milhões. Diante das mudanças na cidade, o G1 foi às ruas e ouviu a opinião do povo sobre a São Luís do presente e as perspectivas para o futuro. Veja abaixo as obras realizadas, as promessas e tudo o que as pessoas ainda aguardam dos governantes. No fim dessa reportagem, veja ainda um vídeo com a entrevista completa realizada com os ludovicenses que contribuíram com a matéria. A nova Praça Deodoro — Foto: Meireles Jr. O agora chamado 'Complexo Deodoro' - por acrescentar a Praça do Pantheon e ruas ao redor - foi uma obra realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A Prefeitura de São Luís ajudou com a organização do trânsito no local e serviços de paisagismo. Ao todo, foram cerca de 20 milhões gastos em uma transformação do calçamento, trânsito, colocação de monumentos, entre outras mudanças. Dentre agradecimentos pela valorização do espaço, existe também a preocupação com a conservação e arborização. Marloide Lima Pereira, professora desempregada, 53 anos - ""Fazia exatamente oito meses que eu não vinha aqui. Eu viajei, vi pela televisão e pensei 'vou visitar a minha Deodoro, afinal, sou maranhense e temos que dar valor para as coisas da nossa terra'. Tá tudo muito lindo, muito organizado. Amei, de coração mesmo. Só faltou uma coisinha: um pouquinho mais de árvores porque nosso sol, você sabe... Se fosse mais arborizada, ficaria mais bonita"" Marloide, Francisco e José falaram sobre as obras na Praça Deodoro, em São Luís — Foto: Luciano Melo Para o motorista Francisco Mendes e o vigilante José Raimundo, a obra deu resultado, mas ainda é preciso conservação e ainda um olhar para outras regiões da cidade. Francisco Mendes, motorista, 21 anos - ""O investimento nessas regiões foi eficiente, mas, no meu ponto de vista, acho que deveria ter um investimento maior em outras áreas da cidade que precisa bastante. Tudo bem, o Centro Histórico precisa de um olhar especial, mas há outros bairros que precisam desse olhar especial"" José Raimundo, vigilante, 68 anos - ""Foi uma obra muito boa, importante que nossa cidade precisava muito disso. Nem eu esperava que fosse ficar desse jeito. Eu trabalho no Anjo da Guarda, tive uma folga e vim olhar. Achei muito bonito, decente. O que eu mais gostei foi que o aniversário de São Luís vai passar com uma praça nova. Está de parabéns, é muito gratificante. Mas tem o descuido também, que é as plantas secas. O verde é a nossa esperança . Falta conservação, isso é muito importante"" A nova Rua Grande — Foto: Meireles Jr. A Rua Grande é o coração do comércio em São Luís e sofria com buracos, fiação elétrica e falta de organização. Após anos de promessas, o IPHAN realizou a obra com embutimento de fiações, drenagem e esgotamento sanitário, novo piso e pontos de acessibilidade. Com o apoio da prefeitura, houve ainda a colocação de bancos, lixeiras e nova rede de iluminação pública. Foram cerca de R$ 36 milhões investidos pelo Iphan. A obra completa já está pronta, mas o instituto aguarda a confirmação de uma agenda por parte dos governantes para realizar a cerimônia de reinauguração oficial. Ingrid e Milton falaram sobre as obras na Rua Grande — Foto: Luciano Melo Milton Silva, carpinteiro e soldador, 35 anos - ""A estrutura está ótima, principalmente para as pessoas deficientes com a questão da estrutura do chão. Tá ótimo. Parabéns para as pessoas que puderam ver isso para todas as pessoas. Depois que foi inaugurada é a primeira vez que estou vindo. Me ajudou bastante porque quem usa muleta ajuda na segurança, os cadeirantes também. Facilitou bastante para as pessoas que são especiais"" Ingrid Bruna, panfleteira, 23 anos - ""Melhorou o trânsito das pessoas, no trabalho... Eu, que trabalho na Rua Grande, ficou mais acessível. Antigamente estava bem destruído. A nova pavimentação que fizeram é bem retinha, entendeu? Eu cheguei a cair. Trazia perigo para as pessoas, principalmente idosos e cadeirantes"" Novo monumento da Mãe d'Água em São Luís — Foto: Luciano Melo A Praça Pedro II é um dos primeiros logradouros da cidade e um dos mais emblemáticos espaços para a memória e a história da capital maranhense. A obra teve como destaque a restauração da escultura Mãe d’Água Amazônica, que voltou à praça após ser restaurada. O G1 encontrou na praça as estudantes Caroline e Larissa, que estavam tirando fotos em frente ao monumento da Mãe d'Água. Elas agradeceram a restauração do local, destacaram o empenho do governo com as obras, mas também lembraram a importância de se valorizar a cultura e preservar o espaço. Larissa e Caroline falaram sobre a reforma da Praça Pedro II e o que esperam para o futuro de São Luís — Foto: Luciano Melo Caroline, estudante, 16 anos - ""Eu acho que as coisas que a gente dá para o governo, como os impostos, deveriam ser melhor investidos, tanto na infraestrutura de lugares de São Luís, como foi reformada a nossa pracinha [Praça da Mãe d'Água'], a Benedito Leite, para ter mais movimentos culturais. Eu acho que isso traz mais pessoas e traz turistas também para poder visitar a nossa cultura, conhecer sobre a nossa cidade. Eu acho que eu espero que eles possam investir mais na gente, sabe? Mais na população, para que a gente possa ter um retorno de tudo o que a gente oferece a eles. O governo tem dado mais valor para os nossos lugares públicos e eu acho que isso é uma coisa bem positiva para chamar a população, a gente começar a amar mais a nossa cidade"" Larissa Cristina, estudante, 17 anos - ""É um marco histórico da nossa cidade, certo? Então a gente ter essa restauração do nosso Centro Histórico porque mantém a nossa cultura e valoriza o que temos de melhor para oferecer. Nossa cidade é belíssima, tanto as paisagens naturais, quanto a sua história. Nosso contexto histórico está guardado no Reviver"" Local onde deve ser construído uma nova praça, na região do Convento das Mercês — Foto: Maurício Alexandre/Agência São Luís Em São Luís, estão previstas pelo governo outras obras no Centro Histórico, totalizando investimento de R$ 11 milhões. As obras terão recursos da Prefeitura de São Luís e da Vale, que participará da obra para mitigar a dívida que possui por conta da duplicação da Estrada de Ferro Carajás. Os trabalhos começam em setembro deste ano com promessa de término em até nove meses. A primeira obra visa a inserção de uma nova praça em frente o Convento das Mercês, próximo a Avenida Senador Vitorino Freire. A segunda obra será a segunda será a reabilitação urbana da toda a Praça João Lisboa e Largo do Carmo e seu entorno, o que inclui a Rua de Nazaré. Fonte das Pedras Obra de restauração das Fonte das Pedras já iniciou em São Luís — Foto: Divulgação/Prefeitura de São Luís Em agosto, a Prefeitura de São Luís iniciou as obras de reforma da Fonte das Pedras, construída pelos holandeses no século XVII. O local serviu de acampamento para o comandante português Jerônimo de Albuquerque e suas tropas, antes de expulsar os invasores franceses do Maranhão, chefiados por Daniel de La Touche, em 1615. Durante a invasão holandesa, em 1641, os holandeses canalizaram as águas e construíram a fonte. Segundo a prefeitura, a fonte vai receber serviços de recuperação do piso, do deck de madeira e da calçada externa; limpeza das galerias e dos tanques que recebem a água da fonte; recuperação das luminárias coloniais e pintura geral das paredes e dos gradeados. Além disso, as carrancas da fonte passarão por serviços de limpeza geral. A promessa da prefeitura é entregar a obra em 60 dias. Programa Nosso Centro Obras que o Governo do Maranhão se compromete a realizar no Aterro do Bacanga, em São Luís — Foto: Divulgação/SECID O programa ‘Nosso Centro’ é um projeto do Governo do Maranhão que busca tornar o Centro de São Luís uma referência em renovação e desenvolvimento sustentável, além de promover a preservação do seu valor histórico e cultural. Segundo a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid), o programa será implementado em áreas de tombamento estadual, federal e Zona Central da cidade, com obras do Governo do Maranhão, Prefeitura e Iphan. Ao todo, segundo o governo, serão investidos R$ 143,7 milhões em todas as obras projetadas pelo programa, que estão divididos em polos. No Parque do Bacanga, o governo promete construir uma grande área de entretenimento, esporte e lazer. Questionada pelo G1, o Governo do Maranhão não deu prazo para a entrega das obras. Em meio a várias obras pelo Centro de São Luís, todos os entrevistados enalteceram os trabalhos, mas esperam muito mais. Dentre os principais desafios estão a garantia de mais segurança, infraestrutura e conservação do que a cidade já ganhou. Milton Silva, carpinteiro e soldador, 35 anos - ""Para mim, segurança, saúde, educação são fundamentais. Muita coisa que a população precisa. De modo geral, precisa de muita coisa ainda. Mas pelo que estava e o que está agora, melhorou muita coisa"" Rosiele Trindade, estudante, de 27 anos - ""Na verdade, ainda falta muita coisa para São Luís. Não se pode deixar morrer a cultura de São Luís. A cultura está precária. São Luís é conhecido como a terra do reggae, então eventos de reggae estão a desejar, no meu ponto de vista"" Francisco Mendes, motorista, 21 anos - ""Há uma dificuldade muito grande de locomoção dentro da própria cidade. Ruas não são acessíveis, as que a gente transita a gente não tem lugar para estacionar, muito buraco na cidade, e isso acaba prejudicando tanto a gente mesmo, quanto o resto da sociedade"" Caroline, estudante, 16 anos - ""Conservando as nossas coisas, tipo eles são para a gente, mas uma parte da população não conserva, não cuida. Então a gente poderia cuidar melhor do que eles estão dando, sabe? Porque já é um avanço, porque muita gente quebra monumento, coisas históricas. Por exemplo, a fonte. Agora ela foi reformada, antes era um poço de sujeira. Então as pessoas deveriam ter mais consciência para não fazer isso"" Larissa Cristina, estudante, 17 anos - ""Eu acho que a infraestrutura das ruas, principalmente, é o que mais é cobrado porque tem muito buraco, os asfaltos são precários, então a ordenação da cidade, a infraestrutura, deve melhorar nesse aspecto. Em relação também a saúde, que tem seus déficits, mas evoluiu muito. Como a Upa do Araçagy, que mudou todo o sistema dele. Então tem melhoras, não podemos desmerecer, mas também tem muitos pontos que temos que melhorar"" Ingrid Bruna, panfleteira, 23 anos - ""Mais segurança, precisa melhorar o policiamento"" Marloide Lima Pereira, professora desempregada, 53 anos - ""Como nós estamos passando por um momento difícil financeiro, não somente São Luís, mas a recessão está atingindo o mundo inteiro. Então eu acho que temos que ter pensamento positivo, não é? Por ser maranhense, por amar nossa cidade. Temos que ter a lógica de esperar o melhor e pedir para Deus que as coisas deem certo. Que as pessoas sejam mais conscientes, que a corrupção se acabe. Enquanto existir corrupção, infelizmente, vamos sofrer. Temos a esperança que todas as pessoas que nos prejudicaram, que são corruptas, vão ser presas"" José Raimundo, vigilante, 68 anos - ""A mensagem que eu tenho para dizer é que eu quero que os próprios governantes tenham mais interesse em cuidar da gente, cuidar da cidade, cuidar de nós, que nós também temos o prazer de levar eles até onde eles estão"" Veja, no vídeo abaixo, a entrevista completa com cada personagem ouvido nessa reportagem. O presente e o futuro de São Luís na voz dos ludovicenses *Agradecimento especial: TV Mirante, Luciano Melo e Mário Santiago CAEMA promete normalizar abastecimento de água até quarta-feira (12) A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que terminou ontem (11/12) a manutenção na adutora que se rompeu no campo de Periz, em Bacabeira, na noite do último sábado (9). No entanto, o prazo para o fornecimento do serviço foi novamente extendido. Em nota ao G1, a CAEMA informou que aguarda o resultado da perícia técnica no equipamento em forma de Y. Somente com os laudos disponíveis, a Companhia poderá fazer nova avaliação para definir o prazo de entrega da nova adutora. Em relação a falta de água, a CAEMA tambem informou que o abastecimento deve ser normalizado até amanhã (13). Segundo a companhia, no momento a antiga adutora está em pleno funcionamento desde a segunda-feira (11) para atender os setores abastecidos pelo Sistema Italuís. Durante toda esta terça-feira (12), muitos ludovicenses precisaram trabalhar bastante para garantir água em casa. No bairro Anjo da Guarda, um poço localizado na casa do professor Regivan Moraes foi a alternativa utilizada pela vizinhança. Segundo ele, o ""chafariz"" sempre foi o meio usado para ter água em dias de escassez. ""Eu já moro aqui há mais de 25 anos, só que o que abastece a gente quando falta água é esse chafariz antigo. A gente só tem ele por aqui mesmo"", afirmou Regivan. Em relação ao bairro Anjo da Guarda, a Caema esclareceu em nota ao G1 que o Sistema teve o bombeamento reiniciado às 13h30. O abastecimento, a partir daí, é feito gradativamente, chegando primeiro nas partes mais baixas, e posteriormente nas mais altas. Poço na casa do Regivan Mores tem sido a alternativa para moradores do bairro Anjo da Guarda em meio a falta de água. — Foto: Reprodução/TV Mirante Segundo a Defensoria Pública do Maranhão, por meio do Núcleo de Defesa do consumidor, foi enviado um ofício para a CAEMA a fim de que a Companhia apresente esclarecimentos em até 24 horas. Segundo o defensor Público Lúcio Otávio, o documento também determina que a empresa faça o abatimento proporcional dos dias em que não houve abastecimento nas contas de água dos ludovicenses. ""Os prejuízos poderão ser requeridos em eventual ação civil pública que poderá ser promovido pelo núcleo de defesa do consumidor para buscar uma condenação da empresa por danos morais coletivos, como também a tutela das indenizações a todos os consumidores lesados. Vale salientar que, conforme dados extraídos do próprio site da CAEMA, essa paralização teria prejudicado 159 bairros no município de São Luís e isso equivale a, aproximadamente, 600 mil pessoas afetadas"",, declarou o defensor. Vazamento em adutora mantém bairros de São Luís sem água Nova adutora do sistema Italuís ainda não tem data para funcionar no Maranhão Vista dos casarões do Centro Histórico de São Luís. — Foto: Paulo Soares/O Estado Iniciada desde o primeiro dia deste mês, a programação festiva em comemoração aos 405 anos de São Luís terá o seu encerramento neste sábado (9) com a apresentação de diversos artistas, que juntos dividirão o palco da Praça Maria Aragão com o show “Louvação a São Luís”. No repertório, canções de autoria dos artistas e também de cantores consagrados da Música Popular Brasileira. Entre as atrações que subirão ao palco a partir das 19h destaque para os grupos culturais e artistas como Criolina, César Teixeira, Flávia Bittencourt, Rosa Reis, Fernando de Carvalho, Kadu Ribeiro, Grupo 1,2,3 (Camila Boueri, Mila Camões e Tássia Campos); Mano Borges e Grupo Lamparina. Também estará presente no palco da Praça Maria Aragão toda a versatilidade do Grupo de chorinho Chorando Calado, que mostrará ao público presente canções de sua autoria e também canções que consagraram o gênero considerado genuinamente brasileiro. Além dos shows musicais e apresentações culturais, a programação em comemoração aos 405 anos de São Luís desenvolve ainda uma série de outras atividades contemplando temas que enveredam pela diversidade cultural da Ilha, por meio de rodas de conversas com temas relativos à cultura popular ludovicense, aos ritos e lendas, às artes visuais, à arquitetura, entre outros aspectos. Rua Grande de São Luís — Foto: Biné Morais/O Estado No feriado desta quinta-feira (12) referente a “Nossa Senhora Aparecida” a rotina do ludovicense irá mudar em virtude do não funcionamento de órgãos públicos e privados em São Luís. O feriado é determinado por meio da lei 6.802, que entrou em vigor em todo o país em 1980. Apenas os órgãos públicos de funcionamento essencial como saúde e segurança, por exemplo, vão funcionar. O expediente no Poder Judiciário do Maranhão será suspenso nos dias 12 e 13 de outubro (ponto facultativo). Os prazos processuais iniciados ou encerrados nesse período serão automaticamente prorrogados para a próxima segunda-feira (16), conforme a Resolução nº 502017. Na iniciativa privada, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), o comércio de rua em São Luís vai funcionar das 8h às 14h. Nos shopping centers, o expediente deve começar 14h e ir até às 20h. Cinemas tem funcionamento normal e as praças de alimentação funcionam a partir das 12h. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), o funcionamento das agências bancárias na capital será suspenso na quinta e só voltará a funcionar normalmente na sexta-feira (13). As operações podem ser feitas nos caixas eletrônicos e opções pela internet. Divulgada pesquisa de intenção de compras para o Dia das Mães em São Luís Pesquisa divulgada pela Federação de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA) mostrou que 79,9% dos consumidores ludovicenses estão dispostos a comprar presentes para o Dia das Mães. Em números, isso representa um aumento de 5,4% em relação ao ano passado. O levantamento diz que cerca de 29,4% das pessoas que devem presentear as suas mães devem apostar em roupas. Em seguida, com 27,3% devem escolher artigos de perfumaria e 22,9% devem optar por outras opções de presentes. A pesquisa mostrou que mais da metade dos entrevistados não querem fazer dívidas durante a data. Ainda 52,1% dos ludovicenses devem comprar seus presentes à vista enquanto 28,3% devem usar cartões de crédito. Para a consumidora Rosinete de Carvalho, compra à vista tem as suas vantagens. “No cartão além de você pagar os juros, ainda tem a própria parcela da compra para pagar”, disse. As compras à vista no dinheiro e débito devem crescer 5,41% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a opção de crédito deve diminuir 10%. Segundo o superintendente da Fecomércio no Maranhão, Max Soares, comprar os presentes à vista pode ter um saldo positivo para o consumidor. “As pessoas estão evitando fazer dívidas no cartão de crédito e optando pelo pagamento à vista. Além disso, os comerciantes podem dar um desconto com preços bem diferenciados à vista”, explicou. Lojas do centro comercial de São Luís são segunda opção de compras para os consumidores. — Foto: Reprodução/TV Mirante Os locais que lideram a pesquisa para a compra de presentes são os shoppings centers, com 46,8%, e em seguida as lojas do centro comercial de São Luís, com 32,7%. Apesar da alta procura nos shoppings, a pesquisa mostrou um aumento de 52,1% na procura de lojas de bairro, rua ou galerias mais próximas onde os consumidores moram como locais para a compra dos presentes. Segundo Max Soares, o aumento na procura por galerias é o reflexo da falta de tempo que muitos consumidores têm para fazer compras. “É uma facilidade para o consumidor em fazer suas tarefas do dia-a-dia e por isso ele não tem tempo de ir até o shopping ou centro para fazer suas compras. Por isso que ele escolhe essas lojas perto de casa que se tornam uma ótima oportunidade para o comércio local faturar durante o período”, finalizou. Pesquisa mostrou aumento de 52,1% na procura de lojas de bairro e galerias. — Foto: Reprodução/TV Mirante Oficina de tambor de crioula será uma das atrações da programação Férias Culturais — Foto: Lauro Vasconcelos Oficina de tambor de crioula, apresentação teatral 'Mulheres Guerreiras' e show com Mairla Oliveira e Paulinho Oliveira (voz e violão) integram a programação do Férias Culturais desta quinta-feira (11), às 18h, no Cine Teatro da Cidade, na área central de São Luís. O programa é da Prefeitura de São Luís realizado pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur) e ocorrerá ainda nos dias 18 de janeiro e 1º de fevereiro. As atrações são gratuitas. A oficina de tambor de crioula será uma oportunidade de aproximar os participantes das raízes de São Luís e despertar a necessidade de preservação do bem tombado patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os instrumentos, os cantos e a dança serão comentados por profissionais e pelo público, que poderá interagir a qualquer momento. A música terá ainda espaço na programação que segue com show dos cantores Mairla Oliveira e Paulinho Oliveira, conhecidos por seus repertórios que animam o público. Na ocasião, eles apresentarão o melhor da música ludovicense, além de sucessos nacionais. O teatro será representado por meio de peças preparadas especialmente para o programa Férias Culturais, com adaptações e textos que enaltecem a cidade. Nesta quinta-feira, será exibida 'Mulheres Guerreiras' que trata do papel determinante da mulher na sociedade. Entre as personagens estão Maria Aragão, Maria Firmina dos Reis e Catarina Mina, ícones da capital maranhense que buscaram sempre o melhor para a igualdade de gêneros e a liberdade da população. Não conhece essa figuras? O Férias Culturais será uma excelente oportunidade para ter contato e vivenciar um pouco dos nomes que fizeram história por aqui. Programação Dia 11 - Janeiro 18h - Oficina de tambor de crioula; 18h30 - Apresentação teatral 'Mulheres Guerreiras'; 19h20 - Apresentação musical com Mairla Oliveira e Paulinho Oliveira (voz e violão). Dia 18 - Janeiro 18h - Oficina de bumba meu boi; 18h30 - Espetáculo teatral 'Maranhão de Encantos'; 19h20 - Apresentação Musical com o grupo 1, 2, 3! Dia 01 - Fevereiro 18h - Oficina de blocos tradicionais; 18h30 - Espetáculo teatral 'Mistério da Ilha Encantada'; 19h20 - Apresentação cultural do bloco tradicional Os Feras. Meireles Júnior é um fotógrafo maranhense internacionalmente conhecido — Foto: Arquivo pessoal Passear por pontos turísticos de São Luís é um prazer diário para os ludovicenses e uma experiência inesquecível para os turistas. Uma cidade que diariamente recebe gente de várias partes do mundo, agora também pode ser visitada de todo lado do planeta, por meio da obra do fotógrafo Meireles Júnior. Lançando mão da tecnologia de realidade aumentada, ele dá, literalmente, movimento e som à fotografia. Como presente pelos 406 anos de fundação da capital maranhense, o artista em parceria com o portal G1 presenteia a cidade e todos os apreciadores do “Ilha do Amor”. Para ter esta experiência com a tecnologia de realidade aumentada, é preciso apenas baixar o app “Zappar”. Com o aplicativo aberto, o usuário, com acesso à internet, direciona o aparelho para a imagem. O app faz a leitura por meio de um selo no canto da fotografia. Depois de carregar, a obra ‘ganha mais vida’ com um vídeo que mostra o ambiente onde Meireles Júnior capturou a imagem. ""Em 2001 lançamos o primeiro livro maranhense com CD-ROM, que à época era uma coisa muito nova. Depois, fizemos um livro com textura de areia, que você sentia até o cheiro, ou seja, a foto com cheiro. Em 2008, fizemos um trabalho com uma versão em DVD, que captamos os áudios e esta versão foi feita para cegos. Ele escutavam o sons dos locais onde foram feitas as fotos. Ouviam então o som da praia, o som do trânsito e o som da nossa cultura, nosso folclore, que é muito importante e é retratado em nosso trabalho"", disse Meireles sobre as novidades que sempre busca apresentar em parceria com as fotografias. As fotos escolhidas para esta reportagem são de São Luís, mas o trabalho “Entre o Céu e a Terra - Maranhão Patrimônio de Imagens” é mais amplo e reúne imagens de vários pontos do estado. Nela, Meireles Júnior faz com que a exposição de fotos por meio do livro ou até mesmo da tela do computador se transforme em uma viagem pela tela do celular. O fotógrafo foi convidado para participar da exposição coletiva “12 Discípulos das Artes”, entre os dias 1º a 26 de outubro na Fundação Maurice Ravel, em Paris. O material já seguiu para a França e o artista deve ir nas próximas semanas. “Apresentamos este material em Nova York, em Curitiba, em Brasília. Fomos ano passado também para a Coreia do Sul. Um sucesso em todos os lugares e agora estamos levando para a Europa. É uma semente que plantamos para que a gente possa divulgar nosso trabalho e ficamos cada vez mais orgulhosos de mostrar o Maranhão para o mundo todo"", disse Meireles. Ele é designer e começou a carreira como fotógrafo em 1995. Premiado em diversas oportunidades, tem uma série de trabalhos publicados como Lume (2001), Descobrindo os Lençóis Maranhenses (2003), Entre o Céu e Terra - Maranhão Patrimônio de Imagens (2008), 400 Anos Luz (2012), Sobre São Luís (2014), Sobrenatural: Impressões sobre os Lençóis Maranhenses e o Grand Canyon (2016), Entre o Céu e a Terra Audiovisual 2ª edição (2017) e 400 Anos Luz Audiovisual 2ª edição (2017). Fica o convite então para o passeio por São Luís, que completa neste sábado (8) 406 anos. Fachada do Palácio dos Leões, sede do governo estadual — Foto: Meireles Júnior Grupo de Bumba Meu Boi, marca forte do período junino na capital — Foto: Meireles Júnior Pratos de comidas típicas de São Luís com arroz de cuxá, camarão e peixe frito — Foto: Meireles Júnior Apresentação de tambor de crioula, forte nos períodos junino e carnavalesco — Foto: Meireles Júnior Praça Gonçalves Dias e Igreja Nossa Senhora dos Remédios ao fundo — Foto: Meireles Júnior Regiões da Península e Lagoa da Jansen — Foto: Meireles Júnior Parte do Centro Histórico, Ponte Presidente José Sarney e ao fundo o bairro do São Francisco — Foto: Meireles Júnior O que gira em torno do 8 de setembro, dia oficial do aniversário de São Luís? Apesar das controvérsias em relação a data e até a quem merece os créditos da fundação da cidade, a versão mais aceita vem de um documento escrito por um padre em 1614. O G1 entra nessa história e mostra o contexto por trás do nascimento da capital do Maranhão. Segundo as principais pesquisas, a região onde está São Luís era habitada majoritariamente por índios tupinambás. A região passou a ser cobiçada para colonização pelos portugueses em meados dos anos 1500, mas várias expedições não tinham êxito. “Portugal mandou uma expedição para cá liderada pelo capitão Aires da Cunha em 1535. A expedição acabou naufragando quando se aproximou da ilha. Depois, uma nova expedição veio para tentar colonizar, mas naufragou de novo. Elas chegavam no canal do boqueirão e não tinham êxito. No início do século XVII, mesmo por terra as expedições não davam certo”, afirma o historiador e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Euges Lima. Um dos primeiros mapas atribuído aos holandeses, entre 1641 e 1644. A expressão ""ludovici"" (em latim) refere-se a São Luís. — Foto: Reprodução/Exposição 'França Equinocial', no forte de Santo Antonio, em São Luís Após a chegada dos franceses, o historiador Antônio Noberto conta que o litoral do Maranhão era feito de entreposto e fazia a ligação entre o Amazonas e os portos franceses da Bretanha e da Normandia. O porto principal era em São Luís, onde hoje está a região da Ponta d’Areia. “Nesse período tinha um reduto protegido por um forte, onde hoje fica o bairro do São Francisco, do início da Rua das Paparaúbas, onde fica hoje a Praça Botafogo e o edifício Malibu. Sobre esse reduto, no início dos anos 1600, o navegador Charles Des Vaux e seu vizinho, Daniel La Touche, se encontraram com o rei da França, Henrique IV. Ele ordenou outra expedição para ver que lugar ‘legal’ era esse, onde começaria a colônia e a capital”, relata Antônio Noberto, que também é presidente da Academia Ludovicense de Letras. Mapa de São Luís com forte francês ao centro, onde hoje é o bairro do São Francisco. À esquerda, reduto e local de embarque de mercadorias, onde atualmente é o bairro da Ponta d'Areia. — Foto: Rafael Cardoso/G1 Após a morte do Rei, que era protestante, Daniel se juntou com católicos e fez a expedição para São Luís. A fundação da cidade ocorreu onde hoje é a Praça Pedro II, lugar estratégico onde tem uma área elevada entre o rio Bacanga e Anil. Segundo Euges Lima, nas expedições francesas ao Maranhão vieram padres capuchinhos para catequizar os índios. Esses padres ficaram por um tempo e, quando voltaram à França, alguns publicam livros. O padre Claude de Habeville publicou um muito importante, em 1614, chamado ' história da missão dos padres Capuchinhos na ilha do Maranhão'. “Claude esteve nessa região em 1612, passou quatro meses, e descreve a viagem e a vida aqui. No capítulo 13 do livro, ele fala sobre uma cerimônia, onde os franceses levantam uma cruz, mais ou menos em frente o Palácio dos Leões. Isso foi em um 8 de setembro. Era um ritual de posse da terra, que depois passou a se chamar São Luís”, descreve o historiador. Segundo os relatos mais aceitos pelos historiadores, São Luís é fruto de uma homenagem a um rei francês. Mesmo após a expulsão dos franceses pelos portugueses, Jerônimo de Albuquerque mantém o nome ‘São Luís’ para guardar melhor a sua memória. “Houve uma reunião em Paris, onde hoje é o Museu do Louvre, com Daniel de La Touche, François de Razilly e tantos outros. Lá se decidiu que se construiria um forte e se colocaria o nome do rei menino, Luís XIII, em honraria também ao rei Santo, Luís IX, e se faria um convento e um porto, que é a rampa campos Melo”, declara o historiador Antonio Noberto. Rei Luís XIII, a quem se deve o nome 'São Luís' à capital maranhense — Foto: Rafael Cardoso/G1 Antonio Noberto diz ainda que o que se conta a respeito da mentira da fundação franceses não é bem uma verdade. Ele justifica afirmando que o caso da capital maranhense foi um dos únicos com características próximas as de uma fundação ‘oficial’. “Fundar é somente a alteração do espaço físico natural, presença de um governo, local de ajuntamento cívico-militar e delimitação territorial. As fundações portuguesas no Brasil eram mínimas, precaríssimas, muito mais do que São Luís. Em São Paulo, por exemplo, era só uma escola jesuíta de madeira. Mesmo assim, valeu. Então São Luís é a única do Brasil que tinha três fortalezas e tem mais características de fundação”, afirma Noberto. Réplicas em miniatura do Bumba meu boi compõe o rol de peças que encrementam o artesanato local — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA Basta uma visita ao Centro Histórico de São Luís para conferir a variedade de artefatos que ajudam a contar a história da capital maranhense, que neste sábado (8) comemora 406 anos de fundação. Cestas e bolsas de palha, enfeites de mesa, estátuas em cerâmica, bebidas e doces confeccionados artesanalmente chamam a atenção de turistas e ludovicenses. O artesanato encanta pela riqueza e celebra a tradição e a cultura de São Luís. Em pedaços pequenos ou grandes pedaços de azulejos, os artesãos retratam pontos turísticos importantes como a Praça Benedito Leite, Fonte do Ribeirão e a Praia Grande, localizados na área central de São Luís. As produções exaltam a beleza das peças, que compõem a fachada de dezenas de casarões de origem portuguesa. Cesta revestida com azulejo retrata a Praça Benedito Leite em São Luís — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA As janelas e portas dos casarões coloniais do Centro Histórico também são retratadas pelo artesanato local. Com cores fortes e vibrantes, os artesãos reproduzem em azulejos desenhos perfeitos de peças do conjunto arquitetônico de São Luís, ressaltando a importância desse pedaço da história contado há mais de 400 anos. Artesãos fazem réplicas dos azulejos que revestem os casarões coloniais e retratam pontos turísticos da capital — Foto: Rafaelle Fróes e Zeca Soares/G1 MA A vendedora Cleidiane Sales ressalta que os azulejos são as lembranças mais compradas pelos turistas que visitam o Centro Histórico. Ela afirma que os turistas saem encantados com a beleza das peças. “Eles ficam encantados e os azulejos são as peças que mais saem. Às vezes eles querem levar várias coisas, mas não conseguem levar tudo”, conta. Azulejos vendidos pelo artesanato local são réplicas das peças que foram trazidas pelos portugueses durante a colonização de São Luís — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA A criatividade dos artesãos locais vai além das peças em azulejos. Com talentos, os casarões coloniais também são retratados em cerâmica, que chamam a atenção pelas cores vivas e reforçam a beleza arquitetônica do Centro Histórico de São Luís. Peças em confeccionadas em cerâmica retratram os casarões coloniais e as paisagens de São Luís — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA As bonecas 'namoradeiras', apesar de não serem oriundas de São Luís, também estão entre as peças mais vendidas para os turistas que visitam a capital. As esculturas em cerâmica são destaque pela delicadeza e pelo contraste de cores que lembra casarões coloniais do Centro Histórico. As namoradeiras e os tradicionais azulejos são as peças mais compradas pelos turistas que visitam São Luís. — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA Além de retratar traços da cultura maranhense, o artesanato local valoriza a matéria-prima de itens encontrados no estado. A palha do babaçu é usada na confecção de bolsas que fazem sucesso entre as turistas. O Bumba meu boi, brincadeira popular do Maranhão e que celebra uma parte importante da cultura do estado, também está estampado e representado em lojas de artesanato do Centro Histórico de São Luís. Tradicionais bolsas de palha também estão entre os itens mais vendidos em lojas de artesanato local — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA Miniaturas coloridas de boi, réplicas das indumentárias de índias e índios, e acessórios usados pelos brincantes fazem parte do desejo dos turistas do Brasil e do mundo. Eles ficam encantados com a beleza das peças, como conta a vendedora Nara Amorim, de 24 anos. Conhecida como a capital dos azulejos, São Luís desperta encantamento em quem visita a cidade pela primeira vez. O conjunto arquitetônico com casarões construídos no século XVII e XVIII foram tombados e, em 1997, a cidade recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. A fama da concessão do título percorreu o mundo e atraiu milhares de turistas, que anualmente, escolhem São Luís como destino para as férias ou querem conferir tudo de perto. Centro Histórico de São Luís foi palco de grandes disputas entre portugueses e franceses. — Foto: Paulo Soares/O Estado De passagem por São Luís, as turistas de Porto Velho (RO), Letícia Vilarins, de 20 anos, Aimée Nobre, 21, e Maria Paula Roge, 22, revelaram que vieram um dia antes do programado para conhecer um pouco mais da cidade. “Como em São Luís já sabíamos que tinha o Centro Histórico e as praias, que são muito bonitas, a gente já havia pesquisado. O intuito de vir mais cedo e voltar mais tarde era literalmente para conhecer um pouco mais da cultura, já que é muito diferente do que a gente tem lá”, conta Letícia Vilarins. Encantadas com a variedade de peças que retratam a cultura local, elas contam que é impossível não sair da capital sem querer levar alguma lembrança para sua cidade natal. “A gente entra em cada loja e dá vontade de levar tudo. O aeroporto daqui também vai ficar com meu dinheiro, porque excesso de bagagem é o que mais vai ter”, diz Maria Paula Rogé. Em visita a São Luís, as turistas de Porto Velho (RO) Maria Paula Roge, Aimée Nobre e Letícia Vilarins ficaram encantadas com a variedade do artesanato local — Foto: Rafaelle Fróes/G1 MA Sarau Histórico de São Luís inicia as comemorações dos 405 anos de São Luís. — Foto: Divulgação/A.Baeta As comemorações para os 405 anos de São Luís, celebrados no próximo dia 8 de setembro, começam nesta sexta-feira (1º), com uma edição especial do Sarau Histórico de São Luís. A programação tem início às 19h na praça Benedito Leite no centro da cidade e se estende até o fim do mês. O sarau conta com atores e atrizes representando nomes marcantes da política, música e poesia ludovicence. Com o slogan ‘São Luís 405, presente todos os dias’, a Prefeitura de São Luís divulgou a programação especial de aniversário da cidade que se estende até o dia 20 setembro. A programação segue no dia 3 de setembro, com atividades esportivas destinadas a todas as idades, promovidas pelo programa ‘Viva Bem’. A programação se estende das 7h às 11h, na Avenida Litorânea, e conta com práticas de hapikidô, taekwondô, seguidas por aulões de zumba com a participação de professores. Incentivo a prática de esportes faz parte da programação do aniversário de São Luís, comemorado no próximo dia 8 de setembro. — Foto: Divulgação/A.Baeta No dia 6 de setembro, a programação conta com uma comemoração especial do Dia Municipal do Tambor de Crioula e seus brincantes. O projeto Rufô Tambô, que contempla vários grupos que participam da manifestação cultural, estarão espalhados por todo o Centro Histórico para celebrar a data instruída através da Lei 4.349 de 21 de junho de 2014. Em 8 de setembro, dia do aniversário de São Luís, as comemorações se iniciam às 17h na Praça Maria Aragão com o show ‘Glórias’ que conta com as participações do padre Cleidimar Moreira e Clay Viana. Às 19h, o show ‘Terra de Adoração’, tem participação de nomes da música evangélica nacional como Bruna Karla e Maurício Paes, além dos cantores locais como Thiago Lucas e Carlos Alfredo. A prefeitura estima que mais 20 mil pessoas devem comparecer aos dois shows. Em seguida, o tradicional show ‘Louvação a São Luís’ acontece a partir das 19h e vários cantores maranhenses participam das comemorações. Entre os convidados estão o ‘Grupo 1,2,3’ formado por Camila Boueri, Mila Camões e Tássia Campos. Além deles, os cantores César Teixeira, Criolina, Flávia Bittencourt e Rosa Reis devem fazer parte da festa. Praça Maria Aragão conta com programação musical durante aniversário de São Luís. — Foto: Divulgação/A.Baeta Durante as festividades, rodas de conversas sobre temas da cultura e história da cidade, exposições, passeios e outras atrações devem acontecer em São Luís. Uma delas, a exposição ‘Acervo’, acontece na Galeria Trapiche e destaca autores maranhenses que retratam aspectos da cidade. Já a mostra de artes visuais ‘São Luís Ao Vivo’ traz curtas-metragens abordando o ponto de vista histórico e cultural da cidade. Dando continuidade as comemorações, no dia 10 de setembro, é realizada uma edição especial da ‘Feirinha São Luís’, a partir das 7h na Praça Benedito Leite. Às 17, o projeto ‘Kids’ conta com uma programação especial para as crianças na Lagoa da Jansen em São Luís. No dia 18 de setembro, um passeio náutico pela Baía de São Marcos acontece em São Luís e conta com a presença de jornalistas e profissionais da web mídia. A edição especial do ‘Passeio Serenata’ acontece no dia 20 de setembro, às 19h, pelas ruas do Centro Histórico de São Luís. Vista aérea do Centro Histórico de São Luís — Foto: Meireles Junior Aberta nesta sexta-feira (1º) a programação natalina em São Luís — Foto: A.Baeta Será aberta nesta sexta-feira (1º) em São Luís a programação natalina. O ‘Natal de Todos’ é uma realização do Governo do Maranhão e da Prefeitura de São Luís que contará com atrações que prometem encantar ludovicenses e turistas. Para a cerimônia de abertura, em frente ao Palácio dos Leões, está previsto nesta sexta um espetáculo de luzes e cores com a chegada do Papai Noel, fogos de artifício, apresentação do espetáculo ‘Natalina da Paixão’ e projeção de imagens das belezas e cultura do Maranhão cobrindo a fachada do Palácio. A programação vai acontecer ao longo de todo o mês de dezembro, em vários pontos da cidade, sempre aos fins de semana, com espetáculos teatrais, auto de natal, corais, shows musicais e cantata natalina. A novidade deste ano é a inclusão da programação natalina na Reserva Ambiental do Itapiracó aos sábados, no Espigão Costeiro da Ponta d’Areia, no dia 3 de dezembro, e na Praça Maria Firmina, recém-inaugurada pelo Governo do Maranhão, no dia 23 de dezembro. Em frente ao Palácio dos Leões, as atrações serão apresentadas sempre às sextas-feiras, nos dias 1º, 8 e 15 de dezembro. Encerramento do ‘Natal de Todos’ está previsto para o dia 22 de dezembro — Foto: A.Baeta Na Praça da Lagoa da Jansen, o público vai se surpreender com o boneco do Papai Noel gigante instalado no meio da Praça, um atrativo a mais num dos pontos mais bonitos da cidade. As atrações na Lagoa acontecem aos sábados, nos dias 2, 9 e 16 de dezembro. Entre os destaques na Praça da Lagoa a peça teatral ‘Pãozinho com Ovo’, no dia 16, promete divertir as crianças. O espetáculo é uma adaptação para o público infantil da peça ‘Pão com Ovo’, da Santa Ignorância Companhia de Artes. Os personagens representam no palco o sotaque e os hábitos típicos dos maranhenses de forma engraçada e descontraída. Neste sábado (2), a área do entorno do Forte Santo Antônio contará com cerimônia de abertura, fogos, Casa do Papai Noel, e apresentação do Coral Infantil e espetáculo ‘Natalina da Paixão’. O Forte integra o complexo do Espigão da Ponta d’Areia, orla turística da cidade, com vista para a baía de São Marcos. No dia 20 de dezembro, a Secretaria Municipal de Turismo (Setur) realiza uma grande homenagem ao menino Jesus no Sarau Histórico temático sobre o Natal. A companhia Tramando Teatro será a responsável por levar à Praça Benedito Leite, às 19h, muita poesia e uma excelente história que promete encantar o público. No encerramento do ‘Natal de Todos’, previsto para o dia 22 de dezembro, vários grupos de canto coral realizam cortejo e apresentação cultural na escadaria da Igreja da Sé, no centro histórico de São Luís. Programação Palácio dos Leões – sextas 1º de dezembro 19h – Cerimônia de abertura, fogos de artifício, chegada do Papai Noel 20h – Natalina da Paixão 21h – Videomapping 08 de dezembro 18h – Papai Noel18h - Ballet Olinda Saul: Suíte de Coppelia projeto dança criança 19h – Reizado Folia de Natal 15 de dezembro 18h – Papai Noel 19h – Espetáculo Teatral: Mariazinha e seu sonho de Natal APA Itapiracó – sábados (infantil) 02 de dezembro 19h – Cerimônia de abertura, fogos, Casa do Papai NoelCoral Infantil ‘Paz e Bem’ 20h – Auto Natalino do Anjo da Guarda 03 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel 09 de dezembro 18h – Papai Noel 19h – Reizado Folia de Natal 10 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel 16 de dezembro 18h – Papai Noel 18h - Ballet Olinda Saul: Suíte de Coppelia projeto dança criança 19h – Show da Banda Vagalume (infantil) 17 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel Pracinha da Lagoa – sábados 02 de dezembro 19h – Cerimônia de abertura, fogos , acendimento das luzes, Casa do Papai Noel 20h – Ballet Olinda Saul: Suíte de Coppelia projeto dança criança 20h30 – Espetáculo teatral Mariazinha e seu sonho de Natal 03 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel 09 de dezembro 18h – Papai Noel 19h- Show da Banda Vagalume (infantil) 10 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel 16 de dezembro 18h- Papai Noel 19h – Espetáculo teatral Pãozinho com Ovo 17 de dezembro 18h - Presença do Papai Noel Forte Santo Antônio – domingo 03 de dezembro 19h Cerimônia de abertura, fogos, Casa do Papai Noel com Coral Infantil Uirapuru 20h – Natalina da Paixão Igreja da Sé – sexta 22 de dezembro 19h – Cantata Natalina Praça Maria Firmina – sábado 23 de dezembro 19h – Chegada do Papai Noel 20h – Coral Infantil “Paz e Bem” 21h – Show da Banda Unidunitê (infantil) Queimação de Palhinha – CCPDVF – sábado 06 de janeiro 18h – Reizado folia de natal Os 25 imigrantes africanos que estavam à deriva em alto mar e foram resgatados para o Maranhão conseguiram a emissão do Cadastro de Pessoa Física (CPF) no Brasil. O cadastro realizado pela Receita Federal ocorre no momento em que o grupo completa um mês do dia em que chegaram no Brasil. A solicitação do CPF foi realizada pela Defensoria Pública da União (DPU). Agora todos os imigrantes podem emitir a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e exercer outros atos de cidadania no país. A DPU também tenta conseguir o visto permanente de todos por meio de uma ação coletiva. Segundo a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) um grupo de trabalho formado pelo Governo e organizações da sociedade civil também estão se reúnem para buscar uma solução conjunta relativa aos próximos passos, seguindo as orientações da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Atualmente todos continuam alojados no Ginásio Costa Rodrigues, no centro de São Luís, mas podem andar livremente pelo país de forma legal desde quando conseguiram o documento provisório de Registro Nacional Migratório. Ginásio que está servindo de alojamento para os imigrantes que chegaram ao Maranhão — Foto: Reprodução/TV Mirante Nesta terça-feira (19) os 25 africanos até assistiram com entusiasmo a estreia de Senegal na Copa do Mundo da Rússia. Dentre eles, os 19 senegaleses se misturaram aos ludovicenses na festa pela vitória da seleção no Estádio do Spartak, em Moscou. Comerciantes Raquel comemorou junto com os imigrantes africanos a vitória da seleção de Senegal na Copa — Foto: Reprodução/TV Mirante Durante o dia eles também passeiam pela cidade e não tem hora para voltar, apenas recebem orientações para evitar lugares que possam ser perigosos. Quando não estão no alojamento saem pelas ruas do centro e até aproveitam os festejos juninos que ocorrem durante a noite. Refugiados africanos resgatados podem ser encontrados pelas ruas do centro de São Luís — Foto: Rafael Cardoso/G1 Eles também conheceram as praias de São Luís e os pontos turísticos da cidade. O refugiado de Serra Leoa Muctarr Mansaray, de 27 anos, disse que pretende continuar na cidade. ""A cidade de vocês é muito 'massa' porque tem muita pessoa carinhosa. Eu amo praia. Vou para o a praia do Calhau porque acho muito bonito e gosto muito. Aqui também gostei porque no meu país a gente não costuma comer muita farinha, mas aqui tem bastante"", brincou Muctarr ao falar sobre São Luís. Apesar disso, muitos não deixaram os costumes de lado ao chegar no Brasil. A maioria muçulmana no grupo prefere usar os trajes típicos de seu país de origem e não deixaram de praticar o ramadã neste mês de junho. Foram vários dias sem comer durante a luz do dia. Parte dos imigrantes continuam usando seus trajes típicos no Brasil — Foto: Rafael Cardoso/G1 Os imigrantes ainda não sentem a falta de dinheiro porque não precisam gastar muito no Brasil. Até o momento eles possuem alojamento, água, energia, comida e assistência médica fornecidos de forma gratuita pelo Governo do Maranhão no ginásio Costa Rodrigues. Refugiados dormem em beliches em quartos com ar-condicionado — Foto: Rafael Cardoso/G1 Além disso, desde o momento em que chegaram no país os africanos recebem todo tipo de doação. A maior parte veio de uma mobilização da Cruz Vermelha, que reuniu as doações da população. Os donativos estão amontoados em caixas encontradas dentro de cada quarto. São roupas, desodorantes, shampoos, comida e material de limpeza. A doação de roupas foi tanta que eles não dão conta e já querem doar uma parte para brasileiros necessitados. Doações de vários tipos de produtos ficam amontoados em caixas dentro dos quartos. — Foto: Rafael Cardoso/G1 Segundo a Sedihpop, uma casa chegou a ser foi oferecida por uma igreja para que eles possam ficar permanentemente. No entanto, a Secretaria e os próprios africanos ainda avaliam a possibilidade de ficar na casa, pois suspeitam que possa ser uma forma de convertê-los ao cristianismo. Até o momento, 18 africanos manifestaram interesse em permanecer no Maranhão e estão buscando contatos de emprego para conquistarem sua autonomia. Em relação aos sete que querem ir para outros estados, o Governo do Estado está em campanha para juntar recursos dentro das secretarias e custear as passagens. Em seus países de origem os refugados trabalhavam como pintores, garçons, pedreiros, motoristas e dizem que topam vários tipos de trabalhos no Brasil. Mohamed Saliou Bah, de 26 anos, é refugiado de Guiné e disse que busca trabalhar e melhorar a vida da família que deixou para trás. ""Eu quero trabalhar como motorista aqui no Brasil, mas primeiro quero aprender português para trabalhar melhor. Minha família estava sofrendo no meu país então eu vim para tentar ajudar. Todas as noites eu penso neles"", afirmou Mohamed. Mohamed Saliou Bah é refugiado de Guiné e trabalhava como motorista no seu país de origem — Foto: Rafael Cardoso/G1 Dos 25 imigrantes, apenas Muctarr Mansaray tem ensino superior e também é o único que sabe falar português. Ele é formado em Literatura-Inglês e estudava ciência da tecnologia, mas não conseguia pagar a universidade em seu país. Além aprimorar a formação acadêmica, Muctarr quer trabalhar dando aulas de inglês no Brasil. ""Um colega me disse que aqui eu conseguiria trabalhar, estudar e ainda ajudar minha família. Então vim para isso. Eu quero dar aulas particulares para ganhar dinheiro e continuar estudando"", contou. Muctarr Mansaray é formado, fala português e quer ganhar dinheiro no Brasil dando aulas particulares de inglês — Foto: Rafael Cardoso/G1 No dia 19 de maio um grupo de 25 imigrantes africanos foi resgatado em alto-mar por um grupo de pescadores cearenses próximo ao município de São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís. Na embaração chamada de “Rossana” estavam estrangeiros de Senegal, Nigéria, Guiné, Serra Leoa e Cabo Verde, além de dois brasileiros identificados como Josenildo Nascimento e Sílvio da Paixão Freitas. Em depoimento, os africanos disseram que o barco partiu de Cabo Verde entre os dias 16 e 17 de abril, mas ficou à deriva por vários dias após o mastro quebrar e o motor pifar. Imigrantes africanos foram encontrados em barco à deriva por pescadores cearenses. — Foto: Reprodução/TV Mirante Após o resgate, equipes do Corpo de Bombeiros e das polícias Federal e Militar aguardavam o grupo no cais de São José de Ribamar, onde foram recolhidas as primeiras informações com os imigrantes. Os africanos passaram por atendimentos médicos e foram servidas refeições. O grupo recebeu atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) porque estavam com quadro de desidratação e depois foram liberados. Em seguida, eles foram encaminhados para o Ginásio Costa Rodrigues em São Luís, onde seguem recebendo doações da população e auxílio do Governo do Estado. Embarcação com imigrantes do Senegal, Nigéria e Guiana foi resgatada à deriva na Baia de São Marcos no Maranhão. — Foto: Divulgação/Governo do Maranhão A Justiça Federal decretou a prisão dos brasileiros Josenildo Nascimento e Silvio da Paixão Freitas. Segundo as investigações da Polícia Federal, os dois seriam ‘coiotes’ e teriam recebido dinheiro pra fazer o transporte ilegal dos africanos de Cabo Verde até o Brasil. Josenildo Nascimento e Silvio da Paixão Freitas foram presos por suspeitas de serem 'coiotes' — Foto: Reprodução/TV Mirante A embaixada de Cabo Verde no Brasil informou que vai tomar medidas para reprimir esse tipo de tráfico de pessoas tendo o seu país como ponto de partida. “Vamos, com certeza, usar os mecanismos de cooperação entre os dois estados de modo a que possamos prevenir e reprimir esse tráfico”, declarou o embaixador Domingos Dias Mascarenhas. 25 imigrantes foram resgatados após ficarem a deriva no oceano — Foto: Arte/G1 Policiais em um protesto, entre tantos na cidade de São José de Ribamar, por reclamação de falta de infraestrutura — Foto: Reprodução/ TV MIrante Com base no Atlas da Violência, levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a cidade mais violenta do Maranhão é São José de Ribamar. Em 2015, ano base da pesquisa, foram 159 homicídios e nove mortes violentas com causa indeterminada (MVCI) para uma cidade que fica na Região Metropolitana de São Luís e tem pouco mais de 174 mil habitantes. Assim, a taxa de homicídio gira em torno de 89,2% e a taxa de mortes violentas com causa indeterminada chega a 5,2%. Segundo relatório, São Luís aparece no ranking das 30 cidades mais violentas. A capital ficou na 23ª posição com 758 homicídios e 36 mortes violentas com causa indeterminada. A população ludovicense supera 1 milhão de pessoas. O município de São José de Ribamar possui um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,708. A taxa de ocupação (pessoas economicamente ativas) é de pouco mais de 18 mil para uma cidade que passa dos 174 mil habitantes. O índice de pobreza é de 53,28%, de acordo com o censo de 2015. A cidade tem 1.601 professores que são distribuídos entre a pré-escola, ensinos médio e fundamental. O número de alunos nestas três etapas são 33.244 mil e os prédios que servem de escola são 248. O ensino médio tem os menores números. São 248 professores para 3.768 mil alunos, que se concentram em 11 escolas. A população alfabetizada supera os 136 mil. A renda média por pessoa varia entre R$ 255 e R$ 320, considerando as diferenças entre moradores da zona rural e urbana. São José de Ribamar é uma das cidades turísticas do estado e é reconhecida também por ter o santuário do padroeiro do Maranhão, que dá nome ao município. Entretanto tem problemas sérios com a infraestrutura, por exemplo. Nos últimos meses, uma série de manifestações foram realizadas em diversos bairros pelos mesmo motivo. Segurança, saúde e educação também já foram alvos de manifestações que bloquaram ruas e precisaram da presença policial. SEGURANÇA O batalhão da Polícia Militar responsável pela cidade é o 13º, comandado pelo tenente-coronel Alexandre Francisco. Contudo não só São José de Ribamar é missão do batalhão, mas também Paço do Lumiar e Raposa, que compõe a Região Metropolitana da capital. Na 1ª companhia de São José de Ribamar, são cerca de 66 policiais, na 2ª companhia em Paço do Lumiar são 52 policiais e na 3ª companhia da Raposa são 46 policiais. Recentemente, em divulgação oficial, a Polícia Militar informou que as ações do 13º BPM, em Ribamar, foram intensificadas nas Vilas Campina, J. Câmara, Moropóia, Roseana Sarney, Vila São Raimundo e Vieira. “Homens dos grupos Garra e Tático Móvel realizam diariamente rondas em toda a região. É mais uma ação presença da Polícia Militar. Com o policiamento de motocicletas nossas equipes tem mais mobilidade e podem agir com mais rapidez. Além da área urbana, o patrulhamento é voltado também para atender os locais mais afastados na zona rural”, disse ao site da própria PM o tenente-coronel Alexandre Francisco. Nessas ações, as apreensões de arma branca são a maioria, contudo armas de fogo também são encontradas. Esses objetos são utilizados em diversos crimes, entre os quais homicídios. São José de Ribamar também tem praias que atraem turistas, mas a presença de criminosos, inclusive com invasão de residências, tem registros toda semana. As principais praias do município são Panaquatira, Boa Vista e Juçatuba. CASO DE REPERCUSSÃO No dia 23 de maio de 2015, uma residência na Praia de Panaquatira foi invadida por seis bandidos armados e terminou com a morte de cinco pessoas no local. O fato ficou conhecido como a ‘Chacina de Panaquatira’. Um grupo de amigos estava numa casa no residencial Ponta Verde, em Panaquatira, passando o fim de semana. Assim como esta residência, várias outras são locadas por temporada. Os criminosos perceberam a movimentação e invadiram o local para roubar as pessoas. O policial militar Max Müller Rodrigues de Carvalho estava no local e tentou evitar o assalto, na troca de tiros, o PM e outros quatro morreram no local, entre eles um dos assaltantes. Associação dos caminhoneiros mantém paralisação no Maranhão No oitavo dia de protesto dos caminhoneiros no Maranhão os reflexos ainda persistem em diversos setores no estado, mas há uma melhora no. Nesta segunda-feira (28), 90% da frota de ônibus está rodando na capital, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de São Luís (SET). Além disso, os campus de universidades no Maranhão decidiram paralisar as suas atividades por conta da falta de combustível. Em São Luís, os postos de combustível já não apresentam grandes filas. Em Imperatriz, Caxias e Santa Inês, aos poucos o abastecimento está normalizando. Já em Balsas, apenas um posto recebeu combustível até as 16h desta segunda (28). Os impactos da greve dos caminhoneiros no Porto do Itaqui também afetou a movimentação de fertilizantes e celulose. De acordo com o Governo do Estado, a situação está sendo normalizada com a chegada de carretas que estavam retidas no bloqueio na BR-135. As operações de carregamento de soja e cobre, bem como o recebimento de combustíveis, seguem dentro da normalidade. Os reflexos na crise do transporte em todo o país persiste mesmo após o anúncio do presidente Michel Temer no domingo (27), que atendeu reivindicações dos caminhoneiros. A categoria segue concentrada em 16 pontos de rodovias no Maranhão. Entre as medidas anunciadas pelo o governo está a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel por 60 dias, e a isenção de pegamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios. 90% da frota de ônibus no transporte público circulou em São Luís nesta segunda (28), segundo a SET. — Foto: Reprodução/TV Mirante Ludovicense enfrenta redução na frota de ônibus Em São Luís, o Sindicato das Empresas de Transporte de São Luís (SET) informou na tarde desta segunda-feira que a frota de ônibus está rodando a 90%, na média entre todas as empresas. O número maior do que sexta-feira (25), quando a frota esteve a 70%. ""No final de semana, várias empresas receberam caminhões-tanque com combustível, oq ue melhorou a situação. Ainda estamos avaliando a possibilidade de manter os 90% também na terça (29)"", afirmou o superintendente da SET, Luís Cláudio. De acordo com o SET, a medida visa garantir um atendimento mínimo na cidade por conta da falta de combustível. Consumidores reclamaram do preço da gasolina em São Luís nesta segunda (28) Segundo o Governo do Estado, de sexta-feira (25) até esta segunda (28), quase 200 caminhões-tanque foram abastecidos no Porto do Itaqui com aproximadamente 4 milhões de litros de combustível e seguiram para atender a capital e interior do estado. Nesta segunda (29), os postos de combustível apresentam filas menores em São Luís. Para o interior do estado, uma operação é realizada para transportar o combustível via ferry boat até as cidades. Segundo o Governo do Estado, até o final da tarde desta segunda (28) foram para 33 caminhões de combustível e gás para Imperatriz, sendo 19 para a cidade e 14 para outros municípios da Região Tocantina. Em Caxias e Santa Inês, aos poucos o abastecimento está normalizando. Em Balsas, apenas um posto foi abastecido até o início da tarde desta segunda (28), causando correria. Mas no final da tarde o Governo do Estado informou que a cidade já tinha recebido 16 caminhões de combustíveis e alimentos, escoltados pela polícia. Abastecimento de combustível em Balsas ocorre em ritmo lento Com a greve dos caminhoneiros, a distribuição de gás de cozinha para o interior do estado está comprometida e começa a faltar o produto em alguns municípios. Em São Luís, o abastecimento está normal, mas há pessoas mudando a rotina para economizar. Distribuição de gás de cozinha está comprometido no Maranhão A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) alerta a população para fazer uso consciente da água, especialmente durante este período de paralisação dos caminhoneiros. Sobre o tratamento da água, a Caema informou que está monitorando os estoques de insumos para tratamento de água e que articula operações para garantir que o fornecimento não seja suspenso. Veja as informações sobre o abastecimento de comida na tarde desta segunda em São Luís O protesto dos caminhoneiros também gerou reflexos no setor alimentício no Maranhão. De acordo com o presidente da Ceasa, Milton Gadelha, os produtos considerados essenciais aos consumidores como tomate, cebola e batata faltam nas prateleiras por falta de abastecimento. No domingo (27), um fornecedor que recebeu cargas de limão e tanja na Ceasa chegou em São Luís com parte da mercadoria estragada. Nesta segunda (28), cinco caminhões carregados com bananas, laranjas e frutas diversas furaram um dos 16 bloqueios provocados feitos por caminhoneiros para fazer o abastecimento na Ceasa em São Luís. Cerca de 40 caminhões estavam previstos para desabastecer nesta segunda-feira na Ceasa. Para a terça (29), a preocupação continua. A central de abastecimento de São Luís anunciou que apenas 20% dos alimentos abastecem os boxes em relação a que tinha antes das paralisações dos caminhoneiros. Protesto dos caminhoneiros também já gerou reflexos no setor alimentício no Maranhão — Foto: Reprodução/TV Mirante De acordo com Infraero, o Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, situado em São Luís, opera normalmente e o nível de combustível é estável no momento. Até o domingo (27), dois voos foram cancelados no aeroporto da capital e um em Imperatriz. As companhias aéreas informaram que os cancelamentos ocorreram por alta de combustível. A Infraero recomenda que os passageiros busquem informações sobre a situação cada voo junto com a companhia aérea. Até o início da noite desta segunda (28), nenhum voo chegou a ser cancelado no aeroporto de São Luís e Imperatriz. A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou que não há perdas ou interrupções em relação aos trabalhos prestados pelas Polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros. A SSP disse ainda que dispõe de um plano logístico para o abastecimento das viaturas, de modo a garantir que os trabalhos das Forças de Segurança não sejam prejudicados. Plano emergencial é realizado em hospitais de São Luís pela greve dos caminhoneiros Um plano emergencial é realizado em hospitais de São Luís pela greve dos caminhoneiros. Alguns insumos e medicamentos, transportados por via terrestre, enfrentam atrasos em razão de bloqueios nas BRs, mas começam a chegar à Central de Abastecimento aos poucos, segundo o Governo do Estado. Sobre o receio de que faltasse oxigênio para pacientes, a Secretaria de Saúde (SES) informou que uma carga chegou para abastecer os estoques do estado. Ainda segundo a SES, os insumos e medicamentos, de um modo geral, estão localizados no Sul e Sudeste do país. Os caminhões não estão conseguindo sair das empresas para fazer a distribuição pelo país. É o caso de uma carga de 40 toneladas de soro fisiológico que se encontra presa no Ceará. “Esse soro era para abastecer nossa rede por um bom tempo. Segundo a empresa, não tinha mais caminhões para fazer o transporte e os autônomos estão se negando a fazer. Por isso, colocamos alguns caminhões da SES para realizar o transporte de pelo menos parte desse material”, disse o Secretário de Saúde, Carlos Lula. As cirurgias eletivas (aquelas que podem ser agendadas) ainda não foram suspensas no estado, segundo a Secretaria. A prioridade da SES tem sido os pacientes que já estão hospitalizados. Os estoques de insumos estão voltados para as cirurgias de urgência e emergência. Segundo a Prefeitura de São Luís, Hospitais, socorrinhos, unidades mistas, postos de saúde e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) continuam atendendo normalmente. Doação de sangue A Secretaria de Saúde também pediu que a população não deixe de procurar os hemocentros para doar sangue, uma vez que houve uma redução no número de doadores nos últimos dias. “As bolsas de sangue coletadas no Maranhão são enviadas por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para serem processadas em Fortaleza e enviadas de volta. Em razão da falta de combustível, a FAB não faria esses voos. Resolvemos isso enviando por empresa privada para não ter prejuízo para a população. Fora isso, houve uma diminuição de doadores. Em São Luís, temos uma média de 300 doadores diários, isso caiu pela metade. Precisamos que as pessoas continuem doando”, ressaltou Carlos Lula. Segundo a Prefeitura de São Luís, serviços como manutenção da iluminação pública, Guarda Municipal, Defesa Civil e fiscalização de trânsito estão com suas rotinas normais. A coleta domiciliar, remoção de pontos de descarte, capina, roçagem e varrição continuam operando normalmente. Apenas a coleta domiciliar chegou a ser interrompida quinta-feira (24), devido ao bloqueio da BR-135, mas ainda na madrugada o serviço foi retomado. Nas escolas estaduais, a Secretaria de Educação reafirmou que as aulas estão mantidas nesta terça (29). Nas escolas municipais de São Luís, não houve suspensão das aulas e a Prefeitura diz que ainda tem garantido o fornecimento da merenda e do transporte escolar para os estudantes. Já nas instituições de ensino superior, a Universidade Federal do Maranhão (Ufma) cancelou as aulas desta segunda (28) em virtude da falta de combustível, mantendo apenas as atividades administrativas. Além da UFMA, a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Ceuma, UNDB, Estácio e Pitágoras cancelaram as aulas. Já para esta terça (29), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a Universidade Ceuma, a Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB) e a Estácio anunciaram o retorno das aulas. UFMA anunciou retorno das aulas a partir desta terça (29) — Foto: De Jesus/O Estado Vista área de São Luís. — Foto: Paulo Soares/O Estado Aos 405 anos, São Luís do Maranhão é cidade dos azulejos, a ilha do amor, a Jamaica brasileira, a ilha rebelde, a Atenas brasileira, é uma cidade com terras antes ocupadas pelos índios tupinambás, mas fundada por franceses e após a Batalha de Guaxenduba, colonizada pelos portugueses. Uma cidade marcada por conflitos desde o começo, como o da liberal Ana Jansen contra seus inimigos conservadores. Uma cidade abraçada, até hoje, por turistas que se transformam em residentes por não terem mais coragem de ir embora. Uma cidade que cultua lendas, inclusive uma que trata da sua própria destruição, quando a serpente acordar. Uma cidade que busca a modernidade, mas a duras penas conserva um impressionante acervo arquitetônico que nos remete a séculos passados. Uma cidade que foi o berço e inspirou gênios da literatura como Josué Montello, Gonçalves Dias, Graça Aranha, Aluísio de Azevedo, Ferreira Gullar entre outros. São Luís busca a modernidade e ainda conserva os traços deixados pelos franceses e portugueses em suas ruas e casarões coloniais. — Foto: Paulo Soares/O Estado Uma cidade que não consegue se contentar com pouco quando se fala em manifestação cultural. Dos livros à dança, a cidade com diversidade que impressiona. Blocos tradicionais, escolas de samba, blocos de sujo, tribos de índio, bumba meu boi, tambor de crioula, cacuriá, dança do coco, o caroço, os clubes de reggae, e as atrações de todos os gêneros nos ‘quatro cantos da Ilha’ durante todos os dias. É uma cidade de culinária que agrada sem fazer muito esforço. É fácil gostar dos pratos típicos da terra. Mas pra chegar a tudo isso e muito mais, São Luís passou por uma série de eventos ao longo da história. Antônio Noberto é cearense e recentemente recebeu título de cidadão ludovicense dado pela Câmara de Vereadores. De fato, ele é uma pessoa que tem relações profundas com a cidade. Um trabalho de anos de pesquisa e apresentado todos os anos sobre a fundação e o desenvolvimento de São Luís revela situações como a boa relação entre os povos no começo da cidade, quando os franceses tomavam as ações comandados por Daniel de La Touche de La Ravardière. “Daniel de La Touche foi o fundador, mas algumas pessoas ainda falam que foi Jerônimo de Albuquerque. Os franceses chegaram primeiro e três anos depois os portugueses desembarcaram. A fortaleza construída pelos franceses era toda a área onde hoje é a Praça Pedro II e o fosso para evitar invasões, era onde hoje temos a Rua do Egito”, disse Noberto. Praça Dom Pedro II, local onde aconteceu a fundação de São Luís, em 1612. — Foto: Paulo Soares/O Estado A cidade foi fundada no dia 8 de setembro de 1612 e Daniel de La Touche foi governador da Ilha até 1615. O primeiro nome dado foi ‘Fort Saint Louis’ (Forte São Luís, em homenagem ao rei francês Luís IX da França, monarca da época). Mas os primeiros habitantes, os tupinambás, a chamavam de Upaon Açu, que significa 'Ilha Grande'. Para Noberto, os franceses desenvolveram um ambiente de harmonia entre todos os povos que estavam no Forte São Luís e depois em outras regiões mais afastadas, que hoje são outros municípos maranhenses. Segundo o turismólogo, as crianças francesas e indígenas estudavam no mesmo local. Alguns franceses começaram relacionamento com índias e a tranquilidade e o progresso marcou aquele momento. ""Após a cerimônia de posse trataram de promulgar o primeiro conjunto de leis das Américas, construíram quatro fortalezas na Ilha Grande, enviaram embaixadas de reconhecimento aos principais rios, como o Mearim e o Grajaú. O próprio La Touche foi ele mesmo reconhecer a região amazônica subindo o rio Tocantins passando pela terra dos caetés, atual Bragança-PA, além de Cametá e Pacajá, seguindo em direção a Marabá e Imperatriz, sendo a viagem interrompida pela ameaça portuguesa. Construíram em pedra o primeiro convento capuchinho do Brasil, o convento e igreja de São Francisco, atual Convento de Santo Antônio, mais precisamente a Capela dos Navegantes, local onde os indiozinhos e francesinhos aprendiam juntos a língua um do outro. O ponto alto da colônia foi a boa convivência entre católicos, protestantes e tupinambás, que não obstante os conflitos religiosos na Europa e algumas poucas alfinetadas recíprocas, eles conseguiram se entender por aqui. A colônia, enfim, era de paz”, diz o historiador. Centro Histórico de São Luís foi palco de grandes disputas entre portugueses e franceses. — Foto: Paulo Soares/O Estado Os franceses perderam a guerra e foram expulsos pelas tropas comandadas por Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura. Antônio Noberto faz um desabafo. Ele acredita que São Luís perdeu muito em ser colonizado por portugueses e não pelos franceses. Na opinião do pesquisador, o Maranhão a partir de sua capital, teria uma realidade melhor se fosse uma colônia francesa por conta da forma que os colonizadores adotavam a educação. Ele faz um paralelo com a Guiana Francesa. “A diferença entre o Maranhão, que um dia sediou uma Nova França, e a Guiana, que continua sendo uma França Equinocial, é muito grande. Atualmente, parte considerável dos trabalhadores brasileiros que pulam a cerca para tentar a vida no território francês é formada por maranhenses, que se aventuram em garimpos de ouro, ou como pedreiros, carpinteiros, motoristas, cozinheiras, babás ou em outras profissões. O salário mínimo por lá é de 1.500 euros, cerca de R$ 5.600,00. A principal diferença entre os dois, no entanto, está no modelo colonial implantado, pois enquanto os portugueses proibiam a educação, os franceses foram um pouco mais generosos com sua colônia. A primeira escola de segundo grau no Maranhão só chegou após a independência do Brasil, o Liceu, implantado em 1838, cujo primeiro diretor foi Francisco Sotero dos Reis, e o primeiro jornal só circulou em terras timbiras em 1823”, conclui Antônio Noberto, que também é turismólogo, escritor e membro-fundador da Academia de Letras de São Luís. São Luís completa 405 anos nesta sexta-feira, 8 de setembro. — Foto: Paulo Soares/O Estado A tradição dos portugueses deixou marcas que ficaram estampadas nos casarões coloniais construídos no Centro Histórico de São Luís. Os belos azulejos, as formas arquitetônicas dos casarões fizeram de São Luís uma cidade admirada pelo mundo inteiro. Reconhecimento de tanta beleza e importância foi destacado quando em 1977, o conjunto arquitetônico de São Luís foi coroado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, ciência e cultura. Vista dos casarões do Centro Histórico de São Luís. — Foto: Paulo Soares/O Estado" 0 " Ronnie Von cantará “O Carpinteiro” com o filho Léo neste domingo (25), às 19h, por seu canal no YouTube, em tributo à nova roupagem de um hit gravado por ele nos anos 1960. A canção repercutiu nos últimos dias como fundo de uma coreografia tosca de Orlandinho, o chamado Rei do Piseiro, reproduzida até por Ivete Sangalo e Wesley Safadão. SEM COREOGRAFIA “O Carpinteiro” é uma versão nacional gravada por Ronnie Von a partir do clássico folk “If I Were a Carpenter”, de 1967, em coleciona ótimas histórias relatadas pelo cantor à coluna. Antes de mais nada, ele avisa que a nova gravação não terá direito a dancinhas: ""Eu não sei dançar, eu tenho muita dificuldade. Acho que sou feito de concreto ou trilho de trem"", brinca. SUCESSO POR ACIDENTE ""Em 1967, os long play tinham que ter 12 faixas, nós estávamos com 11, faltava a 12ª. Então, apareceu essa história de fazer uma versão porque não tinha mais repertório, e eu tinha um disco do Bobby Darin, que eu ganhei de presente, e tinha essa música, 'If I Were a Carpenter'. Essa versão foi feita pelo Fred Jorge, um versioniosta famoso na época, ele fazia 15 versões por dia, era uma fábrica de salsicha"", lembra Ronnie. ""Ele fez essa música pra ser mais uma. Só que nesse Long Play tinha 'A Praça', e ninguém cantou 'O Carpinteiro' aqui no sudeste. Só que a gravadora lançou no norte e nordeste um compacto de 'O Carpinteiro', e a música lá virou um negócio. Tanto que agora, viralizou por lá e chegou aqui"". RISCO DE VIDA Ronnie se lembra de uma vez em que foi se apresentar no interior do Maranhão e um sujeito bêbado, na boca do palco, gritava: ""Cante 'O Carpinteiro'!"" ""Mas nós não sabíamos nem a letra porque quase não cantávamos. Ele começou a gritar que eu era uma fraude, que eu era um sósia, e puxou um revólver pra mim: 'Cante 'O Carpinteiro!'. Os seguranças conseguiram contornar a situação, mas foi um sufoco. A partir disso, toda vez que a gente ia fazer show no norte e nordeste, a primeira música que nós cantávamos era sempre 'O Carpinteiro'."" ESTREIA NA BERLINDA Cansado de ver bajulações de Viih Tube, a Vitória, distribuídas a rodo a todos os participantes da casa, o público do “BBB 21” comemorou sua ida ao paredão, na rodada dupla da semana promovida pelo reality show. É a primeira ida da influenciadora e atriz à berlinda ao longo da temporada, e pode ser já sua sentença de saída, como indicavam as enquetes sobre os votos até esta sexta-feira (23), na competição com Gil e Fiuk. “Demorou”, disse-lhe Juliette, ao tentar consolar a colega, que foi a mais votada pelos remanescentes da casa. A definição sai neste domingo (25), em decisão ao vivo FRASE Isabelle Drummond, atriz, ao canal de Thaís Ferçoza no YouTube MENINAS As cantoras Marília Mendonça, Maiara e Maraisa (foto), Simone e Simaria e Nayara Azevedo planejam formar uma versão feminina do Amigos —time composto por Leonardo, Chitãozinho e Xororó e Zezé Di Camargo e Luciano— para um show especialmente planejado para o Dia das Mães. O espetáculo pode ganhar a tela do GloboPlay. VENHA A pandemia não vai impedir a realização da tradicional festa pós-Oscar organizada por Elton John desde 1992. Mas já que agora o evento será virtual, ele abre as portas ao público para participar do link, com ingressos a US$ 19,99 (R$ 108). “Esse ano vamos levar a nossa festa do Oscar para a casa das pessoas pela primeira vez, em uma noite inesquecível, comigo, com o David, com o nosso querido amigo Neil Patrick Harris, a incrível Dua Lipa e outras surpresas”, promete. MAIS UM Kevin Spacey é alvo de novas acusações de abuso sexual, agora pela Media Rights Capital, produtora da série “House of Cards” que ele estrelou durante cinco de seis temporadas na Netflix. Segundo o site The Hollywood Reporter, a ação cita outros casos durante a produção e pede gorda indenização pelos prejuízos causados à série. Uma das assessoras do presidente da Argentina, Cecilia Nicolini afirma que apenas questões políticas podem explicar a reticência da Anvisa em aprovar o uso da Sputnik V no Brasil. Mais de 60% das doses aplicadas no país comandado por Alberto Fernández são do imunizante russo. “Não sei com certeza [quais são] as pressões, mas com certeza é uma questão política. Porque as evidências já estão aí, de resultado e também as experiências vacinando com a Sputnik”, diz em entrevista ao Painel por chamada de vídeo de Moscou. Cecilia é responsável na Argentina pelas relações internacionais para vacinas. Ela ressalta que se trata de uma questão brasileira e que por isso não vai se meter, destacando também que as agências reguladoras são independentes. Cecilia atribui as críticas a uma suposta falta de transparência sobre a Sputnik à diferença cultural, aos termos de confidencialidade e ao preconceito com a origem do imunizante. “A Argentina foi o primeiro país a registrar a vacina. Para o Brasil, pensei que seria mais fácil. Há novos estudos, a Argentina já vacinou mais de 6 milhões de pessoas. Rússia, México, Bolívia [estão aplicando]”, diz. Ela aponta que não há registros de casos adversos importantes em seu país e que os quadros graves de Covid-19 estão em queda. Os governadores do Nordeste têm pressionado pela liberação da importação da Sputnik V. Amapá, Ceará, Maranhão e Piauí acionaram o Supremo. A Anvisa tem dito que faltam informações que atestem segurança e eficácia.  Qual tem sido a importância da Sputnik na estratégia de imunização na Argentina? É uma ferramenta fundamental. Nesse contexto de escassez global, a oportunidade que a Argentina teve de contar com uma vacina que é muito boa, uma das melhores do mundo, que chegou ao país em dezembro, possibilitou que o nosso governo começasse o plano nacional de imunização bem cedo. Estamos avançando, temos que continuar, ainda falta, mas temos chegada quase semanal de vacinas Sputnik V, com impacto muito bom em termos de eficácia, sobre como está respondendo nas pessoas que são vacinadass mesmo com a primeira dose e depois com a segunda. Os casos graves de contágio estão caindo. Os resultados são muito bons. Quanto ela representa percentualmente na estratégia de imunização? Sem a Sputnik, como estaria a Argentina hoje? Muito mal. Temos quase 9 milhões de doses que chegaram ao país e quase 6 milhões são de Sputnik. Entre 60% e 70% da vacinação da Argentina tem sido feita com a Sputnik. Começamos muito cedo. A gente teve muita reticência da opinião pública, pois naquele momento, outubro e novembro do ano passado, a Sputnik estava registrada somente na Rússia. Os estudos de fase três estavam sendo feitos, com um bom número de pessoas, 12 mil. Estava avançando. Aqui no Brasil, a importação da Sputnik tem esbarrado na falta de documentação, segundo a agência de vigilância sanitária do Brasil, a Anvisa. Vocês tiveram o mesmo problema? Vim pessoalmente para a Rússia para conhecer diretamente, os resultados estavam avançando. Isso foi fundamental por duas coisas. A primeira é que o jeito que a Rússia trata vacinas é diferente. Não que seja melhor ou pior, é só diferente. É diferente como fazem o registro de medicamentos. Cada regulador tem suas regras. A primeira coisa foi conhecer em primeira mão. Falamos com cientistas do [instituto] Gamaleya, com o ministro de Saúde da Rússia, com muitas pessoas para saber se a Sputnik poderia ser uma opção para a Argentina. A ministra de Saúde da Argentina, Carla [Vizzotti], tem muita experiência com vacinas. Ela tem trabalhado com vacinação na Argentina nos últimos 15 anos. Os intercâmbios de informação foram muito bons e promissores, mas ainda faltavam os avanços da fase três, que vinham com bons resultados, e que a equipe da Anmat [agência reguladora da Argentina, equivalente à Anvisa] viesse para a Rússia para inspecionar as fábricas produtoras de vacinas. Voltamos aqui [Moscou] em dezembro com uma equipe da Anmat, fizemos novas entrevistas, pegamos a documentação sobre avanço da fase três, fizemos inspeções das plantas e tivemos acesso preliminar ao que depois foi publicado no Lancet. É um dado muito bom e aí a Sputnik pegou reconhecimento internacional, mas nós tivemos essa informação antes. Obviamente que a informação que a gente teve talvez não era 100% aquela que alguém precisa, mas para uso de emergência, como foi com a da Pfizer e da Astrazeneca, um contexto excepcional, a informação foi suficiente. A Anmat é uma reguladora com muita experiência, nível quatro, reconhecida por muitos países. A principal questão no processo, e talvez seja o caso da Anvisa, é que a opinião pública era muito difícil. A Argentina foi o primeiro país a registrar a vacina. Para o Brasil, pensei que seria mais fácil. Tem mais de 60 países no mundo. Tem novos estudos, a Argentina já vacinou mais de 6 milhões de pessoas. Rússia, México, Bolívia. É um pouco estranho que a Anvisa… Não sou agência reguladora, elas são independentes, Anmat e Anvisa, mas está bem claro que os resultados da Sputnik são ótimos. A sra. vê falta de transparência por parte dos russos em relação à Sputnik? Não chamaria de falta de transparência. Quando se negocia, quando há trocas de informação, há diferentes maneiras de fazer as coisas. Há uma questão cultural também e é importante viajar para cá, conversar, conhecer, até que comece a entender o interlocutor, como que ele faz as coisas. Não chamaria de falta de transparência. Diria que há termos de confidencialidade. São negociações difíceis. A sra. acredita que existe preconceito com a Sputnik devido à sua origem russa? Claro. Muito. A Sputnik é chamada de vacina russa. A Sinopharm é a vacina chinesa. Mas não tem vacina americana. É a da Pfizer. Astrazeneca não é inglesa. É Astrazeneca/Oxford. Há um componente bem claro. Experimentamos na Argentina um preconceito ideológico forte. Quando falamos da vacina russa a mídia mostra na TV em desenho ‘soviéticos’. Não entenderam que a Rússia é muito diferente de antes, é um país muito capitalista. A Rússia tem uma trajetória na área farmacêutica e da biotecnologia muito boa. A Gamaleya tem mais de cem anos. Tem prêmios Nobel. Acho que a gente tem que ter uma certeza e uma clareza para tentar ser menos preconceituosos e acreditar na ciência. Ir aos dados, analisar, falar com os cientistas. Falar com outros países. A Argentina começou a vacinação com a Sputnik antes que os resultados da fase três de estudos clínicos fosse concluída pela Rússia. Em geral, a autorização do uso emergencial foi dada a quase todas as vacinas sem concluir [a fase três]. Nenhuma vacina tem tempo de fazer tudo isso. Todos os resultados, Pfizer, Astra, Sputnik, são preliminares. Mas tem que ter um avanço, um certo número de pessoas inoculadas, para que isso possa ser validado. Tem muitos casos na história de medicamentos que foram aprovados assim. Mas não com a relevância que tem agora, uma questão mundial, com países ricos passando pelo problema. Foi uma estratégia arriscada? A sra. já acha possível dizer com segurança que foi uma escolha acertada? Foi uma escolha acertada, sem dúvida, mas não diria que foi arriscada. Foi arriscada no sentido que a opinião pública e o conhecimento internacional não estavam no mesmo patamar que o nosso. Fiz três viagens antes de a vacina chegar, levamos a equipe da Anmat à Rússia, havia muita troca de informação, muita informação ainda não publicada. Quando a gente aprovou, a Anmat, já tínhamos informação. A Anmat dizia que podia aprovar, que era segura e eficaz. Arriscada porque fomos os primeiros, mas com a certeza de que tínhamos informação e evidência científica de que era segura e eficaz. Como enxerga essa reticência do Brasil em adotar o uso da Sputnik? É uma questão do Brasil, que tem que decidir. Não sei com certeza [quais são] as pressões, mas com certeza é uma questão política. Porque as evidências já estão aí, de resultado e também as experiências vacinando com a Sputnik. Agora é mais uma decisão política. Mas as agências reguladoras são independentes. Isso é uma decisão, no caso de vocês, da Anvisa, e eu como argentina não vou me meter, mas se a gente puder ajudar, falar com a Anmat, compartilhar a nossa experiência, o que a gente fez, como tem impactado realmente, temos prazer em compartilhar e ajudar em tudo o que for possível. Para nós é importante que o Brasil tenha um bom plano de vacinação e também os países vizinhos. É uma pandemia global, a região está sendo muito golpeada. É quase a pior região do mundo. A recuperação econômica não vai acontecer se só a Argentina conseguir vacinar sua população. Temos que fazer um esforço regional para que os países da América Latina consigam a vacina. O esforço tem que ser regional, senão não tem propósito. A agência brasileira diz que não recebeu relatório técnico do Ministério da Saúde da Rússia que ateste qualidade, segurança e eficácia da Sputnik. Como um país que tem utilizado a vacina, como a Argentina tem visto os resultados na prática, por enquanto? Temos um relatório semanal da segurança da vacina desde dezembro que compartilhamos também com a Rússia. Quando tem algo a se destacar uma equipe da Rússia analisa e damos continuidade. Tem muita qualidade o processo. Não é somente validar e aprovar e levar, mas dar continuidade, até porque a Argentina é o país que mais está vacinando com a Sputnik. É um trabalho muito bom porque continua. Isso é a vantagem de a Sputnik ter um país como a Rússia por trás. Não é somente a vacina, mas um plano de vacinação. Houve eventos adversos? Que tipo de reações foram registradas? Alguma grave? Grave grave acho que nenhum. Tem os típicos, dor de cabeça, dor no local da vacina, um pouco de febre no dia da vacinação. É uma das vacinas que menos adversos tem até agora. Nada preocupante, como tem acontecido com outras vacinas. Há algum temor de que a vacina tenha eficácia abaixo do esperada? Como tem sido o controle de imunizados que se contaminaram depois de tomar a Sputnik —como foi o caso do próprio presidente Fernández? Não há temor. A vacina é uma ferramenta para combater a pandemia, mas não evita os contágios. Em alguns casos, sim, mas em geral o poder da vacina é diminuir os casos graves. O Fernández quase não teve sintomas. Passou a enfermidade trabalhando, isolado. E mesmo assim, porque foi seu aniversário [um dia antes de ele descobrir que estava com a doença], esteve com algumas pessoas da equipe e ninguém se contaminou. E essa é outra coisa da vacina. Pode ter contágio do vírus, mas é muito leve, perceptível só pelo [teste] PCR. Foi o caso dele. A outra questão é que mostra que funciona. Ele tem 62 anos, muito estresse, dorme pouco. Uma pessoa no lugar dele, sem a vacinação, teria passado por uma situação pior. É uma típica resposta boa da vacina. E o que a gente quer dela? Que não precise ir para hospital, não tenha sintomas graves, não precise de intubação. A Argentina vai começar a produzir a Sputnik localmente. Qual será o impacto disso? Qual é a perspectiva de quantidade de produção? Pensam em exportar a vacina? Fizemos um acordo para produzir a vacina, isso leva entre 12 e 18 meses. Colocar planta, conhecer o processo. Isso é para médio e longo prazo. O que fizemos foi começar pelo final. Então a partir da planta do [laboratório] Richmond, que já está em funcionamento, vamos começar a fazer a filtração e o envase da vacina. Nos próximos meses chegará o princípio ativo da vacina a granel e na Argentina será feita a fragmentação e o envase da vacina. A planta tem uma capacidade de produzir 5 milhões de doses por mês, esperamos começar entre junho e julho essa produção, até que possamos fazer a vacina do 'scratch', 'full cycle'. São dois ciclos em paralelo. A planta da Argentina, na máxima capacidade, poderia produzir até 500 milhões de doses por ano. Isso no longo prazo. A ideia é que a Argentina possa, em coordenação com a Rússia, fornecer para a América Latina. É uma estratégia importante que a região consiga vacinar as pessoas. Se o ano que vem a questão se repete e ainda temos que vacinar todo mundo, como os especialistas acham que vai acontecer, teremos disponibilidade para vacinar no continente inteiro. A Argentina tem conversado com os governadores brasileiros para auxiliar na aprovação da Sputnik na Anvisa no Brasil. Segundo o governador Wellington Dias (PT-PI), o governo argentino se dispôs a enviar documentos que auxiliariam na aprovação da vacina pela Anvisa. Que documentos são esses? O que eles podem mostrar? Esses processos tem muita confidencialidade. Deveria haver uma coordenação entre Anvisa, Rússia e Anmat. Falei com a representante da Anmat, e entre Anvisa e Anmat já tem uma relação de coordenação na qual muitas vezes compartilham documentação, informação. Poderia ser algo fácil. O discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula de Líderes sobre o Clima convocada pelo presidente americano, Joe Biden, nesta quinta-feira (22) provocou as esperadas reações polarizadas —seus apoiadores elogiaram a fala, e críticos do governo usaram adjetivos como ""vergonhoso"" e ""incoerente""—, mas houve também quem celebrasse a mudança de tom do governo. Bolsonaro prometeu duplicar os recursos para a fiscalização ambiental, procurou destacar o Brasil na ""vanguarda do enfrentamento do aquecimento global"" e fez um apelo por contribuições internacionais, na linha do que vem defendendo o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente). Para a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, no entanto, o Brasil ainda ""mira no retrovisor"" enquanto outros países apresentam metas ousadas. ""Foi vergonhoso o presidente passar quase metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta há dois anos destruir"", escreveu em suas redes sociais. O Observatório do Clima disse que o Brasil saiu da cúpula ""desacreditado"". ""Bolsonaro passou metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta destruir desde o dia da posse”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo da ONG, em nota. Na mesma linha, o apresentador de TV Luciano Huck criticou o discurso por estar deslocado da realidade. ""Me pareceu que vivemos em outra dimensão. Alice deve estar estranhando as novas companhias no seu País das Maravilhas"", afirmou em seu Twitter. Para o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, demitido por Bolsonaro há um ano, o pronunciamento ""seria ótimo para um início de mandato"". ""Infelizmente, hoje, está sendo recebido com total ceticismo. Para vexame do Brasil. Como acreditar em quem falava e fazia o exato oposto até ontem?"", questionou. O presidente brasileiro teve que esperar mais de uma hora e meia para fazer seu pronunciamento. Antes dele, numa lista elaborada pelos americanos, discursaram quase duas dezenas de líderes, entre os quais os governantes de China, Índia, Rússia, França e Argentina. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou a espera do brasileiro e descreveu o discurso de Bolsonaro como ""excessivamente genérico"" e ""incoerente com a realidade"". ""O presidente brasileiro ficou no fim da fila dos líderes a discursar. E o presidente dos Estados Unidos não ficou para ouvir. Ou seja, a esdrúxula diplomacia do Brasil como 'pária mundial' foi bem-sucedida."" Por outro lado, o deputado Aécio Neves, que preside a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, considera que a participação do presidente mostrou ""intenção de mudança"" em relação aos problemas ambientais. Mas ele ressaltou que ""essa nova postura precisa vir acompanhada de ações concretas"". ""Creio que o governo brasileiro entendeu a importância que tem a agenda ambiental para a atração de investimentos e a abertura de mercado para os nossos produtos"", disse, em nota. Para a senadora Katia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, a participação brasileira foi positiva, ""na linha equilibrada do atual comando do Itamaraty, sem exigências inoportunas de contrapartidas financeiras, que poderiam ser vistas como um 'toma-lá-dá-cá'"". O presidente da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021), Alok Sharma, afirmou em suas redes sociais que saúda ""o compromisso do Brasil com a neutralidade climática até 2050"" e que está ansioso para trabalhar com o país. Em seu discurso na cúpula, mais cedo nesta quinta, Sharma afirmou esperar que os países tenham ações mais efetivas contra o aquecimento global. Entre os apoiadores do presidente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) chamou o discurso de excelente. ""[Bolsonaro] reafirma o papel de liderança do Brasil na conservação de seu bioma e o compromisso em eliminar o desmatamento ilegal até 2030"", escreveu, referindo-se a um dos compromissos apresentados. Também em sinal de apoio a Bolsonaro, o ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral da Presidência) compartilhou em suas redes sociais uma foto do presidente na cúpula com parte de seu discurso escrito na imagem, mas sem fazer comentários. Tão perto, mas tão longe. Com o avanço da vacinação contra o coronavírus no Brasil —mais de 27 milhões já receberam a primeira dose do imunizante—, o fim da pandemia está cada vez mais próximo. Porém, é cedo para comemorar. O retorno ao ""antigo normal"" ainda está distante da realidade no nosso país, que já acumula 378.530 mortes por Covid-19 e mais de 14 milhões de casos da doença. No entanto, o brasileiro ainda tem o direito de sonhar. Pensando nisso, perguntamos aos leitores da Folha qual o primeiro lugar que eles pretendem visitar quando as máscaras e o álcool em gel se tornarem coisa do passado —assim como é, atualmente, o beijo na boca. Como não poderia deixar de ser, as respostas, enviadas por pessoas de diversas idades, profissões e origens, foram carregadas de saudade. Do espetáculo sensorial que só uma sessão de cinema pode proporcionar, do aconchego do abraço de quem amamos, da estrada ao som de Jorge Ben Jor e até da beleza e da tranquilidade de uma visita ao cemitério. Confira abaixo uma seleção dos melhores depoimentos recebidos. Assim que acabar a pandemia quero visitar o Museu do Eclipse que está localizado no ponto de onde foi observado o eclipse de 1919, em Sobral, no Ceará. Sua arquitetura arrojada, com ambientes no subsolo climatizados, não recomendam visitas em tempo de pandemia. Quero ver as fotos originais do eclipse, a luneta, a edição do The New York Times e todos os registros que comprovaram cientificamente a teoria da relatividade há mais de 100 anos. Quero ter a certeza de que a Terra não é plana, enfim. José Osmar Azevedo Carneiro, 68, engenheiro, Recife (PE)  O primeiro lugar que eu irei visitar e voltar a frequentar é o cinema. Saudades do cheiro de pipoca, do barulho do projetor e do espetáculo sensorial que somente a tela branca do cinema proporciona. Lucas Alegre Castro Siqueira, 27, estudante, Campo Grande (MS)  Depois que a pandemia acabar, ou diminuir bastante, eu gostaria de visitar o cemitério que fica aqui perto de casa. Eu costumava ir sempre lá porque é um lugar tranquilo e muito bonito. Com a pandemia, a prefeitura proibiu as pessoas de ficarem circulando por lá. Dizem que é pra evitar o contágio da Covid e evitar que mais gente acabe indo morar lá no cemitério. Carlos Alberto Pinheiro, 61, corretor de imóveis, São José dos Campos (SP) Em 2013 comecei a fotografar as ruas de São Paulo com um grupo de amigos. Andávamos em grupo de 30 pessoas, e quase sempre terminávamos o passeio em um bar ou café. Aos domingos, almoço no Mineiro, na rua Antônio Carlos –recomendo os petiscos. Meu desejo após a pandemia melhorar é poder rever meus amigos em uma mesa de bar na região da avenida Paulista e poder simplesmente rir, paquerar e colocar o papo em dia, sem medo de não usar máscaras ou álcool em gel ao dividirmos a mesma porção de batatas fritas. Infelizmente, o Scada Café, que ficava no cinema do Conjunto Nacional, não sobreviveu. Boas lembranças, boas conversas e gargalhadas. Uma vez fomos repreendidos por atrapalhar uma sessão na sala ao lado. E neste mesmo local assisti ao filme “Bacurau” durante meu primeiro encontro e primeiro beijo. Agora é só memória. Calebe Henrique B. de Souza, 23, estudante de jornalismo, Mogi das Cruzes (SP)  Quando a pandemia passar, vou colocar o carro na estrada rumo a Britânia, localizada a 325 km de Goiânia, para visitar dona Eva, avó do meu marido. Não vamos à cidade desde fevereiro de 2020. A ideia é fazer o percurso por Goiás Velho, ouvindo Jorge Ben Jor, e parando naquelas lanchonetes típicas de beira de estrada. Tomar um café em copo americano, acompanhado de enroladinho de queijo, daqueles bem massudos, pão de queijo e peta. Sem nenhuma pressa. No caminho, visitar a cidade de Cora Coralina (Goiás Velho), quem sabe para o almoço (arroz com pequi). Comprar frutas cristalizadas e limão recheado com doce de leite. Quando chegar a Britânia, depois de uma passagem rápida à sua vizinha Aruanã, só para observar o rio Araguaia, colocar uma cadeira na calçada pra bater papo com dona Eva e observar os transeuntes. À tardezinha, caminhar na beira do lago dos Tigres e ficar esperando o boto aparecer na superfície das águas. Para fechar o dia, um pastel frito na feirinha, localizada na lateral da igreja da praça central, próxima ao Cristo. Denize Daudt Bandeira, 54, professora universitária, Goiânia (GO)  Quero cantar junto com meus amigos em qualquer bar no Beco do Cotovelo, em Sobral (CE), aquela do Aldir Blanc: “Amigo é pra essas coisas”; sem máscaras. Tanto as da Covid como as que teimamos, hipocritamente, em usar na alma. Osmar Carneiro, engenheiro, Recife (PE)  A primeira coisa que farei, após a situação se normalizar, já vacinado, é entrar em uma aeronave, afivelar o cinto, atravessar o Atlântico e descer bem longe. Vinha em uma maratona de viagens pelo mundo. Em dez anos, pisei, com minhas muletas, em 143 países. De 2020 para cá estou em casa, vendo o mundo pela TV, Internet e livros. Hoje sou o brasileiro mais viajado do mundo com mobilidade reduzida. A meta é ser o homem mais viajado do mundo. Só quem viaja pelo mundo, agora, é o coronavírus, sem pagar passagem, sem passaporte. Saúde, sucesso, sorte e boas viagens para todos nós. Luiz Thadeu Nunes e Silva, 62, engenheiro agrônomo, São Luís (MA)  Como dizia Mário Quintana: “A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”. Realmente, desde que a pandemia começou o que mais sinto é a saudade de lugares e pessoas. Quando essa pandemia acabar eu não vou mais precisar relembrar e parar no tempo. Sendo assim, o primeiro lugar que vou visitar será a casa da minha avó com toda família reunida. Primeiramente, eu confesso que não seria necessariamente pelo lugar, mas sim pelas pessoas daquele ambiente. Afinal, eu me reuniria com avós, tios, tias, primos, namorado… toda a família! Passaria horas conversando sem nenhum receio, sem falar que poderia aproveitar para comer aquele churrasco de domingo com o arroz branco da minha avó. Eu finalmente poderia abraçar as pessoas que eu amo, principalmente, os meus avós, o que não faço mais há mais de um ano. Iria surtar de tanta alegria! Relembrando a frase de Anne Frank, a adolescente vítima do holocausto: “Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar”. É exatamente isso que eu acredito, tem sentimentos que só o toque humano pode transmitir! Ana Carolina Arenso Barbosa, 17, estudante, Maringá (PR)  Há uma ano, em 15 de abril de 2020, enquanto eu, assustado pelo vírus, me escondia em um sítio no interior, recebi uma mensagem que me havia sido enviada no dia anterior. Era estranho receber qualquer notícia do mundo pelo 4G no sítio, mas o fato é que vi na tela do meu celular um borrão colorido --como são as imagens não carregadas no Whatsapp-- com um pequeno texto: ""Gui te Felicito, yá nacio Camilo todo bien un gran cariño"". Meu filho havia nascido e sua avó me informava que estavam todos bem. Corri emocionado até onde conseguiria o mínimo sinal e lá fiquei por vários minutos baixando a foto dele, a primeira de muitas outras que recebi ao longo do último ano. Ainda não pude ver meu filho ao vivo, semana passada foi seu aniversário de 1 ano, tudo que tenho é uma coleção de printscreen salvos na minha galeria e tudo que posso oferecer é a presença virtual. Um dia o governo brasileiro fará o que precisa ser feito, um dia as vacinas chegarão em mim e eu poderei ir para a Argentina, estar junto do meu filho, meu primeiro destino pós pandemia. Guilherme R. S. Maia, 38, ator, São Paulo (SP)  Andar na rua dos Pinheiros, visitar suas lojinhas e ir na rua Fradique Coutinho no Tan Tan comer um delicioso lámen. Voltar na rua dos Pinheiros e tomar um café delicioso no Coffee, depois um cinema no Cine Sabesp na Fradique. Depois tomar um belo chopp no Genial da rua Girassol e matar as saudades dos garçons queridos. Enfim curtir novamente o bairro de Pinheiros e Vila Madalena, de muitas lembranças queridas. Regina Maria Baratho, 60, estatística, São Paulo (SP)  O primeiro lugar que gostaria de ir é no Santuário de Aparecida. E também voltar à hidroginástica. Para quem não teve onde ir e nem com quem ficar está muito bom! Está ótimo! Qualquer oportunidade a mais saio correndo pra fazer as malas. Em tempo: 1. Já tomei duas doses de vacina, mas não tenho confiança de estar imunizada. 2. Reduzir a quantidade de depressivos será desejado. 3. Ir lanchar na Padaria Roma com as amigas e tomar cerveja após assistir à missa na Paróquia Paróquia São Pedro Apóstolo será adorável. Tanta coisa… Mas o básico será surpreendente! Izabel Tostes Giannini, 72, Belo Horizonte (MG)  Mesmo com a facilidade de comunicação, o distanciamento físico de avós, pais, filhos e netos deixa um vazio, gera ansiedade e aos pouco afeta o nosso sono. E é nos momentos de insônia que eu viajo do litoral ao sertão. Trata-se de um trajeto de 500 Km, que liga o Recife à pequena Carnaubeira da Penha. Foi lá que eu nasci e onde vivem os meus pais. Impossibilitado de visitá-los, faço uma viagem imaginária, motivado pela saudade de envolvê-los num longo e caloroso abraço, como sempre acontecia nos nossos encontros quando tínhamos a liberdade de visitá-los. Além da falta desse aconchego familiar que me inquieta, vem na mente lembranças do cenário maravilhoso que é uma noite de céu estrelado, ou o clarão de uma noite de lua cheia no sertão. Fico roteirizando mentalmente como se fosse filmar, os caminhos estreitos, a casa de taipa, o fogão de lenha feito com três pedras que chamávamos de trem. Visito através das lembranças esses lugares e tenho esperança de que a pandemia passe logo para que eu e minha companheira botemos o pé na estrada para realizar o que é hoje para mim um sonho. Artur Gomes dos Santos, 66, Recife (PE)  O primeiro lugar que eu gostaria de visitar após o fim da pandemia, sem dúvidas, é a Disney. Após estar em isolamento por mais de um ano, percebi que a vida é curta demais para só ficarmos preocupados com o futuro e não vivermos, de fato, os momentos preciosos dela. Em primeiro lugar, considero que a Disney é um lugar mágico, onde todos os nossos sonhos podem se tornar realidade, onde podemos deixar todos os problemas de lado e viver um dia intenso como se não houvesse o amanhã, por isso quero ir para lá. Durante toda a pandemia fiquei completamente isolada e poucos foram os dias em que esqueci dos meus problemas da escola e de minhas preocupações com o futuro. Portanto, no momento em que esse período pandêmico acabar, quero ter a oportunidade de fazer isso e deixar tudo para trás para realmente descontrair. Andar nas montanhas russas, se aventurar nos brinquedos temáticos e ainda conhecer alguns personagens emblemáticos da Disney tirará esse sentimento de preocupação e estresse que permanece em mim durante a pandemia. Como já dizia Walt Disney: “Se você pode sonhar, você pode fazer”. É isso o que farei, sonharei com um futuro pós-pandêmico de muita alegria. Luisa Rolli, 18, estudante, Maringá (PR)  O primeiro lugar que quero visitar assim que estiver imunizada é a Tirolesa do Gigante, na cidade de Pardinho (SP). Adoro tirolesas, conheço várias e vinha planejando visitar essa no início do ano passado, quando veio a pandemia. Em breve, vou lá me pendurar na corda e voar. Lúcia Helena de Camargo, 54, microempreendedora, São Paulo (SP)  Com tantos planos postergados pela pandemia, passo a maior parte de meus dias em um quarto no interior de Minas Gerais. Experimento o ensino a distância guiada por gratidão combinada à impaciência. Assim, há mais de um ano, encontro motivação quando a porta está fechada. Isso acontece porque é nela que tenho pôsteres colados de meus destinos dos sonhos. Amazonas, Florença, Marrocos, Maranhão, Jalapão, etc. Contudo, ressurge em minha consciência, atual e mais frequentemente, cartões postais cariocas. Imagino o momento em que poderei pisar nas águas de Copacabana cantarolando melodias da Bossa Nova. O instante em que chegarei no Arpoador e sentir-me-ei apaixonada pelo meu país e suas belezas na mesma intensidade de Policarpo Quaresma. Idealizo a minha passagem pelas portas da Biblioteca Nacional ou o segundo em que fecharei os olhos e imagens de “O Cortiço” encherão meus sentidos. E acima de tudo, quando abrirei os olhos e julgarei a abrangência de cada argumento sobre desigualdade social utilizado em minhas redações do Ensino Médio. Finalmente, sentarei-me ao lado de Clarice Lispector e afirmarei não ter medo só de acabar, mas também de ficar presa em um looping de notícias dos últimos 13 meses. Ana Clara Silvério Souza, 16, estudante, Patos de Minas (MG)  O aconchego do abraço de meu neto de 8 anos. São 13 meses que não faço cafuné, não damos beijinhos, não nos apertamos, não brincamos de festa do pijama, não jogamos buraco --em que ele sempre vence--, não leio seus livrinhos, não montamos lego, não brincamos de pique-esconde, não balançamos na rede, não dormimos na barraca feito escoteiros (minhas costas agradecem essa), não jogamos Seekers Notes e Club Penguim. Lenira Vicari, 64, aposentada, Campo Grande (MS)  Uma biblioteca! Entrar lá, colocar o celular na função não perturbe e poder passar uma tarde toda sentindo a vida passar enquanto se passa pelas páginas de um novo mundo. Angelica Leite, 33, advogada, São Paulo (SP) A televisão brasileira entrou numa nova era nesta semana com a decisão do canal Viva de incluir uma advertência aos espectadores ao final de cada capítulo das novelas que exibe: “Esta obra reproduz comportamentos e costumes da época em que foi realizada”. Chamada pelo Viva de “cartela de contexto de época”, a mensagem será exibida também ao final de todos os demais programas exibidos pelo canal. No ar desde maio de 2010, exibindo reprises de programas da Globo, o Viva frequentemente ocupa o primeiro lugar no ranking dos canais mais vistos na TV por assinatura no Brasil. Por que só agora, depois de quase 11 anos no ar, a empresa tomou essa iniciativa? Ainda não está claro. Numa nota enviada à imprensa na terça-feira (20), o Viva observou que os programas que exibe são “um retrato da sociedade que evolui —e de uma Globo que evolui junto com ela”. A motivação explícita para a inclusão da cartela foi a estreia de “Da Cor do Pecado”, uma novela de João Emanuel Carneiro, exibida originalmente em 2004. O título reproduz um chavão antigo, de cunho racista, que associa mulheres negras a sensualidade e sexo. O incômodo com o clichê racista do título foi apontado na época, mas a Globo fingiu não ouvir. Aqui mesmo na Folha, o jornalista Vinicius Torres Freire registrou, inconformado: “Por que ainda em 2004 alguém recorreria sem mais a chavões como ‘cor do pecado’?”. “Talvez a tolerância com a estupidez, a convivência naturalizada com miríades de preconceitos ou a indiferença estupidificada das pessoas que vivem diante da televisão permitam que o preconceito e outras grossuras do espírito circulem à vontade, sem que ninguém note”, escreveu. Trata-se da primeira novela da Globo a ter uma protagonista negra (Taís Araujo) e apresenta como tema principal um romance inter-racial, entre a personagem dela e o de Reynaldo Gianecchini. A atriz vive Preta, uma moça negra e pobre criada no Maranhão, e ele é Paco, um jovem branco, rico, criado no Rio de Janeiro. Curiosamente, Carneiro deu entrevistas na época dizendo que não tinha a intenção de discutir racismo na novela: “Não estou fazendo uma coisa sociológica. Estou contando a história de dois personagens. A história de amor entre Paco e Preta. Não é o meu objetivo criar polêmica”. Acho positiva a inclusão da “cartela de contexto de época”, mas que ela não sirva apenas para a Globo “lavar as mãos” e dizer que “as coisas eram assim” no passado. É importante olhar para trás com disposição de encarar os erros e falar deles no presente. A Globo enxerga o enorme valor do seu acervo, em particular das novelas antigas. Além da exibição contínua no Viva, acelerou o processo de oferta de títulos no Globoplay, o seu serviço de streaming. Seria importante que a empresa, além de exibir a cartela, tratasse do assunto abertamente com os espectadores. Explicar por que está fazendo essa advertência, quais são os problemas de cada novela e por que não aceitamos eles hoje. Isso sim seria o retrato de uma sociedade que evolui. Essa tem sido a atitude de alguns produtores em outros países. Em junho do ano passado, por exemplo, na esteira dos protestos contra a violência policial e racial nos Estados Unidos, a plataforma de streaming HBO Max chegou a retirar do catálogo o filme “... E O Vento Levou”, de 1939. Dias depois, o canal recolocou o filme no ar, mas antecedido de uma breve aula sobre o seu contexto histórico. Apagão em Macapá, enchente no Acre, rompimento de barragem no Maranhão, falta de saneamento em favelas paulistanas. Os problemas que demandaram água potável emergencial no Brasil no último ano testaram o potencial de iniciativas que atuam pela universalização do acesso. “Água é o que as pessoas pedem primeiro”, diz Felipe Gregório, fundador da Florescer Brasil. A empresa social cria soluções baratas, criativas e personalizadas de abastecimento, que iniciam com o diagnóstico da região. “Macapá é peculiar porque a tubulação fica submersa abaixo das palafitas”, explica o arquiteto. O esgoto das casas também passa pela tubulação, que tem água carregada de metais pesados. O projeto desenvolvido pela Florescer deve substituir o encanamento, perfurar poços e levar água potável até as casas. “É muito difícil uma solução única que resolva todos os problemas desde a torneira ao acesso básico”, diz Felipe. Na região do Grajaú, zona Sul de São Paulo, a saída foi espalhar lavatórios públicos feitos a partir de tambores de óleo. Com apoio da Sabesp e de empresas doadoras, a Florescer instalou 436 pias comunitárias que permitem a lavagem das mãos e ajudam a reduzir a transmissão do coronavírus. A iniciativa impactou 650 mil pessoas durante a pandemia e foi um dos destaques no Prêmio Empreendedor do Ano em Resposta à Covid-19. Como a visita para o diagnóstico das dores da população depende de recursos e do tempo e organização de uma equipe de sete pessoas –e as emergências não param– a empresa social desenvolveu um aplicativo para facilitar o trabalho. “Os moradores respondem a um questionário no app e conseguimos filtrar as necessidades”, diz Felipe. Para garantir a sustentabilidade da empresa, em que parte das ações é destinada ao impacto socioambiental, a equipe capitaneada por Felipe, que tem a esposa Marina Breves como sócia, desenvolveu totens que serão instalados em parques urbanos. O projeto teve aval da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo de São Paulo. Com espaço para exposição de mídia, os totens de material reciclável oferecem água potável gratuitamente. “A cada dez unidades instaladas, uma será em comunidades.” O arquiteto conta que empresas vêm montando departamento para destinar recursos para causas como a sua. O reconhecimento no Empreendedor Social trouxe novos parceiros e apoiadores. “O novo normal sem mudar não adianta nada”, diz. No país em que quase metade da população não tem esgoto tratado, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o campo de atuação de iniciativas como a Florescer é vasto. Agora, à agenda lotada de chamados de Felipe, soma-se um mais que especial: “Minha esposa está grávida."" A Florescer vai à votação popular na categoria Mitigação da Covid-19, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor. Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem Passo 2 Clique no botão ""Quero votar"" e aguarde a confirmação Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em ""Doar agora"" Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em ""Enviar"" O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação. Os vencedores, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados ao longo de 2021. As doações obtidas na Escolha do Leitor serão destinadas aos projetos da Florescer. O governo Jair Bolsonaro (sem partido) deixou de contabilizar milhares de estudantes na divisão dos recursos do Fundeb deste ano, o que reduziu repasses para municípios. Desde que foi publicada a portaria interministerial nº 1, de 31 de março, secretarias de Educação têm estranhado os cálculos: eles não batem com o que consta no Censo Escolar. Ficaram de fora, na hora de dividir o bolo, alunos de ensino fundamental em tempo integral, cujas matrículas ainda têm maior peso nas ponderações para a divisão. O caso é tratado como erro por integrantes do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), vinculado ao Ministério da Educação. A Folha tem mostrado uma série de falhas do órgão ligado à pasta comandada pelo ministro Milton Ribeiro. Secretários de Educação e entidades que representam prefeituras têm questionado o governo. Até agora não receberam respostas. A CNM (Confederação Nacional de Municípios) calcula que 695.090 matrículas de tempo integral deixaram de ser computadas nos cálculos do governo Bolsonaro. O Fundeb é o principal mecanismo de financiamento da educação básica. O fundo reúne uma cesta de impostos, acrescido de complementação da União, e é dividido com base no número e tipo de matrículas. A portaria de março foi assinada por Ribeiro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O ato faz parte da previsão legal para a operacionalização dos recursos, a cargo do FNDE, e impacta recursos já transferidos a partir deste mês. Segundo relatos feitos à Folha, as lideranças do FNDE ainda não sabem o que ocorreu de errado e o que devem fazer. Questionado, FNDE e MEC não responderam. A falha resultou, segundo estudo da CNM, em 1.282 municípios com previsão de recursos abaixo do que lhes são devidos pelo Fundeb. A entidade, que representa as prefeituras do país, não calculou os valores. A diferença pode chegar a R$ 785 milhões, segundo estimativa feita pela reportagem com base em dados do Ceará. Foram as prefeituras cearenses as primeiras a identificarem o erro. Segundo a CNM, mais de 190 mil alunos cearenses de tempo integral foram ignorados. Isso impacta 114 municípios do estado. A secretária de Educação de Crateús (CE), Luiza Teixeira, encaminhou ao FNDE no dia 5 de abril um ofício expondo a situação e exigindo “imediata atenção e a pronta correção desse lapso”. Teixeira é presidente no estado da Undime (que reúne dirigentes municipais de Educação). Nas contas da Undime-CE, a subestimação do Fundeb a municípios cearenses chega a R$ 215,4 milhões. A projeção da entidade relacionada às matrículas ignoradas coincide com os cálculos da CNM. ""A gente percebeu que foram desconsideradas matrículas que estavam em um anexo da portaria"", disse a secretária à Folha. ""Municípios como o meu perdem cerca de R$ 4 milhões no ano, quase uma folha bruta de salário. Fica bem difícil porque a gente sabe da situação financeira do país para financiar a educação."" Teixeira diz ter certeza de que se trata de um erro. Segundo ela, o município de Crateús já recebeu, por exemplo, outros recursos federais, como de alimentação escolar, com base nos dados corretos do Censo Escolar de 2020 (que constam em portaria de novembro passado). No caso do Fundeb, a base de matrículas adotada foi diferente. O Maranhão é o segundo estado com maior impacto, segundo a CNM: 115 mil matrículas teriam sido desconsideradas. ""Fazer educação integral no Maranhão não é fácil, e agiram contrário ao Censo Escolar"", diz Marcony Pinheiro, da Undime Maranhão e secretário de Educação da cidade de Poção das Pedras. Pinheiro afirma que também questionou o governo. A CNM recebeu reivindicações de prefeituras e associações municipais e estaduais. A consultora de educação da CNM, Mariza Abreu, diz que a entidade já acionou o governo e espera respostas. ""Está difícil entender por que esses equívocos estão acontecendo. Esse processo de filtrar as matrículas do Censo aconteceu nos últimos 14 anos [desde a criação do Fundeb] e nunca tinha se verificado essa variação tão significativa”, diz. “E tem outro problema: se alguém recebe a menos, alguém recebe a mais.” Essa portaria atinge todos os estados e municípios do país, diferente da falha na distribuição do Fundeb ocorrida em janeiro. Revelado pela Folha, o erro atingia apenas a primeira parcela da complementação da União. Na ocasião, de R$ 1,18 bilhão previsto, R$ 766 milhões foram repassados equivocadamente. Três estados e respectivos municípios receberam dinheiro a mais e seis, a menos. Em 2019, outro erro da ordem de R$ 1 bilhão havia ocorrido com outras transferências constitucionais. O FNDE ainda deixou fora do ar neste ano o sistema para cadastro dos conselhos de acompanhamento do Fundeb. A ausência desse procedimento pode causar prejuízos a prefeituras e governos. O órgão colocou no ar o sistema no dia 9, mas prefeituras ainda encontram dificuldade para o cadastro. O FNDE é controlado por indicações do centrão. Todas essas falhas ocorrem na mesma área: trata-se da Coordenação-Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição de Arrecadação do Salário-Educação. Ela é ligada à Diretoria de Gestão de Fundos e Benefícios do FNDE. A Coordenação que trata do Fundeb e do salário-educação está sem titular desde novembro passado. O posto é gerido por um coordenador substituto. O novo formato do fundo amplia os recursos federais e entrou em vigor neste ano —o fundo opera um montante de R$ 179 bilhões no ano. Com as novas regras, os processos de transferência ficarão mais complexos. A mesma portaria interministerial tem causado estranhamento porque a previsão de parcelas do Fundeb ao longo do ano vai diminuindo a partir do segundo semestre –o que nunca ocorreu. Segundo o Ministério da Economia, “o cronograma proposto tem como objetivo minimizar os impactos da atualização das estimativas, diminuindo o risco de reduções significativas” da complementação da União por Unidade Federativa. “O cronograma proposto deve amenizar as dificuldades na gestão fiscal e orçamentária dos entes da federação que recebem os recursos da complementação”, diz nota. A pasta ressalta que as estimativas serão atualizadas a cada quatro meses. Com a iminência da instalação da CPI da Covid, senadores governistas se preparam para mirar as investigações na destinação dada a recursos federais repassados a estados e municípios e, de imediato, fazem campanha virtual contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) para tentar barrá-lo na relatoria da comissão. Já os críticos do governo, que são maioria na CPI (7 dos 11 integrantes são independentes ou oposição declarada), trabalham para que os primeiros requerimentos sejam para convocar três ex-ministros e buscar por material do MPF (Ministério Público Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a atuação do governo no combate à pandemia, como mostrou a Folha no domingo (18). De imediato, governistas, mesmo os que não são senadores, lançaram nas redes sociais a campanha #RenanSuspeito, sob o argumento de que o senador não pode ser relator, já que um dos focos da CPI são os estados —seu filho, Renan Filho (MDB), é governador de Alagoas. ""Se a CPI vai investigar os repasses da União a estados, tem sentido o possível relator ser PAI de um dos governadores?"", escreveu em uma rede social a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), integrante da tropa de choque de Bolsonaro no Legislativo. ""Ele tem um filho que é governador. Tem conflito de interesse"", argumentou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Renan nega suspeição e rebate as críticas. ""A história não alegará minha suspeição jamais porque agirei coletivamente, não agirei monocraticamente. Designarei sub-relatores para os variados temas, inclusive este [eventuais apurações sobre Alagoas]. Quantas campanhas já sofri em rede social. Estão fazendo campanha contra a pessoa errada"", afirmou. Girão se declara independente, mas atua com outros três senadores na defesa de Bolsonaro na CPI. Apesar de integrar um grupo minoritário no colegiado, ele diz estar trabalhando para viabilizar sua candidatura à presidência da CPI, enfrentando o senador Omar Aziz (PSD-AM), que tende a ficar com o posto, pelo acordo com a maioria (que inclui Renan). Na tarde de domingo (18), Girão disse que estava no Senado e que havia conversado por telefone com seis de seus colegas em busca de apoio à sua candidatura. O senador disse que a ideia é focar em 20 estados em que ocorreram operações da Polícia Federal. No requerimento de criação de CPI com foco ampliado que ele apresentou ao Senado para fazer frente ao pedido original, com foco exclusivo no governo federal, Girão lista investigações envolvendo 17 estados —São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Pará, Roraima, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Amapá, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia e Acre. ""Ninguém tira leite de pedra porque leite é de vaca. Acharam que iam cassar o presidente Bolsonaro na CPI das Fake News e quebraram a cara, porque a vida é o que é, não o que eles querem que seja"", disse o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). Ele não é membro da CPI da Covid. Como a Folha mostrou no domingo, a ideia dos parlamentares críticos ao governo é mapear logo no começo as ações do Executivo na aquisição de remédios para tratamento precoce, como a hidroxicloroquina, para verificar quanto de dinheiro público foi usado na compra de medicamentos sem eficácia comprovada. As prioridades deles nas sessões iniciais da comissão devem ser as convocações do general Eduardo Pazuello, que era responsável pelo Ministério da Saúde, Ernesto Araújo, que chefiava a pasta das Relações Exteriores, e Fernando Azevedo, que comandou a Defesa. Senadores também discutem a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A compra de vacinas também está na mira desse começo de trabalho da comissão. Outro objetivo de membros da oposição e dos independentes nas primeiras semanas é tentar comprovar que o Planalto agiu de maneira deliberada em busca da denominada “imunidade de rebanho”, na contramão da orientação de especialistas na área. ""Já estão fazendo pré-julgamento, já está pronto o relatório, então? As convocações, tudo? Isso é bobagem. Primeiro temos que sentar, os 11, para conversar, para ver como vai acontecer, o plano de trabalho e tal. Não dá para fazer em cima da coxa, assim. Não foi nem montada a comissão"", disse o senador Jorginho Mello (PL-SC), que integra a comissão. Renan classificou uma eventual disputa entre Girão e Aziz como ""a disputa da vacina com a cloroquina"". ""Esta gente do governo continua errando, criando dificuldades para a minha indicação nas redes sociais, com ameaças de que vai baixar o terror com operação da PF. Nada disso me intimida nem à CPI, que será isenta, independente e buscará a verdade para dar às vítimas da pandemia"", disse o senador à Folha. O senador disse que não irá perder tempo ""com briguinhas políticas, disse-me-disse, com campanhas [difamatórias]"". O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalar a CPI da Covid em 8 de abril. Seis dias depois, o plenário do STF confirmou a decisão do ministro. A decisão representa uma derrota para o presidente Bolsonaro, que trabalhou para evitar a instalação da comissão, e reforçou a pressão sobre o Senado. Após a ordem judicial de Barroso, Bolsonaro mobilizou sua base aliada e conseguiu ampliar o objeto da CPI para que também apure os repasses do governo federal a estados e municípios, o que dilui a pressão de uma investigação focada apenas no Palácio do Planalto. O requerimento de criação da CPI foi lido na terça-feira (13) por Rodrigo Pacheco. A decisão do plenário do Supremo foi recebida pelos senadores como uma pressão contra eventuais medidas que busquem retardar a comissão. A crise política desencadeada com a decisão de Barroso foi ampliada após o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) divulgar um diálogo que teve com Bolsonaro por telefone em que o tema era o assunto entre os dois. Na ligação, o presidente pressiona o senador para ampliar o objeto da CPI e pede para o parlamentar também pedir ao Supremo que seja determinada a abertura de impeachment contra ministro da corte no Senado. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) O pagamento de 2021 dos precatórios da União, que são compostos em sua maioria por dívidas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), poderá sair depois do previsto pelo segundo ano seguido. Por lei, o governo tem até dezembro para quitar os atrasados anuais, mas, em geral, as liberações têm sido feitas no primeiro semestre, entre março e maio. O motivo da indefinição sobre o pagamento da grana é que, até agora, não houve sanção presidencial ao Orçamento de 2021. Embora a peça orçamentária tenha sido aprovada na Câmara e no Senado, manobra dos parlamentares do centrão faz com que, segundo especialistas, seja difícil colocar o Orçamento aprovado em prática. ""Em situações normais, os sites dos TRFs [Tribunais Regionais Federais] já sinalizariam, em abril, a liberação para o próximo mês, maio, mas agora os portais informam que não há previsão de data para liberação dos precatórios de 2021, inclusive dos prioritários"", afirma o advogado Rômulo Saraiva. Em 2020, o prazo para pagar os precatórios também foi prolongado além do habitual, e as liberações ocorreram em julho. O motivo foi a reorganização das despesas para enfrentar a pandemia com o Orçamento de Guerra, que permitiu, entre outros gastos, a primeira rodada do auxílio emergencial. Precatório RPV TRF da 1ª Região (www.trf1.jus.br) TRF da 2ª Região (www.trf2.jus.br) TRF da 3ª Região (www.trf3.jus.br) TRF da 4ª Região (www.trf4.jus.br) TRF da 5ª Região (www.trf5.jus.br) Faça a consulta Veja o exemplo do passo a passo de como fazer a consulta no site do TRF-3: Como saber se já foi pago? Fontes: Conselho da Justiça Federal, TRF-3, Tesouro Nacional e reportagem O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lança no dia 20 de abril o aplicativo Escritório Social Virtual, que reunirá em um só lugar serviços úteis para egressos do sistema prisional —como moradia temporária, alimentação e cursos profissionalizantes. De acordo com dados mais recentes do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), o país tem cerca de 225 mil alvarás de soltura por semestre. O funcionamento do aplicativo está previsto inicialmente nos estados do Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais e Piauí. No segundo semestre, será disponibilizado para Bahia, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rondônia. Seu lançamento será feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, Luiz Fux, em cerimônia na terça-feira (20), às 18h. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O presidente do Conselho da Amazônia, vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta sexta-feira (16) esperar que o novo chefe da Polícia Federal no Amazonas atue da mesma forma que Alexandre Saraiva, substituído pelo diretor-geral do órgão, Paulo Gustavo Maiurino, após atritos com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. ""Saraiva é um cara sério, como a maioria dos delegados da Polícia Federal, a imensa maioria, é tudo gente séria"", disse Mourão, ao chegar à Vice-Presidência. ""Espero que o próximo superintendente que vá assumir lá na Amazônia continue a empreender as mesmas ações que o Saraiva vem empreendendo."" Mais tarde, em entrevista à rádio Gaúcha, Mourão afirmou que ""quem for designado [para a vaga de Saraiva] continuará a atuar no mesmo diapasão"". A decisão da demissão de saraiva foi revelada nesta quinta-feira (15) pelo Painel, da Folha, e confirmada no início da noite pela assessoria de imprensa da corporação, que passou por troca recente de comando no governo Jair Bolsonaro. A mudança ocorre em meio a um atrito entre Saraiva e Ricardo Salles por causa da maior apreensão de madeira do Brasil, como mostrou a Folha nos últimos dias. Na noite de quarta-feira (14), o delegado enviou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal pedindo que o ministro fosse investigado sob suspeita de advocacia administrativa e de atrapalhar a fiscalização ambiental. Oito líderes de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados enviaram representação ao Ministério Público Federal pedindo apuração sobre a demissão de Saraiva. O conflito entre Alexandre Saraiva e o ministro do Meio Ambiente começou após uma visita de Salles ao local da apreensão, no Pará, para uma espécie de verificação da operação. Saraiva criticou a atitude, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra ação de preservação da floresta amazônica. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado. O delegado afirmou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Há mais de dez anos ocupando cargos de superintendente na PF (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), Saraiva declarou que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.” O ministro apontou falhas na apreensão e defende que os madeireiros tenham oportunidade de se manifestar. À Folha disse que uma ""demonização"" indevida do setor vai contribuir para aumentar o desmatamento ilegal. Mourão, que já teve divergências públicas com Salles, disse que o ministro é ""um camarada extremamente articulado"" e que tem uma visão ""economicista"" do meio ambiente. ""O ministro Ricardo Salles tem uma visão um pouco diferente da minha em algumas coisas. Mas ele tem uma determinação em relação à questão da economicidade, em relação àquilo que o Brasil já fez e pode fazer ainda. Ele considera que as nações que mais poluem têm que pagar isso para a gente. Concordo neste aspecto com ele"", afirmou à rádio. Na entrevista desta manhã, Mourão disse ainda que o governo teme o uso político da CPI da Covid no Senado, mas que o general Eduardo Pazuello, demitido do Ministério da Saúde, deve estar se preparando e assessorando Bolsonaro para que se defendam, já que o objetivo da comissão parlamentar de inquérito é apurar a conduta do governo perante a crise. ""O governo tem suas preocupações pela exploração política que pode ser dada em cima dessa discussão. Isso vai servir de palanque para muita gente"", disse o vice-presidente. ""Mas eu julgo que, principalmente o ministro da Saúde que saiu, o Eduardo Pazuello, que é muito criticado, ele deve ter se preparado e está assessorando aí o presidente Bolsonaro para apresentarem as suas razões de defesa em relação àquilo que vai ser investigado na CPI"", declarou Mourão na entrevista. A comissão foi criada na terça-feira (13) e deve ser instalada na próxima semana para que comece a funcionar. Operação Em dezembro de 2020, a Polícia Federal realizou uma ação na divisa do Pará com o Amazonas que culminou na maior apreensão de madeira nativa da história do Brasil. Agentes retiveram 131,1 mil m3 de toras, volume suficiente para a construção de 2.620 casas populares. A operação começou após a apreensão de uma balsa com 3.000 m3 de madeira com documentação irregular no rio Mamuru, município de Parintins (AM), em 16 de novembro de 2020. A madeira O processo de transporte da madeira apreendida é complexo. Por isso, as Forças Armadas faziam a segurança do material. Entretanto, em um ofício enviado à PF no dia 19 de fevereiro, o chefe do Estado-Maior do Comando Conjunto Norte do Exército informou que os militares deixariam os locais nos quais a madeira apreendida está guardada para retornar às suas sedes. Em resposta ao Exército, a PF ameaçou abrir inquérito contra militares que se retirassem da operação. Na época, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que as tropas iriam deixar o local no dia 6 de março. Ele afirmou ao Painel que a PF errou por ter feito um documento em que ameaçava abrir inquérito contra os militares que se retirassem do local. Visitas do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) foi na quarta-feira, 31 de março, ao Pará, onde fez uma espécie de verificação da operação. Salles aponta falhas na ação e tem dito que há elementos para achar que as empresas investigadas estão com a razão. Ele voltou uma semana depois, quando participou de um encontro com proprietários do material. O ministro criticou a demora para a investigação ser concluída e afirmou que as informações dos empresários são “coerentes de não haver a propagada ilegalidade.” Atrito entre PF e Salles Em entrevista à Folha, o chefe da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, disse que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta amazônica. Saraiva declarou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Ele afirmou também que as empresas até agora não apresentaram documentos requisitados pela PF. Saraiva, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime em que pede investigação das condutas de Salles e do senador Telmário Mota (Pros-RR) por atrapalhar medidas de fiscalização. No documento, o policial diz que Salles dificulta fiscalização ambiental e patrocina interesses privados. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado. Troca no comando da PF Nesta quinta-feira (15), o Painel revelou que o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu tirar Alexandre Saraiva do cargo. Ele escolheu o delegado Leandro Almada para substituí-lo. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência. Quatro capitais brasileiras interromperam a aplicação da primeira dose contra a Covid-19 por falta de vacinas. Florianópolis ainda tem doses para seguir com a imunização de pessoas com 65 anos até sexta (16). No sábado, porém, a campanha será interrompida por falta de doses. Goiânia suspendeu a aplicação da primeira dose no sábado (10), quando atendeu pessoas na faixa de 64 anos. No domingo (11), a imunização foi suspensa em Teresina e no dia 13, em Rio Branco, também pela falta de vacinas. Salvador suspendeu a vacinação na última quarta-feira (14) para pessoas acima de 60 anos. A campanha será retomada nesta sexta (16) para essa faixa etária. Na quinta (15), São Luís chegou a vacinar pessoas com 63 anos, mas vai interromper a campanha a partir desta sexta (16) enquanto aguarda novas remessas de vacinas. Ao mesmo tempo, Aracaju já começou a imunizar pessoas com síndrome de Down e autistas, e Manaus está entre as primeiras a começar a imunizar pessoas abaixo de 60 anos que tenham comorbidades, como cardiopatias, diabetes e obesidade. A vacinação em pessoas com autismo e síndrome de Down a partir de 18 anos entrou na lista de prioridades ""em virtude da maior vulnerabilidade ao contágio da Covid-19"", segundo o governo do Sergipe. A antecipação da imunização destes grupos foi decidida pelo governo estadual em reunião com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde. A vacinação no país começou em 17 de janeiro e primeiro atingiu profissionais de saúde e pessoas acima de 90 anos. Aos poucos a faixa etária foi diminuindo e outros grupos passaram a ser incluídos, como os policiais e agentes penitenciários. Veja o calendário por estado. SÃO PAULO Pessoas de 65 e 66 anos: 21 de abril Pessoas de 63 e 64 anos: 29 de abril Pessoas de 60, 61 e 62 anos: 6 de maio Policiais e agentes penitenciários: começou em 5 de abril Professores do ensino básico (infantil, fundamental e médio): começou em 12 de abril RIO DE JANEIRO Pessoas de 62 anos: Mulheres no dia 15 de abril, homens no dia 16 e todos dia 17 Pessoas de 61 anos: Mulheres no dia 19 de abril, homens no dia 20 e todos dia 21 Pessoas de 60 anos: Mulheres no dia 22 de abril, homens no dia 23 e todos dia 24 Profissionais da saúde: Nesta quinta (15) estão sendo vacinados os de 51 anos; cada dia abrange uma idade Demais grupos prioritários: Começarão a ser vacinados no dia 26 de abril, iniciando pelos que têm 59 anos. Inclui pessoas com comorbidades e deficiências permanentes, forças de segurança e trabalhadores da educação, da saúde e da limpeza urbana na ativa MINAS GERAIS Pessoas de 63 anos: BH está vacinando pessoas com 63 anos completos até 30 de abril desde a quarta-feira (14) e segue até sexta Pessoas de 74 e 73 anos: A capital aplica a segunda dose no sábado (17). Na segunda, começa a aplicação para faixa de 72 e 71 anos. Trabalhadores da saúde: Pessoas entre 43 e 49 anos serão vacinadas a partir da quinta-feira (15), com cadastro no portal da prefeitura Trabalhadores da educação: Ainda sem previsão, depende de novas remessas. Forças de segurança. Estado anunciou início em 7 de abril; trabalhadores da segurança já começaram a ser imunizados na capital ESPÍRITO SANTO Pessoas de 60 a 64 anos: Vitória vacinou pessoas de 60 a 64 anos no dia 10 de abril e irá retomar a partir deste sábado (17), com a chegada de novas doses. Até então, apenas pessoas acamadas, nesta faixa etária, seguiam sendo vacinadas. Trabalhadores da educação: Ato simbólico iniciou vacinação de profissionais das redes pública e privada, nesta quinta(15). Nos municípios, deve começar na próxima semana. Capital ainda não divulgou data. Forças de segurança: capital iniciou na terça-feira (13) a vacinação de profissionais das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas. PARANÁ 66 anos nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro: sexta-feira (16), em Curitiba 65 anos nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho: sábado (17) de manhã, em Curitiba 65 anos nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro: sábado (17) à tarde, em Curitiba SANTA CATARINA Pessoas com 65 anos: sexta-feira (16), em Florianópolis. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina Também continua a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados. RIO GRANDE DO SUL Pessoas com 63 anos: quinta-feira (15), em Porto Alegre. Pessoas com 62 anos: sexta-feira (16), em Porto Alegre. Pessoas com 61 anos: segunda ou terça-feira (ainda a definir), em Porto Alegre. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados. DISTRITO FEDERAL Pessoas de 66 anos: No Distrito Federal estão sendo vacinadas as pessoas com 66 anos ou mais. A imunização de idosos de 65 e 64 anos começa neste sábado (17) Profissionais de saúde: os profissionais de saúde que trabalham no setor privado também estão sendo contemplados. As doses estão disponíveis para os que conseguiram agendar Forças de segurança: os profissionais começaram a ser vacinados no dia 5 de abril. Apesar da data constar como o primeiro dia da vacinação para esse público, anteriormente os profissionais já estavam sendo contemplados com as doses remanescentes. MATO GROSSO DO SUL Em Campo Grande, nesta semana, a prefeitura aplicou doses remanescentes em indígenas não aldeados e moradores de comunidades quilombolas com menos de 60 anos e deu continuidade à aplicação de segunda dose. A vacinação dos demais grupos foi interrompida no sábado (10), quando foram imunizados profissionais de segurança. Até esta sexta-feira (16), pessoas com 61 anos também receberam as primeiras doses. GOIÁS Pessoas de 72 anos: Goiânia está aplicando a segunda dose em pessoas a partir dessa idade; a capital aguarda a chegada de vacinas para retomar a aplicação da primeira dose Trabalhadores da saúde: Profissionais com idades acima de 50 anos estão sendo imunizados MATO GROSSO Pessoas de 65 a 69 anos: essa faixa etária está sendo vacinada com a primeira dose em Cuiabá, que também está aplicando a segunda dose para idosos acima de 80 anos Forças de segurança: prefeitura de Cuiabá diz que está vacinando conforme a chegada de doses; a cada remessa chega um percentual para esse público Trabalhadores da saúde: estão recebendo a segunda dose da vacina BAHIA Pessoas de 61 anos: será iniciada na sexta-feira (16). A partir do fim de semana, será iniciada vacinação de pessoas com 60 anos Forças de segurança: vacinação de policiais, guardas municipais e fiscais da prefeitura acima de 50 anos que estão em atividade começou na quarta-feira (31) na capital baiana CEARÁ Pessoas de 62 anos: faixa etária que está sendo vacinada nesta semana na capital cearense Forças de segurança: vacinação foi iniciada no último domingo (11) SERGIPE Pessoas com 61 anos: vacinação deste grupo etário iniciada em Aracaju Pessoas com síndrome de Down e autistas: iniciada na terça-feira (13) Forças de segurança: vacinação de integrantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal e Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito PERNAMBUCO Pessoas de 62 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento no Recife desde o dia 10 de abril. Não há previsão para novos grupos Forças de segurança: iniciada no dia 6 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PARAÍBA Pessoas de 60 anos: a vacinação deste grupo etário estava em andamento em João Pessoa desde o dia 3 de abril, mas a aplicação da 1ª dose foi suspensa no dia 13 de abril Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 8 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão ALAGOAS Pessoas de 60 anos: a vacinação desse grupo etário estava em andamento em Maceió, mas a aplicação da 1ª dose foi interrompida nesta quinta-feira (15) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 5 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão RIO GRANDE DO NORTE Pessoas de 63 anos ou mais: Natal está aplicando primeira dose desta faixa etária, desde sábado (10), e segunda dose das demais. Previsão para outras idades ainda não foi anunciada. Trabalhadores da educação -nda não há previsão Forças de segurança - A capital segue o estado, que começou no dia 8 de abril, de forma escalonada e com prioridade de acordo com a exposição dos servidores ao contágio MARANHÃO Pessoas de 63 anos: São Luís vacinou hoje (15) pessoas com 63 anos que fazem aniversário no segundo semestre. A prefeitura diz que ainda define novo cronograma para as demais faixas etárias. Professores de ensino básico: a prefeitura ainda não divulgou calendário para a vacinação de professores. Forças de segurança: a prefeitura de São Luís começou a vacinar profissionais das forças de segurança no último dia 5 de abril. PIAUÍ Pessoas de 67 anos: pessoas com 67 anos foram vacinadas no último domingo (11). A prefeitura de Teresina aguarda o envio de novas doses para a definição de novo cronograma. Nesta sexta (16), será aplicada a segunda dose em idosos com 78 anos. No sábado (17), será a vez de pessoas com 77 anos receberem a segunda dose. Professores de ensino básico: a prefeitura aguarda doses para definir o calendário. Forças de segurança: agentes das forças de segurança receberam a primeira dose entre os dias 5 e 9 de abril AMAZONAS Pessoas de 55 a 59 anos com comorbidades: a vacinação para este grupo etário está andamento em Manaus desde segunda-feira (12) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 28 de março Trabalhadores de educação: vacinação iniciada no dia 20 de março para profissionais com idade entre 18 e 49 anos e com comorbidades PARÁ Pessoas de 60 anos: a vacinação para esta faixa etária está em andamento em Belém. Não há previsão para outros grupos Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 20 de março Trabalhadores da educação: ainda não há previsão ACRE Pessoas de 61 anos: a aplicação da primeira dose em pessoas de 61 anos foi suspensa nesta terça-feira (13) em Rio Branco. O município aguarda a chegada de mais doses para retomar o cronograma. Professores de ensino básico: Rio Branco ainda não começou a vacinação desse grupo. Forças de segurança: a vacinação foi interrompida no dia 13 de abril. RONDÔNIA Pessoas de 63 anos: o agendamento para vacinação de pessoas com 63 anos está temporariamente suspenso em Porto Velho. Pessoas vacinadas entre os dias 18 e 19 de março receberão a segunda dose entre hoje (15) e amanhã (16). Professores de ensino básico: a Secretaria de Saúde ainda não divulgou cronograma. Forças de segurança: a vacinação de profissionais de segurança começou no dia 3 de abril. TOCANTINS Pessoas de 66 anos: Palmas começou a vacinação de pessoas nesta faixa etária nesta quinta-feira (15) Trabalhadores da saúde: capital estendeu a vacinação para este público para além dos trabalhadores da linha de frente contra a Covid-19 Trabalhadores da educação: ainda sem previsão Forças de segurança: doses para vacinação de membros das forças de segurança e salvamento do estado e das Forças Armadas começaram a ser distribuídas na quarta (14) e iniciaram na quinta no Tocantins. RORAIMA Pessoas de 60 anos - A vacinação para essa faixa etária está em andamento em Boa Vista, para primeira e segunda doses. Forças de segurança - A capital iniciou a vacinação da categoria, após ter recebido repasse de doses específicas para a classe. AMAPÁ Pessoas de 60 anos: Macapá está vacinando, primeira e segunda doses, de pessoas a partir dessa faixa etária faltosos em datas anteriores Comorbidades: a capital iniciou a vacinação desse grupo, mas parou devido ao término das doses Forças de segurança: imunização começou na última semana, mas foi paralisada porque as vacinas acabaram Documentos elaborados pela área técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) apontam incertezas e ""pontos críticos"" relacionados à qualidade, eficácia e segurança da vacina russa Sputnik V, o que dificulta a liberação do imunizante. Segundo os laudos, parte dessa análise ocorre devido à falta de apresentação de dados suficientes sobre a vacina. Sem isso, e a partir de verificação prévia nas informações já recebidas, a agência apontou nos documentos que não consegue fazer uma análise de benefício-risco ""positiva"" sobre a Sputnik V até o momento. Nos últimos dias, governadores de 12 estados e dois municípios —Niterói e Maricá, no RJ— entraram com pedidos de importação excepcional do imunizante. Segundo os estados, a solicitação envolve ao menos 37 milhões de doses. Os pedidos, no entanto, ainda não tiveram aval da agência, que alega falta de dados. O governo do Maranhão, que tenta autorização para 4,5 milhões de doses, pediu ao Supremo que determine a liberação. Na terça (13), o ministro Ricardo Lewandowski determinou que a Anvisa analise até o fim de abril o pedido de importação excepcional da vacina Sputnik V feito pelo estado. Caso a agência não tome uma decisão sobre o tema nesse período, que seria equivalente a 30 dias da data do pedido, o magistrado afirmou que o Maranhão estará automaticamente autorizado a importar a vacina russa e a distribuí-la à população. No mesmo dia, o ministro retirou o sigilo dos documentos anexados no processo —o que deu acesso aos pareceres enviados pela agência. Os dados foram divulgados inicialmente pelo Valor Econômico, e confirmados pela Folha. Em um desses documentos, a gerência-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa lista em nota técnica uma série de incertezas na análise do imunizante, os quais apontam para a dificuldade de atestar, diante do baixo volume de dados enviados até aquele momento, a segurança da vacina. Essa manifestação inicial cita tanto o pedido dos estados de importação excepcional da vacina quanto um pedido de uso emergencial feito pela União Química, e hoje com prazo suspenso. A agência não recebeu, por exemplo, estudos de biodistribuição da vacina, os quais avaliam como a vacina e seus componentes se comportam no organismo humano e em animais. ""Como a vacina possui vírus competentes para a replicação, um estudo de biodistribuição da vacina proposta no organismo vivo é considerado crítico, devido ao potencial impacto em aspectos de segurança da vacina"", diz a nota técnica anexada ao STF. A agência também não recebeu dados de estudos não clínicos de toxicidade reprodutiva —que avaliam a possibilidade de os componentes da vacina provocarem reações sobre a fertilidade e o desenvolvimento de embriões. Relatório que sustenta a aprovação da vacina na Rússia ou em outros países também não foi apresentado, condição prevista em lei para análise do pedido de importação. ""Verifica-se que até o momento não há dados suficientes para se realizar uma análise de benefício-risco positiva sobre a vacina Sputnik V. Também não há relatório de análise disponível por autoridade internacional que dê suporte ao uso da vacina"", diz o documento. Ainda de acordo com a agência, o controle de qualidade da vacina ""não está adequado para garantir a segurança dos indivíduos vacinados com o produto nem a sua eficácia"". No documento, a Anvisa diz que análise prévia dos documentos já apresentados no pedido de uso emergencial feito pela União Química aponta ""pontos críticos"" relacionados à qualidade, segurança e eficácia da vacina. Entre esses pontos, estão ausência de um padrão de referência para comparar os lotes de vacinas usados em estudos clínicos com os lotes comerciais e presença, em um dos componentes da vacina, de partículas virais replicantes (capazes de se reproduzirem e de migrarem para órgãos específicos do corpo) em quantidade ""acima daquela preconizada sem que estudos de suporte a essa quantidade tenham sido apresentados"". A agência aponta ainda que a ""o perfil de impurezas e contaminantes está incompleto e não é possível atestar que a empresa é capaz de removê-los ou controlá-los corretamente"", o que afeta a avaliação da qualidade. O documento cita também incertezas sobre a avaliação de eficácia e segurança devido à falta de apresentação de todos os dados do estudo clínico, como o número de casos suspeitos e descartados de Covid em cada braço do estudo e se os dados foram avaliados por comitê independente. ""As deficiências no desenho do estudo pivotal de fase 3, associadas à ausência de dados importantes que permitam a correta avaliação dos resultados declarados, impossibilitam conclusões sobre a eficácia e a segurança da vacina com base nos dados apresentados."" O parecer consta de documento com data de 30 de março. Questionada pela reportagem sobre a situação atual dos documentos no pedido feito pelos estados, a agência diz que ainda não recebeu relatório técnico referente à avaliação da Sputnik, o que impede que os dados sejam analisados. ""Também não foram apresentadas outras informações da vacina quanto aos aspectos técnicos de qualidade, segurança e eficácia que atestem o preenchimento desse requisito legal"", informa a agência. Sobre o pedido de uso emergencial feito pela União Química, cujo prazo foi suspenso devido à ausência dos documentos necessários, a agência diz em nota que, até o momento, não há dados ""que permitam concluir pela segurança da vacina"". Dados de painel mantido pela agência para acompanhamento do processo mostram que, até a noite desta quinta (15), dos documentos necessários, 15,46% não foram apresentados, 63,75% são pendentes de complementação, 8,83% já tiveram análise concluída e 11,93% estão em análise. ""A partir dos dados e partes do estudo recebido até agora, a Anvisa identificou lacunas técnicas importantes que precisam ser respondidas e explicadas para se avaliar a segurança da vacina"", informou a agência, em nota. A reportagem questionou a empresa União Química, que mantém uma parceria com o Fundo de Investimento Direto da Rússia para produção da vacina no país e negocia os contratos com os governos, sobre a previsão de apresentação dos dados. Em nota, o diretor científico da empresa, Miguel Giudicissi Filho, diz que a União Química vem respondendo a perguntas e pedidos da agência. ""Com esse novo pedido, já respondemos aproximadamente 17 solicitações (na primeira manifestação da Anvisa), na segunda 37 e agora recebemos aproximadamente 100 novas perguntas que estamos trabalhando para responder"", informou. Na última semana, após reunião com governadores, a Anvisa informou que buscaria informações junto à Organização Mundial de Saúde e Agência Europeia de Medicamentos, que também analisam dados da vacina, na tentativa de acelerar o processo. Uma visita de inspeção a fábricas que produzem a vacina na Rússia está marcada para ocorrer a partir da próxima segunda-feira (19). Em fevereiro, uma análise preliminar de estudos de fase 3 da vacina, publicada na revista The Lancet, apontou que a Sputnik V teve 91,6% de eficácia em um estudo com cerca de 20 mil participantes. Em nota divulgada na ocasião do pedido de uso emergencial, a União Química informou ainda que a vacina já teve aprovação em 58 países —alguns deles são Argentina, Rússia e Hungria. O imunizante, no entanto, ainda não foi aprovado por algumas das agências regulatórias consideradas referências no mundo, como a americana FDA e a agência da União Europeia (EMA). Colaborou MATHEUS TEIXEIRA Neste presente crítico e doloroso, de difícil travessia pandêmica, o Brasil deu um importante passo para constituirmos um futuro melhor para as atuais e próximas gerações. A Emenda 109, aprovada em março, alterou os artigos 37 e 165 da Constituição, conferindo à avaliação de políticas públicas status constitucional. Inseriu-se a obrigatoriedade de se realizar avaliação de políticas para os órgãos e entidades da administração pública nacional e subnacional, assim como a transparência nos resultados das avaliações e uma recomendação para uso de evidências de monitoramento e avaliação nos ciclos de planejamento e orçamento. É uma conquista notável, com reflexos na efetividade das ações governamentais e na qualificação do gasto público, entre outros. Existem boas experiências nesse campo em todas as partes do mundo, no entanto, premissas específicas para a avaliação em nível constitucional foram identificadas apenas na Suíça, na Alemanha, na França, na Colômbia, no México e na Costa Rica, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Uma experiência pioneira neste campo no Brasil foi protagonizada pelo Espírito Santo. O Poder Executivo estadual, em 2017, inspirado em casos internacionais como Chile e Reino Unido, criou uma estrutura legal para avaliar políticas públicas, ancorada no processo de planejamento e orçamento do Estado. A Lei n.º 10.744 de 5 de outubro de 2017, que cria o Simapp (Sistema de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas), foi estabelecida num contexto de impositivo ajuste fiscal e com o mote principal da melhoria da qualidade do gasto público e do aperfeiçoamento das políticas públicas. A iniciativa teve apoio do Clear (Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para a África Lusófona e o Brasil) da FGV-EESP, organização cofundadora da Iniciativa GEI (Global de Avaliação), e do Insper. Em 2019, o Governo Federal criou uma governança para monitorar e avaliar anualmente as políticas financiadas pela União, instituindo o CMAP (Conselho de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas). No mesmo ano, o Poder Executivo do Ceará estabeleceu a avaliação das políticas financiadas pelo FECOP (Fundo Estadual de Combate à Pobreza). A partir de então, o Maranhão publicou o Manual de Critérios para a Elaboração de Políticas Públicas e a Metodologia de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas. Iniciativas similares também passaram a se registrar em outras unidades federativas. A EC-109 apresenta-se, portanto, como uma oportunidade para expandir e fortalecer uma abordagem sistêmica da avaliação, com seus ganhos potenciais tanto na racionalidade do gasto quanto no resultado das políticas públicas. Ademais, o foco em dados da realidade é imprescindível, sobretudo em um dramático quadro social e econômico apresentado pela pandemia da Covid-19, em que os governos são compelidos a serem cada vez mais responsivos e ágeis e ainda terão inúmeros desafios para enfrentar, e com menos recursos disponíveis. Sem noção inequívoca sobre o que funciona e para quem, ao menor custo possível, a capacidade de resposta governamental fica limitada e, muitas vezes, míope. Assim, a avaliação regular torna-se um dos pilares para a boa governança pública. Ela possui o condão de fortalecer a capacidade governamental de formular e implementar políticas, bem como de decidir, com base em evidências concretas, sobre a alocação de recursos públicos, sobretudo em cenários de restrição fiscal. Nesse sentido, a rotina da avaliação reforça no ambiente institucional um dia a dia de compromissos com resultados e, especialmente, com os aprendizados. É preciso que as políticas públicas tenham efetividade e que se estabeleça uma espécie de pedagogia da prática, para que erros não se repitam… O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Gustavo Maiurino, vai trocar o chefe do órgão no Amazonas, Alexandre Saraiva. A decisão foi revelada nesta quinta-feira (15) pelo Painel, da Folha, e confirmada no início da noite pela assessoria de imprensa da corporação, que passou por troca recente de comando no governo Jair Bolsonaro. A mudança ocorre em meio a um atrito entre Saraiva e o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) por causa da maior apreensão de madeira do Brasil, como mostrou a Folha nos últimos dias. Na noite de quarta-feira (14), o delegado enviou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal pedindo que o ministro fosse investigado sob suspeita de advocacia administrativa e de atrapalhar a fiscalização ambiental. Oito líderes de oposição a Bolsonaro na Câmara dos Deputados enviaram representação ao Ministério Público Federal pedindo apuração sobre a demissão de Saraiva. Há dez dias no cargo, o novo diretor-geral imediatamente deu início a uma série de mudanças no órgão. Como revelou o Painel, além do Amazonas, Maiurino promoveu trocas de chefia em São Paulo, na Bahia, em Santa Catarina e em Roraima (que estava sem ninguém no posto desde o começo do ano). Maiurino também mexeu em setor sensível da polícia, o de combate à corrupção. O novo diretor da área, Luiz Flávio Zampronha, mudou o coordenador-geral e o chefe do grupo responsável por investigações de políticos com foro especial. Algumas das trocas causaram surpresa e têm gerado críticas internas. Integrantes da cúpula têm defendido o diretor-geral com o argumento de que ele precisa ter pessoas de confiança ao lado. O conflito entre Alexandre Saraiva e o ministro do Meio Ambiente começou após uma visita de Salles ao local da apreensão, no Pará, para uma espécie de verificação da operação. Saraiva criticou a atitude, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra ação de preservação da floresta amazônica. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado. O delegado afirmou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Há mais de dez anos ocupando cargos de superintendente na PF (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), Saraiva declarou que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.” O ministro apontou falhas na apreensão e defende que os madeireiros tenham oportunidade de se manifestar. À Folha disse que uma ""demonização"" indevida do setor vai contribuir para aumentar o desmatamento ilegal. A PF disse em nota que a decisão foi comunicada a Saraiva na tarde desta quarta-feira (14), portanto, antes de o documento de pedido de apuração da conduta do ministro ser enviado ao Supremo. O delegado afirmou ao Painel, porém, que soube da notícia pela imprensa e que o diretor-geral não o telefonou em nenhum momento para tratar do assunto. Saraiva relatou ter sido procurado por um integrante da nova cúpula que falou informalmente sobre a possibilidade de ele assumir um posto no exterior, mas que não teria dito nem quando nem onde. Na entrevista, ele também fez uma provocação indireta ao novo diretor. ""Eu sou um soldado, cumpro missão. Nunca pedi pra ser chefe de nada. Nunca neguei missão na PF e nunca tive missão fácil. E toda minha carreira, quero deixar isso claro, toda minha carreira foi totalmente dentro da Polícia Federal. Nunca fui cedido a órgão nenhum"", disse o delegado. Maiurino ficou fora da Polícia Federal nos últimos anos ocupando cargos políticos em estados e depois no STF e no STJ. O delegado Leandro Almada foi o escolhido para assumir o Amazonas. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência. Quarto diretor-geral nomeado desde o início do mandato de Jair Bolsonaro, Paulo Gustavo Maiurino chega sob a desconfiança deixada ainda na saída de Sergio Moro. O ex-ministro saiu atirando contra o governo e acusando uma tentativa de interferência do presidente da República na Polícia Federal, que tem investigações no entorno de aliados e familiares de Bolsonaro. As acusações deram origem a uma investigação contra Bolsonaro. O inquérito até hoje não foi finalizado e aguarda decisão do Supremo sobre como poderá ser o depoimento do presidente, se por escrito ou pessoalmente. Além do Amazonas, outra mudança que gerou polêmica foi a de São Paulo. A escolha do novo chefe da Polícia Federal de São Paulo fugiu de um padrão que vinha sendo respeitado dentro do órgão nos últimos anos. Diferentemente dos cinco antecessores, o delegado Rodrigo Bartolamei não chegou a ocupar cargos relevantes de chefia na PF antes de ser alçado a um dos maiores postos da instituição. A superintendência de SP é a maior do Brasil. Bartolamei estava lotado atualmente no GSI (Gabinete de Segurança Institucional), levado pelo ministro Augusto Heleno. A Polícia Federal de São Paulo estava com novo comando desde março. Ou seja, será a segunda troca em menos de um mês. Bartolamei foi chefe da Interpol e atuou como coordenador de segurança dos Jogos Olímpicos do Rio. Nunca foi superintendente de nenhum outro local, nem ocupou cargos nas cúpulas das superintendências ou de coordenação na sede, como seus antecessores. Operação Em dezembro de 2020, a Polícia Federal realizou uma ação na divisa do Pará com o Amazonas que culminou na maior apreensão de madeira nativa da história do Brasil. Agentes retiveram 131,1 mil m3 de toras, volume suficiente para a construção de 2.620 casas populares. A operação começou após a apreensão de uma balsa com 3.000 m3 de madeira com documentação irregular no rio Mamuru, município de Parintins (AM), em 16 de novembro de 2020. A madeira O processo de transporte da madeira apreendida é complexo. Por isso, as Forças Armadas faziam a segurança do material. Entretanto, em um ofício enviado à PF no dia 19 de fevereiro, o chefe do Estado-Maior do Comando Conjunto Norte do Exército informou que os militares deixariam os locais nos quais a madeira apreendida está guardada para retornar às suas sedes. Em resposta ao Exército, a PF ameaçou abrir inquérito contra militares que se retirassem da operação. Na época, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que as tropas iriam deixar o local no dia 6 de março. Ele afirmou ao Painel que a PF errou por ter feito um documento em que ameaçava abrir inquérito contra os militares que se retirassem do local. Visitas do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) foi na quarta-feira, 31 de março, ao Pará, onde fez uma espécie de verificação da operação. Salles aponta falhas na ação e tem dito que há elementos para achar que as empresas investigadas estão com a razão. Ele voltou uma semana depois, quando participou de um encontro com proprietários do material. O ministro criticou a demora para a investigação ser concluída e afirmou que as informações dos empresários são “coerentes de não haver a propagada ilegalidade.” Atrito entre PF e Salles Em entrevista à Folha, o chefe da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, disse que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta amazônica. Saraiva declarou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Ele afirmou também que as empresas até agora não apresentaram documentos requisitados pela PF. Saraiva, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime em que pede investigação das condutas de Salles e do senador Telmário Mota (Pros-RR) por atrapalhar medidas de fiscalização. No documento, o policial diz que Salles dificulta fiscalização ambiental e patrocina interesses privados. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado. Troca no comando da PF Nesta quinta-feira (15), o Painel revelou que o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu tirar Alexandre Saraiva do cargo. Ele escolheu o delegado Leandro Almada para substituí-lo. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência. O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu trocar o chefe do órgão no Amazonas, Alexandre Saraiva. Saraiva está em atrito com o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) por causa da maior apreensão de madeira do Brasil, como mostrou a Folha. O delegado criticou Salles, dizendo ser a primeira vez que viu um titular da pasta se posicionar contra uma ação que mira preservar a floresta amazônica. “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, disse Saraiva à Folha, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado. Saraiva afirmou que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Ele disse também que as empresas até agora não apresentaram documentos requisitados pela PF. Há mais de dez anos ocupando cargos de superintendente na PF (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), Saraiva declarou que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.” O ministro apontou falhas na investigação e defende as empresas. Ele diz que uma ""demonização"" indevida do setor vai contribuir para aumentar o desmatamento ilegal. Segundo informações internas da PF, a decisão foi tomada na tarde desta quarta-feira (14), antes do documento enviado ao STF que pede apuração da conduta do integrante do governo. Saraiva sugere na peça haver indícios de dois crimes: advocacia administrativa e tentativa de obstrução de investigação de organização criminosa. Maiurino escolheu o delegado Leandro Almada para substituí-lo. O policial foi o número 2 da gestão de Saraiva e comandou o grupo de investigações ambientais na superintendência. Como mostrou o Painel, o novo diretor-geral está fazendo diversas mudanças no órgão. Em São Paulo, ele tirou o chefe que não tinha nem um mês no cargo e fugiu do padrão ao escolher o substituto. Estudo publicado pela revista científica The Lancet afirma que a propagação das infecções e mortes por Covid-19 no Brasil foi primordialmente afetada pela combinação das vulnerabilidades socioeconômicas no país e a resposta errática do governo Jair Bolsonaro (sem partido) à crise. Outro trabalho científico, da Science, reforça a responsabilidade de Bolsonaro na má condução da pandemia. ""No Brasil, a resposta federal tem sido uma combinação perigosa de inação e irregularidades, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências”, diz a Science. Segundo a The Lancet, no entanto, o contra-ataque dos governos estaduais contrários às políticas de Bolsonaro foi fundamental para mitigar os efeitos de seu negacionismo e incompetência. Segundo o trabalho, apesar da ""ausência de coordenação geral no Poder Executivo”, os estados mais vulneráveis no início da pandemia conseguiram, com o tempo, expandir a capacidade hospitalar e, ao confrontarem o governo Bolsonaro, diminuir a taxa de mortalidade. Isso foi possível graças à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em abril de 2020, de proibir a interferência de Bolsonaro na gestão da crise pelos estados e municípios. Assim, segundo a The Lancet, ""o distanciamento físico permaneceu relativamente maior nos lugares mais vulneráveis”. O efeito das medidas restritivas foi crucial, por exemplo, no Nordeste. Embora com elevada vulnerabilidade socioeconômica e, proporcionalmente, com menos leitos de UTI, muitos estados da região registraram taxa de mortalidade compatível com o Sudeste —mais rico, menos desigual e com mais leitos hospitalares (ver quadro). Alguns dos estados mais populosos do Nordeste, como Bahia, Ceará, Pernambuco e Maranhão, são governados por políticos de oposição a Bolsonaro, como PT, PSB e PC do B. Segundo uma das autoras do estudo da The Lancet, a pesquisadora Marcia Castro, da faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, a vulnerabilidade socioeconômica dos brasileiros foi o fator que apresentou, inicialmente, maior relação com o número de mortes —fato depois mitigado pelo aumento dos leitos e das medidas restritivas de alguns estados. Isso ocorre sobretudo porque nas regiões mais pobres há prevalência de trabalhadores informais, que não tiveram condições de ficar em casa durante boa parte da pandemia. Segundo dados da Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, enquanto 28% dos ocupados do país pertencentes à classe A/B puderam mudar o local de trabalho na pandemia, o total não chega a 8% nas classes D e E. Uma diferença enorme foi encontrada também entre os que têm ensino superior (34% mudaram o local de trabalho) e aqueles que terminaram só o fundamental (6,6%). Neste cenário, a atuação direta dos governos regionais, com ampliação da capacidade de atendimento e medidas de isolamento, foi fundamental para mitigar o alcance da pandemia e a má gestão do governo Bolsonaro na pandemia. O estudo da The Lancet destaca vários problemas na gestão Bolsonaro: 1) mudanças na liderança da saúde que geraram instabilidade administrativa; 2) capacidade técnica do Ministério da Saúde aquém do ideal, com apenas 23,1% dos fundos de emergência de R$ 44,2 bilhões autorizados em fevereiro e março gastos até outubro de 2020; 3) o fato de Bolsonaro ter minimizado a gravidade do vírus e estimulado a circulação de pessoas sem máscaras. Além desse tipo de crítica a Bolsonaro, o outro estudo da Science destaca a “baixa capacidade de testagem” do Brasil na pandemia. Segundo dados da Pnad Covid-19 compilados pelo economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, até o final do ano passado o Brasil havia testado apenas 13,6% da população —o que limitou muito a capacidade de identificar e rastrear focos de infecção. Segundo dados da plataforma Our World In Data, ligada à Universidade de Oxford, o Brasil é um dos países que menos fez testes na comparação por 100 mil habitantes. Alguns meses após o início da pandemia e das medidas de isolamento social, a defensora pública Odyle Serejo, de Natal (RN), percebeu algo de diferente no jeito de falar da sua filha mais velha. Anita, de 6 anos, passou a usar expressões que destoavam do vocabulário usado pela família e pela população do Rio Grande do Norte em geral. ""Ela começou a falar coisas como 'Ah, satanás' ou 'supimpa', que não falamos em casa, e até a fazer um chiado em algum momento"", exemplifica a mãe. Odyle credita parte dessa mudança ao YouTube, cada vez mais presente no dia a dia de Anita no período de distanciamento ocasionado pela Covid-19. Sem ir à escola e sem encontrar os amigos, a menina passou a se distrair consumindo principalmente vídeos de jovens youtubers jogando (e narrando) games populares entre as crianças. A maioria dos que ela acompanha é de São Paulo. ""Na pandemia, houve um contato maior com esse conteúdo e acho que influenciou. Essa geração tem características próprias na fala relacionadas ao mundo online, até na forma de se comunicar quando vão gravar um vídeo com o celular"", diz a mãe de Anita. Essa percepção não é restrita à família potiguar. Uma busca nas redes sociais leva a posts de pais relatando um suposto ""sotaque do YouTube"" em seus filhos. ""Meu filho de 5 anos passou a falar como alguém do interior de São Paulo. Só pode ter aprendido no YouTube. Foi muito engraçado quando percebi"", relata a arquiteta Elisa*, do Rio de Janeiro, sobre o comportamento do filho Bruno*. Mas será que o intenso consumo de vídeos nas redes sociais é capaz, sozinho, de mudar o jeito de uma criança falar? A resposta é mais complexa que um ""sim"" ou ""não"". A primeira coisa que precisamos ter em mente é que o ""sotaque"" de uma pessoa vai bem além do uso de novas expressões ou da forma como ela constrói uma frase. O sotaque tem a ver com a forma que pronunciamos as palavras –como emitimos o som, onde posicionamos a língua– na hora de falar. O fonoaudiólogo e linguista Leonardo Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), explica que o uso de novas palavras e gírias ou a maneira de formular frases exigem um ""nível de atenção menos refinado"" –ou seja, identificamos essas diferenças regionais rapidamente quando ouvimos e somos capazes de reproduzi-las no nosso próprio modo de falar. Já o sotaque contempla propriedades acústicas mais refinadas, nuances muito discretas que às vezes nem percebemos –e, para ""imitarmos"" naturalmente, seria necessário certo nível de interação com o falante dessa variante. Estudos feitos nos EUA que compararam a percepção e aquisição de linguagem mostram diferenças significativas quando crianças são expostas a telas ou quando elas interagem presencialmente com o interlocutor. ""Ou seja, uma mera exposição a um conteúdo em vídeo não seria capaz de modificar o sotaque de uma criança. A pronúncia necessita da interatividade"", explica Lopes. ""A exposição a vídeos com pessoas de outras regiões pode afetar a questão dialetal, o que inclui o vocabulário, expressões idiomáticas, o modo de formular uma frase."" Isso quer dizer que o intenso consumo de vídeos pode fazer com que a expressão ""oxe"" –popular em vários estados nordestinos– faça cada vez mais parte do vocabulário de pessoas do Sudeste. Mas não seria capaz de fazer com que um paulista fale um ""ti"" ou um ""di"" bem marcado, característico na pronúncia de um paraibano, por exemplo. Essa influência específica no vocabulário é sentida na casa de Elisa, casada com um paulistano-catarinense e moradora do Rio de Janeiro. O filho Bruno, de 5 anos, já passou um período usando expressões nordestinas, mas hoje está indo mais pro lado das paulistas. ""Com a pandemia, ele ficou muito em casa no tablet, vendo conteúdo de youtubers como Gabriel Dearo [de Ribeirão Preto, SP]. Antes ele via mais gamers do Nordeste. Então a gente vai percebendo essa mudança de acordo com o que ele assiste"", diz. O sotaque, ressalta Lopes, é formado até por volta dos 7 anos de idade. Para ocorrer uma mudança depois desse tempo, é necessário um período longo de exposição a outras variantes linguísticas ou um contexto social específico. Por exemplo, as pessoas podem mudar a forma de falar, mesmo involuntariamente, para se incluir num determinado grupo social (quando se mudam para algum lugar) ou para se adequar a uma situação de fala (se é uma conversa de amigos, uma palestra ou uma gravação do Instagram). Na casa de Odyle, a família percebeu que Anita fala de um jeito diferente se está gravando um vídeo –e que a garota também vive ""fases"" de falar uma ou outra expressão. ""Depois do relaxamento de algumas medidas de isolamento, percebemos que voltou mais ao 'normal'."" O pequeno Theo, de 8 anos, é um finlandês com raízes brasileiras. A mãe, a maranhense Eliana Nascimento, sempre fez questão de falar em português com o filho e de colocá-lo em contato com a família no Brasil. Mas, apesar de ter virado fluente no idioma mesmo morando na fria Turku, Theo passa longe de falar como a mãe. O garoto desenvolveu uma forma de falar muito próxima de estados como São Paulo –o que a mãe acredita ter a ver com o YouTube. ""Quando era novinho, já percebia que ele tentava imitar personagens da Galinha Pintadinha. Ele foi ficando mais velho e isso foi mudando para outros youtubers brasileiros de games a que ele começou a assistir."" Aos 6 anos, quando começou a jogar Minecraft, Theo se aproximou mais ainda do conteúdo em português. ""Ele usa expressões que eu nunca usei nem ninguém da minha família, como 'deu ruim'. A entonação, o ritmo, eu sinto que ele imita os youtubers."" Segundo Eliana, amigas que moram no Brasil também têm essa percepção, mesmo com os filhos criados no Maranhão. Para Abdelhak Razky, com doutorado em linguística pela Université de Toulouse Le Mirail e membro do projeto Atlas Linguístico do Brasil, os pais muitas vezes esquecem que a língua não é algo fixo, estático –nem a nossa forma de falar. ""Há uma mudança em curso no Brasil e no mundo sobre a fala que circula entre adultos e crianças, então podemos imaginar que o vocabulário muda e pode perder alguns traços dialetais nas crianças por vários motivos. As redes sociais podem ser um dos fatores que aceleram essa mudança"", diz. O mundo globalizado, com mais trocas entre pessoas de diferentes regiões, está levando o Brasil a ter um sotaque mais homogeneizado, na opinião de Leonardo Lopes, da SBFa. Ao relembrar a infância, Eliana, hoje com 38 anos, reflete que também era exposta a produtos audiovisuais com sotaques que não eram o maranhense, mas que nunca falou parecido com os apresentadores. ""Hoje há muita exposição ao YouTube. Na televisão, não eram usadas tantas gírias. Alguns apresentadores faziam aulas de dicção para perder sotaque. Na internet, tudo é livre"", opina. Lopes, que pesquisou no doutorado justamente a relação da audiência com as variantes linguísticas de apresentadores de telejornais, reflete que o mundo conectado tem aumentado a nossa tolerância com os diferentes dialetos. ""Esse processo social, de contato linguístico, tem essa parte positiva: há valorização da diversidade linguística, e isso é importante para que as pessoas parem de sofrer preconceito por causa da sua fala."" *Nomes trocados a pedido da entrevistada Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal! O deputado federal José Carlos Schiavinato (PP-PR), 66, morreu na noite desta terça-feira (13) por complicações da Covid. Ele foi o primeiro deputado federal em exercício a morrer vítima da doença, segundo a Câmara dos Deputados. Schiavinato estava internado em um hospital de Brasília desde o dia 3 de março e, uma semana depois, foi transferido para a UTI, onde passou a receber ventilação mecânica. O corpo seria transladado para Toledo (PR), onde foi prefeito por dois mandatos (2005-2012). A mulher dele, Marlene Schiavinato, morreu no dia 12 de março, também vítima da Covid. Ela tinha câncer e fazia tratamento havia três anos quando foi contaminada pelo coronavírus. Segundo a assessoria do parlamentar, ele não chegou a ser informado sobre a morte da mulher. Nascido em Iguaraçu (PR), Schiavinato era engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Maringá. Além de prefeito de Toledo, foi deputado estadual no Paraná (2015-2018). Estava no primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Era membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e participou da CPI do BNDES, de março a outubro de 2019. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), era considerado um defensor do municipalismo. Três senadores já morreram em decorrência da Covid ou de complicações da doença: Major Olímpio (PSL-SP), José Maranhão (MDB-PB) e Arolde de Oliveira (PSD-RJ). A morte de Major Olímpio aos 58 anos causou comoção entre os senadores. Ele era um crítico das políticas do governo federal no enfrentamento à pandemia e um dos principais defensores da instalação da CPI da Covid, que acaba de ser criada. O parlamentar anunciou em 2 de março que havia contraído a Covid. No dia seguinte, Olímpio foi internado no Hospital São Camilo, em São Paulo, de onde chegou a participar de uma sessão virtual do Senado. Ele morreu no dia 19 de março. Segundo amigos do senador, ele não tinha nenhuma doença pré-existente, como diabetes ou outras comorbidades. Só reclamava, de vez em quando, de dores das costas (em especial após pequenas corridas que costumava praticar) e do estresse das disputas políticas. O senador José Maranhão (MDB-PB) morreu no dia 8 de fevereiro. O parlamentar tinha 87 anos e era o mais velho do Congresso Nacional. Maranhão havia sido infectado no fim de novembro, em João Pessoa (PB), durante o segundo turno das eleições municipais. Uma semana depois, foi transferido para São Paulo. O senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), 83, morreu em outubro do ano passado. Ele estava internado havia mais de um mês e foi o primeiro congressista a morrer vítima da Covid. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) analisar o pedido de importação excepcional da vacina Sputnik V até o fim de abril. Caso a agência não tome uma decisão sobre o tema nesse período, o magistrado afirmou que o estado do Maranhão, que apresentou a ação, estará automaticamente autorizado a importar a vacina russa e a distribuí-la à população. A decisão em favor do Maranhão deve abrir caminho para outros estados também buscarem autorização para importação da Sputnik V. Ao menos 12 governos estaduais já pediram à Anvisa aval para importar o imunizante. O prazo dado por Lewandowski começou a contar no dia 29 do mês passado e vai até 29 deste mês. ""O estado do Maranhão protocolou o pedido de autorização para importação, em caráter excepcional, de doses da vacina Sputnik V, no dia 29 de março de 2021, cumprindo todos os requisitos da RDC 476/2021”, afirmou, em referência à resolução da Anvisa. O ministro disse que a importação das vacinas pela unidade da federação “representará um importante reforço às ações desenvolvidas sob os auspícios do Plano Nacional de Imunização, notoriamente insuficientes, diante da surpreendente dinâmica de propagação do vírus causador da pandemia”. Lewandowski também afirmou que, caso a Anvisa não decida sobre a importação no prazo imposto, a imunização da população do Maranhão com a Sputnik V será feita sob “exclusiva responsabilidade” do governo estadual. Segundo o ministro, o prazo dado é compatível com as datas que estão programadas as inspeções da Anvisa nas fábricas russas do imunizante. Depois de disputar a presidência da República em 2018 e de ter disputado o segundo turno da sucessão municipal na cidade de São Paulo, Guilherme Boulos afirma que está ""disposto a assumir o desafio de disputar o Governo de São Paulo em 2022"". E animado para acabar com o ""Tucanistão"", como se refere à sucessão de governos do PSDB no estado. Nesta entrevista exclusiva, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e colunista da Folha prega a unidade do campo progressista para lançar um candidato único contra Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do próximo ano. Diz que o nome mais forte para disputar a sucessão presidencial hoje é Lula. E afirma que a unidade implica gestos. ""Não é razoável que numa composição, numa aliança política, tenha um partido que seja a cabeça de chapa em todos os lugares, em nível nacional, em nível estadual. Não é razoável isso"", diz.  O cenário político mudou depois de sua campanha a prefeito de São Paulo, em 2020. Lula recuperou o direito de ser candidato e a epidemia do novo coronavírus se agravou. Como vê a situação? O maior desafio que a gente tem hoje é tirar o Brasil desse pesadelo. O Brasil virou o cemitério do mundo. Nós temos um genocídio deliberado. É devastador a gente ver 4 mil pessoas morrendo por dia, ver colapso na saúde sabendo que a gente só não está pior do que isso por causa do SUS, por causa de milhares de profissionais de saúde se arriscando todos os dias. E por causa dos freios que, de algum modo, algumas instituições estão colocando ao [presidente Jair] Bolsonaro. Por isso eu acho fundamental a instalação da CPI da pandemia. Se for séria, ela vai apontar crimes de responsabilidade do Bolsonaro ao ter negado a vacina, ter boicotado medidas de isolamento sanitário. E pode ser o primeiro passo para o impeachment. Não dá para simplesmente esperarmos [a eleição de] 2022. E nós estamos vivendo também uma pandemia da fome. São quase 20 milhões de brasileiros com fome, desemprego estourando, bujão de gás a R$ 100, inflação de alimentos. E nesse contexto o Bolsonaro corta o auxílio emergencial. Um dos projetos ao qual tenho me dedicado muito é o das cozinhas solidárias do MTST. Viajei para Planaltina, no Distrito Federal, para Roraima, no extremo norte [do país] para inaugurar essas cozinhas, para combater a fome, para dar visibilidade a esse problema. Numa crise dessa dimensão, o impeachment não traria ainda mais turbulência? E não é inviável o impedimento de um presidente com o apoio que Bolsonaro tem? Não há turbulência pior para o Brasil do que 4 mil mortos por dia. Tirar o Bolsonaro é a possibilidade de o Brasil sair da crise, tanto econômica quanto sanitária. Com ele, não há saída para a crise que o Brasil enfrenta. E acho que a lealdade do Centrão ao Bolsonaro tem limites. Aliás, seria inédito na história política brasileira que o Centrão fosse fiel até as últimas consequências. Eles vêem o Bolsonaro se desgastando como está, no pior índice de apoio social desde o início do governo. O Centrão também está preocupado em reeleger seus deputados no ano que vem. Se o presidente vira tóxico, eles podem pular do barco e isso cria as condições para o impeachment. O trabalho tem que ser nesse sentido. Seria o terceiro impeachment da história recente do Brasil. Não está na hora de o país talvez virar essa página de impedimentos e colocar as coisas em outros termos? Estamos a pouco tempo de uma eleição, em que o voto pode decidir o destino do presidente. Se nós olharmos, o Bolsonaro fez coisas muito mais graves do que o [ex-presidente Fernando] Collor [que sofreu impeachment em 1993]. A Dilma [Rousseff] não cometeu crime e foi ""impeachmada"". É evidente que queremos estabilidade para a democracia brasileira. Agora, é possível estabilidade com um genocida no poder? É possível estabilidade democrática com alguém que defende ditadura militar e tortura? Eu acredito que não. O senhor fala de unidade do campo progressista. Seis presidenciáveis de centro ou centro-direita assinaram recentemente um manifesto que incluiu o Ciro Gomes. Ele está no campo progressista ou no desses presidenciáveis? O campo progressista é quem se coloca na oposição ao Bolsonaro tanto no seu autoritarismo político como também na sua política econômica neoliberal e anti-popular. Essa é uma definição importante. Você ter uma frente democrática contra o Bolsonaro eu acho importante, bem como que figuras que sempre foram historicamente da direita ou da centro-direita também se oponham ao bolsonarismo nos dias de hoje. Agora, isso não basta. Sobretudo se a gente fala de um processo eleitoral. Numa eleição você não vai dizer só o que você não quer. Você tem que apresentar para o povo o que você quer. Não dá para ignorar o que trouxe o Brasil para 14 milhões de desempregados, com quase 20 milhões de pessoas com fome, com a economia devastada, o país está em pandarecos. O que trouxe a gente até aqui foi uma política neoliberal, uma política criminosa de cortes, de ajustes, que não se preocupa com o povo e amplia as desigualdades. O corte importante para uma unidade progressista em 2022 é ter um projeto popular, de reconstrução nacional com retomada de investimentos públicos, com combate às desigualdades. E que hoje passa sem sombra de dúvidas também pela revogação do teto de gastos, de colocar na mesa a ampliação da base monetária a tributação progressiva. Esses são pontos importantes de demarcação? O Ciro está lá ou cá? Ele defende essas posições. Agora, Ciro busca um arco de alianças que eu francamente acredito que nem é possível [fechar]. Ou alguém acha que a centro-direita brasileira não vai ter uma candidatura própria? Eles vão ter. E não seria o Ciro? Eu vejo isso como bastante improvável, até mesmo pelas posições sobre política econômica que o Ciro expressa abertamente. Eu acho importante que o [ex-ministro da Saúde Luiz Henrique] Mandetta, o [governador de São Paulo, João] Doria, o [governador do Rio Grande do Sul, Eduardo] Leite se coloquem contra o Bolsonaro. É melhor do que estarem a favor dele. Deixa o Bolsonaro isolado. Mas acho que é uma certa ilusão achar que esses setores possam estar juntos com a esquerda eleitoralmente em 2022. A direita brasileira, a centro-direita, terá candidatos. E no segundo turno? No segundo deles, eles se dividem [caso fiquem fora da disputa]. Uma parte deles pode compor com um projeto progressista. Por isso é importante ter pontes. Eu não rejeito essas pontes de diálogo. Mas não vejo possibilidade de aliança em primeiro turno. Tem uma diferença fundante [entre os dois grupos] que é a agenda econômica, a visão do país. Em torno de quem se daria essa união que você prega do chamado setor progressista? Em torno do Lula, se ele for candidato, até mesmo por essa força incontrastável dele nesse campo? Eu defendo essa unidade nacional do campo progressista. Temos que ver qual é o nome que vai ter melhores condições de derrotar o Bolsonaro em 2022. Se for o do Lula... hoje é. Estamos a um ano e meio da eleição. É evidente que a unidade tem que ser construída em torno do nome com melhores condições de derrotar o Bolsonaro. Mas também em torno de um projeto. A decisão sobre candidatura em 2022 também, da parte do PSOL, não é uma decisão individual minha. Ela vai passar pelo debate coletivo do partido. O partido tem congresso marcado para o segundo semestre e vai poder se definir. O nosso foco tem que ser derrotar o bolsonarismo e apresentar um projeto de reconstrução nacional. Isso passa por um debate de um projeto nacional. Unidade se constrói com gestos dos dois lados. Unidade é uma via de mão dupla. Uma pesquisa do Ipespe divulgada pelo jornal Valor Econômico na semana passada mostrou que você aparece com 16% para o Governo de São Paulo. Seria um projeto para 2022? Eu devo te confessar que tenho muita disposição de acabar com o ""Tucanistão"" [a sequência de governos do PSDB no estado]. Já deu. Tem um cansaço, um desgaste do PSDB com essa mesmice tucana governando o estado há mais de 30 anos. Uma capitania hereditária com histórico de roubalheira, máfia da merenda, do metrô, do Rodoanel. Ontem mesmo a Folha colocou [uma reportagem que mostrava] 620 obras paralisadas no estado. E ainda enchem a boca para falar de gestão. Derrotar o ""BolsoDoria"" [o slogan foi lançado pelo então candidato ao Governo de SP João Doria em 2018] em São Paulo é muito importante. E muita gente me procurou depois das eleições de 2020 [em que Boulos disputou a Prefeitura de São Paulo], em que a gente teve mais de 2 milhões de votos. Lideranças partidárias, lideranças sociais, colocam esse debate sobre uma candidatura ao governo do estado. Tenho visto pesquisas que nos colocam inclusive em primeiro lugar, em empate técnico com outros candidatos. Preciso fazer naturalmente esse debate com o meu partido. Mas eu estou disposto a assumir o desafio de disputar o Governo de São Paulo em 2022. E construindo uma unidade dos progressistas. Sem unidade é muito difícil derrotar a máquina do PSDB. O que seria essa unidade? Uma aliança com o PT? Com que outros partidos? Eu tenho dialogado e quero fortalecer esse diálogo com todos os partidos do campo progressista. Eu não vou citar nominalmente até em respeito a eles, que devem estar discutindo também os seus caminhos, os seus projetos. Mas quero fazer esse debate de ampliação do campo progressista para que a gente consiga acabar com essa hegemonia nefasta do PSDB em São Paulo. Na disputa para prefeito, em 2020, você falava que se o Fernando Haddad fosse candidato, não entraria na disputa. Ele não foi, e você, sim. Manteria o seu nome mesmo com ele na cédula? Ou, depois de ter saído da eleição com 2 milhões de votos para prefeito em 2020, o diálogo hoje seria um pouco diferente? Eu nunca condicionei o lançamento da minha candidatura a prefeito a outros nomes. Eu tenho muito respeito pelo Haddad, uma relação de amizade com ele. Agora, em primeiro lugar acho que ele não vai ser candidato. O que tenho visto é que ele quer estar ajudando o Lula na construção de um projeto nacional. Tem uma outra coisa: unidade tem que ser uma via de mão dupla. Unidade implica gestos. Não é razoável que numa composição, numa aliança política, tenha um partido que seja a cabeça de chapa em todos os lugares, em nível nacional, em nível estadual. Não é razoável isso. É claro que ainda está muito cedo. Estamos a um prazo longo da eleição. Nesse momento a minha preocupação é o enfrentamento à pandemia. É o enfrentamento à fome. Todas as minhas iniciativas políticas estão nesse lugar. Ainda não é momento para campanha. Mas eu acho que nós temos, sobretudo após as eleições municipais, legitimidade para dialogar com esse campo político para buscar construir uma candidatura unitária que enfrente o PSDB. Ou seja, não faria sentido ter um candidato do PT como cabeça de chapa para presidente, o PT como cabeça de chapa no governo do estado, e vocês como coadjuvantes. É o que eu te disse: unidade tem que ter via de mão dupla e tem que passar por uma discussão de projeto. Eu estou aqui colocando uma disposição inclusive por busca e procura de diálogo com um conjunto de lideranças do estado de São Paulo. Essa disposição ainda precisa ser dialogada com o meu partido. Estamos a um ano e meio da eleição. Não é momento de a gente centrar a pauta política em eleição. Acho que é momento de centrar a pauta da oposição em impeachment do Bolsonaro, em medidas contra a fome, em retomada do auxílio emergencial de R$ 600. Na vacinação do nosso povo. O foco é esse. Agora, para se ter aliança, é preciso gestos de todos os lados. Há sempre uma comparação da história do PT com a do PSOL. O PT veio lá de trás e foi ganhando aos poucos eleições, assumindo prefeituras, governos estaduais. E muitos quadros foram se formando, com experiência administrativa. O PSOL estaria preparado para assumir o Governo de São Paulo ou falta um pouco de músculo, de quadros, de experiência? A gente juntou na candidatura à Prefeitura de São Paulo alguns dos maiores especialistas da cidade, que participaram de gestões públicas, que estão fazendo estudos diariamente na academia. Para governar, você precisa ter equipe, um bom grupo. Estamos construindo um excelente grupo. Capacitado. Que conhece a realidade de São Paulo. Conhece a realidade do Brasil. A gente criou um gabinete paralelo que está acompanhando os problemas da cidade. Tenho dialogado com muita gente que conhece os problemas do interior, construindo essas pontes. Agora, até para fazer um paralelo: o PSDB se apresenta como bom de gestão. O Governo de SP tem o maior orçamento do país. Olha a situação da pandemia. Temos quase 100 mil mortos [por Covid-19] em São Paulo. Dá para dizer que é uma boa gestão? O Doria é bom de marketing. Ele tenta capitalizar para ele pessoalmente a vacina do Instituto Butantan, enquanto ele queria privatizar o Butantan no início do governo. Diz que defende a ciência e tentou cortar 1/3 da verba da Fapesp, que é o principal instituto de pesquisa científica do estado. Diz que defende a vida, e disse em 2018 que a polícia tinha que atirar para matar. Tem uma condição errática, elitista da pandemia. R$ 245 bilhões de orçamento e não conseguiram dar respostas. Porque não basta, em uma pandemia, você dizer para as pessoas ficarem em casa. A conscientização é importante. Mas você tem que dar as condições para as pessoas ficarem em casa. Ainda mais em um país tão desigual como o nosso. E o governo do estado, com todo o orçamento que tem, não fez, não deu apoio econômico. Pega o [governador] Flávio Dino, no Maranhão. Com um orçamento muito menor, deu vale-gás para as pessoas comprarem butijão. Precisaria ter em São Paulo um auxílio. A prefeitura criou um de R$ 100, que não dá nem para comprar um butijão de gás, e o Governo de SP criou um que vai atender a um percentual ínfimo das pessoas que precisam. Precisaria ter medidas de apoio a pequenos empreendedores, microempresários, comerciantes que estão com as portas fechadas. Não teve nada. Repito: é uma condução errática e elitista. A vacina contra a Covid-19 não é um trunfo do governador Doria? Não deveria ser mérito de um político não ser negacionista. Deveria ser obrigação. Embora o governo dele tenha dado as condições, a vacina é mérito de milhares de servidores da saúde, de cientistas e pesquisadores públicos que colocaram ela em pé no Instituto Butantan. Além de divergências no campo ideológico e na agenda econômica, uma possível candidatura única com a união dos presidenciáveis de PSDB, DEM e PDT também enfrentará entraves na construção de palanques regionais. Das 27 unidades da federação, DEM, PSDB e PDT estão no mesmo campo político em apenas oito estados. Levando em conta apenas os dez mais populosos do país, há chance clara de convergência em 2022 apenas na Bahia e no Ceará. A possibilidade de uma candidatura única veio à tona dias atrás, após um manifesto em defesa da democracia assinado pelos presidenciáveis João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Luciano Huck (sem partido) e João Amoêdo (Novo). Se considerado o espectro ideológico, esse grupo que assina o manifesto vai da centro-esquerda (Ciro) a eleitores declarados de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018, casos de Doria, Leite e Amoêdo, incluindo ainda um ex-integrante do atual governo (Mandetta), todos hoje na oposição ao governo federal. Essa coalizão foi vista por pessoas ligadas ao grupo como embrião de uma possível união para a corrida presidencial. A avaliação é que, juntos, esses partidos terão chances de chegar ao segundo turno contra o ex-presidente Lula (PT) ou contra o presidente Bolsonaro (sem partido). “É difícil falar em consenso, mas vamos trabalhar por uma convergência. Não há outra opção: ou centro se une ou ele se pulveriza e desaparece”, afirma o deputado federal Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara dos Deputados. Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi afirma que a carta aponta para uma aproximação de opostos, mas afirma que ainda é prematuro falar em uma possível aliança eleitoral. O PSDB, pr sua vez, tem atuado para isolar os bolsonaristas do partido e buscado pontes com a centro-esquerda. Maiores partidos que assinaram a carta pela democracia, PSDB, DEM e PDT fazem parte da base aliada dos governadores de Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Espírito Santo, Amapá e Acre. Em Alagoas, os três partidos estão na oposição ao governador Renan Filho (MDB), enquanto na Bahia há um movimento de aproximação do PDT com o grupo liderado pelo ex-prefeito ACM Neto (DEM), sinalizando para um rompimento com o governador Rui Costa (PT). Por outro lado, as chances de uma aliança local são mínimas na maioria dos estados mais populosos do país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, base eleitoral do tucano Eduardo Leite, DEM e PDT tendem a tomar caminhos distintos ao dos tucanos. A base aliada do governador disputará a sucessão ancorada por uma frente formada por PSDB, MDB e PTB. O principal nome que desponta no grupo é o do deputado federal Alceu Moreira (MDB). O DEM faz parte da base de Leite, mas tem uma relação de altos e baixos com o governador tucano. O partido chegou a ter o filho do ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria Geral), Rodrigo Lorenzoni, como secretário estadual de Turismo da gestão Leite. Em março deste ano, contudo, ele trocou a secretaria estadual pela mesma pasta na prefeitura de Porto Alegre. Empossado no início do ano, o prefeito Sebastião Melo (MDB) foi eleito com um discurso alinhado ao bolsonarismo. Onyx Lorenzoni planeja disputar o governo do estado em 2022 com o apoio de Bolsonaro, mas a tendência é que ele apoie o senador Luiz Carlos Heinze (PP), nome com fortes ligações com o agronegócio. O PDT, por sua vez, faz parte da oposição a Leite desde o início da gestão e tem planos de disputar o Palácio Piratini no próximo ano. O nome mais cotado é o do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan. Em São Paulo, PSDB e DEM são aliados, mas a parceria pode implodir em caso de migração do vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) para o PSDB. O plano dos tucanos é que Garcia dispute o governo do estado, caso João Doria seja candidato ao Planalto. O PDT, que tem pouco peso eleitoral em São Paulo, faz parte da oposição a Doria e deve se manter no mesmo campo. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, PSDB e PDT também estão em campos opostos, mas na condição de coadjuvantes. Os tucanos fazem parte da base aliada do governador Romeu Zema (Novo) e ocupam a liderança do governo na Assembleia Legislativa. O PDT faz oposição ao governador e deve apoiar possível candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo do estado. O DEM tem uma posição de independência em relação a Zema, mas se aproximou de Kalil após o prefeito de BH articular o apoio do PSD ao senador Rodrigo Pacheco (DEM) na disputa pela presidência do Senado. No Rio de Janeiro, o quadro é de incerteza em meio ao processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel (PSC). O governador em exercício Claudio Castro (PSC), que deve disputar a reeleição, já sinalizou seu apoio ao presidente Bolsonaro em 2022. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) defendeu a formação de uma frente de oposição a Castro e Bolsonaro que inclua até adversários como o prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM). A ideia, contudo, enfrenta resistências no PSOL. DEM e PSDB, que têm algumas pontes com Castro, tendem a construir uma candidatura de oposição. Um dos nomes cotados pelo PSDB é o do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. No caso específico do PDT, além de entraves para alianças regionais com DEM e o PSDB, também há um afastamento de antigos aliados como o PT. O PDT apoia o PT no Ceará, no Piauí e na Bahia, mas há incerteza quanto à manutenção dessas alianças no próximo ano. Os pedetistas governam o Amapá, estado em que o PT não possui deputados estaduais nem federais. A possibilidade de reaproximação de PT e PDT voltou a ser aventada após Ciro Gomes afirmar que o ex-presidente Lula deveria ter generosidade e se espelhar no exemplo de Cristina Kirchner. A ex-presidente argentina concorreu em 2019 como vice-presidente na chapa liderada por Alberto Fernández. A ideia foi rechaçada por petistas e até mesmo dentro do PDT a aliança é vista como improvável. Há cerca de um mês, Ciro afirmou à Folha que sua tarefa é derrotar o PT no primeiro turno. Com isso, restaria ao PDT compor com partidos aliados da centro-esquerda ou apostar na composição com o campo conservador, buscando repetir os passos de Lula em 2002. Entre líderes de DEM, PSDB e PDT, a avaliação é que o ano de 2021 servirá para aparar arestas, afunilar o número de pré-candidatos e mirar na unidade. A equação que, já não é simples, se tornaria ainda mais complicada em caso de adesão de outros partidos a uma candidatura única de centro. Legendas como MDB e PSD, por exemplo, têm as suas especificidades nos estados que incluem parcerias locais com partidos de diferentes espectros ideológicos. O MDB, por exemplo, tende a se aproximar do PT em estados do Nordeste como Alagoas e Ceará. Por outro lado, está mais próximo a Bolsonaro em estados do Norte como Tocantins e Acre. O PSD, por sua vez, deve firmar aliança com Lula na Bahia, apoiar Bolsonaro no Rio Grande do Norte e pode caminhar com Ciro Gomes em Minas Gerais. Na avaliação de Carlos Lupi, presidente do PDT, as divergências nos estados não devem ser um entrave para uma composição da sigla com partidos da centro-direita no plano nacional. “Um bom palanque nacional pode puxar para cima o palanque local, mas o contrário dificilmente acontece. E sempre há a possibilidade de palanques duplos ou de neutralidade”, afirma. Segundo estado que proporcionalmente menos vacinou contra a Covid-19 no país até aqui, Mato Grosso diz que as doses recebidas do ministério da Saúde estão dentro do esperado, mas que há descompasso entre a aplicação das vacinas pelas prefeituras e a alimentação do sistema. Com 10% da população adulta tendo recebido a primeira dose de uma das vacinas contra o novo coronavírus até sábado (10), de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, o estado fica na penúltima colocação de uma lista que é liderada por seu vizinho Mato Grosso do Sul, com 18,9%, seguido por Rio Grande do Sul (18,3%) e Bahia (17,2%). Mato Grosso, que só está à frente do Amapá, que vacinou 9,9%, recebeu até agora 618.760 doses das vacinas contra a Covid-19 e distribuiu às regiões 617.084 doses, ou 99,7% dos imunizantes recebidos, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde. A pasta informou que cabe às prefeituras a retirada das vacinas nos escritórios regionais, a aplicação das doses e a alimentação das informações no sistema oficial do Ministério da Saúde. “Já foi identificado que existe um descompasso entre a realidade da aplicação da vacina e a alimentação do sistema de vacinação com os registros oficiais. Os municípios irão intensificar o trabalho para inserir os dados no sistema do Ministério da Saúde”, diz trecho de comunicado da secretaria enviado à Folha. Na sexta, o estado era o último colocado, com 9,1% da população adulta vacinada. Em relação à segunda dose, o estado também está nas últimas colocações, com 3,2%, mas deixa outros quatro estados para trás —Goiás (3,1%), Maranhão e Piauí (com 3% cada) e Acre (2,6%). Conforme dados do consórcio, receberam a primeira dose no estado 256.421 pessoas e, a segunda dose, 81.453. Ainda segundo o estado, as equipes da saúde se esforçam para que a distribuição das vacinas aos 14 polos regionais de saúde ocorra em no máximo 48 horas, “levando em consideração o recebimento das doses, a conferência, o encaixotamento e a pactuação referente ao número de doses que devem ser encaminhadas aos municípios”. Mas, além do alegado atraso das prefeituras no lançamento do total de pessoas imunizadas no sistema, há outros problemas que têm atrapalhado a vacinação no estado. Um deles envolve discussões entre o governo do estado e a Prefeitura de Cuiabá, comandadas por grupos políticos opostos. A vacinação dos profissionais de segurança pública, que começaria às 9h de quinta, foi suspensa porque, conforme o estado, a prefeitura não entregou as doses para aplicação. Já a prefeitura afirmou que não tinha recebido vacinas destinadas a esse grupo e que a secretaria estadual tinha sugerido que o município retirasse parte das doses para trabalhadores da saúde e idosos para iniciar a vacinação das forças de segurança pública, o que foi negado. Conforme a prefeitura, a secretaria estadual entrou em contato ainda na quinta informando que disponibilizaria as doses para que a vacinação ocorresse nesta sexta, o que de fato aconteceu. Das 1.600 doses, 800 são da prefeitura, que chegaram na quinta para este grupo, e o restante é da reserva técnica do estado. No interior, porém, a vacinação começou na própria quinta-feira, em cidades como Rondonópolis, Sinop e Colniza. Além disso, há outra questão, que é o receio de prefeituras com a chegada ou não de vacinas para aplicar a segunda dose aos grupos prioritários. Até a semana passada, por exemplo, Cuiabá estava com 72% das doses aplicadas, de acordo com a Secretaria da Saúde da capital. Com a chegada de 22 mil novas doses, na sexta-feira o índice de aplicação caiu para 63%. Dessas novas vacinas, 2.000 são para aplicação da primeira dose e, o restante, para segunda —cuja aplicação começará na próxima semana. Aplicar mais doses, fazendo elevar o índice, gera receio pelo fato de a administração não saber exatamente quando serão entregues novos lotes de imunizantes. Por isso, e também devido ao tempo necessário para a aplicação da segunda dose da Coronavac —21 a 28 dias após a primeira dose—, há uma reserva para garantir a imunização de todos, segundo a pasta. Mato Grosso tem 327.449 casos confirmados da Covid-19, com 8.487 óbitos e 116 pacientes na sexta-feira na fila de espera por uma vaga em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). Locais como os hospitais regionais de Sinop e de Sorriso estão com 100% de ocupação. O governo Jair Bolsonaro passou a defender abertamente a ampliação da CPI da Covid. Com a medida, a comissão no Senado poderia investigar também a ação de governadores e prefeitos na pandemia. A estratégia, segundo senadores e auxiliares de Bolsonaro, é jogar mais pressão sobre congressistas para que eles retirem assinaturas do pedido de criação da comissão. Isso precisa ser feito nas próximas horas. O Palácio do Planalto avalia que a perspectiva de uma CPI que, além do governo federal, mire prefeitos e governadores pode ser suficiente para reduzir os apoios à instalação da CPI no Senado, uma vez que senadores são ligados politicamente às administrações nos estados. No sábado (10), Bolsonaro defendeu a extensão do escopo do colegiado. ""A CPI [é] para apurar omissões do presidente Jair Bolsonaro, isso que está na ementa. Toda CPI tem de ter um objeto definido. Não pode, por exemplo, por essa CPI que está lá, você investigar prefeitos e governadores, onde alguns desviaram recursos. Eu mandei recursos para lá, e eu sou responsável?"", disse. ""Conversei com alguns [senadores] e a ideia é investigar todo mundo, sem problema nenhum"", afirmou Bolsonaro que, na manhã do sábado, realizou um passeio de moto pela periferia de Brasília. Depois, em áudio divulgado pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) neste domingo (11), Bolsonaro voltou a apelar para a ampliação da CPI. ""Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o [ex-ministro da Saúde, Eduardo] Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana"", disse Bolsonaro, em gravação reproduzida nas redes sociais do senador. O discurso foi endossado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), em uma sequência de mensagens publicadas no Twitter sábado (10) e domingo (11). ""Uma CPI exclusivamente para apurar o governo federal eu sou totalmente contra. Se tiver CPI, que se apure todos os entes da Federação, inclua estados e municípios e os impactos da liberação da eleição de 2020 para o surgimento da nova cepa (P.1)"", escreveu. Um primeiro passo para a instalação da CPI para investigar as ações e omissões do governo federal no combate ao coronavírus deve ocorrer nesta terça-feira (13), com a leitura do requerimento da comissão pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Mesmo com as assinaturas necessárias, Pacheco vinha bloqueando a criação do colegiado. Segundo ele, o momento não é adequado para investigação parlamentar com potencial de trazer forte instabilidade na política nacional. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, determinou que a CPI fosse instalada. A decisão liminar (provisória) é de quinta-feira (8). Inicialmente, a ordem do ministro seria analisada no plenário virtual da corte, no qual são depositados os votos, sem debates. No sábado, Luiz Fux, presidente do STF, após consulta aos ministros, antecipou o julgamento para esta quarta (14), que será no plenário físico da Corte. Na manhã desta segunda (12), Bolsonaro escreveu em suas redes sociais que ""nos momentos difíceis deve-se unir forças, nunca ofender exatamente aquele que pode ser decisivo nesse salvamento"". ""Convença aqueles que estão ao seu lado a defender a Constituição, em especial seu art. 5°, a nossa bandeira verde e amarela"", disse. ""Cada vez mais a população está ficando sem emprego, renda e meios de sobrevivência, o caos bate na porta dos brasileiros. Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e prepare-se"", afirmou. Agora, a principal frente de ação do Palácio do Planalto é tentar conseguir que assinaturas sejam retiradas por senadores até esta terça-feira. Dos 81 senadores, 32 assinaram o pedido de CPI —são necessários 27. A ameaça de uma CPI com potencial de criar problemas para governadores é considerado um argumento importante para o Planalto, que mira principalmente congressistas ligados a governos estaduais. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que as apurações envolvam também os gestores locais. ""Dessa forma, não cabe, a nosso ver, instituir uma comissão parlamentar de inquérito para proceder à investigação da atuação dos órgãos estatais diante da pandemia do Covid-19 e limitar o seu escopo exclusivamente aos agentes públicos federais. Trata-se de um sistema nacional e assim deve ser avaliado"", escreveu Vieira. O requerimento dele foi apresentado à Secretaria-Geral da Casa no sábado. Após a instalação da CPI, basta a maioria simples para a aprovação desse pedido de ampliação do escopo da comissão. Essa possível ampliação do escopo da investigação interessa ao Planalto mesmo se a estratégia de tentar a retirada das assinaturas não surtir efeito. Se a CPI sair do papel, o Planalto considera que pode equilibrar o desgaste da investigação contra os atos de Bolsonaro com o discurso adotado há meses pelo presidente: o de que estados e municípios receberam vultosos recursos da União para combater o vírus, mas não só falharam em conter a doença como muitos teriam praticado desvios e ilícitos. Congressistas que apoiam a CPI, no entanto, dizem que as declarações de Bolsonaro não devem ser suficientes para reverter assinaturas e que o presidente está, novamente, tentando mobilizar sua base. De acordo com eles, o pedido original da CPI já era amplo o bastante para apurar o uso de dinheiro federal no combate à pandemia, o que obviamente abarcaria administrações locais que tivessem usado esses recursos. Mesmo com a formalização da CPI, senadores estão céticos quanto à possibilidade de a comissão efetivamente funcionar. Congressistas dizem que o colegiado não tem condições de trabalhar sem as mínimas garantias sanitárias, uma vez que as reuniões de CPI ocorrem em salas fechadas e com reduzida circulação de ar. De acordo com senadores, é inviável colher depoimentos de forma remota. Mesmo se houver sessões presenciais, eles afirmam que qualquer testemunha poderia alegar motivos médicos para não comparecer. Além do mais, parlamentares dizem que uma CPI que funcione remotamente impossibilita a análise de documentos sigilosos. A percepção de que a CPI não tem no momento condições de funcionar é partilhada tanto por apoiadores de Bolsonaro quanto por alguns parlamentares da oposição. Três senadores morreram de Covid: Arolde de Oliveira (PSD-RJ), José Maranhão (MDB-PB) e Major Olímpio (PSL-SP). Também nesta segunda-feira (12), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) informou que conseguiu as assinaturas necessárias para uma outra Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal, para já incluir no escopo das investigações também estados e municípios. O senador é um aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem adotando a estratégia de buscar investigar também estados e municípios, para tirar o foco exclusivo de seu governo. O requerimento do senador foi apresentado em março, mas ganhou grande velocidade na adesão de assinaturas a partir de sexta-feira (9), após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou a abertura da CPI da Covid no Senado. ""Conseguimos! Já são mais de 34 assinaturas até o momento"", escreveu Eduardo Girão, em suas redes sociais. São necessárias 27 assinaturas, equivalente a um terço do Senado, para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito. ""Reunimos o número de assinaturas suficientes para protocolar uma CPI abrangendo União, estados e municípios. Espero que a verdade venha à tona, quem tá devendo vai ter que se justificar e quem errou vai ter que ser punido"", completou. Na quinta-feira (8), o ministro do STF Luís Roberto Barroso proferiu decisão monocrática na qual obriga o Senado a instalar a CPI da Covid. O requerimento para a instalação de uma CPI estava há dois meses parado com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que defendia não haver condições físicas e sanitárias para instalar a comissão, por conta da pandemia, e também por acreditar que ela atrapalharia as ações de enfrentamento à Covid. Pacheco afirmou à Folha que iria cumprir a decisão e que leria o requerimento de instalação na sessão de terça-feira (13). Um indicativo que a nova CPI pode beneficiar o governo do presidente Bolsonaro é a presença de assinaturas de bancadas governistas e mesmo líderes do governo no requerimento. Assinam, por exemplo, os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). A lista também conta com assinaturas de bancadas consideradas governistas, como DEM, PSD e PP. O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que vai solicitar que as duas propostas de CPI sejam apensadas, o que significaria unificar os dois pedidos de instalação de comissão. O governo começou a agir desde o fim da semana passada contra a CPI da Covid, autorizada por Barroso. A primeira estratégia foi pressionar pela retirada das assinaturas, inviabilizando a sua criação antes mesmo da instalação. No entanto, o número de assinaturas cresceu nesta segunda-feira, com a adesão de Chico Rodrigues (DEM-RR) e Flávio Arns (Podemos-PR). Além da condução da pandemia, Brasil e Estados Unidos também têm trilhado caminhos diferentes quando o assunto é reforma tributária. Enquanto o governo do democrata Joe Biden, em menos de três meses, já avançou no plano que prevê aumento de impostos cobrados de grandes empresas, no Brasil a discussão está travada por causa do agravamento da crise sanitária de Covid-19. Ainda que a reforma avance, o plano do ministro Paulo Guedes (Economia) vai no sentido contrário da proposta do presidente americano de aumentar impostos sobre empresas para reforçar o caixa do governo. A proposta do ministro brasileiro, ainda não formalizada, prevê um corte de impostos sobre empregadores, com aumento da tributação apenas sobre a distribuição de dividendos, hoje isenta. A desoneração ampla seria viabilizada com a criação de um imposto sobre transações, como a CPMF, ideia que sofre forte rejeição dentro e fora do governo. Já Biden anunciou na quarta-feira (7) uma proposta para aumentar de 21% para 28% o imposto cobrado de empresas, patamar que, ainda assim, ficaria abaixo da alíquota de 35% que vigorava no país antes de o ex-presidente Donald Trump cortar impostos corporativos, em 2017. Se concretizada, a mudança poderia aumentar a arrecadação do país em US$ 2,5 trilhões em um horizonte de 15 anos, segundo estimativas do governo americano. O plano inclui ainda mudanças em cláusulas de tributação internacional e legislações mais duras para forçar empresas a pagar impostos sobre uma gama maior de fontes de renda em diferentes países. As discussões se dão em um contexto de desaceleração do número de mortes pelo novo coronavírus nos Estados Unidos. O país, que chegou a registrar 4.490 óbitos pela doença em 12 de janeiro, viu o ritmo decrescer com o aumento da vacinação da população americana. Na quinta-feira (8), foram 1.037 mortos nos EUA. No Brasil, a situação é inversa, e a piora da pandemia paralisou as discussões sobre a reforma tributária. A avaliação de governadores, prefeitos e congressistas é que não há clima para debater impostos enquanto os sistemas de saúde de estados e municípios se aproximam do colapso. Membros da equipe econômica já reconhecem internamente que o tema pode ficar travado por mais tempo, com chance de o mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser encerrado com poucos avanços na área. A percepção de auxiliares do ministro Paulo Guedes (Economia) é que só há espaço neste ano para uma simplificação tributária que não altere a repartição de recursos entre União e governos regionais. Interlocutores ressaltam que uma reforma ampla também não seria aprovada em 2022, ano eleitoral. Em 4 de fevereiro, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciaram um cronograma que previa a aprovação da reforma nas duas Casas até outubro. Naquele dia, dados das secretarias estaduais de Saúde reportaram 1.232 mortos por Covid-19, elevando o total no país para 228.795 óbitos. Dois meses depois, já são quase 350 mil mortos pelo novo coronavírus e um número diário de óbitos que, recentemente, tem ultrapassado o patamar de 4.000. A piora da pandemia levou a uma crise entre Poderes e a tentativas de melhorar a coordenação do enfrentamento à Covid-19 por meio de um comitê nacional, em esforço que tem consumido a atenção do Executivo, do Legislativo e de governos estaduais e municipais. Indícios de que a discussão só será retomada quando a pandemia parecer minimamente controlada já foram enviados pelo Congresso. Em 24 de março, Lira fez o discurso mais duro até o momento contra o governo federal, cobrando correção de rumo e acenando com ""remédios políticos amargos"" a serem usados pelo Congresso, alguns deles fatais, se não houvesse mudanças. Na mesma fala, propôs um esforço concentrado por duas semanas, atrasando a tramitação de outros projetos para votar textos que tenham como objetivo ajudar no enfrentamento da Covid. Nesta semana, a expectativa é que a pauta seja mista, ou seja, incluindo propostas que não tratem da pandemia. Antes do agravamento, o presidente da Câmara estimava que a leitura do relatório final da reforma, a cargo do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aconteceria na semana passada. Agora, não há previsão ou clima para que as discussões sejam retomadas. ""Não tem como o Congresso fazer outro debate que não seja preservar vidas"", afirmou o recém-escolhido líder da minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ). ""A gente está muito atrasado na vacinação, o percentual de vacinados no país é muito pequeno. Não tem como resolver a economia sem preservar a vida."" Com pessoas morrendo em filas de UTI (unidades de terapia intensiva), o Congresso precisa priorizar temas de enfrentamento à pandemia, defende Freixo. Nesse contexto, nem a reforma tributária nem a administrativa têm espaço na agenda do Legislativo. Entre governadores, a hipótese de desviar a atenção da pandemia para discutir mudanças no sistema financeiro é próxima de zero. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), descarta tratar do assunto neste momento. Ele se diz crítico da reforma que está sendo discutida, afirma ser contrário ao ICMS (imposto estadual) e avalia que o IBS (imposto sobre bens e serviços), da forma como foi formatado, aumenta a carga tributária de alguns setores. O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), concorda e afirma que a reforma tem de ser feita levando em consideração a realidade de cada estado, o que exige discussões com todos os segmentos produtivos, governadores, prefeitos e o governo federal, algo que não pode acontecer em um momento em que a atenção está voltada ao controle da pandemia. ""Enquanto a gente não tiver um controle da pandemia no país, não tem como tratar outra pauta a não ser Covid, vacina, e, na sequência, retomada da atividade econômica."" Na avaliação dele, a reforma não é simples. ""Carece de uma discussão mais ampla, especialmente no Amazonas, onde os interesses da Zona Franca [de Manaus] têm de ser preservados, pois respondem por 80% das atividades econômicas"", disse. ""E isso não é simples de ser feito, principalmente nesse momento de pandemia. Se fizer a reforma tributária, algum segmento vai sair prejudicado. Não tem como fazer isso sem tirar de alguém"", disse. Representantes dos municípios afirmam que também não há ambiente para debater impostos enquanto UTIs têm taxas de ocupação que, em alguns casos, superam 90%. Presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Jonas Donizette afirma que tem conversado com empresários de varejo e indústria e há uma visão geral de que as preocupações, no momento, são de outra ordem. ""Neste momento, tudo o que o Congresso puder votar para facilitar a gente a sair da crise é projeto para pandemia. Não tem clima [para tributária] em 2021. Temos de sobreviver a 2021 e, depois, olhar para 2022."" Membros da equipe econômica afirmam que o presidente da Câmara foi muito claro e está correto ao dizer que não é o momento de discutir reformas estruturantes. A avaliação é que os esforços devem ser concentrados em formulação, aprovação e acompanhamento de medidas de combate à pandemia. Uma pessoa próxima a Guedes diz que dificilmente uma proposta ampla de reforma será aprovada mesmo após o controle da crise sanitária. O tema envolve divergências que vão além da disputa entre governos regionais pelo repasse de recursos. Guedes, por exemplo, é contra as propostas que já tramitam no Congresso. Para ele, esses textos criariam um tributo sobre consumo com carga muito elevada, insustentável para o país. Na visão de auxiliares do ministro, seria positivo se o governo e o Congresso avançassem ao menos em uma proposta enxuta. O modelo em estudo prevê a unificação de PIS e Cofins e a simplificação da cobrança de impostos regionais. As propostas da Câmara e do Senado são mais amplas e unificam, respectivamente, cinco e nove tributos, incluindo ICMS (estadual) e ISS (municipal). Em um momento de crise fiscal generalizada, com entes precisando reforçar o caixa, técnicos do governo afirmam que eventual votação dessas propostas tende a provocar aumento da carga tributária. O cenário considerado possível pela pasta deixa de fora das discussões até mesmo promessas feitas pelo governo, como a reforma do Imposto de Renda e a reestruturação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Um integrante do ministério avalia ainda que a janela para aprovação de projetos nessa área será fechada neste ano. Isso porque 2022 é ano de eleições presidenciais, o que consome a atenção de congressistas e normalmente impede a tramitação de propostas consideradas polêmicas no Congresso. Os 61 mortos por asfixia à falta de oxigênio por si só justificam a CPI que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, precisou ser obrigado pelo Supremo a instalar. Esse horror sofrido em hospitais do Amazonas está envolto por quantidade tão torrencial de horrores que uma CPI é insuficiente para dar-lhes as devidas respostas. Apesar de tantos fatos e dados à sua disposição, com fartura de comprovações já prontas e públicas, a mera possibilidade da CPI nos força a encarar outra tragédia: no Brasil de 4.000 mortos de Covid por dia, não se conta com seriedade nem para evitar-nos a dúvida de que a CPI busque, de fato, as responsabilidades pelo morticínio, as quais já conhecemos na prática. A reação imediata dos contrariados é a esperável, mas também traz sua incógnita. O choque iniciado com o STF soma-se ao jogo duro do governo, sobre os parlamentares, para dominar tudo que se refira à CPI. Disso decorre um potencial alto de agravamento e de incidentes sob a nova, e ainda mal conhecida, disposição de forças derivada das alterações em ministérios e em cargos e correntes militares. As juras de respeito à Constituição são unânimes nos que entram e nos que saem. Inúteis já porque nenhum diria o contrário. Ainda porque o passado atesta essa inutilidade. E, no caso da Defesa, não se pode esquecer que o general Braga Netto estava no centro do governo, onde aceitou ou contribuiu para os desmandos do desvario dito presidencial. Logo que nomeado, adotou uma prevenção significativa: excluiu da nota de celebração do golpe a caracterização das Forças Armadas como instituição do Estado. Não do governo. O comandante da Força Aérea, brigadeiro Baptista Jr., já está identificado como ativo bolsonarista nas redes sociais. Ministro da Justiça, o delegado Anderson Torres e seu escolhido para diretor da PF têm relevância à parte. O primeiro vê em Bolsonaro nada menos do que um enviado de Deus: “Quis Deus, presidente Bolsonaro, que esta condução em momento tão crítico estivesse em vossas mãos”. Imagine-se a obediência devida a um enviado. O outro, delegado Paulo Maiurino, tem anos de atividade em política capazes, se desejar, de enriquecer a carreira de intervenções políticas da PF. Iniciada no governo Fernando Henrique pelo delegado Argílio Monteiro, depois recompensado com a candidatura (derrotada) a deputado federal pelo PSDB, foi o tempo do dinheiro “plantado” no Maranhão, dos caixotes de dólares “mandados de Cuba para Lula”, e outras fraudes, sempre a serviço das candidaturas de José Serra. Na Lava Jato a PF enriqueceu muito a sua tradição. Com essas e mais peças, como a AGU entregue ao pastor extremado André Mendonça, está claro tratar-se de parte de um dispositivo político e armado. A pandemia e a mortandade não são preocupações. Nem dentro da própria Presidência, onde se aproximam de 500 os servidores colhidos pela Covid, com taxa de contaminação 13% maior que a nacional. E lá, para ilustrar a possível CPI, a “ordem do presidente” continua a ser “contra lockdown” (aspas para o ministro Marcelo Queiroga), contra máscaras e vacina, e pela cloroquina. Antes mesmo de determinada pelo ministro Barroso, a possibilidade da CPI iniciou a discussão de táticas para dela poupar Bolsonaro. Será resguardar o agente principal da calamidade. O vírus leva à morte porque esse é papel que a natureza lhe deu. Bolsonaro fez e faz o mesmo por deslealdade ao papel que lhe foi dado e aos que o deram. E, de quebra, ao restante do país. Há mais do que crimes de responsabilidade, numerosos, à mercê de uma CPI. Há crimes contra pessoas. Há crimes contra a humanidade. Tal coleção de crimes talvez encontre comparação nos abutres que agiram em porões da ditadura. Ou talvez só se compare aos primórdios da ocupação territorial, com a escravização e as mortandades em massa. O choque não descansa: são 4.000 mortos por dia. É razoável suspeitar que não haja, nem sequer em número próprio de uma CPI, gente com caráter para enfrentar uma criminalidade assim e ao que a ampare, como o ódio e a facilitação de armas letais. Coração da cultura cacaueira e motor da economia baiana na primeira metade do século 20, o sul da Bahia viveu um movimento pendular nas últimas três décadas: potência econômica até os anos 1980, teve o seu pior momento por volta de 2000 e vinha se reconstruindo desde 2010. Em 2021, a região olha para o futuro com um misto de alento e temor: dentro de cinco anos, o litoral norte de Ilhéus (310 km de Salvador) será cortado pela Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que desembocará no Porto Sul, terminal offshore a 3 km da costa. A obra da ferrovia, que vinha em ritmo lento por restrições orçamentárias, deve ganhar impulso após a concessão do trecho entre Ilhéus e Caetité. O traçado de 537 quilômetros, com 80% das obras físicas concluídas, foi arrematado nesta quinta-feira (8) pela Bamin (Bahia Mineração). Dona da mina Pedra de Ferro, em Caetité, a Bamin é a principal interessada na ferrovia e foi a única concorrente do leilão. A mineradora terá que investir R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão para concluir a obra da ferrovia. De acordo com o governo federal, a concessão da Fiol permitirá a criação de 55 mil empregos diretos, indiretos e efeito-renda ao longo dos 35 anos da concessão. “Será nossa redenção”, afirma o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), que destaca a criação de postos de trabalho no momento em que a cidade, que tem o turismo como um dos pilares, enfrenta dificuldades com a pandemia. A região de Ilhéus enfrenta uma crise desde o final dos anos 1980, quando plantações de cacau foram dizimadas pela praga da vassoura-de-bruxa. A crise econômica resultou em um movimento migratório que esvaziou a cidade, que saiu de 222 mil habitantes em 2000 para 184 mil em 2010. Nos últimos anos, contudo, Ilhéus vinha respirando novos ares com o impulso do turismo e da retomada da produção do cacau no sistema cabruca, no qual as árvores são plantadas aproveitando o sombreamento da mata nativa. Mais de 70 fábricas de chocolate de pequeno porte instalaram-se na região. Em vez de competir com os líderes globais, os produtores apostaram em produtos de nicho, com maior qualidade e valor de mercado. Diante das novas possibilidades com turismo, retomada do cacau e aposta em um modelo de produção mais sustentável, uma parcela da população de Ilhéus vê com reservas a construção do Complexo Porto Sul e trava um debate acerca do modelo de desenvolvimento proposto para a região. O principal temor é que a obra da ferrovia, mas principalmente o porto, tragam impactos ambientais como devastação da floresta, redução da biodiversidade, erosão da costa e poluição do ambiente marinho. “É preciso avaliar o custo-benefício entre seguir em frente ou rever este projeto. Não estamos falando de problemas pontuais, mas em um impacto sistêmico”, afirma Rui Barbosa da Rocha, diretor do Instituto Floresta Viva. Ele diz que há possibilidade de erosão da costa como reflexo da construção de um porto em alto mar, além de impacto nos corais, nos arrecifes e na área de proteção ambiental Lagoa Encantada, que fica junto ao traçado da ferrovia e abriga áreas remanescentes da Mata Atlântica. Também preocupa o impacto social da obra no distrito de Aritaguá, litoral norte de Ilhéus, onde cerca de mil pescadores e marisqueiras tiram o seu sustento do mar e do rio Almada. Na Vila Juerana, comunidade que fica no distrito de Aritaguá, o início das obras do Porto Sul preocupa os moradores, que temem o impacto na oferta de peixes e crustáceos e no fluxo de turistas na região. “A obra mal começou e já sentimos os impactos: a água do rio está barrenta e uma área grande de manguezal está sendo devastada”, afirma a professora Mônica Santos, presidente da associação de moradores da vila. Ela diz que a construção do porto vai dizimar a vocação turística da vila, que fica no encontro do rio Almada com o mar e tem boa oferta de bares e restaurantes dedicados a frutos do mar. Presidente da Bamin, Eduardo Ledsham afirma as obras da ferrovia e porto passaram por rigorosos processos de licenciamento ambiental com a definição de centenas de condicionantes que serão cumpridas pela empresa. Dentre elas está a criação de um fundo de R$ 42 milhões que financiará uma fundação para avaliar os possíveis impactos do empreendimento. “Cada impacto terá o seu programa específico. O respeito ao meio ambiente é um valor da empresa”, afirma Ledsham. Os projetos da Fiol e do Porto Sul foram concebidos há cerca de dez anos na gestão do governador da Bahia Jaques Wagner (PT), a partir da descoberta das minas de ferro em Caetité. O licenciamento ambiental, realizado no início da década, foi desde o início marcado por tensões. Na época, o porto chegou a ter a sua licença negada pelo Ibama por causa dos impactos ambientais e teve a sua localização alterada da Ponta da Tulha para o distrito de Aritaguá. Ao falar dos impactos ambientais da Fiol, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, destacou a redução de gás carbônico como um dos ativos da ferrovia: “Como uma ferrovia pode não ser sustentável? Falar em Fiol é falar em diminuir em três vezes a emissão de CO2”. Mas a redução da emissão de gás carbônico não é o único fator a ser levado em consideração em um projeto de infraestrutura, conforme explica Ana Cristina Barros, conselheira do Climate Policy Initiative (CPI). “É uma leitura muito estreita do governo falar apenas da redução de gás carbônico. A realidade é que existem muito impactos indiretos, como a ocupação associada ao desmatamento, por exemplo”, diz. Rui Barbosa da Rocha, do Instituto Floresta Viva, defende que o governo busque soluções alternativas à Fiol. Uma delas seria escoar o minério pela FCA (Ferrovia Centro Atlântica), atualmente concedida à Vale, que passa próximo a Caetité e segue até a região metropolitana de Salvador. No governo da Bahia, contudo, a avaliação é que FCA teria que ser totalmente reconstruída, já que possui muitos aclives, trechos abandonados e passa por estruturas antigas, como uma ponte do século 19 que liga as cidades de Cachoeira e São Félix, no recôncavo baiano. “A Fiol já têm licença ambiental, é uma realidade. Estão voltando a uma discussão de dez anos atrás”, critica o secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti. Na avaliação do governo baiano, ferrovia e porto serão um indutor de novos negócios no sul da Bahia, descentralizando a atividade econômica do estado. O projeto da Fiol prevê a construção de três trechos de ferrovia com um total de 1.527 quilômetros entre Ilhéus e a cidade de Figueirópolis, em Tocantins, onde seria interligada com a Ferrovia Norte-Sul. A meta da Bamin é transportar 18 milhões de toneladas de minério de ferro por ano pela Fiol. Mas a capacidade de carga da ferrovia será de 60 milhões de toneladas por ano. Por isso, a ideia é que a ferrovia sirva também para escoar a produção de soja, milho e algodão da região do Matopiba (fronteiras entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e até mesmo dos estados do Centro-Oeste. A série de leilões de infraestrutura batizada pelo governo federal de Infra Week terminou nesta sexta (9) com a concessão de cinco terminais portuários por R$ 216 milhões em bônus mais promessa de investimentos de R$ 612 milhões. Nos dias anteriores, o governo concedeu 22 aeroportos e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). No acumulado da semana, a arrecadação em bônus somou R$ 3,5 bilhões. Os vencedores dos leilões terão que investir, ao todo, R$ 10 bilhões. Como esperado pelo mercado, a concorrência foi forte apenas nos leilões de aeroportos, que terminaram com ágio médio de 3.822,61%. A ferrovia atraiu apenas um interessado e, nos leilões de terminais portuários, as disputas tiveram, no máximo, dois interessados. ""Estamos muito felizes"", disse após o leilão o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. ""Estamos acabando [a InfraWeek] depois de transferir 28 ativos para iniciativa privada, de fazer 15 reuniões com investidores, depois de contratar R$ 10 bilhões em investimentos e R$ 3,5 bilhões em outorga."" O ministro defendeu que o resultado do leilão ""mostra que o Brasil tem futuro"". Durante a semana de leilões, ele tem repetido os resultados são uma vitória do presidente Jair Bolsonaro e reforçam a agenda liberal do governo. Até o fim do ano, o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) prevê a licitação de outras 99 concessões em diversos setores da economia, além de educação e segurança pública, entre outros. Segundo a secretária do PPI, Martha Seiller, os leilões de 2021 contratarão investimentos de R$ 460 bilhões. Nesta sexta, foram concedidos terminais nos portos de Itaqui, no Maranhão, e de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Três terminais de Itaqui foram arrematados pela Santos Brasil Participações e um pela Ultracargo. A maior disputa no leilão se deu entre Santos Brasil e Ultracargo por um dos terminais do porto de Itaqui. Depois de vencer na oferta inicial, a Santos Brasil foi derrotada na disputa em viva voz, na qual a Ultracargo foi até R$ 59 milhões, 57% o valor de sua proposta inicial. O terminal do Porto de Pelotas foi concedido sem disputa à CMPC Celulose Riograndense por um bônus de outorga de R$ 10 mil, que já opera as instalações desde 2016. O lance mínimo era de R$ 1. Os terminais do Porto do Itaqui são destinados ao armazenamento de granéis líquidos, como petróleo e combustíveis. Suas áreas possuem oito tanques para armazenamento de derivados de petróleo, a principal carga do porto, movimentando 5,9 milhões de toneladas e com previsão de alcançar 17,9 milhões em 2060. O complexo funciona como um hub de distribuição de combustíveis para as regiões Norte e Nordeste, atendendo Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso, além de outros estados próximos por navegação de cabotagem. Já o terminal do Porto de Pelotas movimenta toras de madeira. A CMPC usa as instalações para transportar eucalipto produzido na região para sua unidade industrial em Guaíba (RS). Além dos cinco terminais portuários concedidos nesta sexta, o governo Bolsonaro licitou outras 20 instalações do mesmo tipo em 2019. Segundo o Ministério de Infraestrutura, já foram contratados R$ 10 bilhões no setor, que cresceu 4,2% em 2020, apesar da pandemia. Freitas disse que o interesse pelas concessões é ""demonstração inequívoca de que o investidor está realmente mirando o longo prazo"". ""Essa semana [de leilões] era uma ousadia mas era importante se antecipar e buscar o investimento."" Ainda em 2021, o governo pretende fazer a primeira concessão de porto autorizado no país, com o leilão da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo). ""Estamos começando com Espírito Santo porque é necessário aprender, para depois a gente fazer Santos. E depois de Santos, podemos fazer qualquer coisa"", disse o ministro. Entre os novos leilões previstos pelo Ministério da Infraestrutura para 2021 e 2022, estão as BRs 153 e 163, a Novadutra e outros 16 aeroportos, incluindo Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), considerados as ""joias da coroa"" do setor aeroportuário brasileiro. Juntos, esses empreendimentos devem atrair mais R$ 84 bilhões e gerar 2,9 milhões de empregos diretos e indiretos. Deste total, o setor ferroviário deve concentrar R$ 41,6 bilhões em investimentos, seguido pelos terminais portuários (R$ 32 bilhões). O calendário de leilões entrou na propaganda oficial do governo como ""o maior programa de concessões de infraestrutura do mundo"". ""Temos que celebrar nosso encontro com a esperança, nosso encontro com o futuro"", afirmou o ministro da Infraestrutura em discurso após o leilão desta sexta. O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para confirmar decisões da ministra Rosa Weber de obrigar a União a reativar leitos de UTI em São Paulo, Maranhão, Bahia, Piauí e Rio Grande do Sul. Os ministros Alexandre de Moraes, Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Edson Fachin votaram para manter o despacho de Weber. O caso está em análise na sessão do plenário virtual que será concluída nesta quarta-feira (7). Em fevereiro, a magistrada já havia julgado procedente pedidos de governadores que recorreram ao Supremo para a retomada do repasse do governo federal, que vinha em queda gradativamente em 2021 pela União. Em relatórios recentes, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) fez alerta sobre a diminuição de leitos custeados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em dezembro de 2020, segundo o conselho, 12.003 unidades contavam com o financiamento do Ministério da Saúde para sua manutenção. Em janeiro de 2021, esse número foi reduzido para 7.017 e a expectativa era de que, sem a decisão do STF, fevereiro fechasse com apenas 3.187. Em nota emitida em fevereiro, logo após a decisão provisória de Weber, o Ministério da Saúde negou ter havido suspensão do pagamento de leitos e disse que eles ""têm sido feitos conforme demanda e credenciamento dos governos dos estados"". A pasta deixou de informar na nota, porém, que parou de renovar o financiamento desses leitos, como vinha fazendo até o ano passado quando encerrado o prazo de 90 dias —o que levou a uma queda brusca no total daqueles que recebem recursos federais. No julgamento desta semana, os ministros se limitaram a acompanhar a ministra. Os magistrados não têm obrigação de incluir um voto escrito no sistema virtual e podem apenas seguir ou divergir do relator. A ministra repetiu os argumentos usados quando deu os despachos monocráticos. Segundo ela, a decisão é necessária porque a ausência de uma solução ágil e racional do problema pode multiplicar o número de óbitos pela Covid-19 e ""potencializar a tragédia humanitária”. A magistrada mandou recados ao governo em seu voto. “O discurso negacionista é um desserviço para a tutela da saúde pública nacional. A omissão e a negligência com a saúde coletiva dos brasileiros têm como consequências esperadas, além das mortes que poderiam ser evitadas, o comprometimento, muitas vezes crônico, das capacidades físicas dos sobreviventes, que são significativamente subtraídos em suas esferas de liberdades”, disse. Nas ações apresentadas ao STF, entre outros argumentos, os governos locais afirmaram ser responsabilidade da União zelar pela saúde da população. O custo diário de uma UTI destinada aos doentes da Covid-19 é, em média, de R$ 1.600. No caso de São Paulo, por exemplo, segundo o governo estadual, o Ministério da Saúde pagava 3.822 leitos de UTI, mas, antes da decisão do STF, passou a bancar o funcionamento de somente 564 leitos em 2021. Governadores de ao menos 12 estados já fizeram pedidos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de aval para importação e distribuição, no Brasil, de doses da vacina russa Sputnik V. Os dados atualizados foram divulgados pela agência nesta terça-feira (6). No mesmo dia, o grupo fez uma reunião por quase 4h com a agência. No encontro, governadores pressionaram para que haja rápida liberação das doses. ""A decisão da Anvisa é que garante que tenhamos condição de em abril termos mais vacinas, a partir de contratos da Sputnik pelos estados e ministério"", disse o governador do Piauí, Wellington Dias. ""[Se] tirar do calendário de abril, é um desastre."" A agência, no entanto, frisou na reunião que ainda faltam dados para análise da vacina. Segundo a Anvisa, para a conclusão da avaliação de importação, deve ser apresentado relatório técnico da avaliação das vacinas emitido por autoridades sanitárias internacionais —o que ainda não foi apresentado. Diante da pressão dos governadores, porém, a agência informou que ""poderá utilizar outras fontes para autorizar a importação, desde que sejam informações que apontem para segurança e eficácia mínima para a vacina"". Em nota, a agência diz que vai buscar, ""de forma proativa, informações que busquem superar aspectos técnicos"" do pedido de importação da Sputnik feito pelos estados. Uma nova reunião para definir as demais ações está prevista para a manhã desta quarta (7). ""As ações da Anvisa incluem a busca de informações junto à Organização Mundial de Saúde, à Agência Europeia de Medicamentos e a possibilidade de envio de uma equipe à Rússia para inspeção das instalações do fabricante da Sputnik no país de origem"", completa a agência. Os primeiros pedidos para importação de doses da Sputnik foram feitos por nove estados na última semana. Desde então, outros três também já enviaram solicitação semelhante ou informaram que vão entrar com pedido. Estão na lista Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Rondônia, Pará e Amapá. Segundo a Anvisa, o pedido envolve ao menos 29,6 milhões de doses. O número pode ser maior, já que o total do Pará e Amapá ainda deve ser confirmado. Governadores falam em 37 milhões de doses. Apesar da solicitação, a vacina Sputnik V ainda não teve aval para uso emergencial ou registro na agência. O pedido foi feito com base na lei 14.124/2021, que prevê autorização excepcional e temporária para importação e distribuição de remédios e vacinas contra a Covid sem registro ou aval no Brasil. A regra condiciona o pedido a alguns requisitos, como o fato do produto ter sido aprovado por ao menos um entre uma lista de 12 órgãos regulatórios de outros países, incluindo a Rússia. Na prática, caso o pedido seja autorizado, estados podem ter autorização também para distribuir e aplicar a vacina no Brasil. Para isso, no entanto, a regra prevê apresentação de alguns dados específicos que levaram à aprovação da vacina em outros países. A previsão de análise é de sete dias úteis (ou nove dias corridos), podendo ser prorrogada em caso de falta de dados. Após a reunião com a Anvisa, governadores reagiram ao que consideraram demora para decisão da agência. ""Diante da crise que vivemos é inadmissível essa demora para aprovar a vacina, que já está sendo aplicada em dezenas de países"", disse o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a compra e a produção no Brasil da vacina russa Sputnik V. Em vídeo divulgado após a conversa, Bolsonaro aparece usando máscara e diz que é preciso ""resolver alguns entraves"" no Brasil para a liberação do imunizante. Essa, no entanto, não é a primeira vez que a Anvisa aponta falta de dados como impasse para avaliação da vacina Sputnik V. Em janeiro, a União Química protocolou um pedido de uso emergencial da vacina, mas a agência devolveu no dia seguinte afirmando que faltavam documentos básicos. O laboratório tem uma parceria com o Fundo Russo de Investimento Direto para importar e produzir doses da vacina no Brasil. Um novo pedido foi feito à empresa no fim de março. Segundo a agência, no entanto, parte dos documentos previstos ainda não foram entregues. ""Neste contexto, foi dada continuidade da análise das informações submetidas, bem como foi solicitado complementações dos dados e informado a requerente da suspensão da contagem de prazo até a entrega dos dados"", diz a Anvisa. Um grupo de cerca de 200 entidades brasileiras enviou uma carta, nesta terça (6), ao governo de Joe Biden com um pedido para que os EUA não façam nenhum acordo climático com o governo de Jair Bolsonaro a portas fechadas, pois consideram que a gestão federal não tem legitimidade para representar o Brasil. A carta foi enviada aos gabinetes do presidente americano e da vice-presidente, Kamala Harris, à embaixada dos EUA em Brasília, a parlamentares democratas, a membros do gabinete de John Kerry, assessor especial de Biden para o clima, além de organizações internacionais de preservação ambiental. As instituições consideram a gestão Bolsonaro uma inimiga da preservação da natureza. ""Sua política antiambiental desmontou órgãos de fiscalização, promoveu o enfraquecimento da legislação e incentivou a invasões de territórios indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas protegidas"", afirmam. A lista de signatários inclui a Apib (Associação dos Povos Indígenas do Brasil), a ONG Conectas, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a Frente Favela Brasil, a Fundação Tide Setubal, o Greenpeace Brasil, o Instituto Pólis, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MNU (Movimento Negro Unificado) e a SOS Mata Atlântica. A íntegra da carta e a lista de adesões estão no final desta reportagem. O manifesto pede que a ajuda estrangeira ao Brasil seja debatida com a participação de órgãos da sociedade civil, governos locais, universidades, parlamentares e as populações afetadas diretamente pelas questões ambientais, como indígenas e quilombolas. ""Não estamos criticando os projetos de colaboração internacional em meio ambiente no Brasil, que sempre foram muito importantes. O que queremos é que o governo americano ouça também a sociedade civil, para que não se deixe enganar pelo governo Bolsonaro"", comenta Marcio Astrini, secretário-geral do Observatório do Clima, rede de entidades ambientais que também assina o manifesto. O temor dos ativistas é o de que o governo federal consiga recursos estrangeiros sem destinação específica. ""Isso abre margem para que o dinheiro seja usado de forma eleitoral, com finalidades que passam longe de ajudar a proteger a natureza"", aponta o secretário. ""Planejamos fazer mais ações até o dia 22. Uma das propostas é organizar um evento no Congresso americano, no dia 15, para debater meio ambiente e Amazônia"", diz ele. A Casa Branca marcou, para os dias 22 e 23 de abril, uma reunião de cúpula sobre o clima e convidou 40 líderes mundiais, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. Durante o encontro, os EUA devem anunciar uma nova meta de emissões de carbono para 2030, como parte de seu retorno ao Acordo Climático de Paris. Como mostrou a Folha, o governo Bolsonaro pediu ajuda aos EUA para atingir novas metas em energia limpa —área em que o Brasil se destaca historicamente. Do outro lado, Kerry já teve reunião com o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, e tem pedido em público que as nações se comprometam com metas mais objetivas para combater o aquecimento global. O desmatamento na Amazônia cresceu 9,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020, segundo dados do governo brasileiro. Foi o maior percentual em uma década. A derrubada da mata é acompanhada por um crescimento das queimadas na região. Bolsonaro e membros de sua equipe costumam minimizar o problema, além de fazer críticas ao trabalho de ONGs. Em 2019, Bolsonaro disse que elas eram suspeitas de incendiar a floresta, sem apresentar provas. CARTA DA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA AO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA Brasil, 6 de abril de 2021. Em 20 de janeiro, em seu discurso de posse, o presidente Joe Biden elencou como principais desafios de seu governo a luta contra a pandemia, o combate ao racismo estrutural, a mudança climática e o papel dos EUA no mundo. O país, afirmou Biden, deveria liderar não pelo exemplo da sua força, mas pela força do seu exemplo. Tal discurso está sob teste agora, enquanto a administração Biden trava conversas com o governo de Jair Bolsonaro, do Brasil, sobre a agenda ambiental. As negociações ocorrem longe dos olhos da sociedade civil, que o presidente brasileiro já comparou a um ""câncer"". O governo brasileiro comemora tais negociações, que envolveriam recursos financeiros. O presidente americano precisa escolher entre cumprir seu discurso de posse e dar recursos e prestígio político a Bolsonaro. Impossível ter ambos. O líder extremista do Brasil justificou o putsch de 6 de janeiro nos EUA repetindo as mentiras de Donald Trump sobre fraude na eleição. Dentro de casa, ele ataca os direitos humanos e a democracia. Cooperar com tal governante seria um ato inexplicável. Bolsonaro está promovendo a destruição da floresta amazônica e outros biomas, aumentando as emissões do Brasil. Compromete o Acordo de Paris ao retroceder na ambição da meta climática brasileira. Negacionista da pandemia, transformou seu país num berçário de variantes do coronavírus, condenando à morte parte da própria população. Sua política antiambiental desmontou órgãos de fiscalização, promoveu o enfraquecimento da legislação e incentiva invasões de territórios indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas protegidas. A presença de invasores leva ao aumento da violência e de doenças como a Covid junto aos habitantes da floresta. Recentemente, Bolsonaro foi denunciado por indígenas ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo. Qualquer projeto para ajudar o Brasil deve ser construído a partir do diálogo com a sociedade civil, os governos subnacionais, a academia e, sobretudo, com as populações locais que até hoje souberam proteger a floresta e todos os bens que ela abriga. Nenhuma tratativa deve ser considerada antes da redução do desmatamento aos níveis exigidos pela legislação brasileira de clima e o fim da agenda de retrocessos encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional. Negociar com Bolsonaro não é o mesmo que ajudar o Brasil a solucionar seus problemas atuais. Negociações e acordos que não respeitem tais pré-requisitos representam um endosso à tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro. A eleição de Joe Biden representou a vontade dos EUA de estar do lado certo da história. Fazer a coisa certa pelos brasileiros seria uma grande demonstração disso. Assinam esta carta: Coletivos nacionais Agentes de Pastoral Negros do Brasil - APNs Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil Associação Brasileira de Imprensa - ABI Associação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib Associação Nacional de Pós-graduandos - ANPG Central Única dos Trabalhadores – CUT Coalizão Negra por Direitos Conselho Nacional de Seringueiros - CNS Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas - CONAq Fórum da Amazônia Oriental - Faor Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros - Fonatrans Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem-Teto - MTST Brasil Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Movimento Negro Unificado - MNU Observatório do Clima RCA - Rede de Cooperação Amazônica Rede GTA Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas Uneafro Brasil Entidades da sociedade civil 342Amazonia 342Artes 350.org Brasil Abpes - Associação Brasileira de Pesquisadores de Economia Solidária Ação Educativa Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade - Afes Afro-Gabinete de Articulação Institucional e Jurídica - Aganju Articulação Negra de Pernambuco - Anepe ASSIBGE-RR Associação Alternativa Terrazul Associação Brasileira de Imprensa Associação Brasileira de Reforma Agrária Associação Cultural Educacional Assistencial Afro Brasileira Ogban Associação de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade - MG Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia Associação de Jovens Engajamundo Associação de Mulheres Mãe Venina do Quilombo Curiau Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida - Apremavi Associação dos Moradores e Amigos da Praia Grande (Penha-SC) Associação Evangélica Piauíense - AEPI Associação Interdenominacional de Pastores - Assip Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro - Anga Associação Paulista de Cineastas - Apaci Atelier Tuim Avaaz Baía Viva BVRio Carta da Terra Brasil Casa 8 de Março - Organização Feminista do Tocantins Casa das Pretas - RJ Católicas pelo Direito de Decidir Centro de Convivência É de Lei Centro de Cultura Negra do Maranhão Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará - Cedenpa Centro de Formação da Negra e do Negro da Transamazônica e Xingu - CFNTX Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Pe. Josimo Centro de Trabalho Indigenista - CTI Centro Franciscano de Defesa de Direitos (Belo Horizonte-MG) CESE Coordenadoria Ecumênica de Serviço Coletiva DIVERSAS Coletivo Amazônico LesBiTrans Coletivo Cara Preta Coletivo de Mulheres Negras Maria-Maria - Comunema Coletivo Feminista Classista Maria vai com as Outras - Baixada Santista Coletivo Filhas do Vento Coletivo Leste Negra Coletivo Negro Universitário da UFMT Coletivo Raízes do Baobá Negras e Negros (Jaú-SP) Coletivo 660 Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz Comissão Justiça e Paz da Diocese de Macapá Comissão Pastoral da Terra - CPT-MG Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos do Piauí Comitê Repam Xingu Comunidade de Roda de Samba Pagode Na Disciplina Conectas Direitos Humanos Consciência em Movimento - Cooperativa de Saberes Conselho Nacional do Laicato do Brasil - Regional Sul 2 CSP-Conlutas (Roraima) Cursinho Popular Risoflora Defensores do Planeta Elo Mulheres da Rede Sustentabilidade Amapá Eugênia Magna Broseguini Keys Fase - Solidariedade e Educação FBDS - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense - FMAP Fórum Marielles Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno - FMNDFE Frente Estadual pelo Desencarceramento de Minas Gerais Frente Estadual pelo Desencarceramento do Amazonas Frente Favela Brasil Frente Nacional de Mulheres do Funk Fundação Avina Fundação Tide Setubal Gambá Geema - Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente Geledés - Instituto da Mulher Negra Gestos Greenpeace Brasil Grupo de Defesa Ecológica Pequena Semente Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Gênero Feminismos e Interseccionalidade Grupo de Estudos AFETO GT Infraestrutura Ile Igbas Axé Oyá Guere Azan Iniciativa Sankofa Instituto 5 Elementos - Educação para a Sustentabilidade Instituto Afro Cultural da Amazônia - Mona Instituto Afrolatinas Instituto Água e Saneamento - IAS Instituto Aldeias Instituto Aromeiazero Instituto Augusto Carneiro Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - Ibase Instituto Búzios Instituto Centro de Vida - ICV Instituto ClimaInfo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia - Idesam Instituto de Energia e Meio Ambiente - Iema Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - Imaflora Instituto de Mulheres Negras do Amapá – Imena Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - Iepé Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros - Ipeafro Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPÊ Instituto de Referência Negra Peregum Instituto Democracia e Sustentabilidade - IDS Instituto Ecológica Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental Instituto Humanista para Cooperação e Desenvolvimento - Hivos Instituto Internacional de Educação do Brasil - IIEB Instituto Mancala Instituto Mulheres da Amazônia Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável - Insea Instituto Nossa Ilhéus Instituto Pensamentos e Ações para Defesa da Democracia Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia - Ipam Instituto Pólis Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN Instituto Socioambiental - ISA Instituto Soma Brasil Instituto SOS Pantanal Instituto Talanoa Instituto Update International Rivers Brasil Justiça e Paz Integridade da Criação - Verbo Divino Mandata Coletiva Quilombo Periférico de Elaine Mineiro - SP Mandata Quilombo - Erica Malunguinho Marcha das Mulheres Negras de São Paulo Marcha das Mulheres Negras de São Paulo - MMNSP Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais Movimento Afrodescendente do Pará - Mocambo Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia - Mama Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado Movimento Negro Unificado – MNU (Acre) Movimento Nossa BH Movimento Xingu Vivo Para Sempre Núcleo de Educação Popular Raimundo Teis - NEP Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo Observatório de Justiça e Conservação ONG Ghata - Grupo das Homossexuais Thildes do Amapá PAD – Processo de Articulação e Diálogo Internacional Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém Ponto de Cultura Brasil dos Buritis Pretaria.Org - Coletivo Pretaria Projeto Hospitais Saudáveis Projeto Meninos e Meninas de Rua Projeto Saúde e Alegria Recanto Sagrado Ubiratan Rede Brasileira de Conselhos - RBdC Rede das Mulheres de Terreiro de Pernambuco Rede de Cooperação Negra e LGBTQI Pretas e Coloridas Rede de Educação Ambiental de Rondônia - Rearo Rede de Educadores Ambientais da Baixada de Jacarepaguá Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica - RMA Rede Educafro Minas Rede Fulanas Negras da Amazônia Brasileira Rede Igrejas e Mineração Rede Internacional de Pesquisa em Barragens Amazônicas Rede Nacional da Promoção e Controle Social da Saúde, Cultura e Direitos de Lésbicas e Bissexuais Negras – Rede Sapatà Rede Pro UC Rede Ubuntu de Educação Popular Rede Um Grito Pela Vida-CRB Renafro Saúde RPPN Águas Claras I e II Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação - Província Santa Cruz Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia - Sinfrajupe, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental - SPVS SOS Amazônia SOS Mata Atlântica Tindari Uiala Mukaji - Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco Unidos pelos Direitos Humanos Brasil Unitransd (SC) Vivat International Brasil Preparando terreno para a sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido), o PSDB endureceu o discurso de oposição, isolou parlamentares do partido com ligação mais estreita com o presidente e, nos estados, começa a ensaiar uma aproximação até com partidos de esquerda. Os movimentos têm como objetivo tentar unificar a bancada no Congresso Nacional e construir um discurso que consolide o partido como uma opção ao Planalto em meio à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda tem como pré-candidatos os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Na última quinta-feira (31), ambos assinaram uma carta em defesa da democracia divulgada em conjunto com outros quatro presidenciáveis: Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido). A coalizão é vista como embrião de uma possível união para a corrida presidencial. O principal movimento dos tucanos em direção à esquerda aconteceu, sem alarde, no estado do Maranhão: depois de três anos afastado do partido, o vice-governador Carlos Brandão deixou o Republicanos e retornou ao PSDB, onde deve disputar a sucessão do governador Flávio Dino (PC do B). A parceria deve reeditar a aliança local entre comunistas e tucanos de 2014. Brandão voltou ao partido na condição de presidente estadual, movimento que acabou isolando o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro no Nordeste. Há pouco mais de um mês, rasgou elogios ao presidente em uma visita a Alcântara (98 km de São Luís). O senador já anunciou que deve deixar o PSDB e se filiar ao partido que o presidente Bolsonaro escolher para disputar a sua reeleição. Rocha deve disputar o Governo do Maranhão ou tentar a reeleição ao Senado no próximo ano. Ao mesmo tempo em que isolou um dos seus quadros mais ligados ao bolsonarismo, os tucanos abriram um canal com o PC do B. O movimento foi celebrado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que fez elogios público a Flávio Dino em suas redes sociais. “Decisão correta apoiar um governador que dialoga, respeita as diferenças e trabalha pela vacina e contra injustiças. O Brasil precisa de caminhos que levem a união”, afirmou o governador gaúcho. A expectativa é que, junto com Carlos Brandão, pelo menos dois deputados federais da base de Flávio Dino migrem para o PSDB na janela partidário. Um deles é o deputado Gastão Vieira, hoje no Pros. Movimento na mesma direção aconteceu no Pará, onde o deputado federal Celso Sabino (PSDB) anunciou há duas semanas que vai ingressar com um pedido de desfiliação do partido na Justiça Eleitoral. A decisão de deixar o PSDB veio após sucessivos atritos do deputado com a cúpula do partido. Em agosto de ano passado, Sabino foi alvo de um pedido de expulsão no conselho de ética do partido após ser indicado para o posto de líder da maioria na Câmara dos Deputados em articulação com partidos do centrão como PP, PL e Republicanos. Na época, o PSDB já estava em rota de colisão com Bolsonaro e entendeu que não caberia a um deputado do partido assumir um posto de liderança no bloco majoritário do Congresso. Meses depois, o deputado foi escanteado na sua tentativa de disputar a Prefeitura de Belém –o PSDB do Pará decidiu por não lançar candidato próprio. Por fim, o clima se acirrou ainda mais após o Sabino anunciar apoio a Arthur Lira (PP) na disputa pela Presidência da Câmara em fevereiro. O PSDB apoiou o deputado Baleia Rossi (MDB). “Quero deixar o partido e tenho farto material probatório para mostrar que há divergências com a cúpula do PSDB, especialmente a ala paulista”, afirma Sabino, que aproveitou para disparar críticas ao governador João Doria, a quem chamou de pessoa de pouco diálogo. Outro nome tucano com relação próxima com o presidente é o senador Izalci Lucas (DF), que ocupou o posto de vice-líder do governo no Senado entre março de 2019 e setembro de 2020. Ele assumiu o posto com autorização da cúpula do partido, mas deixou o cargo após o PSDB decidir intensificar seu perfil de oposição. Com planos de concorrer ao governo do Distrito Federal, o senador tende a permanecer no PSDB. Para o vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Beto Pereira (MS), o partido está trabalhando para ter um discurso uniforme, se colocando no campo de oposição ao presidente, mas podendo apoiar pontualmente projetos que tenham sintonia com a linha programática da legenda. “Não há unanimidade no PSDB, mas um partido que quer construir um projeto nacional tem que ter uma identidade própria. Não vamos deixar pessoas sem compromisso programático tomarem conta do partido”, afirma o deputado. Na bancada do partido na Câmara dos Deputados, por exemplo, há um grupo que defende uma relação mais estreita com Bolsonaro liderado o deputado Aécio Neves (MG). Parte dos deputados deste grupo deve deixar o PSDB até a janela eleitoral de abril de 2022, caso da deputada federal Mara Rocha (AC). Ela é irmã do vice-governador Major Rocha (PSDB), que já deixou o PSDB e assumiu o controle do PSL no Acre. Outra deputada federal que tende a deixar o PSDB é Edna Henrique (PB). Delegada da Polícia Civil da Paraíba, ela tem uma atuação política que converge com a do presidente. A Folha apurou que ela pode migrar para o Pros, partido presidido localmente por seu filho. Além de deputados e senadores, o PSDB também sofreu uma baixa importante ainda no ano passado: Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro, pediu desfiliação. Ele era presidente de honra do PSDB no Rio Grande do Norte e justificou a sua decisão alegando que, por ocupar um cargo no governo federal, afastou-se da vida orgânica do partido. Ao mesmo tempo em que se afasta do bolsonarismo, o PSDB começa a construir pontes com partidos mais à esquerda. No campo institucional, governadores tucanos como João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) firmaram uma boa relação durante a pandemia com colegas petistas como Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI) no âmbito do Fórum dos Governadores. Se é improvável uma possível aliança entre PSDB e PT, mesmo nos estados, os tucanos podem chegar em 2022 com parcerias locais com PC do B, PSB e PDT em estados do Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, o PSDB articula repetir a aliança com o PSB firmada em Maceió que resultou na eleição do prefeito João Henrique Caldas (PSB) no ano passado. O nome do PSDB para concorrer ao governo do estado é o senador Rodrigo Cunha. Outro estado nordestino onde há proximidade PSDB e PDT é o Ceará, onde a reaproximação entre senador tucano Tasso Jereissati e os irmãos Cid e Ciro Gomes resultou em aliança já em 2020 para a prefeitura de Fortaleza. A tendência é que a parceria se mantenha no próximo ano. Parlamentares tucanos afirmam que, caso queria superar a polarização entre Lula e Bolsonaro, o PSDB precisa construir uma aliança ampla. Por isso, a ideia é estreitar parcerias tanto com setores da direita como da esquerda, passando por alianças regionais. O vice-presidente Hamilton Mourão elogiou nesta segunda (5) o chefe da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, que está em atrito com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por causa da maior apreensão de madeira da história, realizada no Pará. Em entrevista à Folha, Saraiva disse que na PF não vai passar boiada, em referência à frase dita por Salles em uma reunião ministerial em abril do ano passado, ao falar da mudança de normas ambientais aproveitando-se do foco da sociedade na pandemia de Covid-19. “Precisa haver um esforço nosso aqui, enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, disse ele, como registrado em vídeo. Salles foi ao Pará na semana passada fazer uma espécie de verificação da investigação, disse que viu erros na ação da polícia e que há elementos para acreditar que as empresas investigadas estão com a razão. O delegado, por outro lado, afirma que as madeireiras não entregaram os documentos requisitados e que todo o material apreendido é produto de crime. “Saraiva é um grande batalhador contra as ilegalidades, principalmente a questão da madeira”, disse Mourão. “Hoje a gente tem um imbróglio ali no Pará, já os recebi três vezes aqui. A questão está clara, precisa apresentar a documentação correta, é só isso aí”, completou. Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se disseram surpresos com as declarações do delegado e afirmaram que uma eventual saída de Salles do comando do Meio Ambiente não está em discussão. Parlamentares pressionavam pela demissão do ministro, mas o clima arrefeceu depois que o então chanceler Ernesto Araújo perdeu o posto nas trocas feitas na última semana. Saraiva disse na entrevista que era a primeira vez que via um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta amazônica. ""É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo"", afirmou. Saraiva, que comanda a apuração do caso e hámais de dez anos ocupa cargos de superintendente na PF (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), diz que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.” Também que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil m3 de madeira, é produto de ação criminosa. A maior apreensão de madeira da história do Brasil virou motivo de atrito entre a Polícia Federal e Ricardo Salles (Meio Ambiente). O ministro foi na quarta-feira (31) ao Pará, onde fez uma espécie de verificação da operação. Salles aponta falhas na ação e tem dito que há elementos para achar que as empresas investigadas estão com a razão. Em entrevista à Folha, o chefe da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, 50, diz que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta amazônica. “É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo”, afirma. A apuração do caso está sob seu comando. Saraiva declara que tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa. Ele afirma também que as empresas até agora não apresentaram documentos requisitados pela PF. É como se um carro fosse parado na estrada, a polícia pedisse o documento, e o condutor não tivesse em mãos ou entregasse um sobre um Fusca, quando estava dirigindo um Chevette, afirma o delegado, que concluiu seu doutorado sobre o tema em fevereiro. “Se a documentação estiver dentro da lei, liberaremos a madeira na hora. A possibilidade disso acontecer, na minha opinião, é perto de zero.” Há mais de dez anos ocupando cargos de superintendente na PF (Roraima, Maranhão e Amazonas, agora), ele diz que as investigadas na ação não podem nem ser chamadas de empresas. “Trata-se de uma organização criminosa.” “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, diz, usando termo utilizado por Salles em reunião ministerial do ano passado.  O ministro Ricardo Salles disse achar que há erros na investigação da PF. Como o sr. viu essa declaração? Me parece que é o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo. Nunca tive notícia de um ministro do Meio Ambiente se manifestando contrariamente a uma operação que visa proteger a floresta amazônica. É um fato inédito e que me surpreendeu. Os empresários e o ministro afirmam, entre outras coisas, que as madeiras saíram exatamente do local que seus documentos afirmam ter havido a extração. Foi esse o motivo da apreensão? Não, a questão é se essa exploração poderia ter ocorrido. Onde está o processo administrativo que autorizou essa exploração? É claro que o criminoso sabe onde ele cometeu o crime. Isso é incontroverso. Existe um plano de manejo legal? O ministro diz ter verificado a origem de duas toras. O fato constatado pelo ministro não faz diferença para a investigação? É irrelevante. Para nós, aquela madeira é produto de crime. Estamos falando de aproximadamente 40 mil toras. Se ele olhou duas, chegou a uma conclusão dessas, é no mínimo precipitado. Qual é o motivo para essas madeiras estarem apreendidas? Irregularidade no plano de manejo, no Cadastro Ambiental Rural da área (CAR). São irregularidades gravíssimas. Por exemplo, as áreas de preservação permanente (APP), ao que parece, foram ignoradas. A PF já fez laudos dessas apreensões? Temos 10 ou 12 laudos atestando de forma inequívoca a ilegalidade de exploração. As empresas têm mais de duas dezenas de autuações no Ibama. É uma organização criminosa. Não merecem nem a denominação de empresas. Têm a vida dedicada ao crime, ao furto de bens públicos, à fraude, à corrupção de servidores públicos. Quando o sr. diz que eles ainda não mostraram que a madeira é legal, não seria a PF que deveria mostrar que aquilo é ilegal? Digamos que alguém é parado em uma blitze. O policial pede o documento do veículo e a pessoa diz que não tem. A polícia não precisa mostrar que o veículo está ilegal. A obrigação é ter o documento. A gente tem pedido o processo administrativo, que é o que gera o DOF (Documento de Origem Florestal) ou a guia florestal, que permite a exploração de madeira. Eles argumentam que entregaram os documentos. Entregaram documento dizendo que era um Fusca e estávamos diante de um Chevette. O que estava na guia florestal sobre madeira na balsa não era compatível com a carga. Eles deveriam ter entregue o plano de manejo e não fizeram isso. Mas a PF está pedindo o DOF ou o processo administrativo? Voltando para a comparação com o carro. Imagina uma empresa que vende carros roubados. Ela vai precisar de um esquema no órgão estadual para poder ter um licenciamento (CRV) falso, que vai esquentar o veículo. Substitui automóvel por madeira e CRV por DOF. Nós queremos ver o processo que gerou o DOF. Por exemplo, aquela área é de propriedade daquelas pessoas? Outra questão, o Cadastro Ambiental Rural [CAR] está de acordo com as normas ambientais da época? As áreas de preservação permanente não foram respeitadas. O sr. viu problema na ida do ministro ao local da apreensão? Poderia até ter ido. Mas por que o ministério não mandou uma equipe do Ibama para um trabalho técnico e, inclusive, se fosse o caso, autuar as madeireiras? Isso sim seria uma atuação institucional e muito bem-vinda. [O Ibama estava presente na visita, mas ainda não fez um relatório final sobre o caso.] Eles atuam no aspecto administrativo e a PF como órgão de persecução penal. Mas uma coisa não tem relação com a outra, lição básica que aluno de segundo ano do direito sabe. O ministro cita na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo que a PF está criando uma situação de instabilidade jurídica e que as madeireiras vão quebrar. Qual sua opinião? Ou a gente faz um país baseado na lei ou faz baseado no crime. Se não está dentro da lei, não tem que funcionar mesmo. Se a lei está incomodando, muda-se a lei. Mas a lei que está valendo hoje é essa, e nós estamos cumprindo. A investigação não pode estar errada? Há uma presunção de que existe ali o cometimento de um crime. E estamos falando de recursos de meio ambiente, em que vale outro princípio basilar do direito ambiental, o princípio da cautela. Existe uma obrigação dos órgãos ambientais e da polícia de, na dúvida, realizar apreensão e fazer investigação. As madeiras serão liberadas na quarta-feira (7), na próxima visita do ministro ao Pará? Se os processos forem apresentados e a documentação estiver dentro da lei, claro que vamos liberar. Na hora. Nem poderia ser diferente. Se está certo, está certo. Na minha opinião, a possibilidade disso é perto de zero. Qual o impacto da atuação dessas empresas no mercado? Estou há dez anos na Amazônia. Na minha opinião, a exploração, nesses moldes, inviabiliza a exploração legal da madeira, sufocada por uma organização criminosa. É por isso que a madeira brasileira de alta qualidade está sendo vendida nos EUA a um preço de compensado, de pinus, e, na Europa, a preço de eucalipto. O ministro disse que eu recuei sobre a questão da responsabilidade dos países europeus [no desmatamento]. Jamais. Nunca recuei. Não significa dizer com isso que o Brasil não tem responsabilidade sobre a preservação da Amazônia. De forma alguma. Mas é claro que o consumo incentiva o crime. Os críticos da operação afirmam que até o Exército percebeu que a investigação é furada e por isso se retirou. O Exército nos deu um apoio fundamental. Saiu na hora que entendeu que tinha cumprido sua função institucional. Isso não muda nada [na investigação]. O governo Bolsonaro é duramente criticado pela atuação no meio ambiente. Qual sua opinião? Vejo esse governo comprometido com a proteção do meio ambiente. Acho que vamos terminar o ano com índice bem baixo de desmatamento. Há uma estratégia correta, atacando o problema onde ele tem que ser atacado, que é dentro do processo administrativo. Uma das críticas tem a ver com uma declaração do ministro no ano passado, quando ele disse que era preciso aproveitar as atenções voltadas ao Covid-19 para passar a boiada, falando sobre flexibilização de normas. Como o sr. viu essa fala? Não vou e não posso fazer qualquer comentário sobre manifestação do ministro do Meio Ambiente em situação que não envolva a superintendência da PF no Amazonas. Mas aqui na Polícia Federal não vai passar boiada. O sr. formula sua atuação buscando ser ministro do Meio Ambiente? Fui para a Amazônia em 2011, em Roraima, porque acreditava que era possível fazer alguma coisa para deter o desmatamento. Trabalho desde então nisso, com ênfase. Não existe relação entre ser ou não ministro. Minha carreira é na PF. Sou policial, mas também sou um servidor do país. O seu nome foi relacionado algumas vezes por haver proximidade com o presidente. Qual a relação que o sr. tem com ele? Falei com ele duas vezes. Uma vez, ele já eleito, conversei com ele sobre questões ambientais, na casa dele. Outra vez na live [semanal]. Foram os únicos contatos que tive. O ministro disse que precisa de US$ 1 bilhão para poder reduzir o desmatamento em 40%. Como o sr. vê? Eu diria que a instituição mais importante de combate ao desmatamento da Amazônia é a Polícia Federal. E nunca recebeu um centavo de Fundo Amazônia. Acho que não preciso dizer mais nada. Alexandre Saraiva, 50 Superintendente da Polícia Federal no estado do Amazonas desde 2017, já ocupou o cargo também em Roraima (2011-2014) e no Maranhão (2014-2017). É doutor em ciências ambientais e sustentabilidade da Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas A vacinação contra a Covid-19 no Brasil começou em 17 de janeiro e primeiro atingiu profissionais de saúde e pessoas acima de 90 anos. Aos poucos, a faixa etária foi diminuindo e outros grupos passaram a ser incluídos, como os policiais, agentes penitenciários e professores. Em maio, pessoas com comorbidades também começarão a receber a imunização, mas as regras variam entre os estados, a começar por quais tipos de doença serão consideradas primeiro e em quais faixas etárias. Também diferem quais comprovantes que demonstram pertencer ao grupo de risco (exames, receitas, relatório ou prescrição médica) serão aceitos e se é necessário ou não fazer um pré-cadastro ou agendamento prévio. O que é preciso ficar em mente é: se você pertence a alguma faixa etária ou grupo prioritário já contemplado pela vacina, pode se imunizar em qualquer momento nos postos de saúde espalhados pelo país. Veja como está a vacinação em diferentes estados e os grupos já anunciados.  SÃO PAULO Pessoas de 65 e 66 anos: 21 de abril Pessoas de 64 anos: 23 de abril Pessoas de 63 anos: 29 de abril Pessoas de 60, 61 e 62 anos: 6 de maio Policiais e agentes penitenciários: começou em 5 de abril Professores do ensino básico (infantil, fundamental e médio): começou em 12 de abril Metroviários e ferroviários: a partir de 11 de maio Motoristas e cobradores de ônibus: a partir de 18 de maio Pessoas com comorbidades: pessoas com síndrome de Down, pacientes transplantados e pacientes renais em diálise poderão ser vacinadas a partir de 10 de maio. Questionada sobre as regras para vacinação deste público, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que as pessoas devem se cadastrar no site Vacina Já e portar laudo médico autorizando a aplicação de dose da vacina. No caso dos transplantados, a pasta afirma que também é recomendável a apresentação de receita médica do medicamento imunossupressor em utilização pelo paciente. RIO DE JANEIRO Pessoas de 61 anos: mulheres podem ser vacinadas no dia 19 de abril, homens no dia 20 e todos no dia 21 Pessoas de 60 anos: mulheres podem ser vacinadas no dia 22 de abril, homens no dia 23 e todos no dia 24 Profissionais da saúde: cada dia abrange uma idade; no dia 20 de abril foram vacinados os de 48 anos. É preciso levar comprovante dos conselhos de classe Profissionais da educação: funcionários públicos foram antecipados para 17 de abril (55 anos ou mais) e para 24 de abril (50 anos ou mais). É preciso apresentar dois últimos contracheques ou declaração do local de trabalho Pessoas com comorbidades: serão vacinadas em 26 de abril, começando pelos que têm 59 anos —a idade avança a cada dois dias. Inclui diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doença renal crônica, anemia falciforme, obesidade mórbida, entre outras. É preciso apresentar atestado ou três últimas receitas médicas. Pessoas com deficiências permanentes serão vacinadas em 26 de abril, começando pelos que têm 59 anos — a idade avança a cada dois dias. Inclui pessoas com qualquer tipo de deficiência física ou intelectual, síndrome de Down e transtorno do espectro autista. É preciso apresentar atestado, receita médica ou cartão de gratuidade do transporte público Forças de segurança e limpeza urbana: vacinação começará em 26 de abril pelos que têm 59 anos — a idade avança a cada dois dias. Inclui policiais, guardas municipais, bombeiros e agentes penitenciários na ativa. É preciso apresentar os três últimos contracheques ou declaração do local de trabalho MINAS GERAIS Pessoas de 61 anos: Desde quinta (22), a capital mineira avança com a vacinação para pessoas com 61 anos. Seguindo o Ministério da Saúde, Belo Horizonte fará vacinação de pessoas com comorbidades, seguindo critério de faixa etária, dos 59 anos até os 18 anos, mas depende de novas doses para dar início a essa fase Pessoas de 74 e 73 anos: A capital aplica a segunda dose no sábado (17) Trabalhadores da saúde: Pessoas entre 43 e 49 anos serão vacinadas a partir da quinta-feira (15), com cadastro no portal da prefeitura Trabalhadores da educação: Ainda sem previsão, depende de novas remessas. Forças de segurança. Estado anunciou início em 7 de abril; trabalhadores da segurança já começaram a ser imunizados na capital ESPÍRITO SANTO Pessoas de 60 a 64 anos: Vitória vacinou pessoas de 60 a 64 anos no sábado (10), mas espera remessa de novas doses, prevista para sexta, para continuar. Apenas pessoas acamadas, nesta faixa etária, seguem sendo vacinadas Trabalhadores da educação: Ato simbólico iniciou vacinação de profissionais das redes pública e privada, nesta quinta(15). Nos municípios, deve começar na próxima semana. Capital ainda não divulgou data. Forças de segurança: capital iniciou na terça-feira (13) a vacinação de profissionais das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas. PARANÁ Pessoas com mais de 64 anos (nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho): a partir de sábado, 24 de abril em Curitiba 64 anos (nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro): domingo, 25 de abril 63 anos (nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho): segunda-feira, 26 de abril 63 anos (nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro): terça-feira, 27 de abril Também segue a aplicação de segunda dose em quem já recebeu a primeira RIO GRANDE DO SUL Pessoas com 61 anos ou mais: começaram a ser vacinadas no dia 19 de abril em Porto Alegre. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina Trabalhadores do setor de transporte: no dia 19 de abril, 472 agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) começaram a ser vacinados Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua sendo feita a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados SANTA CATARINA Pessoas com 64 anos: começaram a ser vacinadas em Florianópolis em 20 de abril. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina DISTRITO FEDERAL Pessoas de 66 anos: No Distrito Federal estão sendo vacinadas as pessoas com 66 anos ou mais. A imunização de idosos de 65 e 64 anos começou no dia 17 de abril Profissionais de saúde: os profissionais de saúde que trabalham no setor privado também estão sendo contemplados. As doses estão disponíveis para os que conseguiram agendar Forças de segurança: os profissionais começaram a ser vacinados no dia 5 de abril. Apesar da data constar como o primeiro dia da vacinação para esse público, anteriormente os profissionais já estavam sendo contemplados com as doses remanescentes GOIÁS Pessoas de 72 anos: Goiânia está aplicando a segunda dose em pessoas a partir dessa idade; a capital aguarda a chegada de vacinas para retomar a aplicação da primeira dose Trabalhadores da saúde: Profissionais com idades acima de 50 anos estão sendo imunizados MATO GROSSO Pessoas de 65 a 69 anos: essa faixa etária está sendo vacinada com a primeira dose em Cuiabá, que também está aplicando a segunda dose para idosos acima de 80 anos. Pessoas com comorbidades: Cuiabá terminará no dia 23 de abril a vacinação de cerca de 600 pessoas com problemas renais, que estão sendo imunizadas nas clínicas em que fazem hemodiálise. Todas já possuem cadastro na pasta Forças de segurança: a Prefeitura de Cuiabá diz que está vacinando conforme a chegada de doses; a cada remessa chega um percentual para esse público Trabalhadores da saúde: estão recebendo a segunda dose da vacina MATO GROSSO DO SUL Profissionais da saúde: trabalhadores da saúde com 38 anos ou mais que atuam em clínicas de diagnóstico, laboratórios, farmácias, consultórios, clínicas veterinárias, centros de tratamento oncológico e pequenos hospitais começam a ser vacinados em 19 de abril em Campo Grande Pessoas com comorbidades: no dia 21 de abril serão vacinadas grávidas a partir da 12ª semana de gestação com comorbidades preexistentes em Campo Grande. Será necessário apresentar a carteirinha do pré-natal e o laudo médico que autorize a imunização e comprove uma das condições ou comorbidades. A vacinação dos demais grupos foi interrompida no dia 16 de abril na capital, quando houve repescagem de pessoas com 61 anos ou mais que ainda não haviam recebido a primeira dose. Agora, a aplicação em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua sendo feita a aplicação de segunda dose ALAGOAS Pessoas de 60 anos: a vacinação desse grupo etário estava em andamento em Maceió, mas a aplicação da 1ª dose foi interrompida nesta quinta-feira (15) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 5 de abril Pessoas com comorbidades: vacinação de adultos com síndrome de Down, pacientes renais crônicos com mais de 18 anos e pessoas com outras comorbidades a partir de 59 anos começou em 20 de abril em Maceió BAHIA Pessoas de 61 anos: foi iniciada na sexta-feira (16). A partir do fim de semana, começou a vacinação de pessoas com 60 anos. Pessoas com comorbidades: pacientes renais crônicos de 18 a 59 anos que dependem de hemodiálise iniciaram vacinação em Salvador na última semana. O próximo grupo será composto pelas pessoas com síndrome de Down, cujo cadastro já foi iniciado. Para ficar apta para a vacinação, a pessoa deve ser cadastrada em um sistema da prefeitura pelo médico que a acompanha. Em seguida virão, por ordem, transplantados, imunossuprimidos (com sistema imunológico comprometido) e pacientes com doenças renais crônicas que não fazem hemodiálise Forças de segurança: vacinação de policiais, guardas municipais e fiscais da prefeitura acima de 50 anos que estão em atividade começou na quarta-feira (31) na capital baiana CEARÁ Pessoas de 62 anos: faixa etária que está sendo vacinada nesta semana na capital cearense Forças de segurança: vacinação foi iniciada no dia 11 de abril MARANHÃO Pessoas de 63 anos: São Luís começou a vacinar em 15 de abril pessoas com 63 anos que fazem aniversário no segundo semestre. A prefeitura diz que ainda define novo cronograma para as demais faixas etárias Forças de segurança: a Prefeitura de São Luís começou a vacinar profissionais das forças de segurança no último dia 5 de abril PARAÍBA Pessoas de 60 anos: a vacinação deste grupo etário estava em andamento em João Pessoa desde o dia 3 de abril, mas a aplicação da 1ª dose foi suspensa no dia 13 de abril Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 8 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PERNAMBUCO Pessoas de 62 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento no Recife desde o dia 10 de abril. Não há previsão para novos grupos Forças de segurança: iniciada no dia 6 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PIAUÍ Pessoas de 67 anos: pessoas com 67 anos foram vacinadas no dia 11. A prefeitura de Teresina aguarda o envio de novas doses para a definição de novo cronograma. Na sexta (16), foi aplicada a segunda dose em idosos com 78 anos Pessoas com comorbidades: em Teresina, estão sendo vacinadas pessoas com deficiência com mais de 60 anos e ao menos duas comorbidades, além de doentes renais crônicos. Entre as comorbidades estão diabetes, pneumopatias crônicas graves e hipertensão arterial resistente. Para a vacinação de doentes renais, a lista de pacientes é fornecida pelas clínicas locais. Nos outros casos, é necessário apresentar carteira de identificação de pessoa com deficiência ou laudo que comprove a deficiência, além de documento que indique a comorbidade associada. A secretaria não especifica quais documentos são aceitos. É preciso apresentar ainda CPF ou cartão SUS e documento de residência no município. Professores de ensino básico: a Prefeitura de Teresina aguarda doses para definir o calendário Forças de segurança: agentes das forças de segurança receberam a primeira dose entre os dias 5 e 9 de abril RIO GRANDE DO NORTE Pessoas de 62 anos ou mais: Natal começa a vacinar pessoas nesta faixa etária neste fim de semana. Na segunda-feira (26), a vacinação começa para quem tem 61 anos. A capital potiguar também aplica a segunda dose da Coronavac para quem foi vacinado até 27 de março Pessoas com comorbidades: em 30 de março, Natal chegou a começar a imunização de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, com idades a partir de 18 anos, mas a vacinação foi suspensa por uma decisão judicial do dia 1 de abril. Ministério Público e Defensoria Pública pediram à Justiça que estado e município se adequassem ao plano nacional, se abstendo de incluir ou modificar a ordem dos grupos prioritários sem autorização do Ministério da Saúde, para evitar prejudicar aqueles que estavam em fase de imunização. Segundo a Secretaria da Saúde da capital, 660 pessoas, entre autistas e pessoas com síndrome de Down, chegaram a ser vacinadas Forças de segurança: a capital segue o estado, que começou no dia 8 de abril, de forma escalonada e com prioridade de acordo com a exposição dos servidores ao contágio SERGIPE Pessoas com 61 anos: vacinação deste grupo etário iniciada em Aracaju Pessoas com comorbidades: o estado antecipou vacinação de pessoas com mais de 18 anos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down. No primeiro caso, a inclusão foi por causa de comorbidades como problemas cardíacos, hipertensão, baixa imunidade e, em alguns casos, obesidade. No segundo, o estado também levou em conta uma suposta dificuldade que alguns têm de seguir os protocolos de prevenção e distanciamento social Forças de segurança: vacinação de integrantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal e Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito Pessoas com comorbidades: vacinação de pessoas com síndrome de Down e autistas começou em 13 de abril ACRE Pessoas de 61 anos: a aplicação da primeira dose em pessoas de 61 anos foi suspensa em 13 de abril em Rio Branco. O município aguarda a chegada de mais doses para retomar o cronograma Forças de segurança: a vacinação já começou, mas foi interrompida no dia 13 de abril AMAPÁ Pessoas de 60 anos: Macapá está vacinando, primeira e segunda doses, de pessoas a partir dessa faixa etária faltosos em datas anteriores Pessoas com comorbidades: a capital iniciou a vacinação de pacientes com comorbidades. No dia 12 de abril foram vacinados transplantados (coração, rim, fígado e pulmão), doentes hematológicos e pacientes oncológicos e, no dia seguinte, os que têm doenças respiratórias crônicas ou são cardiopatas. Elas precisaram fazer um pré-cadastro e apresentar atestado, laudo médico ou ficha de acompanhamento de doenças crônicas Forças de segurança: imunização começou na última semana, mas foi paralisada porque as vacinas acabaram AMAZONAS Pessoas de 55 a 59 anos com comorbidades: a vacinação para esse grupo etário em Manaus foi iniciada dia 12. Também vacina pessoas com menos de 60 anos com comorbidades como cardiopatias, diabetes e obesidade Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 28 de março Trabalhadores de educação: vacinação iniciada no dia 20 de março para profissionais com idade entre 18 e 49 anos e com comorbidades PARÁ Pessoas de 60 anos: a vacinação para esta faixa etária está em andamento em Belém. Não há previsão para outros grupos Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 20 de março RONDÔNIA Pessoas de 63 anos: o agendamento para vacinação de pessoas com 63 anos está temporariamente suspenso em Porto Velho. Pessoas vacinadas entre os dias 18 e 19 de março receberiam a segunda dose entre os dias 15 e 16 Forças de segurança: a vacinação de profissionais de segurança começou no dia 3 de abril RORAIMA Pessoas de 60 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento em Boa Vista, para primeira e segunda doses Forças de segurança: a capital iniciou a vacinação da categoria, após ter recebido repasse de doses específicas para a classe TOCANTINS Pessoas de 66 anos: Palmas começou a vacinação de pessoas nesta faixa etária no dia 15 de abril Trabalhadores da saúde: capital estendeu a vacinação para este público para além dos trabalhadores da linha de frente contra a Covid-19 Forças de segurança: doses para vacinação de membros das forças de segurança e salvamento do estado e das Forças Armadas começaram a ser distribuídas na quarta (14) e iniciaram na quinta no Tocantins Chamada a se manifestar sobre insinuações feitas por Jair Bolsonaro contra governadores, a Procuradoria-Geral da República até agora não respondeu. Os governadores do Maranhão e da Bahia protocolaram uma ação cível no STF (Supremo Tribunal Federal) em que pedem que Bolsonaro remova ou corrija a postagem de 28 de fevereiro em sua conta no Twitter sobre repasses aos estados. O caso está com o ministro Dias Toffoli. Os autos foram enviados à PGR no dia 16 de março. No pedido, os representantes jurídicos dos governadores Flávio Dino (PCdoB) e Rui Costa (PT) classifcam as informações divulgadas pelo presidente como enganosas e fake news. ""Deve-se ressaltar que é prática contumaz e reiterada do atual Chefe do Poder Executivo Federal promover a desinformação como meio de manipular a opinião pública"", diz trecho da ação. No entendimento dos governadores, os valores repassados aos estados elencados pelo presidente estão distorcidos e a publicaç ão desse tipo de informação pode gerar “interpretações equivocadas” e fomentar ""a instabilidade política, social e institucional”. A postagem de Bolsonaro resultou em atrito entre os governadores e o governo federal. A publicação dos valores, que englobam não só àqueles relacionados ao combate à pandemia, entenderam os governadores, teria sido uma forma do presidente repassar a eles a culpa pelos erros e omissões do executivo federal. “Procuramos médicos, mas está complicado encontrá-los”, diz Nivaldo Antônio Ceron, diretor do Hospital São Sebastião, em Treze de Maio, no interior de Santa Catarina. Ele conta que há momentos em que o hospital não tem médicos nos plantões, mesmo com pacientes internados com covid-19. “Nossa situação é bastante caótica”. O desabafo do diretor hospitalar resume um problema vivido em outras partes do Brasil. Enquanto o país atravessa o pior momento da pandemia, gestores têm dificuldades para contratar médicos não só para UTIs, mas também para outros atendimentos da população, inclusive na linha de frente da pandemia. Apesar disso, o país ignora os cerca 15 mil profissionais que vivem no Brasil, mas não podem trabalhar porque se formaram no exterior e não revalidaram o diploma. Eles poderiam ser uma solução para ao menos aliviar o colapso do sistema de saúde, mas a alternativa esbarra no corporativismo das entidades médicas e na lentidão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A legislação permite que médicos com diploma estrangeiro trabalhem no SUS por meio do Mais Médicos, programa criado em 2013 para garantir profissionais nas periferias dos grandes centros e em cidades pequenas do interior. Porém, o Ministério da Saúde não abre novas vagas para esses profissionais desde maio de 2019. No ano passado, apenas cubanos foram autorizados a voltar ao programa, com a reincorporação de 1.000 dos mais de 8.000 que trabalhavam até 2018 – quando Cuba suspendeu a parceria, após Bolsonaro exigir a revalidação dos diplomas cubanos e a contratação individual dos médicos. Uma segunda alternativa seria a prova de revalidação dos diplomas, o Revalida, mas o Ministério da Educação não realiza o exame completo desde 2017. O último teste começou em dezembro de 2020, mas concluiu-se apenas a primeira etapa (teórica) e não há data para a prova prática. Uma lei de 2019 exige a aplicação a cada seis meses, o que nunca foi cumprido. Com a urgência da pandemia, prefeituras, governos estaduais e órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) passaram a recorrer à Justiça para que sejam autorizadas contratações emergenciais desses profissionais. Mas o esforço tem sido inútil, pois todas as decisões favoráveis caíram na segunda instância, a pedido do Conselho Federal de Medicina e das entidades médicas regionais, impedindo as contratações. “Por que não lançar mão de profissionais habilitados que já estão no país, ociosos e disponíveis para trabalhar de imediato? Enquanto isso, a população fica sem atendimento? É um contrasenso”, afirma Fábio de Oliveira, procurador regional substituto dos Direitos do Cidadão do MPF em Santa Catarina. Ele ajuizou ação contra o governo estadual e a União para que seja zerada a fila de espera por UTI no estado – atualmente em 360 pessoas. Ele questiona a lentidão do governo, já que a lei permite a contratação de médicos sem o revalida por meio do Mais Médicos. “Há possibilidade de a União entregar isso de maneira célere”, afirma, citando como exemplo a contratação rápida de profissionais no Amazonas, em janeiro. Médicos ligados a sindicatos e associações de especialistas disseram à Repórter Brasil que médicos com diploma estrangeiro não representam uma solução para a escassez de profissionais em UTIs, já que em geral estão no começo da carreira e não costumam ter experiência nessa especialidade. No entanto, alguns eventualmente podem ter experiência em UTI ou poderiam atuar em outras frentes da pandemia, como nos casos menos graves. O Ministério da Saúde lançou novo edital do Mais Médicos em março com 2.900 vagas, mas somente para profissionais formados no Brasil ou com diploma revalidado. Em 2017, o programa chegou a ter 18.240 médicos, dos quais 8.671 eram cubanos. Hoje, em meio a pandemia, são 15.370 profissionais. Ao todo o Brasil tem 500 mil médicos em atividade.Para o procurador de Santa Catarina, o edital de março é um “deboche”, já que prevê apenas 92 vagas para o estado, enquanto ele calcula que seriam necessárias 296. Procurado pela Repórter Brasil, o Ministério da Saúde disse que lançou editais do Mais Médicos tanto para prorrogar a adesão de profissionais que já estavam no programa como para contratar novos. A pasta diz que o último edital priorizou quem tem diploma brasileiro ou revalidado, pois os médicos com diploma estrangeiro “precisariam passar por análise de documentos de outros países, além de participar do Módulo de Acolhimento e Avaliação, o que levaria mais tempo para preencher as vagas”. Sobre o pedido do MPF em Santa Catarina, a pasta disse que vai se manifestar à Justiça. Além de Santa Catarina, a Repórter Brasil identificou ações judiciais para facilitar e acelerar a contratação de médicos na pandemia em outros nove estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Sergipe, Bahia, Acre, Pará, Amazonas e Roraima. Em São José do Norte, cidade gaúcha de 27 mil habitantes, uma unidade de saúde especializada em Covid-19 está fechada por falta de profissionais e não há médicos para todos plantões do hospital municipal. Após a Justiça autorizar, em março, a contratação de médicos sem diploma revalidado, a prefeitura recebeu mais de mil currículos em três dias. Mas o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul cassou a contratação no tribunal. O Consórcio Nordeste, com nove governadores da região, tentou montar em 2020 uma brigada de médicos sem diploma revalidado para atuação na atenção básica, com supervisão de outros profissionais. Porém, foi impedido pela Justiça, a pedido do CFM. Após o episódio, Maranhão e Bahia iniciaram seus próprios processos de revalidação de diplomas. No ano passado, a DPU em São Paulo também entrou na Justiça Federal para autorizar contratações, mas a ação foi negada após pedido do CFM. Em Roraima, o Conselho Regional de Medicina impediu na Justiça a contratação de médicos sem o revalida. Em outra ação, a prefeitura de Boa Vista pediu que a União realizasse o Revalida, já que o exame de 2020 não contemplou o município. A Justiça autorizou o pedido, que deve ser atendido em 60 dias. “A escassez de médicos no Norte é complicada, precisamos principalmente de clínico geral e médicos especialistas. Temos 20 vagas que não conseguimos preencher”, diz o procurador-geral do município, Flávio Grangeiro. O Conselho Federal de Medicina não respondeu aos contatos da Repórter Brasil. Já o presidente do conselho de Santa Catarina, Daniel Ortellado, disse que “é temerária e ilegal a contratação de profissionais que não se submeteram ao exame do Revalida”, já que não se pode garantir que eles “possuem, de fato, conhecimento técnico médico”. O Ministério da Educação não comentou o atraso na aplicação das provas do Revalida. A declaração do diretor do Hospital Treze de Maio foi incluída em uma ação que um médico cubano moveu contra o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Luis José Moreno, 47, pede à Justiça que a entidade não exija a prova da revalidação, para que ele possa atuar enquanto durar a pandemia. Pediatra, Moreno tem 21 anos de profissão, sendo oito na organização Médicos Sem Fronteira, quando realizou cursos de atendimento em emergência e UTI. No Brasil, ele atuou por três anos no Mais Médicos. A Justiça concedeu liminar para que o CRM autorize sua atuação. O conselho, porém, recorreu à 2ª instância, onde decisão semelhante já foi derrubada. No ano passado, Moreno foi contratado pelo governo do Pará e atuou de maio a novembro no hospital de campanha de Marabá, em equipes que tinham também médicos com o registro do CRM. ""Trabalhava 24 horas e descansava 24 horas. Era esgotador.” O estado chegou a contratar mais de 400 médicos cubanos para hospitais de campanha e unidades básicas de saúde, mas o Conselho Federal de Medicina conseguiu na Justiça fazer com que eles fossem demitidos, incluindo Moreno. O cubano está participando do Revalida 2020 e diz que recorreu à Justiça porque lamenta não poder ajudar, enquanto vê o Brasil mergulhado no colapso hospitalar. “Me formei não para ser rico, mas para ajudar o próximo, e hoje a população do Brasil está precisando. Deveriam entender que os médicos formados no exterior podem ajudar”. Lideranças da esquerda tiveram reações variadas ao ""Manifesto pela Consciência Democrática"" lançado pelos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido). Presidentes e nomes fortes dos partidos receberam com bons olhos a defesa à democracia e a oposição a Jair Bolsonaro, mas viram seletividade na escolha de nomes. “Pareceu-me um manifesto vetado para quem votou contra Bolsonaro em 2018”, diz Gleisi Hoffmann, presidente do PT. “Desconheço se alguém do campo da esquerda foi convidado a assinar”, continua a deputada, ressaltando que “iniciativas em defesa da democracia sempre são importantes e louváveis.” Os presidentes das centrais sindicais conversaram sobre o manifesto nesta quinta. CSB, UGT e CTB buscarão formas de apoiá-lo. A CUT divergiu. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, enviou carta de apoio a medidas de controle da pandemia de Doria durante a semana. Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, enxerga com otimismo a proposta e diz que assina “todos os manifestos que ajudem a mobilizar a sociedade a favor da democracia e contra o terror bolsonarista”. Ele não foi chamado, no entanto. Sobre o fato de Ciro ser o único do grupo ligado à esquerda, ele diz que o importante é “a convergência no conteúdo. O resto, o processo vai ajeitando.” Juliano Medeiros, presidente do PSOL, diz que esforços de unidade contra Bolsonaro são sempre bem-vindos, mas “não podem vender ilusões”. Ele diz que é ingenuidade acreditar que “PSDB, DEM e Novo —corresponsáveis pelo caos que o Brasil vive— podem formular saídas viáveis para a crise”. Ele descarta adesão. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu pedidos de autorização excepcional de importação e distribuição da vacina russa Sputnik V. A agência reguladora disse que os pedidos foram feitos durante a semana separadamente por nove estados. Eles foram encaminhados pelos governadores de Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Para que a Anvisa possa tratar os pedidos de importação e esclarecer aspectos técnicos relevantes, foi proposta reunião de trabalho entre os cinco diretores da agência e os governadores. O encontro deve ocorrer na próxima semana. “A Anvisa permanece comprometida com a disponibilização de vacinas à população em tempo oportuno e com a devida segurança, qualidade e eficácia. Assim, segue atuando conforme os procedimentos científicos e regulatórios necessários à autorização desses produtos.”, disse em nota. A assessoria de comunicação do governo do Piauí disse, em nota, que esses pedidos de importação são referentes ao contrato realizado pelos governadores do Nordeste com o Fundo Russo de Investimento Direto para a aquisição de 37 milhões de doses. Os governadores nordestinos tomaram a iniciativa de negociar por conta própria, como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com a Coronavac, no ano passado. “Os estados do Acre e de Mato Grosso fizeram contrato com o consórcio do Nordeste para entender como participar da compra”, disse a assessoria em nota. O Ministério da Saúde prometeu custear o contrato fechado pelos governadores do Nordeste e que as vacinas serão incorporadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações). A Sputnik V ainda não teve o uso emergencial e o registro definitivo aprovados pela Anvisa. A agência suspendeu o prazo de análise do pedido de uso emergencial devido à falta de parte dos dados exigidos para a avaliação. O pedido havia sido solicitado na sexta (26) pela União Química, que tem uma parceria com o Fundo de Investimento Direto da Rússia. A empresa busca o aval para o uso de 10 milhões de doses adquiridas pelo Ministério da Saúde no início deste mês. Pela segunda vez após a isenção de impostos federais sobre o preço do óleo diesel, estados elevarão a partir desta quinta (1) o preço de referência para a cobrança de ICMS sobre o combustível. Desta vez, a alta ocorrerá em 19 estados e no Distrito Federal. A elevação ocorre em um momento de queda do preço nas refinarias. Segundo os governos estaduais, reflete o aumento no preço médio em nas bombas relação à primeira quinzena de março. Como é cobrado nas refinarias, o ICMS dos combustíveis é calculado sobre um preço de referência conhecido como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final). Sobre esse valor, incidem alíquotas que variam entre 12% e 25%, dependendo do estado. De acordo com o consultor Dietmar Schupp, a alta média do preço de referência será de 3,1%, tanto para o diesel S-500, vendido nas estradas, quanto para o S-10, com menor teor de enxofre e obrigatório nos centros urbanos. Também haverá aumento nos preços de referência para o cálculo do ICMS sobre a gasolina (6,1%, em média) e do gás de botijão (3,1%), também beneficiado por isenção de impostos federais. No caso do diesel S-500, apenas Bahia, Maranhão, Rondônia, Roraima e Santa Catarina decidiram não reajustar o preço de referência para a próxima quinzena. O Amapá e o Espírito Santo, por outro lado, reduzirão o valor, em 2,8% e 0,2%, respectivamente. O PMPF é alterado duas vezes por mês e publicado em resolução do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Os estados alegam que apenas acompanham as variações dos preços das bombas, com base em pesquisas realizadas quinzenalmente. ""O valor do preço final ao consumidor, que é a base de cálculo do ICMS, não tem qualquer relação com a vontade dos estados"", diz o Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda). ""Os preços dos combustíveis têm se elevado significativamente por causa da alteração da política de preços da Petrobras em 2018, que passou a se alinhar pela cotação do petróleo no mercado internacional, o qual tem se elevado, e ainda se extrema com a atual condição cambial."" O comitê frisa que não houve alterações das alíquotas de ICMS, mas a variação do preço de referência pressiona o preço nas bombas, já que o consumidor passa a pagar mais centavos por litro de imposto. Na semana passada, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro do diesel S-500 foi vendido, em média no país, a R$ 4,269, queda de 0,1% em relação à semana anterior. Foi a primeira redução no ano, já refletindo, ainda que parcialmente, a isenção dos impostos federais em vigor desde o primeiro dia de março e corte de 3,8% anunciado pela Petrobras há uma semana. O preço da gasolina, que também foi reduzido nas refinarias, em 4%. Nas bombas, houve queda de 0,7%, para um preço médio de R$ 5,551 por litro. A partir desta quinta, os preços voltam a ser pressionados pela alta no PMPF em 20 estados e no Distrito Federal. No caso da gasolina comum, apenas Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia e Roraima decidiram por não elevar o preço de referência para a cobrança do imposto. Já o preço do gás de cozinha ficou praticamente estável em relação à semana anterior, depois de pequena queda provocada pelo repasse da isenção de impostos federais. Segundo a ANP, o botijão de 13 quilos foi vendido na semana passada por R$ 83,25, em média, Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Congresso projeto de lei para alterar o modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis, em uma tentativa de eliminar esse efeito de pressão nos momentos de alta. A ideia é que o imposto passe a ser calculado em reais por litro e não mais como um percentual sobre o preço final. A medida, defendida pelo setor de combustíveis, evitaria que o imposto subisse ainda mais em momentos de escalada de preços. Os estados têm resistência à mudança e dizem que o tema deve ser discutido no âmbito da reforma tributária. Nesta terla (30), o governo decidiu tirar a urgência da tramitação do projeto de lei. Pela manhã, os estados reunidos no Comsefaz haviam enviado carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) pedindo a retirada do projeto da pauta, alegando que a mudança tem impacto nas finanças estaduais e no aumento de carga tributária. A principal crítica é sobre a proposta de unificar as alíquotas nos estados, cujo resultado, segundo o texto, ""é ocasionar, impreterivelmente, aumento de carga tributária para parte do país e consequentemente, pressionar a elevação do preço do varejo"". Mais de dois meses depois de anunciar a campanha de vacinação contra o novo coronavírus, finalmente o Brasil vê o ritmo de aplicações diárias de imunizantes ganhar fôlego. Praticamente constante desde o início da campanha, em janeiro, a curva de vacinação passou a subir após o uso das reservas da segunda dose ser liberado pelo Ministério da Saúde, há dez dias. No dia 20 de março, a média móvel diária de brasileiros imunizados com a primeira dose era de 293 mil. No dia seguinte, o ministério deu sinal verde para que os estados esvaziassem os estoques, o que fez a quantia dobrar para 592 mil na terça (30). Mesmo assim, a velocidade é preocupante para um país que passa pela sua fase mais aguda da pandemia, e há engasgos: sete estados usaram apenas a metade do total de unidades que receberam, ou menos que isso, segundo seus próprios dados, coletados pelo consórcio de veículos de imprensa integrado por Folha, UOL, G1, O Globo, Extra e O Estado de S. Paulo. É o caso de Acre, Roraima, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso e Amazonas. Na outra ponta, estão São Paulo, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, que dizem ter aplicado mais de 80% das doses obtidas, puxando a média do país como um todo para 67% —isto é, de cada 3 doses entregues, 2 foram aplicadas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a questionar nesta quarta (31) a disparidade. “Por que o Brasil distribuiu 34 milhões de doses de vacina e nós só temos 18 milhões de doses aplicadas?”, disse, descartando “má vontade ou má fé” dos estados e municípios. As explicações, segundo as unidades federativas com maior descompasso, são basicamente três. Primeiro, metade dos lotes da Coronavac estava sendo guardada para a segunda aplicação até a liberação do Ministério da Saúde no dia 21. Segundo, muitas cidades enfrentam falta de infraestrutura e de pessoal para inserir os dados no sistema do Programa Nacional de Imunizações (PNI), assim como falhas na própria plataforma. “Temos muita dificuldade em alguns municípios com relação à internet, e o sistema é muito instável, passa dois, três dias sem funcionar”, diz Tayara Pereira, superintendente de epidemiologia e controle de doenças do Maranhão. Para driblar os problemas, ela diz que o estado contratou técnicos de enfermagem e digitadores, montou uma equipe de call center que auxilia os municípios e enviou um grupo para locais que enfrentavam dificuldades com o sistema. Mato Grosso também argumentou que “existe um descompasso entre a realidade da aplicação da vacina e a alimentação do sistema”, e Minas Gerais acrescentou que as equipes estão sobrecarregadas. O Rio de Janeiro não respondeu nem indicou porta-voz. O terceiro motivo que explica tantas doses não aplicadas no país é a dificuldade em vacinar indígenas, quilombolas e ribeirinhos, segundo estados do Norte como Acre, Amazonas e Roraima. De acordo com o secretário de Saúde roraimense, Marcelo Lopes, sua região tem dois distritos com mais de 700 aldeias onde só se chega de avião, helicóptero ou longas viagens de carro. É lá que as pessoas que ainda não foram vacinadas estão. “Roraima é o estado com a menor população do Brasil e a terceira maior população indígena aldeada. A troca de equipes e transporte de mantimentos leva de 15 a 30 dias, o que faz com que demore cerca de 60 dias para as imunizações serem concluídas”, afirma. No Acre, a situação é a mesma: “[As equipes] relatam dificuldade de acesso, e alguns indígenas se recusaram a tomar. Está sendo feito um trabalho em relação a isso. Além do tempo que levam para ir, voltar e jogar a atualização no sistema”, diz a médica Paula Mariano, secretária-adjunta de Saúde. Ela afirma que chamou os secretários municipais para uma conversa quando percebeu o baixo índice de aplicação (41%, o pior do país). Eles responderam que o estoque estava zerado, mas que não tinham conseguido atualizar os dados por falta de funcionários. O Amazonas, que aplicou 51% das doses, enfrentou os mesmos problemas para vacinar essas comunidades. O estado foi o único que teve uma queda no ritmo de vacinação nas últimas semanas, na contramão do restante do país. Segundo a enfermeira Adriana Elias, diretora do departamento de vigilância epidemiológica amazonense, isso tem acontecido justamente porque o estado ingressou na fase 4, de imunização de povos ribeirinhos e quilombolas. “Atualmente nossas equipes de saúde estão em campo. Como são áreas mais distantes, de difícil acesso, não temos como ter essas informações diárias, tem um delay de retorno. Em outros municípios há dificuldades pela questão da cheia”, diz. Todos esses gargalos resultam numa baixa cobertura vacinal: apenas 22% dos grupos prioritários haviam sido vacinados até esta terça no Brasil, o equivalente a 10% da população adulta em geral. Se levarmos em conta a segunda dose, a cobertura é ainda menor, de 6% e 3%, respectivamente. Alguns estados que estão abaixo dessa média também estão na lista dos que menos aplicaram as doses recebidas até aqui. O Mato Grosso, por exemplo, só vacinou 14% dos pacientes de risco e o Rio de Janeiro, 15%. Ambos têm um ritmo mais estagnado na imunização, se comparados às outras regiões. Entre os estados que atingiram menor cobertura vacinal, também estão aqueles que receberam proporcionalmente menos doses do Ministério da Saúde. Até esta quarta, o Amazonas, por exemplo, já havia recebido vacinas suficientes para a primeira dose de 88% da população alvo, enquanto o Espírito Santo conseguiria imunizar apenas 38%. Em nota, a pasta diz que o cálculo de distribuição leva em consideração o público-alvo contemplado em cada nova remessa, definido pelo plano nacional, e a população de cada local. Também afirma que os dados são abastecidos pelos próprios estados e municípios e que podem ocorrer atrasos nas informações. A boa notícia é que agora a entrega de vacinas pela Fiocruz e pelo Butantan deve ser contínua, caso não haja problemas no fornecimento de insumos e na cadeia de produção, o que deve acelerar a imunização. ""Daqui para frente provavelmente não vamos mais observar essas oscilações que víamos nas vacinações por causa da inconstância no envio de doses. A partir de maio, junho, o Brasil deve estar voando na campanha, mas muito tarde, já com mais de 400 mil mortos”, pondera Jesem Orelana, epidemiologista da Fiocruz do Amazonas. Se continuar no ritmo das duas últimas semanas, o país deve levar cerca de 21 dias para atingir 1 milhão de vacinações por dia, considerando apenas as primeiras doses. Essa foi a capacidade brasileira aproximada na campanha da gripe do ano passado, já durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o país tem capacidade ainda maior, de distribuir até 2,4 milhões de vacinas por dia. ""Mas precisamos de vacinas aqui, e isso não é fácil"", disse em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta. É a mesma visão de secretários estaduais e municipais de saúde. ""Temos capacidade de vacinar mais de 2,5 milhões de pessoas por dia, mas precisa ter vacina"", disse em reunião Mauro Junqueira, secretário-executivo do conselho que reúne gestores municipais (Conasems). Dirigentes e líderes de partidos de centro temem que as mudanças no Ministério da Defesa, após a demissão de Fernando Azevedo e Silva, abrindo uma crise nas Forças Armadas, possam representar tentativa do presidente Jair Bolsonaro de radicalizar seu discurso e suas ações caso se sinta ameaçado. Congressistas, governadores e dirigentes partidários viram na troca na Defesa uma tentativa de Bolsonaro de aumentar a interferência sobre as Forças Armadas. Na visão de líderes, o presidente, ao mesmo tempo em que tenta consolidar o apoio do centrão, parece testar os limites da governabilidade, ao sinalizar uma tentativa de controle maior do Exército. É como se preparasse um plano B, avaliam. Entre esses atores políticos e também ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o que minimiza o temor de atos mais autoritários é o fato de que os próprios fardados de alto escalão estão reagindo a Bolsonaro. Diante desse cenário, integrantes do centrão ouvidos pela Folha acreditam que a relação com o Planalto seguirá sendo de altos e baixos. Nesta terça, os comandantes das Três Forças decidiram entregar os cargos e, em reunião com Walter Braga Netto, novo ministro da Defesa, frisaram que não deixarão Bolsonaro usar as Forças para ""aventuras políticas"". Além disso, integrantes do Judiciário e parlamentares ponderam que o presidente está em um momento de fraqueza política e não receberia aval para levar adiante medidas polêmicas, como, por exemplo, se quisesse decretar estado de sítio. De todo modo, assustou os políticos a forma como se deu a demissão e escancarou a avaliação de que Bolsonaro quer usar as Forças a seu favor. O sentimento é o de que, embora tenha feito acenos ao centrão colocando uma deputada do grupo, Flávia Arruda (PL-DF), para comandar a Secretaria de Governo, a inflexão que a cúpula do Congresso e empresários pediram que Bolsonaro fizesse não ocorreu nem vai ocorrer. Isto é, mesmo que flerte com discursos ponderados de combate à Covid-19 e passe a usar máscaras, o presidente da República seguirá numa toada radical falando principalmente à base mais conservadora e menos com o Parlamento. Na nota em que confirmou sua saída da pasta, o general Azevedo citou que, durante sua gestão, preservou ""as Forças Armadas como instituições de Estado"". A mensagem foi interpretada como um sinal de que Bolsonaro estava tentando tratar o Exército como uma instituição de governo, e não de Estado. ""Recebemos com surpresa a notícia da demissão do general Fernando, que vinha conduzindo o ministério com reconhecido compromisso com a independência das Forças Armadas e não pode haver qualquer dúvida quanto a esse princípio"", diz ACM Neto, presidente do DEM. ""A gente se preocupa que não haja nenhum prejuízo das Forças Armadas que vinha sendo assegurada pelo ministro Fernando cuja demissão trouxe surpresa a todos nós"", continuou. Vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) fez críticas às mudanças na Defesa. “Eu não tenho dúvida de que há uma tentativa do presidente Bolsonaro de um controle maior do ponto de vista político das Forças Armadas”, afirmou. “Mas tenho dúvidas se o general Braga Netto se prestaria a isso. E se qualquer comandante das Forças dessa nova geração da ativa se prestaria a isso. Então eu também tenho receio, mas ainda confio no compromisso das Forças Armadas com a Constituição e com a ordem democrática.” Na avaliação da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), com a mudança, Bolsonaro tenta “conseguir do ministro da Defesa o que ele não conseguiu com Fernando [Azevedo].” “O ministro foi demitido de forma desrespeitosa e rancorosa, porque na verdade estava cumprindo seu dever (artigo 142 da Constituição), mesmo contra a vontade de Bolsonaro . Se dependesse dele, ele levava o ministro da Defesa a todas as manifestações (contra lockdowns). Queria mais demonstrações de apoio a ele, e nunca teve. Isso deixa ele magoado, chateado"", avalia a deputada. ""Hoje, depois que os três comandantes das Forças Armadas, que decidiram pedir demissão por solidariedade a ele, vai ficando cada vez mais claro que não vão admitir que as Forças sejam tratadas como parte da disputa política, ou como facção política como pretende Bolsonaro"", concluiu. A cautela também vem do Senado. Para o senador Weverton Rocha (PDT-MA), o gesto do presidente causa tensionamento junto à classe política. “Porque fica claro que temos um cara que não tem preparo para estar onde está e precisamos trabalhar para sobreviver até a eleição.” Já Otto Alencar (PSD-BA) avalia que a troca e a saída dos três comandantes traz insegurança ao país. ""Abala a economia, gera fuga de investimentos, porque sabe que o governo está mais preocupado com teses de interesse pessoal. Porque em todo sentido leva, no sentido político, mostra a fragilidade do governo, o governo confuso, que já trocou 15 ministros de Estado em dois anos"", avalia. ""O Bolsonaro quer alguém que faça como fez o Pazzuelo: um manda, o outro obedece"", diz Alencar. Governadores também se mostraram preocupados com a mudança, principalmente após a decisão de comandantes pedirem demissão em protesto contra Bolsonaro. João Doria (PSDB), governador de São Paulo, disse que ""as Forças Armadas são instituições de Estado, não de governo"". ""Minha solidariedade aos ex-comandantes das Forças Armadas e ao ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Eles demonstraram grandeza ao recusar qualquer subserviência a inclinações autoritárias. O país resistirá a qualquer ato que comprometa o Estado Democrático de Direito."" Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, avaliou que a substituição dos comandantes reforça o diagnóstico de que a troca na Defesa não foi corriqueira ou poderia ser vista como trivial. “Na verdade, é uma tentativa do Bolsonaro de subalternizar as Forças Armadas para seus intentos delirantes e despóticos”, afirma. Dino defendeu que Forças Armadas, Congresso e Judiciário se oponham às tentativas de Bolsonaro de “transformar as Forças Armadas em milícias desse poder que ele exerce.” “É isso que o Bolsonaro quer o tempo inteiro. Ele faz isso com todas as instituições. Por que a raivinha, ódio que ele tem dos governadores? Porque ele não consegue demitir os governadores”, disse. “Porque ele não sabe conviver com o mínimo de pensamento diferente.” A preocupação ganhou corpo na reunião de líderes desta terça-feira (30), após o líder do PSL na Câmara, Vitor Hugo (PSL-DF), apresentar um projeto que daria poderes ao presidente da República para decretar mobilização nacional em questões de grave problema de saúde pública —como a pandemia. O projeto, protocolado na Câmara há cinco dias, foi visto como uma tentativa de criar um mecanismo legal para que a União pudesse interferir direto nas ações de estados e municípios, em meio a atritos entre Bolsonaro, governadores e prefeitos. O Congresso ainda teria que dar autorização ao decreto presidencial. Ainda assim, o timing da apresentação do projeto causou inquietação no Parlamento. Na avaliação do ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), o projeto é flagrantemente inconstitucional. “Ele busca criar um novo instituto de emergência constitucional fora da Constituição”, critica. O deputado lembra que, apesar de ser necessário obter autorização do Congresso, o quórum de votação é baixo --maioria absoluta, ou seja, mais da metade dos deputados. “Entendo, inclusive, que a mobilização é um consectário da declaração de guerra.” Na reunião de líderes, o projeto não teve consenso da maioria dos presentes. Por isso, não será incluído na pauta da sessão da tarde desta terça. Nesta tarde, em reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Vitor Hugo negou que o projeto fosse uma tentativa de golpe pelo governo. ""O projeto que eu apresentei e que defendi na reunião do colégio de líderes hoje não inova no ordenamento jurídico no sentido de causar qualquer dano a nenhum direito individual ou garantia constitucional"", afirmou. ""E não representa, como algum deputado defendeu e foi publicado inclusive em sites, que seria um golpe sanitário, já que não há golpe que seja feito que seja avalizado pelo Congresso Nacional."" Ele ressaltou que a mobilização nacional só seria decretada por autorização do Congresso após provocação do presidente. ""Sempre haverá o controle do Parlamento para que medidas como essa pudessem ser decretadas"", declarou. ""Não é um golpe em curso, não tem intenção de questionar autoridade dos policiais militares em torno dos seus respectivos governadores."" Casa Civil Luiz Eduardo Ramos, general da reserva do Exército Defesa Walter Souza Braga Netto, general da reserva do Exército Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, general da reserva do Exército Ciência e Tecnologia Marcos Pontes, tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Minas e Energia Bento Albuquerque, almirante da Marinha Infraestrutura Tarcísio de Freitas, capitão da reserva do Exército Controladoria-Geral da União Wagner Rosário, capitão da reserva do Exército Secretaria de Governo Carlos Alberto dos Santos Cruz, general da reserva do Exército Porta-voz da Presidência da República Otávio do Rêgo Barros, general da reserva do Exército Ministério da Defesa Fernando Azevedo e Silva, general da reserva do Exército Ministério da Saúde Eduardo Pazuello, general de divisão do Exército Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto, general da reserva do Exército Secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania Décio Brasil, general da reserva do Exército Presidente do Incra João Carlos Corrêa, general da reserva do Exército Presidente dos Correios Juarez Cunha, general da reserva do Exército Presidente da Funai Franklimberg Freitas, general da reserva do Exército Governadores de 16 estados divulgaram nesta segunda-feira (29) uma carta em que manifestam indignação contra uma onda de agressões e disseminação de fake news que tenta, segundo eles, criar instabilidade institucional nos estados e manipular policiais contra a ordem democrática. A manifestação acontece após a deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da CCJ (comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, publicar post em que chamou de herói o soldado da Polícia Militar da Bahia que fez disparos em ponto turístico de Salvador. A parlamentar, que também incitou um motim, apagou a mensagem, defendendo que o episódio seja investigado. Outro aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) também defendeu em uma live realizada no domingo (28) a criação de milícias para agredir fisicamente os guardas municipais que reprimem a abertura de comércio em cidades que estão sob lockdown por ordem dos governadores. A carta é assinada pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT). Na noite de domingo, o soldado Wesley Soares foi baleado após ter passado cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Ele foi atingido por tiros por volta das 18h30, após ter erguido um fuzil e disparado contra os colegas da PM que negociavam a sua rendição. O soldado chegou a ser socorrido por uma ambulância e levado para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos morreu na noite deste domingo (28). No documento publicado nesta segunda (29), os governadores afirmam que estão lutando ao lado de servidores públicos e profissionais do setor privado para garantir apoio e atendimento à população diante da piora da pandemia. “Enquanto isso, alguns agentes políticos espalham mentiras sobre dinheiro jamais repassado aos estados, fomentam tentativas de cassação de mandatos, tentam manipular policiais contra a ordem democrática, entre outros atos absurdos”, escrevem. “Registramos especialmente o nosso protesto quando são autoridades federais, inclusive do Congresso Nacional, que violam os princípios da lealdade federativa.” A carta pede que Bolsonaro, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, tomem providências para coibir atos ilegais e imorais. “Os estados e todos os agentes públicos precisam de paz para prosseguir com o seu trabalho, salvando vidas e empregos”, dizem. “Estimular motins policiais, divulgar fake news, agredir governadores e adversários políticos, são procedimentos repugnantes, que não podem prosperar em um país livre e democrático.” Além de Rui Costa, assinam a carta os governadores de Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); Pará, Helder Barbalho (MDB); Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); São Paulo, João Doria (PSDB), Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM); Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); Ceará, Camilo Santana (PT); Paraíba, João Azêvedo (Cidadania); Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB); Piauí, Wellington Dias (PT); Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD); Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e Amapá, Waldez Góes (PDT). A carta foi publicada em meio a uma tentativa de deputados bolsonaristas de incitarem policiais e a população a descumprirem ordens dadas por governadores e prefeitos. Na madrugada desta segunda, Kicis usou suas redes sociais para defender o soldado morto por colegas após surto psicótico em Salvador. “Soldado da PM da Bahia abatido por seus companheiros. Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia”, escreveu. “Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia arou. Chega de cumprir ordem ilegal!” Na manhã desta segunda, a deputada voltou às redes sociais para apagar o post e justificar a decisão. Kicis afirmou ter sido informada na madrugada que o PM morto durante o surto havia atirado para o alto e foi baleado por colegas. “As redes se comoveram e eu também. Hoje cedo removi o post para aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar”, afirmou. Bia Kicis é investigada no inquérito das fake news e no que apura atos antidemocráticos. Assim como Bolsonaro, é crítica do isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus. Filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também defendeu o PM morto pelos agentes do Bope. “Aos vocacionados em combater o crime, prender trabalhador é a maior punição. Esse sistema ditatorial vai mudar”, disse. “Protestos pipocam pelo mundo e a imprensa já não consegue abafar. Estão brincando de democracia achando que o povo é otário. Que Deus conforte os familiares do PM-BA.” Também nesta segunda, a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) publicou nota de repúdio às declarações de Jefferson. “É impensável e inadmissível que uma pessoa que foi representante do povo incite a violência e defenda ações criminosas”, afirma a nota. “As forças de segurança do País estão na linha de frente. Não pararam um dia sequer, mesmo em tempos de pandemia. E não é aceitável que um ex-representante do povo, que deveria compreender o que estabelece a lei ao invés de afrontá-la, se manifeste de maneira vil contra profissionais que estão fazendo seu trabalho.” Nos Estados Unidos, no final de domingo, a manchete do Drudge Report ainda era o “Pesadelo brasileiro”, um “Risco para o mundo”, linkando Associated Press e uma ampla reportagem do Wall Street Journal, enfatizando a cepa brasileira, P1. Outros foram pela mesma linha no fim de semana, com o New York Times chegando a dar manchete online na tarde de sábado para os “hospitais sobrecarregados” devido, antes de mais nada, a “uma variante contagiosa”, a P1. Mas o mesmo NYT levou ao alto da home, no domingo, que os “Casos voltam a subir nos EUA”. Responsabilizou, antes de mais nada, “a variante que atingiu o Reino Unido, chamada B.117”, a mesma que “levou a uma nova onda de casos na Europa”. Devido à agressividade da cepa britânica, que se tornou “dominante”, a chanceler alemã, Angela Merkel, declarou dias atrás que a Europa enfrenta agora “basicamente uma nova pandemia”. O NYT publicou que “cientistas alertam que ela pode levar a uma nova onda nos EUA” e cita, de um epidemiologista de Harvard, que “a B.117 é assustadora”. O jornal destaca a Flórida, onde “a variante mais contagiosa identificada no Reino Unido está crescendo exponencialmente”, mas Nova York também enfrenta alta, como ressaltou o Financial Times no início da noite. O salto inesperado nos casos já havia sido informado pelo governo americano na sexta, mas foi uma entrevista à CBS no domingo, de Anthony Fauci, principal assessor médico da Casa Branca, que disparou o alarme. Ele afirmou que é “prematuro” derrubar as restrições, como vários estados começaram a fazer. No Washington Post, o correspondente Terrence McCoy foi a Alcântara, no Maranhão, e produziu extensa reportagem multimídia com o título acima. Em suma, como legendado nas fotos: “Os Estados Unidos querem lançar foguetes no Brasil. Isso pode significar a expulsão de vários milhares de descendentes de escravos."" Em reportagem bancada pela Iniciativa Norueguesa Internacional para o Clima e Florestas, o NYT relatou no domingo a história do piloto Antônio Sena, que caiu com seu pequeno avião na Amazônia e passou 36 dias na floresta, até ser resgatado. “Uma história que parou os brasileiros”, publica o jornal, “e que chamou a atenção para a indústria de mineração ilegal no Brasil, que floresceu em territórios indígenas e noutras partes da Amazônia que deveriam ser santuários”. Ainda que muitos estados tenham em comum as UTIs para pacientes de Covid-19 lotadas, governadores divergem na forma como lidam com a abertura de comércio e serviços, como meio de pressionar o isolamento social e frear o contágio na pandemia, especialmente diante da falta de uma ação federal coordenada. Enquanto alguns reveem reaberturas e adotam lockdowns ou toques de recolher —como Pará, Bahia e Sergipe—, em estados como a Paraíba o funcionamento de bares e restaurantes é permitido em horário reduzido. Já no Rio, foram liberadas festas de casamento e de formatura com limite de público. Veja a situação em cada estado.  São Paulo População: 46,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,4% Lotação de UTIs públicas na capital: 92,3% O que fez o governador: João Doria (PSDB) decretou a fase emergencial do Plano SP com início em 15 de março. Inclui o fechamento de escolas, um toque de recolher das 20h às 5h e obrigatoriedade de home office para repartições públicas e escritórios. Na sexta (26), com a avaliação do comitê de contingência de que o estado entrou em colapso, a fase emergencial foi prorrogada até 11 de abril Rio de Janeiro População: 17 milhões Lotação de UTIs no estado: 87% Lotação de UTIs na capital: 93% O que fez o governador: Cláudio Castro (PSC) permitiu shows e festas até 12 de março. Nesta semana, proibiu a permanência nas ruas das 23h às 5h e as festas com bilheteria, mas continua permitindo casamentos, formaturas e bares até as 23h, com 50% de ocupação. Prefeituras podem tomar medidas mais restritivas Minas Gerais População: 21,3 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,9% Lotação de UTIs públicas em Belo Horizonte: 101,4% O que fez o governador: Romeu Zema (Novo) anunciou que a onda roxa, que prevê toque de recolher e autoriza apenas serviços essenciais, passaria a valer para todos os municípios mineiros a partir de 17 de março. A medida vale por duas semanas Espírito Santo População: 4,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 93,5% Lotação de UTIs públicas em Vitória: 95,8% O que fez o governador: Renato Casagrande (PSB) decretou quarentena de duas semanas, entre 18 e 31 de março. Só podem funcionar atividades essenciais, hotéis e pousadas podem receber 50% da capacidade e atendimento presencial ao público fica proibido aos domingos e feriados. Aulas presenciais também estão suspensas Alagoas População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 85% Lotação de UTIs públicas em Maceió: 89% O que fez o governador: Renan Filho (MDB) proibiu o atendimento presencial de bares e restaurantes, mas permitiu o funcionamento do comércio e dos shoppings durante a semana Bahia População: 15,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 88% Lotação de UTIs públicas em Salvador: 87% O que fez o governador: Rui Costa (PT) instituiu toque de recolher a partir das 20h de 17 de fevereiro e, nesta semana, antecipou o horário para as 18h. Decretou o fechamento do comércio não essencial e determinou a suspensão do transporte intermunicipal na Semana Santa Ceará População: 2,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 94% Lotação de UTIs públicas em Fortaleza: 95% O que fez o governador: Camilo Santana (PT) instituiu isolamento social rígido com fechamento do comércio não essencial. Retomou a abertura de novos leitos e a instalação de hospitais de campanha Sergipe População: 2,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 78% Lotação de UTIs públicas em Aracaju: 86% O que fez o governador: Belivaldo Chagas (PSD) instituiu toque de recolher entre 20h e 5h até 31 de março. Comércio pode funcionar até às 18h. O mesmo vale para templos religiosos, restaurantes e salões de beleza, que só devem funcionar com 30% de sua capacidade Rio Grande do Norte População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,1% Lotação de UTIs públicas em Natal: 96,2% O que fez a governadora: Fátima Bezerra (PT) endureceu medidas de restrição de 20 de março a 2 de abril, com o fechamento de atividades não essenciais e suspensão de aulas presenciais Pernambuco População: 9,6 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 97% Lotação de UTIs públicas no Recife: 97% O que fez o governador: Paulo Câmara (PSB) editou decreto com medidas restritivas, válido de 18 a 28 de março. Destacam-se o fechamento de escolas e igrejas e o não funcionamento de bares, restaurantes e similares, que podem operar apenas com delivery Paraíba População: 4 milhões Lotação de UTIs públicas do estado: 83% Lotação de UTIs públicas em João Pessoa: 93% O que fez o governador: João Azevêdo (Cidadania) determinou toque de recolher das 22h às 5h em municípios com bandeiras vermelha e laranja. Bares, restaurantes e lanchonetes só podem funcionar até 16h, com delivery permitido até 22h. Somente pré-escola, creches e fundamental podem funcionar presencialmente Piauí População""‚3,3 milhões 96%""‚lotação de UTIs públicas no estado 96%""‚lotação de UTIs públicas em Teresina O que fez o governador""‚ Wellington Dias (PT) anunciou medidas econômicas para ajudar empresários e funcionários dos setores de bares, restaurantes e eventos, como o pagamento de um auxílio de R$ 1.000 Maranhão População: 7,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 89% Lotação de UTIs públicas em São Luís: 95% O que fez o governador: Flávio Dino (PCdoB) autorizou nesta sexta que bares e restaurantes funcionem com 50% da capacidade e regime de ensino hibrido para escolas em geral --mas apenas remoto para escolas do estado Acre População: 894,5 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 89% Lotação de UTIs públicas em Rio Branco: 93% O que fez o governador: Gladson Cameli (PP) adiou o início da vigência das medidas restritivas de circulação de 4 para 11 de março, instituindo lockdown apenas aos finais de semana e feriados. Onze dias depois, prorrogou as medidas por tempo indeterminado Amapá População: 861,8 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 94,4% Lotação de UTIs públicas em Macapá: 98,8% O que fez o governador: Waldez Góes (PDT) decretou lockdown a partir de 18 de marco por uma semana, com toque de recolher entre 21h e 5h, lei seca e comércio limitado a delivery. Aulas presenciais estão suspensas Amazonas População: 4,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 76% Lotação de UTIs públicas em Manaus: 76% O que fez o governador: Após protestos, Wilson Miranda (PSC) revogou decreto que previa medidas restritivas a partir de 23 de dezembro; dezessete dias depois, o estado entrou em colapso. Não acatou nenhuma recomendação de lockdown feita pelos órgãos de controle Pará População: 8,7 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 87% Lotação de UTIs públicas em Belém: 88% O que fez o governador: Helder Barbalho (MDB) decretou lockdown nos cinco municípios da região metropolitana de Belém, prorrogado até 29 de março Rondônia População: 1,7 milhão Lotação de UTIs públicas do estado: 100% Lotação de UTIs públicas em Porto Velho: 100% O que fez o governador: Marcos Rocha (sem partido) determinou toque de recolher entre 21h e 6h em dias úteis. Só podem funcionar atividades essenciais, mas salões de beleza podem atender de forma individual. Academias funcionam com limitações de público Roraima População: 631,2 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 58% Lotação de UTIs públicas em Boa Vista: 58% O que fez o governador: Antonio Denarium recomendou toque de recolher em todas as cidades; manteve comércio aberto; liberou, no último dia 15, o transporte rodoviário entre Boa Vista e Manaus (uma viagem por dia com limite de passageiros) Tocantins População: 1,6 milhão Lotação de UTIs públicas no estado: 90% Lotação de UTIs públicas em Palmas: 91% O que fez o governador: Mauro Carlesse retomou as aulas presenciais em fevereiro, mas voltou atrás em março; recomendou que prefeituras adotem medidas mais restritivas Goiás População: 7,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98% Lotação de UTIs públicas em Goiânia: 98% O que fez o governador: Ronaldo Caiado adotou rodízio 14 por 14 (14 dias com estabelecimentos não essenciais fechados e 14 abertos) até a próxima semana; entregará 200 mil máscaras a usuários de ônibus na região metropolitana de Goiânia Mato Grosso População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 95% Lotação de UTIs públicas em Cuiabá: 94% O que fez o governador: Mauro Mendes (DEM) apresentou projeto de lei para antecipar feriados e reduzir a circulação de pessoas ate 4 de abril; outra proposta é triplicar valor da multa a quem desrespeitar medidas restritivas Mato Grosso do Sul População: 2,8 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 109% Lotação de UTIs públicas em Campo Grande: 97% O que fez o governador: Reinaldo Azambuja (PSDB) criou sistema que indica o funcionamento de atividades econômicas conforme a bandeira, mas é apenas uma recomendação Paraná População: 11,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 95% Lotação de UTIs públicas em Curitiba: 102% O que fez o governador: Ratinho Junior reabriu comércio e escolas particulares, mas baixou decretos mais restritivos para regiões mais afetadas Rio Grande do Sul População: 11 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98,8% Lotação de UTIs públicas em Porto Alegre: 104,2% O que fez o governador: Desde 22, prefeituras podem adotar protocolos de bandeira vermelha mesmo que o RS esteja em bandeira preta (risco altíssimo). Comércio não essencial pode funcionar até 20h nos dias de semana (bares e restaurantes até 18h e ocupação de até 25%); supermercados até 22h qualquer dia da semana; aos fins de semana, apenas comércio essencial. Escolas continuam fechadas por decisão judicial. Permanência em praias continua proibida Santa Catarina População: 7 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98,8% Lotação de UTIs públicas em Florianópolis: 98,9% O que fez o governador: Todas as regiões estão em bandeira vermelha (risco altíssimo) desde 24 de fevereiro. Atividades noturnas estão vedadas, bem como a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência entre 0h e 6h. Aulas presenciais estão mantidas. Bares e restaurantes só podem funcionar com 25% da capacidade. As praias estão liberadas, desde que sem aglomeração As mulheres são cada vez mais múltiplas, apesar da persistência de rótulos machistas que as tentam classificar de um jeito ou de outro. Essa frase é do texto de abertura do volume da Coleção 100 Anos de Fotografia – Pelas Lentes da Folha, que chega às bancas no dia 4 de abril. Escrita pelo jornalista Naief Haddad, um dos curadores da coleção, define de forma exata a proposta do sexto livro da série, “Brasileiras – Mulheres Inspiradoras”. Composta por dez volumes, é a primeira coleção editada pela Folha exclusivamente com imagens captadas por seus profissionais, escolhidas entre as mais de 2,5 milhões de fotos do acervo do jornal. É um tributo a esses nomes do fotojornalismo que criaram uma linguagem visual própria e impactante. A foto na capa de “Brasileiras – Mulheres Inspiradoras” parece simbolizar a trajetória feminina na história do Brasil. Registrada em abril de 1960, mostra quatro mulheres estendendo uma faixa com a frase “Rumo a Brasília” sobre o capô de um fusca. No dia 21 daquele mês, a capital federal foi oficialmente inaugurada por Juscelino Kubitscheck. A foto mais antiga entre as 42 reunidas no volume é de 23 de novembro de 1921. É um retrato de Ilara Gomes Grosso, de 14 anos, apontada como um grande talento no piano e que faria um recital em Campinas, no interior paulista. A seleção contempla mulheres famosas e anônimas. As fotos estabelecem conexões relevantes na busca de direitos das mulheres. Como as imagens, lado a lado, de uma eleitora votando nas eleições de 1976 e da multidão no largo São Francisco, em 1984, em passeata das Diretas Já. Os retratos elencam personalidades bem diferentes, mesmo quando reúnem expoentes de uma mesma arte. A escritora Carolina de Jesus aparece em foto de Audálio Dantas, de 1958, dois anos antes de lançar seu primeiro livro, “Quarto de Despejo”. Cora Coralina, autora destacada na literatura nacional, está em foto de Matuiti Mayezo, em 1983. E Clarice Lispector posa para foto em 1975. Vendidos por R$ 24,90, os volumes da coleção oferecem um pôster em papel especial, que pode ser enquadrado como item decorativo. Neste livro, a imagem é de uma classe de meninas em Caraguatatuba (SP), de março de 1955, que mostra as garotas com laços nos cabelos. O ornamento fazia parte do uniforme escolar. Num grupo de fotos de 1956 a 1966, mulheres são exibidas em atividades científicas e industriais, como pesquisadoras no Instituto Adolfo Lutz ou funcionárias testando a resistência de materiais numa fábrica de dentes plásticos. Rostos conhecidos formam boa parte do material. A escolha contempla a cena política, com imagens da presidente Dilma Rousseff, da ministra Cármen Lúcia, do STF, e da vereadora Marielle Franco. Nomes das artes marcam presença, como as cantoras Elis Regina e Elza Soares, a atriz Zezé Motta, a pintora Tarsila do Amaral e a cartunista Laerte. Outra imagem presta tributo a uma pioneira no esporte, a nadadora Maria Lenk, a primeira sul-americana a participar de uma Olimpíada, em 1932, em Los Angeles. Uma das fotos de maior repercussão na história da Folha, feita em 1992 por Pisco Del Gaiso, foi premiada internacionalmente. Mostra uma índia da tribo Guajá, no Maranhão. Com o filho no colo, ela amamenta um filhote de porco do mato. Prática comum na aldeia, após uma caçada os filhotes órfãos são levados e criados como filhos.  28.fev São Paulo 7.mar Transportes 14.mar Infância 21.mar Cotidiano 28.mar Comércio 4.abr Brasileiras 11.abr Trabalho 18.abr Manifestações 25.abr Imigrantes 2.mai Nostalgia A fila de espera por leitos de UTI para tratamento de Covid-19 no país atingiu, na última quinta-feira (25), uma marca trágica: são 6.371 pessoas aguardando por um atendimento. Os dados são de um levantamento feito pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) obtido pelo Jornal Nacional. De acordo com o conselho, só no estado de São Paulo são 1.500 pacientes. Os demais estados que aparecem com maior contingente são: Minas Gerais (714), Rio de Janeiro (582) e Paraná (501) e Ceará (400). O número de pessoas em fila de espera é quase equivalente ao número de passageiros que ocupariam o cruzeiro de luxo Caribbean Seas (6.680), ou à lotação máxima de sete aviões e meio do tipo Airbus 380 (6.340). Segundo Carlos Lula, presidente do Conass e secretário do estado de saúde do Maranhão, embora o recorte de pacientes em fila de espera para leitos de UTI mude diariamente no país, a situação atual é um “desastre”. “Esse número é só de pacientes aguardando por leitos de UTI para atendimento de Covid, não fizemos o levantamento para pacientes não-Covid. Então o que está acontecendo hoje no Brasil é que estamos perdendo pacientes sem ter sequer acesso a um leito, e sem contar ainda os pacientes de outras comorbidades.” O presidente do conselho falou ainda que a falta de leitos de UTI já era um problema apontado no início do ano, quando pacientes graves no estado do Amazonas foram transportados para outros estados por falta de leitos. “Hoje nenhum estado tem leito para ajudar, e a expansão de leitos é muito dificultada, pois faltam também insumos, pessoal e oxigênio.” De acordo com boletim do Observatório Covid-19 BR, divulgado pela Fiocruz nesta sexta-feira (26), 25 das 27 unidades da Federação estão com ocupação crítica de leitos, acima de 80%. Apenas AM (79%) e RR (64%) estão com ocupação abaixo desse limiar. Ainda, alguns estados, como MS (106%), RO (100%) chegaram a ocupação máxima ou ultrapassaram –indicando maior espera por leitos do que a capacidade existente. Estados como SC (99%), MT (99%), RS (97%), CE (97%), PE (97%) e Distrito Federal (99%) estão muito próximos da capacidade máxima. O levantamento do Conass foi feito colhendo diretamente os dados das secretarias estaduais de saúde. O presidente do conselho explica que não há um painel centralizando os dados no Ministério da Saúde, o que dificulta ainda mais o conhecimento do panorama em que o país está. Ainda, a impressão, segundo o secretário, é de mudança no perfil dos internados em 2021 em comparação a 2020, o que ele atribui a uma maior circulação do vírus entre os jovens e também às variantes do vírus, mais graves e com maior transmissibilidade. “O perfil mudou drasticamente. Quando fazia o circuito de leitos em 2020, eu via muitos pacientes com idade acima de 60 anos. Hoje, são mais jovens. É claro que a maior letalidade das novas variantes deve ser comprovada com estudos epidemiológicos, mas a impressão é de maior gravidade.” Embora as discussões sobre estabelecimento de um lockdown nacional sejam ainda dificultadas, principalmente pelo momento de cisão política, para ele o Ministério da Saúde precisa agora atuar em dois problemas principais: a falta de oxigênio nas cidades e a iminente falta de kit de intubação. “O país pode entrar em colapso por isso. Além de fornecer esses insumos, é essencial acelerar a vacinação. Nós só vamos ver uma estabilidade no sistema no final de abril/início de maio, quando a maior parte das pessoas com idade acima de 60 anos já forem vacinadas”, diz. O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia. No último mês de março, além de atingir a triste marca de 300 mil mortos, o país quebrou diversos recordes de número de óbitos em um dia e seguiu por mais de 25 dias com recordes na média móvel de mortes, interrompidos na última quarta-feira (24), mesmo dia em que houve problemas nos registros de óbitos. O país bateu também recorde de número de casos na última quinta-feira (25), com mais de 97 mil casos registrados nas últimas 24 horas. A publicação do decreto que institui o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 sem a menção aos governadores foi encarada por eles como mais uma agressão de Jair Bolsonaro, dias após uma tentativa de trégua na quarta-feira (24). O assunto foi tema de reunião dos gestores estaduais com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta sexta-feira (26). Reunião na quarta-feira entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do STF, Luiz Fux, Rodrigo Pacheco, Bolsonaro, ministros e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO, como representante dos estados), definiu a criação do comitê para traçar medidas emergencias de combate à pandemia. No entanto, a assinatura do decreto nesta quinta-feira (25) sem que os governadores fossem citados foi recebida com surpresa e indignação. Os prefeitos também ficaram de fora. ""O governo federal publicou decreto hoje criando um Comitê 'Nacional' para enfrentamento da Covid, sem a presença dos estados, municípios, Conass. Enfim, não se trata de um comitê nacional. O que nós desejamos é que haja de verdade interlocutores que possam atender as demandas urgentes de abastecimento de oxigênio, medicamentos, custeio dos leitos de UTI. Depois de um ano de guerra, por incrível que pareça, estamos buscando esse diálogo. Preocupante"", diz João Azevêdo (Cidadania), governador da Paraíba. Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, argumenta no mesmo sentido. ""A gente precisa de um verdadeiro comitê nacional. Esse decreto que ele editou hoje é mais uma agressão aos estados. Ele diz que é nacional, mas nacional juridicamente remete a governo federal, estados e municípios"", diz. ""Foi uma composição desastrada a desse comitê que ele diz que criou."" Pacheco disse à Folha que explicou aos presentes na reunião que o comitê não tem um caráter nacional, é um comitê federal de organização do presidente da República, do Senado, da Câmara e um representante do judiciário. “Uma busca de entendimento entre os poderes da República para que possamos identificar quais são as convergências e identificar medidas que, talvez sejam tomadas pelo Executivo, mas não têm amparo no Legislativo, ou medidas legislativas da Câmara e do Senado que não terão amparo do Executivo.” O Fórum de Governadores vai pedir formalmente que o presidente revogue o decreto e publique outro. No encontro com Pacheco, os governadores debateram as pautas prioritárias no combate à pandemia no momento. Destacaram-se como problemáticas as dificuldades na aquisição de medicamentos para intubação, falta de leitos de UTI, a necessidade de apoio do governo federal a medidas de distanciamento social e o reforço do programa nacional de imunizações (cidades e estados têm incorporado categorias e mudado a ordem do cronograma, o que tem gerado descompassos). Eles também pediram que o governo federal tome medidas visando conter a disseminação de fake news e acusações sem fundamento contra governadores e prefeitos. O presidente do Congresso disse que levará todos os pontos levantados na reunião para o encontro do comitê marcado para segunda-feira (29). Mais de 30 empresas já aproveitaram a popularidade dos memes da gincana de calouros da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo) para garantir a exposição de suas marcas nas redes sociais. Empresas como Amazon, Scania, Seara e Havaianas interagem desde quinta-feira (25) com o perfil de ""Gabi da AE4"", a estudante que ficou conhecida por angariar apoio de figuras públicas como Sergio Moro, Xuxa, Angelica e Rubinho Barrichello para sua classe em uma competição universitária. A gincana, que não passou de um mal-entendido, viralizou na internet nesta quinta. Calouros solicitaram vídeos a celebridades, mas o pedido da organização era para que as turmas pedissem apoio de pessoas famosas da torcida da FGV. Uma estudante chamada Gabi conseguiu o maior número de figuras públicas, e logo as empresas começaram a se relacionar com seu perfil nas redes sociais, uma estratégia de marketing que visa a participação nas conversas públicas. A Alexa, inteligência artificial da Amazon, passou a responder a todos os usuários que, ""a pedido da Gabi, fecha com a AE4"". A Amazon, que vende o assistente doméstico, publicou um vídeo em suas redes sociais. ""No Brasil, já fizemos diversas interações com artistas, entramos em campanhas como a da conscientização sobre síndrome do burnout, e há várias perguntas que o cliente pode fazer à Alexa que são apenas para divertir. A Alexa imita o Silvio Santos, o Chaves, Faustão, acompanha o BBB, entre outras muitas interações bem humoradas"", diz Tiago Maranhão, gerente editorial para Alexa. Empresas de comida, de veículos e de cuidados pessoais, além de marcas televisivas e até bancos, também entraram na campanha pela turma de Gabi. Scania: Renault: Rexona: Adobe: Club Social: Guaraná Antártica: Kibon: Axe: A estudante que trouxe a história à tona por meio das redes sociais solicitou que empresas que queiram participar ajudem com doações ao fundo de bolsas da faculdade. Abaixo, o vídeo em que ela mostra todos os políticos e artistas que se pronunciaram, como Ana Maria Braga, Guilherme Boulos, Xuxa, Sergio Moro, Rodrigo Maia, Taís Araújo e Maitê Proença: Na primeira reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após a criação do comitê nacional contra Covid-19, governadores cobraram que todos os estados sigam os critérios de vacinação prioritária do PNI (Plano Nacional de Imunização). Estiveram presentes na reunião desta sexta-feira (26) os governadores de todos os estados e do Distrito Federal, exceto os de São Paulo, Sergipe e Tocantins, que foram representados pelos vice-governadores. As reclamações ocorreram após o estado de São Paulo anunciar que vai vacinar, a partir de abril, professores e policiais, que estão no grupo prioritário do PNI, mas estão atrás de outros grupos, como pessoas com comorbidades. Como mostrou nesta quinta (25) a coluna Painel, o anúncio de João Doria (PSDB-SP) pegou outros estados de surpresa, aumentando a pressão das categorias sobre governadores de outras regiões. Assim que Doria fez a divulgação, seus colegas passaram a reclamar no grupo de WhatsApp que reúne representantes estaduais, dizendo que São Paulo atropelou o plano nacional de imunização e que a medida não deveria ter sido tomada de maneira isolada, por um único estado. Outras unidades da federação também estão adiantando a vacinação desse grupo, como o Distrito Federal e o Espírito Santo. O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), afirmou que esses grupos não poderiam ser vacinados antes e que alguns estados não poderiam começar a vacinar policiais e professores, enquanto outros não receberam vacinas. “Vários grupos, como policiais e professores, precisam ter prioridade, mas o calendário nacional precisa ser alterado para atender essa categoria tão importante. Precisamos ter uma comunicação única, um procedimento único para que nenhum estado possa ter privilegio em relação a outro. A vida é um direito de todos e ninguém pode ser tratado diferente”, disse. Os governadores também querem que o Ministério da Saúde avalie e apresente cronograma de entrega de vacinas aos estados com estratégia para alcançar 1 milhão de vacinados com primeira dose por dia e, depois, aumentar esse patamar para 2 milhões de vacinados com primeira dose por dia. O governador do Maranhão, Fávio Dino (PCdoB-MA), disse que os governadores estão dando um voto de confiança ao Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assim como fizeram com os outros três que passaram pela pasta. “Nenhum governador sabotou trabalho de ministro, sempre apoiamos. Quem sabotou foi o presidente da República, ele é quem sabotou.” Houve críticas à política externa do chanceler Ernesto Araújo, com defesa de um alinhamento internacional mais efetivo para melhorar o acesso a insumos e vacinas. Durante a semana, Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticaram o chanceler Ernesto Araújo, considerado um dos principais responsáveis por fracassos de ações de combate ao coronavírus. Na reunião, também houve reclamação dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos governadores. Na semana passada, ele entrou com ação de inconstitucionalidade junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir estados de adotarem medidas de restrição. O comitê nacional foi anunciado na última quarta-feira (24) por Bolsonaro, após uma reunião com ministros, Pacheco, Lira e o presidente do STF, Luiz Fux. A princípio, o grupo será formado por Bolsonaro, pela cúpula do Legislativo e por um representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A princípio, os governadores e prefeitos foram excluídos do comitê —a interlocução das demandas dos Executivos estaduais e municipais será feita por Pacheco. Wellington Dias (PT-PI), governador do Piauí, cobrou a presença de prefeitos e governadores dentro do comitê. “Dissemos da importância de que nesse comitê nacional tenha a presença de estados e municípios. Não é razoável sem a presença de estados e municípios.” Afirmou ainda que os governadores pediram agenda com a ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) para adquirir mais vacinas. Além disso, irão conversar com o Reino Unido, Índia, China e a Rússia. “Também acompanhando aqui o Congresso Nacional junto à Anvisa, o Ministério da Saúde para mais celeridade, mais autorização.” O governador avaliou que essa foi uma importante agenda e aproveitou para falar da preocupação da condição de habilitar, manter os leitos e também sobre a falta dos insumos. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB-ES), disse que houve muita crítica ao comitê criado porque não teve a presença de governadores e prefeitos. “É importante que todos os entes pudessem participar porque os governadores que operam na base, nos leitos”. Disse ainda que foi registrado incômodo com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia e as relações diplomáticas que atrapalharam a importação do insumo farmacêutico para a produção da vacina contra a Covid-19. Além disso, os governadores mostraram preocupação com o orçamento para saúde, que ficou bem menor que no ano passado. Rodrigo Pacheco afirmou que irá levar todos os pontos discutidos na reunião para o encontro do comitê marcado na segunda-feira (29). Ele disse que concorda que o plano de operacionalização estabelecido pelo Ministério da Saúde seja obedecido. “É preciso ter uma organização e valorizar o Sistema Único de Saúde e o Plano Nacional de Imunizações, que é muito antigo.” Quanto à participação de governadores e prefeitos, Pacheco disse que explicou aos presentes na reunião que o comitê não tem um caráter nacional, é um comitê federal de organização do presidente da República, do Senado, da Câmara e um representante do judiciário. “Uma busca de entendimento entre os poderes da república para que possamos identificar quais são as convergências e identificar medidas que, talvez sejam tomadas pelo executivo, mas não têm amparo no legislativo, ou medidas legislativas da Câmara e do Senado que não terão amparo do executivo.” O diretor da companhia de navegação Lloyd Brasileiro, Frederico Burlamaqui, recebeu um telegrama com a informação de que o paquete Uberaba afundou na costa do Maranhão, depois de bater nos arrecifes de São Luís, quando regressava dos Estados Unidos. Muitos passageiros e a tripulação foram salvos pelo vapor inglês Austun, já outros se dirigiram para terra em duas baleeiras. Segundo a informação, o comandante do navio afirmou que a embarcação está completamente perdida. O Uberaba era um dos melhores navios alemães aprisionados pelo Brasil na guerra. O erro do governo Jair Bolsonaro (sem partido) nas transferências de recursos do Fundeb da ordem de R$ 766 milhões só foi descoberto porque uma prefeitura que recebeu valores extras avisou ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Como a Folha revelou, três estados e respectivos municípios receberam dinheiro a mais do que lhe eram devidos e, por outro lado, seis receberam a menos. A presidência do FNDE e a equipe do ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, no entanto, haviam sido avisados dos riscos operacionais com relação a essas transferências ainda em outubro de 2020. Nada foi feito a respeito. O fundo, ligado ao MEC (Ministério da Educação), não tem qualquer sistema de controle para identificar ou evitar esse tipo de equívoco. Os cálculos para os repasses a estados e municípios são realizados manualmente, em planilha de Excel, por apenas um funcionário, de nível médio. Ele chegou a ser impedido de tirar férias em 2020 porque é o único que sabe fazer os procedimentos. Esse único servidor opera manualmente transferências anuais de mais de R$ 30 bilhões para 5.570 municípios, 26 estados e Distrito Federal, relacionadas ao Fundeb e ao salário-educação. Com relação ao Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica, os cálculos não são triviais: envolvem ponderações de distribuição do dinheiro (que varia de acordo com o tipo de matrícula), cruzamentos de dados das matrículas nas redes de ensino e informações de recursos vindas do Tesouro Nacional. A operacão ficará ainda mais complexa a partir de agora, uma vez que o novo Fundeb traz mais ponderações para distribuição e ainda prevê aumento de recursos. De acordo com documentos obtidos pela Folha, a ex-diretora do FNDE Renata Mesquisa D'Aguiar fez o alerta da precariedade da situação ao presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, ainda em 13 de outubro de 2020. Antes, ela já havia se reunido com o secretário-executivo do MEC, Vitor Godoy (o nº 2 do MEC), para tratar disso, como está documentado. Esse mesmo alerta indica a necessidade de que tudo fosse submetido ao ministro Milton Ribeiro. A urgência para a automatização do STL (Sistema de Transferências Legais) e o incremento da equipe foram reforçadas ao presidente do FNDE em outra comunicação, de meados de fevereiro. MEC e FNDE não responderam novamente aos questionamentos da reportagem. Também foram feitos contatos telefônico com o ministro e seu secretário-executivo, mas sem sucesso. O equívoco ocorreu em janeiro nas transferências da primeira parcela da complementação que a União faz ao Fundeb. De R$ 1,18 bilhão previsto, R$ 382,9 milhões foram pagos a mais do que o devido a Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro. Por outro lado, R$ 383 milhões deixaram de ser pagos a Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco e Piauí. O Rio de Janeiro nem tinha direito à complementação, mas recebeu R$ 48,5 milhões indevidamente. O estado da Paraíba, por exemplo, fazia jus a R$ 10,4 milhões e recebeu R$ 283,2 milhões a mais. Foi o prefeito de uma cidade da Paraíba quem avisou o FNDE sobre erros, segundo relatos colhidos pela reportagem. Ele falou, por telefone, no mesmo dia do crédito errado, 29 de janeiro, com funcionário da Diretoria de Gestão de Fundos e Benefícios. Ao identificar o equívoco, o FNDE determinou as restituições imediatamente, mas houve casos de municípios que já haviam utilizado o dinheiro extra recebido quando o Banco do Brasil tentou o estorno. Isso causou prejuízo para o FNDE de R$ 1,3 milhão. Esses valores são referentes a novo aporte que o fundo teve de realizar ao banco para que os todos entes recebessem o que lhes era devido. O ministro defendeu na terça (23), um dia depois da publicação da reportagem, que, para evitar prejuízos, o dinheiro será descontado no próximo repasse. Nove cidades utilizaram recursos antes que os estornos fossem feitos, cinco na Paraíba e quatro no Ceará. O município de Cajazeiras (PB) foi o que mais fez uso, na ordem de R$ 1,16 milhão. Segundo a secretaria de Educação do município, assim que o recurso caiu na conta ele foi utilizado para o pagamento da folha de pagamento do magistério referente ao mês de janeiro. O Fundeb reúne parcela de impostos de estados e municípios e uma complementação da União para atender estados e respectivos municípios que não atingem um valor mínimo por aluno a cada ano. Nove estados deveriam receber a complementação em janeiro, mas somente para um deles os recursos chegaram corretamente: Alagoas, no valor de R$ 40 milhões. Até o ano passado, a complementação da União refere-se a 10% do bolo do Fundeb —regra que continuou a valer nesta primeira remessa. Essa complementação será de 12% neste ano, o que deve alcançar R$ 19,6 bilhões. O novo Fundeb prevê que até 2026 o papel da União chegue a 23%. Isso aumentará o número de estados e municípios com direito ao aporte extra. Também há novas regras de distribuição dos recursos. O FNDE é controlado por indicações do centrão após barganha por apoio político de Bolsonaro com o bloco de partidos. Ribeiro é visto no MEC e nas autarquias sobre sua responsabilidade como decorativo e com pouca participação nos desafios da pasta. A defesa do ex-presidente Lula (PT) afirmou em nota, na noite desta terça-feira (23), que a decisão da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) de declarar o ex-juiz Sergio Moro suspeito é ""histórica e revigorante"". Para os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins, a suspeição de Moro, responsável pelas condenações do petista nas ações da Lava Jato em Curitiba, comprova que o ex-juiz atuou como adversário político de Lula. Na nota, a defesa do petista lembrou que, desde 2016, vem apontando a imparcialidade do então juiz Moro. Os advogados afirmam que a decisão do STF ""é histórica e revigorante para o Estado de Direito e para o devido processo legal"". ""Em outras palavras, sempre apontamos e provamos que Moro jamais atuou como juiz, mas sim como um adversário pessoal e político do ex-presidente Lula, tal como foi reconhecido majoritariamente pelos eminentes ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal"", afirma o texto. Cristiano e Valeska declaram ainda que a defesa sofreu uma série de ilegalidades praticadas pela Lava Jato, ""como o monitoramento ilegal dos nossos ramais para que os membros da 'operação' pudessem acompanhar em tempo real a estratégia de defesa"". ""Os danos causados a Lula são irreparáveis, envolveram uma prisão ilegal de 580 dias, e tiveram repercussão relevante inclusive no processo democrático do país. A decisão proferida hoje fortalece o sistema de Justiça e a importância do devido processo legal"", afirma ainda a nota. Por fim, a dupla de advogados afirma que a decisão do STF deve servir de guia ""para que todo e qualquer cidadão tenha direito a um julgamento justo, imparcial e independente"". A decisão desta terça também foi comemorada por líderes do PT e de outros partidos na esquerda. ""Ao proclamar que Sergio Moro nunca foi juiz imparcial, foi carrasco, o STF fez mais do que garantir a Lula os direitos roubados pela Lava Jato. Começou hoje o caminho para recuperar a credibilidade do Judiciário brasileiro. Vitória da Justiça, do direito e da esperança"", afirmou a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). ""⁣⁣Parabéns, presidente Lula. Obrigado por sua luta, por seu exemplo e determinação. Obrigado por não ter desistido nunca.⁣⁣ Nada apagará a injustiça feita nestes cinco anos de perseguição sem tréguas, a maior já vista na história contra um líder do povo. Nada devolverá os 580 dias de liberdade que lhe foram roubados, a dor das perdas familiares, das mentiras divulgadas na TV. Mas a decisão de hoje devolve ao país e ao nosso povo a esperança de que o futuro pode, deve e haverá de ser melhor"", declarou Gleisi em nota. Fernando Haddad (PT) falou que a mudança de voto da ministra Cármen Lúcia, a favor de Lula, foi ""para o bem do Estado democrático de Direito"". ""Um dia histórico. O herói foi desmascarado. O falso Messias será o próximo"", disse o ex-prefeito em referência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ex-presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou nota para afirmar que o STF corrigiu ""o maior atentado contra a Justiça cometido na história do Brasil"" e restabeleceu a verdade. A petista diz ainda que Lula é inocente e que Moro deve ser julgado com direito pleno à defesa, o que, para ela, foi negado ao ex-presidente. ""[A decisão] confirma que um juiz parcial e faccioso comandou um grupo de procuradores que abusavam de seu poder para fabricar acusações, condenar um inocente e destruir o Estado democrático de Direito. O caráter prepotente, discricionário e ilícito das práticas de um juiz que conspirou contra o réu, mancomunado com um grupo de procuradores, recebeu um rotundo basta da mais alta corte do Judiciário brasileiro"", afirmou Dilma. ""Apesar disso, o estrago que cometeram é irreparável: a interferência política para eleger um presidente neofascista, a destruição de grandes empresas e de milhões de empregos, a volta da fome e da miséria. Sobretudo, a complacência diante da doença e das mortes"", completou a ex-presidente. Guilherme Boulos (PSOL), aliado de Lula, também mencionou Bolsonaro. ""Hoje foi o fim de linha para Moro. Agora falta levar junto o criminoso que sua farsa fez virar presidente"", escreveu. ""Hoje o Supremo encerrou um triste capítulo da história do direito no Brasil. Um juiz parcial, que persegue ilegalmente um acusado, é incompatível com o Estado de Direito. Seus atos são nulos e imorais. Só lamento que tais atos geraram lesões irreparáveis para Lula e para o Brasil"", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). Um navio saído do Brasil colocou em alerta autoridades de saúde da Islândia, país nórdico que vem controlando a pandemia com sucesso, por meio de testes de detecção com intervalo de cinco dias a todos os que chegam à ilha por via marítima ou aérea. Mas o navio Taurus Confidence, que aportou em Reyðarfjörður, no leste da Islândia, poderia pôr em risco esse controle. A embarcação, que levava alumina calcinada de São Luís do Maranhão para a usina de alumínio da cidade, tem 10 de seus 19 tripulantes infectados, conforme testes realizados no domingo (21). Os tripulantes contaminados são mantidos em isolamento, e os outros estão em quarentena a bordo do navio, sob estrita vigilância da polícia local. Como toda a tripulação é chinesa, a embaixada do país asiático foi informada e está monitorando a situação em cooperação com as autoridades locais. Consultada, a Secretaria de Saúde da Islândia, que centraliza as informações a respeito da Covid-19 no país, confirmou que os dez tripulantes infectados são portadores da variante brasileira, a P.1, informação chancelada por Kári Stefánsson, diretor da DeCode, empresa de pesquisa genética responsável pelo sequenciamento de todas as amostras de pacientes de Covid-19 na Islândia. A constatação deixou as autoridades sanitárias em alerta. Até agora, a Islândia era o único país nórdico ao qual a variante brasileira não havia chegado. Segundo o órgão, todas as providências foram tomadas para monitorar o estado dos tripulantes e evitar que essa cepa do vírus seja transmitida à população islandesa. Ainda que a situação esteja sob controle, as autoridades temem que, caso o estado de algum infectado se agrave, o paciente tenha de ser transferido a um hospital para tratar infecções por Covid-19. A informação inicial, dada por Garðar Jóhannsson, diretor da Nesskip, empresa de navegação islandesa que atua como agente marítimo local da embarcação, era a de que o capitão do navio teria advertido às autoridades portuárias haver sete doentes a bordo na véspera da chegada. A Islândia conseguiu controlar recentemente a terceira onda de contágios da pandemia e vinha registrando pouquíssimos novos casos diários nas últimas semanas. As infecções registradas a bordo do Taurus Confidence no domingo equivalem à metade dos casos confirmados no último fim de semana. O país de 369 mil habitantes confirmou, entre sábado e domingo, 21 novos casos —os outros 11 contágios se deram de forma comunitária. Três dessas pessoas não foram inicialmente relacionadas aos demais casos e foram detectadas fora da quarentena ou do isolamento. Esse tipo de situação, em que pessoas não rastreadas circulam livremente, é o que coloca em alerta as autoridades. Devido a esses novos casos, 435 indivíduos encontram-se em quarentena, e 57, em isolamento no país. Desde o início da pandemia em território islandês, 6.122 casos de Covid-19 foram confirmados, 330 requereram internação hospitalar e 53 internações em UTI, com 29 óbitos causados pela doença. Até esta terça-feira (23), 16.906 islandeses (4,5% da população) já receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19 —o país utiliza imunizantes da Pfizer, da AstraZeneca e da Moderna. Outros 21.056 (5,7%) aguardam a segunda dose. No total, 54.868 doses da vacina já foram aplicadas no país. A Islândia começou a emitir ""passaportes de vacinação"" em meio à polêmica na UE, destinados a facilitar as viagens de pessoas vacinadas. Ampolas da vacina contra a Covid-19 foram roubadas numa UBS (Unidade Básica de Saúde) de Natal na manhã desta segunda-feira (23). Assaltantes armados invadiram o local, renderam os funcionários e levaram duas ampolas da vacina, que equivalem a 20 doses. O roubo foi confirmado pela Guarda Municipal da capital do Rio Grande do Norte. Cerca de uma hora depois do crime, dois suspeitos foram detidos pela Polícia Militar e levados à Polícia Civil, mas as doses roubadas não foram encontradas. Segundo a polícia, eles foram flagrados pelas câmeras de segurança de um hotel, próximos ao local onde o carro utilizado no assalto foi abandonado. Um terceiro suspeito continua foragido. A reportagem não conseguiu contato com os suspeitos. Eles ainda iam ser ouvidos na tarde desta segunda e não haviam constituído defesa. Natal está entre as 18 capitais brasileiras em estado crítico na pandemia de Covid-19, com mais de 90% de lotação de UTIs. O crime ocorreu na UBS da Vila de Ponta Negra, comunidade localizada na zona sul de Natal, próximo ao Morro do Careca, principal cartão postal da cidade. Segundo a diretora da unidade, Elvira Maranhão, os assaltantes levaram somente as doses da vacina. “Estavam armados e encapuzados. Levaram duas ampolas da Coronavac."" Ainda de acordo com a diretora, os criminosos já haviam tentado roubar as doses da vacina no início da manhã. Eles abordaram um caminhão que estava na unidade para distribuir água sanitária, achando que seria a vacina, de acordo com guardas civis que atenderam o caso. “Eu já tinha avisado de manhã à secretaria [de Saúde] que eles tinham vindo aqui cedo, tentaram. Quando viram que a enfermeira não estava trazendo vacina, e sim água sanitária, foram embora. Eu disse: 'eles vão voltar'. Pedi para a polícia vir, ficar. Estavam os dois armados e encapuzados”, disse em entrevista à InterTV, afiliada da Rede Globo. Após a notificação da tentativa à secretaria, viaturas da GMN (Guarda Municipal de Natal) foram enviadas à UBS para reforçar a segurança e permaneceram no local durante uma hora e meia. Quando eles deixaram o local, os assaltantes chegaram para roubar as vacinas. ""Soubemos da tentativa e enviamos viaturas, mas os criminosos aguardaram nossa saída para realizar o assalto"", disse o comandante da GMN, Alberfran Grilo. A Secretaria Municipal de Saúde de Natal decidiu excluir a UBS dos pontos de vacinação contra a Covid-19 depois do assalto. O funcionamento da vacina em outros 30 locais espalhados pela cidade não foi alterado. Segundo o comandante da Guarda Municipal de Natal, as rondas policiais serão intensificadas nos locais de vacinação a partir desta segunda-feira com o aumento de viaturas para evitar que mais assaltos aconteçam. As UBS não possuem guardas municipais fixos para realizar a segurança. O contingente atual da guarda, no entanto, é avaliado como insuficiente para garantir a segurança de todos os postos de vacina. Cinco viaturas são destinadas para as rondas nos pontos de vacinação. O apoio da Polícia Militar foi solicitado. ""Hoje, a Guarda Municipal está responsável pela segurança das áreas das UBS e pela fiscalização das medidas de restrição, o que torna insuficiente para cobrir toda a cidade. A gente se 'desdobra' para fazer o serviço"", disse Alberfran Grilo. O secretário estadual de segurança pública, coronel Francisco Araújo, afirmou que a Polícia Militar vai apoiar as ações de segurança na capital nos próximos dias. ""A Polícia Militar dá apoio a segurança das vacinas em todas as regiões de saúde, mas a responsabilidade da segurança nas unidades de saúde municipais são das guardas. Só podemos atuar quando nosso apoio é solicitado pela guarda"", afirmou o secretário à Folha. O governo Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu erros milionários em transferências de recursos do Fundeb, o que causou prejuízo aos cofres da União. Três estados e respectivos municípios receberam dinheiro a mais do que lhe eram devidos e, seis, a menos. A lambança ocorreu em janeiro com a primeira parcela da complementação que a União faz ao fundo, principal mecanismo de financiamento da educação básica. De R$ 1,18 bilhão previsto, R$ 766 milhões foram repassados equivocadamente pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O órgão é ligado ao Ministério da Educação e controlado por indicações do centrão. O FNDE identificou o erro, determinou as restituições, mas houve muitos municípios que já haviam utilizado o dinheiro recebido a mais quando o Banco do Brasil tentou fazer o estorno. Isso causou prejuízo para o FNDE de ao menos R$ 1,3 milhão, segundo documentos obtidos pela Folha. São valores referentes a um novo aporte que o fundo teve de realizar ao banco para que os entes recebessem o que lhes era devido. O Fundeb foi renovado no ano passado com a previsão de maior participação da União. Mas essa parcela, paga em janeiro, ainda seguiu as regras anteriores, em uma fase de transição de modelo. Questionado, o FNDE não respondeu até a publicação da reportagem. O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, publicou nas redes sociais na manhã de terça (23), um dia depois da publicação da reportagem, que, para evitar o prejuízo, os R$ 1,3 milhão não devolvidos serão corrigidos no próximo repasse. ""Destaca-se que não houve nem haverá qualquer prejuízo ao erário"", afirmou o ministro pelo Twitter. O presidente Bolsonaro e Ribeiro promoveram na tarde desta segunda-feira (22) um evento para a assinatura de um decreto que regulamenta novas regras. Apesar de medida técnica de operacionalização, o governo realiza o evento com o objetivo de faturar politicamente em cima do novo formato do fundo. O governo sempre foi contrário ao aumento de recursos para a educação conquistado com o Fundeb. Agora, lança mão de um ato administrativo para organizar esse que é o primeiro evento político sobre o tema, cuja emenda constitucional foi promulgada em agosto de 2020 pelo Congresso. O MEC praticamente não participou dos debates no parlamento sobre o texto. Na cerimonia, Bolsonaro, Ribeiro e o ministro Paulo Guedes (Economia) elogiaram o fundo. Guedes atuou fortemente na tramitação do projeto contra as novas regras e tentou contrabandear recursos do fundo para um programa de assistência social. Também foram lançadas nesta segunda cartilha e manual para estados e municípios se adequarem às diretrizes. Ainda para faturar politicamente, o ministro Milton Ribeiro, visto como decorativo na Esplanada, determinou a inclusão de seu nome e um texto de apresentação na abertura do manual. A inclusão de última hora causou estranheza internamente porque Ribeiro não teve qualquer influência ou ciência do que foi feito, segundo relatos de membros de sua equipe. Antes, era um texto do presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, que abria o material. O governo vai veicular uma campanha publicitária sobre os documentos, ainda que voltados apenas para gestores educacionais. O Fundeb reúne parcela de impostos de estados e municípios e uma complementação da União para atender estados e respectivos municípios que não atingem um valor mínimo por aluno a cada ano. Nove estados deviam receber a complementação em janeiro, mas somente para um os recursos chegaram corretamente: Alagoas, no valor de R$ 40 milhões. Do total de R$ 1,18 bilhão dessa parcela de complementação, R$ 382,9 milhões foram pagos a mais do que o devido a Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro. Por outro lado, R$ 383 milhões deixaram de ser pagos a Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco e Piauí. O Rio de Janeiro nem sequer tinha direito à complementação, mas recebeu R$ 48,5 milhões indevidamente. Um caso esdrúxulo foi o da Paraíba, que fazia jus a R$ 10,4 milhões e recebeu R$ 283,2 milhões a mais. No FNDE, a trapalhada foi atribuída a uma carência de pessoal. O problema atinge a autarquia desde o início da gestão Bolsonaro. O fundo havia conseguido, em conjunto com o Banco do Brasil, a devolução, até o mês passado, de R$ 30,3 milhões de 27 municípios, segundo documentos oficiais. Secretarias de Educação consultadas pela reportagem informaram que houve pequenos atrasos e os problemas foram resolvidos com celeridade, mas há municípios que reclamam de queda no repasse, como, por exemplo, no Pará. Até o ano passado, a complementação da União refere-se a 10% do bolo do Fundeb —regra que continuou a valer nesta primeira remessa. Essa complementação será de 12% neste ano, o que deve alcançar R$ 19,6 bilhões. O novo Fundeb prevê que até 2026 o papel da União chegue a 23%. Isso aumentará o número de estados e municípios com direito ao aporte extra. Também há novas regras de distribuição dos recursos. Na postagem nas redes sociais, Milton Ribeiro escreveu que ""a consulta a fontes primárias evitaria a propagação de desinformações"", dando a entender, erroneamente, que o governo não foi procurado pela reportagem. Como destacado nesta publicação, o FNDE foi procurado (às 8h58 de segunda-feira) e não respondeu. A Folha procurou o fundo novamente nesta terça. A publicação do ministro foi em resposta a uma crítica da deputada Tabata Amaral (PDT-SP) a partir da reportagem da Folha. Nos casos mais bem-sucedidos da internet, perfis que têm animais de estimação como protagonistas são administrados por tutores que se dedicam ao projeto em tempo integral e transformaram seus pets em lucrativas marcas. De acordo com a Squid, empresa de marketing digital especializada em influenciadores, o segmento pet é o que possui a quarta maior taxa de engajamento por post no Instagram, em 50 categorias. Só perde para cultura nerd, para o combo brinquedos, crianças e bebês e para moda. Bono, um cão surfista, tem uma agência digital e uma assessoria de imprensa só para administrar sua rotina. Com mais de 202 mil seguidores no Instagram, um programa no canal Off e outro no YouTube, o cachorro é um dos maiores influenciadores pets do país. O labrador chocolate de dez anos já surfou ondas na Califórnia, Peru, Havaí, Costa Rica e nas pororocas do Maranhão e da Amazônia. Além de ser pentacampeão mundial de Surf Dog, Bono é o primeiro embaixador pet da BMW. “As pessoas estão entendendo que o pet é um membro da família. A ideia com o Bono é justamente incentivar esse lifestyle de fazer tudo junto. Faz oito anos que não viajo sem ele”, conta Ivan Moreira, 43, tutor do labrador. Há um ano, Ivan trocou a carreira de personal trainer para se dedicar somente a Bono —hoje chega a um rendimento médio de R$ 80 mil por mês com a Bonosurfdog. De olho no mercado em ascensão, Ivan fundou uma agência digital especializada em mercado pet, a Pet 4 Agency, em janeiro deste ano. Segundo ele, é fundamental que o pet esteja feliz com o que faz. “Jamais o forçaria a surfar se ele não gostasse. Quando o Bono pega uma onda, fica latindo e abanado o rabo, não dá nem margem para alguém criticar. Ele realmente fica amarradão.” Após perder suas duas cachorras, em 2013, a publicitária Andrea Mendes, 41, passou a pesquisar bichinhos que vivessem por mais tempo. Foi assim que descobriu os mini pigs, raça de porcos domésticos que chegam a viver até 30 anos. Após certa resistência, seu marido a presenteou com o filhote Jamon, no Dia dos Namorados. Ao sacar a curiosidade que o porquinho despertava, Andrea começou a postar no Instagram fotos do suíno com legendas engraçadinhas em primeira pessoa, ainda em 2013. Entre as ações de Jamon, hoje com oito anos, 95 quilos e 57 mil seguidores, estão parcerias com licenciamento de produtos como joias com pingentes de porquinho, tênis e mochilas, além de roupas para segmento pet. “Trabalhamos pouco com post pago, porque geralmente as marcas não nos dão liberdade para criar e se esquecem que o Jamon é um bicho. Ele não fotografa na hora que o fotógrafo quer”, conta Andrea, que diz ter recusado muitos trabalhos para não estressar o animal ou por não se alinhar às propostas, como a de uma marca de condimentos que o convidou para uma ação no Dia do Bacon. Andrea continua trabalhando em sua consultoria de transformação digital, mas os custos dos porquinhos —ela tem um outro mini pig preto chamado Nero—, em torno de R$ 2 mil mensais, são pagos com as ações. Em média, Jamon fatura entre R$ 4.000 a R$ 6.000 por mês. A publicitária diz que eles são dóceis, curiosos e inteligentes. Antes de criar um porco em casa, porém, é preciso checar se a vigilância sanitária de sua cidade permite a criação em ambientes urbanos. “Olá, humano! Estou dormindo ou comendo, mas prometo responder o mais rápido possível! Como eu posso te ajudar?”. Esta é a mensagem automática que chega no WhatsApp após escrever para o número do gato Chico, 8, do perfil Cansei de ser Gato (@canseidesergato), com mais de 560 mil seguidores. Amanda Nori, 33, administradora da página junto com Stefany Guimarães, 31, conta que ao criar a conta, em 2013, alcançaram 20 mil seguidores no Facebook em uma semana. “Como o Chico é muito fotogênico, comecei a postar: cansei de ser gato e virei tal coisa. Na mesma semana saíram várias reportagens e começamos a sentir necessidade de produzir conteúdo”, relembra Amanda. Em três meses, a dupla saiu dos respectivos trabalhos para se dedicar ao perfil. Chico virou livro com os personagens em que ele se transformou e, em 2015, o gato mais famoso da América Latina ganhou uma biografia chamada “Cansei de ser Gato – do Capim ao Sachê” (Intrínseca, R$ 34,90, 160 págs.). “A gente dobra todo ano, tanto em número de seguidores como em faturamento”, diz Amanda, que gerencia contratos de exclusividade com marcas de chocolate, brinquedos infantis, eletrodomésticos, ração e até mesmo filmes que nada têm a ver com universo pet, além da loja Cansei de ser Gato, de onde vem a maior parte do do faturamento (não divulgado), e de um podcast. Já o artista Rafael Mantesso, 38, tutor do bull terrier Jimmy, 11, não gosta do nome influenciador digital para pets. “Sou contra objetificar o bicho. Tanto que o perfil no Instagram tem o meu nome. Faço questão de mostrar que meu cachorro é foda, mas deixo claro que é apenas um recorte da minha relação com ele. É outra vibe”, afirma Rafael, com mais de 577 mil seguidores no Instagram. @RafaelMantesso Seguidores 577 mil Idade 11 anos Atividades Após cair nas graças do ator Ashton Kutcher, o bull terrier esteve em ações de marcas como Marc Jacobs e a própria Jimmy Choo. Também é tema do livro “Um Cão Chamado Jimmy”, de seu tutor Rafael Mantesso, artista que tem quadros com o cão em galerias no Brasil e na Europa Faturamento Não divulga @bonosurfdog Seguidores 202 mil Idade 10 anos Atividades O labrador chocolate é pentacampeão mundial de Surf Dog e entrou para o Guinness Book por surfar uma pororoca de mais de dez quilômetros no rio Amazonas. Embaixador pet da BMW, tem programas no canaf Off e YouTube e vive em Búzios, no Rio, com o tutor Ivan Moreira (foto) e família Faturamento R$ 80 mil mensais (@jamonthepig) Seguidores 57 mil Idade 8 anos Atividades O mini pig de 95 kg gosta de carinho na barriga e tem linha licenciada de joias com pingente de porquinho, tênis e mochilas. No Dia do Bacon, no entanto, sua tutora Andrea Mendes (foto) recusou ação com marca de condimentos de sanduíches Faturamento De R$ 4.000 a R$ 6.000 mensais @canseidesergato Seguidores 536 mil Idade 8 anos Atividades O gato mais famoso da América Latina tem biografia, “Cansei de ser Gato – do Capim ao Sachê”, contratos de exclusividade com marcas de chocolate, brinquedos, eletrodomésticos e ração, além de loja online com produtos para felinos e humanos e podcast Faturamento Não divulga A ONG Todos pela Educação vai apresentar relatos de experiências de superação de dificuldades de ensino durante a pandemia de Covid-19 em uma série de podcasts. Ao todo, a produção “Lições que Ficam” trará histórias de educadores e alunos em cinco episódios disponíveis no Spotify. Cada um deles tem 30 minutos de duração. Apresentado pelo jornalista Rubem Barros, o episódio de estreia, “Presente, professor!”, conta como a busca ativa em tempos de crise tem trazido crianças e jovens de volta aos estudos no Maranhão e conta com Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos, destacando os principais desafios do combate à evasão nesse cenário. “A pandemia matou milhares de brasileiros e feriu gravemente a nossa Educação, mas também produziu experiências incríveis e reafirmou a criatividade, a resiliência e a capacidade de implementar boas práticas, apesar das imensas dificuldades”, ressalta Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos. “É como um paciente que resgata toda a sua energia e vontade de viver, contando também com o apoio de quem o cerca e acredita nele. Tudo em nome do bem público. Esta é a Educação que dá certo no país.” A série “Lições que ficam” se divide em três diferentes áreas temáticas. Veja abaixo os assuntos abordados em cada episódio: - Ep. 1: Busca Ativa (MA). Com análise de Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos Ep - Ep. 2: Avaliação Diagnóstica (PE). Com análise de Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos - Ep. 3: Sistema Híbrido (PR). Com análise de Ivan Gontijo, coordenador de projetos do Todos - Ep. 4: Busca Ativa (CE). Com análise de Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos - Ep. 5: Sistema Híbrido (MG). Com análise de Lucas Hoogerbrugge, líder de Relações Governamentais do Todos com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO No momento em que o Brasil registra recorde de mortes diárias e ainda patina na vacinação contra o novo coronavírus, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu socorro aos Estados Unidos nas ações de combate à pandemia da Covid-19. Em suas redes sociais, Pacheco informou que encaminhou um ofício à vice-presidente americana, Kamala Harris, com ""um pedido de socorro"" para o Brasil. O presidente do Senado afirma que o rápido avanço do vírus no Brasil representa um risco para todo o hemisfério ocidental. ""No ofício, pedi que fosse considerada pelas autoridades norte-americanas a eventual concessão de autorização especial que permita a aquisição, pelo governo brasileiro, de doses de vacina estocadas nos Estados Unidos e ainda sem a previsão de serem utilizadas localmente"", escreveu o presidente do Senado. ""Esse compartilhamento de estoques, caso autorizado, daria impulso decisivo ao esforço de imunização dos 210 milhões de brasileiros"", completou. Na quinta-feira, os EUA anunciaram que planejam enviar para o México e o Canadá cerca de 4 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida pela AstraZeneca/Oxford —cuja autorização de uso ainda não foi aprovada no país. O pedido de ajuda acontece na semana em que foram registrados recordes de mortes por causa da Covid-19. Na quarta-feira, o Brasil teve 2.736 mortes. O Senado já perdeu três de seus membros para a Covid-19 –o último deles Major Olímpio (PSL-SP), na quinta-feira. Antes dele já haviam morrido José Maranhão (MDB-PB) e Arolde de Oliveira (PSD-RJ). A morte de Olímpio causou grande comoção entre os senadores, com muitos chorando copiosamente. A mais recente morte de parlamentar também aumentou a pressão para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar ações e omissões do governo no enfrentamento à pandemia. O requerimento já conta com assinaturas suficientes para sua abertura e a decisão final cabe exclusivamente a Pacheco. Também nesta semana, o Brasil passou a ter o seu quarto ministro da Saúde durante a pandemia. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou o médico Marcelo Queiroga para substituir o general Eduardo Pazuello. No ofício encaminhado, o presidente do Senado pede autorização especial para que o Brasil compre doses da vacina da AstraZeneca, que já foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pacheco lembra que a já começou a fabricar a imunização em território nacional, mas sofre com a chegada dos ingredientes importados. O senador mineiro afirma que o Brasil é o atual epicentro da pandemia no mundo e que a venda dessas vacinas ao Brasil poderia ajudar a conter a propagação do vírus. ""Permita-me agregar minha firme convicção de que semelhante gesto humanitário contribuiria não apenas para o aprofundamento dos laços de amizade e cooperação que unem nossos países mas seria também a forma mais eficaz de conter a propagação da epidemia no seu atual epicentro. Toda a comunidade internacional ganharia em segurança sanitária e estima moral"", afirma o ofício. Também nesta sexta-feira, o presidente do Senado encaminhou um ofício ao ainda ministro da Saúde Eduardo Pazuello com recomendações para a pasta e pedido de informações, ""em caráter de urgência"". O documento é assinado conjuntamente com o senador Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da comissão do Senado que acompanha o enfrentamento à pandemia. O ofício cita ""problemas logísticos graves"" que impactam o sistema de saúde dos estados e que ""podem colapsar outras unidades da federação"". Então cita recomendações que devem ser adotadas pelo Ministério da Saúde no menor espaço de tempo possível. Em caráter emergencial, o documento recomenda ao ministério comprar e distribuir de maneira centralizada e urgente medicamentos, insumos e equipamentos para garantir o abastecimento imediado dos sistemas públicos de saúde de todo o país. O governo federal também deve monitorar ininterruptamente os níveis de estoque dos hospitais e também dos fornecedores. Os dois senadores também recomendam ao ministério gerenciar e intermediar com urgência a disponibilidade de medicamentos, insumos, equipamentos, leitos e profissionais de saúde. Isso seria necessário para equalizar e possibilitar uma redistribuição entre os estados e municípios. O documento também solicita que seja encaminhado a cada 10 dias um relatório para a Comissão Covid do Senado com informações sobre as ações adotadas para resolver os problemas de falta de condições para atender os pacientes. ""Considerando a urgência que impõe a assustadora evolução cronológica da previsão de desabastecimento nacional, bem como o alarmante aumento diário de óbitos, solicitamos a presteza de vossa excelência no sentido de que o primeiro relatório nos seja encaminhado no prazo máximo de um dia útil."" A população de São Paulo estava atônita em maio de 2006. Integrantes das forças de segurança eram mortos em ataques promovidos pelo PCC, maior facção criminosa do país. Em meio ao clima de terror e tantas dúvidas, a certeza era a de que a versão oficial não trazia toda a realidade. Foi nesse cenário de fragilidade da polícia e abalo da imagem de força do próprio estado que o então desconhecido major Sérgio Olímpio Gomes encontrou o caminho que, mais tarde, acabou por fortalecê-lo nas urnas: criticar abertamente o Governo de São Paulo. Senador eleito pelo PSL em 2018, Major Olímpio morreu, aos 58 anos, após ser vítima da Covid-19. Na tarde desta quinta-feira (18), a morte cerebral dele já havia sido anunciada em sua conta em rede social abastecida pela família, com aviso de que os parentes aguardariam 12 horas para a confirmação do óbito —oficializada nesta sexta (19). Uma carreata saiu do Hospital São Camilo (Santana) a caminho do Cemitério e Crematório Primavera (Guarulhos), onde foram realizadas homenagens ao senador. Em seguida, o corpo seguiu para o ritual de cremação, reservado apenas aos familiares. O parlamentar, que faria aniversário neste sábado (20), anunciou em 2 de março que havia contraído a Covid-19. No dia seguinte, foi internado no Hospital São Camilo, em São Paulo, de onde chegou a participar de uma sessão virtual do Senado. Olímpio deixa a mulher, Cláudia, e dois filhos, Fernando e Mariana. Segundo amigos do senador, ele não tinha nenhuma doença pré-existente, como diabetes ou outras comorbidades. Só reclamava, de vez em quando, de dores das costas (em especial após pequenas corridas que costumava praticar) e do estresse das disputas políticas. Segundo a família, a doação de órgãos era um desejo do senador, mas os médicos avaliaram que não seria possível esse procedimento por causa da Covid. Defensor da Lava Jato e um dos principais nomes de São Paulo na campanha de Jair Bolsonaro em 2018, Olímpio acabou se tornando posteriormente um crítico do presidente e de seus filhos. Mas seu alvo predileto de ataques mais recentes era o governador paulista, João Doria (PSDB). No mês passado, em Bauru (SP), o senador chegou a participar de um ato contra Doria e a imposição de um lockdown para conter a pandemia. Ele estava ao lado da prefeita, Suéllen Rosim (Patriota), e do dono das lojas Havan, o bolsonarista Luciano Hang. O primeiro suplente dele no Senado é o empresário Alexandre Giordano, que, com a morte do titular da vaga, deverá assumir a cadeira como um dos três representantes de São Paulo na Casa. No mês passado, Olímpio também fez discurso com ataques ao Planalto pela atuação na pandemia e apontou haver ""negacionismo criminoso"" de Bolsonaro e do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Bem antes disso, ainda como oficial da ativa da PM de São Paulo, Olímpio criticava erros do governo paulista na condução da crise do PCC, entre eles não informar a tropa sobre os reais riscos de represália dos criminosos em razão da transferência da cúpula da facção ao interior do estado. “Os presos mandam de fato dentro e fora das penitenciárias”, disse à Folha. Essa projeção possibilitou que Olímpio rompesse o cordão umbilical com o coronel Ubiratan Guimarães, o principal responsável pela entrada de Olímpio na política partidária. Não é algo comum, inclusive nos dias atuais, um oficial na ativa da PM criticar o governo. Por isso, esse comportamento de Olímpio chamou a atenção especialmente dos colegas de farda. Já naquele ano de 2006, pelo PV, ele conseguiu se eleger deputado estadual, com 52.386 votos. Era a terceira tentativa: em 2002, disputou uma vaga a deputado federal e, em 2004, para vereador, ambas as vezes pelo PPB (atual PP) e igualmente sem sucesso. Nessas duas anteriores, Olímpio orbitava na força política do coronel Ubiratan, oficial responsável pela operação que deixou 111 mortos, em 1992, no Carandiru. Guimarães havia sido comandante de Olímpio na PM, quando se tornaram amigos. O coronel também virou sócio da mulher do ex-subordinado em empresa de segurança particular, alvo de críticas de colegas. Com a imunidade parlamentar, que o livrava de eventuais represálias da corporação, Olímpio ampliou o nível das críticas ao governo e modos de atuação. Virou referência e uma espécie de representante da classe policial, incluindo os agentes penitenciários, carreira que Olímpio tinha apreço por conta do pai, Deraldo, morto em 2016, que também foi agente penitenciário. Conseguiu se reeleger em 2010 com mais do que o dobro de votos, 135.409, já pelo PDT. Chegou a ser cotado naquele ano como vice na chapa do petista Aloizio Mercadante ao Governo de São Paulo, mas o nome não foi muito bem recebido entre integrantes dos dois partidos. Algo parecido aconteceu em 2014, quando foi cotado como pré-candidato ao governo estadual pelo PDT, mas retirou a candidatura quando o partido decidiu apoiar o nome de Paulo Skaf, do PMDB. Disputou então uma vaga à Câmara Federal e conseguiu 179.196 votos. Em 2015, filiou-se ao PMB (Partido da Mulher Brasileira), mas sua permanência não durou muito, por divergência com o comando do partido. Seguiu para o Solidariedade em 2016, legenda pela qual disputou a Prefeitura de São Paulo. Ficou em sexto lugar, com apenas 116.870 votos. Em 2018, quando entrou para o PSL, fez parceria vitoriosa com Bolsonaro e se elegeu senador. Pouco antes das eleições, dizia-se confiante e exaltava o apoio de praticamente todos os outros policiais candidatos no estado de São Paulo. Foi eleito com mais de 9 milhões de votos, em primeiro lugar. Uma das estratégias mais eficientes de Olímpio foi a caixinha de som portátil que costumava levar para eventos com a participação de governadores. O parlamentar chegava arrastando sua “arma” e, com o microfone na mão, passava a distribuir suas críticas. Essas intervenções passaram a viralizar nas redes sociais, compartilhadas por policiais e adversários políticos dos tucanos. José Serra e Geraldo Alckmin foram seus principais alvos iniciais. Em um desses eventos, já em 2017, em São Carlos, os gritos de Olímpio conseguiram desestabilizar o sempre calmo Alckmin, que, exaltado, partiu para o ataque. “Quero fazer uma pergunta para vocês. Alguém aqui ganha R$ 50 mil do povo de São Paulo? É ele que está gritando. Ele ganha R$ 50 mil, devia ter vergonha, vergonha de vir aqui, R$ 50 mil do povo de São Paulo. Tenha vergonha, deputado. Não pode olhar no rosto dos brasileiros de São Paulo, R$ 50 mil por mês. Vergonha.” Outro dos atos que deram projeção a Olímpio foi quando gritou “vergonha” durante a posse de Lula como ministro de Dilma Rousseff (PT), em 2016. A foto de uma petista tentando tapar a boca do então deputado também viralizou, distribuída pelo próprio parlamentar como um feito heroico. No último ano, em especial, o principal alvo do senador passou a ser João Doria. Em março do ano passado os dois quase trocaram agressões durante evento em um departamento da Polícia Civil. Olímpio tentou invadir o evento, para denunciar supostos desrespeito a policiais, e foi impedido pelo governador. O senador foi contido pelos seguranças de Doria e levado para fora do prédio. Na ocasião, também estava com a famosa caixa de som. Olímpio tinha ao menos duas frustrações, segundo os amigos. Primeiro, por não ter recebido uma medalha como primeiro lugar de sua turma na escola de oficiais do Barro Branco. Foi punido por se envolver em uma farra no último dia de aula e, por isso, não foi agraciado com a honraria. Pelo mesmo episódio foi também foi punido com 25 dias de prisão, mancha em sua ficha policial que acabou atrapalhando em sua carreira dentro da Polícia Militar. Ele cursou a escola de oficiais de 1976 a 1982, desde a adolescência, período em que, segundo ele, viveu períodos de muita solidão, já que a família era de Presidente Venceslau, distante a mais de 600 km da capital paulista. Outra frustração foi não ter conseguido ser governador de São Paulo, seu grande sonho. Dizia querer tratar os funcionários públicos com mais dignidade. Nos últimos meses também demonstrou estar chateado com colegas da polícia, após ser criticado pelos ataques a Bolsonaro. Disse que não representaria mais a classe policial e que o traidor, termo pelo qual foi chamado, era o presidente. “Eu não gosto de ladrão. Para mim, ladrão de esquerda é ladrão. De direita, é ladrão. Se for filho do presidente ladrão roubando junto com o presidente, eu vou dizer”, disse Olímpio em um áudio de WhatsApp compartilhado em um grupo de policiais. Algo que também o diferia da maioria dos oficiais da Polícia Militar era criticar, em público, alguma irregularidade da corporação. Fez isso, por exemplo, no episódio envolvendo o então tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, suspeito de comandar esquema de desvio de verbas por meio de licitações fraudulentas e empresas fantasmas, caso revelado pela Folha. ""Eu digo que é impossível, pelo sistema de controle que nós temos, o controle orçamentário da própria polícia, o coronel Adriano ter feito ou perpetrado tudo isso sozinho. Impossível"", disse em 2015. Antes de Olímpio, outros dois senadores já morreram em decorrência da Covid-19 ou de complicações da doença: José Maranhão (MDB-PB), em fevereiro, e Arolde de Oliveira (PSD-RJ), em outubro. Entre o fim de fevereiro e início de março, o Senado registrou uma série de casos de infecção pelo novo coronavírus. O pico de casos coincidiu com o período após a romaria de prefeitos que se deslocaram a Brasília para negociar com os parlamentares emendas no orçamento para suas regiões. O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), lamentou a morte de Major Olímpio e decretou luto oficial de 24 horas no Senado Federal. Políticos aliados e também adversários expressaram pesar e destacaram sua fidelidade aos princípios e disposição para o debate. O presidente Jair Bolsonaro cancelou sua ida ao Congresso Nacional após a divulgação da notícia. Ele iria ao Legislativo no fim da tarde desta quinta para entregar a MP (medida provisória) que cria a nova rodada do auxílio emergencial. Em sua live semanal, porém, não fez comentários sobre Olímpio. Colaboraram Joelmir Tavares, de São Paulo, e a Sucursal de Brasília A morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), 58, aumentou a pressão pela instalação de uma CPI no Senado para investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Outros dois senadores já morreram em decorrência da Covid-19 ou de complicações da doença. Os senadores José Maranhão (MDB-PB) e Arolde de Oliveira (PSD-RJ) morreram após serem infectados, respectivamente em fevereiro deste ano e em outubro do ano passado. A morte de Major Olímpio causou comoção entre os senadores, com muitos deles chorando ao receberem a notícia. O senador um crítico frequente das políticas do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Era também um dos principais defensores da instalação da CPI da Covid para investigar as ações do governo. ""O último pedido do Olímpio no plenário do Senado foi esse, para que se instalasse a CPI. Quando o ministro Eduardo Pazuello esteve no Senado, o questionamento mais duro foi dele. Portanto a homenagem mais efetiva que poderíamos prestar seria investigar os responsáveis por estarmos perdendo tantas vidas"", afirmou o líder da oposição e autor do requerimento para a CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na sessão mencionada pelo senador, Major Olímpio lembrou os outros dois senadores que morreram por causa da Covid e atacou duramente o ""negacionismo"" do Ministério da Saúde diante de Pazuello. ""Nossas orações de conforto aos familiares dos senadores Arolde de Oliveira e José Maranhão, que nós perdemos, e às mães dos senadores Renan Calheiros e Jayme Campos, que, de certa forma, são vítimas da irresponsabilidade, do negacionismo com que foi tratada a pandemia até então"", afirmou no plenário. O requerimento para a instalação da CPI já conta com assinaturas suficientes para a sua abertura. A decisão final cabe ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Pacheco, por sua vez, vem defendendo uma atuação mais colaborativa com o governo federal, com soluções parlamentares para ampliar a compra de vacinas e o número de leitos de UTI. Reiteradas vezes, o presidente do Senado tem afirmado que eventuais culpados vão ser julgados no futuro por seus atos, seja pelo Congresso Nacional ou pelo Judiciário. No entanto Pacheco afirma não ser o momento e disse nesta semana que a ""solução não virá com a CPI"". O Senado então instalou uma comissão técnica de acompanhamento da pandemia. A pressão deu mostras de ter diminuído um pouco mais nesta semana, com o anúncio do novo ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga, em substituição a Pazuello. A troca aconteceu um dia antes de pesquisa Datafolha mostrar que 54% dos brasileiros rejeitam a atuação de Bolsonaro no combate à pandemia. Pacheco ainda esperava anunciar ao lado de Bolsonaro uma reunião na próxima segunda-feira para discutir diretrizes no enfrentamento à Covid, unindo Executivo, Congresso, governadores, Procuradoria Geral da República e Judiciário. Bolsonaro iria ao Congresso nesta quinta-feira entregar a medida provisória do auxílio emergencial, quando ele e Pacheco aproveitariam para falar sobre a reunião. O evento no Senado, porém, acabou cancelado justamente por causa da morte de Olímpio. Com a morte de Major Olímpio, mesmo parlamentares contrários inicialmente à CPI começaram a se manifestar no calor da emoção em favor de pressionar Pacheco para instalar a comissão. Considerado mais moderado nessa questão, defensor de atitudes colaborativas para viabilizar uma vacina contra a Covid-19 o mais rápido possível, o líder do PSD, Nelsinho Trad (PSD-MS), percebeu essa mudança de clima no Senado, embora ele próprio considere a busca de uma imunização a questão mais importante. ""Qualquer análise diante das circunstâncias e dos fatos ocorridos, principalmente com a morte de um senador da República por Covid-19, remete ao aumento da temperatura e da tensão dentro do Congresso Nacional. Isso é indiscutível e, com certeza, as cargas vão se voltar para poder se instalar essa CPI."" ""Não só o Senado da República, quanto o Congresso Nacional, a população, a sociedade brasileira como um todo quer uma cruzada positiva na busca da aquisição de vacinas. É o único remédio consolador que irá será um bálsamo nessa dor, nessa ferida"", completou. Um líder governista que falou sob reserva afirmou que não é o momento para se discutir uma movimentação política, como a instalação de uma CPI, no mesmo dia em que houve a perda de um senador. Embora reconheça que pode haver pressão daqui para a frente, ele acredita que Pacheco e os senadores vão analisar racionalmente os eventos recentes, como a troca de ministro, os contratos para a aquisição de vacinas e a disposição do presidente Bolsonaro de dialogar com os demais Poderes e entes federados. A oposição, por sua vez, acredita que a morte de mais um senador será percebida como representativa do sofrimento que a pandemia vem causando à população, sob um comportamento danoso do presidente da República. Por isso promete ainda mais pressão pela instalação da CPI. ""Na reunião de líderes do Senado, que aconteceu um pouco antes do anúncio da morte do senador Major Olímpio, parece que alguns parlamentares já percebiam o que estava para acontecer. Foram apelos emocionados de diversos deles por uma solução e alguns choraram"", afirmou o líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN). ""A maioria está consciente de que vivemos uma tragédia, estamos com um país à deriva. É hora de um basta a essa mortandade. Nós precisamos corrigir os rumos do país com urgência. A CPI da Covid-19 não pode ser mais adiada"", completou. O presidente Rodrigo Pacheco foi procurado na noite desta quinta-feira, mas não se manifestou sobre o assunto. Na minha contabilidade, Jair Bolsonaro cometeu 26 crimes de responsabilidade, alguns deles também crimes comuns. Por qualquer caminho, não entrarei em minudências, seriam necessários dois terços da Câmara para retirar das suas mãos os instrumentos de Estado que servem, por ação e omissão, ao morticínio em massa. Os etimologistas do caos contestam a palavra ""genocídio"". Mesmo diante do genocídio. Se operadores da política e da Justiça cometerem erros importantes agora, morreremos todos. Sem estrondo nem respiradores. O país já enfrenta a falta de anestésicos e de neurobloqueadores para intubar pacientes. Entes públicos e privados precisam da autorização imediata para tentar comprá-los onde quer que estejam disponíveis no mundo. O colapso chegou. O caos se avizinha. Não temos mais UTIs. Não temos mais respiradores. Não temos mais mão de obra disponível. E agora o pior: há o risco de a infraestrutura existente se tornar inútil porque faltam as drogas necessárias. Não obstante, até esta quinta, tínhamos, na prática, dois ministros da Saúde que não valiam por um. Porque, de fato, a pasta é conduzida por Bolsonaro. Marcelo Queiroga chegou simulando apego à ciência. Indagado sobre o uso da cloroquina, afirmou: ""É algo que precisa ser analisado para que a gente consiga chegar a um ponto comum que permita contextualizar essa questão no âmbito da evidência científica e da ciência"". Madame Natasha, fonte exclusiva de Elio Gaspari, fiquei sabendo, deu o rapaz como caso perdido. E aí digo eu, não ela: há uma dimensão da linguagem que não guarda relação com a sintaxe ou com a etimologia. O conteúdo, ainda que meio atrapalhado, tem mais intimidade é com o caráter mesmo. Quanto ao ministro que está saindo, um general da ativa, não resisto a lembrar aqui, mais uma vez —e o farei quantas forem necessárias—, o tuíte do general Villas Bôas, então comandante do Exército, escrito para intimidar magistrados e pavimentar, querendo ou não, o terreno para homicidas em massa: ""Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?"". No começo, como é mesmo?, a Covid-19 matava ""nossas avós"", como discursava o ""Lírico da Cloroquina"". Eram as gerações passadas. ""Todo mundo morre um dia"", ele avançou, com o realismo típico aprendido ali pelas bandas da zona oeste do Rio. Jovens e crianças estão morrendo agora. São as ""gerações futuras"", em nome das quais o general ameaçou civis desarmados, ora vítimas da irresponsabilidade, da ignorância, da mesquinharia sórdida. E agora retomo o fio que deixei lá no primeiro parágrafo. As forças e lideranças que se opõem a Bolsonaro e os operadores da Justiça comprometidos com a Constituição têm de se perguntar, a cada dia, se sua ação pode concorrer para a eventual reeleição do mandatário. Sairemos lanhados dessa tragédia humanitária e civilizatória. Precisaremos reconstruir o tecido esgarçado da democracia. Ainda é possível. Resta-nos a esperança no fundo da caixa. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), num raciocínio essencialmente correto e moral, falou sobre a necessidade de as esquerdas e o centro se unirem em defesa de algum futuro. É pouco provável que aconteça no primeiro turno. Mas saibam todos: discursos e postulações, no terreno antibolsonarista, que criem zonas de exclusão —dando mais relevo ao inconciliável do que a uma pauta mínima de defesa da ordem democrática— concorrem para a permanência daquilo que nos mata como indivíduos e nos inviabiliza como país. Da mesma sorte, nunca foi tão grande a responsabilidade dos togados. A destruição do devido processo legal e da política como espaço de resolução de conflitos nos conduziu ao desastre. A exemplo de todo salvacionismo, também o dos fanáticos de Curitiba resultou em devastação e morte. Tenham a coragem, senhores ministros, de resgatar as regras do jogo. Não é um golpe que nos ameaça. É a desordem. Ou morreremos todos. Sem estrondo nem respiradores. O senador Major Olímpio (PSL-SP), 58, que estava internado com Covid-19, teve morte cerebral nesta quinta-feira (18), segundo comunicado feito em rede social do parlamentar. A família vinha atualizando a página com informações sobre o estado de saúde do político. ""Com muita dor no coração, comunicamos a morte cerebral do grande pai, irmão e amigo, senador Major Olímpio. Por lei, a família terá que aguardar 12 horas para confirmação do óbito e está verificando quais órgãos serão doados"", afirma o texto, publicado às 16h14. O hospital São Camilo, na capital paulista, onde o senador estava internado desde o dia 3 de março, não confirmou a informação oficialmente. Segundo a assessoria de imprensa, os familiares não autorizaram o hospital a divulgar detalhes sobre o estado dele. Mais cedo, às 12h46, a família afirmou na rede social que ele permanecia em tratamento na UTI. O quadro nos últimos dias era descrito como estável. Entre o fim de fevereiro e início de março, o Senado registrou uma série de casos de infecção pelo novo coronavírus. O pico de casos coincidiu com o período após a romaria de prefeitos que se deslocaram a Brasília para negociar com os parlamentares emendas no orçamento para suas regiões. Além de Olímpio, seu assessor de imprensa Diego Freire foi infectado e está internado, em situação grave. Nos últimos dias, outros dois senadores foram hospitalizados por causa da doença: Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Lasier Martins (Podemos-RS). Alessandro teve alta nesta sexta-feira (19), segundo sua assessoria, e Lasier deixou o hospital nesta quinta. A morte cerebral de Major Olímpio foi lamentada por políticos e autoridades, que ressaltaram sua atuação parlamentar fiel aos seus princípios. O presidente Bolsonaro cancelou sua ida ao Congresso Nacional após a divulgação da notícia. Ele iria ao Legislativo no fim da tarde desta quinta para entregar a MP (medida provisória) que cria a nova rodada do auxílio emergencial. Agora, o envio será feito apenas de maneira burocrática. Assim que soube da morte cerebral de Olímpio, a cúpula do governo discutiu o que fazer e uma nota foi divulgada pelo Planalto informando a desistência. Bolsonaro não havia se manifestado até a publicação desta reportagem. Em oposição ao silêncio do pai, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fizeram publicações em redes sociais com mensagens de condolência. Eduardo escreveu que teve discordâncias com o senador, mas que não torce pela morte de ninguém. ""Que Deus conforte a família e amigos do Senador Major Olímpio neste difícil momento."" ""Meus sentimentos a familiares e amigos do senador Major Olímpio. Que Deus o tenha e conforte a todos"", disse Flávio, que já foi colega dele na bancada do PSL no Senado. Eleito senador em 2018 na onda do bolsonarismo, Olímpio e Bolsonaro se desentenderam e seguiram rumos diferentes, fazendo críticas mútuas. A última menção pública de Bolsonaro a Olímpio foi em uma live em 17 de dezembro, quando xingou o senador, ao lado do ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), segundo suplente de Major Olímpio. O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), lamentou a morte cerebral de Major Olímpio e decretou luto oficial de 24 horas no Senado Federal. Pacheco relembrou que ele foi o terceiro senador que morreu em decorrência da Covid-19. No comunicado, a presidência do Congresso disse lamentar profundamente o fato. ""Em respeito à sua memória, o Senado Federal decreta luto oficial de 24 horas"", informou por meio de nota, na qual resgatou o passado de Major Olímpio, como policial militar, deputado estadual, federal e senador. ""As sinceras condolências do Parlamento Brasileiro à família, amigos e a todos os paulistas"", completou o texto. Em uma segunda nota, com um tom mais pessoal, Pacheco lembrou seu passado conjunto com o senador, em seus mandatos na Câmara e no Senado. ""Entramos juntos no Senado Federal em 2019, ele de São Paulo e eu de Minas. Brincávamos nos corredores da Casa sobre a política do café-com-leite, momento da história do nosso país vivido em nossos estados. Pensávamos diferente em diversas situações, mas gostávamos e respeitávamos um ao outro"", afirmou. ""No dia de hoje perdemos todos. Perdemos um companheiro de trabalho, perdemos um trabalhador, perdemos um amigo. Perdemos mais um brasileiro"", acrescentou. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também publicou em suas redes sociais uma mensagem de pesar pela morte cerebral do senador. ""É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do senador Major Olímpio na tarde desta quinta-feira. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos"", afirmou Lira. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, se manifestou sobre o caso e lembrou o impacto da pandemia do novo coronavírus, que está no auge no Brasil. ""O Brasil perde um parlamentar combativo pelo respeito aos valores institucionais do Estado Democrático brasileiro. Solidarizo-me com o Congresso Nacional e com a família do senador. Envio ainda meu abraço aos familiares das mais de 285 mil vítimas da Covid-19 no Brasil"", afirmou. Alguns ministros do governo Jair Bolsonaro também lamentaram a morte cerebral do senador, como Fábio Faria (Comunicações), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). ""Me solidarizo com a família do senador Major Olímpio, bem como com os entes queridos de todas as vítimas da Covid-19. Que Deus conforte seus corações e que nossa nação esteja unida para combater o nosso único inimigo no momento, que é o vírus"", escreveu Damares. Mesmo adversários políticos ressaltaram as atribuições de Major Olímpio. O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que perdeu um amigo e ressaltou a atuação política do senador por São Paulo. ""Amigo muito querido [...]. Nos nossos entraves, nas nossas lutas, mesmo em situação de opinião divergente, havia sempre um carinho, um respeito, pela luta de cada um"", disse à Folha. ""Perco um amigo pessoal, particular, que carregava ainda da Câmara dos Deputados e que registrou a sua forma de fazer política muito fiel a suas bandeiras, àqueles que ele defendia. Por isso o meu respeito e a minha admiração. E o conforto de Deus à família do Major Olímpio"", completou Gomes. O ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) também ressaltou aspectos como combatividade e honestidade. ""Muito triste com a partida do senador Major Olímpio (PSL-SP). Político combativo, lutou contra a Covid até o último suspiro. [...] Honesto e firme, Olímpio tinha sonhos e bandeiras"", afirmou Alcolumbre, por meio de nota. Também afastado de suas funções por estar infectado com o novo coronavírus, Alessandro Vieira exaltou a coragem de Major Olímpio e afirmou que o ""Brasil está doente"". ""Muito triste, momento muito duro para cada um de nós. Olímpio morreu lutando na linha de frente, do mesmo jeito guerreiro que sempre viveu. Que Deus console a família. E que o exemplo de coragem arraste. O Brasil está doente e precisa de cada um de nós"", escreveu o senador do Cidadania-SE. ""Um homem de convicções fortes e de bom coração. Perde a política brasileira e todos nós, que ficamos mais pobres e mais tristes. Que Deus o receba e console a família, os amigos e os inúmeros eleitores e admiradores do nosso Major Olímpio. Fica aqui a saudade e o meu profundo pesar"", completou. Na Casa legislativa vizinha, o deputado federal Orlando Silva (PC do B-SP) lembrou a morte cerebral de Major Olímpio para cobrar punição para o ""verdadeiro culpado"" pelas mortes em decorrência do novo coronavírus. ""Morreu, vítima da Covid, o senador Major Olímpio. Quantos mais senadores irão morrer até que seja punido o verdadeiro culpado pela tragédia que vivemos? Meus sentimentos aos familiares e amigos"", postou em suas redes sociais. A Frente Parlamentar da Segurança Pública divulgou nota lamentando a morte cerebral do senador, ressaltando sua atuação em defesa da sociedade, tanto na polícia como no Legislativo. ""A sociedade brasileira perde um legítimo agente público, que nunca se desviou de suas bandeiras e seus ideais. Agradecemos a Deus pelo privilégio de tê-lo conhecido. Descanse em paz, missão cumprida. Seu legado seguirá vivo em nossa memória e em nossas ações pelo povo brasileiro"", afirma o texto. Colaborou UOL Após sinalizar um endurecimento das medidas contra a Covid-19, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou atrás em coletiva nesta quarta-feira (17) e não anunciou novas normas de restrição no estado. Além de Doria, outros governadores têm aumentado ou prorrogado restrições para tentar conter o vírus no pior momento da pandemia no país. Mas especialistas defendem medidas ainda mais rigorosas para diminuir a curva de casos e mortes, que batem recordes há 19 dias seguidos. No episódio do Café da Manhã desta quinta (18), o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, fala sobre a situação dos estados e explica por que é tão difícil é tão difícil implementar medidas mais restritivas sem apoio do governo federal. O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando abaixo. Para acessar no aplicativo basta se cadastrar gratuitamente. Ouça o episódio: O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Magê Flores e Bruno Boghossian, com produção de Guilherme Botacini e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann. Em resposta a ação de Maranhão e Bahia no STF contra o governo federal por publicações de Jair Bolsonaro e da Secretaria de Comunicação sobre repasses a estados, a AGU (Advocacia-Geral da União) diz que não há fake news no conteúdo. A AGU cita nota que fala em “ressentimento político” e diz que as informações não precisam ser dispostas como querem os governadores. Os gestores estaduais dizem que Bolsonaro misturou diversos valores propositadamente, inclusive transferências constitucionais, para jogar a opinião pública contra eles. Um dos nomes apontados como alternativa no PSDB às eleições presidenciais de 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, criticou nesta segunda-feira (15) a falta de articulação do governo federal e afirmou que o problema no Ministério da Saúde é a “sabotagem” feita pelo presidente Jair Bolsonaro. Eduardo Leite participou na manhã desta segunda de uma audiência da comissão temporária do Senado que discute medidas de enfrentamento à Covid-19. Além dele, também estiveram presentes seu colega de partido e nome também associado às eleições de 2022, o governador de São Paulo, João Doria, e os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). Leite foi questionado sobre como via a possibilidade de substituição do ministro Eduardo Pazuello (Saúde), que ganhou força no final de semana. Um dos nomes cogitados para o posto do general, a cardiologista Ludhmila Hajjar deve recusar o convite de Bolsonaro para comandar o Ministério. “O que eu vi depois de três trocas de ministros que o presidente já fez é que o problema está nas orientações que o presidente dá”, afirmou. “Não há ministro que consiga trabalhar com a sabotagem feita pelo próprio presidente da República às medidas necessárias para o combate ao coronavírus.” Leite elogiou Pazuello e disse que o ministro sempre foi gentil, atencioso e disponibilizou os equipamentos e ferramentas. “Mas, quando a gente precisa avançar na articulação internacional na vacina e apoio para as medidas de distanciamento, são dois problemas que o presidente da República não tem ajudado”, disse. “E aí fica difícil exigir que o ministro da Saúde consiga resolver. Precisamos do presidente sensibilizado. Se não for para oferecer ajuda, que seja para parar de oferecer ataques, agressões e atrapalhar o processo de enfrentamento da pandemia.” Na comissão, os senadores aprovaram requerimento para convocação de Pazuello ou de seu substituto para prestar informações sobre a disponibilidade de oxigênio nos estados, em especial em Rondônia, Acre e Ceará. Eles também querem que o ministro ou quem o sucederá detalhe medidas de monitoramento e suporte do governo federal para evitar o colapso do sistema de saúde e para ampliar a capacidade de fornecimento de oxigênio. Pazuello --ou seu sucessor-- deve ser ouvido na quinta-feira (18) pelos integrantes da comissão. Na audiência, Leite também falou sobre a disputa mundial para obter vacina. “Nunca antes na história da humanidade foi demandado fazer pesquisa, produzir vacina e distribuir na escala global como se está demandando agora, e tem a culpa do nosso governo, que colocou o Brasil no final da fila porque ficou negando durante muito tempo a importância das vacinas”, afirmou. “Foi negacionista, criticou, atacou as vacinas.” Doria também fez fortes críticas à falta de coordenação do governo federal para conseguir imunizantes. “Metade das mortes, senadoras e senadores, que hoje o Brasil contabiliza poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um governo negacionista e que continua sendo negacionista”, disse. “Este mesmo governo, há três semanas, publicou um edital para comprar mais cloroquina, quando deveria estar em busca de compra de vacinas e colocar as vacinas à disposição dos brasileiros.” Doria afirmou que Bolsonaro “será condenado por tribunais internacionais”. “O que ele está promovendo no Brasil é um genocídio. Estamos matando os brasileiros, é inacreditável isso.” O governador negou qualquer caráter eleitoreiro em suas críticas e afirmou não estar preocupado com a disputa de 2022. “Já disse, inclusive, se precisar não disputar, eu não disputo nada.” O governador de São Paulo também falou sobre o fechamento de cassinos clandestinos no final de semana. O jogador Gabigol, do Flamengo, foi flagrado em um dos locais. “Lamentavelmente um deles até com pessoas que deveriam dar exemplo de conduta e deram exatamente o pior exemplo, participando de uma atividade ilegal, sem máscara e com aglomeração”, disse. “Eu chamo isso de eventos da morte, são festas da morte, festas que levam as pessoas à contaminação”, afirmou. Flávio Dino, do Maranhão, também criticou a falta de coordenação do governo federal e afirmou que a decisão do consórcio de governadores do Nordeste de comprar imunizantes não tem como objetivo burlar a prioridade do Plano Nacional de Imunização. “As vacinas devem ser destinadas ao PNI. Apenas na eventualidade de o Ministério da Saúde não cumprir esse papel, estados e municípios devem consumar as contratações.” Na mesma linha, Renato Casagrande, do Espírito Santo, cobrou o cumprimento do cronograma de vacinação e defendeu que o Congresso lidere um grupo também formado por governadores, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e integrantes do Ministério da Saúde para acompanhar o calendário de imunização. Uma potencial variante de interesse do Sars-CoV-2 foi descoberta por pesquisadores no Brasil. A cepa possui a mutação E484K, tida como de maior atenção e também encontrada nas variantes P.1 (identificada no Brasil) e B.1.351 (observada inicialmente na África do Sul). Segundo estudo disponibilizado no fórum Virological, a nova variante foi primeiro identificada em São Paulo, em 11 de novembro de 2020. Os pesquisadores estimam que a cepa tenha se originado em agosto em São Paulo, Bahia ou Maranhão. Mesmo já circulando há algum tempo, os pesquisadores afirmam que a VOI N.9 (expressão que traduzida do inglês significa variante de interesse N.9) não é muito prevalente no país. Até o momento, segundo o estudo, ela foi encontrada no Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, São Paulo e Santa Catarina. A mutação E484K na proteína S (que se liga às células humanas para ocorrer a invasão) desperta atenção por ter sido associada a uma possível fuga imunológica. A OMS (Organização Mundial da Saúde), inclusive, já emitiu um alerta recentemente sobre o assunto. A entidade afirmou que “as mutações encontradas na variante P.1 podem reduzir a neutralização por anticorpos; no entanto, estudos adicionais são necessários para avaliar se há mudanças na transmissão, severidade ou ação de anticorpos neutralizantes como resultado dessa nova variante"". A ação da mutação já foi estudada em laboratório em relação às vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna. Encontrou-se redução nas taxas de anticorpos neutralizantes presentes no soro de indivíduos que receberam os imunizantes. “Temos que continuar estudando e vigiando essa variante, mas ela não apresenta ainda algumas outras mutações relacionadas, por exemplo, com maior transmissibilidade”, afirma Marilda Mendonça Siqueira, pesquisadora da Fiocruz do laboratório de vírus respiratório e sarampo e uma das autoras da pesquisa. Segundo Fernando Spilki, virologista professor da Universidade Feevale (RS) e coordenador da Rede Corona-ômica, do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), pela baixa presença da variante no país —encontrada somente em cerca de 3% das amostras analisadas desde novembro de 2020—, ela pode ser definida como uma variante de interesse e, até o momento, não variante de preocupação. Mesmo que a VOI N.9 ainda não desperte preocupação, outras variantes presentes no país, como as citadas P.1 e B.1.351, além da B.1.1.7 (identificada no Reino Unido), trazem preocupação e, neste momento, já dominam pelo menos sete estados do país, de acordo com outro estudo da Fiocruz. Siqueira afirma que, mesmo ainda havendo muitas melhorias a serem feitas na vigilância genômica brasileiro, o país tem conseguido acompanhar cepas que merecem atenção em espaço de tempo relativamente curto. A preocupação, porém, é o grave momento de total descontrole da pandemia no país, o que pode levar a muitas outras variantes surgindo. A nova onda da Covid fez explodir o número de mortes em grandes cidades do país. ""Se a pandemia continuar com essa transmissibilidade, com uma parte das pessoas não preocupada com uso de máscara, com distanciamento, isso vai facilitar que o vírus se transmita mais, se multiplique mais em diferentes organismos humanos, o que pode aumentar a chance de nós termos mais variantes no nosso país"", diz Siqueira. É na multiplicação que mora o problema. Erros no processo de cópia do material genético acabam gerando as mutações ao acaso, muitas vezes inúteis, mas outras, com potencial de melhorias na capacidade de disseminação do vírus, por exemplo. Dessa forma, quanto mais um vírus circula e se multiplica, maior é chance de aparecerem mutações. Spilki diz que o espaço dado para o vírus circular e medidas de restrição insuficientes fizeram com que agora tenhamos que conviver com variantes nacionais mais preocupantes, como a P.1 e a P.2 (observada no Rio de Janeiro e também com a mutação E484K). ""Realmente seria necessário que tivéssemos adotado medidas muito mais eficazes para tentar conter a diversificação do vírus"", afirma Spilki. Os governadores do Nordeste pretendem assinar na próxima semana contrato com o Fundo Russo de Investimento Direto para a compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, contra a Covid-19. As doses, vindas da Rússia, devem chegar ao Brasil entre abril e julho. Diante da escassez de vacinas no país devido à ineficiência do governo federal, os governadores nordestinos tomaram a iniciativa de negociar por conta própria, como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com a Coronavac, no ano passado. Em reunião virtual neste sábado (13) entre os nove governadores do Nordeste e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, ficou acertado que, apesar de os estados firmarem os contratos, o governo federal compromete-se a efetuar o pagamento, o que garantirá que as doses sejam incluídas no PNI (Plano Nacional de Imunização) e distribuídas proporcionalmente a todos os estados. De acordo com governadores que participaram da reunião, os contratos serão assinados por cada estado entre segunda (15) e quarta-feira (17). Cada dose custará US$ 9,95 (R$ 55,25 na cotação atual). O preço total de cada contrato depende ainda do cálculo de outros itens, como frete. O cronograma ainda não foi fechado. Caso o Ministério da Saúde não efetue o pagamento na chegada de cada remessa, os nove estados nordestinos pagarão a fatura e distribuirão as doses apenas entre eles. Uma lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na quarta-feira (10) permite que estados e municípios comprem vacinas. ""Qual é o ponto principal? É evitar uma espécie de salve-se quem puder, quebrar o princípio da igualdade do SUS. Se acontecer isso, vai ser muito ruim para o país. É um retrocesso civilizacional. Não queremos"", disse à Folha o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). ""A posição unânime dos governadores é que a aquisição e a distribuição não pode ser um salve-se quem puder e quem tem dinheiro passa na frente"", afirmou o governador. A Sputnik V ainda não teve registro liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas, de acordo com Dino, houve compromisso de Pazuello com a celeridade do processo. O Ministério da Saúde confirmou à Folha que irá custear o contrato fechado pelos governadores do Nordeste e que as vacinadas serão incorporadas no Plano Nacional de Imunizações. Disse ainda que tem trabalhado para agilizar a aprovação da Sputnik junto à Anvisa. A pasta assinou nesta sexta-feira (12) o contrato para a compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. As doses serão importadas pelo laboratório União Química, parceiro do Fundo Russo de Investimento Direto, que representa o imunizante. Segundo o ministério, o cronograma inicial apresentado pela empresa prevê a entrega de 400 mil doses da vacina até o fim de abril, seguidas de 2 milhões de doses no fim de maio. O restante deve ser entregue até o fim de junho. Em fevereiro deste ano, após meses de críticas devido à falta de revisão e o passo acelerado de sua aplicação na Rússia, a vacina Sputnik V teve a análise preliminar de sua fase 3 de ensaios publicada pela revista britânica The Lancet. Os dados apontaram que o imunizante teve 91,6% de eficácia em um estudo com cerca de 20 mil participantes. Desses, houve 16 contaminados que desenvolveram a Covid-19 com sintomas leves no grupo vacinado e 62, entre aqueles que tomaram placebo. Na reunião deste sábado, governadores disseram que além do compromisso de pagar pelos 37 milhões de doses negociados pelos estados e de dar celeridade no processo de registro na Anvisa, Pazuello informou que o Ministério da Saúde assinará nesta semana os contratos com Pfizer e Janssen. Quando Francisco Vera Manzanares pediu a palavra durante uma sessão do Senado colombiano em 2019, sua fala era firme, mas poucos prestavam atenção. Bastou citar o tema da reforma tributária —questão à época sensível ao governo, já que milhares de manifestantes protestavam nas ruas de Bogotá—, e os cerca de 300 presentes se calaram imediatamente. “Vocês, governantes que legislam pela vida, devem lutar por um planeta sustentável. Deveriam votar contra [a proposta], porque isso é um desrespeito ao povo colombiano”, disse ele, arrancando vaias e aplausos. Manzanares se despediu deixando uma plateia com muitos cabelos grisalhos atônita. Afinal, não é sempre que uma criança de nove anos discursa sobre economia e meio ambiente. A cena rememorou na imprensa local o ativismo de Greta Thunberg, 18, em frente ao Parlamento sueco, em 2018, ato que germinou a criação do movimento mundial Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro), em que estudantes faltam às aulas para exigir ações que freiem as mudanças climáticas. Afeitos aos mesmos interesses em favor do meio ambiente, Francisco e Greta rapidamente se tornaram amigos virtuais e hoje trocam curtidas em redes sociais e ideias para acabar com a emissão de poluentes. “Admiro muito o trabalho de Greta e o que ela representa para o mundo”, diz à Folha Manzanares, que viu os planos de conhecer a sueca pessoalmente congelados devido à pandemia. Restou então concentrar seus esforços na ONG Guardiães pela Vida, que lhe rendeu uma carta de reconhecimento da ONU assinada pela alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em 2020. Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o interesse dos mais novos em tópicos de mobilização social está crescendo. “Estamos vivendo um momento poderoso na história da América Latina, em que os jovens são protagonistas de mudanças e transformações”, diz Emilia Numer, consultora do Unicef em Desenvolvimento e Participação Adolescente no continente. Desde 2016, a entidade realiza, junto a parceiros, o Concausa, evento que reúne ações de inovação social e ambiental promovidas por adolescentes de 14 a 17 anos em suas comunidades. De 2018 para 2019, houve aumento de 74% no número de interessados e o surgimento de novas agendas. Os temas favoritos são mudança climática, direitos das mulheres e violência. A próxima edição está programada para o fim deste ano, no Chile, e as inscrições estão abertas até 15 de abril. Outro exemplo desse movimento é o mexicano Luis Ricardo Ordaz Zaragoza, 6. Impossibilitado de brincar na pracinha devido à crise da Covid-19, ele decidiu escrever, com a ajuda do pai —um economista—, um livro sobre temas que o comoviam, como o amigo que vendia balas com a mãe perto de sua casa. “Quero um mundo melhor, sem guerras, sem lixo no mar e sem pobreza”, sintetiza o autor de ""El Niño que Quiso Cambiar el Mundo"" (o menino que quis mudar o mundo, Editorial Utrilla, 2020), obra que traz questões sobre pobreza, meio ambiente e guerras. O ebook se tornou o mais vendido na Amazon mexicana logo na primeira semana, impulsionado por uma editora que se interessou pelo material e que agora prepara o lançamento do livro físico, com participações em feiras literárias na Espanha, na Argentina e na Itália. Apesar de as pautas ambientais serem a principal bandeira desta geração, os mini-ativistas também abordam outros temas. Tiziana Contrera, 13, foi uma das primeiras meninas transexuais a conseguir documentos oficiais com seu nome social na Argentina. O feito a catapultou a porta-voz da luta pela infância e família de pessoas trans de dois movimentos importantes no país: MTA (Mulheres Trans Argentinas) e Sigla (Sociedade de Integração Gay Lésbica Argentina). “Minha luta é para que todas as pessoas trans possam ter uma infância melhor do que a que os trans mais velhos tiveram e muito melhor do que a vida que eu tive”, diz ela, acrescentando que ainda enfrenta olhares atravessados de vizinhos mais conservadores. Tiziana afirma contar com uma rede de apoio: as “tias do movimento” e os amigos que fez no novo colégio, “de ambos os sexos, porque sou muito sociável com todos”. Daqui a alguns anos, ela começará o tratamento de bloqueio hormonal que viabilizará, no futuro, a cirurgia de mudança de sexo. “Os movimentos sociais sempre tiveram a participação de crianças e adolescentes, mas repercutiam pouco porque dependia da cobertura da mídia tradicional. Hoje, as redes sociais permitem uma manifestação mais ampla, com pessoas que têm o mesmo interesse, a mesma idade e a mesma forma de comunicar”, diz Mario Volpi, coordenador do programa de cidadania dos adolescentes do Unicef no Brasil. Foi devido a um vídeo viral que Maria Érica Rocha Simão, 12, conseguiu pressionar a prefeitura do município de Coelho Neto, no interior do Maranhão, para que construísse uma brinquedoteca na região. “Com a pandemia, muita gente ficou sem aula. Peguei uns materiais no lixo e decidi fazer um espaço de leitura, com lousa, mesa e cadeira. Como tenho bolsa num colégio particular, e as aulas continuaram virtualmente, decidi ajudar as crianças que não têm a mesma sorte”, conta. Atualmente Maria Érica ensina 20 crianças, de 4 a 12 anos. “Mudar o mundo é muito importante, e nós, crianças, temos boas ideias. Os adultos precisam nos ouvir.” “A liderança do jovem é importante porque quebra essa visão do adulto de que ‘sempre foi assim e sempre será’. A força do jovem acaba mobilizando outros jovens. Acaba sendo a ruptura de algo já estruturado”, diz Volpi. Assim como Greta, cujo nome em latim significa ""romper com algo"". O crescimento de casos graves de Covid-19 em crianças levou o governador do Maranhão, Flávio Dino, a abrir uma unidade pediátrica exclusiva para o tratamento desses pequenos pacientes, no hospital Carlos Macieira. Nesta semana, quatro crianças estavam na enfermaria e seis, na UTI. O registro de um maior número de internação de crianças tem sido comum neste ano. Uma pesquisa do Sindicado dos Hospitais Privados de SP mostra que 47% das instituições registraram que aumentou o atendimento aos pequenos pacientes. No mesmo levantamento, 55% dos hospitais privados do estado de São Paulo relatam que houve diminuição geral na faixa etária dos internados, que no ano passado tinham, em sua maioria, mais de 60 anos. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Mesmo após a isenção de impostos federais, 18 estados e o Distrito Federal aumentarão, a partir de segunda-feira (15), o preço de referência para a cobrança de ICMS sobre o óleo diesel. Também isento de impostos há duas semanas, o botijão de gás terá elevação de tributos estaduais em 12 estados e no DF. Na segunda semana após a isenção, o litro do diesel foi vendido nos postos brasileiros a um preço médio de R$ 4,232, praticamente estável em relação aos R$ 4,230 da semana anterior, mas 1,14% acima dos R$ 4,184 verificados na semana anterior ao decreto que zerou o PIS/Cofins sobre o produto. Os dados indicam que o benefício de R$ 0,30 por litro com a isenção foi anulado por novos reajustes da Petrobras nas refinarias —no quinto aumento do ano, na semana passada, foram R$ 0,15 por litro— e pelo aumento da mistura de biodiesel no combustível vendido nos postos. O aumento do ICMS surge, portanto, como mais um entrave ao repasse do benefício anunciado na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em esforço para conter a insatisfação dos caminhoneiros. O ICMS dos combustíveis é cobrado sobre um preço de referência definido pelas secretarias estaduais de Fazenda a cada 15 dias. Sobre esse valor, incidem alíquotas que vão de 12% a 25%, dependendo do estado - em São Paulo, por exemplo, a alíquota é de 13,3%. Os estados alegam que não houve mudança de alíquotas e que preço de referência, conhecido como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final), é calculado com base em uma pesquisa do preço de venda nos postos. Assim, eventuais elevações ou cortes responderiam às flutuações do mercado. ""Não cabe à administração estadual 'aumentar' nem 'diminuir' tal valor, pois se trata única e simplesmente de uma média dos preços praticados no mercado pelos próprios postos revendedores"", disse, em nota, o governo do Paraná. Alguns estados, porém, vêm mantendo o PMPF fixo e outros, como o Pará, decidiram não fazer alterações para esta quinzena. Segundo o estado, a pesquisa permitira aumentos de 6,2% no diesel e 5,2% na gasolina, por exemplo, mas os valores foram mantidos. O do gás de botijão foi reduzido em 1,2%. O modelo é questionado por Bolsonaro, que há um mês enviou ao Congresso um projeto de alteração na cobrança do ICMS, criando uma alíquota fixa em reais. O governo defende que o sistema atual retroalimenta a alta de preços, já que o imposto sobe quando o preço está alto, provocando novos repasses às bombas. A proposta de Bolsonaro é apoiada pelo setor de combustíveis, mas enfrenta resistência dos estados que alegam perda de capacidade de gestão tributária. Segundo ato do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), apenas Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Pernambuco manterão o PMPF inalterado na segunda quinzena de março. Nenhum estado decidiu acompanhar o governo federal e reduzir o imposto. O ato do Confaz sobre o PMPF mostra que, além do Distrito Federal, aumentarão o imposto: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Segundo cálculos do consultor Dietmar Schupp, o aumento médio é de 4,4% para o diesel S-10, mais vendido no país, e de 5,1% para o diesel S-500, mais poluente e por isso só vendido em postos de estrada. Os mesmos estados que anunciaram elevação do preço de referência usado para calcular o ICMS do diesel farão o mesmo com a gasolina, com alta média de 4,4% no caso da gasolina comum e de 3,2% no caso da gasolina premium. Segundo a ANP, o litro da gasolina foi vendido no país a um preço médio de R$ 5,492 na semana passada, alta de 3,8% em relação à semana anterior. O produto já sofreu seis reajustes nas refinarias da Petrobras em 2021 e foi o principal fator de pressão na aceleração do IPCA, que fechou fevereiro em 0,86%. A sequência de reajustes nos preços dos combustíveis foi o motivo declarado por Bolsonaro para substituir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, hoje no comando de Itaipu. Criticada pelo mercado, a troca será sacramentada em assembleia de acionistas da estatal no dia 12 de abril. Bolsonaro também anunciou isenção de PIS/Cofins sobre o gás de cozinha, o que garantiria um desconto de R$ 2,80 por botijão. Mesmo assim, o preço médio do botijão subiu 2,3% na semana passada, segundo a ANP, para R$ 83,34. Desde a isenção de impostos federais, a alta acumulada é de 3,3%. Entre os estados que elevaram o preço de referência para cobrança de ICMS sobre o produto, a alta média foi de 1,3%. O cálculo do PMPF segue o mesmo modelo dos combustíveis automotivos, de pesquisas no preço de revenda do produto. Segundo empresas do setor, o atraso nos repasses da isenção de impostos ao consumidor é fruto da falta de regulamentação da portaria que instituiu o benefício. Responsável pelo recolhimento do imposto em suas refinarias, a Petrobras não sabe o volume que seus clientes envasarão em botijões de 13 quilos, elegíveis à isenção, ou quanto venderão a granel. Assim, a empresa passou os primeiros dias da isenção emitindo notas com o imposto cheio. Após negociações, o setor estabeleceu um modelo de auto-declaração, no qual as distribuidoras informam à Petrobras o volume que pretendem destinar aos botijões. A Receita Federal disse à Folha que a isenção já pode ser aplicada desde a publicação do decreto, ""bastando uma declaração da empresa distribuidora adquirente com a previsão de consumo deste item (botijão de 13 kg)"". Uma regulamentação definitiva do decreto, afirmou a Receita, está em curso e deve ser concluída em breve. O governo de Roraima disse que mantém a mesma alíquota desde 1993 e que ""os aumentos constantes nos combustíveis se dão por conta da política de preços da Petrobras, baseada no mercado internacional (dólar americano) o que gerou, até o momento, seis aumentos em 2021"". ""Na lógica, se as distribuidoras compram o produto mais caro nas refinarias, nas bombas de combustíveis o preço também vai aumentar, mesmo sendo mantida a alíquota do ICMS"", afirmou. O Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda) reforçou que não houve alteração da alíquota do ICMS na grande maioria dos estados. A entidade defende que a variação dos preços da dos combustíveis ""não tem a ver com os tributos, mas sim com a política de preços praticada pela Petrobras, que alinha os preços ao mercado internacional"". ""Os estados reafirmam sua disposição de debater a política tributária sobre combustíveis, mas defendem que isso seja feito sem improvisos, dentro da reforma tributária, que já está próxima de ser apreciada pelo Congresso Nacional"", conclui o texto. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), usou pela primeira vez a palavra ""implorar"" em uma entrevista coletiva para tratar do combate ao novo coronavírus. ""Volto a pedir, volto a conclamar, volto a convidar e, pela primeira vez em entrevista coletiva, uso o verbo implorar"", disse Dino em vídeo que publicou nas redes sociais nesta sexta (12). ""Eu estou implorando: pelo amor do nosso senhor Jesus Cristo que as pessoas nos próximos dias cumpram esses compromissos mínimos. Mínimos, básicos"", seguiu. ""Eu estou pedindo, implorando que vocês usem máscaras quando estiverem ali na rua. Evitem aglomeração nessas próximas semanas para que o sistema hospitalar possa suportar essa hora difícil no Brasil"", disse. O governador afirmou que a situação dos hospitais no estado está ""muito difícil"" e que os profissionais de saúde ""estão exaustos"". ""Vamos nos unir. Esqueçam em quem você votou, em quem você vai votar. Não importa isso agora. Esqueçam simpatias ou antipatias políticas. 'Eu não gosto do governador'. Não tem problema. Eu não estou pedindo que gostem do governador do governo"", afirmou. Segundo boletim divulgado pela secretaria estadual de saúde do Maranhão na quinta (11), a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes de Covid-19 é de 97,25% na Grande Ilha, 90,28% na Imperatriz e 58,8% nas demais regiões. Ainda de acordo com o boletim, há 11.692 casos ativos no estado. Desde o início da epidemia, o Maranhão já teve 226 mil casos confirmados e 5.413 mortes pela doença. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu 48 horas para o governo federal explicar o descumprimento da decisão liminar que previa o repasse imediato de R$ 245 milhões por mês ao estado de SP para custear leitos de UTI para pacientes com Covid-19. A decisão foi publicada pela ministra Rosa Weber na manhã desta sexta (12) e atende a pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado de SP. A magistrada destaca que o desrespeito a decisões da justiça podem caracterizar crime de responsabilidade, ato de improbidade administrativa e prevaricação. O repasse de verbas federais para esses leitos foi determinado por Weber no fim de fevereiro. A procuradoria paulista argumentou que cabe à União promover e zelar pela saúde dos brasileiros. SP possui atualmente cerca de 9.000 leitos de UTI habilitados para tratamento de pacientes graves com Covid-19, custeados pelo estado e por prefeituras. Em meio ao agravamento da epidemia do novo coronavírus, o número de leitos de UTI habilitados pelo Ministério da Saúde para tratamento da doença –medida que permite que recebam recursos federais– tem tido queda nas últimas semanas e, nesse ritmo, pode chegar a zero em meados de março, segundo balanço de gestores estaduais de saúde. Sem a adoção de novas medidas, o custeio desses leitos deve ficar a cargo apenas de estados e municípios, que apontam dificuldades de financiamento e até risco de fechamento de parte dessas estruturas. Os dados são de balanço do Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde), que considera informações do próprio ministério e datas de vencimento de portarias de habilitação de leitos publicadas pela pasta. No dia 28 de fevereiro deste ano, Weber determinou ao Ministério da Saúde o custeio de UTIs para pacientes de Covid-19 nos estados da Bahia, do Maranhão e de São Paulo. Os governadores dos três estados recorreram ao Supremo para a retomada do repasse, suspenso que vinha em queda gradativamente em 2021 pelo governo federal. O Conass fez alerta recente da diminuição de leitos custeados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O alerta dos estados, porém, não vem de agora. Desde o fim de 2020, o grupo pede apoio para manutenção e financiamento dos leitos. Em dezembro de 2020, segundo o conselho, 12.003 unidades contavam com o financiamento do Ministério da Saúde para sua manutenção. Em janeiro de 2021, esse número reduziu para 7.017 e em fevereiro fechará com apenas 3.187. No pior cenário que imaginei para esta reportagem, ela seria substituída por um aviso: “As repórteres, editoras e personagens do texto que ocuparia este espaço, todas mães, não tiveram condições objetivas, sanitárias e humanas para concluírem a proposta inicial. Foi mal. É o que temos pra hoje”. Os desencontros, interrupções, gritos e choros que acompanharam entrevistas aqui reportadas sugeriam um grau de desarranjo e imprevisibilidade capazes de surpreender os melhores planejamentos. Também mãe de crianças pequenas e às voltas com as tentativas de acomodar em 24 horas as demandas constantes de três frentes de trabalho (remunerado, doméstico e parental), fiz o que foi possível, não sem me sentir devedora e inadequada mesmo dentro do meu evidente privilégio. Um ano após o início da pandemia e do distanciamento social no Brasil, mulheres que têm filhos parecem estar no limite. Sobrecarregadas, exaustas e frustradas, elas perderam a autonomia, o emprego, o sono ou a cabeça —tudo junto ou em combinações variadas. Ao fechar creches e escolas e isolar pessoas, a crise sanitária global fez ruir as redes de apoio (solidárias, públicas ou contratadas) que permitiam a essas mulheres ter vida produtiva relativamente independente, ameaçando retroceder conquistas femininas em décadas. Não surpreende, portanto, que as mulheres tenham sido mais afetadas pela crise global, a ponto de inspirar a expressão em inglês “shecession”, flexão de “she” (ela) e “recession” (recessão) —algo como “a recessão delas”. Mulheres foram mais impactadas pela pandemia em sua integridade física (com o aumento da violência doméstica) e saúde mental, além da estabilidade financeira. Elas perderam mais emprego e vêm sendo preteridas nas recontratações, além de não conseguirem participar como antes da produção científica ou mesmo da vida pública. O percentual de mulheres brasileiras que trabalhavam ou buscavam trabalho no segundo trimestre de 2020 (45,8%) caiu ao mesmo nível de 30 anos atrás (45,8%), depois de se manter bem acima de 50% ao longo de todos esses anos, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua. Para as que conseguiram fazer home office, a sobrecarga do trabalho doméstico aumentou com as crianças (e suas aulas virtuais) em casa, colocando parâmetros pré-pandêmicos de produtividade em xeque. Já as mães que precisaram sair para trabalhar se viram diante do medo da contaminação e do impasse de não terem com quem deixar os filhos, o que levou ao abandono do trabalho ou a demissões. Além disso, os setores de alimentos e serviços domésticos, que contratam mais mulheres e mais mulheres negras, foram os mais afetados pela Covid-19, e isso penalizou esses grupos de maneira desproporcional. Foi assim com Vailma Santos, 26, mãe solo de Heloísa, 5, que trabalhava num restaurante estrelado de São Paulo até maio de 2020, quando foi demitida. “Senti uma turbulência por dentro e um medo enorme de falhar como mãe”, diz, emocionada. “Nunca falo sobre isso. Não tenho tempo”, chora ela. Contratada no final do ano como auxiliar de limpeza, Vailma hoje remunera a própria mãe para que cuide de Heloísa enquanto ela trabalha. Na volta para casa, se dedica a outros desafios da pandemia materna. “Heloísa confunde S com Z. E professora tem paciência, né? Eu não tenho tanta. Estou sempre cansada”, admite. “Queria oferecer opções melhores pra minha filha, mas sozinha é complicado.” Transformadas em arremedos de professoras a contragosto, mães tiveram de sobrepor à jornada tripla a responsabilidade pela escolarização remota das crianças. É uma conta que não fecha. Sem mágica, ela só se resolve à medida que a mulher abre mão de horas de sono, rotinas de autocuidado e tempo de lazer. Esse pacote compromete o bem-estar físico e emocional dessas mulheres, com repercussões nas próprias funções cognitivas e, portanto, no desempenho produtivo e na funcionalidade. “O estresse crônico que atinge as mães com a sobreposição desses trabalhos todos trouxe uma sobrecarga de atenção, que agora fica ativada de maneira mais frequente e intensa”, explica o psiquiatra Gilberto Sousa Alves, professor de saúde mental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, que também leciona na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a pandemia provocou uma primeira onda de aumento na incidência de transtornos mentais da ordem de 30%, com medo da morte, consumo excessivo de álcool, estresse pós-traumático pela morte de parentes e até ideias suicidas. Mulheres eram maioria. O medo da morte bateu com força na atriz e professora de movimento Gabriela Cordaro, 42, mãe de Martim, 7, e Lina, 4. Ela teve suspeita de Covid-19 e, depois, uma sequência de febres inexplicáveis. “Comecei a ter problemas para dormir. Deitada, ficava pensando em todas as desgraças do mundo e sentia muita insegurança em relação ao que poderia acontecer”, lembra. No auge dessa sensação, ela começou a mandar suas senhas e informações sobre os filhos para a irmã. Vai que... O psiquiatra Alves avalia que uma “segunda onda de transtornos tem ocorrido agora e é consequência da primeira onda”. “Ela envolve esgotamentos, problemas de sono e de concentração, irritabilidade, esquecimentos, distrações e perdas de compromissos, que ainda geram culpa porque as mães se pressionam e sofrem pressão”, diz. “Planejar e monitorar tarefas requer muita energia do ponto de vista neurobiológico. E fazer isso o dia todo, por tanto tempo, é muito exaustivo. O cérebro humano não está preparado para esse tipo de uso tão prolongado.” Andressa Reis, 36, criadora de conteúdo para mães, diz estar nessa loucura. “Tenho filtrado muita coisa para poder focar naquilo que é mais necessário. Se quiser armazenar tudo no meu HD, vou simplesmente pifar”, avalia. “Hoje, eu anoto tudo no planner, só que depois esqueço de olhar.” A pesquisa Women in the Workplace 2020, que a consultoria internacional McKinsey realiza anualmente com mulheres que trabalham nos EUA, apontou que as profissionais com filhos se sentem 2,6 vezes menos confortáveis que seus pares masculinos para compartilhar sua condição parental, além de se preocuparem 2,1 vezes mais com o julgamento dos colegas sobre sua necessária dedicação a tarefas de cuidado em casa. “A tarefa do cuidado é uma dimensão importante da vida, mas é percebida socialmente como perda de tempo. Isso leva mulheres que estão em posição de destaque a escondê-las para não parecerem nem frágeis nem menos produtivas”, avalia Noemia Porto, 49, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), mãe de cinco, sendo dois ainda adolescentes, que passou a cuidar também da mãe de 78 anos durante a pandemia. “Tudo isso coincide com um pano de fundo estrutural, algo que a gente não quis, mas que recebe desde que nasceu. Só que, mesmo assim, resolvemos que vamos viver igualitariamente no espaço público.” Essa arquitetura patriarcal mantém sobre as mulheres a responsabilidade pela economia do cuidado, tão essencial quanto invisível e desvalorizada, agora também embalada pelos constantes chamados de “mamãe!”. Só não ouve quem não quer. A multiplicidade de pressões virou de cabeça para baixo a vida dessas mulheres, alterando de maneira determinante as condições objetivas da sua participação no mercado de trabalho e autonomia. Segundo a série histórica do relatório da McKinsey, mulheres e homens deixavam postos de trabalho com a mesma taxa até 2020, quando o número de mulheres superou o de homens pela primeira vez. As entrevistadas declaram se sentir ansiosas, estressadas e inadequadas diante de expectativas criadas sob o paradigma pré-pandêmico que hoje lhes parece impossível cumprir. “É humanamente insuportável cumprir essas tarefas todas, das quais eu tentei cuidar como se fosse o planner do escritório”, explica a advogada e psicóloga maranhense Larissa de Oliveira, 37, mãe de Lucas, 5. “Tive uma redução clara de produtividade, e transitar para uma vida estritamente doméstica foi bem difícil."" ""Batalhei para ter meu espaço e de repente me vi numa posição que eu lutei muito para não assumir, até por preconceito mesmo. Nossa tendência é enxergar o cuidado como algo menor, mas é uma necessidade básica. Se isso não estiver organizado, nada lá fora funciona”, conclui. Em 2019, apenas 1 a cada 50 das mulheres entrevistadas considerava desacelerar sua carreira ou deixar de trabalhar para cuidar da casa e dos filhos. Em 2020, a pandemia alterou essa proporção de maneira drástica, e 1 a cada 3 entrevistadas considerava esses caminhos antes inimagináveis. A sobrecarga por acúmulo de funções é inescapável para as mais de 11 milhões de mães solo do país —majoritariamente pobres e negras. “Desde março de 2020, estou em home office. De lá pra cá, devido ao acúmulo de funções de uma mãe solo que está com o filho fora da escola, pedi demissão do meu emprego formal de assessoria de imprensa”, relatou a artista visual Bruna Alcântara, mãe de Tom, 5, por meio do canal que a Folha abriu para ouvir o desabafo de mães sobre o contexto imposto pela pandemia. Bruna conta ter encontrado “tempo para a arte” enquanto “cozinho, lavo, passo e cuido de criança”. Ela é autora das obras que ilustram esta reportagem e integram a série “Mãe Pandêmica”. “Estou cansada, exausta. Ainda assim, não existe nenhuma maneira de parar de produzir, criar e maternar”, descreve ela. Para Bruna, pesa ainda o fato de o governo brasileiro que, “além de não reconhecer a existência da doença e do seu perigo, também não reconhece as desigualdades de gênero como um problema e como uma questão agravada na pandemia”. O governo não está sozinho em mais esse negacionismo, sugerem dados sobre a divisão sexual dos trabalhos de cuidado doméstico e com pessoas. Antes da pandemia, mulheres gastavam, em média, o dobro de horas semanais que homens nessas atividades de cuidado, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019. Com o confinamento, esse abismo parece ter se aprofundado. Segundo pesquisa do Datafolha, encomendada pelo C6 Bank, 57% das mulheres que passaram a trabalhar em regime de home office na pandemia disseram ter acumulado a maior parte dos cuidados com a casa. Entre os homens, esse percentual é de 21%. Ao entrevistar casais heterossexuais com filhos, o relatório da McKinsey revelou o descompasso na percepção de mães e de pais sobre o próprio envolvimento e responsabilização por esse trabalho. Enquanto 72% dos pais afirmavam dividir com a parceira em pé de igualdade os cuidados com filhos e casa, apenas 44% das mães diziam o mesmo sobre seus companheiros. “A gente já entrou na pandemia com um cenário de desigualdade profunda e, em maio, as mulheres já estavam levantando a mão pra avisar que estavam sobrecarregadas”, diz Giulliana Bianconi, 36, mãe de Martina, 5, e diretora da Gênero e Número, organização que analisa dados para amparar os debates de direitos das mulheres. “Cerca de 25% dos brasileiros são crianças e adolescentes. Quem cuida deles?”, questiona. Para Giulliana, mulheres não cuidam melhor do que homens, mas essa divisão acontece porque cada um se responsabiliza por aquilo que julga ser seu papel. Flexibilidade no trabalho, portanto, tem de ser pensada também para os homens, de modo a permitir que eles também se responsabilizarem por esses cuidados. “Meu marido tem alguma flexibilidade no seu trabalho, e é isso o que me permite trabalhar também. Se não, acho que eu já teria me separado”, afirma, em tom de brincadeira. “Porque nesse caso a guarda compartilhada liberaria ao menos dois dias úteis por semana para eu me concentrar em outra coisa.” A psicóloga Evelyse Claussi, 43, mãe de duas meninas, aponta que o Brasil ainda está em processo de desconstruir a mulher como aquela que cuida e o homem como aquele que provê. “Tem uma naturalização desse lugar materno, que não é biológico, mas uma construção social à qual as mulheres respondem com dificuldade de dizer que têm outros interesses.” Confortável para os parceiros, essa dinâmica é absorvida pelas crianças, que passam a direcionar suas demandas para quem, de fato, as atende. E isso explica cenas tão corriqueiras quanto surreais, em que crianças gritam pedidos para as mães, mesmo quando estão sentadas no colo dos pais. Diante da enxurrada diária desses chamados durante a pandemia, Evelyse passou a reagir com uma barganha bem humorada: “Pago dez centavos para quem disser pai no lugar de mãe!”. Nem sempre dá certo. Andressa Reis, 35 A louça acumulada na pia e os brinquedos espalhados por todo canto da casa de fundos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não incomodam Andressa Reis, 35, que circula entre roupas, bolas e bonecas com Maria, 3, e Caetano, 1, no colo. Já sua sogra, que encontrou a casa dos netos com a mesma bagunça da visita da véspera, tratou de observar: “Mas você não fez nada o dia inteiro?”. “Fiquei bem chateada de ela ter falado isso. É como se todo o trabalho de cuidar e de amamentar fosse resumido a nada”, contesta. “Eu amamento duas crianças, eu cuido delas full-time, eu ofereço tempo de qualidade, eu leio histórias. E elejo algumas prioridades”, explica. “Entre elas não está lavar a louça, que vai morar e fazer aniversário ali naquela pia porque o momento que eu tiver, eu vou sentar no sofá e descansar um pouco”, anuncia. “Não tem como ter duas crianças e manter a casa impecável. Se eu quiser isso, eu vou pirar! Por que essa cobrança de deixar a casa um brinco se minha pretensão é outra?” Foi durante a pandemia, a partir de um desabafo feito em seu perfil numa rede social, que Andressa se tornou produtora de conteúdo para mães. Desde então, esse caos privativo é o cenário dos vídeos de seu perfil no Instagram, que a descreve como “mãe preta e possível” e trata de temas como maternidade real, educação com apego e amamentação com humor e inteligência. “Só rindo para não chorar”, afirma. Há um ano, quando Andressa e a família iniciaram seu distanciamento social, Maria tinha 2 anos e Caetano, só 3 meses. Aquele puerpério parece nunca mais ter acabado. “A pandemia virou um puerpério gigante”, brinca. A fase puerperal, quando o bebê nasce e a mãe passa por alterações hormonais, mudanças no corpo, privação de sono e demandas constantes de amamentação e de cuidados com o recém-nascido, é a alegoria que Andressa encontrou para descrever sua vivência desde março passado. “É dentro de casa com os filhos o tempo todo, tendo outras demandas pra conciliar e administrar. Não consigo saber o lance da aula. Não tem válvula de escape. Não pode ir na pracinha, então você não consegue sossegar a criança por nada”, respira. “Estou vivendo em looping.” Sem rede de apoio num momento crucial, em que o neném é totalmente dependente de cuidados, Andressa se viu “desesperada”. O marido parou de trabalhar, e o casal ficou sem renda. Requisitaram o auxílio emergencial, que levou dois meses para chegar, período em que recorreram à ajuda de pais e amigos, que compravam mantimentos. Eles ainda tiveram o carro, que era financiado, retomado por falta de pagamento. Com o sucesso de seus depoimentos e reflexões sobre maternar, Andressa passou a ser procurada por marcas interessadas em “famílias que não são capa de revista”, e o perfil virou a principal fonte de renda da família. “Já me senti muito inadequada consumindo perfis de mulheres que faziam um recorte da sua vida e pareciam dar conta de tudo e maternar plenamente, enquanto comigo nada era romântico ou maravilhoso”, lembra. “A gente fica muito vulnerável nessa fase. E precisa filtrar aquilo que a gente consome.” Sobre a lida em tempo integral com crianças que exploram tudo, inclusive os limites da paciência materna, ela tem sua receita. “Não tem autocontrole que resista ao mundo atual. E não ter me mantido firme o tempo todo no tipo de educação em que eu acredito não faz de mim a pior mãe do mundo. Eu vou me perdoar e me dar essa colher de chá. E depois fazer diferente.”  Aline, 36 Enquanto Aline (ela preferiu usar nome fictício para evitar julgamentos na internet), 36, faxina um dos cômodos da casa, seus filhos João, 9 e Clara, 7, ambos autistas, viram o resto do avesso. “Quando eles iam para a escola, eu conseguia organizar os espaços da casa. Mas desde que estamos confinados por conta da pandemia, eu vivo de escolhas: a sala limpa e o resto da casa virada”, conforma-se ela, que vive no interior de São Paulo, a centenas de quilômetros do pai das crianças, cuja pensão, somada a um benefício, sustentam a casa. “Ser mãe de filhos com deficiência já é algo que tem um custo emocional e físico muito alto. Mas desde março passado eu me vi sendo mãe, terapeuta e professora. Tem sido muito difícil”, desabafa. João tem autismo leve e crises de agitação, em que não consegue se conter. Clara tem autismo grave, ainda não desenvolveu a fala e sofre crises frequentes de autoagressão. É quando a mãe que fica nervosa que menina esboça uma única palavra: “Caaaaalma!”. “Eu sei que ficar sem a escola e as terapias implica perdas importantes para eles, que precisam de profissionais especializados. Mas, neste momento, estamos no modo contenção de danos”, diz. “Eu estaria babando e batendo a cabeça na parede se perseguisse ter tudo certinho neste momento.” Quando as crianças aprontam algo ou entram em crise, a gritaria na casa é alta e generalizada. “É uma fórmula explosiva, mas prefiro gritar também do que guardar isso e adoecer. Criei uma tática pra vizinhança não se assustar: eu narro tudo o que está acontecendo para que percebam que não se trata de um caso de agressão”, revela. “É isso o que me salva de a polícia”, ri. Às vezes Aline se sente sufocada, às vezes tem vontade de sumir. Para ela, essas são sensações típicas da maternidade, e não do contexto de pandemia, que parece ter quebrado algo mais dentro dela. “Internamente, eu estou um caco. É devastador viver a pandemia no atual cenário político e social do Brasil. Não ter perspectiva de melhora e me sentir impotente é algo que bate muito forte. E, quando você é mãe, tudo é quadruplicado.” Diabética, vive ansiosa e estressada com o vírus. Um espirro, e ela já entra em pânico. Aline tem medo de morrer de Covid-19. “A questão do autismo agrava muito isso. Se eu não estiver aqui, quem cuida dos meus filhos? Me pego pensando nisso e entro em parafuso. Simplesmente não posso morrer.”  Tainá Marajoara, 38 A pequena Inaiê Matsimi, de apenas 2 meses de vida, foi batizada com um nome que remete à gavioa, conhecedora das matas por onde sua mãe não pode circular quando ela ainda estava na barriga. “Eu me descobri grávida em plena pandemia, com uma série de restrições de atendimento médico e muito perigo em todas as idas aos consultórios e laboratórios de Belém do Pará, onde as gestantes dividiram espaço com pacientes com suspeita de Covid-19”, lembra Tainá Marajoara, 38, cozinheira e pensadora indígena, criadora de um ponto de cultura alimentar, o Iacitatá, que está com as portas fechadas desde março e agora faz entregas uma vez por semana. O pavor de ser contaminada, por ser grupo de risco, fez Tainá se sentir “como uma onça”. “Eu só queria me silenciar, aquietar e esperar a gestação.” Criada no seio de uma cultura indígena matriarcal com a ancestralidade de mulheres pajés, Tainá queria parir na comunidade dos Aruâ Marajoara, do outro lado do rio Arari, mas o mais próximo disso que conseguiu foi ter um parto “respeitoso, natural e de cócoras” que durou quase 30 horas e não pode ser acompanhado pela família, que ainda não tem previsão de conhecer a pequena Inaiê por causa do agravamento da pandemia. “Nossa identidade cultural precisa ser preservada e isso é algo muito delicado”, diz. “Eu acordo e durmo com Inaiê no peito, cantando o dia inteiro, tomando Sol de janela e fazendo barulhos da mata para ela. No meio de tudo, ainda trabalho pelo computador e pelo celular.”  Daniela da Silva, 36 Durante a quarta das oito reuniões virtuais do dia, a financiadora de projetos Daniela da Silva, 36, abre o microfone e acompanha o efeito imediato na expressão dos colegas, que se desmancha. É que o som que invade a sala virtual não é do comentário de Daniela, mas do choro de sua filha, Olívia, 4. Enfiada debaixo da mesa de trabalho da mãe, esse é o jeito como ela protesta por sua companhia. Presa dentro de casa com os pais, Olívia, como quase todas as crianças menores, tem dificuldade de entender por que a mãe está presente, mas não está disponível para ela. “É uma situação desesperadora, que pode ser definida pela sensação de não estar fazendo nada direito. Não consigo acompanhar minha filha, não consigo trabalhar com qualidade”, admite Daniela, que diz ter contado com “total compreensão” da organização de direitos humanos em que trabalha. “Fui entrando num pico de estresse porque trabalho com demandas da sociedade civil, e não são coisas que podem esperar. Sofri minha própria pressão. Mas se tivesse tido pressão hierárquica, teria espanado.” É ela quem arca com as contas da família enquanto o pai de Olívia faz uma segunda graduação. “Ainda que, objetivamente, ele esteja disponível para cuidar dela, tem uma demanda afetiva da criança que conta muito, e acabo me envolvendo no cuidado para não deixar meu parceiro na mão.” Numa reunião, todos os participantes foram estimulados a compartilhar as estratégias que estavam usando para ficar bem. À medida que cada um falava, aumentava o mal-estar de Daniela. “Meditação, exercícios, cursos… Na minha vez, me senti tão mal que inventei que estava fazendo um curso de ioga. Mas a real é que estava apenas sobrevivendo.” Daniela faz parte da geração de mulheres autônomas, urbanas e modernas que comprou a falácia da parentalidade compartilhada. “A gente achou que teria um arranjo que, na verdade, não tem. E isso se torna uma conversa infinita entre o casal”, relata. Mudanças nessa diâmica têm ocorrido nos últimos anos, mas elas parecem graduais demais para a crise do cuidado agora instaurada. Estudos apontam que as mulheres gastam o dobro do tempo dos homens em tarefas domésticas e parentais, e que o percentual de homens que dizem dividir esses afazeres igualmente com a companheira é sempre bem maior que o de mulheres, o que evidencia essa desigualdade. “Está tudo tão estruturado para que o cuidado seja de responsabilidade da mulher que qualquer compartilhamento do parceiro é percebido como suficiente”, avalia ela, que volta e meia se lembra de algo que está faltando na casa no meio do trabalho. É a chamada carga mental, uma queixa frequente mesmo entre mulheres que têm parceiros mão na massa. Trata-se da gestão de tudo aquilo necessário para a funcionalidade da casa e da rotina dos filhos. Algo que requer atenção, planejamento e monitoramento. Um exemplo: o parceiro pode se dispor a cozinhar, mas isso alivia pouca coisa se for a mulher quem tiver de planejar as refeições, checar a disponibilidade dos ingredientes e realizar as compras do que falta. “A gente está colocando um band-aid numa grande ferida brasileira que é a divisão da carga de trabalho doméstico.” Nela, entram as múltiplas desigualdades brasileiras: de gênero, mas também social e racial, já que são mulheres pobres e majoritariamente negras que entram em cena para permitir que a mulher branca de classe média e alta possa trabalhar e que o seu parceiro continue a achar que está fazendo a sua parte, mesmo quando não está.  Larissa Oliveira, 37 O relógio batia 23h e a advogada Larissa Oliveira, mãe de Lucas, 5, passava roupa em sua casa num condomínio fechado em São Luís, no Maranhão. Cansada e ansiosa, ela tentava cuidar de tudo de maneira inédita. Até o início da pandemia e do isolamento social, ninguém almoçava em casa, e cozinha, limpeza e lavanderia ficavam a cargo de trabalhadoras contratadas. Nas primeiras semanas, ficou perdida. “Não sei o que vamos comer. Vai pedir? Vai fazer? Como? Era algo inexistente na minha rotina”, lembra. As demandas do filho único, que antes passava 8 horas na escola, foram outra descoberta. “Ele queria atenção, queria brincar. ‘Mãe, eu quero isso.’ ‘Mãe, eu quero aquilo.’ Depois, houve momentos de tristeza e de saudades dos amigos e da escola”, lamenta. “Eu me cobrava tirar um tempo livre de qualidade para ele, em meio à sensação de vulnerabilidade e à ideia de não tar conta ao ver o tamanho de tudo o que precisava ser feito.” Naquela noite, com o ferro na mão, Larissa recebeu um telefonema da mãe e desabou num choro de cansaço e frustração. “Veio a voz da maturidade questionar por que eu estava fazendo passando roupa. Era um quadro ansioso que tem um quê de perfeccionismo”, avalia. “Eu tentava me equilibrar numa corda bamba, levando o escritório, o marido, o filho e a casa, além de manter, à distância, a logística da casa dos mais.” Sob pressão, Larissa intensificava as corridas pelo condomínio. “Quando tenho poucos problemas, corro 5 quilômetros. Quanto tenho muitos, corro 10”, conta. Mas seu corpo mandou avisar que não dava mais. “Meu coração acelerou, os membros esfriaram, a garganta deu um nó. Eu simplesmente pensei que estava infartando”, lembra. “Era uma crise de pânico.” O gatilho foi a notícia de que seu pai estava com Covid-19, 25% do pulmão comprometido e falta de ar. “Surtei, mas fiquei com medo de ir ao hospital. As sensações foram passando, e não quis me expor ao vírus.” Mas o quadro voltou uma, duas, três vezes. “Eu já não dormia mais.” Imersa em pensamentos trágicos noite adentro, Larissa percebeu que precisaria de ajuda médica. “Tive de superar preconceitos para buscar um psiquiatra, mas foi essencial”, diz. “Caiu a ficha de que está todo mundo meio louco neste país neste momento e, por mais que isso seja triste, dá certo alívio perceber que você não está sozinha neste lugar. A situação em si é humanamente insuportável.” Larissa passou a encarar os medicamentos, que via com desconfiança, como uma ferramenta tecnológica e científica para atravessar um momento de crise. Entre as crises e o início do tratamento, Larissa se tornou apática, letárgica, e seu marido teve de se apropriar das rotinas da casa. “Ele entrou num processo de perceber essa sobrecarga e se apropriar das tarefas. Acho que foi um despertar, e ele cresceu muito no processo.”  Fernanda Viana, 41 Todos os dias, quando chega do trabalho em casa, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Fernanda Viana, 41, encontra os três filhos —de 11, 13 e 23 anos— saudosos da convivência com a mãe e cheios de histórias pra contar. Mãe solo, a assistente social passou boa parte do último ano cadastrando as famílias do complexo que mais precisavam da ajuda coletada e distribuída pela ONG Redes da Maré, onde trabalha. “Eu já sabia que muita gente ganha de dia para comer de noite. Mas, durante a pandemia, eu descobri a extrema pobreza. Vi casas sem banheiro e famílias sem telefone para pedir o auxílio emergencial. Vi gente desesperada e sem comida na geladeira. Mesmo sendo uma mãe preta e favelada, isso me deu outra visão da pandemia.” Essa vivência fez do retorno para casa um momento de alívio e reencontro, mas também de revolta. “Depois de viver um turbilhão de emoções, chegar em casa me traz paz. Ao mesmo tempo, a vida não parou, e taí um prejuízo que não vai ser reparado: não consegui acompanhar meus filhos, que praticamente perderam o ano letivo”, conta. “Na hora da prova para entrar no colégio militar, não houve nenhum tipo de reparação pra quem estudar em escola pública e ficou sem aulas virtuais o ano inteiro. Meu filho não entrou. A roda sempre gira pra gente ficar de fora, e pra que as posições estabelecidas entre nós e os outros sejam mantidas.” Os filhos de Fernanda não têm computador, celular ou acesso a internet, como ocorre com 1 a cada 4 crianças da Maré. “Criaram um mecanismo supostamente universal, mas que exclui a maioria da população”, critica. “Meus filhos usam o meu celular, quando chego em casa, para acessar os conteúdos disponibilizados pela escola. Não posso nem quero deixar dois adolescentes em casa o dia todo com um celular, acessando conteúdos que podem não ser apropriados para eles”, avalia. A partir desse uso conjunto do celular, surgiu de maneira orgânica uma rotina de compartilhamento de músicas, vídeos e textos. “Eles têm essa necessidade de trocar porque eu virei a única convivência deles. Estreitamos nossos laços, aumentamos as leituras e as conversas, e conseguimos tirar uma coisa boa disso tudo.” O principal revés é que Fernanda em nenhum momento consegue ficar sozinha. “Nem sempre eu tô a fim, mas levo em consideração tudo o que estamos passando, respiro fundo e fico com eles.” Governadores articulam anunciar conjuntamente medidas restritivas para reduzir o avanço da Covid-19 no Brasil. Eles concordaram em divulgar ações que sirvam até o dia 14 de março, pelo menos. O país atravessa o pior momento da pandemia, com recordes diários de mortes. O pedido de uma ação nacional chegou a ser feito para o Ministério da Saúde, mas a resposta foi a de que o presidente Jair Bolsonaro não deixa. A ideia é a de que entre no pacto algumas iniciativas básicas, que sirvam para todos, e que, a partir disso, cada um tome outras decisões de acordo com a necessidade local. O principal objetivo é o de comunicar a população de que o momento é crítico e, por isso, há necessidade de que a circulação seja reduzida imediatemente, sendo a forma de diminuir a ocupação nos hospitais. Segundo o governador Wellington Dias (PT-PI), porta-voz do grupo, alguns pontos que podem entrar nesse acordo nacional são o de proibição de venda de bebidas alcoólicas a partir de um determinado horário e o de impedimento de eventos com aglomeração. O plano ainda está em discussão neste domingo (7). Vinte e um estados já concordaram em apoiar o pacto. A consulta ainda está aberta para os que ainda não aderiram. Os estados que já estão juntos são Piauí, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, São Paulo, Pará, Distrito Federal, Alagoas, Minas Gerais, Ceará, Sergipe, Goiás, Maranhão, Amazonas, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em operação que investiga supostos desvios em emendas orçamentárias destinadas à saúde no Maranhão em que três deputados federais foram mencionados, a Polícia Federal encontrou um livro com as páginas recortadas para esconder uma arma. O livro estava na casa de Abraão Nunes Martins Filho, vereador em Itapecuru-Mirim (PDT), que, segundo policiais, teria como função ameaçar prefeitos que não aceitassem pagar propina após receberem recursos de emendas. Os parlamentares Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) constavam como autores de emendas em lista manuscrita que estava na casa de agiota que supostamente coordenava o esquema, Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, dono de postos de gasolina no estado que seriam usados para lavagem de dinheiro. Anotações manuscritas e mensagens em aparelhos celulares apreendidos pela Polícia Federal mencionam três deputados federais do PL em conexão com suposto desvio de emendas orçamentárias destinadas à saúde no Maranhão. Os parlamentares citados são Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Seus nomes aparecem em documentos obtidos na Operação Ágio Final, deflagrada pela PF maranhense em 3 de dezembro de 2020. A operação investiga um esquema de extorsão contra prefeituras que foram beneficiadas com as emendas obtidas pelos deputados. O cabeça da organização seria o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, dono de postos de gasolina no estado que seriam usados para lavagem de dinheiro. Segundo a PF, Pacovan se apresentava junto a prefeitos como responsável por obter as emendas junto aos deputados envolvidos no esquema. Em troca, exigiria deles a devolução de uma parte do dinheiro como pagamento de propina, em valores que poderiam chegar a 25%. Esse desvio ocorreria por meio de contratos com empresas de fachada. Uma parte seria repassada aos deputados, mediante comissão de Pacovan e seu grupo. A ação da PF foi possível após denúncia feita no ano passado por um dos prefeitos abordados pelo grupo, Eudes Sampaio (PTB), de São José do Ribamar (MA), que não se reelegeu. ""O conjunto de elementos probatórios obtidos no decorrer da investigação aponta que Josival Cavalcanti da Silva (Pacovan) atuou como mentor intelectual da associação criminosa, arregimentando pessoas e recursos de modo a viabilizar as extorsões praticadas em desfavor do prefeito Eudes Sampaio"", diz relatório assinado pelo delegado da PF-MA Itawan de Oliveira Pereira, com data de 17 de dezembro. Para viabilizar a extorsão, Pacovan contava com os serviços de subordinados, entre eles os irmãos Abraão Nunes Martins Filho, vereador em Itapecuru-Mirim (PDT), e Adones Gomes Martins. Eles teriam como função ameaçar prefeitos que resistissem ao pagamento da propina. Também faz parte da quadrilha, segundo a PF, o ex-prefeito de Água Doce (MA) Antonio José Silva Rocha (PSDB), conhecido como Rocha Filho. Na casa de Rocha Filho, a PF apreendeu papéis com referências aos repasses federais. ""Foram encontrados na residência de Rocha Filho diversos documentos relacionados com repasses federais destinados a municípios do interior do Maranhão, além de planilhas com valores e nomes de prefeituras relacionados"", afirma o relatório. Um dos documentos, uma lista manuscrita, indica três emendas destinadas a São José do Ribamar, mencionando os deputados responsáveis por elas. Também são citados os valores totais dos repasses e a propina a ser cobrada do prefeito, correspondente a 25% do recurso obtido do Orçamento federal. A lista menciona emendas de R$ 4.123.000 do deputado Bosco Costa (R$ 1.030.750 referente à parcela de 25%), de R$ 1.500.000 de Josimar Maranhãozinho (R$ 375 mil de propina) e R$ 1.048.000 de Pastor Gil, com R$ 262 mil de propina. ""Os valores discriminados na anotação são idênticos aos valores de emendas parlamentares constantes na notícia crime encaminhada pelo prefeito de São Jose de Ribamar"", afirma o relatório da PF. Os nomes dos parlamentares também aparecem em uma mensagem de WhatsApp trocada entre o filho de Pacovan, que trabalha com o pai, e Abraão Nunes Martins Filho, um dos responsáveis por fazer a cobrança da extorsão, geralmente com uso de intimidação e violência. Outro indício foi obtido a partir de mensagem de Pacovan cujo destinatário é um assessor do prefeito Sampaio. Nele, o agiota relata que esteve em Brasília ""pela segunda vez"" tratando da liberação das emendas pelos deputados. Após citar os três parlamentares e os valores que conseguiram, ele diz que vai levar os parlamentares pessoalmente ao encontro do prefeito, supostamente como forma de pressionar pelo recebimento da propina. ""Caso haja alguma dúvida, trarei os deputados epigrafados aqui ao Maranhão, mas precisamente no seu município pra dirimir toda é qualquer dúvida"", escreve Pacovan. Há também referências a uma pessoa identificada como ""Fernando do Dep.Hildo Rocha [MDB-MA]"". Segundo Pacovan, ele estaria ""ciente de que todas essa emendas são de deputados ligados a mim"". Não há referências a emendas de Rocha, no entanto. De acordo com a PF, o esquema se repetiria em outros municípios maranhenses. A citação aos deputados, por enquanto, não configura prova do envolvimento deles. A apuração em questão se limitou a suposta extorsão que era feita. No relatório final da operação enviado à Justiça, o delegado pediu para poder compartilhar as informações com o grupo da PF que investiga políticos com foro, que fica em Brasília. Nesse grupo da polícia, antes mesmo do inquérito do Maranhão, já havia outra investigação sendo feita, especificamente sobre desvio de emendas da saúde --essa corre no Supremo Tribunal Federal. Em decorrência dessa apuração, em 9 de dezembro, a PF deflagrou a operação Descalabro, e fez busca e apreensão em endereços ligados a Josimar Maranhãozinho. Na época, divulgou ter encontrado R$ 2 milhões em espécie no escritório parlamentar dele em São Luís (MA). Nessa operação, chamada de Descalabro, o deputado é investigado por suspeita de fazer parte de um esquema semelhante ao investigado pela PF maranhense, de desvio de dinheiro de emendas destinadas à saúde. O caso está sob sigilo. Procurada, a assessoria do deputado Josimar Maranhãozinho disse que não se pronunciaria por não ter tido acesso ao relatório. Em dezembro de 2020, o parlamentar afirmou ao G1 que destinou mais de R$ 15 milhões aos municípios maranhenses de forma legal. O montante encontrado no escritório seria referente a sua atividade pecuária e empresarial. Por meio de sua assessoria, o deputado Pastor Gil disse que desconhece a existência de lista que o cite. ""Nunca compactuei com qualquer esquema de desvio de dinheiro público"", declarou. O parlamentar afirma que destinou emenda para a cidade de São José de Ribamar dadas as carências do município. ""Por conhecer bem a situação de São José de Ribamar e, claro, ter tido mais de 2.000 votos do povo ribamarense é que procurei o então prefeito, Eudes Sampaio, e garanti a ele que encaminharia uma emenda parlamentar para ajudar na área da Saúde"". ""Assim foi feito. Foi liberado e ficou na responsabilidade do prefeito a aplicação da verba destinada"", declarou. Já o deputado Bosco Costa disse que ""tem por norma não comentar o trabalho da Polícia Federal ou autoridades judiciárias"". ""Entretanto, esclarece que não tem relação com a emenda citada, visto que a mesma não é de sua lavra"", afirmou, por meio da assessoria. A burocracia para receber valores judiciais atrasados devidos por órgãos públicos da União está um pouco menor. Em decisão tomada no mês passado, o CJF (Conselho da Justiça Federal) dispensou a necessidade de apresentação de nova procuração para o levantamento dos valores relativos a precatórios e RPVs (Requisições de Pequeno Valor). Segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) representam a maior parte dos credores do governo federal e são os principais beneficiados pela mudança, pois serão dispensados de renovar procurações, com firma reconhecida, para que advogados instituídos por eles possam resgatar os valores. Representantes da Comissão de Direito Previdenciário da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo estimam que a exigência retardava em duas semanas o pagamento e prejudicava principalmente segurados que moram distante dos centros urbanos. “Era uma exigência descabida ter que renovar uma procuração que já estava no processo”, diz José Roberto Sodero Victório, presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB-SP. “O novo posicionamento da Justiça Federal parece adequado porque os bancos estavam fazendo a exigência da nova procuração e barrando o pagamento de precatórios”, diz Victório. “Imagine que muitos desses clientes são segurados do INSS e precisam com urgência do dinheiro.” Para quem espera para receber um precatório ou uma RPV, a forma mais eficiente de acompanhar a liberação dos valores é mantendo contato com o escritório de advocacia responsável pela ação. O beneficiário também pode realizar a consulta por meio da página do TRF (Tribunal Regional Federal) responsável pela localidade onde o processo foi iniciado. Veja abaixo como consultar: PRECATÓRIO E RPV | SAIBA ACOMPANHAR Quem processa um órgão público federal, como é o caso do INSS, e ganha a ação pode ter direito a atrasados. Os pagamentos são realizados por meio de precatórios ou de RPVs (Requisições de Pequeno Valor). Veja a diferença e como acompanhar: Precatório RPV Atrasados ficam esquecidos O QUE FAZER Quem processou um órgão público deve acompanhar o andamento do seu processo. A melhor forma de fazer isso é mantendo contato com o advogado do caso. Também é possível fazer a consulta diretamente à Justiça, no local de origem do processo, por meio do site do TRF (Tribunal Regional Federal) responsável pela vara ou juizado onde a ação foi iniciada. Confira: TRF da 1ª Região (www.trf1.jus.br) TRF da 2ª Região (www.trf2.jus.br) TRF da 3ª Região (www.trf3.jus.br) TRF da 4ª Região (www.trf4.jus.br) TRF da 5ª Região (www.trf5.jus.br) Faça a consulta Veja o exemplo do passo a passo de como fazer a consulta no site do TRF-3: Como saber se já foi pago? Fonte: Conselho da Justiça Federal Um dos principais líderes nacionais do PT, o senador Jaques Wagner (BA) afirma que o partido não desistiu de compor uma aliança eleitoral contra Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, mas que não vê como prosperar com Ciro Gomes, do PDT. Em entrevista à Folha, o petista, que assumiu a Comissão de Meio Ambiente do Senado, avalia que o grande número de militares em funções no governo revela a existência de um desvio de função e prega que o discurso ambiental é a frente ampla contra o negacionismo.  O PT insistirá em uma candidatura própria em 2022, mesmo diante do risco de uma alta rejeição favorecer Bolsonaro em um segundo turno? Assim como a nossa aprovação, que chegou a 80% na saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é eterna, a rejeição ao PT também não é. Ela vem diminuindo por pessoas que constatam que foi um equívoco apostar em um antipetismo mesmo votando no que está acontecendo no Brasil. Naquele segundo turno, era a tentativa dessas pessoas sonharem com a matriz dessa pergunta: ""É melhor apoiar o outro, porque aí a gente mata o PT e ele desaparece em 2022"". Nâo funciona assim. O PT tem raízes e contribuições. E é claro que tem erros. A gente nasceu há 41 anos com pessoas que não tinham ainda experiência em governo. E ganhamos a Presidência da República quatro vezes. Eu creio, mas não tenho bola de cristal, que ganharemos a quinta. Em nome de uma frente ampla, o PT está disposto a abrir mão de uma cabeça de chapa? Eu nunca digo não quando estou tentando construir uma aliança. Então, prefiro dizer: 'Vamos ver quem se apresenta'. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad teve 47 milhões de votos. Eu tenho governadores do Nordeste que têm uma pontuação muito boa, particularmente três: da Bahia [Rui Costa], do Piauí [Wellington Dias] e do Ceará [Camilo Santana]. Então, tenho quadros políticos que podem ser apresentados à sociedade. Você me diz: 'Poderia abrir mão?'. Sempre acho que poderá, vai depender da construção. Agora, se o lado de lá, particularmente um dos candidatos, critica o PT e tenta nos isolar, como depois acham que eu tenho de sair fora? Então, tudo bem, se estão isolando, mantenho a candidatura e vocês mantêm a de vocês, por isso que tem dois turnos. O candidato do PT será Fernando Haddad? Eu acho que isso não está definido. O Lula até publicou um tuíte sobre isso. Ele diz que nós temos um programa de reconstrução do país e temos quadros políticos. Então, vamos mostrar o nosso patrimônio. É assim que se faz, como os outros estão fazendo. Toda hora vemos declarações de possíveis candidatos de outros partidos. Na minha opinião, não é hora de bater martelo sobre esse tema. Que perfil de candidato o senhor defende? Se o Lula recuperar seu direito político, tenho de saber dele. Se ele estiver com vontade, acho que tem, dentro do PT ele seria natural. Se ele não recuperar, que eu espero que não aconteça, ou achar que é melhor ter outro nome, aí tem o Haddad. O Rui Costa, da Bahia, é um nome. E os governadores do Ceará e do Piauí também. Como há nomes em outros partidos. É óbvio que o nome do Flávio Dino [PC do B], como governador do Maranhão, é sempre um que circula. O Ciro Gomes [PDT], evidentemente, está colocado, mas ele está fazendo uma política de isolamento do PT, então, não vejo como prosperar. Um dos nomes citados como candidato da frente ampla é o apresentador Luciano Huck. Como apresentador, eu acho até interessante o programa dele. Eu preciso conhecer as ideias dele para saber se é uma candidatura. Não está impedido, mas eu gosto muito de cada qual em seu cada qual. Um belo cantor não necessariamente será um bom político. Como ex-ministro da Defesa, como analisa o aumento do número de militares no governo? Eu não tenho nenhum tipo de discriminação contra os militares, porque reconheço a sua boa formação. Mas também eles não foram formados para estarem em ministérios. Eles foram formados para integrarem as Forças Armadas e, em um país da nossa dimensão, garantirem a nossa soberania, independência e defesa. Então, não estou dizendo que este ou aquele não pode ser, mas, na minha opinião, há um desvio de função. Eles, na verdade, foram treinados porque nós entendemos que um país dessa dimensão tem de ter a segurança de fronteira, marítima e aérea. O exagero nesse crescimento causa essa disfunção. Você não manda médico ser mestre de obra. Nem mestre de obra exercer a função de padeiro ou de médico. O exemplo mais gritante é o do ministro da Saúde, que acaba enfrentando uma área que ele desconhece. Por tal, acaba tendo um desempenho ruim. Então, quem perde é o país. E, na minha opinião, perdem também as próprias Forças [Armadas], porque acaba que o mau desempenho desgasta a instituição. A instituição sairá com a imagem abalada depois do governo Bolsonaro? Não necessariamente. Não sei como vai acabar o governo Bolsonaro. Não sei se virá ou não virá impeachment. Pelo caminho que ele está tomando, eu só vejo coisa ruim pela frente, não estou vendo condução correta na economia. Se isso acontecer, é óbvio que vai ter respingo, apesar de que os comandos das Forças [Armadas] hoje tendem a não querer essa entrada na política. Como avaliou a postura do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas quando divulgou mensagem ao STF (Supremo Tribunal Federal) às vésperas do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018? Eu confesso que preferia não ter de comentar. Quem indicou o Villas Bôas para comandante fui eu. E quem aceitou, porque a prerrogativa é dela, foi a presidente Dilma Rousseff. Não fiz nenhum favor, me entregaram uma lista tríplice. Ele não era o primeiro e não havia uma obrigatoriedade. Mas, na lista que veio de lá, feita pelo Alto Comando, se não me engano, ele era o terceiro. Isso significa que era possível ele assumir. E tive uma ótima relação com ele. Eu não sei por que tomou essa atitude. E pior do que a atitude é a revelação, vou dizer assim, com prazer, para dizer que foram tutores da democracia brasileira. Eu acho descabida a primeira, a ação, e mais descabida ainda a propaganda dela. Decepcionou-se com o hoje general da reserva? Não, no tempo que ele estava prestando serviço à presidente Dilma, sempre tive uma relação boa. Mas essas revelações realmente me mostram ou que eu me enganei ou que ele mudou. No depoimento, o militar diz que a Comissão da Verdade foi vista como revanchismo. Nós somos aqueles países com dificuldade de encarar, ou alguns têm dificuldade em encarar, a história. Querer negar que houve tortura é, na minha opinião, uma burrice. Porque ela está aí com mortos e desaparecidos e esse foi um momento de um crime de Estado feito na conjuntura da Guerra Fria. A Guerra Fria acabou há mais de 30 anos e vamos continuar raciocinando como se o mundo fosse o da Guerra Fria? Querer transportar isso no tempo é um equívoco. Na minha opinião, não erramos em fazer a Comissão da Verdade. A intervenção na Petrobras, com a indicação de um general para o posto, é um golpe na agenda liberal do ministro Paulo Guedes? Eu não sei qual é a combinação que o presidente tem com o Paulo Guedes. Então, tenho dificuldade em responder a essa pergunta. Só quero registrar. O acionista majoritário dessa belíssima companhia que é orgulho nacional chama-se povo brasileiro, porque ela é majoritariamente do Estado brasileiro. E, goste ou não goste, o representante dos acionistas majoritários é o presidente. Portanto ele dizer que quer um caminho, não vejo, em si, nenhuma aberração. O que acho aberração é pegar uma empresa que é amplamente majoritária do Estado brasileiro e entender que ela não tem de respeitar nada do seu acionista majoritário. E simplesmente obedecer à chamada lei de mercado. Está errado isso. Não consigo ver nenhum crime nisso [na conduta de Bolsonaro]. A intervenção levou integrantes do mercado financeiro a comparar Bolsonaro a Dilma. Ela é muito melhor do que ele. O Brasil tem hoje condições de fazer parte de uma frente mundial de desenvolvimento ambiental? Nós saímos de líderes para párias. Nós fomos puxadores da fila em várias conferências mundiais até pelo grau de biodiversidade que nós temos no Brasil. E praticamente, de 2019 para cá, nós estamos excluídos de todas as mesas. Hoje, nós não seremos convidados a nada, mas como eu acredito também na diplomacia parlamentar, espero que consigamos reposicionar o Brasil para poder integrar esse esforço que está, inclusive, tardio. O discurso ambiental deve ser encampado pelo PT na próxima eleição? Não tenho dúvida. Na minha opinião, essa é a agenda central do planeta. A defesa do meio ambiente é a verdadeira frente ampla contra o negacionismo. RAIO X Jaques Wagner, 69 Senador pelo PT, foi deputado federal, governador da Bahia e ministro da Defesa e da Casa Civil de Dilma Rousseff e do Trabalho e das Relações Institucionais de Luiz Inácio Lula da Silva Os governadores do Maranhão e da Bahia protocolaram uma ação cível no STF (Supremo Tribunal Federal) em que pedem que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) remova ou corrija a postagem de 28 de fevereiro em sua conta no Twitter sobre repasses aos estados. No pedido, os representantes jurídicos dos governadores Flávio Dino (PCdoB) e Rui Costa (PT) classifcam as informações divulgadas pelo presidente como enganosas e fake news. ""Deve-se ressaltar que é prática contumaz e reiterada do atual Chefe do Poder Executivo Federal promover a desinformação como meio de manipular a opinião pública"", diz trecho da ação. No entendimento dos governadores, os valores repassados aos estados elencados pelo presidente estão distorcidos e a publicação desse tipo de informação pode gerar “interpretações equivocadas” e fomentar ""a instabilidade política, social e institucional”. A postagem de Bolsonaro resultou em atrito entre os governadores e o governo federal. A publicação dos valores, que englobam não só àqueles relacionados ao combate à pandemia, entenderam os governadores, teria sido uma forma do presidente repassar a eles a culpa pelos erros e omissões do executivo federal. “A tentativa do governo federal de se eximir de responsabilidades no combate à pandemia da covid-19 e de transferir todos os ônus e insucessos na busca de solução dos problemas para as administrações subnacionais promove erosão da credibilidade institucional perante a população e compromete a adesão social às políticas públicas de âmbito local e regional”, diz trecho da ação. Como mostrou o Painel, para tentar conter o avanço da pandemia, os governadores sugeriram ao ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, uma medida restritiva única para o todo o país. Eles foram avisado sobre a impossibilidade de se tomar a decisão uma vez que Jair Bolsonaro é contra as medidas restritivas. Em almoço nesta terça-feira (2), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação, no Orçamento, de uma megarrubrica para reunir todas as despesas orçamentárias destinadas ao combate da Covid-19 e pediu aos governadores ajuda para mobilizar suas bancadas e ampliar esse montante com emendas. Lira reuniu nesta terça governadores para debater soluções conjuntas para o enfrentamento da crise sanitária. Aos presentes o presidente da Câmara afirmou não que não é o momento de apontar ""os dedos uns contra os outros."" “É hora de nós todos nos unirmos para apontarmos a única coisa que importa, na única direção que importa: seringas, vacinas na direção dos braços dos brasileiros”, disse, em discurso distribuído à imprensa. No texto, Lira anuncia a criação de um fundo emergencial de combate à pandemia que seria uma “megarrubrica” orçamentária com a soma de todos os recursos relacionados à crise sanitária. “É o somatório de todas as despesas orçamentárias diluídas, que ficarão agora totalizadas numa contabilidade única, permitindo sabermos todas as despesas para o enfrentamento à Covid no Orçamento Geral da União”, disse. Segundo Lira, o fundo não extrapola o teto de gastos e reuniria, por exemplo, os valores destinados ao pagamento das próximas parcelas do auxílio emergencial, em números estimados. O líder do centrão pediu a governadores que mobilizem suas bancadas para que aloquem “novos recursos para algum novo programa ou para o reforço de algumas dessas rubricas” e para que convençam congressistas de seus estados “para que destinem parte ou quem sabe a totalidade de suas emendas” ao fundo. Além disso, sugeriu que qualquer excesso de arrecadação seja “prioritariamente alocado para essas rubricas que compõem esse fundo emergencial”. Apesar disso, lembrou que há outras fontes de recursos via “estatais, instituições financeiras estatais, bancos públicos que podem se somar a este esforço que não estão contabilizados aqui.” “O Brasil já tem problemas demais. E a política não pode ser mais um deles. A política tem de ser parte da solução”, afirmou. O presidente da Câmara propôs ainda a criação de um grupo com um governador por região, com representantes do governo federal e da Câmara dos Deputados e com a participação do Ministério da Saúde e do Ministério das Relações Exteriores para acompanhar a situação das vacinas e da pandemia. “Todo o nosso esforço é para que esses encaminhamentos sejam dados, com muita responsabilidade, calma e com harmonia, e para que todos nós tenhamos um único objetivo: em vez de tratarmos as coisas da discórdia, da disputa política, nas diferenças ideológicas, todos nós nos unamos neste momento para resolver o problema da vacinação”, disse, em pronunciamento ao fim do encontro. Lira chamou os governadores para a conversa neste sábado (27). Estiveram presencialmente os governadores de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM); Piauí, Wellington Dias (PT); Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); Amapá, Waldez Góes (PDT), e Pará, Helder Barbalho (MDB). Virtualmente, participariam os governadores de Amazonas, Wilson Lima (PSC); da Bahia, Rui Costa (PT); Ceará, Camilo Santana (PT); Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); Paraná, Ratinho Júnior (PSD); Paraíba, João Azevêdo (Cidadania); Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e de São Paulo, João Doria (PSDB) —que não compareceu. O aceno ocorre em meio a atritos entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por causa da adoção de medidas restritivas quando o Brasil enfrenta o seu pior momento na pandemia. Os governadores criticam campanha de Bolsonaro contra medidas restritivas e falam em insensatez e negacionismo. O encontro contou ainda com a participação da presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento), deputada Flávia Arruda (PL-DF), e o relator do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC). Arruda indicou que serão destinados R$ 12 bilhões em emendas individuais e R$ 2,5 bilhões do fundo emergencial para o combate à Covid para o enfrentamento da pandemia. Já Wellington Dias, do Piauí, afirmou que, na reunião, foi apresentado um cronograma que permitirá a vacinação de até 50 milhões de pessoas até o início de maio. Segundo ele, a cláusula que era tida como obstáculo para compra de vacinas da Pfizer foi superada numa reunião no domingo. O Governo de São Paulo cobrou do Ministério da Saúde o pagamento imediato de recursos que vão custear a manutenção de 5 mil leitos de UTIs (unidades de tratamento intensivo) para pacientes de Covid-19. O secretário de Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, enviou ofício nesta segunda (1º) ao ministro Eduardo Pazuello reforçando a habilitação dos mesmos, em face da ""gravíssima situação epidemiológica do estado"". No texto, ele reafirma sua ""preocupação com a perspectiva de esgotamento dos leitos"" de UTI em SP. Gorinchteyn também diz que apesar do governo estadual e dos municípios terem implementado ""número significativo"" de novos leitos, os gestores enfrentam ""grandes dificuldades na manutenção e financiamento"" agravados pelo fato de ""nenhum"" deles ser habilitado pelo ministério. Segundo o secretário, há um total de 5.112 mil leitos ativos funcionando e atendendo sem recursos federais. Ainda de acordo com o secretário, a habilitação imediata resultará em repasse mensal no valor de cerca de R$ 245 milhões. Além dos 5 mil de UTIs, a pasta também pede a habilitação de 809 leitos de suporte ventilatório pulmonar e 123 de UTI pediátrica. O documento reforça decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ela determinou, no sábado (27), ao ministério o custeio de UTIs para pacientes de Covid-19 nos estados da Bahia, do Maranhão e de São Paulo. Os governadores dos três estados recorreram ao Supremo para a retomada do repasse, suspenso que vinha em queda gradativamente em 2021 pelo governo federal. A decisão da ministra é de aplicação imediata. Ela tem caráter provisório e precisará ser confirmada pelo plenário da Corte. Não há previsão de data para essa providência. Em meio à pandemia, mais de dez estados criaram programas de auxílio emergencial complementares ao oferecido pelo governo federal. Os benefícios atingiram públicos distintos, de gestante e servidores públicos a membros de cooperativa de recicláveis. Dos que criaram auxílios, sete estados —Acre, Rondônia, Pará, Amapá, Amazonas, São Paulo e Alagoas— decidiram prorrogar a medida, implementada no início da pandemia, ou criaram novos auxílios neste ano. Enquanto isso, o programa implementado pelo governo federal foi encerrado em dezembro e, embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha anunciado a volta dos pagamentos a partir de março, Executivo e Legislativo ainda negociam um pacote de cortes de gastos para viabilizar a volta do benefício. Além das transferências de renda, outros governadores preferiram ampliar vale-alimentação, vale-gás e editais para setor artístico. Entre os maiores valores, o Acre criou um auxílio de R$ 420 mensais, chamado de Auxílio Temporário de Emergência em Saúde, para servidores da saúde e da segurança pública. O benefício atendeu 3.534 funcionários da saúde e 4.762 da área da segurança do estado entre maio e dezembro de 2020. No fim do ano, foi prorrogado por mais seis meses. Roraima e Rondônia criaram auxílios de R$ 200 mensais. O Cesta da Família atendeu 10 mil pessoas em Roraima, entre dezembro e março deste ano. Não há informação se será prorrogado. Já o AmpaRO contemplou 28 mil famílias entre julho e dezembro em Rondônia. Após um mês de interrupção, o benefício foi prorrogado até junho deste ano. O Amapá criou um auxílio, de R$ 120 mensais, chamado Cartão Renda Cidadã Emergencial. A meta é atender 31 mil pessoas entre os meses de março de 2020, quando começou a ser pago, até o fim da pandemia. O governo Romeu Zema (Novo) criou o Renda Minas, em parceria com a Caixa Econômica Federal, para complementar o auxílio do governo federal. Uma família com três pessoas cadastradas no CadÚnico poderia receber até três parcelas de R$ 117. Os pagamentos começaram em 13 de novembro de 2020 e foram encerrados em dezembro, sem prorrogação. Segundo o governo do estado, mais de 960 mil famílias foram atendidas, cerca de 2,5 milhões de pessoas beneficiadas. No Pará, o auxílio de R$ 100, cota única, foi criado dentro do Programa Renda Pará, que atendeu 909 mil famílias em dezembro de 2020. Outro auxílio, o Bora Belém, de até R$ 450 mensais por família residente na capital paraense, é realizado em parceria com a Prefeitura de Belém. Lançado em janeiro deste ano, o benefício deve atender 22 mil famílias em situação de vulnerabilidade social de Belém por até um ano, a partir de março de 2021. Em Alagoas, durante a pandemia, foi criado um programa permanente de transferência de renda para gestantes, famílias pobres e extremamente pobres com crianças na primeira infância (até os seis anos), no valor de R$ 100 mensais. Lançado no início de fevereiro, o Cartão Criança Alagoana começou a ser pago no dia 15 para 12 mil famílias. Até dezembro, a meta é chegue a 180 mil famílias. O governo do Maranhão lançou auxílio emergencial de R$ 400 para catadores autônomos, integrantes de cooperativas, associações e afins, que está na fase de edital. Também foram criadas medidas para amenizar impacto da pandemia como compra de diárias e refeições antecipadas no setor hoteleiro e de apresentações de artistas. No Paraná, o auxílio de R$ 50 mensais, até o limite de R$ 200 por família, foi criado por meio do Fecop (Fundo Estadual da Pobreza), com destinação de R$ 300 milhões. A medida atendeu 300 mil famílias entre os meses de março e agosto e não foi prorrogada. O Amazonas passou a oferecer R$ 200 mensais no chamado Cartão Social Auxílio Estadual. A meta é atender 100 mil famílias entre os meses de fevereiro e abril de 2021. O Rio de Janeiro não teve auxílio emergencial local em 2020, mas, na terça-feira (23), a Assembleia Legislativa do estado aprovou um benefício com validade até o fim do ano, o programa Supera Rio, que inclui também uma linha de crédito de até R$ 50 mil para microempreendedores e autônomos. O programa prevê auxílio mensal de R$ 200, mais R$ 50 por filho, limitado a R$ 300 no total. A lei, de autoria original do presidente da Casa, André Ceciliano (PT), ainda depende da sanção do governador Cláudio Castro (PSC). O governo do Rio diz que o objetivo é começar a pagar o auxílio estadual em abril, com recursos de fundos do estado, mas para isso é necessário a aprovação da proposta para desvinculação dos fundos que está na Assembleia. Ele será pago a pessoas com renda mensal igual ou inferior a R$ 178 e não pode ser acumulado com auxílios municipais ou federais ou outros programas governamentais. Cerca de 32% da população fluminense, ou 5,5 milhões de pessoas, recorreram ao auxílio emergencial federal. Durante a pandemia, o Estado ainda contou com recursos da lei Aldir Blanc, sancionada pelo governo federal para ajudar profissionais do setor artístico. Segundo dados do governo do Rio, o Estado repassou R$ 104,7 milhões, sendo R$ 5,1 milhões em renda emergencial da Cultura. Foram pagos 1.699 profissionais e outros 2.369 projetos. O governo de São Paulo anunciou na segunda-feira (22) uma proposta de reformulação do programa Frente de Trabalho, com o aumento do valor da bolsa de R$ 330 para R$ 450 em até cinco parcelas, a partir de 1º de maio. Serão oferecidas 70 mil bolsas-auxílio e qualificação online para a população desempregada do estado. Em 2020, no antigo formato, foram ofertadas 10.520 vagas no Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado. A ampliação faz parte de um conjunto de iniciativas de auxílio que têm como contrapartida a qualificação profissional dos inscritos. Outra iniciativa apresentada pelo governo foi a abertura de 30 mil vagas até o final do ano para o Bolsa-Auxílio do programa Via Rápida. Os estudantes que se inscreverem nos cursos de qualificação receberão uma bolsa única de R$ 210 como ajuda de custo no transporte e alimentação. Já governos de três dos estados mais populosos do Nordeste preferiram estender auxílio alimentação ou gás já existentes ou reforçar editais do meio artístico. Pernambuco criou apenas uma espécie de auxílio emergencial por meio de edital para atender 450 artistas e agremiações carnavalescas do estado. O valor total investido é de R$ 3 milhões. Bahia concedeu um vale-alimentação estudantil no valor de R$ 55 pago em quatro parcelas. O benefício foi ofertado aos 776.458 estudantes da rede pública estadual em 2020. O total investido foi R$ 176 milhões. O governo do Ceará antecipou no ano passado os pagamentos do Cartão Mais Infância, benefício social concedido a famílias em vulnerabilidade com crianças entre 0 e 5 anos, do fim do mês para a primeira quinzena. Houve também auxílio financeiro para os profissionais do setor de eventos no valor de R$ 1.000 em duas parcelas de R$ 500, parcelamento das dívidas de ICMS em até 60 meses e isenção de IPVA 2021 para veículos registrados em nome de empresas de eventos. Foi concedido vale-gás social a 246 mil famílias e pagamento da conta de energia e água de outras 377 mil. Governadores de 16 estados divulgaram carta na manhã desta segunda-feira (1º) em resposta a publicações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao longo do fim de semana que procuraram jogar para os estados a culpa pelo Brasil atravessar o pior momento da pandemia de Covid-19, com aumento de números de casos e mortes e escassez de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva). Assinam a carta inclusive aliados de Bolsonaro como o governador interino do Rio, Cláudio Castro (PSC), e os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). ""Mais uma vez, o governo federal utiliza instrumentos de comunicação oficial, bancados por gastos públicos, para produzir informação distorcida, gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais"", diz a carta dos governadores. Eles fazem referência a publicações do presidente e de auxiliares, como o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que no domingo (28) divulgaram valores que teriam sido repassados a cada estado em 2020, insinuando que os recursos não foram bem utilizados. ""Em meio a uma pandemia mundial de proporção talvez inédita na história e a uma gravíssima crise econômica e social, a prioridade parece ser criar confrontos, construir imagens maniqueístas e minar ainda mais a cooperação federativa essencial aos interesses da população"", seguem os governadores na carta. No texto, os autores dizem que a Constituição estabelece receitas e obrigações a todos os entes federativos. Eles afirmam que boa parte dos impostos federais pertence a estados e municípios, ""em nenhum caso por um favor dos ocupantes dos cargos de chefe do respectivo Poder Executivo e sim por expresso mandamento constitucional"". Os missivistas dizem que a postagem contabiliza majoritariamente valores que, por obrigação constitucional, pertencem a estados e municípios, citando FPE (Fundo de Participação dos Estados), FPM (Fundo de Participação dos Municípios), Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), SUS e royalties. Eles dizem que o governo Bolsonaro trata estes repasses como se fosse uma concessão política de sua gestão. ""Semelhante absurdo seria se cada governador publicasse valores de ICMS e IPVA pertencentes a cada cidade tratando-os como uma aplicação de recursos nos municípios por sua decisão individual"", diz trecho da carta. Os governadores afirmam que também são utilizados valores repassados para auxílio emergencial, suspensões de pagamentos de dívida federal por acordos e decisões judiciais anteriores à pandemia de Covid-19. ""Quanto às reposições das perdas de arrecadação estadual e municipal, outra iniciativa liderada pelo Congresso Nacional, foram amplamente praticadas em outros países, pelo simples fato de que apenas o governo federal apresenta meios de extensão extraordinária de seu Orçamento pela via da dívida pública ou dos mecanismos monetários e, sem esses suportes, as atividades corriqueiras dos estados e municípios (como Educação, Segurança, demais estruturas de atendimento da Saúde, Justiça, dentre outras) ficariam inviabilizadas."" Os chefes dos Executivos estaduais seguem dizendo que os recursos efetivamente repassados para saúde, ""parcela absolutamente minoritária dentro do montante publicado"", são todos fiscalizados pelos instrumentos de auditoria de repasses federais como estruturas do governo federal e TCU (Tribunal de Contas da União). ""Adotando o padrão de comportamento do presidente da República, caberia aos estados esclarecer à população que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todos [os] estados, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado hoje [domingo], somam R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada estado brasileiro pagaram à União em 2020?"" Os governadores encerram a carta afirmando que não buscam resposta para esta pergunta, mas um entendimento de que ""a linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia e muito menos permitirá um caminho de progresso para o país"". ""A contenção de aglomerações preservando ao máximo a atividade econômica, o respeito à ciência e a máxima agilidade na vacinação constituem o cardápio que deveria estar sendo praticado de forma coordenada pela União, pois são o conjunto que busca a proteção à vida, o primeiro direito universal de cada ser humano. É nessa direção que nossos esforços e energia devem estar dedicados"", encerra a carta. O texto também é assinado pelos governadores de AL, AP, CE, ES, MA, PA, PB, PE, PI, RN, RS, SP e SE. Tão logo a carta foi divulgada, Fábio Faria voltou às redes sociais para rebater as acusações feitas pelos governadores. ""Os valores de repasses do Governo para os estados estão 100% corretos"", disse Faria listando links. ""Os valores estão claramente discriminados nas publicações e são referentes a todos os repasses para os estados: diretos (da União para os entes) e indiretos, como benefícios ao cidadão (Auxílio, Bolsa etc.) e suspensão de dívida. Não há o que contestar, não se briga com números"", afirmou o ministro. Bolsonaro não fez menção à carta, mas comentou os repasses aos estados ao ser abordado por um apoiador no Palácio da Alvorada. Segundo vídeo gravado e publicado por um canal de internet bolsonarista, um homem agradeceu ao presidente pelo dinheiro destinado ao Amazonas, primeiro estado a colapsar em 2021. ""Não faltou dinheiro. Na ponta da linha, eles têm que resolver o problema"", afirmou. No sábado (27), o presidente da Câmara Arhtur Lira (PP-AL), divulgou em uma rede social que pretende reunir virtualmente os governadores para discutir questões relacionadas à pandemia diante do recrudescimento de casos e mortes por Covid-19. O aceno ocorreu um dia depois de os chefes de Executivo dos estados começarem a ser mais atacados por Bolsonaro por causa da adoção de medidas restritivas quando o Brasil enfrenta o seu pior momento na pandemia. No início da tarde desta segunda, após a divulgação da carta, a assessoria de imprensa do presidente da Câmara informou que o encontro com os governadores será presencial, em um almoço na residência oficial, nesta terça-feira (2). No domingo, uma decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou ao Ministério da Saúde o custeio de UTIs para pacientes de Covid-19 nos estados da Bahia, do Maranhão e de São Paulo. Horas depois, ainda no domingo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em reunião no Palácio do Alvorada que o pagamento será retomado. Após decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), que obriga o retorno do financiamento de leitos de UTI (unidade de tratamento intensivo) em três estados, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em reunião no Palácio do Alvorada, na noite de domingo (28), que o pagamento será retomado. ""Falamos a respeito da questão dos leitos de UTI, desta questão dos estados que o Ministério da Saúde precisa pagar os estados. Só estava faltando a medida provisória para liberar o recurso, então, o ministro Pazuello disse que este problema também será resolvido"", afirmou à Folha o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Segundo Pacheco, o ministro confirmou que as demandas ""são obrigações do Ministério da Saúde"" que serão cumpridas. Mais cedo, uma decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou ao Ministério da Saúde o custeio de UTIs para pacientes de Covid-19 nos estados da Bahia, do Maranhão e de São Paulo. Os governadores dos três estados recorreram ao Supremo para a retomada do repasse, que vinha em queda gradativamente em 2021 pelo governo federal. O problema, porém, vinha se estendendo em todo o país. Dados divulgados pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) mostram que, em dezembro de 2020, 12.003 leitos de UTI habilitados pelo Ministério da Saúde —ou seja, que contavam com financiamento federal. Em janeiro de 2021, esse número reduziu para 7.017, e em fevereiro fechará com apenas 3.187. A habilitação prevê repasse de verba para custos com profissionais, equipamentos e insumos para manutenção do funcionamento dessas vagas de internação no SUS (Sistema Único de Saúde). O valor repassado é de R$ 1.600 por dia, pago por três meses, podendo ser renovado a pedido. Neste ano, porém, a falta de renovação fez reduzir o número de leitos financiados. Na ação, o estado de São Paulo, por exemplo, cita que o Ministério da Saúde pagava 3.822 leitos de UTI até o último ano, número que caiu para 564 leitos neste ano. No Maranhão, não há mais leitos custeados pelo governo federal. Em nota divulgada após a decisão do STF, o Ministério da Saúde negou ter havido suspensão do pagamento de leitos e disse que ""pagamentos têm sido feitos conforme demanda e credenciamento dos governos dos estados"". Diz ainda que deve usar R$ 2,8 bilhões que foram solicitados ao Ministério da Economia e liberados por meio de medida provisória na última quinta para custeio dos leitos, com pagamento retroativo a janeiro. Embora negue a suspensão do financiamento, a pasta deixa de informar na nota, porém, que parou de habilitar e prorrogar o pagamento dos leitos nos últimos dois meses, como vinha fazendo até o ano passado quando encerrado o prazo de 90 dias —o que levou a uma queda brusca no total daqueles que recebem recursos federais. Ainda na nota, o ministério diz que ""o pedido feito à nobre ministra é injusto e desnecessário, uma vez que o SUS vem cumprindo com as suas obrigações"". Para isso, a pasta cita como exemplo um acordo feito na quinta com estados e municípios sobre um novo modelo de financiamento dos leitos. Pelo acordo, o valor previsto para custeio dos leitos deve ser mantido em R$ 1.600, mas o pagamento agora passará a ser mensal. Ainda de acordo com o ministério, os leitos não precisarão mais de prorrogação e ""poderão seguir operando até o final da pandemia"". ""Cabe, portanto, a cada governo fazer a sua parte"", completa a pasta, em nota. Secretários de saúde, no entanto, frisam que a portaria que deve definir esse novo modelo ainda não foi publicada e que, com isso, a medida ainda não está vigor. Na reunião desta noite, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu no Palácio da Alvorada também o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e os ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). No encontro, divulgado por uma foto nas redes sociais de Bolsonaro, Pazuello também apresentou um cronograma de entrega de vacinas contra a Covid-19, segundo relatou Pacheco. Nos últimos dias, a baixa oferta de doses levou capitais de diferentes estados a suspenderem temporariamente suas campanhas de vacinação —retomadas nesta semana ainda em meio a insegurança dos estados sobre o volume de doses. A previsão apresentada pelo ministro é de entregar mais 25 milhões de doses de vacinas em março e 45 milhões em abril. O valor corresponde a doses da vacina de Oxford, que tem sido importada pela Fiocruz até a produção das primeiras doses no Brasil, e Coronavac, do Butantan. Nesta semana, a pasta fechou um contrato para obter 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. O imunizante, no entanto, ainda não teve dados de eficácia divulgados e não entrou com pedido de registro ou uso emergencial na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). ""As pessoas estão ficando desesperançosas e a gente precisa dar esperança para o povo brasileiro. Obviamente nós precisamos efetivar, entregar"", afirmou o presidente do Senado. Pacheco disse ter citado no encontro a possibilidade de acordo com a Pfizer e Janssen. Atualmente, o Congresso discute um projeto de autoria do senador que permite que União, estados e municípios sejam autorizados a ""constituir garantias"" e contratar seguros para eventuais riscos para destravar a compra da Pfizer. Segundo Pacheco, na reunião, membros do governo sinalizaram que devem apoiar o projeto, que prevê também a possibilidade de compra de vacinas pela iniciativa privada. ""O sentimento geral de todos os ministros, do presidente Arthur [Lira], do presidente Bolsonaro é o sentimento de que o projeto tem bom mérito em relação a esta autorização para a União contratar com aquelas cláusulas de responsabilidade e também a possibilidade de a iniciativa privada adquirir com doação de 100% para o SUS"", disse o presidente do Senado. Bolsonaro, porém, não comentou se o governo pode fechar acordo com a Pfizer caso a medida seja aprovada. ""Falei que era importante a gente evoluir nisso. Essas cláusulas são uniformes da Pfizer e da Janssen e o que precisava, que é a autorização para que o governo adquira assumindo essas cláusulas, está neste projeto nosso que, se votado na Câmara e sancionado já vai dar segurança jurídica para o governo federal e para a própria iniciativa privada também"", afirmou o senador. A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou ao Ministério da Saúde o custeio de UTIs (unidades de tratamento intensivo) para pacientes de Covid-19 nos estados da Bahia, do Maranhão e de São Paulo. Os governadores dos três estados recorreram ao Supremo para a retomada do repasse, suspenso que vinha em queda gradativamente em 2021 pelo governo federal. A decisão de Rosa, deste sábado (27), é de aplicação imediata. Ela tem caráter provisório e precisará ser confirmada pelo plenário da Corte. Não há previsão de data para essa providência. O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) fez alerta recente da diminuição de leitos custeados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em dezembro de 2020, segundo o conselho, 12.003 unidades contavam com o financiamento do Ministério da Saúde para sua manutenção. Em janeiro de 2021, esse número reduziu para 7.017 e em fevereiro fechará com apenas 3.187. A ministra determinou ainda que, dentro de cinco dias, as três administrações estaduais juntem aos autos dos processos os protocolos trocados com a pasta da Saúde sobre a renovação ou novas propostas de habilitação de leitos de UTI. A habilitação prevê repasse de verba para custos com profissionais, equipamentos e insumos para manutenção do funcionamentos dessas vagas de internação no SUS (Sistema Único de Saúde). Entre outros argumentos, os recursos enviados pelos governos locais afirmaram ser responsabilidade da União zelar pela saúde da população. O custo diário de uma UTI destinada aos doentes da Covid-19 é, em média, R$ 1,6 mil. No caso de São Paulo, por exemplo, segundo o governo estadual, o Ministério da Saúde pagava 3.822 leitos de UTI, mas passou a bancar o funcionamento de somente 564 leitos neste ano. ""É uma grande vitória porque traz luz à gestão sanitária em um momento de severo aumento de internações"", afirmou a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) de São Paulo em comunicado sobre o assunto. Para Carlos Lula, secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass, a decisão do Supremo ""é importante por ser pedagógica"". ""Diferente do que faz crer o presidente, os recursos para o combate à pandemia não são nenhuma dádiva ou favor aos estados. Antes disso, são direitos. Ele, portanto, tem o dever de realizar o financiamento adequado dos leitos de UTI no SUS. O que temos a lamentar é ter de ir à Justiça para que se reconheça algo tão óbvio. Que o governo federal não mais incorra nesse tipo de ilegalidade. Porque não se trata de uma disputa de atores políticos, mas da vida de pessoas"", disse. Segundo ele, o Conass deve agendar uma assembleia extraordinária com os secretários de saúde para discutir a decisão. Há algumas semanas, levantamento feito pela entidade e divulgado pela Folha mostrou que, caso não houvesse mudança no cenário, o número de leitos de UTI contra Covid que recebem recursos federais poderia chegar a zero em 21 de março. Em nota, o Ministério da Saúde nega ter havido suspensão do pagamento de leitos e diz que ""pagamentos têm sido feitos conforme demanda e credenciamento dos governos dos estados"". A pasta deixa de informar na nota, porém, que parou de renovar o financiamento desses leitos, como vinha fazendo até o ano passado quando encerrado o prazo de 90 dias —o que levou a uma queda brusca no total daqueles que recebem recursos federais. Em janeiro, a pasta solicitou R$ 5,2 bilhões ao Ministério da Economia em recursos extras para a Covid, sobretudo para pagamento de leitos —valor que foi revisto para R$ 2,8 bilhões em fevereiro, considerando a possibilidade de aprovação do orçamento. Segundo o ministério, o recurso, liberado em Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na última quinta (25), ""será repassado aos estados demandantes para pagamento de leitos em uso desde o mês de janeiro pelas unidades federadas"". Ainda em nota, a pasta diz ainda que ""o pedido feito à nobre ministra é injusto e desnecessário, uma vez que o SUS vem cumprindo com as suas obrigações"". Para isso, a pasta cita como exemplo um acordo feito na quinta com estados e municípios sobre um novo modelo de financiamento dos leitos. Pelo acordo, o valor previsto para custeio dos leitos deve ser mantido em R$ 1.600, mas o pagamento agora passará a ser mensal. Até então, o custeio era feito por três meses, sendo renovado em seguida. Ainda de acordo com o ministério, os leitos não precisarão mais de prorrogação e ""poderão seguir operando até o final da pandemia"". ""Cabe, portanto, a cada governo fazer a sua parte"", completa a pasta, em nota. Segundo Lula, porém, a medida ainda precisa ser publicada como portaria para passar a valer --o que depende agora do Ministério da Saúde. Na nota, o ministério também deixa de informar que a proposta da última quinta difere da primeira sugestão da pasta. Inicialmente, o ministério chegou a sugerir que o custeio fosse limitado apenas aos leitos utilizados, e na forma de reembolso. Gestores, porém, alegavam que o recurso fixo e antecipado é necessário para manter os leitos abertos e para custeio de equipes, uma vez que o valor mensal gasto com esses leitos já seria maior do que o financiado pela pasta --em torno de R$ 2.500. Apontaram ainda que uma eventual queda no custeio trazia risco de fechamento desses leitos em pelo agravamento da epidemia da Covid no país. Em boletim divulgado na sexta-feira (26), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) afirmou que o SUS enfrenta nos últimos dias o momento mais crítico em toda a pandemia, com ocupação de mais de 80% dos leitos de UTI em pelo menos 17 capitais do país. No início de fevereiro, o governador João Doria (PSDB) afirmou que iria ao STF caso o Ministério da Saúde não estabelecesse prazo para habilitar os leitos de internação para Covid-19 no estado que deixaram de ser custeados pela União. Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinechteyn, o estado havia enviado ""reiterados ofícios"" à pasta do ministro Eduardo Pazuello solicitando posicionamento do governo federal a cerca da habilitação desses leitos, mas não obteve resposta. ""Não podemos esperar. A pandemia é devastadora"", disse. O secretário ainda afirmou que outros estados também tiveram a mesma redução na disponibilidade de vagas custeadas pelo governo federal. No caso do Maranhão, segundo a administração do governador Flávio Dino (PCdoB), o Ministério da Saúde havia habilitado 216 (duzentos e dezesseis) leitos exclusivos para Covid-19 em 2020, sendo todos desabilitados em dezembro de 2020. Em razão, disse ao STF a assessoria jurídica de Dino, foi solicitado ao governo federal a habilitação imediata de 119 leitos, sendo que tal requerimento foi recusado pelo Ministério da Saúde. Foi reiterado o pedido e não atendido até sexta-feira (26). A Bahia informou ao Supremo que pediu a habilitação de 309 leitos na gestão estadual e mais 153 leitos na gestão de hospitais municipais, “sendo que tal solicitação, apesar de aprovada, aguarda portaria de habilitação pelo Ministério da Saúde”. “O Estado da Bahia solicitou imediata habilitação de leitos e prorrogações de leitos outrora habilitados, e, até o presente momento, não foi aprovada pelo Ministério da Saúde”, afirmou a procuradoria do estado comandado pelo petista Rui Costa. Em Brasília, onde a taxa chegou a 98%, passaram a valer neste domingo (28) as medidas restritivas para o enfrentamento à Covid-19. O decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) tem validade até o dia 15 de março Pressionado por setores econômicos, Ibaneis recuou no sábado e autorizou uma série de atividades a abrirem as portas, incluindo todo o segmento da construção civil, cartórios, hotéis, papelarias, bancas de jornal e até mesmo escritórios de profissionais autônomos, como os de advocacia e contabilidade. Ainda assim, empresários e comerciantes protestaram na porta da casa do governador na manhã deste domingo, inclusive fechando uma via que dá acesso ao local. Os manifestantes levaram faixas com frases como ""Ibaneis paga minhas contas"" e ""Não suportamos outro lockdown"". No início da tarde, Bolsonaro compartilhou um vídeo da manifestação em uma de suas redes sociais e escreveu: ""Queremos trabalhar."" O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou na manhã desta sexta-feira (26) que não vai desistir diante das dificuldades e dos ataques sofridos. Sem mencionar nomes, ele também fustigou governadores e afirmou que aqueles que propagam a política do ""fiquem em casa"" é que devem bancar o auxílio emergencial para a população. “Não reclamo das dificuldades. Sofro ataques 24 horas por dia. Mas entre esses que atacam e vocês, vocês estão muito na frente. Não me vão fazer desistir porque, afinal de contas, eu sou imbrochável”, discursou durante inauguração de trecho da BR-222, no município de Tianguá. O presidente criticou medidas restritivas de combate à pandemia que estão sendo adotadas por governadores. “Tenho prazer grande de ficar no meio de vocês. Queria dizer a esses políticos do Executivo que o que eu mais escuto é: ‘Presidente, quero trabalhar’.” Em 1991, o então presidente Fernando Collor de Mello usou expressão semelhante a utilizada por Bolsonaro, nesta sexta. Em uma solenidade na cidade de Juazeiro do Norte, também no Ceará, o agora senador disse que que tinha nascido com ""aquilo roxo"". ""Não nasci com medo de assombração, não tenho medo de cara feia. Isso o meu pai já me dizia desde pequeno, que havia nascido com aquilo roxo, e tenho mesmo, para enfrentar todos aqueles que querem conspirar contra o processo democrático"", declarou Collor na ocasião. Após ser aclamado com gritos de ""mito"", Bolsonaro declarou que a população não consegue mais ficar em casa. “O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem. Vão para o meio do povo, mesmo depois da eleições”, discursou. Ele deixou o local sem falar com a imprensa. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), não participou do evento sob a justificativa de que o ato geraria aglomerações. “Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero grande equívoco”, postou nas redes sociais. A visita do presidente gerou aglomerações. Sem máscara, Bolsonaro abraçou apoiadores. A obra de Travessia Urbana de Tianguá, que inclui duplicação de seis quilômetros da BR-222 na Serra da Ibiapaba, foi iniciada em 2011, porém, devido a escândalos envolvendo a construtora Delta, o contrato foi rescindido. Ocorreram duas outras licitações e novamente o projeto foi paralisado. O trecho inaugurado liga Tianguá a Fortaleza, ao Piauí, ao Maranhão e a estados da região Norte do país. O investimento total para a finalização dessa obra será de R$ 66,1 milhões. Mais tarde, em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, o presidente voltou a atacar governadores que adotam medidas restritivas de combate ao novo coronavírus. ""A pandemia nos atrapalhou bastante, mas venceremos este mal. O que o povo mais pede é para trabalhar. Essa politicalha do 'fiquem em casa' não deu certo e não vai dar certo”. Bolsonaro disse que a população tem que cobrar auxílio dos governadores que querem que o povo não trabalhe por causa da pandemia. “Governador que fechar o seu estado, que destrói empregos, é que deve bancar o auxílio. Não pode continuar fazendo política e jogar no colo do presidente essa responsabilidade”, discursou. Ele saiu novamente sem responder aos questionamentos da imprensa. Pela manhã, em Fortaleza, médicos realizaram protesto contra a visita do presidente. ""Fora, Bolsonaro"", “Bolsonaro não é bem-vindo aqui” e “SUS salva, ele não” foram algumas das frases que estampavam os cartazes durante manifestação, na praia de Iracema. O evento foi organizado pelo grupo “Médicos em Defesa da Vida, da Ciência e do SUS”. “Estamos aqui para dizer que o Bolsonaro não é bem-vindo para aglomerar, para pregar o não uso de máscaras e jogar contra quem está tentando mitigar essa pandemia. Isso é um acinte a quem está trabalhando na linha de frente”, desabafou a médica Elodie Hippolyto. Além de cartazes, bonecos e túmulos representando os 250 mil mortos pela Covid-19 tomavam conta da faixa de areia próxima à estátua de Iracema, um dos principais pontos turísticos da capital cearense. Uma das ativistas, a médica Liduina Rocha, 52, atribui a Bolsonaro a responsabilidade pelas 250 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus no país e cobra urgência na distribuição de vacinas. “Priorizar tratamento precoce que não tem embasamento científico e negligenciar o Programa Nacional de Imunização e Vacinas para todos são determinantes para que mais brasileiros e brasileiras morram”, disse. Por volta das 16h30, Bolsonaro fez uma visita técnica às obras de duplicação do trecho de 24km da BR-222, na Grande Fortaleza. O serviço, orçado em R$182 mi, tem o objetivo de melhorar a conexão entre o município de Caucaia e os portos do Mucuripe, Pecém e Complexo Industrial de Maracanaú. O empreendimento, realizado pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), é estratégico para comportar o tráfego intenso de veículos, além de favorecer o escoamento de cargas e beneficiar a região metropolitana da capital cearense. Com aval do Ministério da Economia, foi apresentada uma proposta ao Senado que desobriga o governo a ajudar, por meio de um programa de financiamento, estados e municípios a pagarem precatórios (dívidas judiciais a empresas e pessoas físicas). Representantes de prefeituras e governos estaduais tentam derrubar essa medida no Congresso, pois argumentam que, sem o apoio financeiro da União, não conseguirão quitar esses débitos —que somam mais de R$ 100 bilhões— até 2024, prazo determinado na Constituição. A estratégia do governo inclui encerrar uma disputa no STF (Supremo Tribunal Federal) que discute se houve ou não omissão da União ao deixar de criar a linha de financiamento prevista desde o fim de 2016. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que deve ser votada na próxima semana pelo Senado, prevê mecanismos para controlar o aumento de despesas, cria a base para uma nova rodada do auxílio emergencial e, no meio do texto, foi incluído um dispositivo para acabar com a determinação de uma linha de crédito para estados e municípios. Em 2019, a equipe econômica chegou a abrir uma mesa de negociações para alongar o prazo dado à quitação dos precatórios —de 2024 para 2028. Em troca, o Congresso derrubaria o trecho da Constituição que obriga a União a criar um programa de financiamento que facilite o pagamento dessas dívidas dos estados e municípios. A versão em debate no Senado, porém, não estende o prazo. Apenas exclui o artigo que previa, no fim de 2016, um período para que a União lançasse a linha de crédito. ""Os municípios devem cerca de R$ 40 bilhões em precatórios. Não vamos conseguir cumprir esse prazo de 2024 sem o suporte financeiro. Nesse momento, nos parece importante quitar esses precatórios até para ajudar na retomada da atividade econômica. É dinheiro que circula"", disse o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Glademir Aroldi. Rafael Fonteles, presidente do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda) e secretário de Fazenda do Piauí, afirmou também que, ""sem o crédito, os estados não têm como bancar os precatórios"". O fim da obrigação de criar um programa de apoio aos estados e municípios para a quitação desses débitos não estava na versão original da PEC, enviada pelo governo em 2019. A medida foi incluída pelo relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC). Nas negociações com prefeitos e governadores, o governo tem afirmado que não tem condições de arcar com esses custos, principalmente após o aumento de despesas federais diante da pandemia da Covid-19, e que tem dado apoio financeiro aos entes, como a criação do programa de socorro aos estados e municípios no ano passado. Representantes desses entes, por outro lado, insistem na necessidade do crédito e propõem como garantia recursos do FPM e FPE (fundos de repasses de recursos da União para estados e municípios). No processo no STF, a União argumenta que o período de seis meses previsto na Constituição, por meio de emenda do fim de 2016, para que a linha de financiamento seja criada só começa a contar a partir do fim de 2024, pois o programa de ajuda a estados e municípios é o último recurso. O governo diz ainda que esse programa de financiamento pode ter um impacto fiscal de mais de R$ 100 bilhões aos cofres públicos. Isso pressionaria ainda mais o Orçamento num momento em que o Ministério da Economia tenta ajustar as contas. A ação na corte é movida pelo DEM, e tem apoio de entidades que representam prefeituras e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Estados e municípios afirmam que a União deveria ter criado o programa até junho de 2017, seis meses após a emenda constitucional que deu o prazo para quitação dos precatórios desses entes até 2024. Em 2019, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, concedeu liminar para que a União destine mais de R$ 60 milhões para que o Maranhão possa quitar precatórios vencidos. Porém, pedidos semelhantes de outros estados já foram barrados na corte, por exemplo, por Celso de Mello e Luís Roberto Barroso. A proposta de Bittar, com apoio do governo, precisa ser aprovada pelo Senado e pela Câmara ainda. Só então a União ficaria desobrigada a criar a linha de financiamento. O relatório também apresentou uma mudança em caso de o governo estourar o teto de gastos, regra que impede o crescimento das despesas acima da inflação do ano anterior. O texto em discussão no Senado abre uma brecha para que reajustes a servidores públicos sejam concedidos mesmo em caso de estouro do teto. O projeto permite essa benesse se o aumento salarial foi concedido antes do rompimento do limite de despesas. O governo, no entanto, afirma que não há previsão de estouro do teto de gastos para os próximos anos. Conta ainda com as medidas da PEC Emergencial para evitar o descumprimento do limite. Por falta de acordo político, o Senado adiou a votação da PEC nesta quinta-feira (25). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que espera votar os dois turnos da PEC Emergencial na próxima semana. Depois, a proposta ainda tem de seguir para a Câmara. O ponto mais polêmico é o trecho que acaba com o gasto mínimo para saúde e educação pela União, estados e municípios. A CNM e o governadores já se posicionaram contra a proposta. Em 7 das 27 unidades federativas do Brasil o pico de mortes por Covid-19 em 2021 já superou o ponto mais alto da pandemia em 2020. Em Roraima, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e Amazonas, a semana mais letal deste ano soma mais mortes que a pior do ano passado. Nesta quarta (24), o Brasil ultrapassou a marca de 250 mil mortes por Covid-19. Embora não haja consenso entre especialistas se o Brasil vive uma segunda onda da pandemia ou apenas um repique da primeira, em quase todos os estados o número de mortes voltou a crescer após um período de queda. No Amazonas, onde esse fenômeno é mais expressivo, a semana com mais óbitos, no fim de janeiro, teve mais que o dobro de mortes daquela em que mais morreram pessoas em 2020: 149 e 66, em média, por dia, respectivamente. O estado, que enfrentou grave colapso do sistema de saúde em abril do ano passado e em janeiro deste ano, é um caso incomum. São poucas as regiões que foram epicentro de casos e mortes no início de 2020, passaram por período de queda constante e viram novamente a situação piorar. Estados como Ceará, Pernambuco, Pará e Maranhão, que viveram situações muito graves já no início da pandemia e passaram por longo período com mortes em queda, hoje têm um cenário mais brando, com números ainda distantes do pico da primeira fase —ainda que com crescimento. Já Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que viram o ritmo de contaminação acelerar mais tardiamente, já em meados do ano passado, e tiveram períodos mais curtos de desaceleração, agora vivem uma disparada de mortes. No caso desses três últimos estados, a nova alta de infecções, segundo epidemiologistas, pode indicar mais um repique que propriamente uma segunda onda da doença. Cientistas ainda não sabem ao certo quanto tempo dura a imunidade de pessoas que tiveram a Covid-19 e se curaram, e há casos de reinfecção comprovados, embora raros. Especula-se, porém, que o corpo apresente menor resistência a novas variantes, o que pode ajudar a explicar o que ocorreu com britânicos e amazonenses. No Reino Unido, assim como no Amazonas, a segunda fase foi mais grave que a primeira. Isso ocorreu em todas as regiões do país —incluindo a região de Londres, onde os casos se concentraram no início da pandemia. Assim como ocorre no estado brasileiro, os britânicos enfrentam uma nova variante do coronavírus, com maior poder de disseminação. Para efeito de comparação, o estado americano de Nova York e a região da Lombardia, na Itália, foram os locais mais afetados pelo coronavírus nos EUA e na Europa no início da primeira onda, entre março e abril do ano passado. Desde o fim de 2020, casos e mortes voltaram a crescer nas duas localidades, mas não chegaram aos patamares do ano passado. A semana com pico de mortes na região italiana, por exemplo, teve menos da metade dos óbitos observados no pior período da pandemia, em março. Já em Nova York, o pico da segunda onda equivale a 15% das mortes observadas no pico da primeira. No Brasil, em quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina) a atual fase da pandemia tem números que se aproximam, mas ainda não superam aqueles registrados no período mais crítico de 2020. No Rio, embora as mortes apresentem tendência de queda, há alta no número de casos, e é possível que haja nova subida de óbitos. Já Santa Catarina, São Paulo e Bahia passam por período de crescimento de óbitos e infectados. Nos dois últimos estados, onde já foram detectados casos da nova variante do Amazonas, foi decretado toque de recolher à noite como tentativa de frear a evolução da epidemia. No último mês, em todo o Brasil, morreram mais de mil pessoas por dia, em média. Logo após a autorização dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que estados e municípios importem vacinas contra a Covid-19, alguns Executivos locais já iniciaram as articulações para adquirir os imunizantes. Segundo a decisão do STF de terça-feira (23), porém, a negociação dos governos locais com os laboratórios só pode ocorrer se o governo federal descumprir o Plano Nacional de Vacinação ou se a programação da União não for suficiente para imunizar a população de determinada região. Além disso, para que a compra seja destravada é necessária a aprovação de projeto de lei de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em votação nesta quarta-feira (24), que autoriza estados, municípios –e também a iniciativa privada– a fazerem essas aquisições, desde que repassem a metade ao SUS. Nesta quarta, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sancionou uma lei, aprovada na véspera pelos deputados estaduais, permitindo a compra de vacinas pelo Executivo local por meio de alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ao sancionar o projeto, Leite criticou a organização do Ministério da Saúde na distribuição das doses. “A gente confia e segue trabalhando na logística do Plano Nacional de Imunizações, mas não fica apenas assistindo e esperando, em função das mensagens contraditórias do governo federal”, afirmou. Segundo Leite, a aquisição pode ocorrer em parceria com outros estados. Ainda de acordo com o governador, o estado já está em tratativas com a União Química, fabricante da vacina russa Sputnik V, e com a Pfizer, que teve seu imunizante aprovado para uso definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Paraná, que reservou R$ 200 milhões em um fundo emergencial da pandemia, é outro estado interessado na compra direta das vacinas. O governador Ratinho Jr. (PSD), que antes criticava a ideia, agora se diz disposto a negociar. “Sem dúvida, temos essa possibilidade [de comprar doses]. Hoje acompanhei o presidente do Senado dizendo que vai fazer estudo para mudar a legislação brasileira”, disse Ratinho em entrevista na terça-feira ao telejornal Bom Dia Paraná, da RPCTV. Já o projeto de lei de Rodrigo Pacheco permite que os compradores assumam a responsabilidade civil por eventuais efeitos adversos provocados pelos imunizantes. A cláusula imposta pela Pfizer isentando a farmacêutica de responsabilidade em caso de efeitos adversos é um dos entraves para a compra dessa vacina pelo Ministério da Saúde. A Bahia também já reservou uma verba e, desde setembro, negocia a aquisição de 50 milhões de doses da Sputnik. O governo baiano afirma que, se necessário, também pode apoiar financeiramente a condução dos estudos clínicos pela União Química para que a Anvisa libere o uso do imunizante no país. Já no sábado (20), o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena o tema no Fórum dos Governadores, afirmou que ao menos 17 estados têm interesse na aquisição de vacinas diretamente com os laboratórios. São eles: Piauí, Espírito Santo, Amapá, Pará, Rio Grande do Sul, Amazonas, Paraíba, Paraná, Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Acre e Bahia. Inicialmente contrário à medida, a que chamou no início do mês de “corrida maluca” em entrevista à GloboNews, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), passou a cogitar a compra direta. “Estamos ampliando o leque. Caso o governo federal não atenda adequadamente, teremos alternativas”, disse em evento nesta terça. Além dos governadores, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), que reservou R$ 20 milhões no orçamento para aquisição de doses pelo município, também comemorou a decisão do STF e a iniciativa do Senado. “Temos recursos do Fundo Emergencial já reservados para a completa imunização da cidade. Estamos animados com a perspectiva de poder fazê-lo imediatamente. Naturalmente, enquanto não nos permitirem comprar, vamos continuar o processo de vacinação com o que o Ministério da Saúde nos manda”, escreveu Greca em seu perfil no Facebook. A capital paranaense mantém desde dezembro contato com três fornecedores: o Instituto Butantan, da vacina chinesa Coronavac; com a Johnson & Johnson, da americana Janssen-Ciliag; e com a farmacêutica indiana Bharat Biotech, da Covaxin. As internações aceleravam e as mortes já se acumulavam quando o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anteviu, em uma entrevista coletiva em 1º de abril: “Os hospitais de campanha vão ser cada vez mais comuns no Brasil”. Em pouco tempo eles começariam a pipocar na maioria dos estados, pressionados a dar uma resposta às taxas de ocupação que subiam. Em apenas três meses, seriam mais de 14 mil leitos criados nessas unidades, segundo levantamento feito pelo Observatório de Política e Gestão Hospitalar da Fiocruz a pedido da Folha. “No início da pandemia, se não fizéssemos hospital de campanha era como se não estivéssemos enfrentando a Covid-19”, diz Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), à frente da pasta do Maranhão. Difícil pensar diferente quando a China já havia construído unidades móveis em tempo recorde, e países com sistemas de saúde organizados como França, Espanha, Itália, Reino Unido e Canadá também já recorriam às edificações emergenciais. Passado quase um ano do início da crise, porém, os estados e municípios brasileiros agora veem a situação de outra maneira. A pandemia ensinou que a decisão de construir essas estruturas, caras e temporárias, exige uma análise profunda do local e deve ser tratada como última opção. “Durante um tempo, esses hospitais foram lidos como uma solução mágica, mas aprendemos que ela não existe. Não podemos confundir pressa com afobação. Fomos muito afobados em usar sempre essa solução para a falta de leitos”, avalia Carlos Lula. Um ponto que dificultou essa análise foi a falta de coordenação federal, criticam pesquisadores e secretários. Sem a definição de critérios técnicos para a implantação dos hospitais e a centralização da compra de insumos, os estados viveram uma corrida que gerou desperdício de recursos e desabastecimento. “Isso contribuiu com as diversas situações que temos acompanhado: compras de equipamentos inadequados, leitos sem profissionais para atender, obras inacabadas, fechamentos precipitados”, diz Simone Ferreira, analista de gestão em saúde e professora da Fiocruz. Apenas em meados de junho, quando hospitais de campanha como o de Manaus já começavam a ser desmontados, o Ministério da Saúde publicou uma portaria indicando critérios para a instalação das unidades móveis, ainda assim sem detalhar as condições ideais para isso. Procurada, a pasta não respondeu. A portaria sugere que, antes de montá-las, estados e municípios devem levar em conta as seguintes dúvidas: já foram reabertos leitos nas unidades públicas? Há capacidade de ampliação ou adaptação de leitos nas unidades públicas? Há oferta de vagas a serem contratadas na rede privada? “Essas possibilidades devem ser esgotadas antes da construção de hospitais de campanha. São opções mais rápidas, mais baratas e, nas duas primeiras situações, possibilitam uma ampliação permanente na oferta de leitos”, explica Ferreira. Os dados que a pesquisadora levantou junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostram que, em junho, haviam sido criados 12.132 leitos de enfermaria em unidades provisórias e apenas 10.403 em estruturas permanentes, em comparação com fevereiro. Já no caso dos leitos de UTI e com suporte ventilatório pulmonar (para pacientes que precisam de oxigênio, mas não estão em estado grave), a ampliação da rede de saúde permanente foi mais significativa. Foram criadas mais de 22 mil vagas fixas, ante 2.526 móveis no auge, em agosto. Teoricamente, hospitais de campanha não deveriam ter UTIs e só deveriam receber casos de sintomas respiratórios de baixa e média complexidade, mas, diante do colapso do sistema, não foi assim na prática. A epidemiologista Carolina Coutinho, pós-doutoranda em gestão de emergências em saúde pública da FGV-SP, avalia que em alguns locais os hospitais foram construídos rapidamente e atenderam muito bem a demanda. Em outros, porém, só ficaram prontos depois do pico e tiveram pouca utilidade considerando o volume do investimento. “A grande questão do hospital de campanha é que ele tem que estar pronto quando o número de casos subir, então a decisão precisa se antecipar à demanda. Por isso é importante sempre acompanhar os indicadores da atenção básica, por exemplo”, diz ela. Locais que já têm uma rede estruturada tendem a não sofrer tanta pressão, mas outros podem colapsar com um pequeno aumento das internações. Também é preciso levar em conta a dinâmica local de acidentes, doenças sazonais etc., para pesar se haverá demanda suficiente para ampliar a rede de alta complexidade de forma permanente. Por todos esses fatores, avaliar onde a instalação de hospitais de campanha foi adequada ou não no último ano é muito complexo, dizem os especialistas. No entanto, uma experiência que pareceu consensualmente traumática foi a do Rio de Janeiro. O estado chegou a prometer nove unidades, algumas em parceria com a iniciativa privada, mas só quatro foram abertas, todas com atraso. Suspeitas de corrupção nos contratos da saúde levaram ao afastamento do governador Wilson Witzel (PSC) e à prisão do ex-secretário, de outros membros da pasta e de empresários. “A desmobilização dos hospitais foi iniciada devido à reorganização da demanda e ao alto custo de manutenção das unidades. Mesmo desativadas, elas custavam aos cofres públicos R$ 7,5 milhões mensais”, disse em nota a atual gestão da secretaria. Na capital, a equipe que assumiu em janeiro, de Eduardo Paes (DEM), também decidiu fechar a unidade municipal. A pasta afirma que só 70 de 500 leitos inicialmente divulgados estavam aptos: “Os outros supostos leitos não tinham condições de funcionamento, pois não havia profissionais e insumos suficientes, e alguns deles nem cama tinham”. Minas Gerais e Amazonas também são citados entre as experiências ruins. Na capital mineira, um hospital de campanha estadual que custou R$ 2 milhões foi desmontado em setembro sem nunca ter sido usado. Na capital amazonense, a unidade municipal só abriu quando o sistema já havia colapsado. Com a nova explosão de casos no fim do ano passado, alguns locais passaram a reconsiderar o uso das estruturas temporárias. Amazonas e Roraima, por exemplo, reativaram suas unidades nas capitais, e Ceará e Rondônia mantiveram as que já existiam. Em dezembro, segundo dado mais recente, havia quase 10 mil leitos provisórios no total no país. Agora, os estados do Norte também pleiteiam um hospital de campanha federal em Brasília, para transferir seus pacientes. “Não tem logística para montar isso na região, vai faltar oxigênio e médico. Hoje já transferimos centenas de pessoas de vários estados, isso tem um limite”, defende Carlos Lula. Coutinho lembra que no fundo o sufoco é resultado de um obstáculo antigo: “Pode parecer senso comum, mas o que aprendemos com a pandemia foi a necessidade do investimento constante no SUS. Se tivéssemos um sistema de saúde que não funcionasse no limite, não precisaríamos pensar em hospital de campanha”. A lo largo del siglo XVIII, diversas comunidades de exesclavos se extiendieron por el río Guaporé, en la actual frontera con Bolivia. Sobrevivieron a las expediciones de captura y exterminio, a la llegada de los caucheros y a la colonización de Rondônia iniciada durante la dictadura militar. Hasta que la Constitución de 1988 garantizó a los quilombolas el derecho a regularizar sus tierras. El proceso, sin embargo, ha sido largo, está lejos de llegar a su fin y ahora choca de frente con la promesa de campaña del presidente Jair Bolsonaro (sin partido) de no demarcar ""ni un centímetro de tierra"" para los quilombolas y los indígenas. En Rondônia, solo dos de las ocho comunidades certificadas por la Fundação Cultural Palmares fue titulada por el Incra (Instituto Nacional de Colonización y Reforma Agraria), ambas antes de la llegada de Bolsonaro. El Estado no difiere del promedio nacional: solo 317 de las 3.456 comunidades quilombolas reconocidas están regularizadas, es decir, el 9% del total. Los procesos que se tramitan en el Incra suman 1.806, de los cuales 617 en la Amazonia Legal, que incluye Mato Grosso y parte de Maranhão. En Amazonia, el principal puerto de entrada de los africanos esclavizados era Belém; Pará es el estado con más comunidades quilombolas del norte. Según la Fundación Palmares, la región alberga 369 comunidades, el 11% de las cuales son reconocidas por el país. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original Partidos que entraram na zona de perigo após os resultados na eleição de 2020 desconversam em público sobre eventuais fusões, que já foram tidas por dirigentes e analistas como inevitáveis nos próximos anos para siglas que quiserem sobreviver. Controvertida dentro das próprias legendas, a possibilidade vem sido discutida à luz das definições sobre candidaturas para 2022, mas entrou em banho-maria com a chance de que o Congresso modifique as atuais regras eleitorais, consideradas prejudiciais às siglas nanicas. Em conversas nos meios políticos, legendas como PC do B, Rede Sustentabilidade e PV são as mais citadas hoje como passíveis de aglutinações. Oficialmente, elas descartam a hipótese. Na outra ponta, PSB e Cidadania são especulados como propensos a incorporarem outros. As negativas, segundo relatos ouvidos pela Folha, se devem ao fato de que alguns dos partidos acreditam, de fato, que irão ganhar musculatura nas urnas no próximo pleito e recuperar o fôlego. Começar tratativas sem uma clareza do cenário no próximo ano seria, portanto, prematuro. Por outro lado, os desmentidos seriam uma forma de evitar transparecer fragilidade, o que diminuiria o ""valor de mercado"" das siglas em vias de fusão. Vulneráveis, elas teriam que fazer mais concessões em eventuais processos de associação, abrindo mão de cargos, por exemplo. Com a aplicação da chamada cláusula de barreira, que começou a valer em 2018 e cresce gradualmente a cada pleito, os partidos precisam conseguir um percentual mínimo de votos para continuarem tendo acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio. Das 33 legendas do país, 15 tiveram menos de 2% dos votos totais nas eleições para vereador no pleito de 2020, de acordo com levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Se repetirem esse desempenho em 2022 na eleição para a Câmara dos Deputados —que contará para os efeitos da cláusula—, agremiações como PC do B, Rede, PV, PSOL, Pros, PTC e Novo podem entrar em uma situação delicada, abrindo caminho até para a extinção. Dessas sete, nenhuma diz cogitar fusão. O discurso em geral repetido pelos dirigentes é de otimismo, na linha de que os candidatos ao Parlamento trarão resultado suficiente para superar a linha de corte. O PSOL, por exemplo, se apega à curva ascendente de eleitos para o Legislativo nos últimos anos e a fatores como o protagonismo na esquerda conquistado com a chegada do líder de movimentos de moradia Guilherme Boulos ao segundo turno na capital paulista. No caso do Novo, a perda do fundo partidário seria indiferente, já que a legenda de viés liberal abre mão dos recursos a que tem direito. O único que tem defendido mais abertamente mudanças para manter o acesso à estrutura pública é o PC do B, que faz campanha pela criação de federações. O modelo permitiria que partidos façam coalizões pontuais para as eleições, preservando nome e somando verba e tempo de TV. ""Temos que encontrar um caminho do meio, que nem estimule os partidos cartoriais, que muitas vezes não são movidos pelo espírito público ou programático, nem condene à morte os ideológicos, como é o PC do B"", diz Luciana Santos, presidente nacional da legenda. Fundado em 1922, o PC do B foi um dos 14 partidos que não cumpriram a cota de 1,5% dos votos que valeu em 2018. Para atingir o patamar mínimo de votos, uniu-se na época ao PPL. Até então adormecida, a possibilidade de que as federações voltem à pauta do Congresso foi despertada com a chegada de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados. A proposta já foi rejeitada em 2017. Lira autorizou a criação de dois grupos de estudo, formados por parlamentares, para analisar mudanças nas normas eleitorais. Além de ressuscitar o debate sobre as frentes partidárias, as comissões devem rediscutir a cláusula de barreira e o retorno das coligações no sistema proporcional. O veto a coligações vigorou pela primeira vez em 2020, nas disputas para as Câmaras Municipais, com reflexo na redução do número de partidos com representação nas Casas. A possível reversão é criticada por organizações que pregam reformas político-partidárias mais profundas. O risco de que medidas sejam definidas e aprovadas em um prazo curto também é alvo de queixas. Para valerem em 2022, eventuais alterações precisam ser definidas até um ano antes do pleito. Alas do PC do B e do PSB que defendem a fusão das duas siglas resgataram a ideia, já ventilada no ano passado. O PC do B tem o governador do Maranhão, Flávio Dino, visto como pré-candidato à Presidência da República. O PSB carece de um nome imediato, mas possui em seus quadros o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e poderia abrigar o apresentador Luciano Huck, caso ele decida entrar na política. Oficialmente, as direções das legendas negam haver acordo em andamento. ""Dialogamos constantemente, mas nunca o PC do B chegou para mim e falou em fusão"", diz o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que, no entanto, afirma ser positivo um enxugamento do quadro partidário. ""Qualquer conversa sobre fusão em qualquer agremiação tem um pré-requisito para não dar certo: é que ela comece a ser feita por meio da imprensa"", diz. O Cidadania —que quer filiar Huck se ele resolver deixar a TV Globo para tentar o Planalto— também voltou a ser rondado pela possibilidade de acolher PV e Rede, partidos com os quais já flertou. O arranjo reforçaria a capilaridade da sigla em uma campanha nacional. Mas há obstáculos. O PV atravessa um racha interno. Um grupo de filiados que inclui o ex-presidenciável Eduardo Jorge defende aproximação com outra legenda e articulou um movimento pela substituição do atual presidente da sigla, o ex-deputado federal José Luiz Penna. Penna, que rejeita a ideia de fusão e insiste em dizer que o partido poderá passar pela cláusula de desempenho e alcançar resultado eleitoral significativo, neutralizou a dissidência com um ato que adiou indefinidamente a data da convenção dos verdes. Com isso, manteve-se no posto. ""Não estamos dizendo que não faremos [fusão], estamos dizendo que não é a nossa prioridade"", diz Penna, que usou a pandemia de Covid-19 para postergar a convenção na qual sua permanência na presidência seria questionada. Na Rede, a tese dominante é a de que uma aglutinação poderia ser precipitada na trajetória do partido, registrado em 2015. Uma junção com o PV, incentivada por Eduardo Jorge depois da eleição de 2018, acabou descartada. A maior parte dos membros, incluindo sua fundadora, a ex-senadora Marina Silva, é contrária à união com outras legendas neste momento. ""Estamos esperançosos de que vamos conseguir atingir o patamar [da cláusula] na próxima eleição"", afirma Pedro Ivo Batista, porta-voz nacional. ""Está tendo uma procura muito grande de candidatos pela Rede."" Segundo o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, a adesão de PV e Rede seria bem-vinda, mas as negociações estagnaram. ""Sem dúvida, seria algo positivo. Muitas pessoas, inclusive de fora dos partidos, estimulam esse entendimento"", afirma. Pelo previsto em lei, na fusão (em que dois ou mais partidos podem se fundir em um só) as antigas legendas são extintas e devem dar origem a uma nova, com programa comum. No caso da incorporação, uma agremiação passa a abrigar a outra e pode continuar com seu nome, se desejar. Para o cientista político George Avelino, despistar sobre o interesse em fusões é uma estratégia previsível. ""Pensando em jogo, o dirigente não pode depreciar o seu 'produto'. Se ele diz que quer fundir, já baixa o 'preço' do partido"", compara. Coordenador do FGV Cepesp, braço de estudos políticos da Fundação Getulio Vargas-SP, ele faz o diagnóstico de que fusões começarão a ser vistas nos próximos meses e acha pouco provável que siglas com baixas chances de sucesso insistam em disputar 2022. ""O partido tem suas estimativas de votos e sabe que, se for malsucedido, vai sair da próxima eleição como um saldo de fracasso e ainda sem recurso. Vai se colocar em uma posição muito inferior para barganhar fusões."" Avelino afirma também que agremiações de maior consistência programática precisam lidar com questões internas antes de sentar à mesa de negociação. ""Partidos mais ideológicos e históricos têm uma dificuldade adicional que é a pressão dos militantes para não deixar morrer a ideia, a bandeira da legenda. E há também a disputa entre os militantes e os políticos com cargo, um choque entre idealismo e pragmatismo."" Da profusão de serviços e produtos oferecidos por um jornal, nada é tão importante quanto informações exclusivas, os chamados ""furos"". Ao longo de 100 anos, a Folha revelou uma infinidade de esquemas de corrupção de todo o espectro político e expôs fatos graves que contradiziam versões oficiais, entre outros tipo de denúncia. São também relevantes as grandes coberturas no Brasil e no mundo, como guerras e catástrofes. E ainda as entrevistas com personagens-chave da história. Esses grandes momentos foram essenciais para que a Folha se tornasse o mais influente jornal do país. Veja a seguir uma seleção de 100 reportagens que marcaram a história do jornal e do país.  10 de outubro de 2020 24 de agosto de 2020 23 de abril de 2020 26 de agosto de 2019 22 de julho de 2019 — Prêmio Folha categoria reportagem 4 de fevereiro de 2019 1º de fevereiro de 2019 18 de outubro de 2018 — Grande Prêmio Folha 4 de março de 2018 1º de março de 2018 11 de janeiro de 2018 7 de janeiro de 2018 26 de junho de 2017 — Grande Prêmio Folha, Grande Prêmio Petrobras de Jornalismo, Prêmio Rei da Espanha e Prêmio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha 19 de fevereiro de 2017 — Prêmio Folha categoria reportagem 19 de novembro de 2016 — Prêmio Folha categoria reportagem 23 de maio de 2016 29 de janeiro de 2016 — Grande Prêmio Folha 17 de agosto de 2014 — Prêmio Folha categoria reportagem 20 de julho de 2014 7 de janeiro de 2014 — Grande Prêmio Folha 15 de dezembro de 2013 — Grande Prêmio Folha de Jornalismo, Grande Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, Prêmio CNI de Jornalismo, Prêmio SIP categoria cobertura multimídia, Prêmio Wash Media Awards categoria água e energia 14 de julho de 2013 — Prêmio Folha categoria reportagem, Prêmio CNH categoria jornal, Grande Prêmio CNT de Jornalismo 14 de maio de 2012 — Prêmio Folha categoria reportagem 15 de fevereiro de 2012 — Prêmio Esso de Jornalismo 15 de maio de 2011 — Prêmio Esso de Jornalismo e Grande Prêmio Folha O percentual de pacientes com até 60 anos mortos por Covid no Brasil registrou em janeiro sua primeira alta em quase um ano de pandemia, e, embora esse aumento seja discreto, ele acende um alerta para os mais jovens —em geral, fora da faixa etária de maior risco para a doença. Na média, 1 a cada 4 mortos pela doença no país tem 60 anos ou menos, embora essa proporção tenha oscilado ao longo do tempo e possa estar relacionada à lotação dos hospitais e ao acesso à saúde. No total, o país contabiliza quase 250 mil óbitos. Em abril de 2020, quando pouco se sabia sobre possíveis tratamentos e muitos estados tentavam abrir hospitais de campanha e leitos de UTI, os pacientes com até 60 anos eram 32% dos mortos (1 a cada 3). Esse percentual foi caindo com o passar dos meses, atingindo 23,1% em novembro e dezembro, segundo dados do Ministério da Saúde. Em janeiro, pela primeira vez, a proporção cresceu, ainda que moderadamente: chegou a 24,9%, na esteira do avanço do número de casos, aumento de mortes e lotação de hospitais em alguns estados. O crescimento da mortalidade nessa faixa etária, considerada de menor risco para a doença, não é regra, mas pode ser observada em locais onde houve aumento de casos e da ocupação dos leitos hospitalares, como Amazonas, Maranhão e Sergipe. “Existem alguns fatores de risco para a letalidade, a idade é um deles. Quando começa a morrer muito jovem, entendemos que é uma parcela que não precisaria estar morrendo. Isso acontece porque as condições ideais de assistência não estavam disponíveis”, diz Jaques Sztajnbok, médico intensivista e supervisor da UTI do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, em São Paulo. O caso mais expressivo é o do Amazonas, onde 40,4% dos mortos pela doença em janeiro tinham 60 anos ou menos. Para efeito de comparação, em novembro, mês com menor número de óbitos no estado, a faixa etária respondia por 29,5% das vítimas da Covid. No mês passado, o sistema de saúde amazonense entrou em colapso, com fila de espera para leitos, desabastecimento de oxigênio nos hospitais e explosão de mortes. “Em Manaus, vimos gente de 20 anos, 30 anos, morrendo. São pessoas cuja chance de sobrevivência na UTI é maior, mas não foram para UTI, morreram por falta de oxigênio”, afirma Sztajnbok. O Brasil tem gargalos na chamada vigilância genômica, feita a partir do sequenciamento de amostras, o que dificulta o entendimento do que levou à nova crise no Amazonas. A variante amazonense do coronavírus, tida como um dos fatores possivelmente responsáveis pela recente explosão de casos no estado e conhecida como P.1, foi identificada pela primeira vez no Japão, em amostras de japoneses vindos do Amazonas. Só depois a Fiocruz confirmou sua ocorrência no Brasil. Não há, portanto, dados que permitam avaliar se a nova variante afeta a população mais jovem de maneira mais letal. O que cientistas supõem, com base na semelhança da mutação amazonense com as variantes britânica e sul-africana, é que a variante tenha maior potencial de contaminação, aumentando o número de casos de maneira mais rápida e levando mais pessoas aos hospitais. A circulação e o surgimento de novas variantes com alto potencial infeccioso, portanto, podem impulsionar a pandemia e lotar leitos de UTI, agravando a situação do país e possivelmente aumentando a proporção de vítimas jovens. Até o momento, a faixa etária mais afetada pela Covid-19 é a de maiores de 70 anos, que responde por apenas 7,5% da população, mas representa 50,7% dos mortos pela doença. Aqueles com 60 ou menos, por sua vez, são 25,6% dos óbitos pelo coronavírus, embora representem 85% dos brasileiros. Estados do Norte, que têm menos leitos de UTIs distribuídos regionalmente (no Amazonas, por exemplo, só há UTI em Manaus) e estrutura de saúde em geral mais precária, têm percentuais maiores de mortos com até 60 anos. Em Roraima e Rondônia, são 38% e 37% dos óbitos, respectivamente. No Sul e Sudeste, por sua vez, onde há mais médicos, leitos e hospitais, há menos óbitos de pessoas nessa faixa etária. Os estados com a menor proporção são Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 20% e 21%, respectivamente. A fila de pedidos de benefícios do INSS está em queda. Pouco mais de um ano após atingir um estoque de 2,3 milhões, em novembro de 2019, o número de requerimentos caiu para 1,76 milhão em janeiro deste ano, segundo dados obtidos pelo IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário). O recuo foi de 24%. A redução do estoque se acentuou a partir do final do ano passado, quando o volume de solicitações em espera ainda era de 1,92 milhão. Na comparação com os 1,76 milhão de requerimentos de janeiro, são 160 mil segurados a menos na fila, o que significa uma queda de 8% em um intervalo de dois meses. Ainda longe de garantir solução para o problema, o resultado obtido pelo INSS aponta que o órgão vem obtendo sucesso em algumas de suas estratégias para acelerar a análise de processos administrativos, segundo a presidente do IBDP, Adriane Bramante, “O INSS está trabalhando há algum tempo para reduzir esse estoque de pedidos, o que passa pela reestruturação de áreas responsáveis pela análise de processos, contratação emergencial de militares, investimento em tecnologia e uma série de medidas adotadas desde a reforma da Previdência”, diz Bramante. O INSS considera, porém, que o seu estoque de pedidos em espera é de 1,2 milhão, pois cerca de 500 mil pedidos aguardam o cumprimento de exigências. Apesar da redução da fila, a quantidade de segurados à espera de benefícios é considerada preocupante pelo vice-presidente do IBDP, Diego Cherulli. “O governo acaba de publicar um decreto que passou para o INSS a atribuição de conceder e gerenciar benefícios de diversas autarquias federais”, diz Cherulli. “A ideia de ter um órgão único para conceder e administrar aposentadorias não é ruim, mas, hoje, não é viável porque o governo não quer contratar novos servidores e isso gera uma pressão que prejudica as análises, gera indeferimentos, e transfere o problema para a Justiça”, afirma. Sobre a crítica à nova atribuição dada ao INSS, a Secretaria de Previdência afirma que centralização irá reduzir custos do governo e aumentará a eficiência. * Dados do INSS obtidos pelo IBDP, com estração em 7 de janeiro de 2021 O INSS informou que uma série de medidas possibilitaram a redução do estoque de benefícios à espera de conclusão, entre as quais destacou contratações temporárias que permitiram a transferência de servidores para a análise de requerimentos, ampliando o efetivo do setor de 5.618 para 7.490 funcionários. “Isso foi possível após a realização de oficinas com os gestores das cinco superintendências regionais em dezembro. Com isso, já neste mês, estamos ampliando o número de servidores na análise de requerimentos de 30% para 40% do total”, comunicou o instituto, em nota. O órgão ainda afirma que os resultados positivos serão refletidos na análise de requerimentos a partir dos próximos meses, com a redução do estoque. A pandemia de Covid-19 é apontada pelo instituto como empecilho para a ampliação das contratações temporárias de pessoal e, principalmente, pela dificuldade da redução da fila para a análise de requerimentos do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para a pessoa com deficiência e também do auxílio-doença. Os benefícios dependem de perícia médica para serem concedidos, atividade que foi fortemente prejudicada pelo fechamento das agências entre março e setembro de 2020. Cobrado por governadores em reunião nesta quarta-feira (17), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não apresentou uma solução definitiva para o problema da habilitação e do custeio de leitos de UTI para a Covid-19. Com a pandemia em alta, cidades e regiões de diversos estados têm entrado em colapso, com ocupação total dos leitos. Os municípios e estados têm tido dificuldade em custear os leitos já existentes enquanto o Ministério da Saúde tem reduzido o número de leitos habilitados. No encontro, Pazuello se comprometeu a financiar os leitos, mas falou em mudar a forma de custeio e de pagamento, momento em que fez uma menção a um modelo pós-pago. A sugestão foi entendida pelos participantes como uma proposta em que a pasta pagaria depois aos estados por leitos habilitados. Pressionado a dar mais esclarecimentos, o ministro disse que o faria em outra ocasião, junto aos conselhos de saúde de municípios e estados, Conasems e Conass. ""Não ficou clara a parte dos leitos de UTI. Não ficou claro o que o ministério está pensando em fazer"", diz Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão. ""Ele disse que ia mudar o momento do pagamento e fez uma comparação com pré-pago e pós-pago. O que queremos é que seja pago"", completa. Dino afirma que Pazuello indicou querer pagar apenas por leitos utilizados. No entanto, explica o governador, o fluxo de internação e tratamento da Covid-19 não acontece de acordo com essa dinâmica. ""O leito tem que ser pago porque a equipe está lá. Se você tem 10 leitos e 8 estão sendo utilizados naquele momento, o custo é referente aos 10, pois a equipe de saúde está trabalhando. O custo fixo está lá. Ninguém vai pagar o profissional por produtividade"". Para os governadores, o modo evasivo com que lidou com a questão dos leitos contrastou com a abordagem sobre as vacinas, para as quais apresentou um cronograma detalhado. ""Não estamos mais em trevas completas. Se o cronograma for cumprido, sabemos o que vai acontecer, pelo menos"", completa Dino. Dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, 15 têm entre seus patrocinadores sites de apostas. As empresas fazem parte do dia a dia do futebol nacional, mesmo que ainda operem em uma zona cinzenta da legislação. Aprovada em dezembro de 2018, a exploração de loterias por entidades privadas, inclusive apostas esportivas de alíquota fixa (quando o apostador sabe o prêmio caso acerte o resultado), aguarda até hoje a regulamentação por parte do governo federal. Enquanto o tema não avança no Ministério da Economia, uma decisão de 30 de setembro de 2020 do STF (Supremo Tribunal Federal) possibilita que estados gerenciem suas próprias loterias e também casas de apostas. Alguns já discutem como fazer isso na prática. Está na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Goiás um projeto do deputado Vinicius Cerqueira (Pros) para regulamentar o tema no estado. A proposta não se destina apenas à modalidade esportiva, mas o deputado entende que esta tem um dos maiores potenciais. “Existem hoje muitas práticas, principalmente de apostas online, sobretudo no futebol. E isso não tem segurança nenhuma, você aposta numa plataforma que geralmente é [baseada] em outro país”, afirma. O texto, que ainda poderá ser alterado pela Casa, prevê que o governo abra editais para credenciar as empresas privadas que poderão operar, incluindo na internet. Também estipula percentuais da arrecadação que serão repassados a setores como esporte, cultura e segurança. Na Assembleia Legislativa do Maranhão também corre um projeto, enviado pelo governo. Segundo Antonio Nunes, presidente da Maranhão Parcerias (autarquia que cuida do tema), já há cerca de 30 empresas interessadas em operar no estado. As apostas esportivas são uma possibilidade prevista, mas ainda não prioritária. “Não incluímos em um primeiro momento porque temos pressa em implantar a loteria estadual. Temos programas de educação para o qual esse dinheiro será destinado”, diz. No Espírito Santo, a proposta já passou pelo Legislativo e agora está na fase de estruturação pelo Executivo, quando serão definidos, por exemplo, a forma de contratação das empresas e os tipos de jogos permitidos. “Não temos ainda nenhuma preferência nem objeção [às apostas esportivas]. A expectativa é de concluir tudo até o final do ano. Uma loteria pode ter vários produtos”, afirma o secretário da Fazenda, Rogelio Pegoretti. O ministro Gilmar Mendes, relator do caso, lembrou dois decretos-lei (de 1944 e 1967) para concluir que a própria Constituição Federal sustenta que União não tem o monopólio da exploração de loterias, permitindo então que os estados possuam suas próprias casas de apostas. ""A competência privativa da União para legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios (art. 22, inciso XX, da CF/88) não preclui a competência material dos Estados para explorar as atividades lotéricas nem a competência regulamentar dessa exploração"", decidiu o ministro relator. Pessoas ligadas ao tema afirmam que foram pegas de surpresa pela decisão no STF, e que por isso projetos nos estados ainda estão começando a surgir. Ao mesmo tempo, entendem que estes podem vir a gerar uma pressão no governo federal para acelerar a sua regulamentação. Mesmo vivendo até agora num limbo, o mercado de apostas esportivas pela internet movimentou R$ 4 bilhões no país em 2019. Relatório da empresa de consultoria Grandview Research avalia que em escala mundial a movimentação chegou a US$ 53,7 bilhões (cerca de R$ 295 bilhões). Segundo a expectativa desse mercado, o Brasil —por suas dimensões continentais, a paixão pelo futebol e por já abrigar grande quantidade de pessoas que apostam em serviços do exterior— teria potencial para ser um dos três países do mundo que mais movimentam dinheiro com a modalidade. A falta de regulamentação dificulta mensurações mais precisas sobre o tema. “O problema é que no Brasil existe uma insegurança jurídica enorme com relação a qualquer coisa relativa a jogo. Tudo o que é relacionado a isso, por essa insegurança, não consegue atrair investidores sérios e grandes e gerar ganhos consideráveis”, afirma o advogado Pedro Trengouse, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e certificado em regulação do jogo pela Universidade de Nevada, nos EUA. A legislação civil permite que empresas de fora do país ofereçam apostas para usuários brasileiros mesmo sem a regulamentação no país, o que faz com que a operação aconteça em uma zona cinzenta. ""Se alguém apostar em uma empresa lá de fora e tomar um calote, não consegue pleitear o direito no Brasil. Precisaria entrar na Justiça no país da empresa. Se tiver empresa licenciada aqui, vai no Tribunal de Justiça e resolve”, afirma Udo Seckelmann, do escritório Bichara & Motta Advogados. A mesma lógica que permite a atuação de empresas do exterior no Brasil dá aval para que empresas regularizadas em um determinado estado ofereçam apostas para todo o país. “O online é inevitável, ainda mais depois da pandemia. Então o apostador do Brasil todo poderá apostar na loteria goiana. Agora, eu, como goiano, vou priorizar a loteria goiana, porque o retorno [dos impostos] é para o meu estado”, diz o deputado Vinicius Cerqueira. Ele relata que, desde que propôs a lei para Goiás, deputados de outros estados o procuraram para entender como fazê-las nos seus. Assim, pode se desenhar uma competição entre unidades da federação para atrair empresas, inclusive com possibilidade de que a regulamentação federal se torne obsoleta quando for definida —em dezembro, a previsão para finalizá-la era julho deste ano. Donos de casa de apostas relataram à Folha, sob condição de anonimato, que federações estaduais de futebol têm feito lobby com parlamentares para pressionar o governo. Os proprietários também dizem não estar confiantes com o prazo do Ministério da Economia. Desde agosto do ano passado, o BNDES, que é o responsável pelo processo de concessão e desestatização de ativos do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI) do governo federal, foi designado para conduzir a regulação. O BNDES publicou na semana passada um formulário para contratação de serviços técnicos para estruturação de projeto da concessão. Os interessados têm até dia 19 para se candidatar. Depois de o estudo do BNDES ficar pronto, ele ainda será submetido à Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia. A pasta definirá o formato de concessão, como prazo de licença e taxas para operação. A disputa entre estados, e até com a União, se daria por melhores condições para as empresas operarem. Isso inclui a facilidade para se adquirir uma licença e os impostos praticados. “Muitas vezes, a regulamentação sai muito cara, com impostos muito altos. E a empresa de apostas vai ter que colocar recompensas mais baixas, revertendo o imposto para o apostador, que pode acabar indo para o mercado não licenciado [de empresas do exterior] porque as recompensas são mais benéficas”, argumenta Seckelmann. Também há possibilidade de loterias esportivas e casas de apostas serem administradas pelos próprios governos, federal ou estaduais. Trengouse alerta para o fato de que, por ter saído de uma decisão da Justiça e baseada em uma lei antiga, a permissão para que as unidades da federação operem suas próprias loterias ainda pode render muito debate. “Essa decisão do Supremo, por um lado, é muito boa, mas por outro é reflexo dessa grande insegurança jurídica que o Brasil há muito tempo vive em relação ao jogo. Uma canetada pode mudar tudo, e a decisão do STF, no fundo, foi mais uma canetada”, afirma. Em meio ao agravamento da epidemia do novo coronavírus, o número de leitos de UTI habilitados pelo Ministério da Saúde para tratamento da doença –medida que permite que recebam recursos federais– tem tido queda nas últimas semanas e, nesse ritmo, pode chegar a zero em meados de março, segundo balanço de gestores estaduais de saúde. Sem a adoção de novas medidas, o custeio desses leitos deve ficar a cargo apenas de estados e municípios, que apontam dificuldades de financiamento e até risco de fechamento de parte dessas estruturas. Os dados são de balanço do Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde), que considera informações do próprio ministério e datas de vencimento de portarias de habilitação de leitos publicadas pela pasta. Questionado pela reportagem, o Ministério da Saúde negou o risco de redução de leitos e a falta de recursos. Nesta quarta (17), a pasta apresentou a governadores e secretários de saúde uma proposta de solução temporária a partir de uma mudança no modelo de pagamento. A previsão é que o tema volte a ser discutido na próxima semana. O alerta dos estados, porém, não vem de agora. Desde o fim de 2020, o grupo pede apoio para manutenção e financiamento dos leitos. Em 31 de dezembro, o Brasil tinha 9.480 leitos de UTI contra a Covid habilitados pelo Ministério da Saúde para receber recursos federais –o valor previsto é de R$ 1.600 por dia. Nesta terça (16), o total de leitos que ainda recebiam esses recursos era de 4.891 –queda de 48%. E a previsão é que, se mantido o ritmo, haja nova queda nos próximos dias. Isso ocorre porque, em geral, cada habilitação costuma durar 90 dias. Se consideradas as datas de vencimento das portarias ainda vigentes, o total desses leitos cairia para 4.542 em 23 de fevereiro, 3.372 em 3 de março e zero no dia 21 do próximo mês. Ao longo da epidemia, 19,8 mil leitos de UTI chegaram a ser habilitados pelo ministério. “Quando o ministério começa a desabilitar esses leitos, o primeiro impacto é financeiro, porque o estado passa a ter necessidade de bancá-los com recurso próprio. Se não houver solução, em um curto espaço de tempo, muitos não vão ter condições de manter e terão que fechar. É como ter um carro e não ter gasolina para andar”, afirma Carlos Lula, presidente do Conass e secretário de Saúde do Maranhão. Segundo ele, o apoio federal foi fundamental para expansão, na pandemia, do número de leitos de UTI, o que já era um gargalo do SUS. A suspensão desse financiamento, porém, traz dificuldades, já que parte dos custos já são pagos pelos estados e municípios –a estimativa é que, na prática, cada leito custe até R$ 2.500 por dia. De acordo com os gestores, a situação está ligada ao fim dos recursos extraordinários para o enfrentamento da pandemia, cuja validade ia até dezembro de 2020. A situação levou o Ministério da Saúde a enviar um ofício à Economia em 30 de janeiro em que pede R$ 5,2 bilhões para o custeio de leitos de UTI e outras despesas da pandemia. Na última semana, no entanto, um novo pedido feito à Economia reduziu o valor para R$ 2,8 bilhões. A pasta diz que a redução ocorreu porque a primeira demanda considerava valores para janeiro a junho. Já na segunda, os valores foram planejados até março –quando deve ser aprovado novo orçamento. A proposta preparada pela Saúde prevê que sejam usados cerca de R$ 864 milhões de recursos não gastos em 2020 e liberados no fim do último ano para custeio dos leitos até março. O valor de R$ 1.600 seria mantido, mas os recursos seriam repassados apenas após o uso, em uma espécie de reembolso. Para isso, estados teriam que comprovar a ocupação dos leitos. Hoje, o pagamento é feito de forma adiantada, em uma estratégia que foi definida no último ano para garantir a manutenção dessas estruturas e facilitar a contratação de equipes para atuar nas UTIs. “Em abril, haverá novas conversas com a equipe econômica para analisarmos a continuidade dessa política ou até fazer os ajustes necessários”, diz a pasta. Procurados, representantes dos gestores dizem que aguardam novas discussões e mais detalhes para se posicionar sobre a medida. Para alguns, a medida pode representar uma sinalização da pasta em busca de soluções. Para outros, porém, o alto número de leitos sem habilitação deve tornar difícil planejar um reembolso, o que, na prática, não resolveria o problema. Uma versão inicial da proposta foi apresentada pelo ministro em reunião com governadores nesta quarta (17). Na ocasião, gestores apresentaram preocupação com o cenário da queda de financiamento e pediram que haja uma discussão mais aprofundada sobre o tema. Uma nova reunião deve ser feita na próxima semana. Segundo Wellington Dias, governador do Piauí, o ministro assegurou o pagamento dos leitos. ""Isso dá uma tranquilidade"", disse. Alguns governadores, porém, fizeram ressalva à possibilidade de mudança no modelo. ""Ele [Pazuello] relatou que iria mudar o pagamento de pré-pago para pós-pago. O entendimento é de que o ministério está pretendendo, ao invés de pagar por leito habilitado, pagar apenas por leito utilizado. Mas o critério histórico do SUS não é esse"", disse o governador da Bahia, Rui Costa. ""Se temos dez leitos de UTI, nós habilitamos e pagamos por dez leitos até porque a equipe que vai manter aquela UTI, sendo nove ou dez leitos ocupados, é a mesma. Não tem como reduzir o tamanho da equipe. O ministro, no nosso entender, finalizou concordando com isso, mas vamos aguardar a publicação da portaria"", disse. Nos últimos dias, em meio ao impasse, a queda no financiamento federal dos leitos chegou à Justiça. O governo paulista entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para que o Ministério da Saúde retome o custeio. Atualmente, dos 4.900 leitos de UTI ativados na pandemia para a Covid em São Paulo, só 564 recebem verbas federais, ou cerca de 11% do total. O mesmo ocorre em outros estados. No DF, por exemplo, são 120 leitos sem habilitação. “A queda no financiamento federal atinge todos os estados”, diz a secretaria de Saúde. Na Paraíba, de 305 leitos implementados, só 72 ainda têm habilitação do ministério. Já não há mais leitos financiados pelo Ministério da Saúde no Maranhão, que também ingressou com ação no STF. Para o secretário de Saúde de Santa Catarina, André Motta, a queda no financiamento dos leitos representa uma preocupação “principalmente num momento em que a pandemia está em fase de ascensão no país inteiro.” “De 800 leitos, tenho hoje cerca de 20% apenas habilitado pelo ministério, o que não é justo do nosso ponto de vista”, afirma. Questionado sobre a previsão de liberação dos recursos extras pedidos, o Ministério da Economia informou que o pedido ainda está em análise. O Brasil registrou 1.090 mortes pela Covid e 55.428 casos da doença, nesta terça-feira (16). Com isso, o país chega a 240.985 óbitos e a 9.921.339 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.057. Nas últimas semanas, a média tem se mantido acima de 1.000, o que representa um patamar bastante alto, mostrando que a pandemia está em ritmo acelerado. A região Norte puxa a alta, já que teve aumento de 61% da média móvel de mortos. Entre os estados mais afetados estão Acre, Amazonas e Piauí, além de Goiás, Maranhão, Pernambuco. O consórcio de imprensa também mostra que 5,5 milhões de pessoas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, ou 2,6% da população, e 308 mil, a segunda. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Cada vez que escrevo go-ver-no para me referir ao coletivo de tresloucados que nos desgoverna, sinto como se escrevesse a palavra errada. Go-ver-no pressupõe saber para onde se está indo, ainda que não se concorde com a direção. Em tese, governos se estruturam com base em programas, diretrizes, planos, ações. Pelo menos alguma convicçãozinha é de bom gosto que um governo tenha. Nem que seja para disfarçar. No caso brasileiro, o bom gosto passa longe e o bom senso, vai junto. Daí fica aquela saia justa. Promete a Coronavac, depois desmente a Coronavac, no fim compra a Coronavac. Isso sem falar em certas declarações. “Está todo mundo errado, no meu entendimento. Pode ser que eu esteja equivocado.” Ou então, sobre a ditadura militar: “O Brasil vivia um regime de...um pouco diferente do que temos hoje, mas de muita responsabilidade com o futuro do país”. “Um pouco diferente” também não parece a definição correta para tortura, inflação e dívida externa. Diante da inadequação do vocábulo para descrever o salve-se quem puder que a gente vive, decidi trocá-lo por outra palavra, mais representativa, sempre que preciso falar em go-ver-no. Mais: ao ler o jornal, agora eu substituo os nomes dos ministros, de certos órgãos e, claro, do presidente, por termos mais exatos. Manicômio diz ao MPF que usou cloroquina da Fiocruz destinada à malária para Covid. Com vacinas em falta, charlatão promete imunização geral em 2021. Xavequeiro condiciona auxílio emergencial a Banco Central autônomo. Inquisição convoca grupo para revisar o Programa Nacional de Direitos Humanos, que prevê desarmamento e a defesa de minorias. Encontramos convergências, anuncia vira-lata sobre chamada com secretário de Biden. Casa da Mãe Joana inicia ações preparatórias para leiloar oito parques nacionais. Pinóquio afirma que não falou em tratamento precoce, falou em atendimento precoce. Rei da pegadinha diz que Maranhão não tem motivo para reclamar sobre leitos de UTI. Sete-Peles estuda lançar assessor do gabinete do ódio a deputado federal. É um exercício quase tão bom quanto completar palavras cruzadas. Democrático, não tem hora, nem lugar para praticar. Você bota o olho e pimba. Troca go-ver-no por Titanic. E, de repente, tudo faz sentido. President Jair Bolsonaro (no party) extolled the five military presidents that Brazil had from 1964 to 1985 and classified the military dictatorship, a period marked by violations of democracy and human rights, as a regime ""not too different from what we have today"" . Bolsonaro made the statements on Thursday (11) at a ceremony to hand over title deeds to farmers in Alcântara, Maranhão, a municipality that houses the Alcântara Launch Center, the base for launching rockets of the Brazilian Air Force. In his speech, the president highlighted the Alcântara Launch Center, opened in 1983, as one of the main works carried out in the country during the military dictatorship. The regime cited by Bolsonaro had a structure dedicated to torture, deaths and disappearance. The repression figures are not very precise, since the dictatorship never recognized these episodes. Military justice audits received 6,016 reports of torture. Estimates made later point to 20,000 cases. Prisoners reported having been hung on macaw sticks, subjected to electric shocks, strangulation, drowning attempts, blows with blows, punches, kicks and other assaults. In some cases, the torture session led to death. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language El presidente Jair Bolsonaro (sin partido) ensalzó a los cinco presidentes militares que tuvo Brasil de 1964 a 1985 y se refirió a la dictadura militar como un régimen ""un poco diferente al que tenemos hoy"", cuando en realidad fue un período marcado por violaciones a la democracia y los derechos humanos. El mandatario vertió estas declaraciones el jueves (11) durante una ceremonia de entrega de títulos de propiedad a los agricultores en Alcântara, Maranhão, un municipio que alberga el Centro de Lanzamiento de Alcântara, la base para el lanzamiento de satélites de la Fuerza Aérea Brasileña. En su discurso, el presidente destacó el Centro de Lanzamiento de Alcântara, inaugurado en 1983, como una de las principales obras levantadas en el país durante la dictadura militar. El régimen 'ligeramente diferente' citado por Bolsonaro contaba con una estructura para torturar, matar y hacer desaparecer de forma sistemática. Las cifras provocadas por la represión no son muy precisas, ya que la dictadura nunca reconoció estos episodios. Las auditorías de la Justicia Militar recibieron 6.016 denuncias de tortura. Las estimaciones hechas posteriormente apuntan a 20.000 casos. Las víctimas relatan haber sido colgados, sometidos a descargas eléctricas, estrangulamientos, asfixia, golpes, puñetazos, patadas y otras agresiones. En algunos casos, la sesión de tortura resultó en la muerte del prisionero. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse em sua live desta quinta-feira (11) que ninguém fez nada errado nem houve desperdício de recursos na produção de comprimidos de cloroquina, porque, além da Covid-19, doença para a qual o remédio não tem comprovação científica de efeito, há outras enfermidades tratadas com a substância, como malária e lúpus. A Folha revelou que o Ministério da Saúde usou a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para a produção de 4 milhões de comprimidos de cloroquina, com o emprego de recursos públicos emergenciais voltados a ações contra a Covid-19 e com destinação prevista do medicamento a pacientes com coronavírus. Documentos da pasta obtidos pela reportagem, com datas de 29 de junho e 6 de outubro, mostram a produção de cloroquina e também de fosfato de oseltamivir (o Tamiflu) pela Fiocruz, com destinação a pacientes com Covid-19. Os dois medicamentos não têm eficácia contra a Covid-19, segundo estudos. O dinheiro que financiou a produção partiu da MP (Medida Provisória) nº 940, editada em 2 de abril pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o enfrentamento de emergência do novo coronavírus, como consta nos dois documentos enviados pelo Ministério da Saúde ao MPF (Ministério Público Federal) em Brasília. A MP abriu um crédito extraordinário, em favor do ministério, no valor de R$ 9,44 bilhões. ""Está uma polêmica muito grande sobre hidroxicloroquina, fabricou a mais, gastou, era dinheiro do Covid, não era. Pessoal, tem a Covid aí, outras doenças continuam. Não é só Covid. A malária continua. O lúpus continua. Nós temos aqui, em média, 200 mil casos de malária no Brasil. Não sei quantos comprimidos a pessoa toma para se cuidar de malária. Mas muita gente, na região amazônica, toma preventiva"", disse Bolsonaro. Na transmissão, o presidente disse que ""tem muito médico que usa a hidroxicloroquina, a ivermectina para o tratamento precoce"" e que a produção de comprimidos é da ordem de 13 milhões, com validade de quatro anos. ""Ninguém está fazendo nada errado ou jogando fora"", disse Bolsonaro. Um documento do Ministério da Saúde, enviado ao MPF (Ministério Público Federal) no dia 4 de fevereiro, aponta a distribuição de cloroquina produzida pela Fiocruz a pacientes com Covid-19, e não dentro do programa nacional de controle da malária, como originalmente previsto. Esse documento também contradiz o ministério, que afirmou à imprensa não ter concretizado a aquisição do medicamento para distribuí-lo dentro da política de combate ao novo coronavírus. Na live, Bolsonaro disse também que terá uma conversa nesta sexta-feira (12) com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para discutir o uso de um spray que tem sido testado no país em pacientes em estado avançado da Covid-19. ""Não tem comprovação cientifica, assim como a vacinas não têm ainda certificado definitivo. Está na mesma situação desse outro remédio e tem dado certo em muitos casos"", disse Bolsonaro, fazendo uma falsa equivalência com os imunizantes utilizados contra a Covid-19. Bolsonaro aproveitou a transmissão também para reclamar de críticas que diz estar recebendo do governo do Maranhão na atuação do governo federal no enfrentamento da crise sanitária. O presidente sugeriu que poderia acionar a Polícia Federal no estado. ""Foram quase R$ 300 milhões especificamente para leitos de UTI. Cadê os leitos de UTI? Sumiu tudo? O secretário diz que nós não estamos ajudando. Para onde foi esta grana? Acho que vou perguntar para a Polícia Federal, para tirar a pratos limpos, já que não tem, e o dinheiro foi dado, para onde é que foi este recurso"", afirmou. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizou que deve estender o auxílio emergencial por mais “três ou quatro meses” e que deve retomar a partir de março o pagamento do benefício, criado como medida de enfrentamento à crise desencadeada pela pandemia da Covid-19. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (11) em entrevista após uma cerimônia de entrega de títulos de posse a agricultores de Alcântara, no Maranhão, cidade que abriga a base de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira. “Temos previsto [o auxílio] ainda para mais Três a quatro meses, está sendo acertado com o Executivo e o Parlamento também porque temos que ter responsabilidade fiscal”. Em seu discurso na cerimônia, Bolsonaro voltou a destacar o caráter temporário do benefício e destacou que a sua prorrogação indefinidamente poderá impactar negativamente a economia do país. “O nome é emergencial. Não pode ser eterno porque isso representa um endividamento muito grande do nosso país. E ninguém quer o país quebrado. E sabemos que o povo quer é trabalho"", disse. O presidente ainda disse que, sozinho, o auxílio emergencial não é suficiente para garantir a retomada da economia brasileira. Por isso, voltou a criticar medidas restritivas adotadas por estados e municípios durante a pandemia que incluam o fechamento do comércio. “Tem que acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos agora o resto tem que trabalhar. Caso contrário, o Brasil pode perder crédito e a inflação vem”. A declaração do presidente está em sintonia com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Nesta quarta-feira (10), ele defendeu mais uma rodada do auxílio emergencial para atender à população vulnerável afetada pela pandemia do novo coronavírus. “R$ 200, R$ 300 por mês fazem muita diferença na vida daquela pessoa que está fora de qualquer cadastro único, à margem de todo o processo"", disse em entrevista ao programa Ponto a Ponto (BandNews), apresentado pela colunista da Folha, Mônica Bergamo, e pelo cientista político Antonio Lavareda. Segundo o deputado Arthur Lira, o auxílio deve ser destinado para alimentação da ""população carente que está muito sofrida"". Nesta quinta, na cerimônia de entrega dos títulos de propriedade a agricultores no Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro ainda destacou as parcerias entre o Brasil e os Estados Unidos, incluindo a que prevê o uso comercial pelos norte-americanos da base de Alcântara, firmado ainda na gestão de Donald Trump. ""O povo americano, eles são voltados para o interesse da nação. Muda governo, mas pouca coisa muda. Acredito que todos os acordos que assinamos com o governo Trump serão mantidos no governo Biden"", disse o presidente, em entrevista à imprensa após a cerimônia. O presidente também disse que o acordo, que vai permitir o uso comercial da base pelos norte-americanos, vai incrementar a economia da região. “Isso aqui é comércio para bilhões e bilhões de dólares. E nós estamos entrando agora nesse seleto grupo que trata de lançamentos [de foguetes]. Tudo que fazemos no Brasil tem um passado, tem um meio e tem um fim."" O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exaltou os cinco presidentes militares que o Brasil teve de 1964 a 1985 e classificou a ditadura militar, período marcado por violações à democracia e aos direitos humanos, como um regime “um pouco diferente do que temos hoje”. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (11) em uma cerimônia de entrega de títulos de posse a agricultores de Alcântara, no Maranhão, município que abriga o Centro de Lançamento de Alcântara, base de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira. Em seu discurso, o presidente destacou do Centro de Lançamento de Alcântara, inaugurado em 1983, como uma das principais obras realizadas no país durante a ditadura militar. “Isso aqui nasceu em 1983 e foi mais uma das grandes obras dos cinco presidentes militares que tivemos no Brasil. Grandes obras ao longo de 21 anos onde vivia um regime de... um pouco diferente do que temos hoje, mas de muita responsabilidade com o futuro do país”, disse. O regime um pouco diferente citado por Bolsonaro teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento. Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos. Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas. Na fala desta quinta-feira, Bolsonaro destacou a importância do acordo entre Brasil e Estados Unidos para o uso comercial da base de Alcântara, promulgado em fevereiro de 2020 ainda no governo de Donald Trump, e disse acreditar que a parceria será mantida com o presidente Joe Biden. ""O povo americano, eles são voltados para o interesse da nação. Muda governo, mas pouca coisa muda. Acredito que todos os acordos que assinamos com o governo Trump serão mantidos no governo Biden"", disse o presidente, em entrevista à imprensa após a cerimônia. O presidente também disse que o cardo, que vai permitir o uso comercial da base pelos norte-americanos, vai incrementar a economia da região. “Isso aqui é comércio para bilhões e bilhões de dólares. E nós estamos entrando agora nesse seleto grupo que trata de lançamentos [de foguetes]. Tudo que fazemos no Brasil tem um passado, tem um meio e tem um fim."" O presidente citou o repasse de R$ 13 bilhões do governo federal para a população do Maranhão por meio do auxílio emergencial em 2020. Reafirmou que o governo federal estuda prorrogar o auxílio por mais três ou quatro meses. Voltou a destacar, porém, o caráter emergencial do benefício. “O nome é emergencial. Não pode ser eterno porque representará um endividamento muito grande para nosso país. E ninguém quer o Brasil quebrado.” Tem que acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos agora o resto tem que trabalhar. Caso contrário, o Brasil pode perder crédito e a inflação vem Bolsonaro também citou repasses feitos pelo governo federal em 2020 ao Maranhão, de R$ 18 bilhões, valor que inclui as verbas constitucionalmente obrigatórias, ou seja, que o governo tem que repassar para o estado. Destacou que cerca de R$ 1,3 bilhão foi para a saúde, sendo R$ 190 milhões destinados à abertura de leitos de UTI para o tratamento da Covid-19. Ao contrário de eventos públicos anteriores, não bateu de frente com governadores nem criticou a vacina para a Covid-19. Mas, em entrevista, voltou a criticar a adoção de medidas restritivas. ""Tem que acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos. Agora, o resto tem que trabalhar. Caso contrário, o Brasil pode perder crédito e a inflação vem"". O presidente também aproveitou a visita ao estado para citar o Guaraná Jesus como um dos atrativos turísticos do Maranhão. Em sua última visita ao estado, o presidente havia gerado polêmica ao fazer uma piada homofóbica associada ao refrigerante, que é cor de rosa. Por fim, Bolsonaro destacou a importância da entrega dos títulos de propriedade para os agricultores de Alcântara e o criticou a ação de entidades de luta pela terra como o MST (Monimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). “Como combatemos a invasão de terra? Concedendo o título de propriedade aqueles que tem a posse [da terra]. Não adianta um plano de reforma agrária e não dar um papel no final”, afirmou. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu que uma nova rodada do auxílio emergencial, mesmo que em formato renovado, seja adotada dentro do teto de gastos e cobrou o governo, especialmente o ministro Paulo Guedes (Economia), para que seja apresentada uma proposta a respeito da assistência à população carente. “Mas urge que o ministro Guedes nos dê, com sensibilidade do governo, uma alternativa viável, dentro dos parâmetros da economia como ele pensa e como a sociedade deseja. A situação está ficando crítica na população e a gente tem que encontrar uma alternativa"", afirmou Lira nesta quinta-feira (11). “Nada foi encaminhado praticamente.” Com a retomada das atividades no Congresso, em fevereiro, cresceu a pressão para que seja aprovada uma medida de assistência social aos desempregados e trabalhadores informais em 2021, mesmo que em um modelo mais enxuto que o auxílio emergencial pago no ano passado. Guedes estuda uma nova rodada, mas em valor menor –R$ 200, em vez dos R$ 600 por mês pagos em boa parte do ano passado, e por três meses. No Congresso, porém, há defensores da volta do benefício no valor original (R$ 600) ou reduzido (R$ 300). A equipe econômica quer também atrelar a retomada do auxílio a projetos que cortam despesas obrigatórias, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que prevê, por exemplo, redução de jornada e salário de servidores públicos. Segundo Lira, o debate sobre o novo auxílio na Câmara não precisa esperar o avanço da PEC, que aguarda votação no Senado desde 2019. “O governo e o ministro Guedes têm de rapidamente encontrar uma alternativa de solução imediata do auxílio. Nós sabemos que as PECs do Senado, tanto a emergencial quanto a do pacto federativo, serão importantes para orçamentariamente manter todas as regras de teto”, disse Lira. Apesar de reconhecer a necessidade de uma medida rápida para atender aos mais pobres, o presidente da Câmara voltou a afirmar que o programa não deve ficar fora do teto de gastos, regra constitucional que impede o crescimento das despesas acima da inflação. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou nesta quinta (11) que o governo federal estuda prorrogar o auxílio emergencial. A duração do pagamento seria de três a quatro meses, disse o presidente após cerimônia de entrega de títulos de posse a agricultores de Alcântara, no Maranhão, município que abriga o Centro de Lançamento de Alcântara, base de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira. Bolsonaro voltou a destacar, porém, o caráter emergencial do benefício. “O nome é emergencial. Não pode ser eterno porque representará um endividamento muito grande para nosso país. E ninguém quer o Brasil quebrado.” Ele também voltou a criticar medidas restritivas de circulação para conter a pandemia. ""Tem que acabar com essa história de fecha tudo. Devemos cuidar dos mais idosos agora [e] o resto tem que trabalhar. Caso contrário, o Brasil pode perder crédito e a inflação vem"", disse. A possibilidade de renovar o auxílio emergencial sem a compensação de corte de despesas públicas tem gerado instabilidade no mercado financeiro. “Nada fora do teto. Não há possibilidade de a princípio você fazer nenhum movimento que quebre as regras que nós mesmos criamos de legislação, a não ser com a pandemia, com uma segunda onda muito grave. Aí o governo teria esses mecanismos para 'startar' [começar]”, declarou o presidente da Câmara. Na noite de quarta-feira (10), em entrevista ao programa Ponto a Ponto (BandNews), apresentado pela colunista da Folha, Mônica Bergamo, e pelo cientista político Antonio Lavareda, Lira já havia defendido uma nova rodada do auxílio. ""R$ 200, R$ 300 por mês fazem muita diferença na vida daquela pessoa que está fora de qualquer cadastro único, à margem de todo o processo"", afirmou. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), seguiu a mesma linha de Lira e afirmou que uma nova proposta de ajuda para a população é uma necessidade “para já”. ""O que o presidente Lira disse hoje, pela manhã, eu corroboro como presidente do Senado e do Congresso. A situação é crítica. É preciso ter resposta imediata. E nós precisamos construir uma solução"", afirmou. ""Se for preciso, as equipes do Senado, da Câmara e do governo vão trabalhar ao longo do Carnaval. E nós o faremos, provavelmente, para poder encontrar uma solução com fundamentos econômicos para poder conciliar a responsabilidade fiscal com a necessidade de ajuda às pessoas"", completou Pacheco voltou a falar que não considera positiva a criação de um novo imposto para bancar uma proposta de auxílio emergencial –ou um programa análogo para assistir à população vulnerabilizada por conta da pandemia do novo coronavírus. “O que nós precisamos para já, urgentemente, é do auxílio emergencial ou de um programa análogo que possa socorrer as pessoas, independente da criação de novo tributo”, afirmou Pacheco antes da sessão desta quinta (11). ""Eu acredito que nesse instante, como o auxílio é necessário imediatamente, uma criação de imposto seria inclusive ineficaz considerando o tempo que precisamos reagir. Então essa discussão de aumento de imposto com o sistema tributário da forma como está é uma discussão que não é boa para o país neste momento"", afirmou. O presidente do Senado foi questionado por jornalistas se o Congresso poderia tomar a dianteira nas discussões do novo auxílio, alterando substancialmente uma eventual proposta do governo. Pacheco afirmou que prefere uma proposta de consenso e que vai avaliar oportunamente, se não houver acordo. “Eu prefiro considerar a hipótese de que nós estabeleceremos um consenso com o governo federal, com a equipe econômica para se estabelecer um auxílio que seja matemática e economicamente possível nesse momento do país e que possa socorrer essas pessoas”, disse o presidente do Senado. “Numa eventualidade de não haver esse entendimento com o governo federal, nós vamos avaliar oportunamente”, completou. Pacheco também voltou a afirmar que não podem estar condicionadas a proposta de uma nova rodada de auxílio emergencial com a aprovação no Congresso de medidas de ajuste fiscal. Ambas são “igualmente importantes”, mas independentes, disse. “Eu continuo com a mesma percepção que são coisas independentes, porém igualmente importantes. As propostas de emenda à constituição estabelecem um protocolo fiscal, uma sinalização de responsabilidade fiscal no Brasil. É obviamente uma prioridade do Senado e deve ser também da Câmara dos Deputados”, afirmou. “É uma realidade e não vamos fugir dela. A outra realidade que é realmente aflitiva é do anseio daquelas pessoas que estão vulnerabilizadas, extremamente necessitadas nesse momento, de ter um socorro do Estado. Eu acho que essa é uma sensibilidade que não tem só o Senado e a Câmara. O governo federal também mostrou ter”, completou. Pacheco também disse que recebeu um telefonema do ministro da Economia, Paulo Guedes, e que ambos devem se encontrar novamente nesta sexta quinta. O presidente do Congresso afirmou que as equipes devem trabalhar durante o feriado de Carnaval para avançar na elaboração de uma proposta de auxílio. O governo prepara uma proposta de auxílio que libera três parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa Família. A ideia é também estabelecer novas exigências para o recebimento do benefício. A assistência deve passar a ser chamada de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva). Para receber o auxílio, a pessoa terá de participar de um curso para qualificação profissional. O plano também prevê que o benefício seja associado à Carteira Verde e Amarela, programa que deve ser relançado pelo governo para reduzir encargos trabalhistas e estimular a formalização de pessoas de baixa renda. No modelo em estudo, as empresas forneceriam um curso de qualificação ao contratarem beneficiários do programa. A equipe econômica quer condicionar esse gasto extra com o benefício ao corte de despesas em outras áreas do governo. Para isso, vai propor a inclusão de uma cláusula de calamidade pública na PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que retira amarras do Orçamento e traz gatilhos de ajuste fiscal. Líderes das bancadas partidárias no Senado aumentaram nesta terça-feira (9) a pressão pela adoção de uma reedição do auxílio emergencial - ou medida análoga de assistência social para a população afetada pela pandemia - de maneira desvinculada de outras medidas compensatórias de ajuste fiscal. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que pretende usar a “boa relação” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com a equipe econômica para avançar nas negociações, encaminhando as propostas. Por outro lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que há muito pouco ou nenhum espaço para mais transferências sem algum tipo de contrapartida por causa da deterioração do quadro fiscal do país nos últimos meses. O presidente Rodrigo Pacheco conduziu a primeira reunião de líderes da atual legislatura, na manhã desta terça-feira. A reedição do auxílio emergencial foi o principal tema do encontro virtual. “Há um momento agora de reflexão sobre a necessidade dessas pessoas que estão vulnerabilizadas em função da pandemia, que é uma reedição de uma assistência emergencial ou de um programa análogo, incremento do Bolsa Família”, afirmou Pacheco. “Há muitas ideias de diversos senadores e nós estamos agora em plena boa relação com o governo federal e com a equipe econômica e eu vou buscar repercutir ao ministro Paulo Guedes e a sua equipe o que é o sentimento do colégio de líderes, que é um sentimento de sensibilidade humana, de urgência e de profunda necessidade de se amparar essa camada da sociedade, com um auxílio que possa fazer com que sejam minimizados os impactos da pandemia”, completou. Pacheco havia divergido no dia anterior da equipe econômica, ao afirmar que não poderia haver vinculação de um programa para assistir a população vulnerável, em razão da pandemia do novo coronavírus, e a aprovação de medidas de ajuste fiscal pelo Congresso. A Folha mostrou neste domingo que o Ministério da Economia trabalha com uma alternativa à reedição do auxílio emergencial, que foi rebatizada para BIP (Bônus de Inclusão Produtiva). Seriam três parcelas de R$ 200, condicionada à realização de um curso profissionalizante. O Ministério da Economia também analisa que esse programa só poderá ser implantando com medidas de ajuste fiscal. Mais especificamente, condiciona o novo formato de assistência à aprovação no Congresso da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Pacto Federativo - que contém algumas medidas, como alguns gatilhos para manter boas condições fiscais. Durante a reunião, houve praticamente um consenso dos senadores ao defenderem a reedição do auxílio emergencial, sem vinculação com a aprovação de outras medidas de ajuste fiscal pelo Congresso. Os parlamentares afirmam reconhecer a importância das pautas da equipe econômica, em torno de mais rigidez fiscal, mas argumentam que a assistência à população vulnerável é urgente e não pode aguardar. “A reunião foi positiva, com os líderes deixando claro a necessidade de acelerar a implementação do auxílio emergencial”, afirmou o líder do Cidadania, Alessandro Vieira (SE). “Ficou bem claro também que não dá para atrelar essa ajuda à população vulnerável com medidas de compensação, porque elas têm velocidades diferentes de tramitação”, completou. Vieira acrescenta que os parlamentares reconhecem a importância da aprovação de medidas de interesse da equipe econômica, mas a ajuda para a população mais vulnerável não pode aguardar a tramitação dessas matérias. Uma proposta de Emenda à Constituição, por exemplo, precisa ser aprovada nas duas Casas legislativas, em dois turnos. Senadores sugeriram que a proposta de uma nova rodada de auxílio emergencial ou medida análoga seja encaminhada ao Congresso por meio de uma medida provisória, mecanismo cujos efeitos são imediatos, não necessitando aguardar a conclusão da tramitação. “Várias pessoas falaram sobre isso [na reunião], então você tem várias alternativas: ou você corta despesa ou você resolve essa questão da PEC do Orçamento de Guerra e prorroga o estado de calamidade. Alternativa é que não falta”, afirma o líder interino do PSDB, Izalci Lucas. “Tem é que resolver logo, porque o que ficou registrado é que não pode ficar discutindo muito isso. Tem que resolver logo porque as pessoas estão passando dificuldades”, completou. Pacheco se comprometeu a levar as possibilidades ao ministro Paulo Guedes, embora tenha afirmado que cabe ao governo a iniciativa de apresentar uma proposta ao Congresso. Os parlamentares acreditam que a matéria deva ser encaminhada logo após o Carnaval. Por outro lado, membros da equipe econômica e do Banco Central afirmam ser inviável a criação do auxílio sem compensação. Roberto Campos Neto afirmou que não participa da formulação da política fiscal, mas que há consenso entre Executivo e Legislativo de que é preciso ter disciplina. ""Temos muito pouco ou nenhum espaço para mais transferências fiscais sem algum tipo de contrapartida"", afirmou em evento virtual do Observatory Group. Para ele, se houver contrapartida, o mercado pode reagir melhor. ""Você está passando a mensagem de que está disposto a gastar um pouco mais, mas está tomando medidas para impedir que a dívida cresça no futuro"", destacou Campos Neto apontou que há risco de adotar medidas para estimular a economia, com outro pacote fiscal, e ter um efeito negativo. ""Estamos em um ponto de inflexão que o mercado diz que se gastarmos mais, a reação, frente à fragilidade que temos no quadro fiscal, vai afetar o benefício de colocar mais dinheiro na economia"", avaliou. Com isso, segundo ele, pode-se criar um ambiente contracionista ao invés de expansionista. Durante a reunião de líderes, Pacheco também afirmou que o Congresso vai instalar nesta quarta-feira (10) a comissão mista que vai analisar o orçamento de 2021. Os trabalhos atrasaram por conta da pandemia do novo coronavírus e também por conta de disputas relacionadas com a sucessão na Câmara dos Deputados. A instalação estava prevista para hoje, mas foi adiada por conta da decretação de luto oficial, pela morte do senador José Maranhão (MDB-PB), vítima da Covid-19. A previsão é que a comissão funcione até março deste ano, para analisar o orçamento atual. Em abril, deve ser instalada a outra comissão mista do orçamento, para então trabalhar na peça orçamentária do próximo ano. Desde o início da crise da falta de oxigênio hospitalar no Amazonas, 37 pacientes transferidos de Manaus morreram em hospitais de outros estados, em um cenário de apagão de informações sobre infecções pela nova variante do coronavírus identificada no Amazonas e sua distribuição no país. A variante P.1. tem algumas mutações observadas também nas variantes de fora do país, que podem estar relacionadas a maior transmissibilidade e maior letalidade. Médicos e gestores, porém, ainda não sabem o resultado dos sequenciamentos genéticos quase um mês após as primeiras transferências para outras partes do país. A escassez crítica de oxigênio em Manaus atingiu seu ápice em 14 de janeiro, quando a falta de insumo nos hospitais provocou mortes de pacientes por asfixia. O Ministério da Saúde começou, então, um movimento de transferência de pacientes que não estivessem em estado grave de saúde e que não dependessem, no momento do deslocamento, de um leito de UTI (unidade de terapia intensiva). Até sábado (6), 570 pacientes haviam sido transferidos, a partir de uma coordenação do ministério. Desse total, 225 (39,4%) tiveram alta médica e 37 (6,4%) morreram longe de suas casas. Os 37 óbitos ocorreram no intervalo de 24 dias. A média é de 1,5 morte por dia. As informações fazem parte do relatório mais recente fornecido pela Casa Civil da Presidência ao STF (Supremo Tribunal Federal). Em cumprimento da decisão do ministro Ricardo Lewandowski, o governo Jair Bolsonaro precisa atualizar ao Supremo, de 48 em 48 horas, um plano de atuação no Amazonas. Não há um parâmetro para os números com as mortes por Covid-19 de pacientes que ficaram no Amazonas, uma vez que foram transferidas pessoas dentro de um critério específico e com atendimento difuso em hospitais em diferentes estados. Uma situação comum constatada pela Folha, em conversas com médicos e gestores de unidades onde houve óbitos, é a demora para sequenciamentos genéticos e falta de respostas sobre as análises laboratoriais feitas. Esses exames poderiam mostrar se os pacientes foram infectados com variante P.1. O Ministério da Saúde afirma que o sequenciamento genético não é um método de diagnóstico e não é realizado para confirmar casos suspeitos da Covid-19. ""Tampouco é indicado para ser feito para 100% dos casos positivos"", disse em nota. ""Contudo, a análise do resultado permite quantificar e qualificar a diversidade genética viral circulante no país."" Entre os pacientes transferidos, houve evolução rápida para quadros gravíssimos da Covid-19, com comprometimento acelerado dos pulmões. Tanto que o mais comum foi a internação de pacientes em UTIs assim que chegaram aos hospitais de destino. Também houve morte de pacientes jovens. As principais transferências foram feitas para hospitais universitários federais, que se readequaram para ampliar vagas e receber os pacientes de Manaus. O HC (Hospital das Clínicas) da UFG (Universidade Federal de Goiás) recebeu 35 pacientes. Até o dia 2, houve três óbitos. Em mais uma semana, houve mais três mortes. Entre os óbitos mais recentes estão o de uma mulher de 41 anos e o de um homem de 47 anos. Eles apresentaram uma ""aceleração intensa no agravamento do quadro em 24 horas"", segundo o hospital, que já deu alta médica a outros 19 pacientes. O HC não faz a análise genômica necessária para mapeamento da variante do novo coronavírus. Os dados são enviados a São Paulo. Até esta segunda (8), não havia nenhuma resposta. ""Esses pacientes chegaram com gravidade avançada, com 90%, 95% de comprometimento do pulmão. Houve um caso em que não houve nem tempo para fazer os exames"", afirmou o superintendente do HC da UFG, José Garcia Neto. ""Tratamos como sendo infecções pela nova cepa. A Secretaria de Saúde do Amazonas adota o entendimento de que a grande maioria dos novos infectados é pela nova cepa"", afirmou Neto. O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia, cidade colada a Goiânia, recebeu outros 14 pacientes do Amazonas. Houve, até agora, seis altas e cinco mortes. Três continuam internados. ""Os óbitos seguiram índices semelhantes ao que vínhamos acompanhando para a doença"", disse Luciano Carvalho, superintendente de Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde. O Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) de Goiás coletou amostras para sequenciamento genético, enviadas a São Paulo, mas as equipes de saúde ainda não têm respostas. ""Não conseguimos afirmar se há alguma relação com a nova cepa. A evolução da doença é muito incerta"", disse Carvalho. Ao todo, foram feitos exames com amostras de 24 pacientes de Manaus levados a Goiás. A análise ficou a cargo do Instituto Adolfo Lutz, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. A iniciativa partiu da Superintendência de Vigilância em Saúde em Goiás, e não do Ministério da Saúde, conforme gestores ouvidos pela Folha. A pasta só apareceu para tratar do sequenciamento genético de variantes em locais onde há aceleração ou circulação da cepa no fim da semana passada. No Espírito Santo, que recebeu 36 pacientes de Manaus, houve cinco óbitos. O último foi nesta segunda, de um homem de 43 anos que ficou hospitalizado por 17 dias. Os pacientes que chegaram ao estado foram diretamente para a UTI, segundo o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes. No Amazonas, eles estavam em enfermarias. Cinco permanecem internados em UTI. ""Um dos pacientes teve sintomas no Natal. Até o último dia 29, o RT-PCR seguia dando positivo"", afirmou o secretário. ""Vinte e quatro pacientes têm condições de alta clínica. Para que isso ocorra, exigimos dois PCRs negativos, em um intervalo de 24 horas entre um e outro."" No Maranhão, houve três mortes. O HC da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) recebeu 39 pacientes de Manaus. Um jovem de 36 anos, que tinha asma, foi uma das vítimas da Covid-19. Também morreram idosos transferidos do Amazonas. ""No caso do óbito mais recente, o paciente já estava de alta na enfermaria, e teve um AVC mesmo usando medicamento para evitar esses eventos"", afirma Joyce Lages, superintendente do hospital. A estatal que administra os hospitais universitários tem conhecimento, até agora, da detecção da variante P.1. apenas no Piauí. Era um caso leve da doença. O paciente já voltou a Manaus. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que vem emitindo comunicados aos estados com orientação sobre o sequenciamento de rotina do vírus. As análises são conduzidas por Adolfo Lutz, Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e Instituto Evandro Chagas. Até o dia 5, houve a confirmação de 51 casos pela nova variante, sendo 44 no Amazonas, cinco em São Paulo e dois no Pará. O ministério faz o sequenciamento de 1.200 amostras do vírus, de todas as unidades da Federação, dentre de um projeto de rede nacional de sequenciamento genético, conforme a pasta. O senador José Maranhão (MDB-PB) morreu na noite desta segunda-feira (8), por complicações decorrentes da Covid-19. O parlamentar tinha 87 anos e era o mais velho do Congresso Nacional. Trata-se do segundo senador que morre vítima do novo coronavírus. Em outubro do ano passado, Arolde de Oliveira (PSD-RJ) morreu aos 83 anos vítima de falência múltipla dos órgãos, após ser infectado pelo vírus. Maranhão havia sido infectado no fim de novembro, em João Pessoa (PB), durante o segundo turno das eleições municipais. Uma semana depois, foi transferido para São Paulo para se tratar, onde permaneceu desde então. O emedebista se licenciou do cargo no dia 12 de janeiro. O corpo do senador será levado para sua terra natal, Araruna (PB), onde será enterrado. Casado com a desembargadora Maria de Fátima Bezerra, deixa três filhos —Maria Alice, Leônidas e Letícia— e dois netos —José Neto e Maria de Fátima. O senador foi eleito para seu segundo mandato no Senado em 2014. Já havia sido governador da Paraíba por três vezes, vice-governador, deputado constituinte, deputado federal e deputado estadual. Iniciou sua carreira política em 1955 na Assembleia Legislativa da Paraíba. Teve os direitos políticos cassados pelo regime militar, mas voltou à atividade parlamentar com a redemocratização do país. Congressistas lamentaram a morte do colega em suas redes sociais. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RJ), divulgou uma nota de pesar e decretou luto oficial na Casa por 24 horas. ""É com grande pesar que o Congresso Nacional recebe a confirmação, nesta segunda-feira (8), da morte do senador paraibano José Maranhão, aos 87 anos, vítima de complicações decorrentes da Covid-19. Em homenagem à sua memória, o Senado Federal decreta luto oficial de 24 horas"", escreveu Pacheco. Segundo o presidente do Senado, ficam mantidas as reuniões internas de trabalho, como a reunião de líderes da Casa nesta terça-feira (9). ""José Targino Maranhão cumpria o seu segundo mandato como senador da República. Maranhão começou na política na década de 1950. Precisamente em 1955, quando foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito por mais três mandatos. As sinceras condolências do Parlamento brasileiro à família, aos amigos e a todos os paraibanos e as paraibanas"", afirmou o presidente da Casa. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se manifestou em rede social. ""Acabo de receber a triste notícia da partida do querido amigo senador José Maranhão. De longe um dos maiores expoentes da nossa política, em muito contribuiu no Parlamento. Não à toa, era tão querido em sua amada Paraíba. Envio meus sinceros sentimentos à família e aos amigos"", escreveu. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) também lamentou a perda do colega. ""Com grande tristeza, manifesto minha solidariedade ao povo paraibano e à família do senador José Maranhão, levado pelo Covid-19 nesta segunda. Deixa de legado a larga trajetória política. No nosso coração, estará sempre a lembrança da sua cordialidade"", escreveu. Líder da bancada do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM) afirmou, no Twitter, que perdeu um amigo. ""Mais do que um correligionário, perdemos um amigo, um companheiro querido e gentil, admirado e respeitado por todos que o cercavam, por sua experiência e por sua postura pessoal e política, marcada pelo compromisso e pela integridade."" Segundo ele, trata-se ""mais uma perda irreparável causada pela Covid-19"". La reducción del presupuesto federal para las camas de UCI dedicadas a Covid-19 preocupa especialmente a los estados de la Región Norte. Además del aumento del número de casos, las autoridades locales enfrentan falta de mano de obra especializada y dificultades en el suministro de oxígeno —Amazonas, Roraima, Rondônia y Amapá ya han informado del problema al Gobierno Federal. La lógica es que cuanto menos camas pague la Unión, menor es la condición de brindar atención e incluso recibir ayuda de otros estados. Un estudio concluido el domingo (7) señala que 570 pacientes han tenido que ser trasladados de Manaos a 19 ciudades de otros estados desde que se produjo el colapso del mes pasado. De estos, 282 aún se encuentran hospitalizados en redes estatales y en hospitales universitarios federales. Rondônia también está transfiriendo pacientes, más grave e incluso de UCI. Los gobernadores de la Amazonía Legal, que también incluye Mato Grosso y Maranhão, publicaron una carta el domingo (8), pidiendo al Gobierno que pague las camas de UCI destinadas a enfermos de Covid-19 de los estados, que totalizaron 12.000 al final del año y , este mes, apenas se ofrecen 3.000. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original A redução da verba federal para leitos de UTI dedicados à Covid-19 preocupa principalmente os estados da Região Norte. Além do aumento do número de casos, os gestores locais enfrentam falta de mão de obra especializada e dificuldades no fornecimento de oxigênio —Amazonas, Roraima, Rondônia e Amapá já relataram o problema ao governo federal. A lógica é que, quanto menos leitos forem pagos pela União, menor a condição de prestar atendimento e até de receber socorro de outros estados. Levantamento fechado neste domingo (7) aponta que 570 pacientes foram transferidos de Manaus para 19 cidades de outros estados desde o colapso no mês passado. Destes, 282 ainda estão internados nas redes estaduais e em hospitais universitários federais. Rondônia também já está transferindo pacientes, em estado mais grave e já em atendimento de UTI. Os governadores da Amazônia Legal, que inclui ainda Mato Grosso e Maranhão, divulgaram uma carta, neste domingo (8), pedindo que o governo volte a bancar leitos de UTI para Covid-19 nos estados, que somavam 12.000 no fim do ano e, neste mês, recuaram para cerca de 3.000. O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) apresentou como sugestão ao Ministério da Saúde montar um hospital de campanha em Brasília, bancado com recursos próprios, para centralizar a transferência dos pacientes da Região Norte. Da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sobre os diálogos do ex-juiz com a equipe de Deltan Dallagnol liberados pelo STF à defesa de Lula O Brasil tem aumentado a vigilância para novas variantes do coronavírus, mas a estrutura ainda está longe da ideal e sofre com falta de financiamento, recursos humanos e dificuldade de obter insumos. Para especialistas, o fato de ter havido identificação da variante que circula no Amazonas, conhecida como P.1., em vários outros países antes de estados brasileiros evidencia essas dificuldades. A variante foi identificada pela primeira vez em amostras de turistas do estado que visitavam o Japão, e só depois confirmada no Brasil. Atualmente, a chamada vigilância genômica, modelo que permite a identificação de novas linhagens e variantes do vírus por meio de sequenciamento genético, é feita principalmente por uma rede vinculada ao Ministério da Saúde e por outra ligada à Ciência e Tecnologia, além de projetos em universidades e em alguns laboratórios privados. O número de amostras sequenciadas no Brasil, porém, ainda é baixo em comparação a outros países. Aqui, cerca de 0,03% dos casos da Covid tiveram amostras enviadas para sequenciamento, segundo levantamento a partir de dados do Gisaid, plataforma que reúne dados de genomas do coronavírus. Em outros países, como o Reino Unido, esse índice chega a 5%. Na Dinamarca, é de 1,9% e na Irlanda, de 1,4%. Atualmente, a análise desses dados na rotina na Saúde é concentrada em três laboratórios, que recebem amostras de todos os estados: Fiocruz, Adolfo Lutz, e Instituto Evandro Chagas (IEC). Para essa vigilância, não há necessidade ou possibilidade de sequenciar todas as amostras coletadas em testes –daí a seleção de apenas algumas delas a partir de critérios específicos, separando aquelas mais importantes e que permitem esse trabalho. Pesquisadores ouvidos pela Folha, porém, apontam que o rastreio poderia ser maior, sobretudo em casos de surtos que exigem uma verificação rápida e número maior de análises. Segundo o grupo, a detecção de novas variantes é normal e esperada, e a maioria delas não deve preocupar. O trabalho, porém, é importante para detectar mudanças na circulação do vírus e alertas para algumas potencialmente mais transmissíveis –caso da variante do Amazonas, por exemplo. Entre os entraves para aumentar a análise, estão a falta de equipes e dificuldade em importar insumos, além do alto custo do processo. ""Temos equipamentos, mas falta pessoal e reagentes para intensificar a vigilância genômica”, afirma José Eduardo Levi, pesquisador do Laboratório de Virologia do Instituto de Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da USP. Para ele, o ideal é que haja uma organização para sequenciamento sistemático de casos com representação estatística. ""A metodologia é cara, os insumos são caros, e essa é uma barreira para que possa ser difundida de forma mais ampla"", afirma Mirleide Cordeiro, coordenadora do laboratório de vírus respiratórios do IEC. Ela avalia, contudo, que o problema não é exclusivo no Brasil. ""No Brasil, temos pessoal qualificado, o que nos falta é uma estrutura de parque tecnológico para que façamos isso de forma mais efetiva. É necessário mais investimento em ciência e saúde pública."" Os problemas se refletem nos dados disponíveis. Na prática, o Brasil ainda não sabe precisar a extensão da circulação da nova variante identificada em Manaus, por exemplo. Questionado, o Ministério da Saúde diz que análises são conduzidas para avaliar a circulação. Pesquisadores apontam que 90% dos casos do Amazonas já estão associados a ela. Dizem ainda que a variante já se espalhou para outros estados além de Amazonas, Pará e São Paulo, onde já foi identificada. A baixa testagem associada à demora maior para o sequenciamento em algumas regiões agravam o problema. No Maranhão, por exemplo, são em média 21 dias desde a coleta do material até o resultado. Em outros, chega a 25 dias. “Dentre os critérios para sequenciamento estão as amostras positivas com maiores cargas virais, o monitoramento de paciente provenientes de áreas que possuem circulação de novas variantes, como Reino Unido e África do Sul, através da equipe do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde”, disse em nota a secretaria de Saúde do governo do Maranhão. No Mato Grosso, só a remessa das amostras demora de 5 a 10 dias, já que é necessário pedir voo para transporte, segundo a secretaria de saúde. Fátima Marinho, médica epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies, aponta que o baixo índice de sequenciamento do vírus tem impacto no controle da pandemia. “Quando surge uma cepa mais eficiente, é importante identificar para controlar e reduzir impacto, trabalhar para a variante não se tornar predominante. E ficar atento a outras variantes. Muitas delas são insignificantes, mas outras são melhores, mais infectantes e letais”. Em geral, especialistas consideram a possibilidade de haver novas variantes comum e que a maioria não deve gerar preocupação. O monitoramento, porém, é necessário. Além da variante do Amazonas, outras duas têm chamado atenção devido a uma possível maior transmissibilidade: é o caso de uma identificada no Reino Unido (VOC 202012/01), outra na África do Sul (501Y.V2, derivada linhagem B.1.351 do vírus), e a P.1., do Amazonas (que derivou da linhagem B.1.1.28). Essa última é a que gera maior alerta por aqui. ""Tendo em vista o aumento rápido e expressivo do número de casos e óbitos pela doença em Manaus, a partir de dezembro de 2020, há uma hipótese de que isso esteja relacionado com uma maior infectividade dessa variante"", diz o Ministério da Saúde em nota técnica divulgada nesta semana, ressaltando que trata-se de hipótese, não fato. Questionado sobre os gargalos da vigilância genômica, o ministério diz que está iniciando um projeto-piloto para análise, em quatro meses, de até 1.200 amostras de diferentes estados. O objetivo é verificar a circulação da nova variante do Amazonas e identificar outras possíveis. A estratégia deve ser conduzida em quatro laboratórios —o Adolfo Lutz, em São Paulo, o IEC, no Pará, e os laboratórios centrais de saúde pública da Bahia e de Minas Gerais— que podem chegar a dez nos próximos meses. A pasta não informou a previsão de recursos. Segundo Cordeiro, do IEC, as primeiras amostras começaram a chegar nesta semana. A previsão é que o trabalho se some ao monitoramento de rotina na rede, feito por meio de envio de um volume específico de amostras de cada estado —no IEC e na Fiocruz, a média é de 100 a 200 sequenciamentos por mês, em cada um, e no Adolfo Lutz, de 120. O número é semelhante ao total analisado como rotina na Fiocruz, também referência na rede. “Quanto menor a circulação, menos chance de ter uma nova variante. Os riscos no caso de novas cepas é encontrar alguma que a vacina pode não oferecer imunidade, o que ainda não foi identificado”, afirma Fernando Motta, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz e da Fiocruz. Já no Adolfo Lutz, são 40 por semana, segundo Adriano Abbud, diretor de respostas rápidas do instituto. Para ele, a rede de vigilância é estruturada, e a dificuldade em aumentar o sequenciamento está no custo. Abbud afirma que não se pode atribuir um aumento de casos penas a novas variante, mas recomenda o reforço de medidas de distanciamento. ""Sequenciar é necessário para conhecer a doença, mas para pará-la, precisamos de distanciamento social, uso de máscara e vacinação"", diz. ""É assim que temos que proceder, não importa a variante."" Além dos laboratórios vinculados ao Ministério da Saúde, a vigilância genômica tem apoio de outros centros, como os da Rede Coronaômica, ligada ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), e voltada ao acompanhamento de pesquisas em universidades. O grupo foi formado durante a pandemia, mas enfrentou atrasos para iniciar as atividades. Fernando Spilki, o coordenador, diz ver avanços nos últimos meses: “A Inglaterra estava fazendo mais de 7.000 sequenciamentos num dia e estava sequenciando de 3% a 5% das amostras, mas não foi isso que ela fez o tempo todo. Se olharmos um gráfico, também teve um momento em que não estava sequenciando tanto"". O avanço da Covid-19 no Brasil tem nos levado a enfrentar desafios inimagináveis. Em janeiro, mais de 1,46 milhão de pessoas foram diagnosticadas com a doença, bem mais do que o registrado no primeiro pico da epidemia, em julho de 2020. Apesar da gravidade do momento, o reforço na rede de atendimento, em vez de crescer, diminui. Os leitos do SUS, financiados pelo Ministério da Saúde para a assistência aos pacientes com a doença, mínguam a cada dia. Chegamos a ter, em dezembro de 2020, 12.003 leitos habilitados. Em fevereiro, no entanto, o quantitativo chegará a 3.187. Neste momento, estados e municípios respondem ao aumento das demandas com recursos próprios, mas chegamos a um limite perigoso. A julgar pelo comportamento da epidemia em outros países e pela experiência recente da doença no Amazonas, o ano de 2021 será muito difícil. Felizmente, hoje dispomos de vacinas, mas, para que haja impacto na progressão de casos novos, é preciso que uma grande parcela da população esteja imunizada. São esforços simultâneos e complementares. No entanto, até que esse estágio ideal seja alcançado, não está descartado o risco de enfrentarmos um aumento ainda maior de infecções. A inquietação se agrava sobretudo diante do surgimento de novas variantes do vírus, cujo comportamento, seja na transmissibilidade, seja na gravidade dos casos, ainda será preciso decifrar, demandando estudos adicionais. A situação epidemiológica atual indica um cenário mais sombrio. Além da necessidade de estar preparado para um aumento expressivo do número de casos, o SUS precisa estar apto para atender à legião de pessoas que, por receio de contágio ou por qualquer outro motivo, deixaram de procurar atendimento para suas patologias. Cirurgias programadas foram suspensas; exames e consultas, adiados. Ao todo, 1,039 bilhão de atendimentos deixaram de ser realizados no SUS em 2020, de acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Os reflexos já são sentidos nos serviços de saúde. As cirurgias, antes adiáveis, agora são urgentes. Casos simples se agravam em velocidade crescente. Garantir atendimento para todos é um desafio incontestável, mas não o único. Para dar melhor resposta às demandas que se aproximam, antigas necessidades precisam ser satisfeitas. É imprescindível que melhoremos a capacidade de testagem no país e invistamos na rede de sequenciamento do vírus. Somente com informação de qualidade e reunida de forma ágil é possível avaliar o comportamento das novas cepas no Brasil, o impacto delas para a saúde pública e, assim, desenhar medidas de resposta. Mais uma vez escrevo sobre esforços simultâneos que demandam dos gestores públicos uma atuação incomum. Quanto mais o tempo passa, mais urgentes são as providências e mais custosa a operação. O financiamento é outro ponto sensível nesta equação. É preciso ter recursos financeiros. O incremento de 1,1% no Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2021, em relação ao Ploa 2020, aponta para seríssimos problemas neste ano no que tange à manutenção de alguns programas e, principalmente, na expansão de serviços. Afinal, a pandemia não terminou em 31 de dezembro de 2020. É desesperador o desenho do Orçamento de 2021 simplesmente desconsiderar que a pandemia não terminou. A situação do país se agravou. A saúde do brasileiro piorou. Não há como responder de forma eficiente sem orçamento para entender o comportamento da epidemia, atender novos pacientes com a doença e garantir tratamento para brasileiros com outros problemas de saúde. O exemplo de Manaus, com crescimento explosivo de casos da doença e rápido agravamento dos pacientes, deixa claro que temos de ter recursos. Pacientes não podem esperar. O SUS também não. Se existe um protagonista com destaque na pandemia do coronavírus até aqui, ele é o Sistema Único de Saúde. Se existe um legado a deixar quando a pandemia finalmente tiver sido vencida, este legado é o fortalecimento do SUS como marco civilizatório, como anteparo das profundas desigualdades que marcam o Brasil. Estamos, neste momento, a olhar o precipício. Ainda é possível não tombarmos. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. O Brasil será vacinado contra a Covid mesmo com as omissões, os erros e os arbítrios do governo federal. Entramos no terceiro ano da Presidência de Jair Bolsonaro, mas no 33º ano do Sistema Único de Saúde, o SUS. Para cada negacionista que orbita o poder no Palácio do Planalto, há milhares de brasileiros empenhados em combater de peito aberto os efeitos da maior crise sanitária da história. São os médicos, enfermeiros e profissionais de saúde na trincheira para salvar vidas e que estoicamente ignoram os delírios obscurantistas de seus superiores. Gente que há quase um ano se desdobra no atendimento dos doentes e agora tocam a campanha de vacinação. São os cientistas e técnicos nas frentes de pesquisa, garantindo que as vacinas sejam produzidas e aplicadas com toda segurança. São nossos diplomatas mundo afora que não se deixaram capturar pelo tradicionalismo, como o diligente time da representação na Índia, que assegurou as importações de vacina apesar do disfuncional que os lidera em Brasília. Butantan e Fiocruz financiados pelos nossos impostos se tornaram merecidamente o símbolo dessa resistência humanitária. Mas os heróis da resistência democrática são muitos. Incluem os jornalistas que nunca trataram a doença como uma “gripezinha”. Os líderes comunitários que organizam exércitos de mobilização. Os políticos verdadeiramente comprometidos com o povo sem cair no populismo. Os empresários que entenderam a gravidade do contexto e abraçaram a agenda da inclusão, sem filas paralelas ou qualquer outro privilégio. Muita gente fez —e faz— a diferença ao enfrentar a miopia e a descoordenação apesar da insistência em atrapalhar de quem deveria liderar o país atualmente. Temos de reverenciar a resposta diária dos professores nos estados e municípios e aplaudir os projetos públicos de ensino digital como, por exemplo, do Maranhão e do Rio Grande do Sul, que são ações bem sucedidas, apesar de a educação ter sido jogada às traças por ministros extremistas e alienados do marco democrático. É necessário reconhecer o amadurecimento do debate nacional sobre renda básica e, da mesma maneira, é justo louvar o esforço do Congresso em 2020, que aprovou o auxílio emergencial, apesar da insensibilidade social de um governo que nunca priorizou os mais pobres. Precisamos celebrar ainda os avanços dos movimentos feministas, LGBTQIA+ e antirracistas, que conquistaram inédita centralidade na discussão pública apesar da misoginia, da homofobia e do racismo da narrativa desvairada palaciana desde a posse. A discussão nas redes sociais apodreceu de vez? Não se a gente se lembrar do inquérito das fake news no STF, da atuação das agências de checagem, da autocrítica das próprias plataformas e da posição esclarecida de muitos influenciadores digitais. Os ataques contínuos esvaziaram a grande imprensa? Não se a gente verificar que o jornalismo festeja audiências sem precedentes. Nossas contas públicas foram totalmente comprometidas por um governo avesso à transparência? Estão aí os portais especializados e os tribunais de contas para mostrar que é difícil esconder até suspeitas de leite condensado superfaturado. O momento é crítico, mas temos de manter acesa a chama da esperança. Apesar da situação calamitosa na Amazônia devido ao negacionismo presidencial, o Brasil tem tudo para reverter as curvas do desmatamento na região. Aos poucos e aos trancos, produtores rurais percebem que a rastreabilidade e o plantio/pecuária sustentável são imperativos no mercado global. O sistema financeiro começa a estrangular o crédito de quem insiste em desmatar e ignora as diretrizes ESG, que cobram uma postura moderna em relação ao meio ambiente, ao desenvolvimento social e às práticas de governança. Nossas exportações vão bater recorde, nossa agroindústria se fortalece, debates sobre produção e sustentabilidade seguem mais vivos do que nunca apesar da tenebrosa política externa atual e da orientação federal de fazer “passar a boiada”. Apesar de esforços técnicos, o descompromisso com a pauta verde cria atrito com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Ao ponto de o comitê de política ambiental da OCDE cancelar a deliberação sobre elevar o status do Brasil —de convidado a participante— no órgão internacional. Há quem cometa crimes nas florestas? Há. Em contrapartida, há muita gente disposta a se sacrificar em defesa do meio ambiente. E se as autarquias hoje estão politicamente diminuídas, a maioria dos funcionários públicos continua cumprindo sua missão de fiscalizar, alertar, denunciar. A voz dos climatologistas nunca foi tão amplificada. Falam que a PGR hoje oscila entre silêncios constrangedores e pareceres equivocados apesar de manifestações recentes do Conselho Superior do Ministério Público que mostram parte da corporação vigilante e pronta a responder. Dizem que as Forças Armadas estão desmoralizadas. Quem conhece de perto os quartéis, os oficiais da ativa e a rotina das tropas, porém, sabe da contínua e inestimável contribuição dos militares para o país —sobretudo nos rincões mais pobres. As Forças Armadas não têm um só sobrenome e nem são reféns do familismo. Prefiro enaltecer figuras honradas como o general Antônio Miotto, que perdeu a batalha para a Covid e não para a vaidade. Não menciono aqui todos esses casos com propósito acomodatício. Moderação não é passividade. Não dá para tapar o sol com a peneira. A realidade brasileira não admite ingênuos. Não sugiro, portanto, guardar as panelas, engavetar o debate do impedimento, banalizar os crimes de responsabilidade, normalizar a dor e a violência, deixar de lado a indignação. Pelo contrário, faço aqui o devido registro da potência do nosso sistema imunológico, celebrando nossa capacidade de reagir. É importante fazer uma análise em perspectiva, especialmente nesta conjuntura tão polarizada, conturbada e por vezes contaminada por interesses mesquinhos. O vírus expôs a fragilidade do nosso contrato social, que precisa ser repactuado. E as instituições estão sofrendo em mãos irresponsáveis. Mas os pilares da nossa democracia seguem de pé graças à intervenção de muitos. Se é verdade que a sociedade agora está machucada e traumatizada, também é fato que temos tudo para sair dessa e emergir mais zelosos com nossos direitos, fortalecidos pelas conexões que realizamos e tonificados pelas novas reflexões que fazemos. A mudança depende de nós. Somos nós que construímos nosso destino coletivo. Projetos políticos autoritários e truculentos têm problemas inerentes de sustentabilidade. Num país como o Brasil, imenso em seu território, imenso em suas desigualdades e imenso em suas potências criativa e empreendedora, autocratas acabam quebrando a cara e ficando impopulares. Uma presidência desprovida de razão e de coração não tem como vingar por muito tempo entre nós. Por isso, este governo —sem querer— na sua trajetória errática vai ajudar a revitalizar a sociedade civil e a consolidar a percepção de que o messianismo nunca foi – nem nunca será – um atalho para a prosperidade do país. O brasileiro voltará a sonhar quando a boa política sacudir a poeira da polarização e dos “ismos” e, assim, ajudar a nação a dar a volta por cima. Então chegará a hora da generosidade, de reconectar as pessoas, de ouvir e acolher quem pensa diferente, de buscar pontos em comum e transformar as melhores ideias em realidade. Chegará a hora de ouvir, unir e agir! Estou entre aqueles que se engajam nesta construção. Amanhã há de ser outro dia apesar da triste realidade de hoje. Jamais vamos desistir do Brasil. Sabemos que mesmo a pior das tempestades ajuda a florescer o jardim. Carro-chefe do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia, mesmo sem eficácia comprovada pela ciência, a distribuição de cloroquina aos quatro cantos do país mobilizou pelo menos cinco ministérios, uma estatal, dois conselhos da área econômica, Exército e Aeronáutica. A Folha identificou dezenas de atos oficiais, todos eles públicos, adotados nas mais diferentes esferas de governo para garantir a circulação de cloroquina e hidroxicloroquina. Distribuir o medicamento virou uma política de governo, com atos dos Ministérios da Saúde, Defesa, Economia, Relações Exteriores e Ciência e Tecnologia. Envolve desde a orientação técnica para o uso até o fornecimento final da substância, passando por isenções de impostos e facilitações na circulação do produto. Uma ferramenta alimentada pelo Ministério da Saúde, com registros das ações da pasta na pandemia, aponta uma distribuição de 5.416.510 comprimidos de cloroquina e 481.500 comprimidos de hidroxicloroquina. Os medicamentos, sem eficácia comprovada para Covid-19 conforme experimentos feitos até agora, foram enviados principalmente a Norte e Nordeste. Depois de quase 11 meses de adoção dessa estratégia para enfrentar o novo coronavírus, as investigações sobre crimes e ilegalidades começam a deslanchar. O ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, é investigado em inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por omissão na crise de escassez de oxigênio no Amazonas. Quando faltava oxigênio, o ministério irrigou Manaus com 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina. Um segundo procedimento, ainda preliminar, foi instaurado pela PGR para apurar a distribuição do medicamento no país. Já a Procuradoria da República no DF abriu um processo, na esfera cível, para investigar improbidade na distribuição de cloroquina. Para preservar provas, os procuradores fizeram download de vídeos em que Pazuello e Bolsonaro defendem o “tratamento precoce”. No TCU (Tribunal de Contas da União), uma auditoria apontou ilegalidade em uso de dinheiro do SUS para custear a distribuição da cloroquina. O entendimento dos auditores foi de que não existe um aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o fornecimento pelo SUS. Como a cloroquina acaba sendo usada numa finalidade fora da descrita na bula, haveria necessidade de uma autorização do órgão regulador, segundo a auditoria do TCU. A Anvisa afirmou à Folha que o registro da cloroquina no órgão se destina a tratamento de artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desse medicamento para o tratamento da Covid-19”, disse, em nota. “Não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, finalizou. O Localiza SUS, ferramenta usada para atualizar os dados sobre ações na pandemia, informa que os comprimidos de cloroquina custaram R$ 238,3 mil. O valor, porém, está subestimado. O Exército, que produziu 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina a partir de solicitações dos Ministérios da Defesa e da Saúde, informou à Folha que o gasto com a produção foi de R$ 1,16 milhão. O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército fez pelo menos nove dispensas de licitação para adquirir insumos e o princípio ativo da droga. Em outubro do ano passado, uma auditoria do TCU constatou que a produção do laboratório do Exército não levava em conta demanda e planejamento por parte do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. A falha tem “potencial de gerar dano ao erário, pois a produção pode exceder à necessidade do SUS e gerar acúmulo e vencimento de medicamentos”, apontou a auditoria. O Exército, em nota, negou essa possibilidade. Segundo a instituição, há 328 mil comprimidos de cloroquina em estoque, com vencimento em 2022. Na nota, o Exército dá a entender que não haverá uso do medicamento para Covid-19: “Será empregado para atender ao uso terapêutico preconizado do medicamento.” O Laboratório do Exército é apenas executor e não decide sobre ampliação ou redução da produção, assim como não discute eficácia ou utilização, conforme a nota enviada à reportagem. “Em relação à cloroquina, destaca-se que as quantidades produzidas foram distribuídas de acordo com as solicitações dos Ministérios da Saúde e da Defesa.” Caixas de cloroquina foram transportadas em diferentes ocasiões pela Aeronáutica, especialmente para regiões mais isoladas, como comunidades indígenas na fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Segundo a Força Aérea, quem faz o planejamento é o Ministério da Saúde, que o repassa ao Ministério da Defesa. “A Força Aérea apenas cumpre a missão”, diz a assessoria de imprensa. O Ministério da Saúde editou um guia com orientações sobre o uso da cloroquina. Chegou a colocar no ar um aplicativo programado para ofertar o medicamento. E distribuiu a droga às cinco regiões do país. A pasta não respondeu aos questionamentos da reportagem. A EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), estatal responsável pelos hospitais universitários federais, fez uma compra de hidroxicloroquina para ações de combate à Covid-19. Os registros públicos mostram uma aquisição no valor de R$ 38.915. À Folha a estatal afirmou que a compra foi cancelada e não chegou a ser concluída. O recuo teria ocorrido após “mudança no protocolo adotado, até então, pelos órgãos de saúde”. A aquisição, conforme a EBSERH, foi feita especificamente pelo hospital universitário no Maranhão. A estatal confirmou que dois hospitais universitários compraram hidroxicloroquina para o combate à Covid-19, ainda no primeiro semestre. Foram 2.570 doses, no valor de R$ 2.546,32, segundo a EBSERH. “A administração central da EBSERH não realizou compras centralizadas de hidroxicloroquina para distribuir aos hospitais e não emitiu recomendação aos hospitais da rede para uso do medicamento no combate à Covid-19”, afirma a nota da estatal. A pulverização da cloroquina no país foi possível graças também a isenções de impostos pelo Ministério da Economia e a permissões de entregas antecipadas pela Receita. Em nota, a pasta de Paulo Guedes defendeu as medidas. A permissão para isenção de ICMS à cloroquina e outros produtos voltados ao combate à pandemia foi estendida até 31 de julho, segundo o ministério. A medida foi avalizada pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). A redução a zero da alíquota de importação sobre produtos transportados em remessas aéreas permitiu doações de diferentes partes do mundo, conforme a pasta. A medida foi encerrada em 1º de outubro. A simplificação do despacho aduaneiro de produtos foi outra medida adotada, e incluiu a cloroquina. “Esta medida é aplicada a todas as mercadorias declaradas essenciais ao combate à Covid-19, atualmente com mais de 200 itens diferentes”, diz a nota. Também houve redução de impostos pela Camex (Câmara de Comércio Exterior). A cloroquina foi incluída. O Ministério das Relações Exteriores, por sua vez, viabilizou uma doação de 2 milhões de comprimidos de doses pelos EUA, ainda no governo de Donald Trump. O Itamaraty, em nota, diz ter facilitado os entendimentos entre Ministério da Saúde e governo dos EUA para a doação do medicamento. A intermediação coube à Embaixada do Brasil em Washington e à Agência Brasileira de Cooperação, segundo o ministério. Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações patrocinou uma pesquisa sobre quimioprofilaxia com cloroquina em população de alto risco. O valor do convênio é de R$ 1,44 milhão. A pasta não respondeu às perguntas sobre a evolução da pesquisa. Um governo mobilizado pela cloroquina O que cada órgão fez: Ministério da Saúde Edição de guia com orientação sobre uso Compra e distribuição a todas as regiões do país Parceria com Exército para a produção Ministério da Economia Redução a zero de imposto de importação em remessas aéreas de até US$ 10 mil (ato do ministro) Redução temporária de alíquota de importação, por decisão da Camex (Câmara de Comércio Exterior) Autorização a 16 estados para conceder isenção de ICMS, decidida pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) Permissão de entrega antecipada de mercadoria (instrução da Receita Federal) Ministério das Relações Exteriores Acordo de cooperação com os EUA para receber uma doação de 2 milhões de doses Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações Convênio para pesquisa sobre profilaxia com o medicamento em população de alto risco Ministério da Defesa Solicitações de produção e transporte do medicamento a duas das três Forças Exército Dispensas de licitação para compra de insumos e medicamentos, com ampliação expressiva da produção pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército Aeronáutica Transporte de cargas a regiões mais isoladas, inclusive a comunidades indígenas na fronteira com a Colômbia e a Venezuela EBSERH Compra de medicamentos por hospitais universitários Fonte: Diário Oficial da União A região Norte, com UTIs lotadas em Porto Velho e Manaus, reflete a preocupação com a alta de pacientes graves internados no país. Oito capitais brasileiras estão com mais de 80% de seus leitos de UTI para a Covid-19 ocupados, segundo levantamento da Folha com os governos estaduais. A história do trabalhador marítimo José Azevedo Melo, 57, resume a situação limite em Porto Velho, que chegou a transferir às pressas pacientes para outros estados, e em Manaus, com falta de oxigênio nas unidades de saúde no início do ano. Melo esperou cinco dias para conseguir ser transferido da Upa Sul de Porto Velho para a UTI do hospital Regina Pacis, administrado pelo governo de Rondônia. Com o quadro bastante grave, ele não resistiu e morreu um dia depois de acessar a vaga de UTI. Morador de Manaus, trabalhava numa balsa que fazia o trecho entre Amazonas e Rondônia. De acordo com familiares, contraiu a Covid-19 no trabalho e, com o sistema de saúde de Manaus em colapso, foi atendido em Porto Velho. No dia 23 de janeiro, ele deu entrada na Upa com cansaço. Foi direto para o oxigênio. Um dia depois, precisou ser intubado. Os médicos informaram à família que ele precisava ser transferido imediatamente para uma UTI, mas não havia mais vagas na rede pública. “Só conseguimos vaga no dia 29 de janeiro. Ele não resistiu e morreu. A demora na transferência agravou muito a situação. O pulmão já estava bastante prejudicado”, disse o filho Davi Nobre Melo, que chegou a mandar mensagens para servidores do Ministério da Saúde relatando o drama vivido pelo pai. O sistema de saúde de Rondônia segue em colapso. Todos os 151 leitos de UTI para a Covid-19 da rede pública na capital estão ocupados. Pacientes chegam a esperar até uma semana para acessar uma vaga. Sem espaço para todos, uma parte dos infectados está sendo encaminhada para outros estados. Desde o dia 25 de janeiro, 42 doentes com sintomas da Covid-19 foram transferidos para Porto Alegre, Curitiba, Campo Grande e Cuiabá. Deste total, 12 deles necessitavam de cuidados intensivos e foram levados em UTI aérea. Nesta semana, 22 leitos de UTI/Covid-19 foram ativados na rede estadual. Todos eles foram ocupados imediatamente. O estado encontra dificuldade de abrir mais vagas de UTI porque não há médicos intensivistas disponíveis. Diante da gravidade da situação, o Ministério Público Federal solicitou a antecipação da formatura de alunos de Medicina de Rondônia para atuarem na linha de frente. Em Manaus, 366 dos 379 leitos de UTI da rede pública estão ocupados, uma taxa de 96%. O maior gargalo é no atendimento ao público adulto em geral, setor em que a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 101%: há 285 leitos disponíveis e 288 pacientes internados. Com a crise de oxigênio nas unidades de saúde temporariamente estabilizada e com limitações da capacidade de atendimento, o maior problema no Amazonas agora é a falta de leitos. Na última segunda (1), a fila da transferência para um leito nas unidades de referência da capital tinha 568 pessoas, 120 delas à espera de uma vaga na UTI. Para desafogar a rede estadual de saúde, o Ministério da Saúde informou que 1.500 pacientes precisam ser transferidos dos hospitais de Manaus para unidades de saúde de outros estados brasileiros. Até esta terça (2) foram transferidos pouco mais de 400 pacientes. No Rio de Janeiro, o número de internações vem diminuindo nas últimas semanas, segundo especialistas devido ao encerramento das festas de fim de ano. Nesta segunda, 65% das UTIs públicas estavam cheias no estado, e a média de espera por um leito era de seis horas em média. Na capital, porém, o índice era maior: 87%. No Nordeste, o Ceará enfrenta um aumento no número de casos da Covid-19 e de hospitalizações em decorrência da doença e atingiu a marca de 87% dos leitos públicos de terapia intensiva ocupados nesta segunda-feira (2). No estado de São Paulo, das primeiras semanas de janeiro até o primeiro dia de fevereiro houve um aumento de cerca de 9% nas UTIs (a média móvel de sete dias delas passou de 8.098 para 8.844) disponibilizadas para pacientes com Covid-19, com leve oscilação para cima de ocupação. Levando em conta só a capital paulista, o número de UTIs para Covid cresceu pouco mais de 4% (a média móvel de leitos foi de 2.957 para 3.091) e a ocupação também sofreu leve oscilação para cima. Janeiro foi o mês com mais casos de Covid-19 (310.727) no estado de São Paulo desde o início da pandemia, com o mesmo se repetindo para o país como um todo. O estado também registrou 6.237 mortes nesse período. Algumas cidades do interior do estado, já nas primeiras semanas de janeiro, registraram recordes de casos da doença. Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e outros municípios viram suas ocupações de UTI superarem os 70% --alguns chegaram a 100%-- no mês. Em Pernambuco, o número de pacientes permanece muito elevado. Nesta segunda-feira (1), havia 832 doentes graves recebendo cuidados intensivos. A taxa de ocupação dos leitos, mesmo com ampliação contínua da oferta, é de 84%. A situação da UTI no Maranhão piorou, especialmente nas proximidades das capitais. Na região de São Luís, aumentou o total de leitos, de 89 para 111 desde 11 de janeiro, com a ocupação subindo de 66% para 84%, enquanto em Teresina o percentual de utilizados foi de 49% para 75%. Nesta terça-feira (2), o governador Flávio Dino (PCdoB) descartou a imposição de um novo lockdown no estado, mesmo com o crescimento de casos constatados. Ele prometeu ampliar os leitos e tomar outras providências. Defensores públicos haviam pedido novas medidas de isolamento social. Na região Sul, Santa Catarina diminuiu a taxa de ocupação de quase 80% para 73% nas últimas semanas. Oito regiões do estado estão classificadas com risco potencial gravíssimo para a Covid-19, outras sete aparecem no nível grave da pandemia e uma região está em risco alto para a doença. A capital Florianópolis, que aparece com risco grave no mapa do estado, está com 82% das UTIs ocupadas – percentual um pouco acima do registrado no último levantamento, de 75%. Algumas escolas particulares da cidade retomaram as aulas presenciais nesta segunda-feira (1º). As instituições podem manter 100% dos alunos nas salas, desde que tenham espaço físico para cumprir com o distanciamento e regramentos estabelecidos pelo governo estadual. O Paraná, que prorrogou pela terceira vez o toque de recolher entre 23h e 5h –medida que passa a vigorar até 10 de fevereiro– registra 80% das UTIs ocupadas. O porcentual é o mesmo registrado em Curitiba, que na última semana retomou a bandeira amarela, a mais branda em relação às medidas de combate à pandemia. Já em Porto Alegre, a taxa de ocupação caiu, de 86% para 76%, mas, no mesmo período, houve um acréscimo de 60 leitos disponíveis. No estado, o volume de leitos com paciente é de 75%. Os números são reflexo da ampliação das restrições por duas semanas em dezembro, segundo a secretária de Saúde, Arita Bergmann. “Em janeiro, estamos observando queda nos indicadores, mas ainda são dados elevados, se comparados com os do meio do ano passado. O Rio Grande do Sul está numa situação, de certa forma, em equilíbrio, mas a preocupação é permanente”, disse na última semana. Em Roraima, um dos estados com forte presença indígena que criou estratégia de imunização para este grupo, há 62 leitos de UTI para a Covid-19, e 79% estão ocupados. Como em outros estados da região Norte, há ameaça de interrupção no fornecimento de oxigênio. Em Belo Horizonte, houve reabertura do comércio na capital esta semana, após três semanas de fechamento. Até o dia 1º de fevereiro, 77,9% dos 303 leitos de UTI reservados para Covid-19 na rede SUS estavam ocupados — no total, somando rede suplementar, BH chega a 585 leitos reservados para a doença, com taxa de ocupação de 75,7%. A prefeitura diz que abriu 56 novos leitos de UTI em janeiro. No Acre, em menos de um mês, a ocupação dos leitos intensivos para Covid-19 saltou de 57% para 80%. Na capital Rio Branco, a taxa de ocupação está em 76%. Já os leitos clínicos na rede SUS do estado têm ocupação de 95%. Diante da piora no cenário, o governo anunciou nesta segunda-feira (1°) a mudança da classificação do estado para o nível de emergência (bandeira vermelha). Com isso, todos os estabelecimentos não essenciais deverão permanecer fechados. Em Natal, somando vagas estaduais e do hospital de campanha gerido pelo município, a taxa de ocupação dos 86 leitos chega a 72,9%. Entre as internações, estão pacientes vindos de Manaus. No Amapá, estado que atravessou apagão no fim do ano passado, o governador Waldez Goés assinou decreto, nesta segunda (1º), vetando consumo de bebida alcoólica nos fins de semana de fevereiro e suspendendo o ponto facultativo no Carnaval, como medida de contenção à pandemia. “São medidas necessárias, principalmente após o alerta de uma possível nova variante do coronavírus aqui no Amapá”, afirmou Góes. O estado está com 63,7% das 80 vagas de UTI públicas para Covid-19 ocupadas. O Distrito Federal estava com 62% dos leitos de UTI ocupados nesta terça-feira (2). São 285 vagas exclusivas para pacientes com Covid-19 --177 estava preenchidas. Das 108 vagas restantes, seis estavam bloqueadas e e aguardavam liberação na rede pública. A taxa de ocupação, entretanto, é menor que a de 11 de janeiro, quando 76% dos leitos estavam ocupados. Desde o período, foram criadas 113 vagas de leitos de UTI. O Distrito Federal registrou 277.907 casos de Covid-19. Morreram por causa da doença até esta terça 4.564 pessoas. Quatro meses depois de fazer críticas públicas contra o desmatamento no Brasil, o presidente Joe Biden e membros do alto escalão do novo governo dos EUA receberam nesta semana um longo dossiê que pede o congelamento de acordos, negociações e alianças políticas com o Brasil enquanto Jair Bolsonaro estiver na Presidência. O documento de 31 páginas, ao qual a BBC News Brasil teve acesso, condena a aproximação entre os dois países nos últimos dois anos e aponta que a aliança entre Donald Trump e seu par brasileiro teria colocado em xeque o papel de ""Washington como um parceiro confiável na luta pela proteção e expansão da democracia"". ""A relação especialmente próxima entre os dois presidentes foi um fator central na legitimação de Bolsonaro e suas tendências autoritárias"", diz o texto, que recomenda que Biden restrinja importações de madeira, soja e carne do Brasil, ""a menos que se possa confirmar que as importações não estão vinculadas ao desmatamento ou abusos dos direitos humanos"", por meio de ordem executiva ou via Congresso. A mudança de ares na Casa Branca é o combustível para o dossiê, escrito por professores de dez universidades (9 delas nos EUA), além de diretores de ONGs internacionais como Greenpeace EUA e Amazon Watch. A BBC News Brasil apurou que os gabinetes de pelo menos dois parlamentares próximos ao gabinete de Biden —a deputada Susan Wild, do comitê de Relações Internacionais, e Raul Grijalva, presidente do comitê de Recursos Naturais— revisaram o documento antes do envio. O texto tem o endosso de mais de cem acadêmicos de universidades como Harvard, Brown e Columbia, além de organizações como a Friends of the Earth, nos EUA, e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), no Brasil. A iniciativa é da U.S. Network for Democracy in Brazil, uma rede criada por acadêmicos e ativistas brasileiros no exterior há dois anos que hoje conta com 1.500 membros. Tanto Biden quanto a vice-presidente Kamala Harris, além de ministros e diretores de diferentes áreas do novo governo, já criticaram abertamente o presidente brasileiro, que desde a derrota de Trump na última eleição assiste a um derretimento em negociações em andamento entre os dois países. ""O governo Biden-Harris não deve de forma nenhuma buscar um acordo de livre-comércio com o Brasil"", frisa o dossiê, organizado em 10 grandes eixos: democracia e estado democrático de direito; direitos indígenas, mudanças climáticas e desmatamento; economia política; base de Alcântara e apoio militar dos EUA; direitos humanos; violência policial; saúde pública; coronavírus; liberdade religiosa e trabalho. O material, segundo a BBC News Brasil apurou, chegou ao núcleo do governo Biden por meio de Juan Gonzales, recém-nomeado pelo próprio presidente americano como diretor-sênior para o hemisfério ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca —e conhecido pelas críticas a políticas ambientais de Bolsonaro. Assessor de confiança de Biden desde o governo de Barack Obama, quando atuou como conselheiro especial do então vice-presidente Biden, Gonzales passou por diversos cargos na Casa Branca e no Departamento de Estado e hoje tem livre acesso ao salão Oval como o principal responsável por políticas sobre América Latina no novo governo. ""Qualquer pessoa, no Brasil ou em outro lugar, que achar que pode promover um relacionamento ambicioso com os EUA enquanto ignora questões importantes como mudança climática, democracia e direitos humanos, claramente não tem ouvido Joe Biden durante a campanha"", disse Gonzales recentemente. O dossiê também circula por membros do Conselho de Assessores Econômicos (CEA, na sigla em inglês) do gabinete-executivo de Biden e pelo ministério do Interior —cuja nova chefe, Debra Haaland, também é crítica contumaz de Bolsonaro. O documento surge em momento de intensa expectativa sobre os próximos passos da relação entre Brasil e Estados Unidos sob o governo de Biden e da vice-presidente Kamala Harris. Até dezembro do ano passado, os líderes dos dois países celebravam anúncios conjuntos, como protocolos de comércio e cooperação econômica, e mostravam intimidade em encontros públicos. Na Assembleia Geral da ONU de 2019, por exemplo, Bolsonaro chegou a dizer ""I love you"" (eu amo você) a Trump, que respondeu ""bom vê-lo outra vez"". Na primeira semana de janeiro, Ivanka Trump, filha do ex-presidente, foi fotografada carregando no colo a filha de Eduardo Bolsonaro, que visitava a Casa Branca junto à esposa Heloisa e à recém-nascida Georgia —nome do Estado que se tornou um dos pivôs da derrota de Trump na eleição. Mas os ventos mudaram. Já na campanha, Biden disse que ""começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia"". A declaração gerou uma dura resposta do presidente Jair Bolsonaro, que classificou o comentário como ""lamentável"", ""desastroso e gratuito"" e quebrou o protocolo presidencial ao declarar sua torcida pelo hoje derrotado Donald Trump. Semanas antes, a agora vice-presidente Kamala Harris escreveu que ""o presidente do Brasil Bolsonaro precisa responder pela devastação"" na Amazônia. ""Qualquer destruição afeta a todos nós"", completou. Mais recentemente, após ser questionado pela jornalista Raquel Krähenbühl, da GloboNews, sobre quando conversaria com o par brasileiro, Biden apenas riu. Membros do partido democrata ouvidos pela reportagem sob anonimato descrevem Bolsonaro como uma figura ""tóxica"" no xadrez global. Continuar investindo em uma relação próxima com o líder brasileiro seria, na avaliação destes críticos, uma contradição com as bandeiras de sustentabilidade, defesa aos direitos humanos e à diversidade levantadas pela chapa democrata que venceu as eleições. Pela primeira vez na história dos EUA, Biden nomeou uma mulher indígena para chefiar um ministério (Interior) e mulheres transexuais para cargos importantes nas áreas de defesa e saúde. Negros, latinos e asiáticos aparecem em número recorde de nomeações. O apoio a estes grupos é o eixo principal do dossiê, que também defende que Biden retire o apoio atual dos EUA para a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e questione a participação do Brasil no G7 e G20 enquanto Bolsonaro for presidente. ""Os EUA têm obrigação moral e interesse prático em se opor a uma série de iniciativas da atual presidência do Brasil"", diz o texto. ""A recente 'relação especial' entre os dois países por meio da ampliação de relações comerciais e ajuda militar possibilitou violações dos direitos humanos e ambientais e protegeu Bolsonaro de consequências internacionais."" O texto não cita diretamente a proposta de um fundo internacional de US$ 20 bilhões, sugerida por Biden na campanha eleitoral, para conter o desmatamento na Amazônia. No capítulo sobre meio ambiente, no entanto, o texto alerta que financiar programas de conservação do atual governo brasileiro poderia significar ""jogar dinheiro no problema"", a não ser que o país mude a direção de suas políticas de proteção ambiental. O remédio, segundo os autores, seria vincular qualquer financiamento às demandas de representantes da sociedade civil, povos indígenas, quilombolas e comunidades ribeirinhas. ""Um dos valores deste documento é preparar o governo (Biden) para o fluxo de desinformação vindo do governo Bolsonaro. O problema é que este governo não é apenas o mais agressivo antagonista do meio ambiente brasileiro visto até hoje, mas também um grande investidor em relações públicas divulgando informações deturpadas. Eles investem para encobrir problemas. Então o grande objetivo é mostrar ao governo quais devem ser as fontes seguras para informação sobre o Brasil: a sociedade, as organizações que estão em campo, as comunidades e grupos marginalizados"", diz à BBC News Brasil Daniel Brindis, diretor do Greenpeace nos EUA e um dos autores do dossiê. ""O presidente Biden precisa ter certeza de onde está investindo o dinheiro, ou corre o risco de jogá-lo fora"", afirma. Mas o dossiê diz que a atenção do governo dos EUA deve ir além do financiamento a políticas de conservação no Brasil e também deve mirar o papel de empresários, investidores e da política externa norte-americana ""na ampliação do desmatamento e permissão de abusos de direitos humanos"". Depois da China, os EUA são os maiores compradores de madeira brasileira no mundo. O documento ressalta, no entanto, que a lei Lacey, aprovada nos EUA em 2008, proíbe o comércio de produtos vegetais vindo de fontes ilegais nos Estados Unidos e em outros países. Em 11 de janeiro deste ano, o Ministério Público Federal entrou em contato com o governo dos EUA para recuperar cargas de madeira extraída ilegalmente na Amazônia. Uma operação realizada em dezembro na divisa do Pará e do Amazonas recolheu mais de 130 mil metros cúbicos de madeira ilegal —o equivalente a mais de 6 mil caminhões de carga lotados, segundo a polícia federal. O texto também lembra que os problemas ambientais brasileiros não se limitam à Amazônia e também incluem o cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica. Além do foco ambiental, boa parte do dossiê se dedica a políticas sobre grupos historicamente marginalizados no Brasil como indígenas e quilombolas. Sobre os últimos, o texto defende que os EUA reverta a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas assinado pelos governos Trump e Bolsonaro, em 2019, permitindo a exploração comercial da Base Espacial de Alcântara, no Maranhão. Como foi assinado, o acordo prevê a remoção de centenas de famílias de quilombolas que vivem na região há quase dois séculos. ""O governo Biden-Harris deve se colocar de maneira firme contra qualquer desapropriação de terras quilombolas, enquanto se engaja em ações pacíficas colaboração com a Agência Espacial Brasileira em Alcântara"", sugere o texto, citando o Tratado do Espaço Sideral, um instrumento multilateral assinado tanto por EUA quanto pelo Brasil. Segundo o texto do tratado, criado em meados dos anos 1960, em meio à Guerra Fria, iniciativas que envolvam exploração no espaço só podem acontecer a partir de fins pacíficos. ""O governo Biden e Harris deve rejeitar firmemente qualquer envolvimento militar na colaboração espacial no Brasil. Qualquer colaboração entre os programas espaciais dos EUA e do Brasil deve eliminar o racismo e o legado ambiental destrutivo de Trump e Bolsonaro"", prossegue o dossiê. O governo Bolsonaro afirma que o acordo de Alcântara estimulará o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro e poderá gerar investimentos de até R$ 1,5 bilhão na economia nacional. O Brasil diz pretender ""tornar o Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, competitivo mundialmente e um grande atrativo de recursos para o Brasil no setor espacial"". Ao longo de mais de suas mais de 30 páginas, o texto também defende que os EUA divulguem documentos secretos sobre a ditadura no Brasil e que o Departamento de Justiça responda a questionamentos sobre a suposta participação dos EUA na operação Lava Jato. Em agosto de 2019, o parlamentar Hank Johnson, junto outros 12 congressistas, pediu esclarecimentos sobre a relação dos norte-americanos com a operação brasileira, mas não teve resposta. Em coro com relatórios recentes de organizações globais de direitos humanos sobre o Brasil, o dossiê também recomenda que o governo americano se coloque enfaticamente contra a violência policial no Brasil, os assassinatos de ativistas e trabalhadores rurais no país e a ataques contra religiões de matriz africana. O texto também cita extinção do Ministério do Trabalho pelo governo Bolsonaro e ""políticas de desmantelamento de direitos dos sindicatos, financiamento sindical, negociações coletivas e sistemas de fiscalização do trabalho"" como temas a serem revertidos antes da discussão de qualquer acordo de livre-comércio com o Brasil. O dossiê não foi enviado a membros do governo brasileiro. Longe de Washington, após se tornar o último líder de um pais democrático a reconhecer a vitória de Biden e Harris, Bolsonaro vem tentando manobrar para reduzir os danos na relação entre os dois países. Em janeiro, depois de defender teorias de conspiração infundadas sobre fraudes na eleição americana, o presidente brasileiro assinou uma carta de cumprimentos ao novo líder dos EUA. ""A relação Brasil e Estados Unidos é longa, sólida e baseada em valores elevados, como a defesa da democracia e das liberdades individuais. Sigo empenhado e pronto para trabalhar pela prosperidade de nossas nações e o bem-estar de nossos cidadãos"", dizia o texto, que não teve resposta. À BBC News Brasil, em novembro, o embaixador brasileiro em Washington, Nestor Forster, disse acreditar que a proximidade entre os dois países se manteria em um eventual governo Biden. ""Acreditamos firmemente que, independente do resultado das eleições aqui nos EUA, essa agenda vai continuar e a importância do Brasil não vai mudar porque está esse ou aquele partido. Temos a melhor relação com os dois partidos políticos, como é natural em uma democracia."" Dias antes, no entanto, parlamentares democratas haviam chamado Bolsonaro de ""pseudoditador"" e classificado acordos entre os dois países como ""tapa na cara do Congresso"". A eleição de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara coroa a série de derrotas sofridas por Rodrigo Maia (DEM-RJ) nos últimos meses e lança uma sombra de incertezas sobre o futuro do deputado, hoje com 50 anos, ainda jovem para os padrões da política. Em um primeiro momento, vão praticamente à lona as expectativas de que ele assuma papel de protagonismo nas articulações de partidos de centro-direita que buscam uma alternativa, em 2022, a Jair Bolsonaro. O primeiro sinal de perda de poder recente de Maia ocorreu quando o centrão, sob liderança de Arthur Lira (PP-AL), embarcou na aliança com o governo justamente no momento em que Bolsonaro elevava ao máximo os ataques ao presidente da Câmara. A partir desse momento, a Câmara passou a ter dois focos de poder bem definidos e separados. O de Maia e de partidos de centro-direita não bolsonaristas, em especial DEM, MDB e PSDB, e, de outro, o centrão, liderado por PP, PSD, PL e PTB. Sob o discurso oficial de que a prioridade era o combate à Covid-19, Maia segurou ainda ao máximo a definição sobre sua sucessão, acalentando, nos bastidores, a possibilidade de concorrer ele mesmo a mais um mandato. No centrão, a candidatura de Lira vinha sendo trabalhada havia alguns anos. A pá de cal nas pretensões do presidente da Câmara vieram com a decisão apertada do Supremo Tribunal Federal que vetou a possibilidade de reeleição dele e de Davi Alcolombre (DEM-AP) —o que trouxe ainda, como fator adicional, o rompimento com o colega do Senado, que creditou a decisão do STF que lhe atingiu à insistência de Maia de concorrer ao quarto mandato consecutivo. Após isso, o presidente da Câmara ainda teve dificuldade de definir, entre os vários aliados a quem acalentou esperança, o seu candidato. Como ocorre normalmente nesses casos, após a escolha de Baleia Rossi (MDB-SP), alguns dos preteridos passaram a atuar como adversários na disputa, em especial Marcos Pereira (Republicanos-SP) e o colega de partido Elmar Nasicmento (DEM-BA), ex-líder da bancada. Paralelamente a isso, a costura de Alcolumbre com o Planalto para emplacar Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como presidente do Senado também contribuiu para minar o capital político de Maia e de seu candidato, já que o apoio do centrão a Pacheco inibiu ações mais contundentes dentro do próprio DEM em prol de Baleia. Por fim, o governo Bolsonaro, contrariando promessas de campanha, entrou pesado na disputa, transferindo a Lira a tarefa da distribuição de cargos na máquina federal e de bilhões em verbas do Orçamento direcionadas a obras e investimentos apadrinhadas pelos deputados. Com isso, Maia chegou à reta final em litígio com o presidente da legenda, ACM Neto (BA), antigo parceiro da Câmara, a quem afirmou que o DEM pode virar ""o partido da boquinha"", e com a possibilidade real de deixar a sigla, que presidiu de 2007 a 2011 e no qual o pai, Cesar Maia, hoje vereador no Rio, teve protagonismo em décadas passadas. Não só as derrotas políticas conspiram contra o futuro político de Maia. A perda do poder de quatro anos e meio que lhe credenciou como uma das principais vozes da República, a ponto de o seu apoio assegurar mandatos —no caso de Michel Temer (MDB)— ou barrar ações presidenciais —no caso de Bolsonaro—, se esvai quase que instantaneamente após a saída da cadeira de presidente da Câmara. Desde a redemocratização do país, em 1985, é bem maior a lista de presidentes da Câmara que deixaram o poder direto para um relativo ostracismo —ou para um destino pior, a cadeia—, do que aqueles que saíram de lá para alçar maiores voos. Dos antecessores de Maia neste século, apenas dois assumiram um papel de maior relevo nos anos posteriores, mas ambos, Michel Temer (MDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG), tinham forte ascendência sobre os seus partidos, situação bem diferente da de Maia, atualmente. Na lista dos que perderam relevância política estão Marco Maia (PT-RS), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Waldir Maranhão (MA), entre outros, além dos que, além disso, acabaram presos depois —Eduardo Cunha (MDB-RJ), Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) e João Paulo Cunha (PT-SP). Maia é deputado federal no sexto mandato consecutivo, que só termina em janeiro de 2023. Até lá, porém, terá que conviver na condição de oposição na Câmara, situação que conheceu de perto de 2003 a 2016. Nesse período, apesar de ter comandado o DEM nacionalmente, ele passou por longo período de ostracismo, muito em parte pela decadência sofrida pelo partido durante os governos do PT. Foi resgatado politicamente por Eduardo Cunha, que lhe deu papeis de comando nas discussões da reforma política. O rompimento com o emedebista pouco antes de sua queda, além de outras atitudes —ele havia votado no ano anteiror a favor do pacote de ajuste fiscal do então ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy—lhe credenciaram a obter o apoio da oposição, vencer o centrão e consquistar primeiro de seus três mandatos. A disputa pelas vagas abertas no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) tem movimentado ministros e políticos que buscam emplacar aliados nos tribunais. Os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux e Edson Fachin já elegeram seus preferidos para a vaga no tribunal superior. Já na corte federal, o interesse é no assento deixado por Kassio Nunes Marques, que foi para o Supremo ano passado. A aposta nos bastidores é que o novo ministro do Supremo terá grande influência na escolha de seu sucessor no TRF-1. Isso porque a indicação tem de passar por lista sêxtupla da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com quem Kassio tem boa relação, e deve ser definida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem o ministro se aproximou após indicado po r ele para o STF. No STJ, Bolsonaro poderá indicar seu primeiro nome na segunda corte mais importante do país na vaga de Napoleão Nunes Maia, que se aposentou no fim de 2020. O assento é destinado a juízes federais de segunda instância. Os tribunais federais encaminham os nomes que se habilitaram para a disputa ao STJ, que faz uma votação secreta entre seus 33 ministros. Os três mais votados formam a lista que é encaminhada ao presidente, que tem a responsabilidade de nomear um deles para o cargo. O presidente da corte, ministro Humberto Martins, convocará sessão para o começo de fevereiro a fim de decidir se a votação secreta da lista será feita presencialmente ou por videoconferência. Nesta vaga do STJ, Gilmar trabalha para emplacar Ney Bello. O magistrado do TRF-1 é reconhecido na área acadêmica e tem proximidade com a ala política por ter um perfil garantista, que dá maior respaldo às alegações dos advogados em relação a investigadores. Um dos principais nomes que o ajudou a ser indicado para a corte federal em 2013 foi o então senador e ex-presidente José Sarney (MDB). Ambos são maranhenses e têm relação desde o estado natal. Integrantes do Congresso chegaram a dizer que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trabalharia contra ele para evitar uma vitória do emedebista. Alcolumbre, porém, é próximo de Gilmar e, à coluna Painel, por meio da assessoria, afirmou que não tem nada contra o magistrado. Bello é considerado um dos favoritos para o posto justamente por causa da boa interlocução com o mundo político e com Gilmar. O ministro costuma influenciar as escolhas de Bolsonaro na área jurídica, como ocorreu com Kassio no STF, com José Levi na AGU (Advocacia-Geral da União) e com o advogado Rodrigo Mudrovitsch para juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). As boas relações de Bello, porém, também pesam contra ele, uma vez que a maioria dos ministros do STJ sonha em ir para o STF um dia e vê Bello como um concorrente no futuro, caso seja alçado agora à segunda corte mais importante do país. Toffoli, por sua vez, também tem boa relação com Bolsonaro e apoia o juiz federal do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) Paulo Sergio Domingues. Eles são próximos desde que o ministro atuava como advogado em São Paulo. Assim como Toffoli, Domingues tem uma relação histórica com o PT, apesar de não ter sido filiado ao partido. Já Fux, atual presidente do STF, tenta emplacar um conterrâneo do Rio de Janeiro no STJ: trata-se do juiz federal do TRF-2 Aluísio Mendes. Nos bastidores do STJ, no entanto, a aposta é que Aluísio Mendes pode até compor a lista tríplice, mas não disputará a condição de mais votado. Até ministros oriundos do Rio de Janeiro já admitiram em reservado que não têm simpatia pela chegada do membro do TRF-2. Também corre por fora o juiz federal Fernando Quadros, do TRF-4. Ele é próximo de Fachin e tem o apoio do colega para ser bem votado no STJ e integrar a lista tríplice. O nome do juiz federal do TRF-5 Cid Marconi é outro que aparece nos bastidores para ir ao STJ. Além dele, está no páreo a juíza do TRF-1 Daniela Maranhão, que conta com o apoio do ministro do STJ João Otávio de Noronha, que tem boa relação com Bolsonaro. Depois do assento de Napoleão Nunes Maia, a próxima vaga a abrir, caso nenhum ministro se aposente antes dos 75 anos, será Felix Fischer, em agosto de 2022. Esta vaga é destinada a integrante do Ministério Público. Fischer atualmente é relator da Lava Jato no STF. Não está definido ainda, porém, se a responsabilidade sobre a operação será repassada ao sucessor ou sorteada entre os magistrados que já integram a corte. O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, é um dos nomes que podem ser indicado para esta vaga. Já no TRF está na disputa Flávio Jardim, procurador do governo do Distrito Federal e sócio do escritório Sérgio Bermudes, um dos maiores do país. Jardim conseguiu um feito incomum no mundo jurídico e conta com o apoio tanto de Gilmar quanto de Fux, que são adversários no STF. O professor, procurador do Piauí e ex-presidente da OAB local William Guimarães é outro interessado na vaga e tenta viabilizar sua candidatura nos bastidores. Ele é apoiado pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e é próximo de Kassio. Outro nome, porém, também disputa o apoio do novo ministro do Supremo: é o do advogado Gustavo Amorim, filho de Leomar Amorim, que integrava o TRF-1 até 2014, quando faleceu, e também foi membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Leomar ajudou Kassio a ser nomeado para o tribunal regional em 2011. Como ele terá influência na escolha de Bolsonaro, Gustavo nutre a esperança de ter a articulação feita pelo pai em favor de Kassio retribuída dez anos depois. Esta vaga é destinada à OAB, que publica um edital com as regras para advogados se inscreverem. A comunidade jurídica elabora uma lista com seis nomes, que tem de ser votada pelo Conselho Federal da ordem, composta por 81 membros. Essa lista aprovada vai para o TRF-1, que a reduz para três nomes. O presidente, então, tem de escolher entre esses três. Até o fim do mandato, Bolsonaro fará, ao todo, 90 nomeações em 35 tribunais. A mais importante feita até o momento foi de Kassio ao STF. Em julho, ele poderá indicar mais um integrante na corte com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. O Ministério da Justiça e Segurança Pública instaurou um processo administrativo para apurar se houve abuso na comercialização de oxigênio hospitalar, com lesão a consumidores, e para averiguar se as empresas no Brasil têm condições de ofertar o insumo em quantidades satisfatórias, diante do aumento do consumo nos hospitais durante a pandemia do novo coronavírus. A Secretaria Nacional do Consumidor, uma das unidades do ministério, notificou cinco empresas para prestarem esclarecimentos. White Martins, Indústria Brasileira de Gases, Messer Gases, Air Products Brasil e Air Liquide Brasil têm dez dias, a partir do recebimento da notificação, para dar explicações sobre o mercado de oxigênio hospitalar. A iniciativa ocorreu a partir do colapso dos hospitais em Manaus, que se viram sem oxigênio para tratar pacientes com Covid-19. Pessoas morreram asfixiadas. A omissão do ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello, passou a ser investigada num inquérito aberto por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). A White Martins é a fornecedora das unidades de saúde na capital do Amazonas. Ela alertou o Ministério da Saúde, seis dias antes do colapso, sobre a escassez acelerada de oxigênio. Pazuello recebeu outros alertas sobre o que estava ocorrendo, sobre o que viria a ocorrer e sobre os problemas logísticos para garantir o suprimento do insumo. Auxiliares do general chegaram a culpar a White Martins, dias antes do colapso, pelo que estava em curso em Manaus. Segundo esses auxiliares, a empresa foi negligente, o que a White Martins sempre negou. O procedimento no Ministério da Justiça foi instaurado por uma área técnica, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor. Ele funciona no âmbito da Secretaria Nacional do Consumidor, responsável por coordenar a política nacional das relações de consumo. A secretaria já notificou, por exemplo, as empresas que fabricam seringas e agulhas no Brasil, diante das dificuldades do governo em comprar os insumos. O Ministério da Saúde falhou nas tentativas tardias de compra e precisou recorrer à apropriação dos insumos, por meio de um instrumento chamado requisição administrativa. Se ficarem configuradas infrações, ao fim da tramitação de um processo administrativo do tipo, pode haver a aplicação de multas. No caso das empresas de oxigênio, averiguações preliminares apontam diferenças expressivas de preços e até mesmo a existência de um mercado paralelo do insumo. O Procon no Amazonas teria feito alerta nesse sentido. Nesse mercado paralelo, empresas adquirem os produtos e, em vez de venderem aos hospitais, comercializam num mercado doméstico. A escassez de oxigênio levou a uma corrida pelo insumo por parte de parentes de pacientes com Covid-19. Segundo a Secretaria do Consumidor, houve desabastecimento no Amazonas e no Pará e possíveis impactos no interior do Maranhão. Os ofícios às empresas questionam qual é a capacidade de produção e de escoamento de oxigênio hospitalar em todas as regiões do país. O ministério quer saber quais estruturas são usadas na distribuição, quem são os principais clientes, a capacidade instalada e se há regiões mais vulneráveis, depois do que ocorreu no Amazonas. Outra informação solicitada é sobre a existência de alertas a clientes, em caso de escassez. “Estamos buscando as causas das falhas do fornecimento, nesse momento de pandemia. Vamos mapear os riscos de desabastecimento em outras regiões”, afirma a secretária nacional do Consumidor, Juliana Domingues. Mesmo diante do avanço da pandemia de Covid-19 em todas as regiões brasileiras, governos de pelo menos dez estados preveem o retorno de aulas presenciais a partir do próximo mês com algum tipo de reforço e distanciamento entre os alunos. Outros seis estados, incluindo o Distrito Federal, só vão começar em março. Desses que retomam as atividades já em fevereiro, cinco — São Paulo, Ceará, Paraná, Maranhão e Acre — devem adotar o modelo híbrido de ensino, que mescla aulas online e presenciais. O estado de Goiás foi o único que já iniciou o ano letivo de 2021. As aulas também no formato híbrido foram retomadas na segunda-feira (25). Em alguns estados, a exemplo do Amazonas, que vive um colapso do sistema de saúde, ainda há indefinição em relação à data de retorno nas escolas públicas. Em São Paulo, o agravamento da pandemia levou o governador João Doria (PSDB) a adiar em uma semana, para 8 de fevereiro, o início das aulas presenciais na rede estadual. Professores e funcionários da educação, no entanto, devem comparecer presencialmente já na primeira semana do mês para atividades de formação sobre os protocolos sanitários. O estado decidiu que não vai obrigar os alunos a irem para a escola durante as fases mais restritivas da pandemia, a laranja e a vermelha. Já o governo de Minas Gerais abriu consulta pública para construir o modelo pedagógico a ser seguido na rede estadual em 2021, que tem previsão de início do ano letivo em 4 de março. As aulas presenciais estão suspensas em Minas desde 18 de março e houve uma tentativa de retomada do ensino presencial em outubro, mas ela foi barrada pela Justiça. Mesmo assim, desde então, as cidades localizadas na chamada onda verde do plano Minas Consciente puderam retomar as atividades nas escolas municipais. No Rio de Janeiro, as aulas começam em 8 de fevereiro de maneira híbrida e, em 1º de março, presencialmente para os alunos que vivem em situação mais vulnerável e não têm acesso à internet. Esses estudantes vão receber material impresso e tutoria. Para evitar a aglomeração de professores e alunos no transporte público, a Secretaria de Educação definiu que as aulas presenciais serão dadas em um turno único com horário alternativo: das 10h às 15h. As escolas do estado também vão funcionar sob um sistema de bandeiras que serão divulgadas toda sexta-feira. A classificação vai do verde, que permite 100% de ocupação do colégio na semana seguinte, até o roxo, com atividades apenas online. No Amazonas, a retomada das aulas na rede particular está prevista para 1º de fevereiro. A diarista Marilene Queiroz, 57, trabalha em duas casas diferentes, ambas com adolescentes em escolas particulares, e teme “levar” a doença para os netos, de 7 e 11 anos, alunos da rede pública estadual em Manaus e sem previsão de volta às aulas. “As aulas só deviam voltar depois que todo mundo estiver vacinado porque Manaus tá de um jeito que, se a gente ficar doente, não sabe se vai ter leito nem oxigênio, então dá um medo, sim. Por outro lado, é mais um ano que eles vão perder”, diz. Para o pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana, a retomada das aulas na rede pública foi um dos fatores que contribuiu para o início da chamada segunda onda de contaminação da Covid-19 em Manaus, que começou a crescer entre agosto e setembro e atingiu o pico no dia 14 de janeiro, quando o sistema de saúde colapsou. “Tivemos um repique de mortalidade importante de 9 a 15 de agosto [de 2020], que foi um reflexo do retorno das aulas presenciais na rede pública"", diz o pesquisador, que é um crítico do retorno das aulas presenciais antes da vacinação. Ele afirmou que houve um novo pico de 6 a 12 de setembro do ano passado, marcado pelo feriadão prolongado de 5 e 7 de setembro. No entanto, o maior deles, segundo Orellana, ocorreu dia 30 de setembro, influenciado pelo retorno das aulas presenciais da rede pública no ensino fundamental. Já o epidemiologista e coordenador do estudo Epicovid-19, Pedro Hallal, ex-reitor da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas), é favorável ao retorno às aulas em 2021, tanto no ensino básico como no superior. “Na epidemiologia, temos que avaliar se o risco é maior na escola ou não. No cenário atual, quando olhamos as ruas lotadas e aglomerações, as crianças estão mais protegidas passando pelo menos quatro horas no colégio, onde os protocolos serão seguidos”, diz Hallal. Para ele, os “dois extremos” da discussão estão equivocados. “Existem os extremistas que acham que as aulas nunca tinham que ter parado, uma coisa meio negacionista, e existem aqueles que defendem a volta apenas quando tiver vacina para todo mundo. O debate deveria ser sobre como voltar, e não se deve voltar”, diz Hallal. Em muitos lugares, devido à pandemia, os alunos precisaram se adaptar rapidamente a novos modelos de ensino. A comunidade da cidade catarinense Iporã do Oeste (a quase 500 km de Florianópolis) era atraída para dentro da escola estadual Padre Vendelino Seidel pelo Café Literário, um projeto da área de linguagens onde alunos interpretam clássicos da literatura brasileira. “Cada sala de aula era transformada em um livro. Em uma das edições, os alunos chegaram a construir um carro para o cenário de um conto da escritora Lygia Fagundes Telles”, relembra a professora Simone Spiess, 42, que leciona português e literatura. O projeto que chegou à sétima edição em meio à proliferação do coronavírus pelo mundo não foi cancelado. A dificuldade maior ficou por conta dos alunos da área rural e sem internet. A professora, que pertence ao grupo de risco da Covid-19, é a favor do retorno às aulas presenciais, já programado pelo governo de Santa Catarina para o dia 18 de fevereiro. Porém, para ela, o retorno deveria estar condicionado à vacinação. Para a volta das aulas presenciais, foi preciso investimento na montagem da estrutura de prevenção. O governo do Paraná, por exemplo, informou que investiu R$ 5,96 milhões na compra de equipamentos para abastecer mais de 2.000 escolas com álcool em gel, álcool líquido 70%, dispensers para o produto, medidores de temperatura, macacões para as equipes de limpeza e máscaras de tecido para os alunos (duas para cada um). Desde o início de abril de 2020, os estudantes do Paraná estão em ensino remoto. Na Bahia, onde as aulas foram suspensas há dez meses, os calendários para a retomada do ano letivo 2020 e as novas matrículas 2021 ainda serão divulgados. O governo informa que vai garantir vagas para todos os alunos que procurarem a rede estadual. Para recuperar o ano letivo 2020, a proposta é fazer uma recomposição mínima da carga horária, com plano de trabalho e outras atividades, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Desde a suspensão das aulas em março de 2020, o governo baiano não conseguiu viabilizar a adoção de aulas online na rede estadual. O Brasil registrou 1.206 mortes pela Covid-19 e 63.626 casos da doença, nesta terça-feira (26). O país chega assim a 218.918 óbitos pela doença e a 8.936.590 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.058. O valor da média representa um aumento de 7% em relação ao dado de 14 dias atrás e, com isso, uma situação de estabilidade na média. Norte e Centro-Oeste apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. No Sul há queda e nas demais regiões estabilidade da média, o que não representa uma situação de tranquilidade. Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e Roraima têm aumento da média móvel de mortes. Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins têm média móvel de mortes estável, o que, novamente, não significa uma situação tranquila. Amapá, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam queda da média. O Brasil tem uma taxa de 104,5 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (424.398), e o Reino Unido (100.358), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 129,9 e 151 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (143), país com 86.422 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 150.273 óbitos, tem 119,1 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 124,7. O país tem 39.887 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 153.587 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,4 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 105,7 mortes por 100 mil habitantes (47.034 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), apresentou queixa-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Supremo Tribunal Federal (STF). ""A mentira pode ser usada deliberadamente no debate político? O Presidente da República, com suas elevadas atribuições, pode costumeiramente mentir?"", indaga Dino no documento. O governador cita declarações de Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan, em que o presidente afirma que Dino teria negado pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para que a Polícia Militar garantisse a segurança de Bolsonaro em visita ao estado no ano passado. ""O fato, porém, nunca ocorreu. Não houve qualquer negativa por parte do Governo do Maranhão, menos ainda do Governador do Estado, para que as forças policiais apoiassem a segurança do Presidente da República e de sua comitiva em território maranhense"", diz o texto. O governador pede que, instruída a ação penal, o presidente seja condenado pela prática do crime de calúnia. ""Nessa perspectiva, está configurada a prática crime de calúnia, tendo como vítima o querelante, devendo o querelado responder pelos atos praticados no exercício de seu mandato"", segue a queixa-crime. ""Importante destacar, novamente, não se tratar de simples equívoco, sendo o querelado, aliás, conhecido por seu pouco apreço pela correção factual, sendo apontado por veículos de checagens de dados como responsável por uma média de três declarações falsas ou distorcidas por dia durante os dois primeiros anos de seu mandato"", continua o texto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta terça-feira (26) a possibilidade de o auxílio emergencial voltar caso o número de mortes por coronavírus continue crescendo no país e o governo fracasse na vacinação da população. Mesmo assim, ele ressaltou que esse cenário só se configuraria caso ""o pior aconteça"". Guedes defendeu responsabilidade para se analisar a questão e disse que é preciso verificar se o aumento recente de casos de Covid-19 não foi um reflexo pontual das festas de fim de ano. Ele traça atualmente dois cenários possíveis. Em caso de queda na pandemia, a agenda econômica seria avançar com as reformas que estão no Congresso. ""Se a pandemia descer, a vacinação em massa ocorrendo, e a economia voltando à normalidade, deveremos estar de volta às reformas estruturais"", afirmou em evento do banco Credit Suisse. ""Se a pandemia se agravar e continuar 1.500 mortes por dia, a vacina não chega, se falhássemos miseravelmente nas vacinas... O que não acredito [que vá ocorrer] porque o ministro [da Saúde] tem capacidade logística, temos, e o presidente agradeceu, a Anvisa, o [Instituto] Butantan, [a Fundação] Oswaldo Cruz, as Forças Armadas"", disse. Nesse segundo caso, de agravamento da pandemia, Guedes reconhece a possibilidade de recriar o auxílio, mas de forma aprimorada. ""Vamos observar. Caso o pior aconteça, se a doença volta, como compatibilizar uma coisa com a outra [pandemia e responsabilidade fiscal]? Bom, temos o protocolo da crise [medidas de 2020], aperfeiçoado agora"", afirmou. Conforme mostrou a Folha na semana passada, a equipe econômica não descartava um novo auxílio emergencial em uma situação extrema, mas os integrantes ainda não reconheciam a necessidade da medida já que a viam a economia se movimentando e as atividades ainda abertas. E defendiam a revisão de outros gastos para atender os vulneráveis. Ele sugeriu que a medida seja discutida em conjunto entre os Poderes ao defender que a decisão deve partir do Conselho Fiscal da República, um órgão previsto em proposta de Guedes (não aprovada pelo Congresso até hoje) para reunir presidentes de todos os Poderes com objetivo de analisar as contas públicas. Guedes sugeriu que, caso a pandemia avance e o governo fracasse na vacinação, o auxílio emergencial seja recriado a partir de uma nova cláusula a ser inserida na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que tramita no Congresso desde 2019 com objetivo original de diminuir despesas obrigatórias. A cláusula de calamidade pública seria inserida na PEC com objetivo principal de, em casos extremos de necessidade, suspender a aplicação de normas fiscais como a regra de ouro (que impede endividamento para despesas correntes). A regra poderia ser acionada tanto na pandemia do coronavírus como futuramente em outros casos. O ministro citou como exemplo hipotético a elevação do nível do mar, que poderia afetar a população que vive no litoral brasileiro. De qualquer forma, Guedes afirmou que deve ser analisado o comportamento da pandemia antes de uma conclusão sobre o tema. ""Vamos observar a economia e a saúde, os dois andam juntos. E vamos esperar pelo melhor e que, com a vacinação em massa, as mortes estejam descendo"", disse. A aposta de Guedes é que a vacinação direcionada à população idosa seja capaz de frear a pandemia no país, a exemplo do que já ocorreu em Israel –que começou a imunização da população há três semanas e já vê o internamento de idosos cair 60%. Guedes prevê uma queda na pandemia nos próximos dois meses caso os esforços de vacinação sejam direcionados à população idosa no país, composta por aproximadamente 30 milhões de pessoas. ""Se concentrarmos nos próximos dois meses, se focalizarmos nesse segmento específico [idosos], pronto. A coisa desce, está controlada. E o Brasil segue a vida normal"", afirmou. Guedes se posicionou de forma favorável à vacinação por meio das empresas, mas disse que a compra das doses deve ser compartilhada com a rede pública. ""Para cada vacina que você entregar para seu funcionário, entrega outra para o lado de cá"", disse, sem detalhar. Guedes defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que estava a seu lado durante a fala, dos pedidos de impeachment nas gavetas do presidente da Câmara. O ministro minimizou as solicitações e mencionou teses que não existem. ""Acho que é uma sabotagem à democracia. Todo dia tem conversa [sobre impeachment]. Primeiro porque derrubou um passarinho, depois porque deu um tapa na ema, depois porque teve um assassinato no Maranhão, depois porque morreu um indígena... isso é um descredenciamento da democracia brasileira”, disse. Os mais de 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro acusam o presidente, na verdade, de ter cometido crimes ao sugerir as Forças Armadas como poder moderador, participar de atos antidemocráticos, interferir na Polícia Federal, não realizar ações de prevenção e enfrentamento à Covid-19, minimizar a gravidade da pandemia, promover conflito entre os entes federativos, alegar falsamente fraude nas eleições de 2018, abusar de seu poder, agir com improbidade e outros. ""Tem um pessoal que não sabe perder a eleição"", afirmou Guedes. ""Toda hora tentando impeachment, com isso é difícil crescer"", disse. ""Se abandonarmos essa psicologia suicida e derrotista, esse descredenciamento da democracia brasileira, essa vontade de ganhar de qualquer forma o poder político, acho que podemos surpreender. O Brasil pode crescer, de repente, 5%"", afirmou, sem detalhar as premissas do cálculo. A Folha compilou ao menos 23 situações em que Bolsonaro, em seus dois primeiros anos de governo, promoveu atitudes que podem ser enquadradas como crime de responsabilidade, e que vão da publicação de um vídeo pornográfico em suas redes sociais no Carnaval de 2019 aos reiterados apoios a manifestações de cunho antidemocrático. Um sistema de controle interno sólido é um dos principais pilares do sistema de gestão das finanças públicas e é essencial para melhorar (i) os controles na execução do orçamento e (ii) a qualidade e a transparência das informações fiscais e financeiras. Um estudo recente financiado pelo Banco Mundial e validado pelo Conselho Nacional dos Órgãos de Controle Interno (Conaci) apresenta um diagnóstico das capacidades atuais de controle interno dos entes subnacionais participantes (estados e capitais) com base na conformidade com dois padrões e metodologias internacionais de contabilidade e auditoria: o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Coso) e o Internal Audit-Capability Model (IA-CM). O relatório analisa os arranjos em vigor nos estados e capitais brasileiros participantes a fim de determinar uma linha de base e identificar planos de ação e reformas específicos para cada um deles, incluindo potenciais fatores políticos, sociais e econômicos associados a um sistema de controle interno efetivo. Os dados individualizados por estado e capital foram apresentados aos controladores em dezembro e serão publicados nas próximas semanas. As metodologias desenvolvidas pelo Institute of Internal Auditors (IIA) foram usadas em mais de 50 países em todas as regiões, e 80% dos participantes no Brasil afirmaram seguir as metodologias internacionais (Coso e IA-CM). O IA-CM identifica os fundamentos necessários para uma auditoria interna efetiva no setor público e avalia a capacidade da organização de realizar auditorias internas, incluindo sua independência. A metodologia é composta por cinco níveis nesta ordem: Inicial, Infraestrutura, Integrado, Gerenciado e Otimizado, sendo o nível 5 o mais alto. Os arranjos são considerados satisfatórios e profissionais quando se atinge o nível 3, onde espera-se um impacto significativo na redução do orçamento e na melhoria da qualidade dos serviços sociais prestados. Embora o escopo original do estudo pretendesse avaliar todos os municípios brasileiros, a atual pandemia exigiu uma abordagem em fases, cujo foco inicial seriam os estados e suas capitais (alguns estados como Acre, Maranhão, São Paulo e Sergipe não responderam o questionário). Espera-se que o estudo seja complementado por uma segunda fase para o restante dos municípios, logo que as condições permitirem. A metodologia de avaliação baseia-se em um questionário preenchido diretamente pelos órgãos contábeis estaduais e das capitais, cujas informações serão posteriormente revisadas e validadas pelo Conaci. O Brasil mostra um baixo nível de conformidade em controles internos quando comparado a outros países de baixa e média renda que implementaram as mesmas metodologias, tais como a Indonésia, Croácia, Bulgária ou Malásia. 88% das instituições brasileiras foram classificadas no nível 1 do IACM e 12% no nível 2, o que significa que não há capacidade repetível e sustentável, e os arranjos para a auditoria interna dependem de esforços individuais, as atividades principais são auditorias únicas isoladas ou revisões de documentos e transações para verificar precisão e conformidade. O objetivo no Brasil é atingir o nível 3 até 2024. Comparativamente, a análise conduzida na Malásia revelou que 81% foram classificados no nível 1 e 19% atingiram o nível 2 do IACM. Alguns países, como a Indonésia, usaram fundos fiduciários para financiar o fortalecimento dos controles internos em algumas de suas ilhas mais importantes. Apesar de 80% dos participantes afirmarem seguir metodologias internacionais (Coso e IA-CM), 88% dos estados estão no nível 1 e os demais no nível 2. Nem as macros funções de controle interno (corregedoria, ouvidoria, integridade e auditoria interna) estão estruturadas ou implantadas em todos os estados. Quase ⅓ dos órgãos não exercem as funções de transparência e corregedoria, e aproximadamente ¼ dos órgãos não executam a função de promoção da integridade. O estudo identificou que apenas 39% dos estados possuem instrumentos normativos que regulamentam conflitos de interesses, o que pode prejudicar o atendimento do interesse coletivo. Além disso, 39% não possuem (17% não sabe/não respondeu) instrumentos de acompanhamento da evolução do patrimônio de seus agentes públicos, o que dificulta a captura de situações onde servidores mobilizam seus cargos e influência pública de modo instrumental e inapropriado, com o objetivo de atender interesses privados de enriquecimento. Quanto à presença de mulheres em posições de chefia nas Unidades Centrais de Controle Interno (UCCI), as estruturas estaduais apresentaram um índice baixo de 13%. Dos cinco componentes analisados, o melhor desempenho foi do “Informação e Comunicação”. Os que merecem mais atenção, apesar de um bom desempenho geral, são “Ambiente de Controle” e “Monitoramento”, que apresentam maior variação quanto à maturidade. Com respeito às capitais dos estados que participaram no estudo, quase ⅓ das UCCI delas não integraram as macro funções de corregedoria e de ouvidoria, dificultando a consolidação do ciclo completo do controle nas UCCIs (prevenção, detecção, apuração, sanção e monitoramento). Aproximadamente ⅔ das capitais não possuem meios/mecanismos consensuais de resolução de conflitos. Em apenas duas capitais a unidade controlada participa do planejamento de todas as auditorias executadas. E quase ⅓ das UCCIs não instauram investigações para apurar responsabilidades em caso de fraudes/desvios. Há vedação regulatória de práticas de nepotismo em mais de 90% das capitais participantes, mas apenas 20% delas regulamentam conflitos de interesses e acompanham a evolução patrimonial dos agentes públicos. Além disso, quase metade das capitais não regulamentaram a Lei Anticorrupção. 36% dos(as) responsáveis pelas UCCIs são mulheres. Também para o grupo das capitais o componente “Informação e Comunicação” é o que apresenta melhor desempenho, e os menores desempenhos médios ficam com “Ambiente de Controle” e “Monitoramento”. Apesar de mais de 95% das UCCIs das capitais estarem inseridas no primeiro escalão da administração, aproximadamente ⅕ das UCCIs das capitais não possuem acesso irrestrito aos documentos e informações necessárias à realização das atividades, e apenas 13% já realizavam teletrabalho antes da pandemia de Covid-19. O controle interno é um elemento crítico na gestão das finanças públicas. Desde que o Banco Mundial e o Conaci deram início à sua parceria em 2014, estima-se que as reformas apoiadas por ambos tenham economizado 25 bilhões de reais em nível federal e mais de 300 milhões em alguns estados e municípios. Os resultados desse estudo darão apoio ao trabalho do Conaci de modernizar o sistema de controle interno brasileiro e melhorar a capacidade institucional das entidades de controle para impulsionar seu desempenho e controlar melhor o dinheiro dos contribuintes. Esta coluna foi escrita em colaboração com Susana Amaral, especialista sênior em gerenciamento financeiro do Banco Mundial no Brasil. A média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil chegou a 1.055, a maior desde o final de julho de 2020, quando era de 1.069. O Brasil registrou 631 mortes pela Covid-19 e 28.364 casos da doença, nesta segunda-feira (25). Com isso, chegou a 217.712 o total de óbitos e a 8.872.964 o número de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Aos domingos, segundas e feriados, os dados de Covid-19 costumam ser menores devido a atrasos de notificação nas secretarias de saúde. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.055. O valor da média representa um aumento de 5% em relação ao dado de 14 dias atrás e, com isso, uma situação de estabilidade na média. Norte e Centro-Oeste têm média móvel de mortes crescente em relação a 14 dias atrás. Nordeste e Sudeste têm média móvel estável, o que não significa uma situação tranquila. Sul apresenta queda. Alagoas, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Roraima estão com média móvel crescente. Acre, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins têm média móvel em estabilidade. Amapá, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm queda da média móvel de mortes, também em relação ao dado de 14 dias atrás. O Brasil tem uma taxa de 103,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (420.747), e o Reino Unido (98.723), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 128,8 e 148,5 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (142,1), país com 85.881 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 149.614 óbitos, tem 118,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 123,8. O país tem 39.608 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 153.470 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 105,7 mortes por 100 mil habitantes (47.034 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Bob Burnquist, 44, recordista de medalhas dos X-Games (com 30) e ex-presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), diz que uma de suas maiores felicidades foi proporcionar à nova geração de skatistas acesso a coisas que ele não teve em sua carreira. Depois de ter criado uma seleção brasileira da modalidade, visando à preparação olímpica para a estreia do esporte em Tóquio, em 2020 a CBSk anunciou uma seleção com atletas até 16 anos, de olho nos dois próximos ciclos (Paris-2024 e Los Angeles-2028). Eles estão divididos nas mesmas modalidades que serão disputadas nos Jogos, park e street. Com oito vagas para meninos e oito para meninas, a entidade dá suporte a promessas tanto de centros estabelecidos, como São Paulo e Florianópolis, até locais com menos tradição no esporte, como Maceió e Manaus. Os integrantes da seleção contam com um consultor técnico, médico, psicólogo e fisioterapeutas bancados pela confederação. Parte da verba vem do que a entidade recebe do COB (Comitê Olímpico do Brasil) na distribuição dos recursos das loterias federais, mas a maior quantia sai da própria CBSk. Em 2021, a previsão é que sejam investidos R$ 420 mil na seleção de base. O critério de entrada é a posição dos atletas no ranking nacional. Daniela Vitória, 11, já teve que superar alguns obstáculos para praticar o skate em Manaus —mesmo antes de a pandemia de Covid-19 provocar colapso em hospitais da cidade. Para se proteger do coronavírus, ela está isolada em casa, sem poder treinar, ao lado da mãe, Marilene, e do pai, Whelkle, sua primeira referência no esporte. “Ele andava de skate. Eu ficava observando e, quando ele ia beber água, eu pegava o skate e começava a remar. Aí comecei a passear na pista inteira. E teve uma moeda de troca. Eu chorava muito na entrada da escola. Ele falou: ‘se você parar de chorar, te levo na pista todo final de semana’. Parei de chorar e tirei ótimas notas na escola”, conta Daniela. “Se ela não fizesse seus deveres, não ia para a pista”, diz Marilene. No início, ela tinha medo que a filha se machucasse. “Quando se machucava, ela escondia de mim. Mas hoje já é bem diferente, vi que ela se envolveu muito, fico até admirada."" Moradores de São Lazaro, na região sul manauara, Daniela e o pai costumavam ir à pista do Morro da Liberdade, bairro vizinho. Eles relatam que o local não tem a estrutura ideal, mas já melhorou muito. Também longe das melhores condições começou Carla Karolina, 15, outra que conheceu o skate pelo pai, Carlos Henrique dos Santos, o Bob. “Via meu irmão, meu pai e os amigos andando, aí eu pegava um skate ou outro, remava, e chegou o dia que eu falei que queria um skate. [Disseram] ‘Não, filha, skate machuca, não pode’, mas eu falei que queria. Ele me deu um de supermercado, daqueles bem fraquinhos. Com três dias o skate quebrou, quando tentei dar um ollie [manobra]”, recorda Karol. No início, a dupla andava numa praça de Maceió que nem sequer tinha pista. Bob, vendo o talento da filha, procurou na internet cursos básicos e começou a construir os obstáculos. Até hoje é desse tipo de equipamento, fabricado pelo pai, que ela usufrui nos treinos do dia a dia. A realidade é bem diferente em Florianópolis, onde cresceu Pedro Carvalho, 15. Seu pai, Cahuê, sempre gostou de surfar e levava junto o filho, que pegava ondas até entre suas pernas. Foi no skate que o garoto despontou. A capital de Santa Catarina é um dos polos do esporte no Brasil, e desde cedo Pedro dividia pista (e fazia amizade) com figuras como o xará Pedro Barros, campeão mundial da modalidade olímpica park. Na pandemia, quando não podia treinar nos locais públicos ou compartilhados, ele usava a pista da própria casa. Mesmo com as diferenças de estrutura e apoio, há uma realidade que une skatistas de todas as idades, do Norte ao Sul do país: o combate a ideias pré-concebidas sobre os praticantes do esporte. “Já presenciei cenas de preconceito. Pessoas que eu conheço que, quando chamava para andar de skate, os pais não deixavam, achavam algo errado. Mas é esporte, você está na rua conhecendo gente nova. Ainda mais com as Olimpíadas, isso tem mudado”, afirma Pedro, otimista com o futuro e que sonha um dia participar da principal competição do esporte mundial. Para Karol, o preconceito com o skate fez com que ela precisasse inclusive mudar o local onde treinava. “Alguns vizinhos da praça apoiavam a gente, alguns até andavam juntos, mas tem aqueles que não queriam saber de nada, não gostavam e não queriam conversa —geralmente o pessoal mais velho. A gente respeitava, chegava um horário e parava de andar. Era uma praça pública, então tinha muita tribo de molecada, de vários bairros, tinha droga, álcool, e eles discriminavam todo mundo junto”, conta Bob. Após alguns anos no local, eles conseguiram espaço no estacionamento de uma Igreja. Por causa das ferragens e dos obstáculos, os padres também pediram que saíssem dali. Atualmente, treinam no estacionamento de uma escola. Daniela e o pai, atualmente, têm à disposição algumas outras pistas em Manaus, mas acabam sempre voltando para o local onde tudo começou. Tanto pela relação pessoal quanto pela proximidade de casa, que facilita a logística de treinos. Hoje outros pais levam seus filhos para andar por lá, mas já houve tempos em que a região era controlada pelo Comando Vermelho. “A gente tinha perfil de marginalização naquela pista. Quando começamos, falavam que a gente estava indo se drogar, que eu levava minha filha de fachada. Mas hoje eles têm respeito pela minha filha, dizem ‘lá vem a Danizinha’. Com essa ascensão dela, os pais estão trazendo seus filhos, vem falar comigo, eu tento conscientizar, incentivar”, afirma Whelkle, que ainda sente falta de ver mais meninas andando de skate. As famílias de Daniela e Karol vivem hoje um mesmo dilema. Amam e se identificam com o lugar onde cresceram, mas pensam também em se mudar para uma cidade que, segundo eles mesmos, dê mais oportunidade para as jovens no esporte. Fazer o skate mais amplo em cenário nacional é também um dos papeis da confederação, segundo o seu presidente, Eduardo Musa. “Fechamos com a ajuda da Secretaria Especial do Esporte a construção de quatro pistas: em Teresina, Fortaleza, Salvador e Brasília. Claro que por lá tem pistas boas, mas essas quatro esperamos que sejam referência nessas regiões, para fomentar a prática de alto nível. Parafraseando, somos o país do skate também, mas temos que dar condições para os atletas”, diz. Daniela e Karol se inspiram em outra colega de esporte: Rayssa Leal, 13 anos e uma das melhores do mundo no street entre as adultas, que mora em Imperatriz, no Maranhão. Para elas, um espelho não só nas pistas, mas na chance de usar o skate para dar visibilidade à cidade onde moram. “Ela [Karol] está aparecendo na midia, em jornal local aqui do estado. Como está tendo muita visibilidade, acho que está quebrando a barreira do preconceito”, opina Bob. “A gente quer transformar esse legado com o nome de Daniela, para as pessoas deixarem de ver o skate como esporte de marginalização”, completa Whelkle. Park feminino Erica Leguizamon (Garopaba-SC) Maitê Demantova (Curitiba-PR) Raicca Ventura (Santo André-SP) Marina Brauner (Pelotas-RS) Park masculino Pedro Carvalho (Florianópolis-SC) Vicenzo Damasio (Garopaba-SC) Victor Ikeda (São Paulo-SP) Kalani Konig (Florianópolis-SC) Street feminino Carla Karolina (Maceió-AL) Giovana Moreira (Niterói-RJ) Thais Ávila (Rio de Janeiro-RJ) Daniela Vitória (Manaus-AM) Street masculino Matheus Teixeira (Passo Fundo-RS) Kalani Konig (Florianópolis-SC) Guilherme Sato (Ponta Porã-MS) Filipe Mota (Pato de Minas-MG) O Brasil registrou 606 mortes pela Covid-19 e 28.487 casos da doença, neste sábado (23). Com isso, o país chegou a 217.081 óbitos e a 8.844.600 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Aos finais de semana e nas segundas-feiras os números costumam ser menores porque as equipes trabalham em esquema de plantão. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias 1.030. Esse número vem ficando próximo a mil nas últimas semanas, o que significa um partamar bastante alto, embora o valor da média represente estabilidade em relação ao dado de 14 dias atrás. O Norte foi a região que apresentou maior crescimento na média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. O aumento foi de 103%. O Sul apresenta queda de 38% na média. As demais regiões têm médias móveis estáveis, o que não significa uma situação de tranquilidade. Alagoas, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Roraima, Rondônia, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Bahia, Goiás, Pernambuco, Piauí e São Paulo estão em estabilidade, enquanto Acre, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina tiveram queda. O Brasil registrou 1.176 mortes pela Covid-19 e 60.980 casos da doença, neste sábado (23). Com isso, o país chegou a 216.475 óbitos e a 8.816.113 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.021. O valor da média representa um aumento de 3% em relação ao dado de 14 dias atrás e, com isso, uma situação de estabilidade na média. No entanto, uma estabilidade em patamar bastante alto. O Norte foi a região que apresentou maior crescimento na média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. O aumento foi de 98%. O Sul apresenta queda de 38% na média. As demais regiões têm médias móveis estáveis, o que não significa uma situação de tranquilidade. Alagoas, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Roraima, Rondônia, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Bahia, Goiás, Maranhão e São Paulo estão em estabilidade, enquanto Acre, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina tiveram queda. O Brasil registrou 1.071 mortes pela Covid-19 e 55.319 casos da doença, nesta sexta-feira (22). Com isso, o país chegou a 215.299 óbitos e a 8.755.133 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.001. O valor da média representa um aumento de 15% em relação ao dado de 14 dias atrás e, com isso, uma situação de estabilidade na média. Norte e Sudeste apresentam crescimento na média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. Os aumentos são de, respectivamente, 94% e 28%. Somente o Sul apresenta queda de 36% na média. As demais regiões têm médias móveis estáveis, o que não significa uma situação de tranquilidade. Alagoas, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Bahia, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia apresentam estabilidade de média móvel, o que não significa uma situação tranquila. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 102,8 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (413.818), e o Reino Unido (96.166), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 126,7 e 144,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (140,1), país com 84.674 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 146.174 óbitos, tem 115,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 122,8. O país tem 39.274 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 153.032 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 104,7 mortes por 100 mil habitantes (46.575 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A partir desta quinta-feira (21), o consórcio de imprensa formado pelos veículos Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 divulga diariamente os números de pessoas que receberam a vacina contra a Covid-19 no Brasil. O levantamento vai trazer o número total de vacinados, a porcentagem em relação à população total, a porcentagem em relação à população com mais de 18 anos (já que as vacinas foram testadas nesse público e serão oferecidas apenas para ele neste momento), a porcentagem em relação às doses disponíveis e também a porcentagem de pessoas vacinadas em relação ao grupo prioritário da primeira fase. Até agora, apenas o Distrito Federal e cinco estados divulgaram seus números —São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Maranhão. Neles, 109.097 pessoas foram vacinadas contra a Covid-19. O consórcio foi formado em junho de 2020 em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19. Os veículos decidiram, então, formar uma parceria e trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal. Em uma iniciativa inédita, equipes de todos os veículos dividem tarefas e compartilham as informações obtidas para que os brasileiros possam saber como está a evolução e o total de óbitos provocados pela Covid-19, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para o novo coronavírus. O Brasil registrou 1.382 mortes por Covid-19, nesta terça-feira (20). É o maior número de óbitos desde 4 de agosto, quando foram registradas 1.394 mortes. Com isso, o país chega a 212.893 vítimas do Sars-CoV-2. Além disso, foram registrados 64.126 casos da doença, elevando o de pessoas infectadas desde o início da pandemia para 8.639.868. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 983. O valor da média representa um aumento de 35% em relação ao dado de 14 dias atrás. Norte e Sudeste permanecem com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Respectivamente, o crescimento foi de 52% e 114%. As outras regiões têm média móvel em estabilidade, o que não significa um estado de tranquilidade. Alagoas, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins têm crescimento da média móvel de mortes. Amazonas, novamente, apresenta o maior crescimento, 197%. Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam estabilidade, o que, novamente, não significa tranquilidade. Acre, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná têm queda da média. Acre teve a maior diminuição, 48%. O Brasil tem uma taxa de 101,6 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (405.400), e o Reino Unido (93.469), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 124,1 e 140,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (138,5), país com 83.681 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 142.832 óbitos, tem 113,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 122,1. O país tem 39.044 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 152.718 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 103,5 mortes por 100 mil habitantes (46.066 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. No dia da posse de Joe Biden como novo líder dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro falou em ""excelente futuro para a parceria Brasil-EUA"" e, numa carta endereçada ao americano, defendeu parcerias entre os dois países ""em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente"". O brasileiro informou ter enviado o documento a Biden —com quem já trocou críticas justamente sobre a preservação da Amazônia— em uma sequência de mensagens publicadas nas redes sociais. A íntegra da carta de três páginas também foi tornada pública pelo mandatário. ""Cumprimento Joe Biden como 46º Presidente dos EUA. A relação Brasil e EUA é longa, sólida e baseada em valores elevados, como a defesa da democracia e das liberdades individuais. Sigo empenhado e pronto para trabalhar pela prosperidade de nossas nações e o bem-estar de nossos cidadãos"", escreveu ele. ""Para marcar essa data, enderecei carta ao Presidente dos EUA, Joe Biden, cumprimentando-o por sua posse e expondo minha visão de um excelente futuro para a parceria Brasil-EUA."" A carta enviada por Bolsonaro representa uma mudança na postura que vinha sido adotada até o momento na relação com os Estados Unidos. O presidente brasileiro é um admirador declarado de Donald Trump, o ex-presidente americano derrotado por Biden nas eleições do ano passado. Mesmo após o resultado do pleito nos EUA, Bolsonaro não abandonou Trump. Foi um dos últimos líderes internacionais a felicitar Biden e fez eco às declarações do republicano de que o pleito teria sido fraudado. Desde a vitória de Biden, assessores militares e auxiliares que aconselham Bolsonaro em temas de política externa vinham trabalhando nos bastidores para que houvesse um esforço de moderação. A avaliação é a de que o diálogo ficaria interditado, principalmente se Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo continuassem a demonstrar simpatia a Trump e aos apoiadores do republicano que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro —episódio violento no qual cinco pessoas morreram. A carta é o primeiro gesto para indicar que o país tentará estabelecer algum nível de pragmatismo com Washington. A menção ao meio ambiente, em dois parágrafos, é uma mostra do esforço. A ênfase dada ao tema não foi ao acaso, uma vez que diplomatas preveem que Biden deve colocar forte pressão sobre o Brasil em assuntos ligados à sustentabilidade. O americano colocou o tema como prioridades e indicou John Kerry, ex-candidato a presidente, como seu enviado especial para o clima. ""Estamos prontos, ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou seu compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas nacionais"", escreveu Bolsonaro. ""Para o êxito no combate à mudança do clima, será fundamental aprofundar o diálogo na área energética. O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e, junto com os EUA, é um dos maiores produtores de biocombustíveis. Tendo sido escolhido país líder para o diálogo de alto nível da ONU sobre Transição Energética, o Brasil está pronto para aumentar a cooperação na temática das energias limpas."" Bolsonaro ficou conhecido no exterior como um líder contrário a medidas de preservação do meio ambiente. Ele já responsabilizou ONGs por crimes ambientais e foi amplamente criticado pelo aumento do desmatamento na Amazônia e por uma onda de queimadas no Pantanal. Durante a campanha presidencial dos EUA, houve inclusive um embate direto entre Bolsonaro e Biden. Ao abordar os incêndios que devastavam parte da Costa Oeste dos EUA em um debate, Biden mencionou também as queimadas na Amazônia e afirmou que uma de suas propostas é trabalhar com países ao redor do mundo para atacar o aquecimento global. ""A floresta tropical no Brasil está sendo destruída"", criticou o democrata, que na ocasião prometeu se juntar a outros países e oferecer US$ 20 bilhões (R$ 112 bi) para ajudar na preservação da região. ""Parem de destruir a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas"", completou, indicando possíveis retaliações ao governo brasileiro. Em resposta, Bolsonaro classificou a fala de Biden como ""lamentável"". Na carta desta quarta, Bolsonaro diz que Brasil e EUA têm ""construído uma ampla e profunda parceria"". O presidente também alega ter corrigido ""equívocos de governos brasileiros anteriores, que afastaram o Brasil dos EUA, contrariando o sentimento de nossa população e os nossos interesses comuns"". Em seguida, Bolsonaro cita temas caros à agenda bilateral e que diplomatas temiam que pudessem sofrer com as diferenças entre Washington e Brasília. Menciona ainda que o governo brasileiro e os empresários dos dois países têm interesse na celebração de um ""abrangente acordo de livre comércio"" com os EUA. ""Já temos como base os recentes protocolos de facilitação de comércio, boas práticas regulatórias e combate à corrupção, que certamente contribuirão para a recuperação de nossas economias no contexto pós-pandemia"", afirma Bolsonaro. Ele também cita o potencial de cooperação na área de ciência e tecnologia e menciona a conclusão do acordo de salvaguardas tecnológicas que permitirá o lançamento de foguetes espaciais da base de Alcântara, no Maranhão. Bolsonaro se diz ainda disposto a continuar cooperando com os Estados Unidos na ""reforma da governança internacional"". ""Isso se aplica, por exemplo, à OMC, onde queremos destravar as negociações e evitar as distorções de economias que não seguem as regras de mercado"", diz. ""Na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], com o apoio dos EUA, o Brasil espera poder dar contribuição mais efetiva e aumentar a representatividade da organização. Nosso processo de acessão terá, também, impacto fundamental para as reformas econômicas e sociais em curso em nosso país"", continua. O brasileiro conclui a carta afirmando estar convicto de que, juntos, ""temos todas as condições para seguir aprofundando nossos vínculos e agenda de trabalho, em favor da prosperidade e do bem-estar de nossas ações"". O ministro Ernesto Araújo publicou um comentário à publicação de Bolsonaro. ""Com o presidente Bolsonaro, o Brasil retomou a vocação de uma parceria profunda com os EUA, em benefício dos dois povos e da liberdade em todo o mundo. Esperamos, agora com o Presidente Biden, aprofundar essa parceria, diante dos novos desafios que se deparam aos nossos ideais comuns"", escreveu. Em uma Washington sitiada, Joe Biden fez seu juramento em frente ao Congresso americano nesta quarta-feira e tomou posse como o 46º presidente dos EUA, colocando fim à era de Donald Trump. O democrata, segundo presidente católico na história do país, jurou sobre a Bíblia, como é tradição nos EUA, diante do presidente da Suprema Corte americana, John Roberts. A cerimônia não contou com a presença de Trump —o republicano não aceitou totalmente sua derrota e se tornou o quarto presidente da história do país a não comparecer à posse do sucessor, o que não acontecia há 152 anos. Biden assume uma nação dividida e devastada por uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas nos EUA. Por isso, em seu primeiro discurso como presidente, pediu aos americanos o fim do que chamou de ""guerra incivil"". Seus principais desafios, além da polarização, serão recuperar a economia, controlar o coronavírus e pacificar um país ameaçado pelo terrorismo doméstico. O grupo das empresas de logística que busca apoiar Manaus no enfrentamento da pandemia traçou plano para trazer sete contêineres para transporte de oxigênio líquido da Bélgica no sábado (23). Segundo Gustavo Sandri, gerente da empresa de logística Cesari, responsável por operacionalizar o plano, a ideia é fretar uma aeronave russa, modelo Antonov An-124. Os empresários buscam meios para financiar a operação, que estaria na casa dos milhões, e fechar o contrato ainda nesta quinta-feira (21). Os contêineres seriam entregues em Fortaleza no domingo. O abastecimento deles ocorreria no Maranhão, em usina de produção de oxigênio.  A JBS vai enviar mais 200 cilindros de oxigênio ao Amazonas nesta quinta (21). Outros 200 destinados pela empresa chegaram ao estado na terça-feira (19). Filipe Oliveira (interino), com Mariana Grazini e Arthur Cagliari O Brasil registrou 1.183 mortes pela Covid-19 e 63.504 casos da doença, nesta terça-feira (19). Dessa forma, o país chega a 211.511 óbitos e a 8.575.742 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 969. O valor da média representa um aumento de 34% em relação ao dado de 14 dias atrás. Norte e Sudeste apresentam aumento da média móvel de mortes em comparação com os dados de 14 dias atrás. Respectivamente, o crescimento é de 126% e 50%. As demais regiões se encontram em estabilidade. Alagoas, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam alta na média móvel em relação ao dado de 14 dias atrás. O maior aumento ocorreu no Amazonas, com 252%. Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina têm estabilidade na média móvel de óbitos, o que não significa uma situação de tranquilidade. Acre, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Paraná tiveram queda da média móvel de mortes. O Acre teve a maior queda, de 29%. O Brasil tem uma taxa de 101 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (401.128), e o Reino Unido (91.643), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 122,8 e 137,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (137,6), país com 83.157 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 141.248 óbitos, tem 111,9 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 121,2. O país tem 38.770 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 152.556 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 103 mortes por 100 mil habitantes (45.832 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 460 mortes pela Covid-19 e 29.133 casos da doença, nesta segunda-feira (18). Com isso, o país chega a 210.328 óbitos e a 8.512.238 de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. O Ceará não disponibilizou dados atualizados. Por um erro de digitação no número de mortes por Covid no Rio de Janeiro em 16 de janeiro, os dados de sábado e de domingo estavam incorretos. No último sábado, portanto, foram registradas 164 mortes no RJ e 1.039 em todo o Brasil. No domingo, foram 36 mortes no estado e 538 no país. A média móvel nos dois dias não sofreu alterações. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 959. O valor da média representa um aumento de 36% em relação ao dado de 14 dias atrás. Quase todas as regiões do país apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Somente o Centro-Oeste e o Sul se encontram em situação de estabilidade, o que não signficado um quadro de tranquilidade. Alagoas, Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em situação de estabilidade da média móvel de óbitos. Somente o Acre e o Mato Grosso do Sul apresentaram redução da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. O Brasil tem uma taxa de 100,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (398.653), e o Reino Unido (90.030), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 122 e 135,5 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (136,6), país com 82.554 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 140.704 óbitos, tem 111,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 121,2. O país tem 38.770 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 152.419 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 102,1 mortes por 100 mil habitantes (45.407 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Após o Ministério da Saúde começar a entregar a vacina contra a Covid-19 na manhã desta segunda-feira (18), os estados já estão com a logística preparada para que o imunizante seja repassado com agilidade e em segurança aos municípios. Segundo representantes dos governos e de municípios ouvidos pela Folha, entre as estratégias estão o uso de aviões e de barcos e o policiamento no trajeto que a vacina percorrerá para chegar ao destino final. Diversos estados iniciaram a aplicação nesta segunda-feira (18). Em alguns locais a vacina deve demorar até cinco dias para chegar a todos os municípios. Apenas São Paulo iniciou a vacinação no domingo (17), o que ocorreu minutos depois de a Anvisa liberar o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford. Até 19h30 desta segunda, o Ministério da Saúde havia entregado a vacina para dez estados. A programação é que o restante receba o imunizante neste mesmo dia. Somente o Acre e o Amapá receberão as doses durante a madrugada desta terça-feira (19). A pasta publicou nesta segunda uma portaria que obriga serviços públicos e privados a registrarem, nos sistemas de informação da pasta, dados sobre a aplicação de vacinas contra a Covid. Entre os dados que devem ser informados estão vacinas recebidas e aplicadas, tipo de cada uma delas e data de aplicação das doses. O presidente do Consórcio Nordeste, coordenador da temática estratégica da vacina contra Covid-19 do Fórum dos Governadores e governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), disse que entre as estratégias que serão adotadas por todos os governos está o policiamento para entregar as vacinas aos centros regionais de saúde. São desses locais que as vacinas são distribuídas aos municípios. “A vacina virou um bem desejado, vamos tomar mais cuidado. Já tivemos problemas com respiradores e não queremos que isso se repita.” Hisham Hamida, diretor do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e secretário municipal de Saúde de Goinésia (GO), também afirmou que os estados e municípios terão um cuidado maior com a logística do imunizante. “A forma de distribuição do imunizante já é organizada e garantida pelo PNI [Programa Nacional de Imunizações] e ocorre com todas as vacinas, como a H1N1 e a influenza. O que vamos ter é mais cuidado na logística para garantir a segurança”, disse. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a distribuição teve a participação da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Uma ação estratégica foi montada para que as doses da vacina cheguem de forma simultânea e segura, dentro de até dois dias, aos 79 municípios após serem recebidas da Saúde. Serão utilizados caminhões, viaturas, aviões e barcos para a distribuição. “Contamos com nove núcleos regionais de saúde que recebem, armazenam e distribuem os imunobiológicos para os respectivos municípios, estes possuem câmaras refrigeradas adequadas para esse acondicionamento”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. No Pará, a logística também está pronta para a entrega das vacinas aos centros regionais de saúde. Haverá apoio dos grupamentos Aéreo e Fluvial de Segurança Pública. “A depender do horário de chegada das vacinas ao estado, levará até 2 dias para a distribuição para os centros regionais de saúde”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. A Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão informou que haverá o suporte de dois aviões e três helicópteros. São estimados até três dias para a distribuição às 217 cidades maranhenses. “O transporte aéreo garantirá a distribuição da vacina nesse período. A vacina sairá da central estadual de armazenamento de imunobiológicos em São Luís para as 18 centrais regionais de rede de frio. A partir dessas regionais, a secretaria de saúde realizará o transporte aéreo e terrestre até as centrais municipais de rede de frio”. Em Tocantins a programação é que as 139 cidades recebam o imunizante em até cinco dias. Atualmente, o estado possui 314 salas de vacinação. “Para a logística de operacionalização da vacinação contra a Covid-19 a distribuição da vacina será de forma terrestre, através de caminhão refrigerado. Dois pontos de distribuição, organizados por regiões de saúde serão utilizados em todo o estado, um em Palmas e outro em Araguaína”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. Os estados também se organizaram para o armazenamento e aplicação dessas vacinas. Apesar de as agulhas e seringas para a vacina contra a Covid-19 não serem de responsabilidade dos estados, secretarias estaduais dizem ter ao menos 116 milhões de unidades em estoque. No Paraná, por exemplo, a secretaria de Saúde adquiriu 21 câmaras frias para o armazenamento da vacina. Outras 180 estão em processo de aquisição. “Além destes equipamentos, será realizada a contratação de 31 câmaras frias para armazenamento em parceria com o governo federal”, disse em nota. O Amapá, além de ter seringas e estar em processo de aquisição de câmaras frias, planejou que as vacinas que chegarem aos municípios serão aplicadas em salas de vacinação e por drive-trhu nas escolas. “A princípio, está sendo planejado o encaminhamento das vacinas com avião para o município de Oiapoque, no extremo norte do estado, e com carros para as demais cidades”, disse a secretaria estadual de Saúde. A vacina contra a Covid teve a aprovação da Anvisa para uso emergencial no domingo (18). Minutos depois o governador João Doria (PSDB-SP) vacinou a primeira mulher no país. Por conta do ocorrido, o governador foi acusado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de fazer marketing e de quebrar acordo com o governo federal e com os demais estados ao iniciar a vacinação em São Paulo antes do plano federal. No mesmo dia, os governadores foram convidados por Pazuello a viajarem para São Paulo para participarem de ato de entrega das vacinas. O cronograma federal previa o início da vacinação para quarta, mas Pazuello foi pressionado pelos governadores para o começo imediato, com a entrega das doses nesta segunda com aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e a vacinação a partir das 17h. Conforme mostrou o Painel, porém, o ministério mudou horários dos voos e diversos estados só receberão os pacotes de noite, atrasando o início da imunização. Em alguns casos, autoridades estaduais já estavam aguardando nos aeroportos, quando foram surpreendidas pelas mudanças. Ao menos seis locais que receberiam antes das 16h agora só vão receber na parte da noite. O grupo de empresas de logística criado para apoiar a cidade de Manaus durante a crise gerada pelo agravamento da pandemia tenta trazer contêineres para transporte de oxigênio líquido para fazer o abastecimento da capital do Amazonas por via fluvial. Ricardo Lothar, um dos empresários responsáveis pela iniciativa, diz que a meta é criar um fluxo diário de abastecimento de 20 mil metros cúbicos de oxigênio, com embarcações indo e voltando constantemente para buscar o insumo, que será produzido em usina no Maranhão e embarcado em balsas a partir de Belém. Segundo Lothar, os contêineres adequados para o transporte são escassos no mundo. O grupo identificou cinco no México e sete na Bélgica. Ele afirma que os empresários solicitaram auxílio de uma companhia privada para buscar os primeiros e do governo do Amazonas para trazer para os que estão na Europa. Filipe Oliveira (interino), com Mariana Grazini e Arthur Cagliari O Ministério da Saúde mudou horários dos voos de entregas de vacinas para os estados. A pasta fez mais de uma vez alterações entre a madrugada e o início da tarde desta segunda-feira (18). Pela programação mais atualizada, diversos estados só receberão os pacotes de noite, atrasando o início da imunização. Em alguns casos, autoridades estaduais já estavam aguardando nos aeroportos, quando foram surpreendidas pelas mudanças. Ao menos seis locais que receberiam antes das 16h, agora só vão receber na parte da noite. ""Todo mundo foi esperar no aeroporto, e nada. A previsão era meio-dia, depois mudou para 16h. Agora já deve ser 18h. Até que descarregue, não tem como iniciar hoje. Impossível. Só devo começar amanhã"", disse o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), ao Painel. ""Não explicaram nada. Simplesmente avisaram em cima da hora. Problema de logística. Eu não fui a Guarulhos [para o evento com Pazuello]. Mas se tivesse ido, teria voltado e a vacina ainda não teria chegado"", completou. O início mais cedo da vacinação foi combinado na manhã desta segunda, no evento em Guarulhos, com a presença do ministro Eduardo Pazuello (Saúde). Após pressão dos governadores, o começo da imunização seria adiantado. Pela nova tabela, três estados estão sem previsão de horários, por ora: Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraná. O Rio de Janeiro, que fica a menos de uma hora de voo de São Paulo, onde estão as vacinas, está na tabela para receber na madrugada de terça (19). A previsão anterior era de receber 13h desta segunda. ""Fui dormir 23:30h (chegada 9h) com uma planilha, acordei 5:20h com outra (chegada 18h) e agora há pouco fomos informados que chegará 22h. A imprensa estava toda no aeroporto, assim como sete aviões fretados e 240 caminhonetes. Tivemos que cancelar e refazer tudo"", disse o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. Os estados afetados: Maranhão chegaria 12h40 e passou pra perto de 22h. Paraíba era 12h15 e passou para depois das 19h. Sergipe receberia 12h e agora apenas após 18h. Rio Grande do Sul passou de 16h para perto das 20h. Minas Gerais passou de 15h para 18h. Bahia passou das 9h para quase 22h. Pará era 15h40 e mudou para 21h. Pernambuco das 15h20 para após 17h. Espírito Santou alterou de 14h para 17h30. Os três estados que não têm confirmacão, por enquanto, tinham previsão para 11h55 (Rio Grande do Norte), 13h (Paraná) e Alagoas (16h35). Todos esses voos são de operação de companhias aéreas. Outras regiões do país vão receber as vacinas pela FAB (Força Aérea Brasileira). São os casos de: Rondônia, Acre, Tabatinga, Amazonas, Roraíma, Amapá, Piauí, Ceará, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Um formigueiro de gente se formou e não arreda o pé de uma esquina do distrito industrial de Manaus. Em volta de um típico galpão de aspecto deteriorado, a concentração de pessoas que se protegem da Covid-19 apenas com máscaras no rosto busca, numa fila interminável, o ar que os seus familiares já não têm — seja nos hospitais ou em casa. Veja neste vídeo: A cena é dramática e dá os contornos da crise pela qual passa a gestão da saúde na capital do Amazonas no momento em que o coronavírus ganhou força e não para de fazer novas vítimas. Todas essas pessoas aguardam na fila por um cilindro cheio de oxigênio da empresa Nitron da Amazônia. O produto também é muito disputado em outras fábricas do setor. O objeto que entrou de forma forçada no cotidiano dos manauaras é caro —só o vasilhame de 10 metros cúbicos custa pouco mais de R$ 4.000. A maioria dos que ocupam um lugar na fila adquiriram o cilindro por conta própria. Mas há casos em que as próprias unidades de saúde cedem o equipamento para a família do paciente arcar com o abastecimento. Para aguentar o calor à espera do oxigênio engarrafado, muito guaraná e a solidariedade do vizinho de fila que, vez ou outra, oferece água e até uma cadeira para um descanso rápido. Michele Alves, 37, empresária do ramo gráfico, buscava encher um cilindro para levar oxigênio ao cunhado, que se recupera em casa da Covid-19 e não quis enfrentar os percalços de uma unidade hospitalar da cidade. “Nem que eu saia amanhã, mas só deixarei essa fila com o oxigênio para ele” disse a empresária. A Folha passou algumas horas na fila e percebeu que ela andou para as pessoas que tinham o receituário de uma unidade pública recomendando a compra do produto. Como em toda fila que se preze, os rumores de “o oxigênio acabou” eram constantes e deixavam os ânimos exaltados. A Polícia Militar do Amazonas estava no local para manter a segurança das pessoas e controlar uma possível invasão da fábrica que já disse operar acima de sua capacidade. Ao acompanhar os cilindros em fila indiana, a Folha notou que todos eles têm um nome e um contato telefônico. A nomeação do cilindro faz sentido: para o abastecimento avançar, eles são empilhados e levados numa carroceria para dentro da fábrica. Ao final do processo, os donos certificam do abastecimento, fazem o pagamento e os levam para o uso. O engenheiro Josiney Vicente, 49, busca oxigênio para a mãe, de 69 anos, que está com Covid-19. “Minha mãe ficou 16 horas esperando atendimento no hospital”, lembra. Vicente estava na fila e buscava encher um cilindro de 1 metro cúbico. “Mas não pense você que porque é um cilindro menor que a vida é mais fácil. Não é”, disse. A Folha deixou o local por volta das 19h, início do toque de recolher imposto pelo governo do Amazonas, e nem Josiney nem Michele tinham conseguido abastecer seus cilindros. Uma equipe de policiais militares percorreu a fila e avisou: o toque de recolher começaria logo em seguida, e não seiaá mais disponibilizado oxigênio nesta sexta-feira. “Caso os senhores não deixem o local, serão conduzidos à delegacia”, disse um policial. COLAPSO DA SAÚDE A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do Governo do Estado. A carga veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros, e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio sejam encaminhados ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. O Brasil registrou 1.131 mortes pela Covid-19 e 68.138 casos da doença, nesta sexta-feira (15). Com isso, o país chegou a 208.291 óbitos e a 8.394.253 de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 964. O valor da média representa um aumento de 37% em relação ao dado de 14 dias atrás. Quase todas as regiões do país apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Somente o Centro-Oeste (com crescimento de 14%) e o Sul se encontram em situação de estabilidade, o que não signficado um quadro de tranquilidade. Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes também em relação ao dado de 14 dias atrás. Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia se encontram em estabilidade, o que, de novo, não significa uma situação tranquila da pandemia. Acre, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina são os únicos estados com queda da média. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) informou que quatro pacientes morreram nas suas dependências na manhã de quinta-feira (14), período em que a unidade ficou sem oxigênio para o tratamento de pacientes com Covid-19. Em nota, o hospital, que é ligado à Universidade Federal do Amazonas, informou que foram três mortes no Centro de Terapia Intensiva e um da enfermaria. O CTI estava com 29 pacientes no momento em que faltou o oxigênio, informou a assessoria da universidade. Médicos que trabalham no HUGV relataram à Folha que as primeiras horas do dia na unidade foram de tensão, após o nível de oxigênio atingir nível crítico, afetando todos os pacientes internados que utilizavam respiradores. “Hoje é o pior dia do hospital desde o início da pandemia”, relatou o profissional, que é residente na unidade. Ele contou que, por volta de 8h da quinta (14), o nível de oxigênio no HUGV chegou ao ponto mais crítico, levando a óbito pacientes que estavam em ventilação mecânica no CTI e um que estava internado na enfermaria. Nesta sexta-feira (15), os profissionais de saúde relatam que as doações de cilindros de oxigênio e as transferências de pacientes devem garantir que a situação fique sob controle para atender aos pacientes já internados pelo menos até o fim de semana. A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do governo do estado. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio sejam encaminhados ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. “Todo manauara é um voluntário”. Esse é o slogan dos moradores de Manaus diante da crise que afeta as unidades de saúde da capital do Amazonas pela falta de oxigênio. O produto hospitalar é ainda mais indispensável neste momento devido à pandemia de Covid-19, doença que lesiona e afeta o funcionamento dos pulmões. Os moradores têm feito vaquinha entre si e, com os próprios carros, ido às unidades públicas de saúde para transportar os cilindros até as fábricas localizadas no distrito industrial da cidade. A Folha apurou com os voluntários que a fila —enorme— tem ordem de chegada, e a disponibilidade do produto é cada vez mais escassa pela grande demanda. “É uma operação de guerra”, diz o policial Rodrigo Ricardo Ramos Pinto, 29, que também dá aulas de Crossfit numa academia. Rodrigo conversou com a Folha no final da manhã desta sexta-feira (15) em cima da carroceria de uma caminhonete carregada com sete cilindros vazios de oxigênio hospitalar. Ele estava de folga e se juntou aos amigos para socorrer o serviço de pronto-atendimento do bairro Redenção, na zona centro-oeste de Manaus. A unidade virou um emblema da crise de saúde de Manaus por ter registrado a morte de ao menos seis pacientes no seu setor de emergência por falta de oxigênio nesta última quinta-feira (14). “Esre é o momento em que devemos esquecer as posições políticas e as diferenças e darmos as mãos para sairmos dessa crise”, disse o PM. Rodrigo disse que conseguiu reunir doações de empresários inscritos nas aulas de Crossfit para doar os cilindros às unidades de saúde. “Estamos fazendo esse mutirão que não vai ficar só aqui no Redenção. Iremos atender quantas unidades nós conseguirmos”, afirmou. O movimento de voluntários é tão intenso que, ao lado da caminhonete de Rodrigo, outro veículo de mesmo porte estava lotado de cilindros vazios para serem reabastecidos. O empresário Paulo de Castro, 52, cedeu o próprio carro para a missão. “É uma questão humanitária. Estamos vendo a dificuldade da população e não podemos cruzar os braços. Não é porque eu não tenho ninguém internado que não vou ajudar. Todos nós somos irmãos”, afirmou o empresário. “Não dá para esperar só os governantes. Já vimos que não deu certo”, complementou Castro. Para sensibilizar as empresas, as unidades de saúde estão emitindo receituários com a urgência recomendada de compra que são apresentados pelos voluntários. COLAPSO DA SAÚDE A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do Governo do Estado. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio seja encaminhado ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. Os hospitais da rede pública de Manaus tiveram uma nova madrugada com mortes de pacientes devido ao baixo estoque de oxigênio para atender os pacientes internados com Covid-19. A Folha ouviu relatos de médicos e outros profissionais da saúde que atuam no tratamento de pacientes com Covid-19, que informam que as dificuldades para conseguir leitos e ter oxigênio se mantiveram na noite de quinta-feira (14) e na madrugada desta-sexta-feira (15). Chorando, a médica do Samu Patrícia Sicchar disse que a dificuldade para conseguir leitos em hospitais de porta aberta em Manaus piorou na noite de quinta-feira. Depois de circular por unidades de saúde da cidade, conseguiu que dois pacientes fossem aceitos no Platão Araújo, zona Leste de Manaus, mas eles teriam de enfrentar o mesmo drama: a falta de oxigênio. “Em meia hora, eu vi falecerem dois. Não tem bico de oxigênio, infelizmente. São cenas de horror, o colega médico não tem mais o que fazer. Teve falta de oxigênio hoje em vários SPAs. É dramática a situação das famílias amazonenses”, disse. No HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas), onde pacientes morreram sem oxigênio na madrugada de quinta-feira (14) , os profissionais de saúde relatam que as doações de cilindros de oxigênio e as transferências de pacientes devem garantir que a situação fique sob controle para atender aos pacientes já internados pelo menos até o fim de semana. Mas, em algumas unidades da rede estadual de saúde, o estoque já chegava perto do nível crítico na manhã desta sexta (15), principalmente nas unidades que são referência para Covid-19 e que possuem pronto socorro, como o Hospital 28 de Agosto, os Serviços e Pronto Atendimento (SPAs) e maternidades, que recebem novos pacientes diariamente. “O HUGV não tem emergência. Nos hospitais de porta aberta, principalmente os SPAs e pronto-socorros, a situação está muito pior, porque você tem muitos pacientes em macas em corredores com uma assistência muito mais precária”, alertou o médico, que pediu anonimato. A enfermeira e presidente do Sindicato dos Profissionais da Saúde, Graciete Mouzinho, 54 anos, estava no plantão para uma inspeção na manhã de quinta-feira (14) dentro do Plantão Araújo quando disse ter percebido corre-corre e desespero dos profissionais por causa da falta de oxigênio para os pacientes. “No corredor lotado, as pessoas estavam tentando respirar e não conseguiram. Foi uma coisa horrível de se ver. Aqueles idosos pedindo socorro, levantando a mão, a família abanando e a gente não ter como ajudar. Sou enfermeira há 18 anos e nunca tinha sentido tanto medo na minha vida”, afirmou, por telefone. Ela disse que a cena se repetiu em outras unidades em Manaus e no interior do Amazonas. “Recebi muitos áudios aqui de técnicos em enfermagem. Estão muito abalados. Tem gente que não quer mais voltar [para o plantão nos hospitais] para não ter que ver essas pessoas morrerem."" O médico cardiologista Anfremon D’Amazonas, que esteve no HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) no momento do caos da falta de oxigênio, publicou um vídeo em suas redes sociais no final do plantão . Ele disse que não fazia parte equipe da manhã, mas se juntou aos colegas no hospital quando soube da urgência. Os profissionais tiveram que racionar o oxigênio para que não faltasse para ninguém. O médico relata que, dos 27 pacientes da ala em que ele atendia, dois morreram: “Foi um momento desesperador. Muito desesperador. Muita gente chorando. Os pacientes morriam e a gente não tinha o que fazer”, afirmou. A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações por Covid-19 e escassez de oxigênio nos hospitais. O insumo faltou em diversos hospitais da rede pública nesta quinta-feira (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos. A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do governo estadual. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio seja encaminhado ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. Diante da falta de oxigênio em Manaus devido ao aumento de internações em razão da pandemia do novo coronavírus, 60 bebês prematuros, internados em UTIs neonatais, vão ser transferidos em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para outros estados de maneira preventiva. Na tarde desta sexta-feira (15), nove deles chegam ao aeroporto de Imperatriz, no Maranhão. A previsão é de que o avião com os bebês pouse às 17h30. Eles serão levados em ambulâncias especializadas para um hospital da rede estadual. O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, disse que a situação é gravíssima. “Estamos falando de bebês prematuros. São muito frágeis, muito instáveis. É uma ação preventiva. Diferente de pacientes adultos, eles morrem mais rapidamente se faltar o mínimo de oxigênio. E existe o risco de faltar”, declarou. Ele explicou que as mães vão no mesmo voo. “Nove ambulâncias nossas estarão esperando no aeroporto. As mães vão acompanhando os bebês”, informou. Carlos Lula declarou que o Ministério da Saúde fez contato com vários estados para dividir as vagas. Os prematuros não estão infectados pelo coronavírus. “São bebês que necessitam ficar numa UTI neonatal para ganhar peso, ficar mais fortes e, só depois, deixar o hospital”, destacou. No início da tarde, a SES-AM (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas) confirmou a transferência de bebês para outros estados. ""A secretaria informa que os recém-nascidos serão transferidos a partir da autorização dos pais e serão acompanhados pelas mães. Técnicos da secretaria estão trabalhando no planejamento da logística de transferência e o quantitativo está sendo avaliado de acordo com as condições clínicas"", comunicou. O Conass confirmou que o Ministério da Saúde entrou em contato com outros estados para executar a transferência. Ainda não há informações oficiais sobre em quais unidades estão esses bebês, mas profissionais de saúde relatam que a maternidade Ana Braga, na zona leste da cidade, que é a maior do estado, está entre as unidades mais sobrecarregadas e pode ser uma das primeiras a sofrer com a escassez de oxigênio. Manaus possui oito maternidades públicas. Sete delas fazem parte da rede estadual. Na única maternidade municipal, a Moura Tapajós, na zona oeste da capital amazonense, o estoque de oxigênio é suficiente para manter os serviços em funcionamento “por mais algum tempo”, garantiu o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). “Nas unidades do município nós temos oxigênio para manter os serviços do Samu, da nossa maternidade e do nosso abrigo de idosos, que muito necessitam. Temos mais algum tempo de oxigênio.” A escassez de oxigênio, agora para bebês, não é uma realidade de todas as maternidades estaduais, no entanto. Uma enfermeira que trabalha na maternidade Balbina Mestrinho, na zona sul da cidade, contou que eles não ainda não estão enfrentando este problema na unidade. Ela relata que a unidade de saúde está lotada “como sempre”, mas que ainda não falta oxigênio para os pacientes internados. O estoque, no entanto, não poderia suprir a falta em outras maternidades, diz a profissional de saúde. “O que temos é para os [pacientes] que temos. A gente não está esbanjando”, declarou. Um dos bebês que devem ser transferidos tem nove dias de vida e já havia viajado quase 200 km do município de Itacoatiara, no interior do estado, até Manaus. Ele teve uma síndrome decorrente de sofrimento fetal, que teve como consequência pneumonia e sepse (infecção generalizada) e é o único recém-nascido que precisa de oxigênio na maternidade municipal Doutor Moura Tapajóz. Funcionários da unidade receberam um recado da coordenadoria, vindo da Secretaria Municipal de Saúde, dizendo que deveriam ser reunidos os dados de todos os bebês ali com necessidade de oxigênio para que eles fossem transferidos. A mensagem não dizia o motivo. Colaborou Júlia Barbon, do Rio O estado do Amazonas desativou 85% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do SUS que haviam sido criados entre fevereiro e julho de 2020 por causa da Covid-19. Os dados são de um levantamento feito pelo Instituto Votorantim com base em informações da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A capital do estado, Manaus, vive recorde de hospitalizações e tinha 58 pessoas à espera de leitos de UTI até o último dia 12 de janeiro, depois de ter desativado, entre julho e outubro de 2020, 117 UTIs do SUS das 137 criadas de fevereiro a julho do mesmo ano. A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem até a publicação deste texto. Manaus vive seu pior momento da pandemia com médicos relatando terem que escolher quais pacientes assistiriam enquanto outros morriam por asfixia devido à baixa oferta de oxigênio nos hospitais em Manaus. A situação é tão grave que cerca de 700 pacientes devem ser transferidos para outros estados. Um dos pontos críticos da crise é a falta de leitos de UTI para pacientes críticos. ""Ou seja, ter mantido o número de leitos criados ajudaria a diminuir a crise neste momento"", diz Rafael Gioielli, gerente geral do Instituto Votorantim. O responsável pelo levantamento realizado pelo instituto explica ainda que manter leitos inativos tem um custo alto aos cofres públicos e que a desativação provavelmente aconteceu devido à queda na demanda. ""O problema é que a evolução da pandemia parece ter vindo na direção contrária dessa medida, ampliando a demanda por leitos de forma muito rápida, numa velocidade que parece ser maior do que aquela em que os governos conseguem ativar os leitos."" O Ministério da Saúde mobilizou governadores de estados próximos ao Amazonas para receber os pacientes. Até o fim desta quinta (14), a pasta convocou hospitais universitários federais das capitais de Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba, além do Distrito Federal, para reservarem 135 vagas para os pacientes transferidos. Outros cem pacientes devem ser transferidos para a rede estadual de Goiás. As transferências por meio de avião da FAB (Força Aérea Brasileira), no fim do dia, não foram possíveis devido à falta de oxigênio para uma viagem segura. A demanda por oxigênio no estado é três vezes superior à capacidade produtiva dos fornecedores, segundo informou o governo do Amazonas. A gravidade da situação é tamanha que o governo estadual requereu o estoque de oxigênio de 11 empresas por meio de notificação extrajudicial assinada pelo secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus José Barroso Campêlo. E caso haja desobediência, a notificação prevê o uso de força policial para obter o insumo. Diante da crise em Manaus, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira ""nós fizemos a nossa parte"" e voltou a defender tratamentos sem eficácia comprovada para o novo coronavírus. ""A gente está sempre fazendo o que tem que fazer. Problema em Manaus, terrível o problema lá. Agora nós fizemos a nossa parte, [com] recursos, meios"", afirmou o presidente, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. A fala do mandatário foi transmitido por um site bolsonarista. Manaus desmontou antes da hora a infraestrutura montada na primeira onda de Covid-19 e isso contribuiu para o atual colapso nos serviços de saúde, afirmou nesta sexta (15) Mariângela Simão, vice-diretora-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde). Como mostrou a Folha em outubro, leitos clínicos e de UTI do SUS abertos temporariamente durante a pandemia foram fechados pelo Ministério da Saúde quando os casos de doença começaram a baixar. Dos 14.843 leitos de UTI adultos e 249 pediátricos habilitados pelo ministério desde abril, restava no final de outubro pouco mais de um terço —5.233 de adultos e seis pediátricos, segundo a pasta. “O que está acontecendo no Brasil deve servir de alerta: não baixem a guarda por uma falsa sensação de segurança. Não fechem as instalações que já têm, porque a pandemia não acabou ainda”, afirmou Simão, que é brasileira e chefia a área de acesso a medicamentos, vacinas e produtos farmacêuticos da agência da ONU. Segundo o diretor executivo para emergências da OMS, Michael Ryan, outro agravante na capital do Amazonas é que, além dos profissionais de hospitais, também estão sendo contaminados funcionários de laboratórios e centros de vigilância, prejudicando toda a cadeia de combate ao coronavírus. Ryan afirmou que, pelos registros da OMS, há 400 pessoas diagnosticadas com Covid-19 na fila para serem hospitalizadas em Manaus, que já atingiu 100% da capacidade em suas UTIs. Segundo ele, Rondônia e Amapá também vivenciam crescimento semelhante ao do Amazonas no número de novos casos e hospitalizações. “Não é a nova variante que está na raiz desse crescimento. É muito fácil colocar a culpa no vírus, mas infelizmente o problema é o que as pessoas não fizeram”, afirmou Ryan. “Se o vírus fica mais eficiente, as pessoas precisam redobrar a prevenção e o combate.” De acordo com a líder técnica para Covid-19 da OMS, Maria van Kerkhove, ainda não se sabe se a variante encontrada em passageiros que saíram do Brasil se transmite mais rapidamente que as outras. Ela disse que a entidade está estudando a nova cepa, em conjunto com cientistas brasileiros. O governo da Venezuela informou na noite de quinta-feira (14) que irá disponibilizar oxigênio para atender os hospitais do estado do Amazonas, que vive uma crise sem precedentes após aumento no número de casos de covid-19. A informação foi publicada pelo ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, nas redes sociais. ""Por instruções do presidente Nicolás Maduro, conversamos com o governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, para disponibilizar imediatamente o oxigênio necessário para atender o contingente de saúde em Manaus. Solidariedade latinoamericana acima de tudo!', escreveu Arreaza. Em resposta a uma mensagem de agradecimento do governador Wilson Lima (PSC), Arreaza afirmou que ""é sempre uma honra poder dar uma mão ao povo do Brasil, principalmente em momentos tão complexos"". ""Para o Bolivariano, a solidariedade é um dever."" Com o novo grande surto de casos de coronavírus Sars-CoV-2, a demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde no estado superou na terça a média diária de consumo em mais de onze vezes, agravando a situação nos hospitais —principalmente naqueles onde são atendidos pacientes com a doença. Segundo o jornal ""Folha de S.Paulo"", as empresas aumentaram a produção ao limite e buscam soluções de importação do insumo. A White Martins, principal fornecedora de oxigênio para o governo do Amazonas, informou que atua para viabilizar a importação do produto da Venezuela para suprir a demanda. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Saúde, Eduardo. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu que Manaus vive um colapso no atendimento de saúde e disse que seis aeronaves levarão oxigênio. ""A procura por oxigênio na capital subiu seis vezes, então, já estamos aí em 75 mil metros cúbicos de demanda de ar na capital e 15 mil metros cúbicos no interior. Estamos já com a segunda aeronave entrando em circuito hoje, a C-130 Hércules, fazendo o deslocamento Guarulhos-Manaus, e a partir de amanhã entram mais duas e chegaremos a seis aeronaves, totalizando ai algo em torno de 30 mil metros cúbicos por dia, a partir de Guarulhos. Nessa ponte aérea, existem também os deslocamentos terrestres"", afirmou o ministro. A crise também levou o secretário estadual de Saúde, Marcellus José Barroso Campêlo, a apresentar uma notificação extrajudicial na qual determina ""eventual estoque ou produção de oxigênio"" para pacientes internados. A notificação foi endereçada a 11 empresas, dentre elas a Yamaha Motor e Electrolux do Brasil. O documento diz que, se houver desobediência, ""fica autorizado o imediato uso de força policial, além de outras medidas coercitivas e restrições de direito juridicamente admitidas"". Mais cedo, o governador Wilson Lima também anunciou que Amazonas vai transferir pacientes de covid-19 para outros estados, além de decretar toque de recolher a partir das 19h até as 6h. O objetivo conter a disseminação do coronavírus no estado. O primeiro a receber pacientes do Amazonas será Goiás, com dois hospitais: o HUGO (Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz) e o HGG (Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi). Depois, será a vez de Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. A data e a ordem dessas transferências ainda não foram divulgadas pelo governo amazonense. Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do estado do Amazonas tem sido falho, por causa da alta de casos e mortes provocados pela covid-19. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi até Manaus para anunciar medidas de enfrentamento ao coronavírus no Amazonas. O governador Wilson Lima pediu prioridade no envio de doses de vacina para grupos vulneráveis. Em um mês, o número de sepultamentos em Manaus cresceu 193% em meio à explosão do número de infectados pelo coronavírus no Amazonas. No dia 6 de dezembro, por exemplo, foram registrados 31 enterros na capital, número que subiu para 91 na última terça-feira, 5. Por causa do aumento dos casos de covid-19, o prefeito de Manaus, David Almeida, decretou estado de emergência em Manaus pelo período de 180 dias para conter o avanço da pandemia na capital amazonense. Na quarta-feira, foram 110 mortes por covid-19 entre as causas de óbitos no total de sepultamentos nos cemitérios de Manaus, superando a marca das cem mortes por coronavírus registrada em maio de 2020. Em meio à explosão de casos de Covid-19 no Amazonas e do desabastecimento de oxigênio hospitalar, o governo local requisitou nesta quinta-feira (14) oxigênio do estoque de 11 empresas, dentre elas a Yamaha Motor e a Electrolux Brasil. A requisição foi feita por notificação extrajudicial assinada pelo secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus José Barroso Campêlo, que pede ""eventual estoque ou produção de oxigênio"" para pacientes internados com a covid-19. Segundo o documento, se houver desobediência, ""fica autorizado o imediato uso de força policial, além de outras medidas coercitivas e restrições de direito juridicamente admitidas"". Com o novo grande surto de casos de coronavírus Sars-CoV-2, a demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde no estado superou na terça (13) a média diária de consumo em mais de onze vezes, agravando a situação nos hospitais. Em entrevista ao ""Brasil Urgente"", da TV Bandeirantes, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), comentou a requisição feita pelo governo. ""Pelos contatos que fiz com o Ministério da Saúde, com o próprio ministro [Eduardo Pazuello], falei com ele duas vezes hoje. Chega uma balsa amanhã. Hoje à noite chega um Hércules da Força Aérea [Brasileira] com mais oferta de gás. O governo fez requisição administrativa de todo o gás do distrito industrial para que não aconteçam mais mortes. Eu acredito que esse socorro possa vir"", afirmou. O governador Wilson Lima (PSC) anunciou que Amazonas vai transferir pacientes de Covid-19 para outros estados, além de decretar toque de recolher a partir das 19h até as 6h. O objetivo conter a disseminação do coronavírus no estado. O primeiro a receber pacientes do Amazonas será Goiás, com dois hospitais: o Hugo (Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz) e o HGG (Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi). Depois, será a vez de Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. A data e a ordem dessas transferências ainda não foram divulgadas pelo governo amazonense. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi até Manaus para anunciar medidas de enfrentamento ao coronavírus no Amazonas. O governador Wilson Lima (PSC) pediu prioridade no envio de doses de vacina para grupos vulneráveis. Em um mês, o número de sepultamentos em Manaus cresceu 193% em meio à explosão do número de infectados pelo coronavírus no Amazonas. No dia 6 de dezembro, por exemplo, foram registrados 31 enterros na capital, número que subiu para 91 na última terça-feira, 5. Por causa do aumento dos casos de covid-19, o prefeito de Manaus, David Almeida, decretou estado de emergência em Manaus pelo período de 180 dias para conter o avanço da pandemia na capital amazonense. Na quarta-feira, foram 110 mortes por covid-19 entre as causas de óbitos no total de sepultamentos nos cemitérios de Manaus, superando a marca das cem mortes por coronavírus registrada em maio de 2020. O Brasil registrou 1.151 mortes pela Covid-19 e 68.656 casos da doença, nesta quinta-feira (14). Com isso, o país chegou a 207.160 óbitos e a 8.326.115 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.000. O valor da média representa um aumento de 42% em relação ao dado de 14 dias atrás. Quase todas as regiões do país apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Somente o Centro-Oeste (com crescimento de 12%) se encontra em situação de estabilidade. Amapá, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina apresentam estabilidade na média. Somente Acre e Mato Grosso do Sul apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 98,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (388.048), e o Reino Unido (86.163), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 118,8 e 129,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (133,8), país com 80.848 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 136.917 óbitos, tem 108,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 120. O país tem 38.399 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 151.727 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 101,1 mortes por 100 mil habitantes (44.983 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Diante do esgotamento de oxigênio nos hospitais de Manaus, a estatal responsável pelos hospitais universitários federais recebeu uma convocação do Ministério da Saúde para reservar 135 vagas a pacientes de Covid-19 da capital do Amazonas. As transferências a hospitais em cinco estados e no Distrito Federal estão previstas para esta quinta-feira (14), segundo a estatal. Outros cem pacientes são transferidos para a rede estadual de saúde de Goiás. Os pacientes com Covid-19 se viram sem suprimento de oxigênio nas unidades de saúde em Manaus. Esta é a mais nova face do agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil, que segue sem uma data para o início da vacinação em massa da população. A EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) atendeu ao chamado de urgência do Ministério da Saúde e reservou 135 leitos nos hospitais universitários em Brasília e nas capitais de Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba, segundo fontes da estatal ouvidas pela Folha. Os pacientes do Amazonas devem cruzar o país atrás de oxigênio e tratamento. Devem ser usados na operação um avião da Força Aérea Brasileira e um avião contratado pelo Ministério da Saúde, segundo a EBSERH. A estatal é responsável por 40 hospitais universitários federais e é vinculada ao Ministério da Educação. Além da necessidade de transporte de pacientes, o governo brasileiro pediu ajuda aos Estados Unidos para que consiga transportar suprimentos de oxigênio até Manaus. A solicitação de uma aeronave aos norte-americanos foi confirmada pelo Itamaraty. O Ministério da Saúde mobilizou ao todo sete estados para receber 750 pacientes do Amazonas, segundo governadores. A informação foi publicada pelo Painel. A medida extrema de transferência de pacientes, envolvendo a rede hospitalar das universidades federais, foi adotada numa tentativa de se evitar a morte ou o agravamento do estado de saúde de pessoas com Covid-19, conforme as tratativas entre autoridades do governo federal. E também para reduzir o consumo de oxigênio nos hospitais de Manaus. Um dos focos do problema é o hospital universitário de Manaus, o Getúlio Vargas. O entendimento na EBSERH é que o suprimento de oxigênio acabou em razão do aumento exponencial da demanda, bem acima dos repiques de infecção pelo novo coronavírus que já vinham ocorrendo na região. O problema deve se arrastar pelo menos pelos próximos dois dias. A expectativa é que o abastecimento de oxigênio seja normalizado no Hospital Universitário Getúlio Vargas somente no fim de semana. Diante desse cenário dos hospitais na capital amazonense, a solução encontrada foi transferir pacientes para outros estados, usando a rede de hospitais universitários. A estatal entende que houve um problema e uma falha na logística do fornecimento do suprimento, tanto em razão da explosão da demanda quanto em função do isolamento da região, que obriga transportes do produto por balsas, oriundas de Belém. O deslocamento dura dias. Hospitais em Manaus costumam suprir os tanques de oxigênio de três em três dias. A explosão das internações fez esse período diminuir, a ponto de faltar oxigênio para os pacientes. A empresa responsável pelo oxigênio foi avisada da necessidade de fazer o ressuprimento de oxigênio. Diante dessa realidade, o empreendimento comunicou as unidades de saúde que não haveria tempo hábil para a chegada do produto. Para a normalização da situação, a expectativa é que a produção de Belém seja toda direcionada a Manaus. Isto levaria pelo menos dois dias, segundo técnicos envolvidos no acompanhamento do caso do hospital universitário na capital do Amazonas. A autonomia atual dos tanques, segundo esses técnicos, é para apenas algumas horas. E isto porque os hospitais estão fazendo um intercâmbio de tanques, de acordo com a demanda em cada unidade. A transferência de pacientes envolve pelo menos três ministérios: Saúde, Defesa e Educação, por meio da EBSERH, responsável pelos leitos nos hospitais universitários. O Ministério da Saúde mobilizou governadores de pelo menos sete estados para receber pacientes de Covid-19 transferidos do Amazonas. Os traslados começam ainda nesta quinta (14), segundo Wellington Dias (PT-PT). Os primeiros pacientes chegam a Teresina no início da noite. Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraíba, Maranhão e Pará também devem receber pacientes. A previsão dada pelo ministério aos governadores é da necessidade de transferência de 750 pacientes. Até estados mais distantes, como Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estão se dispondo a receber pacientes. Segundo Dias, embora os governadores e o Ministério da Saúde, já estejam enviando materiais e oxigênio, falta capacidade de atendimento em Manaus de profissionais de saúde, condições técnicas e de equipamentos. O Brasil registrou 1.283 mortes pela Covid-19 e 61.966 casos da doença, nesta quarta-feira (13). Com isso, o país chegou a 206.009 óbitos e 8.257.459 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 995. O valor da média representa um aumento de 49% em relação ao dado de 14 dias atrás. Quase todas as regiões do país apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Somente o Centro-Oeste (com crescimento de 13%) se encontra em situação de estabilidade. Amapá, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes. Acre, Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima estão em estabilidade. Somente Santa Catarina apresenta queda. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A polícia prendeu nesta quarta-feira (13) em Limeira (151 km de SP) um foragido da Justiça de 45 anos, apontado como um dos mais atuantes assaltantes do Brasil. Ele liderou, segundo o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), o maior roubo a uma base de transportes de valores, em 2017, no Paraguai. A defesa dele não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. Davi Marques dos Santos, chamado pela Polícia Civil de “assaltante fantasma”, também é apontado como um dos criadores do chamado “novo cangaço”, em que bandidos roubam agências bancárias e casas lotéricas, desde o ano 2000, em cidades do interior da Bahia, Pernambuco e Maranhão. O apelido ""fantasma"" resulta, segundo a polícia, do fato do criminoso não constar em listas de procurados. O Deic tentava monitorar o criminoso ao menos desde 2014, quando ele foi resgatado por membros de sua quadrilha do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Franco da Rocha (Grande SP). “O estabelecimento prisional foi atacado por indivíduos armados de fuzis. Ele conseguiu fugir e permanecer solta até hoje [quarta]”, diz trecho de nota da polícia. Após a fuga do bandido, a 5ª Delegacia do Patrimônio (Investigações sobre Roubo a Bancos) do Deic afirma que Santos participou, em 2019, de roubos de malotes em aviões pagadores em Blumenau (SC) e no aeroporto de Viracopos, em Campinas (93 km de SP), quando seu irmão, André Marques dos Santos, morreu durante suposta troca de tiros com a polícia. Ainda em 2019, a polícia afirma que o ladrão estaria envolvido em assaltos a três carros-fortes, na região de Paraibuna (124 km de SP). O capturado é apontado pelo Deic como participante de um mega-assalto, ocorrido em abril de 2017 no Paraguai, quando o equivalente a R$ 120 milhões foram levados na ocasião. Este assalto, segundo a polícia, “é considerado o maior roubo ocorrido até então naquele país.” No ano anterior, o “assaltante fantasma” teria atacado, ainda segundo o Deic, uma transportadora de valores em Santo André (ABC) e outra em Santos (72 km de SP). Suas especialidades, ainda segundo a polícia, são invasões e explosões de empresas de transportes de valores, agências bancárias e aviões pagadores. Sem dar detalhes sobre a investigação, o Deic descobriu a residência do ladrão, no interior paulista, onde o prendeu nesta quarta, em cumprimento a mandado de prisão, pelo fato de ele ser foragido do sistema carcerário. Quando foi abordado, Santos não reagiu, segundo a polícia. Em sua casa, com piscina e área verde, a polícia não encontrou nenhuma arma, explosivo ou ferramenta usados nos roubos atribuídos ao criminoso. Com o objetivo de evitar traições, os dois principais candidatos ao comando da Câmara dos Deputados têm feito ofensiva sobre gestões estaduais em busca de apoio e recorrido à caneta do Poder Executivo para segurar votos. Os cálculos dos blocos de Arthur Lira (PP-AL) e de Baleia Rossi (MDB-SP) são que, hoje, há um percentual de risco de defecção de pelo menos 20%. Ou seja, que no mínimo 1/5 dos deputados federais que formam cada grupo partidário pode votar no candidato adversário. Para evitar traições, tanto Lira como Baleia têm trabalhado para reduzir esse percentual a 10%. Neste início de ano, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), telefonou para governadores aliados e pediu que eles intercedam por seu candidato, Baleia. Segundo a Folha apurou, Maia acionou mais de dez governadores, entre eles o do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e o do Ceará, Camilo Santana (PT). A intenção de Maia é evitar que haja dissidências no bloco que hoje apoia Baleia, formado por PT, PC do B, PSB, PDT, DEM, PSDB, MDB, Cidadania, PV, Rede e PSL. Apesar dos anúncios partidários de apoios, o voto para a presidência da Câmara é secreto. A campanha de Lira, candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), calcula que há ao menos 30% de defecções nessas siglas e aposta que haverá traições a Baleia em todos os partidos que apoiam a sua candidatura, inclusive no MDB. Lira trabalha justamente para estimular as dissidências. Formalmente, o bloco de apoio ao integrante do PP é menor que o do emedebista e composto por PL, PSD, Republicanos, Avante, Podemos, Patriota, PSC e PROS. Outros partidos, como Solidariedade e PTB, ainda não tomaram uma decisão formal. E há siglas rachadas quase ao meio, como o PSL. Para ampliar as divisões, integrantes do grupo de Lira têm ameaçado retirar cargos no governo federal de deputados que não o apoiarem. O movimento conta com apoio da articulação política do Palácio do Planalto, que deu sinal verde ao deputado para fazer a ameaça. Hoje, deputados federais de MDB, DEM e PSDB contam com indicados em funções federais. Pessoas ligadas à campanha do PP têm dito que o governo federal não tem compromisso em manter indicados na estrutura do Executivo de quem votar contra Lira. O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), aliado do líder do PP, nega que haja ameaça por parte da campanha, mas avalia que cada parlamentar deveria agir com coerência. ""Quem tem cargo no governo e legitimamente quer apoiar uma chapa cujo discurso é contrapor o governo tinha de ter vergonha na cara e entregar o cargo. Quem está dizendo isso é um deputado federal que não tem cargo nenhum"", disse Ramos. Já o poder da caneta de Baleia tem vindo dos governos estaduais que endossam o candidato de Maia. Segundo relatos feitos à Folha, pelo apoio à candidatura adversária de Bolsonaro gestões estaduais têm sinalizado a deputados federais que podem fazer mudanças em nomes indicados por eles em âmbito regional, além de acenos com a liberação de obras. Como publicou a coluna Painel na semana passada, a campanha de Baleia calcula ter o apoio de pelo menos 20 governadores. A conta é otimista, já que inclui nomes que são próximos a Bolsonaro, como Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal. Tem pesado para o apoio dos governos estaduais a Baleia a articulação direta de Maia. Nesta quarta-feira (13), por exemplo, o presidente da Câmara deve acompanhar o seu candidato em encontro, em Fortaleza, com deputados cearenses. Segundo gestores locais ouvidos pela Folha, a maioria dos governadores hoje se posiciona de forma independente a Bolsonaro. E ressaltam que a Câmara foi fundamental para garantir a aprovação de matérias caras aos estados. São citados o pagamento do auxílio emergencial e a renegociação de dívidas. Além disso, os governadores elogiam a postura que Maia adotou durante a pandemia, já que, em boa parte do ano passado, Bolsonaro travou embates com as gestões estaduais, acusando-as de gerar danos à economia. Por outro lado, os partidos que integram o grupo de Lira comandam hoje estados como Acre, Amazonas, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Roraima. O último tem à frente do governo o bolsonarista Antonio Denarium, que foi desligado do PSL no ano passado. O Novo, do governador mineiro, Romeu Zema, ainda não se posicionou. Como Baleia, Lira tem rodado o país em reuniões com bancadas federais e quer visitar, até fevereiro, todos os governadores e prefeitos de capitais. Segundo aliados do líder do centrão, ele já falou com mais de 400 parlamentares, muitos deles de partidos que formam o bloco de Baleia, como PT, MDB e PC do B. Tanto Lira como Baleia estão rodando o país em jatos particulares bancados pelos respectivos partidos. No ano passado, o MDB recebeu R$ 47,6 milhões referentes ao fundo partidário, mas, segundo a campanha, é vedado o uso desse dinheiro para bancar as viagens. Por isso, de acordo com a sigla, o MDB está custeando os voos com recursos próprios adquiridos por meio de doações. Não há, por ora, nenhuma campanha de arrecadação de mais dinheiro. Mas, segundo o partido, todos os recursos que forem usados agora estarão na prestação de contas apresentada pela sigla ao final do ano. A empresa contratada pelo MDB para alguns trajetos é a Icon Taxi Aereo. O valor das contratações não foi informado. Já o PP não informou qual é a origem do dinheiro que tem bancado as viagens de Lira. Em nota, a legenda disse que ""irá totalizar a contabilidade dos gastos, cuja declaração será inserida na planilha de prestação de contas a ser encaminhada à Justiça Eleitoral para aprovação"". ""Todas as ações da campanha são feitas cumprindo rigorosamente a legislação e as contas serão divulgadas de forma transparente"", disse a nota. O PP recebeu R$ 47,9 milhões de fundo partidário no ano passado. O Brasil registrou 1.109 mortes pela Covid-19 e 61.660 casos da doença, nesta terça-feira (12). Com isso, o país chegou a 204.726 óbitos e a 8.195.493 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 993. O valor da média representa um aumento de 57% em relação ao dado de 14 dias atrás. Quase todas as regiões do país apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Somente o Centro-Oeste (com crescimento de 2%) se encontra em situação de estabilidade. Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes. Acre, Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba e Santa Catarina estão com média móve de mortes em estabilidade, o que não significa uma situação de tranquilidade. Somente o Rio Grande do Norte apresenta queda na média móvel de mortes. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta segunda-feira (11) que os estados receberão as vacinas ""três ou quatro dias"" após autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o início da imunização contra a Covid-19. A declaração foi dada em Manaus. ""A vacina vai começar no dia D, na hora H no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina, ou que a autorização for feita [pela Anvisa], a partir do terceiro ou quarto dia já estará nos estados e municípios para começar a vacinação no Brasil. A prioridade está dada, é o Brasil todo. Vamos fazer como exemplo para o mundo"", afirmou. No último sábado (9), o Ministério da Saúde já havia informado que todas as doses de vacina contra Covid-19 serão distribuídas exclusivamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para todos os estados de maneira simultânea. Ele voltou a afirmar que a vacinação não será obrigatória, como defende o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ministro reforçou que, se as vacinas em análise pela Anvisa forem aprovadas no prazo previsto de dez dias (a partir da entrega dos documentos), a vacinação pode começar no dia 20 de janeiro. Desde sexta-feira (8), a agência analisa pedido de uso emergencial (para grupos específicos) do Butantan, com a CoronaVac, e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com a vacina Oxford/AstraZeneca. Segundo Pazuello, cada estado tem o seu programa de vacinação, e os municípios têm responsabilidade de deixar as salas de vacinação prontas para a imunização. ""Como é no PNI [Programa Nacional de Imunização]? No PNI, cabe ao ministério fazer chegar aos estados e municípios. O plano logístico é individualizado por estado, por isso a gente fala que cada estado tem seu próprio plano. O do Amazonas é totalmente diferente do Pará ou do Maranhão"", disse o ministro. ""O plano do estado já existe. Ele só está sendo adequado. E essa adequação é muito específica. O plano do município é de execução"", afirmou Pazuello. Pazuello afirmou que pediu checklist sobre depósitos e geladeiras que devem armazenar as vacinas, além da estrutura de frios e de pessoal dos locais que devem ser usados para imunizar a população. Pazuello afirmou que foram contratados 354 milhões de doses de vacinas. Para janeiro, a expectativa é de aplicar 6 milhões de doses do Butantan e 2 milhões da Fiocruz, se liberadas pela Anvisa. O ministro disse que as empresas que desenvolvem vacinas fora do Brasil ofereceram quantidades ""pífias"" de doses e com muitas exigências. ""Ou nós fabricamos no Brasil ou vamos ter muita dificuldade de vacinar em massa o povo"", disse Pazuello. As doses da Fiocruz, no entanto, precisam ser importadas da Índia. A instituição estima que após a chegada ainda serão necessários cinco dias para aplicação das doses. A previsão é de que as doses sejam enviadas em 20 de janeiro, mas o laboratório brasileiro trabalha para adiantar este prazo. Já o Butantan tem 11 milhões de doses em estoque e capacidade de produção própria. Após ter criticado a cobertura jornalística na semana passada, Pazuello começou o discurso dizendo que a imprensa ""é o alicerce da informação do nosso país e é isso que nós esperamos de vocês"". ""O alicerce da informação correta, o alicerce que vai fazer com que a gente consiga fazer chegar na ponta da linha as informações, os dados e as medidas necessárias para que a gente salva mais vidas. Vocês da imprensa são peça fundamental nessa missão."" Pazuello foi até o Amazonas para anunciar medidas de enfrentamento à Covid-19. Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do estado opera com dificuldades por causa da alta de casos e mortes provocados pelo novo coronavírus. Após as festas de fim de ano, também houve um aumento no número de enterros, que tende a superar a média diária da primeira onda da doença, em abril do ano passado. No domingo, o governador disse que as empresas que fornecem oxigênio para os hospitais de Manaus não têm mais estoque suficiente para a demanda exigida. Na manhã desta segunda-feira (11), 362 pessoas aguardavam por leitos no estado, sendo que 46 situação mais grave precisavam de transferência para UTIs, que estão lotadas. No fim de semana, famílias e amigos de pacientes se mobilizaram para alugar respiradores e levá-los aos hospitais públicos e privados e se depararam com a angústia de não conseguirem. O plantão do TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) atendeu a uma série de pedidos para obrigar o estado a ofertar leitos clínicos e de UTIs a pacientes de Manaus, além de garantir transferência para doentes que estão em situação mais crítica no interior do estado, que apresenta condição ainda mais precária que a capital. As decisões determinaram que o estado tomasse providências, obedecendo ao critério de decisão dos médicos e a lista de espera por leitos. Paralelamente, funcionários da saúde e familiares reclamam que pacientes estão sendo atendidos no chão dos hospitais, e há congestionamento de ambulâncias que não conseguem leitos para os doentes transportados pelo Samu. A superlotação das unidades de saúde e a falta de atendimento pressionou os cemitérios. A Prefeitura de Manaus teve de abrir um novo espaço para enterrar corpos e planeja sepultamentos verticais, pois já previsão de esgotamento rápido desta nova área. Na primeira onda, Manaus foi a única cidade do mundo a realizar enterros em valas comuns. No domingo, foram registrados 144 sepultamentos em Manaus, sendo 62 óbitos por causa da covid-19. O pico de enterros na capital amazonense ocorreu no dia 26 de abril do ano passado, com 161 sepultamentos num só dia. Vinte e sete pessoas morreram em casa e foram levadas direto para o cemitério. A prefeitura não divulga a causa das demais mortes que não tenham confirmação de Covid-19. O espaço aberto pela prefeitura dispunha de mil vagas na sexta. A média diárias de enterros tem sido maior que cem. Na última semana, o MDB do Maranhão decidiu sair do bloco de oposição ao governador Flávio Dino (PC do B) —as duas siglas são arquirrivais no estado, com Dino encabeçando o grupo que confronta Sarney e seus aliados. O movimento contribuiu para que o governador não vetasse o entrada de seu partido no bloco de Baleia Rossi. O Brasil registrou 1.016 mortes como média móvel de óbitos por Covid-19, neste domingo (10). Uma média tão elevada havia ocorrido pela última vez na semana final de julho de 2020. Neste domingo, o Brasil registrou 483 mortes pela Covid e 29.153 casos do doença. Com isso, o país já soma 203.140 óbitos e 8.104.823 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Especialistas vêm alertando que os números de mortes podem permanecer altos pelas próximas semanas, devido às viagens, encontros e festas que realizados durante o Natal e o Ano-Novo. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 988. O valor da média representa um aumento de 55% em relação ao dado de 14 dias atrás. Todas as regiões do país apresentam crescimento na média móvel de mortes. Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e Santa Catarina estão em situação de estabilidade, o que não significa uma condição de tranquilidade. Nenhum estado apresenta queda nos dados. O Brasil tem uma taxa de 96,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (373.669), e o Reino Unido (81.567), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 114,4 e 122,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (130,3), país com 78.755 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 133.204 óbitos, tem 105,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,9. O país tem 38.049 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 150.999 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 99,8 mortes por 100 mil habitantes (44.417 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Revelada pelo Painel em abril de 2020, a saga da importação de aparelhos respiradores da China, com parada na Etiópia, mobilizada sigilosamente pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), para escapar de possível confisco do governo federal, virou livro. ""A Operação Secreta Etiópia-Maranhão"" (editora Vestígio), do jornalista Wagner William, vencedor do Prêmio Herzog, entra em pré-venda nesta segunda-feira (11). A obra conta os detalhes e os bastidores da ação tratada como ""operação de guerra"" pelo governo do Maranhão contra a Covid-19. A logística passou a ser estudada pela equipe de Dino no ano passado após sucessivas reservas de respiradores terem sido atravessadas por Alemanha, Estados Unidos e pelo próprio governo federal. Os equipamentos saíram da China, passaram pela Etiópia, foram desembarcados em São Paulo e colocados em avião fretado para São Luís. Eles foram postos em funcionamento horas depois de chegarem. Depois de revelada a operação, a Receita Federal disse que ela havia sido ilegal, pois ""realizada sem o prévio licenciamento da Anvisa e sem autorização da Inspetoria da Receita Federal em São Luís, órgão legalmente responsável por fiscalizar a importação das mercadorias"". A Receita afirmou então que tomaria as medidas cabíveis contra os envolvidos e aplicou a pena de perdimento (confisco) dos respiradores, que implica no desligamento e retirada dos equipamentos. No entanto, a Justiça Federal da 1ª Região suspendeu a pena. O juiz Jose Valterson de Lima destacou, em sua decisão, que ainda que se admita, conforme alegou a administração federal, que o estado do Maranhão agiu com ""truculência"", é possível afirmar que agiu dessa forma devido ao ""aumento no número de óbitos em decorrência da Covid-19 e tendo visto algumas de suas iniciativas malograrem pela ação do governo federal e de governos estrangeiros"". Com o aumento das mortes desde o fim de 2020, o Brasil chegou, neste sábado (9), à maior média móvel de mortes por Covid-19 desde 22 de agosto do ano passado. O país registrou 1.115 óbitos e 59.750 casos da doença. Com isso, o total de mortes chegou a 202.657 e o de pessoas infectadas a 8.075.670, desde o começo da pandemia. Em 22 de agosto, a média móvel de óbitos era de 997 e se encontrava estável. Neste momento, ela está em 988 e apontando crescimento da pandemia. Especialistas vêm alertando que os números de mortes podem permanecer altos pelas próximas semanas, devido às viagens, encontros e festas que realizados durante o Natal e o Ano-Novo. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 988. O valor da média representa um aumento de 55% em relação ao dado de 14 dias atrás. Todas as regiões do país apresentam crescimento na média móvel de mortes. Norte e Sudeste têm os maiores aumentos, 123% e 76%, respectivamente. Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí e Santa Catarina estão em estabilidade, o que não significa uma situação tranquila. Nenhum estado apresenta queda. O Brasil tem uma taxa de 96,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (371.862), e o Reino Unido (81.000), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 113,8 e 121,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (129,7), país com 78.394 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 132.069 óbitos, tem 104,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,9. O país tem 38.049 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 150.798 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 99,5 mortes por 100 mil habitantes (44.273 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou o maior número de mortes pela Covid-19 desde o dia 4 de agosto. Nesta sexta-feira (8), foram documentados 1.379 óbitos e 84.977 casos da doença. Com isso, o país chega a 201.542 mortes e 8.015.920 de pessoas infectadas desde o início da pandemia. Em 4 de agosto, foram registradas 1.394 mortes. O número elevado de mortes e de casos —o recorde da pandemia— está relacionado a dados retroativos do Paraná que foram registrados nesta sexta no sistema da secretaria do estado. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 872. É a maior média móvel desde o fim de agosto de 2020. O valor da média representa um aumento de 26% em relação ao dado de 14 dias atrás. Todas as regiões do país, menos o Centro-Oeste apresentam aumento da média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. Acre, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam alta da média móvel de mortes. Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rio Grande do Sul apresentam estabilidade na média móvel de mortes, o que não significa que a situação esteja tranquila. O Brasil tem uma taxa de 96,2 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (368.013), e o Reino Unido (79.959), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 112,6 e 120,3 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (128,9), país com 77.911 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 131.031 óbitos, tem 103,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,6. O país tem 37.925 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 150.570 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 99,2 mortes por 100 mil habitantes (44.122 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Enquanto João Doria (PSDB-SP) anunciava a eficácia da Coronavac, o Ministério da Saúde, em reunião com técnicos dos estados, passou a orientação para que estejam preparados para receber na última semana do mês as 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, importadas da Índia. Informou ainda quantas doses cada estado vai receber —o que foi considerado pouco. Aliados de Doria não creem que o governo federal conseguirá largar na frente e, assim, mantêm a data de 25 de janeiro. Para a gestão paulista, Eduardo Pazuello (Saúde) vive uma crise de credibilidade. Apesar do anúncio de que assinou o contrato de compra de 100 milhões de doses do Butantan, prefeitos e governadores seguiam negociando diretamente a compra da vacina com Doria, nesta quinta (7). Fora das fronteiras paulistas, no entanto, governadores veem a chance de Pazuello sair na frente, nem que seja com a vacinação de uma pequena parcela da população, para marcar presença, no dia 20. A data exata ainda é fonte de expectativa. Aos estados, o Ministério da Saúde informou que preparou rotas aéreas para a distribuição das vacinas, saindo de Guarulhos, usando aviões de carreira e também da Força Aérea. A informação é a de que em 24 horas os imunizantes chegariam a todas as capitais. Para iniciar a vacinação, a partir da chegada do imunizante, secretários estaduais de Saúde dizem que seriam necessários três dias. Bolsonaro apostou contra e teve que recuar. Mais uma prova da incompetência gigantesca do governo Do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), sobre a compra da Coronavac anunciada pelo Ministério da Saúde nesta quinta (7) Assis era um bancário aposentado. Trabalhou sua vida toda no Banco do Nordeste e era um entusiasta da sua cidade natal. Um homem sério, com um coração sempre pronto para ajudar. Seu sorriso conquistava todos. Era conhecido por sua honestidade e retidão. Nos finais de tarde, gostava de reunir os amigos na praça perto de sua casa para conversar. Deixa a esposa Almerinda Soares de Amorim, com quem completou bodas de ouro, cinco filhos, três netos e três bisnetos. Usava os sapatos acima para ir à missa e a festas. Maria viveu para criar e cuidar das duas filhas sozinha. A autônoma aposentada estava sempre alegre e gostava de valorizar as pequenas coisas da vida. Quando não estava ocupada com os afazeres domésticos, gostava de ir à igreja. Foi internada e intubada em 4 de julho e morreu nove dias depois. José era engenheiro agrônomo e professor aposentado da Universidade Federal do Acre. Nasceu em Belém (PA), constituiu família e construiu sua carreira profissional no Acre. Sempre de Alpargatas, fez do seu trabalho a sua vida, contribuindo para a formação de incontáveis alunos. Quando acreditou que era o momento de se aposentar e voltar à cidade natal, o sonho durou pouco. Ficou menos de um mês em Belém e morreu em 22 de abril de 2020. Deixou a esposa, cinco filhos e cinco netos. Carioca, Paulo mudou-se para a capital paulista jovem, onde encontrou emprego como soldador na metalúrgica em que trabalhou por 27 anos até janeiro de 2020, quando se aposentou. Era a hora de ter mais tempo com os seis filhos. Esperava ansioso pela chegada do oitavo neto, que será batizado com o seu nome. Não deu tempo também de fazer a sonhada viagem a Natal (RN) no fim do ano. O motorista de ônibus Marcos Cezar se esforçava para que não faltasse nada para os filhos e familiares. Fazia amizade com facilidade em todos. Motorista, aposentou-se depois de 33 anos atrás do volante. Não se contentava em ficar em casa e, quase todo fim de semana, se reunia com amigos para compartilhar histórias. O par de sapatos acima rodou muitos quilômetros nos pés de Marcos. Nos últimos 20 anos, Paulinho morou em Manaus e Manicoré (AM), mas, por complicações do mal de Alzheimer, voltou a São Paulo, onde vivem os filhos. O administrador aposentado gostava de pescar, jogar futebol e dançar. Foi em um bailinho que conheceu Luiza, sua esposa. Vivia em uma casa de repouso na Mooca onde não perdeu o apetite. Comia três bananas antes do almoço e encarava uma feijoada. O par de tênis acima foi o mais usado nos últimos anos. Bisavô, José Joaquim levava a vida com leveza. Aposentado, depois de anos de trabalho em padarias e bares, dedicava-se à família e às caminhadas. Espalhava bom humor ao seu redor. O sapato escolhido representa sua leveza e humildade e estava sempre presente em suas caminhadas e passeios, já que ele preferia um par confortável a calçados modernos e estilosos. Não importava a distância, Maria das Graças dormia e acordava perto da família. Tomava café da manhã com mensagens de bom dia dos dois netos e, sempre que possível, saía para vê-los. Formada em letras e direito, foi oficial de Justiça no Rio. Com a aposentadoria, pôs em prática o gosto pelo paisagismo, que a mantinha ocupada. Arduíno era o último menino de Portinari vivo. O quadro, da série “Meninos de Brodowski’’, era o seu maior orgulho —tinha uma réplica em casa. Lembrava-se, como se fosse ontem, do dia em que foi retratado por Candido Portinari, há 74 anos. O serralheiro aposentado foi vizinho da casa do pintor, mais tarde transformada no museu do qual Arduíno não arredava os pés. Gabriel era um advogado tributarista que sempre trabalhou muito. Saía todos os dias cedo, de terno e sapato social, e voltava só tarde da noite. Gostava de comer e de se vestir bem. Depois de aposentado, deixou de lado os sapatos sociais e se dedicou mais aos livros que gostava de escrever, especialmente para o público infantojuvenil, aos netos e aos jogos de xadrez. Mecânico aposentado, José Maria adorava fazer móveis de madeira na garagem de sua casa. O objetivo não era ganhar dinheiro —vendia só se alguém se interessasse. Gostava também de ir à praia. O mineiro, nascido em Formigas, estava fazendo quimioterapia para tratar uma leucemia. Deixa duas filhas, a esposa e o neto. Nos casamentos da família, usava os sapatos da foto. Avesso à informatização e aos celulares, José Antônio nunca deixou de ler jornal impresso. Sempre bem informado, escrevia resumos das notícias que lia para amigos e familiares. Maître aposentado de um clube, não gostava de agito e preferia ficar em casa, sempre com um pequeno rádio na orelha, sintonizado na frequência AM para escutar o sertanejo raiz do qual era fã. Nascido e criado no interior do Maranhão, com pouco dinheiro, João aprendeu sozinho a falar inglês, formou-se técnico de telecomunicações e fez questão de que os três filhos estudassem. Mudou-se para a capital capixaba e, aposentado, viajou, aprendeu francês e estudou espanhol. Não via a hora de ir ao aeroporto e colocar em prática o que havia aprendido. Operador de empilhadeira aposentado, descrito pelo filho como “um homem de coração gigante, determinado e amoroso”, Evandro tinha como lema “viver e ser livre”. Adorava caminhar e estar ao lado da família em churrascos e comemorações. Nascido em Santo André (Grande SP), um dos seus programas favoritos era ir a São Roque experimentar vinhos. Deomar vivia em Pelotas, cidade em que trabalhava como guarda noturno antes de se aposentar há pouco mais de dois anos. Aproveitou a aposentadoria para se dedicar mais à casa e à horta, onde cultivava bergamota, laranja e pêssego. Alegre e prestativo, Deomar era casado, tinha duas filhas e três netos. A família considera o sapato retratado acima como uma forma de mantê-lo presente. Odair era aposentado, mas continuava trabalhando para garantir o sustento da casa. Perdeu o emprego no início da pandemia e, pela primeira vez, conseguiu descansar e assistir à TV com uma cerveja na mão, ao lado da esposa, com quem vivia havia 46 anos. Deixa três filhos — dois deles tatuaram o amor que sentiam pelo pai. Empresário aposentado, Siniti gostava de ficar com os cinco netos na praia, pescando e comendo sashimi. Torcia para o Corinthians e costumava assistir aos jogos na televisão. Quando estava sozinho, lia jornal e fazia palavras-cruzadas. Após cinco meses isolado, pegou o transporte público para ir a consultas médicas de rotina e, mesmo com máscara e face shield, se infectou com o vírus. Era hipertenso, diabético e tinha diagnóstico do Mal de Alzheimer. Morou durante toda a vida em Parisi, cidade fundada pelos próprios avós, em São Paulo. Era amigo de todos e gostava de festas. Sorria muito e sempre dizia que era uma pessoa feliz. Em todas as datas especiais era o sapato preto que ele usava, o que se sentia bem e confortável. “Ele tinha os pezinhos gordinhos, então esse encaixava certinho nos pés dele”, conta a esposa, Elena Ferreira Borges. Deixou três filhos, três netos e a esposa, Elena, com quem foi casado por 17 anos. Além de bancar um pesado pacote de socorro a estados e municípios durante a pandemia, o Tesouro Nacional teve de arcar com dívidas não pagas pelos governos regionais no valor de R$ 13,3 bilhões em 2020. O montante é recorde e supera em 59,6% o total de débitos honrados pelo governo federal em 2019, de R$ 8,4 bilhões. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Tesouro. O governo concede garantia para empréstimos feitos por estados e municípios, obedecendo critérios para a concessão. Com essa espécie de seguro, governadores e prefeitos conseguem captar financiamentos mais favoráveis, com taxas mais baixas. Em caso de não pagamento, no entanto, a União fica obrigada a honrar essas obrigações. No ano passado, cinco estados foram responsáveis por quase 95% do valor quitado pelo Tesouro. Para débitos atrasados do Rio de Janeiro, estado em grave crise financeira, foram R$ 8,3 bilhões. Entre as maiores dívidas bancadas pela União, também estão Minas Gerais (R$ 3,2 bilhões), Goiás (R$ 553 milhões), Pernambuco (R$ 355 milhões) e Maranhão (R$ 280 milhões). Os valores tiveram uma forte alta no encerramento do ano. Somente em dezembro, foram pagos R$ 5,5 bilhões. Desde 2016, a União bancou aproximadamente R$ 33 bilhões em dívidas garantidas dos entes. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que as garantias do governo federal devem ser acompanhadas por contragarantias suficientes para cobrir eventuais desfalques. Elas podem, por exemplo, ser feitas pela vinculação de receitas geradas pelos entes. “Pelo fato de a União estar impedida de recuperar as contragarantias de diversos estados que obtiveram liminares judiciais suspendendo a execução das referidas contragarantias, e também as relativas ao Estado do Rio de Janeiro, que está sob o Regime de Recuperação Fiscal, os valores honrados no ano aumentaram a necessidade de financiamento da dívida pública federal”, informou o Tesouro. Com isso, dos R$ 13,3 bilhões honrados em 2020, R$ 12,4 bilhões não foram recuperados pelo governo federal. Durante a pandemia, o governo liberou um pacote de socorro a estados e municípios para minimizar os efeitos da crise sanitária. Os repasses do plano superaram em 54% o impacto sofrido por essas administrações, transferindo para a União não apenas o choque efetivamente sofrido, mas também um custo adicional que se reflete em elevados saldos de caixa em poder dos estados. De acordo com levantamento do economista do Insper e colunista da Folha Marcos Mendes, o socorro superou em ao menos R$ 36,3 bilhões a perda de arrecadação e o aumento de despesas nas 27 unidades da Federação. A britânica Vanessa Kirby, que fez a princesa Margaret nas primeiras temporadas da série ""The Crown"", venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza de 2020 com este drama dirigido pelo húngaro Kornél Mundruczó (""Cão Branco""). Agora ela é uma das favoritas ao próximo Oscar, pelo papel de uma mulher que perde seu bebê durante o parto. Ellen Burstyn, que vive a mãe da protagonista, está cotada para o Oscar de atriz coadjuvante. Netflix, 16 anos Dalida Nascida no Egito numa família de origem italiana, a cantora Dalida gravou em várias línguas e fez muito sucesso, mas se suicidou em 1987. Esta cinebiografia é inédita no circuito brasileiro. Belas Artes à la Carte, 14 anos HQuem - A Arte de Desenhar Histórias Cada um dos 13 episódios desta série documental traça o perfil de um expoente dos quadrinhos brasileiros. Entre eles, Wagner William, vencedor do prêmio Jabuti de 2020 com ""Silvestre"", e Fabiane Langona, autora da tira ""Viver Dói"", publicada pela Folha. Prime Box Brazil, 21h30, livre Zeca pelo Brasil Zeca Camargo, colunista da Folha, comanda este programa de viagens, que terá quatro episódios. A primeira parada é o Rio Grande do Norte. Band e canal da Band no YouTube, 22h45, livre O Barbeiro que se Vira Chanchada de 1958 inspirada na ópera ""O Barbeiro de Sevilha"". Com Arrelia, Paulo Goulart e Eliana Macedo. TV Brasil, 22h30 e 2h30, 12 anos Jurassic World - Reino Ameaçado No segundo longa da nova fase da franquia, um vulcão ameaça destruir o que sobrou do parque dos dinossauros —ainda restam alguns bichos por lá, que precisam ser resgatados. Inédito na TV aberta. Globo, 22h45, 12 anos Repórter Record Investigação Na estreia da nova temporada, a apresentadora Adriana Araújo vai ao Maranhão denunciar os esquemas de corrupção que envolvem a estrada de ferro Carajás. Record, 23h30, livre O Brasil teve mais um dia com mais de mil mortes registradas pela Covid-19. Nesta quarta-feira (6), foram 1.266 óbitos pela doença e 62.532 casos. Com isso, o país chega a 199.043 mortes e 7.874.539 de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 729. O valor da média, apesar de uma pequena queda em relação ao dado de 14 dias atrás, configura uma situação de estabilidade. Além disso, o dado é afetado pelo represamento de notificações que ocorreu em decorrência dos feriados recentes. O Norte é a única região com aumento da média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás, e o Sul a única com redução. As outras regiões se encontram em estabilidade. Mais uma vez, porém, vale destacar que os dados são afetados pelos atrasos de notificação recentes derivados dos feriados de fim de ano. Amazonas, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia Roraima, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul estão em situação de estabilidade (o que não significa uma condição tranquila). Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 95 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (359.977), e o Reino Unido (77.470), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 110,2 e 116,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (127,2), país com 76.877 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 128.822 óbitos, tem 102,1 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,3. O país tem 37.830 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 150.114 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 98,4 mortes por 100 mil habitantes (43.785 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil voltou a registrar mais de mil mortes pela Covid-19, nesta terça-feira (5). Foram 1.186 óbitos e 57.447 casos da doença. Com isso, o país chegou 197.777 mortos e 7.812.007 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Nos últimos dias, os dados da pandemia foram relativamente baixos por causa do represamento de notificações nas secretarias de saúde que costuma ocorrer aos domingos, segundas e feriados. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 723. O valor da média, apesar de uma pequena queda em relação ao dado de 14 dias atrás, configura uma situação de estabilidade. Além disso, o dado é afetado pelo represamento de notificações que ocorreu em decorrência dos feriados recentes. O Norte é a única região com aumento da média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás, e o Sul a única com redução. As outras regiões se encontram em estabilidade. Mais uma vez, porém, vale destacar que os dados são afetados pelos atrasos de notificação recentes derivados dos feriados de fim de ano. Acre, Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe e Tocantins apresentam crescimento da média móvel de mortes. Alagoas Amapá, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo apresentam estabilidade. Os demais estados estão em queda. O Brasil tem uma taxa de 94,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (356.540), e o Reino Unido (76.427), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 109,1 e 115 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (126,3), país com 76.329 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 127.757 óbitos, tem 101,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,3. O país tem 37.830 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 149.850 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 98,1 mortes por 100 mil habitantes (43.634 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 562 mortes pela Covid-19 e 22.489 casos da doença, nesta segunda-feira (4). Com isso, o país chega a 196.591 óbitos e a 7.754.560 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o começo da pandemia. Os números são relativamente baixos em comparação aos registros recentes. Isso pode ser explicado por atrasos de notificação pelas festas de fim de ano. Além disso, às segundas, domingos e feriados os números de mortes e casos costumeiramente são menores. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 707. O valor da média, apesar de uma pequena queda em relação ao dado de 14 dias atrás, configura uma situação de estabilidade. No momento, o Norte é a única região que apresenta crescimento da média móvel de mortes e o Sul a única com redução. As demais estão em estabilidade. Acre, Alagoas, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins tiveram aumento da média móvel de mortes, em relação ao dado de 14 dias atrás. Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo estão em situação de estabilidade, de acordo com os dados da média móvel do consórcio. Os demais quatro estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 93,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (353.050), e o Reino Unido (75.544), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 108,1 e 113,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (125,3), país com 75.680 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 127.213 óbitos, tem 100,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 118,3. O país tem 37.830 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 149.649 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 11,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 98,1 mortes por 100 mil habitantes (43.634 óbitos). Já o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (4) registrou 20.006 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil e 543 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, foram 196.561 óbitos acumulados e 7.753.752 casos confirmados no país, segundo o ministério. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O auxílio emergencial, já encerrado pelo governo, foi o termo econômico mais procurado no Google pelos brasileiros em 2020. Os estados que lideraram a busca foram Amapá, Pará, Amazonas, Maranhão e Bahia. No geral, a palavra-chave mais popular foi coronavírus. Paula Soprana (interina), com Arthur Cagliari O governador Flávio Dino (PC do B-MA) decidiu entrar com uma ação penal por crime contra a honra contra Bolsonaro. Segundo o governador, o presidente o caluniou ao dizer em entrevistas no mês de outubro que teve de cancelar uma viagem ao município de Balsas, no interior do Maranhão, por ter tido negado efetivo da PM no seu esquema de segurança. Uma psicóloga recorreu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para acusar o Judiciário do Maranhão de ter sido incompetente em protegê-la da violência que ela diz sofrer há anos do ex-marido, um influente advogado local. Artenira Silva e Silva Sauaia é professora da Universidade Federal do Maranhão e, em 2009, separou-se do advogado Hugo Moreira Lima Sauaia —oriundo de uma tradicional família de profissionais do direito no estado. Desde 2012, eles travam uma batalha judicial que já resultou em 16 processos, entre cíveis e penais. “Os 16 processos aqui [no Maranhão] não deram em nada. Por isso houve a possibilidade de entrarmos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, já que esgotou a jurisdição interna de punição”, diz Artenira. Há sentença de mérito em apenas um dos processos envolvendo Artenira e Hugo, favorável ao ex-marido. Duas ações já prescreveram. A psicóloga também aponta o sumiço de dois inquéritos que saíram da delegacia da mulher e nunca chegaram à Justiça. Segundo a acusação na Comissão Interamericana, o Judiciário maranhense não foi capaz de impedir que o ex-marido ficasse próximo dela —Artenira o acusa de agressão. O documento enviado ao colegiado, com sede em San José, na Costa Rica, relata que atualmente “não existem medidas protetivas de urgência em favor da vítima”. Até agora 26 juízes e nove desembargadores se declararam impedidos de julgar processos relativos à separação da psicóloga e o advogado. Há denúncia do Ministério Público que menciona dois boletins de ocorrência em que ela relata ter sido agredida fisicamente por Sauaia nos anos de 2007 e 2008, quando ainda moravam juntos. O ex-marido nega as agressões. Apesar de as acusações contra Sauaia serem ponto central no documento enviado à comissão, o alvo da ação não é o ex-marido, mas sim o Judiciário do Maranhão. “Eu me sinto violentada 30% pelo Hugo, mas 70% pelo Judiciário maranhense. Meu maior violentador foi o Judiciário do Maranhão”, diz a psicóloga. Artenira e Hugo estão separados desde 2009, mas só procuraram o Judiciário em 2012 para regulamentar a guarda e as visitas à filha. Na ocasião, a guarda da menina ficou com Artenira. No ano passado, o advogado pediu a guarda da filha, que, aos 13 anos, escolheu ficar com o pai. Artenira concordou. Em 2016, eles trataram formalmente do pedido de divórcio num acordo assinado pelos dois. Esse trato foi reconhecido pelo desembargador Paulo Velten Pereira, do Tribunal de Justiça do Maranhão, dois anos depois. Para ser colocado em prática, porém, é necessário o despacho do juiz Holídice Barros, o que até o momento não aconteceu. “Por isso eu ainda tenho o sobrenome do meu marido. Quando eu escrevo algum artigo ou recebo alguma homenagem eu peço para não constar o sobrenome dele”, diz Artenira. A Folha ouviu uma juíza e um advogado especializados em direito de família sobre a demora no despacho do documento que colocará em prática o divórcio. Ambos falaram em tese, por não conhecer o processo, mas estranharam que o ato se arraste por tanto tempo. “O juiz precisa fazer um despacho para que as partes possam pegar esse documento e ir no cartório para registrar a separação. É assim que se dá definitivamente a separação”, diz a juíza Tatiane Moreira Lima, da Vara de Violência Doméstica contra a Mulher, em São Paulo, e que já atuou na Vara de Família. “É um tempo excessivo, mas tem que analisar se o processo, de fato, efetivamente ficou parado na fila de um juiz para que ele emitisse uma decisão ou se houve uma sequência de atos causando uma morosidade em cascata.” O advogado Cláudio Mendonça Braga, especialista em direito de família, diz que atualmente o reconhecimento do divórcio costuma ser rápido. “Antigamente era preciso esperar dois anos da separação de fato para propor o divórcio. Depois se discutia a culpa, se houve traição. Hoje não tem nada disso, a pessoa tem direito a se divorciar diretamente, dizer que não quer mais e pronto.” Uma cláusula do acordo entre Artenira e Hugo, porém, já foi colocada em prática. Ela está impedida de falar em público sobre as violências que diz ter sofrido, sob pena de multa no valor de 10 salários mínimos. A cláusula de sigilo é um dos pontos contestados pela denúncia feita na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Na época da assinatura do acordo, o Ministério Público foi contrário à censura, mas o juiz Holídice Barros considerou o item válido. Segundo a defesa da psicóloga, essa cláusula fere a liberdade de expressão de Artenira, que hoje escreve artigos e dá palestras sobre violência doméstica. A Folha consultou a juíza Tatiane Moreira Lima também sobre essa cláusula. “Nossa Constituição assegura a liberdade de expressão, só que ela não é ilimitada. Se alguém se sentir lesado por aquilo que eu falei, eu posso ser processada e responder por isso. Mas não há censura prévia. Então, essa cláusula com certeza é inconstitucional.” Artenira também entrou com reclamação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra o juiz Holídice Barros e outros quatro magistrados do TJ do Maranhão. A alegação para a queixa, mais uma vez, foi que o Judiciário maranhense não a protegeu. Holídice Barros alegou, em sua defesa, que a psicóloga tenta constranger os magistrados e cita como exemplo de intimidação outras denúncias feitas por ela contra juízes na corregedoria, a denúncia à CIDH e o fato de ela ter falado com um repórter da Folha. “Ainda denunciou o fato a jornalista da Folha de S.Paulo, também com o propósito de intimidar e de constranger, fazendo com que o reclamado [Holídice] e o desembargador Paulo Sérgio Velten Pereira tivessem que esclarecer os fatos àquele jornal que lucidamente deixou de publicar qualquer reportagem a respeito da aventura intentada pela reclamante”, diz a defesa de Holídice, ao citar período em que a reportagem ainda estava em apuração. O desembargador Velten não consta da reclamação feita por Artenira ao CNJ. A Folha solicitou uma manifestação do TJ do Maranhão sobre a reclamação feita por Artenira ao CNJ e sobre o trecho da defesa do juiz que cita o jornal, mas não recebeu resposta. A carreira de Artenira mudou de rumo nos 11 anos em que se separou do ex-marido. Além das palestras, também dá atendimento psicológico a 28 mulheres que sofreram violência doméstica no Maranhão, todas elas profissionais da área do direito. As atendidas não fizeram boletim de ocorrência contra seus agressores. “Nenhuma delas [registrou boletim de ocorrência] e todas pelo mesmo motivo: não acreditam no sistema que integram e temem se expor sem que dê em nada”, afirma Artenira. A militância da psicóloga teve reflexo na legislação do Maranhão. Com apoio do governador Flávio Dino (PC do B), que antes da política foi juiz federal, ela conseguiu a aprovação de uma lei estadual, em 2018, sobre o tratamento da vítima de violência doméstica. “Conseguimos que o governador pudesse reconhecer em lei que o atendimento à mulher violentada deveria ser integral, abrangendo os filhos, seu agressor e dois apoiadores sociais [familiares ou amigos]”, diz Artenira. O advogado Hugo Sauaia disse, por mensagem, que ""as alegações de violência da sra. Artenira nunca foram acolhidas em qualquer processo judicial"". Ele diz ter lido a representação na CIDH e considera que ""não atende aos requisitos formais ou materiais de admissibilidade na corte, não se passando, em uma opinião técnica, de mera narrativa voltada a tentar compelir o Judiciário a acolher pleitos absurdos ou ilegais"". Sobre a cláusula do acordo que impede Artenira de falar publicamente dos supostos casos de violência, ele diz que é ""perfeitamente lícita."" O Tribunal de Justiça do Maranhão enviou nota com manifestação do juiz Holídice Barros. O magistrado diz que a alegação de Artenira de que o Judiciário não a protegeu ""parte faz do seu ponto de vista e é comum quando as decisões não lhe são favoráveis"". Afirmou que ela teve direito a ampla defesa e ao contraditório. Em relação aos magistrados que se deram por suspeitos, o TJ do Maranhão diz que ""esse é um direito do próprio juiz e visa à proteção da própria jurisdição e do devido processo legal"". O desembargador Paulo Sérgio Velten Pereira disse que a ação de divórcio corre sob segredo de Justiça e que por isso ""não cabe ao tribunal tornar público os fatos discutidos na ação e muito menos antecipar juízo de valor sobre as alegações das partes"". Na tarde deste sábado, o Tribunal de Justiça do Maranhão divulgou a seguinte nota: O Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão repudia, com veemência, os termos da matéria publicada pelo jornal ‘Folha de São Paulo’, intitulada “Judiciário do MA é acusado em corte internacional de não proteger mulher contra violência”, de autoria do jornalista Wálter Nunes. Na oportunidade, reitera que a proteção da mulher contra todo e qualquer tipo de violência sempre foi uma prioridade desta Corte, que possui entre seus órgãos mais atuantes a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEMULHER/TJMA). Ainda como manifestação inquestionável do zelo da Corte com a temática, vale lembrar a recente instalação de unidade especializada em violência contra a mulher, no termo judiciário de São José de Ribamar, que compõe a Comarca da Ilha de São Luís. Quanto aos processos referidos, não se verificou, até o momento, atuação ilegal de qualquer magistrado, seja do primeiro ou do segundo grau. Ao contrário, o tratamento dispensado às partes observa, rigorosamente, o princípio da imparcialidade, o que haverá de ser confirmado pelo Conselho Nacional de Justiça, pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos ou por qualquer órgão que venha a avaliar a questão. Detalhes sobre a tramitação dos processos não podem ser informados por tratarem-se de processos em segredo de justiça, por determinação legal. Por fim, assegura-se a conduta irrepreensível do juiz Holídice Cantanhede Barros, nos processos citados na matéria, bem como em toda a sua carreira no Judiciário maranhense. Acompanhe ao vivo a cobertura do mercado financeiro O Brasil registrou 979 mortes pela Covid-19 e 46.657 casos da doença, nesta quarta-feira (23). Com isso, o país chegou a 189.264 óbitos e a 7.366.677 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o começo da pandemia no Brasil. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 777, aumento de 21% em relação a 14 dias atrás. É a maior média desde as primeiras semanas de setembro. O país vem em uma tendência de alta de mortes desde meados de novembro, com um breve intervalo de estabilidade. Quase todas as regiões continuam com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Somente o Nordeste tem situação estável (com 15% de aumento) e o Sul (com aumento de 14%). Na última semana, o Norte se apresentava estável, mas agora evoluiu para um estágio de crescimento da média móvel de mortes. Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe estão com média móvel de óbitos crescente em relação a 14 dias atrás. Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Paraíba, Paraná e Rio de Janeiro estão em situação de estabilidade (com variações percentuais não expressivas de aumento ou diminuição em relação ao dado de 14 dias atrás). Os demais estados estão em queda. O Brasil tem uma taxa de 90,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (325.520), e o Reino Unido (69.156), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 99,6 e 104,1 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (116,5), país com 70.373 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 119.495 óbitos, tem 94,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 116,3. O país tem 37.218 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 146.444 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,8 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 95 mortes por 100 mil habitantes (42.254 óbitos). Já o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (23) registrou 46.696 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil e 961 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, foram 189.220 óbitos acumulados e 7.365.517 casos confirmados no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Com um pedido para que não lhe indagassem sobre seu futuro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez há dez anos, em 23 de dezembro de 2010, seu último pronunciamento oficial como presidente da República. Nove dias depois do discurso intitulado ""Despedida à nação"", ele passaria a faixa à sucessora eleita, Dilma Rousseff (PT), a quem se referia como ""presidenta"". Lula disse, em 10 minutos de cadeia nacional de TV e rádio, que a competência da aliada era uma das razões que o levavam a crer que o país ampliaria conquistas alcançadas ao longo de seu governo, iniciado em 2003. Dilma foi derrubada por impeachment em 2016, no segundo mandato, em meio a uma crise econômica e política. Ela e os correligionários consideram que houve um golpe. No Natal de dez anos atrás, diante das especulações sobre seu caminho político e uma eventual tentativa de retornar ao Palácio do Planalto, Lula fez um apelo: ""Não me perguntem sobre o meu futuro, porque vocês já me deram um grande presente"". O petista —que àquela altura, segundo o Datafolha, tinha 83% de aprovação popular, e deixou o Planalto como o presidente mais bem avaliado da história do Brasil— teve de enfrentar desde a saída do cargo as acusações da Operação Lava Jato. Condenado, acabou na prisão por 580 dias, entre 2018 e 2019. O pronunciamento, com boa carga ufanista, foi escrito e dirigido por João Santana, marqueteiro de ouro da era petista. O presidente e o então ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins, fizeram ajustes no texto, como noticiou a Folha na época. Procurado, Santana —outro atingido pela Lava Jato— não quis se manifestar. A assessoria de Lula também informou que ele não iria comentar os dez anos do pronunciamento. Leia trechos do discurso com comentários. * Ao exaltar a realização de eleições livres e a transição democrática, Lula mandou recado indireto a adversários que colocavam em xeque, desde a eleição de 2002, a disposição do ex-líder sindical de respeitar os resultados das urnas e aceitar a alternância de poder. Em 2008, quando começou a circular a hipótese de uma alteração na Constituição para permitir a ele um terceiro mandato, o então presidente rechaçou publicamente a ideia, dizendo-se um democrata e afirmando que, com esse arranjo do tipo, nasceria ""um ditadorzinho"". Lula usou o discurso para enfatizar bandeiras de seu governo, como o combate à fome, à desigualdade social e à concentração de renda. A ideia de ""governar para todos"" foi pilar também da Carta ao Povo Brasileiro, documento lançado antes da eleição de 2002 no qual se comprometeu com o equilíbrio fiscal para ganhar a confiança de investidores e do empresariado. Em referência indireta à política externa de seu governo, o então presidente destacou a soberania do país, que, na Carta ao Povo Brasileiro, ele considerava estar ""em grande parte comprometida"" pelo ciclo econômico e político vivido entre os anos 1990 e o início da década de 2000. Em seu discurso de posse no Congresso, em 1° de janeiro de 2003, Lula havia prometido iniciar ""um novo capítulo na história do Brasil, não como nação submissa, abrindo mão de sua soberania [...], mas como nação altiva, nobre, afirmando-se corajosamente no mundo como nação de todos"". Com o êxito na economia e no combate à pobreza, Lula conquistou prestígio mundial. Em 2009, o então presidente dos EUA, Barack Obama, contribuiu para a imagem positiva do petista no exterior ao chamá-lo, na cúpula do G20 em Londres, de ""o político mais popular da Terra"". Parte das obras mencionadas por Lula contém um passivo de acusações de corrupção e suspeitas de desvios de dinheiro público. Os casos vieram à tona sobretudo após o início da Operação Lava Jato, em 2014. As obras das ferrovias, por exemplo, esbarraram em problemas, investigações e paralisações. A Transnordestina foi anunciada por Lula em 2006, com previsão de inauguração em 2010, mas até agosto deste ano estavam concluídos 54% do total. O trem-bala para ligar São Paulo ao Rio de Janeiro estaria funcionando, pelos planos do governo, em 2016, na Olimpíada, mas o projeto nunca saiu do papel. A descoberta do pré-sal durante sua gestão foi um dos principais feitos propagandeados por Lula, que classificou o novo modelo de exploração de petróleo como ""passaporte para o futuro"". O tema voltaria ao noticiário anos depois, com as conexões entre o pré-sal e as apurações da Lava Jato. As obras da transposição do São Francisco atravessaram todos os governos posteriores e estão atualmente 97% concluídas. O governo Lula estabeleceu a fórmula de reajuste pela inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Dilma transformou a regra em lei. Já o governo Jair Bolsonaro (sem partido) pôs em prática o fim dos ganhos acima da inflação, sem expansão real. As previsões de que os indicadores econômicos positivos de seu governo seriam mantidos sob Dilma falharam. Após o Brasil fechar 2010 com o maior PIB em 24 anos, a presidente inaugurou a chamada nova matriz econômica, com mais gasto público, e deixou de lado grandes reformas. O crescimento em 2011 foi de 3,9% e iniciou um ciclo de deterioração. Em 2015, o PIB foi negativo, de -3,8%. Dilma disse, em diferentes ocasiões, que seu governo foi sabotado pela oposição e que a turbulência política provocada por articuladores do impeachment exerceu influência sobre as crises econômica e fiscal. Festejados por Lula, os dois eventos foram anos depois alvo de escândalos. A Copa de 2014 foi um dos estopins da desestabilização do governo Dilma. Protestos contra os gastos para a realização do evento acabaram se voltando contra a então presidente. Além disso, obras de estádios que sediaram o mundial apareceram em delações envolvendo propina paga por empreiteiras a políticos e governantes. Os Jogos Olímpicos de 2016 também foram citados em investigações, e o famigerado legado para o país ficou aquém do esperado. Lula, àquela altura surfando em seu índice de 83% de popularidade, tentou estimular uma transferência de aprovação para a sucessora, cuja candidatura ele preparou. Diferentemente de Dilma, o então presidente conseguiu atravessar sem grandes abalos aquela que foi a maior crise de seu período, o escândalo do mensalão, revelado pela Folha em 2005. No ano seguinte, ele foi reeleito. A primeira frase, na época, gerou comparações com a célebre declaração ""deixo a vida para entrar na história"", da carta-testamento de Getúlio Vargas, encontrada junto ao corpo do então presidente em 1954. O petista, em 2010, buscava se colocar na condição de homem comum e evitar especulações sobre seu futuro político. Apesar de movimentações para a disputar a Presidência em 2014, ele só se colocou novamente como postulante em 2018, mas, condenado e preso, teve a candidatura barrada com base na lei da ficha limpa e foi substituído pelo então candidato a vice, Fernando Haddad (PT), derrotado por Bolsonaro. Lula repetiria a retórica de defensor do povo e a metáfora da onipresença em 2018, no discurso que fez antes de se entregar à Polícia Federal para ser preso depois da condenação pelo então juiz Sergio Moro na Lava Jato. ""Não adianta eles acharem que vão fazer com que eu pare. Eu não pararei porque eu não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia"", disse em São Bernardo do Campo (SP). O Brasil registrou 963 mortes pela Covid-19 e 55.799 casos da doença, nesta terça-feira (22). Com isso, o país chegou a 188.285 óbitos e a 7.320.020 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 776, aumento de 26% em relação a 14 dias atrás. É a maior média desde as primeiras semanas de setembro. O país vem em uma tendência de alta de mortes desde meados de novembro, com um breve intervalo de estabilidade. Todas as regiões continuam com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Somente o Nordeste tem situação estável (com 15% de aumento). Na última semana, o Norte se apresentava estável, mas agora evoluiu para um estágio de crescimento da média móvel de mortes. Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe apresentam aumento na média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Bahia, Distrito Federal. Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo têm estabilidade na média móvel de mortes. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 89,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (322.285), e o Reino Unido (68.409), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 98,7 e 102,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (115,6), país com 69.842 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 118.598 óbitos, tem 94 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 116,2. O país tem 37.173 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 146.111 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,8 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 95 mortes por 100 mil habitantes (42.254 óbitos). O balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (22) registrou 55.202 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil e 968 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, foram 188.259 óbitos acumulados e 7.318.821 casos confirmados no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 549 mortes pela Covid-19 e 26.871 casos da doença, nesta segunda-feira (21). Com isso, o país já soma 187.322 óbitos e 7.264.221 de infecções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Aos domingos, feriados e segundas-feiras os dados sobre a Covid-19 costumam ser mais baixos, devido a atrasos de notificação nas secretarias de saúde. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 769, aumento de 27% em relação a 14 dias atrás. É a maior média desde a primeira semana de setembro. O país vem em uma tendência de alta de mortes desde meados de novembro, com um breve intervalo de estabilidade. Todas as regiões continuam com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Somente o Nordeste tem situação estável (com 13% de aumento). Na última semana, o Norte se apresentava estável, mas agora evoluiu para um estágio de crescimento da média móvel de mortes. Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo se encontram em estabilidade. Os demais três estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 89,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (319.255), e o Reino Unido (67.718), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 97,7 e 101,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (114,6), país com 69.214 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 118.202 óbitos, tem 93,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 116. O país tem 37.103 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 145.810 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,8 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 94,4 mortes por 100 mil habitantes (41.997 óbitos). O balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (21) registrou 25.019 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil e 527 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, foram 187.291 óbitos acumulados e 7.263.619 casos confirmados no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Num intervalo inferior a uma semana, quatro prefeitos de três estados morreram vítimas do novo coronavírus. Desde o início da pandemia, já são ao menos 22 pessoas no exercício do principal cargo nas cidades brasileiras que perderam a vida devido a complicações da Covid-19. O óbito mais recente foi o de Humberto Pessatti, o Betão, 56 (MDB), prefeito de Rio do Oeste (SC), que morreu na terça-feira (15) faltando 16 dias para o término de seus oito anos de mandato à frente da administração. As mortes dos titulares provocaram substituição às pressas do candidato às eleições, a posse de uma viúva —que era vice-prefeita— para completar o mandato e até mesmo um prefeito que tentou a reeleição enquanto estava internado para se tratar da doença, entre outras particularidades dos municípios. A primeira morte de um prefeito brasileiro ocorreu em 27 de março, em São José do Divino (PI), envolvendo Antônio Nonato Lima Gomes, o Antônio Felicia (PT), 57. Foi, também, o primeiro óbito no estado. A partir dela, óbitos de prefeitos em outros 14 estados em todas as regiões do país engrossaram a lista das vítimas da Covid-19 no país, cujo total já passou de 183 mil mortes. Na cidade catarinense, que teve três mortes na pandemia, o vice-prefeito, Luis Carlos Muller, decretou luto oficial de oito dias devido ao óbito de Pessatti e houve velório aberto à população. Segundo a prefeitura, a medida seguiu nota técnica sobre funerais para mortes ocorridas após 21 dias ou mais do início dos sintomas. A aglomeração de pessoas foi proibida e a permanência no local foi restrita à família. “A população poderá neste horário se despedir respeitando o cordão de isolamento, sendo permitido somente passar perante o caixão”, informou a administração no comunicado aos moradores. Entre domingo (13) e segunda-feira (14), dois prefeitos paulistas morreram. No domingo, foi Wair Jacinto Zapelão (PSDB), 56, prefeito de Santa Clara D’Oeste, enquanto Benedito da Rocha Camargo Júnior, 79, o Dito Rocha, governante de Pardinho, morreu no dia seguinte. Zapelão estava internado em observação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de Santa Fé do Sul desde o dia 7, mas foi transferido no dia seguinte para o Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde morreu cinco dias depois. Já Dito, que foi prefeito de Pardinho em seis mandatos, estava internado em São Paulo. Com quatro mortes, São Paulo é o estado com mais óbitos de governantes no cargo. As outras duas foram as de Antônio Carlos Vaca (PSDB), de Borebi, e Rodrigo Aparecido Santana Rodrigues (DEM), de Santo Antônio do Aracanguá. Na última sexta-feira (11), morreu Farid Abrão David (PTB), 76, que governou Nilópolis (RJ), na Baixada Fluminense, por três mandatos (2001-2008 e desde 2017). Ex-diretor do Fluminense e ex-presidente da escola de samba Beija-Flor por 18 anos, ele foi sucedido nos últimos dias do mandato por sua mulher, Jane Louise Martins David, 74, que era vice-prefeita. A cidade, que acumula 246 mortes e 1.995 casos confirmados da doença, terá como prefeito a partir de 2021 Abraão David Neto (PL), 40, sobrinho do prefeito morto. Ainda em dezembro, no dia 6, morreu José Reinoldo Oliveira (MDB), 61, que governava Santa Maria do Oeste (PR). Ele, que foi internado em Ivaiporã e, depois, numa UTI em Curitiba, é um dos três óbitos confirmados no município. Além das cinco mortes de dezembro, em novembro houve outras três. Em São Braz do Piauí (PI), o prefeito Nilton Pereira Cardoso (MDB), 53, morreu em 5 de novembro. Ele, que era candidato à reeleição, foi substituído por sua filha, Deborah Cardoso (MDB), que venceu a disputa dez dias depois. No dia 20, foi o prefeito de Santa Terezinha, Geovane Martins, o Vanin de Danda (Avante), 51, quem morreu. Ele estava internado desde o início do mês no Recife e seu nome foi às urnas com ele no hospital. Teve 38,93% dos votos e ficou em segundo lugar na eleição do dia 15. No dia 24, Wilson da Silva Santos (PSDB), 73, de Jussara (GO), morreu de complicações da doença, após cerca de dois meses de internação. A Covid-19 gerou um imbroglio sem precedentes na história política de Araguanã (TO), onde o prefeito Hernandes da Areia (DEM), 54, morreu ainda no começo da pandemia. Ele era vice-prefeito, mas assumiu o governo após o titular renunciar, em 2017. O presidente da Câmara, seu substituto imediato, morreu enquanto Hernandes estava internado. Sobrou à vice-presidente do Legislativo, Irene Duarte (PSD), assumir o cargo, primeiro interinamente, depois por meio de uma eleição indireta. Ela não tentou a reeleição no último mês. No Sudeste, também morreram os prefeitos de Duas Barras (RJ), Luiz Carlos Botelho Lutterbach (PP), e Água Doce do Norte (ES), Paulo Márcio Leite Ribeiro (PSB) e, no Sul, Valdir Jorge Elias (MDB), que governava Viamão (RS). No Nordeste, as vítimas foram os governantes de Paraibano (MA), José Hélio (PT), Santa Quitéria do Maranhão (MA), Alberto Moreira da Rocha (PDT), Ingá (PB), Manoel Batista Chaves Filho (PSD), e Santana do Ipanema (AL), Isnaldo Bulhões (MDB). Já na região Norte do país, os prefeitos de Redenção (PA), Carlo Iavé Araújo (MDB), e Igarapé-Açu (PA), Nivaldo Costa (SD). No Centro-Oeste, morreu Fabio Mauri Garbugio (PDT), que governava Alta Taquari (MT). O isolamento social e a necessidade de resguardo dos servidores públicos que fazem parte de grupos de risco em razão da pandemia do novo coronavírus resultou num apagão nos dados sobre a qualidade das praias brasileiras em 2020. Dos 17 estados do litoral brasileiro, apenas Paraíba e Sergipe mantiveram durante todo o ano a coleta e análise da balneabilidade da água das praias. Na Paraíba, foi registrada uma melhora na qualidade da maioria das praias no período de 12 meses entre 1º de novembro de 2019 e 31 de outubro de 2020. Sergipe não enviou os dados à Folha. Na maioria dos demais estados, a coleta e análise da qualidade das águas foi interrompida em março. Em alguns casos, foi retomada total ou parcialmente a partir do mês de setembro. Estes dados são monitorados pela Folha há cinco anos, seguindo as normas federais sobre balneabilidade. Um trecho é considerado próprio para banho se não tiver registrado mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores. Para a avaliação anual, é adotado o método da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que classifica as praias, a partir dos testes semanais, em boas, regulares, ruins ou péssimas. Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, sobretudo doenças gastrointestinais ou de pele. No estado de São Paulo, o monitoramento das praias deixou de ocorrer em 15 de março, devido às restrições impostas pela Covid-19. Desde então, os pontos voltaram gradualmente a ser monitorados desde julho, chegando a 100% das praias monitoradas antes do início da pandemia apenas no fim de novembro deste ano, segundo a Cetesb. O primeiro boletim completo da agência ambiental, com os 177 pontos de medição analisados, será divulgado no fim de dezembro. Isso significa mais de nove meses de interrupção dos dados completos. Claudia Lamparelli, gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb, afirma que as medições foram suspensas temporariamente por dois motivos. O primeiro foi a limitação das atividades presenciais dos próprios funcionários da Cetesb, sobretudo dos que fazem parte dos grupos de risco em caso de contaminação pela Covid-19, com o início da quarentena em março. Além disso, o objetivo principal da medição da balneabilidade, que é garantir informação sobre quais praias estão próprias para banho, perdeu o sentido. “Com a pandemia, as praias estavam fechadas e avaliamos a qualidade da água para uso dos banhistas. Se as pessoas não estão indo tomar banho, o objetivo principal, não que seja só esse, não existia”, afirma Lamparelli. Ela afirma que esta foi a primeira vez, desde o início das medições de balneabilidade na década de 1970, que a qualidade das praias deixou de ser aferida no estado de São Paulo. “Mesmo quando caía alguma barreira no litoral norte, o funcionário fazia a coleta, nem que fosse no dia seguinte. Quatro meses parado totalmente nunca aconteceu”, afirma. O estado monitora 157 praias, com 177 pontos, incluindo sete no parque estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba. O programa foi retomado parcialmente no fim de julho com 55 praias porque alguns municípios, principalmente da Baixada Santista, começaram a liberar atividades nas praias –ainda que sem o uso de cadeiras e guarda-sóis. “A Baixada é onde há a maior frequência de pessoas, mais de 80% da população está lá, e mesmo em termos de população flutuante o fluxo é maior lá do que no litoral norte”, diz Lamparelli. O total de praias subiu para 61 em setembro e 72 em outubro, até chegar a todas no fim de novembro. A suspensão das atividades ocorreu no período do inverno, quando chove menos e, historicamente, tem menos pessoas nas praias, o que significa melhor qualidade da água. No estado do Rio de Janeiro, a medição voltou em agosto nas praias das zonas oeste e sul da capital e de Niterói. Nas demais cidades litorâneas do estado, o serviço será retomado de forma gradativa, conforme o governo. Com isso, o serviço foi retomado em praias como as da Barra da Tijuca, Recreio, Grumari e Prainha. Com o maior litoral dentre os estados brasileiros, a Bahia suspendeu a análise de balneabilidade das praias em março. As medições voltaram a partir de junho, apenas em Salvador e algumas praias do litoral norte. Neste mês, voltaram a ser divulgadas a análise de balneabilidade de praias do Baixo-Sul, onde ficam as praias de Morro de São Paulo, e do sul da Bahia, incluindo Ilhéus e Itacaré. As praias do extremo-sul do estado, onde ficam cidades como Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Prado, ainda não foram retomadas. O retorno será gradativo, sempre respeitando as cinco semanas seguidas de análise que antecedem a divulgação. Eduardo Topázio, diretor do Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema, órgão ambiental da Bahia, afirma que as medições foram suspensas por causa da situação de emergência de saúde pública. Na Bahia, as análises de balneabilidade são feitas pelo Ceped (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento), órgão ligado à Secretaria de Ciência e Tecnologia, que passou a priorizar as demandas de testes de Covid-19. Mesmo sem dados de balneabilidade entre março e julho, há indicativos de uma possível melhora na qualidade das praias em Salvador na quarentena. Um deles foi que, pela primeira vez em 20 anos, tartarugas marinhas desovaram na praia do Farol da Barra, uma das mais movimentadas da cidade. A desova aconteceu em julho deste ano —mês em que as medições já haviam sido retomadas na capital e a qualidade da água na região foi classificada como excelente. No Rio Grande do Norte, o Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte) retomou a medição há três semanas, depois de um hiato de nove meses. Mas, além da pandemia, o estado estava sem o serviço devido ao fim do contrato com a fundação responsável pelo monitoramento. O último boletim completo foi o de 23 de março. As coletas já foram iniciadas, mas o boletim com a primeira classificação (feita a partir da análise de cinco semanas) deve ser publicado na sexta-feira (25). O Idema firmou contrato com a Funcern (Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do RN), em parceria com o IFRN (instituto federal) para fazer a análise microbiológica dos sedimentos nas praias. O grupo coleta amostras em 33 pontos na Grande Natal durante todo o ano, entre Nísia Floresta e Extremoz. Em outras praias, a coleta ocorrerá de dezembro a fevereiro. O contrato, assinado em novembro, é válido por 12 meses, com possibilidade de prorrogação, e custará R$ 385 mil ao estado. Outros estados do Nordeste, como Maranhão, Ceará e Alagoas, também pararam as medições em março e ainda não retomaram. Dentre os estados do Sul do país, Santa Catarina suspendeu o serviço em março, mas as coletas semanais foram retomadas em setembro, de acordo com a Gelma (Gerência de Laboratório e Medições Ambientais), do governo estadual. Se 2020 ficará marcado, dentre várias outras coisas, pelas manifestações políticas e sociais dentro do esporte, a responsabilidade é de atletas com diferentes personalidades. Cada um ao seu modo, eles construíram seu perfil ativista ao longo dos anos e se transformaram em vozes potentes. As ligas de basquete NBA e WNBA viram os jogadores boicotarem partidas em protesto contra a violência policial. Astro do Los Angeles Lakers, LeBron James, 35, é um dos atletas mais vocais do mundo nessa e em outras causas raciais e sociais. A tenista japonesa Naomi Osaka, 23, mais silenciosa, também abandonou uma partida e motivou a paralisação do torneio de Cincinnati, além de usar máscaras com nomes de vítimas da violência policial em todos os setes jogos do US Open, Grand Slam que venceu pela segunda vez na carreira. Lewis Hamilton, 35, igualou o recorde de títulos de Michal Schumacher na F1 enquanto, antes das corridas e no pódio, levantou diversas vezes a bandeira antirracista. Para pesquisador Neilton Ferreira, da USP, as manifestações no esporte seguem difusas e individuais, e falta instrumentos que deem segurança a atletas menos tarimbados que os citados, para reduzir o risco de perda de poatrocínios, contratos ou de fim da própria carreira. A Folha ouviu atletas e ex-atletas brasileiros para entender o que os motiva a quebrar o silêncio e o que pode ser feito para que o ambiente esportivo dê liberdade e amparo para quem decide se posicionar. Lucas Santos sempre foi considerado um jovem promissor. Desde criança no Vasco, teve uma passagem curta pelo CSKA, da Rússia, e ainda luta para se firmar no time titular cruz-maltino. Já chegou a uma final da Copa São Paulo e integrou as categorias de base da seleção brasileira. Teria de tudo para seguir a trajetória de muitos garotos do futebol brasileiro, que por mais que tenham vontade de se posicionar publicamente, de dizer o que pensam, aguardam terem uma carreira consolidada para fazê-lo. Quando o fazem. Mas aos 21 anos, uma rápida olhada no histórico e nas redes sociais do volante mostra que no seu caso, não é bem assim. Ele, inclusive, já teve que enfrentar a ira dos torcedores quando, durante um treino, fez a saudação de Wakanda, da ficção “Pantera Negra”, com os braços cruzados, gesto que acabou confundido com o da torcida organizada do Flamengo. “Acho que o futebol está mudando, e nem só o futebol. Estamos numa época onde temos liberdade para nos expressar, nos posicionar”, diz. Conta que tem lido sobre o tema e que seu ídolo é o piloto Lewis Hamilton, mas a vontade de se posicionar vem de antes, das experiências da mãe e de sua própria vivência. Sente, por tudo isso, que é um dever. “Vivemos num mundo capitalista. Temos que ter consciência que todos nossos atos vão ter reações. Acho que, quanto mais os jogadores começarem a se posicionar, isso [as represálias] vai diminuindo, e o número de vozes ativas vai ser maior."" Atualmente no Campinas para a disputa do Paulista Feminino de Basquete, Damiris Dantas reconhece que teve um 2020 privilegiado. E não foi só por ter ido à fase final da WNBA, nem por ter sido um dos destaques de sua equipe por lá, o Minnesota Lynx. Segundo ela mesma, o que mais a marcou foi a experiência de viver uma liga efervescente nos protestos antirracistas, na qual as jogadoras decidiram boicotar uma rodada do campeonato como forma de protesto contra a violência policial contra negros. “Eu acho que atletas de peso e nome tem que se posicionar. Porque por exemplo, se o Neymar se posicionar, qual vai ser o time que não vai querer ele? Isso fortalece quem está chegando, cria união. Se todos estiverem no mesmo barco, não tem como dirigente mandar todo mundo embora”, defende. Conta que recentemente a irmã tem brincado que parece que ela vai largar o basquete, de tanto que tem lido livros. A verdade é que ver e viver o racismo a cansou. Moradora de Poá, na zona leste de São Paulo, conta que já na quarentena, em um dia em que limpava o quintal, um homem passou pela rua e pediu para ela chamar “a patroa”, supondo que a atleta era a empregada doméstica da casa. “Fiquei sem reação. Pensei ‘não é possível, todos os vizinhos me conhecem aqui’. Falei que era dona [da casa] e ele riu”, conta. Em contraste com o apoio geral que sente na WNBA, ela diz que no Brasil os atletas têm medo, pela dependência do salário —muitos inclusive sustentam a própria família. “É difícil falar o que falta para a galera começar a se unir e começar a falar, porque de verdade, a gente está cansada de ligar a TV e ver uma tragédia racista todo dia”, afirma. Damiris integra o movimento Atletas pela Democracia e torce pela criação de uma instituição forte representante dos atletas no Brasil. Não é de agora que Joanna Maranhão é ativa além das piscinas. Ela recorda quando questionava a direção da confederação responsável pela natação sobre a distribuição da verba de patrocínio entre atletas e levou a questão até o então presidente Lula (PT). Hoje mãe de Caetano, 1, e mestranda em Ética e Integridade no Esporte, na Bélgica, ela recorda a mãe, militante do PT, e revela as dificuldades de ser ativista e atleta ao mesmo tempo. “As pessoas cobram para se posicionar sobre tudo o tempo inteiro. Não quero que me vejam só como atleta, mas como ser humano completo, que questiona a sociedade. Mas não consigo atender à demanda, como não conseguia atender todas as expectativas de atleta”, diz sobre o momento que vive hoje. Ex-funcionária da Secretaria Executiva de Esportes de Recife, foi inclusive cotada para ser vereadora nas últimas eleições municipais. Diz que, quando alguém a procura pedindo conselhos de como fazer uma denúncia no esporte, primeiro fica feliz, mas logo pondera e tenta conscientizar a colega de que o preço é alto e que é necessário ter estrutura para lidar com “o que sai da caixa de pandora”. Na opinião de Joanna, falta amparo para que os atletas possam se posicionar sem serem reféns de contratos, patrocínios e outros vínculos. “A partir do momento em que a gente, como ex-atleta, ocupar os espaços dos clubes, vai ter outro olhar para isso e vai começar a mexer a estrutura. O esporte é feito por atletas e para atletas. E de modo geral não é assim, os cartolas se perpetuam e decidem como as coisas são feitas”, diz. “O Diogo Silva foi o mais votado [da Comissão de Atletas do COB], isso diz muito do que nós queremos. Não precisa de uma revolução, mas ter sensibilidade de lembrar de onde veio”, conclui. Em 2004, Diogo Silva se despediu dos Jogos de Atenas erguendo o braço com o punho fechado ainda no tatame, repetindo o gesto dos Panteras Negras eternizado no esporte por John Carlos e Tommie Smith, na Olimpíada de 1968. O protesto tinha como pauta a falta de estrutura para os atletas de taekwondo na época. Dezesseis anos depois, ele foi mais votado para a próxima gestão da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil. Longe dos tatames, mas sempre ativo e engajado, diz querer agora transformar o esporte de dentro para fora. ""Atletas que estão no dia a dia do treinamento, sabendo que outros atletas já foram punidos por se manifestarem, acabam ficando silenciados”, afirma. Segundo ele, primeiro é preciso mudar a formação do atleta, para quem deveria ser ensinado o que é racismo, por exemplo. Aponta como uma das dificuldades para isso acontecer o fato de, nas suas palavras, ""vivermos numa sociedade acostumada à violência e sob um governo negacionista"". Diogo Silva entende que atualmente, por outro lado, essas questões tem muito mais projeção, e lembra seu episódio em 2004 para afirmar que, se tivesse acontecido hoje, ele possivelmente teria recebido o apoio de nomes como Lewis Hamilton e LeBron James. “Quando as referências quebram o silêncio, pressionam uma cadeia esportiva. Então aquele jogador que ficou isolado por muito tempo, quando vê os maiores astros se manifestando, se sente envergonhado pelo silenciamento ou motivado a aprender, se posicionar”, opina. “Essa é a importância de se expor, mesmo se as marcas não apoiarem, se perdermos nosso patrocínio, a vaga de titular. Temos uma série de punições e consequências, mas, por uma questão de humanidade, não temos como não fazer."" O Brasil registrou 811 mortes pela Covid-19 e 52.385 casos da doença, nesta sexta-feira (18). O país, assim, chega a 185.687 óbitos e a 7.163.912 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. A Amapá foi o único estado a não divulgar dados atualizados da pandemia. Os dados do país são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 748, aumento de 31% em relação a 14 dias atrás. O país vem em uma tendência de alta de mortes já desde meados de novembro, com um breve intervalo de estabilidade. Todas as regiões continuam com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Somente o Norte tem situação estável (com 13% de aumento). Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe têm média móvel de mortes crescente em relação ao dado de 14 dias atrás. Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins estão em estabilidade. Somente o Maranhão apresenta queda da média móvel de mortes dos últimos 7 dias. Os estados com mais casos registrados são São Paulo (9.922), Rio Grande do Sul (5.721), Minas Gerais (5.565), Santa Catarina (5.160), Paraná (4.484) e Rio de Janeiro (3.601). Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Pernambuco tiveram, cada um, mais de mil infecções registradas nesta sexta. O Brasil tem uma taxa de 88,6 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (312.845), e o Reino Unido (66.150), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 95,8 e 100,3 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (112,4), país com 67.894 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 116.487 óbitos, tem 92,3 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 115,2. O país tem 36.858 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 144.789 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,7 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 93,3 mortes por 100 mil habitantes (41.534 óbitos). Já o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (18) registrou 52.544 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil e 823 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, foram 185.650 óbitos acumulados e 7.162.978 casos confirmados no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, escolheu nesta quinta (17) a deputada Deb Haaland para ser secretária do Interior do novo governo. Ela vai chefiar terras públicas e reservas naturais, além de desempenhar um papel central na implementação da agenda ambiental e climática defendida na campanha pelo democrata. Haaland tem olhos atentos para o Brasil: é uma congressista ativa em propostas legislativas contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e, por diversas vezes, foi contra acordos entre Brasil e EUA. Se confirmada, ela será a primeira indígena a liderar a pasta na história do país —o departamento também cuida de questões relacionadas aos povos nativos americanos, que somam cerca de 1,9 milhão de pessoas. Haaland já fez história antes, ao se tornar a primeira indígena americana a se eleger à Câmara. Em outubro deste ano, Haaland e outros três congressistas divulgaram carta contra um Acordo de Proteção de Tecnologia, assinado por Bolsonaro e Trump em 2019, que prevê o uso da base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos. O texto pedia que o governo americano não participasse de projetos que colocassem comunidades quilombolas brasileiras sob risco de ""ataques racistas e desapropriações"". O pano de fundo era a discussão do orçamento anual destinado pelos EUA à Defesa e os planos de Trump para investir parte desse dinheiro em pesquisas e lançamentos de satélites do Centro de Lançamento de Alcântara. Haaland também tentou buscar apoio na Câmara para esvaziar a designação dada pelo governo Trump ao Brasil de aliado preferencial fora da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A congressista conseguiu aprovar uma emenda ao orçamento de defesa para obrigar o governo Trump a fazer um relatório sobre direitos humanos no Brasil —a medida foi sancionada pelo republicano. À época, Haaland e outros congressistas haviam enviado carta para o secretário de Estado, Mike Pompeo, alertando para “violações dos direitos humanos de comunidades indígenas e quilombolas no Brasil”. Segundo ela, há muitos paralelos entre as violações contra territórios indígenas nos governos Bolsonaro e Trump. “O secretário precisa fazer alguma coisa, a população indígena brasileira está sob ataque neste momento crucial, em que o aquecimento global representa um enorme desafio, e há uma grande destruição da floresta amazônica. A população indígena precisa saber que estamos aqui para apoiá-la.” No começo deste mês, um grupo de 22 deputados do Partido Democrata divulgaram outra carta, mas desta vez de solidariedade a Talíria Petrone, deputada federal (PSOL-RJ), com críticas às políticas “antidemocráticas e xenófobas” de Bolsonaro. Haaland era uma das signatárias. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou nesta quinta-feira (17) governadores e prefeitos a comprarem vacinas contra a Covid-19 registradas por agências sanitárias estrangeiras. Estados e municípios estão liberados para a aquisição de imunizante caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ligada ao governo federal, não libere o produto no prazo de 72 horas após a apresentação do pedido. Na prática, a decisão liminar (provisória) de Lewandowski confirma uma regra prevista na lei 14.006 de 2020. A legislação estipula o prazo para que a Anvisa analise pedido de uso do imunizante após o pedido de registro feito por indústria farmacêutica ou centro de pesquisa. Passado o período, a autorização é considerada automática, segundo especialistas ouvidos pela Folha. A decisão de Lewandowski foi tomada em duas ações, uma ajuizada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e outra pelo estado do Maranhão. A OAB argumenta que a importação e a distribuição por estados e municípios de imunizantes que receberam a chancela de agências sanitárias internacionais estaria dispensada do aval da Anvisa. Datada do último dia 9, a ação da OAB afirmou que há omissão e desarticulação do Executivo federal em relação à vacinação da população brasileira. A entidade anotou ainda que a situação é preocupante e que “desde agosto, o Ministério da Saúde não se reúne com fabricantes de seringas. A indústria ainda não recebeu encomendas, tampouco um cronograma para a produção em grande escala”. A compra de vacina sem registro da Anvisa poderá ocorrer, pela decisão de Lewandowski, em duas situações. A primeira delas é caso o governo federal descumpra o plano nacional de vacinação contra a Covid-19, apresentado nesta quarta-feira (16). A segunda é se "" a agência governamental não expedir a autorização competente, no prazo de 72 horas"". Nesse caso, estados e municípios ""poderão importar e distribuir vacinas registradas por pelo menos uma das autoridades sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos respectivos países"". Estão liberadas também ""quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em caráter emergencial"". ""Não se olvide, todavia, que qualquer que seja a decisão dos entes federados no concernente ao enfrentamento da pandemia deverá levar em consideração, por expresso mandamento legal, as evidências científicas e análises estratégicas em saúde"", escreveu Lewandowski. ""Essa apreciação, sempre explícita e fundamentada, compete exclusivamente às autoridades públicas estaduais, distritais e locais, consideradas as situações concretas que vierem a enfrentar."" A lei estabelece que, para ocorrer a liberação, é preciso que os produtos tenham sido “registrados” por pelo menos uma de quatro autoridades sanitárias estrangeiras mencionadas em seu texto, e “autorizados à distribuição comercial” de seus países. Estão incluídas no texto quatro agências de saúde estrangeiras: a americana FDA (Food and Drug Administration), a EMA (European Medicines Agency), da Europa, a PMDA (Pharmaceuticals and Medical Devices Agency), do Japão, e a NMPA (National Medical Products Administration), da China. O ministro afirmou ainda que a pandemia exige “mais do que nunca uma atuação fortemente proativa dos agentes públicos de todos os níveis governamentais, sobretudo mediante a implementação de programas universais de vacinação”. Lewandowski entendeu que os dispositivos legais aprovados sobre o tema “gozam da presunção de plena constitucionalidade, revelando, portanto, a solução encontrada pelos representantes do povo reunidos no Congresso Nacional para superar, emergencialmente, a carência de vacinas contra o novo coronavírus”. Disse ainda que não há dúvida de que o direito social à saúde está acima da autoridade de “governantes episódicos”, pois é dever do Estado. O presidente Jair Bolsonaro chegou a vetar o trecho da lei que estabeleceu o prazo de 72 horas para a Anvisa autorizar o registro de vacinas contra a Covid-19. Os parlamentares derrubaram o veto. Se não ocorrer o exame nesse período, a autorização será automática, segundo especialistas ouvidos pela Folha. A Anvisa contesta essa interpretação, sob o argumento de que a lei se aplica apenas a vacinas que tenham passado por processo de registro nas agências estrangeiras e não vale para os casos de liberação urgente. Procurada pela Folha, a Anvisa enviou nota com um posicionamento no sentido de que o termo “registrados” deve ser interpretado de forma restritiva, e não abrange os casos de aprovação para uso emergencial no exterior. Para a agência, a lei “se refere a produtos com registro nas mencionadas quatro autoridades regulatórias sanitárias estrangeiras, ou seja, tanto o mencionado prazo quanto a própria lei não se aplicam às vacinas para combate ao Covid-19 que apenas tiveram uso emergencial por elas autorizado pelas referidas autoridades regulatórias sanitárias estrangeiras”. Todavia, especialistas em direito sanitário e administrativo dizem que a interpretação da Anvisa está equivocada e que a lei se aplica também às vacinas autorizadas de forma emergencial pelas autoridades de saúde citadas na lei 14.006. O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu habeas corpus coletivo para que todos os presos pertencentes a grupo de risco para Covid-19 e que estão em estabelecimento prisional com ocupação acima da capacidade prevista sejam transferidos para prisão domiciliar ou sejam liberados provisoriamente. O magistrado também determinou nesta quinta-feira (17) que os juízes do país antecipem a progressão de pena de presos que cumprem regime semiaberto e estão a 120 dias de evoluírem para a prisão domiciliar. A ordem de Fachin atende a um pedido da Defensoria Pública da União e vale apenas para quem cumpre pena por crime praticado sem violência ou grave ameaça. O ministro destaca que caberá ao juiz de execução penal de cada causa avaliar as situações e agir de ofício ou por provocação das partes do processo. Fachin decidiu que os magistrados de primeira instância só poderão deixar de obedecer a sua determinação caso haja ausência de risco de Covid-19 no estabelecimento prisional respectivo e o presídio tenha adotado medida preventivas à doença no local, além de ter atendimento médico disponível aos detentos. Segundo o ministro, fora dessas hipóteses, o juiz só poderá deixar de conceder a progressão de regime ou a liberdade provisória em situações “excepcionalíssimas”. A decisão de Fachin vale enquanto o país estiver na situação de emergência de saúde pública devido ao Covid-19. No habeas corpus apresentado ao STF, a Defensoria relatou a resistência de diversos juízes do país em aplicar a recomendação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que orienta a revisão da prisão de pessoas em grupo de risco devido ao novo coronavírus. Fachin concordou com a tese da Defensoria e citou que a disparidade no número de solturas entre estados da federação é um indicativo nesse sentido. “Consoante Relatório de Monitoramento da Covid-19 do CNJ, consigno haver uma considerável diferença entre os estados da Federação com relação à soltura de presos por força da recomendação em comento. A título de exemplificação, enquanto no estado do Maranhão foram soltos 30,2% dos presos, no estado do Tocantins foram liberados 1,46% dos detentos”, disse. Fachin disse, ainda, que, de acordo com o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do CNJ, ainda há no Brasil 10,2 mil pessoas com 60 anos ou mais e 31,7 mil com diagnóstico de comorbidades ainda presas. A decisão liminar (provisória) do ministro deverá ser referendada pela Segunda Turma da corte. A data para isso ainda não foi marcada. Como o STF entra de recesso nesta semana, o mais provável é que o caso seja julgado em 2021. Os auxílios emergenciais evitaram que cerca de 28% da população que vive nas regiões metropolitanas brasileiras caísse na pobreza durante a pandemia de Covid-19. Em termos numéricos, isso significa que a ajuda pública preservou a renda de 23 milhões de brasileiros durante a crise econômica deflagrada pela doença. Como houve casos em que os benefícios elevaram o ganho das famílias, ocorreu até redução da pobreza em alguns locais. Na média, a parcela mais pobre da população que mora nas 22 regiões metropolitanas do país equivalia a 19,1% no final de 2019. A taxa caiu para 15,9% em agosto de 2020. Sem os auxílios –sobretudo o federal, mas também estatuais e municipais–, a pobreza teria crescido. Os dados integram o segundo boletim “Desigualdade nas Metrópoles”, que considera a renda individual por média domiciliar. O primeiro estudo mostrou a queda de renda exclusiva do trabalho e o aumento da desigualdade durante a pandemia. A nova pesquisa, porém, passou a incluir não somente os dados sobre renda do trabalho, mas também a renda dos auxílios e seus feitos. O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), do Observatório das Metrópoles, ligado ao programa INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia), e do RedODSAL (Observatório da Dívida Social na América Latina). “É muito claro que o auxílio emergencial fez efeito, na medida em que protegeu a renda dos mais vulneráveis, um dos seus principais objetivos”, afirma Salata, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-RS. ""Em alguns lugares, a pobreza chegou a cair."" Pelos critérios adotados, os pesquisadores consideram que uma pessoa vive na pobreza quando sua renda domiciliar per capita é inferior a R$ 450 por mês, mesmo critério do Banco Mundial para países como o Brasil. Segundo o pesquisador, o efeito da ajuda pública sobre a renda foi maior onde se ganha menos. “Pelo padrão que encontramos, e isso era esperado, os efeitos de auxílios, como o emergencial do governo federal, são mais evidentes nas metrópoles de menor renda, como as do Norte e Nordeste, onde R$ 600 representam mais, e também porque há um número maior de pessoas que atende aos critérios para entrar nos programas”, explica Salata. Na região metropolitana de Macapá, por exemplo, 39% da população estava na pobreza em 2019. Considerando a renda adicional com os auxílios, a parcela da população que vivia na pobreza passou a ser 29,5% em agosto de 2020. Sem os auxílios e contabilizando apenas os ganhos com o trabalho em agosto, os pesquisadores identificaram que mais da metade da população local estaria na pobreza, ou 51,4%. De acordo com a pesquisa, em 2019 havia 15,698 milhões de pessoas em situação de pobreza nas metrópoles. Em agosto de 2020, eram 13,279 milhões. Todavia, o número poderia ser de quase 23,366 milhões sem os auxílios que protegeram a renda durante a pandemia do novo coronavírus. A pesquisa utilizou microdados de duas pesquisas do IBGE: a Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019 e a Pnad-Covid-19 de agosto deste ano, quando se encerrou a quinta parcela do auxílio emergencial no valor de R$ 600. Enquanto a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indica que não haverá prorrogação do auxílio, atualmente reduzido ao valor de R$ 300, a pesquisa mostra também que o programa foi capaz de reduzir a desigualdade de renda no país. A medida usada para calcular a desigualdade é o Coeficiente de Gini, que vai de 0 a 1. Na escala desse indicador, 0 significa igualdade total de renda. Quanto mais próximo de 1, por sua vez, maior será a desigualdade. Assim, uma alta no Gini assinala uma piora nas condições socioeconômicas. O estudo mostra, porém, um cenário de diminuição da desigualdade, de 0,538, em 2019, para 0,477 em agosto de 2020, uma redução de 11,3%. Sem os auxílios emergenciais, a desigualdade teria aumentado para 0,560, 17,3% maior. “Esta simulação [cenário sem auxílio] é importante na medida em que se tem sustentado a posição de que não haverá renovação do auxílio emergencial. A simulação mostra o quão dramática será a situação da população de baixa renda a partir de janeiro”, diz Marcelo Gomes Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. “É preocupante olhar o que teria acontecido sem o auxílio. Vemos que o estado não encontrou um caminho para o que vai acontecer com o programa. Sem o auxílio emergencial, teria sido trágico. A pobreza teria aumentado muito. O governo está apostando que a renda do trabalho irá se recuperar, mas isso não parece condizente com os números da economia”, acrescenta Salata. No Maranhão, por exemplo, a região metropolitana de São Luís viu a desigualdade diminuir. O indicador passou de 0,507 em 2019 para 0,429 em agosto deste ano. Sem os auxílios, a desigualdade teria saltado para 0,555. Porém, a diminuição da desigualdade neste cenário não é necessariamente uma boa notícia, explicam os pesquisadores. “A redução que verificamos nas desigualdades não se traduz em maior bem-estar para a maioria da população, mas sim a um nivelamento por baixo. E, portanto, não há quase nada a comemorar, a não ser o sucesso em evitar que os estratos mais vulneráveis fossem brutalmente atingidos pela crise. O que só foi conseguido em função dos auxílios emergenciais”, afirmam no documento. Os mais pobres chegaram a ter um aumento de renda, mas os mais ricos perderam. Assim, o rendimento médio geral caiu nas metrópoles de R$ 1.860 para R$ 1.582, apesar dos auxílios. “A desigualdade se mede pela distância de renda entre as pessoas. Os estratos de renda alto e médio perderam. As pessoas de renda mais baixa ganharam mais, com os auxílios, diminuindo as distâncias”, explica Ribeiro. Entretanto, é um cenário diferente do que o Brasil viveu nos anos 2000 até 2014, explica Salata, quando o movimento era o que se pode chamar de ""pró-pobre"", nas palavras do pesquisador. “Todo mundo melhorava de vida, mas o pobre melhorava mais"", diz ele. ""Agora, vimos uma redução de desigualdade, em vários casos, acompanhada de uma piora na renda."" E ele explica: ""Temos uma crise violenta, e ela faz com que os de cima percam renda, os de baixo não percam tanto e, no caso de quem está muito embaixo, faz com que ganhe um pouco a mais, por um tempo, mas, no geral, as pessoas estão numa situação muito pior do que estavam no passado.” Segundo os pesquisadores, a manutenção do auxílio emergencial envolve uma discussão mais ampla, passando necessariamente pela questão fiscal, já que custa aos cofres federais cerca de R$ 50 bilhões mensais. O Bolsa Família, por exemplo, custa aproximadamente R$ 30 bilhões anuais. “O que está muito claro é que, dentro das possibilidades, é necessário uma política social para seguir auxiliando os mais vulneráveis nos próximos anos”, diz Salata. Além disso, afirma Ribeiro, é preciso fazer um plano econômico. “Há um debate, que vai contra a perspectiva mais hegemônica do pensamento econômico, sobre a importância do Estado realizar gastos que sejam capazes de retomar uma demanda efetiva na economia, que atualmente é insuficiente, sobretudo em um cenário de crise, quando o mercado não investe”, diz Ribeiro. “A lógica para investimento das empresas se baseia na perspectiva de rentabilidade futura. Se ela não é observada, empresários ficam com medo de realizar investimentos. É necessário que se realize gastos para reativar a economia, sobretudo na área de estrutura, porque tem um efeito multiplicador. Tem que ser algo pensando em aquecimento em curto prazo, mas também projeto de desenvolvimento econômico que permita um crescimento mais sustentável”, diz Ribeiro. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL) conversaram nesta terça (15). Fizeram um balanço da eleição e concordaram com a necessidade de a esquerda unir forças conta Bolsonaro em 2022. O escritório de advocacia do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), político com uma das maiores fortunas do país, foi condenado em primeira instância a devolver R$ 3,3 milhões aos cofres da Prefeitura de Jacobina, cidade de 80 mil habitantes no interior da Bahia, em decorrência do desvio de verbas do antigo Fundef, hoje Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Conforme a Folha revelou nesta segunda-feira (14), pelo menos R$ 332 milhões de verba do fundo —a maior fonte de financiamento da educação básica de cidades pobres do país— foram usados para pagar honorários de advogados. Em consonância com posicionamento do Ministério Público e de tribunais do país, o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu em outubro uma mega-auditoria em mais de 300 cidades do país em que concluiu que esses pagamentos representam desvio "" ilegal, imoral e inconstitucional "" e abriu mais de 100 tomadas de conta especiais para tentar reaver os recursos para a educação. Além da condenação em Jacobina, o Ibaneis Advocacia e Consultoria, firma do governador do DF, atuou em outras ações ligadas às bilionárias verbas do Fundeb e é um dos principais parceiros do escritório João Azêdo e Brasileiro Sociedade de Advogados, líder em contratos para abocanhar fatias do fundo. O escritório João Azêdo e Brasileiro é sediado em Teresina. O sócio fundador, João Ulisses Azêdo, tem forte atuação no Piauí, Maranhão, Ceará e Brasília. ""Há 20 anos conheço Ibaneis. Desde menino”, diz Azêdo. O governador tem família e negócios no Piauí, onde passou a infância. Em 2018, quando venceu a disputa para o governo do DF, Ibaneis declarou fortuna de R$ 94 milhões, o que incluía imóveis, embarcações e diversos objetos de arte. O sócio do escritório João Azedo diz ser parceiro da banca tocada por Ibaneis há duas décadas. Com eleição do emedebista ao governo do DF, a parceria se dá com um sócio do governador que segue à frente dos trabalhos, segundo o advogado. “Todos os meus processos são com eles”, afirma o sócio do escritório do Piauí. O João Azêdo e Brasileiro é o principal beneficiário de recursos que deveriam ser empregados em educação básica, dentre escritórios e advogados que atuaram para destravar o dinheiro do Fundeb. Parte das tomadas de contas especiais do TCU mira os honorários da banca piauiense. Ao todo, o TCU identificou R$ 254,6 milhões em pagamentos indevidos a escritórios de advocacia até 2018. Esses pagamentos prosseguiram em 2019 e em 2020, como a Folha constatou no painel de informações alimentado pelo TCU, com base no compilado de decisões judiciais feito pelo CJF (Conselho da Justiça Federal). Foram mais R$ 77 milhões em honorários. Tanto as auditorias do TCU quanto a base de dados do CJF e do tribunal mostram pagamentos ao escritório João Azêdo e Brasileiro. Os honorários somam R$ 188 milhões entre 2016 e 2020. Azêdo afirma que não recebeu esse dinheiro e que os precatórios foram expedidos, mas não pagos. O caso do uso de dinheiro do Fundeb para a educação teve início no final dos anos 90, quando o Ministério Público Federal moveu ação apontando erro de cáclulo do repasse das verbas do Fundef a estados e municípios, o que levou à condenação definitiva da União em 2015, gerando um passivo a ser distribuído de ao menos R$ 95 bilhões. Mesmo antes da condenação da União, municípios do Norte e Nordeste, principalmente, firmaram contratos sem licitação com escritórios de advocacia para mover ações paralelas à do Ministério Público, embora baseadas nela, com vistas a receber a sua fatia. Na maioria foi estabelecido como honorários advocatícios uma taxa de sucesso em torno de 20% do valor a ser recebido. Em uma das procurações dadas pelo escritório de João Azedo a Ibaneis e seus sócios, em junho de 2017, a principal atribuição do escritório do hoje governador era a de ""impetrar mandado de segurança contra atos praticados pelo Tribunal de Contas do Estado do Maranhão"". O Maranhão é um caso simbólico. Foi com base em uma ação movida pelos órgãos de controle do estado que o TCU firmou, em 2017, o entendimento de que verbas do Fundeb não podem ser usadas para outros fins, como pagamento de honorários. Ibaneis figura como advogado da João Azêdo e Brasileiro Sociedade de Advogados, por exemplo, na Suspensão de Segurança —instrumento jurídico para proteger os interesses públicos— movida no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo Tribunal de Contas do Maranhão para tentar derrubar uma decisão da Justiça local que permitiria o pagamento de honorários ao escritório João Azêdo e Brasileiro relativos a 104 ações movidas em nome de prefeituras maranhenses. Nesse caso, a ministra Cármen Lúcia reproduziu relatório da Controladoria-Geral da União no Maranhão apontando estimativa de que o escritório João Azêdo poderia receber R$ 680 milhões de honorários das prefeituras, várias delas figurando no grupo das mais pobres do país. Cármen suspendeu a decisão da Justiça local até que o Tribunal de Contas do estado conclua a análise da regularidade dos contratos. No caso de Jacobina, a condenação é de outubro de 2019 e foi dada com base em ação movida pelo Ministério Público. O escritório de Ibaneis recebeu R$ 3,3 milhões para atuar apenas na liberação dos recursos obtidos em ação movida por outro escritório em nome da prefeitura. A firma de Ibaneis recorreu e o caso está em tramitação. A Folha procurou o governador Ibaneis Rocha, por meio de sua assessoria, desde a última sexta-feira (11). Além dos telefonemas, enviou perguntas específicas sobre os pontos abordados nesta reportagem. Não houve manifestação do governador. O Fundeb foi renovado neste ano por meio de uma emenda constitucional que ampliou a previsão de recurso. O fundo reúne parcelas de impostos e recebe uma complementação da União. Hoje a complementação é de 10% e vai chegar, de modo escalonado, até 23%. A regulamentação já foi aprovada na Câmara é pode ser votada nesta terça-feira (15) no Senado. Caminhamos para o fim de um ano duríssimo em todos os aspectos de nossas vidas. Desafios pessoais e profissionais se impuseram e ainda se impõem no cotidiano de todos os trabalhadores brasileiros, mas em especial a todos aqueles que fazem o SUS acontecer diariamente. A batalha travada até aqui é por si só gigantesca, mas ela não se encerrará enquanto não houver uma imunização da população através de uma vacina segura e distribuída em todos os cantos do país. Acredito que este seja o principal debate a ser feito no momento, que aflige as famílias brasileiras, algumas delas em luto, algumas delas vivendo as decorrências da crise econômica que se instalou com a pandemia. “Quando seremos vacinados?” Não existem respostas fáceis, mas existem caminhos possíveis. Em primeiro lugar é garantir que o diálogo institucional seja respeitado em todas as instâncias. Nossos esforços à frente da presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) tem sido de discutir do ponto de vista técnico a viabilidade e a logística do nosso plano de imunização. Tenho dito que esta pandemia, e o ano de 2020 em particular, já deram provas suficientes de que o trabalho desarticulado entre os entes da federação impõe prejuízos incalculáveis em todo o processo de enfrentamento ao vírus, atrasa o cumprimento de metas e coloca em xeque a credibilidade que as pessoas depositam nas lideranças nacionais que são ou deveriam ser exemplos para lidar com toda a crise sanitária. Em segundo lugar não partimos de um ponto qualquer. Já existe, desde a década de 1970, um Plano Nacional de Imunização, que tem sido aperfeiçoado a cada ano e que, embora não utilizemos a mesma estratégia das campanhas anteriores, detemos uma expertise técnica qualificada —e falo com tranquilidade, porque conheço de perto as capacidades que o corpo burocrático de imunização do SUS é capaz. Em Brasília, no Maranhão e nas diversas cidades do território maranhense. A mobilização e a energia que cada profissional entrega é impressionante. Agora imaginem o brilho nos olhos de nossos vacinadores nesta honrosa missão. Minha equipe toda trabalha pensando nesse horizonte: na satisfação dos brasileiros que serão vacinados e nos que vacinarão. Mas este resultado não depende de mágica ou piscar de olhos. Pelo contrário, ele é construído todos os dias, em reuniões de planejamento, em conhecimento técnico, mas principalmente em compromisso irremediável com o bem-estar dos brasileiros, indistintamente de ideologia partidária ou crença política. Precisamos a qualquer custo avançar em questões importantes para a sociedade nacional, e a nossa contribuição como operadores da política pública de saúde é esta: dar o exemplo de que divergências de pensamento não atravessam nossos objetivos. Em nota conjunta, tanto o Conass como o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) reiteraram a coordenação efetiva e direta do Ministério da Saúde na articulação do Programa Nacional de Imunizações (PNI); ou seja, em uma sinalização explícita de que nenhum protagonismo exacerbado é suficiente para conter o tamanho do desafio que se apresenta. Unificar cronogramas, agendas, modalidades, estratégias de alcance e estratificação de grupos de risco faz parte de uma logística, como disse há pouco, complexa e bem detalhista. Fugir dessa programação é um erro que em hipótese nenhuma podemos cometer. A incorporação no tempo oportuno, o mais rápido possível, das vacinas comprovadamente eficazes contra o coronavírus e a ampla vacinação, no menor tempo possível, para todos os usuários do SUS. É um lema simples e ao mesmo tempo muito objetivo, que oferece a magnitude da missão que temos para os próximos meses. Com sobriedade e trabalho diuturno acredito que sejamos capazes, a despeito de todos os tropeços pelo caminho, de obter resultados satisfatórios, mostrando mais uma vez que o Sistema Único de Saúde é o maior patrimônio que temos em termos de políticas públicas. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Todos os dias, ao menos duas crianças e adolescentes são mortos pela polícia no Brasil. Alguns ganham as páginas e capas dos jornais, como o menino João Pedro Mattos, 14, morto dentro de casa em São Gonçalo, na Baixada Fluminense, em maio; a menina Ágatha Félix, 8, morta no Complexo do Alemão, na zona norte carioca, em setembro do ano passado; ou o menino Kauan Alves, 16, atingido no rosto na manhã do último Natal durante uma ação da Polícia Militar paulista para reprimir um baile funk no bairro do Jabaquara, zona sul da capital. Entre 2017 e 2019, policiais mataram ao menos 2.215 crianças e adolescentes no país. O número de mortes vem crescendo. Em 2017, representavam 5% do total das mortes violentas nessa faixa etária.; no ano passado, já eram 16%. O levantamento exclusivo foi feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido da Folha e considerou só as unidades da federação que tinham informações sobre a idade das vítimas nos três anos analisados: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Foram classificados como crianças e adolescentes aqueles que tinham entre 0 e 19 anos, seguindo recomendação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância) e da OMS (Organização Mundial da Saúde). A maioria dessas mortes não chega a ser noticiada, embora elas inflem as estatísticas. Foi o caso de Matheus, 19. Um único tiro, à queima-roupa, matou o adolescente que sonhava ser jogador de futebol e dar uma casa para a tia, que o criou como mãe. Mas, como a realidade era o desemprego, ele trabalhava de mototaxista a poucos metros de sua casa, na Pavuna, zona norte do Rio. Estava parado, sentado na moto, quando veio o disparo que atingiu o seu tórax, naquela tarde de junho de 2019. Segundo testemunhas, não havia operação ou tiroteio e os policiais chegaram a falar ""caraca, matamos o mototáxi!"". Na delegacia, o sargento disse que matou sem querer e quis cumprimentar o pai do adolescente, que se negou, respondendo: ""como vou apertar sua mão se você matou meu filho?"". ""Nem dinheiro para o enterro a gente tinha. Tivemos que fazer uma vaquinha"", conta a tia. Segundo a família, não foi feita perícia no local e o policial não foi julgado e segue patrulhando por ali. ""Só tenho certeza de uma coisa: ele está livre, leve e solto, como se nada tivesse acontecido"", diz ela, que não terá seu nome divulgado por temer represálias. ""Tenho meus filhos, dá medo de uma covardia. Eu acreditava na polícia, tenho até parentes policiais, mas agora não confio. Quando vejo na rua, começa a me dar tremedeira"", afirma. Até então, sua maior preocupação era que o sobrinho sofresse um acidente de moto. ""Nunca imaginei que ele ia tomar um tiro."" O agente é do 41º Batalhão de Polícia Militar do Rio. Responsável pela Pavuna e outros bairros próximos como Irajá, Anchieta, Costa Barros e Acari, é um dos batalhões que mais mata no estado. RANKING DAS MORTES O homicídio é o crime violento que mais vitima crianças e adolescentes no estado do Rio, bem como em todo o país. Logo em seguida vem a violência policial. O Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar no ranking de letalidade policial nessa faixa etária, mesmo com metade dos registros sem informação de idade. Foram 700 vítimas entre 2017 e o primeiro semestre deste ano. Nem a pandemia foi capaz de frear a violência. Em 2020, o Rio foi o único estado que divulgou dados de janeiro a junho, período em que, mesmo com o isolamento social, 99 crianças e adolescentes foram mortos por policiais —27% na capital e 73% em outros municípios. O estado responde por quase 40% das mortes de crianças e adolescentes decorrentes de intervenção policial no país e esse percentual mais que dobrou nos últimos dois anos. O segundo da lista é São Paulo. No ano passado, foram 120 crianças e adolescentes mortos pela polícia —53 na capital e 67 em outros municípios. Esse número, ao contrário do Rio, vem caindo, mas em 28% dos registros não há a idade da vítima. O terceiro no ranking do número absoluto de mortes é o Pará, com 102 vítimas —o estado não registra idade em 26% dos casos. Ele é seguido pelo Paraná, onde foram mortas 58 crianças e adolescentes por policiais em 2019, Ceará (39) e Minas Gerais (19). O número é ainda maior, mas é difícil aferir o quanto porque os dados são precários. Até 2018, o país não tinha um sistema unificado para registros da criminalidade. Naquele ano, foi criado o Susp (Sistema Único de Segurança Pública) que, na prática, ainda não foi implementado. Alguns estados não divulgam a idade das vítimas, enquanto outros preenchem e organizam mal as informações, dificultando um adequado diagnóstico do volume e circunstância das mortes e o perfil das vítimas. No Pará, por exemplo, 98% dos casos não têm informação sobre raça/cor. No Ceará, são 77%. Excluindo essas imprecisões, é possível saber que 69% das vítimas da letalidade policial entre crianças e adolescentes no país são negras (pretas ou pardas) e que os casos se concentram na faixa etária que vai dos 15 aos 19 anos. Segundo Sofia Reinach, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Goiás e Bahia, por exemplo, não entraram no levantamento porque insistem em enviar os dados por faixa etária e não a idade exata, ignorando os pedidos do órgão. “Cada estado tem sua própria forma de registro nas delegacias e de compilação dos dados. Não existe um sistema nacional que junte isso"", afirma ela, que é mestre em Administração Pública e Governo pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Só o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum, faz essa compilação, solicitando os números a cada estado, via Lei de Acesso à Informação. ""Mas recebe 27 bases de dados com características diferentes”, diz Reinach. No caso da violência policial, a desorganização estatal se mistura à preocupação política com a divulgação dos números. Escreve Reinach no Anuário deste ano: ""não são apenas números, são pessoas e suas famílias que passam a vida tendo que conviver com essas marcas. Os jornais, que estampam rostos quando um caso chama mais atenção, poderiam dedicar páginas completas diariamente com fotos de vítimas. É uma rotina que foi normalizada no Brasil e vai muito além de alguns casos emblemáticos"". Para ela, a violência policial escancara a vulnerabilidade dessas crianças e adolescentes, a maioria pobre e negra. ""É preocupante a interrupção de uma vida tão jovem. Que infância é essa? Que não pode nem brincar na rua? Os agentes do Estado, que deveriam proteger, matam”, diz. “É o retrato de uma geração sem perspectiva."" O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a subir o tom contra o governo federal, que chamou de negacionista e extremista, em mais um episódio da disputa com o presidente Jair Bolsonaro pelo capital político da vacinação contra a Covid-19. Nesta segunda-feira (14), para mostrar o respaldo nacional pela vacinação, Doria colocou no palanque no palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula. “Não é razoável que se aceite qualquer atraso injustificado para não se iniciar de pronto a imunização do país”, disse Lula, que trabalha no governo Flávio Dino (PC do B). No domingo (13), o Ministério da Saúde divulgou um vídeo em seu canal institucional no YouTube em que faz críticas duras ao governador João Doria, e afirma que é ""mais um devaneio"" e que ele está ""sonhando acordado"" ao anunciar que começará a vacinação da população a partir de 25 de janeiro. Nesta segunda, Doria rebateu o ataque. “Temos assistido nos últimos dias novos exemplos do negacionismo do governo federal e de extremistas também. Infelizmente, aqueles que até pouco tempo menosprezavam o vírus, classificando como ‘gripezinha’, ‘resfriadozinho’, agora passaram a criticar o esforço para a vacinação dos brasileiros”, disse o governador, se referindo a termos usados por Bolsonaro para diminuir a gravidade da pandemia. “São os mesmos que imaginavam que iam resolver essa gravíssima crise de saúde no país com a cloroquina [medicamento sem eficácia comprovada defendido pelo presidente]”, continuou. São Paulo fez parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para produzir, por meio do Instituto Butantan, uma vacina contra a Covid-19, apelidada de Coronavac. Embora já tenha feito importação, esteja fabricando e tenha até anunciado data para começar a imunização (25 de janeiro), tudo de forma independente do governo federal, o governo paulista ainda não apresentou os dados da eficácia do imunizante e nem pediu autorização de uso emergencial. Isso estava previsto para ocorrer nesta terça-feira (15), mas o governo mudou a estratégia, conforme anunciou nesta segunda. Resolveu adiar a divulgação da última fase do ensaio clínico para a semana que vem e, em vez de pedir autorização emergencial, vai apresentar no próximo dia 23 o estudo completo do fármaco para pedir seu registro definitivo à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além disso, em acerto com o fabricante chinês Sinovac, a vacina terá o registro pedido ao mesmo tempo na NMPA (Administração Nacional de Produtos Médicos), a Anvisa do país asiático. A expectativa no governo estadual é de que a China conceda o registro definitivo da Coronavac em cerca de três dias. Carlos Lula, presidente do Conass, defendeu nesta segunda-feira que o governo federal inclua a Coronavac e “todas as vacinas consideradas eficazes e seguras” no Programa Nacional de Imunização. “A gente precisa entender que é preciso ter velocidade. Cada dia que a gente perde, são vidas que perdemos”, disse ele, que defendeu que haja uma coordenação nacional no enfrentamento à Covid e que a imunização comece não em março, como disse na última semana o ministro Eduardo Pazuello, mas em janeiro, como quer o governo paulista. Lula afirmou que “o Conass se coloca como mediador para qualquer tipo de rusga que haja entre o governo de São Paulo e o ministério da Saúde” e disse que “o objetivo é um só: garantir a imunização de toda a sociedade brasileira ainda em 2021. Menos que isso não é aceitável”, afirmou. O Ministério da Saúde ainda não apresentou à população um plano de vacinação, embora a imunização já tenha começado no Reino Unido e esteja prestes a iniciar nos Estados Unidos. Em resposta a ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal cobrando um plano federal, Pazuello encaminhou um documento à corte que não prevê data e estima vacinar apenas um terço do necessário. Os dados apresentados pelo governo estadual mostram que o número de casos, mortes e internações pela Covid vem crescendo em São Paulo. A taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva saltaram de 40% em 7 de novembro para 60%; na região metropolitana chega a 65,5%. O número de novas mortes também cresceu 9% em relação a semana anterior, e agora o estado já acumula mais de 44 mil vítimas da doença. Pesquisa Datafolha mostrou que 73% dos brasileiros disseram querer tomar a vacina contra a Covid-19, número que caiu em relação à pesquisa anterior, de agosto, quando 89% disseram querer a imunização. A maioria do país (56%) também afirmou querer que a vacinação seja obrigatória. Metade dos brasileiros, porém, disseram que não tomariam um imunizante desenvolvido pela China, como é o caso da Coronavac, aposta do governador paulista. Apesar da crônica falta de recursos para educação, pelo menos R$ 332 milhões de dinheiro público que deveria ter sido aplicado na manutenção e desenvolvimento da educação básica no país acabaram destinados a escritórios de advocacia contratados por prefeituras em vários estados. O TCU (Tribunal de Contas da União) já identificou, em um conjunto de auditorias, pagamentos indevidos de honorários que somam R$ 254,6 milhões. No entendimento da corte, o dinheiro deveria ter sido destinado à educação básica, não a advogados. Mais de cem tomadas de contas especiais foram instauradas para tentar reaver o dinheiro, 68 somente neste mês —esses processos buscam mapear o destino dos recursos para, no fim, tentar garantir seu uso na educação. O valor apontado pelo TCU se refere a gastos até 2018. A Folha apurou que pelo menos R$ 61 milhões da educação básica se destinaram a advogados em 2019 e mais R$ 16 milhões até setembro deste ano, o que eleva os honorários indevidos a R$ 332 milhões. Um único escritório é responsável por mais da metade dessa bolada, R$ 188 milhões. TCU, PGR (Procuradoria-Geral da República) e decisões judiciais diversas, inclusive do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal), já sacramentaram o entendimento de que os pagamentos são ilegais. Investigações apontam a existência de fraude, em razão da deliberada dispensa de licitação para a contratação dos escritórios. O caso teve início no final dos anos 90 e envolve as bilionárias cifras do antigo Fundef, hoje Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), a principal fonte de financiamento da educação no Brasil. O Ministério Público Federal moveu em 1999 ação apontando erro de cálculo do repasse das verbas do Fundef a estados e municípios, o que levou à condenação da União, em caráter definitivo, 16 anos depois, em 2015. De acordo com cálculo atualizado para 2017, o passivo devido a governos e prefeituras chegava a R$ 95 bilhões. Já foram emitidos mais de R$ 9 bilhões em precatórios (o reconhecimento oficial da dívida, pelo Estado) para pagamento. Mesmo antes da condenação da União, municípios do Norte e Nordeste, principalmente, firmaram contratos sem licitação com escritórios de advocacia para mover ações paralelas à do Ministério Público, embora baseadas nela, com vistas a receber a sua fatia. Na maioria foi estabelecido como honorários advocatícios uma taxa de sucesso em torno de 20% do valor a ser recebido. Em outubro deste ano o TCU concluiu uma mega-auditoria que durou dois anos e envolveu mais de 300 municípios de 12 estados brasileiros, 11 deles de Nordeste e Norte: Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia, Pará, Amazonas e Minas Gerais. O acórdão aprovado, relatado pelo ministro Walton Alencar, fala em risco de desvio bilionário do dinheiro da educação. Entre as principais irregularidades apontadas está o direcionamento de verba da educação para atividade estranha à área — “O pagamento de honorários de advogado com verbas constitucionalmente gravadas com finalidade específica é ilegal, imoral e inconstitucional”— e a dispensa de licitação, situação só permitida em situações excepcionalíssimas, em que é inviável haver concorrência pública. A recomendação sempre foi para as prefeituras receberem as verbas por meio de ações movidas pelo Ministério Público ou por órgãos jurídicos próprios das cidades, sem gasto com honorários. A fixação dos valores aos advogados também foi um ponto ressaltado, já que estão bem acima da realidade das pequenas prefeituras e do preço de mercado, em alguns casos superando em 2.000% os valores cobrados normalmente. “ A ausência de licitação, aliada à estipulação nos contratos de alto percentual a título de honorários de êxito, permitiu o recebimento, pelos escritórios de advocacia, de milhões de reais pelo ajuizamento de demandas de baixa complexidade, em prejuízo da população. Em uma estimativa conservadora, pequeno grupo de advogados poderá desviar cerca de R$ 14 bilhões da totalidade dos recursos dos precatórios do Fundef”, escreveu Walton Alencar no acórdão. Em outubro de 2018, o STJ decidiu que os recursos da educação básica não podem remunerar escritórios de advocacia. Em janeiro do ano seguinte, o então presidente do STF, ministro Dias Toffoli, suspendeu decisões que autorizavam escritórios a receberem esses honorários. Depois, Toffoli atendeu a um recurso do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e disse que sua decisão não incluía execuções de ações individuais. O procurador-geral da República, Augusto Aras, contestou e lembrou em um agravo em setembro que o plenário do STF já decidiu serem inconstitucionais fatias do fundo da educação para honorários. Essa posição é a mesma externada pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no final de 2018. Centenas de pareceres, em casos individuais, foram proferidos pela PGR a favor da vedação do dinheiro aos escritórios. Mesmo assim, advogados continuam sendo beneficiários de fatias do Fundeb em 2019 e em 2020. É o que mostram dados reunidos pelo Conselho da Justiça Federal e liberados pelo TCU num painel para consulta pública. Isso ocorre em razão de decisões de juízes e tribunais estaduais favoráveis aos processos paralelos movidos pelas prefeituras em parceria com advogados. Um único escritório, o João Azêdo e Brasileiro Sociedade de Advogados, foi contratado por mais de cem municípios que têm direito a receber bilhões de reais do Fundeb. O painel do TCU registra pagamentos de honorários de R$ 188 milhões ao escritório, entre 2016 e 2020. Tomadas de contas do TCU pedem a devolução de parte desse dinheiro. À Folha, o advogado João Ulisses Azêdo disse que os dados são “falaciosos” e que se referem a precatórios expedidos, mas não necessariamente pagos. “É a única coisa que vou dizer nas tomadas de contas: não recebemos nada.” O Ceará é o estado que mais direcionou dinheiro do Fundeb a advogados, de acordo com o TCU, em um total de quase R$ 100 milhões. Prefeitos firmaram um convênio com a Aprece, a associação de municípios do Ceará, que contratou a Smart Consultoria e Representações e a PGA Assessoria Técnica Jurídica. Essas duas empresas subcontrataram escritórios de advocacia, alguns ligados a elas próprias, para moverem as ações em nome das prefeituras. Os honorários de 20% foram divididos entre os advogados (17%) e a Aprece (3%). O relatório de auditoria do TCU aponta o pagamento de “quantias verdadeiramente extravagantes”, em “forte agressão a princípios constitucionais básicos, como os da razoabilidade e moralidade”. ""Toda a dinheirama assim formada beneficia apenas uns poucos privilegiados, bafejados que foram pela sorte de possuírem algum tipo de relacionamento com a Aprece. (...) O grupo de advogados atuantes nos processos dos municípios cearenses é sempre o mesmo, tendo cada um dos seus integrantes já amealhado imensas fortunas, completamente destoantes da realidade econômica de um dos estados mais pobres da federação"", acrescenta o documento. Destinatário de honorários de R$ 25 milhões, de acordo com o TCU, o advogado Zuellington Queiroga Freire, que figura como sócio-proprietário da Smart Consultoria, afirmou apenas que a o entendimento jurídico da época em que os pagamentos foram feitos não apontava restrições. O advogado Thales Catunda de Castro figura como beneficiário de R$ 7 milhões, relativos a 16 precatórios. Ele disse que todo o dinheiro recebido foi regular, autorizado pela Justiça, e condizente com o serviço prestado. “Trabalhamos com total boa fé nesse processo, demoramos 14, 15 anos para receber algum valor, pagos por meio de decisão judicial.” Thales afirma que as ações foram protocoladas em 2004 e que durante vários anos não houve interpretação de que os precatórios estavam vinculados ao Fundeb, mas, sim, representavam dívida devida aos municípios, sem ligação específica com a educação. ""O entendimento mudou? Não faço a menor questão de brigar daqui pra frente. Entendo a mudança de entendimento, mesmo não concordando, mas temos que nos ater a segurança jurídica. São 15 anos de luta pra demonstrar que eu não sou bandido, que eu trabalho, tenho endereço, presto contas, recolho imposto, mas os advogados estão sendo tratados como bandidos nisso. Já cheguei a ver promotor me chamar de quadrilheiro, de chamar os advogados de quadrilheiros"", afirmou. Ele ressalta ainda que os valores recebidos foram justos porque se referem a um grupo de advogados que trabalhou para dezenas de municípios por mais de 15 anos. José Irineu de Carvalho, consultor econômico e financeiro da Aprece, afirmou que o percentual da entidade foi retirado dos honorários dos advogados e que tudo foi feito de forma legal, sendo que os primeiros questionamentos só começaram a ocorrer 12 anos após o ingresso das ações. “Sem as ações, os municípios não teriam recebido nada. Sem os advogados, não haveria os recursos.” Outro caso citado nas auditorias do tribunal é do advogado Marcio Ziulkoski. Os auditores detalham como ele atuou no caso de um município do Pará, que tinha direito a R$ 4,7 milhões em complemento do Fundeb. Mais de R$ 1 milhão foram depositados na conta da Mazza Treinamento e Assessoria Administrativa, cujo sócio é o próprio Ziulkoski. O capital social da empresa é de R$ 15 mil, conforme os registros da Receita Federal. Outros R$ 700 mil se destinaram a uma mulher, vinculada a um advogado. E somente R$ 3 milhões (63,8%) ficaram efetivamente com o município. Os dados do CJF mostram que Ziulkoski e a Mazza receberam R$ 8,9 milhões dos recursos da educação básica, entre 2016 e 2020. A Folha ligou no telefone da empresa disponível na Receita Federal e nos números que o advogado informa no cadastro da OAB. Nenhum completou a chamada. Na lista de beneficiários há ainda um advogado que já foi preso, por suposto desvio de instituto de previdência de servidores municipais, e um defensor que já assessorou a CNM (Confederação Nacional de Municípios), inclusive na própria busca por esses precatórios. Até agora, as tomadas de contas especiais não foram julgadas. Ainda estão na fase de ouvir gestores e advogados. E, mesmo depois de julgadas, poderão ser contestadas por recursos. Nenhum centavo retornou aos cofres públicos por enquanto. O Fundeb foi renovado neste ano por meio de uma emenda constitucional que ampliou a previsão de recurso. O fundo reúne parcelas de impostos e recebe uma complementação da União. Hoje a complementação é de 10% e vai chegar, de modo escalonado, até 23%. O auxílio emergencial liberado devido à pandemia de Covid-19 fez diferença nas vendas de carros, motos e caminhões. Segundo dados das entidades que representam montadoras e distribuidores de veículos, os emplacamentos em estados das regiões Norte e Nordeste, em que há grande número de beneficiários, registram retomada mais robusta e queda menor em relação a 2019 do que as regiões Sul e Sudeste. No Pará —estado em que 64,5% das residências receberam o auxílio de R$ 600 em agosto, segundo o IBGE—, as vendas de veículos leves registraram alta de 33,8% na comparação entre os meses de novembro de 2020 e de 2019. No acumulado do ano, há queda de 8% em relação a igual período de 2019. O estado da região Norte é, percentualmente, o terceiro mais beneficiado pela renda emergencial no país. No Brasil, houve queda de 7,2% nos emplacamentos na comparação entre o mês passado e igual período de 2019. No acumulado de 2020, a retração é de 28,7%, segundo a Fenabrave (entidade que representa os revendedores). No Maranhão, estado da região Nordeste com maior percentual de famílias beneficiadas pelo auxílio emergencial em agosto (65,5% dos domicílios cadastrados) e segundo no país, a alta nas vendas entre os meses de novembro de 2019 e de 2020 é de 31%, com retração de 11,3% no acumulado do ano. Estado com maior percentual de lares cadastrados no programa de renda emergencial (71,4%), o Amapá registra queda de 1,9% nos emplacamentos na comparação entre os meses de novembro. Entretanto, é também o estado com a menor perda acumulada em 2020: queda de 6% em relação aos 11 primeiros meses de 2019. Se um carro zero-quilômetro não custa menos do que R$ 39,4 mil (valor cobrado por um Renault Kwid 2020/2021 em São Paulo), conclui-se que um beneficiário do auxílio emergencial dificilmente conseguiria adquirir um automóvel novo. Contudo, o dinheiro movimenta o comércio e faz os pequenos empresários atualizarem seus veículos de passeio ou de trabalho. Cassio Pagliarini, sócio da consultoria Bright, observa que são os donos de mercados, lojas de material de construção e farmácias, entre outros estabelecimentos, que estão comprando carros nas regiões Norte e Nordeste. Roberto Cortes, presidente da VWCO (Volkswagen Caminhões e Ônibus), diz que o aumento nas vendas de veículos comerciais nas regiões Norte e Nordeste se concentra nos modelos de menor porte. ""Foram os caminhões pequenos e médios que sentiram uma demanda, fizeram com que milhões de brasileiros consumissem durante a pandemia"", diz Cortes. As vendas da VWCO acumulam crescimento de 10,4% na região Norte, com maior demanda pelo caminhão compacto Delivery. No setor de motocicletas, o auxílio emergencial teve reflexo mais imediato —são veículos de custo baixo, alguns com preço inferior a R$ 5.000, sendo mais acessíveis aos beneficiários. Em abril e maio, meses iniciais de pagamento do benefício, o Nordeste foi a região com maior número de motocicletas vendidas no Brasil. No primeiro trimestre de 2020 e durante todo ano de 2019, esse posto foi ocupado pelo Sul ou pelo Sudeste. Mas, segundo Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo (associação que reúne as fabricantes de motos), não é possível fazer uma avaliação mais precisa quanto ao impacto direto do auxílio emergencial nas vendas. ""A partir do segundo semestre, todas as regiões voltaram quase ao mesmo patamar do período anterior à pandemia. Após o retorno da produção nas fábricas, houve prioridade na distribuição de motocicletas para as regiões Norte e Nordeste, onde a participação de vendas na modalidade consórcio são maiores. Com isso, houve maior número de emplacamentos no segundo semestre nessas localidades"", afirma Fermanian. O Centro-Oeste também registrou perdas menores em comparação ao Sul e ao Sudeste, mas, nesse caso, os resultados positivos vêm do campo. ""Essa região é fortemente impactada pelo agronegócio e tem uma queda média de 17% nos emplacamentos [ao longo de 2020], enquanto áreas mais dependentes do turismo e dos serviços registram maiores perdas"", afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil). Um dos exemplos citados por Moraes é o Rio de Janeiro, em que os emplacamentos caíram 38% na comparação entre os 11 primeiros meses de 2020 e de 2019 —é o pior resultado no país. Em São Paulo e em Minas Gerais, a retração é de 32% e 36%, respectivamente. Juntos, esses três estados do Sudeste somam 53% dos carros vendidos no Brasil no acumulado de 2020. De volta ao Centro-Oeste, o problema maior está na demora para entrega de caminhões pesados para o escoamento da produção. As fábricas de veículos lidam com falta de insumos, outra consequência da pandemia. ""Estamos administrando a escassez, a cada dia nos deparamos com a falta de algum insumo. Os fornecedores que importam material têm sofrido muito com a segunda onda de Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos"", diz Cortes. A Anfavea afirma que o risco da produção de veículos ser interrompida no Brasil por falta de insumos é imediato. Hoje há 119,4 mil veículos nos pátios, número suficiente para atender a só 16 dias de venda. No auge da pandemia, as unidades à espera de um dono supriam quatro meses. O Brasil chegou a 180.453 mortes pela Covid-19 e a 6.836.313 de casos da doença. Nesta sexta-feira (11), o país registrou 652 óbitos e 52.770. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 639, o que representa aumento de 34% em relação a 14 dias atrás, um cenário de crescimento da pandemia. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Todos as regiões do país têm crescimento da média móvel de mortes, menos o Norte, que apresenta estabilidade. Acre, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Alagoas, Ceará e Pará estão em situação de estabilidade. Somente Amazonas e Maranhão têm queda da média. O Brasil tem uma taxa de 86,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (294.144), e o Reino Unido (63.603), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 90 e 95,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (104,9), país com 63.387 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 112.326 óbitos, tem 89 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 114,1. O país tem 36.499 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 142.186 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,5 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 90,9 mortes por 100 mil habitantes (40.431 óbitos). Já o boletim do Ministério da Saúde registrou que o Brasil ultrapassou a marca de 180 mil mortes em decorrência da Covid-19. Foram registradas 672 óbitos nas últimas 24 horas, elevando o total para 180.437. O boletim também mostra que foram confirmados no período 54.428 novos casos de infecção pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, 6.836.227 pessoas contraíram a doença. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Em um momento em que 20 unidades da Federação estão numa situação da Covid-19 pior do que há quatro semanas, o presidente Jair Bolsonaro ignorou dados e afirmou nesta quinta (10) que o Brasil vive “um finalzinho de pandemia”. ""Estamos vivendo um finalzinho de pandemia"", disse Bolsonaro durante evento em Porto Alegre para inaugurar uma ponte. ""Nosso governo, levando em conta outros países do mundo, foi o que melhor se saiu no tocante a economia. Prestamos todos apoios possíveis a estados e municípios"", completou. A afirmação do presidente não é corroborada pelos números. A reportagem comparou a classificação dos estados e do Distrito Federal nesta quinta com o estágio registrado no meio de novembro no Monitor de Aceleração da Covid-19 da Folha. Não pioraram no período apenas seis estados (Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Piauí e Roraima). Mesmo assim, eles estão com crescimento no número de casos e podem regredir na classificação nos próximos dias. Santa Catarina também não mudou de estágio, mas porque já estava como acelerado, o pior dos quatro estágios considerados. Em meados de novembro, apenas os catarinenses estavam no acelerado, que significa que o número de casos está em crescimento rápido. Agora, são 15 unidades da federação. O modelo de acompanhamento utilizado no monitor se baseia na evolução de casos em cada local e tem como parâmetro um período de 30 dias, com mais peso para o período mais recente (não é considerado o volume de mortes). Outros indicadores apontam para uma piora na pandemia do país. Em cerca de um mês, subiu de seis para oito o número de capitais com mais de 80% dos leitos de UTI ocupados. As filas para testes aumentaram, e em cidades como Rio há fila também por leitos de UTI. Apesar desse conjunto de dados, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem sido um dos melhores países no combate ao vírus. O país, no entanto, é o terceiro país com mais casos e o segundo com mais mortes. Se considerado o tamanho da população, as posições do Brasil são 28ª e 17ª, respectivamente. São 179 mil mortes até agora e quase 7 milhões de casos registrados –o número pode ser maior, dada a subnotificação. Com a aproximação das festas de fim de ano e o avanço da doença, governadores e prefeitos anunciaram medidas para tentar conter o fluxo de pessoas e, consequentemente, a disseminação do vírus. Em São Paulo, o governo João Doria (PSDB) determinou que o estado regredisse na classificação que determina as atividades permitidas durante a pandemia, reduzindo o horário de funcionamento e capacidade de atendimento do comércio. Curitiba restringiu o consumo de bebidas alcoólicas em espaços públicos, e algumas cidades adotaram toque de recolher. Segundo monitoramento do Google com base em aparelhos móveis, o fluxo de pessoas está hoje acima do que no começo do ano no país, o que mostra o esvaziamento das medidas de isolamento social. O monitoramento da evolução de mortes e de casos no Brasil ficou prejudicado nas últimas semanas devido a um problema no sistema do Ministério da Saúde, que centraliza os dados. O período mais crítico ocorreu entre 6 e 13 de novembro, quando estados como São Paulo não conseguiram inserir dados no sistema. Com isso, diversos métodos de monitoramento passaram a mostrar uma queda irreal de casos e de mortes, e, na sequência, a inserção de dados acumulados inflou artificialmente os números. Análise da reportagem indica que agora é seguro dizer que a aceleração da doença não tem mais relação com o apagão de dados. O monitor da Folha tem como base um modelo estatístico desenvolvido por Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática da USP e membro do coletivo Covid Radar, e por Rodrigo Veiga, doutorando em física pela USP. A situação em cada local avaliado recebe uma classificação. Há cinco possibilidades: inicial, acelerado, estável, desacelerado e reduzido. A fase inicial é aquela em que surgem os primeiros doentes. O Brasil já não tem nenhuma cidade com mais de 100 mil habitantes nessa situação. A etapa acelerada é aquela em que há aumento rápido do número de novos casos. Na estável, ainda há número significativo de pessoas sendo infectadas, mas a quantidade de novos casos é constante. Quando o número de novos casos cai ao longo do tempo de maneira considerável, tem-se a fase de desaceleração. Já na etapa reduzida há poucos casos novos (ou nenhum), levando em consideração o histórico da epidemia naquele lugar. Colaborou Paula Sperb O Instituto Butantan iniciou a produção da vacina Coronavac, produzida pela fabricante chinesa Sinovac, em sua fábrica na zona oeste de São Paulo nesta quinta-feira (10). O anúncio foi feito pelo próprio governador do estado, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva na sede do instituto, em um momento em que outros países iniciam a campanha de vacinação e o governo federal patina para anunciar um plano. Doria falou em nome do Instituto e pelo governo de São Paulo. A presença de insumos suficientes para a produção de 1 milhão de doses do imunizante, além da chegada até o dia 15 de janeiro do restante das 46 milhões de doses, o governo tem vantagem no planejamento e obtenção dos insumos em relação ao governo federal. No entanto, os insumos vêm da China, e a prometida transferência de tecnologia, para que a produção seja 100% nacionalizada, ainda não ocorreu. O governo paulista havia anunciado na segunda-feira (7) que a vacinação em SP iniciará no dia 25 de janeiro de 2021, embora isso ainda dependa da aprovação do imunizante pela Anvisa, a reguladora do setor. O plano de vacinação apresentado pelo Ministério da Saúde no último dia 1o. previa o início apenas em março. O governo federal realizou a compra de 100 milhões de doses da vacina da Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a AstraZeneca, a primeira do mundo a publicar em uma revista científica de prestígio os resultados de eficácia, de 70%. Doria e Jair Bolsonaro (sem partido), prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022, travam uma disputa retórica na corrida pela produção e distribuição das vacinas. O tucano saiu na frente. Em outubro, o presidente chegou a desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao dizer que não compraria a vacina da Sinovac para integração ao plano de vacinação nacional. Pazuello acabara de anunciar a intenção de comprar a vacina paulista, mais adiantada do que aquela produzida pela AstraZeneca/Universidade de Oxford, a aposta principal do governo federal. Nesta quinta-feira, o governador reforçou o desejo de a vacina produzida pelo Butantan ser a “a vacina do Brasil” e disponibilizá-la prontamente a toda a população. Segundo o peessedebista, 11 estados e 912 municípios entraram em contato com o governo para adquirir doses da Coronavac. Os estados que já demonstraram interesse na Coronavac foram Acre, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima. O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, assinou nesta quinta em São Paulo memorando para o fornecimento de 1,1 milhão de doses da Coronavac. Ao custo de R$ 57 milhões, a compra é suficiente para imunizar os 513 mil habitantes da cidade. Pelo cronograma, no fim de janeiro 300 mil doses estarão disponíveis para profissionais de saúde e idosos. Outras 300 mil doses que devem chegar no fim de fevereiro serão destinadas aos habitantes com comorbidades e profissionais de educação. Outros 500 mil habitantes seriam vacinados no primeiro semestre de 2021, com previsão até maio. As conclusões sobre os testes de eficácia da Coronavac, no entanto, ainda não foram divulgadas, e o pedido por registro na Anvisa ainda não foi feita. A conclusão do ensaio de fase 3 e apresentação dos dados são pré-requisitos para a aprovação da agência. Na última segunda-feira (7), a Anvisa afirmou que não deverá liberar registros de vacinas em prazo inferior a 60 dias. “Por que aqui em São Paulo que já temos a vacina, a vacina do Butantan, temos que aguardar mais tempo? Por que iniciar em março se podemos iniciar em janeiro a vacinação mais eficiente?”, disse o governador. O governador disse ainda que é preciso eliminar todo discurso político e de viés ideológico da disputa pela vacina e que deseja ofertar uma “vacina segura, eficaz, com credibilidade e que permita a imunização de milhões de brasileiros”. Em meio a elogios ao instituto centenário e com um histórico de grandes nomes que passaram pelo Butantan, o diretor do instituto, Dimas Covas, apresentou informações sobre a produção da Coronavac, cuja capacidade será de até 1 milhão de doses por dia. Em um primeiro momento, no entanto, a vacina deve ser apenas envasada e rotulada no instituto. A fábrica para produção da Coronavac foi construída no espaço destinado ao antigo projeto de Hemoderivados do instituto, nunca completado e motivo de disputa entre o ex-diretor, Jorge Kalil, e o atual dirigente, Dimas Covas. O governo de SP solicitou ao Palácio do Planalto R$1,9 bilhão para a adequação da fábrica e compra das doses de vacinas. O pedido de dinheiro foi o estopim para que Bolsonaro se colocasse contra a produção do imunizante, que ele afirmou ser de origem “duvidosa” por ser fabricado na China. Os ensaios clínicos da Coronavac são atualmente conduzidos em três países no mundo: Brasil, Indonésia e Turquia. O Instituto Butantan afirmou que já foi atingido o número mínimo de casos para uma análise preliminar do imunizante, e deve divulgar os resultados em breve. A Indonésia disse que possui dados primários do seu ensaio, mas afirmou ainda não ser possível calcular uma eficácia para a vacina. Além da produção, o Instituto Butantan coordena os ensaios clínicos da vacina no país. Os dados desse ensaio devem ser apresentados à Anvisa nos próximos dez dias. Equipes da agência visitaram a fábrica da Sinovac, em Pequim, para avaliar as condições da fábrica. A construção e adequação da fábrica para produção da vacina em São Paulo contou ainda com a contratação de mais 120 técnicos, segundo o governador. O Butantan já fornece cerca de 20 vacinas e soros diferentes para o Ministério da Saúde todos os anos, com produção de 120 milhões de doses anual. Além de Dimas Covas e do governador de São Paulo, estavam presentes também o secretário estadual de saúde, Jean Gorinchteyn, e os integrantes do centro de contingência do coronavírus do estado, José Medina e João Gabbardo. Os especialistas criticaram ainda a fala do presidente Bolsonaro de que a pandemia estaria “no finalzinho”. Doria chamou de ""infeliz"" a colocação, e disse que a pandemia não está no finalzinho. João Gabbardo, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde sob Mandetta, disse que a previsão estava totalmente equivocada. ""O Brasil apresentou nos últimos dias, como não tinha há muito tempo, mais de 50 mil casos. Mais especificamente ontem foram 53.504 casos confirmados. Estamos chegando novamente próximos a mil óbitos diários. Essas previsões equivocadas [do presidente] terminam propiciando comportamentos inadequados da população. É absolutamente inapropriada e equivocada uma fala dessas"", completou. Colaborou Catia Seabra Fornecedores nacionais de equipamentos de refrigeração para hospitais e laboratórios dizem estar preparados para atender à demanda pelos congeladores especiais que serão necessários para armazenar as vacinas da Pfizer contra a Covid-19 se o Ministério da Saúde chegar a um acordo para adquirir o imunizante desenvolvido pelo laboratório americano. As ampolas com o produto precisam ser armazenadas a temperaturas de -70ºC até o momento da aplicação das doses. Segundo João Rapcham, presidente da Indrel, que vende ultracongeladores capazes de atingir temperaturas de -86ºC, a maior dificuldade não estará na armazenagem, mas no transporte das vacinas. A Pfizer disse ao Ministério da Saúde que dispõe de contêineres portáteis para distribuição das ampolas. Rapcham afirma que os fabricantes brasileiros teriam condições de fornecer os ultracongeladores durante a campanha de vacinação. “Não estamos falando de uma quantidade absurda de equipamentos, porque eles deverão ficar concentrados em alguns pontos estratégicos”, diz. Encomendas só poderão ser feitas depois que o Ministério da Saúde chegar a um acordo com a Pfizer e os detalhes forem conhecidos. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Carlos Lula, secretário do Maranhão, só cidades maiores que atuariam como centros de distribuição precisariam dos equipamentos. A empresa francesa Air Liquide, que atua no setor de gases industriais e é uma das maiores produtoras de gelo seco para refrigeração no país, diz que há mais de um mês discute internamente um plano de operação. A empresa avalia recorrer a turnos de 24 horas para atender a demanda se for necessário. Ricardo Balthazar (interino), com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Um dos grupos técnicos que trabalham na criação do plano nacional de vacinação contra a Covid-19 divulgou nota na noite desta quarta-feira (9), na qual manifesta “preocupação” com a falta de opções de vacinas e pede a negociação imediata para adquirir a Coronavac, parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac. A nota foi divulgada exatamente no mesmo dia em que o ministro Eduardo Pazuello afirmou ter um plano completo em mãos e que poderia até mesmo começar a vacinação, em caráter emergencial, neste mês. Na semana passada, o governo anunciou um plano preliminar que prevê quatro fases de vacinação. A primeira prevê vacinar cerca de 15 milhões de pessoas, sendo idosos, indígenas e profissionais da área de saúde. A nota divulgada nesta noite não é assinada, mas foi criada pelo grupo técnico do eixo epidemiológico do Plano Operacional da Vacinação Contra a Covid-19. Esse grupo tem entre suas atribuições, por exemplo, definir quais são as parcelas prioritárias da população para receber a imunização. Fazem parte, por exemplo, pesquisadores da Fiocruz, do Instituto Butantan, do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Saúde), Conasems (Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde), entre outros O principal argumento da nota é que a quantidade de doses com que trabalha o Ministério da Saúde não é suficiente para imunizar os grupos prioritários. “Considerando-se o fluxo de disponibilização de doses acordadas até o momento pelo governo federal em relação à vacina da AstraZeneca/Oxford, o grupo técnico assessor, reunido no dia 09/12/2020, vem a público manifestar sua preocupação em relação ao quadro atual”, afirma o texto O grupo pede a incorporação ao plano nacional de imunização de todas as vacinas que se mostrarem eficazes e seguras para a proteção da população contra a Covid-19, para que seja possível uma cobertura adequada no menor tempo possível. Além dos grupos já considerados prioritários, a nota afirma que há outros que deveriam ser incluídos, pois são também vulneráveis ao novo coronavírus. Destaca especialmente os quilombolas e populações ribeirinhas. “O formato precisaria ser o inverso. Nós [os especialistas] falarmos qual é a população que precisa ser considerada prioritária e então o Ministério garante a vacina para eles. E não o Ministério falar ‘a dose é essa’ e aí nós delimitamos quem é prioridade”, afirma Ethel Maciel, doutora em epidemiologia e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). Ethel Maciel integra o grupo técnico epidemiológico que atua com técnicos do Ministério da Saúde para a formulação do plano de vacinação. A professora participa como representante da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Maciel relata que causou incômodo a decisão do governo de retirar a população carcerária do grupo prioritário, que estava previsto para receber a vacinação na quarta fase do plano preliminar. Ela argumenta que os presos devem ser considerados prioritários, pois convivem em ambientes precários e sujeitos a diversas infecções e problemas de saúde. Também integrante do grupo técnico, como especialista, o pesquisador da Fiocruz Daniel Antunes Maciel Vilela afirma que o plano “poderia ser aperfeiçoado” para incluir outros grupos prioritários. “O ministério segue algumas de nossas orientações, mas precisamos há outros grupos prioritários que precisam ser incluídos, como os quilombolas”, afirma. O grupo técnico também pede o aumento da quarta fase do plano do governo, para a inclusão de mais trabalhadores essenciais. A nota lembra ainda que muitos países estrangeiros, como Alemanha, Canadá e Reino Unido já adquiriram quantidade de doses suficientes para atender toda a sua população. “Nos causa preocupação constatar que, até o momento, a única alternativa à vacina da AstraZeneca incluída no planejamento seja aquela ofertada pela Pfizer, justamente a que apresenta o maior desafio logístico para incorporação à estratégia nacional de vacinação por conta da cadeia de frio necessária”, afirma o texto. “Assim sendo, viemos solicitar ao governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, o esforço para que sejam imediatamente abertas negociações com o Instituto Butantan, que já teria condições de oferta de doses de vacinas, com outras empresas que trabalham com a vacina Coronavac e com outras vacinas candidatas em fase final de estudos de eficácia”, completa. Com a falta de definição do governo federal a respeito da vacinação, 11 estados brasileiros já iniciaram negociação com o governo de São Paulo para obter a Coronavac. O imunizante está em fase 3 de testes clínicos no Brasil. Procuraram o governo paulista para eventual compra da vacina Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul. O texto ainda afirma que um atraso na campanha de vacinação significa vidas perdidas e que é necessário utilizar a ciência para a tomada de decisões. O Ministério da Saúde foi procurado para comentar a nota às 20h30 desta quarta-feira, mas informou que não poderia atender a solicitação nesse horário pois sua área técnica já estava desmobilizada. Colaborou Igor Gielow, de São Paulo Já no início da pandemia de Covid-19, o mundo se mobilizou para produzir a aguardada vacina que colocaria um fim aos efeitos nefastos da doença pelo mundo. Surgiram anúncios das parcerias entre laboratórios e universidades, detalhes sobre as estratégias escolhidas e, com o passar do tempo, bastidores das competições políticas mundo afora (e Brasil adentro). Essa corrida chegou a sua reta final em dezembro de 2020, com pelo menos três vacinas já aprovadas por agências regulatórias importantes, como a FDA, a EMA (agência de medicamentos da União Europeia) e a OMS. Agora, em 2021, a vacinação avança em diversos países, incluindo no Brasil, como a única alternativa para acabar a pandemia. Na última sexta-feira (26), dois novos anúncios de candidatas a vacina brasileiras foram recebidos como mais uma luz no fim do túnel. O primeiro anúncio foi pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que propagandeou a primeira vacina 100% nacional e produzida pelo Instituto Butantan, a Butanvac. A Folha revelou que o desenvolvimento da vacina e os testes pré-clínicos foram feitos por pesquisadores do hospital Mount Sinai, em Nova York (EUA). O Butantan afirmou que usa a tecnologia do Mount Sinai e disse que tem licença para fazê-lo. Horas depois do anúncio da Butanvac, o governo federal convocou uma entrevista coletiva em que apresentou uma vacina desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP), o Versamune. O governo disse que pediu à Anvisa, na quinta-feira, autorização para começar os testes clínicos. Além disso, dezenas de outros imunizantes estão sendo testados, alguns em fase final. Estudos estão sendo concluídos, alguns países já aprovaram vacinas, governos começaram a divulgar seus planos de vacinação e imagens da imunização de idosos, os mais afetados pela Covid-19, já circularam pelo mundo. Neste momento, também surgem muitas dúvidas sobre as vacinas, como quem vai recebê-las primeiro e onde estarão disponíveis. Veja abaixo as principais delas —as respostas serão constantemente atualizadas. * Quais países já começaram a vacinar suas populações contra a Covid-19 e quais são as vacinas em uso? O Reino Unido se tornou, no dia 8 de dezembro, a primeira nação do mundo a aplicar uma vacina que passou por todas as fases de testes e foi clinicamente autorizada. O imunizante aprovado foi o desenvolvido pela farmacêutica americana Pfizer com a alemã BioNTech. Agora, mais de 130 países em todo o mundo já iniciaram suas campanhas de vacinação. Na grande maioria desses países, a vacina aprovada e em uso é a da Pfizer/BioNTech, que também recebeu sinal verde da OMS. Nos Estados Unidos e no Canadá, a vacina da empresa de biotecnologia americana Moderna também está sendo aplicada. Grande aposta do governo brasileiro, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford/AstraZeneca recebeu aprovação também no Reino Unido, na última semana de dezembro. Além da Grã-Bretanha, a vacina da AstraZeneca também recebeu aprovação para uso emergencial no último domingo (3) na Índia. O país asiático aprovou para uso emergencial também um imunizante fabricado localmente, a Covaxin, do laboratório Bharat Biotech. A imunização de grupos prioritários no país deve ter início na próxima quarta-feira, dia 13 de janeiro. A China aprovou, ainda em junho, uma vacina desenvolvida no país para uso estritamente militar e, em setembro, autorizou o uso emergencial da vacina Coronavac, da empresa Sinovac, para profissionais de saúde. Já a Rússia deu aval em agosto para a sua vacina Sputinik V, mas os imunizantes ainda estavam em fases de testes. A Sputnik V é também a escolha da Argentina e da Ucrânia para imunização de suas populações. Já no Oriente Médio, Emirados Árabes Unidos e Bahrein estão aplicando em sua população o imunizante da estatal chinesa Sinopharm. Quantas farmacêuticas já divulgaram os dados de eficácia, referentes à última fase de estudos, de suas vacinas? A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford tem eficácia de 70%, segundo estudo publicado na revista científica Lancet. O imunizante foi o primeiro no mundo a ter os resultados da terceira fase de testes em humanos publicados em uma revista científica. Os resultados da eficácia da Pfizer/BioNTech, de 95%, foram publicados depois, no dia 10 de dezembro, na revista científica New England Journal of Medicine. No mesmo periódico, o artigo comprovando a eficácia de 94,1% e a segurança da vacina da Moderna foi publicado no último dia do ano de 2020. Sputnik V (Rússia) e Sinopharm (China) publicaram dados de eficácia de 92% e 79%, respectivamente. A vacina Coronavac, fabricada pelo laboratório chinês Sinovac e, no Brasil, produzida pelo Instituto Butantan, teve diferentes eficácias reportadas nos ensaios conduzidos na Turquia e no Brasil, de 91% e 78%, respectivamente. Os dados do ensaio brasileiro foram divulgados na manhã desta quinta-feira (7), pelo Instituto Butantan. No caso da Turquia, o anúncio foi feito pelo governo, mas alguns fatores, com o número muito reduzido de participantes no estudo (1.322 pessoas, dez vezes menor do que os 13.000 participantes envolvidos no estudo brasileiro), podem ter influenciado a eficácia elevada. Em 2021, foi a vez de três novas companhias divulgarem seus resultados, entre elas a belga Janssen (Johnson & Johnson), com eficácia global de 72%, a indiana Covaxin (Bharat Biotech), com eficácia de 81% em análise preliminar, e a americana Novavax, com eficácia de quase 90%. Todas essas vacinas seguem os protocolos internacionais de segurança? Eles foram mantidos na pandemia? Sim. Embora o desenvolvimento das vacinas contra Covid-19 tenha ocorrido em um espaço curto de tempo (cerca de oito meses, desde o início das pesquisas pré-clínicas até a conclusão de ensaios clínicos de fase 3), todos os protocolos de segurança foram mantidos. As pesquisas puderam ser aceleradas, em parte, por plataformas tecnológicas desenvolvidas no passado, onde era necessário somente substituir o agente causador da doença a que se pretende proteger (no caso das vacinas genéticas da Pfizer e Moderna, era necessário apenas inserir o material genético do Sars-CoV-2), em parte pelo investimento pesado de diversos governos e empresas em todo o mundo para desenvolvimento das vacinas contra Covid-19. A novidade, impulsionada pelo contexto de pandemia em que o mundo se encontrou em 2020, foi tanto no meio de comunicação dos ensaios clínicos das vacinas, muitas vezes divulgados pelas próprias farmacêuticas ou governos, sem antes a publicação oficial dos dados em um periódico científico de prestígio, quanto nos procedimentos para aprovação e registro das vacinas no mundo. No caso do Brasil, até 2020, não havia, por parte da Anvisa, a possibilidade de registro para medicamentos e vacinas para uso emergencial no país. A exceção foi feita para poder acomodar as vacinas em fase final de testes no país, mas com conclusão de estudos e divulgação de eficácia em outros países onde o imunizante era também testado. As agências regulatórias da China e da Rússia foram as únicas a fornecer autorização para uso emergencial de vacinas sem antes a conclusão de ensaios ou divulgação de dados de eficácia, na contramão dos protocolos usuais. Alguma vacina contra a Covid-19 já recebeu autorização para ser usada no Brasil? Sim. Já estão em uso no Brasil as vacinas Coronavac e Covishield (Oxford/AstraZeneca), aprovadas para uso emergencial pela Anvisa em 17 de janeiro. A vacina da Pfizer foi a única a receber o registro definitivo, no último dia 23 de fevereiro. As demais vacinas agora que estão sendo analisadas pela agência para uso no Brasil são a Sputnik V, a Janssen e a Covaxin (Bharat Biotech). No último sábado, a Anvisa suspendeu o prazo de análise de pedido da Sputnik V por, novamente, ausência de dados no dossiê apresentado pela empresa União Química, parceira da vacina russa no país. Como tem avançado a vacinação no país? Até o momento, já foram aplicadas 15.504.363 doses das duas vacinas no Brasil, a Coronavac e a Covishield, equivalente a 9,6% da população adulta. Como ambas as vacinas precisam de duas doses para garantir proteção completa, a parcela da população que já recebeu duas doses e pode ser considerada completamente imunizada é de 2,92%. O Ministério da Saúde divulgou, inicialmente, quatro fases de vacinação contra a Covid-19, que vão atingir 109,5 milhões de pessoas, cerca de 51% da população do país. 1ª fase: Profissionais da saúde, idosos a partir de 75 anos, população indígena e quem tem mais de 60 anos e vive em asilos ou instituições psiquiátricas 2ª fase: Pessoas de 60 a 74 anos 3ª fase: Pessoas com doenças que elevam o risco de agravamento da Covid-19, como diabetes e doenças cardiovasculares 4ª fase: Professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional Depois de incluir a população privada de liberdade no anúncio oficial, o Ministério da Saúde a excluiu da 4ª fase. Já o plano do governo estadual de São Paulo tem cinco fases iniciais —outras deverão ser anunciadas posteriormente. 1ª fase: Profissionais de saúde e grupos vulneráveis como indígenas e quilombolas 2ª fase: Pessoas com 75 anos ou mais 3ª fase: Pessoas de 70 a 74 anos 4ª fase: Pessoas de 65 a 69 anos 5ª fase: Pessoas de 60 a 64 anos As clínicas particulares vão oferecer vacinas contra a Covid-19? A princípio, não. A prioridade é oferecer as vacinas na rede pública para grupos de risco. Representantes de algumas das principais fabricantes (como Pfizer, Janssen e AstraZeneca) ouvidos pela Folha afirmaram que, com o alto volume de demanda frente à produção, as negociações estão restritas aos governos neste momento. No início de janeiro, a ABCVac (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas) demonstrou interesse em adquirir 5 milhões de doses da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. A iniciativa levantou uma discussão sobre se a vacinação deve ser primeiro completada na rede pública, sem causar assim desigualdade, ou pode ser complementada pela rede privada, desafogando o sistema e auxiliando o governo com a aplicação de imunizantes que não estariam no radar do plano federal. Até o momento, não houve nenhuma conclusão de compra ou acordo por parte das clínicas privadas. Quais e quantas vacinas o governo federal já comprou? O Ministério da Saúde afirma que o país terá 560 milhões de doses neste ano. São 100,4 milhões de doses prontas da AstraZeneca/Universidade de Oxford, 160 milhões de doses dessa mesma vacina que serão produzidas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e mais 40,5 milhões do consórcio internacional Covax Facility. O governo agora conta também com cerca de 100 milhões de doses da Coronavac, produzidas pelo Instituto Butantan, para complementar essa demanda. Além disso, o governo fechou a compra de mais 168 milhões de doses de outras fabricantes: 100 milhões de doses da Pfizer, 38 milhões de doses da Janssen, 20 milhões de doses da Covaxin (Bharat Biotech) e mais dez milhões de doses da Sputnik V. E os governos estaduais, quais acordos já fecharam? O governo do estado de São Paulo fechou um acordo com a chinesa Sinovac, que desenvolve a vacina Coronavac. O estado deve ter 46 milhões de doses em janeiro —6 milhões chegarão prontas da China e o restante será formulado a partir de insumos chineses no Instituto Butantan. Depois devem chegar mais 15 milhões de doses até março. Quatro milhões de doses do imunizante devem ser disponibilizadas para outros estados. Onze estados do Brasil procuraram o governo estadual de São Paulo para negociar eventual compra da Coronavac: Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul. Paraná e Bahia também assinaram protocolos de intenções para a realização de testes e desenvolvimento da vacina Sputnik V, da Rússia. O governo baiano já anunciou, inclusive, a compra de 50 milhões de doses. Há alguma vacina que seja mais adequada para o Brasil? Especialistas afirmam que vacinas armazenadas em temperaturas de 2ºC a 8ºC são mais fáceis de serem distribuídas pelo país por poderem contar com a estrutura já construída para o Programa Nacional de Imunização. Mas cientistas e médicos dizem que nenhuma vacina pode ser descartada no momento e que adaptações rápidas poderiam ser feitas na rede para receber os imunizantes da Pfizer/BioNTech, que precisa ser guardado a uma temperatura de -70ºC, ou da Moderna, que precisa ser mantido a -20ºC. Vacinas que utilizam adenovírus humanos para transportar o material genético do Sars-CoV-2 também podem não ser boas opções para o país. Cerca de 70% da população brasileira tem anticorpos contra o adenovírus humano, o que poderia prejudicar a eficácia de um imunizante que usa esse mecanismo. O que significa uma aprovação emergencial da Anvisa? Até este ano, a Anvisa não previa a aprovação para uso emergencial de medicamentos ou vacinas no país. Com a pandemia da Covid-19, a agência anunciou que vai passar a conceder autorizações temporárias e emergenciais para as vacinas contra a Covid-19, como forma de acelerar o acesso. As vacinas com aprovação emergencial só podem ser usadas em um público-alvo definido, como os profissionais de saúde ou idosos, e não em toda a população. Também não podem ser comercializadas, ou seja, só podem ser aplicadas via SUS (Sistema Único de Saúde). As empresas que desejarem ter seus imunizantes aprovados devem dar entrada com o pedido de autorização de uso emergencial, especificando o público definido. Os técnicos da Anvisa avaliam risco-benefício do pedido, incluindo eficácia e segurança do fármaco, biotecnologia, boas práticas de fabricação e farmacovigilância. Uma exigência para pedir o uso emergencial é que a vacina esteja na terceira e última fase de ensaios clínicos. A autorização para uso emergencial não é permanente e pode ser retirada a qualquer momento pela agência, sempre que o risco superar os benefícios de seu uso. Por fim, a aprovação ou não do uso emergencial pela Anvisa atende a critérios técnicos, e não políticos, portanto a solicitação de autorização é feita à agência pelas farmacêuticas, e não pelo governo. Quem já teve Covid-19 precisará se vacinar? Ainda não se sabe, mas a imunidade fornecida pelas vacinas parece ser maior do que a proferida pela infecção natural. “Não sabemos ainda a extensão da presença desses anticorpos para proteger contra as reinfecções e também não é possível afirmar que as pessoas com anticorpos no sangue não deverão se vacinar. Ainda não temos essas certezas"", afirma Ester Sabino, epidemiologista e pesquisadora do Departamento de Moléstias Infecciosas e do Instituto de Medicina Tropical da USP. A vacina impedirá que as pessoas sejam infectadas com o coronavírus ou que desenvolvam sintomas da Covid-19? A eficácia de uma vacina é a capacidade de reduzir a chance de a pessoa se infectar, mas existem diferentes tipos de proteção, como prevenir infecção, impedir a manifestação dos sintomas ou ainda prevenir contra um quadro grave. As vacinas em fase final de ensaios clínicos e com resultados divulgados até agora foram eficazes em diminuir a proporção de casos sintomáticos da doença em até 95% (como o caso da Pfizer), e reduzir também os casos severos de Covid-19. No entanto, ainda não se sabe se as vacinas protegem contra a infecção viral em pacientes assintomáticos. Quais são os efeitos colaterais mais comuns das vacinas, de acordo com os testes? A vacina Pfizer/BioNTech, a primeira a concluir todas as fases de estudo, apresentou poucos efeitos colaterais nos testes clínicos. Os mais comuns foram reações no local da aplicação da injeção, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor nas articulações e febre. Efeitos graves foram raros e mais frequentes depois da segunda dose e menos comuns em adultos com menos de 55 anos. Após o início da vacinação em massa, em 8 de dezembro, a agência regulatória do Reino Unido (MHRA) comunicou o registro de duas reações alérgicas que podem estar associadas à aplicação da vacina Pfizer/BioNTech. Segundo a imprensa britânica, dois funcionários do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o NHS, tiveram os sintomas após receberem o imunizante. O jornal britânico The Guardian relatou que os dois funcionários carregavam dispositivos de adrenalina autoinjetável —usados para conter crises alérgicas—, o que sugere que eles possuem histórico de reações do tipo. Com o imunizante já aplicado em cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo até o momento, efeitos como a reação alérgica no Reino Unido tiveram baixa incidência. A vacina da empresa norte-americana Moderna também teve sua segurança comprovada, com o efeito mais comum sendo dor no local da injeção. Dois casos de inchaço facial relacionados à vacina foram reportados durante o estudo de fase 3, associados ao preenchimento facial. Tais efeitos são, no entanto, raros e tratáveis em cerca de 24 horas, segundo especialistas. Em relação à vacina da AstraZeneca, o imunizante demonstrou um perfil de segurança aceitável. Durante os ensaios clínicos, foram reportados três casos de reações mais graves, possivelmente neurológicos, e que ainda estão em análise e podem ou não estar relacionadas à vacina. Dados sobre efeitos das demais vacinas já em uso na população serão atualizados conforme sejam reportados. Há contraindicações para tomar a vacina contra a Covid-19? No final do ano passado, a agência regulatória do Reino Unido (MHRA) emitiu um alerta temporário ao Sistema Nacional de Saúde pedindo que pessoas com histórico de reações alérgicas graves a vacinas, medicamentos ou alimentos não recebam a substância enquanto conduz uma investigação sobre dois casos de reações alérgicas para entender os motivos das manifestações. A agência afirma que a vacina da Pfizer/BioNTech não possui substâncias de origem animal como ovo em sua formulação. Já em janeiro deste ano, alguns países da Europa suspenderam a vacinação com a vacina da Oxford/AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos devido à baixa incidência dessa população nos testes clínicos, alegando que não havia dados suficientes sobre eficácia nesta faixa etária. Apesar disso, o grupo que aconselha a OMS aprovou o uso da vacina nessa faixa etária, e a aplicação voltou a ser feita em quase todos os países, embora alguns ainda optem por usar outros imunizantes nessas pessoas. Recentemente, alguns relatos de eventos de trombose venosa profunda na Europa em indivíduos vacinados com a vacina da Oxford fizeram com que autoridades de 19 países decidissem novamente pela suspensão do imunizante. No entanto, a incidência dos casos foi menor do que a verificada na população normal e não foi comprovada relação com o imunizante. Os países, com exceção da Noruega e Dinamarca, voltaram a aplicar a vacina da Oxford em suas populações. Em relação a outros grupos que não contemplados nos estudos clínicos, por ora, a OMS não recomenda a aplicação da vacina contra Covid-19 em grávidas e lactantes, mas também não faz contraindicação. O primeiro estudo feito com essa população acabou de ser publicado no periódico científico American Journal of Obstetrics and Gynecology, e demonstrou a capacidade das duas vacinas de mRNA, a da Pfizer/BioNTech e da Moderna, de induzir resposta imune tanto em grávidas quanto lactantes, e a sua segurança. Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito? Segundo relatório da FDA (agência regulatória dos EUA) sobre a vacina Pfizer/BioNTech, a única que já foi aprovada no mundo após a conclusão dos testes, houve redução do risco de Covid-19 logo após a primeira dose e ao menos sete dias depois da aplicação da segunda dose —há um intervalo de 21 dias entre cada uma delas. A vacina também reduz o risco da doença grave logo depois da primeira dose. Esse último dado é importante, já que havia a preocupação de que a vacina só prevenisse casos leves e moderados. Dá para confiar numa vacina produzida em um tempo tão curto? Sim. Para serem aplicadas na população, as vacinas precisam passar por testes de segurança, e essa avaliação continua sendo rígida mesmo na pandemia. Além disso, por mais que a vacina específica contra a Covid-19 tenha sido desenvolvida em menos de um ano, um tempo recorde, as tecnologias-base usadas para os imunizantes já estavam em desenvolvimento há muito tempo. A ideia e a técnica por trás da vacina de Oxford e da AstraZeneca, por exemplo, já tinham sido descritas em 2012, em artigo na revista Plos One, diz, em publicação em rede social, Ricardo Parolin Schnekenberg, pesquisador da Universidade de Oxford. A imunização em questão usa um adenovírus modificado de chimpanzés, o ChAdOx1 (acrônimo de Chimpanzee Adenovirus Oxford 1), para levar para dentro das células humanas o material genético que produz a proteína S, que fica na superfície do novo coronavírus e tem papel importante na invasão das células. No interior do corpo, o ChAdOx1 induz as células a produzirem somente a proteína S (de “spike” ou espícula), que, por ser um objeto estranho, ativa o sistema imune humano. Dessa forma, quando a infecção real pelo Sars-CoV-2 ocorre, nossas defesas já têm o manual correto de como localizar e desarmar a Covid-19. O trabalho na Plos One, inclusive, já cita o ChAdOx1 e fala que os adenovírus estão entre as ferramentas mais promissoras no universo das vacinas. Além disso, o grupo de Oxford já estava trabalhando com uma doença parente da Covid-19, a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Outros fatores que ajudam a explicar a velocidade de desenvolvimento da vacina, além do conhecimento acumulado sobre as plataformas de imunização, são o fluxo concentrado de investimentos das nações mais ricas do mundo e a agilidade das agências regulatórias para aprovarem o início dos testes, considerando a urgência mundial. A turística Florianópolis, que vê na temporada de verão uma de suas principais fontes de receita, começou esta semana com quase todos os leitos públicos de UTI ocupados: 98,51%. No Rio de Janeiro, também destino de férias, o percentual chegou a 92%. São oito, nesta semana, as capitais brasileiras com mais de 80% de lotação nos leitos públicos de UTI para a Covid-19, segundo levantamento da Folha com governos estaduais e prefeituras de todos os estados. Em meados de novembro, eram seis as capitais com pacientes graves com coronavírus ocupando mais de 80% dos leitos. Como Rio e Florianópolis, também capitais nordestinas visadas por turistas no verão preocupam, caso de Recife, com 87% dos leitos de UTI com pacientes internados, e Natal, com 92,9%. Ainda estão na lista Porto Alegre, Curitiba, Vitória e Campo Grande. Diante da alta de internações, estados querem proibir festas de fim de ano e restringir funcionamento de bares e restaurantes. Em Santa Catarina, a ocupação cresceu de 75,66%, no último levantamento, para 86,5%. Com exceção do extremo oeste, o estado todo está classificado na cor vermelha, que significa risco gravíssimo para a doença. “Era um cenário esperado. A dinâmica da Covid-19 mostra que quando há aumento muito grande de casos, isso é acompanhado por aumento de casos que evoluem para a forma grave e severa da doença, que precisam de UTI. Isso a Covid-19 já tinha nos ensinado no mês de maio”, diz Fabrício Augusto Menegon, chefe do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De acordo ele, a capacidade de resposta para disponibilizar novos leitos de UTI não é a mesma vista no pico anterior, em julho. Em nota, a Secretaria de Saúde de Florianópolis diz que ""o número de infectados aumenta a probabilidade de casos graves, sendo maior a probabilidade de ocupação de leitos de UTI"" e que é a capital com a menor letalidade do país para a doença. No Rio, a fila de espera por leitos vem crescendo. Havia 252 pessoas aguardando por um leito de UTI na rede pública no estado nesta segunda, o dobro do registrado cerca de duas semanas atrás. A pior situação é na capital, onde 92% das vagas estão preenchidas e a demanda ultrapassa a capacidade do sistema. A lotação reflete uma redução da oferta de leitos nos últimos meses. O único hospital de campanha que sobrou foi o da prefeitura, já que a gestão do governador afastado Wilson Witzel (PSC) fechou todas as suas unidades. Agora, com o novo colapso na saúde, foi anunciada a abertura de vagas. Tanto o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) quanto o governador em exercício Cláudio Castro (PSC) indicaram que não vão restringir serviços e têm insistido no argumento de que a testagem em massa, a fiscalização de eventos e a abertura de leitos são medidas suficientes para conter a pandemia. Nos hospitais gaúchos, a ocupação das UTIs alcançou 81,7%. A maior parte do estado está classificada em bandeira vermelha, que representa risco alto para Covid-19. Apenas uma região, de Taquara, está classificada como laranja, de risco médio. Em Porto Alegre, a ocupação média chegou a 87,18%. No final de semana, a Guarda Municipal de Porto Alegre e a Brigada Militar, a PM gaúcha, dispersaram aglomerações em bairro como Cidade Baixa e Moinhos de Vento, conhecidos por seus bares. No Paraná, a taxa de ocupação de leitos de UTI subiu de pouco mais de 55% para 87% em três semanas. A preocupação em torno da estrutura hospitalar, que, segundo o governo, está no limite, gerou novas regras para tentar conter o avanço da pandemia. Há toque de recolher das 23h às 5h e os servidores voltaram a trabalhar remotamente. A situação mais preocupante continua em Curitiba, em que 94% das UTIs estão ocupadas. Nesta segunda-feira (7), restavam 17 vagas para adultos. Na sexta, a prefeitura baixou regras mais rígidas de circulação. Aos domingos, o comércio, incluindo shoppings e supermercados, só pode funcionar para entregas. Na região metropolitana de Curitiba, já há registros de falta de leitos. Pacientes estão sendo encaminhados para hospitais do interior, onde ainda há vagas. No estado de São Paulo, a ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 passou de 43% há três semanas para 57% nesta terça, apesar de terem sido disponibilizados 204 novas vagas. Na capital paulista, a taxa subiu de 52% para 64% —todos os números representam a média móvel dos sete dias até as datas citadas. No Nordeste, Recife e Natal apresentam as maiores taxas de ocupação de UTIs. Em Pernambuco, 87% das 839 vagas reguladas pelo governo estadual estavam ocupadas nesta segunda. A última vez que o índice havia chegado a este foi no dia 15 de junho. Dez novos leitos foram abertos na última semana. Com a situação, o governo de Pernambuco anunciou proibição de festas de Natal e Réveillon em hotéis, clubes e condomínios, assim como shows e festas, pagas ou não. No Rio Grande do Norte, a taxa de ocupação dos leitos regulados pelo governo estadual saltou de 42% para 65% no período, enquanto a oferta de vagas caiu de 203 para 197. No maior hospital em Natal, o Giselda Trigueiro, restavam apenas 5 leitos vagos em UTI; 21 abrigavam pacientes graves. Na região metropolitana de Vitória, onde estão 338 leitos, a taxa chega a de 84,6%. “De fato vivemos uma segunda expansão da pandemia no estado”, disse, em redes sociais, o médico Nésio Fernandes de Medeiros Júnior, secretário estadual de saúde. Mato Grosso do Sul, que vinha em situação confortável, vive agora uma explosão de internações, saltando de 29% para mais de 80% de leitos de UTI ocupados. Na capital Campo Grande, com 84% de UTIs ocupadas, a prefeitura teve que contratar vagas do setor privado. No estado vizinho, Minas Gerais, o total de ocupação de leitos é de 63,9%. Na capital, Belo Horizonte, a prefeitura proibiu consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes a partir desta semana. Na Bahia, a ocupação dos leitos chegou a 79% nesta segunda em meio ao que o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, afirma ser uma segunda onda de casos da Covid-19 no estado. O crescimento do número de casos fez o governo do estado e prefeituras endurecerem medidas para evitar a disseminação da doença. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), proibiu a realização de shows e festas em estabelecimentos comerciais, independentemente do número de participantes. Também reiterou que festas de Réveillon estão proibidas. No Ceará, a ocupação chegou a 73% nessa terça-feira (8). O estado tem ampliado a oferta de leitos de acordo com o aumento da demanda –atualmente são 310 leitos de terapia intensiva disponíveis para Covid-19, mas o estado já chegou a ter três vezes mais. No Norte, o Amazonas vivem um aumento de casos novos de Covid-19 nas últimas semanas, com reflexo no aumento das internações. A lotação em 82% no mês passado levou o governo a abrir 11 novos leitos exclusivos nas últimas semanas, o que ajudou a reduzir a taxa de ocupação para 74% na capital. O Amazonas não possui leito de UTI em nenhum dos 61 municípios do interior. No entanto, desde o dia 1º de dezembro o governo reabriu bares e casas noturnas, mediante restrições, e duas semanas antes já tinha autorizado a reabertura de flutuantes. No Amapá, estado que recentemente viveu um apagão elétrico, a ocupação de UTIs públicas, adulto e pediátrica, com casos de Covid-19, é de 78,7%. Segundo o boletim do dia 2 de dezembro, o mais recente no site da Secretaria Estadual de Saúde do Amapá, o estado chegou a 802 mortes registradas em decorrência da doença no dia 26 de novembro. A situação é mais controlada em estados do Nordeste como Alagoas e Maranhão, do Norte e também no Centro-Oeste, apesar de a maioria registrar alta de internações desde o último mês. Terceiro colocado na corrida à Prefeitura de São Paulo, Márcio França (PSB) indicou em entrevista à Folha que tenta atrair o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para sua órbita e a do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que foi aliado do ex-governador na eleição paulistana e é presidenciável para 2022. ""Se o Kassab faz um movimento como esse, rumo ao Ciro, seria importante"", disse ele, incluindo na costura de um eventual projeto nacional o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). França, que é tido como negociador habilidoso e se descreve como alguém pragmático, revelou ainda ter expectativa de ganhar como colega no PSB o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). Para o ex-governador, Bruno Covas (PSDB) foi para o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL) e venceu porque preencheu um espaço de ""meio"" (ou ""miolo"") que ele almejava ocupar. * Que balanço faz do seu resultado? Claro que, quando a gente entra, quer ganhar. Consolidei um espaço importante na capital, que eu não tinha. Consegui encontrar uma espécie de um ""segundo meio"", porque o meio estava ocupado pelo Bruno, que era o favorito para ir ao segundo turno, e o meu eleitor é desse lugar, não é de uma das pontas. Por que o sr. não foi para o segundo turno? Os tucanos primeiro tentaram cravar o [Celso] Russomanno [como adversário] e, quando viram que ele não se segurou, foram em busca de uma segunda alternativa, o Boulos, que foi uma presa fácil. Sabiam que, se eu fosse para o segundo turno, seria um desastre para eles, entraria no eleitorado de todos os lados. Aponta algum erro da sua campanha? Olha, na análise eleitoral pós-eleições, tudo fica meio óbvio. Evidentemente, a doença [câncer] em uma pessoa jovem, a valentia do Bruno foram fatores importantes e o consolidaram no miolo. Aí o meu espaço de miolo ficou ocupado. Se eu ficasse jogando só com as posições de esquerda, eu não conseguiria. [Ficaria] como da outra vez, aquela história de Márcio Cuba. Seu encontro com Jair Bolsonaro em agosto teve algum impacto? A política exige uma certa maleabilidade, até porque no segundo turno você precisa fazer movimentos. Na outra eleição, eu tive uma policial na vice. Ela era bolsonarista. O sr. saiu de 3,3 milhões de votos no segundo turno na capital em 2018 para 728 mil neste ano. Essa comparação conduz a um equívoco, porque no segundo turno as pessoas não votaram em mim. Votaram contra o Doria. O voto não era meu. Tinha um fato nesta eleição que era real, é que eu não tinha uma vida consolidada em São Paulo. O sr. apostou novamente na retórica anti-Doria. Enquanto houver um Doria, haverá um anti-Doria em São Paulo. E hoje eu estou consolidado [nesse papel], não é alguém do PT nem do Bolsonaro. Além da sorte, o Doria tem outras qualidades. É determinado, obstinado, acorda cedo. Ele não tem é sensibilidade social. E não entende nada de administração pública. Mas vai sendo empurrado pelo PSDB, que é uma máquina. Ele sai consolidado desse processo, pronto para 2022. Ele, o Ciro e o Bolsonaro. Concorda com a leitura de que Boulos saiu como líder de peso na esquerda? Foi uma passagem positiva, mas serviu muito mais individualmente, porque ninguém pode supor que o PSOL vá ter uma candidatura a presidente da República competitiva. Quando chegar ao interior, em Araraquara, em Fernandópolis... E se ele consolidar a frente de esquerda que quer construir? O problema de frente... É igual à história da Marta [Suplicy]. Todo o mundo fala em frente, desde que seja o líder da frente. Ao declarar neutralidade no segundo turno, o sr. disse que não aceitava empurrões. De quem? Do PDT? Não, do PDT não. Havia uma coisa assim: tem que ser com o Boulos. Mas por que eu tenho que apoiar o Boulos se ele há dois anos não declarou voto em mim? Eu não tinha razão para fazer esse movimento. O que me encanta são desafios. Você sai de uma eleição e começa outra. E como você vai depois chegar e falar que apoia o Boulos lá em Piracicaba? Se eu já era [considerado] de esquerda lá, você calcula o Boulos. Tenho um histórico de convivência partidária, mas eu não tenho esse perfil de mais radical. O eleitor mais jovem, universitário, me acha muito pragmático. Quer uma opção mais romântica. Eu não disputo para ir para segundo turno, disputo para ganhar. Eu não era candidato a ser líder de esquerda. Ficou algum atrito com seu partido, cuja direção nacional orientou apoio a Boulos? Não. Temos uma relação muito antiga. Eles me respeitam bastante, sabem que os meus movimentos têm a ver com sobrevivência eleitoral. O momento estava para candidatos mais ao centro e mais experientes. Eu estava certo nessa análise. E, no meu caso, se não sou candidato, eu desapareço, porque não tenho um partido grande. Seu futuro é ser candidato a governador em 2022? Com essa posição, o meu nome está colocado, é sempre um player aqui no estado. Não tem muita alternativa. O partido não tem outra figura que esteja à disposição. É claro que a ideia é disputar. O meu nome, se fizerem pesquisa hoje, vai estar lá. Mas eu posso sair a governador, a vice-governador, a senador, não sair a nada. A eleição de governador é determinada pelas circunstâncias das eleições nacionais. Como estão as costuras? Suponha que saia uma chapa tipo Kalil presidente da República, com Cid Gomes [senador do PDT e irmão de Ciro] vice, por exemplo. Aí acerta Pernambuco, acerta Ceará, entra São Paulo, e pronto, já está feito um enquadramento. É um eixo [possível]. O Kassab joga um papel importante aí. E há um papel importante agora que vai ser jogado pelo Flávio Dino, que eu sinto que está de mudança. Para o PSB? Acho que sim. Sou muito amigo do Flávio. Ele é brilhante. Foi o melhor deputado que eu conheci em Brasília. O movimento dele vai ser o mais importante dos próximos dias. O PC do B está com um problema [com a cláusula de barreira]. Ou eles migram para algum canto ou vão ser diluídos. Quem saiu vitorioso desta eleição, na sua opinião? Foram três grandes vitoriosos. O Kassab botou uma candidatura em São Paulo sem chamar muita atenção [Andrea Matarazzo] e sem brigar com ninguém. E foi muito bem no estado e no Brasil. Ele é um player nacional relevante, está descolado do centrão. O Doria é um vitorioso pela sorte. E o Ciro tem uma persistência cívica. No Nordeste, a junção PSB-PDT teve bons resultados. Além disso, percebo o Kalil como uma estrela em ascensão, é ligado ao Kassab e amigo do Ciro. Vejo nisso aí uma certa chance, um certo alinhamento. Se o Kassab faz um movimento como esse, rumo ao Ciro, seria importante. Sinto que o Kassab não tem simpatia pela engenharia PSDB-DEM. Conheço o jeitão dele. Ele não tem nada a ver com o Doria também. Ele é rival do DEM. O sr. tem falado com PDT, Kassab, PC do B, Solidariedade, Avante. Conversou também com Boulos e Geraldo Alckmin. Sobre o quê? O Boulos eu cumprimentei. Foi um desempenho bacana para um rapaz novo. O Alckmin me ligou para me cumprimentar. Disse: 'Olha, eu fui terceiro colocado [na disputa para prefeito em 2008] e saí disso para governador'. Quem é mais preparado para ser presidente: Doria ou Bolsonaro? Não sei o que vai acontecer... Do ponto de vista ideológico, o Bolsonaro é mais radical, né? O Doria é um adversário perigosíssimo também para o próprio Bolsonaro. É mais cara de pau, né? O Doria vai se abraçar no Lula, não tenha dúvida, se precisar ele vai se agarrar no [Nicolás] Maduro. Ele não tem nenhum problema com isso, é bem pragmático. E qual dos dois é mais preparado? Difícil, né? Acho ambos despreparados. O Bolsonaro é mais sincero, mais autêntico. O Doria é um moço mais elaborado, fala duas ou três línguas, estudou. A gente vai fazer todo o possível para que tenhamos mais opções. O Ciro é um player hoje relevante. A persistência cívica dele é admirável. É um cara preparado. E Luciano Huck, é viável? É um nome simpático para todo o mundo. Agora, e qual é a disposição real? Porque, na hora em que você tem que assinar a ficha e se filiar, é difícil, né? Você é uma certa unanimidade, no dia seguinte passa a não ser. Em dezembro de 2018, em entrevista à Folha, o sr. disse que, se o modelo de extremos daquela eleição falhasse, a política seria convocada. Já chegamos a este momento? Sim. Esse movimento estreou na eleição de 2020, mas vai desaguar com muito mais força na próxima, porque a crise social não vai diminuir, vai aumentar. Em São Vicente, seu berço político, como fica a sua situação após a derrota de seu cunhado Pedro Gouvêa (MDB)? O Kayo [Amado, eleito pelo Podemos] foi quem mais lutou para ser prefeito. Mas é uma cidade muito difícil, um teste de fogo. O orçamento é baixo e a população depende muito do serviço público. É claro que o ideal é ganhar, né? O Pedro fez um trabalho tecnicamente correto. Pegou a cidade destruída. Se eu ganho a eleição de governador, teria uma série de facilidades. Com o Doria, foi o contrário: cortou os convênios, dificultou. Nada que não fosse previsível. Márcio Luiz França Gomes, 57 Formado em direito, foi oficial de Justiça antes de entrar na política como vereador e duas vezes prefeito de São Vicente (1997-2004). Sempre filiado ao PSB, teve dois mandatos como deputado federal (2007-2015). Em 2014 se elegeu vice-governador na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). Assumiu o governo em abril de 2018, com a renúncia de Alckmin para concorrer à Presidência. Disputou a reeleição contra João Doria (PSDB) e perdeu no segundo turno (por 52% a 48%). Neste ano, ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo, com 728.441 votos (13,64%), tendo Antonio Neto (PDT) na vice O número de médicos atuando no Brasil mais do que dobrou nas últimas duas décadas, chegando a um total de 500 mil profissionais. No entanto a distribuição dos médicos segue desigual no país, com a maior parte deles se concentrando nas capitais e cidades grandes e de médio porte. A região Sudeste sozinha concentra mais da metade de todos os profissionais do país. Os dados fazem parte do estudo Demografia Médica no Brasil, organizado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), em parceria com a Faculdade de Medicina da USP. Os resultados foram divulgados na tarde desta terça-feira (8). O aumento no número de médicos nos últimos anos fez com que o país atingisse o índice de 2,38 profissionais por mil habitantes. Para efeitos de comparação, há 40 anos, o índice era de 0,94. Esse crescimento, porém, não atingiu todas as regiões brasileiras. De maneira geral, os profissionais ainda estão concentrados nas capitais, em cidades de grande ou médio portes e nas regiões mais próximas do litoral. ""As desigualdades que persistem na distribuição dos profissionais são evidentes, não importa se comparadas as grandes regiões do país, as unidades da federação, a capital e o interior de um mesmo estado ou grupos de municípios segundo estratos populacionais"", afirma o estudo. Os dados mostram que o Sudeste é a área de atuação de 53,2% de todos os médicos brasileiros. Por outro lado, o Norte, que concentra 8% da população brasileira, tem apenas 4% do total de médicos que atuam no Brasil. Os médicos brasileiros também atuam preferencialmente em cidades grandes ou de médio porte. As 48 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes têm 62,4% de todos os profissionais do país, embora concentrem 31,7% da população. Dentre as capitais brasileiras, algumas apresentam uma proporção de médicos de países desenvolvidos, como Vitória e Florianópolis, que têm mais de 10 profissionais por mil habitantes —respectivamente 13,71 e 10,68. No outro extremo, estão na Região Norte as capitais menos atendidas pelos médicos. Macapá e Rio Branco contam, respectivamente, com 1,77 e 1,99 profissionais por mil habitantes. Em relação a estados, com razão de 1,07, e o Maranhão, com 1,08, continuam sendo as unidades da federação com menor número de médicos em relação à população. O estudo, no entanto, ressalta que pela primeira vez o índice de médicos em nenhum estado ou capital se mostrou inferior a 1. Outro recorte também aponta que há uma grande disparidade entre a oferta de médicos, quando se comparam os índices das capitais e das cidades do interior —mesmo dentro do mesmo estado. ""Moradores de municípios do interior de todos os nove estados do Nordeste contam com um ou menos médicos por mil habitantes. Na região Norte, cinco dos sete estados estão na mesma situação"", afirma o texto. Outra disparidade diz respeito à comparação entre áreas urbanas e rurais. O estudo mostra que as áreas rurais fora de região metropolitana têm proporção baixa, 0,59 por mil habitantes. Essas áreas somam 26.123 médicos para 15 milhões de pessoas. Os dados também apresentam um perfil dos médicos brasileiros. Em comparação com as edições anteriores, nota-se que os profissionais estão mais jovens e as mulheres, cada vez mais ganhando espaço. Atualmente, 53,4% dos médicos são homens, enquanto que 46,6% são mulheres. As médicas representam uma fatia maior dos profissionais mais jovens. No entanto, novamente, a distribuição por regiões mostra grandes diferenças dentro do país. No estado de Alagoas, as mulheres representam 51,6% de todos os médicos. O índice também está acima de 50% no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Por outro lado, no Amapá, as mulheres representam 37,7% de todos os profissionais da área. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou em reunião virtual com governadores de estado que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve demorar 60 dias para aprovar o uso de qualquer vacina contra a Covid-19. Num encontro tenso, ele bateu boca com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre o que o tucano qualificou de falta de interesse do governo federal na Coronavac, o imunizante chinês que será formulado e também produzido pelo Instituto Butantan. Motivo de discórdia na reunião, o prazo de 60 dias é previsto nas normas da Anvisa, informa a agência. O artigo 18 da Resolução da Diretoria Colegiada cita a ""avaliação da solicitação de registro do medicamento pela Anvisa em até sessenta dias após a submissão, com emissão de notificação de exigência ou parecer conclusivo"". A agência buscou agilizar o processo, com o método de submissão contínua, na qual os laboratórios enviam os documentos aos poucos e não de uma única vez ao final. No entanto, o prazo máximo para a análise continua o mesmo, legalmente. Doria e o Jair Bolsonaro (sem partido) duelam politicamente acerca do manejo da pandemia, minimizada pelo presidente, disputa que agora chegou à etapa ""guerra da vacina"". Pazuello não especificou se falava da análise para uso emergencial, que é restrito apenas a alguns grupos como profissionais de saúde, ou sobre o registro definitivo da vacina. O ministro falava do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford, para o qual o governo federal aprovou um gasto de R$ 1,9 bilhão para a importação e produção local na Fiocruz. Com isso, quis justificar o criticado prazo dado pelo governo para o início da campanha de inoculação, em março de 2021. Disse que os ensaios da fase 3 da vacina, que estão sendo refeitos devido a erro de dosagem na análise preliminar, devem estar concluídos até o fim deste mês. ""Aí a Anvisa, dentro de sua responsabilidade, vai precisar um tempo. Gira próximo a 60 dias"" para aprovar, disse o ministro. Mas afirmou que isso valia ""para qualquer vacina"". No Reino Unido, o fármaco da Pfizer começou a ser usado em regime de emergência nesta terça (8), menos de um mês após ter seus estudos protocolados na agência de vigilância local. Pressionado por Flávio Dino (PCdoB-MA), Pazuello afirmou que não irá deixar de estudar a compra da Coronavac se houver demanda para isso. Mas ressaltou que ""a Anvisa ainda aguarda o resultado da fase 3"". ""Fatos são outras coisas"", afirmou, confirmando a negociação de compra de mais 70 milhões de doses do imunizante da americana Pfizer, dos quais 8,5 milhões podem estar disponíveis no priemiro semestre. Ele contabilizou já ter no plano 300 milhões de doses ao fim de 2021, somando as 160 milhões da vacina da AstraZeneca e 42 milhões por meio do consórcio internacional Covax Facility. Doria estima que os resultados da fase 3, que já atingiu número mínimo de infectados para estabelecer sua eficácia, estejam prontos até o dia 15. Em sua intervenção, o tucano questionou Pazuello se o governo federal favorecia as duas marcas ocidentais por uma questão política ou ideológica. O general não respondeu diretamente, mas questionou a fala do tucano, que apontou o investimento federal em dois imunizantes que não têm aprovação da Anvisa ainda, assim como a Coronavac. ""Não houve um centavo para o Butantan"", disse. O tucano apontou para o fato de que a União já desembolsou R$ 803 milhões dos R$ 2,5 bilhões que prometeu colocar na Covax Facility —que tem acesso a nove vacinas em desenvolvimento, incluindo a da Pfizer, mas não à Coronavac. Além disso, o governo federal anunciou investimento de R$ 1,9 bilhão no imunizante da AstraZeneca, que tem como vantagem custar US$ 3,75 a dose, ante US$ 10 das vacinas da Covax e US$ 10,3 da Coronavac. O ministro provocou Doria, que na véspera apresentara um plano de imunização com início de 25 de janeiro: ""Tentar acelerar é justo, mas não podemos abrir mão de segurança e eficácia. Nós é que seremos responsabilizados por nossos atos"", afirmou. Além disso, afirmou: ""Não é com o Butantan, é com todas as vacinas"". Houve réplica do tucano, e o general subiu o tom também. ""Não sei como o senhor fala tanto que ela é do estado. Ela é do Butantan"". E repetiu que ela seria estudada se houver ""demanda e preço"". O mal-estar já estava dado no começo da fala de Doria, que havia pedido a palavra já antes do início do encontro sem sucesso e questionou se estava sendo censurado por Pazuello. O general então aquiesceu, após os outros mandatários cederem a vez ao tucano. A rixa entre São Paulo e a Anvisa, comandada por um almirante bolsonarista, já havia ficado explícita quando a agência suspendeu os testes da Coronavac sem avisar o Butantan, patrocinador do estudo com 13.500 voluntários no Brasil. Participam do encontro presencialmente os governadores Wellington Dias (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN), Paulo Câmara (PSB-PE) e Gladson Cameli (PP-AC). Outros governadores acompanham o encontro por videoconferência. Os chefes de governo estadual cobram um plano nacional de imunização. Ao chegar no Planalto, Cameli disse que não é viável esperar até março para a vacinação dos brasileiros. ""Se os países da Europa começaram agora [a vacinar], esperar até março não tem justificativa. Por isso que eu estou dizendo: estou vendo plano B e C para que, caso necessite comprar e se tiver quem venda, eu consiga fazer esse processo"", declarou. Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou um plano preliminar de vacinação, que previa quatro fases. Embora não estipulasse datas, pessoas com conhecimento do assunto adiantaram que o início da imunização seria em março. O plano prevê na primeira fase a imunização de idosos a partir de 75 anos —ou com mais de 60 anos, desde que vivam em asilos— indígenas e profissionais da área da saúde. Essa parcela da população representa em torno de 15 milhões de pessoas. Já o plano paulista prevê imunizar 9 milhões de janeiro a março, numa primeira etapa que inclui todos com mais de 60 anos. Cameli disse ainda que deve se reunir na quarta (9) com autoridades do governo de São Paulo para tratar de uma parceria para a aquisição da Coronavac. Dias, do Piauí, usou o caso de São Paulo, que apresentou na segunda um calendário próprio de vacinação, para afirmar que o plano de imunização precisa ser nacional. “Se um estado começar isoladamente a fazer vacinação, o Brasil inteiro vai correr pra lá. Vai ter uma situação gravíssima. Tem que se pensar em um plano nacional”, afirmou. Dias defendeu a inclusão de todas as vacinas no plano nacional, sem nenhuma restrição de nacionalidade. Após a reunião com Pazuello, governadores também afirmaram que ganharam apoio do ministério para a aplicação da lei 13.979, que prevê a liberação de vacinas aprovadas em outros países. A legislação prevê um rito acelerado para a autorização para uso no Brasil de uma vacina ou medicamento caso já haja aprovação nas agências regulatórias de China, Japão, Estados Unidos e União Europeia. Caso uma dessas agências aprove uma imunização, a Anvisa teria um prazo de 72 horas para apresentar motivos contrários ou então aceitar o seu uso no Brasil. Após aprovação da legislação no Congresso, Bolsonaro vetou a proposta. No entanto, os parlamentares derrubaram o veto presencial na sequência. ""[Tivemos a] garantia de múltiplas vacinas, de variados laboratórios. As vacinas autorizadas por um processo interno direto da Anvisa e também com vacinas que estejam autorizadas em outros países, conforme a lei aprovada pelo Congresso Nacional"", disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). ""Ou seja, uma vacina reconhecida por uma agência da comunidade europeia, temos a informação de que deve ser aprovada a Pfizer pelo FDA [a agência americana], a agência americana ou de outras agências reguladoras, assim reconhecida na lei, terão um processo também célere. Ou seja, 72 horas para a validação da Anvisa, aprovadas autorizadas diretamente pela Anvisa ou validadas pela Anvisa, entram no portfólio de validação do Brasil"", afirmou. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), ingressou na segunda-feira com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) solicitando que o estado seja autorizado a criar seu próprio programa de vacinação e a adquirir imunizantes estrangeiros que tenham sido aprovados em outro país. ""Ingressei ontem com ação judicial no Supremo. Objetivo é que estados possam adquirir diretamente vacinas contra o coronavírus autorizadas por Agências sanitárias dos Estados Unidos, União Europeia, Japão e China. Com isso, estados poderão atuar, se governo federal não quiser"", escreveu em rede social. A publicação, no entanto, aconteceu antes da reunião dos governadores com Pazuello, na qual os governadores afirmam terem conseguido o apoio do ministro para uma aprovação do tipo. A Anvisa, por sua vez, divulgou nota em que diz que cabe à agência analisar e autorizar as vacinas no país, mesmo considerando a recente legislação e que as autorizações emergenciais concedidas em alguns países estrangeiros não se enquadram na mencionada lei. A agência informou que pode decidir por autorizar ou não autorizar a entrada do produto no país. A nota afirma que procede a informação de que a autorização será concedida automaticamente se a Anvisa não se manifestar dentro do prazo de 72 horas. No entanto, a Anvisa afirma que é necessário um registro da vacina nas agências internacionais, e não apenas uma autorização para uso emergencial como a obtida pelo Reino Unido, que começou a vacinar sua população. O Ministério da Saúde foi procurado, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem. O Brasil apresenta crescimento de 22% na média móvel de mortes pela Covid-19, em relação ao dado de 14 dias atrás, com 603 óbitos. É o maior valor desde o início de outubro. Nesta segunda-feira, foram registrados 426 novos óbitos pela Covid-19 e 25.123 casos da doença. Com isso, o país chegou a 177.388 óbitos e a 6.628.065 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Aos domingos, segundas-feiras e feriados os dados relativos à pandemia costumam ser menores, por atrasos de notificação nas secretarias de saúde. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 603, o que representa crescimento de 22% em relação a 14 dias atrás, um cenário de crescimento de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte, Nordeste e Sul apresentam aumento da média móvel de mortes. O Sudeste também tem aumento de 7%, mas tal crescimento configura uma situação de estabilidade. O Centro-Oeste também está em situação de estabilidade. Acre, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins têm aumento da média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Piauí estão em situação de estabilidade. Já segundo o boletim do Ministério da Saúde o Brasil registrou nas últimas 24 horas 376 novas mortes em decorrência da Covid-19, nesta segunda-feira (7). Com os novos números, o país chega agora a um total de 177.317 óbitos. Também nas últimas 24 horas, foram registrados 20.371 novos casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, elevando o total de pessoas que contraíram a doença para 6.623.911. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O consumo de chá de casca de madeira Carapanaúba, cipó saracura jambu e um tipo de formiga aumentou neste ano na região conhecida como Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas. As comunidades indígenas que vivem naquela parte da Amazônia, onde o Brasil faz fronteira com a Venezuela e a Colômbia, acreditam que a infusão, tomada contra a gripe e outras doenças, é a maior proteção diante da Covid-19. Mas os moradores dali sabem que, caso o tratamento natural falhe contra o coronavírus, os infectados com sintomas graves podem recorrer à ajuda da medicina tradicional “do branco” sem precisar se deslocar de barco por horas até um centro urbano. Desde o primeiro caso de Covid no fim de abril no Alto Rio Negro, que tem cerca de 26 mil indígenas de 23 etnias, 1.993 pessoas foram infectadas e 13 morreram, pelos dados oficiais. Número baixo se comparado com o de terras indígenas com proporção similar de casos da doença —como a do Alto Solimões, com 35 óbitos e 1.997 infectados. Além da pajelança com infusão de ervas e banhos, os indígenas das 750 comunidades da região contaram com a ONG Expedicionários da Saúde (EDS), que há 18 anos faz atendimento médico no local. Para que essa população pudesse ter acesso a oxigênio nos casos mais graves, sem precisar se deslocar à cidade e aumentar as chances de contrair o vírus, a entidade instalou 18 enfermarias de campanha, batizadas de UAPIs (Unidades de Atendimento Primário Indígena). No total, a iniciativa “S.O.S Povos da Floresta - Missão Covid-19” instalou 262 UAPIs em 300 localidades, fornecendo mil concentradores e 182 cilindros de oxigênio, 10 mil kits com medicamentos e suprimentos hospitalares. A EDS replicou a ação em outros nove estados: Acre, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A ONG também forneceu treinamento sobre Covid-19 à distância para profissionais de saúde dos distritos sanitários. “Implantamos uma solução em rede, olhando para a Amazônia indígena como um todo”, conta Ricardo Affonso Ferreira, 63, presidente da Expedicionários da Saúde. Na Amazônia, diz ele, não adianta mandar equipamentos se não ensinar como usá-los. “Tem que mandar de chave de fenda a gerador e ter planos de ação levando em conta as dificuldades de cada local.” A iniciativa, segundo o ortopedista, mostrou aos médicos que há novas maneiras de compartilhar conhecimento. “Colocamos profissionais de diferentes lugares para trocar informações e foi riquíssimo”, diz. Ele montou a EDS após excursão ao Pico da Neblina, localizado em terra ianomâmi, em 2002. Na pandemia, o transporte de toda a estrutura foi feito por caminhões, barcos e aviões e contou com voluntários do Exército, da Força Aérea e do Ministério da Saúde. Luis Francisco Macedo, 59, chefe de operações da ONG, coordenou a logística de guerra. Ao perceber que o poder público ia demorar para agir, era preciso correr contra o relógio. “Já sabíamos o que precisava ser feito e não dava para esperar”, diz ele, que é piloto aposentado. “Se pedisse licença [ao governo] para começar a se mexer, não ia rolar. Preferi pedir desculpas depois.” A maior dificuldade, segundo Macedo, foi comprar equipamentos, já que a demanda era altíssima. Foram pessoalmente a fornecedores explicar a emergência na Amazônia e conseguiram o essencial. Ele conta que a tática de fazer primeiro e depois perguntar também foi adotada em relação aos recursos. Enquanto não recebiam respostas para os pedidos de doação, usaram o dinheiro que já havia em caixa para as primeiras compras. “Houve organizações famosas que nem olharam nosso projeto, que pensaram ‘quem são esses quatro caipiras malucos pedindo dinheiro pra ontem?’.” Foram fazendo até entrarem as primeiras grandes doações da Avaaz [maior comunidade mundial de ativistas online] e da Pfizer. Ao final, captaram R$ 7,7 milhões. Na linha de frente estavam ainda Marcia Abdala e Sérgio de Cerqueira Leite, os outros dois coordenadores da missão. Marcia, 53, diz que o coletivo é o que move a entidade, assim como parcerias e voluntários essenciais para pôr a Missão Covid-19 de pé. “Sozinhos não teríamos conseguido fazer tudo o que fizemos.” Cerqueira Leite foi o idealizador da primeira ação na pandemia antes das enfermarias em terras indígenas: a construção de um hospital de campanha em Campinas (SP), onde fica a sede da EDS. Com a expertise em montar estruturas hospitalares na Amazônia para a realização de cirurgias de pequeno e médio porte, eles construíram um hospital de 122 leitos onde 596 pacientes foram internados entre maio e agosto. A entidade havia atuando fora da Amazônia após o terremoto no Haiti em 2010. Ao mesmo tempo em que o hospital e as enfermarias eram instaladas, a ONG trabalhava em uma terceira frente: a adaptação de máscaras de mergulho para servirem de respiradores reutilizáveis. No total, 1.871 unidades do equipamento foram distribuídas em 64 hospitais em 17 estados. Para Ferreira, nas crises surgem as oportunidades. A EDS desenvolve novos projetos a partir da experiência na Missão Covid. “Assim como nas guerras, aprenderemos com a pandemia”, diz. “Este momento reforça que solidariedade é questão de sobrevivência.” *  Vote e/ou doe para esta iniciativa na Escolha do Leitor até 30 de abril em folha.com/escolhadoleitor2021. Pela quarta vez, José de Filippi Júnior (PT), 63 anos, assumirá o comando de Diadema (ABC), cidade emblemática por ser a primeira prefeitura conquistada pelo seu partido, ainda em 1982. Na última semana, o também ex-deputado e ex-secretário municipal da Saúde na capital paulista contou à reportagem, por telefone, quais desafios espera para os próximos quatro anos, como viu a ascensão de novas lideranças de esquerda, a derrota do seu partido nas capitais e aquilo que, no seu entender, foi o maior erro do PT nas últimas duas décadas. ""A gente produziu muito mais consumidores do que cidadãos. Aumentando a renda das pessoas, o acesso à educação, à saúde, a gente considerou que o povo, naturalmente, teria a consciência de que esse era um caminho por decisão política. E não foi isso que aconteceu”, disse. Veja os principais trechos da entrevista. Agora - De que forma pretende lidar com as dificuldades provocadas pela pandemia? Filippi - Vamos buscar preparar a nossa equipe da saúde para uma ação mais efetiva, eficaz, para atender a população. Muitos moradores de Diadema estão tendo que procurar o serviço de saúde fora da cidade. Minha primeira atitude será preparar a nova equipe da saúde para que ela possa dar essa segurança, assistência, dentro do protocolo, dentro daquilo que existir em termos de orientação das autoridades sanitárias, do governo estadual. Estamos pensando em montar uma espécie de comitê municipal com infectologistas, técnicos que possam orientar e validar as atitudes que estamos tomando, porque é uma doença muito traiçoeira. Infelizmente, Diadema passou já das 500 mortes, é um número muito acima da média de letalidade. A senhor prevê que tenhamos a pandemia afetando a gestão dos municípios por mais tempo? Pelo menos, uns três meses. Por tudo que estamos ouvindo e recebendo informações, essa nova onda pode ter um pico, uma situação mais grave no fim de janeiro. Portanto, um mês depois da posse. Vamos torcer para que tenha a vacina. Nesse comitê que pretendemos fazer, gostaria de convidar o Gonzalo Vecina Neto, outros profissionais. Temos infectologistas da Faculdade do ABC, Unifesp, para que a gente possa ter segurança enquanto gestor, enquanto prefeito, de a nossa equipe de saúde dar o respaldo. Esperamos que, em janeiro, continue também o auxílio emergencial, porque são muitas famílias que recebem em Diadema. Se, de fato, o governo federal interromper essa transferência de recurso, como está ameaçando, vamos ter uma situação muito mais agravada de alimentação, de condições de sobrevivência mesmo. Do ponto de vista da saúde, Diadema tem uma situação bastante delicada, com imóveis muito próximos uns dos outros, muitas casas sem ventilação adequada. Essa questão social dificulta o combate ao coronavírus? Isso é fato. Diadema tem a maior densidade demográfica do estado de São Paulo, a segunda maior do Brasil. São mais de 13 mil habitantes por quilômetro quadrado. Isso, de fato, comprova essa questão que você levanta. Identificando as pessoas com sintomas da doença, precisamos garantir um afastamento. Em muitas famílias vulneráveis, moram cinco, seis pessoas num único lugar. A disputa em Diadema foi muito acirrada no segundo turno e a cidade é um símbolo da história do PT, por ser a primeira administrada pelo partido. Para o senhor, o que significa retomar a prefeitura? Todas as eleições em Diadema foram muito disputadas e a disputa revela que, se tem uma oposição forte, fomos mais fortes que a oposição para conseguir vencer. Ainda existe muito presente na sociedade esse outro vírus, o vírus do anti-PT. Muito além, muito mais forte do que os problemas, erros e condições que o PT teve. Nossos erros são muito menores do que a imagem que foi construída em cima disso, não tenha dúvida. A rejeição está diminuindo, essa imagem de um anti-PT, diminuiu muito de quatro anos para cá, tanto que conseguimos fazer cinco vereadores e, da outra vez, três. Na outra eleição, não fomos nem para o segundo turno e nesta ganhamos também o primeiro turno. Está ocorrendo a recuperação da força política, da imagem. A outra condição muito forte é que estamos em sintonia com o que a população quer, que é ver na política um exercício, um espaço de melhoria de suas condições de vida. Aqui, o nosso triunfo tem a ver com a volta de uma esperança e de uma prática de política para melhorar a vida das pessoas. Esse tipo de campanha, pautada no “feijão com o arroz”, das necessidades básicas das pessoas, poderia servir de exemplo para o PT em outros lugares? A gente gostaria que essa recuperação do terreno político do PT se desse com mais força agora em 2020, de cidades que conheceram e conhecem as políticas que o PT exerceu. Para nós, não deixa de ser uma frustração. Guarulhos teve uma política muito boa do Elói Pietá, políticas do PT que melhoraram a vida das pessoas. O Luiz Marinho foi um bom prefeito aqui em São Bernardo do Campo. Temos vários exemplos. Candidatos que já tinham mostrado sua capacidade de gestão e que não foram conduzidos novamente ao cargo. Meu adversário teve 30 mil votos no primeiro turno e chegou a 100 mil no segundo. Não foi pela força dele, mas pela força do discurso anti-PT. Infelizmente, o processo de reconstrução e de reinserção do PT nesses municípios vai ser ao longo de um tempo maior. Mas acredito plenamente nisso, porque as políticas que nós praticamos, que fazem parte de um legado, vão se impor muito mais do que um ataque ao partido. Embora ainda exista, vai perder terreno na comparação concreta das coisas. “Quero um prefeito que resolva meu problemas na área da saúde, educação, transporte”. Resolve os problema que a população sente no dia a dia. O meu desafio será esse, de fazer nesses quatro anos o melhor governo que já fiz. Ao analisar a ascensão do PT ao governo federal até o que veio na sequência, com o partido ficando agora, por exemplo, sem nenhuma capital, qual a mudança de rota teria feito? Falhamos em não explicitar e não fazer com que a população reconhecesse as conquistas dos 12 anos [Lula e Dilma, no governo federal]. Foram conquistas que vieram por decisão política. A gente produziu muito mais consumidores do que cidadãos. Aumentando a renda das pessoas, o acesso à educação, à saúde, a gente considerou que o povo, naturalmente, teria a consciência de que esse era um caminho por decisão política. E não foi isso que aconteceu. Pelo que estamos vendo, vai ser um caminho mais longo para que o povo possa reconhecer que o salário mínimo cresceu nos 12 anos de PT por decisão política. E, por decisão política, agora ele está parado. Não vai ter aumento real. Não tem mais direitos trabalhistas, foram retirados muitos deles e o desemprego aumentou. Foram congelados recursos para a saúde e para a educação, e isso é um absurdo. Daqui a 20, 30 anos, quando se escrever a história lá na frente, as gerações futuras vão dizer “não é possível, como esses caras acharam que era uma lei boa não ter investimento por 20 anos?” Condenar duas gerações futuras por uma decisão tão estúpida como essa. Ao invés de ter uma justiça fiscal, cobrando impostos de quem tem mais patrimônio, heranças, para financiar políticas a públicas. Qual autocrítica o senhor faz? A minha autocrítica é de não identificarmos e conscientizarmos a população de que aquelas conquistas eram políticas. A maneira de politizar essa agressão ao PT... É uma coisa que sempre falo, “vocês não gostam do PT, não gostam do Lula, querem destruir a gente, façam melhor. Ponham o salário mínimo para andar mais rápido, mais recursos para a saúde e a educação”. Mas não... Eles atacam a reputação do PT, com casos que foram localizados. Para cada Antonio Palocci [ex-chefe da Casa Civil e ex-ministro do governo Lula], tenho 10 Elói Pietá [ex-prefeito de Guarulhos], tenho 10 Fernando Haddad [ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação]. Problema de gente que teve comportamento que manchou a nossa imagem tem que ser tratado como isso. Para nós, é preciso ficarmos mais alerta, prestarmos mais atenção no combate à corrupção. O PT sempre teve instrumentos para isso. O senhor diria que faltou despertar consciência de classe, então? Tem a ideologia neoliberal, de o sujeito achar que conquistou as coisas pelo próprio mérito. Poxa, está estudando em uma escola federal, que foi trazida pelo governo do Lula. A escola não tinha antes, foi uma decisão política do governo do PT. Deveríamos ter tido mais cuidado com a comunicação. O governo do Lula foi o governo que mais fechou rádios comunitárias, [o que é] uma contradição. Temos que democratizar os meios de comunicação, não concentrar nas mãos de seis, oito famílias que fizeram esse conluio de falar “pau no PT, pau no Lula”, e conquistaram, de forma manipulada, muitos corações e mentes. Qual o papel do Guilherme Boulos nessa engenharia política? Vejo com esperança, como indicação positiva, o surgimento de novas lideranças fora do PT, mas no nosso campo da esquerda. É muito bem vinda essa ascensão, esse crescimento do Guilherme Boulos. O governador do Maranhão, Flavio Dino (PC do B), com os indicadores que tem mostrado, um trabalho fantástico de promoção de justiça social. A Manuela d'Ávila (PC do B), apesar de não ter vencido, teve uma votação expressiva. É uma coisa muito necessária para a sociedade brasileira, até por conta dessa polarização PT e anti-PT, que nasçam outras lideranças políticas que têm identidade conosco na construção de um país mais justo, com mais igualdade, com mais acesso da população aos bens materiais e culturais. Que nasçam e floresçam. Vejo com muito otimismo. Como o senhor vê o resultado na capital paulista, principalmente? O saldo para o PSOL e para o Guilherme Boulos é altamente positivo. Ele não teve vitória eleitoral, mas teve vitória política. Incontestável. O PSOL, antes, era o partido dos 2% nas eleições majoritárias. Dessa vez, ele chegou a 40% no maior colégio eleitoral do país, conquistou a prefeitura em Belém, disputou em outras cidades, fez uma bancada de vereadores importante, quando quase não tinha. Significou um crescimento concreto do ponto eleitoral e político. Vamos ver o que vai acontecer com o Bruno Covas (PSDB). Ele se elegeu agora em uma situação muito parecida com o [Gilberto] Kassab (PSD), que era vice do [José] Serra (PSDB). Fez, depois, um segundo mandato que não esteve à altura do primeiro, tanto que foi reprovado. Como juntar forças para promover o desenvolvimento regional tendo os prefeitos das duas maiores cidades do ABC, Santo André (Paulo Serra) e São Bernardo do Campo (Orlando Morando), administradas por outro partido, o PSDB? O desenvolvimento regional vai unir os sete prefeitos, não tenho dúvida disso. Vamos ter o mesmo objetivo. Teremos outra postura, por exemplo, como teve com a [saída da] Ford. A região crescendo, todas as cidades se beneficiam. Agora, vivemos a ameaça de a Volkswagen ir embora para uma cidade do Paraná. Imagine o desastre que seria. Vamos ter que ter atitudes efetivas e simbólicas, como no caso das grandes montadoras, e reforçar cadeias produtivas como a do plástico, cosmético, metal mecânico, eletroeletrônico, tecnologia, embalagem, alimentação... Naturalmente, está acontecendo uma desconcentração industrial. A tendência é que as indústrias migrem para o interior de São Paulo, que está ficando cada vez mais pujante, ou para outros estados. Mas aqui nós temos mão de obra especializada, proximidade do porto. Temos que tirar as vantagens vocacionais e históricas do ABC para não deixar o mercado resolver. Se o mercado resolve, vai resolver contra nós. Temos que estar juntos para que a região cresça e todo mundo possa se beneficiar. Vai ter diferença daqui a dois anos, quando eu vou apoiar alguém para presidente, do PT ou da esquerda, e o Orlando Morando, provavelmente, vai apoiar o João Doria (PSDB). Sou muito entusiasta do trabalho que o consórcio [Intermunicipal Grande ABC] pode e vai fazer. Vai prevalecer uma posição muito mais madura de união de forças, muito mais do que disputas que vão acontecer daqui a dois anos. Combate às enchentes, questão da saúde, transporte metropolitano, nós temos que estar juntos. Vamos botar pressão em cima do Orlando Morando ou do Paulo Serra, que são ligados ao governador. O governador, se tem pretensões a ser presidente, que ele resolva. Vamos extrair disso benefícios para a população, como melhorar o transporte, fazer com que o corredor da Metra [ABD] se transforme em BRT, outras ligações de metrô para o ABC, possibilidade de bilhete único integrado com a EMTU, Metrô e CPTM. São coisas que nos unem. Qual a marca que pretende deixar na prefeitura? Quero, se Deus quiser, depois desses quatro anos, que Diadema tenha um serviço de saúde que possa ser referência para o SUS e até nacional. Fazer uma atenção básica resolutiva, com tecnologia ajudando a população, o Quarteirão da Saúde voltando a funcionar, um atendimento hospitalar adequado para o adulto e para a criança. Nas três vezes que fui prefeito, a prioridade foi a saúde e será novamente. Temos também segurança e geração de emprego. Vamos buscar ter muita criatividade. Tendo ou não a manutenção do auxílio emergencial, a questão da geração de emprego é uma prioridade, buscando indústria, pequeno empreendedor. O Brasil registrou 660 mortes pela Covid-19 e 41.748 casos da doença, neste sábado (5), em mais um dia com número elevado de contaminação. Com isso, o país chegou a 176.641 óbitos e a 6.576.699 de infecções pelo novo coronavírus desde o começo da pandemia. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 579, o que representa crescimento de 21% em relação a sete dias atrás —um cenário de aumento de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. O Sul é a região do país com maior aumento na média móvel (+72%). Mas só o Centro-Oeste teve queda. Os estados com crescimento da móvel de mortes são: Acre, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Já segundo o boletim do Ministério da Saúde, divulgado neste sábado, o Brasil registrou 664 novas mortes em decorrência da Covid-19. O país chega agora a um total de 176.628 óbitos desde o início da pandemia. O boletim do ministério também mostra que 43.209 pessoas contraíram a doença nas últimas 24 horas. Com isso, o total de casos confirmados subiu para 6.577.177. Um total de 5.761.363 pessoas se curaram da Covid-19. O estado de São Paulo segue o mais afetado pelo novo coronavírus, com um total de 42.969 mortes causadas pela Covid 19. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (23.099 mortes), Minas Gerais (10.283), Ceará (9.693) e Pernambuco (9.140). O Brasil registrou 674 mortes pela Covid-19 e 47.435 casos da doença, nesta sexta-feira (4), em mais um da com número elevado de contaminação. Com isso, o país chegou a 175.981óbitos e a 6.534.951 de infecções pelo novo coronavírus desde o começo da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 569, o que representa crescimento de 5% em relação a 14 dias atrás, um cenário de estabilidade de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte, Nordeste e Sul apresentam crescimento da média móvel de mortes, em relação ao dado de 14 dias atrás. Sudeste e Centro-Oeste estão em estabilidade. Acre, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe têm aumento da média móvel de mortes. Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Piauí, São Paulo e Tocantins estão em estabilidade quanto ao dado. Com isso, somente Alagoas, Goiás e Rio de Janeiro (que enfrenta situação crítica de contaminação e lotação de hospitais) apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 84 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (278.417), e o Reino Unido (60.714), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 85,2 e 91,4 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (97,4), país com 58.852 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 108.173 óbitos, tem 85,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112,8. O país tem 36.076 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 139.188 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 88,8 mortes por 100 mil habitantes (39.512 óbitos). Já o boletim do Ministério da Saúde, divulgado na noite desta sexta-feira (4), aponta que o Brasil registrou 694 novas mortes em decorrência da Covid-19. O país chega agora a um total de 175.964 óbitos desde o início da pandemia. O boletim também mostra que 46.884 pessoas contraíram a doença nas últimas 24 horas. Com essa acréscimo, o total de casos confirmados subiu para 6.533.968. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) criou um novo indicador de desigualdade no Brasil, o Índice Brasileiro de Privação (IBP), que será lançado pelo instituto na semana que vem. Com ele, foi possível elaborar uma espécie de ranking de qualidade de vida das cidades do país e constatar mais uma vez o abismo existente entre as regiões. Com dados do último Censo, realizado em 2010 pelo IBGE, a Fiocruz agregou três áreas para a elaboração do ranking: educação, renda e condições de moradia da população, como saneamento. E, entre as 1.000 melhores cidades brasileiras em IBP, apenas 4 são do eixo Norte-Nordeste. A cidade de São Vendelino, no Rio Grande do Sul, foi eleita a primeira colocada. O top-10 tem mais sete cidades da região Sul. Westfália-RS é a vice-líder, Balneário Camboriú-SC fica em quarto, e do sexto ao décimo lugar estão Dois Irmãos-RS, Tupandi-RS, São José do Hortêncio-RS, Pomerode-SC e Blumenau-SC. As outras duas cidades entre as dez primeiras colocadas são de São Paulo: São Caetano do Sul (3ª) e Águas de São Pedro (5ª). A região Nordeste só vai ter uma cidade na lista na 641ª colocação do ranking: a ilha paradisíaca de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Entre os mil primeiros, ainda estão duas capitais nordestinas: Salvador (885ª) e Aracaju (989ª). O Norte, por sua vez, só tem um representante entre os mil primeiros lugares. É a capital do Tocantins, Palmas, no 755º posto. Na região, em seguida, estão Belém (1.298º), do Pará, e Gurupi (1.361), também no Tocantins. Já o Centro-Oeste tem como melhor cidade Goiânia, capital de Goiás, na 274ª colocação. Brasília, capital federal, está logo atrás, em 283º. Entre as capitais estaduais, a melhor colocada é Curitiba, em 20º. Logo depois vem Florianópolis, em 34º. Porto Alegre está em 63º lugar. São Paulo é a número 225 do ranking. O município do Rio de Janeiro aparece melhor, em 205º. O estado carioca tem como seu melhor representante a cidade de Niterói ( 85º lugar). Por outro lado, entre as dez piores colocações estão dez municípios do Norte-Norteste, sendo três no Maranhão (Belágua, Marajá do Sena e Fernando Falcão), três no Amazonas (Ipixuna, Itamarati e Atalaia do Norte), um no Pará (Melgaço), um no Piauí (Massapê do Piauí), um na Bahia (Pedro Alexandre) e um em Alagoas (Traipu). O IBP funciona como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU, mas focado em analisar a desigualdade em pequenas áreas. ""Isso é importante porque existe uma lacuna no Brasil de uma medida que olhe com mais cuidado a esses locais"", disse Maria Yury Ichihara, vice-coordenadora do Cidacs (Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde), da Fiocruz, e pesquisadora principal do estudo. Ela explicou que o próprio IDH mede a desigualdade no Brasil a nível municipal, mas não chega no setor censitário, pegando bairros e pequenas regiões. ""Esse índice foi criado vendo que existe essa lacuna e que não temos um indicador que focalize a análise da desigualdade em pequenas áreas"", disse Ichihara. Para realizar o estudo, os pesquisadores contaram com apoio e financiamento da Universidade de Glasgow, que tem tradição em medir desigualdades sociais. Assim, a Fiocruz define o índice como a primeira medida de privação capaz de classificar os diferentes territórios brasileiros em nível de setores censitários. O IBP foi calculado tendo por base indicadores de privação nos domínios de renda, escolaridade e condições de domicílio. O instituto explicou que o índice permite mensurar as desigualdades sociais no Brasil e auxiliar autoridades, pesquisadores e cidadãos na avaliação de políticas públicas. Segundo a Fiocruz, o IBP consegue capturar a privação de toda população, tem ampla cobertura e permite correlação com outros indicadores socioeconômicos. ""O IBP representa um avanço por permitir avaliações com maior nível de precisão de uma série de políticas públicas, nos âmbitos da saúde, da educação, da habitação, saneamento básico, entre outros"", diz a fundação. Na prática, pesquisadores, gestores, técnicos de área de planejamento e gestão, profissionais de saúde, sociedade civil organizada e população geral podem explorar o IBP para o monitoramento e avaliação de desigualdades sociais no Brasil. Depois que lançado, o IBP será uma ferramenta capaz de avaliar o cumprimento de metas de políticas públicas, bem como a saúde dos beneficiários de programas de assistência social, como o Bolsa Família e o Casa Verde Amarela (substituto do Minha Casa Minha Vida). O painel vai estar disponível para acesso no website Cidacs/Fiocruz Bahia a partir do próximo dia 10 de dezembro. 1ª - São Vendelino (RS) 2ª - Westfália (RS) 3ª - São Caetano do Sul (SP) 4ª - Balneário Camboríu (SC) 5ª - Águas de São Pedro (SP) 6ª - Dois Irmãos (RS) 7ª - Tupandi (RS) 8ª - São José do Hortêncio (RS) 9ª - Pomerode (SC) 10ª - Blumenau (SC) O Brasil registrou 776 mortes pela Covid-19 e 50.883 casos da doença, nesta quinta-feira (3). Com isso, o país, chegou a 175.307 óbitos e a 6.487.516 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 544, o que representa um cenário de estabilidade de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte e Sul apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Nordeste e Sudeste estão em situação de estabilidade, e o Centro-Oeste está em queda. Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes. Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Roraima, São Paulo e Tocantins estão em estabilidade. Os demais quatro estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 83,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (275.550), e o Reino Unido (60.210), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 84,3 e 90,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (96,1), país com 58.038 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 107.565 óbitos, tem 85,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112,8. O país tem 36.076 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 138.648 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 88,3 mortes por 100 mil habitantes (39.305 óbitos). O Brasil chegou a 175.270 mortes em decorrência da Covid-19, de acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (3). Nas últimas 24 horas, foram registrados 755 novos óbitos no país. No mesmo período, também houve 50.434 novos casos confirmados da Covid-19, elevando o total para 6.487.084 A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 669 novas mortes pela Covid-19 e 48.107 casos da doença, nesta terça-feira (2). Com isso, o país chegou a 174.531 óbitos e 6.436.633 de infecções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 533, redução de 9% em relação a 14 dias atrás, o que representa um cenário de estabilidade de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte e Sul apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. O Nordeste se encontra em situação de estabilidade. Centro-Oeste e Sudeste apresentam queda. Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes em relação há 14 dias. Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul estão em situação de estabilidade. Os demais estados estão em queda da média. O Brasil tem uma taxa de 83,5 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (272.820), e o Reino Unido (59.796), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 82,6 e 90 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (94,4), país com 57.045 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 106.765 óbitos, tem 84,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112,4. O país tem 35.966 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 138.122 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 87,5 mortes por 100 mil habitantes (38.928 óbitos). Já o boletim do Ministério da Saúde, divulgado nesta quarta-feira (2) aponta que O Brasil registrou 698 novas mortes em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas. O país agora contabiliza um total de 174.515 óbitos em decorrência da doença. Foram também registrados nesse período 49.863 novos casos de infecção pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, houve 6.436.650 casos confirmados. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Em decisão consultiva nesta terça-feira (1º), o Colégio de Presidentes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) votou favoravelmente à paridade de gênero e a cotas raciais de 15% nos órgãos da entidade. O percentual inicial de 15% deverá ser avaliado posteriormente, a partir de um censo da advocacia. Caso o entendimento se mantenha no Conselho Federal, órgão máximo da Ordem, as regras já devem valer nas eleições de 2021 para chapas e cargos de direção da OAB. Em meio a intensa pressão da advocacia feminina nas redes sociais, a reunião dos 27 presidentes das OABs estaduais começou pela manhã e se estendeu até a noite. A reunião foi realizada de maneira híbrida, contando com participações virtuais e presenciais. Da diretoria da OAB Nacional, que é composta por cinco integrantes, o único que não compareceu presencialmente à sessão desta terça-feira foi o presidente nacional da Ordem, Felipe Santa Cruz. Ao longo da sessão, houve a tentativa de condicionar a aprovação da paridade de gênero à realização de um plebiscito com toda a advocacia, e a aprovação da cotas raciais à realização de um censo da advocacia. As propostas foram barradas. O resultado favorável à paridade de gênero, com aplicação já nas próximas eleições, foi definido com o voto de minerva de Santa Cruz. Isso porque a votação acerca da necessidade de um plebiscito estava empatada em 13 a 13, com uma abstenção. Já a cota racial aprovada significou uma redução pela metade em relação à proposta inicial de 30% —a de 15% foi apresentada durante a reunião desta terça-feira. Havia também uma outra proposta de proporcionalidade racial, segundo a qual a composição das chapas deveria refletir de maneira proporcional a composição racial da advocacia de cada estado. Apesar de a decisão ser consultiva, como ela envolve os 27 presidentes das seccionais da OAB, a votação é vista como representativa do que deve ser o posicionamento do Conselho Federal, que é ó órgão responsável por deliberar sobre o tema e que conta com 81 conselheiros, três de cada estado. De acordo com números da OAB, dos 81 conselheiros titulares da atual gestão, 61 são homens e 20 são mulheres. Há no momento, entretanto, 23 conselheiras federais em exercício, devido a cadeiras que foram assumidas por suplentes. Do ponto de vista racial, apenas um dos conselheiros federais é autodeclarado negro e não há nenhuma mulher negra. Para os que consideravam a possibilidade de que a implementação de cotas raciais ficasse condicionada a um censo (que não se sabe quando ficaria pronto), a aprovação de cotas de 15% válida para as próximas eleições já é vista como positiva. No entanto, parte da advocacia negra ouvida pela reportagem considera o percentual irrisório. Para Maíra Vida, advogada e conselheira estadual da OAB-BA, o fato de a votação não ter aprovado a percentagem de 30% ""é uma demonstração de como o racismo institucional se manifesta de forma explícita e sob o manto de neutralidade e isenção"". Ela questionou também o fato de que foi cogitada a necessidade do censo para definir as cotas, já que o intuito da reserva é garantir a presença de negros frente à quase totalidade de pessoas brancas, que já ocupam a maior parte dos espaços decisórios da entidade, independentemente de haver um censo. ""Não se pode pretender vincular uma ação afirmativa de cotas para advocacia negra à realização de um censo racial, como chegou a ser arguido na sessão plenária de hoje, porque é o mesmo que presumir que brancos são a maioria da categoria profissional e não são racializados, quando são, sim, e seguem reiterando isso com a manutenção de um pacto narcísico da branquitude, como Cida Bento [diretora-executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades] denuncia"", afirmou. Um dos argumentos que reforçam a campanha por paridade de gênero na entidade são os números: as mulheres já são praticamente 50% da advocacia brasileira. Já a composição racial permanece uma incógnita, apesar de reivindicações por um levantamento já ocorrerem há alguns anos. Vale ressaltar que as propostas de cotas não têm relação com o sistema de aprovação no Exame da Ordem (requisito para atuar na advocacia). Elas se referem somente às chapas ou diretorias que comandam a entidade nos estados e nacionalmente. Na sessão desta terça-feira, votaram a favor da paridade de gênero com aplicacão imediata Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Votaram contra a aplicação imediata, condicionando a paridade à realização de um plebiscito, Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Roraima, Sergipe, Tocantins, Mato Grosso e Amapá. Goiás se absteve. Com o empate em 13 a 13, o voto de minerva coube a Santa Cruz, que votou favorável à paridade com aplicação imediata e, portanto, sem necessidade de realização de um plebiscito. Ao fim da reunião, com a repercussão negativa que o empate gerou, houve uma movimentação para que constasse que a proposta de paridade foi aprovada por unanimidade. O que, em tese, aconteceu de fato: a proposta de paridade foi aprovada por unanimidade, mas, em seguida, votou-se se ela deveria ou não ser submetida a um plebiscito. Nas palavras de uma pessoa que acompanhou a reunião, seria o famoso ganha, mas não leva. Se a proposta de paridade de gênero não for aprovada pelo Conselho Federal para as próximas eleições da entidade, ficam valendo as regras já existentes, que determinam uma cota de gênero de 30%, inclusive para cargos de diretoria e em cargos como titulares. Já em relação à equidade racial, as duas principais propostas que estavam sobre a mesa tratavam de proporcionalidade racial em contraposição a cotas fixas de 30%. No primeiro caso, em vez de um percentual mínimo fixo, as chapas deveriam corresponder à composição étnica das OABs em cada estado. Para coibir que a inexistência do censo da advocacia fosse vista como um entrave para a aprovação da proporcionalidade, a própria proposta trouxe uma regra de transição: determinando a proporção de 30% enquanto a OAB do estado correspondente não fizer uma atualização cadastral para conhecer a composição racial dos membros. As propostas de paridade de gênero e de equidade racial fazem parte de um pacote de sugestões de reforma eleitoral na OAB, que inclui também eleições diretas, eleições proporcionais e voto eletrônico. Elas foram debatidas por uma comissão especial criada por Felipe Santa Cruz e que foi conduzida pelo vice-presidente da entidade, Luiz Viana Queiroz. Parte das propostas, como é o caso das eleições diretas, depende de aprovação do Congresso Nacional, pois alteraria o Estatuto da Advocacia, que é uma lei federal. Com uma pauta extensa, em que constavam oito itens de discussão, dos quais a reforma eleitoral era o último, a própria apreciação do tema na reunião desta terça esteve em dúvida. Segundo relatos feitos à Folha de pessoas que acompanharam a reunião, logo no início da sessão foi sugerido que a pauta fosse invertida, para que a reforma eleitoral fosse o primeiro tópico. Entretanto, dos 27 presidentes estaduais, apenas sete concordaram. A negação de inverter a pauta, mantendo a reforma eleitoral como último tópico da reunião, foi vista nos bastidores como uma manobra para que os temas não fossem votados. Ao longo da sessão, no entanto, advogadas postaram vídeos e mensagens nas redes sociais pressionando as OABs estaduais. Dos 14 itens da reforma eleitoral, além de voto eletrônico, apenas paridade de gênero e equidade racial, foram debatidos, justamente os que mais tiveram pressão nas redes. Em Anguera, na Bahia, PL e Podemos vão travar as disputas políticas dentro da Câmara Municipal. Na alagoana Murici, MDB e PSDB dividirão os nove assentos do Legislativo. Em Mata Roma, no Maranhão, DEM e PC do B vão polarizar as disputas a partir de 2021. As eleições municipais definiram um cenário de bipartidarismo nas cidades que se replicará em uma de cada dez Câmaras Municipais do país. De acordo com levantamento da Folha, 550 municípios brasileiros terão apenas dois partidos com representação no Poder Legislativo a partir do próximo ano. O cenário é resultado do fim das coligações nas eleições proporcionais. A medida, aprovada pelo Congresso na reforma eleitoral de 2017, teve como principal consequência a redução no número de partidos representados nas Câmaras Municipais em pequenas cidades. Os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), compilados pelo professor e pesquisador Fernando Meireles, da Universidade Federal de Minas Gerais, apontam que houve uma redução substancial da fragmentação partidária nas cidades com até 20 mil eleitores. A maior parte dos municípios que terá dois partidos na Câmara Municipal está nos estados do Nordeste – 381 cidades, ao todo. O Piauí é o estado com mais cidades com este perfil: dos 224 municípios do estado, 87 terão apenas dois partidos no legislativo. Legendas com perfil fisiológico como PP, MDB e PSD serão as com maior representatividade nas Câmaras com perfil bipartidário. A polarização entre MDB e PP é a mais comum e se replicará em 51 cidades brasileiras, sendo 23 delas no Rio Grande do Sul. Em geral, as duas principais forças políticas dos municípios se dividiram cada qual em apenas um partido já no registro das candidaturas. Em Anguera, cidade de 11 mil habitantes no sertão da Bahia, todos os candidatos a vereador se filiaram ao PL e o Podemos, mesmas legendas dos dois candidatos a prefeito. Foram só 25 candidatos disputando as nove vagas. “Política em cidade do interior não tem muito esse negócio de ideologia, né? Foi fácil convencer todo mundo do grupo a vir para o meu partido. Quem não viesse iria ter dificuldade em se eleger”, diz o prefeito eleito de Anguera, Mauro Vieira (PL). A legenda acabou servindo como uma espécie de guarda-chuva para grupos heterogêneos. O vereador reeleito Reginaldo Figueiredo (PL), por exemplo, veio do PT, partido ao qual era filiado desde 2011. “Eu era o único candidato do PT na cidade. Sem a coligação, ia precisar ter o dobro de votos para me eleger. Muita única alternativa foi mudar de partido, fiquei no PT até onde deu”, afirma Figueiredo. Dentre os demais vereadores eleitos em Anguera pelo PL, Regininha de Zé Luís veio do MDB, Crispim da Caçamba era do PSB, Felipe Vieira veio do Podemos, partido que hoje abriga o grupo político adversário. Ironicamente, o único vereador que havia sido eleito pelo próprio pelo PL em 2016 e disputou a reeleição pelo mesmo partido, Carlinhos Sampaio, acabou ficando na primeira suplência. Mas nem sempre os partidos que polarizam a disputa majoritária são os mesmos que polarizam na proporcional. Em Mata Roma, cidade de 17 mil habitantes do Maranhão, o prefeito eleito Besaliel venceu as eleições pelo PDT. Mas toda a sua base de vereadores disputou pelo PC do B. A estratégia, contudo, parece não ter dado muito certo: sua base terá apenas quatro dos 11 vereadores. A mesma estratégia foi adotada em Telha (SE), mas com sucesso. O prefeito Flávio Dias se reelegeu pelo PSD, mas sua base terá cinco dos nove vereadores, todos eleitos pelo MDB. Outra cidade que terá apenas dois partidos na Câmara a partir de 2021 é Murici, principal reduto eleitoral da família Calheiros em Alagoas. Sobrinho do senador Renan Calheiros (MDB), o prefeito Olavo Neto (MDB) se reelegeu com margem apertada: teve 52%, contra 48% de Caubi de Freitas (PSDB). Mas terá sete dos nove vereadores, todos eleitos pelo MDB. A bancada tucana terá os outros dois assentos. Em outras 14 cidades, o afunilamento partidário foi ainda mais drástico. Nelas, apenas um partido ocupará todas as cadeiras da Câmara Municipal. É o caso, por exemplo, de São Pedro dos Crentes (MA), cidade com maior proporção de evangélicos do Nordeste e uma das 42 onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) venceu na região em 2018. Com cerca de 5.000 habitantes, a cidade surgiu a partir de uma fazenda da Assembleia de Deus, maior denominação evangélica do país. Na década de 1940, a propriedade foi dividida em lotes doados para famílias evangélicas que vieram de fora colonizar a região. Na eleição deste ano, São Pedro dos Crentes elegeu todos os nove vereadores pelo PSL e reelegeu com 90% dos votos o prefeito Lahesio Bonfim (PSL), que governará sem oposição. A pax são-pedrense começou a ser desenhada ainda no primeiro mandato de Lahesio, quando ele costurou um acordo com os derrotados na eleição de 2016, que migraram para sua base. Há quatro anos, os nove vereadores foram eleitos por quatro partidos diferentes, sendo dois vereadores da oposição. Ainda assim, o prefeito conseguiu aprovar por unanimidade todos os projetos enviados à Câmara Municipal. No único projeto polêmico da legislatura, a criação da Previdência municipal, o prefeito venceu na Câmara com seis votos a favor e três abstenções. “A expectativa agora é um mandato ainda mais tranquilo”, afirma Lahesio, que já anunciou que vai deixar o cargo em 2022 para disputar o Governo do Maranhão em uma candidatura alinhada a Bolsonaro. O Brasil registrou 697 mortes pela Covid-19 e 52.248 casos da doença, nesta terça-feira (1º). O país, dessa forma, chegou a 173.862 óbitos e 6.388.526 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 526, redução de 6% em relação a 14 dias atrás, o que representa um cenário de estabilidade de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O Sul é a região do país com aumeto da média móvel de mortes, em relação ao dado de 14 dias atrás. Norte, Nordeste e Sudeste estão em estabilidade, o que não significa uma situação tranquila. O Centro-Oeste é a única região em queda da média. Acre, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes, também em relação a 14 dias atrás. Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima estão em estabilidade. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 83 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (270.003), e o Reino Unido (59.148), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 82,6 e 89 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (93,3), país com 56.361 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 105.940 óbitos, tem 84 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112,4. O país tem 35.966 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 137.621 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 87 mortes por 100 mil habitantes (38.730 óbitos). Já o boletim do Ministério da Saúde, divulgado na noite desta terça-feira (1), mostra 50.909 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas. Com os novos números, o país agora contabiliza um total de 6.386.787 pessoas infectadas desde o início da pandemia da Covid-19. O boletim também mostra que 697 pessoas morreram em decorrência da doença no período, elevando o total para 173.817. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A maioria das cidades do ABC anunciou o fechamento de cinemas e teatros após o recuo da fase verde para a fase amarela do Plano São Paulo, anunciado no início da semana pelo governador João Doria (PSDB). O objetivo é conter o aumento de contaminação e internações dos casos de Covid-19 na região. As prefeituras de Santo André, gestão Paulo Serra (PSDB), e de Mauá, gestão Atila Jacomussi (PSB), foram as únicas que decidiram manter cinemas e teatros abertos com capacidade máxima de 40%. A cidade de São Bernardo do Campo já havia tomado a decisão na semana passada. A ação ocorre após o Consórcio Intermunicipal Grande ABC confirmar uma alta de 23 pontos percentuais na ocupação de leitos exclusivos de UTI Covid-19 nos hospitais do ABC. Em 05 de novembro a taxa estava em 44%. Na segunda-feira, 30 de novembro, esse total chegou a 67%. Para Caio Silva, presidente da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), fechar cinemas neste momento é uma decisão política sem fundamento científico. “Vários estudos no mundo já demonstraram não ter sido encontrado nenhum caso de contaminação em cinemas. Como não tem coragem de fecharem onde realmente ocorrem contaminações, escolhem o cinema para mostrar que são rigorosos"", afirmou. Ele citou ainda a declaração da secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, que autorizou o funcionamento de espaços públicos durante a fase amarela: “Ela afirmou na coletiva de segunda-feira que a recomendação para teatros e cinemas, assim como evento com público sentado, estão autorizados a funcionar. Todos os protocolos destes locais são rígidos e são seguidos”, disse. A prefeitura de Santo André, justificou que decidiu manter cinemas abertos pois os espaços deram exemplo de cumprimento da regra para conter a pandemia. Segundo a nota da administração municipal, as salas estão sem aglomeração e seguem os protocolos de higiene. O presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), confirmou que novas medidas serão avaliadas em uma semana. “A cada sete dias iremos reavaliar e atualizar os nossos dados para anunciar as ações necessárias para minimizar essa nova onda da pandemia”, declarou. Na semana passada, o consórcio já havia enviado um ofício ao governo João Doria (PSDB) pedindo a ampliação de leitos para atendimento dos pacientes da região do ABC. Em resposta, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou um repasse de R$ 8 milhões. “O objetivo é prorrogar o convênio para assistência a casos de Covid-19 na região do ABC no Hospital de Urgência de São Bernardo”, informou a pasta em nota. De acordo com a secretaria, a ação faz parte do esforço conjunto, com os municípios, que alia monitoramento e preparo de leitos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. A pasta diz que mantém 62 leitos exclusivos para a doença no Hospital Mário Covas, em Santo André, e o Hospital de Diadema. Em ambas as unidades há leitos disponíveis para atendimento aos casos graves do coronavírus. A região do ABC registrou 83.970 casos confirmados da doença e 3.021 mortes até o dia 30 de novembro. Os resultados das eleições municipais neste domingo (29) consolidaram mudanças na correlação de forças políticas nos estados com impactos nas disputas para os governos estaduais em 2022. O crescimento dos partidos nos estados, tanto em número de prefeituras quanto em número de eleitores governados nos municípios, dará impulso a líderes políticos que saíram vitoriosos nas urnas. Este será o caso, por exemplo, do DEM na Bahia e no Rio de Janeiro, do PSD no Paraná e em Minas Gerais, do PP no Piauí e em Alagoas, do PDT no Maranhão e do PSDB no Rio Grande do Norte. O PSDB de João Doria confirmou sua força no estado de São Paulo ao eleger prefeitos de 172 cidades paulistas, número levemente acima das 164 conquistadas há quatro anos. A conta inclui a capital paulista, onde Bruno Covas foi reeleito e derrotou Guilherme Boulos (PSOL). Ao mesmo tempo em que se manteve firme em São Paulo, os tucanos minguaram em estados como Goiás, Paraná, Mato Grosso e Pará, deixando de figurar entre forças políticas relevantes nestes estados. Por outro lado, o partido cresceu no Rio Grande do Norte, saindo de 10 para 31 prefeitos, incluindo a capital. O desempenho fortalece a pretensão do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, de enfrentar a governadora Fátima Bezerra (PT) daqui a dois anos. O DEM avançou no Rio de Janeiro e na Bahia e será a sigla que mais pessoas governará nos municípios desses estados. No Rio, o partido governará cerca de 8 milhões de pessoas após sair de 2 para 10 prefeituras, incluindo a capital com o prefeito eleito Eduardo Paes. Na Bahia, o DEM governará 4,5 milhões de pessoas em 37 prefeituras: levou 9 das 30 maiores cidades do estado. O resultado deve esquentar a disputa pelo governo baiano, que deve opor Jaques Wagner (PT) e ACM Neto (DEM) em 2022. Principal adversário no estado, o PT ganhou 34 prefeituras na Bahia, mas sofreu reveses no segundo turno ao perder em Feira de Santana e Vitória da Conquista. Governará 750 mil baianos nos municípios. Colocando na balança o número de eleitores, os partidos da base do governador Rui Costa governarão nos municípios 6,7 milhões de pessoas. A oposição, por sua vez, governará 7,1 milhões. Outros 775 mil estarão em cidades governadas por PL e PDT, partidos que são base tanto de Rui Costa quanto de ACM Neto. Na correlação de forças, PSD e PP tornaram-se ainda mais importantes nas composições para a disputa do governo baiano. Liderado pelo senador Otto Alencar, o PSD terá 106 prefeitos, enquanto o PP terá 91. O DEM também avançou em Minas Gerais: terá 84 prefeituras —mesmo número do PSDB— e será o segundo partido em número de eleitores governados. Ficará atrás apenas do PSD, que se consolidou como uma das principais forças políticas de Minas e governará 4,5 milhões de mineiros em 78 cidades. Os resultados colocam dois nomes no tabuleiro da sucessão do governador Romeu Zema (Novo), que deve disputar a reeleição: o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o senador Rodrigo Pacheco (DEM). Minas Gerais também será a principal base eleitoral do PT em número de eleitores governados nos municípios –1,8 milhão ao todo. O partido caiu de 52 para 28 prefeituras, mas comandará Contagem e Juiz de Fora, terceira e quarta maiores cidades do estado. Além de Minas, o PT terá a maior parte de seus prefeitos na Bahia, Piauí e Rio Grande do Sul. Nestes três estados, contudo, a maioria dos petistas eleitos governará cidades de pequeno ou médio porte. No campo da centro-esquerda, o PSB perdeu força em Pernambuco. Apesar de ter mantido o Recife com a eleição de João Campos, caiu de 67 para 53 prefeituras no estado. Ainda assim, o partido terá Pernambuco como seu principal centro gravitacional. De cada três brasileiros governados por um prefeito do PSB, um estará em cidades pernambucanas. Esta concentração é ainda maior no caso do PDT: dos 10,7 milhões de brasileiros que serão governados por prefeitos do partido a partir de 2021, 4,5 milhões estarão no Ceará. O PDT elegeu José Sarto em Fortaleza e passará de 49 para 67 municípios do Ceará. Dentre os demais partidos, houve uma mudança na correlação de forças com a ascensão do PSD, legenda ligada ao ex-vice-governador Domingos Filho. O partido tomou o lugar do MDB de Eunício Oliveira como segundo maior partido e pode despontar no futuro como principal força da oposição aos irmãos Cid e Ciro Gomes no Ceará. Líderes de partidos do centrão mostraram força no Nordeste. No Piauí, o PP saltou de 40 para 81 prefeituras, fortalecendo o senador Ciro Nogueira. O avanço acontece depois de ele ter rompido com o governador Wellington Dias (PT), pavimentando sua pretensão de disputar o governo do estado daqui a dois anos. Movimento semelhante aconteceu em Alagoas, onde o PP do deputado federal Arthur Lira saiu de 11 para 28 prefeituras. Apesar do crescimento robusto, o partido ainda está atrás do MDB do governador Renan Filho, que vai governar 37 municípios alagoanos a partir do ano que vem. Já a vitória de João Henrique Caldas (PSB), o JHC, em Maceió fortalece outro nome no tabuleiro: o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que foi um dos principais fiadores da candidatura do nome do PSB. O tucano, por outro lado, tem contra si o desempenho de seu próprio partido na eleição deste ano: o PSDB tinha 18 prefeituras em Alagoas e terá apenas duas a partir de 2021. No Maranhão, o PC do B de Flávio Dino perdeu espaço e caiu de 45 para 22 prefeitos. O campeão em prefeituras no estado será o PDT do senador Weverton Rocha, que se articula para ser candidato ao governo do estado na sucessão de Dino. O PDT, inclusive, apoiou no segundo turno em São Luís a candidatura de Eduardo Braide (Podemos), que acabou saindo vitorioso das urnas. O movimento implodiu a base aliada de Dino, que apoiou Duarte Júnior (Republicanos). Apesar de ter perdido na capital, o Republicanos do vice-governador Carlos Brandão saiu mais forte das eleições maranhenses, assim como o PL do deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Em estados como Paraná, Goiás, Tocantins e Paraíba, os novos governadores eleitos em 2018 funcionaram como uma espécie de imã para os candidatos a prefeito em cidades do interior. O resultado veio nas urnas. No Paraná, o PSD do governador Ratinho Júnior cresceu de 28 prefeitos eleitos em 2016 para 128 neste ano e governará uma em cada três cidades do estado. O crescimento se deu principalmente em cima do PSDB, que submergiu no Paraná. Outras legendas como Podemos e PSL também cresceram no Paraná. O PSL saiu de 4 para 24 prefeituras, tendo ali seu melhor desempenho dentre todos os estados brasileiros. Movimento semelhante aconteceu na Paraíba, onde o governador João Azevêdo trocou o PSB pelo Cidadania após romper com seu padrinho político, o ex-governador Ricardo Coutinho. O partido era nanico do estado e não havia conquistado nenhuma prefeitura na Paraíba em 2016. A partir do próximo ano, sob liderança do governador, terá 40 prefeitos no estado. O PSB de Ricardo Coutinho, por outro lado, viveu um movimento contrário: elegeu 56 prefeitos há quatro anos e terá apenas 5 a partir de 2021. Já o PV não elegeu nenhum prefeito no estado, o que dificultará as pretensões de Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, em disputar o governo. O Brasil chegou a 173.165 mortes pela Covid-19, com os 317 óbitos registrados nesta segunda-feira (30). Também foram registrados 22.622 novos casos, o que elevou o total para 6.336.278. Aos domingos, segundas-feiras e feriados os números da pandemia costumam ser menores por causa de atrasos de notificação das secretarias de saúde. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 518, aumento de 6% em relação a 14 dias atrás, o que representa um cenário de estabilidade de mortes. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte e Sul são as regiões que apresentam crescimento da média móvel de mortes. Nordeste e Sudeste estão em situação de estabilidade e o Centro-Oeste em queda. Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe tiveram aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Bahia, Maranhão, Pará, Paraná, Pernambuco e São Paulo estão em situação de estabilidade. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 82,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (267.792), e o Reino Unido (58.545), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 82 e 88,1 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (92), país com 55.576 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 105.655 óbitos, tem 83,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112,3. O país tem 35.923 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 137.139 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 86,5 mortes por 100 mil habitantes (38.473 óbitos). Já segundo o boletim do Ministério da Saúde desta segunda, o Brasil registrou 287 novas mortes em decorrência de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. O país agora chega a um total de 173.120 óbitos desde o início da pandemia. O boletim também mostra que 21.138 pessoas foram infectadas no período. O total de casos confirmados da Covid-19 agora chega a 6.335.878 A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A entrada em vigor, nesta segunda-feira (30) do decreto municipal que tornou mais rígidas as regras da quarentena em São Bernardo (ABC) dividiu clientes e consumidores de diversas áreas. As novas medidas foram anunciadas na última sexta-feira (27) pelo prefeito Orlando Morando (PSDB). Apesar de o aumento da rigidez já estar valendo, o movimento na rua Marechal Deodoro, principal via de comércio da cidade, era normal nesta segunda-feira. Pelas novas regras, o comércio em geral, incluindo salões de beleza, tem de fechar às 22h e só pode receber 50% de sua capacidade de público. O mesmo vale pra bares e restaurantes, que não podem ter música ao vivo enquanto o decreto estiver válido. ""O comércio já vem cumprindo as determinações para a pandemia. Não vejo necessidade em aumentar as restrições. Isso vai gerar ainda mais desemprego"" comentou o dono de um restaurante na área central do município, que não quis se identificar. O comerciante Luciano Celebroni, 42 anos, defende as medidas de proteção contra a Covid-19, mas avalia que falta transparência do poder público ao informar sobre a situação do avanço da doença. ""Não sabemos exatamente como está a pandemia. Cada um fala uma coisa. Estamos perdidos"", comentou. Ele criticou ainda o fato de as novas restrições terem sido anunciadas depois das eleições municipais. O prefeito de São Bernardo foi reeleito no primeiro turno, no dia 15, com 67,28% dos votos. No último domingo (29) foi realizado o segundo turno da eleição em 16 municípios paulistas, incluindo a capital. Aliado de Morando, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também foi reeleito. ""A prevenção é importante. Mas por que essas medidas não foram anunciadas antes da eleição?"", questiona o comerciante Zaqueu Santana, 31 anos. Dono de outro restaurante na região central, Pedro Esteves, 27 anos, admite que o endurecimento da quarentena é prejudicial ao comércio, mas defende as restrições. ""Não podemos pensar só na gente. A saúde é mais importante"", disse o comerciante, que relatou ter tido uma queda de 70% em seu faturamento desde o início da pandemia. A esteticista Jéssica Roberto, 27 anos, afirmou ser contrária ao aumento da rigidez da quarentena. ""Achei ridícula [a decisão]. Até a eleição estava tudo certo e agora eles [da prefeitura] fazem isso perto do Natal"", criticou. Ela informou que seu maior movimento, geralmente, é justamente na época do verão. O decreto municipal proibiu o funcionamento de cinemas e teatros. No São Bernardo Plaza Shopping, o cinema estava fechado no momento da visita da reportagem, no início da tarde. Entretanto, não havia nenhum aviso informando sobre a suspensão das atividades. Outro serviço temporariamente proibido é o de valets. Já as academias de ginástica só podem funcionar com 40% de suas capacidades. O uso de piscinas e dos vestiários está vedado. Também não poderão ser feitas práticas esportivas em grupo. A supervisora de caixa Jéssica Ferreira, 26 anos, é favorável às mudanças. ""A população não respeita as regras. A medida é necessária para evitar aglomeração"", opinou. Para ela, é preciso que o poder público faça uma fiscalização intensa para verificar se as determinações estão, de fato, sendo cumpridas. A cartorária Luciana Guelli, 38 anos, considera que, diante dos novos casos de Covid-19, o comércio também deveria evitar ações que levem mais gente às lojas. ""Fazer black friday nessa época, por exemplo, é um absurdo."" Já a dona de casa Denise Lopes, 22 anos, diz ser contrária à diminuição da flexibilização da quarentena. ""Isso é desnecessário e só vai trazer mais desemprego"", criticou. A prefeitura de São Bernardo, gestão Orlando Morando (PSDB), diz que vai acatar as determinações do Estado no que se refere à fase amarela do Plano São Paulo. A decisão será em conjunto com os demais municípios do Grande ABC, que iniciaram diálogo nesta segunda-feira (30/11), por meio do Consórcio Intermunicipal, com o objetivo de obter consenso para funcionalidade de estabelecimentos, como bares e comércios, além de buffets, salões de beleza e academias. Contudo, a proibição de cinemas, teatros, por exemplo, será mantida em São Bernardo. Um novo decreto pautando as novas regras será publicado nesta quarta-feira (2/12). A gestão afirma ainda que as medidas anunciadas anteriormente não têm qualquer relação com a eleição municipal, encerrada no último dia 15, e ocorreram após análise técnica dos números da pandemia, como aumento do número de casos, crescimento da taxa de ocupação dos leitos hospitalares e da taxa de transmissão do vírus, entre outros. A decisão também se baseou em relatórios da Vigilância Sanitária municipal, que vem constatando desrespeito crescente aos protocolos sanitários em comércios e estabelecimentos prestadores de serviços, como exigência do uso de máscara e medição de temperatura dos frequentadores. Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania) informou por meio de um vídeo que a região irá seguir ""todas as determinações"" da fase amarela, do Plano São Paulo para contenção ao novo coronavírus. Maranhão disse ainda que os prefeitos do ABC irão avaliar a situação regional a cada sete dias para determinar os novos passos do combate à doença. Cinco partidos de centro-direita conquistaram o maior número das grandes prefeituras do país, no computo geral da campanha municipal encerrada com o segundo turno, neste domingo (29). Apesar de ter perdido cerca de 40% das cidades governadas em comparação com as eleições de 2016, o que equivale a uma redução de 32% da população governada, PSDB de João Dória manteve São Paulo, a maior cidade do país, com a reeleição de Bruno Covas, e continua com o maior número de prefeituras nos 94 grandes municípios do país, aqueles com mais de 200 mil eleitores. Apesar de manter o domínio sobre São Paulo, os tucanos irão governar agora uma população de cerca de 20 milhões de pessoas, contra 30 milhões que governariam caso repetisse o resultado de quatro anos atrás. Outros partidos que saem com resultados expressivos nos grandes centros urbanos são MDB, DEM, PSD e Podemos. Essas siglas não integram o chamado ""centrão"" no Congresso —o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab age alinhado em alguns momentos, em outros, não— e devem disputar com esse grupo o comando da Câmara dos Deputados, eleição que será realizada em fevereiro. O MDB foi o partido com mais eleitos nas grandes cidades do pais no segundo turno, dez, e teve um leve crescimento no conjunto dessas cidades, em comparação com quatro anos atrás. Já o trio DEM, PSD e Podemos vem logo abaixo, com crescimento expressivo. Partido dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP), o DEM conquistou dez grandes cidades ao todo, entre elas o Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, um crescimento de 100% em relação a 2016. Com a vitória no Rio, a população governada pelo partido subirá quase 200%. O PSD (10) e o Podemos (7) também tiveram um fortalecimento relevante em relação a quatro anos atrás. Em 2016, o partido de Kassab havia eleito quatro prefeitos nos grandes centros urbanos. O Podemos, só um —Alexandre Kalil, em Belo Horizonte, pelo PHS, sigla que se fundiu depois ao Podemos. Já a esquerda teve vitórias e derrotas e deve assistir a um rearranjo no grupo, com perda de prevalência do PT. Partido que esteve no topo do ranking de prefeitos eleitos nas grandes cidades de 2000 a 2012, o PT despencou em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando conseguiu emplacar apenas um prefeito de capital, Marcos Alexandre, em Rio Branco (AC). Agora, o péssimo desempenho se atenuou timidamente, fruto da estratégia da legenda de priorizar os grandes centros, mas, mesmo assim, o resultado ficou bem distante dos anos em que controlava o governo federal e dos prognósticos traçados pela sigla. O partido não elegeu ninguém nas grandes cidades, no primeiro turno e não conseguiu levar nem Recife nem Vitória, suas principais apostas deste domingo. A disputadíssima eleição na capital Pernambucana, com troca de ofensas de lado a lado, deve contribuir ainda para o afastamento de PSB e PT. Nos 15 segundos turnos que disputou, o PT venceu quatro –Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais, Diadema e Mauá, em São Paulo. Nas duas principais cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, seu candidatos ficaram na sexta e quarta posições, respectivamente. Apesar de não ter vencido em nenhuma capital, a sigla de Luiz Inácio Lula da Silva terá um acréscimo de cerca de 400% na população governada com a eleição nas quatro grandes cidades do interior de Minas e São Paulo. O PSB também perdeu peso, apesar da vitória de João Campos no Recife. O partido tinha saído como um dos grandes vitoriosos das eleições municipais de 2016, com a conquista de sete grandes cidades. Agora, venceu em 4. O PC do B do governador Flavio Dino (Maranhão) sofreu uma derrota ao perder em São Luís e ao não conseguir eleger Manuela D'Ávila em Porto Alegre. O vitorioso na esquerda é o PSOL, que não havia eleito nenhum prefeito em uma grande cidade, em 2016, e agora conseguiu emplacar Edmílson Rodrigues em Belém, além da ida de Guilherme Boulos para o segundo turno em São Paulo. Os partidos do ""centrão"", hoje sustentáculo político do governo Bolsonaro, tiveram desempenho díspares. O PP de Arthur Lira (AL), pré-candidato ao comando da Câmara dos Deputados, deu um salto em relação a 2016, conquistando sete grandes prefeituras, entre eles João Pessoa e Rio Branco, e aumentando em cerca de 200% a população governada. Já PL caiu de 4 para 2 grandes prefeituras e o PTB de 2 para zero. O Republicanos de Celso Russomanno, que não conseguiu ir para o segundo turno em São Paulo, subiu de duas grandes cidades comandadas em 2016 para três agora. Mas sofreu um baque na população governada com a derrota de Marcelo Crivella no Rio de Janeiro. Embora partidos e políticos ressaltem não verem relação direta entre as eleições municipais e a disputa presidencial de 2022, é certo que vitoriosos e derrotados desse domingo irão levar em conta os resultados para a disputa daqui a dois anos. Bolsonaro está alinhado ao centrão e apoia a tentativa de Lira de comandar a Câmara, passo considerado importante para o alinhamento político com vistas à disputa de 2022. Os partidos de esquerda tendem a se aliar a DEM, PSDB e MDB para derrotar Bolsonaro na eleição para o comando do Congresso. As 94 maiores cidades do país que concluíram a eleição neste domingo —em decorrência do apagão, Macapá terá o primeiro turno no dia 6 e, se for necessário, o segundo no dia 20— englobam as capitais dos estados, exceto Palmas, e outras 69 cidades com mais de 200 mil eleitores. Trinta e sete das 94 cidades já haviam decido as eleições no primeiro turno. O PSDB e o MDB haviam conseguido manter a hegemonia das eleições anteriores nesses grandes centros urbanos, mas dessa vez foram seguidos de perto por PSD, DEM e PP, que ampliaram seu alcance. Das grandes cidades, três ainda dependem de confirmação dos tribunais, já que seus candidatos enfrentam problemas na Justiça —Washington Reis (MDB), em Duque de Caxias, Neto (DEM), em Volta Redonda, e Rubens Bomtempo (PSB), em Petrópolis, todas no Rio de Janeiro. GANHA Ciro Gomes Bloco da centro-esquerda faz um cinturão em capitais do Nordeste. O PDT de Ciro manteve Fortaleza e Aracaju. Principal aliado, o PSB venceu no Recife e em Maceió João Doria Vitória do aliado Bruno Covas em São Paulo dá sobrevida ao projeto do governador paulista do PSDB. A sigla ainda venceu em Natal, Palmas e Porto Velho DEM Partido venceu em quatro capitais e ainda disputa Macapá (que teve o pleito adiado por causa da crise energética no estado). No Rio de Janeiro, vitória de Eduardo Paes fortalece Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Na Bahia, ACM Neto saiu forte com derrotas do PT no 2º turno PSOL Partido se fortalece no campo da esquerda: venceu em Belém com Edmílson Rodrigues e teve bom desempenho em São Paulo com Guilherme Boulos PERDE Jair Bolsonaro A maioria dos candidatos apoiados pelo presidente da República foi derrotada, e ele ainda viu a ascensão de possíveis rivais para 2022, como Doria, Ciro e Boulos Lula O PT não conseguiu emplacar seus candidatos no Recife e em Vitória. Também perdeu em 10 das outras 13 cidades onde disputou o 2º turno Flávio Dino O governador maranhense perdeu em São Luís após ver naufragar a tentativa de união de partidos de sua base. Seu partido, o PC do B, também perdeu em Porto Alegre Sergio Moro Neófitos na política não tiveram vez. Candidatos com discurso parecido com o do ex-ministro perderam em capitais como Cuiabá, Recife e Aracaju Principal nome da oposição na capital do Maranhão, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) será o próximo prefeito de São Luís. Com 100% das urnas apuradas neste domingo (29), Braide registrou 55,53% dos votos válidos e superou Duarte Júnior (Republicanos), com 44,47%. Disputando a prefeitura de São Luís pela segunda vez consecutiva, Braide consolidou-se nos últimos anos como principal nome da oposição ao prefeito Edivaldo Holanda (PDT) e ao governador Flávio Dino (PCdoB) na capital maranhense. Na campanha eleitoral deste ano, Braide adotou um perfil ameno, evitando enfrentamentos com os adversários e com o governador. Em entrevistas e debates, buscou elencar emendas que se reverteram em obras e equipamentos na capital maranhense. No 2º turno, recebeu o apoio de aliados do governador Flávio Dino, como o PDT do senador Weverton Rocha e do DEM do deputado estadual Neto Evangelista, terceiro colocado no primeiro turno. A aliança fez desmoronar a tentativa de união dos candidatos aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) em torno de Duarte Júnior (Republicanos), implodindo a base do governador no principal colégio eleitoral do estado. O movimento antecipou o debate em torno da sucessão de Dino em 2022, cujos principais nomes da base aliada são o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos). Também colocou em xeque a capacidade de articulação do governador em um momento em que ele se coloca como um possível candidato ao Planalto e defende a construção de uma aliança ampla para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A vitória de Braide representa uma derrota de Flávio Dino. O governador, que ficou de fora da eleição na capital no 1º turno, mergulhou de cabeça no apoio ao seu aliado Duarte Júnior na segunda etapa da eleição. Além do PDT e DEM, Braide também foi apoiado por dois dos principais adversários do governador: o senador Roberto Rocha (PSDB), que o apoiou desde o 1º turno, e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB). O candidato derrotado Duarte Júnior é advogado, foi aluno de Flávio Dino na universidade e entrou na política pelas mãos do governador. Nos últimos anos, ocupou a superintendência do Procon e a gestão do Viva Cidadão no governo estadual. Filiado ao PCdoB entre 2015 e 2020, Duarte deixou o partido neste ano após perder a disputa interna para o candidato Rubens Júnior. Filiou-se ao Republicanos, legenda do vice-governador Carlos Brandão. Na campanha, Duarte foi atacado por outros candidatos da base por estar em um partido que nacionalmente apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Duarte, contudo, afirmou que não tem nenhuma relação com o ideário defendido pelo presidente. No 1º turno, a base aliada do Flávio Dino (PCdoB), dividiu-se entre cinco candidaturas —Duarte Júnior (Republicanos), Rubens Júnior (PC do B), Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (Pros). O campo da oposição, por outro lado, saiu praticamente unificado em torno da candidatura de Eduardo Braide. A expectativa era que, neste 2º turno, todos os candidatos da base de Flávio Dino derrotados no primeiro turno se unissem em torno de Duarte, o que acabou não acontecendo. Além de Neto Evangelista (DEM), o candidato Yglésio Moyses (PROS) também apoiou a candidatura do oposicionista Braide. Com 639 novas mortes pela Covid-19, o Brasil chegou a 172.637 óbitos pela doença. Também foram registrados 52.084 novos casos, elevando para 6.290.160 as infecções pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. O Espírito Santo não atualizou seus dados sobre casos e mortes por Covid-19. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 517, o que representa um cenário de estabilidade de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média, chegando a uma estabilidade posterior e, recentemente, passando a apresentar crescimentos. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19, o que normalmente precede o crescimento das mortes pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O Sul apresenta aumento da média móvel de mortes, enquanto Norte, Nordeste e Sudeste estão em estabilidade (o que não significa que a situação seja tranquila). O Centro-oeste apresenta queda na média. Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe têm aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Acre, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco e São Paulo apresentam estabilidade. No caso de SP, a estabilidade se dá em níveis elevados, com média móvel acima de 100 e com semanas anteriores nas quais foram registradas crescimentos expressivos. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda da média móvel de mortes. O Brasil tem uma taxa de 82,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (265.938), e o Reino Unido (58.127), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 81,4 e 87,5 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (90), país com 54.363 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a passar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 104.242 óbitos, tem 82,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 112. O país tem 35.839 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 136.200 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 85,9 mortes por 100 mil habitantes (38.216 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O debate dos candidatos à Prefeitura de Porto Alegre nesta sexta-feira (27) foi marcado por confrontos entre Sebastião Melo (MDB) e Manuela D'Ávila (PCdoB). Os dois candidatos trocaram provocações em tom ideológico no encontro, promovido pela RBS TV, afiliada da Globo. Manuela disse que Melo estava “abraçado à direita de Bolsonaro” —o emedebista acenou aos simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a campanha, se disse contra a vacina obrigatória e incluiu as escolas cívico-militares no seu programa de governo. Manuela questionou por que Melo mudou de opinião sobre a manutenção da Carris, a empresa de transporte municipal, como pública. “O mundo mudou, eu também mudei”, disse Melo. Já Melo disse que a candidata do PC do B só olhava para o passado, sendo stalinista, “dos anos 1950”, de uma “ideologia que não deu certo em nenhum lugar do mundo”. “Fico feliz que tu tragas o bicho-papão do comunismo”, respondeu Manuela. A candidata, então, citou Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão. “Lá, as escolas eram de barro”, disse ela, acrescentando que Dino foi o “único governador que superou Leonel Brizola na construção de escolas”. Manuela disse ainda que no Maranhão abrir um negócio leva apenas seis horas. A candidata afirmou que a modernização do Maranhão “foi difícil” depois das sucessivas gestões de José Sarney (MDB), do mesmo partido de Melo, ressaltou. “Não caia no papo do carro de som que passa na tua rua”, finalizou a candidata do PC do B, em um dos momentos mais tensos do debate. Melo respondeu à provocação dizendo que “Sarney é amigão do Lula”. O candidato falou ainda que “Ideologia não tapa buraco”, em referência aos problemas da cidade. O debate começou com Melo questionando a adversária sobre por que ela é contra a privatização do DMAE, a empresa pública de água e esgoto. “Em primeiro lugar, porque o DMAE é superavitário. E, em segundo lugar, porque as experiências nos mostram que a água fica mais cara [quando é privatizada]”, respondeu Manuela, citando o exemplo de Uruguaiana, cidade gaúcha na fronteira com a Argentina. Na réplica, Melo afirmou que “o Brasil, quebrado como está, tem que fazer muita parceria”. Manuela lembrou que Melo foi vice-prefeito de Porto Alegre e, portanto, responsável por obras atrasadas e problemas da cidade. Melo adotou estratégia semelhante, porém lembrando das gestões federais petistas, que, segundo ele, foram responsáveis por quebrar o país. “De obras inacabadas, seu partido pode dar curso no mundo. Assim como o metrô de Porto Alegre, que a Dilma não fez, mas colocou dinheiro em Caracas, na Venezuela”, afirmou o emedebista. “Primeiro quero dizer que o metrô de Caracas foi construído com o dinheiro do Fernando Henrique. Mas não sei se o senhor apoiava ele ou não, porque o senhor muda de ideia no meio do caminho”, respondeu Manuela.“ A pesquisa Ibope da última terça-feira (24), mostrava Sebastião Melo com 54% dos votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), contra 46% de Manuela. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Nos votos totais, o emedebista tinha 49%, e a candidata do PC do B, 42%. Brancos e nulos eram 5%; não souberam ou não responderam, 4%. Foram ouvidos 805 eleitores entre os dias 22 e 24 de novembro. O levantamento, contratatado pela RBS TV, está registrado no TRE com o número RS-03118/2020. No primeiro turno, Manuela vinha sendo apontada como favorita nas pesquisas. Porém, ela terminou como segunda colocada. Melo fez 31% dos votos (200.280) e Manuela 29% (187.262). O Tribunal Regional Federal da 1ª Região marcou para dezembro o julgamento do inquérito que tem entre os investigados o deputado Eduardo Braide (Podemos), candidato a prefeito em São Luís (MA). O relator é o desembargador Olindo Menezes. O caso foi incluído na pauta do dia 9 de dezembro. A discussão é sobre qual instância a investigação deve tramitar, se na primeira ou no Supremo, por causa do foro privilegiado do parlamentar. O Painel revelou no dia 7 de outubro que um documento do MP o classificava como investigado. Durante a campanha, Braide negou que fosse investigado e chegou a acionar a Justiça para proibir a divulgação da informação. O Brasil chegou a 6.204.570 de casos de Covid-19, nesta quinta-feira (26), dia em que houve registro de 37.672 infecções pelo novo coronavírus. O país também documentou 698 mortes pela doença, chegando com isso a 171.497 óbitos desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 479, o que representa um cenário de aumento de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Chama a atenção o número de casos no Sul do país, que representam cerca de 34% (12.714) do total nacional. A região ambém apresenta aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Sudeste e Norte também apresentam aumento. O Nordeste tem estabilidade da média. Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes. Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Rondônia estão em estabilidade. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 81,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (263.394), e o Reino Unido (57.128), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 80,6 e 86 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (87,1), país com 52.850 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a ultrapassar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 103.597 óbitos, tem 82,1 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 111,6. O país tem 35.685 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 135.223 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 85,3 mortes por 100 mil habitantes (37.941 óbitos). A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, Manuela d’Ávila (PC do B) tenta ser prefeita de Porto Alegre. Seu vice, o petista Miguel Rossetto, é ex-ministro dos governos Lula e Dilma. Manuela ficou em segundo lugar no primeiro turno, com 187.262 votos. O ex-vice-prefeito Sebastião Melo (MDB) teve 200.280 votos. As pesquisas, incluindo o Ibope da véspera, indicavam uma ampla vantagem à Manuela. Para ela, a desistência de José Fortunati (PTB) e as fake news contribuíram para a diferença de resultado. A Justiça Eleitoral determinou a retirada de mais de meio milhão de compartilhamentos de boatos contra a candidata em redes sociais. * O que a morte de Beto Freitas, espancado no Carrefour, representa para a senhora? É a manifestação violenta e visível do que é o racismo que estrutura as relações sociais e econômicas no nosso país. Nosso programa, registrado no TRE [Tribunal Regional Eleitoral], já apresenta algumas alternativas para enfrentar o racismo, como a capacitação dos servidores públicos. Sabemos, porque debatemos na elaboração do programa, que para enfrentar o racismo na cidade, precisamos também de medidas que enfrentem a desigualdade. Quando falamos de violência contra a mulher, sabemos que a violência é crescente entre as mulheres negras. Quando falamos em internet para as crianças da rede municipal, falamos de todas, mas sabemos quem são as crianças da rede. Reconhecemos a existência do racismo como estruturador das desigualdades no nosso país. As pesquisas indicavam a senhora como vencedora no primeiro turno, inclusive a pesquisa da véspera da votação, com ampla vantagem. Como a senhora interpreta o resultado diferente? O que ocorreu? As pesquisas da véspera de eleição não conseguem várias coisas, como o impacto do Fortunati, tirado da eleição no tapetão, [ele desistiu da candidatura após indeferimento do seu vice] e as mentiras e boatos da véspera. Na sexta-feira (13) e no sábado (14), Porto Alegre foi tomada por muita mentira. Foi um primeiro turno marcado por boatos. A abstenção também é um elemento que surpreendeu a todos. A abstenção foi a grande campeã, que sozinha teve quase a mesma quantidade de votos que eu e o meu adversário. O primeiro turno foi muito rebaixado, com muita agressão e pouquíssimo debate sobre propostas. A gente tentava, mas a baixaria imperava. Durante o primeiro turno, a Justiça Eleitoral determinou a retirada de meio milhão de compartilhamentos de boatos contra a sua candidatura. A senhora acredita que esse conteúdo, mesmo falso, tira seus possíveis votos? Na eleição presidencial teve uma noite que retiramos 13 milhões de postagens falsas. Tem impacto nas pessoas que acreditam e na abstenção. Embora o segundo turno, até agora, ter um alto nível de debates, meus principais detratores, como chamamos quem se engaja em divulgar notícias falsas, são os perfis que apoiam o adversário. De que lado está o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) e suas agressões, baseadas em notícias fraudulentas? A quem Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) declarou guerra? A mim, em apoio ao meu adversário. A senhora está sendo apoiada oficialmente por PSOL e PDT, que tinham candidatas no primeiro turno. Marina Silva, Ciro Gomes e Roberto Requião manifestaram apoio à senhora. O que esses apoios representam? Os apoios são emblemáticos sobre a disputa que acontece em Porto Alegre. Meu adversário tenta se distanciar da experiência que teve de governar, que não foi exitosa, e não faz enfrentamentos para a população viver melhor com o que Bolsonaro estabeleceu no país. Meu adversário flerta com a negação da pandemia, não debate condições mínimas de garantir a vacina diante da negativa do presidente em fazer isso. Essas vozes que se unem nacionalmente dizem: Porto Alegre precisa cuidar melhor das suas pessoas. O envolvimento deles, com o Requião, do próprio partido do meu adversário, se dá a partir das ideias que temos. Como a senhora avalia o resultado para a Câmara Municipal, com cinco vereadores negros, e PT e PSOL entre as maiores bancadas? E a necessidade de manter uma base, como se viu no processo de impeachment do prefeito Nelson Marchezan Jr.? Achei a Câmara tremendamente diversa. Fiquei muito feliz que elegemos partidos que me apoiam e a bancada negra. Sobretudo porque tem relação com a periferia para uma Câmara mais popular. É importante para ter um Legislativo que escute a população. Quanto ao impeachment do Marchezan, o principal recado não é sobre tamanho de bancada, mas sobre a necessidade de estabelecer pontes e fazer com que os projetos cheguem com legitimidade, construídos participativamente. Pertencer ao PC do B afasta eleitores mais conservadores da senhora? Tenta reverter isso de que modo? Tenho falado diretamente sobre as mentiras que inventam e sobre quem governa o estado melhor administrado do Brasil, que é o Flávio Dino, do Partido Comunista, no Maranhão. Tentam criar uma animosidade da minha candidatura com a iniciativa privada e empresários que é dissonante da realidade. Em 2004, quando eu era vereadora, votei a favor das PPPs [parcerias público-privadas]. A gestão do Flávio Dino foi uma das primeiras a abrir a economia, em 24 de maio, com responsabilidade e sem negacionismo. O Maranhão é o estado mais rápido para abrir um negócio, é o que mais cresceu e mais gerou emprego na pandemia. Defendemos a liberdade religiosa do Brasil, ainda com a lei de autoria de Jorge Amado. É importante as pessoas serem esclarecidas. Quais as principais diferenças entre a senhora e o seu adversário? São muitas. Em primeiríssimo lugar, ele representa uma experiência que não deu certo. Eu represento experiências que foram exitosas no passado e representam um futuro para a cidade. Melo aderiu às bandeiras de privatizar a Carris [transporte], Procempa [internet] e Dmae [água e esgoto]. Eu defendo o transporte público, no mundo inteiro estão reestatizando a água, e 80% das crianças da rede municipal não têm internet. Eu defendo que precisamos garantir a economia aberta e, por isso, luto pela vacina. Ele defende abrir a economia, mas não levanta a cabeça para discutir a vacina. As diferenças foram se amplificando no decorrer do tempo, em função dos compromissos que ele foi firmando com seus aliados. Manuela d’Ávila, 39 Jornalista e mestre em políticas públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi vereadora (2005-2006), deputada federal (2007-2015) e deputada estadual (2015-2019), além de candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT), em 2018. Sempre foi filiada ao PC do B Dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a expectativa de vida ao nascer no Brasil chegou aos 76,6 anos em 2019, ainda antes da pandemia da Covid-19. As mulheres ainda têm expectativa de vida maior, de 80,1 anos, dois meses e 23 dias maior do que no ano anterior. Entre os homens, esse número é menor, ficando em 73,1 anos, um acréscimo de três meses e sete dias. A melhora da expectativa de vida em 2019 decorre também do fato de o país ter reduzido a mortalidade infantil. No ano passado, foram 11,9 registros de mortes de crianças de até 1 ano para cada mil nascidos vivos —eram 12,4 em 2018. Os dados divulgados nesta quinta são do ano passado, quando o Brasil ainda não havia sido atingido pela chegada do novo coronavírus, que até o momento já tirou a vida de mais de 1,4 milhão de pessoas em todo o mundo, sendo mais de 170 mil brasileiros. De acordo com o IBGE, desde 1940, a esperança de vida aumentou em 31,1 anos no Brasil. Já a taxa de mortalidade infantil despencou 91,9% desde essa mesma época, quando chegava a 146,6 óbitos por mil nascimentos. A pesquisa indica que é aos 20 anos que a mortalidade masculina atinge seu pico. Em 2019, um homem dessa idade tinha 4,6 vezes mais chances de não chegar ao seu 25º aniversário do que uma mulher da mesma faixa etária. Segundo Fernando Albuquerque, demógrafo do IBGE, isso ocorreu devido à maior incidência de óbitos por causas externas ou não naturais, como homicídios e acidentes. ""Essas causas atingem com maior intensidade a população masculina jovem. A expectativa de vida masculina no país poderia ser superior à que se estima atualmente, se não fosse o efeito das mortes prematuras de jovens por causas não naturais”, afirmou. Segundo o IBGE, de forma geral em todas as faixas houve declínio da mortalidade ao longo do tempo. Uma justificativa é o aumento da probabilidade de uma pessoa que atingiu os 60 anos chegar aos 80 dentro do país. “A diminuição da mortalidade nas idades mais avançadas fez com que as probabilidades de sobrevivência entre 60 e os 80 anos de idade tivessem aumentos consideráveis entre 1980 e 2019”, disse Fernando Albuquerque. Em 1980, 344 de cada mil pessoas que chegavam aos 60 anos atingiam os 80. Em 2019, esse contingente subiu para 604 brasileiros, em média. Na análise regional, Espírito Santo (7,8 por mil), Paraná (8,2) e Santa Catarina (8,4) apresentam as menores probabilidades de um recém-nascido não completar o primeiro ano de vida. Já Amapá (22,6), Rondônia (18,8) e Maranhão (18,6) apresentam os piores números. Mesmo os melhores estados ainda estão bem atrás dos países mais desenvolvidos do mundo. Japão e Finlândia, por exemplo, possuem taxas abaixo de 2 mortes por mil recém-nascidos. Já nos países da África Ocidental e Central, essa marca fica em torno de 90. Na comparação com os países do Brics, o Brasil fica próximo da China (9,9). A Rússia tem a melhor marca (5,8), enquanto Índia (32) e África do Sul (27,2) apresentam números bem piores. A maior esperança de vida ao nascer pertence ao Estado de Santa Catarina, 79,9 anos. Logo em seguida, Espírito Santo (79,1), São Paulo (78,9), Distrito Federal (78,9) Rio Grande do Sul (78,5) e Minas Gerais (78) com valores iguais ou acima de 78 anos. No outro extremo vem o Maranhão, com esperança de vida ao nascer de 71,4 anos, e Piauí, com 71,6 anos. Os números fazem parte da Tábua de Mortalidade do IBGE, que fornece estimativas da expectativa de vida às idades exatas até os 80 anos, com data de referência de 1o de julho do ano anterior. A pandemia, inclusive, adiou a realização do Censo Demográfico, que seria feito neste ano. Originalmente, o estudo seria feito neste ano, mas foi adiado para 2021 por causa da pandemia. O custo estimado pelo governo para a pesquisa é de aproximadamente R$ 2 bilhões. O censo ajudaria a pesquisa ao trazer novos dados demográficos, que seriam aferidos com mais precisão. Estima-se a atual população brasileira em 210 milhões. A Tábua de Mortalidade é calculada a partir de projeções demográficas baseadas no Censo 2010, considerando, também, as informações dos registros oficiais de óbitos por sexo e idade. O número de casos de Srag (síndrome respiratória aguda grave) voltou a crescer no país pela primeira vez desde julho, segundo o boletim Infogripe, da Fiocruz, com dados registrados até o último sábado (21). A Srag é definida por um ou mais critérios, como tosse, dor de garganta e falta de ar, e pode ser causada por diversos fatores, inclusive vírus respiratórios. A Fiocruz coleta informações de notificações de Srag do sistema Sivep-Gripe, do Ministério da Saúde. O aumento das notificações foi verificado em pelo menos 12 capitais, cujos sinais são de tendência forte ou moderada de alta, e em 21 das 27 unidades federativas. As capitais com tendência forte de crescimento nas últimas seis semanas são Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Maceió (AL) e Salvador (BA). Já as capitais com sinal moderado de crescimento no mesmo período são São Paulo (SP), Curitiba (PR), Natal (RN), Palmas (TO), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e Vitória (ES). Nos estados, o aumento é mais heterogêneo, com tendência de alta em uma ou mais macrorregiões, formadas por uma ou mais regiões com estrutura para atender casos de média e alta complexidade. Os estados que apresentam alta em todo o território são Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Em Santa Catarina, seis das sete macrorregiões apontam alta. No Alagoas, Ceará, Espírito Santo, em Minas Gerais, no Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e em São Paulo, o aumento ocorreu em 50% ou mais do estado. Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão têm um terço do território com tendência de alta, e Goiás e Mato Grosso, 20% do território. Até o momento, foram reportados 565.312 casos de Srag no país, dos quais 309.507 (54,7%) tiveram resultado laboratorial viral. Dos casos positivos, 97,7% (300.222) foram causados pelo coronavírus Sars-CoV-2. Como a análise de Srag é feita por semana epidemiológica, foi possível verificar a tendência de aumento a longo prazo, mesmo se a curto prazo a maioria dos estados mostrasse estabilidade. Nas semanas epidemiológicas 45 e 46, os números foram afetados pelo apagão de dados que ocorreu entre os dias 5 e 10 de novembro, quando o site do Ministério da Saúde ficou fora do ar. Mesmo assim, pela primeira vez desde a semana de 28 de junho a 4 de julho, todo o país apresenta alta. Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, explica que é fundamental olhar os casos de Srag para entender a situação do país. “Como muitas cidades do interior podem ter problemas de atraso nos testes, a notificação de novos casos confirmados pode ficar comprometida, mas as notificações de Srag são um cenário mais próximo da realidade. A retomada de crescimento, desde a queda em julho, é clara.” Algumas capitais apresentaram oscilações nas últimas semanas, caso de Goiânia, que interrompeu a tendência de queda reportada até o final de outubro e agora está estável (mas com recomendação de atenção), Rio Branco (AC), com crescimento reportado até o último boletim e agora com tendência de queda, e João Pessoa (PB), que atingiu um patamar de 10 casos semanais por 100 mil habitantes no último boletim e agora encontra-se estável. Florianópolis (SC) está estável após crescimento por todo o mês de outubro. Já Boa Vista (RR), Recife (PE) e Teresina (PI) apresentaram tendência de queda nas últimas semanas. Por fim, os dados para Cuiabá (MT), de acordo com o boletim, não são confiáveis, pois há diferença nos dados de Srag notificados no Sivep-Gripe e aqueles reportados no próprio sistema do estado. Gomes acredita ainda que se perde muito tempo com a discussão sobre se esta é ou não uma segunda onda. “Não existe uma definição clara e específica do que é uma segunda onda. O ponto principal é: qual a situação atual? Estamos em um momento tranquilo [de controle do vírus]? Não. Então precisamos reavaliar e repensar as medidas a partir daqui.” Em sua opinião, ações de política pública em relação a eventos com potencial de aglomeração devem ser repensadas. “Não houve uma ação coordenada do governo federal. Falhou-se na comunicação, porque ao mesmo tempo que foi flexibilizada a quarentena, não houve orientação para não formar aglomerações. Mas não é tarde, é possível melhorar a comunicação e reavaliar essas ações.” Em alguns estados, como SP e RJ, a tendência de aumento já podia ser verificada na primeira semana de novembro. Renato Mendes Coutinho, professor da Ufabc, integra o grupo de pesquisadores do Observatório Covid-19 BR, uma iniciativa de pesquisadores da USP, Unesp, Unicamp, Ufabc e colaboradores no exterior, e avalia de perto os casos de Srag no estado de SP, onde a tendência de alta começou em meados de outubro. “Na semana do dia 1˚ de novembro, foram reportados quase 1.600 casos de Srag. Já na semana seguinte, foram mais de 2.000, e continuou a subir. Foi uma alta de mais de 25%, tendência muito semelhante à alta de casos de Covid-19 [internações por Covid-19 no estado tiveram alta de 26% nas últimas semanas].” Coutinho relaciona esse aumento já verificado em novembro ao relaxamento das medidas restritivas de atividades em outubro e, consequentemente, à maior aglomeração de pessoas. “Antes era dada muita importância para as superfícies, mas agora temos cada vez mais evidência de que a transmissão por aerossóis é muito mais relevante.” Os especialistas compartilham a opinião de que uma medida efetiva de controle seria testar os casos suspeitos, rastrear os contatos e isolar os contaminados. “No início da pandemia, era muito difícil, porque tínhamos muitos casos por dia. Agora, é mais fácil. Podemos usar a atenção primária, os agentes comunitários e testar uma grande quantidade de casos suspeitos. Isso seria bem mais efetivo do que aguardar uma situação extrema e regredir para uma quarentena mais rigorosa, com restrição de atividades”, diz Gomes. O Brasil registrou 45.449 casos da Covid-19, somente nesta quarta-feira (25). O país, assim, chegou 6.166.898 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Foram documentadas também 620 mortes pela doença, o que elevou o total de óbitos para 170.799. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 472, o que representa um cenário de aumento de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Norte e Nordeste estão em situação de estabilidade. Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe têm aumento da média móvel de mortes. Bahia e Distrito Federal, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rondônia têm taxa estável. Os demais estados aprensentam queda. O Brasil tem uma taxa de 81,5 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (261.874), e o Reino Unido (56.630), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 80,2 e 85,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (86,1), país com 52.028 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a ultrapassar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 102.739 óbitos, tem 81,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 111,6. O país tem 35.685 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 134.699 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 10 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 84,1 mortes por 100 mil habitantes (37.432 óbitos). O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (25) aponta 47.898 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 654 novas mortes. Com esses dados, o balanço da pasta soma 6.166.606 casos e 170.769 mortes pela doença desde o início da epidemia. Há, ainda, 2.177 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Estudo da consultoria GO Associados aponta que 24 das 27 unidades da Federação precisarão ampliar a média de investimentos em saneamento para atingir as metas de universalização definidas pelo novo marco regulatório do setor. Em 17 deles, os aportes precisam ser, no mínimo, o triplo da média dos últimos anos. A consultoria avaliou a situação por estado, comparando as necessidades futuras com o investimento médio feito entre 2014 e 2018. O cenário é crítico em estados do Norte e Nordeste, que hoje têm indicadores mais precários de oferta dos serviços. O Amapá, por exemplo, precisaria multiplicar os aportes em 18,43 vezes, passando de uma média anual de R$ 6 milhões para uma média anual de R$ 141 milhões. Já o Piauí teria que passar de R$ 61 milhões para pouco mais de R$ 1 bilhão, ou 16,36 vezes mais. Maranhão, Rondônia, Pará e Amazonas teriam que multiplicar os aportes mais de oito vezes. Desses, Maranhão e Pará são os que demandam a maior média de investimentos anuais, de R$ 1,3 bilhão e R$ 1,2 bilhão, respectivamente. O estudo foi contratado pelo Instituto Trata Brasil, apoiado por empresas ""com interesse nos avanços do saneamento básico"", como concessionárias privadas e prestadores de serviço para o setor. Para os autores, os resultados reforçam a necessidade parcerias com o capital privado. Ao todo, o setor vê a necessidade de investimentos de ao menos R$ 519 bilhões para universalizar os serviços, segundo estudo feito em 2019 pela consultoria KPMG e pela Abcon ( Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto). Na aprovação do marco regulatório do setor, no primeiro semestre, a estimativa subiu para R$ 700 bilhões. Considerando o estudo da Abcon, a GO Associados estima que o setor precisaria ao menos de aportes médios anuais de R$ 34,7 bilhões nos próximos 15 anos —em valores de hoje, R$ 520 bilhões no total. A expectativa é que a onda de leilões de concessão ou PPPs (parcerias público-privadas) no setor ganhe força nos próximos anos, diante da obrigação pelo cumprimento das metas estabelecidas no marco. Apenas para 2021, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) prevê ao menos seis ofertas. Uma delas será para a prestação dos serviços nos 16 municípios do Amapá, um dos estados com menor cobertura no país. Os estudos desenvolvidos pelo banco apontam necessidade de R$ 3 bilhões em investimentos. Entre 2014 e 2018, o estado investiu uma média de R$ 6 milhões por ano. Sancionado em julho, o novo marco regulatório estipulou que até 2033, 99% da população deve ter água tratada e 90% devem ter acesso a sistemas de esgotamento sanitário. As metas já existiam no Plano Nacional de Saneamento Básico, aprovado em 2013, mas com menos instrumentos de cobrança por seu cumprimento. ""É um desafio muito grande, mas o cenário é mais animador do que há dois ou três anos"", diz Pedro Scazufca, pesquisador do Instituto Trata Brasil. ""A gente começa a ver esses projetos saindo do papel e apontando na direção de aumentar os investimentos."" O estudo da GO Associados considera, com dados de 2018, o índice de cobertura de cada estado e a média de investimentos nos três anos anteriores. A partir daí, calcula quanto seria necessário para o cumprimento das metas de universalização. Próximos da universalização, apenas São Paulo, Paraná e o Distrito Federal conseguirão atingir as metas mantendo a média de investimentos do período pesquisado. São Paulo, por exemplo, já tem 96% da população abastecida com água potável e 90% com acesso à rede de esgoto. Na outra ponta, o Amazonas garante água potável para 35% da população. Apenas 7% têm acesso à rede de esgoto. Entre 2014 e 2018, o estado investiu uma média de R$ 79 milhões por ano no setor. Para atingir as metas, precisará investir 8,03 vezes esse valor. O estudo ressalta que, na lista dos 17 estados que têm média histórica de investimento muito abaixo do necessário para a universalização, cinco já iniciaram tratativas com o BNDES para conceder os serviços: Rio Grande do Sul, Acre, Ceará e Piauí, além do Amapá. Entre os sete que investem alto, mas ainda abaixo do necessário, três também decidiram buscar parceria com o setor privado: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Os dois últimos realizaram leilões este ano, vencidos pela Aegea Saneamento. Já o leilão da estatal fluminense Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) está previsto para o primeiro trimestre de 2021, com investimentos estimados em R$ 31 bilhões para universalizar os serviços em 47 cidades do estado. No momento, BNDES e governo do estado discutem um último ponto de divergência: o preço da água pago pelos concessionários dos quatro blocos de cidades em que foi dividida à concessão. A produção de água permanecerá estatal e o governo teme que a empresa remanescente não seja sustentável. O marco do saneamento não obriga estados e municípios a conceder os serviços à iniciativa privada, mas cria a possibilidade de caducidade de concessões caso as metas não sejam cumpridas. Assim, o setor espera que, sem capacidade de investimento, estados e municípios optem por parcerias. ""É uma decisão estratégica de cada estado"", diz Scazufca. ""Mas se a gente olha o diagnóstico e o sucesso dos primeiros leilões, a tendência é que outros governantes tentem atrair mais capital, já que o desafio é muito grande e muitas concessionárias estaduais ou municipais não têm condições financeiras de fazer isso."" O Brasil chegou aos 170.179 mortos pela Covid-19 e aos 6.121.449 de casos da doença. Nesta terça-feira (24), o país registrou 638 óbitos e 33.445 pessoas infectadas. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 491, o que representa um cenário de aumento de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. A média recente, porém, foi afetada por um apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país e especialistas que os acompanham têm apontado tendências de aumento de casos de Covid-19. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Norte e Nordeste são as únicas regiões do país com quadros de estabilidade da média móvel de mortes. Todas as demais se encontram com média móvel crescente. Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo têm aumento das médias móveis de mortos pela Covid-19, em relação ao dado de 14 dias atrás. Amapá, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe estão em situação de estabilidade da média. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 81,2 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (259.256), e o Reino Unido (55.935), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 79,4 e 84,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (84,9), país com 51.306 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a ultrapassar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 101.926 óbitos, tem 80,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 111,4. O país tem 35.641 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 134.218 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,9 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 83,4 mortes por 100 mil habitantes (37.122 óbitos). Já o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na noite desta terça-feira (24) aponta 31.100 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 630 novas mortes. O balanço da pasta soma, com esses dados, 6.118.708 casos e 170.115 mortes pela doença registrados desde o início da epidemia no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil apresenta, nesta segunda-feira (23), média móvel de mortes por Covid-19 de 496, um panorama de crescimento de 47% em relação a 14 dias atrás, quando era de 338. Apresentados pelo consórcio de veículos de imprensa, os dados desta segunda registram 344 mortes pela Covid-19 e 17.585 casos da doença. Com isso, o país chegou a 169.524 óbitos e 6.086.923 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Aos domingos e segundas-feiras, os números costumam ser menores, devido a atrasos de notificação nas secretarias de saúde. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 494, o que representa um cenário de aumento de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. A média, porém, foi afetada por um recente apagão de dados de alguns estados. De toda forma, dados do país têm mostrado tendências de aumento de casos de Covid-19. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Sudeste, Centro-Oeste e Norte apresentam crescimento na média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Sul e Nordeste estão em situação de estabilidade. Amapá, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo apresentam crescimento das médias móveis. Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia estão em estabilidade na média de mortes. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 80,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (257.514), e o Reino Unido (55.327), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 78,8 e 83,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil havia ultrapassado a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (83,5), país com 50.453 óbitos pela doença. Contudo, com a segunda onda que assola a Europa, a Itália voltou a ultrapassar o Brasil. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 101.676 óbitos, tem 80,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 111,3. O país tem 35.595 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 133.738 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,9 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena rígida de início, o índice é de 83,4 mortes por 100 mil habitantes (37.122 óbitos). Já o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda aponta 16.207 novos casos confirmados da Covid-19, com 302 novas mortes. Com esses dados, o balanço federal registra 6.087.608 casos e 169.485 mortes pela doença desde o início da epidemia no país. Há, ainda 2.202 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O governismo é fenômeno quase universal, e entre nós já foi objeto da fina ironia dos diálogos de Esaú e Jacó, de Machado de Assis: “Não se assuste, é o governo que cai.” “Mas eu ouço aclamações...” “Então é o governo que sobe. Não se assuste. Amanhã é dia de cumprimentá-lo!” Mas esse tipo de governismo não é deferente nem expressa subalternidade frente à autoridade. Chubb, na obra clássica sobre o clientelismo político italiano, define o qualunquismo como apoio cínico, sem lealdades, a quem quer que seja governo. Os resultados das eleições municipais corroboram a previsão feita neste espaço de que a força gravitacional do governo federal teria intensidade maior nas regiões mais pobres. E que o qualunquismo prevaleceria onde supostamente haveria bastiões da oposição; o eleitor seria o árbitro entre ganhos de redes locais e federais. O governador iria competir agora com o presidente. Ou melhor, com as redes federais. O qualunquismo em estado pobre é estarrecedor: no Maranhão, a eleição do governador do PC do B em 2014 alavancou o número de prefeitos, em 2016, em 920%. Mas o partido agora perdeu 24 prefeituras das 46 que controlava, e foi apenas a quarta agremiação em número de prefeitos eleitos no estado. Há também o qualunquismo de estado rico: no Paraná o número de prefeitos do PSD saltou de 28 para 128 (458%) na eleição atual devido à vitória de Ratinho Junior em 2018. Em Pernambuco, o PSB perdeu quase um quarto (23%) das prefeituras que controlava, enquanto o PT perdeu duas. Na Bahia, o PT conquistou apenas 34 prefeituras, sete a menos do que em 2016, o que equivale a 1/3 das 92 que elegeu em 2012. O resultado é contra-intuitivo porque a pandemia favorece os incumbentes que estão com cofres cheios numa campanha curta e sem mobilização. Tanto é que a taxa de reeleição de prefeitos pulou de 46% para 63%. Os partidos governistas foram vitoriosos no país como um todo, embora os candidatos bolsonaristas tenham fracassado. Não há contradição aqui. Com a formação de uma mal-ajambrada coalizão de governo, o presidente não é mais o Bolsonaro-candidato, apoiado pela cacofonia de setores raiz. A derrota do Bolsonaro-candidato não eclipsa a vitória da coalizão e do governismo. Uma das características dos partidos políticos que ocuparam o fiel da balança no passado —partido pivotal, no jargão— é que não possuíam candidatos “presidenciáveis”: ele(a)s vinham do PT e do PSDB. O PMDB nunca teve um. Bolsonaro ocupa esse lugar para seu equivalente funcional hoje, o centrão. E se fortaleceu para 2022, embora em novo formato de disputa. Mas só será viável se a arquitetura da escolha não mudar e a economia não naufragar. A Justiça Federal no Mato Grosso determinou que o Ministério das Comunicações modifique o edital de chamamento público para selecionar empresas para operar serviços de retransmissão de rádio na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte de Mato Grosso e Maranhão). O projeto tem como objetivo expandir o sinal de rádio FM no interior da região. A ideia é regulamentar a atividade de emissoras cujo objetivo não é gerar, mas retransmitir conteúdos. No entanto, a Justiça entendeu que o edital do governo federal não foi isonômico ao excluir as rádios do interior, restringindo o chamamento às que encontram nas capitais. O juiz Cesar Bearsi ordenou então que elas sejam incluídas. “O privilégio às rádios da capital é inconstitucionalidade chapada”, diz Romulo Nagib, advogado do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no estado de Mato Grosso, que entrou com a ação. A ciência produzida no Brasil é branca —e, em algumas áreas do conhecimento, é mais branca ainda. Um retrato da pós-graduação do país mostra que, em média, um em cada quatro matriculados em programas de mestrado e de doutorado é negro. Em áreas como medicina, a participação dos negros cai para um em cada dez cientistas em formação. As informações raciais foram tabuladas pela Folha a partir de uma base de dados abertos de 2018 da Capes, agência do MEC voltada à pós-graduação no país. Foram considerados nos cálculos apenas os alunos de pós-graduação do país que informaram a cor da pele —o que é feito de maneira autodeclarada. Olhar para a pós-graduação no Brasil é importante porque cientistas em formação produzem boa parte do conhecimento nacional. Isso acontece por meio de bolsas de pesquisa —uma espécie de ""salário"" pago por agências de fomento aos pós-graduandos para que trabalhem integralmente com ciência. Os dados mostram que em algumas áreas da saúde (como odontologia e medicina), em direito, engenharias e em arquitetura —consideradas ""de elite""— a participação dos negros entre pós-graduandos despenca. ""Já fui a única negra apresentando uma pesquisa em uma sala com 24 cientistas em um congresso acadêmico"", diz Thays Torres Oliveira, mestranda na Ufpel (Universidade Federal de Pelotas) em clínica odontológica, uma das áreas mais embranquecidas da ciência nacional. Oliveira chegou na universidade há dez anos, vinda do Maranhão, para cursar odontologia. Encontrou apenas um colega negro na turma (de 44 alunos) e uma veterana negra. Na época, não havia nenhum docente preto ou pardo no curso. Hoje, na pós-graduação, ela encontra mais pares negros, incluindo um colega do Cabo Verde. Desde 2017, a Ufpel reserva 20% das vagas dos mestrados e doutorados para cientistas negros em formação. A medida foi uma resposta a uma portaria de maio de 2016, a última assinatura da presidente Dilma Rousseff (PT) antes do impeachment. O texto previa que universidades federais criassem sistemas de reserva de vagas para alunos negros, indígenas e pessoas com deficiência nos mestrados e doutorados. Simbolicamente, a revogação da portaria, em junho deste ano, também foi o último ato do então ministro da Educação Abraham Weintraub antes de ser demitido. ""Não tenho alunos negros na graduação ou na pós trabalhando com ciência"", diz o astrofísico Alan Alves Brito. ""Tampouco tenho colegas ou parceiros de trabalho."" Ele é o único docente negro dentre mais de cem professores do Instituto de Física da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Brito coleciona experiências como único cientista negro em congressos nacionais e internacionais de sua área de pesquisa. Em um deles, chegou a ser confundido com um funcionário da cozinha. Também já perguntaram se ele era músico. ""Nunca acreditam quando digo que sou cientista."" Cientistas em formação que se declaram especificamente pretos desaparecem ainda mais nas estatísticas nacionais. Em odonto e medicina, menos de 2% dos pós-graduandos são pretos. É a menor taxa nacional. A falta de diversidade na produção científica é um problema velho conhecido entre estudiosos da ciência. Como a maioria dos pesquisadores no Brasil pertence a uma mesma etnia, questões relacionadas a outros grupos podem ficar de fora dos estudos ou podem ter interpretações enviesadas. Na prática, corremos o risco, por exemplo, de trabalhar mais na compreensão e no tratamento de doenças comuns em pessoas brancas do que pretas e pardas, que compõem mais da metade da população do país. Na outra ponta, na área de antropologia, quase 18% dos pesquisadores do país na pós-graduação são especificamente pretos, um recorde nacional. Na sequência, figura serviço social, já com menos de 13,6% de pretos entre os cientistas em formação nesta área. A distribuição dos cientistas negros na pós-graduação também é desigual pelo país. Enquanto no Norte 61,2% dos pós-granduandos são negros (o que representa cerca de 4.000 alunos), no Sudeste os negros são apenas 21,2% dos matriculados (11,6 mil alunos ao todo). E vale lembrar que os programas de pós estão concentrados sobretudo no Sudeste do país. Como os dados de raça passaram a ser coletados somente em 2017 pela Capes, não é possível fazer uma análise sobre a evolução racial na pós-graduação no país. Isso dificulta a análise e definição de políticas públicas na área. Algumas universidades, no entanto, fazem um levantamento próprio. A geóloga e professora do Instituto de Geociências da USP, Adriana Alves, apresentou em um evento de pós-graduação na universidade dados de distribuição por cor da pele nos três últimos níveis da carreira acadêmica na instituição paulista: doutorado, pós-doutorado e docência. Uma boa notícia: a taxa de estudantes negros (pretos e pardos) subiu no período de 2010 a 2020 na universidade, passando de 75 para 168 (um alta de 124%), mas ainda representa um quinto do total de pós-graduandos. Entretanto, o número de pesquisadores de pós-doutorado negros representa ainda 11,4% do total. “O crescimento de docentes negras se faz às custas do segundo grupo mais hegemônico, que são os amarelos [orientais], e não dos brancos. Os brancos não oscilaram na última década em porcentagem na contratação, enquanto os orientais tiveram uma queda, ao mesmo tempo que os pretos e pardos ascenderam”, explica Alves. A geóloga se lançou sobre as questões de gênero e raça na pós-graduação e viu como é expressiva a diferença entre as mulheres brancas e as pretas, pardas e indígenas na carreira acadêmica. Por esse motivo, apresentou na última semana na universidade um programa de pós-doutorado voltado especificamente para mulheres negras, que deve contar com financiamento privado. “Mesmo sem as cotas na pós-graduação o número de pretas quintuplicou. O número de pardas encostou no de brancas. A mudança agora precisa vir de cima.” Para ela, é preciso que os brancos “parem de falar do negro como vítima do racismo e passem a falar do seu privilégio como branco”. “Cientistas em geral não admitem que possuem viés. Nas bancas, o argumento é de mérito, mas se a banca é toda formada por brancos, quem eles vão ver como excelentes? É o chamado pacto narcísico.” Alves afirma que essa iniciativa irá priorizar áreas em que não há presença de alunas negras e deve diminuir a baixa representatividade, que é tão aparente e cujas iniciativas da universidade, nos últimos anos, foram escassas. “Quero colocar um exército de ‘Adrianinhas’ em todas as áreas da ciência”, finaliza. Acompanhe as últimas notícias sobre as eleições que elegerão prefeitos e vereadores em todo o país. - Leia as reportagens mais recentes da cobertura das eleições municipais - Veja as mais recentes pesquisas nas disputas pelas prefeituras das principais cidades do país - Saiba quais são os candidatos e as candidatas à prefeitura em todas as capitais do país - Veja o calendário da eleição; primeiro turno será em 15 de novembro - Saiba o que fazer para reduzir o risco de contágio por coronavírus no dia da votação - Série ""Os Nós de São Paulo"" apresenta radiografias de desafios em diversas áreas sob responsabilidade do prefeito - Acompanhe a série de reportagens da Agência Mural sobre a eleição nas periferias - Acompanhe a cobertura da Folha das eleições em Jaboticabal Mais conhecida como atriz e comediante, Nany People (o Marcos Paulo da novela “O Sétimo Guardião”) também foi um dos destaques da edição do ano passado do programa “Popstar”, da Globo, uma competição entre celebridades que cantam. Neste sábado (21), ela apresenta, diretamente do Teatro Universitário de Vitória, o espetáculo ""Nany É Pop - Um Musical"", que explora seus dotes vocais, com direção musical de Ricardo Severo. Facebook e YouTube da WB Produções, 20h, grátis Cão-Estrela e Turbo-Gato Nesta animação inédita nos cinemas, um cachorro recebe a ajuda de um gato para embarcar em uma viagem espacial e encontrar o caminho de casa. TNT, 12h15, livre #SalaDigital O ciclo integral das 32 sonatas de Beethoven chega ao fim, com os recitais dos pianistas Sergio Monteiro (16h) e Jean Louis Steuerman (19h). YouTube da Sala Cecília Meireles, 16h e 19h Expedição Nordeste Na estreia desta série documental, os irmãos Tauã e Caiã Cordel exploram o estado do Maranhão. Novos episódios toda quarta e sábado. Smithsonian Channel, 18h, 10 anos Música para Morrer de Amor Três jovens paulistanos vivem histórias de amor, embalados por clássicos da MPB. O filme de Rafael Gomes tem Caio Horowicz, Mayara Constantino e Victor Mendes no elenco. Canal Brasil, 20h30, 12 anos Luta pela Justiça Michael B. Jordan e Brie Larson fazem dois advogados que tentam tirar um homem inocente, papel de Jamie Foxx, do corredor da morte. HBO, 22h, 14 anos Sonic – O Filme Sucesso nos videogames, o agitado ouriço Sonic ganha seu próprio longa, que mistura computação gráfica com atores de carne e osso. Telecine Premium, 22h, livre Selma – Uma Luta pela Igualdade O longa de Ava DuVernay dramatiza um momento crucial da carreira do pastor e ativista Martin Luther King –a marcha na cidade de Selma, em 1965. Globo, 0h55, 14 anos ""Com a firmeza justiceira e pacífica de Oxalá, a bravura e a coragem flamejantes de Xangô, o temerário agadá transformador de Ogum, e o amor-próprio coletivo de Oxum, marchamos para frente"", escreveu o dramaturgo, político, professor e artista plástico Abdias do Nascimento (1914-2011). Esse trecho apareceu no prefácio de uma de suas mais importantes obras “O Negro Revoltado” (1968), em que traça o histórico dos movimento negros brasileiros e a luta antirracista no país. O intelectual e ativista, em diálogo com a filosofia literária de Albert Camus, recriou as noções de ""revolta"" e ""resistência"", formuladas pelo escritor franco-argelino, tanto em seu pensamento político quanto em sua dramaturgia na companhia Teatro Experimental Negro (TEN), fundada em 1944. Para Camus, a revolta é o sentimento de profunda injustiça que não encontra eco no coletivo. Para Abdias, é justamente a revolta que permite organizar a resistência (moral e política) ao racismo e desigualdade impostos ao povo negro brasileiro. “Que valor invoca a revolta do negro? Seu valor de Homem, seu valor de Negro, seu valor de cidadão brasileiro"", escreveu Abdias, também em ""O Negro Revoltado"", para introduzir a ""abolição de fachada"", promovida pelas oligarquias republicanas em 1888, que atirou quase ""50% da população do país –os escravos e seus descendentes– à morte lenta da história, dos guetos, do mocambo, da favela, do analfabetismo, da doença, do crime, prostituição."" Em 1968, com o recrudescimento da ditadura militar, Abdias foi para o exílio nos Estados Unidos. Em contato com a intelectualidade e militância afro-americana, temas como multiculturalismo e afrocentrismo foram incorporados ao seu pensamento e tiveram posteriormente papel fundamental na reestruturação do movimento negro brasileiro, na década de 1980, em grande medida a partir de sua própria conceituação: o quilombismo. Seu conceito centra-se na ideia de que os quilombos foram as primeiras experiências de liberdade nas Américas após a chegada dos colonizadores europeus. A partir da estrutura comunitária baseada em valores culturais africanos e da organização democrática fomentadas nestes espaços, Abdias propõe métodos de ativismo que busquem novas configurações da sociedade. Seu quilombismo prevê focos de afirmação e de resistência do povo negro. Em 1981, o suplemento cultural da Folha, o Folhetim, publicou uma edição dedicada à data de 20 de novembro, celebrada desde os anos 1960 pelos movimentos por marcar a data da morte de Zumbi dos Palmares. Além da entrevista com Abdias, a edição reuniu importantes contribuições, como textos da antropóloga Lélia Gonzalez (1935-1994) e da advogada Eunice Aparecida de Jesus. Na entrevista ao jornalista Hamilton Cardoso, Abdias falou sobre o quilombismo, a recepção de sua obra no Brasil e a sua atuação no PDT (Partido Democrático Trabalhista), pelo qual foi eleito deputado federal e senador ao longo das décadas de 1980 e 1990. A entrevista é agora republicada na série Entrevistas Históricas, que celebra o centenário da Folha recuperando conversas marcantes publicadas pelo jornal. * Já se passam mais de três anos desde que o professor Abdias do Nascimento começou a voltar ao Brasil vindo da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, onde esteve auto-exilado durante mais de dez anos. De todos os exilados, talvez seja o que teve a volta mais triunfal ao seu país. Herdeiro solitário de um movimento, desde os anos 1940, amaldiçoado dentro do cenário político ""progressista"" brasileiro, ele chegou em meio a uma ressurreição de negritude brasileira, sepultada ou semissepultada desde a ditadura de Vargas e ressepultada pelo regime militar, quando começava a se rearticular no início dos anos 1960. O professor chegou ""oficialmente ao Brasil"", no dia 7 de julho de 1978, quando, diante do Teatro Municipal de São Paulo e de mais de 3.000 negros, participou com um vibrante discurso do primeiro ato público contra o racismo e do lançamento do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU). Poucos meses depois, ele começaria a trabalhar na conclusão de seu livro ""O Quilombismo"", uma tentativa de propor um método de luta ao negro brasileiro. Um ano depois, durante ato comemorativo da fundação do MNU, ele já havia lançado seu livro e o movimento quilombista, criando uma grande polêmica na sociedade brasileira. O tempo passou e o quilombismo ainda não conseguiu demonstrar seu caminho definitivo ou, pelo menos, esse caminho ainda não foi divulgado pelo jornais. Indagado, em Maceió, sobre a situação desse movimento, o professor afirma que ""hoje, nós estamos procurando um caminho para o quilombismo no PDT, onde sou titular da Secretaria Nacional do Movimento Negro, além de ocupar o cargo de vice-presidente do partido"". Ele explica ainda que o processo de organização da comunidade negra nem sempre é rápido, da forma que se esperaria, e que o quilombismo ""está avançando de acordo com as possibilidades existentes na sociedade brasileira"". Depois de afirmar que o grande impacto de suas ideias não se deu nos meios intelectuais, e sim populares, diz que em em certas regiões do país —como ocorreu recentemente no Maranhão— muitos negros aproximam-se dele com seu livro na mão, para parabenizá-lo pelas ideias. ""Alguns chegam mesmo a bater no livro e dizer: esta é minha Bíblia."" Ele explica também que a comunidade negra não tem ainda infraestrutura para desenvolver por si mesma ""um trabalho de consciência em torno de uma proposta tão inusitada quanto o quilombismo"", que considera uma teoria ""inacabada, à espera de muitas e muitas constribuições de outros membros da comunidade negra, além de companheiros solidários com a libertação do povo negro."" O professor Abdias do Nascimento justifica também a razão de inegressar no PDT, frustrando algumas expectativas dos que esperavam vê-lo criando um movimento que só envolvesse negros. ""Há, como já disse, o problema da ausência de uma infraestrutura que necessita ser criada e, por outro lado, a elaboração de táticas e de uma estratégia eficazes exigem uma organização partidária, que nos permita desenvolver, não a identidade pessoal, mas a identidade coletiva, histórica de um grupo. E o PDT tem essas preocupações; a luta contra o racismo e a reconstrução de nossa identidade histórica constam no programa."" Outra questão importante colocada pelo professor Abdias foi a da aparente contradição entre quilombismo e socialismo. Diz ele que ""o PDT, do qual sou vice-presidente, luta pelo socialismo democrático, uma espécie de quilombismo ocidental, o que significa que o nosso movimento quilombista está ao lado dos que têm as mesmas visões de organização de uma sociedade justa, igualitária, progressista, mas explicitamente não racista"". E remata ironicamente: ""Não está dito que o socialismo, por uma espécie de magia branca, acabe com o racismo."" Se o quilombismo tem objetivos semelhantes aos do socialismo, por que ele não optou pelo PT, que tem um programa claro pelo socialismo, levando em conta que a maioria da população negra é trabalhadora, com os piores empregos ou mesmo subempregada? ""Eu não tinha resistência alguma em relação ao PT, mas lá não nos deram o espaço necessário para o nosso desenvolvimento. Em entrevista ao 'Canal Livre', Lula declarou que não permitiria a organização de negros, separados dos brancos dentro do partido, porque existiria uma preocupação com as lutas gerais."" ""Eu não diria que o Lula não quer que os oprimidos se libertem em conjunto"", prossegue Abdias. ""Se seguir a sua linha de pensamento, no entanto, ao não admitir a necessidade de organização independente dos oprimidos, ele acaba por inviabilizar o seu próprio partido. Já que os outros partidos também propunham a luta geral, não haveria necessidade de um partido dos trabalhadores. Lula esquece-se de que é a libertação dos segmentos oprimidos que possibilita a libertação da sociedade em geral."" Ele conclui a ideia afirmando que é ""solidário com Lula"", já que sabe que a luta independente dos trabalhadores é necessária porque não se esgota nos outros partidos. ""Os trabalhadores, e mesmo Lula, são oprimidos; agora ele necessita da consciência de que tal independência é necessária aos oprimidos por razões raciais"". Para Abdias, a autonomia do movimento quilombista não é uma questão superada. Depois de dizer que o quilombismo deve influir no pensamento de todos aqueles que lutam por um socialismo com personalidade própria e característica do país. ""Como o Ujaama, que é o socialismo tanzaniano"", ele lança o debate para o futuro: ""quanto à autonomia do movimento, é impossível prever os próximos passos. Hoje, estamos no PDT, que tem demonstrado toda a consequência exigida pelo momento histórico para a luta contra o racismo."" Este texto faz parte da série Entrevistas Históricas, que lembra conversas marcantes publicadas pela Folha. Mariana, 24, achou que quando engravidasse, as agressões do marido iam cessar, mas o primeiro soco não tardou. “Ele disse que ia bater só no rosto, para não maltratar o filho dele”, conta a mulher, que morava em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio, e teve seu nome trocado por medo de represálias. Ela conseguiu nove medidas protetivas contra o então companheiro, que nunca foi preso. “Ele vinha pedindo desculpa, dizendo que me amava, e eu voltava.” Classifica como bobos os estopins das agressões. “Quando respondia algo que não agradava, quando passava na rua e um amigo vinha falar comigo.” Ele chegou a quebrar cinco celulares dela e a deixar seu rosto irreconhecível. Mariana pensou que o nascimento do bebê mudaria a relação. “Mas aí ele foi me bater de novo, eu virei o rosto e o tapa acertou o rosto do meu filho, com quatro meses”. Foi o basta dela, que mesmo separada viu o ex arrombar sua porta e quebrar seus móveis. Como mãe solo, ela trabalha “com o que tiver”, de manicure a encomenda de salgadinho e faxina. Consegue tirar R$ 700 no fim do mês. “Me sinto muito desvalorizada, muito julgada, por escolher a pessoa errada, ter filho de um homem que agride mulher, por ter aguentado tanto tempo, me chamam de vagabunda que gosta de apanhar. É sacrificante passar por esse constrangimento”, diz. Mariana ainda vive com medo do ex, mas conseguiu driblar as estatísticas de feminicídio. Como mulher negra, no entanto, ela tem o dobro de chance de ser assassinada do que uma mulher branca. No Brasil, para cada mulher branca vítima de homicídio, foram vitimadas 1,8 mulheres negras (soma de pretas e pardas), segundo o Atlas da Violência 2020. No ano passado, foram 1.326 mulheres mortas pelo menosprezo e discriminação ao sexo feminino, o chamado feminicídio, uma alta de 7,1% na comparação com o ano anterior, de acordo com o Anuário de Segurança Pública. Do total de vítimas, 67% tinham a mesma cor: negra. Este percentual revela uma maior vulnerabilidade das mulheres negras a este tipo de crime, uma vez que elas representavam apenas 52,4% da população feminina nos estados que compõem a base de dados do Atlas. E até o aumento de casos é desigual. Entre 2008 e 2018, enquanto a taxa de homicídio de mulheres não negras caiu 11,7%, a taxa entre as mulheres negras aumentou 12,4% —de forma geral, embora o número geral de homicídios no país tenha caído até 2019, houve alta de 11,5% entre os negros (homens e mulheres) e queda de 12,9% entre os brancos. Quando olhamos para o total de vítimas de homicídios, as mulheres correspondem só a 8% dos assassinatos, mas o risco para as negras de serem vítimas é 64% maior do que para as brancas. “A maior concentração de feminicídios entre as mulheres negras reforça, mais uma vez, a situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica e à violência a que este grupo populacional está submetido. O racismo e suas consequências agravam o risco de lesão e morte entre as mulheres negras, exigindo das políticas públicas um olhar interseccional para os diferentes processos de vulnerabilidade que se sobrepõem”, afirma o Anuário. Os números ainda são subnotificados. Isso porque muitos casos não chegam a ter registros oficiais, parte dos estados não divulgam dados de raça/cor e, até mesmo os que divulgam, apresentam falhas, já que, em boa parte, o campo aparece como “não informado”. Embora o feminicídio seja observado em todas as faixas etárias, a maior parte dos casos se concentra entre mulheres em idade reprodutiva, entre 20 e 39 anos. Outra característica que distingue os feminicídios das demais mortes violentas intencionais é o instrumento empregado para perpetrar o assassinato, já que o mais utilizado é a arma branca, não a arma de fogo. Nos casos em que a informação está disponível, 58,9% dos feminicídios têm como local de ocorrência uma residência e que, em 89,9% dos casos o autor do crime é um companheiro ou ex-companheiro da vítima. A principal motivação é briga ou términos de relacionamento. Na pandemia do coronavírus, que deixou as mulheres ainda mais vulneráveis, países como França, Espanha, Itália e Argentina transformaram quartos de hotéis em abrigos temporários, garantindo a elas não apenas proteção em relação ao seu agressor, mas assegurando que cumprissem sua quarentena de forma segura, além de criarem centros de aconselhamentos em farmácias e supermercados para que as denúncias fossem realizadas através de “palavras-código”. Já por aqui não houve ações do tipo. “A expansão de canais de denúncia, lançamentos de cartilhas e a promoção de campanhas não têm o mesmo impacto. Ainda mais em um país como o Brasil, em que o perfil das mulheres que são vítimas de violência de gênero, em geral pobres e negras, aponta para a limitação do uso e acesso a recursos materiais, como celulares e internet, e maior dependência de serviços públicos, que deveriam ter sido priorizados”, afirmou o Anuário de Segurança Pública. Parte dessas mulheres também morre vítima da violência armada no país, seja por facções criminosas, milícias ou a própria letalidade policial, com índices igualmente mais fatais para as negras. Em uma relatório sobre a Baixada Fluminense, no Rio, a Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial mostrou que em territórios controlados por milicianos as vítimas de violência são impedidas de acionar a assistência social quando sofrem agressão física e tentativas de feminicídios. Os familiares também passam a viver sob ameaças e intensa vigilância, impactando diretamente na subnotificação dos casos. “Sistematizamos relatos sobre mulheres que foram executadas, esquartejadas, esfaqueadas e tiveram seus corpos jogados em cemitérios clandestinos, rios e rodovias da região”, afirma o documento. AINDA MAIS PRESAS Atrás das grades, as negras também são a imensa maioria. Em junho deste ano, elas eram 67% do total de presas no país, segundo dados do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Das 29.534 detentas, 19.917 eram negras. Comparando esses números ao da população preta e parda no Brasil, estimada em 54%, é possível perceber a sobrerrepresentação das negras no sistema prisional brasileiro. O último Infopen (relatório de informações penitenciárias), em 2018, projetou a proporção de mulheres negras e brancas observada na parcela da população prisional para calcular a taxa de aprisionamento para cada 100 mil mulheres maiores de 18 anos entre as populações de diferentes raças. A conclusão foi que, entre a população maior de 18 anos, existem aproximadamente 40 mulheres brancas privadas de liberdade para cada grupo de 100 mil mulheres brancas, e existem 62 mulheres negras na mesma situação para cada grupo de 100 mil mulheres negras, o que expressa a disparidade entre os padrões de encarceramento de mulheres negras e brancas no país. Em alguns estados, essa diferença em 2018 era ainda maior. No Acre, por exemplo, 97% das mulheres presas eram negras e só 3% brancas. No Ceará, as negras eram 94%. No Maranhão, Tocantins e Piauí, 90%. No Rio de Janeiro, 65% e, em São Paulo, 56%. Derrotados no pleito em São Luís, DEM, PDT e até setores do PC do B anunciaram nesta quarta-feira (18) o apoio à candidatura de Eduardo Braide (Podemos) no segundo turno da disputa pela prefeitura da capital maranhense. A aliança faz desmoronar a tentativa de união dos candidatos aliados do governador Flávio Dino (PC do B) em torno de Duarte Júnior (Republicanos) e implode a base do governador no principal colégio eleitoral do estado. O movimento antecipa o debate em torno da sucessão de Dino em 2022, cujos principais nomes da base aliada são o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos). Também põe em xeque a capacidade de articulação do governador em um momento em que ele se coloca como um possível candidato ao Planalto e defende a construção de uma aliança ampla para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Braide integra a oposição a Dino e tem o apoio de alguns dos principais adversários do governador, caso do senador Roberto Rocha (PSDB) e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB). Desde o início da campanha, Braide era visto por aliados do governador como principal candidato a ser batido na eleição na capital. Duarte Júnior é advogado e foi aluno de Flávio Dino na universidade. Entrou na política pelas mãos do governador e ocupou cargos no governo estadual. Filiado ao PC do B entre 2015 e 2020, migrou para o Republicanos após perder a disputa interna pela nomeação para o candidato Rubens Júnior, que ficou em quarto lugar no pleito. No primeiro turno, os partidos aliados do governador dividiram-se entre cinco candidatos —Duarte Júnior, Rubens Júnior, Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (PROS). A expectativa era que o candidato que passasse ao segundo turno tivesse o apoio dos demais. Com as urnas apuradas, o oposicionista Eduardo Braide saiu na frente, com 37,8% dos votos válidos, contra 22,2% de Duarte Júnior, 16,2% de Neto Evangelista e 10,6% de Rubens Júnior. A definição da disputa pelo segundo turno fez Dino, que havia optado pela neutralidade no primeiro turno, anunciar apoio a Duarte em um vídeo publicado nas suas redes sociais. “Meu apoio firme e decidido vai para o candidato Duarte Júnior. Duarte já integrou o meu partido e tem experiência de boa gestão no nosso governo. Sempre se mostrou corajoso, eficiente e incansável”, afirmou. Apesar do apoio público do governador, os demais candidatos da base derrotados tomaram caminhos distintos. Neto Evangelista e Yglésio Moyses anunciaram apoio a Braide, e Rubens Júnior endossou Duarte. Braide também recebeu o apoio até mesmo de políticos do próprio PC do B, caso do deputado estadual Carlinhos Florêncio. A cúpula do partido diz que foi um caso pontual, mas classificou a atitude do parlamentar como inaceitável. Nos bastidores, a decisão de apoio a Braide é justificada pelas feridas abertas no primeiro turno. O principal alvo de críticas é Duarte Júnior, cujo perfil é considerado personalista e pouco agregador. Também há uma avaliação de que o apoio de DEM e PDT a Braide zera o jogo para a sucessão do governo em 2022 e irá demandar muita conversa e negociação para manter a base aliada de pé. Procurado, o candidato derrotado Neto Evangelista classificou como pessoal sua decisão de apoiar Braide e afirmou que optou pelo candidato do Podemos após ler o seu programa de governo. Ele, que é deputado estadual, diz que permanece na base de Dino mesmo se colocando no campo oposto ao do governador na disputa pela prefeitura. Procurado, o senador Weverton Rocha não atendeu às ligações da reportagem. Em uma rede social, ele afirmou que segue aliado ao governador. “A política está sempre acompanhada de boatos. A verdade é que minha amizade com Flávio Dino é sólida, baseada em respeito mútuo e diálogo. Por isso, seguimos firmes no projeto de trabalhar por um Maranhão melhor”, disse. Caso caminhe para um rompimento com Flávio Dino, Weverton repetirá a mesma trajetória do senador Roberto Rocha, eleito em 2014 com o apoio do governador e que depois virou seu adversário. Entre os aliados mais próximos de Dino, o apoio do DEM e do PDT a Braide foi recebido com surpresa. O deputado federal Márcio Jerry (PC do B) afirmou que havia uma espécie de entendimento para que o candidato da base que fosse ao segundo turno fosse apoiado pelos demais. “Temos dois campos em disputa. Braide é da oposição ao governador Flávio Dino e Duarte é da base de apoio. Esta é a razão pela qual não temos dúvida alguma quanto ao nosso apoio ao candidato Duarte”, afirmou. Em uma rede social, o deputado chamou Braide de “candidato bolsonarista” e afirmou que este faz “oposição ferrenha” ao governador. Na campanha, contudo, Braide tem evitado relacionar sua candidatura ao presidente Bolsonaro. Anunciados nesta quarta (18), os bons resultados dos testes concluídos da vacina da Pfizer e da BioNTech contra Covid-19 trazem um desafio inédito: o armazenamento e a distribuição de um imunizante com duas doses em um intervalo de 21 dias a -70°C. Na logística brasileira não há, hoje, ultracongeladores para isso na chamada Rede de Frio, do Programa Nacional de Imunização brasileiro. Hoje, o padrão de manutenção de vacinas no mundo é feito em refrigeradores, com temperaturas que variam entre 2°C e 8°C. É o que encontramos nas geladeiras caseiras. As imunizações contra a febre amarela e a poliomielite, especificamente, exigem armazenamento em temperaturas mais baixas (-15ºC a -25ºC), em equipamentos como os freezers científicos. Antes de serem ministradas, as duas vacinas migram para a temperatura ""padrão"" dos refrigeradores, de 2°C e 8°C, onde podem ficar por até um mês. Já a vacina da Pfizer contra a Covid-19, batizada de BNT162b2, aguenta apenas cinco dias na temperatura padrão dos refrigeradores. ""Não é algo trivial. Não conheço nenhum país que tenha cadeia de frio adaptada pra temperaturas tão baixas"", diz Natália Pasternak, microbiologista e pesquisadora da USP. O Brasil tem equipamentos voltados à imunização como freezers científicos (que custam na ordem de R$ 25 mil), caminhão-baú refrigerados (na ordem de R$ 150 mil) e geradores (que passam de R$ 4 milhões). Os valores são do Fundo Nacional de Saúde. A infraestrutura, no entanto, é desigual. O país tem 484 geradores na rede de saúde com diferentes capacidades em caso de falta de energia —o Maranhão, por exemplo, só conta com um. Há 680 freezers científicos no país todo. Mato Grosso do Sul e Piauí, no entanto, não tem esse tipo de equipamento. Sete dos 31 caminhões-baú refrigerados estão concentrados em São Paulo. Os dados são do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/Datasus). Vale lembrar que o controle térmico das vacinas já disponíveis é bem importante, porque algumas são sensíveis às temperaturas mais baixas (caso da imunização contra o HPV) e outras, ao aumento de temperatura (como a BCG). Vacinas genéticas como a da Pfizer, de acordo com cientistas, são ainda mais frágeis a variações térmicas. ""Levar essa vacina à população, principalmente em países de menos recursos, monitorando as duas doses e garantindo que a vacina não perca parte da eficácia por causa da necessidade de mantê-la tão fria será um grande desafio de logística que a maioria dos países não está preparada para enfrentar"", diz Denise Garrett, médica epidemiologista, vice-presidente Instituto Sabin (EUA). De acordo com a Pfizer, na ausência dos ultracongeladores a vacina pode ser ser armazenada por até 15 dias em uma espécie de contêiner com gelo seco, desenvolvido pela própria farmacêutica, mas cujos detalhes não são conhecidos. A empresa anunciou que a ciência tem avançado não somente no desenvolvimento da vacina, mas na parte logística, armazenamento e na distribuição. O governo brasileiro já sinalizou negociação com a empresa, mas não há informações sobre o planejamento da distribuição da imunização em temperaturas tão baixas. Questionado sobre como está se preparando para o armazenamento e a distribuição de vacinas contra a Covid-19 a -70ºC, o Ministério da Saúde informou, em nota, que ""toda a rede de frio do Brasil dispõe de equipamentos para armazenamento de vacinas a -20°C, com exceção da instância local, que são as salas de vacinas e onde o armazenamento se dá na faixa de controle de +2°C a +8°C."" A pasta não esclareceu, no entanto, como lidaria com a distribuição de uma vacina genética com complexidade inédita. Para Gabriela Lotta, docente e pesquisadora em administração pública na FGV-SP, é ""quase impossível"" que a vacina consiga sair dos grandes centros, uma preocupação já levantada por especialistas em saúde pública. ""Será preciso já pensar logística de distribuição para unidades centralizadas nas capitais"", diz. A vacina BNT162, que está em desenvolvimento pela Pfizer e a empresa alemã BioNTech, é genética. Tem base em trechos de RNA (molécula “prima” do DNA) que compõem o material genético do vírus. De acordo com a farmacêutica, a imunização é segura e tem 95% de eficácia. Os resultados são da terceira fase e última fase de testes da droga, concluídos nesta semana. Em uma live com atualizações sobre Covid-19 também nesta quarta (18), epidemiologistas da OMS (Organização Mundial de Saúde) pediram cautela e destacaram que a vacina contra Covid-19, quando existir, deverá adicionada ao distanciamento físico, máscara e à higienização. O tom foi de que não devemos baixar a guarda, a pandemia não acabou. ""A informação continua sendo parte da solução da pandemia"", disse Maria van Kerkhove, epidemiologista da organização. O policial militar José de Ribamar Vieira Rodrigues é o novo chefe do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, que está entre os dez parques que mais recebem turistas no país —foram 126 mil visitas em 2018— e também consta na lista prioritária do Ministério do Meio Ambiente para concessão à iniciativa privada, destinada aos serviços de apoio à visitação. A nomeação foi publicada em portaria assinada pelo presidente do ICMBio, Fernando Lorencini, nesta quinta-feira (18). Rodrigues fez carreira na Polícia Militar do Maranhão, na qual atuou de 1986 a 2017. Segundo seu currículo, após deixar a PM, ele passou a ocupar o cargo de assessor de segurança na Câmara Municipal de Barreirinhas, município maranhense onde mora e onde fica o parque. A ausência de experiência na gestão de unidades de conservação ou mesmo em qualquer posto na área ambiental preocupa servidores e ambientalistas. Segundo eles, os contratos de concessão devem ser acompanhados e fiscalizados pelo ICMBio (que permanece responsável pela gestão das unidades de conservação), o que exigiria ainda mais preparo da chefia do parque. “A função de um gestor de áreas protegidas não é a mesma de um policial, mesmo que fosse um quadro da fiscalização ambiental. A função da chefia do parque é de gestão territorial e de interação com múltiplos atores da sociedade, a serviço da sociedade na conservação, na pesquisa, no voluntariado”, afirma o ex-presidente do ICMBio Cláudio Maretti. “No caso dos Lençóis Maranhenses há uma contradição muito delicada: um potencial enorme para o turismo e comunidades que vivem dentro do parque. A situação precisa ser regularizada, harmonizando as comunidades com os objetivos de conservação de turismo do parque”, completa. Com uma área de 156 mil hectares, o parque dos Lençóis Maranhenses abriga 1.024 famílias de comunidades tradicionais. Parte dos atuais guias turísticos são moradores do parque, que também oferecem suas casas para turistas. A conciliação entre os serviços prestados pelas comunidades e os contratos de concessão é um dos desafios da gestão do parque. A falta de experiência do novo chefe também contraria uma exigência criada na gestão Bolsonaro, que prevê critérios para a contratação de cargos comissionados de direção e de assessoramento superior, classificados pela sigla DAS. O 2º artigo do decreto 9727/2019 prevê, no item 2, que o contratado para o cargo de direção deve ter “perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo ou a função para o qual tenha sido indicado"". Questionado sobre a irregularidade da nomeação, o ICMBio não retornou ao contato da reportagem. ""O Brasil já está na segunda onda de Covid-19"". O alerta vem do pesquisador Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Alves vem acompanhando há oito meses os dados da pandemia brasileira como um dos responsáveis pelo portal Covid-19 Brasil, que reúne dezenas de especialistas de diferentes áreas em torno da produção de estatísticas e análises da propagação do novo coronavírus no país. Sua avaliação de que o Brasil está vivendo, assim como os Estados Unidos e a Europa, uma nova onda de contágios se baseia na evolução da taxa de reprodução (Rt) do coronavírus no país, que indica que a pandemia voltou a crescer por aqui. Essa taxa é calculada com base no aumento de novos casos e permite saber quantas pessoas são contaminadas por alguém que já está infectado. Se o índice fica acima de 1, isso indica que a pandemia está se expandindo. Quando está abaixo, é um sinal de que a pandemia está perdendo intensidade. No caso do Brasil, a taxa era de 1,12 em 16 de novembro, de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba. Isso significa que 100 pessoas irão infectar outras 112, que, por sua vez, irão infectar outras 125. Assim, a epidemia brasileira cresce exponencialmente. Na mesma data, a Rt estava acima de 1 em 20 Estados (Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e no Distrito Federal. A situação estava mais crítica no Paraná, onde a taxa era de 1,62. Já em Santa Catarina a Rt está acima de 1 há mais tempo: desde 14 de outubro. Alves também analisou a média móvel da Rt, que é calculada com base nos 14 dias anteriores. ""É importante a gente olhar a média móvel porque isso indica que não se trata apenas de uma flutuação do índice, mas que há uma tendência concreta de alta ou queda"", diz o pesquisador. Neste caso, em 16 de novembro, o valor no Brasil era de 1,06. Na mesma data, a média móvel da Rt estava acima de 1 em 16 Estados (Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo). De novo, o maior índice era o do Paraná (1,34), mas o do Acre (1,32) estava quase tão alto quanto. O Espírito Santo era o Estado onde a média móvel da Rt estava acima de 1 há mais tempo, desde 20 de setembro. Mas Santa Catarina também se destacava, com uma média móvel de Rt acima de 1 desde 8 de outubro. A média móvel da Rt do Brasil está acima de 1 desde o dia 11 de novembro. Ou seja, há quase uma semana. O índice não ultrapassava esse patamar desde o dia 10 de agosto. Em outras palavras, depois de três meses de contração, a pandemia voltou a crescer no país, caracterizando a segunda onda identificada por Alves. Isso se reflete claramente no monitoramento da média móvel de novos casos registrados no país feito pelo Covid-19 Brasil. Essa taxa vinha apresentando uma tendência de queda desde meados de agosto e atingiu seu menor valor desde então em 6 de novembro, com 13.644 de novos casos. Então, voltou a subir. Em 16 de novembro, a média móvel ficou em 28.425 novos casos, um aumento de 208% em questão de dez dias. É a mesma situação enfrentada por Estados Unidos e Europa, onde a propagação do coronavírus voltou a se intensificar nas últimas semanas. ""Nossa segunda onda vai ser mais parecida com a dos EUA do que com a da Europa, porque a Europa conseguiu controlar de verdade a transmissão, que voltou com força depois do verão, quando as pessoas foram viajar e trouxeram novas cepas do vírus para casa"", afirma Alves. Já nos EUA e no Brasil, não houve um real controle da pandemia, na avaliação do pesquisador, o que gerou quase uma sobreposição entre as ondas de contágio. ""Nunca conseguimos controlar a transmissão comunitária"", diz o cientista da USP, em referência ao estágio de uma epidemia em que um vírus circula livremente entre a população. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou sobre a possibilidade de o país enfrentar uma segunda onda de contágios. ""E agora tem a conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis"", disse ele na sexta-feira (13/11) ao deixar o Palácio da Alvorada. Domingos Alves diz que a situação na realidade pode ser ainda mais grave do que o que mostram os dados oficiais. ""Desde meados de setembro, o problema da subnotificação vem se agravando, porque estão sendo feitos menos testes, e, entre os que são realizados, são cada vez menos os de PCR, que são mais precisos, e mais testes rápidos, que dão muito falso negativo (exames que falham em constatar que a pessoa está contaminada)"", afirma o pesquisador. Alves afirma que esses números devem se traduzir em um maior número de internações, como já vem ocorrendo em São Paulo. ""É de se esperar um aumento significativo nestes Estados nas próximas duas semanas"", afirma ele. ""A tendência é o quadro piorar muito."" Tudo dependerá de como as autoridades brasileiras vão lidar com a nova leva de casos que já começam se refletir nas estatísticas. ""Quando veio a primeira onda, o cenário era o mesmo: os casos estavam se multiplicando na Europa e nos EUA e sabíamos que ia chegar aqui, mas ficamos enxugando gelo, não tomamos as medidas adequadas e tivemos que fechar tudo"", afirma o cientista. ""De novo, sabemos o que vai acontecer com a gente ao ver os EUA e a Europa. Não é uma questão de se, é uma questão de quando."" Agora, diz Alves, o país já tem uma experiência acumulada sobre como lidar com a pandemia e exemplos de o que funciona melhor para conter a disseminação do coronavírus. Ele defende a testagem em massa e o rastreamento das pessoas com quem os infectados entraram em contato para isolar todas para quebrar a cadeia de transmissão. ""Só assim vamos conseguir reverter essa segunda onda e não ter que fechar tudo de novo."" Em março de 2011, o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, cunhou uma frase que foi entronizada no anedotário político nacional. O PSD, partido que iria fundar, não seria nem de centro, nem de direita, nem de esquerda. Símbolo da geleia ideológica brasileira para uns ou expoente do pragmatismo para outros, a sigla chegou à eleição deste ano com seu melhor resultado até aqui. Elegeu 640 prefeitos, 101 a mais do que em 2016, e firmou-se como terceira maior força municipal do país, atrás de MDB e Progressistas. Vingado num pleito em que o eleitor buscou nomes mais moderados, após o tsunami bolsonarista de 2018, Kassab sempre disse que a frase havia sido editada sem o contexto de que falava na construção do programa partidário. “Se dependesse de mim, o partido seria de centro. Como acabou sendo e continuará sendo”, afirmou. Fidelíssimo a seu estilo, nesta entrevista ele diz que o eleitor negou o radicalismo nas urnas, mas que isso nada tem a ver com rejeição ao presidente Jair Bolsonaro ou com definição do pleito de 2022. Lembrado que seu partido apoia e participa do governo, defende independência. Em São Paulo, concede que a maioria do PSD deverá apoiar a candidatura do prefeito Bruno Covas (PSDB), mas faz muitos elogios à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), usualmente visto como uma besta-fera esquerdista em círculos conservadores. E deixa no ar dúvidas sobre uma eventual união da centro-direita contra Bolsonaro em 2022, dizendo que vai trabalhar por uma candidatura própria de seu partido. Afirmou que não discute sua eventual volta ao governo paulista, do presidenciável João Doria (PSDB). Ele assumiu e se licenciou da Casa Civil do tucano em 2019 para responder às acusações de recebimento ilegal de recursos da empresa JBS, o que ele nega em inquérito. * A que o sr. atribui o bom desempenho do PSD nesta eleição? O partido está crescendo porque está havendo sinergia com o eleitor. Essa eleição privilegiou candidatos mais centristas, com maior experiência. Qual o sentido disso? Eu sempre tive a percepção de que o eleitor brasileiro é de centro, ele não gosta de radicalismo. Eu tenho alguma experiência, participei de muitas eleições. O eleitor é majoritariamente moderado, conciliador. Politicamente, de centro. Às vezes ele nem sabe que é de centro. Até tinha aquela brincadeira que fizeram comigo quando fundamos o partido. Me perguntaram a posição do PSD e eu disse que o tempo ia dizer, que naquele momento não éramos de esquerda, de direita, ou de centro. Eu dizia que com o tempo vamos definir, mas que se dependesse de mim o partido seria de centro. Como acabou sendo e continuará sendo. Esse perfil ajuda a identidade com o eleitor. Procuramos lideranças com boa imagem, como [os senadores mineiros] Antonio Anastasia e Carlos Vianna, o prefeito Alexandre Kalil [reeleito em Belo Horizonte], o senador Otto Alencar (BA), o governador Ratinho Jr. (PR). Evidentemente, não adianta ter boa imagem, tem de ter voto, apresentar propostas. O que aconteceu em SP, cidade que o sr. já governou e na qual o candidato do PSD, Andrea Matarazzo, teve 1,5% dos votos? Numa eleição local, quando uma gestão é candidata à reeleição e tem avaliação razoável, é natural a recondução. Covas melhorou sua avaliação. Aí a pessoa se pergunta: por que mudar? Isso acabou acontecendo em São Paulo. Houve problema de anemia de recursos [Matarazzo recebeu R$ 1 milhão do Fundo Eleitoral do PSD]? Não, não teve. Os recursos do partido são limitados, mas eles não são fundamentais. Recurso, tempo de TV e rádio, são muito importantes, mas teve candidato com bastante voto sem isso, não são determinantes. O caminho agora é ir com o Covas? Olha, estamos numa fase de consultas. O partido não vai fechar questão, mas é uma tendência natural, do ponto de vista ideológico temos uma proximidade maior com a candidatura do Covas do que com a do Boulos. Sem tirar os méritos da candidatura do PSOL. Acho que a cidade é privilegiada neste momento. São candidatos com propostas, com biografias apesar de jovens, que têm um futuro promissor. Se reelegendo, o Bruno Covas vira um líder nacional, com boas perspectivas. O Boulos está assumindo uma liderança na esquerda, associando-se a outros nomes como Rui Costa [governador petista da Bahia] e o Flávio Dino [governador do Maranhão, do PC do B], e o próprio Ciro Gomes (PDT). Está havendo uma renovação de lideranças, sem tirar o prestígio de outros, como o Lula. Quem aqui vai questionar a liderança do Lula? Mas a operação política está mudando de mãos. Boulos teve 20% dos votos na maior cidade do país, o que é muito, vai ter duas semanas de muita exposição. Ganhando ou perdendo a eleição, se consolida como um líder. Se Covas vencer em São Paulo e Eduardo Paes (DEM) levar no Rio, os três vértices do “Triângulo das Bermudas” do Sudeste, com o PSD em Belo Horizonte, estarão com partidos que há muito conversam sobre articulações ao centro. Isso aponta o quê para 2022? Olha, não aponta nada. Você pega meu exemplo. Disputei a reeleição [à prefeitura paulistana] em 2008 e o Lula, como o Bolsonaro fez com o Celso Russomanno, apoiou a Marta Suplicy e perdeu. Dois anos depois, ele elegeu a Dilma Rousseff (PT) presidente. A cabeça do eleitor hoje está nos problemas locais. Mas não houve uma mudança de humor em relação à onda mais estridente de 2018? Eu acho que o Brasil nunca saiu dessa posição de centro. Em 2018, acabou afunilando para duas posições extremas, uma progressista e outra conservadora, mas naquele momento a esquerda estava com a imagem muito ruim, fazendo crescer a alternativa oposta. Isso não quer dizer que vai acontecer de novo em 2022. O sr. então não vê então um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro neste primeiro turno? Não. Eu acho que ele perdeu, como aqui em São Paulo. Se ele apoiou, ganhou ou perdeu, mas é uma questão local. A pessoa não vai votar num candidato tal só porque o Bolsonaro pediu. Se ele tivesse participado de todas as eleições, ou 50% delas, e perdesse em 30%, eu ia dizer que ele está muito mal. As pessoas avaliaram os candidatos apoiados por ele. Há uma movimentação de conversas entre atores da centro-direita, como o governador João Doria (PSDB-SP), o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sergio Moro. O sr. acha que há espaço para uma união de forças conservadoras contra Bolsonaro? O que eu acho que vai acontecer, diante dessa saudável nova legislação, proibindo as coligações proporcionais, é uma busca dos partidos de ter candidatura própria nos estados e no campo federal. Isso não impede, lá na frente, de determinado partido achar que prefere fazer uma aliança. Mas eu acho que um partido que quer ser partido, que quer ter espaço, vai se esforçar para ter candidatos. O PSD, por exemplo? Passado o Carnaval, nós vamos fazer isso. Vamos testar a hipótese da candidatura própria. Hoje o PSD está na base e integra o governo Bolsonaro... Não, a bancada é próxima, e a indicação ao ministério [das Comunicações, com o deputado Fábio Faria, PSD-RN] foi pessoal do presidente. Certo, mas tecnicamente o nome do partido está lá. Como ser independente? Cada um vota com suas convicções, não há imposição partidária. A grande maioria está muito próxima do governo hoje. O que não quer dizer que estará em 2022. Para ter uma aliança, você precisa abandonar o projeto de candidatura própria. Eu falo de forma cuidadosa, porque essa discussão não começou no partido, se alguém falou, foi indevidamente. E as conversas desses outros atores do campo central? O sr. vê cada um jogando seu jogo? Cada um fará isso, senão não existiria partido. Seja para a candidatura própria ou para a aliança. Hoje estão colocados nomes para 2022. Como o sr. avalia o cenário? Que eu saiba, Doria está colocado pelo PSDB, Huck por não se sabe quem, o Moro também não sei por quem, o Bolsonaro, o Ciro, um candidato do PT, talvez com o PSOL ou não e o PSD tem três alternativas: ou o Ratinho Jr., ou o Otto Alencar ou o Anastasia. Vamos conversar depois do Carnaval. Como está sua relação com o Doria? Minha relação é boa. Sempre que ele me convida para um café eu compareço, ele me recebe quando eu peço. O sr. retorna ao governo? Isso não está em avaliação agora. Estou concentrado nas eleições municipais. Raio-X Gilberto Kassab, 60 Com o PT de Lula selando a adesão a Guilherme Boulos (PSOL) e o Republicanos de Celso Russomanno embarcando na campanha do prefeito Bruno Covas (PSDB), os dois candidatos do segundo turno avançaram, nesta terça-feira (17), na consolidação de apoios na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O líder dos sem-teto afirmou que anunciará nesta quarta (18) outros nomes do que vem chamando de frente de apoio à sua eleição, em uma estratégia para diluir o peso individual dos entusiastas. O discurso do PSOL é o de que nenhum deles terá protagonismo dentro dessa rede nem será mais importante do que o candidato em si, o que neutralizaria eventuais críticas pela associação a Lula. A campanha do PSDB já utiliza essa relação para tentar desgastar Boulos. Covas, por sua vez, vem conquistando terreno entre candidatos de direita que são críticos da sua gestão, mas veem o apoio ao PSDB como uma forma de estancar o avanço do PSOL. Andrea Matarazzo (PSD) decidiu que irá votar em Covas, enquanto Joice Hasselmann (PSL) abriu conversas com os tucanos. O Republicanos e o PSDB entraram em acordo nesta terça para que o partido apoie Covas —a aliança foi endossada pelo presidente nacional da legenda, o deputado federal Marcos Pereira, e pelo candidato derrotado Russomanno, que assinaram a nota de apoio. ""O partido entende que a moderação e o equilíbrio são fundamentais para que a cidade possa avançar e que Bruno Covas é a pessoa mais preparada para isso"", diz o texto. Como mostrou a Folha nesta terça, o apoio do Republicanos aos tucanos estava praticamente acertado —os partidos estão juntos na gestão João Doria (PSDB) no governo estadual e estiveram unidos na administração de Covas até agosto. Russomanno foi aconselhado por aliados a manter-se neutro apesar da posição de seu partido, mas não adotou essa linha. O deputado e apresentador de TV era o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e baseou sua campanha em ataques a Covas e a Doria. A adesão ao tucano beneficia o projeto presidencial do governador, que é adversário do atual titular do Palácio do Planalto. Na campanha, Russomanno afirmou que nunca trairia Bolsonaro e que assumia o desgaste do presidente a ponto de manter-se ao seu lado mesmo que isso lhe custasse a eleição, como ocorreu. Por coerência e para não desagradar à base bolsonarista, o entorno do deputado defendia a neutralidade. O apoio do PT a Boulos, manifestado pelo candidato derrotado Jilmar Tatto ainda na noite de domingo (15) e formalizado pelo PT municipal em nota na segunda-feira (16), foi anunciado após uma reunião de dirigentes petistas e psolistas na tarde desta terça, com a presença de Boulos e Tatto. O dia marcou ainda a entrada do ex-presidente Lula na campanha. ""Todos os eleitores e eleitoras que votam no PT, todos os eleitores que são de esquerda, todos os eleitores progressistas, todos que querem restabelecer a democracia no Brasil, têm agora o compromisso histórico de votar no companheiro Guilherme Boulos para prefeito de São Paulo"", escreveu no Twitter. Como uma vacina para a associação ao PT e para o eventual protagonismo do partido de Lula em sua campanha, Boulos tenta atrair outros nomes e legendas da esquerda. Até agora, a coalizão inclui PT, PC do B, PCB e UP. O candidato do PSOL planeja fazer nesta quarta o anúncio do arco de alianças. A ideia é tratar o apoio de Lula como mais um entre outros. No domingo, o ex-presidente ligou para o candidato e se colocou à disposição para ajudar no que fosse preciso. ""Nós vamos sim levar os meus apoiadores para a televisão. Aqui, diferentemente do meu adversário, a gente não esconde apoio. O Bruno está escondendo o Doria, porque tem medo que o povo descubra que ele é o candidato do Doria"", disse Boulos. Tatto, a seu lado, evitou responder sobre a participação direta de Lula no segundo turno, mas reforçou que o ex-presidente está à disposição. ""Ele [Boulos] tem que se tornar conhecido. A exposição do Guilherme é muito importante"", disse o petista, enfatizando que a estrela da campanha continua sendo Boulos. Um dos papéis do PT será mobilizar o eleitorado da periferia, onde o partido, historicamente, dispõe de mais apoio. ""Não podemos perder tempo. É uma campanha curta. Não é hora de ficarmos fazendo reunião interna"", afirmou Tatto. ""Vamos trazer todos os setores democráticos, populares, sindicatos, movimento social e também a militância do PT. Nós vamos organizar a campanha na cidade toda"", completou. Os dois farão uma caminhada nesta quarta pela manhã no centro da cidade, batizada de ""grande caminhada da virada"". Boulos, que aguarda ainda a entrada de outros líderes de envergadura nacional na campanha, teve boas e más notícias. Enquanto o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), demonstrou, no Twitter, ""solidariedade à luta de Guilherme Boulos"" e pediu voto a ele de maranhenses e descendentes de nordestinos e nortistas que vivem em São Paulo, o líder do PDT Ciro Gomes adiou seu embarque oficial. O partido do ex-presidenciável, que compôs a coligação de Márcio França (PSB) com a vaga de vice, decidiu declarar apoio ao PSOL, mas ainda tenta convencer o ex-governador a fazer o mesmo. Ciro, que já indicou querer endossar Boulos, só deve confirmar a adesão depois desta quinta-feira (19). PDT e PSB tentaram chegar a um consenso, mas ainda há arestas. França disse à Folha que só se decidirá após falar com lideranças de seu partido, nesta quinta. Ele também foi procurado pelo PSDB, mas um acordo com os tucanos é considerado mais difícil em virtude de seu discurso anti-Doria. ""Aguardarei a reunião com a executiva nacional. Entendo a ansiedade dos candidatos, respeito os dois, mas minha relação com o PSB é de mais de 30 anos e ouvirei nossos governadores e dirigentes"", afirmou. A tendência é que França opte pela neutralidade, mas ele não confirma. A direção nacional do PSB tem objeções a uma aliança com o PSOL, mas deixou a palavra final para o ex-governador. A Rede de Marina Silva também é uma incerteza. O partido conversou com Boulos e com Covas e deve dar uma posição nesta quarta. Não se descarta a possibilidade, porém, de que Marina declare apoio ao candidato do PSOL de maneira individual, como fez com Manuela D'Ávila (PC do B) em Porto Alegre. Em caminhada na Estrada do M'Boi Mirim, na zona sul, na manhã desta terça, Boulos disse que está buscando diálogo com a fatia de 70% da população que votou contra a continuidade dos tucanos em São Paulo. ""Nós vamos fazer um evento amanhã [quarta] de uma frente que está se construindo nesse segundo turno. Uma frente em defesa da justiça social, da democracia e contra a desigualdade em São Paulo"", afirmou Boulos, que não quis antecipar outros nomes. ""Tenho certeza de que nós vamos ter um campo bastante amplo e diverso, da sociedade brasileira e de São Paulo, para declarar apoio e colocar essa campanha em outro patamar"", completou. Enquanto falava com jornalistas, um homem gritou para Boulos: ""É o PT disfarçado!"". O vereador reeleito do PT Antonio Donato estava no compromisso de campanha. A caminhada foi marcada por aglomeração de militantes do PSOL em torno do candidato, apesar da pandemia do coronavírus. Muitos carros que passaram pelo local buzinaram em sinal de apoio a Boulos. Como mostrou a Folha, o embarque de setores da esquerda na campanha do PSOL foi imediato. O candidato derrotado Orlando Silva (PC do B) divulgou nota na segunda (16) em apoio a ""um projeto popular"". E o PT, desde domingo, vem tratando a ida de Boulos ao segundo turno como uma vitória de todo o campo progressista, buscando se associar ao avanço psolista e minimizar seu pior resultado em São Paulo desde a redemocratização. Já os apoios a Covas são mais constrangidos e pragmáticos do que ideológicos, uma vez que seus apoiadores, como Russomanno e Matarazzo, não dividem a trincheira tucana e criticavam o prefeito na campanha. A assessoria do candidato do PSD divulgou nota afirmando que ele ""decidiu votar em Bruno Covas no segundo turno"", mas que ""se trata de uma escolha de Matarazzo, e não de apoio formal"". Joice, que avaliava suas opções, está em tratativas com os tucanos e deve se posicionar nos próximos dias. Principal nome da oposição em São Luís, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) vai enfrentar o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos) no segundo turno da eleição na capital do Maranhão. Braide registra 37,8% dos votos válidos com 100% das urnas apuradas, e Duarte Júnior, 22,2%. O candidato e deputado estadual Neto Evangelista (DEM) ficou em terceiro, seguido do deputado federal Rubens Júnior (PCdoB). Também concorreram Bira do Pindaré (PSB), Franklin (PSOL), Yglésio Moyses (PROS), Silvio Antonio (PRTB), Jeisael (Rede)e Hertz Dias (PSTU). Com cinco candidatos de partidos da base de Flávio Dino (PC do B), a eleição em São Luís é marcada por uma espécie de teste de unidade para a coalizão que dá sustentação ao governador do Maranhão. Os aliados do governador dividiram-se em cinco candidaturas –Duarte Júnior (Republicanos), Rubens Júnior (PCdoB), Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (Pros). O campo da oposição, por outro lado, saiu praticamente unificado em torno da candidatura de Eduardo Braide. Surpresa da eleição municipal de 2016, Braide consolidou-se como principal nome da oposição ao prefeito Edivaldo Holanda (PDT) e ao governador Flávio Dino (PCdoB) na capital maranhense. Há quatro anos, ele candidatou-se pelo nanico PMN e, sem nenhum aliado poderoso, chegou ao segundo turno. Neste ano, terá como principal desafio não repetir a trajetória de 2016, quando acabou sendo derrotado por Holanda. Na campanha, Braide adotou um perfil ameno, evitando enfrentamentos com os adversários e com o governador. Em entrevistas e debates, buscou elencar emendas que se reverteram em obras e equipamentos na capital maranhense. Oponente de Braide no segundo turno, Duarte Júnior é advogado, foi aluno de Flávio Dino na universidade e entrou na política pelas mãos do governador. Nos últimos anos, ocupou a superintendência do Procon e a gestão do Viva Cidadão no governo estadual. Filiado ao PCdoB entre 2015 e 2020, Duarte deixou o partido este ano após perder a disputa interna para o candidato Rubens Júnior. Filiou ao Republicanos, legenda do vice-governador Carlos Brandão. Na campanha, Duarte foi atacado por outros candidatos da base por estar em um partido que nacionalmente apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Duarte, contudo, costuma afirmar que não tem nenhuma relação com o ideário defendido pelo presidente. Na campanha, Duarte Júnior buscou diferenciar-se de Rubens Júnior e Neto Evangelista, que são filhos de políticos tradicionais do estado, e adotou o slogan “Filho do povo, igual a você”. A tendência é que, neste segundo turno, todos os candidatos da base de Flávio Dino derrotados no primeiro turno se unam em torno de Duarte. O governador, que preferiu ficar de fora da campanha em São Luís no primeiro turno, deve mergulhar de cabeça no apoio ao seu aliado. Para unificar a base, contudo, o governador deverá atuar como uma espécie de bombeiro para curar as feridas de seus aliados, que trocaram farpas desde o período da pré-campanha. Esta foi marcada por uma série de disputas internas que resultou em uma fragmentação dos partidos da base. Acompanhe as últimas notícias sobre as eleições que elegerão prefeitos e vereadores em todo o país. - Leia as reportagens mais recentes da cobertura das eleições municipais - Veja as mais recentes pesquisas nas disputas pelas prefeituras das principais cidades do país - Saiba quais são os candidatos e as candidatas à prefeitura em todas as capitais do país - Veja o calendário da eleição; primeiro turno será em 15 de novembro - Saiba o que fazer para reduzir o risco de contágio por coronavírus no dia da votação - Série ""Os Nós de São Paulo"" apresenta radiografias de desafios em diversas áreas sob responsabilidade do prefeito - Acompanhe a série de reportagens da Agência Mural sobre a eleição nas periferias - Acompanhe a cobertura da Folha das eleições em Jaboticabal A reconciliação entre o ex-presidente Lula e o pedetista Ciro Gomes, em setembro deste ano, passa ao largo de uma possível chapa para a disputa da Presidência em 2022. ""Nós não poderíamos conversar isso porque se a gente sentasse para conversar isso, a gente não teria sentado"", afirmou Lula em entrevista coletiva à imprensa após votar na Escola Estadual José Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo. Ele chegou ao local às 8h05 deste domingo (15). ""O que é preciso estabelecer entre nós é que nós temos o direito de sermos adversários. As pessoas se esquecem que em 2016 o [petista Fernando] Haddad não foi para o segundo turno porque nós tivemos companheiras como a Marta [Suplicy], que foi candidata e tirou 10% do voto. Nós tivemos a Luiza Erundina, que foi candidata e tirou outro percentual de voto de Haddad"", afirmou Lula sobre a derrota do ex-prefeito para João Doria (PSDB), em primeiro turno. Questionado se a fragmentação de votos à esquerda não estaria se repetindo neste ano na capital paulista, em que apoiadores do segundo colocado nas pesquisas, Guilherme Boulos (PSOL), tentam atrair votos do candidato petista, Jilmar Tatto (PT), Lula afirmou ser “normal que os partidos lancem candidatos”. ""Quando chegar 2022, o PT tem muitos candidatos. É normal que Ciro queira ser presidente da República, é normal que o [governador do Maranhão] Flávio Dino queira ser, é normal que a Globo esteja procurando o [apresentador Luciano] Huck tentando juntar ele com o [ex-ministro Sergio] Moro. Tudo isso é normal”, disse. Afastados desde as eleições de 2018, quando fracassou a tentativa de acordo eleitoral, Ciro e Lula falaram, em setembro deste ano, da necessidade de união da esquerda após a vitória do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ex-presidente repetiu a mensagem neste domingo de eleições. “A gente pode ter adversidade, a gente pode ter pontos de vista divergentes, mas o que nós precisamos é adotar uma política de respeito mútuo entre os partidos, entre as pessoas do partido, para que a gente possa trabalhar de forma que um candidato progressista de esquerda possa ganhar as eleições de 2022”. Lula ainda celebrou o fato de ter comparecido à urna neste ano. “A última vez que eu votei foi em 2016, não me deixaram votar em 2018, então eu tô aqui com muito orgulho cumprindo o meu dever de cidadão brasileiro, votando naquele que foi o melhor prefeito da história de São Bernardo do Campo”, disse em aceno ao ex-prefeito e candidato petista no município, Luiz Marinho. Ele se diz confiante em uma recuperação eleitoral do Partido Trabalhadores neste ano, massivamente derrotado no pleito municipal em 2016. “Acho que nós vamos recuperar muitas das cidades que nós tínhamos perdido e vamos ganhar outras cidades novas”, afirmou. O ex-presidente atribui o otimismo ao legado do partido e à campanha baseada em oposição ao governo Bolsonaro, o qual classificou como “o maior desastre político da história desse país”. ""Somente os fanáticos é que podem achar que o Bolsonaro faz alguma coisa de útil para esse país. O Bolsonaro destrói. Destrói costume, destrói cultura e destrói a economia. Nós nunca tivemos tanto desemprego como nós temos hoje, nunca tivemos tantas incertezas como nós temos hoje. O Brasil nunca esteve tão desmoralizado aos olhos do mundo como nós estamos hoje. Ninguém acredita nesse país”, disse. O Ministério Público de Goiás recomendou que o governo estadual promova estudos para “tributar a exportação in natura dos grãos”. O governador tem 30 dias úteis para responder. No Brasil, a governança anda a sair dos trilhos. Em vez de se restringirem ao seu papel de zelar pela legalidade, órgãos de controle se acham no direito de interferir nas escolhas que cabem ao Executivo. Por outro lado, governos estaduais frequentemente adotam políticas que violam a legislação, como na concessão de benefícios para servidores públicos, incluindo membros do Ministério Público. Goiás enfrenta uma grave crise fiscal. O estado, durante anos, concedeu à larga subsídios para empresas privadas, ainda que ferissem a legislação nacional. Seus gastos com servidores públicos aumentaram seguidamente na última década, ultrapassando o limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo o Tesouro Nacional. A Assembleia de Goiás chegou a aprovar, em 2017, emendas à Constituição do estado que retiraram da despesa com pessoal o pagamento de pensionistas e o Imposto de Renda retido na fonte dos servidores. O STF suspendeu essas emendas. O relator afirmou que as medidas foram um “verdadeiro drible” à Constituição Federal. Tratou-se de “carta branca para a administração pública ampliar os gastos com pessoal”, resume a nota no site oficial. A crise fiscal é a justificativa do Ministério Público para tributar as exportações. Essa recomendação, no entanto, invade a competência do Executivo, a quem cabe a política fiscal, e ignora as razões técnicas que justificam a desoneração das exportações, prática dominante nos principais países. Na coluna de 11/8/2019, relatei o exemplo da produção de algodão no Maranhão no século 19, que foi devastada pela tributação sobre as exportações. Em vez de combater as causas dos problemas, a concessão de subsídios e os elevados gastos com servidores, a recomendação do Ministério Público é onerar a agricultura. A medida foi sugerida originalmente pela Federação das Indústrias do estado. O novo tributo reduziria a rentabilidade das exportações, induzindo os agricultores a vender seus produtos a preços mais baixos para empresas locais. Trata-se de uma curiosa convergência de interesses. A proposta beneficia indústrias que compram grãos, além de aumentar a arrecadação para fazer frente aos gastos públicos, incluindo os contracheques de servidores que recebem acima do teto constitucional, apesar de decisão contrária do STF. Como não bastasse, tributar exportações é inconstitucional (art. 155, da Constituição) e ilegal (Lei Complementar 87/1996). Goiás exemplifica o descontrole institucional que se espalha pelo país. Carla Brito, 41, convive há anos com a endometriose. A doença é causada pela presença de tecido do endométrio, que reveste o útero, fora do órgão, levando a cólicas e incômodos. No ano passado, porém, ela teve dores diferentes e sangramentos anormais. O diagnóstico de câncer de colo do útero só veio em agosto último, um ano depois de Carla buscar ajuda em um posto de saúde de sua cidade, São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. No posto, ela foi encaminhada a um ginecologista. Conseguiu realizar, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma ultrassonografia que identificou a presença de uma massa na região uterina em setembro de 2019. O médico, então, solicitou uma histeroscopia diagnóstica —exame de imagem que verifica o interior da cavidade uterina— a fim de identificar se a massa poderia ser um tumor. O pedido do exame foi feito em 18 de novembro e, no dia seguinte, Carla foi inserida na fila do Sistema de Regulação (Sisreg) para realizar o procedimento. Em janeiro deste ano, depois de dois meses de espera, ela decidiu procurar alternativas. Carla acabou arcando com os gastos de uma histerectomia total, a retirada do útero e do colo uterino, recomendada por outro médico. Realizou a operação, que incluiu uma biópsia, em um hospital privado no dia 4 de agosto e recebeu o diagnóstico de câncer. A lei nº 13.896 busca evitar que situações como a de Carla se repitam. Sancionada há um ano, a norma estabelece que exames de diagnóstico devam ser realizados dentro de um prazo de 30 dias quando a principal hipótese é a de um tumor maligno. A Lei dos 30 Dias, como é conhecida, entrou em vigor em abril, durante a pandemia de Covid-19. O projeto de lei foi apresentado pela deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) para cobrir uma lacuna deixada pela lei nº 12.732, a Lei dos 60 Dias, que fixa o prazo máximo, a partir do diagnóstico, para um paciente iniciar o tratamento de um câncer pelo SUS. “É preciso ter o tratamento no menor tempo possível, mas o mesmo cuidado deve existir com o acesso ao diagnóstico”, explica a deputada, que é enfermeira de formação. Segundo ela, a legislação permite priorizar os recursos da saúde para a realização desses procedimentos. Especialistas, todavia, apontam dificuldades na implementação da lei. Para o epidemiologista Arn Migowski, chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do Instituto Nacional de Câncer (Inca), um dos desafios encontra-se no monitoramento. “Os processos diagnósticos são específicos para cada tipo de câncer. São inúmeros exames e é preciso tornar esse processo factível para ser monitorado”, esclarece. O médico cita como bom exemplo o Painel Oncologia, ferramenta que acompanha o tempo entre o diagnóstico e o primeiro tratamento oncológico no SUS. A base de dados permite verificar o cumprimento dos 60 dias para o início do tratamento. Segundo Migowski, iniciativas de monitoramento bem definidas como essa também são essenciais para regulamentar a Lei dos 30 Dias. Mastologista e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi afirma que os impasses não se restringem à realização dos exames. Ela cita a dificuldade de agendamento de consultas nos postos de saúde. Uma vez que o prazo de 30 dias só se inicia a partir da solicitação médica de um exame, pessoas que estão aguardando consultas não são amparadas pela lei. O caso da paulistana Daniela Fernandes, 42, exemplifica a situação. Ela notou uma secreção com sangue saindo do bico de seu seio e foi ao posto de saúde em 7 de maio. Lá, um médico a encaminhou para consulta com um mastologista. A fila do posto só permitiu que a consulta fosse marcada para 4 de setembro, mais de três meses depois. Nesse intervalo, no entanto, ela havia conseguido que uma assistente social a encaminhasse a um especialista de outra unidade de saúde. Quando foi chamada pelo posto, Daniela já tinha exames que confirmavam uma lesão em sua mama esquerda. Agora, aguarda o resultado da biópsia para saber se é maligna. “A gente precisa tornar o câncer uma questão de atenção primária”, defende Caleffi. Ela argumenta que o diagnóstico precoce e o cumprimento da Lei dos 30 Dias pode evitar que os pacientes precisem de tratamentos de alta complexidade. Um questionamento realizado pela Femama junto às secretarias estaduais de Saúde, via Lei de Acesso à Informação, indicou um despreparo das instâncias regionais na efetivação da norma. Poucos estados tomaram medidas para tal. Dos 17 estados que responderam ao levantamento, 47% apontaram um investimento em melhorias administrativas, de processos e de infraestrutura para atender a lei. A maior parte das respostas não especificou quais ações estão sendo tomadas. Ceará e Maranhão, contudo, afirmaram estar criando programas de navegação de pacientes —desde a chegada nos postos de saúde até o diagnóstico. A mastologista critica a falta de instruções do âmbito federal para a implementação da lei. O Ministério da Saúde, em nota, afirma que a lei já é cumprida e não necessita de regulamentação, uma vez que versa sobre ações obrigatórias ou já previstas na lei nº 8.080/90, a Lei Orgânica da Saúde. Os pacientes que não tiverem seus exames realizados no prazo de 30 dias, quando a hipótese diagnóstica é a de um tumor, devem procurar a ouvidoria da Secretaria de Saúde de seu município para garantir o que assegura a lei. O diagnóstico precoce evita a necessidade de uma abordagem mais invasiva no tratamento, aliviando os recursos do sistema e a jornada do paciente. Esta reportagem foi produzida no âmbito do Programa de Treinamento em Jornalismo de Saúde, que conta com o patrocínio do Laboratório Roche e da Rede D’Or São Luiz. Após pedido de reconsideração da Folha, a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leite, da 76ª Zona Eleitoral do Maranhão, revogou a decisão que havia censurado reportagem do jornal sobre o candidato a prefeito em São Luís (MA) Eduardo Braide (Podemos). O texto tinha sido retirado do ar na última segunda-feira (9) e agora foi republicado. Leia aqui. A publicação é sobre um documento do Ministério Público que diz que Braide é investigado, o que vinha sendo negado pelo candidato em debates e entrevistas na TV. Ele dizia que não era nem nunca tinha sido alvo de inquérito. Para determinar a censura, Cristiana disse em seu primeiro despacho que o texto da coluna Painel não se baseava em provas e que tinha potencial de causar danos irreparáveis ao candidato. No pedido de reconsideração, a Folha apresentou os documentos sigilosos aos quais teve acesso para realizar a publicação. Entre eles, o jornal mostrou uma procuração assinada por Braide que outorgava poderes a seu advogado para acompanhar a investigação citada. Diante disso, a juíza afirmou que, então, “verifica-se a impossibilidade de se extrair, do conteúdo abordado na matéria impugnada, um fato que seja considerado, de plano, sabidamente inverídico, uma inverdade que seja indubitavelmente verificável de plano, nos termos dos citados entendimentos do TSE, apesar das diversas certidões juntadas pelo candidato.” Braide tinha levado à Justiça uma série de certidões que atestavam que ele não respondia processo e também que não tinha sido indiciado pela Polícia Federal. Nenhum dos dois aspectos havia sido abordado na reportagem. A publicação dizia tão somente que ele era investigado, o que ocorre antes do indiciamento ou de denúncia do Ministério Público. Cristiana de Sousa Ferraz Leite afirmou também na decisão que “o período eleitoral pode trazer para os candidatos, notadamente aqueles que pleiteiam a chefia do Poder Executivo, vários dissabores decorrentes da exposição pública de sua vida e imagem, corriqueiras no debate político”. A explosão do agronegócio nas regiões Norte e Nordeste levou estados produtores de soja a acumularem crescimento acima da média nacional entre 2002 e 2018, informou nesta sexta (13) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Parte da região conhecida como Matopiba registrou elevadas taxas médias de crescimento anual do PIB (produto interno produto). Os estados que formam a região, Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Maranhão, tiveram 5,1%, 4,9%, 4,2% e 3,8%, respectivamente, contra uma média nacional de 2,2% no período. Segundo o IBGE, a diferença é explicada pelo avanço da soja nesses estados. No Piauí, a construção de usinas eólicas também contribuiu com o crescimento, informou o técnico do IBGE Luiz Antônio de Sá. Esse movimento levou a uma redução do peso dos maiores estados na economia. São Paulo perdeu 3,3 pontos percentuais, entre 2002 e 2018, passando a ter uma participação de 31,6% no PIB nacional. O segundo grupo de estados que concentram a geração de riqueza (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná) perdeu 0,9%. Já as demais 22 unidades da federação passaram de 31,9% em 2002 para uma fatia de 36% em 2018. ""A variação acumulada tem forte concentração no Norte e no Nordeste"", disse Sá. Considerando a geração de riqueza por habitante, as diferenças entre as regiões Norte e Nordeste do restante do país ainda são imensas, mas também vêm mostrando redução nos últimos anos. Em 2018, o PIB per capita do Distrito Federal, por exemplo, era 2,55 vezes a média nacional. Já o do Maranhão, o menor do país, esse indicador era 0,42 vez menor. Mas em 2002, a diferença era maior: 2,93 vezes maior no Distrito Federal e 0,31 menor no Piauí, o menor naquele ano. Nesse período, houve avanço no PIB per capita de 16 unidades da federação, enquanto as três maiores (Distrito Federal, Rio e São Paulo) recuaram. ""Apesar do quadro de concentração ainda persistir, a razão de PIB per capita está convergindo para a média, tanto entre os maiores quanto entre os menores"", afirmou o técnico do IBGE. Em 2018, embora a região Norte tenha liderado o crescimento da economia, o processo de desconcentração perdeu força, já que Rio e Espírito Santo contribuíram para que a região Sudeste mantivesse sua fatia no PIB nacional. São Paulo, o principal motor, continuou perdendo participação no volume de riquezas geradas no país. No geral, a economia brasileira cresceu 1,8% em 2018, segundo revisão divulgada pelo IBGE na semana passada. Foi o segundo ano de recuperação da recessão iniciada em 2014, com bom desempenho da agropecuária e do setor de serviços, que abrigou parte dos desempregados pela crise nos anos anteriores. Na região Norte, o PIB cresceu 3,4% em 2018. As regiões Centro Oeste (2,2%) e Sul (2,1%) também cresceram acima da média. Já o Sudeste teve a menor alta, de 1,4%. Entre os estados, as maiores taxas foram observadas no Amazonas (5,1%), em Roraima (4,8%) e no Mato Grosso (4,3%) —puxados, respectivamente, pela indústria de transformação, os serviços e a produção de soja. Ao todo, 15 estados tiveram crescimento acima da média nacional em 2018. O único que teve PIB negativo em 2018 foi Sergipe (-1,8%), por problemas climáticos que afetaram sua produção agrícola. Em São Paulo, a alta foi de 1,5%. Quem assumir a cadeira de prefeito pelos próximos quatro anos vai encontrar na Educação velhos desafios nunca superados na capital paulista. A falta de vagas em creches, por exemplo, é o maior gargalo no ensino infantil —são mais de 357 mil crianças matriculadas nas unidades da rede municipal. Os candidatos também serão colocados à prova ao enfrentar os desafios impostos ao educadores na volta às aulas após a pandemia por coronavírus, entre os alunos mais velhos. O ensino à distância e o uso da tecnologia serão algumas das tarefas impostas a quem se tornar prefeito. Em certidão emitida nesta quinta-feira (12), o Ministério Público Federal confirmou que o candidato a prefeito de São Luís (MA) Eduardo Braide é alvo de uma investigação. O documento é assinado pela coordenadora jurídica e de documentação, Renata Castro Awada Fecuri. O político disse, em debate na TV no mês passado, que não é, nem nunca foi investigado pela Polícia Federal. O Painel revelou, porém, que documento sigiloso do Ministério Público Federal datado de outubro do ano passado classificava Braide como investigado em um caso de desvios de recursos públicos. A pedido do candidato, a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leite, da 76ª Zona Eleitoral do Maranhão, censurou a publicação. Cumprindo a decisão, a Folha retirou o conteúdo do ar na segunda (9). A Folha protocolou um pedido de reconsideração que ainda não foi julgado. O Brasil tinha 13,7 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza extrema em 2019. Apesar de o percentual de pessoas nessa condição ter caído em relação a 2018, em termos absolutos, o número se mantém estável na comparação com anos anteriores. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em sua Síntese dos Indicadores Sociais, o contingente representa 6,5% da população brasileira vivendo com menos de US$ 1,90 por dia (R$ 151 por mês, segundo a cotação e a metodologia utilizadas na pesquisa). O número indica um aumento de dois pontos percentuais na comparação com 2014, quando a série atingiu seu menor indicador, de 4,5%. Porém, o índice passou a crescer em 2015 e apresenta estabilidade desde 2017, quando chegou a 6,4%. Por outro lado, se considerada a linha recomendada internacionalmente para o Brasil pelo Banco Mundial, o total de pobres do país —com renda de US$ 5,50 por dia (R$ 436 por mês, segundo a pesquisa)— superou 51 milhões de pessoas em 2019. No ano anterior, eram 52,5 milhões de brasileiros nessa situação, o que fez a proporção de pobres em relação ao total da população cair de 25,3% para 24,7%. Em 2014, porém, o índice estava em 22,8% da população. O Banco Mundial utiliza três linhas de pobreza, a depender do nível de renda dos países. A atual linha internacional de extrema pobreza é fixada em US$ 1,90 por dia em termos de paridade de poder de compra (PPC). O valor representa a média das linhas da pobreza encontradas nos 15 países mais pobres, segundo consumo e renda por pessoa. O Banco Mundial ainda recomenda que, quanto maior o nível de renda média dos países, maior a linha de pobreza para que se mantenha a correspondência com o nível de rendimento médio da população. Países de renda média-alta, grupo ao qual o Brasil pertence, têm como linha padrão US$ 5,50 PPC. De acordo com o IBGE, entre os 43 países desse grupo com informação disponível na base de dados do Banco Mundial, o Brasil apresenta a 21ª taxa de pobreza mais elevada, em condições piores que países como Paraguai, Tailândia, Romênia, República Dominicana, Panamá, Argentina, Costa Rica e Irã. Na comparação por regiões, os dados mostram pequenas oscilações na comparação com o ano anterior. Nos estados do Norte do país, o percentual de pobres teve oscilação positiva, de 41,3% para 41,6%. Já nas demais regiões brasileiras, houve queda: o Nordeste foi de 43,6%para 42,9%, o Sudeste de 16,3% para 15,8%, o Sul de 12,1% para 11,3% e o Centro-Oeste de 16,4% para 15,3%. O IBGE considera essas oscilações estáveis. Já na análise de extrema pobreza, o Norte também registrou aumento (de 11% a 11,4%) entre 2018 e 2019, assim como Nordeste (de 13,6% para 13,7%) e Sul (de 2,1% a 2,2%). Sudeste (de 3,2% para 3,1%) e Centro-Oeste (de 2,9% para 2,7%), por outro lado, tiveram queda. A pesquisa destacou que a distribuição da população pobre pelo território brasileiro difere bastante daquela observada para a totalidade da população em 2019. Enquanto o Nordeste respondia por 27,2% do total populacional do país, essa região tinha 56,8% das pessoas consideradas extremamente pobres pela linha de US$ 1,90 por dia. O Sudeste, região brasileira mais populosa, respondia por entre 20% e 27% da população de pobres, a depender da linha adotada. Entre os estados, o Maranhão tem 1 em cada 5 residentes na situação de indigência pela ótica estritamente monetária, seguido de Acre (16,1%), Alagoas (15,0%), Amazonas (14,4%) e Piauí (14,0%). Pela linha de US$ 5,50 por dia, o Maranhão tem cerca de metade da população abaixo dessa faixa. Outras 12 unidades da federação ainda possuem incidência de pobreza superior a 40% da população. A desigualdade também é evidente na desagregação por cor ou raça. Na população total, 56,3% se declarou de cor preta ou parda em 2019, mas esses eram mais de 70% entre aqueles abaixo das linhas de pobreza utilizadas. Entre os que se declararam de cor ou raça branca, 3,4% eram extremamente pobres e 14,7% eram pobres. No cruzamento das informações sobre sexo e cor ou raça das pessoas, foram as mulheres de cor ou raça preta ou parda que se destacaram entre os pobres: eram 28,7% da população, 39,8% dos extremamente pobres e 38,1% dos pobres. O estudo ainda identificou que a pobreza é maior entre as crianças, tendência observada internacionalmente, segundo o IBGE. Entre aquelas até 14 anos de idade, 11,3% eram extremamente pobres e 41,7% pobres O governo federal lançou nesta quinta-feira (12) um projeto piloto nacional para prevenção do câncer de pênis, com investimento inicial de R$ 20 milhões. O presidente Jair Bolsonaro manifestou preocupação com o tema em abril de 2019, quandou chamou atenção para o número de amputações penianas no país. ""No Brasil, ainda, nós temos por ano mil amputações de pênis por falta de água e sabão. Quando se chega em um ponto desse, a gente vê que nós estamos realmente no fundo do poço"", disse o presidente na ocasião. Os alvos do programa inicialmente serão 370 municípios e cinco estados com as mais altas taxas de mortalidade por câncer de pênis nos últimos anos. Segundo reportagem da Agência Brasil, esses estados são Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Sergipe. Segundo a portaria, o dinheiro deverá ser usado para ações educativas de higiene genital, para a prevenção de infeccção por papilomavírus humano (HPV), para a qualificação de profissionais de saúde para identificação precoce de sinais e sintomas de câncer de pênis. O câncer de pênis é considerado raro. Segundo o artigo ""Tendências e carga econômica do câncer de pênis no sistema público de saúde brasileiro"", de Antonio Flávio Rodrigues e outros autores, aconteceram 9.743 internações relacionadas ao câncer de pênis de 1992 a 2017 no Sistema Único de Saúde, com média de 365 por ano. Comparativamente, no caso do câncer de mama foram internadas 44.840 mulheres em média por ano entre 2015 e 2019, segundo o estudo ""Panorama da atenção ao câncer de mama no SUS"", feito pelo Instituto Avon junto com o Observatório de Oncologia. Em reportagem da Folha, o coordenador de câncer de pênis e testículo da Sociedade Brasileira de Urologia, José de Ribamar Calixto, disse que a estimativa de mil amputações por ano foi feita com base em dados de internações no SUS devido a câncer de pênis, mas precisaria ser atualizada --o último levantamento ocorreu há dez anos. ""Eu diria que não é bem isso que o presidente disse. É pior do que isso. Viemos lutando há 20 anos para poder pautar uma política pública voltada a acabar com o câncer de pênis, e assim parar de arrancar o pênis dos outros por câncer"", afirmou ele, para quem pode haver subnotificação, por não haver dados de atendimentos na rede privada. Por Edilana Damasceno Com a chegada das eleições, é hora de implementar um debate político para evitar a perpetuação do descaso. A proximidade do dia 15 de novembro deixa as discussões políticas no país cada vez mais acaloradas, seja nas redes sociais ou nos veículos de comunicação. É pouca a importância dada para as necessidades dos outros municípios das regiões metropolitanas e do interior dos estados, que historicamente lidam com o abandono. Não se pode mais ignorar: existe uma emergência política que precisa ser freada. Levantamento feito pelas ONGs Terra de Direitos e Justiça Global sobre violência política —tema já abordado nesta coluna— apurou que a cada 13 dias é registrado pelo menos um caso de ataque à vida contra representantes de cargos eletivos, candidatos ou pré-candidatos no Brasil. Foram 125 casos de atentados e assassinatos entre 2016 e setembro deste ano, sendo a maioria no Rio de Janeiro, seguido de Minas Gerais, Ceará, Maranhão e Pará empatados em segundo lugar. Além disso, 83% da ações ocorreram em cidades do interior do país, índice que comprova quais são os lugares que mais sofrem com uma política baseada em brutalidade e extermínio. Durante a campanha deste ano, foi registrada uma morte a cada três dias desde setembro. O IBGE estima que no Brasil cerca de 7,4 milhões de pessoas se deslocam diariamente entre a cidade em que vivem e outra, onde trabalham ou estudam, em geral a capital de seus estados. Desses, 1,75 milhão estão em São Paulo e 1 milhão, no Rio de Janeiro. Ou seja, boa parte dos trabalhadores e estudantes das capitais precisam realizar um trajeto para enfrentar problemas que não são tão visíveis do lado oposto aos seus destinos. Questões que vão desde saneamento básico até a falta de incentivo à cultura e ao lazer. São Gonçalo, a segunda cidade mais populosa do Rio de Janeiro, possui um Teatro Municipal que nunca chegou a ser utilizado. A menos de 40 quilômetros está o município de Belford Roxo, o quinto pior índice do Brasil referente a qualidade de água e esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil. A situação piora fora do Sudeste: o mesmo instituto revelou que menos de 40% dos moradores do Nordeste têm esgoto tratado e que, em Ananindeua, segundo município mais populoso do Pará, 98% da população vivem sem coleta de esgoto. A lista de necessidades é extensa e esclarece como a ausência de recursos básicos evidencia uma emergência política em algumas regiões. Por isso, falar na escolha de representantes é falar em proteção a esses recursos e em qualidade de vida, fatores que são frequentemente negados a corpos pretos e favelados e que podem se agravar ainda mais com uma má influência territorial. É urgente a percepção de que lugares fora das capitais não são um universo à parte, e sim uma extensão delas. Neles existem vidas, produção de conhecimento e famílias que também são detentoras de direitos. Cidadãos como os de Duque de Caxias, que correm o risco de enfrentar mais quatro anos de uma administração que falhou em entregar obras prometidas e proteger a cidade de uma pandemia. Que, como os de Nova Iguaçu, viram dois candidatos a vereador serem assassinados em menos de 11 dias e que lidam com o medo dessa violência. A política internacional tem sido pauta no último mês, porém a situação se agrava a uma linha de ônibus de distância. É necessário também ter atenção para as gestões municipais, pois é delas que saem direcionamentos decisivos na vida de uma população e o reconhecimento do transtorno causado pela má gestão. Talvez a importância da escolha dos chefes do Poder Executivo e dos representantes do Legislativo locais tenha sido invisibilizada com o passar dos tempos conforme os olhares se voltaram para outras esferas. Talvez a desesperança tenha se estabilizado e encontrado conforto em algumas cidades. Talvez nem haja alguma resposta certeira que explique o atual cenário. Independentemente dos questionamentos, o Brasil está a menos de uma semana do primeiro turno das eleições municipais e ainda há tempo de fomentar estratégias coletivas a fim de que se tenha ao menos uma resposta efetivas nas urnas. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, mais de 33% das candidaturas em 2020 são femininas, e pela primeira vez o número de candidatos autodeclarados pretos ou pardos supera o de brancos. São números que podem vir a diminuir a falta de representatividade de gênero ou racial como motivo para o desinteresse com a política nas cidades. Resta ao cidadão conhecer, avaliar e escolher as pessoas que vão defender necessidades urgentes. Não se engane em pensar que a situação está totalmente abandonada. Existem organizações de ativistas locais que mostraram suas potências principalmente durante a pandemia —em que faltaram assistência política e sobraram atitudes efetivas vindas das organizações civis. No entanto, ainda é preciso que os brasileiros tenham pessoas nas câmaras e nas prefeituras dispostas a garantir a qualidade das atribuições que lhes cabem. A vulnerabilidade de algumas regiões também abre caminho para o surgimento de promessas que não poderão ser cumpridas. O resultado de 2018 no Rio de Janeiro, que elegeu um governador hoje afastado do cargo, foi decidido expressivamente fora da capital, principalmente na Baixada e na Região dos Lagos. Fica cada vez mais evidente a importância da construção de um debate político mais expandido em locais como esses. Para além das capitais, quando o Brasil caminhar politicamente rumo à implementação de políticas públicas efetivas, à garantia dos direitos e ao fim de gestões que neguem esses recursos, o impacto será notório na vida de todos, residindo ou não em espaços de pouca visibilidade. Edilana Damasceno é mulher negra, moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, estudante de jornalismo na UFRJ e coordenadora de comunicação no Liderança Popular Cidadã. O Brasil registrou 564 mortes pela Covid-19 e 47.724 casos, nesta quarta-feira (11). Com isso, o país chegou a 163.406 óbitos e a 5.749.007 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Nos últimos dias, diversos estados não apresentaram dados atualizados devido a problemas no sistema do Ministério da Saúde. Nesta quarta, somente Minas Gerais não apresentou atualizações por esse motivo. O salto no número de casos ocorre principalmente pela ausência dos dados de São Paulo desde o último dia 6. A falta de atualizações ocorreu por causa do problema no sistema do ministério. Com os dados acumulados, o estado registrou 190 óbitos e 24.936 casos, nesta quarta. O sistema do Ministério da Saúde havia sido afetado por um ataque cibernético, que também levou a interrupção de processos do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 319, o que representa um cenário de queda em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. A média, porém, também foi afetada pelo apagão de dados de alguns estados, tornando-se, portanto, menor. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Somente o Sul apresenta crescimento da média móvel de mortes. O Nordeste está em situação de estabilidade e as demais regiões estão em queda. Amapá, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e Santa Catarina apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Acre, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba e Rondônia estão em situação de estabilidade. Os outros estados se encontram em situação de queda da média. Vale lembrar que em ambos os casos o cenário foi afetado pela ausência de dados de diversos estados nos últimos dias. O Brasil tem uma taxa de 78 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (240.838), e o Reino Unido (50.457), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 73,3 e 75,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (71,1). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 95.842 óbitos, tem 76 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 109,4. O país tem 34.992 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 127.571 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,4 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 76,8 mortes por 100 mil habitantes (34.183 óbitos). Já os dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (11) apontam 48.331 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 544 novas mortes. Com os novos dados, o total de casos da doença no balanço federal já chega a 5.748.375 casos confirmados, com 163.373 óbitos. Os números, porém, não incluem novas mortes em Minas Gerais —que ainda registra dificuldade de acesso aos sistemas do ministério para notificação de mortes pela doença. O problema vem sendo registrado desde a última quinta (5). No mesmo dia, o Ministério da Saúde informou ter identificado um vírus, o que levou à desativação de parte da rede da pasta. Outros estados que ainda estavam com dificuldade de envio dos dados retomaram o acesso, informa o ministério. Segundo a pasta, porém, novos casos e mortes registrados nesta quarta ""podem não refletir o acumulado de eventos pendentes desde a paralisação dos sistemas."" A previsão é que os dados sejam atualizados nos próximos dias. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A construção de uma chapa à Presidência que reúna o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sergio Moro é vista como embrionária por líderes de partidos de centro (entre eles siglas que formam o chamado centrão), para quem a dupla ainda precisaria de apoio no Congresso para se tornar viável. Uma aliança entre os dois forjada para se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022 começou a tomar forma após um almoço entre Huck e o ex-juiz da Lava Jato em Curitiba no final de outubro, como revelado pela Folha. Logo que o encontro se tornou público, no entanto, a articulação foi bombardeada por importantes nomes de partidos do centro e centro-direita, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que exerce forte influência na sigla. À colunista Mônica Bergamo, da Folha, Maia afirmou na segunda-feira (9) que Moro era de extrema direita e descartou qualquer apoio a uma chapa composta pelo ex-juiz. No mesmo dia, o deputado e o apresentador almoçaram no Rio de Janeiro. Segundo o colunista Lauro Jardim, Huck teria dito que sua ""turma"" era a do presidente da Câmara e lembrado que já se reuniu com outros nomes além de Moro, como os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Por enquanto, Maia é voz praticamente isolada nas críticas públicas a uma chapa formada por Huck e por Moro. Líderes e presidentes de partidos de centro no Congresso adotam cautela e avaliam que ainda é cedo para fazer qualquer análise sobre uma eventual aliança de ambos para se contrapor à tentativa de reeleição de Bolsonaro. ""Acho muito cedo para dizer se terão ou não nosso apoio"", afirma o líder do Solidariedade na Câmara, deputado Zé Silva (MG). ""Prestígio e fama não asseguram competência para fazer gestão pública com eficiência e eficácia."" O Solidariedade é um dos partidos que compõem o centrão, junto de PP, PL e Republicanos. O senador Esperidião Amin (PP-SC), líder do bloco formado por senadores de PP, Republicanos e MDB, afirmou que a chapa Moro-Huck ainda se mostra uma ""especulação sem qualquer consequência"" e não ""um projeto"". ""Nós estamos em uma pandemia. Temos um período eleitoral que vai até o dia 29. Então eu nem tenho coragem de discutir a sucessão no Senado quando me perguntam, quanto mais 2022"", disse. ""Não estou criticando quem queira discutir. [Mas] O Huck almoçar com o Rodrigo Maia. O Rodrigo Maia deveria estar preocupado em organizar a comissão do Orçamento"", afirmou. Congressistas também afirmaram que o ""timing"" do encontro entre Huck e Moro demonstra uma falta de conhecimento da política nacional, que avaliam ser um ponto negativo para a aliança. Um senador, que não quis se identificar, disse que os dois foram ingênuos se consideraram que o encontro não seria descoberto ou então, caso soubessem que seria divulgado pela mídia, escolheram o momento errado para se reunirem, semanas antes do primeiro turno das eleições municipais —com a atenção de políticos e do público voltada para esse tema. Além disso, nos bastidores, a interpretação é que, se quiserem se tornar uma chapa viável, ambos precisam buscar apoios partidários e evitar incorrer no que é visto como um equívoco de Bolsonaro: vencer a eleição sem uma base consolidada e, agora, depender do apoio de partidos do centrão para aprovar projetos de interesse do governo no Congresso. Bolsonaro se elegeu pelo PSL, mas rompeu com o partido em novembro de 2019, em uma decisão que rachou a legenda e diluiu a rede de congressistas que respaldam os textos do Executivo. Diante da ameaça de processos de impeachment, precisou recorrer à política do ""toma lá dá cá"" e oferecer cargos ao centrão —formado por partidos como PP, PL e Republicanos— em troca de votos. ""Eu sempre acho que, por trás de uma candidatura, tem que ter uma base partidária forte de sustentação, para não acontecer o que aconteceu com o Bolsonaro, que chega ao poder, criticou a vida inteira a política velha, a política do centrão, e hoje é ícone do centrão"", disse o senador Otto Alencar (PSD-BA), líder da legenda. Para não correrem risco de ficar sem base no Congresso, uma aliança entre Moro e Huck precisaria do apoio não só do centrão, mas de partidos com grandes bancadas, como MDB e DEM —que somam 63 deputados. Os congressistas avaliam que alianças apenas eleitorais pouco contribuiriam para criar uma situação de governabilidade. Por isso consideram que a época de ""dois outsiders"" na mesma chapa tenha se encerrado com a eleição de Bolsonaro. Acham mais viável uma chapa com uma figura de alta popularidade fora da política compondo com algum político de partido estabelecido. A viabilidade da chapa também esbarra em alguns outros entraves. Um deles é a interpretação de que Huck e Moro não representariam uma candidatura de centro, como argumentou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), presidenciável que terminou em terceiro lugar na eleição de 2018. ""No dia em que [o governador de São Paulo, João] Doria, Huck e Moro forem de centro, eu sou de ultraesquerda, o que eu nunca fui"", disse na segunda-feira. O senador Otto Alencar também tem posição parecida, afirmando que Moro é uma figura política de direita. ""Se o Moro foi ser ministro de Bolsonaro é porque ele concorda com o Bolsonaro. Se a demissão mudou o juízo dele, aí é outra história"", provocou o senador. ""Na minha opinião, ele [Moro] não tem nada que ver com centro. Eu, por exemplo, defendo uma posição de centro-social, centro-esquerda, uma posição bem organizada de finanças e trabalho para conter o déficit fiscal e investir tudo o que puder na educação, na saúde e ação social"", disse Alencar. Em setores do Congresso, o discurso anticorrupção de Moro abre portas, enquanto há dúvidas sobre quais pautas seriam prioritárias para Huck —para alguns, o apresentador é pouco liberal e inclinado a uma agenda social. Mas o ex-ministro também tem rejeição mais forte, principalmente por deputados que criticam a forma como conduziu a Lava Jato. A aproximação de Huck e Moro seria, na leitura de congressistas, um balão de ensaio para testar a recepção aos dois nomes. Nesse contexto, alguns interpretam a decisão de Huck de almoçar com Maia logo após as críticas do deputado ao ex-ministro como uma tentativa de reorganizar o apoio. Assim, em vez de compor chapa com o ex-juiz, Huck poderia se filiar ao DEM. Isso abriria também caminho para uma aliança com Doria, o que eliminaria um dos argumentos que poderiam ser usados contra o discurso de que se trata de alternativa ao governo: o de que Moro, afinal, fez parte do governo Bolsonaro até abril deste ano. O Guaraná Jesus é um produto muito tradicional no Maranhão, onde foi criado. A Polícia Civil do Rio prendeu hoje o dono da empresa JJ Invest, Jonas Jaimovick, suspeito de ser o responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide financeira já realizadas no país. De acordo com a Delegacia de Defraudações, responsável pelas investigações, o prejuízo dos investidores é de aproximadamente R$ 170 milhões. Ele era considerado foragido desde 2019, quando teve prisão decretada. ""Somente na sede da Delegacia de Defraudações, onde foram ouvidas cerca de 60 vítimas, calcula-se que o prejuízo dos investidores/vítimas de aproximadamente de R$ 30 milhões"", disse a Polícia. No inquérito que apura o caso, outras oito pessoas foram indiciadas por participação direta no esquema e obtenção de lucro com a pirâmide financeira. Os lucros oferecidos aos investidores eram de 10% a 15%. De acordo ainda com a polícia, Jonas responde no Rio de Janeiro a mais de 30 inquéritos. Também há processo contra ele em São Paulo, Maranhão, Recife, Ceará, entre outros. Ele foi preso na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. ""Na esfera cível, existe infinidade de processos pedindo ressarcimento ao próprio jJonas e a JJ INvest. Estima-se que em todo país, existam mais de 3 mil lesados com algumas pessoas perdendo até mais de R$ 1 milhão"". A JJ Invest ficou conhecida no cenário nacional após patrocinar times de futebol e mundialmente, após o jogador Neymar ter estampado a JJ na sua camisa. Alguns artistas e jogadores também investiram na pirâmide e perderam bastante dinheiro. ""Com a prisão de Jonas, chega ao fim à procura do maior operador de pirâmides do país"", afirmou a Polícia Civil, em nota. A delegada Daniela Rabello disse que Jonas mudava de endereço com frequência para não ser detido. ""Diziam que ele tinha saído do país, mas ele permaneceu o tempo todo escondido em casa de parentes, de amigos e também em hotéis no Recreio dos Bandeirantes e em Vargem Grande [bairros da zona oeste do Rio]. Ele se transferia de um local para o outro bem cedo, pois ele não podia circular normalmente em horário comercial. Fomos nos endereços, até que o localizamos"". Em depoimento à polícia, Jonas afirmou que ressarciu alguns clientes e que o restante do dinheiro ele perdeu na Bolsa de Valores. De acordo com a delegada, Jonas responde por crimes em diversas delegacias como estelionato, crime contra o sistema financeiro, entre outros. Entre as vítimas, está o ex-jogador Zico e também outras artistas e pessoas que ""investiram o único dinheiro que tinham"", destacou a delegada. A investigadora descreveu Jonas como um homem inteligente e que conhecia bem o sistema de investimentos. ""Ele tinha proximidade com artistas e isso trazia credibilidade para ele que conseguiu atrair inúmeros investidores com promessa de retorno bem acima do mercado. Ele chegou a patrocinar o [time] Vasco da Gama e isso fazia com ele ganhasse a confiança das pessoas"". A reportagem tenta contato com Jonas e a JJ Invest, mas ainda não obteve sucesso. Jonas teve prisão preventiva decretada em 2019 e, na mesma época, foi criado um perfil de ""vítimas da JJ invest"". Na ocasião, Justiça Federal do Rio o acusou de violar três artigos da chamada Lei do Colarinho Branco, cujas penas podem chegar a 22 anos de prisão em caso de condenação, segundo o jornal O Globo. O Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) informou à época que o mandado de prisão foi expedido em 7 de junho de 2019. Jaimovick foi acusado de ""fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio"", de ""gerir fraudulentamente instituição financeira"" e de ""apropriar-se de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio."" Ainda segundo o jornal, a empresa não tinha autorização para funcionar e o empresário sumiu em fevereiro do ano passado com pelo menos R$ 170 milhões de 3 mil clientes, entre eles celebridades o ex-jogador de futebol Zico. A pedido de Eduardo Braide (Podemos), candidato a prefeito em São Luís (MA), a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leite, da 76ª Zona Eleitoral do Maranhão, censurou publicação da Folha sobre um documento do Ministério Público que citava o político como investigado. A decisão, dada neste domingo (8), mandou retirar “imediatamente” o conteúdo do ar. O texto foi publicado no site da coluna Painel no sábado (7) às 23h15, e a ação foi protocolada no domingo. A Folha foi intimada de decisão na manhã desta segunda (9) e protocolou um pedido de reconsideração início da tarde. No site do jornal, o texto foi suprimido após a notificação. “A censura é intolerável, e vamos tomar providências para que a decisão seja revista”, diz Luís Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha. Segundo a juíza, as afirmações da publicação “não estão embasadas em provas, apenas cita um documento do Ministério Público, mas não o apresenta nem informa onde pode ser consultado.” Cristiana afirma que a manutenção da publicação “tem potencial de causar danos irreparáveis ao candidato”, no contexto eleitoral atual, “pelo conteúdo desabonador à sua imagem”. Ela diz também que as certidões apresentadas por Braide atestam que não foram encontrados registros em que ele conste como indiciado (que é diferente de investigado —o ato de indiciamento, que em nenhum momento foi citado pela Folha, ocorre quando a autoridade investigatória encontra elementos que apontem para a autoria do crime). A reportagem falava sobre um documento sigiloso do Ministério Público de 2019 em que o procurador Ronaldo Meira de Vasconcellos Albo classifica o candidato como investigado ao posicionar sobre em qual instância deveria ficar o caso, que apura desvios em licitações. A discussão do foro ocorreu porque Braide é deputado federal desde 2019 e os fatos apurados, anteriores ao mandato. Na manifestação, Albo afirma que foram identificadas movimentações atípicas pelo Coaf de 2011 a 2014, quando Braide era deputado estadual. Entre os documentos aos quais a Folha teve acesso estão: a manifestação do procurador (citada acima), um despacho do desembargador Olindo de Menezes (do TRF-1) determinando que o caso fosse enviado para o Supremo e uma procuração do próprio Eduardo Braide constituindo defesa nos autos do inquérito. No pedido de reconsideração, a Folha diz que a ordem viola o exercício da garantia constitucional que assegura a liberdade de imprensa e o acesso à informação. Para o presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Paulo Jeronimo, a decisão significa ""mais um ato intolerável de censura, sabidamente inconstitucional. A ABI repudia este desrespeito à liberdade de imprensa e tem certeza de que essa decisão será revogada"". Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) protestou contra a censura. ""A ANJ espera que a Justiça reveja logo a equivocada decisão e restabeleça a plena liberdade de informação. A censura afronta o direito dos cidadãos, especialmente em um momento de tomada de decisão eleitoral."" O Corinthians chegou ao terceiro jogo de invencibilidade —duas vitórias e um empate— no Brasileirão ao empatar por 1 a 1 com o Atlético-GO, neste sábado (7), no estádio Olímpico, em Goiânia, pela 20ª rodada. A partida foi de raras emoções e com as duas equipes chutando pouco a gol. O time da casa abriu o placar ainda na primeira etapa com Oliveira, enquanto o Timão igualou já na etapa final com Fábio Santos convertendo pênalti —originado em jogada polêmica. O Dragão começou a partida melhor e, logo aos 2min de jogo, Chico arriscou de longe, a bola desviou na marcação corintiana e parou nas mãos de Cássio. O ex-clube de Vagner Mancini voltou a assustar aos 16min, quando Marlon Freitas bateu colocado de fora da área e Cássio defendeu novamente. Com muitas dificuldades para criar, o Alvinegro, em mais de vinte minutos, não conseguiu chutar uma vez com perigo à meta adversária. As únicas chegadas foram na bola parada. Por outro lado, o Atlético seguia bem. Aos 29min, Matheus Vargas, da entrada da área, chutou firme, mas por cima do gol. Menos de dois minutos depois, Zé Roberto recebeu um cruzamento de Dudu e cabeceou, novamente, por cima da meta. Já aos 38min, Nicolas cruzou para Gustavo Ferrareis, que recebeu sozinho na grande área, mas errou o chute e a bola, mais uma vez, passou por cima do travessão de Cássio. A única vez que o Timão assustou foi aos 40min. Jean saiu jogando errado, Davó ficou sozinho com a bola, mas demorou para finalizar e o goleiro se recuperou. Foi o time do interino Eduardo Souza que abriu o placar, aos 42min. Nicolas cobrou escanteio, Oliveira cabeceou firme e mandou para o fundo da rede. Já aos 45min, Marlon Freitas cabeceou e Cássio fez boa defesa. Assim, o jogo foi para o intervalo com o Dragão na frente. O Timão voltou melhor do vestiário e, aos 6min, Ramiro recebeu de Gustavo Mosquito e bateu firme. Jean fez uma defesa segura. No lance seguinte, aos 8min, o juiz assinalou uma penalidade para o Corinthians. Fagner invadiu a grande área e caiu no chão após um choque. Gilvan acertou a bola, mas também o lateral corintiano e o VAR não chamou o árbitro. Na cobrança, Fábio Santos converteu e empatou o marcador. A equipe de Vagner Mancini quase virou aos 20min. Luan recebeu um cruzamento e tocou para Davó que, na pequena área, bateu de primeira, mas parou no zagueiro Gilvan. A partida seguiu com as duas equipes criando e finalizando muito pouco. O Corinthians conseguiu manter uma maior posse de bola, mas sem efetividade. Já o Atlético tentava contra-atacar em velocidade. Quase no fim, aos 41min, Willian Maranhão ficou com a sobra da entrada da área e encheu o pé. A bola raspou a trave e saiu. Pela falta de qualidade técnica em campo, o 1 a 1 saiu de bom tamanho para ambos os clubes, que seguem abraçados no meio da tabela do Nacional. Dois dos principais nomes do centro no espectro ideológico na política, o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Sergio Moro iniciaram conversas para formar uma aliança na eleição presidencial de 2022. Eles tiveram um longo encontro no apartamento de Moro, em Curitiba, no dia 30 de outubro, em que acertaram a intenção de se unir em uma espécie de “terceira via” para disputar o Palácio do Planalto daqui a dois anos. Como foi uma conversa inicial, não se decidiu quem seria o cabeça de chapa de uma eventual candidatura conjunta. Essa é uma discussão, avaliaram ambos, para ser feita ao longo do ano de 2021. O convite para o encontro partiu de Moro. Huck chegou à residência do ex-juiz da Lava Jato por volta das 12h. Almoçaram na varanda do apartamento e estenderam a conversa até pouco antes das 15h. Ambos se encontraram na edição de 2019 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, quando Moro, então ministro da Justiça, acompanhava a participação do presidente Jair Bolsonaro. Ele e Huck, que também estava no evento, trocaram telefones e têm mantido contato esporádico remotamente desde então. Nunca haviam tido uma longa conversa pessoalmente sobre política, no entanto. Segundo a Folha apurou, o apresentador da TV Globo e o ex-juiz concordaram que há espaço para a construção de uma candidatura em 2022 com a marca da “racionalidade”. Em outras palavras, que não esteja atrelada nem à direita ligada a Bolsonaro nem à esquerda que orbita em torno de Ciro Gomes (PDT) e do PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há, porém, candidaturas já postas neste campo, a principal delas a do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Também corre na mesma raia ideológica o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), por exemplo. De qualquer forma, Moro e Huck não definiram uma lista fechada de pessoas que querem atrair para o projeto, apenas o objetivo geral de agregar apoios. Ambos ficaram de voltar a conversar em breve sobre a ideia desta “terceira via”. A candidatura teria um tripé, mesclando temas caros à direita e à esquerda: agenda liberal para a economia, luta contra a corrupção e redução da desigualdade social. Ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça até romper com Bolsonaro em abril deste ano, Moro tem a imagem atrelada ao enfrentamento de grandes esquemas de corrupção. Já o combate à desigualdade é uma bandeira de Huck, ligado a diversas iniciativas na área social e no empreendedorismo. Quanto à liberdade econômica, é um ponto com o qual ambos têm concordância. Os dois também fizeram uma análise sobre o potencial eleitoral de Bolsonaro em 2022. Concluíram que ele terá força na campanha de reeleição, até por reinar praticamente sozinho em um segmento da sociedade relevante, o conservadorismo. Mas a avaliação feita no encontro é que o ano de 2021 tende a ser difícil para o presidente. Para Huck e Moro, Bolsonaro deve perder parte de seu capital político nos próximos meses, principalmente em razão do fim do auxílio emergencial e da manutenção do nível de desemprego em patamares elevados no pós-pandemia. Para viabilizar a aliança eleitoral, Moro e Huck precisariam se filiar a partidos políticos até abril de 2022, seis meses antes da eleição. O apresentador é próximo do Cidadania, ex-PPS, que já lhe ofereceu legenda no passado. Huck também teria que acertar de forma amigável sua saída da Rede Globo, provavelmente no segundo semestre do ano que vem. Já o ex-juiz recebeu sondagens de diversas legendas quando saiu do governo, como Podemos e Novo, mas até o momento rechaçou essas sinalizações. Huck e Moro nunca foram próximos, mas já houve gestos políticos entre ambos no passado. Quando o ex-ministro rompeu com Bolsonaro, Huck telefonou para Moro expressando solidariedade a ele contra os ataques que já começava a receber dos apoiadores do presidente. O apresentador também escreveu, em uma rede social, que a saída do ex-juiz do Ministério da Justiça gerava “uma enorme frustração”. “Tudo indica que as mudanças tão defendidas pela população ficam adiadas. Em especial a agenda anticorrupção e o combate firme ao crime organizado e às milícias”, disse o apresentador na época. Procurados pela Folha, Huck e Moro não quiseram se manifestar sobre o encontro. A formação de uma candidatura competitiva de centro para 2022 é um dos principais objetivos de partidos que não se aliam a Bolsonaro nem à esquerda. A avaliação é que a construção dessa alternativa precisa começar agora, uma vez que os dois polos mais radicalizados monopolizam o debate público e tendem a impulsionar-se mutuamente na corrida eleitoral. Além de Doria e Mandetta, são citados neste campo, embora com menos força, nomes como os do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, ligado ao PSB, e do empresário João Amoêdo, do Novo. Na esquerda, Ciro provavelmente será candidato novamente, e há uma indefinição sobre o PT. Na improvável hipótese de a Justiça restabelecer os direitos políticos de Lula, ele certamente será o candidato. Caso contrário, os nomes mais fortes são do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e do governador do Maranhão, Flávio Dino, caso troque o PC do B pelo PT. O PSOL pode novamente apresentar a candidatura de Guilherme Boulos, se não vencer a eleição para prefeito de São Paulo. O Brasil registrou 609 mortes pela Covid-19 e 23.317 casos da doença, nesta quinta-feira (5). Com isso, o país chegou a 161.779 óbitos e 5.614.258 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Por causa do apagão que afeta o Amapá, o estado não enviou os dados relacionados à Covid-19. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 392, o que representa um cenário de queda em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Até quarta-feira (4), todas as regiões do país apresentavam queda da média móvel de mortes. Nesta quinta, porém, Nordeste e Sul entraram em estado de estabilidade da média. Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rondônia e Santa Catarina têm aumento na média móvel de óbitos em relação ao dado de 14 dias atrás. Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio Grande do Sul e Sergipe apresentam estabilidade na média móvel de mortes. Os demais estados e o Distrito Federal estão em situação de queda da média. O Brasil tem uma taxa de 77,2 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (234.300), e o Reino Unido (47.832), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 71,7 e 72 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (66,5). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 93.228 óbitos, tem 73,9 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 108,4. O país tem 34.671 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 124.315 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 73,1 mortes por 100 mil habitantes (32.520 óbitos). Já os dados divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Ministério da Saúde apontam 23.976 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 610 novas mortes. Com isso, o balanço federal já registra 5.590.025 casos da doença desde o início da epidemia, com 161.106 óbitos. Há, ainda, 2.295 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Em relatos, testemunhas da chegada da lama de rejeitos vinda da barragem rompida de Fundão, em Mariana (MG), contam sobre o cheiro químico forte, descrito por alguns como de soda cáustica, e sobre a violência da onda, que revolvia tudo pelo caminho. Passados cinco anos do rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e BHP, que deixou 19 mortos, as consequências do desastre à saúde humana viraram uma disputa de narrativas, com a Fundação Renova, criada para tratar das reparações, contestando estudos, e poucas ações práticas para as populações atingidas na bacia do rio Doce. Moradora de uma parte alta do município de Barra Longa, município que teve o centro urbano invadido pela lama, Andréa Domingos, 40, lembra que sentiu o cheiro forte chegando pelo bueiro e pelo vaso sanitário. Ela não perdeu a casa, mas afirma que convive até hoje com os efeitos do desastre. Devido à poeira que chegou à sua casa, boa parte levantada por caminhões que removeram rejeitos para a parte mais alta da cidade e em um campo de futebol, ela e o filho mais novo, à época com sete meses, tiveram alterações nos exames que indicam contaminação. Os testes foram realizados em São Paulo, há alguns anos e precisariam de revisão. Entre os sintomas, Andréa relata dores nas articulações, enjoo, pressão alta e depressão. “Não afetou minha casa, mas afetou minha saúde, porque meu zinco, arsênio, chumbo, tudo foi alto. E no meu filho também”, diz. “Estamos à mercê, porque ninguém procura a gente para saber como está a nossa saúde."" Pelo menos dois estudos apontaram riscos de adoecimento à população e a necessidade de acompanhamento dos afetados. Um deles, realizado pelo laboratório Ambios, cuja contratação foi definida por um órgão técnico independente, a Câmara Técnica de Saúde do Comitê Interfederativo (CIF), definiu que Mariana e Barra Longa estavam em local de perigo categoria A, que indica perigo urgente para a saúde pública. O plano era que o estudo tivesse três fases, mas depois da conclusão da primeira fase — com análise nos dois municípios e em Linhares (ES) — ele foi interrompido. “Depois que nós entregamos os relatórios relativos a Mariana e Barra Longa, a Fundação Renova começou um processo de desqualificação e a propor uma metodologia de estudo diferente, sendo que a nossa metodologia é a oficial do Ministério da Saúde”, afirma Alexandre Pessoa da Silva, diretor técnico da Ambios. A nova metodologia proposta pelas empresas, denominada Gaisma (Gestão Ambiental Integrada para Saúde e Meio Ambiente), foi aceita pelo juiz responsável pelo caso, na 12ª Vara Federal em Belo Horizonte, no início do ano, que considerou inválidos outros estudos, entre eles, aqueles da Ambios. As pesquisas foram qualificadas pelo juiz como “imprestáveis, inservíveis, inadequados, ante as notórias inconsistências técnicas e metodológicas”. A decisão foi revertida pela desembargadora Daniele Maranhão em segunda instância, que determinou que fosse mantida a metodologia anterior, considerando que a primeira instância não apresentou justificativa suficiente para a adequação. O estudo da Ambios analisou solo, água, sedimentos, poeira e alimentos que pudessem indicar alguma contaminação que chegaria a seres humanos. Nas conclusões, os autores apontaram que todas as localidades tinham componentes ambientais contaminados por metais pesados, incluindo cádmio, que pode ser carcinogênico. “Uma avalanche de rejeitos sai revolvendo os rios em um turbilhão grande, mobilizando metais que estão no fundo, nos sedimentos, porque também desloca metais nas margens dos rios”, diz Pessoa, coordenador técnico-científico dos estudos. Ele diz que, depois que a lama secou, a poeira contaminada seguiu no ar. “Nós determinamos que, praticamente toda a população, de todas as áreas das localidades destruídas dos dois municípios, foram expostas à poeira contaminada por metais pesados”, diz. Um estudo conduzido pelo Laboratório de Educação Ambiental e Pesquisa da Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto) também detectou a inalação da poeira no ar como uma das principais formas de provável contaminação. A coordenadora responsável pelos estudos, professora Dulce Maria Pereira, alerta ainda para a necessidade de retirada da lama, já que as chuvas e o vento movimentam os contaminantes pela bacia atingida. “A poeira vai passando de um lugar a outro. Algumas pessoas respondem de forma mais intensa, outros não percebem agora, mas podem ter, anos depois, consequências da contaminação pelo ar”, diz. A Renova divulgou relatório de outra empresa, a New Fields, que diz que “algumas informações e dados coletados [pela Ambios] foram mal interpretados”, o que refletiu nas conclusões do estudo. Para a empresa, o único contaminante que requer estudos complementares é o cádmio. A fundação afirma que, de acordo com relatório divulgado em dezembro do ano passado, não há metais decorrentes da barragem do Fundão que representem risco toxicológico à saúde humana. “O rejeito contém essencialmente elementos do solo (rico em ferro, manganês e alumínio), sílica (areia) e água. O sedimento foi caracterizado como não perigoso em todas as amostras, segundo critérios da Norma Brasileira de Classificação de Resíduos Sólidos”, diz a Renova. No monitoramento independente sobre as ações de reparação ao desastre, conduzido pela empresa Ramboll para o MPF (Ministério Público Federal), estudos epidemiológico e toxicológico e planos de ação em saúde foram caracterizados como em nível crítico em avaliação de agosto de 2020. Apenas 2 de 45 municípios mapeados são considerados parcialmente atendidos. A Ramboll diz que as bases mínimas dos programas não foram cumpridas pela Renova e que avalia que são poucas as ações de apoio à saúde dos atingidos realizadas até aqui. A maioria dos municípios têm tido apenas ações de monitoramento da água para consumo humanos. “As empresas, todavia, apesar dos estudos já realizados, sustentam que é necessário demonstrar o nexo de causalidade entre o desastre e a situação de contaminação por metais pesados, o que mostra uma atuação da Fundação Renova como um instrumento de limitação da responsabilidade civil de Vale, BHP e Samarco”, diz o procurador do MPF-MG, Edmundo Dias. Ele diz ainda que a fundação e as empresas têm atuação desrespeitosa aos direitos humanos por resistirem em adotar medidas de prevenção para fortalecer o SUS e impedir novos danos à saúde. Apesar de a Renova garantir que a água pode ser consumida após passar por tratamento convencional em sistemas municipais de abastecimento, a defensora pública estadual de Minas Gerais, Carolina Morishita, diz que a questão da água ainda não está completamente solucionada em muitos territórios e tem ajudado a aprofundar desigualdades sociais. Há locais nos quais quem pode paga por água mineral, e quem não pode fica sem. “Quando você não tem certeza se a água que faz a comida dos seus filhos pode ser consumida, você não tem tranquilidade. A saúde mental das pessoas atingidas é mais uma vez violada”, diz ela. O impacto à saúde mental é relatado por boa parte dos atingidos. “Antes, a gente era paciente. Hoje é só nervosismo. Em casa, isso prejudica demais”, diz Expedito Silva, morador de Bento Rodrigues. No território Krenak, próximo à divisa com o Espírito Santo, o rompimento causou uma ruptura entre os indígenas e o rio Uatu, considerado por eles um ancestral. A água segue sendo entregue por caminhões-pipa. Wakrewá Krenak, 29, conta que sua filha mais velha, de nove anos, conseguiu conhecer um pouco do rio antes do rompimento. Já o filho que nasceu depois do desastre e outro que ainda está em seu ventre não tiveram essa chance. “Não tem dinheiro que pague a tristeza do meu povo, o que a minha avó sofreu. Meu tio ancião pediu no leito de morte que levasse a ele um bok, um peixe do rio Uatu, mas a gente não pode dar”, diz. O Brasil registrou 622 mortes pela Covid-19 e 23.815 casos da doença, nesta quarta-feira (4). Com isso, o país chegou a 161.170 óbitos e a 5.590.941 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. O Amapá não enviou dados nesta quarta por causa de um apagão elétrico. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 384, o que representa um cenário de queda em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país variou entre situações de queda da média e estabilidade. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Todas as regiões do país apresentam queda na média móvel de mortes. Pará e Santa Catarina são os únicos estados com aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe apresentam estabilidade. Os demais e o Distrito Federal estão em queda. O Brasil tem uma taxa de 76,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (233.535), e o Reino Unido (47.832), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 71,5 e 72 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (65,8). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 92.593 óbitos, tem 73,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 107,8. O país tem 34.476 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 123.611 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 72 mortes por 100 mil habitantes (32.052 óbitos). Já os dados divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Ministério da Saúde apontam 23.976 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 610 novas mortes. Com isso, o balanço federal já registra 5.590.025 casos da doença desde o início da epidemia, com 161.106 óbitos. Há, ainda, 2.295 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 276 novas mortes pela Covid-19 e 13.748 casos da doença, nesta terça-feira (3). Com isso, o país chegou a 160.548 óbitos e a 5.567.126 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Dados em finais de semana, feriados e após essas datas podem ser menores por atrasos de notificação nas secretarias de saúde. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 367, o que representa um cenário de estabilidade em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país esteve em situação de queda da média, retornando à situação de estabilidade nesta terça. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Todas as regiões do país apresentam queda na média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Pará e Santa Catarina são os dois únicos estados em que há aumento da média móvel de óbitos. Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Piauí e Sergipe se encontram em estabilidade da média móvel. Os demais estados e o Distrito Federal se encontram em queda. O Brasil tem uma taxa de 76,6 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (232.484), e o Reino Unido (47.340), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 71,2 e 71,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (65,2). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 92.100 óbitos, tem 73 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 107,8. O país tem 34.476 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 123.097 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 9,1 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 71,1 mortes por 100 mil habitantes (31.623 óbitos). Já os dados divulgados pelo Ministério da Saúde no início da noite desta terça-feira (3) apontam 11.843 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 243 novas mortes. Com isso, o balanço federal já contabiliza 5.566.049 casos da doença desde o início da epidemia no país, ainda no fim de fevereiro, chegando também a 160.496 mortes. Há, ainda, 2.316 mortes em investigação, informa o ministério. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Muito se fala sobre os filmes dirigidos por Glauber Rocha de 1964, ano de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, a 1969, quando foi lançado “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”. Nesse período, ele também realizou “Terra em Transe”, de 1966, e curtas antológicos como “Maranhão 66”. No entanto, poucos veem e discutem os filmes produzidos na década de 1970, especialmente os longas dirigidos no exterior. “Cabeças Cortadas”, de 1970, foi filmado na Espanha; “O Leão de Sete Cabeças”, também de 1970, na República do Congo; e “Claro”, de 1975, na Itália. Talvez o motivo dessa desatenção (ou distanciamento) do público e mesmo da crítica seja a entrega de Glauber nessa época a uma linguagem cada vez mais experimental. Certamente seria mais cômodo para ele, um nome já consagrado, se manter na toada dos filmes que tinham o sertão como pano de fundo, mas a arte para o diretor sempre implicou uma reinvenção constante, obsessiva até. É bem-vindo, portanto, “Glauber, Claro”, filme dirigido por César Meneghetti sobre a experiência italiana do cineasta. O documentário está na Mostra Internacional de São Paulo e entra no canal Curta! em dezembro. Em “Claro”, Glauber retratou Roma como um epicentro do imperialismo, uma supremacia do passado que ecoa no presente. Para isso, intercalou cenas de ficção, registros documentais e performances com a francesa Juliet Berto, que havia feito “A Chinesa”, de Godard, uma década antes. “Quero fazer uma visão brasileira de Roma, ou melhor, um testemunho do colonizado na terra da colonização”, disse àquela altura. Nesse “filme militante muito estranho”, nas palavras de um crítico italiano, Glauber vai pela primeira vez para a frente das câmeras numa produção assinada por ele. Segundo o documentarista, “Claro” causou estranhamento entre os europeus em meados dos anos 1970 porque o radicalismo de Glauber estava um passo além do cinema de vanguarda do continente. Brasileiro com a maior parte da carreira na Europa, especialmente na Itália, Meneghetti estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, onde conviveu com pessoas próximas de Glauber, como o montador Roberto Perpignani, que colaborou na edição de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Depois, Meneghetti trabalhou como assistente de direção e em outras funções na Cinecittà e conheceu outros amigos que Glauber cultivou em Roma, o que aumentou seu interesse na vida e na obra do diretor baiano na Itália. “Ao viver muitos anos longe do Brasil, trabalhando com cinema e videoarte, acabei me identificando com o Glauber. Ele tinha um discurso altivo”, diz Meneghetti, que dirigiu filmes como “Motoboy”, de 2004. Na preparação do documentário, Meneghetti e sua equipe reuniram em Roma boa parte dos atores de “Claro”, como o argentino Luiz Maria Olmedo, conhecido como El Cachorro, e a belga Bettina Best. O elenco lembra Glauber como um cineasta tão inquieto quanto afetuoso, um artista que se adaptou bem a uma vida romana libertária do ponto de vista da cultura e do comportamento. O documentário também mostra trechos de uma entrevista antiga de Berto em que fala sobre “Claro”. Naquele momento, a atriz era a grande paixão de Glauber. Há depoimentos dos italianos Marco Bellocchio (diretor) e Adriano Aprá (crítico), que comentam o filme de Glauber e a riqueza da produção cultural em Roma na década de 1970. Diferentemente de “Claro”, filme fragmentado e delirante (existe cópia de qualidade razoável no YouTube), o documentário é didático ao apresentar o contexto em que Glauber criou seu penúltimo longa. De lá pra cá, a Itália e o Brasil mudaram muito, mas, como indica Meneghetti, a obra de Glauber se mantém forte e surpreendente. Secretários de Saúde de ao menos cinco estados veem relação entre o aumento recente de casos de coronavírus e o início das campanhas eleitorais pelo país. No Amapá, houve quadruplicação no número de hospitalizados na rede privada ao passo que nas UBSs houve incremento de 300%, diz o secretário Juan Mendes, que determinou a proibição de eventos de campanha que causem aglomeração. Os hospitais particulares registraram ainda mais casos no último mês do que os públicos. Na Bahia, o boletim epidemiológico de quarta (28) apontou o maior acréscimo de casos novos (1.990) desde 14 de outubro. “Os eventos reúnem centenas de pessoas aglomeradas, sem que haja a devida atenção às regras sanitárias recomendadas”, diz Fábio Vilas-Boas, da Bahia, para quem o Tribunal Regional Eleitoral deveria proibir aglomerações presenciais, exceto carreatas. Ele diz que o país não vive segunda onda ainda, mas uma “maré alta”. No Espírito Santo, os hospitais próprios de empresas de planos de saúde já têm os leitos cheios, diz Nesio Fernandes, do Espírito Santo. Além das campanhas políticas, o secretário aponta mudanças nas testagens e a sucessão de feriados como motivo para o aumento de casos na rede particular do estado. Ele encaminhou um ofício ao TRE solicitando a suspensão de atividades coletivas de campanha. Cipriano Maia, do Rio Grande do Norte, diz que o estado está em alerta. “Aqui desde o final de agosto temos mantido um patamar no número de casos com pequenas oscilações, porém, as aglomerações associadas às campanhas eleitorais em algumas regiões têm produzido aumento dos casos e das taxas de internação”. Na Paraíba, o secretário Geraldo Medeiros diz que as convenções partidárias e a retomada das aulas presenciais contra as recomendações do governo do estado estão levando a aumento recente no número de casos, especialmente em João Pessoa e Campina Grande. Em Pernambuco, o TRE proibiu atos com aglomeração após aumento no número de casos do coronavírus. Ao referendar a decisão nesta sexta (30), o ministro Tarcisio Vieira, do TSE, disse que vídeos divulgados pela imprensa e nas redes sociais mostraram “negligência com os parâmetros de segurança consensuais da comunidade científica”. “A aglomeração das campanhas é um motivador do espalhamento do vírus”, diz Carlos Lula, presidente do conselho nacional de secretários e titular da pasta do Maranhão, onde, contudo, ele ainda não identifica aumento específico de número de casos. Em São Paulo e Ceará, os secretários também apontam aumento no número de casos na rede particular, mas não vinculam às aglomerações de campanhas. “Observamos que todas as pessoas que tínhamos pedido para ficar em casa e que de fato ficaram são as que estão saindo agora para a rua e se sentindo muito confortáveis. Não estão respeitando todos os ritos e regras sanitários”, diz Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde em São Paulo. ""De quem você vê maior circulação hoje? Das classes A e B. Quem pôde, ficou em casa, e agora está saindo, indo em academia, restaurantes, mas também estão apertando mão, abraçando, não usam máscara”, completa. Gorinchteyn fala em incremento de 10% a 12% de internações na rede privada nos últimos 10 dias. No Ceará, o secretário Carlos Martins (Dr. Cabeto) vê aumento no número de casos e internações nos bairros mais ricos, com detecção de surtos a partir de casamentos, velórios e aniversários, especialmente. Em alguns hospitais privados, diz, o crescimento de internados chegou a 30% nas últimas semanas, mas é algo localizado e que não aparece nos bairros de IDH mais baixo, que têm UPAs com números estáveis. Candidatos apoiados ou que tentam se associar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm enfrentado grandes dificuldades na disputa às prefeituras das capitais, o que indica, até o momento, uma perda de força da onda antipolítica que marcou as eleições de 2018. O principal receio que levou Bolsonaro a hesitar em apoiar candidaturas às eleições municipais deste ano, o de ligar o seu nome a fracassos eleitorais, corre o risco de se tornar realidade, mostram as mais recentes pesquisas. Em um primeiro momento resistente a entrar na disputa no primeiro turno, o presidente cedeu à pressão de aliados e anunciou apoios. Os nomes escolhidos por ele, no entanto, assim como outros que, mesmo sem o apoio, tentam colar suas imagens à de Bolsonaro, enfrentam adversidades eleitorais. Nomes que encampam um discurso antipolítica, vários deles alinhados a Bolsonaro, têm amargado as últimas colocações em pesquisas do Datafolha e do Ibope, a maior parte delas lideradas por nomes já conhecidos do mundo político. Os principais candidatos associados ao bolsonarismo em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte enfrentam dificuldades. Na capital paulista, Celso Russomanno (Republicanos) tem perdido fôlego e já aparece numericamente atrás de Bruno Covas (PSDB). No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está em disputa com outros dois candidatos para não ficar de fora do segundo turno. Luiz Lima (PSL), outro bolsonarista, está em situação ainda pior. Eleito na onda antipolítica de 2018, o governador do Rio Wilson Witzel (PSC) está afastado do cargo e não tem candidato —Glória Heloiza, que disputa pelo partido de Witzel, renega o ex-juiz. Lidera a corrida carioca o ex-prefeito e ex-deputado Eduardo Paes (DEM). Na capital mineira, Bruno Engler (PRTB) está embolado com outros nanicos nos últimos lugares da disputa, em larga distância do favorito, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tem 60%, de acordo com o Datafolha. Candidato do governador Romeu Zema (Novo), outro que surfou na onda de 2018, Rodrigo Paiva (Novo) tem 1% das intenções de voto, numericamente pior do que Engler. Na maior parte das capitais, a situação mais comum é a de bolsonaristas embolados nas últimas colocações. Em São Luís, por exemplo, Silvio Antonio (PRTB) convocou aliados para o aeroporto a fim de recepcionar Bolsonaro, que visitou o Maranhão na última quinta-feira (29). Depois, postou em suas redes sociais uma foto no meio da multidão, cumprimentando o presidente, com a seguinte inscrição: ""Na recepção do presidente em São Luís no aeroporto Cunha Machado. ⁣⁣Aconteceu o encontro entre Silvio Antonio e o presidente. @jairmessiasbolsonaro afirmou: 'Eu Voto em você'. ⁣Silvio Antonio responde: 'Obrigado, presidente.'” Silvio Antonio não foi citado por nenhum dos entrevistados na última pesquisa Ibope. Procurado por meio de sua assessoria, ele não se manifestou. No total, apenas três bolsonaristas aparecem nas primeiras colocações nas 26 capitais estaduais, o que inclui São Paulo e Fortaleza. Na capital cearense, apesar de liderar a disputa, Capitão Wagner (PROS) tem escondido sua vinculação com o presidente. A outra é Cuiabá, mas lá Abílio Júnior (Podemos) se esforça para tentar colar sua imagem à de Bolsonaro. Mesmo com o cenário desfavorável, o núcleo ideológico do Palácio do Planalto tem insistido na necessidade de o presidente apoiar em público, pelo menos, nomes nas grandes capita is, na tentativa de garantir palanques fortes para sua campanha à reeleição em 2022. Em sentido contrário, integrantes da cúpula militar já defendem uma retirada estratégica, evitando que derrotas regionais desgastem a imagem do presidente e enfraqueçam o governo federal. Bolsonaro, contudo, não pretende seguir o conselho neste momento. Em conversa recente, disse que irá intensificar sua participação nas próximas duas semanas, na tentativa de estimular um movimento de virada. O presidente vinha apenas insinuando quem eram seus candidatos, sem citar nomes. Na sua live semanal da última quinta-feira, citou nomes e números de alguns vereadores e de cinco prefeitos. Deixou de fora Capitão Wagner, mas fez propaganda para seus apoiados em Manaus, Belo Horizonte, Santos, São Paulo e, ainda que timidamente, Rio de Janeiro. Ao falar da disputa na capital fluminense, Bolsonaro disse que o nome que apoia ""dá polêmica"" e encerrou afirmando que ""se você não quiser votar nele, fique tranquilo, tá certo, não vamos criar polêmica, não vamos brigar entre nós por causa disso daí, porque eu respeito os seus candidatos também"". No dia seguinte, recebeu Crivella no Palácio da Alvorada e gravou vídeo com ele. Após a gravação, porém, voltou a falar sem empolgação do prefeito. ""Se você não quer votar no Crivella, não vamos brigar por causa disso. Você pode encontrar virtude em outros candidatos, respeito, mas eu botei na balança, entre todos os candidatos ali, o que seria melhor para o Rio de Janeiro."" Nos últimos dias, Bolsonaro passou a usar a falta de recursos para viajar como argumento para não se envolver mais nas campanhas pelo país. ""Eu não posso me empenhar mais porque, para eu ir fazer campanha lá, eu tinha que pegar um avião de carreira. Não tenho recursos para isso, levar uns 30 seguranças ou contratar uns cem lá porque a minha cabeça está valendo alguma coisa no mercado"", disse a apoiadores nesta sexta-feira (30). Em São Paulo, na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, participaram de agenda de Russomanno. Mesmo com o enfraquecimento do candidato, Bolsonaro deve ampliar a sua presença na campanha do aliado. Ele fará novas gravações nesta semana com Russomanno, repetindo a frase: ""Agora chegou a nossa vez"". ""Acho que vai ter segundo turno no Rio, como em São Paulo. A gente vai ganhar nos dois municípios"", disse Bolsonaro na sexta. O presidente quer evitar a reeleição de Covas, candidato do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), provável adversário na campanha nacional de 2022. O marqueteiro de Russomanno, Elsinho Mouco, disse à Folha acreditar que a presença de Bolsonaro tem um efeito diferente em São Paulo na comparação com outras capitais e que pode ajudar a consolidar Russomanno no segundo turno. ""Em outras capitais, os candidatos não têm a mesma força eleitoral do Russomanno. Ele entrou nessa campanha com 1 em cada 4 eleitores paulistanos. É um bom aliado para o presidente lá na frente"", afirmou Mouco. No mês passado, Bolsonaro também anunciou seu apoio ao candidato Coronel Menezes (Patriota), em Manaus, e a Ivan Sartori (PSD), em Santos (SP). Os dois candidatos, no entanto, não aparecem entre os favoritos nas pesquisas eleitorais e não têm conseguido crescer mesmo com o apoio do presidente. * Candidatos apoiados por Bolsonaro ou que se apresentam como alinhados ao presidente patinam nas capitais São Paulo Celso Russomanno (Republicanos) Perdeu sete pontos percentuais após início da propaganda no rádio e na TV e ficou, pela primeira vez, numericamente atrás do tucano Bruno Covas Rio de Janeiro Marcelo Crivella (Republicanos) e Luiz Lima (PSL) Prefeito está empatado com outros candidatos na segunda posição. Candidato do PSL tem 4% das intenções de voto e está no pelotão de baixo da disputa Belo Horizonte Bruno Engler (PRTB) Candidato tem 3% das intenções de voto na cidade em que o favorito, disparado, é o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), que tem 60% Vitória Capitão Assumção (Patriota) Candidato que mais busca se vincular a Bolsonaro, aparece com apenas 6% das intenções de voto Porto Alegre Valter Nagelstein (PSD) e Gustavo Paim (PP) Candidatos tentam obter o voto de eleitores bolsonaristas, mas estão nas últimas colocações das pesquisas Florianópolis Hélio Barros (Patriota) e Alexander Brasil (PRTB) Ambos marcaram 1% na última pesquisa do Ibope e estão empatados em último lugar, com outros candidatos Curitiba Fernando Francischini (PSL) e Marisa Lobo (Avante) Os dois disputam o eleitorado bolsonarista. Francischini aparece empatado com outros candidatos em segundo lugar, com 8% das intenções de voto, todos bem distantes do líder, Rafael Greca (DEM), com 46%. Marisa teve apenas 1% das intenções de voto Palmas Barison (Republicanos) Com 3% das intenções de voto, está embolado no pelotão dos últimos colocados Cuiabá Abílio Júnior (Podemos), Roberto França (Patriota) Abílio Júnior aparece numericamente em primeiro, com 26% das intenções de voto. Com 19%, França está numericamente na terceira posição, mas ambos estão empatados tecnicamente pela margem de erro da pesquisa Ibope Campo Grande Promotor Harfouche (Avante) Aparece numericamente com 11% de intenções de voto, na segunda colocação, mas bem distante do prefeito Marquinhos Trad (PSD), com 41%, candidato à reeleição Goiânia Gustavo Gayer (DC), Samuel Almeida (Pros), Major Araújo (PSL) Todos estão embolados nas últimas colocações Salvador Cezar Leite (PRTB) Em empate técnico, nas últimas posições Aracaju Rodrigo Valadares (PTB), Almeida Lima (PRTB), Goerlize (DEM), Lucio Flavio (Avante) e Paulo Marcio (DC) Apesar da profusão de candidatos simpáticos ou que usam o nome de Bolsonaro, a quase totalidade está no pelotão dos últimos colocados. O que aparece mais bem posicionado é Rodrigo Valadares, com 10% das intenções de voto, em terceiro na disputa Maceió Josan Leite (Patriota) Tem 2% das intenções de voto, embolado no pelotão de nanicos na disputa João Pessoa Wallber Virgolino (Patriota) Candidato tem 10% das intenções de voto, embolado em empate técnico com outros quatro concorrentes. O líder é Cicero Lucena (PP), com 21%. Recife Coronel Feitosa (PSC) e Carlos (PSL) Estão embolado nas últimas posições, com 2% e 1% das intenções de voto, respectivamente, de acordo com a última pesquisa do Datafolha Teresina Major Diego Melo (Patriota) Tem 2% das intenções de voto, ocupando uma das últimas colocações Fortaleza Capitão Wagner (Pros) Candidato lidera pesquisas, mas não tem, até agora, usado relação com Bolsonaro na campanha Natal Coronel Helio (PRTB), Delegado Leocádio (PSL) e Coronel Azevedo (PSC) Leocádio tem 7% das intenções de voto, bem atrás do líder, o prefeito Álvaro Dias (PSDB), que tem 44%. Os outros dois tem apenas 2% das intenções de voto, cada um São Luís Silvio Antonio (PRTB) Na capital do estado governado pelo oposicionista Flávio Dino (PC do B), candidato sequer foi citado pelos entrevistados na última pesquisa do Ibope Rio Branco Roberto Duarte (MDB) O candidato, que disse no início de outubro ter o apoio do presidente, aparece em sondagem eleitoral atrás da atual prefeita, Socorro Neri (PSB), e empatado tecnicamente com o ex-secretário estadual Tião Bocalom (PP), que se desfiliou recentemente do PSL, ex-partido de Bolsonaro Porto Velho Sargento Eyder Brasil (PSL) O candidato afinado ao discurso do presidente obteve só 1% das intenções de voto na última pesquisa Ibope. A disputa é liderada com folga pelo atual prefeito, Hildon Chaves (PSDB). Macapá Cirillo Fernandes (PRTB), Patrícia Ferraz (Podemos) e Pastor Guaracy (PSL) Os três candidatos afinados ao governo federal estão bem atrás nas intenções de voto em relação ao empresário Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM) Manaus Coronel Menezes (Patriota) Na última pesquisa Ibope, o candidato apoiado por Bolsonaro apareceu com 5% das intenções de voto. O favorito na capital é Amazonino Mendes, do Podemos, que já foi governador do Amazonas Belém Delegado Eguchi (Patriota) e Vavá Martins (Republicanos) Os dois candidatos afinados ao presidente apareceram, na última pesquisa Ibope, empatados com 7%. A disputa é liderada por um candidato de oposição a Bolsonaro: o deputado federal Edmilson Rodrigues, do PSOL Boa Vista Antonio Nicoletti (PSL), Ottaci Nascimento (Solidariedade) Nicoletti tenta se associar a Bolsonaro, mas o clã já deu declarações públicas negando o apoio. Ele aparece em terceiro lugar na última pesquisa Ibope, ficando atrás do atual vice-prefeito Arthur Henrique (MDB) e de Otaci, também simpático a Bolsonaro.Shéridan (PSDB), do PSDB, tem como aliado o ex-vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM) Fontes: Datafolha e Ibope SUS privatizado O mais estarrecedor nessa polêmica sobre o SUS é a existência de 4.000 obras não concluídas (""Bolsonaro diz para Doria arrumar outro para pagar vacina e fala em reeditar decreto do SUS"", Saúde, 30/10). Isso em um país civilizado deveria gerar a união de todos os níveis do Executivo (federal, estaduais e municipais) para impedir qualquer nova obra até a conclusão do que está inacabado. Mas não há perigo de isso acontecer. Luiz Gornstein (São Paulo, SP) Comparações Fernando Schüler não foi claro em seu texto ""Serviço público precisa ser estatal?"" (Poder, 29/10). Acho que ele cai em uma velha armadilha quando tenta abordar a eficiência do setor público ao compará-la ao privado, principalmente porque incluiu no privado (que busca lucro) as organizações sociais, que, por lei, não têm esse objetivo. Na minha humilde opinião, analistas deveriam definir o que entendem por setor público ou privado, colocando as organizações sociais em seu devido lugar. Antônio Dilson Pereira (Curitiba, PR) Católicos Meus parabéns a Frei Betto pelo artigo ""Voltamos à Inquisição?"" (Tendências / Debates, 30/10). Nem católicos, nem evangélicos, nem ateus ousam contrariar as verdades ali expostas. Mas, com certeza, o TJ-SP voltou à idade das trevas, depois de anos de evolução. Juízes novos com cabeças velhas e pobres. É uma pena. Luiz Carlos Guimarães Brondi (Araraquara, SP) Em relação ao artigo ""Voltamos à Inquisição?"", cuido que não assiste razão ao eminente articulista. O decisório de 60 páginas da Justiça paulista fundamenta-se também em irresignação da CNBB, que já patenteara a incongruência entre o catolicismo e uma entidade que defende o aborto. O código canônico pune a prática do aborto com excomunhão automática. Demais, o papa Francisco sempre ensina que o aborto fere flagrantemente a moral cristã. Edson Luiz Sampel, professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP) Interminável e estúpida A reportagem ""Policial sofre, mata e morre em silêncio no Rio de Janeiro"" (Cotidiano, 30/10), dos repórteres Júlia Barbon, Thaiza Pauluze e Italo Nogueira, traz um correto e sensível retrato de policiais mal cuidados numa interminável e estúpida guerra no Rio de Janeiro. Tratando com relevo a dimensão humana dos policiais e ilustrando com comentários apropriados de analistas relevantes, a reportagem foi uma das melhores —talvez a melhor— neste ano sobre o trabalho policial. José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da PM, professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM-SP e ex-secretário Nacional de Segurança (São Paulo, SP) Não bastasse o triste e impressionante relato na reportagem, a imagem da menina na porta da sua casa é também impactante, como se fosse normal a presença de militares fortemente armados em ação passando a poucos metros dela. E eu que quando criança morria de medo do jipe preto e branco da Polícia Civil... Ailton Giovanetti (Capivari, SP) 4 a 0 Foram quatro derrotas em menos de 48 horas. Tentou acabar com o SUS, perdeu; tentou acabar com os manguezais e as restingas, perdeu; tentou criar um imposto sobre compras no cartão de débito e compras pela internet, perdeu; tentou ofender o povo do Maranhão, perdeu. Placar: Brasil 4 x 0 Estrupício. Cassio Antonio Leardini (Mauá, SP) Bolsonaro Nunca imaginei que nosso país chegaria a este ponto: um autocrata no poder, destruindo o pouco que a população brasileira conseguiu com muita luta, e um bando de lunáticos apoiando-o, sem um mínimo de senso crítico. Onde estão as manifestações populares? Até quando o povo vai ser marionete nas mãos da elite? Engole-se tudo isso para não admitir que foi um erro o golpe contra a Dilma? Agora, diante dos absurdos desse governo, é mais golpe ainda. Cadê o Judiciário, que vê todos esses absurdos e nada faz? Adenilson Peneli (Pirangi, SP) Quem elegeu Jair Bolsonaro foi um professor universitário que se candidatou à Presidência da República com procuração de uma pessoa condenada pela Justiça. Isso prova o quanto este país já estava destruído. E já vimos que não será com Jair Bolsonaro que o reconstruiremos, tampouco com quem o destruiu. Cumpre-nos, pois, amar o Brasil e o nosso povo mais do que qualquer partido político ou qualquer governante. E verdadeiramente! Que Deus nos ilumine a todos! E um abraço fraterno em agnósticos e ateus. Nelson Vidal Gomes (Fortaleza, CE) Top of Mind Parabenizo Livy Silva, uma das líderes do Afrolever na empresa Unilever, pela bela trajetória de vida e pelo compromisso em alterar as políticas da empresa (""É hora de reconhecer talentos que não tiveram chance de se desenvolver, afirma líder da Unilever"", Top of Mind, 30/10). Ana Junqueira Pessoa (Nova Lima, MG) Realmente chegou a hora de as empresas agirem como protagonistas nessa mudança. Se você não está trabalhando para incluir, você está trabalhando para excluir. E a inclusão não é apenas a empresa dizer que incentiva a diversidade em seus quadros de funcionários. Grandes empresas têm poder e têm dinheiro para influenciar os ecossistemas externos para que os excluídos tenham acesso à educação, um dos direitos mais básicos a que todo ser humano deve e precisa ter acesso. Elias Souza (Sumaré, SP) Tive uma decepção enorme com a página publicitária no jornal dos Sucrilhos, que foi eleita a marca número 1 do Brasil em pesquisa do Instituto Datafolha. Quase 13% das crianças brasileiras estão obesas e o jornal publica uma página como essa? Chega a ser chocante. Qual é a responsabilidade da Folha nisso, já que, com essa propaganda, estimula o consumo do açúcar e dos alimentos ultraprocessados? E é ético fazer propaganda do próprio instituto? Lindalva Souza (São Paulo, SP) Superação é a palavra que representa Manoel Santos Costa, carinhosamente chamado de Costinha. Nascido em Itainópolis (PI), adotou o Maranhão como seu estado do coração. Sua mãe, Raimunda, ainda criança, perdeu para a gripe espanhola os pais e dois irmãos. Aos 13, casou-se com um militar e teve cinco filhos, que foram educados com a ajuda de parentes, pois o marido a abandonou sem deixar rastros. Como o tio de Raimunda era governador do Maranhão e o irmão dela interventor de Coroatá (MA), a família mudou-se para lá. Costinha começou a trabalhar muito cedo, num comércio. Era tão pequeno que precisava colocar um banquinho para enxergar os clientes. Tornou-se o esteio da família e logo conquistou o coração do patrão, que o tinha como filho. Aprendeu logo cedo o significado da palavra dificuldade. Driblou muitas. Segundo a filha, a jornalista Jane Lobo, 54, o desejo de terminar os estudos nunca se concretizou, mas tornou-se autodidata em vários campos: dominou a matemática, história e a língua portuguesa com vocabulário rico nos discursos. Destacou-se como um homem dedicado e trabalhador, e pela facilidade com a qual conciliava o autoritarismo com o bom humor. Com os filhos, era o pai brincalhão. Costinha viveu intensamente para a família. Seu dia a dia tinha doses elegantes de boa música, principalmente quando esbanjava talento no violão, outro conhecimento que obteve sozinho. Trabalhou como subgerente de banco, foi presidente do Hospital Antônio Vieira e, ao longo da vida, acumulou patrimônios. Costinha casou-se com a cirurgiã dentista Piedade Lobo, filha de Chilon Lobo, seu primeiro chefe. O casal teve sete filhos —dois já morreram. Manoel Santos Costa morreu dia 24 de outubro, aos 88 anos, de câncer. Viúvo, deixa filhos, netos, bisnetos, nora e genros. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa Desabafo Em meio a uma pandemia, o presidente ignora a ciência, despreza a comunidade científica, desobedece as regras, intimida ministros, incita a ignorância, não se compadece pelo sofrimento alheio... Temos um ministro que não sabe nada de saúde e serve de poste para a ignorância do presidente. Brasil foi e é um vexame internacional na pandemia... (só queria desabafar mesmo; trabalhar em enfermaria do SUS durante essa pandemia de Covid-19 não está fácil...). Rannier Dias Rabelo, médico (Goiânia, GO) União e regras básicas A luta contra o obscurantismo e o retrocesso civilizatório precisa unir as diversas forças progressistas deste país. Trump já era, Bolsonaro ficará isolado no cenário internacional, tendo alcançado o posto que sempre quis, o de pária internacional. O problema é que isso afetará o cotidiano dos brasileiros. Então 2021 será crucial para o esforço coletivo de construção de uma ampla aliança em favor da democracia, do meio ambiente e das regras básicas do pacto social. Geimison Falcão (Pacajus, CE) * Lula e Ciro e Boulos unidos = esquerda forte. Confirmando a derrota de Trump, o cenário fica mais otimista para nos livrarmos do obscurantismo. Juarez Ramos de Oliveira (Canoas, RS) * ""Lula e Ciro se encontram e ensaiam reaproximação, mas sem tratar da eleição de 2022"" (Poder, 29/10). Ciro não se recusa a conversar com ninguém, mas não tem nenhum apreço político por Lula, nenhum. Acha que ele é o grande responsável por essa tragédia econômica, social e política que o Brasil está vivendo; não tem grandeza, só pensa em si e virou um grande enganador profissional. ""Lula lá!"" é só um caudilho latino-americano! Celso Bittencourt (São Paulo, SP) Ciro deveria ser o ponto de convergência da esquerda, mas precisa entender que há um PT melhor do que esse de Lula, Dirceu e figuras de mensalão e petrolão. E há pessoas de bem dentro do PT que não pactuaram com o que essa turma fez. E são, sim, a maioria! Antes que me venham com a história de ""Lula Livre"", informo que já passei da idade de acreditar em coelho da Páscoa, Papai Noel e Lula inocente... A esquerda precisa se renovar e se livrar dessa corja! Valter Mendes Júnior (São Bernardo do Campo, SP) * Acho muito reduzidas as chances da esquerda na próxima eleição. Deve chegar ao segundo turno, e mais forte do que em 2018, mas ainda acho que será difícil derrotar Bolsonaro, o grotesco. Mas é uma ótima notícia. Precisamos de menos protagonismo do PT para que as chances da esquerda aumentem. João Paulo Santos (Santo Amaro, BA) * Liberais brasileiros, quando chegam ao governo, entregam o serviço público aos poderosos cumpadres, e o estado não fiscaliza a qualidade dos serviços que esses cumpadres prestam à população. Esse é um dos problemas do PSDB. Infelizmente, por ser tucana, a mídia mostra apenas as mazelas da saúde, segurança etc. de outros estados, vendendo uma ilha da fantasia que não existe. Claudio Lourenço Rocha (São Paulo, Sp) São Sabará Li o artigo de Filipe Sabará (""Fui expulso do Novo com alegações falsas e denúncias descabidas"", Tendências / Debates, 29/10) e creio que ele se candidatou ao cargo errado. Com certeza, Sabará é candidato a santo. Quando morrer, que não se esqueça de me avisar pois farei campanha pela sua canonização. Antônio Panciarelli (São Caetano do Sul, SP) Desumanidades É sabido que a maioria das agressões praticadas na sociedade ocorre no ambiente familiar. E os idosos, por serem parte fragilizada, são grandes vítimas do crime doméstico. São violências físicas e verbais que morrem no silêncio, abafadas pelas paredes. Uma velhofobia que a pandemia veio exacerbar. Uma pandemia de desumanidades que pode estar a caminho. Marcelo de Lima Araújo (Rio de Janeiro, RJ) Presidente 'boiola' ""'Virei boiola, igual maranhense', diz Bolsonaro no Maranhão após beber refrigerante rosa"" (Poder, 29/10). Avisem ao ""humorista"" que piadas homofóbicas são inconvenientes e não têm mais graça no século 21. Jefferson C. Vieira (São Paulo, SP) SUS Na mesma semana em que está sendo realizado o 14º Congresso Internacional da Rede Unida, evento que congrega milhares de pessoas que defendem o SUS, Paulo Guedes apresenta proposta que seria o início do desmonte do nosso sistema de saúde. Por detrás disso vejo o lobista Ricardo Barros atuando no sentido de favorecer os seus financiadores, os planos de saúde. Está mais do que claro o que está posto em jogo neste momento: o interesse coletivo versus o interesse de lucro de poucos. Resistir é preciso. Depois de mais de 40 anos nessa luta, continuo na mesma trincheira, a da defesa do SUS e da saúde coletiva. Não passarão! José Elias Aiex Neto, médico, ex-secretário municipal de Saúde de Foz do Iguaçu e ex-presidente da Associação Médica do Paraná (Foz do Iguaçu, PR) Apoio a Bolsonaro Respondo ao leitor Wilson Lima (Painel do Leitor, 29/10). Parte da comunidade judaica aplaudiu a fala de Bolsonaro no clube Hebraica no Rio de Janeiro; parte protestou na porta na porta do clube contra a sua presença e outra parte fez um abaixo-assinado, vitorioso, para barrá-lo no clube A Hebraica de São Paulo, do qual faço parte. Fica fácil perceber que é uma comunidade diversa, não? José Marcos Thalenberg (São Paulo, SP) Ideias neonazistas É uma excrescência, jurídica inclusive, obrigar a governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, a se manifestar sobre supostas ideias e pensamentos de seu pai, que em nada dizem respeito à sua pessoa e à sua atividade pública de governadora. O mais irônico e assustador é ver por trás disso um profissional do direito, Fernando Lottenberg (""Governadora de SC evita dizer se concorda com ideias neonazistas"", Poder, 29/10). Mauro Fadul Kurban (São Paulo, SP) Há um Brasil que se recupera da calamidade econômica, no comércio e na construção civil, movido a auxílios emergenciais e juros baixos. Há estados em que o nível de emprego formal já é maior ou pelo menos igual ao do final do ano passado, caso de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão, Paraná e Santa Catarina tocados também pelos bons resultados do agronegócio. Mas essa recuperação relevante está longe de segura. Um dos motivos é que há um outro país, aquele que se dedica à molecagem em redes sociais, caso de ministros de Jair Bolsonaro ocupados de criar crises com fofoca juvenil idiótica. O capitão, por sua vez, trabalha para sabotar até uma hipótese de melhoria nacional, a existência de uma vacina contra a Covid. Um ministro principal, Paulo Guedes, entre outras incapacidades gerenciais, não consegue dizer se vai propor uma nova CPMF ou se o imposto está morto, isso durante uma algaravia em que chegou ao ponto desvairado de acusar bancos de financiar inimigos do teto de gastos, provocando nova crise intestina no governo. Sim, os bancos seriam inimigos do arrocho fiscal. Ministros e os novos amigos de Bolsonaro, as cabeças do centrão, se ocupam de artimanhas para sentar nas cadeiras vazias ou novas da reforma ministerial que virá, se especula. Misturada nesse rolo está a disputa pelo comando da Câmara no ano que vem. O país que se levanta da ruína deste ano de calamidade pode ser abatido por uma piora das condições financeiras: o dólar nas alturas e uma taxa de juros em alta no atacadão de dinheiro, que pode solapar investimentos ou coisa pior. A tensão é grande e pode explodir, com o recrudescimento da epidemia pelo mundo ou com decisões amalucadas ou incompetentes do que fazer com o Orçamento federal do ano que vem. Tais decisões foram adiadas por Bolsonaro e pela elite política para depois das eleições municipais, como se houvesse tempo para esperar até amanhã. Em parte, dependem de arranjos políticos, que por sua vez esperam o resultado de eleições, no Brasil e nos Estados Unidos. Tais demoras e a longa duração da epidemia atrasam ainda mais a recuperação do setor de serviços, com faturamento 30% abaixo do que se via no ano passado. O Rio de Janeiro padece especialmente dessa ruína, sem contar a desordem política e administrativa local. É o estado mais atrasado na recuperação do emprego formal, por exemplo. A confiança do consumidor e do comércio deu uma fraquejada em outubro, talvez um primeiro alerta de que a redução dos auxílios emergenciais deve diminuir também a velocidade da retomada. A ainda baixa circulação de pessoas em metrópoles como São Paulo indica que persistem o medo da doença e o distanciamento social por decisão voluntária de empresas, que há menos gente a andar pela cidade por falta de trabalho ou por causa das escolas ainda quase fechadas. É fácil perceber que há tanto a fazer, no controle da epidemia e na apresentação de um projeto racional de saída da lama econômica, para nem mencionar que não se toca nem a rotina básica de governo. A cada dia, a uma fofoca se segue uma ideia demente ou inepta, que cai na Justiça, no Congresso ou por pressão de redes sociais. É uma queixa ingênua, decerto. A desordem político-administrativa, fora o risco de golpeamento autoritário, era previsível e prevista desde 2018. A variação continua do desvario, nem tanto: boa parte do governo e do comando do país, em vários Poderes, agora se dedica a promover tumulto com mexerico e molecagem. O Brasil registrou 553 mortes pela Covid-19 e 26.647 casos da doença, nesta quinta (29). Dessa forma, o páis chega a 159.033 óbitos e a 5.496.402 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 439, o que representa um cenário de estabilidade em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país esteve em situação de queda da média, retornando à situação de estabilidade nesta terça. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Nenhuma região do país apresenta crescimento da média móvel de mortes, em comparação ao dado de 14 dias atrás. Norte, Nordeste, Sul e Sudeste apresentam estabilidade. Até quarta, o Sudeste apresentava queda. Mas Amapá, Amazonas, Ceará e Santa Catarina têm aumento da média móvel de mortes. Acre, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe se encontram com média móvel de mortes estável. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 75,9 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (228.439), e o Reino Unido (46.045), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 69,9 e 69,3 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (63,1). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 90.309 óbitos, tem 71,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 107,3. O país tem 34.315 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 120.527 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 8,9 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 67,6 mortes por 100 mil habitantes (30.071 óbitos). Já os dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira (29) apontam 26.106 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 513 mortes. Com isso, o total registrado na base de dados da pasta chega a 5.494.376 casos da doença desde fevereiro, com 158.969 mortes. Há, ainda, 2.333 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Os deputados federais do PSOL Fernanda Melchionna (RS), David Miranda (RJ) e Sâmia Bomfim (SP) e as ativistas Natasha Ferreira e Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, entrarão com uma representação no Ministério Público Federal contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por causa de piada de cunho homofóbico feita por ele nesta quinta (29). Em visita oficial ao Maranhão, enquanto se encaminhava para o segundo compromisso do dia, saindo da capital São Luís rumo à cidade de Imperatriz, brincou de forma homofóbica após beber um copo do guaraná Jesus, bebida típica do estado. ""Agora eu virei boiola. Igual maranhense, é isso?"", disse o presidente, entre risos. ""Guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná aqui vira maranhense"", seguiu. Os requerentes do PSOL afirmam que irão fazer valer decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que caracteriza a discriminação como crime. “Práticas discriminatórias e violadoras de direitos não podem prosperar e não iremos aceitá-las em silêncio, especialmente quando emanadas do presidente da República. Manifestações como essas são um incentivo aos piores tipos de preconceitos e violências contra a população LGBTI+"", diz o deputado David Miranda. Em junho de 2019, um julgamento da corte enquadrou a homofobia e a transfobia na lei dos crimes de racismo até que o Congresso Nacional aprove uma legislação sobre o tema. Na ocasião, o ministro Dias Toffoli, então presidente do STF, chamou o Congresso de omisso por nunca ter votado uma lei sobre o caso, apesar da existência de projetos em tramitação há quase 20 anos. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), disse nesta quinta (29) que o diretório estadual de seu partido vai processar o presidente Jair Bolsonaro por fazer propaganda política contra candidatos da sigla durante viagem ao estado. Bolsonaro esteve no Maranhão para inaugurar obras em Imperatriz e, em seu discurso, disse que vai “mandar embora o comunismo do Brasil” e relacionou o comunismo a regimes ditatoriais. Para o governador, Bolsonaro usou dinheiro público em uma campanha política contra candidatos do PC do B em plena eleição. Por isso, incorreu em crime de improbidade administrativa. “Ele fez o que se chama de propaganda eleitoral negativa, em evento oficial com dinheiro público”, afirmou Dino, ao Painel. No mesmo dia em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) é uma casa de lobby que financia “ministro gastador para ver se fura o teto” —fala que foi interpretada como uma indireta ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho—, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez a Marinho rasgados elogios durante viagem ao Maranhão. ""Ninguém viu um ministro do Desenvolvimento Regional [melhor] do que Rogério Marinho, um homem que vive pelo Brasil todo, mais especial no Nordeste"", disse Bolsonaro, nesta quinta (29), em Imperatriz (MA). Ele participava de cerimônia de entregas do governo federal para o estado do Maranhão. ""Onde mais necessite de obras, ele está presente. Ao Rogério Marinho, a minha solidariedade e o meu muito obrigado pela confiança e pelo empenho que tem desenvolvido em todo o Brasil"", seguiu. A fala foi publicada em vídeo por Marinho nas redes sociais (assista abaixo). ""Isso nos dá força para continuarmos firmes na missão que o senhor nos atribuiu"", escreveu, em agradecimento a Bolsonaro. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, também foi elogiado, ainda que com menos ênfase. Nos bastidores, Guedes tem criticado Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) por, segundo ele, atuar para ampliar gastos públicos e desrespeitar a regra do teto, que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação. O ministro do Desenvolvimento Regional caiu nas graças de Bolsonaro ao incentivar as agendas do presidente pelo Nordeste, que coincidiram com a sua recuperação nas pesquisas. Em outras postagens nesta quinta, Rogério Marinho também compartilhou uma sequência de fotos divulgadas por sua pasta em que aparece ao lado do presidente. ""O presidente Jair Bolsonaro nos orientou a emancipar o povo com obras estruturantes. Por isso, este governo tem se empenhado todos os dias para tratar com respeito o contribuinte. O recurso público não pertence a um governo, pertence ao povo brasileiro"", diz uma das postagens, que reproduz fala de Marinho durante cerimônia no Maranhão. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma piada preconceituosa nesta quinta-feira (29) em sua primeira visita oficial ao Maranhão. Enquanto se encaminhava para o segundo compromisso do dia, saindo da capital São Luís rumo à cidade de Imperatriz, Bolsonaro brincou de forma homofóbica após beber um copo do guaraná Jesus, bebida típica do estado. Em meio a uma grande aglomeração de pessoas e sem usar máscara, o presidente se divertiu com a cor rosa da bebida. Logo após beber os primeiros goles, ele começou a fazer piadas com as pessoas próximas enquanto sua equipe fazia uma transmissão ao vivo em suas redes sociais. ""Agora eu virei boiola. Igual maranhense, é isso?"", disse o presidente entre risos. ""Guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná aqui vira maranhense"", emendou depois Bolsonaro, mostrando a bebida. Entre muitas selfies com apoiadores, quase todos também sem máscaras, o presidente ainda voltou a insistir na piada pouco depois. ""Guaraná cor-de-rosa. Fod..., fod..."", disse. Em São Luís, Bolsonaro chegou na manhã desta quinta-feira provocando aglomerações e ignorou as medidas de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus. O presidente participou na capital maranhense da inauguração de um trecho da rodovia BR-135. No início da tarde, ele se encaminhou para Imperatriz, onde tem agenda programada para realizar mais entregas de obras. Na visita ao Maranhão, Bolsonaro foi acompanhado de vários ministros, entre eles Fábio Faria (Comunicações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Desde a chegada a São Luís, Fábio Faria fez registros da interação de Bolsonaro com apoiadores. No caminho para Imperatriz, o ministro divulgou que o presidente fez uma parada surpresa em Bacabeira (MA). Novamente, as pessoas se aglomeraram em volta de Bolsonaro, quase todas sem máscaras. À noite, em sua live, Bolsonaro pediu desculpas pelo comentário homofóbico de mais cedo. ""Pessoal, fiz uma brincadeira. Se alguém se ofendeu, me desculpa aí, tá certo"", disse o presidente, que tomou o refrigerante durante a transmissão. ""A brincadeira que eu fiz não foi televisão, não. Estava conversando com o cara: 'Pô, o guaraná é cor-de-rosa aqui'. Falei uns troços lá, alguém pegou, divulgou, não sei o quê, como se eu tivesse ofendendo aí quem quer que seja no Maranhão. Muito pelo contrário. Com quem eu estava brincando era um maranhense, que levou na esportiva. Agora, a maldade está aí"", disse Bolsonaro, que também fez divulgação de uma distribuidora de bebidas durante a live. Governadores de diversos estados querem construir uma saída pelo Legislativo para garantir que o governo federal tenha de comprar vacinas produzidas por laboratórios públicos brasileiros ou mesmo estrangeiros que forem validadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Gestores vão tentar um entendimento com auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mais uma vez. Se não houver acordo, a ideia é, depois das eleições municipais, propor emendas a duas medidas provisórias que estão em tramitação no Congresso para que o Executivo inclua no programa nacional de imunização as vacinas que tenham eficácia comprovada e validação no Brasil. Assim, avaliam governadores, Bolsonaro ficaria impossibilitado de recusar a compra de doses do imunizante Coronavac, em desenvolvimento por meio de parceria do Instituto Butantan, de São Paulo, com a empresa chinesa Sinovac, caso ele venha a ser aprovado antes de outros. Seis estados têm tomado à frente do assunto, mas pelo 15 já concordaram em procurar uma solução no Legislativo, de acordo com governadores ouvidos pela Folha. Como mostrou o Painel, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena os governadores no tema da vacinação contra a Covid-19, enviou carta ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na terça-feira (27) solicitando reunião para tratar do tema, considerado por ele como prioridade. Na ocasião, segundo governadores, será debatida a construção de uma saída. Na próxima terça-feira (3), gestores têm reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). À Folha Dias afirmou que ainda buscará mais uma rodada de conversas com o governo federal para resolver o imbróglio. ""Queremos dialogar com o ministro da Saúde [Eduardo Pazuello]. Houve um entendimento que gerou o plano nacional de estratégia de imunização, em que se acertou a compra pelo SUS da primeira vacina que for autorizada no Brasil"", disse. ""Paralelo a isso, nós trabalhamos com a perspectiva do Congresso Nacional, que tem a ver com a definição não apenas da parte financeira, mas também pelo poder de legislar sobre a estratégia brasileira do programa nacional de imunização"", afirmou Dias. Os governadores já pediram reunião com Pazuello, como mostrou o Painel. A expectativa é que o encontro com o ministro possa ocorrer também na próxima terça. Dias avaliou que inicialmente o ideal é garantir a prioridade para as vacinas que sejam desenvolvidas por laboratórios públicos brasileiros. No entanto, caso outro imunizante fique pronto antes, ele também deve ser adquirido. Para o governador do Piauí, o importante é que o governo federal realize as compras, já que muitos estados não têm recursos para adquirir as doses necessárias. Ele defende também que o ministério coordene a estratégia de aplicação. Cada imunizante pode ter um público alvo específico, o que poderia tornar necessário a disponibilização de mais de uma opção, afirmou Dias. Dias pediu uma conversa a Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas, braço da OMS (Organização Mundial de Saúde) na América Latina. O objetivo é conversar sobre a possibilidade de o Brasil ter nova onda da doença e ter informações sobre a perspectiva de conclusão de vacinas e as recomendações que a organização fará sobre os imunizantes. Para o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), deve-se solucionar o impasse com o governo federal. Isso inclui buscar a articulação inclusive de atores do Congresso. ""A ideia é que o acordo do governo permita que estejam disponíveis para a população todas as vacinas seguras aprovadas pela Anvisa"", disse. Outros governadores não nutrem nenhuma esperança na tentativa de acordo com o Executivo. ""Quem vai garantir a vacina será o Congresso. Foi assim com o auxílio emergencial de R$ 600 e o apoio aos estados. O papel de Bolsonaro é só tentar atrapalhar"", afirmou Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão. ""O programa nacional de imunização tem de chegar a todas as pessoas, venha de onde vier a vacina, desde que haja comprovação científica de segurança e eficácia"", disse. A ideia de propor emendas a medidas provisórias foi tratado informalmente com Maia, que demonstrou disposição em levar adiante a ideia. Outros deputados também apoiam a proposta. ""O que a gente precisa, e a ideia é boa, é construir uma redação dentro de uma MP que possa manter os acordos da Covax Facility e da Fiocruz e possa garantir à população brasileira acesso a vacina, qualquer que seja que tenha sido validada pela agência do país de origem e do Brasil, para imunizar a população"", disse o deputado Luizinho (PP-RJ), presidente da comissão externa do coronavírus da Câmara. O congressista ponderou, no entanto, que não é o momento certo para se debater essa questão. Para ele, essa discussão só deveria ser feita quando todas as vacinas concluírem a fase 3 de testes, quando se garante a eficácia do produto. Uma das medidas provisórias em trâmite no Congresso prevê um crédito orçamentário extraordinário de R$ 1,9 bilhão para viabilizar 100 milhões doses da vacina de Oxford contra a Covid-19 no Brasil. A maior parte da verba, R$ 1,3 bilhão, é para pagamentos à farmacêutica AstraZeneca, a serem previstos no contrato de encomenda tecnológica. Outros R$ 522,1 milhões serão para despesas necessárias ao processamento final da vacina por Bio-Manguinhos/Fiocruz e mais R$ 95,6 milhões destinados a investimentos para absorção da tecnologia de produção pela Fiocruz. Além desta, o governo federal publicou outro texto em que liberou R$ 2,5 bilhões para que o Brasil ingresse na Covax Facility, aliança internacional por vacinas contra a Covid-19. Bolsonaro editou duas medidas provisórias. A primeira trata do ingresso na aliança, enquanto a segunda libera os recursos. A discussão sobre a compra de vacinas voltou a ganhar força na semana passada depois de Pazuello anunciar acordo para aquisição das vacina produzidas pela Sinovac em convênio com o Butantan. No dia seguinte, Bolsonaro descartou a compra pelo governo federal. A Coronavac está na terceira e última fase de testagem, quando se verifica sua segurança e eficácia. É a mesma fase em que se encontra a vacina escolhida pelo governo federal para produzir no país por meio da Fiocruz, a da AstraZeneca com a Universidade de Oxford. Apesar de Bolsonaro dizer que ""não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que [nem] sequer ultrapassou sua fase de testagem"", o Ministério da Saúde já tem um acordo para obter, após a conclusão dos testes, 100 milhões de doses da vacina de Oxford. Os primeiros 6 milhões de doses da vacina da Sinovac virão da China, mas o restante, segundo o convênio, deve ser produzido pelo Butantan. O Brasil chegou a 158.480 mortes pela Covid-19, nesta quarta-feira (28), com o registro de 499 óbitos. Foram documentados também 28.852 casos da doença, levando ao total de 5.469.755 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 432, o que representa um cenário de estabilidade em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país esteve em situação de queda da média, retornando à situação de estabilidade nesta terça. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O Norte continua como a única região do país com aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Sul e Nordeste se encontram em situação estável (o que não significa uma situação tranquila). As demais regiões apresentam queda. Amapá, Amazonas e Santa Catarina apresentam aumento da média móvel de mortes. Acre, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe estão em situação de estabilidade. Os outros estados e o Distrito Federal apresentam queda da média móvel de mortes. O Brasil tem uma taxa de 75,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (227.563), e o Reino Unido (45.765), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 69,7 e 68,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (62,7). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 89.814 óbitos, tem 71,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 107,1. O país tem 34.257 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 120.010 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 8,9 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 66,8 mortes por 100 mil habitantes (29.730 óbitos). Já os dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quarta-feira (28) apontam 28.629 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 510 novas mortes. Com isso, o total já registrado no balanço federal chega a 5.468.270 casos, com 158.456 óbitos. Há, ainda, 2.361 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Os secretários estaduais de Saúde reunidos no Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) nesta quarta (28) rechaçaram, por unanimidade, o decreto presidencial que incluiu as unidades básicas de saúde no programa de desestatização e desinvestimentos do governo. A medida, publicada em Diário Oficial nesta quarta (27), teve repercussão negativa também entre especialistas e entidades de saúde. Em nota, o presidente do Conass, Carlos Lula, secretário do Maranhão, disse que a legislação prevê que as decisões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam tomadas em conjunto. ""Por força de lei, decisões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) não são tomadas unilateralmente. Elas devem ser fruto do consenso entre os níveis federal, estadual e municipal, sob pena de absoluta nulidade"", afirmou. ""Iremos nos portar e nos manifestar, em todas as instâncias, em defesa desse grande patrimônio nacional que é o SUS. A revogação do Decreto 10.530 é urgente!"" Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a revogação da medida. O Brasil registrou 530 mortes pela Covid-19 e 29.353 casos da doença, nesta terça-feira (27). Com isso, o país chegou a 157.981 óbitos e a 5.440.903 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 442, o que representa um cenário de estabilidade em relação à média de 14 dias atrás. Nas últimas semanas, o país esteve em situação de queda da média, retornando à situação de estabilidade nesta terça. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. A região Norte é a única do país com crescimento da média móvel. Sul e Nordeste estão em situação de estabilidade e as outras regiões estão em queda. Amapá, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul apresentam crescimento da média móvel de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Acre, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins estão em situação de estabilidade na média. Os demais estados e o Distrito Federal apresentam queda na média. O Brasil tem uma taxa de 75,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (226.563), e o Reino Unido (45.455), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 69,4 e 68,4 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (62,4). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 89.171 óbitos, tem 70,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 106,9. O país tem 34.197 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 119.502 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 8,8 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 66,8 mortes por 100 mil habitantes (29.730 óbitos). O Ministério da Saúde divulgou nesta terça (27) dados que apontam 29.787 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 549 novas mortes. Com os novos dados, o balanço federal soma 5.439.641 casos confirmados da doença desde fevereiro, com 157.946 mortes. Há, ainda, 2.379 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O auxílio emergencial superou a perda da massa de rendimentos causada pela pandemia em 22 estados do país no primeiro semestre de 2020. Cinco unidades federativas, porém, não acompanharam essa tendência. São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul não tiveram as perdas compensadas pelo benefício. Os dados fazem parte de estudo dos economistas Ecio Costa, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), e Marcelo Freire, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. De acordo com Costa, o auxílio emergencial foi concebido para amparar informais e beneficiários de programas sociais. Mas chegou de forma mais eficiente aos que já estavam em cadastros de ações sociais do governo. Os cinco locais em que o benefício não repôs as perdas na renda têm um menor número percentual de pessoas cadastradas em programas sociais, segundo o pesquisador. ""Ocorre o contrário no Norte e Nordeste, onde o cadastro inclui um número maior de beneficiários de programas sociais"", afirma. Na análise do professor, o desenho do auxílio deveria ter sido aperfeiçoado, pois muitos informais terminaram não conseguindo acesso à ajuda emergencial. Segundo o levantamento, em valores agregados, o Brasil teve uma perda acumulada de R$ 66,8 bilhões na massa de rendimentos (soma dos salários de todos os trabalhos das pessoas em determinado período, segundo levantamento do IBGE) no primeiro semestre de 2020 em comparação com igual período de 2019. Por outro lado, as evidências sugerem que a compensação em auxílio emergencial foi de R$ 108,3 bilhões apenas no segundo trimestre de 2020. ""Quando comparamos o auxílio com a queda na massa, no valor global ficou 61% acima da perda de renda das famílias"", explica o professor Ecio Costa. Mas a liberação foi concentrada. Em 22 estados, o valor liberado do benefício foi maior do que a perda de renda. São eles Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, Piauí, Paraíba, Alagoas, Maranhão, Ceará, Mato Grosso, Sergipe, Tocantins, Acre, Santa Catarina, Roraima, Rondônia, Amapá, Amazonas, Rio Grande do Norte e Pará. O estudo mostra que seis estados —Piauí, Pernambuco, Paraná, Goiás, Paraíba e Minas Gerais—tiveram perdas na massa de rendimentos equivale a mais da metade do foi ganho em auxílio. Já nos demais 12 estados essa relação é de 30%. De acordo com o levantamento, na comparação com as nove parcelas programadas do auxílio, é possível verificar que o volume ainda é muito superior às perdas observadas no semestre. Há, inclusive, tendência de que as quedas na massa de rendimentos sejam revertidas nos terceiro e quarto trimestres, decorrentes da circulação dos recursos nas economias locais. O professor Ecio Costa entende que o comportamento do segundo semestre de 2020 vai trazer os efeitos da flexibilização do isolamento social, que promoveu a reabertura de bares, restaurantes, shoppings e do comércio de rua em todo o Brasil. A redução do auxílio, avalia o pesquisador, tende a ser coberta pelos ganhos provenientes da reabertura gradual em diferentes segmentos de negócio. O cruzamento de dados do auxílio com o resultado do comércio identifica que a liberação de um volume maior do benefício influenciou na recuperação dos estados. Enquanto estados do Norte e Nordeste tiveram um boom no varejo, catapultados pelo auxílio governamental, o varejo no Distrito Federal e Rio Grande do Sul ainda não recuperaram o nível pré-crise.O comércio em São Paulo, por sua vez, teve um crescimento tímido, enquanto Mato Grosso do Sul e Espírito Santo observaram aumento inferior a outras áreas do país. Daniel Duque, pesquisador da FGV, explica que estadis do Norte e Nordeste foram mais afetados em termos de mercado de trabalho, especialmente por terem empregos concentrados no setor informal, e são regiões que possuem uma população mais vulnerável em termos de atividade econômica. ""No entanto, essas regiões, por serem mais vulneráveis, eram mais pobres e com massa de rendimento menor. Como o auxílio tem valor fixo de R$ 600 [reduzido para R$ 300 a partir de outubro] e atingiu os mais pobres e informais, tivemos uma compensação muito grande da renda nessas regiões em que havia parcela menor de rendimentos"", explicou o pesquisador. Um estudo de Duque apontou que os 30% mais pobres do país tiveram aumento de renda em relação a 2019 graças ao auxílio emergencial. ""Os estados mais pobres tiveram um ganho de renda e estão com mais recursos"". Otto Nogami, economista do Insper, destaca ainda que os quatro estados que receberam menos recursos e o Distrito Federal estão entre os mais afetados pelo colapso no setor de serviços, que segue sem recuperar as perdas na pandemia. ""Nos aglomerados urbanos, o setor de serviços tem um peso maior. Na medida que restaurantes, bares, lanchonetes e hotéis ligados ao turismo são fechados, o impacto é muito grande sobre uma parcela maior de trabalhadores"", diz. Ele ainda aponta que a situação econômica deve se complicar em vários locais após o fim do auxílio. O envio de R$ 369 mil do fundo público partidário pela direção do Podemos para a instalação de uma comissão provisória em uma cidade de 48 mil habitantes virou alvo de controvérsias e levantou suspeitas do Ministério Público Eleitoral sobre o destino final desses recursos. O valor é maior que o distribuído pelo partido no ano passado a diretórios estaduais —como os de Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará— e a municípios como São Luís, capital do Maranhão, com mais de 1 milhão de habitantes. O repasse foi feito em quatro parcelas durante o ano de 2019 para o órgão partidário que seria criado em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), sob responsabilidade do empresário de terraplanagem Juraci Barbosa, 65, que atualmente não consta na lista do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como filiado ao partido no estado. Como local da comissão partidária, foi apresentado um endereço onde funciona uma clínica de podologia. A situação levantou desconfianças de técnicos da Justiça Eleitoral em 2020, porque o partido em Santa Cruz declarou que não tinham sido feitas movimentações na conta da comissão provisória em 2019. A partir disso, se iniciou uma apuração que pode virar inquérito policial. O Podemos é o antigo PTN (Partido Trabalhista Nacional) que se remodelou com forte discurso pró-Lava Jato sob a presidência da deputada Renata Abreu (SP). O partido diz que abriu apuração interna sobre o episódio de Santa Cruz do Rio Pardo. As suspeitas vieram à tona quando a cúpula do Podemos em Santa Cruz foi trocada, no começo do ano. O empresário Juraci deixou a presidência e, em seu lugar, assumiu um grupo ligado ao vereador Murilo Sala, que antes era filiado ao Solidariedade. Sala é candidato a prefeito e concorre contra Severo (Republicanos) e Diego da Saúde (PSD). Já sob o comando de Sala, ao prestar informações à Justiça Eleitoral sobre as contas do partido em 2019, o Podemos de Santa Cruz do Rio Pardo disse que não houve movimentação financeira. Isso fez ""o sistema da Justiça Eleitoral apitar"", diz o promotor de Justiça Eleitoral Reginaldo Garcia, que atua na cidade. Uma análise técnica do cartório eleitoral constatou que, além de ter havido o repasse dos R$ 369 mil, os valores ""foram integralmente sacados"" por, principalmente, três pessoas —uma delas é Fátima de Jesus Chaves, que trabalhou para a direção nacional do Podemos. A movimentação bancária da conta do partido mostra transferências para conta em nome de Fátima. Ao ser questionada sobre o resultado dessa análise, a direção atual do Podemos no município disse ao juiz que não sabia do recebimento e uso desses valores do fundo partidário por parte da direção anterior. Também afirmou que não houve ""má-fé ou intento de descumprimento de obrigação fixada por lei"" quando informou que não houve movimentações e cobrou a direção nacional do partido por explicações. O Ministério Público Eleitoral, por sua vez, pediu ao juiz a desaprovação das contas da legenda, sob a possibilidade de instalação de um inquérito policial para apurar eventuais suspeitas das práticas dos crimes de apresentação de documentação falsa e de apropriação indébita do fundo partidário. Essa investigação ainda não foi aberta, porque não há decisão judicial a respeito das contas. Juraci voltou a aparecer à Justiça Eleitoral no dia 20 de setembro, quando apresentou uma série de notas fiscais que apontam a prestação de serviços como contabilidade, produção de material gráfico e palestras. O Ministério Público diz que o material, que agora irá para nova análise técnica, não está regular. Além disso, quer apuração para identificar se há lisura nos pagamentos, por parte de quem realizou e de quem recebeu. ""A assessoria da Justiça Eleitoral vai verificar a prestação de contas, na qual há inúmeras irregularidades: em datas de fornecimento de nota fiscal, na ausência de recibos e até no tipo de serviço prestado —inicialmente alegaram um tipo de serviço, depois juntaram provas de um outro tipo de serviço"", diz o promotor Garcia. Segundo ele, essas provas ""não encontram substrato material"". ""[Por exemplo, reproduzem] um banner que teria sido feito ou um painel que teria sido posto na cidade. Mas não há elementos da existência de uma prova material, só uma arte gráfica."" Além disso, diz, as notas fiscais são dúbias e não especificam o que foi produzido. ""Um exemplo: 100 horas de palestras. Palestra de quê? Eu fico horrorizado com isso. Palestra você justifica qualquer coisa. Tem que haver uma investigação criminal para ver se há substrato material para isso."" Ele afirma que dependerá do inquérito policial para apontar se esse dinheiro foi ou não usado nos serviços que são mencionados na prestação de contas da legenda. Por enquanto, a Justiça Eleitoral analisará se as contas estão ou não regulares. Mais do que rejeitar, a Justiça pode até declarar as contas como não prestadas, o que poderia levar à inviabilidade do diretório municipal do Podemos em Santa Cruz do Rio Pardo. Procurado, o candidato a prefeito Maurício Sala afirma que não tem responsabilidade sobre os recursos e é a presidência anterior da comissão provisória quem tem que dar explicação sobre o dinheiro. “Eu assumi o partido esse ano e não sei o que aconteceu. O próprio partido, pelo que eu estou sabendo, está apurando esse caso”, afirmou. “A partir do momento que a gente assumiu não teve nenhuma movimentação, nem um saque e eu não tenho nem acesso à conta do partido.” Além do candidato a prefeito, o Podemos lançará 17 candidatos a vereadores na cidade. Juraci Barbosa foi contatado por telefone, mas desligou após a reportagem se identificar. Depois, por mensagem, pediu que as dúvidas fossem enviadas por meio de texto. Segundo ele, nunca houve valores sacados da conta do partido no período em que foi presidente e que ""alguém cometeu um erro de registro"" em relação ao endereço. ""Sobre os recursos recebidos ao longo do período, havia um projeto político na cidade, e que depois seria expandido pra toda a região"", disse. Ele diz que nunca teve relação com o atual candidato a prefeito e nem sequer tiveram contatos. Também afirma que suas contas ""ainda estão sendo prestadas e em breve estarão regularizadas"". Questionado, o Podemos nacional afirmou por meio de nota que a diferença de valores entre estados no Brasil na distribuição do fundo se relaciona à proporcionalidade dos votos. Segundo a legenda, Fátima Chaves prestou serviço de contabilidade ao partido e a outros clientes e não possui mais relação com o Podemos desde dezembro de 2019, quando seu contrato não foi renovado. Sobre a análise que aponta saque do dinheiro e sobre o endereço de registro da comissão de 2019, o partido afirma que ""são questões partidárias da municipal, sem relação com a nacional"". A reportagem não conseguiu localizar Fátima Chaves. Ao jornal O Debate, de Santa Cruz, ela disse que não havia irregularidades e que tudo seria explicado à Justiça. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), foi ao STF contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (22). Segundo o governador, o presidente cometeu calúnia ao dizer à rádio Jovem Pan que tinha viagem prevista para participar de evento evangélico na cidade de Balsas, mas como Dino lhe negara o efetivo da PM para fazer esquema de segurança teve de desistir. Na peça enviada ao Supremo, Dino diz que não recebeu solicitação para a segurança presidencial. Na petição, ele exige que Bolsonaro apresente provas da suposta recusa de colocar a polícia à disposição de sua segurança. O programa Goyn (Global Opportunity Youth Network), que atua em países como Colômbia, Índia e África do Sul, virá para São Paulo. A meta é, até 2030, incluir 100 mil jovens vulneráveis no mercado de trabalho, elevando o acesso a contratações ou estimulando o empreendedorismo. A iniciativa, liderada internacionalmente pelo Instituto Aspen, terá articulação local da United Way Brasil e conta com organizações como Accenture Brasil, Fundação Arymax, J.P. Morgan, Em Movimento e Instituto Coca-Cola. Entre as primeiras ações em planejamento pelo grupo estão o desenvolvimento de uma plataforma digital para conectar jovens e empresas e a criação de uma força-tarefa para mobilizar empresas, escolas públicas e organizações de formação. * O Grupo Fleury abriu cerca de 350 vagas de nível técnico e ensino superior em SP, RJ, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão e Distrito Federal. As vagas abrangem as áreas administrativa e de saúde, recepcionistas, teleatendimento, enfermeiros e analistas de laboratório. Com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Ela está nas carreatas, comícios, caminhadas e nos paredões de som. Em uma mesma cidade, pode ser usada tanto por governistas, quanto pela oposição. E não importa se o candidato é de esquerda, de direita e ou de centro. A indústria dos jingles pré-fabricados consagrou na campanha eleitoral de 2020 o seu primeiro hit: a música “O homem disparou”, composta pelo cantor e compositor piauiense César Araújo, 26. A letra do jingle fala sobre o candidato que é “querido, atencioso e trouxe a liberdade para o povo” e que, por isso, disparou em popularidade entre os eleitores. Não há citação a qualquer nome ou número do candidato. A música foi gravada em ritmo de pisadinha, variação do forró eletrônico mais acelerada e baseada em instrumentos como o teclado, que virou um fenômeno de popularidade no Nordeste nos últimos dois anos, quando bandas como a Barões da Pisadinha passaram a figurar entre as mais ouvidas do Brasil. Em geral, este tipo de música é tocado nos paredões, festas cuja principal atração são os sistemas de caixas de som instalados em carros ou em seus reboques. Foi exatamente nos paredões que ""O homem disparou"" ganhou espaço nas campanhas eleitorais, animando carreatas, caminhadas e comícios de candidatos em pequenas cidades. A música viralizou de forma rápida em grupos de aplicativos de mensagens e em redes sociais na internet. Oficialmente, o jingle já foi adaptado para candidatos em 220 cidades. Mas o autor estima que número de versões pode ser até dez vezes maior, já que a maioria é feita sem autorização. Natural da cidade de Pedro II (195 km de Teresina), César Araújo é músico profissional desde os 12 anos. Fez carreira tocando forró em cidades da sua região, tem composições autorais e, até então, nenhuma delas de sucesso. A pedido de seu empresário, César compôs “O Homem disparou” em junho deste ano como jingle de Expedito de Souza, o Casa Grande (PT), candidato a prefeito da cidade vizinha Milton Brandão. A música foi feita de forma despretensiosa, em meia hora, em cima da melodia da canção “Menina Pavorô”, da banda Forró Perfeito, que autorizou o seu uso no jingle após um acordo. Como ainda não era período de campanha, o jingle foi composto sem referências ao nome e número do candidato, para evitar problemas com a Justiça Eleitoral. “A letra não tem nada de muito particular. É baseada na história do candidato e tem algumas expressões que são bordões na nossa região”, afirma César. A música ganhou as redes e grupos de WhatsApp. Cerca de um mês depois, César recebeu uma ligação do assessor de um candidato do interior do Rio Grande do Norte interessado em comprá-la. “Foi aí o que eu comecei a me dar conta que as coisas estavam ganhando uma proporção que nunca imaginei”. Quando chegou a época das convenções, na segunda quinzena de agosto, uma avalanche de versões de “O homem disparou” ganhou as redes sociais. Com o sucesso, César gravou um clipe em parceria com a banda pernambucana Vilões do Forró. De forma organizada, passou a vender versões do jingle cantadas por ele para candidatos em todo o país. A maior demanda veio de candidatos em cidades do Nordeste, mas também houve versões para cidades do interior de São Paulo, Rio, Minas Gerais, Goiás, Pará e Acre. Uma segunda versão foi criada para candidaturas femininas, com o refrão que diz que “ a mulher disparou”. A depender do ponto de vista, o jingle pode ser usado tanto para candidatos da situação, quanto da oposição. Em determinado momento, a música mira no discurso da continuidade e diz que “o trabalho continua”. Em outro trecho, no sentido contrário, fala em mudança. No YouTube, é possível versões de diferentes candidatos. Em Casa Nova (BA), o prefeito e candiato à reeleição Wilker do Posto (PSB) adotou o jingle. Já em Campo Formoso, também no norte da Bahia, foi o candidato da oposição Elmo Nascimento (DEM) que fez a sua versão. Em Cadeirão Grande (BA), o prefeito e candidato à reeleição Candinho Guirra (PP) fez sucesso na internet ao arriscar uns passos da pisadinha junto com seu candidato a vice, Pedro Henrique (PL), em um ato de campanha. Cada versão oficial de “O homem disparou” é vendida por R$ 3.000, preço acima dos padrões para jingles pré-fabricados. Neste mercado, os preços variam entre R$ 300 e R$ 800 para um jingle padrão e pode chegar a dez vezes mais no caso de uma canção inédita. Este formato de jingle pré-fabricado tem ganhado espaço nas últimas eleições a partir do novo cenário eleitoral com teto de gastos mais baixo e restrição no financiamento empresarial de campanhas. Em geral, as músicas são publicadas em sites ou redes sociais em formato demonstrativo, têm nomes e números fictícios de candidatos. Como numa prateleira de supermercado, o candidato escolhe a música de sua preferência e recebe a gravação com o seu nome e número em até 48 horas. Na campanha eleitoral deste ano, além de “O homem disparou”, César Araújo compôs apenas mais um jingle inédito, sem o mesmo sucesso, para um candidato a vereador no Maranhão. Caindo de paraquedas neste mercado, ele diz não ter como meta ganhar dinheiro com eleições. Quer mesmo é focar nos seus forrós do tipo pisadinha. “Vou usar o jingle para ganhar visibilidade e investir o dinheiro na minha carreira. Tenho mais de 15 anos de trabalhos autorais para mostrar”, diz. Maior prêmio literário anual do país, o Jabuti divulgou nesta quinta uma lista com os dez finalistas de cada uma de suas 20 categorias. A lista traz medalhões como Chico Buarque, que lançou o romance ""Essa Gente"" ano passado, Nélida Piñon, que concorre pelo livro de crônicas ""Uma Furtiva Lágrima"", e o compositor Martinho da Vila, que concorre por seu ""2018 - Crônicas de um Ano Atípico"". Ruy Castro e Djamila Ribeiro, ambos colunistas deste jornal, também estão entre os finalistas. Ele, na categoria de biografia, documentário e reportagem por ""Metrópole à Beira-Mar"", e ela, entre os livros de ciências humanas, por ""Pequeno Manual Antirracista"". O colunista Reinaldo José Lopes também foi indicado na categoria ciências por ""Darwin sem Frescura"", parceria com o biólogo Pirula, categoria que traz também o novo livro de Marcelo Gleiser. Também aparecem autores que tiveram destaque na cena literária do último ano, como Itamar Vieira Junior, por ""Torto Arado"", Ailton Krenak, por ""Ideias para Adiar o Fim do Mundo"", Paulo Scott, por ""Marrom e Amarelo"", e Jarid Arraes, por ""Redemoinho em Dia Quente"". A escritora Adriana Lisboa concorre em duas categorias, de romance literário e poesia. As categorias de não ficção trazem escritores veteranos como Nei Lopes, Laurentino Gomes, Mário Magalhães, Eugênio Bucci, Jotabê Medeiros e Luiz Maklouf Carvalho —indicado postumamente por sua biografia dos anos de Bolsonaro no Exército— e Lilia Schwarcz, que concorre com dois livros, um deles em coautoria com Heloísa Starling. Mas também apontam autores que estão despontando nos últimos tempos, como Sidarta Ribeiro, Chico Felitti e Alê Santos. É bom notar que esta é uma listagem ainda preliminar. Os indicados serão reduzidos pela metade numa lista que será publicada no próximo dia 5, e os vencedores serão conhecidos em 26 de novembro. O anúncio vem em um ano que sacudiu o Jabuti com polêmicas. O curador do prêmio, Pedro Almeida, renunciou em maio após minimizar as mortes pelo coronavírus, em publicação depois apagada de suas redes sociais. Uma carta com mais de 5.000 assinaturas pediu sua saída do cargo. A premiação também criou, neste ano, a categoria ""romance de entretenimento"", voltada a celebrar, segundo a curadoria, livros nacionais que normalmente não são contemplados por prêmios. Entre os autores indicados na nova categoria, estão Ana Rüsche, Felipe Castilho e Raphael Montes —um dos escritores por trás da série ""Bom Dia, Verônica"". Na categoria de inovação em fomento à leitura, foi indicado o podcast 451 MHz, produzido pela Rádio Novelo com a revista literária Quatro Cinco Um, parceira deste jornal. Veja a seguir algumas das categorias. A lista completa está no site oficial do evento. * Carta à rainha louca | Autor(a): Maria Valéria Rezende | Editora(s): Alfaguara Essa gente | Autor(a): Chico Buarque | Editora(s): Companhia das Letras Marrom e amarelo | Autor(a): Paulo Scott | Editora(s): Alfaguara O melindre nos dentes da besta | Autor(a): Carol Rodrigues | Editora(s): 7Letras O quarto branco | Autor(a): Gabriela Aguerre | Editora(s): Todavia O último dia da inocência | Autor(a): Edney Silvestre | Editora(s): Record O verão tardio | Autor(a): Luiz Ruffato | Editora(s): Companhia das Letras Se deus me chamar não vou | Autor(a): Mariana Salomão Carrara | Editora(s): Nós Todos os santos | Autor(a): Adriana Lisboa | Editora(s): Alfaguara Torto arado | Autor(a): Itamar Vieira Junior | Editora(s): Todavia Cadernos Negros - Volume 42 | Autores: Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa | Editora(s): Quilombhoje Literatura Ela queria amar, mas estava armada | Autora: Liliane Prata | Editora(s): Instante Gosto de amora | Autora: Mário Medeiros | Editora(s): Malê Editora Ototo | Autora: Henrique Komatsu | Editora(s): Confraria do Vento Passagem estreita | Autor(a): Divanize Carbonieri | Editora(s): Carlini & Caniato Editorial Placenta: estudos | Autor(a): Lucas Lazzaretti | Editora(s): 7letras Rachaduras | Autor(a): Natalia Timerman | Editora(s): Quelônio Redemoinho em dia quente | Autor(a): Jarid Arraes | Editora(s): Companhia das Letras Sombrio Ermo Turvo | Autor(a): Veronica Stigger | Editora(s): Todavia Urubus | Autor(a): Carla Bessa | Editora(s): Confraria do Vento 2018 - Crônicas de um ano atípico | Autor(a): Martinho da Vila | Editora(s): Kapulana Diário do Bolso - Os 100 primeiros dias | Autor(a): José Roberto Torero | Editora(s): Padaria de Livros E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor | Autor(a): Bruno de Castro | Editora(s): Moinhos Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista negro no Sul do Brasil | Autor(a): Fábio Garcia | Editora(s): Cruz e Sousa Notas sobre a fome | Autor(a): Helena Silvestre | Editora(s): Ciclo Contínuo Editorial O corpo encantado das ruas | Autor(a): Luiz Antonio Simas | Editora(s): Civilização Brasileira O dia em que achei Drummond caído na rua | Autor(a): Marcelo Torres | Editora(s): Zarte O preço do peixe | Autor(a): Jayme Serva | Editora(s): Laranja Original Ter a escrita | Autor(a): Andressa Barichello | Editora(s): Patuá Uma furtiva lágrima | Autor(a): Nélida Piñon | Editora(s): Record Afro-Brasil Reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX | Autor(a): Nei Lopes | Editora(s): Nova Fronteira Em busca da alma brasileira: biografia de Mário de Andrade | Autor(a): Jason Tércio | Editora(s): Sextante (selo Estação Brasil) Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares: Volume 1 | Autor(a): Laurentino Gomes | Editora(s): Globo Livros Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20 | Autor(a): Ruy Castro | Editora(s): Companhia das Letras Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho | Autor(a): Jaqueline Fraga | Editora(s): Autor Independente O cadete e o capitão: a vida de Jair Bolsonaro no quartel | Autor(a): Luiz Maklouf Carvalho (in memoriam) | Editora(s): Todavia O Reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal | Autor(a): Gilberto Nascimento | Editora(s): Companhia das Letras Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida | Autor(a): Jotabê Medeiros | Editora(s): Todavia Ricardo e Vânia: o maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor | Autor(a): Chico Felitti | Editora(s): Todavia Sobre lutas e lágrimas: uma biografia de 2018 - o ano em que o Brasil flertou com o apocalipse | Autor(a): Mário Magalhães | Editora(s): Record A casca mítica | Autor(a): Salgado Maranhão | Editora(s): 7Letras Bichos contra a vontade | Autor(a): Frederico Klumb | Editora(s): 7Letras Deriva | Autor(a): Adriana Lisboa | Editora(s): Relicário Edições Dicionário de imprecisões | Autor(a): Ana Elisa Ribeiro | Editora(s): Impressões de Minas Lutar é crime | Autor(a): Bell Puã | Editora(s): Letramento O desvio das gentes | Autor(a): Pádua Fernandes | Editora(s): Patuá Poemas de última geração | Autor(a): Samuel Marinho | Editora(s): Penalux Rosa que está | Autor(a): Luci Collin | Editora(s): Iluminuras Solo para vialejo | Autor(a): Cida Pedrosa | Editora(s): Cepe Editora Vida aberta - Tratado poético filosófico | Autor(a): W. J. Solha | Editora(s): Penalux O deputado federal Orlando Silva (PC do B), candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou na sabatina Folha/UOL nesta quinta-feira (22) que seu objetivo é tornar a capital paulista uma cidade livre do racismo e referência nesse tema para o país. Para isso, o candidato mencionou medidas práticas que pretende adotar, incluindo a responsabilização solidária de estabelecimentos cujos funcionários pratiquem racismo. “Vamos responsabilizar solidariamente os estabelecimentos, chegando no limite a cassar o alvará de funcionamento de estabelecimentos reincidentes em atos de racismo”, disse Silva, para quem é preciso engajar a sociedade contra o racismo estrutural. Silva tem 1% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha desta quinta. O prefeito Bruno Covas (PSDB), que tem apoio do governador João Doria (PSDB), aparece com 23%. Celso Russomanno (Republicanos), apoiado por Jair Bolsonaro (sem partido), caiu para 20% —os dois estão empatados na margem de erro, de três pontos percentuais. Na entrevista, Silva mencionou o seu padrinho a nível nacional, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). “A experiência do Maranhão é inspiradora. […] Quero ser prefeito para trazer a experiência positiva de Flávio Dino.” Ainda em relação ao combate ao racismo, o candidato afirmou ter como propostas o reforço do ensino de história da África nas escolas e a criação de uma defensoria municipal para tratar de temas de direitos humanos e acompanhar casos de racismo e homofobia. O deputado afirmou que o chamado escândalo da tapioca foi um episódio de racismo. Quando ministro dos Esportes no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o candidato comprou uma tapioca com cartão corporativo e foi alvo de CPI sobre o tema. Também foram identificados gastos de verba pública em restaurantes e em um hotel, e Silva na época afirmou ter devolvido R$ 30.870,38 ao Tesouro. “Tenho certeza que houve notas de racismo nessa campanha odienta feita contra mim. [...] Sequer fui convidado a falar nos inquéritos”, disse. As investigações sobre o uso irregular dos cartões corporativos não foram adiante. Orlando Silva criticou Russomanno, a quem chamou de ""pastel de vento"" por se negar a responder perguntas que, para o deputado, o eleitor tem direito de saber. O candidato do PC do B disse ainda que Russomanno “vai acabar a eleição com nome no SPC” por prometer o auxílio paulistano sem que o governo federal tenha condições de bancar a proposta. “Eu tenho uma convicção: a cidade de São Paulo vai derrotar Jair Bolsonaro. […] Na medida em que a população se ligue mais na eleição e quando descobrirem que Russomanno é o candidato de Bolsonaro, ele vai perder terreno”, afirmou sobre a liderança do candidato do Republicanos. Silva foi questionado a respeito da renda mínima e da distribuição de renda, bandeiras históricas da esquerda, terem sido apropriadas pelo campo da direita, sobretudo com o auxílio emergencial do governo Bolsonaro. Para ele, trata-se de uma “adesão oportunista”, mas que deve ser comemorada porque cria melhores condições de vida para a população. “Se o campo conservador aderiu à tese, considero que o campo conservador adere à civilização. Tem conquistas da humanidade que são civilizatórias, medidas para garantir a dignidade das pessoas. […] Bem-vindos à civilização”, afirmou. O candidato criticou ainda a proposta do prefeito Covas de desestatizações. “Isso é uma grande bobagem. A ideia de que tudo que é público é ruim e tudo que é privado é bom. […] Imaginem o que seria do Brasil sem o SUS.” Embora a agência Lupa tenha apontado que o plano de governo de Orlando Silva não traz medidas contra a pandemia, o candidato afirmou que busca o fortalecimento do SUS, que defende a volta às aulas apenas após a vacina da Covid-19 e condenou as atitudes de Bolsonaro em relação ao coronavírus. Silva disse ainda que é preciso ofertar a vacina a todos e fazer uma ampla campanha de vacinação, mas se declarou contra a vacinação obrigatória, como defende Doria. Ao mesmo tempo, afirmou que telefonou ao governador se colocando à disposição como deputado para levantar recursos para a produção da vacina chinesa Sinovac pelo Instituto Butantan, boicotada por Bolsonaro. O candidato apresentou ainda suas propostas em relação à geração de emprego e renda, o que considera ser o principal problema da cidade hoje, e em relação à cracolândia, que classificou como uma “ferida aberta no centro de São Paulo”. Silva comentou o fato de a esquerda não ter conseguido formar uma frente ampla na eleição em São Paulo, mas descartou haver fragmentação. Disse ser amigo dos candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT). É a primeira vez que o PC do B lança candidato em São Paulo em vez de apoiar o PT, mas Silva acredita que isso não fragiliza a esquerda. “O PC do B é o campeão mundial da unidade da esquerda, abriu mão da candidatura de Manuela D’Ávila em 2018 para apoiar o PT.” Nascido em Salvador, o deputado mora mora na capital paulista desde 1992. Foi o primeiro negro a presidir a UNE (União Nacional dos Estudantes), de 1995 e 1997. Deputado federal por São Paulo em segundo mandato, é filiado ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) desde 1989. Entre 2013 e 2015, ocupou uma vaga de vereador na Câmara Municipal de São Paulo. Foi ministro do Esporte (2006-2011) nos governos Lula e Dilma (PT). Caiu após ser alvo de denúncias por um suposto esquema de desvios de recursos públicos. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou processo contra ele em 2012, por falta de provas A possibilidade de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) retardar o registro da Coronavac, a vacina chinesa que será produzida no Brasil pelo Instituto Butatan, já mobiliza governadores, que estudam alternativas caso isso ocorra. Uma delas seria aprovar, no Congresso Nacional, uma lei que permitisse a compra do imunizante mesmo sem o registro nacional —mas desde que ele fosse aprovado pela agência equivalente de algum outro país ou região com tradição científica, como EUA, União Europeia, Japão ou a própria China. A Coronavac ainda está em testes. A iniciativa seria inspirada em artigo da Lei 13.979, aprovada em fevereiro para que o país enfrentasse a Covid-19. Ele prevê a aquisição excepcional e temporária de medicamentos, equipamentos, materiais e insumos na área de saúde sem registro da Anvisa. Pela regra, o produto a ser adquirido em caráter emergencial tem que ser aprovado por uma das seguintes agências: FDA, dos EUA, European Medicine Agency, da União Europeia, Pharmaceuticals and Medical Devices Angency, do Japão, ou National Medical Products Administration, da China. “Compramos respiradores dessa forma”, relembra o governador do Maranhão, Flávio Dino. “Se Jair Bolsonaro mantiver sua xenofobia sanitária, influindo na Anvisa, podemos resolver isso com base na Lei 13.979”, afirma o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que já foi ministro da Saúde. E senadores devem criar uma comissão externa para acompanhar os trabalhos da Anvisa em relação ao registro de vacinas contra a Covid-19. A desconfiança em relação à agência surgiu depois que Bolsonaro passou a atacar a Coronavac, dizendo que ela é “a vacina chinesa do [governador de SP, João] Doria"". com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O DJ Alok participará da edição de 2020 do Rally dos Sertões, que começa no dia 30 deste mês e terá percurso de 5.000 km entre SP e Maranhão. A prova também terá participação do chef Olivier Anquier e do piloto Rubens Barrichello. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA) diz que o presidente Jair Bolsonaro ""está possuído por uma espécie de ódio a João Doria"", o que justificaria o fato de ele se negar a comprar a vacina chinesa, produzida em parceria com o Instituto Butantan, do governo de São Paulo. Na terça (20), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou acordo com o estado de São Paulo para comprar 46 milhões de doses da Coronavac, a vacina da farmacêutica chinesa Sinovac que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. Ele fez a afirmação numa reunião com Doria e mais 23 governadores. Nesta quarta (21), porém, Bolsonaro afirmou que a vacina não será comprada e insinuou que Pazuello é traidor. Segundo Dino, o presidente está criando ""uma guerra da vacina"", como ocorreu com os respiradores, em que cada estado teve que se virar sozinho, chegando a disputar com outros a aquisição dos equipamentos. ""Os governadores com certeza vão ao Congresso Nacional e à Justiça para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras"", diz Dino. Ele diz que, depois do anúncio de Pazuello, chegou a acreditar ""que Bolsonaro tinha achado um rumo. Mas logo veio esse desvario"". Dino afirma que, se insistir na tática de desmerecer algumas vacinas, o presidente vai partir ""para o isolamento total"". Vários outros governadores também se manifestaram. O do Ceará, Camilo Santanta, afirmou que espera que o governo federal ""guie suas decisões sobre a vacina da Covid por critérios unicamente técnicos. Não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas. Lutaremos para que uma vacina segura e eficaz chegue o mais rápido possível para todos os brasileiros"". O governador de São Paulo, João Doria, pediu que Bolsonaro tenha ""grandeza"" e lidere o país ""para a saúde, a vida e a retomada de empregos. A nossa guerra não é eleitoral"". O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que ""a decisão sobre a inclusão de uma vacina no Programa Nacional de Imunizações deve ser eminentemente técnica, e não política"". Governadores e secretários de Saúde revoltaram-se com o recuo de Jair Bolsonaro em relação à compra da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Nesta quarta-feira (21), um dia após o anúncio de acordo para compra de 46 milhões de doses entre Ministério da Saúde e estado de São Paulo, o presidente disse que o imunizante não será adquirido pelo governo federal. ""Se Bolsonaro desautorizar o amplo acordo feito por Pazuello, ele mais uma vez estará sabotando o sistema de saúde e criando uma guerra federativa. Espero que bons conselheiros consigam debelar esse novo surto de Bolsonaro"", diz Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão, que falou em recorrer à Justiça para ter acesso a vacinas validadas pela comunidade científica. ""Bolsonaro não pode dispor das vidas das pessoas para seus propósitos pessoais. E Bolsonaro vai perder de novo, se insistir com mais essa agressão insana aos estados"", acrescentou. ""Temos que apelar ao presidente para que a gente tenha equilíbrio, racionalidade, empatia com quem pode pegar esse vírus. Um apelo mesmo para manter o que falamos ontem. É importante manter a decisão republicana de ontem e deixar de lado questões eleitorais, ideológicas. E torcer para que o que disse Bolsonaro não seja levado ao pé da letra"", diz Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo. ""É para deixar todo mundo perplexo. Depois de uma reunião com quase todos os governadores do país, com Fiocruz, com Butantan, com representantes de municípios, o ministro afirma que vai fazer aquisição da vacina do Butantan e também da Fiocruz, oferecendo segurança e esperança para o país. E, então, o presidente da República, numa decisão impensada, anuncia que não vai fazer a compra da vacina chinesa"", afirma João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba. ""Vacina não é de direita ou de esquerda, o que interessa é que tenha eficácia. Se for isso [que Bolsonaro falou], vai ter consequência muito grave e o preço vai ser muito caro. Não dá para compreender que um processo que deveria ser científico vire político"", completa. ""A decisão sobre a inclusão de uma vacina no programa nacional de imunização deve ser eminentemente técnica, e não política. Temos instituições renomadas trabalhando no assunto, como a Fiocruz e o Instituto Butantan, e o que deve ser observado é a condição de segurança, a viabilidade técnica e também a agilidade para disponibilizar a vacina para imunizar a população. Ou seja, sem análises políticas, o importante é que seja tecnicamente decidido e viabilizado para a população o que ela precisa, que é a garantia de uma vacina segura o mais rápido possível"", defendeu Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul. “O compromisso assumido ontem foi de comprar vacina produzida no Brasil, da Fiocruz-Manguinhos, e do Instituto Butantã, produção brasileira. A saúde do povo em primeiro lugar. E neste caso a saída da crise econômica que permite recuperar empregos e trabalhar solução para a calamidade social é a vacina. O compromisso do ministro Pazuello que selou entendimento com todos os estados e municípios foi claro, comprar da Fiocruz e Butantã"", diz Wellington Dias (PT), do Piauí. ""Não podemos politizar a vacina, nem qualquer aspecto relacionado a essa pandemia. A postura do ministro Pazuello foi elogiada por todos, independente de posições partidárias. Espero que alguém possa conversar com calma e esclarecer o presidente sobre esse tema. Desejo ainda que essa não seja o anúncio de mais uma crise ministerial do governo atual"", diz o secretário de saúde Fabio Vilas-Boas, do governo Rui Costa (PT), da Bahia. ""Que o governo federal guie suas decisões sobre a vacina da Covid por critérios unicamente técnicos. Não se pode jamais colocar posições ideológicas acima da preservação de vidas. Lutaremos para que uma vacina segura e eficaz chegue o mais rápido possível para todos os brasileiros"", escreveu Camilo Santana (PT), governador do Ceará. ""Peço ao presidente Jair Bolsonaro que tenha grandeza. E lidere o Brasil para a saúde, a vida e a retomada de empregos. A nossa guerra não é eleitoral. É contra a pandemia. Não podemos ficar uns contra os outros. Vamos trabalhar unidos para vencer o vírus. E salvar os brasileiros"", escreveu João Doria (PSDB), de São Paulo. Ainda tímidas e sem apoio estatal, as cooperativas de trabalho formadas por mulheres encarceradas aceleram a ressocialização. As detentas aprendem o ofício, montam um negócio, encontram compradores e repartem o lucro. A cooperativa não é somente uma fonte de renda, mas um passaporte de ressocialização. Quando saem da prisão, podem seguir no projeto ou vender individualmente. Desde 2014, essa é a experiência de detentas do Centro de Reeducação Feminino de Ananindeua, em Belém (PA), palco da Coostafe (Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora). No projeto, idealizado pela ex-diretora do CRF Carmen Botelho, as mulheres confeccionam artesanatos e roupas. Iniciativa semelhante foi replicada na Penitenciária Feminina 2 de Tremembé (SP) com a criação da Cooperativa Lili, em 2018. Em maio de 2019, porém, o projeto foi proibido na penitenciária. Ainda que cooperadas ligadas à Lili permaneçam presas —cerca de 33—, elas não conseguem mais acessar as atividades do trabalho, que segue do lado de fora com 16 egressas de Tremembé. Projetos cooperativos também estão sendo gestados no Maranhão, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. “É um modelo de negócio emancipatório”, resume Patrícia Villela Marino, presidente do Instituto Humanitas360, ONG que tem ajudado na estruturação das cooperativas em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O assunto foi debatido na segunda-feira (19) no seminário Encarceramento Feminino, realizado pela Folha, com apoio da Humanitas360, para marcar o lançamento do documentário “Tecendo a Liberdade”, sobre essas cooperativas. Se fortalecidas e replicadas pelo território, essas iniciativas poderiam preencher um vácuo na aplicação da legislação brasileira. Apesar de a Lei de Execução Penal prever o direito ao trabalho remunerado dos presos, dados do Infopen (informações estatísticas do sistema penitenciário) mostram que, em 2017, somente 33% da população prisional feminina estava envolvida em alguma atividade laboral. Da parcela que trabalhava, 38% não recebiam remuneração. A partir da qualificação profissional nas cooperativas, as debatedoras afirmam ser possível diminuir a reincidência criminal e fortalecer outras fontes de renda que não sejam o tráfico de drogas —responsável por 60% das prisões femininas a cada ano. O projeto é bem-vindo para ajudar a desinchar um já superlotado sistema prisional, afirma a advogada Marina Dias, diretora-executiva do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa). Nas últimas duas décadas, o encarceramento feminino cresceu 560% no país. Enquanto em 2000 as prisões brasileiras abrigavam cerca de 5.600 detentas, hoje são mais de 37 mil mulheres privadas de liberdade. Dias explica que a Lei de Drogas, de 2006, não fixa critérios objetivos para diferenciar traficantes de usuários. O resultado é a prisão massiva daqueles que estão na base, traficando para sobreviver, e a impunidade dos que organizam a cadeia do crime. “A maioria das presas não ocupava cargos altos no esquema do tráfico organizado”, afirma a advogada. Outro problema, acrescenta, é a demora para que as mulheres sejam julgadas. Cerca de 37% das presas hoje no Brasil estão em prisão provisória, o que significa que ainda não foram a julgamento. “Vi mulheres que estavam aguardando julgamento há mais de um ano e, depois, foram inocentadas”, relata a atriz e cantora Preta Ferreira. “Tem casos em que o tempo que a mulher fica presa ultrapassa a pena que ela cumpriria se fosse comprovada a culpa.” Em 2019, Ferreira, que é ativista pelo direito à moradia, ficou presa preventivamente por 108 dias, alvo de denúncia que alega que movimentos de ocupação no centro de São Paulo são parte de associação criminosa. “A falta de políticas públicas voltadas para o trabalhador de baixa renda faz com que a população carcerária aumente”, afirma Ferreira. Aos prejuízos nas vidas das detentas, acrescenta Marina Dias, do IDDD, se somam aqueles desencadeados na criação dos filhos. Ainda segundo dados do Infopen, 74% das mulheres encarceradas são mães. E não são poucos os casos em que os filhos estão nos estabelecimentos prisionais. Em junho de 2020, 1.850 crianças estavam em unidades prisionais com suas mães. As debatedoras frisam também as consequências da chamada pena de multa, que muitas detentas são obrigadas a pagar à Justiça quando deixam a prisão. Enquanto não quitam a dívida, que varia de caso a caso, não conseguem regularizar o título de eleitor e, consequentemente, fazer a Carteira de Trabalho. “É uma perpetuação do ciclo da violência”, diz Dias. No documentário “Tecendo a Liberdade”, as pontas desses problemas se unem por meio de depoimentos de ex-detentas. Luiza Matravolgyi, diretora e roteirista, diz que o objetivo do filme é refletir sobre o encarceramento feminino e consolidar alternativa às produções audiovisuais que retratam o tema. “Já existem muitas produções que tratam dos problemas. Ainda que as soluções precisem ser lapidadas, pensar em caminhos possíveis é uma parte importante.” O desafio, diz, foi assegurar que as protagonistas seriam retratadas como trabalhadoras, e não apenas como mulheres privadas de liberdade. Assista à íntegra do seminário: O seminário teve mediação de Fernanda Mena, repórter especial da Folha. É possível assistir ao documentário “Tecendo a Liberdade” até 23 de outubro aqui. O fechamento das escolas e a omissão de alguns estados e municípios durante a pandemia da Covid-19 aprofundaram as desigualdades regionais no Brasil e devem ter impactos profundos sobre a renda futura dos atuais estudantes. Não só a classe A/B estudou mais em 2020 como os estados mais pobres ofereceram muito menos atividades escolares na rede pública a seus alunos. Em média, cada ano de ensino a mais no Brasil representa ganho de 15% no salário futuro e 8% mais chance de conseguir um emprego. Mas, em 2020, uma massa enorme de crianças no ensino fundamental, e jovens no ensino médio, majoritariamente na rede pública, nem sequer teve a alternativa de estudar em casa. No Pará, 62,6% dos jovens entre 16 e 17 anos não receberam atividades escolares das redes de ensino. Na Bahia, 45,3%. No outro extremo, apenas 2,5% do jovens em Santa Catarina, e 3,2% no Paraná, ficaram sem tarefas enviadas pelas escolas. No ensino fundamental, a tendência foi a mesma, embora com percentuais menores de estudantes sem tarefas (45,3% no Pará e 26,8% na Bahia, por exemplo). Em São Paulo, 5% dos alunos do ensino fundamental ficaram sem atividades; e 7,5%, no médio. Segundo dados organizados pela FGV Social com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19 de agosto, quanto mais baixa a classe social do aluno, menor foi a oferta de atividade escolar —e, consequentemente, menos horas empenhadas nos estudos. Entre alunos de 6 a 15 anos da classe A/B, por exemplo, apenas 2,9% não tiveram oferta de tarefas escolares em agosto. Na classe E, a média no país foi de 21,1%. Julho, mês de férias escolares, teve números parecidos, o que permite inferir que os resultados de agosto podem ter se repetido, com algumas variações, nos demais meses da pandemia. O Brasil tem cerca de 30 milhões de estudantes entre 6 e 15 anos, e 81,7% receberam atividades das escolas. Entre os alunos de 16 e 17 anos, o percentual médio cai a 76,3%. Do ponto de vista do aumento da desigualdade regional, o problema é que os administradores de estados e municípios que não disponibilizaram tarefas concentram-se justamente nas áreas mais pobres. A falta de conectividade dos alunos não justifica a indisponibilidade de tarefas em muitos locais, já que pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que somente 10% dos alunos brasileiros no ensino médio, por exemplo, não tinham acesso à internet em 2018. Os alunos de locais menos atendidos por governadores e prefeitos pela educação a distância também estão estudando bem menos horas diárias que seus conterrâneos da classe A/B. Em Alagoas, por exemplo, o segundo estado com mais pessoas na extrema pobreza no país (Maranhão é o primeiro), foram os alunos da classe A/B os que estudaram mais horas no mês de agosto. “Se existia alguma coisa que ainda melhorava no Brasil em termos de desigualdade era a educação. Agora, isso também está sendo quebrado pela pandemia”, diz Marcelo Neri, diretor da FGV Social. “Como preditor da desigualdade futura, o nível educacional é o melhor de todos. A Covid deixará uma cicatriz importante também para o mercado de trabalho.” Neri ressalta que, até 2017, foram os jovens com idades entre 14 e 19 anos os que mais perderam renda do trabalho como consequência da última recessão (2014-2016). Agora, são eles novamente os mais afetados pela perda do ano escolar. A FGV Social destaca que o governo federal também teve responsabilidade em não coordenar uma resposta em nível nacional na área da educação. Até a segunda semana de outubro, segundo o portal Monitoramento dos Gastos da União com Combate à Covid-19, enquanto as despesas totais no enfrentamento à epidemia somavam R$ 448 bilhões, o Ministério da Educação acumula gastos de apenas R$ 479 milhões. Para o economista Naercio Menezes, pesquisador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, a ""geração coronavírus” provavelmente será menos produtiva e mais desigual em relação às anteriores e posteriores. ""Muitos alunos provavelmente abandonarão a escola, especialmente os mais velhos, assim que o mercado de trabalho ou o crime organizado oferecerem mais oportunidades”, afirma. Menezes defende que, para evitar mais evasão escolar, os estados e municípios decidam por não reprovar nenhum de seus alunos diante das condições a que eles foram submetidos em 2020. Com cinco candidatos de partidos da base de Flávio Dino (PC do B), a eleição em São Luís será uma espécie de teste de unidade para a coalizão que dá sustentação ao governador do Maranhão. Reeleito em 2018 com uma base de 15 siglas que ia do PT ao DEM, Dino não construiu uma candidatura única em sua base para enfrentar o até agora favorito nas pesquisas, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos). Braide foi surpresa da eleição municipal de 2016, quando se candidatou pelo nanico PMN e, sem nenhum aliado poderoso, chegou ao segundo turno. Na época, acabou sendo derrotado pelo prefeito Edivaldo Holanda (PDT), mas consolidou-se como principal nome da oposição para 2020. Nesta campanha, Braide tem adotado um perfil ameno, evitando enfrentamentos com os adversários e com o governador. Em entrevistas e debates, tem buscado elencar emendas que se reverteram em obras e equipamentos na capital maranhense. Já a base de Dino se dividiu entre as candidaturas de Rubens Pereira Júnior (PC do B), Duarte Júnior (Republicanos), Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (PROS). Todos, com exceção de Moyses, exerceram cargos no governo estadual. A pulverização não foi exatamente uma estratégia. A pré-campanha foi marcada por uma série de disputas internas que resultou em uma fragmentação dos partidos da base. O PDT do prefeito Edivaldo Holanda, que completou um ciclo de oito anos à frente da Prefeitura de São Luís, optou por não lançar candidato e apoia o deputado estadual Neto Evangelista. A aliança é uma das três entre PDT e DEM em capitais do Nordeste. O candidato do DEM afirma que, mesmo com o apoio do partido do prefeito, sua gestão não será uma sequência do governo Edivaldo. “Não é uma gestão de continuidade. Quero marcar um momento novo na gestão de São Luís em relação à administração pública”, afirma. Além do PDT do prefeito, Evangelista ganhou o reforço do MDB, partido da ex-governadora Roseana Sarney, principal adversária de Dino. Em nota, a ex-governadora afirmou que a decisão partiu da executiva nacional do partido. A família Sarney até ensaiou ter um candidato à prefeitura. O deputado estadual Adriano (PV), filho do ex-ministro Sarney Filho, chegou a registrar candidatura, mas recuou logo no início da campanha. Alegou desequilíbrio na disputa e falta de espaço para apresentar suas ideias. O PC do B, partido do governador, lançou para a disputa o deputado federal Rubens Pereira Júnior. Com o maior arco de alianças da capital maranhense, ele conquistou o apoio do PT e tem ancorado sua campanha nas imagens de Dino e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos anos, Rubens travou uma disputa interna com o deputado estadual Duarte Júnior pela indicação do partido para disputar a prefeitura da capital. Preterido, Duarte deixou o PC do B em fevereiro e filiou-se ao Republicanos, legenda do vice-governador Carlos Brandão Júnior. A mudança teve o aval do governador. Advogado, Duarte foi aluno de Dino na universidade e entrou na gestão pública pelas mãos do governador. Ocupou a superintendência do Procon e a gestão do Viva Cidadão no governo. Na campanha, Duarte Júnior tem buscado diferenciar-se de Rubens e Neto, que são filhos de políticos tradicionais do estado, e adotou o slogan “Filho do povo, igual a você”. “O eleitor está em busca de renovação, cansou de ver o poder passar de pai para filho. Não sou político e não venho de família de político. Comecei de baixo”, afirma Duarte à Folha. Ele também diz que foi por indicação de Dino que se filiou ao Republicanos, legenda que nacionalmente apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas ressalta não ter nenhuma relação com o ideário do presidente: “Tenho compromisso com a ciência e com a educação"". Os primeiros dias de campanha já foram marcados por uma disputa no campo governista pela imagem do governador. No primeiro dia de horário eleitoral, Dino foi citado ou apareceu em foto nos programas de Rubens, Duarte, Neto e Bira. Para não fraturar sua base, o governador não vai participar da campanha no primeiro turno. ""O governador sempre teve uma postura muito aberta e nunca arrogou para si o poder de definir as candidaturas na capital, como acontecia no passado. Ele respeita pluralidade da sua base"", afirma o deputado federal Márcio Jerry (PC do B), um dos principais interlocutores de Dino no Congresso. A eleição em São Luís também traz como pano de fundo uma disputa na base pela sucessão de Dino, que encerra seu segundo mandato em 2022. Uma vitória na capital poderá fortalecer nomes como o vice-governador Carlos Brandão, que apoia Duarte, o senador Weverton Rocha (PDT), que endossou Neto Evangelista, além da senadora Eliziane Gama (Cidadania) e do deputado Márcio Jerry, que apoiam Rubens Pereira Júnior. A campanha também tem sido marcada pelas convenções e atos de campanha com aglomerações, sobretudo em bairros da periferia. A capital maranhense foi uma das poucas do país a decretar isolamento social rígido ainda no início da pandemia. O resultado é que dois candidatos foram contaminados pela Covid-19 após o início da campanha: Rubens Pereira Júnior e Carlos Madeira (Solidariedade) —este desistiu da corrida eleitoral após ser acometido por uma síndrome pós-Covid. Também disputam a eleição os candidatos Professor Franklin (PSOL), Silvio Antonio (PRTB), Jeisael (Rede) e Hertz Dias (PSTU). A Aegea Saneamento venceu a disputa pela PPP (parceria público-privada) para a prestação de serviços de água e esgoto em Cariacica e Viana, na região metropolitana de Vitória (ES), em leilão realizado nesta terça (20). A empresa ofertou deságio de 38,12% em relação à tarifa máxima prevista em contrato. Foi o segundo leilão do setor de saneamento após a aprovação do novo marco regulatório do setor, em junho. O primeiro, para a concessão do serviço na região metropolitana de Maceió, foi vencido pela BRK Ambiental. A Aegea já opera os serviços de saneamento em duas outras cidades capixabas, Serras e Vila Velha. Com o novo contrato, terá que investir R$ 580 milhões em infraestrutura de saneamento básico ao longo de 30 anos de contrato para ampliar a cobertura dos atuais 48,3% para 95% da população e Cariacica e Viana. ""É o terceiro contrato de concessão administrativa que estamos fazendo na área de saneamento e isso nos dá uma garantia de investimento importante"", disse após o leilão o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). Por ser uma PPP, o leilão desta quarta (20) considerou vencedora a empresa que se dispõs a receber a menor tarifa pelo serviço, modelo mais adequado para locais onde ainda há pouca infraestrutura disponível e, portanto, necessitam de investimentos maiores. Já na primeira oferta sob o novo marco regulatório, o governo de Alagoas concedeu toda a operação de 13 cidades da região metropolitana de Maceió em troca de um valor de outorga, que foi de R$ 2 bilhões, ágio de 12.800% sobre o valor mínimo previsto no edital. Assim como no leilão anterior, a concorrência desta desta quarta teve sete propostas. Responsável pela elaboração do projeto, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) definiu a tarifa máxima em R$ 1,60 por metro cúbico. A proposta vencedora, feita pela Aegea em conjunto com um fundo de investimento da própria companhia, ofereceu R$ 0,99. A empresa já opera serviços de saneamento em 57 cidades brasileiras, atendendo a cerca de 8,9 milhões de pessoas. ""[O resultado] Mais uma vez demonstra que estamos no caminho certo"", disse após o leilão o secretário de Saneamento do governo federal, Pedro Maranhão. O chefe do departamento de Desestatização e Estruturação de Projetos do BNDES, Guilherme Albuquerque, lembrou que, sozinhas ou em consórcio, cerca de vinte companhias apresentaram propostas em cada um dos leilões. ""Isso era inimaginável há alguns anos"", comentou. Além de empresas tradicionais no setor, os leilões vêm atraindo novos agentes, como a empresa de energia Equatorial, por exemplo. Na sexta, o governo do Mato Grosso do Sul leiloará a concessão da empresa estadual de saneamento, em processo que recebeu quatro propostas. O BNDES prevê outros sete leilões de serviços de saneamento em 2021. No início do mês, anunciou a abertura de consulta pública para concessão no Amapá, com investimentos estimados em R$ 3,1 bilhões, para universalizar os serviços em 16 municípios. Estudo da KPMG calcula que as concessões de saneamento já previstas pelo banco podem injetar até R$ 165 bilhões na economia, incluindo os R$ 58 bilhões em investimentos mínimos estabelecidos nos editais e seus efeitos na cadeia produtiva e no emprego. O advogado Fábio Sertori, do escritório Spalding Sertori Advogados, lembra que os leilões realizados este ano e previstos para os próximos meses começaram a ser elaborados antes da aprovação do novo marco regulatório e respondem a mudanças regulatórias promovidas ainda em 2007. Segundo ele, o apetite dos investidores reflete o reposicionamento de empresas de construção após a Operação Lava Jato, o baixo custo de investir no Brasil com o real desvalorizado e ""uma injeção de esperança"" dada pela aprovação do novo marco, que centraliza na ANA (Agência Nacional de Águas) a definição de parâmetros econômicos para os contratos. Guilherme Naves, da Radar PPP, acrescenta a baixa taxa de juros, que ""escancarou a porta"" para investidores financeiros ao setor de infraestrutura. ""Com a taxa Selic a 2%, a infraestrutura vai ter maior diversificação, vamos ter mais fundos de pensão e fundos e investimento"", diz. Em entrevista após o leilão, o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, dizendo que o resultado dos primeiros leilões ajuda a atrair o interesse tanto de investidores quanto de governos. ""Outros projetos estão entrando na carteira"", afirmou. O governador do Espírito Santo adiantou que o estado está avaliando outros municípios para atrair empresas privadas. ""Nós não vamos parar por aí, vamos dar sequência a essa parceria com o setor privado"", afirmou, citando a região sul do estado como próximo alvo. Com a PPP de Cariacica e Viana, Casagrande diz que a meta é despoluir a baía de Vitória, já que Serra e Vila Velha, os dois maiores municípios da região metropolitana, devem ter a univesralização do serviço em 2023 e 2026. Segundo Naves, é o estado com maior número de PPPs no setor, ao lado de Alagoas. Dona de dois contratos na região metropolitana de Vitória, diz, a Aegea pode ter contado com o conhecimento prévio e ganhos de escala para apresentar a melhor proposta nesta quarta. ""A empresa acredita e confia no modelo de parceria público-privada, com base em concessões bem sucedidas já existentes”, disse, em nota, o presidente da Aegea, Radamés Casseb. Criada em 2010, a empresa é controlada pela construtora Equipav e tem participação do fundo soberano de Singapura. A oferta de contratos de saneamento é parte de um esforço de estados para acelerar privatizações e concessões. Apenas com o BNDES, são 18 projetos já em estágio avançado, com previsão de investimentos de R$ 180 bilhões. A lista inclui desde a venda de empresas de energia e gás canalizado a concessões de serviços como saneamento, operação de presídios e cerca de 8.000 quilômetros de estrada. Ainda há projetos estaduais sem parceria com o banco como a Copel Telecom, do Paraná. A taxa de mortos entre os infectados pelo novo coronavírus é inferior a 0,20% na maioria dos locais do mundo, indica trabalho recém-publicado por um dos principais especialistas em epidemiologia e em medicina baseada em evidências, o professor de Stanford John Ioannidis. O cálculo da chamada taxa de letalidade por infecção é importante, diz o professor, porque baseia políticas públicas de grande impacto na vida das pessoas e na evolução social e econômica dos países, como confinamentos, toques de recolher e fechamento de escolas. “Algumas intervenções rigorosas podem ser apropriadas se a letalidade for alta. Se essa taxa for baixa, porém, essas medidas podem ficar aquém dos limites aceitáveis de risco-benefício”, diz Ioannidis. Os cálculos foram feitos com base em estudos de soroprevalência, que medem a proporção de pessoas que desenvolveram anticorpos para o Sars-Cov-2. Esses números indicam com mais precisão quantos foram infectados, pois incluem também os que não tiveram sintomas ou não perceberam que haviam sido contaminados. Ioannidis partiu de 61 estudos e 8 pesquisas nacionais, num total de 82 estimativas em 51 locais diferentes. Com base nelas, projetou que havia mais de meio bilhão de pessoas infectadas até 12 de setembro de 2020, 17 vezes os 29 milhões de casos confirmados na ocasião. O trabalho do pesquisador (no original) encontrou uma taxa mediana de letalidade por infecções de 0,23%, ou seja, houve 23 mortes para cada 10 mil pessoas contaminadas pelo Sars-Cov-2. Como já há muitas evidências de que a doença mata idosos em proporção muito maior, ele calculou também a taxa de letalidade considerando apenas menores de 70 anos. Nessa faixa etária, o índice é de 0,05% (ou 5 mortos a cada 10 mil infectados), na mediana. Os números, porém, variaram bastante de local para local. Entre os menores de 70 anos, a variação foi de 0,00% a 0,31% nos 51 locais estudados. Na população como um todo, o resultado foi menor (0,09%, ou 9 a cada 10 mil infectados) em locais com taxas de mortes por população menores do que a média global (menos de 118 mortes por 1 milhão de habitantes). Já nos que registravam mortes por Covid-19 acima da média (mais de 500 mortos/milhão de habitantes), a taxa de letalidade foi bem maior: 0,57%, ou 57 mortos a cada 10 mil infectados. Segundo Ioannidis, a disparidade pode refletir diferenças na estrutura de idade da população e na idade dos infectados e mortos, entre outros fatores. Ainda assim, diz ele, todas as taxas inferidas ficaram muito abaixo das estimadas no início da pandemia, de mais de 4%, embora pesquisadores, entre eles o próprio Ioannidis, apontassem para a baixa qualidade dos dados disponíveis. Modelos matemáticos sugeriram que, com o avanço da pandemia, o número seria reduzido para algo mais próximo de 1,0% ou 0,9%. Os cuidados tomados por Ioannidis na seleção dos estudos e dados usados em seus cálculos foram conservadores, ou seja, excluíram casos que poderiam subestimar a letalidade e incluíram alguns em que ela pode ter sido superestimada. O pesquisador observa também que a maioria dos estudos usados em seu trabalho é de locais com taxas de mortalidade por Covid-19 superiores à média global, e não são totalmente representativos de todos os países e locais no mundo. “Se uma amostra pudesse ser igual em todos os locais do mundo, a taxa média de mortalidade por infecção pode ser substancialmente inferior aos 0,23% observados em minha análise, e pode ser ainda mais reduzida com medidas que protejam seletivamente populações vulneráveis e ambientes de alto risco"", diz ele. São números comparáveis às taxas de letalidade da gripe sazonal e da pneumonia: 0,13% e 0,2%, respectivamente, em países de alta renda. O artigo de Ioannidis, já revisado por pares, foi publicado na quarta-feira passada (14) no boletim da Organização Mundial da Saúde. Entre os trabalhos analisados estavam seis estudos feitos no Brasil, no Maranhão, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e em 133 cidades diferentes. ENTENDA O TRABALHO Não faltaram obstáculos na vida da funcionária pública Maria Goretti Soeiro Machado, mas todos foram driblados com alegria. O casamento não deu certo, mas força e coragem não lhe faltaram para criar sozinha a filha, a estudante de medicina Isadora Machado Sanches, 26. Nascida em São Luís (Maranhão), Maria Goretti estava sempre de bem com a vida. Alegre e festeira, conhecia gente pelo Brasil inteiro. Ela gostava de reunir os amigos e viajar. Foi a primeira coisa que fez quando começou a trabalhar e recebeu o primeiro salário. Para facilitar os encontros e as conversas com as amigas, Maria Goretti criou o grupo Amigas para Sempre, no WhatsApp. “Ela tinha Jesus em seu coração, em seus lábios, em seus ouvidos, em seu olhar, em suas mãos, em suas atitudes, em sua vida. Tinha a alegria e a sabedoria do bem viver, a bem-aventurança dos simples, a sobriedade dos felizes, a capacidade de fazer e congregar amigos, a ética dos justos. Foi uma verdadeira cristã”, diz o amigo, o engenheiro agrônomo Luiz Thadeu Nunes e Silva, 61. Católica, Maria Goretti colecionava terços de vários locais do mundo e costumeiramente presenteava os amigos. Tão intensa também foi na cultura. Em São Luís, acompanhou todas as manifestações culturais. Além disso, era apegada aos livros. O gosto, provavelmente herdou da mãe, a poetisa Maria Filomena Soeiro, 93, que tem dois livros de poesia publicados. Maria Goretti nunca fumou, ingeriu álcool ou cometeu excessos na alimentação. O fato de ser disciplinada, não a livrou do câncer. O primeiro, no ovário, apareceu em junho de 2018. Em dezembro do mesmo ano, os médicos a consideraram curada. Em março de 2020, após sentir dores no estômago, foi internada e descobriu câncer de peritônio. Perto de ter alta do tratamento foi diagnosticada com o mesmo problema, mas no fígado. O sonho de dar uma grande festa em seu aniversário de 60 anos, em 12 de setembro, não foi realizado. Maria Goretti ficou 201 dias internada e descansou em paz ao participar, no hospital, do noivado da filha com Frederico Costa e Silva, 31. Foi a certeza de que Isadora estará em segurança. Maria Goretti morreu dia 13 de outubro, aos 60 anos. Deixa a mãe, a filha, o genro, seis irmãos e sobrinhos. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa Ainda em meio à pandemia da Covid-19, os dados mais recentes da economia brasileira mostram uma retomada heterogênea não só em termos setoriais, mas também regionais —com destaque para os efeitos do auxílio emergencial na recuperação do Norte e do Nordeste. Na avaliação de economistas ouvidos pela Folha, são claros os sinais de que o auxílio inflou a economia dessas regiões na pandemia, principalmente o comércio, à medida em que ocorria a flexibilização das medidas de isolamento social. O IBGE mostra, por exemplo, que em 15 dos 16 estados do Norte e Nordeste o comércio explodiu e já ultrapassou com sobras o nível pré-pandemia. O economista Thiago Moraes Moreira, consultor em planejamento e professor da pós-graduação do Ibmec, destaca que, desagregando o país em dois subgrupos, é possível ver que a expansão do comércio varejista, de abril a agosto, foi de 51% no consolidado Norte e Nordeste, mas no Centro-Sul-Sudeste foi de 27%. À exceção da Bahia, os estados nordestinos com indústria pesquisada pela IBGE também registraram crescimento em meio à pandemia. O Amazonas já recuperou, com sobras, as perdas do período. O mesmo ocorreu com Pará, Ceará e Pernambuco. Nos demais estados do país, retomada semelhante só foi vista em Minas Gerais e Goiás. O setor de serviços, por outro lado, segue penando para retomar o nível pré-crise, assolado pela dificuldade dos serviços prestados às famílias. A ausência de uma vacina para Covid-19 ainda limita o deslocamento das pessoas para bares, restaurantes, hotéis e viagens de turismo. Em todo o país, apenas o Amazonas recuperou o patamar visto antes da pandemia. O estado havia sido um dos primeiros a sofrer com o coronavírus, com recorde de mortes e chegando a ser um dos epicentros no país, com maior taxa de incidência da doença. O professor de economia Luiz Roberto Coelho, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), afirma que o auxílio emergencial foi essencial nas regiões Norte e Nordeste para garantir o básico para as famílias que não tinham trabalho certo e ficaram sem opção de ganhos no pico do isolamento social. “Com o dinheiro na mão, as pessoas pagam as contas e recuperam o consumo, principalmente de alimentos”, diz. Mas R$ 600 pode ser um valor alto para o baixo padrão de vida visto em muitas dessas regiões. Moreira, do Ibmec, lembra que a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, de 2018, mostrava que 41% da população da região Norte vivia com menos de R$ 420 por mês. No Nordeste, essa fatia representava 44% da população. No restante do país, não passavam de 16% os que estavam nessa faixa de renda. A Tendências Consultoria aponta que o auxílio teve um grande impacto nessas camadas mais pobres. Fez a massa de rendimentos dos nortistas e nordestinos crescer em ritmo bem mais acelerado do que em outras regiões. A estimativa é que a alta seja de 16,7% no Norte e 13,6% no Nordeste, caindo para 2,1% no Sul, 2% no Centro-Oeste e 1,8% no Sudeste. “A massa de renda total [considerando renda do trabalho, Previdência, transferências e outras rendas] dessas regiões Norte e Nordeste deve crescer dois dígitos este ano com a injeção dos recursos do auxílio, mais que compensando a perda da massa de renda do trabalho”, observa Camila Saito, economista da Tendências. De acordo com o IBGE, essa renda extra provida pelo auxílio de R$ 600 pode ter contribuído para o crescimento das vendas no comércio. Nesse caso, parte do benefício teria ajudado as famílias a bancar a compra de utensílios domésticos e a renovação da infraestrutura da casa com pequenas obras, por exemplo. A percepção é reforçada quando se cruzam dados de liberação do benefício e desempenho da economia local. No Amapá, estado que percentualmente foi o mais beneficiado pelo auxílio emergencial, 71,4% dos domicílios receberam o benefício em agosto. Neste mesmo mês, o varejo local teve um desempenho recorde. As vendas ficaram 44% acima do demonstrado em fevereiro, último mês antes da pandemia levar o país ao distanciamento social. No Maranhão, segundo estado com maior adesão percentual ao auxílio, com 65,5% dos domicílios cadastrados, o comércio cresceu 26,7% entre fevereiro e agosto, mesmo diante da queda inicial de março e abril, com o fechamento de lojas, bares e restaurantes. O Pará, terceiro mais beneficiado —64,5% das residências contaram com o benefício—, viu o setor de varejo superar as perdas na pandemia em 18%. O professor de economia Écio Costa, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), estudou o efeito do auxílio emergencial e identificou resultados impressionantes. Algumas famílias que tinham renda muito baixa passaram a receber até R$ 1,8 mil com o benefício, já que a mulher se declarava chefe da casa e ainda tinha algum parceiro, que também recebia os R$ 600. De uma hora para outra, isso possibilitou a compra de alimentos, itens de higiene pessoal e material de construção civil, antes inacessíveis, com impactos importantes na economia de várias cidades. Costa cita como exemplo Santarém Novo, no Pará. “O dono de um açougue da cidade abriu uma farmácia, pois ganhou muito dinheiro vendendo carne às famílias que não consumiam carne bovina antes. Muitas das habitações mais humildes do município passaram por reformas. Tudo isso fruto do auxílio”, afirma. Apesar de reconhecer os benefícios sociais do programa, Otto Nogami, economista do Insper, pergunta se não houve problemas no desenho do auxílio, uma vez ele que gerou artificialismos na economia. “Existe uma questão discutível: o auxílio foi criado para auxiliar pessoas sem renda”, afirma. “Mas acabamos percebendo que um grande número de beneficiados usou o recurso para reformar casa, trocar eletrônicos, e assim por diante —e esse movimento fez com que o comércio se recuperasse mais forte em alguns lugares onde esse movimento pode não persistir”, afirma. Os líderes em desemprego do Brasil, por exemplo, são Bahia e Sergipe, com 19,9% e 19,8% de desocupados. Em ambos os estados, o varejo já recuperou o nível pré-crise. Para especialistas, o quadro de forte recuperação tende a mudar com a redução do auxílio para R$ 300, valor que passou a valer no final de setembro. O primeiro sinal apareceu na taxa de desocupação. O número de brasileiros em busca de uma vaga aumentou em 700 mil entre a terceira e quarta semanas de setembro, totalizando 14 milhões de desempregados. O crescimento foi puxado, principalmente, pelo Norte e Nordeste. Colaborou Thaís Carrança Quando Nirdo Artur Luz, o Pitanta, 66, disputou sua primeira eleição para a Câmara Municipal de Palhoça (22 km de Florianópolis), Lula era um um líder sindical em ascensão, Jair Bolsonaro estava na Academia Militar das Agulhas Negras e o presidente da República era Ernesto Geisel. O ano era 1976, Pitanta tinha 19 anos e acabara de se filiar à Arena, partido de sustentação ao governo durante a ditadura militar. “Quem me elegeu pela primeira vez foi a minha mãe. Ela tinha amizade com políticos e me fez o vereador mais votado de Palhoça”, lembra. Desde então, Pitanta disputou e venceu todas as eleições para vereador na cidade, cumpriu 11 mandatos consecutivos e neste ano disputa a reeleição. Ele, assim como outros políticos espalhados pelo país, faz parte do time dos “eternos vereadores”, que se reelegem consecutivamente. A Folha fez um levantamento dos vereadores que mais se reelegeram nas Câmaras Municipais do país entre 2000 e 2020, período do qual o Tribunal Superior Eleitoral possui dados digitalizados e confiáveis. Desde então, o país elegeu 178.085 vereadores, dos quais 2.129, ou 1,2% do total, venceram as últimas cinco eleições para as Câmaras Municipais. Nas capitais, 32 vereadores permanecem em mandato há pelo menos 20 anos e são considerados os decanos das Casas Legislativas. O mais famoso deles é Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, que se elegeu vereador no Rio de Janeiro pela primeira vez em 2000, quando tinha 17 anos. Naquela eleição, ele enfrentou a própria mãe, Rogéria Bolsonaro, que havia se separado do já deputado federal Bolsonaro e havia cumprido mandatos na Câmara por duas legislaturas. Nesta eleição, Carlos e a mãe serão candidatos à vereança mais uma vez. Na cidade de São Paulo, são sete vereadores com pelo menos cinco mandatos. Entre eles estão Milton Leite (DEM) e Arselino Tatto (PT), que renovam mandatos desde 1996 e já foram presidentes da Câmara Municipal. Em Salvador e São Luís, os decanos das Câmaras têm em comum o fato de serem fiéis governistas, independentemente do prefeito eleito. Vereador desde 1992 na capital baiana, Alfredo Mangueira (MDB), 71, apoiou todos os prefeitos nos últimos 28 anos, incluindo grupos políticos antagônicos como o de Lídice da Mata (1993-1996) e o de ACM Neto (2013-2020). “Coincidentemente, os partidos aos quais eu estava filiado sempre estavam na base aliada do prefeito. Sempre votei a favor dos projetos da prefeitura”, afirma o vereador. Com uma base eleitoral forte na Liberdade, um dos bairros com maior concentração de negros da capital baiana, Mangueira chegou a ser presidente da Câmara em 2011, mas abdicou do cargo depois de menos de uma semana. Na época, reportagens do jornal A Tarde revelaram as ligações do vereador com o jogo do bicho. Em sua defesa, ele afirmou ao mesmo jornal que estava afastado da contravenção havia mais de dez anos. Mangueira diz que deixou a presidência da Câmara porque não se adaptou: “Quando sentei na cadeira, achei que não era meu ritmo”. Este ano, ele disputa sua oitava eleição consecutiva para vereador. E não pensa em parar: “Enquanto tiver saúde, sigo na política”. Em São Luís, o decano é o vereador Astro de Ogum, que cumpre mandatos consecutivos desde 2000. Ele tem trajetória partidária peculiar: começou no PDS, partido de sustentação à ditadura militar, passou por outras seis legendas até se filiar ao PC do B, partido do governador do Maranhão, Flávio Dino. Nas cidades menores, há Câmaras Municipais com pouca renovação nas últimas duas décadas. É o caso das cidades de Maravilha (MG) e Jataúba (PE), que reelegeram quatro vereadores em todas as eleições desde 2000. Na cidade mineira são nove vagas na Câmara, na pernambucana são 11. A Câmara que teve menor renovação, contudo, foi a de Wall Ferraz (PI): nada menos que cinco dos nove vereadores estão no cargo desde 2000, renovando os mandatos em quatro eleições seguidas. Aliados do prefeito Danilo Martins (PSB), os vereadores Chichico, Sebastião Pimenta, Pedro Reis e Zé de Levi, todos também do PSB, tentam mais uma vez um novo mandato. Já Mariinha de Zé João (PTB), que representava a oposição, não vai concorrer a um novo mandato. Outro candidato que vai encerrar uma longeva sequência de mandatos como vereador é Orvino Coelho de Ávila (PSD), 65, que está na Câmara Municipal de São José (17 km de Florianópolis) desde 1976. Ele e o vereador Pitanta, da cidade vizinha de Palhoça (SC), têm 44 anos de mandatos consecutivos e são os vereadores mais longevos do país, segundo levantamento da UVB (União de Vereadores do Brasil). Orvino, contudo, vai tentar um voo mais alto pela primeira vez: será candidato à Prefeitura de São José. Advogado e procurador de carreira, ele afirma que nas quatro últimas décadas encarou o exercício da vereança como uma missão. “Ser vereador não é profissão, é missão de vida. Sou muito grato à cidade por ter me dado dez mandatos consecutivos”, diz Orvino, lembrando que a eleição para vereador é, dentre todas, a mais difícil: “A concorrência é enorme”. Ele afirma que não disputou a prefeitura antes por falta de oportunidade, que demorou, mas apareceu. “Não podia encerrar a vida pública sem disputar a prefeitura. Acho que devia isso à cidade.” O Brasil registrou 716 mortes pela Covid-19 e 30.574 casos da doença, nesta sexta-feira (16). O país, com isso, chegou a 153.229 óbitos e a 5.201.570 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 505, o que representa um cenário de queda em relação à média de 14 dias atrás. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média, mas, em seguida, retornou ao patamar de estabilidade dos dados de mortes. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Piauí, Rio Grando do Norte e Sergipe são os estados que apresentam crescimento da média móvel de mortes. Alagoas, Distrito Federal, Maranhão. Paraíba e Rio de Janeiro têm média móvel de mortes estável. Os demais estados apresentam redução da média. O Brasil tem uma taxa de 73,2 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (218.448 ), e o Reino Unido (43.519 ), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 66,9 e 65,5 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (60,3). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 85.285 óbitos, tem 67,6 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 105. O país tem 33.577 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 112.161 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 8,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 57 mortes por 100 mil habitantes (25.342 óbitos). Já o boletim do Ministério da Saúde desta sexta-feira mostrou que o Brasil registrou 754 novas mortes em decorrência do novo coronavírus nas últimas 24 horas. O país agora contabiliza um total de 153.214 óbitos desde o início da pandemia. Foram também registrados 30.914 casos confirmados da Covid-19 no período, elevando o total para 5.200.300 A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 734 mortes por coronavírus e 29.498 novos casos da doença, nesta quinta-feira (15). Com isso, o país chegou a 152.513 óbitos e 5.170.996 infecções por Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 497, o que representa uma queda de 29% em relação à média de 14 dias antes. Tal redução acentuada, contudo, pode estar associada ao feriado recente. Em finais de semana e feriados, os dados da Covid-19 costumam ser menores, por atrasos de notificação. Todas as regiões do país apresentaram queda na média móvel e o único estado que teve aumento foi o Piauí (53%). Estão com a média móvel de mortes estável o Acre, Alagoas, Distrito Federal, Maranhão, Paraíba e Sergipe. Já os estados que tiveram queda foram Amapá, Bahia, Amazonas, Ceará, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Brasil registrou 12.220 novos casos e 354 mortes por coronavírus nesta terça-feira (13). O país tem 5.114.823 testes positivos e 151.063 vítimas da Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Segundo a previsão do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, o Brasil deve registrar 180 mil (de 172 mil a 192 mil, segundo margem de erro da estimativa) mortes por Covid-19 até o dia 1˚ de janeiro de 2021, mantendo as estratégias de distanciamento social e isolamento em vigor. Se as medidas de distanciamento forem flexibilizadas, podem ser contabilizadas até 182,3 mil mortes (de 172 mil a 196 mil, também segundo margem de erro), de acordo com a pesquisa. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 499, o que representa uma queda de 28% em relação à média de 14 dias atrás, embora o índice ainda se mantenha em patamares elevados. Todas as regiões do país apresentaram queda na média móvel. O único estado que teve aumento foi o Acre (17%). Estão com a média móvel de mortes estável Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais e Sergipe. Já os estados que tiveram queda foram Amapá, Bahia, Ceará, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro, o meio ambiente, os recursos naturais e a urgência pela preservação dos nossos biomas nunca estiveram tão em evidência como agora. A região amazônica está no centro da agenda de debates, nacional e internacionalmente. Isso é fundamental. Para buscarmos as melhores respostas para novas e velhas questões é preciso manter um diálogo aberto e contínuo. Mas queremos sair do campo da opinião, do “eu acho”. E esse vem sendo o exercício que praticamos há meses nos preparativos para o Fórum Mundial Amazônia + 21, que acontecerá em novembro próximo. O fórum é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho e da Prefeitura de Porto Velho, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do governo do estado de Rondônia. Historicamente, percebemos que qualquer tentativa de discutir o desenvolvimento da Amazônia esbarra em percepções —muitas vezes equivocadas— de que os interesses do país, da indústria e dos investidores são predatórios e ameaçam os recursos naturais da região. Essa resistência inevitavelmente teve —e ainda tem— impactos no crescimento econômico dos nove estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e na vida das pessoas que vivem aqui. Temos que desconstruir essa imagem de que a Amazônia não pode ser um destino de negócios e investimentos, que não é capaz de gerar e distribuir riqueza para seus mais de 23 milhões de habitantes. Nada mais falso. Nossa proposta é ajudar a construir caminhos para encontrarmos novas e complementares formas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, a partir de suas riquezas e de suas vocações. Estamos falando de uma retomada de investimentos sob uma nova visão de desenvolvimento. Falamos de biociência e bioeconomia, de manejo florestal, de concessões de florestas públicas, de fontes limpas de energia, de títulos verdes, de cadeias inteligentes e responsáveis de produção. Logo, estamos falando de ciência, pesquisa e inovação. De uma Amazônia 4.0, na educação, na indústria, no conhecimento. O Fórum Mundial Amazônia + 21 aponta caminhos para desenvolvermos iniciativas de governos que incentivem novas trilhas traduzidas em políticas públicas e fomento inteligentes e permanentes, que tragam segurança jurídica, social e ambiental. Estamos falando, portanto, de novos modelos de negócios, de indústrias amazônicas 4.0, de escolas e de melhores modelos de educação, capazes de preparar as mais de 9 milhões de meninas e meninos da região para empregos verdes e para o empreendedorismo sustentável. Mas estamos mais que falando. Estamos, sobretudo, ouvindo. Autoridades, pesquisadores, lideranças indígenas, empresários do Brasil e do mundo nos dizem: deixar a Amazônia paralisada economicamente não é o caminho para cuidarmos da floresta, dos rios de das pessoas. Somos 23 milhões de brasileiros, 772 municípios, contamos com excelentes universidades e centros de pesquisa, temos dezenas de exemplos de indústrias com processos e produtos sustentáveis, totalmente aderentes à última geração de sustentabilidade em seus três pilares: econômico, social e ambiental. Temos muito a contar. Por isso, ao reunir a gente da região, do Brasil e do mundo em prol de uma nova visão para a Amazônia e sua população, o fórum nos traz a certeza de que existem caminhos para uma floresta ainda maior, mais inovadora, justa, conectada e produtiva. Quem conhece de verdade a Amazônia, ali trabalha e produz, vê sua gente e aprende a partir das muitas formas de conhecimento que dispomos. Somente trazendo para a região o que há de mais excelente no século 21 será possível proteger o bioma, melhorar a vida das pessoas, nos integrarmos ao Brasil e ao mundo a partir do que a Amazônia tem de específico e tem de melhor. Vamos juntos. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Foi menos de uma década, mas que década. Se em outubro de 2012 alguém falasse que dois políticos inexpressivos do baixo clero —o bololô de parlamentares sem nenhum capital político nacional— da Câmara dos Deputados e um terceiro que não havia conseguido receber nem 3% dos votos para prefeito do Rio iriam, oito anos depois, estar no comando da Presidência da República e do Congresso, quem acreditaria? Outubro de 2012, ano de eleições municipais, como o atual, mal sabia que apenas oito meses de distância o separava de um protesto contra 20 centavos de aumento na passagem de ônibus que se transformaria na maior convulsão popular de rua da história do país. Para muitos, o Brasil virou de ponta-cabeça a partir dali. Para alguns, em 2012 é que de ponta-cabeça estávamos. Veja abaixo os principais nomes que dominavam a política no Brasil há oito anos e o que aconteceu com cada um deles. E também o inverso: o que eram há oito anos os políticos e temas que atualmente estão na crista da onda. * O que fazia em 2012 Presidente da República em primeiro mandato, gozava do auge da sua popularidade, 62% O que aconteceu Em um processo de corrosão política que teve como algumas das principais causas a deterioração das contas públicas e a Lava Jato, sofreu impeachment em 2016 e não conseguiu ser eleita ao Senado em 2018 * O que fazia em 2012 Vice-presidente. Conseguiu unir o partido e demonstrava lealdade ao PT e à presidente nas eleições municipais. Tentava, com isso, afastar pretendentes à vaga de vice na reeleição da petista, em 2014 O que aconteceu Rompeu com Dilma no momento em que desmoronava o apoio político a ela. Assumiu o poder em 2016, enfrentou o escândalo da JBS e duas denúncias que quase lhe custaram o cargo. Com popularidade pífia, nem tentou a reeleição. Chegou a ser preso em 2019 em ação da Lava Jato do RJ * O que fazia em 2012 Principal líder político do país, deixou o poder com 83% de aprovação, fez a sucessora e era eminência parda do governo, mesmo fora dele O que aconteceu Condenado na Lava Jato em segunda instância pelo caso do tríplex do Guarujá (SP), ficou 580 dias preso, tendo sido solto em novembro de 2019. Está impossibilitado de ser candidato, enquadrado na Lei da Ficha Limpa * O que fazia em 2012 Já dava sinais claros de descolamento do PT, o que o levaria à candidatura à Presidência em 2014 O que aconteceu Morreu em um acidente aéreo em ago.2014, dois meses antes da eleição * O que fazia em 2012 A ex-petista se cacifara como terceira via em 2010. No ano seguinte, deixou o PV e iniciou a jornada para montar seu próprio partido, a Rede, que teve o registro formalizado pelo TSE em 2015 O que aconteceu Não conseguindo montar a Rede a tempo, se aliou a Campos em 2014 e assumiu a cabeça de chapa após a morte dele. Terminou novamente em terceiro. Sua maior derrota, porém, ocorreu em 2018, quando ficou em oitavo na disputa pelo Palácio do Planalto, com apenas 1 milhão de votos (1% dos votos válidos) * O que fazia em 2012 Principal nome da oposição, o senador de MG pavimentava sua candidatura presidencial. Acabou fortalecido pela derrota de José Serra, seu concorrente interno, na disputa à Prefeitura de São Paulo O que aconteceu Derrotado em um apertado segundo turno em 2014, foi um dos principais líderes da condução do impeachment de Dilma em 2016. Gravação em que negocia recebimento de R$ 2 milhões da JBS corroeu seu capital político e lhe custou também o controle do partido. Foi eleito deputado federal em 2018 * O que fazia em 2012 Governador de SP eleito no 1º turno em 2010, se reergueu depois da derrota para Lula em 2006 e do vexame de não ir nem ao 2º turno na corrida pela Prefeitura de São Paulo em 2008 O que aconteceu Reeleito governador de SP, e com o enfraquecimento político de Serra e Aécio, foi novamente candidato à Presidência em 2018, com uma ampla coligação de apoio, mas não escapou à onda antipolítica: terminou em 4º lugar, com menos de 5% dos votos válidos. No final de 2019 começou a dar dicas de saúde na TV * O que fazia em 2012 Um dos nomes históricos do PSDB. Foi derrotado por Fernando Haddad (PT) na disputa municipal da capital paulista O que aconteceu Eleito senador em 2014, assumiu as Relações Exteriores na gestão Temer, mas deixou o cargo em 2017 por problemas de saúde. Alvo de denúncia da Lava Jato de SP, virou réu, mas Toffoli, do STF, suspendeu as investigações que o afetavam * O que fazia em 2012 A imagem do seu governo não era das melhores. O principal candidato do partido naquele ano, José Serra (São Paulo), evitava a vinculação O que aconteceu Perdeu espaço com a ascensão de João Doria, hoje principal nome dos tucanos para a eleição presidencial em 2022 * O que fazia em 2012 Presidente da Câmara dos Deputados O que aconteceu Após deixar o comando da Câmara, no início de 2013, não teve mais nenhuma atuação de destaque no cenário político nacional. Em 2018, não conseguiu se reeleger deputado federal * O que fazia em 2012 Presidente do Senado, um dos principais caciques políticos do século 20 O que aconteceu Em dez.2014 subiu à tribuna do Senado para seu último discurso e se disse o parlamentar mais longevo do país. Seu clã político perderia enorme poder com as vitórias de Flávio Dino (PC do B) no Maranhão em 2014 e 2018 * O que fazia em 2012 Governador do RJ. Era um dos principais nomes nacionais do MDB, cotado inclusive para a Presidência ou vice, futuramente. Já convivia com alguns escândalos, entre eles a chamada farra dos guardanapos O que aconteceu Passou paulatinamente a figurar na lista de implicados na Lava Jato, assumindo papel de protagonismo no escândalo. Está preso desde 2016 e é alvo de mais de uma dezena de condenações * O que fazia em 2012 Ministro da Fazenda. No cargo havia seis anos, o petista era um dos principais nomes da ala econômica do partido O que aconteceu Se tornaria o mais longevo titular da economia, deixando o cargo em 2014 na guinada econômica de Dilma após a reeleição. Se tornou alvo da Lava Jato. Em 2019, a Justiça negou pedido de prisão, mas determinou que ele usasse tornozeleira eletrônica * Quem é hoje Presidente da República O que fazia em 2012 Deputado federal no quarto mandato consecutivo, não tinha expressão política na Câmara, mas já dava os passos, em especial nas redes sociais, em direção a nichos —oposição ao PT, aos direitos humanos e às minorias— que o transformaram em 2014 no deputado mais votado do RJ, com 465 mil votos * Quem é hoje Vice-presidente da República O que fazia em 2012 Era vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Dois anos depois, assumiu o Comando Militar do Sul, cargo do qual foi exonerado em 2015 após fazer críticas à então presidente Dilma * Quem é hoje Governador de São Paulo e um dos nomes cotados para a disputa à Presidência em 2022 O que fazia em 2012 undador do Lide, grupo de empresários ávidos por relacionamentos com a política, trocaria os negócios pela política em 2016, ao ser eleito prefeito de São Paulo. Cresceu no PSDB pelas mãos de Alckmin, com quem rompeu posteriormente e de quem ouviu o termo “traidor” em uma reunião interna * Quem é hoje Ex-governador e terceiro colocado na disputa à Presidência em 2018 O que fazia em 2012 Sem mandato, seria nomeado no ano seguinte pelo irmão, Cid Gomes, como secretário de Saúde do Ceará * Quem é hoje Apresentador da TV Globo, cotado para a disputa à Presidência em 2022 O que fazia em 2012 Apresentador de TV. Ensaiaria uma possibilidade real de se candidatar à Presidência em 2018, mas acabou desistindo * Quem é hoje Ex-juiz responsável pela Lava Jato, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e cotado para a disputa à Presidência em 2022 O que fazia em 2012 Juiz federal que havia se destacado na década anterior no caso Banestado, que tratava de crimes financeiros e lavagem de dinheiro, auxiliava a ministra Rosa Weber, do STF, no julgamento do mensalão * Quem é hoje Ex-ministro da Educação, ex-prefeito de São Paulo e segundo colocado na disputa presidencial de 2018 O que fazia em 2012 Lançado e bancado por Lula, se assumiu como o “segundo poste” do ex-presidente e foi eleito prefeito de São Paulo em 2012, derrotando Serra * Quem é hoje Governador do Maranhão, desbancou o clã Sarney no estado e é um dos principais nomes da esquerda O que fazia em 2012 Derrotado na eleição ao Governo do Maranhão em 2010, presidia a Embratur * Quem é hoje Presidente do Senado O que fazia em 2012 Deputado federal no terceiro mandato, não tinha expressão política nacional e compunha o chamado “baixo clero” da Câmara * Quem é hoje Presidente da Câmara dos Deputados O que fazia em 2012 Candidato a prefeito do Rio, tendo como vice Clarissa Garotinho, não alcançou nem 3% dos votos válidos * Quem é hoje Ministro da Economia O que fazia em 2012 Empresário do mercado financeiro O Brasil passou de 5,1 milhões de casos de coronavírus e se aproxima de151 mil mortes nesta segunda-feira (12). Nas últimas 24h foram registrados 8.624 novos casos da doença e 203 mortes. No total, o país registra 5.102.603 testes positivos e 150.709 vítimas da Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Nos finais de semana e nas segundas-feiras, os números do consórcio costumam ser mais baixos por causa de atrasos de notificações nas secretarias. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 562, o que representa uma queda de 18% em relação à média de 14 dias atrás, embora o índice ainda se mantenha em patamares elevados. Todas as regiões do país apresentaram queda na média móvel, menos o Sudeste. Mas o único estado que teve aumento foi o Piauí (21%). Estão com a média móvel de mortes estável o Acre, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Já os estados que tiveram queda foram Amapá, Bahia, Ceará, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde divulgou 8.429 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 201 novas mortes, sendo 149 nos últimos três dias. Com isso, o total registrado no balanço federal já chega a 5.103.408 casos confirmados da doença desde fevereiro, com 150.689 mortes. Há ainda 2.407 mortes em investigação, o que pode aumentar os números. Neste ciclo eleitoral houve mudanças importantes no Tribunal Superior Eleitoral para lidar com a questão das fake news. Só para deixar claro, uso o termo fake news para designar não só notícias falsas, mas todo o conjunto de práticas de manipulação online. O termo correto seria “Desinformação Adversarial, Táticas e Técnicas de Influência” (DATTI), mas fake news acabou virando o termo popular, então vamos com ele. Nestas eleições o TSE deu passos importantes para lidar não só com conteúdos ilegais, mas também com os métodos pelos quais esses conteúdos são propagados. Lidar com os conteúdos é praticamente enxugar gelo. Um item ilegal é removido e logo outro surge. Além disso, é muito difícil monitorar e remediar a circulação de ilícitos por meio de mensageiros privados como o Whatsapp. Nesse contexto, combater os métodos de propagação ilícitos é estratégia muito mais eficaz. Para isso, o TSE nomeou oficialmente um Coordenador Digital de Combate à Desinformação, Thiago Rondon. Rondon vem da área técnica. Ele é programador e desenvolvedor de software, já contribuiu para vários projetos de open source, fundou empresas de tecnologia e um instituto de pesquisa que estuda o impacto da tecnologia na sociedade. Mais do que isso, ele analisa há anos as técnicas de manipulação na internet e sabe muito bem como as campanhas de desinformação são estruturadas. Essa mudança de postura do TSE é promissora. Talvez o tempo curto não permita que ela tenha todo o impacto possível, mas se esse caminho for continuado, pode construir mecanismos cada vez mais eficazes. Uma das tarefas que o novo coordenador tem é justamente de fazer pontes com a comunidade científica, investigativa e com as próprias empresas de tecnologia. Para lidar com quaisquer problemas complexos na internet a melhor forma é essa: o multissetorialismo. A complexidade da internet é tão desafiadora que um setor isolado da sociedade pode fazer muito pouco. Não adianta o setor público atuar sozinho. Para ter eficácia é necessário colaborar com o setor privado, com a comunidade técnica e científica, com o terceiro setor, com a academia e assim por diante. É esse tipo de parceria que o TSE está costurando. Nas últimas semanas foi anunciada a cooperação com grandes empresas de tecnologia atuando no país, incluindo o Whatsapp, para monitorar as fake news (e, espero, DATTI). Além disso, o TSE tem procurado laboratórios forenses capazes de analisar e investigar campanhas de desinformação. Essas medidas estão de acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é signatário. Como diz o Comentário Geral sobre o artigo 25 do Pacto, aprovado em 1996: “Eleitores devem ter a habilidade de formar opiniões de forma independente, livres de violência ou ameaça de violência, compulsão, indução os interferência manipulativa de qualquer tipo”. Essa frase, que deriva de tratados fundamentais dos quais o Brasil faz parte, pode ser uma importante diretriz para o TSE e sua nova coordenação de combate à desinformação. Já era achar que a vanguarda cultural do Brasil está no Rio e São Paulo Já é sucesso do anárquico grupo Fundo de Quintal no interior do Maranhão (mais de 1 milhão de seguidores) Já vem Sucesso do Vetinflix, grupo cearense de audiovisual que fez uma versão de “A Casa de Papel” na periferia de Fortaleza O Conselho Estadual de Educação de São Paulo recomendou que os municípios paulistas sigam o planejamento do governador João Doria (PSDB) e autorizem a reabertura das escolas, se estiverem há mais de 28 dias na fase amarela. Até esta sexta (9), apenas 219 das 645 cidades liberaram o retorno de atividades presenciais. O governo do estado tem intensificado a campanha para que os prefeitos autorizem a reabertura das escolas, já que a retomada das atividades na rede estadual depende da liberação de cada município. Até esta sexta, 904 unidades estaduais tinham reaberto —o que representa 16,4% do total. A expectativa é a de que, com a autorização do prefeito Bruno Covas (PSDB) na capital, outros gestores municipais sigam a liberação. Desde o anúncio da retomada das atividades na cidade de São Paulo, o número de municípios que autorizaram a reabertura subiu de 128 para 219. A principal preocupação, no entanto, é com cidades que já decidiram ou sinalizaram que as atividades escolares não voltam neste ano. É o caso de municípios do ABC Paulista e do interior, como Limeira e Ribeirão Preto. A indicação do conselho, aprovada na quarta (7), argumenta que a interrupção prolongada das atividades presenciais traz prejuízos de aprendizagem, saúde e segurança aos estudantes. “Fica claro que alongar, no tempo, o retorno às aulas presenciais não é medida adequada ao melhor interesse de crianças, adolescentes e jovens dadas as consequências negativas para a segurança e o desenvolvimento social, emocional e da aprendizagem dos estudantes”, indica o documento aprovado. O conselho destaca, entre os prejuízos educacionais, as perdas de aprendizagem, diminuição do sentimento de pertencimento à escola e aumento das taxas de evasão e abandono. Nos aspectos de saúde e segurança, ressalta o prejuízo à nutrição e saúde mental, além do aumento da vulnerabilidade ao trabalho e exploração infantil. O documento indica aos municípios a seguirem as orientações do Centro de Contingência do estado e o cronograma do Plano São Paulo, que prevê a reabertura das escolas com até 35% dos alunos em regiões que estiverem há mais de 28 dias na fase amarela. Segundo a última classificação do governo estadual, apenas a região de Barretos ainda não tem condições de retomar as atividades escolares, já que é a única na fase laranja. A capital e as regiões de Campinas, Baixada Santista, Piracicaba, Sorocaba e Taubaté entraram na fase verde —ainda assim, muitos municípios dessas localidades não autorizaram a reabertura das escolas. Márcia Bernardes, secretária de educação de Atibaia e presidente da Undime (entidade que reúne secretários de educação) São Paulo, diz respeitar a orientação do conselho, mas afirma que é preciso analisar a capacidade das escolas de cada município. “Nós estamos cientes dos riscos apontados, mas é preciso logística e planejamento para a reabertura. Não existe uma política pública para apoiar a retomada, não temos financiamento, ajuda de custo para comprar os materiais e garantir o cumprimento do protocolo. É preciso pensar também na realidade dos municípios”, diz. Segundo ela, muitos municípios optaram por usar os últimos dois meses letivos de 2020 para concentrar esforços nas atividades remotas e planejar a retomada presencial para o próximo ano. “Infelizmente, não vai ser em dois meses que vamos recuperar toda essa defasagem. Algumas cidades decidiram investir no planejamento, em uma volta bem preparada, olhando para os próximos anos”. Prefeito de Rio Grande da Serra e presidente do consórcio do ABC, Gabriel Maranhão (PSDB) diz manter a decisão de não reabrir nenhuma escola do município neste ano. As outras seis cidades do consórcio também já manifestaram que só devem retomar as atividades escolares no próximo ano. “Na minha cidade, mantenho a decisão de só voltar em 2021. Temos um período muito curto neste ano, que não vai trazer nenhuma recuperação de aprendizagem. Não vejo motivo que justifique colocar a vida das crianças em risco”, diz. O governo federal ampliou até dezembro o pagamento do auxílio emergencial, para ajudar autônomos e desempregados na crise. São até quatro parcelas de R$ 300, mas nem todos os beneficiários terão direito à ajuda extra. As regras mudaram e, segundo estimativa do governo, quase 6 milhões de trabalhadores ficaram de fora. Quem discordar da análise federal poderá contestar a decisão administrativamente, mas, por enquanto, apenas os pedidos de negativa do auxílio de R$ 600 estão sendo analisados. As contestações das parcelas extras de R$ 300 serão liberadas após a conclusão dessa etapa, segundo o Ministério da Cidadania, que não informou um prazo. Enquanto isso, os beneficiários podem recorrer à Justiça, sem advogado. O processo pode ser apresentado no Juizado Especial Federal. Em São Paulo, é preciso acessar o site https://web3.trf3.jus.br/peticoesjef/Atermacoes/. Até o dia 30 de setembro, mais de 30 mil processos de auxílio emergencial estavam em análise pelos JEFs. Para diminuir o número de processos judiciais sobre o auxílio, o governo fez um acordo com o Conselho Nacional de Justiça em 31 de agosto. O acordo continua valendo para contestar as parcelas extras. Pode tentar a conciliação quem não entrou com processo em um juizado. O pedido é feito nos Tribunais Regionais Federais. Ao receber o caso, o governo tem dez dias para reconhecer o direito e apresentar uma proposta de acordo ou fazer a contestação. Se houver conciliação, o benefício é implementado com urgência, sem a necessidade de expedição de ofícios ou de requisições de pagamento. No TRF-3, que atende São Paulo e Mato Grosso do Sul, 2.513 auxílios foram concedidos até 18 de setembro pelo gabinete de conciliação. Antes de contestar é preciso verificar as novas regras. Uma delas é a análise do Imposto de Renda referente a 2019, que foi enviada neste ano. Quem foi declarado dependente não terá direito às novas parcelas. Quem não ajuizou uma ação no Juizado Especial Federal pode tentar uma conciliação pelos tribunais regionais e receber a grana mais rápido A medida faz parte de um acordo entre Ministério da Cidadania, Dataprev e Conselho Nacional de Justiça, possibilitando aos juízes o acesso às informações que resultaram no processo de indeferimento do benefício Segundo dados de 18 de setembro de 2020, o TRF3 concedeu 2.513 auxílios por conciliação e negou 690 pedidos Fontes: Ministério da Cidadania, TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), TRF2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) e TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) O senador e ex-pré-candidato à Presidência dos EUA Bernie Sanders disse à BBC News Brasil que o governo de Jair Bolsonaro é responsável por ataques contra comunidades indígenas e quilombolas. ""As comunidades afrodescendentes e indígenas do Brasil estão sob ataque implacável sob o governo do presidente Bolsonaro. Meus colegas e eu pedimos que o Congresso se levante e insista que os dólares dos contribuintes dos EUA não sejam usados para apoiar os esforços do governo Bolsonaro para deslocar, reprimir e ameaçar ainda mais o modo de vida dessas comunidades"" disse Sanders, com exclusividade. Uma carta divulgada nesta quarta-feira (7) por quatro políticos do Partido Democrata, incluindo o senador, pede que o governo americano não participe de projetos que coloquem comunidades quilombolas brasileiras sob risco de ""ataques racistas e desapropriações"". O pano de fundo é a discussão do orçamento anual destinado pelos EUA à Defesa e os planos de Donald Trump para investir parte desse dinheiro em pesquisas e lançamentos de satélites do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. O texto, assinado por Sanders e pelos deputados Deb Haaland, Joaquín Castro e Hank Johnson, diz que ""em nenhuma hipótese o dinheiro dos pagadores de impostos dos EUA deve ser usado para desapropriar forçadamente comunidades indígenas e quilombolas centenárias"". Eles pedem que uma emenda seja aprovad,a garantindo que os EUA não financiem projetos que podem resultar em ameaças a essas comunidades no ano que vem. O governo Bolsonaro afirma que o acordo de Alcântara estimulará o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro e poderá gerar investimentos de até R$ 1,5 bilhão na economia nacional. Após longas negociações, os presidentes Bolsonaro e Trump assinaram no início de 2019 um Acordo de Proteção de Tecnologia que prevê o uso pelos EUA da base de Alcântara. O governo brasileiro diz que pretende ""tornar o Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, competitivo mundialmente e um grande atrativo de recursos para o Brasil no setor espacial"". Em 27 de março, já em meio à pandemia do novo coronavírus, uma resolução federal publicada no Diário Oficial da União ordenou ""providenciar, por meio do Comando da Aeronáutica, a execução das mudanças das famílias realocadas, a partir do local onde hoje residem e até o local de suas novas habitações, incluindo o transporte de pessoas e semoventes [animais domésticos]"". Centenas de famílias poderiam ser removidas do local onde vivem há mais de um século com a medida. Em maio de 2020, no entanto, uma decisão liminar da Justiça Federal proibiu a remoção de famílias quilombolas da região até que se realizem consultas abertas às comunidades afetadas. O centro foi inaugurado pela Força Aérea Brasileira (FAB) em 1983, mas nunca foi usado para lançamentos de satélites. Próxima à linha do Equador, a base interessa aos americanos porque, graças a sua localização, permitiria economia de até 30% no combustível usado nos lançamentos. Lideranças locais dizem que no município existem mais de 200 comunidades quilombolas, agrupadas em três territórios. Essas áreas ainda não tiveram os processos de titulação finalizados. O centro de lançamentos fica dentro de um dos territórios pleiteados, uma área equivalente a 78 mil campos de futebol e que abriga 108 comunidades. Dessas, pelo menos 40 teriam de ser despejadas caso a ampliação do centro estudada desde os anos 2000 seja levada a cabo, segundo disse à BBC News Brasil na época da assinatura Servulo Borges, militante do movimento quilombola de Alcântara. ""Por mais de 300 anos, africanos que foram escravizados e seus descendentes vivem em comunidades quilombolas em Alcântara. Os afro-brasileiros que vivem nestes locais vivem em terras comunais e se engajam em agricultura, pesca, caça e extração comunais"", diz o texto dos políticos americanos. A emenda proposta ao orçamento de Defesa dos EUA proibiria que o país colabore com o Brasil para ""realocar involuntariamente as comunidades indígenas ou quilombolas no Brasil."" A emenda já foi aprovada em primeira instância em uma comissão do equivalente à Câmara dos Deputados nos EUA. Agora, segue para o Senado. Se for aprovada novamente, passará por novas votações nas duas casas. Employees at the Ministry of Agriculture (Mapa) identified different types of microorganisms, such as fungi, mites, and bacteria, in seeds delivered to different addresses throughout Brazil from several Asian countries, mainly China. The packages are sent by mail, as gifts for other purchases made over the internet or even randomly, without the recipient ordering anything from abroad. Since August, when a first recipient from Rio Grande do Sul officially notified the authorities, the Mapa has received 258 packages from residents of almost all of Brazil, a number growing every day. Only the states of Maranhão and Amazonas do not yet have official records of receipt of packages. Last week, the Chinese embassy ruled on the case and said it saw evidence of fraud in seed tags received and said it would assist with the investigation. So far, technicians from the Federal Laboratory for Agricultural Defense in Goiânia (GO) have analyzed 39 samples from four Asian countries. In 25 of them, technicians found three different types of fungi. One of them contained a species of live mites, and in two, there was bacterium. Among the species of seeds collected, four were identified as possible quarantine pests. That is, they may be weeds. As the technicians have not completed the complete analysis of the seeds, it is still impossible to judge the risk of contact with the material. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language Técnicos del Ministerio de Agricultura (Mapa) identificaron diferentes tipos de microorganismos, como hongos, ácaros y bacterias, en las semillas que han llegado procedentes de países asiáticos, principalmente de China, y entregadas en diferentes puntos de Brasil. Los paquetes se envían por correo, como obsequio por otras compras realizadas a través de Internet o incluso al azar, sin que el destinatario lo haya solicitado. Desde agosto, cuando un primer destinatario de Rio Grande do Sul notificó oficialmente a las autoridades, el Mapa ha recibido 258 paquetes de residentes de casi todo Brasil, un número que crece día a día. Solo los estados de Maranhão y Amazonas aún no cuentan con registros oficiales de recepción de paquetes. La semana pasada, la embajada china se pronunció sobre el caso y dijo que vio evidencia de fraude en las etiquetas de las semillas recibidas y se puso a disposición de las autoridades para ayudar en la investigación. Hasta ahora, 39 muestras procedentes de cuatro países asiáticos han sido analizadas previamente por técnicos del Laboratorio Federal de Defensa Agrícola en Goiânia (GO). En 25 de ellas se encontraron tres tipos diferentes de hongos, uno de ellos contenía una especie de ácaro vivo y en dos se encontró la presencia de una bacteria. Entre las especies de semillas recolectadas, cuatro fueron identificadas como posibles plagas cuarentenarias, es decir, pueden ser malezas. Como los técnicos no han completado el análisis de las semillas, todavía no es posible alertar sobre el riesgo de contacto con el material. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original Num hospital de campanha no Rio, no momento mais dramático da pandemia de coronavírus, os médicos se dão conta de que não há respiradores em número suficiente para todos os pacientes. A aflição é enorme. Até que vem a notícia de que um caminhão chegou para entregar um lote com o equipamento tão necessitado. Os próprios plantonistas correm à entrada do hospital, mas logo descobrem, ao abrirem as caixas, que são carrinhos de anestesia, e não respiradores, como havia prometido a Secretaria de Saúde. Sabendo que o preço deste outro aparelho é três vezes inferior ao que eles esperavam, um dos médicos observa: “Alguém está levando algum nesta história”. Agoniada, desesperada mesmo, com a situação dos pacientes internados, a médica Carolina só consegue dizer duas palavras: “É Brasil!”. Os roteiristas de “Sob Pressão” não precisaram ir muito longe para escrever essa sequência impactante do especial “Plantão Covid”, cujo primeiro episódio foi ao ar nesta terça-feira (6). Em junho, entre os muitos escândalos que abalaram o governo do Estado do Rio de Janeiro, os jornais noticiaram que uma organização social contratada pela Secretaria de Saúde para erguer um hospital de campanha na capital havia comprado 500 carrinhos de anestesia no lugar de respiradores. Na ficção, coube ao médico Evandro resolver o problema fazendo uma gambiarra. Ele adaptou um dos respiradores do hospital para uso de dois pacientes ao mesmo tempo. Uma espécie de “MacGyver do SUS”, como os próprios roteiristas apelidaram o personagem, Evandro é inspirado no cirurgião torácico Marcio Maranhão, que trabalhou 15 anos em emergências de hospitais públicos e se tornou consultor da série. Exibidas entre 2017 e 2019, as três primeiras temporadas de “Sob Pressão” constituem uma das mais significativas realizações da teledramaturgia da Globo no período. Com uma pegada ultrarrealista, salpicada com os dramas pessoais dos médicos e as histórias trágicas dos pacientes, a série encontrou um raro equilíbrio entre a militância, a favor da saúde pública, e o entretenimento. Com a quarta temporada adiada para 2021 por causa da pandemia, surgiu a ideia deste especial, com apenas dois episódios, dedicado a falar da Covid-19 e fazer um tributo aos profissionais da área da saúde. O segundo capítulo vai ao ar na próxima terça-feira. Julio Andrade e Marjorie Estiano, os médicos Evandro e Carolina, são atores de muitos recursos e conseguem evitar que o roteiro, sempre carregado de emoção, transborde para o melodrama. Ainda assim, é impossível não chorar neste especial de “Sob Pressão”. “Não aguento mais”, diz o médico Charles (Pablo Sanábio) ao ver um paciente morrer no ambulatório, enquanto outros três pacientes, em seus leitos, esticam o pescoço para ver o que está acontecendo. Na cena seguinte, ele desabafa com Evandro: “É o terceiro paciente que morre na minha mão hoje. Quando um morre, vem outro depois”. Evandro responde: “Eu escolhi estar aqui. Você escolheu estar aqui. Eles não têm escolha, eles só têm a gente”. Mesmo sabendo que está sendo manipulado pelo roteirista Lucas Paraizo e sua equipe (Marcio Alemão, Flavio Araujo e Pedro Riguetti), o espectador chora com prazer neste episódio catártico. Chora de raiva, de tristeza e até de alegria. Uma coprodução da Globo com a Conspiração, “Sob Pressão” é dirigido por Andrucha Waddington. Neste especial, com menos figurantes e mais limitações do que em uma situação normal, é notável o esforço da câmera e da sonoplastia em deixar o espectador ainda mais perto da ação. Vale cada lágrima derramada. Ex-corregedora nacional de Justiça (2010-2012), que se notabilizou por buscar fazer investigações financeiras sobre os pares, a ministra aposentada Eliana Calmon, 75 anos, afirma ser necessária uma nova reforma do Judiciário para promover não só mudanças na estrutura administrativa do Poder, mas em aspectos como o disciplinar. Ela defende a revisão da Loman (Lei orgânica da Magistratura), mas se diz cética a respeito. A iniciativa cabe ao presidente do Supremo, Luiz Fux, recém-empossado. “Como ele é magistrado de carreira, é muito, muito corporativista, e isso atrapalha muito”, comenta, acrescentando que foi do ministro a decisão provisória que, na prática, manteve por anos o pagamento irrestrito de auxílio-moradia aos juízes. “Deu uma liminar a sentou em cima.” * Deve haver uma reforma administrativa também para a magistratura? Entendo que é primordial para a reforma do Judiciário se fazer uma nova Loman. Houve uma reforma do Judiciário em 2004 e que mexeu constitucionalmente em algumas coisas. Mas eu acho que a estrutura maior tem a ver com a Loman. A Loman tem muito a ver com a parte administrativa do Judiciário. Ela é anterior à Constituição de 1988, quando o Estado era bem diferente. Seria uma reforma apenas administrativa ou também em outros aspectos? Mexeria em outros aspectos, por exemplo, a parte disciplinar, as diversas categorias dos magistrados, a infraestrutura que têm para exercer suas atividades. Isso tudo tem implicações com a administração também, de forma que eu acho que deveríamos ter a reforma do Judiciário. Depois de 16 anos da última, já está na hora de modernizar mais o Poder. Sua opinião é no sentido de acabar com a aposentadoria compulsória como penalidade? Sim. Você faz uma aposentadoria compulsória e premia, muitas vezes, um magistrado que cometeu uma gravíssima infração. Como corregedora, tive a oportunidade de ter um magistrado que cometeu uma falta. Mandei uma equipe da corregedoria lá, no Maranhão, e ele mandou me dizer: “Estou louco que ela me aposente. Porque aí eu deixo isso aqui, não preciso mais trabalhar, estou ganhando meu dinheiro”. E o que a senhora pôde fazer? Nada. Não aposentei. Abri o processo, ele ficou respondendo. O governo diz que não pode propor uma reforma administrativa que atinja magistrados. Essa posição é adequada? É adequada, porque essa reforma tem de partir do próprio Judiciário e quem propõe é o STF. Como [com a] a Loman, que ele é que propõe reformar. A Constituição não está dizendo claramente, mas a independência dos Poderes faz com que o Executivo não possa interferir na estrutura do Judiciário. Diante da situação fiscal do país e da ampla revisão de direitos que está sendo proposta pelo Executivo, a sra. acha que a situação impõe ou cria um ambiente para que o presidente do Supremo apresente uma reforma para a magistratura? Acho um pouco difícil. Defendo muito o ministro Fux. Acho que será uma administração bem melhor do que foi a do ministro [Dias] Toffoli, porque o ministro Toffoli é muito político e o ministro Fux é muito institucional. Mas, como ele é magistrado de carreira, é muito, muito corporativista, e isso atrapalha muito. Até hoje não foi feita a reforma da Loman, atingindo os magistrados propriamente ditos. Tem vários projetos que já estão tramitando há muito tempo e o Supremo não quer mexer. E fica essa aberração, porque nós temos uma lei muito antiga e que está defasada. O que a sra. considera aberração na lei? A parte disciplinar, acho terrível. Também esses penduricalhos todos, essas vantagens pecuniárias para juiz, precisam ser revistos. Toda hora tem um penduricalho que se está dando a magistrado. Ela [a lei] deixa em aberto para que isso possa ser mexido por decisão do próprio Supremo. Tem de fechar mais. O magistrado tinha de ganhar bem. Não é ficar dando auxílio disso, auxílio daquilo. Isso não é possível. Agora mesmo o ministro Toffoli saiu [da presidência do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça], deu não sei quantas vantagens para a magistratura. Acho isso um absurdo. Fux, por muito tempo, manteve uma liminar que assegurou pagamento irrestrito de auxílio-moradia para magistrados. Como a sra. viu isso? Quando, na Justiça Federal, os magistrados requereram o auxílio-moradia, estudei a legislação e o meu voto foi contrário ao auxílio-moradia. Quando veio essa discussão no STF, sabia tudo. Tanto que ele [Fux] não teve condições de julgar. Deu uma liminar e sentou em cima. Porque ele não podia julgar. Se fosse para a lei mesmo, ia perder. Magistrado não tinha condição de ter o auxílio-moradia, e ele terminou sentando na liminar e levou anos essa liminar produzindo efeitos [de 2014 a 2018]. Isso foi uma posição corporativista. Como os juízes reagiriam a uma eventual reforma? Muito mal. O magistrado não está acostumado a perder nada, só acrescenta. Eles [juízes] alegam que têm a garantia de irredutibilidade de vencimentos. Mas, na realidade, quando falamos da garantia, é dos vencimentos propriamente ditos, não dos penduricalhos. Olha, já melhorou muito. Magistrado não pagava Imposto de Renda. Foi uma guerra para o clube da toga pagar IR como qualquer cidadão brasileiro. O que a sra. considera um penduricalho clássico?Pagar auxílio-escola, auxílio-paletó, auxílio-alimentação. [Há] Várias indenizações. Por exemplo: permitem férias de 60 dias. Ninguém tem férias de 60 dias. Por que? “Ah, é porque trabalha muito, fica muito cansado”. Mas depois permite-se que vendam 10 dias de férias. Se as férias são consideradas como necessárias pela legislação para a recuperação do trabalhador, não se pode vender 10 dias de férias para quem tem 60. Os juízes ganham muito no Brasil? Ganham muito bem. O que eu acho um pouco injusto é que tiraram a promoção nos ganhos de acordo com a antiguidade. Um juiz jovem, que entra com 25 anos na magistratura, ganha quase igual a um juiz que tem muitos anos de magistratura, porque não existem mais aqueles quinquênios. Aquilo era uma coisa que estabelecia um ganho adicional por tempo de serviço, o que eu acho que é um critério objetivo e que desiguala. Seria melhor, na magistratura, que a promoção estivesse associada ao desempenho? Isso já foi pensado, mas é muito difícil. Toda vez que você trabalha com categorias que têm uma atividade mais intelectual, em que não se tem controle — o juiz não tem chefe —, você não pode avaliar pelo número de processos. Existem processos muito cabulosos, muito difíceis, e processos mais fáceis. Ganhar bem é ganhar no limite do teto atual ou o subsídio teria de ser maior? Não acho errado estabelecer como parâmetro o teto do STF. E, dentro dos padrões salariais brasileiros, e da situação econômico-financeira do país, acho que eles ganham bem. Quando você fala em ganhar bem, também fala na segurança. Um ministro do Supremo é vitalício. E tem ainda uma série de salários indiretos. Como anda o CNJ na fiscalização de abusos nas remunerações? O CNJ foi um grande órgão. Foi criado para fazer essa fiscalização. Nos primeiros anos, estava se organizando. Não deu muita importância à questão disciplinar. Isso veio a partir da administração do ministro Gilson Dipp, corregedor que atuou de 2008 a 2010. Foi o primeiro que começou a funcionar na parte disciplinar. Segui as pegadas do Dipp. O ministro que me seguiu, [Francisco] Falcão, também continuou. Mas isso desagradou extremamente a magistratura. Houve embates com as associações de classe. Botei o Coaf [o extinto Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para funcionar dentro da magistratura. Quis submeter os magistrados a uma fiscalização financeira, fazendo investigação quando entendia que havia patrimônio a descoberto. Isso começou a desagradar. Isso tudo começou a ser minado e hoje não se faz. [A corregedoria] esvaziou-se. Qual é a sua remuneração como magistrada aposentada? Ganho, líquido, R$ 23,5 mil. Se olhar o meu contracheque, R$ 37,3 mil é o bruto. Mas tenho um desconto de R$ 13,7 mil. O Brasil registrou 798 novas mortes pela Covid-19 e 30.454 casos da doença, nesta terça-feira (6). O país chega, assim, 147.571 óbitos e 4.970.953 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 652. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Acre, Amazonas, Ceará, Roraima e Sergipe apresentam aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. Alagoas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul têm estabilidade na média móvel de mortes. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 70,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (210.762), e o Reino Unido (42.535), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 64,5 e 64 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59,6). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 81.877 óbitos, tem 64,9 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 102,6. O país tem 32.834 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 103.569 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 7,7 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 48,2 mortes por 100 mil habitantes (21.468 óbitos). O Brasil registrou 819 novas mortes em decorrência da Covid-19 novas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na noite desta terça-feira (6). O total de óbitos por causa da doença agora passou para 147.494. Os números da pasta também apontam que 41.906 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no período. O país agora se aproxima de 5 milhões de infectados, com um total de 4.969.141. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A Justiça Federal do Paraná suspendeu, na segunda-feira (5), as licenças ambientais concedidas para implantação de cerca de 1.000 km de novas linhas de transmissão de energia elétrica no estado. Para a passagem das torres, estavam sendo derrubados cerca de 220 campos de futebol de vegetação nativa, incluindo 4.000 araucárias, árvore símbolo do Paraná e ameaçada de extinção. O projeto corta cerca de 25 municípios e ainda passa pela Escarpa Devoniana, formação protegida do território paranaense. Na decisão liminar, a juíza Silvia Salau Brollo determinou ainda que a empresa responsável pelo projeto, a Gralha Azul Transmissão de Energia, ligada à multinacional francesa Engie, suspenda a derrubada de vegetação da mata atlântica, sob pena de multa diária equivalente a 1% do valor do contrato de concessão com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A obra é estimada em R$ 2 bilhões. Um dos autores da ação civil pública contra o empreendimento é o Observatório Justiça e Conservação (OJC), que encomendou um estudo de especialistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para medir os impactos da obra. Eles apontam irregularidades nas licenças e nos estudos de impacto apresentados pela Engie aos órgãos de controle. Um dos questionamentos do OJC é sobre o fatiamento do licenciamento em áreas que abrangem menos de 50 hectares de vegetação nativa, apesar de a obra toda impactar uma área bem maior, que demandaria autorização do Ibama para a derrubada e não apenas do órgão ambiental do Paraná, o Instituto Água e Terra (IAT). A juíza concluiu, então, que a divisão do projeto foi indevida. “O Ibama deveria ter sido formalmente ouvido no procedimento administrativo conduzido pelo IAT e as autorizações para supressão da vegetação jamais poderiam ter sido concedidas”, ressaltou na liminar. Em nota, o IAT informou que ainda não foi intimado da decisão, mas que irá recorrer, pois considera que o licenciamento foi regular. O Sistema de Transmissão Gralha Azul afirmou que aguarda intimação judicial para se pronunciar sobre a liminar. Para os especialistas, além do fatiamento indevido, os pedidos da empresa junto aos órgãos responsáveis pelas licenças desconsideram vários impactos do empreendimento. Eles teriam sido feitos “para cumprir tabela”, na visão de Eduardo Vedor, doutor em geografia e um dos autores do estudo. A Engie nega as acusações. O traçado das linhas é um dos principais questionamentos dos ambientalistas. A empresa teria evitado passar por terrenos privados, o que demandaria indenização aos proprietários. No Paraná, resta menos de 0,8% de área contígua e bem conservada de araucárias, associadas ao bioma mata atlântica. A área ocupada pela espécie cobria originalmente 200 mil km². O estado abriga o Parque Nacional dos Campos Gerais, maior floresta de araucárias protegida no mundo. Outra área impactada é a do turismo. O estudo da UFPR aponta que o cenário paisagístico da região pode ficar comprometido. Para os ambientalistas, houve ainda negligência na análise de impactos em outras esferas, como a do patrimônio arqueológico e das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, do local. Para o diretor-executivo do OJC, Giem Guimarães, falta também maior debate do projeto com a sociedade. “Batizar esse projeto de Gralha Azul é uma afronta ao povo do Paraná. Esse obscurantismo dos governos é o verdadeiro ‘passando a boiada’”, disse, citando a frase do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Já a Engie, vencedora do leilão de 2017 da Aneel, destaca o valor do investimento, de R$ 2 bilhões —em parte financiado pelo BNDES—, e a geração de 4.000 empregos diretos pela obra, além do reforço na energia da região, o que deve favorecer indústrias e o agronegócio. A multinacional disse ter se empenhado para reduzir o impacto ambiental por meio de técnicas de engenharia e afirmou ter buscado desviar de áreas de preservação no traçado. Também assegurou que todas as licenças foram obtidas de acordo com as leis. A Engie afirmou ainda que todos os impactos gerarão compensações ambientais e que apresentou ao IAT propostas para cada área, ainda aguardando validação. “Detratores de projetos ou antagonistas de qualquer tipo utilizam como primeira alegação a falta de transparência, uma acusação muito vazia. Não conheço processo tão democrático, transparente e até exigente como o processo de licenciamento de infraestrutura no Brasil”, finalizou Gil Maranhão, diretor do grupo Engie. A previsão inicial da empresa é de que a obra fique pronta em cerca de um ano. Enquanto a Amazônia e o Pantanal queimam, no cerrado, o principal ponto de pressão sobre áreas protegidas são as propriedades privadas, aponta relatório WWF-Brasil. Atualmente, 3.344 propriedades estão sobrepostas a UCs (Unidades de Conservação) de proteção integral, nas quais não são permitidas quaisquer tipos de atividades. As UCs com maior sobreposição são o Parque Nacional de Brasília e a Estação Ecológica de Uruçuí-Una, com mais de 80% de suas áreas superpostas a propriedades privadas. Dentro do primeiro, são 124 imóveis rurais e, no segundo, 11, de acordo com dados da ONG WWF-Brasil. A seguir na lista vêm o Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano (142 imóveis sobrepostos), o Parque Nacional da Serra da Bodoquena (100 imóveis), a Reserva Biológica da Contagem (14 imóveis) e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (649 imóveis), todos com mais de 60% de suas áreas constando sobreposição com propriedades privadas. Ao todo, são pouco mais de 11.000 km² —o equivalente a duas vezes a área do Distrito Federal— de propriedades privadas sobrepostas a Unidades de Conservação de proteção integral. O levantamento, com base em dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural, o sistema de registro de áreas rurais) de 2019, faz parte de um novo relatório inédito do WWF-Brasil que analisou eventos de redução, recategorização e extinção de Unidades de Conservação no cerrado. Tais eventos são conhecidos como PADDD (sigla internacional para Protected Areas Downgrading, Downsizing and Degazettement). Segundo Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, o estudo, pelo menos neste momento, não explicou precisamente o que motiva tamanhas sobreposições. Mas a especialista afirma que a situação pode ser explicada por três contextos: erros de autodeclaração do CAR; UCs que foram criadas com sobreposição de fato com propriedades privadas, as quais ainda não foram desapropriadas; e processos de especulação imobiliária para tentar conseguir futuramente a posse da terra protegida. Apesar de ser um indicador de conflito, “não dá pra dizer que tudo seja ilegal, que não era pra estar ali”, diz Napolitano, que reforça que a análise foi focada somente em áreas de proteção integral, que representam somente 3% do bioma —outras tipos de unidades permitem determinadas ações em seus interiores. Desde a década de 1970, foram afetados 34.529 km² de áreas protegidas no cerrado por propostas de PADDD, quase 23 vezes a área da cidade de São Paulo. Desse total, foram realmente efetivados 23.600 km² em processos de PADDD. O estudo aponta que a primeira tentativa de PADDD registrada nesse período ocorreu no Parque Nacional do Araguaia, no Tocantins, em 1971, a qual foi efetivada. Desde então, foram 26 tentativas de diminuir as salvaguardas para áreas protegidas, das quais 13 tiveram sucesso. Napolitano afirma que esse tipo de estudo é importante para dar mais transparência e ter uma visão global das propostas de PADDD. Inclusive, pensando nisso, o WWF-Brasil fez uma ferramenta de monitoramento dos PADDD. “Não estamos questionando se essas propostas são válidas ou não. A discussão [sobre casos de PADDD] é importante, válida e precisa ser feita, mas o processo precisa ser transparente, participativo, com consulta aos impactados localmente e que se tome decisões embasadas nesses argumentos, técnicos e científicos. E que se pense em mecanismos de compensação”, afirma Napolitano. A especialista afirma, porém, que não há um rito processual geral e abrangente que permita um nível adequado de transparência. O estudo do WWF-Brasil também aponta que, muitas vezes no Brasil, os processos de PADDD não dispõem de argumentações técnicas sólidas e são relacionados a interesses individuais ou setoriais. “Isso também mostra a importância de trabalhar regularização fundiária de Unidades de Conservação. É um grande desafio e não é só ter recurso. A questão fundiária no Brasil não é simples. Precisa de um projeto.” Além das UCs afetadas por sobreposição com CAR, o estudo da ONG também olhou para outras fontes de impacto possíveis. Levando em conta projetos de rodovias e a proporção afetada da UC, a Chapada dos Guimarães (proteção integral) e outras nove unidades de uso sustentável teriam mais de 50% de suas áreas sob influência de rodovias. De acordo com o relatório, são quatro as unidades de uso sustentável e uma a de proteção integral (Parque Nacional da Serra da Canastra) mais impactadas por projetos de geração de energia. As porcentagens afetadas são pequenas. Quanto a linhas de transmissão de energia, os mais impactados são os parques nacionais da Serra da Canastra e Chapada dos Veadeiros, também com pequenas. Em 2019, o Ministério da Infraestrutura listou áreas protegidas no país que estariam, segundo a pasta, em conflito com projetos de infraestrutura, nas quais, portanto haveria a necessidade de redução. No cerrado, as Unidades de Conservação que faziam parte da lista eram: Estação Ecológica de Iquê, no Mato Grosso, Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, entre Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins, Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, Floresta Nacional de Brasília, Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí, e Área de Relevante Interesse Ecológico Capetinga-Taquara, no Distrito Federal. Cerca de 8% do cerrado é protegido, contra 28% da Amazônia —na qual os eventos de PADDD são mais associados a mineração e infraestrutura, segundo relatório do ano passado do WWF-Brasil—, por exemplo, apesar da elevada biodiversidade do bioma e sua relevância hídrica para o país, aponta o estudo da ONG. Técnicos do Ministério da Agricultura (Mapa) identificaram diferentes tipos de microrganismos, como fungos, ácaros e bactérias, nas sementes que têm chegado de países asiáticos, principalmente da China, e entregues em diferentes endereços pelo Brasil. Os pacotes são enviados pelo correio, como brindes de outras compras feitas pela internet ou mesmo de forma aleatória, sem que o destinatário encomendado nada do exterior. Desde agosto, quando um primeiro destinatário do Rio Grande do Sul notificou oficialmente as autoridades, o Mapa já recebeu 258 embalagens de moradores de quase todo o Brasil, número que tem crescido a cada dia. Apenas os estados do Maranhão e Amazonas ainda não possuem registros oficiais de recebimento dos pacotes. Na semana passada, a embaixada chinesa se pronunciou sobre o caso e disse ver indícios de fraude em etiquetas de sementes recebidas e se colocou à disposição para ajudar na investigação. Até agora, 39 amostras provenientes de quatro países asiáticos já foram previamente analisadas pelos técnicos do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (GO). Em 25 delas foram encontrados três diferentes tipos de fungos, uma delas continha uma espécie de ácaro vivo e em duas constatou-se a presença de uma bactéria. Entre as espécies de sementes coletadas, quatro foram identificadas como possíveis pragas quarentenárias, ou seja, podem ser plantas daninhas. Como os técnicos não concluíram a análise completa das sementes, ainda não é possível dizer o risco de contato com o material. “Não temos elementos para afirmar que é uma ação intencional para introduzir algum organismo patogênico ou prejudicial para a agricultura, mas o risco existe, tanto é que os primeiros resultados apontam que precisamos aprofundar as investigações e chegar até a identificação das espécies”, afirmou José Guilherme Leal, secretário de Defesa Agropecuária. As sementes misteriosas podem ser uma ameaça à agricultura e ao meio ambiente brasileiros, já que novas espécies podem trazer consigo pragas, insetos e doenças ainda inexistentes no país. Assim, pode haver necessidade de controle com agrotóxicos, levando a uma maior contaminação ambiental e ao aumento de custos na produção agrícola. As autoridades não excluem também potenciais perigos das sementes para os seres humanos. “Como é um material sem controle, não sabemos se foi tratado com algum produto químico ou se a semente é tóxica. Alguém distraído pode por a semente na boca, mastigar ou mesmo intoxicar um animal doméstico”, ressaltou Leal. “Quando a gente trabalha com risco desconhecido, o alerta é máximo”, completou Carlos Goulart, diretor de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas. O Ministério e os órgãos estaduais têm orientado para que o material não seja aberto, descartado e utilizado. Quem receber as sementes deve contatar a instituição agrícola do seu estado ou a unidade do Mapa mais próxima para o recolhimento do produto. Ainda que as tenha plantado, não é necessário se identificar para entregar as sementes, já que não haverá sanções. O Mapa quer saber apenas como o pacote chegou até o destinatário. A apuração completa do material, que envolve o sequenciamento genético das plantas e o desenvolvimento dos microrganismos em laboratório para coleta suficiente de amostras, deve demorar pelo menos mais 30 dias, segundo o Mapa. Chamou a atenção das autoridades sanitárias o aumento de apreensões já nos Correios de pacotes identificados com materiais sem certificação, incluindo sementes. Até o ano passado, eram em média 2.000 casos mensais. No primeiro semestre de 2020, o número subiu para 5.000 apreensões por mês. Só neste ano, 33.700 embrulhos foram identificados como potencialmente ilegais. Entre eles, 26.111 foram destruídos e 2.383 devolvidos à origem. O restante dos 5.206 pacotes foi liberado mediante comprovação de certificação no Brasil. “Houve sim alguma mudança no comportamento [de envio] dessas remessas postadas neste ano”, disse José Luís Vargas, diretor de Serviços Técnicos. O Ministério está em contato com órgãos fitossanitários dos países asiáticos que devem ajudar na identificação dos remetentes dos pacotes. Também tem trocado informações com países que já receberam esse tipo de remessa, como os Estados Unidos. Por enquanto, a investigação continua na esfera administrativa, mas pode envolver outros órgãos, como a Polícia Federal. Outros países do mundo, como Portugal e Canadá, também já emitiram alertas sobre o recebimento de sementes da Ásia. Em julho, agricultores dos Estados Unidos denunciaram o caso. Autoridades do país cogitam a hipótese de vendedores chineses usarem dados e endereços de consumidores americanos que compram pela internet para fazer vendas falsas e, com isso, aumentar a classificação positiva dos seus produtos em sites de compra e venda. Essa estratégia é também conhecida como ""brushing"" e tem por objetivo inflar artificialmente o número de vendas da loja. Ao enviar produtos de baixo valor ou caixas vazias, a empresa burla o sistema que classifica as empresas por suas transações, alcançando uma melhor colocação no ranking. Segundo o Mapa, entre os outros países que já avançaram na identificação dos produtos, a hipótese de prática de brushing não é a única trabalhada pelas autoridades. O Brasil registrou 398 novas mortes pela Covid-19 e 25.593 casos da doença, nesta segunda (5). Dessa forma, o país contabiliza 146.773 óbitos e 4.940.499 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Aos finais de semana e às segunda-feiras, os números de casos e mortes costumam ser menores por causa de atrasos de notificação. Roraima não enviou seus dados, por ser feriado no estado. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 659. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Amazonas, Roraima e Sergipe tiveram aumento na média móvel de mortes, em relação a 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins estão com dados de média móvel de mortes estáveis. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 70,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (210.109), e o Reino Unido (42.459 ), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 64,3 e 63,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59,6). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 79.088 óbitos, tem 62,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 102,4. O país tem 32.742 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 102.685 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 7,6 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 47,2 mortes por 100 mil habitantes (21.018 óbitos). O Brasil registrou 323 novas mortes em decorrência da Covid-19 novas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na noite desta segunda-feira (5). Com isso, o total de óbitos por causa da doença passou para 146.675. O Ministério ressalta que o estado de Roraima não atualizou os dados, porque hoje é feriado em seu território. Além disso, os estados do Rio Grande do Norte e Acre não registraram óbitos, segundo as secretárias estaduais de Saúde. Os números da pasta também apontam que 11.946 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no período. O total de casos chega agora a 4.927.235. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A vida imita a arte —ou o contrário. Pelo menos é o que fez o seriado “Sob Pressão”, que voltou aos estúdios durante a atual pandemia para gravar um especial de dois episódios, centrados, justamente, na crise do coronavírus, que ainda assombra o Brasil. “Sob Pressão - Plantão Covid”, coprodução da Globo com a Conspiração Filmes, estreia agora na emissora pondo seus protagonistas num hospital de campanha do Rio de Janeiro, no auge das contaminações no país. Entre a terceira temporada da trama, finalizada em junho do ano passado, e essa nova dupla de episódios, os médicos Evandro e Carolina —personagens de Julio Andrade e Marjorie Estiano— foram para a Amazônia fazer trabalho voluntário. Diante da crise sanitária, no entanto, eles são convocados às pressas para ajudar no combate à doença. A série então permite ao público dar um mergulho nos corredores hospitalares congestionados e fatigantes dessa nova realidade que se instaurou nos sistemas de saúde mundiais nos últimos meses. “Eu recebi o chamado para voltar à série e eu não podia negar, achei que era uma história necessária para o momento”, diz Andrade, por telefone. “É claro que eu tinha receio e medo de voltar ao estúdio, mas ao mesmo tempo a necessidade de contar essa história me fez aceitar o convite, para mostrar esse lado da pandemia que se passa dentro dos hospitais, onde o jornalismo e os familiares não entram.” O ator diz que, se fosse convocado a voltar às gravações de uma novela ou de qualquer outro programa apartado da atual situação sanitária, provavelmente ficaria com um pé atrás. Mas a temática e o cenário deste novo “Sob Pressão”, conta, o ajudaram a superar o temor. “Eu topei o trabalho porque a gente ia estar o tempo todo paramentado, mesmo em cena, usando proteção. Se fosse diferente, talvez eu não fizesse esse especial.” Diferente de outras tramas que precisaram adaptar seus roteiros a fim de diminuir o contato e a presença de atores ou buscar soluções de tecnologia para retomar a produção, “Sob Pressão” tem como trunfo o fato de acompanhar profissionais da saúde, dentro de um hospital. O uso de máscaras e luvas e a higienização constante puderam entrar facilmente no seriado, sem comprometer sua história e seus personagens. Além das medidas de proteção no set de filmagem, o elenco também foi testado para a doença duas vezes por semana. Para as gravações, a Globo construiu um hospital de campanha cenográfico e teve a ajuda do médico Marcio Maranhão, consultor de “Sob Pressão” desde sua temporada inicial. Na dupla de episódios, o público vai se deparar com dramas que inundaram os noticiários nos últimos meses —como os dilemas trazidos pela falta de respiradores, as marcas que a exaustão e o uso de equipamentos de segurança deixam no rosto dos médicos e o isolamento que os profissionais da saúde precisam manter de seus familiares. “Sempre é difícil lidar com a carga emocional do programa. Eu sempre preciso de um tempo depois das gravações de ‘Sob Pressão’ para me recuperar, porque é um cansaço físico e mental absurdo. E dessa vez foi pior. Foram dois episódios que pareceram uma temporada inteira, por causa da pressão, do medo, da dúvida”, diz Andrade. Mas o resultado valeu o desgaste, reforça o ator, que já via “Sob Pressão” como uma homenagem aos profissionais da saúde —uma que se faz ainda mais necessária nos tempos atuais. “Eu acho que a série tem tantos assuntos relevantes, tantos assuntos importantes para tratar, e é uma forma de a gente prestar uma homenagem aos profissionais da saúde. No ‘Sob Pressão’ a gente levanta a bola deles, que para a gente são heróis, então quando vem algo contra isso, não tem nem o que dizer”, afirma, sobre as invasões a hospitais e agressões a médicos durante a crise da Covid-19 no Brasil. “Isso é muito absurdo. Para mim, é a coisa mais absurda que eu vi nessa pandemia. Quando você agride um médico, quando vai contra a ciência, é um atraso. Eu não tenho nem o que dizer quanto a isso, porque eu acho tão fora da realidade que eu fico indignado.” O especial chega para ocupar o lugar que deveria ser de uma quarta temporada da série. Por causa do coronavírus, é claro, o planejamento inicial da equipe de “Sob Pressão” precisou ser adaptado. Agora, eles esperam uma melhoria no cenário atual para entender como os personagens estarão lidando com a medicina e com suas profissões quando a doença estiver no passado. “Ainda estamos estudando a quarta temporada. Dramaturgicamente, a gente tem que pensar um pouco mais sobre ela, porque agora temos essa nova personagem, a Covid-19, então precisamos de um tempo para refletir”, diz Andrade. O Brasil registrou 364 novas mortes pela Covid-19 e 9.049 casos da doença neste domingo (4). O país chega, assim, a 146.375 óbitos e 4.914.906 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 657. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes —o que não significa uma situação tranquila, já que a média ainda está em patamares elevados. Amazonas, Bahia e Roraima apresentam aumento da média móvel de mortes em comparação ao dado de 14 dias atrás. Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe têm média móvel de mortes estável. Os demais estados apresentam queda. Já o mundo chegou a 35.025.996 de casos e 1.035.208 mortes neste domingo. O Brasil tem uma taxa de 68,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (209.787), e o Reino Unido (42.404), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 63,7 e 63,2 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 78.808 óbitos, tem 59,7 mortes para cada 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 46,2 mortes por 100 mil habitantes. O Brasil registrou 594 novas mortes pela Covid-19 e 23.626 casos da doença, neste sábado (3). O país chega, portanto, a 146.011 óbitos e 23.626 pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados são referentes a 26 estados —o Maranhão foi o único que não divulgou seus registros. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 653. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Dados divulgados neste sábado pelo ministério da Saúde apontam 26.310 novos casos da Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 599 novas mortes --dessas, 466 ocorreram nos últimos três dias. Com isso, o total registrado no balanço federal já chega a 4.906.833 casos confirmados da doença desde fevereiro, com 145.987 mortes. Há ainda 2.412 mortes em investigação, o que pode aumentar os números. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Uma pessoa morreu e ao menos oito ficaram feridas em um desabamento de prateleiras do mercado Mix Mateus Atacarejo em São Luís, na noite desta sexta-feira (2). Equipes do Corpo de Bombeiros finalizaram, na manhã deste sábado (3), a remoção dos escombros para localizar outras possíveis vítimas. O acidente ocorreu por volta das 20h na unidade de Curva do 90, no bairro do Vinhais. Imagens do circuito interno do supermercado mostram que as gôndolas começaram a cair em um dos corredores, num efeito dominó, num local próximo dos caixas no momento em que havia muitos clientes. Há relatos não oficiais de que um operador de empilhadeira fazia o serviço de carga e descarga de mercadorias pouco tempo antes do acidente. Além da polícia, as causas do acidente também serão investigadas em um inquérito civil aberto pelo Ministério Público do Trabalho do Maranhão. ""O órgão ministerial ressalta que envidará esforços para que ocorra o cumprimento rigoroso das normas de saúde e segurança de trabalho a fim de evitar novos acidentes"", disse, por nota. A rede atacadista, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que imediatamente após o acidente comunicou todas as autoridades de segurança do estado. ""O Grupo Mateus reforça que, neste momento, o que importa é o resgate dos envolvidas no acidente, o apoio às vítimas e seus familiares."" Pouco mais de dois meses após o início de um monitoramento pela rede de saúde, o Brasil já registra 375 casos de uma síndrome inflamatória grave em crianças e adolescentes que vem sendo investigada por sua possível ligação com o novo coronavírus. Os dados são de um novo levantamento feito pela Folha junto a secretarias estaduais de Saúde e em boletins do governo federal. Para comparação, até 26 de agosto, balanço do Ministério da Saúde apontava 197 casos —um avanço de 89% em cerca de um mês. Para especialistas, os registros ainda apontam para uma síndrome relativamente rara, mas que exige atenção e acompanhamento por sua gravidade —há ao menos 26 mortes— e por se tratar de uma nova doença, cuja evolução ainda não é totalmente conhecida. O quadro tem sido chamado de Sim-P, sigla para síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, com registros no país em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. No Brasil, um primeiro alerta sobre a doença foi feito em maio pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), após casos na Europa. Dois meses depois, em 24 de julho, o Ministério da Saúde divulgou um documento aos estados orientando a notificação. O objetivo é ter um acompanhamento dos casos da síndrome, que vem sendo qualificada como ""temporalmente associada a Covid"". Isso ocorre porque a maioria das crianças e adolescentes diagnosticadas com a Sim-P apresentou resultado positivo para anticorpos do novo coronavírus. Outras tiveram confirmação para a Covid-19 em exames de RT-PCR ou contato com pessoas que tiveram a doença. Segundo o pediatra Marco Aurélio Sáfadi, do Departamento de Infectologia Pediátrica da SBP, ao mesmo tempo que o registro de novos casos tem reforçado a ligação com o vírus, ainda não há uma explicação sobre o que leva uma parcela pequena a desenvolver o quadro. ""É uma incógnita. Nas casuísticas [estudos de casos], em geral, três quartos são crianças saudáveis, que nada tinham tido anteriormente. Que fator de risco leva a isso ainda não sabemos"", afirma. Até o momento, estudos têm apontado para uma espécie de reação imune ""desregulada"", como uma resposta exagerada do organismo à infecção pela Covid. ""Hoje as evidências sugerem que o vírus desempenha um papel como um gatilho"", diz Sáfadi. ""É cada vez mais sólida a convicção de que esses casos são fruto de uma resposta imune desbalanceada."" Os sintomas começam com febre alta e persistente, com possibilidade de dor abdominal, vômito, diarreia, conjuntivite e aparecimento de erupções e inflamações na pele. Em nível mais grave, há possibilidade de alterações cardíacas, respiratórias, no sangue, na pele e no sistema nervoso —daí o alerta para a necessidade de um diagnóstico precoce. O quadro e a intensidade também variam conforme cada criança. Embora bastante semelhante a outro quadro raro, chamado de síndrome de Kawasaki, a Sim-P tem peculiaridades, diz Marcos Guchert, que acompanhou seis casos no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. ""É realmente uma doença nova. Não estávamos acostumados a ver esse quadro na faixa etária do adolescente, nem com tanta manifestação gastrointestinal"", diz ele, segundo quem um aumento recente dos registros tem chamado a atenção. ""Nosso primeiro caso foi em julho, o segundo em agosto e só nesse mês de setembro mais quatro casos"", diz ele, que associa as ocorrências a registros recentes da Covid no estado. Ainda segundo os especialistas, quando detectados e tratados em tempo adequado, os casos têm apontado para uma boa recuperação, embora boa parte dos pacientes precisem de internação, que vai de cinco a dez dias. O registro de mortes no país, no entanto, chama a atenção. Segundo dados dos estados, a letalidade média no Brasil seria de 6%, acima da média de outros países, que é de 2%. Para a infectologista pediátrica Glaucia Ferreira, que acompanha casos em Fortaleza, uma eventual subnotificação é um fator que precisa ser avaliado. ""Inicialmente se pensava que era mais raro, mas temos achado que há um número maior que não está sendo diagnosticado"", avalia. Outra dúvida é como evoluirá a recuperação, afirma ela, que cita necessidade de acompanhamento com exames periódicos após a alta por causa de sintomas graves —caso de pacientes que tiveram insuficiência cardíaca, por exemplo. O avanço de casos da Sim-P ocorre ao mesmo tempo que estados apontam envio irregular, pelo Ministério da Saúde, de imunoglobulina, indicada no tratamento de pacientes com imunodeficiências e outros quadros —como a Sim-P. A situação tem levado estados a fazer remanejamentos entre municípios ou compras extras para evitar falta do produto, ""mas grande parte delas sem sucesso, em virtude de problemas no mercado"", diz em nota o Conass, conselho que representa secretarias de Saúde. Segundo o conselho, o abastecimento irregular começou a ser registrado no final de 2019, quando contratos de compra do Ministério da Saúde foram suspensos por órgãos de controle. O problema é confirmado por ao menos 11 estados ouvidos pela Folha. Entre eles, Minas Gerais e Maranhão dizem que estão sem estoques. Nos demais, os relatos são de baixos estoques e até falta pontuais. Questionadas, secretarias de Saúde dizem que o problema ainda não afetou o tratamento da nova síndrome, mas o quadro é de alerta. A Bahia, por exemplo, diz ter recebido só 30% do valor solicitado para o terceiro trimestre —e com atraso. Para o quarto trimestre, foram solicitados 2.463 frascos. Mas o Ministério da Saúde sinalizou a entrega de 190. Situação semelhante é apontada por Pará, Santa Catarina e São Paulo, entre outros. Procurado, o Ministério da Saúde diz que, ""diante da pandemia da Covid-19, as empresas contratadas manifestaram dificuldades em cumprir o cronograma de entrega"". A pasta afirma que, na tentativa de evitar falta, finalizou uma compra emergencial de 50 mil unidades em 15 de setembro, com entregas parceladas de 10 mil unidades —a primeira ocorreu há três semanas e o volume tem sido distribuído. Uma outra compra está em andamento, informa. O Brasil registrou 881 novas mortes pela Covid-19 e 35.643 casos da doença, nesta quinta (1º). O país chega 144.767 óbitos e contabiliza 4.849.229 pessoas com infecção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 698. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O elevado número de mortes registrado nesta quinta no estado do Amazonas é relacionado a uma revisão de mortes antigas. Amapá, Amazonas, Ceará e Roraima apresentam crescimento da média móvel de mortes ao se comparar com a taxa de 14 dias atrás. Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe estão com a média móvel estável. Os demais estados apresentam queda da média. O Brasil tem uma taxa de 69,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (207.743), e o Reino Unido (42.292), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 63,6 e 63,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59,4). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 77.646 óbitos, tem 61,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Na América do Sul, chama a atenção também o número de mortos por 100 mil habitantes do Peru: 101,5. O país tem 32.463 óbitos pela Covid-19. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 98.678 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 7,3 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 38,1 mortes por 100 mil habitantes. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (1º) apontam 36.157 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 728 novas mortes —destas, 544 ocorreram nos últimos três dias. Com os novos dados, o balanço federal já soma 4.847.092 casos da doença desde fevereiro, com 144.680 mortes. O número de mortes pode ser maior, já que há 2.440 ainda em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Na edição deste ano do Painel do Saneamento, Manaus aparece com a 5ª pior cobertura de esgoto entre os 100 maiores municípios do Brasil, melhor apenas que Ananindeua (PA), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Santarém (PA). É a sétima vez em oito anos que a cidade fica entre as 20 piores do país no ranking elaborado pelo Instituto Trata Brasil com dados do IBGE e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Em 2000, Manaus privatizou os sistemas de água e esgoto. Dezoito anos depois, 8,6% da população (mais de 183 mil pessoas) da capital amazonense ainda não tinha água encanada. E apenas 12% tinha acesso à rede de coleta de esgoto, o terceiro menor índice entre as capitais brasileiras. Em 2020, a situação é a mesma para milhares de pessoas que vivem em palafitas às margens do rio Negro e em igarapés que cortam a cidade. No trecho do bairro Educandos, na zona sul de Manaus, onde mora a recepcionista Priscila Souza, 29, o esgoto das casas é lançado no rio, assim como boa parte dos resíduos domésticos. A água vem de uma ligação clandestina “emprestada” do vizinho. “Na seca [do rio] a gente mal vê o chão de tanto lixo. E na cheia, a gente mal vê a água”, diz ela, que mora com a mãe e três filhos, de 5, 8 e 10 anos. No bairro Tarumã, o vigilante Eduardo Santos de Oliveira, 32, tem como parte da rotina, desde a infância, buscar água em um poço profundo público para abastecer a própria casa, que também não tem coleta de esgoto. “Mais de 20 anos e nada da água chegar aqui.” Apenas em 2020 a rede de abastecimento de água chegou a 98% da população, atingindo a meta estabelecida em 2018 pelo contrato de concessão de gestão do serviço à empresa Águas de Manaus. A concessionária é a quarta a assumir a gestão do sistema nas últimas duas décadas. Essas trocas constantes de concessionárias e o lento avanço nos índices de saneamento de Manaus revelam “falhas de gestão” por parte das empresas e “falta de controle por parte do poder público”, afirma Gracita Barbosa, diretora de Estudos e Projetos Estratégicos do CFA (Conselho Federal de Administração) da capital amazonense. “O que faltou [em Manaus] foram pessoas qualificadas e controle de uma agência reguladora. E os índices de perda de água que, em 2018, eram de 74%, comprovam isso. Que empresa joga fora 74% da sua produção?”, diz. Diretor-presidente da concessionária Águas de Manaus, Renato Medicis culpa o avanço das ocupações irregulares e das ligações clandestinas pelas perdas e intermitências no fornecimento de água. E diz que a cobertura da rede de esgoto passou para 21% neste ano, com a meta de atingir 80% da cidade até 2030. “Não podemos responder pelo que foi feito antes da nossa chegada.” O executivo diz que a cobertura de fornecimento de água aumentou em 8% e a de coleta de esgoto, em cerca de 10% desde 2018. Moradora há 20 anos da quadra 605 Norte, no centro de Palmas (TO), a servidora pública Maria Lúcia Gomes conta que nunca teve problemas com o fornecimento de água desde que se mudou do Maranhão para o Tocantins. Ela não viveu o período em que o abastecimento na cidade era precário e feito por caminhões pipa, como lembram seus vizinhos. Mas a servidora pública sofre com a falta de coleta de esgoto em seu bairro, numa região central. Sua família já teve que construir três fossas no local. “A água do chuveiro e da pia vai para o sumidouro. Já a da máquina de lavar vai para a rua, que é sem saída. Como somos muitos vizinhos, dependendo da época do ano, a gente vê a água parada”, diz. Desde 2011, o sistema de saneamento e de coleta de esgoto é privatizado na capital do Tocantins. Atualmente, a BRK Ambiental (antes Odebrecht Ambiental/Saneatins) detém a concessão. De acordo com Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, mantido pelo Ministério do Desenvolvimento Nacional com informações enviadas pelas concessionárias, na área urbana de Palmas 100% da população tem acesso à água tratada e 87% tem coleta de esgoto. Antes da privatização do serviço em 2011, esse percentual era de 33%. Em nota, a BRK afirma que o atendimento com coleta e tratamento de esgoto na capital atende aos critérios do Plano de Atendimento ao Saneamento do Estado do Tocantins, que estabeleceu como universalização o atendimento a 80% da capital. A companhia, no entanto, não explica o motivo pelo qual 13% da cidade ainda não tem acesso à coleta de esgoto. Para Fernán Vergara, doutor em tecnologia ambiental e recursos hídricos e professor da UFT (Universidade Federal do Tocantins), o grande desafio para o futuro de Palmas é garantir o fornecimento de água. Atualmente, o ribeirão Taquaruçu, em processo de desmatamento com loteamentos ilegais que impactam no abastecimento, é responsável pela água de 80% da população do município, segundo Vergara. Após a implantação da usina hidrelétrica do Lajeado, ele diz, um lago se formou na cidade, que antes era margeada pelo Rio Tocantins — e é dele que a concessionária poderá ter que captar água no futuro. “Uma equipe da UFT criou o Plano de Bacias Hidrográficas em torno do lago e, no documento, apontamos o colapso do Taquaruçu, dada a taxa de crescimento da demanda da cidade. Por mais que a BRK trabalhe impecavelmente, se não tiver água, ela não pode fazer nada”, fala. O professor também diz que o fato da cidade estar entre o lago e uma serra aumenta os custos do saneamento, “porque você passa a ter casas distantes umas das outras e quadras com baixa densidade populacional. Mesmo com o lago, o sistema de captação dessa água é totalmente diferente do que temos hoje”. Com a nova lei do saneamento aprovada pelo Senado, o governo do Tocantins continua com a concessão do serviço por mais oito anos. Mesmo que haja alterações ou vetos à lei, nada muda no Estado, segundo a ATS (Agência Tocantinense de Saneamento). Em nota, a agência informou que, um dos maiores problemas enfrentados pelo governo para elevar o percentual da população atendida (uma média de 80% do total de cada município) e aumentar a eficiência dos serviços prestados pela agência, é “o excesso de burocracia que onera o preço de produtos e serviços, constituindo assim um claro obstáculo ao desenvolvimento do setor de saneamento no Estado”. O Brasil registrou 876 novas mortes pela Covid-19 e 33.269 casos da doença, nesta quarta (30). O país, assim, já soma 143.886 óbitos e 4.813.586. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 689. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média (em relação à média de 14 dias antes), mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Amapá e Roraima são os únicos estados que apresentam aumento da média móvel de mortes em relação ao dado de 14 dias atrás. Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina têm média móvel de mortes estável. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de 68,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos (206.825), e o Reino Unido (42.233), ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 63,3 e 63,5 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59,4). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos e já contabiliza 77.163 óbitos, tem 61,1 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 97.497 óbitos. Lá, devido ao tamanho da população, a taxa proporcional é de 7,2 óbitos por 100 mil habitantes. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 37,1 mortes por 100 mil habitantes. Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (30) aponta 33.413 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 1.031 novas mortes. Deste total de novas mortes, 486 ocorreram nos últimos três dias, e o restante em datas anteriores. Com os novos registros, o país já chega a 4.810.935 casos da Covid registrados no balanço federal desde o início da epidemia, com 143.952 mortes. O número de óbitos pode ser maior, já que há 2.466 ainda em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A explosão de preços da soja no país trouxe ganho certo para produtores. A desvalorização cambial e a intensa demanda externa pela oleaginosa, principalmente por parte da China, fizeram os preços saírem de R$ 70 por saca, em setembro de 2017, para R$ 97 um ano depois. Atualmente, estão em R$ 150, conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Essa acelerada evolução dos valores de negociações acabou, porém, trazendo pesados custos para algumas empresas. Foi o que ocorreu com a Herbinorte e seus sócios produtores Nelson Henrique Valtuille Marttinez e Beatriz Maria Vian. Fornecedora de insumos para a agricultura e para a pecuária, e atuante no Maranhão, no Pará e em Tocantins, a empresa elevou, em 2017 e em 2018, o volume de negociações com “barter” —troca de insumos por produtos ainda a serem colhidos. Embora lastreadas em CPR (Cédula de Produto Rural), parte dessas operações acabaram não acontecendo. Muitos produtores, diante dos novos preços da soja e do milho, mais elevados do que os do contrato, não fizeram a entrega dos grãos à empresa, mas os repassaram para terceiros. A atitude desses produtores reduziu a capacidade de geração de receitas da empresa, segundo Enrique Valtuille, diretor-geral da Herbinorte. A geração de caixa foi afetada, ainda, pelo atraso no pagamento, por parte de alguns produtores, que alegaram demora na entrega de fertilizantes ou problemas na qualidade do insumo, atribuindo a responsabilidade de terceiros à Herbinorte, afirma ele. O diretor-geral atribui, ainda, uma perda de liquidez à quebra de contrato de grandes empresas de fertilizantes, com autorização indevida de venda de insumos agrícolas por terceiros em sua área de atuação. Com dívida de R$ 40 milhões, a empresa de distribuição de insumos agropecuários teve queda de 45% no faturamento, e enfrenta inadimplência. O resultado foi que a Dasa Advogados apresentou um processo de recuperação judicial para a Herbinorte. O processo foi deferido, e a Justiça suspendeu ações e execuções contra o grupo pelo período de 180 dias. Para os advogados da Dasa, a recuperação judicial, quando necessária, deve ser feita o quanto antes. Ela permite ao produtor rural e às empresas a manutenção da atividade empresarial e dos postos de trabalho, além da reestruturação da empresa e do planejamento de pagamentos das dívidas. A Embrapa Soja terá novo gestor a partir desta quinta-feira (1). O engenheiro agrônomo Alexandre Nepomuceno, pesquisador de carreira da empresa, assume a chefia-geral da unidade, substituindo José Renato Bouças Farias, que estava no comando desde outubro de 2013. Pesquisador da Embrapa há 30 anos, Nepomuceno tem experiência tanto como cientista quanto como gestor de projetos e equipes. Foi membro da CTNBio e esteve à frente do portfólio de engenharia genética da Embrapa. Para o novo gestor, a Embrapa deve estar atenta às grandes inovações, assim como resolver os problemas cotidianos que afetam as cadeias produtivas. Um dos grandes desafios é trazer o conhecimento proporcionado pela revolução digital, pela bioeconomia e pelas técnicas de genética avançada para compor com o que já faz parte das expertises dos pesquisadores, afirma Nepomuceno. O pesquisador possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestrado em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PhD em Biologia Molecular e Fisiologia de Plantas, pela Universidade de Arkansas e pós-doutorado no Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), no Japão. Coordenou o Programa Labex da Embrapa em Biotecnologia de plantas em parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de 2011 a 2013. Sua experiência de pesquisa está focada em Fisiologia Vegetal, Biologia Molecular, Engenharia Genética e Edição de Genomas (sistemas CRISPR), tolerância à seca, obtenção e caracterização de plantas geneticamente modificadas e biossegurança de OGMs, segundo a Embrapa. Oposição e situação registraram suas chapas nesta terça-feira (29) para concorrer à eleição de 9 de novembro da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso). A diretoria eleita estará à frente da entidade no triênio 2021 a 2023. Marcos Rosa é o candidato à presidência pela chapa ""Aprosoja para Todos"", da oposição. Já Fernando Cadore é o representante da situação, com a chapa “Aprosoja Decidida – Produtor Mais Forte”. Rosa, que já foi presidente da Aprosoja Brasil no período de 2016 a 2018, tem Ricardo Arioli como candidato a vice-presidente. Já Cadore, o atual vice-presidente da entidade, terá com companheiro de chapa Lucas Luiz Costa Beber. Para Rosa, é preciso uma recuperação dos valores essenciais da entidade, como a busca pela participação do maior número possível de associados e da importância de critérios científicos e legais para a produção sustentável. Nos últimos anos, esses valores se perderam, segundo ele. Cadore tem entre seus objetivos a utilização do Fethab apenas para infraestrutura, luta contra a cobrança do passivo do Funrural, ampliação da armazenagem na propriedade, classificação de grãos, empenho para a alteração da data de plantio da soja, baseada em pesquisa agrícola científica, e pautas tributárias. Fundada em 2005, a Aprosoja reúne aproximadamente 6.000 produtores de soja e de milho em Mato Grosso. Política pública exige investimento e continuidade. Na educação, não é diferente. No último dia 15 de setembro foram divulgados os resultados da edição 2019 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Ainda que estejamos longe da meta prevista para 2021, o avanço registrado no ensino médio é significativo para jovens da rede pública. Mas o que foi feito para reverter o histórico de estagnação da etapa? Dentre as ações pedagógicas e de gestão adotadas pelas secretarias de Educação, merece reconhecimento a expansão do Ensino Médio Integral em Tempo Integral (Emiti). O projeto, iniciado de forma pioneira em Pernambuco, cresce em todo o Brasil desde 2016, quando o Ministério da Educação lançou a política nacional de fomento. Quatro anos depois, hoje são 3.963 escolas e 665 mil matrículas. O desempenho dessas escolas no Ideb 2019 evidencia o impacto do investimento. Ao desagregar os dados por escola integral e regular de ensino médio, observamos que a nota das integrais (4,7) é superior à das regulares (4,0), além de ultrapassar a meta da etapa (4,6). São melhores as médias também nas provas Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica): em matemática, a diferença é de 13,44 pontos, e em língua portuguesa, 12,41. Na escala Saeb, 12 pontos equivalem a aproximadamente um ano de aprendizagem. Quanto ao fluxo, outro grato retorno: a taxa de abandono nas escolas integrais (2%) é metade da observada nas regulares (4%). Em Goiás e Espírito Santo, respectivamente 1º e 2º lugares no ranking das redes estaduais, o percentual de abandono no integral é zero. Além do acesso à educação de qualidade, o Emiti se mostra um aliado na promoção da equidade. A trajetória de Pernambuco na última década é o exemplo mais concreto de uma política pública sólida. São 438 escolas, e em cada município há, pelo menos, uma unidade com jornada de sete ou nove horas diárias. Em vez de uma ilha de excelência, optou-se pela ampliação a partir das áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica e, assim, foi possível oferecer oportunidade a todos. A mesma estratégia está sendo traçada por Ceará e Paraíba e traz boas perspectivas para o Nordeste. Na lista de escolas localizadas em cidades de níveis socioeconômicos “muito baixo” e “baixo”, 182 conquistaram nota igual ou superior à meta 4,6: 124 estão em Pernambuco; 16 no Ceará; 14 na Paraíba e 4 no Maranhão. Caso das escolas Professora Benedita de Morais Guerra, de Macaparana (PE), e Alan Pinho Tabosa, de Pentecoste (CE), que alcançaram o Ideb 6,1 —o mesmo patamar dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o qual a educação brasileira quer chegar um dia. Os resultados nos indicam que o ensino integral é potente, também, no combate às desigualdades sociais brasileira e deve ser o caminho. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Renata, 27, ficou feliz quando viu na TV aquele enxame de gente nos bares do Leblon. Vibrou ainda mais com imagens, dias depois, das praias lotadas. Sinal de que a pandemia passou, ao menos na cabeça de seus conterrâneos cariocas. Na realidade, o coronavírus não foi a lugar algum e continua matando centenas de brasileiros todos os dias. Não era a oportunidade de lazer que a encantava, e sim a de trabalho. Se as pessoas estavam dispostas a ocupar as ruas, também estariam a ocupar camas com terceiros, sua especialidade. Renata, como muitas prostitutas, viu a renda despencar com a crise da Covid-19, e agora tenta retomar a vida profissional com o mínimo de segurança num ofício que tem como premissa fazer tudo aquilo que infectologistas recomendam não: trocar fluídos e manter muito contato corporal. Casos como o dela se multiplicam pelo país e viraram tema da live ""Cuidado e Prazer na Pandemia: Lições da Rede Brasileira de Prostitutas"", promovida na terça (22) pela organização de profissionais do sexo (elas preferem ser chamadas de puta mesmo, aliás) em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da USP. Como várias colegas, Renata ganhou por alguns meses os R$ 600 do auxílio emergencial. ""Não fez nem cócegas perto do que eu tirava"", ela diz. Cada programa seu custava R$ 300. Custava, porque ela abaixou o preço para R$ 150 para ver se parte da clientela voltava. Funcionou em parte: dos dez fregueses fixos que tinha, quatro retornaram, três deles acima dos 60 anos —integrantes, portanto, do grupo de risco. Risco maior, para muitas prostitutas, é faltar dinheiro, e por isso mesmo é preciso mitigar os perigos que elas correm, afirmam as veteranas do ramo. ""Enquanto convidavam as pessoas a ficar em casa, a manter distanciamento, a não beijar na boca, a gente tava: e aí? Como vai ficar nossa população, que não vai poder juntar corpos?"", questiona Maria de Jesus, 63, à frente da Associação das Profissionais do Sexo do Maranhão. Foi preciso ser realista: boa parte das prostitutas não ia parar, não se houvesse alguém que lhes pagasse por sexo. Então o melhor a fazer era apostar na redução de danos. Cartilhas oferecem protocolos para quem optou por continuar na ativa. Se possível, trocar encontros presenciais por sexo virtual, via webcam. Verdade que a modalidade remunera menos. Renata, a que cortou pela metade o preço de seu serviço, até tentou. ""Mas os caras queriam dar R$ 50 pela hora, eu tirava seis vezes isso ao vivo. Vou pagar aluguel como?"" Ok, o atendimento in loco continuaria. Tem como fazê-lo de forma menos arriscada. ""É de extrema importância não usar álcool para higienizar a vagina e o ânus, pois isso pode causar danos nessas regiões"", alerta a Cuts (Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais). Água e sabão neutro bastam. Há ainda a instrução para não compartilhar objetos entre as prostitutas ou com o público pagante, ""inclusive baseado, cigarro, agulha, canudo, cachimbo"". Beber álcool (não em gel, a birita mesmo) é comum nessas horas, mas cada um com seu copo. Mais dicas: guardar as roupas usadas no programa em saco plástico até lavá-las e preferir locais de curta permanência, como motéis. Evitar receber o cliente em casa, para diminuir o risco de contaminação. E sempre, sempre tomar banho após transar. Cofundadora da Rede Brasileira de Prostituição, Lourdes Barreto, 77, lamenta as ""companheiras do movimento de puta"" que perdeu. ""Esta crise sanitária é muito pior do que a Aids, mexeu com a saúde mental profundamente. Vai deixar um recado para cada um de nós que muitas vezes não abraçava alguém."" A epidemia de HIV matou 352 mil em 40 anos; a da Covid-19, 138 mil em seis meses e meio. ""Prostitutas, assim como outros trabalhadores, deixaram de trabalhar na pandemia por precaução ou por depressão"", diz Soraya Simões, professora da UFRJ e coordenadora do Observatório da Prostituição. ""Mas muitas permaneceram na ativa e buscaram formas de minimizar os riscos. O maior é o contágio, sem dúvida. E a concorrência que se acirra também"", continua. O mercado sexual para turistas, como o que existe há décadas em Copacabana, evaporou com o fechamento das praias e de bares da orla. Os poucos clientes que permaneceram nos primeiros meses foram disputados a tapa, às vezes literalmente —Renata já presenciou amigas brigarem por um potencial freguês, que no fim escolheu as duas. Quantas profissionais foram afetadas? Difícil saber, afirma Simões. ""Não há estatísticas adequadas porque, apesar de todos os esforços para o reconhecimento da prostituição como trabalho, o que há são reiteradas ações do próprio estado contra esse reconhecimento, com variados graus de violência física e simbólica."" Desde 2002, qualquer pessoa pode se registrar como profissional do sexo com o codigo 5198 da Classificação Brasileira de Ocupações. ""Poucas pessoas fizeram o registro"", diz Simões. ""São muitas as situações em que há ocultamento da atividade, porque o contexto social 'normal' é punitivista, discriminador."" O jeito é elas mesmas, as prostitutas, saírem em socorro das colegas, com distribuição de kits de higiene e cestas básicas. ""Nesta pandemia a gente gozou muito, independentemente de ir pra cama, porque a gente fez coisas maravilhosas"", diz a prostituta aposentada Maria de Jesus, que como outras tantas desrespeitou a quarentena para poder ajudar outras mulheres. Lourdes fez o mesmo. Agora, é torcer pela vacina. ""Mesmo com tantas pessoas que morreram e vão morrer ainda, quem escapar tem que fazer muita festa depois."" O Brasil registrou 906 novas mortes pela Covid-19 e 32.445 casos da doença, nesta quarta (23). O país chegou a 139.065 óbitos e a 4.627.780 casos do novo coronavírus desde o início da pandemia. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 699. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média, mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte apresentaram aumento da média móvel de mortes em relação a 14 dias atrás. O Brasil tem uma taxa de cerca de 66,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 61,8 e 63,1 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil também já ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59,2) e Espanha (66,3). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 58,9 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 90.020 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 31,4 mortes por 100 mil habitantes. Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (23) aponta 33.281 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 869 novas mortes. Com isso, o total registrado no balanço federal já chega a 4.624.885 casos da doença desde o início da epidemia, com 138.997 mortes. O número de óbitos pode ser maior, já que há 2.422 em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Cercado por uma multidão, o candidato caminha, dança e veste uma máscara que acabara de sair do rosto de um eleitor. Em outra cidade, um político octogenário é carregado nos braços pelos eleitores até o palco para referendar a candidatura de seu sobrinho à prefeitura. Mesmo em meio à pandemia da Covid-19 e com risco de disseminação da doença, parte das convenções partidárias que referendaram candidaturas a prefeito pelo país foi marcada por aglomerações e por atos de rua em clima de micareta. A maior parte dos casos aconteceu em cidades pequenas ou médias, onde as eleições são marcadas por um acirrado enfrentamento de grupos políticos locais e nos quais as convenções são vistas como uma demonstração de força junto ao eleitorado. Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Luís Roberto Barroso definiu em agosto que não haveria uma orientação nacional para a realização de atos de rua em meio à pandemia, delegando a responsabilidade para estados e municípios. No plano sanitário que define os protocolos para as eleições, o TSE recomendou que os atos de campanha sejam realizados em espaços amplos e abertos, evitando distribuição de material impresso. Em estados como Ceará e Piauí, Promotorias abriram investigações para apurar casos de aglomeração em atos de campanha. Na cidade de Sertãozinho, na Paraíba, o prefeito e candidato à reeleição Antônio de Elói (Cidadania) chegou a ser conduzido para a delegacia após sua convenção registrar uma aglomeração do lado de fora. Ele prestou esclarecimentos na delegacia da cidade vizinha de Guarabira e foi liberado após o registro de um termo circunstanciado de ocorrência. Em Sirinhaém, cidade pernambucana a 76 km do Recife, o prefeito Franz Hacker (PSB) participou da convenção de seu candidato à sucessão, o vereador Coelhinho (PSB), em um ginásio lotado na última quarta-feira (16). Depois, saiu em caminhada pelas ruas da cidade cercado por uma multidão. Um vídeo mostra o momento em que o prefeito pega uma máscara que estava no rosto de outra pessoa e a veste para tirar uma foto. O ato descumpriu determinação da Justiça Eleitoral de Pernambuco, que definiu que convenções partidárias e atos de campanha não poderão reunir mais de dez pessoas no mesmo ambiente. A cidade registrou 381 casos da Covid-19 e 31 mortes. Um dos contaminados foi o próprio prefeito, que teve a doença em maio. Na cidade de Lago da Pedra, no Maranhão, a candidata Maura Jorge (PSDB) reuniu 9.000 pessoas, segundo os organizadores, no que chamou de “maior convenção da história” da cidade. Aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Maura foi candidata ao Governo do Maranhão em 2018 e até abril deste ano ocupou a superintendência estadual da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), órgão ligado ao Ministério da Saúde. Parte das convenções que tiveram aglomerações também tiveram a participação de caciques políticos, mesmo aqueles que fazem parte do grupo de risco. Com 87 anos, o senador José Maranhão (MDB) chegou carregado pelos ombros por um grupo de eleitores na convenção que referendou o nome do seu sobrinho, Benjamin Maranhão (MDB) como candidato a prefeito de Araruna (PB). O senador Fernando Collor (Pros), 71, participou de convenção na alagoana Porto Calvo (105 km de Maceió). Em um vídeo divulgado pelo próprio senador, ele aparece apertando as mãos de cinco eleitores. Parte das pessoas presentes não usavam máscara no local. Nas capitais, a maior parte dos candidatos optou por fazer convenções virtuais e sem a presença do eleitorado. Mas São Luís, capital do Maranhão, foi a exceção: os principais candidatos realizaram atos públicos com a presença de centenas de eleitores. A capital maranhense já registrou mais de 20,2 mil casos do novo coronavírus e chegou a decretar isolamento social rígido em maio deste ano. Em agosto, o governo do estado liberou a realização de eventos públicos e privados, mas impôs um limite de público de 100 pessoas. Os candidatos Neto Evangelista (DEM), Rubens Júnior (PCdoB), Duarte Júnior (Republicanos) e Eduardo Braide (Podemos) fizeram atos com uma presença maciça de eleitores. Nos vídeos das convenções, é possível constatar que não houve uma distância de menos 1,5 metro entre as pessoas presentes. Duarte Júnior e Rubens Júnior informaram que suas respectivas convenções seguiram protocolos sanitários, incluindo uso de máscara, cabines de desinfecção e aferição de temperatura. O candidato Duarte Júnior, contudo, publicou um vídeo em suas redes sociais no qual admite que houve excessos: “Em alguns momentos, a emoção fez com que ocorressem situações não desejadas por nós. Como responsável pela convenção, peço desculpas pelo ocorrido”, disse. A Folha entrou em contato com Neto Evangelista e com o prefeito de Sirinhaém Franz Hacker, mas não obteve retorno. A reportagem não conseguiu contato com os candidatos Antônio de Elói, Maura Jorge e Eduardo Braide. As aglomerações têm sido um dos principais focos de preocupação da nas eleições que ocorrem durante a pandemia. Inclusive, foi um dos motivos centrais que levaram o TSE a adiar as eleições de 7 de outubro para 15 de novembro. Em abril deste ano, pouco antes de assumir a presidência do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que as aglomerações nas convenções partidárias eram um dos principais obstáculos para realizar as eleições ainda em outubro. A Embrapa deu início à escalada da soja há cinco décadas no Brasil. Hoje, o país é líder mundial na produção e na exportação desse produto. Variedades e adaptabilidade aos diferentes microclimas e solos levaram a oleaginosa para todo o território nacional. É o que os pesquisadores querem agora com o trigo. Há 14 anos na Embrapa Trigo e buscando, por meio de mudanças genéticas e adaptações, levar o plantio do cereal para todo o país, Osvaldo Vasconcellos Vieira, chefe da entidade, acredita que isso será possível. Um dos pontos básicos para que isso se efetive, segundo ele, é seguir o milho. Dependente desse cereal até o início dos anos 2000, o Brasil passou a ser importante participante no cenário internacional. O país ganhou o mercado externo com boa oferta de produto e com qualidade. Em 2019, o Brasil liderou as exportações mundiais do cereal. O desenvolvimento do mercado externo para o trigo brasileiro abriria portas e necessidades de diversificação do produto. Ao seguir exigências internacionais, o padrão de produção melhora também no mercado interno. O Brasil está apenas começando a trilhar esse caminho. Além da tradicional região de trigo no Sul, o plantio do cereal já se adapta bem na região do Distrito Federal e começa a ganhar espaço na Bahia e no Ceará. As pesquisas avançam também para as áreas de altitude do Piauí, do Maranhão, de Pernambuco e de Alagoas. Ao dominar a tecnologia do trigo no cerrado, a Embrapa dá horizonte também para outros países com necessidades semelhantes. O avanço do trigo está começando, mas já atrai a atenção de produtores e consumidores mundiais. Países africanos, como a Nigéria, já estão em contato com a empresa em busca dessa nova tecnologia. O interesse pelo trigo e pela tecnologia brasileiros atinge países até pouco tempo inimagináveis nessa lista. Entre eles, a Coreia do Norte. O país quer experimentar a tecnologia brasileira com o trigo em seus campos de cultivo. Vieira destaca também a qualidade que o produto brasileiro já atinge. Ela pode ser verificada, segundo ele, pelas compras dos Emirados Árabes, um importador extremamente exigente. O Brasil é bastante dependente do trigo. Em geral, o volume importado supera o produzido. Neste ano, o consumo será de 12,5 milhões de toneladas, e a produção, de 6,8 milhões, segundo a Conab. Vieira dá várias razões para que o país saia da dependência externa, atinja a autonomia e seja exportador líquido. Área para o cultivo não falta. Ela pode chegar a 10 milhões de hectares. Os estados do Sul têm pelo menos mais 7 milhões que poderiam ser destinados à produção do cereal no inverno. No cerrado, segundo ele, são mais 2,2 milhões de hectares disponíveis, com a possibilidade da ampliação dessa área com o avanço do melhoramento genético do produto. Para Vieira, o país precisa seguir as diversas exigências do mercado, tanto as internas como as externas. Essas necessidades vão do trigo para pão e biscoitos até o para ração. Surge uma nova demanda de ração para aves e suínos no Sul, onde se encaixa bem o triticale. Dependente cada vez mais do milho do Centro-Oeste, os estados do Sul podem substituir esse cereal pelo triticale na ração. O trigo tem de ser produtivo, ter qualidade e gerar renda, segundo o pesquisador da Embrapa. Por isso, as pesquisas buscam cada vez mais dominar a brusone, uma doença típica nas culturas brasileiras, provocada por fungos que deixam os grãos chochos. Uma das vantagens da lavoura brasileira, em relação à de outros produtores, é que o trigo brasileiro se desenvolve em um período próximo a 90 dias. Em outros países, são até 180 dias. No Nordeste, a duração das lavouras é de 75 dias. Esse período reduzido faz com que produtores já façam experimentos para a obtenção de uma segunda safra no ano. O clima do cerrado e do Nordeste pode reduzir também a micotoxina no trigo, provocada pelo fungos na fase de floração. Esses fungos aparecem no período de chuvas prolongadas e temperaturas altas. A produtividade média brasileira é de 2.928 kg por hectare, de acordo com a Conab. No Paraná e no Rio Grande do Sul, maiores produtores nacionais, essa produtividade ficará em 2.950 kg nesta safra. No Nordeste, atingiu 5.700 kg, e, no Distrito Federal, 4.235 kg. Algumas lavouras irrigadas já chegam a 8.500 kg no cerrado. A Penitenciária de Lucélia, no interior de SP, decidiu manter preso um homem que teve sua liberdade decretada há dois meses e não pôde sair porque foi confundido com outra pessoa de nome e sobrenome semelhantes, mas não idênticos. O erro foi identificado pela Defensoria Pública do Estado de SP. Na quinta (17), uma nota técnica emitida pela unidade afirmou que só será concedida a liberdade do detento depois que sua digital for comparada com a do procurado no Maranhão, para que não haja risco de colocar “em liberdade indivíduo que possa estar preso utilizando-se de nome e documento falso”. A afirmação causou estranhamento à defesa por presumir culpa, e não inocência, antes da obtenção das provas. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) diz que enviou as informações requeridas pela Justiça e que cabe ao Judiciário determinar a soltura de qualquer detento. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) no Brasil explicitam a enorme disparidade de rendimentos e a elevada concentração salarial nos funcionários públicos federais em relação ao resto da população. Os números revelam ainda como o Brasil tributa, via Imposto de Renda, parcela pequena da população: 14,4%, menos que a média latino-americana e de muitos países do sul da Europa. Mesmo assim, o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias entre os emergentes –e muito incidente sobre o consumo, onerando proporcionalmente mais os pobres. Na população total, a renda no DF é de R$ 2.981 mensais, ante R$ 1.228 na média geral do país. Ou R$ 11.994 entre os declarantes, diante dos R$ 8.528 na média dos que declaram IRPF. A capital federal também é a unidade da Federação onde há mais declarantes: 24,8%, justamente por causa dos empregos públicos e formais. Os dados, organizados pela FGV Social a partir do IRPF de 2018, incluem todos os rendimentos declarados, inclusive os de aplicações financeiras e dos chamados PJ (pessoa jurídica), muitas vezes pessoas físicas que recolhem impostos menores por meio do Simples. Em comparações entre os rendimentos médios da população e do funcionalismo, é comum sindicatos de servidores reclamarem que os PJ não são incluídos. Aqui, isso ocorre –e, mesmo assim, os rendimentos da classe são maiores. Por se tratar de dados de IRPF, os valores médios declarados são mais fidedignos do que os de pesquisas domiciliares. Já a renda média (de quem declara ou não, e que engloba todos os habitantes) tem alta correlação com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. Os salários dos servidores públicos federais fazem com que o Distrito Federal tenha média de rendimentos superior à de estados mais ricos como São Paulo e Rio de Janeiro, onde há mais empresários, PJs, empregados na iniciativa privada e economias mais dinâmicas. Outro levantamento recente da FGV Social mostrou que, entre as 10 ocupações mais bem pagas no Brasil, 6 estão no setor estatal. Os servidores públicos estão hoje no centro de dois projetos de mudança constitucional: a reforma administrativa, que propõe limitar promoções automáticas e a estabilidade para novos ingressantes; e a PEC Emergencial, que prevê reduzir em até 25% a carga horária e salários quando o chamado teto de gastos (que limita o aumento da despesa pública à inflação) estiver ameaçado. O projeto de reforma administrativa, no entanto, não abrange juízes, desembargadores, promotores, deputados e senadores, que concentram alguns dos maiores rendimentos do país. Hoje, o gasto com o funcionalismo é a segunda maior despesa da União, só atrás da Previdência. Segundo dados oficiais, 76% dos servidores federais ganham mais de R$ 6.000 ao mês; e 43%, acima de R$ 10,5 mil. Em proporção ao PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil despende o equivalente a 13,1% com servidores, mais que Chile e México (abaixo de 9%) e acima da média dos países ricos (10,5%), segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Na região do Lago Sul, em Brasília, onde ministros, políticos e o alto escalão do funcionalismo vivem, a renda mensal declarada é mais de quatro vezes a média nacional: R$ 38.460. Já o patrimônio líquido médio declarado chega a quase R$ 2 milhões –muitas vezes maior que o das capitais mais ricas do país. Por causa dos salários do setor público, os habitantes do Distrito Federal têm o terceiro maior patrimônio declarado (R$ 317 mil, em média), não muito atrás dos estados de São Paulo (R$ 373,9 mil) e Rio (R$ 329,2 mil), onde há mais atividade econômica privada e bens acumulados há centenas de anos –enquanto Brasília só foi inaugurada em 1960. No início da pandemia da Covid-19, o fosso entre o funcionalismo de Brasília e o resto do país ficou evidente. O Distrito Federal tinha 1,6 leito de UTI no SUS (Sistema Único de Saúde) por 10 mil habitantes; mas 11,6 leitos por 10 mil segurados na rede particular, a maior taxa do país. Na região do Distrito Federal, Lago Sul, Lago Norte e Brasília, por exemplo, contrastam amplamente com as cidades-satélite, onde vivem os mais pobres. Em Ceilândia, a renda média mensal da população (declarante ou não de IRPF) não chega a R$ 800. Já o patrimônio médio declarado é pouco superior a R$ 50 mil. Em termos nacionais, levando em conta toda a população (declarante ou não do IRPF), o patrimônio médio do brasileiro em imóveis (cerca da metade do que é declarado), automóveis ou investimentos é de R$ 41 mil –variando de R$ 78,8 mil no DF a R$ 5.600 no Maranhão. Além do Distrito Federal, o Brasil tem outras ""ilhas"" de rendimentos e patrimônio mais elevados. Municípios litorâneos como Niterói (RJ), Santos (SP), Vitória (ES) e Florianópolis (SC) têm renda e patrimônio superiores à média, sobretudo por concentrarem mais profissionais liberais como médicos (uma das profissões mais bem pagas) e advogados, que ali residem em busca de qualidade de vida. Essas áreas são mais homogêneas do que outras localidades onde há mais concentração de renda em poder de poucas pessoas –e geralmente têm mais declarantes de IRPF do que a média. Em Santos, Niterói e Florianópolis, por exemplo, cerca de um terço da população declara IRPF, ante os 14,4% da média nacional. De acordo com o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os dados do IRPF mostram, além da elevada concentração de rendimentos no Distrito Federal e em alguns locais específicos, a enorme disparidade de rendimentos no Brasil. Nas regiões Norte e Nordeste, não só a renda média é menor como é muito pequeno o total da população que ganha o suficiente para declarar Imposto de Renda. No Maranhão, menos de 6% declaram o IRPF; e a renda média geral era de R$ 363 ao mês em 2018. Mesmo em um estado nordestino mais industrializado como Pernambuco, o rendimento médio mensal não alcançava R$ 700. ""Os resultados mostram ainda uma nova fronteira de ganhos cada vez mais concentrados em alguns locais do Centro-Oeste, onde muitos novos ricos têm renda elevada"", diz Neri. Um exemplo é Aporé (GO), onde apenas 11,3% declaram o IRPF. Eles fazem do município o segundo do país em rendimentos (R$ 46,4 mil mensais) e o primeiro em patrimônio líquido (R$ 6,5 milhões, em média). Além de Aporé, a reportagem da Folha examinou outros locais que destacam-se no levantamento da FGV Social, como a rica Nova Lima, em Minas Gerais, e a cidade com a menor renda média do país, Fernando Falcão, no Maranhão (leia na pág. A18). Neri ressalta que níveis educacionais e de produtividade do trabalho seguem determinantes para a desigualdade no Brasil. ""O efeito curso superior é muito importante para a renda e não caiu, mesmo na crise."" Segundo relatório da OCDE, ter curso superior no Brasil significa ganho salarial médio de 150% a mais em relação aos que não o têm (cerca de 85% da população). Outra fonte de melhora importante na renda é o chamado ""efeito firma"": a empresa onde se trabalha. Quanto mais produtiva e organizada, maiores os salários; quanto mais empresas do tipo numa região, mais elevada a renda. Mais dependente de empregos informais e de baixa produtividade nos últimos anos, a economia brasileira tende, portanto, a aprofundar a desigualdade, com os empregados formais e os que vivem em áreas mais dinâmicas se distanciando cada vez mais. Para o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Pedro Ferreira de Souza, uma resposta mais estrutural para a desigualdade seria o Brasil perseguir reformas que aumentem a base de pessoas que declaram Imposto de Renda –e reduzir as deduções que favorecem os mais ricos, como as associadas a despesas médicas. Souza é autor de ""Uma História de Desigualdade: A Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil"", Prêmio Jabuti de Melhor Livro de 2019 e que esmiúça as disparidades sociais no país e o efeito do Imposto de Renda. ""Tributamos muito o consumo e pouco a renda e o patrimônio. Mudar isso é o caminho mais óbvio para combater a desigualdade."" Souza afirma que o ideal seria cada vez mais pessoas declararem o IRPF, mesmo que os mais pobres, ao final, não pagassem tributo algum em razão de sua renda. Ele também vê espaço para que o Brasil crie uma faixa de tributação acima da alíquota máxima de 27,5% para os que ganham mais. ""Outros países de renda média como o Brasil têm alíquotas máximas de 35% a 40%. Poderíamos tranquilamente fazer isso por aqui também"", diz. Há dois anos e meio, o arquiteto Sergio Viana, 42, trocou Belo Horizonte (MG) por uma casa em um condomínio na vizinha Nova Lima. Seu escritório foi transferido para o local, onde há supermercado e farmácia e ficam também o trabalho da mulher e a escola bilíngue dos filhos. Com renda superior a R$ 6.000, a família seguiu a trajetória de grande parte dos moradores. A mais de 2.000 quilômetros dali, numa realidade bem mais distante, vive a dona de casa Maiane Araújo, 23. Ela concluiu o ensino médio, mas não conseguiu emprego e, para criar sozinha o filho de três anos, depende essencialmente dos R$ 180 do Bolsa Família. O benefício é a principal fonte de renda de 19% dos moradores de Fernando Falcão (MA), onde ela mora –mais de 40% da população pediu o auxílio emergencial do governo durante a pandemia. Enquanto o município mineiro tem a maior concentração de ricos do Brasil, com renda estimada de R$ 6.200, a cidade maranhense tem o menor rendimento médio do país, de R$ 20, e onde só 0,71% declara Imposto de Renda –em Nova Lima, 30,5% declaram o IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física). Os dados são de levantamento da FGV Social com base no IRPF de 2018. A alta renda na cidade mineira é impulsionada pelos moradores de condomínios de luxo que trocaram Belo Horizonte pela cidade vizinha listando entre os prós clima mais fresco e segurança. Nova Lima é vista como uma espécie de extensão da capital. ""Mais de 20 casais amigos meus vieram para cá. Nos últimos cinco ou seis anos, muita gente se mudou"", diz Fabi Lopes, 42, que tem uma agência de marketing no mesmo bairro onde vive, o Vila da Serra. A renda dela e do seu círculo social está acima da média apontada pela FGV Social. No condomínio de Sergio, um dos 47 na cidade, onde os lotes valem até R$ 1,3 milhão e as casas variam de R$ 900 mil a R$ 10 milhões, a oferta anda escassa. O escritório dele tem atualmente 20 projetos –metade de clientes que apareceram em meio à pandemia. ""Só vejo prós aqui, não vejo contras"", diz. Com cerca de 96 mil moradores e extensão maior que a da capital, a cidade possui ilhas habitacionais com condições sociais bem diferentes entre si, segundo as professoras Heloísa Soares de Moura Costa e Jupira Gomes de Mendonça, da Universidade Federal de Minas Gerais. As mineradoras, como a Vale, detêm a maior parte das terras. Enquanto os condomínios de luxo ficam em áreas afastadas, a população de menor renda se concentra na região central, que ainda preserva herança da mineração do ouro. Hoje, o setor representa 18,3% das receitas do município. Cerca de 40% do ISS (Imposto Sobre Serviços) sai das mineradoras. A prefeitura tem feito campanhas para que os moradores mais ricos passem a emplacar seus carros em Nova Lima, a fim de gerar receitas de IPVA, e mudem o título de eleitor para a cidade. A maioria dos que residem em condomínios quase não frequenta a região do centro. ""Temos trabalhado para tirar essa barreira, não só por parte dos moradores dos condomínios mas do nova-limense"", diz o prefeito Vitor Penido (DEM), que está no sexto mandato. O motor do cenário do terceiro lugar nas rendas mais altas do país –e líder em patrimônio acumulado– é um pouco diferente. Localizada em posição estratégica, na divisa com Mato Grosso do Sul e próxima a São Paulo e Minas, a goiana Aporé tem renda média elevada, de R$ 5.200, graças à agropecuária. Com população estimada em 4.200 habitantes e cerca de 25 mil cabeças de gado, além de plantações de cana-de-açúcar e soja, o município está próximo a Rio Verde e Jataí, que ocupam posição de destaque nacional no setor, atraindo exportadores. Segundo o secretário-geral de governo, Adriano da Rocha Lima, há uma tendência natural de crescimento nos últimos anos, reflexo da expansão do entorno que não oferece tantas áreas livres. ""O que acontece em Aporé é efeito do crescimento econômico daquela região"", afirma. Para o agrônomo e consultor pecuário Rogério Banin, que também atende clientes de outros estados, Aporé e região são a bola da vez. ""É uma área muito estratégica. Os preços das terras já estão de médios a altos, há muitos fundos de investimento buscando a região"", aponta. A agropecuária também é a principal atividade em Doutor Ulysses, cidade paranaense de cerca de 5.500 moradores, na divisa com São Paulo. A ligação com o estado vizinho começa pelo nome que homenageia o deputado paulista Ulysses Guimarães, presidente da Constituinte de 1988. Porém, ao contrário de Aporé, Doutor Ulysses aparece com o menor rendimento médio mensal declarado, de R$ 1.911. O dado parece não assustar o empresário Rildo Soares Fagundes, dono de um hotel e um restaurante no local. ""Aqui não tem uma indústria, não tem emprego, então tem uma renda muito pequena"", explica. Natural do Espírito Santo, há dez anos ele abriu uma lotérica na cidade, mas fechou o negócio dois anos depois, após um assalto. Sem dinheiro circulando, não há atrativo para os bancos e, atualmente, os habitantes de Doutor Ulysses dependem do transporte da prefeitura para chegar às agências mais próximas, na vizinha Cerro Azul, distante cerca de 33 quilômetros. A dificuldade de acesso também trava o desenvolvimento. Até hoje, para chegar à cidade, só por estradas de chão. O terreno montanhoso próximo à serra do mar também impossibilita alguns tipos de cultivo, apesar de a zona rural comportar 75% dos moradores. O setor de serviços, o comércio e a indústria de transformação completam a lista de principais atividades. Mas o emprego ainda é escasso, o que levou 35% dos moradores a requisitar auxílio emergencial em tempos de pandemia. Cerca de 14% da cidade vive do Bolsa Família. A pobreza em Doutor Ulysses é problema antigo e atinge todo o Vale do Ribeira, desafiando prefeituras e governo do estado. A nova tentativa é investir na industrialização de produtos que têm gerado renda na região, como mandioca e poncã. ""Temos que agregar valor à produção local porque, sem condições, a tendência é que as pessoas deixem a cidade"", diz o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara. Ao menos 500 pessoas já abandonaram o local nos últimos anos, segundo o IBGE. Movimento inverso segue a cidade maranhense de Fernando Falcão, cuja população mais que dobrou em dez anos e hoje é de cerca de 10,5 mil. O dinheiro, porém, ainda passa longe, e a cidade tem a menor renda média (entre declarantes ou não) do país. O município foi criado há 23 anos, desmembrado de Barra do Corda, de onde migrou o professor Elivan de Souza, 43. Alfabetizado apenas aos 11 anos, ele hoje dá aulas em escolas locais. Apesar de ter testemunhado alguns progressos, como na formação de docentes, ele ainda vê na área da educação os grandes problemas da cidade. ""Ainda falta muito, a maior parte da população mora em povoados distantes geograficamente e com estradas muito ruins para circular"", aponta. Mesmo para quem tem uma fonte de renda, o salário é baixo, até no funcionalismo. Excluindo o prefeito, que ganha R$ 15.000, e o vice, com R$ 5.000, os 493 empregados da prefeitura de Fernando Falcão recebem, em média, R$ 1.669,28, sem considerar os descontos. O governo do Maranhão ainda atribui a pobreza à pouca diversificação da economia local. A agropecuária e a criação de peixes ocupam quase 86% da população, mas a produção é quase toda voltada para consumo próprio. A ocupação de 71% da área do município por terras indígenas colabora para o cenário tomado pela agricultura de subsistência. Há ainda os que sobrevivem de empregos informais, como o pedreiro Carlos Oliveira Sobral, 30. Ele recebe em média R$ 100 por dia de serviço, muito mais que a média do município. Ele acredita que, apesar da falta de vagas, não há escassez de trabalho na cidade. ""Já fui para a cidade grande, lá vejo mais falhas do que aqui. Eu não paro [de trabalhar], só nos finais de semana. Para mim, não é difícil, por que para os outros é?"" Em fevereiro deste ano, eu comecei a procurar um apartamento mais espaçoso e cheguei a analisar alguns por fotos e outros presencialmente. Logo veio a pandemia e interrompi o périplo por longos sete meses. Nesta semana, de máscara e tomando todos os cuidados, retomei a busca. Eis que estou saindo de um prédio na rua Maranhão quando escuto um gritinho ardido e indignado vindo em minha direção: “Ah não! Não pode ser!”. Ela se apresenta como fulana da corretora não sei qual e diz que me mandou várias opções de imóveis no começo do ano: “E a senhora”, faz cara de nojinho, “nunca gostava de nada”. Diz que está cansada demais, que é sempre assim: ela manda o link, e a pessoa vai ver com outro corretor. Fala alto, chamando a atenção de um porteiro que faz aquele movimento de “essa senhora é zureta”, mexendo o dedo em círculos ao redor da orelha. Porque tenho raiva de homem chamando mulher de louca, começo a me explicar para a corretora possessiva. Peço perdão por uma improvável traição dentro de um relacionamento inexistente. Lamento não ter decidido com agilidade uma compra que zeraria por completo todo o dinheiro que guardei em vida: “A gente tem que ser chata com essas coisas, né?”. E ela responde, como se tivesse acabado de me pegar nua sentada na face do seu marido: “Eu só esperava que fosse correta”. Penso em dizer que ela não está bem e precisa de ajuda, mas sei que não existe nenhuma outra frase que ofenda mais um ser humano que não está bem e precisando de ajuda. Então apenas comunico que, de qualquer forma, eu não iria comprar o apartamento que acabara de ver. Mas a corretora psicótica se equilibra num salto tortuoso e vem atrás de mim. Seu buço está suado, pois brigar claramente a lubrifica. Perco a paciência e falo alto também. Digo que não me recordo de sua figura, tampouco de ela ter me mandado a referência do imóvel que eu tinha visitado minutos antes. Explico que fevereiro ficou num limbo distante, um tempo feliz em que a gente desconfiava de que era angustiado porque, talvez, um dia, em um futuro distópico, pudesse vir a falecer. E que sua desrazão e agressividade devem ter muito mais a ver com tudo o que estamos passando. Ela não desmonta a postura de ataque, não quer papo, não quer acolhimento. Essa mulher se vestiu e saiu de casa sem saber o quanto desejava descarregar sua libido reprimida em um embate imobiliário. Acontece que meu ódio não transa cinquentonas que exageram na micropigmentação da sobrancelha (parecia o logotipo da Nike), e só consegui sentir tanta pena que fiquei sem ar. Ela começa a procurar no celular o tal email que jura ter me enviado. “Olha aqui, ó! Dia 10 de fevereiro! Às 7h27 da noite! Exatamente esse endereço. O quarto andar! E você respondeu dizendo que piso frio e sanca invertida deveriam dar cadeia.” Então, aliviada (ainda que eu prefira sentir uma culpa disparatada ao vazio existencial causado por uma cena completamente ilógica), explico que vim para analisar o décimo andar, e não o quarto. Pronto! Resolvido! E tento correr dali. A sujeita vem atrás de mim, arrependida, perguntando se pode me mandar mais opções. Eu digo que é melhor não. Ela quer saber por quê. Digo que já tenho alguns apartamentos em negociação. Ela quer saber onde. Que rua? Que número? Com quem? Tenho vontade de dizer que não quero que ela exista. E que se não desaparecer da minha frente vou lhe dar uma cotovelada no olho. Não falo nada disso e assinto. Pode me enviar mais opções. À tarde ela me escreve dizendo que não vai mandar nada, porque tem certeza de que eu vou visitar com outro. O Brasil registrou 857 mortes pela Covid-19 e 35.757 casos da doença, nesta quinta (17). Dessa forma, o país chegou aos 135.031 óbitos pelo novo coronavírus e a 4.457.443 pessoas infectadas desde o início da pandemia. O número de mortes por 100 mil habitantes do Brasil (64,5) já ultrapassou a do Reino Unido (62,9) e, em breve, devido aos diferentes momentos da pandemia nos países, passará a taxa da Espanha (65). O Brasil, dessa forma, tem uma das maiores taxas de morte por 100 mil habitantes no mundo. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 779. Recentemente, o país chegou a estar em situação de queda da média, mas retornou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. Pernambuco e Rondônia são os únicos estados com média móvel de mortes crescente. Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins apresentam média móvel de mortes estável. O restante dos estados apresenta queda na média. O Brasil tem uma taxa de cerca de 64,5 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 60,4 e 62,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Recentemente, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 57 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 83.198 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 27,5 mortes por 100 mil habitantes. Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira (17) apontam 36.303 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 829 novas mortes. Com isso, o total registrado no balanço federal já chega a 4.455.386 casos da doença desde fevereiro, com 134.935 óbitos. O número de mortes pode ser maior, já que há ainda 2.396 em investigação. O país, porém, tem registrado sinais de uma queda mais acentuada na curva de casos e mortes, afirma o secretário de vigilância em saúde do ministério, Arnaldo Correia. Balanço da pasta aponta redução de 30% no total de novos casos da Covid-19 na última semana em comparação à anterior. É a maior já registrada até o momento, informa. O mesmo padrão ocorre para as mortes, que também tiveram queda de 13% na última semana. ""O Brasil vem mostrando uma tendência de queda, e nessa semana foi ainda mais acentuada"", afirmou o secretário. Ele não descartou, porém, a possibilidade de novo aumento. ""Precisamos acompanhar a cada semana o comportamento da doença."" Embora os dados apontem queda de casos e mortes em todas as regiões, o cenário muda na análise por estado. Nesse sentido, cinco tiveram aumento de mortes na última semana em comparação a anterior: Rondônia, Roraima, Minas Gerais, Sergipe e Pernambuco. Já o Rio Grande do Sul manteve a média estável, enquanto os demais tiveram queda. Um homem está sendo mantido encarcerado na Penitenciária de Lucélia, no interior de São Paulo, dois meses após receber ordem de soltura. O motivo: ele foi confundido com outro homem de nome e sobrenome semelhantes, mas não idênticos, residente no Maranhão. Ele havia sido preso preventivamente após sofrer três acusações de estupro. Absolvido em duas delas por falta de provas, o réu primário foi beneficiado com a soltura em 15 de julho para aguardar a conclusão do processo. A unidade prisional que tem sua custódia alertou, no entanto, que havia uma ordem de prisão em seu nome por homicídio no estado maranhense, e que ele não poderia ser solto. Na última sexta (11), após ter acesso aos autos, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo constatou a confusão feita com os nomes e enviou ao Tribunal de Justiça de São Paulo um pedido de soltura em caráter de urgência. A corte deu à unidade prisional um prazo de 24 horas para se manifestar. O Brasil registrou 967 mortes pela Covid-19 e 37.387 novos casos da doença, nesta quarta (16). O país, assim, chega aos 134.174 óbitos pelo novo coronavírus e a 4.421.686 pessoas infectadas desde o início da pandemia. O número de mortes por 100 mil habitantes do Brasil (64,1) já ultrapassou a do Reino Unido (62,9) e, em breve, devido aos diferentes momentos da pandemia nos países, passará a taxa da Espanha (64,6). O Brasil, dessa forma, tem uma das maiores taxas de morte por 100 mil habitantes no mundo. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 789, o que representa uma nova mudança. O país saiu de uma situação de queda (o que estava ocorrendo nos últimos dias) da média e voltou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Pará é o único estado que apresenta, no momento, crescimento da média móvel de mortes. Acre, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins apresentam média móvel de mortes dos últimos sete dias estável. Os demais estados têm redução da média móvel. O Brasil tem uma taxa de cerca de 64,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 60,2 e 62,9 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Recentemente, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 56,8 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 82.066 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 26,8 mortes por 100 mil habitantes. O Brasil registrou 987 novas mortes em decorrência do novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (16). O total desde o início da pandemia passou para 134.106. Os números da pasta também apontam que 36.820 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no período. O total de casos confirmados da Covid 19 chega agora a 4.419.083. Desde o início da pandemia, um total de 3.720.312 pessoas se curaram da doença A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O fotógrafo Victor Moriyama e uma pequena equipe percorreram quase 4.000 quilômetros de cerrado e Amazônia nas primeiras semanas de agosto, um dos meses com quadro de queimadas mais grave no Brasil. Durante o caminho, diz se lembrar de praticamente não ter visto equipes de combate ao fogo. De início, passaram por áreas do Matopiba, entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, uma região com forte atividade agrícola. Depois, a equipe foi de Cuiabá até o porto de Santarém pela BR-163. ""Acho que cruzamos com duas viaturas do Ibama"", diz Victor, sobre a sua percepção de pouca fiscalização e falta de combate aos incêndios. As queimadas em agosto deste ano foram tão críticas quanto as de 2019, que, pela falta de controle, tomaram conta até mesmo do noticiário internacional e desgastaram ainda mais a já questionada imagem ambiental do governo Jair Bolsonaro (sem partido). O fotógrafo conta que, no percurso da BR-163, foram acompanhados por uma névoa de fumaça. ""Em Novo Progresso é uma nuvem de fumaça em cima da cidade o tempo inteiro"", conta. Essa região, no Pará, ficou em evidência em 2019 pelo ""dia do fogo"", no qual, segundo investigações das polícias Civil e Federal, ocorreram queimadas orquestradas para ocorrer ao mesmo tempo. Os principais suspeitos, segundo as investigações, são fazendeiros, madeireiros e empresários da região. Na falta de equipe para combate aos incêndios relatada por Victor, houve ocasião em que a própria comunidade local teve que agir. O caso ocorreu no assentamento 12 de Outubro, na área do município de Cláudia, em Mato Grosso. Segundo Victor, em meio à pandemia da Covid-19, os moradores tiveram que se organizar para combater as chamas. Em meio ao céu alaranjado pelas queimadas, uma das cenas marcantes presenciadas pelo fotógrafo ocorreu em um momento em que rajadas de vento se uniram às chamas e formaram um ""vendaval de fogo"". ""Eu não conseguia fotografar. Eu nunca tinha visto essa junção do fogo com uma ventania. Isso me marcou muito. O fogo poderia me cercar. Vi o fogo pulando estrada"", conta. A viagem da equipe foi feita em parceria com a ONG Rainforest Foundation Norway. O objetivo era uma investigação para entender possíveis efeitos da cadeia da soja comprada pela Europa (considerando que os lugares visitados têm plantações em volta). As forças de centro-esquerda que fazem oposição a Jair Bolsonaro chegam nesta quarta (16), prazo final para a definição de candidaturas às prefeituras, sem conseguir emplacar a outrora sonhada frente ampla contra o presidente nas capitais. Até agora, apenas em Florianópolis as principais legendas se uniram em torno de um mesmo nome. Na capital de Santa Catarina, PSOL, PDT, PT, PCdoB, PSB e Rede vão lançar o engenheiro Elson Pereira (PSOL-SC) para a disputa. Ele enfrentará o prefeito Gean Loureiro, do DEM, candidato à reeleição. Em Belém haverá aliança, mas com menos partidos: PSOL, PDT e PT se uniram em torno de Edmilson Rodrigues (PSOL), que pode ter o apoio do PCdoB. Nas demais, não houve acordo. A maior expectativa, no começo do ano, girava em torno da possibilidade de PT e PSOL se unirem em São Paulo, com Fernando Haddad (PT-SP), e no Rio, com Marcelo Freixo (PSOL-RJ), aglutinando outras agremiações. Mas o plano inicial fez água. Em Salvador (BA), por exemplo, o PDT de Ciro Gomes fez aliança com o DEM do prefeito ACM Neto para apoiar a candidatura do atual vice-prefeito, Bruno Reis, à prefeitura. O adversário maior é o PT, que lança a major Denice Santiago na disputa. Em Recife, o PT, com Marília Arraes, deve travar batalha dura contra João Campos, que sai pelo PSB. Os dois são primos e disputam a herança política do avô, Miguel Arraes. Em Porto Alegre, Manuela D'Ávila, do PCdoB, fez aliança com o PT _mas o PSOL lançou a candidata Fernanda Melchionna. “O fato de as coligações estarem proibidas desestimulou as alianças, também na direita. Como os partidos têm que eleger seus vereadores em chapa própria, cada um quis estabelecer seu tamanho”, diz o governador do Maranhão, Flávio Dino, que tentou articular a união. “A nova lei dificultou”, diz o deputado federal José Guimarães (PT-CE), do grupo de eleições do PT. Dino acredita que os resultados do pleito podem induzir posteriormente fusões de partidos ou até mesmo mudanças que permitam a volta de coligações ou as federações partidárias. A ideia de uma frente de partidos de esquerda que excluísse o PT, por outro lado, também não vingou. A legenda fez aliança com o PCdoB em três cidades, com a Rede em cinco e também com o PSB, em Salvador (BA). com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O Brasil registrou 1.090 mortes pela Covid-19 e 34.755 novos casos da doença, nesta terça-feira (15). Com isso, o país chegou aos 133.207 óbitos e a 4.384.299 infecções pelo novo coronavírus. O Amapá não informou dados da pandemia no estado, nesta terça. O número de mortes por 100 mil habitantes do Brasil (63,6) já ultrapassou a do Reino Unido (62,8) e, em breve, devido aos diferentes momentos da pandemia nos países, passará a taxa da Espanha (64,1). O Brasil, dessa forma, tem uma das maiores taxas de morte por 100 mil habitantes no mundo. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 813, o que representa uma nova mudança. O país saiu de uma situação de queda (o que estava ocorrendo nos últimos dias) da média e voltou para o patamar de estabilidade dos dados de mortes (o que não significa uma situação tranquila). A média ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. O Centro-Oeste é a única região do país com crescimento da média móvel de mortes. Todas as outras regiões estão em contextos de estabilidade dessa média. Acre, Ceará, Goiás, Pará e Roraima tiveram crescimento na média móvel de mortes em relação à média de 14 dias atrás. Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Sergipe têm média móvel de mortes estável. Os demais estados apresentam queda. O Brasil tem uma taxa de cerca de 63,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 59,9 e 62,8 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Recentemente, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 56,3 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 80.776 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 26,3 mortes por 100 mil habitantes. O boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (15) mostra que o Brasil voltar a registrar mais de 1 mil mortes, com 1.113 óbitos nas últimas 24 horas. O total de mortes desde o início da pandemia passou para 133.119. Também houve 36.653 novos casos da doença no período. O total de infectados até o momento chegou a 4.382.263. Os números do Ministério da Saúde também mostram que 3.671.128 pessoas se curaram da doença até o momento. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Médicos, pacientes e secretarias de saúde apontam baixos estoques e até falta em parte da rede de um medicamento usado para tratamento de um tipo específico de câncer de mama, o qual afeta até 10 mil pacientes no SUS. Chamado de trastuzumabe, esse medicamento é um anticorpo monoclonal usado em pacientes com câncer de mama HER2 positivo, tipo que corresponde a cerca de 20% dos casos de câncer de mama registrados. Embora agressivo, esse tipo de câncer pode ser curável em etapas iniciais ou controlável com o uso do medicamento. Sem ele, porém, há risco de avanço da doença. O envio irregular da droga pelo Ministério da Saúde tem preocupado secretarias estaduais de Saúde, enquanto pacientes e médicos já citam desabastecimento em algumas unidades de oncologia. A Folha consultou os estados sobre os estoques. De 14 que enviaram respostas, 10 informaram ter recebido quantidade do remédio abaixo da necessária para os meses de julho a setembro, o que baixa os estoques. Em alguns estados, o atraso na entrega já deixa parte das unidades oncológicas sem o medicamento, usado por meio de aplicação intravenosa —caso de São Paulo e Bahia, por exemplo, segundo informações recebidas pela Folha. A situação tem gerado alerta em organizações que representam pacientes. A estimativa é que 10.570 pessoas usem o trastuzumabe no SUS, segundo o ministério. Só em São Paulo, por exemplo, há 2.350 cadastrados. Uma delas é Mislene Santana, 40, que faz tratamento com trastuzumabe há três anos como paliativo a um câncer de mama metastático. Ela conta que, no último dia 1º, chegou a ir ao hospital onde faz acompanhamento, mas ouviu que a unidade estava sem a droga. No caso dela, diz, o tratamento é feito com intervalos de 21 a 28 dias, em média. Desde a última aplicação, no entanto, já se passou um mês e 13 dias. ""Estou desesperada"", afirma ela, que procurou o Instituto Oncoguia, que dá apoio a pacientes, para informar sobre o desabastecimento. ""É angustiante. Tive de ir ao médico pedir um remédio para conseguir dormir."" Ela diz que espera poder receber o remédio na quinta-feira (17), quando está previsto novo atendimento no hospital. A situação ocorre em meio a tentativas de remanejamento do remédio dentro da rede para amenizar o impacto dos baixos estoques. Desde que o trastuzumabe foi incorporado ao SUS, em 2012, a compra é feita pelo Ministério da Saúde, que o repassa aos estados. De lá, é distribuído para unidades que atendem pacientes com câncer. A oferta do remédio, a princípio voltada a pacientes com câncer de mama inicial e avançado, foi ampliada em 2018 para casos de câncer de mama metastático. Segundo a médica mastologista Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), a situação se agrava por ser uma droga sem substitutos no SUS. Em casos iniciais, é a única disponível. Nos casos de câncer metastático, é associado ao pertuzumabe, ainda em fase de inclusão. ""É uma droga alvo para uma doença específica [câncer de mama HER2 positivo] e só ela pode combater e ser usada para esse tipo de célula de câncer. Mas não sabemos até que ponto as pessoas que decidem dentro do governo sabem disso"", afirma. ""Se atrasa um mês ou dois, o impacto já é dramático"", diz o oncologista Max Mano, membro do comitê de câncer de mama da Sboc (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), para quem a situação traz risco de piora dos quadros. ""É um medicamento usado com a quimioterapia ou após a cirurgia e que tem impacto brutal na redução da taxa de recorrência da doença em caso inicial"", diz. ""No outro extremo, para pacientes com metástase, ele aumenta a sobrevida."" Mano lembra que, apesar de ser ainda de custo alto, já há um número maior de empresas que fabricam a droga. Questionado sobre os motivos do atraso na oferta, o Ministério da Saúde disse que o abastecimento ""sofreu intercorrências diante do panorama mundial da pandemia"". Segundo a pasta, foram enviados 23 mil frascos para serem repartidos entre todos os estados em agosto. Esse valor corresponderia a 76% da demanda mensal, estimada, segundo a pasta, em 30 mil frascos. O ministério, porém, não respondeu qual o tamanho da demanda represada. Secretarias de Saúde ouvidas pela Folha apontam que o valor enviado ainda é insuficiente e não atende ao necessário para o trimestre, calculado de julho a setembro, e cujo planejamento é iniciado em maio. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo diz que o envio do remédio tem ocorrido de forma irregular pelo governo federal, ""impactando na distribuição e assistência aos pacientes"". De 17 mil frascos solicitados para o trimestre, 5.000 foram entregues no início de agosto. A pasta diz ter feito nova cobrança ao ministério na sexta-feira (11). Até lá, diz organizar medidas de remanejamento entre unidades para diminuir o impacto a pacientes. Na Bahia, o quantitativo foi de apenas 17% do esperado. ""Já estamos com desabastecimento do medicamento para unidades de oncologia"", informa em nota a pasta estadual. Também com só 18% do necessário recebido, a Secretaria de Saúde de Pernambuco diz ter feito uma compra emergencial para atender os pacientes até que o fornecimento seja regularizado. No Pará, de 1.613 frascos esperados para uso entre julho e setembro, foram recebidos só 22, o equivalente a 1,4%. Outros estados que relatam ter recebido menos doses foram Paraná, Goiás, Tocantins, Ceará, Espírito Santo e Minas Gerais. Já Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e o Distrito Federal dizem ter estoques regulares. Ainda segundo as secretarias, parte da entrega em agosto se deu para um medicamento biossimilar, diferente do usado antes, o que exige que o Ministério da Saúde envie novas orientações para adaptação do tratamento. Essas orientações, no entanto, ainda não foram disponibilizadas. Questionado novamente pela reportagem nesta segunda-feira (14), o Ministério da Saúde informou que planeja iniciar a entrega, nesta semana, de mais 29 mil unidades do trastuzumabe. Mais uma vez, no entanto, a pasta não informou o volume em atraso —só em Minas Gerais, por exemplo, a secretaria estadual diz que havia necessidade 15.361 unidades para julho a setembro ainda não entregues. Em nota, o ministério disse ainda ter duas compras em andamento ""para complementar o atendimento da demanda do trimestre"". Questionada sobre a previsão de envio de orientações para uso do medicamento biossimilar, o ministério também não respondeu. Organizações que acompanham pacientes questionam a demora da pasta em adotar medidas para evitar desabastecimento. ""É um tipo de tratamento que não pode ser interrompido. O ministério é responsável pela aquisição e não consegue entregar uma demanda que já era previsível"", diz Tiago Mattos, do Instituto Oncoguia. A melhora média do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2019 esconde desigualdades regionais persistentes da educação brasileira. O abismo entre os indicadores médios dos estados chega a ser o equivalente a mais de três anos de aprendizado. A rede estadual do Espírito Santo, por exemplo, tem as maiores notas em matemática (289,14) e língua portuguesa (286,95) no ensino médio. Com relação ao Maranhão, são 43 pontos a mais na primeira disciplina e 34 na segunda. Estudiosos consideram que 12 pontos na escala de notas equivalem a uma progressão de um ano inteiro de aprendizado. Uma diferença, portanto, de mais de três anos de aprendizado em matemática. Parte dos resultados do Ideb foi divulgada nesta terça-feira (15) pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). O indicador, principal termômetro da educação brasileira, é calculado a cada dois anos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do MEC (Ministério da Educação). São levados em conta no Ideb o desempenho de estudantes em avaliação de matemática e língua portuguesa, chamada Saeb, e as taxas de aprovação escolar. A avaliação federal é feita ao fim de três etapas: anos iniciais (5º ano) e finais (9º ano) do ensino fundamental e ainda o ano final do ensino médio. Estudos e os próprios dados do Ideb mostram que o nível socioeconômico dos alunos tem grande influência nos resultados educacionais. Colaboram com a situação as desigualdades de investimento em educação e atrasos educacionais históricos, sobretudo no Norte e no Nordeste. Na comparação entre as regiões, a média do Sul (280,9) em matemática é mais de 29 pontos acima do que a do Norte (251,82), também no Saeb ensino médio. A distância entre as duas regiões em português é de 23,5 pontos. São consideradas ideais notas de 350 e 300, respectivamente. Isso significa que, mesmo quem está no topo, ainda têm, na média, resultados insatisfatórios. Essa distância é maior do que em 2017, quando, em matemática, 24 pontos separavam o desempenho médio do Norte e do Sul —em português, eram 21. Em 2007, a situação era ainda mais grave: no primeiro Ideb, a diferença entre as regiões chegava a 35 e 28 pontos, respectivamente. Nos anos iniciais do ensino fundamental, etapa em que há uma tendência de melhora nos últimos anos, a diferença também é considerável. Em matemática, 25 pontos separam o Sul (235,29) do Norte (210,06), e a discrepância em português é de 24 pontos. Já nos anos finais há uma diferença de 21 pontos em matemática e 17 em língua portuguesa. Somente seis unidades federativas tiveram avanços relevantes (acima de 12 pontos) no ensino médio, nas duas matérias, entre 2009 e 2019. São elas: Pernambuco, Goiás, Piauí, Distrito Federal, Tocantins e Espírito Santo. Bahia, Pará e Rio Grande do Sul tiveram, no ano passado, médias inferiores a 2009 nas duas disciplinas. No ensino fundamental, levando em em conta os resultados das redes públicas (que incluem escolas municipais e estaduais), a evolução é um pouco mais favorável. Nos anos iniciais, só duas redes (Distrito Federal e Minas Gerais) tiveram avanço desde 2009 inferior a 12 pontos —e somente em matemática. Já nos anos finais, cinco estados não conseguiram um avanço relevante e nenhuma retrocedeu na comparação com 2009. A desigualdade histórica também fica clara ao olharmos essa evolução desde 2009. No ensino médio, Pernambuco é a rede que mais evoluiu nesse período. Ao avançar 24 pontos em matemática e 29 em língua portuguesa, chegou às médias de 272,77 e 276,30, respectivamente. Entretanto, essas notas ainda são inferiores às do Rio Grande do Sul (que tem 282,16 em matemática e 282,98 em português). Isso ocorre mesmo que a redes públicas gaúchas tenham, na média, registrado maiores retrocessos em termos de aprendizado em matemática nesta etapa. O Ceará é o estado cujas redes públicas mais avançaram nas duas etapas do ensino fundamental. Nos anos iniciais, a média cresceu 47,54 em língua portuguesa e 43,94 em matemática. Ainda assim, a média em língua portuguesa, de 219,83, é quase igual à de Minas Gerais —que chegou a 219,72 em 2019 depois de uma redução de 20,15 pontos desde 2009. O Brasil registrou 454 mortes pela Covid-19 e 19.392 novos casos da doença nesta segunda (14). Com isso, o país chegou a 132.117 óbitos pelo Sars-CoV-2 e a 4.349.544 infectados pelo novo coronavírus. O número de mortes por 100 mil habitantes do Brasil (63,1) já ultrapassou a do Reino Unido (62,8) e deve, em breve, passar a taxa da Espanha (63,8), devido aos diferentes momentos da pandemia nos países. O Brasil, dessa forma, tem uma das maiores taxas de morte por 100 mil habitantes no mundo. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 731, o que representa uma queda nos dados em relação a semanas anteriores. A média, contudo, ainda está em patamares elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Somente o Centro-Oeste apresenta média móvel de mortes crescente, em relação ao valor de 14 dias atrás. Sudeste e Nordeste apresentam queda e as regiões se encontram em situação de estabilidade nos números. Acre, Ceará, Pará e Roraima apresentam média móvel de mortes crescente. Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia e Sergipe têm média móvel de mortes estável. Os outros estados têm queda na taxa. O Brasil tem uma taxa de cerca de 63,1 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 59,5 e 62,8 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Na semana passada, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (59). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 56,1 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 79.722 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 25,6 mortes por 100 mil habitantes. Dados divulgados nesta segunda-feira (14) pelo Ministério da Saúde apontam 15.155 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 381 novas mortes. Em geral, a pasta diz que uma queda nos registros é esperada a cada início de semana devido ao menor número de equipes que trabalham em laboratórios aos sábados e domingos. Com os novos números, o total registrado no balanço federal já chega a 4.345.610 casos da doença desde o início da epidemia, com 132.006 óbitos. O país ainda soma 2.498 mortes em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Em 1990, Fernanda Abreu despontou com seu primeiro disco solo ""SLA Radical Dance Disco Club"" e, em entrevista a este jornal, cravou que a onda da vez era “ser negão”. Passadas três décadas, a carioca olha para sua trajetória e garante que, agora, a onda é “ter bundão”. Embora alguns colegas não vejam a música atual com bons olhos, direcionando suas críticas ao funk, que chamam de ode à bunda, Abreu vê a representação como um bom panorama do ritmo do qual se tornou defensora desde que subiu o morro no final dos anos 1980 com o amigo DJ Marlboro. “Tem a ver com o empoderamento feminino também, é político”, diz a cantora, que direciona sua crítica a atual conjuntura política do país. “Do jeito que está não dá para continuar. Nós merecemos governantes que estejam comprometidos com esse país, com saneamento básico, educação, o desenvolvimento do espírito crítico e político nas pessoas. Tudo é política, desde namorar até pagar imposto”, diz a cantora que se assustou com a guerra instaurada pela Secretaria de Comunicação contra o humorista Marcelo Adnet. “O Mario Frias não gostar da imitação e fazer um post no perfil dele, vá lá. Mas a Secom entrar na jogada é absurdo, passa a ser institucional, vira uma guerra do governo contra os artistas, é revoltante.” O sentimento é o mesmo quando se refere à sua cidade. Com o afastamento do governador Wilson Witzel, do PSC, e as acusações de irregularidade contra o prefeito Marcelo Crivella, do Republicanos, Abreu só vê uma solução –tomar o Rio de Janeiro de volta. “Eu espero uma conscientização. Espero que as pessoas entendam que o Estado é laico. Não adianta ter a cidade mais linda do Brasil e não cuidar. Nas ruas, as pessoas estão deprimidas, agressivas, mal-educadas. O DNA do carioca é outro, ele é inventivo, divertido, inteligente. Temos que tomar a cidade de assalto. O Rio não é da milícia, da polícia, do tráfico, da igreja, é do carioca! Queremos o nosso crachá”, diz, incrédula com a reação das pessoas com a pandemia do novo coronavírus. Isolada há seis meses, Abreu viu a pandemia redefinir seu 2020, quando celebraria 30 anos de carreira com uma turnê e o lançamento do DVD do registro do show “Amor Geral”, baseado no disco que, em 2016, quebrou o jejum de uma década sem material inédito. O DVD chegou a ser gravado, mas sem o público que formava fila na frente do Imperator Centro Cultural João Nogueira, no Méier, já que a cantora foi surpreendida por um ofício do governo que decretou o fechamento de espaços culturais quando se preparava para subir no palco. “Foi desesperador! A gente com aquele circo armado, investi uma grana alta, não dava para cancelar. Usei toda a minha experiência de palco para jogar a energia lá em cima e aproveitar o momento."" O material ficou meses sem destino até a cantora decidir que em outubro ele chegará ao mercado. Ainda não se sabe se em DVD ou em streaming. O registro é só um dos lançamentos que Abreu agendou para celebrar sua trajetória. A artista colocará nas lojas duas coletâneas. A primeira, “Slow Dance”, é uma seleção das baladas mais marcantes de sua discografia. ""A galera tá buscando uma memória afetiva que me inspirou a mexer no meu catálogo. E tinha uma cobrança dos fãs de eu não cantar as minhas baladas.” O disco contará com pelo menos uma novidade –a versão inédita em estúdio de “Dance, Dance”, de Rodrigo Maranhão, gravada na série MTV Ao Vivo. Com CD e DVD fora de catálogo por causa da briga judicial entre Abril e Viacom pelo acervo da emissora, Abreu entrou em estúdio para registrar a canção, nas plataformas desde o dia 8 de setembro, seis meses depois do lançamento de “Do Ben”, música inédita em que celebrou o ídolo Jorge Ben Jor. A segunda é “30 Anos de Baile”, com remixes de seus sucessos sob a batuta do DJ Memê. Com planos de lançar um disco de inéditas em 2021 e um documentário dirigido por Paulo Severo com o registro da turnê e a gravação de “Da Lata”, título essencial em sua obra, Abreu acalenta ainda o desejo de gravar um disco de sambas, uma de suas grandes paixões junto ao funk, do qual se tornou madrinha e defensora há 30 anos. “Vivi o funk intensamente! Ainda rola de uma certa 'intelligentsia' dizer que o funk não pode representar a música brasileira. É o preconceito com o pobre, com o preto, com o favelado, mesmo com o funk no mainstream. Sigo de braços dados com ele."" Celebrada no funk, a eterna garota suingue sangue-bom se vê mesmo como uma veterana da música pop que soube sobreviver. “O pop tem essa característica de ser meio descartável. Eu sempre tento aprofundar o meu som, trazer um frescor. O artista pop tem que se reinventar para continuar criando. Se cai na fórmula, vira descartável.” Aos 59 anos, a cantora não se importa com a busca pela juventude. “As pessoas são bem obcecadas com idade, nunca tive isso. Acho fútil, mas se for pra servir de estímulo a outras mulheres, ser um exemplo de que podem estar bonitas e com saúde, acho bacana.” É na pauta feminista que a artista vê o avanço. “Depois da primavera das mulheres de 2013, o feminismo deu passos largos. Foi uma das coisas mais incríveis que avançaram na sociedade, mas ainda existe muita violência"", diz. ""Essa facilidade com que os homens matam as mulheres é a coisa mais revoltante que existe, qualquer pessoa de bem tem que entrar de cabeça na luta a favor da mulher.” São falsas as postagens que acusam ONGs de serem responsáveis pelas queimadas na Amazônia. Nas publicações, é usada uma foto antiga de indígenas prendendo madeireiros ilegais. A viralização da mesma imagem já havia ocorrido em agosto do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, sem provas, que poderia “estar havendo ação criminosa desses ongueiros para chamar a atenção contra o governo”. Tanto naquela época quanto agora, o clique, verificado pelo Comprova, vem acompanhado da legenda: “Lembram que caíram de pau em cima de Bolsonaro, quando disse suspeitar que ONGs estariam envolvidas nos incêndios na Amazônia? Índios prenderam incendiários em flagrante. Outro preso pela polícia em Iranduba”, insinuando que os indígenas estariam prendendo membros de organizações não governamentais. Não é verdade. A imagem foi registrada pelo fotógrafo Lunaé Parracho para a agência Reuters e mostra uma operação de indígenas da etnia Ka’apor na terra indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, contra a exploração ilegal de madeira em 7 de agosto de 2014. Com membros de outras tribos, eles prenderam e expulsaram desmatadores daquele local –e não funcionários de uma ONG. Uma das páginas que viralizou a foto no Instagram desta vez, o perfil @Galeradadireita retirou o post do ar depois de constatar que seu conteúdo era falso, conforme contou ao Comprova, e postou uma errata após entrevista com a equipe. Outros internautas que publicaram a foto com a legenda falsa foram procurados, mas não deram retorno até a publicação desse texto. A imagem foi feita pelo fotógrafo Lunaé Parracho, da agência Reuters, em 7 de agosto de 2014. Ela mostra membros da etnia Ka’apor detendo madeireiros que atuavam ilegalmente dentro da terra indígena Alto Turiaçu, nas imediações da cidade de Centro do Guilherme, no Noroeste do Maranhão. De acordo com Parracho, a operação foi feita porque os indígenas, também chamados de Caapores, estavam cansados da falta de assistência do governo para acabar com a exploração ilegal da madeira e se juntaram a outras tribos para expulsar os desmatadores. O caso virou notícia na época. Em 5 de setembro daquele ano, a Folha publicou reportagem com o título: “Índios prendem e agridem madeireiros invasores no Maranhão”. No site de fotografia da Reuters é possível ver a sequência com a foto verificada aqui. Há imagens dos indígenas tirando as roupas dos desmatadores, de um caminhão carregado de toras, de tratores usados para desmatar e de caminhões sendo queimados. A série, chamada de “Guerreiros da Amazônia lutam contra madeireiros”, foi premiada no China International Press Photo Contest, em 2015. Parracho é gaúcho e se dedica desde 2011 a questões sociais e ambientais do Brasil –a Amazônia é um de seus principais focos. Colabora com a agência Reuters desde 2012 e já teve seus trabalhos publicados em veículos como The Guardian, The Wall Street Journal, Al Jazeera e The Washington Post, entre outros. “Quando fiz essa foto, sentia esperança ao ver aqueles guerreiros protegerem suas terras. É o contrário do que sinto ao vê-las sendo usadas nessas fake news, que passam por cima de todos nós como um rolo compressor. Elas roubam a verdade daquele povo em resistência, e isto é uma síntese do genocídio que estamos vivendo. Sinto que estamos sendo esmagados, como todos provavelmente estão se sentindo, tendo clareza ou não do que está acontecendo”, afirmou Parracho sobre o uso de sua foto no conteúdo verificado aqui. As críticas do presidente Jair Bolsonaro às ONGs vêm desde 2019, quando as queimadas na Amazônia viraram notícia em todo o mundo. Em agosto do ano passado, ele acusou, sem provas, as organizações de estarem por trás dos incêndios na floresta. Três meses depois, o presidente pediu em uma de suas lives para que as pessoas não fizessem doações para ONGs. “Logicamente o mundo não está vendo o que eu estou falando aqui, mas não doem dinheiro para ONG. ONGs não estão lá [na Amazônia] para preservar ambiente, mas em causa própria.” Recentemente, em nova live, disse que não conseguia “matar esse câncer chamado ONG”. “Você que está numa ‘ONGzinha’ aí pegando grana de fora. Vocês sabem que as ONGs, em grande parte, não têm vez comigo, a gente bota para quebrar em cima desse pessoal lá. Não consigo matar esse câncer em grande parte chamado ONG que tem na Amazônia.” Em sua terceira fase, o Comprova verifica postagens suspeitas que tenham viralizado nas redes sociais que tenham ligação com políticas públicas do governo federal ou com a pandemia. É o caso do post do @Galeradadireita, que distorce a informação de uma foto verdadeira para enganar os leitores e acusar ONGs pelos incêndios na Amazônia. Vivemos um momento delicado, em que a maior floresta do mundo está sob ameaça, sofrendo incêndios criminosos, e o presidente minimiza o perigo. No mês passado, ele chegou a afirmar que “Essa história de que a Amazônia arde em fogo é uma mentira"". A disseminação de conteúdos que reforçam essa visão, falsa, apenas agrava os riscos que a Amazônia corre. Não foi possível medir a viralização do post do @Galeradadireita no Instagram, mas, no Facebook, o conteúdo já foi compartilhado mais de 91 mil vezes desde 26 de agosto de 2019, quando começou a se espalhar. Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original. Ao custo de mais de 130 mil vidas, a pandemia da Covid-19 expandiu a rede hospitalar do SUS em tempo recorde segundo secretários de Saúde. O número de leitos de UTI mais que dobrou, por exemplo, em TO, AC, PB, AL, CE, RR, PI e PA, e quase duplicou em RS, MG, PR e PE. Para gestores, carências históricas em rincões do país foram supridas com a instalação de UTIs em cidades de zero leitos. A maioria diz, porém, que não será possível manter o legado se não houver dinheiro do governo federal. Os secretários cobram do Ministério da Saúde o debate sobre o custeio do SUS pós-pandemia. “Sonhamos com a manutenção dos leitos, para que o legado não seja só em número de contaminados e mortos”, afirma Geraldo Resende, chefe da saúde do MS. Segundo gestores, a proposta de Orçamento para 2021 não dará conta de contemplar o legado. Eles querem apresentar à pasta o que estão chamando de orçamento alternativo, para financiamento das estruturas. Presidente do Conass e secretário do Maranhão, Carlos Lula diz que o debate sobre o SUS precisa extrapolar “a argumentação sobre crise econômica e cortes”. A pasta respondeu ao Painel que solicitou aos estados e municípios que identifiquem o que deve ser mantido e que o objetivo é preservar o legado “de forma responsável e sustentável”. O ministério diz que habilitou 12.698 leitos de UTI para Covid-19 ao custo de R$ 1,8 bilhão por 90 dias. Estados argumentam que não têm como arcar com médicos e insumos para preservar os leitos ao mesmo tempo em que afirmam contar com a manutenção de novos hospitais abertos, desmobilizando apenas os de campanha. Os secretários procuram ser realistas –alguns veem risco de que o legado não permaneça. “Na prática, é provável que o governo federal não tenha capacidade de habilitar todos esses leitos”, diz Geraldo Antônio, da Paraíba, enquanto aponta que a relação de leitos UTI por habitante do estado já superou à da Europa. “É uma conta alta para o Brasil, não tenho a ilusão de que o Ministério da Saúde vá conseguir financiar tudo, mas vamos pleitear. Precisamos aproveitar esse momento para preencher vazios assistenciais”, afirma o secretário de Alagoas, Alexandre Ayres, que pretende preservar 80% da nova rede. Sem contar hospitais de campanha, novos hospitais, antes fechados e privados, foram abertos em TO, GO, RS, PI e PE, por exemplo. Inaugurações de hospitais foram aceleradas por causa da pandemia em AC, PB, AL, RS, PE e PA. Essa estrutura, além de respiradores adquiridos, é o que os estados querem garantir. Na fase atual da pandemia, de estabilidade na maioria dos estados, parte deles já desmobilizou seus hospitais de campanha, direcionando equipamentos para hospitais antigos. No ES, por exemplo, dos 1.532 leitos dedicados a Covid-19, 343 já foram deslocados para atender outras demandas. Secretários lembram que há uma série de cirurgias represadas pela pandemia. Com Carolina Linhares TIROTEIO O Brasil chegou a 130.474 mortes pela Covid-19 com o registro de 899 novos óbitos, nesta sexta (11). O país também registrou 44.215 casos do novo coronavírus e atingiu os 4.283.978 infectados desde o início da pandemia. O Piauí não informou os dados referentes ao Sars-CoV-2 no estado. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 699. O valor dos últimos dias aponta uma queda da média, em relação a 14 dias atrás. Os números, contudo, permanecem elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Acre e Ceará apresentam aumento da média móvel de mortes. Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia e Roraima apresentam dados estáveis. O resto dos estados apresenta queda na média móvel de mortes. O Brasil tem uma taxa de cerca de 62,3 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 59 e 62,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Na semana passada, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (58,9). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 55,2 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 76.271 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 24,7 mortes por 100 mil habitantes. O boletim do Ministério da Saúde com balanço do novo coronavírus divulgado nesta quinta-feira (10) mostra que o Brasil registrou 983 mortes nas últimas 24 horas, além de 40.557 novos casos confirmados da doença. Contabilizando os novos números, o país passou a registrar um total de 129.522 mortos desde o início da pandemia e 4.238.446 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. A Kombi amarela plotada com a foto e nome do vereador Juca do Guaraná Filho (MDB) ganhou um tecido branco amarrado ao para-choque, tal qual uma máscara de proteção contra o novo coronavírus. De dentro do veículo, saltavam funcionários para distribuir máscaras e álcool em gel de forma gratuita em bairros da periferia de Cuiabá (MT). Parte das máscaras tinha a logomarca da empresa Juca do Guaraná Transportes, pertencente à família do vereador. “Não houve má-fé. Foi ânsia de ajudar a população a se proteger desse inimigo invisível”, afirmou o vereador. Mas a Justiça Eleitoral entendeu diferente: constatou abuso de poder econômico e multou o pré-candidato, que concorrerá à reeleição neste ano. A situação de Juca do Guaraná não é isolada. Máscaras, frascos de álcool em gel e de sabonete líquido e até a desinfecção de estabelecimentos comerciais viraram moeda eleitoral no pleito municipal que será realizado em novembro, em meio à pandemia. Os casos, que incluem máscaras com número de partido e frascos de sabonete líquido com foto de pré-candidatos, têm sido questionados na Justiça Eleitoral. Há ações movidas pelo Ministério Público Eleitoral em pelo menos quatro estados e condenações de pré-candidatos em pelo menos dois. A distribuição dos brindes é vedada pela legislação eleitoral por desrespeitar o princípio da igualdade entre pré-candidatos, em casos registrados antes do início da campanha, ou candidatos. Em São Luís (MA), a deputada estadual Maria Deusdete Rodrigues, conhecida como Detinha (PL), e seu marido, o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL), foram alvo de duas denúncias do Ministério Público Eleitoral. Uma delas questionou a realização de uma ação de distribuição de alimentos e materiais e limpeza, além de vale-compras no valor de R$ 70, para cerca de 5.000 famílias vulneráveis em 30 bairros de São Luís. O material informativo da ação trazia nome, marca e slogan de Detinha, que na época era pré-candidata à Prefeitura de São Luís. No final de agosto, ela desistiu da candidatura e anunciou apoio ao candidato Duarte Júnior (Republicanos). A outra ação questionou a suposta distribuição, por Detinha e Josimar, de milhares de máscaras com nome e número do Partido Liberal. Em nota à imprensa, Josimar Maranhãozinho informou que ganhou a máscara com a marca do PL de uma amiga e, após postar uma foto nas redes sociais, apoiadores fizeram máscaras semelhantes por iniciativa própria. Segundo o deputado, não houve distribuição do equipamento de proteção para a população. O caso foi criticado pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, desembargador Cleones Cunha, durante sessão virtual de abertura dos trabalhos da Corte. “É lamentável que um partido político se aproveite dessa situação [da pandemia] para fazer sua própria propaganda particular. Ninguém pode, nem partido, nem pessoa, nem candidato, tentar se aproveitar de uma situação dessa para fazer promoção pessoal ou partidária”, disse Cunha. Em Natal (RN), o vereador Robson Carvalho (PDT), pré-candidato à reeleição, foi condenado em primeira e segunda instâncias da Justiça Eleitoral por propaganda eleitoral irregular e antecipada em ação movida pelo Ministério Público Eleitoral do Rio Grande do Norte. De acordo com a Promotoria, Carvalho distribuiu na capital potiguar 4.000 frascos de sabonete líquido, todos com seu nome, foto e endereço de suas redes sociais na embalagem. Relatora do processo, a juíza eleitoral Adriana Magalhães afirmou ser “inegável que os produtos distribuídos estampavam clara promoção pessoal, haja vista a associação direta à sua imagem e a expressa figuração de suas redes sociais”. Em nota, o vereador Robson Carvalho informou que a ação de distribuição de sabonetes líquidos ocorreu fora do período eleitoral, com o único intuito de colaborar com a população mais carente na prevenção contra a Covid-19. Ele disse ainda nenhum recurso público foi gasto com a ação e que, após o questionamento da Justiça Eleitoral, determinou a suspensão da distribuição dos sabonetes nos bairros de Natal. Um caso semelhante aconteceu em Parnamirim, na região metropolitana de Natal. A vereadora e candidata à reeleição Professora Nilda (MDB) distribuiu em março kits com álcool em gel e sabonete líquido. A distribuição foi considerada propaganda irregular pelo Tribunal Regional Eleitoral, que condenou a vereadora ao pagamento de multa de R$ 5.000. A Folha não conseguiu contato com a vereadora. No estado do Rio de Janeiro, o Ministério Público Eleitoral ofereceu denúncia contra sete pré-candidatos por causa da distribuição de brindes e de serviços relacionados à pandemia. Um deles aconteceu em Niterói, onde o vereador e candidato à reeleição Betinho Iecin (SD) é investigado por supostamente promover e custear a desinfecção de lojas do shopping Center Icaraí. Segundo a denúncia recebida pela Promotoria, as lojas que foram higienizadas receberam um “certificado de desinfecção” da equipe de Betinho. O entrou em contato com vereador, mas não obteve retorno. No interior da Bahia, o prefeito de Itaju do Colônia e candidato à reeleição Djalma Orrico Duarte (PSDB) foi acusado por opositores de distribuir máscaras com o seu nome e foto. O prefeito não atendeu aos telefonemas da reportagem. Em entrevista ao site Bnews, em julho, ele negou crime eleitoral e disse que somente 11 máscaras foram produzidas por uma apoiadora. Ele ainda afirmou que mandou recolher os equipamentos de proteção. Nem todos os casos de distribuição de itens relacionados à pandemia resultaram em representações na Justiça Eleitoral. A avaliação de promotores é de que há uma linha tênue entre que pode ser considerado um trabalho de assistência social ou promoção com fins eleitorais. Os decretos de calamidade pública de União, est ados e municípios, por exemplo, abriram brechas para a possibilidade de doação de cestas básicas pelos entes públicos em ano eleitoral, algo que é vedado pela lei. “A pandemia desafia o espírito solidário, mas também cria oportunidade para o ilícito. O principal antídoto contra crimes eleitorais neste cenário é subir a régua da transparência”, afirma o promotor Fábio Bechara, do Ministério Público do Estado de São Paulo. Ele afirma que ações de assistência social podem acontecer de forma legal, desde que pré-candidatos não pode se apropriem do cargo ou função para conseguir prestígio e influenciar no processo eleitoral. Ainda no início da pandemia, promotores eleitorais dos estados expediram recomendações para prefeitos, secretários e vereadores alertando sobre as regras para ações relacionadas à Covid-19 e possíveis consequências em caso de violação das regras eleitorais. Rua de paralelepípedo, antenas parabólicas nos tetos das casas e rádios que tocam funk são alguns elementos das cenas do ""171"", jogo que é conhecido como GTA brasileiro. O novo episódio do Expresso Ilustrada dessa semana analisa as 'gambiarras' que dão a cara do Brasil nos games e transformam jogos como 'GTA' e 'Winning Eleven' à luz da realidade do Brasil. Para discutir o assunto, o podcast recebe Allan Jefferson, criador do Bomba Patch e que até hoje faz atualizações e modificações no jogo, e José Messias, pesquisador de games e professor da Universidade Federal do Maranhão. Também participa Marina Lourenço, da Folha. Com novos episódios todas as quintas, às 16h, o Expresso Ilustrada discute música, cinema, literatura, moda, teatro, artes plásticas e televisão. A edição é de Natalia Silva e a apresentação é de Isabella Menon e Lucas Brêda, que também assina o roteiro. O feed RSS é https://folhaexpressoilustrada.libsyn.com/rs. O PODCAST ESTÁ DISPONÍVEL EM TODAS AS PLATAFORMAS DE STREAMING. AQUI ESTÃO ALGUMAS DELAS: Spotify iTunes Deezer Google Podcasts Castbox Stitcher Redenção. Essa foi a palavra que Tomas Antonio Albuquerque de Paula Pessoa, prefeito de Santa Quitéria (CE), buscou ao falar sobre uma parceira público-privada que está para ocorrer em sua cidade. Em seu quarto mandato, e tentando o quinto, Pessoa diz que enfim a região poderá desfrutar de um investimento industrial que vem sendo esperado desde 1976. O prefeito se refere ao consórcio Santa Quitéria, que une a estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e a Galvani em um projeto para a extração de fosfato e de urânio na cidade. “É um casamento de interesses e oportunidades, realizado em um momento adequado”, diz Carlos Freire Moreira, presidente da INB, empresa que tem o monopólio da produção de urânio no país. O contrato, ainda com possíveis acertos, dá à Galvani o direito de extração dos minerais. Ela fica com o fosfato e repassa o urânio para a INB. A empresa do setor de fertilizantes assume a operação de extração. “É um projeto com viabilidades interessantes. Vamos produzir fertilizantes fosfatados de alto teor para uma região que cresce muito”, afirma Ricardo Neves de Oliveira, diretor-presidente da Galvani. A empresa vai utilizar o fosfato para dois segmentos: o de fertilizantes fosfatados e o de fosfato bicálcico. Este último, destinado à nutrição animal, um setor novo para a empresa. O executivo aposta no sucesso da operação devido à forte demanda por fertilizantes e por suplementação alimentar nas áreas do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Na avaliação do prefeito de Santa Quitéria, a logística favorável e a proximidade da mina de algumas das principias regiões produtoras de grãos e pecuária vão baratear os custos para os produtores. Agricultores de São Raimundo Nonato (PI) e Balsas (MA) serão dois dos polos que serão bastante beneficiados, diz ele. Para Oliveira, o novo olhar sobre a sustentabilidade no país vai reverter muita área de pastagens para a produção de grãos. Com isso, a pecuária vai ter de usar mais tecnologia e ser mais produtiva. Segundo o executivo, a Galvani vai poder atuar no Norte e Nordeste com preços bastante competitivos para agricultores e pecuaristas. O novo projeto auxiliará o abastecimento do país em duas frentes: reduzirá a importação de fertilizantes e elevará a produção nacional de urânio, tornando o país exportador do excesso neste último caso. A Galvani, quando o projeto estiver terminado, colocará 500 mil toneladas de fertilizantes fosfatados por ano no mercado. O Brasil importa 72% do que consome. A empresa elevará também a oferta nacional de fosfato bicálcico em 250 mil toneladas. O consumo anual do produto para suplementação animal é de 1,2 milhão de toneladas. No caso do urânio, o salto na oferta será gigantesco, segundo Freire. Serão 1.600 toneladas por ano de concentrado de urânio (yellowcake), extraído do ácido fosfórico. A produção de Santa Quitéria terá capacidade para cobrir as necessidades das usinas Angra 1, 2 e 3, e fornecerá combustível para o abastecimento de pelo menos outras três usinas do porte das atuais. O Brasil será reconhecido como um potencial fornecedor de urânio enriquecido, um produto com muito mais valor adicionado, diz Freire. “Uma coisa é ter urânio. Outra é saber processar, e o Brasil está no grupo dos poucos países que já dominam essa tecnologia”, afirma ele. Segundo Freire, “fala-se muito dos malefícios da energia nuclear, mas pouco dos benefícios”. É uma energia limpa e pode ser levada para perto dos grandes centros de demanda. Além disso, ganha espaço na medicina e na agricultura. Sobre o acidente ocorrido em Goiânia (GO), em 1987, ele o classifica como um ponto fora da curva. Naquele ano, o caso conhecido como o do césio-137 provocou a morte de quatro pessoas e a contaminação de várias dezenas por radioatividade. Um dos sérios problemas da região é a falta de água, mas o processo a ser utilizado na extração do fosfato e do urânio vai reduzir em 30% o consumo, segundo Oliveira. Entre 80% e 85% da energia elétrica será gerada na própria unidade. O projeto, que está na fase de licenciamento ambiental, terá investimentos de US$ 400 milhões a US$ 450 milhões. Serão de US$ 320 milhões a US$ 350 milhões na planta e mais um valor de US$ 80 milhões a 100 milhões em outras operações, inclusive portuária. A mina começa a operar no final de 2023, mas ainda com baixa produção. Aumenta o ritmo em 2024 e estará a plena carga em 2026. A vida útil da jazida é estimada em 30 anos. O empreendimento movimentará 2.500 trabalhadores, 500 deles com contratação própria. Freire diz que o objetivo é requisitar o máximo possível de trabalhadores da região. Para o prefeito da cidade, as contratações e a formação de profissionais não serão problemas. Santa Quitéria tem várias escolas premiadas pela liderança na qualidade do ensino no estado. O projeto da INB e da Galvani dará vida a toda a região, segundo Pessoa. O município faz divisa com 14 outros e tem 45 mil habitantes. Está a 230 km do porto de Pecém. O prefeito já prevê o caixa da cidade um pouco mais gordo, podendo ser acrescentados R$ 20 milhões aos atuais R$ 90 milhões do orçamento. Pensa, e faz as contas. O movimento será intenso. Serão pelo menos 700 carretas por semana circulando pelo município, afirma. O Ministério do Turismo liberou repasses da Lei Aldir Blanc, de auxílio ao setor cultural na pandemia, para oito estados brasileiros nesta quarta-feira (9): Amazonas, Maranhão, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe. No total, foram repassados R$ 341,3 milhões. A pasta também realizou o pagamento de R$ 13,6 milhões para 63 municípios de estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará e Acre. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO A Codomar (Companhia Docas do Maranhão), estatal de 46 anos, foi fechada pelo Ministério da Infraestrutura nesta quarta-feira (9). O encerramento definitivo das operacoes da empresa faz parte de um processo iniciado em janeiro de 2018 com o Programa Nacional de Desestatização. Segundo a pasta, trata-se da primeira estatal oficialmente fechada no governo Bolsonaro e a ação vai economizar R$ 8,4 milhões aos cofres públicos. com Filipe Oliveira e Mariana Grazini O Brasil registrou 1.136 mortes pela Covid-19 e 34.208 casos, nesta quarta (9). O país chega, assim, a 128.653 óbitos pela doença e 4.199.332 infecções desde o início da pandemia. Piauí e Maranhão não enviaram seus dados. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 679, o que mantém uma posição de estabilidade nos dados, embora com números elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. O Brasil tem uma taxa de cerca de 61,4 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 58,4 e 62,7 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Na semana passada, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (58,8). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 54,3 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia agora é o terceiro país, atrás apenas de EUA e Brasil, com maior número de mortes pela Covid-19, com 73.890 óbitos. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 23,5 mortes por 100 mil habitantes. Balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (9) aponta 35.816 novos casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, com 1.075 novas mortes. O total registrado no balanço federal, assim, já chega a 4.197.889 casos, com 128.539 óbitos. O número de mortes pode ser maior, já que ainda há 2.507 ocorrências em investigação. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Apesar de citar diretrizes ambientais, o texto do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul falha ao não prever mecanismos de transparência, sanção e inclusão de comunidades locais. Os três pontos-chave são fruto da análise de 22 pesquisadores internacionais de universidades como Oxford (Reino Unido), Louvain (Bélgica) e Columbia (Estados Unidos). O grupo, que inclui dois pesquisadores brasileiros, analisou o documento, que aguarda por votação no parlamento europeu, apontando as deficiências do acordo para a sustentabilidade das cadeias produtivas negociadas entre os blocos e também recomendando mecanismos com exemplos já usados em acordos comerciais. Um dos pontos mais sensíveis é a falta de transparência nas cadeias produtivas. O acordo adota o princípio da precaução e estabelece que “o aumento do comércio não deve ocorrer às custas do meio ambiente ou das condições de trabalho”. No entanto, “faltam informações sobre como os padrões de sustentabilidade ambiental e social serão aplicados”, afirma a análise, liderada pela doutora em ecologia Laura Kehoe, que pesquisa cadeias ligadas a desmatamento pela Universidade de Oxford. Para garantir que o comércio entre os blocos não estimule o desmatamento e as violações de direitos humanos, o estudo sugere a adoção de um mecanismo de rastreamento a partir de ferramentas já existentes, como monitoramento por satélite e bancos de dados públicos. Um exemplo citado pelos pesquisadores é a iniciativa Trase, que cruza dados de desmatamento e de exportação. Neste ano, o levantamento revelou um descompasso entre as regiões que concentram o desmatamento e aquelas que lideram as exportações. Por exemplo, a região do Matopiba (que fica entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) exportou apenas 7% da soja que chegou à União Europeia em 2018, mas respondeu por 61% do risco de desmatamento nas importações da commodity para os europeus. O rastreamento permitiria, por exemplo, selecionar fornecedores elegíveis para o acordo. A falta de sanção no caso de descumprimento de compromissos internacionais citados no documento, como a obrigatoriedade de implementação do Acordo de Paris de combate às mudanças climáticas, é outra falha apontada pelos pesquisadores. O estudo sugere a previsão de embargos temporários para a importação de bens e serviços que não estejam cumprindo critérios legais e de sustentabilidade em linha com tratados internacionais. “Esta é uma opção política particularmente poderosa, dada a falta de mecanismos para fazer cumprir acordos internacionais como o Acordo de Paris”, afirma o estudo, que também sugere a renegociação dos termos do acordo ou aumento de tarifas e impostos de fronteira até que o cumprimento dos critérios previstos seja alcançado. Já o terceiro pilar da crítica dos cientistas aponta uma falha irreversível: a exclusão de comunidades locais, indígenas e outros povos tradicionais na construção do acordo. “O acordo precisaria ser refeito”, afirma o brasileiro Tiago Reis, um dos autores do estudo e doutorando em sustentabilidade de cadeias produtivas pela universidade de Louvain (Bélgica). “Mas se não puder ser refeito, pode-se criar uma espécie de ouvidoria, para receber queixas de populações que se sintam impactadas pela cadeia ligada ao acordo, com poderes reais de acolher a demanda, investigar com imparcialidade, tomar decisão e impor sanções”, completa Reis. Segundo o pesquisador, a análise se baseou em experiências de outros acordos comerciais e procurou por recomendações que podem ser incluídas na fase de regulamentação do acordo, o que ajudaria a viabilizar a sustentabilidade do acordo. Os autores da análise pertencem ao grupo de 607 cientistas que haviam publicado uma carta na revista científica Science, ainda no ano passado, expressando preocupação com a possibilidade do acordo comercial aumentar o desmatamento na Amazônia. Segundo Reis, o grupo de pesquisadores tem sido consultado por parlamentares europeus sobre as implicações ambientais do acordo, que tem gerado crescente preocupação no bloco e já conta com posicionamentos contrários de países como Irlanda, Bélgica e França. No último mês, a chanceler alemã, Angela Merkel, que defendia a votação do acordo no parlamento europeu, também passou a expressar receios, declarando ter “sérias dúvidas” sobre o futuro do acordo comercial. Uma área equivalente a mais de 220 campos de futebol de vegetação nativa, incluindo 4.000 araucárias, árvore símbolo do Paraná e ameaçada de extinção, está sendo derrubada para a passagem de novas torres de transmissão de energia elétrica pelo estado. O projeto prevê 1.000 km de linhas cortando 24 municípios e ainda passa pela Escarpa Devoniana, formação protegida do território paranaense. A obra, em fase inicial, é conduzida pela Engie, multinacional francesa que venceu o leilão de 2017 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para reforçar o sistema energético do país. Segundo a empresa, o projeto, intitulado Gralha Azul (ave símbolo do Paraná e uma das espécies dispersoras do pinhão), vai movimentar R$ 2 bilhões e gerar 4.000 empregos diretos. Porém entidades de proteção ambiental apontam supostas irregularidades nas licenças. Para os especialistas, os pedidos da empresa junto aos órgãos responsáveis pelas autorizações, principalmente o IAT (Instituto Água e Terra), desconsideram vários impactos. Eles teriam sido feitos ""para cumprir tabela"", na visão de Eduardo Vedor, doutor em geografia e um dos que firmam o estudo. A Engie nega as acusações e destaca que tem todas as licenças para continuar trabalhando. O projeto deve ser finalizado em cerca de um ano. O traçado das linhas é um dos principais questionamentos dos ambientalistas. A empresa teria evitado passar por terrenos privados, o que demandaria indenização aos proprietários. O projeto atinge a área em que o engenheiro florestal Leandro Schepiura pratica o reflorestamento, em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Em maio, ele gravou em vídeo sua indignação pela derrubada de araucárias centenárias, carregadas de pinhões. “Ver a derrubada de uma espécie altamente ameaçada é impactante, dá o sentido contrário, de que o que resta é continuar depredando e derrubando tudo."" No Paraná, resta menos de 0,8% de área contígua e bem conservada de araucárias, associadas ao bioma mata atlântica. A área ocupada pela espécie cobria originalmente 200 mil km². O estado abriga o Parque Nacional dos Campos Gerais, maior floresta de araucárias protegida no mundo. Outra área impactada é a do turismo. O estudo da UFPR aponta que o cenário paisagístico da região pode ficar comprometido. Os ambientalistas afirmam ainda que, pela extensão de vegetação a ser derrubada, o Ibama deveria ter sido consultado, o que não teria ocorrido. Em nota, o IAT afirmou que, como a obra não ultrapassa os limites do Paraná, o licenciamento ambiental compete ao órgão e que os estudos necessários foram apresentados pela empresa e tiveram a anuência do instituto. O Ibama não respondeu aos contatos da Folha até a conclusão desta reportagem. Para os ambientalistas, houve ainda negligência na análise de impactos em outras esferas, como a do patrimônio arqueológico e das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, do local. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não deu detalhes sobre planos de preservação, mas afirmou que os sítios arqueológicos sob impacto direto estão sendo resgatados e os atingidos indiretamente estão sendo cadastrados, sinalizados e protegidos. Quanto às comunidades locais, a Fundação Palmares disse que o processo de licenciamento das torres atendeu aos trâmites legais e aos critérios do órgão e que os planos de mitigação foram “colaborativamente elaborados pelas comunidades” quilombolas. Para o diretor-executivo do OJC, Giem Guimarães, falta ainda maior debate do projeto com a sociedade. “Batizar esse projeto de Gralha Azul é uma afronta ao povo do Paraná. Esse obscurantismo dos governos é o verdadeiro ‘passando a boiada’”, disse, citando a frase do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O MP afirmou que ainda está tentando esclarecer os pontos questionados junto à empresa, mas não exclui a hipótese de uma ação. Para o promotor Alexandre Gaio, o próprio edital da Aneel não atentou para as particularidades da área atingida. “Parece que prevaleceu uma agenda econômica."" Procurada pela Folha, a agência informou que respondeu aos questionamentos do MP, mas não disponibilizou o conteúdo da informação. A Engie afirmou que o corte de árvores foi autorizado pelo órgão competente e informou que 7% da área atingida é composta por araucárias, o que equivale a cerca de 15 campos de futebol. A multinacional disse ter se empenhado para reduzir o impacto ambiental por meio de técnicas de engenharia e afirmou ter buscado desviar áreas de preservação no traçado. Também afirmou que todas as licenças foram obtidas de acordo com as leis. A Engie afirmou ainda que todos os impactos gerarão compensações ambientais e que apresentou ao IAT propostas para cada área, ainda aguardando validação. Marcio Neves, diretor de implantação do projeto Gralha Azul, destacou à Folha o valor investido na obra —em parte financiada pelo BNDES— e os empregos gerados, além do reforço na energia da região, que vai favorecer indústrias e o agronegócio. “Detratores de projetos ou antagonistas de qualquer tipo utilizam como primeira alegação a falta de transparência, uma acusação muito vazia. Não conheço processo tão democrático, transparente e até exigente como o processo de licenciamento de infraestrutura no Brasil”, finalizou Gil Maranhão, diretor do grupo Engie. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um aceno duplo ao sancionar projeto de lei que amplia a área de atuação da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Com uma só canetada, agradou o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, pasta à qual a companhia está atrelada, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), político de um dos estados contemplados e autor da proposta. O texto foi sancionado na tarde desta terça-feira (8) em uma cerimônia com participação de Bolsonaro e Alcolumbre, embora não tenha aparecido na agenda oficial de nenhum dos dois. A sanção deve ser publicada no ""Diário Oficial da União"" desta quarta-feira (9). O comunicado divulgado pela Secretaria-Geral da Presidência da República não fala em vetos. Fontes familiarizadas com o texto no Palácio do Planalto e no Senado também informaram que não houve vetos. Pelo texto, a área de atuação da Codevasf passa a incluir as bacias hidrográficas dos rios Araguari (AP), Araguari (MG), Jequitinhonha (MG), Mucuri (MG) e Pardo (MG) e as demais bacias hidrográficas e litorâneas dos estados de Amapá, Amazonas e Pará. Criada em 1970, a companhia é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e atuava, até agora, nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru, Mearim, Vaza-Barris, Paraíba, Mundaú, Jequiá, Tocantins, Munim, Gurupi, Turiaçu, Pericumã, Una, Real, Itapicuru e Paraguaçu, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Piauí, Maranhão, Ceará, Mato Grosso, Pará, Tocantins e no Distrito Federal, bem como nas demais bacias hidrográficas e litorâneas dos estados de Alagoas, Maranhão e Sergipe. Críticos da proposta argumentam que a inclusão de bacias de novos estados vai gerar novos custos, já que a lei diz que a Codevasf poderá instalar e manter órgãos e setores de operação e representação nos estados. No início das discussões, o Ministério da Economia tinha um posicionamento contrário à proposta, mas mudou de opinião ao longo da tramitação do texto. A pasta informou que não recomendou veto. O Palácio do Planalto diz que ""a sanção presidencial permitirá a inclusão das bacias no campo de abrangência da Codevasf, com a intenção de permitir a integração entre regiões hidrográficas, possibilitando o aproveitamento racional e a utilização dos recursos hídricos disponíveis"". O Executivo afirma também que a medida também irá promover ações preventivas e corretivas em face de impactos ambientais. ""As ações de revitalização dessas bacias visam à recuperação e à preservação dos recursos naturais, com a finalidade de aprimorar as condições socioambientais das áreas, implantar procedimentos de saneamento básico, entre outras ações no combate a efeitos diversos"", diz o texto divulgado na noite de terça. O projeto foi apresentado por Alcolumbre no ano passado. Na justificativa da proposta que contempla seu estado, o presidente do Senado argumentou que a inclusão de novas bacias ""possibilitará maior desenvolvimento regional por meio do aproveitamento e utilização racional dos recursos hídricos disponíveis, que podem contribuir de maneira significativa para a geração de empregos, renda, e consequentemente movimentar economicamente a região"". Desde o ano passado, a Codevasf é Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado pelo então líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA). Uma das maiores produtoras de soja do Brasil se comprometeu a parar de desmatar o cerrado ainda em 2020. A empresa, que diz ainda ter áreas para serem desmatadas antes de finalmente encerrar a derrubada, afirma que o agronegócio brasileiro não precisa mais destruir biomas para aumentar a produção. Mas, ao mesmo tempo, Álvaro Dilli, diretor de RH e Sustentabilidade da SLC Agrícola, diz ser contra uma moratória da soja no cerrado, expediente que conseguiu reduzir acentuadamente o desmate amazônico relacionado ao grão. A SLC Agrícola, que, segundo dados de agosto da B3, tem valor de mercado superior a R$ 4 bilhões, tem cerca de 450 mil hectares no cerrado, divididos em áreas de soja (maior parte), milho e algodão, em 16 fazendas em seis estados. A principal parceira comercial da SLC é a Cargill, que recentemente sofreu um revés relacionado ao desmatamento. A empresa norueguesa Grieg Seafood, uma das principais no ramo de salmão no mundo, deixou de usar a Cargill como fornecedora por ligações com desmate ilegal no cerrado e na Amazônia. A própria SLC, recentemente, recebeu destaque negativo internacional. A ONG internacional Global Witness cobrou publicamente o fundo Odey Asset Management, que detém quase 10% das ações da SLC, pela sua ligação com a empresa brasileira. O ponto central apontado pela ONG foi exatamente a expansão da SLC sobre áreas do cerrado, que, apesar de ter metade do tamanho da Amazônia, apresenta níveis de desmate tão altos quanto os do bioma de floresta. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, foram destruídos 6.483 km² do cerrado, segundo dados do Prodes, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para mensuração de desmate. Apesar de a empresa ser conhecida por boas práticas agrícolas —o que a levou a fazer parte da recente Iniciativa Carbono Bayer, que, em parceria com a Embrapa, pretende medir a captura de carbono de tais ações— e estar ligada a selos internacionais de soja sustentável, a contínua expansão sobre áreas de floresta do cerrado preocupa analistas de risco e ambientalistas. Em 2017, o Fundo Soberano da Noruega deixou de investir na SLC, possivelmente por causa da ligação da empresa com desmatamento. * Folha - As emissões de gases-estufa do Brasil estão associadas em grande parte ao desmatamento. Não é necessário desmatar para aumentar a produtividade; então, por que ainda temos desmate forte ligado ao agro? Álvaro Dilli - Essa é uma pergunta instigante. Você coloca bem que hoje em dia não precisa [desmatar]. A SLC Agrícola encerrou o ciclo dela de abertura de áreas e transformação de área nativa. A gente não faz mais isso. Desde quando vocês não desmatam? Estamos fazendo ainda as... O nosso projeto vai até 2020. De áreas que nós tínhamos há dez anos, no nosso estoque de terras. Estamos concluindo esse ciclo agora em 2020. A partir de 2020 encerra-se o ciclo de abertura de áreas. Temos muito pouco para abrir, em torno de 5.000 hectares no máximo. O Brasil não precisa mais transformar áreas para continuar produzindo mais. Vamos entrar por onde já foi desmatado legalmente. Podemos fazer integração lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta. Ilegalmente nem fale, não tem mais sentido nenhum. Como diz um artigo recente publicado na revista científica Science, então quem desmata são as maçãs podres dessa cesta? Não tenha dúvida disso. Em quantas fazendas da SLC ocorre desmatamento e em quantas a soja é sustentável? Menos de 1% é essa área que ainda tem para limpeza e transformação. Estão nas fronteiras agrícolas, Maranhão e Piauí, áreas pequenas comparadas com a nossa operação. E é o fim de um ciclo. Temos ouvido muito grandes empresas falando, como a JBS, frigoríficos e outras “tradings”, que “2025 é nosso prazo”, “que até 2030 vamos eliminar isso”. Para a SLC Agrícola o ciclo se encerrou agora em 2020. Então o compromisso da SLC é desmatamento zero até o fim de 2020? Em 2021 não haverá mais desmate ligado à SLC? É isso aí. O quanto esse prazo foi influenciado pelo atual momento externo de pressão? Em 2015, 2014, compramos a última área para limpeza. De lá para cá já tínhamos definido: toda expansão vai ser para “joint ventures”, para arrendamentos em áreas já maduras. Menos de 1% das nossas propriedades têm áreas jovens, a maioria já é madura, com mais de três anos de operação. A maior pressão sobre o agronegócio só fortaleceu a nossa estratégia. Além da pressão, temos visto ações concretas, como o caso da Cargill. Vocês têm tido dificuldade pela política ambiental do governo Bolsonaro? Não sentimos e não vamos sentir. Não tem razão de ser. O Brasil não pode ter esse receio. Acordos com a União Europeia podem ter discussões em relação a isso, mas não vai ficar em pé. A SLC há mais de 12 anos teve a visão de que a agricultura no futuro seria certificável. Hoje a SLC tem inúmeras certificações, tem selo internacional, o RTRS (Round Table on Responsible Soy Association). Toda a soja que conseguimos vender lá fora vai com esse selo, que diz que é uma soja responsável, é uma soja sustentável. Mas é inegável que nesse momento as ações do governo brasileiro pesam contra o agro no mercado internacional, certo? Pois é, eu não queria entrar nessa linha política. Eu acho que a política tem hora que atrapalha, tem hora que ajuda. Eu vejo um Ministério da Agricultura muito atuante. Você falou mais cedo de outras empresas jogando o compromisso do fim de desmate para a frente. Esse adiamento então não é necessário. Esse adiamento não é… Para o Brasil como um todo, para o agronegócio, nós temos certeza. Eu estou falando sob a perspectiva brasileira, entendendo que com a tecnologia que temos hoje, as boas práticas, não é necessário. Isso é uma afirmativa. Mas o que acontece é que o mundo e a sociedade precisam entender que muitos produtores, gente boa, fizeram os seus investimentos e compraram terra que tem cerrado de pé e floresta de pé. Hoje, querendo ou não, a floresta em pé vale menos do que a floresta transformada. Nós temos que respeitar os ativos das pessoas, os investimentos. É a mesma coisa que morar em um apartamento em São Paulo de 200 m² e dizer que não posso entrar em 40 m². É teu, você comprou. A comparação com apartamento é complicada. As florestas são um bem público, nacional com mais impacto do que como você cuida do seu apartamento. Mas entendo o que quis dizer. É um patrimônio. Como que resolvemos a situação? Vamos entrar numa política de REDD [mecanismo de compensação por preservação de florestas], você não vai desmatar, vamos fazer um pagamento por serviços ambientais. A moratória da soja teve um impacto grande na contenção do desmate na Amazônia e, ao mesmo tempo, houve aumento de produção. A SLC defende a expansão da moratória para o cerrado? Eu particularmente não sou muito favorável a ter mais moratória em cima de uma legislação que já é muito rígida [Código Florestal], que estabelece exatamente o que pode ser aberto [desmatado]. Eu vejo que o produtor rural tem essa consciência de só desmatar se for realmente necessário. Mas a área permitida para ser desmatada no cerrado é bem superior à da Amazônia. A moratória não poderia contrabalançar o jogo? Para chegar ao Código Florestal de 2012 foram seis, sete anos de debate com as partes interessadas, até chegar nesse consenso. Não foi fácil. Nem os produtores ficaram 100% satisfeitos nem as ONGs ficaram. Achou-se um meio termo. Acho que o planeta está muito respeitado. Os biomas serão preservados. Não há necessidade das ONGs gastarem energia, tempo, para fazer uma coisa mais dura ainda. Para o Brasil, estou falando. Agora, se a SLC entender que faz sentido, já temos o compromisso de não abrir mais. Mas hoje não está no nosso radar apoiar iniciativa nessa linha da moratória. O pronunciamento do ex-presidente Lula (PT) nesta segunda (7) animou setores da esquerda. Dirigentes do PDT elogiaram a fala. Apontado como um dos pré-candidatos à Presidência da República do campo, o governador Flávio Dino (PC do B-MA) elogiou publicamente o discurso do petista. Ao Painel, Dino foi além: ""Se Lula puder ser candidato, defendo a sua candidatura como o melhor caminho para chegarmos a um novo contrato social. Ele faria uma espécie de transição política entre o horror bolsonarista e um outro momento, inclusive com projeção de novas lideranças."" O governador do Maranhão disse que Lula apontou um caminho de união, distinguindo-se assim do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ""Lula trouxe uma bandeira que acho central para nos diferenciarmos do bolsonarismo. Bolsonaro se alimenta de divisões e confrontações permanentes. Lula hoje apontou outro caminho: o do diálogo em busca de um novo contrato social. Desde 2013 o Brasil vive rupturas e sobressaltos em série. O resultado não é bom e, na minha avaliação, vai piorar. Bolsonaro não tem como oferecer estabilidade política e segurança jurídica, atributos essenciais para que a economia volte a crescer de modo sustentável"". Em seu pronunciamento, Lula afirmou que o governo de Jair Bolsonaro ""converteu o coronavírus em uma arma de destruição em massa"" e subordinou o Brasil aos EUA ""de maneira humilhante"". Disse ainda que a nomeação de ""centenas de militares"" para cargos estratégicos faz parte de uma ""escalada autoritária"" que lembra ""os tempos sombrios da ditadura"". Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, apesar de Lula hoje não poder se candidatar, já que foi condenado e está sem seus direitos políticos, a iniciativa está sendo interpretada como uma mensagem de que, caso a situação seja revertida na Justiça, ele concorrerá, sim, à Presidência da República em 2022. Recém-alinhados ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), os principais partidos do centrão –bloco parlamentar que inclui legendas como PP, PSD, PL PTB, Solidariedade, PROS e Avante– preparam uma ofensiva sobre prefeituras de cidades do interior no Nordeste. A intenção é ganhar musculatura para trilhar um caminho próprio na eleição de 2022, quando sete dos nove governadores de estados nordestinos encerram seus mandatos sem possibilidade de reeleição. Para ganhar maior protagonismo, os partidos do centrão contam com o apoio do governo federal e do presidente, que tem inaugurado obras e já fez quatro visitas à região nos últimos três meses. Em contrapartida, o presidente aposta em uma rede de aliados no Nordeste para tentar ganhar terreno em uma região na qual teve menos votos que Fernando Haddad (PT) na eleição de 2018. Bolsonaro afirmou na última semana que não apoiará candidatos no primeiro turno das eleições municipais. Contudo a avaliação dos líderes partidários é a de que a força da máquina federal, com obras e recursos para os municípios, pode fazer a diferença. Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) vê o estreitamento com o governo federal como uma relação de ganha-ganha. De um lado, o partido ajuda o presidente a enfrentar temas impopulares no Congresso Nacional. De outro, o governo acena com mais gastos com obras de infraestrutura. “Sempre tivemos esta visão pragmática na relação com o governo federal. Somos um partido de resultados”, afirma o senador Ciro Nogueira. O estreitamento coincide com o avanço da popularidade do presidente no Nordeste. Pesquisa Datafolha divulgada em agosto revelou que 33% dos eleitores da região consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom contra 27% da pesquisa anterior, de junho. O aumento da popularidade foi impulsionado, dentre outros fatores, pelo auxílio emergencial pago durante a pandemia. Nos quatro últimos meses o benefício foi de R$ 600, e ele ganhará mais quatro parcelas de R$ 300 até dezembro, depois das eleições. “Não tenho dúvida de que o presidente Bolsonaro será o principal cabo eleitoral nas eleições deste ano”, afirma o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que apoia o presidente na esfera federal, o governador Rui Costa (PT) no estado e o prefeito ACM Neto (DEM) em Salvador. A expectativa é que o presidente participe de novas inaugurações e vistorias em estados do Nordeste antes da eleição. Ainda neste mês de setembro, ele deve visitar as obras da ferrovia Oeste-Leste, na Bahia. Em clima de campanha, terá mais uma oportunidade para estreitar o contato com parlamentares da região, que buscam dar impulso para os candidatos a prefeito que disputam a eleição deste ano e que formarão sua base de apoio na busca pela reeleição, em 2022. Mesmo antes da eleição, os partidos do centrão haviam ganhado musculatura no Nordeste. As legendas atraíram novos prefeitos durante a janela partidária em abril, período no qual os prefeitos podem mudar de legenda sem sofrer punição. O campeão em prefeitos no Nordeste agora é o PSD, que cresceu de 241 para 273 chefes do Executivo municipal, superando o MDB. O partido se alinhou a Bolsonaro e indicou o deputado federal Fábio Faria (RN) para o recriado Ministério das Comunicações. A segunda legenda com mais prefeitos passou a ser o PP, que tinha 142 e saltou para 252. Com o avanço, o partido superou MDB, PSB e PSDB. A meta dos partidos para este ano é consolidar essa dianteira e ampliar ainda mais a base de prefeitos e vereadores, mirando inclusive capitais. O PP vai disputar as prefeituras de Maceió e João Pessoa, capitais dos estados dos dois líderes do centrão que disputam a indicação para disputar a presidência da Câmara dos Deputados em 2021: Arthur Lira (AL) e Aguinaldo Ribeiro (PB). Em Maceió, o candidato do PP à prefeitura será o deputado estadual Davi Davino Filho, que já conseguiu o apoio do Republicanos, PSL e DEM. Uma vitória na capital alagoana é considerada fundamental para consolidar um projeto para 2022, quando o governador Renan Filho (MDB) encerra seu mandato. Na capital paraibana, PP lançou a candidatura do ex-prefeito Cícero Lucena e começa a compor um amplo arco de alianças, incluindo o apoio do governador João Azevêdo, que trocou o PSB pelo Cidadania. O PROS, que também faz parte do centrão, concentrará suas energias em Fortaleza, onde lançou o deputado federal Capitão Wagner. O capitão da Polícia Militar, que é aliado de Bolsonaro, deve polarizar com o candidato, ainda não definido, apoiado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, do PDT. O desfecho das urnas poderá resultar em um redesenho das forças políticas da região. No Piauí, por exemplo, esse movimento foi antecipado com o rompimento de Ciro Nogueira com o governador Wellington Dias (PT). “O governador foi mesquinho. Preferiu ter uma visão partidária e abriu mão de uma ponte junto ao governo federal”, afirma Nogueira. Dias credita o rompimento ao senador, que teria se afastado para organizar a oposição e ser candidato ao governo do Piauí em 2022: “Eu respeito, é um direito dele”. O PP governa 89 dos 224 municípios do estado e tem como meta crescer ainda mais neste ano, quando terá candidatos em 150 cidades. Em Teresina, a legenda apoiará a candidatura de Kleber Montezuma (PSDB). Na contramão do Piauí, o PP e outros partidos do centrão seguem aliados a outros governadores de esquerda da região, caso de Rui Costa (PT) na Bahia, Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco e Flávio Dino (PC do B) no Maranhão, mesmo com apoio a Bolsonaro. A estratégia de um pé em cada canoa vai se refletir na eleição municipal de formas distintas. No Recife, PSD, Republicanos, PROS e Avante estão unidos em torno da candidatura do deputado federal João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos (1955-2014). Já em Salvador, o cenário é de pulverização: mesmo aliados a Rui Costa, PP, PSD e PL não vão embarcar na candidatura de Major Denice (PT). Os partidos vão apoiar, respectivamente, os nomes de Olívia Santana (PC do B), Pastor Sargento Isidório (Avante) e Bruno Reis (DEM). O programa Pró-Brasil, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende lançar como pedra fundamental da retomada econômica, deverá contar com investimentos públicos de, ao menos, R$ 1,8 bilhão no projeto de duas ferrovias, a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste) e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Com isso, espera atrair R$ 15,5 bilhões em investimentos privados até 2023. Ainda mantido em sigilo pela Casa Civil, o plano terá como pilares obras públicas e privadas e mudanças legais levadas adiante primordialmente pelos Ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional. A Folha teve acesso a uma parte do material que será apresentado por Bolsonaro no lançamento do programa ainda sem data definida. Nele, o investimento público em ferrovias consta como carro-chefe para a criação de um novo corredor logístico no país —o que o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) considera uma herança de sua gestão. Para viabilizá-lo, no entanto, ele precisa concluir a construção de um dos trechos da Fiol e financiar o projeto-executivo da Fico. Esse mecanismo de investimento cruzado está previsto em uma lei sancionada em 2017, mas cuja regulamentação só saiu no ano passado. Tarcísio, que ajudou nesse projeto de lei quando atuava pelo PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), foi o grande defensor da regulamentação como ministro de Bolsonaro. O primeiro caso a usar o mecanismo de investimento cruzado deverá ser o da Fico, cujo projeto de seu primeiro trecho foi aprovado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no mês passado. A construção da Fico será uma exigência de investimento do governo pela renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas, administrada pela Vale. Cerca de R$ 4 bilhões do total da outorga a ser cobrada pelo governo pela prorrogação serão parcialmente usados como investimentos na construção da ferrovia que, estima-se, deve ficar pronta em até cinco anos. Quando for entregue, a União poderá preparar um leilão e concedê-la à iniciativa privada. Caso tenha interesse, a Vale também poderá entrar na disputa. Espera-se que a concessionária ainda tenha de pagar algum valor ao governo, dinheiro que deverá ser empregado na conclusão de um trecho da Fiol, que liga Caetité e Barreiras, na Bahia. O governo espera contar com ao menos R$ 1 bilhão vindos da prorrogação de contratos. Os demais trechos devem ser construídos pela concessionária da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), controlada pela Vale, como contrapartida pela prorrogação antecipada de seu contrato. Parte desse trecho já está pronta, incluindo uma ponte sobre o rio São Francisco. Até o momento, as obras foram conduzidas com recursos da Valec, estatal que constrói ferrovias. No documento a que a Folha teve acesso, o governo informa que o país ocupa uma posição ruim na lista dos países com a melhor malha de infraestrutura e ""que ampliar e modernizar a malha ferroviária é uma prioridade do programa Pró-Brasil"". Com as obras e mudanças regulatórias, o governo pretende atrair até R$ 83 bilhões em investimentos, dos quais R$ 15,5 bilhões sob o comando de Bolsonaro. Ainda segundo o governo, as principais cargas movimentadas por ferrovias no país são de ferro (70%) e grãos (15%), além de outros produtos como combustíveis, fertilizantes e contêineres. ""No entanto, nem todas as regiões produtoras são plenamente atendidas por ferrovias atualmente, como o norte e meio-norte de Mato Grosso, grande polo de produção de grãos, e oeste da Bahia, que possui grandes reservas de minério"", diz o documento. A partir da implementação da Ferrogrão, Fico, Fiol e Ferroeste, o país terá novos corredores logísticos, aumentando a relevância nas exportações da região conhecida como Matopiba (acrônimo que designa a região com áreas de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e Mato Grosso dos atuais 36% para 72%, além de viabilizar a exploração de novas minas de ferro na Bahia. Além dessas obras, o plano ainda prevê prorrogações antecipadas não somente da Vale e da FCA, mas também da Malha Central e da Malha Norte. A Malha Paulista, controlada pela Rumo, já teve sua renovação antecipada assinada em maio. Há ainda investimentos remanescentes de concessões vigentes, no valor de R$ 4,3 bilhões. Para a criação dos corredores logísticos, o governo pretende alterar, basicamente, duas leis: a da cabotagem e a dos portos. A primeira já foi enviada pelo governo ao Congresso, mas enfrenta resistência na Câmara porque, ao abrir o mercado de navegação no país, prevê a preferência dos rios em vez das rodovias, o que deve derrubar o preço do frete dos caminhoneiros. Já nos portos, as mudanças tornam mais claras as novas regras que, ao menos em Santos (SP), já causam conflitos entre donos de armazéns e a administração portuária. O governo também está em contato com representantes da iniciativa privada para colher opiniões sobre mudanças regulatórias. Entidades do setor portuário querem mudanças nas leis 10.233/01 e 12.815/13, sobre portos, para reduzir a regulação e descentralizar atribuições do governo federal para estados. Inicialmente pensado como um grande programa de obras públicas, o Pró-Brasil passou a ser um misto de investimentos do Tesouro com diversas iniciativas regulatórias. Além das mudanças em logística, estão sendo discutidas possíveis alterações em telecomunicações e energia. Procurado, o Ministério da Infraestrutura disse, por meio de sua assessoria, que o Pró-Brasil é um programa sob a tutela da Casa Civil e que subsidia a pasta na concepção de todo o portfólio de investimentos públicos, privados e na reforma do ambiente de negócios para o setor. Sobre o ""BR do Mar"", projeto da cabotagem, a pasta diz que ""não existe cabotagem sem caminhoneiro"". ""Qualquer aumento de capacidade na logística intermodal beneficia diretamente o transporte rodoviário de cargas, uma vez que este é o único que faz o chamado transporte porta em porta"", diz a pasta. Mesmo sem comprovação científica da eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19, o Ministério da Saúde quintuplicou a distribuição dos remédios a estados e municípios durante a pandemia. Ao mesmo tempo, faz uma nova tentativa de desovar na rede pública doses doadas pelos Estados Unidos que estão paradas em estoque. Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que, de março a julho deste ano, já foram enviados 6,3 milhões de comprimidos de cloroquina, na dosagem de 150mg, para abastecer as unidades do SUS (Sistema Único de Saúde). É 455% a mais do que o repassado no mesmo período do ano passado (1,14 milhão), quando a aplicação se dava apenas em terapias contra a malária e outras doenças. Até julho, cerca de 5 milhões de comprimidos foram remetidos pela pasta só para uso em pacientes com o novo coronavírus —já são 5,6 milhões agora. Os envios aceleraram em maio e junho, coincidindo com uma escalada na campanha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em defesa do medicamento, o que levou à queda dos ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Eles eram contrários à ampliação da oferta, restrita inicialmente a casos graves. Após a saída dos dois, o ministério estendeu a indicação também para quadros leves. Alçado ao cargo, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, atribui o aumento na distribuição às demandas de estados e municípios. No entanto, dados levantados pela Folha com secretarias estaduais de Saúde mostram que, em alguns casos, a quantidade recebida foi superior à usada na rede. No Distrito Federal, por exemplo, só foram consumidos 36% dos comprimidos enviados até abril. No Paraná, o percentual é o mesmo. Em São Paulo, a secretaria diz ter recebido 986 mil comprimidos, mas está devolvendo 450 mil, a pedido do ministério, para redistribuição. Questionada sobre a devolução, a pasta estadual diz que as remessas iniciais foram definidas pelo ministério com base no número de casos confirmados de Covid-19, mas que desde maio tem informado não precisar de mais envios. Mesma situação ocorre no Rio de Janeiro, onde a secretaria diz que não precisa de mais remessas e tem estoque para mais três meses. Por outro lado, há também quem diga ter solicitado mais doses a pedido de municípios, caso de Minas Gerais. Secretários de Saúde ouvidos pela Folha, porém, dizem que essa situação tem sido menos frequente e que já há até quem planeje novo destino para os medicamentos. É o caso do Maranhão, que tem 80 mil pílulas e diz que só vai usá-las para tratar doenças indicadas na bula, como malária, artrite e lúpus. E não pretende requerer mais. Os motivos são a falta de eficácia e as recomendações de comitês de infectologistas, afirma o secretário estadual de Saúde e atual presidente do Conass, conselho que reúne gestores estaduais, Carlos Lula. ""Todo mundo receitava cloroquina no início, até termos os primeiros resultados que apontavam que não fazia efeito. Foi um processo de tentativa e erro. O ministério entregou uma quantidade considerável e, depois, paramos"", afirma. Ele relata que a distribuição nem sempre era sob demanda. ""Ele [ministério] entregou muita coisa sem avisar. Diziam que ia mandar testes e, quando víamos, chegava um monte de cloroquina."" Após turbinar a oferta de cloroquina no SUS, o governo federal se prepara agora para tentar distribuir 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina. Desse total, 2 milhões vieram do governo de Donald Trump e 1 milhão da Novartis. A doação havia sido anunciada em maio, mas a distribuição emperrou por causa de um imbróglio com estados e municípios. A doação foi em caixas com 100 e 500 comprimidos, o que exige custos para o fracionamento de doses para uso contra a Covid-19. A orientação federal prevê, em média, 12 unidades. Sem conseguir dividir os remédios em laboratórios oficiais, o governo federal quer repassá-los a estados e municípios que manifestarem interesse e tenham condições de fazê-lo em farmácias próprias e de manipulação. ""Fizemos as ponderações de que isso não vai ser fácil, mas o ministério não abre mão por exigências legais e pela impossibilidade de fracionar antes"", diz o assessor técnico do Conasems (conselho de secretários municipais de saúde), Elton Chaves. Para ele, a medida pode trazer custos aos municípios. Também gera preocupação aos estados, diz Lula. Em junho, a OMS (Organização Mundial de Saúde) decidiu interromper testes com a hidroxicloroquina para tratamento de Covid-19 após revisão de estudos não apontar eficácia. Um mês depois, a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulgou um comunicado em que propõe que as medicações sejam abandonadas ""no tratamento de qualquer fase"" da doença. O secretário de Ciência e Tecnologia do ministério, Hélio Angotti, diz que críticas sobre a falta de eficácia estão desatualizadas. Estudos com maior número de pacientes e controlados e randomizados, tidos como padrão-ouro, no entanto, ainda não apontam eficácia. Para o coordenador científico da SBI, Sérgio Cimerman, a remessa de cloroquina para Covid é um equívoco. ""Não deveria ser [distribuído] sem ter uma base científica adequada. Até o presente momento, não se tem evidência que se traduziu em benefício clínico e é por isso que não se tem essa indicação."" Em nota, o Ministério da Saúde diz que a distribuição da cloroquina ocorreu ""de acordo com os pedidos e planejamento prévio da pasta"", ""com base em estudos existentes no Brasil e no mundo, parecer do Conselho Federal de Medicina, além de experiência da rede pública na utilização"". A pasta, no entanto, não informou quais seriam esses estudos. O Brasil chegou a 125.584 mortos pela Covid-19 e a 4.085.840 casos da doença. Nesta sexta (4), foram reigstrados 855 novos óbitos e 40.566 infecções. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 856, o que mantém uma posição de estabilidade nos dados, embora com números elevados. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Centro-Oeste e Nortes têm aumento na média móvel de mortes em relação a sete dias atrás e quatorze dias atrás, respectivamente. As outras regiões se encontram com números estáveis e somente o Nordeste está com redução na média móvel de mortes. Amazonas, Rondônio e Tocantins estão com aumento da média de mortes em relação a quatorze dias atrás. Amapá, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo estão com taxas estáveis, o que não significa que a situação esteja tranquila. O Brasil tem uma taxa de cerca de 60 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 57,4 e 62,6 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Nessa semana, o Brasil ultrapassou a taxa da Itália de mortes por 100 mil habitantes (58,8). O México, que ultrapassou o Reino Unido em número de mortos, tem 52,6 mortes para cada 100 mil habitantes. A Índia, com 68.472 óbitos, também passou o Reino Unido em mortos pela Covid-19. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 21,3 mortes por 100 mil habitantes. Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (4) aponta 51.194 novos casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24h, com 907 novas mortes. Com isso, o total registrado no país desde o início da epidemia já chega a 4.092.832 casos, com 125.521 óbitos. Os números podem ser maiores, já que há ainda 2.492 mortes em investigação, por exemplo. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Pesquisa divulgada nesta sexta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que sete em cada dez brasileiros dependem exclusivamente do sistema público de saúde para tratamento. São mais de 150 milhões de pessoas que não têm acesso a planos de saúde privados. Os dados são de 2019 e não incluem eventuais efeitos da crise econômica gerada pela pandemia na capacidade dos brasileiros a pagar por saúde privada — apenas entre março e julho, 327 mil brasileiros ficaram sem plano de saúde, de acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde). A Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE reforça ainda a existência de grandes desigualdades no acesso a planos privados, que são mais comuns no Sul e no Sudeste e entre pessoas brancas e com maior renda, e no uso da rede pública, mais concentrado na população de baixa renda. De acordo com o 28,5% da população, ou 59,7 milhões de pessoas, possuíam algum tipo de plano de saúde médico ou odontológico no país em 2019. Considerando apenas a cobertura médica, são 26% da população, o que indica que 74% dependiam apenas da saúde pública. No Norte e Nordeste, a proporção de pessoas sem planos de saúde médico chega perto de 90% —isto é, quase nove entre dez pessoas dependem do sistema público quando estão doentes. No Maranhão, apenas 5% da população tem plano de saúde médico. Em Roraima, são 7,4%. Os responsáveis pelo estudo dizem que os dados mostram que havia ""uma grande desigualdade"" entre as grandes regiões e as unidades da federação. No Sudeste, por exemplo, 34,9% dos habitantes são cobertos por plano de saúde médico. Estado com maior cobertura, São Paulo tem 38,4%. Na média nacional, 26% das pessoas tinham algum plano de saúde médico. Entre os brancos, o índice é duas vezes superior aos de pretos e pardos: 36,5% contra 18,4% e 17,6%, respectivamente. Dos três grupos, diz o IBGE, apenas os pardos mostraram evolução nesse indicador entre 2013 e 2019, com acréscimo de 1,4 ponto percentual. O resultado reflete a desigualdade de renda entre brancos e negros no país. Dados divulgados em maio pelo IBGE mostra que, em 2019, a diferença de rendimento médio entre brancos e pretos atingiu o maior patamar desde 2016: enquanto os primeiros viviam com R$ 2.999 por mês, os últimos tiveram rendimento médio de R$ 1.673. Para o IBGE, a diferença na cobertura de planos de saúde entre classes de rendimento apresenta ""profundas desproporcionalidades"". ""A gente viu que [o acesso a plano de saúde] está diretamente relacionado com o rendimento das pessoas"", disse a pesquisadora do IBGE, Maria Lúcia Vieira. Na população com rendimento superior a cinco salários mínimos, 86,8% tinham plano de saúde médico e 32,8%, cobertura odontológica. Já entre aqueles com rendimento inferior a um quarto do salário mínimo, apenas 5,9% tinham o primeiro e 1,4%, o segundo. ""O plano de saúde é um serviço de luxo, um serviço caro. E, quando a gente tem o SUS [Serviço Único de Saúde], o plano não é prioridade na hora de fazer escolha"", afirmou Vieira. Os resultados indicam ainda que, em 2019, a cobertura do plano de saúde odontológico era bem menos frequente do que a do tipo médico: 12,9% contra 26%"". ""Mesmo nas faixas de rendimento mais elevadas, o plano de saúde odontológico foi adquirido por, aproximadamente, um terço das pessoas"". diz o estudo. O IBGE mediu também a avaliação dos brasileiros sobre os planos de saúde. Entre aqueles que possuem cobertura, 77,4% consideraram o serviço bom ou muito bom. A região Nordeste traz o menor indicador de satisfação: 72%. Na outra, ponta, 80,4% os habitantes da região Sul se consideram satisfeitos. ""A diferença de 8,4 pontos percentuais pode sugerir diferenças na qualidade dos serviços prestados nessas duas grandes regiões, logo traduzidas na avaliação de seus clientes"", avaliam os responsáveis pelo estudo. Das pessoas que tinham plano de saúde médico em 2019, 46,2% pagavam seus custos diretamente ao plano. Outros 30,9% arcavam parcialmente com os custos. Em 14,5% dos casos, o plano era custeado apenas pelo empregador. Segundo o IBGE, a maior parcela das pessoas (46,8%) indicou a Unidade Básica de Saúde como o estabelecimento que costumava procurar ao precisar de atendimento de saúde. Consultório particular ou clínica privada foram indicados por 22,9% das pessoas, e as Unidades de Pronto Atendimento Público (UPAs), pronto socorro ou emergência de hospital público, por 14,1%. A pesquisa detectou que 13,7 milhões de pessoas das pessoas, ou 6,6% da população, ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais nos 12 meses anteriores à data da entrevista. A proporção de internação em hospitais foi maior entre as pessoas idosas, isto é, de 60 anos ou mais de idade (10,6%), e as mulheres (7,6%). Entre as que ficaram internadas, 8,9 milhões recorreram ao SUS. A proporção de internação em hospitais do SUS foi maior entre os homens (65,4%), as pessoas jovens de 18 a 29 anos de idade (72,0%), bem como entre as pessoas pretas e pardas (75,9% e 73,6%, respectivamente). ""As disparidades são expressivas quando considerado o rendimento domiciliar per capita das pessoas que ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais"", diz o instituto. ""Esse indicador revela uma clara dependência das pessoas economicamente vulneráveis em relação ao SUS."" Entre os brasileiro com rendimento de até um quarto do salário mínimo, 95% dos que se internaram o fizerma no sistema público de saúde. Já entre os com renda per capita superior a cinco salários mínimos, o número cai para 6,8%. Depois de perder o prazo para receber o primeiro lote de repasses da Lei Aldir Blanc, estados correram nesta semana para apresentar seus planos de ação para o Ministério do Turismo. Rondônia, Goiás e Alagoas ainda não constam na lista dos que enviaram seus planos de ação para receber repasses da Lei Aldir Blanc, de acordo com dados da plataforma +Brasil. O plano é o primeiro passo para que as unidades federativas recebam parte dos R$ 3 bilhões destinados pela União para socorrer o setor cultural em meio à crise do coronavírus. Constam como ""em elaboração"" os estados de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Roraima. A secretaria de cultura fluminense afirma que seu plano será enviado ao Ministério do Turismo até esta sexta-feira (4). Constam como ""enviado para análise"" os planos dos estados Minas Gerais, Pará, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Estados e Distrito Federal serão os responsáveis por destinar as parcelas de R$ 600 aos trabalhadores do setor cultural. Amazonas, Paraíba, Santa Catarina, Amapá, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraná, Maranhão, Sergipe e Bahia conseguiram cumprir o prazo para receber o primeiro lote dos repasses, conforme o jornal O Globo noticiou. Segundo a plataforma +Brasil, consultada na manhã desta sexta (4), mais sete unidades federativas já tiveram seus planos de ação aprovados –Tocantins, Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo, Acre, Ceará e o Distrito Federal. Os estados que tiveram seus planos aprovados até terça (1º) receberão a partir da semana que vem, no dia 11, o primeiro lote de repasses do auxílio emergencial para trabalhadores do setor cultural. Há ainda um segundo lote, que comtemplará estados que forem aprovados até dia 16 de setembro. Segundo a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio, a Sececrj, o plano de ação fluminese deve ser enviado até sexta (4). A secretaria diz que ""vem dialogando com os representantes da cultura de todo o estado para definir o plano de ação da Lei Aldir Blanc"". São Paulo, que teve seu plano de ação aprovado na quarta (2) e portanto ficará de fora do primeiro lote, afirma, em nota, ter avaliação de que os prazos são adequados. Estados que já tiveram o plano de ação aprovado agora se empenham em mapear os trabalhadores da cultura que poderão receber o benefício de R$ 600. A Bahia tem feito esse mapeamento por meio de um formulário Google Docs, disponível no site de sua secretaria de cultura. Questionada sobre como seria o acesso de pessoas com pouco ou sem acesso à internet, a SecultBA afirma que ""é importante salientar que o formato virtual de cadastramento é o que melhor se aplica num contexto de pandemia e isolamento social"". A secretaria de cultura do Distrito Federal afirma que, além de cadastro digital, fará ""busca ativa, aquela em que o Estado vai ao encontro do beneficiário"", para pessoas sem acesso à tecnologia ou em situação de vulnerabilidade. ""Vamos realizar mutirões em todas as cidades do Distrito Federal, por exemplo, com pontos de auxílio de cadastramento"", diz, em nota. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo afirma que vai ""utilizar os municípios e os serviços de outras áreas do governo do estado para que os cadastros sejam realizados também presencialmente"". A empresa de segurança Gocil vai patrocinar o Campeonato Brasileiro da Série C. A empresa de Washington Cinel vai expor sua marca nos painéis dos estádios em 206 partidas de futebol, que costumam atrair times de Minas Gerais, do Ceará, do Maranhão e de outros estados. A meta, segundo a Gocil, é elevar a visibilidade da marca fora de São Paulo. VEJA OUTROS TEMAS ABORDADOS PELA COLUNA Passagem de avião no Brasil tem queda de preço histórica na pandemia Ambev troca vice-presidente de marketing Nota de R$ 200 com tamanho igual à de R$ 20 atrapalha cegos Endividamento sobe em família com até dez salários e cai para mais ricos Samsung vai produzir fone de ouvido sem fio em Manaus Nova lei deve acirrar disputa entre aplicativo e entregador Ministério Público abre inquérito sobre alimentos orgânicos com Filipe Oliveira e Mariana Grazini Falta de planejamento e uso inadequado são os principais problemas dos hospitais de campanha implementados no Brasil para combater a pandemia de Covid-19, segundo pesquisadores e profissionais de saúde pública. Desde o início da quarentena, pelo menos 70 desses hospitais foram inaugurados pelo país, de acordo com dados de 23 secretarias estaduais de saúde —Amapá, Mato Grosso do Sul e Pernambuco não responderam até o fechamento desta edição. Os dados de São Paulo são apenas da Grande São Paulo. “A maioria foi implementada às pressas, sem planejamento e, muitas vezes, tarde demais”, diz Jessem Orellana, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz em Manaus. Na capital do Amazonas, uma das mais atingidas pela pandemia, um hospital de campanha foi inaugurado, em 12 de abril, com 21 leitos, 18 deles de UTI. Segundo Orellana, além de aberto tardiamente, o erro estratégico foi destinar o local a pacientes graves. “A experiência internacional mostra que esses hospitais são úteis para isolar infectados. Aqui foi distorcido: os pacientes chegavam em estado grave. O que poderia ser um local para conter a disseminação da Covid virou um morredouro de pessoas”, diz. Da forma com que foram implementadas, essas estruturas caras e difíceis de manejar não valeram a pena, segundo o epidemiologista. “Não temos dados de quanto foi investido e quantas vidas salvou”, afirma. O hospital de campanha de Manaus já foi desativado, embora os índices de internação na rede hospitalar continuem altos: cerca de 130 por dia, de acordo com Orellana. “Num momento de crescimento dos casos, a estrutura pode ser necessária para isolamento e para pacientes que não podem ficar em casa, mas hospital de campanha não é UTI. Como o custo de implantação e manutenção é alto, talvez tivesse sido melhor investir no fortalecimento de hospitais existentes”, diz Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Carlos Eduardo de Oliveira Lula, presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), considera os hospitais de campanha necessários por serem o meio mais rápido de equipar e dar uma resposta à rede de saúde. Para ele, a avaliação de desempenho não pode ser feita de maneira geral. “É preciso ver hospital por hospital, região por região”, diz. No Maranhão, estado onde Oliveira Lula é secretário de Saúde, a prioridade foi estruturar o sistema com meios permanentes. “Desde o começo da pandemia, dizíamos que hospital de campanha era o nosso plano C.” Já Daniel Soranz, epidemiologista e professor da ENSP/Fiocruz (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca) afirma que no Rio de Janeiro a estratégia não valeu a pena. Enquanto hospitais de alta complexidade para cirurgias eletivas permaneceram fechados e poderiam ser adaptados para se tornarem centros de referência em Covid-19, investimentos foram destinados a locais de baixo desempenho. “O hospital de campanha do Rio Centro, por exemplo, planejado para 500 leitos a um custo de cerca de R$ 100 milhões, teve em média 88 internados e 200 leitos desativados”, diz Soranz. O baixo desempenho seria previsível por causa dos problemas inerentes a esses hospitais temporários, como estrutura física improvisada, dificuldade de organizar o corpo clínico, acessar prontuários eletrônicos ou manter o fluxo de informações, segundo o epidemiologista. “No início, a informação foi um problema. A recomendação era que os familiares recebessem boletins diariamente, mas as equipes não conseguiam se organizar para isso, o que gerou muitas reclamações”, diz Azevedo, da Abrasco. Normalmente, há horários para visitação dos pacientes pelo menos uma vez por dia em toda a rede hospitalar, mas, no caso da Covid-19, as visitas foram proibidas para evitar mais contaminação. O presidente da Conass diz ter ouvido relatos de problemas na estruturação dos hospitais, como falta de lugar apropriado para o descanso dos profissionais de saúde. “É hospital de guerra, no Brasil não estamos acostumados com essa situação. Mas a questão não é só trabalhar em um local onde a equipe não está acostumada, é o tempo para estabelecer as condutas para esse tipo de operação”, diz ele. Para Orellana, como tudo foi feito de forma improvisada, não houve tempo para a capacitação de profissionais. Foi um erro não ter utilizado a experiência acumulada em outras pandemias, como a de dengue, zika ou H1N1, de acordo com Soranz. As lições aprendidas são a necessidade de fortalecer a atenção primária à saúde e a rede de diagnósticos para evitar contaminação cruzada e organizar o fluxo de entrada no sistema de saúde. Também é preciso uma coordenação central do Ministério da Saúde, para definir os insumos estratégicos, centralizar o processo de compras e distribuir conforme as necessidades de diferentes regiões. “Na atual pandemia, os Estados começaram a competir por respiradores, testes, proteção individual. Uma coordenação central serve para evitar isso”, diz Soranz. Descentralização e disputas políticas também dificultam acesso a dados consolidados, como o número de hospitais e leitos ativos. Estas informações foram solicitadas ao Ministério da Saúde, que respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que os hospitais de campanha são de responsabilidade dos estados. A falta de informações dificulta o planejamento no caso de uma segunda onda do vírus e a forma como os hospitais estão sendo desmontados. “Foi feito todo esse investimento em leitos, respiradores para o hospital de campanha na capital, mas os 61 municípios do interior do Amazonas continuam sem um leito de UTI”, afirma Orellana. A decisão de já desmontar hospitais de campanha deve ser avaliada em cada estado, segundo Oliveira Lula. “Em algumas regiões houve lotação muito grande da rede. Nesses casos, por cautela e prudência, deve-se aguardar, mesmo com leitos desativados, para que, no caso de uma segunda onda, o sistema de saúde não fique novamente sobrecarregado”, diz ele. Em outras regiões, o desmonte é justificado, segunda a presidente da Abrasco. “Não dá para manter leitos ociosos para uma segunda onda que não sabemos se e quando vai chegar”, diz Azevedo. Para ela, o legado dessas estruturas poderia ser a transferência de equipamentos e leitos para os hospitais já estruturados, gerais ou de alta complexidade. “Isso ajuda tanto para atender casos de Covid quanto para a demanda reprimida de internações por outras doenças.” Para isso, é preciso avaliar se há leitos ociosos na rede de saúde que possam ser utilizados para pacientes de Covid-19 e se é possível montar estruturas permanentes que ficarão como legado pós-pandemia. “A lição aprendida é encarar o hospital de campanha como a última alternativa e não a primeira, como infelizmente aconteceu em alguns casos”, diz o presidente do Conass. Além disso, é preciso se preparar para quando a opção for necessária. “Não dá para ignorar agentes infecciosos desconhecidos. É preciso instalar estruturas temporárias antes da fase aguda de epidemias. Sem planejamento, hospital de campanha só serve para enxugar gelo”, diz Orellana. Num fim de semana miserável para os goleiros do Trio de Ferro, só o São Paulo se deu bem. Assim que o Majestoso terminou no Morumbi, com a vitória tricolor por 2 a 1 e gol de Brenner nos acréscimos, o zap soou no telefone: “Juca, infelizmente eu acertei de novo...”. O jornalista Carlos Maranhão, um dos raros leitores desta teimosa coluna, dava o ar de sua graça, decepcionado porque corintiano, em São Paulo, e atleticano, no Paraná. Não que ele tivesse previsto a vitória são-paulina, porque, ajuizado, não faz prognósticos futebolísticos. De texto refinado e frieza analítica, Maranhão detesta palpites. A coluna havia palpitado que o clássico ficaria num 0 a 0, medroso, ou, no máximo, em empate com gols. Nem uma coisa, nem outra, nem outra. Porque o São Paulo buscou vencer durante os mais de 100 penosos minutos do Majestoso e ganhou com total justiça, sem contar a crueldade do gol já aos 46 minutos do segundo tempo, quando dois garotos, Toró no passe e Brenner de cabeça, vindos do banco de Fernando Diniz, selaram o triunfo dos anfitriões. Aos trancos e barrancos, o São Paulo sobe na tabela de classificação do Covidão-20 e o Corinthians despenca assustadoramente, às vésperas de comemorar 110 anos nesta terça-feira (1º de setembro). Se no sábado (29) Weverton entregou de bandeja o empate 1 a 1 para o Bahia, no Pituaçu, e tomou dois pontos do bolso do Palmeiras, no domingo escaldante pela manhã tanto Cássio quanto Tiago Volpi foram os responsáveis pelo 1 a 1 até quase o fim do jogo. Um “quase” que permitiria ao colunista festejar se não o placar, mas o resultado final do clássico. De todo modo teria errado quanto ao comportamento do time que, sem Daniel Alves, mostrou mais uma vez a lucidez de Hernanes, autor do 1 a 0 em cobrança de falta com curva mágica, mas no meio do gol. Porque o Soberano jogou o tempo todo pela vitória, ao contrário do rival. Que não tem desculpa. Porque individualmente não é pior, nem melhor que o adversário, e o fator casa, sem torcida, não pode influenciar a ponto de causar atitude tão tímida, beirando à covardia. A verdade é que o Corinthians achou um gol ainda no primeiro tempo, quando não incomodou a defesa comandada pelo garoto Diego Costa, nome de centroavante, futebol de zagueiro competente, graças a arremate fraco de Ramiro que Tiago Volpi aceitou. Aos 21 anos, o mato-grossense Diego Costa engoliu Jô antes do almoço dominical, sob 30°C de temperatura e umidade de 30%, condições que não justificam jogos no torneio sem torcida. Porque a única desculpa para agendamento de partidas no horário, que colabora para piorar ainda mais o nível do campeonato, está em ter caído no gosto do torcedor. Em resumo, o fim de semana do Trio de Ferro revela Fernando Diniz respirando já sem aparelhos, Tiago Nunes na esperança de que o anúncio da venda dos direitos de uso do nome da Arena Corinthians se sobreponha ao seu mau desempenho e Vanderlei Luxemburgo, com elenco estrelado, seguindo também incapaz de mostrar alguma coisa parecida com bom futebol. Mesmo invicto, o Palmeiras ainda não permite pensar em disputar o título brasileiro, obrigação imposta pelo tamanho de seu investimento. O Flamengo ficaria a dez pontos do Inter se perdesse do Santos. Ganhou por 1 a 0 em bom jogo dos dois times, com irritantes, por lentas, intervenções do VAR. Em clima de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro preparou um cronograma de inaugurações de obras de infraestrutura que, em sua maioria, foram iniciadas nos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT). Das 33 obras que promete inaugurar no segundo semestre, 25 foram planejadas pelos petistas, 2 começaram a ser executadas no governo Michel Temer (MDB) e 6 saíram do papel no atual governo, sendo que algumas já eram discutidas nas gestões passadas. As obras rodoviárias representam mais da metade do pacote de entregas, mas apenas uma das 18 intervenções foi inteiramente conduzida pelo atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas —a construção da ponte sobre o rio Paranaíba, na BR-235/PI, entre as cidades de Santa Filomena, no Piauí, e Alto Parnaíba, no Maranhão. O restante fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado pelo governo do PT em 2007. É o caso da duplicação da BR-116, tanto na Bahia quanto no Rio Grande do Sul, da duplicação de diversos trechos da BR-101, englobando Alagoas, Sergipe e Espírito Santo, da construção da BR-230, no Pará, conhecida como rodovia Transamazônica, ou mesmo da construção da ponte do Abunã, que ligará Rondônia ao Acre sobre o rio Madeira. Bolsonaro tem tratado essas obras como feitos de seu governo. E, apesar da pandemia do novo coronavírus, está rodando o país em inaugurações agendadas pelos ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional. O cronograma foi encomendado pelo Palácio do Planalto para turbinar a imagem do presidente e aproveitar a onda de popularidade ocasionada pelo pagamento de R$ 600 do auxílio emergencial. Segundo o Datafolha, Bolsonaro atingiu seu maior patamar de aprovação, com 37% de ótimo/bom. O levantamento feito pela Folha trata apenas de obras da pasta de Tarcísio de Freitas. O ministro é frequentemente elogiado por Bolsonaro, como na última quinta (27), quando o presidente disse que queria os R$ 50 bilhões gastos no pagamento do auxílio “nas mãos de Tarcísio”. Em outubro de 2019, em uma audiência na comissão do Meio Ambiente, no Congresso, o ministro defendeu a iniciativa de entregar obras que começaram em outros governos. “Sempre se questiona ou se critica a falta de continuidade dos governos. E aqui hoje disseram: ‘Ah, você terminou obra que era de outro presidente, outro governo’. Que bom! Que bom que nós estamos encarando a infraestrutura desta forma. Eu tenho orgulho disso. Terminamos obras de outros governo, sim. O Brasil não pode ser reinventado a cada quatro anos”, disse. Todas as cinco obras aquaviárias previstas pelo ministério para este ano foram iniciadas em 2014: são as instalações portuárias públicas de pequeno porte no Pará. O presidente já disse que tem a intenção de visitar ao menos dois estados por semana. Essa postura reflete uma cobrança recorrente de seus novos aliados do centrão, insatisfeitos com a capitalização política de governadores adversários a partir de obras com recursos federais. A agenda de Bolsonaro, entretanto, tem provocado constrangimento entre governadores. “Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo. Ele só está visitando obras alheias e mudando nome de programas já existentes”, criticou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). Das seis reformas iniciadas pelo atual governo, cinco são do setor aéreo e ganharam velocidade, em parte, pelas circunstâncias da pandemia. Até 5 de setembro, a pista principal do aeroporto de Congonhas estará totalmente interditada. A intervenção recebeu R$ 11,5 milhões. Além da recuperação da pista, a reforma do aeroporto prevê a remodelação da fachada do terminal de passageiros e a reconstrução do pátio de aeronaves. Destaque também para as obras nos aeroportos de Santarém (PA) e Foz do Iguaçu (PR) —este recebeu a visita de Bolsonaro na última quinta-feira. Iniciadas em fevereiro, as obras da pista do Aeroporto Internacional Cataratas atingiram 40%. O valor do contrato é de R$ 53,9 milhões, oriundos de um termo de convênio firmado entre a Itaipu e a Infraero. Apesar de os trabalhos nos aeroportos de Santa Maria (RS) e Navegantes (SC) terem sido encaminhados em 2019, a discussão se arrastava desde os governos passados. Bolsonaro também herdou obras iniciadas na gestão de Dilma no setor aéreo. As reformas nos aeroportos de Manaus e Bonito, por sua vez, tiveram início no governo Michel Temer (MDB). Em nota, o Ministério da Infraestrutura disse que entende a sua atuação como “questão de Estado, e não de governos”. “O planejamento da infraestrutura nacional é, essencialmente, uma política de longo prazo e, por isso, a atual gestão escolheu como um dos pilares de sua atuação a concentração de recursos para a conclusão de obras em andamento ou paralisadas antes de abrir novas frentes”. A despeito de ainda haver um longo percurso de dois anos e de, para muitos, as eleições municipais não terem efeito nas eleições gerais, alguns dos principais nomes cotados para a disputa presidencial de 2022 se movimentam para testar forças e projetos no pleito de novembro. O presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido, adota uma postura errática, ora indicando apoio a alguns aliados, ora reforçando promessas de que passará ao largo das eleições de prefeitos e vereadores, pelo menos no primeiro turno. Alguns de seus principais adversários, porém, traçaram metas mais definidas, de acordo com dezenas de políticos ouvidos pela Folha nos últimos dias. O PT, principal partido de oposição, tenta se reerguer do tombo de quatro anos atrás, quando foi o que mais perdeu votos e influência, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff, e afirma ter dobrado o número de candidatos a prefeito, com foco nas capitais e grandes cidades. Apesar disso, assiste à tentativa de descolamento de parte da esquerda. O PSB formou com o PDT de Ciro Gomes (CE) uma aliança para chapas conjuntas em várias cidades, incluindo Rio de Janeiro —esta com participação também da Rede Sustentabilidade de Marina Silva. Em ação parelela ainda na esquerda, o governador Flávio Dino (MA) luta para conseguir nas urnas elevar seu capital político e o de seu partido, o pequeno PC do B, tendo como prioridade a eleição de Manuela D'Ávila (vice da chapa presidencial do PT em 2018), em Porto Alegre, e Rubens Pereira Júnior, em São Luís. Até agora o principal oponente de Bolsonaro na centro-direita, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem como meta manter ou ampliar a hegemonia dos tucanos em seu reduto eleitoral, São Paulo, onde comanda um terço das prefeituras, e no país, tendo em 2016 conquistado administrações que somavam 24% da população brasileira. Cotados para a corrida presidencial de 2022, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro e o apresentador da TV Globo Luciano Huck mantêm-se publicamente a distância das eleições de novembro, embora venham participando e se manifestando regularmente sobre questões políticas. Por causa do novo coronavírus, as eleições municipais deste ano (para escolha de prefeitos e vereadores) foram adiadas para os dias 15 (primeiro turno) e 29 de novembro (segundo). As presidenciais ocorrerão em outubro de 2022. ""O PT vai disputar as eleições nos principais centros políticos do país. Esse dado é totalmente diferente do que ocorreu em 2016"", afirma o deputado federal José Guimarães (CE), responsável pelo grupo de organização das eleições no partido. ""O dado significativo é que eles não conseguiram matar o PT. O PT pode, sim, ter um resultado eleitoral que surpreenda o país."" Entre as apostas da sigla está novamente a deputada Benedita da Silva, no Rio de Janeiro, Marília Arraes, no Recife, e Denice Santiago, em Salvador. A candidatura de Jilmar Tatto, em São Paulo, sofre resistência de parte dos apoiadores, que têm manifestado adesão à chapa de Guilherme Boulos e Luiza Erundina, do PSOL. ""É claro que ganhar a eleição neste ano, para nós, do PT, é um gigantesco passo para quem tem perspectiva de voltar o poder. Mas depende de tanta coisa que está cedo para fazer prognóstico para 2022"", diz Guimarães. O partido mantém tentativas na Justiça para derrubar as sentenças que impedem uma candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ter Fernando Haddad, candidato em 2018, como uma das opções para daqui a dois anos. Apostando em relação mais evidente entre 2020 e 2022, PSB e PDT estão formando dobradinhas para as disputas de São Paulo (Márcio França, do PSB), Rio (Bandeira de Mello, da Rede, ou Martha Rocha, do PDT), Recife (João Campos, do PSB), Porto Alegre (Juliana Brizola, do PDT) e Fortaleza (candidato do PDT, escolhido pelo grupo de Ciro). A aliança, se der resultado, é embrião para a tentativa de uma candidatura em 2022 que rompa com a hegemonia do PT na esquerda. ""As forças que estão se aproximando podem estar juntas, e espero até que estejam [em 2022]. Vai criando um polo diferente do PT, à esquerda"", diz o presidente do PSB, Carlos Siqueira. ""Como temos a compreensão de que 2022 passa por 2020, trabalhamos para uma aliança exitosa em 2020 que também possa vir a ser em 2022"", afirma o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE). Para Pedro Ivo Batista, porta-voz nacional da Rede, o reflexo da atual eleição para daqui a dois anos tem que ser o de barrar o avanço do bolsonarismo e da extrema direita. Na centro-direita, o desempenho do PSDB, que tem hoje em Doria um de seus caciques, é visto como crucial para fortalecer ou arrefecer as pretensões presidenciais do governador. ""Esperamos conseguir manter e até ampliar o resultado"", diz o deputado federal Beto Pereira (MS), secretário-geral do PSDB. A prioridade clara é a reeleição de Bruno Covas, na capital paulista, em uma queda de braço que levantou especulações até de uma inusitada é tácita dobradinha entre Márcio França, candidato do oposicionista PSB, e Bolsonaro, que tem hoje em Doria um de seus principais adversários. Além da capital paulista, os tucanos tentam a vitória em Boa Vista, com a deputada federal Shéridan, e as reeleições em Porto Alegre (Nelson Marchezan Jr.), Palmas (Cinthia Ribeiro) e Natal (Álvaro Dias). A Folha procurou Huck e Moro. O ex-juiz federal disse, por meio de sua assessoria, estar concentrado na vida acadêmica e na recolocação profissional. ""Por isso, não penso em participar ou endossar candidaturas neste ano. Além disso, acredito que o foco de 2020 deve ser o combate à pandemia e a discussão sobre a recuperação econômica, e não sobre as eleições de 2022.” Aliados dizem que o ex-ministro tomará sua decisão, como previsto, no ano que vem. ""Estamos aguardando o tempo dele. Se eu fosse ele, resolveria no fim do ano que vem. É melhor, pela onda política"", diz a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, um dos possíveis destinos de Moro. Já Huck não se manifestou. Em live de que participou na última segunda-feira (24) ao lado da professora de direito e comentarista Gabriela Prioli, colunista da Folha, o apresentador citou um ponto que, segundo aliados, o faz ter dúvidas sobre se tornar candidato. ""O que me incomoda hoje na política é a desconstrução do outro, ou seja, se você não pensa como eu, você não pertence a esse planeta, você não tem o direito de falar."" Apesar disso, em uma hora de live, Huck empilhou uma séries de impressões sobre o que o Brasil precisa para dar certo, discorrendo da educação da Coreia do Sul ao desconhecimento da Faria Lima sobre os reais interesses do povão, pensamentos pontuados com frases que soam como slogans de campanha. ""Estou sentindo isso ao conversar com as pessoas. As pessoas querem voltar a ter o direito de sonhar, querem ter esperança. E para isso tem que ter projeto"", disse, criticando salvadores da pátria com discursos de ""sou muito macho, bato em todo mundo"". ""A nossa missão é voar acima dessa camada de polarização, dessa camada que só quer brigar, e explicar às pessoas o que é a política"", afirmou o comunicador. ""Acho que ele está atravessando a rua"", opinou, não necessariamente falando da live, Roberto Freire, presidente do Cidadania, um dos partidos simpáticos ao apresentador. Jair Bolsonaro, sem partido, presidente da República Tem dado sinais erráticos sobre adesão a candidaturas. Bem ao seu estilo, declarações de apoio podem surgir em situações em que não envolvam disputa entre aliados. Em seu entorno, há simpatia pelas candidaturas de Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte, e Fernando Francischini (PSL), em Curitiba. Bolsonaro também se coloca claramente contrário ao PT e a João Doria (PSDB) Lula (*)/Fernando Haddad, PT, ex-presidente da República/ex-ministro Jilmar Tatto (São Paulo), Benedita da Silva (Rio de Janeiro), Marília Arraes (Recife) e Denice Santiago (Salvador), entre outros. Após o péssimo resultado em 2016, meta da sigla é se reerguer. Para isso, afirma ter dobrado de cerca de 800 para cerca de 1.600 o número de candidatos a prefeito, com foco nas capitais e grandes cidades João Doria, PSDB, governador de São Paulo Bruno Covas, em São Paulo, além das principais cidades do estado, mantendo ou ampliando a hegemonia (comanda um terço das prefeituras). No país, o partido diz também querer manter ou ampliar a liderança em relação ao que conquistou em 2016. Nas capitais, além de São Paulo tem como prioridades, entre outras, Boa Vista, com a deputada Shéridan, e as reeleições em Porto Alegre (Nelson Marchezan Jr.), Palmas (Cinthia Ribeiro) e Natal (Álvaro Dias) Ciro Gomes, PDT, ex-governador e ex-ministro PDT formou uma dobradinha com o PSB para candidaturas conjuntas em algumas cidades, em especial São Paulo (Márcio França, do PSB), Rio (Bandeira de Mello, da Rede, ou Martha Rocha, do PDT), Recife (João Campos, do PSB), Porto Alegre (Juliana Brizola, do PDT) e Fortaleza (candidato do PDT, escolhido pelo grupo de Ciro). Aliança, se der resultado, é embrião para uma candidatura em 2022 que rompa com a hegemonia do PT na esquerda Flávio Dino, PC do B, governador do Maranhão Manuela D’Ávila, em Porto Alegre, Rubens Pereira Júnior, em São Luís, Orlando Silva, em São Paulo, e Olívia Santana, em Salvador. Governador tenta vencer a tendência do PT em insistir em ter e hegemonia na esquerda e nas candidaturas à Presidência Marina Silva, Rede, ex-ministra Partido chega à eleição após o péssimo resultado em 2018, quando, à exceção de um bom desempenho para o Senado, Marina ficou em oitavo na corrida presidencial, além de a sigla não ter atingido a cláusula de desempenho, perdendo recursos públicos. Com candidatos nas capitais correndo por fora, como Bandeira de Mello (como cabeça de chapa ou vice, no Rio de Janeiro) e Marina Helou ou Duda Alcântara (São Paulo), a Rede diz esperar elevar o número de vereadores nas grandes cidades Sergio Moro, sem filiação, ex-juiz federal e ex-ministro Desde que saiu do governo Bolsonaro, passou a criticá-lo e a marcar posição divergente em alguns temas. Tem boa relação com políticos do Podemos, partido com discurso pró-Lava Jato e que sonha em tê-lo como candidato à Presidência em 2022. O Podemos diz ter candidatos competitivos em capitais, como Eduardo Braide, em São Luís, Amazonino Mendes, em Manaus, e Delegada Patrícia Domingos, no Recife Luciano Huck, sem filiação, apresentador de TV Tem frequentemente se posicionado em questões políticas e de gestão pública, mas não está atrelado ou milita abertamente por candidaturas municipais. Participa de movimentos de renovação na política cujos integrantes ou ex-alunos serão candidatos, em especial o RenovaBR —entre os pré-candidatos a prefeito, estão Minoru Kinpara (PSDB), em Rio Branco, e Danielle Garcia (Cidadania), em Aracaju (*) partido tenta na Justiça anular condenações que impedem sua candidatura Mestre Armando Nogueira sempre disse que quem escreve sobre futebol deveria evitar fazer prognósticos sobre os jogos. Porque quebraria a cara muito mais que acertaria. De fato, cravar um resultado diante de três possibilidades é sempre temerário, desafio à lei das probabilidades. Acrescente o imponderável e resista à tentação. Há os que, prudentemente, conseguem. E os que não, até porque sempre desafiados em programas de TV ou rádio, ou pelos leitores. Outro mestre menos conhecido no mundo do futebol, embora tenha começado a brilhante carreira no jornalismo como correspondente da Placar em Curitiba e que até dirigiu a revista, Carlos Maranhão, vive fazendo troça dos palpites que vê aqui. Como usual entre os leitores, jamais aplaude os acertos minoritários, como, por exemplo, a coluna ter apontado o Bayern Munique como o campeão da Liga dos Campeões da Europa. As bolas fora, ao contrário, nunca passam impunes. Tudo isso para dizer que se a rara leitora e o raro leitor acordarem no intervalo do Majestoso podem ligar a televisão para constatar o 0 a 0 no placar. Que perdurará até o fim do clássico. Trata-se do resultado que interessa aos dois times para evitar crises, principalmente para os dois treinadores. Antes, saiba que em 345 Majestosos houve 110 empates, 130 vitórias alvinegras e 105 tricolores. Ou que pelo Campeonato Paulista foram 59 empates, 67 triunfos do Corinthians e outros 58 do São Paulo. No Morumbi, 59 empates e vantagem do visitante por 50 a 39. Note que há sempre mais empates que vitórias do São Paulo, mas não é nem por isso a previsão de nova igualdade. Fernando Diniz, depois de muito dar murro em ponta de faca, desistiu de Alexandre Pato e somou sete pontos em nove disputados. Não terá Daniel Alves e tomara que possa contar com Luciano, com rendimento surpreendente nos três jogos dos quais participou, com dois gols decisivos e um passe para outro, de Pablo. Mas Bahia, Sport e Athletico medem pouco e tudo irá por água abaixo caso o time perca para o maior rival. Acontece que o Corinthians está em situação mais complicada e Tiago Nunes, como Diniz, obrigado a rever conceitos em busca de resultados. Entre os três possíveis a vitória será redentora, a derrota, catastrófica, e o empate, satisfatório, fora de casa. Tudo leva a crer que teremos um Majestoso realmente medroso, daqueles em que o medo de perder tira a vontade de vencer, segundo pontifica o filósofo Vanderlei Luxemburgo. Aliado à manutenção dos empregos, temos o esperado baixo nível do começo deste Covidão-20, depois da inédita paralisação das atividades por longos quatro meses, embora insuficientes. Se não for 0 a 0 ou, ao menos, empate, a cara está dada à tapa ainda antes do almoço dominical. Para comprovar que Armando Nogueira sempre tem razão e alegria de Carlos Maranhão. São cerca de 13% os afro-americanos. E 55% de não brancos no Brasil. Lá como cá são os que mais morrem baleados pela polícia e a maioria esmagadora dos prisioneiros. Nos Estados Unidos da América, enfim, os atletas disseram basta. Nos Estados Unidos do Brasil, primeiro nome pós-República, não se vislumbra nada parecido. Em meio à polêmica em torno da volta às aulas , nenhuma das alternativas propostas pelas esferas governamentais vem ao encontro do que sugere o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clovis Arns da Cunha. Em entrevista à Folha, Cunha afirma que a retomada das atividades escolares deve ocorrer pelos alunos do último ano do ensino médio, porque estão perto do vestibular e já entendem a importância das medidas preventivas contra a infecção pelo novo coronavírus. Num segundo momento, os estudantes do segundo e primeiro ano do ensino médio, e da última série do fundamental, gradativamente e de forma escalonada —metade em sala de aula e outra a distância. Cunha também critica a defasagem da tabela de remuneração de procedimentos no SUS (Sistema Único de Saúde), que não acompanhou a inflação ao longo dos últimos 50 anos. Segundo Cunha, sem o atendimento pelo SUS o número de óbitos por Covid-19 no Brasil já teria ultrapassado 150 mil. * Como o sr. avalia a estratégia de enfrentamento à pandemia das três esferas de governo? No âmbito estadual, teve um pouco mais de homogeneidade. No governo federal, observou-se uma situação muito ruim. Tentando fazer sempre uma crítica construtiva, as medidas de prevenção tão importantes que o mundo inteiro preconiza —uso de máscaras, distanciamento físico de pelo menos um metro e a higienização das mãos— não só não foram preconizadas e orientadas pelo governo federal como contrariadas. Se você não segue uma orientação homogênea, como fica a situação dos brasileiros que ouvem os médicos orientarem o uso da máscara, mas o presidente [Jair Bolsonaro] não usa? Pelo contrário, promove aglomeração e situações contrárias ao que o mundo inteiro científico orienta, incluindo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e as sociedades científicas? O que levou o Brasil a ultrapassar 100 mil mortes por Covid-19? Em cidades populosas, especialmente no Brasil, onde há pessoas que vivem em casa com um cômodo, é impossível fazer um isolamento respiratório. Na primeira onda, tivemos seis epicentros: São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Manaus e Belém. Nas últimas seis, oito semanas, as regiões do Brasil que não tinham sido acometidas —os três estados do Sul, o Centro-Oeste e Minas Gerais —passaram a ser. Se você tem um povo que segue as medidas, lideranças de saúde que orientam corretamente e dão exemplo de como utilizar essas medidas e elas são eficazes, você elimina muito o impacto da Covid-19 em termos de números. No Brasil, houve por muitos meses e em várias esferas pessoas dizendo que não precisava usar máscara, do distanciamento físico, isolamento social de idosos e pacientes de risco. Foi o principal motivo que levou ao número grande de casos. Quais estados mais preocupam as autoridades médicas? Estamos na segunda fase da pandemia. Sul, Centro-Oeste, incluindo o Distrito Federal, e Minas Gerais estão no pico da pandemia. O que está acontecendo também é a interiorização da Covid-19. Várias cidades do interior estão acometidas. O sr. concorda que São Paulo está no platô e a aceleração da doença diminuiu? A população pode ficar mais tranquila em relação à pandemia? Na verdade, é o que está acontecendo em vários estados —neste sentido São Paulo e Paraná são parecidos. Em São Paulo, o platô teve duas forças diferentes. O estado teve o pico, principalmente às custas da capital; depois, na capital diminuiu e no interior subiu. No Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, atingimos o pico e estamos no platô do pico. O número de casos e mortes ainda é muito grande, mas esperamos tanto em São Paulo como no Sul e Centro-Oeste que esse platô progressivamente vá caindo. Na cidade de São Paulo, houve uma melhora significativa, tanto que foi possível desativar os hospitais de campanha. Se o governo tivesse implantado ""lockdown"" em SP já estaríamos numa situação mais segura? Se você faz um ""lockdown"" só num estado ou município, só adia a epidemia. Foi o que aconteceu na Nova Zelândia, em Portugal e na Alemanha. Um ""lockdown"" localizado, quando a situação está completamente descontrolada, como aconteceu no Maranhão, funciona só para fazer com que a curva do número de casos diminua temporariamente. As pessoas viajam. No Paraná, quando começou a aumentar a epidemia, metade dos casos era de pacientes oriundos de São Paulo. Você não consegue fazer uma barreira sanitária num país como o Brasil por quatro, cinco ou seis meses. Com a pandemia, quais conclusões podem ser tiradas sobre a saúde pública do Brasil? Primeiro, precisamos falar sobre a parte boa do SUS. Nenhum país grande como o Brasil tem um sistema igual ao nosso. Nos EUA, onde não existe sistema gratuito de atendimento, muitas pessoas morreram porque chegavam com Covid-19 grave ao hospital e não eram atendidas por não terem como pagar. O segundo passo é pensar sobre em que é possível melhorar e em que a pandemia escancarou as nossas fragilidades. Hoje há distorções [na tabela SUS]. Ao longo dos últimos 50 anos, independentemente do governo eleito, não houve a preocupação de acompanhar a inflação. A epidemia mostrou que o SUS salvou várias vidas. Se não tivesse atendimento pelo SUS, provavelmente o número de óbitos no Brasil estaria em mais de 150 mil. Uma vez elogiado o SUS, a pergunta que gestores públicos e médicos da linha de frente da batalha devem fazer é: como remunerar melhor [os procedimentos]? O que se sabe sobre o novo coronavírus até hoje? Hoje, os infectologistas se sentem seguros em saber qual exame precisam pedir para diagnóstico de Covid-19, como interpretar o resultado, qual deles é melhor, quando medicar o paciente, qual remédio dar, quando internar o paciente e que cuidados devemos ter ao interná-lo. Um dos grandes aprendizados foi que a doença pode causar hipóxia silenciosa (quando o paciente tem falta de oxigênio no sangue, com saturação abaixo de 95%, mas não apresenta falta de ar). Quando o Brasil terá uma vacina segura para imunizar a população? Na virada do ano. Você tem nas vacinas hoje uma seleção que foi para a semifinal da Copa do Mundo, ou seja, a seleção está indo bem, com grandes chances de ser campeã. Há quatro ou cinco vacinas que são semifinalistas e todas podem ser campeãs até o começo do ano, entre elas a chinesa e a de Oxford, que os estudos estão na fase 3 e na fase 2 foram bem. Uma outra vacina que vamos participar dos testes em Curitiba assim que aprovada pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e Anvisa está sendo desenvolvida pela Janssen, do laboratório da Johnson & Johnson. Os testes no Brasil vão começar no início de setembro. A politização da Covid-19 pode atrapalhar o trabalho de imunização da população? Sempre atrapalha, porque tem muita fake news, o que é um problema de saúde pública. Eu gosto de dizer que a vacinação é a segunda medida preventiva mais eficaz em saúde pública. Só perde para saneamento e água potável. Se você quer promover saúde pública, invista em vacina. Alguma possibilidade de termos um medicamento contra a Covid-19 antes da vacina? Hoje nós já temos e essa medicação é eficaz e salva vidas, desde que feita no momento certo. O senhor está falando da dexametasona? Isso mesmo. Esse tratamento deve ser feito ao primeiro sinal de hipóxia, quando a saturação de oxigênio fica abaixo de 95%. A Sociedade Brasileira de Infectologia é totalmente contra a cloroquina. No estado de São Paulo, o médico tem liberdade para receitar o medicamento, se achar adequado. Como todo medicamento, essa medicação que você mencionou foi submetida a estudo clínico randomizado. Hoje, as sociedades médicas científicas e os ministérios da saúde do mundo inteiro mostraram que não tem benefício, não evita a pneumonia, a doença grave, e pode ter efeitos colaterais. Se o paciente toma na fase inicial, os efeitos colaterais são leves; na fase que está com pneumonia e muitas vezes com comprometimento cardíaco pelo novo coronavírus, a hidroxicloroquina causar arritmia cardíaca e ser fatal. O governo de SP anunciou que as escolas podem retomar as atividades extracurriculares em setembro e as aulas em outubro. É o momento de voltar às aulas? Como deve ser este retorno? Você precisa analisar vários itens. Primeiro, se a epidemia está controlada. A segunda é implantar medidas preventivas para minimizar o impacto dessa volta. Em linhas gerais, a volta deve começar pelos alunos que estão terminando o ensino médio, que têm, em média, de 16 a 20 anos, e estão perto do vestibular. Depois, pelos das outras séries do ensino médio e, gradativamente, os mais velhos do ensino fundamental, porque são alunos que compreendem a necessidade e orientação das medidas preventivas, como o distanciamento físico, uso de máscaras e de álcool, água e sabão para a higienização das mãos. A volta deve ser escalonada. Metade da turma tem aula presencial e a outra fica no ensino a distância; na semana seguinte, inverte. Os municípios brasileiros estão preparados para as eleições municipais? Tive a oportunidade, representando a Sociedade Brasileira de Infectologia, de participar e propor a mudança das eleições para 15 de novembro em uma reunião com o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. A nossa proposta foi aceita e adequada, porque já prevíamos naquela ocasião que, pelo Brasil ser um país continental, era provável que além daqueles epicentros que estavam sofrendo mais a epidemia outros estados e municípios seriam acometidos. No dia da eleição, certamente estaremos com a pandemia mais controlada no Brasil. Clovis Arns da Cunha, 56 Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná e Medical Fellow Specialist in Infectious Disease pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. É professor de Infectologia da UFPR, médico e chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Nossa Senhora das Graças e diretor médico do Centro Médico São Francisco. Participou como investigador principal em mais de 80 estudos clínicos internacionais em diferentes áreas da infectologia nos últimos 25 anos, incluindo novas vacinas, novos antirretrovirais, novos antibióticos e novos antifúngicos. Tem título de Especialista em Medicina Interna e Infectologia Acompanhe os acontecimentos relacionados à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-Cov-2. - A rotina dos profissionais que não podem parar de trabalhar - Mapa mostra disseminação da doença no Brasil e no mundo - Confira perguntas e respostas sobre o novo coronavírus - Quais são os sintomas do novo coronavírus? - Vídeo mostra como lavar as mãos; saiba como se proteger - Onde procurar informação oficial sobre o coronavírus - O que se sabe até agora sobre cloroquina, hidroxicloroquina Leia reportagens anteriores sobre o novo coronavírus A pandemia da Covid-19 continua aumentando o desemprego no Brasil. Segundo informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (28), a taxa de desocupação no segundo trimestre cresceu em 11 estados e ficou maior do que a média do país em 11 deles mais o Distrito Federal. De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, as maiores taxas foram observadas na Bahia (19,9%), Sergipe (19,8%), Alagoas (17,8%), Amazonas (16,5%), Rio de Janeiro (16,4%) Roraima (16,3%) e Maranhão (16,0%). No período, a média de desemprego no país foi de 13,3%, a maior já registrada em um segundo trimestre, mas ainda não reflete totalmente os efeitos da crise. O país tinha 12,8 milhões de pessoas sem trabalho entre abril, maio e junho. Com o isolamento social, muitos trabalhadores tinham desistido de ir às ruas atrás de uma vaga, levando o número de desalentados a crescer 19,1%, para 5,7 milhões de pessoas. O economista Rodolpho Tobler, do FGV-Ibre, apontou que as pessoas ainda não estão procurando emprego na mesma proporção com que ficaram desocupadas. Também contam com benefícios do governo, como o auxílio emergencial de R$ 600, que ajuda no momento de crise, mas pode sofrer cortes. ""Temos que saber que existe uma questão fiscal grande de complicações e por isso é esperado que o auxílio diminua. Muitas empresas que estão sobrevivendo com auxílio do governo também podem ver isso acabar, o que pode aumentar o desemprego"", alertou. O governo quer prorrogar o benefício até o fim do ano, mas deve cair para R$ 300. De acordo com dados da Pnad Contínua, a informalidade no mercado de trabalho ainda caiu de 39,9% no primeiro trimestre para 36,9% no segundo. No fim do ano passado, a taxa estava em 41,2%. ""O trabalho doméstico informal caiu muito na pandemia"", analisou o professor João Luiz Maurity Saboia, da UFRJ. Porém, ele acrescentou que a informalidade pode voltar a crescer. ""As pessoas têm menos medo do contato [pela Covid-19] e o empregado informal volta a frequentar a casa das pessoas"", disse o professor. ""Os pequenos serviços já vão voltando e com isso a informalidade deve ir crescendo aos poucos"", acrescentou. O crescimento no número de desempregados é efeito da pandemia no Brasil. Desde que o primeiro óbito foi registrado, em 17 de março, a doença avançou e o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia. Em abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês. No segundo trimestre de 2020, a população subutilizada chegou a 31,9 milhões de pessoas, 15,7% a mais do que no trimestre anterior. Também no trimestre encerrado em julho, 8,9 milhões de brasileiros perderam o trabalho no período, a maior queda no número de ocupados desde que a pesquisa começou a ser realizada no formato atual, em 2012. No período, o Brasil tinha 83,3 milhões de pessoas com algum tipo de trabalho, o menor número da série histórica. Ao menos três universidades públicas já realizaram uma parceria com o Icespe (Instituto Nacional de Convalidação do Ensino Estrangeiro) para realizar o processo de revalidação dos diplomas de médicos que se formaram no exterior e querem atuar no Brasil. O exame será chamado de Mais Revalida. A intenção da instituição sem fins lucrativos é realizar ao menos três aplicações ao ano. As instituições que já tiveram os trâmites finalizados são as universidades federais do Maranhão, do Vale de São Francisco e do Amazonas. “Nós temos 180 universidades públicas do Brasil, 88 se manifestaram favoráveis do convênio com o Icespe, sendo que 70 estão em análise e 18 em trâmite e já houve um parecer favorável”, disse o presidente do Icespe, Emídio Antônio Ferrão. Segundo a diretora operacional do Icespe, Mayara Cruz Teixeira, o Mais Revalida subsidia os processos de rito ordinário de revalidação de diplomas de graduação em medicina diante de um acordo de cooperação técnico-acadêmica celebrado com as instituições públicas de ensino superior. No caso do processo ordinário, cabe às universidades públicas brasileiras procederem com a revalidação do diploma, definindo seus critérios e procedimentos, considerando as características e os aspectos legais do processo. “A revalidação do diploma é de responsabilidade de instituições de educação superior pública, mesmo quando ele é realizado pelo Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, ligado ao Ministério da Educação]. Elas são únicas detentoras da legitimidade de acordo com a lei, nós iremos fazer o trâmite administrativo, burocrático”, esclarece. O próprio Inep, por nota, informou que o processo de revalidação subsidiado pelo Revalida não se configura como a única opção, mas como mais uma alternativa de revalidação de diplomas médicos no Brasil. “A revalidação do diploma é de responsabilidade de instituições de educação superior públicas que aderem ao instrumento unificado de avaliação representado pelo Revalida”, disse em nota o Inep. A diretora operacional do Icespe acrescentou que a iniciativa surgiu pela dificuldade das pessoas que estudam fora de conseguir revalidar o diploma. Isso porque desde 2017 o exame não é realizado pelo Inep. Devido a esse atraso, governos estaduais, prefeituras e Defensorias Públicas têm travado uma disputa judicial com União e conselhos de medicina na tentativa de liberar a contratação de médicos formados no exterior durante a epidemia do novo coronavírus. Governos têm argumentado que houve atraso na realização do exame nos últimos dois anos e que há dificuldade em contratar profissionais —daí a tentativa de realizar decretos e editais para esses contratos. O impasse foi parar na Justiça. Já os conselhos tentam barrar a medida sem que haja revalidação do diploma. Na ocasião, o Inep afirmou que está organizando cronograma do novo exame. O instituto atribui o atraso a uma necessidade de reaplicar a prova a participantes da edição ocorrida em 2017, o que impediu que o exame fosse realizado nos dois últimos anos. O Mais Revalida teve o edital lançado no Diário Oficial no dia 20 de agosto. O candidato à revalidação do diploma médico expedido por instituição de ensino estrangeira pagará uma taxa de R$ 1.600 pela primeira etapa do exame. As inscrições começam no dia 28 de agosto e vão até o dia 16 de setembro de 2020. A avaliação constará de prova objetiva contendo 80 questões; a nota para aprovação é de 60 pontos. Os 400 primeiros com nota abaixo de 60 pontos vão para um curso de adaptação de 20 semanas e, sendo aprovados, terão seus diplomas validados. Segundo o edital Revalida 2020 Icespe, no ato da inscrição, o candidato deverá optar por um dos seguintes locais de prova: Boa Vista, Palmas, Santa Maria, Petrolina, Brasília e São Paulo. O CFM (Conselho Federal de Medicina) não se manifestou sobre o assunto; no entanto a reportagem teve acesso a uma ação civil pública em que a instituição solicita a imediata suspensão do Icespe na Justiça. Uma das justificativas da ação é que o Estado seria o único responsável por garantir que o profissional médico que esteja realizando o atendimento tenha o conhecimento mínimo para não causar dano ao paciente e, ao mesmo tempo, ofereça as melhores chances de plena recuperação. “É também do Estado a responsabilidade pela confirmação da veracidade da formação do profissional médico, ou seja, se ele tem realmente a formação médica declarada. Todas essas premissas são avaliadas no processo de revalidação do diploma médico, que é responsabilidade da União por meios das universidades públicas. Portanto, prescindir da revalidação do diploma médico significa expor a população a riscos”, diz o documento. Segundo o CFM, deve-se levar em consideração ainda que, atualmente, diante da pandemia, não há necessidade de médicos para atendimentos de baixa complexidade em unidades básicas de saúde, como foi o destino dos profissionais sem revalidação de diplomas que trabalharam no programa Mais Médicos. Gol quadrado, chinelo de dedo, Opala Diplomata, bermuda de tactel, óculos chavoso —tudo em pixel e com palavrões em português. Essa é a ambientação do game ainda inédito ""171"", que tem sido chamado de “o GTA brasileiro”, em referência à franquia “Grand Theft Auto”. Na história, dois irmãos vivem num bairro simples da fictícia Sumariti, cidade inspirada em Sumaré, no interior paulista, entre trocas de tiros e perseguições de carro, compondo o roteiro ainda a ser finalizado. É um jogo original, que deve ser lançado em 2022, mas as origens do “171” guardam pontos em comum com uma prática já enraizada na cultura gamer brasileira de fazer intervenções em jogos, na base da gambiarra —os “mods”, que vêm de “modificação”. Um “mod” pode envolver só a inclusão de uma música mas também intervenções mais robustas. Um jogo que se passa originalmente em Miami passa a ter a cara de um Rio de Janeiro capenga, por exemplo, afirma Alessandra Maia, pesquisadora de mídias digitais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “O ‘171’ não surgiu exatamente de um ‘mod’ de ‘GTA’, surgiu da vontade de ter um game desse tipo ambientado no Brasil, que coincidiu com a época da popularização da internet junto com a quantidade de ‘mods’ retratando o Brasil em games”, conta Eduardo Favaro, designer da Betagames Group. O fenômeno dos ""mods"" também está ligado ao desejo de ter acesso a jogos caros para os bolsos brasileiros e à cultura de pirataria de games por aqui. “São processos rudimentares, precários”, diz José Messias, pesquisador de games e professor da Universidade Federal do Maranhão. E isso, para ele, é um fenômeno político, porque demanda pelo acesso tem a ver com a desigualdade global. “A modernidade não veio para todos de forma igual”, diz. Países em desenvolvimento têm um acesso dificultado a games —geralmente mais caros, em outra língua que não a nativa do usuário, e com uma infraestrutura de banda larga longe do ideal. Os “mods” podem ser entendidos como “uma reedição da prática da ‘antropofagia’, de se apropriar de um conteúdo, estrangeiro ou não, mas hegemônico, do mainstream”, diz Messias. Daí, se há quem prefira controlar os supercraques do Barcelona, também há quem queira jogar com times da série B do Campeonato Brasileiro. Allan Jefferson começou a modificar games com um clássico jogo de futebol, o “International Superstar Soccer”, de Super Nintendo e disponibilizava para quem frequentava sua locadora, na cidade paulista de Mogi Mirim. Ele percebeu que poderia alterar não só os nomes, mas a fisionomia dos jogadores, suas habilidades, os estádios e uniformes e até a trilha sonora e acabou criando o “Bomba Patch”, uma modificação do “Winning Eleven” —hoje, “Pro Evolution Soccer”—, que se tornou um clássico pirata dos games no Brasil. “Quando um jogador mudava de time, eu já fazia a atualização, e a pessoa poderia jogar na minha locadora.” O nome vem da premiação dos primeiros campeonatos que ele organizava, as bombas de chocolate feitas pela mãe dele. Isso aconteceu por volta de 2004, em meio à ascensão das LAN houses, e os jogos adaptados para o futebol brasileiro eram os atrativos para segurar o público na locadora dele. Os clientes começaram a pedir emprestados os jogos, e ele passou a fazer cópias. “Era para divertimento local. De repente, as lojas no centro da minha cidade tinham o jogo para vender. Depois, os camelôs de Campinas vendiam. Mas só entendi a dimensão do ‘Bomba Patch’ quando fui estudar na Paraíba. Estava em um sítio na cidade de Guarabira, fui a uma locadora e vi o ‘Bomba’ na prateleira. O dono me disse que era o jogo que mais vendia, e era com isso que ele pagava os estudos dos filhos.” A locadora paraibana começou a patrocinar anúncios no jogo, e em troca ele voltou a fazer as modificações. Até hoje, atualizações são lançadas online, para vários consoles, e muita gente continua jogando o “Bomba” em seu formato original, de PlayStation 2. A pesquisadora Alessandra Maia lembra que jogar não é a única forma de interagir com um game. Muitas pessoas preferem só assistir —prova disso é o fenômeno da Twitch, plataforma de transmissão de games, além da infinidade de vídeos de gameplay no YouTube. “Alguns querem saber se vale a pena comprar aquele jogo, outros gostam da história, mas têm enjoo de movimento, e também tem quem não pode comprar, porque é caro”, diz Maia. Tudo isso desemboca no fenômeno da “machinima”, ou máquina mais animação, em que séries, filmes e curtas são criados a partir de games. Não por acaso, o Brasil é palco de um sucesso estrondoso —uma série que começou como gameplay de “The Sims” hoje é vista por milhões e virou até livro, “Girls in the House”. Raony Phillips criou o programa há seis anos. Ele conta que no início muitas pessoas não entendiam como era possível transformar “uma animação com estética de Barbie” em algo tão brasileiro. “Fiquei com muito medo da EA [desenvolvedora do 'The Sims'] implicar com direitos autorais ou algo do tipo”, conta o produtor, que depois foi surpreendido pelo apoio que a empresa deu a “Girls in the House”. Atualmente, Phillips não só recebe os lançamentos da marca em sua casa, como também é convidado para eventos internacionais promovidos pela franquia e participa de reuniões que visam atrair mais consumidores brasileiros aos jogos do “The Sims”. A EA e Philips estão agora desenvolvendo um novo programa de ""machinima"", no qual a história central será um reality show interativo, com a participação de outros youtubers brasileiros. “É um projeto para estimular outras pessoas a criarem conteúdos no ‘The Sims’”, afirma ele. Mesmo que a cultura dos ""mods"" tenha um pé na pirataria, a reação dos detentores dos direitos autorais pode ser de fazer parcerias. A EA afirma que apoia diversos criadores locais, mas também tenta “garantir que o conteúdo seja respeitoso e esteja alinhado com nossos valores de brincadeira saudável”. A Blizzard, que publica franquias como “World of Warcraft”, “Diablo” e “Overwatch”, diz e nota que “tem visto modificações e conversões muito elaboradas e interessantes de nossos jogos” e que não tem problemas com isso. “Claro, desde que seja para uso pessoal e não comercial.” Concordo integralmente com os que consideram ""absurda"" qualquer comparação entre as histórias de vida e visões políticas de Dilma Rousseff e Bolsonaro. Dilma foi torturada no regime militar, Bolsonaro elogiou o torturador. Dilma simpatiza com Maduro, Bolsonaro com Alfredo Stroessner. São coisas muito diferentes. O debate econômico é de outra natureza e serve como um alerta a Bolsonaro: caso ele ceda à tentação populista do gasto irresponsável e quebra da regra do teto, poderá levar o país a uma crise parecida com a que vivemos no governo Dilma. O alerta deveria ser levado a sério por quem decide alguma coisa, à direita e à esquerda, em Brasília. À época do desastre, é bom nunca esquecer, a taxa Selic foi a 14,25%, a inflação passou de dois dígitos e o PIB caiu (2015/2016) mais de 7%. Enquanto boa parte dos ""Faria Limers"" ganhavam uma grana legal sem quase nenhum risco (já ouviram falar dos ""rentistas""?), a taxa de desemprego duplicou e 4,5 milhões de cidadãos ""invisíveis"" cruzaram para baixo a linha de miséria, segundo o IBGE. A brigalhada política pode correr solta, mas a verdade é que o alerta serve pra qualquer presidente que vier daqui pra frente. O recado é o seguinte: uma economia estável, juros baixos, inflação sob controle e contas em dia é um tipo de bem público. Preservar essas coisas deveria ser a primeira preocupação do governo e do Congresso. Uma economia bem arrumada é um bem que interessa especialmente aos mais pobres. Quem vive do trabalho não tem o ""mercado"" para se proteger e precisa de crédito, no dia a dia, para tocar a vida. E isso só se faz superando o eterno falso dilema brasileiro entre realismo fiscal e políticas sociais. É este o nosso atual dilema. Qual é a saída fiscal responsável para migrar do auxílio emergencial a um programa sustentável de transferência de renda? O auxílio emergencial criou uma situação inédita no país. Conseguimos reduzir a pobreza extrema, em meio à pandemia e a uma queda histórica do PIB. Estudo do economista Daniel Duque, da FGV, mostrou que o benefício não só impediu a queda de renda dos 40% mais pobres, mas fez com que ela aumentasse. A crise explicitou nosso drama social. Em 25 estados, há mais pessoas recebendo o benefício do que trabalhadores formais. No Nordeste, há 21 milhões de beneficiários contra pouco mais de 6 milhões de carteiras assinadas. O dado que mais me chamou a atenção vem dos economistas Ecio Costa e Marcelo Freire, de Pernambuco. Nas suas projeções, o auxílio terá um impacto de 2,5% no PIB brasileiro. Com um forte efeito distributivo. Enquanto em São Paulo o efeito será de 1,4%, no Maranhão será de 8,5%. É óbvio que Bolsonaro está com um olho na reeleição. Mas quem defenderia que a decisão correta, para o país, é simplesmente desarmar este programa todo e voltar aos parâmetros tradicionais do Bolsa Família? O governo fala em R$ 300 para cerca de 20 milhões de beneficiários. Só não diz de onde sairá o recurso. Aumentar impostos ou cortar as deduções da classe média no Imposto de Renda não resolve o problema. É preciso cortar despesa em caráter permanente de modo a preservar a regra do teto. Isso significa fazer reformas. E não passa de conversa fiada dizer que isso será fruto de ""escolhas da sociedade"". Não será. São escolhas duras que devem ser feitas por quem lidera o país. Pode-se aglutinar programas já existentes, como o abono salarial, aprovar o projeto dizendo que ninguém ganha acima do teto salarial. Pode-se fazer uma reforma administrativa que valha já para os atuais servidores, como fez o governador Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. O cardápio é amplo. A confirmação do veto presidencial aos reajustes salariais, decidido pela Câmara, semana passada, serviu como uma luz no fim do túnel. É preciso ir muito mais adiante. Este é o exato momento em que o país precisa produzir um ajuste em seu contrato social. A questão é saber se nossa liderança política estará à altura do desafio. Sob fortes críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e passando à frente de votações de medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus, os deputados aprovaram nesta quarta-feira (26) a criação de um tribunal regional federal em Minas Gerais defendido por um aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Apoiadores do projeto negam que a corte implique custo adicional à Justiça Federal, mas cálculos preliminares de especialistas apontam para um gasto anual ao menos R$ 30 milhões maior —sem considerar concursos futuros para preenchimento de eventuais vagas novas, por exemplo. O projeto, de autoria do STJ (Superior Tribunal de Justiça), teve seu texto-base aprovado simbolicamente. Os deputados rejeitaram uma proposta patrocinada por Maia e que buscava criar um mecanismo que impedisse o aumento de gastos da corte acima da inflação. Agora, o texto sege para análise do Senado. Segundo Maia, o texto rejeitado tinha como objetivo deixar claro que haverá aumento de despesa pública com o tribunal. “Eu acho que essa é a nossa intenção, nós que somos contra a criação do tribunal”, afirmou, ressaltando que, apesar da crítica, respeitava a decisão da maioria de criar o TRF-6 (Tribunal Regional Federal da 6ª Região). Com sede em Belo Horizonte, a corte, segundo defensores, busca desafogar os processos que se amontoam no TRF-1, sediado em Brasília e que hoje atende, além do Distrito Federal e de Minas Gerais, os estados de Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins. A ideia é que o novo tribunal atenda Minas Gerais, origem de cerca de 35% dos processos analisados no TRF-1, segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Tirar o TRF-6 do papel era um dos legados que o mineiro João Otávio de Noronha queria deixar em sua presidência no STJ. Ele será substituído no cargo nesta quinta-feira (27) pelo ministro Humberto Martins. Noronha é tido como aliado de Bolsonaro e trabalha para ser indicado pelo presidente a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Em julho, o presidente do STJ concedeu prisão domiciliar ao ex-policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República. Queiroz foi preso em junho, em Atibaia (SP), em um imóvel do advogado Frederick Wassef, então responsável pelas defesas de Flávio e do presidente. O ex-assessor do filho de Bolsonaro é investigado sob suspeita dos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Noronha também deu liberdade a Márcia Aguiar, a esposa de Queiroz, que estava foragida. Ele argumentou que seria recomendável a presença de Márcia em casa para dispensar as atenções necessárias a Queiroz, já que estará privado do contato de outras pessoas durante a prisão domiciliar. Dias depois, o ministro negou pedido de prisão domiciliar para presos enquadrados no grupo de risco da Covid-19, afirmando que a falta de informações individualizadas sobre o quadro de saúde dos detentos impedia a concessão do benefício coletivo. O texto transforma 20 cargos vagos de juiz federal substituto do quadro da Justiça Federal da 1ª Região em 18 cargos de juiz vinculados ao TRF-6. O projeto também extingue 145 cargos efetivos do TRF-1 e da primeira instância para que sejam criados 44 cargos de analista judiciário e 74 funções comissionadas e cargos em comissão. Os salários serão entre R$ 1.379,07 para o cargo mais baixo e R$ 14.607,74 para o de maior remuneração. Ao defender o novo tribunal, Noronha afirmou que a corte não teria custo adicional ao orçamento da Justiça Federal porque os recursos seriam redistribuídos para o novo TRF-6 e os 18 cargos de desembargadores federais seriam criados a partir de postos vagos de juízes com salários já previstos no Orçamento. Reportagem da Folha mostrou, porém, que o valor de salários hoje não é desembolsado, uma vez que se refere a postos vagos na Justiça Federal. Estimativa do pesquisador Bernardo Buta, do grupo de pesquisas em administração da Justiça da UnB (Universidade de Brasília), aponta gasto anual de cerca de R$ 30 milhões com despesas que não estavam sendo executadas, já que havia cargos vagos. Em uma tentativa de agradar Bolsonaro, a aprovação do projeto também contou com lobby do centrão, grupo de partidos composto por PL, PP e Republicanos, entre outros, e que, após negociar apoio por cargos, se tornou a base informal do presidente na Câmara. A criação do tribunal, porém, foi cercada de controvérsias. Em uma rede social, o ministro do STF Gilmar Mendes afirmou que a instalação do TRF-6 era inoportuna e que, mesmo mantido o orçamento, prover os novos cargos implicaria aumento de despesa durante a crise sanitária do novo coronavírus. Cássio Telles, presidente da seção paranaense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), lembra que, em 2013, o então presidente do STF, Joaquim Barbosa, deferiu liminar suspendendo efeitos de emenda constitucional que criava o TRF-6 e mais três tribunais regionais federais no país (das 7ª, 8ª e 9ª Regiões). Ele critica o fato de o STJ ter enviado ao Legislativo apenas a proposta de criação do tribunal de Minas, desconsiderando as outras três cortes. Além disso, contesta a aprovação em meio à pandemia. “O momento não é para isso. A gente não discute a necessidade, Minas tem um volume de recursos muito elevado. Mas não é hora de discutir isso”, afirmou Telles. “Há uma crise sanitária enorme demandando investimentos altíssimos, o governo gastando com auxílio emergencial que tem que dar à população carente, empresas fechando, e poder público falando em criar tribunal?” O próprio presidente da Câmara disse que só colocaria o projeto na pauta para honrar um compromisso assumido com a bancada mineira. “Nós estamos votando essa matéria só por decisão da bancada mineira que, unida, pediu a votação da matéria. Todo mundo sabe qual era minha posição posição pessoal em relação a esse tema, acho que não é hora de tratar de criação de uma nova estrutura.” O relator do texto na Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), afirmou à Folha que, apesar da visão de Maia de que não seria o melhor momento para criar o TRF-6 e que ele seria oneroso, não haveria aumento de despesas por causa da conversão. A defesa é de que cargos do TRF-1, que atualmente abrange Mina Gerais, serão transformados. O relator também respondeu a outra crítica, sobre a pertinência da criação de um tribunal durante a crise da Covid-19. Segundo ele, o TRF-6 não deve ser instalado antes do fim da pandemia e, quando vier a ser instalado, será importante dado o volume de pendências jurídicas. “Nós [na Câmara] não paramos de votar tudo o que se tem que votar. A criação do tribunal é necessária porque muitas pendências jurídicas vão bater nas portas dos tribunais federais. E a instalação não vai ser agora, vai ser após a pandemia. Nós acolhemos uma emenda de autoria do PSB e do PT justamente nesse sentido.” O relator também defendeu que o formato do novo tribunal deve ser mais moderno e rápido. “Vai ser tudo digital, os processos vão ser digitais. Ele vai ser um tribunal moderno, ele fica mais em conta e vai ter mais celeridade para julgar os processos.” Quatro dias antes de morrer por complicações decorrentes da Covid-19, o escritor, advogado e político Sálvio Dino, 88, recitou versos do poeta maranhense Gonçalves Dias. Estava acompanhando do filho, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). “Não chores, meu filho. Não chores que a vida é luta renhida. A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar”, declamou. Na sexta-feira passada (21), deu entrada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital em São Luís, no Maranhão. O quadro de saúde se agravou rapidamente. Ele morreu na manhã desta segunda-feira (24). Escritor com mais de dez livros publicados e amante da poesia, era membro da Academia Maranhense de Letras. Natural de Grajaú, no interior do Maranhão, Sálvio foi deputado estadual por duas vezes. Em 1964, após o golpe militar, teve o mandato cassado. Passou 40 dias preso por “atividades subversivas e comunistas”. Amigo do ex-presidente José Sarney, Sálvio voltou à política dez anos mais tarde pela Arena. Depois, em 1980, se filiou ao PP. Em 1988, se elegeu prefeito do município de João Lisboa, no Maranhão, pelo extinto PFL. Voltou a governar a cidade em 1996. A relação de Sálvio com Sarney era utilizada por adversários políticos de Flávio Dino. Em 2014, em entrevista à Folha, quando o filho se elegeu governador do Maranhão derrotando o grupo de Sarney, Sálvio ressaltou que ele teria mais votos se não tivesse em um partido como o PC do B. “Ainda há famílias muito conservadoras. Acredito até que, se ele saísse por um partido mais light, a votação dele seria maior"", disse, na época. No discurso da vitória, Dino fez uma homenagem e ele. “Nós vencemos, pai. Os comunistas venceram.” Nesta segunda, ao anunciar a morte do pai nas redes sociais, Flávio Dino lembrou a sua trajetória e destacou a luta pela sobrevivência. No último encontro, relatou que conversaram sobre política, futebol e poesia. “Seu mandato de deputado estadual foi cassado e ele foi preso arbitrariamente pela ditadura militar ‘acusado’ de ser comunista. Nos últimos dias, deu a derradeira lição: profundo amor pela vida. Lutou com humildade e coragem”, escreveu Dino. Em nota, Sarney lamentou a morte. “Meu amigo da vida inteira, militamos juntos na política e na literatura”, disse. O corpo de Sálvio Dino foi sepultado na tarde desta segunda-feira na capital maranhense. Ele deixa esposa e quatro filhos. A incidência de Covid-19 no Maranhão chegou a 40,4%, a maior taxa do Brasil. Isso representa quase 3 milhões de maranhenses contaminados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Os dados são do inquérito sorológico realizado por uma equipe técnica da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Secretaria de Estado da Saúde. Foram analisadas 3.156 amostras de sangue em 69 municípios entre 27 de julho e 8 de agosto. Apesar do alto número de infectados no Maranhão, a taxa de letalidade da Covid-19 no Estado é de 0,17%. Segundo Antônio Augusto Moura, professor do Departamento de Saúde Pública da UFMA, essa é uma das menores taxas do mundo. O inquérito estima que 5.026 pessoas tenham morrido por alguma complicação em decorrência da doença. A prevalência de infeção pelo novo coronavírus no Maranhão é muito superior do que a reportada em outras áreas do País: Fortaleza (14,2%), São Paulo (4,8%), Espírito Santo (2,1%), Ribeirão Preto (1,4%) e Rio Grande do Sul (0,22%). As outras avaliações, entretanto, tiveram amostras coletadas até meados de junho. O relatório constatou que houve maior incidência de Covid-19 em domicílios com maior número de pessoas (acima de dois moradores) e que indivíduos com maior escolaridade foram menos afetados pelo coronavírus. Segundo o inquérito, sexo, idade, raça e renda familiar não tiveram impacto direto nos resultados. “Esses resultados indicaram relação inversa da prevalência dos anticorpos investigados com a escolaridade mais elevada e com menor número de moradores, sugerindo que desigualdades sociais e composição do número de moradores nos domicílios podem ter maior influência na exposição ao SARS-CoV-2”, diz o documento. Assim como já havia ocorrido em julho, a alta no preço dos combustíveis voltou a influenciar a prévia da inflação, que ficou em 0,23% em agosto, informou nesta terça-feira (25) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, os descontos nas mensalidades escolares impediram um aumento ainda maior nos preços. O setor da Educação teve deflação de 3,27%, influenciado pelos descontos nas mensalidades de várias instituições pela da suspensão das aulas presenciais causada pela pandemia da Covid-19. O resultado contribuiu negativamente em 0,21 ponto percentual na prévia da inflação. Segundo o IBGE, os preços dos cursos regulares recuaram 4,01%, com o maior recuo observado no setor de pré-escola (-7,30%). Depois, também tiveram queda os ramos de pós-graduação (-5,83%), de educação de jovens e adultos (-4,74%) e de ensino superior (-3,91%). A gasolina exerceu novamente o maior impacto individual no índice, após registrar inflação de 2,63%, influenciando em 0,12 ponto percentual a prévia da inflação - que foi de encontro às projeções dos economistas ouvidos pela Bloomberg, de 0,23%. No geral, o ramo dos combustíveis subiu 2,31%, com aumento também no óleo diesel (3,58%) e gás veicular (0,47%). Após algumas semanas de queda nos preços da gasolina por causa da pandemia, a Petrobras vem anunciando desde maio sucessivos aumentos, acompanhando a recuperação das cotações internacionais do preço do petróleo após a reabertura da economia pelo mundo. As cotações do petróleo têm se recuperado nas últimas semanas após o relaxamento das medidas de distanciamento social principalmente da Europa e nos Estados Unidos. O setor de petróleo brasileiro retomou em junho patamares de produção anteriores à pandemia, tanto na produção quanto nas refinarias. A evolução ajudou a aliviar o caixa de estados e municípios beneficiados pelas receitas petrolíferas. De acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a produção nacional de petróleo voltou a ultrapassar a casa dos três milhões de barris por dia pela primeira vez desde janeiro. O resultado foi reflexo do crescimento das operações nos campo de Lula e Búzios, os maiores do país, e a retomada de projetos de gás na Bahia e no Maranhão. Em junho, o país produziu um total de 3,013 milhões de barris de petróleo, alta de 9% em relação a maio e de 17,8% na comparação com o mesmo mês de 2019. Já a produção de gás cresceu 12,3% e 15,6%, respectivamente, para 128 milhões de metros cúbicos por dia. Segundo o IBGE, outro grupo que registrou inflação em agosto foi o de Alimentação e bebidas, com 0,34%. Os principais aumentos foram nas carnes (3,06%), leite longa vida (4,36%), frutas (2,47%), arroz (2,22%) e o pão francês (0,99%). Por outro lado, caíram tomate (-4,20%), cebola (-8,04%), alho (-8,15%) e batata-inglesa (-17,16%). Já o Artigos de residência subiram pelo quarto mês consecutivo, marcando 0,88%, impulsionado pelos TV, som e informática (2,50%) e eletrodomésticos e equipamentos (0,94%). Mas os preços de itens de mobiliário (-0,14%) seguem em queda, mesmo com redução menor que a observada em julho (-0,91%). O grupo Habitação foi outro a registrar alta, de 0,57%, influenciado pelos reajustes tarifários na energia elétrica (1,61%). As contas de luz subiram em diversas capitais estaduais, como Belém, São Paulo, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre. E só reduziram em Curitiba e Brasília. De acordo com o IBGE, todas as regiões do país pesquisadas apresentaram variação positiva em agosto, com destaque positivo para Belo Horizonte (0,37%), que sofreu influência da altas nos preços das carnes e da gasolina (3,56%), e negativo para Brasília (0,08%), com redução em alguns alimentos. O Brasil registrou 679 novas mortes pela Covid-19 e 21.491 casos da doença nesta segunda-feira (24). Com isso, o país chegou a 115.451 óbitos e 3.627.217 infecções desde o início da pandemia, em março. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Os números de domingos e segundas-feiras costumam ser mais baixos do que os dos outros dias da semana. Além dos dados diários do consórcio, a Folha também mostra a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias e dividindo por sete. De acordo com os dados coletados até as 20h, a média de mortes nos últimos sete dias é de 971, o que mantém uma posição de estabilidade nos dados, embora com números elevados. Apresentam aumento da média móvel de mortes os estados de Bahia, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. Na situação oposta, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Pernambuco, Alagoas, Piauí, Maranhão, Sergipe e Santa Catarina estão com a variação das mortes desacelerada. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Em todo o mundo, o número de mortes pelo novo coronavírus ultrapassou 810 mil, segundo relatório divulgado pela Universidade Johns Hopkins (EUA). O total de casos passou de 23 milhões. Mais da metade dos óbitos mundiais registrados no levantamento ocorreram em quatro países: Estados Unidos (177.118), Brasil (114.744), México (60.480) e Índia (52.542). Em números absolutos de casos, EUA e Brasil também seguem na liderança, com mais de 5,7 milhões e 3,6 milhões, respectivamente. Índia (3 milhões), Rússia (959 mil) e África do Sul (611 mil) completam a lista dos cinco países com mais casos. A China, marco zero da doença, registrou 4.711 mortes e quase 90 mil casos. O vírus se espalhou para 188 países desde que foi ali detectado pela primeira vez em dezembro. A criação de um fundo bilionário com recursos do pré-sal para a construção de gasodutos no país opõe as empresas nacionais que operam na distribuição de gás canalizado às multinacionais que assumiram a malha de transporte do combustível no país no processo de saída da Petrobras do setor. As primeiras defendem a necessidade de incentivos para levar as tubulações a regiões com mercados ainda incipientes, enquanto as últimas dizem que há recursos privados disponíveis para projetos com viabilidade econômica. O fundo foi aprovado pelo Senado, dentro de um projeto de lei que trata do risco hidrológico do setor elétrico, mas há um acordo para veto com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Foi incluído no projeto como um ""jabuti"" com apoio de dois dos maiores grupos nacionais do setor de distribuição, a Cosan e a Termogás, do empresário Carlos Suarez. A proposta é alvo de muitas críticas no setor de energia e tem oposição também do ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Por outro lado, seus defensores têm grande base de apoio no Congresso. Dono da Cosan, o empresário Rubens Ometto foi o maior doador individual para campanhas políticas nas últimas eleições. O fundo ficou conhecido como Brasduto e, na prática, transfere para a construção de gasodutos dinheiro carimbado para a educação e saúde. A proposta prevê o uso de 20% dos recursos para esse fim, o que representaria algo em torno de R$ 16 bilhões em dez anos, segundo projeções de técnicos da Câmara, mas podendo chegar pertod e R$ 100 milhões, segundo cálculos do mercado. Os defensores da ideia alegam que o dinheiro permitiria desenvolver novos polos consumidores no mercado brasileiro, hoje concentrado no litoral e na área de influência do gasoduto Bolívia-Brasil, que leva a produção boliviana até a região Sul, passando por Mato Grosso do Sul e São Paulo. Controlador de distribuidoras em unidades da federação onde ainda não há gás, como o Distrito Federal e Rondônia, Suarez diz que já invetiu R$ 600 milhões em quatro projetos de gasodutos, mas não conseguiu viabilizar nenhum pela falta de mercado consumidor. Um deles ligaria São Carlos (SP) a Brasília, projetio que recebeu licença ambiental em 2010 mas nunca saiu do papel. Os outros três atenderiam o Maranhão, o Pará e Rondônia. ""Os gasodutos existentes no Brasil foram construídos com garantia da Petrobras, que controlava distriuidoras e se comprometia a comprar o gás, mas isso hoje não acontece mais"", argumenta. Ele defende ainda que o país deixa de arrecadar royalties pelos cerca de 50 milhões de metros cúbicos de gás natural que as petroleiras reinjetam hoje nos poços diariamente por falta de mercado. ""Com a venda desse gás, o Fundo Social vai arrecadar mais."" Para a Cosan, controladora da Comgás, o fundo ajudaria a financiar uma rota privada ligando o pré-sal ao litoral de São Paulo, porjeto que está em processo de licenciamento desde 2014. Hoje, as rotas que trazem gás das plataformas são controladas pela Petrobras.. Representante dos operadores dos três grandes gasodutos de transporte em operação no país, a Atgás (Associação das Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasodutos) diz, por outro lado, que o setor é capitalizado e tem condições de investir com recursos próprios em bons projetos. ""As associadas trabalham em projetos que sejam economicamente viáveis e que não sejam dependentes de nenhum tipo de recurso extra"", disse o presidente da Atgás, Rogério Manso, em evento virtual promovido pela agência EPBR nesta quinta (20). Segundo ele, o setor já mapeia dez projetos de expansão com investimentos entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões. As associadas da Atgás são controladas pela francesa Engie, a canadense Brookfield e pela Petrobras. As duas primeiras chegaram ao setor após a compra de duas redes de gasodutos vendidas pela estatal: a TAG (Transportadora Associada de Gás, que opera nas regiões Norte e Nordeste) e a NTS (Nova Transportadora do Sudeste). A terceira associada é a TBG (Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil), ainda controlada pela Petrobras, mas a caminho da privatização, respeitando a acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que prevê a desverticalização do setor de gás natural. A direção da petroleira também já se manifestou de forma contrária à criação da Brasduto. A ideia do fundo foi apresentada pela primeira vez pelo deputado Julio Lopes na tramitação da MP 814, que tratava da privatização de distribuidoras da Eletrobras, ainda no governo Michel Temer. O texto recebeu uma série de jabutis na Câmara, levando o governo à desistir de sua aprovação. Na época, o projeto se chamava Dutogás. A inclusão do tema no projeto de lei que trata do risco hidrológico foi feita pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O texto original focava na solução para destravar pendência antiga no setor elétrico e, por isso, o governo acordou com o Congresso a aprovação com posterior veto do fundo dos gasodutos. Os defensores do projeto já admitem a derrota e, como alternativa, tentam incluir no projeto de lei do gás, que tem votação prevista para a próxima semana, a possibilidade do uso de térmicas para viabilizar a construção de novos gasodutos. Hoje, o governo licita projetos de geração de energia sem definir o local onde serão instalados. A ideia é permitir a realização de leilões ""locacionais"", com localização definida. Por exemplo, para viabilizar um gasoduto até Brasília, o governo leiloaria uma térmica naquela região. Para viabilizar um gasoduto, a usina teria que operar na base —isto é, por todo o tempo— ao contrário do que ocorre hoje, quando as térmicas são ligadas apenas quando fontes mais baratas não conseguem suprir toda a demanda ou para ajudar a preservar água nos reservatórios das hidrelétricas. Segundo Suarez, o modelo é parecido com o das linhas de transmissão, que têm uma receita garantida pelo consumidor de energia. Ele diz que ofereceu ao governo os projetos dos gasodutos, já que a nova lei impede que uma empresa atue no transporte e na distribuição. ""Não quero ser transportador, quero é que o gás chegue na minha distribuidora."" A proposta das térmicas também enfrenta resistências no setor elétrico, pelo risco de impacto nas tarifas. Potencialmente beneficiadas pela medida, as multinacionais que operam os gasodutos avaliam que o tema deveria ser debatido mais profundamente e não ser inserido no projeto de lei do gás. O presidente da Atgás não quis detalhar os projetos de expansão na mira das empresas de gasodutos. Citou apenas uma perna do Gasoduto Bolívia-Brasil cortando o oeste do Paraná e a possibilidade de expandir o abastecimento para o interior de São Paulo. Há também projetos de ligação de terminais de gás importado em navios à rede existente. O acesso de novos produtores de gás à malha brasileira de gasodutos, hoje ocupada pela Petrobras, e apontada como fundamental para permitir a concorrência no setor e reduzir o preço do combustível. O fim do monopólio no gás é uma das bandeiras do ministro da Economia, que promete como resultado um ""choque de energia barata"". Procurada, a Cosan não comentou o assunto. Há uma perplexidade descabida com o crescente apoio de Bolsonaro no Nordeste. Reação semelhante ocorreu quando ele propôs o 13º ao Bolsa Família. A perplexidade está ancorada em argumentos equivocados sobre a natureza do voto dos setores pobres. Na sua versão, digamos, maximalista (ou ""milenarista""), assume-se que os pobres em certas conjunturas são despertados do seu torpor e adquirem ""consciência de classe"". Uma delas teria ocorrido, nesta visão, em 2006, quando o voto no PT deslocou-se dos centros urbanos para os ""grotões"". Na versão mais difundida, há o suposto de que o eleitorado pobre da região sempre premiará as políticas redistributivas da esquerda, ignorando que a competição política cria incentivos para todos os atores envolvidos promoverem políticas semelhantes (vide o teorema do eleitor mediano). Nesse debate, há muita falácia ecológica: inferem-se atributos de eleitores a partir de atributos da região. Aqui não estamos sós: nos EUA é frequente a incompreensão sobre o fato de que indivíduos de mais baixa renda votam nos democratas, mas os republicanos ganham nos estados mais pobres do sul. E vice-versa. Trata-se de um jogo em dois níveis: estadual e federal, em que o governador é ator central. O caso do Maranhão é exemplar: em 2016, quando o PC do B elegeu 46 prefeitos —um aumento de 920% em relação à 2012, época em que o partido controlava cinco prefeituras—, a esquerda festejou a transformação, em apenas quatro anos, do Maranhão na maior concentração já vista de prefeitos comunistas em democracias. Mas isso foi um claro subproduto da conquista pelo partido do governo do estado em 2014; era uma manifestação extremada de ""qualunquismo"" —combinação de governismo resultante da impotência somado à uma certa indiferença e cinismo cívico. O eleitor —do Maranhão ou do Paraná— maximiza a mesma função de bem-estar. O que muda regionalmente é a centralidade do governo estadual na política. Nos estados pobres, o/a governador/a controla a máquina que alimenta as redes políticas locais e depende mais do governo central. Para o eleitor pobre, a estratégia dominante é votar nos candidatos dessas redes --por suas conexões federais e também pelo receio de ser excluído dos benefícios gerados por elas. O eleitor será o árbitro de trade offs entre ganhos ""federais"" e ""locais"". O mapa do voto reflete incentivos múltiplos e não se reduz a identidades partidárias ou ideológicas. O bloco de governadores oposicionistas no Nordeste reflete a hegemonia do PT no plano federal por 14 anos. Esse equilíbrio político foi alterado pela eleição inesperada de Bolsonaro, o que engendrou a inusitada geografia do voto atual. Não é que o Covidão-20 deva ser paralisado. Nem deveria ter começado. Simplesmente porque não havia razão alguma para acreditar na capacidade da CBF em estabelecer protocolo minimamente confiável para a realização do campeonato. Se o governo federal e seu militarizado Ministério da Saúde são inaptos ao cuidar da pandemia de Covid-19, por que confiar numa entidade reconhecidamente nebulosa e incompetente? Deixemos as coisas claras. Ao contrário do acontecido na Europa, onde o futebol recomeçou com a pandemia controlada, aqui voltou sem a curva dar sinais de queda. Voltou só porque a irresponsabilidade do presidente da República, depois de dizer diversas vezes considerar exagerada a paralisação, pressionou pelo retorno e até concedeu uma medida provisória, a MP do Flamengo, como moeda de troca. Inegável que a pausa agravou a situação pré-falimentar da maioria dos clubes brasileiros, mas, a exemplo da economia do país, a palavra é esta: agravou, não causou a crise. Além do mais, pode-se argumentar que a flexibilização ampla, geral e irrestrita das medidas de isolamento social pelo Brasil afora permitiu indagar por que não jogar futebol. Os cúmplices da necropolítica dizem que o retorno açodado dos jogos ajuda na sensação de normalidade, por mais anormal que seja termos mais de 110 mil mortes. Explique para uma criança desejosa de jogar bola os motivos pelos quais você não permite a brincadeira. ""Mas mamãe, mas papai, mas vovô, o Corinthians está jogando, por que eu não posso?"", ela perguntará, repleta de razão. Examinemos o protocolo da CBF, driblado sucessivamente pelo novo coronavírus com adiamento de partidas, tantos são os jogadores que testaram positivo. As tais medidas de segurança sequer impediram que o time do Imperatriz, do interior do Maranhão e da Série C, fizesse, de ônibus e avião com escalas, viagem de 1.600 quilômetros até Campina Grande, na Paraíba, com 12 jogadores positivados. E não houve jogo. Ou que o São Paulo fosse até Goiânia, entrasse em campo e visse a partida adiada porque seu adversário, o Goiás, tinha dez jogadores contaminados, oito deles titulares. Ou que o treinador do Fluminense, Odair Hellmann, no Maracanã, fosse mandado para casa porque também tinha testado positivo —e comandado treinamentos nessa situação. Já o gaúcho Ypiranga, de Erechim, viajou 11 horas de ônibus até Brusque, em Santa Catarina, sem saber o resultado dos testes. Ao chegar, soube que seis jogadores estavam com a Covid-19. Ora, deixemos de brincar com a vida das pessoas, dos atletas e de todos os envolvidos numa disputa de futebol, com delegações voando em aviões de carreira para cima e para baixo. Nada justifica botar em risco a vida de uma só pessoa por causa de jogos de futebol, rigorosamente não essenciais, por mais apaixonantes que sejam. Compare com a fase final da Liga dos Campeões da Europa, confinada em Lisboa. Ou com a NBA, na bolha da Disney. Aqui é uma farra. Os jogadores jogam e vão para casa, transitam por aí normalmente, pois está tudo normalizado diante, afinal, da inevitabilidade da morte. E daí? Na Argentina, com menos de 7.000 mortos e cerca de 300 mil casos, contra mais de 3 milhões no Brasil, só agora os clubes voltaram —e apenas aos treinos. O Covidão-20 seguirá impávido colosso. Resta torcer para terminar sem vítima fatal. Quem será o campeão, ou se classificará para a Libertadores, ou cairá para Série B é o menos importante. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Um grupo de 41 detentas do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), formará uma cooperativa para a criação de peças artesanais usando insumos locais. A Cooperativa Cuxá foi idealizada pelo Instituto Humanitas360 em parceria com o Conselho Nacional de Justiça e o Governo do Maranhão. O projeto será lançado em evento virtual na quarta (26). com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Todos os estados brasileiros mais o Distrito Federal registraram aumento no número de domicílios que pediram auxílio emergencial ao governo em julho por causa da pandemia, de acordo com Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa Pnad Covid-19 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo especialistas ouvidos pela Folha, esse dado mostra que o programa continua beneficiando a população mais pobre, a mais afetada pela crise causada pela pandemia, e que sua interrupção ou diminuição traria impacto especialmente aos mais vulneráveis. Os economistas ainda apontam que o benefício vem ajudando a aquecer a economia e incentivando o consumo, mesmo em um momento ainda delicado, com piora constante no mercado de trabalho. O desemprego chegou a 13,1% em julho. Para Daniel Duque, pesquisador do FGV-Ibre, não seria possível impedir uma queda grande na renda dos mais pobres com eventuais mudanças no benefício. Segundo ele, o terço mais pobre da população seria especialmente afetado. ""Estamos longe da situação pré-pandemia e, mesmo se saísse uma vacina [para a Covid-19] amanhã, não teríamos essa recuperação"", analisou o pesquisador. Ele definiu o auxílio como ""um programa relevante"" para a população mais pobre e um sustentáculo, ainda que provisório, para a recuperação do comércio. Segundo o IBGE, em todo o país, o valor médio do benefício chegou a R$ 896 por domicílio. Em alguns locais, a proporção de domicílios beneficiados pelo auxílio emergencial supera a marca dos 60%. Isso acontece no Amapá (68,8%), Maranhão (65,8%), Pará (64,5%), Alagoas (62,8%), Amazonas (62,8%) e Piauí (61,7%). Já em outros, é menos da metade desses estados, como em Santa Catarina (24,5%) e Rio Grande do Sul (29,6%). Na última terça (18), a Folha mostrou que o governo estuda usar uma MP (Medida Provisória) para prorrogar o auxílio emergencial com valor abaixo dos atuais R$ 600. O ministro Paulo Guedes (Economia) sempre defendeu um valor de R$ 200 porque essa é a média aproximada do pagamento do Bolsa Família, mas auxiliares do governo contam com parcelas de R$ 300 e a possibilidade dos pagamentos até dezembro. Já nesta quarta (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou que o governo deve ampliar o auxílio emergencial até o final do ano em pagamentos inferiores aos atuais R$ 600, mas adiantou que considera baixo o valor de R$ 200 mensais. Diante do cenário de incerteza, o professor da UFRJ João Luiz Maurity Saboia acredita que o Brasil atualmente não tem como realizar um corte abrupto no benefício. ""O governo não tem a menor condição de acabar com esse auxílio de uma vez. E é importante que o benefício não seja eliminado rapidamente, que continue por alguns meses"", apontou o professor. Para Ricardo Macedo, professor do Ibmec, a situação vem obrigando as pessoas a procurarem emprego novamente, pressionando a taxa de desemprego - a Pnad Covid-19 apontou alta de 2,1 milhões de pessoas na fila por trabalho, entre maio e junho, em meio à pandemia. ""É possível que lá na frente com relaxamento cada vez maior a gente verifique maior pressão sobre a taxa de desemprego"", analisou Macedo. Em julho, segundo dados da Pnad Covid, a taxa de desocupação subiu de 12,4% para 13,1%, atingindo 12,3 milhões de pessoas, o que representa um acréscimo de 438 mil pessoas a mais desempregadas desde junho. Em maio, eram 10,1 milhões procurando trabalho. ""O cenário é muito ruim e se não tiver prorrogação do auxílio piora"", emendou o professor do Ibmec. Ele chamou a atenção para o dado de 44% dos domicílios do país utilizando o benefício em meio à pandemia, número que vem crescendo a cada mês. ""Isso é espantoso, indica que a disseminação do auxílio é fantástica no país e mostra a importância para as pessoas sem renda ou com queda muito grande na renda"", analisou Maurity Saboia. O presidente Jair Bolsonaro defende um ""meio-termo"" para o benefício e uma redução gradual dos valores, uma medida que técnicos chamam de ""desmame"" do programa. Eles ressaltam, no entanto, que ainda não há definição sobre o valor. Para Otto Nogami, economista do Insper, o auxílio está sendo importante em um processo de sinalização de retomada econômica do Brasil, porque muita gente não precisaria do auxílio, mas está recebendo e gastando em supérfluos, reformando a casa e trocando imobiliária, entre outros fatores. ""Com uma eventual redução do auxílio emergencial e mesmo a parada do oferecimento do benefício, aí sim sentiríamos o que efetivamente está acontecendo na economia"", apontou Nogami. Ele também alertou que o prolongamento do benefício por muito tempo pode afetar o mercado de trabalho de maneira negativa, incentivando as pessoas a desistirem de procurar emprego para viver da renda do benefício. ""Tem que tomar cuidado com esse tipo de programa, não é só conceder o benefício e sim ter medidas de política econômica capazes de incrementar o potencial de renda em todas as regiões do país"", definiu. A lei que rege o auxílio emergencial define que o benefício pode ser prorrogado atualmente por ato do Executivo sem a necessidade de validação do Congresso, desde que seja mantido o valor de R$ 600 (já que esse é o valor previsto no texto). A crise do novo coronavírus provocou um bem-vindo efeito colateral para o paulistano que gosta de peixes e frutos do mar. Agora é possível receber em casa pescados frescos de fornecedores que, até março, distribuíam apenas a restaurantes, hotéis e bufês. Fundadora da Fishtag, Bárbara Granek, 37, se lançou no mercado em janeiro de 2019 com a proposta de encurtar a cadeia de fornecimento entre o pescador e o restaurante. O plano de negócios atraiu quatro organizações de investidores-anjo e conquistou aporte de R$ 1,8 milhão. Um ano depois, a Fishtag atendia 50 clientes fixos em São Paulo com uma estrutura enxuta: dois funcionários, um deles no Nordeste, trabalhando diretamente com os pescadores. O escritório era virtual. “Quando veio a pandemia, foi um caos. Cerca de 95% dos meus clientes fecharam as portas e chegamos a quase zero de receita em abril”, conta Bárbara. A saída foi tentar alcançar o consumidor final, que ela não conhecia. Além de ampliar a equipe, que hoje tem dez pessoas, a empresa precisou expandir a lista de produtos, desenvolver embalagens e investir em marketing. Para aumentar a capilaridade das entregas, Bárbara fez parceria com o ecommerce Clube da Picanha, com forte atuação no interior do estado de São Paulo. Em maio, os primeiros clientes começaram a comprar —o ticket médio chega a R$ 250. “Descobri que é um outro negócio, que exige maior esforço e envolve volumes bem menores. Só consegui garantir cerca de 10% do faturamento de antes. Mesmo assim, não vou encerrar a nova operação tão cedo, porque é ela que está nos mantendo”, diz. O perfil de consumidor que compra esse tipo de pescado não decide apenas pelo preço. Segundo Cauê Tessuto, 36, fundador da Mar Direto, o que importa é vender conveniência e garantia de origem. “Você não pode entregar uma embalagem pingando. A caixa deve chegar impecável, com peixes e frutos do mar já limpos e em porções, e informações sobre a origem de cada produto”, afirma. Embora os restaurantes fossem seus principais clientes desde 2016, Cauê já acalentava o sonho de criar um braço para venda direta ao consumidor —quando veio a pandemia, o projeto saiu da gaveta à força. Com fornecedores em Sergipe, Maranhão, Bahia, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e uma comunidade indígena amazônica, de onde vem o pirarucu de cativeiro, o empreendedor já fez cerca de 2.000 entregas em domicílio de março para cá, com ticket médio de R$ 250. “A cadeia do peixe sempre foi muito turva no Brasil. Quando o pescado chega ao Ceasa [Centro Estadual de Abastecimento], perde-se toda informação sobre sua origem"", diz o empresário. ""Por isso, acho que há mercado para manter a operação de vendas a pessoas físicas mesmo depois que os restaurantes voltarem a comprar volumes maiores. Assumi que é uma grande oportunidade.” Uma das maiores dificuldades de migrar do BtoB (business to business, expressão em inglês que significa fazer negócio entre duas empresas) para o BtoC (business to consumer, ou seja, de uma empresa para o consumidor), é o marketing, relatam os empreendedores. Fundador da Guará Vermelho Frutos do Mar, que distribui pescados de comunidades tradicionais, Ricardo Magalhães, 53, precisou criar canais de comunicação com os novos clientes. “Passei a fazer posts nas redes sociais, enviar mensagens pelo WhatsApp e incrementar o site. Como já participava de feiras de pequenos produtores, tinha os contatos de alguns clientes. Foi por onde comecei a divulgação.” Ricardo tem a seu favor o fato de que boa parte dos produtos que vende não costuma aparecer nas gôndolas dos supermercados. De Cananeia, litoral sul de São Paulo, ele traz ostras, lambretas e beijupirás, entre outros itens. De Mangaratiba (RJ), vêm mexilhões e vôngoles. A dúzia de ostras tamanho G sai por R$ 33 e chega a São Paulo logo depois de colhida. O quilo do beijupirá custa R$ 60 e chega embalado a vácuo, ao gosto do freguês —basta o cliente indicar se quer receber o produto inteiro ou porcionado. “Acho que todo mundo vai querer manter esse novo canal de vendas para pessoas físicas. Minha intenção é investir para alcançar mais volume.” O fenômeno, embora novo na cadeia do peixe, é uma tendência que começou há alguns anos entre pequenos produtores agrícolas. Quem explica é Ivan Achcar, diretor da EGG (Escola de Gestão em Negócios da Gastronomia), em São Paulo. “Antes, um pepino passava por quatro pessoas jurídicas até chegar à mesa do consumidor, barreira que vem sendo quebrada. Hoje, há ligação direta entre as duas pontas e, na pandemia, outros segmentos adotaram o modelo. Tudo passou a acontecer mais rápido.” Mas não se trata de uma operação tão simples. Migrar do BtoB para o BtoC, demanda uma transformação profunda do negócio, ele adverte. “Você precisa de embalagens próprias em conformidade com a legislação e de uma rede de distribuição capaz de entregar muitas encomendas pequenas em um número bem maior de endereços”, exemplifica. O marketing é outro fator que entra em campo. O empreendedor precisa saber falar com seu cliente, o que dá trabalho e exige rotina. “Isso custa dinheiro, porque o dono do negócio vai ter que aprender a fazer ou contratar alguém que saiba"", afirma. No cenário atual, que ainda passa por transformações profundas que ninguém sabe ao certo quanto tempo vão durar, Achcar aconselha evitar improvisos. “Se você acredita que esse novo braço de negócio vai permanecer, vale a pena investir. Mas isso vai exigir tempo, recursos e conhecimento. Saiba que você vai concorrer com empresas gigantes e precisa de fôlego.” O governador Flávio Dino (PC do B-MA) vai apresentar nesta quinta (20) plano emergencial de investimentos de R$ 300 milhões no Maranhão. Segundo ele, a iniciativa será executada entre agosto e dezembro e prevê ações em diversas áreas. A proposta ganhou o nome de Celso Furtado, em homenagem ao economista nordestino, que faria 100 anos em 2020. Em comemoração da Semana do Exército, a Força Aérea promoveu nesta terça-feira (18) o lançamento de 500 paraquedistas no Campo do Maranhão, no Rio de Janeiro, na maior operação desse tipo na América Latina. O dia tinha amanhecido com cerração e frio. Mas, às 7h20, o tempo melhorou e possibilitou o salto, efetuado em menos de 30 minutos. Sete aviões ""Bufallos"" (C-115) e três vagões voadores (C-110) levaram os paraquedistas, que saíram dos veículos aéreos, em segundos, em ação chamada ""salto automático"". Participaram 50 oficiais e 100 sargentos, além de cabos e soldados. A Justiça Federal determinou a retirada pela Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal (PRF) do bloqueio montado por indígenas Kayapó na rodovia BR-163, no município de Novo Progresso (PA), e estipulou multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. A estrada foi mantida bloqueada por mais de 24 horas entre a manhã de segunda-feira (17) e desta terça (18), em protesto contra a falta recursos para o combate ao desmatamento ilegal, a invasão de madeireiros, garimpeiros, pescadores e caçadores e a falta de apoio no enfrentamento à pandemia de Covid-19 nas Terras Indígenas (TIs) Baú e Mekragnotire, onde vive o povo Kayapó Mekragnotire. Apesar de ainda não terem sido notificados da decisão da juíza federal Sandra Maria Correia da Silva, da comarca de Itaituba (PA), os indígenas decidiram liberar o tráfego temporariamente no final da manhã desta terça, mas permanecem no local e podem voltar a fechar a rodovia a qualquer momento. O bloqueio provocou mais de 15 quilômetros de filas de veículos —a maioria carretas— na principal rodovia de escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste para os portos de Miritituba e Santarém. Apenas ambulâncias estavam sendo autorizadas a passar pelo grupo de cerca de 100 indígenas, que fechou a estrada com barricadas montadas com pneus e madeira. Os indígenas também denunciam o atraso na renovação do Plano Básico Ambiental (BPA), uma das condicionantes para a concessão do licenciamento ambiental da BR-163, cujo asfaltamento foi concluído no início deste ano. O BPA prevê o repasse anual de recursos do governo federal para os Kayapó por meio do Instituto Kabu, criado e administrado pelos próprios indígenas. Com os recursos, eles mantêm programas de monitoramento geoespacial dos territórios indígenas e custeiam o funcionamento de incursões de fiscalização e de quatro bases de vigilância nas fronteiras do território. ""Para a gente manter a floresta em pé a gente precisa da renovação do BPA. É um direito dos povos indígenas. Já estamos há três meses sem pagar os funcionários, e os recursos que temos só mantêm as bases de fiscalização funcionando até o fim de agosto. Em setembro vamos ter que fechar as bases, e os madeireiros e garimpeiros já estão no entorno das TIs, só esperando para entrar e destruir"", disse Doto Takak-Ire, liderança da TI Mengkranoti e relações públicas do Instituto Kabu. Segundo ele, o BPA é uma compensação pelos impactos causados pela construção da BR-163 nos territórios indígenas. Com o recurso, repassado anualmente, o instituto mantém, além dos programas de fiscalização ambiental, projetos de extrativismo de castanha, de alimentação autossustentável e ainda o material de consumo do instituto, como combustível para as lanchas usadas na fiscalização. ""Desde o ano passado já fizemos várias reuniões com a Funai para a renovação do BPA e recentemente recebemos a informação de que ele só vai ser renovado em 2021. Mas a proteção dos territórios não pode esperar. Quando nossos fiscais tiverem que deixar a base, a destruição vai avançar para as terras indígenas e ameaçar 6 milhões de hectares de floresta"", alertou Doto, referindo-se ao território das duas TIs juntas. Atualmente, segundo o Instituto Kabu, existem 20 dragas de garimpos ilegais dentro da TI Baú, e estudos apontam a contaminação dos rios que cortam os territórios indígenas. Além disso, os indígenas temem os impactos da suspensão na fiscalização justamente no início do período de seca e diante do aumento das queimadas na região. O município de Novo Progresso registrou recordes de queimadas em 2019, após protagonizar o que ficou conhecido como ""dia do fogo"". De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de calor no entorno das TIs Baú e Megkranoti aumentou 197% entre os meses de junho e julho, passando de 211 para 627. O período de maior preocupação começa em agosto e vai até o fim de outubro, lembra Doto. Outra cobrança dos Kayapó diz respeito, segundo Doto, à ""promessa não cumprida"" de consulta prévia aos povos indígenas no processo de concessão da Ferrogrão, ferrovia cujo traçado projetado passa a 50 km da TI Baú. ""Tudo isso agravou esse problema para os Kayapó que decidiram, mesmo com a pandemia, fazer esse bloqueio. Fizemos isso pra chamar a atenção do governo"", disse Doto. Horas depois, ele foi surpreendido ao ser citado como réu pela decisão de reintegração de posse emitida pela Justiça Federal. Mesmo após a notificação, ele afirmou que o grupo pretende resistir até ser ouvido pela Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). A Folha acionou a Funai, Ibama e Dnit, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto. Esse cenário de conflito se agrava nas TIs Baú e Mengkranoti no pior momento possível, afirma a liderança Mudjere Kayapó Mengkranoti: no início do período de seca, com tendência de aumento no número de queimadas e do desmatamento, e em meio a uma pandemia de Covid-19 que está avançando sobre as comunidades indígenas. Até segunda, 403 casos confirmados e quatro óbitos (todos anciãos) foram registrados nas duas TIs. Os óbitos, segundo Mudjere, são de indígenas da TI Baú e três deles ocorreram nas próprias aldeias. Apenas um indígena morreu no Hospital Municipal de Novo Progresso, que não possui leito de UTI. ""O inimigo do índio está em todo lado e um deles é invisível, por isso estamos buscando nos proteger. A maioria dos casos e das mortes estão acontecendo nas aldeias onde vivem indígenas que são atraídos pelos garimpeiros e, quando voltam pra aldeia, acabam contaminando todo mundo. Por isso que precisamos proteger nossos territórios dos invasores"", disse. Ele afirmou que os Kayapó receberam da Funai apenas 700 cestas básicas para as mais de 400 famílias que vivem nos territórios em seis meses de pandemia. Os próprios indígenas, por meio de campanhas, arrecadaram mais 200 cestas básicas, além de material de higiene e redes de pesca para garantir que não precisassem ir aos centros urbanos. Mudjere também cobrou uma estrutura de assistência médica aos indígenas, que atualmente não contam com transporte aéreo nem fluvial para a transferência para leitos de UTI em hospitais nos centros urbanos e precisam esperar até quatro dias pelo transporte terrestre. ""Muitos não vão poder esperar"", alerta. De acordo com o último boletim epidemiológico da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), de 15 de agosto, o número de casos confirmados de Covid-19 entre indígenas dos nove estados amazônicos chegou a 18.761, com 575 mortes em 125 povos indígenas diferentes. O Pará lidera o número de casos entre os indígenas, com 4.568, acima de Amazonas (4.287), Roraima (2.490), Maranhão (1.670) e Acre (1.522). Enquanto isso, o Amazonas lidera no número de óbitos, com 188 confirmados, mais que Mato Grosso (102), Pará (86) e Roraima (70). A pouco mais de dois anos do primeiro turno da próxima eleição presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) já vestiu o uniforme de candidato à reeleição e trocou a bolha das redes sociais pelo contato com o público em inaugurações de obras pelo país. O contexto ainda é de pandemia e a Covid-19 já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil, mas, geralmente sem máscara e provocando aglomerações, nesta terça-feira (18) Bolsonaro chega à sua 16ª viagem oficial do ano —contabilizadas apenas aquelas que foram divulgadas à imprensa. Dez delas foram realizadas em julho e agosto. O número de pousos e decolagens só não foi maior porque o presidente teve de ficar trancado por cerca de 20 dias no Palácio da Alvorada após ser infectado pelo novo coronavírus. Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira (17), em Sergipe, que também irá ao Rio Grande do Norte ainda nesta semana. Nesta terça, ele estará em Corumbá (MS). O presidente já disse que tem a intenção de visitar pelo menos dois estados por semana. Os focos são o Nordeste e o Sudeste. Dos sete estados visitados desde que se recuperou da Covid-19, apenas um era no Sul —Rio Grande do Sul— e outro no Norte —Pará. O Nordeste teve três estados visitados —Piaúi, Bahia e Sergipe—, enquanto o Sudeste, dois —São Paulo e Rio de Janeiro. A participação de Bolsonaro em inaugurações pelo país era cobrança recorrente de seus novos aliados do centrão —grupo de congressistas liderado por PP, PL e Republicanos—, que reclamavam que governadores adversários capitalizavam politicamente em cima de obras feitas com recursos federais. O presidente, então, passou a rodar o país para cortar a fita e assumir a paternidade de empreendimentos, mesmo que tenham sido iniciados em governos passados. Foi o caso de um espaço de lazer e turismo inaugurado em 13 de agosto no centro de Belém. O complexo turístico do Porto Futuro é um projeto idealizado pelo governador Helder Barbalho (MDB) em 2016, quando ele era ministro da Integração Nacional de Michel Temer (MDB). As obras começaram em 2018. A lista de inaugurações de Bolsonaro inclui entrega de sistema de abastecimento, de conjunto residencial, de escola cívico-militar e usina termoelétrica. Em chegadas transmitidas ao vivo em seu perfil no Facebook, Bolsonaro é aguardado por diversas pessoas que se espremem para chegar perto do presidente. Nesta segunda, em Sergipe, repetiu o gesto que fez no Piauí e levou um chapéu de vaqueiro à cabeça. Os Ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional têm uma lista de obras apresentada ao chefe do Executivo para que ele escolha os locais que quer visitar até o fim do ano. Os titulares destas pastas, Tarcísio de Freitas e Rogério Marinho, respectivamente, integram o que passou a se chamar de ala desenvolvimentista do governo. Eles tentavam negociar com o TCU (Tribunal de Contas da União) uma brecha na lei do teto de gastos para conseguir ampliar suas despesas e tocar obras, atendendo ao anseio eleitoral de Bolsonaro. O teto de gastos limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Na semana passada, durou menos de 24 horas a defesa de Bolsonaro à manutenção do teto. Na quarta-feira (12), ele disse respeitá-lo. No dia seguinte, reconheceu que havia discussões para burlar a regra. A Folha mostrou no domingo (16) que, animado com o aumento de sua popularidade, Bolsonaro tem cobrado do ministro da Economia, Paulo Guedes, postura menos resistente ao aumento de gastos públicos, com foco não apenas nas obras como nos benefícios sociais. O Datafolha mostrou que Bolsonaro está no auge de sua popularidade, com 37% dos brasileiros considerando seu governo ótimo ou bom. A curva de rejeição caiu de 44% para 34%. Para 47%, ele não tem culpa pelas 100 mil mortes causadas pela Covid-19 no país. A onda positiva é alavancada pelo auxílio emergencial de R$ 600, que impediu 23,5 milhões de caírem na pobreza. Este benefício, pago desde abril, deve ser estendido até outubro. Até o fim do ano, Bolsonaro lançará medidas de impacto social. Deve enviar ao Congresso um projeto de lei que cria o Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família que serviria como substituto ao auxílio-emergencial, sobretudo para trabalhadores informais. O valor do benefício ainda não foi definido, mas deve ser superior ao do programa criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre R$ 250 e R$ 300. Além da nova iniciativa, o governo federal distribuirá até o fim do ano R$ 5 milhões em cestas básicas para mulheres em situação de vulnerabilidade e pretende lançar o programa social “Cuidar + Brasil”, discutido pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Opositores procuram minimizar os efeitos da ofensiva eleitoral do presidente. ""Nitidamente, ele está querendo compensar no Nordeste o que perdeu no Sudeste. Penso, contudo, que só conseguiria isso se fizesse mais do que simplesmente inaugurar obras dos governos Lula e Dilma"", disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). ""Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo. Ele só está visitando obras alheias e mudando nome de programas já existentes"", disse o governador. O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que é preciso que a oposição busque um discurso comum que aponte contradições de Bolsonaro, apesar da fragmentação que o campo político contrário ao governo está sofrendo por causa de disputas no âmbito das eleições municipais. ""Temos de trabalhar a unidade da oposição para enfrentar este momento, especialmente no Nordeste, onde ele está atacando"", disse Costa. O senador admitiu que o presidente está conseguindo surfar em questões como o sucesso do auxílio emergencial, falou em desespero das pessoas diante das crises sanitária e econômica e que o momento reflete mudança de postura de Bolsonaro, que causava instabilidade política constante com ataques ao Legislativo e ao Judiciário. Costa, porém, insistiu que a situação não está resolvida para Bolsonaro e que a oposição tem de esboçar uma reação. ""As contradições são gigantescas e precisamos explorá-las: O auxílio continua? Até quando? Em que valor? Há o pós-pandemia, as disputas internas do governo, entre o bloco dos militares com o centrão, querendo mais dinheiro, e boa parte do empresariado que ainda apoia Bolsonaro e é contra furar o teto de gastos."" 1 Santos (10.jan) Inauguração do pronto socorro da Santa Casa de Misericórdia de Santos 2 Belo Horizonte (30.jan) Sobrevoo nas áreas atingidas pelas chuvas no estado 3 SP (3.fev) Almoço na Fiesp, lançamento da pedra fundamental do Colégio Militar de SP e cerimônia de incorporação de alunos 4 Rio (15.fev) Inauguração de obra na ponte Rio-Niterói e celebração de 40 anos da Igreja Internacional da Graça de Deus 5 SP (5.mar) Instalação do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil, da Fiesp 6 Penaforte, CE (26.jun) Inauguração de obra no rio São Francisco 7 Florianópolis (4.jul) Sobrevoo de áreas atingidas pelas chuvas 8 São Raimundo Nonato, PI, e Campo Alegre de Lourdes, BA (30.jul) Visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara e inauguração de obra contra a seca na cidade baiana 9 Bagé, RS (31.jul) Entrega de condomínio residencial 10 São Vicente, SP (7.ago) Visita à ponte dos Barreiros 11 SP (12.ago) Partida de missão humanitária para o Líbano 12 Belém, PA (13.ago) Inauguração de espaço de lazer no centro da cidade 13 Rio (14.ago) Inauguração de escola cívico-militar 14 Rio (15.ago) Cerimônia de brevetação de paraquedistas 15 Barra dos Coqueiros, SE (17.ago) Inauguração de usina 16 Corumbá, MS (18.ago) Inauguração da Estação Radar de Corumbá Pelo menos 163 estudantes foram expulsos de universidades federais desde 2017 por fraudes em cotas raciais, revela levantamento feito pela Folha. As 26 universidades que compartilharam informações com a reportagem receberam 1.188 denúncias, que culminaram em 729 processos administrativos no período. Cada denúncia e processo administrativo pode tratar de um ou mais estudantes a depender da universidade. Isso porque cada instituição cataloga os casos a sua própria maneira. A UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), por exemplo, recebeu 30 denúncias, mas instaurou apenas dois processos administrativos coletivos, dividindo os estudantes suspeitos de fraudar o sistema entre os que ainda são alunos e os que já se formaram. A UFRRJ não expulsou nenhum aluno até o momento. A campeã em número de expulsões, entre as instituições que responderam às demandas, é a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com 33 pessoas desmatriculadas. As expulsões são fruto de 44 denúncias, que se tornaram 44 processos administrativos individuais. A quantidade de denúncias e de expulsões por fraudes em cotas raciais nas federais pode ser ainda maior, uma vez que os dados se referem a informações de apenas 26 das 69 universidades federais consultadas pela Folha. As demais não enviaram os dados solicitados até a conclusão desta reportagem. No dia 13 de julho, a UnB (Universidade de Brasília) cassou os diplomas de dois alunos e expulsou outros 15 por suspeita de fraudes em cotas raciais. A cassação de diplomas pela instituição é pioneira no Brasil e, segundo o advogado da ONG Educafro, Irapuã Santana, pode indicar mudança na jurisprudência sobre responsabilização de fraudadores. ""Eu acho que foi um precedente muito importante e que caminha para a posição correta de cancelar os créditos cursados indevidamente. Isso, junto com as comissões de heteroidentificação, podem levar a responsabilização efetiva e inibir pessoas de tentarem a sorte por meio da fraude"", disse. Para o advogado, uma das razões que explicariam a quantidade de fraudes no sistema de cotas em universidades é o baixo custo do risco-benefício, ou seja, não há consequências legais contra o fraudador que for descoberto. É possível, segundo Santana, que fraudadores sejam processados penalmente pelo crime de falsidade ideológica, que consiste na criação ou adulteração de documentos particulares ou públicos com a finalidade de obter vantagem indevida —crime cuja pena é de um a cinco anos de prisão. No entanto, não há casos em que fraudadores de cotas em universidades tenham sido penalmente responsáveis, segundo Santana. Apesar de cada universidade ter sistema próprio para investigar fraudes em cotas, o trâmite para apurar irregularidades segue um padrão. Após a instituição receber a denúncia, há uma apuração prévia. Caso ainda exista dúvida sobre se houve fraude, é instaurada uma comissão responsável por investigar o caso e ouvir o acusado. Se a comissão concluir que houve fraude, o estudante é desligado da universidade. Caso contrário, o processo é encerrado. As fraudes em universidades voltaram ao debate público com intensidade após um perfil no Twitter expor dezenas de pessoas que supostamente teriam burlado o sistema para conseguir uma vaga em uma universidade pública. O perfil expunha jovens sem considerar o direito ao contraditório e a ampla defesa do acusado. O resultado não poderia ser diferente: uma jovem indígena foi acusada de ser fraudadora quando, na verdade, tinha direito à cota por meio da qual ingressou no curso de medicina na UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Após o erro, o perfil que reunia as denúncias foi excluído. Para evitar que as universidades se tornassem tribunais raciais, a pioneira na adoção de cotas, a UnB, passou a criar comitês de heteroidentificação para conferir se os vestibulandos autodeclarados pretos ou pardos tinham direito à política de cotas. Essas comissões são bancas que analisam características fenotípicas (físicas) para aferir se o candidato pode ter sido prejudicado social e estruturalmente por ser negro. O grande gargalo das cotas, segundo especialistas ouvidos pela Folha é a autodeclaração sem confirmação de fenótipo de pessoas pardas. Os pardos vivem no limbo provocado pela miscigenação, pois podem ser escuros demais para serem brancos ou claros demais para serem pretos. É possível que um pardo de pele clara jamais sofra racismo e outro de pele escura sofra cotidianamente. Aqueles que são contrários às cotas afirmam que os membros das comissões seriam juízes da raça por tentarem apontar quais pardos são negros. Jefferson Mariano, economista, professor universitário e analista socioeconômico do IBGE, afirma que o Brasil é um país que tem dificuldade de lidar com o racismo por não o reconhecer como um problema estrutural. O próprio censo do IBGE aponta como negros os pretos e pardos, não havendo uma categoria que unifique, oficialmente, a população negra. “O negro é uma construção política que é difícil no Brasil porque usamos pretos e pardos por não temos o negro nas estatísticas oficiais. O indivíduo pardo, na verdade, era aquele que não era branco e não se identificava como preto. Chegou-se até a incluir os indígenas como pardos nos censos. Só na década de 1990 que passaram a ter um termo próprio. A carga do racismo acaba sendo mais pesada em função da cor de pele mais escura. Isso gera um problema de autodeterminação, de identidade"", afirma Mariano. A intensa mistura das raças no Brasil deriva de processos que vão da escravidão à política de Estado para o embranquecimento. Com o fim da escravidão, o Brasil optou por integrar à sociedade imigrantes europeus em vez de mão de obra negra. A vinda de imigrantes agradava aos eugenistas, adeptos da teoria de uma raça superior (a branca) que precisa ser preservada. Em 1911, João Batista Lacerda, então presidente da Associação Nacional de Medicina, defendeu durante o Congresso Universal das Raças, em Londres, a mestiçagem para que o povo brasileiro embranquecesse no intervalo de duas ou três gerações —mais de cem anos depois a população brasileira é majoritariamente negra. Os negros brasileiros nadam contra a corrente desde a chegada do primeiro de seus ancestrais ao país, já escravizado. Em 2020, contrariando as estatísticas, são maioria da população brasileira, 56,2%, de acordo com dados do IBGE de 2019 —ano em que, pela primeira vez, negros se tornaram maioria nas universidades públicas. As cotas raciais têm papel determinante nesse marco educacional. Graças ao sistema que busca facilitar o acesso de negros à universidade em face das dificuldades que enfrentam por causa do racismo estrutural, 50,3% dos estudantes no ensino superior público são negros. Para Mariano, quando observado o panorama de indicadores sociais, é possível dizer que a chamada necropolítica —conjunto de políticas de uma sociedade que determina quem sobrevive e quem morre, segundo o filósofo camaronês Achille Mbembe— substitui a eugenia como política de discriminação. É uma herança das ideias de Sílvio Romero, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que defendia que a imigração europeia e o fim da escravidão seriam o caminho para o fim da raça negra no país. ""A ação da polícia no Brasil é praticamente declarada. Já tivemos documentos da polícia explicando como abordar a população negra. As pessoas ficam confusas e dizem que os policiais são negros, mas esses policias não são a cadeia de comando. A questão é estrutural, são as instituições que trancam para fora os negros. Incluindo as universidades"", afirma Mariano. A primeira vez que uma universidade instituiu cotas raciais foi em 2004. Era possível se inscrever para prestar o vestibular como cotista. Caso a inscrição fosse negada por não atender aos critérios de cotas raciais, o candidato só poderia disputar a concorrência ampla. Em 2007, dois irmãos gêmeos univitelinos (idênticos), Alex e Alan Teixeira, que se inscreveram como cotistas na UnB, tiveram uma surpresa: apenas um foi considerado negro. O imbróglio levou a universidade em Brasília a buscar maneiras de aprimorar a confirmação autodeclaração dos cotistas. A lei de cotas só foi consolidada em 2012. ""Acredito que temos que esclarecer que esse é um processo de mudança cultural, é um processo que está em andamento e tem a ver com pessoas que há muito tempo foram excluídas do ensino superior"", diz Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho, pró-reitor de graduação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). ""São louváveis as atitudes das universidades que estão agindo. O processo foi melhorando, a medida que fizemos as bancas nós aprimoramos o olhar. Hoje estamos muito seguros para fazer a heteroidentificação."" Em suas últimas manifestações, o procurador-geral da República, Augusto Aras, adotou tom conciliatório, destoando dos ataques abertos dirigidos às forças-tarefas da Lava Jato e a membros do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal). Internamente, porém, o grau de incerteza sobre os próximos passos do chefe do MPF segue elevado. Mais do que acenos, dizem integrantes da cúpula do MPF consultados pela Folha, o que importa são as posições institucionais que ele tem a fazer. A auxiliares mais próximos Aras não dá sinais de querer ajustar o que pensa, por exemplo, sobre a estrutura da Lava Jato e o acesso a dados da operação. Entre os temas relevantes em pauta, a continuidade dos trabalhos da força-tarefa de Curitiba é a preocupação mais urgentes dos lavajatistas. A designação de integrantes para o grupo vence em setembro, e o PGR ainda não se comprometeu com a prorrogação. Outro aspecto importante é o que Aras fará sobre o termo de cooperação sobre os acordos de leniência celebrado por várias instituições no início de agosto. Um estudo interno do MPF recomendou a ele não endossar o termo costurado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro José Dias Toffoli, por diminuir as atribuições da Procuradoria ao deixá-la de fora do balcão de negociações. Ao deixar de assinar o termo sobre a leniência, afirmou um subprocurador-geral da República, Aras contribuiu para ""desanuviar"" tensões internas. Foi considerada uma sinalização relevante, mas integrantes do Conselho Superior do MPF dizem que o termômetro virá no dia a dia, a cada sessão, a cada ato. Outro ponto positivo, dizem colegas de Aras, foi a nomeação da subprocurador Eliana Torelly para a Secretaria-Geral da PGR (Procuradoria-Geral da República). Torelly entrou no lugar de Eitel Santiago, apinhado do posto após uma entrevista em que fez elogios ao presidente Jair Bolsonaro (sem paritdo) e críticas à Lava Jato. Aras foi cobrado pelos integrantes do Conselho Superior, o órgão máximo na estrutura administrativa da instituição. Se acertou com Torelly na Secretaria-Geral, a nomeação de Wilson Trezza, ex-diretor da Abin (Agência Brasília de Inteligência), para atuar como colaborador eventual do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) foi motivo de desconfiança. O CNMP tem como uma de suas principais atribuições cuidar de processos disciplinares dos integrantes do Ministério Público. Na sessão desta terça-feira (18), o colegiado avaliará se deve ser aberto processo para remover o procurador Deltan Dallagnol da Lava Jato. Aras explicou que a indicação de Trezza, que vai atuar na área institucional do CNMP, foi a pedido do conselheiro Marcelo Weitzel. Procurada pela Folha, a PGR informou que não se manifesta sobre os temas questionados pela reportagem. A PGR segue na busca de todas as bases de dados obtidas e utilizadas nas investigações da Lava-Jato, sejam informações já reunidas, seja ainda a serem coletadas pelas forças-tarefas no Paraná, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Segundo o chefe do Ministério Público Federal, a força-tarefa em Curitiba dispõe dos dados sigilosos de 38 mil pessoas, além de ter um material salvo quase dez vezes maior que o da própria PGR. No início de agosto, o relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, derrubou decisão do presidente da corte que, em julho, atendendo a um pedido de Aras, havia determinado o compartilhamento. Fachin anunciou que o caso será julgado pelo plenário do tribunal, mas ainda não há data para que isso ocorra. O ministro determinou que as forças-tarefas da Lava Jato no Paraná, no Rio de Janeiro e em São Paulo envie seus argumentos ao STF. Aras ainda não anunciou o que pretende fazer com a força-tarefa em Curitiba. A última designação de integrantes para o grupo ocorreu pouco antes de ele assumir o comando da PGR, em substituição a Raquel Dodge. Uma das hipóteses em avaliação na PGR é manter um procurador responsável pela operação e acionar o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), recém-instalado na estrutura da Procuradoria da República do Paraná, para auxiliar nos trabalhos. O futuro das forças-tarefas passa também pelo resultado de uma seleção interna para escolher interessados em atuar nelas. Na quinta-feira (13), venceu o prazo para os procuradores se inscreverem no processo seletivo. A PGR afirma que o acervo de casos de corrupção cresceu com a criação das forças-tarefas, a partir de 2014, mas que isso representou também um enorme impacto administrativo para a instituição. O conjunto das forças-tarefas, segundo a PGR, é maior que as unidades do MPF em 20 estados, entre eles Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Auxiliares de Aras garantem que não está nos planos do procurador-geral desmobilizar o combate à corrupção, mas haverá ""mudança de rumos"". Na semana passada, o Conselho Superior empossou novos integrantes. O grupo do procurador-geral perdeu força no colegiado. O colegiado vai analisar uma proposta de criação da Unac, um órgão central para o combate à corrupção. Pelo texto do projeto, as forças-tarefas do MPF funcionarão vinculados a este órgão. Durante a sessão de posse dos novos conselheiros, o vice-procurador-geral, Humberto Jacques, leu uma mensagem de Aras. Embora as opiniões sejam ora convergentes ora divergentes, afirmou o procurador-geral, os integrantes do Ministério Público não desprezam seu ""caráter uno"" e a desavença se presta ao enfraquecimento da carreira e da instituição. Enquanto lida com as questões internas, Aras está de olho também em uma mudança prestes a ocorrer. No mês que vem, Dias Toffoli sai da presidência do Supremo e entra Luiz Fux. Aras e Toffoli estão alinhado nas críticas à Lava Jato. Foi Toffoli, durante o plantão do recesso de julho do Judiciário, que permitiu o acesso da PGR ao dados da Lava Jato. A chegada de Fux, um defensor da operação, altera esse cenário. O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu nesta sexta-feira (14) as decisões da corte durante a pandemia. “Tenho a impressão de que se não fosse a decisão do tribunal, muito provavelmente estaríamos flertando com um quadro de maior gravidade do que aquele que estamos passando, em que só estamos atrás dos Estados Unidos em números absolutos de mortes e casos, um quadro constrangedor"", afirmou o ministro. Gilmar participou de um encontro do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na internet. O eventou contou com a participação de representantes de partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro, juristas, líderes religiosos e militantes do MST. Dizendo-se muito emocionado pelo convite do MST, Gilmar afirmou que a democracia se constrói com diálogo. O ministro começou sua fala dizendo que todos no Brasil têm sofrido as consequências da crise de proporções enormes. Ele comentou que era fundamental ter uma maior integração entre União, estados e municípios para o enfrentamento da pandemia. “Uma das decisões polêmicas do Supremo foi aquela que afirmou que União, estado e municípios tinham o mesmo grau de responsabilidade, que o poder do presidente da República não retirava a responsabilidade de estados e Municípios”, disse. Gilmar se referiu à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que reconheceu a autonomia de governos estaduais e municipais para a tomada de decisões de combate à Covid-19. O ministro disse que em um cenário ideal era para haver harmonia entre todos, mas que isso não ocorreu —o que contribuiu para o cenário do Brasil, onde já foram registradas mais de 105 mil mortes. Gilmar citou o nascimento da PEC do orçamento de guerra, que deu ""condições ao governo de enfrentar a pandemia em situação relativamente confortável"". Gilmar afirmou que existe um “sem número de questões” no tribunal sobre a crise da Covid-19 e afirmou repudiar “a tentativa de tratar a pandemia de maneira atenuada”. “Enfatizamos sempre a necessidade de nos pautarmos em uma medicina calcada em evidências. E fortalecéssemos a posição de governadores e prefeitos que defendem as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde)"", afirmou. O ministro fez críticas ao uso de cloroquina e sua distribuição feita pelo governo Bolsonaro, sem que haja evidências científicas para isso. Participaram do evento, entre outros líderes políticos, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e os presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Carlos Lupi (PDT), Carlos Siqueira (PSB), Luciana Santos (PC do B) e Juliano Medeiros (PSOL). Os ex-ministros da Justiça Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, presidentes de centrais sindicais e apoiadores do MST, como o cantor Chico Buarque, acompanharam também o evento. ""O Brasil vive a pior crise de sua história, pois aglutina uma crise política, uma crise ambiental e uma crise de saúde pública, com mais de 100 mil brasileiros mortos, como se a bomba de Hiroshima tivesse caído sobre nós, pois outros países de mesma dimensão terrotorial enfrentaram a pandemia com muito menos custo social"", afirmou João Pedro Stedile, fundador e um dos principais líderes do MST. Um dos idealizadores do aplicativo Monitora Covid-19, o analista de sistemas e administrador paraibano Fábio Tadeu Guimarães, 47, morreu no sábado passado (14) contaminado pelo novo coronavírus. Ele passou 26 dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital particular de João Pessoa. Os primeiros sintomas da doença apareceram logo após algumas visitas profissionais que Guimarães fez a um hospital de campanha montado em Paulista, na região metropolitana do Recife, para implantação de um sistema desenvolvido por sua empresa para monitoramento de pacientes. Diretor de tecnologia da empresa Novetech, responsável pelo desenvolvimento do aplicativo que registra informações de pessoas com sintomas da doença e viabiliza atendimentos de maneira remota, trabalhava também em parceria com membros do comitê científico do Consórcio Nordeste. Desde o início da pandemia, 140 mil atendimentos foram realizados a partir do acesso de pacientes ao Monitora Covid-19. Os governos estaduais de Paraíba, Piauí, Alagoas, Maranhão e Bahia disponibilizam profissionais médicos que ficam interligados diretamente ao programa desenvolvido por Guimarães e sua equipe. O código do aplicativo foi viabilizado para o comitê sem qualquer tipo de custo. Nas redes sociais, o neurocientista Miguel Nicolelis, um dos coordenadores do comitê científico do Consórcio Nordeste, disse que o paraibano foi um herói no combate ao coronavírus. “Estamos todos abalados com a perda de um grande amigo e colaborador inestimável”, postou Nicolelis. Sócio de Fábio por seis anos, o diretor comercial da Novetech, Antônio Carlos Magalhães, declarou que o amigo participava ativamente do coletivo que fazia análise de dados da Covid-19 para a sala de situação do comitê científico que assessora governadores nordestinos durante a pandemia. “Era um cara que gostava de ajudar as pessoas. Estava nessa batalha contra o coronavírus”, afirmou. Magalhães declarou que o primeiro sintoma apresentado pelo analista foi febre alta. “Ele havia visitado um hospital de campanha em Paulista (PE) para implementação do sistema que nossa empresa desenvolveu. Depois, teve febre por uns três dias. O quadro se agravou e teve que ir para UTI.” Fábio Tadeu Guimarães deixa esposa e dois filhos. O governo identificou o pagamento do auxílio emergencial a 680 mil servidores públicos. Os repasses ilegais, somados, chegam a R$ 1 bilhão e serão investigados pelo MPF (Ministério Público Federal). As irregularidades foram encontradas após a CGU (Controladoria-Geral da União) cruzar cadastros do programa criado para ajudar as famílias mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus com bancos de dados de outros poderes. Além de servidores federais, a CGU analisou agentes estaduais e municipais nas 27 unidades da federação através de dados dos tribunais de contas estaduais e municipais e controladorias-gerais regionais. O auxílio emergencial demanda R$ 254,2 bilhões e representa a medida mais cara do pacote anticrise. O programa foi criado para durar apenas três meses, com valores concedidos em abril, maio e junho. Depois, foi prorrogado por dois meses (até agosto). O governo estuda prorrogar o benefício até dezembro. Nas esferas estadual, distrital e municipal, foram identificados 613.431 agentes públicos, ativos, inativos e pensionistas que receberam auxílio emergencial. O Maranhão foi o estado que apresentou o maior número de servidores recebendo irregularmente com 102 mil cadastros. Na sequência, aparecem a Bahia (82,9 mil), Minas Gerais (60 mil), Rio de Janeiro (40 mil) e Ceará (38 mil). Os cruzamentos efetuados relacionam pagamentos realizados até 19 de julho. Na esfera federal, são 14.182 pagamentos a beneficiários que constam como agentes públicos federais, ou pensionistas, com vínculo ativo no Siape (Sistema Integrado de Administração de Pessoal). Outros 52 mil pagamentos estão vinculados à CPFs que constam como servidores militares da União, ativos ou inativos, ou pensionistas e 950 beneficiários que constam como funcionários de empresas estatais federais. Em nota, a CGU afirmou que “pela forma de operacionalização do benefício, é possível que os servidores não tenham feito solicitação para seu recebimento, mas que tenham sido incluídos como beneficiários do Auxílio Emergencial de forma automática por estarem no Cadastro Único para programas sociais ou por serem beneficiários do Programa Bolsa Família”. No total, foram 680.564 servidores públicos cadastrados como beneficiários do auxílio emergencial de R$ 600. No balanço anterior, divulgado em junho, a CGU tinha identificado 396.316 servidores cadastrados e um prejuízo de R$ 279,6 milhões. No mês passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu enviar ao MPF uma lista com os beneficiários que supostamente cometeram fraudes para receber indevidamente o auxílio. Diante das graves irregularidades, o ministro relator do processo, Bruno Dantas, decidiu enviar os ""casos mais escandalosos"" aos investigadores para que os beneficiários sejam processados criminalmente. Há, por exemplo, aposentados da Justiça Federal e do Banco Central na lista do socorro do governo com aposentadorias de R$ 25 mil e R$ 50 mil por mês. O monitoramento do auxílio emergencial é uma das medidas adotadas pelo TCU para verificar os gastos públicos durante a pandemia. Em nota, a CGU informou que os resultados dos cruzamentos foram encaminhados aos órgãos estaduais e municipais responsáveis pelas bases fornecidas à CGU para tratamento, bem como ao Ministério da Cidadania para tomada de decisões em relação a eventual bloqueio ou suspensão de benefícios pagos a beneficiários potencialmente não elegíveis. Número de servidores federais que receberam o auxílio irregularmente Número de servidores estaduais e municipais que receberam o auxílio irregularmente Em mais um esforço para reverter a imagem negativa do Brasil na área ambiental, um grupo de empresários e representantes de associações do setor privado se reuniu nesta quarta (12) com governadores de estados da Amazônia legal. Na pauta do encontro, o estabelecimento de metas para combater o desmatamento ilegal, inclusive com adoção de ação policial contra o crime organizado ligado à grilagem de terras. Participaram do encontro Beny Fiterman, presidente da Agropalma, Domingos Campos, diretor de sustentabilidade da Norsk Hydro, Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, João Paulo Ferreira, presidente da Natura, Marcos Molina, presidente do Conselho da Marfrig e Michelle Shayo, diretora de relações governamentais da Alcoa. A Molina coube falar sobre rastreabilidade e desmatamento, tema também abordado por Fiterman, da Agropalma. O presidente da Vale explicou as ações da empresa na Amazônia voltadas para a inclusão social e econômica de comunidades locais. Shayo, da Alcoa, detalhou mecanismos de negociação de créditos de carbono e preservação da floresta. O presidente da Natura também falou sobre as ações realizadas pela empresa na região para a valorização e preservação da biodiversidade. Campos, por sua vez, apresentou as ações da Norsk Hydro para minimização do impacto ambiental no uso de recursos naturais. Assim como discutido na reunião realizada no mês passado com o vice-presidente Hamilton Mourão, o grupo defendeu o estabelecimento de metas de combate ao desmatamento ilegal. “O setor privado está acostumado com o estabelecimento de metas, inclusive para ter apoio de seus acionistas. Que todos os estados também tenham metas aspiracionais para o desenvolvimento da Amazônia”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), que também participou da reunião. Também presente no encontro, Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), destacou a necessidade de integração entre as ações dos órgãos que atuam na região, como os institutos de terras e o Incra. Os empresários pediram ainda melhoria na infraestrutura e governança para análise e concessão de licenças ambientais. Participaram da reunião os governadores do Acre, Gladson Cameli, do Amapá, Waldez Góes, do Amazonas, Wilson Lima, do Maranhão, Flávio Dino, de Mato Grosso, Mauro Ferreira, de Roraima, Antonio Denarium, do Pará, Helder Barbalho, de Rondônia, Marcos Santos, e do Tocantins, Mauro Carlesse. O grupo divulgou uma carta aberta endereçada aos governadores. Leia a íntegra abaixo. * Excelentíssimos Senhores Governadores, Membros do Consórcio de Governadores da Amazônia Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais. Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da COVID-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012. Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável. Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país. Nesse contexto, esse grupo já se colocou à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos: Ao Consórcio de Governadores da Amazônia, as instituições articuladoras deste movimento pedem especial atenção ao que vem a seguir: Senhores, temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do país para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história. Pré-candidato do PC do B à Prefeitura de São Paulo, Orlando Silva, 49, simboliza a ruptura na tradição do partido de se coligar com o PT nas eleições da capital. ""O Lula foi um extraordinário presidente, mas nós temos que olhar para a frente"", afirma à Folha o deputado federal. ""A esquerda precisa ser mais humilde"", segue, ecoando uma crítica ao PT feita pelo rapper Mano Brown em 2018. Baiano que mora há 28 anos na cidade e já foi vereador, Orlando pretende enfatizar na campanha deste ano a bandeira do antirracismo e o combate a problemas da periferia. Diz também querer desmistificar o comunismo. ""Quero levar a indignação de quem convive com o racismo estrutural porque já sentiu na pele tudo o que o negro sente. São Paulo precisa ser uma cidade menos desigual e que dê chance ao povo pobre."" * Pretende fazer uma campanha voltada a questões locais ou mais nacionalizada, com ênfase na oposição ao presidente Jair Bolsonaro? São Paulo é uma cidade-estado, o maior colégio eleitoral do país, o que faz com que o interesse nacional repercuta sobre a vida do município, e vice-versa. Isso dá dimensão nacional à disputa, mas há que se fazer um enfrentamento levando em conta a realidade local. E o que a realidade local apresenta? Decidi que meu partido deveria ter candidato no segundo turno da eleição de 2018, quando vi Mano Brown falar que, se [um partido] deixou de entender o povão, já era. Se não falar a língua do povo, vai perder de novo. Ali passei a refletir: temos que aprender com o povo. A esquerda precisa ser mais humilde. Perceber que derrotas, quando nós as sofremos, deixam lições. É preciso se reconectar com o povão. Como se reconectar? Desde 2016 se fala que a sociedade está polarizada, mas a impressão que tenho é que é mais militante de um lado e do outro, enquanto o povão mesmo fica olhando o cenário. Daí a necessidade de estruturar um projeto político popular renovador para a cidade de São Paulo. O sr. vai dialogar com os eleitores de Bolsonaro e buscar os votos deles? As pesquisas mostram que bolsonaristas são 15%, no máximo 20% do eleitorado. Mas tem gente que ainda observa Bolsonaro com simpatia porque não vê alternativas e, ao mesmo tempo, não quer voltar ao passado. A esquerda tem que pisar no barro, ouvir o povo, reelaborar programa e, com muita humildade, trilhar um caminho novo. Temos que voltar a fazer trabalho de base, preocupar menos com lacração na internet e mais com a organização do povo. Comunidades religiosas pentecostais e neopentecostais, com grande penetração na periferia, têm a ver com respostas a problemas. Em vez de atacá-las, deveríamos aprender com elas e resgatar o que foram marcas dos movimentos progressistas, como mutirões, iniciativas populares de saúde e de creche. Essa será a proposta da sua campanha? Falo em tirar energia e criatividade da periferia porque é de onde eu vim. Precisamos olhar para ela como o lugar da potência, não da carência. Nasci num bairro periférico de Salvador, estudei em escola pública, usei unidade básica de saúde. Quero levar para a campanha a indignação de quem conhece os problemas do povo de viver, não de ouvir dizer. Como essas pautas podem se converter também em apoio da classe média, da elite? Em estratos médios e mesmo nos altos, quem tem capacidade crítica se comove com o drama da realidade na periferia e se mobiliza para apoiar um projeto que coloque foco em ajudar primeiro quem mais precisa. É um discurso próximo do de Jilmar Tatto (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), ambos do campo da esquerda. O Tatto e o Boulos são amigos [meus]. Pode haver identidades porque compomos o mesmo campo. Mas uma liderança política negra enfrentar o racismo estrutural é diferente de uma que ouve dizer o que é o racismo. Como pretende se diferenciar dos dois? O PT é parte do passado. E o PSOL é uma espécie de PT retrô, dos anos 1980. Vou, com a minha experiência de vida e pessoal, valorizar a minha condição de negro e debater a representatividade na política. Não serão os brancos que vão romper com o racismo estrutural. Que medidas efetivas um prefeito pode adotar para combater o racismo no âmbito municipal? Temos que fazer cumprir plenamente as leis que obrigam o ensino nas escolas da história da África e da cultura afro-brasileira. A prefeitura também pode liderar movimentos que coloquem mais peso em políticas públicas, com o cumprimento da política de cotas na administração, e em mobilização do setor privado, engajando empresas para gerar oportunidades para a população negra. Qual é a maior demanda do paulistano, principalmente pós-pandemia? Emprego. Vou apresentar um programa emergencial para a geração de vagas nos próximos dois anos. A cidade terá que renegociar os grandes contratos para garantir um espaço fiscal e dar fôlego aos pequenos comerciantes e às pequenas empresas. Com isenção de impostos? A cidade pode suspender a cobrança de determinados tributos durante um período. E aí vem a pergunta: mas como vamos pagar a conta? Você negocia uma moratória nos grandes contratos e abre um espaço fiscal para dar suporte aos micro e pequenos empresários. Um momento excepcional pede medidas excepcionais. Nesses grandes contratos o sr. inclui os de transporte público, que demandam subsídio da prefeitura? A meu ver, o subsídio é uma caixa-preta. É necessário auditar. Não dá para manter no nível de hoje. O tema da mobilidade é um dos que exigem aliança de São Paulo com outros entes da Federação, para ampliar o transporte de alta capacidade, com expansão das malhas metroviária e ferroviária. E inclusive envolver captações internacionais. Deveríamos abrir diálogo com a China, um país que tem feito muitos investimentos em infraestrutura. Como avalia o governo de Bruno Covas (PSDB), pré-candidato que hoje lidera as pesquisas? A gestão João Doria/Bruno Covas passará à história como uma gestão nula para a cidade de São Paulo. Quantas políticas inovadoras foram feitas? Nenhuma. Que iniciativa estruturante para o futuro foi feita? Nenhuma. A gestão da Covid-19 foi marcada por vacilações, com repercussão na vida das pessoas: o rodízio, que jogou grande parte dos trabalhadores no transporte público, a falta de descentralização dos hospitais de campanha e os sinais contraditórios no debate sobre a volta às aulas. O sr. vai se licenciar para fazer a campanha? Não. O exercício do meu mandato também é parte da estratégia de campanha, com [minha atuação em] medidas prioritárias como o auxílio emergencial, a medida provisória para manter os empregos e a regulação do combate às fake news. Durante a campanha, vou falar do que fiz na crise da Covid-19. Como responderá caso as denúncias que o derrubaram do cargo de ministro do Esporte, em 2011, voltem à tona na campanha? Se isso surgir, será uma oportunidade a mais para me defender. Foi uma grande armação, que tinha objetivos políticos. Tanto era uma farsa, que nunca nem sequer fui convidado para prestar um único depoimento. Como será fazer campanha por um partido que tem no nome o comunismo, demonizado por Bolsonaro e a direita? Olha, pelo Bolsonaro, 80% do Brasil é formado por comunista. A minha perspectiva sempre foi a de construir uma sociedade justa, com igualdade de oportunidades e comunhão. Um governo comunista é como o do Maranhão, que o Flávio Dino [PC do B] faz. Quero governar São Paulo inspirado em Flávio Dino. O sr. também cita a China, outro ""bicho-papão"". A China, que é um país onde estive três vezes, é uma experiência comunista, com muito desenvolvimento, e que pode ser um local de muitas parcerias para a nossa gestão. Existe chance de retirada da sua candidatura? Nenhuma. A inédita ausência do PT em uma campanha do PC do B na capital enfraquece ou fortalece seu nome? Apresentar um projeto para a cidade é o nosso desafio. Tenho muitos amigos no Partido dos Trabalhadores, o Lula foi um extraordinário presidente, mas nós temos que olhar para a frente. O que motivou a cisão? Nós, do PC do B, entendemos que é necessário estruturar um projeto político para a cidade de São Paulo que não será feito à sombra do PT e que precisa de um líder. Foi-se o tempo em que São Paulo melhor seria governada por um gerente. Aliás, tem gente que se agarrou a esse conceito de ser gerente e teve um péssimo resultado, inclusive eleitoral [referindo-se a João Doria, do PSDB]. A resistência ao nome de Tatto dentro de setores do próprio PT e da esquerda pode favorecer a sua candidatura? Olha, o Jilmar Tatto é meu amigo, e eu prefiro não comentar a candidatura dele. Saiu [na segunda-feira, 11] a declaração de apoio [a Boulos] de um ex-ministro da cozinha do ex-presidente Lula, Celso Amorim. Eu estou com medo de amanhã ou depois o [Fernando] Haddad e a presidente Dilma [Rousseff] declararem apoio para outro candidato que não seja Jilmar Tatto. Vou prestar minha solidariedade a ele. O PC do B terá baixo tempo de TV e poucos recursos do fundo eleitoral. Como driblar isso? Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance. Vou apostar muito nos debates na TV, na militância e na força das ideias para atrair o voto progressista e ocupar um espaço. Quem sabe nós não chegamos ao segundo turno? * Orlando Silva de Jesus Júnior, 49 Nascido em Salvador, mora na capital paulista desde 1992. Foi o primeiro negro a presidir a UNE (União Nacional dos Estudantes), de 1995 e 1997. Deputado federal por São Paulo em segundo mandato, é filiado ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) desde 1989. Entre 2013 e 2015, ocupou uma vaga de vereador na Câmara Municipal de São Paulo. Foi ministro do Esporte (2006-2011) nos governos Lula e Dilma (PT). Caiu após ser alvo de denúncias por um suposto esquema de desvios de recursos públicos. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou processo contra ele em 2012, por falta de provas O ministro das Comunicações, Fábio Faria, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas e o desembargador do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) Ney Bello participam do debate ""Fake news e seus impactos na Justiça e na administração"", nesta terça (11), às 12h. O debate será mediado pela jornalista Débora Bergamasco e coordenado pelo presidente do Instituto de Garantias Penais (IGP), Ticiano Figueiredo. O encontro será transmitido pelo canal do YouTube do IGP. * Em comemoração ao dia do estudante e aos 83 anos da UNE (União Nacional dos Estudantes), a entidade promove nesta terça (11), às 19h, a live ""Ato em defesa da educação, da vida e da democracia"". Participarão do evento a ex- deputada Manuela D'avila (PCdoB), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE). A programação também conta com participação dos artistas como Gilbreto Gil, Zeca Baleiro e Leci Brandão. O encontro será transmitido pelo canal do YouTube da UNE. * A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo inaugura nesta terça (11) o Centro de Formação de Professores. O espaço de 3.000 m², localizado na Vila Mariana, atenderá a educadores da rede municipal de ensino, promovendo formações diárias. O espaço passou por reforma no valor de R$ 2 milhões e possui salas de aula equipadas com lousas digitais e computadores, sala de reunião, laboratório de educação digital, laboratório de ciências e auditório, com capacidade para atender, diariamente, até 600 pessoas. * A ex-ministra Marina Silva (Rede-AP), o sociólogo e professor da USP Ricardo Abramovay e a indígena Célia Xacriabá participam da live ""Os futuros da educação: sustentabilidade humana e do planeta"", nesta quinta (13), às 11h. O debate será mediado pelo ex-senador Cristóvam Buarque e terá apresentação da diretora da Unesco, Marlova Noleto, e do diretor da Fundação Santillana, Miguel Thompson. O encontro online será transmitido pelo canal do YouTube da Unesco. Das 27 unidades da federação, apenas 4 definiram uma data de previsão para a reabertura das escolas após a suspensão das atividades presenciais com a pandemia do novo coronavírus. Entre as capitais, só 2 têm data proposta para o retorno. A ausência de coordenação e orientação do governo federal sobre parâmetros seguros de saúde dificulta o planejamento para a volta às aulas presenciais. O Ministério da Educação não criou até o momento nenhum protocolo de retorno ou anunciou apoio financeiro às redes de ensino. Levantamento feito pela Folha indica que apenas o Amazonas, Distrito Federal, São Paulo e Paraná já definiram uma data de retorno, ainda que as autoridades afirmem ser apenas uma previsão. Nos três estados, contudo, as redes municipais das capitais não seguiram a definição de data e ainda afirmam estudar o retorno. Entre as capitais, apenas São Luís (MA) e Belém (PA), anunciaram datas para retornar às aulas. As duas planejam a volta para setembro. “Quase todo mundo tem um plano pré-definido. A maioria tem o como, não tem o quando”, disse Cecília Mota, presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação) e secretária do Mato Grosso do Sul. Para ela, o MEC poderia ter ajudado os estados e municípios a planejar em conjunto um protocolo de retorno. “Poderiam desde o início ter capitaneado as ações de enfrentamento à pandemia. Acabamos fazendo por conta, em parceria entre nós mesmos, não teve participação do ministério. Nem quando decidimos que as aulas seriam de forma remota”, disse. Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime (entidade que representa os secretários municipais de educação), afirma que a falta de parâmetros dificulta a preparação para o retorno. “Não temos informações técnicas consistentes. Antes diziam que só máscara e viseira eram suficientes para o retorno às aulas, agora dizem que outros equipamentos são necessários."" Até mesmo entre os estados que já estabeleceram um protocolo para o retorno, as orientações não são as mesmas. Em São Paulo, por exemplo, a volta às aulas está prevista para 7 de outubro com o retorno gradual dos alunos de todas as séries, da educação infantil ao ensino médio, desde que seja respeitado um percentual de até 35% de estudantes presentes. Já no Distrito Federal, o plano prevê a volta de metade dos estudantes a cada semana a partir de 31 de agosto, com o retorno começando pelas turmas mais velhas —primeiro a EJA (Educação de Jovens e Adultos), depois ensino médio até chegar à educação infantil. No Amazonas, as aulas na rede particular foram liberadas em 17 de julho. Nesta segunda (10), elas voltam na rede estadual apenas em Manaus, mas ainda não há previsão de retorno para a rede municipal da capital do estado e para as unidades estaduais no interior. No Paraná, o retorno também será escalonado, mas ainda não foi definido por qual etapa começará. A incerteza sobre o retorno das aulas preocupa as famílias. Ainda que não se sintam seguros para que os filhos voltem à escola, os pais contam que querem se planejar. A falta de planos de retomada no ensino presencial por parte do governo municipal do Rio de Janeiro fez com que a professora Jurema de Jesus Felippe, moradora da comunidade Para-Pedro, tomasse uma decisão: levar a filha, Maria Eduarda, estudante do 8º ano, para passar uma temporada com a avó, na capital baiana. “Aqui na comunidade tem festa, tem tudo, as pessoas acham que têm imunidade [ao novo coronavírus]. Minha filha fica mais trancada dentro de casa do que na rua. E lá [na Bahia] não está essa agonia”, justifica. Jurema leciona em duas escolas particulares, nas quais avalia haver mais segurança para o retorno, mas diz não sentir a mesma garantia na rede pública de ensino. “Na escola particular tem uma doutrina, um cuidado, sempre tem alguém vigiando. Vou dar aulas, não preciso cuidar da saúde dos outros. Na rede pública, não vão contratar uma pessoa para mediar isso e a criança não vai ficar parada”, avalia. Também no Rio, Áurea Xavier Pereira Gomes não sente segurança para enviar os quatro filhos para a escola. Um é aluno do Instituto de Aplicação, da UERJ, três estão na rede municipal e a mais nova, de um ano e meio, está na creche. “O ano letivo está perdido”, afirma. Funcionária pública, Áurea só consegue dar conta dos filhos em casa porque está de licença médica e tem ajuda de amigas nas tarefas domésticas. “Não tem um planejamento de saúde”, reclama sobre um eventual retorno das aulas presenciais na cidade. Moradora do bairro de Plataforma, Subúrbio Ferroviário de Salvador (BA), a autônoma Aline Costa, 29, está com a filha em casa, sem aulas, desde 16 de março deste ano. Com 6 anos, a menina cursa o 1º ano do ensino fundamental em uma escola municipal do bairro. “É muito difícil manter uma criança dentro de casa. Mas penso que ainda não tem condições de voltar a escola. Acho perigoso”, afirma Aline, destacando que ainda não houve nenhuma sinalização da prefeitura sobre o retorno das aulas. Enquanto isso, no Maranhão, algumas escolas particulares já receberam alunos a partir de segunda-feira (3). A retomada, autorizada pelo poder público, iniciou apenas com pré-vestibulandos e deve seguir um cronograma até chegar às séries iniciais. “Estamos vivendo um momento de experimentações, ninguém tem certeza de nada, e precisamos dar um passo ou vamos ficar enclausurados em casa e sem dar um passo”, avalia Raicilene Cabral. Com o marido, ela decidiu autorizar o filho, Arthur, a voltar para a escola da rede privada de ensino no estado. Ela conta que o fato de ele já ter 17 anos e estar no 3º ano do ensino médio, prestes a fazer a prova do Enem, ajudou na tomada de decisão. “Se fosse uma criança, talvez eu não tivesse a mesma atitude."" Para o estudante, as aulas presenciais, mesmo que ainda intercaladas com as remotas, ajudam a estabelecer uma melhor rotina de estudos. “Aula presencial é melhor, a dinâmica entre aluno e professor é bem mais fluída”, diz. A maioria dos estados, entretanto, planeja que a retomada das aulas presenciais ocorra na mesma data para as escolas públicas e particulares. Apenas 9 estados estudam datas diferentes para os colégios privados. A proposta de reforma tributária do governo federal prevê o desmonte de parte dos R$ 320 bilhões concedidos hoje a dezenas de setores em benefícios tributários, mecanismo considerado vetor de distorções econômicas e concentrador de renda. Em sua primeira fase, a reforma eliminaria quase R$ 70 bilhões desses incentivos, o que representa cerca de 1% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso ocorreria pela substituição dos tributos PIS e Cofins pela nova CBS (Contribuição sobre Operações com Bens e Serviços), com alíquota de 12%. Mesmo assim, o total de benefícios tributários permanecerá muito acima do montante de antes dos governos do PT (Lula e Dilma), que escalaram esses incentivos do equivalente a 2% do PIB para 4,5%. O governo federal alega que a retirada dos benefícios sobre PIS e Cofins não resultará em aumento da carga tributária, mas há dúvidas sobre se parte dos R$ 70 bilhões não ficará no caixa da Receita Federal. Segundo Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, os 12% incidentes sobre a nova CBS foram fixados de modo que o fim dos incentivos não aumente a carga tributária. “O ganho fiscal [com o fim dos incentivos] foi convertido em uma alíquota menor. Ela teria de ser superior a 12% para termos ganhos de arrecadação”, afirma. A CBS prevê o fim de um complicado sistema de uma centena de regimes especiais que representam os benefícios tributários —e a eliminação da cobrança do tributo “por dentro”, que inclui o valor do próprio imposto em sua base de cálculo. Estudo da Fundação Getulio Vargas sustenta, no entanto, que a primeira fase da reforma proposta pelo governo (a fusão de PIS e Cofins na nova CBS) elevaria o recolhimento federal em R$ 50,3 bilhões. A nova CBS pesaria mais nos serviços consumidos pelos que pagam mensalidades escolares, profissionais de saúde, advogados e arquitetos, entre outros. Muitas dessas atividades recolhem hoje 3,65% de PIS/Cofins e distribuem cerca de 85% do que faturam sem pagar impostos. Malaquias afirma que não haverá aumento da carga porque a base de incidência da nova CBS em relação ao PIS/Cofins foi reduzida de R$ 8 trilhões para cerca de R$ 6,2 trilhões —o novo tributo, portanto, alcançaria menos pagantes. Apesar do fim dos benefícios hoje incidentes sobre PIS e Cofins, a CBS manterá alguns incentivos e regimes especiais correspondentes aos antigos impostos, a um custo fiscal anual de R$ 55,4 bilhões. Com a nova CBS, ficam mantidos, por exemplo, os benefícios na tributação de micro e pequenas empresas pelo Simples (R$ 28,3 bilhões) e na cesta básica (R$ 16 bilhões). A Zona Franca de Manaus também segue incentivada, com um total de R$ 9,6 bilhões. Nesse caso, os produtores terão um crédito presumido de 25% da nova CBS incidente sobre a venda de produção própria. A agricultura/agroindústria e os transportes coletivos também mantêm incentivos, de R$ 804 milhões e R$ 694 milhões, respectivamente. O objetivo do Ministério da Fazenda é que o total de benefícios tributários no Brasil diminua dos atuais 4,2% do PIB (R$ 320 bilhões) para 2% em dez anos, meta que chegou a constar na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2019. Alguns economistas consideram fundamental a redução desses incentivos, que seriam concentradores de renda (pois protegem setores específicos) e teriam gerado poucos benefícios em termos de atividade econômica e aumento da arrecadação. “Em um sistema normal, a tributação deve ser igual para todos, com transparência e sem uma inacreditável quantidade de casos com regras particulares”, diz Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha. Lisboa costuma usar a expressão “meia-entrada” para descrever o processo em que alguns grupos obtêm privilégios e benefícios do governo que acabam distorcendo e debilitando a economia. Para o economista Alexandre Manoel, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), embora o fim dos benefícios possa resultar em aumento da carga tributária, ele é bem-vindo por tratar todos os agentes econômicos “horizontalmente”. Manoel suspeita que boa parte da diminuição da capacidade do governo nos últimos anos de produzir superávits primários (economia para reduzir a dívida pública) tenha relação com o aumento dos benefícios tributários, que diminuíram a receita federal. “Isso ocorreu sem que houvesse ganhos para o PIB ou na arrecadação”, afirma. Análise recente do Banco Mundial sobre os resultados das política de benefícios fiscais de Brasil, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Holanda e México concluiu que apenas o caso brasileiro resultou em uma combinação de aumento dos gastos tributários e redução da arrecadação. Para Felipe Salto, da IFI (Instituição Fiscal Independente), do Senado, o Brasil deveria ter uma avaliação periódica dos resultados de seus incentivos, a exemplo da chamada “spending review” (revisão de gastos) adotada pelos países avançados. “O Brasil tem um engessamento de quase 94% de sua despesa total, e o pequeno espaço que sobra deveria ser direcionado às políticas que apresentem melhores resultados.” Os benefícios tributários no Brasil representam cerca de 23% das receitas administradas pela Receita Federal e, do ponto de vista regional, também são considerados fontes de desigualdades. Segundo estudo do Ministério da Economia, os estados mais pobres, como Maranhão, Piauí, Acre, Alagoas, Pará e Paraíba, receberam menos de um terço da média nacional dos benefícios tributários per capita em 2018. Já Amazonas (por causa da Zona Franca), Santa Catarina e São Paulo se beneficiaram mais de renúncias tributárias proporcionalmente ao que contribuíram para o PIB. Para o economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e colunista da Folha, a revisão e a diminuição dos benefícios tributários são bem-vindas. Mas ele considera difícil o Brasil escapar, neste momento, de uma elevação da carga tributária como resultado da reforma de seu sistema de impostos. “Não vejo como o Brasil atravessar esse período de forte aumento do endividamento público [por conta das medidas contra os efeitos da Covid-19] sem uma elevação de impostos no curto prazo”, afirma. Assinado por ex-atletas como Walter Casagrande, Diogo Silva e Joanna Maranhão, além de outros como Sandra de Sá e Adilson Monteiro Alves, o abaixo-assinado contra a decisão do governo Bolsonaro de cancelar o edital de 2020 do Bolsa Atleta ganhou o apoio da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Organizado pelo deputado Orlando Silva (PC do B) e pelo ex-ministro Ricardo Leyser, o documento fala em “descompromisso do governo com os atletas brasileiros” ao decidir lançar nova chamada apenas em 2021. Atualmente, 6.357 esportistas do país recebem o Bolsa Atleta, que tem um custo anual de R$ 85,7 milhões. Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Nathalia Garcia Dom Pedro Casaldáliga, o bispo catalão que dedicou e arriscou a vida na defesa dos posseiros e dos indígenas da Amazônia, morreu neste sábado (8) às 9h40, em Batatais (SP), aos 92 anos. Um dos líderes mais influentes da Igreja Católica no Brasil e na América Latina das últimas décadas, dom Pedro foi uma voz incansável contra o latifúndio e em favor da reforma agrária. De sua prelazia, participou, ao lado de outros bispos progressistas, da criação do Conselho Missionário Indigenista (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Seu velório acontecerá em três locais. Em Batatais, neste sábado, a partir das 15h, na capela do Claretiano. Em Ribeirão Cascalheira (MT), onde o corpo será velado no Santuário dos Mártires, a partir de 10 de agosto. E em São Félix do Araguaia (MT), sua cidade adotiva, onde o velório será no Centro Comunitário Tia Irene e onde o corpo será sepultado. A missa de exéquias será celebrada em 9 de agosto, às 15h, em Batatais, e será transmitida pela internet. Dom Pedro Casaldáliga morreu devido a uma infecção respiratória que evoluiu para embolia pulmonar. O teste para Covid-19 deu negativo. Ele estava internado há mais de uma semana e foi levado para Batatais na terça-feira (4). A sua trajetória no Brasil começou em 1968, quando a busca para servir os mais pobres e injustiçados o levou a trocar a Espanha franquista por São Félix do Araguaia, então um povoado de 600 habitantes no interior de Mato Grosso. A viagem por terra desde o interior de São Paulo durou uma semana. Logo no primeiro dia, o missionário claretiano encontrou quatro corpos de bebês mortos, acomodados em caixas de sapato diante de sua casa para que fossem enterrados. “Ou vamos embora daqui agora mesmo ou nos suicidamos ou encontramos uma solução para tudo isto”, disse ao seu companheiro missionário Manuel Luzón, segundo a biografia autorizada “Descalço sobre a Terra Vermelha” (Unicamp), do jornalista Francesc Escribano, principal fonte de informações para este texto. Esses primeiros anos foram de aprendizado sobre a dura realidade local. Em longas viagens de barco e por estradas precárias para chegar a comunidades isoladas, ele improvisava missas com cachaça e bolacha no lugar do vinho e da hóstia. As condições miseráveis da população, na maioria retirantes do Nordeste, e os abusos cometidos por grandes fazendeiros respaldados pela ditadura militar causaram profunda indignação em dom Pedro. Adepto da ação e admirador do revolucionário argentino Che Guevara, incentivava ações de resistência de posseiros, como derrubadas de cerca dos grandes proprietários. Em 1970, o padre escreveu o primeiro de vários textos-denúncia que o tornaram conhecido no Brasil e no exterior. “Escravidão e Feudalismo no norte de Mato Grosso”, que descrevia os desmandos na região, foi enviado a autoridades da Igreja e do governo e motivou as primeiras acusações de que era agente comunista. No ano seguinte, o papa Paulo 6º o nomeou bispo da prelazia de São Félix. Na cerimônia, à beira do rio Araguaia, substituiu a mitra e o báculo por um chapéu de palha e o anel de tucum (palmeira amazônica), presente dos índios tapirapés. Logo, o anel se tornaria o símbolo da adesão à Teologia da Libertação, corrente influenciada pelo marxismo que defende uma igreja próxima dos pobres. Nessa época, dom Pedro publicou o seu texto mais conhecido, “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o Latifúndio e a marginalização social”, no qual fazia uma minuciosa denúncia contra grandes proprietários de terra. “Se ‘a primeira missão do bispo é a de ser profeta’, e o profeta é a voz daqueles que não têm voz (card. Marty), eu não poderia, honestamente, ficar de boca calada ao receber a plenitude do serviço sacerdotal”, escreveu na introdução. Dom Pedro chamou de “absurdas” as dimensões dos latifúndios da região, listando-os um a um. “A injustiça tem um nome nesta terra: latifúndio. E o único nome certo do desenvolvimento aqui é a reforma agrária.” O desafio aos latifundiários colocou sua vida em perigo em vários momentos. Na primeira tentativa de assassinato, em 1971, um pistoleiro confessou ao bispo que havia sido contratado para matá-lo. Com a ajuda da igreja, ele fez a denúncia à polícia e fugiu da região. O episódio mais sangrento aconteceu em outubro de 1976 no povoado de Ribeirão Bonito, hoje a cidade de Ribeirão Cascalheira (MT). Dom Pedro e o padre jesuíta João Bosco Penido Burnier foram até a delegacia tentar resgatar duas mulheres que estavam sendo torturadas. Na discussão com policiais, o companheiro do bispo levou uma coronhada e morreu com um tiro à queima-roupa na nuca. No plano nacional, a relação com a ditadura militar tampouco foi fácil. Crítico feroz do regime, só escapou de ser expulso por intervenção direta do papa Paulo 6º. Com medo de ter a entrada ao país negada, só viajou ao exterior após a redemocratização. Morreu, aliás, sem jamais ter voltado a sua Catalunha natal. O redemocratização, nos anos 1980, aliviou a tensão em São Félix, mas a ascensão do papa polonês João Paulo 2º, um opositor do comunismo, estremeceu suas relações com o Vaticano. A aproximação com a Nicarágua sandinista e com a Cuba de Fidel Castro, com quem se encontrou, provocaram atritos. Desta vez, o bispo de São Félix escapou de ser punido graças à intervenção da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Em 2003, ao completar 75 anos, dom Pedro apresentou sua carta de renúncia ao papa João Paulo 2º, como prevê o protocolo. Nessa época, já sentia os efeitos do “irmão Parkinson”, como ele brincava, doença que ao longo dos anos lhe tirou os passos e depois a voz. Mesmo assim, nunca abandonou São Félix, hoje com 11 mil habitantes. O legado de dom Pedro não se resume à luta contra a injustiça social. Escritor e poeta, é autor de diversos livros, alguns publicados apenas na Espanha, onde também é reconhecido como influente liderança católica. Em um de seus poemas sobre a morte, escreveu: “Eu morrerei em pé, como as árvores/Me matarão em pé. O sol, testemunha maior, imprimirá seu lacre/sobre meu corpo duplamente ungido. De golpe, com a morte/se fará verdade a minha vida/Por fim, terei amado!” A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota de pesar. ""Dom Pedro marcou sua vida pela solidariedade em relação aos mais pobres e sofridos, fazendo de seu ministério, sua poesia e sua vida um canto à solidariedade. Preocupado em 'nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar', contempla agora o Deus da Vida, a quem buscou servir em cada pobre, em cada sofredor"", diz a nota. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também divulgou nota lamentando a morte de dom Pedro Casaldáliga. ""O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) vem manifestar o seu pesar pela partida deste homem que, em sua simplicidade, sabia acolher como ninguém os pequenos de Deus. Foram décadas de compromisso com a luta do povo, defendendo e amplificando a voz dos indígenas, dos camponeses, dos negros, das mulheres e dos mais esquecidos"", afirma a nota. João Pedro Stedile, dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), afirmou que é um dia triste para o povo brasileiro. ""Em particular para os movimentos do campo e as pessoas de fé. Perdemos um profeta e poeta. Um homem que viveu intensamente com seu povo, coerente com o evangelho"", afirmou. ""Dom Pedro Casaldáliga acabou de nascer para Deus. Dizia: a alternativa cristã é a vida ou a ressurreição. Vive na memória de todos os pobres que defendeu, dos martirizados pelo latifúndio, nos libertos da opressão e em nossa fé e em nossa esperança que ele nos fortaleceu"", escreveu o teólogo e filósofo Leonardo Boff. O ex-presidente Lula (PT) também lamentou a morte do bispo. ""Nossa terra, nosso povo perde hoje um grande defensor e exemplo de vida generosa na luta por um mundo melhor, que nos fará muita falta."" ""Um homem de esperança em meio à injustiça que envergonha a todos nós que lutamos por dias melhores. Dom Pedro é símbolo do sonho, da defesa dos direitos do povo brasileiro e dos nossos povos originários da Amazônia"", escreveu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão, prestou homenagens ao bispo. ""Um grande e verdadeiro patriota do povo brasileiro, que agora está no Reino."" ""Brasil perdeu hoje um grande lutador. Seu trabalho importante na defesa dos povos indígenas seguirá sendo exemplo para todos, ainda mais nestes tempos de ataques aos povos tradicionais"", afirmou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). ""Nos deixou Dom Pedro Casaldáliga. [...] Dom Pedro era uma liderança cristã à frente do seu tempo. Meus sentimentos"", afirmou Luciano Huck, apresentador de TV. ""Perda imensa. Muito triste"", afirmou a jornalista Hildegard Angel. O vereador Eduardo Suplicy (PT) afirmou que recebeu a notícia da morte com pesar. ""Notável defensor dos direitos humanos, em especial dos povos indígenas. Bispo prelado em São Félix do Araguaia, d. Pedro dedicou sua vida à proteção dos mais pobres e ao enfrentamento dos poderosos"", disse. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que dom Pedro Casaldáliga foi uma referência para ele na defesa do direito dos excluídos. ""Que sua história de coragem e amor ao próximo siga inspirando a todos nós democratas na luta contra o autoritarismo, a opressão e a exploração do povo brasileiro."" ""Notícia muito triste. Faleceu Dom Pedro Casaldáliga, uma história de vida dedicada às lutas populares. Uma grande perda para todas e todos os lutadores brasileiros. Nossos sentimentos aos amigos e familiares"", afirmou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). ""Um exemplo de caridade, doação e comprometimento com os mais pobres e excluídos. Um sábado de muita tristeza e lembranças de um dos maiores aliados na luta pelos direitos do nosso povo. Descanse em paz"", afirmou o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). ""Dom Pedro Casaldáliga sempre foi um exemplo de homem digno, um bispo coerente com os ensinamentos do Evangelho, na defesa dos mais humildes. Sempre será lembrado na história de luta do povo brasileiro"", disse João Carlos, o Juruna, da Força Sindical. Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, definiu dom Pedro, de quem era muito próximo, como ""místico, poeta, jornalista, bispo, amante dos pobres, ele mesmo pobre entre os pobres"". Em 2005, ele substituiu o catalão como o segundo bispo prelado de São Félix do Araguaia, onde ficou até 2011. ""Deu sua vida guiado pelo bem, pela verdade, pelo amor"", acrescentou. ""Deixou-se fazer sertanejo sem deixar de ser catalão."" 1928 - Pere Casaldàliga i Pla nasce no dia 16 de fevereiro, em Balsareny, província de Barcelona, na Catalunha (Espanha) 1943 - Casaldàliga ingressa na Congregação Claretiana (Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria) 1952 - É ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona 1968 - Muda-se para São Félix do Araguaia, em Mato Grosso, para fundar uma missão claretiana no Brasil 1971 - É nomeado bispo da prelazia de São Félix do Araguaia 1976 - Ao verificar uma denúncia de tortura na delegacia do povoado de Ribeirão Bonito (MT), Casaldàliga foi ameaçado pelos policiais. O padre jesuíta João Bosco Burnier, que o acompanhava, foi morto com um tiro na nuca 1988 - Foi convocado pelo Vaticano para visitar o papa João Paulo 2º e dar explicações sobre sua proximidade com a teologia da libertação. O sacerdote adotou o lema ""Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar."" 1994 - Apoiou a Revolta de Chiapas, no México, em defesa dos povos indígenas do país. Ele pediu compreensão àqueles que se armavam contra o governo. 1999 - Publicou o livro ""Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba"", em que elogia as melhorias sociais promovidas pelo regime cubano depois da revolução de 1959. 2000 - Recebeu o título de doutor honoris causa pela UNICAMP, em São Paulo, e pela PUC de Goiás. 2005 - Aos 86 anos, depois de quase 30 anos com o diagnóstico de mal de Parkinson, apresentou sua renúncia, que foi aceita pelo papa João Paulo 2º 2020 - Morre aos 92 anos Prefeitos de 6 das 7 cidades do ABC paulista descartaram reabrir as escolas das redes municipais neste ano ainda que haja autorização do governo João Doria (PSDB) para a volta das aulas presenciais no estado. O plano do governador é de que as atividades letivas presenciais sejam retomadas no estado em 8 de setembro, se todas as regiões permanecerem 28 dias consecutivos na fase amarela de reabertura, status dado só aos municípios com taxa de ocupação de leitos em até 80%. O secretário de educação da capital paulista também afirmou que não deve retomar as aulas presenciais no próximo mês. A decisão de adiar a reabertura das escola ocorreu após um inquérito sorológico indicar alto o número de casos de coronavírus entre idosos no município. Segundo o consórcio do ABC, a decisão de manter as aulas remotas até o fim do ano já foi tomada em Santo André, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. Diadema e São Bernardo do Campo também sinalizaram que devem seguir a mesma orientação. “A melhor forma de se garantir educação é em parceria com as famílias. Ainda mais em um momento como este, os pais precisam estar seguros. Consultamos os pais e 82% afirmaram preferir que as aulas não sejam retomadas presencialmente neste ano, por isso, vamos respeitá-los”, disse Gabriel Maranhão, prefeito de Rio Grande da Serra e presidente do consórcio. As cidades do ABC têm juntas 200 mil alunos matriculados nas redes municipais. “Considerando que elas convivem de forma mais próxima com ao menos três familiares, são 800 mil pessoas que estamos expondo. Temos que ser responsáveis e preservar a saúde dos estudantes e de nossos professores”. Maranhão afirmou que tentou uma decisão conjunta com o governo do estado para a retomada das aulas para não ampliar a desigualdade educacional entre alunos de diferentes redes. “O ideal é que essa fosse uma decisão conjunta, para que a rede estadual e particular seguissem a mesma determinação. Mas não conseguimos esse consenso”. A exemplo do que aconteceu com outros setores, a gestão municipal deve ser mais rígida que o estado nas suas deciões —conforme entende o STF (Supremo Tribunal Federal), as prefeituras têm autonomia para aderir ou não às orientações do governo. Depois de cerca de 80 horas, o incêndio que atingiu mais da metade do território da Terra Indígena (TI) Tadarimana, em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá), em Mato Grosso, foi controlado no início da noite da última segunda-feira (3). Os trabalhos de controle do incêndio contaram com a participação de oito militares do Corpo de Bombeiros que atuaram em conjunto com os indígenas. As chamas, que começaram por volta de 10h de sexta (31), consumiram mais de 5 mil hectares ( área equivalente a 31 parques do Ibirapuera), incluindo um terço da porção de cerrado da TI, de onde os indígenas da etnia Bororo que vivem na região retiram frutos e plantas medicinais usadas, inclusive, no tratamento da Covid-19, contou uma das lideranças da aldeia Tadarimana, Marcelo Koguiepa. De acordo com Koguiepa, em cerca de 60% do território da TI, o bioma predominante é o cerrado nativo e essa foi justamente a área mais atingida pelo fogo. Nesta terça (4), bombeiros e indígenas trabalhavam no rescaldo. “A maioria das frutas nativas e os remédios que a gente usa são encontrados no cerrado e perdemos mais de 30% desse bioma. Além disso, muitos indígenas sobrevivem da coleta de frutas e sementes e da caça, que certamente também serão prejudicados por esse incêndio”, disse Koguiepa. Até o tratamento contra a Covid-19 com a medicina tradicional indígena deve ser afetado pela queimada. É que, segundo Koguiepa, as plantas medicinais são a base do tratamento adotado pelos Bororo contra o novo coronavírus. Na TI Tadarimana, onde vivem cerca de 600 indígenas, foram confirmados 85 casos e dois óbitos por Covid-19. “O pessoal usou bastante remédio caseiro e não foi necessário hospitalizar ninguém, porque tínhamos a alternativa da medicina tradicional. Só que boa parte dela também vem do cerrado”, contou, preocupado. E a preocupação dos indígenas tem justificativa: a região onde está localizada a TI Tadarimana vive uma estiagem severa, após um período de 110 dias sem chuvas, entre os meses de abril e julho, o que aumenta os riscos de queimadas, explica o Coordenador de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinícius Silgueiro. “Desde abril não chove nessa região, um cenário bem crítico que se soma aos ventos, que facilmente fazem com que a queimada fique fora de controle. E ainda tem o fato de essa TI não ser muito grande e ter uma grande área de cerrado, que queima mais fácil, então o território pode ser rapidamente consumido”, analisou. Para Koguiepa, o cenário só não é pior porque o território dos Bororo é cercado pelos rios Jurigue e Vermelho, cujas margens se tornaram o refúgio de muitas espécies animais. Mesmo assim, a perda de biodiversidade deve ser significativa, afirma. O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso informou que a perícia, instrumento necessário para saber a origem do fogo na Terra Indígena Tadarimana é de responsabilidade da Funai, por se tratar de uma área federal. Procurada, a Fundação Nacional do Índio não se manifestou. Mato Grosso lidera focos de incêndio no país Segundo dados do programa de monitoramento de queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mato Grosso é o estado brasileiro que lidera o ranking de focos de queimadas identificados em 2020. Foram 9.898 focos de 1º de janeiro a 3 de agosto, bem acima do registrado no Pará (4.818 focos), Mato Grosso do Sul (4.374), Tocantins (3.688) e Amazonas (3.551). Em todo o Brasil foram identificados 44.715 focos de queimada em 2020, sendo 39,1% deles na Amazônia e 33,2% no Cerrado. De acordo com o Inpe, nas últimas 48 horas, foram registrados focos de queimada em 39 unidades de Conservação (UCs) e 33 das 614 TIs brasileiras, sendo oito delas em Mato Grosso, o estado com o maior número de terras indígenas afetadas por queimadas no momento. Outros estados com TIs com focos de incêndio identificados pelo Inpe nas últimas 48 horas são o Pará (7 TIs afetadas), Tocantins (6), Acre (5) e Maranhão (3), além do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Rondônia, que têm uma TI afetada cada um. De acordo com Vinícius Silgueiro, do ICV, dois fatores influenciam a alta de focos de incêndio em Mato Grosso nesse período: no cerrado, bioma mais seco do que a Amazônia, tradicionalmente as queimadas começam no primeiro semestre do ano, enquanto na Amazônia elas se intensificam a partir de setembro. Outro fator, este mais variável, é a escassez de chuvas no Pantanal este ano, o que, segundo Silgueiro, é um reflexo do avanço do desmatamento na Amazônia, que afeta os chamados “rios voadores” – enormes volumes de chuva transportados pelas nuvens da Amazônia para outras regiões do país. “Neste ano choveu 50% a menos no Pantanal na média histórica. O rio Paraguai registrou seu menor nível para esta época do ano desde 1964. A região vive uma de suas maiores secas, tanto que, em 2020, queimadas foram registradas nos meses de janeiro, fevereiro e março, que são meses de chuva”, explica. Ainda segundo o especialista do ICV, a estiagem levou a um aumento de 1.173% nos focos de queimadas identificados no Pantanal no mês de julho e, entre janeiro e agosto, o crescimento acumulado é de quase 200%. “A situação do Pantanal contribuiu para que o cenário de Mato Grosso esteja assim. E, quando falamos em terras indígenas, o estado acaba se destacando pelo fato de ter muitas TIs em áreas de Cerrado, que são mais sujeitas a queimadas”. Acompanhe os acontecimentos relacionados à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-Cov-2. - A rotina dos profissionais que não podem parar de trabalhar - Mapa mostra disseminação da doença no Brasil e no mundo - Confira perguntas e respostas sobre o novo coronavírus - Quais são os sintomas do novo coronavírus? - Vídeo mostra como lavar as mãos; saiba como se proteger - Onde procurar informação oficial sobre o coronavírus - O que se sabe até agora sobre cloroquina, hidroxicloroquina Leia reportagens anteriores sobre o novo coronavírus Alcione tem se divertido fazendo lives. “No começo, eu estava com preguiça, mas depois gostei”, diz a cantora de 72 anos também chamada de Marrom. “Mata um pouco a saudade do palco”, segue a maranhense, que desde o início do isolamento de prevenção à Covid-19 já esteve em dez transmissões do tipo, sendo quatro dela própria e seis como convidada. “A gente precisa preencher a cabeça, porque é muito tempo sem sair de casa”, afirma. * Reclusa desde o início da pandemia no Brasil, ela diz só ter deixado sua residência, na Barra da Tijuca, no Rio, em três ocasiões: para tomar vacina de gripe (“no carro, porque tá sinistro aí fora”), para ir ao dentista e para cantar em uma live ao pé do Cristo Redentor —que teve o local alterado de última hora devido a um “vento de 90 km/h derrubando tudo”. * No dia 15 de agosto, a artista apresentará ao vivo pela internet o show do seu disco de samba “Tijolo por Tijolo”, lançado em maio. Trata-se do 42º álbum da carreira dela e o primeiro com músicas inéditas em sete anos. Para este novo trabalho, diz ter recebido mais de 250 composições para avaliar. A maioria delas, por WhatsApp. * “Meu serviço, antes de fazer disco, é escutar música”, diz Alcione, que mostrou o material recebido para pessoas próximas antes de fazer a seleção final. “Gosto que todo mundo me dê palpite”, afirma a intérprete de “Não Deixe o Samba Morrer”, canção icônica do seu primeiro álbum, “A Voz do Samba” (1975), cuja letra praticamente caiu no seu colo. * “Eu me apresentava na noite [no Rio, na década de 1970] quando uma menina chegou e cantou [‘Não Deixe…’]. Falei: ‘Onde você achou essa música?’ Ela: ‘São de dois amigos meus baianos, mas o meu produtor falou que não é muito comercial’. Eu estava para gravar o meu disco, levei, e pronto, não teve outro jeito, teve que fazer sucesso”, lembra a cantora. * Foi em uma live em junho que Alcione chamou o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, de “zé ninguém” e falou: “ainda dou na cara dele, para ele parar de ser um sem noção”. Ela comentava um áudio no qual Camargo diz que o movimento negro é uma “escória maldita”. Em resposta, Camargo chamou a cantora de “barraqueira” e sua música, de “insuportável”. Marrom recebeu o apoio de artistas como Chico Buarque. * Hoje, Alcione não quer mais comentar sobre o assunto. “Depois que [o compositor] Altay Veloso me defendeu com aquela poesia, não tenho mais o que falar”, afirma ela sobre um texto do autor endereçado a Camargo que diz: ‘Moço, recolha a sua espada. O seu gesto é bizarro.” “Quem tem amigo poeta não precisa falar mais nada. É ou não é?”, emenda. * Sobre o presidente Jair Bolsonaro, de quem Alcione cobrou respeito ao povo do Nordeste em 2019 e sobre quem ela afirmou ter “vergonha de chamar a atenção de um senhor”, Marrom diz ter torcido para que ele ficasse bom [da Covid-19] “e que o Brasil cresça e o mundo vá pra frente”. “Não tenho ódio de ninguém. Pelo contrário, a gente tem que torcer pelo país. * ""Tenho ficado na minha, não gosto de blá-blá-blá. Quando entro na internet, é pra falar.” * A cantora lamenta o descaso com que o setor cultural no país vem sendo tratado. “Parece que, se o feijão e o arroz ficam caros, se a Covid chegou, é tudo culpa da cultura”, diz. “Ela é o maior lobby que um país pode ter, e o Brasil ainda não soube se aproveitar dessa riqueza.” * Alcione conversou com a coluna em uma tarde de quarta-feira por telefone. Não quis fazer videochamada. “Eu ia ter que me arrumar toda, ficar bonitinha, né, colega?”, brinca ela. “Sempre gostei de andar direitinha, de uma boa maquiagem, unha bem pintada”, segue a maranhense, que está solteira. “Mas também não estou na pista para negócios [risos].” * “É muito bom a gente gostar de alguém, ter alguém para dormir, abraçar. Mas quando não dá mais, não deu”, diz. “Já estive casada umas três vezes. Nunca fui uma pessoa fácil. E como eu já tinha essa educação de ‘não deu, tchau e bênção’, não gosto de ficar encompridando conversa. Sou feliz assim”, afirma ela, que diz manter a amizade com as pessoas com quem se relacionou. * “Já vim do Maranhão emancipada. Minha mãe, quando lavava roupa pra fora e passava, era pra não depender só do dinheiro do meu pai. Ela ajudou a nos criar”, conta. “E meu pai dizia: ‘Minha filha, é você que tem que mandar ele [seu parceiro] ir embora da sua casa [risos].” * Foi o pai, João Carlos, quem a introduziu na música. “Ele era mestre de banda militar, me ensinou a ler partitura e também a tocar”, diz. “Mas queria que eu fosse professora . Me formei e ensinei dois anos [no primário] no Maranhão”, lembra. * “Só que nunca tive paciência com aluno mal educado. Até porque lá em casa nós sabemos respeitar as pessoas. Para eles [estudantes] fazerem silêncio, pediam em troca que eu tocasse e cantasse. Levei o trompete um dia para a escola e o diretor me expulsou porque eu tinha tocado e ecoou pelo colégio todo! [risos].” * Alcione tem nove irmãos do mesmo pai e mãe —e outros nove nascidos de relacionamentos dele “com outras senhoras”. “Convivo com todos”, conta. A mãe, dona Felipa, inclusive ajudou a cuidar de uma das filhas de seu João Carlos com outra mulher. “A mãe dessa menina estava sem leite, e a minha mãe ia lá todo dia amamentar a pequena. Elas [as duas mulheres] morreram amigas”, lembra. * A cantora não tem filhos. “Não arrumei tempo. Viajei muito nessa vida. Quem está com criança tem que ter responsabilidade”, diz. “É igual leite: olhou pro lado, ferve. Eles não são de confiança [risos]”, brinca ela, que é “enlouquecida” pelos sobrinhos netos. “Não sei viver sem os meus bichinhos”, diz. * Marrom acha ótimo que o debate sobre racismo esteja em evidência. “As pessoas ainda não aceitaram que esse é um país de negros”, diz. “Acho muito triste que ainda nesse século você tenha que se deparar com esse tipo de coisa [preconceito racial]”, emenda ela. * “Uma vez pediram para a gente sair de um clube porque nós éramos negros. Isso no Brasil. Disse: ‘Não acredito’. Tive que rir. Outra vez, fui convidada para ir a uma conferência da minha gravadora. Eu tinha vindo de Paris, até botei um figurino bonito. Quando cheguei na portaria do hotel, um cliente que estava lá falou: ‘Chegou o navio negreiro’”, conta. * “Como um homem tem coragem de dizer um negócio desse pra mim? Tem gente que não tem vergonha. Respondi uma coisa que não quero repetir para você e peguei um cinzeiro pra tacar logo na cara dele caso ele se aborrecesse muito, né?”, lembra ela. * “Agora pra mim não mandam mais [comentários preconceituosos]. Eu sou parada meio indigesta, meu filho. Naquela época eu devia ter uns 30, 35 anos. Agora tenho 72. Não gosto mais dessas confianças comigo. Hoje sabem que tenho cara de tambor que amanhece, que o couro não fura. [risos].” * Recentemente, Alcione manifestou apoio a Ludmilla depois que cantora foi vítima de ataques racistas na internet. Marrom diz também já ter enviado mensagens diretas para ela e Anitta por conta de farpas que as duas trocaram recentemente. “Gosto de ambas. Mandei recado para elas pararem de brigar. São talentosas e precisam olhar para a frente.” * Marrom diz que é uma pessoa de espiritualidade. “Acredito em Deus. E também sou da umbanda. Creio que entre o céu e a terra existem mais coisas do que avião de carreira”, diz ela, que se consultou com um médico e médium que incorporava a figura que no espiritismo é conhecida como Dr. Fritz. * “Eu tinha um edema nas cordas vocais e não podia mais cantar. Fui pra lá e me operei [com dr. Fritz] em Recife. Ele mandou eu ficar três dias calada. Até o meu remédio ele escreveu em alemão, aí traduziram e mandei comprar na farmácia. Depois disso, ganhei mais 18 discos de ouro.” * Ela é otimista quanto ao futuro. “Não é possível que não saia dessa pandemia uma sociedade melhor. Porque nada acontece sem a vontade de Deus, então essa Covid-19 não veio à toa. Ela há de ir embora e deixar um aprendizado para todo mundo”, avalia. * E as lives devem ficar para trás quando tudo isso passar. “Prefiro show presencial. Como diz [a cantora] Zélia Duncan, zóio no zóio [risos].” “Eu gosto do abraço. Ele tem um poder muito grande, espiritual, né? No entanto, não podemos abraçar ninguém agora. Isso faz tanta falta! Mas [quando a pandemia for superada] a gente vai querer abraçar melhor.” A atuação do governo federal em favor de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e as ações da Polícia Federal contra parlamentares e governadores opositores ao Planalto geram incômodo no Congresso e no Judiciário. Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e auxiliares ouvidos pela Folha afirmam reservadamente que a utilização da AGU (Advocacia-Geral da União) e do Ministério da Justiça em defesa de youtubers e blogueiros associados a Bolsonaro também tem causado estranhamento. Uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) foi assinada pelo próprio presidente da República no último dia 25 questionando decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF), que determinou ao Twitter e ao Facebook que retirassem do ar contas de influenciadores, empresários e políticos bolsonaristas. Apesar de a decisão de Moraes ter sido controversa e motivado críticas de outros setores, a interferência direta de Bolsonaro, alegando risco à liberdade de expressão, causou surpresa entre integrantes do Judiciário. Aliados do presidente como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o blogueiro Allan dos Santos e os empresários Luciano Hang (da Havan) e Edgard Corona (da Smart Fit), alvos de investigação no âmbito do inquérito das fake news, tiveram suas contas suspensas pela ordem do ministro do STF —que endureceu na última quinta (30) e determinou um bloqueio internacional dos perfis. Magistrados minimizaram o impacto jurídico da ação de Bolsonaro, mas avaliaram o gesto como um uso político da AGU para agradar à base. Na avaliação de um ministro do Supremo, o presidente sabe que muito provavelmente o recurso não terá efeito prático, mas buscou um sinal político a apoiadores. O estranhamento nas cortes superiores ocorreu porque a AGU agiu para proteger pessoas que não compõem o governo, contrariando função intrínseca à advocacia-geral —embora não citasse nominalmente nenhum investigado. O movimento contrariou membros do STF ouvidos pela Folha e foi respondido, indiretamente, pelo presidente Dias Toffoli na terça-feira (28). “É importante lembrar que, correlata da liberdade de expressão, a liberdade de informação também está plenamente protegida em nossa ordem constitucional. Por outro lado, na livre manifestação do pensamento, é vedado o anonimato, o que evidentemente exclui exatamente a possibilidade de se aceitarem perfis falsos e utilização de robôs para a transmissão de informações fraudulentas”, disse. Procurada, a AGU afirmou que se manifesta só nos autos. O uso da instituição e do Ministério da Justiça incomoda também o Congresso. A ação da Seopi (Secretaria de Operações Integradas) contra 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo”, revelada pelo UOL, levou parlamentares a articularem a convocação do titular da Justiça, André Mendonça, para prestar esclarecimentos. A convocação de Mendonça já era cobrada por deputados da oposição desde que ele entrou com um habeas corpus em favor do então ministro da Educação Abraham Weintraub, mas foi adiada após a saída dele do governo. A ação incomodou também líderes e a cúpula política de Brasília. A bancada do PSB na Câmara apresentou na semana passada um requerimento de convocação que teve a bênção do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O pedido ganhou força após a PF deflagrar uma operação contra a deputada federal Rejane Dias (PT-PI), mulher do governador do estado, Wellington Dias (PT). As buscas no gabinete dela na Câmara reacenderam no grupo de governadores as críticas feitas ao que chamam de espetacularização das operações. Segundo a PF, o governador não está envolvido diretamente na investigação. Em nota, Wellington Dias disse que “existe a lei de abuso de autoridade para que casos como este não aconteçam indiscriminadamente”. Em quatro meses de pandemia, a PF já bateu às portas de quatro governadores e dezenas de secretários e políticos contrários a Bolsonaro. Parlamentares e governadores dizem que as ações são uma instrumentalização da PF para perseguir opositores —apesar de investigações que também envolvem integrantes do Ministério Público e autorizações da Justiça. Em um grupo de WhatsApp de líderes de Norte e Nordeste, governadores falaram haver “ameaças políticas reiteradas” e “ações espetaculares” para constranger adversários. Não é a primeira vez que o assunto vem à pauta. Em junho, após a PF fazer busca e apreensão no governo de Helder Barbalho (MDB) no Pará, o caso foi discutido pelos mandatários estaduais. Enquanto, na época, a estratégia foi partir para o confronto direto, agora os governadores ouvidos pela Folha afirmaram que é momento de atuar nos bastidores junto à PGR (Procuradoria-Geral da República) e às cortes superiores. A avaliação é que o confronto aberto favorece Bolsonaro. Os governadores criticam pareceres da CGU (Controladoria-Geral da União) que, segundo um governador do Nordeste, criminalizam situações de mercado. Para ele, há presunção de que todas as compras na pandemia foram fraudadas ou superfaturadas, quando, “em muitos casos, eram situação de oferta e demanda”. Em junho, os nove governadores do Nordeste divulgaram uma carta conjunta em que alertam para uma “inusitada e preocupante situação” decorrente das operações da PF. Na sexta (31), gestores discutiram em reunião as medidas. Wellington Dias afirmou que é investigado há sete anos e questionou se não há prazo para que as apurações acabem. Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão, lembrou um inquérito aberto em abril para investigar suspeitas de irregularidade em um contrato para a compra de combustível destinado a abastecer um helicóptero. “Estou só esperando acabar o inquérito absurdo que vou processar os autores por dano moral”, disse à Folha. Dino alega que não teve participação no contrato feito pela Secretaria de Segurança Pública e que, se tivessem enviado um ofício a ele com questionamentos, o caso poderia ter sido esclarecido sem arranhar a imagem do governador. O pedido de abertura da apuração foi apresentado pela subprocuradora Lindôra Araújo à corte especial do Superior Tribunal de Justiça. A proximidade dela com Augusto Aras, procurador-geral da República, e o que veem como aproximação com Jair Bolsonaro incomodam os governadores. Há reclamações ainda quanto a investigações da PF depois das acusações do ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tentava interferir na corporação. Gestores do Sul e Sudeste também se incomodam com a ofensiva contra opositores de Bolsonaro. Aliados de João Doria (PSDB-SP) criticaram as operações recentes contra os ex-governadores tucanos de São Paulo José Serra e Geraldo Alckmin. Internamente, a PGR não vê uso político das instituições. Em nota, o órgão diz que “todos os pedidos de abertura de inquérito envolvendo autoridades com foro são submetidos à apreciação do Poder Judiciário”. “A PGR não é capaz de levar adiante uma investigação sem a autorização de um ministro de tribunal superior —no caso, o Superior Tribunal de Justiça, onde são processados governadores. Cabe ao Judiciário decidir se há indícios de crime contra uma autoridade desde o início da investigação”, afirma. Guerra contra governadores Em 12 de maio, Bolsonaro ameaça acionar a AGU (Advocacia-Geral da União) para mover ação judicial contra os governadores que descumprirem os decretos da Covid-19. “Se porventura o governador falar que não vai cumprir, a Advocacia-Geral da União, o Ministério da Justiça, vão tomar a devida medida” Adversário no alvo PF faz operação contra o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), em 26 de maio, e Bolsonaro parabeniza. “Parabéns à Polícia Federal, tá ok?”, disse pela manhã. À tarde, voltou a tocar no assunto: “Vai ter mais. Enquanto eu for presidente, vai ter mais” Nova estocada Ao receber um pedido de ajuda de um PM do Rio, em 3 de junho, o presidente volta a atacar Witzel. “Eu não vou conversar com o Witzel. Até porque brevemente já sabe onde ele deve estar, né?”, em referência à ação da PF Governador sob suspeita O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), é um dos alvos da ação da PF feita em 10 de junho para apurar fraudes na compra de respiradores pulmonares Câmera indiscreta Em live em 11 de maio, Bolsonaro pede aos seus seguidores que filmem o interior de hospitais públicos e de campanha para averiguar se os leitos de emergência estão livres ou ocupados Defesa de aliado Após se reunir com Bolsonaro, em 27 de maio, o ministro da Justiça, André Mendonça, entra com um habeas corpus no STF para tentar barrar o depoimento do então ministro da Educação, Abraham Weintraub, no âmbito do inquérito que apura o disparo de fake news Recado ao STF André Mendonça (Justiça) solta nota oficial em 28 de maio criticando a ação autorizada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes contra empresários e apoiadores de Bolsonaro. “Intimidar ou tentar cercear esses direitos é um atentado à própria democracia”, afirmou Mais investigações PF deflagra em 23 de junho segunda fase de operação no Pará e tem como alvo o secretário estadual de Saúde, Alberto Beltrame. O gestor também presidia o Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), uma das vozes mais críticas às ações do governo contra a Covid-19 Defesa de apoiadores Bolsonaro, por meio da Advocacia-Geral da União, entra com uma ação no STF em 25 de julho contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender contas de apoiadores do governo em redes sociais PT no alvo A PF, em trabalho conjunto com a Controladoria-Geral da União e com o Ministério Público Federal, cumpre em 27 de julho mandados de busca e apreensão contra o governador de Piauí, Wellington Dias (PT), e a primeira-dama e deputada federal Rejane Dias (PT-PI) para investigar a suspeita de um esquema para fraude de licitações de transporte escolar O governador do Maranhão, Flávio Dino, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o deputado federal Marcelo Freixo e o ministro do STF (Superior Tribunal de Justiça) Gilmar Mendes participam do debate ""Federalismo cooperativo: o Fundeb e o SUS"", neste sábado (1º), às 16h. O debate será mediado pelo advogado Rodrigo Mudrovitsch, pelo desembargador Ney Bello e pelo advogado e professor da USP Pierpaolo Cruz Bottini. O encontro será transmitido pelo canal do YouTube do IDP. * A Rádio Cultura FM (103,3) estreia no domingo (2), às 14h, a série ""A Voz Humana"", com apresentação da cantora lírica Céline Imbert. O programa, de 13 episódios, irá explorar o poder da voz cantada na expressão e na estimulação de sentimentos. * A atriz Luciana Vendramini estreia na TV Cultura o programa ""Elas"", que irá homenagear mulheres que fizeram história no cinema brasileiro. Na segunda (3), às 19h45. * A Escola Superior de Advocacia da OAB lança a obra ""Primeira Coletânea da Advocacia Negra Brasileira"", organizada por Frei David dos Santos, da ONG Educafro, e coordenada pelo advogado Irapuã Santana, na terça (4), às 19h. As inscrições para a live devem ser realizadas no canal do YouTube da OAB ESA-SP. * O vice-presidente Hamilton Mourão e o ex-ministro Aldo Rebelo participam do debate ""O Brasil, a Amazônia e o meio ambiente"", na sexta (7), às 10h. O encontro será mediado pelo analista político Alon Feuerwerker. As inscrições para o debate online podem ser realizadas neste endereço. Embora bastante prejudicado pela queda nas cotações internacionais após o início da pandemia, o setor de petróleo retomou em junho patamares de produção anteriores à pandemia, tanto na produção quanto nas refinarias. A evolução ajuda a aliviar o caixa de estados e municípios beneficiados pelas receitas petrolíferas. De acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a produção nacional de petróleo voltou a ultrapassar a casa dos três milhões de barris por dia pela primeira vez desde janeiro, com o crescimento das operações nos campo de Lula e Búzios, os maiores do país, e a retomada de projetos de gás na Bahia e no Maranhão. Em junho, o país produziu um total de 3,013 milhões de barris de petróleo, alta de 9% em relação a maio e de 17,8% na comparação com o mesmo mês de 2019. Já a produção de gás cresceu 12,3% e 15,6%, respectivamente, para 128 milhões de metros cúbicos por dia. Em Lula, que é hoje o maior produtor brasileiro e será rebatizado por decisão judicial, houve retorno da produção de uma plataforma e duas outras atingiram plena carga. Em Búzios, o segundo maior, duas unidades também voltaram a operar com carga total no período. Os dois campos são responsáveis por 50% da produção nacional. Após o início da pandemia, a produção nacional de petróleo foi reduzida para se adequar à queda da demanda global. A Petrobras calcula que os impactos sobre sua operação chegaram a 114 mil barris de petróleo por dia. Já os campos de gás foram parados por falta de demanda por energia elétrica. O corte na produção e o colapso dos preços do petróleo no início da pandemia derrubaram a arrecadação de royalties sobre a produção. Em abril, quando as cotações internacionais chegaram a ser negociadas abaixo de US$ 20 (R$ 103, na cotação atual) por barril, as petroleiras recolheram R$ 852,1 milhões, quase a metade do verificado em janeiro, antes dos efeitos da pandemia. Em maio, com a recuperação das cotações e da produção, o valor já subiu a R$ 1,36 bilhão, maior do que o verificado em fevereiro. Os valores são depositados nas contas do governo federal, estados e municípios dois meses após a produção - isto é, a arrecadação de maio chegou aos cofres agora em julho. No ano, a receita com royalties soma R$ 12,4 bilhões, uma queda de apenas 8% em relação ao mesmo período de 2019. Há, porém, perspectiva de queda maior na arrecadação participações especiais, espécie de imposto de renda cobrado sobre campos de alta produtividade que representa metade da renda petrolífera de estados e municípios. Em teleconferência com analistas para explicar o prejuízo de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, disse que a expectativa é de manter o crescimento no segundo semestre, com a entrada de uma nova plataforma no campo de Atapu, também no pré-sal. Além disso, a estatal aproveitou a pandemia para antecipar paradas para manutenção de plataformas que estavam previstas para o segundo semestre. No refino, a Petrobras está batendo 80% de uso da capacidade de suas refinarias, patamar superior ao verificado no início do ano. A área foi a mais afetada pela pandemia, que limitou a circulação de pessoas e derrubou as vendas de combustíveis. ""A recuperação da demanda de derivados tem sido constante"", disse a diretora de Refino e Gás da Petrobras, Anelise Lara. ""Acreditamos que a pior fase já passou e que devemos continuar com uma demanda estável e crescente, principalmente no diesel."" No segundo trimestre,a companhia vendeu um volume de combustíveis 14,2% inferior ao registrado no mesmo período de 2019. O impacto mais significativo, segundo Lara, foi sentido em abril, quando a maior parte dos estados brasileiros tinham medidas de isolamento social. Naquele mês, a estatal usou apenas 59% de sua capacidade de produção de combustíveis -- em janeiro, eram 81%. Em maio, o fator de utilização subiu para 74% e em junho, para 78% Parte do ganho foi provocado por recordes na exportação de combustível marítimo, principalmente nas refinarias de Paulínia (SP) e de Suape, em Pernambuco. Com menor teor de enxofre, esse tipo de combustível produzido a partir do óleo do pré-sal passou a ter alta demanda após aumento das restrições a emissões pelo transporte marítimo. O governo federal admitiu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que oito terras indígenas não têm nenhum tipo de barreira sanitária para conter o avanço do novo coronavírus para índios em isolamento ou contato recente. A informação oficial foi encaminhada à corte pelo advogado-geral da União, José Levy, em resposta a determinação do ministro Luiz Roberto Barroso, relator da ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) protocolada por entidades e lideranças indígenas questionando as medidas adotadas pelo governo. No documento, o governo detalha um cronograma de instalação e reconhece que falta a proteção sanitária nos territórios de Alto Rio Negro (AM), Alto Turiaçú (MA), Avá-Canoeiro (GO), Enawanê-Nawê (MT), Juma (AM), Kaxinawa do Rio Humaitá (AC), Mamoadate (AC) e Pirahã (AM). Quatro meses após o início da pandemia, a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), ligada ao Ministério da Saúde, registrou nesta quarta-feira (29) 15 mil casos de indígenas contaminados e 276 óbitos. O número, contudo, é contestado por entidades e ONGs (organizações não-governamentais) que atuam na assistência de povos indígenas. Levantamento feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) registra 19,7 mil casos e 590 óbitos. Ao todo, o governo fala em 217 barreiras sanitárias ativas no país por meio de ""Bapes"" (Bases de Proteção Etnoambiental) na Amazônia Legal. Das 29 bases, 4 estão desativadas. Durante as reuniões da sala de situação, criada por determinação de Barroso para a discutir gestão de ações de combate à pandemia, os técnicos da Apib e consultores indicados por entidades questionaram os números apresentados. Eles afirmam que o governo trata as Bapes como locais para contenção da emergência sanitária. Os pesquisadores explicam que as bases podem ser usadas como de uma barreira física, mas não se confundem com as barreiras sanitárias. Os técnicos vão solicitar nove itens para que as barreiras físicas passem a ser consideradas também sanitárias. Eles demandam, entre outras coisas, equipamentos de proteção e de higiene para os profissionais que nelas atuam, testagem dos profissionais e demais pessoas que transitam pela área, além de quarentena para quem pretende ingressar. ""A partir dessa confusão conceitual [entre barreira física e sanitária], eles acabam na verdade colocando no plano deles apenas oito terras indígenas [como prioridade], quando, na verdade, o pedido da Apib foi a colocação de barreiras sanitárias em 31 terras que têm a presença de indígenas isolados"", afirma o advogado Luiz Henrique Eloy, que representa a entidade. A Apib alega que nenhuma das outras 23 terras com indígenas isolados apresenta barreira sanitária. Além disso, acrescentam que algumas nem mesmo Bapes possuem, ao contrário do que afirma o governo. A associação decidiu apresentar, além das suas considerações, um plano próprio para o governo federal, com suas próprias recomendações. Além das críticas ao texto apresentado, os pesquisadores defendem que não seria possível elaborar um único planejamento para todas as terras indígenas, uma vez que cada uma apresenta suas especificidades. Os pesquisadores também pretendem acrescentar uma lista dos itens necessários para compor uma barreira sanitária. De acordo com eles, o governo não adota protocolos e não fornece equipamentos básicos para o funcionamento das barreiras nestes locais. “As equipes de campo das frentes de proteção etnoambiental atuando nas bases que existem trabalham com falta de recursos humanos e orçamentários. O plano apresentado pelo governo não traz um detalhamento para suprir essas duas lacunas essenciais”, afirmou o indigenista Leonardo Lenin Santos, secretário executivo do OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato) e ex-coordenador de Proteção e Localização de Índios Isolados da Funai. A avaliação feita por entidades está em um parecer prévio que será encaminhado ao ministro Barroso na segunda-feira (3). Os consultores afirmam que, hoje, não há nenhum plano de contingência pronto para acompanhar e monitorar um eventual contato de pessoas contaminadas junto aos 28 povos indígenas isolados. De acordo com o documento, seriam necessários estruturas como helicópteros e embarcações próximas para o atendimento. “Estamos falando em situações como a ocorrida na terra indígena Arariboia, no Maranhão, onde um conflito de isolados e Guajajaras poderia resultar em uma situação de contágio. A equipe só foi mandada semanas após o ocorrido e sem nenhum amparo de especialistas de saúde para avaliar se houve ou não contaminação”, explicou o indegenista. Um ponto ignorado pelo governo nos documentos encaminhados ao STF foram os planos para evitar a invasão de garimpeiros, caçadores e madeireiros nessas áreas. No último dia 8, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou com vetos projeto que trata de medidas de proteção social para prevenção de contágio e disseminação da Covid-19 em territórios indígenas. Entre os vetos publicados no Diário Oficial da União, está a obrigação de o governo fornecer água potável, higiene e leitos hospitalares e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a indígenas. Barroso determinou a imediata instalação de barreiras sanitárias para fins de proteção aos povos indígenas isolados ou de recente contato. Pelo menos 18 etnias estão nesses grupos desprotegidos nos estados do Amazonas, Acre, Goiás, Mato Grosso e Maranhão. A determinação de Barroso fez valer, parcialmente, regras de uma nova lei que haviam sido vetadas por Bolsonaro. Elas previam a elaboração de planos de contingência voltados especificamente para os povos isolados ou de recente contato com a sociedade. O Ministério da Saúde anunciou em junho que investiu cerca de R$ 70 milhões em ações de proteção aos indígenas para enfrentamento da covid-19. Procurado, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que coordena a sala de situação, afirmou que os questionamentos seriam respondidos na ADPF. A Funai afirmou que não vai se pronunciar. A Ticket Log, marca de gestão de frotas e soluções de mobilidade da Edenred Brasil, com o objetivo de apoiar a população em meio à crise causada pela pandemia da Covid-19, anuncia a campanha “Tanque cheio, coração também”, que estará presente nos mais de 18 mil postos de combustíveis credenciados à marca. A campanha envolve a participação de Raí, ex-jogador e fundador da Fundação Gol de Letra. A iniciativa conta com aporte financeiro privado de R$ 1,8 milhão, que serão convertidos em cestas básicas digitais para as famílias atendidas pelos projetos da fundação em São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Ceará. Ao todo, a ação prevê beneficiar cerca de 6.500 famílias, o que compreende um universo de até 26 mil pessoas. A dinâmica da ação prevê que, a cada R$ 100 em abastecimento nos cartões Ticket Car e Ticket Fleet, R$ 1 será doado à Fundação Gol de Letra, sem desconto ao estabelecimento. A campanha tem duração de um mês, e os valores doados serão assumidos pelo fundo financeiro da marca. A ação combina o direcionamento do fluxo de abastecimento para os postos parceiros com uma assistência financeira, por meio das cestas básicas digitais. Com isso, dá liberdade para que as famílias mais afetadas pela pandemia possam adquirir produtos prioritários e adequados à sua realidade em supermercados credenciados à marca Ticket, do mesmo grupo. A divulgação da campanha será realizada em parceria com os postos de combustíveis credenciados da Ticket Log em todo o país, o que possibilita maior engajamento e adesão dos usuários do cartão. A iniciativa, válida entre 15 de julho e 15 de agosto, é derivada do Clube de Parceiros Tamo Junto, programa lançado em junho, com os parceiros, e que agrega plataformas para a gestão do dia a dia mais simplificado com as soluções Ticket Log, ofertas de antecipação de reembolso e volume de negócios. Entre as outras ações desenvolvidas pela marca nos últimos meses, está o lançamento de uma plataforma exclusiva que disponibiliza informações para a população, em especial para aqueles que atuam em serviços essenciais, com os locais de postos ativos e os valores dos combustíveis, de forma a facilitar o acesso a esses estabelecimentos no dia a dia. A Ticket Log também liderou a campanha “Você no contra-ataque”, outra ação para arrecadação de fundos a ser convertidos em cestas digitais para a Fundação Gol de Letra. Além disso, a marca realizou uma série de doações, entre elas, mais de 25 mil itens de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e dois respiradores mecânicos para o Hospital Lauro Réus, em Campo Bom (RS), onde fica a sede da marca. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, defendem uma quarentena de oito anos para que ex-juízes e ex-procuradores possam disputar eleições. Um dos casos que acendeu a discussão foi a proibição dada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a um juiz do Maranhão de participar de debates com políticos na internet. Nas eleições de 2018, por exemplo, um dos destaque foi a presença de ex-magistrados que concorreram e foram eleitos. Para Toffoli, regra evitaria que a magistratura e o poder imparcial do juiz fossem utilizados para “fazer demagogia, aparecer para a opinião pública e, depois, se fazer candidato”. Especialistas acreditam que o prazo de oito anos pode ser exagerado. Um projeto de lei em tramitação na Câmara sugere um período de cinco anos de inelegibilidade para magistrados e procuradores. Ao defenderem essa quarentena ampliada, que hoje é de seis meses, nem Toffoli nem Maia citaram o caso do ex-juiz Sergio Moro, que é tido como provável candidato à Presidência da República em 2022. Confira, a seguir, perguntas e respostas sobre o tema. * O que defendem Maia e Toffoli? Eles sugerem que haja uma regra para que juízes e membros do Ministério Público só possam ser candidatos a eleições oito anos após se afastarem de seus cargos. Isso, segundo eles, impediria que magistrados usassem suas carreiras como trampolim para um cargo político e ocorresse uma politização do Poder Judiciário. Qual lei seria modificada no Congresso? A sugestão de Toffoli é incluir a nova regra na lei complementar 64, de 1990, que estabelece casos de inelegibilidade. Hoje, o prazo é de seis meses e vale também para ministros e diretores da Polícia Federal, entre outras carreiras. Quando essa proposta de mudança na legislação poderia ser votada? Maia citou a possibilidade de o tema ser tratado pelo Legislativo ainda neste segundo semestre, mas afirma que a crise provocada pelo novo coronavírus deixará o assunto para 2022. O prazo de oito anos ainda deve ser discutido. Já há uma proposta do deputado Beto Pereira (PSDB-MS) para alterar a lei de 1990. O projeto estabelece que magistrados ou membros do Ministério Público só possam postular cargo eletivo cinco anos após a aposentadoria ou exoneração. O documento está com a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) da Câmara. Qual é o prazo de inelegibilidade atual de um ex-juiz ou de um ex-procurador? É de seis meses após o afastamento do cargo. Já é de oito anos para casos de aposentadoria compulsória, perda do cargo por sentença judicial, ou para aqueles que tenham pedido exoneração ou aposentadoria por causa de processos administrativos ou judiciais. O prazo de seis meses também vale para procuradores. O que especialistas e entidades da área pensam sobre a proposta? O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Eduardo André Brandão, afirma que a associação não é contra a candidatura de ex-juízes a cargos eletivos, mas que o prazo de oito anos parece exagerado. Já presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, afirma que o Congresso deve modular bem o tema e a proposta é muito bem-vinda e importante. ""O propósito é preservar o próprio Poder Judiciário, evitando a exploração política que integrantes do Ministério Público ou da magistratura possam fazer do prestígio de seus cargos."" O advogado Renato Cury, presidente da AASP (Associação dos Advogados de São Paulo), também defende uma quarentena, mas diz que quatro anos já seriam suficientes. ""Um período é algo salutar. Se há algum interesse eleitoral, a imparcialidade pode ser quebrada"", diz. Professor de direito penal da USP e advogado, Pierpaolo Bottini, que já defendeu réus da Lava Jato, também considera saudável uma quarentena, apesar de não ter uma opinião sobre o melhor prazo de afastamento. ""Aquele que almeja um cargo eletivo deve estar distante da função de julgar. A essência da disputa eleitoral é representar certos interesses, que são estranhos à magistratura"", diz. Daniel Falcão, advogado e professor do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), discorda do período sugerido por Toffoli. ""Acredito que [esse prazo] vem de políticos que desejam afastar concorrentes"". Mesmo se dizendo crítico a operações como a Lava Jato, Falcão vê outra razão para a volta desse debate. ""O problema é que o Judiciário vem agindo de forma politizada"", afirma o especialista em direito eleitoral. Se a questão for igualdade de chances, para Falcão, entrariam na discussão jornalistas da grande mídia e eclesiásticos. A regra, porém, pode ter efeito contrário. ""Se um procurador ou juiz tiver de esperar oito anos, ele vai desistir da carreira política e vai acabar usando a sua própria carreira na magistratura como um ato político."" O prazo de oito anos pode punir aqueles que têm boas intenções, afirma Ricardo Stella, advogado e especialista em direito eleitoral. “A Lei da Ficha Limpa dá o mesmo prazo, oito anos de inelegibilidade, que é uma punição. É equiparar um magistrado a um condenado pela Ficha Limpa”, afirma Stella. “Sou contra punir o coletivo por causa do comportamento de alguns. Já existem regras claras, basta usá-las."" Advogado especializado em direito político e eleitoral e consultor da OAB eleitoral de São Paulo, Ricardo Penteado classifica o período de oito anos como uma ""aberração incompatível com todo o sistema constitucional de inelegibilidades existente"" e aponta que o ano eleitoral não é usado como limite, como são regras atuais. Penteado aponta que colocar esse intervalo de tempo seria uma forma de desqualificar os juízes. ""É uma espécie de danação da cidadania pelo fato de ter exercido uma função pública."" Quais exemplos recentes de juízes que deixaram a carreira para disputar eleições? Wilson Witzel (PSC), atual governador do Rio de Janeiro, atuou em varas de Execuções Penais no estado e no Espírito Santo pouco antes de vencer as eleições de 2018. Selma Arruda (Pode-MT), que ficou conhecida como a ""Moro de saia"", foi eleita senadora, mas teve seu mandado cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos durante a campanha de 2018. Houve ainda a reeleição de Flávio Dino (PC do B), que foi juiz federal até 2008, a governador do Maranhão. Casos de candidaturas sem sucesso de juízes incluem a de Odilon de Oliveira a governador de Mato Grosso do Sul e a de Márlon Reis ao do Tocantins. Que outros ex-juízes, promotores e procuradores estão se lançando nas eleições de 2020 pelo país? Em Cuiabá (MT), o PT tem como pré-candidato à prefeitura o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva. O ex-juiz federal Carlos Madeira é a aposta do Solidariedade para a prefeitura de São Luís (MA). Na disputa pela prefeitura de Maceió (AL), o MDB tem como pré-candidato o ex-procurador-geral de Justiça de Alagoas Alfredo Gaspar de Mendonça. Já para as eleições de 2022, Sergio Moro, que deixou o cargo de juiz federal em 2018 para assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, é cotado como possível presidenciável. O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também já foi citado como possível candidato ao Senado. Moro seria afetado pela nova regra? Advogados e ministros do STF avaliam inicialmente que a proposta de criar uma quarentena para juízes que queiram se candidatar não poderia afetar o ex-ministro da Justiça. Isso porque, pela Constituição, uma nova lei não pode prejudicar um direito já adquirido, ou seja, o direito que Moro tem hoje de concorrer em eleições. Ricardo Stella, advogado e especialista em direito eleitoral, diz que não existe a possibilidade de retroação na lei eleitoral. “O Sergio Moro, por exemplo, não se enquadraria nessa nova regra. Ainda mais porque ele deixou já o cargo de juiz para assumir um ministério.” Para Ricardo Penteado, advogado especializado em direito político e eleitoral, não se trata de uma questão de direito adquirido, pois para se candidatar é preciso que a pessoa cumpra uma série de requisitos, mas de segurança jurídica, uma vez que não se pode criar uma lei que gere consequências antes inexistentes. Com uma nova lei é possível retroagir? Especialistas ouvidos pela Folha foram unânimes em afirmar que uma lei não deve ser aplicada para fatos anteriores a ela. Um exemplo no sentido contrário, porém, é a Lei da Ficha Limpa. Em uma decisão de 2010, o TSE determinou que a regra de inelegibilidade se aplicaria a candidatos condenados antes de a norma entrar em vigor. Segundo o advogado Daniel Falcão, retroatividade de lei só deve existir no direito penal para beneficiar réus. ""Na época dessa decisão do TSE, houve toda uma explicação técnica de que isso não era considerado retroatividade."" Penteado diz que na época, os ministros da corte inventaram que a inelegibilidade não era uma pena. ""Mudaram o nome da pena para adaptar uma infração. Para mim, isso é uma hermenêutica cínica: não é [aplicado a fatos pretéritos] em qualquer hipótese"", afirma, classificando o caso da lei como ""um dos maiores atentados contra a civilização"". O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, começou a definir nesta semana algumas das mudanças no comando das superintendências do órgão nos estados. Quatro novos chefes foram escolhidos para Goiás, Maranhão, Alagoas e Acre. Os nomes delegados que assumem são: Cassandra Parazi, Renato Madsen, Aguinaldo Alves e Érico Barboza, respectivamente. Há ainda seis postos vagos que devem ser definidos em breve: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraíba, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As mudanças mencionadas ocorreram para preencher cargos que estava com interinos. Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Nathalia Garcia Com a Operação Lava Jato sob pressão, autoridades das cúpulas dos três Poderes pregaram nesta quarta-feira (29) contra a politização do Judiciário e do Ministério Público. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se alinhou ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, e defendeu uma quarentena de oito anos para ex-juízes, ex-procuradores e ex-promotores poderem disputar eleições. O prazo hoje é de seis meses. Maia citou a possibilidade de o tema ser tratado pelo Legislativo ainda neste segundo semestre, ficando maduro até 2022. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, por sua vez, afirmou que o Judiciário tem atuado como linha auxiliar da política. Nem Toffoli nem Maia citaram diretamente o ex-juiz Sergio Moro, da Lava Jato em Curitiba, mas o ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro é tido como possível candidato à Presidência da República em 2022. O pano de fundo das críticas à politização do Judiciário envolve também o embate que a força-tarefa vem travando com o procurador-geral da República, Augusto Aras. Toffoli defendeu a quarentena de oito anos para magistrados disputarem eleições em sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A declaração foi dada em processo envolvendo a proibição de um juiz do Maranhão de participar de debates na internet com políticos. O presidente do STF disse já ter falado sobre o tema com várias legislaturas do Senado e da Câmara. Ele sugere que se faça mudança na lei de inelegibilidade. Dessa forma, afirmou o ministro, se evitaria que a magistratura e o poder imparcial do juiz fossem usados para ""fazer demagogia, aparecer para a opinião pública e, depois, se fazer candidato"". No CNJ, Toffoli disse que quem quisesse sair candidato, seja como magistrado, seja como membro do Ministério Público, deveria deixar as carreiras. ""Há que haver um período de inelegibilidade, sim"", disse. ""A imparcialidade [do juiz] não é só do presente, é na perspectiva do futuro."" Segundo Toffoli, o caso do juiz em análise na sessão do CNJ era paradigmático. ""Porque a imprensa começa a incensar determinado magistrado, e ele já se vê candidato a presidente da República sem nem conhecer o Brasil, sem nem conhecer o seu estado, sem ter ideia do que é a vida pública"", disse. Mais tarde, no Congresso, Maia concordou com Toffoli. O presidente da Câmara afirmou já haver projetos em tramitação na Casa sobre o assunto. ""Acho que essa matéria está sendo amadurecida e está muito perto de chegar a um entendimento de que as carreiras não podem ser usadas como trampolim. A estrutura do Estado não pode ser usada como trampolim pessoal"", disse. Maia afirmou que a transição entre carreira de Estado e as eleições precisa de prazo. ""Eu acho que o presidente Toffoli conhece a engrenagem do Poder Judiciário muito melhor do que eu. Então, certamente, sabe o impacto e propôs oito anos"", disse Maia. ""Oito anos é um prazo longo, são duas legislaturas, dois mandatos para que a influência de decisões que aí muitas vezes podem ser distorcidas influenciem o processo eleitoral."" O presidente da Câmara disse que até 2022 o assunto deve estar maduro. ""A gente quase votou antes da pandemia [do novo coronavírus]. Mas, com a chegada da pandemia, essa pauta ficou para um segundo momento"", disse Maia. Um técnico da Câmara consultado pela Folha afirmou que, se a mudança for feita até 2021, pela jurisprudência do STF, poderia atingir Moro. Do Executivo, as críticas partiram de Mourão. Segundo o vice-presidente, o Judiciário tem sido usado em ações movidas por legendas que perderam as últimas eleições ou que são derrotadas em votações no Congresso. ""O que existe hoje é uma certa judicialização da política. Na minha visão, o Judiciário vem sendo usado por partidos políticos que perderam eleições ou não conseguiram êxitos em suas votações dentro do Congresso e, a partir dali, judicializam, e o Judiciário passa a atuar até como uma linha auxiliar da política"", disse. Para o vice-presidente, ""nem o Judiciário pode se envolver na política nem a política pode ser judicializada"". As declarações foram dadas durante entrevista pela internet ao Diario de Pernambuco, do Recife. A administração Bolsonaro tem vivido em constante tensão com o Judiciário, incluindo a apuração de suposta influência política do presidente na Polícia Federal, o que teria motivado a saída de Moro do governo. Mourão disse que Bolsonaro chegará a 2022 ""extremamente competitivo"" para a eleição presidencial, quando poderá enfrentar Moro, e defendeu que o ideal seria que ele tivesse dois mandatos. Enquanto autoridades dos Poderes atacaram a politização do Judiciário e do Ministério Público, Augusto Aras voltou nesta quarta a criticar a Lava Jato. Afirmou que a República ""não combina com heróis"". O relato foi feito por senadores que participaram de uma reunião com o procurador-geral. ""Ele disse que sofre uma oposição sistemática dentro do MP [Ministério Público], mas ele acredita que não pode haver dois MPs, um MP com a web oficial e outro com um grupo privatizado"", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos participantes do encontro. O encontro virtual foi realizado a pedido do grupo Muda Senado. Aras foi contatado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). Ao todo, oito congressistas participaram da conversa. O MPF (Ministério Público Federal) atravessa uma crise que opõe a cúpula da instituição em Brasília e integrantes das forças-tarefas da Lava Jato nos estados. Na terça-feira (29), Aras já havia afirmado que a operação em Curitiba tem ""caixa de segredos"". A afirmação foi feita durante encontro virtual com o grupo Prerrogativas. Aras disse que recentemente foram descobertos 50 mil documentos invisíveis à corregedoria. ""Não podemos aceitar 50 mil documentos sob opacidade. É um estado em que o PGR não tem acesso aos processos, tampouco os órgãos superiores, e isso é incompatível"", afirmou. Ele fez o comentário ao abordar a proposta de criação da Unac (Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado) em discussão no MPF. A equipe da Lava Jato repudiou as críticas e afirmou que não há segredos. No mês passado, a PGR pediu acesso aos dados armazenados pela investigação no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Na ocasião, a força-tarefa em Curitiba recebeu a visita de Lindôra Araújo, uma das principais auxiliares de Aras, mas se recusou a entregar os dados, questionando a legalidade da busca e acusando o procurador-geral de ""manobra ilegal"". Ainda segundo os senadores, nesta quarta, Aras afirmou que pediu um laudo pericial do sistema de distribuição eletrônica de processos. Segundo o procurador-geral afirmou aos senadores, o processo ""era totalmente fraudável e que poderia ter direcionamento para chegar em procuradores"". ""Ele disse que até a escolha da lista tríplice era um sistema passível de fraude"", disse Rodrigues. As críticas de Aras foram corroboradas por Maia. O presidente da Câmara afirmou nesta quarta ter a impressão de que o Ministério Público gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado. Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, Maia concordou com o procurador-geral e afirmou que houve excessos no Ministério Público. ""A crítica que eu faço é exatamente que me dá a impressão muitas vezes que o Ministério Público é um órgão fundamental para o nosso país, para a nossa democracia, para o nosso futuro, para o nosso desenvolvimento. Claro, o trabalho que eles fazem é fundamental. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados, muitas vezes"", disse. Maia criticou o fato de o procurador-geral, que é responsável por todos os Ministérios Públicos, não ter acesso a informações dentro da estrutura do órgão. Também disse que, ao contrário do que ocorre no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há poucas punições e afastamentos no Ministério Público. É em cima de uma única moto, de modelo popular, que os sete integrantes do grupo Fundo de Quintal OFC se deslocam da área habitada de Centro dos Rodrigues para o descampado onde gravam os vídeos de sua página no Instagram. Um de cada vez, eles fazem o percurso na garupa da moto. Situado no município de Santo Antônio dos Lopes, no Maranhão, o povoado tem cerca de 900 moradores —sem dúvida, os músicos e humoristas da internet são os mais famosos entre eles. Mesmo com tanta visibilidade (criada em 2019, a página tem mais de 1 milhão de seguidores), as filmagens continuam sem qualquer glamour, nos mesmos moldes do início da carreira. O visual mambembe, aliás, é o grande diferencial do grupo. Os rapazes instalam a câmera em frente ao cenário, que varia entre o antigo campinho de futebol e o paredão de barro de onde às vezes despencam de propósito. O câmera João Victor Paiva Ferreira, que mora num povoado vizinho, aperta o ""Rec"" e a magia começa. Com idades entre 14 e 25 anos, os integrantes assumem seus postos na percussão, coreografia ou vocais, e dão vida às músicas pedidas pelos seguidores. Ao longo de uma hora e meia, gravam versões, jogam areia para cima, trombam uns com os outros. É essa bagunça que faz sucesso. ""Buscamos trazer músicas da atualidade, que estão rolando nas rádios e em outras plataformas. Também músicas antigas que marcaram época"", conta Jaimerson Santos Sousa, do Fundo de Quintal OFC. Seu amigo de infância Francisco Rhuan Miranda Santos é considerado o fundador. Acostumados a jogar bola na rua diariamente, numa manhã os meninos receberam via WhatsApp um convite para, em vez da pelada, aproveitarem a tarde para bater lata. Uma vez reunidos, Denilson de Araúdo Sousa começou a dançar o ""piseiro"", coreografia da moda à época em Centro dos Rodrigues. ""Ele dançando isso e a gente batendo lata. Aí o Rhuan chamou a gente para fazer a banda. Vambora"", lembra Santos Sousa. Um amigo gravou em vídeo a primeira performance, que circulou pelos aplicativos de mensagem da vizinhança. A repercussão foi boa, e a banda entendeu que havia ali um caminho. Criou uma página no Instagram e, já no terceiro dia de existência, resolveu inovar ainda mais. Era a hora de recrutar os ""mascotinhos"". É assim que Santos Sousa nomeia ""os pequenos"" que se juntaram ao grupo. ""Vimos que não daria muito certo só com a gente, os grandões. Tudo que envolve criança fica mais engraçado."" Chegaram ainda Riquelme Santos Lima, hoje vocalista, e Eulisses Nascimento Silva. Matusalém Santos Sousa entrou a partir do sexto vídeo. O grupo —que conta ainda com Victor Santos Mesquita— tem como principal inspiração a banda Mamonas Assassinas, sucesso nos anos 1990. ""Acho que fazemos sucesso porque somos espontâneos, fazemos 'loucuras', damos chutes e voadoras. Sem contar que é um conteúdo que nenhum outro grupo se atreve a fazer igual"", diz Santos Sousa. Ele lembra que a banda já recebeu elogios de DJs como Pedro Sampaio, Henrique e Psirico, que, segundo Santos Sousa, ""pediu a Deus que abençoasse"" o Fundo de Quintal OFC. Proteção, aliás, nunca é demais. ""Já aconteceu de irmos gravar e, ao chegar, os instrumentos estavam danificados."" Perrengues, no entanto, não assustam os garotos, que gravam duas vezes por semana debaixo do sol quente. ""Antigamente davam risada, diziam que éramos bestas, que tudo aquilo não tinha futuro, que estávamos só passando vergonha"", lembra. ""Hoje, passaram a nos apoiar e a divulgar nossos vídeos. O pessoal fala com mais respeito, não zoa mais"", diz Santos Sousa. Apesar da mudança no modo como são vistos, ele não considera que o grupo tenha ficado famoso. ""Tiram fotos conosco nas ruas e falam que nos amam, mas, mesmo assim, nos consideramos apenas conhecidos"", conclui. A Justiça Federal da 1ª região suspendeu a pena de perdimento (confisco) de 107 respiradores que a Receita Federal havia imposto ao governo do Maranhão. Em abril, a gestão Flávio Dino (PC do B) driblou a Receita Federal em São Paulo e em São Luís para evitar que fossem retidos pela União, como vinha acontecendo com frequência. A operação, revelada pelo Painel, durou 20 dias e contou com negociação diretamente com empresários chineses e escala na Etiópia. Ao chegar a São Paulo, os respiradores foram colocados em um avião fretado para São Luis. Na capital do Maranhão já não havia funcionários do fisco trabalhando quando a carga aterrisou. Por isso, o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, assinou um termo afirmando que retornaria no dia seguinte para cumprir as exigências da aduana, e levou os respiradores, que foram colocados em uso horas depois. A Receita Federal divulgou uma nota, em 20 de abril, na qual afirmou que a operação havia sido “realizada sem o prévio licenciamento da Anvisa e sem autorização da Inspetoria da Receita Federal em São Luís, órgão legalmente responsável por fiscalizar a importação das mercadorias"". A Receita, então, aplicou a pena de perdimento dos equipamentos, que implica no desligamento e retirada dos equipamentos. O juiz Jose Valterson de Lima destacou, em sua decisão, que o governo do Maranhão tinha ""justificada urgência na utilização dos produtos importados"", dado que o estado de calamidade pública já havia sido declarado e havia desabastecimento de respiradores. Além disso, disse que, ainda que se admita, conforme alegou o governo federal, que o estado do Maranhão agiu com ""truculência"", é possível afirmar que agiu dessa forma devido ao ""aumento no número de óbitos em decorrência da Covid-19 e tendo visto algumas de suas iniciativas malograrem pela ação do Governo Federal e de governos estrangeiros"". Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Nathalia Garcia O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se alinhou nesta quarta-feira (29) ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, e defendeu uma quarentena de oito anos para ex-juízes que decidam disputar eleições. Toffoli defendeu esse posicionamento mais cedo em sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), durante o processo envolvendo a proibição de um juiz do Maranhão para participar de debates na internet com políticos. Nem Toffoli nem Maia citaram expressamente o caso do ex-juiz Sergio Moro, que é tido como provável candidato à Presidência da República em 2022. O presidente do STF disse já ter falado sobre o tema com várias legislaturas do Senado e da Câmara. Toffoli defendeu que se inclua na lei complementar 64 de 1990 a inelegibilidade, por pelo menos oito anos, de juízes e membros do Ministério Público que deixem a magistratura. Dessa forma, afirmou o ministro, se evitaria que a magistratura e o poder imparcial do juiz fossem utilizados para “fazer demagogia, aparecer para a opinião pública e, depois, se fazer candidato”. No CNJ, Toffoli defendeu que, quem quisesse sair candidato, seja como magistrado, seja como membro do Ministério Público, deixasse a magistratura e o Ministério Público. “E há que haver um período de inelegibilidade, sim”, disse. “A imparcialidade [do juiz] não é só do presente, é na perspectiva do futuro.” Toffoli afirmou ainda que o caso do juiz analisado na sessão do CNJ era paradigmático. “Porque a imprensa começa a incensar determinado magistrado, e ele já se vê candidato a presidente da República sem nem conhecer o Brasil, sem nem conhecer o seu estado, sem ter ideia do que é a vida pública”, disse. Em entrevista à tarde, Maia concordou com Toffoli e afirmou já haver projetos tramitando na Câmara sobre o assunto. “Acho que essa matéria está sendo amadurecida e está muito perto de chegar a um entendimento de que as carreiras não podem ser usadas como trampolim. A estrutura do Estado não pode ser utilizada como trampolim pessoal”, disse. Maia afirmou que a transição entre carreira de Estado e as eleições precisa de prazo. “Eu acho que o presidente Toffoli conhece a engrenagem do Poder Judiciário muito melhor do que eu. Então, certamente, sabe o impacto e propôs oito anos”, complementou Maia. “Oito anos é um prazo longo, são duas legislaturas, dois mandatos para que a influência de decisões que aí muitas vezes podem ser distorcidas influenciem o processo eleitoral.” O presidente da Câmara disse que até 2022 o assunto deve estar maduro. “A gente quase votou antes da pandemia. Mas, com a chegada da pandemia, essa pauta ficou para um segundo momento”, comentou Maia, que avaliou ser possível tratar do tema no segundo semestre. After pressuring the Bolsonaro's government to adopt environmental protection policies, this Tuesday (28th), a group of business leaders moved on to force Brazil's Congress to combat deforestation in the Amazon. Congressional leader Rodrigo Maia (DEM-RJ) met in the morning with executives from various areas of the economy. He pledged to create a group of deputies to debate the topic. This month, the group of business leaders sent a letter to the vice president, Hamilton Mourão, asking for an ""inflexible and comprehensive"" fight against illegal deforestation in the Amazon and other Brazilian biomes. Mourão currently chairs the National Council for the Legal Amazon. Now, they asked Maia for help to stop the forest's devastation. The meeting was attended by representatives from the Brazilian Association of Vegetable Oil Industries, Itaú, Santander, among other companies and entities. After the meeting with Hamilton Mourão and Rodrigo Maia, the group is preparing for a meeting with governors of the states that are part of the Legal Amazon Consortium, which brings together representatives from Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Roraima, and Rondônia. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se somou às críticas feitas à operação Lava Jato pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e afirmou nesta quarta-feira (29) ter a impressão de que o Ministério Público gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado. Um dia antes, Aras disse que a força-tarefa em Curitiba é uma ""caixa de segredos"". ""Não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos."" Maia, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, concordou com o procurador-geral e afirmou que houve excessos no Ministério Público. “A crítica que eu faço é exatamente que me dá a impressão muitas vezes que o Ministério Público é um órgão fundamental para o nosso país, para a nossa democracia, para o nosso futuro, para o nosso desenvolvimento... claro, o trabalho que eles fazem é fundamental. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados, muitas vezes”, disse. Maia criticou o fato de o procurador-geral, que é responsável por todos os Ministérios Públicos, não ter acesso a informações dentro da estrutura do órgão. Também disse que, ao contrário do que ocorre no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há poucas punições e afastamentos no Ministério Público. Reportagem da Folha do último domingo (26) mostrou que, criados em 2005 para fiscalizar o trabalho de juízes e promotores, os conselhos nacional de Justiça e do Ministério Público têm ficado mais marcados neste período pelo arquivamento de casos conhecidos do que por impor penas severas aos profissionais. O CNJ, por exemplo, já autuou ao menos 13.638 processos disciplinares, mas em apenas 104 casos, o equivalente a 0,78%, houve punição a magistrado. Apesar dos números, os conselhos sempre serviram como um escudo perante a opinião pública. O ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol já responderam, cada um, a mais de 30 procedimentos, mas todos foram arquivados ou têm tramitação lenta. “O que eu acho é que se cumpre o papel de controlar os outros e não se tem o papel de controlar o Ministério Público”, afirmou. O deputado citou episódios de votações na Câmara que, de acordo com ele, eram antecedidas por coletivas de membros da Lava Jato com críticas ao que seria apreciado na Casa. “Em determinado momento, qualquer coisa que a gente ia votar tinha uma coletiva lá do pessoal de Curitiba, ‘não pode votar isso, não pode votar aquilo’, como se fossem um árbitro, uma figura acima do bem e do mal”, criticou Maia, que disse que o Ministério Público não pode estar blindado. “Eu lembro que num país que quer ser democrático, a liberdade de imprensa é fundamental, a liberdade de expressão é fundamental, mas o devido processo legal também é fundamental, porque senão não é uma democracia”, afirmou. Também nesta quarta-feira, a declaração de Aras foi rebatida por Moro, que atuou na Lava Jato de Curitiba antes de assumir o cargo de ministro no governo Bolsonaro. ""A Operação sempre foi transparente e teve suas decisões confirmadas pelos tribunais de segunda instância e também pelas Cortes superiores, como STJ e STF"", escreveu em uma rede social. 0,78% dos processos disciplinares autuados no CNJ resultaram em punição a magistrados 81.596 processos já tramitaram ou ainda estão em curso no CNJ 13.638 dizem respeito a questões disciplinares 118 é o número de penalidades impostas, incluindo a servidores 104 é o número de punições a magistrados 66 juízes sofreram pena máxima, a aposentadoria compulsória 17 é o número de sanções a integrantes do TJ do Maranhão, o recordista 20.606 é o número de procedimentos autuados na história do CNMP 279 é o número de sanções impostas 69 é o número de advertências 21 é o número de demissões 86 é o número de suspensões Después de presionar al Palacio de Planalto para que adopte medidas de protección ambiental, este martes (28) empresarios apelaron al Congreso para que se cumpla la agenda contra la deforestación en la Amazonia. El presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reunió por la mañana con ejecutivos de varios sectores de la economía. Se comprometió a crear un grupo de diputados para debatir el asunto. El grupo de empresarios a principios de este mes ya había enviado una carta al vicepresidente, Hamilton Mourão, solicitando un combate ""inflexible e integral"" contra la deforestación ilegal en la Amazonia y otros biomas brasileños. Mourão preside actualmente el Consejo Nacional para la Amazonia Legal. Los empresarios pidieron ayuda a Maia para detener la devastación del bosque. A la reunión asistieron representantes de Abiove (Asociación Brasileña de Industrias de Aceite Vegetal), Itaú, Santander, entre otras empresas y entidades. Después de la reunión con el Ejecutivo, que estuvo representada por el Vicepresidente Hamilton Mourão, y la reunión con el Legislativo, el grupo se está preparando para una reunión con los gobernadores de los estados que forman parte del Consorcio Amazonia Legal, que reúne a representantes de Acre, Amapá , Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Roraima y Rondônia. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original Após pressionar o Palácio do Planalto a adotar políticas de proteção ambiental, empresários fizeram nesta terça-feira (28) uma investida sobre o Congresso para ganhar adesão à pauta de combate ao desmatamento da Amazônia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reuniu pela manhã com executivos de diversos ramos da economia. Ele se comprometeu a criar um grupo de deputados para debater o tema. O grupo de empresários no início deste mês já havia enviado uma carta ao vice-presidente, Hamilton Mourão, pedindo o combate ""inflexível e abrangente"" ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros. Mourão atualmente preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal. Agora, eles pediram a Maia ajuda para barrar a devastação da floresta. O encontro teve a participação de representantes de Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Itaú, Santander, entre outras empresas e entidades. “Foi um encontro importante, pois um grupo de empresários de setores muitos diversos, como alimentos e mineração, conseguiu apresentar falar não apenas te temas essenciais para região Amazônica, como a rastreabilidade, mas também apresentar a importância de o país criar mecanismos para priorizar uma agenda de negócios sustentáveis no pós-pandemia”, disse Paulo Hartung, presidente executivo da Iba, associação que reúne a cadeia produtiva de árvores cultivadas para fins industriais e ex-governador do Espírito Santos, que participou do encontro. Segundo Hartung, depois do encontro com o Executivo, que foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e da reunião com o Legislativo, o grupo se prepara para um encontro com governadores dos estados que integram o Consórcio da Amazônia Legal, que reúne representantes de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Roraima e Rondônia. Após se reunir com os empresários brasileiros, Maia chamou deputados ligados à questão ambiental para debater pautas voltadas à proteção da Amazônia e combate ao desmatamento ilegal. Na semana passada, Maia já havia aventado na semana passada a possibilidade de criar uma comissão para acompanhar as ações do governo em relação ao ambiente e medidas contra o desmatamento. Maia disse aos empresários que vai criar o colegiado. Segundo o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), que preside a Comissão de Meio Ambiente da Câmara e participou da reunião, a ideia é apresentar a Maia propostas prioritárias para que a Casa aborde. Maia reuniu cinco deputados nesta tarde. Eles formarão um grupo informal para auxiliá-lo na agenda ambiental da Câmara. Agostinho, que participou da reunião com os executivos, fará parte do colegiado. Além dele, Maia convidou também Enrico Misasi (PV-SP) e Alessandro Molon (PSB-RJ), mais ligados à causa ambiental, e Zé Silva (Solidariedade-MG) e Zé Vitor (PL-MG), mais ligados ao agronegócio. Atualmente, duas propostas consideradas importantes na Câmara estão paradas esperando consenso. Trata-se dos projetos que abordam o licenciamento ambiental e a regularização fundiária. Este último foi tema de uma MP que perdeu a validade sem ser votada na Câmara e foi transformada em projeto de lei, que ainda aguarda votação. As duas propostas, que são cobranças dos empresários, devem entrar na lista de prioridades da Câmara para que as conversas sejam retomadas em busca de consenso. Caberá a esse grupo de deputados formular e entregar a Maia uma lista de projetos considerados mais importantes para a proteção do meio ambiente e para a economia sustentável no país. Os deputados também poderão sugerir novas propostas para avançar nos temas. Eles também deverão conversar com os líderes buscando consenso para colocar os textos em votação no plenário. “A ideia é construir uma agenda que sinalize para o setor econômico que o futuro tem que ser mais sustentável”, afirmou Agostinho. André Nassar, presidente-executivo da Abiove e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério de Agricultura, afirmou que uma das principais preocupações em relação ao desmatamento ilegal é a regularização fundiária. ""Tem duas questões que nos preocupam sobre o desmatamento ilegal. Existe o desmatamento ilegal associado às áreas que são públicas, às áreas não destinadas, então ele está associado à grilagem e à invasão"", afirmou. ""Parte disso evidentemente está relacionado à questão da regularização fundiária porque muitas vezes não decorreu de invasão, decorreu de ocupações que são antigas e aí tem que ser feita a regularização fundiária"", disse Nassar. Segundo ele, há preocupação grande das cadeias exportadoras com desmatamento ilegal nas propriedades privadas. Nassar afirmou que, apesar de estudos mostrarem que o número de desmatamento ilegal nessas propriedades é pequeno, a existência desse número coloca em dúvida a credibilidade da legislação e o produto brasileiro. Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), afirmou que a transparência sobre de onde vêm os produtos brasileiros não é mais apenas uma preocupação do agronegócio, mas toda a economia brasileira. ""De uma forma geral, a economia brasileira acordou para o tema"", afirmou. ""Hoje isso não é um tema exclusivo do agro, é um tema que perpassa todas as cadeias e o importante é isso, a gente enxerga que acordou, o movimento empresarial é a prova disso e que a gente possa coordenar agendas que venham de agora em diante na forma de um movimento coletivo onde a gente possa colocar junto todos os setores governamentais e da sociedade"", disse. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), encaminhou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro sugerindo que ele reúna governadores, presidentes de confederações empresariais e centrais sindicais para a criação de um “Pacto Nacional pelo Emprego”, com medidas emergenciais de geração de emprego e renda. A proposta foi encaminhada por Dino depois da entrevista do secretário de Política Econômica do Governo Federal, Adolfo Sachsida, para a Folha antecipando que ""os índices de desemprego vão dar um repique grande"" no segundo semestre. Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Nathalia Garcia Despite the accelerated growth of Covid-19 cases—there are more than a thousand new deaths registered daily—Brazilians are leaving the quarantine behind. In all states, circulation of people increased by 30% between March and July, according to data obtained by Google. In Amazonas, the movement reached 93% in four months: from a 45% drop in workplaces in March to a reduction of only 3% last week - that is, it is now practically the same as the previous period before the pandemic. The increase in circulation occurs when Amapá is the only state with a slowed pace of contagion, the Folha's Covid-19 Acceleration Monitor in Brazil indicated on Friday (24). Experts affirm that increased circulation can prolong the high numbers of new cases and deaths. In addition to Amazonas, Maranhão, Pará, Tocantins, and Mato Grosso do Sul measured workplace movement close to levels before the pandemic. According to these experts, one of the country's problems, in addition to the vast regional and local inequalities, was the lack of central leadership to send a message on how to deal with the new coronavirus pandemic. President Jair Bolsonaro (without a party) has minimized the danger of the virus since March. He said that economic activity should be a priority. Leaving the quarantine while Covid-19 is still expanding is different from what was done in the most affected countries in Europe, such as Italy and Spain. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language A pesar del crecimiento acelerado de los casos de Covid-19 y con cerca de mil nuevas muertes registradas a diario, los brasileños están dejando de lado la cuarentena. En todos los estados se ha producido un aumento de al menos un 30% de la circulación de personas entre marzo y julio, según los datos obtenidos por Google. En Amazonas, el movimiento alcanzó un aumento del 93% en cuatro meses: de una disminución del 45% del movimiento en los lugares de trabajo en marzo se ha pasado a una reducción de solo el 3%, es decir, ahora es prácticamente igual al período anterior a la pandemia. El aumento de la circulación ocurre en un momento en que Amapá es el único estado con un ritmo de contagio más lento, según indicó el viernes el Monitor de Aceleración Covid-19 de Folha en Brasil (24). Los expertos entrevistados por el periódico afirman que el retorno del movimiento puede hacer que los estados y el país permanezcan más tiempo con un gran número de nuevos casos y fallecimientos. Además de Amazonas, Maranhão, Pará, Tocantins y Mato Grosso do Sul también registran movimientos en los lugares de trabajo similares a los niveles anteriores a la pandemia. Según estos expertos, uno de los problemas del país, además de las grandes desigualdades regionales y locales, ha sido la falta de liderazgo central para enviar un mensaje único sobre cómo lidiar con el coronavirus. El presidente Jair Bolsonaro (sin partido) minimiza el peligro del virus desde marzo. Incluso llegó a decir que la actividad económica debería ser una prioridad. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original A busca emergencial por maior estrutura na rede de saúde devido à pandemia do novo coronavírus interrompeu, pela primeira vez, uma queda que vinha ocorrendo nos últimos dez anos no total de leitos de internação existentes no SUS. Dados de um levantamento feito pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) mostram que, entre fevereiro e junho deste ano, foram abertos 22.810 leitos de internação na rede pública. Com isso, o total passou de cerca de 294 mil a 317 mil. Até então, o Brasil vinha registrando a cada ano uma queda no número desses leitos. Entre janeiro de 2011 e janeiro de 2020, por exemplo, 41 mil deles haviam sido fechados. A inversão da curva também fica visível ao observar dados dos primeiros seis meses de 2019 e de período semelhante de anos anteriores —os quais também apontavam queda até então. Segundo o CFM, todos os 22.810 leitos extras abertos neste ano são de clínica geral, o que indica que podem estar relacionados à epidemia da Covid-19 no país. O balanço não engloba o total de leitos de UTI, que também tiveram aumento no período. Até agora, ao menos 11.084 foram habilitados e passaram a ser financiados para uso na rede, de acordo com o Ministério da Saúde. Para Hideraldo Cabeça, 1º secretário do CFM, ao trazer nova carga ao sistema, a Covid-19 também evidenciou parte do deficit de estrutura que existia na rede. “Já sabíamos dessa deficiência, o que está ligado também à fila de espera por leitos e de procedimentos eletivos. A pandemia veio deixar essa dificuldade existente na saúde de fácil percepção.” O conselho alerta, porém, para o risco de nova queda no total de leitos em breve. Isso ocorre porque, além de uma expansão de leitos em unidades fixas da rede, a epidemia estimulou a abertura de hospitais de campanha, tidos como provisórios —não há dados de quanto eles representam do total. “A nossa preocupação é que muitos desses leitos estão em locais onde não é possível mantê-los, como hospitais em ginásios, campos de futebol e centros de convenções”, afirma. Para Cabeça, é preciso avaliar agora a possibilidade de absorver os leitos onde a expansão ocorreu dentro ou próxima de infraestrutura existente. O debate de qual deve ser o destino da nova estrutura criada em meio à pandemia tem ganhado força nos últimos dias, em meio aos primeiros sinais de uma possível queda no total de novos casos em algumas regiões. Para Gulnar Azevedo, professora de epidemiologia da UERJ, ainda é cedo para fechar leitos, mesmo que provisórios, já que há risco de novas infecções. “Ainda estamos em pandemia, que não acabou. Em alguns lugares, vemos uma atenuação do crescimento, de uma curva que tende a estabilizar, mas ainda não podemos dizer que está sob controle”, afirma Azevedo, que também é presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Ela sugere que parte dos leitos em locais onde há os primeiros sinais de queda de novos casos da Covid seja usada para garantir o atendimento de pacientes após a saída da UTI e daqueles com quadros menos graves, mas que não têm condições adequadas de isolamento em casa e também precisam de monitoramento e cuidados intermediários. Ou, ainda, que haja um plano para que a estrutura seja atrelada ao atendimento de pacientes vindos de cidades do interior —dos 22.810 novos leitos, 9.762 estão em capitais. Para Cabeça, o ideal é que haja um esforço para que parte dos leitos seja incorporada no pós-pandemia de acordo com o gargalo de cada região. Ele cita dados que mostram que, nos últimos anos, áreas como obstetrícia e cirurgia geral tiveram maior perda de leitos. Outra necessidade é preparar a rede para atendimento de demandas que ficaram represadas em meio à epidemia da Covid-19, caso de cirurgias eletivas, por exemplo. À Folha, secretários estaduais de saúde confirmam a intenção de manter parte dos leitos abertos, mas apontam o financiamento dessa estrutura como desafio. “Há uma discussão sobre como construir um legado após a pandemia para o sistema de saúde, mas o financiamento é sempre um problema”, afirma o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass, conselho que reúne gestores estaduais de saúde, Carlos Lula. “Cito o exemplo do meu estado. Abrimos 13 hospitais de março até agora. Desses, oito ficarão de maneira permanente pra nossa rede. Mas manter isso em pé será um desafio”, aponta ele, que diz analisar agora como manter o financiamento. O tema deve ser discutido em reunião com os 27 secretários estaduais de saúde nesta semana. A preocupação com o financiamento é compartilhada por gestores municipais. Segundo Mauro Junqueira, do Conasems (conselho de secretários municipais de saúde), é cedo para saber se os leitos devem ser mantidos. “Não adianta ter o leito e ele estar ocioso, porque isso tem custo. Mas obviamente em algumas regiões vai ficar como legado um aumento, e esperamos que tenhamos equipes e recursos para manter tudo isso.” Dados do levantamento feito pelo CFM mostram São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais como os estados que abriram a maior quantidade de leitos em números absolutos. Já em proporção à população, o maior aumento foi em Roraima, Sergipe e Amapá. Só em São Paulo, foram criados 5.000 leitos de enfermaria. Também foram abertos outros 4.500 de terapia intensiva, de acordo com a secretaria estadual de saúde. Destes últimos, apenas 2.500 foram habilitados pelo ministério. Os demais ainda aguardam resposta, diz a pasta, que reforça o pedido por “apoio no custeio da assistência”. Questionada sobre a possibilidade de manter os novos leitos após a pandemia, a secretaria não respondeu. Diz apenas que “mantém o compromisso de garantir assistência e aprimorar a rede, com base em critérios técnicos e nas necessidades da população.” Em nota, o Ministério da Saúde informou que, diante da pandemia por Covid-19, habilitou 11.084 leitos de UTI, com investimento de R$ 1,5 bilhão. A pasta não informou o total de leitos de internação clínicos abertos no período. Sobre os planos de absorção dos novos leitos, o ministério afirma que a manutenção será discutida com gestores estaduais e municipais de saúde após o período de emergência. Cabelos presos, colar, um vestido aparentemente luxuoso, a pele branca. Assim esteve representada até 2012 a escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917), primeira romancista negra do Brasil, em uma parede da Câmara dos Vereadores de Guimarães, cidade do Maranhão onde a autora passou a maior parte de sua vida. Não se sabe quando nem como, mas a imagem da autora de ""Úrsula"" (1859) –hoje considerado o primeiro romance afro-brasileiro, pioneiro da literatura antiescravista no país– se confundiu com a da escritora gaúcha Maria Benedita Câmara (1853-1895), conhecida como Délia. ""Em Guimarães já sabiam que aquela não era Maria Firmina, mas, como o quadro foi doação de alguém importante da cidade, não tiraram da parede"", conta Régia Agostinho, professora da Universidade Federal do Maranhão. Em 2012, ela visitou Guimarães durante um trabalho de pesquisa para sua tese de doutorado sobre a escritora. De volta à cidade após concluir sua tese, publicada em 2013, o quadro havia sido removido. Como Maria Firmina não deixou para trás nenhuma foto ou retrato, no entanto, o engano perdura. Mesmo hoje, algumas das primeiras imagens que aparecem em pesquisas pelo nome da escritora na internet ainda são de Délia. Em um busto esculpido em sua homenagem, hoje exposto na praça do Pantheon, no centro de São Luís, pouco transparece da descrição feita por ex-alunos e conhecidos de Maria Firmina: uma mulher de rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, cortado curto e amarrado na altura da nuca, com nariz curto e grosso. Na estátua ""o nariz é afilado, os lábios finos, cabelos lisos, amarrados em coque, em nada se parecendo a uma mulher negra ou mulata"", constata Agostinho. Para ela, o escultor Flory Gama se preocupou antes em representar a artista como a única mulher, em meio aos bustos de tantos homens maranhenses ilustres, do que como negra. Daí os seios avantajados, ainda mais marcantes em contraste com a magreza das feições da estátua. As confusões com a imagem de Maria Firmina espelham sua própria obra, que teve boa aceitação da crítica quando publicada, mas acabou caindo no esquecimento após sua morte. Só seria redescoberta em 1962, quando o historiador paraibano Horácio de Almeida (1896-1983) encontrou, em um sebo do Rio de Janeiro, uma edição de ""Úrsula"", único romance da escritora e hoje considerado o primeiro livro brasileiro a se posicionar explicitamente contra a escravidão, antecedendo em mais de dez anos obras como ""O Navio Negreiro"" (1870) e ""A Escrava Isaura"" (1875). Maria Firmina nasceu no dia 11 de março de 1822, na cidade de São Luís, no Maranhão, filha de uma escrava alforriada e de um pai negro. Até 2018, acreditava-se que tivesse nascido em 11 de outubro de 1825 –na realidade a data de seu batismo–, de mãe branca com origem portuguesa, segundo a primeira biografia da autora, ""Maria Firmina - Fragmentos de uma Vida"" (1975), escrita pelo poeta e jornalista maranhense José Nascimento Morais Filho (1922-2009). A descoberta da nova data de nascimento foi feita por Dilercy Aragão, professora aposentada da Universidade Federal do Maranhão que hoje ocupa a cadeira de Maria Firmina na Academia Ludovicense de Letras. O caso é um exemplo do pouco que se conhece sobre a vida da autora. Do nascimento até a publicação de ""Úrsula"", em 1859, há várias lacunas. Sabe-se que ficou órfã e se mudou em 1830 para a casa da tia em Guimarães, onde viveu até o fim da vida. Com a parente, que tinha melhores condições financeiras, teve a oportunidade de estudar, algo raro para mulheres negras no período. Em 1847, foi aprovada em concurso público para professora de primário, cargo que exerceu até se aposentar em 1881. No momento de receber o título, Maria Firmina se recusou a ser levada em um palanque sobre o ombro de escravos, uma tradição na época. ""Negro não é animal para se andar montado nele"", teria dito. Em vez disso, foi a pé. Durante 50 anos, a escritora colaborou com vários jornais maranhenses, em que publicou poesias, contos e crônicas. Entre eles, os contos ""Gupeva"" (1861) e ""A Escrava"" (1887), dois de seus textos mais famosos. Um ano antes de se aposentar, Maria Firmina fundou em Guimarães a primeira escola mista do Maranhão, que recebia gratuitamente meninos e meninas pobres. Morreu em 1917, aos 95 anos de idade, deixando 11 filhos adotivos. Além da imagem, Aragão lembra que faltam detalhes importantes da biografia da escritora, como os anos de sua juventude, a vida do pai, João Pedro Esteves, e onde ela teria realizado seus estudos. ""Guimarães era uma vila pequena naquela época, então onde ela pode ter estudado? Ainda existe uma longa jornada pela frente, e todas essas dúvidas só nos instigam a buscar mais respostas"", diz a pesquisadora. Maria Firmina esteve entre os primeiros escritores a de fato dar voz a personagens negros no Brasil, afirma o professor Danglei de Castro, estudioso de literatura brasileira da Universidade de Brasília . ""O enfoque dado aos problemas da escravidão, como a situação da criança negra, a perda de identidade dos escravos em seu deslocamento da África para o Brasil e o alcoolismo são formas de representar o lugar dos negros na sociedade brasileira do século 19"", explica. Para Agostinho, da Universidade Federal do Maranhão, a autora humanizava os personagens cativos, colocando-os em pé de igualdade com os brancos da trama –a Úrsula do título do romance é uma mulher branca. ""Ele escuta a nênia plangente de seu pai, escuta a canção sentida que cai dos lábios de sua mãe e sente, como eles, que é livre; porque a razão lho diz, e a alma o compreende. Oh! A mente! Isso sim ninguém a pode escravizar!"" O trecho de ""Úrsula"" retrata uma reflexão do escravo Túlio sobre sua condição. Também no livro, a negra Susana descreve as dificuldades do traslado entre África e Brasil anos antes da publicação de ""O Navio Negreiro"", de Castro Alves. De acordo com a pesquisadora, exemplos como esses mostram que Maria Firmina apresentava personagens escravos ""com uma positividade que não foi feita nem depois dela, mesmo por escritores abolicionistas"". Isso porque livros posteriores, como ""As Vítimas-Algozes"", 1869, de Joaquim Manuel de Macedo, e ""A Escrava Isaura"", de 1875, de Bernardo Guimarães, teriam sido escritos para sensibilizar leitores brancos, mostrando como a escravidão poderia ser um problema para eles, mas deixando em segundo plano o sofrimento dos negros. Décadas mais tarde, com o avanço da causa na sociedade brasileira, a autora chegou a criar em contos como ""A Escrava"" personagens negras abertamente abolicionistas. O caso da escritora foi atípico para a sociedade profundamente machista da época. Segundo a professora Algemira de Macêdo, da Universidade Estadual do Piauí, ela foi a única mulher com presença tão marcada na imprensa maranhense ao longo de todo o século 19. Esse descompasso não passava despercebido à própria autora, que, no prólogo de ""Úrsula"", dizia ter consciência de que ""pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem"". Na sua escrita, destaca-se uma pluralidade do retrato das mulheres, com exemplos que vão desde o ideal feminino do período até personagens que desafiam fortemente as convenções. ""No conto 'A Escrava', encontramos grupos de mulheres que se sujeitam aos ditames dos maridos ou apoiam a escravidão, mas também outras da sociedade burguesa que lutam contra ela"", explica Macêdo. A pesquisadora também aponta a personagem da negra Susana, de ""Úrsula"", como uma quebra no estereótipo da mulher negra sexualizada, interessada em seduzir, muito presente na literatura do período. ""Ela é descrita como uma mulher não atraente, magra, seca. A autora não se preocupou em incluir esse aspecto que a cultura brasileira costuma dar para mulheres negras."" Na cidade de Guimarães, da casa onde Maria Firmina viveu e lecionou, a única memória que resta é uma placa com seu nome, sobre a fachada de uma loja de móveis construída no mesmo lugar. Quando visitou o local, em 2012, Agostinho não encontrou nas bibliotecas públicas nenhum exemplar da obra da autora. Nem mesmo seu túmulo estava identificado ----na ocasião, a placa tinha sido roubada por vândalos. Apesar do descaso com a memória física de Maria Firmina, a pesquisadora relatou em sua tese que os moradores conheciam a autora, concluindo que ""a memória social de Maria Firmina dos Reis está viva entre os habitantes da cidade de Guimarães"". Desde então, o reconhecimento da escritora no país se expandiu. Entre os anos de 2017 e 2018, 'Úrsula' ganhou 13 novas edições. Além disso, vários estudos foram dedicados a sua vida e obra e, em 2019, a escritora foi homenageada com um Doodle do Google –em outubro, ainda na data errada de seu nascimento. Para Danglei de Castro, o lugar da autora em nossa literatura vem sendo progressivamente recuperado. ""A obra de Firmina é atual, mesmo distante no tempo histórico. É uma autora de grande força expressiva e, por isso, sua leitura é importante para compreender a complexidade da sociedade brasileira."" ""Algumas pessoas têm publicado trabalhos sobre o livro 'Úrsula', mas ainda é pouco para a grandiosidade de Maria Firmina, considerando que foi a primeira romancista brasileira"", afirma Dilercy Aragão. ""Nós brasileiros não valorizamos a nossa cultura. Por isso, é importante continuar consolidando essa visibilidade."" No ano de 2017, o estado do Maranhão instituiu o Dia da Mulher Maranhense, que coincide com o aniversário da autora. Em 2018, Maria Firmina foi uma das artistas homenageadas na Flup, a Festa Literária das Periferias, no Rio de Janeiro, que organizou um concurso visando recriar o rosto da autora. ""Ainda estamos reconstruindo a história de Maria Firmina"", diz Algemira de Macêdo. ""Quando comecei a pesquisar sobre ela, em 2011, me sentia praticamente sozinha. Hoje fico feliz em ver minha voz ecoada."" Criados em 2005 para fiscalizar o trabalho de juízes e promotores, os conselhos nacional de Justiça e do Ministério Público ficaram mais marcados neste período pelo arquivamento de casos conhecidos do que por impor penas severas aos profissionais. O CNJ, por exemplo, já autuou ao menos 13.638 processos disciplinares, mas em apenas 104 casos, o equivalente a 0,78%, houve punição a magistrado. Apesar dos números, os conselhos sempre serviram como um escudo perante a opinião pública. Os órgãos são rápidos para anunciar a apuração de desvios éticos, como o caso do desembargador Eduardo Siqueira, que responderá a procedimento por humilhar um guarda municipal após ser abordado por estar na rua sem máscara. Em muitos casos, porém, as apurações não têm resultado prático. O juiz João Carlos Corrêa, por exemplo, passou por situação parecida por ter dado voz de prisão a uma agente de trânsito numa blitz e o processo foi arquivado no CNJ. O episódio aconteceu em 2011 e, em 2013, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro afirmou que ele não cometeu nenhuma irregularidade e encerrou o processo. Em 2016, o assunto voltou a ganhar o noticiário após a agente ser condenada a pagar R$ 5 mil de indenização ao magistrado por danos morais, e o CNJ resolveu revisar o caso. Na ocasião, a ação tinha sido movida por ela, mas a 36ª Vara Cível do RJ entendeu que o prejudicado foi o juiz, uma vez que a profissional teria o ironizado ao dizer que ele era “juiz e não Deus”. O procedimento, porém, foi arquivado definitivamente porque o conselho entendeu que o TJRJ já havia apurado o caso “com profundidade”. Em relação à Lava Jato, a provocação para apuração da conduta de procuradores e juízes já partiu até do STF (Supremo Tribunal Federal), mas nenhum caso foi para frente. O ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol já responderam, cada um, a mais de 30 procedimentos, mas todos foram arquivados ou têm tramitação lenta. Uma representação em que o PT acusa Moro de ter tornada pública uma conversa por telefone entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff sem decisão judicial figurou na pauta do CNJ mais de 15 vezes, mas nunca foi chamado para julgamento. Em junho do ano passado, o corregedor-nacional de Justiça, Humberto Martins, arquivou o caso monocraticamente e classificou o caso como “mero inconformismo” da parte, que teria apresentado apenas “alegações genéricas”. Dallagnol, por sua vez, já viu a data de julgamento da representação a que responde por suposta infração na apresentação da denúncia contra Lula em um power point ser adiada por mais de 40 vezes. O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, porém, já sofreu a pena de advertência, a mais leve do CNMP. A sanção foi imposta porque ele disse que ministros do STF formavam uma “panelinha” que passava uma “mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”. Dallagnol, porém, ainda recorre e o caso não teve um desfecho definitivo. As penas impostas pelos conselhos variam. O que o CNMP pode fazer é indicar a demissão do servidor, e aí cabe à procuradoria-geral do MP no estado ingressar com uma ação para perda de cargo do servidor, que fica afastado de imediato. No CNJ, não há possibilidade de desligamento e a punição máxima é a aposentadoria compulsória. Dos 104 magistrados punidos pelo CNJ, 66 deles sofreram esta penalidade. Apenas dois deles foram julgados na gestão do atual presidente do conselho, ministro Dias Toffoli. Mas, apesar da sanção, os 104 juízes ainda representam despesa para os cofres públicos, uma vez que a punição é de aposentadoria com vencimentos proporcionais. O CNJ sempre é comandado pelo presidente do STF, assim como o CNMP é presidido pelo procurador-geral da República. Para o ex-corregedor Nacional de Justiça Gilson Dipp é necessário atualizar a Lei Orgânica da Magistratura, que estabelece as penas a serem impostas aos magistrados. “Poderiam modernizar a lei e possibilitar punições mais efetivas. Também poderia explicitar quando seriam impostas as punições, deixar mais clara e menos subjetiva a situação em que pode ser enquadrada cada conduta”, diz. Dipp diz, ainda, que não se pode negar que há um corporativismo entre os membros da magistratura que pode interferir nos julgamentos. Ele defende, ainda, que o CNJ não pode “se imiscuir” em todos os episódios em que magistrados podem ter cometido algo mais grave, uma vez que as corregedorias dos tribunais locais também têm essa atribuição. Dipp ressalta, porém, que boa parte dos mais de 13 mil procedimentos disciplinares tratam-se de ações manifestamente infundadas ou visavam reverter decisão judicial por discordância de interpretação, sem que estivesse caracterizado desvio de conduta. “Tem decisões do CNJ violentas, no meu tempo aposentamos até um colega do STJ”, recorda. Ex-conselheiro do CNMP e promotor de Justiça, Dermeval Farias afirma que os dados têm de ser interpretados com cuidado porque em muitos procedimentos arquivados houve punição imposta pela corregedoria local. Além disso, ele destaca que há muitos casos que são encerrados por não se tratarem de questões disciplinares exatamente, mas de inconformismo judicial que deve ser analisado pelos tribunais. Farias ressalta, porém, que existe um receio na classe de que a conjuntura política tenha mais peso que a análise técnica do caso concreto. “Acho que a grande maioria das decisões do CNMP tem respaldo nas provas dos autos, mas há um temor de que, a médio e longo prazo, o caráter político de decisões disciplinares se sobreponha à atuação jurídica”, diz. O professor e doutor em direito pela USP Rafael Mafei destaca que muitos procedimentos em curso no CNJ visam a reversão judicial e não necessariamente envolvem faltas disciplinares. Mafei também realça que outro função importante do conselho é assegurar aos magistrados uma atuação independente. “A possibilidade de revisão das punições é fundamental porque muitas vezes são impostas sanções indevidas nos estados por conjuntura local. Pode ocorrer de um Judiciário conservador não aceitar um juiz que é mais progressista ou, por exemplo, situações em que o Ministério Público vai para cima de um juiz garantista e a cúpula do Judiciário prefere se alinhar ao grosso do MP do que a um juiz isolado”, cita. O corregedor-nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis Lima, afirma que o trabalho do conselho é “plenamente satisfatório”. “É preciso ver que o CNMP se dedica apenas a casos que tomaram maior relevância e que, então, justifique que seja julgado no CNMP, porque existem outras 30 corregedorias que estão atuando firmemente e de maneira bastante satisfatória também na apuração da imensa maioria das infrações disciplinares”, diz. A demora em alguns julgamentos, segundo ele, ocorre devido à complexidade dos casos. Ele também afirma que o trabalho do conselho não se restringe à apuração da conduta dos profissionais. “Essa é na verdade até a menor parte da atuação do CNMP, que tem também atua no controle administrativo e financeiro de todos MP do Brasil.” Em nota, o CNJ justificou que muitas reclamações disciplinares que chegam ao órgão tratam, na verdade, de “inconformismo com decisões judiciais e escapam da competência do conselho”. “Isso explica o grande número de processos que são liminarmente descartados pela Corregedoria Nacional de Justiça”, argumenta. O CNJ também afirma que sempre esteve atento à atuação dos cerca de 18 mil juízes do país e que sua atribuição vai muito além da questão disciplinar. “Vale destacar que receber reclamações, petições eletrônicas e representações contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares —serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializado—, assim como julgar processos disciplinares, são duas entre as muitas tarefas exercidas pelo Conselho”, diz. 0,78% dos processos disciplinares autuados no CNJ resultaram em punição a magistrados 81.596 processos já tramitaram ou ainda estão em curso no CNJ 13.638 dizem respeito a questões disciplinares 118 é o número de penalidades impostas, incluindo a servidores 104 é o número de punições a magistrados 66 juízes sofreram pena máxima, a aposentadoria compulsória 17 é o número de sanções a integrantes do TJ do Maranhão, o recordista 20.606 é o número de procedimentos autuados na história do CNMP 279 é o número de sanções impostas 69 é o número de advertências 21 é o número de demissões 86 é o número de suspensões Quando a estudante gaúcha Dora Leonetti completou 18 anos, preferiu gastar o dinheiro da auto-escola em uma viagem. Hoje, aos 23, ainda não aprendeu a dirigir. ""Não vale a pena, é muito caro tirar carteira e manter um carro"", resume. ""Já fiz a conta e teria que me locomover muito mais do que eu me locomovo para ver vantagem. Passo um pouco de perrengue esperando ônibus, sim, porque o transporte em Porto Alegre não é o ideal, mas não é o suficiente para me fazer querer ter um carro. É só organizar a rotina"", diz ela, que, além do transporte público, também usa aplicativos como o Uber. Jovens como Leonetti têm ocupado um espaço menor no universo de motoristas brasileiros, mostram dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que revelam ainda que idosos têm dirigido mais. O número de carteiras de habilitação válidas no Brasil cresceu 38% na última década, saltando de 53,9 milhões de CNHs (Carteira Nacional de Habilitação) em 2011 para 74,3 milhões em 2020, segundo os dados do governo, muito acima da população do país, que cresceu 10% no mesmo período. Especialistas apontam que a alta no número de motoristas pode ter se dado, no começo da década, pela bonança econômica e por medidas de incentivo ao setor automotivo, como a redução do IPI (imposto sobre produtos industrializados). O número de habilitações crescia a mais de 5% ao ano até 2014. A partir de 2015, quando o país entrou em recessão econômica, esse aumento se desacelerou. Entre 2018 e 2019, o crescimento foi de 2,9%. Nesses dez anos, a proporção de condutores com mais de 61 anos saltou de 11% para 17% no universo de motoristas do país. Ao mesmo tempo, caiu de 29% para 21% a parcela dos motoristas com até 30 anos. A goiana Laura Teixeira, 22, diz que não vê sentido em ter um automóvel agora. ""Não tenho vontade nenhuma de me estressar no trânsito"", afirma ela. ""Uma vez sofri um acidente, então tenho um pouco de medo. E as pessoas parece que estão mais agressivas, fico pensando que se eu buzinar para alguém, o cara pode me dar um tiro"", relata. ""Seria até bom para visitar meus pais no interior, mas hoje em dia tem aplicativos de carona, além de Uber e 99. E o processo inteiro de tirar a habilitação me parece muito chato. quando eu vou analisar, tem mais contras do que prós"", diz ela, que não vai comemorar o dia do motorist —a data é celebrada neste sábado (25), dia de São Cristóvão, santo católico padroeiro dos condutores. Esse movimento acontece em todas as regiões do Brasil, segundo os números do Denatran, e também é identificado por pesquisadores em outros países do mundo. Análise do Instituto Ipsos feita com dados da CNH de 2013 e 2019 (e que serviu de ponto de partida para este levantamento feito pela Folha) aponta para algumas hipóteses. Um aumento na longevidade dos idosos e a presença de tecnologias assistivas como câmera de ré, sensor de estacionamento e câmbio automático facilitam que os mais velhos continuem dirigindo, segundo a análise do Ipsos. Já a mudança de comportamento capitaneada pelos jovens da chamada ""geração canguru"", que demoram mais a se emancipar dos pais aliada à praticidade de aplicativos como o Uber, que baratearam o serviço de táxi, ajudam a explicar o desinteresse dos jovens pela CNH, diz o instituto. Para a urbanista Kelly Fernandes, especialista em mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), houve aumento da infraestrutura de transporte nos últimos anos em regiões mais centrais, com corredores de ônibus e ciclovias, que podem ter convencido uma parcela dos jovens que não é tão importante ter um carro. Mas há outro fator: ""A posse do carro é muito cara. Além do custo de aquisição do bem, que é alto, tem manutenção, depreciação, combustível, estacionamento. E o custo da CNH cresceu"", diz ela. ""É sempre bom olhar isso com um recorte de renda. Para os jovens das periferias, a posse do carro pode potencializar a liberdade e a autonomia, o carro possibilita que eles experimentem a cidade, porque onde moram a infraestrutura de transporte é muito ruim."" E aí também entram os aplicativos de transporte. ""Têm um custo mais baixo do que o do táxi, e é usado também pelos estratos mais pobres da população"", afirma. Estudiosos da área afirmam que, com a pandemia do novo coronavírus, é provável que o carro tenha mais apelo para a população. A participação de mulheres entre motoristas também cresceu na última década. Fernandes aponta uma possível relação com a violência urbana: as mulheres se sentiriam mais seguras dentro do automóvel. Além disso, diz, há a dinâmica familiar: ""As mulheres tendem a ter um padrão de deslocamento diferente, porque têm mais responsabilidade na manutenção da vida familiar. Não fazem só o deslocamento trabalho-casa, mas têm que ir ao mercado e pegar os filhos na creche, entre outras coisas, e nisso o carro pode ser um aliado, principalmente quando o sistema de transporte coletivo e a cidade não colabora"", afirma a especialista. Os dados das CNHs mostram ainda que, mais do que motoristas, há automóveis. No Brasil, são quase 106 milhões de veículos automotores, uma média de 1,4 para cada motorista. Os estados do Piauí e Maranhão são os com mais automóveis por habitante. Já o Distrito Federal é a unidade federativa com menos carros por motorista —apesar de suas largas avenidas e de ter sido planejada tendo o carro como principal meio de locomoção. Acre, Amapá e São Paulo, o estado mais populoso do país, vêm na sequência, com um número menor de automóveis por condutor. [RESUMO] Das tentativas de embranquecer Machado de Assis à exclusão de inúmeros escritores das academias e do cânone, história literária brasileira reflete um profundo processo ideológico de silenciar a voz e apagar o legado de autores negros, avalia pesquisador. Na esteira de protestos, manifestações e debates sobre a onda de ódio racial que assola o país e boa parte do mundo, com potentes reflexos nos Estados Unidos, especialmente após a morte de George Floyd, um tema foi pouco lembrado e carece de mais reflexões: a literatura negra brasileira. Que medo é este de colocar o assunto na mira das atuais discussões? Sob o aspecto estético racial, sendo a literatura o corpus cultural de um povo, sobretudo quando esse povo é nitidamente africanizado, pensar no asfixiamento de nossas narrativas, pelo ponto de vista literário, é o mesmo que supor que essa literatura precisa ser ignorada, apagada, eliminada dos catálogos e dos livros didáticos. Esse apagamento sempre teve um cunho ideológico, diga-se de passagem, pois se constitui em uma espécie de política de Estado, manifestada desde a Colônia e o Império, mas notoriamente adotada na República, desde o seu nascedouro, como instrumento próprio para silenciar e invisibilizar, de um lado, autoras e autores negros, o seu legado, e, de outro, suas raízes africanas e produções intelectuais. Com esse propósito, muitos de nossos autores foram ignorados ou embranquecidos pelo sistema, pela história oficial ou pela academia, incluindo a Academia Brasileira de Letras (ABL), de onde se esperava encontrar o apoio necessário à expansão das ideias e ideais daqueles que também ajudaram a construir verdadeiramente a identidade da nação. Da mesma forma que não se estranhou a foto que revelou a face de um Machado de Assis negro, não se construiu dentro da ABL a base de votos da candidatura de Conceição Evaristo para ocupar, pela primeira vez, enquanto escritora negra, uma das 40 cadeiras da casa. Trata-se de situações pontuais e presentes, é verdade, mas se fizermos uma digressão no tempo, percebemos que o racismo na literatura negra brasileira é muito mais profundo e criminoso do que se parece. O caso mais notório de apagamento das raízes negras no país é o de Machado de Assis, maior escritor da literatura brasileira, festejado recentemente nos Estados Unidos após nova tradução em inglês de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, edição esgotada em apenas um dia. Em uma viagem pelas letras ao longo da história, podemos constatar a exclusão ou embranquecimento de autores como Henrique Dias, o primeiro negro letrado do país, no século 17; padre Antônio Vieira (1608-1697), o brilhante escritor e orador, nascido em Portugal, trazido ao Brasil ainda menino, descendente de uma escravizada africana. Há ainda o surpreendente caso de Rosa Maria Egipcíaca (1719-1778), da Costa do Marfim, que chegou ao Brasil após ser capturada pelo tráfico negreiro. Autodidata, escreveu “Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”, o mais antigo livro criado por uma mulher negra no Brasil. Tido como herético pela Igreja, o livro acabou destruído pela Inquisição portuguesa. O fim de Rosa Maria Egipcíaca permanece um mistério. Levada para Portugal, foi presa pelo Tribunal do Santo Ofício, sob acusação de se autoproclamar santa e alegar ter dons espirituais —segundo relatos, seus rituais misturavam ritos católicos e africanos, reunindo dezenas de fiéis. Não há registros de sua morte. Temos ainda Domingos Caldas Barbosa (1740-1800), carioca, filho de português com uma negra angolana, poeta que popularizou o lundu e pertenceu à arcádia de Lisboa; Silva Alvarenga (1749-1814), um “filho de negro músico de profissão”, conforme sua biografia. Alvarenga estudou em Coimbra e escreveu “Glaura” (1799), poema considerado erótico. Depois veio Paula Brito (1809-1861), contista, poeta, tradutor e editor que publicou os primeiros textos de Machado e o primeiro romance brasileiro, “O Filho do Pescador” (1843), escrito por outro negro genial e esquecido, Teixeira e Sousa (1812-1861). Seguem-se Gonçalves Dias (1823-1864), autor de “Canção do Exílio”, nome forte do romantismo que dispensa apresentações, mas que todos precisam saber que era negro; Maria Firmina dos Reis (1822-1917), primeira romancista negra do Brasil, autora de “Úrsula” (1859). Nascida no Maranhão, era prima, por parte de mãe (uma ex-escravizada), de Francisco Sotero dos Reis (1800-1871), poeta, professor, gramático e autor de “Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira” (1866-1873), fruto da sua experiência docente. E não paramos por aí. Chegamos, então, a Luís Gama (1830-1882), poeta, tribuno e advogado, filho da lendária Luísa Mahin, da Revolta dos Malês, na Bahia; Cruz e Sousa (1861-1898), pai da escola simbolista e atuante abolicionista, mas injustamente referenciado como “poeta branco”. Auta de Souza (1876-1901), poeta espiritualista aclamada por Olavo Bilac (1865-1918), tinha sangue negro por parte de mãe e morreu do vírus da gripe espanhola, assim como o presidente negro Rodrigues Alves (1848-1919). Também com ligações com o mundo político, podemos destacar José do Patrocínio (1853-1905), poeta, romancista, jornalista e ativista, modernizador da imprensa no Brasil e membro fundador da Academia Brasileira de Letras; e Domício da Gama (1862-1925), contista e crítico literário, fundador da ABL ao lado de Patrocínio, embaixador em Washington e ministro das Relações Exteriores. O escritor português Eça de Queiroz (1845-1900) o tratava, preconceituosamente, de “o mulato cor de rosa”. Nesta lista, não podemos deixar de citar o grande Lima Barreto (1881-1922), e pela memória do autor de “Clara dos Anjos” chegamos a Mário de Andrade (1893-1945), um dos principais expoentes da literatura moderna; Solano Trindade (1908-1974), alcunhado o poeta do povo; e Ruth Guimarães (1920-2014), tradutora, jornalista e, acima de tudo, romancista de “Água Funda” (1946), que chegou a pertencer à Academia Paulista de Letras, a mesma que nunca aceitou nos seus quadros Carolina Maria de Jesus (1914-1977), a festejada escritora de “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” (1960), livro traduzido para 16 idiomas e que circulou em 46 países. Nessa galeria mais que ilustre, constatamos outros autores de vital importância que caíram no esquecimento, como o romancista e poeta Jorge de Lima (1893-1953), o dramaturgo e romancista Romeu Crusoé e a mineira Anajá Caetano, que publicou “Negra Efigênia: Paixão do Senhor Branco” (1966). De Crusoé e Caetano quase nada se sabe, como data de nascimento e morte. São tantos os nomes desprezados e apagados de nossa literatura negra que chegamos a imaginar um atentado contra esses autores e suas obras de denúncia racial ou voltadas às raízes africanas. E nem mencionamos nossos contemporâneos, a começar por Conceição, nossa já veterana, com destaques como Ana Maria Gonçalves, Paulo Lins, Joel Rufino dos Santos, Nei Lopes, Domínio Proença Filho, Martinho da Vila e nomes da nova geração, com Jeferson Tenório, Eliana Alves Cruz, Itamar Viera Júnior, Giovani Martins, Jarid Arraes, entre muitos outros. Não é concebível, com tudo isso, que se continue a ignorar tantos talentos, tanta produção festejada e premiada, muitas delas recordistas de vendas, traduzidas para uma série de idiomas e países. Como destaquei no começo deste artigo, que medo é esse que a indústria do livro tem de autoras e autores negros brasileiros? Não podemos mais admitir que continuemos a ser asfixiados até a morte, ou atirados do alto de prédios, como anjos sem asas. A literatura negra brasileira precisa respirar urgentemente. A Lupa, em parceria com o Google News Initiative, lança, nesta sexta (24), uma ferramenta que permite ver o impacto da pandemia do novo coronavírus —caso ela ocorresse exclusivamente na sua vizinhança. No projeto No epicentro, o usuário precisa somente colocar o seu endereço aproximado. Em seguida, uma narrativa mostrará a magnitude da Covid-19 a partir de quantos quarteirões em volta da sua casa deixaria de existir vida se a pandemia ali estivesse concentrada. A ferramenta usa dados do censo 2010 do IBGE para fazer o cálculo. Logicamente, não se trata de uma representação precisa da realidade, mas a ideia do projeto é exatamente trazer as dezenas de milhares de mortes provocadas pela Covid-19 para perto das pessoas e dar uma forma mais concreta às perdas com referências que sejam familiares. O projeto ainda mostra como seria o impacto da pandemia se ela estivesse concentrada em pontos conhecidos de outras grandes cidades, como próximo ao Masp em São Paulo ou no Passeio Público de Curitiba. Os dados da ferramenta serão atualizados diariamente conforme ocorrerem novas mortes por Covid-19 —atualmente, mais de mil mortes são registradas diariamente no país. O projeto, desenvolvido em linguagem de programação Python, foi coordenado por Alberto Cairo, referência em visualização de dados. Natália Leal, diretora de conteúdo da Lupa, foi a gerente editorial da ferramenta. Completam o time de desenvolvimento Vinicius Sueiro, designer, Rodrigo Menegat, jornalista-programador, e Tiago Maranhão. The number of hospitalized patients with severe respiratory failure increased again in states that had been registering a consistent fall, according to data from Fiocruz. They show that Amapá, Maranhão, Ceará, and Rio de Janeiro give signs of what may be the beginning of the so-called second wave of Covid-19 in their territory. Amapá recorded the peak of hospitalizations between May 3 and 9 - there were 65 cases that week. There was a 46% decrease and reached 35 cases. Now it has gone up again, to 59. Maranhão recorded 378 cases in the peak week, dropping to 150. And now it has gone up again, to 167 hospitalizations. Ceará went from 2,048 cases to 813 - and registered 871 last week. Rio reached 2,844 hospitalizations in its worst week, down 60%, to 1,154 - and returned to 1,367 between July 12 and 18. ""The states were declining, but still had high levels of cases. And now they are back up"", said researcher Marcelo Gomes, from Fiocruz, who coordinates the Infogripe. ""It is necessary to assess whether there is a leap because of the economic recovery, or whether cases have spread to the interior or if the two are combined."" Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language El número de hospitalizaciones de pacientes con insuficiencia respiratoria grave aumentó nuevamente de manera preocupante en los estados que habían estado registrando una caída constante, de acuerdo con datos del instituto Fiocruz. Las cifras muestran que Amapá, Maranhão, Ceará y Río de Janeiro dan señales de lo que puede ser el comienzo de la llamada segunda ola del coronavirus. Amapá registró el pico de hospitalizaciones entre el 3 y el 9 de mayo: hubo 65 casos aquella semana. Se produjo una disminución del 46% y llegó a 35 casos. Ahora el número de pacientes ha vuelto a subir, a 59. Maranhão registró 378 casos en la semana del pico, bajó a 150. Y ahora ha vuelto a subir, a 167 hospitalizaciones. Ceará pasó de 2.048 casos a 813, y registró 871 la semana pasada. Río llegó a 2.844 ingresos durante su peor semana, un 60% menos, a 1.154, y volvió a 1.367 entre el 12 y el 18 de julio. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original Mesmo após a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Fundeb na Câmara, na terça-feira (21), a relatora do texto, Professora Dorinha (DEM-TO), diz que ainda não entendeu o posicionamento do governo Jair Bolsonaro sobre o tema. Isso porque a atual gestão não se envolveu nas discussões, tentou desidratar o texto e depois passou a apoiar uma ampliação do papel da União nos gastos de educação em um volume ainda maior do que se previa antes. Como relatora, Dorinha liderou a renovação do Fundeb, considerada histórica para a educação por permitir uma expansão dos recursos. Foi também uma derrota para o governo. Às vésperas da votação, o ministro Paulo Guedes (Economia) tentou adiar a vigência das novas regras e contrabandear, por meio do fundo, recursos para o Renda Brasil, um programa de assistência social que deverá substituir o Bolsa Família. Dorinha diz que a equipe de Guedes tentou convencê-la a abraçar o protagonismo da iniciativa. Ela critica o ministro por não se envolver no tema, tampouco se inteirar dos detalhes do texto. ""Guedes não chamou para si a responsabilidade, e, quando chega dois dias dias antes de votar, veio o tal do Renda Brasil"", disse Dorinha à Folha. ""Me chamaram para ser a mãe do Renda Brasil."" A expressão ficou famosa quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou a então ministra Dilma Rousseff de ""mãe do PAC"", o programa de aceleração do crescimento. Guedes não teve sucesso na empreitada, e houve recuo. Na manhã de terça, o governo tentou obstruir a votação, orientando deputados aliados a evitar quórum para a votação, mas passou a apoiar o relatório da Dorinha depois de conseguir comprometimento do Congresso para criar o Renda Brasil. ""A Câmara não aceitou sair nada do que tinha sido pactuado"", disse Dorinha. ""Mas não consigo entender [o governo]. É como se você fosse pedir aumento para o chefe, você chega pedindo R$ 20 e o chefe diz que não pode, que não dá de jeito nenhum, e no final te dá R$ 25."" Procurado, o Ministério da Economia não respondeu até a publicação deste texto. Principal instrumento de financiamento da educação básica, o Fundeb reúne parcelas de impostos e recebe uma complementação da União para estados e respectivos municípios que não atingem o valor mínimo a ser gasto por aluno no ano. Sua vigência expira neste ano, daí a necessidade de renovação. O texto agora será analisado no Senado. O complemento da União atual é de 10% —cerca de R$ 16 bilhões no ano— e a PEC ampliou o valor para 23%, a serem alcançados de forma escalonada até 2026. Até a semana passada, o texto da Dorinha previa 20%. A deputada também diz não entender a motivação dos únicos sete deputados que votaram contra, todos bolsonaristas, uma vez que o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), apoiou o texto. Ela associa o sucesso da votação à mobilização social, sobretudo de prefeituras e estados. Dorinha não revela se falou com Bolsonaro, embora interlocutores do governo tenham dito que a conversa ocorreu. Ela diz, no entanto, que o presidente se envolveu positivamente. ""Ele entrou pelo meio"", diz. ""Ele foi importante também."" Maria Auxiliadora Seabra Rezende, ou Dorinha, nasceu em Goiânia e é pedagoga. Mudou-se para o Tocantins no início dos anos 1990 e foi secretária de Educação no estado por nove anos, antes de se eleger para seu primeiro mandato na Câmara, iniciado em 2011. Está agora em seu terceiro mandato, com atuação ligada ao tema da educação. Discreta, ela fala sempre em um tom gentil e sem muitas alterações no tom de voz. Mãe de dois filhos, Thays, 31, e Victor Hugo, 29, Dorinha, 55, é casada há 34 anos com o empresário Fernando Rezende. Com experiência, a deputada fala do tema com desenvoltura, e não raro faz digressões para citar dados e especificações técnicas da área. Ela ressalta que seu texto foi construído a partir do consenso possível, embora o governo tenha sido ausente. Por se tratar de tema com alto impacto orçamentário, a articulação com a área econômica é crucial. ""Em um projeto de lei, em uma comissão, você conversa, se acerta, o problema é que a gente não tinha com quem conversar"", conta. Os próprios interlocutores do governo mudavam, segundo ela e outros deputados envolvidos. A atuação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo ela, foi preponderante para que não só a PEC fosse pautada e aprovada como também para a manutenção das linhas gerais do texto. A proposta passou por alterações desde o início de 2019, mas, em geral, manteve um teor que exigiria um esforço federal considerável. Em setembro de 2019, minuta apresentada por ela chegou prever uma complementação da União de 40%. Assim que veio à tona, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub convocou coletiva e disse que governo mandaria uma versão nova mesmo que a tramitação começasse do zero. O Ministério da Economia, por sua vez, vazou projeções de impacto superestimadas. ""O mundo caiu na minha cabeça"", relembra ela. Após novas negociações, o texto passou a prever uma complementação de 20%, mas no final ele foi aprovado com 23%, contanto que 5% sejam investidos em educação infantil. Esse ponto foi uma digital que governo federal conseguiu imprimir no Fundeb. A atual gestão não emplacou, por sua vez, ideias que previam o uso desse dinheiro em escolas privadas —no esquema de voucher— e a possibilidade de pagamento de aposentadorias. Nesta quarta-feira (22), Dorinha não conseguia administrar o volume de mensagens no celular. Acumulam-se apoios vindos de professores e dirigentes educacionais de vários estados, como Maranhão, Mato Grosso, Ceará, e também de artistas. ""Foi uma luta muito grande. Se não fosse um tema com um debate tão perto da sociedade, haveria riscos grandes"", diz. ""O mais importante foi o esteio que tínhamos e a clareza do que queríamos."" Os números de internação de pacientes com insuficiência respiratória grave voltaram a subir de forma preocupante em estados que vinham registrando queda consistente, indicam dados da Fiocruz. Eles mostram que o Amapá, o Maranhão, o Ceará e o Rio de Janeiro dão sinais do que pode ser o início da chamada segunda onda da Covid-19 em seu território. O Amapá registrou o pico de internações entre 3 e 9 de maio —foram 65 casos naquela semana. Verificou queda de 46% e chegou a 35 casos. Agora, voltou a subir, para 59. O Maranhão registrou 378 casos na semana de pico, caiu para 150. E agora voltou a subir, para 167 internações. O Ceará passou de 2.048 casos para 813 — e registrou 871 na semana passada. Já o Rio chegou a 2.844 internações em sua pior semana, baixou 60%, para 1.154 —e voltou a 1.367 entre 12 e 18 de julho. “Os estados apresentavam queda, mas ainda tinham níveis altos de casos. E agora voltam a subir”, diz o pesquisador Marcelo Gomes, da Fiocruz, que coordena o Infogripe. “É preciso avaliar se há um salto por causa da retomada econômica, se há interiorização dos casos ou se são as duas coisas combinadas.” O sistema da Fiocruz, em parceria com o Ministério da Saúde, monitora os dados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. Ela pode ser causada por vários vírus. Em meio à epidemia, no entanto, 96,7% dos casos confirmados de internação são de Covid-19. O Infogripe foi o primeiro sistema a acender o sinal de alerta de que havia uma explosão de internações por problemas respiratórios no país, ainda em março. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO A Spamflix, plataforma de streaming especializada no cinema de arte, oferece qualquer filme de seu catálogo por € 2,50, cerca de R$ 15. Entre os destaques está “November”, comédia macabra que representou a Estônia no Oscar de 2017, e a tetralogia “The Wreckers”, que reúne quatro curtas em animação do artista holandês Rosto, morto há pouco. Street Food América Latina O programa documental sobre comida de rua ganha uma versão latino-americana. Cada episódio percorre uma grande cidade da região, mostrando também as histórias de vida por trás dos quitutes, entre elas Buenos Aires, Bogotá, La Paz, Lima, Oaxaca, no México, e Salvador. Netflix, 10 anos Mestre do Sabor O episódio final da segunda temporada do reality culinário será transmitido ao vivo, com quatro candidatos ainda na disputa pelo prêmio —Ana Zambelli, Dário Costa, Júnior Marinho e Serginho Jucá. Globo, 22h39, 10 anos Repórter Record Investigação Egressa do Jornal da Record, Adriana Araújo assume o comando do programa na nova temporada. Na estreia, o assunto é o assassino serial Francisco das Chagas, que matou 28 crianças no Maranhão entre 1991 e 2003. RecordTV, 22h30, livre Cena Inquieta Com direção de Toni Venturi e curadoria de Silvana Garcia, esta nova série documental procura mapear a produção contemporânea de teatro de grupo no Brasil. No episódio de estreia, o foco cai sobre o Grupo Clariô de Teatro e a Capulanas Cia. de Arte Negra. SescTV, 23h, 12 anos Café Filosófico CPFL Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista da Folha, conversa ao vivo sobre a ideia de febre da filosofia na pandemia. Facebook do Instituto CPFL e YouTube do Café Filosófico, 18h #MirantedaCasa A psicóloga Viviane Mosé debate o papel da escola, a atualidade de Nietzsche e Spinoza, a infantilidade da sociedade moderna e o medo da solidão. Instagram da Casa de Cultura do Parque, 19h Esta coluna foi produzida especialmente para a campanha #CientistaTrabalhando, que celebra o Dia Nacional da Ciência. Ao longo do mês de julho, colunistas cedem seus espaços para abordar temas relacionados ao processo científico, em textos escritos por convidados ou por eles próprios. Cedo o espaço ao cientista palmeirense Miguel Nicolelis, com a única restrição de não mencionar a Taça Rio de 1951... Desde o final do mês de março, quando o Consórcio Nordeste decidiu instalar, numa atitude inédita e audaciosa no Brasil de hoje, o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, para sugerir e recomendar aos nove governadores da região as melhores práticas científicas para enfrentar o coronavírus, a proposta foi a de colocar o Nordeste no ataque para ganhar a maior batalha sanitária da sua história. Para começar, o Comitê incorporou, como primeira ferramenta para atacar o vírus onde ele nos ataca, na casa das pessoas, nos lugares de trabalho e nas vizinhanças das grandes capitais, o aplicativo telefônico, desenvolvido pelo governo da Bahia, Monitora Covid-19. Este app permite ao usuário relatar seus sintomas usando o telefone e, se classificado como paciente de alto risco na Bahia, Maranhão, Sergipe, Paraíba e Piauí, receber consulta médica via telemedicina. Além disso, o app fornece dados para identificar diariamente onde estão os novos focos de infeção por todo o Nordeste (e pelo país), identificados por meio de grande variedade de análises de dados, executadas em sala de situação virtual construída para agora. De posse dos dados, o Comitê propôs que Brigadas Emergenciais de Saúde, pequenos grupos de agentes de saúde, médicos de família e outros profissionais fossem a campo para socorrer infectados, bem como rastrear seus contatos e usar testes para determinar a dimensão da pandemia. Depois de quatro meses de trabalho, o Monitora Covid-19 foi baixado mais de 224 mil vezes. Um total de 86.696 pessoas já usou o app para relatar sintomas. E mais de 58 mil consultas de telemedicina foram realizadas para orientar os nordestinos. Quanto às Brigadas, se espalharam pelo interior de 160 municípios no Piauí, graças ao Programa Busca Ativa do estado, bem como no Maranhão. Semana passada, João Pessoa criou as primeiras 40 Brigadas, tendo visitado mais de 3.800 pessoas em poucos dias. Brigadas Emergenciais de Saúde também surgiram no sul da Bahia, e em outras regiões do Brasil, no leste do Pará e até na Zona Leste de São Paulo. Análises matemáticas permitiram estudar como o vírus se espalhou através da malha rodoviária brasileira, a partir das capitais da costa do país. Foi nos aeroportos internacionais dessas capitais que o inimigo invadiu o país, entre fevereiro e março, quando o espaço aéreo permaneceu aberto a voos internacionais de forma inexplicável. Com tais análises, fomos capazes de prever o processo de interiorização da pandemia pelo país e deduzir o chamado “efeito bumerangue”: o que prevê que, devido ao refluxo de casos graves no interior, as capitais, que têm infraestrutura hospitalar maior, podem sofrer nova sobrecarga nos sistemas de saúde. Tudo isso em meros quatro meses! A Batalha do Nordeste, uma das maiores da Guerra do Coronavírus no Brasil, está ainda longe de ser ganha. Todavia, armado com o que há de melhor na ciência mundial, o Nordeste não ficou na retranca. Atacou, foi para cima do inimigo, com tudo que tem de melhor! Qual é o som da periferia? “Se você der um rolê em qualquer periferia, o barulho sempre será o protagonista da cena —o brega tocando na jukebox do bar, os ônibus passando, a feira de domingo ou a pelada na rua”, diz Jairo Malta, designer da Folha, fotógrafo e aspirante a DJ de funk. Malta assina o blog Sons da Perifa, que estreia nesta segunda (20) no site da Folha, com publicações semanais. O designer, de 32 anos, nasceu e foi criado no Grajaú, o maior distrito de São Paulo, com uma população que passa de meio milhão de habitantes, no extremo sul da cidade. É uma das regiões tradicionalmente ricas em cultura, tendo sido um dos berços do hip-hop nacional nos anos 1990. São do Grajaú nomes como o rapper Criolo e o Pagode da 27, além do funkeiro Zóio de Gato. Há ainda personagens famosos apenas localmente. É o caso do Fran —dono de uma casa de forró que leva seu nome— e da Dona Vilani —que leva poesia e filosofia à quebrada. “No Grajaú, você pode tanto ouvir uma banda cover do Nirvana no clube de motoqueiros quanto um grupo gospel no centro cultural ou um baile de rua na favela da ZR.” Mas, mesmo com os pés em São Paulo, o blog vai olhar para toda a produção periférica do país. Ou seja, vai falar da rapper paraense Nic Dias, que faz trap nortista, e do grupo Fundo de Quintal —coletivo do Maranhão que recria hits com tambores e é fenômeno do Instagram. “Não só de música vive a periferia. Temos fotógrafos inspiradores como Jeferson Delgado, produções audiovisuais como as do Fluxo e eventos do PerifaCon. Quero falar sobre tudo isso.” Mais do que um espaço para discussão de arte periférica, sua estética e relevância, o Sons da Perifa pretende registrar uma cultura que nasce e sobrevive nas ruas. As manifestações de quem geralmente não está na frente das câmeras de TV —no máximo, a dos celulares. “O que alimenta o mainstream são as ruas. É onde tudo começa. A cultura periférica é a base da pirâmide do pop. Se ela desaparece, não existe Anitta, não existe ‘Cidade de Deus’, não existe ‘Domingão do Faustão’.” Mesmo após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que apontou um esquema para desvio de dinheiro do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte), a empresa LCM Construção firmou neste ano dois contratos com dispensa de licitação pelo mesmo órgão. Somados, eles chegam a R$ 26,3 milhões. Em julho do ano passado a construtora mineira esteve no centro da Operação Mão Dupla, investigação desencadeada por uma parceria entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União, em Rondônia. Na deflagração da operação, foram presos funcionários do Dnit e da LCM. Os investigadores apontaram fraude na medição e pagamento de obras de pavimentação asfáltica no estado. Segundo os policiais federais, a operação conseguiu evitar que pelo menos R$ 12 milhões fossem desviados dos cofres do departamento. Os contratos investigados, segundo a Polícia Federal, somavam R$ 186 milhões. A ação policial não causou, na prática, problemas na relação da LCM com o Dnit na gestão Jair Bolsonaro. Neste ano as superintendências do órgão no Maranhão e no Espirito Santo firmaram contratos de, respectivamente, R$ 18,6 milhões e R$ 7,7 milhões com a construtora mineira, sem precisar passar por processo de licitação. As obras foram realizadas em regime de emergência. A LCM tem hoje 85 contratos com o Dnit que somados chegam ao valor de R$ 2,4 bilhões. Desses, 21 foram assinados em 2019 e 2020, com R$ 485 milhões a serem desembolsados pelo departamento. A empreiteira pertence a Luiz Otávio Fontes Junqueira, que também é sócio da Construtora Centro Minas (CCM), que tem seis contratos com o Dnit. O inquérito da Operação Mão Dupla foi relatado pela Polícia Federal e encaminhado ao Ministério Público Federal, que pediu novas diligências para esclarecer pontos da investigação. Segundo o Dnit, a possibilidade ou não de contratação com a administração pública, pelo princípio da isonomia, não é questão de ""escolha"" do gestor. “Conforme normativo vigente, qualquer contratação por dispensa de licitação só pode ser realizada de maneira excepcional, em função de emergências ou calamidade pública, caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens”, diz a nota do órgão. “O processo só é permitido mediante cotação de, no mínimo, 3 empresas, não havendo qualquer escolha sem critérios legais e objetivos por parte da autarquia. A União dispõe do SICAF, sistema unificado que consolida as eventuais restrições e impedimentos, de forma a garantir a lisura dos processos de contratação”, diz o departamento. Segundo o Dnit, antes de firmar contratos com a administração, as empresas passam pela fase de habilitação, na qual são avaliados os documentos referentes às mesmas. Empresas com classificação de inidônea ou proibida de contratar com a administração federal são eliminadas nessa fase. O advogado da LCM, Sânzio Nogueira, diz que todos os contratos firmados com o Dnit observaram os requisitos previstos na legislação aplicável e são regulares. “Além disso, a empresa sempre atuou de forma transparente e seguindo as boas práticas de integridade, não havendo que se falar em irregularidade junto ao Dnit ou qualquer outro órgão público”, diz Nogueira. “Em relação ao empreendimento realizado em Rondônia, as obras foram devidamente executadas, inexistindo, portanto, qualquer lesão ao interesse público”, afirma. “De todo modo, sequer seria possível cogitar a ocorrência de algum prejuízo ao erário, pois o Dnit jamais chegou a realizar o pagamento pelas obras, razão pela qual houve inclusive a revogação dos bloqueios bancários”, completa. O advogado da LCM diz ainda que a própria empresa havia contratado um ""seguro para custear qualquer eventual irregularidade administrativa"". ""Assim, a investigação quanto ao caso continua em andamento, e confia-se que, ao final, a lisura e a regularidade da atuação da LCM serão integralmente esclarecidas.” Pop Com sua possível saída comentada publicamente por membros do governo, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, tem apoio quase unânime entre os secretários estaduais da área, que não estavam tão alinhados aos antecessores. Dos 27 secretários de Saúde do Brasil, 17 disseram ao Painel que aprovam o trabalho do general. Os demais não foram encontrados ou não responderam. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que Pazuello deve ser trocado em agosto. O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), fez duras críticas à ocupação de militares em postos de comando no Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus, em funções antes exercidas por quadros técnicos. Ele disse que o Exército está se associando a um ""genocídio"". Norte a Sul Representantes de Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Distrito Federal, Espírito Santo, SP, Ceará, Tocantins, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Goiás, Pará e Acre elogiaram o trabalho de Pazuello ao Painel. Muitos deles são de governos de oposição a Jair Bolsonaro. Ágil Os principais traços positivos destacados na administração são o pragmatismo, a organização logística e abertura para receber demandas. Na medida ""É uma pessoa cordial, mostrou-se interessado em ouvir e resolver. A equipe que aí está hoje tem uma missão bem definida. Em meio à crise, ninguém irá formular políticas de saúde nem reinventar a roda. São gestores adequados para o momento"", diz Fábio Vilas-Boas, da Bahia. Visão Alguns secretários salientam, porém, que Pazuello só pode ser elogiado por seu trabalho na crise. ""Precisamos começar a pensar num projeto de saúde para o país. Não vejo um projeto estruturado. Para além de nomes, o que interessa é um projeto"", diz Carlos Martins, do Ceará. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) informou nesta sexta-feira (17) que golpistas estão telefonando para segurados, aposentados e pensionistas para pedir dados pessoais ou o número do benefício. Com essas informações, quadrilhas especializadas em fraudes financeiras são capazes de realizar compras ou fazer empréstimos em nome do segurado, entre outras ações capazes de causar prejuízo. Ao entrar em contato com as vítimas, criminosos se passam por atendentes da Central 135, que é a central telefônica oficial utilizada pelo INSS para receber e fazer chamadas para os segurados. Esse tipo de golpe exige ainda mais atenção dos segurados neste momento. Com suas agências fechadas devido à pandemia de Covid-19, o instituto passou a telefonar e a mandar mensagem por SMS para cidadãos que solicitaram benefícios, mas precisam cumprir exigências (entregar documentos ou dar informações) para que seus requerimentos sejam analisados. O INSS alerta, porém, que não pede a confirmação de dados pessoais ou o número do benefício quando entra em contato com o segurado. Em vez disso, o atendente da Central 135 fornece orientações sobre como proceder para o envio da documentação. Ao procurar o segurado, o instituto ainda informa exatamente qual a pendência no requerimento. Caso receba uma ligação solicitando dados pessoais e informação do benefício, o segurado deve encerrar a ligação e entrar em contato com o INSS pelo telefone 135. Para cumprir a exigência enquanto as agências da Previdência estiverem fechadas devido à pandemia de Covid-19, é necessário baixar o aplicativo Meu INSS ou acessar o site meu.inss.gov.br. Quem mora no estado de São Paulo pode levar cópias da documentação exigida em um envelope lacrado até a porta de uma agência da Previdência (veja os detalhes abaixo). O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começou a notificar na quarta-feira (15) segurados que precisam cumprir algum tipo de exigência para que seus pedidos de benefícios possam ser analisados. Existem atualmente 827 mil pedidos de exigências pendentes em todo o país. Quando o cidadão recebe uma notificação de cumprimento de exigência significa que ele precisa entregar algum documento ou prestar informações para que o INSS possa analisar se há ou não direito ao benefício solicitado. A notificação que será enviada para o celular é automática e aparece no visor do aparelho de quem possui o aplicativo Meu INSS instalado. Também nesta quarta-feira, o INSS passou a entrar em contato por telefone com os segurados que precisam cumprir exigências. As ligações são realizadas pela Central 135. Quem receber a ligação será informado da pendência no requerimento e deverá fazer o envio da documentação pelo Meu INSS (site ou aplicativo). Nesta fase, cerca de 325 mil segurados deverão ser contatados por um atendente do instituto. Além da notificação pelo Meu INSS e da ligação do 135, cerca de 300 mil segurados também poderão receber um SMS com as orientações sobre como proceder para o envio da documentação. O INSS produziu um vídeo para explicar como enviar cópias da documentação exigida pelo Meu INSS. Clique aqui para assistir. Ao contatar o cidadão, o instituto informa qual documento ou informação precisa ser entregue para a conclusão da análise do pedido de benefício. Mas esses dados também ficam disponíveis para consulta pelo telefone 135 ou pelo Meu INSS. Em São Paulo, também é possível entrar em contato com os plantões, cujos telefones e endereços de emails constam nas portas das agências. Quem mora no estado de São Paulo, além de poder usar o Meu INSS, tem a opção de encaminhar cópia simples da documentação por meio do serviço dos Correios ou levar pessoalmente o envelope lacrado até uma das agências da Previdência. Se optar por entregar a documentação pessoalmente, as cópias legíveis e sem rasura da documentação exigida devem ser colocadas em envelope que, lacrado, precisa ser depositado em uma das urnas disponíveis nas unidades do INSS em São Paulo. O INSS não emitirá protocolo. Dentro do envelope, além da cópia da documentação solicitada na exigência, deverá haver a cópia de um documento de identidade com foto (RG ou Carteira Nacional de Habilitação) do segurado. O cidadão também precisa colocar no envelope uma declaração, de próprio punho e assinada, responsabilizando-se pela autenticidade e veracidade das informações prestadas. Veja o modelo da declaração: AUTODECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE E VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES APRESENTADAS Eu (nome do requerente) ___________________________________, portador do CPF nº ____________ e do RG nº ________________, declaro que as cópias que depositei em uma urna na agência do INSS são autênticas, feitas a partir de documentos originais. Declaro também que todas as informações que constam nos documentos apresentados são verdadeiras. Declaro saber que estou sujeito (a) às penalidades previstas nos artigos 171 e 299 do Código Penal, em caso de declaração falsa ou diferente de fato ou situação real ocorrida, além de estar obrigado (a) a devolver valores recebidos indevidamente, quando for o caso. Local __________________________________ Data ___/___/___ ______________________________________________________ Assinatura e identificação do (a) requerente ou representante legal Fora do envelope Do lado de fora do envelope, é necessário escrever as seguintes informações: Horário de entrega O envelope poderá ser entregue em uma das agências do INSS em São Paulo, de segunda a sexta-feira, entre 7h e 13h. Não é preciso agendar. Sem contato físico A entrega do envelope nas agências vai ocorrer sem contato físico, por meio de uma urna disponibilizada nas unidades do INSS. Não haverá funcionários no local para prestar quaisquer informações sobre o processo ou dar orientações. Os segurados não receberão nenhum protocolo ou recibo. Correios Nas cidades em que não houver agência da Previdência, além do Meu INSS, a entrega das cópias para o cumprimento da exigência poderá ser feita por meio do envio do envelope pelos correios para a Superintendência do INSS em São Paulo. O endereço é Viaduto Santa Efigênia, 266, 2º andar, Centro, São Paulo, CEP 01033-050. Não mande documentos originais As cópias entregues nas agências ou enviadas pelos Correios não serão devolvidas aos segurados. A documentação será escaneada e inserida no sistema. Depois, as cópias serão destruídas. Por isso, o INSS não aceitará documentos originais. Após o cumprimento da exigência, o segurado pode acompanhar o andamento do processo pelo aplicativo para celular ou site Meu INSS e pelo telefone 135. Auxílio-doença A exigência expressa não valerá para os pedidos de antecipação de R$ 1.045 do auxílio-doença. Neste caso, os documentos só podem ser anexados pelo Meu INSS, no site gov.br/meuinss ou no aplicativo para celulares. ENDEREÇOS DAS AGÊNCIAS Veja abaixo a relação de endereços de agências para a entrega de documentos em São Paulo: O governo Jair Bolsonaro (sem partido) deve nomear para o cargo de diretor de revitalização da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) Davidson Tolentino de Almeida. A Codevasf tem como meta de atuação o desenvolvimento de projetos para as regiões ribeirinhas dos rios São Francisco e Parnaíba e de seus afluentes, nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, Piauí e Maranhão. Davidson é próximo do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é presidente do partido, e substituirá um indicado do PP que já estava no cargo. A manutenção da influência do PP sobre a estatal ajuda Bolsonaro a manter uma boa relação com o partido do centrão, grupo do qual se aproximou para oferecer cargos e receber apoio político. Em 2015, José Expedito, ex-assessor de Ciro Nogueira, disse à Polícia Federal, no âmbito das investigações da Lava Jato, que ele e Davidson recolhiam dinheiro de origem desconhecida e estocavam em um quarto de hotel em São Paulo, como mostrou reportagem do Jornal Nacional. Ele também disse ter recolhido R$ 100 mil do apartamento de Davidson entre 2013 e 2015. Esse dinheiro, segundo ele, tinha como destino o deputado federal Eduardo da Fonte (PP) e seu amigo, o advogado Marcos Meira. Em nota enviada ao Painel, Meira diz que ""as declarações de José Expedito Rodrigues são inverídicas, que não é investigado e, passados cinco anos, jamais foi chamado a prestar esclarecimentos sobre os fatos por ele narrados ou quaisquer outros relacionados a qualquer outra investigação, durante toda a sua vida profissional"". A revista Crusoé revelou em reportagem que Davidson, à frente da diretoria de logística do Ministério da Saúde em 2016, insinuou um pedido de propina a empresários do ramo. Ele falou em ""alinhamento financeiro"" para que eles recebessem as faturas que estavam em aberto na pasta. Davidson é investigado no âmbito de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em 2019. Ele, o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros e outros funcionários da pasta são acusados de improbidade administrativa, prejuízo ao patrimônio público e favorecimento de empresas em licitações. Eles são acusados do pagamento de quase R$ 20 milhões à empresa Global Gestão em Saúde para comprar remédios entregues com atraso. Essa demora teria resultado na morte de 14 pessoas que precisavam dos medicamentos. A denúncia diz que a empresa foi contratada sem licitação e não tinha autorização para importar os medicamentos necessários. Em 2018, o então presidente Michel Temer (MDB) cancelou a indicação de Davidson para o cargo de diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) após forte pressão de entidades contrárias a ela. Elas argumentavam que, além de não ter expertise para o posto, ele estava envolvido no esquema de corrupção apontado pelo Jornal Nacional. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O Brasil atingiu 2 milhões de casos confirmados de Covid-19 com as 43.829 novas infecções registradas, nesta quinta (16). Também foram documentadas 1.299 mortes, o que elevou o total de óbitos pelo novo coronavírus a 76.822. Até o momento, somente Brasil e Estados Unidos tiveram mais de 1 milhão de infectados pela doença. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. Além dos dados diários do consórcio, a Folha passou a mostrar a chamada média móvel. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução da doença, pois atenua números isolados que fujam do padrão. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. O volume registrado às segundas tende a ser baixo, porque laboratórios têm atividade menor aos fins de semana. Já a média móvel para a segunda-feira considera também os dados dos seis dias anteriores, uma informação mais estável. De acordo com os dados coletados até as 20h desta quinta (16), a média de mortes nos últimos sete dias é de 1.081. Alguns estados, como o Rio de Janeiro, relataram problemas para registrar os seus dados no sistema do SUS e, por isso, podem estar com dados incompletos. O Rio, por exemplo, contabilizou só 124 novos casos, número bem inferior ao de dias anteriores. Com 398 mortes, São Paulo teve o maior número de óbitos registradas nas últimas 24 horas. O estado teve crescimento de 80% em sua média móvel de mortos, em comparação com sete dias atrás, e já soma 19.038 vidas perdidas. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, a pandemia tem tido expansão. Isso fica claro pelo crescimento, respectivamente, de 80% e 41% da média móvel das regiões, em comparação com sete dias atrás. O Distrito Federal, com 36 óbitos, continua com um número de mortes próximo ao recorde, 41, atingido na quarta (15). Goiás teve o segundo dia mais letal da pandemia, com 59 mortes registradas e ultrapassou os 1.000 óbitos. O Paraná, que também permanece com números elevados de mortos, registrou 46 óbitos nas últimas 24 horas. O estado, ao todo, tem 1.227 mortes. Enquanto isso, o Maranhão teve 36 óbitos e é outro estado que permanece com números próximos ao recorde, de 39 mortes. O estado já soma 2.608 vidas perdidas. Minas Gerais, com 82 óbitos, também mantém um número elevado de mortes, apontando a expansão da pandemia no estado. O recorde em Minas foi de 90 mortos no dia 9 de julho. O estado já tem 1.834 mortes pelo novo coronavírus O Brasil tem uma taxa de cerca de 36,7 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 42,3 e 68 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 4,6 mortes por 100 mil habitantes. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o Brasil ultrapassou a marca de 2 milhões de casos de covid-19. No total, são 2.012.151 casos e 76.688 mortes nesta quinta-feira (16). Os dados mostram ainda que são 45.403 novos casos e 1322 novas mortes confirmadas pela doença no país. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. O Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos vai custear a construção de um hospital de campanha para o combate ao coronavírus em Bacabal, cidade a 240 km de São Luís, no Maranhão. Segundo ofício do cônsul-geral do país norte-americano John M. Barrett ao governo Flávio Dino (PC do B), o hospital terá 40 leitos e ""contará com qualidade semelhante a dos hospitais de campanha utilizados em nível doméstico e internacional pelos Estados Unidos"". O governo norte-americano contribuirá com macas, ar-condicionado e geradores, que têm chegada prevista para agosto. Além da estrutura, já doou equipamentos de proteção individual e cestas básicas para a administração do Maranhão. Os insumos e os profissionais do hospital serão fornecidos pelo governo do Maranhão, que solicitou a doação ao governo norte-americano por meio de sua secretaria de Indústria, Comércio e Energia. ""Bacabal é uma região central, precisamos de reforços para a cidade e para a região. Com a dificuldade econômica do Maranhão, que já existia, é difícil combater um inimigo invisível. Precisamos da ajuda de todos. Sendo os Estados Unidos, a gente agradece muito, já que não temos muita ajuda do governo federal"", diz Simplício Araújo, secretário de Indústria do Maranhão. Ele diz que tem recebido provocações de bolsonaristas, que apontam que o governo de esquerda foi buscar apoio dos Estados Unidos. ""Digo para eles que aprendi na China que não importa a cor do gato, o importante é que mate o rato"", afirma, aos risos. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começou a notificar nesta quarta-feira (15) os segurados que precisam cumprir algum tipo de exigência para que seus pedidos de benefícios possam ser analisados. Existem atualmente 827 mil pedidos de exigências pendentes em todo o país. Quando o cidadão recebe uma notificação de cumprimento de exigência significa que ele precisa entregar algum documento ou prestar informações para que o INSS possa analisar se há ou não direito ao benefício solicitado. A notificação que será enviada para o celular é automática e aparece no visor do aparelho de quem possui o aplicativo Meu INSS instalado. Também nesta quarta-feira, o INSS passou a entrar em contato por telefone com os segurados que precisam cumprir exigências. As ligações são realizadas pela Central 135. Quem receber a ligação será informado da pendência no requerimento e deverá fazer o envio da documentação pelo Meu INSS (site ou aplicativo). Nesta fase, cerca de 325 mil segurados deverão ser contatados por um atendente do instituto. Além da notificação pelo Meu INSS e da ligação do 135, cerca de 300 mil segurados também poderão receber um SMS com as orientações sobre como proceder para o envio da documentação. O INSS produziu um vídeo para explicar como enviar cópias da documentação exigida pelo Meu INSS. Clique aqui para assistir. Ao contatar o cidadão, o instituto informa qual documento ou informação precisa ser entregue para a conclusão da análise do pedido de benefício. Mas esses dados também ficam disponíveis para consulta pelo telefone 135 ou pelo Meu INSS. Em São Paulo, também é possível entrar em contato com os plantões, cujos telefones e endereços de emails constam nas portas das agências. Quem mora no estado de São Paulo, além de poder usar o Meu INSS, tem a opção de encaminhar cópia simples da documentação por meio do serviço dos Correios ou levar pessoalmente o envelope lacrado até uma das agências da Previdência. Se optar por entregar a documentação pessoalmente, as cópias legíveis e sem rasura da documentação exigida devem ser colocadas em envelope que, lacrado, precisa ser depositado em uma das urnas disponíveis nas unidades do INSS em São Paulo. O INSS não emitirá protocolo. Dentro do envelope, além da cópia da documentação solicitada na exigência, deverá haver a cópia de um documento de identidade com foto (RG ou Carteira Nacional de Habilitação) do segurado. O cidadão também precisa colocar no envelope uma declaração, de próprio punho e assinada, responsabilizando-se pela autenticidade e veracidade das informações prestadas. Veja o modelo da declaração: AUTODECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE E VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES APRESENTADAS Eu (nome do requerente) ___________________________________, portador do CPF nº ____________ e do RG nº ________________, declaro que as cópias que depositei em uma urna na agência do INSS são autênticas, feitas a partir de documentos originais. Declaro também que todas as informações que constam nos documentos apresentados são verdadeiras. Declaro saber que estou sujeito (a) às penalidades previstas nos artigos 171 e 299 do Código Penal, em caso de declaração falsa ou diferente de fato ou situação real ocorrida, além de estar obrigado (a) a devolver valores recebidos indevidamente, quando for o caso. Local __________________________________ Data ___/___/___ ______________________________________________________ Assinatura e identificação do (a) requerente ou representante legal Fora do envelope Do lado de fora do envelope, é necessário escrever as seguintes informações: Horário de entrega O envelope poderá ser entregue em uma das agências do INSS em São Paulo, de segunda a sexta-feira, entre 7h e 13h. Não é preciso agendar. Sem contato físico A entrega do envelope nas agências vai ocorrer sem contato físico, por meio de uma urna disponibilizada nas unidades do INSS. Não haverá funcionários no local para prestar quaisquer informações sobre o processo ou dar orientações. Os segurados não receberão nenhum protocolo ou recibo. Correios Nas cidades em que não houver agência da Previdência, além do Meu INSS, a entrega das cópias para o cumprimento da exigência poderá ser feita por meio do envio do envelope pelos correios para a Superintendência do INSS em São Paulo. O endereço é Viaduto Santa Efigênia, 266, 2º andar, Centro, São Paulo, CEP 01033-050. Não mande documentos originais As cópias entregues nas agências ou enviadas pelos Correios não serão devolvidas aos segurados. A documentação será escaneada e inserida no sistema. Depois, as cópias serão destruídas. Por isso, o INSS não aceitará documentos originais. Após o cumprimento da exigência, o segurado pode acompanhar o andamento do processo pelo aplicativo para celular ou site Meu INSS e pelo telefone 135. Auxílio-doença A exigência expressa não valerá para os pedidos de antecipação de R$ 1.045 do auxílio-doença. Neste caso, os documentos só podem ser anexados pelo Meu INSS, no site gov.br/meuinss ou no aplicativo para celulares. ENDEREÇOS DAS AGÊNCIAS Veja abaixo a relação de endereços de agências para a entrega de documentos em São Paulo: Patos deslizavam sobre as águas congeladas dos lagos de São Joaquim, na serra catarinense, na manhã desta terça-feira (15). A temperatura negativa, que chegou a -8ºC nas estações Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural), pintou de branco os campos cobertos pela geada e criou “pingentes” de gelo em árvores. “O frio foi intenso. Foi possível ver patos deslizando nos lagos. Não é como na Europa, onde é possível caminhar sobre o gelo. Mas, para um lago congelar desta forma, necessita fazer frio”, conta Marcelo Cruz de Liz, gerente da Estação Experimental da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural) da cidade. Se em periferias o frio do Sul do país castiga os mais vulneráveis, os termômetros marcando negativo são uma boa notícia para São Joaquim. A fruticultura, principal atividade econômica da cidade ao lado do turismo, se beneficia do clima típico do inverno. “Para a produção local é excelente. Já acumulamos mais de 500 horas com frio abaixo de 7,2°C. Quanto mais horas de frio, melhor para a macieira quebrar a dormência. O frio é primordial e precisa ser nesta época”, explica Cruz de Liz. São Joaquim tem até versos criados por uma moradora: “O Brasil é muito grande/não tem começo nem fim/Se o sol queima em Cabo Frio/cai neve em São Joaquim”. [link]. Quando cai a neve, como na poesia, os turistas aproveitam para visitar a cidade. A pandemia do novo coronavírus, porém, acabou obrigando que o setor turístico local a se adaptar: hotéis e pousadas só podem funcionar com até 50% da capacidade. “As temperaturas baixas chamam ainda mais os turistas. A paisagem fica lindíssima, divina. Isso chama o visitante. O pessoal tem vindo do Maranhão, de São Paulo, do Brasil todo”, diz a secretária municipal de turismo, Adriana Cechinel Schlichting De Martin. A secretária, porém, se preocupa com o aumento recente de contaminados pela Covid-19 na cidade. “Saltamos de cerca de 15 casos no domingo (12) para aproximadamente 25 na terça-feira (14). A culpa não é do turista, mas o movimento também traz o vírus. Pode ir de máscara no restaurante e na vinícola, mas na hora de provar, vai tirar”, diz a secretária. “Estamos tendo um fluxo maior de turistas do que imaginávamos. Está até sendo meio difícil. Muitos vem sem máscaras e sem preparo, são alguns negacionistas que não estão acreditando na pandemia”, diz De Martin. Quase oito meses após a reforma da Previdência, menos da metade dos estados mudaram as regras para que servidores se aposentem. Das 27 unidades da Federação, 13 aprovaram critérios mais duros para funcionários estaduais. O levantamento foi feito pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. A reforma de 2019 não exige que os estados sigam as mesmas regras de aposentadoria que a União determinou para o funcionalismo federal. Porém, o governo tem buscado incentivar que os governadores também adotem medidas para melhorar a situação financeira dos regimes previdenciários. ""Todos os estados têm consciência de que isso é necessário. É inevitável. Vários já tomaram providências da forma que deveriam fazer, mas alguns estados nem sequer começaram a discutir. Isso é preocupante"", disse secretário de Previdência, Narlon Gutierre. Desde que a reforma entrou em vigor (novembro do ano passado), os estados que alteraram as regras de aposentadoria de servidores são: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo. Quase todo esse grupo seguiu os critérios de idade mínima usados pela União: 65 anos, se homem, e 62 anos, se mulher. Há duas exceções: Bahia (64 anos e 61 anos) e Sergipe (65 anos e 60 anos). Originalmente, o governo apresentou uma proposta de reforma da Previdência mais ampla e que também alterava, logo após aprovação no Congresso, os critérios de aposentadoria para servidores estaduais. Mas, diante da resistência da maioria da Câmara, isso foi derrubado. Deputados queriam que governadores e prefeitos que criticavam a reforma também tivessem o desgaste político para aprovar medidas duras nas respectivas Assembleias e Câmara Municipais. Com a derrota, o governo tem oferecido apoio técnico aos estados para elaborar um plano de revisão dos critérios de aposentadoria dos servidores. A equipe econômica fez uma avaliação —com notas A, B, C e D— sobre a gestão e a situação financeira do regime de Previdência de cada uma das 27 unidades da Federação. Vinte obtiveram notas baixas no ranking (C e D). Seis foram classificadas como B. Apenas o Amazonas conseguiu a avaliação máxima. ""A obrigação [de fazerem a reforma] vem em função da necessidade de esses sistemas serem equilibrados"", afirmou o subsecretário dos Regimes Próprios de Previdência Social, Allex Albert Rodrigues. O Senado aprovou no ano passado uma proposta para tentar estender a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro (sem partido) aos servidores estaduais e municipais. Mas ainda não há clima na Câmara para fazer o projeto avançar. Além disso, o governo rejeita a versão aprovada no Senado, pois os congressistas incluíram mudanças que aliviam regras de aposentadorias, desidratando a reforma em vigor desde novembro. ""A ideia do governo, dentro da proposta encaminhada ao Congresso, é que a reforma do ano passado já tivesse tratado por completo da Previdência dos estados e municípios. [...] Não entendemos que a PEC paralela [como é chamada a proposta aprovada no Senado] seja o melhor caminho"", disse Gutierre. Apesar dos embates no Congresso, a reforma da Previdência de 2019 prevê que os estados façam alterações na alíquota previdenciária cobrada sobre a remuneração de servidores estaduais. Esse percentual não pode ficar abaixo da taxa aplicada sobre o funcionalismo federal. O governo estabeleceu que estados têm até 31 de julho para comprovar que aumentaram as alíquotas previdenciárias de seus servidores para pelo menos 14%, como determina a reforma. Antes a alíquota da União era de 11%. Com isso, há duas opções. Ou estabelecer uma alíquota de ao menos 14%, ou adotar o modelo progressivo da União, com contribuições que variam de 7,5% a 22%, a depender do salário do servidor. A maior alíquota vale para quem ganha acima de R$ 39 mil. Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo já fizeram o ajuste. Portanto, ao todo, 20 unidades da Federação já aprovaram a elevação da alíquota. ""Isso traz uma melhoria financeira para o regime previdenciário, mas a mudança dos [critérios para aposentadoria e] benefícios ainda é fundamental. A pandemia [da Covid-19] veio para piorar esse cenário, principalmente porque começou num ano eleitoral"", avaliou Rodrigues. Os casos mais alarmantes são Amapá, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Tocantins que ainda não cumpriram a exigência de elevar as alíquota. Há pressão desses estados para que o prazo —31 de julho— seja prorrogado. Se descumprirem o aumento de alíquota dos servidores, esses estados perdem uma documentação emitida pelo governo. Sem esse certificado, o estado pode ficar sem a transferência de recursos não obrigatórios da União e sem acesso a empréstimos em bancos públicos ou financiamentos com aval da União. Endureceram critérios de aposentadoria e elevaram as alíquotas de contribuição previdenciária de servidores Acre, Pará, Piauí, Ceará, Bahia, Alagoas, Sergipe, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul Apenas elevaram a alíquota Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Rio, Santa Catarina e Distrito Federal* Não alteraram nenhuma regra Amapá, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Tocantins *Ainda aguarda sanção A reabertura das academias de ginástica na cidade de São Paulo, sob uma série de restrições impostas pela pandemia, não será rentável num primeiro momento, avaliam grandes empresas do setor. O segmento retomou atividades a partir desta segunda-feira (13), com restrições como operar a apenas 30% da capacidade, limite de funcionamento de seis horas diárias e necessidade de agendamento prévio pelos clientes, que devem manter distância mínima de 2 metros entre si e usar máscaras todo o tempo. Vestiários e bebedouros não poderão ser utilizados e clientes em grupos de risco não devem frequentar os espaços por enquanto. Diante das limitações, há empresas que optaram por esperar mais tempo para abrir, como a Competition, que planeja retomar suas operações apenas no dia 27, na expectativa de que até lá algumas das regras já tenham sido relaxadas pelo poder público. Entre as mudanças que deverão ser permanentes para o setor após a pandemia, os empresários avaliam que a oferta de produtos digitais é um caminho sem volta. O setor também deve passar nos próximos anos por um movimento de consolidação, com as cinco maiores empresas – SmartFit, Bodytech, Selfit, Blue Fit e Cia Athlética – ampliando sua fatia de 25% do mercado. Por fim, as companhias devem mudar de forma permanente sua estrutura de custos, diante de uma receita agora incerta. A Just Fit, com 35 unidades no estado de São Paulo e 20 na capital, é uma das empresas que optou por reabrir já nesta segunda-feira, após permanecer fechada desde 19 de março. A operação retoma com 30% a 40% dos funcionários de volta da suspensão de contratos viabilizada pela MP 936. “Inicialmente, a reabertura não é rentável, mas vamos acompanhar de acordo com o retorno dos clientes”, afirma Paulo Rebello, diretor de operações da Just Fit. Segundo ele, o setor tenta negociar com a prefeitura uma flexibilização das limitações de capacidade e de horário de funcionamento, considerados muito restritas em relação aos protocolos de abertura adotados em outros estados. “Defendemos pelo menos 50% da capacidade, o que ajudaria a viabilizar o negócio, assegurando o isolamento. E ao menos dez horas de abertura, para conseguirmos atender adequadamente o nosso público.” Rebello afirma, porém, que o retorno de clientes surpreendeu positivamente neste primeiro dia de reabertura. “De cada 100 lugares disponíveis, 80 estão sendo preenchidos nesse momento”, afirma. Segundo ele, em Araraquara, onde a reabertura aconteceu há três semanas, esse índice chega a 88%. “Estamos bastante otimistas, porque imaginávamos que esse número não ia chegar nem a 50%.” O retorno é um alento para uma empresa que chegou a ter unidades com 60% de cancelamentos de matrículas e uma inadimplência que dobrou de 6% para 12%. Conforme Rebello, o plano de inauguração de oito unidades da Just Fit para esse ano foi congelado e a empresa deve esperar para ver como será o movimento no verão de 2021 para redesenhar seu plano de expansão. A Bodytech planeja reabrir na quarta-feira (15) suas 12 unidades na capital paulista, de um total de 102 em todo o Brasil. Luiz Urquiza, diretor-executivo da empresa, também é crítico quanto à limitação de apenas seis horas de funcionamento por dia. “Essa restrição não nos parece fazer muito sentido, à medida em que, se o objetivo é poder atender o maior número de pessoas, com o menor risco de ter ocupação elevada, sem dúvida alargar o horário de funcionamento seria o ideal”, afirma. Para minimizar o efeito da restrição, a Bodytech está adotando horários alternados entre as unidades e permitindo a seus alunos frequentar outras lojas, de forma a completar na prática 12 horas de disponibilidade para os clientes. Para Urquiza, a viabilidade econômica da operação de reabertura vai depender principalmente de renegociar aluguéis, o principal custo fixo das unidades. Nas academias de shopping, em geral o valor do aluguel tem um percentual variável em relação ao faturamento, o que deve possibilitar um ajuste natural. Já nas unidades de rua, será preciso negociar. Conforme o executivo, a experiência das cidades que já reabriram suas academias mostra uma retomada dos alunos de 40% no primeiro mês, 55% no segundo e até 70% no terceiro. “Em São Paulo, pela limitação de horário, pode ser que isso não se comporte dessa maneira”, diz Urquiza. “Com as seis horas, ao final de um mês, talvez estejamos em 25% a 30%.” O diretor-executivo afirma que os cancelamentos da Bodytech chegaram a 10% das matrículas e houve outros 20% de trancamentos. Assim, com os meses fechados, a perda de alunos e retomada gradual, ele projeta que a empresa perca de 40% a 50% do faturamento este ano, após gerar uma receita de R$ 490 milhões em 2019. A Competition é uma das companhias que optou por não reabrir nesse primeiro momento. Segundo Flavia Brunoro, diretora operacional da rede de academias com quatro unidades e uma escola de natação em São Paulo, a operação de fato não seria rentável sob as restrições atuais, mas esse não foi o principal fator na decisão de não abrir. “Os pontos principais para nós foram a limitação de uso dos vestiários e o horário restrito. Esperamos que isso possa ser revisto até dia 27”, afirma. “Mas, se não acontecer, vamos avaliar e seguir em frente.” Segundo a executiva, uma pesquisa da empresa com 1,5 mil alunos mostrou que 50% deles pretendia voltar à academia imediatamente e 75% em até 30 dias após a reabertura. “Estamos muito otimistas de que os alunos vão voltar”, diz ela. Conforme a Acad (Associação Brasileira de Academias), o setor soma 30 mil academias em todo o Brasil, com São Paulo concentrado 30% do mercado. O faturamento anual é estimado em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões), segundo dados da Ihrsa, citados pela entidade brasileira. “A estimativa dos sindicatos é de que 20% a 30% das empresas do setor acabem fechando devido à pandemia, principalmente pequenas e médias”, diz Richard Bilton, diretor da Acad. Uma pesquisa realizada em junho pela EVO W12, empresa de gestão de negócios do setor de academias, mostrou que o fechamento de academias nos meses de abril a maio foi três vezes maior do que o verificado em 2019. O levantamento apontou ainda para a possibilidade de fechamento de 110 mil postos de trabalho no setor em 2020, após perda de 42 mil empregos no ano passado. Ainda conforme o estudo, no período analisado, houve uma queda de 77% nas vendas de novos planos, na comparação com os meses anteriores à crise. Foi registrada ainda uma redução significativa no número de clientes ativos, com queda de 35% na média nacional. Em estados como Maranhão, Espírito Santo, Piauí e Tocantins, 8 de cada dez alunos deixaram de pagar seus planos. Mais alta nos primeiros dias da pandemia, a taxa de sobrevivência de pacientes internados com Covid-19 voltou a crescer no Brasil. Levantamento feito pela Folha com base em dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde mostra que 60% das pessoas hospitalizadas na semana do dia 13 de junho tiveram alta. Em maio, mês mais crítico, esse índice chegou a 53%, o ponto mais baixo. Os números se referem apenas a pacientes que ficaram internados —ou seja, os casos graves de Covid-19— e não incluem, portanto, o total de pessoas que receberam o diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus. Foram considerados dados até o último dia 13 de junho, e os percentuais são uma média móvel dos últimos 7 dias. A melhora no quadro, segundo especialistas consultados pela reportagem, pode decorrer da combinação de hospitais menos cheios com maior experiência dos médicos e demais profissionais de saúde, que foram aprendendo sobre a melhor forma de lidar com a doença ao longo da pandemia. No fim de março, quando os casos confirmados ainda não chegavam aos milhares, ficou em quase 70% a proporção de doentes internados que conseguiam se curar. À medida que o vírus foi se espalhando e o número de pacientes cresceu, aumentou também a proporção de mortes. A situação foi mais grave no Norte e Nordeste, com redes de saúde menos robustas que as dos estados mais ao sul. O Amazonas, primeiro a ter o sistema de saúde em colapso, viu a taxa de mortalidade nos hospitais crescer rapidamente já no início de abril. Em meados daquele mês, imagens de corpos ao lado de pacientes começaram a circular nas redes sociais. A ocupação de leitos de UTI, necessários para dar o devido atendimento aos casos mais graves, chegou ao limite. Ambulâncias rodavam por horas nas ruas de Manaus à espera de uma vaga para os doentes. Durante mais de um mês, os hospitais registraram mais mortos que curados. No período mais crítico, a cada 5 pacientes internados, 3 morriam. Para dar conta do volume de óbitos, a prefeitura da capital amazonense contratou containers frigoríficos para armazenar corpos e mandou abrir valas comuns em cemitérios. Em 17 de abril, outros três estados tinham mais de 90% de ocupação dos leitos públicos de UTI reservados para pacientes com coronavírus: Ceará, Pará e Pernambuco, todos eles com mais mortos que curados e com a proporção de óbitos em expansão. “Minha impressão é que os pacientes demoravam muito nas emergências para chegar na UTI. Quando chegavam, não tinha muito mais o que se pudesse fazer”, completa. De abril a maio, a situação de caos nas redes hospitalares se repetiu em mais estados, como Maranhão, Amapá, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Naqueles dois meses, o número de mortos pelo coronavírus chegou a 30 mil em todo o país. Com a ampliação emergencial de leitos e com um maior controle da epidemia em alguns estados, a situação deu sinais de melhora. Desde meados de maio, a proporção de pacientes curados vem crescendo no país, especialmente no Amazonas e no Nordeste. Ainda assim, estados como Rio Grande do Sul e Goiás, que nesse período tiveram crescimento dos casos e de ocupação de leitos, registraram aumento da taxa de mortalidade nos hospitais. “Se há três pacientes disputando vaga de UTI, vai o mais grave. Já se temos mais leitos disponíveis para internação cai o tempo de espera em pronto-socorro. Com enfermarias mais vazias, com certeza melhora a assistência”, afirma a infectologista Gladys Prado, do hospital Sirio-Libanês, em São Paulo. Outro ponto citado por especialistas é o aprendizado adquirido pelos profissionais de saúde ao longo da pandemia. A doença é nova, e muitas equipes foram formadas às pressas para lidar com a crescente demanda. Em alguns casos, para atender ao grande volume de pacientes, hospitais e secretarias de Saúde precisaram recrutar profissionais recém-formados ou sem grande experiência prática em UTIs e enfermarias. “Entrava muita gente sem experiência com paciente grave porque no contexto de pandemia era o que dava. Como temos dois, três meses, a equipe inteira já passa a entender mais o que precisa ser feito. Eu sinto que a gente melhorou muito a qualidade da assistência”, diz Ishigami, do Recife. Com o tempo também são feitas novas descobertas científicas sobre o vírus e protocolos são atualizados. Mesmo para os médicos mais experientes, os primeiros meses foram desafiadores. “Muito se tem aprendido agora, durante a pandemia, com a prática"", diz Leonardo Weissman, infectologista do hospital Emilio Ribas, em São Paulo, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. ""É um vírus novo, que está escrevendo a história dele agora."" Poeta, escritor e ativista dos mais importantes do movimento negro brasileiro, Oswaldo de Camargo terá pela primeira vez, aos 84 anos, parte de sua obra publicada por uma grande editora. A Companhia das Letras acaba de fechar o negócio, e três livros sairão no ano que vem. O primeiro é “15 Poemas Negros”, que teve prefácio do sociólogo Florestan Fernandes em 1961 e está fora de catálogo há décadas. Os outros são “O Carro do Êxito”, contos ficcionais de 1972, e a novela “A Descoberta do Frio”, de 1979, que tiveram edições pela Ateliê há quatro anos. Alguns desses poemas e contos foram publicados em francês, inglês e alemão. “É enorme alento para outros autores envolvidos com a literatura negra, demais desconhecida. Conhecer e divulgar autores desse ‘coletivo negro literário’ vai trazer muitas surpresas”, diz Camargo. Militante desde 1955, quando tinha 19 anos, o escritor faz uma literatura do negro urbano, “de gente jovem preta que procura simplesmente ser, mas nem sempre se consegue ser ou sentir que é”. Enfrenta resistência, no entanto, dentro de casa. Seu segundo filho é Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares no governo Bolsonaro. Sérgio se notabilizou por chamar de “escória maldita” o movimento negro tão caro a seu pai. Reclama ainda de um suposto “vitimismo” e sugeriu acabar com o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Desde que Sérgio assumiu a instituição, Oswaldo tem se negado constantemente a comentar esse assunto. Abriu, no entanto, uma exceção para a Folha. Confira na entrevista a seguir, concedida por e-mail. O senhor se considera mais um ativista do movimento negro ou um escritor? Oswaldo de Camargo, como já assinalou Florestan Fernandes no prefácio para “15 Poemas Negros”, é sobretudo escritor, no caso, poeta. Pertence ao mais antigo movimento negro do país, feito com palavras (lembre-se de Cecília Meireles com os versos “Ai, palavras, ai, palavras,/ que estranha potência, a vossa!”, no “Romanceiro da Inconfidência”). Esse primeiro movimento (mover algo para mudar) foi a Imprensa Negra, iniciada em 1833 com o jornal O Mulato, mudado o título no terceiro número para O Mulato ou O Homem de Cor. Sou escritor que tenta desmontar, com contos, novelas ou poemas, alguns castelos em que se escondem, há séculos, o preconceito e o racismo. A arma, julgo, tem que ser a verdade literária, com a vitória da estética. Sou um escritor que procura expor à luz da crítica patriotadas como a que se encontram no hino da Proclamação da República, versos de Medeiros e Albuquerque: “Nós nem cremos que escravos outrora/ Tenha havido em tão nobre país/ Hoje o rubro lampejo da aurora/ acha irmãos, não tiranos hostis”. Sim, parece que o país não teve escravos... Como vê o movimento negro hoje? Qual é a situação do homem negro em São Paulo? O movimento negro continua existindo; basta isso. Com todos os percalços que costumam acompanhar as ações de negros. De 1978 para cá muita coisa mudou, para melhor, fruto também dos que já na década de 1930 se moviam para fazer, como se dizia, uma nova abolição. Lembrem-se os versos de Carlos de Assumpção em seu poema “Protesto”: “Foi um cavalo de Troia/ A liberdade que me deram/ Havia serpentes futuras/ Sob o manto do entusiasmo”. O movimento negro tem que, infelizmente para o país, seguir no rumo de fazer uma nova abolição, como iniciaram intentar a Frente Negra e a imprensa negra nos anos 1930. Uma nova abolição? Creio que a expressão uma “nova abolição” merece algum comentário. Após o júbilo comemorativo depois do 13 de maio de 1888, logo se percebeu que não era bem aquilo que devia ser a verdadeira liberdade do negro brasileiro. Liberdade, com letras maiúsculas. Durante alguns anos, até 1930, sustentado pelo poder oficial, a data foi feriado em todo o país. O negro, porém, continuava ausente das benesses da igualdade, do respeito e, mais, teve a concorrer com ele o imigrante, italiano, alemão, sobretudo. O negro continuou sendo visto como fadado à ignorância, feio, em grande número marginalizado socialmente, como se vê até hoje. Foi nesse quadro que alguns negros e mulatos bem-pensantes começaram a se convencer da necessidade de se fazer, de verdade, uma segunda —e verdadeira— abolição, com autêntica inserção do elemento negro na sociedade. Entre eles, Arlindo Veiga dos Santos, fundador da Frente Negra [partido político fundado no início dos anos 1930 e declarado ilegal no final daquela década], o poeta Lino Guedes e vários outros, que haviam saído da condição geral de analfabetismo (parceiro poderoso da miséria negra) e anomia. O Movimento Negro Unificado [união de entidades em 1978 que marca o retorno do ativismo desmantelado pela ditadura militar], pela sua história e abrangência (coloco a literatura negra como parte dela), é, pode-se afirmar, a expressão maior dessa decisão nascida nos anos 1930, de extraordinária importância para a história do negro brasileiro. A morte de George Floyd nos Estados Unidos foi gatilho para manifestações no mundo inteiro contra o racismo. O senhor acha que isso pode mudar realmente algo agora ou, aos 84 anos, perdeu o otimismo? A morte de George Floyd, para mim, foi impressionante pelo que sugeriu. Pareceu-me, pelo que tenho já vivido e por algumas situações pelas quais já passei, ver ali o Ocidente branco calcando forte a cabeça de um negro (sua parte mais nobre) para que permaneça no chão, aspirando poeira e vergonha. “Seu lugar é o chão!”, berra. Sou otimista, sou religioso, católico, organista de uma igreja, a de Santo Antônio, em Lauzane Paulista [zona norte de São Paulo]. Gosto muito de um pensamento, se não me falha a memória, do pensador francês Leon Bloy: “Só existe uma tristeza: a de não sermos santos”. Quem sabe se, depois de tanta tristeza e mazelas, homens e mais homens, mulheres e mais mulheres percebam que, na atitude diante da questão raça, entraram em trilha errada e é urgente dar uma guinada, com base no pensamento de Leon Bloy? Um de seus seis filhos é Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, que constantemente ataca o movimento negro. Por que ele faz isso, na sua opinião? O Sérgio, com suas ideias e seus propósitos, está dentro da normalidade do governo Bolsonaro. Assim não fosse, lá não continuaria. Quando começaram seus atritos com ele? Sérgio é meu segundo filho, fez jornalismo na PUC, trabalhou na rádio Eldorado, teve cargo de chefia na Agência Estado. Nunca tive atritos com ele. Apenas uma coisa: Sérgio está usando, a seu modo, e conforme o que ele acha a melhor escolha, a sua liberdade. Seu caminho não é o meu. Pai sempre será pai; filho, filho. Houve amigos que me deram solidariedade, vendo-me atingido pelo rumo do Sérgio. Com tudo isso, ele me respeita muito; indiquei leituras a ele. Apenas há a distância de ideias, um valor bastante fundo. Muito notado, no meu caso, por eu ser alguém que desde os 19 anos está embrenhado, sem interrupção, com a questão negra em São Paulo, erguendo e divulgando valores que têm norteado muitas gerações de afro-brasileiros. Qual é sua relação atual com ele? Meu filho Sérgio está há uns cinco anos fora de São Paulo. Viveu em Natal, viveu no Maranhão, dali saiu rumo a Brasília para ocupar seu cargo na Fundação Palmares. Não é uma aventura extraordinária (goste-se ou não dela) do neto de um preto analfabeto e muito pobre, nascido em 1910 em uma Bragança naquele tempo extremamente racista? Nessa história da Fundação Palmares, a despeito de toda a revisão que se tente, persistirá o que tiver solidez histórica e cultural. A única fórmula para saber mesmo qual é minha posição diante da gestão do Sérgio é ler meus livros, sobretudo os que a Companhia das Letras está anunciando para publicação. Eu os escrevi sem me vigiar. Como foi sua infância? Nasci em Bragança Paulista, no bairro da Bocaina, numa fazenda chamada Sinhazinha Félix, em 1936. Meu pai e minha mãe apanhavam café. Eles não possuíam nada, a não ser o próprio corpo, algo comum a muito negro logo após a abolição. Apesar da pobreza de meus pais, tive uma infância luminosa, algo que percebo chegado à idade em que estou. Minha mãe, que faleceu com 27 anos, lavava roupa para a pianista Miquelina Ozório; daí talvez o meu afinco para estudar piano na adolescência. Morta minha mãe, fui internado, com meu irmão de cinco anos e minha irmã de quase dois, no Preventório Imaculada Conceição. Aos dez, fui para o Reino da Garotada Dom Bosco de Poá, instituição fundada pelo padre Simon Switzar, holandês, com métodos de educar vanguardeiros na época. Tive sorte. Essa instituição foi fundamental para meu gosto pela leitura. Gosto não, paixão. Padre Simão é meu pai espiritual. Quando e como foi a primeira vez que sentiu o racismo? A expressão mais funda de racismo que registro em minha história é esta: “Não aceitamos negro porque negro é muito violento e sensual”. Eu ainda estava no Reino da Garotada, e o padre procurava lugar para eu ser seminarista em São Paulo. A última vez que senti racismo, não me lembro. Será que foi quando, sendo revisor de uma agência de propaganda, devendo falar com o diretor dela em um prédio de classe alta, o porteiro me indicou a entrada de serviço? Após ameaçar como uma reportagem do Estadão, subi pela social, mas após ouvir a seguinte frase: “Deixa subir, ele é meu amigo!”. E se não fosse? RAIO-X Oswaldo de Camargo É escritor, poeta e ativista do movimento negro. Estreou na literatura em 1959 e na militância em 1955. Filho de colhedores de café de Bragança Paulista, estudou com padres até que chegou a São Paulo no início da vida adulta. Fez parte da Associação Cultural do Negro. No ano que vem, a Companhia das Letras publicará três obras suas: “15 Poemas Negros”, “O Carro do Êxito” e “A Descoberta do Frio”, escritos nos anos 1960 e 1970 ""Teste, teste, teste. Teste todo caso suspeito. Se for positivo, isole e descubra de quem ele esteve próximo."" Replicada no início da epidemia, a frase do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, se viu atropelada pelo desenrolar da Covid-19 no Brasil. A ampliação da testagem ficou na promessa —ou nas promessas, pois não foram poucas. A principal delas foi a previsão de ofertar 46 milhões de testes até setembro. Seriam 24 milhões de testes moleculares (que verificam a presença de material genético do vírus em amostras das vias respiratórias) e 22 milhões de testes rápidos (que verificam a presença de anticorpos a partir de amostras de sangue). Até agora, porém, só 12,3 milhões desse testes foram distribuídos aos estados, abaixo do previsto em cronograma inicial do programa Diagnosticar para Cuidar, que apontava 17 milhões até o fim de maio. A testagem brasileira —foram feitos no SUS 1,2 milhão de testes moleculares, considerados mais precisos, e, se somados os da rede privada, 2,1 milhões— ainda é considerada baixa, para uma população de 210 milhões, e atrai críticas recorrentes. Questionado, o Ministério da Saúde não informou o total de testes rápidos aplicados na rede pública. Com a rede particular, diz, chega a 2,6 milhões. Mesmo com a oferta limitada, o país é hoje o segundo em número de casos registrados da Covid-19, com mais de 1,8 milhão de pessoas infectadas, menos apenas do que os EUA, que já contam mais de 3,2 milhões, 1/4 do total global. Mas especialistas indicam que o Brasil ainda tem forte subnotificação. Para o sanitarista Cláudio Maierovitch, a ausência de testes dificulta saber o número real de casos da doença no país e o controle da epidemia. ""Testar um caso, rastrear contatos, testá-los e isolar é o que permite o controle da doença onde ela está acontecendo"", afirma. ""Sem testes, não se chega aos contatos dos contatos, e a investigação para no primeiro elo da cadeia [de disseminação]."" Nos últimos cinco meses, o ministério fez diferentes anúncios sobre testes. Além do aumento na quantidade, os planos envolviam coleta de amostras de pacientes com sintomas leves e expansão de laboratórios. Boa parte dessas medidas ficou só no papel. Um raro avanço ocorreu na capacidade de laboratórios públicos, que foi de 1.600 testes por dia, em março, para atuais 14 mil. Outras ainda não vingaram por completo, como a ideia de realizar 30 mil testes em um centro de diagnóstico instalado em parceria com a rede Dasa, que receberia insumos e amostras da rede pública. Até esta última semana, o centro realizava no máximo 3.500 testes por dia. Em contrato, que falava em ampliação progressiva, a previsão era que já fossem feitos entre 13,5 mil e 18 mil por dia na fase atual. ""Vamos crescer essa capacidade conforme a entrega de equipamentos do ministério e a capacidade dos municípios de enviarem amostras"", diz o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana. Também em abril e maio, o ministério anunciou que iria instalar postos drive-thru em cidades acima de 500 mil habitantes para testar casos leves. Mas a medida —cujas amostras seriam enviadas a Dasa e Fiocruz, por exemplo— não foi implementada. Também ficou pela metade a ideia de usar o Telesus, sistema telefônico criado no fim de março para orientar a população sobre sintomas de Covid-19, como mecanismo de rastreamento de contatos de casos confirmados e oferta de testes a grupos de risco. ""Nossa intenção era transformar o Telesus em um grande sistema de rastreamento"", diz o ex-secretário de Atenção Primária Erno Harzheim, que era da gestão de Luiz Henrique Mandetta. Questionado sobre a medida, o ministério não respondeu. Com o atraso, a pasta anunciou no fim de junho uma nova estratégia, , que prevê usar centros de atendimento a Covid na atenção básica para coletar amostras também de casos leves, e não apenas os que chegam graves a hospitais. Até agora, 807 desses centros já foram habilitados. Segundo Mauro Junqueira, do Conasems (conselho de secretários municipais de saúde), municípios esperam apenas a entrega de insumos para iniciar a coleta, ainda sem prazo específico. Ele admite que o total aplicado de testes ainda é baixo. ""Mas esperamos virar o jogo."" Para Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão e presidente do Conass, que reúne gestores estaduais, a estratégia inicial de testagem no país foi confusa. ""Nossos laboratórios não estavam preparados e houve em alguns casos falta de swab [instrumento usado para coleta de amostras respiratórias, similar a um cotonete] e de testes PCR, e, assim que chegaram os testes rápidos em alguns estados, já tínhamos uma curva muito acentuada da doença."" Segundo Marco Krieger, vice-presidente de inovação e produção da Fiocruz, um dos problemas do atraso na ampliação de testes foi a falta inicial de informações sobre o vírus. O cenário mudou com a chegada do vírus à Europa e a declaração de pandemia —o que levou à dificuldade de obter insumos e à necessidade de ampliar a produção, estimada inicialmente em 50 mil testes. Até agora, foram entregues pela Fiocruz 5,2 milhões de testes. A previsão é chegar a 11,5 milhões até setembro. ""O primeiro gargalo foi a produção, mas isso já está superado"", diz ele, segundo quem há agora outros a enfrentar, ""como insumos de coleta e logística das amostras"". A concorrência por insumos e problemas de logística também são apontados pelo ex-ministro da Saúde Nelson Teich. ""Nossa expectativa era em junho fazer já 60 mil testes por dia."" Procurado, o Ministério da Saúde diz que começou a busca por testes ainda em janeiro, mas que a corrida global provocou falta de insumos. Segundo a pasta, uma operação de compra de 15 milhões desses materiais começou a ser feita com apoio da Fiocruz em abril. Desse total, 1 milhão já foi distribuído, e a previsão é entregar outros 200 mil por semana. Em nota, o ministério diz ainda que ""está ampliando a capacidade de testagem na rede"" e que mantém a previsão de entrega de 46 milhões de testes. Mas não informou quantos já foram adquiridos. 1. AMPLIAR A OFERTA Expectativa fazer 46 milhões de testes até setembro, sendo 16 milhões até maio, 21 milhões de junho a agosto e 8 milhões nos meses seguintes. Realidade Até 8 de julho, 12,3 milhões de testes foram distribuídos aos estados, sendo: 2. TESTAR EM MASSA Expectativa Testar até 22% da população até setembro. Realidade Total cresceu, mas é limitado. Ministério não tem controle de todos os testes aplicados e total engloba testes feitos por estados e municípios. 3. ELEVAR A CAPACIDADE DE PROCESSAMENTO DOS LABORATÓRIOS Expectativa Aumentar progressivamente análise em laboratórios centrais e, em junho, processar por dia 16 mil testes na Fiocruz, 5.000 no Instituto de Biologia Molecular do Paraná e 30 mil em parceria com rede privada Dasa. Realidade Capacidade de processamento da rede pública cresceu de 1.689 em março para 14.567 em junho. Mas plano atrasou. Atualmente, Fiocruz tem laboratórios com capacidade para 7,5 mil testes por dia, enquanto a Dasa tem feito hoje cerca de 3.000 testes por dia. 4. AUMENTAR AS UNIDADES SENTINELA E TESTAR NELAS 100% DAS AMOSTRAS Expectativa No fim de março, o ministério anunciou que pretendia ampliar número de unidades sentinela, centros que coletam amostras de parte dos pacientes atendidos com síndrome gripal, de 168 para 500 até junho, e testar também 100% dos casos. Realidade País tem hoje 237 unidades. Pasta não informa o total de amostras testadas nestes locais. 5. INSTALAR DRIVE-THRUS E AMPLIAR TESTAGEM DE CASOS LEVES Expectativa Postos drive-thru coletariam amostras e testariam casos leves em cidades acima de 500 mil habitantes. Resultado seria entregue por celular entre 24h e 96h depois. Realidade Postos não saíram do papel. Ministério diz agora que testes serão ofertados em centros de atendimento a doentes da Covid (que podem ser unidades de saúde com espaço específico para esse atendimento). Há hoje 807 habilitadas, mas ministério não informa em quantas a coleta já ocorre. 6. RASTREAR POR TELEFONE E OFERTAR TESTES Expectativa Programa automático que telefona e questiona sintomas, Telesus, seria ligado a oferta de testes e monitoramento de contatos de casos confirmados. Realidade O Telesus foi implementado, mas não incluiu a oferta de testes. Representantes de fundos de investimento e pensão estrangeiros afirmaram ao vice-presidente Hamilton Mourão que vão levar em conta, para medir o nível de comprometimento do Brasil na área ambiental, fatores como redução significativa das taxas de desmatamento, implementação do Código Florestal, prevenção de incêndios na Amazônia e publicação de dados transparentes sobre preservação. Mourão participou nesta quinta-feira (9) de uma videoconferência com fundos de investimento e pensão do Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda e Japão. Eles fazem parte de um grupo de 29 gestoras de capital que enviaram, no final de junho, carta aberta a diferentes embaixadas do Brasil no exterior. O grupo pediu uma reunião para discutir o desmatamento na Amazônia. A manifestação desses fundos, que juntos administram cerca de US$ 4,1 trilhões (R$ 21,6 trilhões), preocupou o Palácio do Planalto, que passou a temer uma fuga de investimentos com a deterioração da imagem internacional do país. Após a teleconferência, o fundo de pensão norueguês Storebrand, que age como porta-voz do grupo, divulgou nota. No texto, afirma que as florestas tropicais têm papel crucial no combate às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade e de ecossistemas. ""Nós vamos continuar a monitorar os acontecimentos no Brasil para medir nossa exposição aos riscos financeiros provenientes do desmatamento"", afirmavam o fundo na nota. Em coletiva de imprensa após a videoconferência, Mourão afirmou que os investidores esperam que o país apresente resultados positivos na área de preservação ambiental. “Óbvio que eles querem ver resultado, que haja efetivamente uma redução do desmatamento”, disse. Mourão afirmou que o governo trabalha com um planejamento até o final de 2022 para apresentar melhores resultados no combate ao desmatamento. Segundo ele, a ideia é que o govreno, ao longo do tempo, dê continuidade a operações repressivas e a entrada efetiva dos demais pilares da política ambiental, que o ministro Ricardo Salles [do Meio Ambiente] colocou. E também trabalhe as propostas que a ministra Tereza Cristina [da Agricultura] apresentou em relação a regularização fundiária e pagamento por serviços ambientais ""A ideia é que gente vá, pouco a pouco, para usar uma expressão gaúcha, arrinconando os que cometem ilegalidades, para que a gente chegue a um número de desmatamento que seja aceitável”, afirmou Mourão. Participaram da reunião virtual, além de Mourão, os ministros Braga Netto (Casa Civil), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura), Fábio Farias (Comunicações) e Ricardo Salles (Meio Ambiente). Também acompanharam a discussão o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Sergio Segovia. Salles confirmou, por sua vez, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve assinar, na semana que vem, um decreto para suspender queimadas legais no Brasil por 120 dias. Medida similar foi realizada no ano passado, sem o retorno esperado. No atual contexto, porém, a medida é mais uma tentativa de o governo mostrar que está sensível a pauta dos fundos. Segundo Salles, não haverá exceções nos biomas da Amazônia e do Pantanal. Nos demais, queimadas poderão ocorrer dentro de restrições pré-estabelecidas. À noite, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou em nota que o ""Diário Oficial da União"" desta sexta-feira (9) trará um decreto que prorroga até 6 de novembro a operação Verde Brasil 2, que emprega Forças Armadas na GLO (Garantida da Lei e da Ordem) na Amazônia Legal, para a realização de ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais, direcionada ao desmatamento ilegal, além do combate a focos de incêndio. O texto do decreto não foi divulgado. De acordo com relatos feitos à Folha, Mourão colocou à disposição dos investidores estrangeiros as áreas técnicas dos diferentes ministérios que participaram da conferência para que eles possam obter dados oficiais sobre a política ambiental do governo Bolsonaro. Além de reconhecer que o governo precisará apresentar resultados no combate ao desmatamento para reverter os danos à imagem do Brasil, Mourão defendeu aos estrangeiros algumas ações do governo Bolsonaro, entre eles, a regulamentação de mineração em terras indígenas. Mourão argumentou na teleconferência que, embora tenha sido proposta pelo governo, a medida está em discussão no Congresso Nacional, que dará a palavra final sobre o assunto e onde diferentes interesses da sociedade brasileira se manifestam. Salles, ainda segundo relatos, apresentou aos executivos dos fundos um pacote de ações ambientais, entre elas um plano de controle do desmatamento ilegal, medida que unifica iniciativas anteriores e inclui ações nas áreas de pagamento por serviços ambientais, regularização fundiária e zoneamento ecológico econômico. Ele pediu contribuições dos estrangeiros para essas ações, mas não houve comprometimento por parte dos investidores. Mourão coordenou a reunião como presidente do Conselho da Amazônia, órgão que passou a ser responsável por ações ambientais na região. Uma das metas colocadas pelo vice-presidente é a reativação de doações internacionais, entre elas as do Fundo Amazônia, paralisadas após divergências entre Salles e os governos dos dois maiores doadores: Noruega e Alemanha. Um dos maiores desafios de Mourão no momento é apresentar algum dado aos estrangeiros que mostre comprometimento do governo com a preservação, uma vez que a expectativa de especialistas é que os índices de desmatamento continuem registrando aumento. Nesse sentido, Mourão trabalha para, ao menos, evitar a onda de queimadas registrada no ano passado e chegar ao final de 2020 com indicadores que apontem para uma situação de contenção dos focos de incêndio. ""É agora, no segundo semestre, que começa efetivamente a temporada de incêndio na região que mais nos preocupa, o norte Mato Grosso e sul Pará. Hoje temos focos de calor nessa região ainda em número compatível... O uso do fogo faz parte da cultura do trabalho de campo para as pessoas que vivem nessa área. Obviamente não vamos tolerar em nenhum momento que esse fogo avance fora do controle"", declarou Mourão na coletiva. Ele deve fazer uma nova rodada de conversas nesta sexta-feira (10) com empresários nacionais. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, afirmou nesta quinta concordar com a ideia de que a Amazônia Legal, que abrange oito estados do Norte e do Centro-Oeste, mais parte do Maranhão, é um conceito ultrapassado. ""Ela pega biomas que não são amazônicos"", disse Azevedo durante uma live do grupo Personalidades em Foco. Segundo o ministro, a ideia da Amazônia Legal era incentivar o investimento na região por meio de subsídios às unidades federativas, mas isso agora não faria mais sentido. Ele respondia a uma questão acerca do tema, mas não se estendeu. Como as principais áreas de desmatamento ficam hoje no Centro-Oeste e no sul maranhense, sua afirmação pode ensejar críticas de quem acha que o governo gostaria de reduzir a área considerada amazônica e melhorar os índices de desmatamento alvo de questionamento no exterior. Colaborou Igor Gielow, de São Paulo Não curtiram O anúncio do Facebook de exclusão de contas ligadas a integrantes do gabinete de Jair Bolsonaro, filhos e aliados fez auxiliares do presidente entrarem em contato com executivos da empresa de Mark Zuckerberg. Perguntaram o que havia motivado o ato e se havia ligação com o inquérito das fake news, que está no STF. Tiveram como resposta que as remoções no Brasil foram parte de uma ação global da rede social e não era nenhuma perseguição contra bolsonaristas ou contra o governo. Atuação Parte das contas excluídas promovia propagação de ódio e ataques políticos, segundo o Facebook. Nenhuma investigação no Brasil tinha conseguido até agora ligar auxiliares de Bolsonaro com as publicações. Sinais No Congresso, a leitura feita por políticos é que o anúncio foi um gesto em meio à discussão do projeto de lei de fake news. Um dos pontos mais polêmicos do texto aprovado no Senado é o que obriga as plataformas a registrar todos os que encaminham mensagens. Na Câmara, deve haver mudança. De Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão, sobre Moro ter dito que os dois políticos são extremos a serem evitados Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto Foram registradas 1.187 mortes e 41.541 novos casos da Covid-19 no Brasil, nesta quarta (8). Com isso, o país chegou aos 68.055 mil mortos pela doença e aos 1.716.196 casos. Os dados são fruto de colaboração inédita entre Folha, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são coletadas diretamente com as Secretarias de Saúde estaduais. O balanço é fechado diariamente às 20h. O Acre não havia divulgado os dados do dia até o fechamento do balanço. Recordes de mortes em 24 horas foram registrados nos estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná. O estado Bahia teve recorde de mortes registrado no dia, com 61 óbitos, mesmo valor registrado no último dia 6. O total chegou a 2.277. Minas Gerais, que vê a pandemia crescer no estado, também igualou o seu recordes de mortes pelo novo coronavírus em um único dia, 73. O mesmo valor havia sido atingido em 4 de julho. O Paraná registrou 43 mortes (o mesmo valor registrado em 2 de julho) pela Covid-19 e, em meio ao agravamento da pandemia no estado, chegou a 880 óbitos. O Maranhão vem mantendo valores próximos ao seu recorde, 39 mortes registradas em 24 horas, durante quase todos os meses de junho e julho. Nesta quarta, o estado registrou 38 óbitos e, dessa forma, chegou a 2.324 mortos pela Covid-19. Alagoas também manteve números próximos ao seu recorde (26 mortos em 5 de junho), com 21 óbitos registrados no último dia. O total do estado chegou a 1.213. O Rio Grande do Sul é outro estado que teve número de mortos próximo ao recorde (40). O estado registrou 37 óbitos, segundo maior valor registrado. São Paulo foi o estado com o maior registro de mortes, 313 (e total de 16.788), seguido pelo Ceará, com 102 óbitos (e total de 6.665). O Rio de Janeiro, terceiro estados com mais mortes no dia, registrou 89 óbitos e soma 10.970 vidas perdidas. O Brasil tem uma taxa de cerca de 32,5 mortos por 100 mil habitantes. Os Estados Unidos, que têm o maior número absoluto de mortos, e o Reino Unido, ambos à frente do Brasil na pandemia (ou seja, começaram a sofrer com o problema antes), têm 40,4 e 67,1 mortos para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Na Argentina, onde a pandemia desembarcou nove dias mais tarde que no Brasil e que seguiu uma quarentena muito mais rígida, o índice é de 3,7 mortes por 100 mil habitantes. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (8) mostram 44.571 novos casos e 1.223 novas mortes confirmadas pela Covid-19 no Brasil nas últimas 24 horas. O total já chega a 67.964 mortes e 1.713.160 casos pelo novo coronavírus. A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorre em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes. Governos estaduais, prefeituras e Defensorias Públicas têm travado uma disputa judicial com União e conselhos de medicina na tentativa de liberar a contratação de médicos formados no exterior durante a epidemia do novo coronavírus. As primeiras decisões sobre o tema começaram em maio. Desde então, a disputa continua e ganhou reforço de novas ações. Para atuar no país, médicos formados no exterior precisam passar por um processo de revalidação do diploma, o que geralmente ocorre por meio de uma prova chamada de Revalida. Governos têm alegado atraso na realização do exame nos últimos dois anos e dificuldade em contratar profissionais —daí a tentativa de realizar decretos e editais para esses contratos. O impasse foi parar na Justiça. Já os conselhos tentam barrar a medida sem que haja revalidação do diploma. A Folha localizou ao menos sete ações recentes sobre o tema, a maioria envolvendo estados e municípios do Norte e Nordeste, como Maranhão, Acre, Roraima e cidades do Amapá e Sergipe. Destas, cinco têm como status mais recente a derrubada de pedidos ou iniciativas que abriam espaço para contratação. A alegação é que a medida fere Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual determina revalidação do diploma. Outras duas tiveram cenário oposto, sob o argumento de garantir a assistência de forma temporária. Em geral, as ações judiciais vêm de conselhos de medicina, mas também de governos, defensoria e Ministério Público. O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Ribeiro, diz que vê um movimento político para burlar as normas atuais que exigem a revalidação do diploma durante a pandemia. ""A medicina sofre um ataque meramente político para trazer, à revelia da lei, profissionais supostamente médicos sem que comprovem conhecimento mínimo"", diz. ""É um absurdo, um casuísmo no meio dessa tragédia que estamos vivendo. Não falamos isso como uma medida corporativa, mas para defender o bom atendimento à saúde da população brasileira."" Em meio ao embate, o conselho divulgou na última semana os resultados de uma pesquisa encomendada ao Datafolha sobre a percepção da população ao Revalida. O levantamento ouviu 1.511 em todas as regiões. Desses, 91% disseram apoiar a necessidade de revalidação do diploma para que médicos formados no exterior atuem no Brasil. Estados e prefeituras, no entanto, alegam que a pandemia tem trazido uma situação excepcional, com aumento na demanda por profissionais. Dizem ainda que a contratação levaria em conta médicos que já atuaram no programa Mais Médicos, por exemplo. A queda de braço, porém, parece estar longe do fim. Em Aracaju, uma decisão inicial, a pedido do Ministério Público, chegou a determinar que o Conselho Regional de Medicina concedesse registro temporário a médicos sem diploma revalidado. O grupo atuaria no hospital de campanha da cidade. A medida, porém, foi revista no fim da última semana por um desembargador do Tribunal Regional Federal da 5a região. A nova decisão veio após recurso do Conselho Regional de Medicina do Sergipe, que apontava riscos na atuação dos médicos. Questionada, a secretaria municipal de saúde diz que a medida levará ao fechamento de leitos recém-abertos com a contratação de médicos formados no exterior. ""Com a decisão favorável ao conselho, a prefeitura terá de reduzir o quantitativo de leitos disponíveis atualmente no hospital de campanha de 102 para 60, deixando de atender 42 pacientes que necessitam de leitos de estabilização no tratamento contra a covid-19"", diz. Em nota, o conselho nega dificuldade na contratação e aponta falta de resposta da prefeitura a médicos que poderiam ser contratados. Já a prefeitura diz que, de uma lista com mais de cem nomes aptos a trabalhar enviada pelo conselho, apenas sete profissionais demonstraram interesse. Embate semelhante ocorre em outros estados. No fim de junho, a Justiça Federal reverteu liminar que possibilitava ao governo do Acre realizar contratação de médicos formados no exterior e sem Revalida. O estado diz que analisa como recorrer da decisão. Já estados como Maranhão e Roraima obtiveram decisões favoráveis à contratação temporária sem Revalida, desde que com prioridade nas vagas a médicos formados no país. Para o defensor público regional em direitos humanos em São Paulo, João Paulo Dorini, a situação evidencia uma dificuldade antiga em levar médicos a regiões mais carentes. O caso levou a DPU (Defensoria Pública da União) a ajuizar, no fim de abril, uma ação para que CFM e União não impedissem governos de contratar médicos formados no exterior para atuação temporária durante a pandemia. O órgão diz ter feito um levantamento à época que apontava 15 mil médicos ainda sem diploma revalidado —a maioria era de brasileiros formados em faculdades de países próximos, como Paraguai, Bolívia e Argentina, mas também refugiados e outros imigrantes. O pedido, porém, foi negado. Na decisão, o juiz que analisou o caso afirmou que a situação de pandemia não justifica ""permitir a contratação de profissionais médicos que não atendam a requisitos legais"". Agora, o órgão analisa novas formas de recorrer. Segundo Dorini, a decisão não impede novas tentativas de contratação pelos estados e ações sobre o tema. O argumento é que o atraso na realização do Revalida impede a tentativa de revalidação do diploma pelos médicos, que poderiam ser colocados de forma temporária em funções de apoio —desde que tenham habilitação para atuar no país de formação, afirma. Para Mauro Ribeiro, do CFM, porém, não há garantia de que os médicos seriam aprovados no Revalid. Nos últimos anos, a média de aprovação foi de 19,87%. Ele chama de falácia a dificuldade na contratação, mas reconhece problemas na distribuição de médicos. ""Medicina é uma profissão como todas as outras. Onde tem mercado tem médicos, e onde não tem mercado há dificuldade em alocá-los"", diz ele, que defende mecanismos de carreira de Estado para fixar profissionais nestes locais. Questionado, o Inep, instituto responsável pelo Revalida, afirma que está organizando cronograma do novo exame. O instituto atribui o atraso a uma necessidade de reaplicar a prova a participantes da edição ocorrida em 2017, o que impediu que o exame fosse realizado nos dois últimos anos. Durante anos, o apartamento de 400 metros quadrados na Avenida São Luís, no centro de São Paulo, recebia uma multidão de amigos e conhecidos todo dia 25 de setembro para a comemoração do aniversário do seu único morador: o pecuarista, cafeicultor e boêmio Julio Cesar de Toledo Piza Junior, ex-presidente da Bolsa de Mercadorias de São Paulo, atual BM&F Bovespa. Seu Julio ou Julinho, como era conhecido, paulista de Araraquara, chamava para essas festas —e também para o réveillon— políticos, como Marta Suplicy, artistas plásticos, como Ivald Granato e Rubens Gerchman, apresentadores de TV, como Marília Gabriela, cantores, como Ana Cañas, empresários, advogados, garçons, barmen, sambistas, mulheres de várias faixas etárias, gente do mundo da moda, drag queens e uma infinidade de figuras da noite paulistana. Puxadores de escolas de samba, pianistas, ritmistas e DJs tocavam música brasileira a noite toda. Generoso, o anfitrião não economizava nas bebidas: servia uísque escocês e vinhos da Borgonha. Em uma das celebrações, foram esvaziadas 40 garrafas de champanhe Dom Pérignon. Enquanto os convidados dançavam e conversavam, o aniversariante ficava sentado em sua poltrona. Vestia terno risca de giz e colete, alfinete com pérola na gravata e sapatos feitos sob medida, caracterizado como um chefão mafioso aguardando o beija-mão. Rouco, falava pouco e, à vontade nesse papel, sem se levantar, esperava que cada um fosse reverenciá-lo. Nos outros dias do ano, podia ser encontrado em uma mesa na entrada do Bar da Dona Onça, no edifício Copan, quase ao lado do seu prédio. Embora o sucesso da casa esteja ligado aos chefs Janaína e Jefferson Rueda, seus vizinhos no condomínio e organizadores das festas que oferecia, foi ele quem ajudou a financiar o empreendimento, aberto em abril de 2008. Mais tarde, seu único filho, Julio Neto, seria o sócio investidor da Casa do Porco, também criada pelo casal Rueda. Os dois lugares tiveram, desde o primeiro dia de funcionamento, um êxito extraordinário. Julinho resolveu engajar-se na abertura do Dona Onça para ter seu próprio bar, além do que mantinha no apartamento, rodeado por quadros de Di Cavalcanti e Volpi, mais pôsteres originais de filmes estrelados por John Wayne, Marlon Brando e Audrey Hepburn. Por algumas décadas, foi recebido com tapete vermelho em seus endereços favoritos, já desaparecidos: Paddock, Bistrô, David’s, Baiúca e o Clubinho (bar da Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna). Em todos eles, bebia apenas Johnny Walker rótulo vermelho (a senha de seu wi-fi era “Red Label”). Comia enormes pratos de nhoque ou grandes filés à milanesa e devorava caixas inteiras de chocolate Bis. Só conseguiria perder peso depois de se submeter a uma cirurgia. Sem nunca ter feito curso superior, lia muito, contava piadas e, separado havia 40 anos, gostava de estar cercado por mulheres. Adorava reinar no centro da cidade, circulava pouco fora dali e detestava viajar, exceto para ir visitar suas três fazendas, dirigindo uma caminhonete. Morreu na quarta-feira (8), de falência múltipla de órgãos, aos 80 anos. Deixa o filho, a nora, Cristiane, dois netos, João Pedro e Antônio, e incontáveis amigos e admiradores. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa São enganosos o conteúdo e a proposta do site Covid Tem Tratamento Sim, lançado em junho. A página diz que “após meses observando o desenvolvimento da Covid-19 em vários países, a comunidade médica internacional tem a CONVICÇÃO de uma estratégia de tratamento RESOLUTIVA para a COVID-19”. A afirmação foi feita sem comprovação e sem a anuência mesmo de pessoas que supostamente apoiavam a iniciativa, conforme o Comprova verificou. A equipe do projeto conversou com quatro das seis autoridades médicas citadas pelo site e nenhuma delas soube informar quem criou a página ou mesmo quem pagou para ela ir ao ar –uma delas não sabia nem que o endereço tinha sido lançado. Segundo Alla Dolganova, médica que atua na Prefeitura de Porto Alegre desde 2009 e diz fazer parte do grupo central que discute as diretrizes nacionais do movimento #CovidTemTratamentoSim, o objetivo dos profissionais envolvidos era criar um site com apoiadores do tratamento precoce contra a doença. Ao Comprova, a médica afirmou que o conteúdo do site ia além disso. No dia 3 de julho, a página foi tirada temporariamente do ar e, segundo Alla, a remoção aconteceu porque o site citava um coquetel de medicamentos. De acordo com ela, informar o nome das drogas vai contra o que ela e outros profissionais acreditam. “A ideia não era divulgar remédios. Dar o remédio é decisão médica”, disse Alla. O portal retornou ao ar em 7 de julho sem citar as medicações nem os profissionais de cada estado que estariam dispostos a receitá-las. Os medicamentos citados inicialmente pelo site eram a cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e heparina. Diferentemente do que o endereço insinuava, nenhum deles tem eficácia comprovada contra o novo coronavírus em nenhuma fase da doença, segundo órgãos como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Organização Mundial da Saúde (OMS). O site afirma que há 17 médicos “comprometidos com o tratamento precoce” de seus pacientes. Eles estariam distribuídos entre 12 unidades federativas: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. O Comprova conversou por telefone com uma das profissionais citadas, Alla Dolganova, médica russa especializada em pneumologia e com PhD em virologia que está há 20 anos no Brasil. Defensora de que há comprovação em certos tratamentos de combate à doença, ela disse em entrevista ao Comprova, por telefone, que não recebeu nenhum convite para integrar o movimento, mas que seu interesse em se unir a outros médicos foi espontâneo. Alla afirmou ser parte do grupo central que discute as diretrizes nacionais do movimento. “Nossa ideia é criar um site com apoiadores de tratamento precoce. Somos um grupo de oito pessoas à frente desse movimento. Elaboramos orientações para os médicos que querem aderir. Temos quase 400 assinaturas de médicos nos apoiando”, declarou. Alla também observou que o movimento foi dividido nas cinco regiões do país e que cada estado tem um grupo próprio no WhatsApp: “Tem muitas lives saindo sobre este projeto, com médicos, empresários, jamais imaginávamos que iria crescer tanto esse movimento. Só no Rio Grande do Sul, somos oito.” Segundo ela, além dos grupos estaduais e regionais, há um grupo de WhatsApp nacional. Em 3 de julho, o site teve a maior parte do conteúdo removido, incluindo recomendações sobre o uso de determinados medicamentos no tratamento do novo coronavírus e a relação de médicos “comprometidos com o tratamento precoce” em cada estado. “Avisei que não concordava em dar nome de medicações. O site saiu do ar porque vários colegas começaram a reclamar. A ideia não era divulgar remédios. Dar o remédio é decisão médica. O médico tem que analisar e descobrir que fase que está o tratamento e aí tratar. Somos a favor de tratamento precoce, como em qualquer doença viral. Cada vez mais há mais trabalhos sobre isso. Tem de começar o tratamento mais cedo possível para não chegar na UTI. Quando o paciente começa a sentir falta de ar, já está com 50% do pulmão acometido”, disse Alla. A fala da médica russa sobre a existência de um movimento e a divisão dele por estados foi rebatida pela infectologista Vânia Brilhante, que atua no Pará. Vânia foi apontada por um dos médicos que integra as discussões, e preferiu não se identificar, como uma das “cabeças” do movimento no estado –ela negou. “Não sei se tem algum movimento. Tem um grupo de médicos que acredita nisso, não sei se o nome disso é movimento”, disse ela ao Comprova em 3 de julho. Questionada sobre quem colocou o site no ar, disse não saber e não ter autorizado o uso de seu nome: “Não fui eu, nem sei também. Estou tentando entrar em contato com essa pessoa, que botou o meu nome lá, inclusive. Se descobrir você me conta”. Vânia afirmou que há grupos de médicos no WhatsApp discutindo essas questões, mas não respondeu se alguém havia tomado a frente e formalizado a iniciativa de lançar um site. Ela alegou que não tem tempo para ler todas as mensagens que chegam pelo aplicativo. Procurada novamente no dia 7 de julho para saber se havia descoberto quem colocou o site no ar, a médica disse que havia conversado sobre o assunto com o filho advogado. “Quero saber quem autorizou a fornecer meus dados para um site que não tenho ciência”. Questionada se tomaria alguma providência sobre o caso, Vânia se esquivou da resposta e disse que estava muito ocupada. O site apresenta seis “autoridades médicas”: Nise Yamaguchi, Roberto Zeballos, José Henrique Andrade Vila, Dante Senra, Paulo Porto, Cassio Prado. O Comprova falou com quatro delas. Nise Yamaguchi disse ser “participante voluntária” do Covid Tem Tratamento Sim e não soube dizer quem teve a ideia de colocar a página virtual no ar. “Ainda não vi o site”, disse ela, em entrevista por telefone no dia 3 de julho. Outro médico com quem o Comprova conversou foi o neurocirurgião Paulo Porto. Ele contou que os médicos do Covid Tem Tratamento Sim formam um “grupo apartidário, voluntário, sem interesse financeiro e com competências complementares na questão do combate à pandemia”. Porto diz que o colapso no sistema de saúde de Belém, no final de abril, fez com que médicos do país todo começassem a conversar sobre possíveis caminhos. “E, aí, a gente começou a tentar adaptar o que tinha de protocolo e montou um grupo, fez umas lives, umas reuniões no Zoom só para médicos para contar a experiência que o pessoal teve lá, falar um pouquinho de gestão de crise, e a coisa foi ganhando força.” Assim como Vânia Brilhante e Nise Yamaguchi, Porto também não soube informar quem criou o site. “Olha, não sei te dizer [quem criou a página]. Na verdade, eu fui informado que meu nome iria para esse site”, contou. “Não diria que eu sou um dos organizadores, eu sou um dos componentes desse grupo. Não vejo ali uma cabeça. As pessoas foram se agregando por acreditarem em princípios semelhantes e a coisa foi andando.” Ao Comprova, Dante Senra declarou ter sido pego de surpresa com seu nome citado no site. “Eu pertenço a um conselho apartidário, que dá o nome de ‘conselho científico’, cuja função é mostrar a nossa experiência, nada mais do que isso. Não é fazer afirmações categóricas”, disse. “Eu não fui avisado do site, eu não sabia que ele seria criado”, acrescentou. O médico afirmou que integra um grupo no WhatsApp com outros profissionais para trocar informações sobre o uso de medicamentos. “O objetivo era mostrar a experiência, no sentido de mostrar colaboração num momento difícil”, disse ele. Senra relatou prescrever hidroxicloroquina apenas para pacientes internados, de forma que possa monitorá-los diariamente e observar possíveis efeitos colaterais. Disse ainda que deixa claro que não há comprovação da eficácia e que apresenta todos os possíveis cenários antes de indicar o tratamento com a medicação –que só é realizado com o consentimento do paciente. Resposta semelhante deu Roberto Zeballos, outra das “autoridades médicas” do site. “Não sei quem é o dono. Sei que foi iniciativa de gente que apoio, que quer que o tratamento saia, mas não sei exatamente quem soltou. Me ligaram e perguntaram se eu ajudaria em um site. E, se for para ajudar, estou à disposição”. E, depois, acrescentou: “É um projeto de uma comissão de cientistas que, no caso, me incluíram.” Zeballos não disse quem ligou para ele para informar do site e sugeriu contatar outros colegas para saber de quem era a propriedade da página. O médico já apareceu em duas verificações do Comprova. A primeira delas, de 22 de abril, era sobre um post viral que, com base em uma entrevista com ele, afirmava que infectologistas e imunologistas tinham descoberto a “cura oficial” da Covid-19. Na gravação, Zeballos dizia ter resultados animadores, mas ele mesmo rejeitava a tese de que o método pudesse ser considerado uma cura. A segunda investigação, do dia 5 de maio, classificada como enganosa, era sobre o fato de Zeballos ter declarado que o novo coronavírus “veio de um laboratório de Wuhan”. Outra médica com quem o Comprova conversou foi a anestesiologista Luciana Cruz. Segundo Nise Yamaguchi, ela é uma das organizadoras dos médicos que se uniram e estavam listados no site. Questionado se conhecia Luciana, Paulo Porto afirmou que sim e que “ela faz parte do conselho desse grupo, e ela teve uma atuação bastante intensa nesse episódio do Pará”. Mas Luciana disse não ter “nada a ver com o site” e que deveria ter havido algum equívoco, pois seu nome sequer estaria no endereço virtual. O Comprova enviou, então, uma imagem captada antes de a página sair do ar, na qual aparecia o nome e uma foto dela. “Onde é isso? Eu não conheço. Isso é um site?”, perguntou. Luciana declarou não ter autorizado o uso de sua imagem e, depois de ter escrito que não sabia sobre o site, disse que havia visto a página quando foi lançada. Acrescentou que foi apenas moderadora de uma live no canal no YouTube do jornalista Alexandre Garcia, que reuniu vários médicos que aparecem no site e que sua participação na pandemia foi contar o que os profissionais viveram e aprenderam na situação de colapso no Pará. “Eu defendo duas coisas. Primeiro, o direito do médico de ter autonomia na sua prescrição. Segundo, o direito do paciente de receber ou não os tratamentos off label (quando o medicamento é utilizado para um tratamento diferente do recomendado na bula), de acordo com o que desejar”, ela escreveu. E acrescentou: “quanto ao site, não foi ideia minha. Sei, sim, de várias pessoas que queriam um site onde pudessem juntar todas [as medicações] em um único lugar. Essa era a ideia de várias pessoas, não de uma só. Como essa ideia nunca me agradou, eu procurei não me envolver e nunca quis saber muito sobre isso também”. Na tarde do dia 3 de julho, o site saiu do ar. Ao clicar no link, surgia a mensagem: “A pedido dos médicos integrantes do CONSELHO CIENTÍFICO e todos médicos envolvidos de vários estados no combate ao COVID-19, o site está temporariamente fora do ar para atualizações de orientações médicas”. De acordo com Roberto Zeballos, o site “foi lançado sem ciência dos médicos” e “retirado do ar para correções”. “A gente sabia que iam fazer, mas vamos fazer uma revisão. Será um site com as abordagens e protocolos que a gente tem, estudos científicos.” Questionado sobre quais informações precisavam ser revisadas, ele respondeu que “algumas”. Ele citou o fato de ter sido incluído o logo do hospital em que ele atua. “Não quero ter logotipo de hospital nenhum”, afirmou ao Comprova. “Os médicos foram pegos de surpresa com a data de lançamento.” A médica Luciana Cruz escreveu ter ficado sabendo que “o site incomodou muitas pessoas por ter muitas informações erradas, e por isso tiraram do ar. “Eu nem sabia que tinha a minha imagem, se não teria sido mais uma a reclamar. Confesso que nem sequer acessei e nem tinha visto isso. Você que acabou de me mostrar agora.” Questionada sobre se tomaria alguma medida legal por terem usado sua imagem sem autorização, afirmou: “Parece que o site não voltará, então talvez eu não precise fazer nada, mas vou até procurar saber”. No dia 7 de julho, o site voltou ao ar com parte do conteúdo modificada. O portal não apresentava mais a relação de médicos que aplicavam o tratamento precoce e nem a lista de medicamentos utilizados no combate à Covid-19. O depoimento em vídeo do prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, sobre o tratamento também foi removido. O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais. Quando o material aborda assuntos relacionados à Covid-19, a verificação se torna ainda mais importante, pois esses conteúdos podem colocar a saúde das pessoas em risco. Segundo a ferramenta CrowdTangle, a página tinha 38.760 interações no dia 7 de julho. O vídeo com a live feita pelo jornalista Alexandre Garcia tinha 1.751.644 visualizações na mesma data. O site é enganoso porque insinua que médicos do mundo todo chegaram a um consenso sobre o tratamento da Covid-19, o que vai contra o que acreditam autoridades sanitárias e entidades médicas, segundo as quais ainda não há um tratamento reconhecidamente eficaz contra o novo coronavírus. Ele engana também ao reunir médicos que nem sabiam que seus nomes estavam na página, entre outros pontos. Enganoso, para o Comprova é quando um conteúdo é retirado de seu contexto original e utilizado de forma a modificar seu significado, induzindo a uma interpretação equivocada. O Senado aprovou nesta terça-feira (7) um projeto que determina a prorrogação da validade de receita médica ou odontológica enquanto durar a pandemia causada pelo novo coronavírus. A medida também vale para receitas veterinárias. A proposta é para prescrição de uso contínuo e não se estende para medicamentos de uso controlado, como os de tarja preta e antibióticos. Para estes, serão mantidos os procedimentos previstos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De autoria do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), a proposta foi relatada pelo senador José Maranhão (MDB-PB). O parecer foi aprovado de forma simbólica na sessão. A lei passa a valer assim que for sancionada pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). O relatório já havia sido lido na última quinta-feira (2). De acordo com o relator, a medida tem impacto maior aos usuários que dependem de medicamentos fornecidos por meio do Programa Farmácia Popular e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). As receitas médicas e odontológicas emitidas durante este período valem para todo o território nacional. “São necessárias medidas para aprimorar a assistência farmacêutica durante a pandemia, de forma a evitar que os pacientes com doenças crônicas precisem se consultar para receber novas receitas e também com o objetivo de acabar com as aglomerações de pacientes nas filas de espera”. Para o autor da proposta, a imposição da validade do receituário obriga pacientes que não possuem doenças a se exporem a riscos quando precisam sair de casa para consultas médicas para a reposição das receitas. Segundo o texto, pessoas que estão nas faixas da população mais suscetíveis e vulneráveis à contaminação pela Covid-19, assim como portadores de deficiência, poderão indicar terceiros para retirada de seus medicamentos. A retirada, nestes casos, poderá ser feita mediante procuração. Mãos dadas Após governos estaduais serem alvos de operações policiais, a primeira medida do novo presidente do conselho de secretários de saúde foi uma visita ao ministro interino Eduardo Pazuello. Em meio à reclamação de que motivações políticas contaminam investigações, Carlos Lula (MA) pediu salvaguardas ao trabalho dos secretários, relatando que alguns, com medo, estão deixando de assinar contratos para o combate ao coronavírus. O encontro ocorreu nesta segunda (6). Substituição Lula substituiu Alberto Beltrame (Pará), um dos alvos da Polícia Federal sob suspeita de desvios de verbas durante a pandemia. Lista Foram três os principais pedidos de Lula a Pazuello. Um deles foi a criação de uma câmara de conciliação com a participação de tribunais de contas e Ministério Público. ""Ele [Pazuello] se mostrou bastante disposto e entendeu a questão. Quem fizer coisa errada tem de pagar. Mas quem for de bem, pode resolver o problema antes de virar um processo"", disse. Ajuda A segunda solicitação foi para agilizar um pregão eletrônico da compra de medicamentos para pacientes intubados. O governo federal topou concentrar os processos de aquisições. Antes, iria bancar 10% do valor total. Agora, segundo Lula, o ministério da Saúde deve arcar com 50% dos gastos. Lado a lado Por último, o secretário do Maranhão pediu a Pazuello ajuda do Itamaraty para que os estados consigam resolver os problemas de compras de equipamentos e remédios para a Covid-19 no exterior. Segundo Lula, quase metade dos estados tiveram obstáculos. Um diplomata foi colocado à disposição. Pouco mais da metade do desmatamento associado às cadeias de exportação de commodities brasileiras está concentrada em 2% dos municípios produtores de carne e em apenas 1% deles no caso da soja. As conclusões são de uma análise de dados da iniciativa Trase, criada pelas organizações Stockholm Environment Institute e Global Canopy. O cruzamento de dados revela um descompasso entre as regiões que concentram o desmatamento e aquelas que respondem pela maior parte das exportações. Fronteira recente de desmatamento entre a Amazônia e o Cerrado, o Matopiba (região entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) responde por 88% do desmatamento associado às exportações de soja de 2018. No entanto, a região forneceu apenas 9% da soja importada pela China e 7% da que chegou à União Europeia no mesmo ano. Ainda assim, a soja do Matopiba responde por 77% do risco de exposição a desmatamento no caso dos chineses e 61% do risco de desmatamento nas importações de soja dos europeus. Já a pecuária brasileira tem acumulado os títulos mundiais de maior exportadora de carne bovina e também de maior vetor do desmatamento de florestas tropicais. Em 2017, as exportações de carne bovina foram associadas a 113 mil hectares de desmatamento. A ligação com desmatamento é cinco vezes na exportação do gado ainda vivo — proveniente de regiões de alto desmate na Amazônia — em relação à carne processada ou congelada, cuja produção é mais distribuída para o centro-sul do país. O desmatamento para exportação de carne bovina é 1.200 vezes maior que a de carne de porco e 1.000 vezes maior que a de frango, da qual o Brasil também é líder no comércio global, ao custo de 200 hectares de desmatamento em 2017, calculados a partir da área usada pelos cultivos de soja e milho que alimentam as criações animais. Ligar os pontos entre o desmatamento e o longo caminho das cadeias produtivas de exportação é um desafio complexo, dada a distribuição geográfica dos produtores e dos consumidores finais, e que tem justificado a dificuldade dos setores produtivos para combater o desmatamento associado a commodities. “É difícil rastrear as pontas da cadeia, mas isso não é necessário”, diz o pesquisador Toby Gardner, diretor da Trase. A solução encontrada pela iniciativa foi o foco nos ""gargalos"", ou seja, nas etapas da cadeia que concentram mais conexões. Por um lado, há gargalos no municípios produtores, e por outro, nos grupos que exportam, transportam e importam as mercadorias. Apesar do Brasil contar com um total de 135 exportadores de carne bovina, 68% das exportações em 2017 foram movimentadas por apenas três grupos: JBS, Minerva e Marfrig. Cruzando informações dos documentos de comércio e exportação com dados públicos territoriais, a pesquisa chega até os municípios produtores das commodities de exportação e calcula o risco de desmatamento associado à produção, a partir das taxas verificadas por satélite em cada região. Em 2017, 74% do risco de desmatamento das exportações de carne esteve concentrado nos cinco maiores grupos exportadores. No caso da soja, os cinco maiores exportadores concentram 46% do risco de desmatamento. O restante da exposição a desmatamento (54%) é distribuída entre 293 exportadores. A China aparece como o maior destino de commodities ligadas a desmatamento, como soja e carne da América Latina e óleo de palma da Indonésia. O país importou 68% da soja brasileira em 2018. No mesmo ano, o Brasil também forneceu 44% da carne bovina importada pelos chineses. Já a União Europeia tem preferido a soja argentina, já processada, e diminuído a compra do Brasil, que exporta 83% da soja em grão, ao longo da última década. O bloco europeu, que já foi o principal mercado do Brasil, importou apenas 15% da soja brasileira em 2018. Apesar de ficar muito atrás da China na quantidade de soja importada, a União Europeia tem recebido a maior carga de desmatamento associado à commodity. Entre 2009 e 2018, a exposição ao risco de desmatamento da soja importada pela União Europeia foi em média de 1,5 hectare para cada mil toneladas de soja. É o dobro do risco em relação à soja que chegou à China no mesmo período, ligada ao desmate de 0,75 hectares por mil toneladas. “A Europa compra mais pelo norte do Brasil, simplesmente porque é mais próximo da Europa. A China compra mais do sul do Brasil, pelo porto de Santos, o que na média está menos associado às fronteiras do desmatamento”, explica Gardner. A pesquisa também constata que grupos signatários de compromissos com desmatamento zero continuam associados a boa parte do desmatamento ligado a commodities. “O problema está concentrado em poucas cadeias, na mão de poucos atores. Então isso facilita identificar e priorizar as ações. E diminui as desculpas para a inação”, afirma o pesquisador. Questionados, os três maiores exportadores de carne responderam que estão comprometidos com o desmatamento zero, monitoram seus fornecedores por georreferenciamento e bloqueiam o fornecimento em caso de irregularidades. Os grupos também criticaram o critério usado no relatório da Trase, que monitora o desmatamento a partir dos dados dos municípios e não das fazendas. ""Não há confirmação direta de relação comercial com produtores que atuam em regiões de risco de desmatamento"", diz a nota da Minerva. Para a JBS, ""o cálculo de risco de desmatamento associado ao negócio elaborado pela Trase é superficial e pode levar a erros de interpretação"". A Marfrig afirmou que “obviamente toda a produção que acontece no bioma Amazônia será de risco”. O Brasil ultrapassou neste domingo (5) a marca de 1,6 milhão de casos confirmados do novo coronavírus. Foram 26.652 novos casos foram computados nas últimas 24 horas, atingido 1.604.585 de pessoas infectadas. O país acumula 64.900 vítimas após novas 535 mortes. Os dados foram compilados por um consórcio entre Folha, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL. Os veículos de imprensa se reuniram para informar números sobre o novo coronavírus, que são coletados diariamente com as secretarias estaduais de Saúde. O balanço das informações é fechado sempre às 20h. A iniciativa do consórcio de veículos de compilar e divulgar os dados sobre Covid-19 é uma resposta a atitudes recentes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou informações conflitantes. A marca de 1,6 milhão de casos foi alcançada um dia após o Brasil registrar seu sábado mais letal desde o início da pandemia, com 1.111 mortes —o terceiro sábado consecutivo com recorde de mortes. São Paulo se mantém como o estado mais afetado pelo novo coronavírus com um total de 320.179 casos confirmados e 16.078 mortes. Neste domingo, no entanto, a região Nordeste foi a que mais registrou mortes, 207 das 535. A Bahia foi o estado com mais óbitos na região (57), seguido pelo Maranhão (34). Os dados podem estar subnotificados devido a ausência de novo dados do estado de Goiás, que apesar de atualizar o sistema manteve o registro de mortes e pessoas infectadas deste sábado (4). De acordo com a Secretaria de Saúde de Goiás o estado não teria registrado notificações neste domingo. O Brasil tem uma média de 30 mortos por 100 mil habitantes durante a pandemia. O índice é menor que o dos Reino Unido (66), EUA (39) e Itália (67), por exemplo, mas excede o de países com mais sucesso no controle da doença, como Alemanha (11) e a vizinha Argentina (3). No próximo dia 15 de julho, o Brasil completará três meses sem um ministro da saúde efetivo. Segue no cargo interinamente o general do exército Eduardo Pazuello. Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro ministro a deixar a pasta após uma série de embates com o presidente Jair Bolsonaro. Ele foi demitido no dia 16 de abril por defender a ciência como parâmetro para tomada de decisões e o isolamento social. Já o seu sucessor, o oncologista Nelson Teich, pediu para sair do cargo após receber do presidente um ultimato para ampliar o uso da cloroquina contra o coronavírus. O remédio não demonstra ter efeito positivo contra a doença, segundo a literatura científica. Teich deixou o governo a dois dias de completar um mês como ministro, no dia 15 de maio. Neste domingo, o Ministério da Saúde divulgou seus dados sobre a infecção no Brasil com o a Covid-1. Segundo o governo federal, foram 26.051 novos casos e 602 novas mortes confirmadas pela Covid-19 no Brasil neste domingo (5). O total já chega a 64.867 mortes e 1.603.055 casos pelo novo coronavírus. Entre os estados, São Paulo ainda soma o maior número total de registros — são 320.179 casos e 16.078 mortes. Em seguida na lista, aparecem os estados do Ceará, Rio de Janeiro e Pará. Os dados mostram ainda que há 906.286 pessoas recuperadas da doença e 631.902 estão em acompanhamento. Durou pouco o surto paz e amor de Jair Bolsonaro. O presidente curvou-se ao demitir o quase ministro enganador e tem afagado Supremo e Congresso, mas voltou a sabotar a prevenção da Covid-19, vetando vários pontos de projeto de lei sobre uso de máscaras. Seria ocioso entrar nos argumentos jurídicos da mensagem nº 374, em que o presidente justifica ao Senado os vetos ao PL 1.562. Basta lê-la para entender que são cortina de fumaça tóxica e que o capitão Corona abraçou mais uma causa odienta de seus amados EUA, macaqueando Donald Trump. Lá como cá, despontam celerados que querem porque querem entrar em lojas sem proteção sobre boca e nariz, em nome da liberdade individual. É uma ideologia necrófila correlata à de armar a população, só que os libertários de miolo mole lutam agora pelo direito de disparar perdigotos covídicos contra seus semelhantes. Os motivos alegados para justificar os vetos primam pelo cinismo. Quase todos afirmam que os parágrafos e incisos foram derrubados porque supostamente invadiam a autonomia de estados e municípios e lhes impunham despesas sem indicar fonte orçamentária. Bolsonaro defendendo governadores e prefeitos... faz-me rir. Assim é que o presidente pretende banir da legislação federal a previsão de multa para quem se recusar a portar máscara em ambientes públicos, a obrigação de empresários fornecerem esse e outros equipamentos de proteção individual a funcionários, a realização de campanhas de esclarecimento pelo poder público e assim por diante. O veto mais chamativo abateu o inciso III do artigo 3º-A, que determinava o uso de máscaras em “estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, estabelecimentos de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas”. Bolsonaro implicou com os “demais locais fechados”, que em sua cisma implicaria risco de violação de domicílio, em desacordo com o art. 5º da Constituição. Deve temer que a PM do Distrito Federal invada as pantomimas sem máscara das transmissões de quinta-feira, como a do dia 2, em que se contavam sete desprotegidos. O presidente acha que tem a prerrogativa de dar mau exemplo e de exigir que auxiliares, assim como intérpretes de libras, corram o risco de ser infectados (além de aturar a sanfona dos infernos). Até o ministro Paulo Guedes, que antes se cuidava, anda aparecendo sem máscara —a de verdade, excluída a de sentido figurado. Acordem. Este é um governo em que a AGU (Advocacia-Geral da União) recorre da decisão judicial que impunha o uso do dispositivo por Bolsonaro quando sai às ruas. Não se atina com o que é pior: A recusa presidencial a cumprir a lei? A determinação judicial para que o faça? O recurso da AGU contra ela? A decisão da desembargadora Daniele Maranhão Costa pela superfluidade da liminar determinando que o presidente obedeça a norma que ele ignora? Reginaldo Prandi, decano das pesquisas de opinião pública do Datafolha, conclui dos dados do instituto que meros 15% da população adulta compõem o grupo de adeptos fiéis, entusiastas fanáticos e adoradores de Bolsonaro. Pouca gente, em proporção, mas ruidosa e movida por ódio à razão, que o presidente volta a insuflar. Esse é o “povo” em cujo nome ele acredita falar. O povo sem máscara que lota bares do Leblon, acha que tem direito de rir do corona na cara dos outros e é capaz de sacar uma arma para defendê-lo —até um parente ou amigo cair doente e sucumbir à Covid-19. Questão de tempo. O Grupo Globo informou neste sábado (4) que exibirá a partida entre Fluminense e Botafogo, pela semifinal da Taça da Rio, neste domingo (5), às 16h. Em nota, a empresa diz que cumprirá uma decisão judicial que a obriga a passar o duelo mesmo após ter rescindido o contrato de transmissão do Estadual do Rio na última quinta (2), alegando quebra de exclusividade. A Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) obteve na noite de sexta (3) uma liminar na 24ª Vara Cível do Rio de Janeiro contra a rescisão unilateral do contrato pela Globo. A juíza Eunice Bittencourt Haddad, responsável pela decisão, determinou que a emissora exiba as semifinais e final da Taça Rio e a final do Estadual, caso haja uma partida decisiva. Estabeleceu multa de R$ 5 milhões em caso de descumprimento da decisão judicial. ""A Globo vai recorrer da decisão, mas, em respeito à Justiça e aos clubes, dos quais é parceira histórica, vai transmitir a partida"", diz o comunicado da emissora. ""A Globo esclarece que os clubes são livres para transmitir seus jogos ou autorizar que terceiros os transmitam, uma vez que o contrato foi rescindido."" Além da exibição da partida em TV aberta para as praças do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Juiz de Fora (MG), Distrito Federal, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe, o SporTV e o Premiere também transmitem Fluminense x Botafogo. Na quinta, a emissora carioca decidiu rescindir o contrato firmado com a federação (Ferj) e os outros 11 times da competição um dia após o Flamengo exibir o jogo diante do Boavista em seu canal oficial no YouTube. ""No entendimento da Globo, o contrato foi violado ontem [quarta, dia 1º], quando a FlaTV exibiu ao vivo a partida entre Flamengo e Boavista"", afirmou a empresa. Apesar de ter decidido romper o contrato e a princípio encerrar suas transmissões do campeonato deste ano, a Globo declarou que, ""por liberalidade"", manterá os pagamentos devidos aos times com quem acertou. Para exibir a partida na FlaTV, o clube rubro-negro se diz amparado pela Medida Provisória 984, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e publicada no Diário Oficial do último dia 18. A medida dá ao clube mandante a prerrogativa de comercializar seus direitos de transmissão. Até então, o texto da Lei Pelé previa que esse direito pertencia às duas partes envolvidas na partida. A MP poderá ser aprovada ou rejeita pelo Congresso em até 60 dias, renováveis pelo mesmo período, e enquanto isso vigora com poder de lei. ""A Globo entende que a Medida Provisória não poderia alterar um contrato celebrado antes de sua edição e protegido pela Constituição"", disse a emissora em seu comunicado na quinta. A Folha teve acesso à carta da Globo enviada para os clubes e a Ferj. Ela diz que a federação não fez cumprir o artigo 136 do regulamento geral da competição (""somente a entidade pode autorizar a transmissão de partidas"") e que ""falhou no dever contratual, o que por si só justifica a rescisão"". O Flamengo passará a outra semifinal da Taça Rio, neste domingo, também às 16h, contra o Volta Redonda, na plataforma MyCujoo. Diferentemente do que ocorreu na partida contra o Boavista, quem quiser ver o jogo e não for sócio-torcedor terá que pagar R$ 10. O secretário estadual de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, foi eleito neste sábado (4) o novo presidente do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde). Ele já estava como interino e fica no posto até abril do ano que vem, para cumprir o resto do mandato de Alberto Beltrame, do Pará, que renunciou ao cargo após ser alvo de suspeitas de fraudes na aquisição de respiradores para o tratamento da Covid-19. Ele nega ter feito algo errado, mas diz que decidiu se afastar para se dedicar à sua defesa. Lula é um dos secretários mais antigos no posto, administra a saúde do estado do Maranhão desde 2016. Sua eleição foi por aclamação. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O silenciamento é uma prática de opressão. É a cegueira da palavra que poderia manifestar abuso, corrupção ou qualquer outro ato ilícito. É a manifestação obscura de um poder que, ainda que temporal, marca a vida daqueles e daquelas que se encontram submetidos a uma estrutura permissiva, reforçadora de práticas opressivas. Nestes 20 anos de pesquisa com a memória dos atletas olímpicos brasileiros, ouvi muitas histórias, várias delas registradas em vídeo. Sem medo, sem culpa. Com nomes e sobrenomes de pessoas que se aproveitaram do momento e do lugar de poder que ocuparam. É sabido que o poder inebria e ilude o desatento. Faz crer que a cadeira e a mesa físicas ocupadas em uma sala protegida por paredes, portões e seguranças armados representam uma imunidade eterna garantida por aquilo que se pode barganhar no momento. Triste ilusão. Todo poder é temporário, mas os atos realizados durante o período de posse de um cargo não se apagam com a desocupação da sala ampla e pomposa usada como símbolo de autoridade. Ou seja, cargos são efêmeros. A consequência dos atos de quem os ocupa, não. Também nas minhas andanças mundo afora ouvi relatos de atletas que não se dispuseram a denunciar algo durante a entrevista gravada. Muitos e muitas esperaram que a câmera fosse desligada para retomar a narrativa sobre a dor do abuso. Moral, físico ou sexual. Que dor! Que marca na alma! Quanto cuidado e reparo seriam necessários para que aquilo descolorisse até ficar apenas uma pequena mancha. Mas não. O surgimento de novas denúncias de abuso faz reviver a cena, tornando presente o abuso guardado. A sociedade parece caminhar numa direção sem volta naquilo que se refere às injustiças passadas. E no esporte não há de ser diferente. A violência deixou de ser naturalizada. A demissão das técnicas búlgaras do time nacional suíço de ginástica rítmica por abuso moral aponta nessa direção. Entretanto, o que chama a atenção é que a denúncia não partiu de nenhuma atleta do atual time. E isso tem uma razão de ser. Temerosas por perderem uma vaga tão desejada, atletas se submetem a todo tipo de mau-trato para manter sua posição, autorizando assim as atitudes abusivas de toda ordem. Na Suíça, no Brasil ou nos Estados Unidos, o roteiro é o mesmo, submetendo atletas aos desmandos de pessoas despreparadas ou mesmo psicopatas. O documentário “Atleta A” (disponível na Netflix), sobre o abuso sofrido pelas atletas da ginástica artística do time estadunidense, mostra isso. Foram anos de silêncio e dor. Foram gerações de meninas submetidas ao sofrimento nas mãos de um médico contratado por uma instituição esportiva. Foram inúmeras as denúncias acobertadas por essa mesma instituição. Nada ali é ficção. A questão que fica é: quantas foram as carreiras interrompidas pela negativa em se resignar aos desmandos de um sistema de acobertamento? É difícil saber, porque o silenciamento leva a um mutismo patológico, cuja superação exige apoio jurídico e psicológico. A questão que persiste é o que de fato as entidades esportivas estão fazendo para que isso não volte a ocorrer? Quantas Iliana Dineva e Aneliya Stancheva ainda insultarão atletas dedicadas e competentes? Quantos Larry Nassar terão sua conduta facilitada por instituições omissas e preguiçosas, impedindo que meninas cheguem onde Simone Biles está? Quantas Joanna Maranhão serão necessárias para que uma lei seja criada para proteger as vítimas de violência e de abuso? Se o esporte é um fenômeno regulado por um valor como o respeito, é preciso ouvir, acolher e tomar providências quanto a denúncias. As novas gerações agradecem. Para os vídeos de despedida da escola de educação infantil Planeta Azul, a proprietária Marli Pereira escolheu fotos das crianças brincando, das festas juninas de anos anteriores, dos alunos antigos, das turmas de judô e balé, das funcionárias. Enquanto selecionava as fotografias, não conseguia parar de chorar. Pereira ainda usa o tempo presente para falar sobre a escola em Pinheiros (zona oeste de São Paulo) porque ""a ficha não caiu"" de que, em meio à grande evasão de alunos durante a pandemia, ela terá que fechar as portas da Planeta Azul a partir de julho, depois de mais de três décadas de trabalho ali. ""Entrei em 1987 ainda como funcionária e, em 2003, fiquei alucinada por comprar a escola quando a dona anterior quis vender"", conta à BBC News Brasil. ""Tinha na época apenas 13 alunos, sendo que cinco deles estavam se formando. Com o tempo, cheguei a ter 152 alunos. Meus filhos nasceram e cresceram lá. É um caso de amor. A Planeta Azul me deu os 33 melhores anos da minha vida."" Até poucos meses atrás, fechar as portas sequer passava pela sua cabeça. Uma quantidade significativa de alunos havia sido perdida na virada para 2020; mas, com muitas visitas de pais, Pereira previa que — a exemplo de anos anteriores — as coisas retomassem seu rumo depois do Carnaval. Não foi o que aconteceu. Assim como nas demais escolas do país, a pandemia do novo coronavírus forçou Pereira a trocar as aulas presenciais por sessões remotas. ""Mas o meu ponto forte é a faixa etária de zero a 3 anos, e os pais me dizem 'as aulas online não estão servindo. Vou tirar meu filho da escola e coloco de novo quando as aulas retornarem'."" Na Planeta Azul, porém, elas não irão retornar. Pereira conseguiu renegociar seu aluguel, mas a perda de mais da metade dos alunos e os descontos nas mensalidades dos que permaneceram fizeram a diretora perceber que, quando chegasse setembro, não conseguiria mais pagar suas 12 funcionárias fixas e cinco adicionais. ""Usei o dinheiro que eu tinha guardado para demiti-las. Algumas tinham mais de 30 anos de casa. Queria tudo menos fechar, porque não sei o que vou fazer da minha vida sem o Planeta."" Escolas de educação infantil (as que abrigam crianças de zero a seis anos) de pequeno ou médio porte como a de Marli Pereira estão entre as que mais despertam a preocupação nas pesquisas conduzidas pelo professor Tadeu da Ponte, do Insper, com instituições de ensino privado. Desde o início da pandemia e da suspensão das aulas presenciais, ele é coautor de uma pesquisa para acompanhar a situação financeira de 450 a 500 estabelecimentos de ensino privado do Brasil. Em média, as escolas de todos os segmentos entrevistadas até maio perderam 52% de suas receitas. Na educação infantil, esse índice é ainda maior: 56%. A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) diz temer que 80% das instituições privadas de educação infantil sejam forçadas a fechar as portas em definitivo por causa da evasão causada pela pandemia. ""As [escolas] de educação infantil são as que estão em situação mais precária, por vários pontos"", diz Ponte à BBC News Brasil. ""Primeiro, porque até quatro anos não é obrigatório que as crianças estejam matriculadas em uma escola. Mesmo com crianças de 4 a 6 anos, é pouco verossímil que um juiz mande prender um pai durante a pandemia se seu filho não estiver matriculado. Depois, é uma faixa etária mais difícil de se realizar o ensino online, porque as crianças não têm autonomia sem a mediação dos adultos. E, a essa altura, com três meses de pandemia, os pais já deram um jeito de cuidar das crianças em casa, seja como for. O serviço da educação infantil se tornou muito difícil de usufruir, e em um momento de perda de receita das famílias."" Ponte afirma ainda que toda a receita com serviços extras prestados pela escola — que incluem horas de recreação a aulas de esportes — foi totalmente eliminada durante a pandemia. E esse dinheiro representava, segundo o pesquisador, quase a metade da receita de muitos desses estabelecimentos voltados às crianças pequenas. Além disso, diz o professor, ""geralmente essas são as escolas de bairro, que são o sonho de uma pedagoga apaixonada por crianças, que começam pequeno e crescem, trabalham duro"", mas muitas vezes sem conseguir fazer um colchão de reservas financeiras que dure muito tempo. ""Escolas maiores costumam ter mais recursos e mais capacidade para realocar sua equipe."" No Maranhão, a pedagoga Christiane Teixeira Mendes tem enfrentado a tristeza a cada notícia de aluno que não voltará a sua escola quando a pandemia passar. Ela dirige a escola de educação Infantil Porta de Papel, fundada pela própria pedagoga para as crianças de 2 a 5 anos do bairro de Coroadinho, que reúne favelas e comunidades com população estimada entre 59 mil e 100 mil habitantes na capital São Luís. Nas últimas semanas, a professora diz que tem mandado mensagens para melhorar o ânimo dos alunos. ""A gente já mandou áudio, videozinho falando que vai ficar com saudades. E eles mesmo mandam para a gente também"", diz. Desde que a pandemia começou, o número de alunos da educação infantil caiu de 30 e poucos para 20 na Porta de Papel, e a pedagoga demitiu três de suas seis funcionárias, entre pedagogas e estudantes de pedagogia. ""Os pais já estão falando com as crianças, e algumas já estão cientes de que não vão voltar neste ano. Tive famílias em que ficaram desempregados o pai e a mãe, e nem conseguiram o auxílio (emergencial do governo), ficaram totalmente desassistidos"". ""A maioria dos alunos são filhos dos trabalhadores das feiras da região de Coroadinho, comerciantes, profissionais autônomos. Crianças que tinham mais de um irmão, de famílias grandes, crianças que moravam em uma casa com 11, 12 pessoas"", diz. Christiane tem liderado as campanhas de arrecadação de doações para a favela, e muitas famílias dos alunos da Associação Núcleo de Educação Comunitária têm contado com a ajuda da professora para se alimentar. Projetos ligados ao G-10 das Favelas (grupo de líderes comunitários e empreendedores de impacto social) são o que tem evitado, inclusive, que a escola feche as portas definitivamente. ""Foi uma comoção"", conta a professora sobre a última semana de maio, quando muitos pais receberam a notícia de que estavam desempregados e comunicaram à escola que não poderiam mais pagar os R$ 80 de mensalidade. ""Foi muito triste, porque foi praticamente na mesma semana em que fecharam muitas lojas, restaurantes, hotéis, então muitos pais que trabalhavam nessas áreas já foram comunicados da demissão. E daí vieram só para abraçar a gente, querer um colo"", lamenta. Sem a rotina e os cuidados da escolinha, muitas das crianças voltarão para a realidade que Christiane justamente tentou combater quando fundou a Porta de Papel; rotina que ela mesmo viveu de perto quando criança que crescia em Coroadinho enquanto a mãe trabalhava. ""Geralmente as crianças ficam trancadas em casa e um vizinho dá uma olhada de vez em quando. Acontecia isso comigo quando eu era criança e minha mãe precisava trabalhar. A gente fica em casa trancadinho e daí sempre tem um vizinho que dá um OK, que dá uma ajuda para perguntar se a gente já almoçou, já lanchou. E tem a situação que é extrema, em que o pai sai para trabalhar e deixa a criança brincando"", lembra. O cenário de demissões já começa a se concretizar em outros Estados. Em Londrina, no Paraná, o Sindicato dos Professores (Sinpro-Londrina) foi acionado depois que um colégio da cidade anunciou, no dia 15 de junho, a demissão de todos os 20 professores e o encerramento das atividades de educação infantil. Em Belo Horizonte, no começo de junho, nove escolas particulares de educação infantil já comunicaram o encerramento de suas atividades à Secretaria Municipal de Educação, de acordo com o portal G1. De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep), a média de cancelamento de contratos no Estado está entre 30% e 40%. Beatriz Abuchaim, gerente de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, voltada à primeira infância, destaca que ainda é cedo para avaliar que impacto a suspensão das atividades de educação infantil terá sobre o desenvolvimento das crianças — por tratar-se de uma situação inédita. Mas o que já se sabe é que a ausência das creches e escolinhas será mais sentida pelas crianças que moram em lares com maior vulnerabilidade social, que durante a pandemia podem estar submetidas a situações de insegurança alimentar e outras dificuldades. ""A pandemia trouxe uma situação de fragilização e mais vulnerabilidade a muitas famílias. Muitas crianças recebiam, inclusive, suas principais alimentações do dia das escolas de educação infantil"", diz ela. ""O que a gente pode dizer com certeza é que crianças que estão em lares que estejam, recebendo afeto, carinho, atenção, estímulos adequados, essas crianças vão continuar a se desenvolver bem. Ao passo que talvez crianças que estejam em famílias que não possam estimular o seu desenvolvimento talvez tenham algum prejuízo"", diz, citando, por exemplo, a falta de livros e brinquedos, ou um estresse tão grande dos pais em garantir a sobrevivência da família que não possam dar atenção direcionada às crianças. ""A gente acaba tendo o aumento dessa desigualdade social no nosso país."" Em São Paulo, o sindicato que representa os professores da educação privada no Estado (Sinpro-SP) explica que, embora ainda não haja um quadro claro sobre a quantidade de demissões de professores na crise, é na educação infantil que está a maior parte de pedidos para a suspensão de contratos de trabalho — modalidade prevista na Medida Provisória 936, em vigor desde abril por conta da pandemia e que permite que se suspendam por até 60 dias os contratos trabalhistas, sem que haja pagamento de salário por parte do empregador. ""Pode ser que em muitas escolas o processo de demissão esteja sendo retardado por essa possibilidade de suspensão"", explica Silvia Celeste Bárbara, primeira-secretária do Sinpro-SP. Mas, caso se concretize o fechamento de uma grande quantidade de turmas ou de escolas, as perspectivas de desemprego são bastante preocupantes, diz Tadeu da Ponte, do Insper. Considerando-se um universo (segundo o Censo Escolar 2019) de 556 mil professores na educação privada, fazendo uma conta conservadora de fechamento de 20% das turmas dessas escolas, ""se 20% dos professores da educação básica privada perderem o emprego, são mais de 100 mil pessoas"", afirma. Ponte é parte de uma iniciativa chamada União Pelas Escolas, que está elaborando projetos de contingenciamento para o setor de educação privada — uma das ideias em gestação é a de se propor um voucher, semelhante ao auxílio emergencial sendo concedido pelo governo, para garantir que famílias consigam pagar as mensalidades de suas escolas. A proposta, porém, está em discussão para ser formalizada. Outra demanda é pela criação de políticas de crédito do governo voltado às escolas de pequeno e médio porte. ""O risco é que, se a escola fecha, o aluno não tem para onde voltar"" quando as aulas presenciais forem retomadas, diz Ponte. Ao mesmo tempo, em São Paulo, alguns grupos têm defendido a volta do ensino privado antes do ensino público — previsto para iniciar sua reabertura a partir de 8 de setembro, segundo o plano anunciado pelo governador João Doria. Esses grupos defendem que muitas escolas privadas já têm protocolos de higiene prontos para voltar a receber os alunos, mas críticos afirmam que o retorno do ensino particular antes do público pode aprofundar ainda mais as desigualdades entre os dois setores. Para a presidente do conselho do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, um dos grandes riscos que o fechamento de escolas de educação infantil pode causar é um inchaço das escolas e creches públicas, sem que haja capacidade de financiamento. Na distribuição dos recursos do Fundeb, fundo estatal de educação básica que financia grande parte da educação pública brasileira, são consideradas as matrículas nas escolas públicas e conveniadas apuradas no último Censo Escolar, que retratam um período anterior à pandemia. ""Então essas crianças não estão contadas. As escolas vão ter que se adaptar a alunos novos que vêm de outra escola. O financiamento agora é uma preocupação séria. A gente fala tanto em colapso no sistema de saúde, mas corremos o corre o risco de ter um colapso no sistema de ensino"". Visão parecida tem o presidente nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia. ""O grande problema que se coloca é a imprevisibilidade. É um aluno que chega e a gente não tem previsão de receber por ele"", diz Garcia, que acrescenta que os alunos podem se matricular na rede pública a qualquer momento do ano. ""A rede pública não pode se recusar a fazer matrícula"". Garcia, no entanto, defende que, especialmente na educação infantil, em que as atividades em sala envolvem engatinhar, dividir brinquedos e comida e ficar no colo das professoras, a volta ocorra provavelmente só no ano que vem, quando as condições sanitárias estiverem mais seguras, de preferência com uma vacina contra o novo coronavírus. ""A educação infantil é feita por meio de brincadeiras e interações, o que praticamente impossibilita (o distanciamento social)"", diz. Há outras questões, alerta o presidente da Undime, sobre as quais as redes começam agora a se debruçar para buscar soluções. ""Máscaras em crianças causam o risco de asfixia, as crianças muito pequenas (ficam) o tempo todo um encostando umas nas outras, você não tem carteiras na sala de aula de educação infantil, não tem isolamento"", diz. ""O retorno às aulas na educação infantil é ainda mais complicado (que nas demais etapas de ensino) e vai exigir muita criatividade, discussão, reflexão. Achamos que deve ser a última área a retornar (às aulas presenciais). Se a gente pensar, sobretudo (na faixa etária) de zero a 1 ano, o ideal é voltar só quando houver vacina. Talvez a gente não tenha condição de retorno neste ano"". Agências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em São Paulo começaram a receber cópias de documentos de segurados que precisam cumprir exigências para que seus pedidos de benefícios tenham as análises concluídas. O serviço é inspirado no sistema conhecido como drive-thru, bastante utilizado para a venda de alimentos sem que o consumidor precise sair do carro, e que passou a ser adotado por outros segmentos durante a pandemia do novo coronavírus. No caso do INSS, o cidadão encontrará urnas nas portas das agências, onde poderá deixar um envelope lacrado com as cópias dos documentos solicitados pelo órgão. A “exigência expressa”, como a medida é chamada pelo INSS, teve início de forma experimental nesta semana em alguns postos e será oficialmente estendida a todo o estado de São Paulo a partir desta sexta-feira (3). Com seus postos de atendimento fechados devido à quarentena para desacelerar o avanço da Covid-19 e a consequente suspensão dos prazos para a entrega de documentos, o INSS paulista tem no cumprimento de exigência o seu maior gargalo para a conclusão das análises de benefícios. Da fila de 329,6 mil processos que aguardam algum tipo de providência do órgão ou do segurado para serem encerrados, 170 mil dependem da entrega de documentos (cumprimento de exigência). Desde o início da pandemia, o INSS tem divulgado que a maior parte dos seus serviços está disponível pelo aplicativo Meu INSS ou no site gov.br/meuinss, o que inclui o envio de documentos digitalizados. Mas parte expressiva do público que requer benefícios previdenciários tem dificuldade para utilizar a internet, segundo o superintendente do INSS em São Paulo, José Carlos Oliveira. “Precisávamos dar uma opção para o segurado que tem dificuldade de anexar documentos pelo Meu INSS e, por isso, surgiu essa ideia da exigência expressa”, diz Oliveira. O drive-thru do INSS em São Paulo funcionará como um projeto-piloto e poderá ser estendido a todo o país, de acordo com o superintendente. “O presidente [do INSS, Leonardo Rolim] havia solicitado propostas para resolver a questão do cumprimento de exigência e ficou entusiasmado com essa ideia”, comenta Oliveira. ""Dependendo do resultado aqui em São Paulo, o serviço será ampliado e aperfeiçoado, até mesmo para depois da pandemia.” O prazo para o cumprimento de exigências continua suspenso e isso não mudará caso o segurado decida entregar sua documentação por meio das urnas instaladas nas agências da Previdência. A suspensão está mantida a até, pelo menos, a reabertura das unidades de atendimento, que devem voltar a funcionar ainda de forma parcial em 13 de julho. Ao antecipar a entrega de documentos, porém, o cidadão aumenta a possibilidade de acelerar a liberação do benefício solicitado. Cumprimento de exigência é o nome dado pelo INSS à situação em que, durante a análise de um pedido de benefício, é verificada a necessidade de apresentação de documentação adicional para conclusão do processo. Para saber quais documentos devem ser apresentados, o interessado deve consultar o telefone 135, o Meu INSS ou entrar em contato com os plantões cujos telefones e endereços de e-mails constam nas portas das agências. Se optar pela exigência expressa, as cópias legíveis e sem rasura da documentação exigida devem ser colocadas em envelope que, lacrado, precisa ser depositado em uma das urnas disponíveis nas unidades do INSS em São Paulo. O INSS não emitirá protocolo. Dentro do envelope, além da cópia da documentação solicitada na exigência, deverá haver a cópia de um documento de identidade com foto (RG ou Carteira Nacional de Habilitação) do segurado. O cidadão também precisa colocar no envelope uma declaração, de próprio punho e assinada, responsabilizando-se pela autenticidade e veracidade das informações prestadas. Veja o modelo da declaração: AUTODECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE E VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES APRESENTADAS Eu (nome do requerente) ___________________________________, portador do CPF nº ____________ e do RG nº ________________, declaro que as cópias que depositei em uma urna na agência do INSS são autênticas, feitas a partir de documentos originais. Declaro também que todas as informações que constam nos documentos apresentados são verdadeiras. Declaro saber que estou sujeito (a) às penalidades previstas nos artigos 171 e 299 do Código Penal, em caso de declaração falsa ou diferente de fato ou situação real ocorrida, além de estar obrigado (a) a devolver valores recebidos indevidamente, quando for o caso. Local __________________________________ Data ___/___/___ ______________________________________________________ Assinatura e identificação do (a) requerente ou representante legal Fora do envelope Do lado de fora do envelope, é necessário escrever as seguintes informações: Horário de entrega O envelope poderá ser entregue em uma das agências do INSS em São Paulo, de segunda a sexta-feira, entre 7h e 13h. Não é preciso agendar. Sem contato físico A entrega do envelope nas agências vai ocorrer sem contato físico, por meio de uma urna disponibilizada nas unidades do INSS. Não haverá funcionários no local para prestar quaisquer informações sobre o processo ou dar orientações. Os segurados não receberão nenhum protocolo ou recibo. Correios Nas cidades em que não houver agência da Previdência, além do Meu INSS, a entrega das cópias para o cumprimento da exigência poderá ser feita por meio do envio do envelope pelos correios para a Superintendência do INSS em São Paulo. O endereço é Viaduto Santa Efigênia, 266, 2º andar, Centro, São Paulo, CEP 01033-050. Não mande documentos originais As cópias entregues nas agências ou enviadas pelos Correios não serão devolvidas aos segurados. A documentação será escaneada e inserida no sistema. Depois, as cópias serão destruídas. Por isso, o INSS não aceitará documentos originais. Após o cumprimento da exigência, o segurado pode acompanhar o andamento do processo pelo aplicativo para celular ou site Meu INSS e pelo telefone 135. Auxílio-doença A exigência expressa não valerá para os pedidos de antecipação de R$ 1.045 do auxílio-doença. Neste caso, os documentos só podem ser anexados pelo Meu INSS, no site gov.br/meuinss ou no aplicativo para celulares. ENDEREÇOS DAS AGÊNCIAS Veja abaixo a relação de endereços de agências para a entrega de documentos em São Paulo: Alberto Beltrame pediu licença do cargo de secretário de Saúde do Pará e, por consequência, renunciou à presidência do Conass, conselho nacional dos secretários estaduais de Saúde. Em seu lugar ficará Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão, que em 30 dias convocará uma eleição para o posto. Beltrame foi alvo de busca e a apreensão por suspeita de fraudes na aquisição de respiradores no Pará e também foi acusado de desvios de verba na compra de garrafas de plástico. O Tribunal de Justiça do Pará determinou as quebras de sigilo bancário e fiscal de Beltrame na semana passada. Ele tem afirmado nada fez de errado e que nunca teve desvio de conduta em sua trajetória (veja nota abaixo). Em nota, afirmou que se licencia de suas funções para cuidar da saúde e para se dedicar à defesa da honra e da dignidade. Ex-ministro do Desenvolvimento Social de Michel Temer (MDB), Beltrame entrou em choque com o governo Jair Bolsonaro em algumas ocasiões recentemente. Por isso, parte dos secretários de Saúde enxergou as operações da Polícia Federal contra ele como possível represália política. Ele encabeçou uma reação veemente à entrevista na qual Carlos Wizard, então secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, afirmava que o governo federal faria uma recontagem do número de mortes causadas pelo novo coronavírus, insinuando existir manipulação dos dados. Duramente criticado, Wizard deixou o cargo em seguida. Beltrame também criticou publicamente a decisão do Ministério da Saúde de restringir a divulgação de dados sobre o impacto do novo coronavírus no país, da qual depois a pasta recuou. Membro do governo Flávio Dino (PC do B), o advogado Carlos Lula tem divergências políticas mais radicais com o governo Bolsonaro do que Beltrame. Por isso, é possível que as relações com o governo federal fiquem ainda mais tensas. Veja a íntegra de nota de despedida de Beltrame abaixo: Informo que no dia de hoje pedi licença do cargo de Secretário de Estado de Saúde do Pará e, por consequência, renuncio à presidência do CONASS. Tomei esta decisão para poder cuidar de minha saúde e me dedicar à defesa do meu maior patrimônio: a minha honra e dignidade. Durante a pandemia, em nome do CONASS, apelei diversas vezes ao Ministério da Saúde para que assumisse sua função de centralizar, comprar e distribuir equipamentos, insumos e medicamentos para salvar vidas durante a pandemia. Recebemos promessas de que leitos de UTI, equipamentos de proteção individual e medicamentos seriam comprados pelo Ministério e entregues ao estados e municípios. Estes compromissos não foram cumpridos e ficamos sós. Secretários, governadores e prefeitos, sem alternativa, diante de hospitais lotados e de mortes diárias, foram jogados num cassino internacional, com mercado aviltado, preços exorbitantes, num verdadeiro leilão de bens para a saúde. Assim, o Ministério da Saúde deixou de cumprir seu papel essencial numa emergência em saúde pública: coordenar as ações, orientar o isolamento social e também o de utilizar seu poder de compra para gerar economia de escala aos cofres públicos e normalizar e regular preços. Diante de uma pandemia, tantas vezes negada ou minimizada, fomos colocados frente à frente com uma uma dura realidade: a vida ou a morte. Não nos omitimos. Levantamos a voz diante de tanta indiferença, falta de empatia, solidariedade e compaixão. Corremos riscos para salvar vidas e avançamos muito. Implantamos leitos de UTI em tempo recorde e assistimos nossa comunidade. Agora vemos todos nossos esforços serem criminalizados. A omissão, nos parece ser, em contrapartida, premiada. Enfrentei pessoalmente a própria COVID-19. Muitos colaboradores adoeceram, vários colegas de trabalho, inclusive meu diretor financeiro, morreram neste embate. Mesmo diante de tantas adversidades, segui dando o melhor de mim para que o enfrentamento à pandemia não sofresse solução de continuidade. Nada fiz de errado. Não cometi nenhum desvio de conduta, neste momento ou em toda a minha vida pregressa. Antes de me licenciar do cargo criei Comissão com o fim de apurar eventuais irregularidades nos procedimentos administrativos e contratos com despesas relacionadas à pandemia. Além disso oficiei a Procuradoria Geral do Estado solicitando providências quanto a possibilidade desta Secretaria assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com o MP/PA e MPF com o intuito de atuar com transparência e colaboração diante de qualquer investigação de possíveis irregularidades. Nada tenho a esconder ou temer. Ressalto que todo o meu patrimônio é fruto de 35 anos de trabalho e está todo declarado em meu imposto de renda, o qual, disponibilizarei a qualquer autoridade investigativa se necessário. Espero que a justiça seja feita e que possa reparar a dor, o sofrimento e adoecimento que me são infligidos neste momento tão difícil. Seguirei lutando pela saúde de todos e na defesa incondicional do SUS, onde estiver. Este é o meu compromisso de vida, que não abandonarei. Agradeço a solidariedade e apoio de meus colegas e lhes desejo sorte e sucesso. Estou pagando um preço alto por lutar e acreditar que a vida é nosso bem maior. Fiz o que deveria fazer, cumpri meu papel de médico, cidadão e gestor público Desejo a todos os irmãos brasileiros força e coragem. Venceremos esta pandemia. Uma primeira triagem do TCU (Tribunal de Contas da União) no auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal identificou 17 mil mortos entre os beneficiários. A ajuda é paga a informais durante a pandemia do novo coronavírus. De acordo com a apuração da corte, ao menos 620 mil pagamentos foram feitos indevidamente até abril, no valor total de R$ 427,3 milhões. Os recusos gastos com mortos chega a R$ 11 milhões. O levantamento consta de auditoria preliminar feita pelos técnicos do TCU. Os resultados foram enviados aos ministros da corte, que, nesta quarta-feira (1º), irão julgar o relatório. O documento foi apresentado pelo ministro Bruno Dantas e apresenta as irregularidades no auxílio. A Folha teve acesso ao documento. Os estados onde mais mortos receberam a ajuda foi São Paulo (2.674), seguido de Minas Gerais (1.761), Ceará (1.512), Bahia (1.358), Pernambuco (1.308) e Maranhão (1.299). Os seis estados concentraram 58% (R$ 6,4 milhões) dos pagamentos a falecidos no país. Nesta terça-feira (30), o governo anunciou o pagamento do auxílio por mais dois meses. Serão distribuídos R$ 1.200 por beneficiário, mas não foram divulgados calendário e forma de pagamento. Além dos casos de óbitos, os auditores também identificaram o recebimento de R$ 97,7 milhões por 134,2 mil servidores (federais, estaduais e municipais), embora tenham estabilidade de emprego e não sofreram cortes de jornada e salário. Aposentados pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) também ganharam recursos do governo —221,3 mil receberam R$ 141,6 milhões. Há ainda irregularidades envolvendo presos e trabalhadores com renda acima do teto definido pela medida que estabeleceu parâmetros para o socorro financeiro, dentre outros. As inconsistências foram detectadas depois de extenso cruzamento com bases de dados do governo. Foram consultados, por exemplo, os cadastros do Caged (Ministério do Trabalho), Receita Federal (inscrições comerciais e quadros societários), agentes políticos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e Detran (Departamento Nacional de Trânsito). Como os cruzamentos com outras bases ainda estão em andamento, os números apresentados são parciais. No julgamento, Dantas deverá recomendar ao tribunal que esses valores sejam devolvidos ao erário por meio de uma ação conjunta entre Ministério da Economia e da Cidadania, que mais concentram esforços no auxílio emergencial. A proposta de Dantas é que escapem da devolução somente aqueles que comprovarem terem sido alvo de fraudes ou que, ao contrário, têm direito a receber o recurso. Segundo o relatório da área técnica, os valores pagos indevidamente podem chegar a R$ 1,3 bilhão caso não sejam interrompidos imediatamente. Diante das graves irregularidades, assessores de Dantas dizem ainda que o ministro considera enviar os ""casos mais escandalosos"" ao MPF (Ministério Público Federal) para que os beneficiários sejam processados criminalmente. Há, por exemplo, aposentados da Justiça Federal e do Banco Central na lista do socorro do governo com aposentadorias de R$ 25 mil e R$ 50 mil por mês. O relatório do TCU será enviado ao Congresso Nacional e à Casa Civil do Palácio do Planalto. O monitoramento do auxílio emergencial é uma das medidas adotadas pelo TCU para verificar os gastos públicos durante a pandemia. Segundo o TCU, conforme informações consolidadas de abril, foram pagos, somente no primeiro mês de vigência do socorro do governo, R$ 35,8 bilhões a 50,2 milhões de beneficiários. Em 2019, somente com o Bolsa Família, foram gastos R$ 32,5 bilhões. Em maio, em maio de 2020, foram pagos R$ 41 bilhões a 58,5 milhões de beneficiários, considerando pagamentos da primeira e segunda parcelas. Um desses relatórios de monitoramento já havia apontado que cerca de 8,1 milhões de pessoas poderiam ter recebido indevidamente o auxílio emergencial, por erro de inclusão. Outros 2,3 milhões de pessoas poderiam ter tido o auxílio emergencial negado indevidamente, por erro de exclusão. Além dos problemas com os pagamentos, o TCU também apontou ""falta de diretriz"" do governo nas despesas com saúde por causa, principalmente, da inexistência de coordenação das ações federais com a dos governadores. A desembargadora Daniele Maranhão Costa, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), derrubou a decisão liminar (provisória) da primeira instância da Justiça Federal que obrigava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a utilizar máscara de proteção facial ao sair às ruas do Distrito Federal, como forma de prevenção contra o novo coronavírus. O uso de máscara é obrigatório no Distrito Federal. Mas em diferentes ocasiões o presidente saiu às ruas sem o equipamento de proteção. No último sábado, o presidente viajou para Araguari, em Minas Gerais sem usar máscara no rosto e causou aglomeração na beira de uma estrada. Em vez de usar a máscara cobrindo nariz e boca, como recomendado para se evitar a propagação do coronavírus, ele a carregava nas mãos. Na decisão, a desembargadora afirmou que a existência de decreto do governo do DF que obriga o uso de máscaras em espaços públicos esvazia a necessidade de atuação da Justiça no caso, e que o tipo de processo apresentado, uma ação popular, não seria o meio adequado para discutir esse tema. Para a desembargadora, Bolsonaro já estaria obrigado a utilizar máscara por força do decreto do governo do DF e não seria necessário que a imposição fosse reafirmada pela Justiça. ""O Poder Judiciário não se presta à finalidade de incrementar a penalidade já existente por força da inobservância da norma, sob pena de usurpação de competência e fragilização da separação dos poderes, bastando que o Distrito Federal se valha de seu poder de polícia para fazer cumprir a exigência, ou sancionar o infrator com a imposição de multa, em caso de não observância"", afirma a desembargadora na decisão. A decisão da primeira instância da Justiça Federal foi concedida pelo juiz Renato Coelho Borelli, da 9ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, em ação popular movida por um advogado. A AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão ao TRF-1. Neste mês, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi multado em R$ 2.000 por não usar máscara durante uma manifestação realizada em Brasília. O decreto do governo do Distrito Federal prevê que, além da multa, quem descumprir a regra também pode responder por crime de infração de medida sanitária, com pena que pode chegar a um ano de prisão. Como um dos países do mundo mais expostos à pandemia de Covid-19, o Brasil fechou partes significativas de sua economia, a fim de reduzir a curva de contágio. Entre todas as empresas que serão impactadas pelo choque econômico de oferta e demanda, as concessionárias de água, energia e transporte urbano merecem atenção especial por seu papel fundamental e características específicas. De fato, essas empresas (i) prestam serviços essenciais à população em geral, e particularmente cruciais para os mais vulneráveis; (ii) operam em ambiente muito regulado, sem liberdade para estabelecer tarifas ou selecionar sua base de clientes; (iii) estão sob estresse financeiro devido à interrupção da atividade econômica e das cadeias de suprimentos resultantes das políticas de contenção em vigor; e (iv) não possuem concorrentes imediatos (públicos ou privados) para substituí-las em caso de colapso. Alguns exemplos podem ajudar a explicar essa situação. As empresas estatais de serviços de água e saneamento prestam serviços de fornecimento de água a 57 milhões de famílias e serviços de saneamento a mais de 32 milhões de domicílios no Brasil. Os riscos financeiros enfrentados por essas empresas estão aumentando rapidamente por conta da Covid-19, mesmo que sua exposição financeira varie entre os estados brasileiros. As estimativas de perdas de receitas e riscos financeiros para todos os estados brasileiros vão de US$ 100 milhões a US$ 125 milhões por ano, na ausência de respostas à Covid-19. Os estados com empresas mais expostas são Amazonas, Santa Catarina, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Piauí. Tratar dos riscos financeiros, orçamentários e de perdas de receita dessas concessionárias é essencial para evitar seu colapso financeiro, e deve ter como objetivo manter e restaurar as operações e evitar os riscos de falência financeira a médio prazo. Os serviços de energia também são essenciais para proteger a saúde humana e manter hospitais funcionando durante a pandemia da Covid-19, além de assegurar a retomada econômica. Mas o choque da demanda proveniente da quarentena resultou em queda no consumo de energia de até 20% dos usuários comerciais e industriais mais lucrativos. O impacto no desempenho financeiro e operacional das concessionárias de distribuição de energia é agravado pelo aumento no risco de inadimplência e pressões sobre a cobrança de receitas, em parte impulsionada pela medida que proíbe o desligamento dos serviços por não pagamento. Os aumentos de tarifas foram suspensos, exacerbando ainda mais as restrições de liquidez dos distribuidores e afetando sua capacidade de honrar contratos de longo prazo com geradores para a compra de energia. O impacto geral no setor está estimado em R$ 22 bilhões, afetando mais seriamente as concessionárias que operam nas regiões mais pobres do Norte e Nordeste, que já estavam sofrendo com perdas comerciais significativas e baixa confiabilidade do sistema. Além das ambiciosas medidas políticas já implementadas, é necessário priorizar a eficiência energética e dos combustíveis, e adotar programas financeiros que acelerem o avanço em direção ao programa Luz Para Todos e à transição para a energia limpa. O setor de transporte público urbano também é fortemente afetado, com diferentes atores impactados de modo distinto. Três categorias de atores foram identificadas: (i) grandes operadoras públicas de transporte público (por exemplo: Metrô, CPTM em São Paulo, CBTU em várias cidades, Trensurb em Porto Alegre), (ii) grandes operadoras privadas, principalmente no segmento ferroviário, apoiadas por grandes empresas internacionais (por exemplo: CCR em Salvador ou SP, Mitsui no Rio), e (iii) e operadoras de ônibus particulares, operando em grandes e pequenas cidades. Os dados do Moovit sugerem declínios no número de passageiros que variam de 50% a 70% nas áreas metropolitanas do Brasil. A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) registrou queda de 63% no número de passageiros em março, em comparação ao ano passado. Isso representa um déficit de receita de US$ 130 milhões apenas naquele mês. Supondo que os serviços e a demanda recomecem em meados de junho, o déficit de receita é estimado em US$ 700 milhões apenas para o setor ferroviário urbano, US$ 400 milhões para operadores privados e US$ 300 milhões para os públicos. Para o setor de ônibus, as perdas são estimadas em US$ 200 milhões por dia. Neste momento, não há elementos disponíveis sobre a resiliência financeira de grandes empresas, nem sobre sua capacidade de absorver o choque, apesar de operarem em um ambiente fortemente competitivo que não deixa muito espaço para grandes margens. O Brasil possui cerca de 34.000 empresas de ônibus (serviços urbanos e interurbanos). Elas empregam cerca de 700.000 pessoas e são responsáveis por 86% de todo o transporte público no Brasil, ou seja, cerca de 46 milhões de viagens por dia em horários normais. Um colapso dessas empresas teria efeitos imediatos nos níveis de congestionamento urbano, bem como na capacidade de muitos trabalhadores de chegarem em seus locais de trabalho, sem mencionar a acessibilidade de uma solução alternativa. Será necessário o apoio do setor público para garantir que as empresas afetadas nesses setores críticos sobrevivam ao isolamento, e para evitar interrupções importantes no cotidiano de muitos cidadãos, bem como responsabilidades contingentes pelas finanças dos governos subnacionais que já se encontram debilitadas. Um exemplo seria fornecer liquidez a operadores de serviços de transporte público ou empresas distribuidoras de água e eletricidade, por meio de linhas de crédito facilitadas por governos nacionais ou estaduais. Ou um mecanismo de garantia para alavancar empréstimos comerciais. Importante observar, no entanto, que o momento pode ser também uma oportunidade para introduzir melhorias nos setores, ao invés de apenas retornar ao status quo anterior. Essas melhorias devem se concentrar em investimentos mais sustentáveis e práticas gerenciais mais saudáveis, como o transporte ecológico (por exemplo, ônibus elétricos) ou a exigência de tecnologia avançada de medição para distribuidores de eletricidade e água como pré-requisito para acessar apoio financeiro. Esta coluna foi escrita em colaboração com Renato Nardello, coordenador do Programa de Desenvolvimento Sustentável e Infraestrutura do Banco Mundial no Brasil. Mapa Relatório do Tribunal de Contas da União sobre o pagamento de auxílio emergencial mostra que São Paulo foi o estado em que mais presos foram beneficiados de maneira irregular, tendo 1.317 dos 7.046 detidos com ajuda financeira --ao todo, os repasses somam R$ 4,29 milhões. Prejuízo Já o Maranhão foi onde teve a maior concentração de agentes públicos (ou com vínculo) que ganharam dinheiro do governo sem ter direito --80.481 dos 134.262 irregulares. O Fantástico mostrou no domingo (28) que 628 mil pessoas foram beneficiadas sem preencher os critérios. Resultado O relatório do TCU aponta que os pagamentos irregulares podem gerar prejuízo de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. O governo já decidiu prorrogar o benefício e Bolsonaro deve anunciá-lo em cerimônia nesta terça. Com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Daniel Haidar Gregório Bezerra (tortured, 1964) A former Army sergeant and communist militant, he is considered the regime's first victim of torture. On April 2, 1964, he was tied to the back of a jeep and pulled through the Recife's streets. Then he was beaten with an iron rod by an officer. Alfeu de Alcântara Monteiro (dead, 1964) Lieutenant Colonel of the Air Force, he is considered the first soldier killed by the dictatorship. On April 4, 1964, he was executed with 16 shots inside the 5th Air Zone office, in Canoas (RS), for refusing to support the military coup. Carlos Marighella (dead, 1969) He founded the National Liberation Action, which carried out kidnappings, attacks, and bank robberies. On November 4, 1969, he was killed in an ambush coordinated by delegate Sérgio Paranhos Fleury Chael Charles Schreier (tortured and killed, 1969) A member of VAR-Palmares, he was arrested in November 1969, aged 23, after a confrontation with the Dops. Transferred to a barracks, he was tortured and killed. Military personnel took the body to the hospital, but doctors refused to confirm the version that arrived alive. He is considered the first one killed by torture in the barracks Rubens Paiva (missing, 1971) Deputy impeached in 1964. On January 20, 1971, he was taken to DOI-Codi, where he suffered torture until he died. The repression denied it and said strangers kidnapped him. In 2014, retired colonel Paulo Malhães confirmed that Paiva was killed and thrown into a river Epaminondas Gomes de Oliveira (tortured and killed, 1971) A peasant leader, he was killed at the age of 68 after being arrested in Operation Mesopotamia, which sought out guerrilla outbreaks in Maranhão and other states. The Army confirmed his death from anemia and buried his body in Brasilia, prohibiting him from being exhumed Carlos Lamarca (dead, 1971) Captain of the Army, he deserted in 1969 with a group that took 63 rifles and machine guns. He became one of the main characters in the armed struggle, participating in kidnappings and bank robberies. He was shot in a military operation while establishing a guerrilla base in the interior of Bahia, on September 17, 1971 Vladimir Herzog (tortured and killed, 1975) Journalism director of TV Cultura, he was a member of the PCB. Wanted by the military, he went to DOI-Codi on October 24, 1975. He was interrogated and tortured to death, but the military said he committed suicide. In 1996, the Special Commission on the Political Dead and Missing recognized that he was murdered Zuzu Angel (dead, 1976) A stylist, he denounced the violent repression of the military regime after the torture and death of her son Stuart in 1971. She died in a collision at the end of a tunnel in Rio de Janeiro. In 1998, the Special Commission on Dead and Missing Politicians pointed out that she was allegedly thrown off the road by a car with law enforcement agents. Manuel Fiel Filho (dead, 1976) Metalworker, was arrested in January 1976 by DOI-Codi, accused of belonging to the PCB. Law enforcement agencies reported that he had hanged himself with his socks, but his colleagues said he wore slippers without socks when he was arrested, and his body showed signs of torture. The repercussion pressured the regime to continue with the distension Source: National Truth Commission (2014) and the Memories of the Dictatorship project Gregório Bezerra (torturado, 1964) El exsargento del ejército y militante comunista es considerado la primera víctima de tortura del régimen. El 2 de abril de 1964, lo ataron a la parte trasera de un jeep y lo sacaron por las calles de Recife. Luego fue golpeado con una barra de hierro por un oficial Alfeu de Alcântara Monteiro (muerto, 1964) El teniente coronel de la Fuerza Aérea es considerado el primer soldado asesinado por la dictadura. El 4 de abril de 1964, fue ejecutado con 16 disparos dentro de la 5ta oficina de la Zona Aérea, en Canoas (RS), por negarse a apoyar el golpe militar. Carlos Marighella (muerto, 1969) Fundó la Acción de Liberación Nacional, que llevó a cabo secuestros, ataques y robos a bancos. El 4 de noviembre de 1969, fue asesinado en una emboscada coordinada por el delegado Sérgio Paranhos Fleury. Chael Charles Schreier (torturado y asesinado, 1969) Miembro de VAR-Palmares, fue arrestado en noviembre de 1969, a los 23 años, tras enfrentarse con los Dops. Transferido a un cuartel, fue torturado y asesinado. El personal militar llevó el cuerpo al hospital, pero los médicos se negaron a confirmar la versión de que había llegado con vida. Es considerado el primero asesinado por tortura en el cuartel Rubens Paiva (desaparecido, 1971) Diputado acusado en 1964. El 20 de enero de 1971, fue llevado a DOI-Codi, donde sufrió tortura hasta su muerte. La represión lo negó y dijo que fue secuestrado por extraños. En 2014, el coronel retirado Paulo Malhães confirmó que Paiva fue asesinado y arrojado a un río. Epaminondas Gomes de Oliveira (torturado y asesinado, 1971) Líder campesino, fue asesinado a la edad de 68 años después de ser arrestado en la Operación Mesopotamia, que buscó núcleos de guerrilla en Maranhão y otros estados. El Ejército confirmó su muerte por anemia y enterró su cuerpo en Brasilia, prohibiendo ser exhumado. Carlos Lamarca (muerto, 1971) Capitán del ejército, desertó en 1969 con un grupo que tomó 63 rifles y ametralladoras. Se convirtió en uno de los personajes principales de la lucha armada, participando en secuestros y robos a bancos. Lo ejecutaron en una operación militar mientras establecía una base guerrillera en el interior de Bahía, el 17 de septiembre de 1971. Vladimir Herzog (torturado y asesinado, 1975) Director de periodismo de TV Cultura, fue miembro del PCB. Buscado por el ejército, fue a DOI-Codi el 24 de octubre de 1975. Fue interrogado y torturado hasta la muerte, pero el ejército lanzó la versión del suicidio. En 1996, la Comisión Especial sobre Políticos Muertos y Desaparecidos reconoció que fue asesinado. Ángel Zuzu (muerto, 1976) Como estilista, denunció la violenta represión del régimen militar después de la tortura y muerte de su hijo Stuart en 1971. Murió en una colisión al final de un túnel en Río de Janeiro. En 1998, la Comisión Especial de Políticos Muertos y Desaparecidos señaló que supuestamente fue echado de la pista por un automóvil con agentes de la ley. Manuel Fiel Filho (muerto, 1976) Metalúrgico, fue arrestado en enero de 1976 por DOI-Codi, acusado de pertenecer a la PCB. Las agencias policiales informaron que se había ahorcado con los calcetines, pero sus colegas dijeron que llevaba zapatillas sin calcetines cuando fue arrestado, y su cuerpo mostraba signos de tortura. La repercusión presionó al régimen para continuar con la distensión. Fuente: Comisión Nacional de la Verdad (2014) y el proyecto Memorias de la Dictadura. Mesmo após mais de cem dias em isolamento, continua grande a mobilização de empresas e entidades sociais para arrecadar alimentos e produtos essenciais às populações mais vulneráveis. Com mais de um milhão de infectados no Brasil, a distribuição de cestas básicas físicas e digitais é mais importante do que nunca no combate à fome na pandemia. A Ticket, marca de benefícios de refeição e alimentação da Edenred Brasil, está apoiando campanhas de diferentes instituições, ONGs e governos, com o objetivo viabilizar a doação de milhares de cestas básicas digitais por meio da emissão de quase 581 mil cartões do Ticket Alimentação. Além da agilidade e segurança no recebimento da doação, as famílias beneficiadas terão acesso a produtos que estão em falta em suas residências. Cada cartão entregue receberá em média três recargas, a serem feitas dentro do período de três meses, a depender do pedido de cada instituição, no valor de R$ 100. As recargas agregam sustentabilidade aos projetos que oferecem suporte às famílias beneficiadas nesse momento de crise provocada pela pandemia por Covid-19. Iniciativas de dezenas de ONGs, institutos e governos, já receberam apoio da Ticket, a exemplo da Gerando Falcões, do Instituto Reação, Instituto Votorantim, Central Única das Favelas, Fundação Tide Setúbal, Banco de Alimentos, além das esferas municipal e estadual. Com iniciativa semelhante à da Ticket, a brMalls já beneficiou cerca de 2.000 famílias com as primeiras doações de cestas básicas digitais da campanha brMalls do Bem, lançada pela empresa no final de abril. A distribuição das cestas, que são cartões pré-pagos de uso exclusivo para compra de alimentos e material de higiene e limpeza, aconteceu em dez comunidades próximas aos shoppings da companhia em sete estados. O objetivo da campanha é ajudar os moradores em situação de vulnerabilidade econômica durante três meses. A brMalls do Bem vai beneficiar moradores de 17 comunidades nas cinco regiões do país. As primeiras cestas básicas digitais entregues essa semana são resultado de 45 dias de arrecadação de recursos e beneficiaram famílias nas cidades do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu (RJ), São Paulo, Barueri (SP), Belo Horizonte, Uberlândia (MG), Vila Velha (ES), Caxias do Sul (RS), Recife e São Luís. Até o momento, a campanha já conseguiu R$ 1,145 milhão, valor suficiente para garantir o equivalente a 23 mil cestas básicas até agosto. Nas próximas semanas, mais 2.000 famílias serão beneficiadas em outras sete localidades vizinhas aos centros comerciais da companhia. A distribuição dos cartões é feita pela ONG Gerando Falcões, organização parceira da brMalls na campanha. Todas as famílias beneficiadas estão cadastradas em entidades de assistência social já mapeadas pela ONG. Qualquer pessoa pode participar da campanha. As doações devem ser feitas em uma conta corrente exclusiva para ação solidária. Para garantir a transparência do processo, a área financeira da brMalls faz uma prestação de contas diária e qualquer pessoa pode solicitar o extrato pelo e-mail brmallsdobem@brmalls.com.br. Também é possível fazer a doação pelo aplicativo da Ame, fintech de pagamentos digitais, que dá 10% do valor depositado em forma de cashback para futuras compras pela plataforma. Já entre as iniciativas de doação direta, três grandes empresas do mercado de alimentos —a ADM, o Burger King e a Marfrig— anunciaram a doação de mais de 500 mil hambúrgueres vegetais para projetos de entidades não governamentais que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social e para profissionais da saúde. Os produtos serão entregues à ONG Rio da Paz, ao Banco de Alimentos de São Paulo e ao SESC Mesa Brasil de São Paulo e Rio de Janeiro, que serão responsáveis pela distribuição, garantindo que o alimento chegue até quem precisa. ADM, Burger King e Marfrig se uniram mais uma vez, após o acordo iniciado no ano passado, para a produção de hambúrgueres vegetais, e decidiram realizar a doação de 575 mil unidades do alimento —o equivalente a 66 toneladas. Os hambúrgueres vegetais sãoo entregues congelados, em embalagens especiais, desde 15 de junho, nos locais indicados pelas entidades beneficiadas, e chegarão às mesas de mais de 320 mil pessoas. O Grupo Heineken no Brasil, segunda maior cervejaria do País, e a Wickbold, líder no segmento de pães especiais e saudáveis, se unem para mais uma iniciativa que combate a Covid-19. Batizado de ""Fornada do Bem"", o projeto consiste na transformação do malte das cervejarias do grupo em um alimento básico nas casas brasileiras: o pão. Serão pães para 1 milhão de sanduíches destinados a famílias que passam por necessidades, distribuídos a partir do mês de julho, no estado de São Paulo, pela ONG Banco de Alimentos. A FedEx Express, maior empresa de transporte expresso do mundo, está apoiando o projeto de Segurança Alimentar do Exército de Salvação no Brasil. A iniciativa, que abrange doações de alimentos, garrafas de água e kits de higiene, visa dar apoio a pessoas vulneráveis impactadas pela pandemia. O projeto é dividido em dois pilares. O primeiro é dirigido à população em situação de rua na cidade e na região metropolitana de São Paulo. Os agentes do Exército de Salvação percorrem diversos bairros como o centro da capital, Osasco e Guaianases, para distribuir os kits. Ao todo, o apoio da FedEx vai garantir a entrega de mais de 6.000 refeições, garrafas de água e itens de higiene durante todo o projeto. O veículo utilizado nas entregas é um utilitário doado à instituição pela FedEx em 2013. O segundo pilar é voltado para o atendimento a famílias que vivem em comunidades vulneráveis de São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Brasília, Porto Alegre, Pelotas (RS), Rio Grande (RS), Santana do Livramento (RS) e Uruguaiana (RS). Com o suporte da FedEx, o time do Exército de Salvação está entregando alimentos, materiais de limpeza, máscaras de proteção e kits de higiene para 650 famílias chefiadas por mulheres. A expectativa é que o projeto tenha duração de dois meses. A Quero, marca brasileira de produtos alimentícios da KraftHeinz, fez uma doação de 55,6 toneladas de alimentos para a produção de marmitas pela Associação Mulheres de Paraisópolis, na luta contra o desemprego e a fome. Com a ajuda do coletivo Bistrô Mães de Maria, a Associação Mulheres de Paraisópolis produz 10 mil marmitas diariamente na comunidade, além de distribuir cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social e garantir renda mensal para as mulheres que fazem parte do projeto. Com a doação de Quero, que incluiu milho, ervilha, feijão, legumes, molho de tomate e goiabada, entre outros, serão viabilizadas 300 mil marmitas em um mês e cestas de alimentos para 6.000 famílias. Além da doação de 55,6 toneladas doadas por Quero, a Kraft Heinz, detentora da marca, fez uma doação de 11,6 toneladas para a ONG Banco de Alimentos e de 16,8 toneladas para a Geração Falcões, ambas em São Paulo, além de ter doado 18,9 toneladas para a unidade de Goiás da Cufa (Central Única das Favelas). A Piraquê, marca de massas, biscoitos e torradas pertencente à M. Dias Branco, está entregando mais de 102 toneladas de alimentos ao Mesa Brasil, rede nacional de bancos de alimentos do SESC, para distribuição a entidades de apoio a comunidades carentes do estado do Rio de Janeiro. A ação faz parte da campanha #VoceDoaaGenteDoa, realizada em parceria com o Hemorio e o RioSolidário durante o mês de maio. Para a ação, que beneficiará comunidades carentes do Rio de Janeiro, foram escolhidos cream cracker, biscoito Maria e macarrão Piraquê, que serão distribuídos pelo Mesa Brasil ao longo dos meses de junho e julho. A associação Paulista de Supermercados (APAS) mobilizou centenas de supermercados associados em todo o estado de São Paulo e juntos eles doaram mais de R$ 41 milhões incluindo alimentos, produtos de higiene, máscaras e álcool em gel para entidades filantrópicas, fundos de assistência social, comunidades carentes e hospitais, como a Santa Casa de Votuporanga, no interior do estado de São Paulo. Ao todo, o setor varejista alimentar doou R$ 22,5 milhões, 3.658 toneladas de alimentos, 2.180 cestas básicas e quase 13 mil máscaras. A APAS também realizou suas próprias ações de responsabilidade social. A entidade doou mais de 57 toneladas de alimentos e produtos de higiene para as comunidades ribeirinhas dos municípios de Chaves e Afuá, no arquipélago do Marajó (PA), e contou com o apoio da Marinha e do Exército brasileiro. A associação ainda doou mais de 59 toneladas para o programa Banco de Alimentos da Prefeitura de São Paulo, iniciativa que atende centenas de entidades assistenciais responsáveis pela distribuição gratuita de refeições na capital paulista. Na mesma linha, a ASSERJ (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro) arrecadou mais de 82 toneladas de alimentos por meio do Festival Solidário de Música, realizado virtualmente em 13 de junho no Cristo Redentor. Em parceria com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, o evento foi acompanhado por mais de 17 mil pessoas pelas redes sociai. Todos os alimentos arrecadados serão entregues a famílias em situação de vulnerabilidade social e a instituições sociais com as quais a Fundação Cristo Eu Quero Doar trabalha. A LivUp, startup de alimentação saudável, iniciou em maio uma operação que já doou 10 toneladas de frutas, legumes e verduras orgânicas a ONGs e iniciativas parceiras. A meta é chegar às 100 toneladas doadas. A operação se dá por meio da campanha ""Ajudar nos conecta"", que está aberta para doações online. Os produtos servem tanto como matéria prima para as refeições fornecidas pelas instituições às comunidades como também são doados in natura a milhares de pessoas em situação vulnerável na cidade de São Paulo. Entre as instituições beneficiadas, estão o Capim Solidário, instituto social do restaurante Capim Santo, qa ONG Gerando Falcões, a Casa do Zezinho e a Gastromotiva, as duas últimas são integrantes da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais. O Makro Atacadista promove campanha para estimular a doação de sangue aos hemocentros da Fundação Pró-Sangue e da Associação Beneficente de Coleta de Sangue na cidade de São Paulo. O doador que fizer a ação citando o Makro no momento da doação contribuirá, ainda, com uma cesta básica em seu nome direcionada às comunidades atendidas pela Central Única das Favelas (Cufa). Até o momento, mais de 150 doadores já se mobilizaram pela campanha, que deverá ser estendida até o mês de julho. O atacadista já destinou mais de 450 toneladas de alimentos à Cufa por meio de doações próprias e arrecadações nos mutirões promovidos em suas lojas, entregues às comunidades pelos caminhões do Makro Delivery. A EDP, empresa que atua em todos os segmentos do setor elétrico brasileiro, está doando 322 toneladas de alimentos a comunidades carentes e indígenas de todo o país durante a pandemia do coronavírus. Ao todo, cerca de 20 mil pessoas serão beneficiadas beneficiadas durante três meses. As doações amparam famílias de nove estados: São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Amapá, Rio Grande do Sul, Ceará e Maranhão. O recurso foi destinado a projetos selecionados no edital EDP Solidária – Covid 19, por meio do repasse dos cartões vale-alimentação e de cestas básicas a famílias em situação de vulnerabilidade social. Dentre as doações, 42 toneladas de alimentos estão sendo destinadas a comunidades indígenas, com objetivo de assegurar suas necessidades básicas e manter esses povos isolados nas aldeias, reduzindo o risco de contágio pelo coronavírus. Mais de 2.000 indígenas nos estados do Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Sul são beneficiados por esta ação. O estado de São Paulo recebe doações da BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, para auxiliar nos esforços de combate ao Coronavírus. A empresa já destinou 358 toneladas de alimentos e 40 mil EPIs para instituições sociais e hospitais públicos e privados paulistas. A ação faz parte dos R$ 50 milhões anunciados no início de abril pela BRF em doações em alimentos, insumos médicos e apoio a fundos de pesquisa e desenvolvimento social, para contribuir com os esforços de combate aos efeitos da pandemia. Ao todo, somente nas instituições hospitalares, incluindo hospitais de campanha, as doações beneficiam mais de 15 mil pessoas por dia, por meio de cerca de 2,5 milhões de refeições. Entrando em seu período mais seco, a Amazônia já tem as três primeiras semanas de junho com maior números de focos de incêndio desde 2007. Do início do ano até agora, os registros de queimadas também cresceram na maior parte dos estados do bioma, em comparação com 2019, ano marcado pelas queimadas que chamuscaram a imagem ambiental internacional do Brasil. Entre o primeiro dia de junho e o dia 21, O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), por meio do Programa Queimadas, detectou 1.469 focos de incêndio na Amazônia. O valor é 30,5% maior do que o documentado no mesmo espaço de tempo em 2019 (1.125 focos). Os incêndios estão concentrados principalmente em Mato Grosso e Pará, os dois estados que lideraram o ranking de desmatamento em 2018/2019. No último ano, a destruição da floresta bateu o recorde da década e superou a marca simbólica de 10 mil km² de mata devastada. De acordo com análise feita pela ONG WWF-Brasil, o número de focos de incêndio no bioma nas primeiras semanas de junho está cerca de 50% acima da média dos dez anos anteriores (2010 a 2019). “Esse mês já começa a refletir como vai ser a estação que está por vir”, afirma Edegar de Oliveira, diretor de conservação e restauração da WWF-Brasil. Além do aumento geral até aqui em junho, a maior parte dos estados que fazem parte da Amazônia legal teve crescimento no número de focos em relação ao ano anterior, inclusive os líderes de queimadas Mato Grosso e Pará. Os maiores aumentos percentuais, contudo, ocorreram no Amazonas (52%), Acre (50%) e Amapá (75%, de 4 para 7 focos). Como um todo, os estados de Maranhão e Tocantins (que possuem porções da floresta em seu território), apresentaram reduções de focos de incêndio de cerca de 34% e 20%, respectivamente. A redução mais acentuada, sempre levando em conta somente o tempo transcorrido de 2020 até o momento, ocorreu em Roraima, com quase 3.000 focos de fogo a menos (diminuição de 64%). Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), diz que ao olhar o bioma como um todo, há uma redução nos focos puxada por Roraima. Mas “Mato Grosso está maior, Pará está maior, Rondônia maior, Amazonas maior. Esses quatro estados representam grande parte do desmatamento na Amazônia"". Pesquisadores vinham alertando que as queimadas em 2020 poderiam ser ainda mais graves, considerando os níveis de desmatamento registrados em 2019 e os recordes mensais recentes de devastação da floresta documentados pelo Deter (programa do Inpe que indica desmatamento praticamente em tempo real para auxiliar operações de fiscalização e que pode ser usado para identificar tendências de aumento ou redução na destruição da floresta). As queimadas e o desmate da Amazônia estão intimamente ligados. O fogo é usado para limpar as áreas anteriormente derrubadas. Segundo nota técnica do Ipam, considerando a vegetação derrubada entre janeiro de 2019 e abril de 2020, ainda há 4.509 km² de mata derrubada para ser queimada —o que equivale a cerca de 45% do que foi desmatado no período (boa parte ainda em 2019). A nota aponta alguns pontos críticos que podem sofrer com as queimadas por terem vegetação derrubada ainda não incendiada. No Pará, eles são: arco que liga a região de Altamira e São Félix do Xingu, principalmente as terras indígenas Itauna-Itatá, Apiterewa e Trincheira-Bacajá, além da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu; rodovia Transamazônica no trecho entre Altamira e Rurópolis, destacando-se a Terra Indígena Cachoeira Seca; região de Novo Progresso e Castelo dos Sonhos, principalmente a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim; e região do Baixo Amazonas. Em Mato Grosso, os pontos críticos estão em Colniza, Cotriguaçu, Aripuanã, Apiacás; e nas regiões a oeste do Parque Indígena do Xingu, além da região de Marcelândia e União do Sul. A preocupação dos especialistas não está somente nas queimadas, mas no efeito delas na saúde da população amazônica. “O que também nos preocupa é o casamento da Covid com as queimadas. Quando você tem muita queimada, isso gera um impacto na saúde pública da região. Aliado à Covid, é tenebroso para a população”, diz Oliveira. Um informe técnico da Fiocruz, através do Observatório de Clima e Saúde, do ano passado constatou aumento de internações de crianças por causa de problemas respiratórios nas regiões com maiores concentrações de queimadas. A fumaça das queimadas, segundo os autores do informe, pode agravar quadros de cardiopatia, inflamação das vias aéreas, inflamação sistêmica, coagulação, alteração no sistema nervoso, entre outros. “A área do Arco do Desmatamento concentra a maior parte dos focos de queimadas e também as maiores taxas de internação por doenças respiratórias da região amazônica. Somente em maio e junho de 2019 foram registradas nesta área cerca de 5.000 internações de crianças por mês, o dobro do valor esperado”, afirma a nota da Fiocruz. Com isso, a ocorrência das queimadas junto à pandemia de Covid-19 na região amazônica poderia provocar uma “tempestade perfeita” e causar ainda mais mortes, segundo nota técnica do Ipam. O governo Jair Bolsonaro (sem partido) vem sendo cobrado no cenário internacional por sua política ambiental. Recentemente, membros do Parlamento Europeu que representam os quatro maiores grupos políticos da instituição e que fazem parte dos comitês que tratam de agricultura e comércio exterior, nos quais têm sido discutidas novas regras para acordos comerciais como o negociado com o Mercosul, enviaram uma carta para os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O documento pede ação do Congresso para “manter a estrutura legal necessária para proteger as florestas brasileiras e os direitos indígenas”. “Ficamos preocupados ao ouvir os comentários recentes feitos pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estimulando o governo a pressionar pela desregulamentação da política ambiental, como testemunhado em um vídeo divulgado pela Suprema Corte”, diz a carta. A política ambiental de Bolsonaro e Salles e os recordes de destruição da Amazônia desagradam a instituições que fazem negócios com o Brasil, o que pode trazer prejuízo econômico ao país. Na segunda (22), fundos de investimento e de pensão que juntos administram certa US$ 4,1 trilhões (R$ 21,6 trilhões) enviaram uma carta aberta a sete embaixadas brasileiras na Europa, no Japão e nos Estados Unidos pedindo uma reunião para discutir o desmatamento na Amazônia. A reportagem procurou o Ministério do Meio Ambiente, mas até o momento não obteve resposta. Em sua live semanal, Bolsonaro reclamou nesta quinta-feira (25) que tudo o que acontece no Brasil é ""potencializado de forma negativa"" no exterior. ""Ninguém preserva tanto o meio ambiente como nós. Mais de 60% do território é preservado, de uma forma ou de outra. Lá fora, você não encontra um palmo de mata ciliar junto aos rios. Agora, nós pagamos um preço muito alto no tocante a isso daí. No ano passado, nós tivemos uma média de focos de incêndio inferior a dos últimos anos, e assim mesmo foi potencializado, como se eu estivesse botando fogo na região amazônica como um todo"", disse o presidente. Colaborou Daniel Carvalho Mais de mil kits com itens de higiene pessoal foram entregues exclusivamente para crianças, na manhã desta quarta-feira (24), na comunidade de Paraisópolis (zona sul da capital paulista). A ação é uma forma de conscientizar moradores sobre a necessidade de se prevenir contra a Covid-19. Cada kit foi montado com xampu, condicionador, gel de cabelo, além de duas máscaras, feitas pelo projeto Costurando Sonhos. Suéli do Socorro Feio, idealizadora do Costurando Sonhos, afirma que todas as máscaras doadas foram desinfectadas, sendo expostas à radiação no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Desde o início da quarentena, decretada pelo governo estadual em 24 de março, o projeto já doou 52 mil máscaras de proteção para os moradores de Paraisópolis. “Aproveitei para falar com a meninada sobre a importância de se prevenir contra o coronavírus. Isso [pandemia] não vai acabar agora e as crianças precisam ser conscientizadas sobre a importância do uso das máscaras. Essa é a única garantia de segurança, enquanto não descobrem uma vacina contra o vírus”, afirmou Suéli. A vendedora Jilcilene dos Santos, entrou na fila com a filha Flavia Persona, 4 anos, para pegar um kit para a menina e também para outro filho e um sobrinho, de 3 e 1 ano. Ela diz usar máscara de proteção, sempre que sai às ruas, e orientar os filhos a fazer o mesmo. “Pena que essas ações não dão conta de ajudar a todo mundo”, lamentou. Jilcelene disse ainda respeitar o isolamento social, algo raro, de acordo com ela, nas ruas de Paraisópolis. “A molecada fica na rua empinando pipa, jogando bola. As pessoas não aguentam ficar dentro de casa”, relatou, acrescentando que, apesar disso, “a maioria usa máscara.” A ação foi uma parceria do projeto Costurando Sonhos com o G10 Favelas, um bloco de líderes e empreendedores de impacto social formado por favelas de São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Paraná, Maranhão, Pernambuco e Distrito Federal. A escalada dos casos graves do novo coronavírus fez crescer a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em 16 estados brasileiros. Com isso, já chega a nove o número de estados com mais 80% dos leitos para o tratamento da Covid-19. O estado de Minas Gerais assumiu a ponta entre as unidades da federação com maior taxa de ocupação dos leitos. Roraima, Mato Grosso e Rio Grande do Norte aparecem na sequência, também em rota de crescimento do número de casos graves da doença. Em Minas, com avanço dos casos confirmados no interior e na capital, a taxa de ocupação total de UTIs em Minas Gerais atingiu 90,6% na segunda-feira (22) e deixou o estado próximo ao colapso. Sem separar leitos para Covid-19, a Secretaria Estadual de Saúde informa que 16% das internações de pacientes graves são relacionadas à doença. Há um mês, a ocupação total de leitos de UTI no estado era de 69%. Com a flexibilização da economia em várias regiões, incluindo Belo Horizonte, os números saltaram e tiraram o estado da zona de tranquilidade que tinha, em comparação ao cenário nacional. Uma previsão do Ministério Público de Minas Gerais, com base em análises e estudos, incluindo uma nota técnica elaborada pela UFMG, estimava na semana passada que o estado chegaria ao esgotamento dos leitos nesta quinta. A data foi adiada graças à expansão na rede estadual, segundo o secretário adjunto de saúde, Marcelo Cabral. “Apesar de todos os problemas, conseguimos jogar mais para frente a data estimada para o esgotamento de leitos. Esses dados são dinâmicos, já que o trabalho de ampliação das vagas é feito diariamente”, afirmou o secretário em entrevista à imprensa nesta quarta (24). Das 14 macrorregiões de saúde do estado, seis têm percentual de ocupação de UTIs acima de 90%. As regiões de Belo Horizonte, Uberlândia e Juiz de Fora estão entre elas. Nesta quarta, Minas chegou a 31.343 casos de Covid-19 confirmados e 771 mortes. As internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave tiveram aumento de 718% em comparação ao mesmo período do ano passado. Um dos primeiros estados a autorizar a reabertura de comércio e de parques públicos, Mato Grosso continua com uma escalada no número de pacientes graves. A ocupação dos leitos de UTI, que há duas semanas era de 13%, subiu para 76% na semana passada e 87% nesta semana. A situação é mais grave no interior: nas cidades de Rondonópolis, Cáceres e Sorriso, a ocupação dos leitos era de 100% nesta terça-feira (22). Em Várzea Grande, cidade da Grande Cuiabá, apenas um dos 40 leitos de UTI para pacientes com Covid-19 estava disponível. Estados como Pernambuco, Maranhão e Ceará também registraram ocupação acima de 80%, mas vivem uma desaceleração no número de casos graves. No Maranhão, onde o sistema de saúde atingiu o colapso há cerca de dois meses, o governo começou a redirecionar UTIs que estavam reservadas para pacientes com o novo coronavírus para pessoas com outras doenças. Em uma semana, o número de leitos para Covid-19 foi reduzido de 474 para 416. A Secretaria Estadual da Saúde apontou queda na ocupação de leitos, do número de novos casos e da taxa de contágio na Grande Ilha, formada pela capital São Luís e pelas cidades de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. O novo cenário fez o governo retomar na serviços ambulatoriais e procedimentos cirúrgicos na Grande São Luís. No interior do estado, porém, houve um incremento no número de casos graves. Na segunda (22), 80% dos leitos fora da Grande Ilha estavam ocupados. Há duas semanas, eram 68%. Pernambuco também tem registrado queda na demanda de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave por leitos de UTI. Na terça-feira (23), a taxa de ocupação das UTIs na rede pública estadual era de 83%. Desde o início da pandemia, 762 vagas foram abertas. Há uma semana, o índice registrado foi de 87%. A fila para pacientes aguardando por um leito de UTI, que no início de maio chegava a 256 pacientes, foi zerada. No Rio de Janeiro, a taxa de ocupação das UTIs vem caindo há algumas semanas. Nesta segunda, 57% dos leitos nas unidades estaduais de referência para a doença. Contribuiu para a melhora a inauguração de um hospital de campanha em São Gonçalo na última quinta (18), ainda com 20 das 80 UTIs previstas. Outros cinco hospitais de campanha prometidos pelo governador Wilson Witzel (PSC) não foram abertos até hoje. Um estudo técnico da própria Secretaria de Saúde recomendou que eles não fossem mais construídos, já que a ocupação está baixa e os custos de manutenção seriam altos, como revelou a TV Globo. A fila por vagas de enfermaria e terapia intensiva no estado subiu levemente na última semana —de 73 na última segunda (15) para 91. Epidemiologistas que acompanham os números da Covid-19 se preocupam com a abertura da economia em várias cidades e o aumento de casos no interior, que podem voltar a inundar o sistema de saúde da capital. Em São Paulo, o governo do estado afirma que não houve tensionamento nos leitos de UTI a despeito do novo recorde de óbitos em 24 horas registrado nesta terça-feira (22). A taxa de ocupação dos leitos para pacientes graves é de 65,7%, chegando a 68% na Grande São Paulo. Os números são menores do que os registrados na semana anterior, quando as taxas estavam em 70% no estado e em 77% na Grande São Paulo. Bahia, Paraná e Distrito Federal continuam em rota de crescimento no número de pacientes graves. Ao todo, a Bahia tem 75% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados nesta terça, percentual que sobe para 82% em Salvador. O estado tem cerca de 50 mil casos do novo coronavírus e 1.491 mortes. Cidades como Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Conceição do Coité e São Francisco do Conde registraram rápido crescimento no número de casos nos últimos dias. O Distrito Federal também segue tendência de alta na ocupação dos leitos após medidas de reabertura. Com 33.282 novos casos e 433 mortes até segunda (22), a capital federal tinha de 67,2% dos leitos ocupados. No Paraná, alguns hospitais públicos de Curitiba e na região oeste do estado estão sem leitos exclusivos para tratamento de pacientes com o novo coronavírus. A taxa média de 59% só é empurrada para baixo graças às condições favoráveis das outras áreas do estado. Mesmo com novos 71 leitos, houve crescimento em relação à semana anterior, em que o porcentual era de 51%. Na capital, 78% das UTIs estão preenchidas. Em meio a medidas de flexibilização do isolamento, Mato Grosso do Sul continua sendo o único estado com ocupação de leitos abaixo de 50%, mas com tendência de alta. O número de leitos ocupados subiu de 10% para 23% em uma semana. Com quatro meses desde o registro do primeiro caso de Covid-19, a se completarem nesta quinta (25), 1 a cada cinco cidades do país ainda registra crescimento acelerado de casos do novo coronavírus. Em apenas 3% a disseminação da doença começa a regredir. Entre as 27 capitais, 20 têm visto o número de novos registros aumentar com velocidade, em um momento em que prefeitos e governadores têm flexibilizado as medidas que preveem isolamento social e fechamento do comércio. Apenas uma, Recife, está em fase de desaceleração da doença. A conclusão é fruto de um modelo estatístico desenvolvido por dois dois pesquisadores da USP que mede a velocidade da epidemia e como ela muda ao longo do tempo. A metodologia tem como parâmetro o número de novos casos. São considerados registros dos últimos 30 dias. Foi desenvolvida por Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática e membro do coletivo Covid Radar, que mapeia a doença, e Rodrigo Veiga, doutorando em física. Eles se basearam em um estudo de epidemiologistas da Unesp para desenvolver o projeto. A situação em cada lugar é dividida em cinco categorias: inicial, acelerada, estável, desaceleração e controlada. O estágio inicial é aquele em que são registrados os primeiros casos. São cidades em que houve pouco mais que um ou dois registros. A fase acelerada é quando há aumento de novos casos. Na estável, por sua vez, o número diário de novos casos é constante. Se a quantidade de novos registros começa a diminuir, ou seja, o ritmo de contágio desacelera, tem-se a etapa de desaceleração. Quando a disseminação do vírus cede consistentemente, com poucos ou nenhum caso novo, chega-se à fase denominada controlada. Nenhuma cidade brasileira está nesse estágio no momento. Na quinta-feira (18), o Brasil tinha 1.138 cidades em situação de crescimento acelerado da Covid-19. Isso equivale a 20% do total de municípios brasileiros. Hoje, a doença chegou a 83% deles, um universo de 4.811 cidades. O estado com mais municípios em fase de aceleração é São Paulo (139, o que equivale a 22%), seguido do Ceará (119, o que equivale a 65%). Mas há, também, 189 cidades que têm visto o número de novos registros cair. Há um mês, eram apenas três. O estado com mais municípios nessa fase é o Maranhão: são 42 (20%). Em maio, os maranhenses adotaram regime de ""lockdown"" na região metropolitana e na capital após ter o sistema de saúde em colapso. A medida, que restringe a circulação de pessoas nas ruas a situações excepcionais, foi determinada pela Justiça. Hoje, São Luís se encontra na fase estável, segundo o modelo dos pesquisadores. Na sexta, o governador Flávio Dino (PCdoB) anunciou um plano de retomada de serviços até então paralisados. Academias voltam a funcionar nesta segunda (22), e bares e restaurantes serão reabertos no dia 29. Se a situação da epidemia se mantiver, a previsão é que as escolas possam voltar a funcionar em agosto. Recife, cuja região metropolitana teve ""lockdown"", é a única entre as capitais em fase de desaceleração. A cidade reabiriu o comércio de rua na semana passada e, no sábado (20), voltou a permitir a realização de esportes individuais na praia —banhistas continuam barrados. Outras cinco capitais, além de São Luís, estão em situação considerada estável, em que o ritmo de novos casos se mantêm. São elas: Rio de Janeiro, Belém, Manaus, Fortaleza e Boa Vista. À exceção de Boa Vista, todas elas reabriram parte do comércio. A capital de Roraima inaugurou na semana passada seu primeiro hospital de campanha, três meses após a previsão inicial. Desde o início da pandemia, o estado já teve quatro secretários de Saúde. Já São Paulo se encontra em fase de crescimento acelerado de registros. Renato Vicente, contudo, diz que o aumento de novos casos vem perdendo o fôlego, e a capital paulista tem caminhado para a estabilidade. Essa situação pode ser ameaçada pela reabertura de alguns serviços, como o comércio de rua, que voltou a funcionar no último dia 10. Também foram reabertos os shopping centers, que tiveram filas de clientes. Segundo a secretaria estadual de Saúde, a capital paulista contabiliza, desde o início da pandemia, quase 108 mil pessoas infectadas e mais de 6.400 mortos. Na última sexta, o Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de casos confirmados. No sábado (20), o país superou 50 mil mortos pela doença. No Carnaval, o técnico de áudio João Baptista Silva, 57 anos, teve agenda cheia na capital paulista, trabalhando nos trios elétricos do centro. Após a festa de rua, viajou para Salvador (BA) para uma série de palestras com mais de mil pessoas. Nessa época, a sombra do novo coronavírus já era presente no país e os trabalhos foram cancelados. Então, voltou para São Paulo no dia 16 de março e passou a pensar no que iria fazer, já que vive desses eventos e festas. No dia seguinte, porém, foi à feira comer o tradicional pastel com caldo de cana e começou a passar muito mal à noite, com diarreia, dor de cabeça e febre. Como pressentiu que não melhoraria, foi para a casa da namorada, Claudenise, 31, em Guarulhos (Grande SP). Lá, foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região e o médico apenas receitou antibiótico e o mandou para casa. “Tomei o remédio e a dor de cabeça continuou, parecia que ia explodir. Eu dormia gemendo e minha mulher até falou para eu parar de brincar de falta de ar, achando que eu estava brincando”, lembra João Baptista. Aproveitando que a Prefeitura de Guarulhos estava fazendo testes drive-thru da Covid-19, eles foram, mas o resultado não foi o esperado. “A enfermeira só mediu a temperatura na minha testa e disse que eu não tinha nada, mas eu já estava quase morrendo.” Sem melhorar, ele voltou à UPA e, dessa vez, acharam que ele estava com suspeita de dengue. Então, mandaram continuar tomando antibiótico. À noite, Claudenise preparou uma inalação para ele, mas, em vez de melhorar, só piorou a falta de ar. “Um dia, passei tão mal que meu filho, William, e ela me pegaram pelo braço para me levar ao hospital, mas eu não aguentei andar, com falta de ar. Então, me levaram de carro para o Hospital Geral de Guarulhos. Se eu estivesse sozinho em casa teria morrido, porque é uma sensação de não conseguir dar um passo. Se você cair no chão não se levanta mais. Fui salvo porque os caras do hospital foram muito rápidos com o oxigênio. Parece que a gente está em outro planeta...” João Baptista ficou internado 11 dias e não conseguia levantar nem andar sozinho ou sem o oxigênio. O médico chegou a falar que iria intubá-lo, caso não melhorasse, mas não foi necessário. “Um médico veio falar comigo sobre a cloroquina e mandou assinar um termo de responsabilidade, dizendo que havia risco de vida ao tomar o medicamento. Falei que ia assinar porque não tinha nada a perder.” Mesmo tanto tempo após a internação, ele conta que, volta e meia, sente taquicardia, com o coração acelerado, uma das sequelas da cloroquina. Por isso, já agendou com um cardiologista para uma melhor avaliação. Outro sintoma que só apareceu depois da alta foi a tosse seca, que durou alguns dias. Os filhos Stefany, 31, Willian, 27, e Rafaelly, 13, além da namorada, Claudenise, não foram contaminados, mas a família de João Baptista teve mais dois casos positivos. Em São Luiz, no Maranhão, uma tia dele morreu com a doença, enquanto um primo de São Paulo se recuperou. Como os eventos ainda não voltaram, João Baptista contou com a ajuda dos amigos para pagar as despesas quando deixou o hospital. “Um grupo de eventos com mais de 300 pessoas fez uma vaquinha para arrecadar dinheiro para me ajudar. E agora eu estou vendendo ovos nas ruas para pagar a conta de água, o aluguel, enquanto os eventos não voltam”, conta o técnico de som, lembrando das vezes em que tocou o hino nacional antes dos jogos no estádio do Pacaembu, onde agora está montado um hospital de Campanha para o tratamento da Covid. Durante entrega simbólica de 60.170 cestas básicas a famílias indígenas atingidas pela pandemia de Covid-19 no Amazonas, realizada nesta quarta-feira (17), na sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Manaus, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) , Damares Alves, ironizou decisão da Justiça Federal sobre o assunto. Na última na terça-feira (16), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) estipulou um prazo de 24 horas para que o MMFDH comprovasse a entrega de cestas básicas a famílias indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro. No início do mês a ministra declarou que as cestas haviam sido entregues, mas depois corrigiu a declaração. “Ela está convidada para ir com a gente, de preferência que a magistrada vá num barquinho, sentadinha em cima das cestas básicas, para entregar”, declarou Damares, referindo-se à a desembargadora federal Daniele Maranhão, do TRF1, cuja decisão a ministra classificou como “inócua e meio fora de tempo”. A decisão é a segunda da Justiça Federal sobre o assunto e cobra a União por atrasos na entrega de cestas básicas a indígenas, a partir de prazos definidos pelo próprio governo federal. De acordo com o cronograma do MMFDH, no dia 17 de junho as cestas deveriam já estar em mãos da Fundação Nacional do Índio (Funai) em São Gabriel da Cachoeira, e não em Manaus. Ainda segundo o cronograma, também estão atrasadas as entregas de cestas básicas a indígenas de Manaus e Manacapuru (que deveriam ter recebido as doações nos dias 4 e 5 de junho), Barcelos (12 de junho) e Santa Isabel do Rio Negro (15 de junho), estes dois últimos municípios do Alto Rio Negro. Mas, de acordo com estimativa da Conab, as cestas direcionadas a esses três municípios do Alto Rio Negro, entre eles São Gabriel da Cachoeira, que tem a maior população indígena do estado, só devem ser transportadas “nos próximos dias”. E a viagem até a região deve durar, no mínimo, mais quatro dias. Segundo o relatório do MMFDH , a data inicial estimada para a entrega das cestas básicas no Amazonas era 29 de maio, mas por problemas na compra de alguns gêneros alimentícios, o início da distribuição foi adiada, primeiro para 3 de junho, e depois para 15 de junho. Em 8 de maio, a Justiça já havia determinado que a União, a Funai e a Conab distribuíssem as cestas básicas a indígenas do Alto Rio Negro no prazo de cinco dias. No entanto, segundo o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM), até o dia 11 de junho apenas 270 cestas básicas haviam sido distribuídas aos indígenas de São Gabriel da Cachoeira, que tem o quinto maior número de casos confirmados de Covid-19 no Amazonas (2.434) e 34 óbitos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Susam). Nesta quarta, Damares voltou a falar sobre o assunto. “As cestas estão aqui, seguiu todo um cronograma. O que aconteceu, talvez, foi uma má interpretação lá atrás quando a gente disse que já chegaram as cestas, mas a gente estava se referindo àquelas unidades que a Funai já tinha entregue lá”, justificou. Questionada sobre o motivo para a demora entre o lançamento dos pregões, que teria ocorrido em abril, segundo ela própria, e a entrega das cestas básicas em Manaus, Damares apontou a “burocracia da máquina pública” e as dificuldades logísticas para fazer os alimentos chegarem a locais mais distantes, como a região do Alto Rio Negro, no Amazonas. “Vocês não têm ideia da confusão que é para comprar uma cesta básica. Tem que transferir (recursos) do meu ministério para outro ministério (de Justiça, ao qual estão subordinados a Funai e a Conab, executora do programa). O dinheiro não passa pela Funai, mas tem que ter anuência dela. E aí a Conab tem que abrir licitação”, disse Damares, que ainda culpou o feijão pela demora na conclusão dos pregões. “Sabe onde que demorou muito nossa licitação? No feijão. Nós tivemos problema de fornecimento de feijão. Um pregão, inclusive, deu deserto por conta de transporte aqui na região Norte. Tem empresa que entra no pregão e não imagina a distância que é de onde eles estão para cá [Manaus]. E nem daqui para São Gabriel”, justificou. De acordo com o superintendente regional da Conab no Amazonas, Pedro Benício, o Amazonas recebeu 18,7% do total de cestas básicas distribuídas pela pasta de Damares Alves aos estados: cerca de 60 mil das 320 mil anunciadas pela ministra no início do mês. No Amazonas, as doações devem chegar a indígenas de 32 municípios, segundo Benício, que não informou prazos exatos. “Já temos cestas navegando na calha do rio Purus e na calha do Javari. E nos próximos dias estarão saindo as cestas para São Gabriel da Cachoeira”, informou. A entrega simbólica de cestas básicas aconteceu no segundo dia da visita da comitiva da ministra a Manaus. Damares chegou à capital amazonense na terça-feira (16), quando se reuniu com conselheiros tutelares da região e, depois, com representantes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), do Núcleo Prisional da Defensoria Pública (DPE) e da Vara de Execuções Penais (VEP) para debater questões relacionadas ao controle da pandemia no sistema prisional. A ministra ainda visitou um abrigo estadual montado na Arena Amadeu Teixeira para abrigar pessoas em situação de rua durante a pandemia, onde participou de entrega de máscaras. O assessor de Assuntos e Pesquisas da Funai de Brasília, Cláudio Eduardo Badaró, informou que, nos próximos meses, a expectativa é superar as 500 mil cestas básicas entregues em todo o país, entre as ações do MMFDH, da Funai e de outros parceiros. Segundo ele, desde o início da pandemia a Funai investiu R$ 20,7 milhões em ações de combate à Covid-19 entre os povos indígenas, com a distribuição de 153 mil cestas básicas e 43 mil kits de higiene em todo o Brasil, além da criação de 188 barreiras sanitárias para restringir a entrada de pessoas nesses territórios. As ações não estão ligadas à operação do MMFDH. Na região Norte, a Funai distribuiu, até 12 de junho, 6.037 cestas básicas em todas as regiões do Amazonas. Outras 3.137 ainda serão entregues, segundo Badaró, que também não informou prazos para que as entregas sejam feitas. O Paraná bateu nesta terça-feira (16) recorde de casos e mortes pelo novo coronavírus e está enfrentando sua pior semana da pandemia da Covid-19 desde março, quando teve os primeiros registros da doença. Com 841 novos diagnósticos em 24 horas e 30 mortos em alguns dias, o Paraná chegou à marca total de 10.557 pessoas infectadas e 364 óbitos. O estado também tem visto a taxa de ocupação de leitos crescer e atingir mais de 70% em algumas regiões. Apesar de manter a 22ª posição em registros da Covid-19, os números deste boletim estadual são parecidos com os últimos dados do Maranhão, que ocupa o 5º lugar na tabela. Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o paranaense Clóvis Arns já havia previsto o cenário preocupante. “Mesmo hospitais privados de Curitiba já estão sem vagas de UTI ou com poucas disponíveis”, disse ele no domingo (14) sobre a situação da capital. A gestão Ratinho Jr. (PSD) escolheu apostar no bom senso da população e deixou a cargo das prefeituras as regras de reabertura de comércio, shoppings e outras atividades. Assim, a maioria das cidades já havia retomado praticamente toda a economia e agora, com a taxa de contaminação e de ocupação de leitos se agravando, estão revendo as medidas. Uma delas é Curitiba, que registrou recordes da pandemia nesta terça-feira: foram 510 novos casos —maior número desde março — e seis mortos. Uma das explicações da prefeitura para os dados é a inclusão de 428 testes ambulatoriais que tiveram os resultados disponibilizados. Mesmo assim, o restante dos 82 resultados positivos representa o dobro do número registrado no dia anterior, e a prefeitura admite um crescimento exponencial da doença. A taxa de ocupação de UTIs chegou a 78%, batendo 83% das unidades reservadas para adultos. “É urgente que a população tome medidas de proteção ou em duas semanas não teremos mais leitos”, alertou a infectologista da secretaria municipal de saúde, Marion Burger. Na segunda-feira (15), a prefeitura acendeu o alerta laranja, nível médio entre três criados na semana passada para balizar o funcionamento de setores da economia. Ainda assim, shoppings, academias e outros estabelecimentos, que seriam originalmente fechados, foram mantidos abertos com restrições, após protestos de empresários do setor em frente ao prédio da prefeitura e à casa do prefeito Rafael Greca (DEM). Parques e praças foram interditados. Outra parcela da população, contrária à flexibilização, tem reagido contra o político nas redes sociais. O Ministério Público também pediu explicações à prefeitura sobre as concessões. Em resposta, Greca gravou um vídeo em que afirmou que as pressões decorrem do ano eleitoral e cita “inimigos políticos” que empurram a população “para a morte”. O município resistia às restrições de comércios e serviços desde o início da pandemia. Em maio, o prefeito citou em uma rede social que os curitibanos vinham seguindo o “modelo sueco” de combate à doença, apostando na “inteligência” da população. Só agora, com o aumento exponencial de casos, Greca está tomando medidas mais severas. Apesar das respostas, ele apelou novamente para o bom senso. “O Brasil não pode conviver com desobediência civil num momento que é preciso disciplina e regras sanitárias”, declarou. Outro fator que levou ao crescimento dos casos no Paraná foi a contaminação em frigoríficos –são mais de 300 no estado, empregando cerca de 100 mil pessoas. O estado já teve que controlar altas da Covid-19 em algumas regiões com influência da atuação das empresas. Atualmente, Cianorte, cidade do noroeste do estado com 82.620 habitantes, vive o pior momento de enfrentamento da doença. Após contaminação em um abatedouro de aves, a regional de saúde que congrega esta e outras dez cidades, reunindo cerca de 160 mil pessoas, possui a maior taxa estadual de casos confirmados do novo coronavírus por 100.000 habitantes. Entre os grandes municípios do estado que já haviam reaberto comércio e serviços, todos estão voltando atrás e revendo as medidas. Em Cascavel, no oeste, há toque de recolher a partir das 20h, restrição de horário de funcionamento de estabelecimentos e suspensão da gratuidade dos ônibus. Nos finais de semana, há lockdown. A cidade está entre as que têm maior registro de casos do novo coronavírus por número de habitantes, segundo estudo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. A região figura entre as que possuem a maior taxa de ocupação de UTIs exclusivas para pacientes com a doença (72%), ao lado da leste, onde fica Curitiba, com 74% dos leitos preenchidos. A prefeitura de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, também estabeleceu toque de recolher nesta semana após receber mais de mil denúncias de festas e aglomerações. A medida vale a partir de sexta-feira (19), nos finais de semana, das 23h às 9h. Na região norte, com comunicação próxima com o estado de São Paulo, os maiores municípios também estão revendo medidas. A prefeitura de Maringá mandou fechar de bares e restringiu o funcionamento de outras atividades. Londrina instituiu multas para pessoas e empresas que descumprirem regras, como uso de máscaras de proteção e promoção de aglomerações A pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro Alexandre de Moraes, relator no STF (Supremo Tribunal Federal) do inquérito que apura atos antidemocráticos organizados por apoiadores de Jair Bolsonaro, determinou a quebra do sigilo bancário de dez deputados federais e um senador bolsonaristas. São os deputados Daniel Silveira (PSL-RJ), alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça-feira (16), Cabo Junio do Amaral (PSL-MG), Carla Zambelli (PSL-SP), investigada também no inquérito das fake news, Caroline de Toni (PSL-SC), Alê Silva (PSL-MG), Bia Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR) e Otoni de Paula (PSC-RJ). O senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ) completa a lista. O inquérito foi autorizado pelo Supremo após manifestações terem sido realizadas em 19 de abril. O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. A solicitação de quebra de sigilo foi feita pela PGR e autorizada no dia 27 de maio por Moraes. No mesmo despacho de maio, o ministro do STF autorizou a Polícia Federal a cumprir, na manhã desta terça-feira (16), mandados de busca e apreensão. As medidas, que atingem aliados de Bolsonaro, têm o objetivo de instruir o inquérito que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos. Entre os alvos estavam um advogado e um marqueteiro ligados à Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar desde sua saída do PSL, no final do ano passado. No total foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal. Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e outras autoridades com prerrogativa de foro no STF ""para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)"". O vice-presidente Hamilton Mourão avaliou que houve um certo exagero na operação. ""Eu acho que é meio exagerado isso aí. Eu acho que considerar que essa meia dúzia de gente que estava aí na rua como uma ameaça é a mesma coisa que a gente considerar aquela turma que aparece com bandeira de foice e martelo como ameaça"", afirmou. Em uma rede social, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) anunciou ser um dos alvos das buscas da PF. “Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder”, disse. Policiais vasculharam o gabinete de Silveira na Câmara, o apartamento funcional em Brasília e sua residência no Rio de Janeiro. Agentes federais também cumpriram mandados em endereços do blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, do advogado Luís Felipe Belmonte, um dos responsáveis pela montagem da Aliança, e do marqueteiro Sérgio Lima, também do partido que Bolsonaro pretende criar. Belmonte apareceu em um vídeo postado no YouTube no mês passado por Sara Winter no qual a líder do grupo armado de extrema direita 300 do Brasil pede ajuda contra ações do Governo do Distrito Federal, que buscava desmobilizar acampamentos de apoio ao presidente na região central de Brasília. O empresário Otávio Fakhoury é outro alvo da operação. Ele e Allan dos Santos já tinham sofrido busca e apreensão no inquérito de fake news, também sob a relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes. Fakhoury negou participação em atos ilícitos. Em nota, o empresário informou que seus advogados buscam no Supremo acesso integral aos autos, o que lhe permitirá apresentar esclarecimentos aos investigadores a oitiva da PF estava agendada para hoje. Já o blogueiro Allan dos Santos postou vídeo após a PF deixar sua casa em Brasília e afirmou que seus advogados tentariam ter acesso aos autos do inquérito. Ele disse que teve o computador apreendido pela polícia. Ambos fazem ataques à corte de forma recorrente. Em vídeos e nas redes sociais, além de espalhar hashtags contra a corte, Allan tem participado de protestos com bandeiras antidemocráticas em Brasília. Em um deles, fez uma foto mostrando o dedo do meio para o prédio do STF. Em maio, ele passou a fazer menção ao artigo 142 da Constituição, defendendo o uso das Forças Armadas contra os ministros. Naquele mês, após a nomeação de Alexandre Ramagem para a PF ser barrada por Moraes, Fakhoury escreveu na rede social que quando o povo perdesse a paciência com os “ditadores togados do STF”, a toga dos ministros viraria pano de chão. Nesta terça-feira, Allan retuitou o post do deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ) contra a operação. O parlamentar afirmou que estava indo para Brasília para brigar e que por ele Polícia Federal não cumpriria mais nenhuma ordem do STF. Labre também defendeu o uso das Forças Armadas contra a corte após a operação contra bolsonaristas no inquérito das fake news, no final de maio. Numa entrevista a um canal do YouTube nesta segunda-feira (15) e em um post no mesmo site no sábado (13), o parlamentar afirma que “se o dono do fuzil resolver que a caneta não vale, acabou”. “Não adianta você apontar a caneta para o dono do fuzil. É o dono do fuzil que decide se obedece ou não, porque caneta não atira, mas fuzil atira”, disse. Houve mandados também contra Alberto Junio da Silva, conhecido como Beto Louco, de Minas Gerais, e contra a jornalista Camila Abdo, de São Paulo. Em entrevista a uma afiliada da TV Globo, Alberto Silva, de Poços de Caldas (MG), negou participação em atos antidemocráticos. “Desde que foi decretada a questão da pandemia, escolhi, por uma questão de obedecer ao próprio Ministério da Saúde, a não estar participando dessas manifestações”, afirmou. Camila Abdo disse em vídeo publicado em um aplicativo de relacionamento que a PF levou seus celulares e seu computador e que prestou depoimento. Ela reforçou apoio ao presidente Bolsonaro. Em São Paulo, duas empresas de tecnologia estão na lista de Moraes: a Novo Brasil Empreendimentos Digitais e a Inclutech Tecnologia da Informação. Nesta segunda-feira, no âmbito do mesmo inquérito sobre protestos antidemocráticos, a ativista Sara Winter, do grupo armado de extrema direita 300 do Brasil, foi presa após operação da PF. Na ocasião, Moraes atendeu a um pedido do Ministério Público Federal feito na sexta-feira (12), a partir de indícios de que o grupo liderado por Sara está organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional. Além dela, outras três pessoas foram presas. Outros dois nomes ainda estavam sendo procurados pela PF. Na noite de sábado, integrantes do grupo atacaram o prédio do STF em Brasília com fogos de artifício. A pedido do presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, a Procuradoria-Geral da República abriu investigação para a responsabilização dos autores. Também no sábado o Governo do Distrito Federal, usando a Polícia Militar, recolheu barracas e outros utensílios de militantes do 300 do Brasil sob a justificativa de que os acampamentos não são permitidos no local. Winter pediu a intervenção do presidente Jair Bolsonaro. O objetivo de Aras, ao pedir a investigação ao STF, é apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional por ""atos contra o regime da democracia brasileira por vários cidadãos, inclusive deputados federais, o que justifica a competência do STF"". “O Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional”, afirmou o procurador-geral, sem citar o presidente Bolsonaro, que também participou de ato em Brasília. A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático de Direito. Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares. Já a Lei de Segurança Nacional diz que é crime fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social. Também veda incitar a subversão da ordem política ou social; a animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; e a luta com violência entre as classes sociais. No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral não cita o presidente da República como um dos possíveis organizadores ou financiadores de atos deste tipo. Mas o inquérito também é entendido como um recado ao presidente. Um dia após a PF cumprir 29 mandados de busca e apreensão no chamado inquérito das fake news, no mês passado, Bolsonaro criticou a investigação que atingia seus aliados e disparou queixas contra a corte. “Não teremos outro dia como ontem, chega”, disse, na saída do Palácio da Alvorada, em declaração transmitida pela rede CNN Brasil. “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news.” O presidente afirmou, ainda, ter em mãos as “armas da democracia”. E disse que ""ordens absurdas não se cumprem"" e que ""temos que botar limites"". Deputados Daniel Silveira (PSL-RJ) Numa rede social, o deputado publicou: “E ainda dizem que a independência e harmonia entre os poderes permanecem... Você acredita?”. Cabo Junio do Amaral (PSL-MG) Em nota, ele chamou a decisão de “extremo da tirania em ações do STF”. “Soube pela imprensa que meu sigilo bancário estaria sendo quebrado por haver indícios de financiamento a ‘atos antidemocráticos’. Como a imprensa sabe disso tudo e eu não? Pouco importo com o que verão lá nas minhas transações bancárias, não financio manifestação nenhuma, mas ainda que fizesse, não há vedação pra isso. Chegamos no extremo da tirania em ações do STF, a esquerda já está governando e perseguindo opositores através da suprema corte. O objetivo está claro, fritar e intimidar quem está ao lado do governo. Direitos e garantias fundamentais assegurados, salvo para que for apoiador do presidente."" Carla Zambelli (PSL-SP) Por meio de sua assessoria, a deputada informou que a defesa da parlamentar não foi intimada a respeito da quebra de sigilo bancário, não sabendo sequer em qual procedimento a referida decisão pode ter sido ultimada. Carla Zambelli afirma que ""se alguém espera encontrar algo que me comprometa, terá uma grande decepção"". A parlamentar reforçou que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades. Caroline de Toni (PSL-SC) A deputada afirmou, em rede social, que soube da quebra de sigilo por meio da imprensa. “Não há qualquer nenhum fato ou fundamento jurídico que a justifique. Não tenho mais dúvida de que estamos vivendo num estado de exceção."" Alê Silva (PSL-MG) A deputada disse que não seria necessária a quebra de sigilo, porque forneceria todos os dados por conta própria. “Em tempos de Covid e com tantas entidades sociais para eu ajudar, quem viu a minha conta deve ter ficado com pena e deixado um cadin de dinheiro lá."" Bia Kicis (PSL-DF) Em uma rede social, a deputada disse que ainda não foi notificada. “Se é real, como a imprensa sabe e eu e meus advogados não? Das duas uma: ou a decisão não existe e estou sendo vítima de fake news com prejuízo, inclusive para minha saúde; ou existe e houve vazamento para a imprensa, sem acesso a mim e meus advogados, o que é uma violência."" General Girão (PSL-RN) Em nota, o deputado afirmou que ainda não foi notificado e que buscará todas as medidas cabíveis ""para se contrapor a um ato que configura mais uma atitude de arbitrariedade e totalitarismo"". Guiga Peixoto (PSL-SP) O deputado disse que foi surpreendido com a quebra de seu sigilo, não tem conhecimento do teor da investigação e só se manifestará quando tiver acesso aos autos do inquérito. Aline Sleutjes (PSL-PR) A deputada disse que não foi notificada e que ficou sabendo da decisão pela imprensa. ""Estou à disposição para colaborar com a Justiça, e reitero meu compromisso com o trabalho sério e transparente, respeitando, acima de tudo, a democracia e a Constituição. Nunca apoiei ou participei de movimentos anti democráticos, e não financiei nenhuma organização que fomenta tais atitudes."" Otoni de Paula (PSC-RJ) Em transmissão ao vivo em uma rede social, o deputado disse que a decisão do ministro é uma covardia. ""Senhor Alexandre de Moraes, o senhor é um canalha, presta um desserviço à pátria brasileira, o senhor é tudo menos um democrata e o senhor não vai intimidar este deputado. Não investiga só a minha conta, investiga minha vida toda, eu te desafio"", afirmou. ""Nós veremos a sua queda, de forma democrática, de forma republicana."" Senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ) O senador diz que não foi notificado. Afirma que soube pela imprensa e não sabe do que se trata. [RESUMO] Medidas para frear a desinformação não justificam o enfraquecimento do direito ao anonimato, argumentam autores, que consideram que a exigência de identificação prévia não tem respaldo na Constituição brasileira e pode levar, em nome da proteção da democracia, à supressão de liberdades. Fiquemos atentos. No calor dos debates sobre a responsabilização dos provedores de redes sociais na internet pelo fluxo avassalador de desinformação que carregam, podemos, inadvertidamente, pôr em risco a liberdade de expressão e a democracia. É legítimo o anseio por impor limites à indústria das fake news, uma atividade clandestina, ilegal e muitas vezes criminosa, com o fim espúrio de manipular o cidadão e desacreditar a democracia. Essa indústria corrosiva favorece as doutrinas totalitárias, o racismo e o fanatismo anticientífico, além de bombardear sem tréguas as conquistas humanistas da modernidade. Quanto à necessidade de combatê-la, portanto, estamos todos de acordo. No entanto, em nome de cerrar fileiras contra a desinformação antidemocrática e inconstitucional, vem ganhando adeptos o intento autoritário de varrer do mapa um direito que nos foi legado pelos costumes da melhor tradição liberal: o anonimato. Dar esse passo seria um erro terrível. Estudando o legado histórico, percebemos que a democracia e a liberdade foram construídas por vozes que, não raro, só puderam se manifestar porque se fizeram proteger pelo recurso do anonimato. Vale citar três exemplos famosos. Em 1689, o pensador inglês John Locke, vivendo no exílio, ocultou a própria identidade para publicar sua célebre ""Carta sobre a Tolerância"", que se converteria num marco da liberdade religiosa. O segundo exemplo é mais significativo. Entre 1787 e 1788, uma série de artigos com o propósito de convencer os americanos a ratificarem a criação da Federação foi publicada em jornais como The Independent Journal e The New York Packet sob um pseudônimo enigmático: “Publius”. Aqueles artigos realizaram a proeza histórica de levar o país a adotar a decisão nacional que deu origem ao Estado americano tal como ele se encontra estabelecido até nossos dias e —atenção para isso— eram anônimos. Somente mais tarde, John Jay, Alexander Hamilton e James Madison assumiram publicamente a autoria dos textos, reputados atualmente como pedra fundamental do pensamento político democrático nos Estados Unidos. O terceiro exemplo é brasileiro. As famosas ""Cartas Chilenas"" circularam em Vila Rica com fortes sátiras contra o governador, sob os pseudônimos Critilo e Doroteu, poucos anos antes da Inconfidência Mineira. Execradas pela Coroa Portuguesa, as cartas, cuja autoria apenas em 1940 revelou-se ser de Tomás Antônio Gonzaga, tornaram-se, para os brasileiros, símbolos de libertação. Hoje, desavisadamente, alguns argumentam que a Constituição Brasileira vigente veda expressamente o anonimato, razão pela qual a autenticação da identidade na abertura de contas em redes sociais não mereceria qualquer objeção. É verdade que o inciso IV do art 5o da Constituição Federal prevê ser “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, mas é um equívoco ler, nesse condicionamento, a imposição de um dever geral de identificação para qualquer forma de manifestação pública. Sejamos cautelosos nessa matéria. O mesmo artigo 5o dispõe contrariamente ao dever de identificação. Em seu inciso XIV, lemos que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Ora, o sigilo da fonte não deixa de ser uma forma, ainda que mediada, de anonimato. Diz a Constituição que esse anonimato será guardado pelo profissional da imprensa, pois só este conhece a identidade de sua fonte e não poderá ser obrigado por ninguém a revelá-la. A garantia do sigilo da fonte, mais do que um direito da fonte ou do jornalista, firma-se como uma garantia dos freios e contrapesos em sociedades livres. A liberdade de imprensa, potencializada pelo sigilo da fonte, é preciosa exatamente por se consubstanciar em um meio legítimo pelo qual as sociedades livres vigiam o exercício do poder. Por certo, a coexistência desses dois dispositivos, um vedando o anonimato e o outro garantindo o anonimato (por meio do sigilo da fonte), intriga os intérpretes da Constituição. Como compreender essa coexistência? Estaríamos diante de uma contradição insolúvel entre princípios discrepantes? Para compreender esse ponto, é preciso, de início, perceber que a Constituição Federal reconhece claramente que o discurso, cuja liberdade é assegurada, pode lesar outros direitos fundamentais. Segue-se, então, da liberdade de manifestação do pensamento (inciso IV), a garantia do direito de resposta e da indenização por dano material ou à imagem (inciso V). Pelo mesmo motivo, estão previstas no mesmo artigo a vedação à censura (inciso IX) e a inviolabilidade dos direitos da personalidade (intimidade, privacidade, honra e imagem). Daí a necessidade de olharmos para o propósito do condicionamento à liberdade que aparece no inciso IV. Seu objetivo é a mitigação do risco e do potencial de dano que alguns tipos de manifestação podem causar. Sendo assim, por se tratar de condicionamento ao direito fundamental à liberdade de expressão, a vedação ao anonimato deve ser interpretada como uma restrição mínima, não passando do estritamente necessário para proteger a liberdade do outro. Em outras palavras, esse condicionamento submete-se ao princípio geral e a ele apenas apresenta uma restrição específica. Considerando que o dano pelo discurso é apenas uma possibilidade, decorre daí que a regra não pode ser a vedação prévia ao anonimato; a regra é a liberdade e, portanto, o princípio constitucional não impõe a ninguém, nem poderia impor, o dever geral de identificação prévia daqueles que exercem livremente o direito de se manifestar. Caso contrário, haveria uma presunção de que todo discurso seria abusivo, ao arrepio da presunção de inocência da qual, pela mesma Constituição, goza todo cidadão. Logo, deve-se ler no texto constitucional não a obrigação de identificação prévia, mas apenas que o anonimato não elide a responsabilidade. Isso significa que, como princípio, a manifestação anônima é plenamente possível e legal; resguarda-se, apenas, a possibilidade de identificação para se assegurar uma possível reação contra o exercício manifestamente abusivo da liberdade de expressão. Fica, assim, resguardada a possibilidade de controle apenas a posteriori da autoria do discurso abusivo com sua responsabilização. Consideremos suficiente esse ponderado e seguro mecanismo constitucional, pois a ambição de eliminar ex ante a própria possibilidade de violação não raro leva à supressão de liberdades: hoje proíbe-se o anonimato; amanhã proíbe-se a própria manifestação do pensamento a pretexto do combate às fake news. Com isso, resolve-se a aparente contradição entre os incisos IV e XIV. O que se deve depreender do diálogo entre os dois incisos é que o anonimato não pode ser aceito numa única circunstância: a de que esteja servindo como manto protetor para aquele que abusa da liberdade de manifestar seu pensamento para lesar o outro ou a própria democracia. Resulta bastante claro, ao mesmo tempo, que o sigilo da fonte (uma forma especial de anonimato) não apenas é aceitável aos olhos da Constituição como é por vezes necessário para que o público seja informado sobre desvios do poder. Não fosse esse sigilo, o cidadão se sentiria exposto e desprotegido quando fosse denunciar a um repórter uma irregularidade cometida por autoridades e outros poderosos. Enfim, a Constituição legitima, e não veda o anonimato. O que ela veda, isto sim, é o artifício do anonimato como esconderijo para o ilícito. Quanto ao mais, o ordenamento jurídico brasileiro incorporou o recurso ao anonimato em muitos níveis. Temos, por exemplo, a possibilidade legal da denúncia anônima para assegurar àquele que acusa a prática de crimes graves a proteção de sua identidade. Também no exercício do direito ao voto, a escolha do candidato é computada de modo anonimizado. No processo eleitoral, a lei não apenas institui o anonimato como o protege. Com seu voto, o eleitor expressa o seu pensamento de forma rigorosamente anônima e nem por isso ofende o disposto no inciso IV do artigo 5o da Constituição Federal. No âmbito dos costumes e da cultura, assimilamos com naturalidade a preservação da identidade de algumas vozes, de tal sorte que, na literatura e no jornalismo, há muito convivemos ampla e harmoniosamente com pseudônimos e autorias anônimas. Especificamente quanto à atividade na internet, o Marco Civil da Internet faz a sábia intervenção mínima em prol da segurança pública, ao obrigar os provedores a guardarem por seis meses os registros de acesso às aplicações, justamente para viabilizar a persecução de atividade criminosa, sem invadir a privacidade e liberdade dos usuários. Qualquer passo além deve ser extremamente cauteloso e merece o mais amplo debate. Defender o anonimato não significa defender a prática de crime. Os criminosos que agora no Brasil propagam fake news, repletas de calúnias e difamações, embora procurem se escudar numa suspeitíssima alegação de liberdade de expressão, não passam de integrantes de milícias virtuais e precisam ser investigados, localizados, identificados, julgados e punidos. Em nada podem ser comparados a John Jay, James Madison e Alexander Hamilton, que publicaram seus artigos federalistas sob pseudônimo. Os agenciadores da desinformação nas redes sociais são apenas bandidos ocultos. Em suma, não podemos jogar fora o bem do anonimato, esse direito consagrado, mais do que pelo direito positivo, pelos costumes democráticos. Se não cuidarmos dele, pagaremos com a nossa liberdade o preço medonho de uma vigilância extrema, desenhada nos moldes das distopias mais sufocantes. Sob a alegação de proteger a democracia, não caiamos na sanha desastrada de patrocinar o autoritarismo. A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta terça-feira (16), mandados de busca e apreensão solicitados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). As medidas, que atingem aliados do presidente Jair Bolsonaro, têm o objetivo de instruir o inquérito que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos. Entre os alvos estão um advogado e um marqueteiro ligados à Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar desde sua saída do PSL, no final do ano passado. No total são cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal. Uma linha de apuração neste inquérito, segundo a PGR, busca esclarecer se os investigados se articularam com parlamentares e outras autoridades com prerrogativa de foro no STF ”para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional (7.170/1983)”. Em uma rede social, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), disse ser um dos alvos das buscas da PF. “Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder”, disse. Policiais vasculham o gabinete de Silveira na Câmara, o apartamento funcional em Brasília e sua residência no Rio. Agentes federais também cumprem mandados em endereços do blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, do advogado Luís Felipe Belmonte, um dos responsáveis pela montagem da Aliança, e do marqueteiro Sérgio Lima, também do partido que Bolsonaro pretende criar. Belmonte apareceu em vídeo postado no YouTube no mês passado por Sara Winter em que a líder do grupo armado de extrema direita 300 do Brasil pede ajuda contra ações do governo do Distrito Federal, que buscava desmobilizar acampamentos de apoio ao presidente na região central de Brasília. O empresário Otávio Fakhoury é outro alvo da operação. Ele e Allan dos Santos já tinham sofrido busca e apreensão no inquérito de fake news, também sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Fakhoury negou participação em atos ilícitos. Em nota, o empresário informou que seus advogados buscam no STF acesso integral aos autos, o que lhe permitirá apresentar esclarecimentos aos investigadores a oitiva da PF estava agendada para hoje. Já o blogueiro Allan dos Santos postou vídeo após a PF deixar sua casa em Brasília e afirmou que seus advogados tentariam ter acesso aos autos do inquérito. Ele disse que teve o computador apreendido pela polícia. Ambos fazem ataques à corte de forma recorrente. Em vídeos e nas redes sociais, além de espalhar hashtags contra a corte, Allan tem participado de protestos com bandeiras antidemocráticas em Brasília. Em um deles, fez uma foto mostrando o dedo do meio para o prédio do STF. Em maio, ele passou a fazer menção ao artigo 142 da Constituição, defendendo o uso das Forças Armadas contra os ministros. Em maio, após a nomeação de Alexandre Ramagem para a PF ser barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, Fakoury escreveu na rede social que quando o povo perdesse a paciência com os “ditadores togados do STF”, a toga dos ministros viraria pano de chão. Nesta terça-feira, Allan retuitou o post do deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ) contra a operação. O parlamentar afirmou que estava indo para Brasília para brigar e que por ele Polícia Federal não cumpriria mais nenhuma ordem do STF. Labre também defendeu o uso das Forças Armadas contra a corte após a operação contra bolsonaristas no inquérito das fake news, no final de maio. Numa entrevista a um canal no Youtube na segunda (15) e em um post na rede social no sábado (13), o parlamentar afirma que “se o dono do fuzil resolver que a caneta não vale, acabou”. “Não adianta você apontar a caneta para o dono do fuzil. É o dono do fuzil que decide se obedece ou não, porque caneta não atira, mas fuzil atira”, disse. Há mandados também contra Alberto Junio da Silva, conhecido como Beto Louco, de Minas Gerais, e contra a jornalista Camila Abdo, de São Paulo. Em entrevista a uma afiliada da TV Globo, Alberto Silva, de Poços de Caldas, negou participação em atos antidemocráticos. “Desde que foi decretada a questão da pandemia, escolhi, por uma questão de obedecer ao próprio Ministério da Saúde, a não estar participando dessas manifestações”, afirmou. Camila Abdo disse em vídeo publicado em um aplicativo de relacionamento que a PF levou seus celulares e seu computador e que prestou depoimento. Ela reforçou apoio ao presidente Bolsonaro. Em São Paulo, duas empresas de tecnologia estão na lista de Moraes: a Novo Brasil Empreendimentos Digitais e a Inclutech Telecnologia da Informação. Na segunda (15), no âmbito do mesmo inquérito sobre protestos antidemocráticos, a ativista Sara Winter, do 300 do Brasil, foi presa após operação da PF. Na ocasião, Moraes atendeu a um pedido do Ministério Público Federal feito na sexta-feira (12), a partir de indícios de que o grupo liderado por Sara está organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional. Na noite de sábado (13), integrantes do grupo atacaram o prédio do STF em Brasília com fogos de artifício. A pedido do presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, a Procuradoria-Geral da República abriu investigação para a responsabilização dos autores. Também no sábado o Governo do Distrito Federal, usando a Polícia Militar, recolheu barracas e outros utensílios de militantes do 300 do Brasil sob a justificativa de que os acampamentos não são permitidos no local. Winter pediu a intervenção do presidente Jair Bolsonaro. O inquérito para investigar os atos antidemocráticos no país foi autorizado por Alexandre de Moraes após manifestações terem sido realizadas em 19 de abril. O pedido de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. O objetivo de Aras é apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional por ""atos contra o regime da democracia brasileira por vários cidadãos, inclusive deputados federais, o que justifica a competência do STF"". “O Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional”, afirmou o procurador-geral, sem citar o presidente Bolsonaro, que também participou de ato em Brasília. A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático de Direito. Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares. Já a Lei de Segurança Nacional diz que é crime fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social. Também veda incitar a subversão da ordem política ou social; a animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; e a luta com violência entre as classes sociais. No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral não cita o presidente da República como um dos possíveis organizadores ou financiadores de atos deste tipo. Mas o inquérito também é entendido como um recado ao presidente. Um dia após a PF cumprir 29 mandados de busca e apreensão no chamado inquérito das fake news, no mês passado, Bolsonaro criticou a investigação que atingia seus aliados e disparou queixas contra a corte. “Não teremos outro dia como ontem, chega”, disse, na saída do Palácio da Alvorada, em declaração transmitida pela rede CNN Brasil. “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news.” O presidente afirmou, ainda, ter em mãos as “armas da democracia”. E disse que ""ordens absurdas não se cumprem"" e que ""temos que botar limites"". A interrupção das aulas durante a pandemia do novo coronavírus pode reduzir o PIB (produto interno bruto) brasileiro de 5,3% a 23% pela perda de renda que os jovens sofrerão com o déficit de aprendizado desse período. O cálculo foi feito por economistas do Insper. O estudo calculou o impacto da perda de aprendizado neste ano ao longo da vida dos estudantes. A projeção é de que os jovens podem perder R$ 42,5 mil de renda se os conteúdos não forem repostos e eles seguirem para o mercado de trabalho com esses déficits. Com 34,8 milhões de estudantes na educação básica, a perda de renda dessa geração teria um impacto de R$ 1,48 trilhão na economia do país, o que representa 23% do PIB. A projeção faz parte do estudo “Estamos fechando escolas: essa é uma decisão sábia?”, feito por professores da instituição. “Nós tivemos o fechamento das escola e, ainda que se mantenha parte das aulas de forma remota, os alunos não estão aprendendo como deveriam. Não foi planejado, não houve transição para esse novo modelo. Então, houve perdas e precisamos olhar agora para elas”, disse o economista Ricardo Paes de Barros, que elaborou o estudo. Outro cenário calculado é do impacto financeiro caso os sistemas de ensino decidam ampliar o calendário letivo para repor as aulas perdidas, ou seja, o atraso em um ano para a conclusão da educação básica e a entrada dos alunos no mercado de trabalho. Segundo a projeção, o estudantes perderiam R$ 10 mil de renda ao longo da vida ao adiar o término dos estudos. O atraso da entrada desses jovens no mercado de trabalho causaria um impacto de R$ 350 bilhões na economia brasileira, 5% do PIB nacional. “Existem duas formas de lidar com a interrupção forçada das aulas: aprovar os alunos para que eles continuem a vida escolar como se tivessem aprendido o que deveriam ou atrasar sua trajetória em um ano e garantir que eles aprendam. Financeiramente, a primeira opção traz um custo 4 vezes maior”, disse Barros. O cálculo do impacto na renda foi feito considerando o rendimento médio dos brasileiros por ano de escolaridade. “A simulação que fizemos é considerando que o mercado vai olhar para essa geração e, ao invés de considerar que quem concluiu a educação básica estudou por 12 anos, enxergar como sendo 11 anos. Por saber que, por um ano, ele não aprendeu."" Para o economista, o estudo indica que medidas estudadas por alguns estados para a reposição das aulas, ainda que ampliem a jornada escolar, podem minimizar os impactos da pandemia. São Paulo e Maranhão, por exemplo, estudam lançar o 4º ano do ensino médio para recuperar o que foi perdido neste ano. “A perda para esses alunos e para o país é tão grande, que não vale a pena fingir que ela não aconteceu. Temos que convencer os jovens de que estudar por mais um ano não é um atraso na vida”, afirmou o economista. Barros destacou que, caso as aulas presenciais possam ser retomadas em breve, ainda é possível a recuperação dos conteúdos escolares sem a ampliação de mais um ano escolar. Segundo ele, a ineficiência do sistema de ensino brasileiro joga a favor nesta situação. “Os alunos brasileiros aprendem muito pouco em um ano letivo. Se a gente conseguir encontrar formas de o ensino ser mais eficiente, podemos ensinar o mesmo conteúdo em menos tempo. Nós temos espaço para isso. É diferente da situação de países como Singapura e Coreia do Sul, que atuam com alta eficácia”. Um dia após a morte de João Pedro Mattos, adolescente de 14 anos baleado dentro de casa durante uma operação policial em São Gonçalo (RJ), o ex-jogador de futebol e comentarista Walter Casagrande, 57, telefonou para ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, 59. Com a voz embargada, começou a desabafar. Ela, carioca, e ele, paulistano, mantêm amizade desde os tempos das Diretas-Já. Naquele 19 de maio, os dois chegaram à conclusão de que, mais do que nunca, a classe esportiva deveria se unir. Casagrande falou com a ex-atleta de vôlei Fabi Alvim. Isabel procurou uma colega que fez carreira no mesmo esporte, Ana Moser, que por sua vez ligou para a ex-nadadora Joana Maranhão. O grupo, que começava a ser criado, pegou embalo a partir da semana seguinte, na esteira das manifestações antirracistas nos Estados Unidos em protesto pelo assassinato de George Floyd. Até esta quinta-feira (11), o movimento Esporte pela Democracia já reunia 300 pessoas, em sua maioria atletas, ex-atletas, dirigentes, artistas e jornalistas. Não há previsão de nenhuma manifestação pelas ruas do país em meio à pandemia da Covid-19. A principal ação até agora é um manifesto público que, sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pede democracia e respeito à Constituição por parte do governo federal. ""Esse posicionamento do esporte é um grande avanço, deixar claro para o governo que pensamos assim. Mostramos que somos cidadãos"", diz Isabel à Folha. Na semana passada, ela publicou uma carta em que criticou posicionamento da também ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel, 48. Ana Paula mora nos Estados Unidos e tem atacado a onda de protestos após a morte de Floyd. Em uma de suas postagens, escreveu: “12% negros, 62% dos roubos, 56% dos assassinatos. Faça as contas”. ""Você posta constantemente frases e ideias que destilam muito preconceito. Mas o seu último post foi a gota d’água e me chocou e revoltou pela profunda ignorância e irresponsabilidade"", escreveu Isabel. Ela, que é mãe de cinco filhos, um deles negro, completou: ""Usando as redes como tem usado, você presta um desserviço no processo de combate ao racismo"". Isabel retornou ao Brasil no início do ano, após um período ensinando vôlei de praia no Japão. ""Tinha projetos para a televisão, mas tudo parou com a Covid"", diz. O Esporte pela Democracia reúne atletas com diferentes ideologias, e alguns deles quase não se posicionam sobre política. Como evitar divergências internas e rupturas? O manifesto é totalmente apartidário. Cada um, ideologicamente, tem a sua convicção. Não tem como ocorrer divergência interna, porque o manifesto fala por si e se coloca claramente em defesa da democracia, já que ela é diariamente ameaçada. Quais ações o Esporte pela Democracia pode fazer e já tem feito? A grande ação concreta é você se tornar presente num momento como esse, quando se quer ter voz, ainda mais durante uma pandemia pela qual não se pode ir para a rua. Esse posicionamento do esporte é um grande avanço, deixar claro para o governo que pensamos assim. Mostramos que somos cidadãos. Vejo um grande avanço entre a classe esportiva. A gente tem, por exemplo, a participação da Democracia Corinthiana na época das Diretas-Já, contra a ditadura, na figura do Sócrates, do Casagrande, e de outros que tiveram um papel muito importante. Lembro de participar das Diretas-Já com minha filha Pilar, que tinha quatro ou cinco anos, e são lembranças caras demais. O processo para nos tornarmos uma democracia foi muito duro, eu ficava emocionada na anistia de ver as pessoas voltando para o Brasil e reencontrando seus familiares. Historicamente, o atleta tem a fama de ser alheio à política e evitar manifestações. Por quais razões? O próprio Comitê Olímpico Internacional projeta essa neutralidade, não apoia [manifestações]. Acho curioso como o esporte pode estar à margem, é como se não fôssemos cidadãos. E tem pessoas que defendem que devemos ficar neutros. Como ficar neutro se você vê uma injustiça? Os atletas muitas vezes batalham tanto, têm uma carreira curta, e quando têm um patrocinador pode ser uma empresa estatal ou mais alinhada ao governo, então se retraem. Quando você vê os atletas norte-americanos fazendo os gestos dos Panteras Negras [grupo de combate ao racismo criado na década de 1960 nos Estados Unidos] na Olímpiada, a história mostrou que eles estavam certos. Foi importante esse ato de luta contra o racismo em 1968, e em 2020 tem gente com dúvidas. Eventos esportivos foram, e devem ser, lugar de protesto quando têm injustiças acontecendo. O Esporte pela Democracia ainda não teve a adesão de um jogador de futebol mundialmente famoso que esteja em atividade. Enquanto isso, nomes como Neymar são cobrados por um posicionamento mais enfático contra o racismo. Mas tem o Guga [Kuerten]. Não estamos aqui para obrigar ninguém a aderir. Neste momento, a gente não precisa de nomes e, sim, de atitudes. Temos o Oscar [Schmidt], a Fabizinha, o Escadinha [Serginho, também ex-jogador de vôlei]. Muita gente que fez coisas boas para o nosso esporte, e isso nos encoraja. O que a levou a escrever uma carta de repúdio após postagens da Ana Paula Henkel? A primeira vez que fiz um [perfil no] Instagram foi agora na pandemia, para estar próxima dos amigos, da família. Sou uma pessoa muito fora da curva nesse sentido, ganho e perco com isso. O colonialismo acabou, mas aparece com outra roupagem nos dias de hoje, continua presente, e as pessoas não percebem o quanto o preconceito está embutido nas suas postagens. A minha preocupação foi sobretudo com a responsabilidade de uma pessoa com tantos seguidores [Ana Paula tem 657 mil seguidores no Twitter e 125 mil no Instagram] e num país com problemas tão graves em relação ao racismo. Precisa prestar mais atenção. Queria que ela lesse um pouco mais antropólogos, sociólogos, e não publicasse estatísticas tendenciosas. Você e a Ana Paula já foram amigas? Chegaram a se desentender enquanto jogavam? Eu mal a conheço, nunca jogamos juntas. O que penso e o que queria dizer, mandei e publiquei, porque ela tem muitos seguidores e esse é um assunto muito sério. Precisa se aprofundar mais para falar dele. Também me levou a escrever por ela ser do vôlei. Perguntam para mim se as jogadoras do vôlei são de extrema direita. Como a Ana Paula tem muitos seguidores, as pessoas generalizam, e eu tentava explicar que isso não é um comportamento da categoria. A presença da jogadora Tifanny na elite do vôlei nos últimos anos motivou um projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo que estabelece o sexo biológico como único critério para definir se o o atleta participará de eventos nas categorias feminina ou masculina. Qual é sua opinião sobre a presença de atletas trans nas competições? O mundo vive grandes mudanças, e não me permito ter um posicionamento definido. No entanto, essas pessoas já passam por processos tão difíceis, e eu sou, por natureza, a favor da inclusão. O esporte deveria se abrir para todas as pessoas. Mesmo que a minha filha tenha que jogar contra uma atleta como ela, não é problema nenhum, é do jogo. Agora, para dizer que está errado é preciso ter muita certeza. Como eu não tenho, sou favor da inclusão dessas pessoas que sofreram muito numa sociedade tão preconceituosa, tão homofóbica. Maria Isabel Barroso Salgado nasceu no Rio de Janeiro no dia 2 de agosto de 1960. Começou a praticar vôlei nas categorias de base do Flamengo, aos 12 anos. Aos 16, foi convocada para a seleção brasileira juvenil e já era titular do Flamengo nas conquistas dos Brasileiros de 1978 e 1980. Pela seleção principal, Isabel participou dos Jogos Olímpicos de Moscou-1980 e Los Angeles-1984. Em 1992, estreou no vôlei de praia ao lado de Jaqueline. Dois anos depois, formando dupla com Roseli, sagrou-se campeã mundial. Em 2012 e 2013, ela apresentou na TV por assinatura o programa “Em Família com Isabel Salgado”. O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, que coordena o comitê científico do Consórcio Nordeste, avalia que não é o momento de reabertura de atividades econômicas e relaxamento do isolamento social. “A nossa sugestão era de que, enquanto você tiver leitos ocupados com taxa de 80% e ainda tiver curvas ascendentes, você tem que manter [o isolamento]”, disse à Folha. Professor catedrático da Universidade Duke, na Carolina do Norte, no EUA, ele afirma que o fator mais prejudicial ao controle da pandemia no Brasil é a completa falta de coordenação nacional. “É uma inépcia completa. Se eu tivesse um mapa de risco da inépcia em vez do mapa de risco do coronavírus, o mapa seria totalmente vermelho”, diz. Na entrevista, o pesquisador, que está morando temporariamente em São Paulo, falou da subnotificação dos casos, da importância de quarentenas rígidas e da cobertura da imprensa e fez um alerta sobre o período de inverno com a confluência de outras doenças. “Haverá crescimento da demanda de leitos de UTI quando essa tempestade perfeita ocorrer. Já começou. Estamos nela, mas não explodiu da maneira que ela provavelmente pode explodir. Alguns estados, a exemplo de Pernambuco, Ceará e Maranhão, no Nordeste, iniciaram uma flexibilização. É o momento correto? O que nós fazemos aqui no comitê científico do Consórcio Nordeste é oferecer recomendações e sugestões baseadas em dados científicos e análises de contexto de cenários e riscos. Trabalhamos com os dados disponíveis com a nossa matriz de risco. Há cidades que realizaram lockdown como São Luís, Fortaleza e Recife. Os dados de Fortaleza e de São Luís mostram uma diminuição da procura de pacientes das UPAs, estabilização dos óbitos e queda dos casos confirmados. Você começa, em Fortaleza, a vislumbrar um horizonte. O momento, como nos posicionamos claramente, no boletim 8, é de manter e aumentar o isolamento social. Funcionou no mundo todo. Os gestores têm informações outras. São eles que operam e são eles que decidem. O comitê se posicionou claramente. Estamos recomendando que o nível do isolamento social seja aumentado. Caiu abaixo de 50. Em alguns lugares do Nordeste, caiu abaixo de 45 em alguns dias. Por essa lógica, o ‘lockdown’ teria que continuar o por mais um período até estabilizar? Nós sugerimos no boletim 8 do comitê que o lockdown continuasse para que pudéssemos ter uma confirmação das tendências de queda. A gente interpretou de maneira genérica que era preciso mais uma ou duas semanas. Em alguns lugares, a ocupação dos leitos ainda é altíssima. A nossa sugestão era que, enquanto você tiver leitos ocupados com taxa de 80% e ainda tiver curvas ascendentes, tem que manter. O problema é, por exemplo, como aconteceu em algumas localidades. Você faz [lockdown] por tempo muito curto, você abre e tem que fazer tudo de novo. E isso cria um problema de mensagem para a população. A população não muda a chavinha rapidamente. Os bons exemplos foram feitos. Fortaleza ficou três semanas e está colhendo o resultado que são provavelmente os melhores junto com São Luís que teve uma achatamento da curva de óbitos. Mas estão flexibilizando agora. É muito dinâmico e tudo é muito novo. Precisamos levar isso em consideração. Você não pode tentar flexibilizar no meio de uma curva ascendente com um grau de ocupação de leitos tão alto. Eu entendo a dinâmica. Sei que existe uma pressão econômica muito grande porque os estados, principalmente os do Nordeste, não estão recebendo nenhuma ajuda federal. Nenhum de nós do comitê está usando sapatos de um gestor que está vendo suas receitas caírem, vendo a população passar necessidades. Há risco de uma segunda onda mais forte? Uma segunda onda é um fenômeno conhecido desde que a humanidade tem documentação de pandemias. Desde o Império Romano até idade média na Europa, a peste do século 14 e até a pandemia de 18. Pesquisadores renomados dos EUA levantaram o alerta de que o país deveria se preparar porque tem três meses para se prepararam para uma eventual segunda onda. E não vai ser a última também. Esse vírus parece ser bem resiliente. Ele está se espalhando numa proporção muito grande e tem toda a chance de permanecer conosco durante muito tempo. Qual a explicação para a disparidade grande entre o número de óbitos contabilizados por estados da mesma região, a exemplo de Pernambuco e Bahia? É muito difícil dizer porque são múltiplos parâmetros que podem confundir tudo isso. Você pode ter uma variabilidade enorme de coisas acontecendo. Como os dados no Brasil têm um grau de subnotificação muito grande, é muito difícil, neste momento, sem ter feito um estudo epidemiológico cuidadoso, ter uma resposta para essa pergunta. A curva da Bahia se beneficiou das medidas de interrupção de transporte coletivo intermunicipal, ônibus intermunicipais, que foi feito logo no começo pelo governo da Bahia, em março. Isso ajudou muito a diminuir a taxa de transmissão. Na Bahia, 60% dos casos de síndrome respiratória grave não tiveram identificação do agente causador da doença. Na realidade, não sei se vocês viram o estudo da Fiocruz, que é o melhor neste momento, dizendo que das síndromes respiratórias agudas graves no Brasil, 73% são Covid-19. Ou seja, só aí temos uma clara definição da subnotificação. Estamos entrando em um período de inverno. Isso piora a situação? Em março, quando tomei ciência do mapa epidemiológico e da sazonalidade epidemiológica do Brasil, disse que iríamos ter a chamada tempestade perfeita no inverno. Vai existir essa confluência dos casos de coronavírus mais os casos de gripe como influenza A, B, H1N1, os casos de dengue e os de chikungunya. Todas as endemias vão confluir no sistema hospitalar de saúde ao mesmo tempo com um acréscimo brutal do coronavírus. Haverá crescimento da demanda de leitos de UTI quando essa tempestade perfeita ocorrer. Já começou. Estamos nela, mas não explodiu da maneira que ela provavelmente pode explodir. Como funciona o projeto Monitora Covid-19 e como garantir a segurança desses dados já que são alimentados pelos usuários? O Monitora estava sendo terminado antes de o comitê científico existir. Quando o comitê foi criado, a secretaria de Ciência e Tecnologia da Bahia já tinha uma parceria com a UERJ e com a Fiocruz. Já tinham o aplicativo terminado. Nós apoiamos integralmente o projeto. Nos certificamos de toda a excelência do programa, segurança e tudo isso. O Monitora está chegando a 200 mil downloads em todo o Brasil. Nós abrimos um monitora pro Brasil todo. Os dados são anonimizados. Quando o doente cruza um limiar e é um paciente de risco, recebe um telefonema da telemedicina do seu estado. Isso está funcionando na Bahia, Sergipe, Maranhão, Piauí e Paraíba. Aí, um médico ou uma enfermeira faz anamnese mais completa e indica se você tem que ficar em casa, ir a uma UPA ou a um hospital. Esses dados são fornecidos de maneira anonimizada para uma sala de situação acessada por todos os governos do Nordeste, por nós do comitê, onde a gente pode observar o surgimento de novos focos, tanto nas capitais como no interior. Até que ponto a crise política brasileira interfere no combate ao coronavírus e o que é mais prejudicial hoje no Brasil ao enfrentamento da pandemia? Posso começar pela segunda parte? O mais prejudicial é a completa falta de uma coordenação nacional. Falta de um plano estratégico, falta de um reconhecimento da gravidade da situação, falta de empatia humana com as vítimas e as pessoas que estão passando necessidade, à beira da falência, à beira da fome e da completa falta de condições de sobreviver. E faltam insumos, equipamentos, financiamentos, testes que não foram providenciados de forma adequada pelo governo federal porque, primeiro, não acreditou na gravidade, não se preparou e não entregou. É uma inépcia completa. Se eu tivesse um mapa de risco da inépcia em vez do mapa de risco do coronavírus, o mapa seria totalmente vermelho. Quando a gente começou, a mensagem do comitê foi muito simples: isto é uma guerra. O governo federal tem sido um entrave na questão da liberação dos médicos formados no exterior? E como avalia a posição do Conselho Federal de Medicina? Estamos numa guerra, certo? E, numa guerra, você recruta os soldados disponíveis que podem ir para o campo de batalha. É uma guerra de sobrevivência do país. O Brasil nunca teve isso. Não temos uma cultura como os europeus têm, eles tem mil e tantos anos de experiência em guerra de sobrevivência. A mesma coisa dos EUA. Desde a sua criação, o país tem uma cultura de enfrentamento de guerra. Está no DNA da civilização americana. No Brasil, isso nunca aconteceu. Quando você entra em uma guerra, é preciso pensamento estratégico. Tem que deixar de lado as merrecas e as picuinhas e pensar em como você vai salvar um maior número de pessoas. O senhor sempre teve uma visão crítica do trabalho da imprensa. Qual a avaliação que o senhor faz da cobertura jornalística na pandemia? Vamos corrigir a sua posição de cara. Eu nunca fui crítico da imprensa. Eu fui crítico de alguns veículos da imprensa, que se demonstraram claramente parciais e com agendas completamente distintas de uma agenda científica, vamos dizer assim. Acho que a cobertura tem sido muito boa. Tem sido muito melhor do que em outros lugares do mundo, inclusive. Tenho visto aqui um poder crítico, um tom crítico racional muito maior e também uma defesa da ciência. Como será o mundo até a chegada de uma vacina? O mundo está pagando o preço por um modelo de desenvolvimento e civilizatório que foi construído sob um pilar de múltiplas fragilidades. E a pandemia expôs essas fragilidades, expôs as fragilidades dos modelos econômicos, de como sistemas políticos lidam com os graus de desigualdades que o mundo ainda tem e que são gigantescos, como o nosso. O mundo em que nós estamos vivendo nesse instante e o mundo que vai florescer quando tiver uma vacina que permita imunizar parte da humanidade você tem muita coisa para fazer. A primeira é colocar a vida humana como prioridade. Se nós queremos ter uma chance enquanto espécie, precisamos viver de maneira mais harmoniosa com o ambiente, de maneira mais harmoniosa com o ecossistema e, principalmente, temos que reconhecer que vida humana tem que ser prioridade. Nove estados brasileiros estão com mais de 80% de lotação nos leitos de UTI destinados para pacientes da Covid-19 nos hospitais da rede estadual. Mesmo com a alta taxa, alguns governadores e prefeitos decidiram reabrir o comércio de rua e shoppings em capitais ou outras regiões dos estados Amapá, Pernambuco, Acre e Rio Grande do Norte apresentam o quadro mais preocupante, segundo levantamento da Folha com os governos estaduais com dados de segunda (8) e terça-feira (9). Esses estados não conseguiram reduzir a lotação de nove a cada dez leitos com pacientes da doença desde a semana passada, mesmo com a criação de mais vagas. Em Pernambuco, a taxa de ocupação é de 96%. No domingo (7), o governador Paulo Câmara anunciou que a fila de espera por um leito de UTI estava zerada. No início da manhã de segunda-feira, 25 pacientes constavam na lista da central de regulação de leitos à espera de transferência para UTI. O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, diz que os gráficos mostram que provavelmente o pico da doença no estado ocorreu no fim da primeira quinzena de maio. Nesta segunda, setores da construção civil e do comércio atacadista voltaram a funcionar. Também foi permitida a retirada de produtos em pontos de coleta nos shoppings centers. No Rio Grande do Norte, 90,2% das 184 vagas estão ocupadas. Em Natal, todas as UTIS estão com pacientes. No estado, 36 leitos de bloqueados por falta de equipamentos ou profissionais de saúde. No Ceará, que começa a ter uma estabilização do número de mortes e casos, houve uma diminuição na taxa de ocupação de UTIs. Na última semana, foram abertos mais 25 leitos no estado. De um total de 756 vagas, 82,43% estão ocupados. No Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs se mantém alta, chegando a cerca de 89%. O hospital de campanha do Maracanã não foi considerado no cálculo porque o governo do estado não respondeu questionamento da reportagem sobre a ocupação de leitos na unidade. Afastado da gestão do hospital pelo governador Wilson Witzel (PSC), o Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) afirmou que não está autorizado a fornecer as informações requisitadas. Na capital, a taxa de ocupação das UTIs também continua alta, em 86%. Como mostrou a Folha, a demanda por atendimento caiu, frente a uma diminuição de novos casos da Covid-19, mas ainda não houve alívio quanto à ocupação dos leitos intensivos. Mesmo diante da alta taxa de ocupação das UTIs, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e o governador Wilson Witzel (PSC) chegaram a iniciar um processo de reabertura e retomada das atividades econômicas. Após proibição, a Justiça do Rio liberou a flexibilização do distanciamento social estabelecidas pelo governo. No Maranhão, a ocupação recuou de 90% para 84%. Cinco novos leitos foram criados. Na região da Grande Ilha, há 240 leitos, dos quais 211 estavam ocupados, o que representa 88% do total. Em coletiva virtual, o governador Flávio Dino (PC do B), disse que houve redução na demanda hospitalar na capital, São Luís, que passou a receber pacientes em estado grave de outras regiões do estado. “São 240 leitos de UTI na Ilha de São Luís, dos quais no dia 7 estavam ocupados 219, e 21 leitos estavam livres na rede estadual. Grande parte desses pacientes já não são oriundos da ilha de São Luís e, sim, oriundos de outras cidades do Maranhão”, disse. O governo alugou avião, para UTI aérea. No estado de São Paulo, a taxa de ocupação de leitos de UTI registrada foi de 68,6%. Na grande São Paulo, 74,1%. Os dados são menores que os da semana anterior. Na última terça (2), segundo os dados apresentados pela Secretaria da Saúde, a taxa de ocupação de leitos de UTI no estado era de 73,5% e na grande São Paulo, de 85,3%. Já a capital registra uma taxa de ocupação de 67% e um total de 1.183 leitos em operação. Na semana passada, a taxa havia caído para 62% na segunda-feira —o número era de 84% no dia anterior. Nesse mesmo dia, a cidade operava com 994 leitos de UTI. No Espírito Santo, a ocupação total de leitos de UTI para a Covid-19 é de 84,2%. Na região metropolitana de Vitória, onde estão 442 dos 602 leitos reservados para atender a pandemia, a taxa chega a 88%. No Amazonas e no Pará, o crescimento de casos do novo coronavírus continuou crescendo mais no interior do que na capital. Na região do rio Tapajós, no oeste paraense, a falta de UTIs em Santarém tem provocado remoções para Belém, com mais oferta de leitos e onde o comércio reabriu parcialmente. Em Manaus, o número de leitos disponíveis de UTI também tem aumentado, enquanto o interior registra casos em locais cada vez mais remotos, como o Vale do Javari, na fronteira com o Peru e região com mais índios isolados do mundo. Apesar de ser o maior estado do país, apenas a capital tem UTI no Amazonas. Minas está com 71% de leitos com pacientes. Em Belo Horizonte, onde a flexibilização do comércio começou no dia 25 de maio, a taxa chegou a 72% no fim de semana, mas a criação de outros 26 leitos baixou para 68% na segunda. Já em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde o número de casos está em ascensão e passou de dois mil confirmados, a rede municipal tem 93% das UTIs ocupadas até segunda. Em Sergipe, a ampliação de leitos na rede pública ajudou a segurar o índice de ocupação que, até esta segunda era de 58,7%. No final de maio, quando o estado tinha 85 leitos de UTI na rede pública, ela passou de 80%. Mesmo com o acréscimo de 14 leitos de UTI, o Rio Grande do Sul mantém a ocupação de 71%. Com flexibilização de atividades econômicas desde abril, o estado já tem mais mortos que o estado vizinho, Santa Catarina. O Rio Grande do Sul soma 291 óbitos e Santa Catarina 177. Em Santa Catarina, a ocupação dos leitos é de 59,8%. Entre as cidades gaúchas, há casos em que a incidência a cada 100.000 habitantes chega a 2.240 casos, como em Poço das Antas, com 47 casos confirmados. No Paraná, a taxa de ocupação de UTIs praticamente não se alterou em comparação a semana passada – ficou em torno de 45% –, mas houve no mesmo período um acréscimo de 54 leitos desse tipo. Em Curitiba, o porcentual também permaneceu quase o mesmo, oscilando de 56% a 57% com a permanência de 227 leitos disponíveis na rede pública. Após dar sinais de controle da pandemia, o Distrito Federal vem registrando um grande aumento no número de casos semana a semana. Mesmo com mais leitos, 54% estavam ocupados. Há duas semanas, Ibaneis Rocha (MDB) havia dito que o índice de 36% de ocupação naquele momento oferecia segurança para a reabertura das atividades econômicas, intensificadas ao longo do mês de maio. O governo do Distrito Federal tinha a meta de tentar manter a ocupação abaixo de 50%. Praticamente todo o comércio, shoppings, igrejas e parques públicos foram reabertos. As aulas estão programadas para serem retomadas no dia 22 deste mês - inicialmente sem aferição de presença. Com a piora das condições, no entanto, o governo local impôs restrições em algumas localidades. Em Ceilândia e na Estrutural, as regiões administrativas que registraram uma forte alta nos índices da Covid, um decreto na segunda-feira determinou o fechamento por 72 horas do comércio, parques e igrejas. Em Goiás, o total de leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 voltou a crescer nesta semana, assim como a ocupação de leitos na capital, Goiânia, cuja ocupação nos hospitais passou de 56%, na última semana, para 81%, agora. Dos 63 leitos disponíveis, 51 estão ocupados. No estado, a ocupação nos 128 leitos está em 61%, enquanto uma semana antes o índice estava em 41%. Em UTI adulta, o índice atinge 63,5%. Na última sexta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esteve na inauguração do hospital de campanha de Águas Lindas de Goiás, cujos leitos de UTI (10) serão administrados pelo estado. Já em Mato Grosso, o total é de 228 leitos, com ocupação de 47%, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Em Cuiabá, o índice de leitos de UTI sob gestão do estado e ocupados é de 57%. Apesar disso, o estado diz que começa a enfrentar dificuldades com regulação e solicitou a órgãos de controle que façam fiscalizações para que a rede funcione e consiga atender a todos os pacientes que precisarem. Em Mato Grosso do Sul, estado que permanece na última colocação do país em número de casos da Covid-19, a taxa de ocupação de UTIs públicas exclusivas para pacientes da doença continua confortável, girando em torno de 4%. Na capital Campo Grande ainda não há infectados internados em UTIs públicas, apenas na rede privada. Em Tocantins, a taxa se manteve a mesma nesta semana, com redução em Palmas, onde a ocupação de UTIs passou de 66% para 44% no período. No Piauí, mesmo com um decréscimo de 22 UTIs exclusivas para tratar doentes com a Covid-19, houve uma queda na taxa de ocupação de leitos em uma semana – de 69% para 53%. Acompanhe os acontecimentos relacionados à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-Cov-2. - A rotina dos profissionais que não podem parar de trabalhar - Mapa mostra disseminação da doença no Brasil e no mundo - Confira perguntas e respostas sobre o novo coronavírus - Quais são os sintomas do novo coronavírus? - Vídeo mostra como lavar as mãos; saiba como se proteger - Onde procurar informação oficial sobre o coronavírus - O que se sabe até agora sobre cloroquina, hidroxicloroquina Leia reportagens anteriores sobre o novo coronavírus Pelo menos dois governos estaduais no Brasil, São Paulo e Maranhão, devem lançar em 2021 o quarto ano do ensino médio para estudantes da rede pública que queiram recuperar o conteúdo pedagógico perdido em razão da pandemia do coronavírus. A informação foi dada nesta terça-feira (9) por Felipe Camarão, secretário de Educação do Maranhão, em um debate online promovido pela Fundação Getúlio Vargas. “Podemos recuperar em 2021 e 2022 o conteúdo principalmente dos anos escolares iniciais. No ensino médio, como não temos tanto tempo, iremos lançar o quarto ano opcional para os estudantes que forem aprovados no terceiro ano e não se sentirem contemplados no conteúdo, seja no remoto, seja no presencial a partir da volta"", afirmou o secretário. ""Eles poderão cursar esse ano obviamente sem nenhum custo. Mesmo que o MEC [Ministério da Educação] não nos mande recursos, o governo estadual irá bancar”, complementou Camarão, que disse que o mesmo seria feito no estado de São Paulo. Procurada pela Folha, a secretaria de Educação paulista confirmou que o projeto está em desenvolvimento, mas não pôde informar mais detalhes, uma vez que o secretário, Rossieli Soares, está internado com Covid-19 há uma semana e foi transferido para a unidade de terapia intensiva do Hospital 9 de Julho. A secretaria enviou à Folha o vídeo de um debate sobre o Enem, organizado por Chaim Zaher, dono do SEB (Sistema Educacional Brasileiro), em que Rossieli falou do projeto, no final de maio. Segundo o secretário, a ideia surgiu em uma live em que alunos perguntaram se poderiam cursar novamente o terceiro ano em 2021, mesmo que sejam aprovados, para se prepararem melhor para o Enem e para outros vestibulares. Diante disso, ele passou a discutir com a sua equipe a criação do quarto ano opcional, algo que, segundo ele, já havia sido cogitado nas discussões sobre o novo ensino médio brasileiro. A partir de 2022, os currículos devem estar reformulados para se tornarem mais flexíveis, centrados no interesse dos alunos, com itinerários que eles escolham, a fim de que se dediquem mais a matérias de sua preferência. A implementação dessa mudança, que já era complexa no mundo pré-pandemia, tornou-se ainda mais complicada agora. As datas para a reabertura das escolas ainda não foram definidas no país, e a retomada deverá ser regionalizada, baseada no estágio da pandemia em cada lugar. Além disso, é prevista uma volta gradual, sendo que não há consenso, nem no Brasil nem internacionalmente, se deverá ocorrer primeiro pelos alunos mais novos ou se pelos mais velhos. O Maranhão, de acordo com o secretário, deixará as crianças menores por último, por terem menos condições de respeitar os protocolos de segurança contra a transmissão. No estado, retornarão inicialmente as faculdades, depois o ensino médio e na sequência o fundamental 2 (sexto ao nono), o 1 (primeiro ao quinto) e, por fim, o infantil. Ele acredita que essa última etapa possa ocorrer apenas entre outubro e novembro. Em São Paulo, segundo a secretaria, o cronograma ainda não foi definido. A empresa de navegação coreana Polaris Shipping decidiu afundar o navio que encalhou no fim de fevereiro no litoral maranhense. O procedimento está sendo negociado com autoridades marítimas e ambientais brasileiras e, segundo a empresa, será feito de forma a evitar impactos ambientais. O navio Stellar Banner deixava terminal portuário da mineradora Vale rumo à China quando tocou o fundo em um banco de areia. Estava carregado com 295 mil toneladas de minério de ferro e tinha em seus tanques 3,6 mil toneladas de óleo, que seriam usadas como combustível para a viagem. O acidente gerou temores de um grave acidente ambiental, mas a operação de retirada da carga foi bem sucedida. Ao todo, segundo a Marinha, foram retiradas 3,9 mil toneladas de óleo do navio —volume equivalente a 75% de todo o resíduo oleoso (óleo misturado com água do mar e areia) retirado das praias nordestinas após vazamento não identificado em 2019. Logo após o acidente, o navio chegou a derramar cerca de 300 litros de óleo no mar, mas segundo as autoridades, tratava-se de óleo residual que se encontrava no convés da embarcação. Não houve vazamento dos tanques. Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal do Maranhão para investigar dano ambiental. O processo de transferência da carga de minério para outras embarcações foi concluído na última quarta (3) e o navio foi reflutuado. Em nota, a Polaris Shipping diz que a inspeção feita no casco demonstra ""que as condições estruturais da embarcação se deterioraram e o navio não está em condições de navegar"". Segundo a Marinha, as equipes contratadas pela empresa já iniciaram a retirada de eventuais resíduos oleosos e de objetos flutuantes e contaminantes que permanecem a bordo do Stellar Banner. A organização internacional Itopf, que avalia a poluição provocada por navios, está acompanhando os trabalhos. A prática de provocar naufrágios artificiais não é incomum —há muitos casos de naufrágios provocados por razões turísticas, já que atraem praticantes de mergulho. Mas podem trazer riscos, como a proliferação de corais estranhos ao ecossistema local. No início do ano, o presidente Jair Bolsonaro chegou a debater a autorização para 12 naufrágios artificiais no arquipélago de Fernando de Noronha, além da liberação de navios de cruzeiro na região, medidas que foram criticadas por ambientalistas e pelo governo de Pernambuco. A Marinha diz que as condições do naufrágio do Stella Banner ainda serão estudadas e devem seguir ""boas práticas relacionadas às questões ambientais envolvidas no processo de alijamento [afundamento do navio]"". ""A Polaris continua trabalhando em estreita colaboração com as autoridades brasileiras, incluindo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis para garantir que quaisquer métodos sejam supervisionados e conduzidos de perto, em estrita conformidade com as regras e regulamentos em vigor, a fim de proteger o ambiente marinho"", disse a empresa Nem só de máscaras, álcool em gel e distanciamento social será feita a volta às aulas no Brasil. Para garantir a segurança e, ao mesmo tempo, o direito de aprendizagem dos estudantes, estados já planejam medidas como medição de temperaturas, ensino híbrido e avaliações diagnósticas. No episódio desta terça (9), o Folha na Sala conversou com representantes das secretarias de educação do Distrito Federal, do Maranhão e de Pernambuco para saber o que já está definido em cada um desses estados e quais desafios eles têm pela frente. Um dos consensos é que a volta deverá ser feita em etapas e com foco no acolhimento psicológico, assim como alguns países da Europa e Ásia já vêm fazendo.Quando for permitido, devem retornar primeiro gestores, depois professores e, por fim, alunos. Mas não todos os alunos. Os primeiros a regressar nos três estado serão os do 3o ano do ensino médio. Já entre os desafios, a principal preocupação é com a recuperação de conteúdos. No Maranhão, estuda-se oferecer um 4o ano do ensino médio –opcional, uma espécie de cursinho pré-vestibular– em 2021, para os alunos que quiserem repor conteúdo perdido durante a pandemia. No DF, a rede está se organizando também pra fazer a reposição de aprendizagem pros próximos 5 a 10 anos, já que avaliam que as principais perdas estão acontecendo no ensino infantil e nos anos iniciais do fundamental. O Folha na Sala é uma parceria da Folha com o Itaú Social. O programa é apresentado pelos jornalistas Ricardo Ampudia e Juliana Deodoro. A coordenação é de Fábio Takahashi e Magê Flores. A edição de som é de Stefano Maccarini. Você pode acrescentar o nosso programa no seu agregador de podcasts usando o link https://anchor.fm/s/e66fb94/podcast/rss Quem viver verá que não foi em vão, eu quero é muito amor no coração... Alô, povão, agora é fé! No dia em que torcedores de todos os times, com maioria corinthiana com direito a bandeirão “Democracia Corinthiana” e faixa com os dizeres “Ditadura Nunca Mais”, foram ao largo da Batata gritar que “vidas negras importam” e parafrasearem o bolsonarista Silvio Santos com “doutor, eu não meu engano, o Bolsonaro é miliciano”, o manifesto Esporte Pela Democracia foi assinado por atletas, ex-atletas, artistas, publicitários e jornalistas (tenho orgulho de estar no time). “Com a consolidação do manifesto, Esporte Pela Democracia registra a posição do esporte nacional em defesa incondicional da democracia. Não iremos nos calar diante de qualquer forma de preconceito e intimidação social ou intelectual: a história do esporte do Brasil sempre esteve, e reafirma estar, do lado do estado democrático de direito”, comentou Isabel Salgado, ícone do vôlei e da defesa de pautas da mulher antes de o “respeita as minas” ganhar as ruas. Engajada na luta pelo esporte, Ana Moser sabe que há muito o que fazer. “O movimento é orgânico, há muitas urgências neste país. Realmente, a pauta inicial é antirracismo, antifascismo, temos representantes das comunidades indígenas, defendemos todos os valores da democracia. E precisamos pensar o esporte no país, todas as demandas do esporte, não só o profissional, de elite, visível.” A ex-nadadora Joanna Maranhão, que não tem medo de cara feia nem de milícia fascista digital, espera o engajamento de toda a sociedade democrática ao movimento. “Enquanto grupo político, que se coloca pela democracia e é antirracista e antifascista, estamos assumindo uma posição política, mas falamos como grupo esportivo. A pessoa não tem que votar em um ou outro candidato para participar, mas tem que defender nossas bandeiras”, diz Joanna. Juca Kfouri: “O esporte pode e deve fazer tudo pela democracia, porque esporte é, antes de mais nada, saúde, e sem democracia não há quem defenda a saúde dos excluídos”. Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca! [RESUMO] Em 19 breves relatos, brasileiros de diversas idades e regiões contam suas rotinas em tempos de confinamento. De Fernanda Montenegro à líder indígena Sonia Guajajara, passando por cineastas, escritores, músicos, fotógrafos, ativistas, educadores e médicos, todos buscam na criação e no estudo uma maneira de não sucumbir ao cenário desolador da pandemia. O isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus mudou a vida de bilhões de pessoas em todo o mundo. Embora não faltem motivos para desalento, há quem tenha encontrado na crise ânimo para se dedicar a novos e velhos projetos e retomar o estudo entre quatro paredes. Ainda que o medo atrapalhe a concentração e também seja lícito não fazer nada, muitos cidadãos se sentem impelidos a dar rotina fértil ao confinamento. Há bons e variados exemplos nos relatos a seguir. Na serra fluminense, Fernanda Montenegro reserva os dias para caminhadas e as noites para Machado de Assis. Em Porto Alegre, o escritor Luis Fernando Verissimo tenta, mais uma vez, organizar seus livros e discos, missão interrompida por alguns dias após um tombo em casa. O compositor Jorge Mautner cria sem tréguas no Rio, assim como Capinan em Salvador. A atriz Helena Ignez pratica tai chi chuan em São Paulo, mesma cidade em que a ativista Preta Ferreira saiu de uma prisão domiciliar para entrar no confinamento decorrente da pandemia. Em Brasília, o editor Charles Cosac trabalha sozinho em um museu. Por videoconferências, Sonia Guajajara tenta, de Imperatriz (MA), monitorar a evolução do vírus em aldeias indígenas. O artista visual Jaider Esbell transformou seu ateliê em roça de milho em Boa Vista (RR), enquanto a cantora Angela Ro Ro tenta concluir, enfim, um livro em Saquarema (RJ). Em conjunto, estes breves relatos sobre 19 brasileiros, famosos e anônimos, de variadas idades e regiões, compõem um mosaico das tentativas de viver e seguir em frente em meio ao turbilhão sanitário, econômico e político que castiga o país. Fernanda Montenegro Atriz, 90, Rio de Janeiro (RJ) Na serra do Rio, Fernanda prefere os caminhos ensolarados. “Ando uma hora ao sol pela manhã e mais uma hora pela tarde. Ando mesmo. Passos largos, passos fortes para ganhar essa quarentena. No sol eu busco a força”, diz a atriz, que se isolou num sítio com a filha, Fernanda Torres. “Durante o dia ajudo a Nanda nos afazeres da casa. À noite, leio muito.” Pelo celular com sinal precário, ela envia a lista de seus companheiros noturnos: “Epopeia de Gilgamesh”, de Sin-léqi-unnínni; “Ferreiros e Alquimistas”, de Mircea Eliade; “Dioníso a Céu Aberto”, de Marcel Detienne; a obra completa de Cecília Meireles; e “Contos Consagrados”, de Machado de Assis. Julio Bressane Cineasta, 74, Rio de Janeiro (RJ) A sombra mefistofélica sobre uma cidade, no filme “Fausto” (1926), de F.W. Murnau, voltou à memória de Julio Bressane. “Ando muito assustado e muito acossado por esse pavor”, diz ele, referindo-se à “sombra que nos cobre”, como a peste, da política à pandemia. Nos dias silenciosos do Leblon, o cineasta elabora as ideias de seu próximo filme, “O Leme do Destino”, no qual representará “os diversos desvios, os diversos deslizes nos caminhos do mundo a que o destino te leva”. Antes de tudo, Bressane desenvolve a iconografia. “Vou trabalhando por pedaços, por fragmentos. Os fragmentos vão se juntando e se relacionando, transfigurados nesses pequenos detalhes. São os detalhes que acabam transtornando tudo.” O livro ""Profils Perdus de Stéphane Mallarmé"" [Os Perfis Perdidos de Stéphane Mallarmé], de Jean-Claude Milner, é uma de suas leituras de confinado. O poeta francês Mallarmé, ao recorrer à ideia de uma greve, produz o efeito de aproximar do agora aquilo que está longínquo. “Uma greve que ao contrário das outras greves, em vez de ser uma interrupção do trabalho, para que haja alguma reivindicação, é a greve a que ele preconiza a si próprio. Uma greve onde o trabalho é ininterrupto.” O poema “Bolsograma”, do concretista Augusto de Campos, crítico ao presidente Jair Bolsonaro, o emocionou no final de março. “Achei aquilo uma espécie de Mallarmé do século 21. Um apelo extraordinário de vida.” Luis Fernando Verissimo Escritor, 83, Porto Alegre (RS) Viajantes frequentes, Lúcia e Luis Fernando Verissimo ancoraram por tempo indefinido em Porto Alegre. “Como eu normalmente trabalho em casa, minha rotina não mudou muito. A quarentena nos obrigou, isto sim, a sacrificar prazeres, como o cineminha e depois um restaurante, ou o de receber amigos em casa. Além do simples prazer de ir e vir sem o medo de estar respirando ar envenenado”, conta Verissimo. “Temos um neto que mora longe, em São Paulo, mas a neta que mora perto é como se não morasse, pois só podemos vê-la à distância, e trocarmos abanos desconsolados. Nosso filho Pedro ficou conosco. Ele tinha uma vida social mais intensa do que a nossa e, portanto, precisou se adaptar às privações impostas mais do que nós, mas está sendo um bom companheiro no exílio.” De seu lado, Lúcia assiste às lives de Mônica Salmaso e revê antigas aulas-espetáculo do escritor Ariano Suassuna. Pedro organiza o cardápio de filmes e séries televisivas a ser degustado, como a clássica comédia “Seinfeld”. Além de escrever crônicas, Verissimo insiste numa velha missão: “Estou tentando organizar meus livros e meus discos, um projeto que, tenho certeza, continuará quando o corona for de novo apenas uma cerveja mexicana, e a pandemia apenas uma má memória”. Poucos dias depois da entrevista, Verissimo levou um tombo em casa, o que o forçou a quebrar o isolamento. Com o rosto machucado, ficou cinco dias em observação num hospital. Por decreto de Lúcia, está proibido novo passeio hospitalar. Sonia Guajajara Líder indígena, 46, Imperatriz (MA) Os planos de fazer colagens e vestidos não passaram do primeiro dia da quarentena. Em Imperatriz (MA), Sonia Guajajara guardou os metros de tecido e costurou videoconferências para monitorar a evolução da pandemia em aldeias indígenas. “Essas reuniões de mobilização e de informativos ocupam todo o meu tempo”, diz Guajajara, candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Guilherme Boulos nas eleições de 2018. “A gente se adaptou muito bem nesse trabalho virtual. Estou ocupada 24 horas.” Nos últimos quatro anos, a líder indígena não passou mais de quatro dias seguidos em casa. Confinada, agora viaja em bytes com o apoio dos três filhos. Em sua sala, numa tarde, dois computadores estiveram conectados a reuniões simultâneas da Mobilização Nacional Indígena e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. “Os filhos cobram demais para ver filmes. Dou um chameguinho e boto todo mundo para trabalhar”, diz. “Estou dentro de casa, até porque sou de um duplo grupo de risco: indígena e asmática. Meus filhos, que estudam fora, vieram. Minha mãe mora do lado. Não estou só”. Ela sabe de cor as estatísticas do contágio do coronavírus entre povos indígenas de vários estados. “No Maranhão estava indo muito bem, com o povo assustado e se mantendo isolado nas aldeias. Até chegar o auxílio emergencial... Aí o povo começou a sair.” As ligações com o governo federal não se completam. “O Estado está totalmente omisso.” Jéssica Senra Artista visual, 24, Rio de Janeiro (RJ) Em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, Jéssica Senra recria a quarentena como uma imprevista performance de estudo e sobrevivência. “Moro onde se localiza grande parte da população mais pobre do Rio, parte da mão de obra que faz a cidade caminhar num sentido econômico”, diz. “O fluxo de vida e trabalho prossegue para muita gente sem escolha de poder ou não parar nesta pandemia, incluindo minha mãe.” Seus projetos de cinema e fotografia caíram sem deixar rastro do ano promissor. “Vi todos os meus trabalhos sendo cancelados ou adiados por tempo indeterminado e eu sem dinheiro.” Nos momentos solitários, ela reconhece ganhos pessoais com o tempo largo em seu pequeno espaço. “A criação vem sendo constante. Minha vida se torna uma grande performance. Venho escrevendo muito, aprofundando diálogos ausentes para o meu presente, tentando criar uma interlocução para produções futuras e ‘curas’ para este presente.” Jards Macalé Compositor, 77, Itatiaia (RJ) Um dia na vida confinada de Jards Macalé. De manhã, ele caminha numa estrada de terra batida de Penedo, em Itatiaia (RJ), e se envolve com os deveres do lar. “Sou um lava-loucista formidável. Sempre quis ser garçom. Resolvi preparar o café da manhã com o aparato de uma boa pousada.” Mais tarde, ele vai ao computador e namora o violão. “A partir daí, boto o vídeo de João Gilberto e fico tocando com ele. Me passaram o show do Japão [João Gilberto – Live in Tokyo november 8 & 9, 2006 Tokyo International Forum Hall A]. A maioria das cenas é close na mão e no rosto. Peguei todas as harmonias. Antigamente João Gilberto me chamava para mostrar coisas. Agora que ele se foi, boto aqui e começo a tocar com ele.” Na quarentena, ele já compôs três músicas e se tornou craque na limpeza de velhos LPs. “Estou lavando os meus vinis todinhos, que são em torno de 500, com o auxílio de minha mulher, Rejane Zilles.” Macalé entoa: “Lavar disco todo dia, que agonia”. “Enfim, eu não faço porra nenhuma”, conclui o artista, que pode derivar, de súbito, para jogos de pingue-pongue, sem tirar o país da cabeça: “Se vacilar, vai ter guerra civil”. Macalé está entre os que desejam “botar esse cara pra fora, pro bem do Brasil”. E fundamenta: “Os bolsominions radicais são burros. Querem estragar o Brasil na porrada. Não pode.” Helena Ignez Atriz e cineasta, 80, São Paulo (SP) e Serrinha do Alambari (RJ) Helena Ignez dança para si mesma em seu apartamento no centro de São Paulo. “Fico sozinha e gosto. Eu já disse que sou uma boa companhia. Fui descobrir isso depois da perda de Rogério [Sganzerla, com quem foi casada]”, afirma a atriz. “Sou sempre experimental. Há 40 anos pratico o tai chi, essa filosofia corporal. Eu ouço blues e faço uma dança totalmente terapêutica, muito boa pro corpo, pra respiração.” A convite do IMS (Instituto Moreira Salles), ela encenou a sua quarentena no curta “Fogo Baixo, Alto Astral”, sem escapar a indignadas batidas de panela na varanda. Os livros do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han são seus companheiros em São Paulo e numa comunidade ecológica da Serrinha do Alambari. “Leio em conta-gotas. Ele tem uma mente fresca, um sentido zen-budista, uma sabedoria estranha. Traz humor e alegria.” A postura de Bolsonaro motiva a sua repulsa, mas ela evita o desespero. “Temos que lembrar muito de Oswald de Andrade: a alegria é a prova dos nove.” Ian Viana Poeta e sociólogo, 24, Brasília (DF) Editor do jornal “Jararaca”, Ian Viana continua a aglutinar, virtualmente, artistas e escritores de Brasília. Seu humor oscila durante o confinamento bem-cevado de poesias de Oswald de Andrade e Roberto Piva. “Criei uma disciplina alimentar e física para tentar combater o tédio e a tristeza. E ando me debruçando sobre a obra de Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino”, conta o brasiliense, autor do livro de poemas “Eu Era Aquela Cobra Coral no Quintal da Sua Infância” (Patuá). As leituras ocupam as prolongadas horas de solidão. Vinculado à umbanda, o sociólogo vem estudando a epistemologia da macumba e os encantamentos da vida cotidiana. “Sou provocado a escrever sobre a relação entre esse encantamento em risco e a obra de Pasolini, especialmente nos ‘Escritos Corsários’. Mas, toda vez que leio o italiano, uma angústia me acomete. Foi assim que cheguei ao cinema de Werner Herzog: é minha nova paixão.” Zyun Masuda Médico, 64, São Paulo (SP) Longe do Hospital Sírio-Libanês, por integrar o grupo de risco da Covid-19, o médico clínico Zyun Masuda viu-se pela primeira vez socorrido pelos pacientes. “Todos eles, sem exceção, me proibiram de pisar no hospital. E o staff da enfermagem, da fisioterapia me proibiu também de pisar lá. Nunca me senti tão próximo na distância.” Nas horas livres, Masuda voltou a ser um estudante de medicina, dedicando-se à bioquímica e à biologia molecular. “Daqui a pouco vamos comemorar o centenário da descoberta da insulina. Muita coisa se desvendou nessas últimas quatro décadas sobre os mecanismos de síntese e secreção.” No meio de nossa conversa, ele telefona para o físico Luis Carlos de Menezes, 76, do Instituto de Estudos Avançados da USP, com o qual bebe e papeia pelo celular. “A pandemia mostra a interdependência entre ser humano e natureza. Somos biosfera. Se entendermos que é uma relação sensível, mudar com o ambiente vai ter outra dimensão”, diz Menezes, que acabou de entregar o livro “Educar para o Imponderável” à Ateliê Editorial. “Tenho o grande alento de que vamos ter uma geração de médicos mais humanos e solidários. Eles estão arriscando as suas próprias vidas, as de suas famílias”, avalia Masuda. “Antes dessa pandemia eu tinha um certo receio da geração de novos médicos, com a procura de especialidades que lhes proporcionassem mais dinheiro e menos trabalho. Na pandemia, a essência humana da medicina brotou na alma dos profissionais de saúde que se encontram na linha de frente.” Jorge Mautner Escritor e compositor, 79, Rio de Janeiro (RJ) As lições de Wong, seu mestre chinês de tai chi chuan no final dos anos 1950, são aplicadas por Jorge Mautner na quarentena. “Os movimentos são lentos, quanto mais lentos, melhor. A lentidão é essencial. As bases me dão muita saúde. Você vai pensando, pensando.” Pensando, pensando, Mautner envia um novo poema a cada semana para João Paulo Reys, editor de sua série poética no Instagram. “Somos todos condenados / a viver nesta dor do mundo / segundo a segundo / e por toda a eternidade / atormentados / e tudo isso é igual ao nada. // O poeta Hölderlin disse: / ‘somente aqui, / mergulhado na mais profunda tristeza, / é que eu consigo cantar a alegria’”, diz um dos poemas. “Como sempre, estou escrevendo e compondo músicas, que é a maior distração. É uma vastidão. Eu fico tocando violino, vejo o noticiário. Tudo inspira”, garante o artista. “Espero sempre que vá acontecer a mudança de tudo. Essa pandemia veio até para acelerar isso. Não tem outro jeito. Não há como atrasar.” Maureen Bisilliat Fotógrafa, 89, São Paulo (SP) Uma pane elétrica atingiu a casa de Maureen Bisilliat em plena quarentena. Eficientes no socorro, os técnicos comoveram a fotógrafa pela finura do trabalho de estabilização da energia. “É importante rever e perceber as excelências que tem este país”, defende Bisilliat, que lançou o documentário “Equivalências: Aprender Vivendo” no início deste ano. Com a luz firme, ela decidiu remexer um filme dos anos 1980. “Sabe que de repente fiquei encantada pela possibilidade desse ‘O Turista Aprendiz Revisitado’? Foi feito para uma sala especial da Bienal de São Paulo, em 1985. Tivemos a oportunidade de viajar por cinco semanas de Belém a Manaus, de Manaus a Porto Velho.” O filme refez roteiros do modernista Mário de Andrade no Norte do Brasil. No novo processo de edição, Bisilliat envia por e-mail as sugestões de montagem. “Finalizá-lo vai ser bom pro filme e pra mim, porque me dá uma continuidade neste momento em que estamos confinados. Você acorda e dorme com uma atividade. A continuidade é a base da sobrevivência. Se você não se atrelar a algo, pode ficar sem rumo.” Jaider Esbell Artista visual e educador, 41, Boa Vista (RR) Uma roça de milho e macaxeira se esparramou no terreno do ateliê do artista visual Jaider Esbell, da etnia macuxi, em Boa Vista (RR). “Depois que o mundo mudou, estou fazendo uma roça no lugar em que ia construir uma vitrine pra galeria. Cultivo as roças como elementos artísticos, com essa possibilidade de faltar alimentos”, explica Esbell, convidado da 34ª Bienal de São Paulo. Pinturas, esculturas e instalações convivem com as suas intervenções de educador e performer. Em abril, Esbell concluiu o curta “ContraPandemia”, no qual se equilibra no muro do ateliê e usa a vestimenta de palha da entidade Parixara, combinando flauta, maracá e amuleto de xamã. Esbell revela familiaridade com o medo nascido da pandemia: “Enquanto indígena a gente já vem num processo histórico de fim de mundo. Viver o extremo das coisas já é parte da nossa própria dinâmica. Eu cresci vivendo violências e ameaças. Acredito que não tenha mudado. Talvez tenha mudado a forma de morrer”. Tom Zé Músico, 83, São Paulo (SP) A quarentena de Tom Zé assumiu o portunhol selvagem como língua oficial. Reivindicada por um movimento literário da tríplice fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), sobretudo pelo poeta Douglas Diegues, a língua muy bonita envolve português, espanhol, guarani e, sem restrições, palavras de todos os idiomas do mundo. O tropicalista virou um hablante por razões profissionais. “Estou trabalhando febrilmente com as músicas da peça ‘Língua Brasileira’, de Felipe Hirsch”, afirma Tom Zé, caçador de boas rimas em portunhol. Hirsch se inspirou em sua canção “Língua Brasileira” e incorporou outras obras do artista baiano. As inéditas nascem aos poucos no confinamento. Nos primeiros dias, a concentração do músico abafou o noticiário. “Já estava numa quarentena sem saber. Sou uma criatura muito disciplinada, muito caseira. E eles todos se queixando que eu sou lento, mas não tem jeito. Toda a vida tem sido assim.” “Não sou uma pessoa que tem facilidade pra fazer as coisas"", completa. ""Aquele cara que chega em casa três horas da tarde, toma um uísque e faz duas, três músicas… Nunca fiz isso na minha vida. Quer dizer, eu nem bebo, né? Bebia quando eu era criança. Trabalho muito com o erro. O erro é uma coisa importante em minhas músicas porque através do erro eu faço certas descobertas.” Angela Ro Ro Cantora e compositora, 70, Saquarema (RJ) “Jardim grande, árvores, passarinhos e piscina velha, porém decente, que nem eu. Hoje está chovendo, mas quase sempre está com sol.” São notícias de Angela Ro Ro, confinada num sítio em Saquarema (RJ), pedaço de terra herdado de seus pais. “Eu gosto de solidão, de ficar em casa. Já saí muito quando era nova. Fui muito arroz de festa. Continuo saindo, mas, com essa pandemia, não estou me sentindo perdida”, assegura a cantora. Ro Ro chegou ao sítio pouco antes do Carnaval, e desde então nenhuma angústia criou rugas: “Eu adoro viver. Viver é um hobby”. No confinamento, ela procura cumprir antigas promessas. “Faz alguns anos que eu falo que vou fazer um livro, e a preguiça me toma. Mas tenho uma compilaçãozinha, uns rascunhos bem bagunçados no estilo Glauber Rocha, papeizinhos pela casa inteira. Estou com a pretensão de, até o verão que vem, lançar o livro.” Nesses meses, a cantora retira de uma poupança magra o pagamento integral de três funcionários. Com shows suspensos, graceja: “Daqui a pouco eu vou pedir dinheiro emprestado a eles”. Passada a temporada de sol e pandemia, ela espera uma chuva de convites, pois depende de dois espetáculos mensais para bancar as suas despesas. “Eu vivo o amanhã com o show que fiz ontem”, resume. O destino político do país afeta o seu humor solar. “A gente não pode dizer que foi golpe ou ditadura, porque foi a opção das pessoas. Votaram numa pessoa inconsequente, psicótica, ignorante. A burrice anda ao lado da arrogância, você já reparou? As pessoas estão morrendo como mosca."" Preta Ferreira Cantora e ativista, 36, São Paulo (SP) O confinamento de Preta Ferreira começou em 24 de junho de 2019, dia em que foi presa junto com irmão, Sidney Ferreira, na sequência de uma denúncia do Ministério Público de São Paulo contra militantes por moradia. Artistas e ativistas —entre outros, a americana Angela Davis— se manifestaram contra a prisão, por entendê-la como perseguição política ao Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC). Depois de 108 dias, o Tribunal de Justiça determinou a soltura de Preta. Fim da primeira quarentena. “Quando saí, fiquei em prisão domiciliar [outubro a dezembro de 2019]. Eu não podia sair de casa e me readaptei. Quando veio a liminar para poder sair, eu tive que ficar em casa, por causa da pandemia. Não entrei ainda em liberdade”, conta. Durante a pandemia, foi suspensa a obrigação de ir todo mês ao fórum para assinar o que ela chama de “carta de alforria”, uma declaração de permanência em São Paulo. Confinada, ela compõe músicas, tenta fazer exercícios (“pulo corda, pego os produtos de limpeza e faço de peso”) e se engaja em discussões sobre os absurdos do sistema carcerário, calejada pela experiência na penitenciária feminina de Santana. “O Judiciário ainda é um senhor feudal. As cadeias estão sendo construídas para pessoas negras.” Charles Cosac Editor e curador, 56, Brasília (DF) Charles Cosac manipula pequenas fotografias do acervo do Museu Nacional da República e se surpreende com descobertas na reserva técnica, como a presença do mobiliário do ateliê brasiliense do pintor Rubem Valentim. “Estou trabalhando sozinho no museu. Só tem o pessoal da segurança e da limpeza. Não tem perigo nenhum”, conta o diretor e curador da instituição. “Se não fosse a pandemia, eu nunca teria tempo. Agora me sinto mais autorizado a falar sobre o acervo do museu. Quando acabar a catalogação, vou estar com ele todo na cabeça”, acredita o fundador da editora Cosac Naify, fechada em 2015. “Tenho trabalhado em dobro. O museu é rico por fora e pobre por dentro. Não tem recursos. O dia a dia consome muito, tanto que eu trabalho sábado para poder me organizar.” Cosac diz ter assumido “a postura de funcionário público dedicado”. Chega às 9h30, depois almoça no Hotel Nacional, onde reside, e retorna outra vez para a jornada vespertina. Despede-se da tarefa de catalogador solitário nunca antes das 19h30. Na TV do Hotel Nacional, evita notícias da pandemia. “Tudo o que eu passo a saber me deixa desgostoso. Claro que eu não pude escapar. Não dá para não saber. Ainda li num artigo que a Covid não pega em fumante. Eu fumo três maços de cigarro por dia”, respira, aliviado. A OMS, no entanto, diz que não há dados científicos que confirmem que o consumo de cigarros previna a Covid-19 e alerta que fumantes podem ser mais vulneráveis ao coronavírus. Joaquim Melo Livreiro, 61, Manaus (AM) O Teatro Amazonas foi o primeiro a fechar. Depois, as lojas e os bares. Em 20 de março, Manaus se recolhia na vizinhança da Banca do Largo, uma referência em literatura da Amazônia. Enquanto observava o largo São Sebastião virar um deserto, Joaquim Melo atendia um biólogo alemão, seu último cliente, para quem vendeu R$ 1.000 em livros sobre árvores amazônicas. Sem jornal ou televisão, Joaquim acompanha pela internet o colapso dos hospitais de Manaus, reconhecendo os nomes de amigos entre as vítimas. Seu trabalho foi transferido para o Facebook. Pela tarde, ele se tranca na velha banca de 30 m², a poucos metros de sua casa, para embalar encomendas como “Rebelião na Amazônia”, de Mark Harris, e “Sateré-Mawé – Os Filhos do Guaraná”, de Sônia da Silva Lorenz. Na dieta de leitor confinado, Melo se enveredou por “A Queda do Céu”, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, e “O Amanhã Não Está à Venda”, de Ailton Krenak. “Essa literatura indígena ganhou importância. O que está acontecendo com a Terra é um colapso de modos de usar abusivos.” A obra do romancista Milton Hatoum, seu grande amigo, propicia o confronto entre a Manaus da infância e a cidade que agoniza nos leitos da Covid-19. “A literatura de Milton trabalha com uma cidade que existiu até o começo dos anos 70. Já foi desvirtuada faz tempo.” José Carlos Capinan Poeta e letrista, 79, Salvador (BA) “Pensando em você / Doce delírio da quarentena / Navego um mar de ausências / Pedras e surpresas // Choro sem saber por quê / A correnteza do tempo / Outras canções eu esqueço / Sou obrigado a sonhar / Em arrancar sua blusa, rasgar um poema / Depois recordar inútil canção / Bruta delicadeza, ao forrar nossa cama / Sangrando luar foi-se a noite serena / Eu e você, amargo delírio da quarentena.” No bairo do Rio Vermelho, em Salvador, o poeta José Carlos Capinan escreve embalado pela rede, de onde envia novas letras a seus parceiros musicais. Capinan é reconhecido pelas letras de canções clássicas como “Soy Loco por ti, América” (com Gilberto Gil) e “Coração Imprudente” (com Paulinho da Viola). Diabético, ele enfrentou duas internações recentes. Sob resguardo, passou a só receber visitas do filho, da ex-esposa e de uma cuidadora, para aplicação de insulina. “Não é desejável, mas o sofrimento é uma força que impulsiona a criação. E o isolamento pressiona favoravelmente no sentido de que é necessário criar para exorcizar, para profetizar coisas melhores.” Lia de Itamaracá Cantora e atriz, 76, Ilha de Itamaracá (PE) “Eu fico cantando, cantando, pedindo pro vírus ir se embora”, avisa Lia de Itamaracá, sem vacilo na hora de listar as canções de suas preces: “Minha Ciranda Não é Minha Só”, “Preta Cirandeira” e “Moça Namoradeira”. Livre de obrigações, a diva pernambucana, que atuou recentemente no filme “Bacurau”(2019), relê sem parar a biografia “Lia de Itamaracá”, de Marcelo Henrique Andrade. “Não é bom? Não é bom ver de novo o que eu já fiz?” Cláudio Leal é jornalista e mestre em teoria e história do cinema pela USP. O ex-ministro Sergio Moro acena pela primeira vez aos recém-criados movimentos que se autodenominam pró-democracia e equipara o PT (Partido dos Trabalhadores) ao presidente Jair Bolsonaro. Para Moro, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconhece erros cometidos durante seu período no governo federal em relação aos desvios na Petrobras. Isso equivale, nas palavras do ex-juiz da Lava Jato, ao discurso negacionista de Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus. ""É um erro isso"", diz. Em entrevista à Folha, Moro diz que está ""em aberto"" a possibilidade de ele aderir a esses movimentos em defesa da democracia e contra o governo. Afirma não ver constrangimento em integrar manifestos que possam ter membros críticos a seu trabalho como juiz da Lava Jato, apesar das resistências de alguns setores a seu nome. ""Na democracia temos muito mais pontos em comum do que divergências. As questões pessoais devem ser deixadas de lado"", disse. ""Não fui algoz de ninguém"". No dia 23 de abril, a Folha revelou que Moro havia pedido demissão do Ministério da Justiça após ser avisado por Bolsonaro da troca no comando da Polícia Federal. Ele deixou o governo acusando o presidente de interferência na PF. Na entrevista, disse esperar que o procurador-geral da República, Augusto Aras, atue com independência na investigação que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso. O ex-ministro da Justiça fala em ""arroubos autoritários"" por parte de Bolsonaro, mas diz não ver nas Forças Armadas espaço para um golpe. Em dezembro de 2018, o sr. disse que não via em Bolsonaro um risco de autoritarismo ou à democracia. Agora, o sr. tem falado em autoritarismo por parte dele. Ao ficar um ano e quatro meses no governo, o sr. não deu uma parcela de contribuição ao crescimento do bolsonarismo e a esse tom autoritário do presidente? De maneira nenhuma. Aliás, quando entrei, alguma pessoas me falaram que viram minha entrada como alívio porque eu exerceria o papel moderador, tenho histórico de juiz, de respeito ao Estado de Direito, e sempre me vi dessa forma, como espécie de um anteparo a medidas mais autoritárias. Quando verifiquei que não tinha mais condições de exercer esse papel, eu sai. Tem crescido movimentos como o ""Juntos"", o ""Basta"", o ""Somos 70%"", em referência à parcela da população contrária ao governo. O sr. se considera hoje parte dos 70%? Sempre apoiei a democracia e o Estado de Direito. Minha saída do governo se insere nessa defesa. Democracia e Estado de Direito têm muito mais que 70%, quase 100%. É uma anomalia estar discutindo essas questões. Vejo esses manifestos com naturalidade, como reação às declarações que não têm sido felizes por parte do presidente, esses arroubos autoritários. Estamos discutindo temas da Guerra Fria, não deveríamos. O sr. fala de arroubos autoritários. Poderia dar exemplos? Quando o presidente invoca as Forças Armadas, a minha percepção é que não existe nenhum espaço nelas para um movimento de exceção, um golpe, algo dessa espécie. Quando o presidente fica invocando, de maneira imprópria para defender posições políticas, isso gera nas pessoas receio, temor. Isso é um blefe? Ou é alguma coisa real? Deveria ser evitado. Esses movimentos da sociedade têm pessoas de diferentes setores, de esquerda, de direita. Há uma resistência, sobretudo de críticos da Lava Jato, à possibilidade de o sr. aderir a eles. Há uma incompreensão do que foi a Operação Lava Jato, um caso judicial de investigação de corrupção. Há pessoas que ficam ressentidas porque alguns de seus ídolos políticos foram atingidos. Assim como atingiu o ex-presidente Lula, atingiu o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. As pessoas foram processadas pelo crime de corrupção, que não tem nada de democrático. O sr. deseja aderir a algum movimento ou não pretende fazer isso? Essa é uma questão em aberto. Minhas posições sempre foram muito favoráveis à democracia e ao Estado de Direito, e assim tenho me manifestado publicamente. O sr. teria problema, por exemplo, em dividir espaço com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), um crítico do seu trabalho e que assina um dos movimentos? Essas questões nunca foram de nível pessoal. Agora, se há uma incompreensão das pessoas que fazem parte desses movimentos em relação à minha pessoa, talvez não seja o caso então, porque não me querem lá, não vou aderir, mas sempre tive minha posição muito firme de defesa do Estado de Direito e da democracia. Minha própria saída do governo é isso. A democracia é um pressuposto fundamental, independentemente de qualquer partido, qualquer grupo. Na democracia temos muito mais pontos em comum do que divergências. As questões pessoais devem ser deixadas de lado. O ex-presidente Lula disse que não vai aderir aos movimentos. Uma adesão dele seria um obstáculo ao sr.? Nunca tratei essas questões nesse nível. Não tenho nenhum problema pessoal com Lula, ele pode ter comigo, não tenho nada. Discordo dele, divirjo do pensamento político dele e igualmente do que foi feito com a Petrobras durante o governo dele. Não existe um sentimento de animosidade pessoal, e divirjo dos crimes que foram cometidos. E não falei que vou abraçar o Lula. O movimento não é do Lula. O sr. teria constrangimento em integrar movimentos que podem envolver personagens de quem o sr. foi algoz? Não fui algoz de ninguém. Fiz meu trabalho como juiz, tem Eduardo Cunha, André Vargas, Lula, os diretores da Petrobras, é um trabalho. Ter um processo e ter condenado o Lula só me trouxeram problema, retaliação, ameaça, ofensa, mas fiz porque é meu trabalho, me convenci daquelas provas apresentadas, assim como foi em relação a todos os outros. Nunca é uma questão pessoal. Agora, o que acho em relação ao PT, independentemente de manifesto, o que seria melhor eles fazerem, e isso foi colocado por determinadas vertentes do partido, é reconhecer seus erros. Melhor forma de você conseguir limpar seu caminho para o futuro é reconhecer os erros do passado. E a estratégia que eles adotam, negando os crimes que foram praticados durante a presidência do PT, durante o período que o partido tinha o controle sobre a Petrobras, junto a seus aliados, é mais ou menos o equivalente à postura do presidente da República, que nega a existência de uma pandemia no momento atual. É um erro isso. Como o sr. vê esses protestos contra o governo? Acho que, se as pessoas resolverem protestar nas ruas, têm que ter preocupação extremada contra violência e vandalismo, isso em qualquer circunstância não é aceitável, e acaba depondo contra a própria bandeira que é levantada. Durante uma pandemia, tenho reserva com a realização de protestos nas ruas. O sr. sempre responde que não é hora de falar em eleição em 2022. O sr. sonha em um dia ser presidente?Não existe nada disso. Eu tinha um plano quando estava no ministério, saí faz um mês. Nunca tive essas ambições pessoais nesse nível, sou uma pessoa muito mais simples. Em relação ao inquérito sobre a interferência de Bolsonaro na PF, há uma expectativa sobre se o sr. tem uma carta na manga, uma bala de prata. O sr. teria mais mensagens com o presidente, por exemplo? O local próprio para discutir esses questões é o inquérito. Quando prestei as declarações, nunca foi meu interesse prejudicar o governo. Eu quis explicar por que estava saindo e minha intenção era proteger a PF da interferência política. Não foi por causa do diretor em questão, da PF em questão, mas porque é uma instituição que deve agir como órgão do Estado. Quem solicitou a abertura do inquérito foi a PGR. Em janeiro, no programa Roda Viva, o sr. disse que a pressão feita por Bolsonaro sobre o comando da PF em agosto de 2019 foi um ""mal-entendido"". Em seu depoimento à PF, em 2 de maio, o sr. disse que em janeiro o presidente já falava em nomear Alexandre Ramagem para diretor-geral. Não houve uma contradição? Não, porque essas discussões são internas, não iria chegar no Roda Viva e revelar discussões internas. Apesar de o presidente ter manifestado em janeiro aquele interesse, isso não havia sido efetivado. Quando o presidente afirma que precisa interferir na Polícia Federal por causa do inquérito das fake news, que pode afetar seus aliados políticos, ou que precisa mudar a direção da PF ou a Superintendência do Rio, porque não iria esperar que prejudicassem sua família ou amigos, eu perco qualquer condição de permanecer no governo. O sr. teve divergências com o presidente no episódio dos radares e no combate à pandemia. E o sr. saiu por causa da interferência da PF. Não fica a impressão de que deixou o governo muito mais por uma questão de espaço de poder do que por convicções pessoais sobre coisas tão graves? Proteger a PF de interferência política é algo extremamente importante que justificava minha continuidade do governo com alguma contrariedade, afinal o risco de ter uma PF de maneira enviesada é grande. Não tem nada de perda de espaço de poder. Quando saio, perco poder, fico sujeito a ser alvo de ataques. Para sair, teve certo sacrifício pessoal, poderia ficar muito bem confortável no governo buscando uma vaga no STF. Tirar todos radares foi uma decisão do presidente, de cima para baixo, e isso levou ao aumento de mortes nas estradas. Isso é populismo, com um quê de autoritarismo, como é populismo negar que existe pandemia. Na questão da pandemia, em que pese minha contrariedade, é um assunto do Ministério da Saúde, não tenho condições de me opor ao presidente dentro do governo de uma maneira significativa. Internamente, sempre posicionei no sentido de favorecer a estratégia racional, apoiando o ex-ministro Henrique Mandetta. Houve pressão do presidente para ter acesso ao inquérito sobre os laranjas do PSL, antigo partido dele? O caso envolvia o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Ântonio. Como funcionava isso: até nos governos anteriores, quando tinha operação da PF relevante, depois que é deflagrada, isso é informado ao presidente. No caso do ministro do Turismo, como era ministro, após as diligências da polícia, foi informado ao presidente que foram realizadas diligências e foi relatado a ele um pouco do conteúdo, que era o que já estava nos jornais. Ele é o presidente da República, é o ministro dele, e cabe a ele decidir se o ministro continua ou não no governo. Foi passado o conteúdo e o presidente optou por manter o ministro a despeito dos elementos que tinham sido colhidos até então na investigação. A PGR reabriu as negociações de delação com o advogado Rodrigo Taclan Duran, que acusa o advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do sr., de intermediar negociações paralelas dele com a Lava Jato. O sr. divulgou uma nota criticando a Procuradoria. O sr. acha que o procurador-geral, Augusto Aras, lhe persegue? Durante a Lava Jato tivemos vários casos que geraram animosidade, e em particular existe esse indivíduo, Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro. Decretei a prisão dele e, como álibi para se defender, criou essa história de que teriam tentado criar uma delação através de um amigo meu. Isso é uma fantasia, não teve nenhum contato desse meu amigo. E ele sugere alguma vantagem financeira a mim. Querem colocar minha esposa no meio dessa história, como se beneficiou? O Zucolloto não é advogado criminal, nunca tratou de colaboração premiada. Não tem nenhum pagamento do Tacla para minha esposa ou para mim. Depois, ele contratou um outro advogado, Marlos Arns, e inventam uma história de que minha esposa seria sócia dele. Nunca foi, nunca teve relação comercial, financeira. É uma história totalmente estapafúrdia. Isso foi apurado na PGR e arquivado em 2018. De repente, saio no governo, e há a notícia de negociação dessa delação. Se não tem o fato, nenhum elemento de prova, acho extravagante e me causa perplexidade. O sr. vê um alinhamento de Aras com o presidente Bolsonaro? Não cabe a mim esse juízo de valor. Saí do governo, fiz declarações que se mostraram verdadeiras. A própria Folha fez um editorial nessa linha. O que disse foi verdade, se tem conduta criminal ou não, cabe ao PGR, que pediu a abertura desse inquérito. É importante o Ministério Público e o procurador-geral terem uma atuação independente, isso é fundamental e está sendo observado. Como o sr. vê a aliança do presidente com partidos do centrão, que têm personagens alvo da Lava Jato?Qualquer governo precisa de alianças políticas no Parlamento. A melhor maneira é pegar parlamentares que se destacam por um histórico de uma atuação mais ética e defender uma agenda positiva de combate à corrupção e valorizar essas personagens e não outros. Alianças com algumas figuras políticas questionáveis não contribuem para a imagem do governo. Entregar cargos, com orçamentos expressivos, para serem preenchidos por indicações políticas provenientes de pessoas condenadas ou acusadas de corrupção contraria tudo o que a Lava Jato representou. O STF deve decidir nesta semana sobre o futuro do inquérito das fake news. O sr. é a favor dessa investigação? Temos que diferenciar a liberdade de expressão e de imprensa, que têm de serem protegidas, da disseminação em massa de notícias falsas, ofensas e ameaças. Essas condutas não estão albergadas pela liberdade de expressão ou de imprensa. Temos os crimes de calúnia, difamação e ameaça e essas notícias falsas se inserem nesse contexto, com o agravante de que aqui estamos tratando de disseminação. O inquérito aponta para a existência do chamado ""gabinete do ódio"", no Planalto, tutelado por Carlos Bolsonaro, filho do presidente. O sr. ouvia falar do gabinete dentro do governo? Não conheço detalhes, mas essa era uma expressão que não era desconhecida no governo. Alguns diziam que tinha o gabinete do ódio, utilizam essa expressão. O sr. fala em liberdade de expressão e autoritarismo. No ano passado, o sr. criticou a Folha por uma reportagem sobre um inquérito aberto contra grupo de punks de Belém que fizeram cartazes do evento ""facada fest"". O sr. mantém essa posição? Isso não é um viés autoritário? Distribuir fotos, desenhos ou representações de alguém esfaqueado, ainda levando em consideração o histórico do presidente da República, que levou uma facada nas eleições, para mim não está protegido pela liberdade de expressão. Não tem nada de autoritário aí, estamos aplicado leis, que existem em vários países, como injúria, calúnia e ameaça. Todos nós cometemos erros. O sr. poderia fazer uma autocrítica do seu período no governo? Eu entrei com as melhores das intenções, as coisas às vezes não são bem compreendidas. Tinha o intuito de servir como garantia do Estado de Direito, em relação a posições mais extremadas do governo, e garantir uma agenda anticorrupção, anticrime organizado, anticrime violento, no fortalecimento da democracia e da economia do país. Permaneci fiel a esses compromissos, desde sempre, e igualmente com minha saída. O sr. diz que o PT tem que reconhecer seus erros, mas o sr. não aponta um de sua parte. Se você tiver um exemplo específico.. Na relação com o Congresso? Sempre tive uma relação cordial com o Congresso. Vidas negras importam. Sempre importaram. As vidas dos nossos invisíveis Joões Pedros, que vivem e convivem com a morte e com o medo muito antes da Covid-19. Como canta Emicida. Importam as vidas negras importadas dos Georges Floyds. The Wall, Pink Floyd. O muro do racismo não caiu. Chega de ficar de joelho, sob o joelho opressor. Democracia é saúde. Da sociedade. Maranhão, sobrenome de Joanna, nada contra a corrente e respira democracia. Informação e luta são vacinas para quem sofreu todos os abusos para vencer na piscina. Sem perder a ternura nem a bravura, jamais. Joanna, sangue vermelho e preto, é Sport, é da fuzarca, é Nordeste, Pernambuco. Luta, ganha, não pula da barca, cabra da peste E agora, José? Agora e sempre, à Trajano, contra a ultrajante subserviência ao imperialismo e os idiotas que atacam o jornalismo combativo. Quem tem sangue America sabe que o povo da Tijuca, iaiá, só voltará a ser feliz quando recuperar a bandeira do país. Do país do vôlei, da verdadeira princesa Isabel, do verde-amarelo de Ana Moser. O Brasil que quer melhor distribuir a prata e o ouro para a sua gente bronzeada. Não o Brasil-Colônia ianque da outra Ana, aquela ""chica"" traumatizada com Cuba. Nem o Brasil do saque de Nuzman, superior e parceiro do general Heleno no COB. Cobertor curto para o esporte, cartolagem mostra o cofre. O Brasil só deixará de ser periférico no mundo (esférico!) quando a realidade de Acari for mais próxima à dos quatrocentões adhemaristas. Como sonha Raí, o terror dos fascistas do Morumbi. Raí, que herdou do irmão a parceria de Casão na luta pela democracia. Cultura, Grafite. A brasileiríssima Democracia Corinthiana vive. Revive com o são-paulino, contra o putrefato regime que tenta ressurgir das catacumbas. Golpeia o demônio, taekwondista Diogo! Democracia brasileira é a bandeira de todas as cores. Sonho de todo mundo, também do filho do Raimundo. Igualdade, liberdade e fraternidade, o mundo todo quer, como quer Raí, que foi rei em Paris. Sonho global se constrói partindo da aldeia! Esporte pela democracia contra novas valas em Perus, revivendo o sentimento da campanha pelas Diretas no Vale do Anhangabaú. Não confundir com hospital de campanha do Anhembi, onde hoje se morre de frio e de Covid-19. Pandemia potencializada pelo bolsonarovírus de quem não está nem aí e diz ""e daí?"" para vidas humanas. Não é (só) economia, estúpido. Aprenda com a Flávia, Oliveira e brasileira como Sócrates. Não são números! São vidas, talkey, energúmeno?! O Brasil, para ter futuro, é Jardim Brasil, Jardim Regina. O Brasil do esporte, da arte. Adeus, pra sempre, ""pra frente, Brasil"" da Regina Duarte. O povo negro quer se ver na Globo. Protagonista como Maju. Não como figurante da falsa caridade de quem finge loucura, loucura, loucura. Mas não rasga dinheiro. Galoucura real é Reinaldo, que virou rei erguendo o punho fechado acima do seu blackpower. Futebol, com democracia, é terra que tem Índio. No Santos. No Palmeiras. Não só na lateral. Minha terra tem Palmeiras, tem Palmares (valeu, Zumbi!), tem evangélico, tem candomblé e devoção a todos os orixás e santos. Diversos mantos. Tem o preto e o branco do meu Corinthians: perdendo ou ganhando, sempre com democracia. Sócrates: ""As torcidas organizadas são um dos maiores movimentos populares do Brasil. Mas não são politizadas. Se um dia forem, as coisas vão mudar, e não só no futebol"". As cidades do ABC decidiram não seguir o plano de reabertura gradual, proposto pelo governo do estado, gestão João Doria (PSDB). Com isso, os municípios da região deverão, a partir deste sábado (6), liberar concessionárias de automóveis e escritórios para atendimento ao público. Segundo o consórcio ABC, formado pelas prefeituras de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a região não concordava com o modelo proposto e decidiu seguir os mesmos protocolos da capital. ""Por isso pedimos a colaboração dos empresários no cumprimento das normas sanitárias rígidas contra a Covid-19, para que não tenhamos que retroceder"", afirmou o presidente do Consórcio ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania). ""Além disso, reforçamos que a população deve permanecer em casa, saindo só quando realmente necessário e com uso de máscaras"", afirmou. O consórcio admite que não haverá tempo suficiente para que todos os estabelecimentos cumpram recomendações de higiene e distanciamento, já neste sábado, e que caberá a cada município publicar decreto próprio sobre a questão, seguindo o protocolo sanitário de vigilância em saúde local. Segundo o grupo, o governo do estado já foi notificado da decisão, inclusive, com a participação do secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, da reunião. O consórcio diz que o titular da pasta estadual pediu uma reunião com o grupo para este sábado, mas que o encontro não deverá alterar as medidas propostas pelos municípios. Mais cedo, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, Doria disse que encaminhou novos respiradores para o ABC e que estimava que as cidades começariam um processo de flexibilização, mudando da fase mais restritiva em que está atualmente. O anúncio oficial só sairia na próxima quarta-feira (10) e passaria a valer no dia 15. De acordo com os critérios de reabertura das atividades econômicas, são cinco fases e cada região do estado de São Paulo é classificada de acordo com a evolução da Covid-19 e com as taxas de ocupação das UTIs (unidades de terapia intensiva). Segundo Vinholi, os quase 1.000 respiradores distribuídos nas últimas semanas no estado tiveram como destino prioritário locais em que as taxas de ocupação de UTI estão altas, caso do ABC e da Grande São Paulo, como um todo. De acordo com boletim divulgado nesta sexta-feira pelo governo Doria, a Grande SP estão com 80% de ocupação dos leitos de UTI. No estado, a média é de 71% e na capital, 63% nos hospitais administrados pela gestão Bruno Covas (PSDB). O secretário afirmou que a região do ABC recebeu 40 respiradores esta semana ""que somados aos próximos 30 que vai receber no início da próxima semana, ultrapassando a meta e podendo ter uma redução na taxa de ocupação para níveis inferiores a 80%, portanto, indo para a fase laranja, se concretizado na próxima quarta-feira."" Atualmente, o ABC está na fase 1 (faixa vermelha), com funcionamento permitido somente aos serviços essenciais. Na fase fase 2 (faixa laranja) é permitida a abertura do comércio de rua, lojas de shopping center, concessionárias de veículos, escritórios e imobiliárias. Em nota, o governo do estado afirmou que os decretos e ações dos municípios precisam observar a classificação dada pelo Plano São Paulo, ""que foi baseada no panorama de evolução da doença e na capacidade de atendimento da saúde pública nas suas regiões"". Ainda segundo o texto, ""a Secretaria de Desenvolvimento Regional dialoga com os municípios para que sigam a retomada consciente. A região do ABC Paulista, permanece na fase 1 com tendência de reclassificação para outra fase a partir da próxima semana, caso mantenham todos os critérios estabelecidos pelo Estado. O secretário Marco Vinholi se reunirá com prefeitos na sede do Consórcio do Grande ABC, neste sábado (6), às 11h"" diz a nota. Os estados do Nordeste acionaram o STF (Supremo Tribunal Federal) para que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) suspenda o corte de R$ 83,9 milhões do programa Bolsa Família. O governo retirou essa verba do programa para utilizá-la na expansão da publicidade oficial. No pedido ao Supremo, assinado pelos procuradores-gerais dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, eles pedem que o governo federal justifique a concentração de cortes no programa na região Nordeste e recomponha o valor retirado para ser usado pela publicidade do governo. A tesourada promovida por portaria de 2 de junho, do Ministério da Cidadania, foi no segmento destinado a atender as famílias carentes da região Nordeste, onde a cobertura foi reduzida e há fila de espera para ingressar no programa. Considerando que os beneficiários recebem, normalmente, pouco menos de R$ 200 reais, o valor de R$ 83,9 milhões, segundo técnicos do governo, seria suficiente para atender cerca de 70 mil famílias. Reportagem publicada pela Folha nesta terça-feira (2) mostrou que a fila de espera no Bolsa Família entre abril e maio superou 430 mil pedidos, e os recursos transferidos poderiam reduzir essa fila. O governo, porém, optou por reduzir gastos sociais e dar mais poder ao secretário de comunicação do Palácio do Planalto, Fabio Wajngarten, cuja atuação tem sido criticada por suspeita de uso político do cargo. O pedido de corte no Bolsa Família partiu da Presidência da República e foi aprovado pela Junta Orçamentária, formada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) e Braga Netto (Casa Civil). Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto Nas escolas, nas ruas, campos, construções, caminhando e cantando e seguindo a canção... Alô, povão, agora é fé! Casagrande, Grafite e Raí, do futebol, Ana Moser e Fernanda Garay, do vôlei, Joanna Maranhão, da natação, Guga, do tênis, Juca Kfouri, José Trajano e Lúcio de Castro, entre outros esportistas e jornalistas (registro meu apoio irrestrito!) estão por trás do ""Esporte pela Democracia"", movimento ainda em fase de construção. A bandeira comum a todos é a inegociável postura antirracista e antifascista. ""Não tem como falar sobre democracia sem falar sobre o combate às opressões. Não tem como falar que um estado racista é um estado democrático"", explica Joanna Maranhão, que convida a todos. ""Esporte pela democracia não fala só com atletas, mas com todos os que estão envolvidos com esporte, inclusive, as pessoas que torcem e vibram pelos atletas também fazem parte deste grupo. Vamos tentar encontrar pautas que sejam do esporte, da sociedade. Com o pequeno manifesto, já somos mais de 60 pessoas, o grupo está crescendo, borbulhando de sugestões. A ideia é dialogar entre nossas diferenças e fazer com que a sociedade entenda que esporte e política são coisas desassociáveis."" Caio Ribeiro e Tiago Leifert que me perdoem, mas Joanna só brindou o óbvio ululante. Mas, nesses tempos sombrios, em que alguns lunáticos acreditam que a terra é plana e que antifascismo é errado, sublinhar o óbvio é necessário. Bem-vindo, ""Esporte pela Democracia""! ""Quando nos posicionamos em relação a algo errado e que não é diretamente conosco, significa que pensamos no coletivo. O efeito é que, provavelmente, quando precisarmos que as pessoas se posicionem por nós, também vai acontecer. Por isso vivemos em sociedade"", diz Joanna. Vidas negras importam. Todas elas. Inclusive a de funcionários do clube, de atletas da base e de outras modalidades. Por isso, mesmo que eu fosse corinthiano e grato a Jô por tudo o que ele fez em 2017, consideraria tão absurdo falar no retorno agora que prefiro achar que é ""fake news"". Machado de Assis: ""As ocasiões fazem as revoluções"". Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca! Por votação simbólica, os senadores aprovaram na noite desta quinta-feira (4) um projeto de lei que destina recursos da União para casas de atendimento a idosos durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. De autoria das deputadas federais Leandre (PV/PR) e Carmen Zanotto (Cidadania-SC), a proposta foi aprovada sem alterações pelos senadores, e será encaminhada para sanção do presidente da República, Jair Bolsonaro. O projeto prevê a criação de um auxílio financeiro de R$ 160 milhões, a ser repassado pela União às Instituições de Longa Permanência para Idosos. O rateio dos recursos será feito mediante critério que leve em consideração o número de idosos atendidos pelas instituições. Segundo o relator da matéria no Senado, José Maranhão (MDB-PB), cerca de 120 mil idosos são atendidos pelas instituições. Segundo o projeto, o critério de rateio do valor será definido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, considerado o número de idosos atendidos em cada instituição. Ainda de acordo com o projeto, poderão receber os recursos as entidades sem fins lucrativos inscritas nos Conselhos Municipais da Pessoa Idosa ou nos Conselhos Municipais de Assistência Social. Em caso de ausência dessas entidades, o recurso será repassado aos Conselhos Estaduais ou Nacionais. Pela proposta, o recurso deve ser encaminhado às entidades em até 30 dias, contadas da data de publicação da lei. As instituições beneficiadas deverão prestar contas da aplicação dos recursos aos respectivos Conselhos da Pessoa Idosa. Em sessão virtual realizada nesta quinta-feira (4), os senadores aprovaram o projeto de lei que destina R$ 3 bilhões para o pagamento de renda mensal a trabalhadores da cultura, manutenção dos espaços artísticos e para ações que ajudem o setor durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. O projeto, de autoria da deputada federal Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro, obteve unanimidade entre os 75 senadores presentes na sessão. Por ter sido aprovado sem modificações em relação ao texto que veio da Câmara, a proposta será encaminhada diretamente para sanção do presidente Jair Bolsonaro. Batizado de Lei Aldir Blanc, o projeto permite que artistas, produtores, técnicos e trabalhadores que atuam na cadeia de produção do setor cultural tenham direito a uma renda emergencial de R$ 600 por três meses. O valor será retroativo a 1º de junho. A renda é destinada aos profissionais que não foram contemplados pelo auxílio de R$ 600 a informais, uma das medidas já implementadas pelo governo durante a pandemia. A forma de pagamento, contudo, não será a mesma do outro auxílio, que é pago pela Caixa Econômica Federal. No auxílio cultural, os recursos devem ser executados preferencialmente por meio de fundos estaduais e municipais de cultura. De acordo com o texto, se o auxílio emergencial dos informais for prorrogado, a renda emergencial a trabalhadores de cultura será estendida pelo mesmo prazo. A concessão do auxílio será a artistas e profissionais da área que não tenham emprego formal ativo, não recebam aposentadoria, auxílio-doença, seguro-desemprego ou outro programa de transferência de renda, com exceção do Bolsa Família. Para ter direito ao apoio financeiro, o beneficiário tem de ter renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo ou renda familiar total de até três salários mínimos, o que for maior. Só dois membros da família poderão receber o benefício. Pela proposta, mães solteiras terão direito a duas cotas do auxílio. No Senado, a proposta teve como relator o senador Jaques Wagner, do PT da Bahia, que recebeu 29 emendas ao projeto. Antes mesmo da leitura do relatório, porém, os senadores fecharam entendimento pela retirada de todas as sugestões feitas, a fim de possibilitar que a proposta fosse apreciada sem modificações. Em emenda de redação, sistema que é permitido sem que o projeto retorne à origem, os capoeiristas foram incorporados ao texto. “Quero agradecer a todos que se dispuseram a retirar suas emendas para agilizar. Nenhum projeto que sai dessa Casa ou da Câmara é perfeito, mas diante do que vivemos, insisto que a Casa tenha essa sensibilidade”, disse o relator. Os senadores aproveitaram que a sessão estava sendo conduzida pelo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, do MDB de Tocantins, para pedir que o presidente Bolsonaro agilizasse a sanção do projeto. O presidente Jair Bolsonaro tem até 15 dias para sancionar a proposta e, com isso, liberar o pagamento do recurso. “Eu sei que o senhor [Eduardo Gomes] tem a sensibilidade de nos ajudar para garantir essa sanção”, disse a líder do Cidadania, Eliziana Gama, do Maranhão. “O impacto da pandemia sobre o setor cultural é severo, por isso requer implementação imediata deste projeto”, reforçou o relator. O líder do governo, em resposta aos apelos dos colegas, defendeu os artistas, e disse acreditar na sanção rápida da medida. “Tenho certeza que o presidente da República vai ser sensível também a este setor por ele admirado.” Enquanto a votação no Senado era realizada, artistas se mobilizavam nas redes sociais a fim de pressionar os parlamentares pela aprovação da proposta. “Vamos lutar agora para que o governo cumpra o acordo feito na Câmara e repasse o mais breve possível esses recursos ao setor cultural”, disse o senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco. Para agilizar a votação, o relator dispensou a leitura do relatório, que foi encaminhado aos senadores por meio virtual. Ao final, Jaques Wagner fez mais um apelo ao presidente Bolsonaro, para que ele sancione sem vetos o projeto. “Sou um homem de oposição, mas acho que há momentos em que podemos nos superar pelo bem da população brasileira. A cultura é nossa marca, e eu espero que o senhor presidente da República possa aprovar o texto sem veto para que esse recurso possa rapidamente, como prevê em 15 dias, chegar ao paciente.” A proposta aprovada prevê ainda subsídios mensais para manutenção de espaços, micro e pequenas empresas do setor cultural, cooperativas, instituições e organizações comunitárias que tiveram as atividades interrompidas durante a pandemia. A ajuda terá valor mínimo de R$ 3.000 e máximo de R$ 10 mil. O texto proíbe que o benefício seja concedido a espaços culturais vinculados à administração pública de qualquer esfera, assim como a fundações e institutos mantidos por grupos de empresas. Teatros e casas de espetáculos com financiamento exclusivo de grupos empresariais e espaços geridos pelo Sistema S não terão direito de receber o subsídio. Como contrapartida ao subsídio, os espaços beneficiados deverão realizar atividades destinadas, prioritariamente, aos alunos de escolas públicas ou em espaços públicos de sua comunidade, gratuitamente. “Esse projeto é uma homenagem também ao nosso Aldir Blanc, que hoje completa 30 dias da sua morte, acometido pela Covid-19”, disse o relator. O texto aprovado no Senado, sem alteração em relação ao que já havia passado em votação simbólica na Câmara, prevê que pelo menos R$ 600 milhões do valor total destinados ao auxílio, o que representa 20%, devem ser aplicados em editais, chamadas públicas, prêmios, compra de bens e serviços para o setor cultural e outros instrumentos voltados à manutenção de agentes, espaços, cursos e produções. Essa fatia também seria usada para a realização de atividades artísticas e culturais que possam ser transmitidas pela internet ou disponibilizadas nas redes sociais. Os R$ 3 bilhões deverão ser repassados pela União a estados e municípios até 15 dias depois da publicação desta lei. Os recursos devem ser executados preferencialmente por meio de fundos estaduais e municipais de cultura. Na ausência do instrumento, poderão ser enviados a órgãos ou entidades responsáveis pela gestão desse dinheiro. Metade dos R$ 3 bilhões deverá ser repassada a estados e ao Distrito Federal, sendo que 20% do valor seguirão critérios de divisão do FPE, o Fundo de Participação dos Estados, e 80% serão proporcionais à população. A outra metade será destinada a municípios e ao Distrito Federal. Desse total, 20% acompanharão critérios do FPM, o Fundo de Participação dos Municípios, e o restante também será proporcional à população. O projeto dá 60 dias a municípios, contados a partir do repasse, para aplicar os recursos nas ações emergenciais de cultura. Além do auxílio, o projeto também diz que bancos públicos federais poderão disponibilizar aos profissionais de cultura e a micro e pequenas empresas do setor linhas de crédito para fomento de atividades e compra de equipamentos e condições especiais para renegociação de dívida. A dívida deverá ser paga em até 36 meses, em parcelas mensais reajustadas pela taxa básica Selic, 180 dias após o fim do estado de calamidade —que inicialmente está previsto para terminar em 31 de dezembro deste ano. Comprometida em apoiar as comunidades no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, a Fundação Salvador Arena (FSA) vai doar mais de R$ 2,6 milhões a iniciativas de amparo a famílias, cidadãos em situação de rua e hospitais, impactando cerca de 80 mil pessoas diretamente. Entre as instituições de saúde atendidas, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo recebeu cerca de R$ 360 mil para a compra de novos sistemas de vácuo, aspiradores de secreção, monitores multiparâmetros, macas, fios para entubação, entre outros produtos para equipar as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Já o Hospital Santa Marcelina, maior da zona leste de São Paulo, recebeu tubos de cobre, conexões e peças para ampliação do pronto socorro, além de mil litros de álcool em gel, ultrapassando R$ 19 mil em investimentos. A Fundação também ampliou o Programa de Auxílio Emergencial para Famílias (PAEF), que fornece cartão supermercado a lares em situação de vulnerabilidade social. A indicação é feita pelos colaboradores e, devido ao surto da Covid-19, foi ampliado de 400 para 2.100 famílias, beneficiando aproximadamente 6.930 pessoas. O Programa de Alimentação Complementar para Entidades Sociais (PACES), que subsidia entidades beneficentes que oferecem alimentação também foi expandido. Além do aumento de 49 para 60 instituições contempladas, passou a fornecer cestas de alimentos e produtos de higiene e limpeza para os assistidos consumirem em suas casas. Estas ampliações demandaram R$ 1,4 milhão em investimentos. Ainda na linha alimentar, a FSA garante mil refeições diárias, por três meses, para cidadãos em situação de rua atendidos pelo Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), que atua no entorno do Largo São Francisco, região central de São Paulo. Para os alunos do seu Centro Educacional em situação de vulnerabilidade e moradores de bairros carentes da região do ABC Paulista, a Fundação vem fornecendo cestas básicas que, juntas, somaram investimentos de R$ 235 mil. Outra ação de destaque é a destinação de 300 litros de álcool em gel e cerca de mil cobertores ao Fundo Social de São Bernardo do Campo, que fará a distribuição em diversas comunidades atendidas pelas ONGs da cidade, um investimento de quase R$ 25 mil. Um projeto em comum com o Centro Educacional e Profissional do Coroadinho (CEPC), situado em região de extrema vulnerabilidade social em São Luís do Maranhão, iniciado em 2019, permitiu estender as ações da FSA na comunidade e garantir a chegada de alimentos e produtos de limpeza, direcionando R$ 105 mil a 2.356 famílias. Na mesma linha, a Amgen e a Amgen Foundation anunciam a contribuição inicial de US$ 12,5 milhões (R$ 63,7 milhões) para os esforços para conter a Covid-19, tratamento de pacientes que já contraíram a infecção e suporte às comunidades ao redor do mundo. A doação no Brasil será de US$ 100 mil (R$ 510 mil), voltada especialmente ao atendimento às necessidades das comunidades que possam ser ou já foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus. O auxílio chegará à população por meio das organizações sociais Visão Mundial e Gerando Falcões —cada uma receberá aproximadamente R$ 200 mil reais. Com a quantia, a Visão Mundial, que atua com pessoas em situações de vulnerabilidade, distribuirá kits de higiene pessoal e limpeza para garantir a prevenção de famílias em áreas de risco. Já a Gerando Falcões, que apoia e acelera o trabalho de outras ONGs que atuam em periferias e favelas de todo o Brasil, utilizará o valor para aumentar a distribuição de cestas básicas digitais —cartões com cargas de R$ 100 ao mês no decorrer de três meses, que podem ser usados em mercados no entorno das favelas. A Amgen Brasil também incentiva os funcionários a realizarem doações às organizações Vocação e Ação Cidadania, que atuam na luta contra o novo coronavírus a partir da compra e entrega de cestas básicas e produtos para higiene pessoal. Com isso, a Amgen Foundation se comprometeu a dobrar o valor doado pelos funcionários Amgen, destinando a quantia para a instituição selecionada pelo colaborador. Acompanhe os acontecimentos relacionados à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-Cov-2. - A rotina dos profissionais que não podem parar de trabalhar - Mapa mostra disseminação da doença no Brasil e no mundo - Confira perguntas e respostas sobre o novo coronavírus - Quais são os sintomas do novo coronavírus? - Vídeo mostra como lavar as mãos; saiba como se proteger - Onde procurar informação oficial sobre o coronavírus - O que se sabe até agora sobre cloroquina, hidroxicloroquina Leia reportagens anteriores sobre o novo coronavírus Por Anielle Franco, Bernadete Perez, Fabiana Pinto, Leonardo Mattos e Marcelle Decothé Em março de 2020, o estado do Rio de Janeiro registrou a primeira morte por Covid-19. Cleonice Gonçalves, de 63 anos, era trabalhadora doméstica e contraiu o vírus possivelmente de sua empregadora, que voltou da Itália e estava infectada, mas não a liberou para ficar em casa. Essa situação poderia ser lida como um presságio sobre quem seriam as pessoas que sofreriam as piores consequências da pandemia. Entretanto, o poder público e a sociedade não entenderam o recado da morte de dona Cleonice e nem das mais de 30 mil vidas perdidas, muitas sem a possibilidade de atendimento digno devido ao colapso do sistema de saúde de vários estados. Nos últimos meses, ampliou-se o reconhecimento da necessidade de que o SUS (Sistema Único de Saúde) utilize leitos privados para expandir sua oferta e organize uma fila única para casos graves da Covid-19. O princípio defendido é de que o acesso a cuidados hospitalares durante a pandemia deveria ser universal e igualitário através do SUS, independente da capacidade de pagamento, da condição socioeconômica e étnico-racial dos cidadãos, como prevê a constituição. A proposta parte do diagnóstico de que a desigualdade e o racismo estrutural estão presentes também no sistema de saúde, que deveria ser único e para todos. Na prática, permite a segmentação da população entre clientes de planos e seguros de saúde, cerca de 22% da população brasileira, maioria branca, de alta escolaridade e com trabalho formal, e a parcela que usa exclusivamente o SUS, os 78% da população, dos quais 65% são negros. Menos de 45% do gasto em saúde vêm do Estado, e apenas 40% dos hospitais no Brasil são públicos. O subfinanciamento e a precarização avançaram com a emenda constitucional 95, que já retirou R$ 22,5 bilhões do SUS desde 2018, muito mais que os R$ 8,1 bilhões gastos no enfrentamento à Covid-19 pelo governo federal. A distribuição dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) também deixa claro o tamanho do problema. Apenas 48% estavam no SUS antes da pandemia, cerca de 0,9 leito para cada 10.000 habitantes, enquanto para clientes de planos a média era de 3,4. Ou seja, quase quatro vezes maior. Em um sistema unificado, seria de 1,5 para todos, o que significaria um incremento de 66% na capacidade do SUS. Manter essa situação intocada durante a pandemia é reconhecer que algumas vidas valem mais do que outras. Não existem impedimentos técnicos e jurídicos para a utilização de leitos privados pelo SUS. A contratualização, realização de editais, remuneração de prestadores e incorporação de novos leitos nos sistemas de regulação de vagas estaduais é algo realizado corriqueiramente pelas secretarias de saúde. Caso o setor privado se recuse a ceder leitos ou aderir a editais, o que tem sido frequente, a requisição administrativa de bens e serviços pelo poder público em calamidades está prevista na Constituição, na lei orgânica da saúde e na lei de emergência sanitária. A indenização justa pode ser pactuada nas instâncias gestoras do SUS, estado a estado. A fila única seria a forma equitativa de acesso a leitos clínicos e de UTI, como já é feito para os transplantes. Pacientes que necessitassem de internação, atendidos em qualquer serviço público ou privado, seriam encaminhados —pela regulação estadual— para leitos disponíveis, considerando as necessidades clínicas. A medida também ajudaria a organizar a rede pública, incluindo leitos municipais, federais e militares não disponibilizados para gestão unificada. Em resumo, a proposta ampliaria escala e eficiência, reduziria a fragmentação da rede, racionalizaria a utilização dos recursos disponíveis. Essa medida reduziria, principalmente, as barreiras da segregação e salvaria incontáveis vidas. Recomendações sobre a utilização dos leitos privados e a gestão coordenada da rede foram apresentadas pelo Senado, Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Justiça, Confederação Nacional de Municípios e pelo Consórcio Nordeste. A proposta tem respaldo de especialistas e instituições como Fiocruz, USP, UFRJ, UFMG, UFPE e IPEA, além de uma centena de entidades da sociedade civil e movimentos sociais. Porém são poucas as experiências concretas. No Ministério da Saúde militarizado o assunto parece tabu. Estados como Espírito Santo, São Paulo, Tocantins e Maranhão e cidades como São Paulo e Curitiba apresentaram iniciativas louváveis, mas ainda tímidas. No Rio de Janeiro foram R$ 845 milhões destinados a hospitais de campanha que não ficaram prontos. Com uma diária hipotética de R$ 2.500, acima dos R$ 1.600 pagos pelo Ministério da Saúde e dos R$ 2.100 acordados com prestadores em São Paulo, a contratação de todos os leitos de UTI privados do estado custaria R$ 210 milhões mensais. Isso teria evitado a fila de centenas de pessoas esperando atendimento que persiste há semanas, situação que se repete em diversos estados. Apesar do conteúdo ético e da viabilidade, a proposta vem sendo questionada por setores empresariais e pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Os argumentos são que ela aumentaria a inadimplência dos clientes de planos e a insegurança jurídica, inviabilizaria o cumprimento de contratos e realização de outros tratamentos, além de trazer risco sistêmico e caos para as empresas. Alega-se que hospitais privados também chegariam a uma alta ocupação. Entretanto, a própria ANS mostra em boletim que as receitas das empresas não foram afetadas pela pandemia, nem a inadimplência e a sinistralidade. O que diminuiu foram despesas e taxa de ocupação hospitalar: 51% com a Covid-19 e 47% com outros agravos. Mesmo assim, o lobby empresarial busca barrar a fila única, mascarar suas insuficientes contribuições e a falta de transparência sobre o que se passa nos leitos de UTI privados. O caos é a manutenção da segregação socioeconômica e racial a despeito da calamidade e das necessidades coletivas. O risco sistêmico são pessoas morrendo sem serem atendidas. A ineficácia é que a mortalidade por Covid-19 de um homem negro e de baixa escolaridade seja quase quatro vezes maior que a de um branco com ensino superior, segundo dados da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). O colapso também é ético e moral quando se esgotam recursos do SUS e existem leitos privados ociosos. Que ao menos este debate nos ajude a desnaturalizar as desigualdades em saúde e desnudar as políticas e forças sociais que impedem que nosso sistema de saúde seja de fato único e para todos. Pois as vidas que já se foram não voltarão. Anielle Franco é mestra em jornalismo e inglês pela Universidade de Carolina do Norte (EUA), graduada em letras pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e é diretora do Instituto Marielle Franco. Bernadete Perez é professora da UFPE, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e membro da Rede Solidária em Defesa da Vida de Pernambuco. Fabiana Pinto é graduanda em saúde coletiva no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), articuladora do Mulheres Negras Decidem e da campanha Leitos para Todos. Leonardo Mattos é sanitarista, pesquisador do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e membro da campanha Leitos para Todos. Marcelle Decothé é educadora popular de Parada de Lucas, no Rio de Janeiro. Feminista, preta e periférica, é doutoranda do programa de pós-graduação em sociologia da UFF, mestre em políticas públicas em direitos humanos, participa do Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro e coordena a área de incidência do Instituto Marielle Franco. O desempenho das vendas nos primeiros estados a reabrir o comércio após o início da pandemia no novo coronavírus indica que a retomada da economia será lenta, com consumidores preocupados com o risco de contaminação e de perda do emprego. Ainda não há estatísticas consolidadas, mas a Folha falou com representantes dos lojistas, dos trabalhadores e especialistas para entender o que as primeiras semanas de lojas abertas em alguns estados dizem sobre o comportamento do consumidor e expectativas para o resto do ano. Em geral, os volumes de vendas estão abaixo da metade da média registrada antes da pandemia, e o foco ainda são produtos de primeira necessidade. As indústrias mais afetadas pelo fechamento das lojas, como têxtil e eletroeletrônicos, ainda não viram novas encomendas. “As vendas ainda estão bem aquém do normal”, diz Marcelo Balocchi, presidente da Fecomércio-GO (Federação do Comércio do Estado de Goiás). “Tanto pela situação econômica, insegurança sobre o emprego, quanto pelo receio de contaminação.” Goiás foi um dos primeiros estados a relaxar as restrições ao comércio, em 20 de abril. A capital, Goiânia, porém, manteve restrições. Balocchi estima que as vendas nos municípios do interior se situem hoje em torno de 50% da média de antes da quarentena. Situação semelhante vive o Espírito Santo, que relaxou as medidas de restrição no interior na mesma época. “Tem alguns segmentos que atingiram, no máximo, 60% do que vendiam antes, mas a grande maioria não passa de 40%”, diz o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. Nos dois estados, o crescimento no número de casos após o relaxamento trouxe de volta debates sobre o fechamento das lojas. Em meados de maio, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), chegou a estudar um decreto retomando restrições, mas desistiu por falta de apoio. “Definitivamente, não é o momento para a reabertura do comércio”, escreveu o presidente do Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo, Rodrigo Rocha, em uma rede social, em críticas à liberação do funcionamento de shopping centers no estado a partir de segunda (1º). Mas, mesmo em Florianópolis, onde já não há registro de mortes por Covid-19 há um mês, o comércio ainda amarga vendas baixas, diz o presidente do Sindicato dos Comerciários do município, Lael Marins Nobre. “Não chega a 40% nos melhores momentos.” Entre abril e maio, sete estados editaram decretos relaxando as restrições ao comércio: além de Goiás e Espírito Santo, houve mudanças também em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Maranhão. No Rio, o governo estadual permitiu o funcionamento de lojas em sistema de delivery. Em todos os casos, foram estabelecidos protocolos de funcionamento, como uso obrigatório de máscaras e limite de clientes nas lojas. Em alguns deles, os governos estabeleceram rodízios de horários ou de dias para a abertura dos diferentes tipos de estabelecimentos. O relaxamento das restrições já garantiu a abertura de 232 shoppings em 97 cidades, o equivalente a 40% dos estabelecimentos desse tipo existentes hoje no país. O cenário não é muito diferente das lojas de rua, com vendas em torno de 40% a 45% do normal. “A gente sempre soube que essa retomada não era para recuperar venda, era para recuperar confiança, para entender a nova dinâmica [de funcionamento do comércio]”, diz o presidente da Abrasce (Associação Brasileira dos Shopping Centers), Glauco Humai. Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostram, porém, que a confiança do consumidor nunca esteve tão baixa, o que deve ajudar a retardar o processo de retomada da atividade. Em maio, 50,9% das famílias entrevistadas preveem consumir menos nos próximos meses. Para especialistas e indústria, porém, a virada deve ocorrer apenas com a reabertura em Rio e São Paulo, os dois principais mercados do país. Nesta semana, as lojas começaram a reabrir no interior paulista, mas ainda não há expectativa de retorno na capital. “[Os estados que já reabriram] são economias frágeis, que já eram antes da pandemia, e não vão ter impacto significativo”, diz Otto Nogami, economista do Insper. Além disso, afirmam representantes de indústrias afetadas, o excesso de estoques no varejo vai retardar a retomada das encomendas. “As encomendas não estão chegando justamente pela existência de estoques”, diz o presidente-executivo da Abinee (Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos), Humberto Barbato. E, quando começarem a chegar, vão consumir primeiro os estoques existentes nas fábricas. A produção da indústria elétrica e eletrônica recuou 30,3% em abril. A produção de eletrodomésticos caiu 70,4%. “A abertura que efetivamente poderá trazer novas encomendas é São Paulo, que representa mais de 40% de nosso mercado”, diz o executivo. Na indústria têxtil, também muito afetada, já há relatos de fábricas que recomeçaram a faturar ou pensam em retomar a produção. “Isso traz um pouco de esperança, já é uma luzinha no fim do túnel”, diz o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Fernando Pimentel. Ele frisa, porém, que não espera uma “ladeira íngreme”, mas um processo longo de retomada. A expectativa é chegar ao fim do ano com produção a 70% da capacidade. “O mês de junho vai ser importante, porque São Paulo recomeça”, afirma Pimentel. Embora pequena, há sinais de melhora na arrecadação de alguns estados que já reabriram o comércio. Em Mato Grosso, por exemplo, a última semana de maio foi a primeira, desde o início da pandemia, em que o faturamento tributável do comércio cresceu em relação à média anterior. Segundo o governo do Estado, a alta, de 3%, é explicada por compras sazonais do setor agropecuário, mas as semanas anteriores já haviam mostrado quedas menores do que nos períodos de lojas fechadas. Em Santa Catarina, a arrecadação em maio foi 11,5 pontos percentuais menor do que a projeção inicial, de 36,3%. A fala de Lula de que não é possível ser “maria vai com as outras” e assinar manifestos de apoio à democracia com “certas pessoas” pegou aliados de surpresa. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já tinha feito uma nota elogiando o Manifesto Estamos Juntos. “As forças políticas precisam dar consequência a gestos como este. Unidade na luta contra o fascismo”, escreveu ela. Gleisi explica: “Elogiei. Todas as iniciativas são importantes. Mas não dá para sair correndo atrás”. Assinaram o documento aliados simbólicos de Lula, como Fernando Haddad, Guilherme Boulos, do PSOL, o governador Flávio Dino, do Maranhão, Manuela D’Ávila, que foi vice na chapa de Haddad, e o ex-chanceler Celso Amorim. “Se fosse um programa de governo, certamente não endossaria. Mas sua principal meta é o combate ao fascismo”, afirma Amorim. Ele, no entanto, refuta as críticas a Lula. “Deploro que essas diferenças de avaliação sejam usadas de forma oportunista para tentar isolar aquele que ainda é o maior líder político do país. Não conseguirão.” com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Enquanto governadores e prefeitos anunciam medidas de abertura da economia e flexibilização do isolamento social, cinco estados têm um nível de ocupação acima de 90% dos leitos de terapia intensiva para o tratamento de Covid-19. Amapá, Pernambuco, Acre, Rio Grande do Norte e Maranhão enfrentam o cenário mais crítico. O Rio de Janeiro, que tem uma ocupação de 86%, ainda acumula fila de pacientes aguardando por vagas em UTIs (unidades de terapia intensiva). Estados no Norte do país com parca estrutura hospitalar estão entre os que registram ocupação mais alta. O Amapá, por exemplo, já registrou 237 mortes pela Covid-19 e tem 99% dos leitos de UTI ocupados. Com a maioria dos leitos para pacientes graves na capital, Macapá, o governo do estado tem adquirido ventiladores pulmonares para instalar leitos de estabilização nas principais cidades do interior. O estado decretou isolamento social rígido no dia 15 de maio, mas afrouxou as regras nesta terça-feira (2). Nos próximos dez dias, comércio e escolas permanecem fechados, mas não há mais restrição para a circulação de pessoas nas ruas como nas últimas semanas. No Acre, o cenário é parecido: 45 dos 47 leitos de UTI da rede estadual estão ocupados. Eles estão divididos apenas entre duas cidades, Rio Branco e Cruzeiro do Sul, sendo que a capital já está completamente cheia. O isolamento social no estado está mantido ao menos até o dia 15. No Nordeste, Maranhão e Rio Grande do Norte têm ocupação ascendente dos leitos para pacientes graves. No Rio Grande do Norte, a taxa de ocupação aumentou de 86% para 91% em uma semana. Em Natal, não há vagas disponíveis em hospitais públicos e há dificuldades para expandir a rede de atendimento. Ao menos 34 leitos de UTI foram bloqueados por falta de equipamentos e de profissionais. Houve aumento na ocupação de leitos no Maranhão, que chegou à taxa de ocupação de 90% das UTIs. O estado, que encerrou o bloqueio total em cidades da Grande São Luís, também iniciou um movimento de reabertura gradual da atividade econômica. Pernambuco, que está com os leitos para pacientes graves lotados, registrou pela segunda semana seguida uma diminuição na fila por uma vaga de UTI para pacientes com síndrome respiratória aguda grave. Na segunda-feira (1), 78 pessoas, incluindo 6 crianças, esperavam por um leito de UTI na rede pública de Pernambuco. Há uma semana, eram 189 pacientes e, no início de maio, 256. O estado, que anunciou a reabertura gradual a partir da próxima segunda-feira (8), é o quinto em número de mortes em decorrência do novo coronavírus. Até esta quarta-feira (3), havia 3.013 óbitos e 36.463 casos confirmados. Movimento semelhante acontece no Rio de Janeiro, que tem 86% dos leitos de terapia intensiva ocupados, mas viu a fila de pacientes graves cair de 286 para 83 pessoas nos últimos sete dias. Ao contrário de Pernambuco, porém, onde já começam a entrar em vigor medidas de abertura, o Rio teve as medidas de isolamento social prorrogadas por mais uma semana pelo governador Wilson Witzel (PSC). A principal dificuldade tem sido ampliar a rede de leitos fora da capital. O estado vive um imbróglio com seis hospitais de campanha que até agora não ficaram prontos e suspeitas de fraudes que atingem até o governador. Já a capital fluminense zerou a fila, mas ainda possui 84% de suas UTIs públicas ocupadas. Contrariando a decisão estadual, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) iniciou um plano de reabertura nesta segunda (1). Em estados como Rondônia, Espírito Santo e Ceará, a ocupação das UTIs é mais preocupante nas capitais. Em Porto Velho (RO), não há mais vagas disponíveis em UTIs públicas. No estado, a taxa de ocupação de UTI para pacientes com sintomas da Covid-19 subiu de 61% para 78%. Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (2), o secretário municipal de Saúde, Fernando Máximo, disse que a capital está à beira de um colapso e que a rede privada também está perto do limite. Em Fortaleza (CE) e Vitória (ES), 89% dos leitos para pacientes graves estão ocupados, cenário considerado preocupante para os gestores de saúde locais. Em São Paulo, as taxas de ocupação dos leitos de UTI mantiveram-se estáveis, com 85,3% na Grande São Paulo e 73,5% no estado —que bateu recorde no número de novas mortes por Covid-19 nesta terça. Foram 327 em 24 horas, totalizando 7.994. O mesmo ocorreu com o número de infectados: 6.000, totalizando 118.295. O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, afirmou que existe a possibilidade de expansão de leitos, à medida que novos respiradores cheguem. A Bahia conseguiu reduzir o patamar de ocupação de leitos, mas segue com a rede de atendimento pressionada. Com cerca de 21.420 casos de Covid-19, o estado tem o extremo sul como principal foco de preocupação: houve uma explosão de casos em cidades como Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Em Salvador, a ocupação dos leitos de terapia intensiva públicos caiu de 85% para 70% nas últimas duas semanas. A folga, contudo, é resultado de uma ampliação da oferta de leitos públicos pelo estado e pelo município. A capital baiana anunciou medidas de flexibilização, como a autorização para abertura de açougues, concessionárias e lojas de decoração. O prefeito ACM Neto (DEM), porém, prevê um cenário sombrio paras as próximas semanas. A estimativa da prefeitura é que Salvador chegue ao dia 16 deste mês com cerca de 30 mil casos do novo coronavírus e mais de 1.000 mortes em decorrência do doença. Nesta terça, eram 476 mortes registradas. Um grupo de atletas brasileiros lançou na noite desta terça-feira (2) movimento intitulado ""Esporte pela Democracia"". O ex-jogador de futebol Walter Casagrande, um dos idealizadores, disse à Folha que o objetivo é ter um grupo ""antirracista, a favor da democracia, contra atos anticonstitucionais, o preconceito, a homofobia e o feminicídio e a favor dos povos indígenas"". O movimento foi lançado com a adesão de atletas e ex-atletas de várias modalidades, entre eles Gustavo Kuerten, Raí, Ana Moser, Fabi Alvim, Isabel, Serginho, Joanna Maranhão e Igor Julião. ""O sonho de todo atleta é representar o seu país. Estamos então aqui hoje para reconvocar a lucidez, diante da questão inadiável: que Brasil é esse que queremos trazer na camisa e chamar de nosso?"", diz trecho do documento de apresentação. Escritores, cineastas e outras lideranças também já aderiram. A ideia, de acordo com a carta divulgada, é se juntar a outras vozes da sociedade civil na defesa da democracia e dos direitos humanos. Ainda não há uma página oficial do movimento e por enquanto não foram feitos anúncios de ações que serão tomadas pelo grupo. Os participantes conversam pelo WhatsApp para definir os próximos passos. ""Somos um grupo, não temos um líder. Todos temos o mesmo peso, e a nossa voz tem o mesmo valor"", afirmam na carta. O crescimento constante de casos de coronavírus e mortes no Brasil é muito preocupante e é difícil dizer que essa alta vai ser contida nas próximas semanas se não forem tomadas medidas de distanciamento e ampliada a capacidade de testes no país, afirmou nesta terça (2) Marcos Espinal, diretor de doenças infecciosas da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). Entre domingo e segunda-feira, o Brasil registrou 623 novos óbitos, o maior número de mortes diárias no mundo, o que elevou o total a 29.937 —atrás apenas de Estados Unidos, Reino Unido e Itália. Há 526.447 casos de coronavírus confirmados no Brasil, o segundo maior número global, e a transmissão continua se acelerando, segundo estimativa divulgada nesta semana pelo Imperial College. A taxa de contágio brasileira foi calculada em 1,13, ou seja, cada 100 pessoas contagiam outras 113, ampliando a expansão da doença. É a sexta semana seguida em que o Brasil apresenta uma taxa de contágio acima de 1, e o centro britânico estima que vão ocorrer 8.580 mortes nesta semana, maior número entre 53 países e mais que o dobro do calculado para o México, segundo colocado (os EUA são analisados à parte). Além da forte alta em casos e mortes diários, o diretor da Opas disse que é alarmante que o número de municípios que reportaram casos tenha mais que dobrado entre os dias 11 e 25 de maio, com um aumento de cerca de 170%. Segundo ele, não se pode generalizar, já que o país é muito vasto e estados têm adotado medidas diferentes, mas a evolução geral mostra que é preciso reforçar restrições à mobilidade para frear a contaminação. No entanto, vários estados têm iniciado seus planos de reabertura nesta semana. O especialista afirmou também que o Brasil não está fazendo testes suficientes, o que é considerado fundamental para permitir a retomada das atividades. Nesta terça, o país atingia cerca de 440 testes por 100 mil habitantes, enquanto outros países da região passam de 2.500, segundo Espinal. A taxa de testes chega perto de 5.500 por 100 mil habitantes dos Estados Unidos e passa dos 3.000 por 100 mil no Chile e no Peru. Segundo Jarbas Barbosa, diretor-assistente da organização, não existe um índice ótimo de testes, mas ele precisa ser suficiente para todos os casos suspeitos, todos os contatos dos casos suspeitos e todos os profissionais de saúde: “Esse é o mínimo necessário para seguir o caminho do vírus e cortar esse caminho, interrompendo a transmissão”. Barbosa afirmou também que, em países onde o número de casos de coronavírus continua crescendo, não é seguro relaxar confinamentos, principalmente quando não há capacidade de testagem e rastreamento. “O contágio pode voltar a se acelerar”, disse ele. Segundo Espinal, também preocupam no caso brasileiro a taxa de ocupação de UTIs em estados como Ceará, Amapá e Maranhão. “Medidas de mitigação não estão sendo suficientes para segurar o avanço da epidemia. É preciso fazer mais para proteger a população.” A diretora da Opas, Clarissa Etienne, afirmou que a dificuldade de combate à pandemia na América Latina é maior porque é uma região “de desigualdade socioeconômica máxima, com megametrópoles em que muitos vivem aglomerados, dependem de transporte público e não têm acesso à saúde”. Segundo ela, em vez de apressar o desconfinamento, os governos precisam ampliar redes de proteção econômicas e sociais, para aumentar a adesão da população às medidas necessárias para conter o coronavírus. Em relação ao Brasil, o gerente de incidentes da organização, Sylvain Aldighieri, afirmou que há uma situação de emergência na bacia do rio Amazonas, e que é preciso reforçar a colaboração entre Brasil, Venezuela, Guianas e Suriname, além de engajar ONGs locais e internacionais, para aumentar a vigilância e sufocar rapidamente surtos entre os indígenas. Após três meses do registro do primeiro caso no Brasil, 52% da população afirma que conhece alguém que contraiu o coronavírus, revela pesquisa Datafolha, que também mostra que se intensificou o temor em relação ao vírus. De cada 10 brasileiros, 8 relatam temer a Covid-19. Ao todo, 5% dos entrevistados pelo Datafolha disseram já ter contraído o vírus (2% afirmaram ter feito teste, e 3%, disseram que não fizeram), e 52% relatam conhecer alguém que pegou. Parte das pessoas declarou estar nos dois grupos. O instituto ouviu 2.069 brasileiros adultos em todos os estados do país por telefone nos dias 25 e 26 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Segundo os dados do Ministério da Saúde, o país tinha até esta segunda (1) mais de meio milhão de casos e quase 30 mil óbitos por Covid-19 confirmados. Se o índice referente a casos testados aferido na pesquisa fosse aplicado à população brasileira adulta (hoje de 164 milhões de pessoas), isso resultaria em cerca de 2,5 milhões de casos, o quíntuplo do número oficial —para fazer a projeção, é usado o número com uma casa decimal (1,5%), e é importante considerar que o levantamento tem margem de erro. Divulgada na semana passada, uma pesquisa nacional coordenada pelo epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, mostrou que 1,4% dos habitantes de 90 cidades que abrigam um quarto da população brasileira foram infectados, conforme resultado de exames que detectam a presença de anticorpos. Novamente, se transposto à população do país, o índice indicaria o sêxtuplo do número de casos oficiais. Médicos e especialistas que trabalham com modelos matemáticos vêm insistindo, desde o começo da pandemia, em fevereiro, que há forte subnotificação de casos no país. Embora a proporção de subnotificação aparentemente venha diminuindo nos casos de óbito pela Covid-19, com o desfogamento dos canais de processamento de exames, a enorme limitação da oferta de testes no país para casos que não sejam graves ainda alimenta a subnotificação. Entre os entrevistados pelo Datafolha que dizem conhecer alguém que pegou o coronavírus, o infectado é, na maior parte das vezes, um conhecido (37%) ou um amigo próximo (24%). A parcela dos que afirmam já ter contraído o vírus ou saber de alguém nessa situação se concentra principalmente na faixa de 25 a 59 anos (oscila de 57% a 59% nesses grupos) e cai na de 60 anos ou mais (44%), faixa que tem os maiores índices de mortalidade. É também predominante nas regiões metropolitanas (64%) e entre os mais ricos —abrange 77% da população com renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos. Foi na camada de maior renda que o vírus começou a circular começou no país. O primeiro caso registrado foi o de um homem de 61 anos que havia voltado da Lombardia, um dos primeiros bolsões da pandemia na Itália. Esse quadro, no entanto, pode mudar à medida que o vírus se interioriza e chega com mais força a periferias e comunidades pobres. Entre as regiões, a que tem menos gente que já teve contato direto com o vírus ou sabe de um caso próximo é a Sul, com 34%. No Nordeste, o índice é de 60%. Os números se alinham aos dados do Ministério da Saúde. Ao mesmo tempo em que o coronavírus já chega perto do cotidiano de mais da metade da população, cresce a parcela dos brasileiros que dizem sentir muito medo dele. São 45%, ante os 38% registrados na pesquisa anterior, do início de abril, e 36% na realizada entre 18 e 20 de março. Por outro lado, 34% dizem sentir um pouco de medo, e 21%, não ter medo. Relatam sentir muito medo, mais do que a média, mulheres (51% delas), pessoas mais pobres (50% das com renda de até dois salários mínimos) e quem rejeita o governo Bolsonaro (62%). No caso da renda, a afirmação pode estar ligada ao acesso à saúde. Disponibilidade de leitos e equipes treinadas são considerados elementos chave para a recuperação da doença. Na quinta-feira (28), quatro estados (Amazonas, Pará, Rio de Janeiro e Pernambuco) tinham mais de 90% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados. Outros cinco (Ceará, Goiás, Espírito Santo, Maranhão e Rio Grande do Sul) ultrapassavam a barreira dos 60%. O Datafolha mostra que quem tem mais medo do coronavírus também tende a rejeitar mais o governo Bolsonaro. O presidente tem seguidas vezes minimizado a gravidade da doença. Essa fatia mais receosa da população reúne 61% dos que são favoráveis ao impeachment e 55% dos que defendem a renúncia. A maioria dos entrevistados que viu a reunião ministerial do dia 22 de abril diz ter muito receio da Covid-19, mencionada na ocasião apenas de forma lateral pela cúpula do governo. Por outro lado, entre os que pegaram ou conhecem alguém que pegou o coronavírus, há empate técnico em relação ao apoio ao impedimento ou renúncia do presidente (55% defendem e 52% são contra em ambos os casos). A pesquisa Datafolha mostra ainda que a maioria da população se opõe à pressão de políticos para o uso da cloroquina contra a Covid-19, bandeira de Bolsonaro. Entre os entrevistados, 89% avaliam que é uma decisão que deve ser tomada por médicos, mesmo índice do levantamento anterior, feito no dia 3 de abril. A liberação do remédio sem amparo científico para uso no estágio inicial da doença, e seus potenciais riscos, levaram o ex-ministro da Saúde Nelson Teich a pedir demissao no último dia 15. Sob comando interino desde então, o ministério publicou cinco dias depois protocolo que amplia a possibilidade de uso do medicamento para pacientes com sintomas leves do coronavírus. O governo Jair Bolsonaro turbinou a contratação do Exército para tocar grandes obras. Os militares mantêm hoje uma carteira com R$ 1 bilhão de projetos em execução. A maioria dos empreendimentos pertence ao Ministério da Infraestrutura. O Ministério do Desenvolvimento Regional também é um cliente dos militares. Com o aporte bilionário, o Departamento de Engenharia do Exército se consolida como uma das maiores empreiteiras na lista de fornecedores da União. Essa injeção de recursos leva a críticas de empresas privadas. De formação militar, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutra) iniciou a gestão com fotos da BR-163 (PA) em redes sociais informando que um batalhão do Exército faria o asfaltamento do último trecho da rodovia até Miritituba. As obras da BR-163 ficaram empacadas por décadas. A conclusão desse trecho final viabilizaria o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste pelos portos do Norte, criando uma saída mais rápida para a exportação em relação aos tradicionais portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Em novembro passado, ele postou fotos de novo, agora com soldados no dia do término da missão. Só com Tarcísio, a Infraestrutura fechou seis projetos com o Exército —parte do bolo bilionário vem de projetos de governos passados. Os novos contratos totalizam R$ 200 milhões. Quatro deles se referem a obras de restauração, manutenção e outros serviços em quatro rodovias: BR-135 (MA), BR-110/316 (PE), BR-230 (PB) e BR-432 (RR). Os outros dois foram repasses do ministério para a compra de equipamentos e veículos pelo Exército a serem usados na prestação dos serviços. A Infraestrutura, em nota, afirmou que a parceria com o Exército se deve pela “experiência em regiões de difícil logística” na Amazônia. Segundo a pasta, são mobilizadas forças já disponíveis na região. O Comando do Exército disse, também em nota, que a parceria “traz como ganhos adicionais para a sociedade o adestramento da tropa e a possibilidade de renovação da frota de equipamentos e viaturas das organizações militares, formação profissional de milhares de jovens durante o serviço militar obrigatório, capacitando-os a ingressar no mercado de trabalho”. Não só na Amazônia atua o Exército, porém. Um sétimo projeto tratará da construção de um dos trechos da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). O contrato será assinado em dois meses. O valor estimado do novo projeto é de pelo menos R$ 100 milhões. O anúncio foi feito pelo próprio ministro durante uma vistoria ao local, há cerca de dez dias. “O Exército vem fazendo um trabalho extraordinário, como foi feito nas obras da BR-163 [no Pará], e agora vai participar das obras do trecho entre Bom Jesus da Lapa e São Desidério”, disse Tarcísio. Executado pela Valec, estatal ligada ao Ministério da Infraestrutura, o lote 6 da Fiol, na Bahia, será construído pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção, de Barreiras (BA), e pelo 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari (MG). Segundo o ministério, será a primeira vez que um batalhão ferroviário assumirá uma ferrovia desde a implementação da Ferroeste (Estrada de Ferro do Oeste), nos anos 1990. A Fiol foi dividida em dois trechos. O primeiro deles ligará Caetité ao porto de Ilhéus, na Bahia. O segundo irá de Caetité até Barreiras, no interior do estado. A ferrovia terá 485,4 km de extensão e prevê investimentos de R$ 2,7 bilhões. Hoje, 40% do traçado está concluído. Segundo o ministério, a ferrovia reduzirá os custos de transporte de grãos, álcool e minérios para exportação e estimulará a ampliação da produção agroindustrial. Também permitirá a ligação do Tocantins, do Maranhão de Goiás e da Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA). Nos bastidores, construtoras privadas que já atendem o governo reclamam que o Exército está sendo beneficiado com os melhores projetos. Elas não quiseram falar por temer represálias. O Exército nega. Segundo a corporação, a participação dos militares em obras de cooperação é muito pequena. “Não há, portanto, nenhum tipo de prejuízo ou concorrência com a iniciativa privada.” A Infraestrutura afirmou que 98% dos projetos foram repassados a empresas privadas. No entanto, as empresas dizem que há “intensa pulverização” no valor dos contratos. De acordo com elas, os contratos firmados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção das rodovias federais que não foram concedidas à iniciativa privada, neste ano somam até o momento R$ 980 milhões —38% para obras e 62% para serviços. Juntos, os cinco maiores fornecedores receberam R$ 251,8 milhões. São eles: Neovia Infraestrutura Rodoviária (R$ 66,8 milhões); Construtora Meirelles Mascarenhas (R$ 58,5 milhões); Pavia Brasil (R$ 53 milhões); Construtora Visor (R$ 42,7 milhões); e LCM Construtora e Comércio (R$ 30,8 milhões). Segundo a Infraestrutura, o Dnit e Exército mantêm R$ 560 milhões em contratos para construção de vias e de aproximadamente R$ 230 milhões para manutenção. “Esse montante em carteira de empreendimentos com o Exército não será desembolsado totalmente neste ano, mas se divide em contratos com previsão de até cinco anos de execução, mediante a existência do recurso.” No Ministério do Desenvolvimento Regional, há cinco empreendimentos com o Exército. Porém, todos foram contratados na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). As obras e os pagamentos continuam em andamento. O Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+ é celebrado no dia 28, e o Canal Brasil exibe conteúdo relativo à data ao longo do mês, começando nesta segunda (1º) com o documentário “Como Somos” (18h50, 14 anos), em que o cineasta Rafael Botta narra a vida de gays, lésbicas e travestis. À meia-noite, estreia a segunda safra do talk show “TransMissão”, (12 anos) com Linn da Quebrada e Jup do Bairro recebendo a atriz Dira Paes. Legítimo Como travestis e transexuais que vivem da prostituição estão se virando na pandemia? A jornalista Ana Ribeiro entrevista a ativista Monique Prada e a travesti Geisa Maranhão, ambas trabalhadoras sexuais. TV Democracia no YouTube, 13h Roda Viva O entrevistado desta segunda (1º) é o cantor e compositor Lobão, que vem se destacando por seus comentários políticos nas redes sociais. A escritora e colunista da Folha Tati Bernardi estará na bancada. Cultura, 22h, 12 anos Dobradinha Larry Kramer O canal homenageia o escritor e ativista de direitos LGBT Larry Kramer, morto no dia 27 de maio. O documentário “Larry Kramer: No Amor e na Raiva” passa às 20h30. Em seguida, às 22h, é a vez do filme “The Normal Heart”, baseado em uma peça de Kramer. HBO Signature, a partir de 20h30, 16 anos Mídia Mundo Os jornalistas Maria Cristina Poli e Alexandre Sayad comandam esta nova série, que discute os desafios da sociedade na era da hiperconectividade. Suzana Singer, editora especial da Folha, participa da estreia, “Mentira – O Vírus da Desinformação”. Facebook e Instagram, 10h Guardiões da Galáxia Vol. 2 O segundo longa dos aventureiros da Marvel traz Peter Quill (Chris Pratt) em busca do pai. Inédito na TV aberta. Globo, 22h19, 12 anos Os Roni Estreia da terceira temporada da sitcom dos irmãos nordestinos, que agora são apenas dois: Roniclayson (Whindersson Nunes) e Ronivaldo (Tirullipa). Multishow, 22h, 12 anos Ministro interino da Saúde há duas semanas, o general Eduardo Pazuello tem causado boa impressão nos secretários estaduais. Segundo eles, ainda que fosse polido e bem-intencionado, Nelson Teich mostrou-se vacilante em diversos momentos, sem clareza sobre o que precisava fazer. Além disso, estava isolado no governo Jair Bolsonaro (sem partido), sem espaço de atuação. No meio da pandemia do coronavírus, o país completou neste sábado (30), 15 dias sem um titular na pasta. Pazuello tem sido elogiado por sua resolutividade, ou seja, a capacidade de fazer as coisas funcionarem. Além disso, mantém contato regular com os secretários, mostrando-se mais aberto ao diálogo que o antecessor. Por fim, tem acesso direto ao centro de governo, e por isso consegue tirar ideias do papel. O gabinete de crise, extinto na gestão Teich, por exemplo, foi recriado. Nele, os presidentes dos conselhos dos secretários estaduais (Alberto Beltrame, do Pará) e municipais (Willames Freire Bezerra, de Pacatuba, Ceará) participam diariamente de reuniões com Pazuello. ""É um avanço na necessária unificação de ações e conjugação de esforços de todos os níveis da gestão do SUS, que sempre tenho defendido. Tenho conversado bastante com ele. Mudou a forma da relação"", diz Beltrame. Pazuello esteve em Manaus e em Belém para avaliar as instalações de saúde. ""A gestão do general Pazuello tem sido propensa ao diálogo com os estados e municípios, no que está correto. A visita aos estados da região Norte, nesta semana, também foi muito bem vista pelos secretários estaduais. Que possamos retomar o diálogo e a gestão democrática, que são fundamentos do Sistema Único de Saúde"", diz Carlos Lula, secretário estadual de Saúde do Maranhão. O ministro interino é valorizado também no processo de habilitação de leitos de UTI, que estava andando muito lentamente desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta. Segundo os secretários, Pazuello praticamente zerou as habilitações pendentes, restando apenas as montadas nos últimos dias. É a partir da habilitação que o Ministério da Saúde começa a ajudar a financiar o custeio dos leitos. Enquanto funcionam sem habilitação, os leitos são custeados exclusivamente pelo estado ou pelo município. Há, atualmente, mais de 7.000 leitos habilitados no país. Os secretários também viram avanços importantes na regulamentação dos hospitais de campanha e a participação federal no custeio. A discussão, que vinha acontecendo vagarosamente, ganhou tração com Pazuello, e os secretários acreditam que nesta semana já será possível publicar um documento em que ficarão mais claras as formas de participação do governo federal no custeio dessas unidades de saúde. Ainda há pontos pendentes, ressaltam os secretários, como ampliação da testagem, fornecimento de swab para coleta de exames, EPI, entre outros, que têm sido tratados continuamente com Pazuello. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O nome do bilionário Elon Musk foi, durante muito tempo, sinônimo de progresso da ciência e de investimento em uma economia verde. No Vale do Silício, celeiro californiano de start-ups, ele é uma espécie de ""Professor Pardal high-tech"", com soluções engenhosas e ultratecnológicas para assuntos cotidianos ou extraterrestres, que lhe renderam fama e seguidores no ambiente geek e politicamente progressista, especialmente nos Estados Unidos. Musk criou a Space X, que neste sábado (30) concretizou a ambição de ser a primeira empresa privada a enviar foguetes tripulados ao espaço. E é também o criador da fábrica de carros elétricos de luxo Tesla. Ter um Tesla até recentemente não era apenas sinal de riqueza: ao desembolsar os até 125 mil dólares (ou quase R$ 800 mil) que um modelo desses pode custar, o proprietário declarava a quem o visse passar pela rua que seus valores se alinhavam a uma política ambientalmente sustentável e que seu dinheiro estava à serviço do desenvolvimento da ciência. Conhecido por alimentar pessoalmente —e em abundância— seus perfis em redes sociais, ele passou a usar as plataformas para questionar a gravidade da pandemia de coronavírus e combater as medidas de distanciamento social impostas pelas autoridades da Califórnia, onde está a sede de sua fábrica de carros. A Tesla teve lucro recorde no primeiro trimestre de 2020, embalada por um 2019 em que a empresa produziu mais de 300 mil veículos, e seu valor de mercado, de US$ 140 bilhões (R$760 bilhões), superou o de gigantes como McDonalds e Nike. Principal acionista da empresa, Musk, cuja fortuna é estimada em US$ 41 bilhões (R$ 223 bilhões), viu seu patrimônio aumentar em US$ 13 bilhões (R$ 71 bilhões) só em janeiro de 2020, graças ao bom desempenho da montadora. Para esse ano, a empresa prometia produzir 500 mil carros, mas a obrigatoriedade de fechamento da fábrica deve forçar a Tesla a rever as projeções. Motivado ou não pelos custos financeiros que a epidemia deve impor, o comportamento político de Musk nas redes tem feito com que ele caia nas graças de políticos populistas de direita. O empresário tem sido defendido pelo presidente americano Donald Trump e há ainda um flerte em curso entre ele e o governo brasileiro de Bolsonaro. Em 6 de março, via Twitter, Musk chamou o pânico em relação ao coronavírus de ""estúpido"" e, duas semanas mais tarde, quando os americanos já contavam milhares de vítimas fatais, afirmou que ""o temor causará mais perdas do que o próprio vírus"". Nesse meio tempo, também opinou que ""crianças são essencialmente imunes"" à Covid-19 e que usar cloroquina ""é melhor do que nada"" no tratamento à doença —há cada vez mais evidências em contrário. Criticou ainda o uso das máscaras N-95, consideradas as mais efetivas na proteção contra o Sars-CoV-2. Os comentários de Musk já mostravam alinhamento com o posicionamento do presidente americano Donald Trump em relação à epidemia. Partiu de Trump a sugestão da cloroquina como remédio e o comportamento negacionista foi a tônica de seus primeiros movimentos em relação ao assunto. Mas, conforme o número de casos aumentava no país, que essa semana ultrapassou os 100 mil mortos na pandemia, a semelhança de posturas entre ambos se tornou tal que Trump e seus aliados passaram a endossar Musk. O empresário qualificou como ""fascistas"" as medidas de distanciamento social adotadas pelo governo da Califórnia e passou a pressionar as autoridades locais a permitir a reabertura da planta da Tesla. ""Liberte a América agora"", ele tuitou no dia 29 de abril. E ameaçou mudar a fábrica para estados já reabertos, como o republicano Texas. No dia 11 de maio, Musk anunciou via Twitter que promoveria a desobediência de milhares de trabalhadores à quarentena imposta pelas autoridades locais: ""A Tesla está reiniciando a produção hoje contra as regras de Alameda County (onde a fábrica está localizada). Estarei na linha (de produção) com todo mundo. Se alguém for preso, peço que seja apenas eu"". Trump, que concorre à reeleição em novembro e tem tentado forçar a reabertura econômica do país para aliviar a recessão —mesmo que isso contrarie recomendações dos órgãos de saúde pública—, apresentou seu apoio nas redes: ""A California deve deixar a Tesla e Elon Musk abrirem a fábrica, AGORA. Isso pode ser feito de forma rápida e segura"". Há pouco mais de dez dias, Musk pareceu ter tornado definitiva sua conversão à direita ao postar que havia ""tomado a pílula vermelha"". A frase é uma referência a uma cena do filme Matrix, em que o protagonista deve escolher entre a cápsula azul, para viver preso em um mundo de ilusões, ou a vermelha, para receber a revelação da verdade sobre a Matrix. Em um contexto de polarização política americana, ""tomar a pílula vermelha"" se tornou uma metáfora de posicionamento em favor da direita trumpista. O post do empresário foi replicado pela filha de Trump, Ivanka Trump: ""Tomado"", ela escreveu. Não é inédito que Musk poste comentários polêmicos ou desgastantes para sua imagem ou de suas empresas. Em 2018, em meio aos esforços de salvamento de 12 meninos tailandeses e seu treinador de futebol presos em uma caverna, Musk chegou a chamar de ""pedófilo"" um dos mergulhadores responsáveis pelo resgate. Ainda em 2018, ele repentinamente anunciou a intenção de fechar o capital da Tesla, pegando de surpresa acionistas e seus próprios executivos —dias mais tarde, voltou atrás. Naquele mesmo ano, deu uma entrevista emotiva ao jornal The New York Times em que mencionou trabalhar 120 horas por semana e apareceu em um podcast de um comediante fumando maconha. Em maio de 2020, em meio ao enorme sucesso da Tesla no mercado, ele disse que o valor das ações da companhia estavam ""altas demais"" —os papéis perderam 10% de seu valor imediatamente. Embora causem desconforto em seu público, além de perdas financeiras —esse tipo de comentário compõe o folclore em torno do empresário e costuma ser visto como ato de excentricidade de um bilionário ou como o resultado de estafa mental de um gênio atormentado a cargo de uma série de empresas. O próprio Musk já admitiu arrependimento em relação a alguns de seus comentários, mas afirmou que o número de posts positivos superava o de negativos. Dessa vez, no entanto, os posts de Musk sugerem um realinhamento político consistente. E a corte entre o dono da Tesla e a direita não teria como palco apenas os Estados Unidos. Em 21 de fevereiro, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro tuitou: ""Em março estarei nos Estados Unidos. Em nossa extensa agenda a possibilidade da Tesla no Brasil."" Era o primeiro sinal público de uma relação entre o magnata do Vale do Silício e o governo brasileiro. Outro ponto de aproximação é a base de Alcântara. A Space X já informou ao Ministério de Ciência e Tecnologia que pretende ser beneficiária do acordo de salvaguardas tecnológicas firmado entre Brasil e Estados Unidos e lançar foguetes a partir do Maranhão. Um encontro entre o ministro Marcos Pontes e representantes da empresa chegou a ser estudado, mas os planos foram interrompidos pela pandemia. A intermediação da relação tem sido feita, por um lado, pelos deputados federais Daniel Freitas e Eduardo Bolsonaro e, por outro, por Bill Popp, ministro-conselheiro da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. ""A Embaixada fez o contato com a empresa e eles demonstraram interesse. Era pra ter havido uma reunião com o Elon Musk quando o presidente foi pra Miami, em março, mas ele estava fora dos Estados Unidos naquele momento. Ele até demonstrou interesse de vir ao Brasil, mas com a pandemia deu uma esfriada"", afirmou à BBC News Brasil o deputado Daniel Freitas. Freitas, que é de Santa Catarina, tem um projeto de lei para dar isenção fiscal a Tesla e defende que a empresa teria interesse em se instalar no país não apenas pelo mercado brasileiro —que, no ano passado, comercializou menos de 12 mil carros híbridos— mas também pelo acesso ao parque consumidor da América do Sul. Mas, especialistas no setor em Brasília veem com ceticismo os planos e negam que exista qualquer tratativa consistente entre o governo e a empresa. Consultado, o Ministério da Ciência e Tecnologia não respondeu à BBC News Brasil até o fechamento dessa reportagem. A reportagem também procurou a Tesla e a SpaceX, mas não houve resposta. ""Elon Musk se tornou um completo republicano, então?"" A pergunta, feita na página do empresário, partiu de JT Lewis, um político republicano de Connecticut que ostenta fotos com Trump em seus perfis. A surpresa da própria direita com seu novo aliado tem razão de ser. Musk já disse, em 2016, que Trump não lhe parecia ""ter o tipo de personalidade que refletia bem os Estados Unidos"". A agenda de Trump colide frontalmente com os princípios que os negócios de Musk historicamente defendem. O caso mais evidente é o da própria Tesla: sua fundação se baseia na noção de que a queima de combustíveis fósseis por ação humana tem levado ao aquecimento do planeta e que vale a pena pagar mais por uma tecnologia que limite o uso dessas formas de energia. Mas não é o único exemplo. Musk também preside uma empresa de painéis de energia solar. O problema é que Trump (e também Bolsonaro) é um negacionista da gravidade das mudanças climáticas e da necessidade de ação sobre elas. Tanto assim que, em 2019, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, que estabelecia metas aos diferentes países de redução de emissão de CO2 na atmosfera. Domesticamente, Trump se engajou em uma guerra regulatória contra autoridades estaduais que tentavam impor regras mais rígidas de emissões de carbono para o setor automobilístico. O principal antagonista do presidente republicano nessa empreitada foi justamente o estado da Califórnia, onde Musk mantém sua base. Consultado sobre o assunto, o deputado Freitas deixou claro que o interesse do Brasil na Tesla não tem a ver com a preocupação com o meio ambiente. ""Eu acho que o governo está primeiro pensando na economia, na geração de emprego e renda que uma cadeia produtiva dessas significa. Não necessariamente essa questão ambiental"", afirmou. Em um fórum do qual o próprio empresário costuma participar na plataforma geek Reddit, um fã resumiu a contradição: ""Eu me pergunto o que Musk pensou consigo mesmo quando percebeu que as pessoas que apóiam sua demanda para forçar o trabalho em meio à pandemia têm como líder Donald Trump? O presidente Trump tuitar sobre você não é bom para os negócios, especialmente se você é um garoto-propaganda de um 'mundo pós-petróleo', de 'cuide da Terra' como Musk é"". Há quem veja na postura do bilionário como um risco iminente para a saúde das empresas. É o que comentou no Twitter o escritor e co-fundador do grupo de mídia Vox Markos Moulitsas: ""Honestamente, Musk está se tornando uma ameaça e o conselho da Tesla precisa considerar seriamente retirá-lo do comando. E eu digo isso como um orgulhoso proprietário de um Tesla e um fanático da SpaceX que realmente aprecia o que ele construiu"". Para a analista conservadora Tiana Lowe, da Washington Examiner, a reação dos fãs é desmedida. Lowe argumenta que se Musk está perdendo parte de sua base, ele pode estar agregando novos admiradores ao seu séquito de seguidores e ajudando a estabelecer posicionamentos comuns entre grupos que parecem tão antagônicos, como os apoiadores de Trump e os fãs de Musk. ""Não estamos vendo ele acenar para a extrema-direita, nem concordar com racismo ou sexismo. A atitude é mais sobre querer manter seus negócios abertos, e acho que isso ressoa com Trump"", afirmou. Na bandeira, substitua-se o lema positivista “Ordem e Progresso” por “Não repara a bagunça”, a inevitável saudação brasileira às visitas, escrita assim mesmo, do jeito bagunçado que as pessoas falam. A sugestão irônica, triste e afetuosa, circulava entre nós, nos tempos de faculdade. Hoje, 40 anos depois, a crise do coronavírus revela sua atualidade. Um presidente negacionista decidiu que a Covid é “uma gripezinha”, recusou-se a organizar o respaldo econômico à emergência sanitária, fechou o Ministério da Saúde, engajou-se em atos de sabotagem das regras de distanciamento social. O STF reagiu transformando o país numa confederação de 27 entidades territoriais mais ou menos independentes. Na ausência de coordenação nacional, governadores, prefeitos e até juízes intrometidos costuraram uma colcha de retalhos de medidas sanitárias incongruentes. A bagunça esvaziou menos as ruas que o sentido das palavras. Do Maranhão ao Ceará, quarentenas parciais ganharam o nome de “lockdown”. O governo paulista anunciou uma “quarentena inteligente”, confessando involuntariamente que experimentamos dez semanas de quarentena burra. Na etapa da burrice, fechou-se às pressas a economia de centenas de cidades do interior quase livres da epidemia. Na da inteligência, essas áreas serão desconfinadas, justamente na hora da chegada do vírus. A bagunça é, às vezes, cálculo eleitoral. O prefeito paulistano, um administrador que executa antes para depois planejar, o gênio de bloqueios viários e megarrodízios, clamou por um “lockdown” imposto pelo governador, sobre quem recairia o peso do fracasso, antes de girar 180 graus, temendo a paralisação de obras de apelo eleitoral. Na capital paulista, ninguém pode andar em parques, atividade saudável e segura, mas todos já podem visitar os shoppings. No Rio, cidade que declina sem elegância, as praias continuam proibidas, mas o prefeito puro e santo excetuou as igrejas, permitindo aglomerações nos templos. Há jornalistas que culpam o povo pela dissolução das quarentenas. Às vezes, a bagunça é método. No estado do Rio, sob um governador-juiz que prega a eliminação extrajudicial de suspeitos, a corrupção adaptou-se celeremente ao cenário epidemiológico. Seguindo a clássica receita de autoajuda dos investidores, de converter crises em oportunidades, firmaram-se contratos fraudulentos para a construção de hospitais de campanha. Saúde antes de tudo. O extinto Ministério da Saúde, reduzido à condição de acampamento militar, foi colonizado por curandeiros charlatães. Curvado às ordens presidenciais, ele recomenda o uso indiscriminado da cloroquina em pacientes de Covid, contrariando as conclusões de investigações científicas abrangentes. Às vezes, a bagunça é crime. Não damos sopa para o azar. Os países europeus, bagunceiros, só exigem o uso de máscara em lugares fechados. No Brasil, somos ordeiros, rígidos, implacáveis: a Câmara estendeu a obrigação aos espaços abertos. Obedientes, as pessoas percorrem as calçadas com o apetrecho na testa ou no pescoço, manuseando-o irrestritamente, enquanto as máscaras dos motoqueiros se cobrem de películas de fuligem. Fazemos leis para chinês ver. Nunca relaxamos. O fechamento geral de escolas é medida de eficácia improvável no combate ao coronavírus, concluiu um estudo publicado pela Lancet, revista médica de referência. Na Europa, a reabertura escolar figura entre as medidas pioneiras da flexibilização, pois a longa interrupção atinge devastadoramente famílias e alunos pobres. Mas, por aqui, isso foi relegado ao epílogo do cronograma das autoridades. “Vire-se, povinho!” —eis a mensagem de governantes tementes a Deus ou à “Ciência”. Nossa epidemia seguirá crepitando, enquanto o mundo vira uma página. Temos tempo para substituir o lema que atravessa a esfera azul celeste da bandeira tão amada. Diariamente, durante a crise do coronavírus, um colunista ou um blogueiro da Folha indica sugestões para o período de quarentena, como livros, filmes, séries, entre outras opções. Confira as sugestões de Ronaldo Lemos, que escreve sobre tecnologia em Mercado. Acompanhe todas as dicas dos colunistas aqui. Blog do Hermano Vianna Em uma discreta página de wordpress o antropólogo Hermano Vianna dispara a melhor e mais rica pesquisa sobre cultura planetária. Vale aproveitar porque Hermano só ativa o blog em raros períodos, como quando o mundo atravessa alguma crise grave como agora. Fundo de Quintal Essa molecada do interior do Maranhão conseguiu o impensável: uma explosão musical e performática que lembra teatro experimental contemporâneo radical com espontaneidade descompromissada tipicamente brasileira. Não é à toa que em pouquíssimo tempo já têm mais de 750 mil seguidores. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), protocolou nesta sexta-feira (29) um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, por causa de inquérito que investiga compra de combustível para helicóptero realizada pelo governo maranhense. Segundo noticiado pelo jornal O Globo no dia 27 de abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou um pedido de abertura de inquérito contra Dino para apurar suspeitas de irregularidade em contrato que determina a compra de 175 mil litros de combustível por ano para abastecer um helicóptero de modelo EC-145, usado pela Secretaria de Segurança Pública. A defesa do governador afirma que a PGR baseou-se em denúncia feita por um cidadão da cidade de Varginha (MG) que, sem apresentar provas, alegou que a quantidade de combustível era superestimada e solicitou investigação por corrupção. Varginha está a cerca de 2.800 km de distância da capital São Luís. Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a abertura de inquérito para apurar o envolvimento do governador Flávio no contrato de R$ 1,4 milhão com a Petrobras, sob suspeita de um suposto prejuízo de R$ 267 mil aos cofres públicos. O fato também foi noticiado pela imprensa. A ação impetrada no STF afirma que Dino, até o momento, não foi notificado pelos órgãos e que só tomou conhecimento da movimentação através de notícias publicadas. ""Há um mês esse assunto está vazando para veículos de comunicação. Peticionei no STJ (Superior Tribunal de Justiça) três vezes, não tive resposta. Peticionei no Ministério Público Federal do Maranhão e responderam que arquivaram. Peticionei na PGR (Procuradoria-Geral da República), e o procurador [Augusto Aras] ficou quieto"", afirma Dino. ""Vou então ao STF para saber se a denúncia desse ET de Varginha é coisa séria"", segue ele. O mandado de segurança requer cópia eletrônica do procedimento investigatório, acesso integral aos elementos de prova já documentados e notificação das autoridades envolvidas para que elas possam prestar informações no prazo de dez dias. A defesa de Dino classifica a atuação da PGR como ""ato ilegal e abusivo"". “A Era Vargas termina com um golpe, em que Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro, os mesmos que colocaram Vargas no poder, expulsam o Getúlio”, explica o professor de história Elvis John, da rede estadual do Maranhão. A aula é transmitida pela rádio Timbira, emissora pública do estado e que agora tem levado aulas para os 322.961 estudantes matriculados nas 1.071 escolas estaduais. Além da rádio, o programa pode ser escutado no formato de podcast e também com aula em vídeo na TV Assembleia e YouTube. O conteúdo transmitido por rádio é uma forma que as redes públicas de ensino de diversas partes do país encontraram para levar a escola para dentro das casas durante a pandemia da Covid-19. A doença obrigou o fechamento das salas de aula para evitar a proliferação do novo coronavírus. Além disso, o rádio alcança quem normalmente não tem acesso à internet ou aqueles que, quando possuem conexão, não contam com um computador adequado, esbarrando na tela diminuta do celular. “A gente saiu de dentro das quatro paredes da sala de aula. As ondas de rádio nos levam além. Foi uma mobilização rápida. Assim que veio a pandemia, em questão de instantes, o governo se organizou. Como professor de escola pública fiquei muito contente”, diz John, o professor de história. No Rio Grande do Norte, com cadernos abertos e lápis em punho, os irmãos Gabriel, 7, e Samantha, 4, estudam em casa, acompanhados da mãe Salésia Maria da Silva, 34. Moradores da zona rural de de Serra Negra do Norte, a 260 km de Natal, a família é uma das que acompanha as aulas com transmissão no rádio. “A tecnologia está por toda parte, mas tem lugares de difícil acesso, que não têm internet. Essa transmissão foi muito importante. Nós, pais, aprendemos junto com os filhos”, opina a mãe. Sem aulas presenciais desde 18 de março, a cidade de 8.078 pessoas possui apena suma emissora, a rádio Princesa da Serra, que transmite as aulas no programa ""Educa Quarentena"" desde 20 de abril. “Fizemos aulas de Inglês pelo rádio. Trabalhamos aqueles verbetes que já são incorporados na nossa língua, como 'feedback', 'fastfood', 'delivery'”, diz Petrucio Ferreira, secretário municipal de educação e agora apresentador do programa, que conta com participação dos professores das escolas públicas. Também no Rio Grande do Norte, em Caicó, a 269 km da capital potiguar, os ouvintes da rádio Rural podem acompanhar o programa “EJA em Ação”, promovido pelo governo estadual especialmente para o público da Educação de Jovens e Adultos — a sigla EJA do nome do programa. “O objetivo é dar oportunidade à continuidade da trajetória escolar dos estudantes”, explica a coordenadora Suenyra Nóbrega. Porém o programa foi mais longe e passou a atrair pessoas que haviam abandonado a escola, e não apenas os matriculados nessa modalidade. “Escutamos depoimentos que [o projeto] está chegando em diversas comunidades, setores e níveis de ensino"", conta a coordenadora. No Rio Grande do Sul, a rede municipal de Candelária, a 155 km de Porto Alegre, também tem feito transmissões diárias para os alunos. “A transmissão é exatamente na hora em que o aluno teria aula. Os estudantes recebem os planos de estudo seguindo o que foi escutado”, explica o jornalista Cyro Visalli, gerente da rádio Princesa. A rede estadual não transmite aulas pelo rádio. Alunos do ensino fundamental ficaram sem aulas remotas, que serão retomadas na segunda-feira (1°). Apenas alunos prestes a fazer o Enem recebem conteúdo pela televisão pública gaúcha. No estado vizinho, em Santa Catarina, as aulas por rádio levam atividades até para os bebês. A rede municipal de Joinville transmite aulas que vão do berçário ao EJA. A rádio que transmite é da própria prefeitura –o período de pandemia acabou reforçando a importância da comunicação pública. “Sujar é brincar. Você vai precisar dos seguintes materiais: elementos da natureza, tais como folhas, gravetos, pétalas de flores, barro, argila, baldinho ou potes plásticos”, dizem os narradores. O conteúdo é elaborado por professores concursados e gravados pela equipe da rádio. “Os programas estão baseados naquilo que os professores estão desenvolvendo na semana. As famílias recebem o conteúdo correspondente pela internet ou impresso. O rádio tem um poder de chegar nas pessoas que é diferenciado”, explica a secretária municipal de educação,Sônia Victorino Fachini. Enquanto as redes municipais e estaduais estão usando o rádio e até canais públicos de televisão para levar as aulas aos estudantes em isolamento, não há uma iniciativa coordenada em nível federal. A reportagem procurou o Ministério da Educação (MEC), que foi questionado sobre a possibilidade de uso dos canais de rádio e TV da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e da TV Escola para transmitir aulas durante a pandemia. O MEC respondeu por meio de sua assessoria que o questionamento deveria ser feito a prefeituras e estados. Pela primeira vez desde a eclosão da pandemia do novo coronavírus no Brasil, a maioria dos estados brasileiros registra uma ocupação maior que 70% dos leitos públicos de terapia intensiva para o tratamento da Covid-19. Levantamento da Folha aponta que 17 dos 26 estados já têm pelo menos sete de cada dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados. Em três deles —Ceará, Amapá e Pernambuco— a ocupação está acima de 90%. O avanço do número de pacientes graves acontece no mesmo momento em que parte dos estados anuncia medidas de abertura gradual do comércio e de outros setores da economia, caso de São Paulo, Ceará e Maranhão. Mesmo nos estados que adotaram medidas restritivas mais rígidas e bloqueio total em algumas cidades, caso de Pernambuco, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, o número de pacientes graves internados permanece em patamares considerados preocupantes. Em Pernambuco, onde a taxa de ocupação oficialmente divulgada é de 97%, o tamanho da fila de pacientes com síndrome respiratória aguda grave que aguardam uma vaga de UTI nos hospitais da rede estadual de Pernambuco diminuiu 26% em três semanas. No dia 4 de maio, 256 doentes esperavam por um leito, número que caiu para 190 nesta quarta-feira (27). Ainda há casos de infectados pelo novo coronavírus que aguardam a transferência há mais de duas semanas. No Rio de Janeiro, a abertura de uma nova ala no hospital de campanha do Maracanã na última sexta (22) aliviou um pouco a situação. A ocupação dos leitos de terapia intensiva estaduais, que era de 90% há uma semana, passou para 82% nesta terça. Parte das 160 vagas abertas ali, porém, deve ser rapidamente ocupada nos próximos dias, já que o estado tem uma fila de 286 pessoas aguardando transferência. Seis hospitais de campanha fora da capital ainda não foram inaugurados —um deles vai começar a receber pacientes nesta quinta. No estado de São Paulo, 4.779 pacientes estavam em leitos de UTI com Covid-19 nesta terça, com uma ocupação de 74% das vagas disponíveis. Na capital paulista, segundo o prefeito Bruno Covas, a ocupação de leitos de terapia intensiva nesta terça era de 85%. Há mais de três semanas, o índice tem se mantido entre 85% e 92%. O governo de São Paulo afirmou que dobrou o número leitos de UTI no estado, passando de 3.600 para 7.200. Além disso, sete hospitais de campanha foram abertos: quatro na capital paulista e três no interior. A queda na taxa de ocupação de leitos é um dos critérios observados para a retomada da economia —os demais são respeito ao índice de isolamento social de, no mínimo 55%, controle do número de casos e mortes de Covid-19 e de internações. Na nova fase do Plano São Paulo, anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), as cidades da Grande São Paulo e o litoral não terão relaxamento da quarentena. Na capital paulista, será permitida a abertura do comércio (com restrição de horário), de concessionárias, de escritórios e de imobiliárias. O Ceará é outro estado que deve começar a adotar medidas de relaxamento do isolamento social a despeito de registrar uma ocupação de 91% dos 661 leitos de UTI para Covid-19. Nesta terça, o governador Camilo Santana (PT) anunciou o início de uma reabertura gradativa da economia a partir de 1º de junho. A retomada será em fases, mas os setores e regiões contempladas ainda não foram anunciados. O mesmo já começou a acontecer no Maranhão, que tem 89% dos leitos para pacientes graves ocupados. O governador Flávio Dino (PCdoB) autorizou a abertura, a partir desta segunda-feira (25), de empresas exclusivamente familiares, na qual trabalham apenas o proprietário e pessoas de sua família. A expectativa é de que outros setores da economia tenham a sua abertura autorizada a partir da próxima semana. De acordo com o governo, a retomada será gradual e seguirá protocolos sanitários como o uso de máscaras e distanciamento social. O estado, que decretou confinamento obrigatório por 12 dias em São Luís e mais três cidades nos arredores, viu sinais positivos da medida, que chegou ao fim no dia 17 de maio. A ocupação dos leitos de UTI na capital, por exemplo, caiu de 100% para 86% na última semana. O Rio Grande do Sul adotou um protocolo de reabertura da economia há um mês. Contudo, segue com uma ocupação crescente dos leitos de terapia intensiva, chegando a 71% nesta terça, número que também inclui os hospitais privados. A ocupação ajuda a calcular o risco da Covid-19 no modelo de bandeiras que flexibilizam as atividades econômicas no estado. Antes, o número de casos confirmados da doença era considerado. Mas o governo entendeu que regiões que testam mais acabavam penalizadas pelo modelo. Em situação relativamente mais tranquila, outros nove estados e o Distrito Federal estão com a ocupação abaixo de 70%. O Distrito Federal ampliou sua rede de leitos de UTI para a Covid-19 na medida em que crescem os casos de pacientes graves. A unidade da federação busca manter a taxa de ocupação desses leitos especiais abaixo de 50%. Por isso, na última semana, foram inaugurados 70 novos leitos de UTI. Nesta terça-feira (26), 121 leitos de terapia intensiva para Covid-19 estavam ocupados. Mesmo o avanço do número de pacientes graves, o DF segue em seu processo de abertura da economia. Depois de autorizar o funcionamento do comércio, os shoppings e centros comerciais foram autorizados a funcionar em horário reduzido a partir desta quarta-feira (27). Com um acréscimo de 67 UTIs da rede privada graças a uma ação de confisco de leitos pelo estado, o Tocantins chegou a 121 UTIs disponíveis para tratamento da Covid-19. A taxa de ocupação atual é de 19%. Mato Grosso apresentou alta no total de pacientes internados em UTIs destinadas a Covid-19, mas manteve a ocupação em 13% devido à implantação de 48 novos leitos na última semana. São 34 os pacientes internados, ante os 28 da semana anterior. Estado que está em último na lista de casos confirmados da Covid-19, Mato Grosso do Sul continua com uma situação confortável, com apenas 3,3% das 296 UTIs exclusivas para pacientes da doença ocupadas. Em Campo Grande não há registro de internações na rede pública nesse tipo de leito. Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a operação da Polícia Federal contra seu colega Wilson Witzel (PSC-RJ) indica uma escalada autoritária por parte do governo de Jair Bolsonaro. ""Independentemente da análise, e toda investigação necessária deve ser feita onde há suspeita, a operação que foi anunciada antecipadamente por uma deputada aliada, e comemorada pelo presidente, insinua a escalada autoritária e isso é preocupante"", afirmou o tucano. Ele se referiu ao fato de a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) ter indicado que haveria ações contra governadores em entrevista na véspera, e porque Bolsonaro parabenizou a PF pela operação nesta manhã de terça (26). Concorda com Doria Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão. ""Eu não posso falar sobre o caso específico por não conhecê-lo, mas há uma tentativa em curso de ameaçar qualquer voz dissonante a partir da instrumentalização do sistema de perseguição penal"", disse. ""Isso fica nítido quando a deputada ameaça governadores um dia antes da operação"", afirmou. Doria é, ao lado de Witzel, o mais vocal adversário político de Bolsonaro na condução da crise da pandemia do novo coronavírus. Ambos, que são presidenciáveis para 2022, foram xingados pelo mandatário máximo na reunião ministerial de 22 de abril, assim como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB). Para o governador, a sinalização da operação de hoje é grave. ""A utilização da PF para intimidar adversários, seja na política ou fora dela, deve ser condenada pela sociedade"", disse o tucano. Dino, por sua vez, diz que a interrogação no processo é o quanto as instituições topariam se ""milicianizar"". ""Os métodos são todos extraídos de uma vertente totalitária. Coerção da imprensa, intimidação de adversários, milicianização do sistema judicial"", afirmou. A posição de Doria e Dino encontrou eco nas conversas entre governadores ao longo desta manhã. Muitos se mostraram preocupados com um cenário à la Estado Novo (1937-45), com comparações entre a polícia política do ditador Getúlio Vargas com os desígnios de Bolsonaro para a PF sob nova direção após a demissão de Sergio Moro (Justiça) do governo. A ação acendeu o sinal amarelo em diversos governos, em especial aqueles com grande movimentação de recursos para combater o coronavírus. Como disse um outro governador do Nordeste, não é possível ter controle absoluto contra eventuais desvios na ponta. Os Tribunais de Contas estaduais são responsáveis por fiscalizar os procedimentos. Em São Paulo, a consultoria PwC é responsável pela auditagem das doações feitas pelo setor privado para o combate à pandemia, mas compras públicas precisam passar pelo TCE. Alarmados com os eventos no Rio, os governos estão repassando dados acerca de compras emergenciais e também avaliando, com suas áreas jurídicas, todos os processos que existem que possam lhes envolver no STJ (Superior Tribunal de Justiça). É nesta corte que são processados governadores. Apesar de um passado recente de decisões vistas como próximas do ideário de Bolsonaro, a avaliação em tribunais superiores é de que o ministro que relata o caso de Witzel, Benedito Gonçalves, é visto como técnico e apolítico. Ele foi colega de Witzel na Justiça Federal do Rio. Isso deverá modular a defesa dos colegas do governador fluminense, que preferem apontar problemas na forma com que a operação transcorreu, com batida cinematográfica na residência oficial de Witzel, do que fazer alguma defesa prévia do conteúdo apurado. Mas a condenação ao risco de uso político da PF, como fizeram Doria e Dino, é unânime até aqui. A experiência prévia com operações do gênero, como na Lava Jato, sempre indicou que a exposição tende a prejulgar o acusado. A diferença para o momento atual é que, antes, o governo era o alvo da polícia. Plantas, frutos do mar, louças especiais, cortinas motorizadas, medalhas. Órgãos públicos país afora iniciaram processos para comprar esses itens nos últimos meses e atraíram críticas por cogitar gastos considerados supérfluos no meio da pandemia do coronavírus. Licitações do tipo até passariam despercebidas em tempos normais, mas ganharam nova dimensão em meio à crise na saúde e na economia. Um levantamento da Folha mostra que a situação se repete no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, nos âmbitos municipal, estadual e federal. Contratações de serviços como ornamentação de ambientes, produção de eventos e copeiragem também têm entrado na mira de cidadãos e de políticos de oposição, que apontam desperdício de verbas. Alguns dos processos já estavam com a tramitação em andamento ou se referiam a despesas renovadas periodicamente, mas só se tornaram públicos quando a pandemia estava declarada. Parte das negociações foi suspensa após receber questionamentos. Um dos primeiros casos a gerar polêmica foi o de dois termos assinados em abril pela gestão Ronaldo Caiado (DEM-GO) que previam o gasto de R$ 611 mil para o fornecimento, por 12 meses, de carnes diversas, frutos do mar e queijos para a cozinha do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. Diante das contestações, Caiado anunciou o cancelamento da execução dos contratos por 120 dias. Comidas também deram o que falar no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que planejou destinar até R$ 217 mil de seu orçamento para uma empresa que forneceria os alimentos nos voos do presidente do órgão, Dias Toffoli, em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), por um ano. O menu incluía refeições, além de castanhas, patês de vários sabores, como gorgonzola e tomate seco, geleias, sucos e refrigerantes. A repercussão negativa levou o CNJ a suspender temporariamente a licitação. O STF (Supremo Tribunal Federal), outro órgão presidido por Toffoli, figura na lista das compras controversas, com um pregão para instalar em sua sede cortinas motorizadas do tipo rolô. Gasto previsto: R$ 1,7 milhão. O investimento faz parte das obras de restauração da fachada, divulgadas em 2019. Uma petição no site Change.org, reivindicando a anulação da medida, já alcançou 43 mil assinaturas. Cortinas e persianas também são o objeto de um contrato da Presidência da República que destinará R$ 312 mil a uma empresa para cuidar dos adereços nas janelas dos palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu, além da Granja do Torto e de outros edifícios públicos em Brasília. A firma terá que instalar e fazer a manutenção sob demanda, ou seja, sempre que for acionada. Segundo o governo, as cortinas ajudam a controlar a incidência dos raios solares e a proteger móveis. A Presidência ressaltou que o processo foi aberto em janeiro, mas sua conclusão, em maio, coincidiu com a pandemia. Ainda na Praça dos Três Poderes, o Senado publicou edital para comprar milhares de xícaras, pratos, talheres, copos, bandejas e outros materiais de copa e cozinha. Segundo a Casa, os itens vão suprir as necessidades ""para o período aproximado de 12 meses"". Exigências foram colocadas: pratos para refeição e xícaras para chá, por exemplo, deverão ser ""confeccionados em porcelana fina"" e conter o logotipo do Senado ""dourado em alto brilho"". No dia 6 de maio, a licitação foi encerrada registrando um valor de R$ 181 mil, 49% menor do que o preço que a Casa se dispôs a pagar inicialmente (R$ 354 mil). O órgão, no entanto, decidiu não homologar o resultado enquanto durar a crise, o que significa que o dinheiro não sairá do caixa. Em nota, o Senado afirmou que ""mantém o compromisso com a contenção de despesas"" e que, durante a calamidade pública, vai adquirir apenas itens essenciais para seu funcionamento. No Rio de Janeiro, o Exército recebeu críticas por separar R$ 8,8 milhões do orçamento para contratar, por 12 meses, um serviço de bufê para o Forte de Copacabana. A firma abasteceria as cerimônias realizadas no local. Às vésperas do pregão, em abril, o processo acabou sendo revogado. A lista de mais de 500 itens exigia iguarias como ceviche de peixe branco, quiche de queijo com alho-poró, guioza de pera com gorgonzola, miniacarajé e camarão com guacamole. O Exército informou à Folha que o forte ""julgou pertinente"" adiar a concorrência e que não há previsão de retomada. Também no Rio, o governo estadual manteve durante a crise do coronavírus a previsão de desembolsar até R$ 21,5 mil em plantas ornamentais e insumos de jardim para finalizar a restauração de um chafariz no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel (PSC). Serão comprados exemplares das espécies iresine (uma folhagem vermelha com flores brancas) e grama amendoim, além de brita e areia. A gestão Witzel diz que o processo foi iniciado em janeiro e que o estado é obrigado a proteger bens de valor histórico, artístico e cultural, como é o caso do chafariz e seu entorno. Em Pernambuco, foi a Assembleia Legislativa que se tornou alvo de ataques por querer embelezar salas de sua sede. Um advogado chegou a levar o caso à Justiça, repudiando o que chamou de ""uma inaceitável insensibilidade com o sofrimento da população"". Com as reações, o gasto de R$ 194 mil para fazer ""ornamentação e ambientação de interiores"" acabou sendo adiado por iniciativa própria. A grita foi ainda maior porque, ao ser anunciado o pregão, em abril, apareceu o valor de R$ 1,4 milhão —confusão que depois a Casa atribuiu a um erro de digitação. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) e o Ministério Público de Pernambuco expediram uma recomendação a gestores públicos locais para que só mantenham licitações relacionadas a necessidades essenciais. Os órgãos aconselharam a suspensão de contratações para festas, eventos e shows. No Paraná, a Prefeitura de Piraquara acatou orientação do TCE para revogar um pregão de R$ 64 mil para adquirir medalhas e troféus para competições esportivas. Técnicos do tribunal lembraram que torneios estão parados em razão do distanciamento social e sugeriram que o valor fosse para a saúde. Contratações de prefeituras e Câmaras Municipais no Maranhão, na Bahia e no Espírito Santo também foram brecadas por decisão própria ou após a intervenção de órgãos de controle, que defenderam a importância da contenção de gastos. Na opinião do professor de gestão pública da FGV-SP Marco Antonio Teixeira, o princípio do interesse público precisa, mais do que nunca, ser levado em conta pelas autoridades. Ele, que também é cientista político, diz que ""tudo precisa ser reavaliado à luz do que é mais urgente e indispensável"" no momento. ""Esse tipo de contratação desperta mais atenção agora porque falta recurso para o que é essencial, que é o combate à pandemia"", afirma Teixeira. Para o docente, o controle de gastos deve valer inclusive para compras feitas periodicamente por órgãos públicos. ""A crise está redefinindo a noção de prioridade"", diz. O número de infectados pelo novo coronavírus deve ser cerca de sete vezes aquele registrado nas estatísticas oficiais, segundo o resultado da etapa inicial do estudo Epicovid-19, primeira pesquisa nacional sobre a doença. Em 90 cidades, 760 mil pessoas foram contaminadas (têm anticorpos para a doença), cerca de 1,4% da população somada desses municípios. Nessas cidades mora mais de 25% da população brasileira. Na cidade de São Paulo, aproximadamente 3,1% da população já teria sido infectada e teria anticorpos na data da pesquisa —trata-se de um retrato da quantidade de infecções ocorrido no início do mês, portanto. No Rio de Janeiro, a taxa é de 2,2%. As maiores taxas de infecção foram registradas em cidades do Norte, principalmente, como Belém (15,1%) e Manaus (12,5%). A maior taxa entre as 90 cidades pesquisadas foi verificada em Breves, município com 103 mil habitantes, no Pará, com 24,8% deles contaminados, na estimativa. É preciso observar que a pesquisa verificou se as pessoas tinham anticorpos para a doença —pode se tratar de um infectado assintomático, ou quase isso. Nas estatísticas oficiais, contam-se casos confirmados, pessoas com sintomas evidentes da doença que foram testadas. O estudo investigou também o grau de adesão ao isolamento social. Em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, mais de 67% dos entrevistados relataram ficar em casa o tempo todo ou sair apenas para atividades essenciais. Em São Paulo, a taxa foi de 63%. A adesão foi menor em estados como Maranhão e Alagoas, com cerca de 47%. “Essas diferenças entre as cidades demonstram que existem várias epidemias num único país. Enquanto algumas cidades apresentam resultados altos, comparáveis aos de Nova York (EUA) e da Espanha, outras apresentam resultados baixos, comparáveis a outros países da América Latina, por exemplo”, escrevem os pesquisadores na apresentação da pesquisa. O estudo foi realizado entre os dias 14 e 21 de maio. Trata-se de um teste de uma amostra da população. Os pesquisadores colheram exames gratuitos de 25.025 pessoas. O trabalho é coordenado por Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas, em colaboração com pesquisadores de outras cinco universidades. A relativamente baixa proporção de pessoas infectadas indica que a imunidade coletiva (“de rebanho”) ainda está muito longe. A infecção pelo coronavírus praticamente terminaria quando cerca de 65% de uma população estivesse infectada —no entanto essas projeções variam e são objeto de controvérsia. No caso da cidade de São Paulo, se fosse mantida a taxa de evolução da doença nos últimos dias, apenas no início de agosto mais de 60% da população paulistana teria sido contaminada. Dadas as estimativas de letalidade, cerca de 40 mil a 60 mil pessoas teriam morrido da doença até lá. Mas se trata aqui de mero exercício aritmético (a taxa de progressão da doença deve diminuir, a taxa de letalidade pode variar etc.). Os pesquisadores da Epicovid-19 não apresentaram ainda cálculos da taxa de letalidade geral da doença —isto é, o número de mortos dividido pelo número de infectados. Uma conta bruta a partir dos dados apresentados sugere que a letalidade seria alta, em média de cerca de 1% nas 90 cidades. Em São Paulo, seria de 0,77%. Um estudo amplo feito na China, publicado em de 30 de março na revista médica Lancet, estimou a letalidade em 0,66%. Um outro trabalho, de pesquisadores do Instituto Pasteur, publicado em 13 de maio na revista científica Science, estimou a letalidade geral na França em 0,53%. O mesmo trabalho indica que, em maio, apenas 4,4% dos franceses haviam sido infectados. A pesquisa nacional por amostra da Espanha estimou que 5% dos espanhóis tinham anticorpos para o novo coronavírus, entre abril e maio, embora em Madri e no centro do país a taxa passe de 10%. Um estudo feito pela Universidade de São Paulo, pelos laboratórios Fleury e pelo Ibope estimou que cerca de 5% dos moradores de seis distritos da cidade de São Paulo teriam sido infectados. Trata-se de distritos que haviam tido o maior número de mortes por 100 mil habitantes até 23 de abril. A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 12 de maio. Serão realizadas pelo menos outras três rodadas da Epicovid nacional. A próxima deve começar no dia 5 de junho. Os pesquisadores vão tentar então testar 33.250 pessoas em 133 cidades de todos os estados, o que não foi possível na primeira rodada. Prefeituras disseram não ter sido avisadas da pesquisa e houve detenções de pesquisadores e proibição do trabalho de campo. No estudo nacional, participam também a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Fundação Getúlio Vargas e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. O Senado aprovou, nesta segunda-feira (25), um projeto de lei que proíbe o corte de luz, água e gás de clientes inadimplentes nos fins de semana e feriados e obriga as empresas a avisarem o consumidor previamente do desligamento do serviço. Por 73 votos favoráveis e nenhum contrário, a proposta retomou o texto original, que havia sido alterado em votação no plenário da Câmara. A medida agora será encaminhada para sanção do presidente Jair Bolsonaro. ""Eu estou com a sensação de missão cumprida"", disse o autor da proposta, senador Weverton Rocha (PDT-MA). A relatora da proposta na Casa, senadora Kátia Abreu (PP-TO), retomou o texto que determina que religamento ou restabelecimento do serviço deveria ser feito no prazo máximo de 12 horas, e começaria a contar a partir do pedido do consumidor ou do pagamento da dívida. A medida vale para imóveis residenciais e comerciais. ""Parece que é maldade. Corta a luz na sexta-feira, na véspera do feriado, mesmo que a família tenha aquele dinheirinho para pagar a luz"", disse a relatora. Um dos pontos mais polêmicos foi o trecho que proibia a cobrança de taxa, tarifa ou outra modalidade de contraprestação pela religação ou restabelecimento do serviço. Na Câmara, o relator da proposta, deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), havia retirado esta proibição. Ele argumentou que o ponto deve ser abordado por agências que regulam os setores. Inicialmente, a mudança não foi aceita pela relatora no Senado, mas Abreu decidiu negociar. A manutenção da taxa foi mantida, mas o corte da energia precisa ser avisado com antecedência. Segundo a relatora, em São Paulo, Maranhão e Pernambuco, que têm as taxas mais baratas do Brasil, as empresas cobram de R$ 7 a R$ 32 para religar. Já no Tocantins, estado da relatora, a taxa pode chegar a até R$ 104. Diante dos valores cobrados, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que o governo irá assumir o compromisso para, junto à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), para tentar reduzir os valores. ""Vamos nos comprometer de chamar a Aneel e, se no prazo determinado, a Aneel não tomou nenhuma alternativa, colocar um projeto de lei para tratar das tarifas"", disse. Diante da flexibilização do governo, os três destaques que estavam previstos foram retirados pelos parlamentares. O texto foi votado sem novas modificações. ""Sabemos que é importante, mas é preciso que as operadoras coloquem a mão na consciência"", disse a relatora. No vídeo da reunião ministerial do governo Jair Bolsonaro do dia 22 de abril, divulgado na sexta-feira (22) por decisão judicial, os participantes praticamente não falaram da crise do coronavírus. Termos como doença (dez vezes), coronavírus (oito), Covid (sete) e pandemia (quatro) foram utilizados para tratar brevemente do tema ao longo de duas horas de reunião. Levantamento feito pela Folha mostrou que só o presidente Bolsonaro disse 33 palavrões no encontro. Ao todo, foram 41, número consideravelmente maior do que o de menções à crise que já matou mais de 22 mil pessoas no Brasil. Secretários estaduais de Saúde manifestaram espanto com o conteúdo da reunião. Um deles disse ter sentido náuseas ao assistir ao vídeo e afirmou que eles não têm coração e não sabem o que é uma UTI cheia de intubados. Ele preferiu não se identificar por temer represálias ao seu estado. ""É lamentável uma reunião ministerial com aquele nível de debates e com aquele linguajar. Minhas reuniões do centro acadêmico eram mais organizadas. A pauta do país hoje tem de ser uma só: combate à Covid-19. Que logística a União tem a oferecer? Qual o caminho para a reabertura da economia? Qual previsão de diminuição dos casos? Se essas não forem as pautas de uma reunião ministerial nesse momento, o foco está completamente errado"", diz Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão. ""A reunião não tratou da pandemia, não tratou de estratégia no local que está prestes a se tornar o pior epicentro da pandemia do mundo. Não há o que comentar sobre uma reunião que não mobilizou o governo na pandemia. Espero que existam reuniões em que eles tratem disso"", afirma Nésio Fernandes, secretário do Espírito Santo. Nas poucas vezes em que a crise do coronavírus é citada, há distorções e imprecisões. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, por exemplo, diz que naquele momento o pico da doença já parecia ter passado. Em 22 de abril, o Brasil registrou 165 mortes em 24h. Neste domingo (24), foram 653. ""Onde está a responsabilidade pública desses gestores? Não se vê o mínimo de compaixão por aqueles que estão sofrendo nas UPAs, aguardando serem entubados e com sorte chegar numa UTI, nem pelas famílias enlutadas"", diz Fábio Vilas-Boas, secretário da Bahia, sobre a fala de Novaes. Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu tornar público o vídeo da reunião ministerial citada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal como um indício de que o presidente Jair Bolsonaro desejava interferir na autonomia da PF. Leia abaixo a transcrição completa das falas de Bolsonaro e de ministros durante a reunião, ocorrida no dia 22 de abril, dois dias antes da saída de Moro do Ministério da Justiça. Braga Netto: Posso chamar a atenção do Ramos? Jair Bolsonaro: [Ininteligível]. Braga Netto: Ô ministro Ramos, por favor, vamos prestar atenção. Ramos: Sim, senhor. Braga Netto: [Risos]. Muito obrigado. Hamilton Mourão: [Ininteligível]. Braga Netto: O senhor gostou? Hamilton Mourão: Bota ordem nesse troço aí, dá logo um esporro... Braga Netto: Senhores, bom dia. É... é... essa reunião é por solicitação minha ao presidente da República, porque... é... nós iríamos apresentar isso à imprensa que não foi apresentado e começaram uma série de especulações sobre esse plano de retomada. Então eu solicitei ao presidente uma reunião com os ministros, porque o plano não vai ter efeito se todos os senhores não nos ajudarem, cada um na sua área, é claro. Tá? Na hora que nós precisarmos das pessoas para a... a coordenação do plano, os minis... o ministério que não colocar uma pessoa realmente que seja envolvida e tenha capacidade pra poder... é ... coordenar e executar... o... esse ministério vai ficar mais fraco, e aí o plano todo f... fica meio capenga. Tá? É uma apresentação de dez minutos no máximo, somente isso. Eu pediria também aos senhores que... é... é... não é... a finalidade não é reunião de ministros para nós discutirmos nada. É simplesmente para apresentarmos o plano. Como é que saiu essa ideia? Tá... eu estava conversando com diversos ministros, entre eles Rogério Marinho, o Tarcísio, inclusive o nome do plano eu roubei de um plano do Tarcísio, não é Tarcísio, né? Pedi autorização a ele e roubei. É um Plano Marshall brasileiro, né? E... eu comecei a observar que tinha plano da… ministério... de Desenvolvimento Regional, que a Economia tem plano, que a Saúde tem plano, e não estava havendo uma coordenação, uma sinergia. Então esse foi o motivo dessa reunião aqui. Eu vou procurar ser bem... bem breve e objetivo. Por favor, passa a primeira. Muito bom. Hamilton Mourão: Passou tudo. Braga Netto: Passou tudo acabou, acabou, então vamos acabar. Você tá no fim, tá errado cara! Pô. Passa a primeira. Muito bem! Os senhores podem observar o seguinte, é... eu conversei com o presidente. O problema, nós távamos invertendo a questão duma lógica de raciocínio. Nós temos um problema, né? Nós temos esse problema, temos que ver quais são as consequências negativas desse problema? Todo mundo sabia, sanitárias e econômicas. Ninguém tem dúvida, com reflexo em todos os ministérios. Mas o foco não é em... na solução do problema. O foco, hoje, de uma maneira geral, é quem é o culpado, né? E nós queremos recolocar, é... vamos dizer assim, readequar isso aí para como o governo deve reagir a este problema para achar uma solução para os dois, as duas consequências negativas que ocorrem. Próximo. Então é um programa, o programa se chama Pró-Brasil, tá? Volto, dou o crédito ao... o azar do Tarcísio foi ele ter conversado comigo (risos). Eu gostei e roubei. Jair Bolsonaro: Capitão, pô! Braga Netto: Não é? Pró-Brasil. É um programa para integrar, aprimorar ações estratégicas, os senhores vão ver que o foco, ele não é de governo, ele é de Estado. Eu tô tentando fazer uma projeção de dez anos, tá? É... eu tô tentando não, nós vamos ter que fazer isso aí. É... pra retomada do crescimento socioeconômico em resposta aos impactos relacionados ao coronavírus, tá? Pode passar, por favor. As dimensões do programa são essas aí, ó, tá? Ele pega um modelo de governança, ele traz, ele busca melhoria da produtividade, investimentos estruturantes e ações estratégicas do setor público. Vai! O programa se divide em dois, em duas etapas, ou duas partes. O Pró-Brasil, é... deixa eu até ver aqui que eu não tô conseguindo enxergar ali... Ordem, e o Pró-Brasil Progresso, tá? O Pró-Brasil Ordem, que você não imprimiu pra mim e eu agradeço. Ah não, botou na página errada. Ele pega uma arcabouço normativo, ele trata, essas são as medidas estruturantes dele. Que vai ter que ter um arcabouço normativo, investimentos privados, segurança jurídica, produtivi... é, jurídica e produtividade, melhoria no ambiente de negócios, e mitigação dos impactos socioeconômicos. Na parte de investimento ele foca em obras públicas, parcerias do setor privado. É... ele... ele... esse programa também ele tem um foco... Na redução das desigualdades regionais, tá? Tem um foco na de... na redução das desigualdades regionais... ô Cid tá com um dedo pe... rápido aí! É... e.. Pode passar por favor, Cid. Qual é a abrangência do programa? Os senhores podem observar, que ele tem uma parte de infraestrutura, ele tem ações viabilizadoras e tem ações de apoio na lateral. Como é que é o nome mesmo o ... Não identificado: Facilitadoras. Braga Netto: Facilitadoras. Então observe. Na infraestrutura, com foco particularmente nessas obras que estão paralisadas. Esses investimentos que nós estamos perdendo que estão paralisados. Ele pega infraestrutura de transporte e logística, desenvolvimento regional e cidades, pega energia e mineração, telecomunicações. Num desenvolvimento produtivo, ele foca na indústria, agronegócios, serviços e turismo. É... na parte, na... nas laterais os senhores têm a parte de cidadania, capacitação, saúde, defesa, inteligência e segurança. Tem também cadeias digitais, indústria criativa e ciência. E nas viabilizadoras, que são transversais na... em toda parte do programa, nós temos finanças e tributação, legislação e controle, meio ambiente e a parte institucional e internacional. Qual é a nossa, nosso, por favor, o nosso ""timeframe"" que nós estamos pensando aí. A estruturação do programa eu preciso que os senhores, nós vamos fazer uma reunião, como os senhores podem ver, do... é a primeira reunião do grupo de trabalho, tá? Com todos os ministérios envolvidos. É, na sexta-feira agora, tá? Os senhores vão receber o horário, e aí nós teremos, de maio a julho, a estruturação do programa. De agosto a setembro, o detalhamento do projeto. A partir de outubro, implantação em larga escala, tendo um foco prioritário naquelas ações que tenham uma resposta mais imediata. Porque o brasileiro é o seguinte, na hora que nós lançarmos o programa eles vão começar a cobrar resultado, né? Então eu tenho que ter alguma resposta pro público. E a efetividade dos processos e monitoramento, na realidade não tá no final, ele tá a... durante todo o processo, tá? Passa mais um, Cid, por favor. Ah não, não, volta, volta um, aí. É o horizonte do programa, se os senhores observarem, nós estamos pensando num horizonte, né? Até 2020... na realidade até 2030, tá? Mas uma primeira fase dele, ele é faseado, até o final desse primeiro governo, mas com um planejamento que prossiga nisso aí. Esse é o foco do que o trabalho que os grupos vão ter que apresentar. Tá OK? Pode passar a última por favor. Não identificado: Sem som. Braga Netto: É sem som mesmo. Certo? Só um... um layout pros senhores. Então, é... na sexta-feira, eu solicitaria que os senhores quando enviassem os representantes, esses representantes já viessem com uma noção dos programas ou do que os senhores pretendem dentro dos ministérios de vocês. Uma primeira ideia. E nós vamos partir disso pra elaborar isso aí. O trabalho não será feito aqui, aqui é somente uma coordenação. Cada ministério vai fazer e nós vamos coordenar. Presidente, era só isso. Jair Bolsonaro: Vamos dar a palavra ao Paulo Guedes, acho que é... com todo respeito aos demais, acho que é o ministro mais importante nessa missão aí. Paulo Guedes: Eu queria fazer a primeira observação, é o seguinte, não chamem de Plano Marshall porque revela um despreparo enorme. Braga Netto: Não, não, não, isso aqui foi só aqui e agora. É o Pró-Brasil. Paulo Guedes: Então quando se falou em Plano Marshall, Pró-Brasil é um nome espetacular. Dez, mil. Plano Marshall é um desastre. Eu... revela despreparo nosso. Plano Marshall, por exemplo, os Estados Unidos podem fazer um Plano Marshall para nos ajudar. A China, [trecho suprimido], deveria financiar um Plano Marshall para ajudar todo mundo que foi atingido. Então a primeira inadequação, a gente tem que tomar muito cuidado é o seguinte, é o plano Pró-Brasil. Braga Netto: Positivo. [Ininteligível] Paulo Guedes: Não se fala Plano Marshall, porque é um desastre. Vai revelar falta de compreensão das coisas. A segunda coisa é o seguinte, é super bem-vinda essa iniciativa, para nos integrarmos todos. Agora, não vamos nos iludir. A retomada do crescimento vem pelos investimentos privados, pelo turismo pela abertura da economia, pelas reformas. Nós já estávamos crescendo. Paulo Guedes: Voltar uma agenda de 30 anos atrás, que é investimentos públicos financiados pelo governo, isso foi o que a Dilma fez 30 anos. Então tá cheio de gente pensando nessa eleição agora, e botando coisa na p... na cabeça do... de todo mundo aqui dentro, que são governadores querendo fazer a festa, são às vezes ministros querendo aparecer, tem de tudo. E todo mundo vem aqui: ""vamos crescer, agora temos que crescer, tem que ter a resposta imediata, porque o governo vai gastar"". O governo quebrou! O governo quebrou! Em todos os níveis. Prefeitura, governador e governo federal. Que que nós conseguimos fazer? Nós sinalizamos o contrário. Nós desalavancamos banco público, reduzimos endividamento, baixamos juros e o Brasil ia começar a voar. Então se agente lançar agora um plano, é... todo o discurso é conhecido: ""acabar com as desigualdades regionais"", Marinho, claro, tá lá, são as digitais dele. É bonito isso, mas isso é o que o Lula, o que a Dilma tão fazendo há 30 anos. Se a gente quiser acabar igual a Dilma, a gente segue esse caminho. Então, eu acho um discurso bom, mas nós temos que tomar cuidado e reequilibrar as coisas. Não pode ministro pra querer ter um papel preponderante esse ano destruir a candidatura do presidente, que vai ser reeleito se nós seguirmos o plano das reformas estruturantes originais. Então eu tenho que dar esse recado, nós vamos estar à disposição, nós vamos ajudar tudo, mas nós não podemos nos iludir. O caminho desenvolvimentista foi seguido, o Brasil quebrou por isso, o Brasil estagnou. A economia foi... a política foi corrompida, a economia estagnou através do excesso de gastos públicos. Então achar agora que você pode se levantar pelo suspensório, como é que um governo quebrado vai investir, vai fazer grandes investimentos públicos? Tarcísio sabe disso, conversamos sempre. Tarcísio sabe... o seguinte. Quanto cê consegue, Tarcísio? Passar de 5 bi para quanto? Pra 15, pra 20, pra 30? Multiplicou por seis. Quanto é que você consegue de... de investimento em concessões? Tarcísio: Duzentos e cinquenta. Paulo Guedes: Duzentos e cinquenta. Tá certo? Então ó, tem 100 bilhões vindo pra saneamento. Tinha 100 bilhões que viriam, as 17 maiores... petroleiras do mundo viriam pra a nossa cessão onerosa, 100 bilhões de cessão onerosa, 100 bilhões de mineração, 100 bilhões de saneamento, 230 bilhões de concessões. Quinhentos bilhões! Cadê o dinheiro do governo pra fazer isso? Num tem. Então quem tá sonhando, é sonhador. A gente aceita, politicamente a gente aceita. Vamos fazer todo o discurso da desigualdade, vamos gastar mais, precisamos eleger o presidente. Mas o presidente tem que pensar daqui a três anos. Não é daqui a um ano não. Tem muita gente pensando na eleição desse ano. É só a observação que eu faria. Jair Bolsonaro: Eu tô fora de eleições municipais. Braga Netto: Só um minutinho. A ideia aqui, ninguém falou em investimento público por enquanto. Inclusive nós falamos ali em investimento, opa. E... falamos inclusive em investimentos privados. O que tem que acontecer é o seguinte, eu tô vendo plano de tanto de gente, nós temos que sentar e aí… Paulo Guedes: Isso. Não, fundamental essa coordenação. Braga Netto: A imprensa… Paulo Guedes: Fundamental, fundamental. Braga Netto: A Economia vai dar exatamente o que que pode, o que que não pode… Paulo Guedes: Fundamental a coordenação. Braga Netto: Aí nós vamos entrar... Paulo Guedes: Até pra não sair na imprensa... Braga Netto: Pra gente apresentar. Paulo Guedes: O que está saindo. Porque saiu na imprensa assim: ""Plano Marshall, e Economia tá fora"". Quer dizer alguém… Braga Netto: Só um minutinho, o Onyx pediu a palavra. Paulo Guedes: Alguém foi para a imprensa e falou ""Ó, vem um Plano Marshall aí e a economia tá fora"", que dizer... é enfraquecer o nosso, o nosso discurso num momento desse é uma tolice, é um atentado contra nós mesmos. Braga Netto: Entra transversal a isso… Jair Bolsonaro: Pera um pouquinho, dá licença um pouquinho. A questão da imprensa. Eu acho que eu resumi hoje na frente do palácio em 20 segundos: ""Eu não vou falar com vocês, porque vocês não deturpam, vocês inventam, e potencializam"". Tem que ser o papel de cada um, não pode um sair daqui no cantinho ""Ah, foi mais ou menos isso"", não pode falar nada. Tem que ignorar esses caras, 100%. Senão a gente não, não vai para frente. A gente tá sendo pautado por esses pulhas, pô. O tempo todo jogando um contra o outro. Até a Teresa Cristina contra mim [ininteligível]. Mas para jogar a Teresa Cristina... jogam ela contra mim. O tempo todo, tá? Então se a gente puder falar zero com a imprensa é a saída. Braga Netto: Ô Onyx, depois o... Onyx Lorenzoni: Bom. Eu vou ser muito rápido aqui general. Primeiro, parabéns. É fundamental esse processo, de coordenação e de centro de governo. Nós precisamos ter isso cada vez mais aprofundado e... e com melhor qualidade. Segundo, eu quero, é... não precisa mas eu quero me somar a essa, é... visão do ministro Paulo Guedes, porque, vamo lá, nós em… recebemos o governo com 36 mil obras paradas. Oriundas daonde? Do PAC! Só pra lembrar! O... o Abraham [Weintraub] tem não sei quantas mil... creches. Três mil creches paradas que somam nessas 36. Então, o que é que nós trouxemos pro Brasil, e como é que nós começamos o ano? E eu vou lembrar, presidente, o senhor sempre disse: ""É muito triste ver um brasileiro chegar no exterior e ser recebido com o manto da desconfiança"". Pois nós passamos, Paulo Guedes, o ano todo, Tarcísio, Teresa, Bento, é... o nosso ministro Marcos Pontes e outros, andando pelo mundo e fazendo o quê? Vendendo o Brasil. Terminamos o ano. Quatroce... lembro do número, quatrocentos e oitenta e dois bilhões de investimentos para os próximos 20 anos. Uma boa parte mineração, petróleo e por ai vai. É... recebemos 90 bilhões de bônus de outorga. Nós temos 10 bilhões de dólares do governo da Arábia Saudita que precisa definir onde é que vai botar. Mas o príncipe autorizou. São 50 bilhões de reais, a dinheiro de hoje. Então, eu tenho convicção de que nós temos que continuar fazendo o que a gente vinha fazendo. Ou seja, aprofundando a participação da sociedade. Nós temos uma coisa emblemática aqui que é a lei da liberdade econômica, que pela primeira vez na história do Brasil, desde que o Brasil é Brasil o… diante do Estado tem razão, até que o Estado prove ao contrário. Foi isso que fez os americanos, que há 200 anos atrás eram muito mais pobres do que nós, ser muito mais ricos do que nós. Então, o aprofundamento são sim das reformas, é sim ousar e ter urna reforma tributária que baixe imposto no Brasil. Reduz a carga tributária, eu tô falando sério. A gente nunca discutiu isso entre nós. Mas isso tem que caminhar para isso. Por quê? Porque aí nós damos fôlego à iniciativa privada para que ela faça o que tem que fazer, e nós vamos ser mediadores desse processo. Apenas. E... sinceramente, eu acho que todo nosso esforço nos próximos dias tem que ser como é que nós mantemos a nossa linha, porque nós terminamos o ano ministro Ernesto, ministro Tarcísio. O senhor foi recebido na... na federação das indústrias alemãs com um slide que mostrava a 163 com os caminhões atolados, e a 163 pavimentada. E o presidente que coordenava aquele momento, eu estava lá lhe aguardando, voltando da Rússia, disse ao senhor ""nós ... o que que vocês brasileiros fizeram, que nós não acreditávamos, que vocês recuperaram a confiança e estão fazendo tantas transformações"". Então presidente, só pra concluir, é... 100% nesta linha, mas que a gente não perca o foco original, porque por onde a gente tava caminhando nós recuperamos a confiança externa e externa. Fomos acometidos de algo muito grave, que é uma doença, e que foi levado ao paroxismo da histeria porque serve a interesses de muitos, os mais variados, eu não vou aqui detalhar. Mas sinceramente, temos que rapidamente voltar ao que nós estávamos fazendo, porque nós estávamos no caminho certo e a prova disso é que todo mundo voltou a olhar o Brasil com respeito. Braga Netto: Rogério. Rogério Marinho: Bom, eu vou partir do princípio que todos que estão aqui são bem-intencionados e querem o bem do Brasil. Tá? Então eu não a... não acredito em teoria da conspiração nem que ninguém quer solapar os alicerces da República nem abalar a administração do presidente Bolsonaro, pelo contrário. E quero lembrar a todos que não existem verdades absolutas. Por favor, por favor, vamos refletir. O que tá acontecendo hoje no mundo não tem parâmetro nos últimos cem anos. O que tá acontecendo hoje no mundo, vai permitir de acordo com o FMI, que foi a previsão de uma semana atrás, de uma diminuição de quase três por cento do PIB mundial, e no caso do Brasil de mais de cinco por cento. Não tem paralelo. Em situações extraordinárias, remédios extraordinários de forma circunstancial. Isso não significa que nós tenhamos a necessidade de implantarmos uma política permanente. O... ministro Braga Netto tá, na sua apresentação, ele estabelece inclusive o limite temporal e deixa claro que é uma política de Estado. O que eu peço é que nós tenhamos aqui as mentes abertas. E que os dogmas, quaisquer que sejam eles, presidente, sejam colocados de lado nesse momento. Porque os governos do mundo certamente tem a capacidade de entender o que tá se passando. E eu tenho visto governos extremamente liberais preparando programas de reconstrução, levando em consideração a necessidade de que o Estado nacional passa a ter um papel diferente como tomador de risco nesse momento em que há uma queda abrupta da liquidez. O ministro Onyx fala com muita propriedade da Arábia Saudita, dos dez bilhões de dólares. É bom lembrar, tá aqui o ministro Bento, que tá se pagando para se retirar petróleo do mundo. Os países vão utilizar as suas respectivas liquidez para resolver os seus problemas de infraestrutura e de retomada das suas economias. Nós temos que ter segurança jurídica, senhor presidente. Respeito a contrato, senhor presidente. Capacidade de alavancar recursos privados com a inversão de recursos públicos sim! É bom lembrar, que eu tenho ouvido falar, não sei se é verdade, depois a gente vai com… vai colocar na ponta do lápis, que a gente pode chegar a seiscentos bilhões de reais esse ano de ajuda a empresas e a pessoas físicas. Recursos do governo federal. Fruto de endividamento do governo. Desse governo, que vai terminar o ano com déficits quatro, cinco, seis vezes maior do que estava precificado no início do ano. Caiu um meteoro sobre as nossas cabeças. Então, por favor, nós não podemos começar uma discussão com verdades absolutas e com dogmas estabelecidos ao longo de cem anos, em função de uma catástrofe que se abateu sobre o mundo, e os governos de todo o mundo estão se debruçando sobre o assunto, entendendo que muda o papel do Estado. Senhor presidente, é bom lembrar que quando houve a unificação da Alemanha, eu acho que esse é um fato histórico irrefutável, o Estado alemão entendeu e fez um pacto de que de... haveria necessidade de investir em capital humano e infraestrutura na Alemanha Oriental para diminuir desigualdades regionais. E esse é um pacto do Brasil. Essa pode ser uma catástrofe, que vai nos afundar, ou pode ser uma onda pra gente surfar, uma alavanca para recuperar o país. Todos os países do mundo estão submetidos ao mesmo processo. Vai depender, da nossa capacidade de termos uma opção clara de que forma vamos sair desse problema. Se vamos gastar seiscentos bilhões de reais para resolver uma situação que é emergencial e todos reconhecemos que é necessária e darmos segurança à população, no caso alimentar, para evitarmos o caos, para diminuirmos a mortandade das empresas, muito bem. Tá correto, essa é a boa direção. Porque não cinco, seis, sete por cento desse, desse total, dez por cento desse total, em obras de infraestrutura? Porque não termos a capacidade de alavancarmos emprego num momento em que a retomada, todos os economistas aqui reconhecem, vai ser muito lenta. Bom, eu só tô falando isso presidente, para que nós possamos ter essa discussão sem dogmas. Sem verdades absolutas. Sem a preocupação de que as coisas continuam como eram antes. Não são como eram antes. Aqui e no mundo inteiro. Era isso, senhor Presidente. Braga Netto: Ricardo Ricardo Salles: Presidente, eu tava assistindo atentamente a apresentação do colega, ministro Braga Neto, e... na parte final ali na, no slide da, das questões transversais tá o Meio Ambiente, mas eu acho que o que eu vou dizer aqui sobre o meio ambiente se aplica a diversas outras matérias. Nós temos a possibilidade nesse momento que a atenção da imprensa tá voltada exclusiva... quase que exclusivamente pra Covid, e daqui a pouco para a Amazônia, o general Mourão tem feito aí os trabalhos preparatórios para que a gente possa entrar nesse assunto da Amazônia um pouco mais calçado, mas não é isso que eu quero falar. A oportunidade que nós temos, que a imprensa não tá... tá nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro nessas viagens que se referiu o Onyx certamente cobrou dele, cobrou do Paulo… cobrou da Teresa, cobrou do Tarcísio, cobrou de todo mundo, da segurança jurídica, da previsibilidade, da simplificação, essa... grande parte dessa matéria ela se dá em portarias e norma dos ministérios que aqui estão, inclusive o de Meio Ambiente. E que são muito difíceis, e nesse aspecto eu acho que o Meio Ambiente é o mais difícil, de passar qualquer mudança infralegal em termos de infraestru... instrução normativa e portaria, porque tudo que agente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte. Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação regulam... é de regulatório que nós precisamos, em todos os aspectos. E deixar a AGU —o André não tá aí né? E deixar a AGU de standby pra cada pau que tiver, porque vai ter, essa semana mesmo nós assinamos uma medida a pedido do Ministério da Agricultura, que foi a simplificação da lei da mata atlântica, pra usar o Código Florestal. Hoje já tá nos jornais dizendo que vão entrar com medi… com ações judiciais e ação civil pública no Brasil inteiro contra a medida. Então pra isso nós temos que tá com a artilharia da AGU preparada pra cada linha que a gente avança ter uma coi... mas tem uma lista enorme, em todos os ministérios que têm papel regulatório aqui, pra simplificar. Não precisamos de Congresso. Porque coisa que precisa de Congresso também, nesse, nesse fuzuê que está aí, nós não vamos conseguir… aprovar. Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. Então, o... o... o... isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer. É... enfim, eu acho que essa... essa é uma questão importante que tava aí nos slides, Braga Netto, que... Braga Netto: Você vê que a jurídica também tá embaixo… Ricardo Salles: Isso, é... exatamente. Braga Netto: ...de tudo. Só que... só os senhores entenderem o seguinte, isso aqui é coordenação dos planos que eu sei que todos estão fazendo, tá? A coordenação. O que vai ser possível executar ou não, vão entrar naquelas, nas... nas... nas... vamos dizer, nas... nas limitações que nós temos, e o que tiver conflito será levado à decisão do presidente. Agora nós temos que andar com isso rápido porque a queda do desemprego… o país tá sem esperança, nós temos que fazer isso andar. A... O pessoal da iniciativa privada está nos procurando, a gente tem que dar um rumo nisso aí. Tá bom? A ideia é essa. [Ininteligível] Jair Bolsonaro: É... me ligou agora de manhã, o... Eduardo Gouveia Vieira, da Firjan. Ele quer fazer uma videoconferência onde mais de 300 empresários do Rio, que é um pouquinho abaixo do potencial de São Paulo, pra hipotecar solidariedade a uma… ideia que nós temos de reabrir o comércio. A desgraça que vem pela frente, eu acho que o Paulo Guedes tá sendo até legal, hein Paulo Guedes? Eu não sou economista não. Vai ser uma porrada muito maior do que você possa imaginar. Não são apenas os informais. Eu acho que já bateu a 10 milhões de carteira assinada, foi pro saco. E os governos estaduais não tem como pagar salário pros ca... não tem. Maio, metade dos estados... não vai ter como pagar salário mais. A desgraça tá aí. Eles vão querer empurrar essa... trozoba pra cima da gente, esse pessoal aqui do lado vai querer empurrar, e a gente vai reagir porque aqui não é saco sem fundo. Tá? Então essa preocupação vamos ter. Paralelamente a isso tem aí OAB da vida, enchendo o saco do Supremo, pra abrir o processo de impeachment porque eu não apresentei meu... meu exame de... de... de... de vírus, essas frescurada toda, que todo mundo tem que tá ligado. Não é apenas é... cuidar do seu ministério nessas questões que estamos tratando aqui, é tratar da questão política também. Tá certo? Então é... essa é a preocupação temos que ter, porque a luta pelo poder continua. A todo... a todo vapor. E, sem neurose da minha parte, tá? O campo fértil pra aparecer um... uns porcaria aí, né? Levantando a... aquela bandeira de... do povo ao meu lado, não custa nada. E o terreno fértil é esse, o desemprego, caos, miséria, desordem social e outras coisas mais. Então essa é a preocupação, todos devem ter, né? Não é ""tá bom?"", o ministério fatura, ""deu merda?"", no colo do presidente. Não pode ser assim. Hoje eu vi o Magno Malta me defendendo. O Magno Malta, desculpa aí, foi tratado lá atrás para ser vice. Depois ele resolveu não ser, tudo bem. Depois foi ser tratado para ser ministro, tudo bem. Agora politicamente ele nunca me deu uma alfinetada e sempre tá defendendo com os problemas que ele tem. Então não é o ministro ir de peito aberto, enfrentar, entrar no covil dos leões, mas não pode, né? Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseado em filigranas, eu vou em qualquer lugar do território nacional e ponto final! O dia que for proibido de ir... pra qualquer lugar do Brasil, pelo Supremo, acabou o mandato. E, espero que eles não decidam, ou ele, né? Monocraticamente, querer tomar certas medidas porque daí nós vamos ter um... uma crise política de verdade. E eu não vou meter o rabo no meio das pernas. Isso daí... zero, zero. Tá certo? Porque se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro, dinheiro na conta na Suíça, porrada sem problema nenhum. Vai pro impeachment, vai embora. Agora, com frescura, com babaquice, não! Até em cima do que eu falei, em frente ao forte apache. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. Ponto final. O pessoal tava lá, eu fui lá. Dia do Exército. E falei algo que eu acho que num tem nada de mais. Mas a repercussão é enorme. ""Ó, o Al-5"". Cadê o Al-5? Ca... cabou com a... o AI-5 não... não existe ato institucional no Brasil mais. É uma besteira. Artigo 142. É um pessoal que não sabe interpretar a Constituição. Agora, em cima disso fazer uma onda? ""Ah vamos ouvir deputados, empresários"", seja lá o que for. Agora, quando a Câmara faz lá dentro uma homenagem a Che Guevara, a Mao Tsé-tung e tudo mais, não tem problema nenhum. Quando o Partido Comunista do Brasil faz suas convenções e idolatram lá Fidel Castro, entre outros, não tem problema nenhum. Quando um coitado levanta uma placa de Al-5, que eu tô me lixando para aquilo, porque não... porque não existe AI-5. Não existe. Artigo 142: nós queremos cumprir o artigo 142, todo mundo quer cumprir o artigo 142. E havendo necessidade, qualquer dos Poderes, pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham pra reestabelecer a ordem no Brasil, naquele local sem problema nenhum. Agora todos, né? Tem que se preocupar com a questão política, e a quem de direito, tira a cabeça da toca, porra! Não é só ficar dentro da toca o tempo todo não! ""Tô bem, eu tô cuidando da minha imagem, a imagem tá aqui, eu sou bonitinho, e o resto que se exploda."" Não! Tem que fazer a sua parte. Então é isso que eu tento, tenho falar com vocês, porque depois de um certo momento, onde chegar na... cabeça dessas pessoas, fica difícil voltar atrás. Daí querem uma crise, é uma crise. Não tenho amor por essa... por essa... por esse mandato a... pe... pela cadeira de presidente. Ne... zero, zero! Não vou provocar ninguém. E assim como a defesa faz uma nota muito boa dizendo que vai cumprir a constituição, liberdade, e co... dez! E não aceita golpe, dez! Também não aceita um contragolpe dos caras, porra! Vai deixar alguns maluco aí, que eles sabem quem são, ficar aí naquela fervura de ""Ó, o presidente é irresponsável, ele é maluco, ele é genocida"". Não é assim. Não va... o que vale prum lado, vale pro outro, o que não vale prum lado, não vale pro outro. Essa é a nossa preocupação que devemos ter. Com isso que tá aqui, o Pró-Brasil, mas também com a questão política. Se nós começarmos a falar com propriedade, e tem gen... muita gente que fala muito melhor do que eu, e tem um conhecimento muito melhor do que eu, tem que falar, pô! Discretamente mas tem que falar, pra não deixar subir a temperatura, porque é só porrada o tempo todo em cima de mim. E vou continuar indo em qualquer lugar do Brasil e ponto final, é problema meu. Tá certo? Se eu não tiver esse direito de ir e vir. Prefeitinho lá do fim do mundo, um jaguapoca dum prefeito manda prender. Tem que a Justiça se posicionar... se posicionar sobre isso, porra! Tem que se posicionar sobre isso, abertamente! Não admitimos prisão por parte de prefeitos, e o decreto! Tem que falar, não é ficar quieto. E quem de direito aqui, e todos os ministros tem que falar isso aí, não é só a Justiça. Todos tem que falar. Não é ficar, deixa o... toca o barco não e... e vamos em frente. Tá? Então é isso que eu apelo a vocês, pô. Essa preocupação. Acordem para a política e se exponham, afinal de contas o governo é um só. E se eu cair, cai todo mundo. Agora vamo... se tiver que cair um dia, vamos cair lutando, uma bandeira justa. Não por uma babaquice de... de... de exame antivírus, pô. Pelo amor de Deus, pô. Tá? Eu até... deixar bem claro, de uns oito anos pra cá, quando pedia farmácia de manipulação um remédio qualquer, eu falava com o médico: ""bota um nome de fantasia"", porque se for o meu nome pra lá, como era, sempre fui um cara manjado, não é, tem três, quatro que vão manipular lá o medicamento, podem me envenenar, pô! E assim é a mesma coisa a questão do vírus, entre outros. De acordo com interesse, o cara dá negativo ou dá positivo. Depois que deu, vai pra contraprova mas dá problema. E nós sabemos, tá certo? Que nós temos um compromisso com a verdade. Eu jamais mentiria se não tivesse realmente um exame negativo. Jamais eu ia mentir a negativa deu positivo, ou vice-versa. Jamais. A verdade acima de tudo. Então é um apelo que eu faço a todos, que se preocupem com política, pra não ser surpreendido. Eu não vou esperar o barco começar a afundar pra tirar água. Estou tirando água, e vou continuar tirando água de todos os ministérios no tocante a isso. A pessoa tem que entender. Se não quer entender, paciência, pô! E eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações. Eu tenho as... as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações. Abin tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tenho mais porque tá faltando, realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. Mas a gente num pode viver sem informação. Sem info... co... quem é que nunca ficou atrás do... da... da... da porta ouvindo o que seu filho ou sua filha tá... tá comentando. Tem que ver pra depois que e... depois que ela engravida, não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes... depois que o moleque encheu os cornos de... de droga, já não adianta mais falar com ele, já era. E informação é assim. Eu tava vendo, estudando em fim de semana aqui como é que o serviço chinês, secreto, trabalha nos Estados Unidos. Qual a preocupação nossa aqui? [trecho suprimido] É simples o negócio. ""Ah, não deve falar publicamente"". Devo falar como? Tá todo mundo vendo o que tá acontecendo. [trecho suprimido] É uma realidade. Não adianta esconder mais, tapar o sol com a peneira, né? Tem, não é... em vá... em alguns ministérios tem gente deles aqui dentro, né? Então não queremos brigar com [trecho suprimido], zero briga com a [trecho suprimido]. Precisamos deles pra vender? Sim. Eles precisam também de nós. Porque se não precisassem não estariam comprando a soja da gente não. Precisam. E é um negócio, pô. E devemos aliar com quem tem umas... alguma afinidade conosco. Pra gente poder faz... fazer valer a nossa vontade naquele momento. Não adianta se esconder aqui, depois tem um problema, daí liga pro tio, ""O tio"". Vou falar ""Pô cara, você me ignorou até hoje!"". Você só não me chamou de imperialista, igual a esquerdalha e o FHC falavam no passado, no resto... agora não dá mais. Então essa é a preocupação que temos que ter. A questão estratégica, que não estamos tendo. E me desculpe, o serviço de informações nosso, todos, é uma... são uma vergonha, uma vergonha! Que eu não sou informado! E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma... uma extrapolação da minha parte. É uma verdade. Como eu falei, né? Dei os ministérios pros senhores. O poder de veto. Mudou agora. Tem que mudar, pô. E eu quero, é realmente, é governar o Brasil. Não, é o problema de todos aqui, como disse o Marinho, né? É o mesmo barquinho, é o mesmo barco. Se alguém cavar o fu... cavar no porão aqui, vai, vai todo mundo pro saco aqui, vai todo mundo morrer afogado. Então ess... isso que a gente precisa, é pensar além do que tem que fazer internanmente aqui. Quando explodiu o Inmetro, conversei com o Paulo Guedes. Uma, desculpe o linguajar, uma putaria! Putaria o Inmetro! Trocar tacógrafo, trocar taxímetro, botar chip na bomba de combustível, putaria! Igualzinho a tomada de três pinos. Tá muito bem agora lá. A imprensa enfiou a porrada. ""A, botou um coronel"" Coronel é formado pelo IME. Num ia botar um coronel sem... sem uma formação, tá? E assim nós devemos agir. Como tava discutindo agora. O Iphan, não é? Tá lá vinculado à Cultura. Eu fiz a cagada em escolher... não escolher uma pessoa que tivesse o... também um outro perfil. E uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder. E assim, cada órgão, como eu falei da Teresa Cristina, que mudou uma instrução normativa, revogou uma instrução normativa, ajudou 400 mil pessoas no Vale do Ribeira —parabéns a ela— assim são outras decisões. A questão de armamento, né? As questões de... mas por quê? Espera aí! Ministro da Justi... senhor ministro da Justiça, por favor. Foi decidido há pouco tempo que não podia botar algema em quase ninguém. Por que tão botando algema em cidadão que tá trabalhando, ou mulher que tá em praça pública, e a Justiça não fala nada? Tem que falar, pô! Vai ficar quieto até quando? Ou eu tenho que continuar me expondo? Tem que falar, botar pra fora, esculachar! Não pode botar algema! Decisão do próprio Supremo. E vamos ficar quieto até quando? Fica humilhando nosso povo, por quê? Isso tá crescendo. Pessoal fica apontando pra mim, ""votei em você pra você fazer alguma coisa!"", ""votei em você pra você tomar decisões, pra você brigar!"". E é verdade. Eu tô me lixando com a reeleição. Eu quero mais que alguém seja re... seja eleito, se eu vier candidato, tá? Pra eu ter... eu quero ter paz no Brasil, mais nada. Porque se for a esquerda, eu e uma porrada de vocês aqui tem que sair do Brasil, porque vão ser presos. E eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos por homofobia. Daí inventam um racismo, como inventaram agora pro Weintraub. Desculpa, desculpa o... o desabafo: puta que o pariu! O Weintraub pode ter falado a maior merda do mundo, mas racista? Vamos ter que reagir pessoal, é outra briga. Tem que ser um governo com a... com altivez. Se expor, mostrar que nós temos o povo do nosso lado. Que nós somos submissos ao povo. Nós queremos realmente, é como disse, se não me engano Margareth Thatcher, né? Ou Reagan, não sei? Pra se... tem que ser conduzido pelo povo brasileiro, e ponto final. Onde o povo tá, vamos estar junto. Eu não convidei ninguém pra ir pra frente do... do forte apache, ninguém, zero! Tava na casa do meu filho, fiquei sabendo: ""Vô pra lá""! A imprensa tá falando agora que, o... não sei... que dois ministros militares aí não aceitaram meu convite. O dia que... ou eu convido o ministro pra um churrasquinho em casa, ou pago uma missão! Não identificado: Eu e o Fernando. Jair Bolsonaro: Tá? Não sei, tá? Ou eu pago uma missão. Se a missão for absurda, o ministro fala ""ó, tchau, tô fora"", tá certo? Ou vai e fica puto, mas vai, pô! E jamais eu vou pagar uma missão escrota pra quem quer que seja, nem no quartel eu fazia isso com recruta, nem no quartel, tá certo? Quem dirá o nosso convívio aqui que é muito bom, é... partir pra essa linha. Não estamos em desespero, nós estamos bem. Não somos acusados de desvio, de corrupção, nada. Na... nada, tá zero! Temos problema pela frente. Vamos tentar solucionar, como eu tenho conversado com vários ministros. E vamos solucionar, porque o destino do Brasil tá na mão desse grupo privilegiado que tá aqui. E eu não seria nada sem vocês. Vocês não seriam ministro sem... sem eu... duvido! Dificilmente alguém ia ser ministro se tivesse um Haddad aqui. Eu duvido! Poderia aceitar por alguns dias, né? Depois ver a sacanagem que ia ser, não ia ser diferente do que foi os dois anos anteriores do PT, não é? Ia pedir pra sair. Então um apelo pra vocês, todo mundo se preocupe com o futuro do Brasil, com a questão política, criticar um ato de uma pessoa ou outra não é... não é criticar o Congresso ou de... criticar o Supremo Tribunal Federal. É... é uma... quem não fica... quem não ficou revo... vi o Moro ficou revoltado com a... com a liberdade desse pessoal. Por causa de... de vírus, botou os estuprador pra fora. Imagina se estivesse estuprado uma filha nossa, um filho da puta desses ser posto em liberdade. Agora temos que se colocar no lugar dessas pessoas, desse pai que tem a filha estuprada, e o... e vagabundo foi posto na rua. Com uma decisão, foda-se de quem seja, tem que jogar pesado em cima aí... pesado em cima disso. Não é um desabafo, pessoal. É uma realidade. O nosso barco tá indo, mas não sabemos ainda, no momento dado o último caso, esse... vírus, pra onde tá indo nosso barco. Pode tá indo em direção a um iceberg. A gente vai pro fundo. Então vamos se ligar, vamos se preocupar. Quem de direito, se manifesta, com altidez com palavras polidas, tá? Mas coloca uma posição! Porque não pode tudo, tudo, veio pra minha retaguarda, tudo tá? E vocês tem que apanhar junto comigo, logicamente quando tiver motivo pra apanhar, ou motivo pra bater. Braga Netto: Pode continuar? [dirigindo-se a Jair Bolsonaro] Jair Bolsonaro: Você deve [ininteligível]. Braga Netto: Não eu já caí. [Risos]. Braga Netto: Ministro Moro, por favor. A sequência aqui e o seguinte: ministro Moro, Montezano, o Nélson e o Paulo Guedes, tá? Eu pediria só aos senhores que fossem breves. Tarcísio: General. Braga Netto: Você também, caralho? Paulo Guedes, quer falar por último? Hamilton Mourão: Ele quer cobrar os raios do... programa aí, pô… Braga Netto: Tarcísio, depois do Paulo... depois do... Moro. Sergio Moro: Não, é ... bem ... primeiro a questão do plano ali que foi apresentado, fica aqui o registro do meu elogio. Certo que ele tem que ser preenchido aí nos detalhes, existem as questões econômicas a serem resolvidas lá pelo ministério da Economia, a ser trabalhado também com as outras áreas econômicas. É... só faria uma sugestão aqui, ministro, se pudesse colocar desde logo em algum momento desse plano, alguma referência importante também a... a segurança pública e... a controle da corrupção. Foram dois temas centrais, né? Nas últimas eleições. Sergio Moro: E... são dois temas que, embora, é claro, que o plano vai ficar sujeito aí ao .. . ao detalhamento necessário, mas acho que é importante f... ter uma referência inicial para não parecer que nós estamos descurando desses aspectos específicos. Braga Netto: Nós não entramos em detalhes, porque isso aqui, (ininteligível) de todos os ministérios praticamente responderam, isso aí pra mim viria no detalhamento do ministério, mas eu acho que politicamente cabe aí. Sergio Moro: Não, sim, sim… Braga Netto: Pra mim, tá ok. Sergio Moro: Não é ... eu entendo que cabe no detalhamento, mas acho que uma referência … Braga Netto: (lninteligível) Sergio Moro: ... não é? Seria interessante. Braga Netto: Eu vou apresentar [ininteligível]. Sergio Moro: Tem que apontar também que... foi uma vitória do governo, do presidente, ano passado houve uma queda expressiva desses principais indicadores criminais. Isso embora seja mais vinculado com a questão da vida e segurança das pessoas, também é um fator importante aí pro investimento econômico, pra atrair, melhorar o ambiente econômico. Sergio Moro: E o controle da corrupção também é pressuposto, né? Então faria, aí a ... exclusivamente essa sugestão específica. Braga Netto: Muito obrigado. É .... já tá anotado. BND... é... Montezano. Gustavo Montezano: Ministro primeiramente parabéns pela (ininteligível). Acho que é muito oportuno pra gente começar a falar, pra gente começar a falar do dia seguinte. É... o próprio ministro Guedes, nas discussões que temos tido no... nas últimas semanas, tem nos orientado: ""BNDES, foca na reconstrução, foca no dia seguinte"". Porque a crise de saúde vai demorar alguns meses e a reconstrução muito mais meses do que isso. Então é muito imp... oportuno a gente já começar a discutir isso. Segundo aqui eu subscrevo as palavras do ministro Salles. É o que a gente tem observado nos projetos e concessões e etc. Uma parte crítica é essa legislação, ou funcionamento da máquina pública. É um momento muito oportuno pra gente aproveitar isso, e isso faz uma baita diferença no preço de um projeto, na velocidade, faz muita diferença. Então eu subscrevo aqui as palavras do... do ministro Salles. E por último ministro, é... quando eu assumi o banco em julho, o banco tava montado como uma fábrica de empréstimo, e o banco durante quinze anos foi uma fábrica de... de empréstimo. De julho até hoje a gente fez uma reestruturação completa no banco, é... montando o que eu acho que... acredito hoje, ser já, o maior banco de investimento do Brasil em pessoas, e um banco de investimento de serviços focado em planejamentos econômico-setoriais, e estruturação de projetos, tá? O banco já tá atuando dessa forma. Temos um vasto conhecimento setorial, um vasto conhecimento de planejamento. Já está rodando a contento, e esse BNDES de hoje se parece muito mais com um BNDES de vinte anos atrás. Que era o BNDES que planejava e estruturava esses projetos pro Brasil. Então eu queria colocar aqui a sua disposição, que nós... estamos a serviço, então o que o senhor achar adequado e razoável, tanto na... no fornecimento de informações, mas como também nesse planejamento na coordenação, temos já um modus operandi, uma estrutura que é plug and play, se o... senhor quiser usar, já tá pronta pra rodar pra esse tipo de mapeamento... mapeamento e estruturação de projeto, então por favor, sinta-se to... a... bem à vontade de nos usar integralmente aqui na coordenação desse projeto caso o senhor entenda é... adequado, tá? Braga Netto: Não, não... (ininteligível). É... Nelson, Nelson. Nelson Teich: Alô. Bom, eu tô chegando aqui então é importante que eu... que eu coloque pra vocês como é que a gente vai trabalhar, né? É... a saúde ela é fundamental, porque enquanto a gente não mostrar pra a sociedade que a gente tem o controle da doença, da saída dela, qualquer tentativa econômica vai ser ruim, porque o medo vai impedir que você trate a economia como uma prioridade. Então controlar a doença hoje é fundamental. E controlar a doença não significa que a gente vai curar a doença em uma semana, mas que a gente não é um barco à deriva e que a gente tem uma estratégia pra trabalhar essa a doença, né? Então são três coisas que a gente vai trabalhar. Primeiro a informação, pra entender o que que é a doença, qual é a evolução dela, como é que tá infraestrutura pra cuidar da doença, porque... um dos grandes problemas que a gente tem hoje, se a gente olhar o Brasil hoje, ele é um dos melhores países em número em relação a mortalidade. O que assusta é você ver que o hospital não consegue atender, é gente do frigorífico, é gente que tá abrindo cova em algum lugar pra enterrar, e isso traz medo. E o medo impede que qualquer outra atividade tenha sucesso. Porque enquanto isso não for sanado, o restante vai ter muito pouca chance de ser comprado pela sociedade. A segunda coisa é estruturar a operação de cuidado. Então a gente vai investir em logística, vai investir na parte de compra e tentar melhorar o processo. Braga Netto: Por quê? Porque se eu tiver os hospitais funcionando, eu vou ter os pacientes tratados, eu não tenho a sensação da crise, o medo melhora e o restante pode entrar. E a terceira coisa é a gente deixar claro um programa de saída do isolamento, do distanciamento. Não é que vá sair amanhã, mas a gente tem que ter um planejamento. Porque aí a gente realmente mostra que a... a situação tá na nossa mão. Pode ser que demore um pouco, mas a gente tá controlando esse processo, que a gente não tá sendo um barco à deriva. Então, basicamente eu queria fa... falar para você essa que é a forma como a gente vai tratar e vou... a gente vai tá interagindo com todos os ministérios que forem necessários para que isso aconteça da forma mais rápida possível, basicamente é isso e prazer tá aqui com vocês. (Dirigindo-se a Jair Bolsonaro). Sim, senhor. Jair Bolsonaro: Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era Covid-19. Eu liguei pra ele. ""Por favor, o que mais? Ele era obeso, era isso, era""... bem, tinha… como é que é? [dirigindo-se a Braga Netto]. Braga Netto: Como... comorbidades. Jair Bolsonaro: Comorbidades. Mas ali na nota dele só saiu Covid-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar Covid-19, mas bota também tinha fibrose... montão de coisa, eu não entendo desse negócio, não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população. Porque a gente, olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população. Nelson Teich: É que cê perguntou, em relação... ele perguntou quanto tempo levaria para mostrar um plano, alguma coisa. Rogério Marinho: [Ininteligível] apresentar um plano, se tem alguma perspectiva (ininteligível). Nelson Teich: Eu acredito que… Braga Netto: O quê? Rogério Marinho: Um plano para (ininteligível). (Não é possível identificar de quem é a voz): Um plano de transição. Braga Netto: Não, não... já... já... nós já conversamos hoje. Rogério Marinho: Mas se ele tem essa ideia de tempo. Braga Netto: Não, nós já conversamos hoje sobre isso (dirigindo-se a Nélson), (ininteligível) junto com a saúde, tá? Eu não posso dizer, tá? Nelson Teich: A gente tá... a gente tá trazendo um reforço... Braga Netto: É ... A gente tá fazendo, isso aí. Nelson Teich: ...para poder acelerar esse processo. Porque na verdade a gente tá… correndo contra o tempo. Enquanto a gente não conseguir controlar a percepção que a gente hoje tem condição de cuidar das pessoas, vai ser difícil, né? E o problema da doença é que cê pega um sistema que se você falar em eficiência, os hospitais tem que ser eficientes. Então quando você fala em eficiência... você vai quase no limite do cuidado. Cê não tem... cê não tem sobra, cê não tem gordura. Quando você pega uma doença que chega, que é muita gente ao mesmo tempo, você não consegue ter agilidade pra preparar o sistema para cuidar dela. E a gente tem um problema adicional que a gente tem que tomar cuidado, que é o seguinte, como você tem os hospitais com pouca... você tem muita gente falando de Covid, mas os hospitais estão diminuindo muito o atendimento. O que significa que eles vão ter problema financeiro. Se isso prorroga, esses hospitais vão ter cada vez mais dificuldades, você vai poder ter um hospital mais sucateado ou um hospital fechado. O que que tá acontecendo hoje? Vamos botar em números hoje, que a gente tenha quatro milhões de pessoas hoje com a Covid. Brasil hoje tem 212 milhões de pessoas. Tem 208 milhões que tão, que não estão... não tão tendo atenção necessária. É câncer, [doença] cardiovascular. Isso tudo tá represado, é demanda reprimida. Quando você controlar a Covid, o não-Covid vai chegar com tudo, e você pode pegar uma estrutura sucateada. Aí vai ser… Braga Netto: Vai ser o caos. Nelson Teich: ...Aí você só vai transferir o problema de medo. Que vai ser o medo da Covid pro medo da não-Covid . Então a gente tem que tá preparado pra isso tudo. Então não é só trabalhar o... o curtíssimo prazo. A gente tem que preparar pra essa segunda fase que vai chegar também Isso tudo a gente tá fazendo, só pra vocês saberem que a gente tá pensando nisso tudo. Só pra vocês saberem que tá tudo trabalhado. Braga Netto: Tá? É, por favor, ministro Tarcísio. Eu pediria aos senhores que fossem bem breves. Não, eu já botei você aqui [dirigindo-se ao ministro Ernesto]. Tarcísio: Não, só pra louvar a iniciativa, acho que é importante essa coordenação da Casa Civil. Tenho certeza que é o que a sociedade ... Braga Netto: Foi ideia sua, cara… Tarcísio: Não, não... a sociedade espera isso de nós. É, a boa notícia é que a gente vem conversando com os investidores, eles tão interessados no nosso programa de concessão. Ah, claro que a gente vai ter que ajustar alguma coisa nos projetos... em função do... da percepção do nível de risco. E a gente vai fazer isso calibrando taxa de retorno, ou monitorando melhor agora a questão da demanda, né? É reestimando demanda nos projetos. Mas a gente tem certeza que os projetos vão sair. Qual o cuidado que gente tem que ter? A gente fala em 250 bi de investimentos, só que concessão funciona o seguinte: o que a gente contratar agora vai gerar investimento em 2023, 2024. Não é imediato. E a gente vai precisar de fazer alguma coisa imediata. E aí tem que ter a inteligência. Porque também não adianta, ""Ministro Paulo, pô, me dá lá trinta bi por ano"". Eu não vou gastar, eu não vou usar. Eu não vou ter condição de fazer, de... de... de usar isso, né? Porque nos períodos áureos lá, que a gente executou a mais, a gente consegue ali ter uma capacidade operacional de executar treze, quatorze bi, não mais do que isso. E a gente já tem oito de orçamento por ano. Então, no final das contas, a gente fazendo as contas, e vendo o que que nós já temos de um projeto pronto? O que que é necessário? Que agrega valor imediato? É a um, três, cinco, Maranhão lá, que leva safra pra... pro porto de Itaqui, que se acabou. Ali eu posso fazer uma intervenção imediata. E do que que a gente vai falar? Eu tô falando de pegar os oito que a gente tem, e agregar mais três, mais quatro por ano. É essa a conta. E eu acho que isso é realmente necessário pra gerar emprego, pra dar a resposta que a sociedade tá querendo e conjugando isso com o investimento privado. As duas coisas têm que andar junto, né? E aí nós vamos dar o... o bom retorno. A gente tá vendo aí o esforço que o BNDES tá fazendo, eu acho que tá fazendo um trabalho magnífico. Trazendo o banco. Trazendo o privado, o sindicato de bancos pra assumir uma responsabilidade que é deles também. O Banco Central injetou um monte de liquidez aí no sistema pro dinheiro não ficar empoçado, e aí preservando o caixa para atuar, né? Na... nesse projetos de infraestrutura que vai ser fundamental. Então eu acho que é essa linha que nós precisamos ter, né? E... tivemos aí dois caras aí na história recente que pegaram terra arrasada e entraram pra História. Um foi o Roosevelt, o outro foi o Churchill. O terceiro vai ser o Bolsonaro. (Vozes ininteligíveis) Braga Netto: Pedro Guimarães, por favor. Peço aos senhores que sejam breves. Pedro Guimarães: São só cinco pontos muito rápidos. Primeiro, presidente, o maior programa da história do mundo de inclusão social digital, que nós estamos fazendo nesse governo. Pessoas que tomavam dinheiro a vinte e cinco por cento ao mês. Quer dizer, todos os ladrões lá, PT, PMDB, PSDB, aquela ladroagem toda, vinte e cinco por cento ao mês. E ninguém se indigna. Esse governo que se indignou, o governo dos liberais. Então, assim, acho que a gente tá com um problema de narrativa. Hoje de manhã por exemplo, o pessoal da Band queria dinheiro. O ponto é o seguinte, vai ou não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? A, não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? Passei meia hora levando porrada, mas repliquei. E falei: ""Olha vocês tão em casa? Eu tenho trinta mil funcionário na rua. Não tem esse negócio, essa frescurada de home office. Eu já visitei quinze agências, e você em casa?"". Aí o pessoal ficou um pouco mais calmo. Quer dizer, eu posso ter 30 mil brasileiros nas agências lá... sabe quantas pessoas a Caixa está pagando hoje? Sete milhões de pessoas, e todo mundo em home office. Que porcaria é essa? Desculpa o meu ponto, presidente, quando o senhor falou, pô, o... eu vo... eu vou me emocionar. O Luiz Lima, que nadou com meu pai, foi atleta olímpico, teve a esposa e a filha de catorze anos presa ontem, no camburão. Que porra é essa? Desculpa… Jair Bolsonaro: Tá certo. Pedro Guimarães: Que porra é essa? O cara vai pro camburão com a filha. Se fosse eu, ia pegar minhas quinze armas e... ia dar uma... eu ia se... eu ia morrer. Porque se a minha filha fosse pro camburão, eu ia matar ou morrer. Que isso? Tava nadando na... é uma atleta olímpica. Você tira a pessoa, a pessoa tá nadando com catorze anos. Eu tenho uma filha, Maria, de catorze anos. Se a minha filha fosse pro camburão ou eu matava ou morria. Que isso? (Não é possível identificar de quem é a voz): É, e a esposa do Luiz Lima nem usou o fato de ser esposa de um deputado federal. Pedro Guimarães: Mas assim… (Não é possível identificar de quem é a voz): Ela foi calada e saiu calada… Pedro Guimarães: E aquele governador roubando… (Não é possível identificar de quem é a voz): Mas ele tá revoltado. Pedro Guimarães: ...pra direito, tá... pra tudo quanto é lado. Então o governador rouba, aí ele sai prendendo todo mundo, e fica tudo isso por isso mesmo. Aí a gente faz o maior programa da história da humanidade de inclusão de pessoas que recebiam vinte e cinco por cento ao mês, cobravam, PSDB, PT, PMDB, aquela... aquele grupo todo. Na hora de privatizar, todo mundo, porra… com duzentos milhões, trezentos milhões, pô. Tem vice-presidente da Caixa que eu expulsei, dos cento e vinte, cento e cinco eu tirei. E se o senhor precisar, obviamente o meu chefe é o ministro Paulo Guedes, ele decide. Não tem problema. Inclusive, porque o que acontece é o seguinte, se roubar eu vou ligar pro ministro Moro pra prender. Agora se precisar de uma diretoria num sei o que, desde que sejam honestos, o ministro Paulo Guedes é que decide etc. Mas dos cento e vinte eu tirei cento e cinco. E na Caixa não tem desonestidade, até onde eu saiba. Mas, assim, eu acho que a gente tá levando muita porrada, presidente, e... de novo, eu não to dizendo de ninguém daqui não… A gente só leva porrada. Agora tem um limite. Desculpa. É, o… todo lugar que eu vou, as pessoas normalmente são educadas, mas o... a paciência chega num limite, obviamente não dessa maneira, eu acho que tem um ponto. Nós estamos emprestando R$ 154 bilhões de reais, mas só um ponto que eu acho importante... Tarcísio é super meu amigo e ele é muito esperto. Qual que é a... o grande ponto que a gente tem que evitar? O cara que tá quebrado, já estava quebrado antes e quer a nossa molezinha. Então, assim, claramente tem que ajudar e eu concordo, tanto que nós emprestamos R$ 43 bilhões pro segmento imobiliário. Um milhão e meio de pessoas deixaram... ser demitidas. Agora, não é pra todo mundo não! Aquela empresa que já estava quebrada antes, por que que a gente vai dar molezinha? Então, este ajuste fino é importante, os bancos tem que fazer, por quê? Último ponto que eu falo. Já estou sendo processado também, vamos nós dois juntos pra cadeia, por causa do auxílio emergencial. Sabe que que tem? Tem gente do TCU dizendo que a gente tá [dando] muito e tem gente dizendo que a gente tá [dando] pouco. Ferrou! Ou seja, tem gente querendo me prender, porque tá dizendo que agente tá [dando] muito e tem gente querendo me prender, que são aqueles caras lá que tavam antes, [dando] pouco. Vou acabar sendo preso, mas o que que gente não vai fazer? Deixar trinta, quarenta, cinquenta milhões de pessoas passarem fome. Então, é só o meu recado dizendo o seguinte: a Caixa é o banco de todos os brasileiros. Poxa, a gente tá com trinta mil pessoas. Eu passo ligando quarenta e cinco bra... é... pessoas na Caixa tiveram coronavírus. Dois fa... faleceram, um na verdade com setenta anos, que já tava aposentado e outro. A pessoa é... é... eu chorei mais do que a pessoa, a mãe. É, uma pessoa em trinta mil que estão o dia inteiro. Eu já falei pra minha esposa: se tiver qualquer coisa vou lo... tomar um litro de hidrocloroquina, aquelas coisas todas. Então assim, eu acho que a gente tá, só o último ponto, num, numa questão de histeria coletiva. Quer dizer, eu posso ter trinta mil funcionários na Caixa, pagando sete milhões hoje, dois milhões na sex... é, segunda. Ontem a gente abriu oitocentas agências, vamos abrir no sábado, no domingo, duas horas antes. Então o que que a imprensa quer? Que você pague e dane-se os funcionários da Caixa. Mas se morrer dois, Jornal Nacional. . (Não é possível identificar de quem é a voz): Sim. Pedro Guimarães: ...presidente Bolsonaro e presidente Pedro irresponsáveis porque abriram. A gente só vai levar porrada. Agora, realmente meu ponto é: é inaceitável, foi a primeira vez que aconteceu, eu conheço a... a Milene Comine, atleta olímpica. Quer dizer, uma atleta olímpica, esposa, atleta olímpica e a filha de catorze anos num camburão? Eu não sei se eles botaram atrás ou no meio. E aí você solta estuprador? Então acho que realmente tem uma questão e, de novo, e quero só reforçar uma coisa: o ministro Moro, em um dia, resolveu um problema muito importante. Muito obrigado, ministro. O que que aconteceu? Os... é, é... os guardas, né? Os que ficam dentro da agência não poderiam pela legislação ir pra fora. O que que aconteceu? O ministro em cinco horas resolve o problema. Então, durante os... nos próximos noventa dias, os atendentes da Caixa Econômica Federal, é... os guardas, vão poder ir pra fora pra ajudar, ajudar a fila, né? Ou seja, porque tem uma fila, tem duzentas e cinquenta agências que tem quinhentas pessoas na fila e aí, com a ajuda do ministro Moro e da Polícia Federal, eles emitiram uma portaria. Então, só pra finalizar, quero agradecer, ministro, porque sem isso não conseguiria. Sergio Moro: É só o registro aí, esse... até foi fácil de resolver. Foi a Polícia Federal que resolveu. Braga Netto: Ministro Ernesto, por favor. Volto a pedir que sejam breves. Ernesto Araújo: Obrigado. Obrigado, ministro. É... rapidamente, é... Sobre o plano. A dimensão internacional do plano, evidentemente é fundamental, já tá ali contemplada. Eu queria mencionar o seguinte, eu acho que é fundamental que essa dimensão internacional não seja simplesmente hã... uma adaptação nossa ao cenário internacional, mas que ela leve em conta a capacidade que o Brasil hoje tem de influir no desenho de um novo cenário internacional. Eu tô cada vez mais convencido de que o Brasil tem hoje as condições, tem a oportunidade, de se sentar na mesa de quatro, cinco, seis países que vão definir a nova ordem mundial. É, outro dia a... na conversa do presidente com o primeiro ministro da Índia, o indiano disse que vai ser tão diferente o pós-coronavírus do pré quanto pós-Segunda Guerra do pré. Eu acho que é verdade e, assim como houve um Conselho de Segurança que definiu a ordem mundial, cinco países depois da... da Segunda Guerra, vai haver uma espécie de novo é… Conselho de Segurança e nós temos, dessa vez, a oportunidade de tá nele e acreditar na possibilidade de o Brasil influenciar de forma... ajudar a formatar um novo... cenário. E esse cenário é... eu acho que ele tem que levar em conta o seguinte é... tamos aí revendo os últimos trinta anos de globalização. Vai haver uma nova globalização. Que que aconteceu nesses trinta anos? Foi uma globalização cega para o tema dos valores, para o tema da democracia, da liberdade. Foi uma globalização que, a gente tá vendo agora, criou... um modelo onde no centro da economia internacional está um país que não é democrático, que não respeita direitos humanos etc., né? É... essa nova globalização acho que não pode ser cega, né? É... tem que ser uma globalização, tem que ser uma estrutura, é, que leva em conta, claro, a dimensão econômica, mas também essa dimensão da... da liberdade, dos valores. E é... da mesma maneira, acho que o plano é... tá apontando pra isso, no nosso é... é a nossa dimensão nacional, também não pode ser um plano cego para a... essas dimensões do... daquilo que nos traz, né? Que traz o projeto do... do presidente, que é não simplesmente a eficiência, a pujança, o crescimento econômico, mas, hã... liberdade... o combate à corrupção, o... a reinvenção de um Brasil, é... livre, de um Brasil livre dessas, é... mazelas que nós conhecemos. Obrigado. Braga Netto: Obrigado, ministro. É ... Roberto Campos. É o último, ó... é o último (ininteligível). Roberto Campos: Não, é... é bem rápido. Braga Netto: (Risos). Roberto Campos: É só, vou… Braga Netto: Senão a gente não acaba nunca. Roberto Campos: Vou voltar aqui numa história… Braga Netto: Paulo Guedes vai ser o último a falar. Roberto Campos: Vou voltar aqui numa história breve, que é lembrar que no fim do governo Dilma a taxa de juros era catorze e meio por cento, a curta. Mas a taxa longa era vinte por cento. E aí quando a gente olha o que aconteceu e o que proporcionou... a taxa de juros cair, é interessante, porque teve um dia, dezoito de agosto, que saiu uma manchete no jornal que todos os elementos apontavam que ia ter o... o teto de gastos. Naquele dia, a curva de juros longa começou a cair e foi quando, depois, o presidente do Banco Central anterior começou a cair o juros. Ele caiu o juros até o nível de seis e meio, estabilizou, teve a incerteza das eleições com a incerteza do PT poder voltar, a taxa piorou, depois, curiosamente, quando o mercado entendeu que ia ter a previdência, foi quando abriu o espaço pra cortar os juros novamente. Então, a razão dos juros ter ido de catorze e meio, ou... quinze, ou vinte, pra o que tá hoje, foi, é... o fato da sociedade, do mercado ter entendido que o governo ia ter disciplina em relação às contas públicas. Isso a gente não pode esquecer, tá? Jair Bolsonaro: Se me permite, Roberto. Então, você tá dizendo aí que, não só a SELIC, bem como a taxa longa, nós devemos, basicamente, à PEC do Teto, é isso? Roberto Campos: Isso. Jair Bolsonaro: Tá ok. Roberto Campos: Estou dizendo exatamente isso. E depois, é... em re... e depois também, é... a Previdência. Então dito isso, eu acho que é importante a gente passar essa mensagem. É... um outro tema só, aí eu... em relação ao plano, três pontos só que eu acho importante. A gente tem feito reunião entre... reuniões entre os banqueiros centrais de vários países do mundo, é... quase todas as semanas. E eu acho que tem três pontos que são importantes. Primeiro, existe um consenso, hoje, é... que o mundo privado tá com muito medo de tomar risco. Então, que não vai... que não vai ter como ter uma saída rápida sem que o governo não entre, de alguma forma, tomando risco. Porque o mundo privado tá com medo de tomar risco pelo fator medo. Que é o fator que o doutor mencionou que eu acho que é muito importante. Se amanhã você permitir todo mundo ir num estádio de futebol ver um jogo, será que todo mundo vai sair de casa e vai? Qual é o fator medo? E o fator medo é interessante porque, quanto mais informação você tem mais medo você tem, porque a mídia joga medo. Então, você tem hoje uma classe mais alta que tem mais medo que a classe mais baixa, exatamente porque eles têm mais acesso à informação e a informação é enviesada. Então, primeiro ponto é esse toma... to... de tomar risco. O segundo ponto rápido, é um tema que eu acho que tá muito crescendo também, tá crescendo bastante, que é a análise, que a gente chama de análise intertemporal. Quando você faz uma ajuda, quando o governo faz um gasto, geralmente acontece duas coisas. Ou você bota a fundo perdido, ou seja, esse gasto não vale nada e aí vai ter um reflexo na economia, na taxa de juros. Ou as pessoas exageram e falam: ""não, esse gasto vai ser multiplicador"". Provavelmente, não é nem uma coisa nem outra. O que eu acho que falta de analisar os gastos do governo é o quanto que desse gasto que eu recupero lá na frente, via preservar emprego, via manter uma empresa viva que ia morrer. Então, eu acho que falta análise completa do gasto. O gasto nunca é a fundo perdido. Também ele nunca é muito multiplicador. Ele é um meio do caminho entre uma coisa e outra. E o que eu acho que falta é a análise de ""eu vou gastar tanto e esse gasto vai ter essa efetividade"". Por exemplo, existe uma percepção do mercado que dinheiro pra governador e prefeito é dinheiro jogado fora. Pode ser que seja mentira, mas existe essa percepção hoje e tem vários vídeos rodando por aí, vo... os senhores devem ter vistos de que o dinheiro vai pra prefeitura e não vai parar, porque vai em bem intangível, que é difícil de controlar. Vai em programa que você nunca tem como monitorar. Então, acho que é importante esse tema de fazer essa análise intertemporal de ver realmente qual é a eficiência do gasto. E, por último, é... o último ponto, conversando com investidores, a gente tem feito isso, inclusive nós fizemos uma conversa dos bancos centrais com investidores, inclusive de infraestrutura, e o problema principal que aparece em toda conversa no Brasil, do investidor privado, é que no passado toda vez que investidor privado entrou teve muita sacanagem. O tema da governança é super importante. Então, eu tava conversando com o Marinho, a coisa mais importante desses projetos, na minha opinião, é garantir que a governança é boa. Pro investidor privado ter certeza que ele vai tá junto com o governo, ou ele vai tá em grande parte tomando risco, às vezes o governo vai tomar um pouquinho, mas que é uma coisa que ele não precisa se preocupar na frente com a governança. E o jeito de melhorar a governança é colocar agentes internacionais que fazem governança mundial. A gente conversou um pouco sobre isso. É só isso, obrigado. Braga Netto: Obrigado. É, ministro Marcelo. Ministra Damares, por favor. Perdão. O Marcelo já falou? Não, não. Marcelo: Não. Braga Netto: É ministra... perdão. Ministra Damares. Damares: É, ministro, parabéns pela ideia, mas eu preciso lembrar, é... e... e eu preciso fazer sempre isso pra que a gente não perca o foco. A questão de valores, ministro. Esse governo tem o pilar dos valores. Não se pode construir nada neste governo sem a gente trazer valores. Nós estamos sabendo, e a gente tá falando o tempo todo, que nós não seremos mais os mesmo depois dessa pandemia. O mundo não será mais o mesmo. Nós não seremos mais o mesmo e nós vamos ter que fazer uma revisão de políticas públicas, no mundo todo e no Brasil. Nós vamos ter que nos reinventar, com certeza. Neste momento, que que nós estamos vendo aqui no nosso comitê? Nós estamos buscando dados e não estamos encontrando dados. Nós recebemos um governo que não tinha dados, os dados que nós tínhamos eram falsos, mentirosos. Um Brasil de achismo, um Brasil de talvez, ""eu acho que é"", "" talvez sim, talvez não"". Políticas públicas construída até agora nessa nação em cima de talvez e de achismo. Nós vamos ter que rever muita coisa. É um país plural. Quando a gente foi buscar os povos tradicionais agora pra gente construir o enfrentamento ao coronavírus, nós descobrimos, ministros, que nós temos um milhão e trezentos mil ucranianos no Brasil e ninguém nunca falou de ucranianos pra nós… no Brasil. Com o seu, com a sua cultura totalmente preservada no Brasil. Nós tamos com um milhão e quinhentos mil ciganos e eu falava de um milhão e trezentos mil, e são um milhão e quinhentos mil ciganos. Nós estamos… Jair Bolsonaro: Eu já tive lá, no.. Eu já tive lá, no Paraná. Damares: Então mini... então, presidente, nós vamos ter que rever muita coisa na aplicação da nossas políticas públicas no Brasil. Os nossos seringueiros são em números maiores do que a gente imagina no Brasil. Então, tudo que nós fomos construir, nós vamos ter que ver, ministro, a questão dos valores também. A questão, os nossos quilombos estão crescendo e os... e os meninos estão nascendo nos quilombos e seus valores estão lá. Então, tudo vai ter que ver a questão dos valores. É, e quando eu falo valores, ministro, eu quero dizer pro senhor, nós tamos com quase oitenta mil idosos em abrigos no Brasil. Eu me surpreendi com números. Nós estamos com quase sessenta mil crianças em abrigos no Brasil. Os números estão me surpreendendo e eu estou com um número absurdo de mulheres também em busca de abrigos por causa de violência. Então, tudo isso tem que vir pra este pacote. Nós vamos ter que fazer algumas revisões de políticas públicas no Brasil, então, por favor, ministro, coloque aí a questão de valores. E quando eu falo valores aí eu quero olhar pro nosso novo ministro aqui da saúde e dizer: ministro, valores estão lá no seu ministério também. Neste momento de pandemia a gente tá vendo aí a palhaçada do STF trazer o aborto de novo para a pauta, e lá tava a questão de... as mulheres que são vítima do zika vírus vão abortar, e agora vem do coronavírus? Será que vão querer liberar que todos que tiveram coronavírus poderão abortar no Brasil? Vão liberar geral? O seu ministério, ministro, tá lotado de feminista que tem uma pauta única que é a liberação de aborto. Quero te lembrar, ministro, que tá chegando agora, este governo é um governo pró-vida, um governo pró-família. Então, por favor. E aí quando a gente fala de valores, ministro, eu quero dizer que nós estávamos, sim, no caminho certo. A gente não precisa reinventar muita coisa, não. E eu quero citar aqui o exemplo da política indigenista como este governo estava construindo. Todo mundo começou a dizer, a esquerda começou a falar que o coronavírus iria dizimar os povos indígenas no Brasil. O primeiro óbito, dia doze de abril, sabe o que que é isso? A forma como nós estávamos conduzindo a política indígena no Brasil. Primeiro óbito: dia doze de abril. E eu fui lá pra Amazônia, em Roraima, junto com o presidente da Funai e o secretário nacional de saúde indígena pra acompanhar o primeiro óbito. A forma como a gente conduziu deu muito certo. Vamos ter que melhorar? Vamos ter que melhorar. E por que que nós fomos lá, presidente? Porque nós recebemos a notícia que haveria contaminação criminosa em Roraima e Amazônia, de propósito, em índios, pra dizimar aldeias e povos inteiro pra colocar nas costas do presidente Bolsonaro. Eu tive que ir pra lá com o presidente da Funai e me reuni com generais da região e o superintendente da Polícia Federal, pra gente fazer uma ação ali meio que sigilosa, porque eles precisavam matar mais índio pra dizer que a nossa política não tava dando certo. Então, o que a gente tava fazendo estava dando certo. O que nós estamos fazendo está dando certo. Então, aqui, general, todo o nosso trabalho que envolve políticas de valores, precisa estar aqui no Pró-Brasil. Braga Netto: (Ininteligível). Damares: E aí, presidente, só pra encerrar. É... eu quero dizer pro senhor que a sua angústia tem razão de ser. Nunca houve tanta violação de direitos no Brasil como neste período. Direitos fundamentais foram violados. No nosso ""Disque 100"" tem mais de cinco mil registros, ministros, de violação de direitos humanos. Mas o senhor tem uma ministra de Direitos Humanos e uma equipe muito corajosa. São mais de cinco mil procedimentos e ações que estão sendo construídas. Governadores e prefeitos responderão processos. Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e sendo algemadas por não terem feitos nada... feito nada. Nós estamos vendo padres sendo multados em R$ 90 mil porque estavam dentro da igreja com dois fiéis. A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento, mas nós estamos tomando providências. A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje. Se eles falavam que nós éramos violadores de direitos, eles estão, inclusive o governador Wellington, agora, ontem, determinou que a polícia poderá entrar nas casas. Vocês não imagina o que ele vai fazer! Poderá entrar na ca… Jair Bolsonaro: Ele assina? Ele... ele assina? Damares: Assinou! A polícia poderá entrar na casa sem mandato. Então, assim, as maiores violações estão acontecendo nesses dias. Então, nós estamos fazendo um enfrentamento, mais de cinco procedimentos o nosso ministério já tomou iniciativa e nós tamos pedindo inclusive a prisão de alguns governadores. Então, taí algumas resposta ... valores. Por favor. Braga Netto: Posso perguntar pra ela? Damares: Valores. Braga Netto: Hein, Paulo Guedes. Posso falar? Jair Bolsonaro: Pode, pode. Missão. Fala aí. Paulo Guedes acabou de… Braga Netto: Ministra Damares. Nós, houve aqui um… Jair Bolsonaro: Cobrar. Braga Netto: ...uma, uma apre... uma apresentação, uma representação… Jair Bolsonaro: (Ininteligível). Braga Netto: ...do ministro Paulo Guedes que a senhora vai receber mais dinheiro. Jair Bolsonaro: Tá com menos (ininteligível). Braga Netto: (Risos). Jair Bolsonaro: A que menos recebe é ela? A que menos recebe é ela. (Ininteligível). Braga Netto: (Risos). Damares: Obrigada, ministro. Braga Netto: Ministro Marcelo, por favor. Marcelo: Obrigado. Vou... vou ser bem breve também. Primeiro, parabenizar ministro Braga Netto pelo Pró-Brasil... Braga Netto: Eu queria só deixar uma coisa, o seguinte. Eu fico meio enca... não é trabalho meu, hein? É trabalho da equipe e roubei a ideia de um bando de gente aqui. Marcelo: (Risos). Braga Netto: Roubei ideia aqui, ali, eu roubei ideia, tá? Eu aproveitei ideia... Eu só coordenei. Marcelo: É um cronograma importante do projeto, obviamente, todos os ministérios, como o Ministério do Turismo também, já... estamos finalizando até amanhã esse programa de retomada… Braga Netto: (Ininteligível). Marcelo: ...e, presidente, o... o... o turismo obviamente ele tem uma importância muito grande pra economia, o Paulo Guedes sabe disso. Mais de oito por cento, ou seja, quase dez por cento do PIB nacional é turismo e o presidente (risos) falou que vai extinguir o ministério, porque o turismo acabou. (Risos). Jair Bolsonaro: (Risos). Braga Netto: Logo agora? (Risos). Marcelo: Agora precisa do ministério mais do que nunca, presidente. O turismo ele vinha numa crescente muito importante. O ano de 2019 cresceu dois ponto seis por cento, enquanto a economia cresceu um por cento. Gerou cento e sessenta e três por cento a mais de emprego do que o ano de 2018 e obviamente, no meio dessa pandemia, foi o primeiro a ser impactado e de forma brutal. O Rogério Marinho sabe bem disso e nos ajudou muito aí. Quero aproveitar para agradecer o Paulo Guedes, a... o Marinho também nos ajudou muito nesse processo de contemplar, ou seja, de ter um plano de ação que viesse evitar o desmonte do setor do turismo, porque, é... grande parte das empresas do turismo passou de um fluxo de caixa de... de cem pra zero de um dia pro outro. Então, ações como a suspensão de contrato de trabalho, o ministro Moro também agradeço, teve uma ação fundamental pro setor que foi, é... uma medida provisória, é... que contemplasse ambas as partes, tanto o consumidor quanto às empresas, através da Senacon, o que impediu judicializações em massa porque aquela pessoa que comprou ingresso de um... de um show ou um pacote turístico, ela… se fosse pra cima das empresas ainda pra pedir o reembolso de imediato, isso seria catastrófico, geraria mais desemprego ainda. Então, essa medida provisória garantiu que as empresas pudessem ter um fôlego, um prazo aí de até doze meses pra fazer esse reembolso. Um terceiro ponto foi a questão dos créditos. É, que tá terminando de ser fechado junto ao BN... ao BNDES. Agradeço muito aí também o Montezano, a Caixa Econômica também, o Pedro, ministro Paulo Guedes, que o entrave maior tava na questão das garantias, mas a gente tá conseguindo, é... finalizar esse... esse modelo de... de crédito pra contemplar a todos, desde o MEI, ao micro, pequeno, o médio, o grande empresário no Brasil do setor de turismo. O setor, presidente, ficou muito feliz, se sentindo contemplado com todas essas ações e medida por parte do Governo Federal. Então, o setor do turismo no Brasil, fizeram cartas com as principais associações agradecendo a postura do Governo Federal em relação a isso. É... eu quero, presidente, falar um assunto aqui que talvez seja muito polêmico, mas eu acho que é importante esse debate nesse momento. Aí eu falo também pra ministra Damares, que eu sei que é uma pauta muito sensível também a ela, que é a questão, presidente, é... porque o ministério do Turismo agora tem que ter um planejamento, um plano de atração de investimentos, que é o que gera emprego, renda, é o que ajuda, obviamente, a economia do Brasil. E pra isso, presidente, eu acredito que o momento propício nesse planejamento da retomada, discutir os resorts integrados. Não é legalização de jogos, não é bingo, não é caça-niquel, não é... são resorts integrados. Obviamente, presidente, uma pauta que precisa de ser construída a... -Damares tá olhando com cara feia pra mim- uma pauta que precisa de ser construída com as bancadas da Câmara, tanto a evangélica, quanto a católica, mostrando ou desmistificando vários mitos que giram em torno disso. Não sei se o ministro Paulo Guedes, é... concorda. Nós temos a possibilidade de atrair pelo menos quarenta bilhões de dólares pro Brasil só de outorgas, de investimentos imediatos com essa pauta. Mas o que precisa ser feito, presidente, é realmente desmistificar a questão de evasão de divisas, de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas e pra isso eu sugeriria que nesse debate podia con... podi... pudéssemos contar com o ministério da Justiça, através da Polícia Federal, o Ministério Público na mesa, a Receita Federal, os órgãos de controle, mas obviamente, presidente, uma pauta que só levaríamos pra frente se a gente conseguir é... pacificar, ou nos fazermos enten... nos fazer entender pelas bancada evangélica, pela bancada católica, pra que não haja uma distorção, é... na comunicação disso. Tem que ser um projeto muito bem feito que eu acredito que pode ser e nesse processo da retomada, uma grande oportunidade pro Brasil atrair grandes complexos dos quais apenas três por cento são utilizados para os cassinos. E outra, isso não tem impacto diretamente nenhum na família dos trabalhadores brasileiros. Damares: Pacto com o diabo! Marcelo: (Risos). Não. Não é bem isso não, né? Vou ter que começar a desmistificar pra Damares aqui. Tô... tô vendo isso. Braga Netto: Vamos conversar. Hamilton Mourão: (Ininteligível) Damares pra jogar uma roleta. (Risos). Marcelo: Então... Braga Netto: Vam... Va... Vamos conversar. Marcelo: É, é, presidente, aqui... Damares: Separa, separa. Marcelo: É, é, num, num tô dizendo que a gente tem que colocar isso como um projeto de... de governo, obviamente, mas abrir esse debate em torno… Braga Netto: É só conversar. Marcelo: ...dos resorts integrados. Braga Netto: Proponha a data. A gente, eu reúno os ministérios, a gente conversa. (Não é possível identificar de quem é a voz): (Ininteligível). Marcelo: Tá bom. E pra finalizar, presidente, é... é... ministro, é... Nélson, prazer. .. (Não é possível identificar de quem é a voz): É muita grana (ininteligível). Marcelo: ...é... estar aqui com o senhor a primeira vez, a gente fez um projeto, é… muito bem elaborado, né? No... dentro dum âmbito, de um comitê de operações que visa, é... fazer com que os hotéis possam abrigar os profissionais de saúde. E só os profissionais de saúde. A gestão do... anterior do ministério, por duas vezes eu mandei a mensagem, não se manifestou, não se interessou. Mas eu acredito que é um projeto que pode, sobretudo, trazer pro Governo Federal uma boa visibilidade com essa preocupação de quem tá na linha de frente do combate que são os profissionais de saúde. Visando duas coisas, eu já vou terminar, que é primeiro melhorar essa logística do profissional de saúde, que sempre tem um hotel próximo ao hospital… aos hospitais e também a preservação da família desses profissionais, mostrando, obviamente, a sensibilidade do presidente Jair Bolsonaro na preocupação com essas vidas desses profissionais. Obrigado ministro. Braga Netto: Isso já tá marcado. Tem uma reunião. Que dia que é a reunião? Marcelo: Parece que é hoje às dezesseis horas. Braga Netto: É hoje então. Eu tenho uma reunião marcada pra gente discutir isso aí. Marcelo: Tá bom. Braga Netto: Eu, é... Saúde e Turismo. Pra gente definir. Penúltimo debatedor, ministro Weintraub. Abraham Weintraub: Obrigado. Tem três anos que eu… Braga Netto: Fui claro no penúltimo, hein? (Risos). Abraham Weintraub: Muito obrigado. Tem três anos que, através do Onyx, eu conheci o presidente. Nesses três anos eu não pedi uma única... conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na Física. Ameaça de morte na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto era a luta pela... pela liberdade. Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis. Eu tive o privilégio de ver a... a mais da metade aqui desse time chegar. Eu fui secretário-executivo do ministro Onyx. Eu acho que a gente tá perdendo um pouco desse espírito. A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais... o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge... o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu... eu... realmente acho que toda essa discussão de ""vamos fazer isso"", ""vamos fazer aquilo"", ouvi muitos ministros que vi... chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar. E eu luto e me ferro. Eu tô com um monte de processo aqui no Comitê de Ética da Presidência. Eu sou o único que levou processo aqui. Isso é um absurdo o que tá acontecendo aqui no Brasil. A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o... eu realmente tô aqui de peito aberto, como cês sabem disso, levo tiro... odeia... odeio o Partido Comunista [suprimido]. Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é ... odeio o termo ""povos indígenas"", odeio esse termo. Odeio. O ""povo cigano"". Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo, não pode ter ministro que acha que é melhor do que o povo. Do que o cidadão. Isso é um absurdo, a gente chegou até aqui. O senhor levou uma facada na barriga. Fez mais do que eu, levou uma facada. Mas eu também tô levando bordoada e tô correndo risco. E fico escutando esse monte de gente defendendo privilégio, teta. Tendeu? É isso. Negócio. Empréstimos. A gente veio aqui pra acabar com tudo isso, não pra manter essa estrutura. E esse é o meu sentimento extremamente chateado que eu tô vendo essa oportunidade se perder. Eu sou, evidentemente... eu tô no grupo dos ministros que tá mais ligado com a militância. Evidente, porque eu era um militante. Eu tava militando de peito aberto, continuo militando. Do ponto de vista de carreira, eu poderia ter quem... tentando me dar bem. Não foi isso que eu fiz. Não foi isso que eu fiz. Sei que isso daqui é um palácio, existem intrigas palacianas - estou sendo muito franco. E a gente pode sim perder a liberdade, perder esse país. Ninguém vai se dar bem se a gente perder esse país. Quem vai se dar bem são poucos, pouquíssimas famílias. Pouquíssimas famílias. Não se iludam. Não se iludam. Era isso. Jair Bolsonaro: Deixa eu complementar aqui. O que o Weintraub tá falando -eu tô com 65 anos- a gente vai se aproximando de quem não deve. Eu já tenho que me policiar no tocante a isso daí. São pessoas aqui em Brasília, dos Três Poderes, que não sabem o que é povo. Eu converso com alguns, não sabe o que é o feijão com arroz, não sabe o que é um supermercado. Esqueceu. Acha que o dinheiro cai do céu. ""Eu tô com os meus privilégios garantidos, meus cem mil por mês"", em média, cem mil por mês que essa galera ganha, né? Legalmente. E acha que isso não vai acabar nunca. Como alguns acham que a liberdade a... a... qua... ""qual é desse cara, tá maluco?"". Eu tô vendo o mais antigo aqui, o General Heleno aqui. Ele sabe o que é meia, o que foi meia quatro. Muitos aqui não sabem. Essa cambada que tentou chegar no poder em meia quatro, se... se tivesse chegado, a gente tava fodido todo mundo aqui. Cortando... ia tá felicíssimo se tivesse cortando cana, ganhando US$ 20 por mês. Não pode esquecer disso. Nós não podemos esquecer o que é esse povo. Eu vou convidar os ministros pra domingo ir passar na Ceilândia e Taguatinga. É convite, não é... não é missão, não. Convite. Pra ver como é que tá o cara na... na... na esquina. Pra vir uns merda pra falar aí, né? Uns merda de sempre. ""Ah, o cara rompeu o isolamento. Tá dando um péssimo exemplo."". Tá... péssimo exemplo é o cacete, pô! Pior é tá passando fome! Tá na merda, porra! Sentir o cheiro de povo, como eu falei, lá. É uma experiência pra todo político sentir! Ir lá ver como é que tá o negócio. Ou a gente tem que tá, como se fosse, né, ô? Um general na... na retaguarda e deixar a tropa se ferrar na frente. Não! O general tá, tá na frente, o coronel tá na frente, o capitão tá na frente. Nossos heróis da Segunda Guerra Mundial tiveram na frente de campo de batalha. Se precisar que, tenho certeza, nossas forças armadas vão cumprir com seu papel, mas, né? Nós temos que dar exemplo e mostrar que o Brasil não é -eu sou mais educado que o Weintraub, até me poli muito, né? No linguajar que ele usou- mas não é isso que o pessoal pinta por aí. Se reunindo de madrugada, pra lá, pra cá. Sistemas de informações: o meu funciona. (Não é possível identificar de quem é a voz) : General, (ininteligível). Jair Bolsonaro: O meu particular funciona. Os ofi... que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao... ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho. Então, pessoal, muitos vão poder sair do Brasil, mas não quero sair e ver a minha a irmã de Eldorado, outra de Cajati, o coitado do meu irmão capitão do Exército de... de... de... lá de Miracatu se foder, porra! Como é perseguido o tempo todo. Aí a bosta da Folha de São Paulo, diz que meu irmão foi expulso de um açougue em Registro, que tava comprando carne sem máscara. Comprovou no papel, tava em São Paulo esse dia. O dono do... do restaurante do... açougue falou que ele não tava lá. E fica por isso mesmo. Eu sei que é problema dele, né? Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira. Aí vem um garoto aqui, ó -com todo o respeito- o do BNDES, tá? Eu conheci ele usava calção lá, é... (Risos). Pô, ele veio dos Estados Unidos pra cá, podia tá muito bem lá. Veio pra cá pra tentar mudar o Brasil a convite do Paulo Guedes, que é amigo dos pais deles. Por coincidência, não é Paulo Guedes? Paulo Guedes: Coincidência. Jair Bolsonaro: Acho que não... eu não lembro do teus pais, lembro de você, pô! Tá certo? Mas é alguém que tá investindo aqui. E todos nós temos que pensar nisso. (Som de telefone tocando). O que esses filha de uma égua quer, ô Weintraub, é a nossa liberdade. Olha, eu tô... como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Como é fácil. O povo tá dentro de casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua. E se eu fosse ditador, né? Eu queria desarmar a população, como todos fizeram no passado quando queriam, antes de impor a sua respectiva ditadura. Aí, que é a demonstração nossa, eu peço ao Fernando e ao Moro que, por favor, assine essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um recado pra esses bosta! Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não da pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais. É. Quem não aceitar a minha, as minhas bandeiras, família, Deus, Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado... Quem não aceitar isso, está no governo errado. Esperem pra 22, né? O seu Álvaro Dias. Espere o Alckmin. Espere o Haddad. Ou talvez o Lula, né? E vai ser feliz com eles, pô! No meu governo tá errado! É escancarar a questão do armamento aqui. Eu quero todo mundo armado! Que povo armado jamais será escravizado. E que cada um faça, exerça o teu papel. Se exponha. Aqui eu já falei: perde o ministério quem for elogiado pela Folha ou pelo Globo! Pelo Antagonista! Né? Então tem certos blogs aí que só tem notícia boa de ministro. Eu não sei como! O presidente… Jair Bolsonaro... leva porrada, mas o ministro é elogiado. A gente vê por aí. ""A, o governo tá, o... o ministério tá indo bem, apesar do presidente"". Vai pra puta que o pariu, porra! Eu que escalei o time, porra! Trocamos cinco. Espero trocar mais ninguém! Espero! Mas nós temos que, na linha do Weintraub, de forma mais educada um pouquinho, né? É... de se preocupar com isso. Que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade. O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta. Que quem não conhece a história dele, procura conhecer, que eu conheci dentro da Câmara, com ele do meu lado! Né? (Não é possível identificar de quem é a voz): (Ininteligível). Jair Bolsonaro: E nós sabemos o... o que, a ideologia dele e o que ele prega. E que ele sempre foi. O que a... tá aproveitando agora, um clima desse, pra levar o terror no Brasil. Né? Então, pessoal, por favor, se preocupe que o de há mais importante, mais importante que a vida de cada um de vocês, que é a sua liberdade. Que homem preso não vale porra nenhuma. Braga Netto: Paulo Guedes é o último debatedor. Paulo Guedes: Ô presidente, esses valores e esses princípios e o alerta aí do Weintraub é válido também, como seu... sua evocação é que realmente nós estamos todos aqui por esses valores. Nós tamos aqui por esses valores. Nós não podemos nos esquecer disso. Nós podemos conversar com todo mundo aqui, porque é o establishment, é porque nós precisamos dele pra aprovar coisa, mas nós sabemos que nós somos diferentes. Nós temos noção que nós somos diferentes deles. E quando eles cruzam a linha a gente solta a mão e sai andando sozinho. Enquanto eles tiverem no trilho, conosco, no caminho de fazendo as reformas que nós prometemos, nós tamo junto. Na hora que o cara soltou a mão e passou pro lado de lá, a gente deixa o cara ir sozinho e a gente continua sozinho e vai procurar outra conversa, em outro lugar. Então, eu acho que manter essa ideia que nos trouxe aqui, e eu tenho dito isso em todo lugar, e lá fora eu converso. Paulo Guedes: Semana passada eu conversei com os ministros da fazenda de 020, conversei com os ministros, é... também de economia, é... dos Brics e a mensagem que eu levo é sempre a mesma: o Brasil vai surpreender o mundo. Vocês duvidavam da nossa democracia, duvidavam do nosso presidente, nosso presidente é democrata e vai fazer as mudanças. E aprovamos a reforma da previdência o ano passado, enquanto os franceses fizeram passeatas contra a reforma da previdência. Agora, a mesma coisa, eu tô dizendo: nós vamos continuar aprofundando as reformas, nós vamos seguir. É… eu conheço todas as histórias de reconstrução por ter, por profissão, obrigado a estudar isso. A reconstrução da Alemanha, a reconstrução da Alemanha na Segunda Guerra, na Primeira Guerra com o Schacht. A Segunda Guerra com o Ludwig Erhard, é... a reconstrução da economia do Chile com os... os caras de Chicago. É... todos os… caso da fusão das duas Alemanhas. Eu conheço profundamente, no detalhe, não é de ouvir falar. É de ler oito livros sobre cada reconstrução dessa. Então, eu li Keynes, é... três vezes no original antes de eu chegar a Chicago. Então pra mim não tem música, não tem dogma, não tem blá-blá-blá. Tem estudo sobre todas essas ocasiões. E nós demos uma demonstração disso quando nós távamos indo numa direção norte, com as reformas estruturantes e, de repente, em três semanas e meia, nós fomos pro sul. E nós somos elogiados hoje lá fora -semana passada todo mundo elogiando, fazendo referência- que o Brasil tá à frente de todos os emergentes e pari passu ali, só tá atrás um pouquinho dos Estados Unidos, porque o Estados Unidos está naquele caso que é o cara que tem a moeda forte, emitiu um trilhão pra cada problema que ele tem e ninguém reclama. Fizemos vários programas antes dos alemães, vários programas antes dos ingleses. Vários programas. De todo tipo. Então, se não existe algo aqui é dogma. Existe capacidade de trabalho com um grupo extraordinário que eu tenho. Então, nós atacamos em todas as direções. Primeiro, o Campos foi lá e reduziu os compulsórios em duzentos bilhões. Logo depois nós não tínhamos espaço constitucional, fizemos antecipações de benefícios e diferimento de impostos, porque não tinha espaço constitucional. Logo depois tivemos espaço pelo Supremo e pelo, e pelo Congresso, entramos nas constitucionais. Gastamos trezentos e poucos bilhões, que não é muito. Pra terem uma ideia, o último deficit do governo Temer foi cento e sessenta. Nós gastamos trezentos. Não é? E não gastamos tanto assim, mas atingimos cinquenta milhões de brasileiros como diz lá o Pedro. (Não é possível identificar de quem é a voz): Setenta. Paulo Guedes: Se... setenta milhões de brasileiros, não é? A... os... lançamos essa camada pros mais frágeis. É, pegamos os idosos. Pegamos as empresas, microcrédito, depois de te... de... de zero a dez, de... a... trezentos e sessenta mil e depois de trezentos e sessenta mil a dez milhões. Montamos um comitê de bancos, estamos lá com o Montezano agora fazendo justamente a reestruturação. Não vai ter molezinha pra empresa aérea, pra nada disso. É dinheiro que nós vamos botar usando a melhor tecnologia financeira lá de fora. Nós vamos botar dinheiro, e... vai dar certo e nós vamos ganhar dinheiro. Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas. Então, nós tamos fazendo tudo by the book, direitinho. Na conversa com os ministros da fazenda lá de fora eu disse que nós tamos com um deficit extraordinariamente... alto esse ano. É... da mesma forma que eles, tá todo mundo na mesma direção, só que nós caímos no chão, tá uma confusão. Tiro, porrada e bomba, mas nós não perdemos a bússola. A gente cai, levanta e sabe pra onde nós temos que ir. Nós não vamos perder a bússola. Nós sabemos dos valores, sabemos dos princípios, sabemos que que nós tamo defendendo. Nós tamo defendendo liberdade: liberdade econômica, liberdade política. É... nós sabemos o que nós tamo defendendo. E num ... e num... e tamos agora no meio dessa confusão, derrubando a última... a última torre do inimigo. Que uma coisa é que nós vamos fazer a reconstrução e a nossa transformação econômica. A outra coisa são as torres do inimigo que a gente tinha que derrubar. Uma era o excesso de gasto na previdência, derrubamos assim que entramos. A segunda torre era o juros. Os juros tão descendo e vão descer mais ainda. O... o Campos tem o mapa já. Nós tamos descendo. Então, pra ter uma ideia, o ano passado pra esse ano, cento e vinte bilhões a menos de juros. Um Plano Marshall por ano… Braga Netto: Sem Marshall [no nome] (ininteligível). Onyx Lorenzoni: Sem (ininteligível). (Risos). Paulo Guedes: Né? Sem juros. De juros a menos. Então nós sabemos e é nessa confusão toda, todo mundo tá achando que tão distraído, abraçaram a gente, enrolaram com a gente. Nós já botamos a granada no bolso do inimigo. Dois anos sem aumento de salário. Era a terceira torre que nós pedimos pra derrubar. Nós vamos derrubar agora, também. Isso vai nos dar tranquilidade de ir até o final. Não tem jeito de fazer um impeachment se a gente tiver com as contas arrumadas, tudo em dia. Acabou! Não tem jeito. Não tem jeito. E o presidente tá no ponto futuro, porque o presidente falou o seguinte: tudo bem, tem a primeira onda, que é a da saúde, mas tem a segunda que é a da economia, e uma vem agarrada com a outra. Nós tamo ainda tentando sair da primeira, po... a segunda já tá querendo bater. Eu ainda acho que nós tamo preservando os sinais vitais da economia brasileira. Ela pra mim ainda é um urso hibernando. Cê baixa sua energia pra zero, consumo de energia pra quase zero, só respira, mas quando cê sai da gruta, cê sai pra comer o primeiro bicho que passar. Cê tem força. Nós não podemo é deix... isso, graças à super safra da nossa Teresa, a logística do... do Tarcísio. A comida tá chegando. As exportações tão seguindo. A China é aquele cara que cê sabe que cê tem que aguentar, porque pro cês terem uma ideia, pra cada um dólar que o Brasil exporta pros Estados Unidos, exporta três pra China. Hamilton Mourão: [suprimido] Paulo Guedes: É, [suprimido] Você sabe que ele é diferente de você. Cê sabe que geopoliticamente cê tá do lado de cá. Agora, cê sabe o seguinte, não deixa jogar fora aquilo ali não porque aquilo ali é comida nossa. Nós tamo exportando pra aqueles cara. Não vamos vender pra eles ponto crítico nosso, mas vamos vender a nossa soja pra eles. Isso a gente pode vender à vontade. Eles precisam comer, eles precisam comer. A Índia também vai precisar comer, vai ser o trading da água. Eles vão dizer que é a melhor trading da água. Outro dia alguém comentou comigo. Acho que foi o Campos, não foi Campos? Roberto Campos: Foi. Paulo Guedes: É, é o trading da água, quer dizer, os caras precisam de alimento, não tem água, nós temos muito mais água do que eles têm. Então eles vão ter que abrir mão da agricultura pra fazer outras coisas e nós vamos poder, é... exportar pra eles também. Então nós temos um mapa de voo bom, nós temos uma equipe jovem, preparada. Todo mundo trabalhando juntos. Todo mundo trabalhando juntos. E nós não vamos perder o rumo. Nós não podemos perder o rumo. Então vai ter muita conversa: ""vamos pra cá, vamos pra lá, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo"". Não vamos perder o rumo não. Pode dar vestimenta. Bota peruca loura, bota pe... passa batom vermelho, faz uma porção de coisa que for necessário politicamente, mas não vamo perder o rumo econômico não. Nós sabemos onde nós tamo indo. Então, eu tô só dando uma mensagem de tranquilidade pra todo mundo aqui que é o seguinte: nós tamo fazendo nada, é... exótico, dogmático, nada disso! Nós tamos indo numa direção. Fizemos o que o mundo inteiro fez. Em três semanas e meia nós fizemos o que o mundo inteiro fez, só que nós não vamos perder o rumo não. Nós sabemos pra onde nós vamos voltar já, já. Tá certo? E se o mundo for diferente, nós vamos ter capacidade de adaptação. Por exemplo: eu já tenho conversado com o ministro da Defesa, já conversamos algumas vezes. Quantos? Quantos? Duzentos mil, trezentos mil. Quantos jovens aprendizes nós podemos absorver nos quartéis brasileiros? Um milhão? Um milhão a duzentos reais, que é o Bolsa Família, trezentos reais, pro cara de manhã faz calistenia, faz é... fa... né? Aprende ci... civil... organização social e como é que é o... OSPB, né? (Não é possível identificar de quem é a voz): (Ininteligível) Paulo Guedes: Organização Social e… Hamilton Mourão: Política. Paulo Guedes: ...Política, né? Faz ginástica, canta o hino, bate continência. De tarde, aprende, aprende a ser um cidadão, pô! Aprende a ser um cidadão. Disciplina, usar o... usar o tempo construtivamente, pô! É... voluntário pra fazer estrada, pra fazer isso, fazer aquilo. Sabe quanto custa isso? É duzentos reais por mês, um milhão de cá, duzentos milhões, pô! Joga dez meses aí, dois bi. Isso é nada! Então, nós vamos pegar na reconstrução, nós vamos pegar um bilhão, dois bilhões e contrata um milhão de jovens aqui. A Alemanha fez isso na reconstrução. Aí você também quer fazer estrada? Precisa de três, quatro bilhões a mais. Tem um orçamento de oito. Toma aqui seus quatro bilhões. Isso não faz falta. Isso não faz falta. Não é isso o problema. A mesma coisa o nosso... o problema do jogo lá na... lá na... nos recursos integrados. Tem problema nenhum. São bilionários, são milionários. Executivo do mundo inteiro. O cara vem, é... fazem convenções... olha, a... o... o turismo saiu de cinco milhões em Singapura pra trinta milhões por ano. O Brasil recebe seis. Uma pequena cidade recebe es... trinta milhões de turistas. O sonho do presidente de transformar o Rio de Janeiro em Cancún lá, Angra dos Reis em Cancún. Aquilo ali pode virar Cancún rápido. Entendeu? A mesma coisa a Es... é, Espanha. Espanha recebe trinta, quarenta milhões de turistas. Isso aí é uma cidade da Ásia. Macau recebe vinte e seis milhões hoje na... na China. Só por causa desse negócio. É um centro de negócios. É só maior de idade. O cara entra, deixa grana lá que ele ganhou anteontem, -ele deixa aquilo lá, bebe, sai feliz da vida. Aquilo ali num… atrapalha ninguém. Aquilo não atrapalha ninguém. Deixa cada um se foder. Ô Damares. Damares. Damares. Deixa cada um... Damares. Damares. O presidente, o presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô! Não tem... lá não entra nenhum, lá não entra nenhum brasileirinho. Damares: Se C... se o C… Paulo Guedes: Não entra nenhum brasileirinho desprotegido. Entendeu? Damares: ...se a CGU concordar. Se a CGU tiver como controlar a entrada e a saída do dinheiro. Paulo Guedes: Isso, então vamo lá. Damares: Se não tiver como lavar dinheiro sujo lá. Paulo Guedes: Então só pra terminar, as observações também finais ali, o... Campos falou duas coisas também interessantes. Então a... o... o Campos falou duas coisas interessantes ali, uma é o seguinte: o... o estrangeiro pra vir, pra fazer os investimentos, eu tive... eu re... eu recebi [embaixador] e já reportei isso pro presidente. Eu recebi o embaixador dos Estados Unidos e ele veio conversar conosco. E a mensagem maior dele era uma só. Assim olha: ""nós queremos um bom ambiente de negócios. Nós vamos colocar centena de bilhões de dólares aqui. O mundo inteiro quer investir no Brasil. Agora, nós precisamos de um bom ambiente de negócios"". Braga Netto: Segurança. Segurança. Paulo Guedes: Simplificação de impostos, segurança jurídica... coisas desse tipo, não é? Então, o secretário do comércio americano, que é o Wilbur Ross, o cara me disse o seguinte: ""Eu só tenho um conselho pra vocês: vamos aderir ao GPA (pronúncia na língua inglesa), ao General Purchase Agreement, que é o seguinte, é um acordo, nós com a entrada na OECD, nós assinamos esse acordo e esse acordo diz o seguinte: não pode haver nenhuma compra governamental sem transparência. Acabou! Então basta a gente fazer isso, quer dizer, vai fazer concorrência pra concessão, privatização, então nós já tamo na pista certa, já tamo indo na direção certa. Braga Netto: Só um... só uma informação sobre isso aí. O... eu tive... eu fiz uma reunião com o pessoal da OCDE essa semana agora... foi semana passada, né? Semana passada. Falando do nosso interesse, eles falaram que sim, já nos consideram da OCDE. Paulo Guedes: Sim! Braga Netto: Tá? Paulo Guedes: Sim. Sim. Braga Netto: Então, os... os ministérios, eu tô falando isso porque vários ministérios… Paulo Guedes: Sim. Braga Netto: ...tem uma pauta a cumprir. Vamos continuar nisso porque... vamos dizer, a impressão foi excepcional. Paulo Guedes: Sim. Marcelo: Ministro, é só... só uma... Jair Bolsonaro: (Ininteligível) apoio do Trump aí. Marcelo: ...só um dado aqui da OCDE. Jair Bolsonaro: Fala que nós tamo com apoio do Trump aí. Marcelo: Só um dado aqui, é... é... é rapidamente da OCDE. Marcelo: Noventa e…. Braga Netto: Presidente falou: ""nós tamos com o apoio do Trump"". Paulo Guedes: Não, o embaixador disse isso! O embaixador disse isso. O embaixador disse: ""Nós não podemos perder a oportunidade do presidente tá tão próximo ao Trump. Os nossos dois presidentes tão próximos. Nós não podemos perder essa oportunidade"". Braga Netto: É. O presidente da OCDE disse que realmente o Trump… o Estados Unidos que era, vamos dizer assim, uma... tinha uma certa objeção, agora já está favorável. Isso é real. Marcelo: Ministro, é só um dado. A OCDE , noventa por cento dos países que hoje integram a OCDE já contam com os resorts integrados. Os outros dez por cento é porque são muçulmanos, por isso não estão. Damares: Oitenta e oito por cento têm o ensino domiciliar. Então, a gente vai entrar com a MP hoje lá, tá? Hamilton Mourão: Homeschooling. Damares: Homeschooling. Tereza Cristina: Só uma informação. (Não é possível identificar de quem é a voz): (Ininteligível). Tereza Cristina: Ontem eu tive o 020 da agricultura. Ontem foi… Braga Netto: Sim, senhora. Tereza Cristina: ...o dia do 020 da agricultura. Tem uma nova ordem, vai ter depois do coronavírus, e muitos países, é... vão, é... colocar regras pra ter estoque novamente, que eu acho que não é nosso caso. Mas enfim, nós precisamos ter acesso a mercados, enfim. É... mas nós precisamos incentivar o trigo. É o único produto que o Brasil não é auto suficiente. O resto, presidente, se amanhã quiser fechar… Jair Bolsonaro: Onde seria mais apropriado o trigo no Brasil (ininteligível)? Onyx Lorenzoni: Sul. Tereza Cristina: ... Nós temos dois milhões ... no sul também (dirigindo-se ao Onyx). Mas, nós temos dois milhões de hectares na... ali no Matopiba, prontos, inclusive com a Embrapa com variedades superprodutivas pra poder investir lá. Precisa de dinheiro. E uma última coisa, dinheiro, dinheiro que volta, é... é... é financiamento. O que nós precisamos é baixar o juros. A agricultura não aguenta nove por cento de juros, é muito alto pra ela. Braga Netto: Tá. Jair Bolsonaro: O Banco do Brasil... o Banco do Brasil não fala nada não? Paulo Guedes: O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: ""bota o juro baixo"", ele: ""não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam"". Aí se falar assim: ""bota o juro alto"", ele: ""não posso, porque senão o governo me aperta.. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização. Jair Bolsonaro: (Risos). Paulo Guedes: É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor já notou que o BNDE e o... e o... e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo. Jair Bolsonaro: Vamos dispensar o Rubem da próxima reunião aí, pô. Rubem: Ape... apesa... apesar de todo… Damares: (Ininteligível). Rubem: Apesar de todo o aumento de risco que passou haver no sis... no sistema bancário. O Banco do Brasil tá expandido bastante seus empréstimos e... A agricultura, a... ministra Tereza Cristina é testemunha aqui de que o apoio tá sendo muito grande e... nós tamos numa situação confortável, ministro. Porque, a... primeiro porque na... em termos de liquidez, a, o público vê o Banco do Brasil como um porto seguro. Então, nós não tamos tendo problemas que outros bancos tão tendo de... de preocupação com... com a liquidez do banco, com a higidez do banco. É... e na nossa, a... a... na nossa formação de... de... de resultado, as pessoas físicas tem um, um papel preponderante dentro do Banco do Brasil e nós temos a felicidade, nesse momento, de contar com folhas de pagamento de... de... de empresas públicas, das forças armadas, (balbuciando) que... que... em termos relativos estão numa situação mais segura do que o cidadão comum, que ... que não participa de...de empresas públicas. Paulo Guedes: Mas só confessa o seu sonho. Rubem: Hein? Paulo Guedes: Confessa o sonho. Jair Bolsonaro: Deixa pra depois, confessa não. Rubem: Agora… Paulo Guedes: Confessa o seu sonho. Rubem: Privati... em relação a privatização… Jair Bolsonaro: Faz assim: só em vinte e três cê confessa, agora não. Rubem: Em relação (risos) à privatização, eu acho que fica claro que com o BNDES cuidando do desenvolvimento e com a Caixa cuidando do fim... da área social, o Banco do Brasil... estaria pronto... para um programa de privatização, né? Mas isso a gente pode fazer… Jair Bolsonaro: Isso aí... isso aí só se discute, só se fala isso em vinte e três, tá? Rubem: A gente pode fazer um dia um... um seminário aí e... e... possa estender aí. Porque o Banco do Brasil no passado a ... teve muitos privilégios pelo fato de ser público, né? As folhas de pagamento vinham naturalmente pro Banco do Brasil ou pra Caixa. A administração do... a administração dos depósitos judiciais eram sempre do Banco do Brasil e da Caixa. Hoje, isso tudo é... é... processo de concorrência. Nós temos que pagar muito caro por esses antigos privilégios, que não são mais privilégios. E fica só o lado ruim de ser estatal, pesando no Banco do Brasil. Quer dizer, a gente não tem a mesma facilidade de contratação, a gente não tem a mesma facilidade de demissão de maus funcionários e… vai... vai por diante. Quer dizer, tudo tem que su... submeter ao governo, tem o Tribunal de Contas travando tudo, não é? Tribunal de Contas é, hoje em dia, é um... é uma usina de terror. Quer dizer, se... se a gente faz... se a gente faz alguma coisa tá arriscado a ir pra cadeia. Se não faz, é... é processado por inação, não é? Porque você não tomou as providências que tinha que ter tomado, então... então é vi... virou... virou um terror isso. Se ficar o bicho pega, se... se correr o bicho come. Agora, eu... eu que… se me permitem, eu queria fazer uma observação rápida sobre a área de… de medicina. Eu, eu acompanho os números diariamente. Eu vejo que a... os óbitos, eles chegaram a... a diários, passaram de duzentos durante algum… alguns dias. Quatro, cinco dias. Mais... mais de... de duzentas pessoas sendo mortas. De uns quatro, cinco dias pra cá, esses óbitos caíram bastante. Já não chegam mais na casa de duzentos. A minha sensação, de quem não é especialista no negócio, mas que observa os números, é que o tal do pico, o tal do famoso pico, que gerava tantas preocupações, a minha sensação é que esse pico já passou, né? Agora… Braga Netto: É que o senhor não viu o número que nós mostramos lá em cima, agora, mas isso é outra história. Senhores, sem querer cortar, muito obrigado a todos porque senão vou... não termina. (Risos). Um habeas corpus impetrado no STF (Supremo Tribunal Federal) por defensorias públicas de 16 estados requer, liminarmente, a concessão de soltura imediata de todas as mulheres presas gestantes, puérperas e lactantes (mães de crianças de até dois anos de idade) durante a pandemia do novo coronavírus. O documento é assinado pelas defensorias públicas de São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande Do Sul, Maranhão, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Rio De Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Alagoas e pelo Grupo de Atuação Estratégica das Defensorias Públicas Estaduais e Distrital nos Tribunais Superiores (Gaets). Os órgãos argumentam ser preocupante a possibilidade de contaminação de uma mulher pela Covid-19 durante a amamentação, o que pode levar a complicações que a afaste momentaneamente da criança. ""Se a pandemia já é assustadora para qualquer mulher gestante ou lactante em liberdade, mulheres aprisionadas ainda tem que lidar com um ambiente altamente disseminador da doença"", diz o texto, que destaca restrições de acesso a médicos, enfermeiras, remédios e bens materiais essenciais, o que agravaria os riscos durante o período. As defensorias ainda destacam que mulheres presas têm apenas seis meses de convivência com seus filhos antes de terem o vínculo interrompido de forma abrupta. ""Manter mulheres gestantes e lactantes em situação de prisão durante uma pandemia sem motivação idônea para tanto configura não só uma violação do direito à liberdade, mas claro tratamento cruel, desumano e degradante"", argumentam. O habeas corpus pede a garantia a liberdade provisória ou prisão domiciliar a todas aquelas que estão presas preventivamente e prisão domiciliar ou regime aberto domiciliar as que já estejam cumprindo pena por decisões condenatórias transitadas em julgado ou não. Nascido no interior de São Paulo, Luiz Roberto de Souza mudou-se para São Luís do Maranhão em 1992 para dar aulas na universidade federal e acabou ficando uma vida inteira, até a sua morte no dia 29 de abril, aos 67 anos, em decorrência de complicações do novo coronavírus. Conhecido como Luiz Pazzini —nome artístico em homenagem à sua mãe, Elza Pazinni, hoje com 92 anos—, foi ator, bailarino, diretor de teatro e professor da Universidade Federal do Maranhão. Ele foi responsável pela fundação do curso de licenciatura em teatro, em 2005, e um dos defensores da criação de um prédio para o departamento de artes cênicas, hoje em construção. Pazzini nasceu em Severínia, onde a família ainda vive. “Para nós, ele era o tio Luiz, aquele homem sensível, engraçado, cheio de luz, que quando visitava só trazia uma mochila nas costas. Para eles, no Maranhão, era um baita de um ator, mas a gente pouco sabia dessa grandiosidade”, diz Andrea Frasato, casada com o sobrinho de Pazzini, Flavio. Pazzini dirigiu o grupo teatral Cena Aberta por quase 20 anos e virou figura de destaque na cena cultural maranhense. “Ele se apaixonou pela cidade e, mais do que isso, se apropriou dos elementos da cultura do estado para suas produções artísticas. Seu trabalho vai virar uma referência”, aposta Francisco Gonçalves, secretário estadual de Direitos Humanos e Participação Popular, e seu colega na universidade. “Era uma pessoa querida na cidade inteira, transmitia muita alegria e entusiasmo”, continua. O ator Wagner Heineck, 46, lembra-se de quando Pazzini o chamava para ir a um tambor de crioula ou um bumba meu boi em comunidades da periferia. “Eu sou 20 anos mais jovem e ele me tratava com uma igualdade fantástica, mesmo sendo um professor na universidade.” Além da idade que o coloca dentro do grupo de risco, Pazzini tinha histórico de pneumonia, foi fumante durante 30 anos e há dois colocou um stent após um infarto. “Ele parou de fumar e vinha se cuidando, mas ainda assim era vulnerável. Quando começou o isolamento, ele me ligou chorando dizendo que se ele pegasse morreria”, conta Heineck. A premonição se fez verdade. O amigo estava ao lado de Pazzini em seus últimos momentos, quando morreu na enfermaria de um hospital particular da cidade à espera de um leito na UTI. Ele diz que a piora em seu estado de saúde foi tão rápida que nem foi possível fazer o teste, mas que a médica garantiu que era coronavírus pelos exames. Para a família, a notícia foi um choque. “Não sabíamos que ele tava com a Covid-19, ele me mandou um vídeo fazendo teatro, daquele jeito engraçado dele. Ele não quis nos preocupar”, conta Andrea Frasato. Com mais dois amigos, Heineck fez uma live do enterro para que a família pudesse acompanhar. Além da mãe, ele deixa a irmã Aparecida de Lurdes, a Cidinha. O reitor da universidade, Natalino Salgado, planeja terminar as obras do prédio de artes ainda neste ano e deseja batizá-lo em sua homenagem. A ideia precisa ser aprovada pelo departamento, mas Salgado acredita que será bem recebida já que ele era muito querido dentro da instituição. Ao enfrentarmos o maior desafio sanitário dos últimos 100 anos —a pandemia do novo coronavírus— temos uma missão central: garantir a proteção à vida. As descabidas teses negacionistas, defendidas pelo presidente da República e seus apoiadores, trouxeram à população insegurança sobre a relevância das medidas preventivas, reduzindo a eficácia dos resultados. Em contraste com a atitude do presidente Jair Bolsonaro, os governadores têm usado todas as competências que lhes cabem, consoante a forma federativa de Estado, que alberga inclusive as competências comuns elencadas no artigo 23 da Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal fixou a interpretação constitucional acerca das atribuições dos governadores e dos prefeitos, rejeitando impulsos centralizadores e despóticos. A experiência do nosso estado, o Maranhão, mostra o quanto essas medidas preventivas são essenciais. Estudos científicos mostram que teríamos o dobro de casos confirmados e milhares de mortes adicionais caso seguíssemos a doutrina negacionista sobre o coronavírus. Chegamos, inclusive, a ter um nível altíssimo de restrições na Ilha de São Luís, visando conter a escalada de casos novos. Com orientações educativas e fiscalização, a medida revelou-se um sucesso, já que nesse período conseguimos reduzir a sobrecarga do sistema hospitalar de São Luís, com uma curva epidemiológica mais controlada e que hoje tende à estabilidade na nossa capital. Outra medida que pode ser utilizada pelos governadores é a requisição administrativa de leitos hospitalares privados, a fim de que haja prioridade máxima contra o coronavírus. A providência tem amparo no artigo 5º, inciso XXV da Constituição e nas leis 8.080/90 e 13.979/2020. Não há dúvida de que uma maior atuação conjunta entre os sistemas público e privado é fundamental, nesse quadro de pandemia, para a garantia da assistência à saúde de todos. Os governadores também estão lutando contra o colapso por falta de equipamentos e de recursos humanos. No Maranhão, realizamos várias operações internacionais e nacionais, abrangendo ações judiciais, para obter respiradores, e sei que há diversos outros estados com essa dificuldade. Com a queda dos indicadores da pandemia em outros países, seria muito útil se o governo federal buscasse uma maior cooperação internacional com o Brasil. Os gestores estaduais estão conscientes de que a vitória sobre o coronavírus está na união, e não na dissensão, independentemente de ideologias ou preferências partidárias. O valor da vida tem permitido o surgimento de uma grande frente de governadores, muito acima de contradições entre esquerda e direita. E estou certo de que esse é o caminho mais correto para o momento. Também estamos preocupados em cuidar das empresas e dos empregos. A Constituição concentra nas mãos do Executivo federal o poder de enfrentar a crise econômica, com as competências para emitir moedas e títulos, gerir grandes bancos e fundos, assim como garantir crédito ao setor privado, a juros baixos, com carência e prazos adequados. Essa deve ser uma linha de trabalho diário do presidente da República, e não a participação em aglomerações antidemocráticas, marcadas por absurdas ameaças aos poderes Legislativo e Judiciário, bem como por clamores em favor de intervenções militares e outros exotismos. O bom senso deve prevalecer. Mais de 100 mil brasileiros devem morrer de Covid-19, segundo especialistas e profissionais de saúde pública, que advertiram que a pobreza generalizada e a desigualdade social no país alimentarão um aumento explosivo dos casos. ""Não há dúvida de que o epicentro da pandemia está se deslocando para o Brasil. Mas aqui a pandemia encontrará uma população em condição muito, muito precária"", disse Alexandre Kalache, que já foi membro graduado da OMS (Organização Mundial de Saúde) e é presidente do Centro Internacional para Longevidade. ""Se seguirmos nessa curva, chegaremos a 120 mil mortes. Poderemos alcançar o total dos Estados Unidos nas próximas semanas."" Quase 19 mil brasileiros já morreram da doença, e o país continua registrando um número crescente de mortes por dia —hoje cerca de 900. Com mais de 290 mil infectados, o maior país da América Latina deve superar a Rússia nos próximos dias como o segundo país em número de casos no mundo. ""O Brasil está tendo certa dificuldade, não há dúvida"", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, a repórteres na terça-feira (19), acrescentando que pensa em proibir os voos do Brasil para os EUA. O surto continua apesar de esforços durante meses dos governadores estaduais para afastar o vírus, fechando suas economias e seus espaços públicos. ""Mesmo com todos os esforços feitos até agora, incluindo a expansão da oferta de leitos hospitalares, isso será insuficiente para o grau de evolução que estamos tendo no momento"", disse Bruno Covas, prefeito de São Paulo, que advertiu que no ritmo atual o serviço de saúde da cidade entrará em colapso dentro de duas semanas. A situação levou Covas a considerar expandir para ""lockdown"" (bloqueio completo) o atual fechamento de dois meses da maior cidade da América Latina. Os cidadãos ficariam proibidos de sair de casa. ""Comparado com outros lugares, é difícil entender por que há tanta transmissão da doença, dadas as medidas de distanciamento social. É uma coisa importante a se descobrir"", disse Christopher Murray, diretor do Instituto para Métrica e Avaliação de Saúde, nos EUA. Um estudo feito neste mês pelo instituto projetou que quase 90 mil brasileiros morrerão até o início de agosto em consequência da Covid-19. Esse número, entretanto, pode aumentar para mais de 193 mil dependendo das condições internas, conforme mostrou o mesmo estudo. Esses números são considerados conservadores, porque já há uma ampla subnotificação de mortes nas favelas superpovoadas do país, em cidades do interior e em comunidades na floresta. ""Há uma enorme subnotificação. Não temos ideia de quais são os números reais"", disse Kalache, segundo o qual a pobreza e as más condições de vida significam que os jovens também sejam vulneráveis à doença no Brasil. ""E falar em isolamento social nas favelas é risível. As pessoas vivem amontoadas."" O Brasil se classifica entre os países mais desiguais do planeta. A renda mensal média do 1% no topo da escala social, no ano passado, era mais de 33 vezes a renda média dos 50% no nível mais baixo. Apesar do alarme sobre a magnitude da crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro tem minimizado a importância da doença, incentivando a população a voltar às ruas e ao trabalho. Bolsonaro disse diversas vezes que 70% da população brasileira, de 211 milhões, acabaria se infectando com o coronavírus e que ""não há como fugir disso"". Essa abordagem o colocou em conflito direto com a maioria dos governadores do país, que estão mantendo medidas de distanciamento social apesar da pressão do governo federal. ""A maioria dos governadores manterá o isolamento social. Acreditamos que essa é a única maneira, acreditamos na ciência e na medicina"", disse João Doria, governador de São Paulo, o maior e mais rico estado brasileiro. ""Isso é exatamente o oposto do que recomenda o presidente Jair Bolsonaro. O Brasil enfrenta dois vírus: o coronavírus e o Bolsonarovírus."" Os comentários foram repetidos por Flávio Dino, governador do estado do Maranhão, no Nordeste, que disse: ""Bolsonaro insiste em criar confusão. Ele luta com todo mundo, menos com o coronavírus"". ""Ele quer jogar todos os problemas para os governadores. Acha que os doentes não são problema dele e quer culpar os governadores pela recessão e o desemprego, que existiam antes da pandemia."" A condução da pandemia pelo líder brasileiro já provocou a saída de dois ministros da Saúde. O último, Nelson Teich, foi substituído por um oficial militar, que não tem experiência em atenção à saúde ou no complexo sistema de saúde pública do Brasil. No início deste mês, Bolsonaro também emitiu um decreto dizendo que os salões de cabeleireiro e academias de ginástica são empresas essenciais e deveriam reabrir, mas o pedido foi ignorado pela maioria dos governadores. ""Foi um gesto fútil do presidente, mas um que visava provocar os que lutamos pelo isolamento social"", disse Arthur Virgílio, prefeito de Manaus, cidade pobre na floresta amazônica que foi especialmente atingida. A gravidade do surto combinada com a falta de uma resposta política coerente abalou a confiança das empresas e causou um mergulho da moeda nacional. Desde janeiro, o real caiu 32% em relação ao dólar. O PIB, enquanto isso, deverá cair 7% ou mais neste ano, segundo analistas. Em uma nota de pesquisa intitulada ""A casa em chamas do Brasil"", a Gavekal levantou a possibilidade de uma crise constitucional, em que o presidente ""buscaria poderes emergenciais para forçar uma abertura econômica"". ""O fato é que levamos um pouco mais de tempo para reagir que nossos vizinhos na América Latina, e tudo ainda está muito descoordenado e desorganizado"", disse Zeina Latif, uma importante economista. ""Por isso estamos sofrendo as consequências na economia, mas sem colher benefícios em termos de preparar o país para esta epidemia. Erramos muito no equilíbrio."" Colaborou Carolina Pulice Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves Maior força de trabalho na saúde, com mais de 2,3 milhões de pessoas, a enfermagem brasileira já teve ao menos 137 profissionais mortos pela Covid-19 e mais de 4.100 contaminados. As mortes representam 34% do total mundial e levaram o Brasil a liderar o ranking, segundo o Conselho Internacional de Enfermagem. Para a enfermeira intensivista Renata Pietro, 44, presidente do departamento de enfermagem da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), o país não valoriza esses profissionais que hoje estão na linha de frente da crise sanitária. “Não temos ninguém olhando pelos profissionais da enfermagem. Estamos numa guerra, defendendo arduamente o sistema de saúde, mas as tropas estão abandonadas no front, os soldados desarmados, mal pagos”, diz. Doutora em ciências da saúde, ela afirma que os profissionais estão fadigados com a sobrecarga de trabalho e abalados emocionalmente com a morte de colegas e o risco de contaminação, além de com os ataques sofridos. Agora, o corte de salários e as demissões que já acontecem em hospitais privados chegam como fatores a mais de angústia e estresse, segundo ela. “É um risco também para a qualidade da assistência prestada por eles.” A enfermagem concentra muitos mortos e contaminados pela Covid-19. O que explica isso? O cenário é muito complexo. Já tivemos problemas com a falta de EPIs [equipamentos de proteção individual]. Agora, há dificuldade de treinamento para esses profissionais. Os dados mundiais mostram que o maior risco é na hora da desparamentação. É o momento em que o profissional já está muito cansado com sobrecarga de trabalho e pode se contaminar. Os serviços de ponta têm orientado para que haja alguém para ajudar esse profissional na hora da desparamentação, para reduzir as chances de contágio. Sem contar que, quando a gente tem baixa desses profissionais extremamente qualificados, vamos perder mais pacientes também. Também falta testagem para esses profissionais. Um percentual muito pequeno está fazendo testes, o que os deixa mais expostos. E, claro, o vírus não está só no hospital, ele está circulando. Quando temos pessoas não acreditando que o isolamento social seja importante, que protege vidas, a gente, que está na linha de frente, continuará pagando o preço. Por conta da crise, hospitais privados já demitem e cortam salários, e o impacto maior é na enfermagem. É um desafio a mais? Sim, é um desafio não só para os orçamentos desses profissionais, que já lidam com baixos salários, mas também para a saúde mental. Eles já estão extremamente abalados, tendo que sair de suas casas, correndo o risco de serem contaminados. É um risco também para a qualidade da assistência prestada por eles. Os gestores devem avaliar as medidas com muita prudência e equilíbrio. A gente não pode permitir que o argumento do desemprego, da crise da Covid, sirva de suporte e suposta justificativa para restringir direitos. Será que esse é o momento de reduzir salários, sem acordo coletivo, de um pessoal que está na linha de frente de uma pandemia? A enfermagem também vem sendo vítima de atos de hostilidades. Falta valorização desses profissionais? O que aconteceu no dia 12 de maio, no Dia Mundial da Enfermagem, deixou muito evidente o quanto o país não olha para esses profissionais que estão no front, prestando cuidados. No mínimo, esperávamos que o presidente Jair Bolsonaro tivesse feito uma menção de agradecimento a essas pessoas. Nenhuma palavra. Até o Donald Trump [presidente dos EUA], um dia antes da data, chamou representantes de profissionais da enfermagem na Casa Branca e os parabenizou. No Brasil, o único que veio a público, numa live no dia 13 de maio, nos parabenizar e nos apoiar foi o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. No mesmo dia, recebemos uma cartinha da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, dizendo que admira o esfoço e o trabalho das equipes de enfermagem no Brasil. Até a duquesa consegue reconhecer os esforços dos nossos profissionais, e o presidente da República não consegue ir para a TV e falar: 'Boa noite, enfermagem, obrigado, parabéns'. No governo, hoje, não temos ninguém olhando por esses profissionais da enfermagem. Estamos numa guerra, estamos defendendo arduamente o sistema, mas as tropas estão abandonadas na linha de frente, os soldados desarmados, mal pagos. Ninguém se recusou a ir para o front. Isso vem a se somar a hostilidades como os ataques ocorrido durante um protesto pacífico em Brasília [que homenageava os mortos e pedia isolamento social]. No Maranhão, houve relatos de motoristas de táxi se negando a transportá-los. A sensação é que a população nem sabe direito o que esses profissionais fazem e a importância deles. O que faz, por exemplo, o enfermeiro dentro da UTI? A triagem e o cuidar dentro da terapia intensiva dependem desses profissionais. Ele ajuda em todo o manejo dos doentes críticos. Desde o cuidado de pausar a dieta, observar se a cabeceira está elevada, até fazer toda a interface entre todos os profissionais, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos. A ventilação mecânica é um ato médico, mas ele precisa de ajuda e suporte do enfermeiro muito bem treinado. O médico trata, o fisioterapeuta tem o olhar para a ventilação e a mobilização desse paciente. Mas o enfermeiro intensivista tem que ter um olhar aguçado frente a toda a assistência do doente crítico. Quando colocamos o paciente em posição de prona [de barriga para baixo] para melhorar a capacidade ventilatória do pulmão, isso exige uma tarefa milimétrica e delicada dos profissionais. Não é qualquer um que consegue isso. Tem que ter cuidado com o tubo que está na boca, a sonda que muitas vezes está no nariz, com a pele para não ter lesão. É esse profissional que avisa ao médico que o paciente está mudando de oxigenação. Por isso, a OMS [Organização Mundial da Saúde], o NHS [sistema de saúde inglês] têm um olhar diferenciado para a enfermagem. Esse profissional bem treinado, bem capacitado, muda o desfecho do paciente crítico. E não é um profissional que se forma rápido, certo? Não, um enfermeiro de terapia intensiva bem formado leva no mínimo mais dois anos de atuação dentro da UTI. A gente não forma esse profissional com curso EAD [educação a distância] e em plataforma do Ministério da Saúde. Esse cara para ser bem formado em cuidados críticos leva tempo. Mas hoje terapia intensiva não é cadeira obrigatória dentro da grade curricular dos cursos de enfermagem. Essa pandemia mostra que vamos ter que resenhar isso, que tem que ser obrigatória. Não basta os alunos só olharem como funcionam uma UTI, vamos precisar colocá-los ali dentro, ter habilidade mínima de cuidado técnico e científico desses pacientes. Qual é a fotografia do momento da enfermagem? Estamos acumulando as angústias dos cidadãos comuns. Estamos mais expostos ao risco de contaminação e ainda lidando com a falta de EPIs, em alguns locais, com sobrecarga de trabalho, com a morte de colegas. Estudos feitos em outras tragédias apontam que esses profissionais apresentam níveis intensos de fadiga e, posteriormente, desenvolvem quadros de depressão. Se a gente não cuidar desses profissionais, podemos perdê-los, ou para a Covid ou para o estresse, a fadiga, o burnout, que muitos já enfrentam. Quando é que o Estado maior vai olhar para essas pessoas e pensar como acolhê-las? Ainda persiste a falta de EPIs? Em alguns lugares, sim. Na capital de São Paulo, estamos bem abastecidos. A preocupação é com a questão dos leitos de UTI, estamos com 90% de ocupação da cidade. Na terapia intensiva, a sobrecarga do trabalho e as jornadas têm sido exaustivas. O manejo desse doente Covid crítico exige muito da capacidade física, mental e emocional dos profissionais da UTI. Ele satura muito rápido, a hemodinâmica altera muito rápido. É todo mundo grave ao mesmo tempo. Você investe, investe e, quando você começa a perder muita gente jovem, colegas, isso mexe muito com o emocional das pessoas. Esses profissionais são fundamentais, padrão ouro do cuidado, não podemos perdê-los. Não adianta fazer o governo federal ter projeto contando com recém-formados porque essas pessoas não vão dar conta. Esses profissionais têm recebido algum suporte emocional? Varia muito. Em instituições acreditadas, esse suporte já faz parte da rotina. Mas quando a gente olha o sistema como um todo, por exemplo, aquele hospital de campanha no Maracanã, com profissionais dormindo no chão, relatos de que água chega para um grupo e o outro não, é de uma crueldade sem fim. Nessa pandemia, várias empresas privadas também têm oferecido serviços online de suporte emocional. Mas isso tinha que ser política pública, estar dentro da cultura dos hospitais. Como a enfermagem avalia esse vácuo no Ministério da Saúde e essa polêmica toda em torno da cloroquina? O [ex-ministro da Saúde] Nelson Teich saiu mais condecorado do que entrou. Saiu justamente porque a ciência não conseguiu prevalecer. Entre os profissionais, ninguém admirava o cara, mas ele foi ponta firme em fazer valer as evidências científica sobre a cloroquina. Como você pode defender um remédio em que 33% dos doentes fazem arritmias? Morrem em casa vendo TV? É um absurdo. Há dois projetos da enfermagem, o piso nacional e a jornada de 30 horas, que não avançam no Congresso. Qual a razão da dificuldade? A pauta da jornada de 30 horas é um projeto que está parado no Congresso há 20 anos. Não dá quórum porque há uma bancada na defesa dos interesses políticos e econômicos dos hospitais privados. Quando se fala que a jornada tem que ser de 30 horas, e não de 40, é preciso dar folga para esse cara e contratar uma pessoa a mais. A OMS preconiza que profissionais que lidam com situações de estresse, pressão e trabalham com a vida e morte necessitam que a jornada de trabalho aconteça por 30 horas semanais. O médico já tem a sua jornada regulamentada, fisioterapeuta tem, o psicólogo tem. E o maior contingente da saúde, que são os profissionais da enfermagem, não tem. O cara que só pensa no lucro, que não quer dar um descanso maior a esse profissional, não pensa que pode possibilitar uma menor risco de erro, uma prática assistencial mais segura para a população. Com o piso é um pouco diferente. Como os estados têm um quantitativo, um é mais rico e o outro mais pobre, não consegue colocar um piso salarial. Mas sobre a jornada é mais factível. O que essa pandemia traz como aprendizado? Com saúde, a gente não se brinca. Por mais que os interesses do mercado tenham levado a essa quantidade de cursos de graduação em enfermagem a distância, a pandemia mostra que precisamos de profissionais bem formados, capacitados. Esses cursos online são o fim da picada. Não tem como. Se você não ver, não apalpar uma veia, você nunca vai saber cuidar. A enfermagem precisa ser reconhecida e valorizada. e a formação qualificada é fundamental e urgente. Renata Pietro, 44, enfermeira intensivista há mais de 20 anos, preside o departamento de enfermagem da Amib (Associação de Medicina Intensivista Brasileira). Doutora em ciências da saúde, é fundadora da Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva e embaixadora da Federação Mundial de Enfermagem em Cuidados Críticos. É presidente licenciada do Coren (Conselho Regional de Enfermagem) e diretora de enfermagem licenciada na Unidade de Terapia intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo Acompanhe os acontecimentos relacionados à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, que recebeu o nome de Sars-Cov-2. - A rotina dos profissionais que não podem parar de trabalhar - Mapa mostra disseminação da doença no Brasil e no mundo - Confira perguntas e respostas sobre o novo coronavírus - Quais são os sintomas do novo coronavírus? - Vídeo mostra como lavar as mãos; saiba como se proteger - Onde procurar informação oficial sobre o coronavírus - O que se sabe até agora sobre cloroquina, hidroxicloroquina Leia reportagens anteriores sobre o novo coronavírus Doze capitais brasileiras já possuem ocupação superior a 80% dos leitos de terapia intensiva para Covid-19 da rede estadual e enfrentam um cenário crítico no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. No Rio de Janeiro e no Recife, há fila de pacientes aguardando por uma vaga. Em Natal e Rio Branco, a ocupação já é de 100% dos leitos públicos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19. Cidades como Belém e Fortaleza têm nove em cada dez leitos de UTI ocupados. Em São Paulo, Salvador, São Luís, João Pessoa, Vitória e Manaus, pelo menos 80% dos leitos estão com pacientes. Dentre os estados, o cenário é mais grave em pelo menos nove: Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Pará, Maranhão, Amazonas, Acre, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, com ocupações entre 78% e 96%. Enfrentando entraves como a falta de médicos, enfermeiros e equipamentos como ventiladores pulmonares, a maior parte dos estados perdeu fôlego na expansão dos leitos de terapia intensiva. Entre 11 e 18 de maio, foram abertos ao menos 876 novos leitos no sistema público de saúde. No Recife, a prefeitura enfrenta dificuldades para ampliar a rede de atendimento. Apenas 40% dos 313 novos leitos de UTI destinados a pacientes com síndrome respiratória aguda grave estão em funcionamento. Faltam profissionais de saúde, incluindo médicos, e equipamentos em 188 leitos que estão com estrutura física já pronta nos hospitais de campanha instalados pelo município. O Ceará tem 91% de ocupação de leitos de UTI, percentual que chega a 93% na capital. Mesmo com a gravidade dos números, o governador Camilo Santana (PT) afirmou nesta terça-feira (19) que o cenário começa a se estabilizar em Fortaleza. “Nossos especialistas avaliam tendência de estabilidade no quadro da capital, neste momento. O que chega a ser um alento, embora com muita precaução”, afirmou Santana. A preocupação agora é com o avanço da doença pelo interior, onde cidades como Sobral e Quixeramobim possuem alta ocupação. Nesta semana, o governo recebeu 200 novos respiradores e promete expandir a rede de atendimento de pacientes graves no interior. No Maranhão, onde foi decretado bloqueio total na capital e em outras três cidades, a ocupação dos leitos de UTI segue em patamar crítico, avançando de 78% na semana passada para 86% nesta terça. Na capital, São Luís, a proporção de leitos de UTI com pacientes de Covid-19 é ainda maior, com 88% dos 225 ocupados. Nos últimos dias, a capital teve um incremento de 42 leitos para auxiliar no combate à doença. O Rio Grande do Norte também passou a fazer parte do grupo dos estados em situação mais complicada. Em Natal, 100% dos 22 leitos para pacientes graves estão ocupados há pelo menos uma semana. A capital potiguar ainda tem 27 leitos de UCI (Unidade de Cuidado Intensivo) para pacientes com síndrome respiratória aguda grave, mas apenas um estava disponível nesta terça. Em Rio Branco, no Acre, o a situação é semelhante. Todos os 27 leitos para pacientes graves estão ocupados. Os sete leitos de UTI no interior, na cidade de Cruzeiro do Sul, também estão cheios. Na Bahia, que tem 65% dos leitos ocupados, Salvador já tem pacientes em 85% dos leitos públicos de UTI. ""Nós nos aproximamos da saturação do sistema de saúde”, afirmou o prefeito ACM Neto (DEM). A prefeitura estima que Salvador deve atingir o colapso nesta quinta-feira (21), com ocupação total dos leitos públicos de UTI. O estado de São Paulo chegou a 5.147 mortes por Covid-19 nesta terça, o que levou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus e diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, a afirmar que o estado está perdendo a batalha contra o vírus. Nesta segunda-feira (18), 3.900 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 estavam internados em leitos de terapia intensiva. A taxa de ocupação de leitos de UTI era de 69,8% no estado e de 89,3% na Grande São Paulo. O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, disse que o estado aguarda a habilitação de 1.800 leitos de UTI pelo Ministério da Saúde. Boa parte deles será aberta no interior, onde é observada uma aceleração da doença. O Rio de Janeiro, que chegou à beira de um colapso no início do mês e depois teve um alívio com a inauguração de três hospitais de campanha, voltou a um patamar preocupante: 90% dos 583 leitos em unidades de terapia intensiva estaduais estavam ocupados nesta terça (19). Na capital, porém, a situação melhorou. O índice passou de 97% duas semanas atrás para 83% nesta segunda em toda a rede SUS da cidade (municipal, estadual e federal). A fila por vagas no estado continua alta, com 335 pessoas aguardando por uma transferência para UTIs públicas. Muitos leitos intensivos prometidos em hospitais de campanha ainda não ficaram prontos. Até agora, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) abriu apenas 30 de 100 vagas anunciadas e o governador Wilson Witzel (PSC), 180 de 990 —falta inaugurar seis unidades estaduais que estão atrasadas. Dentre os estados do Norte, além do Acre, a situação segue crítica no Amazonas e no Pará. Neste último, embora tenha havido um incremento de 113 novos leitos públicos na última semana, a taxa de ocupação segue crescendo, passando de 77% para 84%. Na capital, Belém, a ocupação chega a 95%. Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás registram uma ocupação de leitos acima de 60%. Os dois últimos, contudo, registraram forte crescimento da demanda por leitos na última semana. No Distrito Federal, a situação é mais tranquila, com ocupação de 38% UTIs públicas exclusivas para os pacientes do novo coronavírus. Com 4.618 casos e 66 mortes, o Distrito Federal abriu 80 novos de leitos de UTI exclusivos para a Covid-19. A melhora na estrutura se dá em meio a um aumento na velocidade de transmissão de vírus na capital federal, justo quando o governo planejou promover uma abertura maior de sua economia. A Solar Coca-Coca, segunda maior fabricante do Sistema Coca-Cola no Brasil, segue com ações para auxiliar as instituições governamentais no combate aos impactos da Covid-19. Nesta semana, a empresa anunciou a doação de 120 mil litros de água a profissionais de saúde de dez estados. As ações ocorrerão em 23 hospitais que tratam de pacientes infectados pelo novo coronavírus em todos os estados Nordeste e no Mato Grosso, regiões de atuação da Solar. Cada estado receberá 12 mil litros de água. Confira a listagem completa abaixo: De acordo com o diretor de relações externas da Solar, Fábio Acerbi, as doações fazem parte de uma série de ações da empresa na busca de exercer um papel de cooperação no enfrentamento à pandemia da Covid-19. Além da água, a indústria também doou milhares de garrafas plásticas para envase de álcool, cestas básicas e produtos de seu portfólio. À medida que os casos confirmados do novo coronavírus passaram a se multiplicar no Brasil, autoridades municipais e estaduais começaram a adotar medidas de isolamento social. As iniciativas foram criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro e se tornaram mais um capítulo no cabo de guerra entre membros do Executivo. No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) vinha estudando o lockdown para a capital São Luís quando a Justiça se antecipou e determinou o fechamento da região metropolitana. A capital tinha atingido dias antes 100% de ocupação dos leitos de UTI na rede pública estadual. Para além das decisões sobre fechar ou deixar abertos os negócios, o governador maranhense tem se destacado entre as vozes críticas a Jair Bolsonaro e é cotado até entre possíveis nomes da esquerda para a eleição presidencial de 2022. Ele defende a construção de uma frente ampla que una seu grupo político nomes de centro e direita. No Café da Manhã desta quarta-feira (20), Dino fala de política e também sobre como seu estado tem lidado com a pandemia. O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando abaixo. Para acessar no aplicativo basta se cadastrar gratuitamente. Ouça o episódio: O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é conduzido pelos jornalistas Rodrigo Vizeu e Magê Flores, com produção de Jéssica Maes e Renan Sukevicius. A edição de som é de Thomé Granemann. Médicos da rede pública em algumas regiões do país se dizem pressionados pela crescente recomendação para que prescrevam a cloroquina a pacientes infectados pela Covid-19. Na rede privada, a indicação pelo uso da droga também aumenta e já faz parte de protocolos de alguns planos de saúde. A pressão pelo uso do medicamento aumentou após a demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde. O ex-ministro deixou a pasta por discordar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre sua prescrição. Em resposta à influência crescente de médicos alinhados às opiniões do presidente, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) divulgou documento afirmando que a cloroquina não tem eficácia comprovada contra o coronavírus e reforçou com seus profissionais o fato de que eles não são obrigados a prescrever a droga. A SBMFC representa os médicos que atuam em 47,7 mil equipes de atenção básica no Brasil, 80% delas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O conflito entre médicos pró e contra o uso da cloroquina se acirrou principalmente nos estados onde os leitos de UTIs na rede pública estão chegando ao fim, deixando a utilização do medicamento como uma das poucas opções. A recomendação para a utilização da cloroquina cresce apesar da falta de estudos completos que corroborem sua eficácia e minimizem os efeitos colaterais, como arritmias que já levaram pacientes à morte. Centenas de médicos em todo o país, no entanto, vêm se unindo a favor do uso precoce da cloroquina em manifestos como o “Médicos pela Vida na Covid-19”, uma plataforma que permite e estimula o apoio à prescrição do medicamento via grupos de WhatsApp. No Recife, outro grupo de médicos autodenominado “Doutores de Verdade” passou a ser investigado em sigilo pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco por distribuir cloroquina em comunidades pobres. Segundo a médica de família Rafaela Pacheco, o grupo chegou a promover “caravanas de doações” da droga em atendimentos sem prontuários médicos. “Isso se espalhou também para Caruaru e Petrolina [no interior] sob a alegação do sucesso da experiência no Recife”, diz Pacheco. Entre as promotoras do grupo está a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC-PE), ferrenha apoiadora de Bolsonaro e de manifestações contra o isolamento social. Procurada pela reportagem, ela não respondeu. Em outros estados, como Piauí e Maranhão, os próprios conselhos regionais de medicina chegam a apontar dosagens específicas para o uso da cloroquina em pacientes com coronavírus. Em Pernambuco, a rede privada Unimed também incluiu o medicamento no protocolo geral de atendimento de pacientes, medida tomada também em outros estados. No documento distribuído a seus profissionais, a SBMFC afirma que várias pesquisas e ""uma centena de estudos primários permite concluir que as evidências disponíveis no momento não são suficientes para recomendar o uso de hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina ou suas associações no tratamento de Covid-19”. Segundo Denize Ornelas, diretora da SBMFC, a “polarização política no país invadiu a esfera médica” nessa questão. Segundo ela, a decisão da entidade pela divulgação do documento serve para tentar “blindar"" os profissionais que não quiserem prescrever a droga. Ornelas teme, no entanto, que sem leitos de UTI e com o governo federal recomendando intensamente a cloroquina, muitos pacientes acabem exigindo o medicamento. “Em vez de ajudar, a cloroquina usada precocemente pode causar problemas que não existiam”, diz. Em entrevista à Folha, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta previu que o uso indiscriminado da cloroquina poderá aumentar o número de mortos pelo coronavírus em casa. Nesta segunda (18), a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também divulgaram diretrizes para a Covid-19 contrárias ao uso de rotina de cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina. Em contraposição, o grupo “Médicos pela Vida na Covid-19” afirma que, ""no Brasil, ainda estamos incrivelmente apegados à ideia equivocada, preconizada no início da pandemia: agir com isolamento social e restringir o tratamento medicamentoso apenas para casos mais graves (…) enquanto que boa parte do mundo já reconheceu o equívoco terapêutico inicial e passou a estabelecer o uso medicamentoso bem precoce”. Segundo o artigo 113 do Código de Ética Médica, do Conselho Federal de Medicina, é proibido “divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente”. Até agora, com base nas pesquisas disponíveis, esse continua sendo o caso do uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. A rede de churrascarias Fogo de Chão, frequentada pela elite carioca, dispensou centenas de funcionários, pagou apenas uma parte das verbas rescisórias aos demitidos e, no Rio, atribuiu ao governo do estado o pagamento do valor restante. A empresa diz que foram 436 demissões no país, 114 delas no Rio. Ex-empregados ouvidos pela reportagem afirmam que foram mais de 600. A Fogo de Chão tem oito unidades no Brasil e mais 44 no exterior, nos Estados Unidos, Porto Rico, México e também no Oriente Médio. A rede pertence ao fundo de investimentos norte-americano Rhône Capital. A churrascaria não é a primeira empresa no estado a demitir e responsabilizar o governo pelo pagamento dos direitos dos ex-empregados. A rede de pizzarias Parmê, com mais 30 lojas, usou a mesma justificativa na demissão de funcionários. Baixar as portas e funcionar apenas com entregas já eram medidas esperadas pelos funcionários da rede, ao ser instituída a primeira quarentena no estado, em março. O que os empregados não esperavam é que a empresa os demitisse sem o pagamento de aviso prévio e sem o valor total da multa de 40% do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Funcionários da churrascaria no Rio dizem que a Fogo de Chão usou como argumento para o não pagamento das verbas o artigo 486 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O artigo citado diz que o governo será responsável pelo pagamento de indenizações se a empresa tiver sido prejudicada por uma decisão das autoridades que impossibilite a continuidade da atividade. Nesse caso, ficaria configurado o motivo de força maior. O uso desse artigo para justificar o não pagamento das rescisões é visto com ressalva por advogados trabalhistas. Ex-empregados dizem que quem não foi demitido sofreu redução de salário e de jornada de trabalho, medida autorizada pelo governo federal na Medida Provisória 936. Barman da unidade Botafogo, restaurante com vista para a Baía de Guanabara, na zona sul do Rio, Felipe de Castro, 39, trabalhou no local por mais de quatro anos. Ele assinou a demissão no dia 4 de abril e diz que se sentiu enganado pelo restaurante. Ele estima que deixou de receber R$ 6.000. ""Começou a pandemia e eles deram dez dias de férias. No término, chamaram a gente e comunicaram que iam nos despedir. Nesse dia, avisaram que pagariam tudo, menos o aviso prévio. Assinamos os documentos e depois vimos que a multa não era de 40%, e sim de 20%, e que o restante quem pagaria era o governo [segundo a churrascaria]"", contou. ""Trabalhamos duro lá. Nunca recebemos os valores correspondentes a feriados. Hora extra era um jogo de faz de conta e, no final, ainda não pagaram tudo. Até entendo a demissão, mas poderiam nos pagar. Imagine o quanto eles economizaram às custas dos direitos dos funcionários. O restaurante sempre funcionou no azul [sem deficit de caixa]"", disse. O ex-funcionário afirmou que sentia orgulho de trabalhar no local, mas que agora pretende acionar a empresa na Justiça. ""Usaram de má-fé para se aproveitar do momento"", concluiu. Por causa da demissão repentina, sem aviso, Castro retornou a Milton Brandão, no Piauí, para viver com os pais, pois diz que se manter no Rio é muito caro. Quem também precisou arrumar as malas e deixar a capital carioca foi Fernando Oliveira, 24. Ele deixou o Maranhão para trabalhar na Fogo de Chão no Rio, onde permaneceu por nove meses. Com a demissão, retornou para a casa da família, em Olho d'Água das Cunhãs (MA). Oliveira disse que não acionará a empresa na Justiça porque tem esperança de voltar a trabalhar no local. ""Criei uma amizade muito grande com dois gerentes, eles me ajudaram muito. Sei que eles não têm culpa disso. Mas outras pessoas acima deles foram covardes com os trabalhadores da Fogo de Chão. Assim como eu, muitos amigos davam o seu melhor, e eles fizeram isso"", disse. Procurada, a Fogo de Chão disse por meio de nota que, à medida que os restaurantes reabrirem e a economia melhorar, vai recontratar gradualmente a equipe. ""O zelo por nossos colaboradores sempre foi compromisso central da filosofia de trabalho da Fogo de Chão. Reforçamos que atuamos seguindo as normas do artigo 486 da CLT, indenizando os membros da nossa equipe de acordo com a lei para que todos tivessem acesso ao pagamento de férias e 13º salário, além do acesso ao FGTS e seguro-desemprego"", disse a companhia. A advogada trabalhista e professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Carolina Monteiro de Castro explica que a dispensa baseada no artigo 486, conhecido como fato do príncipe, ocorre quando a empresa é obrigada por decisão do governo a paralisar suas atividades. No entanto, ela ressalta que a empresa precisa provar à Justiça que não tinha condições de funcionar e que não houve oportunismo. ""Vale lembrar que as autoridades governamentais também podem ser chamadas nesse processo. Se a autoridade falar que essa empresa está errada, que não fechou totalmente, por exemplo, é uma prova nos autos [a favor do funcionário]"", disse. Segundo ela, funcionários que se sentirem lesados podem recorrer à Justiça em ação individual ou coletiva. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avalia, em meio à pandemia do novo coronavírus, se vetará ou não trecho da proposta aprovada pelo Congresso que permite aumento salarial do funcionalismo público, ao menos oito estados já deram reajuste neste ano. O Distrito Federal e outras três unidades da federação –Amapá, Rondônia e Roraima– tiveram autorização do Congresso na quarta-feira (13) para conceder aumento a policiais civis, bombeiros e militares. Entre os estados que reajustaram os salários dos servidores (em alguns casos graças a projetos aprovados no ano passado para categorias específicas) estão Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná e São Paulo. Mato Grosso se destaca com o maior índice. O governador Mauro Mendes (DEM) aprovou na assembleia legislativa aumento de 100% no subsídio de presidentes de autarquias e fundações do estado e reitor da UNEMAT, a universidade estadual. Os gestores e presidentes destes órgãos recebiam R$ 9,3 mil. Após o reajuste, passarão a ganhar R$ 18,2 mil. O projeto ainda garante aumento no valor de gratificação para 1.700 servidores efetivos em cargos de confiança. Os secretários estaduais terão suas gratificações de 35% para 70% do valor do salário. O extra renderá R$ 12,7 mil. A mesma porcentagem valerá para secretários-adjuntos e servidores que recebem R$ 9,3 mil. Passarão a ganhar mais R$ 6,5 mil. Também haverá aumento de 80% a 90% para o servidores que atuam em cargos em comissão e funções de confiança. Os reajustes nas gratificações entram em vigor a partir de junho, quando se encerra o período de calamidade pública instituída em março no âmbito estadual. O aumento salarial de presidentes de autarquias e fundações foi efetivado já neste mês. Por meio de nota, o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, justificou o expressivo reajuste. ""É mais barato aos cofres públicos que um servidor efetivo receba uma porcentagem para exercer o cargo de confiança do que contratar um comissionado de fora, que obrigará o estado a pagar o valor integral‘, diz trecho da nota. O governador ainda afirma que, com o aumento da gratificação, servidores de carreira aceitarão ocupar os cargos de confiança, o que, segundo ele, reduziria risco de desvio ético. “O funcionário de carreira, exercendo cargo de confiança, tem muito a perder, diferente do comissionado, que vem de fora”, alega. Com propostas aprovadas no ano passado, Paraíba e Paraná concederam reajuste linear a todos os servidores com índices de 5% e 2% respectivamente. Na Paraíba, o reajuste passou a valer em janeiro. No Paraná, desde março. Em Goiás e no Maranhão, a única categoria que obteve aumento foi a de professores da rede estadual. Segundo a assessoria do governo de Goiás, o aumento se deu por conta da lei do magistério, que aumentou o vencimento para R$ 2.557,74. “A correção foi aplicada em janeiro de 2020 e, em Goiás, contemplou os servidores que tinham remuneração menor que o piso previsto pelo Ministério da Educação”, diz a nota. O índice reajustado foi de 4,17%. Já no início deste mês, o governador Ronaldo Caiado (DEM) incluiu no projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2021, o congelamento de salários até o final do ano que vem. Em Minas Gerais, Pará e São Paulo houve aumento para policiais civis, militares e bombeiros que havia sido negociado no ano passado. O presidente Jair Bolsonaro disse na quinta-feira (14) que deverá fazer uma videoconferência com governadores nesta semana para tratar do projeto de socorro aos estados aprovado pelo Congresso. Bolsonaro conversou sobre o texto que destina auxílio financeiro aos gestores dos estados em reunião, na semana passada, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). ""Ficou pré-acertado que [ele] pretende, juntamente comigo, faremos uma vídeoconferência com os governadores de todo o Brasil e aí sairá um compromisso no tocante a possível veto ou não de artigos desse projeto"", explicou o presidente em entrevista na frente ao Palácio da Alvorada. Estados que concederam Goiás 4,17% Desde janeiro Categoria beneficiada: professores Maranhão Escalonamento de 5% a 17% Desde março Categoria beneficiada: professores Mato Grosso Até 100% Desde maio em alguns casos (presidentes de autarquias e fundações) Categorias beneficiadas: cargos de comissão, presidentes de autarquias e fundações e servidores efetivos Minas Gerais 13% A partir de julho Categorias beneficiadas: policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários Pará 4,5% Desde março Categorias beneficiadas: policiais militares e bombeiros Paraíba 5% Desde janeiro Categorias beneficiadas: todo o funcionalismo público Paraná 2% Desde março Categoria beneficiada: todo o funcionalismo público São Paulo 5% Desde janeiro Categorias beneficiadas: policiais militares, civis, técnicos- científicos e agentes de segurança penitenciária Distrito Federal, Amapá, Rondônia e Roraima São os estados autorizados pelo Congresso a conceder reajuste a policiais civis, militares e bombeiro Apesar do agravamento das finanças públicas em decorrência da pandemia do coronavírus, vários deputados federais mantiveram altos gastos com a cota parlamentar, o que inclui reembolso por consumo de milhares de litros de combustível, diárias em hotéis e até impulsionamento de conteúdo particular no Facebook. O dinheiro público desembolsado desde de 20 de março, período em que a Câmara deixou de fazer sessões presenciais, para reembolso de despesas exclusivamente relacionadas à atividade parlamentar caiu 60% em relação a igual período de 2019, mas somava quase R$ 13 milhões até o dia 11 deste mês. Campeã de gastos no período, a deputada Shéridan (PSDB-RR) consumiu R$ 87 mil, incluindo hospedagem em hotel em Fortaleza em um fim de semana de março. Embora seja muito ativa nas redes sociais, não há menção em seus perfis de atividade parlamentar em Fortaleza nesse período. A deputada também usou R$ 16,4 mil para aluguel de carros e outros R$ 20 mil para pagamento a um escritório de advocacia que lhe deu apenas dois pareceres, segundo a nota fiscal. Procurada por meio de sua assessoria, a deputada não respondeu às perguntas. O campeão de gasto com combustível no período de distanciamento social foi Professor Alcides (PP-GO), que cobrou ressarcimento de R$ 24 mil pelo aluguel de dois carros, além de R$ 12 mil para abastecimento. Ele afirmou que há anos desenvolve ampla ação social em Goiás e que o custo de transporte e combustível se deve à distribuição de cestas básicas. “Investi recursos próprios da ordem de R$ 300 mil só na aquisição dessas cestas de alimentos”, afirmou. Vice-campeões nesse tipo de gasto, Flaviano Melo (MDB-AC) e Marreca Filho (Patriota-MA) também declararam gasto de quase R$ 12 mil de combustíveis em dois meses, valor suficiente para cada um, em média, encher todos os dias o tanque de um carro com capacidade para 50 litros. Eles não responderam. Sexto no ranking de gasto geral, Delegado Antônio Furtado (PSL-RJ) afirmou que o contrato de aluguel de automóveis foi firmado anualmente, sem possibilidade de cancelamento e que há queda nos valores em comparação ao período anterior à pandemia. “Mesmo com as votações acontecendo de maneira remota, o deputado tem mantido uma rotina de trabalho, respeitando todas as diretrizes de segurança e distanciamento, com reuniões e visitas a prefeitos e secretários de saúde do estado do Rio de Janeiro”, disse sua assessoria. O deputado Boca Aberta (Pros-PR), o sétimo que mais utilizou a cota parlamentar no período (R$ 71,2 mil), teve entre seus gastos R$ 19 mil para locação de veículos e abastecimento de combustível. Cobrou também da Câmara reembolso de R$ 50,6 mil por divulgação da sua atividade parlamentar, incluindo R$ 18,5 mil pagos ao Facebook para impulsionamento (ampliação do alcance) de posts de sua página oficial, alguns de caráter particular. As notas fiscais apresentadas à Câmara mostram que Boca Aberta usou R$ 100 para impulsionar post de 26/3 em que aparece em uma selfie ao lado da mulher, com a legenda: “Clima fresquinho... quarentena longe de acabar... é momento de reflexão e de aproveitar o tempo com a família”. Em outro post naquele mês, cujo impulsionamento também custou R$ 100 aos cofres públicos, relata um passeio no shopping com a neta. À Folha o deputado primeiro negou usar dinheiro público nesses posts. Depois, disse que, apesar de as regras da verba proibirem uso para fins particulares, considera correto o gasto, pois se trata de sua página oficial do Facebook. “A Câmara não determina: ‘Esse post está regulamentado para impulsionar ou não, esse pode, esse não pode’. Ela não regulamenta ou delimita qual tipo de post que pode ou não impulsionar. Então, subentende-se, e é de fácil entendimento e compreensão, que meu Facebook, como o dos outros deputados, é um Facebook parlamentar. E tudo que está dentro do Facebook do parlamentar é ‘impulsionável’.” Ele foi o segundo que mais gastou nessa rede social, no período. Sobre os reembolsos com outros materiais de divulgação, combustível e automóvel, afirma que trabalha muito, por isso seu gasto é elevado. “Desafio você, o Estadão, Folha, Rede Globo, Bandeirantes, qualquer outro órgão de comunicação, a vir acompanhar o trabalho aqui. Sou o único deputado que doou R$ 20 mil em cestas básicas, mais mil caixas de leite, doamos mais de 7.000 máscaras para hospital, para trabalhadores do transporte coletivo, para os coletores do lixo que catam o papel higiênico cheio de merda que vocês jogam no lixo, o modess da mulherada cheia de sangue”, afirmou. Os maiores gastos com a cota parlamentar no período de isolamento foram com consultorias e com a chamada divulgação do mandato, que na prática é uma propaganda dos deputados bancada pelos cofres públicos. Igor Kannário (DEM-BA) foi o campeão em consultoria, com R$ 50 mil. A Folha não conseguiu contatá-lo para comentar. O deputado Mario Heringer (PDT-MG) pagou R$ 18 mil por consultoria jurídica. “Ao contrário de muitos, não sou o sabido da vez. Como médico trânsito bem pelos temas de minha formação. Os temas jurídicos consulto e peço assessoria com frequência aos advogados”, justificou. De acordo com ele, os gastos são relativos a serviços prestados antes da pandemia. Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) usou R$ 16 mil. Ele não se manifestou. O líder do PL, Wellington Roberto (PB), com R$ 64 mil, e Mara Rocha (PSDB-AC), com R$ 60,7 mil, foram os que mais gastaram com divulgação do mandato. O primeiro não se manifestou. A tucana usou o dinheiro para veicular notícias produzidas por sua própria assessoria em sites do Acre. O texto “Mara Rocha cobra do Ministério da Saúde respiradores prometidos ao Estado”, por exemplo, foi reproduzido em ao menos quatro sites no dia 13. Ela afirmou que “estes materiais são de grande necessidade no Acre”, devido à realidade geográfica. “Temos localidades distantes umas das outras, muitas sem acesso à TV, e os únicos meios de acesso à informação ficam por conta das rádios e das redes sociais e informativos locais.” Hildo Rocha (MDB-MA) reservou parte dos R$ 69,8 mil que gastou pós-pandemia em 20 outdoors digitais. O parlamentar já gastou R$ 21,5 mil em divulgação do mandato. Após a Folha revelar o gasto, Rocha disse, em nota, que os valores foram gastos para dar publicidade das ações dele em redes sociais, veículos de comunicação locais e envio de emails a eleitores. O parlamentar do Maranhão disse ainda que os outdoors foram usados para divulgação de lei de sua autoria que permite a entrega de merenda escolar aos estudantes no período da pandemia. ""O objetivo da divulgação é tornar publico o direito que a legislação propicia"", diz a nota. Rocha apoia o fim do isolamento e chegou a atacar publicamente o juiz Douglas Martins, que decretou lockdown no Maranhão. O estado, segundo dados do Ministério da Saúde, registrou até a sexta (16) 10.739 casos, com 496 mortes. Paulo Teixeira (PT-SP) justificou o gasto de R$ 60 mil com divulgação do mandato como “necessário”. Os reembolsos aos deputados por alimentação durante a pandemia caíram a patamar parecido com o do recesso parlamentar, R$ 22, 5 mil. Os maiores gastos foram feitos por Pros (R$ 8.400) e PP (R$ 8.000). O Pros tem uma das menores bancadas do Legislativo, com dez deputados. O PP, uma das maiores, com 40. Em nota, o Pros disse que as despesas se referem a gastos anteriores a pandemia. O gasto feito pelo PP é relativo a oito buffets contratados para março. O serviço, segundo a legenda, foi prestado até a terceira semana do mês, antes da restrição de circulação na Casa. O deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO) foi quem mais pediu reembolso por alimentação. Por 15 refeições, o parlamentar bolsonarista recebeu R$ 1.192,38. Os valores variaram de R$ 23,79 pagos por um sanduíche em uma rede de fast-food a R$ 148,80 em uma cantina italiana tradicional da Asa Sul de Brasília. Os gastos correspondem a dias de sessões na Câmara nas quais o parlamentar esteve presencialmente e a agendas públicas feitas por ele em Brasília. Ele não se manifestou. Oitavo no ranking geral de uso da cota, Daniel Almeida (PC do B-BA) disse, por meio de assessores, que só poderia responder nesta semana. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou nesta segunda-feira (18) a suspensão do recesso parlamentar no Congresso na metade deste ano devido à pandemia do coronavírus. O recesso seria realizado entre os dias 17 e 31 de julho, de acordo com o que é estabelecido pela Constituição Federal. Na prática, a suspensão do período não traz mudanças na rotina dos senadores, uma vez que eles já estão trabalhando de casa desde que as sessões remotas foram instituídas, no final de março. “Seria muito estranho se tivéssemos recesso no mesmo de toda esta pandemia. Já estamos em casa, isolados, e precisamos dar a nossa contribuição”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS). A decisão de Alcolumbre foi comunicada na reunião de líderes do Senado, nesta segunda-feira. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), confirmou que não haverá recesso nas duas Casas, conforme combinado com o presidente do Senado. De acordo com os senadores, ainda não foi definida a pauta de votações durante o período em que seria realizado o recesso. A expectativa é que sejam apreciadas matérias relacionadas especificamente ao combate à Covid-19. Tem mais A resistência que Jair Bolsonaro encontrou no ex-ministro Nelson Teich (Saúde) à ampliação do uso da cloroquina para quadros leves do coronavírus é ecoada pelos secretários estaduais da área, que se espantaram com a mudança na pasta e veem a aplicação do medicamento com ressalvas. ""Precisamos de medicina baseada em evidências, com foco na segurança do paciente, não precisamos de medicina baseada na política"", diz Nésio Fernandes, secretário do Espírito Santo. Mais um Em constante conflito com os estados por sua pressão para flexibilizar o isolamento social, Bolsonaro reforçou mais uma frente de atrito. ""Políticos não devem opinar sobre conduta médica, assim como médicos não podem usar sua posição política para balizar a conduta clínica"", diz Carlos Lula, secretário do Maranhão. Ciência Os secretários, médicos em sua maioria, destacam estudos publicados em revistas científicas de prestígio que não mostraram benefícios da cloroquina. ""É uma expectativa e não uma realidade"", diz Ismael Alexandrino, de Goiás, médico. Diploma ""O presidente não cursou Medicina, creio, e não tem a noção correta dos malefícios que a cloroquina pode causar"", diz Geraldo Resende, secretário de Mato Grosso do Sul. Volto logo A produção de cloroquina está paralisada no laboratório do Exército desde a semana passada por falta de insumos, segundo o Ministério da Defesa. TIROTEIO De Lula (PT), ex-presidente, sobre às vezes confundir seu rival em 1989 e também ex-presidente Fernando Collor com Jair Bolsonaro Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto Acompanhe ao vivo a cobertura do mercado financeiro Depois de exibir jogos históricos das seleções masculina e feminina durante a pandemia, incluindo conquistas de Copa do Mundo, a Globo passará a reprisar a partir deste domingo (17), sempre às 16h, uma série de grandes partidas envolvendo clubes brasileiros. Para o estado de São Paulo, a emissora transmitirá as conquistas de Mundiais do Corinthians e do São Paulo e de Copas Libertadores de Palmeiras e Santos. Neste domingo (17), a maratona começa com o título corintiano de 2012, em Tóquio, diante do Chelsea. Com gol do atacante peruano Paolo Guerrero, o clube do Parque São Jorge venceu os ingleses por 1 a 0 e conquistou o seu segundo Mundial de Clubes na história. A atração, que será comandada por Cléber Machado e Casagrande, terá as participações de Galvão Bueno, que narrou a partida, e dos ex-corintianos Chicão e Alessandro, campeões no Japão, além do zagueiro David Luiz, na época jogador do Chelsea. No domingo seguinte, dia 24, será a vez de a Globo relembrar o Mundial de 2005, conquistado pelo São Paulo, também com narração de Galvão. Com gol do volante Mineiro, a equipe tricolor levantou a taça em Tóquio diante do Liverpool e se tornou, com três títulos no total, o clube brasileiro com mais Mundiais. Campeão da Libertadores de 1999, o Palmeiras será o homenageado no próximo dia 31. A emissora exibe a reprise da final do torneio continental contra o Deportivo Cali, no antigo Palestra Itália, outro momento histórico narrado por Galvão Bueno. Após vitória por 2 a 1 no tempo normal, a equipe alviverde levou a decisão para as penalidades e conquistou o título. No dia 7 de junho, a Globo encerra a maratona de jogos históricos dos times paulistas com o Santos campeão da Libertadores de 2011. No Pacaembu, o clube praiano venceu o Peñarol por 2 a 1, com direito a gol de Neymar, para levantar sua terceira taça da competição, a primeira na era pós-Pelé. O título santista teve narração de Cléber Machado. Outras praças pelo Brasil terão a oportunidade de rever conquistas dos times locais ou de clubes com maior alcance nacional, como o Flamengo. Neste domingo (17), além do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Juiz de Fora (MG), Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Acre assistirão à final da Libertadores de 2019 , vencida de forma dramática pelo rubro-negro carioca diante do River Plate. O Vasco campeão da Libertadores de 1998, o Fluminense campeão brasileiro de 2012 e o Botafogo campeão nacional em 1995 serão as atrações dos próximos domingos, respectivamente. Confira os jogos deste domingo que a Globo irá reprisar, às 16h, para cada estado: Corinthians 1 x 0 Chelsea, Mundial de 2012 São Paulo e Paraná Flamengo 2 x 1 River Plate, Libertadores de 2019 Rio de Janeiro, Espírito Santo, Juiz de Fora (MG), Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Acre Atlético-MG 2 x 0 Olimpia, Libertadores de 2013 Minas Gerais (menos Juiz de Fora) Grêmio 2 x 1 Peñarol, Libertadores de 1983 Rio Grande do Sul Bahia 0 x 0 Internacional, Campeonato Brasileiro de 1988 Bahia Sport 2 x 0 Corinthians, Copa do Brasil de 2008 Pernambuco Além da concentração de casos do novo coronavírus nas capitais, o Brasil já vive outro cenário preocupante: cidades de interior estão em colapso ou com alta ocupação de leitos de terapia intensiva para tratamento da Covid-19. Municípios da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas e Pará enfrentam dificuldades para conseguir absorver a crescente demanda de pacientes graves, pressionando o sistema de saúde das capitais e regiões metropolitanas. Na Bahia e no Rio Grande do Norte, há cidades com 100% de ocupação, enquanto ainda há vagas nas capitais. No Amazonas, pacientes do interior têm a capital Manaus como única opção de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Em Pernambuco, com o sistema de saúde em estágio de colapso, o interior já registrou mais de cem óbitos em decorrência do novo coronavírus. Nesta quinta-feira (14), de um total de 249 pacientes, 48 aguardavam na fila por uma vaga de UTI em unidades de pronto atendimento e emergências de hospitais localizados no agreste, zona da mata e sertão do estado. Há casos em que doentes esperam há mais de uma semana. No Hospital João Murilo, em Vitória de Santo Antão, zona da mata de Pernambuco, cinco pacientes aguardavam a transferência para uma UTI na quinta-feira (14). Em um dos casos, a espera ocorria desde o dia 6 de maio. No mesmo hospital, a enfermeira Williane Lins dos Santos, 30, morreu no dia 17 de abril, antes de conseguir acessar um leito de UTI no Recife. A confirmação para Covid-19 só veio quatro dias depois. A fisioterapeuta Maria Soares, 49, mãe de Williane, diz que a filha morreu porque não conseguiram transferi-la. “Às 8h30, fui informada de que já tinham solicitado vaga na UTI. Bateu 16h e nada. Eu sem ter contato com minha filha e sem conseguir vê-la”, diz. Conta que só às 22h recebeu a informação de que haviam conseguido uma vaga de UTI para ela na capital. “Ela morreu às 23h45 no mesmo lugar. Minha filha tinha 30 anos e tudo para ser salva. Morreu por falta de atendimento”. A Secretaria de Saúde do estado alega que o leito foi disponibilizado no mesmo dia, mas que a paciente teve piora súbita antes da transferência. Neison Freire, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco que atua no mapeamento da doença em Pernambuco, avalia que a pressão nas capitais é crescente. “Nos locais de maior vulnerabilidade social, onde mais se precisa de leitos do SUS, muitas vezes há um desequilíbrio. Sem opção local, só resta uma alternativa: transportar o doente para a capital”, explica. No Amazonas, cujo território equivale à soma das regiões Sul e Sudeste, a maioria das cidades só é acessível por meio fluvial ou aéreo. O gargalo deve aumentar nas próximas semanas, já que a Covid-19 se espalhou rapidamente pelo estado e chegou a 59 dos 62 municípios. Para atender a essa demanda, o governo do Amazonas dispõe de apenas seis UTIs aéreas, cada uma capaz de fazer uma viagem por dia, ou seja, seis transferências. Por terra, são seis ambulâncias, das quais quatro apenas para pacientes com a Covid-19. Pontualmente, prefeituras pagam pela remoção. No Pará, cidades como Santarém, Altamira e Parauapebas enfrentam problemas. Em Santarém (a 700 km em linha reta de Belém), a prefeitura anunciou o lockdown neste sábado (16) após todos os 35 leitos de UTI do município se ocuparem. “Temos 22 pacientes esperando vaga e não estou conseguindo transferência para Belém”, diz Marcela Tolentino Matos, diretora do 9º Centro Regional de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública. “Nunca vivenciei isso nos meus 25 anos de enfermeira.” Santarém é o polo de atendimento médico de 20 municípios, que somam cerca de 1,2 milhão de pessoas. Com a epidemia, o 9º centro passou a atender mais nove cidades, mas a equipe está desfalcada: 40 dos 383 funcionários contraíram Covid-19. A atenção aos pacientes ganhou o reforço de 63 máscaras de saúde adaptadas para o tratamento respiratório e que reduzem a dependência de respiradores. O equipamento foi doado por um projeto das ONGs Motirõ, Expedicionários da Saúde e Projeto Saúde e Alegria. Em Altamira (a 820 km de Belém), um grupo de 68 médicos da região divulgou carta advertindo para a deficiência de UTIs, profissionais de saúde e de equipes de higienização. A cidade é o polo médico de uma região que tem 400 mil habitantes, mas dispõe de apenas 14 leitos, dos quais 5 eram da ala infantil e foram adaptados. Nesta sexta-feira (15), 11 estavam ocupados. Em Parauapebas (a 709 km da capital), oito dos dez leitos de UTI estão com pacientes da Covid-19. Para ampliar a oferta, o antigo hospital municipal foi reformado em parceria com a mineradora Vale para abrigar 40 leitos semi-UTI que estão em fase de montagem. No Rio Grande do Norte, a segunda maior cidade do estado, Mossoró, tem 26 dos 35 leitos de UTI com pacientes, uma ocupação de 74%. Entre os dias 18 de março e 7 de maio, foram registradas 206 hospitalizações em Mossoró, sendo 66 pessoas de outros municípios. Em todo o interior do Rio Grande do Norte, são 51 leitos de UTI para Covid, 70,1% ocupados. A situação se repete no Ceará, onde só dois em cada dez leitos de UTI para Covid-19 estão no interior. Ao todo, são 128 leitos no interior, 93 deles com as vagas preenchidas. Com cerca de 70 mil habitantes, Quixeramobim (a 246 km de Fortaleza) é a cidade que enfrenta situação mais crítica, com 100% dos 30 leitos de terapia intensiva com pacientes. Em Sobral (200 km da capital), quase 90% dos 36 leitos de UTI estavam ocupados. “A situação nos preocupa muito”, afirma o secretário de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto. Ele diz que serão abertas novas UTIs no hospital regional de Sobral. No Maranhão, os 105 leitos de UTI no interior do estado têm ocupação de 82%. Em algumas cidades, já não há mais vagas, caso de Imperatriz, a segunda maior do estado. Lá, todos 22 leitos de UTI para Covid-19 estavam ocupados nesta quarta-feira (13). Em nota, o governo do Maranhão informou que vai ampliar a rede de Imperatriz com 30 novos leitos de UTI. Mesmo em estados com situação relativamente mais tranquila há regiões com maior disseminação da doença no interior. É o caso da Bahia, que tem ocupação geral de 51% dos leitos de UTI. Mas cidades do sul do estado já registram ocupação acima de 90% dos leitos de UTI e começaram a adotar toque de recolher. Em Jequié, o Hospital Prado Valadares tinha 100% dos nove leitos de terapia intensiva ocupados na sexta-feira. A situação é semelhante em Itabuna, que chegou a ter 90% de ocupação de UTIs esta semana “Precisamos abrir novos leitos rapidamente”, resume o secretário de Saúde de Itabuna, Wildson Nascimento. Ele aguarda a abertura de 15 novos leitos para pacientes graves nas próximas semanas. Na vizinha Ilhéus, a ocupação chegou a 100% há duas semanas. Nesta sexta, 20 dos 31 leitos estavam com pacientes. Uma das consequências do avanço da doença no interior da Bahia é a pressão sobre o sistema de saúde de Salvador. Na capital, a ocupação dos leitos de UTI públicos já chega a 81%, com muitos pacientes de outras cidades. Em outros estados, há casos em que o movimento de pressão se dá no sentido contrário, com pacientes da capital rumando para o interior. É o caso de Caruaru (135 km do Recife), que atualmente tem 100% de seus 30 leitos de terapia intensiva ocupados. “Recebemos muita gente vinda da capital, mas, agora, esse fluxo diminuiu”, afirma Marcelo Cavalcanti, diretor do hospital da rede estadual Mestre Vitalino, em Caruaru. Na cidade, seis pacientes internados em um hospital municipal e em uma UPA aguardavam uma vaga de UTI desde 11 de maio. Para ampliar a oferta de leitos, o governo de Pernambuco anunciou a construção de três hospitais de campanha em Caruaru, no agreste, Serra Talhada e Petrolina, no sertão. Outros estados também registram essa movimentação da capital para o interior, caso do Rio de Janeiro, onde pacientes da capital têm sido transferidos para um hospital em Volta Redonda, a duas horas de distância. Já no estado de São Paulo, prefeituras como a de Campinas (a 98 km da capital) solicitaram formalmente que a secretaria Estadual de Saúde não envie pacientes com Covid-19 à cidade. Estudantes da rede pública de São Paulo vão contar com 200 laptops e tablets para se prepararem para o Enem, enquanto presos no Maranhão passam a dispor de 55 computadores para visitas virtuais durante a pandemia. A tecnologia é aliada para minimizar os impactos da Covid-19 em ações promovidas por movimentos, como Projeto Constituição na Escola, e ONGs como a Humanitas360, que atua na humanização dos presídios no país, em parceria com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O acesso a computadores para os presos se comunicarem com seus familiares durante a pandemia é uma forma de amenizar o impacto do fechamento das prisões devido ao novo coronavírus, que eliminou cerca de 1 milhão de visitas por mês em todo o país. As visitas virtuais começaram em 39 unidades prisionais do Maranhão, piloto da iniciativa que deve se espalhar por pelo menos outros 14 estados que já sinalizaram interesse em replicar a experiência. Para Patrícia Villela Marino, presidente do Instituto Humanitas 360, viabilizar a comunicação familiar é fundamental em um período de grande tensão e muitas incertezas. “Não só sob a perspectiva humanitária dos encarcerados, mas também sob o ponto de vista do clima organizacional dentro do sistema na proteção ao policial penitenciário"", explica. As chamadas de videoconferência são permitidas para visitantes previamente cadastrados no sistema. As visitas virtuais devem durar 40 minutos para cada pessoa sob custódia. Países como Canadá, Estados Unidos e Colômbia já realizavam visitas sociais virtuais, no contexto da Covid-19. Após a pandemia, os equipamentos poderão ser usados para assegurar a visita social virtual a grupos específicos, como aqueles que cumprem pena em municípios distantes de seus familiares. O juiz Luís Geraldo Lanfredi, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ, destaca a importância de não suprimir o contato de pessoas privadas de liberdade com o mundo externo. “A pandemia acabou acelerando uma política que já se via como necessária. Em tempos de coronavírus e com as visitas suspensas em 100% do país, o contato virtual é ainda mais relevante e urgente”, afirma. O CNJ deve sistematizar a prática por meio de resolução.“A ambição do CNJ e da H360 vai muito além do alcance das visitas sociais, dispondo-se a aprimorar e fortalecer a assistência jurídica, sanitária e educacional nos presídios”, explica Mário Guerreiro, supervisor do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ. Equipamentos eletrônicos também serão entregues na manhã deste sábado (16) na Escola Estadual Julia Macedo Pantoja, na zona leste da capital paulista. A doação do Projeto Constituição na Escola é fruto da mobilização nas redes sociais de voluntários da organização formada por jovens advogados. O escritório de advocacia Lobo de Rizzo é patrocinador da iniciativa. “Com uma ação de união e solidariedade em um período que enfrentamos um inimigo invisível como o coronavírus, buscamos ajudar quem realmente precisa, facilitando o acesso à educação para os estudantes mais carentes”, explica Felipe Neves, fundador e presidente do Projeto Constituição na Escola. A campanha visa favorecer os alunos das escolas estaduais que estão se preparando para o Enem e não têm computadores em casa. A entrega vai benefiar estudantes de cerca de 20 instituições públicas. O Magalu, em parceria com a APM (Associação de Pais e Mestres da Escola) e a ONG Parceiros da Educação, ofereceu até esta sexta-feira (15) tablets a preço de custo para alunos de seis escolas da rede pública do Estado de São Paulo. O aparelho do modelo M7 3G Multilaser, que originalmente custa R$ 479,00, passou a ser comercializado a R$ 337,00 em até 24 parcelas de R$ 14,04. A primeira a ser paga a partir de agosto de 2020. A empresa fornecerá um chip da operadora de telefonia do Magalu, a Maga+, com 500 MB de internet gratuita. O objetivo da ação de inclusão digital defendida pelo Magalu é viabilizar o acesso dos estudantes à plataforma online desenvolvida pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que oferece aulas e materiais de estudo em meio à pandemia da covid-19. Uma pesquisa que vai estimar a dimensão real da Covid-19 no Brasil inteiro já está em curso. Começou na quinta-feira (14), em todos os estados do país. Já foram feitos mais de 5.300 testes rápidos para o coronavírus apenas no primeiro dia da coleta de dados. Até sábado, devem ser testadas 33.250 pessoas em 133 cidades, gratuitamente (veja abaixo a lista dos municípios). Com essa amostra, vamos ter uma primeira medida de qual é a proporção dos brasileiros infectada. No entanto, as equipes que coletam os exames e os dados têm enfrentado algumas dificuldades. Embora o Ministério da Saúde tenha enviado ofício para as Secretárias de Saúde, em alguns casos aparentemente esses ofícios não chegaram ao conhecimento das autoridades locais. Estamos trabalhando em força-tarefa para dialogar com as prefeituras e evitar prejuízos para o trabalho. Com esse estudo, haverá dados para planejar o combate à doença, informações que servirão a estudos científicos e poderão auxiliar autoridades a tomar decisões fundamentais no enfrentamento da epidemia. Para que seja realizada, precisamos do apoio de todos, das autoridades locais também. As equipes da pesquisa têm sido muito bem-recebidas na grande maioria das residências, o que mostra que a população está muito interessada em ter a chance de realizar o teste para o coronavírus e contribuir para a pesquisa, que poderá ajudar a salvar muitas vidas com os dados produzidos. O estudo, aprovado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), vai estimar a proporção de pessoas com anticorpos para a Covid-19 e a velocidade de expansão da pandemia no Brasil. As pessoas serão entrevistadas e testadas em casa por meio de um sorteio aleatório. Os agentes da pesquisa coletam uma gota de sangue da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. A participação na pesquisa é voluntária e o teste é realizado de forma gratuita. É uma pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas, financiada pelo Ministério da Saúde, e realizada pelo Ibope Inteligência. Rondônia Ji-paraná Porto velho Acre Cruzeiro do sul Rio branco Amazonas Lábrea Manaus Parintins Tefé Roraima Boa vista Rorainópolis Pará Altamira Belém Breves Castanhal Marabá Redenção Santarém Amapá Macapá Oiapoque Tocantins Araguaína Gurupi Palmas Maranhão Bacabal Caxias Imperatriz Presidente dutra São Luís Piauí Corrente Floriano Parnaíba Picos São Raimundo Nonato Teresina Ceará Crateús Fortaleza Iguatu Juazeiro do norte Quixadá Sobral Rio Grande do Norte Caicó Mossoró Natal Paraíba Sousa Campina grande João pessoa Patos Pernambuco Caruaru Petrolina Recife Serra talhada Alagoas Arapiraca Maceió Sergipe Aracaju Itabaiana Bahia Barreiras Feira de santana Guanambi Itabuna Irecê Juazeiro Paulo afonso Salvador Santo Antônio de Jesus Vitória da Conquista Minas Gerais Barbacena Belo horizonte Divinópolis Governador Valadares Ipatinga Juiz de Fora Montes claros Patos de Minas Pouso Alegre Teófilo Otoni Uberaba Uberlândia Varginha Espírito Santo Cachoeiro de itapemirim Colatina São Mateus Vitória Rio de Janeiro Campos dos Goytacazes Macaé Petrópolis Rio de Janeiro Volta Redonda São Paulo Araçatuba Araraquara Bauru Campinas Marília Presidente Prudente Ribeirão Preto São José do Rio Preto São José dos Campos São Paulo Sorocaba Paraná Cascavel Curitiba Guarapuava Londrina Maringá Ponta Grossa Santa Catarina Blumenau Caçador Chapecó Criciúma Florianópolis Joinville Lages Rio Grande do Sul Caxias do Sul Ijuí Passo Fundo Pelotas Porto Alegre Santa Cruz do Sul Santa Maria Uruguaiana Mato Grosso do Sul Campo Grande Corumbá Dourados Mato Grosso Barra do Garças Cáceres Cuiabá Rondonópolis Sinop Goiás Luziânia Goiânia Iporá Itumbiara Porangatu Rio Verde Distrito Federal Brasília O desemprego aumentou em todas as regiões do Brasil durante o primeiro trimestre de 2020, período que começou a sentir os efeitos da chegada do novo coronavírus ao país, segundo divulgou nesta sexta-feira (15) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta na taxa de desocupados foi sentida principalmente na região Nordeste, indo de 13,6% no último trimeste de 2019 a 15,6% nos três primeiros meses deste ano. A taxa também aumentou no Sudeste (11,4% a 12,4%), Norte (10,6% a 11,9%), Centro-Oeste (9,3% a 10,6%) e Sul (6,8% a 7,5%). ""Todas as regiões do país apresentaram crescimento significativo na comparação da taxa com o quarto trimestre"", disse Adriana Beringuy, analista do IBGE. A divulgação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) apontou que 12 estados tiveram crescimento na taxa de desocupados. Nas outras 15 unidades da federação, a taxa de desocupação permaneceu estável na comparação com o último trimestre de 2019. O Brasil terminou o primeiro trimestre deste ano com 1,218 milhão de pessoas a mais na fila do desemprego. Com o avanço no número de desempregados, a taxa de desocupação avançou para 12,2%. A população desocupada foi de 11,632 milhões, no último trimestre de 2019, para 12,850 milhões nos três meses de 2020, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. A alta no período foi de 10,5%. O primeiro caso conhecido de Covid-19 no Brasil ocorreu em 25 de fevereiro. No mês seguinte, o país começou a sentir os efeitos econômicos do novo coronavírus, com decreto de quarentenas em estados e municípios, o que causou o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de evitar avanço da pandemia. Desde então, as maiores altas no desemprego foram observadas no Maranhão, que subiu 3,9 pontos percentuais, no Alagoas, com 2,9 ponto percentual a mais que no trimestre anterior, e no Rio Grande do Norte, alta de 2,7 ponto percentual. As maiores taxas foram observadas na Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%). Segundo o IBGE, o desemprego avançou em diversos segmentos da sociedade no trimestre encerrado em março de 2020. Entre as pessoas que se declararam pretas e pardas, a alta foi de 13,5% e 12,6%, no quarto trimestre, para, respectivamente, 15,2% e 14%. Já entre as brancas subiu de 8,7% para 9,8%. Entre as mulheres, a taxa de desocupação ficou em 14,5%, enquanto 10,4% dos homens estavam na mesma situação. Entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, o desemprego passou de 23,8%, no último trimestre de 2019, para 27,1%, no trimestre encerrado em março. “A maior parte dos temporários dispensados no início do ano são jovens, o que faz com que a queda no nível de ocupação seja maior nesta faixa”, explica Adriana. A pesquisa mostrou ainda aumento no tempo de procura por emprego dos brasileiros: 8,1 milhões procuravam um novo trabalho há até um ano. Outros 1,6 milhão buscavam uma ocupação há mais de um ano e menos de dois anos, enquanto 3,1 milhões de pessoas tentavam emprego há dois anos ou mais. A Pnad Contínua com os resultados do trimestre em março foi feita pela primeira vez por telefone, com objetivo de proteger os trabalhadores. Estava, porém, com dificuldades de ouvir os brasileiro - a pesquisa não foi desenhada para ser feita por telefone. Assim, a taxa de resposta dos entrevistados foi de apenas 61,6%, bem menor do que os cerca de 88% do mês de dezembro. O aumento no desemprego apontado pela pesquisa é reflexo de quedas nos indicadores econômicos do país em março, diretamente causadas pelo primeiro mês com medidas de isolamento social decretadas para conter o avanço do novo coronavírus. O setor de serviços, responsável por 60% do PIB (Produto Interno Bruto), teve queda recorde no mês, de 6,9%. Já as vendas do comércio brasileiro caíram 2,5% em março. A produção industrial, afetada pela queda nas vendas, caiu 9,1%, no pior resultado desde a greve dos caminhoneiros de 2018. A falta de coordenação de estados e municípios em buscar UTIs privadas para pacientes com coronavírus está levando hospitais particulares a procurar alternativas para se proteger contra a requisição desordenada de seus leitos e de judicialização na área, considerada inevitável. A curva de infecções da Covid-19 projeta que cerca de 20 estados podem ficar sem leitos de UTI no SUS antes do fim de maio, o que ampliará a pressão pelo uso de leitos privados —que, em condições normais, seriam usados por clientes dos planos de saúde. Na terça (12) em videoconferência no Rio, representantes de hospitais privados questionaram o juiz Vitor Moreira Lima, do Tribunal de Justiça do Rio e especializado em direto médico, sobre se deveriam tentar obter um mandado de segurança contra requisições que não atendessem determinados critérios. A reposta do juiz foi positiva. Segundo Moreira Lima, os hospitais devem se amparar em resolução divulgada na sexta (8) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que lista parâmetros a serem seguidos para a requisição dos leitos. Entre eles, que se esgotem todas as possibilidade de uso de leitos na rede pública, mesmo dos que estejam desativados e possam ser recuperados. O juiz previu ainda que poderá haver judicialização provocada por clientes dos planos de saúde que se sentirem lesados pelo fato de o SUS usar leitos que poderiam atendê-los. Segundo ele, a “incompetência do estado” acabaria prejudicando quem paga um plano de saúde. A resolução do CNJ, assinada pelo ministro Dias Toffoli, também presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), estabelece ainda outros critérios, para a requisição de leitos privados, como estudos detalhados e a formação de gabinetes de crise. Diz ainda que “se a capacidade de leitos à disposição do SUS estiver esgotada, e a rede assistencial privada não se interessar por contrato público com o gestor do SUS, os leitos deverão ser requisitados”. Há semanas representantes dos hospitais particulares vêm manifestando grande preocupação com o fato de não estarem sendo procurados pelos governos federal, estaduais ou municipais para planejarem a cessão de leitos. O temor é que a requisição ocorra de última hora e de modo descoordenado —e muitas vezes por decisões judiciais em que o pagamento pelo leito pode levar anos. Há algumas exceções, como a cidade de São Paulo e os estados do Espírito Santo e do Maranhão. A prefeitura paulistana, citada pelos hospitais como bom exemplo, vem alugando leitos privados por R$ 2.200 ao dia, sendo R$ 1.600 pagos pelo SUS. Outra preocupação é que a eventual adoção de uma fila única de leitos (onde entrariam pacientes do SUS e da rede privada indiscriminadamente) deixe usuários de planos sem vagas caso precisem. Na segunda (11), o próprio Dias Toffoli sinalizou, no programa Roda Viva, da TV Cultura, estar preocupado com a falta de entendimento sobre o uso de UTIs privadas e sua possível judicialização. “O correto nessa questão seria o setor público e privado terem dialogado e criado protocolos”, disse. “Quando se procura a Justiça é porque falharam os outros meios de solução de conflitos e controvérsias.” Questionado sobre como o STF se posicionaria no caso de um paciente do SUS precisar de uma UTI privada, Toffoli disse: “O Judiciário não vai falhar em dar a garantia constitucional necessária para o atendimento à saúde.” O presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Albert Einstein, Claudio Lottenberg, afirma que há “enorme banalização” no debate da fila única e que não existe discussão técnica do poder público com os hospitais para o uso dos leitos privados. “Sentar para conversar dá trabalho, e ninguém quer trabalhar. Só querem discursar”, disse. Segundo ele, não basta a requisição dos leitos; é necessária a manutenção da estrutura em volta dos pacientes, que também precisam ter seus prognósticos considerados para saber se são a melhor opção para ocupar uma vaga. Em estados como o Rio, a própria discussão da fila única chega quando já são exíguas as vagas na rede privada. Segundo Graccho Alvim, diretor da Aherj (Associação de Hospitais do Rio de Janeiro), não somam 100 (60 de UTIs) os leitos contabilizados pela rede particular que poderiam ser disponibilizados ao SUS. “Há uma lista de pessoas com decisões judiciais a seu favor que não podem ser internadas porque já não há vagas”, diz Alvim. Para Ederlon Rezende, membro do conselho da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), houve falha no planejamento do setor público para organizar a requisição de UTIs privadas. “As autoridades deveriam ter tomado a iniciativa antes. Estamos chegando ao pior momento dessa crise de modo totalmente desorganizado.” Oito estados brasileiros estão com ocupação cima de 70% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para o tratamento da Covid-19, sendo Ceará e Pernambuco acima de 90% e Maranhão e Rio de Janeiro acima de 80%. O cenário preocupante se mantém mesmo com a forte expansão do número de leitos de terapia intensiva registrada na última semana. Ao todo, os estados abriram mais de 1.400 novos leitos de UTI, um avanço de 12% em relação à semana anterior. O avanço foi possível com a inauguração de novos hospitais de campanha, a chegada de novos ventiladores pulmonares, a aquisição de leitos da rede privada e o remanejamento interno de leitos dentro da própria rede pública. Os estados de Pernambuco e Ceará seguem entre os que registraram maior ocupação dos leitos de terapia intensiva, em um patamar acima de 90%. O Amazonas não informou os dados, mas a Folha apurou que os leitos estão praticamente em sua capacidade máxima. Outros seis estados têm ocupação acima de 70%: Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Rio Grande do Sul, Alagoas e Acre. Espírito Santo e São Paulo aparecem na sequência com 68% de ocupação. Dentre os estados brasileiros, São Paulo foi o que mais conseguiu expandir a rede para atendimento de pacientes graves da Covid-19, com a inclusão de 658 novos leitos de UTI na última semana. Na segunda-feira (11), o estado tinha 5.675 leitos de terapia intensiva, sendo 3.871 ocupados com casos confirmados ou suspeita de Covid-19. Na Grande São Paulo, a taxa de ocupação tem ficado acima de 85%. O Rio de Janeiro, que estava próximo de um cenário de colapso, teve um alívio nesta semana com a inauguração de mais dois hospitais de campanha e a abertura de 148 leitos de UTI. Em uma semana, a taxa de ocupação das UTIs estaduais caiu de 97% para 83%. A expectativa, contudo, é que a ocupação volte para um patamar acima de 90% com a transferência de pacientes que estavam em leitos clínicos. Nesta segunda, o estado registrava fila de 447 pessoas aguardando por leitos de UTI, quase cem pessoas a mais do que uma semana antes. O governador Wilson Witzel (PSC) só abriu três dos dez hospitais de campanha ou modulares que havia prometido até abril, disponibilizando 190 das 990 vagas previstas. Todos ficam na capital. Em Pernambuco, o sistema de saúde permanece em estágio de colapso. Dados da central de regulação de leitos referentes a esta segunda-feira (11) indicavam que 284 pacientes com síndrome respiratória aguda grave aguardavam na fila por uma vaga de UTI. Mesmo reconhecendo o tamanho da fila, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informa que há uma ocupação de 96% dos 532 leitos criados exclusivamente para doentes com suspeita de Covid-19. Em situação semelhante, o Ceará possui 90% dos leitos de terapia intensiva para Covid-19 ocupados. Ao todo, o estado tem 481 UTIs na rede pública destinadas ao tratamento da doença. Na última semana, o governo do Ceará abriu novos leitos de terapia intensiva no Hospital Leonardo da Vinci e Hospital de Campanha de Messejana. O governo aguarda ainda a chegada de 200 respiradores adquiridos no exterior para ampliar a oferta de UTIs na rede pública. Um dos primeiros estados a ter o sistema público de saúde em colapso, o Amazonas informou que tem 170 pacientes em leitos de terapia intensiva, sendo 103 na rede pública e 67 na rede privada. Profissionais de saúde do estado relatam à Folha que as UTIs da rede estadual em Manaus, a única cidade do estado com esse serviço, estão trabalhando praticamente na capacidade máxima. O Pará, que decretou bloqueio total em nove cidades do estado nesta semana para reduzir o avanço do novo coronavírus, informou que tem 77,3% dos leitos ocupados. O estado conseguiu expandir sua rede de atendimento para pacientes graves, mas também enfrenta problemas com respiradores. Outro estado que enfrenta problemas é o Acre, que viu a sua rede de leitos de terapia intensiva cair de 38 para 27 leitos em uma semana. Segundo o governo do estado, a redução ocorreu porque a rede particular voltou atrás no fornecimento de leitos intensivos para a rede pública. Com a redução da oferta, 70% dos leitos de UTI para Covid-19 estão ocupados. O estado de Roraima, que na semana passada tinha 100% das UTIs ocupadas, nesta semana não encaminhou informações sobre a ocupação de leitos à reportagem. O governo do estado, contudo, informou que ampliou o número de leitos de terapia intensiva para 38 na rede pública. João Pedro Pitombo, Patrícia Pasquini, João Valadares, Júlia Barbon, Ana Luiza Albuquerque, Fabiano Maisonnave, Fernanda Canofre, Marcelo Toledo, Paula Sperb, Katna Baran, Úrsula Passos, Diego Garcia e Natalia Cancian A inclusão pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de academias, salões de beleza e barbearias como atividades essenciais durante a pandemia do novo coronavírus levou a reações de governadores, que disseram que não vão seguir a orientação. Na contramão, alguns estados e cidades vêm impondo medidas mais duras de restrição à circulação, diante da escalada de casos e mortes pela Covid-19 e das dificuldades do sistema público de lidar com a quantidade de pacientes graves. Ao menos quatro estados têm ocupação de seus leitos de UTI do sistema público acima de 80%. No país, as mortes causadas pelo novo coronavírus já passam de 12 mil. As regiões metropolitanas de São Luís, Belém e Recife têm ""lockdown"", bloqueio total, no qual só é permitida a circulação nas ruas com comprovação de atividade essencial. Em São Paulo, estado que concentra a maior parte dos casos de Covid-19 do país e já registrou quase 4.000 mortes pela doença, 68% dos leitos de UTI estão ocupados; a situação é pior na Grande São Paulo, que tem 85,7% das UTIs ocupadas. Projeções feitas com modelo desenvolvido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) indicam que a adoção de ""lockdown"" no estado de São Paulo será inevitável caso o nível de isolamento social não suba significativamente nas próximas semanas. A capital paulista implantou nesta semana um rodízio mais restritivo de veículos, pelo qual só metade da frota pode circular a cada dia, em um esforço para aumentar o isolamento, que caiu abaixo de 50%, segundo dados do governo estadual. No estado, a quarentena foi prorrogada até 31 de maio na sexta-feira (8). Desde 24 de março, apenas serviços essenciais estão abertos ao público no estado, como medida para conter o avanço do novo coronavírus. O prazo da quarentena tem sido postergado. Segundo o governo, o período é avaliado de acordo com a velocidade da contaminação no estado. No Rio, a situação da saúde pública também é grave, com 83% dos leitos de UTI no estado ocupados. Na capital fluminense, começaram nesta terça-feira medidas de restrição de circulação em bairros: na orla da praia, do Leme ao Pontal, o estacionamento agora é só para moradores; e nos bairros do Grajaú, Madureira e Santa Cruz, a prefeitura restringiu a circulação de pedestres e veículos. Nesta quarta-feira (13), também haverá bloqueios no Méier, Pavuna, Tijuca, Freguesia, Taquara, Guaratiba e Realengo. Entre os chefes de governo estadual que já anunciaram que não seguirão o decreto do governo federal sobre as academias, salões de beleza e barbearias estão Wilson Witzel (PSC), do Rio; Rui Costa (PT), da Bahia; Camilo Santana (PT), do Ceará; Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Helder Barbalho (MDB), do Pará, e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo. O governo de São Paulo não informou se será permitida a reabertura desses estabelecimentos no estado. Em nota, o governo de João Doria (PSDB) diz que está analisando o decreto federal e que a decisão será anunciada nesta quarta-feira (13). A Procuradoria Geral do Estado também analisa juridicamente o decreto, afirma. Nesta terça, Bolsonaro criticou os governadores que se opõe à liberação dos serviços, decisão que foi tomada sem consulta ao Ministério da Saúde. ""O afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil. Nossa intenção é atender milhões de profissionais, a maioria humildes, que desejam voltar ao trabalho e levar saúde e renda à população"", escreveu o presidente em rede social. Bolsonaro também escreveu que os governadores que não concordam com a reabertura dos serviços podem recorrer à Justiça ou entrar com projeto de decreto legislativo via congressista. Mais tarde, disse que a AGU (Advocacia Geral da União) pode adotar medidas contra os gestores caso necessário. No entanto, o Supremo Tribunal Federal já havia decidido em abril que União, estados e municípios têm competência concorrente para definir estratégias de saúde pública e regulamentar a quarentena. O STF deixou clara a autonomia dos entes da Federação para fixar os serviços aptos a seguirem em funcionamento. Pela decisão do STF, prefeitos e governadores conhecem melhor a realidade local e a palavra deles prevalece em relação à do governo federal na permissão para determinados serviços voltarem a funcionar. ""Não há dúvidas de que estados e municípios têm autonomia para decidir quais serão as medidas que irão tomar de acordo com as suas peculiaridades e necessidades"", afirma Vera Chemim, advogada constitucionalista e mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas. Segundo a advogada, o que deve acontecer é os entes federativos irem contra o decreto de Bolsonaro e manterem esses serviços fechados. ""São Paulo não deve cumprir esse decreto"", diz. Especialistas ouvidos pela Folha, porém, alertam para o risco de insegurança jurídica e judicialização em caso de decretos conflitantes entre os entes federativos. Caso o governo estadual de São Paulo, por exemplo, mantenha fechados os serviços incluídos na lista pelo decreto federal, o que pode acontecer é empresas desses setores entrarem com ações para reabrir, afirma Daniela Barreiro Barbosa, advogada especializada em direito administrativo da Innocenti Advogados Associados. Ana Júlia Moraes, sócia e advogada do escritório WFaria, concorda que o STF tende a manter a autonomia dos estados e municípios. Ela pondera, no entanto, que cada nova provocação permite um novo posicionamento. ""Acho que a grande questão é a infelicidade da emissão do decreto em trazer mais conflito. Em vez das autoridades estarem focadas na preservação da saúde e contenção da pandemia, a gente se pega discutindo questões de hierarquia legislativa"", afirma. A advogada também explica que, se houve pressão desse setor pela reabertura na esfera federal, isso abre um precedente para que outras categorias comecem também a pressionar o governo e ""vire uma grande insegurança jurídica"". O ministro da Saúde, pego de surpresa pelo decreto das atividades essenciais na segunda-feira, informou na segunda não ter participado da discussão sobre a medida. Bolsonaro disse nesta terça-feira (12) que, se a pasta não tem normas prontas para garantir a reabertura de academias, salões de beleza e barbearias, deve, então, providenciá-las. ""Está escrito lá: seguindo norma do Ministério da Saúde. Se não tem norma, faz"", disse o presidente. Questionado sobre que critérios havia adotado para tomar a decisão, não quis mais responder sobre o assunto. ""Chega de pergunta"", disse Bolsonaro. Teich não participou de entrevista diária sobre a pandemia nesta terça. O secretário de vigilância em saúde substituto, Eduardo Macário, demonstrou desconforto quando questionado sobre recomendações da pasta para a reabertura de academias. “Acho que são todas aquelas que o ministério vem passando, principalmente etiqueta respiratória, lavagem de mãos, utilização de ambientes arejados, para justamente você ter maior circulação do ar, e evitar aglomerações.” A pasta afirmou que apresentará nesta quarta-feira (13) um plano que prevê cinco níveis de restrições e distanciamento para estados e municípios, com base em uma classificação que leva em conta a estrutura da rede de saúde e a velocidade de transmissão do novo coronavírus. Representantes dos estados e municípios, no entanto, já disseram que não concordam com a proposta e que, portanto, não devem segui-la. Colaboraram Daniel Carvalho, Natália Cancian e Julia Chaib, de Brasília Acompanhe ao vivo a cobertura do mercado financeiro O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta terça-feira (12) governadores que declararam que não vão cumprir o decreto federal que incluiu como atividades essenciais academias, salões de beleza e barbearias. A inserção desses setores no rol de negócios essenciais durante a pandemia do novo coronavírus —e que em tese estariam liberados para funcionar— foi publicada na segunda-feira (11). ""Os governadores que não concordam com o decreto podem ajuizar ações na Justiça ou, via congressista, entrar com projeto de decreto legislativo"", escreveu Bolsonaro no Facebook. ""O afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil. Nossa intenção é atender milhões de profissionais, a maioria humildes, que desejam voltar ao trabalho e levar saúde e renda à população"", concluiu. Amparados por decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), governadores disseram que vão ignorar o decreto presidencial. Entre os chefes de governo estadual que já anunciaram o não cumprimento do decreto, estão Camilo Santana (PT), do Ceará; Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Helder Barbalho (MDB), do Pará, e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo. O anúncio de que academias, salões de beleza e barbearias seriam listados como essenciais foi feito por Bolsonaro no final da tarde da segunda (11), na entrada do Palácio da Alvorada. ""Coloquei hoje, porque saúde é vida: academias, salão de beleza e cabeleireiro, também. Higiene é vida. Só três [foram definidas] hoje"", disse o presidente. O ministro da Saúde, Nelson Teich, participava de uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto enquanto Bolsonaro fazia o anúncio e foi avisado do fato por repórteres. Aparentando estar surpreso e desconhecer o anúncio de Bolsonaro, Teich disse que a pasta não participou das discussões que levaram à inclusão desses setores, o que é feito pelo Ministério da Economia e pelo presidente Bolsonaro. ""Isso aí saiu hoje? É manicure, academia, barbearia? Não, isso aí não é. Acho que... Não passou, não é atribuição nossa. Isso é atribuição do Presidente da República"", disse o ministro. ""A decisão sobre atividades essenciais é uma coisa definida pelo Ministério da Economia. O que acredito é que qualquer decisão que envolva a definição como essencial ou não passa pela tua capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as pessoas. Para deixar claro que é uma definição do Ministério da Economia, não nossa."" Os decretos que o presidente fez com com listas de atividades essenciais autorizadas a funcionar durante a pandemia do novo coronavírus podem ter consequência prática nula. Isso porque, ao decidir que União, estados e municípios têm competência concorrente para definir estratégias de saúde pública e regulamentar a quarentena, o STF também deixou clara a autonomia dos entes da Federação para fixar os serviços aptos a seguirem em funcionamento. A ação do chefe do Executivo serve como um movimento de pressão política para forçar o afrouxamento do isolamento social, mas gestores locais não precisam respeitar a decisão de Bolsonaro. Pela decisão do STF, prefeitos e governadores conhecem melhor a realidade local e a palavra deles prevalece em relação à do governo federal na permissão para determinados serviços voltarem a funcionar. Há estados que já reabriram total ou parcialmente o comércio, o que tem sido feito de formas diversas: no Rio Grande do Sul, por exemplo, há bandeiras indicativas por região; outros, como Mato Grosso, permitiram a reabertura de alguns tipos de comércio. Ainda em outros estados a decisão foi deixada a cargo das prefeituras. No outro extremo, há estados e cidades que estão em ""lockdown"" (bloqueio total), em que a população só pode sair de casa para atividades consideradas essenciais.BodyText João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, o dom João 6º, tinha as tropas napoleônicas em seus calcanhares quando decidiu se mudar para o Brasil. Chegou em 1808 e ficou 13 anos na ex-colônia que, durante essa temporada, promoveria a Reino Unido de Portugal. Esta segunda-feira (26) marca o bicentenário de sua partida do território que um ano depois, sob rédea de seu filho dom Pedro 1º e com sua complacência, declararia independência da coroa portuguesa. Se o imaginário popular guardou a imagem de um glutão que escondia pedaços de frango no bolso e tinha pavor a banho, a passagem de dom João pelo Rio de Janeiro alavancou um projeto ainda imberbe de nação e, de quebra, deu um banho de loja na nova sede da corte real. Vêm do que historiadores chamam de período joanino instituições até hoje centrais no país, como a Polícia Militar e o Banco do Brasil. O primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, também é obra de dom João, que instituiu a Imprensa Régia no ano em que se mudou para as Américas. Dom João leva crédito até por popularizar o carioquíssimo hábito de ir à praia. ""Embora tenha sido retratado por historiadores antimonarquistas do início do século 20 como uma figura grotesca, dom João é hoje considerado o mentor do Estado brasileiro"", diz a historiadora Mary Del Priore, com farta obra sobre o passado nacional. ""Além de ter enganado Napoleão com sua partida abrupta, ele elevou o Brasil a Reino Unido e era considerado hábil político."" Não que o monarca não tivesse seu lado pitoresco. Conta-se que tamanho era seu pavor de trovões que João se enrolava nas cortinas do palácio para não ouvir o estrondo, lembra Del Priore. Também tinha ""apetite pantagruélico"": devorava até 12 pratos diferentes a cada refeição. Os acompanhamentos obrigatórios eram frutas, queijos, doce e pães. Filho zeloso, João levava dona Maria 1º para passear na sua fazenda Santa Cruz, onde saboreavam mangas juntos. ""Quando a rainha morreu, ele se desolou e passou três dias sem se alimentar, em total desespero e saudade"", afirma a historiadora. Passou de príncipe regente a rei depois disso. Na mesma granja, um carrapato picou a perna de João. A ferida infeccionou, e o paciente seguiu uma recomendação médica então comum: sanar feridas com o iodo marinho do mar. Passou a tomar banhos de mar, o que ainda não era costume dos cariocas. Para o tratamento, enfiava-se numa caixa de madeira perfurada, molhando só partes do corpo. Ele esperava assim evitar o ataque de crustáceos nas águas da praia do Caju, próxima à Quinta da Boa Vista, a residência real. A praia sumiu com a construção da ponte Rio-Niterói. Já a Quinta, erguida em 1803 por um traficante de negros escravizados e doada para a família imperial em 1808, existe até hoje. Quem quase desapareceu foi o Museu Nacional, abrigado no terreno e parcialmente destruído num incêndio 200 anos após ser fundado pelo rei João. Com a corte vieram as idiossincrasias de dom João, mas também o aparelho de um Estado soberano: a alta hierarquia civil, religiosa e militar, aristocratas e profissionais liberais, artesãos qualificados, servidores públicos. A capital ganhou a Biblioteca Real, a Academia Real de Belas Artes, a Imprensa Real e a Academia Militar. A abertura dos portos para nações amigas de Portugal, em 1808, encerrou a relação comercial exclusiva com a metrópole e dinamizou a economia local. A cidade teve também um upgrade de estradas, iluminação pública e uma administração pública mais estruturada que, segundo Del Priore, ""incorporou muitos brasileiros, inclusive afrobrasileiros e afromestiços"". ""A transferência da corte mudou a maneira como as pessoas dos dois lados do Atlântico entendiam a situação do Brasil, que deixou de ser uma colônia"", afirma a historiadora Kirsten Schultz, que no livro ""Versalhes Tropical"" se debruça sobre a vinda do clã real para os trópicos. ""Afinal, um rei não poderia viver em uma colônia porque era um território de status inferior."" Antes de 1808, a capital tinha ruas apertadas e casas simples, a maioria sem calçamento. Nada digno de uma monarquia. Ao aportar no Rio, o regente foi recebido com ruas cobertas de areia, ervas e flores, conforme narrou o cônego imperial Luiz Gonçalves dos Santos, o Perereca, padre-cronista daqueles tempos. A cidade estava em festa. Sinos badalaram nas igrejas, fogos de artifício coloriram o céu e um coreto entoou “melodiosas vozes instrumentais como vocais”, segundo Perereca. Com dom João no pedaço, o Rio provou do ""lifestyle"" cosmopolita. Para abrigar os milhares de recém-chegados numa cidade de 60 mil habitantes, um tanto de gente acabou desalojada —incluindo parte da elite que vivia em suntuosas chácaras. O despejo por ordem real foi batizado de ""aposentadoria"". O desembarque daquele homem baixo, com papadas e um ventre esférico, com coxas roliças que desgastavam o calção de seda, empurrou o Brasil para uma modernidade inédita. O Rio pré-dom João foi para o brejo: a nova administração aterrou pântanos e abriu ruas mais largas e planejadas. Apreciador de óperas, o regente ordenou a construção do Teatro Real de São João (atual João Caetano). Inaugurada em 1813, a casa abrigou ""Don Giovanni"", ópera de Mozart encenada pouco após sua estreia, em Viena. Embrião da PM, a Polícia da Corte foi fundada em 1809. Os 218 oficiais da primeira leva substituíram quadrilheiros, homens que faziam a patrulha local munidos de lanças e bastões. Schultz aponta que o policiamento foi concebido para, em parte, punir escravizados. ""As preocupações do primeiro intendente de polícia com o que ele chamou de 'civilização' e 'segurança pública' também levaram a ações repressivas contra os negros livres, incluindo trabalho forçado. A presença da corte desafiou a ideia de que o Brasil era uma colônia de Portugal, mas reafirmou o colonialismo gerado pelo domínio português."" Dom João dava todos os sinais de que veio para ficar de vez. ""Isso contribuiu para criar na Europa a impressão de que pessoas da maior estatura, como uma das dinastias reinantes, podiam viver com certo conforto nos trópicos"", diz a historiadora Isabel Lustosa, do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e autora de livros sobre o período joanino. ""Tudo isto elevou a moral dos brasileiros e lhes deu força para resistir às tentativas de retrocesso que se seguiram à partida do rei."" O regente pródigo a Portugal voltou, ainda que a contragosto, pressionado pelos conterrâneos, que atravessavam a liberal Revolução do Porto. Em 1822, vingou o clamor nacional: independência ou morte. 1808 Com Lisboa cercada por tropas napoleônicas, dom João 6º se muda para o Brasil, decreta abertura dos portos para nações amigas e funda instituições como o Banco do Brasil e a Imprensa Régia, que publica primeiro jornal impresso nacionalmente, a Gazeta do Rio de Janeiro 1809 Criação da Polícia da Corte, originária da Guarda Real trazida da metrópole e embrião da Polícia Militar do Rio de Janeiro 1810 Decreto cria a Academia Real Militar; dela se originou a Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou o presidente Jair Bolsonaro 1811 Criação da Junta da Instituição Vacínica da Corte, que tinha como meta disseminar a imunização contra varíola no país 1813 Inauguração do Real Theatro de São João, que trouxe à corte obras de Mozart e outros grandes artistas europeus; hoje se chama Teatro João Caetano 1815 Príncipe regente integra ex-colônia a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves 1816 Morre dona Maria 1ª, mãe de dom João, que passará de príncipe regente a rei 1818 Abertura do Museu Nacional, que no princípio abrigava de animais empalhados a material botânico; espaço foi devastado por incêndio em seu bicentenário 1821 Pressionado pela Revolução do Porto, dom João regressa a Portugal e deixa filho dom Pedro, que vai declarar a independência do Brasil no ano seguinte O apresentador Luciano Huck sinalizou sua intenção de participar da eleição presidencial de 2022 ao assinar, com outros cinco presidenciáveis, um manifesto pró-democracia publicado em março. Apesar das articulações nos bastidores, as ideias e propostas dele não estão claramente expostas. Huck tem participado nos últimos meses de debates virtuais e entrevistas sobre temas específicos, como as consequências da pandemia e a crise ambiental, mas responde de maneira genérica ou desconversa quando é confrontado com perguntas sobre candidatura e diálogo com líderes partidários. A Folha pede uma entrevista ao apresentador da TV Globo desde o início de março, sem sucesso. A última vez em que ele foi interpelado diretamente pelo jornal sobre assuntos do noticiário e suas pretensões políticas foi em abril de 2019. Depois disso, Huck se manifestou na Folha por meio de artigos. O apresentador não concedeu entrevistas sobre seus planos e movimentações, por exemplo, após a revelação, em novembro de 2020, de que ele se encontrou com o ex-juiz Sergio Moro para negociar uma possível aliança eleitoral para 2022. De lá para cá, as articulações de Huck e de legendas interessadas em apoiar uma eventual campanha dele se intensificaram, sem que ele respondesse em público sobre sua eventual plataforma de governo ou obstáculos como sua inexperiência política e pouca familiaridade com as engrenagens de Brasília. São desconhecidas, também, suas opiniões sobre um eventual impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente que ele poupou de críticas no início do mandato e ao qual hoje faz oposição. Tampouco se sabe sua avaliação sobre a Lava Jato depois das informações que colocaram em xeque a legalidade e a imparcialidade da operação. Ou sua orientação no espectro partidário, já que ele no passado se declarou de centro-esquerda, mas hoje dialoga também com forças à direita. O apresentador selou sua entrada no rol de presidenciáveis ao assinar o Manifesto pela Consciência Democrática, ao lado dos ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM), dos governadores João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB) e do ex-presidenciável João Amoêdo (Novo). Há alguns dias, o apresentador foi ao Rio Grande do Sul discutir com Leite uma eventual aliança eleitoral do grupo, que combate a polarização entre Bolsonaro e Lula (PT). Também participou de um painel virtual ao lado de Ciro, Doria, Leite e do ex-presidenciável Fernando Haddad (PT). ""Não sou político, me sinto aqui como parte da sociedade civil"", disse ele no evento organizado por alunos brasileiros de Harvard e MIT. ""Não sou um técnico em nada e não tenho experiência política, como a maioria tem aqui, mas sou um cara que conhece o dia a dia da realidade."" Procurado pela reportagem, Huck não se manifestou sobre as lacunas em suas opiniões, justificando que quer ""contribuir com, e não confundir, o debate público e a construção de uma terceira via que nos dê opção à polarização"". Respondeu ainda que a prioridade agora deve ser o debate sobre os desafios impostos pela pandemia e que a eleição está ""muitíssimo distante"". ""Entendo que minha melhor contribuição pode ser no debate de agenda, ideias e soluções."" Nem ele nem a Globo revelam quando se encerra o atual contrato dele com a emissora, mas pessoas próximas dizem que o compromisso vai até meados deste ano. O prazo de filiação para quem for concorrer termina em abril de 2022. A partir de entrevistas, textos e consultas a fontes, a Folha reuniu pensamentos e opiniões de Huck a respeito de temas sobre os quais ele será indagado caso resolva largar a TV para concorrer à Presidência.  Huck normalmente evita demarcar uma posição no espectro político, argumentando que conceitos como esquerda e direita ficaram ultrapassados. Diz que os dois lados têm pontos com os quais concorda. Sua visão combina a defesa de uma agenda liberal na economia e progressista na área social. Já se mostrou favorável a pautas como controle fiscal e combate a privilégios, mas também frisa a necessidade de um ""olhar social, inclusivo e de redução de desigualdades"", resumido por ele no mantra de que o governo no Brasil precisa ser eficiente, mas também afetivo. O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (ex-MDB, PSB e PSDB), principal conselheiro político do apresentador, disse em dezembro de 2020 ao jornal O Estado de S. Paulo que Huck, assim como ele, é de centro-esquerda, ""alguém que tem sensibilidade com os problemas sociais e tem um conceito modernizado da ideia do Estado e da economia"". Em entrevista à GloboNews em 2014, quando o apresentador rechaçava a possibilidade de entrar na política por não ter ""estômago para esse universo"", ele respondeu que se identificava como alguém de centro-esquerda. ""Eu sou o que aprendi em casa. Acho que eu sou uma pessoa de centro-esquerda, mas a favor do diálogo"", afirmou. Historicamente, tem proximidade com quadros do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Seu padrasto, o economista Andrea Calabi, fez parte das gestões de FHC no governo federal e de Geraldo Alckmin (PSDB) no Governo de São Paulo. Depois das rodadas de conversas iniciadas antes da eleição de 2018, Huck possui hoje ligação com pelo menos seis legendas, que podem também vir a filiá-lo para uma eventual candidatura: Cidadania, PSDB, DEM, PSB, PSD e Podemos. A variedade ideológica nesse grupo de partidos espelha a amplitude de pensamentos buscada pelo apresentador nos últimos anos, no que ele descreve como jornada em busca de conhecimento sobre o ambiente político, as dificuldades do governo e os problemas do Brasil. Ao lado de iniciativas nas quais atua (como o movimento Agora! e a escola de candidatos RenovaBR), de líderes políticos como a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) e interlocutores como o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, Huck encampa a defesa de uma reforma política. Ele prega, por exemplo, a redução do número de partidos, a adoção de um sistema distrital puro ou misto e a necessidade de aumentar a transparência e a democracia interna nas legendas. Em sua lógica de mesclar teorias à direita e à esquerda, Huck indica ter simpatia por um plano econômico híbrido, que combine reformas estruturantes, reequilíbrio da máquina pública e distribuição de renda. Não há clareza, nas declarações dele até aqui, sobre o papel do setor privado. O Brasil, disse ele à revista Piauí em 2018, tem ""um Estado ineficiente, pouco produtivo, que precisa ser reformado. Não defendo um Estado mínimo, mas um Estado necessário"". Saúde e educação, por exemplo, são áreas nas quais ele acredita que os governos devem ter participação indispensável. ""Você achar que o mercado liberal vai fazer o país ser um país mais justo é de uma ingenuidade enorme"", discursou em uma palestra em 2017, na qual também disse ser impossível falar em meritocracia no Brasil de hoje, sem condições de igualdade. O Estado, para ele, é o responsável por diminuir as distâncias. Nos últimos tempos, Huck manteve contato e se aconselhou com economistas como o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga (governo FHC), o presidente do Insper, Marcos Lisboa (que integrou o governo Lula), e o economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros (especialista em estudos de desigualdade e um dos formuladores do programa Bolsa Família, na era petista). ""Apoio boa parte das teses liberais da economia, mas essas teses, por si só, da Faria Lima e Leblon [regiões de classe média alta em São Paulo e no Rio], não vão puxar para dentro da sociedade a dona Marlene, que mora no sertão do Cariri [CE]"", afirmou em evento nos Estados Unidos em 2019. Embora nunca tenha revelado quem escolheu no segundo turno da eleição presidencial (ele já disse em conversas privadas que anulou o voto), Huck é criticado por pessoas que supõem que ele tenha dado apoio a Jair Bolsonaro (à época no PSL, hoje sem partido), que disputava contra Fernando Haddad (PT). A inferência se baseia em afirmações feitas por ele na época da campanha eleitoral que minimizavam os riscos de uma eventual vitória de Bolsonaro e deixavam claro que ele jamais votaria em um candidato do PT. ""O Bolsonaro, de novo, não tô falando que eu... Sim, levantei os problemas e acho que as pessoas podem, sim, amadurecer, é o que eu tô falando. Tem uma chance de ouro, né, de ressignificar a política no Brasil. Vamos ver, vamos aguardar"", afirmou ele em um vídeo de rede social. Na transmissão, Huck falou que não se posicionou ""a favor de nenhum candidato"" ao Planalto e que via problemas nas duas candidaturas. ""No PT eu nunca votei e jamais vou votar. Isso é fato"", disse. A Folha revelou na época que o apresentador foi um dos integrantes do movimento Agora! que se opuseram à articulação de uma nota da organização posicionando-se contra Bolsonaro e a favor de voto crítico em Haddad. Huck pregava uma ""resistência positiva"" a qualquer um que fosse eleito. Se hoje se coloca no papel de opositor do presidente, nem sempre Huck teve postura incisiva nas críticas, preferindo, depois da eleição de Bolsonaro e ao longo de seu primeiro ano de mandato, adotar o que qualificava como voto de confiança no novo governo. Em abril de 2019, o apresentador disse à Folha que o governo tinha ""que ter crédito porque foi eleito pela ampla maioria"", especialmente nas áreas de ""combate à corrupção, ao crime organizado e nas reformas estruturantes"". ""Bolsonaro tem ideias, ideologia e crenças que, inclusive, o levaram à Presidência. Só que também está claro que o que fazer e como executar as ideias eles estão modulando, lapidando e pensando em como fazer já com o avião voando"", afirmou. ""Há setores em que você enxerga clareza de ideias, mas a capacidade de execução a gente vai ver agora"", ponderou na ocasião. Em dezembro de 2018, durante evento do RenovaBR antes da posse de Bolsonaro, Huck disse que o momento não era adequado para formação de oposição, mas para construção de diálogo. ""A gente tem que dar um crédito e ver o que vai acontecer. As agendas que forem positivas para o país a gente tem que apoiar. E, onde a gente não concordar, a gente tem que se manifestar."" Embora não tenha declarado diretamente ser favorável ao impeachment do presidente, Huck já deu sinais de que defende a discussão. ""Não sugiro [...] guardar as panelas, engavetar o debate do impedimento, banalizar os crimes de responsabilidade, normalizar a dor e a violência, deixar de lado a indignação"", escreveu na Folha em fevereiro deste ano, em artigo no qual conclamou a sociedade a reafirmar sua capacidade de reagir. Em janeiro, o apresentador convidou seus seguidores a participarem de um panelaço que havia sido convocado para pedir a saída de Bolsonaro da Presidência e o responsabilizava por mortes na pandemia de Covid-19. Huck fez a convocação sem mencionar diretamente o impeachment. Na hora do protesto, ele postou vídeo, sem mostrar seu rosto, em que batia uma colher em uma panela. Huck externou nos últimos anos sua desaprovação aos governos do PT, embora já tenha reconhecido os benefícios de políticas sociais de Lula para os mais pobres. ""Não compactuo com o modo de pensar e de operar do PT"", escreveu na Folha em 2018, a poucos dias do segundo turno da eleição presidencial. Meses antes, no dia em que o ex-presidente foi para a prisão, o apresentador afirmou que era ""uma pena, uma tristeza"" e que se sentia ""muito triste pelo Brasil"". ""Ele tem esse olhar social, mas, bicho, a Justiça vale para todo mundo. Saquearam o Estado"", disse durante um evento nos Estados Unidos. A saída do petista do páreo eleitoral era um dos motivos que animavam entusiastas da candidatura de Huck. Pesquisas internas vinham mostrando que o apresentador penetrava em setores do eleitorado historicamente simpáticos a Lula, o que aumentava suas chances em uma eventual disputa. Em março, com a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que reabilitou Lula a se candidatar, Huck reagiu dizendo que ""figurinha repetida não completa álbum"". O ex-presidente retrucou: disse que o apresentador ""não sabe que figurinha repetida carimbada vale pelo álbum inteiro"". Huck, que chegou a ser procurado pelo hoje ministro da Economia antes da eleição de 2018 para uma conversa sobre eventual parceria em uma campanha ao Planalto —que acabaria se desenrolando com Bolsonaro—, sempre se mostrou entusiasta da agenda liberal e reformista de Paulo Guedes. Antes do início do governo, o apresentador reafirmou que medidas eram necessárias para que ""o país não quebrasse"" e que a gestão Bolsonaro tinha ""uma clara agenda econômica eficiente"", com ""bons nomes técnicos ali"". Em 2019, afirmou que os projetos da pasta de Guedes exibiam ""muita consistência"" e representavam uma agenda correta. Nos últimos meses, Huck deixou os elogios de lado e criticou a condução econômica do governo em episódios como a intervenção de Bolsonaro na Petrobras. Huck foi um entusiasta da Operação Lava Jato e do combate à corrupção, como deixou claro em entrevista à Folha em março de 2017. ""Sou a favor de todos os movimentos que ajudem a refazer e ressignificar as bases morais e éticas do Brasil. E sem dúvida a Lava Jato é o principal deles. [Sergio] Moro é um homem de coragem, e tenho certeza que os ecos das suas atitudes irão trazer muito benefícios para as próximas gerações"", disse. Em 2019, em meio às discussões sobre prisão após condenação em segunda instância, uma pauta cara à Lava Jato, Huck afirmou em redes sociais ser favorável à medida, que, segundo ele, ""alinha o Brasil com o padrão mundial da justiça penal"" e ""é uma vontade legítima da sociedade"". Não se sabe, porém, que avaliação Huck faz hoje da operação, após a revelação dos diálogos entre o então juiz Sergio Moro e procuradores do Ministério Público Federal que levaram a iniciativa a cair em descrédito em parte da opinião pública e a ter sua suposta parcialidade julgada pelo Supremo. O apresentador sempre foi elogioso a Moro, tanto na época da Lava Jato quanto no período dele como ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro. Não se manifestou, contudo, sobre as informações que vieram à tona a respeito do período dele como magistrado em Curitiba. Em 2018, Huck afirmou à revista Piauí que, em um eventual governo seu, convidaria Moro para ser ministro da Justiça porque ele ""seria um bom nome para moralizar"". O apresentador, no fim daquele ano, disse ver com bons olhos a ida do ex-juiz para o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, ""mais um passo importante na moralização do sistema e combate ao crime organizado"". Em 2019, afirmou que ele tinha ""noção muito clara"" do que tinha que ser feito. Quando Moro deixou o cargo, em atrito com o presidente, Huck lamentou a saída em redes sociais e telefonou para o ex-magistrado para expressar solidariedade. ""A saída de Moro gera uma enorme frustração. Tudo indica que as mudanças tão defendidas pela população ficam adiadas. Em especial a agenda anticorrupção e o combate firme ao crime organizado e às milícias"", escreveu. A Folha revelou que Huck e Moro se encontraram em outubro de 2020 e conversaram sobre uma possível aliança eleitoral. Os dois mantêm contato. Huck endossa pautas como as causas feminista, antirracista e dos direitos LGBT, além de ter uma postura progressista em temas como aquecimento climático, armamento e guerra às drogas. Um plano de governo sugerido pelo movimento Agora! a candidatos à Presidência em 2018, que foi endossado por Huck, formulou propostas como a regulação da maconha para uso adulto e o aperfeiçoamento do controle e rastreamento de armas e munições. ""Tenho absoluta certeza de que a guerra às drogas e o que foi feito até aqui não funcionou. As comunidades estão cada vez mais armadas. O consumo nunca diminuiu, os presídios estão superlotados. Não é um problema de polícia, mas de saúde pública"", disse ele à Folha em 2017. ""[Armar a população] não vai resolver problema nenhum de violência, vai só matar mais gente"", afirmou em evento nos Estados Unidos em 2019. ""Contra malucos, psicopatas e afins... pouco podemos fazer. Mas, contra as armas de fogo, é só vontade pública e política. Desarmamento, já"", tuitou em 2011. Huck, que, além de apresentador de TV, é empresário, já declarou que é um dos maiores pagadores de impostos do Brasil e destina ""uma fortuna"" em tributos à Receita. Ele, que se descreve como milionário (seu patrimônio não é divulgado), também cobra da elite nacional, da qual diz fazer parte, que abandone a passividade em relação à desigualdade social no país. Em 2018, disse à Piauí ser favorável a uma reforma tributária que inverta o atual quadro, em que ""o rico paga menos imposto do que o pobre"". Argumentou que a mudança tem que ser feita ""desonerando o imposto de serviço e tributando heranças e fundos privados"". Em janeiro deste ano, ao interagir com o presidenciável Ciro Gomes (PDT) em uma rede social, Huck repetiu ser a favor de uma maior tributação sobre herança e defendeu ""um imposto tipo IPVA"" sobre aeronaves e barcos. ""[Eu] seria o primeiro a pagar. É o justo"", afirmou. Em abril de 2020, após ser criticado por falar em um evento que a tributação de grandes fortunas faria o dinheiro ""escapar"" do país, Huck disse ver na ""tributação de grandes heranças uma via mais eficiente"" no debate sobre o papel da elite no combate à desigualdade, mas afirmou ser ""a favor do aprofundamento do debate sobre a taxação de grandes fortunas"". ""Temos, como sociedade, de encontrar as soluções democráticas pra que o 1% mais rico da população, que historicamente foi acusado de passividade em relação as desigualdades sociais do país, se comprometa a fazer parte da solução"", afirmou ele, defensor de um sistema tributário progressivo. Huck já se mostrou favorável a uma revisão da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de 2015 que proibiu as doações de empresas para campanhas políticas. Em um evento em 2019, o apresentador disse que a possibilidade poderia ser restabelecida ""com critérios"". ""Não pode ser única e exclusivamente um fundo público que vá sustentar os partidos e as eleições"", disse, em referência ao sistema atual, bancado majoritariamente pelos fundos eleitoral e partidário. ""Você limitar o financiamento político-partidário e eleitoral só a um fundo público, no montante que ele está hoje, gerido e administrado por quem está dentro dele, eu não acho que seja o sistema mais eficiente e democrático"", opinou. Para ele, o que existia ""no passado, de você poder doar para todo o mundo, a qualquer tempo, independentemente da sua ideologia e da sua crença, não funcionou. Tem que trazer isso para o debate de novo"". Nas eleições municipais de 2020, Huck destinou, como pessoa física, R$ 55 mil em doações de campanha a oito postulantes a prefeito e vereador. No pleito de 2018, ele doou sozinho R$ 285 mil a 13 candidatos a deputado federal e estadual. No Chile, as manifestações começaram devido ao aumento da tarifa do metrô de Santiago. No Equador, o estopim foi o fim dos subsídios para a gasolina. No Peru, os atos eram contra a corrupção, enquanto na Venezuela o alvo era o ditador Nicolás Maduro. Já os bolivianos estavam divididos: uma parte estava na rua contra Evo Morales, e a outra, a favor dele. Esses são alguns dos exemplos da onda de protestos que explodiu na América Latina há dois anos, em um sinal de que existia um sentimento generalizado de descontentamento popular. Em 2020, a região —assim como o resto do mundo— seria sacudida de novo, dessa vez pela pandemia de coronavírus. Correspondente da Folha em Buenos Aires desde 2016 (e, anteriormente, de 2011 a 2013), Sylvia Colombo se debruça exatamente sobre esse cenário para tentar entender a situação atual da América Latina em seu novo livro, “O Ano da Cólera” (ed. Rocco). Com evento virtual de lançamento marcado para a próxima quinta-feira (29), a obra traz um panorama dos protestos e acontecimentos políticos recentes na região, traça uma análise histórica das causas da insatisfação popular e mostra o impacto da crise sanitária da Covid-19. Tudo isso é feito com foco nas diferenças e particularidades de cada país, sem tratar a América Latina como um bloco monolítico. “Uma análise que coloca todo mundo junto, como se a América Latina fosse uma coisa só, é preconceituosa e preguiçosa”, afirma ela, que é formada em história pela USP. “Por exemplo, não dá para falar da Bolívia e do Equador do mesmo jeito que se fala da Argentina e do Uruguai, por causa da questão indígena.” Para lidar com isso, o livro foi dividido em sete partes. Na primeira e na última, Sylvia faz uma análise mais geral dos acontecimentos em toda a região, mostrando o que há de comum. Já os cinco capítulos do meio são dedicados aos diferentes países (Chile, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Argentina). Essa solução permite à autora detalhar as características sociais, históricas e políticas específicas de cada lugar. No caso chileno, por exemplo, a jornalista volta até o golpe de 1973, que derrubou o governo de Salvador Allende e instituiu a ditadura militar. De lá, ela mostra como o regime de Augusto Pinochet criou uma Constituição que não atendeu às demandas sociais, em uma crescente que leva aos protestos de 2019 —os chilenos aprovaram no ano passado a convocação de uma Constituinte para fazer uma nova Carta. Na parte sobre a Venezuela, a autora também vai ao passado para mostrar como o antigo sistema bipartidário atendia apenas os anseios da elite econômica e política, o que criou o cenário para o surgimento de Hugo Chávez —e como o país se transformou desde a chegada dele ao poder, em 1999, até a situação atual sob Nicolás Maduro. A estrutura de volta no tempo também aparece nos capítulos sobre Argentina (com destaque para Maurício Macri e para o kirchnerismo), sobre a Bolívia de Evo Morales e da questão indígena e sobre os motivos do Uruguai ter virado modelo de estabilidade para a região. A essa análise histórica e política, Sylvia acrescenta ainda um tempero local, com histórias que viveu ou apurou durante suas viagens recentes a esses locais —muitas permeadas pela maneira com que cada país enfrenta a disseminação do coronavírus. O projeto inicial, inclusive, não incluía a pandemia e teria como foco apenas os protestos que marcaram a região em 2019. Mas a crise sanitária foi inescapável porque acabou se entrelaçando ao pano de fundo que já fervia na região. “A América Latina é um continente com muitas comorbidades. É uma região com muita desigualdade, muita pobreza, muito trabalho informal”, diz a autora. “O coronavírus mostrou que esses problemas não podem ser encobertos e, que em muitos casos, eles se agravaram. O que leva a gente a pensar que, talvez, quando essa tormenta passar, essas demandas voltem à tona.” Argentina Mauricio Macri perdeu a reeleição em outubro de 2019 para a chapa de centro-esquerda formada por Alberto Fernández, eleito presidente, e pela vice Cristina Kirchner Bolívia Evo Morales tentou obter um quarto mandato nas eleições de outubro de 2019. O pleito teve denúncias de fraude, Evo renunciou e deixou o país após pressão dos militares. Jeanine Añez assumiu como presidente interina e governou até novembro de 2020, quando novas eleições definiram Luiz Arce, aliado de Evo, como novo presidente. Añez foi presa em março de 2021, acusada de golpismo Chile Uma onda de protestos eclodiu no país em 2019 depois que o governo tentou aumentar a tarifa do metrô da capital, Santiago. As manifestações acabaram levando à convocação de uma Assembleia Constituinte, que deve ser eleita em maio para escrever a nova Constituição do país Uruguai Luis Lacalle Pou, de centro-direita, foi eleito presidente em novembro de 2019 e colocou fim a uma sequência de três governos da Frente Ampla, de centro-esquerda Venezuela Em 2019, Juan Guaidó, então chefe do Legislativo, se autoproclamou presidente interino do país e tentou, com apoio internacional, remover o ditador Nicolás Maduro, mas fracassou. O regime resistiu à pressão com apoio da cúpula do Exército, mesmo em meio a uma grande crise econômica Embora o acordo em torno do Orçamento de 2021 tenha sido bem recebido pelo mercado, economistas alertam para o falta de limites para as despesas que vão ficar fora do teto de gastos e da meta fiscal, que pode se transformar em um número fictício. Isso vai ocorrer porque pelo menos R$ 100 bilhões em gastos deste ano não serão considerados para o cumprimento da meta, que é um resultado negativo de R$ 247,1 bilhões. A exclusão visa liberar espaço para emendas parlamentares. O mecanismo foi comparado por economistas ao utilizado nos governos Lula e Dilma Rousseff, quando alguns investimentos não eram contabilizados como despesa. Em 2014, por exemplo, a petista condicionou a liberação de verbas aos congressistas à aprovação do abatimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de desonerações tributárias da meta daquele ano. Entre as despesas fora da meta em 2021 estão os programas de proteção ao emprego e de crédito a empresas, a reedição do auxílio emergencial e despesas emergenciais com saúde. Para Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, o aumento do déficit por conta dos gastos com a Covid-19 seria totalmente justificável se, em vez de retirá-los do cálculo do resultado fiscal do ano, a meta fosse alterada. Segundo ele, como não há nenhum compromisso do governo com um limite de gastos fora do teto, a meta fiscal de 2021 se tornou “uma mera peça de ficção”. “Do jeito que foi feito só aumenta a dúvida do mercado em relação ao compromisso fiscal do governo”, afirma. “Isso remete ao primeiro passo rumo ao descontrole fiscal do governo de Dilma Rousseff, com a retirada do PAC do cálculo do déficit primário, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010.” O economista-chefe do Banco Alfa afirma que, analisando os custos políticos e econômicos de uma “não solução” para a crise entre Executivo e Legislativo, o acordo em torno do Orçamento pode ser considerado positivo, pois tornou a peça exequível. Em relação ao compromisso fiscal, no entanto, a solução não foi das melhores. Ele lembra que, o ponto de vista da dívida pública, todo gasto a mais representa aumento de endividamento. Shelly Shetty, diretora-gerente da Fitch Ratings, destacou como positivo o fato de que as despesas de apoio relacionadas à pandemia que ficarão fora do teto de gastos em 2021 são temporárias e não permanentes, o que teria prejudicado a credibilidade da âncora fiscal. Por outro lado, o déficit do governo e a dívida pública continuarão elevados neste ano, com esta última em torno de 90% do PIB e com tendência de alta nos próximos anos. “Nossa perspectiva negativa sobre os ratings do Brasil continua refletindo os desafios de consolidar as contas fiscais e estabilizar a alta e crescente carga da dívida pública em meio a uma recuperação econômica incerta e contínuas dificuldades em controlar a pandemia”, afirma Shetty. Daniel Xavier Francisco, do Banco ABC, afirma que a não inclusão de despesas, mesmo que temporárias, no resultado primário é pouco favorável sob o ponto de vista da transparência. “A piora no resultado primário ‘cheio’, sem exclusões, merecerá monitoramento constante, em paralelo com a pandemia, especialmente ao levarmos em conta que não há valores predeterminados para gastos de saúde extra teto e primário.” Na quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou o projeto de lei do Congresso que retira da meta fiscal e do teto de gastos algumas despesas relacionadas à pandemia. O texto não traz um limite para essas despesas, mas as estimativas são de um valor de pelo menos R$ 100 bilhões, incluindo também o novo auxílio que já havia sido sancionado. Nesta quinta (22), o presidente sancionou a LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2021, preservando parte das emendas, conforme acertado com parlamentares. A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, já havia afirmado que, em termos de transparência, o recomendável seria que a meta de primário fosse alterada para incorporar os novos gastos. Em 2020, o governo foi dispensado de cumprir a meta, por causa da decretação de Estado de Calamidade. O dicionário diz que a morte é o fim da existência e da vida, mas, em cada religião, este importante momento é visto de uma maneira diferente. Além disso, cada crença também tem visões diferentes sobre o que acontece depois que a vida se encerra. Algumas pessoas acreditam que as almas vão para um lugar onde estão todos aqueles que amamos, enquanto outras entendem que é preciso voltar à Terra para melhorar as relações com os outros. Saiba um pouco de como pensam quatro importantes líderes espirituais a respeito desta que é a única certeza que se tem a respeito da vida. CATOLICISMO — Padre Julio Lancellotti “Tanto a vida quanto a morte são formas diferentes de viver o amor. Sempre digo que a dor pela morte de alguém é a dor do amor. Porque, se não tivesse amor, não teria aquela dor. A vida é essa força do amor que resiste, que luta para enfrentar as dificuldades. A morte é a dor do amor. Você está sofrendo porque você ama, e não está mais vendo nem ouvindo a pessoa amada, porque agora ela adormeceu. Ela está viva de outra forma. Por que rezamos pelos mortos? Porque os amamos. A oração é tornar presente quem você ama. Não sei como eles recebem ou sentem estas orações, mas nós estamos vibrando e vivenciando este amor, então eles não deixam de existir para nós. Um dos meninos de quem cuidei em um abrigo estava muito doente, e me perguntou como ia ser quando ele morresse. Quis saber se encontraria o pai e a mãe no Céu. ‘Como eu vou vê-los se meus olhos vão ficar na Terra?’, perguntou. Respondi: ‘Você vai ver com os olhos do amor’. Ele argumentou que nunca conheceu os pais. ‘Mas eu nunca vi eles’, disse. Eu disse, então, que eles iam chegar perto dele e dizer ‘meu filho’. O amor nos torna imortais. Quem ama não morre jamais.” UMBANDA — Babalaô Luis Guilherme Santos “Na umbanda, quando a gente fala de morte está falando do processo de deixar este plano e ir para outro. Nesse outro plano, a gente vai ter uma outra vivência, mas é da nossa vida mesmo, porque a vida não é limitada a esta dimensão onde estamos hoje. O que a gente busca nesse plano aqui é ser um ser mais evoluído. Quando a gente nasce, a gente vem com uma série de lições de casa de coisas que precisa ressignificar. O que a gente está vivendo aqui é o que combinou lá no outro plano. Quando a gente sai para a missão na Terra, vem com essa listinha, e tudo que vive aqui é um desafio dessa listinha. Vamos sendo desafiados para viver tudo aquilo que combinamos, mas com livre arbítrio para poder fazer ou não os combinados. A reencarnação é um processo em que os espíritos, quando não estão mais na carne, têm oportunidade de voltar para a Terra. A reencarnação vai se dar sempre com uma estrutura de espíritos que têm necessidade de reforçar vínculos, reconhecer afetos. Provavelmente, quando você reencarnar, vai estar cercado de pessoas com quem já teve contato. E, nessa oportunidade, vai poder buscar o processo evolutivo destas relações.” BUDISMO — Reverenda Robina Courtin “Para todos os lugares que olharmos há morte. A formiga está ali, e de repente morre. O nosso vizinho morre, pessoas em outros países morrem. Todos nós sabemos que a morte é parte da vida, mas, porque não gostamos de pensar que também vai acontecer com a gente, a gente meio que nega o assunto. Não negamos que acontece com os outros, mas não suportamos pensar que vai acontecer com a gente. Sentimos essa dor horrível por imaginar que podemos perder a mamãe e o papai, e isso é compreensível. Mas, quando negamos alguma coisa, é aí que surge o medo. Não importa se a gente tem nove anos ou 90 anos: somos muito apegados às coisas. E não conseguimos suportar a ideia de que elas vão mudar. Vivemos nossas vidas não só com medo da morte, mas com medo de qualquer mudança. Se você vive entendendo que as coisas mudam, você traz a morte para dentro e lida melhor com ela. Sei que é um assunto intenso, que é difícil falar sobre isso. Mas somos inteligentes e conseguimos. Às vezes os adultos acham que as crianças não vão entender a morte, e isso pode ser ofensivo. Eles esquecem que, quando somos pequenos, somos brilhantes.” JUDAÍSMO — Rabino Joseph Saltoun “Pela visão da cabala e do judaísmo, existe a alma. Cada ser tem uma alma, uma essência divina. Pode chamar de alma ou de espírito. Além do corpo, temos uma essência energética que faz parte de Deus, da luz que é emanada do criador. Quando chega a hora de a pessoa nascer, esta alma entra num corpo. E o corpo cresce, desde a infância, vai crescendo. O sentido de viver é realizar a missão da alma. Toda vez que chega o momento em que a alma já se realizou, a alma não precisa mais estar aqui. A morte é a separação do corpo e da alma. Você, então, vai para um lugar chamado Paraíso, onde tem o grupo de todas as almas. Então, ninguém desaparece. A alma no Paraíso não sofre. Ela fica sossegada, com muita paz e muita sabedoria, e fica eterna para todo o sempre. Às vezes, a alma precisa retornar para, mais uma vez, morar aqui no físico. Então, a morte não é o ponto final. É uma transição entre vidas, desta vida para outra vida. A alma não desaparece. A gente pode continuar falando com a alma como se ela estivesse viva. E essa alma escuta orações, pensamentos, emoções. É uma força da vida que continua a ser presente, mas em uma outra dimensão.” Ao fazer sua enfática defesa do legado da Operação Lava Jato com um discurso no plenário do Supremo Tribunal Federal na quinta-feira (23), o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que as provas são a única coisa que importa no processo penal. ""Ou tem prova, ou não tem"", declarou. Se o princípio valer para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele está prestes a se livrar de boa parte de seus problemas na Justiça. Confirmada a decisão que declarou a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na ação que levou à primeira condenação do líder petista, as provas usadas contra ele virarão pó. No início de março, quando o ministro Edson Fachin anulou quatro processos abertos contra Lula no Paraná e determinou a remessa dos autos para a Justiça Federal em Brasília, ficou estabelecido que um novo juiz seria encarregado de reexaminar as acusações da Lava Jato e as provas apresentadas. Ao declarar Moro parcial no caso do tríplex de Guarujá, a Segunda Turma do tribunal foi além, anulando não só a ação penal, mas todos os atos praticados pelo ex-juiz durante as investigações sobre Lula, em que foram colhidos documentos e testemunhos usados para incriminar o líder petista. Para que os efeitos dessa decisão se estendam às outras ações iniciadas pela Lava Jato contra o ex-presidente, é questão de tempo. Na quinta-feira, o julgamento da suspeição de Moro foi interrompido quando já havia se formado no plenário maioria favorável à decisão da Segunda Turma. Encerrado o debate sobre a questão, a defesa do ex-presidente deverá obter a extensão de seus efeitos para as outras ações transferidas para Brasília, que tratam das reformas no sítio de Atibaia, de doações da Odebrecht para o Instituto Lula e da compra de um prédio para a entidade. Ainda que seja possível reconstituir em novos processos as provas obtidas pela antiga força-tarefa que conduziu as investigações no Paraná, seria preciso achar um juiz que as considerasse suficientes para condenar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, como Moro fez no caso do triplex. Além disso, os prazos para prescrição de crimes atribuídos a pessoas com mais de 70 anos de idade são mais curtos, o que obrigará o Ministério Público Federal a correr contra o tempo se houver interesse em refazer o trabalho da força-tarefa para retomar os processos. Lula está com 75 anos. As investigações conduzidas por Moro e pelos procuradores de Curitiba se concentraram no primeiro semestre de 2016, quando a Polícia Federal realizou buscas no apartamento do líder petista, gravou suas conversas telefônicas durante 27 dias e levou-o à força para um interrogatório. Documentos encontrados nas buscas foram aceitos por Moro como prova de que Lula era o real proprietário do tríplex reformado pela empreiteira OAS em Guarujá. Contradições entre as declarações do petista à PF e seu depoimento posterior à Justiça foram apontadas para incriminá-lo. Conversas de Lula e seus familiares grampeadas pela operação foram apresentadas como prova de que ele era também dono do sítio de Atibaia, que passou a frequentar após deixar a Presidência da República. A Odebrecht e a OAS disseram que fizeram reformas na propriedade para agradá-lo. Emílio Odebrecht e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que colaboraram com a Justiça em troca de penas mais brandas para os crimes que confessaram, também ajudaram a incriminar Lula ao declarar que as reformas foram solicitadas pelo ex-presidente, o que o petista nega ter feito. Moro condenou Lula por corrupção no caso do tríplex após concluir que as reformas no apartamento faziam parte de um acerto de contas com o PT para garantir contratos da OAS com a Petrobras, mas o testemunho de Léo Pinheiro é a única prova dessa conexão no processo que agora foi anulado. O desmonte das ações de Curitiba também enfraquece ainda mais a tese de que Lula era o chefe de um amplo esquema de corrupção no governo. A Justiça Federal de Brasília já havia descartado em 2019 a ação em que ele e outros petistas eram acusados de integrar uma organização criminosa. Existem outras quatro ações em curso contra o ex-presidente em Brasília e São Paulo, mas todas tramitam lentamente e ainda estão longe de um desfecho. Elas tratam de transações de um lobista com um filho de Lula, negócios da Odebrecht em Angola e de outra empresa na Guiné Equatorial. O fim dos processos de Curitiba permite que Lula se declare inocente. Mas os obstáculos no caminho de seus acusadores indicam que provavelmente nunca chegará o dia em que o petista poderá dizer que foi absolvido das acusações após um exame isento das provas apresentadas contra ele. Vou acender velas para são Jorge, a ele eu quero agradecer... Alô, povão, agora é fé! O dia é de são Jorge, mas, enquanto a Fiel reza para o Timão voltar ao protagonismo, tratemos do São Paulo, que é quem dá sinais concretos, ainda que embrionários, de evolução na luta contra o dragão do jejum! Foi o São Paulo quem mostrou o melhor futebol na rodada inaugural da fase de grupos da Libertadores. Miguel Ángel Ramírez teve o mesmo tempo de Crespo, mas inventou e o Inter perdeu em sua estreia para o Always Ready. Não dá para colocar a derrota na conta da altitude quando o espanhol, numa pardalzice padrão internacional, optou, estupidamente, por deixar Patrick na reserva! O Grêmio? Eliminado na fase prévia com o ex-longevo Renato Gaúcho, acabou de anunciar o fraco Tiago Nunes... A verdade é que o tempo para trabalhar é superestimado e tem efeitos relativos... Crespo, que chegou outro dia ao São Paulo, tem tirado muito mais do elenco tricolor do que Abel Ferreira do Palmeiras e Rogério Ceni do Flamengo. Com muito menos tempo que Diniz, Crespo fez o óbvio e colocou Daniel Alves na direita... Abel, que teve como ponto alto a vitória contra o River, na Argentina, nunca mais conseguirá preparar e executar tão bem a estratégia para um jogo. E complicou uma vitória contra o fraco Universitario (rival muito inferior ao Sporting Cristal) ao escalar mal e mexer ainda pior. No Flamengo, como ficou claro no 3 a 2 sobre o Vélez (ótimo resultado e preocupante desempenho), Rogério Ceni segue inventando e sobrevivendo graças ao talento do elenco. A situação no caro Atlético-MG é ainda mais preocupante. Cuca, como Crespo, também assumiu nesta temporada e, até agora, não construiu nada de útil, não corrigiu defeitos e, pior, ainda destruiu o que o Galo tinha de positivo com Sampaoli.  Jorge Luis Borges: ""A esperança é o mais sórdido dos sentimentos"". Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! E nóis na banca! No agora.com.br! E no youtube.com/blogdovitao!  Vamos, São Paulo! Embalado e confiante pelo bom início da era Crespo, o São Paulo tem tudo para beliscar mais três pontos contra o fraco Santo André, aproximar-se da confirmação matemática da classificação às quartas de final e abrir folga na classificação geral do Campeonato Paulista. Palpites: São Paulo 3 x 1 Santo André. Mais CovidãoSP Se o São Paulo e o Corinthians estão com o boi na sombra no Campeonato Paulista, Santos e, especialmente, Palmeiras correm risco real de ficarem de fora dos mata-matas. Hoje, além de vencerem os respectivos jogos, torcem um pelo outro. Palpites do CovidãoSP: Guarani 1 x 1 Palmeiras e Novorizontino 1 x 0 Santos. Em uma ofensiva para tentar minimizar danos na CPI da Covid e após fracassar na tentativa de impedir que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja indicado o relator da comissão, Jair Bolsonaro (sem partido) fez um aceno ao congressista. O presidente telefonou na terça-feira (20) ao governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), filho do senador, e pediu que ele avisasse ao pai que buscaria contatá-lo, o que ainda não ocorreu. Na ligação a Renan Filho, Bolsonaro avaliou que o momento é inoportuno para a instalação da CPI. De acordo com aliados, o governador se absteve de fazer comentários sobre a pertinência da hora para que se faça investigações, mas teria dito que o senador não cometeria injustiças no processo, até porque ele se sente injustiçado pelas apurações da Lava Jato que o atingiram. Apesar de o mandatário não ter ligado ainda para Renan, o senador diz que vê como natural a ligação de um presidente da República para um governador e que não deixaria de atender. ""Não vejo nenhuma dificuldade ou obstáculo para conversar com o presidente. A minha carreira não se fez atacando, desconstruindo. Sempre me guiei pela ponderação"", afirmou Renan à Folha. O senador tem sido criticado por apoiadores de Bolsonaro exatamente por ser pai de um governador. A CPI investigará o repasse de verbas federais a estados. Em resposta, Renan disse que Alagoas não é alvo de apurações e que, caso venha a ser, a CPI deverá designar um membro que seja insuspeito para tocar os trabalhos. ""Se houver fato cuja investigação gere suspeição, não permitiremos. Cabe-nos, como integrante ou como relator, garantir a apuração e a imparcialidade"", afirmou o senador. Renan passou a ser apontado nos últimos dias como a principal ameaça contra o governo, no âmbito da CPI da Covid. Os governistas são minoria na comissão, ocupando apenas 4 das 11 vagas titulares. A situação permitiu que o grupo formado por independentes e oposição pudesse fechar um acordo para eleger como presidente Omar Aziz (PSD-AM), que por sua vez indicaria Renan para a relatoria. Inicialmente, o governo tentou agir para que Aziz indicasse outro nome e depois tentou trocar membros da comissão considerados independentes por outros mais alinhados ao Planalto, o que não deu certo. Em minoria na comissão e apartados dos principais cargos, governistas começam a se mobilizar para que seja criada uma sub-relatoria para tratar exclusivamente dos repasses de recursos federais para estados e municípios. A investigação de governadores, em especial, é defendida pelo próprio presidente Bolsonaro. A oposição, por sua vez, passou a reagir a esse avanço do governo para controlar essa eventual sub-relatoria, com receio de que se torne uma ""CPI paralela"" e que seja um mecanismo para tumultuar as investigações do governo Bolsonaro. A proposta de criar sub-relatorias estava em planos iniciais do grupo independente e oposicionista, mas os congressistas agora advogam que essas subdivisões sejam pontuais. A decisão final caberá ao próprio Renan Calheiros, na condição de relator. ""[Governistas] não podem manobrar [para criar a sub-relatoria]. Podem propor, podem querer, mas é uma decisão do relator"", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI. ""Vão pedir, vão fazer uma guerra política, vão dizer 'está vendo, eles não querem investigar, querem passar a mão para os governadores', vai ser sempre uma disputa"", completou. Renan, que tem sido alvo de ataques nas redes sobre o relatório que produzirá na CPI, disse que ainda não sofreu pressão de governistas e que também não cederia. ""Não há pressão sobre a investigação. Aliás, nenhuma pressão será bem-vinda, venha de onde vier. Não serei um relator monocrático e investigaremos unicamente em busca da verdade"", afirmou à Folha. Governistas, no entanto, reclamam que a comissão está desbalanceada. Um líder afirmou que será necessário subdividir a comissão, porque serão vários tópicos a serem investigados. E que a oposição, embora maioria, não pode concentrar todos. Em outra frente, senadores têm reclamado de ataques de aliados de Bolsonaro pelas redes sociais criticando a abertura da investigação e pressionando para que a apuração foque no repasse de verbas a governadores. Costa, um dos titulares da CPI, recebeu xingamentos por mensagens individuais e grupos que foram criados com esse propósito. O assunto chegou a ser tópico de discussão na reunião de líderes realizadas nesta quinta-feira (22). Senadores falaram que as mensagens dão impressão de serem articuladas, embora evitem inicialmente apontar que seja uma iniciativa do Planalto e do gabinete do ódio. ""Vários senadores colocaram que estariam recebendo, de novo, sendo bombardeados de mensagens. Durante o feriado, principalmente, aconteceu muita disseminação de desinformação em massa, vamos dizer assim"", afirmou o líder da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), em conversa com jornalistas após a reunião de líderes. ""Falou-se das novas características dessas mensagens, bem customizadas, dirigidas aos senadores com os seus nomes, os nomes dos cidadãos que estão mandando, a região. Vários aprimoramentos em relação ao ano passado, a 2019"", completou o congressista. Os senadores então discutiram formas de combater e criminalizar as fake news. Lembraram de propostas que já tramitam na Casa legislativa, como um projeto de lei e mesmo uma proposta de emenda à Constituição. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, fez uma série de postagens nas redes sociais em que ironiza a CPI e critica governadores. Em uma delas, ele publicou um vídeo em que o governador Helder Barbalho (MDB-PA) fala sobre a compra de lotes de hidroxicloroquina e azitromicina, mas ressalta que cabe aos médicos definir se vão prescrever ou não os medicamentos. Como legenda, o vereador escreveu que a CPI focará no apoio do presidente à hidroxicloroquina e que por isso, ""o senador Jader Barbalho, membro da CPI, certamente vai ouvir o filho Helder [governador]"". Jader é membro da CPI como suplente. A mensagem de Carlos foi encarada como forte provocação. Além desta, Carlos também fez publicações relacionadas aos governadores João Doria (PSDB-SP) e Flávio Dino (PC do B-MA). A investigação sobre governadores foi tema de conversa que o presidente Jair Bolsonaro teve com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). No diálogo, que foi divulgado nas redes sociais pelo parlamentar, Bolsonaro pedia para para ampliar o objeto da CPI para mirar estados e municípios. Em sua live na noite desta quinta-feira, Bolsonaro voltou a defender medicamentos que não têm efeito comprovado contra a Covid. Mas, desta fez, temendo que sua live fosse derrubada, evitou dar os nomes dos remédios. ""Por que neste caso [da pandemia de Covid] não se pode falar em remédio, meu Deus do céu? O ano passado eu falei em remédio. Fui massacrado"", afirmou Bolsonaro. ""Tem alguma coisa aí, não vou falar para não cair a live, eu tomei um negócio no ano passado, se eu tiver problema de novo, eu vou tomar essa mesma coisa, a mesma coisa. Não faz mal. E aquilo que eu tomei serve para malária, para lúpus e para artrite, se eu não me engano"", prosseguiu Bolsonaro. O presidente disse ainda que, dado o consumo ""disso"" no ano passado, foi necessário recompor o estoque regulador, com produção pelo Exército. ""Aí vem a imprensa: 'ah, fez em excesso'. Não tem excesso. Três milhões de comprimidos por ano o Brasil consome. Então, não tem problema no tocante a isso"", afirmou. Como a Folha mostrou, o Exército viabilizou recursos públicos para a ampliação da produção de cloroquina dois dias depois de Bolsonaro determinar ao então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, o aumento da fabricação da droga. ""É um crime o que fazem no Brasil. É uma patifaria o que fazem no Brasil no tocante ao Covid [sic]. Parece... parece não. Interessa morrer gente"", disse Bolsonaro. Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) Em mais uma derrota para a Lava Jato, o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria nesta quinta-feira (22) para confirmar a decisão da Segunda Turma que declarou o ex-juiz Sergio Moro parcial na condução do processo do tríplex, que levou o ex-presidente Lula (PT) à prisão por 580 dias. Sete dos 11 ministros votaram nesse sentido, enquanto dois divergiram. A análise do tema, porém, foi suspensa por pedido de vista (mais tempo para avaliação) do ministro Marco Aurélio, e a sessão foi encerrada em meio a uma discussão acalorada entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, que acusou o colega de ter ""manipulado a jurisdição"" do caso. Gilmar, por sua vez, disse que Barroso é moralista e afirmou que ele ""perdeu"" e deveria se conformar com a derrota. Apesar de o resultado do julgamento ainda não ter sido declarado, os dois votos que faltam são insuficientes para reverter a maioria contrária a Moro. Só haveria uma reviravolta se algum dos ministros que já votou decidisse mudar de posição. Ainda não há data para conclusão do tema. Além disso, a corte também decidiu nesta quinta que as ações contra Lula que foram retiradas da Lava Jato de Curitiba, com a consequente anulação das condenações, devem ser remetidas à Justiça Federal do Distrito Federal. Prevaleceu o entendimento do relator, Edson Fachin, de que os crimes imputados ao ex-chefe do Executivo pelo MPF (Ministério Público Federal) dizem respeito a atos praticados enquanto presidente e, por isso, o foro competente para processar os casos é o da capital, onde os crimes teriam ocorrido. A posição do STF é uma vitória para Lula e o deixa mais distante de uma eventual nova condenação pelo juiz que assumirá os processos retirados de Curitiba. Isso porque a declaração da suspeição tem como consequência a anulação das provas colhidas no processo do tríplex de Guarujá (SP). Nas outras três ações a serem enviadas para a Justiça Federal no DF, o novo magistrado do caso terá a opção de convalidar as provas que estão nos autos e acelerar a tramitação das denúncias do MPF contra o petista. No caso do tríplex, isso não será possível, pois há jurisprudência consolidada no sentido de que todos os elementos de ação conduzida por juiz suspeito estão contaminados e não podem mais ser considerados pela Justiça. Em relação ao local onde deveriam tramitar as ações, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso também votaram para os processos contra Lula irem para o DF. Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, por sua vez, ficaram vencidos ao defender que o destino adequado seria São Paulo, local em que estão situados os benefícios que Lula teria recebido de empreiteiras. Os ministros Kassio Nunes Marques, Marco Aurélio e Luiz Fux não opinaram a respeito porque já haviam defendido a atribuição de Curitiba para analisar as denúncias e a manutenção das condenações. Isso ocorreu na semana, quando a corte confirmou, por 8 votos a 3, a decisão individual do ministro Edson Fachin de declarar a incompetência territorial da Justiça Federal do Paraná para processar o petista, o que deixou Lula apto a disputar as eleições de 2022. Nesta semana, além de definir para onde os casos serão enviados, os ministros também iniciaram a discussão sobre o ponto da decisão de Fachin que declarou a perda de objeto do habeas corpus em que Lula pediu ao STF a declaração da parcialidade de Moro. A tese do magistrado não contou com a concordância da maioria. Moraes, Gilmar, Cármen, Rosa, Lewandowski, Dias Toffoli e Kassio Nunes Marques afirmaram que a retirada dos casos da Justiça Federal no Paraná e a anulação das condenações do petista não invalidaram a discussão sobre a atuação de Moro em relação ao ex-chefe do Executivo. Na visão desse grupo, o pedido dos advogados pela suspeição de Moro não está vinculado ao debate sobre o foro competente para julgar Lula. Desta forma, o plenário já formou maioria para manter a decisão do início de março da turma segundo a qual Moro não agiu de maneira imparcial na condução do processo de Lula. Na ocasião, Cármen Lúcia, que havia se posicionado contra a suspeição do ex-juiz em 2018, mudou de posição e garantiu o placar de 3 a 2 em favor do ex-presidente. Nesta quinta-feira, em tese não estava em julgamento o mérito da atuação de Moro, mas apenas se a decisão da Segunda Turma deveria ou não ser mantida do ponto de vista processual. E prevaleceu o entendimento de que revogar a decisão da turma não seria correto e criaria um precedente perigoso para o tribunal. “Ao permitirmos que o plenário reanalise uma sessão julgada pela turma fora das hipóteses regimentais, como é o caso de embargos de divergência, por exemplo, nós estaríamos subvertendo a própria ordem regimental”, disse Moraes. O ministro afirmou que uma decisão no sentido oposto seria o mesmo que o plenário rever um julgamento da turma. “O plenário é soberano no exercício das suas atribuições regimentais e não há nessa hipótese previsão recursal de decisão da turma pelo plenário. A própria turma debateu sobre eventual preclusão ou não e entendeu por 4 a 1 pela possibilidade de continuação”, disse. Barroso divergiu e fez duras críticas à postura da Segunda Turma de ter julgado o tema mesmo depois de Fachin ter declarado a perda de objeto do habeas corpus. Na visão do magistrado, o colegiado fracionado da corte “passou por cima” do relator. Apesar de ter votado para impor uma derrota à Lava Jato e para anular as condenações de Lula, Barroso fez um discurso em defesa da operação e citou números relativos às investigações. O ministro disse que é equivocada a visão de que a ação da defesa de Lula sobre a suspeição poderia ter sido julgada depois da decisão individual de Fachin de anular as condenações do petista. “Competência precede a suspeição: julgada a incompetência do juízo de primeiro grau, o julgamento da suspeição fica evidentemente prejudicado. A matéria sobre competência do juízo está relacionada aos pressupostos processuais, está relacionada com a formação da relação jurídica processual, e sem juiz competente não há relação jurídica, aprendi isso há muitos anos”, afirmou. Depois do voto de Barroso, o placar ficou em 3 a 2 contra Fachin, e o presidente da corte, Luiz Fux, tentou encerrar a sessão para retomá-la na próxima semana. Lewandowski, Toffoli e Cármen, no entanto, pediram para antecipar seus votos e ajudaram a formar maioria contra a revogação da declaração de parcialidade de Moro. Com o pedido de vista de Marco Aurélio, a sessão foi encerrada em meio ao bate-boca entre Gilmar e Barroso. Barroso acusou o colega de ""sentar"" no processo por dois anos, em referência ao fato de Gilmar ter pedido vista e devolvido o caso para julgamento logo após a decisão individual de Fachin. ""Não precisa vir com grosseria. Existe no código do bom senso. Se um colega acha uma coisa e outro acha outra, é um terceiro que tem de decidir. Vossa Excelência sentou na vista durante dois anos e depois se acha no direito de ditar regra para os outros"", acusou. Segundo Barroso, Gilmar esperou o ministro Celso de Mello se aposentar e ""manipulou"" a jurisdição do caso. Gilmar, por sua vez, disse que Barroso age com ""moralismo"" que a previsão regimental de retirar um caso da turma e remeter ao plenário como ocorreu no caso de Lula só pode existir se for no ""código dos russos"". ""Vossa excelência perdeu, perdeu"", disse Gilmar ao colega. Nesta quinta, Moro não se manifestou em relação ao julgamento no STF até a conclusão da reportagem. No mês passado, após a decisão da Segunda Turma, ele afirmou não ter arrependimentos por seu trabalho no âmbito da Lava Jato. “Não me arrependo de nada. Pelo contrário. Tenho muito orgulho do que foi feito na Operação Lava Jato”, disse. Sobre a remessa dos casos de Lula a outro foro 6 votos para o envio à Justiça Federal no DF Edson Fachin Gilmar Mendes Dias Toffoli Rosa Weber Cármen Lúcia Luís Roberto Barroso 2 votos para o envio à Justiça Federal em SP Alexandre de Moraes Ricardo Lewandowski 3 não opniraram, por julgar que a condenação da Justiça Federal no Paraná deveria ser mantida Kassio Nunes Marques Marco Aurélio Luiz Fux Sobre decisão da Segunda Turma que declarou Moro parcial na condução do processo do tríplex* 7 votos pela manutenção Moraes Gilmar Cármen Rosa Lewandowski Toffoli Kassio 2 votos pela reversão: Fachin Barroso * Faltam votar Marco Aurélio e Fux Alarme desligado, cheiro de comida estragando e uma cozinha na escuridão. Foi o que o empresário Robson Ferraz, 36, encontrou ao abrir a porta do boteco Alfaiataria, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, numa manhã do fim de março. O motivo do corte de energia foi a inadimplência de uma dívida que chegou a R$ 3.600, resultado da falta de clientes com a pandemia de Covid-19, que afetou o setor de bares e restaurantes pelo país. “Pagamos o que dá”, diz Mateus Ferraz, 37, irmão de Robson e sócio proprietário do boteco. Dois dias antes do corte de luz, os irmãos haviam comprado 42 quilos de ingredientes, como linguiça, almôndegas e cortes de carnes bovina, suína e de frango. O estoque custou R$ 1.800 e seria suficiente para sustentar duas semanas de vendas de sanduíches. Seria. O destino do estoque foi a caçamba de lixo. Sem luz e ingredientes para fazer os lanches, a Alfaiataria não vendeu sanduíches naquele dia, uma alternativa de renda desde que o salão fechou, no começo da pandemia. Os sócios perderam o faturamento daquela noite, a primeira com permissão para o recebimento de encomendas até 20h, depois de um período de comércio fechado ou com autorização de vendas só até 18h. Robson, então, publicou vídeo com desabafo numa rede social, para explicar aos clientes o que tinha acontecido. “A tristeza que estou sentindo agora não é porque não vou vender sanduíche. Eu vi gente pegando comida na caçamba. Avisar a data em que a energia será cortada é muito mais digno que jogar fora comida na pandemia”, disse na postagem, com voz embargada. Nos bons tempos, até o começo de 2020, a Alfaiataria teve onze empregados fixos, entre cozinheiras, ajudantes, garçons, músicos e caixas. Em noites movimentadas, com shows ao vivo e ajuda de temporários, o time somava 25 pessoas para atender a 125 pessoas sentadas. O delivery de lanches, de quarta-feira a domingo, virou alternativa para bancar parte das despesas mensais, que os irmãos dizem chegar a R$ 8.000. O aluguel, por exemplo, está atrasado há seis meses. O local só conseguiu manter três empregados. No dia seguinte, com a conta de energia paga graças à ajuda de parentes, Robson foi repor o estoque de carnes. Ao chegar ao caixa para o acerto, soube que estava dispensado de pagar os R$ 800. O atendente do açougue, filho do dono, tinha visto o vídeo publicado na noite anterior. A postagem, naquele momento, chegava às 20 mil visualizações. “Nosso negócio não parou, a demanda até cresceu com o home office, e é parte do nosso papel na comunidade”, diz a administradora Flávia Freitas, 42, filha do dono e responsável pelo controle financeiro do Açougue do Nilo. “Foi quando a chave mudou na minha cabeça”, disse Robson. A boa notícia fez Mateus e Robson se comprometerem a distribuir uma cesta básica para cada dez sanduíches que vendessem, no dia 25 de março. Em vez dos 30 lanches usuais por noite, chegaram aos 80. No movimento seguinte, saíram da chapa quente da Alfaiataria 150 unidades de pernilton, bola de carne bola de bacon, lomborges, sandubão de estudante, amargão da américa e cuitelinho, nomes que homenageiam o Clube da Esquina. E os pacotes de alimento para doação somaram 23. Com a Páscoa, chegaram no bar os ovos de chocolate. E livros. Outro cliente ofereceu o frete de um caminhão e cedeu o espaço para a guarda das mercadorias. Um cliente, fã da galinhada feita pela mãe, que ofereceu trinta refeições e inspirou outra pessoa a doar 200 pratos da mesma iguaria. Finalmente, amigos dos irmãos Ferraz donos de outros quatro botecos se juntaram à iniciativa solidária. A ideia ganhou nome, Projeto Cestou, escrito com c, e já ganhou réplicas na vizinha Araguari (MG) e na distante Florianópolis (SC). “Eu estava respondendo um post numa rede social, queria usar a hashtag sextou, escrevi errado, achei engraçado e vi que era o nome que faltava”, explica Robson. É ele quem controla o vem e vai de cestas básicas. Até semana passada, já tinham sido movimentados 610 pacotes. O sócio-proprietário do Alfaiataria tem rodado com seu carro popular 2001 por bairros da pariferia e visto realidade que não é novidade para quem mora em Uberlândia há mais de década. “Percebo que até quem antes podia ajudar agora precisa de ajuda”, comenta. “É trabalho que cansa, sei lá por quanto tempo dá para segurar. Comparo com enxugar gelo, mas são famílias que vão ter o que comer durante alguns dias.” “O ideal, hoje, seria pelo menos garantir a sobrevivência, que alguém se preocupasse com a nossa continuidade”, diz Mateus. “A reivindicação é por uma solução óbvia, que poupasse a gente do risco tão grande de fechar.” Em levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrassel) com 2.000 empresários de todo o país, 91% disseram ter problemas para cumprir as obrigações com os funcionários neste mês. O estudo também revela insatisfação pela demora do governo na adoção de medidas de apoio. Até dezembro do ano passado, segundo estimativa da associação, 35 mil empreendimentos do segmento baixaram as portas definitivamente, resultando na perda de 100 mil postos de trabalho. Procurada, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) não informou se houve aumento, desde o início da pandemia, nas suspenções do fornecimento de energia. Sobre o corte de energia no Alfaiataria, a Cemig informou que cumpriu as formalidades, com a antecedência exigida, para avisar sobre os débitos pendentes. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara vai realizar uma audiência pública para debater projeto de lei que revoga a Lei de Segurança Nacional. A previsão é que ela ocorra na próxima quarta-feira (28). Serão convidados nomes como o ex-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP), o youtuber Felipe Neto, o jornalista Leonardo Sakamoto, a líder indígena Sônia Guajajara, e Rafael Borges, do Instituto Carioca de Criminologia. O autor do requerimento para realização da audiência é o deputado Carlos Veras (PT-PE), que preside a comissão. Ele foi aprovado na tarde desta quinta-feira (22). O debate sobre a revogação da Lei de Segurança Nacional (LSN), criada na ditadura militar, e sua substituição por uma nova lei foi retomado no Congresso no começo de abril. Como a coluna antecipou na quarta (21), a Polícia Federal intimou Boulos para prestar depoimento em um inquérito aberto para investigá-lo com base na Lei de Segurança Nacional. Ele terá que se apresentar na superintendência da PF em São Paulo no dia 29, às 16 horas. Boulos é acusado de ""ameaçar"" Jair Bolsonaro por ter publicado no Twitter um comentário sobre o presidente. Em abril de 2020, depois de participar de um ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, em que os manifestantes pediam intervenção militar, Bolsonaro afirmou: ""Eu sou a Constituição"". A declaração remeteu a frase atribuída a Luís 14, rei da França por 72 anos no século 17: ""O Estado sou eu"". Boulos então escreveu: ""Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina..."". O youtuber Felipe Neto foi intimado a depor pela Polícia Civil do Rio depois de chamar Jair Bolsonaro de genocida. A denúncia partiu de um pedido do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e tem base na Lei de Segurança Nacional. Não é a primeira vez que a lei é usada para enquadrar críticos do governo. O Ministério da Justiça já pediu um inquérito contra o colunista da Folha Hélio Schwartsman por publicar a coluna “Por que torço para que Bolsonaro morra”. A lei também foi uma das bases para a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), que publicou um vídeo com ofensas a ministros do STF. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (22) que as quatro ações da Lava Jato contra o ex-presidente Lula (PT) que foram retiradas de Curitiba sejam remetidas à Justiça Federal do Distrito Federal. Na semana passada, a Corte já havia confirmado, por 8 votos a 3, a decisão individual do ministro Edson Fachin de declarar a incompetência territorial da Justiça Federal do Paraná para processar o petista. Em sua decisão, Fachin argumentou que os delitos imputados ao ex-presidente não correspondem a atos que envolveram diretamente a Petrobras e, por isso, a Justiça Federal de Curitiba não deveria ser a responsável pelo caso. Com isso, as duas condenações em segunda instância contra Lula foram anuladas, e ele ficou apto a disputar as eleições de 2022. O ex-presidente, 75, tinha sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do tríplex de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP). A transferência dos casos de Curitiba para o Distrito Federal já estava em curso desde o início de março, diante da decisão monocrática de Fachin. Agora o Supremo ratificou essa decisão em plenário. Já nesta quinta-feira o ministro Alexandre de Moraes ficou vencido ao defender que os processos de Lula deveriam ser enviados para a Justiça de São Paulo. O magistrado afirmou que a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) acusa o petista de receber benefícios de empreiteiras em SP e, por isso, esse deveria ser o destino dos casos. Prevaleceu, no entanto, a tese de Fachin de que os processos devem ir para o Distrito Federal sob o argumento de que os fatos narrados pelo MPF dizem respeito a negociações feitas por Lula em Brasília quando era presidente da República. “As condutas são imputadas como tendo sido praticadas na chefia do Executivo. Não se trata de estabelecer foro de atração, não se trata de onde se situam bens e coisas, mas onde se situa o juízo do local, onde os atos teriam sido cometidos”, disse. O ministro Luís Roberto Barroso seguiu a mesma linha e disse que o mais correto é observar o local em que foram realizadas as condutas supostamente irregulares de Lula. Segundo ele, a posição de Moraes não pode prevalecer porque, pela lógica, em casos em que políticos são acusados de receber propina no exterior, a competência seria transferida para outro país. Além dos dois, os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia também votaram para que o caso vá para o DF. Moraes, por sua vez, foi acompanhado por Ricardo Lewandowski ao defender a remessa dos processos para São Paulo. Os ministros Kassio Nunes Marques e Marco Aurélio não opinaram a respeito porque haviam defendido a manutenção da competência de Curitiba. Com a decisão da incompetência da vara de Curitiba, os processos retornam à fase da análise do recebimento da denúncia pelo magistrado de primeira instância na Justiça Federal no Distrito Federal. No recebimento da denúncia, o juiz avalia se ela tem embasamento para abertura de uma ação penal; se a denúncia é aceita, o acusado passa a ser réu. Neste caso, seria preciso apenas que os promotores competentes ratificassem a denúncia então oferecida pela força-tarefa de Curitiba. Isso muda nos processos em que o ex-juiz Sergio Moro seja considerado parcial, como ocorreu no caso do tríplex de Guarujá. Isso porque, com a suspeição, provas e elementos utilizados para apresentar a denúncia podem ser anulados. Medidas como busca e apreensão e grampo telefônico dependem da autorização do juiz. Como o processo do sítio de Atibaia não foi objeto de análise pela Segunda Turma no julgamento de 23 de março sobre a parcialidade de Moro, provas utilizadas seguem valendo e podem ser reaproveitadas caso o novo juiz competente assim decida. No início de abril, a defesa de Lula entrou com pedido no STF para que a declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro seja estendida para as ações relativas ao sítio e aos imóveis do Instituto Lula. Uma segunda questão jurídica se refere à prescrição dos casos. Em tese, os crimes de corrupção investigados na Lava Jato prescrevem em até 20 anos. Porém a legislação criminal estabelece que esse prazo deve ser contado pela metade para os réus que têm mais de 70 anos. Assim, como Lula já tem 75 anos de idade, o período prescricional para ele seria de dez anos nos casos em que ele é acusado de corrupção passiva. Assim, existe a possibilidade de que condutas anteriores a pelo menos o início de março de 2011 sejam consideradas prescritas, isto é, não possam mais ser discutidas nas causas criminais. A proposta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pelo envio dos processos da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula a São Paulo, e não ao Distrito Federal, abre um leque de possibilidades sobre eventuais magistrados responsáveis pela condução dessas ações. A avaliação de advogados criminalistas e de integrantes do Ministério Público consultados pela Folha é a de que a maior probabilidade é que os autos, caso sigam para São Paulo, sejam sorteados entre as três varas federais da capital paulista que julgam acusações relacionadas a lavagem de dinheiro. A Justiça Federal de São Paulo não se manifestou. Nessas três varas tramitam ou tramitaram outros casos que têm ligação com Lula. Mas os processos, provavelmente, não seriam distribuídos por conexão com esses processos —ao contrário do que aconteceu no Paraná, onde as ações penais da Lava Jato ficam com a 13ª Vara Federal por suposto envolvimento com o esquema da Petrobras. Isso porque, a princípio, não há uma ligação forte entre os processos em que Lula virou réu no Paraná e os que tramitam na Lava Jato de São Paulo. ""Não havendo processo com fatos conexos em São Paulo, em princípio é livre a distribuição”, diz a advogada Fernanda Tórtima. A exceção, talvez, seja o Instituto Lula. Em dois processos originários de Curitiba, o ex-presidente virou réu sob suspeita de lavagem de dinheiro relacionada ao instituto. Na 2ª Vara Federal de São Paulo, Lula atualmente é réu em uma ação que o acusa de lavar dinheiro, por meio de doação de uma empresa em R$ 1 milhão ao instituto, em troca de usar sua influência para interferir em decisões do presidente da Guiné Equatorial. A defesa afirma que essa acusação é absurda e injurídica. Também diz que a doação foi legal, declarada e aconteceu após Lula sair da Presidência. Supõe-se que eventualmente o instituto possa ser visto como uma ligação dos processos na 2ª Vara. Ainda assim, essa conexão é vista como fraca para relacionar automaticamente outros processos a ela, segundo as pessoas consultadas pela reportagem, já que os casos envolvem personagens e supostas irregularidades diferentes do caso da Guiné Equatorial. Além da ação na 2ª Vara, casos relacionados ao ex-presidente Lula tramitaram nas outras varas especializadas em lavagem de dinheiro. Na 6ª Vara Federal uma investigação por suspeita de lavagem de dinheiro foi arquivada a pedido do Ministério Público, que não viu indícios de irregularidades. Para a 10ª Vara Federal foram enviados os autos da Operação Mapa da Mina, que investiga Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente. Mas a tramitação foi suspensa enquanto não se decide se os autos continuam em SP ou são enviados para o Rio. Houve, ainda, um caso de acusação de suposta corrupção que tramitou em uma quarta vara, a 7ª, e resultou na rejeição de uma denúncia contra Lula e seu irmão, o Frei Chico. O juiz disse que a denúncia era inepta. Mais tarde, o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) também rejeitou recurso da Procuradoria contra a decisão. Procurado sobre eventuais conexões que possam levar os casos a uma vara específica, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirma que a defesa ainda não fez ""qualquer análise sobre o tema, pois há questões antecedentes que ainda serão definidas pelo STF e que poderão levar ao trancamento das ações"". No último dia 15, o STF decidiu por 8 votos a 3 anular as condenações de Lula e lhe devolver os direitos políticos. A decisão tem impacto direto no cenário eleitoral de 2022, ao reforçar a tendência de que o petista dispute a Presidência da República contra Jair Bolsonaro. Nesta quinta-feira (22), os ministros voltam a analisar a situação de Lula para decidir se os processos contra o ex-presidente devem ser remetidos à Justiça Federal do Distrito Federal ou de São Paulo. Na decisão monocrática, Fachin havia determinado o envio ao DF, onde, segundo ele, o Ministério Público Federal afirma que os crimes teriam ocorrido. Moraes, porém, divergiu e disse que o mais correto é remeter o caso a São Paulo, sob o argumento de que os benefícios que teriam sido dados a Lula pelas empreiteiras estariam naquele estado. ""Não vejo por que deva ser declinada a competência para o Distrito Federal. Não há nenhuma relação a meu ver com o Distrito Federal. 'Ah, mas era o presidente da República é o réu'. Mas não existe prerrogativa de foro de primeira instância territorial"", disse Moraes. ""Os casos todos ocorreram em São Paulo. Atibaia. São Paulo. Guarujá. São Paulo. Instituto Lula. Capital, São Paulo. Apartamento em São Bernardo. São Paulo."" O plenário vai analisar também se a declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro no caso do tríplex de Guarujá (SP) será mantida ou não. Como os processos foram retirados de Curitiba, Fachin defende que a discussão sobre a suspeição do ex-juiz da 13ª Vara Federal não tem mais como ser julgada e a decisão da Segunda Turma nesse sentido deve ser anulada. Os demais ministros irão dizer se concordam com a tese de Fachin. O julgamento trata de quatro processos em que o petista se tornou réu em Curitiba. Além do tríplex, as ações dizem respeito ao sítio de Atibaia (SP), à sede do Instituto Lula e a doações feitas ao instituto. Nos processos do tríplex e de Atibaia, o ex-presidente havia sido condenado em duas instâncias, e as decisões foram anuladas. No caso do tríplex, caso o plenário do Supremo decida pela suspeição, todas as provas do processo têm de ser anuladas. As outras três ações devem voltar à fase da análise da denúncia por um novo juiz, que pode convalidar as provas que constam dos autos. Lula sempre negou que tivesse cometido qualquer irregularidade e sua defesa tem afirmado que ele tem sido vítima de “lawfare” (utilização de instrumentos jurídicos para articular uma perseguição política). Tão perto, mas tão longe. Com o avanço da vacinação contra o coronavírus no Brasil —mais de 27 milhões já receberam a primeira dose do imunizante—, o fim da pandemia está cada vez mais próximo. Porém, é cedo para comemorar. O retorno ao ""antigo normal"" ainda está distante da realidade no nosso país, que já acumula 378.530 mortes por Covid-19 e mais de 14 milhões de casos da doença. No entanto, o brasileiro ainda tem o direito de sonhar. Pensando nisso, perguntamos aos leitores da Folha qual o primeiro lugar que eles pretendem visitar quando as máscaras e o álcool em gel se tornarem coisa do passado —assim como é, atualmente, o beijo na boca. Como não poderia deixar de ser, as respostas, enviadas por pessoas de diversas idades, profissões e origens, foram carregadas de saudade. Do espetáculo sensorial que só uma sessão de cinema pode proporcionar, do aconchego do abraço de quem amamos, da estrada ao som de Jorge Ben Jor e até da beleza e da tranquilidade de uma visita ao cemitério. Confira abaixo uma seleção dos melhores depoimentos recebidos. Assim que acabar a pandemia quero visitar o Museu do Eclipse que está localizado no ponto de onde foi observado o eclipse de 1919, em Sobral, no Ceará. Sua arquitetura arrojada, com ambientes no subsolo climatizados, não recomendam visitas em tempo de pandemia. Quero ver as fotos originais do eclipse, a luneta, a edição do The New York Times e todos os registros que comprovaram cientificamente a teoria da relatividade há mais de 100 anos. Quero ter a certeza de que a Terra não é plana, enfim. José Osmar Azevedo Carneiro, 68, engenheiro, Recife (PE)  O primeiro lugar que eu irei visitar e voltar a frequentar é o cinema. Saudades do cheiro de pipoca, do barulho do projetor e do espetáculo sensorial que somente a tela branca do cinema proporciona. Lucas Alegre Castro Siqueira, 27, estudante, Campo Grande (MS)  Depois que a pandemia acabar, ou diminuir bastante, eu gostaria de visitar o cemitério que fica aqui perto de casa. Eu costumava ir sempre lá porque é um lugar tranquilo e muito bonito. Com a pandemia, a prefeitura proibiu as pessoas de ficarem circulando por lá. Dizem que é pra evitar o contágio da Covid e evitar que mais gente acabe indo morar lá no cemitério. Carlos Alberto Pinheiro, 61, corretor de imóveis, São José dos Campos (SP) Em 2013 comecei a fotografar as ruas de São Paulo com um grupo de amigos. Andávamos em grupo de 30 pessoas, e quase sempre terminávamos o passeio em um bar ou café. Aos domingos, almoço no Mineiro, na rua Antônio Carlos –recomendo os petiscos. Meu desejo após a pandemia melhorar é poder rever meus amigos em uma mesa de bar na região da avenida Paulista e poder simplesmente rir, paquerar e colocar o papo em dia, sem medo de não usar máscaras ou álcool em gel ao dividirmos a mesma porção de batatas fritas. Infelizmente, o Scada Café, que ficava no cinema do Conjunto Nacional, não sobreviveu. Boas lembranças, boas conversas e gargalhadas. Uma vez fomos repreendidos por atrapalhar uma sessão na sala ao lado. E neste mesmo local assisti ao filme “Bacurau” durante meu primeiro encontro e primeiro beijo. Agora é só memória. Calebe Henrique B. de Souza, 23, estudante de jornalismo, Mogi das Cruzes (SP)  Quando a pandemia passar, vou colocar o carro na estrada rumo a Britânia, localizada a 325 km de Goiânia, para visitar dona Eva, avó do meu marido. Não vamos à cidade desde fevereiro de 2020. A ideia é fazer o percurso por Goiás Velho, ouvindo Jorge Ben Jor, e parando naquelas lanchonetes típicas de beira de estrada. Tomar um café em copo americano, acompanhado de enroladinho de queijo, daqueles bem massudos, pão de queijo e peta. Sem nenhuma pressa. No caminho, visitar a cidade de Cora Coralina (Goiás Velho), quem sabe para o almoço (arroz com pequi). Comprar frutas cristalizadas e limão recheado com doce de leite. Quando chegar a Britânia, depois de uma passagem rápida à sua vizinha Aruanã, só para observar o rio Araguaia, colocar uma cadeira na calçada pra bater papo com dona Eva e observar os transeuntes. À tardezinha, caminhar na beira do lago dos Tigres e ficar esperando o boto aparecer na superfície das águas. Para fechar o dia, um pastel frito na feirinha, localizada na lateral da igreja da praça central, próxima ao Cristo. Denize Daudt Bandeira, 54, professora universitária, Goiânia (GO)  Quero cantar junto com meus amigos em qualquer bar no Beco do Cotovelo, em Sobral (CE), aquela do Aldir Blanc: “Amigo é pra essas coisas”; sem máscaras. Tanto as da Covid como as que teimamos, hipocritamente, em usar na alma. Osmar Carneiro, engenheiro, Recife (PE)  A primeira coisa que farei, após a situação se normalizar, já vacinado, é entrar em uma aeronave, afivelar o cinto, atravessar o Atlântico e descer bem longe. Vinha em uma maratona de viagens pelo mundo. Em dez anos, pisei, com minhas muletas, em 143 países. De 2020 para cá estou em casa, vendo o mundo pela TV, Internet e livros. Hoje sou o brasileiro mais viajado do mundo com mobilidade reduzida. A meta é ser o homem mais viajado do mundo. Só quem viaja pelo mundo, agora, é o coronavírus, sem pagar passagem, sem passaporte. Saúde, sucesso, sorte e boas viagens para todos nós. Luiz Thadeu Nunes e Silva, 62, engenheiro agrônomo, São Luís (MA)  Como dizia Mário Quintana: “A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”. Realmente, desde que a pandemia começou o que mais sinto é a saudade de lugares e pessoas. Quando essa pandemia acabar eu não vou mais precisar relembrar e parar no tempo. Sendo assim, o primeiro lugar que vou visitar será a casa da minha avó com toda família reunida. Primeiramente, eu confesso que não seria necessariamente pelo lugar, mas sim pelas pessoas daquele ambiente. Afinal, eu me reuniria com avós, tios, tias, primos, namorado… toda a família! Passaria horas conversando sem nenhum receio, sem falar que poderia aproveitar para comer aquele churrasco de domingo com o arroz branco da minha avó. Eu finalmente poderia abraçar as pessoas que eu amo, principalmente, os meus avós, o que não faço mais há mais de um ano. Iria surtar de tanta alegria! Relembrando a frase de Anne Frank, a adolescente vítima do holocausto: “Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar”. É exatamente isso que eu acredito, tem sentimentos que só o toque humano pode transmitir! Ana Carolina Arenso Barbosa, 17, estudante, Maringá (PR)  Há uma ano, em 15 de abril de 2020, enquanto eu, assustado pelo vírus, me escondia em um sítio no interior, recebi uma mensagem que me havia sido enviada no dia anterior. Era estranho receber qualquer notícia do mundo pelo 4G no sítio, mas o fato é que vi na tela do meu celular um borrão colorido --como são as imagens não carregadas no Whatsapp-- com um pequeno texto: ""Gui te Felicito, yá nacio Camilo todo bien un gran cariño"". Meu filho havia nascido e sua avó me informava que estavam todos bem. Corri emocionado até onde conseguiria o mínimo sinal e lá fiquei por vários minutos baixando a foto dele, a primeira de muitas outras que recebi ao longo do último ano. Ainda não pude ver meu filho ao vivo, semana passada foi seu aniversário de 1 ano, tudo que tenho é uma coleção de printscreen salvos na minha galeria e tudo que posso oferecer é a presença virtual. Um dia o governo brasileiro fará o que precisa ser feito, um dia as vacinas chegarão em mim e eu poderei ir para a Argentina, estar junto do meu filho, meu primeiro destino pós pandemia. Guilherme R. S. Maia, 38, ator, São Paulo (SP)  Andar na rua dos Pinheiros, visitar suas lojinhas e ir na rua Fradique Coutinho no Tan Tan comer um delicioso lámen. Voltar na rua dos Pinheiros e tomar um café delicioso no Coffee, depois um cinema no Cine Sabesp na Fradique. Depois tomar um belo chopp no Genial da rua Girassol e matar as saudades dos garçons queridos. Enfim curtir novamente o bairro de Pinheiros e Vila Madalena, de muitas lembranças queridas. Regina Maria Baratho, 60, estatística, São Paulo (SP)  O primeiro lugar que gostaria de ir é no Santuário de Aparecida. E também voltar à hidroginástica. Para quem não teve onde ir e nem com quem ficar está muito bom! Está ótimo! Qualquer oportunidade a mais saio correndo pra fazer as malas. Em tempo: 1. Já tomei duas doses de vacina, mas não tenho confiança de estar imunizada. 2. Reduzir a quantidade de depressivos será desejado. 3. Ir lanchar na Padaria Roma com as amigas e tomar cerveja após assistir à missa na Paróquia Paróquia São Pedro Apóstolo será adorável. Tanta coisa… Mas o básico será surpreendente! Izabel Tostes Giannini, 72, Belo Horizonte (MG)  Mesmo com a facilidade de comunicação, o distanciamento físico de avós, pais, filhos e netos deixa um vazio, gera ansiedade e aos pouco afeta o nosso sono. E é nos momentos de insônia que eu viajo do litoral ao sertão. Trata-se de um trajeto de 500 Km, que liga o Recife à pequena Carnaubeira da Penha. Foi lá que eu nasci e onde vivem os meus pais. Impossibilitado de visitá-los, faço uma viagem imaginária, motivado pela saudade de envolvê-los num longo e caloroso abraço, como sempre acontecia nos nossos encontros quando tínhamos a liberdade de visitá-los. Além da falta desse aconchego familiar que me inquieta, vem na mente lembranças do cenário maravilhoso que é uma noite de céu estrelado, ou o clarão de uma noite de lua cheia no sertão. Fico roteirizando mentalmente como se fosse filmar, os caminhos estreitos, a casa de taipa, o fogão de lenha feito com três pedras que chamávamos de trem. Visito através das lembranças esses lugares e tenho esperança de que a pandemia passe logo para que eu e minha companheira botemos o pé na estrada para realizar o que é hoje para mim um sonho. Artur Gomes dos Santos, 66, Recife (PE)  O primeiro lugar que eu gostaria de visitar após o fim da pandemia, sem dúvidas, é a Disney. Após estar em isolamento por mais de um ano, percebi que a vida é curta demais para só ficarmos preocupados com o futuro e não vivermos, de fato, os momentos preciosos dela. Em primeiro lugar, considero que a Disney é um lugar mágico, onde todos os nossos sonhos podem se tornar realidade, onde podemos deixar todos os problemas de lado e viver um dia intenso como se não houvesse o amanhã, por isso quero ir para lá. Durante toda a pandemia fiquei completamente isolada e poucos foram os dias em que esqueci dos meus problemas da escola e de minhas preocupações com o futuro. Portanto, no momento em que esse período pandêmico acabar, quero ter a oportunidade de fazer isso e deixar tudo para trás para realmente descontrair. Andar nas montanhas russas, se aventurar nos brinquedos temáticos e ainda conhecer alguns personagens emblemáticos da Disney tirará esse sentimento de preocupação e estresse que permanece em mim durante a pandemia. Como já dizia Walt Disney: “Se você pode sonhar, você pode fazer”. É isso o que farei, sonharei com um futuro pós-pandêmico de muita alegria. Luisa Rolli, 18, estudante, Maringá (PR)  O primeiro lugar que quero visitar assim que estiver imunizada é a Tirolesa do Gigante, na cidade de Pardinho (SP). Adoro tirolesas, conheço várias e vinha planejando visitar essa no início do ano passado, quando veio a pandemia. Em breve, vou lá me pendurar na corda e voar. Lúcia Helena de Camargo, 54, microempreendedora, São Paulo (SP)  Com tantos planos postergados pela pandemia, passo a maior parte de meus dias em um quarto no interior de Minas Gerais. Experimento o ensino a distância guiada por gratidão combinada à impaciência. Assim, há mais de um ano, encontro motivação quando a porta está fechada. Isso acontece porque é nela que tenho pôsteres colados de meus destinos dos sonhos. Amazonas, Florença, Marrocos, Maranhão, Jalapão, etc. Contudo, ressurge em minha consciência, atual e mais frequentemente, cartões postais cariocas. Imagino o momento em que poderei pisar nas águas de Copacabana cantarolando melodias da Bossa Nova. O instante em que chegarei no Arpoador e sentir-me-ei apaixonada pelo meu país e suas belezas na mesma intensidade de Policarpo Quaresma. Idealizo a minha passagem pelas portas da Biblioteca Nacional ou o segundo em que fecharei os olhos e imagens de “O Cortiço” encherão meus sentidos. E acima de tudo, quando abrirei os olhos e julgarei a abrangência de cada argumento sobre desigualdade social utilizado em minhas redações do Ensino Médio. Finalmente, sentarei-me ao lado de Clarice Lispector e afirmarei não ter medo só de acabar, mas também de ficar presa em um looping de notícias dos últimos 13 meses. Ana Clara Silvério Souza, 16, estudante, Patos de Minas (MG)  O aconchego do abraço de meu neto de 8 anos. São 13 meses que não faço cafuné, não damos beijinhos, não nos apertamos, não brincamos de festa do pijama, não jogamos buraco --em que ele sempre vence--, não leio seus livrinhos, não montamos lego, não brincamos de pique-esconde, não balançamos na rede, não dormimos na barraca feito escoteiros (minhas costas agradecem essa), não jogamos Seekers Notes e Club Penguim. Lenira Vicari, 64, aposentada, Campo Grande (MS)  Uma biblioteca! Entrar lá, colocar o celular na função não perturbe e poder passar uma tarde toda sentindo a vida passar enquanto se passa pelas páginas de um novo mundo. Angelica Leite, 33, advogada, São Paulo (SP) O STF (Supremo Tribunal Federal) prevê concluir nesta quinta-feira (22) o julgamento sobre a anulação das condenações do ex-presidente Lula (PT) e decidirá se os processos do petista devem ser remetidos à Justiça Federal do Distrito Federal ou de São Paulo. Na sequência, os ministros discutirão se a decisão da Segunda Turma que declarou a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro tem de ser mantida ou se deve ser revogada. Esse tema tem potencial para gerar o debate mais acalorado da sessão, com discursos favoráveis e contrários à Lava Jato. É incomum o plenário do tribunal sustar os efeitos do julgamento de uma das turmas. Porém, caso o entendimento do relator, ministro Edson Fachin, prevaleça, esse será o efeito prático da decisão. Isso porque, ao anular as condenações do petista, Fachin afirmou que uma consequência direta seria a perda de objeto do habeas corpus em que a defesa de Lula aponta a suspeição do ex-juiz. O ministro, porém, começará a análise do tema com quatro votos distantes de serem conquistas, pois Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Kassio Nunes Marques e Cármen Lúcia já divergiram desse ponto da decisão individual do colega ao resolverem julgar a parcialidade de Moro da mesma maneira. O julgamento do caso foi iniciado no último dia 14, quando, por 9 a 2, os ministros decidiram manter a discussão dos processos de Lula no plenário em vez de remetê-los à Segunda Turma, colegiado fracionado da corte que costuma revisar decisões da Lava Jato. Na última quinta-feira (15), por 8 a 3, os magistrados mantiveram o entendimento de Fachin de declarar a incompetência territorial da 13ª Vara Federal de Curitiba nos casos de Lula. Em outras palavras, a maioria dos integrantes da corte afirmou que a Lava Jato de Curitiba não poderia ter sido a responsável por processar quatro denúncias apresentadas pela força-tarefa do Paraná da Lava Jato contra o petista. Segundo os magistrados, a competência de Moro era restrita a esquemas diretamente relacionados à Petrobras, enquanto as acusações contra Lula envolvem outros órgãos públicos que vão além da estatal petrolífera. Com a decisão do STF, as condenações que retiravam os direitos políticos de Lula perderam efeito, e ele ficou apto a se candidatar nas próximas eleições, em 2022. Entre os oito ministros que seguiram essa linha, porém, houve divergência. Fachin defendeu que as ações têm de ser enviadas à Justiça Federal do Distrito Federal, local em que os crimes imputados ao ex-presidente teriam ocorrido. O ministro Alexandre de Moraes, no entanto, abriu uma divergência e afirmou que o mais adequado seria enviar os processos para São Paulo, onde os procuradores da Lava Jato dizem que teriam sido entregues os benefícios ao petista pelas empreiteiras em troca de contratos com o governo federal. Os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber acompanharam Fachin e afirmaram que o caso deve ser enviado para Brasília. Lewandowski, Cármen Lúcia, Gilmar e Dias Toffoli concordaram com a anulação das condenações, mas deixaram para votar nesta semana sobre o destino adequado para os processos. Os ministros Kassio Nunes Marques, Marco Aurélio e Luiz Fux, por sua vez, divergiram da maioria e se posicionaram contra a invalidação das ações a que Lula respondia em Curitiba. O julgamento trata de quatro processos contra o petista. Em um deles, sobre o tríplex de Guarujá (SP), a Segunda Turma declarou a suspeição de Moro. Nesse caso, todas as provas do processo têm de ser anuladas. Nos outros três, as ações devem voltar à fase da análise da denúncia por um novo juiz, que pode convalidar as provas que constam dos autos. As três denúncias do MPF contra Lula que passarão a tramitar em outro local do Judiciário dizem respeito ao sítio de Atibaia (SP), à sede do Instituto Lula e a doações feitas ao instituto. Na questão do sítio, o ex-presidente foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão em primeira instância pela juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo Hardt, as empreiteiras Odebrecht e OAS fizeram benfeitorias no local por ao menos R$ 1 milhão, e as obras teriam sido dadas em forma de propina a Lula. A magistrada afirmou que ""é fato que a família de Lula era frequentadora do imóvel, bem como usufruiu dele como se dona fosse"". Em segunda instância, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) confirmou a condenação e ampliou a pena para 17 anos, 1 mês e 10 dias de prisão. Como Moro conduziu o início desse processo, na fase da coleta de provas e tomada de depoimentos, a defesa de Lula pede que essa ação também seja anulada, assim como a do tríplex. Por enquanto, porém, não há pronunciamento do STF a respeito. Assim, prevalece a decisão de anular a condenação e mandar o processo voltar à fase da análise da denúncia pelo novo juiz do caso, que deve ser do DF ou de SP. As outras duas são similares. Em uma, em que o então juiz Moro aceitou a denúncia e tornou Lula réu, o petista é acusado de receber um terreno para construção do Instituto Lula, que teria sido comprado por um amigo e antigo sócio de Marcelo Odebrecht, e um apartamento vizinho à cobertura onde mora, em São Bernardo do Campo (SP). Na outra, o MPF afirma que Lula usou o Instituto Lula para lavar R$ 4 milhões doados pela Odebrecht entre dezembro de 2013 e março de 2014. Segundo a denúncia, os valores —feitos formalmente por doações legais— foram repassados em quatro operações de R$ 1 milhão cada uma e tiveram como origem contratos fraudados da Petrobras. Fora o processo do tríplex, em que Moro foi declarado parcial, nos outros três o novo juiz pode validar as provas que já foram coletadas, o que aceleraria o trâmite das ações. O magistrado do caso pode analisar os depoimentos e os elementos que estão nos autos e verificar que, ali, já estão comprovadas as acusações do MPF contra Lula. Mesmo nesse cenário, especialistas na área consideram muito improvável que dê tempo para o petista ser condenado novamente em duas instâncias em alguma das três ações até julho do ano que vem. Assim, a tendência é que a decisão tomada pelo STF na semana passada por 8 votos a 3, de anular as condenações e mandar os processos retornarem à fase da análise da denúncia, tenha consolidado a liberação para Lula participar das eleições de 2022. A Polícia Federal intimou o ex-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP) para prestar depoimento em um inquérito aberto para investigá-lo com base na Lei de Segurança Nacional. Ele terá que se apresentar na superintendência da PF em São Paulo no dia 29, às 16 horas. Boulos é acusado de ""ameaçar"" o presidente Jair Bolsonaro por ter publicado no Twitter um comentário sobre o presidente. Em abril de 2020, depois de participar de um ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, em que os manifestantes pediam intervenção militar, Bolsonaro afirmou: ""Eu sou a Constituição"". A declaração remeteu a frase atribuída a Luís 14, rei da França por 72 anos no século 17: ""O Estado sou eu"". Boulos então escreveu: ""Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina..."". Bolsonaro ficou contrariado. E o deputado José Medeiros (Pode-MT), ligado ao presidente, representou contra Boulos no Ministério da Justiça. Por determinação do então ministro da Justiça, André Mendonça, a PF abriu um inquérito contra o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). E agora o intimou para depor. ""É uma perseguição política vergonhosa"", diz Boulos. Ele deve comparecer à PF acompanhado por seu advogado, Alexandre Pacheco Martins. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), futuro relator da CPI da Covid, já tem em mãos um ofício no qual o governo federal orienta a Fiocruz a divulgar e indicar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. Para membros da comissão, o documento poderá ser usado eventualmente como prova para imputar crimes a integrantes do governo Jair Bolsonaro na gestão da pandemia. Os senadores do grupo independente e de oposição que compõem a CPI definiram que uma das frentes de investigação deve ser a recomendação do uso de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid, mais notoriamente da hidroxicloroquina. Além da retórica do presidente da República, os parlamentares querem apurar a atuação do Ministério da Saúde para incentivar o uso dos medicamentos por estados e municípios. O governo recentemente passou a adotar a narrativa de que apenas disponibilizou os medicamentos para os entes federados que solicitaram a hidroxicloroquina, por exemplo, e que a decisão final cabe aos médicos. Os senadores, no entanto, pretendem iniciar a investigação em um período anterior e por isso já trabalham na pesquisa de documentos que possam comprovar essa ação para estimular a administração do medicamento. A CPI tem sua instalação marcada para a próxima terça-feira (27). Além da confirmação de Renan na relatoria, o senador Omar Aziz (PSD-AM) deve ser eleito presidente na primeira sessão de trabalhos. A base do governo é minoria entre os 11 integrantes. O ofício de 29 de junho do ano passado enviado pelo Ministério da Saúde à Fiocruz é um dos textos que estão na relação de evidências que comprovariam a orientação explícita de Jair Bolsonaro para uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 —algo rechaçado por especialistas. O texto, assinado pelo coronel Luiz Otavio Franco Duarte, então secretário de Atenção Especializada à Saúde na gestão Eduardo Pazuello, foi encaminhado também ao Instituto Evandro Chagas e ao diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Ele solicita aos órgãos que indiquem e divulguem o uso do remédio no combate à doença. ""Solicito a ampla divulgação desse tratamento [de uso da cloroquina ou hidroxicloroquina contra Covid-19], considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos"", diz o ofício. O documento lista medidas que são ""essenciais a tomar e divulgar"" pelos órgãos. Em primeiro lugar, solicita que haja divulgação para se considerar a ""prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)"". Em segundo, diz que as unidades de saúde devem ""dispor visivelmente as orientações para prescrição para gestantes e pacientes adultos e pediátricos com sinais leves, moderados e graves nas três fases de tratamento"". O Ministério da Saúde ainda orientou as instituições a disponibilizarem o Termo de Ciência e Consentimento aos médicos que prescreverem cloroquina ou hidroxicloroquina. ""Devem estabelecer um fluxo de atendimento e o monitoramento por meio de eletrocardiograma para pacientes nos primeiro, terceiro e quinto dias de tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina isolada ou em associação com azitromicina"", continua o ofício. Outra informação que deve ser utilizada para embasar eventuais acusações contra o governo são ofícios do meio do ano passado segundo os quais o governo mandou a Fiocruz produzir a cloroquina, como mostrou a Folha em fevereiro. Obtidos pelo jornal, os documentos do Ministério da Saúde têm datas de 29 de junho e 6 de outubro e mostram a produção de cloroquina e também de fosfato de oseltamivir (o Tamiflu) pela Fiocruz, com destinação a pacientes com Covid-19. O Tamiflu também não tem eficácia contra a Covid-19, segundo estudos. O dinheiro que financiou a produção partiu da MP (Medida Provisória) 940, editada em 2 de abril pelo presidente Jair Bolsonaro para o enfrentamento de emergência do novo coronavírus, como consta nos dois documentos enviados pelo Ministério da Saúde ao MPF (Ministério Público Federal) em Brasília. A MP abriu um crédito extraordinário, em favor do ministério, no valor de R$ 9,44 bilhões. Para a Fiocruz, que é vinculada à pasta, foram destinados R$ 457,3 milhões para ""enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus"". A ala governista que compõe a CPI, por sua vez, trabalha para afastar das investigações as questões relativas aos medicamentos sem comprovação de eficácia contra a Covid-19. Argumentam que se trata de uma questão subjetiva, uma vez que a decisão final de administrar ou não medicamentos como a hidroxicloroquina cabe aos médicos. Um senador governista lembra que a CPI precisa focar em um “fato determinado” para cumprir os requisitos para a sua instalação, citando como exemplo a questão do colapso do sistema de saúde de Manaus, onde serão investigados fatos concretos, como a falta de leitos, de oxigênio e se os repasses do governo federal não foram empregados. Segundo ele, não é possível criar uma linha de investigação a respeito da hidroxicloroquina, delimitar um fato a ser investigado, por conta da subjetividade da questão.  Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) Uma manifestação contundente de um delegado sobre as mensagens hackeadas da Lava Jato abriu a primeira crise da nova gestão da Polícia Federal com o setor mais sensível do órgão, que investiga pessoas com foro especial. O embate está no contexto da movimentação política e jurídica que busca usar os diálogos vazados para punir integrantes da força-tarefa da operação de Curitiba e em meio às recentes mudanças de comando da PF no governo Jair Bolsonaro. O delegado que comanda a área de investigações contra políticos e seu superior, o coordenador-geral de combate à corrupção, foram trocados na semana passada logo após o episódio que envolveu as mensagens da Lava Jato. Pessoas ouvidas pela Folha relatam mal-estar pela forma como as mudanças ocorreram e o clima de desconfiança gerado entre os investigadores. As trocas foram feitas pelo novo diretor de investigação e combate ao crime organizado (Dicor), Luís Flávio Zampronha. Ele tirou os delegados Thiago Delabary da coordenação-geral e Felipe Leal do Sinq (Serviço de Inquéritos Especiais), responsável pelos casos que envolvem políticos e demais pessoas com foro especial. O problema começou após o jornal O Globo revelar um ofício encaminhado por Leal em resposta a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre as mensagens hackeadas. No documento, que acompanha um laudo pericial, o delegado afirma essencialmente três coisas: 1) não ser possível confirmar a autenticidade do material, 2) haver indícios de que os hackers agiram com dolo para adulterar mensagens —fazendo referência a um entendimento do Ministério Público, 3) configurar crime de abuso de autoridade qualquer investigação que seja feita com base nos diálogos, por terem sido obtidos de maneira ilícita. Trocando em miúdos, a PF se manifestou contra a utilização das mensagens para investigar qualquer coisa, mais especificamente, no caso, a força-tarefa da Lava Jato, que entrou na mira desde que o conteúdo do Telegram se tornou público após ser obtido pelo The Intercept Brasil. O ofício também tenta mostrar que em nenhum momento houve posição diferente sobre isso, ainda que possa ter existido esse entendimento no Supremo. Embora assinado por um delegado, o papel passou por outras instâncias da polícia, incluindo o ex-diretor da área, Cézar Souza. Foi chamado internamente de um posicionamento institucional. Mas o ofício não foi bem visto pela nova gestão da PF. Antes de virar diretor de corrupção, Zampronha foi o responsável pela Spoofing, que investigou os hackers. Em nenhum momento ele entrou nessas questões ao longo da condução do inquérito. Internamente, sempre disse compartilhar do entendimento de que o material angariado na investigação mostra que as mensagens são verdadeiras, embora não sirvam como prova judicial por terem sido roubadas. Depois que soube do documento, Zampronha se reuniu com Leal. Avisou que haveria a troca, que precisaria de pessoas de confiança no Sinq. Nas conversas, o diretor reclamou do ofício, disse que o documento era demasiadamente opinativo e que não havia necessidade de a PF entrar nessa briga. Além disso, Zampronha se queixou dizendo que Leal deveria ter apenas encaminhado o laudo técnico sobre a autenticidade ou não das mensagens, sem juízo de valor. O assunto é ainda mais delicado porque mexeu indiretamente com figuras poderosas como o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Humberto Martins. Ambos não gostaram da manifestação de Leal. Eles acham que o delegado da PF não poderia ter dado opinião sobre a prova ser lícita ou ilícita, prerrogativa do Judiciário. Martins abriu inquérito de ofício na corte para investigar a Lava Jato —o caso está suspenso por decisão da ministra Rosa Weber. Em última instância, caberá ao STF decidir sobre a legalidade do uso das mensagens em investigações ou processos. Atualmente, juristas defendem que provas ilícitas podem até ser utilizadas para absolver, mas não para acusar ou condenar. O Supremo poderá se manifestar sobre sua posição no habeas corpus que tramita na Primeira Turma sobre o tema ou se provocado em algum caso concreto em que há pedido para o uso do material. Em entrevista ao canal MyNews, Gilmar Mendes sugeriu ter havido uma combinação entre o delegado e a PGR para a elaboração do posicionamento, no sentido de proteger procuradores. O ministro tem apontado ininterruptamente excessos na atuação da Lava Jato. Outro fato também fez aumentar a temperatura. O novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, criticou Felipe Leal a ministros do STF —o episódio foi revelado pelo jornal O Globo. No Sinq, a interpretação foi de que a decisão de trocas não tinha sido apenas de Zampronha, mas também por vontade do diretor-geral, influenciado pela opinião dos magistrados. Os relatos são de preocupação sobre como a nova cúpula vai lidar com outros casos delicados. Conhecido por ter sido o delegado da investigação do mensalão do PT, Zampronha tem dito também que as trocas são normais e que nada mudará na condução das investigações do grupo. Os substitutos de Delabary e Leal, Isalino Giacomet e Leopoldo Lacerda, são bem vistos no órgão. Giacomet atuou no Departamento de Recuperação de Ativos de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. Lacerda, por sua vez, tem histórico de investigações de combate à corrupção —entre elas, um inquérito que mirou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG). A crise ainda teve um desdobramento dentro do setor de perícia da PF. Após o ofício de Leal vir a público, a associação que representa os peritos divulgou uma nota contestando a interpretação do delegado a partir do laudo. Dias depois, o então diretor técnico-científico, Alan de Oliveira Lopes, chefe dos peritos dentro do órgão, fez uma nota defendendo a atuação do ex-chefe do Sinq e dizendo que a autenticidade e integridade das mensagens nunca tinham sido analisadas até então. Desde a saída da delegada Christiane Corrêa Machado, Leal é o responsável pelo inquérito que investiga a acusação do ex-ministro Sergio Moro sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. Moro deixou o governo em abril de 2020 dizendo que Bolsonaro tentou interferir na autonomia da corporação, que mantém investigações no entorno de aliados e familiares do presidente da República. Em nota, a Polícia Federal diz que as manifestações feitas no decorrer dos inquéritos policiais ou procedimentos de investigação criminal sob a responsabilidade dos delegados refletem a autonomia que cada autoridade policial possui, conforme os termos do Código Processo Penal e da lei. Sobre as alterações de chefias, a PF afirma que cabe aos respectivos gestores a definição das suas equipes de trabalho, “ressaltando que a instituição possui diversos quadros de alto nível, aptos ao exercício das relevantes atribuições do órgão, mantendo o regular prosseguimento dos serviços prestados”. Sem vencer há quatro jogos, em uma sequência na qual perdeu a disputa de duas finais, o Palmeiras inicia nesta quarta-feira (21) a defesa do título da Libertadores conquistado em janeiro. O atual campeão estreia diante do Universitario (PER), às 21h, no estádio Monumental U, em Lima. Fox Sports e Facebook exibem. Em seu último compromisso antes da viagem ao Peru, o time alviverde empatou com o Botafogo-SP, sem gols, pelo Campeonato Paulista. Com nove pontos somados, está na terceira posição do Grupo C, fora da zona de classificação à próxima fase. Abel Ferreira tem poupado os principais jogadores da equipe no Estadual, priorizando as finais e agora a Libertadores. Mesmo assim, o time acabou derrotado nas recentes decisões que disputou. Primeiro, perdeu a Supercopa do Brasil para o Flamengo e, depois, foi superado pelo Defensa y Justicia na Recopa Sul-Americana. Ambas nos pênaltis. A sequência negativa provocou protestos de torcedores. Depois da derrota no clássico com o São Paulo, no sábado (17), palmeirenses picharam os muros do Allianz Parque com frases como ""Acorda, Abel"", além de citar alguns jogadores, como Lucas Lima, Zé Rafael e Luiz Adriano. Em tom mais duro, o técnico disse no domingo (18) que pode deixar o clube se entenderem que ele está atrapalhando: ""Quero deixar um aviso para toda a gente: quando eu for o problema do clube, eu deixo de ser o problema do clube. Da mesma maneira que decidi em um dia vir para cá, quando o treinador for o problema do clube, nós resolvemos"". Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil na temporada 2020, o treinador disse que ""as pessoas têm pouca memória"" e que os torcedores ""podem pintar o que quiserem, xingar o que quiserem, a gente vai lá no outro dia e pinta, lava, coloca verde outra vez"". Em meio ao momento de pressão, o Palmeiras terá pela frente nesta quarta um adversário que é somente o sexto colocado no Grupo A do Campeonato Peruano. Lá, 18 clubes são divididos em dois grupos, que se enfrentam em sistema de pontos corridos. Com três rodadas disputadas, o Universitario acumula uma vitória, um empate e uma derrota. Dono de 26 títulos nacionais, o clube foi vice-campeão da Libertadores em 1972, superado pelo Independiente (ARG). Além dos peruanos, o Defensa y Justicia (ARG) e o Independiente del Valle (EQU), que eliminou o Grêmio na terceira fase eliminatória, também estão no grupo do time alviverde. Para a estreia, Abel Ferreira terá como desfalques os atacantes Breno Lopes (lesão no joelho) e Gabriel Veron (lesão muscular) e o meia Lucas Lima (lesão muscular). Com dores no tornozelo, Zé Rafael passou a ser dúvida para a partida. Matías Viña, expulso na final da Recopa Sul-Americana, terá de cumprir suspensão automática e é outra baixa na equipe palmeirense. A provável escalação é a seguinte: Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Victor Luis; Felipe Melo, Patrick de Paula e Raphael Veiga; Wesley, Rony e Luiz Adriano. Além de defender o título, o Palmeiras também ostenta a melhor campanha da primeira fase nas últimas três edições da Libertadores, o que garante vantagem de decidir os mata-matas em casa. Os caminhoneiros deverão ter menos peso no transporte de cargas até 2035 caso os projetos indicados pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL) sejam levados adiante, o que exigirá R$ 480 bilhões em investimentos. Neste cenário, a participação das rodovias na movimentação de cargas deverá cair para 70%, enquanto a combinação de ferrovias, hidrovias e a cabotagem passará a cerca de 30%. Hoje, as rodovias movimentam 87% das mercadorias transportadas pelo país, o que dá poder para que caminhoneiros pressionem o governo principalmente pela redução do preço dos combustíveis. A queda no peso do transporte rodoviário é a base do Plano Nacional de Logística (PNL), divulgado pela EPL por videoconferência nesta terça-feira (20). A empresa é uma estatal vinculada ao Ministério da Infraestrutura. Durante o evento, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) afirmou que sua carteira de concessões está alinhada com o novo plano. Apesar disso, o governo brasileiro se empenhou pouco na concretização dos projetos que, até o momento, já poderiam ter reduzido a dependência das rodovias no escoamento de mercadorias. Na lista da EPL constam 1.825 projetos (em andamento ou previstos) que consumiriam R$ 568,1 bilhões caso tivessem sido realizados. Até hoje, somente R$ 87,4 bilhões (15% do total) foram investidos em obras. A maior parte do valor remanescente (R$ 480 bilhões) deverá ser gerada por concessões estaduais ou federais. A União arcará com R$ 184,8 bilhões em novos projetos. Segundo as projeções da EPL, caso esses recursos sejam aplicados, a economia do país poderá crescer entre 4,3% e 6% até 2035. O impacto na geração de riqueza será maior nas regiões Norte (entre 9% e 12,8% de crescimento) e Centro-Oeste (entre 7,3% e 10,3%). Apesar de as rodovias liderarem em investimentos (R$ 136,6 bilhões) no período considerado, o país deverá contar com R$ 128,6 bilhões em novas ferrovias e terminais portuários, principalmente no chamado Arco-Norte. Outro resultado previsto será a redução do custo do transporte de cargas para 3,8% do PIB, o equivalente a R$ 421 bilhões em 2035. Hoje, a movimentação de cargas pelo país representa 5% do PIB. Para fazer esse cálculo, a EPL traçou diversos cenários e, em um dos mais conservadores, considerou os projetos em andamento. Também contemplou os impactos de leis recentemente aprovadas, como o BR do Mar, que estimulou a navegação de cabotagem. Segundo o plano de logística, essa modalidade de transporte deverá passar dos atuais 8% para 9% e a navegação por hidrovias passará de 1% para 2,3% na próxima década. Em seu discurso, o ministério Tarcísio ponderou, por exemplo, que a concessão da Ferrogrão (que atravessará o corredor da soja no Centro-Oeste) deverá impulsionar o tráfego de mercadorias pelo rio Tapajós, por exemplo. A navegação do rio Tocantins até Belém (PA) também será um incentivo de escoamento de cargas pelos portos do Norte. “A gente tem celebrado os sucessos dos leilões de infraestrutura, mas o mais importante é o planejamento,” disse Tarcísio. “Os planos setoriais não tinham conexão com o PNL e este plano é o mais intermodal que já tivemos. Há combinação da cabotagem com ferrovias.” Segundo o ministro, hoje, as ferrovias representam 20% da carga total transportada e deverão saltar para 35%. “Estaremos mais próximos dos níveis de países desenvolvidos [nesse meio de transporte]. Tivemos o leilão da Fiol [Ferrovia de Integração Oeste-Leste], teremos assim o corredor oeste-leste se formando. Vamos ver a movimentação portuária se elevando.” “O plano detecta gargalos da infraestrutura para o planejamento de obras”, disse Arthur Luis Pinho de Lima, diretor-presidente da EPL. “Ele indica a demanda pelos próximos 15 anos. Os sinais dados pelo PNL são a base para o planejamento de transporte via PPPs [Parcerias Público-Privadas] ou executado pelo poder público.” Segundo Lima, pela primeira vez, o plano integrou o transporte de passageiros, incluindo até ferrovias. Outra novidade no planejamento foi o uso de dados da Receita Federal para o cálculo dos custos e movimentação de cargas (a partir de dados agregados de notas fiscais emitidas). Para a projeção do transporte de passageiros e da geração de viagens, a EPL contou com dados agregados de uma operadora de telefonia. A secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa, disse que, por força de lei, o PNL passou a ser uma diretriz de Estado e serve de referência para o planejamento dos projetos de concessão —aeroportos, portos, ferrovias e hidrovias— dos próximos anos. Isso significa que, mesmo com a mudança de governo, esse planejamento será uma obrigação legal. A condução desse plano é uma herança do ex-presidente Michel Temer que definiu o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) como primeira medida de seu governo. Naquela ocasião, Tarcísio era o principal técnico conduzindo o programa. Coube a ele, em parceria com o ministério dos Transportes, definir a carteira de projetos. Sem o PPI, o governo federal precisaria contar com, ao menos, R$ 8 bilhões do Orçamento para os investimentos indicados pelo Plano Nacional de Logística. Hoje, o ministério conta com cerca de R$ 6 bilhões para obras. Com a pandemia e a economia sem esboçar sinais de uma forte retomada, as concessões são o carro-chefe da geração de empregos no país. Com suas rodadas de leilões, Tarcísio pretende fechar contratos de R$ 260 bilhões em investimentos atrelados a concessões até o final do mandato de Jair Bolsonaro. Caso atinja o objetivo, esses projetos vão gerar 3,6 milhões de empregos. Como anfitrião da cúpula virtual em comemoração ao 30º aniversário do Mercosul, em 26 de março, o presidente argentino Alberto Fernández e seu colega uruguaio Luis Lacalle Pou trocaram frases que expuseram as fissuras no bloco regional. O presidente uruguaio exigiu que o Mercosul ""não se torne um fardo ou um espartilho"". O presidente argentino assumiu o desafio e respondeu com raiva: ""não queremos ser um fardo para ninguém... e se somos um fardo, que tomem outro barco"". A resposta deixou a Argentina virtualmente em ""off side"" com respeito a seus parceiros e vizinhos. Acontece que Lacalle Pou assumiu a liderança na posição dos governos do Brasil e do Paraguai em favor de tornar mais flexível a atual estrutura tarifária. Talvez esta última alternativa não seja a que mais contribui para o fortalecimento do mercado comum, que se formou com a ideia de alcançar uma verdadeira coordenação macroeconômica e hoje mostra um arquipélago de realidades nacionais que correm cada uma por si só. Mas colocar o desacordo existente como uma discussão entre modelos rígidos de “união aduaneira versus zona de livre comércio” é, além de um erro estratégico, um sinal de fraqueza relativo que poderia deixar a Argentina em uma clara minoria dentro do bloco e o próprio bloco em uma paralisia virtual. A questão será resolvida em 22 de abril, quando os ministros das Relações Exteriores e os ministros da Economia dos países membros se reunirem para rever a Tarifa Externa Comum (CET). O presidente Fernández disse que não acredita que uma redução parcial e linear da Tarifa Externa Comum (CET) do Mercosul para todo o universo tarifário ""seja o melhor instrumento, dada a possibilidade de novos acordos com outros países"". A proposta argentina se baseia em ""preservar o equilíbrio entre os setores agroindustrial e industrial"" e ""a coordenação das políticas macroeconômicas, ""para continuar avançando em direção ao consenso do mercado comum"". Há muito consenso entre peritos e especialistas sobre a necessidade de um diálogo construtivo entre os membros do Mercosul para sustentar o bloco, a fim de enfrentar os problemas de competitividade e as assimetrias que afetam sua inserção no mundo. Estes problemas, aos olhos dos ""abridores"", também respondem a uma abertura tardia e à falta de reformas estruturais que ainda estão pendentes. Como aponta o especialista argentino em negócios internacionais Marcelo Elizondo, ""há anos a América Latina vem perdendo relevância como ator no comércio internacional e pouco se pode esperar de uma estratégia para a própria região"". Por outro lado, outros mercados dinâmicos convidam a desenvolver ações de inserção internacional"". Alguns indicadores ilustram esta estimativa: enquanto a América Latina hoje gera apenas 3,3% de todas as importações mundiais, a Ásia gera 32,2% (10 vezes mais). As regiões com maior participação nas importações mundiais são a Europa (que gera 36,5% do total e dentro das quais a UE representa 29,5%), Ásia (32,2%) e América do Norte (18,6%). Depois, a América Latina e a África representam, cada uma, pouco mais de 3% do total mundial. Olhando para escalas temporais mais amplas, a América Latina é a região que perdeu a maior parte das importações mundiais: ela gerou mais de 10% do total em meados do século 20, 6% do total em meados dos anos 1960, e continuou a diminuir desde então, de modo que sua participação mundial atual mal chega a um terço da de meados do século passado. Enquanto isso, a Ásia (a região com maior aumento de relevância relativa) cresceu em sua participação de 14% naquela época para 32% hoje. Pode-se acrescentar a isto que, nas últimas 5 décadas, a Europa perdeu parte de sua participação (de 53% para 36%) e a América do Norte a manteve estável. Se analisados por país, entre os 30 maiores importadores mundiais há 12 mercados asiáticos (incluindo China, Coreia do Sul e Índia, mas também Taiwan, Singapura, Tailândia e Malásia); 8 da UE; 3 da América do Norte e apenas um sul-americano (Brasil), ao qual o México pode ser acrescentado. Para a própria Argentina, a Ásia se tornou cada vez mais importante e em 2020 foi o continente mais abastecido pelas exportações argentinas (superando a América Latina e a Europa, que seguiram em incidência). A isto se soma a reconfiguração geoeconômica global que envolve a constituição do acordo de livre comércio RCEP na Ásia, que reúne os países da ASEAN (China, Japão, Coreia, Índia, Austrália e Nova Zelândia). É isto que está por trás das exigências do Brasil e do Uruguai, que buscam a abertura para abandonar o modelo autonomista do bloco. ""O acesso de nossos países a esses mercados distantes é difícil porque, embora não tenhamos acordos comerciais com eles, nossos concorrentes —e até mesmo vizinhos como Chile e Peru— têm, o que torna mais complexa a entrada de nossos produtos e empresas neles"", diz Elizondo. O cruzamento de ideias entre Fernández e Lacalle Pou (""libertar-se do espartilho"" vs. ""sair do barco""), menor e anedótico, ficará registrado, entretanto, como um episódio que reflete as diferenças existentes e suas implicações: uma eventual bifurcação no caminho entre os países do Cone Sul. A ""pátria pequena"" dos nacionalismos estreitos, em nome do ""interesse nacional"", conquista a proclamada ""pátria grande"" quando os líderes não sabem como superar os sinais desafiadores do contexto global e regional com uma visão compartilhada e superada e com acordos estratégicos que levam essa visão a realizações concretas. *A versão original deste texto foi publicada no Clarín, Argentina. Superliga europeia de futebol. Só se fala nisso. Parece até que não tem mais pandemia. Alguns já dizem que o torneio é fake news da família Bolsonaro para desviar os olhos da CPI da Covid. Se precisarem só de uma opinião, busquem o áudio de Gary Neville, ídolo do Manchester United e comentarista da Sky Sport, que falou estar com nojo de toda a ideia. Mas imaginemos que a Superliga vai acontecer, e que consequentemente ocorrerão as punições de Fifa e Uefa, ou seja, jogadores do “clube dos 12” estarão impedidos de disputar a Copa do Mundo. E aí? Imagine esse universo futebolístico-distópico, no qual nenhum jogador de Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Liverpool, Manchester e Manchester, Arsenal, Tottenham, Chelsea, Juventus, Inter e Milan pudessem jogar uma Copa. Bem, aí o Brasil volta a ser favorito para vencer a Copa. Alguém aí vai dizer que o Brasil sempre é favorito. Mas sejamos honestos, a Copa de 2018 deixou claro que o futebol sul-americano virou coadjuvante nas Copas —fornecemos tanta matéria-prima por tanto tempo para a Europa que deixamos de ser protagonistas. E por que o Brasil vira favorito? Olhe novamente os 12 times citados aí em cima e tente encontrar um brasileiro que seja o principal nome em um deles. Agora pense no que Tite poderia ter à disposição. O Brasil perderia Gabriel Jesus (Manchester City), Roberto Firmino (Liverpool), Casemiro, Vinicius Junior e Rodrygo (ambos do Real Madrid), ok. Mas poderia ter Richarlison (Everton), Everton Cebolinha (Benfica) e Neymar (PSG) na frente; e mais Bruno Henrique e Gabriel, do Flamengo. Ataque poderoso. E o resto do time contaria com: Weverton (Palmeiras), Diego Alves (Flamengo) ou Cássio (Corinthians) no gol. Temos Rafinha (Grêmio), Fagner (Corinthians) e Filipe Luís (Flamengo) para as laterais, além do versátil Gabriel Menino (Palmeiras); Rodrigo Caio (Flamengo), Geromel (Grêmio) e Marquinhos (PSG) são opções para a zaga. No meio tem Everton Ribeiro e Gerson (Flamengo), Bruno Guimarães e Paquetá (Lyon), Douglas Luiz (Aston Villa) e o veterano Daniel Alves (São Paulo), que poderia ser o capitão também. E ainda tem Claudinho (Red Bull Bragantino) e Marinho (Santos), melhores jogadores do Brasileiro e da Libertadores, respectivamente. Já a França campeã de 2018 mantém Mbappé, mas perde o goleiro e capitão (Lloris), a zaga com Varane (Real Madrid) e Umititi (Barcelona), os meio-campistas Pogba (Manchester United) e Kanté (Chelsea) e os atacante Grizzmann (Barcelona) e Giroud (Chelsea, o melhor atacante que não fez gol da Copa). E a Bélgica, que eliminou o Brasil? Perderia Kevin de Bruyne (Manchester City), Hazard (Real) e Lukaku (Inter de Milão). Precisa mais? Até tem, mas vamos parar por aqui. Campeã da última Eurocopa e da Liga das Nações, a seleção portuguesa teria de abrir mão de Cristiano Ronaldo (Juventus), Bruno Fernandes (United), Bernardo Silva e Rúben Dias (City), entre outros. Argentina poderia montar um time forte, com River Plate como base, mas sem o poderio ofensivo de Dybala (Juventus), Agüero (City), Lautaro Martínez (Inter) e um tal de Messi (Barcelona). Inglaterra? Sem Harry Kane (Tottenham), Sterling e a joia Foden (City) ou Rashford (United), pode esquecer. Espanha sem jogadores de Real e Barcelona? Faz-me rir. E a Alemanha. Bem reza a lenda que futebol é um jogo de 11 contra 11 que a Alemanha vence no final. Sem o Bayern na Superliga, os germânicos perdem pouco. Um Kroos (Real) aqui, um Timo Werner (Chelsea) ali, um Gundogan (City) acolá. E não muito mais que isso. Temos um rival! Após mais de seis décadas com os irmãos Castro no poder, Cuba virou a página, mas não completamente. Aposentado oficialmente da liderança do Partido Comunista de Cuba (PCC) nesta segunda-feira (19), Raúl Castro, 89, ainda terá influência em decisões estratégicas no país. Eleito primeiro-secretário do partido, o mais alto cargo, o atual presidente Miguel Díaz-Canel, 60, disse que Castro continuará sendo consultado. “O general do Exército continuará presente porque é uma referência para qualquer comunista e revolucionário cubano”, afirmou no encerramento do 8º Congresso do PCC. Castro oferecerá sua “orientação e seu alerta diante de qualquer erro ou deficiência, pronto para enfrentar o imperialismo como o primeiro com seu rifle”, acrescentou o primeiro líder civil do regime cubano. A transição para Díaz-Canel à frente tanto do partido quanto do país é simbólica e não significa uma mudança na linha política cubana, onde vigora o sistema de partido único. “Desde que nasci, conheci apenas um partido e até agora vivemos com ele, e ninguém passa fome”, diz Miguel Gainza, 58, artesão que trabalha na Havana Velha e apoia o regime. A ilha caribenha, no entanto, passa por uma profunda crise econômica devido à pandemia de coronavírus e ao fortalecimento do embargo que os EUA mantêm há 60 anos —ambos impactam o turismo, principal fonte de renda. Em 2019, essa indústria levou a Cuba 5 milhões de turistas e US$ 3 bilhões (R$ 16,6 bi), de acordo com os dados oficiais. No ano passado, durante a pandemia, cidades turísticas se esvaziaram. Neste domingo (18), o Comitê Central, órgão executivo do PCC, foi eleito em votação secreta por 300 delegados de toda a ilha, que representavam 700 mil militantes. Foram 114 membros eleitos, uma redução dos 142 anteriores. Também nesta segunda, o birô político do PCC foi formado a partir da nomeação do Comitê Central. Com média de idade de 61,6 anos, a cúpula é formada por 3 mulheres e 11 homens. O órgão que representa o coração político de Cuba e é superior ao comitê também foi reduzido, de 17 para 14 membros. Na nova equipe, o cargo de segundo-secretário foi eliminado, decisão pertinente segundo os estatutos, quando não for necessário. O posto foi ocupado por Raúl Castro de 1965 até 2011, enquanto Fidel esteve à frente da sigla, e depois por Machado Ventura, de 2011 até este ano. Além de Castro, aposentaram-se o número dois do partido José Ramón Machado Ventura, 90, e Ramiro Valdés, 88. O envelhecimento da sigla é um tema diante de uma juventude frustrada com a falta de oportunidades. Entre os integrantes, 42,6% têm mais de 55 anos. A mais jovem da nova equipe e estreante na cúpula de poder é a primeira-secretária da província de Artemisa (no oeste de Cuba), Gladys Martínez, 49. John Kavulich, presidente do Conselho Econômico e Comercial Cuba-Estados Unidos, considera que há no partido uma “falta de vontade de aceitar que já não é preciso lutar por uma revolução, mas sim gerir um país não de meados do século 20, mas da segunda década do século 21”. Os jovens, que muitas vezes tentam sair do país, expressam cada vez mais sua frustração nas redes sociais, após a chegada da internet móvel em 2018. Na pizzaria onde trabalha, Luis Enrique Oramas, 30, diz que, “se deixassem as pessoas falarem o que pensam, seria como em outros lugares, [haveria] dois ou até três partidos”. Ativistas, artistas e intelectuais mantêm uma intensa atividade nas redes sociais, em um país onde as manifestações são quase inexistentes. Durante o congresso, que começou na sexta (16), o partido adotou uma resolução para enfrentar a “subversão política e ideológica”, enquanto ativistas, jornalistas independentes e artistas denunciaram no Twitter que a polícia os impedia de sair de casa, recurso utilizado para impedir que se encontrassem. Eles também disseram que ficaram incomunicáveis com os cortes de internet em suas casas. “O que temem os participantes do #8ºCongressoPCC? Que arruínem a festa de simulações”, escreveu Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional nas Américas, no Twitter. “Enquanto se dão tapinhas nas costas por manterem seu regime autoritário.” Amigo de Silas Malafaia ""e de praticamente todos os pastores mais conhecidos do Brasil"", o juiz federal William Douglas, 53, é um dos nomes que correm por fora quando o assunto é o próximo indicado por Jair Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal). Uma credencial valorizada pelo presidente, afinal, ele tem: Douglas é pastor pentecostal, ordenado há 11 anos pela Igreja Batista Getsêmani. À Folha ele diz não achar ruim que Bolsonaro tenha prometido a vaga a alguém ""terrivelmente evangélico"" —hoje, entre outros, estão entre as apostas o presbiteriano André Mendonça, ministro da Advocacia-Geral da União, e o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o adventista Humberto Martins. ""Assim como já tivemos espaço para a busca de uma mulher e de um negro, vale lembrar que os evangélicos são 30% da população"", diz o magistrado. ""Portanto é perfeitamente legitimo, e até meritório, que um presidente coloque ao menos um representante dessa cosmovisão [na corte]."" Membro do Diálogo e Paz, grupo plurirreligioso liderado pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, Douglas diz ver ""no diálogo entre diferentes"" um pilar da democracia. O diálogo pausa quando Douglas é questionado sobre a condução da pandemia por Bolsonaro, assim como sobre atitudes pessoais do presidente, como não usar máscara e promover aglomerações em suas aparições públicas. Diz que prefere não se pronunciar, já que um dia poderá analisar essas questões na corte. Em março, ele se juntou ao TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), responsável pelos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Não se furta, contudo, a dar sua opinião sobre o presidente, que apontará um novo integrante do STF quando Marco Aurélio Mello se aposentar, em julho: um ""patriota que quer melhorar o país"".  O que pensa de Bolsonaro defender um ministro ""terrivelmente evangélico"" no STF? Presidentes anteriores prestigiaram parcelas da sociedade ausentes na Corte, que precisa ter conexão de valores com a sociedade que irá julgar. Assim como já tivemos espaço para a busca de uma mulher e de um negro, vale lembrar que os evangélicos são 30% da população. Este grupo está bem representado em todos os espaços, menos no STF. Portanto é perfeitamente legitimo, e até meritório, que um presidente coloque ao menos um representante dessa cosmovisão. Em março, o sr. participou do culto da bancada evangélica no Congresso e lá disse que ser cristão e ser político é ainda mais difícil. O que quis dizer? Sigo a Bíblia e a Constituição, cada uma em seus devidos círculos e limites, observando os deveres e direitos descritos nos respectivos livros. Não é nada fácil ser um bom político. Quem, ao mesmo tempo, for cristão terá também outros desafios a cumprir, pois tem mais deveres. O sr. também falou sobre a judicialização da política. Quando o sr. crê que ela tem acontecido? Quando há desequilíbrio entre os Poderes. Cada Poder tem que respeitar a autonomia, a independência e a atribuições dos demais. Concorda que há perseguição religiosa do Judiciário e de governadores, como o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP) argumenta? As instituições brasileiras são amadurecidas e consolidadas. As críticas fazem parte do processo democrático. O pastor Silas Malafaia já se mostrou um entusiasta da sua indicação ao STF. São amigos? Sou amigo dele e de praticamente todos os pastores mais conhecidos do Brasil. Há mais de 20 anos faço palestras em universidades e falo em igrejas. Malafaia, e vários outros, são na verdade entusiastas de um evangélico no STF, para que um terço do país esteja representado na Corte. Mais de 30 grandes líderes evangélicos sugeriram ao presidente [em 2020] uma lista tríplice que incluiu meu nome. O IBDR [Instituto Brasileiro de Direito e Religião] endossou quatro nomes, sendo o meu um deles. Tudo isso, contudo, é mera sugestão. O que conta mesmo é a decisão do presidente e a aprovação pelo Senado. O senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ) também fez campanha pelo sr. Qual é a sua relação com a família do presidente? Desconheço que ele faça campanha por mim. Nos conhecemos do mundo jurídico e acadêmico e mantemos uma relação de respeito mútuo e consideração. É um admirador de Bolsonaro? Sim. Ele é um patriota, alguém que quer melhorar o país. Nunca vi um presidente ser tão atacado. Foi eleito legitimamente. Penso que a voz das urnas deveria ser mais respeitada. O presidente e seu entorno têm tido vários embates com o Judiciário. Acha que a relação de Bolsonaro com o STF pode ser pacificada? O Judiciário tem interferido em atribuições exclusivas do Poder Executivo. Isso desrespeita a Constituição e as urnas. Os Poderes podem e devem se entender melhor, mas para isso cada instituição precisa atuar com mais cautela e equilíbrio, dentro de sua seara. A determinação do ministro Luís Roberto Barroso para instalar a CPI da Covid no Senado seria um exemplo? Não seria gentil comentar a decisão monocrática de um ministro sem nem ter conhecimento dos detalhes do processo em questão. Creio que o STF e o Senado certamente vão conseguir superar qualquer dilema que possa existir sobre esse assunto. Como vê a discussão sobre abolir a Lei de Segurança Nacional? Como magistrado me cabe apenas aplicar a Constituição e as leis. Mudar as leis é tarefa constitucional do Poder Legislativo. Ela foi usada contra críticos do presidente. Concorda com a premissa de que quem caluniar ou difamar o presidente da República pode ser enquadrado na lei? A lei vigente deve ser cumprida. O que me causa espécie é o tratamento diferente para conservadores e progressistas. A isonomia é princípio constitucional. Lamento que venha existindo ""dois pesos e duas medidas"" quando o assunto é tratamento aos Poderes e aos que são de opiniões diferentes. Como magistrado de carreira e professor de direito constitucional, penso que temos que resgatar o tratamento igual para todos. Pode exemplificar quando houve esse tratamento distinto? A cultura do cancelamento, em que internautas e influenciadores se arvoram no direito de acusar, julgar e punir quem quer que seja com base em parâmetros próprios, subjetivos e não estabelecidos em lei. Refere-se a Felipe Neto, influenciador que chamou o presidente de genocida? Não estou falando de ninguém em particular. Como magistrado, costumo fazer análises apenas dos casos concretos que estão sob meu julgamento. O STF também a usou para prender o deputado bolsonarista Daniel Silveira. Concorda com a tese utilizada pelo relator do caso, Alexandre de Moraes? O ministro decidiu, e o plenário referendou sua decisão. Este assunto deve ser resolvido entre os Poderes. Na véspera da Páscoa, o ministro Kassio Nunes Marques liberou a realização de atividades religiosas presenciais. O que achou da decisão? Concordo. Não estamos em estado de sítio ou de defesa, e as disposições do artigo 5º da Constituição são cláusulas pétreas. O Estado não pode impedir o funcionamento das igrejas, apenas cobrar medidas sanitárias, como distanciamento, uso de máscara e álcool em gel. Também não pode dispor sobre como cada cidadão exercerá sua religião. No plenário, 9 dos 11 ministros discordaram de Kassio Nunes Marques. Cármen Lúcia, por exemplo, diz que aglomerar é até um ato de falta de fé. O que acha de essa visão ter preponderado na Corte? Como magistrado, respeito as opiniões divergentes. Epidemiologistas argumentam que seguir o protocolo, no caso de templos fechados e cultos longos, não garante segurança. Respeito a ciência, a opinião dos epidemiologistas e os argumentos dos religiosos. Vê a liberdade religiosa a perigo no Brasil? Em muitos aspectos, sim. O caso mais grave a ser enfrentado é a invasão de terreiros de umbanda e candomblé por traficantes autodenominados ""evangélicos"". O sr. disse, em artigo, que a compra de vacinas pela iniciativa privada é ""digna de veemente aplauso"". Vê o risco de empresas disputarem imunizantes com governos num momento em que não há doses para todos? Diante desse cenário emergencial, e sabendo que a iniciativa privada já imuniza com eficiência parcela significativa da sociedade brasileira contra a gripe, sem custos para o SUS, isso não é furar fila, mas sim criar filas múltiplas e dar celeridade à imunização. Sou contra, no entanto, ao abatimento do gasto com as vacinas no Imposto de Renda. Não pode existir vacina privada paga com dinheiro público. William Douglas, 53 Formado em direito pela UFF, onde já lecionou, foi delegado de polícia e defensor público. É hoje juiz federal do TRF-2. Membro da Associação Interreligiosa de juristas para o Diálogo e a Paz, foi ordenado pastor batista em 2010 Sem uma coordenação nacional nas ações de combate à Covid-19 e com menos doses do que o necessário disponíveis, a vacinação para as pessoas com comorbidades começou nas capitais atendendo a diferentes grupos, incluindo pacientes com doenças renais, transplantados, obesos e pessoas com autismo e com síndrome de Down. Diferentemente do que ocorreu quando as cidades abriram a vacinação de profissionais da saúde e forças de segurança, por exemplo, agora não há uma regra padrão de comprovação do quadro clínico, o que tem levado a decisões das mais diferentes nos estados. Apresentação de laudo médico, de ficha de acompanhamento, de carteira de identificação de pessoa com deficiência ou mesmo cadastro em sistema da prefeitura realizado pelo médico estão entre os procedimentos estabelecidos. O Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes sobre os grupos prioritários no plano nacional de operacionalização da vacinação, e a recomendação é que os gestores locais sigam o que está previsto. No entanto, conforme a campanha avança, estados e municípios têm autonomia para seguir com as estratégias locais, de acordo com as demandas regionais, segundo o ministério. A estimativa da pasta é que 77,27 milhões de pessoas estão nos grupos prioritários da campanha de vacinação da Covid-19, das quais 17,79 milhões representam a fatia com comorbidades —o segundo mais numeroso, atrás apenas daquele formado por todas as pessoas acima de 60 anos, que reúne 30,2 milhões. Em São Paulo, como mostrou a Folha, há dúvidas ainda sobre como prosseguir com a vacinação de quem tem comorbidades. O grupo por ora não foi chamado a se vacinar, tendo sido preterido em relação a professores, policiais e metroviários e ferroviários. Em Salvador, foi iniciada na semana passada a vacinação de pacientes renais crônicos entre 18 e 59 anos que dependem de hemodiálise. Segundo o secretário municipal de Saúde, Leonardo Prates, houve entendimento de que o grupo deveria ter prioridade por ser o mais exposto: os pacientes precisam de cuidados recorrentes em unidades de saúde e podem ter o quadro agravado em caso de infecção por Covid-19. O próximo grupo será composto pelas pessoas com síndrome de Down, cujo cadastro já foi iniciado. Para ficar apta para a vacinação, a pessoa deve ser cadastrada em um sistema da prefeitura pelo médico que a acompanha. Em seguida virão, por ordem, transplantados, imunossuprimidos (com sistema imunológico comprometido) e pacientes com doenças renais crônicas que não fazem hemodiálise, definidos por uma comissão bipartite formada por estado e prefeituras. “O certo seria vacinar todos os grupos com comorbidades o mais rápido possível, mas o cobertor está curto, é uma questão matemática”, disse a epidemiologista Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. Segundo ela, com o baixo número de doses de vacina, os gestores tenderão a priorizar grupos menores, como os pacientes crônicos renais ou pessoas com síndrome de Down. Já comorbidades com uma prevalência mais elevada, como diabetes e hipertensão, tendem a ficar para o momento em que houver condições de vacinar todo o público alvo. Em Teresina, estão sendo vacinadas pessoas com deficiência com mais de 60 anos e ao menos duas comorbidades, além de doentes renais crônicos. Entre as comorbidades estão diabetes, pneumopatias crônicas graves e hipertensão arterial resistente. Para a vacinação de doentes renais, a lista de pacientes é fornecida pelas clínicas locais. Nos outros casos, é necessário apresentar carteira de identificação de pessoa com deficiência ou laudo que comprove a deficiência, além de documento que indique a comorbidade associada. A secretaria não especifica quais documentos são aceitos. É preciso apresentar ainda CPF ou cartão SUS e documento de residência no município. Presidente da comissão de revisão de calendários vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi disse que o ideal é que estados e municípios sigam as diretrizes do ministério para a vacinação de pessoas com comorbidades. Ela destaca que a definição das prioridades deve levar em conta não só as doenças, mas o grau de gravidade e a idade. “No caso de hipertensão arterial, a prioridade são os casos mais complexos, os hipertensos que tomam dois ou mais remédios para controle. No caso de asma, tem que ser grave, com uso de corticoide sistêmico frequente.” Em 30 de março, Natal chegou a começar a imunização de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, com idades a partir de 18 anos, mas a vacinação foi suspensa por uma decisão judicial do dia 1o de abril. Ministério Público e Defensoria Pública pediram à Justiça que estado e município se adequassem ao plano nacional, se abstendo de incluir ou modificar a ordem dos grupos prioritários sem autorização do Ministério da Saúde, para evitar prejudicar aqueles que estavam em fase de imunização. Segundo a Secretaria da Saúde da capital, 660 pessoas, entre autistas e pessoas com síndrome de Down, chegaram a ser imunizadas. Cuiabá terminará na sexta (23) a vacinação de cerca de 600 pessoas com problemas renais, que estão sendo imunizadas nas clínicas em que fazem hemodiálise. Todas já possuem cadastro na pasta. Já em Macapá, a prefeitura iniciou a vacinação de pacientes com comorbidades. No dia 12, foram vacinados transplantados (coração, rim, fígado e pulmão), doentes hematológicos e pacientes oncológicos e, no dia seguinte, os que têm doenças respiratórias crônicas ou são cardiopatas. Elas precisaram fazer um pré-cadastro e apresentar atestado, laudo médico ou ficha de acompanhamento de doenças crônicas. No Rio, o prefeito Eduardo Paes (DEM) afirmou que sua gestão está criando formas de fiscalizar por amostragem a autenticidade de atestados apresentados para a vacinação de pessoas com comorbidade. “Vamos tornar uma desgraça a vida do médico que der atestado falso e daquele que usar atestado falso. Vamos tornar público e vamos atrás. Não é admissível, no momento que vacinamos as pessoas que mais precisam, que a gente tenha atestados falsos”, disse Paes no dia 2, ao anunciar o calendário de vacinação. Procurada, a Secretaria de Integridade Pública afirmou que ainda não tinha detalhes para divulgar sobre o sistema montado para a fiscalização. A capital fluminense começará a vacinar pessoas com comorbidades e deficiências permanentes na próxima segunda (26), junto com trabalhadores da segurança, da educação e da limpeza urbana na ativa. Nos primeiros dois dias virão os com 59 anos, depois os com 58 anos, e assim por diante. A lista inclui pessoas com diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e doença renal crônica, além de anemia falciforme, obesidade mórbida, síndrome de Down e cirrose hepática. É preciso apresentar comprovante como exame, receita ou prescrição, nos quais a prefeitura planeja fazer uma checagem por amostragem. Manaus já havia começado a imunizar pessoas com menos de 60 anos que tenham comorbidades como cardiopatias, diabetes e obesidade. A dose é aplicada após laudo que comprove a condição. Em Campo Grande, a prefeitura também abriu cadastro para grávidas a partir de 12 semanas de gestação e mulheres com até 45 dias após o parto para identificação prévia para vacinação contra a Covid-19. Em ambos os perfis é necessário anexar uma cópia da autorização médica para que a paciente possa se imunizar. O mesmo comprovante será exigido no ato da vacinação, ainda sem data definida. A prefeitura diz que o cadastro é só para identificar o tamanho do grupo e ainda não há previsão de vacinação. Segundo o Instituto Butantan, fabricante da Coronavac, “não há conclusões científicas até o momento de segurança ou eficácia da vacina adsorvida Covid-19 (inativada) na população pediátrica ou em gestantes”. Colaboraram Italo Nogueira, Júlia Barbon, Luís Costa e Katna Baran A cúpula da CPI da Covid quer traçar uma linha do tempo e iniciar os trabalhos esquadrinhando as razões que levaram à queda dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. O objetivo é entender, por exemplo, se houve e como se deu a pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que o governo defendesse, no tratamento contra a Covid-19, o uso da hidroxicloroquina —medicamento sem eficácia comprovada contra a doença. A estratégia tem sido discutida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), indicado como presidente da comissão, com Renan Calheiros (MDB-AL), que deve ser o relator. Ambos são os responsáveis por direcionar os trabalhos da CPI e preparar seu plano de trabalho, incluindo a pauta de votações dos requerimentos apresentados pelos demais integrantes e agendamento de depoimentos. Eles querem esmiuçar as tentativas de compra de vacinas pelo Executivo e o que levou o governo a recusar oferta da Pfizer para a compra de imunizantes, por exemplo. O colegiado seria instalado na próxima quinta-feira (22), mas, nesta segunda (19), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apelou a senadores para que a primeira sessão ocorra apenas na próxima terça-feira (27). Formalmente, justificou aos colegas dizendo que não haveria tempo suficiente para higienizar a sala onde o colegiado vai trabalhar e organizar as urnas que vão servir para eleger o presidente da comissão. Alguns senadores ficaram contrariados com a decisão. Ainda nesta segunda, Pacheco publicou ato determinando que a instação da CPI ocorrerá de modo semipresencial. Serão instaladas urnas na área externa da sala onde ocorrerá a sessão e também na garagem coberta do Senado. Os parlamentares precisarão ir à Casa para votar, mas, caso queiram se pronunciar, podem discursar remotamente. O ato de Pacheco ainda prevê que o integrante mais velho da CPI marque a reunião de instalação, o que foi feito ainda nesta segunda. Otto Alencar convocou para a próxima terça-feira. Enquanto isso, parlamentares já conversam nos bastidores sobre as primeiras ações do colegiado. À Folha o senador Omar Aziz, que deverá ser eleito presidente da CPI da Covid, defende que os primeiros convocados a falar na comissão sejam os três ex-ministros da Saúde do governo Jair Bolsonaro: Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), Nelson Teich e Eduardo Pazuello. ""Quem estava à frente eram os ex-ministros. É preciso chamá-los para entender a sequência de fatos"", afirmou Aziz. O provável relator da CPI, Renan Calheiros, também quer chamar primeiro os ex-titulares da Saúde. Depois, quer que prestem depoimentos representantes de fabricantes de vacina. As oitivas do trio podem servir para municiar uma linha de investigação de membros da oposição e dos independentes. Esse grupo quer, logo nas primeiras semanas, tentar comprovar que o Planalto agiu de maneira deliberada em busca da denominada “imunidade de rebanho”, na contramão da orientação de especialistas na área. Conforme a Folha mostrou no domingo (18), o grupo de oposição trabalha para que os primeiros requerimentos sejam para convocar três ex-ministros e buscar por material do MPF (Ministério Público Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a atuação do governo no combate à pandemia. A ideia dos parlamentares críticos ao governo é mapear logo no começo as ações do Executivo na aquisição de remédios para tratamento precoce, como a hidroxicloroquina, para verificar quanto de dinheiro público foi usado na compra de medicamentos sem eficácia comprovada. As prioridades deles nas sessões iniciais da comissão devem ser as convocações do general Eduardo Pazuello, que era responsável pelo Ministério da Saúde, Ernesto Araújo, que chefiava a pasta das Relações Exteriores, e Fernando Azevedo, que comandou a Defesa. Senadores ainda discutem a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A compra de vacinas também está na mira desse começo de trabalho da comissão. O senador Humberto Costa (PT-PE), titular da CPI, é um dos que defendem que Queiroga seja o primeiro convocado. ""Estamos no meio da pandemia. A gravidade da situação permanece. Temos que levar o ministro atual pra ele dizer o que ele vai fazer, o tipo de isolamento social que vai propor"", diz Costa. ""Como esse governo só trabalha sob pressão, a CPI é interessante para pressionar o Executivo"", avalia o senador. Além de medidas específicas, integrantes da CPI também pretendem investigar discursos e a comunicação direta de gestores com a população a respeito de medidas para combater a pandemia. Não mencionam diretamente o presidente, para evitar reações antecipadas, mas afirmam que estará no foco as falas a respeito de vacinas, isolamento social e medicamentos sem comprovação de eficácia. O senador Alessandro Vieira (Cidadania- SE), por exemplo, iniciou um dossiê com discursos de Bolsonaro e chamamento para manifestações. ""A gente sabe que uma política pública de saúde e a comunicação não se dão só pelos meios oficiais. É importante ver o quanto foi investido em propaganda, se elas defendem aquilo que a ciência defende como medidas consolidadas, mas tem que verificar a narrativa e os discursos públicos dos gestores"", diz Vieira. ""A forma como eles se portam tem repercussões, as pessoas levam aquilo em consideração."" Suplente na CPI, Vieira ainda preparou um plano de trabalho, incluindo depoimentos de vários integrantes do governo Bolsonaro, quebra de sigilos, entre outras coisas. O documento, porém, é informal e tem pouco efeito prático, porque é o relator da comissão —no caso, provavelmente Renan Calheiros— quem apresenta um roteiro dos trabalhos a ser votado em sessão. A partir daí, os requerimentos de convocação, por exemplo, são apreciados seguindo uma pauta preparada pelo presidente da comissão. Aliado do governo, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) confirmou que vai lançar sua candidatura para a presidência da CPI da Covid, para contrapor o acordo para que o comando da comissão fique com Omar Aziz e a relatoria, com Renan Calheiros. O senador afirmou que será um candidato ""independente"" e que quer evitar que a comissão se torne em palanque eleitoral. ""Não tenho nenhuma indicação na administração pública —seja ela municipal, estadual ou federal— e reafirmo minha total independência ao governo federal. Irei disputar na intenção de atender aos legítimos anseios da sociedade que espera que a CPI tome rumos justos, amplos e com verdadeira independência, investigando governo federal e o repasse de centenas de bilhões de reais aos estados e municípios"", afirmou, em nota. “A investigação deve ser conduzida de forma justa e imparcial para não acabar em 'pizza'. O povo não quer palanque político eleitoral para 2022. Aliás, isso seria uma covardia, um desrespeito com a dor das pessoas. A CPI precisa ser muito técnica, e que possa buscar toda a verdade e não apenas parte dela”, destacou. Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) Com a iminência da instalação da CPI da Covid, senadores governistas se preparam para mirar as investigações na destinação dada a recursos federais repassados a estados e municípios e, de imediato, fazem campanha virtual contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) para tentar barrá-lo na relatoria da comissão. Já os críticos do governo, que são maioria na CPI (7 dos 11 integrantes são independentes ou oposição declarada), trabalham para que os primeiros requerimentos sejam para convocar três ex-ministros e buscar por material do MPF (Ministério Público Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a atuação do governo no combate à pandemia, como mostrou a Folha no domingo (18). De imediato, governistas, mesmo os que não são senadores, lançaram nas redes sociais a campanha #RenanSuspeito, sob o argumento de que o senador não pode ser relator, já que um dos focos da CPI são os estados —seu filho, Renan Filho (MDB), é governador de Alagoas. ""Se a CPI vai investigar os repasses da União a estados, tem sentido o possível relator ser PAI de um dos governadores?"", escreveu em uma rede social a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), integrante da tropa de choque de Bolsonaro no Legislativo. ""Ele tem um filho que é governador. Tem conflito de interesse"", argumentou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Renan nega suspeição e rebate as críticas. ""A história não alegará minha suspeição jamais porque agirei coletivamente, não agirei monocraticamente. Designarei sub-relatores para os variados temas, inclusive este [eventuais apurações sobre Alagoas]. Quantas campanhas já sofri em rede social. Estão fazendo campanha contra a pessoa errada"", afirmou. Girão se declara independente, mas atua com outros três senadores na defesa de Bolsonaro na CPI. Apesar de integrar um grupo minoritário no colegiado, ele diz estar trabalhando para viabilizar sua candidatura à presidência da CPI, enfrentando o senador Omar Aziz (PSD-AM), que tende a ficar com o posto, pelo acordo com a maioria (que inclui Renan). Na tarde de domingo (18), Girão disse que estava no Senado e que havia conversado por telefone com seis de seus colegas em busca de apoio à sua candidatura. O senador disse que a ideia é focar em 20 estados em que ocorreram operações da Polícia Federal. No requerimento de criação de CPI com foco ampliado que ele apresentou ao Senado para fazer frente ao pedido original, com foco exclusivo no governo federal, Girão lista investigações envolvendo 17 estados —São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí, Pará, Roraima, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Amapá, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia e Acre. ""Ninguém tira leite de pedra porque leite é de vaca. Acharam que iam cassar o presidente Bolsonaro na CPI das Fake News e quebraram a cara, porque a vida é o que é, não o que eles querem que seja"", disse o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). Ele não é membro da CPI da Covid. Como a Folha mostrou no domingo, a ideia dos parlamentares críticos ao governo é mapear logo no começo as ações do Executivo na aquisição de remédios para tratamento precoce, como a hidroxicloroquina, para verificar quanto de dinheiro público foi usado na compra de medicamentos sem eficácia comprovada. As prioridades deles nas sessões iniciais da comissão devem ser as convocações do general Eduardo Pazuello, que era responsável pelo Ministério da Saúde, Ernesto Araújo, que chefiava a pasta das Relações Exteriores, e Fernando Azevedo, que comandou a Defesa. Senadores também discutem a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A compra de vacinas também está na mira desse começo de trabalho da comissão. Outro objetivo de membros da oposição e dos independentes nas primeiras semanas é tentar comprovar que o Planalto agiu de maneira deliberada em busca da denominada “imunidade de rebanho”, na contramão da orientação de especialistas na área. ""Já estão fazendo pré-julgamento, já está pronto o relatório, então? As convocações, tudo? Isso é bobagem. Primeiro temos que sentar, os 11, para conversar, para ver como vai acontecer, o plano de trabalho e tal. Não dá para fazer em cima da coxa, assim. Não foi nem montada a comissão"", disse o senador Jorginho Mello (PL-SC), que integra a comissão. Renan classificou uma eventual disputa entre Girão e Aziz como ""a disputa da vacina com a cloroquina"". ""Esta gente do governo continua errando, criando dificuldades para a minha indicação nas redes sociais, com ameaças de que vai baixar o terror com operação da PF. Nada disso me intimida nem à CPI, que será isenta, independente e buscará a verdade para dar às vítimas da pandemia"", disse o senador à Folha. O senador disse que não irá perder tempo ""com briguinhas políticas, disse-me-disse, com campanhas [difamatórias]"". O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalar a CPI da Covid em 8 de abril. Seis dias depois, o plenário do STF confirmou a decisão do ministro. A decisão representa uma derrota para o presidente Bolsonaro, que trabalhou para evitar a instalação da comissão, e reforçou a pressão sobre o Senado. Após a ordem judicial de Barroso, Bolsonaro mobilizou sua base aliada e conseguiu ampliar o objeto da CPI para que também apure os repasses do governo federal a estados e municípios, o que dilui a pressão de uma investigação focada apenas no Palácio do Planalto. O requerimento de criação da CPI foi lido na terça-feira (13) por Rodrigo Pacheco. A decisão do plenário do Supremo foi recebida pelos senadores como uma pressão contra eventuais medidas que busquem retardar a comissão. A crise política desencadeada com a decisão de Barroso foi ampliada após o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) divulgar um diálogo que teve com Bolsonaro por telefone em que o tema era o assunto entre os dois. Na ligação, o presidente pressiona o senador para ampliar o objeto da CPI e pede para o parlamentar também pedir ao Supremo que seja determinada a abertura de impeachment contra ministro da corte no Senado. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) A criação da Superliga por 12 grandes clubes europeus, neste domingo (18), gerou fortes reações de entidades esportivas, torcedores, personalidades do futebol e da política. Arsenal (ING), Atlético de Madrid (ESP), Barcelona (ESP), Chelsea (ING), Inter de Milão (ITA), Juventus (ITA), Liverpool (ING), Manchester City (ING), Manchester United (ING), Milan (ITA), Real Madrid (ESP) e Tottenham (ING) assinam o documento de criação como ""clubes fundadores"" da liga e afirmam que outros três se unirão a eles na primeira edição do torneio, que deve começar ""assim que possível"". A competição que pretende reunir algumas das principais forças do continente —Bayern de Munique e PSG recusaram a entrada no grupo, a princípio— competiria diretamente com a Champions League, organizada pela Uefa (confederação europeia de futebol), o que pode provocar forte impacto na disputa por poder e dinheiro no futebol mundial. ""A Fifa sempre defende a unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas nas discussões acaloradas para que se envolvam em um diálogo calmo, construtivo e equilibrado para o bem do futebol e no espírito de solidariedade e jogo justo. Faremos, obviamente, tudo o que for necessário para contribuir para um caminho harmonizado no interesse geral do futebol."" ""A Uefa, a FA inglesa, RFEF, FIGC, a Premier League, a La Liga, a Lega Serie A, mas também a Fifa e todas as nossas associações-membro permanecerão unidos em nossos esforços para impedir esse projeto cínico, um projeto que se baseia no interesse próprio de alguns clubes em um momento em que a sociedade precisa de solidariedade mais do que nunca. Vamos considerar todas as medidas à nossa disposição, em todos os níveis, judiciais e esportivos, para evitar que isso aconteça."" ""Estou muito enojado com o Manchester United e o Liverpool. Eles estão fugindo para uma competição da qual não podem ser rebaixados? É uma vergonha absoluta. Os donos do Manchester United, Liverpool, Chelsea e Manchester City não têm nada a ver com o futebol neste país."" ""Falar de uma Superliga é um afastamento dos 70 anos de futebol europeu de clubes. No meu tempo no United, jogamos quatro finais da Champions League e sempre foram as noites mais especiais."" A morte do clube como uma instituição esportiva ""Esta chamada 'Superliga' é tudo menos 'Super'. ""Esse movimento ganancioso e insensível significaria um desastre para as nossas bases, para o futebol feminino e para a comunidade futebolística em geral, apenas para servir aos proprietários interessados, que pararam de se preocupar com seus fãs há muito tempo e desrespeitaram totalmente o mérito esportivo. Trágico. ""Os planos para uma Superliga Europeia seriam muito prejudiciais para o futebol. Eles atacariam no coração do jogo nacional e preocupariam os torcedores de todo o país. Os clubes envolvidos têm de responder aos seus torcedores."" ""O presidente da República saúda a posição dos clubes franceses de se recusarem a participar de um projeto da Superliga do futebol europeu que ameaça o princípio da solidariedade e do mérito desportivo."" Amo o futebol e não posso ficar calado diante disso. Acredito em uma Champions melhorada, mas não que os ricos roubem o que o povo criou, que não é outra coisa além do esporte mais bonito do planeta ""É claro que isso seria prejudicial para o futebol inglês e europeu em todos os níveis e vai contra os princípios da competição aberta e do mérito esportivo, que são fundamentais para o esporte competitivo."" ""Os torcedores de qualquer clube da Inglaterra e da Europa podem sonhar que a sua equipe pode subir ao topo e jogar contra os melhores. Acreditamos que o conceito de uma Superliga Europeia destruiria esse sonho."" ""Sempre fomos contra uma Superliga. O único projeto viável é a reforma da Champions League promovida pela Uefa."" ""A Federação Alemã de Futebol (DFB) é contra o conceito de uma Superliga Europeia. É o desempenho que determina a promoção e a despromoção. Os interesses econômicos de alguns clubes não devem acabar com a solidariedade praticada no futebol."" ""A proposta de competição fechada de clubes super-ricos formaria uma casta privilegiada fora das estruturas do futebol europeu de clubes, com o único propósito de obter lucro."" ""Há duas coisas em jogo aqui, uma é a ganância e a outra é o desespero, porque alguns desses clubes contraíram dívidas enormes. É uma tábua de salvação que vai acabar, se é que vai acabar, muito mal."" Touradas ""Pausa em touradas na Espanha gera ameaça ambiental, diz setor"" (Mundo, 18/4). Confesso que parei de ler quando o setor tentou justificar que os touros preservam o meio ambiente. Que esta pandemia traga ao menos um benefício para este planeta moribundo: o fim dessa atividade bárbara e primitiva. Anna Amélia (Uberlândia, MG) Quem come carne não pode falar muita coisa desse assunto. Não vejo ninguém reclamar de como os animais são tratados por este país afora. Não aprecio este tipo de ""esporte"", mas, realmente, a vida desses touros é bem melhor que a vida dos bois de corte. Marcelo Lins Lemos (Belo Horizonte, MG) Lula e Pedro Bial ""O passado como polígrafo"" (Tendências / Debates, 18/4). Reinaldo Azevedo fez uma excelente entrevista com Lula, ao vivo. Pedro Bial não gosta disso? Por quê? Bianca Moreira (Brasília, DF)  Pedro Bial tem direito a se exprimir como quiser. Certamente não está mentindo. Impressionante como ainda tem gente que defende Lula com unhas e dentes, além do razoável. Bial pode ter sido duro, mas não mal-educado. Cláudio Gomes (São Paulo, SP) Racismo ""Se ela fosse loira e de olhos azuis, você não estaria enchendo o saco dela"" (Tendências / Debates, 18/4). Lembro-me do comentário do ministro do STF Luís Roberto Barroso, em 2017, quando se referiu ao então ministro Joaquim Barbosa como ""negro de primeira linha"". De fato, muitos somos racistas, mas fingimos não sê-lo. Denise Vargas (Brasília, DF)  Espero que a Folha contrate Basília Rodrigues como colunista. Olhando o rol de colunistas, vejo que a coisa ainda está desequilibrada por aqui. Confesso que acompanhava mais as análises dela na CBN. Na CBN ela era das melhores, análises com ""sustança"". Espero que tenha o seu próprio programa. Marcos Fonseca (São Paulo, SP) Até há pouco, no jornalismo de TV, havia os repórteres estereotipados, com suas pautas etnorraciais. Tínhamos o japonês que cobria os ovos de Bastos (SP), o árabe que falava do Ramadã, a italiana das festas do Bexiga e o negro do samba, Carnaval, futebol e comunidades. Basília Rodrigues, ao tratar de economia e política, rompeu com esse ""corpo suporte"", distoou do lugar da fala. E então, por não ter olhos azuis, causou ruídos. Não deixa de ser uma ótima pauta para a empresa mostrar a sua transparência, já que o incômodo surgiu entre os profissionais da própria emissora José Roberto Machado (São Paulo, SP) CPI da Covid ""Cresce no Senado a pressão para investigar o STF"" (Poder, 18/4). Senadores querem surfar na onda de desestabilização das instituições e fazer eco aos clamores do inominável e de seus zeros à esquerda. Sérgio Vicentin (Curitiba, PR) Incapacidade Em 24 de março foi criado o tal Comitê Nacional de Enfrentamento da Covid-19, composto pelos chefes dos três Poderes e que tem Bolsonaro para definir e orientar as ações de enfrentamento da peste. Neste sábado (17) Bolsonaro foi até Goianópolis (GO) e, sem máscara, provocou aglomeração e segurou um bebê no colo. O capitão reformado tem capacidade ética e moral para coordenar tal comitê? Onde estão os chefes dos outros Poderes, que compactuam com tudo isso? Impeachment já! Wilson Guilherme Acácio (Juiz de Fora, MG) Tragédia Concordo com o colunista Hélio Schwartsman que não podemos perder a capacidade de nos indignarmos (""Vivendo com a tragédia"", Opinião, 18/4). Mas exigir dos governantes —e acima de tudo deste governante-mor— medidas eficientes de combate à pandemia e de proteção da sociedade é dar murro em ponta de faca. Ele e sua equipe não são capazes disso. Lamentavelmente, só podemos ""esperar"" o impeachment. Fátima Salomé Barreto Garcia (Belo Horizonte, MG) Hélio Schwartsman simplificou tanto o assunto de sua coluna que foi levado a uma conclusão falsa entre o ""corrupto"" e o ""assassino"". Será que, em se tratando dos dois senhores a que o texto faz referência, o ""corrupto"" não seria também um assassino (a corrupção também mata) e o ""assassino"" não seria também um corrupto? Sendo assim, não temos um dilema. O melhor é um Brasil sem Lula e sem Bolsonaro. Berenice Daitzchman Bertoldi (Curitiba, PR) Laptops O colunista Elio Gaspari não esquece (""Milton Ribeiro zangou-se"", Poder, 18/4). E eu também não. Quem foi que botou o jabuti dos laptops no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação? Elio Gaspari pode cobrar semanalmente, e eu apenas posso aplaudir a sua atitude. Não deixe o assunto cair no esquecimento, Elio; eu estou contigo. Sebastião Galinari (São Paulo, SP) A passagem de Ana Beatriz Cordeiro pela vida foi curta, mas marcante. Ela dedicou parte importante de sua trajetória à natureza e questões ligadas ao ambiente. Natural do Rio de Janeiro, atuou como secretária de Turismo do município de Silva Jardim, interior do estado, e em meados de 2010 se tornou parceira fundamental da Associação Mico-Leão-Dourado. “A associação desenvolveu um projeto para a produção de mudas para os plantios da Mata Atlântica. A área em que o mico-leão vive, no interior do Rio de Janeiro, é muito desmatada e é preciso fazer alguns plantios para recuperar as florestas. Incentivamos alguns proprietários [de fazendas] a produzirem mudas para a gente comprar. Nesse projeto, ajudamos a estruturar o viveiro dela na fazenda da família [Fazenda dos Cordeiros] e a Ana passou a ser uma das produtoras de mudas nativas da Mata Atlântica para a restauração florestal”, conta o geógrafo e secretário-executivo da entidade, Luís Paulo Marques Ferraz. De brilho próprio e cativante, Ana levou sua doçura e alegria da cidade para o campo, em Imbaú, distrito de Silva Jardim, transformou a propriedade da família numa pousada e realizou várias atividades ligadas à sustentabilidade. Ela era produtora rural e possuía duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural. “A Ana pensou a sustentabilidade como uma alternativa econômica para a região”, afirma Luís. Ao lado do marido, Ayrton Violento, desenvolveu o projeto Aprendiz de Fazendeiro. Por meio dele, recebia pessoas que queriam o mundo rural, a produção de hortaliças e farinha de mandioca, por exemplo. O casal também fundou a Anda Brasil, que organiza caminhadas na natureza. Com sua hospitalidade, proporcionou aos visitantes o compartilhamento de experiências na floresta, a aquisição de conhecimentos, alimentos orgânicos, festas, afetos, caminhadas, comida boa e o belo orquidário. Também realizava caminhadas, trilhas e trabalho educativo com escolas. “Ela tinha um jeito especial de receber as pessoas, com carinho e afetividade. Todo mundo adorava ficar lá”, relata Luís. Nem o eterno Indiana Jones, o ator Harrison Ford, escapou dos seus encantos. Em 2013, ele visitou a região com a família para ver o mico-leão-dourado e almoçou na fazenda de Ana. “Ela recebia qualquer tipo de pessoa, gente simples ou ator de Hollywood, com a mesma generosidade e hospitalidade”, diz Luís. Algumas mudas que produziu também estão no primeiro viaduto verde, construído sobre uma rodovia federal, a BR 101, para que o mico-leão-dourado e outros animais passem de um lado a outro da Mata Atlântica. Para ela, era motivo de orgulho. O viaduto liga a Reserva Ecológica de Porto das Antas à bacia do rio São-João-Mico-Leão-Dourado. Muito mais do que produzir as mudas, Ana compreendeu e disseminou a importância do mico-leão-dourado para a região como elemento gerador de oportunidades. Ana Beatriz Cordeiro morreu dia 13 de abril, aos 53 anos, por complicações de Covid-19. Havia poucos dias, tinha sido internada por causa de uma leucemia. Deixa o marido, dois filhos, a mãe e amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa 2022 ""Entre Lula e Bolsonaro, a escolha é fácil"" (Hélio Schwartsman, Opinião, 17/4). Entre um e outro, fico com nenhum e saio no lucro. Marisa Coan (São Caetano do Sul, SP)  A premissa do colunista não é verdadeira. Temos amplo espaço para a construção de uma candidatura de centro, moderada, que atraia os votos dos 40% a 50% dos brasileiros que não querem nem o corrupto nem o sociopata. É possível que num segundo turno tenhamos de escolher entre aqueles tais, mas ainda há muita água por correr debaixo da ponte. Flavio Calichman (São Paulo, SP)  O próprio juiz perseguidor disse que Lula nunca interferiu na PF com objetivos particulares, como esse que nos desgoverna agora faz, mudando toda a PF para proteger os ilícitos dos filhos e agora para proteger o ministro do Meio Ambiente! Quer corrupção maior que essa? Mauricio Silva (Rio de Janeiro, RJ)  Bolsonaro demitiu o funcionário do Ibama que o multou em Angra dos Reis por pesca ilegal, exonerou o renomado cientista-chefe do Inpe porque não gostava dos dados sobre devastação da Amazônia, trocou a direção da PF inteira para que não mais investigassem seus filhos criminosos... Alguém ainda dúvida de que suas ações são friamente calculadas? Davilson Antonio (São Paulo, SP) Minha resposta é simples e convicta. Vou anular meu voto. Não voto em nenhum tipo de bandido, seja ele de direita ou de esquerda. Pobre Brasil. Júlio Menezes (São Paulo, SP) Comércio Chama a atenção o anúncio de 21 grandes grupos para a redução das restrições ao comércio no momento mais crítico da pandemia (Poder, pág. A7, 15/4). Abril já é o mês mais mortal dessa pandemia. Estou esperando a mesma enorme (e cara) página inteira nos principais do jornal do país cobrando vacina. Isso eu ainda não vi. Mas já vi empresários babando ovo num indecoroso encontro com o presidente mais incompetente que este país já viu. Renato Caetano de Jesus (Santos, SP) Desgoverno Já não se sabia de antemão para onde este desgoverno poderia nos levar? Incompetência, omissão, falta de liderança, aversão aos valores democráticos são alguns de seus principais atributos. Não há inocentes nesta história, e a fatura a ser cobrada será muito alta. Geraldo Tadeu Santos Almeida (Itapeva, SP) CPI da Covid Acredite quem quiser: o senador Renan Calheiros, com 17 inquéritos em curso no STF, será o relator da CPI da Covid-19. Cá ente nós, será o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. José Marques (São Paulo, SP)  Bolsonaro não precisa se preocupar. Renan Calheiros na relatoria da CPI da Covid-19 não é ruim para ele. Só vai custar um pouco mais caro. Luiz Fernando Schmidt (Goiânia, GO) Paulo Guedes ""Guedes conseguiu a façanha de pôr o país em estagflação em uma crise global deflacionária"" (Rodrigo Zeidan, Mercado, 17/4). O autor está sendo injusto com Guedes e com a equipe econômica. A perda de confiança dos investidores deve-se à demora do Congresso para votar as reformas e à falta de apoio parlamentar para manter o equilíbrio fiscal. A outra parte do problema é a pandemia e o ritmo lento da vacinação decorrente da escassez de vacinas no mercado internacional. Paulo César de Oliveira (Franca, SP) É engraçado defensores de Guedes culparem a pandemia. A economia americana terá forte alta neste ano. A economia chinesa terá crescimento de 20%. Guedes foi um estudante de economia café com leite, e sempre foi ruim. Não tem conhecimento e não fez nenhuma contribuição significativa na área. Como macroeconomista, é simplesmente uma piada. É um ideológico bobo. José Carlos (São Paulo, SP)  Junho de 2020: ""O Brasil vai surpreender o mundo"", diz Paulo Guedes; abril de 2021: ""Brasil é única grande economia em desaceleração, aponta OCDE"". Emerson Luis de Moraes (São Paulo, SP) Fernanda Wendel Não sei quando Fernanda Wendel começou a escrever, mas desde que a li sigo-a (Saúde). Textos pertinentes, bem escritos e que humanizam. Parabéns pelo trabalho. Elisa Philipowski Costa Pantaleão (Piracicaba, SP) Comida Bruta O colunista Marcos Nogueira, especialista em culinária, revela-se um grande comentarista político ao analisar o desempenho pífio e imoral de nosso ministro do Meio Ambiente, comandado por seu chefe maior. O frango assado, usado pelo ministro em sua carta a Joe Biden, deu ao colunista a oportunidade de fazer a análise certeira e inteligente. Marcos Fortunato de Barros (Americana, SP) Futuro... A crônica do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite (""Era uma vez um país do futuro"", Tendências / Debates, 16/4) vai ficar na história, é um milestone singular na história deste jornal. É a crônica que muitos brasileiros têm na cabeça, mas que percorre por neurônios conturbados e não consegue ser passada para a mão e para o papel. O título de professor emérito da Unicamp demonstra suas razões. Sinto-me orgulhoso de tê-lo na minha classe oprimida e desvalorizada. Benjamim Bley B. Neves, professor titular aposentado do IGc da USP (São Paulo, SP) Ponto e vírgula Li e recortei o artigo ""Ponto e vírgula é legal; não é?"" (Sérgio Rodrigues, Saúde, 16/4). Foi ótima a provocação do ""troll"" (fui pesquisar esse sentido de troll). Nada como um orgulho ferido para motivar uma bela aula —já fui professora. Adorei! Conceição A. A. Oliveira (Belo Horizonte, MG) Em paralelo às discussões em torno da CPI da Covid, senadores retomaram a carga nos últimos dias para levar adiante iniciativas para investigar e afastar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), além de propostas para mudar procedimentos relativos a decisões e mandato dos integrantes do tribunal. A pressão se iniciou novamente após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou a criação da comissão parlamentar de inquérito para investigar as ações e omissões do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. A decisão foi confirmada pelo plenário do Supremo na quarta (14). A CPI depois foi ampliada para investigar também repasses a estados e municípios. Senadores consideram que a corte invadiu as competências do Legislativo ao determinar uma ação que seria prerrogativa do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) —apesar de ter havido decisões semelhantes do STF nos governos Lula e Dilma Rousseff. A ordem para instalar a CPI da Covid, sob a justificativa de que os requisitos exigidos foram cumpridos (incluindo a assinatura de mais de um terço do Senado), incomodou mesmo parlamentares que eram a favor da comissão. ""Não sou contra a instalação da CPI. Assinei e assinaria outra vez o pedido de investigação. Sou contra o STF se meter onde não deve e não tem prerrogativa para tanto. O Senado não é subordinado ao Supremo e portanto a ele não deve obediência"", escreveu o senador Plínio Valério (PSDB-AM), em suas redes sociais. Os dias após a decisão foram marcados por iniciativas vistas por alguns como revanchistas. No dia 9, logo após a decisão de Barroso, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) protocolou uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que restringe o alcance das decisões monocráticas do Supremo. A proposta havia sido originalmente apresentada em junho do ano passado, mas não havia recolhido as 27 assinaturas necessárias para ser protocolada. Em menos de 24 horas depois da liminar de Barroso, nove senadores subscreveram a PEC, permitindo que ela possa agora começar a tramitar. Dentre os que assinaram está o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). ""A vigência indefinida de decisões monocráticas é um problema mesmo quando elas são colegiadamente tomadas. Medidas que deveriam ter um caráter de garantia do processo ou do efeito útil de futura decisão final assumem feições de verdadeira antecipação dos efeitos do julgamento de mérito"", afirma a justificativa da proposta. Em uma outra frente, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) buscou o próprio Supremo para tentar avançar o pedido de impeachment que apresentou contra o ministro Alexandre de Moraes, sob a acusação de ter cometido ilegalidades no inquérito das fake news. Kajuru repetiu a fórmula que permitiu a instalação da CPI da Covid e ingressou com um mandado de segurança para que Rodrigo Pacheco desse seguimento à denúncia e abrisse o processo de impeachment de Moraes. O ministro do STF Kassio Nunes Marques, no entanto, indeferiu o pedido de Kajuru. Em uma conversa telefônica vazada pelo próprio Kajuru, o presidente Jair Bolsonaro sugere pressão sobre o STF com pedidos de impeachment contra ministros. A revolta de muitos senadores com a decisão do ministro Barroso resultou mesmo em cobranças contra aliados nas iniciativas relativas ao Supremo. No grupo de WhatsApp que reúne os 81 senadores, alguns cobraram o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que ingressou com o mandado de segurança no STF que resultou na decisão que obrigou Pacheco a criar a CPI da Covid. Vieira foi questionado se iria entrar com mandado de segurança para que fosse instalada também a CPI da Lava Toga, para investigar o Judiciário. ""Sou autor do pedido de CPI Lava Toga e já apresentei pedidos de impeachment de ministros. Continuo achando que essa é uma pauta necessária, mas é preciso separar as coisas e entender corretamente o papel de cada Poder, conforme previsto na Constituição"", afirmou à Folha Vieira, um dos senadores mais ativos nas discussões para estabelecer mandatos e para modificar o formato de escolha dos ministros. ""A decisão do ministro Barroso, confirmada em seguida pelo plenário do STF, não foi intervenção indevida. Foi simples cumprimento do texto constitucional, conforme a jurisprudência pacífica da corte. O erro está no fato de o presidente do Senado não respeitar espontaneamente o direito da minoria, lendo o requerimento e instalando a CPI. Ele criou essa situação, que entendo já estar superada"", completou. O senador Lasier Martins (Podemos-RS) concorda com Vieira em relação à decisão do Supremo referente à CPI da Covid, afirmando que se tratava de uma ""omissão"" do Senado. No entanto, ele se mantém crítico à atuação do Supremo. Mais recentemente, na quinta-feira (15), a irritação dele e de parte dos senadores com o tribunal se deu por causa da decisão que restabeleceu os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Martins afirmou que vai reapresentar um requerimento para a instalação da CPI da Lava Toga, que, depois de meses na gaveta do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), acabou enterrada com a retirada de assinaturas de três senadores. ""Estou montando requerimento para retomar a CPI da Lava Toga, em combinação com o Alessandro [Vieira]. Já estou com a minuta muito bem encaminhada, mas não quero apresentar ainda para articular melhor, para não ter só o mínimo de assinaturas e correr o risco de retiradas"", disse. Em outra frente, senadores começaram a articular para reviver uma PEC do próprio Martins que muda o formato de escolha de ministros do Supremo, que seria feita a partir de uma lista tríplice. Também estabelece um mandato de 10 anos. Em entrevista à Folha no dia 9, Rodrigo Pacheco afirmou que via com ""bons olhos"" a iniciativa de estabelecer mandatos para ministros do Supremo. O presidente do Senado, no entanto, defendeu que não é momento de ter essa discussão, pois poderia sugerir um revanchismo contra o STF. A oposição, por sua vez, se mostra contra algumas propostas relativas ao Judiciário, especialmente para julgar ministros e para instalar processos de impeachment. ""Um pedido de impeachment deve ser tratado com muita responsabilidade. É preciso que se tenham motivos claros, provas e um bom embasamento jurídico. Não vi isso em nenhum dos pedidos de impeachment de ministros do STF até agora. O que encontrei foi sempre muito revanchismo e a tentativa de pressionar ministros contra decisões pautadas na Constituição"", afirmou o líder da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN). Indicados para a presidência e para a relatoria da CPI da Covid, que vai investigar a conduta de autoridades e o uso de verbas federais no enfrentamento da pandemia, os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) respondem na Justiça por suspeitas envolvendo o desvio de recursos públicos. Aziz é suspeito de irregularidades na área da saúde quando governou, entre 2010 e 2014, o Amazonas, estado com um dos mais graves quadros na crise sanitária. Em relação a Renan, as suspeitas estão vinculadas à Operação Lava Jato. Em notas enviadas por suas assessorias de imprensa, os dois parlamentares negaram envolvimento em ilícitos. Maioria no grupo de 11 integrantes escolhidos para a comissão, senadores independentes e de oposição fecharam acordo nesta sexta-feira (16) para eleger Aziz e Renan para os postos que têm forte influência nos rumos da apuração parlamentar. Na última terça-feira (13), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), oficializou a criação da CPI da Covid, cinco dias depois da determinação do ministro do STF Luís Roberto Barroso que irritou Bolsonaro e provocou novo desgaste na relação entre os Poderes. Nesta quarta (14), o Supremo Tribunal Federal confirmou a decisão de Barroso por 10 votos a 1. Em meio à pressão da base governista para tentar minar a CPI, Pacheco decidiu unir dois requerimentos apresentados por senadores, formando uma única comissão que, além de investigar ações e omissões da gestão de Bolsonaro na pandemia, também tratará dos repasses de verbas federais para estados e municípios. A comissão terá um prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de investigação e elaborar um relatório final, a ser encaminhado ao Ministério Público para eventuais criminalizações. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. As suspeitas relacionadas a Aziz surgiram a partir de 2016, com a Operação Maus Caminhos. A ação identificou o desvio de valor superior a R$ 250 milhões em verbas de contratos firmados pelo estado do Amazonas com entidade gestora de unidades hospitalares. A Polícia Federal afirmou que o dinheiro desviado era repassado em espécie ou por meio de negócios simulados envolvendo contratos de aluguel ou compra e venda de imóveis. Uma das pessoas investigadas disse, após firmar acordo de delação premiada com a Procuradoria da República no Amazonas, que a propina ajustada para repasse a Aziz seria de R$ 500 mil por pagamento liberado pelo estado para a prestadora de serviços. Os investigadores afirmaram em um dos relatórios anexados ao inquérito que foram identificadas ao menos sete entregas de dinheiro a Aziz, totalizando pouco mais de R$ 760 mil. Como as apurações apontaram para o envolvimento de parlamentar, o caso foi enviado ao STF. A corte devolveu o inquérito à primeira instância da Justiça Federal no Amazonas em 2018, ao concluir que as irregularidades sob investigação não tinham relação com o mandato de senador, mas com o período em que comandou o estado. Em julho de 2019, em um desdobramento da operação, Nejmi Aziz, mulher do senador, foi presa pela PF, com mais sete pessoas, incluindo três irmãos do parlamentar. No relatório final, a polícia indiciou o senador sob suspeita dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Não há ainda um desfecho. O nome de Aziz apareceu também na Lava Jato, em inquérito instaurado em março de 2017 no Supremo para apurar a suspeita do recebimento de propina para favorecer o consórcio formado pela Camargo Corrêa e a Construbase nas obras da ponte Rio Negro. As irregularidades teriam sido cometidas também no período em que ele governou o Amazonas. Em julho de 2018, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, arquivou a investigação, após pedido da PF, que não conseguiu reunir elementos para a continuidade da investigação. “Após 15 meses de investigação e o encerramento das diligências requeridas, não há nenhum indício de fato típico praticado pelos investigados [o senador Eduardo Braga (MDB-AM) também era investigado”, afirmou Moraes. Renan Calheiros, por sua vez, tem comemorado também nos últimos três anos o arquivamento de apurações da Lava Jato pelo Supremo. O indicado para ser relator da CPI da Covid foi um dos parlamentares mais citados nas irregularidades sob o foco da operação. Nas contas do próprio representante de Alagoas, ele chegou a ser alvo de quase trinta apurações. Mas ainda há investigações em curso. Seu nome foi vinculado a suspeitas de desvios na Transpetro, subsidiária da Petrobras, e ao recebimento de propina em troca de sua atuação legislativa para atender interesses de empreiteiras. Nas decisões mais recentes, a Segunda Turma do Supremo recebeu em dezembro de 2019 parte da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o parlamentar sob a acusação de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Renan foi apontado pela Procuradoria como beneficiário de propina sob a forma de doações eleitorais oficiais feitas por empresas a pedido do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, um dos colaboradores da Lava Jato. Em razão de recursos envolvendo outros acusados, sem prerrogativa de foro no Supremo, o caso não foi autuado como ação penal até o momento, quando o denunciado passa à condição de réu. Em setembro do ano passado, a PF concluiu um inquérito em que afirmou serem “robustas” as evidências de que Renan recebeu doações em caixa 2 da Odebrecht. A polícia apontou que Renan recebeu R$ 500 mil do grupo empresarial nas eleições de 2010 pelo setor financeiro da construtora encarregado dos repasses ilícitos. “Há elementos concretos e relevantes no sentido da existência de materialidade e autoria dos crimes investigados no presente inquérito, encontrando-se presentes indícios suficientes de que o senador José Renan Vasconcelos Calheiros cometeu o crime previsto no art: 350 do Código Eleitoral, na modalidade caixa 2"", afirmou a PF. Por meio da sua assessoria de imprensa, Renan afirmou ter sido inocentado em mais de dois terços das acusações da Lava Jato por falta de prova. “Renan Calheiros está tranquilo e certo de que todas as investigações que ainda não foram analisadas pelo STF terão o mesmo destino das anteriores: o arquivamento por absoluta falta de prova”, completou. A assessoria de Omar Aziz informou que, apesar da citação do nome do parlamentar no relatório da Polícia Federal, “não foi produzida prova alguma ou nem mesmo apresentado indício de ligação de Omar Aziz com qualquer atividade delituosa”. “A forma como foi apresentado o relatório, isto é, uma narrativa ficcional, mostra por si só a fragilidade desse documento, pois não aponta nenhum fato concreto e provado envolvendo Omar Aziz com atos ilícitos”, afirmou. O gabinete de Aziz frisou que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em recente entendimento, decidiu que o caso não é atribuição da Justiça Federal por não envolver verba federal supostamente ligada a ilícitos. “Por essa razão, pode-se dizer que a autoridade policial responsável pelo relatório não tinha e não tem atribuição para conduzir a investigação nem para relatá-la”, afirma. “Ainda assim, como fez em toda a sua vida de homem público, Omar se colocou à disposição das autoridades competentes para esclarecer sobre qualquer tema”, completou a assessoria, destacando ainda que Aziz espera, ""após analisados pelas autoridades competentes, ser totalmente excluído da investigação"". OS MEMBROS DA CPI Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) O Brasil virou um exemplo a ser seguido na pandemia. O país superou sua meta e vacinou mais de 88 milhões de pessoas. Quando a campanha começou, a maioria das doses necessárias já estavam nas mãos do governo federal, que tinha desde o ano anterior acordos para a compra de três imunizantes. O governo também lançou uma campanha contra os boatos que colocavam em xeque a eficácia e a segurança das vacinas. O resultado: mais de 45% dos habitantes já estão imunizados. Nenhum lugar do mundo vacinou tanto quanto aqui. Essa era a situação do Brasil em junho de 2010, três meses depois do começo da campanha de imunização contra a gripe suína, doença causada por uma variante do vírus H1N1 que causou uma crise global. O Brasil chega agora, na luta contra a Covid-19, à mesma marca dos três meses de vacinação, mas em uma situação bem diferente. Pouco mais de 25 milhões de pessoas, cerca de 12% da população, receberam ao menos uma dose desde 17 de janeiro, e só 8,5 milhões, em torno de 4%, tomaram as duas doses necessárias. ""A gente continua a ser um exemplo, só que o pior e não mais o melhor como a gente já foi"", diz Cristina Bonorino, integrante do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia. A pesquisadora diz que essa diferença é por causa da falta de vacinas. ""Se não fosse por isso, certamente não estaríamos onde estamos hoje"", diz. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, acha a mesma coisa. ""É o único limitador"", diz ele. Ele acredita que hoje mais gente poderia estar vacinada a essa altura do que há dez anos, porque a Covid-19 é uma doença mais perigosa que a gripe suína. ""O que move as pessoas é a sensação de risco. Teria filas e filas, pessoas estariam sendo vacinadas 24 horas por dia. Mas estamos em uma campanha de vacinação que não tem vacina."" A epidemiologista Carla Domingues, que coordenou a campanha de vacinação contra H1N1 e esteve à frente do Programa Nacional de Imunização entre 2011 e 2019, diz que a campanha atual é mais complexa. Isso porque as vacinas hoje são aplicadas em duas doses, em vez de uma como a para H1N1, e os imunizantes têm regimes diferentes de administração. Mas ela acredita que o país tinha o potencial de estar em uma posição melhor, porque a população quer se vacinar e toda a estrutura estava pronta para essa campanha. ""É lamentável. Temos um programa que é referência, mas estamos na rabeira mundial, junto com países que não têm a menor capacidade de fazer vacinação por causa de questões política e erros estratégicos que levaram à escassez de vacinas"", diz Domingues. Os três especialistas ouvidos pela BBC News Brasil também concordam neste outro ponto: a falta de vacinas é uma consequência de decisões do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O governo brasileiro apostou por muito tempo em um único imunizante, o da farmacêutica AstraZeneca, que foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido. Bolsonaro se recusou a comprar doses da CoronaVac, vacina criada pela chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, em meio a uma disputa política com o governador paulista, João Doria (PSDB). O instituto, ligado ao governo de São Paulo, diz que ofereceu em julho do ano passado 160 milhões de doses, mas não teve resposta. O presidente inclusive desautorizou o general Eduardo Pazuello depois do então ministro da Saúde anunciar em outubro a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. ""Mandei cancelar"", disse o presidente. ""Não compraremos vacina chinesa."" Seu argumento era de que só adquiriria vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ignorando que seu governo já tinha desde julho um acordo para adquirir a vacina de Oxford, que também não tinha sido chancelada pela agência àquela altura. O presidente também não quis comprar a vacina da Pfizer. A farmacêutica americana disse que ofereceu 70 milhões de doses em agosto. Bolsonaro se justificou dizendo que uma cláusula do contrato previa que o governo federal, em vez da empresa, se responsabilizaria por danos à saúde causados pelo imunizante, que usa uma tecnologia inédita em vacinas baseada em engenharia genética. ""Se você virar um jacaré, é problema de você, pô"", ironizou o presidente, em meados de dezembro. Mas aí a vacina de Oxford atrasou. Erros na pesquisa obrigaram os cientistas a fazer mais testes, e a AstraZeneca teve — e ainda tem —dificuldades para produzir o que prometeu. O governo Bolsonaro acabou fechando um acordo com o Butantan em janeiro e com a Pfizer em março, mas já havia perdido um tempo importante. Um outro acordo foi acertado com a Covax Facility, aliança liderada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para levar vacinas contra a covid-19 aos países mais pobres. Mas o governo brasileiro, que tinha a opção de encomendar doses suficientes para até 50% da população, optou pela cobertura mínima, de 10%. ""O governo não encomendou as vacinas quando elas estavam sendo encomendadas por outros países. Não diversificou por achar que não era necessário. Só teve escolha errada. Não teve uma certa. Assim fica difícil"", diz a imunologista Cristina Bonorino. O governo federal agiu de maneira bem diferente uma década atrás. Luís Inácio Lula da Silva, então no fim do seu segundo mandato, anunciou a compra do de um imunizante do laboratório francês Sanofi Pasteur, que ainda estava sendo testado, em agosto de 2009. Fazia dois meses que a OMS havia reconhecido que o surto de H1N1 havia se transformado em uma pandemia. A nova variedade tinha sido identificada em abril daquele ano no México e nos Estados Unidos — no Brasil, os primeiros casos foram confirmados no início de maio. Um dia depois da OMS declarar a pandemia, a uma farmacêutica suíça, a Novartis, anunciou a produção de uma vacina contra a gripe suína. Isso só foi possível porque já existiam imunizantes contra a gripe comum, e os laboratórios só precisaram desenvolver versões que protegessem contra o novo H1N1. Os termos acertados entre o governo brasileiro e a Sanofi previam a importação de 18 milhões de doses. Depois, também a fabricação de mais 33 milhões de doses pelo Instituto Butantan, que tinha um acordo de transferência de tecnologia com essa empresa. O Brasil comprou outras 40 milhões de doses da canadense GlaxoSmithKlein em novembro de 2009. Um terceiro contrato foi fechado em janeiro de 2010, com a Organização Pan-Americana de Saúde, braço da OMS nas Américas, para mais 10 milhões de doses. O governo federal disse na época que esperaria ter a maioria das doses em mãos para dar início à vacinação, que só começou de fato em março de 2010, seis meses depois da China se tornar o primeiro país do mundo a imunizar contra H1N1. ""Em 2010, teve planejamento. Mais de 50% das doses já estavam no país quando a vacinação começou, e todo o quantitativo chegou durante a campanha"", diz Carla Domingues. A epidemiologista avalia que outra diferença entre aquela época e hoje foi que o calendário de vacinação foi sido divulgado dois meses antes da primeira dose ser aplicada. Desde janeiro, já se sabia quando seria imunizado cada um dos seis grupos de risco da gripe suína: profissionais de saúde, gestantes, indígenas, pessoas com comorbidades, crianças entre 6 meses e 2 anos de idade e adultos saudáveis entre 20 e 29 anos. Depois, foram incluídos adultos entre 30 e 39 anos. Domingues recorda que houve uma campanha nacional na época para explicar como seria a vacinação e que as pessoas deveriam esperar sua vez. ""A população entendeu isso. Não teve gente indo pra outra cidade para tomar vacina ou tentando furar a fila porque não sabe quando vai conseguir se vacinar"", afirma a especialista. Desta vez, o governo Bolsonaro divulgou o esboço de um plano de imunização contra a Covid-19 em meados de dezembro, mas sem um cronograma —e chegou a ser cobrado pelo Supremo Tribunal Federal por causa disso. Questionado, o ministro Pazuello disse que a vacinação começaria ""no dia D, na hora H"". Dias depois, ele anunciou em um encontro com prefeitos que seria em 20 de janeiro, uma quarta-feira. Pego no contrapé por Doria, que mandou aplicar a primeira dose da CoronaVac assim que a Anvisa aprovou a vacina, no próprio dia 17, o general adiantou o começo da campanha nacional para a segunda-feira. A vacinação começou com 6 milhões de doses da CoronaVac. O primeiro lote da vacina de Oxford só chegou ao país cinco dias depois. ""Hoje, o que estamos vendo é a própria definição de um plano desorganizado. O governo federal abriu mão de definir a política e deixou cada Estado e município fazer como quiser"", diz Domingues. Enquanto alguns lugares estão vacinando quem tem 65 anos, diz a epidemiologista, outros ainda estão aplicando em quem tem 70. Alguns já imunizam professores e profissionais de segurança, enquanto outros não. ""Olha a confusão que isso causa na cabeça das pessoas... Muita gente fica ansiosa."" Assim como hoje, com os imunizantes contra Covid-19, a vacina contra H1N1 também foi alvo de mentiras que circulavam pela internet e no boca-a-boca. O Ministério da Saúde disse na época que esses boatos eram ""irresponsáveis"" e lançou uma campanha para esclarecer que a vacina não causava autismo, paralisia, reações alérgicas potencialmente fatais, problemas neurológicos ou malformação do feto em gestantes, entre outras coisas. Não houve nenhum esforço deste tipo agora, pelo contrário. O próprio Bolsonaro já questionou a segurança e a eficácia das vacinas em mais de uma ocasião, mesmo depois de elas serem aprovadas pela Anvisa. Também já disse diversas vezes que não as tomaria, porque já tinha sido infectado, contrariando as recomendações das principais autoridades no assunto. ""A grande falha do governo foi o negacionismo, de todas as vacinas. Não deram ouvidos à ciência. Agora, estamos sem vacina no pior momento da pandemia"", diz o imunologista Renato Kfouri. O clima no país era radicalmente diferente a esta altura do campeonato em 2010. Em meados de junho daquele mesmo ano, o governo federal veio a público anunciar que tinha vacinado 88% dos 92 milhões de brasileiros que faziam parte dos grupos prioritários tinham sido vacinados. Havia conseguido bater assim a meta original, de aplicar em 80% dessa população. O Ministério da Saúde divulgou depois que o resultado final tinha sido ainda melhor e que mais de 88 milhões de pessoas haviam sido imunizadas nos três meses de campanha. Foi ""a maior vacinação que já aconteceu (no país)"", como disse o então ministro da Saúde José Gomes Temporão em uma entrevista coletiva na época. O país pode agora superar essa marca, porque o governo federal diz já ter comprado mais de 562 milhões de doses, que serão entregues até o final do ano. A campanha de vacinação contra a Covid-19 pode entrar assim para a história, como tudo mais que diz respeito a essa pandemia. Mas a imunologista Cristina Bonorino diz que não está otimista. ""Quantas vezes as previsões do governo já foram alteradas? Muda toda semana. Dá para confiar que teremos 500 milhões de doses até o final do ano?"" Daniel nunca se incomodou em ser a única criança no meio de vários adultos, nem mesmo quando eles se reuniam à mesa, à noite, para conversar, comer e beber, como muitos adultos fazem. Nestas situações, Daniel ficava junto, desenhando, ou ia até o jardim brincar de enterrar seus bonequinhos. Agora que ele também virou um adulto, Daniel Fuentes, que tem 37 anos, conta que não só não achava ruim aquela época da infância, quanto até gostava que não houvesse “concorrência” —é que, sendo o único pequeno entre tanta gente grande, ele podia ser amado e mimado pela tia Hilda Hilst. Hilda foi uma grande escritora e poeta. Publicou dezenas de livros, ganhou muitos prêmios, e é admirada até hoje, quase 20 anos depois de sua morte. Ela morava na Casa do Sol, uma grande chácara em Campinas, no interior de São Paulo, cheia de cachorros. Como os pais de Daniel eram os melhores amigos de Hilda, o menino cresceu como se fosse seu sobrinho. Todas as datas importantes, tipo Natal, Ano Novo e férias, eram sempre passadas na Casa do Sol. “Todo esse universo de adultos era, na prática, uma família”, lembra Daniel. E foi para ele que a tia Hilda Hilst escreveu seu único livro infantil, chamado “Eu Sou a Monstra”, lançado agora pela editora Companhia das Letrinhas. “A Monstra era a Hilda, mas ela era uma monstra muita simpática”, explica. Escrito em forma de poema, o livro conta a história da personagem que tem “muitas caras”, “mil capas”, e que pode ser tudo que a imaginação do leitor quiser. “Ela fez de presente para mim quando eu tinha uns seis anos”, conta Daniel. Depois que ele cresceu, o poema se perdeu entre as coisas armazenadas na Casa do Sol de Hilda. Dez anos depois da sua morte, todo esse arquivo —que, no caso de artistas, é chamado de acervo— começou a ser trabalhado e recuperado, e o poema ressurgiu. “Na hora que bati o olho nele eu lembrei de tudo. Aquela folha toda desenhadinha, uma coisa muito carinhosa, parecia que a Hilda tinha voltado”, diz. “Eu Sou a Monstra” traz o poema escrito pela autora, acompanhado de ilustrações de Ixchel Estrada. “Eu sou assim? A bruxa do mato. Montada num cavaco? (atenção: é cavaco e não cavalo)”, escreveu Hilda, na abertura de seu poema infantil. Daniel diz que sempre achou Hilda muito divertida e engraçada. “Eu me lembro muito dela de bom humor. O som das risadas é o som das memórias da Casa do Sol. Eu adorava essa rotina, acordar cedo, preparar a comida dos cachorros. Era um universo muito legal para uma criança, ainda que não fosse um universo infantil.” Hilda brincava que crianças eram, na verdade, “crionças”, em uma mistura de humanos com onças. Dizia que não as entendia, e que achava que elas também não conseguiam entendê-la. Daniel fala que, mesmo assim, ele e a tia tinham uma relação “de igual pra igual”. “Ela tinha lados muito infantis. Gostava de brincar de guerra de meleca, era algo que a gente sempre fazia”, conta, rindo. Além do privilégio de ter “Eu Sou a Monstra” escrito e dedicado só para ele, Daniel também tinha a sorte de receber outros carinhos de Hilda. “Ninguém me deu tantos presentes ao longo da vida.” “Eu tive várias fases. A fase do dinossauro, dos bonecos. E era só eu falar que estava gostando daquilo que ela me dava um monte de livro sobre o assunto, e a gente ficava conversando a respeito. Esse amor pelo conhecimento é a Hilda na minha vida.” Hilda nasceu em Jaú, em 1930. Vários de seus livros foram traduzidos para outros idiomas, para que ela pudesse ser lida em outros países além do Brasil. Nas obras, ela falava de temas que alguns adultos acham polêmicos, mas uma vez disse que, na verdade, sempre quis retratar a relação dos homens com Deus, que ela considerava difícil. Um dos melhores amigos dela era o artista plástico espanhol Jose Luis Mora Fuentes. Ele desenhou algumas capas de livros de Hilda, e passava muito tempo com a amiga. Depois que ela morreu, ele fundou o Instituto Hilda Hilst. Jose Luise a artista plástica Olga Bilenky, grande amiga de Hilda, são os pais de Daniel. “Foi sempre tudo muito bonito junto com a Hilda”, diz o sobrinho da grande escritora, e hoje presidente do Instituto. “E, dentro desse nosso universo, nasceu este poema. É lindo poder dividi-lo agora com o mundo.” Eu Sou a Monstra Hilda Hilst e Ixchel Estrada, editora Companhia das Letrinhas, 36 páginas (R$ 54,90) TODO MUNDO LÊ JUNTO Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança O Supremo Tribunal Federal determina a instalação da CPI da Covid para apurar ações e omissões do governo federal. Jair Bolsonaro mela a CPI e reivindica a investigação de governadores e prefeitos. O STF anula condenações criminais que tornaram o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva inelegível em 2018. O eleitor foi roubado: independentemente de qualquer argumento jurídico, súbito ou novo, é a confissão institucional de um atentado à democracia. Lula pode ser candidato em 2022. Jair Bolsonaro, ainda sem filiação partidária, quer erodir a credibilidade do Supremo e fazer ressuscitar o antipetismo. O primeiro-ministro da França, Jean Castex, ironiza o Brasil pela prescrição de hidroxicloroquina na pandemia e provoca risos na Assembleia Nacional. Pessoas morrem pelo uso do “kit covid”. Um juiz federal reconhece que a defesa do “kit covid” se “ajusta no espaço do livre discurso político” do presidente insano. As revistas científicas The Lancet e Science explicitam para o planeta a má gestão do governo brasileiro. Para a OMS, aqui a pandemia está fora de controle. No Parlamento Europeu, Bolsonaro e crime contra a humanidade são parte de uma mesma equação. O IBGE revela que cerca de 40 milhões de pessoas (21,7% da população acima de 10 anos de idade) não acessaram a internet em 2019. Dos 4,3 milhões de estudantes que não utilizaram a internet, 4,1 milhões eram da rede pública de ensino. Bolsonaro não gosta de estatística confiável. O IBGE segue sem recursos para o Censo. O Supremo atropela a decisão do ministro Kassio Nunes (por enquanto, juiz-estafeta de Bolsonaro) que autorizava aglomerações religiosas na pandemia. O ministro Dias Toffoli, sempre empenhado em agradar Bolsonaro, adere envergonhadamente ao voto de Kássio, sem declarar o fundamento técnico da lacônica decisão. Augusto Aras é o adulador-geral da República. O STF suspende a vigência de decretos presidenciais pró-armas. Com a aposentadoria de Marco Aurélio, cresce a bancada de Bolsonaro no STF. O Ministério Público Federal acusa o ex-ministro da Saúde, general Pazuello, de improbidade administrativa pela crise do oxigênio em Manaus. Associação de juristas evangélicos, associação de juristas católicos, associação de juristas islâmicos, associação de juristas democratas. Além de pouca saúde e muita saúva, e da presença extremamente tóxica de policiais e religiosos no Congresso Nacional, o Brasil tem juristas demais. Para a Receita Federal de Bolsonaro, livro é coisa de ricos. Deve ser tributado. O assessor supremacista de Bolsonaro, submerso, ainda dá expediente no Palácio do Planalto. O superintendente da Policia Federal no Amazonas atribui ao ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles o crime de patrocinar interesses privados de madeireiras autuadas e atrapalhar a fiscalização. O governo Bolsonaro remove o delegado. Repórteres, cinegrafistas e curiosos se acotovelam e se amontoam (com máscara, é claro) na delegacia de polícia que apura no Rio de Janeiro a morte do pequeno Henry. Ninguém se importa com o risco de contaminação de professores na reabertura das escolas. Negação da gravidade do vírus, desperdício de recursos, colapso hospitalar, desinteresse pela aquisição de vacinas, desestímulo ao isolamento social, falta de testagem, indiferença, insensatez: a necropolítica de Jair Bolsonaro deixa vestígios em todos os cantos do Brasil. lfcarvalhofilho@uol.com.br Diretor do DGPC (Departamento-Geral de Polícia da Capital), o delegado Antenor Lopes afirmou a jornalistas nesta sexta-feira (16) que já há elementos suficientes para encerrar as investigações do caso Henry na Polícia Civil e encaminhar os resultados para o Ministério Público do Rio de Janeiro. O vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho (sem partido), e a namorada dele, Monique Medeiros, estão presos temporariamente desde o dia 8 de abril. Eles são suspeitos de homicídio qualificado de Henry Borel, 4, filho de Monique, no dia 8 de março. No início da semana que vem, investigadores e peritos devem acertar os últimos detalhes do inquérito e o delegado responsável pelo caso deverá apresentar o r elatório final. “Nós julgamos ter provas muito contundentes, mais do que suficientes, para que o caso seja levado à Justiça”, afirmou Lopes. A informação foi dada após o depoimento da assistente social Débora Saraiva, 34, ex-namorada do vereador Dr. Jairinho, na 16ª Delegacia de Polícia da capital, na Barra da Tijuca (zona oeste). Segundo o delegado, Débora voltou atrás no depoimento anterior e confirmou que ela e o filho, então com dois anos, sofreram agressões do parlamentar durante os seis anos em que se relacionaram. “Ela disse que foram tantas agressões que nem sequer conseguia lembrar a quantidade exata de vezes que apanhou do Dr. Jairinho”, afirmou. ""Tudo isso demonstra como foi importante o pedido de prisão temporária, porque as testemunhas vêm apresentando novas versões"", disse Lopes. Esse foi o segundo depoimento de Débora, que já havia sido ouvida no dia 22 de março. Ela chegou ao local às 14h30 e saiu por volta das 17h20, sem falar com os repórteres. A versão apresentada hoje por Débora é diferente da relatada à polícia na primeira vez em que foi ouvida. Segundo o jornal O Globo, em depoimento no dia 22 de março, a mulher havia negado a existência de agressões físicas durante o relacionamento e dito que houve ""algumas brigas, mas só rolavam xingamentos"". Débora também contou, segundo o jornal, que Jairinho entrou em contato com ela às 11h46 do dia 8 de março, seis horas após atestada a morte de Henry. Segundo Débora, eles conversaram “como se nada tivesse acontecido"". Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, exibida na noite desta quinta-feira (15) no programa Cidade Alerta, da TV Record, Débora já havia antecipado o histórico de agressões que afirma ter sofrido durante os seis anos de relacionamento com o vereador. Ela disse que não procurou a polícia por medo de represálias. Na entrevista, ela contou que foi agredida várias vezes pelo ex-namorado, incluindo socos, chutes, enforcamento, mata-leão e mordidas na cabeça. Afirmou ainda que em uma das vezes teve um dedo do pé quebrado por um chute dele. Débora disse também que não descartava a possibilidade de Jairinho ter quebrado o fêmur do filho dela, então com dois anos de idade, em um episódio que inicialmente foi tratado como acidente. Na ocasião, segundo ela, Dr. Jairinho pediu para levar o menino a uma casa de festas e minutos depois relatou que a criança havia machucado o joelho ao descer de um carro. Débora também disse que Jairinho procurava oportunidades para ficar sozinho com o garoto. Quando conheceu o vereador, em 2014, ela já era mãe de dois filhos –uma menina de seis anos e um menino de dois. A assistente social afirmou ainda que o filho contou que uma vez o padrasto pôs pano e papel na boca dele e ficou em pé sobre sua barriga. As agressões ao menino serão investigadas pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), que já apura uma suposta agressão a outra criança, também filha de uma ex-namorada do vereador. Débora contou que, em um dos episódios de ameaça, disse a Jairinho que se ele continuasse a procurá-la, ela o denunciaria à sua ex-mulher, com quem o vereador estava se relacionando. ""Ele botou o rosto dele bem perto do meu e disse assim: 'Faz isso que eu te machuco onde mais te machuca’”, disse. Segundo Débora, ela imaginou que ele se referia a machucar os filhos dela. À TV Record ela afirmou que terminou o namoro com Jairinho em outubro de 2020, quando descobriu que ele já se relacionava com Monique. Débora afirma ter ligado para ela e contado das agressões que sofria. Monique, segundo a testemunha, se mostrou “apavorada”. A ex-namorada disse considerar Jairinho um “psicopata”, além de uma pessoa “mentirosa”, “agressiva”, “ruim” e “falsa”. O delegado Lopes também falou sobre a situação da mãe de Henry. “A Monique desde o início tentou apresentar uma versão que tentava proteger o companheiro. Isso tudo foi desmontado no decorrer da investigação”, afirmou. Ele disse que o delegado do caso, Henrique Damasceno, ainda avaliará a necessidade de novo depoimento da mulher. O advogado de Monique, Hugo Novais, afirmou nesta sexta que espera que ela “diga a verdade e que a justiça seja feita”. Novais passou cerca de duas horas na delegacia à tarde. Ele não explicou a razão da visita. Na quarta (14), a equipe já havia pedido para que Monique fosse ouvida novamente. Desde a segunda (12), Novais e o advogado Thiago Minagé integram a nova equipe de defesa de Monique. A professora era representada até então por André França, mesmo advogado do parlamentar, que também deixou o caso. Favorito para presidir a CPI da Covid, contando com o apoio do Palácio do Planalto e também da oposição, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou à Folha que os trabalhos de investigação devem ser levados adiante de uma maneira técnica e que a comissão ""não é caça às bruxas"". Para o senador, a comissão não pode iniciar os trabalhos com acusações prévias sobre a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sob pena de isso interferir na isenção que deve marcar a CPI. ""Não podemos começar uma investigação com uma pecha na testa de quem é a favor ou contra o governo. Até agora não tem acusação contra ninguém. Se você chega lá com uma opinião formada para que vai investigar? 'Ah, o fulano é responsável por 20 mil mortes'. A CPI vai fazer o quê? CPI não é caça às bruxas"", disse. ""O que nós temos que fazer, os 11 titulares que vão escolher o presidente, é chegarmos unificados, para que não passe para a sociedade brasileira a ideia de que há um grupo pró-governo ou um contra governo. Não pode ser dessa forma. Tanto o presidente como o relator têm que ser escolhidos em consenso."" Na última terça-feira (13), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), oficializou a criação da CPI da Covid, cinco dias depois da determinação do ministro do STF Luís Roberto Barroso que irritou Bolsonaro e provocou novo desgaste na relação entre os Poderes. Em meio à pressão da base governista para tentar minar a CPI, Pacheco decidiu unir dois requerimentos apresentados por senadores, formando uma única comissão que, além de investigar ações e omissões da gestão de Bolsonaro na pandemia, também tratará dos repasses de verbas federais para estados e municípios. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Em uma comissão em que o governo conta com a minoria dos membros, Aziz surgiu como um nome intermediário, para impedir que o oposicionista Randolfe Rodrigues (Rede-AP) assumisse a presidência. Apesar de considerado independente, o senador pelo Amazonas mantém uma boa relação com o Planalto. Do lado oposicionista, a vantagem numérica —são 6 do total de 11 membros— poderia se esvair rapidamente caso insistissem em Randolfe. Isso porque o PSD, partido de Aziz, conta com dois membros, que poderiam migrar para o lado governista, dando maioria a esse bloco. Cabe ao presidente da CPI conduzir as sessões e a pauta de votações. O relator é responsável por dirigir a investigação e preparar um relatório final a ser votado pelos membros da comissão. Enquanto o primeiro é eleito pelo voto da maioria dos membros, o relator é uma indicação do presidente. Os parlamentares que compõem um chamado G6 tiveram reunião virtual na manhã desta sexta-feira (16), a pedido de Randolfe. Fazem parte do grupo Randolfe, Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA). Nos bastidores, por outro lado, os governistas começaram uma articulação para pressionar Aziz a não indicar Renan, optando por Marcos Rogério (DEM-RO). A ação é capitaneada pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Essa costura não seria fácil de ser concretizada exatamente porque Renan já recebeu declaração de votos da maior parte dos colegas. Governistas Demais By 8 votes to 3, Brazil's Supreme Court decided on Thursday (15) to annul the condemnations of former President Lula (PT) and return the PT's political rights. Justices Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia and Luís Roberto Barroso voted in this regard. Appointed by President Jair Bolsonaro (no party), Justice Kassio Nunes Marques disagreed and defended the reversal of Fachin's decision. Justices Marco Aurélio and Luiz Fux followed the same line. The magistrates who aligned themselves with Fachin agreed that the actions against Lula were not just about Petrobras and that the jurisdiction of the 13th Federal Court of Curitiba concerned itself only with processes directly linked to the state oil company. Justices still have to decide whether the cases need to be sent to the Federal Court of the Federal District or São Paulo. Lula, 75, had been convicted in two criminal cases, for corruption and money laundering, in the cases of the Guarujá (SP) triplex and the Atibaia (SP) site. Thus, with Fachin's decision ratified by the Supreme Court, the convictions that removed Lula's political rights have no more effect and he can run for office in the next election, in 2022. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language Por 8 votos a favor y 3 en contra, el STF (Tribunal Supremo) decidió el jueves (15) anular las condenas del expresidente Lula (PT) y devolver sus derechos políticos. Los magistrados Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia y Luís Roberto Barroso votaron a favor de que así sea. Nombrado por el presidente Jair Bolsonaro (sin partido), el magistrado Kassio Nunes Marques discrepó y defendió la revocación de la decisión de Fachin. Los magistrados Marco Aurélio y Luiz Fux siguieron la misma línea. Los magistrados que se alinearon con Fachin coincidieron en que las imputaciones contra Lula no se referían solo a Petrobras y que la jurisdicción del Juzgado 13 Federal de Curitiba solo podía ocuparse de procesos directamente vinculados a la petrolera estatal. Los magistrados aún deben decidir si los casos deben ser remitidos al Tribunal Federal del Distrito Federal o a São Paulo. Lula, de 75 años, había sido condenado en dos causas penales, por corrupción y blanqueo de capitales, en los casos del triplex Guarujá (SP) y la finca de Atibaia (SP). Con la decisión de Fachin ratificada por la Corte Suprema, las condenas que quitaron los derechos políticos a Lula ya no tienen más efecto y puede postularse a las próximas elecciones, que se celebrarán en 2022. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original Quatro capitais brasileiras interromperam a aplicação da primeira dose contra a Covid-19 por falta de vacinas. Florianópolis ainda tem doses para seguir com a imunização de pessoas com 65 anos até sexta (16). No sábado, porém, a campanha será interrompida por falta de doses. Goiânia suspendeu a aplicação da primeira dose no sábado (10), quando atendeu pessoas na faixa de 64 anos. No domingo (11), a imunização foi suspensa em Teresina e no dia 13, em Rio Branco, também pela falta de vacinas. Salvador suspendeu a vacinação na última quarta-feira (14) para pessoas acima de 60 anos. A campanha será retomada nesta sexta (16) para essa faixa etária. Na quinta (15), São Luís chegou a vacinar pessoas com 63 anos, mas vai interromper a campanha a partir desta sexta (16) enquanto aguarda novas remessas de vacinas. Ao mesmo tempo, Aracaju já começou a imunizar pessoas com síndrome de Down e autistas, e Manaus está entre as primeiras a começar a imunizar pessoas abaixo de 60 anos que tenham comorbidades, como cardiopatias, diabetes e obesidade. A vacinação em pessoas com autismo e síndrome de Down a partir de 18 anos entrou na lista de prioridades ""em virtude da maior vulnerabilidade ao contágio da Covid-19"", segundo o governo do Sergipe. A antecipação da imunização destes grupos foi decidida pelo governo estadual em reunião com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde. A vacinação no país começou em 17 de janeiro e primeiro atingiu profissionais de saúde e pessoas acima de 90 anos. Aos poucos a faixa etária foi diminuindo e outros grupos passaram a ser incluídos, como os policiais e agentes penitenciários. Veja o calendário por estado. SÃO PAULO Pessoas de 65 e 66 anos: 21 de abril Pessoas de 63 e 64 anos: 29 de abril Pessoas de 60, 61 e 62 anos: 6 de maio Policiais e agentes penitenciários: começou em 5 de abril Professores do ensino básico (infantil, fundamental e médio): começou em 12 de abril RIO DE JANEIRO Pessoas de 62 anos: Mulheres no dia 15 de abril, homens no dia 16 e todos dia 17 Pessoas de 61 anos: Mulheres no dia 19 de abril, homens no dia 20 e todos dia 21 Pessoas de 60 anos: Mulheres no dia 22 de abril, homens no dia 23 e todos dia 24 Profissionais da saúde: Nesta quinta (15) estão sendo vacinados os de 51 anos; cada dia abrange uma idade Demais grupos prioritários: Começarão a ser vacinados no dia 26 de abril, iniciando pelos que têm 59 anos. Inclui pessoas com comorbidades e deficiências permanentes, forças de segurança e trabalhadores da educação, da saúde e da limpeza urbana na ativa MINAS GERAIS Pessoas de 63 anos: BH está vacinando pessoas com 63 anos completos até 30 de abril desde a quarta-feira (14) e segue até sexta Pessoas de 74 e 73 anos: A capital aplica a segunda dose no sábado (17). Na segunda, começa a aplicação para faixa de 72 e 71 anos. Trabalhadores da saúde: Pessoas entre 43 e 49 anos serão vacinadas a partir da quinta-feira (15), com cadastro no portal da prefeitura Trabalhadores da educação: Ainda sem previsão, depende de novas remessas. Forças de segurança. Estado anunciou início em 7 de abril; trabalhadores da segurança já começaram a ser imunizados na capital ESPÍRITO SANTO Pessoas de 60 a 64 anos: Vitória vacinou pessoas de 60 a 64 anos no dia 10 de abril e irá retomar a partir deste sábado (17), com a chegada de novas doses. Até então, apenas pessoas acamadas, nesta faixa etária, seguiam sendo vacinadas. Trabalhadores da educação: Ato simbólico iniciou vacinação de profissionais das redes pública e privada, nesta quinta(15). Nos municípios, deve começar na próxima semana. Capital ainda não divulgou data. Forças de segurança: capital iniciou na terça-feira (13) a vacinação de profissionais das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas. PARANÁ 66 anos nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro: sexta-feira (16), em Curitiba 65 anos nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho: sábado (17) de manhã, em Curitiba 65 anos nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro: sábado (17) à tarde, em Curitiba SANTA CATARINA Pessoas com 65 anos: sexta-feira (16), em Florianópolis. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina Também continua a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados. RIO GRANDE DO SUL Pessoas com 63 anos: quinta-feira (15), em Porto Alegre. Pessoas com 62 anos: sexta-feira (16), em Porto Alegre. Pessoas com 61 anos: segunda ou terça-feira (ainda a definir), em Porto Alegre. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados. DISTRITO FEDERAL Pessoas de 66 anos: No Distrito Federal estão sendo vacinadas as pessoas com 66 anos ou mais. A imunização de idosos de 65 e 64 anos começa neste sábado (17) Profissionais de saúde: os profissionais de saúde que trabalham no setor privado também estão sendo contemplados. As doses estão disponíveis para os que conseguiram agendar Forças de segurança: os profissionais começaram a ser vacinados no dia 5 de abril. Apesar da data constar como o primeiro dia da vacinação para esse público, anteriormente os profissionais já estavam sendo contemplados com as doses remanescentes. MATO GROSSO DO SUL Em Campo Grande, nesta semana, a prefeitura aplicou doses remanescentes em indígenas não aldeados e moradores de comunidades quilombolas com menos de 60 anos e deu continuidade à aplicação de segunda dose. A vacinação dos demais grupos foi interrompida no sábado (10), quando foram imunizados profissionais de segurança. Até esta sexta-feira (16), pessoas com 61 anos também receberam as primeiras doses. GOIÁS Pessoas de 72 anos: Goiânia está aplicando a segunda dose em pessoas a partir dessa idade; a capital aguarda a chegada de vacinas para retomar a aplicação da primeira dose Trabalhadores da saúde: Profissionais com idades acima de 50 anos estão sendo imunizados MATO GROSSO Pessoas de 65 a 69 anos: essa faixa etária está sendo vacinada com a primeira dose em Cuiabá, que também está aplicando a segunda dose para idosos acima de 80 anos Forças de segurança: prefeitura de Cuiabá diz que está vacinando conforme a chegada de doses; a cada remessa chega um percentual para esse público Trabalhadores da saúde: estão recebendo a segunda dose da vacina BAHIA Pessoas de 61 anos: será iniciada na sexta-feira (16). A partir do fim de semana, será iniciada vacinação de pessoas com 60 anos Forças de segurança: vacinação de policiais, guardas municipais e fiscais da prefeitura acima de 50 anos que estão em atividade começou na quarta-feira (31) na capital baiana CEARÁ Pessoas de 62 anos: faixa etária que está sendo vacinada nesta semana na capital cearense Forças de segurança: vacinação foi iniciada no último domingo (11) SERGIPE Pessoas com 61 anos: vacinação deste grupo etário iniciada em Aracaju Pessoas com síndrome de Down e autistas: iniciada na terça-feira (13) Forças de segurança: vacinação de integrantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal e Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito PERNAMBUCO Pessoas de 62 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento no Recife desde o dia 10 de abril. Não há previsão para novos grupos Forças de segurança: iniciada no dia 6 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PARAÍBA Pessoas de 60 anos: a vacinação deste grupo etário estava em andamento em João Pessoa desde o dia 3 de abril, mas a aplicação da 1ª dose foi suspensa no dia 13 de abril Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 8 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão ALAGOAS Pessoas de 60 anos: a vacinação desse grupo etário estava em andamento em Maceió, mas a aplicação da 1ª dose foi interrompida nesta quinta-feira (15) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 5 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão RIO GRANDE DO NORTE Pessoas de 63 anos ou mais: Natal está aplicando primeira dose desta faixa etária, desde sábado (10), e segunda dose das demais. Previsão para outras idades ainda não foi anunciada. Trabalhadores da educação -nda não há previsão Forças de segurança - A capital segue o estado, que começou no dia 8 de abril, de forma escalonada e com prioridade de acordo com a exposição dos servidores ao contágio MARANHÃO Pessoas de 63 anos: São Luís vacinou hoje (15) pessoas com 63 anos que fazem aniversário no segundo semestre. A prefeitura diz que ainda define novo cronograma para as demais faixas etárias. Professores de ensino básico: a prefeitura ainda não divulgou calendário para a vacinação de professores. Forças de segurança: a prefeitura de São Luís começou a vacinar profissionais das forças de segurança no último dia 5 de abril. PIAUÍ Pessoas de 67 anos: pessoas com 67 anos foram vacinadas no último domingo (11). A prefeitura de Teresina aguarda o envio de novas doses para a definição de novo cronograma. Nesta sexta (16), será aplicada a segunda dose em idosos com 78 anos. No sábado (17), será a vez de pessoas com 77 anos receberem a segunda dose. Professores de ensino básico: a prefeitura aguarda doses para definir o calendário. Forças de segurança: agentes das forças de segurança receberam a primeira dose entre os dias 5 e 9 de abril AMAZONAS Pessoas de 55 a 59 anos com comorbidades: a vacinação para este grupo etário está andamento em Manaus desde segunda-feira (12) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 28 de março Trabalhadores de educação: vacinação iniciada no dia 20 de março para profissionais com idade entre 18 e 49 anos e com comorbidades PARÁ Pessoas de 60 anos: a vacinação para esta faixa etária está em andamento em Belém. Não há previsão para outros grupos Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 20 de março Trabalhadores da educação: ainda não há previsão ACRE Pessoas de 61 anos: a aplicação da primeira dose em pessoas de 61 anos foi suspensa nesta terça-feira (13) em Rio Branco. O município aguarda a chegada de mais doses para retomar o cronograma. Professores de ensino básico: Rio Branco ainda não começou a vacinação desse grupo. Forças de segurança: a vacinação foi interrompida no dia 13 de abril. RONDÔNIA Pessoas de 63 anos: o agendamento para vacinação de pessoas com 63 anos está temporariamente suspenso em Porto Velho. Pessoas vacinadas entre os dias 18 e 19 de março receberão a segunda dose entre hoje (15) e amanhã (16). Professores de ensino básico: a Secretaria de Saúde ainda não divulgou cronograma. Forças de segurança: a vacinação de profissionais de segurança começou no dia 3 de abril. TOCANTINS Pessoas de 66 anos: Palmas começou a vacinação de pessoas nesta faixa etária nesta quinta-feira (15) Trabalhadores da saúde: capital estendeu a vacinação para este público para além dos trabalhadores da linha de frente contra a Covid-19 Trabalhadores da educação: ainda sem previsão Forças de segurança: doses para vacinação de membros das forças de segurança e salvamento do estado e das Forças Armadas começaram a ser distribuídas na quarta (14) e iniciaram na quinta no Tocantins. RORAIMA Pessoas de 60 anos - A vacinação para essa faixa etária está em andamento em Boa Vista, para primeira e segunda doses. Forças de segurança - A capital iniciou a vacinação da categoria, após ter recebido repasse de doses específicas para a classe. AMAPÁ Pessoas de 60 anos: Macapá está vacinando, primeira e segunda doses, de pessoas a partir dessa faixa etária faltosos em datas anteriores Comorbidades: a capital iniciou a vacinação desse grupo, mas parou devido ao término das doses Forças de segurança: imunização começou na última semana, mas foi paralisada porque as vacinas acabaram Os grupos partidários não indicaram senadoras mulheres para as 11 vagas titulares e 7 suplentes da comissão que vai apurar as ""ações e omissões"" do governo federal diante da pandemia. Os nomes foram lidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta quinta-feira (15). A ausência de mulheres resulta em dois principais efeitos, segundo as cientistas políticas ouvidas pela BBC News Brasil. O primeiro é reduzir as chances de a CPI discutir os efeitos da pandemia e da atuação do governo federal diante dela para as mulheres, que foram atingidas de forma específica nas mais diversas esferas. O segundo é retroalimentar a baixa participação de mulheres em espaços de poder, já que parlamentares mulheres estarão de fora do que deve ser o principal palco político do país nos próximos meses. A falta de mulheres na comissão que vai tratar dos efeitos da pandemia no Brasil é marcante mesmo se comparada à baixa proporção de senadoras na Casa. Se a CPI tivesse uma composição que refletisse a proporção de mulheres eleitas para o Senado, teria 2 senadoras titulares e uma suplente. Dos 81 parlamentares em exercício no Senado, apenas 12 são mulheres (menos de 15%). A proporção é muito diferente das ruas: o número de mulheres (51,8%) na população brasileira supera o de homens (48,2%), segundo o IBGE. Se a representação das mulheres no Congresso já é baixa, o acesso a posições de mais destaque lá dentro é ainda mais difícil, diz Flavia Biroli, professora de Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB). ""O acesso das mulheres a comissões e cargos dentro do Congresso, que são importantes tanto pela influência que elas podem ter ocupando esses cargos tanto quanto pelo fato de que gera visibilidade, é um acesso ainda mais reduzido do que o acesso delas à própria Casa"", diz. ""Esse grupo completamente masculino na CPI só confirma como tem sido esse processo, historicamente, de exclusão."" A cientista política Letícia Medeiros, co-fundadora da ONG Elas no Poder, que atua para ampliar a participação das mulheres na política, diz que a busca por diversidade nos espaços de poder vai muito além dos números. ""Essa composição diz muito sobre o quanto as instituições e os parlamentares eleitos ainda não entendem que diversidade no processo de diagnóstico, de análise, de produção de política pública é essencial para ter mais qualidade na tomada de decisão."" Para defender a importância da diversidade, Medeiros destaca a influência das trajetórias e vivências pessoais de políticos nos processos de decisão. ""A gente quer olhar para as instituições e pensar que as pessoas são robôs ou máquinas, mas não é assim. Política é essencialmente um jogo de emoções, sentimentos e paixões. Quantas vezes vemos parlamentares dizerem ´meu filho viveu isso e sei que esse projeto é importante por isso´, ou fala do cunhado, da mãe…? Eles trazem narrativas familiares e é isso que move."" ""E ter vários homens brancos ricos ali… Eles têm diferença de opinião, mas muitas trajetórias parecidas. E você tem diversidade partidária, não dá pra dizer que é só um partido."" A CPI deve responder pelo menos seis perguntas centrais sobre a resposta do governo Bolsonaro à pandemia, segundo especialistas nas áreas da saúde, direito, gestão pública e economia ouvidos pela BBC News Brasil. Entre os principais temas, estão a aquisição de vacinas, a falta de oxigênio em Manaus, o estímulo a um suposto tratamento precoce sem eficácia comprovada e a interrupção do pagamento do auxílio emergencial no início de 2021. Biroli diz que a falta de mulheres na CPI da Covid é especialmente preocupante devido ao efeito específico desta crise nas mulheres brasileiras, que deveria ser abordado no debate. ""Neste caso, tem um agravante. Estamos vivendo uma situação de catástrofe humanitária que incide de forma específica sobre as mulheres."" Ela destaca que ter mulheres na CPI não garante que essa perspectiva seja necessariamente discutida, mas aponta que ampliaria as chances. Biroli e outras pesquisadoras brasileiras em diversas áreas formaram a Rede Brasileira de Mulheres Cientistas para defender a implementação de políticas dirigidas às mulheres nos campos da saúde, violência, educação, segurança alimentar, trabalho e geração de renda e moradia. Uma carta do grupo, ainda a ser divulgada, aponta que a crise pela qual o Brasil passa atinge principalmente as mulheres pobres, negras e moradoras de periferias. O texto enumera os efeitos nas vidas das mulheres e diz que há uma ""ausência completa de políticas públicas voltadas a apoiar as mulheres e meninas neste momento de crise humanitária"". Segundo a ONU, apesar de a taxa de mortalidade da covid-19 ser maior entre os homens, o impacto socioeconômico da pandemia é devastador para as mulheres e para a população negra. As mulheres são maioria na área da saúde (mais de 70% dos trabalhadores desse setor saúde no mundo são mulheres, segundo a OMS), são as mais afetadas pelo aumento da violência doméstica e têm taxas de desemprego mais altas que as dos homens. A pandemia também aumentou o abismo na divisão de tarefas não remuneradas no Brasil e em pelo menos outros 16 países. Uma das recomendações feitas pela ONU no ano passado foi a inclusão de mulheres e organizações de mulheres no centro da resposta à covid-19. Ainda em 2020, governantes mulheres em países como Nova Zelândia, Alemanha, Taiwan e Noruega se destacaram pelos resultados que conquistaram em seus países devido a suas respostas no combate à pandemia. As indicações para a CPI são feitas por conjuntos de partidos, e não por um partido sozinho. Cada bloco tem um número de cadeiras compatível com sua participação proporcional no Senado. O maiores deles é o que inclui MDB, PP e Republicanos, com 24 senadores na casa, e que teve direito de indicar três titulares e dois suplentes. Como membros titulares, foram indicados: Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Para as vagas de suplentes, as indicações foram: Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que definirá em breve a data de instalação da CPI da Covid. Ele afirmou que a primeira reunião terá que ser presencial, para eleição do presidente do colegiado, mas que depois disso caberá aos membros do colegiado a definição sobre se as reuniões serão presenciais ou remotas. Por 8 votos a 3, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta quinta-feira (15), anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e devolver-lhe os direitos políticos. Além de consolidar uma derrota histórica da Lava Jato, a decisão tem impacto direto no cenário eleitoral de 2022, ao reforçar a tendência de que Lula, 75, dispute a Presidência da República contra Jair Bolsonaro. O posicionamento do STF também ocorre em meio ao desgaste acentuado na relação entre os Poderes, incluindo uma série de ataques de Bolsonaro a ministros da corte —que, no dia anterior, impuseram um revés ao presidente ao confirmar a ordem para instalação da CPI da Covid no Senado. Na sessão desta quinta, os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Luís Roberto Barroso votaram a favor de anular as condenações de Lula. Indicado do presidente Jair Bolsonaro à corte, o ministro Kassio Nunes Marques divergiu e defendeu a revogação da decisão anterior de Fachin que havia derrubado as sentenças condenatórias impostas ao petista na Lava Jato do Paraná. Os ministros Marco Aurélio e Luiz Fux seguiram a mesma linha. Os magistrados que votaram com Fachin concordaram que as ações contra Lula não tratavam apenas da Petrobras e que a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba dizia respeito somente a processos com vinculação direta com a estatal petrolífera. Na semana seguinte, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou ao Supremo um recurso para restabelecer as condenações. Ao recorrer do despacho de Fachin, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo argumentou que a Lava Jato apontou crimes praticados no âmbito do esquema criminoso que pilhou a Petrobras. Segundo a acusação, contratos da estatal com a construtora OAS estão na origem de valores ilícitos direcionados a Lula. A denúncia, disse a representante do Ministério Público Federal, relata elos entre os contratos da OAS firmados com a Petrobras e a vantagem ilícita obtida por Lula. ""Há de ser preservada a competência do juízo de origem"", afirmou Lindôra. Na defesa de sua decisão, Fachin disse ser “forçoso reconhecer que o caso não se amolda ao que tem sido decidido majoritariamente no âmbito da Segunda Turma [do STF]”. “A competência da 13ª Vara foi sendo entalhada à medida que novas circunstâncias fáticas foram trazidas ao conhecimento do STF, que culminou por afirmá-la apenas aos crimes direta e exclusivamente praticados em relação à Petrobras”, afirmou. Em diversas passagens do seu voto, Fachin reafirmou a jurisprudência do Supremo que fixou na 13ª Vara Federal os casos que dizem respeito exclusivamente à estatal petrolífera. Ele citou decisões da Segunda Turma da corte que, desde 2015, tiraram do Paraná várias apurações da Lava Jato. No caso do triplex do Guarujá, motivo do habeas corpus de Lula ao Supremo que resultou na decisão de Fachin do início de março, o ministro afirmou que a denúncia não atribuiu ao ex-presidente “uma relação de causa e efeito entre sua atuação como presidente da República e determinada contratação pelo grupo da OAS com a Petrobras, em decorrência da qual se tenha acertado o pagamento da vantagem indevida”. “Na estrutura delituosa delimitada pelo Ministério Público ao paciente [Lula], são atribuídas condutas condizentes com a figura central do imputado grupo como grupo criminoso organizado, com ampla atuação nos diversos órgãos pelos quais se espalharam as práticas ilícitas, sendo a Petrobras um deles”, disse. “Não se trata apenas de corrupção identificada no mensalão e na Petrobras, isso é afirmação do Ministério Público”. E prosseguiu: “Ao longo de todos os anos, em que Lula, diz o Ministério Público, ocupou o mais alto cargo do Poder Executivo Federal, diversos outros casos de corrupção semelhantes foram verificados.” O relator da Lava Jato mencionou que as apurações apontaram irregularidades na Eletronuclear, Ministério do Planejamento e na Caixa, “um cenário de macrocorrupção política”, segundo ele. Barroso afirmou que tem ""ressalvas"" em relação à posição de Fachin, mas votou para acompanhar o entendimento do colega e anular as condenações de Lula. O ministro participou da sessão pelo celular e proferiu seu voto direto do hospital. O magistrado acompanhava sua mulher, que passa bem, em um atendimento médico. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o STF, Kassio Nunes Marques divergiu do colega Edson Fachin e votou contra a anulação das condenações de Lula. Na avaliação de Kassio, as ações penais contra o petista devem prosseguir na 13ª Vara Federal de Curitiba, hipótese que devolve ao ex-presidente a condição de inelegível e impede sua participação nas eleições de 2022. O ministro afirmou que as investigações do petista que tiveram origem na 13ª Vara Federal de Curitiba têm conexão com os crimes cometidos na Petrobras e não devem ser invalidadas e remetidas à Justiça Federal do DF. Na linha do que defendeu a PGR, o ministro recorreu a uma série de achados da apuração do caso triplex do Guarujá para sustentar a relação dos contratos da OAS firmados com a Petrobras e a vantagem ilícita obtida por Lula. “Os fatos versados nas ações penais descritas estão, de fato, associados diretamente ao esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro investigado no contexto da Operação Lava Jato cuja lesividade veio em detrimento exclusivamente da Petrobras”, afirmou. “E, assim sendo, a competência, a meu sentir, é da 13ª Vara Federal.” O julgamento desta quinta foi iniciado na quarta-feira (15), quando o Supremo decidiu manter a análise da matéria no plenário da corte. Por 9 a 2, os ministros rejeitaram o pedido da defesa do ex-presidente para que o tema fosse analisado pela Segunda Turma, colegiado que é integrado por cinco magistrados e tem perfil contrário à Lava Jato. O ministro Edson Fachin pediu nesta quinta-feira (15) para deixar a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelos julgamentos da Lava Jato, e abriu uma discussão sobre o futuro das investigações na corte. O magistrado encaminhou à presidência do tribunal uma solicitação para migrar para a Primeira Turma quando o ministro Marco Aurélio se aposentar, no início de julho deste ano. A possível mudança pode ter impacto na Lava Jato, uma vez que o atual colegiado de Fachin costuma impor derrotas à operação, enquanto a outra tem perfil mais alinhado aos métodos dos investigadores. Por outro lado, uma corrente defende que o ministro carrega consigo os processos de que é relator quando muda de turma, o que teria como consequência a mudança da Lava Jato da Segunda para a Primeira Turma do Supremo. O ministro deve tentar convencer os colegas que o mais adequado é ele seguir na relatoria da Lava Jato e retornar à Segunda Turma sempre que algum processo relativo ao tema estiver na pauta do colegiado. Um advogado ou a PGR (Procuradoria-Geral da República), porém, podem suscitar uma questão de ordem e forçar um julgamento no plenário a fim de definir o colegiado competente para julgar os casos da operação após a eventual mudança do ministro de turma. O STF informou, por meio da assessoria, que a questão está sob análise e que em breve dará um posicionamento sobre o tema. A mudança de Fachin de colegiado, porém, ainda depende de outros fatores. Os ministros mais antigos têm prioridade nesse tipo de mudança. Assim, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia têm preferência para migrar para a Primeira Turma. O ministro se tornou relator da Lava Jato no início de 2017, depois de Teori Zavascki, que era o responsável pelas investigações na corte, morrer em um acidente de avião. Ministros lembram que, após a morte de Teori, a relatoria da Lava Jato foi sorteada entre os integrantes da Segunda Turma, o que indica que o colegiado é o juiz natural para esses casos. Por outro lado, um dispositivo do regimento interno prevê que o relator pode levar consigo os processos dos quais é relator quando troca de turma. Assim, a discussão sobre o tema ainda deve ser alvo de debates internos na corte antes de ter uma solução. A aposta internamente é que Gilmar e Lewandowski, críticos contumazes da Lava Jato, não deixariam os casos relacionados à operação saírem da Segunda Turma. Além de poderem suscitar o debate no colegiado, eles estão há mais tempo que Fachin no STF e poderiam pedir para ir para Primeira Turma e teriam preferência em relação ao colega. Por 6 votos a 5, em 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que uma pessoa só pode começar a cumprir pena após o trânsito em julgado do processo (quando não cabem mais recursos, e a ação é finalizada). Desde 2016, a corte considerava que um condenado podia ser preso (salvo as outras hipóteses de prisão cautelar previstas na lei) após sentença em segunda instância. O entendimento anterior do Supremo levou à prisão figuras como o ex-presidente Lula (PT), condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Após a revisão, o petista deixou a prisão e poderá aguardar o fim do processo em liberdade. Em outubro de 2019, o Supremo decidiu que, em um processo com réus delatores e delatados, os delatados têm o direito de falar por último —em termos técnicos, devem oferecer suas alegações finais depois dos réus delatores. Esse foi o mesmo entendimento da Segunda Turma do tribunal em julgamento de agosto que anulou pela primeira vez uma condenação do ex-juiz Sergio Moro no âmbito da Lava Jato. Em março de 2019, o Supremo decidiu que crimes comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro, quando associados a crimes eleitorais, como caixa dois, devem ser julgados pela Justiça Eleitoral. O resultado foi uma derrota para os procuradores da Lava Jato, que defendiam a separação do processo (a parte referente a crimes eleitorais caberia à Justiça Eleitoral e o restante seria julgado pela Justiça comum). Para membros da Procuradoria, a decisão do STF prejudica a Lava Jato, uma vez que muitos dos processos ligados à operação envolvem a combinação entre caixa dois e corrupção. Também em 2019, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu, a pedido da Procuradoria-Geral, o acordo que previa a criação de uma fundação com parte dos R$ 2,5 bilhões recuperados da Petrobras, pagos graças a um acordo da estatal com o governo americano. A ideia inicial da força-tarefa era que a entidade de direito privado, a ser criada em processo coordenado pela Procuradoria em Curitiba, financiasse projetos anticorrupção. Moraes também determinou o bloqueio dos valores sob tutela da Justiça Federal do Paraná e condicionou qualquer movimentação a autorização do Supremo. Em setembro, o ministro homologou acordo que definiu que os recursos serão usados na educação e em defesa da Amazônia. Em março de 2021, o ministro Edson Fachin determinou a anulação de todas as condenações proferidas contra o ex-presidente Lula pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato. Lula, 75, tinha sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do tríplex de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP). O ministro do STF entendeu que as decisões não poderiam ter sido tomadas pela vara responsável pela operação e determinou que os casos sejam reiniciados pela Justiça Federal do Distrito Federal. Assim, as condenações que retiravam os direitos políticos de Lula não têm mais efeito e ele pode se candidatar nas próximas eleições, em 2022. Lula estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa, já que ambas as condenações pela Lava Jato haviam sido confirmadas em segunda instância. Também em março de 2021, o STF concluiu pela parcialidade do então juiz Sergio Moro na condução do processo da Lava Jato que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Por 3 votos a 2, a Segunda Turma do Supremo julgou procedente o habeas corpus em que a defesa do petista pedia a declaração da suspeição de Moro e decidiu anular a ação do tríplex —ficam nulos todos os atos do ex-juiz. Após o colapso na rede de saúde em Porto Alegre no mês de março, o governo do Rio Grande do Sul reabriu bares, restaurante e o comércio de rua, ainda que com restrições de horário e de capacidade. Nesta segunda-feira (11), a taxa de ocupação de UTIs em Porto Alegre ficou em 96%, pouco abaixo dos 100% que vinha registrando desde o começo de março. Especialistas alertam que os indicadores ainda estão bastante elevados e que a tendência de queda pode ser revertida com o aumento da mobilidade, que sempre segue o relaxamento de restrições. Em meio ao caos em março com o alto número de mortos pela Covid-19, o principal hospital privado de Porto Alegre, o Moinhos de Vento, chegou a instalar contêiner para abrir corpos das vítimas. Um hospital de campanha foi montado pelo Exército junto ao Hospital da Restinga e Extremo Sul (HRES), na periferia, que registrou pacientes recebendo oxigênio de pé, nos corredores da emergência. Porto Alegre entrou, em 22 de fevereiro, em bandeira preta, o mais alto grau de risco na Covid-19. Cinco dias depois, a medida se estendeu para o estado. Comércio não essencial e academias fecharam as portas. Na semana seguinte, o governador Eduardo Leite (PSDB) decidiu proibir venda de itens não essenciais até nos supermercados, o que obrigou grandes redes a bloquear com sacos plásticos as gôndolas com produtos que não fossem de alimentação, higiene e limpeza. Leite foi criticado por bolsonaristas nas redes sociais por causa da medida. No último dia 22, as restrições começaram a ser relaxadas. Atividades não essenciais puderam voltar a funcionar entre 5h e 20h nos dias úteis, o que permitiu a reabertura de bares, restaurantes, do comércio de rua, dos shoppings centers, entre outras atividades. Supermercados também puderam remover as lonas que bloqueavam corredores com produtos não essenciais. Leite também permitiu que comércio, academias e espaços religiosos funcionem aos fins de semana. Bares e restaurantes, por exemplo, podem operar apenas até 16h nos sábados e domingos, com limitação de 25% da capacidade máxima. Durante a semana, tiveram o horário limite estendido até às 23h. “A gente vê que os nossos clientes estão retornando aos pouquinhos, mas ainda um movimento muito aquém do necessário, diz Maria Fernanda Tartoni, da Abrasel (Asssociação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul). Entre os comerciantes, a impressão ainda é de muita cautela do consumidor. ""Os primeiros dias [de reabertura] foram muito fracos, acho que houve um certo receio das pessoas em voltar. O RS, de alguma maneira, foi o epicentro, uma nova Manaus. Então, é evidente que as pessoas têm medo"", diz Irio Piva, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre. Reitora da da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a epidemiologista Lucia Pellanda avalia que a ""boa notícia"" é que as restrições implementadas pelo governo do Estado tiveram efeito, reduzindo inicialmente o número de casos, depois a ocupação de leitos clínicos e de leitos de UTI. “Talvez ainda tenhamos um pouco de aumento do número de mortes por um tempo, porque são óbitos de pessoas que internaram naquela época [no pico]. Então, a primeira notícia é que tem efeito. A má notícia é que eu acho que é insuficiente. A gente está numa situação muito crítica, ainda muito longe de estar confortável, apesar de estar reduzindo"", diz. Já o Secretário Municipal de Saúde, Mauro Sparta, diz estar otimista que a queda nos indicadores pode perdurar. Entre os pontos, cita o cenário de queda nas solicitações de internação nas quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Contudo, para os que atuam nas UTIs, a situação atual ainda é crítica. Chefe do Serviço de Medicina Intensiva Adulto do Hospital Moinhos de Vento, um dos dois maiores hospitais privados da cidade, Roselaine Pinheiro de Oliveira afirma que a instituição continua operando acima da capacidade regular. Nesta quarta, o hospital registrava 86 pacientes internados na UTI para uma capacidade instalada oficialmente de 66 leitos, o que representa taxa de ocupação de 130%. . ""Nós não temos tranquilidade, trabalhando a cada dia avaliando a situação. O que nós esperamos é que essa diminuição se sustente e que, com o aumento da vacinação, possamos começar a atender a maior demanda de outras doenças"", afirma. No Hospital Nossa Senhora da Conceição, um dos dois principais para pacientes do SUS, a taxa de ocupação era de 147% nesta terça. “A UTI continua tensionada, mas o quantitativo está diminuindo e a gente tem um percentual de leitos que está começando a ser ocupado por outras enfermidades. Vaga livre não temos, porque sempre aparece alguém precisando. Mas, em relação à Covid, observamos que a tendência é diminuir"", afirma Francisco Paz, diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição. Já o HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre), o maior em termos de leitos a atender exclusivamente pacientes do SUS na cidade, apresenta uma situação aparentemente melhor. Nesta terça, a taxa de ocupação de UTIs na instituição estava em 90%. ""Quando o sistema colapsou, nós tivemos uma ocupação de leitos de UTI próxima de 150%. Onde estão esses leitos? São leitos adaptados, leitos colocados na emergência. Todos com respirador, mas com profissionais que não são intensivistas"", diz Beatriz Schaan, coordenadora do Grupo de Trabalho para a Preparação do Enfrentamento ao Coronavírus do HCPA. O fotógrafo da Folha Lalo de Almeida venceu a categoria Meio Ambiente do World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo. Os fotógrafos premiados, de 28 países, foram anunciados nesta quinta-feira (15) pela instituição que promove o concurso. A série premiada de fotografias de Lalo, que ao longo de meses em 2020 cobriu a destruição do Pantanal provocada pelo fogo ao lado do repórter Fabiano Maisonnave, ganha força com o retrato de um bugio ajoelhado e carbonizado no meio de uma mata devastada. O registro do macaco morto impressiona pela semelhança com a figura humana e pela dificuldade em distinguir a diferença entre o corpo do animal e o cenário em volta dele, também carbonizado. O fogo se alastrou pela vegetação seca e devastou cerca de 20% da biodiversidade do bioma, que ainda está em processo de recuperação. Investigações da Polícia Federal mostraram que os incêndios foram provocados por pecuaristas para abrir novas áreas de pastagem para o gado, uma pressão que vem atingindo o bioma há décadas. Segundo Pilar Olivares, jurada e fotógrafa da Reuters, a série de dez fotos de Lalo “é a história dos incêndios que mais me impactou”, disse. “Cada foto nos mostra uma situação triste de devastação sem perder o sentido estético”. Além de perfeitamente editada, a jurada afirmou que ao analisar o trabalho de Lalo “não sinto que preciso ver mais e também não sinto que estou vendo muito”. Quando soube que era um dos finalistas, em 10 de março, Lalo afirmou em suas redes sociais que além da satisfação pessoal, “o prêmio ajuda a colocar luz sobre a importância da preservação do bioma”. Após participar da cerimônia online de premiação nesta quinta, o fotógrafo contou que esteve no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul por quatro vezes para cobrir a tragédia ambiental. Já na primeira viagem, ficou espantado com o tamanho do incêndio. “O hotel usado como base pelos bombeiros foi cercado por uma coluna de fogo e precisou ser esvaziado rapidamente”, disse. Lalo também disse que a imprensa nacional demorou a entender o que estava acontecendo no bioma localizado no Centro-Oeste do Brasil, um refúgio para onças-pintadas e araras-azuis. “A Amazônia sempre chama mais atenção do que os outros biomas. Acho que, por isso, o fogo no Pantanal demorou para entrar nas prioridades de cobertura”. A comoção diante da devastação do bioma ganhou outra temperatura quando fotos dos animais mortos estamparam as primeiras páginas dos jornais, como as desta Folha, disse Lalo. “A partir daí, eu percebi que a sociedade civil organizada, as instituições e o próprio governo começaram a agir”, afirmou. Por onde passavam, Lalo e Maisonnave só viam o rastro de destruição deixado pelo fogo que impediu o voo das aves, a fuga de sucuris, antas e cervos e do próprio gado nas fazendas em busca de abrigo. “Fomos vendo muitos bichos morrendo na nossa frente. O gado das fazendas que tinham as patas queimadas não conseguiam ficar em pé e morriam um atrás do outro”, afirmou. O registro do bugio carbonizado foi feito numa fazenda da região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A chegada do fogo no local causava um barulho, segundo Lalo, semelhante ao de uma turbina de avião. “A gente foi ver o que sobrou e encontramos a família de bugios totalmente queimada”. “O impacto foi grande porque aqueles bichos pareciam crianças carbonizadas. Foi uma cobertura que exigiu muito emocional da gente”, disse. Para Lalo, a série deixa um recado: ""ela mostra ao mundo como tem sido a condução da política ambiental no Brasil no atual governo"". Lalo colabora com a Folha há 27 anos. Em 2017, o fotógrafo ficou em segundo lugar no World Press Photo na categoria de assuntos contemporâneos com uma série sobre famílias afetadas pelo zika vírus. Ainda que Lalo seja o único brasileiro na edição deste ano, o Brasil está presente entre os ganhadores. Mads Nissen, dinamarquês vencedor do World Press Photo pelo retrato do casal gay em 2015, fotografou no país a crise da Covid-19. O registro levou o primeiro lugar da categoria “Notícias Gerais”. A imagem mostra o primeiro abraço de uma idosa em cinco meses. Rosa Luzia Lunardi, 85, aparece de costas, em São Paulo, abraçando uma enfermeira e enrolada em um plástico que acaba assumindo um formato parecido ao de asas de anjo. Entre os vencedores, há uma foto de conflito —a disputa entre azeris e armênios por Nagorno Karabakh—, e o registro da tragédia em Beirute, onde uma explosão na zona portuária da capital libanesa deixou centenas de mortos. Questões contemporâneas 1º lugar Yemen: Hunger, Another War Wound, por Pablo Tosco, Argentina 2º lugar Doctor Peyo and Mister Hassen, por Jérémy Lempin, França 3º lugar Resting Soldier, por Vaghinak Ghazaryan, Armênia 1º lugar Sakhawood, por Alexey Vasilyev, Rússia 2º lugar Islamic State’s Yazidi Survivors, por Maya Alleruzzo, Estados Unidos, Associated Press 3º lugar The Aftermath of the North East Delhi Riots, por Zishaan A Latif, Índia 1º lugar California Sea Lion Plays with Mask, por Ralph Pace, Estados Unidos 2º lugar Temple and Half-Mountain, por Hkun Lat, Mianmar 3º lugar Climate Crisis Solutions: Collecting Drinking Water in Kalabogi, por K M Asad, Bangladesh 1º lugar Pantanal Ablaze, por Lalo de Almeida, Brasil, Panos Pictures, para Folha de S.Paulo 2º lugar One Way to Fight Climate Change: Make Your Own Glaciers, por Ciril Jazbec, Slovenia, para National Geographic 3º lugar Inside the Spanish Pork Industry: The Pig Factory of Europe, por Aitor Garmendia, Espanha 1º lugar The First Embrace, por Mads Nissen, Denmark, Politiken/Panos Pictures 2º lugar The Human Cost of COVID-19, por Joshua Irwandi, Indonésia 3º lugar Ceremony to Mourn Qasem Soleimani in Tehran, por Newsha Tavakolian, Iran, Magnum Photos 1º lugar Paradise Lost, por Valery Melnikov, Rússia, Sputnik 2º lugar Cross-Border Love, por Roland Schmid, Suíça 3º lugar COVID-19 Pandemic in France, por Laurence Geai, França 1º lugar Habibi, por Antonio Faccilongo, Itália, Getty Reportage 2º lugar Reborn, por Karolina Jonderko, Polônia 3º lugar Trapped in Greece, por Angelos Tzortzinis, Grécia, partially funded para o Magnum Foundation 1º lugar Rescue of Giraffes from Flooding Island, de Ami Vitale, United States, para CNN 2º lugar Path of the Panther, por Carlton Ward Jr., Estados Unidos 3º lugar New Life, de Jaime Culebras, Espanha 1º lugar Pandemic Pigeons—A Love Story, de Jasper Doest, Países Baixos 2º lugar Taal Volcano Eruption, de Ezra Acayan, Filipinas, para Getty Images 3º lugar Locust Invasion in East Africa, de Luis Tato, Espanha 1º lugar The Transition: Ignat, de Oleg Ponomarev, Rússia 2º lugar COVID-19 First Responder, de Iván Macías, México 3º lugar In Flight, de Tatiana Nikitina, Rússia 1º lugar The ‘Ameriguns’ de Gabriele Galimberti, Itália, para National Geographic 2º lugar Nowhere Near, de Alisa Martynova, Rússia 3º lugar Niewybuch, de Natalia Kepesz, Polônia 1º lugar Log Pile Bouldering, de Adam Pretty, Austrália, Getty Images 2º lugar Home Training, de Stephen McCarthy, Irlanda, Sportsfile 3º lugar Tour of Poland Cycling Crash, de Tomasz Markowski, Polônia 1º lugar Those Who Stay Will Be Champions, de Chris Donovan, Canadá 2º lugar Faces of Bridge, de Henrik Hansson, Suécia 3º lugar Thoughts of Flight, de Fereshteh Eslahi, Irã, Podium Photos 1º lugar Emancipation Memorial Debate, de Evelyn Hockstein, Estados Unidos, para The Washington Post 2º lugar Waiting for Release at a Temporary Detention Center in Belarus, de Nadia Buzhan, Bielorrúsia 3º lugar Forest Fire, de Nuno André Ferreira, Portugal, Agência Lusa 1º lugar Port Explosion in Beirut, de Lorenzo Tugnoli, Itália, Contrasto 2º lugar Presidential Vacancy, de Ernesto Benavides, Peru, Agence France-Presse 3º lugar Minneapolis Unrest: The George Floyd Aftermath, de John Minchillo, Estados Unidos, Associated Press INTERATIVO Outstanding Instructive Interactive Birth in the 21st Century, de Barret Cooperativa/Lab RTVE/À Punt Mèdia Outstanding Archival Investigation Reconstructing Seven Days of Protests in Minneapolis After George Floyd’s Death, de Holly Bailey/The Washington Post and Matt Daniels, Amelia Wattenberger/The Pudding Outstanding Immersive Storytelling Ukraine: Grey Zone, de Benas Gerdziunas/Lithuanian Radio and Television (LRT) 1º lugar Calling Back From Wuhan, de Yang Shenlai/Tang Xiaolan 2º lugar To Calm the Pig Inside (Ang Pagpakalma sa Unos) de Old Fool Films 3º lugar Blood Rider, de Jon Kasbe/The New Yorker 1º lugar A Racist Attack Was Caught on Camera. Nearly 45 Years Later, It Still Stings, por The New York Times 2º lugar The Eternity of Tomorrow, de Cristóbal Olivares/Magnum Foundation 3º lugar Good Morning, My Wife in Heaven (天堂里的邓顺芝,早上好), por Yingfei Liang/Shumin Wei/Caixin Assim que for instalada, a CPI da Covid poderá ser a única em funcionamento no Senado. Além dela, há uma comissão parlamentar instalada na Casa, mas os trabalhos dessa estão parados há um ano por causa da pandemia da Covid, a CPI da Chapecoense. Trata-se de um grupo de senadores que acompanha a situação de parentes das vítimas do acidente aéreo com o clube de futebol em 2016. O avião da Chapecoense sofreu uma pane por falta de combustível e caiu em uma área de floresta nas imediações de Medellín, na Colômbia. Das 77 pessoas a bordo, 71 morreram. Na última movimentação, o relator da colegiado, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), pediu em fevereiro deste ano que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), estendesse o prazo de trabalho do grupo. A comissão foi instalada em dezembro de 2019 para funcionar por seis meses e teve apenas sete reuniões, antes de ser interrompida pela pandemia até a retomada das atividades regulares do Congresso. O presidente da comissão é o senador Jorginho Mello (PL-SC). Há ainda mais duas CPIs no Senado que esperam pela instalação da Casa, ambos tratam de questões ambientais. São elas: a CPI da Amazônia, que investiga o desmatamento na Amazônia Legal, e a CPI das Queimadas. A duas tiveram o requerimento de criação lido em plenário em novembro de 2019 e, no andamento na Casa, constam como à espera de ""publicação para que produza efeitos"". Nenhuma das duas tem presidentes. A CPI da Amazônia foi apresentada em requerimento do senador Plínio Valério (PSDB-AM) para investigar, no prazo de 120 dias, as causas de ampliação dos índices do desmatamento na Amazônia Legal. O período a ser investigado é de 1º de janeiro de 2018 a 27 de agosto de 2019. Também é objeto de apuração o aumento dos índices de queimadas. Entre os focos, nesse estão, estão os repasses dinheiro público a ONGs. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a acusar, sem provas, as entidades de estarem envolvidas em queimadas. Já a CPI das Queimadas foi sugerida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), com o objetivo quase idêntido ao da comissão da Amazônia. A ideia é apurar, no prazo de 120 dias, as causas da ampliação dos índices de desmatamento e de queimadas na Amazônia Legal. O senador ainda destacou que analisaria medidas do governo para combater o desmatamento. O Senado também atua com a Câmara dos Deputados na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, que investiga ataques cibernéticos que atentam contra a democracia, uso de perfis falsos nas eleições 2018 e a prática de cyberbullying. O grupo foi instalado em setembro de 2019 e fez 23 reuniões até ser interrompido por causa da pandemia. Nesta quarta-feira (14), o presidente do colegiado, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), se mostrou favorável ao adiamento da instalação da CPI da Covid tendo como base a experiência no grupo que apura as fake news. Em manifestação nas redes sociais, ele disse que, ""no momento, não é possível fazer oitivas de forma remota"". ""Por isso, defendo que iniciemos os trabalhos para ouvir todos os convocados assim que a pandemia desacelerar em nosso país"", escreveu. A comissão foi criada nesta terça-feira (13), cinco dias depois da decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso de mandar o Senado instalar a CPI da Covid. Nesta quarta, o STF confirmou a decisão de Barroso. Por 10 a 1, os ministros concordaram que, como a minoria da Casa Legislativa conseguiu apoio de um terço dos senadores, há o direito de se abrir uma comissão para apurar ações e possíveis omissões do governo Bolsonaro na condução da crise sanitária decorrente da pandemia do coronavírus. O colegiado precisa realizar a primeira reunião para a comissão ser instalada. Com poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, as CPIs são criadas por requerimento de um terço dos senadores. O grupo pode convocar pessoas para depor, ouvir testemunhas, requisitar documentos e determinar diligências, entre outras medidas. Segundo o regimento do Senado, ao final dos trabalhos, a comissão envia à Mesa o relatório final e as conclusões da comissão para conhecimento do plenário. O relatório poderá concluir pela apresentação de projeto de lei e, se for o caso, suas conclusões serão remetidas ao Ministério Público, para que promova a responsabilização civil e criminal dos infratores. CPI da Chapecoense CPI da Amazônia CPI das Queimadas CPI da Covid CPMI das Fake News VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto) Terça-feira, 6 de abril de 2021: o Brasil registra 4.195 mortes pela Covid-19. Ao todo, Já são mais de 358 mil óbitos contabilizados desde o começo da pandemia. Se o coronavírus afeta todos os países do globo, a amplitude da catástrofe sanitária que acomete o país não pode ser dissociada da gestão desastrosa do presidente Jair Bolsonaro. O presidente deve ser responsabilizado pela condução da crise sanitária no Brasil, que não somente fez explodir o número de mortes como acentuou as desigualdades. Em ao menos duas ocasiões o dirigente da República brasileira se referiu à Covid-19 como ""gripezinha"", minimizando a gravidade da doença. Bolsonaro criticou as medidas preventivas, como o isolamento físico e o uso de máscaras, e por diversas vezes provocou aglomerações. Chegou a propagar o uso da cloroquina, embora cientistas alertassem para os efeitos tóxicos do uso do fármaco para combater a doença. Pesquisadores que publicaram estudos que demonstravam que o uso do medicamento aumentava o risco de morte em pacientes com Covid-19 chegaram a ser ameaçados no Brasil. Bolsonaro desencorajou ainda a vacinação, chegando a sugerir, por exemplo, que as pessoas poderiam se transformar em ""jacaré"". Em meio ao negacionismo, proliferação de falsas informações e ataques à ciência, em plena crise sanitária o presidente chegou a mudar quatro vezes de ministro da Saúde. A ciência brasileira está sofrendo diversos ataques: cortes e mais cortes orçamentários que ameaçam pesquisas e colocam o trabalho de cientistas em xeque e instrumentalização da ciência com fins eleitoreiros, como bem mostram as declarações do presidente ao descredibilizar o trabalho de cientistas durante a crise sanitária. Esses ataques, no entanto, vão além do contexto da Covid-19. Basta lembrar as agressões cometidas por Bolsonaro ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em um contexto alarmante diante dos níveis de desmatamento da Amazônia. Ao desmentir a ciência, Bolsonaro não somente fere a comunidade científica, mas toda a sociedade brasileira: são diários os recordes de mortes pela Covid-19. Dados da Fiocruz, por exemplo, indicam a circulação de 92 cepas do novo coronavírus no Brasil, o que torna o país uma gigantesca fábrica de variantes. Para além, temos ainda os impactos sobre o meio ambiente, os povos tradicionais da Amazônia e o clima global. Em um contexto de crise sanitária, de agravamento das desigualdades e de mudanças climáticas, este tipo de conduta é inaceitável, e o autor deve ser responsabilizado. Nós nos preocupamos com o agravamento da crise sanitária no Brasil e com os ataques à ciência. Por meio desta carta aberta, nós, acadêmicos de todo o mundo, demonstramos nossa solidariedade com os colegas no Brasil, cujas liberdades estão ameaçadas, e com a população brasileira, que é afetada diariamente por essa política destrutiva. Glenda Santana de Andrade ATER em Ciências Políticas na Université Paris-Nanterre & doutoranda no Centro de Pesquisas sociológicas e políticas de Paris (CRESPPA-GTM), Université Paris 8, França Sylvie Chiousse Diretora científica da revista ‘Esprit Critique’, França Juliana Kiyomura Moreno Doutoranda em cotutela Université Paris 8/Universidade de São Paulo USP, Brasil/França Michelle Franco Redondo Membro do Laboratoire d'Études de Genre et de Sexualité (Legs), França Pierre Veltz Professor emérito, École des ponts ParisTech, França Angelo Soares Professor titular, Université du Québec à Montréal, Canadá Alladatin Judicaël Professor, Université Mohammed VI Polytechnique, Marrocos Zoé Tinturier Doutoranda IEP de Bordeaux, França Eddine Bouyahi Doutorando, Northwestern University/SciencesPo, França Soma Rostampour Doutoranda, CRESPPA-GTM, França Sevilla Ariel Mestre de conferências, Université de Reims, França David Dumoulin Professor Sociologia, Université Sorbonne Nouvelle - IHEAL, França Papa Sakho Professor, diretor du Laboratoire de géographie humaine, Université Cheikh Anta Diop, Dakar, Senegal Momar Diongue Mestre de conferências, Université Cheikh Anta Diop de Dakar, Senegal Pierre Salama Professor émérito, Université Sorbonne-Paris Nord, França Solène Marié Chefe de Cooperação Internacional, CNRS-InSHS, França Francisco Alambert Professor, USP, Brasil Evelyn Nakano Glenn Professora, Universidade da Califórnia, Berkeley, Estados Unidos Paola Diaz Socióloga, COES-CEMS, França Maria Montanez Pesquisadora, Bélgica Jean-Pierre Durand Professor, Universidade de Evry Paris-Saclay, França Valeria Ribeiro Corossacz Università di Modena e Reggio Emilia, Itália Isabelle Charpentier Professora universitária em sociologia - Universidade da Picardia - Júlio Verne (Amiens - França) Maria Vicenta Haro Matas Doutoranda, EHESS, Paris, França Yasmine Siblot Professora de sociologia, Universidade de Paris 8, França François Boureau Doutorando em sociologia, Universidade de Paris 8, França Antoine Guégan Doutorando, Universidade de Lyon, França Emmanuelle Picard Mestre de conferências, ENS de Lyon, França Cornelia Moser Pesquisadora, CNRS, França Samantha Joeck Doutoranda, EHESS, França Brigitte Chamak Pesquisador, Universidade de Paris, França Mirjana Morokvasic Muller Diretora de Pesquisa Emérita, CNRS, França Wenceslas Lizé Sociólogo, Universidade de Poitiers, França Juan Felipe Duque Doutorando, Sciences Po Grenoble, França Dr. Monish Bhatia Professor de Criminologia e Justiça Criminal, Birkbeck, Universidade de Londres, Reino Unido Victoria Canning Mestre de conferências, University of Bristol, Reino Unido Francesca Esposito Pesquisadora, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal Danielle Ranciere Filósofa, Educação Nacional, França Daniel Altmann Professor, Faculdade de Medicina, Imperial College London, Reino Unido Carolina Adaros Doutoranda, Birmingham City University, Reino Unido Jacques Rancière Professor honorário, Universidade de Paris 8, França Catherine Marry Sociólogo, CNRS, França Jules Falquet Professor de Sociologia, Universidade de Paris, França Felipe Kaiser Fernandes Doutorando (IIAC EHESS) - CEFRES, França Marie-Laure Basilien-Gainche Professora de Direito, Jean Moulin Lyon 3 University, França Danièle Linhart Socióloga, Diretora de Pesquisa Emérita, CNRS, França Angeliki Drongiti Doutor em sociologia, Cresppa-CSU, França Leandro França Doutorando, Universidade Nova de Lisboa, Portugal Johann Cailhol Universidade Paris 13, UR3412, França Anaenza Freire Marescs Médico de doenças infecciosas, APHP, Paris, França Yannis Papadopoulos Pesquisador, IMS-FORTH, Grécia Izadora Xavier Doutora, Freie Universität, Alemanha Odile Henry Professora universitária, Paris 8, França Helena Hirata Diretora Emérita de Pesquisa, CRESPPA-GTM-CNRS, França Gustavo Beritognolo Professor, Universidade de Ottawa, Canadá Luc Bouganim Pesquisador, Inria, França Mariana Ramos Pitta Lima Doutoranda em saúde pública, Universidade Federal da Bahia, Brasil Valeria Ingenito Doutoranda, Università di Napoli L'Orientale, Itália Fanny Jedlicki Mestre de conferências, Rennes 2 University, França María Mercedes Di Virgilio Pesquisadora, Universidade de Buenos Aires / CONICET, Argentina Gaide Aden ATER em sociologia, Université de Tours, França Blandine Destremau Diretora de Pesquisa, CNRS, França Hélène Nicolas Professora Associada, Universidade de Paris 8, França Emilie Blanc ATER, Universidade de Lyon 2, França K. Mariquian Ahouansou Professor, American University of Paris, França Sara Garbagnoli Pesquisador em estudos de gênero, Legs, França Soraya Silveira Simões Professor, UFRJ, Brasil Engin Isin Professor, Mary University of London, Reino Unido Atenea Rosado Doutorando, Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos Bruno Dupeyron Professor, University of Regina, Canadá Helen Hintjens Mestre de conferências, Instituto Internacional de Estudos Sociais (Universidade Erasmus), Haia, Holanda Emmanuel Bellanger Diretor de Pesquisa, CNRS, França Susan McGrath C.M. Professora emérita, York University, Canadá Richard Toppo Doutorando, ISS, Haia, Holanda Yukari Sekine Doutorando, Instituto Internacional de Estudos Sociais, Holanda Ana Carolina Maciel Pesquisadora, UNICAMP, Brasil João Ribeiro Medeiros Doutorando, CBPF, Brasil Federica de Cordova Pesquisadora, Università di Verona, Itália Benjamin Leclercq Doutorando, Paris 8 University, França Nouria Ouali Professora da Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica Florent Pasquier Mestre de conferências, Université Sorbonne, França Patricia Lambert Professora, Ecole Normale Supérieure de Lyon, França Mathilde Moaty Doutorando em LATTS, Universidade Gustave Eiffel, França Nadia Vargaftig Professora associada, Universidade de Reims, França Marie Segonne Doutoranda, Paris 8 University, França Odile Hoffmann Diretora de Pesquisa, Instituto IRD de Pesquisa para o Desenvolvimento, França Daniela Andrade Doutorando, Instituto de Estudos Sociais, Holanda Nina Gren Mestre de conferências, Lund University, Suécia Doi Ra Doutorando, Instituto de Estudos Sociais, Mianmar Romain Gallart Pesquisador associado, Universidade Paris Nanterre, França Marie-Pierre Julien Professora associada, Universidade de Lorraine - Nancy - França Laurine Sézérat Pesquisador, Universidade Paris 8, França Laura Madrid Sartoretto Professora, UFRGS, Brasil Diego Lasio Pesquisador, Universidade de Cagliari, Itália Marie Walter-Franke Doutoranda, Universidade Livre de Berlim, Alemanha Julianna Colonna Doutoranda, Universidade de Pau, França Renata Cavalcanti Muniz Doutoranda, ISS - Erasmus University Rotterdam, Holanda K Cheney Mestre de conferências, Inst. Internacional de Estudos Sociais, Haia, Holanda Armelle Jacquemot Professora-pesquisadora, Universidade de Poitiers, França Luin Goldring Professor de Sociologia, York University, Canadá Anne Sauvagnargues Professora de filosofia, Universidade de Paris Nanterre, França Alexandra Mirowski Rabelo de Souza Doutoranda, York University, Canadá João Villaverde Doutorando em Administração Pública e Governo, EAESP-FGV, Brasil Leonardo Bueno Pesquisador, FGV EAESP, Brasil Mi Medrado Doutoranda, Ucla, Estados Unidos Octavio de Barros Economista, fundador da Associação República do Amanhã-Brasil, Brasil Grace Barakat Doutoranda, York University, Canadá Luana da Silva Ribeiro Doutoranda em economia, Unesp - Brasil Marcos Roberto dos Santos Professor, FAMP, Brasil Virginie Baby-Collin Professora de Geografia, Universidade de Aix-Marseille, França Oane Visser Mestre de conferências, ISS da Erasmus University Rotterdam, Holanda Brian C.J. Singer Professor, Glendon College, York University, Canadá Fabio Pucci Doutorando, UFSCar, Brasil Barbara Poggio Professora, Universidade de Trento, Itália Amber-Lee Varadi Doutoranda, York University, Canadá Roberto Leher Professor, UFRJ, Brasil Jean-Marc Pétillon Pesquisador, CNRS, França Georges Flexor Doutor, UFRRJ, Brasil Liliana Petrilli Segnini Professora de Sociologia, Unicamp, Brasil José Artur dos Santos Ferreira Professor, UFOP, Brasil Herb Arst Professor Emérito de Genética Microbiana, Imperial College London, Reino Unido Laura Corradi Socióloga, Università Della Calabria, Itália Nicolas Bautes Professor pesquisador, geógrafo, França Stéphanie Deboeuf Pesquisadora, CNRS, França Martinet Gilles ATER na UPEC, França Georges Benguigui Pesquisador, CNRS, França Christophe Baticle Socioantropólogo, UPJV, França Anny King Fellow, Churchill College, University of Cambridge, Reino Unido Benvindo Manima Mestre, Universidade Federal Fluminense, Brasil Héloïse Nez Professora de sociologia, University of Tours, França Tulio Matencio Professor titular, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Luís Carlos Moro Secretário-geral / American Association of Jurists / Continental Laurent Gil Professor, UFOP, Brasil Michel Mayor Professor emérito, Universidade de Genebra, Suíça / Nobel de Física 2019 Cecile Lefevre Professora, Universidade de Paris, França Claudio Luis Donnici Professor, UFMG, Brasil Sophie Pène Professora, Universidade de Paris, França Marilia Oliveira Fonseca Goulart Professora da Universidade Federal de Alagoas, Brasil Sandra Sawaya Professora, USP, Brasil Charles Rice Professor, The Rockefeller University, Estados Unidos / Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2020 Cristiane Maria Cornelia Gottschalk Professora, USP, Brasil Danièle Kergoat Socióloga, CNRS, Paris Ricardo Olimpio de Moura Professor, Universidade Estadual da Paraíba, Brasil Luciana dos Santos Duarte Doutoranda, Universidade Federal de Minas Gerais / Instituto Internacional de Estudos Sociais - Brasil / Holanda Steffen Fischer Pesquisador, Greenside Design Centre (Johannesburg), África do Sul Janaína Vieira Mestranda, USP, Brasil Marco Bacio Doutorando, Universidade de Milão, Itália Kaja Antlej Mestre de conferências, Deakin University, Austrália Heike Drotbohm Professora de Antropologia, Universidade de Mainz, Alemanha Luc Bonte Presidente do FONCABA asbl, Bélgica Peter Wagner Professor / Pesquisador, ICREA e Universidade de Barcelona, Espanha Christian Lavault Professor Emérito, Sorbonne University Paris 12, França Simonne Teixeira Professora, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Brasil Renee Sylvain Professora, Universidade de Guelph, Canadá Paulina Garcia Del Moral Mestre de conferências, Universidade de Guelph, Canadá Marie Chenet Mestre de conferências, Université Panthéon-Sorbonne, França Marina Cadaval Doutoranda, ISS-EUR Holanda, Holanda Romain Busnel Doutor em Ciências Políticas, Universidade de Lille, França Artemisa Flores Espinola Mestre de Conferências em sociologia, Universidade Paris-Est Créteil, França Daniela Cherubini Pesquisadora, Università Degli Studi di Milano-Bicocca, Itália Yolande Benarrosh Professora de Sociologia, Universidade de Aix-Marseille, França Vicente Martínez Barrios Professor Associado, Universidade de Brasília, Brasil Daniel Cefai Diretor de estudos da EHESS, França Gianmaria Colpani Doutor, Universidade de Utrecht, Holanda Stefania Voli Pesquisadora, Università di Milano Bicocca, Itália Carlos Corredor Reitor, Universidad Simón Bolívar, Colômbia Aurélie Damamme Professora, Universidade Paris 8, França MF Deligne IE / CNRS / França Chantal François Pesquisador, INSERM, Paris, França Matteo Botto Doutorando, Universidade de Gênova, Itália Rita Monticelli Professora, Universidade de Bolonha, Itália Carmela Ferrara Doutoranda, Universidade de Napoli Federico II, Itália Maria Peixoto Doutoranda, OntarioTech University, Canadá Chiara Paglialonga Doutoranda, Universidade de Pádua, Itália Yazid Ben Hounet Pesquisador do CNRS, Laboratoire d'Anthropologie Sociale, Paris, França Claude Calame Professor. Dr., Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais, Paris, França Rose-Marie Lagrave Diretora de estudos da EHESS, Paris, França Christelle Rabier Mestre de conferências, EHESS (Marselha), França Sophie Bobbé Antropóloga, Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais, França Carmen Lucia Soares Professora, Unicamp, Brasil Angela Aisenstein Professora, Universidad Nacional de Luján, Argentina Rocio Guadarrama Olivera Professora-pesquisadora, Universidad Autónoma Metropolitana, México Geraldine Jourdain Doutoranda, Universal Technical Institute, Japão Giuseppe Burgio Professor, Università ""Kore"" di Enna, Itália Zeynep Kaşlı Mestre de conferências, Instituto Internacional de Estudos Sociais, Holanda Manuel Moreno Professor, Universidad Nacional de Luján, Argentina Brigitte Morand Professora-pesquisadora, Clermont Auvergne University, França Vincenza Perilli Pesquisador precário - Itália Fernando Bomfim Mariana Professor, Universidade de Brasília, Brasil Maria Arminda do Nascimento Arruda Professora titular de sociologia, USP, Brasil Dr. Conor Douglas Mestre de Conferências, York University, Canadá Julie Sedel Professora, Université de Strasbourg, França Laura Lucia Parolin Mestre de Conferências, University of Southern Denmark, Dinamarca Yolaine Gassier Doutoranda, Universidade de Aix-Marseille, França Sharie Neira Rios Doutoranda, da Universidade de Paris, França Pierre Bataille Mestre de Conferências, UGA , França Frédéric Lebaron Professor de sociologia ENS Paris-Saclay, França Inês Bragança Professora, Unicamp, Brasil Alberica Bazzoni Pesquisadora, ICI Berlin Institute for Cultural Inquirt, Alemanha Peter Ratcliffe Diretor de Pesquisa Clínica, The Francis Crick Institute, Londres, Reino Unido / Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2019 Sandra Challin Pesquisadora, CNRS, Paris, França Romain Leclercq, Doutorando, Université Paris 8, França Maira Abreu Pós-doutoranda USP/Cresppa , Brasil/França TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Com o estresse causado pelo distanciamento social, preocupações e perdas de entes queridos, o simples gesto de publicar fotos de viagens pode desencadear uma série de comentários ofensivos nas redes sociais e prejuízos também a pontos turísticos e redes hoteleiras. A reação potencializada durante a pandemia recebeu até nome: “travel shaming” (constrangimento de viagem, em português). Na prática, consiste no ato de criticar publicamente algum viajante, geralmente na internet, por entender que ele teve uma conduta irresponsável. Esse tipo de comportamento ganhou destaque no último ano quando celebridades e influenciadores digitais foram cancelados após publicarem nas redes conteúdos considerados inapropriados para o momento. Em caso recente, o jogador Marcelo, do Real Madrid e com passagens pela seleção brasileira, recebeu uma enxurrada de críticas no seu perfil do Instagram depois de postar uma foto com a família na orla de uma praia de Valência, na Espanha. Todos estavam sem máscara. Além das reações negativas dos internautas, o atleta e os familiares foram multados em € 2.700 (cerca de R$ 18 mil) pelo Departamento de Justiça da cidade por furar o bloqueio perimetral imposto como medida restritiva para frear a pandemia e também pela não utilização de máscara. Vários outros casos semelhantes pelo mundo fizeram até o papa Francisco condenar aqueles que viajaram em meio à pandemia. “Eles não pensaram naqueles que estavam ficando em casa, nos problemas econômicos que atingiram várias pessoas durante o lockdown, nas pessoas doentes, apenas em sair no feriado e se divertir”, disse o pontífice em janeiro. Mais que constrangimentos pessoais, o “travel shaming” pode atingir diferentes esferas do setor turístico e impactar de forma negativa a reputação de marcas ou destinos, afirma Alan Guizi, professor de turismo da Universidade Anhembi Morumbi. Segundo ele, ferramentas que mapeiam o perfil e comportamento dos consumidores nas redes sociais e nos sites possibilitam ações de marketing e comunicação mais personalizadas. A estratégia estimula a criação das chamadas tribos de consumo, nas quais pessoas buscam marcas por afinidades, crenças e valores. “Quando alguém publica uma foto em um hotel em situações de risco de contágio, por exemplo, seus seguidores podem entender que o estabelecimento não tem adotado os protocolos de segurança adequados. Com isso, pessoas que antes se viam representadas por essa marca passam a negá-la”, diz Guizi. “No caso de um destino, o internauta pode ter a impressão de que está largado.” Na era do cancelamento, a crítica ao comportamento alheio se estende àqueles que consideram suas viagens necessárias. Uma vez por mês, o médico ortopedista Vitor Luis Pereira, 31, viaja de São Paulo para Salvador, na Bahia, para encontrar a namorada, também médica. Em períodos de menos restrições na capital baiana, o médico conta que chegou a ir à praia, mas usando máscaras, álcool em gel e mantendo distância das outras pessoas. Em fotografias que publicou sem máscara, ele recebeu críticas e foi questionado sobre o passeio na pandemia. “Já publiquei foto no aeroporto e me perguntaram se eu só viajo e não trabalho”, afirma Pereira. “Depois de jornadas duras, publico fotos de poucos momentos de lazer e recebo críticas. Então, temos de postar só o que é ruim?” Para evitar outros julgamentos nas redes, o médico diminuiu a frequência das publicações. Antes, intercalava um storie no Instagram [vídeo curto que desaparece a cada 24 horas] de trabalho com um de lazer. “Agora a proporção é cinco para um”, afirma. Medidas de restrições que nos levam a renúncias diárias aumentam o estresse e explicam em parte o movimento do “travel shaming” surgido na pandemia, diz Ana Gabriela Andriani, psicóloga especializada em fenomenologia existencial. “Muita gente não viaja para evitar contato com outras pessoas e também porque não tem condições financeiras na pandemia. Então, quando veem outras pessoas viajando, acabam ficando ressentidas e se perguntam: se eu faço esse sacrifício, por que ele não faz?”, avalia Andriani. “Vivemos um momento em que todos estão mais sensibilizados, o que faz com que a crítica ao outro aumente.” De acordo com a psicóloga, se por um lado as redes sociais podem ser vitrines de ostentação, por outro elas acabam se tornando espaço em que as pessoas descarreguem sentimentos negativos potencializados pela pandemia. Há ambiente propício para manifestações de raiva e de inveja, uma vez que não há contato físico para o enfrentamento. O psicoterapeuta clínico Rafael Bacciotti acrescenta que, em períodos de alto nível de estresse, as críticas tendem a crescer porque as pessoas procuram alguém para culpar. “Apontar o dedo para outra pessoa também é uma forma de lidar com o próprio sofrimento e vulnerabilidade, ainda que de forma inconsciente”. Embora tenha se intensificado nos últimos meses, o movimento de contestação de atividades turísticas já existia antes da pandemia. Lançado em 2013, o documentário “Blackfish” gerou discussão sobre determinadas atividades turísticas que envolvem interação com animais. O longa trata da baleia Tilikum, responsável pela morte de três pessoas, e das consequências de manter animais em cativeiro. “Nadar com botos em Manaus, por exemplo, pode não ser bem recebido nas redes. Hoje, o conteúdo pode inclusive romper fronteiras e render comentários pedagógicos, agressivos e reprovações”, diz Eveline Baptistella, professora de semiótica e pesquisadora de ética e sustentabilidade no turismo da Universidade do Estado de Mato Grosso. Na pandemia, essas cobranças foram potencializadas, e o receio do cancelamento tem mudado também a estratégia dos criadores de conteúdos de viagem na internet. Com mais de 110 mil seguidores no Instagram, André de Mello parou de publicar selfies e vídeos mostrando o rosto para se preservar na pandemia. “Muitas pessoas estão em casa e gostariam de viajar, mas não podem. Em respeito a elas, passei a adotar postura mais discreta e impessoal. Não dá para ter tom de animação”, afirma Mello, que na pandemia viajou para o Egito e para as Maldivas, lugares com maior controle do coronavírus. Uma dica para pessoas que querem publicar fotos de viagens é explicar na legenda os motivos do deslocamento e as circunstâncias do momento em que o registro foi feito, além de ressaltar os riscos na pandemia. “É preciso analisar se o discurso fere ou contraria alguém. Como podem ser interpretadas fotos de um rosto sem máscara ou com pessoas aglomeradas? É preciso pôr na balança”, diz Eveline. Criada nesta terça-feira (13) no Senado, a CPI da Covid deve se firmar como uma vitrine para senadores que são potenciais candidatos nas eleições do próximo ano. Dos 11 membros indicados por blocos partidários como titulares da CPI, 6 podem disputar governos estaduais e 2 devem concorrer à reeleição ao Senado em outubro de 2022. A CPI irá investigar ações e omissões da gestão Jair Bolsonaro na pandemia e a aplicação de verbas federais repassadas aos estados. Foi criada após determinação do STF, medida que irritou o presidente e provocou novo desgaste na relação entre os Poderes. Por tratar da pandemia da Covid-19, assunto mais relevante do país no momento, e por acontecer em um ano pré-eleitoral, a CPI tem um cenário ideal para ampliar o capital político de seus membros. Nas sessões da comissão, eles terão um espaço para demonstrar capacidade de trabalho, defender aliados e fustigar potenciais adversários nos estados. Tradicionalmente, as CPIs com grande repercussão no Brasil costumam servir de vitrine para os seus membros. A CPI dos Correios de 2005, por exemplo, catapultou nomes como Eduardo Paes (DEM-RJ), ACM Neto (DEM-BA) e Gustavo Fruet (PDT-PR), que posteriormente elegeram-se, respectivamente, prefeitos do Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba. Na CPI da Covid, o principal membro do campo governista será o senador Ciro Nogueira (PP), que comandará a parte da tropa de choque de Bolsonaro na comissão, atuando como uma espécie de anteparo para preservar o presidente. Em meio de mandato, o senador é pré-candidato ao Governo do Piauí no próximo ano e, com o apoio de Bolsonaro, tentará romper a hegemonia do grupo do governador Wellington Dias (PT), que trabalha o nome do secretário estadual Rafael Fonteles (PT) para a sucessão. Outro membro governista da CPI que já anunciou publicamente que pretende concorrer à eleição do próximo ano é o senador Jorginho Mello (PL), pré-candidato ao Governo de Santa Catarina. Na CPI, Mello terá a oportunidade de mirar a artilharia contra o governador afastado Carlos Moisés (PSL), que é alvo de um processo de impeachment pela compra, sem licitação, de 200 respiradores que nunca foram entregues. Carlos Moisés foi afastado do cargo pela segunda vez em março deste ano. Desde então, quem comanda o estado é a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido), que é aliada de Jorginho Mello. Também governistas, os senadores Eduardo Girão (Podemos) e Marcos Rogério (DEM) podem concorrer, respectivamente, aos governos do Ceará e de Rondônia em 2022. Eleito de forma surpreendente em 2018, Girão deve ser o nome da oposição no Ceará e polarizar nas urnas com o candidato da base do governador Camilo Santana (PT), ainda não definido. Girão foi o senador que propôs e colheu assinaturas para a criação de CPI da Covid para investigar estados e municípios, que acabou sendo unificada com a comissão criada para investigar o governo federal. Ao justificar sua posição de apurar estados e municípios, Girão mirou Camilo Santana e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), um dos nomes cotados para disputar a sucessão no Ceará em 2022. “Existem indícios de desvios dos recursos para o enfrentamento ao coronavírus em alguns entes federativos, inclusive no Ceará”, disse Girão, citando como possível alvo de investigação a compra pelo Consórcio Nordeste de respiradores que foram pagos, mas não foram entregues. Ele ainda citou suspeitas de fraudes na construção do hospital de campanha do estádio Presidente Vargas, obra tocada pela Prefeitura de Fortaleza. Dentre os sete nomes de partidos independentes ou de oposição que vão compor a CPI, dois podem disputar os governos estaduais e dois devem concorrer à reeleição ao Senado no próximo ano. Um deles é Eduardo Braga (MDB), senador em meio de mandato pelo MDB que é pré-candidato ao Governo do Amazonas no campo de oposição ao do governador Wilson Lima (PSC), que é aliado de Bolsonaro. Lima foi alvo de uma operação da Polícia Federal após a compra de respiradores considerados inadequados e com suspeita de sobrepreço por meio de uma adega importadora de vinhos de Manaus. O Amazonas também enfrentou um colapso na saúde no início deste ano, inclusive com falta de oxigênio nos hospitais para pacientes com Covid-19. Com postura independente no Senado, Braga é encarado como um nome mais palatável ao Planalto, que não terá maioria na CPI, para assumir um dos postos de comando da comissão, seja a presidência ou a relatoria. A estratégia é evitar que senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), críticos recorrentes do presidente, ocupem cargos de destaque e aumentem o desgaste que a investigação pode provocar. Na oposição frontal a Bolsonaro, o senador Randolfe Rodrigues está em meio de mandato e pode ser candidato ao Governo do Amapá. Desde o início da pandemia, ele tem evitado falar sobre a corrida eleitoral, mas aliados afirmam que o seu nome é o mais forte da oposição para enfrentar o grupo do governador Waldez Góes (PDT). O senador Renan Calheiros (MDB) não será candidato no próximo ano, mas a CPI será a grande oportunidade para ele retomar parte do prestígio que já teve nacionalmente, sendo presidente do Senado por três vezes. Esta retomada é crucial para manutenção do poder de seu grupo político em Alagoas, onde o seu filho, o governador Renan Filho (MDB), encerra seu segundo mandato e ainda não tem um candidato natural à sucessão. A visibilidade também serviria como um contraponto ao avanço do deputado federal Arthur Lira (PP), que ganhou espaço em Alagoas após ter sido eleito presidente da Câmara dos Deputados. A CPI ainda deve ter nomes como Humberto Costa (PT-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM), que foram indicados pelos blocos partidários. Os dois últimos estão em fim de mandato e devem disputar a reeleição para o Senado no próximo ano. Ligados ao governo Bolsonaro: Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) Independentes ou de oposição: Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Distribuição das vagas na CPI da Covid: Senadores suplementes: Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) Os blocos partidários oficializaram nesta quarta-feira (14) as indicações para a composição da CPI da Covid, confirmando a tendência de uma minoria governista na comissão. A comissão irá investigar ações e omissões da gestão Bolsonaro na pandemia e a aplicação de verbas federais repassadas aos estados. Os nomes foram entregues oficialmente à Secretaria Geral da Mesa.O próximo passo será a leitura da lista com os indicados pelo presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o que possibilita o agendamento da primeira reunião e a consequente instalação da CPI. ""Agora a presidência do Senado vai determinar a data da instalação da comissão parlamentar de inquérito, uma instalação presencial, em razão da eleição do presidente, que é preciso ser presencial e, logo na sequência, a definição de um relator"", afirmou Pacheco, após sessão do Senado. ""O presidente da CPI junto com o relator e demais membros definirão, dentro da regra do funcionamento presencial, quais atos podem ser praticados pelo sistema remoto, sistema virtual, e, com isso, garantir que a CPI funcione normalmente"", completou. A maior parte dos membros da comissão defende o início imediato dos trabalhos, seja por meio presencial ou semipresencial. Apesar dos esforços do Palácio do Planalto, o presidente pode ter de encarar adversários nos dois principais postos da comissão. Senadores que serão indicados para compor a CPI da Covid conversaram nesta quarta-feira (14) e articulam um acordo para que Renan Calheiros (MDB-AL) ocupe o cargo de relator. A relatoria é indicada pelo presidente da CPI. Para barrar o plano do MDB, seria possível então o governo articular que o comando da comissão seja do PSD, segunda maior bancada do Senado. Com isso, um aliado do Planalto ocuparia a presidência do colegiado e indicaria um relator também governista. A CPI da Covid foi criada na terça (13) com a leitura do requerimento. Pacheco decidiu unificar dois pedidos de comissões, criando uma única com escopo mais amplo, para investigar o governo federal e também os repasses de verbas para estados e municípios. A iniciativa de criar a CPI aconteceu em cumprimento à decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. O plenário do tribunal confirmou nesta quarta-feira (14) a liminar de Barroso. O STF decidiu ainda que cabe ao Senado definir o rito da comissão. Pacheco deu um prazo de 10 dias para que os blocos partidários indiquem os representantes, mas os nomes já foram apresentados nesta quarta. O objetivo dos partidos é dar início logo aos trabalhos. O presidente do Senado também vem sugerindo a senadores que a comissão funcione de maneira presencial —pelo menos que a instalação dela, na primeira sessão, ocorra desta forma. Depois disso, afirma que caberia ao presidente da CPI decidir, em negociação com os membros. ""Eu acho que é possível que nós comecemos a trabalhar de forma remota com algumas sessões semipresenciais e um certo ordenamento para a realização de depoimentos. A Justiça comum está trabalhando assim, o próprio Supremo e o próprio Congresso Nacional estão trabalhando assim."", disse o senador Humberto Costa (PT-PE), indicado para fazer parte da comissão. As ações do governo para retardar a instalação da comissão falharam, principalmente após a indicação dos 11 membros do colegiado. A estratégia agora é aumentar as articulações para definir a divisão dos principais cargos. O MDB vem pleiteando a relatoria, com base no critério da proporcionalidade, por ter a maior bancada —conta com 15 parlamentares. O nome de Renan Calheiros ganhou força nesta quarta-feira, quando pelo menos 6 dos 11 indicados para a comissão se manifestaram favoráveis ao senador alagoano —portanto a maior parte dos integrantes do grupo. A saída do governo é conseguir eleger um aliado na presidência da CPI que aceite barrar a pressão pela relatoria de Renan. Nos bastidores, líderes do governo ainda tentam convencer outros senadores a escolherem outro emedebista, o líder da bancada, Eduardo Braga (AM). Avaliam que ele seria mais moderado para o cargo. Dizem ainda que a CPI foi motivada pelo colapso no sistema de saúde de Manaus, capital do estado de Braga. No entanto os governistas devem enfrentar dificuldades para emplacar preferências por serem minoria na comissão e terem por ora só 4 dos 11 prováveis titulares: Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC), Ciro Nogueira (PP-PI) e Eduardo Girão (Podemos-CE). Em relação à presidência, a oposição tenta um acordo para que Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento de abertura da CPI, seja eleito. Mas alguns senadores acham que isso não irá prosperar. Em princípio, houve um movimento para que Tasso Jereissati (PSDB-CE) comandasse a comissão, mas ele não quis. Depois, foi sugerido que Omar Aziz (PSD-AM) fosse presidente, mas a maioria não concordaria com a indicação dele. O martelo sobre o desenho da comissão não está batido. O PSD já informou internamente que vai brigar pela presidência, por ser a segunda maior bancada da Casa. O problema é que o outro nome da bancada, Otto Alencar (PSD-BA), é apontado como mais independente ou mesmo de oposição aberta ao presidente Bolsonaro. Para a escolha da cúpula da CPI da Covid, o colegiado deverá seguir o que tradicionalmente ocorre em comissões de parlamentares de inquérito. A escolha do presidente é feita por eleição, por isso, prevalece a decisão da maioria. Na prática, a eleição é normalmente definida por antecipação, em um grande acerto, embora seja possível candidaturas avulsas de partidos menores. Formalmente a escolha do relator cabe ao presidente do colegiado. Como a CPI tem potencial danoso ao governo, ainda não há acordo em relação a este posto. ""É uma lógica da tradição. A maior bancada indica o relator, e a presidência fica com o signatário"", disse à Folha o senador Randolfe Rodrigues. ""Eu estou pronto para qualquer serviço."" Rodrigues também afirmou apoiar a escolha de Renan Calheiros como relator. ""Ouvi falar que, mais do que a mim, o governo teme o Renan. Isso me leva a crer que o Renan será um ótimo relator"", ironizou o senador da Rede. A Folha mostrou nesta quarta que o Planalto prefere ter nomes moderados nos principais postos da comissão. Calheiros e Randolfe são considerados de oposição. Após a decisão do STF, o governo também desistiu de pressionar bancadas mais próximas para que substituísse membros mais independentes por outros alinhados ao Palácio do Planalto, caso do próprio PSD. Sem a maioria da composição da CPI, governistas adotaram um discurso para minimizar a derrota. Afirmam que uma comissão aparelhada não daria credibilidade à investigação. Portanto, é melhor o governo apresentar sua defesa a um grupo independente. Além disso, a avaliação é que, dessa forma, Bolsonaro estará mais atento à CPI, reduzindo riscos de declarações do presidente ou depoimentos de integrantes do governo com potencial de desgastar ainda mais a imagem do Planalto. As atividades deliberativas das CPIs são definidas todas por maioria dos presentes, observado o quórum. Por exemplo, para convocar um governador ou autoridade, é preciso presença da maioria absoluta dos membros da comissão, ou seja, seis senadores. Do total dos membros presentes em determinada sessão, os requerimentos serão aprovados pela maioria.  Ligados ao governo Bolsonaro: Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) Independentes ou de oposição: Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Distribuição das vagas na CPI da Covid: Senadores suplentes: Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) (*) As indicações ainda precisam ser lidas em plenário para serem confirmadas (e podem ser alteradas até que seja feita a leitura) O Uruguai, que já foi exemplo no combate à pandemia de coronavírus na América Latina, atualmente tem a maior quantidade de novos casos diários per capita do mundo. Segundo balanço da agência de notícias AFP, o país registrou cerca de 1.370 novas infecções por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, enquanto nenhuma outra nação superou os 1.000 contágios diários por 100 mil habitantes nesse período —o Brasil tinha 335,65 casos por 100 mil habitantes nesta terça (13). Na segunda-feira (12), o governo uruguaio registrou o maior número de mortes em 24 horas desde o início da crise sanitária, com 71 óbitos por Covid-19. O país de 3,5 milhões de habitantes soma agora cerca de 149 mil infectados e 1.595 mortos pela doença. O aumento de contágios põe em risco o atendimento no sistema de saúde do país. Segundo um boletim da Sociedade Uruguaia de Medicina Intensiva divulgado na segunda-feira, 77% das UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) do país estão ocupadas. Deste total, 53% são de pacientes infectados com a Covid-19. Antes exemplo regional por sua bem-sucedida gestão da pandemia, o país vive seu pior momento da crise sanitária. O presidente Luis Lacalle Pou, porém, mostrou-se relutante em endurecer as medidas existentes sob a justificativa de que seu governo não acredita em ""um Estado policial"". O país, que nunca decretou quarentena obrigatória, suspendeu as aulas presenciais pelo menos até maio. Também estão proibidos espetáculos públicos, e alguns escritórios públicos não essenciais estão fechados. Por outro lado, estabelecimentos comerciais de todos os setores, incluindo bares e restaurantes, permanecem abertos. Na noite de terça-feira, um forte panelaço pôde ser ouvido em vários bairros da capital Montevidéu por mais medidas para conter os contágios. A convocação foi feita pelas redes sociais, por meio da hashtag #UruguayCacerolea. Até o momento, no entanto, a administração parece ter apostado suas fichas em seu programa de vacinação, iniciado em 1º de março. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, cerca de 214 mil pessoas receberam as duas doses da vacina, o que representa apenas 6,21% da população do país. Mais de 1 milhão de doses foram aplicadas e 26% da população recebeu pelo menos uma dose do imunizante —o país comprou vacinas da Pfizer e da chinesa Sinovac, fabricante da Coronavac. Na semana passada, Lacalle Pou pediu que as pessoas contem pelo menos duas semanas depois da segunda dose da vacina para relaxar as medidas de precaução. ""A crença de que só a primeira dose funciona está ajudando na circulação do vírus"", disse ele. A situação do Brasil também preocupa o governo uruguaio —as duas variantes brasileiras já circulam no país vizinho. No mês passado, o governo iniciou a vacinação para brasileiros com dupla nacionalidade na fronteira com o Rio Grande do Sul. Os imunizantes, entretanto, são apenas para moradores do lado uruguaio, com residência fixa, ou a pessoas que trabalham no país, mas vivem em cidades brasileiras. O presidente Jair Bolsonaro reagiu à decisão do ministro Luís Roberto Barroso (STF) de determinar a instalação da CPI da Covid pelo Senado na última quinta-feira (8), ao cobrar que o mesmo argumento seja usado em pedidos de impeachment contra ministros do Supremo e incitar aliados a pautarem o tema. Depois dessa decisão de Barroso, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) ingressou com um mandado de segurança no Supremo sustentando que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), estaria sendo omisso ao não dar seguimento ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes —solicitado por ele no início de março. Para Kajuru, a exemplo da decisão no caso da CPI, o STF deveria fazer tal determinação. Nesta terça-feira (13), ao saber que o ministro Kassio Nunes Marques será o relator desse pedido de Kajuru, Bolsonaro riu e voltou a insinuar que Barroso agiu com finalidade política no caso da CPI, crítica já rebatida tanto pelo ministro quanto oficialmente pelo Supremo. “Eu não interfiro em lugar nenhum. Foi clara a decisão de um ministro do Supremo para apurar denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro”, disse. Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que as situações não são semelhantes. No caso de impeachment de ministro do Supremo, o presidente do Senado não é obrigado a dar seguimento a um pedido recebido. Já em relação à CPI, a jurisprudência do Supremo entende que se trata de um direito da minoria e que, segundo a Constituição, preenchidos os requisitos para a sua criação, ela deve ser aberta. Há hoje no Senado pedidos de impeachment contra diferentes ministros do STF, mas, a exemplo do que ocorre com diversos pedidos contra o presidente Jair Bolsonaro na Câmara, eles estão na gaveta —não tiveram seguimento, tampouco foram arquivados. Das três principais casas da Praça dos Três Poderes, em Brasília (Presidência, Congresso e STF), o Supremo é a única que nunca perdeu um integrante a partir de uma denúncia de crime comum ou de responsabilidade.  Como funciona a tramitação do impeachment contra ministros do STF? Há diferenças em relação ao processo contra o presidente da República? Pesquisadora do Supremo em Pauta da FGV e doutoranda em Direito do Estado pela USP, Ana Laura Barbosa explica que qualquer cidadão pode apresentar a denúncia nos dois casos, mas a diferença entre os processos está no juízo sobre a admissibilidade da denúncia, que pode ser feita por qualquer cidadão. No caso do presidente da República, pautar o processo de impeachment é uma prerrogativa do presidente da Câmara e precisa do voto de 342 de um total de 513 deputados federais para ser autorizado e seguir para o Senado. Em seguida, nesta Casa Legislativa, é preciso que a admissibilidade do processo seja aprovada por maioria simples, numa sessão com no mínimo 41 dos 81 senadores. Ao final do processo, para que o presidente perca o mandato é preciso o voto de 54 senadores. No caso de ministros do STF, apenas o Senado atua no processo. O pedido é encaminhado para a Comissão Diretora, e é uma prerrogativa do presidente da Casa, atualmente o senador Rodrigo Pacheco, decidir se os senadores analisarão o mérito ou se o pedido será arquivado. Para que um ministro seja destituído do Supremo também é preciso o aval de 54 senadores. Que condutas correspondem a crimes de responsabilidade no caso de ministros do STF? São cinco condutas, previstas na lei 1.079 de 1950. A primeira delas prevê crime de responsabilidade que integrante do Supremo altere, por qualquer forma, exceto por meio de recurso, a decisão ou voto já proferido em sessão da corte já encerrada. Segundo avalia Ana Laura (FGV), este não seria o caso de mudanças de voto no decorrer de um julgamento ainda não encerrado, como feito pela ministra Cármen Lúcia no caso sobre a suspeição do juiz Sergio Moro em processo contra Lula. Outro crime é realizar julgamento, quando, por lei, seja suspeito na causa. O exercício de atividade político-partidária também pode gerar responsabilização, assim como ter conduta negligente no cumprimento dos deveres do cargo e agir de modo incompatível com a honra dignidade e decoro das funções. A lei ainda prevê a possibilidade de responsabilização por crimes contra a lei orçamentária em caso de condutas ordenadas ou praticadas pelo presidente do Supremo ou seu substituto quando eventualmente precisarem exercer a Presidência da República. “Nenhum desses dispositivos abre qualquer abertura para responsabilizar um ministro por suas próprias opiniões, por seus votos ou pelo juízo que ele faz do direito. Isso está fora de questão e é uma violação à separação dos Poderes”, afirma Ana Laura. A pesquisadora cita casos anteriores, como pedidos de impeachment protocolados contra o então ministro Celso de Mello após seu voto no julgamento sobre a criminalização da homofobia. “A responsabilização por crime de responsabilidade não envolve o que o ministro pensa. Isso é uma base da democracia que não pode ser abandonada”, diz. O presidente do Senado tem obrigação de criar comissão para analisar um pedido de impeachment de ministros do STF? Não há obrigatoriedade para que o presidente do Senado admita um processo de impeachment contra ministro da corte, da mesma forma como não existe tal determinação no caso de pedidos contra o presidente da República. Na ação em que alega que o presidente estaria sendo omisso ao não dar seguimento ao processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, o senador Kajuru argumenta que, de acordo com a lei dos crimes de responsabilidade, “recebida a denúncia pela Mesa do Senado, será lida no expediente da sessão seguinte e despachada a uma comissão especial, eleita para opinar sobre a mesma."" Na sequência, ele afirma que o fato de a denúncia não ter sido lida na sessão seguinte nem ter sido encaminhada para comissão especial comprovaria o ato de omissão. “Ora, até a presente data a denúncia SF 03/2021 [pedido de impeachment] não foi lida na sessão seguinte seguinte ao seu recebimento pela Mesa do Senado, e tampouco despachada, pela autoridade coatora, a uma comissão especialmente criada a opinar, comprovando o ato omissivo da autoridade impetrada”, consta no processo que foi distribuído ao ministro Nunes Marques. De acordo com a professora Carolina Cyrillo, professora de direito constitucional e administrativo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o pedido faz uma leitura imprópria do que seria o recebimento da denúncia. “Receber a denúncia não é só o fato de protocolar e ela automaticamente é recebida, a palavra receber a denúncia é uma palavra técnica em direito penal, que significa uma decisão motivada, ou uma decisão que instaura o processo penal. E, como o crime de responsabilidade é processo penal, a palavra recebida tem que ser lida no sentido técnico”, afirma. Ana Laura (FGV) reforça que a fala de Bolsonaro é uma tentativa de equiparar coisas que são muito diferentes entre si. A decisão de Barroso, reforça, está amparada pelo artigo 58 da Constituição, que determina a instauração da CPI uma vez que os requisitos estejam preenchidos. “Nisso tem uma jurisprudência muito consolidada no STF de que a instauração de CPI é um direito de minoria e por isso tem que ser garantido. É muito diferente do pedido de impeachment, em que tem esse juízo de admissibilidade”, diz. Não foi a primeira vez que o STF determinou a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, no governo Lula, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos e, em 2007, a do Apagão Aéreo —em 2014, sob Dilma Rousseff, a da Petrobras. O presidente do Senado poderia ser considerado omisso por não criar comissão para analisar o pedido? Neste aspecto, há alguma diferença entre pedidos de impeachment apresentados contra o presidente da República e ministros do STF? Não. A pesquisadora do Supremo em Pauta afirma que a situação lembra o questionamento que é feito por especialistas sobre a Câmara, onde dezenas de pedidos de impeachment se acumularam ao longo do mandato do presidente Bolsonaro, sem que fossem pautados pelo ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pelo atual, deputado Arthur Lira (PP-AL). “No caso do Senado, o juízo é se há requisitos mínimos. No do presidente da República há um juízo político, além do jurídico, mas é possível essa equiparação. Não dá para o presidente do STF determinar que o presidente da Câmara dê início ao processo de admissibilidade do impeachment da República”, afirma Ana Laura. O professor de direito constitucional da USP Elival da Silva Ramos argumenta ainda que, diferentemente do pedido de CPI, como o pedido de impeachment pode ser feito por qualquer cidadão, é razoável esperar que muitos pedidos de impeachment possam ser descabidos. “Daí a importância que tem a apreciação desses pedidos pelo presidente da Casa.” Ele critica, entretanto, a demora na avaliação. Na visão dele, se um pedido não tem fundamento, deveria ser arquivado de pronto, mas, no caso de haver requisitos mínimos, deveria ser encaminhado ou pautado, e não ficar engavetado, servindo como ferramenta de pressão política. No caso do pedido feito contra o ministro Alexandre de Moraes pela prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), é possível dizer que houve crime de responsabilidade? Especialistas ouvidos pela Folha avaliam que não. Para Ana Laura, discutir a interpretação jurídica feita pelo ministro ao determinar a prisão é muito diferente de classificar a conduta dele como crime de responsabilidade. “No caso, o argumento do mandado de segurança que foi sorteado para o ministro Kassio Nunes fala em violação à liberdade de expressão e à liberdade parlamentar. Eu tenho as minhas dúvidas se a decisão viola esses elementos, mas, se fosse, seria um argumento jurídico. Isso não é crime de responsabilidade”, diz. A professora Carolina Cyrillo (UFRJ) concorda que o teor do pedido não se enquadra nas previsões de crime de responsabilidade para ministros do STF. Ela faz uma ressalva, no entanto, de que a lei poderia especificar melhor tais crimes. “Em países civilizados, existem crimes de responsabilidade mais bem definidos que dizem respeito a abuso, a gente não tem uma coisa tão clara na nossa normativa quanto poderia ter.” Ela argumenta que ter uma lei mais precisa em relação a este ponto seria importante para que os próprios magistrados pudessem se defender de eventuais acusações. “Como é que o ministro Alexandre de Moraes se defende de uma acusação de que ele fez abuso se não tem um tipo penal, não tem uma lei, que descreva quais são os abusos de forma precisa?”, questiona. Em caso de crime de responsabilidade Quais são os crimes de responsabilidade de um ministro do STF? Legislação omissa Como nunca houve um caso do gênero, a legislação não é clara sobre os detalhes de como um processo por crime comum deveria ser iniciado. Mas tanto o STF, a PGR (Procuradoria-Geral da República) e especialistas entendem que a investigação e eventual denúncia deveria ficar a cargo da PGR, encarregada de pedir diligências e coletar provas na fase de inquérito Uma técnica de enfermagem foi presa na tarde de terça-feira (13), em São Gonçalo (RJ), por furtar uma seringa com doses restantes de vacinas contra a Covid-19. Ela foi afastada. Policiais militares abordaram Luciana Soares dos Santos próximo ao posto onde ela trabalha, revistaram sua bolsa e encontraram o material dentro de uma garrafa com gelo. A mulher foi autuada em flagrante pelo crime de peculato, que prevê pena de 2 a 12 anos de prisão, além de multa. A reportagem da Folha não conseguiu contato com seus advogados de defesa. Até o início da noite desta quarta (14), a polícia não havia informado se ela continua presa. Policiais militares abordaram a mulher próximo ao posto onde ela trabalha, revistaram sua bolsa e Segundo a Polícia Civil, em depoimento a técnica afirmou que a dose era uma combinação de sobras de aplicação da vacina Coronavac e que o imunizante seria aplicado em seu marido. Segundo ela, a prática de aproveitar os restos de vacinas é comum nos postos para não desperdiçar o material. Cada frasco da vacina tem uma pequena reserva de segurança para garantir a dose correta. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, o reaproveitamento das sobras, no entanto, pode trazer riscos, porque não há eficácia comprovada da efetividade do imunizante após o procedimento. A técnica afirmou que o procedimento teve o aval da supervisora do posto. A Polícia Civil investiga se houve a participação de outras pessoas e se o fato ocorreu mais vezes. A Prefeitura de São Gonçalo afirmou, em nota, que já afastou a técnica de enfermagem e a supervisora da unidade. Uma sindicância será aberta para apurar a conduta das servidoras, que poderão ser demitidas. Segundo a nota, trata-se de um fato isolado. Segundo município mais populoso do Rio de Janeiro e o 16º do país, São Gonçalo tem 1.091.737 habitantes, segundo dados de 2020 do IBGE. O município registrou 67.054 casos confirmados de Covid-19 e 1.735 mortes. Há relatos de outros casos no estado. Uma enfermeira de Barra Mansa (SRJ) está sob investigação sob suspeita de infração durante aplicação de vacina. Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver que a agente de saúde deixa uma seringa dentro de uma caixa e, em fração de segundos, retira o que parece ser outra seringa. Não há informação sobre a data exata em que o vídeo foi feito nem sobre a identidade da enfermeira. Em São Paulo, por causa de relatos de falhas na aplicação de vacinas, os protocolos foram reforçados para dar mais transparência ao processo e reduzir a desconfiança da população. Em Maceió, uma funcionária da prefeitura chegou a ser afastada após ser flagrada aplicando a vacina sem apertar o êmbolo —o que, na prática, inviabiliza a aplicação. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira (14) confirmar a decisão do ministro Luís Roberto Barroso de mandar o Senado instalar a CPI da Covid. Por 10 votos a 1, os ministros concordaram que, como a minoria da Casa Legislativa conseguiu apoio de um terço dos parlamentares, há o direito de abrir uma comissão para apurar ações e possíveis omissões do governo Jair Bolsonaro na condução da crise sanitária decorrente da pandemia do coronavírus. A decisão representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro, que trabalhou para evitar a instalação da comissão, e reforçou a pressão sobre o Senado. O placar também indicou uma unidade do Supremo em meio à crise entre os Poderes e aos ataques de Bolsonaro a Barroso após a decisão monocrática do ministro. Até o ministro Kassio Nunes Marques, indicado pelo atual presidente e tratado como aliado por bolsonaristas, endossou a maioria. Na votação desta quarta, os magistrados entenderam que estão presentes os três requisitos exigidos pela Constituição para criação de CPI, que são, além da assinatura de ao menos 27 senadores, a indicação de fato determinado a ser investigado e a definição de prazo de duração. Apenas o ministro Marco Aurélio divergiu. Ele defendeu que decisões tomadas pelo relator de maneira individual em mandados de segurança não precisam ser analisadas pelo plenário. O magistrado não votou em relação ao mérito da ordem de instalação da CPI e apenas afirmou que não concordava com a forma do julgamento. “O que ocorre se o plenário admitir hoje o instituto do referendo da liminar em mandado de segurança? Estará a impetração esvaziada. Estará inobservada a própria lei que rege essa interpretação, no que sinaliza que a atribuição para implemento de tutela de urgência ou para indeferir a tutela é unicamente do relator”, disse. Após a ordem judicial de Barroso, Bolsonaro mobilizou sua base aliada e conseguiu ampliar o objeto da CPI para que também apure os repasses do governo federal a estados e municípios, o que dilui a pressão de uma investigação focada apenas no Palácio do Planalto. O requerimento de criação da CPI foi lido na terça-feira (13) pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Em meio à pressão da base governista para tentar minar a comissão, Pacheco decidiu unir dois requerimentos apresentados por senadores, formando uma única comissão que, além de investigar a gestão do presidente Bolsonaro, também tratará de repasses de verbas federais para estados e municípios. No julgamento desta quarta-feira, o STF deixou claro que a decisão respeita a jurisprudência da corte que prevê decisão para determinar a criação da comissão quando estão presentes os três requisitos previstos na Constituição. Os ministros afirmaram, porém, que a ordem do Supremo não representa uma intromissão nos trabalhos do Legislativo. Isso quer dizer que o Supremo não determinará data de instalação, composição do colegiado nem cronograma de trabalho da CPI. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. A decisão do plenário do Supremo foi recebida pelos senadores como uma pressão contra eventuais medidas que busquem retardar a comissão. Pouco antes da leitura do requerimento da CPI, na terça, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), pediu que a instalação só ocorresse quando os senadores e demais envolvidos estivessem imunizados contra a Covid-19. No plenário do Supremo, porém, não houve indicações dos ministros para deixar os trabalhos para depois da pandemia, como chegou a ser cogitado, e líderes de bancadas avaliaram que a decisão colegiada cumpriu a Constituição. ""É o seguimento estrito do que diz a Constituição. Não há espaço para criatividade excessiva"", afirmou o líder do Cidadania, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um dos congressistas que ingressaram com mandado de segurança requerendo a instalação da CPI. Um líder governista avaliou que a decisão da corte se ateve à questão do direito à instalação da CPI, sem adentrar a questão da pandemia. Por isso, para ele, nada impede que senadores recorram de novo ao STF, agora para retardar ou paralisar os trabalhos em função da crise da Covid. Na sessão do Supremo, Barroso afirmou que a Constituição é expressa em afirmar que não cabe juízo político do presidente das Casas Legislativas para decidir sobre abertura ou não de uma CPI. “Trata-se de garantia que decorre da cláusula do Estado democrático de Direito e que viabiliza às minorias parlamentares o exercício da oposição democrática. Tanto é assim que o quórum é de um terço dos membros da Casa Legislativa, e não de maioria”, afirmou. A decisão de Barroso foi duramente criticada por Bolsonaro, que acusou o ministro de atuar com viés político e disse que o Supremo interfere nos demais Poderes. Pacheco, que se elegeu para comandar o Senado com apoio do governo, também criticou a decisão. Ele qualificou a decisão do STF de equivocada e disse que, neste momento, “com a gravidade que a pandemia nos exige união, vai ser um ponto fora da curva”. Os ministros analisaram mandado de segurança apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Eles haviam apresentado o pedido de instalação de CPI ao presidente do Senado e, diante da resistência em acolher a solicitação, acionaram o Supremo. A crise política desencadeada com a decisão de Barroso foi ampliada após Kajuru divulgar um diálogo que teve com Bolsonaro por telefone em que o tema era o assunto entre os dois. Na ligação, o presidente pressiona o senador para ampliar o objeto da CPI e pede para o parlamentar também pedir ao Supremo que seja determinada a abertura de impeachment contra ministro da corte no Senado. Ao votar nesta quarta, Barroso afirmou que a jurisprudência do Supremo é pacífica quanto a permitir aos parlamentares que tenham proposto a criação de CPIs no Congresso Nacional recorreram à corte para postular a sua instalação. ""Nas democracias, a Constituição institucionaliza e limita o exercício do poder político. E, na maior parte dos países, é a Suprema Corte ou o tribunal constitucional que interpreta adequadamente esse limites"", afirmou Barroso. ""Diversos países do mundo vivem recessão democrática. Exemplos conhecidos são Hungria, Polônia, Turquia, Rússia, Geórgia, Venezuela. Todos eles, sem exceção, assistiram processos de ataques e esvaziamento de seus tribunais constitucionais. Quando a cidadania daqueles países já era tarde. Reafirmar o papel das Supremas Cortes de proteger a democracia e os direitos fundamentais é imprescindível ato de resistência democrática."" O ministro disse que não há de criativo, original ou inusitado na decisão liminar concedida por ele. ""Concedi à luz da doutrina. Quanto à jurisprudência, o tema foi objeto de apreciação pelo STF em diversas ocasiões, com a participação de componentes atuais do nosso plenário"", afirmou. Barroso citou precedentes do tribunal que determinaram a instalação de comissões parlamentares de inquérito em governos passados. E reafirmou o direito da minoria em fiscalizar o poder público, sobretudo em relação à pandemia. ""A instalação de uma CPI não se submete a um juízo discricionário seja do presidente da casa legislativa, seja do plenário da casa legislativa. Não pode o órgão diretivo ou a maioria se opor a tal requerimento por questões de conveniência ou de oportunidade políticas. Atendidas exigências constitucionais, impõe-se a instalação da comissão parlamentar de inquérito."" O relator disse que o papel do Supremo na defesa dos direitos das minorias deve ser exercido com parcimônia. ""Como regra geral, decisões políticas devem ser tomadas por quem tem voto. Todavia, neste mandado de segurança o que está em jogo não são decisões políticas, mas o cumprimento da Constituição, e o que se discute é o direito das minorias parlamentares de fiscalizarem o poder público, no caso específico diante de uma pandemia que já consumiu 360 mil vidas apenas no Brasil"", disse Barroso. ""Não cabe ao Senado Federal dizer se vai instalar ou quando vai funcionar, mas como vai proceder. Caberá ao Senado definir se por videoconferência, se por modo presencial, ou por modo semipresencial."" Antes do voto de Barroso, o subprocurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros, representante da Procuradoria-Geral da República no julgamento, defendeu a decisão do Supremo. “Entende o Ministério Público que a liminar é correta e coerente. As mudanças fáticas não justificam a alteração da jurisprudência”, disse Medeiros. O subprocurador-geral afirmou que o Ministério Público Federal avalia que não há litígio entre Poderes da República, ""apenas a necessidade de aclararmos, de reiterarmos a jurisprudência dessa corte mesmo na situação incomum em que se vive"". ""O que demonstra que não há nenhum tipo de tensão entre Poderes, mas apenas delimitação clara, reafirmação precisa da vinculação do ato de instalação de uma CPI"", disse Medeiros. Ao comentar uma reportagem sobre o avanço da fome durante a pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores nesta quarta-feira (14) que está aguardando a população ""dar uma sinalização"" para ele ""tomar providências"". Bolsonaro abordou uma reportagem do jornal Correio Braziliense sobre estudo do movimento Food for Justice que indica que 6 em cada 10 domicílios brasileiros passaram por uma situação de insegurança alimentar de agosto a dezembro do ano passado, totalizando 125 milhões de brasileiros. ""O Brasil está no limite. Pessoal fala que eu devo tomar providências, estou aguardando o povo dar uma sinalização. Porque a fome, a miséria, o desemprego está aí, pô, só não vê quem não quer ou não está na rua"", afirmou o presidente, como mostra gravação divulgada por um canal bolsonarista na internet. ""Só digo uma coisa: eu faço o que o povo quiser que eu faça"", insistiu o presidente. Desde o início do ano passado, quando o coronavírus começava a se espalhar pelo mundo, Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia, que já deixou mais de 350 mil mortos no Brasil. Ele já usou as palavras histeria e fantasia para classificar a reação da população e da imprensa à pandemia. Ele costuma criticar as medidas de isolamento social no país e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população. Bolsonaro também distribuiu remédios ineficazes contra a doença, incentivou aglomerações, atuou contra a compra de vacinas, espalhou informações falsas sobre a Covid-19 e fez campanhas de desobediência a medidas de proteção, como o uso de máscaras. Agora o presidente é o principal alvo de uma CPI no Senado para apurar, entre outros pontos, ações e omissões do governo federal na gestão da pandemia. Nesta quarta-feira, como tem feito nos últimos dias, Bolsonaro disse que ""estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil"" e que ""parece que é um barril de pólvora que está aí"". ""A temperatura está subindo, a população está cada vez numa situação mais complicada. Eu gostaria que o pessoal que usa paletó e gravata, que decide, visite aí a periferia, converse com a população, converse com a sua empregada doméstica em casa, esta não está impedida de trabalhar"", disse Bolsonaro. As declarações são argumentos para transferir a culpa da fome e de um eventual caos social a prefeitos e governadores que adotam medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus. Na mesma conversa com apoiadores, dirigindo-se aos ""amigos do Supremo Tribunal Federal"", Bolsonaro disse que ""daqui a pouco vamos ter uma crise enorme aqui"". Bolsonaro fez uma rápida menção a ""um ministro [que] despachou lá um processo por genocídio"", argumentando que não foi ele quem ""fechou tudo"". A ministra Cármen Lúcia, do STF, pediu que o presidente da corte, ministro Luiz Fux, marque julgamento de notícia-crime contra Bolsonaro por suspeita de genocídio contra indígenas durante a pandemia. ""Eu não estou ameaçando ninguém, mas estou achando que brevemente teremos um problema sério no Brasil. Dá tempo de mudar ainda. É só parar de usar menos a caneta e um pouco mais o coração"", afirmou o presidente da República. Bolsonaro também voltou a criticar decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso que determinou que o Senado desse seguimento à criação da CPI da Covid, o que aconteceu na terça-feira (13). ""Quando eu vi, fiquei chateado. Por que fiquei chateado? Por que investigar omissões minhas, não quem pegou dinheiro na ponta da linha?"", indagou o presidente. Bolsonaro voltou a cobrar o prosseguimento de pedidos de impeachment de ministros do Supremo e reiterou que considera a decisão de Barroso sobre a criação da CPI uma intromissão do STF no Legislativo. ""Daí cria-se este clima de animosidade. É uma interferência, sim, deste ministro junto ao Senado para me atingir"", afirmou. Com pouca chance de emplacar uma maioria governista na CPI da Covid do Senado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem defendido que os postos de presidente e relator da comissão parlamentar sejam ocupados por senadores que não sejam alinhados nem ao governo nem à oposição. A estratégia ao pregar uma alternativa que represente um meio-termo é evitar que senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), críticos recorrentes do presidente, ocupem cargos de destaque e aumentem ainda mais o desgaste que a investigação pode provocar. A CPI foi criada nesta terça-feira (13), cinco dias depois da determinação do ministro do STF Luís Roberto Barroso que irritou Jair Bolsonaro e provocou novo desgaste na relação entre os Poderes. A comissão irá investigar ações e omissões da gestão Bolsonaro na pandemia e a aplicação de verbas federais repassadas aos estados. Na tarde desta quarta-feira (14), o plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou, por 10 a 1, a decisão de Barroso. Na terça-feira (13), horas depois da sessão que criou a CPI, assessores do presidente já defendiam que a investigação deve seguir uma linha neutra e que não seja contaminada pelo que chamam de paixões políticas. O receio principal do Palácio do Planalto é que a investigação sobre a condução do combate ao coronavírus pelo Poder Executivo afete a popularidade do presidente a um ano da campanha à reeleição e leve o governo a responder por eventuais acusações criminais. A avaliação na equipe presidencial é que, por contar com a maior bancada federal no Senado, é natural que o MDB ocupe um dos postos. Para evitar que o escolhido seja Renan, integrantes da articulação política não descartam um apoio a Eduardo Braga (AM) para o posto de relator. O senador é considerado pelo presidente um nome mais aberto ao diálogo. Em cerimônia de posse do ministro do Turismo, Gilson Machado, no fim de 2020, Bolsonaro elogiou Braga, que estava sentado na cerimônia ao lado dos senadores Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fernando Bezerra (MDB-PE). ""Tenho certeza de que esse trio maravilhoso, que está na minha frente aqui, resolvendo a questão da Mesa da Câmara e do Senado, vai ser bem resolvido, tenho certeza disso"", afirmou. Para o cargo de presidente da comissão de inquérito, a articulação política do Palácio do Planalto tem atuado para evitar a escolha de Randolfe, autor do requerimento de criação da CPI da Covid. O senador já manifestou interesse no posto. O presidente também não tem simpatia por uma indicação para a função do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que deve compor a comissão de inquérito e já disse que é preciso parar Bolsonaro. Como alternativa, a base aliada cita o senador Omar Aziz (PSD-AM), cuja postura independente agrada assessores presidenciais. Para tentar blindar Bolsonaro, o Palácio do Planalto pretende fazer uma espécie de cartilha com indicadores e realizações da gestão federal para municiar a tropa de choque do governo na CPI. O material deve ser preparado em conjunto pelos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e das Comunicações, Fábio Faria. Além disso, para evitar surpresas indesejáveis, a articulação política defende que seja promovida uma análise prévia nos contratos principais da Saúde para afastar indícios de irregularidades. Na avaliação do entorno do presidente, questões como a crise do oxigênio em Manaus podem ser terceirizadas por Bolsonaro. Nesse caso, ele pode responsabilizar o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, ou o governo estadual. Em relação à recusa de ofertas da Pfizer, o que permitiria entrega de vacinas ainda no ano passado, o governo já vem adotando a narrativa de que as cláusulas do contrato só podiam ser atendidas depois da aprovação de um projeto pelo Congresso. Bolsonaro, porém, tem um calcanhar de Aquiles, na avaliação de ocupantes do Planalto. A politização da Coronavac —uma guerra que ele travou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB)— tem todas as digitais do presidente. Bolsonaro chegou a chamar o imunizante de ""vacina chinesa"" e a desautorizar Pazuello no dia seguinte ao anúncio de um acordo para aquisição da vacina, alvo de críticas presidenciais até se tornar a solução para o início da campanha de imunização no Brasil. Para tirar o foco do governo federal, a estratégia desenhada pelo presidente é que a tropa de choque foque nos recursos federais enviados durante a pandemia do coronavírus a estados e municípios. Apesar de a CPI ser proibida de investigar estados, ela pode se debruçar sobre repasses federais. Ligados ao governo Bolsonaro: Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) Independentes ou de oposição: Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Distribuição das vagas na CPI da Covid: Um episódio ilustra a coragem e a devoção pelo teatro de Zbigniew Ziembinski, diretor e ator polonês radicado no Brasil. Em setembro de 1939, quando as tropas nazistas já iniciavam a ocupação das ruas de Varsóvia, ele encenava na capital polonesa a peça “Genebra”, em que o autor irlandês George Bernard Shaw apresenta figuras como Herr Battler, Signor Bombardone e General Flanco. Não é preciso ser expert em Segunda Guerra Mundial para saber quem são os ditadores alvos da comédia. Ao satirizar Hitler, Mussolini e Franco, Ziembinski começou a ser perseguido pelos alemães e passou dois anos em fuga pela Europa até chegar ao Rio de Janeiro em 1941. A história é lembrada pela atriz Nathalia Timberg em “Zimba”, documentário dirigido por Joel Pizzini que estreia no festival É Tudo Verdade. Diante das dificuldades dos brasileiros para pronunciar nome e sobrenome do polonês, ele logo ganhou o apelido de Zimba. Timberg foi dirigida por ele (em parceria com Daniel Filho) em “Rainha Louca”, novela da Globo exibida em 1967. Ziembinski coordenou outros projetos na emissora, onde também trabalhou como ator. Atuou ainda em filmes brasileiros, especialmente em produções da Vera Cruz, como “Tico-Tico no Fubá”, de 1952, e “Appassionata”, daquele mesmo ano. Mas a arte por excelência de Ziembinski era mesmo o teatro, como mostra o documentário. Em 1943, dois anos depois de chegar ao Brasil, o diretor trabalhava com a companhia carioca Os Comediantes quando conheceu Nelson Rodrigues. O dramaturgo havia sugerido o texto de “Vestido de Noiva” para outros grupos, mas ninguém se interessou. Ziembinski, porém, ficou fascinado pelas histórias de Alaíde e de sua irmã, Lúcia, desdobradas em três dimensões, a realidade, a alucinação e as memórias. “Na Polônia, era um diretor consagrado, mas era mais um. No Brasil, ele se arriscou em uma outra direção com ‘Vestido de Noiva’”, diz Pizzini. Ziembinski partia de uma dramaturgia inovadora, mas isso não bastava. Trazia seus métodos de Varsóvia para o Rio e dava um passo além. Com ensaios exaustivos para que os atores conhecessem o texto em profundidade, coreografia dos movimentos do elenco, iluminação minuciosa no palco, o cenário em camadas de Tomás Santa Rosa, entre outros avanços, Ziembinski revolucionou o teatro brasileiro. “Nelson Rodrigues, sozinho, acho que não sairia do lugar não tivesse Ziembinski”, afirma Antunes Filho, morto em 2019, em depoimento apresentado no filme. Antunes foi assistente do encenador polonês no TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, nos anos 1950, quando Ziembinski trabalhou em São Paulo. Depois de “Vestido”, ele montou outras peças de Nelson, como “Toda Nudez Será Castigada” e “Anjo Negro”, essa com a participação de Nicette Bruno, que morreu em dezembro passado aos 87 anos. Ela tinha só 15 anos quando o espetáculo foi encenado. Ao longo do documentário, as atrizes Nicette Bruno, Nathalia Timberg e Camilla Amado, que participou da remontagem de “Vestido” em 1976, atuam como narradoras e interpretam trechos breves desses seus personagens históricos. Afeito a experimentar novas linguagens do documentário, como em “Caramujo-Flor”, de 1998, “500 Almas”, de 2004, e “Olho Nu”, de 2013, Pizzini se arrisca desta vez no que chama de “dramaturgia documental”. Além das participações das atrizes, ele costura a narrativa do documentário por meio de passagens de Ziembinski no cinema e na TV. As falas e os gestos dos personagens vividos por ele nos ajudam a entender o homem e o artista. Esse caminho só se tornou viável graças a uma longa pesquisa em arquivos poloneses, que permitem ver Ziembinski em filmes como “Córka Generala Pankratowa”, de 1934, e “Profesor Wilczur”, de 1938. No Brasil, esse garimpo foi feito principalmente na Cinemateca e no centro de documentação da TV Globo. Essa turma do cinema se junta para homenagear um homem do teatro. Quando morreu, em 1978, Ziembinski somava mais de cem espetáculos no Brasil como diretor ou ator, além de incontáveis lições para as gerações seguintes. A urgência do STF do presente não é mais decidir casos conforme critério transparente e previsível de prioridade. O STF tem urgência em sobreviver como instituição relevante. Submetidos a assédio permanente, em público e nos porões, de presidente da República que comete crimes comuns e de responsabilidade em série, ministros não dispõem de equipamentos potentes de autodefesa. Um inquérito heterodoxo foi tudo o que puderam tirar da cartola. Não bastassem inimigos externos, apoiados pelo gangsterismo militar e falanges robotizadas, o STF tem que neutralizar inimigos internos, seus cabos e soldados íntimos. Agora, agora e mais agora? Essa pergunta dá título a um dos grandes podcasts da pandemia, narrado pelo historiador Rui Tavares. Ele relata “histórias da história”, episódios do último milênio em que pessoas viviam um presente tomado por fanatismo, ódio e intolerância. “Agora, agora e mais agora” serve também para expressar o senso de urgência em grau máximo que deveria nortear o comportamento do tribunal diante do precipício. Mais do mesmo deixará o STF ao sabor do acaso. Manter a liturgia da normalidade não disfarça mais nada. Melhor perceber o que o enfraquece e investir no que lhe dá força. A característica determinante da fragilidade do tribunal está na constatação de que o “STF”, como instituição colegiada, quase não existe. O que chamamos de STF, boa parte do tempo, não passa de um agregado lotérico de ações ou omissões individuais. Isso fragiliza o tribunal não só pela irracionalidade burocrática, mas pela excessiva personalização de cada gesto. O tribunal é cobrado não por obediência a precedente, à jurisprudência ou a argumento constitucional qualquer, mas pelas afinidades de Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Cármen Lúcia etc. Cada decisão ganha uma cara, um temperamento, um endereço privado. Tribunais não precisam funcionar assim. Converter as partes num todo, ou 11 ministros num STF, é mágica institucional decisiva para a reputação e a autoridade de um tribunal. Mais do que qualquer outra instituição democrática, um tribunal deve adotar métodos que façam o todo ser mais respeitável que as partes e também a soma das partes. Registros da história do heroísmo judicial destacam juízes que conseguiram liderar colegiados em situações de risco, imprevisibilidade e mudança. Nunca o que fizeram sozinhos. Os exemplos clássicos de John Marshall e Earl Warren da Suprema Corte americana não são maiores do que as experiências de Aharon Barak, na Suprema Corte israelense, de Carlos Gaviria, na Corte Constitucional colombiana, de Albie Sachs e Arthur Chaskalson, da Corte Constitucional sul-africana, de Rosalie Abella na Suprema Corte canadense. Tampouco são maiores do que Pedro Lessa, Victor Nunes Leal e Sepúlveda Pertence na história do STF, ou mesmo Ribeiro da Costa, que teria prometido fechar o tribunal e entregar a chave ao ditador Castelo Branco se decisão do STF não fosse cumprida. Há reformas que o STF poderia fazer já, por sua conta. Depende de desapego e liderança para republicanizar a agenda, reprimir a obstrução do cabo e do soldado e tomar decisões corajosas com sofisticação jurídica e o selo do colegiado. A angústia de olhar para o tribunal em busca de arrojo e liderança e lá encontrar Luiz Fux, Dias Toffoli e Gilmar Mendes não é razão para desistir. Hoje o colegiado do STF decide se mantém a decisão monocrática de Barroso que reconhece direito de minoria do Senado de abrir CPI e o dever de Rodrigo Pacheco de abri-la. Rumores dizem que o STF vai “modular” essa decisão elementar e dar ao Senado a liberdade para ampliar o objeto da investigação e postergar a CPI. Seria um “caminho do meio” para atender a Bolsonaro, que prometeu dar porrada em senador e induziu falsa equivalência entre os deveres de abrir CPI e abrir impeachment (não os 111 pedidos de impeachment contra ele, mas os pedidos contra ministros do STF). Com base na fórmula “ou bota tudo ou zero a zero”, mandou o recado. Cair na arapuca juvenil tramada por senador e presidente da estatura de um Kajuru e um Bolsonaro é melancólico demais para qualquer biografia. Melancólico sobretudo para um tribunal que, se não tem das histórias mais admiráveis nos anais da Justiça, exibe um orgulho espalhafatoso em cada cerimônia, um êxtase da autoimportância em cada discurso. É cafona e arcaico, mas não precisaria ser covarde. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu declarar a prescrição dos crimes que levaram à condenação do ex-jogador de futebol e comentarista Edmundo por homicídio culposo e lesão corporal. O ex-atleta foi condenado em 1999 à pena de quatro anos e meio de prisão porque teria sido o responsável por um acidente de trânsito que matou três pessoas e deixou outras três feridas. O acidente ocorreu em 1995. Edmundo chegou a ser preso duas vezes, no ano da decisão judicial e em junho de 2011, mas foi solto graças a recursos interpostos pela defesa. Com a decisão do Supremo, Edmundo não cumprirá pena e não responderá mais ao processo na Justiça sobre o caso. Os ministros Marco Aurélio, Kassio Nunes Marques, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli votaram para manter a decisão de 2011 do então ministro Joaquim Barbosa que declarou extinta a punibilidade do ex-jogador. Os seis votos formaram maioria para rejeitar recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro contra a decisão de 2011. Os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Edson Fachin divergiram e afirmaram que os crimes não prescreveram. A maioria havia sido formada na terça (13) e o julgamento, realizado no plenário virtual, acabou na sexta-feira (16). A discussão sobre o tema girou em torno de qual a data que deve ser considerada para contagem do prazo prescricional. Prevaleceu o entendimento de Kassio Nunes Marques, que seguiu a decisão de Joaquim Barbosa. Segundo ele, antes de 2009 o Supremo permitia a execução de pena após julgamento em segunda instância e a decisão de segundo grau era o marco temporal para se calcular a prescrição. Como Edmundo foi condenado em primeira instância e teve a sentença confirmada pelos desembargadores da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 1999 e o prazo prescricional é de oito anos, a prescrição ocorreu em 2007. Kassio defendeu que só em 2009, depois da mudança de jurisprudência do STF sobre o momento do cumprimento de pena, é que se mudou o momento em que o prazo prescricional começa a ser calculado. “O atual entendimento expressado pelo relator, com a devida vênia, não se aplica aos fatos destes autos onde a prescrição se consumou antes do julgamento do HC 84.078 , em 05/02/2009, que ao mudar o entendimento desta Corte, vedando a execução provisória da pena, modificou em consequência o termo a quo de contagem do prazo da prescrição executória da pena, mudança essa que não alcançou a situação prescricional do recorrido toda ocorrida antes dela”, afirmou Kassio. Marco Aurélio seguiu a mesma linha e ainda citou o ministro que decidiu, em 2011, pela extinção da punibilidade. “A única questão decidida –e o foi por um Juiz tido como rigoroso em matéria penal, o ministro Joaquim Barbosa– foi a prescrição”, disse. Relator do recurso, Barroso ficou vencido ao afirmar que não houve prescrição porque o prazo deveria passar a valer a partir do trânsito em julgado do processo, ou seja, após se esgotarem os recursos apresentados pela defesa ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF. ""Penso que o princípio da presunção de inocência, tal como atualmente interpretado pelo Tribunal, deve repercutir no marco inicial da contagem da prescrição"", disse. "" Do contrário, estar-se-ia punindo o estado pela inação quando não poderia agir, ou seja, a prescrição somente se aplica em caso de não ser exercida a tempo a pretensão executória estatal"", completou. Em 1995, Edmundo dirigia uma Cherokee e havia acabado de sair da boate Sweet Love, no Rio de Janeiro, com as amigas Roberta Rodrigues de Barros Campos, Débora Ferreira da Silva, Markson Gil Pontes e Joana Maria Martins Couto, que morreu no hospital. O carro de Edmundo bateu em um Uno, na Lagoa. O Uno era dirigido por Carlos Frederico Brites Pontes, que também morreu no local do acidente. Ele estava acompanhado da namorada, Alessandra Cristini Pericier Perrota, que morreu no hospital, e de Natascha Marinho Ketzer. Roberta, Débora e Natascha ficaram feridas. O laudo policial sobre o acidente concluiu que a alta velocidade em que o jogador conduzia seu carro foi determinante para a batida. Ele foi acusado (denúncia formal) de triplo homicídio culposo, em 1996. Em sua defesa, no depoimento para o Ministério Público, Edmundo disse que foi fechado pelo motorista do Uno, mas não convenceu a Justiça. No dia 5 de março de 1999, Edmundo foi condenado. Os advogados do jogador entraram com um recurso e conseguiram a liberdade provisória. Em outubro, o Tribunal de Justiça confirmou a sentença e determinou a imediata detenção do jogador. Depois de ficar foragido por 24 horas, Edmundo se entregou e chegou a passar uma noite detido na Polinter (Polícia Interestadual). Foi liberado graças a uma liminar do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A defesa do atleta fez várias tentativas de reverter a condenação, até então sem sucesso. O jogador também teve de fazer acordos com as famílias dos envolvidos no acidente, que entraram na Justiça com pedidos de indenização. O advogado de Edmundo, Luis Henrique Machado, elogia a decisão do Supremo e afirma que só o fato de a ação ter tramitado por tanto tempo já é uma ""dura punição a quem responde a ação penal"". “Em dezembro de 2020 completaram 25 anos do fatídico acidente, superando, assim, o maior prazo prescricional previsto no Código Penal que são de 20 anos. Seria, inclusive, desproporcional, depois de mais de duas décadas, impor ao Edmundo o cumprimento da sanção"", diz. Com as perspectivas de criação nesta terça-feira (13) da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assumiu pessoalmente nesta segunda-feira (12) articulação política para tentar blindar a gestão federal de uma investigação sobre os equívocos cometidos no combate à pandemia do coronavírus. Ao longo do dia, o presidente disparou ligações para senadores tanto de partidos de direita como de centro na tentativa de convencê-los a aumentar o escopo da comissão parlamentar, incluindo a investigação a estados e municípios. Sem sucesso na ofensiva, e com o risco de não vingar tentativa de se criar uma CPI alternativa, o presidente começou a montar uma tropa de choque que defenda a gestão federal e faça um contraponto à oposição na comissão de inquérito. Segundo assessores palacianos, Bolsonaro já conta com o apoio do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e um dos principais dirigentes do bloco do centrão, que aderiu no ano passado à base aliada. O presidente também pretende emplacar na comissão parlamentar outros três nomes que têm defendido a tese da necessidade de se ampliar a investigação para estados e municípios: Eduardo Girão (Podemos-Ceará), Izalci Lucas (PSDB-DF) e Soraya Thronicke (PSL-MS). A escalação dos integrantes é importante porque, hoje, a tendência é de que o colegiado seja majoritariamente formado por nomes da oposição a Bolsonaro, como dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL). O governo teme que a investigação sobre a condução do combate ao coronavírus pelo Executivo desgaste ainda mais o presidente, leve a uma queda de popularidade e até mesmo que ele possa responder por crimes. Apesar de existir a possibilidade de que o STF (Supremo Tribunal Federal) permita na quarta-feira (14) que a CPI só inicie seus trabalhos quando o Senado voltar a realizar reuniões presenciais, a ordem de Bolsonaro é para que o governo se antecipe na estratégia de reação. Além da formação de uma tropa de choque, o Palácio do Planalto pretende já municiar senadores governistas com indicadores e realizações que mostrem que a gestão federal atuou na distribuição de vacinas e suprimentos pelo país. A ideia é que o material, uma espécie de apostila de prestação de contas da pandemia do coronavírus, seja preparado em conjunto pelos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e das Comunicações, Fábio Faria. Além disso, para evitar surpresas indesejáveis, integrantes da articulação política do Palácio do Planalto defendem que, até o início dos trabalhos da comissão, seja promovida uma análise prévia nos contratos principais da Saúde para afastar indícios de irregularidades. Um assessor da pasta lembra que, durante comissões de inquérito, é comum que servidores públicos que ingressaram em governos passados repassem cópias de contratos para deputados de oposição que possam prejudicar a atual gestão. Nesta segunda-feira, assessores palacianos avaliaram que o vazamento feito pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) de conversa com Bolsonaro teve tanto um efeito negativo como um positivo. Para eles, a defesa do presidente para se aumentar o escopo da CPI acabou mobilizando a tropa do governo. Após a declaração do presidente, senadores até mesmo de partidos que não são afinados com o governo passaram a pregar a necessidade de que a investigação também inclua governadores e prefeitos, não se concentrando apenas na União. Por outro lado, a sugestão de Bolsonaro para que Kajuru entre com pedido de impeachment contra ministros do STF criou um novo mal-estar entre Executivo e Judiciário, no momento em que o STF definirá em plenário se respalda decisão do ministro Luís Roberto Barroso de criação da CPI. Para integrantes da equipe ministerial, o episódio não poderia ter ocorrido em pior hora. Na última troca de ministros, no final do mês passado, Bolsonaro demitiu o único integrante do governo que tinha uma boa interlocução com o STF: o general Fernando Azevedo, ex- titular da Defesa. Ex-assessor do ministro Dias Toffoli, o militar da reserva era escalado por Bolsonaro sempre que a relação entre o Supremo e o Planalto enfrentava turbulências, sobretudo por causa de declarações desastradas ou hostis do presidente. A demissão de Azevedo provocou a maior crise militar já vista desde a redemocratização, com a saída também dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O general da reserva Walter Braga Netto acabou nomeado ao cargo de ministro da Defesa, com parte expressiva das Forças Armadas insatisfeita com a conduta de Bolsonaro na pandemia da Covid. Após o vazamento de uma parte da conversa do final de semana entre Bolsonaro e Kajuru, deputados aliados do presidente dizem que, em um primeiro momento, ele não se incomodou. No entanto, ele se irritou com a exposição do trecho no qual se referiu ao impeachment de ministros do STF. No fim de semana, segundo relatos feitos à Folha, o presidente também reconheceu deficiências na articulação política do Palácio do Planalto com o Senado. Por isso que o presidente decidiu assumir as tratativas com senadores. A avaliação no governo é de que foi um erro não ter contemplado o Senado nas últimas mudanças ministeriais. Hoje, a Esplanada dos Ministérios não tem um ministro que seja senador, enquanto deputados federais comandam cinco pastas. No último anúncio, Bolsonaro chegou a cogitar a nomeação do líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-SE), mas acabou optando pela indicação da deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Diante do fracasso do governo em não conseguir nem mesmo inviabilizar uma CPI, a avaliação é que se tornou indispensável que, em um futuro próximo, o Senado seja contemplado com um cargo ministerial. As hipóteses em análise pelo presidente para contemplar a Casa são Desenvolvimento Regional e Agricultura. E os nomes favoritos para ocupar uma das pastas são os dos senadores Eduardo Gomes (MDB) e Jorginho Mello (PL). Nos últimos dias, no contexto do tratamento da Covid-19, surgiu no Brasil uma epidemia de artigos jornalísticos a respeito da tecnologia apelidada de ECMO: oxigenar o sangue em aparelho fora do corpo, substituindo temporariamente pulmões comprometidos agudamente. Fenômeno surgido na era da Covid-19, a discussão de tratamentos específicos com a população geral varia de condutas fantasiosas a tecnologias benéficas. ECMO está nesta última categoria. No entanto, precisamos considerar que discussões técnicas, de difícil racionalização, correm o risco de serem mal compreendidas pela sociedade. A ciência da economia comportamental indica que a espécie humana tende a superestimar o benefício de soluções, o que se reproduz em médicos que, inconscientemente, superestimam a “eficácia” de tratamentos. Este fenômeno se torna escalável quando traduzido para a população geral. Precisamos recalibrar de forma realista o benefício do ECMO no contexto da pandemia do novo coronavírus. Há grande diferença entre tecnologias de efeito sistêmico (tratam a pandemia, impacto escalável) versus tecnologias de efeito individual. Em condutas de efeito sistêmico, o paradigma é multiplicativo: uma intervenção aplicada a uma pessoa (um indivíduo vacinado) beneficia uma coletividade de pessoas. Por outro lado, em tratamentos individuais (ECMO), o efeito é limitado ao paciente que o recebe. E este efeito se reduz a uma probabilidade: precisamos utilizar o tratamento em muitos pacientes para salvar um deles. Dois fenômenos justificam o caráter probabilístico dos tratamentos salvadores. Primeiro, nenhum é 100% eficaz. Segundo, nem todas as pessoas elegíveis para o tratamento iriam morrer sem o tratamento. Utilizando dados de revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, publicada em 2020, a utilização de ECMO em doença respiratória severa reduz em 25% a probabilidade de morte: em pacientes elegíveis que não utilizaram ECMO, a letalidade foi de 48% (nem todos morrem), reduzida a 36% nos que receberam ECMO (nem todos são salvos). Na realidade, tratamentos são “pílulas de probabilidade” e não garantias de salvamento em pacientes de curso clínico inexorável. Ao pensar na vítima identificável, desejaremos com razão usar de todos os esforços. Por outro lado, em saúde coletiva visamos o benefício sistêmico e neste precisamos considerar um dos pilares do pensamento econômico, o “princípio de custo-oportunidade”: uma escolha implica perda de oportunidade de outras escolhas. A discussão quanto à oferta de ECMO pelo maior sistema público de saúde do mundo (SUS) é complexa e qualquer decisão tem consequências não intencionais de diferentes naturezas. Essa não é uma conversa a ser reduzida a minutos de cobertura jornalística. Esta pandemia é oportunidade de letramento científico da sociedade, em prol do pensamento baseado em incerteza, probabilidade e princípios de decisão econômica. Medicina, do latim “mederi”, é a difícil escolha do melhor caminho. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. A publicação da conversa entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) sobre a CPI da Covid provocou nesta segunda-feira (12) um bate-boca que atingiu outras autoridades e ampliou o desgaste do governo com o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). O conteúdo da ligação telefônica, que veio a público no domingo (11) e teve uma segunda parte divulgada no dia seguinte, expôs a pressão de Bolsonaro para que o Senado amplie o escopo da CPI que investigará responsabilidades na pandemia, de forma a atingir também prefeitos e governadores. A instalação da comissão parlamentar de inquérito sobre a atuação do governo federal na crise sanitária foi determinada na quinta-feira (8) pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, em decisão monocrática que deverá ser julgada no plenário físico da corte nesta quarta-feira (14). A exposição da conversa, feita por Kajuru em redes sociais, mostrava o presidente dizendo que, se os senadores não alargarem o foco de investigação da CPI, incluindo apurações sobre as ações de governos estaduais e prefeituras, serão escrutinados apenas o governo federal e seus aliados. No diálogo, o chefe do Executivo também estimulou o senador a atuar pelo impeachment de ministros do STF, sugerindo que dá para fazer ""do limão uma limonada"". Na manhã desta segunda-feira, ao conversar com simpatizantes em Brasília, Bolsonaro condenou o registro e a divulgação do diálogo, indicando que não sabia que estava sendo gravado. ""O que está em voga hoje em dia é que eu fui gravado numa conversa telefônica. A que ponto chegamos no Brasil aqui. Gravado"", disse Bolsonaro, segundo imagens divulgadas na internet por um apoiador. ""Não é vazar. É te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar. E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?"", complementou o presidente na porta do Palácio da Alvorada. Kajuru, durante entrevista à Rádio Bandeirantes ainda pela manhã, decidiu então divulgar um trecho ainda inédito. Nele, Bolsonaro chamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de ""bosta"" e afirmou que teria que ""sair na porrada"" com o autor do requerimento de criação da CPI da Covid. ""Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses"", afirmou o presidente. À rádio Kajuru disse ter avisado a Bolsonaro às 12h40 de domingo que, em 20 minutos, divulgaria o áudio da conversa. De acordo com o parlamentar, todos sabem que ele grava seus contatos telefônicos e que já divulgou outros diálogos que teve com Bolsonaro. O senador relatou que em nenhum momento o presidente pediu que ele não publicasse o áudio. Afirmou ainda que omitiu o ataque a Randolfe para proteger o chefe do Executivo, que a ofensa foi desnecessária e que, ao ouvi-la, pediu calma a Bolsonaro e disse não ser ""hora disso"". Randolfe disse à Bandeirantes que ""o presidente devia ter coisas mais importantes para se preocupar do que chamar senador para briga de rua"". ""Eu não sei o presidente, mas eu não tenho idade para participar de briga de rua"", respondeu o parlamentar de oposição. À Folha Kajuru disse que sua ligação não foi nenhuma armadilha para Bolsonaro e que não estava fazendo nenhum “teatro” durante a conversa, diferentemente do que interpretaram ministros do STF. Segundo magistrados ouvidos pela coluna Mônica Bergamo, o diálogo poderia ter sido armado pelos dois para constranger ministros da corte. Ministros disseram acreditar que a conversa não teria sido espontânea, mas, sim, combinada previamente. No plenário do tribunal, a tendência é que a decisão de Barroso pela instalação da CPI seja mantida, mas os ministros articulam um meio-termo: a comissão só começaria a funcionar depois que o Senado voltasse a se reunir presencialmente, com um risco menor de contaminação pela Covid-19. Os ataques de Bolsonaro aos ministros causaram turbulência justamente no momento em que o tribunal discutia um entendimento que, em tese, pode beneficiá-lo, protelando a instalação da CPI. As conversas no STF se intensificaram no fim de semana, mas ainda não há conclusão definitiva sobre o assunto. O ministro Marco Aurélio Mello disse ao Painel que as afirmações do presidente causam perplexidade. ""Em tempos estranhos nada surpreende, deixa a todos perplexos"", afirmou. “Se alguém fez teatro foi o presidente Bolsonaro. Eu não fiz teatro nenhum, não. Eu fui reivindicar o meu direito de cobrar dele para ele ser justo e não colocar todo o mundo [todos os senadores] na mesma vala”, afirmou Kajuru à Folha. ""Eu não faço parte de teatro. Que esses ministros me respeitem. Eu respeito alguns só, tanto que estou pedindo impeachment de Alexandre de Moraes e no ano passado pedi do Gilmar Mendes. [...] Não tenho nada que comentar uma barbaridade dessa, dita dessa forma"", continuou. O senador insistiu que não participa ""de teatro nenhum"" e afirmou que esse papel é feito, na verdade, pelo Supremo. ""Basta ver os julgamentos, com esses placares de 6 a 5. Ali que é teatro. Me respeitem."" Kajuru disse também que o presidente teve chances de se opor à divulgação, mas que não o fez e apenas nesta segunda “mudou de ideia”, muito provavelmente após ter sido alertado de que cometeu erros. O senador afirmou que telefonou para Bolsonaro ""exclusivamente para reclamar dele"". ""Ele não foi correto com outros senadores e nem comigo, ao generalizar todos os senadores que queriam fazer só uma CPI contra ele, que ele chamou de 'CPI Sacana'. [...] Chegou a chamar de canalhada todo o mundo."" Ele disse que divulgou o material porque o considerava importante. ""Eu decidi colocar no ar porque é público, eu disse no Senado, na tribuna do Senado, que toda conversa minha com político eu gravo. [...] Não vi crime nenhum, porque toda vez que conversei com ele, sobre diabetes, sobre outros assuntos, eu botei no ar a nossa conversa. E ele nunca reclamou. Por quê? Porque quando era bom não reclamava."" Kajuru afirmou ainda que a divulgação da gravação ajudava a esclarecer outros senadores sobre o posicionamento do presidente. ""Eu pensei que isso aí esclarece de vez aos outros senadores que o Bolsonaro, pela primeira vez, disse que não é contra a CPI, porque eu fiz ele falar isso. Ele falou assim: 'Não, Kajuru, se ouvir governadores e prefeitos, tem mais é que ter CPI mesmo, pronto, acabou, não estou nem aí. Coloca tudo pra frente, impeachment, CPI, mas tem que ouvir governadores e prefeitos'."" O parlamentar também ironizou o fato de o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter anunciado que iria ao Conselho de Ética contra ele. Flávio sustenta que seu pai não deu consentimento à gravação da conversa. Para ele, o gesto do colega de Senado causa ""instabilidade institucional"". “A gente iria juntos, cada um com o seu motivo"", rebateu Kajuru. ""Eu não cometi crime nenhum. Qual crime que eu cometi? E ele?”, questionou, em referência aos pedido de abertura de procedimento contra o filho do presidente, por conta das acusações de crime de “rachadinha”. Kajuru afirmou ainda que não foi estimulado pelo presidente a entrar com pedidos de impeachment de ministros do STF e que já trabalhava por isso. ""Ele não me instigou. Eu entrei antes de ele falar comigo. Eu disse: 'Já fiz isso, presidente'. Não foi ele que determinou, não. Eu entrei tem 60 dias."" ""Eu não considero isso crime. Eu considero que foi uma opinião dada a ele e ele se mostrou duvidoso: 'Ah, o Kajuru não vai entrar com pedido de impeachment [de ministros do STF], nada'. E quis falar isso para mim."" A troca de acusações entre Bolsonaro e Kajuru prosseguiu na noite de segunda. Bolsonaro publicou em suas redes um vídeo em que o senador diz à CNN Brasil que o presidente da farmacêutica Pfizer teria vindo ao Brasil no ano passado e esperado por 10 horas no Palácio do Planalto para se reunir com o mandatário, sem que ao final fosse recebido. A empresa negou à emissora que o episódio tenha ocorrido. ""Mais uma mentira do Kajuru"", escreveu Bolsonaro. Em conversa com apoiadores ao voltar para o Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a questionar o parlamentar e disse que não tinha interesse nenhum em se deixar ser gravado por Kajuru. Depois de ver seu filiado como pivô da nova crise do governo, o Cidadania anunciou nesta segunda que convidará Kajuru a deixar o partido. A legenda afirmou, em nota, que defende a democracia e a separação entre os Poderes, valores ""diametralmente opostos aos observados na conversa"" do senador com o presidente, ""em que flagrantemente se discute e se comete um crime de responsabilidade"". O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou no comunicado que o partido ""condena, de forma veemente, não apenas a interferência do Executivo no Senado como também a tentativa clara de intimidação aos ministros do STF, o que também deve ser merecedor de total repúdio da sociedade"". Também nesta segunda, o PDT protocolou na Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment contra Bolsonaro, alegando que o presidente ameaça o livre exercício dos Poderes. Uma das razões apresentadas foi a reação de Bolsonaro à decisão de Barroso pela instalação da CPI. Na ocasião, o presidente foi às redes sociais dizer que ""falta coragem moral"" e ""sobra imprópria militância política"" ao ministro. No pedido apresentado pelo PDT, que é assinado pelo presidenciável Ciro Gomes e pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, a postura do mandatário foi descrita como ""brutal e hostil"". ""Já não é nenhuma novidade que o presidente da República manifesta profundo desprestígio ao Poder Judiciário. São inúmeras as notícias que dão conta da proliferação de diversos atos acintosos ao livre exercício do Poder Judiciário"", diz o documento. O texto diz que, entre os possíveis crimes de responsabilidade que podem justificar um afastamento estão atos do presidente que atentem contra a Constituição e o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e das unidades da Federação. A suposta interferência de Bolsonaro em outros Poderes foi mencionada por opositores diante da revelação da conversa com Kajuru. Líder da minoria na Câmara, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que o diálogo ""é a confissão dos crimes do presidente na pandemia e mais um motivo para impeachment"". ""Bolsonaro quer interferir no Legislativo e no STF para impedir que as investigações aconteçam. Vamos exigir a instalação da CPI da Covid imediatamente"", afirmou em uma rede social. Ele também se solidarizou com Randolfe e disse que Bolsonaro ""apela para a violência para fugir das investigações"". O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que ""a conversa entre um senador e o presidente da República articulando contra uma CPI e um ministro do STF é um fato gravíssimo"" e que ""a própria CPI poderá investigar o possível crime do presidente da República"". Já a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que se elegeu como apoiadora de Bolsonaro e hoje faz críticas pontuais a ele, minimizou as eventuais implicações jurídicas do episódio, afirmando não ver articulação entre o presidente e o senador contra instituições. ""A conversa de Bolsonaro com Kajuru me parece básica. Não vejo articulação"", afirmou em uma rede social. ""Se há algo a investigar é justamente o destino dado ao dinheiro liberado. [...] Eu mesma havia escrito aqui no Twitter que a CPI, se realmente instalada, deveria ter esse foco!"" ""Fui a primeira a criticar o estilo Bolsonaro de enfrentamento da crise. Mas daí a dizer que ele tem culpa pelas mortes, vai uma distância. [João] Doria fez sempre o oposto de Bolsonaro e, em São Paulo, morre-se mais que no Brasil! CPI para que, afinal? Só se for para seguir o dinheiro"", disse a deputada. Uma enfermeira está sob investigação no Rio de Janeiro sob suspeita de infração durante aplicação de vacina contra a Covid-19, no município de Barra Mansa. A prefeitura não informou se ela foi afastada. O caso está sendo conduzido pelo Coren-RJ (Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro), que examina o episódio como “indicativo de possível infração ética de imperícia”. Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver que a agente de saúde deixa uma seringa dentro de uma caixa e, em fração de segundos, retira o que parece ser outra seringa. Não há informação sobre a data exata em que o vídeo foi feito nem da identidade da enfermeira. A Secretaria Municipal de Saúde de Barra Mansa já foi notificada pelo Conselho. Procurada pela reportagem, a prefeitura ainda não se manifestou sobre o caso. É o segundo caso suspeito em menos de um mês no município. No último dia 26 de março, um técnico em enfermagem foi demitido após fingir que aplicava vacina em um idoso. O Coren-RJ já recebeu oito casos suspeitos de infração em aplicações de vacinas no Rio. Dois foram confirmados, ambos por imperícia. Em São Paulo, por causa de relatos de falhas na aplicação de vacinas, os protocolos foram reforçados para dar mais transparência ao processo e reduzir a desconfiança da população. Em Maceió, uma funcionária da prefeitura chegou a ser afastada após ser flagrada aplicando a vacina sem apertar o êmbolo —o que, na prática, inviabiliza a aplicação. Ao longo da história, o futebol brasileiro produziu tantos times encantadores e jogadores espetaculares que nos habituamos a achar que, para sempre, o melhor estaria aqui. O Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Cruzeiro de Tostão, o Flamengo de Zico, o São Paulo de Telê, o Palmeiras de Luxemburgo (o de 1993, não o de 2020), o Corinthians de 2000, o Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho… Sem falar na seleção brasileira, verdadeira inspiração para um termo que seria para sempre usado no mundo todo como referência sobre o futebol bem jogado. O “jogo bonito” ou o “beautiful game” se popularizou para descrever o feito da seleção de 1970 na Copa do Mundo do México, quando o Brasil foi tricampeão e, mais do que isso, encantou o planeta. Se por um lado nunca nos faltou talento para produzir o melhor futebol, por outro sempre tentamos fazer de tudo para miná-lo. É assim que, todo ano, a gente tenta espremer 80 (ou perto disso) jogos num calendário impraticável para os principais times do país —enquanto as equipes menores ficam sem calendário na maior parte do ano. Assim também viramos o país que só aceita ganhar, sem entender que cada vitória (e cada título) é um processo. Nessa cultura exageradamente resultadista, combinada com o amadorismo dos dirigentes e com o debate muitas vezes vazio/superficial da imprensa, técnicos são demitidos o tempo todo, sem que haja tempo para qualquer evolução do jogo. E é em meio a toda essa pressão que, muitas vezes, atropelamos o processo de formação de jogadores —e aí também perdemos talentos. Esses são alguns dos fatores que, para mim, ajudam a explicar por que assistir a jogos da qualidade de Flamengo x Palmeiras na Supercopa virou raridade no futebol brasileiro. Pelo nosso potencial, jogos assim deveriam ser a regra, não a exceção. O fator financeiro (que tornou a Europa o centro do futebol mundial e o Brasil o maior exportador de talentos) é o único que não está ao nosso alcance mudar. Todos os outros estão. Há 26 anos, o brilhante escritor Eduardo Galeano, em entrevista à Folha, autoproclamou-se um “mendigo do bom futebol”. “Agora sou um mendigo do bom futebol. Vou com o chapéu na mão, implorando: ‘me dá uma boa jogada pelo amor de Deus!’. Não me interessa a equipe ou o país que me brinde com esse milagre de jogar um bom futebol”, afirmou ele em fevereiro de 1995. Quem sou eu na fila do pão para mendigar ao lado de Eduardo Galeano, mas, se sua memória me permite essa citação, eu me sinto muito representada por ela. Não há demérito nenhum do Palmeiras ao ser campeão da Libertadores jogando mal a decisão —o Flamengo de 2019, inclusive, também foi campeão fazendo um jogo ruim na final e virando nos últimos minutos. Mas é tão melhor quando os times envolvidos entregam um espetáculo como esse que Flamengo e Palmeiras entregaram no domingo. Um jogo que mostrou que a saída do goleiro com chutão também pode gerar gol do adversário, como aconteceu na pintura de Raphael Veiga. E também comprovou que ter craques no elenco pode fazer toda a diferença, como aconteceu no passe preciso de Arrascaeta para a jogadaça de Filipe Luís que resultou no gol de Gabriel. Mostrou que dá para jogar bonito na posse de bola ou no contra-ataque, como ficou claro após o belo passe de Danilo para Rony no pênalti cometido por Rodrigo Caio. Weverton e Diego Alves confirmaram o clichê de que “todo bom time começa por um bom goleiro”. Enfim, aos mendigos do bom futebol, esse jogo foi um prato cheio. Estamos sedentos por mais. Pivô da mais recente crise envolvendo o governo federal, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) afirmou que não cometeu nenhum crime ao gravar e divulgar o conteúdo de um telefonema mantido com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Kajuru também disse que sua ligação não foi nenhuma armadilha e que ele não estava fazendo nenhum “teatro” durante a conversa. “Se alguém fez teatro foi o presidente Bolsonaro. Eu não fiz teatro nenhum, não. Eu fui reivindicar o meu direito de cobrar dele para ele ser justo e não colocar todo mundo [todos os senadores] na mesma vala”, afirmou à Folha. Durante a conversa telefônica, Bolsonaro sugere ao parlamentar entrar com pedido de impeachment de ministros do Supremo, além de pedir para ampliar o escopo da CPI para investigar prefeitos e governadores. O presidente da República também ofende o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento para instalar a CPI da Covid, e afirma que queria ""sair na porrada"" com ele. Kajuru afirmou que o presidente teve chances de se opor à divulgação, mas que não o fez e apenas hoje “mudou de ideia”, muito provavelmente após ter sido alertado de que cometeu erros. O parlamentar também ironizou o fato de o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter afirmado que iria contra ele no Conselho de Ética. “A gente iria juntos, cada um com o seu motivo. Eu não cometi crime nenhum. Qual crime que eu cometi? E ele?”, questiona, em referência aos pedido de abertura de procedimento contra o filho do presidente, por conta das acusações de crime de “rachadinha”.  Como o senhor viu a reclamação hoje do presidente Jair Bolsonaro a respeito do vazamento da conversa entre vocês dois? Eu vejo que ela só aconteceu hoje, porque alguém, como o Mourão, ou sei lá quem chegou nele e falou que ele não deveria ter agido como agiu na conversa comigo. Aí ele mudou de opinião. Porque, se ele estivesse realmente chateado, ele poderia ter ligado para mim ontem, ou então no nosso telefonema às 12h40, ter falado: 'Não, Kajuru, não põe isso no ar, não'. Eu liguei rapidinho, não gravei [a segunda conversa] porque falei muito rápido. Dei dois comunicados para ele: 'Presidente, primeiro o [senador] Alessandro Vieira entrou com requerimento para estender a governadores e prefeitos a investigação, portanto o senhor não tem mais nada que falar nesse assunto. E segundo, aquela conversa nossa eu vou colocar no ar agora'. Então comuniquei e ele falou: 'Não, não, tudo bem, tchau, tchau''. Por que o senhor ligou inicialmente para o presidente? No sábado à noite, quando telefonei para ele, foi exclusivamente para reclamar dele. Basta você ouvir a gravação. Foi para reclamar dele que ele não foi correto com outros senadores e nem comigo, ao generalizar todos os senadores que queriam fazer só uma CPI contra ele, que ele chamou de ""CPI Sacana"". E dizer que todos os senadores só querem fazer CPI contra ele. Eu fui falar para ele, mas sempre reforçando isso: 'O senhor vai dar uma declaração, que eu liguei para o senhor, que eu deixei claro para o senhor, porque o senhor colocou todo o mundo no mesmo balaio'. Chegou a chamar de canalhada todo mundo. Então o que fiz foi isso. Aí ontem [domingo] eu decidi colocar no ar porque é público, eu disse no Senado, na tribuna do Senado, que toda conversa minha com político eu gravo. Então foi isso que eu fiz com ele. Considerei que era importante [divulgar], não vi crime nenhum, porque toda vez que conversei com ele, sobre diabetes, sobre outros assuntos, eu botei no ar a nossa conversa. E ele nunca reclamou. Por quê? Porque quando era bom não reclamava. Tem mais algo a ser divulgado? Não, a única parte que nós cortamos foi ele chamando os senadores de canalhada e xingando o Randolfe [Rodrigues], chamou de bosta. Tudo, tudo, tudo [foi divulgado]. Até porque não tinha mais nada para cortar, eu não corto entrevista de ninguém. Não sou editor de telejornal, não. Quem corta entrevista é televisão, normalmente, ou rádio. Qual foi a motivação do senhor? Ontem [domingo] de manhã, ouvindo ela de novo, eu falei assim: 'Vou colocar no ar, porque é importante'. Porque eu pensei que isso aí esclarece de vez aos outros senadores que o Bolsonaro, pela primeira vez, disse que não é contra a CPI, porque eu fiz ele falar isso. Ele falou assim: 'Não, Kajuru, se ouvir governadores e prefeitos, tem mais é que ter CPI mesmo, pronto, acabou, não estou nem aí. Coloca tudo pra frente, impeachment, CPI, mas tem que ouvir governadores e prefeitos'. Então, para mim, era importante a gravação ser colocada. E, como ele sabe e todos os políticos sabem, eu gravo mesmo, até porque de repente amanhã o Bolsonaro não iria fazer o que prometeu e obviamente não fez, que era ser justo com os senadores favoráveis à investigação de governadores e prefeitos, e não chamar todo mundo de canalhada. O filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, disse que vai levar o senhor ao Conselho de Ética. Eu pensei que seria bom ele também ir. A gente iria juntos, cada um com o seu motivo. Eu não cometi crime nenhum. Qual crime que eu cometi? E ele? Há quem veja a conversa como um ""teatro"", especialmente no STF. Eu não faço parte de teatro. Que esses ministros me respeitem. Eu respeito alguns só, tanto que estou pedindo impeachment de Alexandre de Moraes e no ano passado pedi do Gilmar Mendes. Então, esse tipo de gente que está falando em off, eu ofereço meu desprezo, total. Não tenho nada que comentar uma barbaridade dessa, dita dessa forma. Que teatro? Ouve a gravação. Da minha parte? Se alguém fez teatro foi o presidente Bolsonaro. Eu não fiz teatro nenhum, não. Eu fui reivindicar o meu direito de cobrar dele para ele ser justo e não colocar todo mundo na mesma vala. Ouça a gravação. Que teatro que tem? Eu não participo de teatro nenhum, não. Quem faz teatro é o Supremo Tribunal Federal, basta ver os julgamentos, com esses placares de 6 a 5. Ali que é teatro. Me respeitem. O presidente está usando politicamente o episódio para reagir à CPI? Claro que sim, evidente, porque, se você pegar a gravação e fizer uma análise política dela, ela foi positiva para ele. Onde que foi negativa? Ela foi positiva para ele. Agora ele me pediu para botar o resto e eu botei. Agora tem essa parte negativa, a maneira como ele tratou os senadores, em especial o Randolfe. Foi a primeira declaração em que ele realmente disse que quer a CPI, porque antes ele estava contra a CPI. Só tinha declaração dele xingando todo o mundo. Foi a primeira vez que ele deixou clara a opinião dele, que é a favor do pedido de impeachment de ministro. Ainda perguntou para mim: 'Você entrou com algum? Contra quem?'. Aí disse que entrei contra o Alexandre de Moraes. 'Você entrou no Supremo?'. 'Entrei no Supremo com o [Luís Roberto] Barroso. Fiz a minha obrigação', falei para ele. Porque ele não sabia disso, o presidente não sabia. A imprensa noticiou. Ele não tomou conhecimento porque não quis ou então fingiu para mim que não sabia. Acredita que o presidente pode ter cometido crime ao articular um impeachment de ministro do STF? Ele não me instigou. Eu entrei antes de ele falar comigo. Eu disse: 'Já fiz isso, presidente'. Não foi ele que determinou, não. Eu entrei tem 60 dias. Não, não, eu não considero isso crime. Eu considero que foi uma opinião dada a ele e ele se mostrou duvidoso: 'Ah, o Kajuru não vai entrar com pedido de impeachment, nada'. E quis falar isso para mim. Imagino isso. Mas eu não posso crer que ele não sabia, já tinha notícia na imprensa, nós conseguimos já quase 3 milhões de assinaturas. Isso é de domínio público, que eu entrei. Pode ter tentado fazer isso, mas isso comigo não cola, não. Por isso que com todo político que eu converso eu gravo, para ficar claro ou esclarecer. Se precisar responder judicialmente pelo vazamento, pretende também acionar Bolsonaro ou Flávio na Justiça? Evidente, meus advogados estão prontos e a postos. E eu ouvi, de um promotor respeitado de Goiás, que não cometi crime nenhum. Estou de cabeça erguida. Quem veio pedir o Conselho de Ética foi quem todo mundo quer abrir processo no Conselho de Ética. Foi por isso que eu ri. Quando ocorreu a conversa entre Kajuru e Bolsonaro? Quem ligou pra quem? Segundo Kajuru, a conversa aconteceu na noite de sábado (10), quando ele telefonou para o presidente. Kajuru avisou antes a Bolsonaro que a gravação da conversa seria divulgada? No domingo (11), às 12h40, Kajuru disse ter comunicado a Bolsonaro que, dali a 20 minutos, divulgaria em suas redes sociais a conversa da noite anterior. O senador afirmou à Folha que esta segunda conversa durou menos de um minuto e não foi gravada. Já Bolsonaro tem outra versão. ""O que está em voga hoje em dia é que eu fui gravado numa conversa telefônica, a que ponto chegamos no Brasil aqui. Gravado"", disse Bolsonaro. ""Não é vazar. É te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar. E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?"". Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que irá representar contra Kajuru no Conselho de Ética do Senado pela divulgação do áudio da conversa. “Se mudar [o foco da CPI], [nota] 10 pra você, porque nós não temos nada a esconder.” “Tem que mudar o objetivo da CPI. Ela tem que ser ampla. Aí você faz um excelente trabalho para o Brasil.” ""A CPI hoje é para investigar omissões do presidente Jair Bolsonaro, ponto final. Quer fazer uma investigação completa? Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir só pra cima de mim.” Desde sábado, quando visitou a periferia de Brasília, Bolsonaro passou a pressionar para que a CPI investigue também prefeitos e governadores, e não apenas as ações e omissões do governo federal. Na conversa com Kajuru, o presidente repete esse argumento algumas vezes. “O que precisa fazer pra ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela. Bota governadores e prefeitos. Presidente da República, governadores e prefeitos.” ""Se não mudar [a amplitude], a CPI vai simplesmente ouvir o [ex-ministro da Saúde] Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana.” O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou no sábado (10) um pedido de aditamento da CPI da Covid para ampliar o escopo, com a intenção de incluir nas investigações atos praticados por agentes políticos e administrativos de estados e municípios na gestão de recursos federais. ""Para não deixar margem de dúvida, já está apresentado, foi protocolado, e a gente vira esta página e o governo vai ter de inventar outra desculpa [para não apoiar a CPI]"", disse. Após a instalação da CPI, o pedido precisa ser aprovado por maioria simples. “A gente fica fazendo do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada. Acho que você já fez alguma coisa, tem que peticionar o Supremo pra botar em pauta o impeachment também [dos ministros do Supremo].” Já na noite de quinta-feira (8), horas após a decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, Bolsonaro disse que a corte interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid. O presidente citou ainda pedidos de impeachment de ministros do Supremo que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados. Um dia depois, na sexta-feira (9), a apoiadores, voltou a cobrar a abertura de pedidos de impeachment contra magistrados. ""Se tiver moral, um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir o processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal"", afirmou. No telefonema, Kajuru responde ao presidente que já entrou com procedimento para investigar o ministro so STF Alexandre de Moraes, ao que o presidente responde “tudo bem”. “Tenho que começar pelo Alexandre de Moraes porque o do Alexandre de Moraes meu já está lá engavetado pelo Pacheco. Só falta ele liberar”, diz o senador. “Nós estamos afinados, nós dois. É CPI ampla e investigar ministros do Supremo. Dez para você.” “Sabe o que eu acho que vai acontecer? O que vai acontecer eles vão [inaudível] tudo. Não tem CPI não tem investigação de ministro do Supremo. Eu sou a favor de botar tudo pra frente.” Reportagem da Folha desta segunda-feira (12) mostrou que o governo Bolsonaro passou a defender abertamente a ampliação da CPI da Covid. Com a medida, a comissão no Senado poderia investigar também a ação de governadores e prefeitos na pandemia. A estratégia, segundo senadores e auxiliares de Bolsonaro, é jogar mais pressão sobre congressistas para que eles retirem assinaturas do pedido de criação da comissão. O Palácio do Planalto avalia que a perspectiva de uma CPI que, além do governo federal, mire prefeitos e governadores pode ser suficiente para reduzir os apoios à instalação da CPI no Senado, uma vez que senadores são ligados politicamente às administrações nos estados. Na última quinta-feira (8), após a Receita Federal defender a tributação de livros não-didáticos, com o argumento de que pessoas mais pobres não consumiriam publicações do tipo, pedimos aos leitores da Folha que nos contassem o que fazem para ter acesso à literatura. Os relatos vieram de pessoas de várias partes do Brasil, de idades e realidades distintas. Desde as que encontraram alento nas bibliotecas e sebos até aquelas que literalmente venderam o almoço para comprar o livro dos filhos. Todas, porém, com um ponto em comum: a paixão incontestável pela leitura. Confira abaixo alguns destaques.  O encontro com a literatura mudou completamente a minha vida, uma vez que os livros contaram-me que eu poderia sonhar todos os sonhos sendo uma jovem negra da periferia. E, sempre economizando, lendo online ou recebendo de presente, é que eu tive e tenho acesso aos livros. Apesar do menor poder de consumo: sou uma leitora! Quando a escritora Chimamanda Adichie afirma que “escrever é rejeitar o silêncio”, então acredito que ler seja o nosso grito por grandes transformações! É injusta essa taxação que dificulta nosso acesso aos livros, impede a aproximação de novos leitores e afasta os que já leem, como eu. Denise Maiara dos Santos Seabra, 21, Guarulhos (SP)  Muito triste essa afirmação da Receita Federal, ""livro é coisa de rico"". Aprendi a ler e escrever pelo esforço de uma ""analfabeta"", minha avó, que aprendeu ""mal e mal"" a ler e escrever sozinha. Ganhei um livro, o ""Patinho Feio"", e minha querida avó disse que se eu aprendesse a ler eu ganharia um chocolate. Levou menos de uma semana. Família pobre, mas na qual o estudo sempre foi muito valorizado. É algo que ninguém te tira. Tenho uma filha, hoje com 24 anos, e sempre a incentivei a ler. Nas fases mais difíceis eu trocava meu vale-refeição por um livro para ela. O livro é importante, o luxo, não. Muitas mães fogem dos shoppings, eu sempre fugi dos sebos (risos). Até hoje ela fixa em nossa geladeira uma lista com nomes de livros e fala: “mãe, se alguém perguntar o que quero de Natal e aniversário, cite um desses livros”. No condomínio onde moro, instalamos uma ""geloteca"", doei uma geladeira grande em que colocamos vários livros para os moradores. Ler é um passaporte para o conhecimento e abre a mente para um futuro. Infelizmente moramos num país onde o estudo e leitura não são prioridade. Marisol Leiro Vidal, 57, São Paulo (SP)  ""O livro pesa menos que a enxada"". Esse é o argumento supremo que os pais do interior da Bahia, sem acesso ao conhecimento formal, utilizam para encorajar os filhos a continuar os estudos formais e tirar o diploma que eles não tiveram acesso em sua época. Ler é a válvula de escape que permite à criança e ao adolescente pobre conhecer mundos que são distantes demais da sua realidade. Através deles fui desafiada com as divagações de Sofia (Jostein Gaarder), sofri junto com a Tereza Batista (Jorge Amado), percebi que o sofrimento de Mariam (Khaled Hosseini) se assemelha ao sofrimento de muitas das minhas vizinhas, e quando tudo ao meu redor pesava demais, fugia para Hogwarts (J. K. Rowling). Tudo isso só foi possível porque tive acesso a uma biblioteca maravilhosa. Como a maioria dos pais, os meus não podiam se dar ao luxo de me oferecer livros em detrimento da alimentação. A fome de livros foi suprida pela Escola Fundação Bradesco. A maioria dos meus colegas da época conseguiram avançar os degraus do conhecimento, alcançaram o ensino superior e hoje são diplomados (os primeiros de suas famílias, assim como eu). Os livros gratuitos foram as únicas ferramentas disponíveis para fugir das dificuldades diárias de falta de acesso à cultura, esporte, lazer, internet de qualidade, e tantas outras privações que a classe pobre é submetida diariamente. As políticas públicas deveriam ser orientadas para diminuir esse abismo social e possibilitar que todos tenham acesso ao conhecimento. Tributar as ferramentas capazes de mudar a realidade das gerações é um crime contra elas. É um recado claro de que nossos governantes estão comprometidos com as classes que podem ter tudo o que querem facilmente: inclusive livros. Naira Ramos Silva, 31, natural de Irecê (BA)  Quando eu era criança acreditava que livros eram somente para pessoas de poderes aquisitivos altos —meu acesso se dava somente na escola pública. Cresci e notei que livro é caro, as livrarias são de um nível em que o pobre às vezes sente vergonha de entrar por achar que não vai ter dinheiro para levar o seu. Porém, livro é para todos, ele te dá asas para viajar, imaginar, conhecer outras culturas. Nós, pobres, nem que seja um livro a cada dois meses, compramos, sim, pois só ele nos alimenta nesse país que, além de nos matar de fome, querem matar nossos sonhos e a única forma que encontramos para manter viva a esperança através dos livros. Sou mãe de uma menina de seis anos em início de alfabetização em escola pública. Ela tem sua pequena estante de livros, pois já a ensinei que eles são tão importantes e essenciais como o arroz e feijão. Livro alimenta a alma, sacia o coração, aquece o corpo, engrandece o saber, amplia o vocabulário e traz conhecimento. Elaine Pereira Lima, mãe da Alicia Luiza, 6, São Paulo (SP)  Em casa, o hábito da leitura ainda está longe de ser uma realidade, mas sempre convivi com livros pelo estímulo de minhas professoras de escola pública. Cresci e o livro continuou presente em minha vida, mas a cada ano parece que ele está mais caro. Com o intuito de driblar isso, passei a frequentar sebos e bibliotecas. Sebos são espaços acolhedores que facilitam a compra com preços mais acessíveis. Mesmo sem dinheiro, ficava lá por horas lendo e procurando novos autores, ainda que não levasse nada para casa. Mesmo nos sebos parece que tudo encareceu de uns tempos pra cá. Muitos fecharam, então está cada vez mais difícil garimpar exemplares a preços acessíveis. Moro na zona leste de São Paulo e as bibliotecas com aqueles famigerados acervos ficam distante de casa. Mesmo assim, quando possível, passo por lá. Que dá vontade de ter aquele livro em casa para ler a hora que quiser e emprestar ao amigo que você sabe que irá adorar, dá! Por R$ 50? R$ 70? R$ 100? Complicado... Victoria Nogueira Rosa de Oliveira, 21, São Paulo (SP)  Passei até o início dos meus 16 anos sem terminar de ler um livro não didático de 200 páginas. O acesso a livros sempre foi difícil na minha vida, sou de origem pobre, meus pais não tinham o hábito da leitura e comprar livros não era visto como um investimento. Me tornei um leitor em 2020, após ler ""Os miseráveis"", de Victor Hugo, que eu havia comprado em um shopping de meu bairro. Fui atrás de outros como ""O conto de duas cidades"" de Charles Dickens e ""As viagens de Gulliver"", de Jonathan Swift. não me recordo o nome do Autor. A notícia de que ""pobres não lêem"" foi um insulto para mim. Em um país em que a taxa de analfabetismo é alta e o governo não entrega uma educação decente, um comentário desse nível é angustiante. Kalisson Oliveira da Silva, 16, Maceió (AL)  Sou filha de uma mãe solo, negra, que criou sozinha cinco filhos, com muita dificuldade financeira. Tinha dia que só comíamos porque recebíamos ajuda de pessoas próximas. Minha mãe, que nunca conseguiu concluir os estudos por ter perdido os pais muito cedo e trabalhado muito nova, sempre me incentivou a ler e a estudar. Lembro de uma frase que ela sempre nos disse: “Como pobre, os estudos é tudo que eu posso lhes oferecer.” Aprendi a ler muito cedo e era apaixonada por autores como Machado de Assis, Clarice Lispector e Pedro Bandeira. Mas minha mãe nunca pôde comprar livros para mim ou comíamos ou eu tinha livros. Eu ficava triste, mas entendia muito bem a nossa realidade. Na 2ª série, uma professora chamada Lídia Félix admirou-se com minha paixão pelo universo dos livros e, sabendo das nossas dificuldades financeiras, passou a me emprestar os livros paradidáticos de sua filha. Toda semana ela chegava na escola com vários títulos e me mandava escolher, eu ficava muito feliz!... Eu lia muito rápido para acabar logo e começar a ler outro. Na 7ª série, ganhei uma bolsa em um colégio particular e ia para a biblioteca estudar por horas. Cursei Direito e, embora eu já trabalhasse, os livros continuaram caros. Passei os cinco anos do curso estudando por livros emprestados e pdf. Hoje sinto que venci. Sou resistência, porque nunca desisti. Mas reconheço que nunca foi fácil e que tive sorte de encontrar pessoas que me apoiaram e me incentivaram a ler e estudar. Emanuela Maria da Conceição de Lima, 29, Recife (PE)  Quando criança, em Belford Roxo (RJ), a literatura era para mim uma figura hermética. As únicas pessoas que eu conhecia que tinham acesso a ela eram os poucos (três) parentes que conseguiram ingressar em uma universidade no início dos anos 2000. Ler era sinônimo de livrinhos evangélicos de 10 páginas, até que uma prima, que havia começado a cursar Cinema, me emprestou o seu ""A fantástica fábrica de chocolate"" como uma barganha para me levar ao cinema (coisa que eu nunca tinha feito também) —e me apaixonei perdidamente. Queria ler, e ler tudo. Mas não havia dinheiro para livros. Não era algo tátil para nós: se não fosse para estudo, não era válido; como gastar com algo que ""não dá retorno""? Mas, como Jó, não desisti. Meu primeiro livro foi comprado com o dinheiro de latinhas catadas durante o percurso que fazíamos (minha avó, minha mãe e meus irmãos) durante a tarde, que era quando dávamos a volta no bairro para que minha avó mantivesse o diabetes sob controle. Meu primeiro esboço literário veio logo depois. Ler era minha forma de escapar de um ambiente homofóbico; de sonhar. Meu padrasto (que cursou até a 5ª série e morou dentro de um carro durante um tempo de sua vida) não gostava, dizia que livro era coisa de vagabundo, que valia muito mais trabalhar na obra, que eu morreria de fome se vivesse nessa de ler e escrever. Neguei a ordem dele: continuei lendo, continuei escrevendo, pegando livros emprestado na biblioteca municipal, com colegas, estimulando o que era minha paixão. Hoje, a vida não é fácil: estou desempregado, não me formei em nada além do ensino médio e ainda não conquistei a tão sonhada publicação, mas sei que foi a literatura que me permitiu abrir os olhos e enxergar outro futuro para mim e para os meus. É a literatura que me permitiu não morrer, por dentro e por fora, nos piores momentos. Não importa se fui expulso de casa, ou se faltou comida, ou se eu trabalhei demais a ponto de me esgotar, não houve um dia (e aqui não há eufemismo) que não tive ao meu lado um livro para me dar alento. Júlio Alves, 25, Rio das Ostras (RJ)  Desde que fui alfabetizada tenho paixão pela leitura e escrita. As professoras me incentivavam a ler os gibis da Turma da Mônica. Me apaixonei pelo ""Soldadinho de Chumbo"" que minha tia leu inúmeras vezes. No Ensino Médio, minha professora de Língua Portuguesa, a Sônia, que jamais vou esquecer, me incentivou a ler Camilo Castelo Branco, Machado de Assis, Aluísio Azevedo, José Lins do Rego, Clarice Lispector, entre outros. Nessa época, pedi para que minha tia ficasse sócia do Círculo do Livro para que pudesse ler mais. Uma das razões pelas quais me tornei professora foi pela paixão que tenho pela leitura e pela escrita. No início da carreira trabalhei em classes de alfabetização, o que foi uma experiência maravilhosa. Tenho vários livros de papel que guardo com carinho com o objetivo de futuramente montar minha biblioteca. Adquiri um Kindle em que possuo vários títulos de autores consagrados. Amo ler literatura, filosofia, arte e outros assuntos e por isso sou leitora assídua da Folha. Evelin Ribeiro da Silva, 48, São Paulo (SP)  Via meu pai lendo e abria os livros fingindo que lia pra ver como era possível ele ficar tanto tempo naquilo. Minha curiosidade aumentou quando meus pais ganharam um monte de livros de um vizinho rico que havia morrido. Ler é uma coisa maravilhosa que ninguém consegue tirar de ti. Ver que um grupo governamental acredita que é algo pra classes altas me entristece porque é descarada a discriminação de classe. Já ajudei minha irmã a aprender a ler e tentei fazer minha avó, que lia somente a Bíblia, a ter outras leituras. Não vou parar nunca de fazer esse incentivo. É o único jeito de formarmos nossa criatividade e senso crítico. Josué Rolin da Rosa, 26, Novo Hamburgo (RS)  A leitura engrandece a alma! Para mim livros de leitura são como uma viagem 0800. Neste cenário fictício se pode mandar ou desmandar, rir ou chorar, perder ou ganhar. Se quiser pode viver o paraíso ou o inferno, a escolha é sua! Sou de uma família de muitos irmãos e muita dificuldade para meus pais garantirem o pão na mesa, apesar de nunca o ter faltado. No entanto, para minha mãe, só havia um único álibi para vencer na vida: os estudos – e consequentemente a leitura estava intrínseca nesse processo. A minha primeira experiência marcante com uma obra literária foi um clássico, de autoria José Mauro de Vasconcelos, O Meu Pé de Laranja Lima. Essa obra autobiográfica narra a história do próprio autor. Ela me tocou profundamente. Eu me sentia como o menino Zezé – protagonista da história – que tinha uma infância ingênua e sofrida e tentava sobreviver em um mundo cheio de dificuldades e enfermidades. À medida que eu indo lendo mais me emocionava. Ao lado da minha mãe –descendente de imigrantes italianos que ganhava a vida como lavadeira– ela ralhava comigo e me ameaçava a me proibir de ler, caso eu continuasse derramando rios de lágrimas. O tempo passou, as ameaças da minha mãe soaram para mim somente como cuidados maternos, pois sempre estive profundamente envolvida em diversos mundos literários. Em minha jornada acadêmica dezenas de obras contribuíram para moldar minha leitura de mundo. Outras fizeram parte do sonho da minha prole que, incansavelmente, elas ouviam até que embarcavam em um soninho profundo! Concluí Letras, fiz diversas especializações, tornei-me professora, orientadora e diretora escolar. Hoje como avó continuo me deslumbrando e me emocionando da mesma forma em que li meu primeiro clássico. Eleni Gentil Amaral, 64, Fortaleza (CE)  Nasci numa casa sem livros, e, quando criança, todos os que li saíram da biblioteca, com exceção de uma espécie de manual do mundo, comprado por minha mãe na mão de um daqueles camelôs que uma vez por mês passava de porta vendendo de tudo um pouco. De onde eu vim, uma pequena cidade do sertão baiano, faltavam livrarias, mas não faltava quem tivesse conhecido um tal que de tanto ler acabara ficando doido. Boato corriqueiro, sobretudo entre os mais velhos da região, parcela da sociedade sobre a qual incidia um monstruoso índice de analfabetismo que ainda hoje custa a ceder. Ainda assim, não era da ignorância que derivava a ausência de livros, mas, verdadeiramente, de uma outra ausência, a de recursos. Entre os meus avós, o receio de que eu enlouquecesse sempre foi obliterado por um profundo respeito. Era-lhes incompreensível que eu, criança, passasse tantas horas sozinho, com a cabeça baixa e os olhos nas letras miúdas, mas não escondiam o orgulho de dizer a quem por mim perguntasse que eu estava no quarto, lendo. Quando criança li muito, e teria lido muito mais se aquele único livro comprado, exceção em minha casa, não precisasse ser parcelado em três vezes para que nos fosse possível pagar. Os dados do IBGE são inquestionáveis, no Brasil só rico pode comprar livros. E em um país desigual como o nosso, trata-se de uma consequência óbvia. O que não é óbvio, mas, pelo contrário, totalmente inteligível é: onde estão os livros que embasam as decisões disso que chamamos governo? Murilo Souza, 25, Campinas (SP)  Antes da pandemia eu costumava ir às livrarias para conhecer os novos lançamentos, mas a compra mesmo era sempre feita pela internet, de preferência em sebos virtuais. Isso porque o valor é um fator decisivo na hora de passar o cartão. No entanto, mesmo com os preços mais baixos, antes de realizar a compra, pesquiso nas principais livrarias e sites de compra em busca da melhor oferta. Se ainda acho que o preço está alto, deixo no carrinho e espero uma ou duas semanas até que abaixe. Essa possibilidade de ""barganha"" é um atrativo muito grande. Além disso, a minha necessidade de ler aumentou muito, até pela maior exposição às telas de celular e computador. Ler é, para mim, um prazer e uma ferramenta de conhecimento. Dizer que livro é coisa de gente rica, é dizer que conhecimento e acesso à cultura não são interesses de gente pobre. Caio Henrique, 20, São Paulo (SP)  Fui criado em uma família simples, suburbana, que não tinha dez livros em casa. Peguei gosto pela leitura na escola pública, quando me foram apresentados os títulos da série Vagalume. A biblioteca da escola ficava em pavilhão de madeira, telha de zinco, insuportavelmente quente no verão, e fria no inverno gaúcho. Espaço acanhado, com poucos exemplares. Contudo, todo esse contexto era irrelevante pra mim. O que eu queria era ler, simplesmente. Passei pela universidade particular com muitas dificuldades financeiras. Porém, seguia lendo. Seguia na biblioteca. Com o pouco que conseguia guardar de dinheiro, adquiria livros. Hoje, adulto, com família formada, tenho condições de comprá-los. Sinto-me realmente rico, mas não financeiramente. Minha riqueza está na estante, na fila de títulos lidos ou que ainda vou ler. É a herança que deixarei para meu guri. Por isso, jamais aceitarei que acesso a livros seja coisa de rico ou qualquer outra afirmação desse tipo. Jamais! Um país que acredita nisso é um país pobre. Lucas Barroso, 37, jornalista, Porto Alegre (RS)  Eu tinha 13 anos, filha de mãe analfabeta, estudava em escola pública. O professor de português da sétima série, achando que eu era mais interessada que a média, me deu uma sacola de supermercado contendo uma gramática do Rocha Lima e pelo menos uns 15 clássicos da literatura, tudo de segunda mão. Ele já poderia ter mudado minha vida só naquele gesto, com Machado de Assis, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, mas foi além: me apresentou a biblioteca pública. Desde então, não passei um único dia da minha vida sem ler. Tudo o que sou e virei a ser devo aos livros. Edileuza Pimenta de Lima, 36, São Paulo (SP)  Tive uma infância típica de subúrbio na Vila Carrão, zona leste de São Paulo. Até meus doze ou treze anos, as atividades de lazer se resumiam a brincadeiras com os amigos da rua. Dessa forma, especialmente nas férias, o habitual era sair de casa logo pela manhã, retornando apenas ao anoitecer, depois de um dia intenso de atividades não supervisionadas. Até então, nenhum problema, já que há também pontos positivos na socialização e na prática de atividades físicas, ainda mais no período de formação infantil. No entanto, ao iniciar a adolescência, as coisas começaram a se complicar. Aquelas crianças, majoritariamente de classe média-baixa, começaram a se envolver em atividades ilícitas, como pixação ou pequenos furtos na mercearia do bairro. Neste mesmo período, meu pai, que nunca foi um homem de posses, adquiriu com muito esforço uma coleção completa da enciclopédia Larousse Cultural, pela qual me encantei de imediato. Passava horas do meu dia lendo principalmente conteúdo relacionado aos países, suas bandeiras, moedas, populações, capitais, etc. O interesse pela leitura foi se desenvolvendo aos poucos, de modo que por volta dos quinze anos, já estava habituado com leituras mais sofisticadas, especialmente clássicos da literatura brasileira, que eram os títulos mais abundantes no sebo do bairro. É evidente que as atividades não são exatamente complementares; não podia ficar na rua o dia todo se quisesse ler. E fui cada vez mais dando prioridade à leitura, de modo que, enquanto meus antigos amigos de infância foram sendo presos ou morrendo muito jovens, aquele simples, mas árduo ato do meu pai de adquirir uma enciclopédia, certamente me salvou de ter um destino similar. Hoje sou graduado em Letras pela Universidade de São Paulo, sendo evidentemente o único daquele círculo de amigos a me formar em uma universidade pública. Se os livros fossem ainda mais caros durante a minha formação intelectual, certamente não teria a possibilidade de me envolver tanto com literatura e o resultado seria outro. Sendo assim, rechaço a opinião de que apenas ricos consomem livros, pelo contrário, sou um exemplo vivo da possibilidade de emancipação das classes baixas brasileiras através da atividade de leitura. Só a intelectualidade pode salvar o povo brasileiro, portanto prego resistência a qualquer atitude que vise dificultar ainda mais o acesso a livros em um país já tão dominado pela cultura da desinformação. Daniel Salerno, 32, São Paulo (SP)  Nasci no subúrbio do Rio de Janeiro e o lugar mais mágico da minha infância era a biblioteca da administração regional. Os livros de literatura sempre me ajudaram a superar a dureza da realidade e os livros científicos me ajudaram a ter conhecimento e profissão. Tenho quase 50 anos e hoje posso comprar livros. E cada vez me lembro que essa conquista não foi fácil. Pobres lêem. Pobres querem ler. Pobres precisam ler para entender. Luciana Cabral, 46, jornalista e professora, Rio de Janeiro (RJ)  Na terceira série, a professora propôs um trabalho baseado no livro O Menino Maluquinho, do Ziraldo. Todos tínhamos que comprar nosso exemplar. Estudava numa escola pública e cheguei em casa com a novidade, com o pé atrás, porque sabia que era uma despesa a mais. Nos dias seguintes, os colegas foram chegando, cada um com o seu livro. E eu ia pedindo emprestado, copiando uma ou outra passagem. Todos os dias, eu esperava meu pai chegar com o meu. Até que no final do mês - e hoje eu entendo, era o dia do pagamento - meu pai apareceu com um embrulho pardo. Lembro até da roupa que ele usava, uma jaqueta jeans. E lembro do olhar, entre culpado e aliviado, por finalmente poder dar ao filho algo que ele tanto esperava. Depois de lermos, a classe fez um quadro com bolinhas de papel crepom. Era o projeto final pós leitura. Foi exposto no Sesc, e levou o nome de todos os alunos. Não pude ir ver nosso trabalho, mas deixei um pedacinho meu lá. E ele, o livro, deixou um pedaço enorme em mim. Hoje, sou jornalista. Tenho absoluta certeza de que sem a literatura minha trajetória seria infinitamente diferente. Jonas Guedes Henrique, 33, Maracanaú (CE)  A leitura mudou a minha vida. Sou professora do Instituto de Economia da UFRJ, a 4ª filha de um casal de agricultores semianalfabetos que migraram quando eu tinha três anos de Domingos Martins, uma cidade do interior do Espírito Santo, para Cariacica, na grande Vitória, no mesmo estado. Sempre fui apaixonada por livros e usava meu dinheiro da merenda para comprar livros de um colega que me vendia. Um tempo depois a escola descobriu que ele furtava os livros da biblioteca e eu (sem saber) era receptora. Meus pais devolveram todos os livros para escola, óbvio. Isso não me impediu de continuar minha saga pela leitura. Lia os livros de meus irmãos mais velhos. Quando eu tinha 12 anos tive a sorte de conhecer um amigo do meu irmão que era assinante de um clube de leitores chamado “círculo do livro”. Foi a minha salvação como leitora, uma vez que meus pais não podiam gastar com livros que eram um bem de “luxo”. Nesse momento passei a ler muito mais. Os autores selecionados pelo círculo do livro eram grandes best sellers pelos quais já não tenho tanto interesse (Danielle Steel, Sidney Sheldon, Agatha Christie etc...), mas foram fundamentais para minha formação. Em 1992 fiz vestibular para o curso de Economia em Viçosa (MG) e atingi nota acima de 93% em língua portuguesa, mesmo tendo estudado toda a minha vida em escolas públicas e tendo trabalhado durante todo meu ensino médio. Muito grata pelo Féricles que compartilhou comigo a maravilhosa experiência daquelas leituras. Sou uma entusiasta da democratização da leitura para todxs. Maria Isabel Busato, 46, Petrópolis (RJ)  Minha história com a leitura começou na escola aos seis anos. Minha mãe por não ter condições financeiras sempre me levava para a biblioteca que tinha na minha cidade para ler. Meu primeiro livro lido foi o Sítio do Pica-Pau amarelo. Conforme a nossa situação ia melhorando ela sempre comprava um livrinho para minha irmã e eu dividirmos e isso só fez com que eu amasse mais e mais a leitura. Depois que cresci e comecei a trabalhar sempre que posso compro um livro e hoje sou orgulhosa por ter mais de 100 títulos nacionais e internacionais. O incentivo à leitura é a única coisa que tem para aumentar em nosso cenário. Se políticos realmente se importassem com a população iriam abrir mais bibliotecas e ou incentivar as classes C, D e E a ler mais. A leitura te leva onde o bolso jamais levaria. Mikaela França Marinho Ferreira, 25, Rio de Janeiro (RJ)  Quando eu paro para pensar na minha primeira memória relacionada à leitura me vem a imagem da pequena estante na casa da minha avó, onde tinham vários livros antigos e surrados de conto de fadas. Bela Adormecida, João e Maria, Rapunzel. Mas era muito difícil consumir essas histórias, afinal, meus avós haviam completado apenas a quarta série e liam e escreviam de maneira precária. Eu não via a hora de aprender a ler para poder matar minha vontade a hora que eu quisesse, sozinha. Meu pai sempre leu jornal. Independente da hora que ele chegasse em casa, ler o jornal (começando pela caderno de esportes) era um ritual que se repetia todo dia. Eu cresci em Itaquera, na zona leste, e a gente sempre andava muito de metrô para resolver coisas no centro. E sempre me chamava a atenção que meu pai tirava ou o jornal ou o livro da bolsa e começava a ler. Parecia tão legal. Eu não via a hora de poder fazer o mesmo. E assim o fiz. Finalmente entrei na escola e aprendi a ler. E queria ler tudo. Desde placas na rua até rótulos de shampoo na hora do banho. Meu pai, leitor voraz, percebendo minhas atitudes, resolveu me dar de presente uma assinatura de gibi da Turma da Mônica. Não sei se eu gostava mais de ler as histórias, ou de receber uma carta com meu nome. Nunca fui de ter livros novos, com aquele cheiro gostoso. Livro ainda é caro por aqui. Mas sempre tinha alguém que emprestava: uma amiga pegava um livro na estante de casa para emprestar, um livro interessante que aparecia na biblioteca da escola. Quando eu fiquei mocinha conseguia ler os livros de ""adulto"" que tinha em casa. Comprar um livro que eu queria mesmo era quando eu pegava metrô com meu pai e ia para os sebos na Praça João Mendes. Livros usados, com dedicatórias para outras pessoas que viraram novos na minha imaginação. Pra mim, começar a ler teve um misto de exemplo em casa, com uma personalidade curiosa e com pais que incentivavam isso, mesmo no extremo da zl. Tamiris Amaral, 33, São Paulo (SP)  Quando eu comecei a ler, os únicos livros que eu tinha acesso eram os da biblioteca da escola. Naquela época, ninguém falava de comprar nada pela internet e, como moro em uma cidade pequena do interior, aqui não tem livraria e nenhum lugar onde se possa comprar livros. Quando eu queria ter algum, eu tinha que escolher bem qual eu queria mais, porque minha mãe não podia comprar mais de um, pois eles são caros. Eu falava pra ela o livro e esperava ela ter algo para resolver na capital e trazer o livro pra mim, isso acontecia umas três ou quatro vezes no ano. Eu não era rica e continuo não sendo, apesar de hoje eu poder ter o privilégio de comprar mais livros do que antigamente. Os livros continuam não sendo tão acessíveis e dói saber que essa distância, entre os livros e as pessoas, pode aumentar. Livros curam pessoas, eles me salvaram quando ninguém mais tentou. Lanay Katalyne de Souza Silva, 20, São José da Coroa Grande (PE)  Como assim só ricos compram livros? Foi essa minha reação quando a notícia saiu nas redes sociais e jornais. Sempre fui pobre e li. Fui incentivada pela minha mãe que com sua simplicidade adorava ler. Com o troco que sobrava do pão ou da mistura ela juntava e comprava livros para nós, escondido do meu pai que nunca achou que livro era algo benéfico. Quando não podia comprar me levava a bibliotecas, e assim me apaixonei pela leitura. Houve uma fase de grana curta e muitas dificuldades que a biblioteca e os livros me salvaram. Nessa época eu li 60 livros em um ano dos mais diversos gêneros. Amo Machado de Assis e já li obras de Nelson Rodrigues, Shakespeare, Gil Vicente e tantos outros que o texto ficaria imenso. Sempre que posso compro livros, já tenho uma lista de novos livros que vou adquirir aos poucos —ainda sou pobre. Então, essa frase da Receita foi muito equivocada e mostra o quanto há desprezo e preconceito com as classes mais baixas julgando-as inferiores em vários aspectos. Carla Vitor, 49, São Paulo (SP)  Tenho 18 anos. Quando eu era pequena, meus pais incentivaram muito a leitura. Na época acabei não dando valor. Quando entrei na adolescência, decidi olhar para esse mundo da leitura. Creio que se não tivesse tido aquele incentivo quando criança, não seria apaixonada como sou hoje. Para mim, a visão de que somente os mais ricos se interessam por livros que não sejam didáticos é totalmente estereotipada. Ler não acontece apenas na escola, a leitura para muitos é prazer, é válvula de escape. Para mim, ler é viajar sem sair do lugar, ir para outro mundo e continuar no planeta Terra. Lendo eu me transformo, é uma metamorfose. Hoje o meu acesso aos livros vem da minha avó, que se ofereceu para me ajudar a comprá-los com uma certa quantia por mês. Até pouco tempo atrás era com o dinheiro que recebo de uma bolsa de estudos. Eduarda Oliveira Azevedo, 18, Rio de Janeiro (RJ)  Trabalho há 15 anos na biblioteca pública municipal central da minha cidade atendendo ao público. Faço cadastros, empresto e recebo livros e também faço serviços internos. Atualmente estamos fechados e de férias coletivas por causa da pandemia. Normalmente muitas pessoas, de todas as classes sociais, pegam livros não didáticos emprestados. Os livros no Brasil já são muito caros, deveriam diminuir os impostos sobre eles. Até moradores de rua frequentam nossa biblioteca. Rodrigo Luis Tutini, 47, São José do Rio Preto (SP)  Quando criança eu vivia numa pequena cidade do sul de Minas Gerais cuja população era majoritariamente católica. Para meu azar, minha família fazia parte da minoria presbiteriana local. Para minha sorte, minha família dava extrema importância à habilidade de ler porque isso permitia que participássemos ativamente das práticas religiosas —leitura da Bíblia, aprender as letras dos hinos, etc. Assim, o hábito da leitura me salvou do bullying que sofria pela intolerância religiosa pois me permitia refugiar na biblioteca do colégio na hora do recreio. Na época, a estória do rouxinol e a rosa, o episódio bíblico da baleia que engolia Jonas, as estórias dos espiões da CIA e outras mais se fundiam na minha mente, fazendo parte do mesmo imaginário e me transportavam para bem longe daquele ambiente hostil. O que me impulsionou a ler avidamente com o tempo deixou de ser uma arma de autodefesa e se transformou numa importante ferramenta de empoderamento. De fato, minha habilidade com as letras fascinavam os adultos ao derredor e me abriram as portas de bibliotecas particulares de professores e de membros mais abastados da comunidade religiosa. Com isso, eu passei a ter acesso a tesouros literários nunca de outro modo ao meu alcance. Mesmo fora do âmbito escolar e/ou religioso, causava admiração minha desenvoltura com as letras. Lembro vividamente da presença de vizinhos e amigos da família sentados sob a paineira que tínhamos em nosso quintal para ouvir deslumbrados as estórias que eu lhes contava. Eu me sentia a própria Sherazade - um dia contava a estória de Esmeralda e a Cabrita Djali, depois as peripécias dos três mosqueteiros, as desventuras dos retirantes da seca - o sofrimento da cadela baleia os levavam às lágrimas. Cresci e me mudei para São Paulo. Rapidamente descobri o lugar mais acolhedor da cidade, a biblioteca Mário de Andrade. Nela pude encontrar guarida para meus sonhos de me tornar universitária. Sonho universitário realizado, ganhei o mundo e pude conhecer muitos dos lugares que ambientaram as estórias de minha leituras infantis. Minha formação acadêmica me levou a especializar em tributos. Justo aqui reside meu assombro com a avaliação das autoridades tributárias sobre o consumo de livros, melhor dizendo —investimento em livros— vis-à-vis ao benefício fiscal para aquisição de armas de fogo. Se não se justifica socialmente a renúncia fiscal na venda de livros, na de armas muito menos porque o uso de armas se destina a proteger prioritariamente patrimônio. Portanto, sob a lógica fiscal, as transações com armas deveriam ser sobretaxadas para permitir que livros ficassem desonerados dos tributos e mais barato para sua aquisição. Fica evidente a contradição no discurso da distribuição de privilégios tributários na aquisição de livros versus a de armas. Luiza Nunes, 57, São Paulo (SP)  Minha relação com os livros começou bem cedo. Sempre gostei de ler. Na tenra infância ia à biblioteca pública da cidade onde moro e lia HQs enquanto minha irmã, três anos mais velha, fazia seus trabalhos escolares. Venho de família pobre sem acesso a livros. Mas eu tentava de várias formas ler o que chegava às minhas mãos. Livros de outras pessoas que eu devorava rapidamente, pois tinha que devolver logo. Na falta de dinheiro para as compras, frequentava as bibliotecas para conseguir ler. Quando sobrava um dinheirinho, visitava o antigo Sebo Lido, hoje fechado, onde conseguia comprar alguns exemplares bem baratos. Depois veio o Sebo Capricho e até hoje faço compras nele, pois muitas vezes os livros têm histórias do antigo leitor ou apenas o seu nome. O que me faz imaginar como seria essa pessoa. Não creio que a falta de dinheiro seja um empecilho para a leitura. Vejo muitas pessoas com fácil acesso a livrarias, que não lêem um livro sequer no ano. O que falta talvez seja um incentivo maior àqueles que não têm gosto pela leitura. Claro que o valor de um livro novo às vezes é desanimador. Ao mesmo tempo, conheço pessoas que pagam preços altíssimos por um celular, mas acham que R$ 20 é um valor caro demais para um livro. Enfim, ler é viajar nas páginas dos livros, é imaginar os personagens e torcer ou não por cada um. Não consigo imaginar a minha vida sem um livro por perto. O mais triste é saber que não conseguirei ler todos os livros que gostaria, mas sigo tentando e jamais desistirei. E gosto de boa literatura, os grandes clássicos. Hoje finalizei o 21° livro do ano de 2021. Rosimeire Furlanetto, 54, Londrina (PR)  Eu sou um apaixonado pela leitura e sei que o livro é capaz de mudar a vida de uma pessoa. Não tenho uma história dos meus pais, mas tenho uma doce lembrança da infância, quando brincando num lixão que tinha próximo de minha casa encontrei um gibi do Zé Carioca e ali começou meu amor pelas histórias em quadrinhos. Sempre digo que o gibi mudou minha vida, me fez sonhar e tenho lutado para conquistar meus sonhos. Me formei em psicologia, virei palestrante e hoje sou vereador por Campo Grande. Tenho um trabalho voltado para educação e cultura. Quero fazer de Campo Grande uma cidade de leitores. O livro não muda o mundo, mas muda as pessoas. Quem muda o mundo são as pessoas e gosto de provocar nelas o sonho adormecido. Eu sou um cara esquecido. Um dia essa minha mania me rendeu uma história. Deixei um livro no vidro de um carro —todos os livros têm meu telefone. Para minha surpresa, algumas horas depois, recebi uma mensagem que dizia: “Você salvou a minha vida. Estou cheia de problemas, entrei no mercado para comprar uma bebida bem forte, pensava seriamente em tirar a minha vida, mas quando voltei e encontrei o livro que você me deixou, senti no fundo do coração que a vida é feita para ser vivida e quero te agradecer. O livro que deixei foi do Augusto Cury, “Nunca Desista dos Seus Sonhos”, e esse livro salvou uma vida”. Livros salvam vidas, e por isso quero seguir provocando nas pessoas o amor pela leitura. Não é que as pessoas não gostam de ler, é que muitas vezes os livros não chegam até elas. Ronilço Guerreiro, 52, Campo Grande (MS)  Ganhei um livro Brasileiro não tem o hábito de ler. É o que dizem as pesquisas. Bibliotecas são sisudas. Quem chega lá, ou é para estudar ou para fazer pesquisas. Tudo por obrigação. É o que dizem as pesquisas. Esmolas financiam o uso de drogas das crianças em situação de rua. É o que dizem as pesquisas. Crianças e adolescentes arriscam suas vidas com trabalho infantil e mendicância nas ruas. A ONU Brasil falou que são cinco milhões nessa condição. O IBGE não contou. Mistério. Fogem de casa por conta de violência doméstica e o escambau. Pequenos refugiados urbanos na cidade de São Paulo. É o que dizem as pesquisas. A mais cosmopolita de todas? Cultural? Maior centro financeiro? É o que dizem as pesquisas? Daí que ele chegou e pediu um dinheiro. Eu só tinha um livro. Ofereci. Ele pegou, olhou e sorriu. Saiu saltitante e gritando pros amigos debaixo do viaduto: “Ganhei um livro, ganhei um livro, ganhei um livro!” Do desterro pra glória, da agonia para o êxtase. O que é mesmo que dizem as pesquisas? Suely Aparecida Schraner, 70, São Paulo (SP)  Sou natural do Rio de Janeiro (RJ) e da favela da Rocinha. Tenho 32 anos e moro há três em Aracaju (SE). Meu contato com a leitura começou na infância, através da brinquedoteca da escola pública Pedro Ernesto no Humaitá. Meus pais são analfabetos funcionais, tiveram acesso apenas à alfabetização e, quando eu era criança, comprar livros não era uma prioridade —comida, sim. Entretanto, através desse primeiro contato com a leitura —livros como ""Menina Bonita do Laço de Fita"" (de Ana Maria Machado) e a coleção ""Quem Tem Medo?""—, pude carregar uma paixão pela leitura, apesar de não ter dinheiro para comprá-los. Eu sempre lia e alugava livros na biblioteca da escola —no Fundamental 2, estudei no Christiano Hamann na Gávea, e li quase toda a coleção de “Harry Potter” (que era febre na minha quase adolescência). Minha mãe percebeu meu gosto pela leitura, e lembro dela comprar livros para mim quando a situação de vida começou a melhorar —eu já tinha meus 13, 15 anos. E eu amava ler Stephen King. Meu gosto por ler me levou a uma graduação e um mestrado em História. Hoje sou professora de escolas particulares e sempre busco incentivar meus alunos à leitura. E parabenizar aqueles que leem. Ler aguça a imaginação, nos leva a lugares e sentimentos difíceis de traduzir. Resolvi escrever esse texto após terminar “Hibisco Roxo” da Chimamanda Ngozi Adichie, e iniciar “As Origens do Totalitarismo”, de Hannah Arendt. Débora Meira, 32, Aracaju (SE)  Moro no interior da Zona da Mata Mineira (Carangola), lugar que não há livraria. Sou de família muito humilde, que mora em uma comunidade rural e não teve acesso aos estudos e leituras didáticas e não didáticas. Porém, sempre me incentivaram a adquirir conhecimento e nunca mediram esforços para meus acessos educacionais. O meu contato com a literatura não didática surgiu através de minha professora na educação básica. Fazíamos riquíssimos trabalhos apoiados em grandes nomes da Literatura brasileira como Machado de Assis, José de Alencar, Cecília Meireles, Carlos Drummond, Graciliano Ramos, dentre outros. Com o passar dos anos, me distanciei da leitura. Às vezes, lia esporadicamente. Até que em 2018, com novas companhias, surgiu um grande incentivo e de lá pra cá, não parei mais. Era um refúgio para os dias difíceis e percebi uma grande facilidade na fala, escrita, compreensão, interpretação, etc. A literatura me trouxe maturidade e aguçou o senso crítico em todas as escalas. Ao longo da repercussão após o posicionamento da Receita, vi várias livrarias com frases do tipo "" Se rico lesse a gente não estaria nessa merda"", e como é real. Estou longe de ser considerada rica. Pagar aluguel, fazer as despesas de casa e bancar meu ""luxo"" ao comprar livros não é fácil. Santo Cartão de Crédito. Então, Receita, respondo não. Afirmo com toda certeza que ricos não acessam livros. Lido com uma parcela da classe média da minha cidade, e que tristeza. Um verdadeiro ""ensaio sobre a imbecilidade"". Sobre o meu futuro e o da minha cidade, sonho em fundar uma livraria por aqui. Trabalhar para transmitir a riqueza que a literatura proporciona a nossa psique. Ricos, vamos ler? Renata Ferreira Costa, universitária e secretária, Carangola (MG) O resultado das eleições no Equador, além de significar uma dura derrota do correísmo —força que dominou a política local por mais de dez anos—, exibe uma nova radiografia do país, com a qual terá de conviver o presidente eleito, Guillermo Lasso, 65. O banqueiro e empresário de centro-direita conseguiu a façanha de uma virada nas urnas depois de um desempenho fraco no primeiro turno, em que quase perdeu a vaga para o líder indígena Yaku Pérez. A estratégia de mudar a narrativa sobre sua candidatura funcionou, e para isso foi fundamental a contratação de Jaime Durán Barba, o marqueteiro equatoriano por trás da vitória de Mauricio Macri na eleição presidencial de 2015 na Argentina. A propaganda de Lasso na TV e nas redes sociais ganhou agilidade, incorporando bandeiras importantes de um eleitorado que não votava nele: jovens, ambientalistas, mulheres, progressistas anti-correístas. É certo que isso expôs o candidato ao ridículo, ao incluir dancinhas do TikTok no cardápio. Poderia ter dado muito errado, mas não foi assim. Lasso se sobrepôs ao candidato de Rafael Correa (2007-2017), Andrés Arauz, por 52,5% contra 47,5%. A diferença eliminou a possibilidade de uma disputa pela recontagem, como havia acontecido no primeiro turno (a pedido de Yaku Pérez) e no pleito de 2017, quando o próprio Lasso não reconheceu a vitória de Lenín Moreno e saiu às ruas com um megafone na mão dizendo que havia ocorrido uma fraude. Após a posse, marcada para 24 de maio, o presidente eleito enfrentará dificuldades. As mais óbvias são a crise sanitária, com pouco mais de 1% da população vacinada e uma segunda onda da pandemia de coronavírus saturando hospitais de vários centros urbanos importantes. Na economia, uma dívida externa de US$ 17,4 bilhões e um PIB que encolheu 7,8% no último ano. A primeira preocupação de Lasso deverá ser construir consensos para aprovar suas medidas. Para isso, terá de dialogar com um Congresso (que no Equador é unicameral) em que terá apenas 12 parlamentares. A principal força política será a coalizão correísta União pela Esperança, com 49 assentos. A segunda será o movimento indígena, liderado pelo Pachakutik (de Yaku Pérez), com 27 congressistas. ""Lasso terá uma tarefa muito difícil e cheia de obstáculos. Suas promessas de estender a mão a novos aliados no centro e na esquerda têm de se mostrar reais, e isso tem de ocorrer rapidamente, para conseguir algum tipo de consenso"", diz o analista Pedro Donoso. Foi olhando para esse futuro imediato que Arauz fez um discurso de reconhecimento da derrota, ainda na noite de domingo (11), muito assertivo, no sentido de marcar o território que será da oposição. ""Queremos ser um só Equador e ajudar o presidente eleito. Mas seremos uma oposição séria, firme e democrática"", afirmou o jovem líder da aliança que terá maioria no Congresso. O movimento indígena, que não possui ainda uma unidade, mas ganhou enorme volume em termos de representação, será outro a cobrar o cumprimento das promessas do eleito em relação à preocupação ambiental e à regulação da operação das mineradoras, sem invadir territórios indígenas. Em seu discurso de agradecimento, Lasso fez menção à necessidade de políticas para proteger as mulheres da violência e as meninas que engravidaram cedo. Mas insistiu continuar sendo contra o aborto e deu graças a Deus por sua vitória mais de uma vez. Se irá cumprir suas promessas de mais e melhores leis de proteção à comunidade LGBT e à população feminina, é algo para observar de perto. Para espanto desse setor do eleitorado, Lasso disse mais de uma vez que ""a família é o valor principal de uma sociedade"". Outra área de atenção é a segurança, um pedido cada vez mais recorrente dos equatorianos. Nos últimos tempos, cartéis de drogas e dissidências das guerrilhas colombianas atuam no país. Um dos exemplos da gravidade da situação foi o recente motim em vários presídios. Para esse setor, Lasso promete uma política linha-dura —e as urnas demonstram que esse é um recurso apoiado pela maioria da população. Por fim, Lasso terá o apoio, já manifestado por seu par colombiano, Iván Duque, em políticas coordenadas para pressionar o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. Ele defende mais sanções para deter a ditadura. Além de Duque, cumprimentaram o presidente eleito os mandatários Sebastián Piñera (Chile), Luis Lacalle Pou (Uruguai), Alberto Fernández (Argentina) e Jair Bolsonaro (Brasil). Em conversa gravada com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) na noite de sábado (10), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de ""bosta"" e afirmou que teria que ""sair na porrada"" com o autor do requerimento de criação da CPI da Covid. ""Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses"", afirmou Bolsonaro em áudio divulgado por Kajuru na manhã desta segunda-feira (12) na Rádio Bandeirantes. No domingo (11), Kajuru havia divulgado gravação de uma conversa telefônica entre ele e Bolsonaro. No trecho que veio a público, Bolsonaro pedia ao senador que ampliasse o escopo da CPI para que atingisse também prefeitos e governadores. Bolsonaro disse que, se os senadores não mudarem o escopo da CPI, ampliando para investigar as ações de governos regionais também, será investigado apenas o governo federal e seus aliados. Segundo ele, vão ouvir ""só gente nossa"" para produzir ""relatório sacana"". ""Se não mudar a amplitude, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. Tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada"", disse ao senador. Na manhã desta segunda-feira, ao conversar com apoiadores, Bolsonaro condenou o registro e a divulgação do diálogo, sugerindo que não sabia que estava sendo gravado. ""O que está em voga hoje em dia é que eu fui gravado numa conversa telefônica, a que ponto chegamos no Brasil aqui. Gravado"", disse Bolsonaro, segundo imagens divulgadas na internet por um apoiador. ""Não é vazar. É te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar. E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?"", complementou o presidente na porta do Palácio da Alvorada. Kajuru, então, concedeu uma entrevista à Rádio Bandeirantes para explicar ao apresentador José Luiz Datena. À rádio Kajuru disse ter avisado a Bolsonaro às 12h40 de domingo que, em 20 minutos, divulgaria o áudio da conversa. De acordo com o senador, todos sabem que ele grava conversas telefônicas e que já divulgou outros diálogos que teve com Bolsonaro. Além disso, disse o senador, em nenhum momento o presidente pediu que ele não publicasse o áudio. ""No caso do presidente Bolsonaro, eu avisei ontem [domingo], 12h40, ao ligar para ele para contar sobre o requerimento feito, que eu subscrevi, do senador Alessandro Vieira, nós dois somos do mesmo partido, o Cidadania. Que é exatamente o quê? É estender a CPI para governadores e prefeitos"", disse Kajuru. ""Falei 'presidente, vou colocar agora, uma hora da tarde, a nossa conversa, que vai ser importante'. Porque foi um desabafo dele. Então, eu considerei que aquilo, para mim, como várias vezes eu já conversei com ele e coloquei no ar falas dele, eu voltei a fazer isso porque para mim foi uma proteção a ele para mostrar ao Brasil inteiro que ele está se sentindo prejudicado e, repito, usou a palavra sacana porque realmente ele estava chateado"", afirmou o senador. Kajuru disse que, para proteger Bolsonaro, omitiu o ataque a Randolfe Rodrigues. ""A única parte da entrevista que não coloquei para protegê-lo, porque acho que foi desnecessário, foi quando ele ofendeu um senador e falou que ia para a porrada com este senador. Falei 'presidente, calma, não é hora disso, presidente'"", relatou Kajuru. Durante o programa, Datena mostrou a Kajuru a fala de Bolsonaro aos apoiadores, autorizando-o a divulgar toda a conversa. ""Ele não está dizendo que eu menti. Ele está dizendo que eu não coloquei tudo o que ele falou. E ele sabe o que ele falou. Se ele quer que eu coloque, eu coloco"", afirmou, antes de pedir a um assessor que selecionasse o trecho para exibição. ""Se ele deseja paz com a CPI, eu colocar no ar a parte do que ele falou, ele iria arrumar uma briga com todos os senadores. Agora, ele quer, ele vai ter"", disse Kajuru. À Folha o senador disse não ter sido procurado por Bolsonaro depois da divulgação dos áudios e disse que, apesar da reação do presidente, não mudou de opinião sobre a ampliação do escopo da CPI. ""Não sou rancoroso. Não tenho isso dentro de mim"", afirmou. Também em entrevista à Rádio Bandeirantes, Randolfe disse que ""o presidente devia ter coisas mais importantes para se preocupar do que chamar senador para briga de rua"". ""Eu não sei o presidente, mas eu não tenho idade para participar de briga de rua"", disse Randolfe. Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) informou que irá representar contra Kajuru no Conselho de Ética do Senado. Quando ocorreu a conversa entre Kajuru e Bolsonaro? Quem ligou pra quem? Segundo Kajuru, a conversa aconteceu na noite de sábado (10), quando ele telefonou para o presidente. Kajuru avisou antes a Bolsonaro que a gravação da conversa seria divulgada? No domingo (11), às 12h40, Kajuru disse ter comunicado a Bolsonaro que, dali a 20 minutos, divulgaria em suas redes sociais a conversa da noite anterior. O senador afirmou à Folha que esta segunda conversa durou menos de um minuto e não foi gravada. Já Bolsonaro tem outra versão. ""O que está em voga hoje em dia é que eu fui gravado numa conversa telefônica, a que ponto chegamos no Brasil aqui. Gravado"", disse Bolsonaro. ""Não é vazar. É te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar. E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?"". Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que irá representar contra Kajuru no Conselho de Ética do Senado pela divulgação do áudio da conversa. O que diz a Constituição sobre a interferência em outros Poderes? O artigo 85 da Constituição Federal afirma que é crime de responsabilidade interferir em outros Poderes. Segundo o texto, o crime ocorre quando há ""atos do presidente da República que atentem contra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação"". O texto fala ainda que o descumprimento das leis e das decisões judiciais também é considerado um crime de responsabilidade por parte do mandatário do país. Desde sábado, quando visitou a periferia de Brasília, Bolsonaro passou a pressionar para que a CPI investigue também prefeitos e governadores, e não apenas as ações e omissões do governo federal. Na conversa com Kajuru, o presidente repete esse argumento algumas vezes. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou no sábado (10) um pedido de aditamento da CPI da Covid para ampliar o escopo, com a intenção de incluir nas investigações atos praticados por agentes políticos e administrativos de estados e municípios na gestão de recursos federais. ""Para não deixar margem de dúvida, já está apresentado, foi protocolado, e a gente vira esta página e o governo vai ter de inventar outra desculpa [para não apoiar a CPI]"", disse. Após a instalação da CPI, o pedido precisa ser aprovado por maioria simples. Já na noite de quinta-feira (8), horas após a decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, Bolsonaro disse que a corte interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid. O presidente citou ainda pedidos de impeachment de ministros do Supremo que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados. Um dia depois, na sexta-feira (9), a apoiadores, voltou a cobrar a abertura de pedidos de impeachment contra magistrados. ""Se tiver moral, um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir o processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal"", afirmou. No telefonema, Kajuru responde ao presidente que já entrou com procedimento para investigar o ministro so STF Alexandre de Moraes, ao que o presidente responde “tudo bem”. “Tenho que começar pelo Alexandre de Moraes porque o do Alexandre de Moraes meu já está lá engavetado pelo Pacheco. Só falta ele liberar”, diz o senador. Reportagem da Folha desta segunda-feira (12) mostrou que o governo Bolsonaro passou a defender abertamente a ampliação da CPI da Covid. Com a medida, a comissão no Senado poderia investigar também a ação de governadores e prefeitos na pandemia. A estratégia, segundo senadores e auxiliares de Bolsonaro, é jogar mais pressão sobre congressistas para que eles retirem assinaturas do pedido de criação da comissão. O Palácio do Planalto avalia que a perspectiva de uma CPI que, além do governo federal, mire prefeitos e governadores pode ser suficiente para reduzir os apoios à instalação da CPI no Senado, uma vez que senadores são ligados politicamente às administrações nos estados. O governo Jair Bolsonaro passou a defender abertamente a ampliação da CPI da Covid. Com a medida, a comissão no Senado poderia investigar também a ação de governadores e prefeitos na pandemia. A estratégia, segundo senadores e auxiliares de Bolsonaro, é jogar mais pressão sobre congressistas para que eles retirem assinaturas do pedido de criação da comissão. Isso precisa ser feito nas próximas horas. O Palácio do Planalto avalia que a perspectiva de uma CPI que, além do governo federal, mire prefeitos e governadores pode ser suficiente para reduzir os apoios à instalação da CPI no Senado, uma vez que senadores são ligados politicamente às administrações nos estados. No sábado (10), Bolsonaro defendeu a extensão do escopo do colegiado. ""A CPI [é] para apurar omissões do presidente Jair Bolsonaro, isso que está na ementa. Toda CPI tem de ter um objeto definido. Não pode, por exemplo, por essa CPI que está lá, você investigar prefeitos e governadores, onde alguns desviaram recursos. Eu mandei recursos para lá, e eu sou responsável?"", disse. ""Conversei com alguns [senadores] e a ideia é investigar todo mundo, sem problema nenhum"", afirmou Bolsonaro que, na manhã do sábado, realizou um passeio de moto pela periferia de Brasília. Depois, em áudio divulgado pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) neste domingo (11), Bolsonaro voltou a apelar para a ampliação da CPI. ""Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o [ex-ministro da Saúde, Eduardo] Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana"", disse Bolsonaro, em gravação reproduzida nas redes sociais do senador. O discurso foi endossado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), em uma sequência de mensagens publicadas no Twitter sábado (10) e domingo (11). ""Uma CPI exclusivamente para apurar o governo federal eu sou totalmente contra. Se tiver CPI, que se apure todos os entes da Federação, inclua estados e municípios e os impactos da liberação da eleição de 2020 para o surgimento da nova cepa (P.1)"", escreveu. Um primeiro passo para a instalação da CPI para investigar as ações e omissões do governo federal no combate ao coronavírus deve ocorrer nesta terça-feira (13), com a leitura do requerimento da comissão pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Mesmo com as assinaturas necessárias, Pacheco vinha bloqueando a criação do colegiado. Segundo ele, o momento não é adequado para investigação parlamentar com potencial de trazer forte instabilidade na política nacional. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, determinou que a CPI fosse instalada. A decisão liminar (provisória) é de quinta-feira (8). Inicialmente, a ordem do ministro seria analisada no plenário virtual da corte, no qual são depositados os votos, sem debates. No sábado, Luiz Fux, presidente do STF, após consulta aos ministros, antecipou o julgamento para esta quarta (14), que será no plenário físico da Corte. Na manhã desta segunda (12), Bolsonaro escreveu em suas redes sociais que ""nos momentos difíceis deve-se unir forças, nunca ofender exatamente aquele que pode ser decisivo nesse salvamento"". ""Convença aqueles que estão ao seu lado a defender a Constituição, em especial seu art. 5°, a nossa bandeira verde e amarela"", disse. ""Cada vez mais a população está ficando sem emprego, renda e meios de sobrevivência, o caos bate na porta dos brasileiros. Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e prepare-se"", afirmou. Agora, a principal frente de ação do Palácio do Planalto é tentar conseguir que assinaturas sejam retiradas por senadores até esta terça-feira. Dos 81 senadores, 32 assinaram o pedido de CPI —são necessários 27. A ameaça de uma CPI com potencial de criar problemas para governadores é considerado um argumento importante para o Planalto, que mira principalmente congressistas ligados a governos estaduais. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que as apurações envolvam também os gestores locais. ""Dessa forma, não cabe, a nosso ver, instituir uma comissão parlamentar de inquérito para proceder à investigação da atuação dos órgãos estatais diante da pandemia do Covid-19 e limitar o seu escopo exclusivamente aos agentes públicos federais. Trata-se de um sistema nacional e assim deve ser avaliado"", escreveu Vieira. O requerimento dele foi apresentado à Secretaria-Geral da Casa no sábado. Após a instalação da CPI, basta a maioria simples para a aprovação desse pedido de ampliação do escopo da comissão. Essa possível ampliação do escopo da investigação interessa ao Planalto mesmo se a estratégia de tentar a retirada das assinaturas não surtir efeito. Se a CPI sair do papel, o Planalto considera que pode equilibrar o desgaste da investigação contra os atos de Bolsonaro com o discurso adotado há meses pelo presidente: o de que estados e municípios receberam vultosos recursos da União para combater o vírus, mas não só falharam em conter a doença como muitos teriam praticado desvios e ilícitos. Congressistas que apoiam a CPI, no entanto, dizem que as declarações de Bolsonaro não devem ser suficientes para reverter assinaturas e que o presidente está, novamente, tentando mobilizar sua base. De acordo com eles, o pedido original da CPI já era amplo o bastante para apurar o uso de dinheiro federal no combate à pandemia, o que obviamente abarcaria administrações locais que tivessem usado esses recursos. Mesmo com a formalização da CPI, senadores estão céticos quanto à possibilidade de a comissão efetivamente funcionar. Congressistas dizem que o colegiado não tem condições de trabalhar sem as mínimas garantias sanitárias, uma vez que as reuniões de CPI ocorrem em salas fechadas e com reduzida circulação de ar. De acordo com senadores, é inviável colher depoimentos de forma remota. Mesmo se houver sessões presenciais, eles afirmam que qualquer testemunha poderia alegar motivos médicos para não comparecer. Além do mais, parlamentares dizem que uma CPI que funcione remotamente impossibilita a análise de documentos sigilosos. A percepção de que a CPI não tem no momento condições de funcionar é partilhada tanto por apoiadores de Bolsonaro quanto por alguns parlamentares da oposição. Três senadores morreram de Covid: Arolde de Oliveira (PSD-RJ), José Maranhão (MDB-PB) e Major Olímpio (PSL-SP). Também nesta segunda-feira (12), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) informou que conseguiu as assinaturas necessárias para uma outra Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal, para já incluir no escopo das investigações também estados e municípios. O senador é um aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem adotando a estratégia de buscar investigar também estados e municípios, para tirar o foco exclusivo de seu governo. O requerimento do senador foi apresentado em março, mas ganhou grande velocidade na adesão de assinaturas a partir de sexta-feira (9), após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou a abertura da CPI da Covid no Senado. ""Conseguimos! Já são mais de 34 assinaturas até o momento"", escreveu Eduardo Girão, em suas redes sociais. São necessárias 27 assinaturas, equivalente a um terço do Senado, para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito. ""Reunimos o número de assinaturas suficientes para protocolar uma CPI abrangendo União, estados e municípios. Espero que a verdade venha à tona, quem tá devendo vai ter que se justificar e quem errou vai ter que ser punido"", completou. Na quinta-feira (8), o ministro do STF Luís Roberto Barroso proferiu decisão monocrática na qual obriga o Senado a instalar a CPI da Covid. O requerimento para a instalação de uma CPI estava há dois meses parado com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que defendia não haver condições físicas e sanitárias para instalar a comissão, por conta da pandemia, e também por acreditar que ela atrapalharia as ações de enfrentamento à Covid. Pacheco afirmou à Folha que iria cumprir a decisão e que leria o requerimento de instalação na sessão de terça-feira (13). Um indicativo que a nova CPI pode beneficiar o governo do presidente Bolsonaro é a presença de assinaturas de bancadas governistas e mesmo líderes do governo no requerimento. Assinam, por exemplo, os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). A lista também conta com assinaturas de bancadas consideradas governistas, como DEM, PSD e PP. O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que vai solicitar que as duas propostas de CPI sejam apensadas, o que significaria unificar os dois pedidos de instalação de comissão. O governo começou a agir desde o fim da semana passada contra a CPI da Covid, autorizada por Barroso. A primeira estratégia foi pressionar pela retirada das assinaturas, inviabilizando a sua criação antes mesmo da instalação. No entanto, o número de assinaturas cresceu nesta segunda-feira, com a adesão de Chico Rodrigues (DEM-RR) e Flávio Arns (Podemos-PR). Eu tenho um fusca e um violão, sou Flamengo e tenho uma nega chamada Teresa... Alô, povão, agora é fé! O Verdão pulou à frente no início, buscou o 2 a 2, abriu 3 a 1 nas penalidades e, em ótimo jogo, com predomínios alternados, foi melhor na segunda etapa. Mas, no final, Diego Alves compensou os erros de Rogério Ceni e deu Flamengo. E teve de tudo: pintura de Raphael Veiga, golaço de Arrascaeta, um gol salvo de chaleira por Diego, pênalti, VAR, chilique de treinador e auxiliar, treta no túnel, gritos de torcedores fantasiados de “convidados” com direito a cartola desequilibrado, destemperado e mal-educado. O Flamengo, que já começou perdendo por 1 a 0, foi melhor no primeiro tempo mesmo em má jornada tanto de Everton Ribeiro quanto de Gerson. E mereceu a virada com os gols de Gab igol (após erro de Luan na saída e drible humilhante de Filipe Luís em Gustavo Gómez) e Arrascaeta (Felipe Melo estendeu um tapete vermelho para o habilidoso uruguaio). No segundo, sem Abel Ferreira merecidamente expulso por um chilique patético e injustificado, o Palmeiras melhorou. E melhorou porque qualquer pessoa que acompanha futebol sabe que Danilo e Gabriel Menino não podem ver do banco Zé Rafael e Felipe Melo jogarem. Entraram e, óbvio ululante, o time melhorou. E melhoraria mais se Luan, que perdeu o pênalti do título quando estava 3 a 1 (o Fla virou para 6 a 5), desse lugar a Alan Empereur. Rogério Ceni, que tem as digitais flagradas na invenção de Willian Arão na zaga e, pois, participação no lindo gol inaugural de Raphael Veiga, é campeão e supercampeão brasileiro. Imagine se o Fla, disparado o melhor do continente, fosse, à Jorge Jesus, mais equilibrado e sofresse menos com trocas esdrúxulas? O Palmeiras? Pode, à Flamengo contra o Liverpool, comemorar o vice jogando de “igual para igual”... Ou chorar sem razão!  Nelson Rodrigues: “Cada brasileiro, vivo ou morto, já foi Flamengo por um instante”. Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca! No agora.com.br! E no youtube.com/blogdovitao!  Bebê chorão Abel Ferreira Enquanto o português, provando estar muito bem adaptado ao futebol brasileiro e ao Palmeiras, dá chiliques infundados e reiterados contra a arbitragem jogo sim e o outro também, é preciso desenhar, pela enésima vez, que é um absurdo abelônico Danilo, Menino e Alan Empereur nas reservas de Felipe Melo, Zé Rafael e Luan. Muralha Weverton Mesmo com Diego Alves consagrado como herói ao pegar as penalidades telegrafadas de Luan, Gabriel Menino e Mayke, além de enervar na experiência Danilo, ficou claro que Weverton é o melhor goleiro brasileiro. Não fosse ele, apesar, paradoxalmente, do domínio verde no segundo tempo, o Fla teria levado no tempo normal. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cobra dos partidos políticos mais responsabilidade na administração de recursos públicos por um tipo de gasto que o próprio tribunal também fez recorrentemente nos últimos cinco anos. São as chamadas despesas com ""no-show"" (não comparecimento em embarques) e com taxas por cancelamento e remarcação de passagens aéreas. Informações obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação apontam que, de 2016 a 2020, o tribunal desembolsou R$ 104.694,71 com esses pagamentos. Os dados não discriminam se os gastos foram feitos por ministros ou pelos servidores do tribunal. Nos últimos anos, partidos têm recebido reprimendas por suposto mau uso de dinheiro público quando usam verba do fundo público partidário para despesas desse gênero. Só partir de abril do ano passado, em meio à pandemia do novo coronavírus, esses gastos em voos perdidos ou remarcados foram interrompidos pelo TSE. Procurado, o tribunal afirma que as ausências em embarques, quando não justificadas, têm que ser ressarcidas. O precedente aplicado aos partidos sobre o tema no TSE foi um acórdão de 2015 relatado pelo ministro Gilmar Mendes, referente às contas de 2009 do PSC. O caso em questão era relativo ao pagamento de no-show no aluguel de uma van, e não a voos de avião. ""É preciso responsabilidade na administração de recursos públicos, portanto a agremiação partidária deveria ter diligenciado para informar o cancelamento da reserva e assim evitar a cobrança da citada tarifa"", diz o documento do TSE. Esse precedente foi, por exemplo, usado em 2019, em um processo de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente da corte eleitoral, para reconhecer uma irregularidade nas contas de 2013 do antigo PTN (atual Podemos) com gastos com no-show de passagens aéreas. Barroso é o atual presidente do TSE. Segundo Barroso, a ocorrência de no-show ""caracteriza mau uso dos recursos do fundo partidário, uma vez que geram a cobrança de valores à agremiação por serviços que não foram efetivamente prestados"". O ministro destacou que ""o partido reconhece a falha e se compromete a restituir os valores apontados aos cofres públicos"". Pelo no-show, o Podemos devolveu pouco mais de R$ 4.000. As contas foram aprovadas com ressalvas. Ano passado, o ministro Edson Fachin também relatou as contas do antigo PMDB (atual MDB) de 2015 e pediu ressarcimento aos cofres públicos de R$ 15.596,76, que incluíam tanto o no-show como multas de passagens aéreas. ""Houve o dispêndio de verbas públicas, e o destinatário do serviço deixou de utilizá-lo, sem apresentação de explicações e justificativas. Nessas situações, o gasto é irregular porque carece de vínculo com a efetiva realização da despesa"", disse Fachin. Na ocasião, o partido também se comprometeu a ressarcir o dinheiro utilizado. As normas de gerais gastos do fundo público partidário estão previstas na Lei dos Partidos políticos. As despesas do TSE com no-show e remarcações ou cancelamentos eram mais altas até 2018 e caíram significativamente em 2019, ano-pós-eleitoral, e em 2020, quando a pandemia começou. De acordo com os dados de 2015 a 2020 enviados pelo órgão via Lei de Acesso à Informação, nesse período 2017 foi o ano em que mais se gastou com no-show e remarcações ou cancelamentos. Foram R$ 3.555 gastos com taxas de remarcações e cancelamentos e R$ 37.314 com no-show. Já em 2019, ano em que houve menor gasto, foram R$ 840 desembolsados com remarcações e cancelamentos e R$ 3.068 com no-show. Junho de 2016 foi o mês em que mais houve despesas. Foram desembolsados R$ 10.512 com essas tarifas. Dos R$ 104 mil usados nesse tipo de despesa durante o período, R$ 88 mil foram com no-show e o restante com cancelamentos e remarcações. Procurado, o TSE informa por meio da área técnica que resolução do Tribunal de 2010 afirma que o beneficiário deve ressarcir valores que deixarem de ser reembolsados em virtude do cancelamento de viagem ou no-show ""alvo comprovada ocorrência de caso fortuito, força maior ou interesse da administração"". Questionado, porém, o TSE não informa se houve algum valor ressarcido nesses R$ 104 mil. O órgão diz que ""a emissão de passagens aéreas segue as determinações internas"" de resolução. ""Todas as solicitações devem ser feitas em formulário próprio, constante do SEI [Sistema Eletrônico de Informações], em que os requisitantes são informados das regras estabelecidas que visam sempre o menor custo a ser despendido pela administração pública"", diz a área técnica em nota. [É] esclarecido aos requisitantes que a compra da passagem deverá priorizar a de menor preço, recaindo prioritariamente em percurso de menor duração e considerando o horário e o período da participação do servidor no evento. Quando não houver a opção pela passagem de menor valor, deverá ser devidamente justificado."" Os requisitantes têm que inserir no SEI as informações do cartão de embarque em até cinco dias e encaminhar à seção de prestação de contas. ""Faz parte da rotina dos servidores responsáveis pela emissão de passagens orientar os requisitantes com relação a prazos e procedimentos"", diz o TSE. ""Durante o acompanhamento da execução do contrato de fornecimento de passagens aéreas, os fiscais constantemente propõem melhorias nos procedimentos, a partir das lições aprendidas."" O ministro Luís Roberto Barroso determinou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tome vergonha na cara e instaure a CPI que investigará os crimes de Bolsonaro durante a pandemia. O requerimento para abertura da CPI é assinado por 32 senadores, 5 a mais do que o legalmente requerido. A CPI só não havia sido aberta ainda por mutreta, falcatrua e sacanagem. O senador Pacheco alega que a instauração da CPI pode prejudicar a ação conjunta dos Poderes contra a pandemia. Ele está mentindo. Não há ninguém na esfera federal tomando qualquer providência contra a pandemia. Cerca de 80% das vacinas aplicadas no Brasil até agora são da Coronavac do Butantan (e de Doria). O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que não é “hora de apontar culpados”. Disse isso porque Bolsonaro, que é o culpado, concedeu a Lira e a seus aliados no centrão acesso a cargos e verbas da administração federal. A hora de apontar culpados, se entendi bem, será quando esse dinheiro acabar. Talvez já não dê mais para evitar uma única morte brasileira. Se vocês quiserem entender a diferença que instituições minimamente funcionais fazem, deem uma olhada no noticiário um dia antes da decisão de Barroso e um dia depois. Um dia antes, a Câmara aprovou um projeto de lei que possibilita que vacinas sejam desviadas do SUS para empresários utilizando o Ministério da Saúde como laranja. Essa aliança de Chicago Boys inspirados em Milton Friedman com Chicago Boys inspirados em Al Capone só foi possível porque o bolsonarismo estava funcionando sem controle nenhum. No dia seguinte à decisão de Barroso, o próprio Bolsonaro autorizou, pela primeira vez desde o início da pandemia, que o Ministério da Saúde promovesse campanhas pelo isolamento social e pelo uso de máscaras. Foi medo da CPI. Agora calculem quantas vidas teriam sido salvas se a CPI tivesse sido instalada no ano passado. Se no começo da segunda onda Bolsonaro já tivesse medo de cair, se o medo de cair o tivesse feito comprar vacinas, defender o isolamento, distribuir máscaras. Teriam sido muitas dezenas, talvez centenas de milhares de brasileiros mortos a menos. No sábado (10), cruzamos a marca de 350 mil mortos. Segundo as projeções, já temos pelo menos mais cem mil mortes contratadas, isto é, inevitáveis pela conjunção do ritmo de disseminação da doença com as políticas adotadas por Bolsonaro. Cem mil brasileiros adicionais vão morrer com certeza de Covid-19. Já estão condenados, só não sabem disso ainda. Talvez um deles seja você, leitor. Talvez um deles seja eu. Mas o risco de que morramos, além desses todos, mais outros 100, mais outros 200 mil, também é alto. Talvez derrubar e prender Bolsonaro não impeça essas mortes, mas manter Bolsonaro confortável no poder as garante. Quem não trabalha para que Bolsonaro seja responsabilizado por seus crimes trabalha para matar 100, 200 mil brasileiros além dos que já morreram. A CPI tem que ser o início do julgamento de Nuremberg que o bolsonarismo merece. Não haverá volta ao normal sem isso. Se deixarmos passar os crimes da pandemia, o que teremos direito de criticar nos próximos governos “normais”, seja lá quando for que eles voltem? Corrupção? Inflação alta? Seria falta de senso de ridículo. Cobra-se de Abel Ferreira o aumento de repertório tático do Palmeiras, para que não seja um time apenas de contra-ataque. O português respondeu com variações. Nos primeiros dez minutos, marcou por pressão e fez 1 a 0 com sete jogadores dentro do campo do Flamengo para interceptar o passe. Golaço de Raphael Veiga. Depois, o Palmeiras usou o contragolpe com Danilo recuperando de Everton Ribeiro, antes do lançamento para o pênalti sobre Rony. Também empurrou o Flamengo para seu campo de defesa, com 56% de posse de bola no segundo tempo. As alternâncias do clássico mostraram o Palmeiras dominante por 15 minutos e dominado por 30 na primeira etapa. O Flamengo entendeu que Raphael Veiga e Zé Rafael preocupavam-se com a construção de Diego e Gerson e passou a deslocar De Arrascaeta e Everton Ribeiro nas costas dos volantes. Felipe Melo ficou sobrecarregado e o time de Rogério Ceni controlou o meio de campo. Mérito também escalar Bruno Henrique mais perto de Gabigol e jogar pressão sobre Luan, o zagueiro que erra um lance decisivo por partida. Para desarmar Bruno Henrique, Luan deu no pé de Arrascaeta. Dele para Filipe Luís fazer a estupenda jogada concluída por Gabigol no rebote da trave. Então, Rogério Ceni trocou Diego por João Gomes, preocupado com a marcação sobre Raphael Veiga, artilheiro do Palmeiras depois da chegada de Abel. Sem Diego, a marcação rubro-negra se posicionou atrás do meio de campo. O Palmeiras criou espaço e chutou sete vezes contra o gol de Diego Alves. Ao todo, a final teve 31 finalizações, 17 palmeirenses e 14 rubro-negras. Exatamente o mesmo número do clássico espanhol, Real Madrid 2 x 1 Barcelona, no sábado (10). A Supercopa nos lembrou de que o Brasil ainda é capaz de produzir bons jogos, como Internacional 2 x 2 Flamengo já havia esboçado, no mesmo final de semana em que o Real Madrid venceu o Barcelona, pelo primeiro turno do Campeonato Espanhol, em outubro. A graça do clássico do Mané Garrincha não se resumiu aos jogadores. Houve mudança de rumo, variações táticas dos dois times, as estratégias que induziram os adversários aos erros. Tanto do Flamengo, ao inverter Bruno Henrique e Arrascaeta, quanto do Palmeiras, que melhorou a marcação, a saída de bola e o controle do meio de campo com Danilo e Gabriel Menino. Rogério Ceni tem ainda percentual de pontos pouco menor do que o Flamengo tinha sob o comando de Domènec Torrent e sofreu cinco derrotas em 2021. O Palmeiras, derrotado nos pênaltis com boa atuação, pode festejar o terceiro troféu do ano se empatar com o Defensa y Justicia na quarta (14). Só o Manchester City jogou mais vezes neste ano (26 a 25). No mundo inteiro, a Supercopa é um torneio festivo. Na Inglaterra, não se festeja como título e sim como jogo de pré-temporada. Na Espanha do início da década passada, os confrontos Real Madrid x Barcelona faziam sair faísca do Camp Nou e Santiago Bernabéu. A tensão não era da Supercopa. Era do clássico. O alto nível técnico exigia muito dos jogadores e isso aumentava o ritmo, o nervosismo e a ansiedade. Era Messi x Cristiano Ronaldo. Não chegamos a esse ponto, mas Flamengo 2 x 2 Palmeiras deu gosto. A ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que o Senado instale a CPI da Covid deu novo fôlego à oposição na Câmara, que vê ambiente favorável para pressionar deputados a recolher assinaturas para abrir uma comissão parlamentar de inquérito na Casa. A articulação foi retomada após Barroso mandar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criar o colegiado. A decisão liminar (provisória) do ministro será analisada pelo plenário do STF na quarta-feira (14). Na decisão, Barroso afirmou que já estavam presentes requisitos necessários para abertura de comissão, como assinatura favorável de mais de um terço dos senadores, e argumentou que o chefe do Senado não poderia se omitir em relação ao tema. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Assim como Pacheco, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já se manifestou contra a abertura da CPI. Em março, ele afirmou que o Congresso não deveria parar para investigar a gestão do governo na pandemia ou procurar culpados por erros. Na sexta-feira (9), em evento na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), em Arapiraca (AL), Lira voltou a rechaçar a abertura de uma CPI pela Câmara. Segundo ele, não é o momento para ""se apontar o dedo para ninguém"". ""Daqui a dois, três meses, esses culpados vão estar morando em outro lugar, vão estar apagadas as provas, vão estar escondidas as evidências? Não."" ""Então, você [vai] mobilizar 20, 30 senadores numa sala fechada quando o Congresso está funcionando virtualmente e ter de trabalhar presencialmente para fazer política? Porque o que nós não precisamos neste momento é politizar mais um tema."" Lira disse que ""quem errou vai pagar"" e que o ""preço de 330 mil vidas é muito alto para qualquer sociedade, mas não nesse momento e não dessa maneira"". O Brasil já soma mais de 350 mil mortos pela Covid-19. Deputados da oposição e de partidos de centro, no entanto, veem oportunidade para pressionar colegas e, assim, conseguir o mínimo de 171 assinaturas necessárias para a criação da CPI. A Câmara tem 513 parlamentares. Segundo a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC), cerca de 90 deputados já haviam apoiado a criação da comissão até a última sexta-feira. Para ela, a CPI no Senado ""está assustando as hostes do governo"". ""Estavam preocupados de não criar CPI e agora vão ficar preocupados porque a CPI vai acontecer no Senado, onde há um grupo mais amplo que quer esclarecer esse processo"", disse. A deputada afirmou que a instalação da comissão no Senado favorece a abertura de um processo semelhante na Câmara. De acordo com ela, a medida seria barrada por Lira. ""Acho que ele separa as coisas. Para colocar uma CPI sem ser uma pressão muito grande, sozinho, ele não coloca. Ele coloca mais na frente, se sentir que os interesses do centrão estão sendo ameaçados."" Vice-líder da minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) lembrou que CPI é direito constitucional e não depende do desejo político de quem comanda a Casa. ""A demora de instalar acabou gerando essa incidência do Supremo Tribunal Federal sobre o Senado. Seria desnecessária essa incidência se houvesse a instalação pelo próprio presidente do Senado"", disse. Em sua decisão, Barroso afirmou que não cabe ao presidente do Senado fazer uma análise de conveniência em relação à abertura da CPI e que ele é obrigado a fazê-la quando estão cumpridas as exigências da Constituição sobre o tema. Na Câmara, para conseguir as assinaturas exigidas, a oposição, que tem 125 deputados, precisaria do respaldo de deputados de centro. Feghali disse acreditar que isso é possível, incluindo o apoio de deputados de centro-direita. ""Tenho certeza de que assinarão esses pedidos de CPI, porque as denúncias são muitas, o número de mortes cresceu assustadoramente, e vários parlamentares têm interesse de investigar os crimes que se repetem do governo federal"", disse. O líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente (SP), segue a mesma linha de Feghali. ""Acho que a CPI [do Senado] cria um clima, um novo ambiente, especialmente se, de fato, for instalada rapidamente, de a Câmara também cumprir seu papel de fiscalizar essas questões da Covid."" Outros deputados veem na CPI uma forma de encontrar os responsáveis pelos erros no enfrentamento à pandemia no país e investigar a conduta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ""Não podemos continuar enterrando pessoas que poderiam estar vivas se não tivéssemos um presidente tão irresponsável. A postura do governo brasileiro diante da crise é criminosa"", afirmou a líder do PSOL na Câmara, deputada Talíria Petrone (RJ). ""A oposição está mobilizada para conseguir assinaturas para uma CPI. Mais que isso, já chegou a hora de um pedido de impeachment que unifique todos setores que defendem a vida."" O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também defende a instalação de uma comissão pela Câmara. ""A CPI da Covid pode ajudar no combate à tragédia da pandemia no Brasil, ajudar a acelerar a produção de vacinas no país e aperfeiçoar o SUS"", disse. ""Pode igualmente apontar os crimes praticados pelo presidente da República."" Mesmo deputados do centrão reconhecem que haveria espaço para criação da CPI. ""Se o Bolsonaro não mudar o discurso e a estratégia no dia dia, será inevitável"", afirmou Fausto Pinato (PP-SP). Na avaliação de deputados próximos a Lira, principal líder do bloco do centrão, apesar de o presidente da Câmara ser contrário à instalação de uma CPI, a resistência poderia ser menor se a ideia fosse criar uma comissão mista de deputados e senadores, a exemplo da que já existe para apurar fake news. Enquanto isso, o governo pressiona para que senadores retirem a assinatura do requerimento de criação da comissão parlamentar de inquérito. Assim, o requerimento passaria a ter menos de 27 apoiadores —o mínimo exigido para abrir uma CPI. O documento hoje tem 32 nomes, entre oposicionistas e alguns que se declaram independentes ao governo. Integrantes do MDB, maior bancada do Senado, defendem a investigação. A tentativa, porém, deve ser frustrada, porque há a avaliação de que a retirada de assinaturas agora passaria uma mensagem negativa, considerando que o requerimento foi protocolado há mais de dois meses. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que assinou o requerimento, critica a tentativa do governo. ""É uma demonstração de medo da apuração e chama a atenção, porque, como bem diz o presidente da República, quem não deve não teme"", afirmou. O congressista protocolou neste sábado (10) um pedido de aditamento da CPI da Covid para ampliar o escopo, com a intenção de incluir nas investigações atos praticados por agentes políticos e administrativos de estados e municípios na gestão de recursos federais. ""Para não deixar margem de dúvida, já está apresentado, foi protocolado, e a gente vira esta página e o governo vai ter de inventar outra desculpa [para não apoiar a CPI]"", disse. Após a instalação da CPI, o pedido precisa ser aprovado por maioria simples. Reportagem da Folha neste sábado mostrou que a decisão do STF aumentou o poder de fogo do Senado sobre Bolsonaro. Para reagir à CPI do Senado, o governo vinha tentado convencer senadores pelo medo, alegando a possibilidade de ampliação do escopo da CPI para atingir prefeitos e governadores, o que comprometeria aliados importantes de congressistas, inclusive da oposição, pouco mais de um ano antes das eleições. Neste sábado, o próprio Bolsonaro manifestou apoio à ampliação do escopo da comissão. ""A CPI [é] para apurar omissões do presidente Jair Bolsonaro, isso que está na ementa. Toda CPI tem de ter um objeto definido. Não pode, por exemplo, por essa CPI que está lá, você investigar prefeitos e governadores, onde alguns desviaram recursos. Eu mandei recursos para lá, e eu sou responsável?"", disse. ""Conversei com alguns [senadores] e a ideia é investigar todo mundo, sem problema nenhum"", afirmou. Para o presidente, a CPI foi feita pela ""esquerda para perseguir e tumultuar"". Flamengo e Palmeiras mostraram na Supercopa do Brasil por que são hoje os principais times do futebol nacional e nutrem uma rivalidade crescente. Em jogo de nível bem superior ao que se poderia esperar em um momento de início de temporada, as duas equipes exibiram algumas de suas melhores qualidades na briga pelo troféu, decidido apenas nos pênaltis. O duelo entre o vencedor do Campeonato Brasileiro e o campeão da Copa do Brasil terminou em 2 a 2. No estendido desempate em tiros da marca penal, os jogadores rubro-negros foram mais precisos, triunfaram por 6 a 5 ao fim de 18 cobranças e deram mais um título a um clube tão habituado a levantar taças. Foi forte o ritmo da partida, aberta com bonito gol de Raphael Veiga logo de cara. O Flamengo virou o placar ainda no primeiro tempo, com Gabriel e Arrascaeta. Os comandados de Abel Ferreira alcançaram a igualdade na etapa final, em cobrança de pênalti de Raphael Veiga, antes do fracasso nas batidas decisivas. O que se viu no estádio Mané Garrincha, em Brasília, não foi uma disputa em ritmo de pré-temporada. Se a Supercopa do Brasil é um torneio sem tradição que ainda tenta consolidar sua importância, o confronto foi encarado pelos rivais como uma oportunidade de demonstrar força em uma espécie de tira-teima. A lista de títulos é extensa dos dois lados nos últimos cinco anos. Só na temporada 2020, o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e a Copa Libertadores. O Flamengo triunfou na própria Supercopa, no Carioca, na Recopa Sul-Americana e no Brasileiro. Nenhuma das equipes deu sinais de que pretende interromper a rotina de glórias. Mesmo sob sol forte em uma embate iniciado às 11h, os times procuraram repetir aquilo que vem lhe rendendo bons resultados. No caso da formação alviverde, isso significa tomar a bola e atacar de maneira vertical, sem perder tempo. O que foi levado ao pé da letra com o gol de Raphael Veiga aos dois minutos, após um lindo drible com giro em Willian Arão. A equipe dirigida por Rogério Ceni procurou manter a calma e aos poucos foi minando a forte marcação do adversário. As oportunidades começaram a surgir dos dois lados, já que o Palmeiras se mostrava perigoso nos contra-ataques. No talento, o Flamengo buscou a virada. Aos 23, Filipe Luís entortou Gustavo Gómez e acertou a trave, rebote aproveitado por Gabriel. Nos acréscimos da etapa inicial, aos 49, Arrascaeta fintou Marcos Rocha e deixou o goleiro Weverton plantado com finalização desconcertante. Àquela altura, já não estava à beira do campo Abel Ferreira, expulso por reclamações agressivas e insistentes. Mas as mexidas promovidas pelo português no intervalo, com as entradas de Danilo e Gabriel Menino, deram nova vida ao Palmeiras no nervoso combate, cheio de bate-bocas. O momento de maior tensão se deu no fim da partida, quando o auxiliar do Palmeiras, João Martins, foi expulso. Na saída do campo, ele bateu boca com dirigentes do Flamengo, segundo informações da Globo, o que deu origem a uma briga. Os jogadores reservas, então, partiram para o vestiário. A geração de imagens do jogo, feita pela CBF, não mostrou a confusão. Enquanto a equipe carioca começava a demonstrar cansaço, a paulista crescia e pressionava. A investida deu resultado quando Rony sofreu pênalti tolo de Rodrigo Caio, que puxou sua camisa. Raphael Veiga bateu bem, no canto esquerdo, e igualou o marcador, aos 29. Depois disso, houve chances nas duas áreas. No final, também com novas peças em campo, o Flamengo chegou a pressionar e viu Weverton evitar gol de Gabriel em cima da linha, confirmando a decisão nos tiros da marca penal. No desempate, os goleiros se saíram muito bem. Houve duas defesas de Weverton e três de Diego Alves, além de duas bolas na trave. Luan, Danilo, Gabriel Menino e Mayke erraram do lado alviverde. Os rubro-negros Filipe Luís, Matheuzinho e Pepê também falharam. Na 18ª cobrança, Rodrigo Caio definiu a disputa em 6 a 5 para o clube do Rio de Janeiro, que faturou R$ 5 milhões pelo troféu (os paulistas receberão R$ 2 milhões). ""A primeira palavra gostaria de mandar aos meus jogadores, pela personalidade, pela grande partida que fizeram, com caráter. [...] Duas grandes equipes. Quando se joga finais, gostamos de ver três grandes equipes em campo, mas hoje só vimos duas"", afirmou Abel Ferreira, em referência à arbitragem. O técnico Rogério Ceni, que conquistou seu segundo título com o Flamengo, destacou o papel do goleiro Diego Alves. ""Em dezembro o Diego estava para sair do Flamengo. Eu sei o valor da experiência de um goleiro aos 35 anos, o que ele pode acrescentar não só com defesas, mas no dia a dia, com diálogo, comunicação."" No fim, o jogo que poderia ser apenas o marco da abertura da temporada do futebol nacional (embora a Copa do Brasil já tenha começado) entreteve e alimenta boas perspectivas para os dois times. Eles voltarão a se enfrentar logo na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, prevista para o fim de maio. Na mesa do gabinete, na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, Romeu Zema (Novo) tem enfileirados os jornais do dia, veículos nacionais e mineiros. Só consegue abrir para ler, diz ele, no fim do expediente, em casa. No momento mais crítico da pandemia em Minas, os vídeos do governador no TikTok estão mais institucionais. Ele aparece com mais frequência agora nos stories do Instagram, onde compartilha frases que coleciona desde adolescente. “Vi que as pessoas gostaram e tenho feito diariamente”, diz. Em março, Zema anunciou a criação da onda roxa, fase mais restritiva nos protocolos que orientam a flexibilização de atividades na pandemia —pela primeira vez, uma medida impositiva a todos os 853 municípios mineiros. Também viu seu secretário da Saúde cair por denúncias de fura-fila na vacinação dentro da pasta e se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na última semana, Minas voltou a bater recorde de mortes, passando de 500 óbitos em um dia, e o próprio governador fez um alerta para a rede de saúde lotada em todo o estado. Em entrevista à Folha, Zema afirma que o governo federal errou ao não centralizar a condução da pandemia, mas se esquiva de apontar responsáveis e defende Bolsonaro.  No início de março, o senhor anunciou a criação da onda roxa. Foi uma mudança no tom de falas anteriores do senhor sobre enfrentamento à pandemia. Em abril do ano passado, o senhor disse que era preciso que o vírus viajasse um pouco. Neste ano, disse que quem sai às ruas poderia ser considerado assassino. O que mudou? O que mudou foi a pandemia. Nunca havíamos tido uma quantidade de casos, internações e óbitos tão elevada, e o colapso do sistema hospitalar. Você tem de tomar ações de acordo com a situação, não pode deixar pessoas sem atendimento médico. Está muito claro que essa nova cepa do vírus [a de Manaus], que é muito mais transmissível, veio com uma força maior que a primeira onda. O senhor criticou várias vezes prefeitos que adotaram medidas mais rígidas de isolamento social, como foi o caso de Belo Horizonte, em falas no decorrer de 2020. Como vê essas decisões hoje? Vejo que o prefeito conhece a cidade dele melhor que eu. Cada cidade é um caso, não me cabe ficar criticando os prefeitos, mas houve casos extremos nos dois sentidos. Temos um acompanhamento diário dos 853 municípios, então fica fácil perceber o que alguns prefeitos parecem ignorar. Eu sei que eles sofrem uma pressão muito grande. Eu sei que não é fácil a vida dos prefeitos. Em entrevista à Folha em abril de 2020, o senhor defendeu que o Brasil era um dos países que melhor estava conduzindo a pandemia no mundo. Nesta semana, o senhor afirmou: “O governo federal subestimou a periculosidade desse vírus. Deveria dar mais atenção ao inimigo. Nesse ponto houve uma deficiência, algo a mais poderia ter sido feito”. O que poderia ter sido feito? Primeiro, temos de contextualizar o Brasil no mundo. Vamos pegar mortes por milhão de habitantes e vamos ver que temos países até mais desenvolvidos, que têm mais recursos, e estão piores. Na última quinta-feira (8), falando a jornalistas, o senhor usou esse parâmetro e disse que ficava claro que o desempenho do país não era bom. Está [ruim]. Como a nossa população é maior do que a grande maioria dos países, é de se esperar que venhamos a ter mais casos, como os EUA, que diga-se de passagem, é um país muito mais rico e, mesmo assim, teve dificuldades. Nós sabemos que, realmente, o que estamos vivenciando no Brasil poderia ter sido conduzido de uma forma melhor. Faltou uma unicidade na condução da pandemia, termos procedimentos —nós aqui temos orientação para os 853 municípios. Faltou isso do governo federal, ele deveria ter tido um cuidado, ter chamado os governadores, os secretários de Saúde, “vamos definir um plano único para estarmos combatendo a pandemia”. Aqui em Minas, desde o início da pandemia, eu deixei a cargo da secretaria de Saúde, com especialistas. Vejo que quem conduz um estado, um país, deve estar muito mais na posição de técnico do que de jogador, que é lateral direito, centroavante etc. Sem a centralização, governadores e prefeitos tiveram de assumir de uma forma um tanto quanto descoordenada a condução da pandemia. Quem são os responsáveis por este algo a mais não ter sido feito? Eu vejo que é o governo federal, de um modo geral. Eu não arriscaria dizer nomes, até porque estou distante, não participei das reuniões, os nossos secretários de saúde, o ex e o atual, é que estavam. O que sempre falei é que faltou essa coordenação central. Eu me sinto incapacitado, desinformado para estar fazendo essa avaliação mais aprofundada. O senhor é um dos governadores mais próximos a Bolsonaro, foi um dos únicos que não quis assinar cartas e notas críticas a ele sobre ações adotadas na pandemia. Como o senhor avalia o papel e a postura dele na condução da crise sanitária? Com relação às cartas, vamos deixar claro que assinei várias e não assinei várias. Muitas vezes, elas têm um cunho político e, como eu tenho contato com os ministros, é muito mais fácil se comunicar do que escrever cartas. Há um número expressivo de governadores que fazem uso desse instrumento, respeito, mas vejo que você sentar, dialogar, pode ser muito mais produtivo do que ficar escrevendo. Muitas pessoas querem mais visibilidade do que solucionar o problema. Mas como o senhor avalia o papel e a postura de Bolsonaro na condução da crise? Ele poderia ter capitaneado essa questão de ter centralizado o combate à pandemia. Ter chamado para o governo federal, é um inimigo que não conhecemos tão bem, vamos tomar todos os cuidados e, principalmente, ter colocado um ministro da Saúde com mais autonomia para decidir. O senhor o defendeu anteriormente de críticas, disse à Folha que não concordava com a forma como batiam nele [Bolsonaro]. O que acha das críticas atuais, que o chamam, inclusive, de genocida? Eu acho que são exageradas. Se for esse o caso, podemos ter situação semelhante em vários países, que têm taxas de óbitos maiores que o Brasil. Aqui no Brasil mesmo temos estados que têm taxas de óbitos completamente diferentes de outros, e cidades também. Não vi nenhum governador ser chamado de genocida e nenhum prefeito. Me parece que há uma certa perseguição a uma pessoa. Ficar xingando, acusando a esta altura do campeonato não vai melhorar a situação. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que o Senado instalasse a CPI da Covid, para apurar se houve omissão do governo. O senhor acha a comissão necessária ou há interferência entre Poderes? Opinião minha, dentro do Estado já temos uma série de controles, órgãos específicos para tratar de controles, como o TCU ou TCE, o MPF, os MPs estaduais, a CGU. Será que esses órgãos já não são suficientes para fazer as apurações? Eu questiono se não está havendo uma super-redundância em apurações. O setor público vive muito dessa questão de apontar o dedo. Temos reforma tributária, administrativa paradas, uma reforma talvez política, eleitoral, que [o Congresso] poderia aperfeiçoar, isso vai ficar congelado. Como avalia o papel do Supremo na crise? O Brasil continua sendo esse país em que muitas vezes, por ausência de um Legislativo que legisla, o Judiciário começa a legislar. Uma deficiência leva à outra. Ainda há essas interferências indevidas que precisavam ser mais bem conduzidas, cada um assumir de fato seu papel. As cortes em outros países trabalham em silêncio, julgam só casos expressivos. Aqui nós temos uma Constituição disfuncional, caso de um traficante de drogas vai ocupar um ministro do Supremo. Na minha opinião, ele deveria tratar só de questões constitucionais. A culpa é de um modelo que foi sendo construído nas últimas décadas. A Constituição de 1988 deixou algumas coisas difíceis de serem alteradas, que provocam tanta ineficiência. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), entrou com ação no STF para que Bolsonaro explique uma fala sobre o uso de repasses do governo federal ao estado para a saúde. O senhor foi um dos governadores que não assinou nota de repúdio ao presidente depois de uma publicação em que ele listava os repasses a cada estado. Eu não sou especialista em contas públicas, então, não cabe a mim —até acho que conheço um pouco mais que o cidadão leigo, mas há diversas interpretações. Num momento de pandemia, em que deveríamos estar unidos para combatê-la, temos visto muitas ações dessa, em que as pessoas estão querendo mostrar que fizeram mais ou que o outro fez menos e ficam nessa questão. Eu estou aqui para combater a pandemia e não para estar entrando nesse tipo de dilema. Se o presidente falou que repassou para Minas R$ 5, R$ 10 ou R$ 15 bilhões, eu sei que o governo federal ajudou. O senhor disse que o ritmo da vacinação em Minas está lento por questões das prefeituras, mas alguns prefeitos responderam que doses são insuficientes. Como avalia o tempo que o governo levou para negociar as vacinas? Com relação às prefeituras, temos muitas eficientíssimas na vacinação, e outras em que a questão não evoluiu. Temos que lembrar que todo país do mundo hoje gostaria de ter mais vacinas do que tem. Não é exclusividade do Brasil. Talvez poderíamos estar melhor, mas mesmo que tivéssemos acertado mais no passado, seria pouco provável que estivéssemos com tudo solucionado. O senhor disse em 2019 que o alinhamento com o governo Bolsonaro estava na pauta econômica. Isso se mantém? O governo Bolsonaro assumiu com propostas de privatização, de uma economia mais livre, acreditamos nisso, mas temos visto uma dificuldade muito grande. Sei que muita coisa depende do Congresso. Aqui em Minas, concessão de rodovias, concessão de aeroporto, só esse ano que vamos conseguir fazer. No governo federal, não é diferente. Continuo alinhado com a pauta do ministro [Paulo] Guedes, acreditamos muito em responsabilidade fiscal. Minas demitiu em março o secretário da Saúde devido a denúncias de fura-fila na vacinação, quando o próprio secretário Carlos Eduardo Amaral e o adjunto dele, Marcelo Cabral, foram imunizados. O senhor afirmou que não sabia do caso. Foi cogitado que o senhor também fosse imunizado? Se procurar nas minhas redes sociais, vai ver um vídeo em que eu digo que quero ser vacinado, quando chegar a hora e com a vacina que estiver disponível. Se é aprovada pela Anvisa, não tenho nenhuma restrição. Desde que o processo de vacinação começou, eu sempre disse ao secretário que íamos acompanhar o PNI [Programa Nacional de Imunização] e ele me disse que era o que estava fazendo. Nenhum secretário meu foi vacinado, exceto o de Saúde, que alega que o motivo é por ser médico e porque estava sempre dentro de hospitais. Em BH, nas últimas semanas, veio à tona o caso de uma suposta enfermeira que teria vacinado empresários de forma ilegal. O senhor é empresário, qual sua posição na discussão sobre aquisição de vacinas por entes privados? Sou contrário. Na minha opinião, uma vacina que salva vidas deve ser exclusividade de nações que têm de ter critérios de vacinação, como foi criado aqui no Brasil. Senão, vamos cair numa situação em que vai se salvar quem tem mais dinheiro. Seria mais uma desigualdade provocada por questões financeiras. A Polícia Militar de Minas, segundo reportagem do Estado de Minas, elaborou um protocolo sugerindo o chamado “tratamento precoce”, com uso de hidroxicloroquina e ivermectina, entre outros, que não têm eficácia científica comprovada. O senhor, como governador, apoia esse protocolo? Não sou médico. Mesma coisa que você me perguntar se eu quero revólver calibre .38 ou .40 para essa operação. Não estou apto. Profissionais de saúde é que tem que responder. O senhor usaria esses medicamentos? Se o meu médico recomendasse, usaria. Houve um telefonema entre o senhor e o prefeito Kalil em março, mas o senhor deu uma alfinetada nele esta semana ao falar sobre municípios não pararem de vacinar nos fins de semana [BH fez isso no fim de semana de Páscoa]. O prefeito disse algumas vezes que o senhor teria um gabinete do ódio que causou o afastamento. Como está a relação entre vocês? O nosso relacionamento é bom, civilizado, não tenho nada contra o prefeito Kalil e, na minha opinião, temos de trabalhar juntos neste momento de pandemia. Eu desconheço [gabinete de ódio]. Se tiver aqui é gabinete do amor. Kalil é apontado como um nome para disputar o governo do estado no ano que vem. O senhor pretende concorrer à reeleição? Neste momento de pandemia, não é hora de se falar em reeleição, mas, pela velocidade das reformas que temos conseguido em Minas Gerais, eu muito provavelmente serei candidato porque quero deixar meu trabalho completo. Quatro anos eu já vi que não serão suficientes. Então, o Novo é um partido diferenciado que está muito acima da média. Temos opiniões divergentes? Temos. Mas até com a esposa a gente tem também. Faz parte da vida, temos de ir tocando. A relação segue boa, civilizada, com algumas divergências, o que é normal e até produtivo. O senhor já disse ser contra o impeachment do presidente. Apoiará a reeleição dele, como em 2018? Está muito longe, vamos aguardar. A política muda de um dia para o outro. Qual a maior preocupação do governador de Minas hoje? É com a vacinação. Só vamos voltar a ter uma vida normal, a conseguir planejar melhor o futuro, na hora que equacionarmos esse problema de saúde, que é mundial. Romeu Zema, 56 [resumo] Debate sobre liberação ou não de cultos e missas presenciais na pandemia, que chegou ao STF, divide os grupos religiosos e renova um dilema milenar da humanidade a respeito de socorro espiritual e responsabilidade social em tempos de catástrofes sanitárias.  ""A Bíblia diz que quem tem fôlego louve ao Senhor, então vamos louvar ao Senhor dentro do ônibus"", disse o pastor Eduardo Silva em março, até então o mês mais letal de uma pandemia que clama justamente o fôlego de suas vítimas. O estado de São Paulo, a mando do governador João Doria (PSDB), havia paralisado atividades religiosas. Foi aí que o líder do Aviva, de um pequeno ministério evangélico na capital paulistana, o Aviva, abarrotou um ônibus de fiéis e, em afronta registrada em vídeo ao decreto estadual, celebrou ali mesmo seu culto —não havia impedimento para transportes coletivos. Em movimento estava também o lobby evangélico que culminou, na véspera da Páscoa, na liberação de práticas presenciais de fé no país em meio à chacina viral da Covid-19. A decisão partiu do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques, que reagiu a uma ação proposta pela Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos). Dois dias depois, o colega Gilmar Mendes se agregou ao script judicial, validando a constitucionalidade do decreto paulista que vetava reuniões religiosas. O debate foi levado ao plenário da corte e, na quinta-feira (8), a maioria dos ministros decidiu que estados e municípios podem barrar cultos e missas. A Covid-19 arrastou para o século 21 um dilema que perseguiu a humanidade em outras catástrofes sanitárias: fechar templos quando o socorro espiritual é mais do que nunca necessário ou abri-los e destrancar o caminho para um patógeno descarrilado em sua sanha mortífera? A mais apocalíptica das previsões para o flagelo atual desbota perto do estrago que a peste negra fez no século 14. Estima-se que a doença dizimou entre um terço e metade de europeus de todas as idades, enquanto a Covid, até aqui, matou menos de 0,2% da União Europeia e do Reino Unido. A Igreja Católica medieval se infiltrava em todos os poros sociais, da política à cultura, e foi a ela que o continente em apuros recorreu. Na época, a medicina tinha um conhecimento grosseiro do corpo humano, já que médicos, proibidos de realizar autópsias, pouco compreendiam de anatomia. O melhor remédio era ser um bom cristão, que contribuía financeiramente com a igreja e mantinha a oração em dia. “Em geral, a peste era vista como um instrumento da cólera divina”, diz o médico e historiador Francisco Moreno de Carvalho, pesquisador associado ao Centro de Estudos Judaicos da USP. “Homero aponta a moléstia como punição do deus Apolo aos gregos. Na Bíblia, há várias referências a doenças coletivas como um corretivo. Em Tebas, na história de Édipo, a peste é um castigo pelo incesto involuntário.” Pandemias, portanto, eram comumente aceitas como uma merecida marretada de Deus. “Mas também como uma outra face desta mesma moeda”, pondera Carvalho. “Podem ser momentos de prova para testar a fé dos crentes na divindade: em que medida ela pode enviar sua cura aos que se arrependem e praticam o bem.” O surto bubônico, contudo, acabou por derreter maiores expectativas com a deidade. Padres não sabiam responder por que tantos fiéis morriam, bebês inclusive. Os mais devotos morriam tanto quanto os piores devassos. Quando clérigos começaram a perecer em massa, estraçalharam ilusões de que a salvação estava na igreja. Como na crise de hoje, era necessário encontrar culpados por tanta ruína, afirma Carvalho. No primeiro relato considerado histórico de uma epidemia, uma praga que arrasou Atenas 430 a.C., o grego Tucídides atribui o surgimento da doença a estrangeiros —no caso, etíopes. “Em diversos episódios de pestilência, sempre o ‘outro’ é o causador. Agora temos a ‘gripe chinesa’. Assim foi com a peste negra em relação aos judeus. Todo preconceito é gerador de fake news. Na Idade Média, sem WhatsApp, já as havia.” Judeus eram acusados de envenenar poços para provocar a enfermidade. Milhares foram chacinados. Havia ainda uma falsa avaliação de que o grupo seria mais imune à doença do que cristãos, “o que reforçava a acusação de que eles eram os promotores da peste, visando destruir o cristianismo”. Um milênio antes, outra pandemia ajudou a construir a ideia de cristandade. A praga de Cipriano se alongou por duas décadas no século 3º e chegou a matar mais de 5.000 pessoas por dia no Império Romano. Convertido ao credo monoteísta e feito bispo de Cartago, Cipriano escreveu “Sobre a Mortalidade”. Neste ensaio, descreve “intestinos agitados com contínuos vômitos”, “olhos em fogo com o sangue injetado” e outros efeitos da peste que historiadores suspeitam ter sido varíola ou sarampo. É verdade que cristãos tombavam tanto quanto pagãos adeptos de crenças greco-romanas. Cipriano, no entanto, procurou acalmá-los com a promessa da vida após a morte para os que têm fé em Deus. Muitos se infectaram porque não deixaram doentes para trás, o que é apontado por pastores contemporâneos como um ato último de amor pelo próximo. A imagem do sacrifício é bem explorada pelo pastorado. É conhecida a história do povoado inglês de Eyam. No verão de 1665, a peste chegou ao vilarejo por meio de uma peça, lotada de pulgas de ratos infectados, enviada a um alfaiate. Eyam, então, isolou-se numa quarentena autoimposta, incentivada por dois pastores protestantes. As vilas vizinhas ajudavam colocando alimentos em buracos feitos na cerca de pedra construída ao redor do povoado. O isolamento custou caro: quase metade dos cerca de 750 moradores morreu. Dois séculos e meio depois, os médicos ainda pouco tinham a oferecer ante uma pandemia que ceifou 50 milhões de vidas. Laura Spinney, autora do livro “Pale Rider: the Spanish Flu of 1918 and How It Changed the World (“Cavaleiro Pálido: a Gripe Espanhola de 1918 e Como Ela Mudou o Mundo”, sem edição no Brasil), aponta Samora, uma cidade bastante devota da Espanha, como símbolo de um choque letal entre religião e ciência. O bispo local desafiou autoridades sanitárias ao convocar orações, algumas que se estendiam por mais de uma semana, em homenagem a são Rocco, protetor contra a peste. As novenas envolviam filas para beijar relíquias do santo no auge do contágio. Samora perdeu quase 6% da população, uma taxa de mortalidade quase 15 vezes maior que a da capital, Madri. A etimologia da palavra igreja vem do grego “ekklesia”, que significa assembleia, a mesma que Jesus pregou quando, segundo o Evangelho de Mateus, disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali eu estou no meio deles”. Em 1930, o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer cravou: “Um cristão que se mantém afastado da assembleia é uma contradição em termos”. Presidente da Anajure, a entidade evangélica que advoga pelo funcionamento de templos, Edna Zili saca a imagem de Jesus e seus 12 apóstolos para ilustrar o pendor coletivista do cristianismo, desde reuniões em templos relatadas no Antigo Testamento até a formação das primeiras igrejas cristãs no Novo Testamento. “Parte da importância da manutenção das igrejas abertas se vincula à proeminência conferida à adoração coletiva entre os fiéis, de modo que meios virtuais, apesar de úteis, não conseguem substituir tais aspectos essenciais.” O que fazem as religiões, no entanto, senão se adaptarem? “Todo momento de crise é de transformação também, e isso estamos cansados de ver na história”, diz o professor emérito da USP Reginaldo Prandi, sociólogo da religião que é também um ogã no candomblé, título que nos terreiros equivale ao de auxiliar nos rituais. Essa espécie de darwinismo social também se aplica às religiões, mesmo à Igreja Católica, uma placa maciça que custa a se mover, em contraposição às células evangélicas muito mais ágeis em reagir ao espírito do tempo. A cena do papa Francisco rezando numa praça São Pedro esvaziada, eternizada no começo da pandemia e repetida em 2021, é uma amostra recente da capacidade de acomodação da Santa Sé. No Brasil, lideranças como dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, viram bom senso no veto a missas presenciais enquanto o morticínio não arrefecer. Agruras sanitárias apressam aggiornamentos, mas não só. O Concílio Vaticano 2º, conferência que se descrevia como a abertura de janelas numa sala malventilada, marcou a flexibilização de ritos que pareciam inabaláveis para consecutivas gerações de católicos. Liderado pela igreja nos anos 1960, removeu uma série de tradições, das missas em latim, com o padre de costas ao público, ao uso de véu pelas mulheres. “Para as solteiras, supostamente virgens, o branco. Para outras, o preto. Isso mudou completamente”, diz Prandi. E hoje? “Com véu ou sem véu? Com máscara ou sem máscara?” Com mais ou menos ligeireza, as grandes religiões dão um jeito de não perder o bonde da história. As crenças de matriz africana tiveram de mudar na marra com a diáspora compulsória provocada pela escravidão, exemplifica o sociólogo. “Antigamente, todos de uma família de sangue possuíam o mesmo orixá [como guia espiritual]. No Brasil escravagista, essa herança não podia mais ser determinada pela família, que foi desfeita, roubada. O escravo ganhava nome cristão e o sobrenome do proprietário. Seu orixá pessoal agora podia ser comunicado por meio de um oráculo.” Dizia o filósofo alemão Georg Hegel que a história nos ensina que nada aprendemos com a história. Professor de cultura da medicina em Harvard, David Jones vê certo chiste histórico em como muitas pessoas, mesmo tendo dez semanas de aviso, pareciam surpresas em março de 2020, quando a Covid mostrou as asas em Nova York e depois em outros estados. “Por algum motivo, pensamos que isso não iria acontecer conosco”, afirmou num podcast da universidade. Alertas não faltaram. Na época, outro podcast, do jornal The New York Times, entrevistou um médico da Itália sobre o mal que se avizinhava dos EUA. Ele contou como os pacientes em seu hospital estavam morrendo sozinhos: “Tentamos ligar, todos os dias, para seus parentes. Mas preciso dizer que às vezes, no meio da confusão, ninguém lembra de telefonar. Então acontece do filho ligar para o hospital, e a pessoa já estar morta”. A escalada do drama italiano, segundo o doutor, começou no dia 23 de fevereiro, o domingo de Carnaval. Era questão de tempo até aportar nos EUA, hoje a nação mais atingida pela Covid em números absolutos, com quase 560 mil óbitos (projeta-se que o Brasil irá ultrapassar essa marca). O histórico epidemiológico da humanidade reforça essa descrença cíclica. Em 1832, a mesma Nova York, diante de um rompante de cólera prenunciado com meses de antecedência, respondeu com espanto. É o mesmo filme: “Pensaram que isso não aconteceria com eles, que eram de alguma forma diferentes”, afirma Jones. A confiança numa providência divina que nos livrará de todo o mal é um espólio cultural legado mesmo àqueles sem filiação religiosa, segundo o professor. A ordem social pode entrar em curto-circuito quando a expectativa na onipotência divina não se confirma, como aconteceu quando o Vaticano foi incapaz de dar uma justificativa espiritual à altura para o massacre bubônico. Via de regra, porém, quando uma crise como a da Covid-19 brota, a praxe é ver uma leva de tementes a algum deus, ou múltiplos deles, buscarem guarida na fé. Hospitais que tratam o espírito podem fazer tão bem quanto os que cuidam do corpo físico, argumenta Pedro Luis Barreto Litwinczuk, teólogo e pastor da Comunidade Batista do Rio. Daí o disparate em comparar templos como outros estabelecimentos fechados por decreto na pandemia, diz. “É óbvio que toda igreja que defende o nome de Cristo deve primar pelo bem-estar de suas ovelhas, respeitando distanciamento, limite de pessoas, uso de máscaras e álcool em gel. Mas elas não devem nem podem ser fechadas. O povo está padecendo como nunca visto antes. Muitos estão em depressão, apavorados, inseguros, e a igreja mostra que, mesmo nas lutas, Deus está ao nosso lado.” Na visão de Litwinczuk, um argumento recorrente para defender fechar todos os templos, o surto de Covid ligado a superigrejas na Coreia do Sul, é falacioso porque elas desrespeitavam o protocolo sanitário. Já outra linha argumentativa, que equipara templos a um botequim que traz alegria para boêmios em tempos difíceis —”por que não abri-los também?”—, beiraria o escárnio. “O [jurista] Ives Gandra Martins disse que pandemia é igual guerra, se não tiver uma voz de comando, vira zona. Num bar é diferente, não tem uma liderança, nem regras. As ovelhas ouvem a orientação do seu pastor.” Congregações que não zelam pelas normas sanitárias precisam ser enquadradas, afirma. Não dá para ignorar que a canetada de Kassio Nunes Marques atendia a uma agenda evangélica, diz Pai Rodney de Oxóssi, babalorixá e doutor em ciências sociais pela PUC-SP, que toda segunda-feira reza para Obaluiê, orixá da cura. “Claro que o ministro nem se lembrou dos terreiros quando tomou essa decisão, né? Os cristãos sempre mandaram.” Há, contudo, espaço para convergência: também Pai Rodney diz que preservar alguns ritos presenciais “tem sido importante para a saúde mental de muita gente”. Um deles é o bori (“literalmente, oferenda à cabeça”), que busca apaziguar tormentas mentais e requer um período hospedado na casa de candomblé. “Normalmente, as pessoas chegam num dia, dormem no terreiro e seguem no outro. Muitas com desequilíbrios emocionais e psíquicos recorrem a esse ritual. Neste momento, uma pessoa chegou da Itália para fazer o bori.” Se neste momento o menor contato físico pode representar uma ogiva viral, a realização de uma cerimônia presencial não é só eticamente errada, diz Ruben Sternschein, rabino da Congregação Israelita Paulista. “Segundo a lei judaica, todos os preceitos religiosos ficam relegados a segundo plano se a vida está em jogo. Do shabat ao casamento, nada pode justificar o risco de contaminar pessoas.” Digamos que uma pessoa está anêmica no Yom Kipur, o Dia do Perdão. Espera-se nessa data, a mais sagrada do calendário judaico, um período de orações intensas e 25 horas de jejum. Para alguém fisicamente debilitado, contudo, privar-se de alimentos seria uma transgressão, afirma Sternschein. “A vida está acima de tudo, inclusive acima do judaísmo.” VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto) Se há uma lição a aprender com a pandemia é que colapsos só podem ser enfrentados com mobilização coletiva: reunindo cidadãos, organizações sociais, corporações e governos pelo bem comum. Já deveríamos ter entendido isso, mas, no Brasil, o presidente da República se refere às ONGs como “câncer que não consegue matar”. Não enxerga a diferença que a sociedade civil organizada faz, ainda mais na crise. Não fossem associações de bairros, centrais de favelas, instituições filantrópicas, movimentos indígenas e articulações empresariais, dentre tantas iniciativas solidárias no combate à Covid-19, estaríamos muito piores. Essas organizações atendem à camada mais vulnerável da população, em um país continental onde mais de 50 milhões de pessoas vivem na pobreza. Entregam doações, levam saúde e socorrem rincões distantes. Alimentam famintos, geram renda, garantem educação, protegem o meio ambiente, dão acesso à água e moradia. Mantêm viva a cultura, defendem as minorias, promovem o esporte, criam oportunidades de desenvolvimento —são inúmeras frentes de atuação, como são os problemas do Brasil. Não cabe às organizações substituir o Estado, mas somar esforços. Os melhores resultados na luta contra o novo coronavírus —e, na verdade, na solução de qualquer desafio social— estão em municípios onde tomadores de decisão cooperam com o terceiro setor. O conceito de parceria passa longe do governo central, que promove uma campanha sistemática de difamação contra as ONGs. Pior, estimula o negacionismo, as aglomerações e as notícias falsas. Não ouve a ciência. Jogou fora milhões de reais em medicamentos ineficazes. Não negociou vacinas quando deveria. Nunca fez isolamento de verdade, estendendo a crise. Não à toa, nos tornamos uma ameaça biológica mundial. Hoje o Brasil está acima de tudo, como diz o slogan do Planalto, só em número diário de mortos. Se o governo quer acabar com as ONGs, basta enfrentar as urgências com compromisso. Quando todos tiverem direitos assegurados, elas serão desnecessárias. Estamos longe disso. Em um país tão desigual e carente de políticas públicas, a sociedade civil organizada é a última linha de defesa —muitas vezes, a única. Mesmo exaustos, temos de seguir em frente. É o que nós, empreendedores sociais, estamos fazendo. Um dia depois do outro, lutamos para aliviar os efeitos da pandemia e contribuir com um Brasil mais justo. Buscamos caminhos e parcerias para superar as crises sanitária, social e econômica. Clamamos por bom senso e ações verdadeiras. É preciso reconduzir o país à lucidez e que os (ir)responsáveis pelo descaso e pelas vidas perdidas sejam penalizados. Gritamos por apoio, por vacinas, pelo SUS. Pedimos socorro para o mundo olhar para o Brasil. Nós precisamos de ajuda para poder ajudar mais —porque somos cada vez mais necessários. Todas as organizações da sociedade civil estão convidadas a assinar esse manifesto: www.precisamosdeajuda.org. Caetano Scannavino Eugenio Scannavino Netto Maria Teresa Leal Ivaneide Bandeira Cardozo Fábio Bibancos Empreendedores sociais, representam 218 lideranças e organizações da sociedade civil que subscrevem este manifesto: Adilson Vieira Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental Adriana Saldanha Instituto Mpumalanga Alan Silva do Amaral Antroposofia e Política Alberto Bracagioli UFRGS Alessandra Orofino Nossas Alice Freitas Rede Asta Américo Córdula Córdula Responsabilidade Cultural Amanda Monteiro Turma do Bem Ana Alcantara MulherAção Brasil Ana Fontes Rede Mulher Empreendedora Ana Lucia da Cruz Lead International Program Ana Moser Instituto Esporte & Educação Ana Paula Silva Morada da Floresta André de Campos Duprat Outward Bound Brasil André Duprat Outward Bound Brasil Andréa Wolffenbüttel Movimento por uma Cultura de Doação Andréia Barion Instituto Fazendo História Anna Cecília Cortines Lead International Program Ari Weinfeld Movimento arredondar Auro Danny Lescher Projeto Quixote Beatriz Bouskela Instituto Arredondar Beatriz Mansberger Hatt Chef Aprendiz Beatriz Tadema Escola Schumacher Brasil Berenice Assumpção Kikuchi Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo Caetano Scannavino ONG Projeto Saúde & Alegria Caio Magri Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Carla Cabrera Duarte Associação Acorde Célia Cruz Instituto de Cidadania Empresarial Celso Garbarz Instituto Anchieta Grajaú Celso Grecco Atitude Celso Sekiguchis Instituto Participare e UniDiversidade das Kebradas Celso Veras Batista NECA - Associação dos Pesquisadores e Formadores da área da Criança e do Adolescente Cibele Forjaz Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicaçoes e Artes da Universidade de São Paulo. Claudia Borges Oca Associação da Aldeia de Carapicuíba Claudia Vidigal Instituto Fazendo História Claudia Werneck Escola de Gente Claudio Pádua IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas Claudio Spinola Morada da Floresta Cleuller Camilo Engenheiros Sem Fronteiras - Brasil Cynthia Betti Plan International Brasil Dal Marcondes Instituto Envolverde Daniel Morais Atados David Hertz Gastromotiva Dayse Cesar Franco Bernardi NECA - Associação dos Pesquisadores e Formadores na Área da Criança e do Adolescente Debora Santos De Conti Instituto Velho Amigo Denise Amador Mutirão Agroflorestal Edson de Oliveira Silva Grupo de Apoio aos Meninos e Meninas de Rua Edson Leite Gastronomia Periférica Eduardo Pacheco Associação Hurra Egidio Guerra Terra da Sabedoria Elisabete da Silva Weber Entidade Beneficente de proteção animal loucos por bichos Eliseu Neto Cidadania Erika Foureaux Noisinho da Silva Eugênio Scannavino ONG Projeto Saúde & Alegria Fabian Baglietto Teibo Instituto de Permacultura da Bahia Fabiana Bandeira Maia Instituto Terra Luminous Fabiano Lopez da Silva Fundação Vitória Amazônica - FVA Fábio Bibancos Turma do Bem Fabio Severiano Fome de Viver Fabio Vaz Ribeiro de Almeida Instituto Sociedade, População e Natureza Felipe Gregório Florescer Brasil Fernando Assad Vivenda Fernando Augusto Aparecido dos Santos Turma do Bem Flavio Helder Azevedo Alves BFV Cultura e Esporte Francisco Iglesias Aspoan - Associação Potiguar Amigos da Natureza Gabriel Guimarães Borges de Barros Conceito Coworking Gabriela Antici Instituto Protea Georges Schnyder Mundo Mesa/ Nosso Prato Germana Soares União de Mães de Anjos Gilson Rodrigues G10 Favelas Gisela Solymos CREN - Centro de Recuperação e Educação Nutricional Guaraciara Lopes Casa da Criança e do Adolescente Guilherme Valadares Instituto PdH Guiné Silva Fundação Tide Setubal Gustavo Glasser Carambola Gustavo Pinto Instituto Vivejar Hamilton Silva Saladorama Helen Pedroso Instituto Ronald McDonald Helena Rondon Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social Helena Werneck Projeto Veredas Helio Mattar Instituto Akatu Hélio Neves Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Heloisa Reis Transiton Granja Viana Henrique Bussacos Impact Hub Henrique Silveira Casa Fluminense Ilan Zugman 350.org Brasil Ilona Szabó Instituto Igarapé Isa Maria da Rosa Guará NECA - Associação dos Pesquisadores e Formadores da Área da Criança e do Adolescente Iseli Yoshimoto Reis Fleximedical Soluções em Saúde Ivaneide Bandeira Cardozo Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé Jaílson de Souza e Silva Instituto João e Maria Aleixo Jaime Siqueira CTI - Centro de Trabalho Indigenista Jansen Alfredo Sampaio Zuanon Fundação Vitória Amazônica Jessika Rodrigues Amorim Centro Especializado Assistencial Pedagógico João Carlos de Almeida Sorri Bauru João Carlos Martins Renascença Clube João Claudio Tupinambá Arroyo Instituto Saber Ser Amazônia Ribeirinha João Diamante Diamantes na Cozinha João Joaquim de Melo Neto Segundo Banco Palmas João Lima Gastronomia Social Ceará João Paulo Pacifico Grupo Gaia João Paulo Ribeiro Capobianco Instituto Democracia e Sustentabilidade Joel Paulo Bueno da Silva Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (ABRRE) Joesér Alvarez Associação Coletivo Madeirista - ACME Jonas Lessa Retalhar José Alberto Orsi Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia José Dias Campos Centro de Educação Popular e Formação Social CEPFS José Luís Campana Camargo Lead International Program José Luiz Setúbal Fundação José Luiz Egydio Setúbal Julio Ritta Cozinheiros do Bem-Food Fighters Karen Worcman Museu da Pessoa Lais Higashi Litro de Luz Brasil Leandro Machado Cause Leila Velez Curl Lab Leonel Sá Maia GO-HRE Gabinete de Genebra para Educação em Direitos Humanos Lia Marques Associação São Joaquim de Apoio à Maturidade Liliana Pimentel Observatório Latino Americano pela Ação Climática Livia Santin Marmita solidaria Luana Fransolino M Nobre ADAPTSURF Lucas Cardoso Corvacho Retalhar Lucenir Gomes Fundação Avina Luciana Chinaglia Quintão Banco de Alimentos Associação Civil Luciano Almeida Restin Luis Fernando Guedes Pinto SOS Mata Atlântica Luiz Hamilton Ribas ASID Manoel Edivaldo Santos Matos STTR de Santarém Marcel Fukayama Ativista e empreendedor Márcia Rolon Instituto Moinho Cultural Sul-Americano Marcos Thadeu Ferraz Barreto Instituto Horas da Vida Maria Amparo del Moral Associação comunitária pequeno Príncipe Maria Ângela Leal Rudge NECA - Associação dos Pesquisadores e Formadores na Área da Criança e do Adolescente Maria Cecilia Lins Instituto Pró Saber SP Maria Joana Damásio Passos Associação Abraço a Microcefalia Maria Lídia Bueno Fernandes Faculdade de educação universidade de Brasília Maria Patricia Aguirre Prado Instituto Dream for the World Brasil Maria Teresa Leal COOPA-ROCA Mariana Almeida Fundação Tide Setubal Mariana Madureira Raízes Desenvolvimento Sustentável Marianne Costa Coletivo Brasileiro pelo Turismo Responsável Mariella Lazaretti Mundo Mesa/ Nosso Prato Marina Marcos Valadão Serra Acima Associação de Cultura e Educação Ambiental Mário Ricardo Guadagnin Unesc (Universidade Extremo Sul Catarinense) Mathieu Anduze Simbiose Social Maure Pessanha Artemisia Merula Steagall Abrale Miriam Abduch Cabral Associação Paulista de Auxílio aos Animais Mônica de Roure BrazilFoundation Mônica Pilz Borba Instituto 5 Elementos - Educação para a Sustentabilidade Mônica Rosales Associação São Joaquim de apoio à Maturidade Monica Silva Pequenos e Médios Palcos do Rio de Janeiro Mundano Pimp My Carroça/Renda Mínima Pros Catadores Muriel Saragoussi Fundação Vitória Amazônica Nahyda Franca Von Der Weid Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental Nina Valentini Arredondar Otavio Dantas de Carvalho Instituto ACP Patrick J. Reason Movimento Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária Pedro Ivo Batista Associação Alternativa Terrazul e Teia Carta da Terra Brasil Polyana de Oliveira Projeto Bagagem Priscila Gonsales Instituto Educadigital Rafael Henrique Instituto Recicleiros Erich Burger Instituto Recicleiros Rafael Utimura Ação entre Amigos Jabra Raquel Barros Lua Nova Raquel Motta Instituto Musiva Regina Guarita Arte Despertar Regina Machado Steurer Cidade Âncora Renata Vidal Coletivos Luzia Renato Luiz de Castro Santos Filho Instituto BVRio Renato Moro Giannico Cidade Âncora Renato Prado Consciência Pela Cidadania Concidadania Ricardo Young Silva Instituto Ethos Rita de Cácia Oenning da Silva Usina da Imaginação Rita Mendonça Instituto Romã de Vivências com a Natureza Roberta Aidar K Lund Associação Maria Helen Drexel Roberta Faria Instituto Mol Roberto Benvenutti Associação Renal Vida Rodrigo ""Kiko"" Afonso Ação da Cidadania Rodrigo Alvarez Mobiliza Rodrigo Baggio Recode Rodrigo Mendes Instituto Rodrigo Mendes Rodrigo Oliveira Restaurante Mocotó Rodrigo Pipponzi Instituto Mol Rosana Pinheiro Rezende Aranndu Treinamento e Desenvolvimento Rose Ferreira da Silva Guerra Aspan Associação de Proteção Animal do RN Ruth Almeida Projeto Raizes Ruth Goldberg Instituto Physis - Cultura e Ambiente Sergio Andrade Agenda Pública Sergio Serapião Lab60+ Shirley Krenak Instituto Shirley Djukurnã Krenak Silvana Cotrim Moreira da Silva Associação Cultural Negra Visão Silvia Caironi Associação Aventura de Construir Simone Silotti #FaçaumBemINCRIVEL Siomara Iema Casa Jesus Amor e Caridade Sônia Conceição Meli Associação comunitária amanhã para todos Suzana Pádua IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas Tarcila Ursini Instituto Ethos Tatiana Leite Benfeitoria Telma Shirashi Movimento Água no Feijão Teresa Costa de Amaral IBDD Tião Rocha Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento-CPCD Valdeci Antônio Ferreira FBAC - Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados Valdir Cimino Associação Viva e Deixe Viver Valmir Lopes de Queiroz Cáritas Diocesana de Januária- MG Vanessa Domingues Prata PonteAponte Vera Cordeiro Ativista do terceiro setor Viko Tangoda Instituto Mesa Solidária Vinólia de Jesus Andrade Silva Costa Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa Viviane Fortes da Silva Ajenai - Associação Jenipapense de Assistência à Infância Wagner Gomes Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel) Walter de Andrade Filgueiras Junior Casa Jesus Amor e Caridade André Albuquerque Terra Nova - Regularizações Fundiárias Carlos Eduardo Zuma Ativista do terceiro setor Dé Bizeli Ativista do terceiro setor Jussara de Lima Carvalho Ativista do terceiro setor Paula Jancso Fabiani Ativista do terceiro setor Rosana Junqueira Ativista do terceiro setor CPI da pandemia Salve e viva o ministro Barroso! Está com medo, Bolsonaro? Enfrente! Não foi você quem estimulou as aglomerações e foi contra o uso de máscaras? Agora chegou a hora de pagar pela sua irresponsabilidade (“Bolsonaro vê falta de coragem e imprópria militância política de Barroso ao mandar abrir CPI”, Poder, 10/4). Beatriz Alvares (Campinas, SP)  Faltam a Jair Bolsonaro e a seu clã altivez e traquejo moral mínimo para que se oponham ou classifiquem o ministro Luís Roberto Barroso e sua louvável decisão como amoral. As idiossincrasias disparadas pelo Twitter mostram o déficit de compressão do funcionamento do Estado. Renato Mendes do Nascimento (Santo André, SP) Rodrigo Pacheco Para um bom entendedor, não há necessidade de pingos nem de letras, mas para um mau entendedor, como é o atual presidente, são necessárias frases completas, corajosas e críticas, senão em nada o Senado estará ajudando o país nesta crise sanitária (“Não moverei um milímetro contra CPI; negacionismo de Bolsonaro não contribui, diz Rodrigo Pacheco”, Poder, 10/4). Américo Venâncio Machado Filho (Salvador, BA)  Completamente fora do compasso a manchete da Primeira Página da Folha deste sábado (10) sobre a entrevista do presidente do Senado. O conteúdo da matéria mostra o senador desapontado e super decepcionado com a interferência do ministro Barroso. Em momento catastrófico no país assistimos ao Judiciário, em decisão monocrática, impor autoridade sobre o Legislativo. Osvaldo Cesar Tavares (São Paulo, SP)  O Congresso assistiu passivamente, de braços cruzados, a morte de milhares de brasileiros até agora. Chegou a hora mudar o final da história. Tenham vergonha na cara. Oswaldo Casolli Junior (Campinas, SP) Príncipe piadoso Antigamente isso era ser espirituoso. Tem que dar um desconto. Outra geração (“Príncipe Philip foi rei das gafes ao fazer piadas de cunho racista e sexista”, Mundo, 10/4). Glauber Carneiro Lorenzini (Boa Vista, RR) Salário encolhido Estamos assistindo um recrudescimento da concentração de renda e uma escalada de injustiças sociais. Mas esta realidade, ainda que drástica, não tem se mostrado suficiente para mudar a narrativa nacional que preconiza por outras reformas deletérias, vide reforma administrativa (“70% dos acordos não repõem a inflação, e salários encolhem”, Mercado, 10/4) João Perles (Pereira Barreto, SP)  Lá nos Estados Unidos, o novo presidente Biden coloca bilhões de dólares na economia via investimento público, fato inédito nas últimas décadas. A China faz o mesmo há 40 anos. Aqui no meu país tropical, arrebentamos com a aposentadoria dos velhinhos e precarizamos o mercado de trabalho. Carlos Zanzarini (São Paulo, SP) Vacinação Mais uma razão para que se instaure a CPI da Covid com urgência. Isso é mais um reflexo da falta de respeito do governo federal aos mortos e às mortes (“Mais de 500 mil pessoas que receberam a 1ª dose da vacina contra a Covid no Brasil não tomaram a 2ª”, Saúde, 10/4). Maurício Dias (Rio de Janeiro, RJ)  A liberação da aquisição de vacina é aberração brasileira, promovida pela elite política, sem respaldo da ética social. Pelo menos agora, no auge da pademia (‘Lei é lei’, diz ministro da Saúde sobre compra de vacinas por empresas”, Saúde, 10/4). João Batista Tibiriçá (Goiânia, GO) Hospital das Forças Armadas Precisamos mesmo da CPI da Saúde. É necessário saber as responsabilidades do ministro da Defesa e outras autoridades quanto à esses leitos vedados aos brasileiros civis, que pagam os impostos que lhes lastreiam todas as vantagens. Não será cabível explicações burocráticas como as que vem sendo dadas (“Hospital das Forças Armadas cortou leitos de UTI, diz TCU”, Saúde, 10/4) José Edison Silva (São Paulo, SP) Henry Borel Responsabilizar a mãe pela atuação do padrasto pelo crime de homicídio é um absurdo! Não há coautoria em preterdolo. Essa conclusão é resultado de uma sociedade machista que responsabiliza a pessoa não pelo que ela fez mas pelo comportamento que teve incompatível com o que se espera (“Mãe de Henry pode ser responsabilizada por omissão, afirmam criminalistas”, Cotidiano, 9/4). Renata Tavares da Costa (Rio de Janeiro, RJ)  Precisa ver se a mãe também não foi e não está sendo ameaçada. Não justifico o que ela fez, de jeito nenhum. Mas a culpa primeira não é da mãe. O Brasil adora culpar as mulheres. Diego Cruz (São Paulo, SP)  Esta senhora teve a pachorra de fazer uma selfie na delegacia no depoimento sobre a morte do filho? Maria Stela C. Morato (São Paulo, SP) Entrevista de Ricardo Salles É um absurdo o que fala esse ministro destruidor do meio ambiente (“Demonizar trabalho de empresário de madeira só vai aumentar desmatamento, diz Salles”, Ambiente, 10/4). Darci Arruda (Maringá, PR)  Parabéns ao delegado Saraiva por não estar deixando a boiada passar, enfrentando gente grande, empresários, ministros , senadores e outros citados por essa aberração. Esleide Gomes (São Paulo, SP)  A política ambiental só vai mudar se houver sanções econômicas internacionais, infelizmente. Porque do Brasil não se espera nenhuma iniciativa no sentido contrário. Heitor Carvalho (Santo André, SP) Novo Cristo Com tantas coisas a homenagear no RS, por que imitar o RJ? Balneário Camboriú já tentou e a obra é inexpressiva (“Gaúchos constroem estátua de Cristo maior que a do Rio”, Cotidiano, 9/4) Lucia Margarida C. Japp (Porto Belo, SC)  Acredito em Deus, mas penso que é desnecessário erguer monumentos, catedrais, etc. Construam casa populares, hospitais, escolas, estradas, represas, obras que vão melhorar a vida das pessoas. Ana Maria Marques (Jundiaí, SP) No ano passado, o longa coreano “Parasita” fez história na 92ª cerimônia do Oscar ao receber a estatueta de melhor filme estrangeiro e, ao final da noite, o de melhor filme, tornando-se a primeira obra de língua não inglesa a levar para casa o prêmio mais cobiçado da Academia (recebeu ainda mais dois, por roteiro original e direção). Foi justamente para premiar os longas predominantemente não falados em inglês que a Academia criou o Oscar de melhor filme estrangeiro, ou internacional, em 1957. Até então, essas obras recebiam prêmios especiais. A primeira foi “Vítimas da Tormenta”, de Vittorio de Sica, em 1948. O longa conta a história de dois garotos que vivem de engraxar sapatos no pós-Segunda Guerra na Itália. “A alta qualidade deste filme, trazido à vida em um país marcado pela guerra, é a prova para o mundo de que o espírito criativo pode triunfar sobre a adversidade”, disse a Academia à época. Daquele ano até 1955, foram concedidos sete prêmios honorários a filmes estrangeiros. Entre eles estão “Monsieur Vicent”, em 1949, “Ladrões de Bicicleta”, também de De Sica, em 1950, e “Rashomon”, de Akira Kurosawa, em 1953. Em 1957, na 29ª cerimônia do Oscar, estabeleceu-se o modelo que conhecemos hoje. Cinco filmes são indicados e o mais votado pela Academia vence. O primeiro premiado foi “A Estrada”, de Federico Fellini. Na ocasião, além do país ser indicado, os produtores dos longas também recebiam a nomeação. A partir do ano seguinte, os candidatos passaram a ser indicados apenas pelo país de origem. A escolha dos indicados a longa internacional é diferente do restante das premiações. Em geral, os concorrentes são votados por seus pares. Atores escolhem os cinco atores indicados, por exemplo. E, ao final, todos os membros da Academia votam para definir quem será o vencedor da categoria. No caso do filme estrangeiro, cada país deve indicar apenas um filme à Academia por ano. Pelas regras, é considerado elegível ao prêmio o longa que tiver mais de 40 minutos de produção fora dos EUA e mais de 50% de diálogos em língua não inglesa. Também são permitidos animações e documentários. Para chegar aos cinco indicados, há duas rodadas iniciais de votação. Um comitê da Academia exclusivo para os filmes estrangeiros seleciona 15 títulos. Depois, define os cinco finalistas. A escolha do vencedor é aberta a toda Academia, mas é preciso que os votantes tenham assistido aos cinco longas. Neste ano, em razão da pandemia, a Academia flexibilizou as regras gerais, aceitando obras que estrearam apenas em streaming (veja onde assistir os indicados deste ano). A mudança também vale para as estrangeiras, mas os países tiveram de apresentar documentos que provassem o fechamento dos cinemas e o lançamento das obras em outras plataformas. A cerimônia de premiação acontece dia 25. O Brasil já esteve quatro vezes entre os cinco indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas nunca levou a estatueta. A primeira vez ocorreu com “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, em 1963. Perdeu para o francês “Sempre aos Domingos”. A segunda indicação levou anos para acontecer. Veio em 1996, por “O Quatrilho”, de Fábio Barreto. Dois anos depois foi a vez de “O Que é Isso Companheiro?”, de Bruno Barreto, irmão de Fábio. E, em 1999, “Central do Brasil”, de Walter Salles, uma das chances mais concretas que o país teve para levar sua primeira estatueta. Quem venceu foi o italiano “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni. Na América do Sul, apenas Argentina, com dois longas em que o período da ditadura militar está presente, e Chile foram premiados. A primeira estatueta foi concedida em 1986, para o longa argentino “A História Oficial”, de Luis Puenzo. Em 2010, outra vitória dos hermanos, por “O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella. O prêmio mais recente para a América do Sul é de 2018, do longa chileno “A Mulher Fantástica”, dirigido por Sebastián Lelio. Na trama, Marina, uma mulher transgênero, enfrenta preconceito após a morte do ex-companheiro. Seguindo as regras do Oscar, a escolha do longa brasileiro que concorrerá a uma indicação de melhor filme estrangeiro é feita anualmente por uma comissão da Academia Brasileira de Cinema, a ABC, formada por profissionais do setor, sem participação do governo federal. Faziam parte da comissão que definiu o concorrente deste ano o diretor de fotografia Lula Carvalho, os produtores Clelia Bessa, Leonardo Monteiro de Barros e Renata Magalhães, e os cineastas Viviane Ferreira, André Ristum e Toni Venturi. “Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz, foi o escolhido, mas não ficou entre os cinco finalistas para a cerimônia do dia 25. Em um documentário afetivo, a atriz retrata os últimos dias do diretor. Morto em 2016, aos 70 anos, ele foi autor de clássicos como “Pixote, a Lei do Mais Fraco”, “Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia” e “O Beijo da Mulher-Aranha”. Quem é fã do clássico “Cinema Paradiso”, de Giuseppe Tornatore, tem até hoje para assistir ao filme de graça na plataforma na internet do Sesc Digital (www.sescsp.org.br/sescdigital). Basta entrar no link e se emocionar com a história de amizade entre Totó e Alfredo. O longa recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1990, ajudando a Itália a manter o posto de país que mais ganhou estatuetas douradas desde 1957. Foram 11 no total, além de três prêmios especiais concedidos anteriormente. Em segundo lugar está a França, com nove vitórias. Entre elas está o Oscar de 1960 para “Orfeu Negro” (1959), de Marcel Camus. Adaptação da peça de Vinicius de Moraes com produção e diretor franceses, a trama se passa no Rio, com boa parte do elenco formada por brasileiros. ONDE VER (vencedores e indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro; preços e disponibilidade pesquisados no dia 24 de abril) MONSIEUR VICENT, de Maurice Cloche, prêmio especial em 1949 Looke: grátis para assinantes NetMovies: grátis LADRÕES DE BICICLETA, de Vittorio de Sica, prêmio especial em 1950 Telecine e Old Flix: grátis para assinantes A ESTRADA, de Federico Fellini, vencedor de 1957 Looke: grátis para assinantes NetMovies: grátis ORFEU NEGRO, de Marcel Camus, vencedor de 1960 Looke e Prime Video:  grátis para assinantes Apple TV: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra) A FONTE DA DONZELA, de Ingmar Bergman, vencedor de 1961 Looke: grátis para assinantes NetMovies: grátis DERSU UZALA, de Akira Kurosawam, vencedor de 1976 Belas Artes à La Carte:  grátis para assinantes A HISTÓRIA OFICIAL, de Luis Puenzo, vencedor de 1986 Netflix:  grátis para assinantes CENTRAL DO BRASIL, de Walter Salles, indicado em 1999 Telecine Play, Globoplay e NOW:  grátis para assinantes Apple TV: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 14,90 (compra) Mubi: R$ 7,90 A VIDA É BELA, de Roberto Benigni, vencedor de 1999 Telecine Play e Old Flix:  grátis para assinantes Microsoft Store: R$ 5,90 (aluguel) e R$ 14,90 (compra) Claro Video: R$ 6,90 (aluguel) O SEGREDO DE TEUS OLHOS, de Juan José Campanella, vencedor de 2010 Prime Video e Looke:  grátis para assinantes NetMovies: grátis Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 17,90 (compra) Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra) UMA MULHER FANTÁSTICA, de Sebastián Lelio, vencedor de 2018 Prime Video:  grátis a assinantes A decisão liminar que determinou ao presidente do Senado a instalação da CPI da Covid para investigar atos do governo de Jair Bolsonaro gerou um embate entre os Três Poderes que, de alguma forma, representa o cenário institucional brasileiro na pandemia. A Constituição determina que, mediante requerimento de um terço de deputados ou senadores, serão criadas as comissões parlamentares de inquérito nas respectivas Casas Legislativas. Trata-se, assim, de um direito resguardado pela Constituição às minorias parlamentares, justamente por relegar a um terço dos deputados ou senadores a possibilidade de iniciar o processo de investigação no âmbito do Legislativo. Na dinâmica constitucional de controles mútuos entre os Poderes, as minorias parlamentares —que comumente não fazem parte da base de apoio do governo— possuem o poder de fiscalização dos atos do Executivo. É um dos poucos poderes dados às minorias no âmbito do Legislativo, já que regras da Constituição e dos regimentos internos de Câmara e Senado privilegiam, como não poderia deixar de ser, as maiorias: leis ordinárias, complementares, emendas constitucionais e impeachment são instrumentos das maiorias; o poder de fiscalização foi garantido constitucionalmente às minorias, à oposição. Em 15 de janeiro de 2021, quando o país contava 1.131 mortos por Covid-19 em 24 horas e acompanhava pessoas morrendo asfixiadas, 30 senadores apresentaram requerimento de instalação de CPI para “apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados”. O requerimento atendia aos critérios constitucionais: pelo menos um terço de signatários, objeto determinado e prazo certo. O pedido aguardou pela eleição do novo presidente do Senado. Eleito, Rodrigo Pacheco deveria promover a instalação da CPI; entretanto, não o fez. Em 11 de março de 2021, quando o Brasil computava 2.207 mortos por Covid em 24 horas, senadores recorreram ao Supremo Tribunal Federal, solicitando a ordem para Pacheco cumprir seu dever. Em 8 de abril, com 4.190 mortos por Covid em 24 horas, o ministro Luís Roberto Barroso determinou nada mais do que manda o texto constitucional: presentes os requisitos constitucionais, a CPI deve ser instalada. O Supremo tem decidido assim há décadas. Em 2005, maioria parlamentar tentava impedir a instalação da CPI dos Correios. O então ministro Celso de Mello decidiu, em voto histórico, que “a maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar, por período certo, sobre fato determinado”. Da mesma forma, em 2014, o então presidente do Senado queria submeter a instalação da CPI da Petrobras à deliberação da maioria. A ministra Rosa Weber decidiu que, por se tratar de um direito de minoria parlamentar, deveria ser imediatamente instalada, já que presentes os requisitos constitucionais. Não há dúvidas, seja no texto constitucional, seja na jurisprudência do Supremo, que, mediante fatos determinados e suficientes subscritores, o presidente do Senado tem o dever de instalar a CPI. Por isso, não deixa de ser surpreendente a reação do senador Rodrigo Pacheco, contrariado com a decisão judicial que não poderia ser diferente. Já a reação do presidente Jair Bolsonaro, cujos atos compõem o objeto de investigação do requerimento de CPI, não surpreende. Pouco afeito a investigações e controle, o presidente ameaçou o ministro Barroso com impeachment. Não deixa de ser irônico tal ameaça vir logo de Bolsonaro, o presidente que acumula mais de cem pedidos de impeachment, todos aguardando despacho de Arthur Lira, presidente da Câmara, depois de terem repousado por dois anos na gaveta de Rodrigo Maia. Sobram ameaças a Barroso, faltam fundamentos. CPIs são direitos de minorias; impeachment, não. Ademais —e mais importante—, uma decisão judicial que cumpre a Constituição e segue a jurisprudência do Supremo não configura crime de responsabilidade. E impeachment, sem crime de responsabilidade, é golpe. A reação de Bolsonaro não só não surpreende como é compreensível; afinal, CPIs existem para expor os crimes do governo e promover responsabilização. Dotadas de poderes de investigação, as CPIs podem requisitar documentos, demandar depoimentos e até promover quebras de sigilo. Em se tratando de uma CPI sobre os atos do governo federal em relação à pandemia de Covid-19, não serão poucos os atos a serem investigados. Resta saber, entretanto, se a CPI da Covid sobreviverá, isto é, se pelo menos um terço dos senadores manterá seu apoio às investigações (o endosso ao requerimento pode ser retirado até a efetiva instalação da CPI), e qual o comprometimento dos mesmos com os seus trabalhos. Uma CPI que cumpra com seu papel constitucional poderá conduzir o presidente da República à responsabilização —política ou até mesmo criminal— que tem sido adiada pelos órgãos de controle. O descontrole total da pandemia, a ausência de campanhas efetivas de prevenção e vacinação, os tratamentos ineficientes, a resistência às vacinas, a falta de medicamentos e de oxigênio merecem investigação apropriada: quase 350 mil mortes assim exigem. O embate entre os Poderes na CPI exemplifica o cenário institucional brasileiro na pandemia de Covid-19: um presidente que descoordena a política de saúde e repudia controles sobre seus atos e omissões, um Congresso resistente a fiscalizar ou responsabilizar o presidente, e um Supremo Tribunal Federal agindo para garantir o mínimo de resposta à pandemia —e sofrendo ataques dos demais Poderes por isso. A decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), de mandar o Senado instalar uma CPI da Covid-19 deu ao chefe da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um poder de fogo sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que antes estava mais restrito ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Para auxiliares de Bolsonaro, além de um novo capítulo da crise entre os Poderes, a medida do Judiciário permite ao Senado chegar com mais poder de barganha à mesa de negociações para pressionar o governo pela concessão de cargos e verbas. Assessores no Palácio do Planalto lembram que não há nenhum ministro senador e que, hoje, deputados têm mais facilidade na liberação de emendas parlamentares, recursos públicos usados para irrigar bases eleitorais. O entorno de Bolsonaro considera que essa relação tende a ficar mais equilibrada a partir da instalação da comissão parlamentar de inquérito, prevista para esta terça-feira (13). Todos os ministros oriundos do Congresso são da Câmara —Tereza Cristina (DEM-MS), da Agricultura; Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Secretaria-Geral; Fábio Faria (PSD-RN), das Comunicações; e, mais recentemente, João Roma (Republicanos-BA), da Cidadania; e Flávia Arruda (PL-DF), da Secretaria de Governo. O principal motivo dessa maior atenção aos deputados, salienta um assessor do presidente, é porque é na Câmara que começa um eventual processo de impeachment contra o chefe do Executivo. Foi por esse raciocínio, por exemplo, que a Secretaria de Governo, responsável pela negociação de cargos e emendas, foi entregue a uma deputada —o nome do líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), chegou a ser considerado para o posto. Pacheco, que chegou ao comando do Senado com apoio explícito do Planalto, sempre se disse contrário à instalação de uma comissão neste momento, mas, em entrevista à Folha na última sexta-feira (9), afirmou que não vai ""trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem para que não seja instalada nem para que não funcione"". ""Eu considero que a decisão judicial deve ser cumprida"", afirmou o presidente do Senado. A pressão para instalar uma CPI para investigar a atuação do governo no enfrentamento da pandemia representou um dos primeiros desafios de Pacheco no comando da Casa. Três dias após tomar posse, em 4 de fevereiro, senadores anunciaram que o requerimento do líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia recolhido as assinaturas necessárias. Em sua decisão na última quinta-feira (8), Barroso disse que estão presentes os requisitos necessários para a abertura da comissão parlamentar de inquérito, incluindo a assinatura favorável de mais de um terço dos senadores, e que o chefe do Senado não pode se omitir em relação a isso. Em uma derrota ao presidente do Senado, Barroso afirmou que não cabe a Pacheco fazer uma análise de conveniência em relação à abertura da CPI e que ele é obrigado a fazê-la quando estão cumpridas as exigências da Constituição sobre o tema. O gesto deixou Bolsonaro furioso, segundo relataram ainda na quinta-feira pessoas que trabalham no Palácio do Planalto. Na manhã de sexta, o presidente externou isso ao gravar para um canal bolsonarista no momento em que interagia com seus apoiadores. ""Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial"", disse Bolsonaro. E escreveu em rede social que ""falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política"". O presidente seguiu nos ataques pessoais ao ministro do STF. ""Barroso, nós conhecemos teu passado, a tua vida, o que você sempre defendeu, como chegou ao Supremo Tribunal Federal, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então, use a sua caneta para boas ações em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Senado Federal."" Horas mais tarde, o magistrado afirmou que seu entendimento era baseado na jurisprudência do Supremo e que havia consultado todos os colegas da corte antes de tomar a decisão. Ao menos dois ministros do STF discordaram da decisão de Barroso. Primeiro, por ter sido monocrática e, depois, por avaliarem que o momento não é o ideal para abrir uma CPI e provocar conflitos entre Poderes. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos bingos, em 2007, a do apagão aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Bolsonaro também pressionou Barroso a determinar que o Senado desengavetasse um dos processos de impeachment de ministro do Supremo que se acumulam na Casa. ""Se tiver moral, um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir o processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal"", afirmou Bolsonaro na sexta. A declaração, segundo auxiliares presidenciais, é jogo de cena. Eles dizem que o chefe do Executivo sabe que Pacheco não vai abrir um processo de impedimento de magistrado, embora bolsonaristas radicais insistam há quase dois anos para que o Senado entregue a cabeça de um ministro do STF como maneira de intimidar a corte. Sem efeito prático real, o ataque de Bolsonaro a Barroso teve dois objetivos: marcar posição de que considera a decisão do ministro uma interferência de um Poder em outro e jogar para seu público, o que, a tirar pela movimentação de grupos bolsonaristas em aplicativos de mensagem, surtiu resultado. Nos últimos dois anos, o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trabalhou com apoio do governo para impedir a abertura da chamada CPI da Lava Toga, que investigaria juízes das cortes superiores. O governo sabe que será difícil conseguir reverter a decisão de Barroso pelo plenário do STF, então, começou a agir no Congresso. Nova articuladora política do governo, Flávia Arruda começou a fazer telefonemas ainda na noite de quinta, após a divulgação da decisão de Barroso. O Planalto quer ganhar tempo. Além de querer adiar o desgaste do governo, o Executivo está preocupado com os impactos que o aumento da tensão política podem ter nas negociações sobre o Orçamento 2021, que ainda não foi sancionado por Bolsonaro. Na operação de procrastinação, partidos aliados devem retardar as indicações dos membros do colegiado, postergando o início das investigações. Se a articulação de governistas funcionar, a CPI da Covid não deve ser efetivamente criada antes do julgamento do caso pelo plenário do Supremo. Em outra frente há uma tentativa de inviabilizar a comissão alegando questões sanitárias, pois a pandemia já matou três senadores, além de funcionários dos gabinetes. Emissários do Executivo também tentam convencer alguns dos 32 signatários do requerimento de criação da CPI a recuar —a decisão de Barroso só vale se a CPI tiver assinatura de 27 dos 81 senadores— e mobilizam líderes partidários para que solicitem a Pacheco a não realização da CPI por risco à saúde. Outro argumento empregado pelos apoiadores do governo é que a comissão mista das Fake News está parada. Além disso, apontam que a realização de sessões virtuais —uma alternativa para evitar aglomeração em plenário em encontros presenciais— inviabilizaria, por exemplo, a apreciação de documentos sigilosos. O governo também tem tentado convencer senadores pelo medo, alegando a possibilidade de ampliação do escopo da CPI para atingir prefeitos e governadores, o que comprometeria aliados importantes dos congressistas, inclusive os da oposição, pouco mais de um ano antes das eleições de 2022. O próprio Bolsonaro manifestou apoio a essa estratégia de ampliar o escopo da comissão. Neste sábado (10), em frente ao Alvorada, Bolsonaro disse que a CPI foi feita pela ""esquerda para perseguir e tumultuar"". ""A CPI [é] para apurar omissões do presidente Jair Bolsonaro, isso que está na ementa. Toda CPI tem que ter um objeto definido. Não pode por exemplo, por essa CPI que está lá, você investigar prefeitos e governadores, onde alguns desviaram recursos. Eu mandei recursos para lá e eu sou responsável?"", disse. ""Conversei com alguns [senadores] e a ideia é investigar todo mundo, sem problema nenhum"", afirmou Bolsonaro que, pela manhã, realizou um passeio de moto pela periferia de Brasília. Em uma das paradas, ele se reuniu com um grupo de venezuelanas que migraram ao Brasil por causa da crise econômica e política em seu país de origem. No local, onde permaneceu sem máscara, Bolsonaro atacou governadores e descartou a adoção de um lockdown nacional. Neste sábado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que assinou o requerimento da CPI, apresentou um protocolo à Secretaria-Geral do Senado, com a intenção de incluir nas investigações atos praticados por agentes políticos e administrativos de estados e municípios na gestão de recursos federais. ""Para não deixar margem de dúvida, já está apresentado, foi protocolado, e a gente vira esta página e o governo vai ter de inventar outra desculpa [para não apoiar a CPI]"", disse. Após a instalação da CPI, o pedido precisa ser aprovado por maioria simples. Caso a CPI seja instalada nesta semana, a intenção é esvaziar as sessões não garantindo o quórum sob o argumento de que não há segurança para estarem presentes. Paralelo a isso, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) desengavetou uma proposta para que nenhum ministro do STF possa, isoladamente, suspender um ato normativo, como lei ou decreto. Isso só seria possível após apoio da maioria absoluta da corte, ou seja, seis votos. As negociações de reajustes salariais concluídas em janeiro e fevereiro deste ano indicam que os trabalhadores com data-base no primeiro semestre terão dificuldades para compensar as perdas da inflação nos últimos 12 meses. Mais de 70% dos acordos fechados em fevereiro tiveram reajuste abaixo da inflação, e dados preliminares levantados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que a situação se manteve em março. Sem a reposição da inflação, o salário encolhe, uma vez que o valor não acompanha a alta de preços importantes para o orçamento das famílias, como alimentos, energia elétrica e transportes —a gasolina, por exemplo, subiu 11,26% em março. A perda do poder de compra é notícia ruim a qualquer tempo, mas ganha relevância com a escalada dos índices de inflação, que refletem a alta geral de preços ao consumidor. Ou seja, o trabalhador está ganhando menos e precisando gastar mais com as mesmas despesas. Além disso, milhões de trabalhadores tiveram, no ano passado, cortes temporários em suas rendas devido aos acordos de redução de salário e jornada ou de suspensão de contrato. Segundo o Ministério da Economia, 9,8 milhões de trabalhadores participaram, entre abril e dezembro de 2020, do programa de manutenção do emprego. Em março, a inflação oficial medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no IPCA ficou em 6,10% no período de 12 meses. Os alimentos, grupo de despesas mais importante para as famílias, avançaram 13,87% no último um ano. O índice mais usado nas negociações salariais é o INPC, que calcula a variação de preços entre as famílias que ganham entre um e cinco salários mínimos. No período de 12 meses até março, ele avançou 6,94%, mais do que a inflação oficial. A expectativa de economistas é a de que os índices de preço cheguem a 7% e comecem a cair no segundo semestre. Quem negociar reajuste até lá terá que brigar para manter o valor do salário. A economia ainda fragilizada e o agravamento da pandemia de Covid-19 também criam dificuldades adicionais às negociações, diz o sociólogo Luís Ribeiro, responsável pelo Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais do Dieese. “A inflação alta é uma questão, mas com o quadro atual o pessoal está priorizando [nas negociações] outras discussões, como garantia de emprego e as questões sanitárias”, afirma. Levantamento do Dieese, a partir de dados do Ministério da Economia, aponta que 70,4% das negociações realizadas em fevereiro terminaram com reajuste abaixo da inflação. Em média, os salários perderam 0,55%. A análise do Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), estima que tenha chegado a 74% o número de acordos e convenções com reajuste abaixo do INPC. O período de inflação elevada e economia baqueada coincidirá com uma temporada importante para as negociações salariais, que é o mês de maio –o Dia do Trabalhador é no 1º daquele mês. Outras categorias, como a dos professores de escolas privadas, cuja data-base é março, já estão em negociação e sentem os efeitos da crise sanitária sobre as discussões. “A pandemia está interferindo violentamente nas conversas. As escolas estão vivendo um abre e fecha —e queremos que fiquem fechadas— e muitas dificuldades com recebimento de mensalidades. Claro que vão aproveitar o momento para deixar a negociação ainda mais complicada”, diz Luiz Antonio Barbagli, presidente do SinproSP (Sindicato dos Professores de São Paulo). Na mesa virtual de negociações estão o pagamento de um reajuste salarial de 6,3% (calculado a partir de uma média entre o INPC e a inflação calculada pela Fipe), parcelado em três vezes, e a redução de 18% para 6% na PLR (Participação nos Lucros e Resultados). Hélio Zylberstajn, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Salariômetro, previa, desde o fim do ano passado, meses sombrios para as negociações salariais devido às expectativas de alta da inflação. Os reajustes, na avaliação dele, seguirão mais pobres. As negociações, porém, começam a ficar mais ricas, diz o pesquisador. O volume de acordos e convenções fechados nos dois primeiros meses do ano se aproxima dos níveis pré-reforma trabalhista. Foram 1.452 negociações fechadas, o maior número desde 2017. Além disso, as negociações estão prevendo acordos de duração mais longa, a partir de dois anos. Segundo Zylberstajn, esse modelo vinha sendo adotado desde 2016. “A tendência foi interrompida no ano passado, muito provavelmente devido à pandemia, que induziu a negociação de arranjos de curto prazo. Em 2021, porém, há uma retomada e a série volta a exibir a proporção crescente de vigências de longo prazo.” Os acordos também passaram a incluir cláusulas para regular rotinas de trabalho consolidadas na pandemia, como o home office. Fornecimento de equipamentos, ajuda de custo e direito à desconexão passaram a aparecer em mais negociações desde o ano passado. Em 2020, mesmo com os efeitos da pandemia sobre o emprego e a economia, a proporção de aumentos salariais em relação à inflação era mais favorável aos trabalhadores. O reajuste médio empatou com a inflação até novembro, segundo o Salariômetro. A estabilidade nos salários em 2020 aparece em 8 de 14 setores pesquisados pela consultoria PageGroup. Metade dos 6.000 profissionais consultados relataram que os salários para suas funções não aumentaram, e até caíram. Outros 49,4% relataram reajustes, especialmente em funções nas áreas de construção, logística e vendas. A pesquisa não diz se os aumentos foram acima da inflação ou não. Ricardo Basaglia, diretor-geral do PageGroup, diz que o estudo de remunerações demonstra como o mercado de trabalho reage às transformações vividas pela sociedade. Em um ano desafiador para a indústria e para a construção civil, 99,8% dos cargos nesse segmento relataram aumento salarial no ano passado. Esses reajustes vêm de áreas muito demandadas na pandemia, como a indústria farmacêutica. O mesmo foi observado na construção civil, onde 100% dos cargos de nível superior relataram reajustes. Entre os senadores que assinaram o pedido de criação da CPI da Covid há um grupo que ficou contrariado com Luís Roberto Barroso. Além de enxergarem uma interferência indevida na atitude do ministro do STF, eles acompanham o raciocínio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), segundo o qual a CPI exige trabalhos presenciais que não são seguros durante o pico de pandemia como atravessa o Brasil. Colegas de Barroso na corte apontam contradição com a decisão sobre cultos e missas. ""É mais uma intromissão. Não vejo o Supremo com a prerrogativa de instalar uma comissão"", diz Plínio Valério (AM), que pediu ao PSDB que não o indique para qualquer posição na CPI. ""Se fosse eu o presidente do Senado, não obedeceria. Foi uma decisão muito invasiva. Vai ter uma reação política."" Ele ainda diz que é uma insensatez instalar uma CPI agora, quando os funcionários estão em home office e os senadores estão em seus estados. Valério ressalta, no entanto, que não retirará sua assinatura. Styvenson Valentim (Podemos-RN), por sua vez, diz que considera, sim, a possibilidade de tirar seu nome. “Quando coloquei, não esperava que seria assim. Espera-se que o Judiciário seja imparcial, mas não é o que vemos. O próprio ministro Barroso acusa em entrevistas o presidente de defender a ditadura, de ser truculento com a imprensa"", diz. ""Estamos pregando 'não aglomere' e fazemos uma CPI? E CPI não é possível fazer de maneira remota, você não tem a segurança e as garantias necessárias."" Ele diz que há questões mais urgentes a serem tratadas pelos senadores e que a CPI poderia esperar mais um pouco a ser instalada, sem necessidade de interferência do STF. O temor dos riscos é compartilhado por membros do próprio Supremo, que, mesmo tendo concordado com Barroso sobre haver jurisprudência, preocupam-se com os efeitos sanitários na Casa, que já perdeu três senadores para a Covid-19, o último há menos de três semanas. Há também o grupo que defende que é possível começar os trabalhos à distância, com audiências, e depois entrar na parte presencial. É o que diz, por exemplo, Álvaro Dias (Podemos-PR). No STF, Marco Aurélio Mello argumenta no mesmo sentido. “A internet, meu Deus do céu, apresenta múltiplas facetas viabilizando o trato das matérias”, diz o ministro. Após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), oficializou na última terça-feira (13) a criação da CPI da Covid, solicitada por mais de um terço dos membros da Casa no início de fevereiro. Pacheco decidiu unir dois requerimentos apresentados por senadores, criando uma única comissão que, além de investigar ações e omissões da gestão do presidente Jair Bolsonaro na pandemia, também tratará dos repasses de verbas federais para estados e municípios. O requerimento inicialmente analisado, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), previa apenas a investigação do governo Bolsonaro, como em relação ao colapso do sistema de saúde de Manaus, onde pacientes internados morreram por falta de oxigênio. O general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, já é investigado pelo caso. A comissão terá um prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de investigação e elaborar um relatório final, a ser encaminhado ao Ministério Público para eventuais criminalizações. A CPI somente foi criada após ordem do ministro Luís Roberto Barroso (STF) ao presidente do Senado, que era contrário à comissão. Nesta quarta (14), o STF confirmou a decisão de Barroso por 10 votos a 1. Os ministros do Supremo concordaram que, como a minoria da Casa Legislativa conseguiu apoio de um terço dos parlamentares, há o direito de abrir uma comissão. A decisão representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro, que trabalhou para evitar a instalação da comissão, e reforçou a pressão sobre o Senado. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já pode marcar uma data para a primeira reunião da CPI, quando serão escolhidos oicialmente, entre os membros titulares, o presidente e o relator da comissão. A primeira reunião será na terça-feira (27). Governistas Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) Demais Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM) Suplentes Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE)  Quais são os requisitos para que uma CPI seja instalada? A Constituição Federal estabelece três requisitos para que uma Comissão Parlamentar de Inquérito seja instaurada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o que pode acontecer de forma separada ou conjunta —quando é chamada de Comissão Mista Parlamentar de Inquérito. O primeiro requisito é que a solicitação seja feita por no mínimo um terço dos membros da Casa, ou seja, 27 senadores e 171 deputados. Além disso, também é preciso que haja um fato determinado a ser investigado pelos congressistas e também um prazo de duração, informações que devem ser apresentadas na solicitação de instauração. No caso da CPI da Covid, a requisição foi protocolada no dia 4 de fevereiro pelo líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Foram coletadas 32 assinaturas para abertura da investigação, 5 a mais do que o mínimo necessário. Nos últimos dias, no entanto, líderes e bancadas governistas reuniram 44 assinaturas para outra proposta, do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que pretendia também envolver estados e municípios. Essa era uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidiu unir os dois requerimentos apresentados pelos senadores. Qual o foco da CPI da Covid? Além de apurar ações e omissões da gestão do presidente Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus, como a falta de oxigênio em Manaus, a comissão também tratará de repasses de verbas federais para estados e municípios. ""A comissão terá como objeto o constante do requerimento do senador Randolfe Rodrigues, acrescido do objeto do requerimento do senador Eduardo Girão, limitado apenas quanto à fiscalização dos recursos da União repassados aos demais entes federados para as ações de prevenção e combate à pandema da Covid-19, e excluindo as matérias de competência constitucional atribuídas aos estados, Distrito Federal e municípios"", afirmou Pacheco. O prazo de funcionamento da CPI é de 90 dias. O Supremo já interferiu na criação de outras CPIs? Sim e de diferentes formas. Em 2005, o Supremo determinou que o presidente do Senado indicasse os integrantes para a CPI dos Bingos, solicitada para investigar a atuação do ex-assessor da Casa Civil do governo Lula Waldomiro Diniz, flagrado em vídeo negociando propina com um empresário do ramo de jogos. Já em 2007 o plenário da corte derrubou um recurso do PT contra a instalação da CPI do Apagão Aéreo, sobre o acidente do vôo 3504 da TAM em Congonhas naquele ano, que matou 199 pessoas, a atuação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) durante a crise aérea e irregularidades na Infraero. Em 2014, a ministra Rosa Weber atendeu a um pedido da oposição e determinou que a CPI da Petrobras fosse criada para investigar exclusivamente a estatal, o que representou uma derrota para o governo de Dilma Rousseff. Quais os poderes de uma CPI? Os integrantes da comissão podem convocar pessoas para depor, ouvir testemunhas, requisitar documentos e realizar diligências, entre outros procedimentos. “Podem convocar autoridades, pedir esclarecimentos ao Tribunal de Contas, convocar governadores para responder, mas não têm poder de julgar”, diz a pesquisadora da Uerj, a cientista política Carolina de Paula. O professor associado do Insper Diego Werneck afirma que a CPI tem como função produzir informação e que várias decisões do STF delimitam o que pode ou não ser feito pelos parlamentares. Não é possível, por exemplo, determinar escuta telefônica sem o aval da Justiça. “A previsão constitucional expressa é de que, uma vez que a CPI encerre os seus trabalhos, ela envie para o Ministério Público e autoridades responsáveis para avaliar. Ela pode até concluir que houve crimes, mas essa não é uma decisão da CPI”, diz. Há espaço para interferência política em uma CPI? Sim. Carolina cita o exemplo das obstruções na CPI das fake news. “A ala do PSL próxima ao Bolsonaro tem conseguido postergar ao máximo com aquilo que chamamos de 'kit de obstrução', que são várias regrinhas das quais podem se valer, como pedido de vista e direito de resposta. A ideia é sempre ir jogando para frente até atingir o máximo de 90 dias.” Werneck acrescenta que esses obstáculos também podem ser criados para determinar procedimentos, como quebrar sigilos e convocar autoridades, que dependem de autorização da maioria. “A decisão do Supremo só coloca a bola em jogo. A partir de agora vai ter muita política para determinar o que vai acontecer a cada passo da CPI”, diz. Em tese, ao menos, existem motivos de sobra para que se instale uma CPI da Covid-19 no Senado. Não há nenhuma dúvida de que a catástrofe sanitária em curso no país foi alimentada, quando não incentivada, por decisões irresponsáveis do governo federal e de outras esferas do poder público. São gritantes os erros e a atuação deletéria do presidente da República. Desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro, a quem caberia a responsabilidade maior de organizar do modo mais racional e eficaz possível o combate à disseminação do vírus, insiste num negacionismo obtuso, falseia dados, mente e promove mistificações As consequências são desastrosas —o Brasil registra número avassalador de mortes e falhas na prestação de serviços de saúde e no planejamento da vacinação. As comissões parlamentares de inquérito são um instrumento disponível para que o Legislativo exerça sua função fiscalizadora. Permitem apurar desmandos e encaminhar à Justiça responsabilidades passíveis de punição. A superfície já por si escandalosa da atuação federal na crise sanitária indica, com ênfase, a possível existência de fatos desconhecidos ou mal esclarecidos a elucidar. É preciso, contudo, observar com boa dose de ceticismo o processo que ora se inicia. As CPIs acumulam evidências de politização contraproducente, conchavos obscuros e desfechos inconclusivos. Verdade que investigações dessa natureza já tiveram momentos de protagonismo, em especial na década de 1990 —como nas averiguações sobre Paulo César Farias, que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992. Deploravelmente, casos subsequentes deslizaram para o espetáculo fácil e ruidoso, fazendo das comissões palco para ameaças, ofensas, chantagens e negociação de interesses entre grupos políticos e Poderes da República. Citem-se aqui, a título de exemplo, as três CPIs criadas com o intuito de investigar esquemas do chamado Petrolão na administração petista, que em nada contribuíram para a apuração de desmandos. Pesa ainda o fato de que a instauração da CPI da Covid tenha sido fruto de uma determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Há argumentos constitucionais que amparam o magistrado, dado que estavam reunidas as assinaturas necessárias para a instalação da comissão parlamentar. Entretanto não deixam de causar incômodo interferências do Supremo na seara de outros Poderes. Nesse sentido, convém que o plenário da corte examine o tema com presteza e serenidade. editoriais@grupofolha.com.br Diferentemente do sugerido pelo presidente Jair Bolsonaro, não houve interferência indevida na decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso para que o Senado instaure uma CPI da pandemia da Covid-19, afirmam especialistas à Folha. Além do conjunto de decisões da corte ao longo das últimas décadas sobre a instauração e o funcionamento de CPIs, eles destacam outros argumentos usados pelo ministro na quinta-feira (8), como o fato de o inquérito parlamentar ser um direito constitucional assegurado para as minorias e o cumprimento dos requisitos legais. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, no governo Lula, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos e, em 2007, a do Apagão Aéreo —em 2014, sob Dilma Rousseff, a da Petrobras. A Constituição determina que para instalar uma CPI sejam preenchidos três requisitos: assinatura de um terço dos senadores; indicação de fato determinado a ser apurado; e definição de prazo certo para duração. “Não há nenhum tipo de ativismo, de interferência. Barroso está cumprindo a Constituição. O requerimento preencheu todos os requisitos necessários e é óbvio que os presidentes, tanto do Legislativo quanto do Executivo, estão na defensiva neste momento, porque isso vai interferir nos rumos da política claramente”, afirma Maria Tereza Sadek, cientista política e professora da USP. Coordenador do grupo de estudos da FGV Supremo em Pauta, sobre atividades da corte, Rubens Glezer cita que há um conjunto de precedentes no STF nos anos 1990 e 2000 sobre o tema que respaldam a decisão, apontando que ela visa evitar um desequilíbrio no exercício do Poder Legislativo. “A ideia é que o presidente da Câmara e do Senado são representantes da maioria parlamentar e, se eles começam a tomar decisões sobre o que pode ou não ser aberto em termos de CPI parlamentar, estarão barrando um direito de exercício da minoria. Há um desequilíbrio no exercício do poder fora do desenho constitucional de freios e contrapesos”, diz. O professor de direito constitucional da UnB (Universidade de Brasília) Mamede Said Maia Filho acrescenta que a figura do inquérito parlamentar vem da Constituição de 1934, quando o Brasil era governado por Getúlio Vargas, e que este é um dos caminhos para que o Legislativo cumpra com a obrigação de fiscalizar os atos do Executivo. “É um direito público subjetivo das minorias de ver instaurado o inquérito parlamentar, e esse direito das minorias é um desdobramento do princípio democrático. A Casa Legislativa, seja a Câmara ou o Senado, exerce o controle político dos atos do Executivo”, diz. A professora de direito da FGV Rachel Scalcon também diz não ver margens para questionamentos da decisão do ministro. “Há uma interferência por ser uma decisão em outro Poder, mas não me parece que seja uma interferência indevida, porque aquelas regras sobre instauração de CPI protegem o direito das minorias, e a minha interpretação é de que ali há um direito subjetivo.” Diego Werneck, professor associado do Insper, reforça que juridicamente não há nada novo na decisão do ministro Barroso e que não cabe ao ministro avaliar se a abertura da CPI é ou não conveniente. “O ministro Barroso teria errado se dissesse que não é o momento correto de abrir uma CPI. Isso não compete ao ministro dizer. Aí sim, se fizesse isso, estaria se desviando do direito vigente e da jurisprudência do Supremo”, afirma. Nesse aspecto, ele avalia que houve uma omissão por parte do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O requerimento para instauração da CPI foi apresentado a ele no dia 4 de fevereiro pelo líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Foram coletadas 32 assinaturas para abertura da investigação, 5 a mais que as 27 necessárias. “A única alternativa que ele tinha para bloquear isso de uma forma mais aceitável era construir politicamente um grupo de senadores que não apoiasse. Ou seja, tirar esse um terço da oposição”, diz Werneck. Maia completa que os regimentos da Câmara e do Senado apontam que a comissão só não pode ser instalada —se os requisitos forem preechidos— caso haja cinco delas já em funcionamento, e que esse não é o caso. Logo, o presidente tem o dever de seguir o que diz a lei. “A Constituição é muito clara”, diz. Sadek discorda do uso do termo omissão para definir a conduta de Pacheco. “A palavra correta não é omissão, mas sim ele usou da prerrogativa de não colocar em pauta. Isso é um recurso de poder que o presidente possui e ele usou essa prerrogativa. Ele iria retardar isso até quando ele pudesse, só que chegou nesse momento em que ele não pode mais, porque sofreu esse constrangimento por parte do Supremo.” Para Scalcon, a Constituição aponta que não cabe um ato discricionário ou de conveniência por parte do presidente do Senado sobre a instauração de CPIs. “Temos diversos exemplos no direito de atos que são discricionários e outros que são vinculados. Aqui estaríamos trabalhando com essa categoria. Preenchidos os requisitos, não cabe ao presidente imaginar, pensar ou avaliar quando, se e em que momento. Ele realmente teria um dever”, afirma. Glezer concorda. “Me parece que dada a clareza dos precedentes do STF sobre a matéria, o presidente do Senado optou por ser omisso, sinalizando lealdade ao presidente da República, e passando o custo político para o Supremo Tribunal Federal. Um caso de catimba constitucional”, diz. Maia chama atenção também para o contexto da pandemia e a urgência de respostas para o agravamento do cenário brasileiro, outro argumento também apresentado por Barroso. “Estamos tratando de um tema nevrálgico que hoje toma atenção do país todo e do mundo que é a questão da pandemia. Você não pode procrastinar sobre a necessidade do Legislativo se debruçar sobre quais são as responsabilidades do poder público no fato de estarmos caminhando para quase 5.000 mortes por dia”, diz. A análise também é de que não há fundamento para a comparação feita por Bolsonaro sobre abertura de processo de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. “No processo de impeachment o presidente da Casa tem um poder sem prazo para decidir, e ele pode decidir arquivar ou levar adiante. Enquanto ele não fizer, não tem o que fazer”, diz Werneck. Glezer exemplifica com a liminar dada pelo ministro Marco Aurélio, do STF, para que o então presidente da Câmara Rodrigo Maia abrisse o processo de impeachment do presidente. “Não houve suporte dentro do tribunal e do mundo político porque era uma decisão que fugia completamente à lógica do sistema”, afirmou. Scalcon pontua que a fala é mais um elemento de pressão política sem fundamento por parte do presidente. “Em várias decisões do STF que não são positivas ao governo ou que são impopulares há sempre essa discussão de impeachment dos ministros. A posição do STF é seguir a Constituição e muitas vezes isso é algo que não traz as consequências esperadas para determinado governo”, diz. Senadores de partidos aliados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) articulam para atrasar a instalação da CPI da Covid. A ideia é adiar as indicações dos membros do colegiado, postergando o início das investigações. Com isso, partidos da base dariam tempo para que o Palácio do Planalto tente convencer a maioria dos ministros do Supremo a não impor a abertura da CPI, cujo objetivo será apurar as ações do governo no enfrentamento do coronavírus. ""Eu, como líder do bloco Vanguarda [DEM,PL e PSC], vou defender que as indicações sejam feitas só depois da decisão do plenário. A instalação da CPI não pode ser na próxima semana se o plenário do Supremo ainda não se manifestou"", disse o senador Wellington Fagundes (PL-MT). Outros partidos alinhados a Bolsonaro se declararam a favor da estratégia. Eles querem evitar o que dizem ser uma politização da CPI, que tem o poder de desgastar a imagem do governo. A expectativa é que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), faça a leitura do requerimento de abertura da CPI na terça-feira (13), como informou a Folha. O ato mostrará que a Casa está cumprindo a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que mandou na quinta-feira (8) Pacheco instalar a comissão de inquérito. Barroso submeteu sua decisão para a análise da corte. O caso será julgado na próxima sessão virtual do Supremo, que começa em 16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês. Nesse período, os magistrados deverão incluir seus votos no sistema. Se a articulação de governistas funcionar, a CPI da Covid não deve ser efetivamente criada antes do julgamento do caso pelo plenário do STF. Governistas usariam brechas no regimento interno para postergar a CPI. Após ler o requerimento, os líderes são comunicados para a indicação de integrantes. A comissão é composta por 11 titulares e 7 suplentes. As normas não estabelecem prazo-limite para que blocos e partidos indiquem representantes. A quantidade de membros é definida de acordo com o tamanho dos blocos partidários —e não dos partidos isoladamente. A comissão é oficialmente instalada quando tiver a maioria absoluta dos membros titulares —6 membros. Sem prazo para as nomeações, as siglas podem usar essa lacuna e protelar a instalação. Para destravar a investigação, partidos de oposição a Bolsonaro podem recorrer ao STF. Isso já foi adotado, por exemplo, em 2005, durante a CPI dos Bingos, quando partidos evitavam fazer as indicações. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. Ao menos dois ministros do STF discordaram da decisão de Barroso. Primeiramente, por ter sido monocrática —a expectativa era de que o magistrado levasse o caso direto ao plenário. Segundo, por avaliarem que o momento não é o ideal para abrir CPI e provocar conflitos entre Poderes. Apesar da resistência, há jurisprudência pacificada no Supremo para decisões como a de Barroso. Em outra frente, o Palácio do Planalto também deu início a uma operação de efeito mais imediato contra a decisão de Barroso, mas que é considerada mais difícil por gerar desgaste político a congressistas. Interlocutores de Bolsonaro tentam convencer senadores a retirarem assinaturas do pedido de criação da CPI. Assim, o requerimento passaria a ter menos de 27 apoiadores —o mínimo exigido. O documento hoje tem 32 nomes, entre oposicionistas e alguns que se declaram independentes ao governo. Integrantes do MDB, maior bancada do Senado, defendem a investigação. Também como parte da estratégia de barrar a CPI, o Palácio do Planalto deve alegar questões sanitárias. A Covid já matou três senadores, além de funcionários dos gabinetes. A realização de sessões virtuais —sem os encontros presenciais— inviabilizaria, por exemplo, a apreciação de documentos sigilosos, argumentam aliados. Caso a CPI seja instalada, o governo pretende mudar de estratégia. Então seria solicitado que a comissão também investigue a atuação de governadores e prefeitos no enfrentamento da pandemia, o que poderia comprometer inclusive partidos de oposição. Com isso, a expectativa é esvaziar a atuação do colegiado, pois senadores tenderiam a proteger aliados, seja no governo federal, seja nos estaduais, seja nos municipais. O ato de Barroso, divulgado nesta quinta, inflou as tratativas para que o Senado abra uma CPI da Lava Toga, para investigar a atuação do Judiciário. No entanto, segundo relatos de líderes e presidentes de partidos à Folha, o cenário atualmente é que esse plano não irá prosperar. Pacheco não assumiria uma posição de enfrentamento ao Supremo. A reação do Senado que atualmente tem mais força entre governistas é o apoio a uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que limita o alcance das decisões monocráticas do STF. O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) ressuscitou uma proposta para que nenhum ministro do STF possa, isoladamente, suspender um ato normativo, como lei ou decreto. Isso só seria possível após apoio da maioria absoluta da corte —seis votos. Líderes partidários contestam o quadro atual, em que um ministro pode interferir em outros Poderes. Além da determinação de Barroso em relação à CPI da Covid, eles citam a liminar, de dezembro de 2016, em que o ministro Marco Aurélio, do STF, decidiu afastar Renan Calheiros (MDB-AL) da presidência do Senado. ""Essa é uma PEC que apresentei há dois anos. Não é uma proposta por causa desse episódio [decisão sobre CPI da Covid]. Atualmente é poder demais nas mãos de uma só pessoa"", afirmou Guimarães, que protocolou o projeto nesta sexta-feira (9). Mesmo com pouco tempo, líderes e presidentes de partidos já declararam apoio à ideia. ""Essa é uma questão que merece ser debatida e discutida"", disse o líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS). O vice-líder do governo no Senado, Carlos Viana (PSD-MG), afirmou em uma rede social ter comunicado Pacheco que irá coletar assinaturas para abrir uma investigação sobre a decisão de Barroso. ""O objetivo é o reequilíbrio institucional entre Poderes. O caminho é propor a investigação constitucional por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito após 27 assinaturas de senadores"", escreveu Viana. No Senado, a avaliação é que essa estratégia de retaliação ao ministro deverá ser barrada, assim como a CPI da Lava Toga. Pacheco tem perfil conciliador, argumentam lideranças partidárias. Contexto Em 9 de abril de 2021, após ministro determinar abertura da CPI da Covid no Senado Contexto Em 30 de abril de 2020, após ministro anular a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal Contexto Em 28 de maio de 2020, após operação policial ordenada pelo STF que atingiu aliados bolsonaristas no inquérito das fake news Contexto Em 28 de maio de 2020, após ministro decidir tornar público vídeo da reunião ministerial que seria indício de interferência na PF Contexto Em 8 de março de 2021, após ministro anular condenações de Lula na Lava Jato de Curitiba e determinar que o caso seja julgado em Brasília Parece-me corretíssima a liminar exarada por Luís Roberto Barroso, do STF, que determina a abertura da CPI da Covid-19 no Senado. Os três requisitos legais para a instalação estão dados: assinatura de 1/3 dos senadores, existência de fato determinado a investigar e prazo de vigência. No mais, a decisão de Barroso está de acordo com a jurisprudência do Supremo, que já mandou abrir outras comissões no passado. Comissões parlamentares de inquérito, vale lembrar, são um dos instrumentos à disposição das minorias para exercer a função de fiscalização de governos —uma das principais missões das oposições—, daí que nem a Constituição nem os regimentos admitem que seu funcionamento seja obstado pela vontade da maioria e muito menos pela do presidente da Casa. A CPI da Covid-19 é, portanto, muito bem-vinda. Não vejo, porém, como deixar de observar que as CPIs de hoje se tornaram uma sombra daquilo que foram no passado. Com efeito, nos anos 90, elas nos permitiram acompanhar com lupa grandes escândalos, como no caso da CPI do Orçamento. Mesmo quando tratavam de temas menos explosivos, não raro saíam com recomendações úteis para aperfeiçoamentos legais. Ocorre, porém, que a política, como tudo na vida, está sujeita às agruras da evolução. Percebendo o potencial de danos das CPIs, as maiorias passaram a trabalhar para contê-los. Um dos muitos caminhos para fazê-lo era ampliar o escopo da investigação e, para cada convocado com potencial de incomodar o governo, convocavam um que poderia criar embaraços à oposição. Com isso, entramos numa dinâmica semelhante à da corrida armamentista entre predadores e presas, o que acabou tirando muito da efetividade das CPIs. Não diria que elas se tornaram inúteis. Os chiliques de Bolsonaro contra Barroso dão mostra de que ainda assustam. Mas eu não esperaria nada parecido com a CPI do PC Farias que derrubou Collor. Organizadores de festas clandestinas no Rio têm usado táticas de despiste para escapar da fiscalização da prefeitura contra a pandemia da Covid-19. Segundo informações da Seop (Secretaria de Ordem Pública), as estratégias dos responsáveis vão da omissão dos locais dos eventos à migração para cidades vizinhas. Três festas foram interrompidas pela fiscalização apenas no domingo (28), no primeiro fim de semana da “pausa emergencial” no Rio —que estendeu o feriado da Semana Santa, assim como fez São Paulo. Foram festas na zona norte, no bairro Colégio, para 150 pessoas, e outras duas na zona oeste, na Taquara e em Vargem Pequena, ambas para 300 convidados. Em mensagens de WhatsApp, os organizadores da festa do sítio de Vargem Pequena comemoravam os números antes do encontro. “Nossa meta era 300 e já passamos dos 500 nomes, vamos com tudooo!!”. Festas são anunciadas em grupos de mensagem sem a informação do local, só revelado horas antes do início. Nem sempre os lugares anunciados são os dos eventos, mas apenas pontos de encontro. Para driblar as vistorias, grupos também se organizam para denúncias falsas, a fim de despistar os agentes. Nos 14 dias da “pausa emergencial” decretada pelo prefeito Eduardo Paes (DEM) para tentar conter o avanço dos casos de Covid-19 no município, a prefeitura registrou 17.837 autuações, entre multas e interdições a estabelecimentos, infrações sanitárias, multas de trânsito, reboques e apreensões de mercadorias. Ao todo, foram 190 estabelecimentos fechados e 996 multas a ambulantes, restaurantes e bares. O decreto de 22 de março ampliou as restrições de funcionamento do comércio e de serviços no Rio e reiterou o veto à realização de qualquer evento, como festas e rodas de samba, em áreas públicas ou particulares. Desde o início do ano, 101 festas clandestinas foram interditadas. As medidas mais restritivas valeram até a última quinta-feira (8). A última festa interrompida aconteceu na segunda-feira (5), quando agentes desconfiaram de uma fila de carros estacionados na Praia da Reserva, em um local escuro e distante da área de maior movimentação da orla. Quando os veículos começaram a ser rebocados, dezenas de pessoas saíram de dentro de uma mata próxima. Eram 30 participantes de uma festa de swing. Ao todo, dez carros foram autuados e três, rebocados. “O saldo dessas duas semanas de fiscalizações de medidas mais restritivas foi positivo”, afirma o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale. “Aos que insistem em não colaborar, seguiremos firmes nas ruas, realizando nossas operações por todo o município e autuando quem não cumprir as novas regras vigentes a partir de hoje. Nosso foco é preservar vidas.” O município tem 98 pessoas aguardando vagas em UTIs. Na quinta-feira (8), foram registrados 2.756 casos e 220 mortes por Covid-19 em todo o estado do Rio. O número de óbitos é 77,4% maior que o de duas semanas atrás. Nos anúncios dos eventos clandestinos, os organizadores costumam pedir discrição, com emojis de silêncio. Mas nem todas as festas são escondidas. Na sexta-feira (2), a Seop interditou o que seria um “open bar” em uma embarcação para 198 pessoas, saindo às 16h da Urca, na zona sul, em direção à Baía de Guanabara, “com vista para todos os cartões-postais da Cidade Maravilhosa”. O evento tinha sido anunciado no Instagram, com cartaz, número de Pix e link para a bilheteria digital dos ingressos. O anúncio informava que o encontro seria “com capacidade reduzida e respeitando todas as normas de segurança estabelecidas”. Os agentes chegaram ao local antes do início da festa e, com apoio da Capitania do Portos, interditaram o barco, já atracado. Ninguém foi encontrado no local. A mesma empresa responsável pela festa anuncia outros eventos na sua página do Instagram, com lista de atrações e preços, mas sem dizer o local. Em vez disso, usa a expressão “loading” (do inglês carregando). As vistorias de fiscalização são realizadas em comboios de até seis carros que reúnem agentes da Seop, da Guarda Municipal, da Vigilância Sanitária e da Polícia Militar. Os locais são mapeados a partir de denúncias ao número 1746, da prefeitura, e de ações de inteligência, que vasculham páginas nas redes sociais em que os eventos são divulgados. Segundo a Seop, há relatos de ameaças veladas aos agentes, que fotografam e filmam as operações. Os responsáveis pelas festas são multados em infrações que podem ir de R$ 3 mil a R$ 15 mil. Ainda que não sejam encontrados no local, os infratores são posteriormente investigados por meio da análise de fotos, vídeos, endereço e CNPJ do local. Os casos são também levados à Polícia Civil para investigação nas áreas civil e penal. Além de lidar com ameaças, os agentes precisam, às vezes, segundo uma fonte da Seop, jogar uma espécie de jogo de xadrez mental com os organizadores. Como não é possível entrar nas casas sem mandados de busca e apreensão, alguns ignoram chamados, recusam-se a abrir as portas e negam a existência das festas. Luzes são apagadas e sons, desligados. É preciso negociar até que eles admitam a infração. Em fevereiro, em uma das noites do Carnaval, equipes da Seop que estavam na Gávea, bairro de classe alta da zona sul carioca, viram uma movimentação incomum de vans em direção a uma das vias da região, perto das 23h. Seguiram o fluxo e chegaram a uma casa, onde encontraram, além das vans, passageiros desembarcando em filas de carros de aplicativo. Encontrado, o responsável disse inicialmente que era apenas uma festa de família. Como não convenceu os agentes, finalmente admitiu a infração, encerrou o evento e dispensou as cerca de 400 pessoas que haviam pagado até R$ 2.000 por um ingresso. Também no Carnaval, em um hotel de Copacabana, uma festa para 300 pessoas foi rapidamente desfeita enquanto os agentes ainda subiam os andares do prédio e os hóspedes voltavam às pressas aos quartos. Apesar da tentativa de disfarce, o hotel foi autuado e pode ser interditado em caso de reincidência. Em março, uma festa em Botafogo foi descoberta depois de uma tentativa frustrada de despiste – os organizadores haviam anunciado apenas um ponto de encontro. Quando os agentes encontraram a casa, o responsável impediu a entrada da fiscalização e negou que houvesse uma festa, apesar do caminhão de gelo na porta. Só depois de a prefeitura ordenar o reboque de carros que estacionavam na rua, as 150 pessoas que estavam no lugar começaram a sair. Ainda segundo a Seop, os organizadores têm adotado táticas de fuga e de proteção. Algumas festas migram de município, à procura de menor fiscalização. Outras procuram se abrigar em áreas de risco, dominadas por tráfico ou milícias, nas quais a entrada dos agentes só poderia ser feita por meio de uma operação policial. “Esse trabalho continuará sendo feito. Trabalho de inteligência, com monitoramento desses eventos clandestinos através das redes sociais e das informações que o cidadão reporta à prefeitura”, diz Carnevale. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) defende a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso de determinar a instalação da CPI da Covid no Senado. Para o líder da maioria, um dos parlamentares que assinou o pedido de abertura da CPI, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem feito a Casa pecar pela omissão. Ele critica Pacheco por não ter instalado a CPI mesmo diante do cumprimento dos pré-requisitos necessários, como número mínimo de assinaturas, objeto determinado e prazo definido para conclusão dos trabalhos. ""A decisão do Barroso é absolutamente constitucional. O STF sempre decidiu dessa forma. Eu mesmo, quando fui presidente do Senado, instalei várias CPIs por decisão do STF. A CPI é um instrumento sagrado da minoria. Atendendo os pré-requisitos constitucionais, o presidente não pode dispor de instalação de CPI. Ele, estupidamente, tem colocado o Senado como mero espectador desse morticínio. O Senado não pode pecar pela omissão"", diz Calheiros. O emedebista diz que a fala de Pacheco de que a CPI será um ""palanque político"" para 2022 é ""um argumento cínico"". ""Não precisa apelar para o argumento de palanque. Eleição é no ano que vem. Agora, deixar de investigar depois do que disse Bolsonaro em público, do charlatanismo, de indicação de remédio, fabricação de cloroquina? Tudo isso tem que ser investigado"", diz Calheiros. O senador argumenta que a CPI não vai apenas responsabilizar eventuais culpados, mas também propor mudanças, alternativas. ""O papel principal dela é sugerir iniciativas de políticas públicas. As pessoas perguntam na rua: 'se o governo não tivesse errado, quantas mortes poderiam ter sido evitadas?'. Só a CPI pode responder isso. Se a política pública pública está equivocada, a política pública foi mudar isso no curto prazo. Vai propor mudanças, alternativas"", afirma. Ele ainda ironiza as reações extremadas de Bolsonaro à decisão de Barroso. ""Ele disse que fez tudo certo. Se fez tudo certo, não precisa ter sobressalto com a CPI."" O senador diz que as CPIs são momentos de estreitamento de laços entre Congresso e sociedade. ""O Congresso se aproxima da sociedade quando cumpre seu papel. Se você pegar pesquisas de opinião, que medem aprovação, você vê que o Congresso sempre se aproximou da sociedade durante CPIs."" Na leitura de Calheiros, a CPI pode ser até mesmo, depois dos últimos anos, parte de um processo de reconciliação com a sociedade. ""A grande mudança que aconteceu no Brasil foi essa. O que foi Curitiba, Ministério Público e Sergio Moro? Eles substituíram o Congresso Nacional no papel de fazer investigação"", introduz. ""O que eles fazem? Usurpam a competência do Supremo, levam uma investigação para Curitiba e investigam a política, para substituí-la. Lava Jato é isso. Querem lançar um candidato do Ministério Público em cada estado, provocando a maior derrota de todos os tempos de senadores que buscam reeleição"", conclui. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirma que não mexerá ""um milímetro"" para impedir a atuação da CPI da Covid, embora diga ser contrário à sua instalação neste momento. ""Uma vez instalada, vou permitir todas as condições que funcione bem e chegue às conclusões necessárias"", afirmou. ""Aliás é muito importante que ela cumpra sua finalidade na apuração de responsabilidades"", disse. O senador recebeu a Folha nesta sexta-feira (9) na residência oficial da presidência do Senado, em Brasília, um dia após o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), ter determinado a instalação da CPI para investigar a atuação do governo federal na pandemia. Na entrevista, Pacheco disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro ""não contribui"" com seu discurso negacionista. ""Para bom entendedor, um pingo é letra. Quando ele [Bolsonaro] prega qualquer tipo de negacionismo, eu vou criticar o negacionismo e consequentemente estou criticando a fala dele"", disse. Pacheco nega que o Congresso esteja sendo omisso em relação à atuação do governo Bolsonaro na pandemia e aponta o que considera ""erros praticados até agora"".  O senhor tem dito que a CPI é questão de conveniência e oportunidade. Mas é também instrumento de minoria, desde que tenham o fato determinado e as assinaturas mínimas. Com esses requisitos cumpridos, não era um dever do senhor instalá-la? É um direito da minoria, não há dúvidas, mas há também por parte da presidência [do Senado] um juízo de oportunidade e conveniência neste momento do país e do Senado. No momento, de excepcionalidade, em que não funcionam os órgãos do Senado, uma CPI também em tese não poderia funcionar. Mas diante da decisão do STF nós leremos o requerimento. E agora vou fazer todo o esforço para que tenha funcionamento pleno, com a garantia de saúde àqueles que participem e que consiga atingir seus resultados. Na quinta-feira, o senhor falou que temos de olhar para frente e que a CPI olharia para o passado. Mas mais de 300 mil brasileiros morreram, em meio a uma clara omissão do governo federal. A CPI não existe justamente para que se busque os responsáveis? Ela também deve cumprir esse papel. O fato é que estamos no ápice da pandemia e, infelizmente, nem todos os fatos que podem ser objetos de uma CPI ainda aconteceram. Seria mais inteligente, oportuno e conveniente que fosse instalada após a estabilização do país. Quando o senhor assumiu a presidência [do Senado, em 1º de fevereiro] eram cerca de 1.000 mortos por dia, 225 mil mortos no total no país. Hoje são 4.000 mortos por dia e mais de 300 mil no total. Vamos esperar chegar a 500 mil mortos para brecar essa omissão por parte das autoridades? Estamos falando de vidas. Essa lógica sua serve para poder instar os órgãos públicos, as instituições para tomarem decisões eficientes para a busca de soluções. Não me parece que a CPI se proponha a buscar soluções para o número de mortos, para a ausência de leitos, para a ausência de oxigênio, para a falta de insumos e medicação. O que precisamos é de um comitê de acompanhamento da Covid, como o que existe no Senado, com uma análise técnica e profunda. O senhor foi eleito com o apoio público do Planalto. Até que ponto isso contribui para a resistência que o senhor tem a uma CPI que o governo não quer? Isso é absolutamente independente e nenhuma influência tem nas minhas decisões. Tanto não tem que fui também apoiado pela oposição. Então meu compromisso é com o Senado, com os senadores e todas as forças políticas. Dá para confiar que a CPI vai funcionar? Ou vai ter uma ação da parte do senhor e de outros senadores para tentar retirar assinatura ou trabalhar contra a CPI? Eu afirmo com toda a lisura, com toda a transparência, com toda a decência que é algo próprio do meu caráter: não vou trabalhar um milímetro para mitigar a CPI nem para que não seja instalada nem para que não funcione. Eu considero que a decisão judicial deve ser cumprida. Há um direito de minoria que reconhecia que, no momento certo, precisava ser garantido, mas houve a precipitação dessa instalação a partir da decisão judicial, que cumprirei. Então, uma vez instalada, vou permitir todas condições para se dar segurança àqueles que ali estarão, segurança de saúde, inclusive, e permitir que funcione bem e chegue às conclusões necessárias de uma CPI. Embora seja instrumento de minoria, possivelmente vai ser controlada por uma base de governo, não? Base de governo no Senado, isso depende da matéria. Por exemplo, para votar a PEC Emergencial, que era um desejo do governo, mas era também do Senado, foram 62 senadores a favor. Mas temos outras discussões aí que não necessariamente as ideias do governo encontram guarida e são derrubadas. Então isso é muito relativo, é difícil aferir qual vai ser o andamento em relação ao governo. Então teremos CPI. Teremos CPI. Teremos CPI instalada por conta de decisão judicial do Supremo, é importante essa premissa. Quando isso deve ser feito? Na primeira sessão do Senado, que deve ser terça (13). O senhor disse que a CPI seria um ponto fora da curva. Mas não é um ponto fora da curva termos 4.000 mortos por dia e um governo negacionista? Evidentemente, isso é além de um ponto fora da curva, isso é inaceitável, nós estarmos nessa situação crítica no Brasil, por conta de fato da mutação do vírus mas também de muitos erros que foram praticados. Quais erros? Atraso na vacinação, não termos contratado em tempo hábil as vacinas, programado os leitos de UTI um ano atrás. Podíamos ter hoje uma condição melhor de atendimento, inclusive através dos hospitais de campanha. Podíamos ter nos preparado com a produção de oxigênio, com o estabelecimento de uma rede de distribuição mais eficiente para atingir toda a população que esteja internada. E podíamos ter feito uma política externa melhor para garantir de maneira mais rápida os insumos da vacina e os medicamentos necessários. Alguns senadores reagiram à decisão de Barroso, apontando projetos para restringir atuação do Supremo. O presidente Bolsonaro falou em impeachment de ministro. Há espaço para retaliar o Supremo nesse sentido, em termos de mudar regras de indicação, fazendo andar impeachment? Um Senado da República não pode agir com revanchismo, muito menos com retaliação a quem quer seja, muito menos em relação a outro Poder da República. Mas, por exemplo, instituir mandato para ministro do Supremo, como o senhor vê isso? Vejo com bons olhos. Mas vamos ter cuidado com isso, porque as minhas opiniões sobre o STF, o Judiciário brasileiro, são sempre muito respeitosas, são ideias que tenho ao longo do tempo, de vida inclusive como advogado, que são consonantes inclusive com muitos membros do Judiciário, são ideias de bem antes. Eu não queria tratar disso, nesse momento, para não parecer que estou dando ideias aqui de um caráter revanchista ao STF e não o é. O senhor conversou com o ministro Barroso sobre a decisão? Não, nós conversamos na segunda-feira, depois ao telefone, participamos de um evento juntos da OAB, mas eu sabia apenas que havia um mandando de segurança com ele. Mas em momento nenhum pedi a ele, tampouco ele pediu alguma coisa a mim. Decisão judicial, aprendi uma coisa na vida: você não conversa com juiz antes. Você espera a decisão Conversou depois? Não. O senhor mencionou o comitê do Senado, mas, após a primeira reunião, Bolsonaro não foi a esse pronunciamento e participou de um outro sem máscara e minimizando a questão do distanciamento social. Até que ponto podemos acreditar em um comitê cujo coordenador trabalha contra as principais políticas de combate à pandemia? Se não for por nenhum outro motivo de se acreditar nesse comitê, que se acredite nos demais membros, no ministro da Saúde, no presidente do Senado e no presidente da Câmara, que têm um discurso uniforme de enfrentamento com ações concretas. A fala do ministro da Saúde é a que precisa ser ouvida em relação ao distanciamento social, ao uso de máscara, higienização das mãos, vacinação. E o presidente tem suas convicções pessoais e quem sou eu para poder tirar dele o direito de dizê-lo. Mas não é uma recomendação de cunho científico, de base de medicina que deva a população se pautar. O senhor já disse que o negacionismo é uma 'brincadeira macabra' e critica grupos que difundem essa linha, mas não individualmente. Estamos falando do presidente da República, que dialoga diretamente com milhões de seguidores nas redes sociais. Por que o senhor segue evitando criticá-lo? Para bom entendedor, um pingo é letra. Quando digo que negacionismo virou no Brasil uma brincadeira de mau gosto, macabra, medieval, desumana, está claro que discuto ideias, propostas, e essas ideias de negacionismo são isso tudo que estou dizendo. Se o presidente as profere, isso vale para o presidente ou para um cidadão comum. Não preciso criticar o presidente. Posso criticar as ideias, quando ele prega qualquer tipo de negacionismo, eu vou criticar o negacionismo e consequentemente estou criticando a fala dele. Mas o comportamento dele não atrapalha? Não contribui. O comportamento que se prega o negacionismo de quem quer que seja no Brasil não contribui para o enfrentamento à pandemia. Eu prego tudo isso que o ministro da Saúde também está pregando, que temos que cumprir no enfrentamento à pandemia. Mas o senhor se frustra com isso, de sair de uma reunião com um grande debate técnico e o coordenador do comitê contrariar tudo o que foi discutido? Não vou me dizer que me frustro. Eu discordo. Respeito a posição de todos e me apego ao que verdadeiramente me importa que é o discurso do Ministério da Saúde e do ministro da Saúde de agora, que defende aquilo que eu penso, pelo menos até aqui defende aquilo que eu penso e é nisso que eu tenho que me apegar e acreditar que a população brasileira depois de um ano de pandemia e com todo esse sofrimento que estamos vivenciando já tenha plena compreensão do que precisa ser feito. O senhor também já se manifestou contra o impeachment. Quando será possível investigar e punir essas responsabilidades do negacionismo do governo em relação a pandemia? O Congresso não está sendo omisso? O Congresso não está sendo omisso, tem trabalhado muito em projetos de lei, aprovação de medidas provisórias, de emenda à Constituição. A nossa busca de consenso com o governo federal é uma sinalização muito positiva para poder cuidar de combater o coronavírus com ações que sejam efetivas e inteligentes. Sobre o projeto das vacinas, há uma grande crítica sobre o que chamam de fura fila, de empresas comprar para funcionários. A Constituição garante o direito universal de vacinas. Esse projeto não privilegia quem tem poder aquisitivo e na ponta a população mais pobre acaba sendo prejudicada? A opção do Congresso, por iniciativa do Senado, foi de garantir à iniciativa privada a aquisição de vacinas para doação ao SUS integralmente. Isso foi o que nós aprovamos, para que pudesse garantir a filantropia, a solidariedade e a colaboração com o Estado brasileiro. Evidentemente, se identificasse a dificuldade do governo de contratar com algum laboratório que pudesse a iniciativa privada fazê-lo, em benefício do Estado brasileiro. Essa foi a nossa lógica. Houve depois disso em crítica ao que foi definido pelo Senado e pela Câmara um anseio de determinados grupos da iniciativa privada pedindo para que a regra de utilização de 50% e doação de 50% fosse feita desde já. O grande problema disso é que não se identifica onde a iniciativa privada pode obter vacina. Agora, se houver uma realidade em que se defina que o cronograma das 560 milhões de doses adquiridas pelo poder público estará a contento e que o Brasil terá essa garantia de vacinas suficientes aos brasileiros, em algum momento vai poder se discutir a iniciativa privada adquirir. Isso é uma tendência mundial. Fala-se que o senhor e o presidente Arthur Lira [Câmara] não vão admitir vetos ao Orçamento. Se o Congresso não concordar com o veto, que se derrube o veto. Mas eu não posso dizer que não admito veto. O ministro da Economia [Paulo Guedes] e sua equipe, a Secretaria de Governo, acompanharam o trabalho da comissão mista do orçamento. E aí tudo o que foi feito foi alinhado com o governo. Não pode depois de aprovado dizer que estava tudo errado. Isso não é um comportamento adequado. Mas isso não desnatura os bons propósitos, as boas ideias, os bons méritos da política da equipe econômica, que tem meu integral apoio. Palco do clássico deste sábado (10) entre Real Madrid e Barcelona, pela 30ª rodada de LaLiga, o estádio Alfredo Di Stéfano receberá o primeiro duelo entre as equipes na sua história. O jogo, que começa às 16h (de Brasília, com transmissão da ESPN Brasil), pode valer a liderança para os catalães: com 65 pontos na segunda colocação, têm um a menos que o líder Atlético –o Real, terceiro colocado, tem 63 e pode dar passo importante na disputa pela ponta. Outro atrativo é a possibilidade de ser o último clássico de Messi, já que sua permanência na Catalunha é incerta ao fim da temporada. Apesar de bem menos grandioso que o Santiago Bernabéu, atualmente passando por reformas, o acanhado campo localizado no centro de treinamentos madridista tem o seu simbolismo por homenagear aquele que possivelmente foi o maior jogador do clube, um personagem central no acirramento da rivalidade de Real e Barça. No início da década de 1950, ambas as diretorias mostraram interesse pela contratação do atacante, que à época jogava na liga pirata da Colômbia (não filiada à Fifa), após deixar a Argentina em meio a uma greve de jogadores no país. O Barcelona acertou a negociação com o River Plate, dono do passe de Di Stéfano, que chegou a treinar com o time catalão em sua chegada à Espanha. Já o Real Madrid negociou diretamente com o Millonarios, o clube colombiano que o atleta então defendia. No livro ""El caso Di Stéfano"" (O caso Di Stéfano, em espanhol), os jornalistas Xavier Luque e Jordi Finestres realizam um trabalho de pesquisa e investigação que relata, com documentos oficiais e registros da imprensa espanhola, como autoridades do esporte e da política do país –incluindo a participação de figuras de peso do regime de Francisco Franco– atuaram em favor do Real. A Fifa, na tentativa de agradar a ambos, sugeriu que Alfredo Di Stéfano jogasse alternadamente pelos dois clubes durante quatro anos. Uma temporada com o Barça, outra com o Real, em um pingue-pongue que duraria de 1953 a 1957. Descontente com a medida, o Barcelona não aceitou o acordo e abriu mão da negociação. O Real Madrid pagou aos catalães o valor correspondente à transferência feita ao River Plate pela compra do atacante, enfim reforço madridista. Sua história no futebol a partir daí já é muito mais conhecida. Como jogador do Real, clube que defendeu de 1953 a 1964, Di Stéfano conquistou cinco taças da Champions League (na época Copa da Europa) e oito Campeonatos Espanhóis, marcando 418 gols em 510 partidas. Foi o símbolo daquele grande Real Madrid, que passou a ser não apenas o time espanhol mais vitorioso, mas sinônimo de conquistas europeias. O curioso é que, mesmo depois do imbróglio entre os clubes e suas diretorias, o argentino vestiria duas vezes a camisa do Barcelona em partidas festivas. A primeira delas foi em um amistoso contra o Vasco da Gama, no dia 12 de junho de 1955, na Espanha. Com Di Stéfano atuando ao lado de Luis Suárez, atacante da seleção espanhola e ídolo do Barça, os catalães venceram os cariocas por 1 a 0, gol de Isidre Flotats, aos 35 minutos do primeiro tempo. ""O grêmio cruzmaltino perdeu para um dos melhores quadros da Europa. Valeu mais para o cartel internacional do Vasco a derrota por 1 a 0, do que a vitória sobre o La Coruña por 6 a 1"", escreveu a Folha na edição do dia seguinte ao amistoso. ""Embora o Barcelona tenha lutado bem, empregando-se com entusiasmo e cerrando a defesa quando percebeu que poderia ganhar com aquele goal único, o fato é que o Vasco poderia ter conseguido um resultado melhor, um empate ou até mesmo a vitória, se tivesse contado com um ataque mais positivo"", publicou o jornal O Globo, em sua edição de 13 de junho. ""A equipe do Barcelona jogou reforçada do excelente centro-avante argentino Di Stéfano, o qual tem atuado em todos os matches da temporada vascaína em gramados espanhóis"", completou o jornal carioca. Além dos já citados duelos com o La Coruña e com o Barcelona, o clube de São Januário também enfrentou na turnê espanhola o Valencia, outro time que contou com a presença de Alfredo Di Stéfano, cedido pelo Real Madrid. A partida com os valencianos terminou empatada em 3 a 3, e o argentino anotou um dos gols. A segunda e última partida de Alfredo Di Stéfano pelo Barcelona ocorreu em 30 de agosto de 1961, no Camp Nou. O atacante foi um dos convidados para participar da despedida do húngaro e ídolo barcelonista Ladislao Kubala, em amistoso contra o francês Stade de Reims. Além do argentino, o Real Madrid também cedeu para o jogo festivo Ferenc Puskás, compatriota de Kubala. Com o trio de craques na equipe titular, o Barça venceu a partida por 4 a 3. Di Stéfano, com menos cabelos do que em 1955, porém com o talento intacto, marcou duas vezes, e Vergés e Benítez fecharam a conta para os catalães. Goleiro da equipe na vitória sobre os franceses, Antoni Ramallets também estava em campo no amistoso de seis anos antes, o primeiro de Alfredo Di Stéfano com a camisa do Barcelona. Provavelmente, dois jogos inesquecíveis para Ramallets, que ao menos nessas duas partidas não precisou se preocupar com a ameaça do atacante. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou nesta sexta-feira (9) que não se vai se opor ao projeto de lei aprovado esta semana na Câmara dos Deputados, que permite a compra de vacinas por empresas privadas. “Vivemos em um regime democrático. Lei é lei. Todos temos que nos submeter ao regime da lei”, disse Queiroga no Rio de Janeiro, em visita à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). ""Tenho convicção de que, desde que haja vacinas suficientes, temos condições de imunizar toda a sociedade brasileira"". O projeto, que ainda depende de análise do Senado, autoriza a compra de imunizantes por empresários, individualmente ou por consórcio. Atualmente, todo o estoque do país é comprado pelo poder público e a aplicação das doses é feita por unidades do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir de critérios de prioridade estabelecidos no PNI (Programa Nacional de Imunizações). O ministro também falou sobre a suspensão da vacinação em diversas capitais, que alegam atraso no envio de doses pelo governo federal. “O ministério não tem vara de condão para resolver todos os problemas"", afirmou. ""Se eventualmente há um problema com um município, é por que essa logística precisa ser melhor coordenada. Não é só o Ministério da Saúde. São 5.574 municípios."" Para Queiroga, a decretação de lockdown nos municípios depende de cada realidade e deve ser avaliada pelas administrações locais. ""O que o ministério vai fazer é disciplinar um plano de transportes urbanos, incentivo à testagem, ao uso de máscara. As medidas mais extremas precisam ser tomadas com muita propriedade, até para ter o apoio da sociedade brasileira."" Ao lado da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, Queiroga visitou as instalações do laboratório responsável pela fabricação da vacina de Oxford/Astrazeneca. Contrária ao projeto de compra de vacinas por empresas, Trindade defende que a vacinação permaneça sob gerência exclusiva do PNI. “Conversei com o ministro sobre a importância de priorização da proteção tanto individual, dos grupos mais vulneráveis, quanto da proteção coletiva”, afirmou a presidente. Esta semana, a Fiocruz anunciou que já opera com a produção diária de 900 mil doses do imunizante. O volume é pelo menos três vezes maior do que a capacidade de produção de março. Em abril, há expectativa de produção de 18,4 milhões de doses. Até julho, a Fiocruz espera já ter entregue 100,4 milhões de vacinas. A fundação agora trabalha para finalizar as adequações na planta do laboratório que será responsável pela fabricação própria do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), matéria-prima da vacina, que contém o vírus modificado e enfraquecido. Hoje o laboratório depende da importação do produto vindo da China. Segundo Nísia, os primeiros lotes da vacina feita integralmente no Brasil serão fabricados a partir de maio, mas apenas em setembro a Fiocruz será capaz de integrar as doses, já que a produção de um lote depende de várias de validação e testagem. ""O IFA é fundamental para dar sustentação [à produção da vacina], até por que sabemos que a circulação do vírus deve continuar no país"", afirmou Trindade. Para quem fingiu acreditar na regeneração de Jair Bolsonaro, encarnando um ponderado presidente preocupado com a pandemia e com a estabilidade política, as duas últimas semanas trataram de acabar com a pantomima. Após uma confusa crise militar que seguirá inconclusa, bastando ver o teor do discurso do número 2 do Exército na frente do presidente na quinta (8), e uma nova rodada de absurdos sanitários, o mandatário máximo nos brinda com um choque direto com o Supremo Tribunal Federal. Sabendo dos riscos óbvios que a CPI da Covid traz para o Planalto, Bolsonaro sacou a carta do impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, a ""bomba atômica"" preferida de 9 entre 10 bolsonaristas —assume-se aqui que ter um artefato nuclear real faz parte do imaginário da turma. Por ora, tal movimento é o que parece: uma ameaça barata. Mesmo com a bovinice interessada do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), parece impensável que ele dê curso a tal agitação. Do ponto de vista retórico, Bolsonaro joga para sua plateia e também para os militares, que usualmente são muito críticos do trabalho do Supremo. Só que os generais da ativa ora estão muito ressabiados com a intervenção feita por Bolsonaro no Ministério da Defesa, que gerou a crise da semana passada. Sua fala, no mesmo evento de promoção de oficiais-generais da quinta, evocando o ""meu Exército"", novamente foi bastante mal avaliada na cúpula militar. Assim, muxoxos em WhatsApp abundarão, mas se Bolsonaro espera uma nota do comandante do Exército em apoio ao impeachment de Barroso, tudo indica que o fará sentado. Qualquer movimento diferente deste sugere um problema maior. Por fim, o uso da bomba tem o condão de unir a corte, o proverbial arquipélago com 11 ilhas, como sempre acontece quando um de seus membros é alvejado. Para Barroso, acabou sendo bom negócio. Sua decisão foi criticada por dois ministros ouvidos pela reportagem, que a viram como contraditória com a ideia de evitar aglomerações que o voto sobre cultos presenciais evidenciou na quarta. Além disso, havia a expectativa de que o ministro levasse a decisão primeiro ao plenário, sem a concessão de uma liminar. Mesmo Luiz Fux, que integra a mesma ala que se proclama progressista da corte, ficou surpreso com o movimento. Isso ocorre também num momento de instabilidade na corte. Kassio Nunes Marques está efetivamente marcado como um defensor de Bolsonaro na corte. A saída do decano Marco Aurélio Mello em julho colocará um potencial Kassio 2 na corte. Isso tem preocupado os ministros, e a reprimenda do decano de fato, Gilmar Mendes, ao advogado-geral da União e ao procurador-geral da República, sinaliza isso. Na quarta, ambos esgrimiram argumentos inacreditáveis em favor de manter cultos e missas com gente. No caso do advogado-geral André Mendonça, até há pouco ministro da Justiça, os termos foram de pregação religiosa: ele falou que é OK morrer em nome da fé, espalhando o Sars-CoV-2 por aí se necessário. Ou seja, tanto ele quanto Augusto Aras, em menor escala, apresentaram credenciais para uma indicação bolsonarista à corte. Pode não dar em nada, mas impressionou muita gente de forma negativa. Por isso, alguns ministros se queixaram de que a decisão de Barroso adicionou uma temperatura indesejável à situação. Para um presidente acuado com uma crise sanitária, econômica e política, contudo, foi um tiro indesejável —CPI, reza o catecismo brasiliense, você só sabe como começa. O centrão vai voltar a subir seu preço, mas mesmo ali há um ruído fortíssimo em curso. O nível da altercação entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Paulo Guedes (Economia) tem subido muito devido à crise da apresentação do Orçamento inexequível para este ano. Segundo aliados de Lira, nesta semana ambos quase foram à vias de fato, entre gritos, acerca da condução do processo. Esse é o arranjo de apoio que Bolsonaro costurou. Sempre haverá empresários dispostos a aplaudir tal acerto, mas cresce, e muito, o contingente da elite que não tolera mais a turbulência institucional constante que marca o governo. A bomba atômica, como se sabe, é feita para não ser usada. Mas sua radiação pode afetar aqueles que a manuseiam de forma inconsequente. A abertura de uma CPI para investigar a crise do coronavírus no Brasil e os recordes de mortes por Covid-19 são o pano de fundo de uma audiência marcada pelo Parlamento Europeu, na próxima semana. Em uma reunião de duas horas na tarde da próxima quinta (15), o chefe da Missão do Brasil junto à União Europeia, embaixador Marcos Galvão, está sendo chamado a falar sobre a situação da Covid no país, entre outros temas. “A crise atingiu o Brasil de maneira particularmente forte devido às políticas desastrosas do governo Bolsonaro, que se recusa a levar este vírus a sério”, afirmou a eurodeputada pelo Partido Verde Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para assuntos relacionados ao Brasil. Segundo Cavazzini, “ao negligenciar a compra de vacinas, Bolsonaro é responsável pela situação catastrófica no país”. Em aviso sobre a audiência, ela cita a ordem emitida na quinta (8) pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instale uma CPI da pandemia da Covid-19. Também menciona que “mais de 340 mil brasileiros já morreram com o vírus” e que “nos últimos dias, a média diária de mortes ultrapassou 4.000”. Membro também do comitê parlamentar responsável por ambiente, Cavazzini tem sido uma das eurodeputadas mais críticas da gestão Bolsonaro na questão do desmatamento da Amazônia e uma das principais vozes de oposição ao acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul (ainda em fase de revisão jurídica). “Na audiência, espero que o governo brasileiro tome uma posição sobre medidas concretas para enfrentar a crise social e de saúde. A UE deve mostrar solidariedade e apoiar a luta contra a pandemia de coronavírus no Brasil”, afirmou ela. Sem implicação prática, essas reuniões são marcadas com antecedência para discutir temas de interesse bilaterais. No encontro da próxima semana, um dos temas previstos inicialmente era direitos humanos, entre eles o caso de Fernando dos Santos Araújo, sobrevivente da chacina de Pau D’Arco, em 2017, atribuida a policiais. Araújo chegou a entrar no programa de proteção a testemunhas, mas voltou à fazenda neste ano e acabou também assassinado. A convocatória da audiência inclui também uma “troca de opiniões sobre a cooperação científica e tecnológica entre a UE e o Brasil”. Sobre a pandemia de Covid-19, tema acrescentado ao evento após a piora na situação brasileira, devem falar Veronique Lorenzo, chefe da Divisão para a América do Sul da CE, Socorro Gross Galiano, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil (a confirmar) e Camila Asano, diretora de programas da ONG Conectas. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (9) que falta coragem moral ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, que, no dia anterior, mandou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalar uma CPI da pandemia de Covid-19. ""Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial"", disse Bolsonaro a apoiadores. E escreveu em rede social. ""Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política."" ""Barroso, nós conhecemos teu passado, a tua vida, o que você sempre defendeu, como chegou ao Supremo Tribunal Federal, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então, use a sua caneta para boas ações em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Senado Federal."" Na noite de quinta-feira (8), Bolsonaro disse que o STF interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid. O mandatário citou ainda pedidos de impeachment de ministros da corte que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados. Poucas horas após a declaração do chefe do Executivo, o Supremo emitiu uma nota em que diz que os ministros da corte agem de acordo com a Constituição. O texto não menciona Bolsonaro, mas afirma que contestações a decisões judiciais devem ser feitas pelos procedimentos oficiais adequados. “O STF reitera que os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país”, diz a nota. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro disse que ""não há dúvida de que há uma interferência do Supremo em todos os Poderes"". ""Agora, no Senado, tem pedido de impeachment de ministro do Supremo. Eu não estou entrando nesta briga, mas tem pedido. Será que a decisão não tem que ser a mesma também, para o Senado botar em pauta o pedido de impeachment de ministro do Supremo?"", indagou Bolsonaro. ""Não está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir Supremo, Legislativo, Executivo para a busca de soluções? O que que vai levar a abertura da possível CPI? As provas que estamos no caminho certo, que fizemos tudo o possível estão aí"". Já nesta sexta, aos apoiadores, voltou a cobrar a abertura de pedidos de impeachment contra magistrados. ""Se tiver moral, um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir o processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal"", afirmou. As declarações foram gravadas por um canal bolsonarista e compartilhadas pelo presidente em uma rede social. Bolsonaro disse que a decisão de Barroso é ""uma jogadinha casada"" entre o ministro do STF e a bancada de esquerda do Senado ""para desgastar o governo"". ""Eles não querem saber do que aconteceu com os bilhões desviados por alguns governadores e alguns poucos prefeitos também"", disse o chefe do Executivo. O presidente disse que ""não é disso que o Brasil precisa"" e fez menção à situação do país na pandemia. ""[O país] vivendo um momento crítico de pandemia, pessoas morrem e o ministro do Supremo Tribunal Federal faz politicalha junto ao Senado Federal"", disse Bolsonaro. Na noite de sexta, ao conversar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disparou novas críticas contra Barroso. ""O Barroso deu uma liminar para que seja instalada uma CPI da Covid para investigar eu. Eu dei dinheiro para os caras [governadores e prefeitos] —muitos sumiram com o dinheiro— e eu sou investigado? Não tem cabimento realmente uma interferência dessas no Legislativo para atingir o chefe do Executivo. Agora os processos que tem lá de pedido de impeachment de colega do Supremo ele [Barroso] fica quieto"", disse. Na ocasião, Bolsonaro também afirmou que o ministro Milton Ribeiro (Educação) deve elaborar um parecer favorável à reabertura de escolas no Brasil. Em sua decisão, Barroso afirmou que estão presentes os requisitos necessários para a abertura da comissão parlamentar de inquérito, incluindo a assinatura favorável de mais de um terço dos senadores, e que o chefe do Senado não pode se omitir em relação a isso. Além do potencial de agravar a crise política e da insatisfação de Bolsonaro, a determinação do ministro do STF retomou a discussão —acalorada nos últimos meses— sobre a disputa por protagonismo e a interferência entre Poderes. Pacheco afirmou que vai cumprir a decisão de Barroso, oferecendo segurança para os senadores e depoentes que frequentarem as audiências, mas manteve sua posição contrária à instalação da CPI durante a pandemia. O presidente do Senado disse que a comissão neste momento será um “ponto fora da curva” e que pode “ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento da pandemia”. Pacheco também afirmou que as audiências da CPI podem ser uma antecipação da corrida eleitoral em 2022 e servir de “palanque político” para potenciais candidatos. Alguns senadores criticaram o que consideraram ser uma interferência indevida do Judiciário no Legislativo. Barroso submeteu sua decisão para a análise da corte. O caso será julgado na próxima sessão virtual do Supremo, que começa em 16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês. Nesse período, os magistrados deverão incluir seus votos no sistema. O ministro do STF afirmou que a Constituição prevê três requisitos para instalação de CPI e todos “parecem estar presentes”. São eles: assinatura de um terço dos senadores; indicação de fato determinado a ser apurado; e definição de prazo certo para duração. A oposição conseguiu recolher 32 assinaturas, 5 a mais que as 27 necessárias. Na manhã desta sexta, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) também afirmou que a decisão de Barroso é uma ""interferência que não é devida"". ""Eu julgo que o que tem acontecido seguidamente é que a corrente minoritária, quando não consegue atingir seus objetivos, busca utilizar o STF; e aí na minha visão, concordo com outras opiniões que foram dadas, isso é uma interferência que não é devida. Vamos colocar o seguinte: nós estamos vivendo um momento difícil complicado. É um momento que a gente precisa de união de esforços e a CPI a gente sabe: vai ser aquela discussão, aquela geração de atrito e atrito não leva a nada, só faz a perda de energia"", declarou. Veja ataques e ameaças de Bolsonaro a ministros do Supremo Alvo: Luís Roberto Barroso Contexto: após ministro determinar abertura da CPI da Covid no Senado 9 de abril de 2021 ""É uma medida que, não tenho a menor dúvida, é para atingir o governo federal."" ""Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial"". ""Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política."" ""Barroso, nós conhecemos teu passado, a tua vida, o que você sempre defendeu, como chegou ao Supremo Tribunal Federal, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então, use a sua caneta para boas ações em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Senado Federal."" ""Agora, no Senado, tem pedido de impeachment de ministro do Supremo. Eu não estou entrando nesta briga, mas tem pedido. Será que a decisão não tem que ser a mesma também, para o Senado botar em pauta o pedido de impeachment de ministro do Supremo?"" Alvo: Alexandre de Moraes Contexto: após ministro anular a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal 30 de abril de 2020 ""Eu respeito a Constituição e tudo tem um limite."" ""Se [Ramagem] não pode estar na Polícia Federal, não pode estar na Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. No meu entender, uma decisão política."" ""Agora tirar numa canetada e desautorizar o presidente da República, com uma canetada, dizendo em [princípio da] impessoalidade? Ontem quase tivemos uma crise institucional, quase. Faltou pouco."" ""Eu não engoli ainda essa decisão do senhor Alexandre de Moraes. Não engoli. Não é essa a forma de tratar o chefe do Executivo."" ""Não justifica a questão da impessoalidade [um dos argumentos usados pelo ministro na sua decisão]. Como o senhor Alexandre de Moraes foi parar no Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer, ou não foi?"" Alvo: Alexandre de Moraes Contexto: após operação policial ordenada pelo STF que atingiu aliados bolsonaristas no inquérito das fake news 28 de maio de 2020 “Não teremos outro dia como ontem, chega.” ""Acabou, porra!"" “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news.” ""Respeito o STF e respeito o Congresso. Mas para esse respeito continuar sendo oferecido da nossa parte, tem que respeitar o Poder Executivo também."" Alvo: Celso de Mello Contexto: após ministro decidir tornar público vídeo da reunião ministerial que seria indício de interferência na PF 28 de maio de 2020 ""Eu peço pelo amor de Deus: não prossiga [com] esse tipo de inquérito, a não ser que seja pela lei do abuso de autoridade. Está bem claro, quem divulga vídeos, imagens ou áudios do que não interessa ao inquérito... Tá lá [na lei], um a quatro anos de detenção."" ""Criminoso não é Abraham Weintraub, não é o [Ricardo] Salles [ministro do Meio Ambiente], não é nenhum de nós. A responsabilidade de tornar aquilo público é de quem suspendeu o sigilo de uma sessão cujo vídeo foi chancelado como secreto."" Alvo: Edson Fachin Contexto: após ministro anular condenações de Lula na Lava Jato de Curitiba e determinar que o caso seja julgado em Brasília 08 de março de 2021 ""O ministro Fachin sempre teve uma forte ligação com o PT, então não nos estranha uma decisão nesse sentido. Obviamente é uma decisão monocrática, mas vai ter quer passar pela turma, não sei, ou plenário para que tenha a devida eficácia"" O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite desta quinta-feira (8) que o STF (Supremo Tribunal Federal) interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid-19. O mandatário citou ainda pedidos de impeachment de ministros da corte que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro disse que ""não há dúvida de que há uma interferência do Supremo em todos os Poderes"". ""Agora, no Senado, tem pedido de impeachment de ministro do Supremo. Eu não estou entrando nesta briga, mas tem pedido. Será que a decisão não tem que ser a mesma também, para o Senado botar em pauta o pedido de impeachment de ministro do Supremo?"", indagou Bolsonaro. ""Não está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir Supremo, Legislativo, Executivo para a busca de soluções? O que que vai levar a abertura da possível CPI? As provas que estamos no caminho certo, que fizemos tudo o possível estão aí"". O ministro do Supremo Luís Roberto Barroso mandou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalar uma CPI da pandemia. Em sua decisão, Barroso afirmou que estão presentes os requisitos necessários para a abertura da comissão parlamentar de inquérito, incluindo a assinatura favorável de mais de um terço dos senadores, e que o chefe do Senado não pode se omitir em relação a isso. Além do potencial de agravar a crise política e da insatisfação de Bolsonaro, a determinação do ministro do STF retomou a discussão —acalorada nos últimos meses— sobre a disputa por protagonismo e a interferência entre Poderes. ""É uma medida que, não tenho a menor dúvida, é para atingir o governo federal"", afirmou Bolsonaro. ""Agora, queria que ele fizesse a mesma coisa, já que fez para nós, eu não queria entrar numa briga com ninguém do Supremo, uma liminar para o Senado abrir o processo de impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal também. Afinal de contas, aí mostra que ele é isento e tira meu discurso de agora, [...] que seria uma perseguição ao Poder Executivo"", disse o presidente da República. Pacheco afirmou que vai cumprir a decisão de Barroso, oferecendo segurança para os senadores e depoentes que frequentarem as audiências, mas manteve sua posição contrária à instalação da CPI durante a pandemia. O presidente do Senado disse que a comissão neste momento será um “ponto fora da curva” e que pode “ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento da pandemia”. Pacheco também afirmou que as audiências da CPI podem ser uma antecipação da corrida eleitoral em 2022 e servir de “palanque político” para potenciais candidatos. Alguns senadores criticaram o que consideraram ser uma interferência indevida do Judiciário no Legislativo. Barroso submeteu sua decisão para a análise da corte. O caso será julgado na próxima sessão virtual do Supremo, que começa em 16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês. Nesse período, os magistrados deverão incluir seus votos no sistema. Em outra derrota de Bolsonaro, o Supremo manteve por 9 votos a 2 a decisão do ministro Gilmar Mendes de permitir que estados e municípios proíbam a realização de celebrações religiosas presenciais como forma de conter o avanço da pandemia da Covid-19. ""Temos decisões acontecendo e vocês sabem qual a minha opinião, OK, e vamos tocar a vida aí. O Brasil está sofrendo demais e o que nós menos precisamos é de conflitos. Da minha parte, você sabe a minha posição. Respeito completamente a nossa Constituição. Não tem um pingo fora das quatro linhas da mesa"", disse Bolsonaro à CNN Brasil. Questionado especificamente sobre a decisão envolvendo as igrejas, o presidente afirmou que é ""quase zero"" a chance de contaminação entre frequentadores de igrejas e templos. ""Geralmente, o cara, quando está numa situação depressiva, ele procura Deus. E ele procura onde? Deus está em todo lugar, sabemos disso, mas ele vai na igreja, vai num templo. O templo fechado. E, lá dentro, com todas as medidas de afastamento etc, não tem a possibilidade de transmitir o vírus é quase zero."" A decisão do Supremo não obriga gestores estaduais e municipais a proibirem cultos e missas, mas declara que decretos nesse sentido são permitidos e não violam a Constituição. A loucura, a paranoia e a incompetência derrubam 25 Boeings 737 por dia no país. A CPI da Covid no Senado não é só uma imposição constitucional. Passou a ser uma obrigação moral. Agiu com acerto o ministro Luís Roberto Barroso ao determinar a sua instalação. Manda cumprir o que está na Carta. O requerimento, com 32 assinaturas, foi protocolado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no dia 4 de fevereiro. Em 11 de março, Alessandro Vieira (SE) e Jorge Kajuru (GO), ambos do Cidadania, recorreram ao STF com um mandado de segurança para que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumprisse as regras do jogo. O relator é Barroso. Pacheco vinha tentando adiar a comissão. O senador já havia afirmado que achava inevitável a investigação, ponderando, no entanto, que ela poderia ser feita mais à frente. A prioridade, insistia, era combater a doença e conseguir as vacinas. Tinha e tem razão. Mas com CPI. Em nada ela obsta o combate à doença. Quem produz vacinas no país, ainda que com Ingredientes Farmacêuticos Ativos importados, são o Butantan —80%— e a Fiocruz. Não restava a Barroso caminho alternativo ao que estabelecem a Constituição e a jurisprudência do STF. O pedido cumpre o que dispõe o parágrafo 3º do artigo 58 da Carta, que prevê apenas três requisitos para uma CPI: a assinatura de ao menos um terço da Casa, existência de fato determinado e estabelecimento de um prazo de vigência. Inexiste arbitragem ou ato monocrático do presidente da Câmara ou do Senado a deslanchar o processo. Pacheco concedeu uma entrevista furiosa e errada depois da decisão de Barroso. Remédios para acalmar: Constituição e jurisprudência. Convém não tomar a cloroquina do arranjo e a ivermectina da indignação corporativista e infundada. Não corrigem a doença da incompetência do governo e ainda causam eventos adversos graves. Voltemos a 2007, quando a então oposição criou na Câmara a chamada “CPI do setor aéreo”. Reuniu-se o número necessário de assinaturas, e o petista Arlindo Chinaglia (SP), presidente, determinou a sua instalação. Mas acatou um recurso interposto por Luiz Sérgio (PT-RJ), líder do partido, que acusava irregularidades no pedido. Chinaglia aceitou votar a questão, e a comissão foi derrubada por maioria no plenário. Os que defendiam a investigação recorreram ao STF justamente com um mandado de segurança, cujo relator foi o ministro Celso de Mello. Ele concedeu a liminar, determinando a instalação da comissão, e submeteu a sua decisão ao pleno. Foi referendada por unanimidade. Um dos que entraram com recurso foi o então líder do PFL na Casa e hoje secretário-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. Aquela CPI começou a ser gestada depois da queda de um Boeing 737 da Gol, que matou 154 pessoas, no dia 19 de setembro de 2006. O episódio se deu em meio ao que ficou conhecido como “apagão aéreo”. Governos e governistas não gostam de CPIs. E é justamente neste ponto que entra o Supremo. Escreveu Celso de Mello no acórdão: “O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não se transforme numa prerrogativa constitucional inconsequente, há de ser aparelhado com instrumentos de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta”. Observem que, naquele caso, a CPI havia sido derrubada pela maioria da Câmara. Nem assim a garantia se apagava. Acrescentou o acórdão: “A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo artigo 58, § 3º (...)”. Num primeiro momento, até me pareceu razoável que Pacheco pudesse tentar negociar com os subscritores do requerimento um prazo. No dia 24 de março, por exemplo, houve uma reunião entre os Três Poderes para a criação do tal Comitê de Combate à Covid. Talvez um princípio de racionalidade, quem sabe... Cinco dias depois, Bolsonaro criou uma crise militar, ameaçando o país, mais de uma vez, com o “meu (seu?) Exército”. O adiamento da CPI em nada facilitou o processo de vacinação nem teve o condão de chamar o presidente da República à razão. Cumpra-se o que dispõem a Constituição e a jurisprudência do Supremo. Foi o que fez Barroso. CPI já! Para que Congresso e Supremo não se tornem cúmplices do morticínio em massa e para que eventuais responsáveis paguem pela tragédia. Ou será que a queda — trágica, mas felizmente rara — de um avião comove, mas a de 25 por dia anestesia o espírito? Alfredo Bosi Homem doce, de caráter reto, cristão fervoroso... Ele, com sua amada Ecleia, andando de mãos dadas, sem pressa, pelas ruas da Granja Viana, admirando cada flor no caminho. Memória inesquecível. Thomas Hahn (Cotia, SP) Contardo Calligaris ""Maria Homem, viúva de Contardo Calligaris, lembra a relação com ele"" (Ilustrada, 8/4). Um dos mais belos e significativos textos sobre o amor e a psicanálise. Por favor, Maria, queremos continuar ouvindo tua voz a nos dizer ""siga tua vida"". Eline Barros Murad (São Luís, MA) Muito acertada a cessão de espaço à viúva de Contardo Calligaris, que escreveu um texto tocante em homenagem ao companheiro. A sua pergunta também é nossa: o que será de nós sem você, Contardo? Eliana Izabel Scurciatto (Santa Fé do Sul, SP) Igreja e Covid Para praticar o cristianismo, ninguém precisa de uma igreja. Cristo subia numa pedra ou ficava embaixo de uma árvore para falar ao povo. Quando a gente é criança, nossa mãe nos ensina a cultivar a fé e a fazer nossas preces dentro de casa. É simples assim. A única justificativa para o que estão fazendo esses terrivelmente evangélicos é sua ânsia pelo dízimo dos incautos que tiram da boca dos filhos para dar a essas igrejas. Humberto Mendes (São Paulo, SP)  Pensava que André Mendonça fosse advogado-geral da União, não advogado das igrejas evangélicas, como evidencia a reportagem ""STF suspende voto sobre cultos após críticas de Gilmar a Mendonça e Aras"" (Saúde, 8/4). Admirável também a fé de Augusto Aras. Luiz Fernando Schmidt (Goiânia, GO)  Se Jair Bolsonaro nomear mais ministros para o Supremo Tribunal Federal, seremos como o Irã. Augusto Aras e André Mendonça usam a Bíblia para se credenciarem junto ao chefe na perspetiva de uma vaga no STF. João Vianey Nogueira Martins (Fortaleza, CE) By-pass Quando políticos e empresários sem escrúpulos se unem para aprovar legislação para que empresas possam comprar vacinas e dar um by-pass nos grupos de risco, espera-se que o Ministério da Saúde, a Anvisa e os laboratórios façam valer o previamente acertado: que haja respeito aos pobres, desempregados, não sócios de clubes milionários, doentes, idosos, profissionais de saúde etc. Que a vergonha na cara prevaleça ao menos neste assunto. Ademir Valezi (São Paulo, SP) Minha vida Belíssimo o texto de Miriam Goldenberg desta quinta (8/4) ""Como posso encontrar o propósito da minha vida?"" (Corrida). Certamente depois de inúmeras vivências podemos e devemos dar valor às pequenas coisas. O bem-estar diário, curtir a natureza, as amizades, as parcerias e os afetos. Crer no amor e no que nos resta de humanidade tem, sim, valor. Hanna Korich (Mairiporã, SP) Livros e armas Gostaria de entender o que move um país a cogitar aumento na tributação de livros e redução na tributação de armas de fogo e munições. Carlos Carmelo Balaró (São Paulo, SP) Caráter, humanidade, vergonha Os empresários que ovacionaram o genocida no tal jantar não têm vergonha na cara (""Bolsonaro é ovacionado em jantar de reaproximação com empresários"", Mercado, 8/4). Ovacionaram o quê? A destruição que esse irresponsável está promovendo na saúde, na cultura, no meio ambiente, na educação? A perseguição a opositores? A fome que voltou com força? Os participantes mostraram toda a falta de caráter, de humanidade e de vergonha na cara que parte da elite tem. Beatriz Telles (São Paulo, SP)  Bolsonaro diz que está fazendo o máximo para garantir a imunização da população. Como cidadão brasileiro, queria que ele apontasse uma única medida política de combate à pandemia. O que me consta, desde o início desta tragédia, é que ele somente ironizou as medidas sanitárias, fato que só tinha comparação com o que fazia Trump, felizmente já derrotado. Moacyr da Silva (São Paulo, SP)  Bolsonaro ovacionado me lembra ""Setenta e Seis Anos de Minha Vida"", de Hjalmar Schacht, em que conta que fez manobras mil para agradar Hitler nos anos 30, quando dirigiu a economia alemã. No jantar, os empresários nem sequer discutiram o documento que cobra medidas de combate à pandemia. Bolsonaro mudou um pouco a opinião sobre a imunização, justamente agora que faltam vacinas. Será que os empresários também mudaram de ideia sobre o presidente? Ricardo Patah, presidente nacional da UGT (São Paulo, SP) Militares e Covid Sobre ""Hospitais militares reservam leitos e ficam até 85% ociosos"" (Saúde, 8/4), o Ministério da Defesa informa que os hospitais militares estão em situação crítica, com leitos de UTI ocupados e pacientes removidos para evitar colapso. A notícia de que estão vazios não é verdadeira. Os hospitais atendem 1,8 milhão de pessoas (militares, inativos, dependentes, pensionistas). Os militares atuam na linha de frente da Covid-19, com contaminação de 14%, muito superior à média. As Forças Armadas estão junto à população, preservando e salvando vidas. Carlos Chagas V. Braga, Centro de Comunicação Social da Defesa (Brasília, DF) O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse nesta quinta-feira (8) que vai cumprir a ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), e instalar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Covid-19, mas afirmou que o colegiado pode servir de palanque político e coroamento do insucesso no combate da pandemia. As declarações foram dadas ao fim de uma sessão do Senado, pouco depois de ser divulgada a decisão de Barroso. O ministro do STF considerou que estão presentes os requisitos necessários para abertura da comissão e que o chefe do Senado não pode se omitir em relação a isso. O ministro do STF submeteu a decisão à análise da corte. O caso será julgado na próxima sessão virtual do Supremo, que começa em 16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês. Nesse período, os magistrados devem incluir seus votos no sistema. Pacheco qualificou a decisão do STF de equivocada e disse que, neste momento, “com a gravidade que a pandemia nos exige união, vai ser um ponto fora da curva.” “E para além de um ponto fora da curva, pode ser o coroamento do insucesso nacional do enfrentamento da pandemia”, disse. Para o senador, a decisão pode antecipar a disputa eleitoral de 2022 e prejudicar o combate à Covid-19. ""A CPI poderá, sim, ter um papel de antecipação de discussão político-eleitoral de 2022, de palanque político, que é absolutamente inapropriado para este momento da nação."" Ele reiterou que o país tem dois caminhos: o da união das instituições ou o caos. “O caos em que se antecipa, por exemplo, a eleição de 2022 num ambiente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para poder intimar o governador A, o governador B, o prefeito A ou prefeito B”, criticou, acrescentando que esse cenário gera uma instabilidade jurídica no país inclusive para a contratação de vacinas. Pacheco disse ainda que não é o momento adequado para instalar a CPI, pois o Senado está fechado para visitação e não tem comissões funcionando. “Fazer funcionar uma comissão que exija a presença física, para exame de prova, para elaboração de laudos periciais, exames de documentos, inquirição de pessoas, incomunicabilidade de testemunhas. São requisitos de uma CPI que exige que a CPI seja presencial.” ""Portanto o Supremo Tribunal Federal a partir de uma decisão monocrática, quando determina ao Senado Federal que se instale uma CPI, faremos funcionar o único órgão presencial no Senado Federal. E obviamente decisão judicial se cumpre e eu vou cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal porque tenho responsabilidade institucional e cívica, mas será o único órgão a funcionar presencialmente no Senado Federal”, completou. O presidente do Senado também acrescentou que vai atuar para garantir a segurança sanitária dos senadores, servidores e possíveis depoentes da comissão. Pacheco disse que ainda não definiu critérios para a escolha de relatores e também não comentou se senadores mais idosos, de grupo de risco, seriam excluídos da CPI por questão de segurança. Além disso, afirmou que a CPI não vai substituir o papel do Ministério Público Federal ou Estadual, da Polícia Federal, Civil e da Controladoria Geral da União. “Não fará esse papel.” Apesar de divergir da decisão, Pacheco afirmou que vai respeitá-la e que a medida será cumprida a partir da próxima semana, quando será lido o requerimento. Além disso, ao ser questionado se esperaria o plenário virtual julgar a decisão para cumprir, o presidente do Senado alfinetou o Supremo e disse que, uma vez notificado da decisão monocrática, a obrigação de qualquer brasileiro, independentemente da posição que possua, é de cumprir a decisão. “Se haverá desdobramentos de sessão virtual, de se ouvir o plenário do Supremo Tribunal Federal, essa é uma questão interna corporis do Supremo Tribunal Federal e eu não interfiro em questões interna corporis do Supremo Tribunal Federal.” A decisão de Barroso é uma derrota para a base aliada do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, que vinha tentando barrar a comissão para investigar a condução da pandemia. Segundo aliados de Pacheco, a decisão pegou o presidente do Senado de surpresa. Uma saída para o senador, contrário à CPI, seria instalar a comissão, mas os partidos podem se recusar a indicar membros. A medida teve recepção mista no Senado. O mal-estar criado fez com que alguns senadores ameaçassem inclusive retirar a assinatura da CPI, como forma de protesto contra o que consideraram interferência em outro poder. Havia dúvida, porém, se seria possível retirar o apoio. Outros expuseram publicamente a crítica contra a decisão de Barroso. ""Eu assinei a CPI da Covid. Não acho que uma decisão monocrática do membro de um Poder possa determinar o que um presidente de outro Poder faça"", diz o senador Omar Aziz (PSD-AM). O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), criticou a decisão. Para ele, a gravidade da pandemia exige que as atenções estejam voltadas para o enfrentamento da Covid-19. “A instalação de uma CPI é inoportuna à medida que compromete os esforços para garantir atendimento aos casos graves e acelerar a vacinação”, afirmou. “Por isso, quero reafirmar o nosso apoio ao posicionamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que aponta para o juízo de conveniência e de oportunidade da CPI neste momento de excepcionalidade.” Um dos autores da ação, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a decisão do Supremo apenas cumpre a Constituição e lamentou que o Senado não tenha instalado a CPI por vontade própria. “A decisão do ministro Barroso segue o que a Constituição determina. É uma pena que seja necessário buscar o Judiciário para que o Senado cumpra a Carta Magna”, afirmou. O líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN), também lamentou o fato de que a decisão de instalação da CPI tenha partido do Supremo e não do próprio Senado. ""Decisão do Ministro Luís Roberto Barroso garante a instalação da CPI da Covid-19. É lamentável que o Congresso dependa de uma decisão do Judiciário para garantir o direito da minoria. É urgente que se apurem as ações e omissões do governo no enfrentamento da pandemia”, afirmou. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cumprimentou Barroso pela decisão. “Esperamos com urgência o início dos trabalhos para apurar os responsáveis pelo genocídio em curso no Brasil e por este atoleiro sanitário.” Para o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), já houve precedente de o Supremo ordenar a instalação da CPI. “A decisão do ministro Barroso corresponde à jurisprudência consagrada de que a minoria tem direito de investigar atos do poder Executivo”, disse. Por sua vez, o senador Otto Alencar (PSD-BA) se manifestou contrariamente à decisão do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar, de postura independente, afirmou que não há condições sanitárias para o funcionamento de uma comissão no momento atual e que as dependências do Senado são no momento um “covidário”. Por isso afirma que a decisão de Barroso “não foi sensata”. “Primeiro requerimento que eu faria era [convite] do Barroso, para ver se ele teria coragem de vir para um ambiente fechado, para uma oitiva com 50, 60 pessoas dentro de uma sala”, disse. Metade dos municípios paulistas registrou mais mortos do que nascidos em março deste ano, segundo os números de certidões de óbito e nascimento emitidas pelos cartórios locais, disponíveis no portal da transparência da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais). Das 645 cidades do estado de São Paulo, 319 (49,5%) fazem parte desse grupo. Segundo especialistas, o impacto da pandemia do novo coronavírus foi fundamental para a ocorrência desse fenômeno. Em números absolutos, três cidades do ABC (São Caetano, Santo André e Mauá) lideram entre aquelas que mais perderam no balanço entre mortos e nascidos em março no estado. Nessa região, apenas Rio Grande da Serra teve mais nascimentos que mortes registradas no cartório local. Em 117 municípios (18,3%), o número de certidões de óbito foi pelo menos o dobro das certidões de nascimento, segundo os dados dos cartórios. Diretora de comunicação da Arpen-SP, Andreia Ruzzante Gagliardi afirma que ”certamente é algo absolutamente incomum"" a maior ocorrência de mortes do que de nascimentos. Porém, ela faz uma ressalva. Diz que os números refletem o local de registro, que não é, necessariamente, o de nascimento —pais podem registrar a criança num município maior, onde ficaria maternidade onde ela nasceu. ”O importante é focar o número global, que é indiscutível. Não tem dúvida de que a balança foi totalmente alterada"", diz Andreia. A diretora da Arpen afirma que, em 2019, o estado teve 312.415 óbitos e 594.748 nascimentos (mortes representaram 52,5%). Em março, foram 47.308 e 49.328, respectivamente. Professor de Geografia da Saúde da Unesp em Presidente Prudente, Raul Guimarães diz que em análises de longo prazo, como nos censos, a cada 10 anos, é comum observar municípios perderem população por motivos diversos. O especialista diz, porém, que o ocorre atualmente não tem precedentes na nossa história. “Estamos falando de um impacto diário, em meio a uma hecatombe, um tsunami. O fenômeno que está ocorrendo, de mais mortos que nascidos, é um evento extremo. Como uma guerra”, afirma. Segundo Guimarães, ainda não é possível mensurar as consequências de tantas mortes. “Caiu uma bomba sobre nós”, diz. “Estamos perdendo força de trabalho. Não apenas os mais idosos, mas também jovens, a força criativa do país. Intelectuais, artistas, trabalhadores de todas as áreas”, diz. Cidades pequenas do interior também vivem cenário que chama a atenção. Dracena (668 km de SP), na Alta Paulista, por exemplo, tem apenas 45 mil habitantes e o cartório local emitiu 133 certidões de óbito e apenas 44 de nascimento no mês passado. Em março de 2020, foram 43 óbitos (três vezes menos). Foi um dos 10 municípios com maior diferença entre óbitos e nascimentos no estado, apesar da população relativamente pequena. Segundo as autoridades, a variante P1, mais transmissível, chegou ainda em fevereiro e fez um estrago. O prefeito, André Kozan Lemos (Patriota), também ficou internado e diz que Dracena chegou a ter mais de 900 pessoas contaminadas pelo coronavírus, em fase de contágio, em um único dia. Apoiador de Bolsonaro, Lemos tomou medidas emergenciais como lockdown total nos fins de semana, o que contraria aquilo que prega o presidente. Também dobrou o número de leitos de UTI e de enfermaria, com a ajuda do governo estadual. “Muitos criticam o lockdown, mas aqui deu certo. Não é vertente política, é a necessidade”, diz. “Nas duas primeiras semanas, nem delivery aos fins de semana. Só serviços emergenciais. Na terceira semana, permitimos delivery de restaurante e lanchonete. Na quinta semana, permiti uma alteração e o lockdown passou a começar às 16h do sábado. Na sétima semana, cancelamos os artigos do município e valem as regras do Plano São Paulo”, conta Lemos. Durante a semana, a cidade teve toque de recolher das 20h às 6h. O prefeito diz que a fiscalização foi intensa, com apoio das polícias e até de drones na tentativa de flagrar possíveis pontos de aglomeração e festas clandestinas. O prefeito de Dracena ficou seis dias em tratamento em casa e outros 10 internado em uma enfermaria, quando presenciou cenas dramáticas. “Foram dias terríveis. Dentro da enfermaria, como a minha condição de saúde era um pouco melhor, chamava a enfermeira e não via ninguém. Era a remoção de mais um morto”, conta. “Morreu gestante, jovem de 22 anos, um período muito difícil”, diz Lemos explica que não tem comorbidades e, aos 41 anos, nenhum histórico de doença pré-existentes. “Minha saúde sempre foi 10”, fala. O prefeito conta que tentou evitar o caos funerário na cidade, que viu triplicar o número habitual de mortos. “A minha equipe de obras precisou construir mais túmulos. Começava uma obra em um bairro e tinha que voltar para fazer túmulo”, diz. “Autorizei fazer 100 antecipados e liberei a equipe para trabalhar”, diz. Adepto das lives em rede social, Lemos fala que sempre orienta as pessoas para que evitem misturar núcleos familiares diferentes. Segundo ele, a mudança de comportamento da população foi fundamental para frear a transmissão descontrolada. “As pessoas pararam de se encontrar”, diz. Se administrar uma cidade em meio a uma tragédia sanitária é um desafio, anotar os nomes de quem se foi também não é tarefa fácil. Oficial de registro do cartório de Dracena, Doris de Cássia Alessi diz que as mortes trouxeram uma profunda comoção na cidade. “Para a gente, não são números. Cada óbito é de uma família que você conhece, não tem como passar por isso sem ficar triste. E com medo.” Com as cidades com a maior diferença absoluta entre registros de mortos e nascidos, o ABC também vive a comoção da pandemia. “É uma triste realidade imposta pela pandemia. Lamentamos cada morte e nos solidarizamos com todas as famílias que perderam entes queridos”, diz o presidente do Consórcio Intermunicipal da região, Paulo Serra (PSDB), prefeito de Santo André. “Ainda assim, o Grande ABC tem uma taxa de letalidade por Covid-19 menor que a média nacional e, proporcionalmente, nossa população tem uma quantidade menor de óbitos pela doença que outras cidades da Região Metropolitana de São Paulo”, afirma. (sujeitos a alterações) *sete municípios não tiveram registro de óbitos ou nascimentos Fonte: Portal da Transparência Arpen O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalar uma CPI da pandemia da Covid-19. Em sua decisão, Barroso afirmou que estão presentes os requisitos necessários para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito, incluindo a assinatura favorável de mais de um terço dos senadores, e que o chefe do Senado não pode se omitir em relação a isso. Além do potencial de agravar a crise política e da insatisfação do presidente Jair Bolsonaro, a determinação do ministro do STF retomou a discussão —acalorada nos últimos meses— sobre a disputa por protagonismo e a interferência entre Poderes. Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro disse que ""não há dúvida de que há uma interferência do Supremo em todos os Poderes"". O presidente questionou ainda se, como há pedidos de impeachment de ministros do STF parados no Senado, não seria também oportuno analisá-los. Já Pacheco afirmou que vai cumprir a decisão de Barroso, oferecendo segurança para os senadores e depoentes que frequentarem as audiências, mas manteve sua posição contrária à instalação da CPI durante a pandemia. O presidente do Senado disse que a comissão neste momento será um “ponto fora da curva” e que pode “ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento da pandemia”. Pacheco também afirmou que as audiências da CPI podem ser uma antecipação da corrida eleitoral em 2022 e servir de “palanque político” para potenciais candidatos. Alguns senadores criticaram o que consideraram ser uma interferência indevida do Judiciário no Legislativo. Barroso submeteu sua decisão para a análise da corte. O caso será julgado na próxima sessão virtual do Supremo, que começa em 16 de abril e vai até o dia 26 do mesmo mês. Nesse período, os magistrados deverão incluir seus votos no sistema. A decisão é uma derrota para a base aliada do presidente Bolsonaro no Congresso, que vinha tentando barrar a comissão para investigar a condução da pandemia. Desde o início da crise sanitária, o STF tem imposto derrotas ao governo, que, em declarações, testa os limites da corte. Por meio das redes sociais, o ministro da Comunicação, Fábio Faria, que é deputado do centrão e está licenciado, criticou a decisão de Barroso. ""Num momento em que todos pedem união entre os Poderes, nos surpreendem decisões sobre uma CPI que em nada contribuirá para vencer a pandemia. Nossos esforços não deviam estar concentrados em combater a Covid-19 e vacinar os brasileiros? É hora de união, não de politização e caos"", disse. O ministro também afirmou que, se forem investigar omissões e desvios na pandemia, ""será uma vitória"" de Bolsonaro, ""que vai comprovar atuação responsável e íntegra"". ""Vão atirar no que acham que viram e acertar no que não estão vendo"", escreveu. Na decisão, Barroso afirmou que o contexto justifica a urgência necessária para atuar de maneira individual no processo. “O perigo da demora está demonstrado em razão da urgência na apuração de fatos que podem ter agravado os efeitos decorrentes da pandemia da Covid-19”, disse. O ministro do STF afirmou que a Constituição prevê três requisitos para instalação de CPI e todos “parecem estar presentes”. São eles: assinatura de um terço dos senadores; indicação de fato determinado a ser apurado; e definição de prazo certo para duração. A oposição conseguiu recolher 32 assinaturas, 5 a mais que as 27 necessárias. Não é a primeira vez que o STF determina a instalação de CPIs a pedido da oposição. Em 2005, o Supremo mandou instaurar a dos Bingos, em 2007, a do Apagão Aéreo, e, em 2014, a da Petrobras. A pressão para instalar uma CPI para investigar a atuação do governo no enfrentamento da pandemia representou um dos primeiros desafios de Pacheco na presidência do Senado. Três dias após a sua posse, no dia 4 de fevereiro, a oposição anunciou que o requerimento do líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia recolhido as assinaturas necessárias. O Palácio do Planalto vinha atuando para evitar a abertura da CPI e foi pego de surpresa com a decisão do ministro do STF. Auxiliares do presidente avaliaram a decisão como uma interferência em outro Poder e chegaram a classificar a posição do magistrado como absurda. Na decisão, Barroso afirmou que não cabe ao presidente do Senado fazer uma análise de conveniência em relação à abertura da CPI e que ele é obrigado a fazê-la quando estão cumpridas as exigências da Constituição sobre o tema. A decisão de Barroso foi tomada em pedido feito pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). O ministro afirmou que a Constituição é expressa em afirmar que não cabe juízo político do presidente das Casas Legislativas para decidir sobre abertura ou não de uma CPI. “Trata-se de garantia que decorre da cláusula do Estado democrático de Direito e que viabiliza às minorias parlamentares o exercício da oposição democrática. Tanto é assim que o quórum é de um terço dos membros da Casa Legislativa, e não de maioria”, afirmou. Por isso, o ministro afirmou que a manifestação do Senado enviada ao Supremo sobre o tema não merece prosperar, pois não tem fundamento jurídico. “As razões apresentadas pela ilustre autoridade coatora, embora tenham merecido atenta consideração, seguem uma lógica estritamente política que, no caso em exame, não pode prevalecer”, disse. O ministro afirmou ainda que a ação protocolada pelos senadores no STF discute o direito das minorias de fiscalizar as “ações e omissões” do governo federal no enfrentamento da pandemia. Barroso também citou que o Supremo já tomou medidas similares e que sua decisão respeita a jurisprudência da corte. Segundo ele, é “incontroverso” que o objeto da investigação é um tema prioritário por se tratar da maior crise sanitária dos últimos tempos. Pacheco foi eleito para comandar o Senado com o apoio de Bolsonaro. Ele qualificou a decisão do STF de equivocada e disse que, neste momento, “com a gravidade que a pandemia nos exige união, vai ser um ponto fora da curva”. Para o senador, o país tem dois caminhos: o da união das instituições ou o caos. “O caos em que se antecipa, por exemplo, a eleição de 2022 num ambiente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para poder intimar o governador A, o governador B, o prefeito A ou prefeito B”, disse, acrescentando que esse cenário gera uma instabilidade jurídica inclusive para a contratação de vacinas. Pacheco disse ainda que não é o momento adequado para instalar a CPI, pois o Senado está fechado para visitação e não tem comissões funcionando. “Fazer funcionar uma comissão que exija a presença física, para exame de prova, para elaboração de laudos periciais, exames de documentos, inquirição de pessoas, incomunicabilidade de testemunhas. São requisitos de uma CPI que exige que a CPI seja presencial.” ""Portanto o Supremo Tribunal Federal, a partir de uma decisão monocrática, quando determina ao Senado Federal que se instale uma CPI, faremos funcionar o único órgão presencial no Senado Federal. E obviamente decisão judicial se cumpre e eu vou cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal porque tenho responsabilidade institucional e cívica, mas será o único órgão a funcionar presencialmente no Senado Federal.” O presidente do Senado também acrescentou que vai atuar para garantir a segurança sanitária dos senadores, servidores e possíveis depoentes da comissão. Pacheco disse que ainda não definiu critérios para a escolha de relatores e também não comentou se senadores mais idosos, de grupo de risco, seriam excluídos da CPI por questão de segurança. Além disso, afirmou que a CPI não vai substituir o papel do Ministério Público Federal ou Estadual, da Polícia Federal, Civil e da Controladoria Geral da União. “Não fará esse papel.” Apesar de divergir da decisão, Pacheco afirmou que vai respeitá-la e que a medida será cumprida a partir da próxima semana, quando será lido o requerimento. Além disso, ao ser questionado se esperaria o plenário virtual julgar a decisão para cumprir, o presidente do Senado alfinetou o Supremo e disse que, uma vez notificado da decisão monocrática, a obrigação de qualquer brasileiro, independentemente da posição que possua, é de cumprir a decisão. “Se haverá desdobramentos de sessão virtual, de se ouvir o plenário do Supremo Tribunal Federal, essa é uma questão interna corporis do Supremo Tribunal Federal e eu não interfiro em questões interna corporis do Supremo Tribunal Federal.” Segundo aliados de Pacheco, a decisão pegou o presidente do Senado de surpresa. Uma saída para o senador, contrário à CPI, seria instalar a comissão, mas os partidos podem se recusar a indicar membros. A medida teve recepção mista no Senado. O mal-estar criado fez com que alguns senadores ameaçassem inclusive retirar a assinatura da CPI, como forma de protesto contra o que consideraram interferência em outro Poder. Havia dúvida, porém, se seria possível retirar o apoio. Outros expuseram publicamente a crítica contra a decisão de Barroso. ""Eu assinei a CPI da Covid. Não acho que uma decisão monocrática do membro de um Poder possa determinar o que um presidente de outro Poder faça"", diz o senador Omar Aziz (PSD-AM). O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), criticou a decisão. Para ele, a gravidade da pandemia exige que as atenções estejam voltadas para o enfrentamento da Covid-19. Um dos autores da ação, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a decisão do Supremo apenas cumpre a Constituição e lamentou que o Senado não tenha instalado a CPI por vontade própria. “A decisão do ministro Barroso segue o que a Constituição determina. É uma pena que seja necessário buscar o Judiciário para que o Senado cumpra a Carta Magna”, afirmou. O líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN), também lamentou o fato de que a decisão de instalação da CPI tenha partido do Supremo e não do próprio Senado. ""É lamentável que o Congresso dependa de uma decisão do Judiciário para garantir o direito da minoria. É urgente que se apurem as ações e omissões do governo no enfrentamento da pandemia”, afirmou. O senador Otto Alencar (PSD-BA) se manifestou contrariamente à decisão do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar, de postura independente, afirmou que não condições sanitárias para o funcionamento de uma comissão no momento atual e que as dependências do Senado são no momento um “covidário”. Por isso afirma que a decisão de Barroso “não foi sensata”. “Primeiro requerimento que eu faria era [convite] do Barroso, para ver se ele teria coragem de vir para um ambiente fechado, para uma oitiva com 50, 60 pessoas dentro de uma sala”, disse. O STF (Supremo Tribunal Federal) manteve por 9 votos a 2 a decisão do ministro Gilmar Mendes de permitir que estados e municípios proíbam a realização de celebrações religiosas presenciais como forma de conter o avanço da pandemia da Covid-19. Com isso, na prática, o plenário da corte derruba a decisão do ministro Kassio Nunes Marques que liberava missas e cultos e afirmava que o veto de governadores e prefeitos a esses eventos era inconstitucional. Ao votar nesta quinta-feira (8), Kassio informou que irá ajustar sua decisão ao entendimento firmado pelo plenário. À noite, em entrevista à CNN Brasil Bolsonaro disse, ao comentar a decisão do plenário do STF, que é ""quase zero"" a chance de contaminação entre frequentadores de igrejas e templos. ""Geralmente, o cara, quando está numa situação depressiva, ele procura Deus. E ele procura onde? Deus está em todo lugar, sabemos disso, mas ele vai na igreja, vai num templo. O templo fechado. E, lá dentro, com todas as medidas de afastamento etc, não tem a possibilidade de transmitir o vírus é quase zero."" Os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Luiz Fux votaram para que prevaleça a decisão de Gilmar. O ministro Dias Toffoli, por sua vez, acompanhou a posição de Kassio. O voto dele foi considerado uma surpresa. A decisão não obriga gestores estaduais e municipais a proibirem cultos e missas, mas declara que decretos nesse sentido são permitido e não violam a Constituição. No sábado, Kassio atendeu um pedido da Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) e invalidou decretos de alguns municípios que vetavam a realização de atividades religiosas coletivas. O ministro estendeu sua decisão a todo o país. Dois dias depois, porém, Gilmar rejeitou ação do PSD contra decreto de São Paulo com o mesmo teor e mandou duros recados ao colega que liberou os eventos religiosos. ""Quer me parecer que apenas uma postura negacionista autorizaria resposta em sentido afirmativo"", disse. O presidente da corte, Luiz Fux, então, remeteu o tema ao plenário. O julgamento foi iniciado na quarta-feira (7) e retomado nesta quinta (8). Antes de Kassio, primeiro a votar hoje, começar a falar, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a palavra e tentou apaziguar a relação com Gilmar, que criticou o fato de a Procuradoria ter afirmado que ele não poderia ter tomado a decisão sobre o tema porque não deveria ser o responsável pelo caso. Aras anunciou a retirada da questão de ordem que visava discutir qual magistrado teria atribuição de relatar o tema. Logo depois, Kassio defendeu a realização de missas e cultos com regras de distanciamento e disse que o veto a esses eventos viola a Constituição. O magistrado reclamou das críticas recebidas pela liberação de eventos religiosos e disse que foi chamado por parte de mídia, de maneira injusta, de “negacionista, insensível e até mesmo genocida” Kassio afirmou que o vírus se espalha em bares e festas e que as celebrações religiosas não são culpadas pelo alastramento da Covid-19. O ministro questionou se prefeitos e governadores poderiam determinar o fechamento de veículos de imprensa e disse que a liberdade religiosa dever ter o mesmo tratamento. ""Não é constitucionalmente tolerável o fechamento total das igrejas e templos"", afirmou. O ministro disse que, quando tomou a decisão, 22 estados e 19 capitais estaduais tinham normas permitindo celebrações religiosas. ""Em momento algum, mesmo estando convicto de estar protegendo a Constituição, o fiz remando contra o bom senso dos gestores brasileiros”. Alexandre de Moraes divergiu do colega, citou os números da pandemia no Brasil e disse que parece que “algumas pessoas não conseguem entender o momento gravíssimo” que o país vive. O magistrado também criticou a atuação de advogados após o representante da Associação Centro Dom Bosco da Fé e Cultura, Taiguara Souza, pedir a palavra para fazer um desagravo a Kassio Nunes Marques “O respeito ao tribunal vem faltando desde ontem. Os advogados têm todo o respeito do tribunal, nós ouvimos com atenção as sustentações orais, agora espero que aguardem o julgamento. Porque isso não é jogo de futebol para se falar no momento que queira”. Moraes defendeu a constitucionalidade do fechamento das igrejas e templos como medida excepcional para conter a Covid-19 e disse que o “Estado não se mete na fé e a fé não se mete no Estado”. ""Onde está a empatia e a solidariedade de todos nesse momento? A liberdade religiosa tem dupla função: proteger todas as fés e afastar o Estado laico de ter de levar em conta dogmas religiosos para tomar decisões fundamentais para a sobrevivência de seus cidadãos”, afirmou. O ministro citou que nos séculos 12 e 14 líderes religiosos determinaram o isolamento social e questionou como atualmente, com o avanço da ciência, as pessoas ainda discordam dessa medida. ""Mesmo na idade média os grandes líderes religiosos defenderam, no momento das pandemias, o fechamento de igrejas. A necessidade de isolamento. Defenderam a transformação de igrejas e templos em hospitais"" O magistrado elogiou a atuação de Araraquara (SP) no combate à pandemia e citou o município como prova de que o lockdown é eficiente. “Há três dias não há uma morte em Araraquara. O isolamento social completo salvou a cidade.” Fachin, por sua vez, aproveitou o voto para mandar recados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ""Inconstitucional não é o decreto que na prática limita-se a reconhecer a gravidade da situação. Inconstitucional é não promover meios para que as pessoas fiquem em casa, com o respeito ao mínimo existencial. Inconstitucional é recusar as vacinas que teriam evitado o colapso de hoje"", disse. Barroso foi na mesma linha e afirmou que o Brasil parece enfrentar a pandemia com “improviso, retórica e dificuldade de lidar com a realidade”. O ministro se disse impressionado com o fato de o governo federal não ter montado um comitê com os principais especialistas na área do país para elaborar medidas de enfrentamento à doença. ""Ciência e medicina são, nesse caso particular, a salvação. O espírito, ao menos nessa dimensão da vida, não existe onde não haja corpo. Salvar vidas é nossa prioridade”. Já Rosa Weber afirmou que decretos que vetam os cultos e missas são aceitáveis no ""específico contexto"" atual são aceitáveis. A magistrada afirmou que ""negar a pandemia ou a sua gravidade não fará com que ela magicamente desapareça"". ""Não é possível brincar de faz de conta em momento de tamanha gravidade"", disse. “A nefasta consequência do negacionismo é o prolongamento da via crucis que a nação está a trilhar, com o aumento incontido e devastador do número de vítimas e o indesejável adiamento das condições necessárias para recuperação econômica"", disse. Cármen Lúcia afirmou que a religião é ""forma de vida e não se empenha na morte"". ""E essa pandemia mostra isso, essa doença mata"", afirmou. ""Por isso, a aglomeração é um ato até de descrença, de falta de fé, de falta, portanto, de capacidade de pensar no outro"", afirmou. Lewandowski afirmou que, ""tendo em conta a impressionante cifra de mais de 4 mil óbitos ocorridos nas últimas 24 horas, não há como deixar de optar pela prevalência do direito à vida, à saúde e à segurança sobre a liberdade de culto, de maneira a admitir que ela seja pontual e temporariamente limitada até que nós nos livremos desta terrível pandemia que assola o país e o mundo"". Já Marco Aurélio disse que não há a necessidade de abertura de templos e igrejas. “Se queremos rezar, rezemos em casa”, sugeriu. Último a votar, Luiz Fux afirmou que estudos apontam locais fechados em que pessoas conversam e socializam por longo período como não recomendáveis nesse momento da pandemia e citou que eventos religiosos estão incluídos nessa lista. ""A fé não é cega, presta deferência à ciência. É momento de deferência à ciência"", disse. Na primeira sessão, as partes do processo, entidades religiosas, a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) usaram a palavra e apenas Gilmar expôs sua posição. O voto de Gilmar foi marcado por críticas às sustentações orais aos chefes da AGU, André Mendonça, e da PGR, Augusto Aras. O ministro afirmou que Mendonça parecia ter chegado de uma viagem a Marte por ter citado lotações no transporte público como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre o tema. Em relação a Aras, o magistrado afirmou que sua atuação beirou a “litigância de má-fé” por ter afirmado que o responsável pelo caso deveria ser Kassio Nunes Marques. Estamos a dias do início das campanhas eleitorais do que tem sido chamado de as maiores eleições da história do México, devido ao enorme número de cargos em disputa. Mais de 21 mil assentos para renovar completamente a Câmara de Deputados em nível nacional, 15 governadores, 30 congressos locais e 1.900 câmaras municipais e conselhos municipais em nível subnacional. Espera-se que durante os dois meses de campanha a atual polarização política, criada e alimentada pelos discursos e comportamentos dos líderes dos partidos do governo e da oposição, aprofunde-se e acabe sendo transferida para as urnas. Desde 15 de janeiro, o Conselho Geral do Instituto Nacional Eleitoral (INE) aprovou o registro de duas coalizões parciais chamadas “Juntos haremos história” (Juntos faremos história) e “Va por México” (Pelo México). A primeira é a coalizão governista liderada pelo partido Morena (Movimento Regeneração Nacional), a mesma fórmula que alcançou a esmagadora maioria nas eleições federais de 2018. A segunda é formada pelos três partidos mais importantes que competiram durante as duas últimas décadas da transição para a democracia: PAN, PRD e PRI. Essa coalizão, que não deixa de ser inquietante, procurará arrancar a maioria dos assentos do Morena e de seus aliados na Câmara dos Deputados. Entretanto, no México, a política em nível subnacional frequentemente desenvolve dinâmicas de competição eleitoral que são diferentes daquelas em nível nacional. Um exemplo disso são as várias combinações de coalizões para os 15 governos estaduais em jogo. De acordo com as pesquisas do Massive Caller realizadas em 28 de março, em 12 estados se observa uma competição bipartidária com coalizões, e em três estados (Campeche, Nuevo León e San Luis Potosi) a competição é fragmentada em três forças políticas. Nos dois primeiros, com a presença competitiva do Movimiento Ciudadano (Movimento Cidadão), e no terceiro da coalizão PVEM e PT. Segundo a mesma pesquisa, o Morena e seus aliados iniciam as campanhas com intenção de voto majoritária em 10 dos 15 estados em jogo; em 7 deles, com uma ampla margem de apoio. Por sua vez, o PAN tem uma vantagem em Querétaro, a coalizão PAN-PRD em Chihuahua, a coalizão PAN-PRD-PRI mostra uma vantagem reduzida em Baja California Sur e San Luis Potosí, e por último o Movimiento Ciudadano, que vem aumentando seu apoio, lidera por um ponto numa competição extremamente acirrada com as coalizões PRI-PRD e Morena-PT-PVEM e PANAL em Nuevo León. Agora, na arena eleitoral, os partidos tendem a ser extremamente pragmáticos, e a estratégia de formar coalizões procura acrescentar o maior número possível de votos, especialmente em contextos de mudança na competição. Sem dúvida, os resultados das eleições de 2018 consolidaram o Morena e seus aliados como o bloco oficial dominante, tendo uma maioria em ambas as câmaras do Poder Legislativo e uma forte presença na maioria dos estados. Os discursos e comportamentos hostis em relação às “outras” alternativas políticas que têm sido promovidas pelos líderes do bloco governante, como as lideranças da oposição e os meios de comunicação –tradicionais ou redes sociais– geram um clima de polarização política que não favorece em nada a democracia. Em uma situação de erosão democrática, o que é necessário é o reconhecimento do outro como cidadão a fim de estabelecer algum tipo de negociação ou acordo que facilite e fortaleça a estabilidade do sistema político. Além das lideranças políticas já mencionadas, aparecem, ou reaparecem, novos atores que por meio de seus discursos amplificam os antagonismos. Nesta semana, o empresário Ricardo Salinas Pliego declarou que ""o INE deve morrer ou desaparecer"". Isso após uma série de acordos do órgão de administração eleitoral que afetou, pelo menos temporariamente, enquanto a autoridade encarregada da Justiça eleitoral resolve, as candidaturas de alguns partidos. A medida afetou especialmente dois candidatos ao governo do Morena e de seus aliados, que mantêm a vantagem nas intenções de voto para Michoacán e Guerrero, assim como mudanças na designação dos assentos de representação. Sem dúvida, os acordos do Conselho Geral do INE têm causado desconforto e reações preocupantes. E, embora a decisão esteja de acordo com a lei, ela não é inteiramente oportuna, pois perturba os acordos e negociações formais e informais que as partes fizeram para entrar em coalizões. Embora os ataques à autoridade eleitoral sejam preocupantes –como os severos cortes no orçamento para cumprir suas funções–, também deve ser notado que há algum tempo o órgão governante do INE vem promovendo uma narrativa de confronto com o Executivo, caindo no jogo que o presidente domina com perfeição e que não corresponde ao INE, nem o favorece. Se continuar nesse caminho, as consequências da polarização na arena eleitoral poderão produzir dúvidas sobre a representatividade e legitimidade dos ganhadores, assim como o surgimento de uma oposição desleal que gera dificuldades para alcançar o consenso necessário para governar. Por último, mas não menos importante, a convivência social pacífica e civilizada poderia ser alterada em face de visões simplificadoras que dividem a sociedade em ""boa"" e ""má"". Tradução de Maria Isabel Santos Lima A cúpula do Congresso quer acelerar a tramitação de um projeto que insere no Código Penal dispositivos da Lei de Segurança Nacional para se antecipar à análise da legislação pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e mandar um recado ao governo Jair Bolsonaro e ao Judiciário. Nesta quarta-feira (7), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a intenção de dar urgência a um texto na Casa que revisa a lei, resquício da ditadura que tem sido usado a favor e contra bolsonaristas. A declaração foi dada em conferência virtual sobre a Lei de Segurança Nacional promovida pelo Instituto Brasileiro de Ciência Criminalística. Além do presidente da Câmara, participaram do evento o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro Luís Roberto Barroso, do STF. O deputado, que chama o texto de Nova Lei do Estado Democrático de Direito, quer votar na próxima semana a urgência do texto, o que agiliza a tramitação da proposta. ""A Câmara estará à disposição, pronta, para que na próxima semana a gente possa começar a discutir esse assunto, com toda a altivez necessária, com um tempo mínimo para que o Legislativo produza e acomode os efeitos da lei que será aprovada no Congresso Nacional"", afirmou. A aliados Lira indicou que quer acelerar a tramitação da proposta para evitar que, mais uma vez, o Judiciário assuma o protagonismo a respeito de um assunto afeito ao Legislativo. Já em relação ao governo Bolsonaro, a ideia é deixar clara a insatisfação de congressistas com a utilização de artigos da lei pelo Executivo nos últimos meses. No Supremo, há ao menos quatro processos questionando se a legislação seria ou não compatível com a Constituição de 1988. O primeiro foi apresentado pelo PTB, partido aliado do presidente Jair Bolsonaro, logo após a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por postar vídeos com ataques a ministros do STF. O PTB pede a suspensão integral da lei e afirma que a norma tem ""essência autoritária"", sendo incompatível com o regime democrático. Além dele, foram ao Supremo o PSDB, o PT, o PSOL, o PSB e o PC do B. Líder da oposição na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirma que o partido decidiu recorrer ao STF ""quando ficou claro o uso da lei para tentar calar as críticas ao governo"". ""Foram 77 inquéritos abertos com base na lei até o dia em que entramos com a ação —uma perseguição a jornalistas, cartunistas e comunicadores, dentre outros, típica de ditaduras.Seja através do STF, seja através do Congresso, precisamos proteger a liberdade de expressão e a nossa democracia, o quanto antes."" Deputados próximos de Lira avaliam que, caso o Supremo julgue as ações antes de o Congresso atualizar a lei, correrá o risco de o STF revogar apenas pontos da legislação —ou até ela inteira— e deixar uma série de lacunas a serem preenchidas, podendo gerar insegurança jurídica. Lira e também Pacheco têm expressado preocupação com essa lacuna justamente por causa do momento atual, de grande polarização e turbulência política. Lembram os protestos em favor do presidente, no qual bolsonaristas pedem o fechamento do Congresso e do STF. Um eventual ataque mais contundente às instituições poderia não enfrentar uma consequência robusta, caso haja a revogação completa da LSN antes da sanção de uma lei substituta. ""Essas [pedidos por um regime de exceção] são situações, sejam de falas, sejam de ações, que precisam ser remediadas, que precisa haver algum tipo de reação, normativa, legislativa, judicial, às luz da Constituição, para que se contenha algum tipo de arroubo"", afirmou Pacheco no evento. Na avaliação de congressistas, a intenção de acelerar a tramitação do tema também tem o objetivo de regulamentar a lei e evitar abusos no uso do texto. ""Nós temos feito várias cobranças para o Lira de que é preciso rediscutir a Lei de Segurança Nacional, porque é uma lei da ditadura ainda, não protege a democracia"", afirmou a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC). ""O Brasil não precisa de um entulho autoritário, e sim de uma legislação de defesa da democracia, principalmente nesse momento do bolsonarismo."" Nesta quarta, ao defender a votação da urgência do projeto que atualiza a lei, Lira, eleito para o comando da Casa com apoio de Bolsonaro, evitou citar casos específicos, mas afirmou que existem algumas ""desvirtuações"" neste momento político atual. Por isso, é necessária a defesa da democracia e da liberdade de expressão. Relatora do substitutivo que será analisado, a deputada Margarete Coelho (PP-PI) explica que a ideia é revogar a lei anterior e incluir as novas normas em um capítulo do Código Penal a ser denominado ""de defesa do Estado democratico de Direito"". O objetivo é definir os crimes que violam a democracia e a cidadania das pessoas, como o direito à manifestação. Apesar das mudanças, Margarete diz que a intenção não é mandar recados, nem ao Judiciário nem ao Executivo. ""Não tem absolutamente nada a ver com o caso do Daniel [Silveira (PSL-RJ), preso este ano] nem com inquérito fake news. Não vamos fulanizar"", diz. Uma das modificações, ainda não confirmada pela relatora, seria no sentido de retirar todo o trecho que trata de terrorismo, parte que teria o apoio do governo e de aliados de Bolsonaro. Esses dispositivos tramitariam num outro projeto. A Lei de Segurança Nacional tem sido usada tanto contra críticos do governo de Bolsonaro quanto em investigações de ataques ao STF e ao Congresso, como os inquéritos dos atos antidemocráticos e das fake news em tramitação no Supremo Tribunal Federal. Um dos primeiros alvos do governo Bolsonaro foi o colunista da Folha Hélio Schwartsman, após escrever uma coluna intitulada ""Por que torço para que Bolsonaro morra"", publicada após a notícia de que o presidente havia contraído Covid-19. O ex-governador e presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o youtuber Felipe Neto, dois dos principais críticos de Bolsonaro nas redes sociais, também se tornaram alvo de investigação pelos comentários feitos em relação ao chefe do Executivo.  A LEI DE SEGURANÇA NACIONAL Entenda as origens, o seu uso atual e as propostas para modificá-la ou revogá-la A lei Tendo sua última versão editada no estertores do regime militar (1964-1985), em 1983, é uma herança do período ditatorial, sendo um desdobramento de legislações anteriores, mais duras, usadas contra opositores políticos O que há nela Exemplos de aplicação nos dias de hoje Propostas de mudança ou revogação Há em tramitação na Câmara 37 projetos de lei que alteram ou revogam a lei, entre elas a de substituição por uma Lei de defesa do Estado democrático de Direito em que seria punido, entre outras ações, a apologia de fato criminoso ou de autor de crime perpetrado pelo regime militar (1964-1985) Ações que questionam a constitucionalidade da lei O STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que decisões tomadas em ações civis públicas têm abrangência nacional. A corte já havia formado maioria nesse sentido, mas a análise do caso havia sido interrompida por pedido de vista (mais tempo para analisar) do ministro Gilmar Mendes no início de março. O magistrado devolveu o processo para julgamento e a análise do caso foi retomada na sessão do plenário virtual que se encerra nesta quarta-feira (7). Gilmar acompanhou a maioria para declarar inconstitucional a legislação que limitava a eficácia das decisões em processos desta natureza ao território do respectivo tribunal. Votaram nesse sentido os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Edson Fachin, enquanto Kassio Nunes Marques e Marco Aurélio divergiram. Os ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso não participaram do julgamento. O tribunal julgou a constitucionalidade de uma medida provisória, depois convertida em lei, editada em 1997 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A intenção do governo na época era limitar as ações que tentavam evitar as privatizações realizadas pela gestão de FHC. Muitos tribunais de todo o Brasil já vêm tomando decisões no sentido do entendimento firmado agora pelo STF. Para uniformizar a jurisprudência sobre o tema, o Supremo aplicou repercussão geral ao recurso em julgamento, o que significa que a decisão valerá para todos os processos similares em curso no Brasil. As ações civis públicas são usadas com frequência por consumidores contra instituições financeiras. O caso concreto trata de uma ação coletiva apresentada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor para que fossem revistos contratos habitacionais da Caixa Econômica. A entidade venceu o julgamento no Tribunal Regional Federal da 3ª Região e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) referendou a decisão. A maioria dos ministros defendeu que, em processos com impacto regional ou federal, o foro competente para analisar as ações deve ser o da capital dos estados. No caso de haver ações em diferentes estados sobre o mesmo tema, a competência seria do juiz que tomar conhecimento primeiro da matéria. Relator do recurso, Moraes defendeu os poderes dos magistrados para atuar nas ações civis públicas. ""O juiz é ou não é competente para decidir uma questão? Se sim, a partir da decisão e da coisa julgada, os efeitos e a eficácia da decisão não se confundem com a limitação territorial. Os efeitos têm a ver com os limites da lide. Não se pode confundir limitação territorial de competência com os efeitos"", apontou. Para o ministro, a legislação em vigência feriu o princípio da eficiência da Justiça. “Ao limitar os efeitos ao território de competência, impôs a obrigatoriedade de diversas ações idênticas em diferentes comarcas ou regiões, possibilitando a demora, julgamentos contraditórios, além de enfraquecer a prestação jurisdicional”. Kassio Nunes Marques afirmou que a lei prejudica inclusive os réus, pois eles ficam sujeitos a ser alvo de diversos processos semelhantes. Os ministros ainda sustentaram que essas ações servem para proteger o interesse da coletividade. Assim, não faz sentido impor limite às decisões. O novo diretor da Polícia Federal, delegado Paulo Maiurino, sinalizou nesta quarta-feira (7) as primeiras mudanças que pretende fazer na cúpula da corporação. No horizonte estão alterações em superintendências estaduais e na área de combate à corrupção, uma das mais sensíveis da PF e que é responsável pelos inquéritos contra políticos em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal). Exemplos de apurações sob os cuidados da área de combate à corrupção são os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, casos que miram familiares e aliados do presidente Jair Bolsonaro. Anunciado nesta terça-feira (6) pelo novo ministro da Justiça, Anderson Torres, após aval de Bolsonaro, Maiurino aguardava a publicação da nomeação para divulgar as novidades. O ato foi publicado na noite desta quarta em edição extra do Diário Oficial da União. Entre os nomes para a área de combate à corrupção, o mais cotado é Luís Flávio Zampronha, com experiência em casos envolvendo políticos. A área estava até o mês de fevereiro sob o comando de Igor Romário, último nome ligado ao ex-ministro Sergio Moro a deixar a cúpula da PF. No início de março, o delegado Cézar Luiz Busto de Souza, que atuava em Maringá, foi designado para o posto. Maiurino e Zampronha atuaram juntos nas investigações dos mensalões mineiro, que atingiu o PSDB, e do PT, em meados dos anos 2000. Mais recentemente, Zampronha cuidou da Operação Spoofing, que mirou os responsáveis pelo vazamento de mensagens de procuradores da Lava Jato. A investigação resultou em ação penal na Justiça Federal em Brasília. Maiurino, por sua vez, havia sido designado para trabalhar no inquérito que o Superior Tribunal de Justiça abriu sob a justificativa de que ministros da corte teriam sido investigados ilegalmente por integrantes da Lava Jato de Curitiba. A suspeita partiu das mensagens vazadas na invasão hacker, mas o inquérito foi suspenso em decisão liminar (provisória) da ministra Rosa Weber, do STF. Para preencher postos de direção, Maiurino também avalia nomes de agrado do ministro da Justiça, como o do delegado Márcio Nunes de Oliveira, atualmente superintendente da PF no Distrito Federal. Na superintendência tramita inquérito aberto por ordem judicial sobre a produção, pelo Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras), de um relatório com transações consideradas atípicas de Frederick Wassef, encarregado da defesa de dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o empresário Renan Bolsonaro. Wassef se diz vítima de uma ação ilegal do Coaf. Como é de praxe, a mudança no comando da PF dividiu a corporação. Nas redes de comunicação de servidores, houve reclamações quanto ao fato de Maiurino estar afastado há tempos, exercendo cargos políticos. Ele foi, por exemplo, secretário de Esporte e Lazer do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo entre 2016 e 2018 e assessor especial da Secretaria de Segurança do Distrito Federal na gestão de Agnelo Queiroz (PT). A proximidade com a política, afirmaram policiais à Folha, é vista com reservas. Para esses policiais, fica a dúvida sobre o grau de independência que a corporação terá. Aliados do novo diretor, no entanto, saíram em sua defesa dizendo que ele sempre manteve relação próxima com a polícia. Mencionaram a gestão do delegado Paulo Lacerda, considerada um marco do ponto de vista operacional na PF. Quando foi designado para o posto no primeiro mandato do ex-presidente Lula, Lacerda atuava havia anos como assessor parlamentar. A favor também de Maiurino, colegas mais próximos comentam que ele terá mais habilidade para tratar questões de interesse da corporação que os dois anteriores, Rolando Souza e Maurício Valeixo. O desafio, reconhecem, será o de manter a independência da PF sem desagradar Bolsonaro. Sem entrar no mérito sobre a escolha do novo diretor agora anunciada, o presidente da ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal), Edvandir Paiva, afirmou que mudanças frequentes no comando da corporação não são desejáveis. Em pouco mais de um dois anos da atual administração, Maiurino é o terceiro diretor-geral. “A Polícia Federal é uma instituição de estado e, como tal, deve trabalhar em um ambiente de estabilidade”, afirmou o representante dos delegados. Paiva lembra da discussão que há anos tramita no Parlamento que prevê, entre outros pontos, autonomia administrativa da PF, mandato e lista tríplice para diretor-geral. Ferramentas, segundo ele, que ajudam a inibir a captura política da instituições pelos governantes de ocasião. O novo diretor da PF é considerado por Anderson Torres um nome que ajudará o Palácio do Planalto a refazer a base na segurança pública, desarticulada nos últimos meses —reflexo das mudanças realizadas na pasta da Justiça com a saída de Sergio Moro, no primeiro semestre do ano passado, e com a dificuldade do governo de levar adiante no Parlamento matérias de interesse do grupo. Assim como o novo ministro da Justiça, Maiurino tem uma bom trânsito na relação com a bancada da bala no Congresso. Além do Legislativo, o novo diretor da PF também tem interlocução com o Judiciário. Ele chefiou a Secretaria de Segurança do STF entre outubro de 2019 e setembro de 2020 e tem boa relação com os ministros da corte. Dentro da PF, Maiurino já ocupou cargos relevantes. Comandou a Interpol Brasil (Divisão de Cooperação e Operações Policiais Internacionais) e foi assessor de relações internacionais da direção da corporação. O delegado assume o cargo em um momento conturbado, após o chefe do Executivo fazer seis mudanças no primeiro escalão do governo e trocar também o comando do Ministério da Justiça. Maiurino ocupará o lugar de Rolando Souza, nomeado para o cargo em maio do ano passado. Rolando chegou ao posto em um momento turbulento, após Moro e o então chefe da PF, Maurício Valeixo, pedirem demissão acusando o presidente de querer interferir nos trabalhos da corporação. O Supremo instaurou um inquérito para apurar as acusações. Ao pedir demissão do governo, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF, órgão que mantém investigações no entorno de aliados e da família presidencial. No mês passado, a PF abriu inquérito para apurar suposto tráfico de influência de Jair Renan, filho 04 do presidente, por meio da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, empresa aberta em novembro. Investigada na Operação Lava Jato, a CCR foi uma das poucas empresas a virar a página. Depois de firmar dois acordos de leniência e pagar quase R$ 800 milhões em indenizações ao poder público, a empresa decidiu turbinar sua carteira de concessões e pretende bater o martelo nos leilões de infraestrutura previstos para este ano e que devem render R$ 84 bilhões em investimentos ao governo. Essa estratégia é o que explica o apetite da Companhia de Participações em Concessões do grupo CCR que arrematou, nesta terça-feira (7), dois dos três lotes de aeroportos concedidos pelo governo —os das regiões Sul e Central— com ofertas agressivas. Ofereceu ágios de 1.534,36% e 9.156%, respectivamente. A francesa Vinci ficou com aeroportos da região Norte. Em média, o leilão teve ágio de 3.822,61% em relação ao valor mínimo das áreas em disputa. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, disse que o resultado positivo, principalmente em meio à pandemia, é uma vitória do presidente Jair Bolsonaro e reforça a agenda liberal do governo. A CCR foi responsável pelo maior lance, de R$ 2,1 bilhões, pelo bloco Sul, composto por nove aeroportos, incluindo os de Curitiba (que na verdade fica em São José dos Pinhais) e Foz do Iguaçu, no Paraná. A oferta equivale ao dobro da segunda proposta, feita pela espanhola Aena. A concessão inclui também os aeroportos paranaenses de Londrina e do Bacacheri (em Curitiba, atende aviação executiva), dois em Santa Catarina (Navegantes e Joinville), e os de Pelotas, Uruguaiana e Bagé, no Rio Grande do Sul. Juntos, todos os nove movimentaram 12,4 milhões de passageiros em 2019. O contrato prevê investimentos de R$ 2,85 bilhões. A CCR levou também o bloco Central —aeroportos de Goiânia (GO), São Luís e Imperatriz (MA), Teresina (PI), Palmas (TO) e Petrolina (PE), que movimentaram 7,3 milhões de passageiros em 2019—, com proposta de R$ 754 milhões. Ambos os lances foram muito superiores aos das segundas colocadas, forma de evitar competição no chamado viva-voz, em que as empresas aumentam suas ofertas até baterem o martelo. A CCR queria garantir os aeroportos na sua carteira para consolidar sua presença no cenário futuro da aviação nacional. Hoje, a CCR só administra o aeroporto de Confins (MG) e outros três aeroportos no exterior (Equador, Curaçao e Costa Rica). Em entrevista após o leilão, o diretor-presidente da CCR, Marco Cauduro, afirmou que os elevados ágios refletem a avaliação da empresa sobre o potencial de crescimento do tráfego nos aeroportos, que considerou também a possibilidade de sinergia na movimentação de cargas com outras concessões de infraestrutura da empresa. Ele disse que a situação financeira da companhia lhe permite arcar com os elevados desembolsos. ""A CCR é empresa consolidada, com balanço robusto, mais de R$ 5 bilhões em caixa e capacidade de contratar empréstimos e financiamentos adicionais."" A ideia é diversificar ainda mais a carteira de projetos e consolidar a empresa no ramo da mobilidade, com integração entre os diversos modais —dentro e fora das cidades. Segundo interlocutores do governo, a companhia estuda fazer ofertas pela NovaDutra, rodovia entre Rio de Janeiro e São Paulo que a própria CCR administra atualmente e será licitada neste ano devido ao vencimento do contrato. Também avalia a BR-153 e o pacote de rodovias do Paraná que o Ministério da Infraestrutura deverá conceder neste ano. No estado, já administra rodovias que ligam o norte e o nordeste do Paraná a Curitiba, que serão relicitadas. Deverá fazer lances para as Linhas 8 e 9 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) com leilão previsto para o final deste mês e estimativa de contratos da ordem de R$ 3,2 bilhões por 30 anos de concessão com o governo de São Paulo. O bom desempenho nas concessões só ocorreu devido à iniciativa de um de seus sócios, a empreiteira Camargo Correa, que, no passado, contrariou a resistência de suas concorrentes pegas pela Polícia Federal em esquema de corrupção com o poder público em troca de contratos e decidiu firmar acordos de leniência. Por esses acordos, a empresa acerta o valor de indenização por danos causados ao erário e, em troca, continua habilitada a fechar contratos públicos. A CCR seguiu o mesmo caminho e fechou dois acordos dessa natureza. O primeiro deles, conhecido como Termo de Autocomposição, foi assinado com o Ministério Público de São Paulo em novembro de 2018. Por ele, a empresa se comprometeu a pagar R$ 81,5 milhões como forma de reparar os cofres públicos por doações irregulares nas campanhas políticas de diversos partidos políticos entre 2009 e 2013. Em março de 2019, o grupo fechou acordo com o Ministério Público do Paraná e concluiu o pagamento de R$ 750 milhões neste ano por pagamento de propina a ex-integrantes do governo paranaense, além de se comprometer a reduzir o valor das tarifas em 30% nas praças que mantém no estado. Os casos foram revelados às autoridades pelo lobista Adir Assad em delação premiada. À época, os advogados da empresa diziam que a decisão de firmar os acordos de reparação não era somente jurídica, mas estratégica. Empreiteiras de outros grupos investigadas pela Lava Jato, como Odebrecht e Andrade Gutierrez, resistiram a essa saída e levaram muito mais tempo para seguir esse mesmo caminho. Como resultado, sofreram danos maiores —de imagem e financeiros. A Odebrecht, por exemplo, precisou trocar de nome e hoje se chama Novonor. Desde que virou essa página, a CCR fechou diversos contratos de concessão. Somente na Rodovia de Integração Sul, injetou R$ 1,3 bilhão para a criação da ViaSul, concessionária dessas rodovias, e se comprometeu a investir R$ 7,8 bilhões ao longo de 30 anos de contrato. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira (7) que vai pautar para a próxima semana a votação de urgência para o projeto de lei que altera a LSN (Lei de Segurança Nacional), criada pela ditadura militar e atualmente usada tanto a favor como contra bolsonaristas. Lira falou em conferência virtual sobre a Lei de Segurança Nacional, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Ciência Criminalística. Também participaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente da Câmara afirmou que a próxima semana terá uma pauta “mista” na Câmara e, nesse contexto, pretende trabalhar com a proposta de lei que altera a LSN, que ele prefere chamar de nova lei do Estado democrático de direito. A votação de urgência é uma forma de agilizar a tramitação das propostas, porque permite que os projetos de lei não precisem passar pelas comissões, indo diretamente para o plenário. ""A Câmara estará à disposição, pronta, para que na próxima semana a gente possa começar a discutir esse assunto, com toda a altivez necessária, com um tempo mínimo para que o Legislativo produza e acomode os efeitos da lei que será aprovada no Congresso Nacional. Não tenho absoluta dúvida”, afirmou. Lira evitou citar casos específicos, mas afirmou que existem algumas “desvirtuações” neste momento político atual, por isso é necessária a defesa da democracia e da liberdade de expressão. “Eu não tenho dúvida alguma que contará com quase que unanimidade de toda a Câmara dos Deputados. Os partidos estão entendendo a necessidade de que algumas desvirtuações para este momento atual não sejam mais concebidas no Brasil"", afirmou Lira, eleito para o comando da Casa com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em meio à intensificação do uso da LSN (Lei de Segurança Nacional), quatro ações foram protocoladas no STF (Supremo Tribunal Federal) em março deste ano questionando se a legislação, gestada no fim da ditadura, seria ou não compatível com a Constituição de 1988. A lei tem sido usada tanto contra críticos do governo de Jair Bolsonaro quanto em investigações de ataques ao STF e ao Congresso, como os inquéritos dos atos antidemocráticos e das fake news em tramitação no Supremo Tribunal Federal. As ações protocoladas pelos partidos PTB e PSDB pedem que a legislação seja completamente suspensa. Já a ação do PSB e a ação conjunta de PSOL, PT e PC do B pedem que apenas parte da lei seja invalidada e que parte dos artigos tenham suas aplicações limitadas pelo Supremo. Um dos primeiros alvos do governo Bolsonaro em relação à adoção da Lei de Segurança Nacional foi o colunista da Folha Hélio Schwartsman. A pedido do então ministro da Justiça, André Mendonça, a Polícia Federal abriu inquérito contra ele em julho do ano passado após ele escrever uma coluna intitulada “Por que torço para que Bolsonaro morra”. O texto foi publicado depois da notícia de que o chefe do Executivo havia contraído Covid-19. O ministro Jorge Mussi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), deferiu habeas corpus protocolado pelo jornalista e suspendeu a tramitação do inquérito. Na decisão, o magistrado afirmou que, ainda que possam ser feitas críticas ao texto, não é possível concluir que tenha havido motivação política ou lesão aos bens protegidos pela Lei de Segurança Nacional. O ex-governador e presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o youtuber Felipe Neto, dois dos principais críticos de Bolsonaro nas redes sociais, também se tornaram alvo de investigação pelos comentários feitos em relação ao chefe do Executivo. A PF instaurou inquérito após o pedetista chamar Bolsonaro de ladrão em uma entrevista. Já Neto foi intimado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para depor de ter classificado o presidente como ""genocida"". Segundo ele, a corporação agiu com base em denúncias apresentadas pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Executivo. Também presente na transmissão desta quarta-feira, o ministro do STF e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou que é preciso urgentemente buscar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e os excessos que visam a destruir as instituições democráticas. Afirmou que existe uma ação orquestrada e financiada para atingir a democracia. ""Um olhar que talvez precise lançar sobre essa lei é a questão da tensão que existe hoje no mundo entre as campanhas de ódio, de desinformação e de desestabilização das instituições, via a vis a liberdade de expressão."" ""O mundo está em busca de um equilíbrio entre essa tensão que tem se colocado com o risco apresentado pela difusão de mentiras, ou de meias verdades, pelas teorias conspiratórias e pelos ataques concertados às instituições."" ""Não é uma crítica à Câmara, ao Senado ou ao Supremo, por mais dura e severa que seja. Isso faz parte da vida e da democracia. São campanhas orquestradas e financiadas para a destruição ou desmoralização das instituições. E isso que precisamos enfrentar, não é opinião que cada um tenha sobre cada um de nós"", completou o ministro do Supremo. Barroso também disse que a Lei de Segurança Nacional tem variadas inconstitucionalidades. Pacheco, por sua vez, afirmou que o Estado democrático de direito foi um grande avanço, que não pode ser ""mitigado"" e que não pode haver ""retrocessos"". Afirmou que a LSN não se adequa aos momentos atuais, mas por outro lado afirmou que alguns dispositivos nela contida são necessários, principalmente enquanto não houver outra legislação para substituí-la. ""Desvalidá-la por completo pode ser um risco par ao estado democrático de direito"", afirmou. Pacheco lembrou que essa legislação voltou à tona justamente por causa do momento atual, com falas e ações antidemocráticas. ""E esse tema da Lei de Segurança Nacional, uma lei de 1983, a lei 7.170, uma lei que acaba vindo à tona a sua aplicação e a sua discussão em razão do momento em que nós vivemos, quando, a pretexto da livre manifestação do pensamento, direito de crítica, liberdade de imprensa, as liberdades públicas, se extrapola isso para pedir, por exemplo, um regime de exceção, a renovação da Constituição ou o fechamento do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal"", afirmou. ""Essas são situações, sejam de falas, sejam de ações, que precisam ser remediadas, que precisa haver algum tipo de reação, normativa, legislativa, judicial, às luz da Constituição, para que se contenha algum tipo de arroubo"", completou. Entenda as origens, o seu uso atual e as propostas para modificá-la ou revogá-la A LEI Tendo sua última versão editada no estertores do regime militar (1964-1985), em 1983, é uma herança do período ditatorial, sendo um desdobramento de legislações anteriores, mais duras, usadas contra opositores políticos. O QUE HÁ NELA Com 35 artigos, estabelece, em suma, crimes contra a ""a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a federação e o Estado de Direito e a pessoa dos chefes dos Poderes da União"". Traz termos genéricos, como incitação à subversão da ordem política ou social"" e artigos anacrônicos, como pena de até 4 anos de prisão para quem imputar fato ofensivo à reputação dos presidentes da República, do Supremo, da Câmara e do Senado. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO NOS DIAS DE HOJE PROPOSTAS DE MUDANÇA OU REVOGAÇÃO Há em tramitação na Câmara 37 projetos de lei que alteram ou revogam a lei, entre elas a de substituição por uma Lei de defesa do Estado democrático de Direito em que seria punido, entre outras ações, a apologia de fato criminoso ou de autor de crime perpetrado pelo regime militar (1964-1985) AÇÕES QUESTIONANDO A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI O governo federal arrecadou R$ 3,3 bilhões no primeiro da série de três leilões de concessões em infraestrutura que o Ministério da Infraestrutura batizou de InfraWeek. Foram leiloados três blocos com 22 aeroportos, todos eles com disputa entre interessados. A Companhia de Participações em Concessões do grupo CCR arrematou dois dos três lotes, os da região Sul e Central, com ofertas agressivas. Ofereceu ágios de 1.534,36% e 9.156%, respeticamente. A francesa Vinci ficou com aeroportos da região Norte. Em média, o leilão teve ágio de 3.822,61% em relação ao valor mínimo das áreas. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, disse que o resultado positivo, principalmente em meio à pandemia, é uma vitória do presidente Jair Bolsonaro e reforça a agenda liberal do governo. O valor arrecadado refere-se à parcela da outorga que será paga à vista. Os contratos preveem ainda o pagamento de outorga variável a partir do quinto ano de concessão, em valor total estimado de R$ 14,5 bilhões, e investimentos mínimos de R$ 6,1 bilhões. A CCR foi responsável pelo maior lance, de R$ 2,1 bilhões, pelo bloco Sul, composto por nove aeroportos na região Sul do país, incluindo os de Curitiba e Foz do Iguaçu, ambos no Paraná. A oferta equivale ao dobro da segunda proposta, feita pela espanhola Aena. Além de Curitiba e Foz do Iguaçu, a concessão inclui os aeroportos Navegantes (SC), Londrina (PR), Bacacheri (PR), Joinville (SC), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS), que juntos movimentaram 12,4 milhões de passageiros em 2019. O contrato prevê investimentos de R$ 2,85 bilhões. Em entrevista após o leilão, o diretor-presidente da CCR, Marco Cauduro, afirmou que os elevados ágios refletem a avaliação da empresa sobre o potencial de crescimento do tráfego nos aeroportos, que considerou também a possibilidade de sinergia na movimentação de cargas com outras concessões de infraestrutura da empresa. Ele disse que a situação financeira da empresa lhe permite arcar com os elevados desembolsos. ""A CCR é empresa consolidada, com balanço robusto, mais de R$ 5 bilhões em caixa e capacidade de contratar empréstimos e financiamentos adicionais."" A surpresa da disputa foi a proposta da francesa Vinci pelo bloco Norte, que tem como principal ativo o aeroporto de Manaus (AM), por onde escoa boa parte das exportações realizadas pela Zona Franca. O grupo francês, que já opera o aeroporto de Salvador (BA), ofereceu inicialmente R$ 420 milhões pelo bloco, ágio de 777,41%, contra R$ 50 milhões do consórcio Aerobrasil, grupo que administra o aeroporto de Belo Horizonte junto com os operadores Zurich Airport International (Suíça) e Munich Airport International (Alemanha). O novo concessionário terá ainda de gerenciar e investir ao menos R$ 1,4 bilhão na melhoria dos aeroportos de Porto Velho (RO), Rio Branco e Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga e Tefé (AM) e Boa Vista (RR). Os aeroportos do bloco tiveram 4,6 milhões de passageiros em 2019. Para o grupo francês, a região amazônica representa uma sinergia com sua operação na Guiana Francesa, que tem voo direto para Paris. A empresa vê em Manaus potencial para a implantação de um hub de interligação entre as Américas como o aeroporto do Panamá. Em vídeo gravado em português, o presidente da Vinci Airport, Nicolas Notebaert, disse que a entrada do grupo na região Norte está atrelada a uma estratégia de consolidar a atuação do grupo no Brasil e na América Latina, além de estimular “aeroportos verdes”, que respeitem políticas ambientais. “Acreditamos no potencial desses aeroportos [do Norte] na recuperação pós-pandemia pelo seu potencial de carga e logística para o escoamento dos produtos. Estamos confiantes na perspectiva de crescimento das indústrias de alto valor, de eletrônicos, e os aeroportos desempenham papel fundamental”, disse Notebaert. Os contratos de concessão leiloados nesta quarta têm duração de 30 anos. O ministro da Infraestrutura disse que os investimentos podem ficar acima dos previstos, caso os novos concessionários descubram outras oportunidades de negócios. Empolgado em seu discurso após o leilão, o ministro exagerou na força e danificou a base usada para a batida de martelo que normalmente encerra esse tipo de concorrência. Ele defendeu que o programa de concessões reforça o compromisso de Bolsonaro com a agenda liberal. A declaração ocorre em um momento de questionamentos do setor financeiro com relação à estratégia de combate à pandemia, diante da percepção de que a falta de controle prejudicará a retomada do crescimento econômico do país. Nesta quarta, Bolsonaro e representantes da área econômica, como o ministro da Infraestrutura, participam de jantar com empresários e banqueiros, em uma tentativa de reaproximação. Gomes disse que o resultado do leilão será levado como exemplo de avanço na agenda liberal. ""Vamos ver as privatizações tomando corpo. Aquelas que não dependem do Congresso estão andando e as que dependem do parlamento também estão começando a tomar corpo, como é o caso de Eletrobras e Correios"", afirmou. Na quinta (8) e na sexta (9), o governo federal leiloará ainda a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste Leste) e cinco terminais portuários. Pelas estimativas do Ministério da Infraestrutura, os projetos desta fase de concessões públicas têm potencial para gerar 200 mil empregos diretos e indiretos. Os leilões da InfraWeek servirão de teste com os investidores para as próximas rodadas deste ano, que contarão com até 50 projetos. Dentre eles estão as BRs 153 e 163, a Novadutra, os portos do Espírito Santo e de Santos e outros 16 aeroportos, incluindo Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ). Juntos, esses empreendimentos devem atrair mais R$ 84 bilhões e gerar 2,9 milhões de empregos diretos e indiretos. Deste total, o setor ferroviário deve concentrar R$ 41,6 bilhões em investimentos, seguido pelos terminais portuários (R$ 32 bilhões). O calendário de leilões entrou na propaganda oficial do governo como ""o maior programa de concessões de infraestrutura do mundo"". A maior digitalização do sistema financeiro trazida pela pandemia de coronavírus e a adesão ainda baixa a planos de previdência complementar tendem a impulsionar a chegada das chamadas prevtechs –fintechs voltadas para a previdência privada. Como toda fintech, a expectativa é que essas iniciativas ganhem espaço ao atenderem lacunas específicas que muitas vezes são deixadas de lado pelas companhias mais tradicionais. Segundo Antonio Rocha, presidente da Onze, gestora de investimentos focada em fundos de previdência privada, além do maior foco no digital impulsionado pela atual conjuntura, as mudanças trazidas pela Reforma da Previdência em 2019 e a maior preocupação de pessoas com a formação de uma reserva de capital também abriram espaço para o surgimento de iniciativas mais focadas no setor. “Esse é um ciclo relativamente novo, mas que tem um foco importante tanto na gestão do capital como na disseminação da educação financeira e do conceito de previdência privada. Além disso, a pegada é trazer taxas menores e melhores fundos de previdência para o mercado”, afirmou Rocha. Para o presidente da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), Luís Ricardo Martins, apesar de a reinvenção do setor para um ambiente mais tecnológico exigir grandes doses de planejamento e investimentos, é um movimento já começou e tende a se intensificar ao longo dos próximos anos. “Já vemos a população querendo se planejar para o futuro, buscando taxas menores, consultores nas estratégias de investimentos de previdência. Esse é o caminho no qual a gente vem trabalhando”, afirmou. As discussões acerca de taxas mais acessíveis e um leque mais amplo de opções, no entanto, não são de hoje. Mesmo entre as empresas mais tradicionais são raras as que impõem taxas de carregamento (que incidem sobre o investimento em momentos específicos). Os últimos dados da associação apontam que os ativos dos fundos de pensão ultrapassaram a marca de R$ 1 trilhão em novembro do ano passado, representado cerca de 13,7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. As carteiras dos fundos de pensão também tiveram o melhor retorno anual, alcançando a rentabilidade de 4,51% no mês. Além disso, as entidades fechadas de previdência complementar –denominação oficial dos fundos de pensão– tiveram o maior superávit desde 2015, com R$ 26,6 bilhões. O maior interesse dos brasileiros em poupar e investir também acaba refletindo nos planos para aposentadoria futura e, consequentemente, esquentam o mercado de fintechs voltadas para o segmento. De acordo com o diretor da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), Renan Schaefer, apesar de o conceito de prevtech ser relativamente novo, já existem diversas fintechs que englobam a previdência complementar em suas atuações. “Temos diversas startups financeiras que abrangem o tema, mas como ainda existe uma complexidade e um desconhecimento considerável pelo assunto, a tendência é que fintechs cada vez mais nichadas apareçam para preencher essas lacunas”. “Esse movimento acaba sendo positivo. Muitas fintechs nascem e crescem dentro de segmentos específicos exatamente porque conseguem atender uma dor muito pontual do sistema financeiro. E há bastante espaço para concorrência”, completou Schaefer. O movimento, segundo os executivos do setor, tende a crescer tanto do lado da previdência aberta (planos voltados para qualquer pessoa que esteja interessada) quanto para a previdência fechada (os fundos de pensão, criados exclusivamente para funcionários de uma empresa ou de uma categoria específica). Dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) apontam que o segmento de previdência registrou mais de 32 milhões de participantes em janeiro de 2021 –um aumento de 12,2% em relação a igual mês de 2020. Para Carlos Alberto de Paula, diretor-executivo da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), o segmento de previdência já demonstrou avanços importantes na agenda de inovação tecnológica, mas ainda tem espaço para avançar. “O Brasil já deu um salto significativo no que diz respeito à previdência e seguro de vida, mas ainda é um mercado em expansão. Passar pela Reforma [da Previdência] foi um passo importante e certamente isso impulsionará o mercado. Tudo é bem-vindo desde que passe pelo crivo dos supervisores e reguladores do mercado”, afirmou de Paula. Bairros da região central e da zona leste concentram, proporcionalmente, o maior número de mortos por Covid-19 com menos de 60 anos na capital paulista. O levantamento feito pela reportagem leva em consideração os óbitos por 100 mil habitantes, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela Secretaria Municipal da Saúde, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB). Entre todos os 96 distritos da capital, o Pari (região central) é aquele com a maior proporção de mortos entre os mais jovens. Levantamento aponta que foram 100 casos na população abaixo dos 60 anos a cada 100 mil habitantes de mesma faixa etária. A taxa por 100 mil habitantes é a maneira encontrada para tornar possível a comparação entre distritos com número de moradores tão diferente entre si. Quando se leva em consideração os 20 com maior taxa de mortos nesse ranking, surgem também os distritos vizinhos do Brás, Belém e Água Rasa. A alta mortalidade entre aqueles que ainda não são idosos avança à leste, num corredor que se estende desde Aricanduva até o Jardim Helena, já na divisa com Guarulhos (Grande SP). Chama a atenção o fato de que o primeiro distrito da zona sul a constar nessa listagem aparece apenas em 40º —Socorro, com 51 mortes por 100 mil habitantes com menos de 60 anos. De forma geral, bairros ricos das zonas oeste e sul, como Vila Leopoldina, Perdizes, Alto de Pinheiros, Moema, Campo Belo e Morumbi são aqueles com a menor proporção de mortos na população até os 60 anos. Em Perdizes (zona oeste), por exemplo, o coronavírus matou 1 em cada 8.543 pessoas dessa faixa etária. Em Artur Alvim (zona leste), 1 em cada 1.278 —proporção quase seis vezes maior de mortos até 59 anos. Os números são preocupantes porque mutações do coronavírus têm provocado mais mortes em pessoas mais jovens, em comparação com o que ocorria no início da pandemia. Bairros vizinhos da zona norte da capital, Anhanguera e Perus já têm em 2021 mais mortos entre a população até 60 anos do que entre idosos. No primeiro, foram 8 de 15 casos e, no segundo, 13 de 19. Especialistas apontam a falha na comunicação com a população mais jovem como um dos fatores que têm levado pessoas abaixo dos 60 anos a morrerem pela Covid-19, principalmente agora, com as novas cepas. O infectologista Renato Grinbaum afirma que o principal problema para conter o coronavírus entre a população mais jovem é a falta de vacinas em quantidade suficiente e a dificuldade para estimular a prática do distanciamento social. “É uma faixa de idade ativa, dinâmica, que viveu as restrições de forma mais intensa e não sofreu na primeira onda tantas consequências físicas diretas. Provavelmente, foi muito influenciada pelo discurso de desmerecimento da pandemia”, explica. Para a epidemiologista Ethel Maciel, a comunicação com a população mais jovem é muito ruim até o momento, principalmente por parte do governo federal. “É possível que as pessoas estejam ainda mal orientadas, como se não fossem adoecer e morrer. Como a maior parte das pessoas que morreram era formada por idosos, pode ter dado uma sensação a esse grupo de que não era vulnerável. Isso mudou e precisa ser melhor comunicado.” A epidemiologista lembra que, no atual momento, é necessário um acordo para a transmissão de informações corretas, principalmente com lideranças religiosas, pra que expliquem a real gravidade do problema. “Estamos vendo o poder muito grande delas nas comunidades. É preciso que haja um pacto social informando para a população a mudança, a grave crise sanitária, o colapso do serviço de saúde”, diz. Por distrito, mortes entre pessoas com menos de 60 anos Fontes: Secretaria Municipal da Saúde e Seade A Fiocruz anunciou que triplicou sua produção diária de vacinas contra a Covid-19 para 900 mil doses em comparação com o mês passado —em 8 de março, a capacidade de envasamento era de 250 a 300 mil doses por dia. Com duas linhas de produção do imunizante de Oxford/AstraZeneca no Instituto de Tecnologia em Imunibiológicos (Bio-Manguinhos), na zona norte do Rio, a instituição prevê a produção de 18,4 milhões de doses da vacina até o dia 2 de maio. Os imunizantes são repassados ao Ministério da Saúde, que faz a distribuição aos estados e municípios. Até o dia 2 de abril, 8,1 milhões de doses (4 milhões importadas da Índia e 4,1 milhões produzidas pelo próprio laboratório) foram entregues. Segundo a instituição, o começo de um segundo turno de trabalho permitirá a produção de até 1,2 milhão de doses diárias. As vacinas hoje dependem da importação do chamado Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), produzido na China. O ativo é o principal ingrediente da vacina, já que contém o vírus modificado e enfraquecido, necessário para o estímulo de anticorpos na pessoa vacinada. Um acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca, encaminhado desde setembro de 2020, mas ainda não concluído, pode dar à Fiocruz o direito de produzir também o IFA. No fim de abril, está prevista a visita de técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que farão a vistoria da área de produção da matéria-prima. A vistoria é necessária para que a Fiocruz receba o certificado técnico operacional da agência reguladora e possa ter autonomia para produzir o IFA. Na última sexta (2), chegaram ao Rio mais 225 litros do ingrediente, o suficiente para produção de vacinas até maio. A expectativa é que a produção própria seja iniciada ainda no primeiro semestre deste ano. Em março, durante audiência no Senado, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, estimou a produção de 100,4 milhões até julho e mais 110 milhões no segundo semestre. “A estratégia de assimilarmos a tecnologia para produção nacional é o que pode, no futuro, nos garantir um atendimento mais rápido em pandemias e epidemias que poderão vir”, disse. Ela participou de reunião virtual nesta segunda-feira (5) com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para discutir o cronograma de entrega do IFA para a produção da vacina na Fiocruz. A alta demanda por insumos no mercado internacional e a crise na malha aérea por conta da pandemia geraram o alerta de alguns fornecedores sobre riscos futuros de cumprimento dos cronogramas de entrega. ""O nosso compromisso é continuar o suprimento dos insumos ao Brasil para garantir a produção de vacinas conforme o cronograma"", afirmou Wanming. Segundo a instituição, protocolos de controle de qualidade também podem alterar previsões de entregas. Nesta semana, por exemplo, o cronograma original previa a entrega de 3,2 milhões de doses entre os dias 5 e 10 de abril, mas a Fiocruz entregará apenas 2 milhões, uma redução de 37,5% em relação ao esperado. As doses não entregues ficam sob análise e deverão ser encaminhadas ao Ministério da Saúde nas próximas semanas. Em nota, a fundação informou que não está enfrentando qualquer problema técnico ou operacional na fábrica. Todos os equipamentos funcionam corretamente e as equipes de fabricação da vacina já dominam os processos de produção. O novo diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, tem no currículo cargos de confiança em governos do PSDB e do PT. É considerado hoje um dos quadros da corporação mais próximos da política. Escolhido pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, para chefiar a corporação, o delegado foi secretário de Esporte e Lazer do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo entre 2016 e 2018 e assessor especial da Secretaria de Segurança do Distrito Federal na gestão de Agnelo Queiroz (PT). É considerado por Torres um nome que ajudará o Palácio do Planalto a refazer a base na Segurança Pública, desarticulada nos últimos meses —reflexo das mudanças realizadas na pasta da Justiça com a saída de Sergio Moro, no primeiro semestre do ano passado, e com a dificuldade do governo de levar adiante no Parlamento matérias de interesse do grupo. A decisão de Torres de trocar o diretor-geral da PF, com aval de Bolsonaro, foi revelada pelo Painel, da Folha. Assim como o novo ministro da Justiça, Maiurino tem uma bom trânsito na relação com a bancada da bala no Congresso Nacional. No comando da PF, Maiurino terá o desafio de manter a independência da corporação sem desagradar o presidente Jair Bolsonaro. Além do Legislativo, o novo diretor da PF também tem interlocução com o Judiciário. Ele chefiou a Secretaria de Segurança do STF (Supremo Tribunal Federal) entre outubro de 2019 e setembro de 2020 e tem boa relação com os ministros da corte. Maiurino e Torres, que também é delegado da PF, se conheceram na corporação. Maiurino foi apresentado a Bolsonaro, que concordou com a escolha, na última sexta-feira (2). O delegado assume o cargo em um momento conturbado, após o chefe do Executivo fazer seis mudanças no primeiro escalão do governo e trocar também o comando do Ministério da Justiça. Dentro da PF, ele já ocupou cargos relevantes. Comandou a Interpol Brasil (Divisão de Cooperação e Operações Policiais Internacionais) e foi assessor de relações internacionais da direção da corporação. Além disso, chefiou o Serviço de Planejamento e Controle e a Divisão de Organização e Métodos da Diretoria de Administração e Logística da PF. Ele tem duas pós-graduações sobre segurança pública, uma na Universidade de Virgínia nos Estados Unidos e outra na Academia Nacional de Polícia. Maiurino ocupará o lugar de Rolando de Souza, nomeado para o cargo em maio do ano passado. Rolando chegou ao posto em um momento turbulento, após Moro e o então chefe da PF, Maurício Valeixo, pedirem demissão acusando o presidente de querer interferir nos trabalhos da corporação. Com a saída dos dois, o chefe do Executivo decidiu nomear o delegado Alexandre Ramagem para o cargo. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, porém, vetou a posse de Ramagem sob a alegação de que violava o princípio da moralidade e da impessoalidade. O delegado era amigo da família do presidente. Após a saída de Moro do governo, o Supremo instaurou um inquérito para apurar as acusações. Em depoimento prestado à polícia sobre o tema, Moro apresentou uma mensagem que recebeu de Bolsonaro relativa ao assunto: ""Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, disse o presidente a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição do depoimento do ex-ministro à PF. Na época, a corporação trocou a chefia no Rio de Janeiro. O delegado Carlos Henrique Oliveira deixou o cargo para ser o diretor-executivo da polícia, número dois na hierarquia do órgão, e Tássio Muzzi entrou no seu lugar. Maiurino, porém, é visto como mais habilidoso politicamente do que os dois antecessores. Antes de chegar à PF, era assessor especial de segurança institucional da presidência do Conselho da Justiça Federal. Entre janeiro de 2019 e setembro de 2020, integrou o Conselho de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro. Em São Paulo, além da secretaria de Esportes, também foi subsecretário na pasta da Segurança Pública de maio a dezembro de 2018. No Ministério da Justiça, já foi corregedor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) entre 2010 e 2012, englobando as gestões dos ex-ministros Luiz Paulo Barreto e José Eduardo Cardozo. Apesar dos cargos que ocupou posteriormente em administrações petista e tucana, Maiurino atuou junto ao delegado Luís Flávio Zampronha, nos inquéritos do mensalão do PT e do mensalão mineiro tucano em meados dos anos 2000. Graduado em direito pela Faculdade de Direito de Marília (SP), também viveu a adolescência no interior paulista. Em sua terceira participação na elite da Superliga masculina, o Vôlei Um/Itapetininga (SP) busca uma vaga inédita na decisão do título e tem sido o centro das atenções após desbancar o favorito Sada/Cruzeiro. O time fez história na competição por ter sido o primeiro a avançar aos playoffs com a oitava colocação e eliminar logo o dono da melhor campanha. Fez isso com duas vitórias (3 sets a 0 e 3 sets a 2, de virada) na casa dos mineiros, em Contagem (MG), pelas quartas de final. Pela frente, a equipe do interior de São Paulo (170 km da capital) terá uma série de melhor de três jogos contra outra força tradicional, o Fiat/Minas. O primeiro duelo será nesta quarta-feira (7), às 16h30, no centro de desenvolvimento da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), em Saquarema (RJ). O segundo jogo será no sábado (10), às 19h. Se preciso, o último está agendado para segunda (12), às 19h. Na outra semifinal, o último campeão da Superliga, EMS Taubaté/Funvic, e Vôlei Renata/Campinas também se enfrentam nesta quarta, às 19h, e novamente no sábado, às 21h30. O terceiro confronto, se necessário, está previsto para segunda, às 21h30. Trata-se de uma reedição da final do Campeonato Paulista, na qual o Campinas levou a melhor, em outubro do ano passado, e encerrou hegemonia do Taubaté, que conta com a base da seleção brasileira e buscava o seu sétimo título estadual seguido. Toda a reta final da Superliga será transmitida pelo canal SporTV 2. Após a conclusão do naipe feminino, com o título do Itambé/Minas sobre o Dentil/Praia Clube, as equipes masculinas chegam para se concentrar na ""bolha"" do CT de Saquarema nesta terça. Os técnicos das seleções brasileiras José Roberto Guimarães (feminina) e Renan Dal Zotto (masculina) também estão no local desde segunda, para o início da etapa de preparação para a Liga das Nações, entre maio e junho, na Itália, e os Jogos de Tóquio. Dal Zotto, que convocou novidades desta Superliga (o oposto Darlan, do Sesi/São Paulo, o líbero Alexandre Elias, do Vedacit/Guarulhos, e o ponteiro Maicon, do Cruzeiro) para avaliá-las, também poderá observar o Vôlei Um, que tem chamado atenção com um elenco jovem. O atleta mais velho é o oposto Renan Buiatti, 31, maior pontuador desta Superliga, com 445 pontos. Ele, que tem 2,17 metros de altura, também está entre os dez primeiros nas estatísticas de bloqueio e de saque. Uma campanha de redenção para o mineiro de Uberlândia, que ao longo da carreira não se firmou na seleção brasileira. Antes de ser anunciado pela agremiação paulista, em outubro do ano passado, Renan vinha de oito meses de inatividade por conta de uma infecção no pé esquerdo, contraída no final de 2019 e de intervenção cirúrgica. Renan foi uma aposta do técnico Pedro Uehara, o Peu, e contratado graças ao empenho do patrocinador principal –Um é o nome de um produto de limpeza, fabricado pela empresa Universal Chemical, e virou o nome da equipe. “O Cássio [Souza Barros, dono da Universal Chemical] foi quem negociou e nos ajudou a trazer o Renan. É um jogador de nível de seleção, com salário mensal de R$ 20 mil, enquanto a nossa faixa está entre R$ 4 mil a R$ 5 mil”, diz Osmar Thibes do Canto Júnior, presidente da Associação Itapetininga de Vôlei, mantenedora do Vôlei Um. “O nosso orçamento é de R$ 1,5 milhão, enquanto o do Cruzeiro chega a R$ 13 milhões. Não à toa estamos muito felizes, e os meninos com uma motivação tremenda"", completa. Para avançar à final, o Vôlei Um terá que derrotar o Minas pela primeira vez na Superliga. O time de Belo Horizonte ganhou os dois jogos da fase de classificação, por 3 sets a 1 e 3 sets a 2. “O Vôlei Um Itapetininga é a grande surpresa do campeonato. Estamos estudando bem a equipe deles, sabemos os pontos fortes e tentaremos minimizá-los”, afirmou o técnico do Minas, Nery Tambeiro. Peu demonstra confiança na evolução de sua equipe. “Depois do Cruzeiro, tivemos duas semanas sensacionais de treinos e pudemos estudar o adversário”, afirma o técnico do Itapetininga. “Mas o Minas faz um bom trabalho e é quem tem a responsabilidade de vencer, porque possui um orçamento bem superior ao nosso.” Com uma população estimada de 165 mil pessoas, Itapetininga estreitou sua relação com a modalidade quando o ginásio municipal Ayrton Senna da Silva passou a receber jogos da Supercopa, em 2015, evento que abre a temporada e reúne os campeões da Superliga e da Copa do Brasil nos dois naipes. Campeão da Superliga (em 1997 pelo Suzano) e nascido em Itapetininga, Rodrigo Moraes, o Canhoto, foi quem apresentou o projeto de uma equipe de vôlei para o prefeito Luis Di Fiori, morto no final de 2015. Thibes, então secretário de esporte, deu sequência à proposta. Ao estrear na temporada de 2017, o primeiro atleta a ser apresentado foi o oposto André Nascimento, medalhista de ouro nos Jogos de Atenas-2004 e de prata em Pequim-2008. Ele atuou somente por uma temporada e se aposentou, em 2018, com o acesso à elite da Superliga. Seguiu na diretoria da equipe. ""É um orgulho muito grande fazer parte deste projeto desde o início. Apesar de tantas dificuldades, tem conquistado bons resultados. Gostaria muito que continuasse se fortalecendo com ajuda dos patrocinadores e cada vez mais levar o nome de Itapetininga para o cenário nacional”, diz Nascimento. Quarta (7) Vôlei UM Itapetininga (SP) x Minas Tênis Clube (MG), às 16h30 EMS Taubaté Funvic (SP) x Vôlei Renata (SP), às 19h Sábado (10) Minas Tênis Clube (MG) x Vôlei UM Itapetininga (SP), às 19h Vôlei Renata (SP) x EMS Taubaté Funvic (SP), às 21h30 Segunda (12) - se necessário Vôlei UM Itapetininga (SP) x Minas Tênis Clube (MG), às 19h EMS Taubaté Funvic (SP) x Vôlei Renata (SP), às 21h30 Todos os jogos serão realizados em Saquarema e terão transmissão do SporTV Preparando terreno para a sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido), o PSDB endureceu o discurso de oposição, isolou parlamentares do partido com ligação mais estreita com o presidente e, nos estados, começa a ensaiar uma aproximação até com partidos de esquerda. Os movimentos têm como objetivo tentar unificar a bancada no Congresso Nacional e construir um discurso que consolide o partido como uma opção ao Planalto em meio à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda tem como pré-candidatos os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Na última quinta-feira (31), ambos assinaram uma carta em defesa da democracia divulgada em conjunto com outros quatro presidenciáveis: Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido). A coalizão é vista como embrião de uma possível união para a corrida presidencial. O principal movimento dos tucanos em direção à esquerda aconteceu, sem alarde, no estado do Maranhão: depois de três anos afastado do partido, o vice-governador Carlos Brandão deixou o Republicanos e retornou ao PSDB, onde deve disputar a sucessão do governador Flávio Dino (PC do B). A parceria deve reeditar a aliança local entre comunistas e tucanos de 2014. Brandão voltou ao partido na condição de presidente estadual, movimento que acabou isolando o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro no Nordeste. Há pouco mais de um mês, rasgou elogios ao presidente em uma visita a Alcântara (98 km de São Luís). O senador já anunciou que deve deixar o PSDB e se filiar ao partido que o presidente Bolsonaro escolher para disputar a sua reeleição. Rocha deve disputar o Governo do Maranhão ou tentar a reeleição ao Senado no próximo ano. Ao mesmo tempo em que isolou um dos seus quadros mais ligados ao bolsonarismo, os tucanos abriram um canal com o PC do B. O movimento foi celebrado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que fez elogios público a Flávio Dino em suas redes sociais. “Decisão correta apoiar um governador que dialoga, respeita as diferenças e trabalha pela vacina e contra injustiças. O Brasil precisa de caminhos que levem a união”, afirmou o governador gaúcho. A expectativa é que, junto com Carlos Brandão, pelo menos dois deputados federais da base de Flávio Dino migrem para o PSDB na janela partidário. Um deles é o deputado Gastão Vieira, hoje no Pros. Movimento na mesma direção aconteceu no Pará, onde o deputado federal Celso Sabino (PSDB) anunciou há duas semanas que vai ingressar com um pedido de desfiliação do partido na Justiça Eleitoral. A decisão de deixar o PSDB veio após sucessivos atritos do deputado com a cúpula do partido. Em agosto de ano passado, Sabino foi alvo de um pedido de expulsão no conselho de ética do partido após ser indicado para o posto de líder da maioria na Câmara dos Deputados em articulação com partidos do centrão como PP, PL e Republicanos. Na época, o PSDB já estava em rota de colisão com Bolsonaro e entendeu que não caberia a um deputado do partido assumir um posto de liderança no bloco majoritário do Congresso. Meses depois, o deputado foi escanteado na sua tentativa de disputar a Prefeitura de Belém –o PSDB do Pará decidiu por não lançar candidato próprio. Por fim, o clima se acirrou ainda mais após o Sabino anunciar apoio a Arthur Lira (PP) na disputa pela Presidência da Câmara em fevereiro. O PSDB apoiou o deputado Baleia Rossi (MDB). “Quero deixar o partido e tenho farto material probatório para mostrar que há divergências com a cúpula do PSDB, especialmente a ala paulista”, afirma Sabino, que aproveitou para disparar críticas ao governador João Doria, a quem chamou de pessoa de pouco diálogo. Outro nome tucano com relação próxima com o presidente é o senador Izalci Lucas (DF), que ocupou o posto de vice-líder do governo no Senado entre março de 2019 e setembro de 2020. Ele assumiu o posto com autorização da cúpula do partido, mas deixou o cargo após o PSDB decidir intensificar seu perfil de oposição. Com planos de concorrer ao governo do Distrito Federal, o senador tende a permanecer no PSDB. Para o vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Beto Pereira (MS), o partido está trabalhando para ter um discurso uniforme, se colocando no campo de oposição ao presidente, mas podendo apoiar pontualmente projetos que tenham sintonia com a linha programática da legenda. “Não há unanimidade no PSDB, mas um partido que quer construir um projeto nacional tem que ter uma identidade própria. Não vamos deixar pessoas sem compromisso programático tomarem conta do partido”, afirma o deputado. Na bancada do partido na Câmara dos Deputados, por exemplo, há um grupo que defende uma relação mais estreita com Bolsonaro liderado o deputado Aécio Neves (MG). Parte dos deputados deste grupo deve deixar o PSDB até a janela eleitoral de abril de 2022, caso da deputada federal Mara Rocha (AC). Ela é irmã do vice-governador Major Rocha (PSDB), que já deixou o PSDB e assumiu o controle do PSL no Acre. Outra deputada federal que tende a deixar o PSDB é Edna Henrique (PB). Delegada da Polícia Civil da Paraíba, ela tem uma atuação política que converge com a do presidente. A Folha apurou que ela pode migrar para o Pros, partido presidido localmente por seu filho. Além de deputados e senadores, o PSDB também sofreu uma baixa importante ainda no ano passado: Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional do governo Bolsonaro, pediu desfiliação. Ele era presidente de honra do PSDB no Rio Grande do Norte e justificou a sua decisão alegando que, por ocupar um cargo no governo federal, afastou-se da vida orgânica do partido. Ao mesmo tempo em que se afasta do bolsonarismo, o PSDB começa a construir pontes com partidos mais à esquerda. No campo institucional, governadores tucanos como João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) firmaram uma boa relação durante a pandemia com colegas petistas como Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI) no âmbito do Fórum dos Governadores. Se é improvável uma possível aliança entre PSDB e PT, mesmo nos estados, os tucanos podem chegar em 2022 com parcerias locais com PC do B, PSB e PDT em estados do Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, o PSDB articula repetir a aliança com o PSB firmada em Maceió que resultou na eleição do prefeito João Henrique Caldas (PSB) no ano passado. O nome do PSDB para concorrer ao governo do estado é o senador Rodrigo Cunha. Outro estado nordestino onde há proximidade PSDB e PDT é o Ceará, onde a reaproximação entre senador tucano Tasso Jereissati e os irmãos Cid e Ciro Gomes resultou em aliança já em 2020 para a prefeitura de Fortaleza. A tendência é que a parceria se mantenha no próximo ano. Parlamentares tucanos afirmam que, caso queria superar a polarização entre Lula e Bolsonaro, o PSDB precisa construir uma aliança ampla. Por isso, a ideia é estreitar parcerias tanto com setores da direita como da esquerda, passando por alianças regionais. Escolas particulares de São Paulo voltaram a receber alunos nesta segunda (5) mesmo sem a autorização do prefeito Bruno Covas (PSDB) para a retomada das atividades letivas presenciais. Assim como o restante do estado, São Paulo está na fase emergencial até 11 de abril. Covas publicou decreto em que autoriza as atividades letivas presenciais apenas a partir do dia 12, se a fase mais restritiva não for prorrogada na cidade. O prefeito autorizou a reabertura das escolas nesta segunda apenas para ""receberem os alunos que necessitarem de alimentação escolar”. Foi neste argumento que colégios privados se embasaram para receber os alunos, já que o decreto não restringe o atendimento exclusivamente para a merenda a unidades da rede pública ou a famílias em situação de vulnerabilidade social. Eliomar Pereira, diretor do Semeei (Sindicato dos Mantenedores de Escolas de Educação Infantil), reabriu sua escola Sophia Dornelles para atender crianças que os pais disseram depender da alimentação escolar. “A família pode não ter uma empregada para fazer as refeições das crianças, os pais podem estar trabalhando fora. O decreto não discrimina escola pública e privada porque seria inconstitucional, por isso, abrimos”, disse. Dos cerca de 105 alunos, 12 frequentaram a unidade nesta segunda. Apesar do argumento de que a escola abriu para oferecer alimentação, Pereira disse ter convocado professores e recreacionistas para desenvolver atividades com as crianças no local. O Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo) recebeu denúncias de ao menos 15 escolas que retomaram as atividades com estudantes e convocaram os professores para dar aula a partir desta segunda. “Os donos de escola procuram uma brecha na legislação para abrir a qualquer custo, mesmo que não faça sentido para a sua realidade. Uma escola privada dificilmente tem alunos que estão passando fome em casa e dependem da merenda para se alimentar”, diz Luis Barbagli, diretor do Sinpro. A Folha conversou com diretores que afirmaram ter procurado consulta jurídica para sustentar a retomada das atividades presenciais na liberação para alimentação escolar. Eles dizem que, por não haver restrição expressa no decreto municipal, não devem enfrentar problemas por reabrir. Uma das que recebeu alunos nesta segunda foi a escola Dream Kids, no Morumbi, zona sul da cidade. A unidade funcionou com crianças das 8h às 18h. Os responsáveis pelo local disseram ter “embasamento jurídico” para a retomada das atividades. O Instituto Pequeno Urso, na Vila Leopoldina, na zona oeste, também reabriu para receber até 35% das crianças matriculadas. Os responsáveis pela unidade não quiseram falar com a Folha. Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que as escolas particulares, assim como as estaduais, podem abrir para fornecimento de alimentação aos estudantes. Na rede municipal, os alunos estão recebendo o cartão-merenda. Questionada, a prefeitura não informou se está fiscalizando ou se prevê punição às unidades de ensino que estiverem desenvolvendo outras atividades além do fornecimento de alimentação. Donos de colégios têm defendido a reabertura baseados na divergência entre as regras estadual e municipal. Pelo Plano SP, do governador João Doria (PSDB), as escolas podem ficar abertas mesmo com a piora da pandemia, desde que atendam diariamente para ensino presencial no máximo 35% das matrículas nas fases emergencial, vermelha e laranja. No entanto, Covas decidiu que as atividades presenciais devem ser suspensas durante a fase emergencial para diminuir a circulação de pessoas na cidade. A regra que prevalece é a mais restritiva —neste caso, a do município. Desde o ano passado, Covas e Doria, embora aliados, não se entendem a respeito a volta das atividades presenciais nas escolas durante a pandemia. As restrições impostas na capital por Covas têm sido muitas vezes seguidas por prefeitos de outras cidades também, como é o caso atualmente de Campinas e Ribeirão Preto. Miroel Silveira estava na plateia do teatro Coliseu, em Santos, no litoral paulista, quando a jovem de 16 anos surgiu no palco com uma coreografia que ela havia criado, ""A Lenda de um Beijo"", em janeiro de 1938. Recém-formado na São Francisco, ele começava como crítico e correu para O Diário, do grupo de Assis Chateaubriand. Descreveu ""a presença de uma criatura esbelta tão desafiadoramente altiva que a linha de seu corpo colocava a cabeça um pouco para trás, flexível, fantástica no captar as atmosferas"" da ""Valsa Triste"", de Sibelius. Prosseguiu. ""Fiquei instantaneamente deslumbrado. Senti que a quase menina possuía uma irradiação particular, de rara transcendência, que a destinava aos mais altos níveis da realização artística. A adolescente faiscava."" Silveira, que mais tarde seria crítico deste jornal e professor de teatro na Universidade de São Paulo, passou os dez anos seguintes fazendo cumprir sua profecia, levando a jovem para companhias históricas em que ele trabalhou, como Teatro do Estudante e Comediantes, até ela se tornar a primeira profissional do TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, em 1948. A atriz, que morreu em 1969 depois de sofrer um aneurisma no intervalo de uma apresentação de ""Esperando Godot"", faria cem anos nesta terça-feira. O crítico Décio de Almeida Prado, do jornal O Estado de S. Paulo, que chegou a dirigir a atriz num grupo universitário e foi um dos responsáveis por sua contratação pelo TBC, escreveu em 1950, sobre ""Pega-Fogo"", em que ela fazia um menino. ""Não é sem emoção que São Paulo acompanha a carreira dessa mulher, na aparência tão frágil, que se vai consumindo pelo teatro diante dos nossos olhos, emagrecendo de papel a papel, à medida que mais se afina a sua arte"", afirmava Almeida Prado. Depois. ""Cacilda vive do teatro e para o teatro, a ponto de se ter reduzido materialmente, pela exaustão física, a um vibrante feixe de nervos, como se a atriz dispensasse tudo que não constitua matéria para a sua arte, tudo que não seja sensibilidade e energia nervosa."" O diretor Zé Celso, de 84 anos, escreveu o ciclo de peças biográficas ""Cacilda"", em parte já encenado, começando pela montagem de 1998, com Bete Coelho. Nesta terça, o Teatro Oficina deve transmitir uma live com passagens das peças e imagens históricas, inclusive um filme de pouco mais de um minuto, de 1937, em que ela dança na praia. Zé Celso descreve como a viu em ""Gata em Teto de Zinco Quente"", uma das últimas aparições da atriz no TBC, em 1956. ""Ela flanava, com um penhoar, um decote. Encostava um copo de uísque nas costelas. Flutuava de tesão, porque queria o Walmor [Chagas, ator com quem foi casada], que na peça era o marido que não queria trepar com ela. Era uma coisa."" ""Aquele corpo de dançarina foi para toda a carreira. Era de uma vitalidade e ao mesmo tempo de uma melancolia. Ela dançava o texto, lentamente. [O diretor italiano] Ruggero Jacobbi dizia que ela tinha uma interpretação fisiológica. Eu escrevi as peças porque queria descobrir esse mistério, da eletricidade dela"", resume Zé Celso. A singularidade de Cacilda foi reconhecida por aquela que a sucedeu como primeira atriz do país, Fernanda Montenegro, e também por rivais como Tônia Carrero. Esta causou escândalo nos anos 1950, ao tirar dela o amante e diretor Adolfo Celi, abrindo caminho para o fim do TBC. ""Tenho uma visão mística para a existência do TBC: Cacilda Becker tinha de cumprir o seu destino de grande, grande atriz"", escreveu Fernandona, 91, em mensagem enviada a Zé Celso, para leitura na live do Oficina. ""É uma ligação ao sagrado: aquele talento tão explosivo tinha que se cumprir."" Maria Thereza Vargas, também de 91 anos, amiga de Cacilda por mais de duas décadas, autora de ensaios e livros sobre ela como ""Uma Atriz: Cacilda Becker"" —com Nanci Fernandes, da editora Perspectiva, em 1983—, enfatiza a sua liderança a partir do TBC, que assumiu aos 27 anos. ""Ela e o Celi puseram aquilo em movimento, tomaram muito a sério aquele teatro"", diz, acrescentando que a atriz faria diferença hoje, em meio à pandemia, quando ""está tudo tão parado, sem ânimo, e o teatro pouco significa"". Lembra que ""a vida dela foi toda dedicada ao teatro, não tinha vida própria, vivia em função do teatro"". O jornalista e historiador Luís André do Prado, autor da biografia ""Cacilda Becker: Fúria Santa"" —lançada em 2002 pela Geração Editorial—, cujos direitos chegaram a ser comprados pela Globo, a vê como ""a primeira atriz moderna brasileira"", abrindo uma nova fase para o teatro. Lembra que sua liderança ""foi estimulada desde cedo pela própria circunstância familiar, do pai que deixa a família quando ela tinha nove anos"", ainda em Pirassununga, no interior paulista, onde ela nasceu. Cacilda ""passou a ter essa característica, de uma personalidade forte, arrimo das irmãs, que ia para a rua e brigava por seus interesses e, mais tarde, por aquilo que fez profissionalmente"". Daí a sua ""luta pela valorização do ator"" e o engajamento na defesa do teatro, culminando em 1968 com a tomada da dianteira nas ações contra a censura e a própria ditadura, tirando colegas da cadeia. Foi então que proclamou que ""todos os teatros são meus teatros"". Morreu pouco depois, aos 48 anos. O filho Cuca, Luiz Carlos Becker Fleury Martins, de 71 anos, estava com ela no intervalo de ""Godot"", em que ele fazia o Menino. ""Ela foi se sentar no fundo do palco. 'Meu filho, estou com uma dor de cabeça. Me dá uma Cafiaspirina?' Dei e ela repetiu 'que dor de cabeça' e começou a tombar."" A atriz Marília Pêra passava pela avenida Brigadeiro Luís Antônio, viu a ambulância na porta do Teatro Cacilda Becker e entrou. ""Alguém veio ao palco com a Cacilda nos braços e a passou para alguém na plateia. Ela foi sendo levada, o braço caído. Os dedos dela iam esbarrando pelas cadeiras, era como se estivesse tentando se segurar. Aquilo me marcou muito."" Morreu 39 dias depois, quando Cuca autorizou os médicos a desligarem os aparelhos. VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto) Até 28 de março de 2021, o Brasil contava mais de 312 mil mortes por Covid-19, 148 mortes por 100 mil habitantes. O país registra o maior número de óbitos por dia no mundo desde 9 março, quando ultrapassou os Estados Unidos na média móvel de 7 dias. O Brasil apresenta, ainda, uma taxa de aceleração da média diária de mortes por Covid-19 em 2021 frente à de 2020 de 100,7%, considerando a média diária de 1.350 registrada em 2021 e de 673 em 2020. Neste ritmo, o país ultrapassaria o marco de vidas perdidas em 2020 ainda no primeiro semestre de 2021. Desde o início da pandemia, a resposta do governo federal tem sido alvo de severas críticas. Ora pela instabilidade institucional (ao todo foram quatro ministros da Saúde em 12 meses), ora pela falta de coordenação com outros entes da federação, ou ainda pela lentidão na negociação para obtenção de vacinas, EPIs e demais insumos. Menos estudado, porém não menos importante, é a influência do discurso do presidente da República no comportamento da população. Por discurso, entendemos não apenas a retórica, mas o conjunto de falas, posicionamentos e atos públicos de uma liderança. Desde março de 2020, Jair Bolsonaro tem se posicionado frontalmente contra as medidas recomendadas pela comunidade científica. Através da criação de uma dicotomia artificial entre economia e saúde, se colocou como principal opositor a qualquer política de restrição da circulação de pessoas e de distanciamento social. Foi além: criticou o uso de máscaras, estimulou aglomerações, incentivou comerciantes a abrirem seus comércios e, por fim, advogou pelo uso de medicamentos e tratamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Bolsonaro é uma liderança extremamente carismática, com uma conexão direta e grande capacidade de engajamento junto a seu eleitorado. Quando candidato em 2018, obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno. A literatura científica aponta que lideranças políticas têm efeitos concretos no comportamento de seus seguidores. Para o caso brasileiro, Ajzenmann et al. (2020) mostram que o distanciamento social tendeu a ser relativamente menor, e a incidência de casos maior, em municípios que votaram mais em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, logo após demonstrações públicas do presidente se posicionando pela minimização da gravidade da crise e do risco sanitário nos primeiros meses da pandemia. Em 2021, no momento de maior gravidade da crise no país, cabe portanto perguntar em que medida a aceleração da mortalidade observada nas últimas semanas tem sido maior exatamente nos estados e municípios onde o presidente obteve mais apoio político e votos nas eleições de 2018. Como a literatura científica sugere, nestes lugares o discurso do presidente teria seu maior impacto sobre comportamento social. Extraímos o número de óbitos diários por Covid por município e estado até 28 de março de 2021. Para medir a aceleração do número de óbitos, calculamos primeiramente a média diária de óbitos ao longo de 2020, a partir da data do primeiro óbito por local, e também a média diária de óbitos no ano de 2021, até o dia 28 de março. Medimos a aceleração de óbitos como a variação percentual, por local, destas duas médias diárias. Além disso, analisamos a evolução da média móvel de sete dias de óbitos, tanto novos óbitos diários quanto totais, acumulados. Para medir a adesão ao distanciamento social em estados e municípios, usamos o Índice de Isolamento Social (IIS) ao nível municipal e estadual desenvolvido pela In Loco, uma companhia de tecnologia. Este índice consiste no percentual de indivíduos naquele município ou estado que permaneceram em casa por dia, coletado a partir de aplicativos de dispositivos móveis e disponibilizados de forma anonimizada. Especificamente, calculamos as médias mensais do nível de isolamento por local, e comparamos então as médias de março de 2021 e a de fevereiro de 2020, primeiro mês da amostra e único anterior à pandemia. Utilizamos dados das eleições presidenciais de 2018 disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em nível municipal. Assim como em Ajzenmann et al. (2020), calculamos o percentual de votos válidos em Jair Bolsonaro no primeiro turno por município e também o agregamos por estado. Figura 1. Evolução da média móvel de mortes por Covid-19 Como medida de alinhamento de governadores com o governo federal, criamos uma ""dummy"" de alinhamento com base na análise de uma série de pronunciamentos e presença em eventos promovidos pelo Governo Federal. Desta forma, classificamos como alinhados os governos estaduais do Acre, Amazonas, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima. A ""figura 1"" (acima) documenta a aceleração recente na média de óbitos: a média móvel de novos óbitos dividida por 100 mil habitantes, no gráfico da esquerda, encontra-se em ascendente, e mais de duas vezes superior à média registrada no pior momento de 2020. Em termos de óbitos totais, é possível verificar pelo gráfico da direita que estados cujos governadores são considerados alinhados ao governo federal ultrapassaram em janeiro de 2021 os óbitos totais dos estados cujas gestões não são consideradas alinhadas, divididos por 100 mil habitantes. A ""figura 2"" (abaixo) apresenta a aceleração da média diária de mortes por Covid-19 em 2021 frente à de 2020 —para municípios, capitais e estados, respectivamente— vis-à-vis o percentual de votos em Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2018. Nos três níveis de análise, nota-se uma correlação positiva entre o percentual de votos em Bolsonaro e a aceleração de óbitos em 2021. A começar pelo gráfico superior da ""figura 2"", notamos que municípios com maior proporção de votos em Bolsonaro apresentam maiores taxas de aceleração de óbitos em 2021 frente à média de 2020. Também podemos perceber o contraste entre municípios das regiões Sul e Nordeste: por um lado, a primeira apresentou os maiores percentuais de votos em Jair Bolsonaro, bem como as maiores taxas de aceleração de óbitos; por outro, a segunda exibiu os menores percentuais de votos em Jair Bolsonaro, bem como as menores taxas de aceleração de óbitos. Figura 2. Percentual de votos em Bolsonaro e taxa de aceleração de óbitos Nota: Dados de óbitos por Covid-19 por estado até 28/03/2021 obtidos em https://covid19br.wcota.me/. Municípios com menos de 10 óbitos em 2020 foram excluídos do painel (a). Dados eleitorais obtidos em https://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/repositorio-de-dados-eleitorais-1/repositorio-de-dados-eleitorais. O caso das capitais não é diferente, como descrito no segundo gráfico da ""figura 2"". Aquelas com maior proporção de votos em Bolsonaro apresentam as maiores taxas de aceleração de óbitos em 2021 frente à média de 2020. Tomemos o caso de Boa Vista (RR): trata-se da capital com o segundo maior percentual de votos em Bolsonaro (69,3%) e a quinta colocada no que se refere à taxa de aceleração de óbitos (134,8%). Já São Luis (MA) contabilizou o quarto menor percentual de votos em Bolsonaro (36,6%), bem como a segunda menor taxa de aceleração, com uma queda de 21% na média de 2021. No último painel da ""figura 2"", podemos observar o caso dos estados. No Piauí, por exemplo, estado com menor percentual de votos em Bolsonaro no primeiro turno (18,8%), a taxa de aceleração de óbitos é uma das mais baixas (34,6%). Em Santa Catarina, por outro lado, Bolsonaro recebeu 65,8% dos votos válidos no primeiro turno —trata-se do estado que proporcionalmente mais votou em Jair Bolsonaro no primeiro turno— e a taxa de aceleração de óbitos superou 200% em 2021. Em seguida nos voltamos ao distanciamento social, como possível mecanismo por trás desta correlação. A ""figura 3"" (abaixo) descreve como o apoio a Bolsonaro está relacionado ao distanciamento social. De forma similar aos resultados de Ajzenmann et al. (2020), verificamos que quanto maior o apoio a Jair Bolsonaro, menor o índice de distanciamento social no estado frente à média de fevereiro de 2020, anterior à pandemia. Novamente percebemos as regiões Sul e Nordeste em situações bastante distintas: municípios do Nordeste apresentaram em março de 2021 níveis de distanciamento social mais elevado, em relação a antes da pandemia, enquanto os do Sul registraram níveis mais baixos, assim como os do Sudeste. Para fins de comparação, o Brasil registrou uma média de 29,9% de distanciamento em fevereiro de 2020 e de 37,8% em março de 2021 —uma diferença de 8 pontos percentuais. Figura 3. Percentual de votos em Bolsonaro e distanciamento social Nota: Dados eleitorais obtidos em https://www.tse.jus. br/eleicoes/estatisticas/repositorio-de-dadoseleitorais-1/repositorio-de-dados-eleitorais. Dados de distanciamento social compartilhados de forma anonimizada pela In Loco. Representamos no gráfico a diferença entre a média do percentual de indivíduos por local permanecendo em casa a cada dia, para o mês de março de 2021, subtraída da média de fevereiro de 2020. Dados de distanciamento em março de 2021 foram disponibilizados para 1.639 municípios, mas a correlação negativa se preserva na comparação com outros meses com maior cobertura dos dados de distanciamento (junho, setembro e dezembro de 2020, com cobertura de 4.666, 4.246 e 2.020 municípios, respectivamente). Ainda que o presente trabalho tenha caráter descritivo, os resultados indicam a existência de uma relação positiva entre apoio eleitoral ao presidente e a aceleração da mortalidade por Covid-19 em 2021 no Brasil. A mortalidade tem acelerado exatamente nos estados e municípios que mais votaram em Bolsonaro em 2018 e onde o distanciamento social tem sido menor —portanto, em lugares mais alinhados e suscetíveis à retórica do presidente. Neste sentido, apoio político e eleitoral a Bolsonaro têm correlação direta com mortalidade: mais votos, menos vidas. Beatriz Rache Mestre em economia e pesquisadora do Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) Miguel Lago Mestre em ciência política e diretor executivo do Ieps Fernando Falbel Estudante na Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) e estagiário do Ieps Rudi Rocha Doutor em economia, é professor da Eaesp-FGV e diretor de pesquisas do Ieps TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Infortúnios nos ensaios, acidentes no palco e textos clássicos carregados de lendas e maldições. Nem sempre as intrigas da coxia são mostradas no palco, mas dois espetáculos virtuais, baseados em obras de William Shakespeare, invertem essa dinâmica e fazem desses bastidores o seu enredo. São elas ""Macbeth 2020"", de Luis Lobianco com atores convidados da Cia. Buraco Show, e ""Off Hamlet"", da Cia. Práxis Arte e direção de Erick Gallani. É extensa a lista de personagens em quem Luis Lobianco se desdobra em sua releitura de ""Macbeth"", todos arquétipos facilmente encontráveis nos camarins —ele é Hélio de Gales, apresentador de um documentário, Little John, um ator inglês, Rejane Galdán, uma diretora de teatro contemporâneo, Melchiades Veronese, um ator carioca, Carlo Strazzer, paulista e membro de companhias que montavam textos clássicos, além da diva portuguesa Brigitte Fausta e de Su Weismann, uma performer que mora em Nova York. O que eles têm em comum? Todos já encenaram esse sombrio texto de Shakespeare, e contam suas histórias amaldiçoadas numa peça online que brinca com a linguagem do ""mockumentary"", ou documentário falso. ""Sempre tive vontade de encenar 'Macbeth', uma peça maravilhosa, mas nunca me imaginei fazendo"", diz Lobianco. ""Naquele momento [de pandemia], naquela distopia toda, eu pensei 'Quer saber? O mundo está acabando mesmo, eu posso fazer o que eu quiser'"", afirma o ator. A ideia surgiu a partir da montagem de ""Parece Loucura Mas Há Método"", da Armazém Companhia de Teatro, de que Lobianco participou. Na peça feita pelo Zoom, nove personagens do bardo inglês eram ""cancelados"" pelos espectadores numa espécie de batalha virtual. Pesquisando sobre os vários protagonistas criados por Shakespeare, ele chegou às histórias de bastidores de ""Macbeth"", tida como uma peça maldita e envolta em casos trágicos e cômicos. ""Muita gente atribui ao caráter sombrio da peça, essa noite que não tem fim, com muita morte e sangue, ao fato de Shakespeare estar confinado, com medo, escrevendo"", diz Lobianco, sobre a hipótese de que o autor teria escrito a peça durante a peste bubônica. ""Ao mesmo tempo, eu não queria botar mais tragédia na roda. Tentei ver algum aspecto mais cômico ou curioso dessa história e cheguei a esses relatos de várias pessoas, ao longo dos 400 anos de existência do texto."" No palco, a diva portuguesa de ""Macbeth 2020"" já foi picada por uma lacraia fazendo o papel de Lady Macbeth. Já a diretora de teatro contemporâneo, que acha essas maldições uma grande besteira, viu toda a sua equipe se acidentar durante a montagem da peça —mas continua a defender que nada disso tem a ver com o texto, claro. Além de trazer essas personas típicas do meio teatral, a peça foi gravada no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, o que a torna também uma homenagem ao setor, gravemente afetado pela pandemia de coronavírus. O figurino também é artesanal, ""quase mambembe"", diz Lobianco —a caracterização do ator é feita com perucas de papel, por exemplo. ""Pesquisando sobre Shakespeare, trazendo essas histórias que são do universo do teatro e voltando com a minha equipe para esse espaço com a Lei Aldir Blanc, a peça é uma homenagem à nossa classe. Estamos precisando de reconhecimento, carinho, esperança, de rir de nós mesmos"", afirma. Segundo o diretor Erick Gallani, a ideia de trabalhar com um texto de Shakespeare é anterior à pandemia de coronavírus –começou em 2015. Mas foi o formato digital e gravado da peça, impulsionado justamente pela impossibilidade de fazer espetáculos presenciais, que deu a cara de ""Off Hamlet"". ""O que me interessa é debater como o audiovisual pode ser teatral"", afirma Gallani. O espetáculo da Cia. Práxis Arte mostra uma série de bastidores de uma montagem da peça de Shakespeare, com discussões sobre a própria obra e os personagens do autor inglês. Assim como em ""Macbeth 2020"", ""Off Hamlet"" se vale de técnicas de corte e de edição do audiovisual e mantém uma roupagem documental para criar essa espécie de making of do espetáculo. No registro fílmico desse processo criativo, no entanto, eles mantém a presença das artes cênicas em outros elementos. O diretor decidiu, por exemplo, não inserir uma trilha sonora e manter o barulho do galpão em que gravaram a peça integralmente. Gallani também faz uma leitura do próprio programa da peça durante a gravação. ""'Hamlet' é um texto que dá possibilidades inúmeras do que você quiser, e nesse caso estou discutindo o YouTube"", diz ele, que defende que a ideia é trabalhar com a mediação da tela e das mídias digitais na apresentação de um trabalho cênico. A vacinação contra a Covid-19 no Brasil começou em 17 de janeiro e primeiro atingiu profissionais de saúde e pessoas acima de 90 anos. Aos poucos, a faixa etária foi diminuindo e outros grupos passaram a ser incluídos, como os policiais, agentes penitenciários e professores. Em maio, pessoas com comorbidades também começarão a receber a imunização, mas as regras variam entre os estados, a começar por quais tipos de doença serão consideradas primeiro e em quais faixas etárias. Também diferem quais comprovantes que demonstram pertencer ao grupo de risco (exames, receitas, relatório ou prescrição médica) serão aceitos e se é necessário ou não fazer um pré-cadastro ou agendamento prévio. O que é preciso ficar em mente é: se você pertence a alguma faixa etária ou grupo prioritário já contemplado pela vacina, pode se imunizar em qualquer momento nos postos de saúde espalhados pelo país. Veja como está a vacinação em diferentes estados e os grupos já anunciados.  SÃO PAULO Pessoas de 65 e 66 anos: 21 de abril Pessoas de 64 anos: 23 de abril Pessoas de 63 anos: 29 de abril Pessoas de 60, 61 e 62 anos: 6 de maio Policiais e agentes penitenciários: começou em 5 de abril Professores do ensino básico (infantil, fundamental e médio): começou em 12 de abril Metroviários e ferroviários: a partir de 11 de maio Motoristas e cobradores de ônibus: a partir de 18 de maio Pessoas com comorbidades: pessoas com síndrome de Down, pacientes transplantados e pacientes renais em diálise poderão ser vacinadas a partir de 10 de maio. Questionada sobre as regras para vacinação deste público, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que as pessoas devem se cadastrar no site Vacina Já e portar laudo médico autorizando a aplicação de dose da vacina. No caso dos transplantados, a pasta afirma que também é recomendável a apresentação de receita médica do medicamento imunossupressor em utilização pelo paciente. RIO DE JANEIRO Pessoas de 61 anos: mulheres podem ser vacinadas no dia 19 de abril, homens no dia 20 e todos no dia 21 Pessoas de 60 anos: mulheres podem ser vacinadas no dia 22 de abril, homens no dia 23 e todos no dia 24 Profissionais da saúde: cada dia abrange uma idade; no dia 20 de abril foram vacinados os de 48 anos. É preciso levar comprovante dos conselhos de classe Profissionais da educação: funcionários públicos foram antecipados para 17 de abril (55 anos ou mais) e para 24 de abril (50 anos ou mais). É preciso apresentar dois últimos contracheques ou declaração do local de trabalho Pessoas com comorbidades: serão vacinadas em 26 de abril, começando pelos que têm 59 anos —a idade avança a cada dois dias. Inclui diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, doença renal crônica, anemia falciforme, obesidade mórbida, entre outras. É preciso apresentar atestado ou três últimas receitas médicas. Pessoas com deficiências permanentes serão vacinadas em 26 de abril, começando pelos que têm 59 anos — a idade avança a cada dois dias. Inclui pessoas com qualquer tipo de deficiência física ou intelectual, síndrome de Down e transtorno do espectro autista. É preciso apresentar atestado, receita médica ou cartão de gratuidade do transporte público Forças de segurança e limpeza urbana: vacinação começará em 26 de abril pelos que têm 59 anos — a idade avança a cada dois dias. Inclui policiais, guardas municipais, bombeiros e agentes penitenciários na ativa. É preciso apresentar os três últimos contracheques ou declaração do local de trabalho MINAS GERAIS Pessoas de 61 anos: Desde quinta (22), a capital mineira avança com a vacinação para pessoas com 61 anos. Seguindo o Ministério da Saúde, Belo Horizonte fará vacinação de pessoas com comorbidades, seguindo critério de faixa etária, dos 59 anos até os 18 anos, mas depende de novas doses para dar início a essa fase Pessoas de 74 e 73 anos: A capital aplica a segunda dose no sábado (17) Trabalhadores da saúde: Pessoas entre 43 e 49 anos serão vacinadas a partir da quinta-feira (15), com cadastro no portal da prefeitura Trabalhadores da educação: Ainda sem previsão, depende de novas remessas. Forças de segurança. Estado anunciou início em 7 de abril; trabalhadores da segurança já começaram a ser imunizados na capital ESPÍRITO SANTO Pessoas de 60 a 64 anos: Vitória vacinou pessoas de 60 a 64 anos no sábado (10), mas espera remessa de novas doses, prevista para sexta, para continuar. Apenas pessoas acamadas, nesta faixa etária, seguem sendo vacinadas Trabalhadores da educação: Ato simbólico iniciou vacinação de profissionais das redes pública e privada, nesta quinta(15). Nos municípios, deve começar na próxima semana. Capital ainda não divulgou data. Forças de segurança: capital iniciou na terça-feira (13) a vacinação de profissionais das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas. PARANÁ Pessoas com mais de 64 anos (nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho): a partir de sábado, 24 de abril em Curitiba 64 anos (nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro): domingo, 25 de abril 63 anos (nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho): segunda-feira, 26 de abril 63 anos (nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro): terça-feira, 27 de abril Também segue a aplicação de segunda dose em quem já recebeu a primeira RIO GRANDE DO SUL Pessoas com 61 anos ou mais: começaram a ser vacinadas no dia 19 de abril em Porto Alegre. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina Trabalhadores do setor de transporte: no dia 19 de abril, 472 agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) começaram a ser vacinados Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua sendo feita a aplicação de segunda dose nos grupos previamente vacinados SANTA CATARINA Pessoas com 64 anos: começaram a ser vacinadas em Florianópolis em 20 de abril. Depois, a aplicação de doses em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina DISTRITO FEDERAL Pessoas de 66 anos: No Distrito Federal estão sendo vacinadas as pessoas com 66 anos ou mais. A imunização de idosos de 65 e 64 anos começou no dia 17 de abril Profissionais de saúde: os profissionais de saúde que trabalham no setor privado também estão sendo contemplados. As doses estão disponíveis para os que conseguiram agendar Forças de segurança: os profissionais começaram a ser vacinados no dia 5 de abril. Apesar da data constar como o primeiro dia da vacinação para esse público, anteriormente os profissionais já estavam sendo contemplados com as doses remanescentes GOIÁS Pessoas de 72 anos: Goiânia está aplicando a segunda dose em pessoas a partir dessa idade; a capital aguarda a chegada de vacinas para retomar a aplicação da primeira dose Trabalhadores da saúde: Profissionais com idades acima de 50 anos estão sendo imunizados MATO GROSSO Pessoas de 65 a 69 anos: essa faixa etária está sendo vacinada com a primeira dose em Cuiabá, que também está aplicando a segunda dose para idosos acima de 80 anos. Pessoas com comorbidades: Cuiabá terminará no dia 23 de abril a vacinação de cerca de 600 pessoas com problemas renais, que estão sendo imunizadas nas clínicas em que fazem hemodiálise. Todas já possuem cadastro na pasta Forças de segurança: a Prefeitura de Cuiabá diz que está vacinando conforme a chegada de doses; a cada remessa chega um percentual para esse público Trabalhadores da saúde: estão recebendo a segunda dose da vacina MATO GROSSO DO SUL Profissionais da saúde: trabalhadores da saúde com 38 anos ou mais que atuam em clínicas de diagnóstico, laboratórios, farmácias, consultórios, clínicas veterinárias, centros de tratamento oncológico e pequenos hospitais começam a ser vacinados em 19 de abril em Campo Grande Pessoas com comorbidades: no dia 21 de abril serão vacinadas grávidas a partir da 12ª semana de gestação com comorbidades preexistentes em Campo Grande. Será necessário apresentar a carteirinha do pré-natal e o laudo médico que autorize a imunização e comprove uma das condições ou comorbidades. A vacinação dos demais grupos foi interrompida no dia 16 de abril na capital, quando houve repescagem de pessoas com 61 anos ou mais que ainda não haviam recebido a primeira dose. Agora, a aplicação em outros grupos está condicionada ao recebimento de novas remessas da vacina. Também continua sendo feita a aplicação de segunda dose ALAGOAS Pessoas de 60 anos: a vacinação desse grupo etário estava em andamento em Maceió, mas a aplicação da 1ª dose foi interrompida nesta quinta-feira (15) Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 5 de abril Pessoas com comorbidades: vacinação de adultos com síndrome de Down, pacientes renais crônicos com mais de 18 anos e pessoas com outras comorbidades a partir de 59 anos começou em 20 de abril em Maceió BAHIA Pessoas de 61 anos: foi iniciada na sexta-feira (16). A partir do fim de semana, começou a vacinação de pessoas com 60 anos. Pessoas com comorbidades: pacientes renais crônicos de 18 a 59 anos que dependem de hemodiálise iniciaram vacinação em Salvador na última semana. O próximo grupo será composto pelas pessoas com síndrome de Down, cujo cadastro já foi iniciado. Para ficar apta para a vacinação, a pessoa deve ser cadastrada em um sistema da prefeitura pelo médico que a acompanha. Em seguida virão, por ordem, transplantados, imunossuprimidos (com sistema imunológico comprometido) e pacientes com doenças renais crônicas que não fazem hemodiálise Forças de segurança: vacinação de policiais, guardas municipais e fiscais da prefeitura acima de 50 anos que estão em atividade começou na quarta-feira (31) na capital baiana CEARÁ Pessoas de 62 anos: faixa etária que está sendo vacinada nesta semana na capital cearense Forças de segurança: vacinação foi iniciada no dia 11 de abril MARANHÃO Pessoas de 63 anos: São Luís começou a vacinar em 15 de abril pessoas com 63 anos que fazem aniversário no segundo semestre. A prefeitura diz que ainda define novo cronograma para as demais faixas etárias Forças de segurança: a Prefeitura de São Luís começou a vacinar profissionais das forças de segurança no último dia 5 de abril PARAÍBA Pessoas de 60 anos: a vacinação deste grupo etário estava em andamento em João Pessoa desde o dia 3 de abril, mas a aplicação da 1ª dose foi suspensa no dia 13 de abril Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 8 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PERNAMBUCO Pessoas de 62 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento no Recife desde o dia 10 de abril. Não há previsão para novos grupos Forças de segurança: iniciada no dia 6 de abril Trabalhadores da educação: ainda não há previsão PIAUÍ Pessoas de 67 anos: pessoas com 67 anos foram vacinadas no dia 11. A prefeitura de Teresina aguarda o envio de novas doses para a definição de novo cronograma. Na sexta (16), foi aplicada a segunda dose em idosos com 78 anos Pessoas com comorbidades: em Teresina, estão sendo vacinadas pessoas com deficiência com mais de 60 anos e ao menos duas comorbidades, além de doentes renais crônicos. Entre as comorbidades estão diabetes, pneumopatias crônicas graves e hipertensão arterial resistente. Para a vacinação de doentes renais, a lista de pacientes é fornecida pelas clínicas locais. Nos outros casos, é necessário apresentar carteira de identificação de pessoa com deficiência ou laudo que comprove a deficiência, além de documento que indique a comorbidade associada. A secretaria não especifica quais documentos são aceitos. É preciso apresentar ainda CPF ou cartão SUS e documento de residência no município. Professores de ensino básico: a Prefeitura de Teresina aguarda doses para definir o calendário Forças de segurança: agentes das forças de segurança receberam a primeira dose entre os dias 5 e 9 de abril RIO GRANDE DO NORTE Pessoas de 62 anos ou mais: Natal começa a vacinar pessoas nesta faixa etária neste fim de semana. Na segunda-feira (26), a vacinação começa para quem tem 61 anos. A capital potiguar também aplica a segunda dose da Coronavac para quem foi vacinado até 27 de março Pessoas com comorbidades: em 30 de março, Natal chegou a começar a imunização de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, com idades a partir de 18 anos, mas a vacinação foi suspensa por uma decisão judicial do dia 1 de abril. Ministério Público e Defensoria Pública pediram à Justiça que estado e município se adequassem ao plano nacional, se abstendo de incluir ou modificar a ordem dos grupos prioritários sem autorização do Ministério da Saúde, para evitar prejudicar aqueles que estavam em fase de imunização. Segundo a Secretaria da Saúde da capital, 660 pessoas, entre autistas e pessoas com síndrome de Down, chegaram a ser vacinadas Forças de segurança: a capital segue o estado, que começou no dia 8 de abril, de forma escalonada e com prioridade de acordo com a exposição dos servidores ao contágio SERGIPE Pessoas com 61 anos: vacinação deste grupo etário iniciada em Aracaju Pessoas com comorbidades: o estado antecipou vacinação de pessoas com mais de 18 anos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down. No primeiro caso, a inclusão foi por causa de comorbidades como problemas cardíacos, hipertensão, baixa imunidade e, em alguns casos, obesidade. No segundo, o estado também levou em conta uma suposta dificuldade que alguns têm de seguir os protocolos de prevenção e distanciamento social Forças de segurança: vacinação de integrantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal e Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito Pessoas com comorbidades: vacinação de pessoas com síndrome de Down e autistas começou em 13 de abril ACRE Pessoas de 61 anos: a aplicação da primeira dose em pessoas de 61 anos foi suspensa em 13 de abril em Rio Branco. O município aguarda a chegada de mais doses para retomar o cronograma Forças de segurança: a vacinação já começou, mas foi interrompida no dia 13 de abril AMAPÁ Pessoas de 60 anos: Macapá está vacinando, primeira e segunda doses, de pessoas a partir dessa faixa etária faltosos em datas anteriores Pessoas com comorbidades: a capital iniciou a vacinação de pacientes com comorbidades. No dia 12 de abril foram vacinados transplantados (coração, rim, fígado e pulmão), doentes hematológicos e pacientes oncológicos e, no dia seguinte, os que têm doenças respiratórias crônicas ou são cardiopatas. Elas precisaram fazer um pré-cadastro e apresentar atestado, laudo médico ou ficha de acompanhamento de doenças crônicas Forças de segurança: imunização começou na última semana, mas foi paralisada porque as vacinas acabaram AMAZONAS Pessoas de 55 a 59 anos com comorbidades: a vacinação para esse grupo etário em Manaus foi iniciada dia 12. Também vacina pessoas com menos de 60 anos com comorbidades como cardiopatias, diabetes e obesidade Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 28 de março Trabalhadores de educação: vacinação iniciada no dia 20 de março para profissionais com idade entre 18 e 49 anos e com comorbidades PARÁ Pessoas de 60 anos: a vacinação para esta faixa etária está em andamento em Belém. Não há previsão para outros grupos Forças de segurança: vacinação iniciada no dia 20 de março RONDÔNIA Pessoas de 63 anos: o agendamento para vacinação de pessoas com 63 anos está temporariamente suspenso em Porto Velho. Pessoas vacinadas entre os dias 18 e 19 de março receberiam a segunda dose entre os dias 15 e 16 Forças de segurança: a vacinação de profissionais de segurança começou no dia 3 de abril RORAIMA Pessoas de 60 anos: a vacinação para essa faixa etária está em andamento em Boa Vista, para primeira e segunda doses Forças de segurança: a capital iniciou a vacinação da categoria, após ter recebido repasse de doses específicas para a classe TOCANTINS Pessoas de 66 anos: Palmas começou a vacinação de pessoas nesta faixa etária no dia 15 de abril Trabalhadores da saúde: capital estendeu a vacinação para este público para além dos trabalhadores da linha de frente contra a Covid-19 Forças de segurança: doses para vacinação de membros das forças de segurança e salvamento do estado e das Forças Armadas começaram a ser distribuídas na quarta (14) e iniciaram na quinta no Tocantins A nova lei de licitações, sancionada com vetos na última quinta-feira (1º) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), estabelece uma gama maior de crimes do que os previstos nos antigos regulamentos e é dura ao penalizar o agente público. O texto, que já está em vigor, substitui a Lei Geral das Licitações (8.666/93), a Lei de Regime Diferenciado de Contratações Públicas (12.462/11) e a Lei do Pregão (10.520/02), que até última semana regulavam as compras do Estado. Agora, o novo texto inaugurou um capítulo inteiro no Código Penal. Entre outras tipificações, o capítulo pune fraude à licitação com pena de reclusão de quatro a oito anos e multa. A Lei Geral das Licitações, de 1993, punia ação correspondente com reclusão de dois a quatro anos, além de multa. São listadas cinco formas de fraude: entregar mercadorias ou prestar serviços diferentes dos previstos no edital; fornecer como verdadeira mercadoria falsa ou deteriorada; alterar qualidade ou quantidade da mercadoria ou do serviço fornecido e qualquer fraude que ""torne injustamente mais onerosa"" a compra para a administração pública. Outras ações contempladas pelo capítulo são, por exemplo, ""afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem"", cuja pena será de reclusão de três a cinco anos. Já admitir empresa ou profissional declarado inidôneo na licitação poderá ser punido com reclusão de um a três anos e multa. O excesso de regras e detalhamento de procedimentos, segundo Luís Felipe Valerim, professor de direito na FGV e sócio de XVV Advogados, pode engessar o administrador público. ""Os desvios acontecem e devem ser punidos, sem dúvida. Mas do universo de contratações, eu deveria dar mais liberdade para o gestor desenhar contratações melhores"", afirma. Valerim explica que a nova lei é mais rigorosa por ter ""mais tipos penais"". ""É um pouco a lógica de que o gestor precisa ter rédea, senão ele faz bobagem. Eu acho essa premissa bastante equivocada"", diz. O novo capítulo no código penal substituiu os artigos 89 a 108 da Lei 8.666, que tipificavam os crimes em um processo de licitação. Eles foram revogados pelo artigo 193 da nova regulamentação. ""A lei tirou o capítulo de crimes da lei de licitações e incorporou ao código penal"", afirma Rafael Valim, sócio do escritório Warde Advogados. ""Ela não revogou os crimes de fraude."" De acordo com os entrevistados, a lei pode também ter consolidado medidas que indiretamente evitam casos de corrupção. Os agentes públicos não saberão mais quais empresas estão interessadas em um edital, por exemplo. Isso porque a nova lei proíbe a exigência de identificação para acessar as informações da licitação no novo portal, a ser criado, que reunirá todos os processos de licitação: o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). Além disso, as autoridades que tiverem atuado de acordo com a orientação dos órgãos de assessoramento jurídico terão direito à defesa pela Advocacia Pública. ""Essa é uma medida muito importante até para efeito de corrupção. Porque os agentes públicos, muitas vezes, faziam um colchão para pagar advogado. Esse é um ponto muito relevante para segurança jurídica"", afirma Valim. Uma recorrente origem de corrupção que se manteve na lei foi a possibilidade de transferência da responsabilidade por licenciamento ambiental e desapropriações ao contratado. ""É uma grande causa de obra parada"", diz Valim. Isso porque entre a licitação de uma obra até a sua execução, o número de famílias em um terreno, por exemplo, pode aumentar. O prazo e o preço, portanto, também vão mudar. ""O processo fica caro, muitas vezes é uma fonte de corrupção e às vezes a empresa até desiste da obra. Essas são providências que têm que anteceder a licitação"", afirma. O primeiro ato do general Braga Netto como ministro da Defesa foi de obediência a Bolsonaro e de confronto com a inquietação deflagrada nos altos comandos do Exército, da Marinha e da Força Aérea. Braga Netto frustrou o ato, muito simbólico, dos comandantes das três Forças: antecipou-se, demitindo-os, à entrega dos seus cargos em resposta à exoneração do general Fernando Azevedo e Silva, até então ministro da Defesa. Mas as exonerações em questão eram outras. A insatisfação de Bolsonaro com a falta de pronunciamentos políticos do general Azevedo, para fortalecê-lo em seu isolamento crescente, concentrou as explicações para a turbulência. Esses raciocínios, muito defensáveis, embalaram-se até à função das Forças Armadas e sua relação com governos e política. Por isso, soterraram uma causa primordial para a mexida de Bolsonaro na Defesa e a perigosamente importante nomeação do delegado Anderson Torres para ministro da Justiça. Um dos personagens mais relevantes no problema entre Bolsonaro e o Exército ficou citado apenas como um dos ministros substituídos. Ministro da Saúde ideal para Bolsonaro, pela dócil obediência e, sobretudo, pela tolerância aos efeitos letais de que foi agente, para o Exército o general Pazuello veio a ser um problema. Em parte, pela projeção do seu desempenho sobre a Força e a capacidade dos colegas. E também por ser da ativa, o que agravava a situação. O general Luís Eduardo Ramos resistiu pouco e passou à reserva, para continuar no Planalto. Pazuello, não. O comandante do Exército, Edson Pujol, não absorveu os problemas representados pelo general da Saúde e da mortandade. Para Bolsonaro, a saída necessária não era a de Pazuello. Passava a ser de Pujol. Fora de cogitação, no entanto, para o ministro Azevedo. Nem com um cargo prestigioso nas Forças Armadas, para compensar a obediência de Pazuello, Bolsonaro contava obter do general Pujol, considerando que também as pressões externas contra o Ministério da Saúde chegavam à saturação. Se é assim, vai-se Pazuello, mas com ele vão Azevedo e Pujol. Braga Netto promete, desde o primeiro ato. Mas esquentou o clima, e nem no plano interno há alguma clareza sobre o que surgirá depois da fumaça.As atenções deslocaram-se para o general Paulo Sérgio Oliveira, sucessor de Edson Pujol. Muitos atribuem especial sentido à nomeação, por serem contrárias ao cloroquínico Bolsonaro todas as suas bem sucedidas providências antipandemia no Exército. Vai ver, foi elevado a novo cargo para não dar mais entrevistas sobre a eficácia de máscaras, distanciamentos e ficar em casa. Ou foi escolha de Braga Netto, pela eficiência sem lado.Deduzir desse entrevero todo, como tantos comentaristas e cientistas políticos (mais isso, menos aquilo), que “os militares têm consciência de que servem ao Estado e não ao governo”, e outras tiradas oníricas, vai toda a distância a que estamos da segurança institucional e democrática. Enquanto faltar a coragem moral de reconhecer que antecessores seus cometeram crimes bárbaros e estrangularam as liberdades e demais direitos universais, os militares não estarão a serviço legítimo da sua função de Estado. Porque não repudiam o que há de mais criminoso contra os princípios da vida em comum e do Estado democrático. Em sendo assim, pode-se até concluir que chamados de militares são uma classe de servidores armados e fardados, com privilégios que os distinguem, praticantes de política e intervencionismo por métodos próprios e proporcionados pelas armas. Militares propriamente ditos, militares autênticos, no entanto, são profissionais apartidários em ideologia e em política, armados pela sociedade para, em seu nome, servir ao Estado e à nação. O Brasil ainda não conheceu essa classe. Seis pretendentes a candidatos à Presidência — Henrique Mandetta, Ciro Gomes, João Doria, Eduardo Leite, João Amoêdo e ainda Luciano Huck — assinaram uma carta pública apresentando-se como defensores da democracia. Defendê-la é muito oportuno. Contudo, no caso cabem ressalvas. Qualquer político pode defender a democracia. Nenhum, porém, que tenha apoiado a eleição de Bolsonaro, ainda que de modo indireto, tem condições morais de fazê-lo. Todos sabiam quem era Bolsonaro, conheciam suas defesas da ditadura, da tortura, sua louvação na Câmara ao criminoso coronel Ustra. Era a democracia que estava em jogo na eleição, e todos os políticos sabiam disso. Para defendê-la, nem precisavam superar sua ojeriza ao PT, havia outros candidatos democratas. Os que apoiaram Bolsonaro quiseram Bolsonaro. Defendam a democracia, que sabemos não o fazerem por ela. O funcionário da Presidência da República que se apropria de um talher de prata do Palácio do Alvorada tem pena de 2 a 12 anos de reclusão. O presidente da República que se apropria das Forças Armadas não comete delito comum. Quando menciona o “meu” Exército, como um sapato ou um soldadinho de chumbo, Jair Bolsonaro é apenas o fanfarrão golpista. Esse peculato político —outro exemplo seria o de nomear como “seu” algum ministro do Supremo Tribunal Federal— pode ser visto como crime de responsabilidade. O presidente é comandante das Forças Armadas: não é seu dono. Mas o processo por crime de responsabilidade depende da temperatura das ruas, do pessimismo econômico, do engajamento do presidente da Câmara dos Deputados e de um governante incapaz de governar. Dezenas de pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro repousam em gavetas de Arthur Lira. No Senado, Rodrigo Pacheco impede a instalação da CPI da Covid. Lira e Pacheco são sócios na operação de salvamento de Bolsonaro. Por isso, o empenho em remover peças ministeriais inconvenientes. O novo ministro da Saúde declara ter “compromissos” com a ciência, mas enaltece a continuidade da gestão criminosa de Eduardo Pazuello. Fala em nome do presidente, ainda que, de canto, o presidente o desminta. Marcelo Queiroga faz o papel do animador otimista, que manda olhar para a frente e esquecer o passado. “Não é hora de fazer calor”, explica o médico bolsonarista, como se fosse possível deixar para lá o que aconteceu, o número de mortos, o colapso hospitalar, a falta de vacina, o desrespeito à ciência. A cena dos três emissários luzentes do negacionista (Lira, Pacheco e Queiroga), depois de reuniões secretas e estúpidas, falando em união e convergência, mas sem estender a mão a governadores do Brasil, faz parte do planejamento publicitário da campanha de 22, uma espécie de “prova” de que o presidente, além de instruir os brasileiros a adotar as cautelas sanitárias, trouxe a vacina. Lira é rude e ligou o sinal amarelo. Para que não existam dúvidas sobre poder e prestígio, nomeia ministra de Estado a esposa de um modelo de político corrupto, que passa a repartir os corredores do palácio presidencial com os filhos cretinos de Bolsonaro, assessores supremacistas, militares e pastores de reputação duvidosa, tiras e diplomatas obscuros. Ao escolher Flávia Arruda, Arthur Lira retribui a nomeação incômoda da golpista Bia Kicis para a (estratégica) presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Há quem veja Pacheco como um simpático e mineiro boneco de Olinda, todo malemolente, não se sabe se indo ou voltando. Rodrigo Pacheco é o oposto de Tancredo Neves. Tancredo trabalhou sempre pela democracia. Oportunista e dissimulado, Pacheco conspira (com ponderação e sem radicalismo) contra a democracia. A hora é de fazer calor. Investigar a tragédia sanitária provocada pelo presidente. Pacheco e Lira fazem parte do comitê de reconstrução do discurso eleitoral de Bolsonaro, que, entre outras façanhas, já reduziu o orçamento da Saúde e da Educação e deixou o IBGE sem recursos para o Censo —essencial para o planejamento do futuro. Bolsonaro pretende enterrar a Nova República. A faixa etária da contaminação diminui paulatinamente. Os que acreditam que a união em torno do presidente crápula é útil ou necessária também são, como os milicianos, seus correligionários. “Procuramos médicos, mas está complicado encontrá-los”, diz Nivaldo Antônio Ceron, diretor do Hospital São Sebastião, em Treze de Maio, no interior de Santa Catarina. Ele conta que há momentos em que o hospital não tem médicos nos plantões, mesmo com pacientes internados com covid-19. “Nossa situação é bastante caótica”. O desabafo do diretor hospitalar resume um problema vivido em outras partes do Brasil. Enquanto o país atravessa o pior momento da pandemia, gestores têm dificuldades para contratar médicos não só para UTIs, mas também para outros atendimentos da população, inclusive na linha de frente da pandemia. Apesar disso, o país ignora os cerca 15 mil profissionais que vivem no Brasil, mas não podem trabalhar porque se formaram no exterior e não revalidaram o diploma. Eles poderiam ser uma solução para ao menos aliviar o colapso do sistema de saúde, mas a alternativa esbarra no corporativismo das entidades médicas e na lentidão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A legislação permite que médicos com diploma estrangeiro trabalhem no SUS por meio do Mais Médicos, programa criado em 2013 para garantir profissionais nas periferias dos grandes centros e em cidades pequenas do interior. Porém, o Ministério da Saúde não abre novas vagas para esses profissionais desde maio de 2019. No ano passado, apenas cubanos foram autorizados a voltar ao programa, com a reincorporação de 1.000 dos mais de 8.000 que trabalhavam até 2018 – quando Cuba suspendeu a parceria, após Bolsonaro exigir a revalidação dos diplomas cubanos e a contratação individual dos médicos. Uma segunda alternativa seria a prova de revalidação dos diplomas, o Revalida, mas o Ministério da Educação não realiza o exame completo desde 2017. O último teste começou em dezembro de 2020, mas concluiu-se apenas a primeira etapa (teórica) e não há data para a prova prática. Uma lei de 2019 exige a aplicação a cada seis meses, o que nunca foi cumprido. Com a urgência da pandemia, prefeituras, governos estaduais e órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) passaram a recorrer à Justiça para que sejam autorizadas contratações emergenciais desses profissionais. Mas o esforço tem sido inútil, pois todas as decisões favoráveis caíram na segunda instância, a pedido do Conselho Federal de Medicina e das entidades médicas regionais, impedindo as contratações. “Por que não lançar mão de profissionais habilitados que já estão no país, ociosos e disponíveis para trabalhar de imediato? Enquanto isso, a população fica sem atendimento? É um contrasenso”, afirma Fábio de Oliveira, procurador regional substituto dos Direitos do Cidadão do MPF em Santa Catarina. Ele ajuizou ação contra o governo estadual e a União para que seja zerada a fila de espera por UTI no estado – atualmente em 360 pessoas. Ele questiona a lentidão do governo, já que a lei permite a contratação de médicos sem o revalida por meio do Mais Médicos. “Há possibilidade de a União entregar isso de maneira célere”, afirma, citando como exemplo a contratação rápida de profissionais no Amazonas, em janeiro. Médicos ligados a sindicatos e associações de especialistas disseram à Repórter Brasil que médicos com diploma estrangeiro não representam uma solução para a escassez de profissionais em UTIs, já que em geral estão no começo da carreira e não costumam ter experiência nessa especialidade. No entanto, alguns eventualmente podem ter experiência em UTI ou poderiam atuar em outras frentes da pandemia, como nos casos menos graves. O Ministério da Saúde lançou novo edital do Mais Médicos em março com 2.900 vagas, mas somente para profissionais formados no Brasil ou com diploma revalidado. Em 2017, o programa chegou a ter 18.240 médicos, dos quais 8.671 eram cubanos. Hoje, em meio a pandemia, são 15.370 profissionais. Ao todo o Brasil tem 500 mil médicos em atividade.Para o procurador de Santa Catarina, o edital de março é um “deboche”, já que prevê apenas 92 vagas para o estado, enquanto ele calcula que seriam necessárias 296. Procurado pela Repórter Brasil, o Ministério da Saúde disse que lançou editais do Mais Médicos tanto para prorrogar a adesão de profissionais que já estavam no programa como para contratar novos. A pasta diz que o último edital priorizou quem tem diploma brasileiro ou revalidado, pois os médicos com diploma estrangeiro “precisariam passar por análise de documentos de outros países, além de participar do Módulo de Acolhimento e Avaliação, o que levaria mais tempo para preencher as vagas”. Sobre o pedido do MPF em Santa Catarina, a pasta disse que vai se manifestar à Justiça. Além de Santa Catarina, a Repórter Brasil identificou ações judiciais para facilitar e acelerar a contratação de médicos na pandemia em outros nove estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Sergipe, Bahia, Acre, Pará, Amazonas e Roraima. Em São José do Norte, cidade gaúcha de 27 mil habitantes, uma unidade de saúde especializada em Covid-19 está fechada por falta de profissionais e não há médicos para todos plantões do hospital municipal. Após a Justiça autorizar, em março, a contratação de médicos sem diploma revalidado, a prefeitura recebeu mais de mil currículos em três dias. Mas o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul cassou a contratação no tribunal. O Consórcio Nordeste, com nove governadores da região, tentou montar em 2020 uma brigada de médicos sem diploma revalidado para atuação na atenção básica, com supervisão de outros profissionais. Porém, foi impedido pela Justiça, a pedido do CFM. Após o episódio, Maranhão e Bahia iniciaram seus próprios processos de revalidação de diplomas. No ano passado, a DPU em São Paulo também entrou na Justiça Federal para autorizar contratações, mas a ação foi negada após pedido do CFM. Em Roraima, o Conselho Regional de Medicina impediu na Justiça a contratação de médicos sem o revalida. Em outra ação, a prefeitura de Boa Vista pediu que a União realizasse o Revalida, já que o exame de 2020 não contemplou o município. A Justiça autorizou o pedido, que deve ser atendido em 60 dias. “A escassez de médicos no Norte é complicada, precisamos principalmente de clínico geral e médicos especialistas. Temos 20 vagas que não conseguimos preencher”, diz o procurador-geral do município, Flávio Grangeiro. O Conselho Federal de Medicina não respondeu aos contatos da Repórter Brasil. Já o presidente do conselho de Santa Catarina, Daniel Ortellado, disse que “é temerária e ilegal a contratação de profissionais que não se submeteram ao exame do Revalida”, já que não se pode garantir que eles “possuem, de fato, conhecimento técnico médico”. O Ministério da Educação não comentou o atraso na aplicação das provas do Revalida. A declaração do diretor do Hospital Treze de Maio foi incluída em uma ação que um médico cubano moveu contra o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Luis José Moreno, 47, pede à Justiça que a entidade não exija a prova da revalidação, para que ele possa atuar enquanto durar a pandemia. Pediatra, Moreno tem 21 anos de profissão, sendo oito na organização Médicos Sem Fronteira, quando realizou cursos de atendimento em emergência e UTI. No Brasil, ele atuou por três anos no Mais Médicos. A Justiça concedeu liminar para que o CRM autorize sua atuação. O conselho, porém, recorreu à 2ª instância, onde decisão semelhante já foi derrubada. No ano passado, Moreno foi contratado pelo governo do Pará e atuou de maio a novembro no hospital de campanha de Marabá, em equipes que tinham também médicos com o registro do CRM. ""Trabalhava 24 horas e descansava 24 horas. Era esgotador.” O estado chegou a contratar mais de 400 médicos cubanos para hospitais de campanha e unidades básicas de saúde, mas o Conselho Federal de Medicina conseguiu na Justiça fazer com que eles fossem demitidos, incluindo Moreno. O cubano está participando do Revalida 2020 e diz que recorreu à Justiça porque lamenta não poder ajudar, enquanto vê o Brasil mergulhado no colapso hospitalar. “Me formei não para ser rico, mas para ajudar o próximo, e hoje a população do Brasil está precisando. Deveriam entender que os médicos formados no exterior podem ajudar”. Se por um lado a recente nomeação da deputada Flávia Arruda (PL-DF) para comandar a Secretaria de Governo representou um aceno ao centrão e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por outro o ato acabou por contrariar nomes de peso do Senado. Integrantes da Casa reclamam nos bastidores de terem sido preteridos em nome da Câmara, que agora comandará a distribuição do dinheiro público das emendas, um dos principais mecanismos políticos da negociação do Palácio do Planalto com o Congresso. Embora alguns senadores tenham sido cotados para assumir o ministério, o Senado não foi nem sequer consultado sobre a troca na pasta, o que piorou ainda mais os ânimos. Reservadamente, senadores aliados do governo Jair Bolsonaro se queixam de que o Senado tomou a dianteira recente em temas importantes, como a iniciativa de destravar a PEC Emergencial, proposta de emenda constitucional que possibilitou uma nova rodada do auxílio emergencial. Flávia Arruda cuidará da pasta responsável pela articulação política e coordenará a distribuição de emendas não impositivas aos parlamentares. Tem o poder de influenciar também na data de liberação das demais verbas obrigatórias aos congressistas. Seu nome tem o respaldo de Arthur Lira, o que só aumentou a desconfiança entre os senadores. Na última segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) substituiu o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) em um aceno ao Congresso e sobretudo ao Senado, que fez um movimento pela saída do chanceler. Além de considerarem a gestão do diplomata prejudicial ao Brasil e um fator determinante no atraso da compra de vacinas contra a Covid-19, Ernesto ainda atacou uma integrante da Casa. No domingo (28), véspera da sua demissão, ele escreveu nas redes sociais uma mensagem na qual insinuava que a senadora Katia Abreu (PP-TO) teria feito lobby a favor da China, interessada em fornecer a tecnologia 5G ao Brasil, em uma conversa no Itamaraty. Katia o chamou de ""marginal"", e Ernesto sofreu reação dura por parte do Senado. No dia seguinte, apresentou sua carta de demissão a Bolsonaro. De imediato, o Senado rejeitou também a possibilidade de o embaixador da França, Luis Fernando Serra, ser nomeado ao cargo, por ter perfil semelhante ao de Araújo. Por fim, Bolsonaro escolheu Carlos França, que chefiava a sua assessoria pessoal. A indicação diminuiu um pouco a tensão com o Senado, mas a escolha de Flávia Arruda para a Secretaria de Governo contribuiu para manter em alta o desconforto entre o governo e essa ala do Congresso. Com Flávia, são cinco os deputados licenciados que ocupam ministérios no governo. Além deles, outros dois já haviam saído. Até hoje, Bolsonaro não nomeou nenhum senador, ressaltam parlamentares. Um importante líder no Senado afirma nos bastidores que não houve governo anterior que mantivesse no primeiro escalão apenas deputados, ignorando a Casa alta do Congresso. A expectativa era que a Secretaria de Governo fosse para um deles. Foram cogitados para o cargo Jorginho Melo (PL-SC), Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado. A saída de Alcolumbre para um cargo no governo federal vem sendo especulada desde o ano passado, com a Secretaria de Governo considerada o cargo ideal, uma vez que ele continuaria mantendo sua influência no Senado. A possibilidade ficou mais clara há algumas semanas, quando Alcolumbre lutou para emplacar seu vice-presidente na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e assim evitar que o comando da importante comissão caísse para o grupo de Renan Calheiros (MDB-AL) caso ele deixasse o posto para integrar o governo. Alcolumbre esteve no Palácio do Planalto na terça-feira (30) para uma conversa com Bolsonaro. A escolha por Flávia Arruda levou em conta, além do aceno a Lira, um gesto ao PL, partido comandando por Valdemar da Costa Neto. Recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou a integrantes do centrão que gostaria do empresário Josué Gomes, do PL, como seu candidato a vice-presidente. Gomes é filho de José de Alencar, que foi vice-presidente de Lula. Na avaliação de senadores, Bolsonaro poderia ter feito o gesto escolhendo um representante da outra Casa. O Senado tem quatro parlamentares do PL. Senadores avaliam que a relação com o presidente seguirá com altos e baixos e marcada por desconfiança, e isso pode se refletir no ano que vem. Ponderam, porém, que o Senado não deixará de aprovar medidas, principalmente na área econômica, que fomentem investimento no país. ""Ele já foi mais forte no Senado do que está agora. Perdeu alguns apoios, mas não existe clima de não aprovar matérias porque elas são importantes para o país"", diz Otto Alencar (PSD-BA). ""Se ele tiver com o desgaste de agora não terá muitos aliados em 2022."" Os senadores não devem impor problemas para aprovar pautas econômicas, mas podem causar dor de cabeça ao governo em outros assuntos. A questão mais evidente é a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação e omissões do governo no enfrentamento à pandemia. O requerimento conta com assinaturas necessárias para a instalação da comissão —33 até o momento— mas depende de ato do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Pacheco tem se mostrado relutante e resistido à pressão, em grande parte por conta do apoio das bancadas governistas. Algumas delas, no entanto, estão balançando com as falhas do governo no enfrentamento à pandemia, principalmente com o atraso na vacinação. Em outra frente, senadores também podem votar um requerimento de convite para o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, dar explicações sobre as trocas dos comandantes das três Forças. O requerimento vai ser discutido em reunião de líderes na próxima segunda (5), para verificar se há acordo para ser votado. Descontentes na base governista podem não se opor ao requerimento e deixar que avance. A médio e longo prazo, os senadores podem barrar as iniciativas referentes à chamada pauta de costumes, que pode ganhar novo fôlego na Câmara com a presidência de Bia Kicis (PSL-DF) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Ao chegar ao Senado, onde já enfrentaria uma resistência natural, essas pautas podem ver ainda mais reduzidas as chances de articulações para avançar. Uma pequena ilha urbana cercada de terras indígenas por todos os lados, a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, está pressionando o Ministério da Saúde a vacinar contra a Covid-19 também os moradores da área urbana, a “capital” de 23 povos da região. Na segunda-feira (29), a Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) enviou um ofício ao ministério e ao governo do Amazonas exigindo que a população indígena de São Gabriel também seja vacinada. O documento cita decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal) de 16 de março, que inclui indígenas urbanos no grupo prioritário —o Ministério da Saúde está vacinando apenas os “aldeados”, ou seja, habitantes de terras indígenas. “É uma vitória ter os nossos parentes sendo imunizados nas aldeias e comunidades, mas o núcleo urbano também é um território indígena e requer uma medida urgente e eficaz”, diz o presidente da Foirn, Marivelton Barroso, do povo baré. O líder indígena afirma que a assistência médica local é precária. O leito de UTI mais próximo está em Manaus, a cerca de 850 km em linha reta. O hospital da cidade, gerido pelo Exército, tem sido alvo de constantes reclamações por falta de atenção e estrutura adequadas. Em audiência ao Ministério Público Federal na segunda-feira, a médica e antropóloga da Fiocruz Maria Luiza Garnelo apresentou números que demonstram que a taxa de letalidade em São Gabriel da Cachoeira é muito maior entre indígenas do casco urbano em comparação com não indígenas. Dos 86 óbitos por Covid-19 registrados na sede do município, 79 são de indígenas. Com isso, a taxa de mortalidade de indígenas da área urbana é de 717 por 100 mil habitantes, enquanto a taxa de não indígenas é de 87 por 100 mil. No Brasil, a taxa de mortalidade é de 40 por 100 mil habitantes. Em Manaus, que se tornou um dos símbolos da pandemia mundial, o índice é de 390,3 por 100 mil. São Gabriel é o município com maior população indígena do país, 29 mil pessoas, ou 76,6% do total. Cerca de 11 mil residem no perímetro urbano, de acordo com o Censo 2010 do IBGE. Na prática, há um fluxo constante entre o casco urbano e as centenas de comunidades indígenas do município de 109 mil km2, uma área maior do que oito estados brasileiros. Alta mortalidade A médica sanitarista e pesquisadora Ana Lucia Pontes, também da Fiocruz, afirma que estudos têm demonstrado a maior mortalidade de indígenas em outras regiões do país. Nas áreas urbanas, essa maior vulnerabilidade decorre de vários indicadores socioeconômicos desfavoráveis. Por exemplo, apenas 42,4% dos indígenas nas cidades têm saneamento adequado, contra 72,8% para brancos. “O direito étnico-cultural não deveria estar associado ao lugar de residência. A pessoa é indígena independentemente do contexto onde reside. Fazer a distinção por local de residência é bastante discriminatório”, afirma a pesquisadora, que coordena o grupo temático de saúde indígena da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Pontes ressalta que o fluxo entre aldeia e cidades próximas, como São Gabriel, tem se intensificado nos últimos meses por diversos motivos, como acesso aos programas sociais. Nesse contexto, a falta de vacinação no contexto urbano compromete o processo de imunização dos territórios indígenas. “Quando não se faz um bloqueio sanitário da vacinação na cidade, as pessoas na aldeia continuarão expostas. As vacinas da Covid não impedem a transmissão, e apenas as pessoas acima de 18 estão sendo vacinadas. Como os indígenas têm um contingente grande de pessoas jovens, muitas pessoas vão continuar suscetíveis à doença”, diz Pontes. Demandas regionais Via assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde informou que a iniciativa de priorizar indígenas em áreas urbanas deve partir de estados e municípios, que “têm autonomia para seguir com a campanha de vacinação, de acordo com a realidade local e demandas regionais”. ""Conforme a campanha avança, gestores locais podem ampliar a imunização dos grupos prioritários, desde que sigam as orientações estipuladas pelo Programa Nacional de Imunizações”, diz a nota do ministério. “Os indígenas do contexto urbano ou rural serão imunizados pelos serviços municipais ou estaduais de saúde, conforme o cronograma de cada localidade.” O órgão informou que atende diretamente 755 mil indígenas por meio dos 34 DSEIs (Distritos Sanitários Indígenas), que atuam apenas dentro de terras indígenas. Desse total, 410 mil têm 18 anos ou mais, portanto, incluídos nos grupos prioritários de imunização do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19. Até esta terça-feira (30), 72% da população indígena incluída na meta do Ministério da Saúde havia sido vacinada com a primeira dose, e 53% com a segunda dose. A Amazon anuncia nesta quinta (1º) um serviço de entrega de mercadorias no mesmo dia, A opção é restrita ao centro expandido de São Paulo e não há previsão de ampliar o recurso nas demais capitais. A redução de prazos no atendimento ao cliente faz parte de uma estratégia de ampliação das vendas no setor. Outras grandes companhias, como Magazine Luiza, Via Varejo, dona da Casas Bahia, e Mercado Livre também planejam reduzir o tempo da entrega em 2021. A Amazon vai fornecer o novo serviço em São Paulo ao preço de R$ 18,90. Clientes com assinatura da empresa, o Prime, pagarão R$ 14,90. Os pedidos do ecommerce para essa modalidade precisam ser feitos até o meio-dia, e o prazo de entrega é até as 21h do mesmo dia. A companhia tem outras possibilidades de frete e, até o momento, o prazo mais curto prometia entrega no dia seguinte da compra. Com quatro centros de distribuição em Cajamar (SP) e uma operação mais intensa desde 2019, a Amazon foi cautelosa ao optar pela capital paulista para iniciar essa operação. “A promessa no mesmo dia é mais dura, na entrega em dois dias é possível corrigir a rota”, diz Mariana Roth, da área de experiência e entrega da empresa no Brasil. O frete no mesmo dia estará disponível a itens de diversas categorias, como bens de consumo, objetos para casa e eletrônicos, desde que sejam vendidos pela Amazon —a opção não vale a produtos do marketplace, ou seja, de empresas que vendem seus itens no site da companhia. Com a pandemia e o crescimento do comércio eletrônico, o frete virou um dos fatores de desempate na corrida pelo consumidor. De acordo com relatório recente da Nielsen, a gratuidade do serviço representou 43% de todas as compras online feitas em 2020. A Magazine Luiza pretende transformar todas as 1.300 lojas físicas da rede em pequenos centros logísticos para acelerar a entrega a todas as cidades. As equipes de tecnologia e análise conseguem identificar o sortimento de produtos adequado às lojas de cada região e devem intensificar essa estratégia para reduzir custos. ""Como produto está próximo, em um raio de 5 km a 10 km da casa do cliente, o frete fica muito barato. Não é preciso sair de um centro de distribuição para levar à casa do consumidor, às vezes a 200 km, 300 km. Nos lugares em que temos loja física, conseguimos entregar em até 24 horas"", diz Luís Fernando Kfouri, diretor de logística da companhia. Segundo ele, a empresa deve implementar uma modalidade de frete em até uma hora. Cerca de 45% das entregas são feitas em até 24 horas, índice que era de apenas 5% no pré-Covid. A política de frete da empresa permite gratuidade na entrega de compras feitas acima de R$ 99 (com exceção de mercado, que é R$ 49). Já a dona da Casas Bahia afirma que 15% do que vende online no Brasil já é entregue no mesmo dia, tanto itens leves quantos pesados. A empresa vai lançar no terceiro trimestre um programa ""same hour delivery"" (entrega na mesma hora) em escala nacional. Na mesma lógica da Magazine Luiza, as lojas de Ponto Frio e Casas Bahia usadas como centros de distribuição reduzem o valor do frete na comparação com os grandes armazéns. Segundo a Via Varejo, o custo por meio das lojas é de um quarto na comparação com a entrega realizada pelo centro de distribuição. O Mercado Livre diz que investirá R$ 10 bilhões, para, entre outras objetivos, dar sequência ao plano de expansão da malha logística e ampliar a entrega rápida. Segundo a empresa, que também entrega no mesmo dia em muitos dos casos, cerca de 90% das compras são entregues em até 48 horas e 75% no dia seguinte. Além de São Paulo e Rio de Janeiro, ao menos outras cinco capitais decretaram megaferiado ao longo de toda esta Semana Santa ou pontos facultativos em alguns dias, antecipando futuros feriados. A medida tenta frear a aglomeração para conter a escalada de mortes por Covid-19. João Pessoa decidiu antecipar feriados de segunda (29) a sexta (2). Terão pontos facultativos e feriados apenas em alguns dias dessa semana Vitória, Teresina, Natal e Belém. Vão manter toque de recolher pela noite e madrugada as cidades de Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, Maceió, Fortaleza, Aracaju, João Pessoa, Belém, Porto Velho, Rio Branco, Macapá, Cuiabá e Campo Grande. Bares e restaurantes na maioria das capitais só poderão funcionar com sistema drive-thru ou retirada na porta.  SUDESTE São Paulo Feriado: de sexta (26) a domingo (4) Toque de recolher: das 20h às 5h todos os dias Bares e restaurantes: fechados, exceto para drive-thru e entrega Comércio de rua, shoppings e academias: fechados O que pode abrir: supermercados, farmácias e padarias (sem consumo no local) Rio de Janeiro Feriado: de sexta-feira (26) a domingo (4) Toque de recolher: das 23h às 5h todos os dias Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: fechados, exceto serviços considerados essenciais O que pode abrir: supermercados, farmácias, pet shops, lojas de construção, lavanderias, bancos, feiras livres, postos de combustível, hotéis, entre outros Belo Horizonte Feriado: só na sexta (2) Toque de recolher: das 20h às 5h Bares e restaurantes: só podem funcionar por entrega ou drive-thru Comércio de rua e shoppings: estão fechados para venda presencial, podendo fazer entrega ou drive-thru. As academias estão proibidas. O que pode abrir: farmácias, serviços de saúde, agências bancárias, lotéricas, postos de combustíveis, supermercados Vitória Feriado: a partir de terça-feira Toque de recolher: não há Restaurantes: só podem funcionar por entregas, exceto aqueles localizados em aeroportos, no interior de hotéis ou pousadas e às margens de rodovias estaduais. Bares apenas por entrega Shoppings, comércio e academias: estão fechados; algumas lojas podem funcionar com entregas O que pode abrir: farmácias, supermercados, serviços de saúde SUL Porto Alegre Feriado: só na sexta Toque de recolher: não há, mas atividades não essenciais estão suspensas das 20h às 5h Bares e restaurantes: abertos, com 25% de capacidade, das 5h às 18h; das 18h às 20h, somente para retirada e delivery; e das 20h às 5h, somente delivery; fechados nos finais de semana Comércio de rua e shoppings: abertos, com restrições, das 5h às 20h; das 20h às 5h, somente delivery; fechados nos finais de semana Academias: abertas exclusivamente para atividade individual com fins de manutenção da saúde, com duas pessoas para cada profissional O que pode abrir: farmácias, supermercados, comércio de materiais de construção, bancos (50% da capacidade), igrejas e templos (com 10% da capacidade e no máximo 30 pessoas), indústria, hotéis (com 50% ou 30% da capacidade, a depender da classificação) entre outros Florianópolis Feriado: só na sexta Toque de recolher: não há Bares e restaurantes: abertos com 25% da capacidade, restrições de horários de funcionamento e de comercialização de bebidas alcoólicas Comércio de rua, shoppings e academias: abertos com 25% da capacidade e restrições de horário de funcionamento por escalonamento O que pode abrir: supermercados, farmácias, postos de combustível, hotéis, estabelecimentos da modalidade tele-entrega, parques temáticos, piscinas, cinemas e teatros, circos e museus, igrejas e templos, entre outros (com 50% da capacidade) Curitiba Feriado: só na sexta Toque de recolher: das 20h às 5h Bares e academias: fechados Restaurantes: apenas delivery, drive-thru e retirada, das 10h às 22h Comércio de rua: apenas delivery e drive-thru, de segunda a sábado, das 9h às 19h Shoppings: apenas delivery, de segunda a sábado, das 9h às 19h O que pode abrir: supermercados, farmácias, comércio de produtos e alimentos para animais, postos de combustível (não estendido a conveniência), hotéis e call center (com 50% da capacidade), igrejas e templos (com 15% da capacidade), entre outros NORDESTE Salvador Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: das 18h às 5h todos os dias Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: fechados, exceto serviços considerados essenciais O que pode abrir: supermercados, farmácias, pet shops, postos de combustível, dentre outros Maceió Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: das 21h às 5h todos os dias Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: shoppings e comércio não essencial fechado, academias abertas com restrições O que pode abrir: supermercados, farmácias, academias, postos de combustível, entre outros Aracaju Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: das 18h às 5h todos os dias Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: abertos, mas com restrições O que pode abrir: comércio em geral Fortaleza Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: das 20h às 5h, de segunda a sexta-feira, e das 19h às 5h aos sábados e domingos Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: shoppings e comércio não essencial fechado, academias abertas com restrições O que pode abrir: supermercados, farmácias, pet shops, postos de combustível, entre outros Recife Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: não há Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: fechados, exceto serviços considerados essenciais O que pode abrir: supermercados, postos de combustível, farmácias, eentre outros João Pessoa Feriado: de segunda-feira (29) até sexta-feira (2) Toque de recolher: das 22h até 5h Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: fechados, exceto serviços considerados essenciais O que pode abrir: supermercados, postos de combustível, farmácias, entre outros Natal Feriado: só na sexta; ponto facultativo na quinta-feira Toque de recolher: não há Bares e restaurantes: podem funcionar só com entrega Shopping centers estão fechados, assim como as academias. Comércio de rua só pode funcionar o que é considerado serviço essencial P odem funcionar: supermercados, farmácias, lojas de material de construção, hotéis e similares Teresina Feriados: antecipou no estado para sexta (26) e terça (30); ponto facultativo na segunda (29) e quinta (1). Teresina antecipou feriado de aniversário da cidade para quarta (31) Toque de recolher: proíbe circulação de pessoas das 21h às 5h Bares e restaurantes funcionam apenas por delivery ou retirada no local Comércio de rua, shoppings e academias ficam fechados Funcionam: farmácias, supermercados, lojas de conveniência de postos de combustíveis, bancos e hotéis (com atendimento exclusivo aos hóspedes) São Luís Feriado: só antecipou o feriado de sexta (26) Toque de recolher: não há Bares e restaurantes: de segunda (29) a domingo (4) podem funcionar com 50% de lotação Comércio: pode abrir das 9h às 21h; academias até domingo (4) também só podem funcionar com até 50% do público NORTE Manaus Feriado: apenas na sexta-feira (2) Toque de recolher: não há Bares e restaurantes: funcionam com restrição de horários Comércio de rua, shoppings e academias: funcionam com restrição de horários O que pode abrir normalmente: supermercados, postos de combustível, farmácias, entre outros Belém Feriado: só na sexta; ponto facultativo na quinta Toque de recolher das 21h às 5h, a partir de terça-feira (30) Restaurantes: a partir de terça (30), podem funcionar até às 18h, com 50% da capacidade. Bares seguem fechados Shoppings: podem funcionar das 11h às 20h, exceto praças de alimentação que fecham às 18h. O comércio de rua funciona das 9h às 17h; a partir de terça-feira (30), as academias podem funcionar até às 20h, sem atividades coletivas. Macapá Feriado: só na sexta Toque de recolher: das 20h às 6h; lei seca até o dia 31/3 Bares: estão suspensos; restaurantes e similares podem funcionar apenas por entrega (delivery) Shoppings e academias: estão fechados até 31/3. Não há atendimento presencial no comércio, mas alguns segmentos podem trabalhar com entrega. Supermercados funcionam das 7h às 13h e de miniboxes (mercados menores) das 10h às 18h Podem funcionar supermercados e atacarejos, farmácias, postos de gasolina, açougue, feiras fechas e livres, funerárias, entre outros Porto Velho Feriado: só na sexta Toque de recolher: das 21h até 6h Bares e restaurante: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua, shoppings e academias: fechados, exceto serviços considerados essenciais. Academias podem funcionar com limitação de público. O que pode abrir: supermercados, postos de combustível, farmácias, entre outros Boa Vista Feriado: só na sexta Toque de recolher ou lockdown: não estão vigentes Bares e restaurantes: abertos; podem funcionar das 6h às 22h Comércio de rua, shoppings e academias: abertos com restrição de horário O que pode abrir: tudo. Atividades essenciais podem funcionar das 6h às 22h; as não essenciais, das 8h às 22h Rio Branco Feriado: só na sexta Toque de recolher e lockdown: é proibido estar na rua das 22h às 5h, e há lockdown nos finais de semana e feriados Bares e restaurantes: nos dias úteis bares ficam abertos até as 20h e restaurantes, até as 22h; após esse horário, apenas delivery Comércio de rua, shoppings e academias: abertos com restrição de horário nos dias úteis O que pode abrir: nos dias úteis, tudo; aos finais de semana e feriados, apenas atividades essenciais Palmas Feriado: só na sexta Toque de recolher: não há, mas está proibido o uso de espaços públicos, como parques e praças. Atendimento presencial de atividades não essenciais está suspenso Bar e restaurante: até quinta (2), funcionam apenas por delivery ou retirada no local Comércio não essencial: só para entrega em domicílio ou retirada no local. Academias estão proibidas Podem funcionar com atendimento presencial: farmácias, supermercados e hotéis CENTRO-OESTE Distrito federal Feriado: ponto facultativo na quinta-feira (1) Toque de recolher: entre 22h e 5h A venda de bebidas alcoólicas permanece proibida após as 20h. Bares e restaurantes: Podem abrir para consumo no local das 11h às 19h Comércio de rua, shoppings e academias: lojas de rua podem abrir das 11h às 20h; Os shoppings, das 13h às 21h; e as academias, das 6h às 21h –com a proibição de aulas coletivas. Cuiabá Feriado: apenas na sexta Toque de recolher: das 21h às 5h Bares e restaurantes: fechados, exceto para delivery Comércio: aberto até 19h, diariamente, e fechamento após as 12h aos sábados e domingos O que pode abrir: farmácias, supermercados serviços de saúde, funerárias, postos de combustíveis e indústrias Goiânia Feriado: ponto facultativo na quinta-feira (1) Não há toque de recolher Bares e restaurantes: a partir de 4ª (31), poderão ter lotação de 50% da capacidade e música ao vivo (dois músicos), das 11h às 23h Comércio: abrirá a partir de 4ª (31) das 9h às 17h; shoppings, das 10h às 22h O que pode abrir: atividades funcionarão no sistema 14 por 14 (14 dias de funcionamento seguidos de 14 de suspensão) Campo Grande Feriado: só na sexta (antecipou feriados na semana anterior, de 22 a 25 de março) Toque de recolher: das 20 às 5h nos dias úteis; das 16h às 5h nos finais de semana Bares e restaurantes: fechados, exceto para entrega e retirada Comércio de rua e shoppings: fechados, exceto para entrega e retirada Academias: fechadas O que pode abrir: supermercados, farmácias, igrejas, postos de combustíveis, bancos (apenas para autoatendimento e pagamento de benefícios), call center, hotéis, entre outros (todos com limitação de 50% de público) O Itamaraty sob nova direção não vai dar nenhum cavalo de pau. Com o chanceler Carlos Alberto França no lugar de Ernesto Araújo, as mudanças serão mais de tom do que de substância. A Folha conversou com diplomatas próximos ao novo chanceler. Segundo eles, o Brasil não abandonará a aproximação com Israel, o posicionamento conservador em foros multilaterais, de oposição ao aborto e a políticas identitárias, o alinhamento a países de direita como Hungria e Polônia, a aposta na acessão à OCDE e em reformas na Organização Mundial do Comércio. Mas sairão de cena o combate ao “globalismo” e ao “narcossocialismo”, fantasmas frequentemente invocados por Ernesto, a ojeriza às instituições multilaterais e os atritos públicos com a China. Não haverá mais rompantes ideológicos, tuítes belicosos e brigas pueris. França é, por natureza, um sujeito conciliador, boa praça, segundo diplomatas próximos a ele. Ele tende a diminuir a agressividade da política externa em questões nevrálgicas como China, Estados Unidos e meio ambiente. Resta saber qual será o grau de autonomia do novo ministro na condução do Itamaraty. Sabe-se que a pasta continuará a ser comandada por um triunvirato. Na gestão Ernesto havia um comando compartilhado com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins. Os três se falavam frequentemente e coordenavam ações. Com França, Eduardo e Martins, que chancelaram a indicação do diplomata, continuarão na formulação de políticas. A grande pergunta é: França, que não tem experiência em formulação de política externa, irá simplesmente seguir o direcionamento de Eduardo e Martins ou terá alguma latitude na condução do ministério? O presidente Jair Bolsonaro escolheu o diplomata porque sua primeira opção, o embaixador do Brasil em Paris, Luis Fernando Serra, seria gongado pelas lideranças do Congresso e porque tem uma “boa química” com o novo chanceler, que trabalhava no cerimonial da Presidência. França é também católico praticante, o que agradou a Bolsonaro. Tradicionalmente, os diplomatas do cerimonial se aproximam do presidente. Foi assim com Paulo César de Oliveira Campos, o POC, que foi chefe de cerimonial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seis anos, e com Frederico Araújo, que desempenhou a mesma função com Fernando Henrique Cardoso. França está na chefia do cerimonial da Presidência desde o final do governo Temer. Ele atuou no planejamento da posse de Bolsonaro e também em viagens do presidente ao exterior. Bolsonaro é inseguro socialmente e desconfiado. Com o convívio diário, França, tido como um tipo simpático e cativante, caiu nas graças do presidente. O fato de o diplomata ser inexperiente em formulação de política externa e não ter chefiado nenhuma missão no exterior é visto como uma vantagem, e não um problema. Nem Bolsonaro nem Eduardo querem alguém muito independente. Uma das primeiras missões do novo chanceler será mostrar que, com a saída de Ernesto, as brigas públicas com a China são página virada. Interlocutores do ministro afirmam acreditar ser preciso fazer gestos nessa direção para o país. Não significa fechar os olhos para a ameaça estratégica representada pela China nem para as violações de direitos humanos no país, mas, sim, de ter uma relação pragmática. Também prioritária será a recomposição da relação com o governo Joe Biden nos EUA. Ernesto havia sido criticado nominalmente pelo senador democrata Bob Menendez, líder do comitê de Relações Exteriores do Senado americano, por chamar os invasores do Capitólio de “cidadãos de bem”. Uma ligação para o secretário de Estado, Antony Blinken, um meio de campo com o Congresso dos EUA e uma proposta minimamente ambiciosa na Cúpula do Clima que Biden vai realizar nos dias 22 e 23 de abril seriam algumas das medidas mais urgentes. Diplomatas no Itamaraty estão comemorando a troca e esperam que a calma e a normalidade voltem ao ministério. Mas o mesmo jeito conciliador que tranquiliza diplomatas pode colocar França em choque direto com o núcleo duro bolsonarista, que preferia Serra ou Nestor Forster, embaixador em Washington, para o cargo. Segundo um dos integrantes da ala ideológica, “essa coisa de pacificador e discreto é exatamente o que a base bolsonarista não quer”. “Sabemos que ele [França] vai cumprir ordens no dia a dia, mas ninguém sabe as posições dele sobre ONU, Mercosul, globalismo, China e religião, os temas que realmente interessam à base bolsonarista.” Na contramão das más notícias que a pandemia trouxe ao ensino superior, um setor apresentou crescimento: o das especializações. Incentivadas pela maior oferta de cursos a distância, mas com aulas ao vivo, elas atraíram um novo público com mais autonomia e menos tempo para estudar. Com isso, registraram um crescimento de 9,5% do segundo trimestre de 2019 para o de 2020, de 1,2 milhão para 1,3 milhão de alunos, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) analisados pelo Semesp, entidade representativa de mantenedoras do ensino superior. O avanço, que já vinha ocorrendo em anos anteriores, contrastou com o enxugamento das graduações, que sentiram com força o baque da pandemia. Pesquisa da entidade mostrou queda de 20% das matrículas dos cursos de graduação presenciais e de 9% nos a distância no segundo semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. A estimativa é que, ao longo do ano, a perda de matrículas tenha sido de 10%. Na pós-graduação lato sensu, como são conhecidas no meio acadêmico as especializações, a realidade é outra. O crescimento foi impulsionado pelo novo modelo de ensino remoto que surgiu na pandemia, diz Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp. O novo desenho, diferente do EAD (ensino a distância) tradicional, consiste em aulas ao vivo, com interação na sala de aula, e não apenas em conteúdos que o aluno segue sozinho de casa. “O estudante de pós-graduação quer fazer networking, conhecer outros colegas, estabelecer relacionamento com professores do mercado. Isso não tinha tanto apelo no formato assíncrono [de aulas gravadas e atividades que o aluno pode fazer em qualquer horário]”, afirma. Outros fatores que ele aponta como favoráveis ao segmento são a comodidade de estudar em casa e a própria crise econômica, que é incentivo para os profissionais que buscam se qualificar e buscar novas posições no mercado. Com tradição na área, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) registrou um aumento de matrículas de 155% nos MBAs online e de 97% nas demais especializações entre 2019 e 2020. Diante do sucesso de público e da falta de perspectiva de saída da pandemia, a instituição já treina professores para um modelo híbrido de cursos quando a volta presencial for possível. Nesse desenho, parte da turma estará fisicamente na sala de aula e parte irá assistir à aula, que estará sendo gravada, da própria casa. “A gente acredita que a chave não vai virar de uma vez só para o presencial. Em alguns lugares, vamos voltar antes, em outros, ainda vai ser preciso distanciamento. Haverá ainda alunos que fazem parte de grupos de risco. Precisamos de um modelo que atenda a todos”, diz Mary Murashima, diretora de Gestão Acadêmica do Instituto de Desenvolvimento Educacional da FGV. O formato de EAD tradicional também segue com o seu apelo. Aos 26 anos, Caique Pereira de Almeida ingressou no segundo semestre do ano passado no MBA de logísitica e supply chain (cadeia de suprimentos). A oferta a distância no seu caso, foi decisiva. Morador da Barra da Tijuca, ele trabalha tanto no centro do Rio como em Itaguaí, o que significa deslocar-se pela cidade em trajetos de mais de uma hora. “Ter a possibilidade de adaptar o curso à minha rotina foi fundamental”, afirma. Além do formato, a pandemia também renovou o leque de cursos de pós para atrair candidatos que buscavam se especializar em áreas que ganharam força no ""novo normal"". A ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), por exemplo, abriu cursos sobre vendas online e a nova realidade do varejo, impulsionada pela procura dos alunos em meio à pandemia. Do primeiro semestre para o segundo, as matrículas em especializações na escola cresceram mais de 50%. E, neste ano, o crescimento já é de 33% mesmo a um mês do final do período de inscrições, diz Tatsuo Iwata, diretor da pós da ESPM. “As pessoas passaram a lidar melhor com as plataformas tecnológicas, e um grupo que talvez não pensasse no EAD como possibilidade ficou mais aberto a isso”, diz. Uma das alunas que se interessou pelas novas temáticas foi Suelen Gomes, 38, que entrou no curso de curta duração de reinvenção digital. Ela pretende aplicar os conhecimentos adquiridos no seu trabalho na distribuidora de produtos farmacêuticos da família. A oferta do curso na modalidade online foi fundamental para ela, que mora em São Luís. “Tenho uma filha pequena e passo o dia todo fora, estudando. Agora consigo estudar e ficar perto dela ao mesmo tempo.” Após a queda de Ernesto Araújo, que deixou o Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira (29), o nome de Luís Fernando Serra, embaixador do Brasil na França, passou a circular como uma das opções de Jair Bolsonaro para assumir a pasta responsável pela política externa do país. Apoiado pelos filhos do presidente, Serra já é apontado por parlamentares brasileiros como um possível substituto ""igual ou pior"" que Ernesto. Entre as críticas à sua postura, está o fato de que ele, assim como o ex-chanceler, também pode acabar se revelando um membro da ala ideológica do governo Bolsonaro. Ao longo de quase 50 anos de carreira, Serra, 71, teve passagens por postos diplomáticos em países como Chile, Tunísia, Rússia e Alemanha. Também foi embaixador em Gana, Singapura e Coreia do Sul. Foi em Seul, em fevereiro de 2018, aliás, que Serra teria caído nas graças da família Bolsonaro ao receber o então pré-candidato à Presidência do Brasil durante uma série de visitas a países asiáticos. Segundo quatro diplomatas brasileiros ouvidos pela Folha sob condição de anonimato, Eduardo, o filho 03 de Bolsonaro, que acompanhava o pai na turnê pré-eleitoral, passou a considerar Serra um nome confiável. Pouco mais de um ano depois, após a eleição de Bolsonaro, Serra foi indicado pelo presidente para assumir a embaixada do Brasil em Paris. À época, ele já era cotado para comandar o Itamaraty, mas o cargo foi dado a Ernesto. Sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, Serra foi aprovado ao posto pelo plenário da Casa com 62 votos favoráveis, 1 contrário e 2 abstenções. Uma vez em Paris, Serra destoou de outros embaixadores na Europa e de sua própria carreira prévia, mais afeita à diplomacia comercial, ao assumir publicamente a defesa do governo Bolsonaro e o ataque a inimigos políticos do bolsonarismo —em especial o ex-presidente Lula e o PT. A atitude, descrita por um colega como um ato de ""lavar roupa suja fora de casa"", é incomum entre diplomatas experientes. Segundo os relatos, a postura pode ser lida como um posicionamento ideológico do embaixador, mas, ""caso ele substitua Ernesto, não será simplesmente trocar seis por meia dúzia"". Os diplomatas afirmam ainda que também não se deve esperar que, no comando do Itamaraty, Serra seja uma barreira de contenção à política externa do presidente e seu filho 03. A avaliação, porém, é que, ao menos por enquanto, ele prefere não deixar o posto em Paris e estaria procurando alternativas na Europa para quando seu tempo no posto diplomático na capital francesa se encerrar. Em agosto de 2019, pouco depois de assumir a embaixada em Paris, Serra se viu em meio a uma escalada retórica que evoluiu para crise diplomática entre Bolsonaro e o presidente da França, Emmanuel Macron. Criticando a gestão de meio ambiente do líder brasileiro devido à grande quantidade de incêndios na Amazônia naquele ano, o mandatário francês acusou o brasileiro de mentir ao assumir compromissos em termos de políticas ambientais na cúpula do G20 ocorrida dois meses antes. Bolsonaro reagiu acusando Macron de tentar potencializar o ódio contra o Brasil e endossou comentários ofensivos contra a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, insinuando que as críticas do presidente francês seriam motivadas por inveja de Michele Bolsonaro. Em entrevista à Folha, Serra afirmou que ""houve excessos de parte a parte"" e defendeu que os dois países virassem a página e mantivessem sua parceria estratégica. O embaixador, entretanto, ecoou o discurso de Bolsonaro segundo o qual países europeus, especialmente a França, têm interesses escusos na Amazônia, e não uma legítima preocupação ambiental. ""Dá para desconfiar que há uma agenda escondida quando você vê 300 ONGs na Amazônia e zero no Nordeste. Uma de duas: ou há agenda escondida ou preconceito com os nordestinos. Escolham uma"", disse Serra. Os números citados pelo embaixador, no entanto, eram incorretos. Levantamento do Ipea contabilizava, à época, mais de 205 mil ONGs no Nordeste, enquanto os estados que compõem a Amazônia brasileira somavam aproximadamente 106 mil. À semelhança do presidente, Serra também repetiu acusações de que a imprensa estaria mais focada em dar espaço a críticas do que esteve em governos anteriores. “Preciso dizer uma coisa muito importante: em 2005 aconteceu a mesma coisa, aliás, pior. Você pode ir aos arquivos para ver, mas o presidente era Lula, queridinho da imprensa, então ninguém saiu espalhando o que estava ocorrendo na floresta. Ninguém disse que era culpa do Lula”, afirmou o embaixador, em entrevista à emissora de TV France 24, em 2019. Serra também se envolveu em polêmicas sobre Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, cuja morte teve repercussão mundial. Em fevereiro do ano passado, a senadora francesa Laurence Cohen, do Partido Comunista, e a deputada Christine Pirès, do Partido Socialista, enviaram uma carta à embaixada brasileira em Paris pedindo esclarecimentos sobre o assassinato da vereadora, que permanece sem solução mais de 1.100 dias depois. Em resposta, o embaixador manifestou “profunda indignação por tratamentos tão díspares em relação a casos” similares no Brasil, em especial o assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André, em 2002, e a facada da qual Bolsonaro foi alvo em 2018. “Lembro-lhe que os mandantes da tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro, durante sua campanha eleitoral, também não foram identificados, ainda que o autor do crime tenha sido preso e colocado em uma instituição psiquiátrica. Este ato é, na minha opinião, tão sério quanto os outros crimes políticos mencionados aqui"", escreveu Serra. No mesmo ano, o embaixador cancelou sua participação em um evento em Paris depois de ser informado que a prefeita Anne Hidalgo prestaria uma homenagem a Marielle Franco. Em outro caso notório, Serra enviou uma carta ao jornal francês Le Monde para reagir a um editorial que acusava Bolsonaro de ignorar a gravidade da pandemia de coronavírus. ""Não há dúvida de que há algo podre no reino do Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro pode afirmar sem se preocupar que o coronavírus é uma 'gripezinha' ou uma 'histeria' nascida da 'imaginação' da imprensa"", dizia a publicação. Ao defender o presidente, o embaixador afirmou que o conteúdo do editorial era ""profundamente ofensivo"" e que as ações de Bolsonaro mostravam que, desde o início da crise sanitária, seu intuito era o de ""evitar que a histeria e o pânico dominassem a população"". Dias depois, o prédio da embaixada brasileira em Paris foi alvo de uma intervenção artística com bandeiras pretas, cruzes e a frase ""e daí?"" dita por Bolsonaro ao ser questionado sobre o crescente número de óbitos decorrentes da Covid-19 no Brasil. Além de Serra, outros dois nomes são citados como favoritos para substituir Ernesto: a cônsul-geral do Brasil em Nova York, Maria Farani Azevêdo, e o secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flavio Rocha. O militar, apesar de não ser servidor de carreira do Itamaraty, fala cinco línguas e é conhecido pelo perfil moderado. Já Farani tem o apoio de congressistas alinhados a Bolsonaro, mas enfrenta resistência no núcleo ideológico por ter sido chefe de gabinete do ex-ministro Celso Amorim, no governo petista. Nas últimas horas, assessores palacianos têm enviado mensagens com imagens de Farani ao lado de políticos de esquerda e lembrado que, antes de assumir o cargo de presidente, Bolsonaro chegou a dizer em uma entrevista que não pretendia nomeá-la. Mais de dois anos depois de ter proferido seu discurso inaugural como chanceler, quando prometeu alinhar o Ministério das Relações Exteriores aos anseios dos eleitores de Jair Bolsonaro, Ernesto Henrique Fraga Araújo pediu demissão nesta segunda-feira (29) —sob pressão do Congresso. Ernesto, que à época de sua posse era um desconhecido diplomata recém-promovido a embaixador, deixa o posto após ter amealhado a aversão de diferentes setores da sociedade e do governo. Das cúpulas do Congresso Nacional aos generais que aconselham Bolsonaro, de grandes empresários a lideranças do agronegócio, todos se uniram nos últimos dias para tirá-lo da Esplanada. Ernesto se reuniu com Bolsonaro no final da manhã desta segunda, quando disse ao presidente que deixaria a chefia do Itamaraty. A informação foi confirmada por interlocutores no Ministério das Relações Exteriores e no Palácio do Planalto, mas ainda não foi anunciada oficialmente. Segundo assessores presidenciais, apesar do pedido de demissão, a ideia é que o ministro permaneça no posto até o presidente definir um nome para substituí-lo, assim como ocorreu com o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. A proposta é para que ele também ajude na transição de seu sucessor. Com a saída de Ernesto, três nomes são citados como favoritos para assumir o Itamaraty: o embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, a cônsul-geral do Brasil em Nova York, Maria Farani Azevêdo, e o secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flavio Rocha. O primeiro tem o apoio da família do presidente, e a expectativa no Planalto é a de que ele tenha, nos próximos dias, uma conversa com Bolsonaro. Já Rocha, um militar, apesar de não ser servidor de carreira do Itamaraty, fala cinco línguas e é conhecido pelo perfil moderado. Farani, por sua vez, tem o apoio de deputados e senadores alinhados com Bolsonaro, mas enfrenta resistência no núcleo ideológico do governo por ter sido chefe de gabinete do ex-ministro Celso Amorim, durante o governo petista. Nas últimas horas, assessores palacianos têm enviado mensagens com imagens de Farani ao lado de políticos de esquerda e lembrado que, antes de assumir o cargo de presidente, Bolsonaro chegou a dizer em uma entrevista que não pretendia nomeá-la. Com a forte resistência a Ernesto no Senado, o que dificulta uma eventual nomeação para uma representação diplomática no exterior, o presidente avalia duas alternativas para o chanceler. Nenhuma das duas necessita da chancela do Congresso. A primeira é uma função na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que fica subordinada à embaixada do Brasil em Paris. Já a segunda é o posto de representante permanente alterno na ONU (Organização das Nações Unidas). A demissão de Ernesto, um admirador declarado do escritor Olavo de Carvalho, é também um duro golpe na ala ideológica do bolsonarismo, que nos últimos anos conviveu com portas abertas no Itamaraty. Embora sempre tenha enfrentado resistências por ter promovido uma guinada ultraconservadora no ministério, Ernesto teve seu destino selado após os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), terem se unido à coalizão para afastá-lo do governo. Em 22 de março, Lira e Pacheco tiveram um encontro em São Paulo com grandes empresários, que não pouparam Ernesto. O chanceler foi chamado de omisso e acusado de executar na política externa o negacionismo de Bolsonaro na pandemia, o que teria feito o Brasil perder um tempo precioso nas negociações por vacinas e insumos para o combate à Covid-19. Na reunião, a suposta omissão de Ernesto foi apontada como um dos fatores para a situação de calamidade pela qual o Brasil passa, com recordes diários de mortes pelo vírus, risco de escassez de medicamentos e ritmo de vacinação insuficiente para fazer frente aos meses mais duros da doença. O principal flanco de desgaste de Ernesto em seus meses finais no cargo foi a relação com a China, maior parceiro comercial do Brasil e país exportador da matéria-prima utilizada tanto pelo Instituto Butantan quanto pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na produção de imunizantes contra o coronavírus. No domingo (28), Ernesto postou em uma rede social que não teria cedido a um pedido de Katia Abreu, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, para acenar ao lobby chinês em relação ao tema do 5G no país. A acusação gerou forte reação de deputados e senadores, e Katia Abreu chegou a chamar o agora ex-chanceler de marginal. Nesta segunda, houve movimentações para formular um pedido de impeachment e a ameaça de que indicações para postos diplomáticos seriam bloqueadas. Pessoas que acompanham o caso no governo dizem que, com a mensagem, Ernesto precipitou sua saída, algo que já era tratado como inevitável por conselheiros palacianos. O post foi lido como um ataque a todo o Senado, que decidiu travar qualquer tema de interesse do Itamaraty até que a crise se resolvesse. Na manhã desta segunda, o chanceler tinha reunião marcada com seus principais assessores, mas ela foi cancelada, e ele foi convocado ao Palácio por Bolsonaro. Outra agenda que caiu foi uma videoconferência com a nova diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. De acordo com interlocutores, após a conversa com o presidente, Ernesto avisou sua equipe que está de saída da chancelaria. Desde o início de sua gestão, Ernesto promoveu uma política de antagonismo com a China. Ainda em março de 2019, numa palestra para jovens diplomatas, afirmou que não queria reduzir a política externa brasileira a uma mera questão comercial. “Queremos vender soja e minério de ferro, mas não vamos vender nossa alma”, disse na ocasião, numa referência às vendas brasileiras à China. Em linhas gerais, Ernesto abraçou a tese de que era preciso proteger o Brasil da crescente influência dos chineses, um país governado por uma ditadura comunista. Os objetivos do ex-ministro logo se chocaram com os interesses do agronegócio —grandes vendedores para os asiáticos— e da carência do Brasil por investimentos externos em infraestrutura. A relação com Pequim oscilou em 2019, mas atingiu seu ponto mais baixo com a eclosão da crise do coronavírus. Com a chegada da pandemia em 2020, Bolsonaro decidiu se alinhar ao discurso do ex-presidente dos EUA Donald Trump, segundo o qual o governo chinês teria disseminado o vírus propositalmente. Num bate-boca nas redes sociais entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, Ernesto saiu em defesa do filho do presidente. O então chanceler chegou a enviar a Pequim um pedido para que o diplomata chinês fosse retirado do Brasil —foi ignorado. Desde então, o ministro interrompeu qualquer interlocução com a missão chinesa em Brasília. O rompimento cobrou seu preço meses depois, quando o fornecimento de insumos para as vacinas Coronavac e AstraZeneca foi ameaçado por atrasos na exportação de lotes vindos da China. Embora interlocutores tenham ressaltado que não é possível afirmar se houve retaliação dos chineses, a falta de canais de comunicação do Itamaraty com a embaixada num momento de crise ficou evidente. Não por acaso, numa sessão no Senado em 24 de março, diversos senadores pediram publicamente a demissão do chanceler, e as rixas com a China estavam entre as principais queixas ouvidas pelo ministro. A revolução conservadora promovida por Ernesto no Itamaraty, no entanto, foi muito além da pauta anti-China. Ele costurou uma aliança com o governo Trump e deu o aval a uma série de concessões aos americanos que, segundo críticos, não vieram acompanhadas de contrapartidas ao Brasil. Na ONU, rompeu com votos históricos do Brasil em relação ao conflito no Oriente Médio e passou a apoiar Israel em manifestações sobre disputa com palestinos. Apesar dos apelos de diplomatas, ordenou que o Brasil votasse a favor do embargo americano a Cuba, rompendo outro posicionamento tradicional do país. Em fóruns multilaterais, posicionou o Brasil contra a defesa de direitos sexuais e reprodutivos, numa agenda abertamente antiaborto e alinhada a governos de viés nacionalista e autoritário, como Hungria e Polônia, e passou a trabalhar em negociações para que menções ao Foro de São Paulo, grupo de partidos de esquerda na América Latina, fossem incluídas em declarações. Assim, não foi só a pandemia que fez os ventos virarem contra Ernesto. A eleição no ano passado de Joe Biden como novo presidente dos EUA levantou dúvidas sobre a capacidade de o ministro estabelecer um bom diálogo com a principal economia do mundo. Ernesto ficou marcado entre diplomatas americanos como um entusiasta de Trump, retratado por ele como um defensor de valores ocidentais. Além do mais, publicou uma sequência de mensagens mostrando simpatia pelos invasores do Capitólio nos EUA, o que provocou reações de altos representantes do Partido Democrata. Na mais contundente resposta, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, o democrata Robert Menendez, enviou uma carta a Bolsonaro cobrando que ele e Ernesto condenassem de forma veemente os ataques ao Capitólio. A cerimônia de inauguração oficial da estrada de rodagem de São Paulo a Campinas será realizada neste domingo (1º). O presidente do estado de São Paulo (cargo equivalente a governador), Washington Luís, chegará ao largo próximo da ponte do Anastácio (na zona oeste da capital), às 7h30. Em seguida, cortará a fita, declarando aberta a estrada ao trânsito público, podendo a partir das 8h30 circular qualquer automóvel. Washington Luís e sua comitiva irão para Campinas, onde estão sendo preparadas grandes festas. Eles devem chegar à cidade entre 12h e 13h. Rojões serão soltados no momento da chegada. A investigação sobre supostos repasses ilegais a Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, está parada há um ano, aguardando a definição sobre o estado em que o inquérito deve ser conduzido. A defesa de Fábio Luís obteve uma liminar na quinta-feira (25) suspendendo o envio do caso ao Rio de Janeiro até que o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) tome uma decisão sobre o tema. A discussão é semelhante à que levou à anulação, por liminar do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), das decisões do juiz Sergio Moro nos processos que envolviam o ex-presidente. Ele entendeu que as decisões não poderiam ter sido tomadas pelo ex-juiz por não terem conexão direta com a Petrobras, entendimento definido pelo Supremo em 2015. A Operação Mapa da Mina, deflagrada em dezembro de 2019, teve como alvo o suposto pagamento de despesas da família do ex-presidente Lula (2003-2010) com recursos das empresas de telefonia Oi e Vivo. A Polícia Federal suspeita que o dinheiro tenha sido repassado de 2004 a 2016 por meio das empresas de Jonas Suassuna, dono do Grupo Gol (que atua nas áreas editorial e de tecnologia e não tem relação com a companhia aérea de mesmo nome). Ele foi sócio de Fábio Luís em diversas empresas. As investigações foram conduzidas pela força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Ela apontava que parte do dinheiro do esquema foi usado para comprar o sítio de Atibaia frequentado pelo ex-presidente —ele representava, contudo, apenas 1% do total dos repasses suspeitos. O TRF-4 decidiu em março do ano passado que não havia nenhuma relação do caso com os desvios da Petrobras —requisito para a manutenção dos casos em Curitiba. O tribunal determinou o envio o caso para a Justiça Federal de São Paulo, sede da Gamecorp, empresa em que Fábio Luís e Jonas Suassuna foram sócios. Foi por meio dela que se deu a maior parte dos repasses suspeitos da Oi, segundo as investigações. Desde então, a investigação está parada, aguardando a definição do juízo competente. Sorteada para acompanhar a investigação, a juíza Fabiana Alves Rodrigues, da 10ª Vara Federal de São Paulo, decidiu em dezembro que a investigação deveria ocorrer no Rio de Janeiro, sede da Oi. Tanto a defesa de Fábio Luís como o Ministério Público Federal recorreram da decisão. Eles defenderam a manutenção do procedimento em São Paulo. O juiz federal José Marco Lunardelli, do TRF-3, deferiu nesta quinta liminar solicitada pela defesa de Fábio Luís solicitando que a investigação não seja enviada para o Rio de Janeiro até a análise do recurso pelo colegiado. “A decisão é importante para evitar que se pratiquem atos investigatórios e que provas sejam colhidas e possam ser consideradas nulas por terem sido autorizados por um juiz que venha a ser declarado incompetente”, afirmou o advogado Fábio Tofic, que defende o filho do ex-presidente. A defesa de Lulinha também já apresentou recurso para anular provas obtidas na busca e apreensão deferida pela Justiça Federal de Curitiba, em razão da incompetência do juízo. Segundo as apurações, foram transferidos R$ 132 milhões pela Oi e R$ 40 milhões pela Vivo a empresas de Fábio Luis, conhecido como Lulinha, e de Suassuna, seu sócio em diversos empreendimentos, de 2004 a 2016. A suspeita é de que os repasses não tinham lógica econômica e foram feitas apenas para beneficiar a família do ex-presidente. Em 2010, Suassuna comprou o sítio junto com Fernando Bittar (filho de Jacó Bittar, amigo de Lula que atuou na fundação do PT). Ele pagou R$ 1 milhão, e Bittar o restante. A Lava Jato suspeita que o dinheiro usado na compra do terreno, ainda sem as benfeitorias, tenha sido oriundo das transferências feitas pelas empresas de telefonia. Como apontado pela Folha, o valor de compra do sítio de Atibaia representa menos de 1% do total de repasses suspeitos investigados pela Lava Jato na fase que investiga Lulinha. À época da operação, a defesa de Lulinha disse que havia perseguição dos investigadores. Disseram também que a vida do filho do presidente fora devassada por ""anos a fio e nenhuma irregularidade fosse encontrada"". Diz ainda que a força-tarefa requentou um caso que já tinha sido arquivado, em referência às suspeitas entorno dos repasses da Oi para a Gamecorp. A defesa de Jonas Suassuna disse que o nome dele é vinculado a suspeitas devido apenas ao depoimento de um ex-funcionário que tenta represália. O ex-presidente Lula também negou qualquer envolvimento no caso. Ele afirmou na ocasião que a operação era uma “demonstração pirotécnica de procuradores viciados em holofotes”, em referência à força-tarefa do MPF de Curitiba. O petista disse também que o Ministério Público Federal recorreu a “malabarismos” para o atingir, perseguindo sua família. A Oi disse, em nota, que ""colabora de forma transparente com as investigações de autoridades competentes, prestando todos os esclarecimentos necessários, tanto na esfera administrativa como na judicial"". Um grupo de senadores voltou a cobrar neste domingo (28) a demissão do chanceler Ernesto Araújo, cuja permanência no cargo é considerada insustentável até mesmo por integrantes do governo. Nas redes sociais, parlamentares reagiram com indignação a uma postagem do ministro das Relações Exteriores, que insinuou uma ligação do Senado com o lobby chinês pelo 5G, o que, segundo ele, estaria por trás da pressão para derrubá-lo do posto. De acordo com relatos feitos à Folha, senadores também enviaram ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mensagens com queixas à postura de Ernesto. Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e citada nas postagens, a senadora Katia Abreu (PP-TO) divulgou nota em que acusa Ernesto de mentir e o chama de marginal. ""O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições"", escreveu a parlamentar. ""Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal"", completou. Segundo a senadora, Ernesto resumiu em um tuíte um encontro de três horas em que ela teria alertado o ministro sobre os prejuízos que um veto à China traria à questão do 5G, entre vários outros temas. ""Se um chanceler age dessa forma marginal com a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República de seu próprio país, com explícita compulsão belicosa, isso prova definitivamente que ele está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira"", afirmou ela, na nota. Em áudio enviado a senadores, mais cedo, ela pediu aos colegas uma ""reação séria"" às postagens de Ernesto, que, segundo ela, estaria afirmando que o Senado se vendeu ao lobby chinês. ""Concomitante a esse tuíte, porque eles são muito organizados, está em todas as redes bolsonaristas a mensagem de que o Arthur Lira [PP-AL, presidente da Câmara] e os senadores se venderam para a empresa do 5G chinês. Isso é uma orquestração para segurar o chanceler"", disse Katia Abreu no áudio, obtido pela Folha. Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), em mensagem a um grupo de WhatsApp de senadores, afirmou haver ""uma linha que não pode ser ultrapassada"". ""Não é bom para o governo e não é bom para o país"", completou o senador na mensagem obtida pela Folha. Sob a ameaça de ser afastado do cargo, o chanceler tem reunião marcada com toda a sua equipe de secretários nesta segunda-feira (29), o que foi interpretado por interlocutores do ministro como mais um sinal de que ele está de saída do cargo. Neste domingo (28), Bolsonaro visitou o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, que sofreu um mal súbito durante viagem de férias a Alagoas. Segundo assessores palacianos, o presidente discutiu com o militar no encontro a situação delicada do chanceler. Ernesto publicou em rede social mensagens que, segundo aliados, têm o objetivo de tornar público o que ele entende estar por trás da ofensiva para derrubá-lo. O ministro revelou uma conversa que teve com Kátia Abreu e relacionou o lobby chinês pela tecnologia 5G à movimentação da cúpula do Congresso. ""Em 4 de março recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no Ministério das Relações Exteriores. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.' Não fiz gesto algum"", escreveu Ernesto neste domingo. Em seguida, complementou: ""Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria."" No Itamaraty, a publicação foi interpretada como uma carta de demissão. Se a situação do chanceler já era considerada insustentável, diplomatas dizem acreditar que o tuíte deve acelerar o processo de desligamento do ministro. Inviabilizado no cargo, ele procura uma forma de manter o discurso voltado para a base mais radical do bolsonarismo, na opinião de membros da carreira ouvidos pela Folha. Neste final de semana, interlocutores do presidente chegaram a questionar deputados e senadores sobre eventuais sucessores do chanceler. Segundo relatos, dois nomes são os favoritos: o do secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flavio Rocha, e do embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra. O primeiro, apesar de não ser servidor de carreira do Itamaraty, fala cinco línguas e é conhecido por um perfil moderado. Recentemente, foi escalado para ir à China discutir com autoridades o leilão do 5G. Marcada por questões ideológicas, a gestão do ministro é duramente criticada por empresários e políticos de esquerda, centro e direita. Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, disse tanto em público como em reuniões fechadas com o presidente que considera ""falha"" a política externa do Brasil. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, pediu a demissão do chanceler a Bolsonaro pelos mesmos motivos. Após a postagem de Ernesto, Pacheco escreveu nas redes sociais neste domingo que as mensagens do chanceler atingem todo o Senado e representam um ""desserviço"" ao país. ""A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal. E justamente em um momento em que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes"", publicou. ""Essa constante desagregação é um grande desserviço ao país."" Em entrevista à Globonews, Pacheco também disse ter recebido a manifestação com ""indignação"" e ""perplexidade"" e avaliar que o conteúdo publicado pelo ministro ""parece falso"", citando ter recebido diversos telefonemas nos últimos dias da senadora falando sobre a pandemia. Ele também negou ter pedido diretamente a saída de Ernesto a Bolsonaro. ""O Senado Federal tem compromisso com o Brasil, e não vai entrar nesse jogo de inviabilização fazendo qualquer tipo de boicote e retaliação. A inviabilização do Ernesto Araújo tem sido feita por ele próprio"", informou ele, reafirmando críticas feitas ao presidente sobre a política externa. ""É falha, é capenga e precisa ser corrigida"", disse. Após os tuítes deste domingo, senadores também foram às redes sociais pedir a saída do ministro. Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, afirmou lamentar a atitude do chanceler e que o Brasil e o povo brasileiro não merecem isso. Além da pressão do Congresso, um grupo de 300 diplomatas divulgou carta no sábado (27) para pedir a saída de Ernesto e criticar a atual política externa do país, que traria “graves prejuízos à imagem do Brasil”. O gesto, muito raro na diplomacia, mostra que o ministro também perdeu força dentro do Itamaraty. Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) com posição clara em defesa da Lava Jato ou de uma linha mais garantista do direito nem sempre mantêm essa lógica quando o julgamento envolve o ex-presidente Lula (PT). Os integrantes do tribunal oscilam em discussões com impacto nos processos que investigam o petista, e a divisão que existe no tribunal entre os críticos e os apoiadores da operação muitas vezes não se repete nesses casos. O ministro Kassio Nunes Marques, por exemplo, tem acompanhado a ala contrária à Lava Jato desde que chegou ao Supremo, mas foi na contramão da linha adotada até então e se opôs à declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro em relação ao petista na Segunda Turma. Cármen Lúcia, que já tinha defendido a atuação de Moro, mudou de lado e deu o voto decisivo para invalidar o processo do tríplex de Lula na última terça-feira (23). Já Edson Fachin se notabilizou como principal defensor da Lava Jato, mas, no início de março, surpreendeu até os colegas de corte ao anular todas as ações contra o ex-presidente na 13ª Vara Federal de Curitiba. O ministro Gilmar Mendes, por sua vez, hoje lidera a ala do STF contrária à operação, mas em 2016 foi o responsável por barrar a posse de Lula na chefia da Casa Civil sob o argumento de que a nomeação dele era uma tentativa de burlar a competência de Moro para julgá-lo. A ministra Rosa Weber, que não tem posição fixa e costuma oscilar quando está em análise temas com impacto na Lava Jato, deu o voto considerado decisivo para determinar a prisão do petista em abril de 2018 e, depois, para soltá-lo em novembro de 2019. No primeiro julgamento, a defesa do petista pedia ao STF a mudança da jurisprudência que previa a prisão após decisão de segunda instância. Na época, Lula tinha acabado de ser condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal), que confirmou a sentença de Moro e ampliou a pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex para 12 anos e 1 mês de prisão. Rosa Weber votou para rejeitar o habeas corpus e afirmou que não achava adequado o Supremo alterar o entendimento sobre o momento da execução da pena no julgamento de um réu específico. O recurso da defesa foi negado por 6 votos a 5. Na época, a presidente do STF era a ministra Cármen Lúcia, que chegou a cogitar pautar a ação que discutia o mérito da prisão em segunda instância, mas acabou levando a julgamento o habeas corpus de Lula. Um ano e meio depois, Dias Toffoli estava à frente da corte e levou ao plenário a análise do processo que tratava do tema de maneira geral, e não um recurso de um réu específico. Rosa Weber, então, se posicionou pela execução de pena somente após o trânsito em julgado do processo —quando todos os recursos são esgotados—, e garantiu o mesmo placar, mas no sentido inverso. Assim, Lula, que estava preso pela decisão de segundo grau do TRF-4, foi liberado. Neste tema, aliás, Gilmar Mendes também já mudou de posição. Em 2016, quando a Lava Jato estava no início e enfraquecia o PT, o ministro era um crítico do governo e se alinhou à tese que autorizou a execução antecipada de pena. Mais tarde, porém, o magistrado mudou de posição e tornou-se defensor da prisão após o trânsito em julgado. O próximo julgamento sobre Lula no STF está marcado para 14 de abril. Os ministros irão analisar o recurso da Procuradoria-Geral da República contra a decisão de Fachin de anular os processos do petista e remetê-los à Justiça Federal de Brasília e de volta à fase da análise da denúncia. A decisão do ministro Edson Fachin de submeter o caso ao plenário é vista como um indício de que se trata de um julgamento com um viés mais político do que o habitual. Como não há nenhuma tese jurídica nova ou mudança de jurisprudência a ser discutida no caso, não haveria motivo para o processo ser retirado da Segunda Turma e remetido à apreciação do conjunto da corte. A sensibilidade política do tema, porém, levou Fachin a enviar o caso ao plenário, o que exigirá posicionamento de todo o tribunal sobre o tema. Fachin é alvo de crítica frequente de colegas e de advogados por retirar discussões relativas à Lava Jato, operação da qual é relator no STF, da Segunda Turma e enviá-las ao plenário. Geralmente, porém, isso ocorre em cenários opostos ao atual. O magistrado costuma adotar essa estratégia em situações de derrota iminente na turma, que tem perfil contrário à Lava Jato. No caso de Lula, entretanto, a decisão de Fachin, que costuma defender a operação, representa uma derrota para os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná e para Sergio Moro. Assim, em tese ele teria mais chance de ver sua decisão ser referendada na turma, já que os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski costumam votar contra a operação em praticamente todos os julgamentos. No plenário, por sua vez, o cenário é mais incerto e a maioria dos ministros tem evitado arriscar um palpite sobre qual será o placar em relação à anulação das condenações de Lula. Na avaliação feita sob reserva por dois ministros, é difícil prever com precisão como cada integrante da corte irá se posicionar porque este julgamento está sendo visto como mais sensível do que as análises que costumam dividir a corte entre defensores e opositores da Lava Jato. A tese é que a lógica nesse caso será diferente das disputas usuais relativas à operação. Isso porque, não estão sendo calculadas apenas as consequências judiciais que o julgamento terá para as investigações iniciadas em Curitiba. A doutora em direito pela USP e professora da FGV Eloísa Machado afirma que uma Suprema corte mudar de opinião em relação a temas específicos faz parte e ocorre em todos os países do mundo. Da forma como acontece no STF, porém, ela não vê com bons olhos. “Quando acontece uma mudança rápida no curso do tempo, a gente tem uma demonstração de fragilidade institucional de um tribunal que não se manteve isento a uma agenda de moralização da política e que não conseguiu manter a sua própria jurisprudência”, diz. Ela acredita que os ministros foram suscetíveis à opinião pública ao avalizar medidas da operação que, segundo a professora, não encontravam respaldo na Constituição. Na avaliação dela, a maioria das decisões contrárias à operação foi correta. “A minha impressão é que de dois anos para cá o Supremo tem tentado retomar uma normalidade. Durante muitos anos o tribunal adotou pauta de decisões excepcionais com base na Lava Jato e depois precisou voltar atrás nessa agenda da operação que eles endossaram quase que totalmente nos últimos anos”, diz.  Kassio Nunes Marques Deu votos decisivos para impor derrotas à Lava Jato, como na autorização para defesa do ex-presidente Lula ter acesso às mensagens hackeadas de procuradores da operação. Foi contra a declaração de parcialidade de Moro na condução dos processos de Lula. Afirmou que o tema não deveria ser tratado por meio de habeas corpus. Cármen Lúcia Em 2018, votou contra o habeas corpus da defesa do ex-presidente Lula e defendeu a atuação de Moro nos processos contra o petista. Nesta semana, mudou de voto e foi decisiva para que a corte decidisse pela parcialidade do ex-magistrado em relação ao ex-chefe do Executivo. Edson Fachin Relator da Lava Jato no STF, defende a grande maioria das decisões da operação em instâncias inferiores e já havia rejeitado diversos pedidos da defesa de Lula para anular seus processos iniciados em Curitiba Em decisão individual, anulou as condenações do ex-presidente, o que devolveu os direitos políticos do petista. O ministro afirmou que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para conduzir investigações contra Lula. Rosa Weber Foi contra a mudança de jurisprudência que autorizava a prisão após decisão de segunda instância sob o argumento de que a corte não poderia mudar de entendimento sobre o tema na análise de processo de um réu específico. Um ano e meio depois, votou a favor da ação que pedia que só fosse permitida a execução de pena após o trânsito em julgado dos processos. Gilmar Mendes Atualmente crítico contumaz da Lava Jato, respaldou decisões de Moro no início da operação. Quando o plenário do STF discutiu pela primeira vez o alcance da competência da 13ª Vara Federal de Curitiba, em 2015, foi a favor de atribuir à operação a responsabilidade para além das investigações da Petrobras. Luís Roberto Barroso É um dos principais defensores da Lava Jato no STF e em quase todos os julgamentos dá votos que atendem os interesses dos investigadores de instâncias inferiores. Luiz Fux Também se notabilizou por defender a operação. Em uma mensagem hackeada de procuradores, Moro diz, em inglês, a Deltan Dallagnol, então chefe da força-tarefa da Lava Jato no MPF, que acredita no ministro. “In Fux we trust”, afirmou no diálogo. Dias Toffoli Ao lado de Gilmar Mendes, é um dos principais críticos da Lava Jato e costuma se alinhar à ala da corte que impõe derrotas à operação. Ricardo Lewandowski Com Toffoli e Gilmar, forma o trio que em praticamente todos os julgamentos vota contra os interesses da Lava Jato. Marco Aurélio Apesar de seguir uma linha mais garantista do direito, costuma oscilar e em alguns casos vota a favor da Lava Jato, mas também ajuda a impor derrotas aos investigadores. Alexandre de Moraes É outro que não tem posição fixa e que já se alinhou tanto à ala contrária quanto à ala crítica da Lava Jato no STF.  Entenda o julgamento no Supremo sobre suspeição de Moro Julgamento Por 3 votos a 2, a Segunda Turma do STF decidiu na terça (23) que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá (SP). Moro condenou o ex-presidente por lavagem de dinheiro e corrupção em 2017. A condenação foi anulada pelo ministro Edson Fachin em 8 de março, que entendeu que o caso deveria ser julgado pela Justiça Federal do Distrito Federal. Também foi anulada a condenação referente ao sítio de Atibaia (SP). Candidatura Para ser candidato em 2022, porém, o petista ainda depende do julgamento do plenário do STF a respeito da decisão do ministro Fachin. Caso a maioria do plenário referende a decisão de Fachin, Lula terá os direitos políticos de volta e poderá disputar o pleito de 2022 —o que neste momento já está valendo pela decisão individual de Fachin. Se o resultado no plenário for no sentido oposto, porém, ainda remanescerá a condenação em duas instâncias no caso do sítio de Atibaia, e Lula seguirá inelegível. Competência Segundo Fachin, no Paraná deveriam ser analisados os casos exclusivamente ligados a crimes contra a Petrobras. Para o ministro, os supostos delitos de Lula teriam relações mais amplas e incluiriam também outras empresas e setores públicos federais, por isso as acusações devem tramitar por uma vara federal em Brasília. Ainda que muitos estados tenham em comum as UTIs para pacientes de Covid-19 lotadas, governadores divergem na forma como lidam com a abertura de comércio e serviços, como meio de pressionar o isolamento social e frear o contágio na pandemia, especialmente diante da falta de uma ação federal coordenada. Enquanto alguns reveem reaberturas e adotam lockdowns ou toques de recolher —como Pará, Bahia e Sergipe—, em estados como a Paraíba o funcionamento de bares e restaurantes é permitido em horário reduzido. Já no Rio, foram liberadas festas de casamento e de formatura com limite de público. Veja a situação em cada estado.  São Paulo População: 46,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,4% Lotação de UTIs públicas na capital: 92,3% O que fez o governador: João Doria (PSDB) decretou a fase emergencial do Plano SP com início em 15 de março. Inclui o fechamento de escolas, um toque de recolher das 20h às 5h e obrigatoriedade de home office para repartições públicas e escritórios. Na sexta (26), com a avaliação do comitê de contingência de que o estado entrou em colapso, a fase emergencial foi prorrogada até 11 de abril Rio de Janeiro População: 17 milhões Lotação de UTIs no estado: 87% Lotação de UTIs na capital: 93% O que fez o governador: Cláudio Castro (PSC) permitiu shows e festas até 12 de março. Nesta semana, proibiu a permanência nas ruas das 23h às 5h e as festas com bilheteria, mas continua permitindo casamentos, formaturas e bares até as 23h, com 50% de ocupação. Prefeituras podem tomar medidas mais restritivas Minas Gerais População: 21,3 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,9% Lotação de UTIs públicas em Belo Horizonte: 101,4% O que fez o governador: Romeu Zema (Novo) anunciou que a onda roxa, que prevê toque de recolher e autoriza apenas serviços essenciais, passaria a valer para todos os municípios mineiros a partir de 17 de março. A medida vale por duas semanas Espírito Santo População: 4,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 93,5% Lotação de UTIs públicas em Vitória: 95,8% O que fez o governador: Renato Casagrande (PSB) decretou quarentena de duas semanas, entre 18 e 31 de março. Só podem funcionar atividades essenciais, hotéis e pousadas podem receber 50% da capacidade e atendimento presencial ao público fica proibido aos domingos e feriados. Aulas presenciais também estão suspensas Alagoas População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 85% Lotação de UTIs públicas em Maceió: 89% O que fez o governador: Renan Filho (MDB) proibiu o atendimento presencial de bares e restaurantes, mas permitiu o funcionamento do comércio e dos shoppings durante a semana Bahia População: 15,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 88% Lotação de UTIs públicas em Salvador: 87% O que fez o governador: Rui Costa (PT) instituiu toque de recolher a partir das 20h de 17 de fevereiro e, nesta semana, antecipou o horário para as 18h. Decretou o fechamento do comércio não essencial e determinou a suspensão do transporte intermunicipal na Semana Santa Ceará População: 2,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 94% Lotação de UTIs públicas em Fortaleza: 95% O que fez o governador: Camilo Santana (PT) instituiu isolamento social rígido com fechamento do comércio não essencial. Retomou a abertura de novos leitos e a instalação de hospitais de campanha Sergipe População: 2,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 78% Lotação de UTIs públicas em Aracaju: 86% O que fez o governador: Belivaldo Chagas (PSD) instituiu toque de recolher entre 20h e 5h até 31 de março. Comércio pode funcionar até às 18h. O mesmo vale para templos religiosos, restaurantes e salões de beleza, que só devem funcionar com 30% de sua capacidade Rio Grande do Norte População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 92,1% Lotação de UTIs públicas em Natal: 96,2% O que fez a governadora: Fátima Bezerra (PT) endureceu medidas de restrição de 20 de março a 2 de abril, com o fechamento de atividades não essenciais e suspensão de aulas presenciais Pernambuco População: 9,6 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 97% Lotação de UTIs públicas no Recife: 97% O que fez o governador: Paulo Câmara (PSB) editou decreto com medidas restritivas, válido de 18 a 28 de março. Destacam-se o fechamento de escolas e igrejas e o não funcionamento de bares, restaurantes e similares, que podem operar apenas com delivery Paraíba População: 4 milhões Lotação de UTIs públicas do estado: 83% Lotação de UTIs públicas em João Pessoa: 93% O que fez o governador: João Azevêdo (Cidadania) determinou toque de recolher das 22h às 5h em municípios com bandeiras vermelha e laranja. Bares, restaurantes e lanchonetes só podem funcionar até 16h, com delivery permitido até 22h. Somente pré-escola, creches e fundamental podem funcionar presencialmente Piauí População""‚3,3 milhões 96%""‚lotação de UTIs públicas no estado 96%""‚lotação de UTIs públicas em Teresina O que fez o governador""‚ Wellington Dias (PT) anunciou medidas econômicas para ajudar empresários e funcionários dos setores de bares, restaurantes e eventos, como o pagamento de um auxílio de R$ 1.000 Maranhão População: 7,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 89% Lotação de UTIs públicas em São Luís: 95% O que fez o governador: Flávio Dino (PCdoB) autorizou nesta sexta que bares e restaurantes funcionem com 50% da capacidade e regime de ensino hibrido para escolas em geral --mas apenas remoto para escolas do estado Acre População: 894,5 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 89% Lotação de UTIs públicas em Rio Branco: 93% O que fez o governador: Gladson Cameli (PP) adiou o início da vigência das medidas restritivas de circulação de 4 para 11 de março, instituindo lockdown apenas aos finais de semana e feriados. Onze dias depois, prorrogou as medidas por tempo indeterminado Amapá População: 861,8 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 94,4% Lotação de UTIs públicas em Macapá: 98,8% O que fez o governador: Waldez Góes (PDT) decretou lockdown a partir de 18 de marco por uma semana, com toque de recolher entre 21h e 5h, lei seca e comércio limitado a delivery. Aulas presenciais estão suspensas Amazonas População: 4,2 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 76% Lotação de UTIs públicas em Manaus: 76% O que fez o governador: Após protestos, Wilson Miranda (PSC) revogou decreto que previa medidas restritivas a partir de 23 de dezembro; dezessete dias depois, o estado entrou em colapso. Não acatou nenhuma recomendação de lockdown feita pelos órgãos de controle Pará População: 8,7 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 87% Lotação de UTIs públicas em Belém: 88% O que fez o governador: Helder Barbalho (MDB) decretou lockdown nos cinco municípios da região metropolitana de Belém, prorrogado até 29 de março Rondônia População: 1,7 milhão Lotação de UTIs públicas do estado: 100% Lotação de UTIs públicas em Porto Velho: 100% O que fez o governador: Marcos Rocha (sem partido) determinou toque de recolher entre 21h e 6h em dias úteis. Só podem funcionar atividades essenciais, mas salões de beleza podem atender de forma individual. Academias funcionam com limitações de público Roraima População: 631,2 mil Lotação de UTIs públicas no estado: 58% Lotação de UTIs públicas em Boa Vista: 58% O que fez o governador: Antonio Denarium recomendou toque de recolher em todas as cidades; manteve comércio aberto; liberou, no último dia 15, o transporte rodoviário entre Boa Vista e Manaus (uma viagem por dia com limite de passageiros) Tocantins População: 1,6 milhão Lotação de UTIs públicas no estado: 90% Lotação de UTIs públicas em Palmas: 91% O que fez o governador: Mauro Carlesse retomou as aulas presenciais em fevereiro, mas voltou atrás em março; recomendou que prefeituras adotem medidas mais restritivas Goiás População: 7,1 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98% Lotação de UTIs públicas em Goiânia: 98% O que fez o governador: Ronaldo Caiado adotou rodízio 14 por 14 (14 dias com estabelecimentos não essenciais fechados e 14 abertos) até a próxima semana; entregará 200 mil máscaras a usuários de ônibus na região metropolitana de Goiânia Mato Grosso População: 3,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 95% Lotação de UTIs públicas em Cuiabá: 94% O que fez o governador: Mauro Mendes (DEM) apresentou projeto de lei para antecipar feriados e reduzir a circulação de pessoas ate 4 de abril; outra proposta é triplicar valor da multa a quem desrespeitar medidas restritivas Mato Grosso do Sul População: 2,8 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 109% Lotação de UTIs públicas em Campo Grande: 97% O que fez o governador: Reinaldo Azambuja (PSDB) criou sistema que indica o funcionamento de atividades econômicas conforme a bandeira, mas é apenas uma recomendação Paraná População: 11,5 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 95% Lotação de UTIs públicas em Curitiba: 102% O que fez o governador: Ratinho Junior reabriu comércio e escolas particulares, mas baixou decretos mais restritivos para regiões mais afetadas Rio Grande do Sul População: 11 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98,8% Lotação de UTIs públicas em Porto Alegre: 104,2% O que fez o governador: Desde 22, prefeituras podem adotar protocolos de bandeira vermelha mesmo que o RS esteja em bandeira preta (risco altíssimo). Comércio não essencial pode funcionar até 20h nos dias de semana (bares e restaurantes até 18h e ocupação de até 25%); supermercados até 22h qualquer dia da semana; aos fins de semana, apenas comércio essencial. Escolas continuam fechadas por decisão judicial. Permanência em praias continua proibida Santa Catarina População: 7 milhões Lotação de UTIs públicas no estado: 98,8% Lotação de UTIs públicas em Florianópolis: 98,9% O que fez o governador: Todas as regiões estão em bandeira vermelha (risco altíssimo) desde 24 de fevereiro. Atividades noturnas estão vedadas, bem como a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em lojas de conveniência entre 0h e 6h. Aulas presenciais estão mantidas. Bares e restaurantes só podem funcionar com 25% da capacidade. As praias estão liberadas, desde que sem aglomeração De vez em quando, jornalistas, de diversas áreas, escritores, poetas, filósofos, artistas e pensadores de botequim escrevem e falam sobre futebol. Deveriam participar mais. Por escreverem muito bem e por não terem os olhares viciados, por não utilizarem os clichês do jornalismo esportivo e por não terem compromisso com os detalhes táticos, enriquecem a crônica esportiva, com uma nova linguagem. Nelson Rodrigues tinha a fama de não entender nada de futebol e de não enxergar bem. Mestre Armando Nogueira, companheiro na TV Bandeirantes, que entendia de futebol e que tinha a alma de poeta, conta que, após as partidas no Maracanã, Nelson o segurava pelo braço e perguntava: ""Como foi o jogo? Quem foi o craque?"". Nelson Rodrigues ia para a redação do jornal e, com suas exageradas e deliciosas metáforas, escrevia, sobre o personagem do jogo, os textos mais prazerosos e bonitos que já li sobre futebol. As colunas de Luís Fernando Veríssimo são belíssimas e bem humoradas. Uma que adoro é a do menino que ganha uma bola de presente do pai e pergunta: ""Onde eu ligo? Tem manual?"". Aprendo com as opiniões e textos que escuto e leio na atual crônica esportiva. Tento escrever de uma maneira concisa, clara, técnica e tática, embora muitos leitores gostem muito mais quando escrevo sobre coisas fora do jogo. Há também alguns que gostam mais das explicações táticas e outros que não gostam de jeito nenhum. Sou um viciado telespectador, ainda mais que não participo de redes sociais. As coisas boas são trazidas e discutidas na televisão. Há excelentes programas, gerais e esportivos, embora haja uma excessiva repetição nos noticiários e nas análises. Em outra coluna, falei de uma série que vi na Netflix, ""The English Game"", sobre detalhes da vida inglesa, na mesma época em que iniciava o futebol na Inglaterra, quando foi criada a primeira liga de futebol do mundo. Coincidentemente, o grande escritor Mario Prata vai lançar, brevemente, pela Editoria Record, o livro ""As origens do futebol"". Comecei a ler os originais que ele me enviou. Mario Prata fez uma longa pesquisa. Segundo ele, é uma ficção, com base na realidade, um romance de humor, com prefácio do mestre Juca Kfouri. Há muitos outros bons livros sobre futebol. Um que adorei foi ""Veneno Remédio, o futebol e o Brasil"", publicado pela Companhia das Letras, do ensaísta, músico, filósofo, professor de literatura, escritor e apaixonado por futebol José Miguel Wisnik. Outro excelente livro é ""O Drible"", escrito por Sérgio Rodrigues, uma ficção que se inicia com o drible de Pelé no goleiro Mazurkiewicz, do Uruguai, na Copa de 1970, um dos quase gols mais espetaculares da história. Os europeus lançam mais livros e biografias sobre futebol e atletas que os brasileiros. Acho que exageram no número de publicações, embora todas as vidas mereçam ser contadas. Mesmo os grandes talentos são mais especiais pelo que fazem em suas atividades. Tenho orgulho de ter escrito o prefácio da autobiografia de Cruyff, traduzida para o português pela Editora Grande Área. Ele não foi o melhor jogador nem o melhor técnico do mundo, mas foi o personagem mais influente e importante da história do futebol, porque foi tão espetacular como atleta e como técnico. Cruyff foi também um excelente analista, crítico. Quem foi melhor: o craque Cruyff, um dos maiores jogadores do mundo, ou o revolucionário treinador Cruyff, que ajudou a mudar a história do futebol? Igreja Católica e homossexualidade. Toda vez que esses dois temas se apresentam juntos, a repercussão é imensa. E isso voltou a ocorrer no último dia 15 de março, quando a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), organismo do Vaticano, tornou público um documento —chamado de ""Responsum""— em que ratifica o de sempre: para a doutrina católica, não são reconhecidas uniões homoafetivas. ""Ao quesito proposto: a Igreja dispõe do poder de abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo? Responde-se: negativamente"", diz o texto, assinado pelo cardeal e jesuíta espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, prefeito da congregação e professor da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. O documento é datado de 22 de fevereiro deste ano. Mais antiga entre as atuais nove congregações da Cúria Romana, a CDF é a sucessora do Tribunal da Inquisição ou o Santo Ofício, a temida instituição que perseguia aqueles considerados hereges —em muitos casos os condenando à morte— e que durou até o século 19. Dentro da organização do Vaticano, uma congregação é como se fosse um ministério. Cada qual é gerida por um cardeal, chamado de prefeito e cuja prerrogativa de nomeação cabe ao sumo pontífice. ""É mais correto falar que é o ex-Santo Ofício"", define a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. ""É um herdeiro 'direto', digamos assim, mas a linha de ação é diferente. Não temos mais a prática inquisitorial, não temos mais um índice de livros proibidos, como naquele período."" ""A Doutrina da Fé é a continuação da Inquisição? Sim e não. É um pouco porque é a mesma instituição, digamos, historicamente. Então tem essa raiz, essa ligação com aquilo que foi no passado. E a Igreja não nega isso"", pontua o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. ""Mas não é a mesma coisa mais. Não é justa essa constante comparação da CDF como ela é hoje com aquela instituição do passado."" ""Ela serve para garantir essa unidade da Igreja em torno das mesmas crenças, da mesma doutrina, da mesma fé. A todos os temas de moral e fé que são os principais temas pelos quais a Igreja precisa de orientação, conforme se apresentam novos desafios, a Congregação dá as respostas"", prossegue o vaticanista. Domingues ressalta que, se no passado o órgão tinha o papal de apontar e condenar heresias, dentro do contexto das disputas com protestantes, ""hoje ela tem uma missão diferente, que é a de ajudar o papa a esclarecer, a fazer elucidações sobre como reinterpretar nossa fé conforme mudam os tempos"". ""Se ficasse tudo igual, não precisava de ninguém vir orientar. Mas o mundo não é sempre o mesmo"", diz. O teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, professor da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), vê mais semelhanças entre o órgão atual e o antigo. ""Continua com procedimentos inquisitórios medievais"", critica ele. ""Não há transparência nem regras democráticas. Ainda detém o caráter persecutório e de imposição, ainda que [os papas] Paulo 6° e João Paulo 2° quisessem rejuvenescer e mudar [a instituição]. Não conseguiram. Inércia de um poder concentrado. Francisco deve realizar a reforma ou será engolido pela máquina. As decisões são tomadas a partir de questões de moral e dogmáticas após consulta e estudos de peritos e escritura de minutas e processos judiciais. Os teólogos inquiridos têm pouca chance de responder em outro diapasão"", diz. ""Em geral, são condenados ou entram para uma lista da Cúria e passam a ser ostracizados. Atualmente, é uma comissão que está acima da evangelização e da prática da caridade pastoral. Uma mudança nevrálgica seria colocá-la à serviço do povo de Deus e das igrejas no mundo, e não da burocracia eclesiástica e de sua leitura eurocentrada."" Registros apontam que a Igreja passou a adotar práticas inquisitórias ainda no século 13. Primeiro, na França. Não era um procedimento completamente unificado —as perseguições aos dissidentes do cristianismo eram feitas de formas e com intensidades diferentes conforme a região. ""Ela surgiu na Idade Média, entre os séculos 12 e 13 e foi instaurada para combater os cátaros e os valdenses, considerados hereges e apóstatas pela igreja da época"", contextualiza Medeiros. Doutora em ciências da religião pela PUC-SP, professora do Museu de Arte Sacra de São Paulo e integrante da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião, a pesquisadora Wilma Steagall De Tommaso esclarece que essa primeira versão da Inquisição, instituída pelo papa Inocêncio 3°, voltava-se contra os cátaros porque eles ""acreditavam em dois deuses, assim como os gnósticos do cristianismo primitivo: um bom e outro mau, hostis um ao outro desde a humanidade"". ""Para os cátaros, a matéria era essencialmente má, e o homem, um alienado, condenado a viver no reino da perdição. O objetivo principal do ser humano era ir ao encontro da perfeição e participar da comunhão do mundo espiritual. Acreditavam na redenção dos espíritos e na reencarnação, na transmigração das almas do homem para o homem e do homem para os animais"", explica. ""Essas concepções divergem totalmente da doutrina cristã. Essa heresia foi amplamente combatida pelas ordens dominicana e franciscana."" Considerada Inquisição Moderna, a estrutura da Santa Sé que padronizou esse tipo de ação foi criada no século 16 pelo papa Paulo 3°. Conforme informações do próprio Vaticano, isso ocorreu em 21 de julho de 1542, quando o então sumo pontífice ""estabeleceu uma comissão de seis cardeais com a tarefa de supervisionar questões de fé"". Historicamente, o Vaticano considera essa a data de fundação da hoje chamada Congregação para a Doutrina da Fé. ""A criação da congregação do século 16 surge na tentativa de restaurar uma estrutura, a dos tribunais da Santa Inquisição, que, depois de um certo tempo, em meados do século 14, caiu praticamente em desuso"", explica Medeiros. ""Foi fundada num contexto de Reforma Protestante, estruturando um novo modelo de Inquisição, mais rigoroso e minucioso, para combater o que o catolicismo considerava como heresia."" ""Essa comissão, conhecida pelo nome de Santa Inquisição Romana e Universal, tinha a princípio o caráter exclusivo de um Tribunal para as causas da heresia e de cisma"", informa a Santa Sé. ""O papa Paulo 4°, a partir de 1555, ampliou consideravelmente a esfera de ação, tornando-o competente para julgar também questões morais de diferentes naturais. Em 1571, o papa Pio 5° criou a Congregação para a Reforma do Índice de Livros Proibidos. Em 1588, o papa Sisto 5° promoveu uma reforma na Cúria Romana, ampliando as atividades da Inquisição ""a tudo que pudesse direta ou indiretamente dizer respeito à fé e à moral"". Segundo o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP, a prática inquisitória tem suas raízes na maneira como a Igreja Católica entendia ser o necessário para defender o cristianismo. ""A Igreja Católica e as igrejas protestantes representam dois modelos opostos de manter o cristianismo vivo na história"", analisa. ""O protestantismo se caracteriza pela flexibilidade doutrinal e a subjetividade, que leva —em última análise— à fragmentação, mas garante adaptação mais fácil às demandas da mentalidade dominante em dado contexto. O catolicismo busca estabilidade, universalidade e objetividade, o que lhe garante unidade e universalidade, mas dificulta a adaptação ao momento específico"", prossegue ele. ""A doutrina católica não é estática, mas seu dinamismo se joga sempre na tensão entre o permanente e o universal, representado simbolicamente e geograficamente pelo Vaticano, e o contingente e o particular, que se realiza nas chamadas pastorais 'de fronteira' e nas missões em terras não cristãs"", contextualiza Ribeiro Neto. ""Essa tensão não se resolve, normalmente, numa posição de equilíbrio entre os dois pólos, mas sim numa dominância alternada entre eles. Desse modo, só quando olhamos numa perspectiva histórica, de várias décadas, percebemos qual foi a verdadeira direção tomada pelas mudanças."" Para o sociólogo, ""o mais comum é que, depois de um período de muitas aberturas, venham alguns sinais de fechamento; depois de muitos fechamentos, venham algumas aberturas"". ""Sempre bom lembrar que inquirir não significa outra coisa senão investigar, e é o que fazia o Tribunal da Inquisição da mesma forma que a justiça moderna nos pleitos civis: investigar a evidência existente contra o acusado"", defende De Tommaso. ""A igreja, segundo atestam os documentos, sempre permitiu ao acusado o direito de defesa, e o número de condenados é bem menor em relação ao número de acusados, ou seja, a maioria foi inocentada."" ""Também é importante frisar que a prática de defender com zelo a ortodoxia da religião era e continua sendo comum em todas as religiões"", acrescenta ela. Mas a CDF, com sua atuação organizada como hoje, é fruto de uma série de reestruturações ocorridas ao longo do século 20. Primeiro com o papa Pio X, que reorganizou o órgão e o rebatizou de Sagrada Congregação do Santo Ofício, em 1908. Na sequência da toada reformista do Concílio Vaticano 2, em 1965 o papa Paulo 6° mudou mais uma vez o nome do órgão, para Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Os métodos foram atualizados e, segundo a Santa Sé, ""o caráter punitivo da condenação foi substituído pelo caráter positivo da correção dos erros, juntamente com a custódia, preservação e promoção da fé"". Foi quando o Index, a famigerada lista dos livros proibidos, finalmente foi abolido. ""[Essa lista] foi um instrumento de controle, utilizado pela Igreja, para censurar todo o material escrito, em âmbito católico, que ferisse os princípios da ortodoxia católica"", explica Medeiros. Ela lembra que no documento ""Integrae Servandae"", de 1965, Paulo 6° enfatiza que o objetivo desse ministério vaticano ""é tutelar a doutrina e os costumes em todo o mundo católico"". ""Ele quis afastar o fantasma da Santa Inquisição não só mudando o nome do organismo, mas redimensionando as prioridades da instituição: promover e corrigir em vez de condenar e punir. Isso é muito claro"", afirma a vaticanista. A ação do organismo, contudo, seguiu relevante. Sobretudo no papado de João Paulo 2°, iniciado em 1978, quando grupos mais progressistas da igreja, como a Teologia da Libertação, estiveram na mira do ministério. Entre os brasileiros de maior projeção investigados e punidos pela Doutrina da Fé estão os teólogos Leonardo Boff e Ivone Gebara —a ambos foi imposto o chamado ""silêncio obsequioso"". ""O pontificado de João Paulo 2° é considerado um período mais conservador, em que as certezas da fé, os dogmas da fé e a moral cristã tradicional foram defendidos e difundidos"", contextualiza o vaticanista Domingues. De 1981 a 2005, foi prefeito desse organismo o cardeal alemão Joseph Ratzinger, justamente o homem que sucederia João Paulo 2° no comando da igreja, assumindo o nome de Bento 16. O cargo e sua atuação renderam a Ratzinger o apelido de ""rottweiler de Deus"". Para o teólogo Altemeyer, o hoje papa emérito ""é o cume desse caminho vertical da autoridade da verdade"". ""Francisco segue em outra estrada, toda ela mística e intelectual com outro princípio articulador: compaixão e verdade construída em diálogo do poliedro. Superação da linha vertical, de cima para baixo por uma circulação dialógica e complexa do pensamento e das palavras. Dogma ligado à história viva e não mumificado em tumbas e sarcófagos de peritos murados"", compara ele. ""Trabalhar nesse dicastério deu bastante visibilidade ao agora papa emérito no 'mundo romano'. Por causa da sua trajetória acadêmica, como teólogo, Ratzinger conseguiu imprimir uma marca que nenhum outro prefeito desta Congregação conseguiu"", salienta Medeiros. ""Tanto que deu no que deu: ele virou papa. Ele e João Paulo 2°, na verdade, iniciaram um novo ciclo de 'papas pensadores' após um longo período marcado pela presença de papas com formação diplomática —compreensível, se pensarmos no conturbado século 20. O pontificado de João Paulo 2° foi desbravador, aberto, mas não suavizou na questão doutrinal. Elegeram Bento 16 para dar continuidade a esse projeto de difusão e consolidação da doutrina."" João Paulo 2° fez mais uma reforma no antigo Tribunal da Inquisição. Em 1988, numa reorganização da Cúria Romana, ele especificou o funcionamento da CDF. O documento papal frisava que a tarefa do órgão é ""promover e salvaguardar a doutrina sobre fé e moral em todo o mundo católico"". Em 1997, novo documento ressaltou o caráter de tribunal da congregação, a quem compete ""julgar os crimes contra a fé e os crimes mais graves cometidos tanto contra a moral como na celebração dos sacramentos"". João Paulo 2° ainda normatizou como diversos processos deveriam tramitar dentro da CDF, por meio de um decreto de 2001 —em 2010, Bento 16 publicou uma atualização dessas normas. ""A Doutrina da Fé continua a exercer um trabalho de supervisão e correção, basta nos recordarmos do que ocorreu com alguns teólogos da libertação na América Latina"", completa a vaticanista. O papado de Bento 16 foi calcado pela defesa da fé. ""Ele já falou diversas vezes que tinha em sua mente isso como missão"", explica Domingues. ""Bento acha que o mundo em que vivemos hoje é um mundo que sente falta de Deus, que se esqueceu da importância de Deus e que precisa ser relembrado sobre a importância da fé na vida."" O vaticanista acredita que Ratzinger tenha levado para o papado uma parte de seu trabalho à frente da CDF. ""Não sei até que ponto isso é uma convicção dele ou se ele foi influenciado pelo cargo que tinha."" ""Depois da reforma de João Paulo 2°, o dicastério passou a ser dividido em quatro setores: um que cuida da parte doutrinal, ou seja, redação de documentos que tratam da doutrina católica e presta uma espécie de 'consultoria doutrinal' em relação a outros textos produzidos dentro do Vaticano; um disciplinar, que examina, por exemplo, casos de desvios morais cometidos por sacerdotes, aparições atribuídas à Virgem Maria, delitos de sacrilégios e aplica excomunhões, etc.; um setor matrimonial, que avalia casos de dispensa do matrimônio bastante peculiares; e uma quarta seção, que cuida dos institutos tradicionalistas que não aceitam o Concílio Vaticano 2, mas se mantém em comunhão com o papa"", enumera a vaticanista Medeiros. De acordo com a Santa Sé, a CDF é formada por um colégio de membros, entre cardeais e bispos, sob o comando do prefeito —um cardeal, sempre nomeado pelo papa. Um grupo de consultores se reúne semanalmente para auxiliar na tomada das decisões. Todos os assuntos tratados por eles são discutidos pelo colégio de membros, que deliberam votando sobre as questões. Todos os pontos são, então, submetidos ao papa para aprovação —ou não. ""Hoje, a CDF tem um objetivo muito mais burocrático, administrativo. E tem essa parte doutrinal, que compete a um dos escritórios lá dentro, justamente o que cuida dos temas de fé e moral"", explica Domingues. ""Mas não é que eles vão ficar procurando quem é que defende coisas estranhas da igreja [como a Inquisição fazia no passado], não é isso. Eles vão [analisar] dentro da Igreja se a pessoa tem uma função de ensinamento ou, por exemplo, um padre, um bispo, um catequista que tenha a função de promover a fé e a moral católica, mas não está seguindo isso corretamente. Aí sim a Doutrina da Fé pode intervir e tirar o direito da pessoa falar em nome da igreja."" ""Mas, atualmente, é sempre em caráter medicinal, o que quer dizer que a ideia é convidar a pessoa a mudar de ideia e voltar [para os ensinamentos da igreja]. Não é como antes, quando a punição era a liquidação do problema"", conclui o vaticanista. No atual papado, contudo, a CDF têm perdido a primazia. ""Até o pontificado de Francisco, a Doutrina da Fé era o ministério 'número 1' dentro da Cúria Romana. Com a reforma que ele vem fazendo, o organismo, em termos de hierarquia e importância, dará lugar à Congregação para a Evangelização dos Povos"", ressalta Medeiros. ""A ideia de Francisco, com isso, é demonstrar que a promoção da experiência com Cristo vem antes do ensinamento, da doutrina. É uma correspondência ao modelo de evangelização adotado pela igreja, na modernidade, que o papa Francisco quer promover."" Posicionamentos recentes da própria CDF também se revelam mais progressistas —ou menos conservadores— sob a égide de Francisco. Em 2018, por exemplo, foi por intermédio da congregação que o Vaticano passou a considerar a pena de morte inadmissível, qualquer que fosse a situação. Em dezembro, por exemplo, diante de questões levantadas sobretudos por grupos conservadores extremistas dentro da igreja questionando a legitimidade cristã do uso de vacinas produzidas mediante pesquisas com linhagens celulares a partir do tecido de embriões, o CDF publicou um documento ressaltando que ""é moralmente aceitável utilizar as vacinas anti-Covid-19 que tiverem utilizado linhas celulares de fetos abortados no seu processo de investigação e produção"". Para o teólogo Altemeyer, é preciso ""mais diversidade e uso de respostas holísticas"", o que exige ""colegialidade sinodal e ouvir vozes ocultas e subalternas"". ""Sem isso, o discurso se torna oficial, duro, claro e sem vida. Tal qual lápide no cemitério. Mármore bonito, mas sem sentido vital"", acrescenta. ""Desafio imenso ouvir outras vozes. Ontem, hoje e sempre"". ""Exemplos dramáticos de erros crassos [da congregação ou suas versões antecessoras] no caso de Joana D'Arc, Galileu Galilei, Teilhard de Chardin e sobretudo do dominicano queimado vivo Giordano Bruno"", enumera. ""Recentemente, mais de 200 teólogos e teólogas foram silenciados durante o governo de João Paulo 2°, entre os quais Boff, Gebara, Drewermann, Tissa Balasuriya, Congar, Schillebeeckx etc. etc. etc."", enumera. ""Sem uma teologia aberta, dialógica e lúcida nessa comissão e na Cúria, vivemos sem oxigênio um imposto silêncio obsequioso e infértil. Aridez total. A arte de pensar exige esticar horizontes e não cerrar-se em masmorras."" ""Francisco, com sinais e símbolos, tem avançado anos-luz mais que a CDF, pois assume as questões vitais, e não ilusões de palavras e discursos autofágicos. Ao tocar, falar, viver como bispo de Roma, sensível ao que ocorre no mundo, ele, o papa Francisco, está construindo uma nova Doutrina da Fé, sem anátemas nem condenações e aberta ao povo"", diz o teólogo. ""Eis a esperança de que essa CDF seja fechada e que se abra uma Comissão da Esperança da Fé. Isso não é demagogia ou ilusão, mas uma alusão ao papel jesuânico da Igreja que deve estar mais próxima de profetas e sábios que de clérigos e sinédrios que encerram Deus em livros."" Diplomatas que acompanham o processo de fritura do chanceler Ernesto Araújo avaliam que ele perdeu as condições de permanecer no cargo e especulam o alcance das mudanças na política externa brasileira caso o ministro seja demitido. Ernesto atravessa sua maior crise desde que assumiu o Itamaraty, em 2019. Ele está ameaçado de demissão devido a pressões da cúpula do Congresso Nacional, de militares, de lideranças do agronegócio e de grandes empresários. Mantém, no entanto, o apoio da ala ideológica do governo, principalmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República. Na sexta-feira (26), a Folha perguntou a diplomatas como a ofensiva contra Ernesto estava sendo interpretada por funcionários no Itamaraty. Nas respostas, todas elas dadas sob condição de anonimato, a maioria relata que os últimos dias têm sido de alívio e de expectativa com a possível queda de Ernesto. A guinada ultraconservadora dada pelo chanceler no Itamaraty e sua pauta anticomunista e antiglobalista não encontraram eco na maioria dos membros da carreira. Para muitos no ministério, Ernesto é a representação de alguém que incendiou o capital diplomático acumulado pela pasta ao longo de décadas. A possível demissão do chanceler, portanto, é vista como o prenúncio de uma política externa mais tradicional e menos influenciada por uma agenda ideológica. Diplomatas lembram que a queda de Ernesto tem sido uma demanda de parlamentares e lideranças empresariais em busca de mais pragmatismo na política externa brasileira —o que deve influenciar a eventual escolha de um sucessor. A sessão do Senado de quarta (24), quando Ernesto foi ouvido e confrontado por diversos senadores, foi acompanhada ao vivo por funcionários da carreira. Eles relatam que nunca viram um chanceler ser tão criticado pelo Senado, com muitos parlamentares pedindo publicamente sua renúncia para que o país possa ter melhores condições de diálogo com outras nações para o combate à pandemia. A reunião com os senadores mostrou que já não existe interlocução de Ernesto no Senado Federal, casa legislativa que normalmente tem intenso diálogo com o Itamaraty e que é responsável por aprovar a indicação de embaixadores. No Senado, Ernesto foi atacado principalmente por seu histórico de declarações anti-China que, de acordo com os congressistas, dificulta o acesso do Brasil a vacinas. Em um gesto inusual, por exemplo, ele chegou a pedir ao regime chinês, no início do ano, a troca de seu embaixador no Brasil, Yang Wanming. Não foi atendido. Diplomatas próximos a Ernesto, por sua vez, argumentam que as críticas são injustas e alegam que existe uma escassez de imunizantes em todo o mundo. Eles reconhecem, no entanto, que independentemente da questão da vacina Ernesto acabou penalizado por senadores pelo “conjunto da obra”: um chanceler aderente a um radicalismo tão extremo acabou reunindo contra si a oposição de setores influentes. Desde a sessão no Senado, diplomatas têm especulado os possíveis substitutos do chanceler. Existe apreensão sobre quão significativas seriam de fato as mudanças na política externa. Eles lembram que, no fundo, o Itamaraty executa orientações que vêm da Presidência da República. Além do perfil do novo ministro, destacam que a autonomia do comando da pasta vai depender da influência da ala ideológica do governo, principalmente de Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente é considerado um “chanceler paralelo” —tem trânsito livre no Itamaraty e não quer ver sua ascendência sobre a chancelaria diminuída. Interlocutores de Jair Bolsonaro afirmam que, apesar das pressões, o presidente gosta de Ernesto e preferia mantê-lo no posto. Mas ele teria entendido que o chanceler enfrenta uma coalizão muito ampla de adversários e que será difícil preservá-lo na Esplanada. O próprio ministro tentou ganhar uma sobrevida na quinta (25), ao pedir uma reunião com o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), e destacar auxiliares para contatarem gabinetes de senadores. Nas conversas, Ernesto e sua equipe apresentaram dados e defenderam a atual gestão do Itamaraty na pandemia, mas, segundo relatos, houve pouca receptividade. Interlocutores no Planalto dizem que, caso decida pela troca, Bolsonaro deve esperar até que seja encontrado um novo chanceler. São cotados tanto embaixadores como políticos. No Itamaraty, os nomes mais lembrados são os da embaixadora Maria Nazareth Farani (cônsul em Nova York) e dos embaixadores Nestor Forster (Estados Unidos) e Luís Fernando Serra (França). Assessores de Bolsonaro também dizem que está no páreo o ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL). Essa hipótese, no entanto, é vista com ceticismo, uma vez que significaria a perda de influência do presidente e da ala ideológica sobre a chancelaria. Qualquer substituto de Ernesto, para ser escolhido, deverá manter ao menos alguns traços da agenda conservadora de Bolsonaro. Na avaliação de diplomatas, o mais provável é que um novo chanceler abandone a retórica de confronto com a China e adote uma defesa mais enfática do meio ambiente, numa tentativa de fazer acenos ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Por outro lado, o escolhido deve ser obrigado a preservar traços da pauta bolsonarista, como o alinhamento a Israel no conflito com os palestinos e a pauta anti-aborto em organismos internacionais. A efetivação da substituição também depende da solução de um problema: o que fazer com Ernesto? Diplomata de carreira, o mais óbvio seria designá-lo para uma embaixada no exterior, mas assessores palacianos temem que ele seja reprovado pelo Senado. Uma das hipóteses é a escolha de um posto de representação no exterior que não dependa de aval do Parlamento. Começou ensolarado e quente o primeiro dia do megaferiado decretado pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), nesta sexta-feira (26). Dessa maneira, algumas pessoas resolveram curtir o dia de folga no entorno de parques, que permanecem fechados ao público por causa da fase vermelha do Plano São Paulo do governo estadual. A antecipação de dias de folga na capital paulista ocorre para que as pessoas não permaneçam nas ruas e espaços coletivos, diferentemente de um feriado convencional. É mais uma tentativa governamental de frear as infecções, mortes e internações decorrentes da Covid-19, responsável por mais de 300 mil óbitos no Brasil. Os cinco feriados antecipados são o de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra de 2021 e os feriados do aniversário de São Paulo, de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra de 2022. O dia 2 de abril já é o feriado de Sexta-Feira Santa. As sete cidades do ABC também anteciparam feriados na região. Ao lado de um carrinho de sorvetes, o aposentado Carlos Gastão, 64 anos, observava as duas netas, de 8 e 10 anos, brincando em um balanço, amarrado em um galho de árvore, em um gramado ao lado do Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo. Todos os portões de acesso ao local estavam fechados, por volta das 14h, pois o acesso aos parques da capital paulista estão proibidos ao público desde o último dia 6. O homem, de máscara, estava no local para vender sorvetes, atividade que desempenha há cerca de 30 anos, mas que era feita dentro do Parque do Carmo, do qual é vizinho. Mesmo com a queda de aproximadamente 80% nas vendas, ele afirmou ser favorável às maiores restrições da fase emergencial. “Aproveito para trazer minhas netas [ao gramado externo], para elas se distraírem um pouco também. Como não dá para entrar no parque, venho aqui na parte de fora para vender para as pessoas”, afirmou, se referindo às famílias que também usam o gramado para lazer. Uma destas famílias é do motorista Felipe Delgado, 29 anos, que mora no Jardim Helian, também bem perto do Parque do Carmo, onde afirmou frequentar com assiduidade ""desde que se conhece por gente."" Como o local está fechado ao público, o motorista resolveu aproveitar o primeiro dia do megaferiado, com sol e tempo firme para levar ao gramado externo do parque o filho de 3 anos, a sobrinha, de 4, a irmã, de 31 e a mãe, de 63, os quais, com exceção de Delgado, usavam máscaras de proteção. “Não deixo nossos meninos interagirem com outras crianças, para evitar infecção [pela Covid-19] e estou sem máscara agora porque estou em uma área aberta, longe das pessoas”, justificou. Outra família, com cinco pessoas, também usava o mesmo gramado onde estavam os familiares do motorista e o idoso com as netas. O gramado externo do parque do Ibirapuera, na zona sul, era frequentado por cerca de dez pessoas, no fim da tarde desta sexta. Ao menos quatro ambulantes, que vendiam bebidas, circulavam pelo local. Este tipo de atividade está proibido por causa da atual fase emergencial, que restringe ainda mais o funcionamento do comércio. O fluxo de veículos também foi intenso nas principais vias da zona leste e no centro de São Paulo entre a manhã e a tarde desta sexta. Já as calçadas, nas regiões onde a reportagem circulou, estavam praticamente vazias, com poucos pedestres caminhando ou aguardando ônibus em pontos. Este foi o caso do repositor Luís Batista, 32 anos, que havia acabado de sair de seu primeiro serviço, por volta do meio-dia, e aguardava um ônibus, na avenida Aricanduva, de onde rumaria para sua segunda jornada de trabalho, no Carrão. “Eu moro no Cidade Tiradentes e hoje [sexta] quando estava vindo para meu primeiro serviço do dia, tinha lugar para todos sentarem no ônibus, mas isso já está acontecendo desde que a fase vermelha foi retomada”, ressaltou, se referindo à fase emergencial, iniciada no último dia 15 e que teve o final, previsto para o próximo dia 30, prorrogado para 11 de abril. Batista afirmou ser favorável às medidas mais rígidas, acrescentando estar na rua por causa dos dois trabalhos. Ele disse ainda que irá ter folga somente neste domingo (28), trabalhando todos os demais dias da próxima semana, além deste sábado (27). ""Este feriadão, para mim, não existe"", afirmou. Além da avenida Aricanduva, o Agora circulou pelas avenidas Ragueb Chohfi e Mateo Bei, também na zona leste, nas quais o fluxo de veículos era intenso, entre o fim da manhã e início da tarde, e as calçadas permaneciam praticamente vazias. Somente comércios essenciais mantinham o atendimento ao público. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o número de passageiros nos ônibus da capital paulista diminuiu em 24,7%, entre o último dia 5, véspera da decretação da fase vermelha na cidade, quando circularam 1,98 milhão de pessoas em ônibus, e esta quinta-feira (25), data com dados mais recentes, quando 1,49 milhão de usuários circularam em coletivos. O fluxo de veículos e a lentidão do trânsito também reduziram durante o mesmo período. Foram, respectivamente, 78 km e 32 km (-59%) e 6,4 milhões e 5,7 milhões (-11%). As gestões dos tucanos Bruno Covas e João Doria não haviam se manifestado sobre eventuais autuações, neste primeiro dia do megaferiado na capital paulista, até a publicação deste texto. Uma fila com 13 pessoas aglomeradas aguardava atendimento em frente a uma agência dos Correios, por volta das 13h40 desta sexta-feira (26), na avenida Ragueb Chohfi, região do Parque Boa Esperança, zona leste. A autônoma Eliene Antunes, 53 anos, era uma das últimas da fila, mas aguardava a sua vez para comprar selos, com a mesma calma e paciência com as quais escreve cartas para familiares que moram em Ibiracatu (MG), também sua cidade de origem, que fica a cerca de 610 quilômetros de distância da capital Belo Horizonte. “Antes da pandemia, já nos falávamos por meio de cartas. Agora com este isolamento todo, nos escrevemos mais um tiquinho ainda”, explicou. Eliene redige em média duas missivas por semana, recebendo a mesma quantidade de cartas como resposta. Ela garantiu usar a internet, mas preferir as cartas, pois demonstram “dedicação e zelo” para com o destinatário das palavras. Logo à frente dela, a estudante Vitória Tiburcio, 18 anos, também aguardava sua vez, com mais ansiedade, para retirar uma encomenda que não lhe foi entregue em casa. Sem informar o que iria retirar na agência, a jovem garantiu permanecer em casa desde o início da pandemia, acrescentando concordar com as medidas mais restritivas de isolamento decretadas pelo governo estadual. “Só tenho uma coisa para criticar, que é a situação das pessoas que precisam ir para a rua trabalhar. Elas acabam se expondo [à Covid-19] e, em minha opinião, o governo poderia oferecer uma ajuda para esse pessoal mais humilde, que acaba se arriscando para poder pagar as contas”, ponderou. Os Correios informaram que ""a maioria"" de suas agências na capital paulista estarão abertas ao público, durante o megaferiado de nove dias na cidade, que começou nesta sexta-feira. A unidade onde uma fila com pessoas aglomeradas foi vista pelo Agora, na tarde desta sexta, pode atender ao público, respeitando protocolos como o distanciamento entre as pessoas, acrescentou. Para conferir quais agências estão abertas, clique aqui. ""O serviço de entrega de cartas e encomendas também será mantido, reforçando o compromisso dos Correios em prover à população e empresas soluções de comunicação e logística"", diz trecho de nota. A empresa pública federal disse ainda realizar o controle de fluxo de atendimento nas unidades, com a demarcação de espaço para o cumprimento do distanciamento entre pessoas. ""Além disso, os clientes são orientados a aguardarem do lado de fora da unidade para não ocorrer aglomerações"", acrescentou. Edson Callegares Bortolomasi, 62, foi uma das vozes mais amadas por torcedores do Santos nas últimas décadas. É difícil encontrar um torcedor santista que não reconheça imediatamente o grito de gol do narrador, morto nesta sexta (26) por complicações causadas pela Covid-19, seja pelo timbre de voz ou pelo bordão ""sabe de quem?"" usado quando o time de Vila Belmiro marcava. A frase se tornou mais conhecida nacionalmente a partir do uso pelo narrador Luis Roberto, da Rede Globo. O grito ecoava como uma espécie de chave de ignição para o torcedor que o ouvia pelo rádio. Em seguida iniciava o hino do clube seguido com a conclusão ""é do Peixe”, de Callegares. O narrador estava internado na UTI do hospital Ana Costa, em Santos, desde a última semana, com sintomas provocados pelo coronavírus. Nascido em São Paulo, ele entrou na Rádio Cacique de Santos, em 1978, como escuta, passando os demais resultados da rodada. Passou para plantonista, repórter e narrador, posição em que se tornaria conhecido na Baixada Santista. Também fez trabalhos esporádicos para a Rádio Jovem Pan, em São Paulo. Transmitiu jogos do Santos também nas rádios Atlântica, Clube e Cultura. Trabalhava ao lado do irmão Guido Bortolomasi, repórter de campo e depois comentatista. “Ele e o Victor Moran [comentarista] tinham discussões memoráveis. O Moran com aquele sangue espanhol e o Edson o italianão. O Edson, muitos não sabem, chegou a fazer vários jogos pela Jovem Pan, substituindo narradores que haviam ido para a Copa do Mundo. Mas ele falava: o meu projeto é não ser funcionário, quero ser empresário, um vendedor de propagandas. Ele poderia, brincando, ter sido muito mais”, conta o assessor de imprensa Walmir Lopes, com quem trabalhou na Rádio Cacique, Rádio Clube e Hits FM. Edson também ficou conhecido por dar oportunidades a diversos repórteres em início de carreira. Em sua equipe, contava com o sobrinho Alessandro Nunes, além de nomes como Moran, Pinheiro Neto e outros jornalistas que marcaram a rádio do litoral. “O Edson abriu as portas para mim e para muitos. Mesmo depois que saí da equipe e fui para a ESPN era um cara sempre preocupado, que perguntava como estava, que pedia para que ficasse atento. Queria saber se estava bem. Era um ser humano sensacional, um profissional incrível”, relata o jornalista Fellipe Camargo, da Rádio Nova FM. Edson comandou por mais de duas décadas o programa Baixada Esporte, da Santa Cecília TV, emissora local ligada à Universidade Santa Cecília. “Transbordava carisma, cativava todo mundo. Tinha todas as credenciais”, conta Paulo Soares, com quem trabalhou nas Rádios Cacique e Guarujá, no início da década de 1980. O bordão de Callegares seguirá vivo. Há alguns anos, o narrador que levantava a galera fez duras críticas ao uso dele por Luis Roberto na Globo. “Ele jamais teve a humildade de dizer que copiou de mim”, se queixou. O narrador havia trabalhado na Rádio Cultura, enquanto Callegares estava na Atlântica. Luis Roberto admitiu, tempo depois em entrevistas, ter se inspirado no narrador santista. Hoje, é comum creditar a Callegares a autoria das palavras. ""Quando passei a usar o bordão nos jogos de vôlei, não me lembrava que o Edson usava para os gols do Santos. Depois de um tempo, ele se manifestou a respeito. Liguei para ele e disse que, se ele quisesse, eu deixaria de usar. Imediatamente, ele disse que não, que achava legal e que eu me lembrasse dele quando falasse sobre o bordão. É o que eu faço e continuarei fazendo"", disse o narrador da Globo para o site GE. “Ele era uma voz única nas transmissões e jogos do Santos, era um dos heróis sobreviventes da imprensa local. Era adorado pela torcida do Santos, tinha um jeito próprio cativante”, afirma o sambista e radialista Ricardo Peres. O Santos Futebol Clube lamentou e postou uma de suas narrações memoráveis em suas redes sociais: ""Uma das vozes mais marcantes da nação santista nos deixou nesta sexta, vítima do Covid-19. Muito obrigado por todos os momentos inesquecíveis que vivemos juntos, Edson Callegares"". Callegares deixa a esposa, duas filhas e três netos. O sepultamento acontecerá às 9h deste sábado (27), em São Vicente, cidade onde morava. O Mercosul conta, desde 1995, com uma TEC (Tarifa Externa Comum), conforme estabelecido no Tratado de Assunção de 1991, “como condição indispensável no aprofundamento do processo de integração”. Trata-se de uma taxa unificada de importação de produtos provenientes de fora do bloco. A TEC, no entanto, se tornou uma colcha de retalhos, como uma ampla lista de exceções que permite alíquotas diferentes para alguns produtos conforme o país. A ideia da integração era no sentido de diminuir ao máximo o número de exceções. A revisão da TEC é defendida por Brasil, Paraguai e Uruguai. A Argentina, no entanto, é contra. Na cúpula que marcou os 30 anos do bloco nesta sexta (26), houve um embate entre o presidente argentino e o uruguaio sobre a proposta de alteração. Pela regra atual, Brasil e Argentina podem manter até cem tipos de produtos na lista de exceções. Uruguai e Venezuela, até 225. Paraguai, até 649. As partes podem modificar, a cada seis meses, até 20% da lista. Os países também podem reduzir tarifas de importação de alguns setores sem mexer na TEC. Além da lista de exceções de cem produtos, no caso brasileiro, o governo pode reduzir a qualquer momento as alíquotas de bens de capital e de bens de informática e de telecomunicações, já que o Mercosul permite regimes especiais para esses setores. O que é a TEC? A Tarifa Externa Comum é uma alíquota de Imposto de Importação uniformemente adotada por todos os países do Mercosul, que varia de acordo com o produto classificado segundo a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul). A TEC passou a vigorar em 1º de janeiro de 1995, substituindo a antiga Tarifa Aduaneira do Brasil. Quais são as exceções à TEC? Pela regra atual, cada Estado parte poderá manter uma lista nacional de exceções à TEC nos seguintes termos: Brasil e Argentina: até 100 códigos NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) até 31 de dezembro de 2021. Uruguai e Venezuela: até 225 códigos NCM até 31 de dezembro de 2022. Paraguai: até 649 códigos NCM até 31 de dezembro de 2023. As partes podem modificar, a cada seis meses, até 20% dos códigos NCM incluídos nas listas de exceções. O que quer o Brasil? O governo brasileiro quer a revisão das tarifas de importação do bloco, reiterando a defesa de taxas menores. Baixar as tarifas depende de um acordo com os demais membros e enfrenta resistência da Argentina. As propostas de flexibilização do bloco serão debatidas em abril, num encontro de chanceleres. O que propõe a Argentina? A proposta do atual governo do país é que a redução aconteça ""por meio de uma revisão racional e pragmática, com maior objetividade e com a preocupação para a geração de empregos"", segundo o presidente Alberto Fernández. Ele defende a criação de uma comissão para analisar o assunto. Qual a posição do Uruguai? O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, tem posição semelhante à do Brasil e afirma que o país precisa avançar rapidamente no sentido dessa flexibilização e que não há tempo de formar comissões. Como isso ocorreria? A ideia é promover primeiro um corte generalizado de alíquotas para elevar a competitividade das economias locais e retomar a lógica de que insumos devem pagar menos tarifas do que produtos acabados. A segunda parte da abertura é discutir especificamente a redução das tarifas de importação de quatro setores: siderurgia, petroquímica, bens de capital e bens de informática e telecomunicações. Esses produtos são insumos importantes das cadeias produtivas e considerados pelo governo como fundamentais para reduzir os custos das empresas e elevar a competitividade do país. Fontes: Mercosul e Receita Federal do Brasil. A carta aberta assinada por economistas, banqueiros e empresários que pede medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus alcançou 1.689 assinaturas nesta quinta-feira (25). Entre os novos signatários, em relação à versão divulgada na tarde de segunda-feira (22), estão o ex-presidente do Itaú Unibanco Candido Bracher, atualmente no conselho do banco, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, o economista Roberto Giannetti da Fonseca e os ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Antonio Cezar Peluso e Eros Grau. Na nova versão foi adicionada também uma nota sobre a origem do documento, com objetivo de esclarecer que tudo começou com um movimento só de economistas, apartidário: “Essa carta surgiu no âmbito do grupo Economistas do Brasil, motivada pela preocupação comum dos efeitos da pandemia e o impacto na economia e na sociedade.” O documento já foi encaminhado a representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Entre os signatários estão os economistas Edmar Bacha, Laura Carvalho, Felipe Salto e Elena Landau. No setor financeiro, a carta tem a chancela de Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco e Luis Stuhlberger (Verde Asset). Também há representantes diretamente ligados ao setor produtivo, entre eles Pedro Parente (BRF) e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e hoje presidente-executivo da Ibá (entidade que representa a cadeia produtiva de árvores, papel e celulose). Entre as quatro medidas citadas na carta como indispensáveis para o combate à pandemia, estão a aceleração do ritmo de vacinação, o incentivo ao uso de máscaras –tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa–, a implementação de medidas de distanciamento social e a criação de um mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional, orientado por uma comissão de cientistas e especialistas. Na segunda-feira (22), durante o debate sobre o lançamento do documento, divulgado pela primeira vez no domingo, os cinco economistas responsáveis pela redação do documento afirmaram que as medidas de restrição à circulação para combate ao vírus são necessárias e terão menos efetividade sem a colaboração do governo federal e de mais governadores e prefeitos.  Veja a nova lista de assinaturas: Abdo Khalil Abidiel de Carvalho Aroeira Junior Adelar Fochezatto Ademir Pautasso Nunes Adeodato Volpi Netto Aderbal De Albuquerque Alves Jr Admar Horn Filho Adolpho Pacheco Filho Adriana Lins Adriana Moreira Adriana Rattes Adriane Fagundes Sacramento Adriano Pires Adriano Ricardo Estevam Adriano Silvestre Affonso Celso Pastore Afonso Augusto Moreira De Sousa Afonso Luz Agricio Ribeiro Sampaio De Menezes Aide Firer Airton Gualberto Aitemar N. Fernandes Ajax Reynaldo Bello Moreira Alan Egami Alberto Carneiro Alberto Di Sabbato Alberto Silveira Alda Figieira Alessandra Fonseca Alessandra Levy Del Drago Alessandra Moreira Lansdowne Alessandra Serapomba Almeida Brayn Alessandro Anastasi Alessandro Sanches Pereira Aletheia Patrice Rodrigues Vieira Alex Leonardi Alexandre Antunes Teixeira Alexandre Borges Alexandre Carlos Mota De Oliveira Alexandre Cumplido De Sant'Anna Alexandre Cury Alexandre Ferreira Alexandre G. Evsukoff Alexandre Gomes Vilela Alexandre Lowenkron Alexandre Maia Alexandre Mattos de Andrade Alexandre Mendonça Krul Alexandre Rands Alexandre Schueler Alexandre Schwartsman Alexsander Guimaraes Alfredo Bertini Alfredo Morel Dos Reis Júnior Alfredo Saad Filho Alia Carol Maalouf Alice Chasin Alice Rangel De Paiva Abreu Alison Luciano Goudinho Da Silva Alisson Pimentel Ferreira Almeida Almeida Almir Panini Álvaro de Souza Alvaro Piano Rocha Alysson Paulo Melo De Souza Amanda Amarante Silva Amanda Berti Amanda de Albuquerque Amelia Sineiro Amella Lorrane Ribeiro Lima Americo Almeida Ana Argollo Ana Beatriz Rebecchi Pereira Ana Bottega Ana Cândida Costa Ana Carla Abrão Ana Carolina M B Matarazzo Ana Carolina Medeiros Milanezi Ana Carolina Peregrino Ana Carolina Prado Ana Carolina Santos Ana Cavaleiro Ana Célia Castro Ana Celina Laks Weissbluth Ana Clara De Almeida Basbaum Bacchiocchi Ana Cláudia Da Costa Silva Ana Claudia Michels Ana Cristina Amaral Ferraz Ana Cristina Lima Maia Ana Frischtak Ana Jordânia de Oliveira Nicolay Ana Lucia Longo Campos Ana Lucia Martins Lobato Ana Lucia Villela Ana Luísa Lisboa De Mello Ana Luiza Carvalho Ana Luiza De Toledo Piza Ana Luiza Miranda Mansour Ana Luiza Penna Marques Moreira Ana Madureira de Pinho Ana Maria Barufi Ana Maria dos Santos Moreira Ana Maria Jansen Ana Maria Kaufmann Ana Maria Rios Magalhães Ana Maria Siqueira Leal Ana Novaes Ana Paula Baltazar Ana Paula Baptista Silva Ana Paula Pessoa Ana Paula Rocha Ana Pinheiro Ana Sousa Ana Victoria Pelliccione Anacleto Anderson Andrade Trigo André Da Costa Krause André de Castro Silva Andre Luis Da Silva Leite André Luís Naves Silva Ferraz André Luis Squarize Chagas Andre Luiz Marques André Magalhães André Marinho Da Silva André Monteiro André Perfeito André Portela André Souza Andrea Calabi Andréa Galiazzi Andrea L F Alvares Andréa London Andrea Lucchesi Andréa Pereira Andrea Tedeschi Andreas Sguario Batista Andreia de Lima Pereira Anelisa Alvim Anete V G Ferreira Angela Magalhães Gomes Ângela Maria Angela Moraes e Silva Angélica Maria de Queiroz Angelo Garofalo Aniela Fagundes Carrara Anna Christina B M Sigaud Anna Olimpia de Moura Leite Anne Dinaura Frigo Antonio Augusto De Oliveira Costa Antônio Carlos De Freitas Antônio Carlos De Medeiros Antônio César Franco Garcia Antonio Cezar Peluso Antônio De Pádua Passos Antonio Fernandes Dos Santos Carvalho Antonio Gurgel Antônio Gurgel Filho Antonio Kandir Antonio Lema Antonio Luiz Antonio Machado Antonio Madeira Antônio Márcio Buainain Antonio Marcos Antônio Roberto Beldi Aod Cunha Armínio Fraga Arnaldo C. S. E Silva Arnaldo Leal Medeiros Arthur Augusto Lula Mota Arthur Bragança Augusta Gerchmann Augusta Pelinski Raiher Augusto De Arruda Botelho Augusto Romero Aurea Gomes Vilela Bárbara Mourao Basiliki Litvak Beatriz Diniz Beatriz Dos Anjos Beatriz Gusmão Sanches Pereira Beatriz Luz Beatriz Macedo Santos Beatriz Novaes De Almeida Telles Beatriz Selan Beatriz Villani Levantezi Belita Koiller Bella Schulman Ben Lian Deng Benito Salomão Benjamin Mandel Benjamin Sicsú Beny Parnes Berenice Mendonça Gonzalez Bernadete Garcia Ribeiro Dyniewicz Bernard Appy Bernardo Campolina Bernardo Muradas Betina Pegorini Betto Saad Bianca Porto Moreira Bradson Camelo Bráulio Borges Braz Camargo Breno Borges Brasil Breno Sampaio Bruno Berthold Freitas Bruno Boni de Oliveira Bruno Carazza Bruno Ferreira Cordeiro Bruno Giroleti Bruno Gomes Bruno Imaizumi Bruno Luis Quintas Da Silva Bruno Miessa De Barros Bruno Monteiro Filho Bruno Motta Bruno Novaes Bruno Pettengill Loureiro Bruno Puga Caio Augusto De Oliveira Rodrigues Caio Eduardo Passos Ferreira Caio Ferrari Ferreira Caio Magri Caio Pedro Castro Camila Gomes Candido Bracher Carla Aparecida Dos Santos Carla Casa Nova Xerfan Carla De Abreu E Silva Carla Gris Carla Jucá Amrein C. de Andrade Carlos A. Ferreira Júnior Carlos Alberto De Ranieri Carlos Alberto Manso Carlos Ari Sundfeld Carlos Brunet Martins Filho Carlos De Brito Pereira Carlos De Goes Mascarenhas Filho Carlos Diegues Carlos E B Fantacini Carlos Eduardo Dos Santos Marino Carlos Eugenio Da Costa Carlos Fausto Carlos Góes Carlos H. P. Cotrim Carlos Joaquim Paulino Pinto Carlos Kawall Carlos Kobylko Carlos Machado Carlos Mauricio Carlos Nivaldo Silva Da Conceição Carlos Peregrino Carlos Ronald De Carvalho Carlos Viégas Carlota Araújo Carmen M. Costa Carmen Salerno Carol Conway Carolina Botelho Carolina Couto Dal Medico Carolina Grottera Caroline Sawyer Cassiana Fernandez Cássio Casseb Catarina Bigler Da Silva Araujo Catia Tinti Cavour Hafner Céci Pastore Cecília Menezes Barbosa De Carvalho Cecília Moraes e Silva Celia Brandão Célia Brito Célia Marcondes Smith Celina Cotait Celso Camilo Celso de Campos Toledo Neto Celso Lafer Cesar Hideki Yamamoto Cesar Peduti Neto Charles Lagana Putz Christian Keleti Christian Velloso Kuhn Christiano Penna Christiano Vanzin Christiano Whitaker Christina Ourivio Ciça Guedes Clarissa Lins Clarisse Sette Troisgros Cláudia Assunção Dos Santos Viegas Claudia Bejarano Claudia Cianciulli Claudia Gebrim Claudia Mauro Cláudia Molisani Mendonça Cláudia Passarelli Claudia Prodanoff De Faria Claudia Sussekind Bird Claudia Zonenschain Claudio Carvalho Claudio Considera Claudio Domingues Cláudio Frischtak Cláudio Gonçalves Couto Claudio Jaeger Sirangelo Claudio Marinho Cláudio Mendes Cláudio Renato Bastos Claudio Ribeiro de Lucinda Clélia A. Galeb Cleveland Prates Cliveraldo Campos Nunes Clóvis Cavalcanti Comba Cascardo Coramar Carneiro Silva Cosmo De Donato Junior Cristian Andrei Cristiana Damazio Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt Cristiane Martins Cristiano Andrade Cristiano Canedo S. S. Albuquerque Cristiano Magalhaes Cristiano Panazio Cristiano Tavares Cristina Caparica Cristina De Luca Silveira Cristina Knapp Cynthia Horn Cyntia Damasceno Peterle Dalva Alderete Daniel Amarilho Daniel Barreto Daniel Cerqueira Daniel Consul de Antoni Daniel Dutra De Carvalho Daniel Fainguelernt Daniel Gleizer Daniel K Goldberg Daniel Leichsenring Daniel Moura Daniel Nogueira Coelho Daniel Prado Daniel Shavitt Daniel Tanure Veloso Daniel Wanderson Da Costa Cipriano Daniela Considera Daniela Ioná Brianezi Daniela Miyahiro Daniela Toledo Thomazella Daniela Tourinho Danielle Carusi Machado Danielle Chiaretti Dos Santos Danielly Moura Lima Danilo Camargo Igliori Danilo Santa Cruz Coelho Danilo Spinola Darcio Genicolo Martins Davi Ricardo Lopes Alves David Gotlib David Viscardi Pereira David Zylbersztajn Debora De Siqueira Débora Freire Débora Gaspar Deborah Bizarria Décio Vieira Da Rocha Demian Grams Demósthenes Madureira de Pinho Neto Denis M. L. Santos Denis Mizne Denise Bastos Denise Castro Denise Crispun Denise Lobo Denise Steagall Dennis Christofer De Paula Silva Deputado Daniel José Dércio de Assis Derick Rufino Diana Lúcia Gonzaga da Silva Diana Moreira Diego Almeida Macedo Diego Dias Pavei Diego Emmanoel Serafim Pereira Dimitri Szerman Diogo Da Silva Metzdorff Diogo Sardinha Djalma S. Souza Djane Meiri Pereira Domingos Brito da Silva Donizetti Alves Silva Dorival Dourado Dorivaldo Cordeiro Mota Douglas Dal Gallo Douglas Gomes Douglas Nakazone Duilio de Avila Berni Ed Carlos Ferreira Nascimento da Costa Eden Stilben Morata Edgar Antonio Perlotti Edgar Da Silva Ramos Edgard Meirelles De Andrade Edir Teixeira Edmar Bacha Edmar Luiz Fagundes de Almeida Edmundo Valente Edna Maria De Araujo Ednaldo Luciano Ferreira Edson Pinheiro Eduardo Alfradique De Oliveira Eduardo Amaral Haddad Eduardo Angeli Eduardo Augusto Guimarães Eduardo Bessa Eduardo Caldeira Eduardo Correia Eduardo De Gasperi Eduardo Fernandes Eduardo Gulart Monteiro Eduardo Henrique Dantas Eduardo J Macedo Jr Eduardo Luiz Cury Eduardo Maghidman Eduardo Mazzilli de Vassimon Eduardo Mufarrej Eduardo P De Carvalho Eduardo Pontual Eduardo Sirotsky Melzer Eduardo Souza-Rodrigues Eduardo Teixeira Eduardo Teodoro Da Silva Eduardo Viola Eduardo Vitalino Eduardo Weber Eduardo Weizmann Eduardo Wurzmann Eduardo Zilberman Eduardo Zylberstajn Elaine Braga Elaine Teixeira Elane Niskier Goldkorn Elbia Gannoum Elça Mendonça Lima Eleazar de Carvalho Elena Landau Elena Welper Eleonora Cypel De Luca Eliana Borges Pereira Leite Eliane Magalhaes Lobo Eliane Pszczol Élida Lasmar Elisa Caillaux Elisa Volpato Maia Elisabeth Maria Vieira Gonçalves Elizelma Monteiro Eloá Sales Davanzo Eloise Torres Amado Elson Romeu Farias Elton Julien Elza Cláudia Dos Santos Torres Emerson Kapaz Emilia Buarque Enilsio P. Luiz Filho Erci Wolf Koch Érica Domingues Rodrigues Erica Gomes Erica Iootty Erick Lima Erika Almeida Ribeiro Ernani Moura Lima Eros Grau Eurico Marques de Oliveira Júnior Euridson De Sa Júnior Euripedes Junior Lopes Silva Evandro José Neumann Fabiana De Felicio Fabiana Rocha Fabiana Saddi Fabiana Valvassoura Ribeiro Fabiano Angélico Fabiano Velela Fábio Antonio Rasche Júnior Fabio Arruda Mortara Fábio Astrauskas Fábio Barbosa Fábio Battista Fábio Bernardi Fabio Carramaschi Fábio De Paula Júnior Fábio Esperança Fabio Giambiagi Fabio Guedes Gomes Fábio Moraes Fábio Morais Fabio R Carvalho Fábio Romão Fabio Schanaider Fabio Szwarcwald Fábio Terra Fábio Xavier da Silveira Rosa Fabricio Inojosa Fabrício S M Cardoso Fany Kon Fátima Conceição Celestino Soares Fatima Maria Silva Felipe Andrioli Felipe Boeira De Medeiros Felipe Cintra Braga Felipe de Mendonça Lopes Felipe De Sousa Bastos Felipe Falcão Nobre Felipe Guatimosim Maciel Felipe Harari Valente Felipe Imperiano Felipe Salto Felipe Siqueira Lopes Fenelon Araújo De Lucena Filho Fernanda Botelho Fernanda Cordeiro Fernanda Horn Razouk Fernanda Lima Gonçalves Fernanda Marques Fernanda Medeiros Fernanda Polonia Rios Fernando Abrantes Fernando Genta Fernando Leite Fernando Madueño Fernando Martins Fernando Penteado Fernando Peregrino Fernando Postali Fernando Rawicz Fernando Reinach Fernando Schnaid Fernando Veloso Fernão Henrique Ferreira Reimão Fersen Lambranho Fiamma Orlando Zarfe Filipe Campante Filipe de luca Flávia Leite Soares Cavalcanti Flávia Seligman Flávia Torres Flávio Ataliba Flávio Bojikian Flavio Bulcão Flavio Chueire Flávio Moreira Flavio Ramos Tambellini Francielly Cordeiro Freire da Rocha Francisco Aimara Francisco Carlos Mazon Francisco Cavalcanti Francisco Cunha Francisco Lucas Santos Oliveira Francisco Machado Francisco Marques Francisco Penteado De Freitas Borges Francisco Pessoa Faria Francisco Ramos Francisco Santos Francisco Soares de Lima Franciso José Pinhero Guimarães Franklin Gonçalves Franklin L Feder Frederico Ferreira Frederico Silva Gabriel Brasil Gabriel Bravim Furlan Gabriel Carvalho E Silva Gabriel Castro De Almeida Campos Gabriel Facundes Monteiro Gabriel Ferreira Cavalcante Gabriel Fusco Gabriel Lucindo Gabriel Rassi Gabriel Tozzini Gabriel Ulyssea Gabriela B Domingues Gabriela matoso Magalhães campos Gabriella Seiler Gecy Belmonte Parente Geisler Cruz Genaro Lins George Niemeyer Georges Henry Grego Georges Schnyder Junior Geovana Salles Geraldo Carbone Germano Treiger Gervasio Utsumi Gesner Oliveira Gian Paulo Soave Gil Seabra Gilberto Faiwichow Gilberto Fiorito Gilberto Henrique Moraes Gilberto Kaplan Gilson Santiago Macedo Junior Gino Olivares Giovana Alves Giovanna Ribeiro Gisélia Maria Da Silva Pyl Gisleine Anhesim Giuliano Guandalini Gladys Albernaz Glaucia C De Paula Glauco De Camargo E Silva Glauco Fonteles Oliveira E Silva Glauco Peres Da Silva Gloria Maria Vanderlei De Almeida Graça Ramos Graça Seligman Graciella Martignago Guaracyane Campêlo Guilherme A. Pinheiro Jacob Guilherme Affonso Ferreira Guilherme Amaral Ferraz Guilherme Boanova Santiago Guilherme Camargo Guilherme Eichhorn Guilherme Fleck Guilherme Fowler Guilherme Horn Guilherme Inchausp Moreira Guilherme Irffi Guilherme Leal Guilherme Macalossi Guilherme Magacho Guilherme Micota Stipp Guilherme R. Garcia Marques Guilherme Rocha Guilherme Rodrigues Alves Guilherme Tinoco Guilherme Valle Moura Guillherme Setubal Souza e Silva Gustavo Azevedo Gustavo Barbosa Galindo Gustavo Barroso Franco Gustavo Belic Cherubina Gustavo de Paula Ribeiro Gustavo Franco Gustavo Gonzaga Gustavo Grüneberg Boog Gustavo Henrique Leite De Castro Gustavo Leme Drumond Gustavo Lopes Kotscho Gustavo Loyola Gustavo Madi Rezende Gustavo Murgel Gustavo Raulino Gustavo Steinberg Hailron de Andrade Torquato Haroldo Freitas Neto Helber Alves Helcio Tokeshi Helen Juk Helena Arruda Freire Hélio Henkin Hélio Lima Magalhães Hélio Mattar Hélio Zylberstajn Henrique Duarte Miareli Henrique Espanha Henrique Félix Henrique Francisco Leonel Alves Henrique Leandro Fernandes Henrique Luz Henrique Marinho Henrique Natividade Henrique Paixão Henrique Righeti Amaral Henrique Veras Henrique Vicente Hilda Azevedo Vieira Horácio Lafer Piva Hugo Carcanholo Iasco Pereira Hugo Eyng Humberto Baranek Humberto Ferreira De Aquino Humberto Jose Paiva Humberto Moreira Hussein Kalout Ida Alves Ida Mariza T Henkin Igor Cornelsen Igor Kaspary Igor Nascimento De Souza Igor Rocha Ilan Goldfajn Ilan Gorin Ilona Szabó de Carvalho Inah Ramalho Ines De Carvalho Inezita Fernandes Ingrid Pianta Iraci Pimenta Irene Luthold Irina Neves Isabel Cristina Garcia Isabel Diegues Isabel Fortes Isabel Rodrigues Isabella Sobral Isabelle Vilbert Isac Berman Isac Wajc Isacson Casiuch Isadora Osterno Ismar Moreno Israel Baracho De Borges Israel Felzenszwalb Italo Andrade Ítalo Moisés Ítalo Resende Iuri Veras Aguiar Ivan d. Monteiro Izabel Cristina De Lima Izabel Portela Izaias Novaes Jacintho Arruda Câmara Jackson De Andrade Dos Reis Jacob B. Goldemberg Jacqueline de Botton Jacqueline Furtado Jacques El kobbi Jailton Dos Santos Oliveira Jaime Macedo Jair Andrade Araujo Jair Moggi Jan Willem Orberg Jaqueline Marques Jaqueline Visentin Jarbas Milititsky Jason Vieira Jean-Frederic Bailly Jéssica de Araújo Silva Caieiro Jessica Gagete-Miranda Joana Acosta Joana C.M. Monteiro Joana Costa Joana Naritomi Joao A Dos Santos Neto João André De Magalhães Wrobel João Antunes Ramos João Artur Pinheiro João Artur Soares Dorneles João Batista João Bosco Mesquita João Carlos Figueiredo João Carlos Nicolini de Morais João Carlos Rios João Cesar Tourinho João Felippe Cury Marinho Mathias João Gabriel Caetano Leite João Gonzalez João Henrique Duarte João Lucas Figueredo João Mário de França João Moreira Salles João Paulo Mastrangelo João Pedro Bastos João Pedro Saldanha Marinho Marques João Pedro Souza Rocha João Prates Romero João Ricaro Costa Filho João Victor Bragança João Victor Da Silva Lucena João Victor G. S. Leite João Victor Issler João Villaverde João Vitor Dutra Maciel Joaquim Levy Joaquim Pinto De Andrade Jonas Rogério Rocha Jonathan Lacerda Pereira Jonathas De Oliveira Ferreira Jony Arrais Jorge Abrahão Jorge Gerdau Johannpeter Jorge Jatobá Jorge Luiz Nessimian Jorge Martines Jorge Peregrino José Alexandre Scheinkman José Aloysio Martins Accioly Alves Da Silva José Antônio Ferreira da Cunha José Antônio Lessa Jose Antonio Pereira José Artur Lima Gonçalves José Augusto Baranauskas José Augusto Fernandes José Augusto Martins José Augusto Zatti Filho José Benedito Bortoto José Bento Souza Vasconcellos Dos Santos José Cesar Martins José Cruz Filho José Ducca José Eduardo Martins José Eduardo Roselino José Emanuel Silva Souza José Fernando Dos Santos Ribeiro José Guilherme Oliveira José Júlio Sena José Luís Magalhães Salazar José Luiz Chabassus Maia José Marcelo G Reis José Maria Camara Júnior José Misurelli José Monforte José Moura Gonçalves Filho José Olympio Pereira José Pereira Guerra Filho José Roberto Machado Filho José Roberto Martins José Roberto Mendonça de Barros José Roberto Soares Lobato José Rubens José Taragona José Tavares de Araujo José Vicente Santos De Mendonça Joseana Falcão Costa Josef Benhaim Joseph R. Junior Josiani Napolitano Josie Melo Josué Alfredo Pellegrini Juan Pedro Jensen Perdomo Juan Sousa Perroni Judy Botler Julia De Medeiros Braga Júlia Fontes Júlia Guerra Fernandes Julia Neves da Silva Santos Pretti Espindula Júlia Peregrino Julia São Paulo Júlia Seno De Assis Júlia Xavier Juliana Bohn Juliana Camargo Juliana Cavalcanti Juliana Inhasz Juliana Portella Vieira Juliana Resende Bonomo Juliano Assunção Julio Cesar da Silva Júlio César Vitorio Moravia Julio Gomes Julio Picoto Kaio De Oliveira Teixeira Karina Bugarin Karina Livramento Dos Santos Karla Bertocco Trindade Karla De Augusto Oliveira Sarquis Kássio Viana De Almeida Rodrigues Keila Carneiro dos Santos Kenya Noronha Kleber F Pasin Kleyton Vieira Sales da Costa Laisa Rachter Laísa Rachter Larissa Naves De Deus Dornelas Latif Abrão Junior Laudenor Morais Laudgilson Fernandes Laudinei Amorim Laura Carvalho Laura de Carvalho Schiavon Laura Karpuska Laura Knapp Laura Souza Laura Tavares Paulon Léa Francesconi Leandro Guariglia Ferreira Leandro Machado Leandro Milano Yano Leandro Padulla Leandro Pereira Leandro Piquet Carneiro Leane Naidin Leany Barreiro Lemos Leila Coimbra Leila Frischtak Leila Maria Gil Neves Leila Mijalchik Leonardo Barboza Leonardo Beni Tkacz Leonardo Coviello Regazzini Leonardo de Carvalho Prozczinski Leonardo De Siqueira Lima Leonardo Fernandes Wink Leonardo Kestelman Leonardo Maciel Justiniano Leonardo Monteiro Monasterio Leonardo Moreira Fabrin Leonardo Rabinovitsch Leonardo Ramos Leonardo Rezende Leonel Brum Letícia Braga Letícia Fernandes Leyanie Neves Lia Knapp Lia Valls Pereira Liana Ayrosa Liana Melo Liana Nunea Palacios Libia Schenker Licinio Velasco Lidia Goldenstein Lidia Marciliano Lidia Neves Da Silva Santos Ligia Maura Costa Lili Guimaraes Lília Malheiros Lilian Castro De Souza Liliane Geo De Siqueira Lincoln Marques C Santos Lívia Reis Livio Ribeiro Loide Bedran Lorena Hakak Lorena Pinheiro Lima Lourival Batista De Oliveira Júnior Luana Sturm De Quadros Lucas Argentieri Mariani Lucas de Souza Sartori Lucas de Toro Rodrigues Lucas Duarte Tavares Lucas Ferreira Matos Lima Lucas Iten Teixeira Lucas M. Novaes Lucas Portela De Mauro Lucas Reis Lucas Samuels Lucas Warwar Lucia Elena Horn Razouk Lucia Hauptmann Lucia Helena Pinto De Oliveira Santos Lucia Maria Blundi Guinle Lucia Maria Vieira Lúcia Paixão Lucia Souza Luciana Cartocci Luciana da Silva Marques Luciana Medeiros Luciana Saragiotto Bento Luciana Silva Luciano Andrade Luciano Losekann Luciano Luft Luciano Menin Luciene Pereira Lucila Giffoni Meirelles De Andrade Lucila Lacreta Lucila San Juan Lucimara Santos De Campos Luís Alcides Whitaker Vidigal Luis Arthur Cunha De Souza Gomes Luis Eduardo Nascimento Vilela Luis Eduardo Stancato Silveira Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza Luis Holanda Luís Meloni Luis Paulo Rosenberg Luis Stuhlberger Luis Terepins Luisa Cardoso Guedes De Souza Luísa Hernandes De Moura Luiz Antonio Dos Santos Pereira Luiz Augusto Do Amaral Filho Luiz Azevedo Luiz Carlos Barros De Freitas Luiz Carlos Lyra Luiz Carlos Prado Luiz Carlos Siciliano Luiz E Lilia Schwarcz Luiz Felipe Alves Luiz Fernando Dias De Souza Luiz Fernando Dias Duarte Luiz Fernando Guedes Pereira Filho Luiz Fiuza Bocater Luiz Flavio Geo De Siqueira Luiz Gama Luiz Gleiser Luíz Godinho Luiz Gonzaga Da Silva Filho Luiz Guilherme Scorzafave Luiz Gustavo Mauro Cardoso Luiz Ildefonso Simões Lopes Luiz Krempel Luiz Monforte Luiz Octavio vilela de Andrade Luiz Otavio Teixeira Mendes Luiz Parreiras Luiz Tarquínio Luiz Wrobel Luiza Niemeyer Lygia V. Pereira Carramaschi Lylian Concellos M Cristina T M Parizotto Magali Medeiros Magda Dal Molin Maílson da Nóbrega Máira Sales Manoel Félix Cintra Neto Manoel Fernandes Manoel Pereira Manoel Pires Manuel Martins Manuel Soares de Faria Manuel Thedim Manuela Colombo Mara Christina Da Silva Lagazzi Marcel Beer Kremnitzer Marcela Carvalho Ferreira de Mello Marcelle Chauvet Marcello Brito Marcelo Alves Marcelo André Steuer Marcelo Barbará Marcelo Basilio Marcelo Behar Marcelo Carvalho Da Silva Marcelo Cunha Medeiros Marcelo Da Silva Brina Marcelo Davi Santos Marcelo De Oliveira Passos Marcelo de Paiva Abreu Marcelo F. L. Castro Marcelo Fernandes Marcelo Gallacci Pereira Marcelo Gazzano Marcelo Gonçalves Da Silva Fonseca Marcelo Granja Nunes Marcelo Gus Marcelo Justus Marcelo Kfoury Marcelo Leite de Moura e Silva Marcelo M. Esteves Marcelo Mello Marcelo Monteiro Marcelo Paes F. Conde Marcelo Pellizer Marcelo Pereira De Mendonça Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Marcelo Trindade Marcelo Zveibil Márcia Ferreira Da Costa Lima Márcia Fortes Marcia Lahtermaher Márcia Martins Márcia Oliveira Marcílio Marques Moreira Márcio Cavalcante Márcio Coimbra Márcio Fortes Márcio Garcia Márcio Holland Márcio Issao Nakane Marcio Mello de Aguiar Márcio Wanderley Marco Bonomo Marco Da Luz Marco Tullio Forte Marco Vinicius Cuchiaro Marcos Camizao Marcos André Gleizer Marcos Coelho Marcos D Alves Marcos Fantinatti Marcos Freire Marcos Hecksher Marcos Lederman Marcos Reis Marcos Roberto Furlan Marcos Ross Fernandes Marcos Santos Marcos Wendde Cruz Carneiro Marcus Dos Santos Kemp Marcus Vinícius Rego Margarida Maria Monteiro Margrit Dutra Schmidt Mari Elizabeth Chaves De Mello Mari Polachini Maria Albina Catellani Maria Alice Freyre Schuback Maria Alice Moz-Christofoletti Maria Ângela Ferreira Rosati Maria Aparecida Garcez Fonseca Maria Aurea Maestrello Maniriques Maria Auxiliadora Figueiredo Maria Auxiliadora Soares Florentino Maria Claudia Barbosa Maria Clezia Pinto De Santana Maria Conceição Medeiros Maria Cristina Mello Maria Cristina Pinotti Maria Cristina Rios Magalhaes Maria Das Graças Lopes Neiva Maria De Lourdes Leite De Castro Rodrigues Maria Deusilene Alves Maria Dolores Montoya Diaz Maria Eduarda De Paula Fernandes Maria Elisa B De Araujo Maria Elisa Pessoa Labaki Maria Estela P Cardoso Maria Figueiredo Maria Gabriela Mazoni do Nascimento Maria Helena Dienstbach Maria Helena Sforcin Maria Helena Zockun Maria Irene Jordão Maria José Machado Mendes Maria Julia Cunha Garcia Maria Lúcia Emediato Álvares Maria Lucia Leite Maria Lúcia Schulzinger Maria Madalena Rodrigues Maria Regina De Aguiar Gualberto Maria Saletr De Freitas Maria Sylvia Macchione Saes Maria Teresa Alvarez Maria Tereza Sarmento Ferreira Maria Victoria Garcia Rosa Maria Vitoria De Andrade Fortes Maria Vitoriano Mariana Coates Furquim Werneck Mariana S. De Lima Mariângela Botter Marielle Castro Marilda Ormy Marilia Marilia Aleluia Marilia Dal Zotto Marilia Fanucchi Marilia Giffoni Meirelles De Andrade Marília Rocca Marilia Stachuk Marina Barros Marina Garcia Marina Monteiro Mendonça Marina Moraes Abreu Ferreira Marina Rios Marina Roesler Mario Klinger Mário Monteiro Mário Ramos Ribeiro Mario Vasconcelos Marion Kelson Marisa Moreira Salles Maristela Carvalho Mariza Da Rocha Lima Massa Marlene Oliveira Marli Bastos Marly Babinski Marly Parra Marta Maria Hanser Martha Arminda Tancredo Campos Martus Tavares Marx Oliveira De Lima Mary Dantas Mateus Silva Matheus Azevedo De Paula Matheus Outeiro Matheus Pessôa Mauricio Benegas Maurício Canêdo Pinheiro Mauricio Dallabona Maurício Fontana Mauro Boianovsky Mauro Rodrigues Mauro Salvo Mauro Sayar Ferreira Michael Burt Michelle Cristina Aguiar Gualberto Midiã Marcelina Pereira Chaves Miguel de Faria Júnior Miguel De Luca Miguel Fausto Miguel Nathan Foguel Milena Auzier Vilena Milton Longobardi Milton Seligman Minnie Klinger Miriã Botelho Miriam Chnaiderman Miriam Felzenszwalb Miriam Seligman Mirta Noemi Sataka Moacir Salzstein Mona Dorf Mônica Ferreira Gomes Mônica Helmholtz Monica Leal Medeiros Monica Motta Mônica Timm De Carvalho Mônica Viegas Andrade Monique Schmidt Morena Panciarelli Muriel Carvalho Corrêa Naercio Menezes Filho Naiara Sales Naice Maguire Nara Galeb Porto Natália Nunes Ferreira-Batista Natalie Unterstell Natalie Victal Nathalie Gimenes Nathalie Nery Neide Eisele Neila Milititsky’ Neire Martins Nélia Carvalho Rios Nelson Aerts Nelson Barros Nelson Do Amaral Pinto Nelson Eizirik Nelson Horowitz Nelson Proença Nelson Rocha Augusto Nelson Sager Nicholas Fernandes Gimenes Nícia Comerlatti Nicolino Trompieri Neto Nilson Redis Caldeira Nilson Teixeira Nilton Deodoro Moreira Cardoso Junior Nilton Wainer Nina De Salles Rezende Nina Ranieri Norbert Glatt Nuno Duarte Da Costa Bittencourt Octavio de Barros Oded Grajew Odilon Camargo Oscar Ferreira De Souza Oscar Vilhena Oscar Vilhena Vieira Otaviano Canuto Otto von Sothen Pablo Castro Pablo Ribeiro Patrícia Câmara Ferreira Patrícia Corrêa Lemos Patricia Cunha Patricia De Oliveira Patrícia Franco Ravaioli Patrícia Gonçalves Rios Patrícia Ortega Patrícia Ramos De Camargos Paula Carvalho Pereda Paula Magalhães Paula Máiran Paula Maria Grael Paulo Bedran Paulo Bueno Paulo Cesar Ximenes Paulo Cezar Aragão Paulo Chapchap Paulo Dalla Nora Macedo Paulo De Andrade Fortes Paulo de Andrade Jacinto Paulo Deus De Souza Paulo Eduardo Bozzolo Paulo Ferreira Paulo Gomes Silva Paulo Gontijo Paulo Guilherme Correa Paulo Hartung Paulo Henrique de Oliveira Paulo Hermanny Paulo José O’Grady Cabral Paulo Leal Lanari Filho Paulo Levy Paulo Maurício Roncisvalle Paulo Miguel Duarte De Freitas Paulo Peregrino Paulo Renato De Oliveira Lima Paulo Ribeiro Paulo Roberto Amorim Loureiro Paulo Roberto De Andrade Paulo Roberto Guedes - Abol Paulo Sergio Coutinho Galvao Filho Paulo Sotero Paulo Tafner Paulo Zacchello Pedro Bodin de Moraes Pedro Borges Garcia Pedro Bruzzi Pedro Bulcão Pedro Cavalcanti Ferreira Pedro Cl Souza Pedro Da Motta Veiga Pedro Dittrich Pedro Henrique De Novais Amud Pedro Henrique Franco Pedro Henrique Salerno Pedro Henrique Thibes Forquesato Pedro Igor Mantoan Pedro Ivo Marciliano Pires Pedro L Valls Pereira Pedro Lucas Rodrigues Do Carmo Pedro Malan Pedro Melo Pedro Menezes Pedro Mesquita Pedro Miguel De Andrade Pedro Moreira Salles Pedro Parente Pedro Passos Pedro Pessôa De Mendonça Guadagnini Vogt Pedro Sales Pedro Tanure Veloso Pedro Tomas Massucatto Pedro Vasconcelos Maia do Amaral Peiro P Picchioni Minardi Persio Arida Peter Paul Missine Peterson Dos Santos Ferreira Phillipe Prufer Piero P Picchioni Minardi Priscila Azzolini Saldanha Priscila Rotstein Letichevsky Priscila Tavares Priscilla Albuquerque Tavares Priscilla Hirschfeld Rafael Ahvener Rafael B. Barbosa Rafael Bianchini Abreu Paiva Rafael Cabestré Rafael Camelo Rafael De Andrade Rafael Dix-Carneiro Rafael Guilherme Rafael Junio Andrade Alves Rafael Luís Spengler Rafael Macedo Rubião Rafael Nery Torres Rafael Tagliari Rafaela Vitória Raphael Bruce Raphael Rocha Gouvea Raquel Guimarães Raquel Kuya Raquel Teixeira Regina Cele Cunha Regina Helena Thompson Regina Lazzarotti Regina Lucia Burtet Regina M Knapp Regina Madalozzo Regina Martins Regina Portella Reinaldo Pinheiro Rejane Gus Rejane Knijnik Renan Chicarelli Marques Renan Rodrigues Torres Renan Santos Sampaio Renan Seligman Renat Campos Renata Buhler Renata Conde Vescovi Renata Da Costa Lima Dubois Renata De Almeida Magalhães Renata Galvani Braga Renata Kotscho Renata Lobo Renata Reis Conde Caldas Renata Rezende Renata Salgado Renato Da Costa Teixeira Renato Ferreira Renato Fragelli Renato Frajndlich Renato Leite Renato Perim Colistete Renato Rocha Renê Garcia Jr. Reynaldo Fernandes Reynaldo Figueiredo Rhayana Holz Ricardo Almeida Fares Gomes Ricardo Augusto Gallo Ricardo Augusto Rosa Fernandes Ricardo C. Dos Santos Ricardo Côrtes Ricardo Cyrino Ricardo de Abreu Madeira Ricardo Freire Sotero De Menezes Ricardo Gandour Ricardo Gazel Ricardo Gorodovits Ricardo Henriques Ricardo Imperatore Ricardo Lisboa Pegorini Ricardo Markwald Ricardo Pedrosa Ricardo Penteado Ricardo Perpétuo Ricardo Petersen Ricardo Pierantoni Ricardo Rennó Ricardo Santelli Ricardo Vacaro Ricardo Wako Ricardo Young Silva Richard Klevenhusen Rilma Carvalho Rita De Cassia Lopes Dantas Rita Fonseca Rita Leite Pereira Rita Müller Róber Iturriet Avila Roberta Guaraldo Roberta Rosas Roberta Tenenbaum Roberto Adler Roberto Barros Guarda Roberto Bielawski Roberto Bueno Roberto Ellery Roberto Freire Roberto Iglesias Roberto Lage Roberto Moritz Roberto Olinto Roberto Setubal Roberto Sigaud Robson Carvalho Robson Carvalho Da Silva Robson Dos Santos Marques Robson Luiz Matiussi Junior Robson Luiz Silva de Souza Rodger Barros Antunes Campos Rodolfo Hoffmann Rodolfo Tomás da Fonseca Nicolay Rodrigo Bleyer Bazzo Rodrigo Brandão Rodrigo Cassol Rodrigo Hernane Vaz De Azevedo Rodrigo Lanna Franco da Silveira Rodrigo Menon S. Moita Rodrigo Nishida Rodrigo Nogueira Rodrigo Penati Rodrigo Pontes Rodrigo R Azevedo Rodrigo Schlickmann Ribeiro Rodrigo Seara Cassol Rogecler Guimarães Da Leve Roger Patrick dos Santos Rogério Amaury De Medeiros Rogerio Foschiera Rogério Furquim Werneck Rogerio Gleiser Rolberto Giannetti da Fonseca Ronald Kaufmann Ronald Zomignan Carvalho Ronaldo De Almeida Françoso Ronaldo Marcelo Ronaldo Seroa da Motta Ronan Rosso Sartor Rosa Akemi Maesaka Rosa Finger Rosa Lima Rosana Cruz Rosana Seligman Rosana Vazoller Rosane Menezes Lohbauer Rosane Moreira Rosangela Bolze Rosangela Niskier Casiuch Rosângela Rêgo Rosario do Amaral Rose Mary Freire De Sá Rocha Rose Sobral Rosemeire Silvestre Rosiane Pecora Rubens Nunes Rubens Ricupero Rubens Sardenberg Rui Porto Ruth K C Gelband Ruth Wrobel Ruy Ribeiro Sabino da Silva Porto Júnior Samantha Dangot Samir Rameh Samira Schatzmann Samuel Gustavo Giovanella Samuel Pessoa Sandra Aquino Sandra Araujo Sandra Axelrud Saffer Sandra Britto Brandão Sandra Ghilardi Sandra M. M. Silva Sandra Regina Pesqueira Berti Sandra Rios Sandro Cabral Sandro Do Prado Gambini Sandro Roberto De Oliveira Sara Siqueira Sarita Kulysz Sávio De Melo Rocha Sergio Akkerman Sergio Alberto Degese Sergio Andrade Rocha Sérgio Antonio De Paula Cerqueira Sérgio Aquino Sérgio Avelleda Sergio Becker Sérgio Besserman Vianna Sergio Cavalheiro Sérgio Eduardo Motta Sergio Fausto Sergio Ferraz Magalhaes Sergio Fonseca Sergio Gabriele Sérgio Goldenstein Sérgio Guerra Sérgio Guimarães Sergio Krakauer Sergio Landau Sergio Leitão Sergio Luiz Pereira Sergio Margulis Sérgio Marley Modesto Monteiro Sérgio Mauro Letichevsky Sergio Mindlin Sérgio Posternak Sergio Rezende Sergio Ricardo Travassos Da Rosa Sergio Rosenberg Sérgio Ruy Barbosa Guerra Martins Sheila Behar Sheila Neves Sheila Soares De Oliveira Shelly Caroline Dias De Oliveira Shoshana Rapoport Furtado Silvana Pessoa Silvânia Santos Silvano Gersztel Silvano Gianni Silvia Barbará Silvia Bassanetto Silvia Braga Silvia Franco Silvia Helena De Castro Silvia Kon Do V Costa Silvia Lacaze Silvia Maria Schor Silvia Matos Silvia Ribes Silvio Meira Simone Wajnman Solange David Solange Gomes Leonel Solange Ledi Gonçalves Solange Srour Sônia Maria Alves da Silva Sonia Solleiro Sônia Tavares Stella Truffi Stephanie Kestelman Suelen Farias Sumaia Rohden Speck Sylvio Nogueira Sylvio Zilber Synthia Santana Tadeu Veiga Tadzo Queiroz Talita Nascimento Tamir Fattori Tania Mateus Yoshimura Tania Salem Tarso Ramos Tatiana Acar Tauries Sakai Nakazawa Teresa Chenker Teresa Cristina Bracher Teresa Salgado Thais Prandini Thales V. T. Cavalcante Thalles Gago Thallys Resende Da Costa Therezinha Bassotto Thiago Abreu Thiago Alves Gomes Thiago Balbo Batista Thiago Dable Thiago Haenel Antunes Thiago Moreira Rodrigues Thiago Pierre Linhares Mattos Thiago Rodrigues De Paula Thiago Süssekind Thierry Degeorges Thierry Molnar Prates Thomás Amaral L. De Mello Thomas Conti Thomas Hoegg Adamski Thomas Kang Thomaz Sarquis Tiago Cavalcanti Tiago Grassano Lattari Timo Hiller Tomás Aguirre Lessa Vaz Tomás Branski Reydon Tomás Guanziroli Tomás Neves Henrique Silva Tomás Silveira Corrêa Tomás Siqueira Tomás Urani Tomaz Saquis Trícia Ribeiro Tuanne Ferreira Dias Ubirajara Alves De Abreu Ulisses Sousa Vagner Ardeo Vagner Francisco Valéria Aparecida Casini Valéria Da Rocha Pedro Valéria Portela Valéria Silva Braz Valéria Vieira Vanderlei Vontobel Wissmsnn Vanderli Aparecida De Souza Bonfá Vânia Maria Lourenço Sanches Vanice Nakano Vera Lúcia A C Duarte Vera Maria De Paula Vera Monteiro Veronica Falcao Gardiner Verônica Lazarini Cardoso Vicente Anchieta Júnior Vicente Loureiro Victor Alexandre de Paula Lopes Victor Genofre Vallada Victor Hugo C. Alexandrino Da Silva Victor Jhodgi Sato Victor Luthold Victor Manoel Alves Vilma da Conceição Pinto Vilma Pinto Vilmo Couto E Silva Vilsa Carla Da Silva Vinicius B Do A Brito Vinícius Britto Lorenzini Vinicius Carrasco Vinícius de Oliveira Botelho Vinícius De Oliveira Preu Vinicius Estivalett Vinicius Garnica Prandi Vinícius Naguti Resende Vinicius Nascimento de Azevedo Vinícius Peçanha Vitor Cesar Ferraz Da Trindade Vitor Monteiro Vitor Natã Gil Vitor Pereira Vitor Pestana Ostrensky Vitor Salmazo Vitor Tavares Norton Viviane Braga Vladimir Correa Rodrigues Wagner Pinto Da Silva Waldionice Rezende Waldirene Bentes Barreto Wallace A A Soares Da Silva Wallim Vasconcellos Walter Mundell Walter Novaes Waneska Schueler Wang Wei Chang Wilfredo Leiva Maldonado William Santos Yan Bueno Yan Gabriel M.D. Silva Yvan Bécard Zaíra Azeredo Zila Bernd Zilda Martins A vacinação contra a Covid-19 ocorre em ritmo desigual nas capitais, conforme a demanda, as quantidades recebidas e a programação das prefeituras. Manaus conseguiu avançar para a faixa dos 60 anos de idade. Recife e João Pessoa começaram a vacinar pessoas a partir dos 64 anos na terça-feira (23), e Campo Grande deve aplicar os imunizantes no grupo a partir dos 67 neste sábado (27). A maior parte dos estados deixa a programação de doses a serem aplicadas e faixa etária para as prefeituras. Veja o ritmo de vacinação por capital. São Paulo: pessoas a partir de 69 anos serão vacinadas a partir desta sexta-feira (26). A gestão Bruno Covas (PSDB) anunciou nesta quinta (25) a vacinação de funcionários de várias áreas da saúde acima de 53 anos, moradores de rua e trabalhadores da assistência social e de cemitérios na cidade de São Paulo Rio de Janeiro: vai vacinar idosos de 69 anos até quarta (31). Antes, cada idade tinha dois dias, um para mulheres e outro para homens. Agora, só será reservado um dia por idade: mulheres vão das 8h às 13h, e homens das 13h às 17h Belo Horizonte: começa nesta sexta-feira (26) a vacinar idosos de 73 e 74 anos. No sábado, serão imunizados aqueles com 72 anos. Não anunciou novas datas para demais faixas Vitória: começa a vacinar pessoas entre 65 e 69 anos idosos a partir de sábado (27). Não foram divulgados novos cronogramas para demais faixas etárias Manaus: começa na segunda-feira (29) a vacinar pessoas de 59 anos com três comorbidades: cardiopatia, diabete mellitus e obesidade mórbida. É preciso fazer um cadastro e anexar laudo médico que comprove o quadro. Será avaliado e submetido a aprovação. Na terça (30), será estendido a pessoas com 58 anos com essas comorbidades; na quarta (31), para os 57 anos; na quinta (1), para os 56 anos; e no sábado (3) para os 55 anos. Cadastro aqui: https://imuniza.manaus.am.gov.br Belém: até 28 de março serão vacinadas as pessoas de 60 anos. Não há previsão para as próximas fases Rio Branco: começa a vacinar idosos de 67 anos nesta sexta (26) Palmas: segundo crononograma, até dia 31 de março serão vacinadas as pessoas de 69 anos ou mais Macapá: deve retomar o cronograma de vacinação na segunda, dependendo da chegada de novas doses. A vacinação será para o público de 64 a 60 anos Porto Velho: inicia nesta quinta-feira (25) a vacinação de idosos a partir de 70 anos. A previsão é de que, na próxima semana, profissionais de saúde de todas as idades possam se vacinar Boa Vista: na terça (23) começou a vacinar pessoas de 68 e 69 anos Salvador: até 26 de março serão vacinados pessoas entre 69 e 71 anos, de forma escalonada, além de cerca de 2.500 quilombolas Fortaleza: a prefeitura iniciou a vacinação de idosos com 73 anos. Novas fases ainda serão anunciadas Recife: iniciou a vacinação de pessoas a partir de 64 anos na terça-feira (23). Não há previsão para novos grupos etários João Pessoa: começou a vacinar pessoas a partir de 64 anos na terça-feira (23). Não há previsão para novos grupos etários Aracaju: até o dia 1º de abril vacinará, de forma escalonada, pessoas entre 69 e 72 anos Maceió: nesta sexta-feira (26) estão sendo vacinadas pessoas de 67 anos. Ainda não há previsão para a próxima fase São Luís: está vacinando idosos de 71 anos. Até o dia 30 serão vacinados idosos de 70 anos Teresina: estão sendo vacinadas pessoas a partir de 72 anos; para idosos de 70 anos, imunização começa na segunda (29) Natal: começa a vacinar idosos com 70 anos no sábado (27). Não foram divulgados novas datas para demais faixas etárias Distrito Federal: começou nesta sexta-feira (26) a vacinação de idosos com 67 e 68 anos. O imunizante está sendo disponibilizado em 50 pontos, sendo 15 em modalidade drive-thru. Na unidade da federação tem, segundo estimativas do governo do Distrito Federal, 17.581 pessoas com 67 anos e 16.470 com 68 anos Campo Grande: até sábado (27) vacinará as pessoas de 67 anos ou mais Goiânia: iniciou a vacinação de pessoas com 68 anos, que seguirá até sexta-feira (26). Após a chegada de mais doses da vacina, o que não há previsão de ocorrer, iniciará a vacinação do público de 67 anos Cuiabá: está vacinando idosos entre 75 e 79 anos. Nesta quarta, teve de fechar os portões do centro de eventos, onde ocorre a vacinação, devido a uma notícia falsa que circulou sobre a vacinação de pessoas a partir de 18 anos. O site da campanha recebeu mais de 50 mil acessos, o que derrubou o sistema Curitiba: até sábado (27) vacinará idosos de 71 anos ou mais. Como não há regularidade na entrega das vacinas, não é possível fazer previsão a médio e longo prazo Porto Alegre: Vai vacinação a partir de sábado (27) pessoas com 70 anos; na segunda, com 69 anos e assim sucessivamente. Chega ao dia 31 vacinando aqueles com idade a partir de 67 anos Florianópolis: está vacinando idosos de 70 anos ou mais e prevê reduzir a faixa para 69 anos a partir de sábado (27). Não tem previsão de atingir as demais faixas etárias O diretor da companhia de navegação Lloyd Brasileiro, Frederico Burlamaqui, recebeu um telegrama com a informação de que o paquete Uberaba afundou na costa do Maranhão, depois de bater nos arrecifes de São Luís, quando regressava dos Estados Unidos. Muitos passageiros e a tripulação foram salvos pelo vapor inglês Austun, já outros se dirigiram para terra em duas baleeiras. Segundo a informação, o comandante do navio afirmou que a embarcação está completamente perdida. O Uberaba era um dos melhores navios alemães aprisionados pelo Brasil na guerra. A reunião do Mercosul nesta sexta-feira (25) será marcada, de diferentes maneiras, pelos efeitos da pandemia, tanto no evento como na economia dos países-membro. O encontro, que comemora os 30 anos do bloco, será virtual, apesar de inicialmente ter sido planejado para ser presencial, e também viabilizar um primeiro encontro bilateral entre os presidentes Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, anfitrião do evento. A Argentina exerce a presidência pro-tempore do bloco. Qualquer comemoração se tornou inviável, no entanto, com a deterioração do cenário sanitário. A reunião acaba ocorrendo no momento em que os países-membro estão tomando novas medidas de restrição para conter a segunda onda do coronavírus, considerada mais complicada pelo surgimento de novas variantes, especialmente daquelas surgidas no Brasil. O Paraguai, cujo colapso sanitário e a ocupação total dos leitos de UTI foram anunciados no último sábado (20), divulgará novas medidas relacionadas à mobilidade dos cidadãos, como fechamento de comércios e escolas e maior controle do trânsito na fronteira. O Uruguai também restringiu atividades, interrompeu as aulas e está priorizando a vacinação na região de fronteira com o Brasil, onde há focos de casos. A Argentina, por sua vez, prepara um pacote de redução drástica de voos internacionais, com foco nas rotas que ligam o país ao Brasil. A projeção é que o trânsito aéreo seja reduzido ao mínimo possível. O presidente Fernández também planeja enviar tropas para vigiar as fronteiras do país. Neste ambiente pouco comemorativo, porém, alguns temas devem avançar, como a discussão sobre o estatuto de cidadania do Mercosul, ampliando direitos dos habitantes do bloco nos demais países. Também a situação da Bolívia, que ainda não é membro pleno do bloco, será debatida. O país pleiteia ser um membro integral há sete anos, mas o processo tem sido lento e precisa ser aprovado pelos Congressos dos demais países. A Argentina deseja acelerar a entrada de seu aliado regional, que também seria uma forma de reforçar o setor mais à esquerda do bloco, uma vez que os demais países são governados pela centro-direita e pela direita. Além dos presidentes dos países fundadores do bloco, Jair Bolsonaro (Brasil), Alberto Fernández (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai), estarão presentes Luis Arce (Bolívia) e Sebastián Piñera (Chile). O encontro ocorre a partir das 10h e será transmitido a partir da Casa Rosada. A questão da Venezuela deve dividir posições entre os países, uma vez que a Argentina, na última quarta-feira (24) decidiu sair do Grupo de Lima, o que sinaliza uma suavização ainda maior de sua relação com o regime de Nicolás Maduro e pode causar algum desgaste em seu vínculo bilateral com os EUA. Também estarão em discussão a redução das TEC (tarifa externa comum) e a flexibilização das regras do Mercosul para possibilitar acordos comerciais com países por fora do bloco. Essa posição é defendida por Brasil, Paraguai e Uruguai, mas enfrenta resistência da Argentina. Existe a expectativa de que as discussões possam avançar, embora a posição argentina seja um obstáculo. Ainda que as trocas de farpas sejam uma tônica entre Bolsonaro e Fernández, a relação bilateral de Brasil e Argentina tem tido muitos avanços nos últimos meses. Ministros dos dois países realizaram encontros virtuais e reais nas áreas agrícola, de defesa e de energia. O resultado foi a solução de muitos entraves técnicos que obstruíam parte do intercâmbio comercial de produtos agrícolas e avanços no setor de produção conjunta de equipamento militar. Embora não tenha havido ainda um encontro presencial entre ambos os mandatários, em outros níveis do governo, o diálogo vem avançando. Em janeiro, o secretário de Assuntos Estratégicos do Brasil, o almirante Flavio Viana Rocha, visitou Buenos Aires e teve encontros com altos funcionários do gabinete argentino, inclusive com o presidente Fernández. A relação áspera dos presidentes pode ser interpretada como saída para manter aberto o diálogo com o eleitorado interno. Bolsonaro, que várias vezes apontou a Argentina como um país ""comunista"" que estaria ""tomando o rumo da Venezuela"", tem pouco interesse em sair numa foto cumprimentando Fernández. Prefere referir-se apenas ao país, chamando-o de ""querida Argentina"". E, para Fernández, que se apoia nos votos mais à esquerda do kirchnerismo, tampouco deseja parecer estar mais próximo a Bolsonaro —algo que custou a seu antecessor, Mauricio Macri, parte da perda de popularidade que colaborou para a derrota nas eleições de 2019. Tardiamente Tardiamente, o Congresso Nacional entra em campo para afastar o chanceler Ernesto Araújo após tantas vidas terem sido perdidas em consequência de suas atitudes irresponsáveis. Agora, se o centrão quiser ser salvador da pátria, que leve à discussão os inúmeros pedidos de impeachment que tem nas gavetas. Rodolpho Odair Sverzutti Cava (Cafelândia, SP) Comitê ""Depois de um ano e 300 mil mortes, Bolsonaro anuncia comitê anti-Covid"" (Saúde, 25/3). Como um sujeito que sempre sabotou o combate à pandemia, levando-nos ao caos, pode mudar de uma hora para outra com a criação de uma comissão ""para inglês ver""? O deputado Arthur Lira segura uma série de pedidos de abertura de impeachment, e o senador Rodrigo Pacheco tergiversa sobre abrir uma CPI para apurar os crimes de Jair Bolsonaro. Que enorme farsa. Paulo Bittar (São Paulo, SP)  ""Parabéns"" ao excelentíssimo senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao seu ministro anticloroquina pelas novas atitudes científico-sanitarias e pelo discurso de união. Em breve, Bolsonaro estará trajando gravata vermelha e pedindo médicos para Cuba. O que faz o desejo de reeleição... Arlindo Carneiro Neto (São Paulo, SP) Vacinação Acabo de assistir a uma entrevista entusiasmada do ministro Paulo Guedes e de dois empresários —sempre eles— sobre um falso altruísmo para ""contribuir"" com o ""lento"" SUS, anunciando a compra de vacinas para seus empregados. Ou seja, um tiro no pé do SUS e dos cidadãos comuns, que o ministro nunca recebe. Jason César de Souza Godinho (São Paulo, SP) Farinha pouca... ""Queremos vacinar funcionários, diz empresário"" (Painel S.A., 25/3). Acho que o único remédio para a saúde desta tão amada e desastrosa república de banânia é trancafiar toda essa elite empresarial pentecostal pró-Bolsonaro e jogar a chave fora. Vicente P. Oliveira (Maceió, AL) As autoridades devem procurar o senhor Washington Cinel para que ele informe onde obteria vacinas rapidamente. A sua fala, aliada à notícia de que empresários de Minas Gerais se vacinaram ""particularmente"", dá ensejo a teorias conspiratórias. Raul Moreira Pinto (Passos, MG)  ""Justiça Federal derruba obrigatoriedade de doação ao SUS de vacinas compradas por entidades privadas"" (Saúde, 25/3). Isso é tão vergonhoso, imoral e antiético como o comércio de órgãos para transplante. É a pá de cal no SUS. Tragédia. Decepção com este país. Vergonha, vergonha, vergonha... Denise Carvalho Schneider (Araçatuba, SP) Bolsonaro e Covid ""Atraso em vacinação no Brasil não é apenas culpa de Bolsonaro"" (Ilustríssima, 25/3). Em vez de tratar da saúde, Bolsonaro criou uma falsa dicotomia entre saúde e economia para agradar sua base. E qual o resultado? Mesmo os milionários que quiserem sair do país não têm para onde ir. Mais de 130 nações fecharam as portas para o Brasil. Mas ainda tem o Afeganistão e mais uns sete países que ainda recebem brasileiros. Se eles tiverem leitos de UTI disponíveis, os barões poderão ir pra lá. Luís M. Costa (Campina Grande, PB)  Todos os erros e desacertos na gestão da pandemia no Brasil decorrem de um único fato: falta de coordenação nacional. Se tivesse sido diferente, muito provavelmente teríamos pelo menos parte das 70 milhões de doses ofertadas pela Pfizer no ano passado. Wagner Ferreira (São Paulo, SP) Moro O editorial ""Moro parcial"" (Opinião, 25/3) é lamentável. E parcial. Faltou dizer que: a decisão se deteve em formalidades; Lula continua réu; as provas são ilegais. O texto também não mencionou a corrupção, mas é disso que estamos falando. A Lava Jato foi a maior operação contra a corrupção já vista por aqui. Berenice Daitzchman Bertoldi (Curitiba, PR) A economia quebra ""Renault, Toyota e VW Caminhões e Ônibus interrompem produção devido ao descontrole da pandemia"" (Mercado, 25/3). Grande estrategista esse Bolsonaro: ""o país não pode parar senão a economia quebra"". José Roberto Pereira (Curitiba, PR) O advogado Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro quer criar, afirmou que a equipe do filho 04 do presidente da República lhe pediu ajuda financeira para abrir a empresa de Jair Renan Bolsonaro, 22. O dirigente do Aliança disse à Folha que lhe foi solicitada uma quantia entre R$ 5.000 e R$ 10 mil para contribuir com a montagem da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, mas que o dinheiro não chegou a ser depositado. Belmonte disse que o pedido foi feito por Allan de Lucena, ex-parceiro de Renan no negócio e também o seu ex-personal trainer. Por meio de sua defesa, Allan negou a versão. Afirmou que o advogado ligado ao Aliança, com o objetivo de estreitar relações com o presidente da República, ofereceu a ajuda financeira. Disse também que o dinheiro foi repassado e pago diretamente à arquiteta que assinou o projeto da empresa de Renan, que assinou contrato e emitiu nota fiscal pelo serviço. Procurado pela Folha, Renan não respondeu. “Com relação a Renan Bolsonaro ou à empresa dele, tenho a declarar que à época realmente ele pediu um auxílio na constituição da empresa, o que eu até havia concordado. Tenho múltiplas atividades e havia falado em contribuir”, disse Belmonte. Ele não explicou por que o dinheiro acabou não sendo transferido e disse desconhecer o repasse feito à arquiteta mencionada por Allan. ""Mandei localizar o que havia com relação ao caso e fui informado pela minha equipe de que na verdade não foi feita nenhuma transferência, ajuda ou depósito meu ou de qualquer empresa minha a Renan Bolsonaro ou à empresa dele."" A empresa foi inaugurada em outubro do ano passado, com um capital de R$ 105 mil. Ela é investigada pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal, sob a suspeita de tráfico de influência junto ao governo federal. A Bolsonaro Jr tem como finalidade a organização, promoção e criação de conteúdo publicitário para feiras, leilões, congressos, conferências e exposições comerciais e profissionais. O advogado de Allan, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, rechaçou a versão de que seu cliente procurou Belmonte para pedir apoio financeiro para a empresa de Renan. ""Na verdade, quem procurou todo mundo foi Luis Felipe Belmonte. Ninguém o procurou"", disse. ""Na sanha de se aproximar do [presidente Jair] Bolsonaro, ele tentou via Renan Bolsonaro. Foi o próprio Luís Felipe Belmonte que se ofereceu para ajudar nos custos."" O representante de Allan afirmou ainda que seu cliente prestará todos os esclarecimentos à Polícia Federal, encarregada de apurar a atuação da Bolsonaro Jr Eventos. Procurado novamente pela reportagem, Belmonte afirmou que já estava próximo do presidente e era o vice-presidente do partido na ocasião. ""Estávamos já fazendo o partido. Não teria sentido eu fazer isso pra me aproximar de uma coisa que eu já estava fazendo"", declarou. ""Nunca procurei por eles. Allan procurou minha equipe e fez o primeiro contato. A partir daí eu os recebi"", disse. Belmonte declarou também que ajudou Renan a procurar uma sede para o seu novo emprendimento. Para isso, disse que fez a interlocução entre o filho do presidente com o presidente do Arena BSB, Richard Dubois, que administra o Estádio Mané Garrincha, onde é situada a empresa. O empresário disse que levou Renan a um show da banda americana Maroon Five realizado no estádio e os dois se conheceram. Procurada, a assessoria do Arena BSB não quis informar o valor do aluguel do espaço cobrado a Renan e disse que não comenta condições comerciais de seus clientes, ""mas assegura que as condições e tratamentos do Camarote 311 são semelhantes aos dos demais clientes”. Belmonte disse que conheceu Renan durante o lançamento da frente parlamentar dos jogos eletrônicos da Câmara, em março do ano passado. O presidente do grupo, Coronel Chrisóstomo (PSL-RO), é seu aliado. Com as relações mais estreitas, o dirigente do Aliança disse que visitou a empresa de Renan antes da inauguração e esteve com o ex-parceiro de negócios do filho do presidente, Allan de Lucena, assim como com a mãe de Renan, Ana Cristina Siqueira Valle, em seu escritório. “Falamos sobre a empresa, mas ela não veio me pedir ajuda, veio falar da possibilidade de se viabilizar como uma possível candidatura pelo partido no ano que vem”, afirmou. Renan Bolsonaro também consta na ata de convenção da fundação do Aliança pelo Brasil, em novembro de 2019, como membro do partido. Bolsonaro aparece como presidente da sigla, que ainda não tem previsão de sair do papel. O partido se apresenta como um instrumento para “livrar o país dos larápios, dos espertos, dos demagogos e dos traidores” e foi impulsionado pelo presidente após a saída de Bolsonaro do PSL, sigla pela qual foi eleito. Apesar de ser o plano A do presidente, a sua própria legenda, gestada sob sua inspiração e comando, o Aliança tem enfrentando uma série de percalços. Em um ano e três meses de existência, só conseguiu validar apenas 70 mil das 492 mil fichas populares de apoio necessárias, menos de 15% do que precisa para dar entrada na Justiça Eleitoral. Correligionários já apontam a possibilidade de Bolsonaro se filiar ao PP, Republicanos, PTB e PL, Patriota ou voltar ao PSL. Com pretensões políticas, Belmonte ainda se diz animado com a criação do partido e busca sempre alinhamento com as pautas de Bolsonaro. Ele também é suplente do senador Izalci Lucass (PSDB-DF) e é conhecido por ser adversário do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Dono de imóveis e de um time de futebol em Brasília, em 2018, o empresário declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um patrimônio avaliado em R$ 65,7 milhões. Belmonte também é investigado no inquérito conhecido como atos antidemocráticos, aberto a pedido Procuradoria-Geral da República e sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A apuração busca identificar organizadores e financiadores de manifestações pró-Bolsonaro realizadas em 2020 que pediam o fechamento de instituições como o Supremo e o Congresso Nacional. Por determinação de Moraes, o advogado teve o sigilo bancário quebrado e foi alvo de mandado de busca e apreensão. No final de outubro, ele foi interrogado pela PF e negou estar por trás dos eventos em apuração. A Folha noticiou em dezembro do ano passado que a cobertura da inauguração da empresa de Renan foi realizada gratuitamente por uma produtora de conteúdo digital e comunicação corporativa, a Astronautas Filmes, que presta serviços ao governo federal. Somente no ano passado, a empresa recebeu ao menos R$ 1,4 milhão do governo Bolsonaro. A empresa prestou serviços para os ministérios da Educação, Saúde e Casa Civil. A revista Veja revelou em novembro que Renan visitou as instalações de um grupo empresarial do Espírito Santo que comercializa material de construção. Logo depois, afirmou a revista, o grupo deu um carro elétrico a Renan, avaliado em R$ 80 mil, e conseguiu uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, para apresentação de um projeto. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (25) que é constitucional a lei em vigência na Bahia que proíbe a publicidade voltada ao público infantil de alimentos que não são saudáveis. A norma em análise veta propagandas direcionadas a crianças de “alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio”. Os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Luiz Fux afirmaram que a legislação não viola a Constituição. Os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber não participaram do julgamento. A ação, rejeitada pelos magistrados, havia sido apresentada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). A norma aprovada em 2016 veta os comerciais sobre o tema entre 6h e 21h no rádio e na TV e em qualquer horário em publicidade veiculada em escolas públicas e privadas. Em 2018, no entanto, esse trecho da legislação foi revogado pela Assembleia da Bahia. O plenário do Supremo discutiu apenas a lei baiana, mas o resultado do julgamento serve de jurisprudência para legislações de outros estados que tratem do tema. Relator do processo, Fachin baseou seu voto em uma resolução da OMS (Organização Mundial de Saúde) que sugere aos países que adotem uma série de medidas em relação à regulação da publicidade de alimentos ricos em gorduras e açúcares. ""Essa recomendação da OMS foi encampada em uma série de fóruns internacionais de que o Brasil faz parte"", disse. O presidente do Supremo, Luiz Fux, afirmou que a lei deve ser mantida porque a Constituição prevê como responsabilidade do Estado ""assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde e à alimentação”. Inicialmente, Kassio havia afirmado que a ação deveria ser acolhida pelo Supremo porque é competência exclusiva da União legislar sobre publicidade comercial. Ao final, no entanto, o ministro ajustou seu voto e alinhou-se à maioria contrária à ação. Por meio de nota, a Abert afirma que o julgamento discutiu apenas a publicidade em escolas, uma vez que a lei da Bahia foi alterada em 2018. “A Abert destaca que permanecem íntegros os julgados anteriores do STF sobre a competência exclusiva da União para legislar sobre publicidade comercial no rádio e televisão."" Ameaçado de perder o cargo, o ministro Ernesto Araújo desencadeou nesta quinta-feira (25) uma operação para tentar se manter no Itamaraty, enquanto assessores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já consideram inevitável a demissão do chanceler. De acordo com interlocutores, Bolsonaro entendeu que será difícil manter Ernesto —embora só queira realizar a troca após ter encontrado um substituto. Auxiliares começaram a discutir nomes para a troca. Entre parlamentares e diplomatas, o nome mais forte a circular foi o de Nestor Forster, embaixador do Brasil nos EUA. Contra ele há o fato de ser um aderente do olavismo, corrente ideológica de Ernesto que bebe na fonte das ideias de Olavo de Carvalho. Foi ele quem apresentou o polemista ao hoje chanceler. Nessa hipótese, apesar de Forster ser visto como um diplomata mais preparado, a sinalização seria de continuidade —e tudo o que o centrão e outros aliados de Bolsonaro querem é uma ruptura com a política atual. Como o Itamaraty é uma fortaleza do bolsonarismo, sob forte influência de Eduardo Bolsonaro, deputado e ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, há dúvida se o clã capitularia. Há também a possibilidade de um nome emergir da ala militar do governo, embora o mais citado, almirante Flávio Rocha, já esteja acumulando a Secretaria de Assuntos Estratégicos e a Secretaria de Comunicação Social do governo. Outro nome cotado é o do embaixador do Brasil em Paris, Luís Fernando Serra, que tem forte atuação rebatendo críticas da imprensa francesa ao governo Bolsonaro. Também foi ventilado o nome do senador e ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL), mas aliados de Bolsonaro opinam que, nesse caso, o mandatário perderia influência sobre a chancelaria. O mesmo obstáculo é apontado para o nome do também ex-presidente Michel Temer (MDB), que entrou na bolsa de apostas em ocasiões anteriores. Segundo auxiliares, a situação de Ernesto ficou insustentável após a formação de uma ampla coalizão para rifá-lo do governo, capitaneada pelas cúpulas do Congresso Nacional e formada por militares, lideranças do agronegócio, parlamentares do centrão e grandes empresários. A participação do chanceler numa sessão do Senado na quarta-feira (24), em que diversos parlamentares pediram publicamente sua renúncia, foi entendida pelo Planalto como o recado de que não há mais interlocução do Legislativo com o ministro. Também na quarta, Ernesto foi cobrado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por uma mudança de rumos na diplomacia brasileira. Ernesto, no entanto, ainda conta com o apoio de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente que trabalha para manter sua influência no Itamaraty. Ciente da fritura, o chanceler pediu na manhã desta quinta uma reunião com Lira. Na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília, tentou se justificar e apresentou dados para argumentar que não foi omisso na crise da pandemia. No encontro, o ministro prestou contas do que foi feito até o momento pelo Itamaraty no combate à Covid-19, enquanto Lira, segundo aliados do deputado, reforçou cobrança feita nesta quarta: é preciso uma melhora na diplomacia, com mais diálogo com países como Estados Unidos e China. Em encontro convocado por Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada com as cúpulas do Legislativo e do Judiciário, um dia antes, o presidente da Câmara e governadores fizeram críticas à atuação do chanceler na crise sanitária. Os líderes estaduais, por exemplo, pediram cobranças à OMS (Organização Mundial da Saúde) em relação ao monopólio de laboratórios na produção de imunizantes. De acordo com pessoas próximas, Lira não mudou de opinião e continua achando que o chanceler deve renunciar ou ser demitido. A equipe de Ernesto também tentou contatar parlamentares para oferecer explicações sobre o enfrentamento da crise sanitária, sem maiores resultados. Lira e Pacheco assumiram a articulação pela derrubada de Ernesto após uma reunião com grandes empresários em São Paulo, em 22 de março. Os presentes se queixaram que o Itamaraty falhou nas negociações para a obtenção de vacinas, insumos e medicamentos, o que contribuiu para o cenário de calamidade vivido hoje pelo país. O Brasil tem registrado subsequentes recordes de mortes pela Covid-19 —nesta quarta, o país ultrapassou a marca de 300 mil óbitos pela Covid-19, apenas dois meses e meio depois de cruzar a linha das 200 mil mortes. Enquanto isso, o ritmo de vacinação é insuficiente para fazer frente aos meses mais duros da epidemia. Não por acaso, as críticas por uma suposta omissão de Ernesto nas negociações de vacinas ocuparam grande parte da sessão do Senado em que o chanceler foi fustigado por parlamentares. Na noite desta quinta, o chanceler respondeu com uma citação bíblica a uma mensagem publicada pela mulher dele no Twitter. ""O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor"", escreveu o chanceler, ao lado de um coração e de uma bandeira do Brasil. Maria Eduarda de Seixas Corrêa Araújo, que também é diplomata, havia escrito na rede social que ""estão tentando transformar meu marido em bode expiatório da República. Patético. Aguenta firme, meu amor"". A situação de Ernesto ficou ainda mais complicada com o episódio envolvendo o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins. Expoente da ala ideológica, Martins foi flagrado no Senado fazendo um gesto com as mãos às costas do presidente da casa, Rodrigo Pacheco. Senadores presentes consideraram o ato obsceno. Além do mais, a forma como Martins realizou o gesto —juntando o polegar ao indicador e mantendo os demais dedos esticados— é associada a movimentos de supremacia branca. O assessor nega qualquer conotação racial e afirma que estava arrumando a lapela. A cena foi avaliada como inaceitável por Pacheco, que cobrou a demissão de Martins. Bolsonaro deve atendê-lo e reacomodar Martins em alguma assessoria na Esplanada. “Não podemos ter pré-julgamentos em relação ao fato, mas, verdadeiramente, vendo as imagens, nós identificamos um gesto completamente inapropriado para o ambiente do Senado”, disse Pacheco. “Queremos aqui, uma vez mais, repudiar todo e qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza, repudiar qualquer tipo de ato obsceno também, caso tenha sido essa a conotação, no Senado ou fora dele. E Senado não é lugar de brincadeira. Senado é lugar de trabalho”, disse Pacheco. Acompanhando um dos julgamentos mais emblemáticos da história americana, que durou meses e foi iniciado por motivação política, o longa “Os 7 de Chicago”, de Aaron Sorkin, expõe diversas formas pelas quais a violência de Estado se perpetua, muitas vezes propagando a destruição dos ideais civilizatórios. A psicanalista Marcella Monteiro, que participou do Ciclo de Cinema e Psicanálise nesta terça-feira (23), explica que, segundo Sigmund Freud (1856-1939), a Justiça é a primeira exigência da civilização. “Em ‘O Mal-estar na Civilização’, ele retoma o conceito de pulsão de morte e afirma que o ser humano não é uma criatura dócil, a gente porta uma boa dose de agressividade. Por isso, é necessário um estatuto legal que regule as relações humanas, restrinja os excessos e assegure uma certa igualdade.” Porém, segundo Monteiro, pelo fato de as leis serem escritas por pessoas em posição de poder e que as podem utilizar em favor próprio, esse aparato pode acabar não favorecendo o bem comum e a civilização, mas “a barbárie na qual o desejo de um grupo é transformado em lei imposta aos demais”. O filme é inspirado no julgamento decorrente das manifestações contra a Guerra do Vietnã que ocorreram durante a Convenção Nacional Democrata de 1968, em Chicago. O que começou como um protesto pacífico terminou em um confronto entre a polícia e os manifestantes, que tinham a intenção de marchar até o local onde a convenção ocorria. O processo acusou oito ativistas de conspiração e incitação à violência, sendo que um deles, Bobby Seale, cofundador do Partido dos Panteras Negras, nem sequer estava na região quando o conflito ocorreu. O desdobramento do julgamento se dá entre o final do governo democrata de Lyndon B. Johnson e o governo republicano de Richard Nixon. Junto ao aumento do recrutamento de americanos para a Guerra do Vietnã, há o crescimento da insatisfação e dos movimentos pacifistas e de direitos civis nos Estados Unidos. “Um mundo marcado por vários conflitos, em crise, com polarização de ideias, emergência de protestos questionando a ordem vigente, que era bélica, autoritária e tradicional nos costumes”, define Monteiro. Para a psicanalista Luciana Saddi, que mediou o debate, o que surpreende no filme é a atualidade perturbadora do tema, com poucas mudanças mesmo 50 anos após o ocorrido. Ela elenca o racismo estrutural na sociedade, a repressão às manifestações, a violência policial e a desigualdade social, educacional, política e econômica. “O mundo inteiro hoje assiste ao retorno da instabilidade social e a permanência dos problemas enfrentados por aquela geração, que estão longe de serem superados.” Também participou do debate o advogado criminal e colunista Luís Francisco Carvalho Filho, da Folha, que reforçou o caráter persecutório do julgamento. Segundo ele, os réus foram escolhidos a dedo, trazendo representantes da política, do Partido Internacional da Juventude, pacifistas e acrescentando o cofundador do Partido dos Panteras Negras para dar um caráter de quadrilha ao grupo. “O governo Nixon tenta reunir todos esses matizes ideológicos como se fosse uma coisa só e essa é talvez a grande farsa desse julgamento.” Segundo Monteiro, o juiz do filme age de forma violenta e sádica. Ele ignora a reivindicação de Bobby Seale por seus direitos constitucionais, o amordaça, acusa todos aqueles que reclamam de sua arbitrariedade de desacato e anula narrativas às quais ele não quer que o júri tenha acesso. “São atos dignos de ditadura, chegando até a profunda desumanização do outro.” Saddi perguntou ao advogado se era possível fazer um paralelo entre o julgamento do filme e os que acontecem no Brasil. De acordo com a experiência dele, o erro judiciário decorre da corrupção e da violência da polícia somada à incapacidade das pessoas de poderem provar sua inocência, porque na maioria das vezes não conseguem pagar por advogados, e também à própria organização judiciária do Brasil, marcada pelo elitismo dos juízes. “É um pequeno massacre aquilo que a gente vê em material penal no Brasil”, diz Carvalho Filho. O Ciclo de Cinema e Psicanálise é um evento quinzenal promovido a distância pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, com apoio da Folha e do Museu da Imagem e do Som, o MIS. A próxima edição do ciclo será no dia 13 de abril, às 20h, com o filme austríaco ""Quando a Vida Acontece"", de Ulrike Kofler. A instrumentalização política do Poder Judiciário tem sido uma prática recorrente de todos os governos da Bolívia. O país ficou preso em um círculo vicioso: abuso permanente do Estado contra o indivíduo. Atualmente, com o governo de Luis Arce, ninguém está seguro e muitos desconfiam da promessa de ""um novo tempo"". O vice-presidente, David Choquehuanca, em seu discurso inaugural anunciou: ""Devemos superar a divisão, o ódio, o racismo, a discriminação entre os compatriotas, não mais perseguição da liberdade de expressão, não mais judicialização da política”. Entretanto, após quatro meses no poder, as ações do governo só contrariaram seu discurso. Com base na pressuposição do golpe contra Evo Morales em novembro de 2019, o governo de Arce e Choquehuanca tem construído uma narrativa para justificar suas ações. Com acusações de ""sedição, conspiração e terrorismo"", a ex-presidente Jeanine Áñez foi detida no sábado, dia 13 de março, com uma grande demonstração da polícia nacional sob a direção de seu comandante geral, como se tratasse de uma criminosa perigosa. O objetivo do governo era demonstrar à opinião pública uma espécie de troféu de guerra e que novamente tem o monopólio da violência legítima para atacar os opositores políticos. Um tweet de Evo Morales ilustra a concepção política predominante no MAS (Movimento ao Socialismo): ""Pela justiça e verdade para as 36 vítimas fatais, os mais de 800 feridos e mais de 1.500 ilegalmente detidos no golpe de Estado. Que se investigue e sancione os autores e cúmplices da ditadura que saqueou a economia e atentou contra a vida e a democracia na Bolívia"". Por que a prisão de Jeanine Áñez se baseia em uma pressuposição? Desde 21 de fevereiro de 2016, quando foi realizado o referendo no qual a maioria dos eleitores rejeitou a quarta postulação de Evo Morales, até 10 de novembro de 2019, quando ele renunciou à Presidência, ocorreu uma série de eventos sócio-políticos que contribuíram para o acúmulo de agitação social contra a corrupção e o autoritarismo do terceiro governo consecutivo do MAS. As irregularidades cometidas pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) antes, durante e após as eleições de 20 de outubro de 2019, denunciadas pela missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos), foram a centelha que acendeu a raiva coletiva acumulada. Em outras palavras, foi uma rebelião dos cidadãos, que surgiu no Departamento de Santa Cruz e se espalhou pelo país, contra o poder autoritário e a manipulação do processo eleitoral. Diante dos protestos, Evo Morales teve que renunciar a seu cargo, o que foi seguido por uma cadeia de demissões de senadores e deputados do MAS. Isso criou um vácuo de poder por 48 horas que levou Jeanine Áñez, em sua qualidade de senadora da oposição –segunda vice-presidente– a ser convocada para assumir a Presidência por meio da aplicação do princípio de continuidade administrativa. O fato de Evo Morales ter renunciado à Presidência por sugestão dos militares é a base para a ideia de um golpe de Estado. No entanto, esse discurso nega visibilidade à rebelião cidadã e ao que aconteceu após a transição constitucional na qual os militares permaneceram em seus quartéis, o Parlamento continuou cumprindo suas funções e novas eleições foram convocadas, suspensas duas vezes por causa da pandemia. Como resultado dessa sucessão de eventos, o próprio Luis Arce, em maio de 2020, quando era candidato presidencial, considerou Jeanine Áñez como ""presidente transitória constitucional"". Segundo o especialista boliviano em direitos humanos Luis Yañez, ""há quatro evidências concretas de que o novo governo era constitucional e não de fato"". Em primeiro lugar, a Assembleia Legislativa Plurinacional –com maioria Masista– aprovou por unanimidade a Lei 1.266, que anulou os resultados da fraude e convocou novas eleições. Segundo, a Declaração Constitucional (001/2020) ampliou o mandato da presidente e dos próprios membros da Assembleia. Terceiro, a Lei 1.270 também previa a extensão acima mencionada. Por último, a bancada do MAS aceitou a renúncia de Evo Morales no dia seguinte. O turbilhão político provocado pelas apreensões, ideologicamente justificadas na falsa tese do golpe de Estado e da ""paixão pela justiça"", aprisionou a Bolívia em um círculo vicioso sob a lógica do olho por olho. Isso exacerbou a polarização social e abriu o caminho para um terreno lamacento que torna a gestão pública mais difícil em tempos de pandemia. No governo interino de Jeanine Añez também houve perseguições e prisões. E a linha autoritária do ex-ministro do governo Arturo Murillo colaborou na degradação da democracia durante o ano de 2020. Mas não há dúvida de que o atual governo do MAS está repetindo o roteiro de uma forma recarregada. Confiante em sua maioria eleitoral (foi eleito com 55% dos votos), considera que tem luz verde para cometer abusos aos direitos humanos e desprezar a minoria da oposição. É isso democracia? Quando as ações políticas são determinadas por pressupostos ideológicos e por motivos revanchistas, não há espaço para acordo e respeito. O círculo vicioso de olho por olho prende os governantes, e seus discursos –baseados em hipóteses infundadas– se convertem em justificativas para práticas abusivas contra seus adversários políticos. A prisão de Jeanine Áñez abalou mais uma vez o sistema político em tempos de pandemia e reativou a polarização discursiva que poderia impedir a coordenação interinstitucional entre o governo nacional e os governos territoriais autônomos recentemente eleitos, onde falta músculo ao MAS. Isso poderia complicar a gestão pública para começar a superar a crise socioeconômica causada pela pandemia na Bolívia. Que o consumidor satisfeito sempre volta todos sabem. Mas, em meio a tanta concorrência, satisfazê-lo tornou-se mais difícil. Combinar produtos de qualidade com preços baixos não basta: é preciso ter uma marca com propósito, oferecer informações confiáveis e garantir uma entrega eficiente. Esses e outros fatores integram a chamada experiência do cliente, que pode ser definida como a soma de todas as interações que ele tem com uma empresa. Esse é o tema do livro ""Experiências que Deixam Marcas – Conceitos Fundamentais sobre Customer Experience"", lançado na última segunda (22) pela Robecca & Co. À venda no site da editora por R$ 90, o título, de 301 páginas, é assinado por autores com grande experiência em multinacionais —André Luiz Camacho da Silveira, Fábio Dias Monteiro, Jim Jones da S. Marciano, José Joaquim C. de Oliveira, Larry Sackiewicz, Luis Alt e Luiz Carlos Corrêa. “Onde existe cliente, existe experiência do cliente”, afirma Andréa Naccarati de Mello, organizadora e coautora da obra. Além de dona da Robecca, ela trabalhou durante 30 anos no marketing de empresas como Samsung, Mondelez e Unilever. “Até mais por necessidade do que por prazer, o brasileiro está cada vez mais conectado à internet e às redes sociais, o que aumenta a urgência de as empresas implementarem a gestão da experiência do cliente”, diz ela. Priorizar a satisfação do consumidor em toda a sua jornada contribui para a perpetuação da empresa, segundo Mello. Isso acontece porque ele não só adquire outros produtos da marca, inclusive mais caros, como passa a recomendá-la a seus conhecidos. Segundo artigo da Delloite Digital de 2019, mencionado no livro, experiências positivas são comentadas por um cliente a nove interlocutores, enquanto as ruins se espalham entre 16 pessoas. “Todos os setores de uma companhia precisam estar focados no consumidor. Nas pequenas empresas, o relacionamento com o cliente é mais próximo, o que facilita a gestão da satisfação, basta querer realizá-la”, avalia a autora. “Já nas maiores, há mais dinheiro e recursos de inteligência artificial, porém a complexidade aumenta porque as ações envolvem mais pessoas.” A seguir, conheça as principais dicas da especialista para melhorar a experiência do seu cliente e fidelizá-lo à sua marca. Tenha uma visão 360 graus A experiência do consumidor envolve nove áreas: serviço ao cliente, loja física e/ou ecommerce, preço justo, entrega do produto, experiência do usuário (UX), propósito da marca, reputação, propaganda e processo de vendas. Verifique se a sua marca tem propósito Quando ele existe, é divulgado e comprovado por meio de atitudes, a empresa atrai consumidores com as mesmas crenças. Conheça o seu cliente Quais são as necessidades e expectativas dele? Qualquer tipo de comunicação a ser feita por uma empresa –uma publicação nas redes sociais, um panfleto ou uma mensagem instantânea– exige esse conhecimento para atingir seu objetivo. Entenda que o consumidor está no centro das decisões Em outras palavras, estabeleça estratégias de gestão de relacionamento com o cliente, conhecida pela sigla CRM. De nada adianta os vendedores terem essa atitude se na expedição e entrega de mercadorias o compromisso não é o mesmo. Ou se, no caso de uma encomenda chegar danificada ao destino, a substituição não for realizada rapidamente. Implemente um software de CRM Gerir a relação com o cliente pede ferramentas tecnológicas que integrem dados vindos de diferentes canais, como email, redes sociais, WhatsApp, contatos presenciais e telefônicos etc. Assim, pode-se enviar uma mensagem no aniversário de consumidores cadastrados e até uma promoção especial. Entre as opções, há até sistemas CRM gratuitos, porém é preciso entender as necessidades de cada negócio para escolher programas adequados. Meça a satisfação do cliente É indispensável fazer isso durante toda a jornada do consumidor, da fase anterior à compra até o pós-venda. Essa é uma das formas mais eficientes de acompanhar a performance da marca, do produto e/ou do serviço.Para empreendedores que não podem pagar por pesquisas de satisfação, a dica é ouvir os funcionários que têm contato com a clientela e, sempre que possível, conversar diretamente com parte dela. Também vale buscar informações gratuitas nas redes sociais e em sites como Reclame Aqui, Google Meu Negócio e TripAdvisor. Faça publicações frequentes nas redes sociais Também monitore interações, elogios e reclamações. A quem elogia, agradeça de modo simpático. Aos queixosos, responda solicitando mais informações a fim de entender o problema e resolvê-lo. Uma má experiência não gerenciada pode comprometer a reputação da empresa. Idealmente, a interação deveria acontecer em poucas horas, porém avalie se dispõe de recursos para isso antes de estabelecer metas de atendimento. Garanta a satisfação de seus funcionários Na falta de condições dignas de trabalho e salário justo, dificilmente eles transmitirão uma boa impressão da marca. Treine sua equipe Munir os funcionários de informações sobre os produtos e/ou serviços que comercializam é imprescindível para que possam orientar os clientes. Também deve ficar clara a necessidade de serem educados e pacientes nesse contato. Invista em navegabilidade da loja virtual Em pesquisas realizadas em 2020, a Amazon detectou que a cada décimo de segundo que uma página leva para abrir no celular, as vendas caem 1%, conforme relatado no livro organizado por Andréa Mello. Site que não funciona bem, demora para carregar, possui informações incompletas ou não contém fotos suficientes dos produtos perde clientes para outras marcas. O design da loja eletrônica precisa ser atraente e conduzir o internauta naturalmente em sua jornada da prateleira virtual ao carrinho de compras e dali para o caixa. É importante observar os preços e formas de pagamento oferecidos pela concorrência, melhorando as condições para a clientela, mas sem comprometer a lucratividade. Faça o básico bem-feito Só quando concluir que já consegue proporcionar uma experiência completa de qualidade a seu cliente, parta para a próxima fase, a de inovar para surpreendê-lo. Após um ano de pandemia, escrever sobre televisão tem sido uma tarefa cada vez mais difícil e cansativa. Diante da tragédia que estamos testemunhando, frequentemente me questiono sobre o sentido de criticar séries, novelas ou programas de entretenimento. Com uma média de 2.300 mortes por dia de Covid-19, é difícil exigir alguma coisa da televisão, além do respeito à verdade e à ciência na cobertura jornalística da crise. Ah, o show não pode parar, alguém dirá. Não é verdade. Não interromper o show pode ser mortal. Esta semana, pela terceira vez, a Globo suspendeu as gravações de todas as suas novelas e séries. Na Record, três apresentadores foram internados com Covid-19. Geraldo Luís ficou 22 dias no hospital. Más notícias como estas se espalham por todos os canais de televisão, produtoras, estúdios etc. Com tanta tragédia, as pessoas precisam se divertir, se alienar um pouco. Concordo. Mas, para isso, ninguém precisa de um crítico de televisão estraga prazeres alertando que os principais lançamentos recentes são de séries bobas e irrelevantes. O espectador descobre isso sozinho —e se diverte. O papel do crítico é mais descartável do que nunca. A novela “Amor de Mãe” cometeu a ousadia de ir na direção oposta e apostar numa trama pesada, realista, incluindo menções à Covid-19. Mesmo gostando muito, e de estar adorando rever Lurdes —papel de Regina Casé—, preciso avisar que não está sendo uma experiência de todo boa. O folhetim de Manuela Dias havia sido suspenso em março de 2020 após a exibição de 102 capítulos. No segundo semestre, a duras penas, a Globo conseguiu gravar 23 episódios, encurtando e concluindo a história. E na semana passada, voltou a apresentá-la. Numa trama que já se destacava pelo realismo brutal, a pandemia se tornou um elemento central desta segunda fase. A emissora não imaginou, porém, que, em março de 2021, a situação estaria ainda muito pior do que em meados do ano passado. A decisão corajosa, mas arriscada, de incluir a pandemia na novela acabou tendo o efeito de tornar a trama datada. Até uma retificação teve que ser incluída, nos créditos, para avisar ao espectador que pessoas que já tiveram a doença não estão livres de serem infectadas novamente, o que não era sabido quando os capítulos foram gravados. A necessidade de condensar os mais de 50 capítulos que faltavam em 23 produziu outro efeito indesejado: a novela está pesada demais. Mortes, acidentes, tragédias: cada episódio está sendo mais exaustivo que outro. Para ver tragédia, é melhor assistir ao telejornal, alguém dirá. Nem sempre. Já falei inúmeras vezes sobre a irresponsabilidade dos canais de TV que, alinhados com o governo federal, optam por uma cobertura apolítica e descontextualizada da pandemia. São os mesmos que afirmam enxergar “alarmismo” nos veículos que há um ano batem o bumbo, destacando com realismo a gravidade dos problemas e o descontrole da crise sanitária no Brasil. Há duas semanas, uma destas emissoras, a RedeTV!, exibiu uma reportagem de sete minutos e meio fazendo apologia de um antiparasitário para “tratamento precoce” da Covid-19. Nem o próprio fabricante do medicamento o recomenda para esse uso. É desanimador. Não têm pudor de ignorar princípios básicos do jornalismo nem temem o julgamento da história. A General Motors estendeu os cortes de produção na América do Norte nesta quarta-feira (24) em razão da escassez mundial de chips semicondutores que afetou o setor automotivo. A montadora norte-americana disse que a fábrica de montagem em Wentzville, Missouri, ficará ociosa durante 29 de março e 5 de abril. A companhia estenderá também o tempo de inatividade na fábrica em Lansing, Michigan, que está desativada desde 15 de março, por duas semanas. A ação foi levada em consideração na previsão anterior da GM de que a situação poderia cortar até 2 bilhões de dólares do lucro deste ano, disse o porta-voz David Barnas. A GM não revelou quanto volume seria perdido com a mudança, mas disse que a empresa pretende compensar o máximo possível de produção perdida no final do ano. A escassez de chips ocorre depois que as fábricas de automóveis norte-americanas ficaram fechadas por dois meses durante a pandemia de Covid-19 no ano passado e os pedidos de chips foram cancelados, enquanto houve aumento da demanda da indústria de eletrônicos de consumo. As montadoras passaram, então, a competir por chips. Os chips são usados extensivamente em carros, incluindo para monitorar o desempenho do motor, gerenciar a direção ou janelas automáticas e em sensores usados em sistemas de estacionamento e entretenimento. Os veículos afetados pelos cortes de produção da GM incluem picapes de médio porte e os carros Cadillac CT4 e CT5 e Camaro. Enquanto isso, a GM disse que a fábrica em San Luis Potosi, no México, desativada desde 8 de fevereiro, retomará a produção com dois turnos a partir de 5 de abril. No Brasil, as montadoras Mercedes-Benz, Volvo, Volkswagen e Scania já anunciaram suspensão das atividades em meio à falta de insumos e ao agravamenteo da pandemia. Quando começar sua campanha por uma vaga na Copa do Mundo de 2022, nesta quarta (24), Cuba vai adotar uma abordagem que não tenta há anos: colocar em campo muitos de seus melhores jogadores. Há anos, apenas atletas cubanos que tivessem contratos com o Inder, organização que comanda o esporte no país, eram escolhidos para integrar a seleção nacional. Agora a situação vai mudar. Cuba convocou diversos jogadores radicados no exterior —e que estão fora do sistema oficial do esporte cubano— para participar de uma sequência de partidas nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Isso significa que Onel Hernández, lateral esquerdo do Norwich City; Carlos Vázquez Fernández, zagueiro radicado na Espanha; e Joel Apezteguía, atacante que joga em San Marino, farão parte da equipe. E também significa o retorno à seleção nacional do zagueiro Jorge Luis Corrales, depois de seis anos de afastamento. “Não sei se grito ou se rio, porque os sentimentos são conflitantes”, disse Corrales, que joga em uma liga secundária dos Estados Unidos. “As imagens dos muitos anos em que defendi a seleção e de todos aqueles momentos ótimos passaram pelo meu pensamento. Acredito que poder participar de novo de momentos como esse será uma das melhores experiências que terei, desde que cheguei aos Estados Unidos."" Para quem observa de fora, os jogadores radicados no exterior se enquadram em uma categoria que é difícil de distinguir daquela que inclui atletas cubanos que abandonaram seleções nacionais em excursões a outros países e pediram asilo, ou desertaram de outras maneiras. Mas existe uma distinção importante, e ela faz toda diferença para as autoridades cubanas: todos eles deixaram a ilha com seus pais, quando crianças, ou receberam permissão do governo para jogar no exterior. Corrales, por exemplo, foi autorizado a visitar o pai em Miami depois da Copa Ouro de 2015, um importante torneio regional, e decidiu ficar depois de receber um visto de cinco anos. Desde então, ele jogou por diversos times da Major League Soccer e da USL Championship, a segunda divisão dos Estados Unidos, entre os quais seu atual empregador, o FC Tulsa. Apezteguía espera fazer sua estreia pela seleção cubana, aos 37 anos. Ele jogou em Cuba até os 24 anos, antes de partir para ajudar seu pai a operar um bar e restaurante na Espanha. Depois de anos batalhando em ligas europeias menores (Moldova, Albânia e sua residência atual em San Marino são os destaques), à espera de que os dirigentes do futebol cubano reparassem em seu futebol, a convocação enfim chegou. Hernández, 28, deixou Cuba na infância quando sua família se mudou para a Alemanha. Ele começou sua carreira profissional em um time da segunda divisão alemã, antes de se transferir ao Norwich City, que ele ajudou a conquistar acesso à Premier League em 2019. No terceiro trimestre daquele ano, ele se tornou o primeiro atleta cubano a jogar na Premier League. Poucos meses mais tarde, em uma partida contra o Manchester United, virou o primeiro cubano a marcar um gol na principal liga do futebol inglês. Hernández já havia expressado interesse em defender seu país de nascimento, no passado, e aceitou um convite para treinar com a seleção, mas vestir a camisa da equipe em uma partida oficial parecia impossível, até este mês. Vázquez Fernández, 21, conhecido como CaVaFe, se mudou para a Espanha com os pais quando tinha três anos de idade. Ele desenvolveu seu futebol lá, na academia do Atlético de Madrid, ocasionalmente treinando com a equipe principal do clube. O atleta vinha há anos expressando seu desejo de vestir a camisa de Cuba, mas não tinha uma data específica em mente. “Eu tinha certeza de que minha primeira convocação viria”, ele disse. “O que não sabia era se isso aconteceria logo ou demoraria mais, até 2028, 2025, 2021, mas eu tinha certeza de que aconteceria. Sempre fui muito positivo”. O que nenhum dos jogadores sabe, porém, é por que as convocações aconteceram neste momento. Hernández vem mantendo contato regularmente com o treinador da seleção cubana, Pablo Elier Sánchez, o que inclui conversas em vídeo nas quais ele é informado sobre o esquema tático da equipe. Ele e os demais jogadores disseram acreditar que Sánchez e alguns poucos dirigentes tivessem facilitado suas convocações, trabalhando por diversos anos a fim de convencer os dirigentes nacionais do futebol e o governo de Cuba de que eles mereciam uma oportunidade. Sánchez falou sobre os novos convocados em uma breve entrevista no aeroporto, ao chegar à Guatemala no domingo, afirmando que “sem dúvida” eles fortaleceriam seu time. “São jogadores que estão em atividade em ligas importantes, ligas de primeira classe no planeta”, ele afirmou. “Vão trazer muita coisa em termos dos resultados que o time poderá obter."" Cuba não ofereceu explicação oficial para sua repentina abertura a jogadores vindos de fora do sistema esportivo oficial do país, ou revelou se o sucesso desse primeiro passo pode trazer uma era de abertura para uma perspectiva até agora impensável: a de reforçar as seleções nacionais cubanas com atletas que desertaram e representam a elite da diáspora esportiva do país, não só no futebol, com nomes como Osvaldo Alonso e Maikel Chang, mas potencialmente no beisebol, com astros como José Abreu e Yuli Gurriel. Mensagens deixadas para Sánchez, dirigentes de federações e dirigentes do Inder não foram respondidas. Os jogadores esperam que possam fazer diferença. Apezteguía disse que era difícil assistir à seleção cubana, que ocupa a 180ª posição no ranking das 210 seleções da Fifa, e que agora ele podia ajudar o time a subir de nível. Cuba vai jogar suas duas primeiras partidas das eliminatórias na Guatemala, enfrentando o país anfitrião na quarta-feira e Curaçao, favorito para avançar à próxima fase, quatro dias mais tarde. Os jogos devem preparar o terreno para uma meta cubana mais ambiciosa: a busca de classificação para a Copa do Mundo da América do Norte, que envolverá 48 times, em 2026. Mesmo sem uma resposta concreta quanto ao momento da decisão, os reforços da seleção cubana estão otimistas quanto à convocação ser um primeiro passo para a realização do potencial do país, especialmente se mais jogadores cubanos forem autorizados a buscar experiência no exterior e tentar a sorte nas melhores ligas do planeta. “Muitas crianças amam o futebol, em Cuba, e elas querem viver o sonho que vivi”, disse Hernández. A Folha estreia nesta terça (23) o blog Linha de Frente, do médico Gerson Salvador, 38, que trabalha com ensino e assistência no Hospital Universitário da USP e tem se dedicado ao atendimento de pacientes com Covid-19. Natural de Cansanção, no sertão da Bahia, Gerson Salvador cresceu em São Paulo, na Vila Carioca, e foi estudante da rede pública. Formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), especializou-se em infectologia com residência no HC da USP e em saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP e concluiu o curso de formação de roteiristas na Roteiraria. Também foi diretor de comunicação e imprensa do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) de 2014 a 2020. ""Há dez anos eu tenho um projeto de narrativas médicas e algumas delas foram publicadas no meu primeiro livro, em 2014, intitulado 'O Pior Médico do Mundo'. Desde então, tenho reunido histórias ambientadas na emergência. Nos últimos tempos, esse projeto tem sido dedicado, principalmente, a contar histórias de relacionadas à pandemia de Covid-19. O foco são as histórias de vida das pessoas que estão naquele cenário"", diz ele. A experiência com a literatura vem de longe. Quando criança, ganhou um concurso literário chamado ""Centenário Mário de Andrade"". Na adolescência, escrevia poesias e trabalhou em um jornal de bairro no Ipiranga, O Patriota. Na faculdade de medicina, Salvador foi editor do jornal O Bisturi. ""Ter o blog na Folha me deixa muito honrado, pois quando adolescente eu sempre lia a coluna de um dos meus autores favoritos, Moacyr Scliar, também um médico contador de histórias. Estar nessa casa, podendo reencontrar essa referência, para mim é muito especial."" Gerson Salvador é casado com Denize, que é médica de família e comunidade, e juntos têm três filhos: Laura, Lucas e Luís. Um navio saído do Brasil colocou em alerta autoridades de saúde da Islândia, país nórdico que vem controlando a pandemia com sucesso, por meio de testes de detecção com intervalo de cinco dias a todos os que chegam à ilha por via marítima ou aérea. Mas o navio Taurus Confidence, que aportou em Reyðarfjörður, no leste da Islândia, poderia pôr em risco esse controle. A embarcação, que levava alumina calcinada de São Luís do Maranhão para a usina de alumínio da cidade, tem 10 de seus 19 tripulantes infectados, conforme testes realizados no domingo (21). Os tripulantes contaminados são mantidos em isolamento, e os outros estão em quarentena a bordo do navio, sob estrita vigilância da polícia local. Como toda a tripulação é chinesa, a embaixada do país asiático foi informada e está monitorando a situação em cooperação com as autoridades locais. Consultada, a Secretaria de Saúde da Islândia, que centraliza as informações a respeito da Covid-19 no país, confirmou que os dez tripulantes infectados são portadores da variante brasileira, a P.1, informação chancelada por Kári Stefánsson, diretor da DeCode, empresa de pesquisa genética responsável pelo sequenciamento de todas as amostras de pacientes de Covid-19 na Islândia. A constatação deixou as autoridades sanitárias em alerta. Até agora, a Islândia era o único país nórdico ao qual a variante brasileira não havia chegado. Segundo o órgão, todas as providências foram tomadas para monitorar o estado dos tripulantes e evitar que essa cepa do vírus seja transmitida à população islandesa. Ainda que a situação esteja sob controle, as autoridades temem que, caso o estado de algum infectado se agrave, o paciente tenha de ser transferido a um hospital para tratar infecções por Covid-19. A informação inicial, dada por Garðar Jóhannsson, diretor da Nesskip, empresa de navegação islandesa que atua como agente marítimo local da embarcação, era a de que o capitão do navio teria advertido às autoridades portuárias haver sete doentes a bordo na véspera da chegada. A Islândia conseguiu controlar recentemente a terceira onda de contágios da pandemia e vinha registrando pouquíssimos novos casos diários nas últimas semanas. As infecções registradas a bordo do Taurus Confidence no domingo equivalem à metade dos casos confirmados no último fim de semana. O país de 369 mil habitantes confirmou, entre sábado e domingo, 21 novos casos —os outros 11 contágios se deram de forma comunitária. Três dessas pessoas não foram inicialmente relacionadas aos demais casos e foram detectadas fora da quarentena ou do isolamento. Esse tipo de situação, em que pessoas não rastreadas circulam livremente, é o que coloca em alerta as autoridades. Devido a esses novos casos, 435 indivíduos encontram-se em quarentena, e 57, em isolamento no país. Desde o início da pandemia em território islandês, 6.122 casos de Covid-19 foram confirmados, 330 requereram internação hospitalar e 53 internações em UTI, com 29 óbitos causados pela doença. Até esta terça-feira (23), 16.906 islandeses (4,5% da população) já receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19 —o país utiliza imunizantes da Pfizer, da AstraZeneca e da Moderna. Outros 21.056 (5,7%) aguardam a segunda dose. No total, 54.868 doses da vacina já foram aplicadas no país. A Islândia começou a emitir ""passaportes de vacinação"" em meio à polêmica na UE, destinados a facilitar as viagens de pessoas vacinadas. Cerca de 84% dos idosos com idade entre 72 e 74 anos foram vacinados contra a Covid-19 até a noite desta segunda-feira (22). A aplicação da primeira dose do imunizante neste grupo começou na última sexta-feira (19). Por causa desse percentual de pessoas vacinadas, a Prefeitura de São Paulo decidiu suspender temporariamente o funcionamento dos 18 pontos de aplicação pelo sistema drive-thru. Nesse modelo, a pessoa não precisa descer do automóvel para receber a imunização. Ainda de acordo com a pasta, o atendimento nos drive-thrus será retomado assim que a capital receber as doses para iniciar a vacinação nas pessoas entre 69 e 71 anos. Segundo o governo do estado, gestão João Doria (PSDB), a previsão é de que esse grupo comece a ser imunizado no próximo sábado (27). A campanha segue normalmente nos demais postos fixos. Os integrantes dos grupos elegíveis podem procurar o imunizante em umas 468 Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos 17 Serviços de Assistência Especializada (SAE) e nos três centros-escolas. A secretaria diz que, até domingo (21), 1.367.797 doses da vacina contra a Covid-19 já haviam sido aplicadas na cidade, sendo 1.028.531 da primeira dose e 339.266 da segunda Agenda Início 27 de março Em andamento Início 8 de fevereiro Início 12 de fevereiro Início 27 de fevereiro Início 3 de março Início 15 de março Início 19 de março AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro Leste Norte Oeste Sudeste Sul Fonte: Secretaria Municipal da Saúde A história parece se repetir: um confronto aberto entre aqueles que defendem os direitos de propriedade intelectual em medicamentos e aqueles que exigem acesso a medicamentos mais baratos para salvar vidas. Já aconteceu em 1998, quando a África foi gravemente atingida pela epidemia de HIV e vários governos do continente pediam a retirada de patentes de empresas farmacêuticas para obter os medicamentos que poderiam prevenir a AIDS e evitar mortes. Os países ricos, onde estão localizadas as empresas farmacêuticas que produzem esses medicamentos, recusaram. Disponíveis nos países desenvolvidos desde 1996, os medicamentos antirretrovirais caros levaram 10 anos para chegar aos países de baixa renda a um preço acessível para todos. Em 2007, durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva, o Brasil declarou que a patente do efavirenz, um remédio utilizado no tratamento contra a Aids, era de interesse público e que iria licenciá-la compulsoriamente. O governo alegava que o valor cobrado pelo laboratório americano Merck Sharp & Dohme era maior do que o praticado em outros países, aumentando os gastos do SUS (Sistema Único de Saúde). Agora, com a pandemia da Covid-19, um debate parecido volta à tona. Vários países de baixa e média renda estão pedindo à OMC (Organização Mundial do Comércio) —o órgão que rege os acordos de direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio— que estabeleça uma suspensão desses direitos para que se possa produzir de forma acessível vacinas contra o coronavírus. Países ricos, incluindo Reino Unido, Estados Unidos, Suíça e nações europeias, se opõem à proposta, apresentada pela África do Sul e Índia e apoiada por dezenas de países em desenvolvimento. O Brasil não defende essa proposta. O argumento do grupo de países desenvolvidos é que essas patentes seriam necessárias para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos. De todo modo, muitos especialistas acreditam que licenciar as vacinas não resolveria a escassez de doses no Brasil nem em outros países em desenvolvimento, pelo menos não a curto prazo. Isso ocorreria por defasagem tecnológica e de insumos, muitos deles importados da China e da Índia. Até agora, apenas alguns países de alta renda parecem ter amplo acesso a vacinas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse no início de fevereiro que cerca de 200 milhões de vacinas contra Covid-19 foram administradas. Mas 75% dessas vacinas, afirma a organização, foram administradas em apenas 10 países ricos. Gavin Yamey, professor de Saúde Global e Políticas Públicas da Universidade Duke, nos Estados Unidos, diz que em quase 130 países, onde vivem mais de 2,5 bilhões de pessoas, praticamente nenhuma vacina foi recebida. ""Tem sido extremamente deprimente ver como as nações ricas esvaziaram as prateleiras. As vacinas têm sido pegas basicamente dizendo 'eu primeiro' e 'só eu' e isso não é apenas muito injusto como também uma atitude de saúde pública terrível"", disse o especialista à BBC. De fato, os especialistas garantem que, para interromper essa pandemia global, é necessária uma resposta global, porque a crise não pode ser encerrada se apenas alguns países tiverem sua população vacinada em massa. É por isso que propostas têm sido feitas para que as empresas farmacêuticas suspendam temporariamente as patentes de suas vacinas e compartilhem seus conhecimentos tecnológicos, a fim de acabar com o que os especialistas chamam de ""apartheid de vacinas"". Patentes protegem a propriedade intelectual de um produto para que não possa ser copiado. Na indústria farmacêutica, quando um medicamento é descoberto e desenvolvido, a empresa patenteia sua descoberta para que ninguém mais possa fabricá-la sem sua autorização. Isso permite controlar o preço e a produção, o que, por sua vez, pode levar em alguns casos a preços altos e medicamentos inacessíveis aos mais pobres. Uma das propostas para acelerar a produção de vacinas, idealizada pela OMS, é o chamado C-TAP (Acesso Conjunto a Tecnologias contra a Covid-19, em tradução livre). Este é um mecanismo global para compartilhar voluntariamente conhecimento, dados e propriedade intelectual de tecnologias em saúde para a luta contra a doença. O C-Tap foi criado pela OMS em junho de 2020 e quase 40 países são signatários, mas Raquel González, chefe de relações externas da organização Médicos Sem Fronteiras, explica que nenhuma tecnologia foi compartilhada até agora. ""Foi uma iniciativa que indiretamente permitiria um aumento da produção, principalmente nos países em desenvolvimento, mas não teve resposta da indústria farmacêutica, que neste caso é a detentora das patentes"", disse González à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. A outra forma de fazer com que as empresas farmacêuticas compartilhem suas tecnologias é aquela apresentada pela África do Sul e pela Índia à Organização Mundial do Comércio para suspender os direitos de propriedade intelectual das vacinas durante a pandemia. O objetivo, explica González, é facilitar a transferência de tecnologia e conhecimento científico para que os países em desenvolvimento possam aumentar a produção de vacinas e torná-las acessíveis às suas populações. ""O que a Índia e a África do Sul estão argumentando é que laboratórios farmacêuticos e fábricas poderiam estar em funcionamento se o conhecimento fosse compartilhado. Se o conhecimento não for compartilhado agora, as únicas empresas que podem fazer a vacina são as que têm o patente"", diz. Mas os países mais ricos se opõem à proposta, argumentando que a suspensão das patentes obstruirá a inovação científica ao desencorajar investidores privados de se envolverem nesse segmento. Eles afirmam ainda que os regulamentos atuais que permitem que os fabricantes de medicamentos estabeleçam acordos bilaterais com produtores de medicamentos genéricos e ""flexíveis o suficiente quando se trata de lidar com uma emergência de saúde pública"". ""A propriedade intelectual é uma parte fundamental do nosso setor"", disse Pascal Soriot, CEO da empresa AstraZeneca, em maio, durante entrevista coletiva para discutir a criação da C-Tap. ""E se você não protege a propriedade intelectual, essencialmente não há incentivo para ninguém inovar."" Os críticos apontam, porém, que as farmacêuticas têm recebido bilhões de recursos públicos, principalmente dos EUA e da Europa, para o desenvolvimento de vacinas cobiçadas, por isso devem compartilhar sua tecnologia. Um relatório publicado em fevereiro na revista médica The Lancet mostra que os produtores de vacinas receberam cerca de US$ 10 bilhões (quase R$ 56 bilhões) de fundos públicos ou sem fins lucrativos para financiar suas vacinas. E o número, diz o relatório, talvez seja apenas uma parte do montante, já que muitos dos dados sobre esses projetos não são públicos. Há sinais de que as cinco maiores empresas farmacêuticas receberam cada uma entre R$ 5 bilhões e R$ 12 bilhões. E em troca desse financiamento, diz o relatório, os países mais ricos conseguiram fechar contratos para receber doses suficientes para vacinar toda a sua população antes. No entanto, a indústria farmacêutica ressalta que não são as patentes que estão causando a escassez de vacinas em países de baixa e média renda. ""Os direitos de propriedade intelectual não são o problema"", diz Thomas Cueni, diretor da IFPMA (Federação Internacional de Associações e Produtores Farmacêuticos), que representa os principais produtores de vacinas. ""Os gargalos [na produção de vacinas] são a capacidade, a escassez de matéria-prima, a escassez de ingredientes. E tem a ver com o conhecimento"", declarou durante conferência organizada há poucos dias pela OMS sobre a distribuição de vacinas. De acordo com a IFPMA, ""o aumento sem precedentes na fabricação de vacinas, de zero a bilhões de doses em tempo recorde, levou a uma escassez que afetou toda a cadeia de abastecimento da vacina"". Especialistas apontam que, mesmo que os países cheguem a um acordo, uma suspensão temporária de patentes não seria suficiente para acelerar o acesso global às vacinas. ""Não acho que a suspensão de patentes seja a resposta"", disse à BBC Rory Horner, professor do Instituto de Desenvolvimento Global da Universidade de Manchester, na Inglaterra, que pesquisa a indústria farmacêutica na Índia e na África Subsaariana. ""As vacinas são produtos muito mais complexos de serem fabricados do que outros medicamentos"", explica. ""Na década de 1980, antes que as proteções de patente estivessem em vigor, os laboratórios podiam copiar um medicamento e vendê-lo por uma fração do preço na Índia. Era um processo relativamente simples."" ""Mas para produzir uma vacina é preciso a colaboração da empresa que a inventou e informações sobre os diversos processos e etapas que envolvem a fabricação do produto"", explica o especialista. Isso se aplica principalmente à produção das novas vacinas ""complexas"" de RNA mensageiro aprovadas que estão sendo produzidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna. Para que os laboratórios em países de baixa e média renda produzam vacinas cobiçadas, eles precisam de conhecimento técnico, que muitas vezes é mantido como segredos comerciais de empresas farmacêuticas, e acesso a informações de segurança que muitas vezes são protegidas pela empresa que detém a patente. ""Estamos falando de barreiras técnicas, além das barreiras legais, para aumentar a produção de vacinas"", diz Horner. Mas autoridades e especialistas que defendem a suspensão das patentes afirmam que há países de baixa e média renda com laboratórios e empresas capazes de produzir essas vacinas, a exemplo da Índia, do Paquistão e do Brasil. ""Digamos que se tivermos a receita de como fazer uma vacina, logicamente vai demorar um pouco até que uma fábrica de produção seja feita e a matéria-prima, obtida. Se a tecnologia e o conhecimento forem compartilhados, talvez em cinco meses teríamos 15 unidades de produção"", estima Raquel González, do Médico Sem Fronteiras. A transferência de tecnologia levaria tempo, e tempo é algo que ninguém tem numa pandemia como essa. Alguns especialistas acreditam que uma solução seja estabelecer mais acordos bilaterais —como aqueles que a Novavax e a AstraZeneca-Oxford fez com o Instituto Serum da Índia e a Johnson & Johnson com Aspen Pharmacare na África do Sul— para produzir suas vacinas e distribuí-las para países de renda baixa e média. No caso do Brasil, por exemplo, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) firmou um contrato de transferência de tecnologia com a AstraZeneca-Oxford e passará a produzir a matéria-prima nos próximos meses, o que garantirá independência de importações. Horner, da Universidade de Manchester, acredita que é preciso mais do que apenas acordos bilaterais para acelerar o acesso às vacinas contra Covid-19. ""Em termos de produção, esses acordos ajudariam, mas também se trata de melhorar aquisição, compra e distribuição de vacinas"", diz o especialista à BBC News Mundo. ""O fato de as vacinas serem distribuídas de forma tão desigual não é resultado da capacidade de fabricação no mundo, mas sim de como alguns países foram capazes de comprar e acessar essas vacinas primeiro."" Horner acredita que a solução está no Covax, o mecanismo criado pela OMS em 2020 para acesso global a vacinas e melhoria da distribuição em países de baixa renda. Mas o projeto tem enfrentado dificuldades porque, embora os países desenvolvidos tenham doado dinheiro para a Covax, eles também compraram todas as doses de vacinas e o mecanismo não conseguiu cumprir sua meta de distribuir vacinas para países de baixa renda. ""Idealmente, a Covax não teria apenas o dinheiro dos países ricos, mas também as doses, direitos e acesso prioritário às doses que os países ricos acumularam"", diz o especialista da Universidade de Manchester. ""Covax é um programa extraordinário que teve que evoluir em um contexto muito difícil, então se conseguir avançar será algo realmente benéfico"", acrescenta. Gavin Yamey, da Universidade Duke, concorda: ""Esta é uma pandemia global e precisamos de uma resposta global que inclua a vacinação em todo o planeta e a Covax é um mecanismo essencial para isso"". ""Mas temos que fazer muito mais para resolver esse apartheid de vacina."" A carta aberta assinada por economistas, banqueiros e empresários que pede medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus alcançou 1.554 assinaturas nesta segunda-feira (22). Embora seja um documento sem conotação política, como dizem seus idealizadores, e que não cita o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o documento provocou reações negativas também. Nesta segunda, seu link para adesão foi retirado do ar após problemas enfrentados com pessoas que estavam assinando o documento com nomes “fake” ou escrevendo obscenidades no lugar do nome. Com isso, a contabilização da adesão passou a ser feita de modo manual, após checagem. O documento já foi encaminhado aos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Um dia após a divulgação da carta, Bolsonaro disse que o empresariado acredita em seu governo e reafirmou que é contra a adoção de regras rígidas de restrição de circulação, como querem “alguns setores importantes da sociedade, outros não tão importantes”, segundo o presidente. Entre os signatários estão os economistas Edmar Bacha, Laura Carvalho, Felipe Salto e Elena Landau. No setor financeiro, a carta tem a chancela de Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco e Luis Stuhlberger (Verde Asset). Também há representantes diretamente ligados ao setor produtivo, entre eles Pedro Parente (BRF) e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e hoje presidente-executivo da Ibá (entidade que representa a cadeia produtiva de árvores, papel e celulose). Um dos signatários, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega disse que a carta pretende chamar a atenção da sociedade para a grave crise sanitária causada pela pandemia. ""Embora não mencione o nome do presidente, a ideia é ressaltar o que se espera do líder do país em uma crise como essa. Bolsonaro não usa máscaras, promove aglomerações e desdenhou da vacina"", disse ele. Para Fabio Barbosa, sócio-advisor Gávea Investmentos, outro que consta entre os que assinaram, a mobilização reflete a inquietacão da sociedade. ""O objetivo é influenciar políticas públicas para que possamos rapidamente endereçar o problema da pandemia, dando apoio aos mais necessitados nesse ínterim, e tenhamos condições para que a economia volte a crescer e criar empregos."" Nesta segunda, durante o debate sobre o lançamento do documento, divulgado pela primeira vez no domingo, os cinco economistas responsáveis pela redação do documento afirmaram que as medidas de restrição à circulação para combate ao vírus são necessárias e terão menos efetividade sem a colaboração do governo federal e de mais governadores e prefeitos. A posição do governo federal foi classificada como de sabotagem por alguns dos organizadores do documento. O economista Cláudio Frischtak afirmou que o país vive um cenário de crescimento exponencial do coronavírus, com expectativa de manutenção de um número elevado de mortes por um período de 30 a 60 dias, combinado com uma posição anticientífica e de sabotagem em relação às medidas tomadas por governadores e prefeitos. “Nenhum prefeito ou governador quer entrar em um ‘lockdown’. E quando você não tem a compreensão, a cooperação e a coordenação do governo federal, o efeito líquido é uma enorme perda de eficiência e eficácia. Gasta-se mais recursos e obtém-se menos resultados”, afirmou Frischtak. “Uma coisa é coordenar. Outra é sabotar. O objetivo da carta é pedir, por favor, não sabotem e tomem uma iniciativa de coordenar. Os brasileiros estão sujeitos a uma roleta-russa. Não sabemos quem vai adoecer. O sentimento é muito triste com a forma como estamos sendo governados.” Entre as quatro medidas citadas na carta como indispensáveis para o combate à pandemia, estão a aceleração do ritmo de vacinação, o incentivo ao uso de máscaras –tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa–, a implementação de medidas de distanciamento social e a criação de um mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional, orientado por uma comissão de cientistas e especialistas. A economista e diretora do Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), Sandra Rios, que também faz parte do grupo de cinco economistas que redigiram o documento, afirmou que não há dilema entre saúde e crescimento econômico e que o país não vai voltar a crescer enquanto a pandemia não acabar. Ela afirmou que as vacinas são relativamente baratas, R$ 22 bilhões para imunizar toda a população, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020, por exemplo. “A pandemia não vai embora sem vacinação em massa, e a economia não vai voltar a crescer enquanto a pandemia não for embora”, afirmou a economista. “O que nos resta agora é buscar negociar com países que, por acaso, tenham excedentes e pressionar para que países produtores liberem as exportações."" Sandra também afirmou que as medidas de distanciamento não vão surtir efeito sem coordenação com o governo federal e também entre prefeitos e governadores. “Medidas de distanciamento não vão resolver o problema da pandemia, mas são fundamentais para evitar que os recursos da saúde entrem em colapso. A gente está vendo a dificuldade dos prefeitos no Rio de Janeiro com o governo do estado. Sem coordenação nacional e regional é impossível. Pior ainda quando o governo federal sabota e adota uma narrativa contrária”, afirmou. O economista do Insper Paulo Ribeiro afirmou que a inação em relação ao combate à pandemia legará custos para a sociedade de difícil recuperação. Ele afirma que o atraso de dois trimestres em relação ao programa de vacinação significa uma queda real de 2% do PIB (cerca de R$ 130 bilhões). O economista Flávio Ataliba, que coordenou o debate entre os cinco responsáveis pelo documento, disse que, apesar dos pontos críticos ao governo federal, o documento não tem nenhum viés partidário e foi assinado por pessoas com diferentes visões econômicas, incluindo quatro ex-ministros da Fazenda, cinco ex-presidentes do Banco Central, donos de bancos, empresários e economistas de esquerda. O economista Marco Bonomo, do Insper, afirma que o grupo buscou elaborar o documento com base em números e informações técnicas, ressaltando que muitos dados ainda são incertos, como os números do plano de vacinação que têm sido revisado para baixo nas últimas semanas. Sobre o problema da coordenação nacional, destacou que o mapa do país mostra que, em todas as regiões, o sistema de saúde está entrando em colapso. “O Brasil está se tornando uma grande Manaus, uma catástrofe. Claro que estamos atrasados em termos de providências”, afirmou. “Infelizmente a gente tem uma liderança nacional que combate o combate à pandemia.” Thomas Conti, também do Insper, afirmou que o Ministério da Economia fez diversos diagnósticos equivocados sobre o andamento da pandemia, tanto do ponto de vista sanitário como do ponto de vista econômico, ao subestimar custos, atrasar a adoção de medidas e não perceber que a vacinação não andaria no ritmo necessário para que a economia voltasse a crescer. “O próprio governo subestimou a gravidade da pandemia. Tivemos no começo da pandemia o ministro Paulo Guedes [Economia] dizendo que com R$ 5 bilhões conseguiria resolver problema do coronavírus. Em dezembro, nomes do ministério disseram que não haveria segunda onda e que a pandemia estava acabando.” Entre os novos signatários, em relação à versão divulgada na tarde de domingo, estão os ex-ministros Joaquim Levy e Martus Tavares, o ex-presidente do Banco Central Paulo Cesar Ximenes, os economistas David Zylbersztajn, Carlos Kawall (Asa Investiment) e José Júlio Sena (Ibre), o presidente do Instituto Akatu, Hélio Mattar, o editor Luiz Schwarcz e a historiadora Lilia Schwarcz. ""É uma carta muito boa. Que representa e expressa de maneira ampla grande parte dos meus pensamentos. Quando li, pedi para aderir"", diz Luiz Schwarcz. Em 2020, um popular aplicativo para ler a Bíblia online, o YouVersion Bible, registrou quase 600 milhões de buscas em todo o mundo, 80% a mais em relação ao ano anterior. Um dos termos mais pesquisados, ""medo"", levava a um famoso versículo do livro de Isaías: ""Nada temas, porque Eu sou contigo"". Nada ou pouco temem serem infectados pela Covid-19 quase metade (46%) dos evangélicos no Brasil de 2021. Entre os católicos, o mesmo índice é de 32%. Em geral, evangélicos formam uma parcela religiosa da população mais descrente nas vacinas e nas medidas de isolamento do que os cristãos fiéis ao Vaticano. Os dados vêm da mais recente pesquisa Datafolha, realizada por telefone nos dias 15 e 16 de março de 2021, com 2.023 pessoas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. Consideraremos aqui apenas esses dois nichos de fé por representarem 8 em cada 10 brasileiros –54% dos entrevistados se declararam católicos, e 24%, evangélicos. As margens de erro de cada grupo são de três e cinco pontos para baixo ou para cima, respectivamente. Para fins estatísticos, as amostras de outras religiões são pequenas e, se vistas isoladamente, têm margens de erro muito altas. O Brasil vinha numa escalada de mortes quando a pesquisa foi feita, com 2.841 vítimas de Covid-19 no segundo dia da coleta de dados. O Datafolha perguntou sobre a aderência dos brasileiros ao protocolo sanitário recomendado para controlar a doença, e nesse quesito cristãos dos dois lados não divergem muito. Só 5% dos evangélicos e 3% dos católicos responderam estar vivendo normalmente, sem alterar a rotina. A taxa dos que dizem usar máscara sempre, em ambos os segmentos, é de 9 em cada 10 entrevistados. A média de quem já foi contaminado está dentro da margem de erro: 8% dos quem segue o Vaticano e 6% da outra porção cristã. Os números se espaçam quando o assunto é vacinação, quarentena e quais serviços devem ser fechados. A ampla maioria das duas fatias religiosas quer ser imunizada. Entre os que se negam, enquanto só 6% dos católicos ainda não vacinados dizem que não pretendem sê-lo, mais do que o dobro (14%) dos evangélicos rejeitam a dose. Os pesquisadores quiseram saber o que é mais importante neste momento, ficar em casa ou acabar com o isolamento para estimular a atividade econômica. Entre católicos, 63% preferem deixar as pessoas quarentenadas ainda que isso possa prejudicar a economia e causar desemprego. Concordam com a ideia 51% dos evangélicos. O que deve fechar na pandemia? A interdição da praia é um empate, com 8 em cada 10 entrevistados nos dois grupos apoiando a medida. Os jogos de futebol, quase: preferem que parem 78% dos católicos e 71% dos evangélicos. O maior impasse é sobre as igrejas: 65% contra 39%, nessa ordem. Vale lembrar que muitos dos que se declaram católicos no Brasil não são praticantes, ao contrário dos evangélicos, que costumam viver intensamente a vida religiosa. Logo, faz sentido que tenham mais apreço por templos abertos. Que governante deveria ser o principal responsável pelo combate à pandemia, presidente, governadores ou prefeitos? Jair Bolsonaro é o mais citado em todos os nichos, mas em menor grau para evangélicos: 35% acham isso, contra 44% dos seus pares cristãos. A condução do presidente na maior crise de saúde do Brasil em um século é pouco otimista para a maioria dos entrevistados. Evangélicos, contudo, aqui novamente lhe dão mais moral: 27% aprovam a performance, versus 20% dos católicos. O culto à fé explica em partes as eventuais cisões no universo cristão, diz o diretor de Pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni. ""Algumas correntes religiosas sobrepõem-se à ciência e ao medo, e a classificação polêmica de templos como serviços essenciais é um exemplo dos reflexos desse fator sobre a segurança sanitária."" Há, contudo, uma variável mais concreta nesta equação: o apoio maciço dos evangélicos garante a Bolsonaro capilaridade em segmentos estratégicos, como mulheres (que são 60% dos evangélicos) e os de menor renda (62% deles têm renda até dois salários), Praticamente metade dessa parcela religiosa recebeu o auxílio emergencial em 2020 e voltará a pedi-lo neste ano. ""Com esse canal aberto, fica fácil a aderência do discurso conservador e negacionista do presidente à matriz de valores da igreja"", afirma Janoni. Para Pedro Luis Barreto Litwinczuk, o Pedrão, teólogo e pastor batista, há de se considerar que na teologia há palavras-chave: meritocracia e graça. A Igreja Católica se inclina à primeira. Crê que é por meio dos nossos feitos que alcançaremos a salvação. ""Preciso confessar meus pecados e pagar penitências por eles para que tudo vá bem, e isso gera insegurança quanto à salvação."" Já o povo evangélico aprende que não há nada que ele possa fazer para conquistar a salvação —ela nos é dada de forma graciosa por Jesus. ""A partir do momento em que creio, reconheço meus pecados, me arrependo e, mesmo sendo uma pessoa falha, escolho não largar a mão de Jesus. Isso dá uma certeza da salvação que ninguém consegue tirar do coração de um verdadeiro evangélico"", diz Pedrão. Mas o fiel deve estar ciente de que ""a graça não nos remete ao descaso"", afirma o pastor. ""Deus não fará por você aquilo que você pode fazer… Higiene, máscara, álcool em gel, distanciamento social."" O comportamento do pastorado também vira referência. Tomemos de exemplo Edir Macedo, bispo-fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. Em março de 2020, ele apareceu num vídeo em que pedia para a doença não ser superestimada. ""Satanás trabalha com o medo, o pavor. Trabalha com a dúvida. E, quando as pessoas ficam apavoradas, com medo, em dúvida, as pessoas ficam fracas, débeis e suscetíveis. Qualquer ventinho que tiver é uma pneumonia para elas"", disse três meses antes de ser internado com Covid-19. Na quinta (18), Macedo, 76, compartilhou em suas redes sociais imagens dele e da esposa sendo vacinados em Miami. Um seguidor comentou: ""Amém, bispo! Muito bom ver o sr. e a dona Ester sendo exemplo para os demais"". Suponha que o seu cachimbo precisasse de conserto. Bastava levá-lo ao Perito dos Cachimbos, na rua da Quitanda. Ou que o cuco enguiçasse e se recusasse a sair do relógio —era um caso para o Magazine Pallas, na rua da Conceição. Reforma de perucas? Ia-se ao cabeleireiro Waldeck Guimarães, em Copacabana. Chocadeira e descascador de ovos de codorna? Mauro Albuquerque, no Andaraí. Fornecimento de minhocas? Minhocário Arboreum, em Pedra de Guaratiba. E sabe onde se podia —talvez ainda se possa— comprar rapé? No querido Café Lamas, no Flamengo. Onde aprender dança cigana? No Centro Cultural João Saldanha, em Bangu. E haveria um curso de dublagem para a terceira idade? Sim, o da Casa e Cia. Ariane Dutra, em Botafogo. Escultura em sabão de coco? Casa Arthur, na rua Luís de Camões. E com quem aprender dinamarquês? Com a professora particular Kirsten Corrêa de Mello, contato pelo tel. 21-2512-xxxx. Já comprar a linda camisa amarela, azul e grená do Madureira, só na Butique do Madureira, na rua Conselheiro Galvão. Quando ainda não se conheciam os efeitos do uso em excesso do celular por crianças, o jeito era dispor de um imunizador de ondas eletromagnéticas (uma pequena placa que se imantava no aparelho), à venda na Vip Rio Informática, na avenida Rio Branco. E, para quem precisasse com urgência de ceroulas, mantôs e protetores de orelha, havia a Loja de Inverno, em Ipanema. Manutenção de balanças? Avenida Brasil, em Coelho Neto. Pintura personalizada de capacete de moto? Magoo Motos, em São Cristóvão. Aluguel de muletas? Servimed, em Vila Isabel. Luva para segurar peixe? Mercadinho do Papai, na Barra. Esses eram alguns dos serviços oferecidos num livro delicioso, “Os Endereços Curiosos do Rio de Janeiro”, de Sérgio Garcia, lançado em 2001 pela Panda Books. Acredite ou não, esse mundo existia —e vivíamos nos queixando dele. 01, 02, 03 e 04 A Folha e demais veículos precisam parar de definir a rachadinha como “devolução de parte dos salários” (“Jair Bolsonaro agora tem os filhos 01, 02, 03 e 04 sob investigação”, Poder, 21/3). Seria devolução se os recursos voltassem ao erário. Como foram parar em bolsos indevidos, o correto é chamar de roubo. Daisi Chapani (Jequié, BA)  O clã 01-02-03 criou força-tarefa para processar quem quer que adjetive negativamente o nome do 00 em qualquer meio de comunicação. Conseguiram um efeito reverso. “Genocida”, por exemplo, passou a atrair o 00 como seu substantivo próprio suplantando fortíssimos concorrentes históricos. Fidelis Marteleto (Rio de Janeiro, RJ)  Só os muito ingênuos para acreditar que essas investigações resultarão em alguma condenação. Não por falta de crimes, mas porque Bolsonaro aparelhou todas as instituições de Estado para proteger a si e a seus filhos. Aras e a PF estão a serviço da família. É tudo teatro. Francisco Xavier de Azaredo Neto (Rio Grande, RS) Mortalidade da Covid Não há mistério na constatação de que o excesso de mortes por Covid é maior entre negros em São Paulo (“Covid-19 em São Paulo é mais mortífera para negros em 2020”, Saúde, 20/3). Já foi dito que pretos, pobres e periféricos morrem mais em decorrência do coronavírus. Em tempos de home office, pessoas pretas poucas têm esse privilégio. Explorada por empresas terceirizadas, a maioria sai de sua casa periférica, por volta das 3h30 ou 4h, para chegar ao local de trabalho às 6h. Rita Lopes (São Paulo, SP) Ranking de felicidade Como brasileiro, trabalho cinco meses todos os anos só para pagar impostos federais, estaduais e municipais. Me revolta saber que somos o país com o menor índice de retorno de bem-estar à sociedade do planeta e ainda temos que suportar presidente que nega vacina para todos (“Brasil despenca e fica na 41ª posição em ranking global de felicidade em 2020”, Mundo, 20/3). No atual ritmo de vacinação teremos mais de 1 milhão de óbitos até que todos sejam vacinados, e eu e os demais cidadãos corremos risco de não chegarmos vivos ao final da pandemia. Daniel Marques (Virginópolis, MG) Ministério Sai o ministro Pezadello, entra o ministro Quidroga. Mas o primeiro não sai e o segundo não entra, ambos em perfeita sintonia, dizem. No Ministério da Saúde, 1 + 1 = 0. E quando Lira e Pacheco se unem para, com muitos melindres, pedir providências contra a Covid, para evitar o “vexame internacional” (atrasados! O vexame já aconteceu!) e sem “apontar culpados”, o resultado é sempre o mesmo: zero. O Congresso também não vale o tal “pequi roído”. Maristela Jardim Gaudio (São Paulo, SP) Imaginação Céu: espaço infinito no qual se localizam e se movem os sonhos e onde os pássaros voam (“Desenhista mineira Céu solta a imaginação entre broncas e conselhos”, Folhinha, 20/3). Esta criança, provavelmente, tem alma de dois grandes poetas: Guimarães Rosa e Manuel de Barros. Gildázio Garcia (Ipatinga, MG) Entrevista Sempre considerei Modesto Carvalhosa correto até saber que sua defesa tão loquaz da Lava Jato se devia a ser um dos beneficiários da bolada que entraria na fundação a ser criada e administrada pelo Partido do Procuradores (“STF e Poderes formam consórcio para destruir combate à corrupção”, Poder, 20/3). Sergio Fernando Morel Almeida (São Paulo, SP)  Excelente e auspiciosa a entrevista do professor. Vamos divulgar a sua proposta de uma nova Constituição. Albino Bonomi (Ribeirão Preto, SP) Carvalhosa? O interessado no fundo bilionário que Deltan inventou? Emerson Luis de Moraes (São Paulo, SP) Lula e os evangélicos Lula, diga sim e abrace o evangélico como cidadão vilipendiado em seus direitos (“O Evangelho segundo o PT”, Ilustríssima, 21/3). Muitas senhorinhas morando em favelas e orando, enquanto seus filhos estão na boca. Não se junte com pastores fajutos, que exploram os carentes do material e espiritual. Marcelo Santana (Rio de Janeiro, RJ)  O evangélico entende que a bandeira da justiça social do PT é um princípio também defendido pelos evangélicos, mas o que separa são pautas como a ideologia de gênero, o marxismo cultural, que pretende a extinção da herança judaico-cristã. Isto é irreconciliável. Fora Lula, nunca mais! David Molero (Jundiaí, SP) Colunas Eternas A leitura da crônica deliciosa de Cecília Meireles (“A respeito de automóveis”, Poder, 19/3) fez com que eu passasse a fantasiar com as maravilhas que virão por aí, no projeto Colunas Eternas, da Folha. Parabéns! Henrique Valêncio (São Paulo, SP) Lockdown Se fizessem lockdown com auxílio emergencial ou renda básica preventiva de empobrecimento maior, que já tem punido os brasileiros, quanto ao custo de vida, eu leria como iniciativa de valor, em favor da vida, todas (“O palavrão”, Editoriais, 20/3). Assim, ao que me parece, só contempla quem pode se isolar sem implorar caridade alheia. Ana Maria Nascimento Roberto Pires (Araçoiaba da Serra, SP)  Se 71% das pessoas são a favor das restrições ao comércio, nenhuma restrição ao comércio é necessária. Se ninguém for comprar, o comércio para, sem aglomeração. Convença o povo, isso é democracia. Herculano Jr (Campinas, SP) Lei de Segurança Nacional Os deputados deveriam dar um fim nessa lei que é uma indústria de carteiradas (“Entulho revirado”, Editoriais, 21/3). Começou usada pelo STF, agora pelo presidente e até pelo próprio Congresso. José Cardoso (Rio de Janeiro, RJ) Não adianta a reforma da LSN se não for acompanhada de reforma política alinhada com avanços sobre o status da imunidade parlamentar, que ninguém sabe como funciona, vista as decisões discrepantes. Tyaron Borba (Rio Bonito, RJ) A cidade de São Paulo alcançou a marca de 1 milhão de vacinados com a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 neste sábado (20). O balanço foi divulgado na noite deste domingo (21) pela prefeitura gestão Bruno Covas (PSDB). De acordo com a pasta, até o momento, 1.022.861 pessoas receberam a primeira dose. Destas, 338.930 também já receberam a segunda dose. Isso dá 11,46% da população da capital com mais de 20 anos. Somente neste sábado foram aplicadas 32.253 doses da vacina na capital paulista. Foram 30.445 aplicações da primeira dose e 1.808 da segunda dose. Somente nos drive-thrus, foram aplicadas 4.417 doses. O drive-thru do Shopping Anália Franco (zona leste) foi o mais movimentado, com 667 doses distribuídas, afirma a prefeitura tucana. Nesta segunda-feira (22), a prefeitura municipal segue com a imunização de idosos com idade entre 72 a 74 anos, grupo estimado em 200 mil pessoas. O grupo alvo desta fase pode procurar o imunizante em umas 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), nos 18 drive-thrus espalhados pela cidade, nos 17 SAE (Serviços de Assistência Especializada) e nos três centros-escolas. Drive-Thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro Leste Norte Oeste Sudeste Sul Fonte: Secretaria Municipal da Saúde Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram, neste domingo (21), uma carta aberta em que pedem medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chama a atenção para o atual momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país, e também detalha medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário. Leia abaixo o texto na íntegra. O Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-19, com a maior média móvel de novos casos. Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença. A situação econômica e social é desoladora. O PIB encolheu 4,1% em 2020 e provavelmente observaremos uma contração no nível de atividade no primeiro trimestre deste ano. A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas. A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de trabalhadores formais empregados. Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente, estamos atrasados. Em torno de 5% da população recebeu ao menos uma dose de vacina, o que nos coloca na 45ª posição no ranking mundial de doses aplicadas por habitante. O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022. As consequências são inomináveis. No momento, o Brasil passa por escassez de doses de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de entregas e revisões para baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada mês. Na semana iniciada em 8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil doses por dia. No ritmo atual, levaríamos mais de 3 anos para vacinar toda a população. O surgimento de novas cepas no país (em especial a P.1) comprovadamente mais transmissíveis e potencialmente mais agressivas, torna a vacinação ainda mais urgente. A disseminação em larga escala do vírus, além de magnificar o número de doentes e mortos, aumenta a probabilidade de surgirem novas variantes com potencial de diminuir a eficácia das vacinas atuais. Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020. Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um mês. Na campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto a Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se tanto quanto o Chile, dez vezes maior. A falta de vacinas é o principal gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à pandemia, incluindo os custos adicionais de saúde e gastos para mitigação da deteriorada situação econômica. A redução do nível da atividade nos custou uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres. Nesta perspectiva, a relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação. O quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social. Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos. A controvérsia em torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia –é o caso do Reino Unido, por exemplo. Estudos mostraram que diante da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das famílias mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas.15 A recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país. Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada. O efeito devastador da pandemia sobre a economia tornou evidente a precariedade do nosso sistema de proteção social. Em particular, os trabalhadores informais, que constituem mais de 40% da força de trabalho, não têm proteção contra o desemprego. No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para assistir esses trabalhadores mais vulneráveis que perderam seus empregos, e levou a uma redução da pobreza, evidenciando a necessidade de melhoria do nosso sistema de proteção social. Enquanto a pandemia perdurar, medidas que apoiem os mais vulneráveis, como o auxílio emergencial, se fazem necessárias. Em paralelo, não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro aos informais. Uma proposta nesses moldes é o programa de Responsabilidade Social, patrocinado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas, encaminhado para o Congresso no final do ano passado. Outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas também se fazem necessárias. A experiência internacional com programas de aval público para financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante um choque negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um benefício líquido positivo à sociedade. O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios durante a pandemia amplifica essa necessidade. A retomada de linhas avalizadas pelo Fundo Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma medida importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise. Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive. Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos. 1. Acelerar o ritmo da vacinação. O maior gargalo para aumentar o ritmo da vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de pré-contratar doses prontas, como fez o Chile e outros países. Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de vacinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses. Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental usar a política externa –desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos– para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja nos países que têm ou terão excedentes em breve. A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem escapar da imunidade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas variantes surgidas no Brasil tornam o controle da pandemia mais desafiador, dada a maior transmissibilidade. Com o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes. O Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento genômico em tempo real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e também de outros países. 2. Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa. Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, xplicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid. Máscaras com filtragem adequada têm preços a partir de R$ 3 a unidade. A distribuição gratuita direcionada para pessoas sem condições de comprá-las, acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos benefícios de contenção da Covid-19. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a população e as lideranças darem o exemplo também é importante, e tem impacto na trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens contrárias às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento do contágio. 3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional. O termo “distanciamento social” abriga uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distância, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre outros, e –no limite– escolas e creches. Cada uma dessas medidas tem impactos sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos econômicos, e depende das características da geografia e da economia de cada região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas devem ser de responsabilidade das autoridades locais. Com o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país. A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração. Ademais, é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente. Dentre a combinação de medidas possíveis, a questão do funcionamento das escolas merece atenção especial. Há estudos mostrando que não há correlação entre aumento de casos de infecção e reabertura de escolas no mundo26. Há também informações sobre o nível relativamente reduzido de contágio nas escolas de São Paulo após sua abertura. As funções da escola, principalmente nos anos do ensino fundamental, vão além da transmissão do conhecimento, incluindo cuidados e acesso à alimentação de crianças, liberando os pais – principalmente as mães – para o trabalho. O fechamento de escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais pobres e suas mães. A evidência mostra que alunos de baixa renda, com menor acesso às ferramentas digitais, enfrentam maiores dificuldade de completar as atividades educativas, ampliando a desigualdade da formação de capital humano entre os estudantes28. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em um esquema de distanciamento social. Há aqui um papel fundamental para o Ministério da Educação em cooperação com o Ministério da Saúde na definição e comunicação de procedimentos que contribuam para a minimização dos riscos de contágio nas escolas, além do uso de ferramentas comportamentais para retenção da evasão escolar, como o uso de mensagens de celular como estímulo para motivar os estudantes, conforme adotado em São Paulo e Goiás. 4. Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional –preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de governadores– orientada por uma comissão de cientistas e especialistas, se tornou urgente. Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as tentativas e erros no distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da prevenção, particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do relacionamento social. Na ausência de coordenação federal, é essencial a concertação entre os entes subnacionais, consórcio para a compra de vacinas e para a adoção de medidas de supressão. O papel de liderança: Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social. Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre. O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O Brasil exige respeito. A última contagem de assinaturas foi feita até às 16h30 deste domingo (21). Abidiel de Carvalho Aroeira Junior Adelar Fochezatto Adriana Rattes Affonso Celso Pastore Afonso Luz Ajax Reynaldo Bello Moreira Alessandro Sanches Pereira Alexandre Lowenkron Alexandre Maia Alexandre Mattos de Andrade Alexandre Rands Alexandre Schwartsman Álvaro de Souza Alvaro Piano Rocha Amanda de Albuquerque Amella Lorrane Ribeiro Lima Ana Beatriz Rebecchi Pereira Ana Cândida Costa Ana Carla Abrão Ana Carolina Medeiros Milanezi Ana Frischtak Ana Madureira de Pinho Ana Maria Barufi Ana Maria dos Santos Moreira Ana Novaes Ana Victoria Pelliccione André de Castro Silva André Luis Squarize Chagas André Magalhães André Perfeito André Portela Andrea Calabi Andréa Galiazzi Andrea Lucchesi Andreia de Lima Pereira Angela Magalhães Gomes Angela Moraes e Silva Angélica Maria de Queiroz Anna Olimpia de Moura Leite Antonio Kandir Antônio Márcio Buainain Aod Cunha Armínio Fraga Arthur Augusto Lula Mota Beatriz Diniz Ben Lian Deng Beny Parnes Bernard Appy Betina Pegorini Bráulio Borges Braz Camargo Bruno Boni de Oliveira Bruno Imaizumi Carla Casa Nova Xerfan Carla Jucá Amrein C. de Andrade Carlos Alberto Manso Carlos Ari Sundfeld Carlos Brunet Martins Filho Carlos Fausto Carlos Góes Carlos Mauricio Carmen M. Costa Carol Conway Carolina Grottera Caroline Sawyer Cassiana Fernandez Cássio Casseb Cecília Moraes e Silva Célia Marcondes Smith Celso de Campos Toledo Neto Cesar Hideki Yamamoto Christian Velloso Kuhn Christiano Penna Claudia Sussekind Bird Claudio Considera Cláudio Frischtak Claudio Marinho Claudio Ribeiro de Lucinda Cleveland Prates Comba Cascardo Cosmo De Donato Junior Cristian Andrei Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt Cristiano Canedo S. S. Albuquerque Daniel Cerqueira Daniel Consul de Antoni Daniel Fainguelernt Daniel Gleizer Daniel K Goldberg Daniel Leichsenring Daniela Considera Danielle Carusi Machado Danilo Camargo Igliori Davi Ricardo Lopes Alves David Gotlib Débora Freire Demósthenes Madureira de Pinho Neto Denis Mizne Denise Castro Dércio de Assis Diana Lúcia Gonzaga da Silva Diana Moreira Dimitri Szerman Domingos Brito da Silva Duilio de Avila Berni Ed Carlos Ferreira Nascimento da Costa Edmar Bacha Edmar Luiz Fagundes de Almeida Edmundo Valente Eduardo Amaral Haddad Eduardo Augusto Guimarães Eduardo Gulart Monteiro Eduardo Mazzilli de Vassimon Eduardo Pontual Eduardo Souza-Rodrigues Eduardo Weber Eduardo Wurzmann Eduardo Zilberman Eduardo Zylberstajn Elane Niskier Goldkorn Elbia Gannoum Eleazar de Carvalho Elena Landau Elena welper Elizelma Monteiro Eloá Sales Davanzo Emerson Kapaz Erica Iootty Erick Lima Eurico Marques de Oliveira Júnior Evandro José Neumann Fabiana Rocha Fábio Barbosa Fábio Esperança Fabio Giambiagi Fabio Guedes Gomes Fábio Moraes Fábio Romão Fabio Szwarcwald Fábio Terra Fábio Xavier da Silveira Rosa Felipe de Mendonça Lopes Felipe Falcão Nobre Felipe Imperiano Felipe Salto Fernanda Marques Fernanda Medeiros Fernanda Polonia Rios Fernando Genta Fernando Penteado Fernando Postali Fernando Reinach Fernando Veloso Fersen Lambranho Filipe de luca Flávia Seligman Flávio Ataliba Flavio Bulcão Francielly Cordeiro Freire da Rocha Francisco Cavalcanti Francisco Cunha Francisco Machado Francisco Pessoa Faria Francisco Ramos Francisco Soares de Lima Franklin Gonçalves Frederico Silva Gabriel Bravim Furlan Gabriel Ferreira Cavalcante Gabriel Lucindo Gabriel Rassi Gabriella Seiler Genaro Lins Geraldo Carbone Germano Treiger Gian Paulo Soave Gilberto Henrique Moraes Giovanna Ribeiro Giuliano Guandalini Graça Seligman Guilherme Irffi Guilherme Macalossi Guilherme Magacho Guilherme Micota Stipp Guilherme Tinoco Guilherme Valle Moura Guillherme Setubal souza e Silva Gustavo Gonzaga Gustavo Loyola Gustavo Madi Rezende Hailron de Andrade Torquato Helcio Tokeshi Helena Arruda Freire Hélio Henkin Henrique Duarte Miareli Henrique Félix Henrique Luz Henrique Vicente Hilda Azevedo Vieira Horácio Lafer Piva Humberto Baranek Humberto Moreira Hussein Kalout Igor Rocha Ilan Goldfajn Ilan Gorin Ilona Szabó de Carvalho Isac Berman Isacson Casiuch Ítalo Moisés Izabel Portela Jacob B. Goldemberg Jacques El kobbi Jaime Macedo Jaqueline Marques Jéssica de Araújo Silva Caieiro Jessica Gagete-Miranda Joana acosta Joana C.M. Monteiro Joana Naritomi João Antunes Ramos João Carlos Figueiredo João Carlos Nicolini de Morais João Carlos Rios João Cesar Tourinho João Gabriel Caetano Leite João Henrique Duarte João Mário de França João Moreira Salles João Pedro Souza Rocha João Prates Romero João Villaverde Jorge Peregrino José Antônio Ferreira da Cunha José Artur Lima Gonçalves José Augusto Fernandes José Augusto Zatti Filho José Benedito Bortoto José Cesar Martins José Guilherme Oliveira José Luiz Chabassus Maia José Monforte José Olympio Pereira José Roberto Mendonça de Barros José Rubens José Taragona José Tavares de Araujo Josef Benhaim Josué Alfredo Pellegrini Juan Sousa Perroni Júlia Fontes Julia Neves da Silva Santos Pretti Espindula Juliana Camargo Juliano Assunção Julio Cesar da Silva Karina Bugarin Keila carneiro dos Santos Kleber F Pasin Kleyton Vieira Sales da Costa Laísa Rachter Laudinei Amorim Laura Carvalho Laura de Carvalho Schiavon Laura Karpuska Laura Souza Leandro Guariglia Ferreira Leandro Machado Leandro Padulla Leandro Piquet Carneiro Leane Naidin Leany Barreiro Lemos Leila Frischtak Leila Maria Gil Neves Leonardo Beni Tkacz Leonardo Coviello Regazzini Leonardo de Carvalho Prozczinski Leonardo Monteiro Monasterio Leonardo Rezende Leyanie Neves Licinio Velasco Loide Bedran Lucas Argentieri Mariani Lucas de Souza Sartori Lucas de Toro Rodrigues Lucas M. Novaes Lucia Hauptmann Lucia Souza Luciana da Silva Marques Luciano Losekann Luciene Pereira Lucila Lacreta Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza Luís Meloni Luís Stuhlberger Luis Terepins Luiz Carlos Lyra Luiz Carlos Prado Luiz Fernando Guedes Pereira Filho Luíz Godinho Luiz Guilherme Scorzafave Luiz Octavio vilela de Andrade Luiz Otavio Teixeira Mendes Luiz Parreiras Luiz Wrobel Luiza Niemeyer Maílson da Nóbrega Manoel Pires Manuel Thedim Marcela Carvalho Ferreira de Mello Marcelo André Steuer Marcelo Barbará Marcelo Cunha Medeiros Marcelo Davi Santos Marcelo de Paiva Abreu Marcelo F. L. Castro Marcelo Fernandes Marcelo Justus Marcelo Kfoury Marcelo Leite de Moura e Silva Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Marcelo Trindade Marcia Lahtermaher Marcílio Marques Moreira Márcio Coimbra Márcio Fortes Márcio Garcia Márcio Holland Márcio Issao Nakane Marcio Mello de Aguiar Marco Bonomo Marco Vinicius Cuchiaro Marcos Camizao Marcos Freire Marcos Lederman Marcos Roberto Furlan Marcos Ross Fernandes Marcos Wendde Cruz Carneiro Maria Alice Moz-Christofoletti Maria Cristina Mello Maria Cristina Pinotti Maria Dolores Montoya Diaz Maria Gabriela Mazoni do Nascimento Maria Tereza Sarmento Ferreira Mariana Coates Furquim Werneck Marina Rios Mário Ramos Ribeiro Marisa Moreira Salles Matheus Pessôa Maurício Canêdo Pinheiro Mauro Rodrigues Mauro Salvo Michael Burt Miguel Fausto Miguel Nathan Foguel Milton Seligman Miriã Botelho Miriam Seligman Moacir Salztein Monica Baumgarten de Bolle Mônica Viegas Andrade Naercio Menezes Filho Natália Nunes Ferreira-Batista Natalie Victal Neide Eisele Nélia Carvalho Rios Nelson Barros Nelson Eizirik Nícia Comerlatti Nilson Teixeira Norbert Glatt Octavio de Barros Odilon Camargo Otaviano Canuto Patrícia Franco Ravaioli Paula Carvalho Pereda Paula Magalhães Paulo Dalla Nora Macedo Paulo Guilherme Correa Paulo Hartung Paulo Henrique de Oliveira Paulo Hermanny Paulo Leal Lanari Filho Paulo Maurício Roncisvalle Paulo Ribeiro Paulo Tafner Pedro Bodin de Moraes Pedro Bulcão Pedro Cavalcanti Ferreira Pedro Dittrich Pedro Henrique Salerno Pedro Henrique Thibes Forquesato Pedro Ivo Marciliano Pires Pedro Malan Pedro Menezes Pedro Moreira Salles Pedro Parente Pedro Passos Pedro Vasconcelos Maia do Amaral Persio Arida Priscilla Albuquerque Tavares Rafael Ahvener Rafael B. Barbosa Rafael Dix-Carneiro Rafaela Vitória Raphael Bruce Raphael Rocha Gouvea Raquel Teixeira Regina Lucia Burtet Regina Madalozzo Reinaldo Pinheiro Rejane Knijnik Renan Chicarelli Marques Renan Seligman Renata Kotscho Renato Ferreira Renato Fragelli Renê Garcia Jr. Ricardo Augusto Gallo Ricardo Cyrino Ricardo de Abreu Madeira Ricardo Gandour Ricardo Gorodovits Ricardo Lisboa Pegorini Ricardo Markwald Rita Leite Pereira Róber Iturriet Avila Roberta Tenenbaum Roberto Adler Roberto Bielawski Roberto Freire Roberto Iglesias Roberto Moritz Roberto Olinto Roberto Setubal Robson carvalho Robson Luiz Silva de Souza Rodger Barros Antunes Campos Rodrigo Bleyer Bazzo Rodrigo Lanna Franco da Silveira Rodrigo Menon S. Moita Rodrigo Nishida Rodrigo pontes Rodrigo R Azevedo Roger Patrick dos Santos Rogério Furquim Werneck Ronaldo Marcelo Rosana Seligman Rosangela Bolze Rosangela Niskier Casiuch Rosiane Pecora Rubens Ricupero Ruth Wrobel Ruy Ribeiro Sabino da Silva Porto Júnior Samira Schatzmann Samuel Pessoa Sandra britto Brandão Sandra Ghilardi Sandra M. M. Silva Sandra Regina Pesqueira Berti Sandra Rios Sarita Kulysz Sergio Akkerman Sergio Becker Sérgio Besserman Vianna Sergio Fausto Sergio Fonseca Sérgio Guerra Sergio Krakauer Sergio landau Sergio Margulis Sergio Rezende Silvia Barbará Silvia Franco Silvia Matos Solange David Solange Srour Sônia Maria Alves da Silva Stephanie Kestelman Synthia Santana Tamir Fattori Tauries Sakai Nakazawa Thais Prandini Thiago Moreira Rodrigues Thomas Conti Thomas Hoegg Adamski Thomas Kang Tiago Cavalcanti Tiago Grassano Lattari Tomás Branski Reydon Tomás Neves Henrique Silva Tomás Urani Tuanne Ferreira Dias Vagner Ardeo Verônica Lazarini Cardoso Victor Alexandre de Paula Lopes Victor Genofre Vallada Vilma da Conceição Pinto Vinicius Carrasco Vinícius de Oliveira Botelho Vinicius Nascimento de Azevedo Vinícius Peçanha Vitor Monteiro Vitor Natã Gil Vitor Pereira Vitor Pestana Ostrensky Walter Novaes Wilfredo Leiva Maldonado “Hoje é que eu tô vendo o que é Covid. Comparado a isso, ano passado a gente não tinha nada, não. E não sabemos quando vai parar. É como se a gente estivesse com os olhos vendados partindo para uma guerra, sem saber o que o inimigo pode fazer”. É assim que o prefeito Isaú Fonseca (MDB), da cidade rondonense de Ji-Paraná, no meio da Amazônia, define a situação da pandemia que esgotou o sistema hospitalar da região. A mais de 3.000 km dali, na outra ponta do país, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), de Santa Maria (RS), usa expressão parecida. “É um inimigo invisível e traiçoeiro, que está agora muito mais fortalecido”, diz ele, na cidade onde há mais internados do que leitos de UTI. De norte a sul, cidades do interior do país viram seus sistemas de saúde colapsarem no começo deste ano em meio à segunda onda da Covid-19, em muitos casos muito mais devastadora do que a primeira. Sem recursos, sem vacinas, sem vagas, sem oxigênio e agora até sem remédios, prefeitos por conta própria impõem restrições e fecham suas cidades —e são cobrados por isso. É o caso de Patos de Minas, a 400 km de Belo Horizonte. Nos piores momentos da pandemia no ano passado, em julho e dezembro, a cidade, de cerca de 153 mil habitantes, tinha 40 novos casos confirmados da Covid-19 por dia, em média. Fora desses dois momentos, raras vezes essa taxa passou de 20. Nesse intervalo, venceu a eleição Luís Eduardo Falcão (Podemos), presidente de uma associação comercial e então contrário às medidas de fechamento da cidade. Ele próprio havia se tratado com cloroquina, remédio considerado ineficaz para a Covid-19, em outubro. “Achei que deveria usar todas as armas e naquele momento entendi que não havia tanta certeza sobre a eficácia ou não”, diz. Já na cadeira de prefeito, viu disparar o número de casos e a média diária chegar a 300 em fevereiro. E a região inteira entrou em colapso, e cidades como Coromandel e Carmo do Paranaíba precisaram pedir socorro ao Corpo de Bombeiros para remover pacientes de helicóptero para cidades distantes que ainda tinham vagas. É o caso também de Uberlândia, onde só neste mês de março já morreram mais de 400 pessoas com a doença. No meio de fevereiro, Falcão impôs toque de recolher noturno e fechamento de comércios. Em março, veio decreto do governo Romeu Zema (Novo), com mais isolamento em toda a região. A conta chegou para o prefeito, que foi cobrado por comerciantes. Vídeo de um jornal local mostra os manifestantes pedindo que, para permitir a reabertura, a prefeitura imponha um protocolo de “tratamento precoce” contra a Covid, conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada para a doença. De um mega-fone, o prefeito, que se tratou com cloroquina, grita aos manifestantes: ""85% das pessoas chupando laranja ou tomando água vão se curar do vírus”, sob críticas dos conterrâneos. À Folha, ele explica a mudança de posicionamento. “No hospital vejo gente que tomou esses medicamentos se agravarem, irem para a UTI, até morrerem. Milagre não é. Quem quiser tomar, fique à vontade, o médico tem liberdade para oferecer o que quiser. Agora, prefeito não receita medicamento”, diz. “Entendo os comerciantes, não é justo mesmo penalizá-los. E as pessoas procuram um culpado e uma solução. O culpado é o prefeito e a solução é a cloroquina. Mas não é. O culpado é o vírus e a solução é a vacina”, resume. O fechamento é a medida mais urgente em regiões onde a situação é grave para dar um alívio ao sistema de saúde, diz a epidemiologista Ana Luiza Bierrenbach, assessora técnica da organização internacional Vital Strategies. Cidades do interior podem esgotar antes das capitais porque o limite do sistema por vezes é mais rígido, diz ela. “A cidade tem 10, 20 leitos, e é isso, não tem espaço para aumentar, não tem para quem recorrer. E quando é uma referência regional, recebe pacientes de cidades vizinhas e colapsa”, afirma. Araraquara, no interior de SP, implementou lockdown em fevereiro, com proibição de circulação pela cidade. “As internações continuaram acontecendo, as mortes também, mas pelo menos as pessoas não vão morrer na fila esperando por um leito, desafoga a fila”, diz. Há pelo menos um efeito colateral dessas restrições. “Quando a gente fala em lockdown, tem que pensar bem em como fazer a comunicação. O termo ficou pejorativo e as pessoas estão se revoltando. Aí você coloca um bando de gente sem máscara, se aglomerando, gritando alto contra o prefeito, e acontece justamente o que você quer evitar”, diz. Pozzobom, prefeito de Santa Maria (RS), também foi alvo de protesto. “Tem carreata, manifestação, me trancaram em casa e hoje trancaram a prefeitura. E eu respondo: me tranquem aqui, só não fiquem trancados em leitos de UTI”, afirma ele, sobre a cidade de 283 mil habitantes que está com 105% de ocupação de leitos de UTI. “O que não pode é pedir para liberar rodeio hoje e amanhã pedir um leito de UTI para o pai”. Contrário a essas medidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para derrubar restrições. Prefeito de Campinas até dezembro e presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Jonas Donizette afirma que “o contrafogo do governo federal atrapalha. Os prefeitos e governadores ficam como os vilões, enquanto o presidente faz parecer que quer deixar todo mundo trabalhar.” “Na verdade, quem sente mais o fechamento é o prefeito. Não só porque conhece o comerciante e é cobrado, mas porque os impostos municipais vêm do setor de serviços, o ISS, que foi o mais afetado, já que tiveram que fechar as portas”, diz. Em Ji-Paraná (RO), de 130 mil habitantes, o prefeito Isaú Fonseca diz que fica mais fácil implementar medidas de isolamento quando a população começa a conhecer as pessoas que morreram. “Todo mundo aqui perdeu alguém”, diz ele. “Não tem vaga para nada e o oxigênio já começa a faltar”, afirma. “Ano passado o governo mandou dinheiro, mas falta esse ano. A folha de pagamento da saúde aqui era de R$ 2,5 milhões. Hoje foi para R$ 5 milhões."" Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), diz que a questão orçamentária é grave. “Até hoje o Congresso não votou o Orçamento de 2021, o orçamento trivial, para rotina, que deveria ter sido aprovado até 31 de dezembro. Com isso, o Ministério da Saúde recebeu autorização para gastar 1/18 do que gastou ano passado. Não dá para pagar a conta do mês”, diz ele. “No ano passado, tivemos R$ 42 bilhões para as prefeituras em recurso extraordinário para a saúde, e a pandemia não estava no grau que estamos vendo hoje. Este ano, para o primeiro trimestre, que acaba em dez dias, liberaram R$ 2,8 bilhões, não é nada”, continua. Junqueira afirma que as cidades do interior sofrem com a falta de profissionais, especialmente intensivistas, especialistas em atender pacientes nas UTIs. Começa a preocupar também a disponibilidade de oxigênio hospitalar, como em Ji-Paraná, sobretudo em hospitais menores, que não têm tanques do gás e são abastecidos com cilindros. “Tem lugares onde o oxigênio de um mês acaba em três ou quatro dias. Teve cidade no Ceará indo até hospital grande encher o tubo de oxigênio na mão. Não é o correto a se fazer, mas, em um momento de crise, você precisa dar um jeito para o paciente não morrer”, diz. Na quinta-feira (18), a FNP oficiou o governo federal sobre a falta de oxigênio e também sobre a falta de medicamentos para sedação de pacientes intubados em todo o país. Na divisa com a Bolívia e a 428 km da capital, Corumbá (MS) já sofre com a falta desses remédios. “Nem a rede privada está conseguindo comprar. Em Campo Grande, tem grandes hospitais com estoque para 20 dias, mas cidades menores só têm para 5 dias”, afirma Rogério Leite, secretário de Saúde da cidade de 112 mil habitantes. Ele também reclama da falta de médicos e enfermeiros especializados em cuidados intensivos. A cidade viu em janeiro os índices chegarem a nível similar ao pior momento do ano passado, em agosto e setembro, que foi controlado com aumento da fiscalização de aglomerações. Mesmo com a queda de casos, os hospitais estão quase lotados, porque a cidade recebe pacientes de toda a região. Das 18 vagas de UTI, apenas 1 está livre. Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram, neste domingo (21), uma carta aberta em que pedem medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chama a atenção para o atual momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país, e também detalha medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário. A carta é a primeira manifestação de peso de representantes da área econômica no atual pico de contágios e mortes. Nos últimos meses, alguns economistas e acadêmicos começaram a fazer críticas pontuais sobre o combate à Covid-19, mas a maioria não havia se posicionado publicamente até então. “Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”, afirmaram. Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o documento afirma que a postura adotada por líderes políticos pode fazer diferença tanto para o bem quanto para o mal e, dependendo, reforçar normas antissociais, dificultar a adesão da população a comportamentos responsáveis, ampliar o número de infectados e de mortes e aumentar os custos que o país incorre. ""O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país"", afirmam. O texto diz ainda que a situação econômica e social trazida pelo agravamento da pandemia é desoladora, e pode insurgir uma nova contração da atividade no primeiro trimestre deste ano. “Essa recessão [...] não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza e utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia”, dizem. O documento aponta que é falso o dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável e que dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais mortes de Covid-19, como mostrou reportagem da Folha. Entre as quatro medidas citadas na carta como indispensáveis para o combate à pandemia, estão a aceleração do ritmo de vacinação, o incentivo ao uso de máscaras –tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa–, a implementação de medidas de distanciamento social e a criação de um mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional, orientado por uma comissão de cientistas e especialistas. Segundo o economista Marco Bonomo, que participou da redação do texto, há um senso de urgência em relação ao problema. A expectativa era que a carta fosse encaminhada aos representantes dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) ainda neste domingo. A mobilização chama a atenção não apenas pelo grande número de adeptos, mas também pela diversidade dos apoiadores. Entre os economistas, por exemplo, estão Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia da USP, Sandra Rios, diretora no Cindes (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado, e Elena Landau, economista, advogada e presidente do Conselho Acadêmico do Livres. ""O comentário que eu mais ouvi das pessoas hoje foi que a sociedade está se movendo. E isso precisa acontecer rápido. Não é possível que você não possa avançar com proteção social. [Essa carta] vem para enfatizar coisas que a ciência e os médicos de todo o mundo já falam há algum tempo. Não há discurso entre salvar vidas e salvar a economia. E a carta vem de economistas, exatamente para ficar claro que não existe esse dilema"", disse Elena Landau. A carta tem também a chancela de Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco, sinalizando que a mensagem tem eco em outros segmentos da economia. Setubal e Moreira Salles estão entre as famílias mais ricas do Brasil e detêm o controle de grandes companhias. Os Setubal, por exemplo, têm participação acionária na Itaúsa, que controla empresas como Duratex. Os Moreira Salles têm o fundo Cambuhy que, junto com Itáusa, está no bloco de controle da Alpargatas, e também controlam empresas como a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), a Revista Piauí e o Instituto Moreira Salles. Também há representantes diretamente ligados ao setor produtivo, entre eles Pedro Parente, presidente do conselho de administração da BRF, que detém as marcas Sadia e Perdigão, e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e hoje presidente-executivo da Ibá (entidade que representa a cadeia produtiva de árvores, papel e celulose). Entre os investidores que endossam a mensagem estão Luis Stuhlberger, sócio da Verde Asset, que administra um dos fundos mais rentáveis da história do Brasil, e Fersen Lambranho, presidente do conselho de administração da GP Investments, que tem mais de US$ 5 bilhões (R$ 27,5 bilhões) aplicados em 17 setores. Economistas ligados ao banco Credit Suisse são outro destaque. Assinam a carta o presidente da instituição, José Olympio Pereira, o presidente do conselho de administração e também ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e a economista-chefe do banco, Solange Srour, que é colunista da Folha. Ainda prestam apoio à mensagem outros ex-presidentes do Banco Central, como Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, bem como ex-ministros da Fazenda, como Pedro Malan, Marcílio Marques Moreira e Rubens Ricupero. A ideia de criar a carta surgiu em um grupo de WhatsApp no qual se reúnem mais de 200 economistas, criado em 2015. Diante do agravamento da pandemia, os participantes começaram a pensar em uma manifestação mais formal sobre quais os problemas a serem enfrentados. Para redigir a carta foram escolhidos cinco relatores. ""A pandemia é um tema de primeira ordem na discussão nacional, e a ideia [da carta] é ser uma contribuição propositiva, com a nossa visão sobre o tema. Existem questões complexas que precisam ser melhor atendidas. Nem tudo o que está no documento é do acordo de todos os economistas do grupo, mas um número representativo assinou a carta que, agora, também ganhou assinatura de economistas de outras esferas"", afirmou Flávio Ataliba, economista e secretário-executivo de Planejamento e Orçamento da Seplag (Secretaria do Planejamento e Gestão do Ceará). Além do ritmo lento e da insuficiência das vacinas no país diante do risco de surgimento de novas cepas do vírus, a carta também traz ponderações sobre a necessidade de limitação da mobilidade e sobre o custo que a pandemia já teve para o Brasil. ""A falta de vacinas é o principal gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à pandemia"", diz o documento. O cálculo mostra que a consequente redução da atividade pela demora em adotar políticas públicas mais adequadas custou uma perda tributária de R$ 58 bilhões só no âmbito federal, enquanto o atraso da vacinação irá custar R$ 131,4 bilhões aos cofres públicos em 2021 em termos de produto ou renda não gerada e supondo uma recuperação retardatária em dois trimestres. Leia a carta na íntegra.  O Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-19, com a maior média móvel de novos casos. Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença. A situação econômica e social é desoladora. O PIB encolheu 4,1% em 2020 e provavelmente observaremos uma contração no nível de atividade no primeiro trimestre deste ano. A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas. A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de trabalhadores formais empregados. Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente, estamos atrasados. Em torno de 5% da população recebeu ao menos uma dose de vacina, o que nos coloca na 45ª posição no ranking mundial de doses aplicadas por habitante. O ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022. As consequências são inomináveis. No momento, o Brasil passa por escassez de doses de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de entregas e revisões para baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada mês. Na semana iniciada em 8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil doses por dia. No ritmo atual, levaríamos mais de 3 anos para vacinar toda a população. O surgimento de novas cepas no país (em especial a P.1) comprovadamente mais transmissíveis e potencialmente mais agressivas, torna a vacinação ainda mais urgente. A disseminação em larga escala do vírus, além de magnificar o número de doentes e mortos, aumenta a probabilidade de surgirem novas variantes com potencial de diminuir a eficácia das vacinas atuais. Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020. Vacinas têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um mês. Na campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto a Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se tanto quanto o Chile, dez vezes maior. A falta de vacinas é o principal gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à pandemia, incluindo os custos adicionais de saúde e gastos para mitigação da deteriorada situação econômica. A redução do nível da atividade nos custou uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres. Nesta perspectiva, a relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação. O quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social. Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos. A controvérsia em torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do agravamento da pandemia – é o caso do Reino Unido, por exemplo. Estudos mostraram que diante da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das famílias mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas.15 A recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança e maior previsibilidade da situação de saúde no país. Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada. O efeito devastador da pandemia sobre a economia tornou evidente a precariedade do nosso sistema de proteção social. Em particular, os trabalhadores informais, que constituem mais de 40% da força de trabalho, não têm proteção contra o desemprego. No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para assistir esses trabalhadores mais vulneráveis que perderam seus empregos, e levou a uma redução da pobreza, evidenciando a necessidade de melhoria do nosso sistema de proteção social. Enquanto a pandemia perdurar, medidas que apoiem os mais vulneráveis, como o auxílio emergencial, se fazem necessárias. Em paralelo, não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro aos informais. Uma proposta nesses moldes é o programa de Responsabilidade Social, patrocinado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas, encaminhado para o Congresso no final do ano passado. Outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas também se fazem necessárias. A experiência internacional com programas de aval público para financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante um choque negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um benefício líquido positivo à sociedade. O aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios durante a pandemia amplifica essa necessidade. A retomada de linhas avalizadas pelo Fundo Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma medida importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise. Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive. Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos. 1. Acelerar o ritmo da vacinação. O maior gargalo para aumentar o ritmo da vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de pré-contratar doses prontas, como fez o Chile e outros países. Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de vacinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses. Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental usar a política externa – desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos – para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja nos países que têm ou terão excedentes em breve. A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem escapar da imunidade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas variantes surgidas no Brasil tornam o controle da pandemia mais desafiador, dada a maior transmissibilidade. Com o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes. O Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento genômico em tempo real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e também de outros países. 2. Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa. Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, xplicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid. Máscaras com filtragem adequada têm preços a partir de R$ 3 a unidade. A distribuição gratuita direcionada para pessoas sem condições de comprá-las, acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos benefícios de contenção da Covid-1923. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a população e as lideranças darem o exemplo também é importante, e tem impacto na trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens contrárias às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento do contágio. 3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com coordenação nacional. O termo “distanciamento social” abriga uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distância, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre outros, e – no limite – escolas e creches. Cada uma dessas medidas tem impactos sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos econômicos, e depende das características da geografia e da economia de cada região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas devem ser de responsabilidade das autoridades locais. Com o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados ou mesmo a entrada de estrangeiros no país. A necessidade de adotar um lockdown nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das atividades cobertas, cronograma de implementação e duração. Ademais, é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente. Dentre a combinação de medidas possíveis, a questão do funcionamento das escolas merece atenção especial. Há estudos mostrando que não há correlação entre aumento de casos de infecção e reabertura de escolas no mundo26. Há também informações sobre o nível relativamente reduzido de contágio nas escolas de São Paulo após sua abertura. As funções da escola, principalmente nos anos do ensino fundamental, vão além da transmissão do conhecimento, incluindo cuidados e acesso à alimentação de crianças, liberando os pais – principalmente as mães – para o trabalho. O fechamento de escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais pobres e suas mães. A evidência mostra que alunos de baixa renda, com menor acesso às ferramentas digitais, enfrentam maiores dificuldade de completar as atividades educativas, ampliando a desigualdade da formação de capital humano entre os estudantes28. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir em um esquema de distanciamento social. Há aqui um papel fundamental para o Ministério da Educação em cooperação com o Ministério da Saúde na definição e comunicação de procedimentos que contribuam para a minimização dos riscos de contágio nas escolas, além do uso de ferramentas comportamentais para retenção da evasão escolar, como o uso de mensagens de celular como estímulo para motivar os estudantes, conforme adotado em São Paulo e Goiás. 4. Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional – preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de governadores – orientada por uma comissão de cientistas e especialistas, se tornou urgente. Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as tentativas e erros no distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da prevenção, particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do relacionamento social. Na ausência de coordenação federal, é essencial a concertação entre os entes subnacionais, consórcio para a compra de vacinas e para a adoção de medidas de supressão. O papel de liderança: Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social. Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre. O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O Brasil exige respeito. A última contagem de assinaturas foi feita até As 16h30 deste domingo (21). Abidiel de Carvalho Aroeira Junior Adelar Fochezatto Adriana Rattes Affonso Celso Pastore Afonso Luz Ajax Reynaldo Bello Moreira Alessandro Sanches Pereira Alexandre Lowenkron Alexandre Maia Alexandre Mattos de Andrade Alexandre Rands Alexandre Schwartsman Álvaro de Souza Alvaro Piano Rocha Amanda de Albuquerque Amella Lorrane Ribeiro Lima Ana Beatriz Rebecchi Pereira Ana Cândida Costa Ana Carla Abrão Ana Carolina Medeiros Milanezi Ana Frischtak Ana Madureira de Pinho Ana Maria Barufi Ana Maria dos Santos Moreira Ana Novaes Ana Victoria Pelliccione André de Castro Silva André Luis Squarize Chagas André Magalhães André Perfeito André Portela Andrea Calabi Andréa Galiazzi Andrea Lucchesi Andreia de Lima Pereira Angela Magalhães Gomes Angela Moraes e Silva Angélica Maria de Queiroz Anna Olimpia de Moura Leite Antonio Kandir Antônio Márcio Buainain Aod Cunha Armínio Fraga Arthur Augusto Lula Mota Beatriz Diniz Ben Lian Deng Beny Parnes Bernard Appy Betina Pegorini Bráulio Borges Braz Camargo Bruno Boni de Oliveira Bruno Imaizumi Carla Casa Nova Xerfan Carla Jucá Amrein C. de Andrade Carlos Alberto Manso Carlos Ari Sundfeld Carlos Brunet Martins Filho Carlos Fausto Carlos Góes Carlos Mauricio Carmen M. Costa Carol Conway Carolina Grottera Caroline Sawyer Cassiana Fernandez Cássio Casseb Cecília Moraes e Silva Célia Marcondes Smith Celso de Campos Toledo Neto Cesar Hideki Yamamoto Christian Velloso Kuhn Christiano Penna Claudia Sussekind Bird Claudio Considera Cláudio Frischtak Claudio Marinho Claudio Ribeiro de Lucinda Cleveland Prates Comba Cascardo Cosmo De Donato Junior Cristian Andrei Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt Cristiano Canedo S. S. Albuquerque Daniel Cerqueira Daniel Consul de Antoni Daniel Fainguelernt Daniel Gleizer Daniel K Goldberg Daniel Leichsenring Daniela Considera Danielle Carusi Machado Danilo Camargo Igliori Davi Ricardo Lopes Alves David Gotlib Débora Freire Demósthenes Madureira de Pinho Neto Denis Mizne Denise Castro Dércio de Assis Diana Lúcia Gonzaga da Silva Diana Moreira Dimitri Szerman Domingos Brito da Silva Duilio de Avila Berni Ed Carlos Ferreira Nascimento da Costa Edmar Bacha Edmar Luiz Fagundes de Almeida Edmundo Valente Eduardo Amaral Haddad Eduardo Augusto Guimarães Eduardo Gulart Monteiro Eduardo Mazzilli de Vassimon Eduardo Pontual Eduardo Souza-Rodrigues Eduardo Weber Eduardo Wurzmann Eduardo Zilberman Eduardo Zylberstajn Elane Niskier Goldkorn Elbia Gannoum Eleazar de Carvalho Elena Landau Elena welper Elizelma Monteiro Eloá Sales Davanzo Emerson Kapaz Erica Iootty Erick Lima Eurico Marques de Oliveira Júnior Evandro José Neumann Fabiana Rocha Fábio Barbosa Fábio Esperança Fabio Giambiagi Fabio Guedes Gomes Fábio Moraes Fábio Romão Fabio Szwarcwald Fábio Terra Fábio Xavier da Silveira Rosa Felipe de Mendonça Lopes Felipe Falcão Nobre Felipe Imperiano Felipe Salto Fernanda Marques Fernanda Medeiros Fernanda Polonia Rios Fernando Genta Fernando Penteado Fernando Postali Fernando Reinach Fernando Veloso Fersen Lambranho Filipe de luca Flávia Seligman Flávio Ataliba Flavio Bulcão Francielly Cordeiro Freire da Rocha Francisco Cavalcanti Francisco Cunha Francisco Machado Francisco Pessoa Faria Francisco Ramos Francisco Soares de Lima Franklin Gonçalves Frederico Silva Gabriel Bravim Furlan Gabriel Ferreira Cavalcante Gabriel Lucindo Gabriel Rassi Gabriella Seiler Genaro Lins Geraldo Carbone Germano Treiger Gian Paulo Soave Gilberto Henrique Moraes Giovanna Ribeiro Giuliano Guandalini Graça Seligman Guilherme Irffi Guilherme Macalossi Guilherme Magacho Guilherme Micota Stipp Guilherme Tinoco Guilherme Valle Moura Guillherme Setubal souza e Silva Gustavo Gonzaga Gustavo Loyola Gustavo Madi Rezende Hailron de Andrade Torquato Helcio Tokeshi Helena Arruda Freire Hélio Henkin Henrique Duarte Miareli Henrique Félix Henrique Luz Henrique Vicente Hilda Azevedo Vieira Horácio Lafer Piva Humberto Baranek Humberto Moreira Hussein Kalout Igor Rocha Ilan Goldfajn Ilan Gorin Ilona Szabó de Carvalho Isac Berman Isacson Casiuch Ítalo Moisés Izabel Portela Jacob B. Goldemberg Jacques El kobbi Jaime Macedo Jaqueline Marques Jéssica de Araújo Silva Caieiro Jessica Gagete-Miranda Joana acosta Joana C.M. Monteiro Joana Naritomi João Antunes Ramos João Carlos Figueiredo João Carlos Nicolini de Morais João Carlos Rios João Cesar Tourinho João Gabriel Caetano Leite João Henrique Duarte João Mário de França João Moreira Salles João Pedro Souza Rocha João Prates Romero João Villaverde Jorge Peregrino José Antônio Ferreira da Cunha José Artur Lima Gonçalves José Augusto Fernandes José Augusto Zatti Filho José Benedito Bortoto José Cesar Martins José Guilherme Oliveira José Luiz Chabassus Maia José Monforte José Olympio Pereira José Roberto Mendonça de Barros José Rubens José Taragona José Tavares de Araujo Josef Benhaim Josué Alfredo Pellegrini Juan Sousa Perroni Júlia Fontes Julia Neves da Silva Santos Pretti Espindula Juliana Camargo Juliano Assunção Julio Cesar da Silva Karina Bugarin Keila carneiro dos Santos Kleber F Pasin Kleyton Vieira Sales da Costa Laísa Rachter Laudinei Amorim Laura Carvalho Laura de Carvalho Schiavon Laura Karpuska Laura Souza Leandro Guariglia Ferreira Leandro Machado Leandro Padulla Leandro Piquet Carneiro Leane Naidin Leany Barreiro Lemos Leila Frischtak Leila Maria Gil Neves Leonardo Beni Tkacz Leonardo Coviello Regazzini Leonardo de Carvalho Prozczinski Leonardo Monteiro Monasterio Leonardo Rezende Leyanie Neves Licinio Velasco Loide Bedran Lucas Argentieri Mariani Lucas de Souza Sartori Lucas de Toro Rodrigues Lucas M. Novaes Lucia Hauptmann Lucia Souza Luciana da Silva Marques Luciano Losekann Luciene Pereira Lucila Lacreta Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza Luís Meloni Luís Stuhlberger Luis Terepins Luiz Carlos Lyra Luiz Carlos Prado Luiz Fernando Guedes Pereira Filho Luíz Godinho Luiz Guilherme Scorzafave Luiz Octavio vilela de Andrade Luiz Otavio Teixeira Mendes Luiz Parreiras Luiz Wrobel Luiza Niemeyer Maílson da Nóbrega Manoel Pires Manuel Thedim Marcela Carvalho Ferreira de Mello Marcelo André Steuer Marcelo Barbará Marcelo Cunha Medeiros Marcelo Davi Santos Marcelo de Paiva Abreu Marcelo F. L. Castro Marcelo Fernandes Marcelo Justus Marcelo Kfoury Marcelo Leite de Moura e Silva Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Marcelo Trindade Marcia Lahtermaher Marcílio Marques Moreira Márcio Coimbra Márcio Fortes Márcio Garcia Márcio Holland Márcio Issao Nakane Marcio Mello de Aguiar Marco Bonomo Marco Vinicius Cuchiaro Marcos Camizao Marcos Freire Marcos Lederman Marcos Roberto Furlan Marcos Ross Fernandes Marcos Wendde Cruz Carneiro Maria Alice Moz-Christofoletti Maria Cristina Mello Maria Cristina Pinotti Maria Dolores Montoya Diaz Maria Gabriela Mazoni do Nascimento Maria Tereza Sarmento Ferreira Mariana Coates Furquim Werneck Marina Rios Mário Ramos Ribeiro Marisa Moreira Salles Matheus Pessôa Maurício Canêdo Pinheiro Mauro Rodrigues Mauro Salvo Michael Burt Miguel Fausto Miguel Nathan Foguel Milton Seligman Miriã Botelho Miriam Seligman Moacir Salztein Monica Baumgarten de Bolle Mônica Viegas Andrade Naercio Menezes Filho Natália Nunes Ferreira-Batista Natalie Victal Neide Eisele Nélia Carvalho Rios Nelson Barros Nelson Eizirik Nícia Comerlatti Nilson Teixeira Norbert Glatt Octavio de Barros Odilon Camargo Otaviano Canuto Patrícia Franco Ravaioli Paula Carvalho Pereda Paula Magalhães Paulo Dalla Nora Macedo Paulo Guilherme Correa Paulo Hartung Paulo Henrique de Oliveira Paulo Hermanny Paulo Leal Lanari Filho Paulo Maurício Roncisvalle Paulo Ribeiro Paulo Tafner Pedro Bodin de Moraes Pedro Bulcão Pedro Cavalcanti Ferreira Pedro Dittrich Pedro Henrique Salerno Pedro Henrique Thibes Forquesato Pedro Ivo Marciliano Pires Pedro Malan Pedro Menezes Pedro Moreira Salles Pedro Parente Pedro Passos Pedro Vasconcelos Maia do Amaral Persio Arida Priscilla Albuquerque Tavares Rafael Ahvener Rafael B. Barbosa Rafael Dix-Carneiro Rafaela Vitória Raphael Bruce Raphael Rocha Gouvea Raquel Teixeira Regina Lucia Burtet Regina Madalozzo Reinaldo Pinheiro Rejane Knijnik Renan Chicarelli Marques Renan Seligman Renata Kotscho Renato Ferreira Renato Fragelli Renê Garcia Jr. Ricardo Augusto Gallo Ricardo Cyrino Ricardo de Abreu Madeira Ricardo Gandour Ricardo Gorodovits Ricardo Lisboa Pegorini Ricardo Markwald Rita Leite Pereira Róber Iturriet Avila Roberta Tenenbaum Roberto Adler Roberto Bielawski Roberto Freire Roberto Iglesias Roberto Moritz Roberto Olinto Roberto Setubal Robson carvalho Robson Luiz Silva de Souza Rodger Barros Antunes Campos Rodrigo Bleyer Bazzo Rodrigo Lanna Franco da Silveira Rodrigo Menon S. Moita Rodrigo Nishida Rodrigo pontes Rodrigo R Azevedo Roger Patrick dos Santos Rogério Furquim Werneck Ronaldo Marcelo Rosana Seligman Rosangela Bolze Rosangela Niskier Casiuch Rosiane Pecora Rubens Ricupero Ruth Wrobel Ruy Ribeiro Sabino da Silva Porto Júnior Samira Schatzmann Samuel Pessoa Sandra britto Brandão Sandra Ghilardi Sandra M. M. Silva Sandra Regina Pesqueira Berti Sandra Rios Sarita Kulysz Sergio Akkerman Sergio Becker Sérgio Besserman Vianna Sergio Fausto Sergio Fonseca Sérgio Guerra Sergio Krakauer Sergio landau Sergio Margulis Sergio Rezende Silvia Barbará Silvia Franco Silvia Matos Solange David Solange Srour Sônia Maria Alves da Silva Stephanie Kestelman Synthia Santana Tamir Fattori Tauries Sakai Nakazawa Thais Prandini Thiago Moreira Rodrigues Thomas Conti Thomas Hoegg Adamski Thomas Kang Tiago Cavalcanti Tiago Grassano Lattari Tomás Branski Reydon Tomás Neves Henrique Silva Tomás Urani Tuanne Ferreira Dias Vagner Ardeo Verônica Lazarini Cardoso Victor Alexandre de Paula Lopes Victor Genofre Vallada Vilma da Conceição Pinto Vinicius Carrasco Vinícius de Oliveira Botelho Vinicius Nascimento de Azevedo Vinícius Peçanha Vitor Monteiro Vitor Natã Gil Vitor Pereira Vitor Pestana Ostrensky Walter Novaes Wilfredo Leiva Maldonado As primeiras viagens ao Brasil foram para visitar o irmão, funcionário de uma multinacional farmacêutica no início do século. Luis Miguel Gouveia era treinador nas categorias de base em Portugal e tentava manter viva a ligação do futebol. Sua carreira como goleiro havia sido encerrada aos 24 anos após duas cirurgias nos joelhos. As passagens pelo Rio de Janeiro começaram a ficar mais comuns e prolongadas. Ele fez amizades, conversava sobre futebol e participou de trabalho em projeto social em Padre Miguel, na zona oeste da capital fluminense. Em 2006, apareceu o convite para comandar o time principal do Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. Se Jorge Jesus e Abel Ferreira fizeram os técnicos portugueses se tornarem moda no Brasil, nenhum deles conhece tão bem o país quanto Luis Miguel, 49. Ele é o treinador lusitano há mais tempo em atividade no futebol brasileiro. São 15 anos consecutivos. ""Não parei mais. Em cada 12 meses, trabalho 10 em média. Quando acaba o estadual, vou para uma equipe de Série D [do Nacional]"", afirma. São 24 times diferentes (alguns deles mais de uma vez), em dez estados, quase sempre no Norte e Nordeste. O técnico português passou a estar ligado ao Brasil de maneira familiar. Bianca, 14, é sua filha pernambucana que hoje vive na Noruega. Em Fortaleza, conheceu a paraense Shirley, com quem começou relacionamento em 2009 e se casou em 2013. O início foi difícil. Os jogadores não compreendiam seu sotaque português. Ele tinha de dar a mesma instrução mais de uma vez. Luis Miguel às vezes encontrava problemas com a pronúncia nordestina ou nortista. Não foi preciso muito tempo para se entenderem. ""Nunca sofri preconceito, mas havia estranhamento por causa da metodologia. As pessoas viam como algo exótico um treinador português no Brasil, principalmente no interior do Nordeste. Acabavam por fazer muitas perguntas sobre o motivo para eu estar ali. Fui muito bem recebido"", completa. A filosofia de trabalho precisou também de compreensão mútua e mente aberta. Um dos exemplos foi quando implantou nos clubes o treino de manhã quando a partida seria horas depois, à noite. ""Os jogadores acharam aquilo muito diferente, mas era algo comum em Portugal. Era preciso pelo menos dar uma caminhada para não ficar o dia todo deitado na cama"", explica. Luis Miguel logo também aprendeu uma lição. A primeira vez que colocou essa ideia em prática foi em jogo no interior da Paraíba. ""Eu tive de me adaptar porque é difícil querer que os atletas façam caminhada no interior da Paraíba em um calor de 35 graus."" Ele não demorou a entender as características particulares do futebol brasileiro e se acostumou a elas. Como o calendário estafante, as dificuldades do futebol do interior e os meses que podem ter 90 dias na hora de receber os pagamentos. ""Já passei por tudo isso"", constata. ""Acho que tenho condições de estar em um time da Série B [do Brasileiro]. Só preciso da chance. Eu sou um estrategista do futebol"", acredita. A falta de modéstia, que ele vê como confiança em si mesmo, vem da constatação de que inovações táticas cada vez mais usadas no país já eram adotadas por suas equipes na década passada. ""Marcar alto o tempo todo. Perdeu a bola, tem de roubá-la no campo de ataque... Faço isso há dez anos. Não tem muita novidade."" A parte estratégica vem de não ter uma filosofia de jogo imóvel, que serve para qualquer situação. Uma crítica que foi feita ao trabalho de Fernando Diniz no São Paulo, por exemplo. No interior do Norte e do Nordeste, o treinador português tem de ser, antes de tudo, um forte, para parafrasear a frase criada por Euclides da Cunha em ""Os Sertões"" para se referir aos sertanejos. ""A estratégia depende do material humano e do adversário. Eu gosto do time que tem a bola e pressiona o adversário. Mas a outra equipe pode ter qualidade, conseguir quebrar as linhas [de marcação] e me complicar. Então, tem de recuar e roubar a bola no meio-campo. Cada jogo é uma estratégia. O importante é ganhar, sempre."" Luis Miguel começou a observar com interesse as chegadas de técnicos portugueses em grandes clubes no Brasil. Paulo Bento durou apenas 17 jogos no Cruzeiro em 2016. Jesualdo Ferreira foi demitido pelo Santos no ano passado no meio da pandemia da Covid-19. Sá Pinto teve o mesmo fim após 15 partidas no Vasco em 2020 e o time acabou rebaixado. Mas os dois últimos treinadores campeões da Libertadores vieram do país. Jorge Jesus conquistou o título pelo Flamengo em 2019, e Abel Ferreira pelo Palmeiras, na temporada passada. Jesus também venceu o Brasileiro e Abel, a Copa do Brasil. Outros profissionais do país europeu, como Carlos Carvalhal, Marco Silva, Leonardo Jardim e André Villas-Boas estiveram cotados em clubes da Série A. ""É preciso saber escolher o clube. Não é porque o profissional é português que é bom. Sá Pinto veio e não teve sucesso, mas não foi culpa dele. Era a equipe. O Vasco tinha muitos problemas. O Abel soube escolher, e os times dele sempre tiveram muita qualidade de jogo"", avalia. Se a onda portuguesa continuar, Luis Miguel tem uma visão pragmática. Por que uma boa oportunidade não pode aparecer para ele, que conhece tão bem o futebol brasileiro? É visão pragmática que se encaixa no estilo do treinador capaz de variar a estratégia de uma hora para a outra. ""Eu não tenho empresário. As coisas são mais difíceis por causa disso. O aumento do número de treinadores portugueses não muda tanto para mim porque já tenho meu nome estabelecido. Mas pode sim, abrir portas em outros mercados."" Se nada melhor surgir, ele deverá ser o treinador do Itapipoca na segunda divisão do Campeonato Cearense. Além da escalada dos custos internos, com inflação e commodities em alta, a indústria brasileira vem enfrentando dificuldades no transporte de insumos e mercadorias como mais um obstáculo à retomada da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. O problema é fruto da ruptura nas cadeias globais de suprimento após a paralisação da indústria mundial no primeiro semestre de 2020, que provocou um enorme desarranjo na logística global, afetando desde importadores como as montadoras e a indústria têxtil às exportações de proteínas. Com a paralisação no início da pandemia, rotas marítimas foram interrompidas e navios e contêineres ficaram espalhados pelo mundo. Após a reabertura, o esforço de rearrumação foi atropelado pelo crescimento da demanda por mercadorias, remédios e equipamentos hospitalares. Em novembro, por exemplo, a movimentação de contêineres em Xangai, um dos principais pontos de movimentação de cargas do mundo, bateu o recorde histórico de 42 milhões de TEUs (medida que equivale a um contêiner de 20 pés). A demanda fez explodir os custos. Em janeiro, o frete da China para o porto de Santos bateu recorde histórico, chegando a US$ 9.000 (cerca de R$ 50 mil) por contêiner de 40 pés. O valor é quase cinco vezes a média da tarifa cobrada normalmente. Os usuários desse tipo de serviço dizem que, além do alto preço, convivem com atrasos de navios e mudanças nas escalas, que dificultam o planejamento da produção no país. O tema foi abordado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em entrevista no início do mês para falar do desempenho do setor. O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, falou em ""desestruturação da cadeia produtiva"" que põe em risco as operações. ""O setor automobilístico é mais impactado porque está dentro de uma cadeia global"", disse ele. ""O risco de interrupções [nas montadoras] continua sendo um risco permanente no nosso setor até que a cadeia global de produção se ajuste."" O problema começou a ser sentido com mais intensidade no quarto trimestre de 2020. Operadora de um terminal em Santos, a Santos Brasil registrou aumento de 4,4% na movimentações de contêineres no período, fechando o ano com um volume superior ao verificado antes da pandemia. Em janeiro de 2021, o porto de Santos bateu seu recorde histórico de movimentação, tanto geral quanto de contêineres —neste caso, com a marca de 338,5 mil TEUs, alta de 10,5% em relação a janeiro de 2020, quando foi registrado o recorde anterior. ""Vivemos um estresse muito grande nos canais logísticos"", disse o presidente da companhia, Antônio Carlos Sepúlveda, em teleconferência para falar dos resultados da empresa em 2020. Em recuperação após o tombo recorde no início da pandemia, a indústria têxtil é outra que vem sentindo impactos. ""[O problema] aumenta os custos dos produtos importados que compõem nossa matriz de insumos"", diz o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel. Na ponta exportadora, especialistas veem dificuldades principalmente nas vendas de carne congelada, diante da pouca disponibilidade de contêineres frigoríficos. Para a BRF, o cenário é tratado como uma ""vírgula"" no processo de recuperação. ""Que problemas temos? O crescimento da China, que é muito positivo na economia deles e também acaba consumindo contêineres que vêm para nós, para a exportação deles"", disse em teleconferência com analistas o vice-presidente de Mercado Internacional da companhia, Patrício Rohner. ""O impacto está sendo fortemente agravado neste momento, uma vez que a reabertura dos mercados e a atual onda de reabastecimento resultaram em um aumento abrupto de fluxos em contêineres"", diz a Abimaq (Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Para a entidade, a maior dificuldade é encontrar contêineres para embarques de produtos para a Ásia, já que armadores estariam preferindo voltar com os equipamentos vazios para atender à demanda de vendas daquela região e recompor os prejuízos tomados no período de fechamento das economias. O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, diz que as exportações são pouco afetadas, já que o país vende mais commodities, que são transportadas em navios graneleiros. Mas 85% das importações nacionais são de produtos manufaturados. ""Tem que ter navio de contêiner e o cara só vem no Brasil hoje se tiver carga para encher navio"", diz. ""E, como o Brasil exporta pouco manufaturado, é quase certo que vai voltar vazio."" Além dos problemas para quem depende de insumos e componentes, ele vê impactos no preço final das mercadorias, pressionadas pelos fretes elevados. ""Só o tempo vai dizer quando isso vai voltar ao normal e, até lá, vamos ter que conviver com preços altíssimos de alguns produtos."" A crise pegou o Brasil em um momento de crescimento das movimentações em contêineres: segundo estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), entre 2010 e 2020 aumentou em 48%, em toneladas, a exportação desse tipo de carga. Especialista em logística da CNI, Matheus Castro diz que o frete de longo curso já deu um sinal de alívio em março, mas o problema está longe de ser resolvido. ""Especialistas argumentam que ainda vai levar um tempo para o mercado conseguir se adaptar e voltar à normalidade"", diz. ""Os terminais dos Estados Unidos e Europa têm hoje grande atraso na movimentação de carga, com filas de navios."" A falta de contêineres chegou a impactar também o transporte de cabotagem pelo país, mas a solução parece resolvida. ""Teve um momento em que tive que recusar carga"", conta Marcus Voloch, Diretor Executivo da Aliança Navegação e Logística. Agora, diz ele, a preocupação é com a escalada de custos provocada pela alta no preço dos combustíveis e pela inflação. Tanto o combustível para navios quanto o diesel usado no transporte terrestre entre o porto e o cliente dispararam nos últimos meses. ""O frete hoje vai ser 10% ou 12% mais alto do que o que três meses atrás"", afirma Voloch. ""Mas não consigo impor aumentos no mercado, porque competimos direto com o caminhão. Se minha operação ficar cara, a carga volta para o caminhão."" As empresas nacionais de navegação dizem que a crise atual deve servir de alerta no debate sobre o programa BR do Mar, que flexibiliza regras para a prestação de serviços de cabotagem no Brasil, permitindo o uso de navios estrangeiros nas rotas nacionais. O governo defende que a medida reduziria os custos do transporte, mas o mercado diz que, num momento de fretes recordes e demanda represada em mercados de maior movimentação, os navios estrangeiros poderiam ser transferidos do Brasil para operações mais lucrativas no exterior. ""A navegação é globalizada e o armador põe o navio onde o mercado está melhor"", diz o diretor-executivo da Abac (Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem), Luis Resano. ""Quando [o navio] é de propriedade de empresa brasileira, eles foi construído para ser dedicado a esse mercado aqui e não vale à pena sair."" Retrato cruel A foto da médica desolada e do paciente morto no chão em posto de saúde em Teresina me lembra a do herói-bebê boiando na praia turca (“Com UPA lotada e sem maca, idoso morre no chão em Teresina”, Saúde, 20/3). Atestados de nosso naufrágio como humanidade. Maria Ester de Freitas (Guarujá, SP)  A deprimente situação que vivemos no Brasil, ao mesmo tempo assustadora e real, é a falência nossa como nação. Como fomos omissos e irresponsáveis para chegar à atual situação? Até quando vamos suportar tamanho descaso com a saúde pública? Penso que temos um projeto de fracasso por parte do atual governo, para nos desmoralizar perante o mundo. Onde estão os nossos representantes, deputados e senadores? Cadê nossos juízes? Luiz Thadeu Nunes e Silva (São Luís, MA) Insumos para intubação Não sou advogado, mas os hospitais podem recorrer dessa medida (“Governo requisita remédios que acabarão em 48 h na rede particular”, Saúde, 20/3). João Doria foi ao STF quando Eduardo Pazuello requisitou vacinas do Butantan. É uma irresponsabilidade e uma imoralidade a forma como o governo federal trata essas questões. Já deveria ter importado os produtos em janeiro quando começaram os problemas em Manaus. É coisa de sádicos. Leão Machado Neto (São Paulo, SP)  Agora o setor privado está reclamando? Sinceramente, nunca torci para que este caos acontecesse. Cabe, neste momento, uma autocrítica desses senhores empresários da saúde. Valeu a pena colocar um monstro na Presidência? Dinalva Rosa Maurício (São José dos Pinhais, PR) CPI e Bolsonaro Luiz Fux é mais liso do que sabonete. Aliás os Poderes da República são tão “modestos” e convenientes (“Bolsonaro acena ao Congresso para evitar CPI, mas não recua de enfrentamentos”, Poder, 20/3). O Brasil é uma piada. Estamos com uma safra de homens tão medíocres e frouxos neste país, que não sei onde essa desordem vai parar. Paulo Sales (Belo Horizonte, MG) Rodrigo Pacheco está reticente em abrir a CPI da Pandemia, mas em poucos dias chegaremos ao simbólico número de 300 mil brasileiros mortos pela Covid-19. Fazer cartinha para Kamala Harris não resolve. Tem que ir às compras. Mas a demora lhe custará caro. Chega de ignorância e insensatez que arrasta o país para a miséria e a morte. Geraldo Oliveira (Bauru, SP)  Está só um ano atrasada a formação dessa comissão, que deveria ter médicos, infectologistas, cientistas e representantes da sociedade civil. Isso deveria ter sido feito em janeiro de 2020. Para planejar como enfrentaríamos a pandemia, na saúde, na economia e na educação. Tiveram tempo e não souberam aproveitar. Temos um sistema de saúde público capilar, que só não colapsou antes por conta dos profissionais que nele atuam. Bolsonaro só quer salvar o mandato e a reeleição. É um incompetente. Luciane Breno Klinke (São Paulo, SP)  Estão todos tremendo de medo de Bolsonaro tomar atitude mais dura, um estado de sítio de verdade. Onde ele enquadraria governadores ditadores. Bolsonaro, que elogia tanto presidentes do período 1964-1985, está fraquejando. Presidente, tenha coragem! Duvido que, se o senhor tomar atitude mais firme, o povo não vá lhe apoiar! Antonio Ivair Arrais (Brasília, DF) Casamento na quarentena Isso é um aviso. Não case (“Após três adiamentos, noivos vão à Justiça por casamento na fase emergencial”, Saúde, 20/3). Mário Sérgio Mesquita Monsores (Rio de Janeiro, RJ) Feriadão de Covas O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, achou um jeito de transferir o problema e a responsabilidade. Inventou feriadão de 10 dias, a partir de 26 de março, e agora teremos milhões de paulistanos indo para a praia e pequenas cidades do interior, onde não há estrutura (“Doria e Covas batem boca sobre antecipação de feriados”, Saúde, 21/3). O que os prefeitos dessas cidades do litoral e do interior podem fazer? André Coutinho (Campinas, SP) Educação “Bolsonaro veta projeto para conectividade do ensino público” (Cotidiano, 20/3). E qual o impacto financeiro, perdoar as dívidas das igrejas? Bolsonaro perdoou R$ 1,4 bilhão de dívidas das igrejas! A educação de qualidade não tem preço. Os estudantes merecem um presidente de verdade. Valeria C. Pimentel (São Carlos, SP)  Se fosse projeto para a aquisição de Nutella para as Forças Armadas, certamente caberia no Orçamento. Roberto Xavier de Castro (Antonina, PR) Economia Só manchete boa (“Pessimismo do brasileiro com a economia bate recorde”, Mercado, 20/3)! Faz tempo que não faz sol, né, Folha. Bom era quando tínhamos inflação a 70% ao mês na época de José Sarney, ou naquele período áureo da era Fernando Collor, com a apreensão do dinheiro da poupança dos velhinhos. Paulo Simão (Carapicuíba, SP) Colunistas Faltou um substantivo masculino na brilhante coluna “Bolsonaro” (Opinião, 18/3), da Mariliz Pereira Jorge: Tartufo. Augusto Luppi (Atibaia, SP) À brilhante coluna da Mariliz Pereira Jorge não podemos deixar de acrescentar expressão muito popular no Vale do Jequitinhonha: “pau-de-bosta”! Virgilio Rocha de Souza Lima (Itaúna, MG) Hacker Essa história precisa ser bem explicada! O que estaria fazendo essa empresa privada com os dados de 223 milhões de pessoas? (“Hacker preso pela PF afirmou em rede social que megavazamento veio de empresa ligada ao governo”, Poder, 19/3) Fernando José dos Santos (Santo André, SP)  Tem que haver punição severa e inafiançável para pessoas que praticam esse tipo de crime, seja hacker, seja estelionatário. Parabéns à PF e a outros órgãos de investigação. Fora, hacker e estelionatários! O lugar de vocês é na cadeia! João Lima (Fortaleza, CE) Obras e políticos Bolsonaro é a velha política até para inaugurar obras inacabadas. Patético (“Ponte inacabada inaugurada por Bolsonaro gera insegurança em comunidades”, Mercado, 20/3). Eduardo Freitas (São Paulo, SP)  Mais uma obra inaugurada pelo governo federal. Jackson de Moura Ferro Silva (Itajaí, SC) Os julgamentos realizados em março pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em processos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligados à Operação Lava Jato mostram um quadro jurídico favorável ao petista. A defesa dele, porém, ainda tem mais de uma dezena de frentes para atuar em favor da manutenção da liberdade e dos direitos políticos do líder partidário para a disputa das eleições em 2022. No último dia 8, uma decisão tomada individualmente pelo ministro Edson Fachin levou para a Justiça Federal do Distrito Federal os quatro casos em que o ex-presidente havia se tornado réu no Paraná. Com isso, duas condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, referentes aos casos do tríplex em Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP), foram anuladas. Segundo Fachin, no Paraná deveriam ser analisados os casos exclusivamente ligados a crimes contra a Petrobras. Para o ministro, os supostos delitos de Lula teriam relações mais amplas e incluiriam também outras empresas e setores públicos federais, por isso as acusações devem tramitar por uma vara federal em Brasília. O outro julgamento no STF relativo aos processos de Lula se iniciou no dia seguinte, na Segunda Turma da corte, presidida pelo ministro Gilmar Mendes. No dia 9, a turma retomou o caso que pode levar à anulação de todas as investigações e processos do Petrolão contra o ex-presidente conduzidos pelo então juiz Sergio Moro. A defesa de Lula alega que Moro atuou de maneira parcial nesses casos. Mas o julgamento no colegiado acabou suspenso, em razão de pedido de vista (requerimento de tempo para analisar o processo) do ministro Kassio Nunes Marques. Com placar empatado em 2 a 2, não há data para ser retomado. Veja abaixo quais são os principais casos em andamento relativos ao presidente Lula.  Denúncia apresentada em setembro de 2016 pelo Ministério Público Federal acusou o ex-presidente Lula de receber propina da empreiteira OAS, por meio da cessão e reformas de um apartamento tríplex em Guarujá (SP) como parte de acertos do PT em contratos na Petrobras. Antes da reforma, Lula esteve no apartamento junto ao sócio da OAS Leo Pinheiro. Em depoimento judicial, no entanto, disse que não gostou do tríplex e não quis ficar com ele. A ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017, esteve no local mais de uma vez. O caso rendeu a primeira condenação criminal de Lula na Lava Jato, em sentença de 2017 do então juiz Sergio Moro, por corrupção e lavagem de dinheiro no valor de R$ 2,4 milhões. Em sua sentença, Moro entendeu que Lula tinha ""um papel relevante no esquema criminoso"" da Petrobras, já que cabia a ele indicar os nomes dos diretores da estatal. Diz que os álibis invocados por sua defesa, que argumenta que o apartamento oficialmente jamais esteve no nome do petista, são ""falsos"". Lula foi preso em abril de 2018, após o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) confirmar a condenação. Foi solto em novembro de 2019, após o STF decidir que um condenado só pode ser preso após o fim dos recursos. Em 8 de março deste ano, o ministro do STF Edson Fachin anulou a condenação e determinou que esse e outros casos que tramitavam no Paraná fossem reiniciados pela Justiça Federal do Distrito Federal. O que diz a defesa Desde o início, o advogado Cristiano Zanin Martins tem dito que Lula foi objeto de uma investigação politicamente motivada e nenhuma evidência crível de culpa foi produzida, enquanto as provas de sua inocência foram ignoradas. Lula foi acusado pelos procuradores da Lava Jato de ter liderado um esquema que dissimulou a origem de R$ 1,26 milhão em obras de um sítio que sua família frequentava em Atibaia (SP). A Folha revelou detalhes sobre a relação da empreiteira Odebrecht com as obras do sítio em janeiro de 2016. Essas obras foram bancadas pela OAS, pela Odebrecht e pelo empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Segundo a Lava Jato, esses recursos foram desviados de contratos da Petrobras. A propriedade rural estava registrada em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, amigo de Lula, e do empresário Jonas Suassuna. Ambos eram sócios de Fábio Luís, filho de Lula conhecido como Lulinha. Lula foi condenado em fevereiro de 2019 por corrupção e lavagem de dinheiro. “[Lula] tinha ciência de que havia o pagamento sistemático de propinas destinadas ao partido do qual faz parte; [e] tinha plena ciência de que parte desses valores foram usados em seu benefício pessoal”, escreveu a juíza Gabriela Hardt em sua sentença. O TRF-4 confirmou a condenação em novembro do mesmo ano. Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula, foi condenado sob a justificativa de que teria dado orientação para a emissão de documentos relativos à obra em nome de Fernando Bittar, ocultando a ligação de Lula com a reforma. O advogado sempre negou o suposto delito. Posteriormente, em julgamento de segunda instância pelo TRF-4, Teixeira foi absolvido sob o fundamento de ausência de provas da prática de crimes relativos ao sítio. Em 2021, a condenação de Lula foi anulada pelo ministro Edson Fachin e o caso foi enviado ao Distrito Federal. O que diz a defesa A defesa buscou afastar o vínculo entre Lula e as reformas na propriedade rural. Afirma que o ex-presidente nunca foi informado sobre as benfeitorias feitas e que não há provas de que ele tenha pedido obras em troca de negócios no governo. O Ministério Público Federal no Paraná afirmou, em denúncia, que parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da Petrobras foi destinada para a aquisição de um terreno na zona sul de São Paulo onde seria construída a sede do Instituto Lula. O pagamento teria sido intermediado pelo ex-ministro Antonio Palocci. O terreno, comprado por um amigo e antigo sócio de Marcelo Odebrecht, acabou não sendo utilizado para o instituto e foi vendido. A denúncia também diz que o dinheiro foi usado para comprar um apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP). Lula se tornou réu nessa ação em 2016, mas nunca houve uma sentença. Esse processo também foi enviado para o Distrito Federal sob ordem do ministro Edson Fachin. O que diz a defesa Os advogados de Lula afirmam que o ex-presidente e sua família ""jamais foram beneficiados por qualquer dos dois imóveis indicados na denúncia"" ou ""receberam qualquer vantagem indevida de contratos da Petrobras"". O ex-presidente é acusado de usar o Instituto Lula para lavar R$ 4 milhões doados pela Odebrecht entre dezembro de 2013 e março de 2014. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os valores —feitos formalmente por doações legais— foram repassados em quatro operações de R$ 1 milhão cada uma e tiveram como origem contratos fraudados da Petrobras. Lula virou réu nesse caso em outubro de 2020, quando a Lava Jato do Paraná já era coordenada por Alessandro Oliveira, substituto de Deltan Dallagnol. Como nas outras ações de Curitiba, o processo foi enviado por Fachin ao Distrito Federal. O que diz a defesa Os advogados afirmam que a ação foi ""mais um ato de perseguição contra o ex-presidente Lula"". A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo acusou Lula em 2018 de ter interferido em decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que favoreceram negócios do grupo ARG naquele país. Em troca, a empresa doou R$ 1 milhão ao Instituto Lula, verba que teria sido repassada ao ex-presidente. Lula foi acusado de lavagem de dinheiro e também seria acusado de tráfico de influência, mas, como tem mais de 70 anos, o crime prescreveu. Os fatos aconteceram entre setembro de 2011 e junho de 2012, segundo a denúncia. Para embasar a denúncia, os procuradores usaram emails encontrados no Instituto Lula, apreendidos na Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava Jato do Paraná, de março de 2016. Na ocasião, Lula foi conduzido coercivamente para prestar depoimento em São Paulo. Lula é réu nesta ação, em processo que tramita na Justiça Federal de São Paulo. Segundo a Justiça Federal, o processo está ""aguardando a realização de audiência de oitiva de testemunhas"". O que diz a defesa Os advogados afirmaram, à época da apresentação da denúncia, que ela ""pretendeu, de forma absurda e injurídica, transformar uma doação recebida de uma empresa privada pelo Instituto Lula, devidamente contabilizada e declarada às autoridades, em tráfico internacional de influência e lavagem de dinheiro"". A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou em 2019 o ex-presidente Lula e um dos irmãos dele, José Ferreira da Silva, sob a acusação de corrupção passiva continuada. A denúncia afirmava que o irmão, conhecido como Frei Chico, recebeu mesada da Odebrecht de 2003 a 2015 dentro de um pacote de vantagens indevidas oferecidas ao petista. Segundo a acusação, o valor total chega a R$ 1,1 milhão, divididos em repasses de R$ 3.000 a R$ 5.000 ao longo do período. A denúncia foi rejeitada pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal em São Paulo, que fez críticas à tese do Ministério Público Federal para sustentar as suspeitas levantadas. ""A denúncia é inepta. Não seria preciso ter aguçado senso de justiça, bastando de um pouco de bom senso, para perceber que a acusação está lastreada em interpretações e um amontoado de suposições"", disse. A Procuradoria recorreu, mas a denúncia também foi rejeitada pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região). O que diz a defesa Os advogados afirmaram, quando a denúncia foi oferecida, que ""Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrecht qualquer 'pacote de vantagens indevidas', tanto é que a denúncia não descreve e muito menos comprova qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente"". A defesa de Frei Chico negou irregularidades e afirmou que não havia razão para falar em suborno, uma vez que o serviço para a empreiteira começou a ser prestado antes do governo do PT e continuou durante a administração petista. A Polícia Federal em São Paulo indiciou em 2019 Lula e o filho Luís Cláudio sob suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência por pagamentos para a empresa de marketing esportivo Touchdown. Ela teria recebido mais de R$ 10 milhões de patrocinadores, mas tinha capital social de R$ 1.000. A ação foi arquivada pelo juiz federal Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Federal de São Paulo, que concordou com entendimento do próprio Ministério Público Federal, que pediu o arquivamento. Segundo o juiz, “no caso concreto, o investigado Luiz Inácio Lula da Silva não era mais agente público e a suposta solicitação de vantagem não decorreu da condição de agente público”. ""Ou seja, a suposta 'troca de favores' não tinha por pressuposto a sua presença ou atuação na condição de presidente da República”, disse. O que diz a defesa Os advogados afirmam que Lula jamais solicitou ou recebeu, para si ou para terceiros, qualquer valor da Odebrecht ou de outra empresa a pretexto de influir em ato de qualquer agente público. Luis Claudio sempre afirmou que acusações de delatores da Odebrecht eram mentirosas. Investigação da Lava Jato apura suspeitas de transferências de R$ 132 milhões pela Oi e R$ 40 milhões pela Vivo a empresas de Fábio Luís, filho do ex-presidente Lula conhecido como Lulinha, e de Jonas Suassuna, seu sócio em diversos empreendimentos, entre 2004 e 2016. Em dezembro de 2019, a Lava Jato do Paraná cumpriu mandados de busca e apreensão ligados ao caso, em uma fase da operação denominada Mapa da Mina. Suassuna comprou o sítio de Atibaia, usado pela família de Lula, em 2010. A Lava Jato suspeitava que o dinheiro usado na compra do terreno, ainda sem as benfeitorias, tenha sido oriundo das transferências feitas pelas empresas de telefonia. Além do sítio, um apartamento de 335 m² em região nobre da zona sul de São Paulo era apontado pela Lava Jato como um dos principais indícios de que o empresário Jonas Suassuna usou dinheiro de contratos com a Oi para beneficiar a família do ex-presidente Lula. Lulinha alugava esse apartamento. Em março de 2020, o TRF-4 retirou a investigação do Paraná e enviou a São Paulo, por entender que não havia conexão do caso com o esquema na Petrobras. Em dezembro, uma juíza de São Paulo decidiu que o caso deveria tramitar na Justiça Federal do Rio de Janeiro. O que diz a defesa À época da operação, o ex-presidente Lula disse no Twitter que a investigação sobre seu filho era uma “demonstração pirotécnica de procuradores viciados em holofotes”. Os advogados de Lulinha, Fábio Tofic Simantob e Mariana Ortiz, argumentaram à Justiça que o caso já foi sujeito a uma investigação criminal que tramitou em São Paulo por determinação do Superior Tribunal de Justiça. O inquérito, na ocasião, foi arquivado pelo Ministério Público Federal no estado por falta de provas. À época da operação, a defesa disse que havia perseguição dos investigadores. A defesa de Jonas Suassuna diz que o nome dele é vinculado a suspeitas devido apenas ao depoimento de um ex-funcionário que tenta represália. Em dezembro de 2016 Lula passou a ser réu sob a acusação de supostamente ter integrado um esquema criminoso de 2013 a 2015, quando já não era mais presidente da República, para favorecer empresas na aquisição de caças suecos pelo governo federal. Nessa causa a Procuradoria alega também que o grupo criminoso atuou na elaboração da Medida Provisória 627 de 2013, relativa a incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos, para favorecer agentes públicos e privados. A causa em andamento na Justiça Federal do Distrito Federal envolve também o filho mais novo do ex-presidente, Luís Cláudio. A venda de aviões militares ao governo brasileiro era disputada pela França e pela Suécia. A companhia sueca Saab foi a vencedora em 2013 e levou o contrato no valor de US$ 4,5 bilhões. A Procuradoria alega que uma empresa de Luís Cláudio simulou a prestação de serviços e recebeu R$ 2,55 milhões entre 2014 e 2015 de um escritório de lobistas, que tinha como objetivo influenciar a tomada de decisões da administração federal. De acordo com a acusação, Lula teria prometido aos lobistas atuar para favorecer clientes do escritório na negociação dos aviões então em curso na administração federal. Um dos principais atos para a conclusão do processo no Distrito Federal, o interrogatório de Lula, ainda não foi realizado pela Justiça. O que diz a defesa Segundo a defesa de Lula, o ex-presidente e seu filho não “participaram ou tiveram conhecimento de qualquer ato relacionado à compra dos aviões caças da empresa sueca Saab, tampouco para a prorrogação de benefício fiscais relativos à Medida Provisória nº 627/2013”. A ação penal do caso teve início em 2017 após a Procuradoria denunciar Lula pela suposta prática do crime de corrupção passiva no episódio da edição da Medida Provisória 471, de 2009, que estabeleceu incentivos ao setor automobilístico no penúltimo ano de governo do líder petista. Segundo o Ministério Público, Lula aceitou promessa de vantagem indevida no valor de R$ 6 milhões para favorecer montadoras por meio da medida provisória, em esquema intermediado por lobistas. A propina serviria para abastecer ilegalmente a campanha eleitoral do PT. Lula foi interrogado em 2020 e negou as acusações feitas nesse processo, que já está em estágio avançado. O que diz a defesa A defesa de Lula alega que o ex-presidente jamais solicitou, aceitou ou recebeu qualquer valor de propina para realizar ou deixar de praticar atos no exercício de seu cargo. A Justiça abriu a ação criminal contra o ex-presidente em junho de 2019, após o Ministério Público Federal acusar o ex-presidente de supostamente ter cometido o crime de corrupção passiva ao ter aceitado R$ 64 milhões da empreiteira Odebrecht em 2010. A propina teria sido paga em retribuição a um aumento da linha de crédito para financiamento da exportação de bens e serviços do Brasil a Angola, que teria alcançado à época o valor de R$ 1 bilhão. A denúncia do processo teve origem em apurações resultantes das delações premiadas de executivos da construtora assinadas em 2016. Lula ainda não foi ouvido no processo e por isso o caso ainda não chegou ao estágio de alegações finais das partes. O que diz a defesa A defesa nega a prática do crime de corrupção e afirma que “a acusação parte da inaceitável premissa de se atribuir responsabilidade penal ao presidente da República por decisões legítimas tomadas por órgãos de governo”. Nos últimos anos de vida, Jair Rosa Pinto gostava de ficar em casa, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Quando questionado do motivo para não querer mais estar envolvido com o futebol, dizia que o mundo da bola tinha muita política. Estava cansado daquilo. Com o centenário celebrado neste domingo (21), o craque de Vasco, Palmeiras, Santos (entre outros clubes) e seleção brasileira morreu aos 85, em 28 de julho de 2005. Quis o destino que nos últimos tempos ele seja mais lembrado por causa da política a qual afirmou estar farto. A história já é conhecida. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem este primeiro nome por causa de um dos maiores meias do futebol nacional. ""Nos treinos, quando ele ia cobrar faltas, tinha jogador que não queria ficar na barreira de jeito nenhum. Acontecia de ele bater sem barreira porque ninguém desejava o risco de levar a bolada"", afirma Pepe, 86, ponta esquerda histórico do Santos e segundo maior artilheiro do clube, com 403 gols. Eles foram companheiros em 1956, quando o técnico Luis Alonso Peres, o Lula, percebeu que aquele elenco de garotos precisava de um líder. O receio dos outros atletas era por causa do chute forte do camisa 10. A potência impressionava os observadores porque Jair media apenas 1,68 m e tinha as pernas finas. A força no chute o fez ser apelidado de ""Coice de Mula"". Pepe lembra ter aprendido a arrematar com efeito graças aos conselhos do veterano que odiava ser chamado de Jair da Rosa Pinto. Ele morreu contrariado com isso porque mesmo naquela época, assim como hoje, já era chamado assim, com duas letras indevidas (""da"") no meio do nome. ""Todos nós admirávamos muito o Jair. Ele não era de falar muito mas, quando falava, todos ouviam. O Pelé mesmo aprendeu muito com ele"", diz o ponta direita Dorval, 86, na época com 21 anos. Edson Arantes do Nascimento tinha 16 e havia chegado meses antes à Vila Belmiro. A imagem de liderança é a mesma que ele deixou nos outros clubes ou na seleção brasileira. Mesmo que fosse discreto, calado até. ""Ele não era de muita conversa. Ficava mais quieto. Mas era um bom amigo, um bom companheiro"", se recordou o goleiro palmeirense Oberdan Cattani (1919-2014). Jair não ficou de boca fechada na final do Campeonato Paulista de 1950. Indignado com a atuação dos companheiros de Palmeiras na derrota parcial para o São Paulo por 1 a 0, deu-lhes uma bronca no intervalo que ficou na memória de todos os presentes. O empate final em 1 a 1 deu o título ao clube de Palestra Itália. Ser líder discreto não se encaixa na descrição do presidente que herdou seu nome. Segundo Clóvis Saint-Clair, no livro ""Bolsonaro: o Homem que Peitou o Exército e Desafia a Democracia"", o nome Jair Messias Bolsonaro foi a junção de vontades do pai Percy Geraldo Bolsonaro e da mãe, Olinda Benturi Bolsonaro. Ela queria Messias para representar o milagre do nascimento. Ele, palmeirense, escolheu Jair, meia do time paulista. E o atual presidente do país nasceu no mesmo dia do ídolo, mas 34 anos depois: 21 de março de 1955. Desde sua eleição, em 2018, Bolsonaro tem aparecido vestido com a camisa de vários times nacionais, às vezes modelos piratas. Palmeirense declarado, levantou com os jogadores a taça de campeão brasileiro daquele ano. Tem usado o futebol como arma para fustigar a Rede Globo, que considera sua inimiga. Apresentou Medida Provisória para mudar as regras dos direitos de transmissão e atrapalhar a emissora. A proposta caducou sem ser votada pelo Congresso Nacional. Na Copa América de 2019, entrou em campo na semifinal do Mineirão, diante da Argentina, e na decisão, contra o Peru, no Maracanã. A presença teve aprovação da maioria dos jogadores da seleção, mas encontrou contrariedade no técnico Tite. Jair Bolsonaro também segurou o troféu continental e no mesmo estádio em que Jair Rosa Pinto sofreu sua maior decepção na carreira. O meia era titular da equipe brasileira em 1950 e atuou no que ficou conhecido como Maracanazo: a traumática derrota na final da Copa do Mundo daquele ano, de virada, para o Uruguai. ""Quando ele chegou ao Santos, a gente sabia que estava ali um professor. Todo mundo lembrava que ele tinha jogado com a seleção na Copa de 1950. Mas ele não comentava muito sobre isso"", completa Pepe, que seria depois duas vezes campeão mundial pelo Brasil (1958 e 1962) e pelo Santos (1962 e 1963). Jair, o jogador, se aposentou aos 42 anos, em 1963. A Ponte Preta foi seu último clube. Teve trabalhos esporádicos como técnico até meados da década de 1970, quando se cansou de ter de fazer política, algo que faria do outro Jair presidente da República. Voltou para o Rio de Janeiro, mesma cidade onde começou a carreira profissional no Madureira, em 1938, quando formou trio ofensivo com Lelé e Isaías que foi apelidado de ""os três patetas"", por causa do sucesso dos filmes em preto e branco do trio de comediantes Moe, Larry e Curly. Um dos raros consensos que existem em torno da relevância de alguém no âmbito latino-americano concebe Jorge Luis Borges no parnaso da excelência literária na região. Superando o preconceito de sua nacionalidade e de sua militância política, Borges se apresenta como o escritor indiscutível cujo legado segue maravilhando. Em 1981, Mario Vargas Llosa o entrevistou em seu modesto apartamento no centro de Buenos Aires, onde morava. O diálogo prolixo dá espaço para uma revisão da vida de quem tinha naquele momento 82 anos, de sua formação sentimental, seus gostos literários, suas obsessões. Vargas Llosa também fez duas perguntas a Borges que, devido à sua natureza e minha dedicação, chamaram minha atenção. Na primeira, ele perguntou sobre seu regime político ideal. Na segunda, se havia algum político contemporâneo que ele admirava. Essas são duas questões centrais na ordem política porque, como Giovanni Sartori apontou em uma brilhante metáfora, elas dizem respeito ""às máquinas e aos maquinistas"", às instituições e àqueles que as dirigem. Duas perguntas feitas a uma figura importante do século passado, cujas respostas não podem passar despercebidas, pois se encaixam perfeitamente em um contexto específico e ajudam a definir o espírito dos tempos. A primeira tem um componente mais pessoal. Refere-se a como um indivíduo se situa no mundo. Borges, que admite estar desconcertado e desanimado –""como todos os meus conterrâneos"", acrescenta–, se declara um velho anarquista spenceriano que acredita que o Estado é um mal, ""mas, no momento, é um mal necessário"". A segunda me interessa mais para os propósitos deste artigo. O homem que morreu em Genebra cinco anos depois respondeu: ""Não sei se é possível admirar políticos, pessoas que se dedicam a concordar, a subornar, a sorrir, a se fazer retratar e, os senhores me desculpem, a ser popular..."". Borges aparentemente hesita em relação à admiração que ele poderia ter pela classe política, mas as premissas de sua qualificação o levam a uma óbvia posição crítica. Entretanto, deixando isso de lado, acredito que características centrais do trabalho dos políticos não podem ser melhor enunciadas. Vamos por partes. Quem exerce a política são ""pessoas que se dedicam a concordar"". A política existe enquanto houver conflito; a gestão de conflitos é sua finalidade e o compromisso é uma espécie de solução, provavelmente parcial e temporária. Alcançar acordos significa mitigar o confronto; a polarização, tão em voga em todos os lugares, supõe a quebra dessa lógica. Entretanto, é outra coisa encapsular-se sob o guarda-chuva de uma casta política fechada e exclusiva. O regime salvadorenho estabelecido após os acordos de paz de 1992 deu poder aos antagonistas da guerra que consolidaram um regime político no qual Arena e FMLN monopolizaram o poder por 27 anos, algo que já havia acontecido na Colômbia sob o regime da Frente Nacional entre o Partido Liberal e o Partido Conservador. A classe política administra o orçamento e as opções de poder, articuladas por meio de decisões administrativas que podem ir além dos limites abusivos alcançando o delito, dando sentido ao termo ""subornar"", como aponta Borges. Há muitos exemplos disso na última década, que vão desde a Lava Jato brasileira até José López –secretário de Obras Públicas– e Julio De Vido –secretário de Planejamento–, ambos no governo de Cristina Fernández. Também não podemos esquecer o que aconteceu durante a presidência de Enrique Peña Nieto com Emilio Lozoya, diretor da Pemex (Petróleos Mexicanos), e muito menos o que ocorre permanentemente nos regimes de Nicolás Maduro e Daniel Ortega, sem deixar de lado o hondurenho Juan Orlando Hernández. Os casos recentes de pessoal político e seus colaboradores mais próximos em vários países que saltaram o protocolo de vacinação são outro tipo de prova do abuso de poder exercido. O sorriso é uma evidência da empatia humana. Umberto Eco articulou sobre o riso em seu grande romance ""O Nome da Rosa"". O protagonista Guilherme de Baskerville resolve o caso de alguns monges assassinados que, presumivelmente, tinham tido acesso à comédia grega oculta (e riram). Uma descoberta perigosa que poderia perturbar a severa ordem monástica medieval. O riso, entretanto, é a ponte que une a compaixão e a ironia que fazem parte dos alicerces da representação. Borges, no entanto, deriva isso do comportamento histriônico que é o prelúdio da farsa e, portanto, do vazio da representação, adquirindo um sentido sinistro com muitas expressões sorridentes de políticos na primeira página. Portanto, o retrato é outra pedra de toque borgesiana. Não poderia ser menos na era da comunicação. Políticos à la carte que passaram todos os testes possíveis de marketing e cuja imagem é o instrumento de acesso ao grande público consumidor. Iván Duque conhece-o ao aparecer todas as tardes na televisão colombiana, Andrés Manuel López Obrador em suas manhãs, Jair Bolsonaro por meio da gestão de redes sociais ou Nayib Bukele por sua antiga profissão de publicitário; Peña Nieto, um ícone construído por agências de publicidade, o conhecia. Não há político que evite esse caminho, a imagem supõe o substantivo de sua oferta se ele quiser chegar ao poder e permanecer nele. As palavras que enunciam os programas são deixadas de lado. Por último, a política é articulada sobre a soberania popular e o voto supõe a enorme quantidade de apoio que toda opção política requer e que é fundamental na lógica da democracia. A captura de votos é o mecanismo necessário e suficiente na carreira política. O controle do eleitorado torna-se a chave do processo. As massas de seguidores canalizadas por mecanismos inovadores de comunicação e informação garantem seu pastoreio e tornam efetivo um nível de popularidade que é vazio, mas indispensável, alheio ao apoio sempre necessário em função do cumprimento de promessas ou da realização de tarefas exigidas pelo povo. Borges se interessou pouco pela política, mas o cenário projetado pela América Latina nos últimos anos atualiza essa entrevista que agora faz parte do livro de Vargas Llosa ""Medio siglo con Borges"" (Meio Século com Borges), publicado em meados de 2020 pela Alfaguara. Tradução de Maria Isabel Santos Lima A coexistência temporária de dois ministros da Saúde é um capítulo cômico da tragédia humanitária. Nunca houve tanta inação. O país está vulnerável, ansioso, exausto. Nunca morreu tanta gente. Se fosse um homem culto, seria plausível imaginar o presidente manejando um experimento político de risco, inspirado (às avessas) na novela “O Duplo”, de Dostoiévski (1821-81). General e médico se encontram como réplica e oposto, como fato concreto e alucinação. Conciliar mudança e continuidade é também, em outras palavras, a arte de iludir, enganar. Pensando na eleição do ano que vem, o presidente aproveita o discurso supostamente científico do ministro que chega para legitimar a herança negacionista do ministro que sai. Mas a coabitação dos dois ministros pode se explicar também por razões mundanas. A exoneração do ministro que sai será publicada quando ele pisar em solo estrangeiro? Foi assim com o (fugitivo) ministro da Educação. O general merece um porto seguro, longe de eventuais investigações do morticínio e dos escândalos sanitários. Outra hipótese que se aventa: o general teria a missão de domesticar o médico antes da posse, para que ele compreenda o exato significado de “rezar pela mesma cartilha”. Como um vigilante bancário, o ministro que sai observa o ministro que entra enaltecer sua gestão desastrosa. O general é o retrato cru da incompetência estratégica, o médico carrega a imagem de portador mambembe do conhecimento. Na contramão da retórica especializada, o médico revela, nos primeiros pronunciamentos, uma notável inabilidade para o uso da máscara: enquanto fala, a proteção escorrega, escorrega, até exibir, ainda que por instantes, as narinas, livres para o contágio. O discreto e constrangedor acontecimento reforça, subliminarmente, o pensamento presidencial de que a máscara incomoda e não é tão essencial assim. O médico cunha a expressão “aglomeração fútil” como se fosse possível, na pandemia, conceber a ideia de aglomerações úteis. Enquanto o ministro que chega se confunde com o ministro que sai, o mesmo ministro da Justiça que usa a Lei de Segurança Nacional para perseguir quem “ofende” a honra do governante comete a prevaricação política e republicana de não investigar a ameaça (virtual, mas armada) sofrida pelo principal oponente, também presidente da República (2003-2011), que retorna à cena eleitoral. No país dos dois ministros da Saúde, o oponente pode ser chamado de ladrão e o presidente não pode ser chamado de genocida. A falência sanitária e a falta de leitos em outros países recuperam a autoestima do presidente e refrescam a imagem estabelecida no imaginário popular: aqui como lá, há virtudes e defeitos, não é verdade? Ninguém tem culpa. Todos fazem o que é possível fazer. Culpa da pandemia. O presidente trouxe a vacina. A mais rica cidade do país está na antessala do colapso hospitalar: de longe, o presidente contempla o sofrimento de inimigos. Enquanto o ministro que sai se agarra à cadeira do ministro que chega, o presidente sofre pressões políticas desconcertantes. Os filhos, imitadores do pai, são investigados por lavagem de dinheiro. A maldição do presidente é a perda do sono. Medo de ser envenenado. Medo de não se reeleger. Medo da prisão. Medo dos que perderam parentes e amigos que poderiam estar vivos. Nunca um governante do Brasil foi tão acintosamente imoral, ridículo e perigoso. Depois de um ano de pandemia, a vacina contra a Covid-19 chegou para Mafalda do Nascimento, 73, como um prêmio. ""Hoje eu já fiquei mais alegre que antes"", diz a aposentada, que tomou a primeira dose na manhã desta sexta-feira (19), data em que teve início a imunização de idosos a partir de 72 anos. Neste sábado (20), a vacinação seguirá das 7h às 19h em 80 UBS/AMA Integradas e das 8h às 17h nos drive-thrus. A prefeitura recomenda que os idosos procurem os serviços de saúde ao longo do dia para evitar aglomeração no período da manhã e que seja feito o pré-cadastro no site Vacina Já (www.vacinaja.sp.gov.br) para agilizar em até 90% o tempo de atendimento para imunização. Mafalda foi a primeira da fila do drive-thru da igreja Boas Novas, na Vila Prudente, zona leste: chegou por lá às 4h. As aplicações tiveram início às 8h, e às 8h10 ela já estava em casa. A fila de carros na via chegou a cerca de 650 metros do local da aplicação na manhã desta sexta, mas o fluxo estava bem organizado. ""Queria garantir que iria rápido porque tinha que ficar com a minha neta depois"", diz ela, que admite que estava ansiosa para receber a dose e, agora, começa a ficar aliviada. Mesmo assim, ainda será necessário continuar se cuidando até que mais pessoas recebam o imunizante, ela fala. A partir desta sexta, segundo a SMS (Secretaria Municipal da Saúde), devem ser imunizados cerca de 200 mil idosos da capital. As vacinas estão sendo aplicadas em todos os postos de vacinação que já estavam atuando (468 UBS, 19 drive-thrus, 17 SAE e três centros-escolas). Nesta sexta, o governo do estado anunciou o adiantamento da próxima etapa da vacinação para o dia 27. Na data, já serão atendidos idosos de 69 a 71 anos. Drive-Thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro Leste Norte Oeste Sudeste Sul Fonte: Secretaria Municipal da Saúde A Páscoa se aproxima e, mais uma vez, cresce o alerta quanto ao possível impacto do feriado nos casos e mortes por causa da Covid. Enquanto em São Paulo o prefeito Bruno Covas (PSDB) decidiu “aglomerar” feriados, especialistas defendem restrições de viagens, campanhas de conscientização e até o cancelamento da data para evitar novas explosões de registros e o agravamento ainda maior da situação. Nos últimos dois meses de 2020, com o aumento de casos de mortes pelo coronavírus, médicos e especialistas acenderam o alerta vermelho e continuamente avisaram sobre os riscos das festas de fim de ano. Mesmo com medidas pontuais do poder público, como fechamento de praias e vigência de fase vermelha no período, viu-se um acentuado crescimento da pandemia em janeiro e fevereiro. O mesmo ocorreu no Carnaval, quando, apesar do seu cancelamento, houve empresas que mantiveram o feriado e aglomerações de turistas pelo país. Na quinta-feira (18), o país completou 20 dias seguidos de recordes na média móvel de mortes por Covid —que chegou a 2.096— e a 57 dias com média acima de 1.000. O Brasil, no momento, responde por 1 a cada 4 mortes por Covid no mundo. Para tentar diminuir o contágio e aumentar o isolamento social, a aposta da Prefeitura de São Paulo é um feriadão de 10 dias, do dia 26 março a 4 de abril, considerando o final de semana. A cidade, que já registrou a sua primeira morte na fila por UTI, um homem de 22 anos, vê a aproximação do colapso do sistema de saúde. A ideia do megaferiado é diminuir a circulação de pessoas na cidade. Mas, no pior momento da pandemia no Brasil e sem uma clara política federal de enfrentamento à Covid, especialistas questionam a efetividade da medida. “Me preocupa”, afirma Raquel Stucchi, pesquisadora da Unicamp e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Os dias extras de folga podem servir como um estímulo para festas e deslocamentos para outras cidades, diz a infectologista. Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), também se diz preocupada. “Provavelmente vamos deixar de ter alguns locais cheios, como o transporte coletivo, para ter outros locais cheios, o que é igualmente ruim”, afirma. Segundo Maciel, a medida poderia ser efetiva se a população estivesse mais consciente do quão crítica é a situação. “Não acredito que essa medida seja efetiva com o nível de informação ou desinformação no Brasil”, diz ela. Pesquisa Datafolha realizada no início da semana e publicada nesta sexta-feira (19) mostrou que cerca de 30% da população defende que é preciso acabar com medidas de isolamento para estimular a economia. Outro temor de Maciel reside no fato de a a Páscoa ser um feriado religioso e as igrejas constarem no rol de atividades essenciais, o que permite seu funcionamento em fases mais severas de restrições, como as em vigor em grande parte do país. Os especialistas afirmam que medidas de restrição de viagens entre localidades seriam uma opção para evitar novos surtos. O grande problema é a logística para colocar isso em prática. Para Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz, apesar de ideal, a proibição das viagens dificilmente ocorrerá porque a medida dependeria de uma ação coordenada do governo federal. O pesquisador lembra que alguns países, nas festas de fim de ano, chegaram a limitar encontros familiares para evitar uma explosão de casos. Croda afirma que o governo federal deveria estar agindo e passando orientações técnicas para a população, como não se reunir com quem não mora com você. “Somos muito mais permissíveis, o que favorece o que está acontecendo no Brasil”, diz Croda. O infectologista e membro do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo Marcos Boulos afirma que as restrições mais amplas devem atravessar a Páscoa, o que, em teoria, pode ajudar a diminuir os deslocamentos. Mesmo assim, além da restrição a viagens, ele defende um possível cancelamento do feriado. “Se não teve Carnaval, não pode ter Páscoa”, afirma Boulos. Já Luis Fernando Aranha Camargo, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, não vê o cancelamento como uma opção. Segundo ele, as aglomerações desse feriado devem ser mais “caseiras”, diferentemente das festas de Carnaval. Ainda assim, ele diz, há um risco importante nas reuniões familiares. Além da necessidade de análise técnica para implementar medidas mais rígidas, o infectologista diz que é necessário saber se os governantes estão dispostos a pagar o preço político que acompanha tais ações. “Esses discursos e essas medidas são muito antipáticos, mas não tem outro jeito”, afirma Rosana Richtmann, médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. “Quando falamos em aglomeração, não estamos falando em multidões.” Com ou sem restrição de viagens, os especialistas falam em conscientização massiva da população. “Vamos comer chocolate, mas não vamos encontrar as pessoas”, diz Richtmann. Enquanto isso, ações de comunicação são improváveis de partir do governo federal. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na quinta, que entrou com ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) contra decretos de governadores de restrição de atividades. Ao mesmo tempo em que o poder central faz pouco quanto a situação que se aproxima, municípios tentar implementar medidas para que a situação já caótica não se aprofunde ainda mais. Em Campinas, em São Paulo, festas familiares com mais de dez pessoas poderão ser multadas. Socorro proibiu a locação de chácaras para lazer, festas ou eventos que causem aglomeração. Rifaina, na divisa com Minas Gerais, proibiu o uso da marina e até delivery para tentar impedir o aluguel de casas por turistas. Já os prefeitos do ABC pedem ao governador João Doria (PSDB) por um lockdown na Grande São Paulo. Ao mesmo tempo, o prefeito Bruno Covas afirma que a cidade de São Paulo não tem capacidade de fazer um lockdown devido ao pequeno número de agentes disponíveis para fiscalização. O ex-presidente Michel Temer foi absolvido ""sumariamente"" no processo em que era acusado de receber vantagens em troca de beneficiar empresas no Porto de Santos. O dono da empresa Rodrimar, Antonio Celso Greco, o ex-executivo da empresa, Ricardo Conrado Mesquita, e outros três acusados também foram absolvidos. Na sentença, o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara do Distrito Federal, diz que as acusações feitas pelo Ministério Público Federal não firam ""minimamente demonstradas"". Temer era acusado de ter beneficiado a empresa por meio de um decreto, baixado em 2017, que previa aumento no prazo de contratos de concessão de áreas portuárias de 25 para 35 anos, podendo ser prorrogado por até 70 anos. Segundo o magistrado, a medida sequer alcançou as empresas do Grupo Rodrimar. ""A conduta imputada a Antonio Celso Greco e Ricardo Conrado Mesquita – corrupção ativa qualificada consistente na promessa de vantagem indevida a Michel Elias Temer Lulia, para edição do Decreto nº 9.048/2017, ato apontado como benéfico às empresas do Grupo Rodrimar – não restou minimamente demonstrada"", afirma o juiz. ""Além de não identificar as vantagens indevidas supostamente prometidas"", segue ele, ""a denúncia se esquece de apontar que o chamado Decreto dos Portos (i) não alcançou as empresas do Grupo Rodrimar; (ii) foi antecedido de discussões levadas a efeito por grupo de trabalho formado no âmbito do Executivo Federal, no qual se envolveram diversos servidores públicos, os quais, a toda evidência, dificilmente se juntariam para perpetrar uma fraude, de resto não comprovada minimamente à luz dos elementos de convicção constantes dos autos, e; (iii) foi examinado pelo Tribunal de Contas da União, que não apontou irregularidade que maculasse o conteúdo de suas disposições"". Greco chegou a ser preso em 2018, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribuna Federal) Luís Roberto Barroso, e renunciou ao comando do grupo. Também chegaram a ser detidos amigos de Temer como o empresário José Yunes e o ex-ministro dos Transportes Wagner Rossi. ""Nem a absolvição é capaz de reparar o furacão de calúnias que a Rodrimar e seus executivos suportaram. Mas é uma porta que se abre para recolocar os fatos e a justiça nos seus devidos lugares"", diz o advogado Fábio Tofic Simantob, que representa os executivos da Rodrimar. [resumo] Tentativas de Lula de retomar diálogo com grupos evangélicos, com vistas às eleições de 2022, são um novo capítulo da relação turbulenta entre o PT e a nata do pastorado brasileiro, que passou da ampla hostilização à figura do ex-presidente no pleito de 1989, quando foi comparado ao diabo, à sua aceitação por lideranças como Edir Macedo em 2002, para depois recair na aversão ao petismo nos anos Dilma.  O ano é 2002. Mais próximo do que nunca de chegar à Presidência após três incursões eleitorais mal-sucedidas, Luiz Inácio Lula da Silva precisa afrouxar a resistência a seu nome em setores à direita. Daí a ideia de lançar uma carta. Não é nada disso que você está pensando. Paralelo à Carta ao Povo Brasileiro, ansiolítica para um mercado arrepiado com a hipótese de um presidente que o mandasse às favas, outro documento ajudou o PT a amolecer corações relutantes. Dias antes do primeiro turno, milhares de militantes distribuíram o panfleto Carta aos Evangélicos em portas de igrejas. Trazia a estrela do PT com o peixe cristão, símbolo que em grego arcaico quer dizer “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. Em português contemporâneo, o texto assinado por Lula clama por mais “princípios cristãos para o nosso povo”, valores que, “como cristão, e tendo também esperança cristã, tenho defendido ao longo de minha vida. Estamos juntos lutando pela mesma causa”. Se hoje a animosidade entre o ex-presidente e a nata do pastorado brasileiro é um freio para eventual chapa petista, essa relação engatou o começo do século com um pé no acelerador. Desde 1989, quando concorreu pela primeira vez, o grão-petista era hostilizado pela maioria dos pastores de projeção nacional. Em 2002, virou o jogo. “Para saber para onde os ventos eleitorais sopram no meio evangélico, é sempre bom olhar para a Igreja Universal do Reino de Deus”, diz Alexandre Landim, que prepara uma tese de doutorado na UFC (Universidade Federal do Ceará) sobre o envolvimento evangélico em eleições. Naquele ano, o bispo Edir Macedo fechou com o PT, assim como pastores que agora se dizem alérgicos ao lulismo, como Silas Malafaia e o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP). A projeção dos votos evangélicos no segundo turno de 2006, quando Lula abateu Geraldo Alckmin (PSDB) nas urnas, mostra a vantagem que o petismo já teve nessa parcela: seis em cada dez fiéis apertaram 13 naquele ano, segundo o Datafolha. Em 2014, o PT perdeu essa dianteira: o tucano Aécio Neves foi o preferido de 53% do bloco. A maré mudou de vez com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, num pleito em que cerca de 70% dos evangélicos o escolheram. A bancada evangélica é um dos parceiros preferenciais do atual inquilino do Planalto. O ano é 2019. Recém-liberto após ficar 580 dias preso em Curitiba, condenado na operação Lava Jato, o ex-presidente conta ao amigo Gilberto Carvalho, seu ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, como fazia para driblar o tédio do cárcere. “Ô Gilbertinho, só tinha TV aberta na cadeia. Passei muitas madrugadas vendo programas evangélicos e fui me dando conta que esses caras têm uma incrível capacidade de comunicação e convencimento”, reproduz Carvalho. Quando o PT estreou no Palácio do Planalto, os evangélicos eram pouco mais de 15% do Brasil. Em duas décadas, dobraram de tamanho. Segundo seu ex-assessor, caiu a ficha para Lula: impossível governar o país sem reconstruir pontes com o segmento. Quem quer saber de papo agora? O pastor Samuel Câmara, que respaldou os dois mandatos de Lula, saca um provérbio bíblico para explicar o azedume pastoral com a hipótese de reconciliação: “É mais difícil ganhar de novo a amizade de um amigo ofendido do que conquistar uma fortaleza”. Ele preside a chamada Igreja Mãe das Assembleias de Deus no Brasil, sede pioneira da denominação, de 1911. Carvalho não arrisca fechar as portas de vez para ex-aliados como Edir Macedo e Silas Malafaia. ""Em política, sempre é perigoso a palavra nunca, me resguardo de usá-la . O que vou dizer é que dificilmente ocorreria de novo [a aliança], até porque nós aprendemos em quem confiar. A dura lição do golpe de 2016 foi aprender a distinguir entre aliados e oportunistas. Dificilmente retomaria aliança com esse tipo de gente."" O ano é 1989. Presidenciáveis começam a despertar para o lema que passa a guiar o eleitorado evangélico: “irmão vota em irmão”. A ideia de um governo de esquerda apavorava pentecostais. O bispo Macedo veste uma camisa com o nome de Fernando Collor para comandar uma vigília na véspera do primeiro turno. Nela, fiéis cantam: “O diabo na corda bamba, vamos collorir, vamos collorir”. O apoio de Malafaia a Lula foi exceção na liderança. Televangelista já famoso, ele chegou a mediar o programa “Brizola e os Evangélicos”, pois via em Leonel Brizola, totem da esquerda trabalhista, alguém não submisso à católica CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). No segundo turno, foi de PT. Hoje se diz arrependido de não dar ouvidos ao pai, oficial da Marinha e também pastor. “Ele dizia assim pra mim: ‘Você está enganado, eles não se desvinculam de suas ideologias’.” Macedo sugeria que Lula fecharia templos da Universal se vencesse, ainda que nada no programa do PT sinalizasse isso. Em fevereiro de 1990, o petista fez um balanço da derrota. Um de seus entrevistadores era André Singer, o cientista político que viraria porta-voz de seu governo no futuro. Ele perguntou se o PT deveria ter agido diferente para desidratar essas acusações. “Certas coisas nós discutíamos a partir da nossa cabeça, a partir da cabeça do pessoal politizado. Quando disseram que a gente ia acabar com as religiões não católicas, nós fizemos um único programa especial sobre o tema”, respondeu Lula. “Precisávamos ter insistido nestas questões, porque é exatamente na faixa menos politizada que essas coisas pegam.” Continuaram pegando, e em todas as faixas sociais. Vide a Universal. Por ser a congregação pentecostal mais organizada politicamente e dona de uma grande rede de comunicação, a igreja serve como “bússola evangélica” nas eleições majoritárias, diz Landim. E simbólica foi a fala de Macedo no “Clamor pelo Brasil”, evento realizado no carioca Aterro do Flamengo, em 1994. “No altar/palanque, Macedo declarou que o Brasil se encontrava mais uma vez entre Deus e o diabo.” “Ele acionou o eixo de construção do universo simbólico da igreja: a força do satanás que obriga a entrada do ‘povo de Deus’ em uma guerra espiritual de natureza política”, afirma o pesquisador da UFC. Anos depois, o bispo lançou “Plano de Poder”, livro que incentiva o entrosamento evangélico na política. A sanha antilulista abrandou em 1998 e rareou em 2002, “quando líderes evangélicos não só endossaram candidatos da centro-esquerda, como o seu representante nas eleições concorria por um partido socialista”, segundo o pesquisador. O presbiteriano Anthony Garotinho, ex-petista que competia pelo PSB, se dizia o mais à esquerda entre todos os candidatos daquele ano. Garotinho ficou em terceiro lugar, e Lula virou a opção em 2002, ainda que sem unanimidade entre líderes evangélicos. Malafaia gosta de lembrar que figurou numa propaganda eleitoral do PT. Lula chegou ao Planalto com José Alencar de vice. Católico, o empresário era do PL, com deputados ligados à Universal. Em 2005, migrou com eles para um partido articulado por bispos da igreja, o atual Republicanos. Dizia então que a nova sigla não corria o risco de ser estigmatizada como costela partidária do império religioso: “Isso aí é uma marca altamente positiva, é uma marca cristã”. “A presença da Universal nos quadros do PL era minimizada pelo PT. Os maiores entusiastas da aliança eram Lula e José Dirceu, que julgavam fundamental a presença de Alencar”, diz Landim. Alguns pastores não estavam satisfeitos com o governo tucano de FHC e tinham interesse em influenciar políticas assistencialistas. O petista capturou essa sensação e disse que esperava contar com a ajuda dos evangélicos para atacar os problemas sociais do país: “Vocês nunca, na história da igreja evangélica, foram chamados à responsabilidade e a participar da construção desse país como eu vou chamar”. Pronto: nunca antes na história deste país, companheiros pastores, tantas lideranças haviam aderido à estrela vermelha. O ano é 2010. Marco Feliciano, que conquistaria seu primeiro mandato de deputado no pleito daquele ano, confessa durante um culto. “Como um papagaio”, repetia que o PT fecharia igrejas pelo Brasil. Replay da fake news de 1989. Elogia Lula, de saída do poder: uma figura “messiânica” que “desperta a esperança no coração do povo”. Também tratou de desmentir um rumor infundado de que Dilma Rousseff, candidata do PT, era homossexual. A relação entre petistas e pastores, contudo, logo deu sinais de desgaste. Evangélicos perceberam que não teriam o espaço desejado no governo e ficaram cabreiros com as bandeiras ideológicas que tremularam menos nos anos Lula. O programa Escola Sem Homofobia, com instruções para professores lidarem com o tema nos colégios, coroou a cizânia. Apelidado por conservadores como kit gay, o material foi confeccionado em 2011, após a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovar uma emenda para um projeto anti-homofobia. O Ministério Público questionou o Ministério da Educação, à época sob guarida de Fernando Haddad, sobre os recursos. A pasta chamou uma ONG para produzir a cartilha. Haddad relembrou o imbróglio em texto de 2017 para a revista Piauí. Um projeto do Ministério da Saúde foi apresentado como sendo o tal “kit gay” do MEC. Destinava-se à prevenção de DST/Aids “e tinha como público-alvo caminhoneiros e profissionais do sexo nas estradas de rodagem —com uma linguagem, portanto, direta e escancarada”. A fake news teve vida longa e, em 2018, foi usada por Bolsonaro para enquadrá-lo como “o candidato do kit gay”. Para Carvalho, as pautas identitárias já estavam na mira antes, e agora que ganharam ainda mais relevo, virarão alvo preferencial dos rivais. ""Elas foram fartamente utilizadas para nos demonizar. Diziam, 'ah, Lula vai obrigar igrejas a casar homossexuais'. A gente sempre defendeu foi a união civil. Temos que explicar que a agenda identitária, se olhada sem maldade, não é contra evangélicos."" O ano é 2021. Lula discursa pela primeira vez após o ministro do STF Edson Fachin abrir alas para sua candidatura no ano que vem, ao anular as condenações que sujavam sua ficha política. Um trecho de sua fala enerva o pastorado: “Muitas mortes poderiam ter sido evitadas, muitas mortes. E que o papel das igrejas é ajudar para orientar as pessoas, não é vender grão de feijão ou fazer culto cheio de gente sem máscara, dizendo que tem o remédio pra sarar”. Líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, o apóstolo Valdemiro Santiago foi um dos expoentes da elite pastoral desgostosos com o tom. “O senhor acabou com sua pretensa campanha. Nem sabe se vai fazer isso, alguém vai te botar de novo na cadeia”, diz num vídeo em que usa seu costumeiro chapéu de caubói. Comenta ainda que Lula o procurou ao descobrir um tumor, em 2011. Quando “o câncer estava comendo suas garganta”, afirma, “orei pelo senhor no telefone”. O discurso de Lula ""foi para os crentes evangélicos e evangélicas brasileiras"", diz o coordenador do núcleo evangélico do PT, o pastor Luis Sabanay. ""É como pensava Jesus: pensava grande, pensava em um Reino de Paz. Um mundo sem morte, sem violências contra o que ou quem quer que seja. Pensou no Reino da Alegria, com lazer, picanhas, cervejas e a juventude poder passear livremente."" Dois meses após deixar a prisão, o ex-presidente reforçou a certeza de que PT e evangélicos precisam fazer as pazes. Comentou que tem ""jeitão de ser pastor, tô de cabelo branco"". Lula, diz Gilberto Carvalho, ""não está, nem ninguém de nós, satisfeito com o estágio atual da nossa relação. Falamos por telefone esses dias, ele tem interesse, vai organizar um encontro com o mundo religioso"". Diretor da Fundação Perseu Abramo, centro de formação do PT, Alberto Cantalice diz que eles estão discutindo ""a questão evangélica no Brasil"" e define o segmento como ""objeto de preocupação"". Uma saída possível é focar na questão econômica, que por extensão atinge muito eleitor evangélico, defende Carvalho. ""Nossa política clara é cuidar dos pobres. Inclusive, nos permite ter o diálogo de que essa é a opção de Cristo no Evangelho."" Depois de uma crise social e política que se estendeu por um ano, a Bolívia teve nas eleições presidenciais de outubro de 2020 —um pleito limpo e cujo resultado foi reconhecido por todos os envolvidos no processo— uma chance de superar os fantasmas do passado. O vencedor, Luis Arce, assumiu com um discurso conciliador, afirmando que seu partido, o MAS, havia aprendido com a experiência pregressa e que buscaria corrigir os erros na nova administração. Tais esperanças, contudo, começaram a cair por terra com as prisões da ex-presidente Jeanine Añez e de outras autoridades do antigo governo interino do país, que levantaram a suspeita de uso da Justiça como instrumento de perseguição a adversários políticos. Añez, recorde-se, chegou à Presidência após a deposição de Evo Morales em 2019 utilizando procedimento não previsto na Constituição. Várias lideranças desse processo são agora acusadas de sedição, terrorismo e conspiração. Imputações dessa natureza não são incomuns na história da Bolívia. Como observou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, constata-se ali uma recorrência de denúncias de atos de perseguição judicial de opositores em diferentes administrações. Durante o governo de Añez, por exemplo, foram instaurados processos contra Evo e outros nomes do MAS por terrorismo e sedição. Os acusadores de ontem tornam-se agora alvo das mesmas acusações. A entidade multilateral aponta ainda que tais tipos penais estão sob análise do Tribunal Constitucional do país desde que a bancada do MAS apresentou, em junho do ano passado, uma ação contra os artigos do Código Penal boliviano que tratam desses crimes. Já o diretor para as Américas da ONG Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, ressalta que as ordens de prisão contra Añez e seus ministros “não contêm nenhuma evidência de que tenham cometido o delito de terrorismo”. Malgrado os potenciais vícios do processo, as violações de direitos humanos ocorridas na repressão a protestos contra a saída de Evo, que deixaram dezenas de mortos, precisam de fato ser investigadas. Para isso, entretanto, a Justiça boliviana precisará desempenhar um papel que não exerce há muito —o de atuar de forma imparcial, independente e segundo os princípios do Estado democrático de Direito. editoriais@grupofolha.com.br Com 30 anos, Glauber Rocha (1939-1981) já havia produzido os filmes pelos quais é lembrado até os dias de hoje. Além de “Barravento” (1962), seu longa de estreia, o cineasta baiano —que se estivesse vivo faria 82 anos em 2021— foi responsável por “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe” (1967) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969), pelo qual recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. Seus trabalhos produzidos durante os anos 1970 não foram tão comentados quanto os anteriores. Glauber passou a maior parte dos primeiros anos daquela década fora do Brasil. Além de ir a Cuba, gravou “Cabeças Cortadas” (1970) na Espanha; “O Leão de Sete Cabeças” (também de 1970) na República do Congo; e “Claro” (1975) na Itália. O pouco conhecimento desses filmes no Brasil esteve entre os temas da entrevista que o diretor concedeu à Folha em 1979, publicada em 16 de dezembro. “Cadê o cinema do Glauber Rocha? Já era?”, perguntava o repórter, em tom de provocação. O entrevistador era Mário Augusto Jakobskind (1943-2018), jornalista carioca que, além da Folha, passou por veículos como France Presse, Pasquim e Brasil de Fato. O texto foi publicado no caderno Folhetim, que circulou de 1977 a 1989. Criado por Tarso de Castro, o suplemento era marcado por linguagem mais coloquial, ousadia criativa e política e inovações visuais. Nesse período, o Folhetim publicava reflexões sobre a situação de temas variados durante os anos 1970. Eram, de certa forma, balanços da década que chegava ao fim. Ao longo de duas páginas, o diretor enalteceu figuras públicas brasileiras, como João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar (“um gênio”), e colegas cineastas, como Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues. Estendeu-se em auto-elogios: “Sou melhor do que Eisenstein”. Criticou nomes da cultura e da intelectualidade do país. Chamou Oscar Niemeyer de “basbaquete”, Chico Buarque de “ignorante”, Fernando Gabeira de “babaca”, Jaguar de “canalha” e Dias Gomes de “corruptor da cultura brasileira”. Não parou aí: Augusto Boal, segundo Glauber, era um “péssimo teatrólogo” e Ziraldo, “um sub-intelectual”. “Não gostam de mim porque têm inveja [...]. Porque sou incorruptível, sou mundialmente famoso. Acho a minha geração uma m..., pois ela se corrompeu completamente”, afirmou. O sentimento de traição esteve presente em diversos momentos da entrevista, sobretudo em relação aos críticos do cinema novo, movimento do qual Glauber foi o maior expoente e que, entre outras características, rompia com uma estética mais influenciada por Hollywood. “Como é que se explica que, por ocasião do AI-5 em 1968, quando o cinema novo estava enfrentando uma grande batalha mundial do cinema, fomos atraiçoados por cascavéis do concretismo, do tropicalismo, do Teatro Oficina”, disse o cineasta. Disse ainda haver poucos homossexuais entre atores e diretores brasileiros (“o cinema é uterino, vaginal”) e afastou qualquer possibilidade de diálogo com grupos pró-ecologia, com a comunidade gay e com o movimento Black Power. “São ingênuos que destilam as ideias alienantes dentro do país”, disse. Os palavrões, recorrentes na fala de Glauber, são mantidos nessa republicação como na versão original: m…, b… e p… O arquivo original está disponível no Acervo Digital da Folha. Veja a seguir a entrevista.  Você concorda que o cinema brasileiro na década de 70 caracterizou-se pela falta de objetivos mais nítidos, seja do ponto de vista ideológico e estético? Acha que hoje os cineastas ainda estão com a censura na cuca? Esse papo de censura, de conformismo, não interessa. Arte é privilégio de gênio. Arte para mim é Mozart, é Dante Alighieri, é Leonardo Da Vinci, é Eisenstein, é Orson Welles. Alguns filmes brasileiros, como ""Vidas Secas"", ""Limite"", ""Ganga Bruta"", ""O Cangaceiro"", “Orfeu do Carnaval"", ""Pagador de Promessas"", ""Os Fuzis"", ""Macunaíma"", ""São Bernardo"", ""Xica da Silva"". Só isso, o resto é besteira. De forma que os artistas jamais se corrompem. Todos os artistas são revolucionários. Desse ponto de vista, o cinema brasileiro produziu filmes como vinha produzindo o tempo todo. O que houve é que o desenvolvimento econômico gerado pela Embrafilme [Empresa Brasileira de Filmes, estatal que funcionou de 1969 a 1990] jogou na prática um número enorme de cineastas e uma série de cineastas sem talento passaram a utilizar o dinheiro para fazer pornochanchada, filme histórico e tal. De forma que os cineastas revolucionários continuaram atuando. Os reacionários continuaram acabando e o underground foi para a latrina que era o lugar que devia ficar. A Embrafilme representou um salto industrial importante, uma semi-estatização que garante produção. E em termos ideológicos e estéticos como foi o cinema, ou como você prefere, os cineastas brasileiros nesta década? Ideológico. Ideologia é um sistema de ideias. O cinema é a mais importante das artes, não porque o Lenin disse, mas porque é a síntese. O cinema é uterino, não é anal. Por isso que não tem quase homossexuais entre diretores e atores no cinema brasileiro. O homossexualismo é uma prática machista, antifeminista, misógina, detesta mulher, nega a procriação. Entendeu? Espero que no jornal ""Lampião"" não digam que eu estou fazendo campanha contra. Tudo bem, não estou me referindo a essas pessoas. Estou dizendo apenas que o cinema é uterino, vaginal. Então é a síntese cósmica. Você vê que a mixagem de um filme é mais complexa do que a edição de qualquer disco. A música popular brasileira, do golpe para cá, é um curta-metragem do cinema novo. A mixagem é a metamúsica, metasomporque você mete ruído, diálogo, letras etc. Acho que a banda sonora de ""Barravento"", de ""Deus e o Diabo na Terra do Sol"", de ""Terra em Transe"", de todos os meus filmes, a própria [banda] de ""Di Cavalcanti"" significam que estamos à beira da revolução sonora. Incorporei o Villa-Lobos. Não gosto, em geral, da música popular brasileira, gosto de Villa-Lobos e do folclore, ou seja, da música do negro, da música de umbanda, samba de favela, música de violeiro do sertão. São muito melhores cantores e compositores do que os de classe média. Para mim, o maior poeta brasileiro é o Murilo Mendes, um poeta que universalizou a língua. O Vinicius de Moraes é um poeta erótico, feminista e revolucionário porque ""O Operário em Construção"" continua sendo o melhor poema político revolucionário. O resto é uma poesia que oscila. Houve uma decadência cultural gerada pela ditadura e pela submissão do Brasil ao imperialismo norte-americano. Os músicos e o pessoal do teatro são jesuíticos. [Augusto] Boal, por exemplo, que faz teatro para converter o povo a algum partido. Teatro é para libertar, não para converter. Boal é um basbaquete. Acho Boal um péssimo escritor, um péssimo teatrólogo. Você vê o cinema brasileiro na década totalmente colonizado? Não. O cinema brasileiro, vamos deixar de falar em cinema brasileiro, vamos falar em cineasta. Tem todo tipo de cineasta, desde homens maravilhosos, patriarcas, aiatolás tipo Humberto Mauro, Mário Peixoto, Alex Viany, Adhemar Gonzaga, [Francisco Luis de] Almeida Sales, Paulo Emílio, que já morreu, como cineastas da geração do Nelson Pereira dos Santos, Roberto Santos, Carlos Alberto de Souza Barros, Walter Hugo Khouri, Trigueirinho Netto. Tem a geração do cinema novo e a geração de 70, que é Bruno Barreto, Arthur Omar, Silvio Meirelles, Ivan Cardoso. Enfim: é a resposta que lhe digo. Acho que os intelectuais mais desalienados do Brasil são os cineastas, os mais descolonizados. Cacá Diegues é uma figura internacional, também o Ruy Guerra, o Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade. Personalidades internacionais reconhecidas nos grandes centros culturais. Lá eles são levados a sério, não só pelos filmes, mas pelo que declaram. Por isso os intelectuais da ordem literária combatem os cineastas. À exceção do Jorge Amado, do Celso Furtado, do Darcy Ribeiro, do Josué de Castro, do Oscar Niemeyer, do Vinicius de Moraes, do Lúcio Costa e do Gilberto Freyre, os intelectuais brasileiros não têm a menor importância. Vou dizer uma coisa, acho o Haroldo de Campos e o Augusto de Campos uns caras inteligentes, mas acho burrice esculhambar o cinema novo, inclusive uma frustração enorme. Não ter entendido o cinema novo é uma grande burrice. Um lance desprezível, marcação reacionária. O Décio Pignatari a mesma coisa, pessoal do underground também. São os assistentes do cinema novo. Eduardo Escorel, assistente, fez ""Lição de Amor"", uma m..., é cineasta conformista de direita. Antônio Calmon fez pornochanchada, assumido. ""O Abismo"", do Rogério Sganzerla, que prometeu ser gênio, é uma m..., um fracasso total. O Rogério não é um militante de cinema, não é um revolucionário nem visionário, apenas um garoto egoísta. Esse pessoal eu não perdôo porque eles foram escrotos no AI-5. Como é que se explica que, por ocasião do AI-5 em 1968, quando o cinema novo estava enfrentando uma grande batalha mundial do cinema, fomos atraiçoados por cascavéis do concretismo, do tropicalismo, do Teatro Oficina. Meu amigo José Celso Martinez, a verdade é essa. Você traiu a mim esculhambando o cinema novo. O próprio Ruy Guerra, que parecia estar a serviço da Pide [Polícia Internacional e de Defesa do Estado]. Guerra é um irresponsável. Ele declarou, olha aqui, esse país é um país irresponsável. O Ruy Guerra declarou no Jornal do Brasil, em agosto de 1977, que eu deveria ser internado numa clínica psiquiátrica porque minhas declarações políticas prejudicavam o processo político. Nessa época o senhor Ruy Guerra se fez representante do governo de Moçambique no setor cinematográfico. Diz a Godard que está politizando o cinema negro. A intelectualidade revolucionária brasileira não cobra do Ruy Guerra, por escrotidão. Agora, o Luís Carlos Prestes declara no Pasquim que os russos têm razão ao mandar dissidentes loucos para hospitais psiquiátricos. É um absurdo Prestes dizer isso. Eu o respeito, acho que é uma das grandes figuras do país, mas isso eu não engulo. Ele sabe que eu não engulo. Entendo-me bem com o Prestes porque entre eu e ele não tem o PC [Partido Comunista] no meio. Entendeu? É isso mesmo: entre eu e Prestes não tem o PC no meio. De forma que o pessoal do PC que andou enriquecendo no setor cultural, dizendo que eu era de direita e recebia dinheiro do Golbery [do Couto e Silva, então ministro da Casa Civil]. Sobre esse pessoal, estou disposto a perguntar a Prestes se são mesmo do PC porque muitos são corruptos. Já disse que se quiserem fazer um filme sobre as passeatas de 1968 bastava filmar na Globo, onde estão os “passeateiros” corrompidos. Eu não vou discutir essa basbaquice. Jean-Claude Bernardet é um canalha e ponto final. Esteve no início do cinema novo, amigo do Gustavo Dahl, trabalhava com Paulo Emílio. Nessa época era de direita, defendia Bergman, nouvelle vague, Walter Hugo Khouri. Era o crítico mais reacionário do Brasil. Fui lá, esculhambei o coreto em São Paulo. O Gustavo ouviu, minha profecia estava certa. Eu ia fazer o sertão virar mar, ia explodir o cinema novo no Brasil. O Jean-Claude não acreditou. Aí quando o cinema novo se realizou, ele foi superado. Então passou a ser comadre, cozinheira do cinema novo porque era um cara que detinha algumas informações sobre as pessoas e passou a pintar o cinema novo como artistas de classe média frustrada. Não quis reconhecer o coeficiente revolucionário dos filmes. Quem não entendeu o cinema novo, repito, é burro. O cinema novo não é de direita, mas de esquerda revolucionária e o poder é do cinema novo. Os cineastas do cinema novo não se comunicam mais entre si, mas estão fazendo filmes. Liberdade total, a ditadura foi vencida e o cinema brasileiro vai explodir. Agora não com a canalha underground, nem com o cinema novo que foi para a cooperativa, cinema novo da direita, mas com novos cineastas que vão surgir e vários intelectuais que entrarão para o cinema porque o cinema tem de ser manipulado pelos intelectuais. O cinema é uma linguagem moderna e a televisão também. Eu acho que a Embrafilme tinha de ser reduzida a uma companhia de filmes experimentais, educativos, pesquisas tecnológicas e fiscalizar o mercado. Você acha que a Embrafilme de alguma forma enquadrou o cinema brasileiro? Não. Ao contrário, salvou da fome. Não enquadrou ninguém. Esse raciocínio materialista é falso. O livro de Carlos Guilherme Mota [“Ideologia da Cultura Brasileira (1933-1974)”], sobre cultura brasileira, é uma leitura materialista fajuta da história. Em primeiro lugar, não se lê o processo cultural desse jeito, como uma consequência mecânica do processo econômico político. O processo cultural é transversal. O mesmo papo antinacionalista e catequista do Roberto Schwarz, que diz que Machado de Assis é reacionário. O Schwarz acha que Anatol Rosenfeld descolonizou o Brasil. Quer dizer: ele é um espírito jesuítico, que defende a micro-análise, a fenomenologia. Isso é a Universidade de São Paulo, o Roberto Schwarz, Carlos Guilherme Mota, esses raciocínios imediatistas. Inclusive o José Celso Martinez, no Teatro Oficina, não consegue ir ao processo brasileiro na sua integridade. Acho que ele adota uma metodologia que leva a exclusões fantásticas, mas a constantes fracassos. Eu comparo o Zé aos físicos. É um pau que sobe e desce, que sobe e desce, quer dizer, não liga o circuito porque no fundo ele tem uma visão radical. O materialismo sexual, na verdade, é uma vulgaridade, uma decadência muito grande. Acho que Black Power, ecologia, campanha contra poluição, gay-power são repertório do departamento cultural da CIA para o Brasil. Não que os pregadores disso sejam agentes da CIA. São ingênuos que destilam as ideias alienantes dentro do país. Eu não quero conversa com esse pessoal. A contracultura e o rock e toda essa história de hippies, butiques,é uma transação escrota. Esse pessoal atacou o cinema novo e eu comprei a briga. Ruptura no final dos anos 70. Não vou citar nomes porque não quero ferir as esposas dos senhores. Acho que todos eles foram comidos pela poeira. Acabou o MDB da cultura, essa frente ampla. As pessoas têm que se assumir. Acho que quem fez patrulha ideológica não foi o PC não. Não sei quem é o pessoal do PC porque eles têm um sistema de clandestinidade bom, o pessoal do PC não é conhecido. Quem se faz passar como do PC é para pegar emprego na Globo. Esse pessoal não é do PC porque não acredito que comunista possa ser corrupto como certos autores teatrais que serviram à ditadura, corrompendo o povo e enriquecendo, se passando com isso por comunista. Por exemplo, eu acho que o Dias Gomes é um corruptor da cultura brasileira e não podemos deixar que a crítica o chame impunemente de marxista. Não é marxista. É um teatrólogo de direita, neofacista. Eu prefiro o Roberto Marinho ao Dias Gomes porque o Roberto Marinho é um imperador e, de certa forma, empregou esses canalhas que se venderam abaixo do preço. O Dias Gomes não é o Shakespeare. Roberto Marinho devia botar o Nelson Rodrigues, o sexo na televisão, e não esse moralismo babaca. Os seus críticos dizem que você não fez cinema na década de 70, no Brasil. Você falou muito mais do que fez. Além de ""A Idade da Terra"", que a gente ouve falar há dois anos e mais um curta-metragem sobre Di Cavalcanti, o que mais você fez? Cadê o cinema do Glauber Rocha? Já era? O tema é altamente conveniente para esclarecer o seguinte. Em primeiro lugar, arte não tem tempo. Entendeu? Os meus filmes são eternos. Eu fiz filmes que provocaram a revolução no cinema internacional. Os meus críticos não sabem disso. Infelizmente, talvez para eles. Ganhei 13 prêmios internacionais, o que não quer dizer nada porque esses prêmios e a crítica não querem dizer nada. Os meus filmes provocaram a revolução no cinema brasileiro e no cinema do Terceiro Mundo. Aos 24 anos, quando fiz ""Deus e o Diabo na Terra do Sol"", fui chamado de gênio no mundo inteiro. Já que você me provocou, a minha bibliografia é válida. Não estou falando do seu passado. Ninguém está negando o que você fez, ao contrário. Estou falando no presente e na década de 70 no Brasil. Eu não tenho passado porque a obra está cumprida. Eu tenho oito livros internacionais publicados sobre a minha obra. Olha aí, meu amigo [mostra os livros lançando-os na mesa]. Sacou? Deixe eu lhe explicar. Vou responder a pergunta já que você quer receber as datas materialistas. Em 1964, eu já era um gênio do cinema, junto com Orson Welles. Em 1968, com o ""O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro"", ganhei um prêmio em Cannes. Meu filme estourou no mundo. O Antônio das Mortes era o Che Guevara, a iluminação revolucionária do Terceiro Mundo. Completei o ciclo em 1970, com ""Cabeças Cortadas"", consagrado mundialmente e rico. Voltei ao Brasil, fechei a minha empresa em plena ditadura do Médici. Retirei-me do Brasil porque vi que fazer cinema era uma atividade de caráter burguês e reacionário como qualquer atividade artística que fosse desligada de uma prática revolucionária. O Brasil vivia a ditadura Médici, uma guerrilha suicida e sanguinária. Eu fui daqui para Cuba, onde desempenhei um papel histórico que, no momento oportuno, o senhor Fidel Castro revelará. Olha aqui, meu amigo: essa pergunta é uma provocação que vou lhe responder até o fim. Saiba o seguinte. Em primeiro lugar, o senhor Jaguar, do Pasquim, é um canalha que diz que eu recebi dinheiro do general Golbery e de Ney Braga. Então ele estava recebendo dinheiro do Magalhães Pinto. E o Ziraldo é um sub-intelectual, um desenhista pago pelas companhias de publicidade e um articulista de m.... Ziraldo é terceiro time e eu não respondo. Agora, a você respondo. Realizei na década de 70 o mais importante filme brasileiro e latino-americano chamado ""História do Brasil"". Foi realizado em Cuba, em companhia do líder estudantil Marcos Medeiros. Cadê o filme? Clandestinamente, em Cuba. O filme está no Brasil, no meu quarto. Será visto no momento oportuno porque é um filme até o momento interditado. E quando os brasileiros vão poder ver a sua ""História do Brasil""? O momento quem determina sou eu, não o partido. Por que ainda não chegou esse tal momento oportuno? Por quê? Porque eu fui para Cuba desempenhar uma função que o senhor Fidel Castro revelará aos senhores. Fui eu que agi fundamentalmente dentro deste país para que se processasse as aberturas políticas a partir de 1972. Não fosse a minha atividade ideológica e cultural não teria havido aberturas. Então eu sou o profeta da anistia. Substituí o Sinatra na política direta. Sou detestado porque desmoralizei o PC, denunciei a burguesia liberal do Cebrap [Centro Brasileiro de Análise e Planejamento], que está a serviço da Fundação Rockefeller, denunciei Dom Evaristo Arns como um falso profeta, denunciei o pessoal do Pasquim como corrupto a serviço do Magalhães Pinto. Então, meu cinema é esse. Então me respeitem como cineasta porque hoje eu sou um dos maiores e melhores cineastas do mundo. Esse tipo de cobrança eu não aceito. É a cobrança da classe média. Eu sou um personagem épico. Aqui eu só respondo quando algum cineasta fizer um filme melhor do que ""Barravento"". Boto só o ""Barravento"" para competir com o cinema brasileiro todo. O cinema novo sou eu. Quando a canalha diz que o cinema novo morreu, quer dizer que Glauber Rocha morreu. Por isso mataram Anecy Rocha. Eu não, eu estou vivo. Só que eu não sou o canalha do MDB, não sou moleque da Globo, não sou garoto-propaganda da Shell nem da Esso. Não sou teleguiado do PC. Não sou ignorante como Chico Buarque de Holanda que não entende de política e receita o que o Fernando Henrique Cardoso diz a ele. Não sou o senhor Caetano Veloso que não entende de política e diz besteira a respeito de política. Eu não dou satisfações. Eu fiz os três maiores filmes da década: ""História do Brasil"", ""Di Cavalcanti"" e a ""A Idade da Terra"". Aí está sua resposta. E volto ao ""Abertura"" [programa da TV Tupi em que Glauber tinha um quadro] neste domingo, que é o maior cinema do momento. Tem mais: ""Cabeças Cortadas"", filme feito em 1970. Fiz ""Claro"", na Itália, em 1975, um grande sucesso mundial, proibido no Brasil. E a ""A Idade da Terra"" será lançado em 1980. Quando é que os brasileiros vão ver os filmes que você fez nesta década? Vou lhe dar uma resposta altamente violenta. Saiba que ""Cabeças Cortadas"" ficou seis anos proibido no Brasil e nenhum intelectual protestou porque fazem campanha. Olha aqui, acho o Oscar Niemeyer um basbaquete. Niemeyer é um arquiteto pervertido e escroto. Apoia Moscou e apoia campo de concentração. Como eu esculhambo Florinda Bolkan [atriz brasileira que trabalhou na Europa e nos EUA], essa prostituta do imperialismo que diz que [Jimmy] Carter [39° presidente dos EUA, de 1977 a 1981] tem de bombardear o aiatolá [Ruhollah Khomeini, principal nome da Revolução Islâmica de 1979, líder supremo do Irã até 1989]. Atenção com o andor. Meus filmes estão proibidos no Brasil. O único cineasta que criou caso com a censura fui eu. ""Barravento"" foi proibido pela censura de Jango, ""Deus e o Diabo"" foi sequestrado pela ditadura do Castelo Branco. ""Terra em Transe"" foi aquele estouro mundial, ""Dragão da Maldade"" também. Depois o exílio, filme clandestino etc. Fui clandestinamente para Cuba, num momento que era morrer ir para lá. O filme foi feito e trazido, será mostrado no momento oportuno. Eu não respeito Fernando Gabeira não. Ele sabe que eu não o respeito e sabe porque, mas eu fiz o filme. Underground isso tudo é basbaquice. O filme ""Crônica de um Industrial"", do ""seu"" Rozemberg, é uma b…. Por isso, as entrevistas dele são ruins. Agora eu posso dar entrevista e dizer o que eu fiz. Me odeiam porque sabem que se corromperam. Eu não me corrompi. Minha obra está aí. É mundial e pertence ao povo brasileiro. A classe média brasileira é um fracasso. Fernando Gabeira nesse livro de m... que escreveu [""O Que é Isso, Companheiro?""] disse que esculhambou ""Terra em Transe"" em 67 porque pregava a luta armada. Ele é burro, não entende de cinema. Ele sim que é um personagem de ""Terra em Transe"". Ele viu o filme e quis fazer como o Jardel Filho. Depois foi para Cuba. Quando eu estava em Cuba ele me chamou propondo a minha morte. Olha a deduragem... Deduragem p... nenhuma. Eu estava em Cuba clandestinamente. Ele não está anistiado, não escreveu o livro dele? Dizer que eu recebi dinheiro do Golbery não é deduragem. Que coisa é essa? Eu que estava em Cuba fazendo um filme clandestinamente sobre a história do Brasil, isso o SNI sabe, a CIA sabe, a G2 cubana sabe, a KGB sabe. O senhor Gabeira estava lá. Eu posso dizer isso, não é deduragem. Gabeira me chamou e disse assim: proponho a sua morte, vá assaltar um banco e morrer que a revolução precisa do suicídio do cineasta Glauber Rocha. Você para mim deixou de ser o Fernando Gabeira e passa a se chamar Fernando Gabéria [Béria: chefe da KGB, no tempo de Joseph Stalin]. Não gosto do Gabeira, não porque ele é guerrilheiro não. Acho que até poderia admirá-lo por isso. Não gosto dele porque é mau caráter. O papel que ele interpreta hoje é tão escroto que não merece nenhum respeito da minha parte. Ele propôs queimar ""Terra em Transe"" e propôs a minha morte. Acho Gabeira simplesmente um babaca. Virou personagem do Pasquim. O que o Gabeira queria conseguiu, ou seja, sair na primeira página do Jornal do Brasil, escrever no Pasquim e frequentar o Caetano Veloso. Você acha que a década de 70 produziu um cinema popular, desde as comédias do Hugo Carvana ao Mazzaropi? P... nenhuma. Cinema popular não existe, o que faz o público no Brasil é a TV Globo que é um negócio dirigido pelo imperialismo norte-americano e ponto final. Os cineastas realistas são ruins. Aliás, o realismo é pior em arte. Essas comédias não querem dizer nada. Você está fazendo perguntas muito sociológicas, está com uma visão de arte muito mecanicista. Isso é ruim. Você compara ""Síndrome da China"" com qualquer filme brasileiro. É infinitamente superior. Mazzaropi é ruim, o filme do Carvana é péssimo. Tudo uma vergonha nacional. Já lhe disse quem são os melhores cineastas brasileiros. Cineasta não depende da Embrafilme nem depende de tempo. Graciliano Ramos começou a escrever com 40 anos de idade. Não gostam de mim porque têm inveja, sobretudo o pessoal do Pasquim. Porque sou incorruptível, sou mundialmente famoso. Transo a minha vida, transo os meus filhos, vivo feliz com a minha mulher. Sou independente. Acho a minha geração uma m..., pois ela se corrompeu completamente. Minha ligação é com o povo brasileiro. Gostei muito de romper com essas pessoas todas. Todos que traíram o cinema novo erraram quando disseram “‘o cinema novo morreu, Glauber morreu”. O Brasil que vem aí é o Brasil de Villa-Lobos. O Brasil para mim é Villa-Lobos. Se não existisse Villa-Lobos, eu não seria brasileiro. O Brasil que vem aí é o Brasil de Zumbi dos Palmares, o Brasil de Tiradentes, o Brasil de Antônio Conselheiro, de Lampião, é o Brasil de umbanda. Não é o Brasil da canalha televisiva, da tropicália eletrônica, dos pseudo-comunistas, que eu gostaria que o Prestes expulsasse do partido. Sou amigo do Prestes, quando encontrá-lo vou dizer: olha aqui, o senhor deve expulsar todo mundo que andou esculhambando o cinema novo. O cinema novo jamais seria o realismo socialista porque eu sou melhor do que Eisenstein, o cinema novo é muito mais revolucionário do que qualquer realismo socialista. Aliás, Prestes viu meus filmes em Moscou. Eu, ele e a alta direção da Mosfilm [antigo estúdio de cinema de Moscou]. Eles tiveram que se ajoelhar e rezar porque eu provei que a teoria do cinema épico-materialista dialético estava lá no lance. Por isso, o pessoal tem de me detestar como esculhambavam Villa-Lobos. Eu sou um grande artista. O Brasil não está acostumado com isso. Eu sou um homem do povo, não sou vaidoso. Digo tudo isso a você para enfrentar a burguesia, não é por explosão de vaidade. Eu poderia ser o sistema, poderia dirigir a Embrafilme, a TV Globo. Boni me telefona para pedir conselhos. Walter Clark também. Luiz Carlos Barreto não produz nada sem me ouvir. Eu distribuo conhecimento e democracia. Ziraldo me esculhamba porque queria fazer o cartaz do ""Deus e o Diabo na Terra do Sol"". Fez um cartaz ruim que não serviu. O Pasquim é um jornal que não tem coragem de enfrentar um Tarso de Castro. Por que o Ziraldo não entra num jornalismo democrático e selvagem com o Tarso? Você acha que o cinema que está sendo feito hoje tem alguma coisa a ver com o Brasil? Os filmes que eu gostei. Achei ""Xica da Silva"" do barulho, ""Chuvas de Verão"", mais ou menos. Não vi ainda ""Bye, Bye Brasil"". Não vi ainda a ""Dama do Lotação"". E como é que você explica o filme ""Xica da Silva"" ter sido considerado racista? Burrice. Racista é o pessoal do Cebrap, que acusou o filme de racista. Muita gente das comunidades negras acusou também. As comunidades negras aqui que têm palavra de ordem ideológica são orientadas por intelectuais brancos que fazem o jogo que se pode chamar da CIA. Atenção, comunidades negras: ""Xica da Silva"" é um grande filme. E não vamos discutir isso numa entrevista. ""Xica da Silva"" para mim foi o grande filme da década. Achei ""Dona Flor e seus Dois Maridos"" não um filme genial, mas legal. Não gostei de ""O Amuleto de Ogum"". Achei os ""Os Inconfidentes"" reacionário. Joaquim Pedro inaugurou a pornochanchada com ""Guerra Conjugal"". Achei ""Lição de Amor"" uma m... Achei ""O Abismo"", do Sganzerla, frustrado. Achei ""Batalha dos Guararapes"" um aborto frustrado também. Não vi o cinema do Khouri. Achei alguns curta-metragens do Haroldo Barbosa legais, uns filmes de Ivan Cardoso legais. Depois de ""Xica da Silva"", o melhor da década é ""Mar de Rosas"", de Ana Carolina. Acabou o MDB cultural. Vamos dar nome aos bois. E depois do fim do MDB cultural, o que vem? O que interessa é a revolução brasileira, a revolução socialista brasileira. Como formular isso, como formular um socialismo brasileiro dentro da realidade da América Latina, do Terceiro Mundo. Como formular o sucesso de um socialismo rigorosamente democrático. O socialismo democrático é um pleonasmo porque socialismo é substantivo, em si é democrático. Socialismo é democrático e internacionalista. Lutar pelo socialismo no Brasil. Vamos agora ao jornalismo dialético. A estratégia agora é lutar pelo socialismo no Brasil. Como chegar ao socialismo no Brasil sem derramamento de sangue, sem violência, sem conflitos insanáveis com as potências desenvolvidas, tanto a URSS como os EUA? Como conduzir o socialismo sem o elitismo intelectual paternalizando a massa? Como conduzir o socialismo sem o autoritarismo militar e a demagogia religiosa dos padres da Igreja Católica, que é catequista? Como desalienar uma grande massa contaminada pelo imperialismo norte-americano através da propaganda do cinema, da TV e da comunicação de massa? Como deseducar uma massa educada no teologismo, na mediocridade da missa, na confissão? Como explicar aos comunistas brasileiros que o comunismo é a liberdade e não o catecismo? Que o Brasil precisa deixar de rezar pela União Soviética? Respeito Prestes como líder político, inclusive quem melhor conhece o marxismo-leninismo no país é Prestes. Quem melhor raciocina em termos de economia marxista é Celso Furtado. Discordo da concepção do PC porque discordo do materialismo histórico e dialético. Acho que o materialismo histórico e dialético não é uma filosofia nem um método, não é nada. Eu sou telepático, metafísico. Eu não respeito Gramsci, acho que ele não entende de arte nem de cultura. Isso é uma besteira inventada por Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder, George Lukács é um reacionário, o rei da patrulha ideológica. Só podem escrever sobre arte os artistas. Oswald de Andrade é melhor do ponto de vista do texto brasileiro revolucionário do que Marx e Engels. Luís Carlos Prestes precisa ler o Oswald de Andrade seriamente. Os comunistas brasileiros precisam se modernizar, tirar a roupa, a gravata, desbundar, ficarem nus. Nesse lance, o Gabeira está numa boa. Só que não acredito no Gabeira, pois ele está me devendo uma autocrítica. Ele tem que escrever agora sobre as influências de Glauber Rocha na vida dele ou ""seriam os guerrilheiros do MR-8 personagens do Glauber Rocha?"" O lance é esse: precisa haver um desbunde. O jornal Movimento está errado em esculhambar o Figueiredo, que é um gênio. Brizola está falando em trabalhismo. Trabalhismo está superado, o negócio é o movimento socialista brasileiro. Quer dizer, o partido democrático do governo vai ser um partido de centro-esquerda, daqui há pouco vamos ver Saïd Farhat [ministro da Comunicação Social no governo Figueiredo] promovendo o socialismo com Delfim e Eduardo Portella [ministro da Educação do governo Figueiredo], enquanto o Brizola estará no trabalhismo. Se a história caminhar para o socialismo e o caminho do petróleo for o caminho do Terceiro Mundo, Figueiredo chuta em gol. Não vai ser superado pelo fogo do petróleo. Quem pensa que Figueiredo é medíocre está errado. Então, nesse ponto de vista, Maluf está mais à esquerda do que Tancredo Neves e Magalhães Pinto. O Arraes ainda não se explicou ideologicamente. Fica transando aí com a intelectualidade que toma uísque, o pessoal de Machado de Assis. Não transa. Prefere não criar um partido e ficar numa frente ampla, não quer abrir o jogo. Discordo do Arraes, embora goste dele. [Francisco] Julião [deputado pernambucano e líder das Ligas Camponesas] eu acho mais autêntico, é um babalorixá brasileiro. É um homem que foi perseguido porque não apoiou a guerrilha. Brizola devia vestir um camisolão e descer num candomblé, fumar um charuto, beber uma cachaça como todo o povo brasileiro. Entrar num barato. Não pode ficar fazendo política no Leblon. Ele tem de botar o escritório político numa macumba. Se ele fizer isso pode ser um aiatolá-babalorixá. Aiatolá é uma visão muçulmana e babalorixá é uma visão da umbanda que é uma visão brasileira. A bordo do navio Valk, cerca de 600 judeus deixaram o Recife, em Pernambuco, expulsos pelos portugueses. Era o fim da ocupação holandesa no Brasil e também da liberdade de praticar sua religião. Eles queriam voltar à terra natal —a Holanda, onde o culto do judaísmo era permitido devido ao calvinismo. De lá haviam chegado mais de duas décadas antes, quando os holandeses conquistaram parte do Nordeste brasileiro, de olho na produção e comércio do açúcar. Mas uma tempestade desviou-os do caminho, e o navio foi saqueado por piratas. O grupo foi resgatado por uma fragata francesa e levado à Jamaica, então colônia espanhola, e acabou preso por causa da Inquisição espanhola. Mas, graças à intervenção do governo holandês, foram libertados e, por motivos financeiros, parte deles seguiu para um destino mais próximo do que a Europa: a colônia holandesa de Nova Amsterdã, atual Nova York, então um mero entreposto comercial. Ali formaram a primeira comunidade judaica da América do Norte e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Atualmente, Nova York é a segunda cidade com o maior número de judeus no mundo, atrás apenas de Tel Aviv, em Israel. Mas essa história rocambolesca não começa em 1654, ano em que Portugal derrotou os holandeses e retomou o controle do Nordeste, provocando, por consequência, a expulsão dos judeus, temerosos com a Inquisição. A imigração judaica ao Brasil remonta à época do descobrimento, com os chamados ""cristãos novos"", judeus que foram obrigados a se converter ao cristianismo na Península Ibérica devido à perseguição pela Igreja Católica. Na então maior colônia portuguesa, alguns deles abdicaram das práticas judaicas. Outros as mantinham às escondidas. Mas foi em fevereiro de 1630 com a ocupação holandesa que os judeus dos Países Baixos, alguns dos quais descendentes dos que haviam fugido da Península Ibérica rumo à Holanda, chegaram ao Brasil, diz à BBC News Brasil a historiadora Daniela Levy, autora do livro ""De Recife para Manhattan: Os Judeus na Formação de Nova York"" (Planeta), que demandou dez anos de pesquisa. Levy investigou inicialmente o tema para sua dissertação de mestrado, na USP (Universidade de São Paulo). ""Os judeus que vieram ao Brasil eram descendentes dos cristãos novos que se mudaram para a Holanda um século depois da conversão forçada pela Inquisição. Naquele país, eles puderam retornar ao judaísmo, recuperando tradições e reorganizando-se enquanto comunidade"", explica Levy. Muitos desses judeus holandeses integravam a Companhia das Índias Orientais, uma empresa de mercadores fundada em 1602 e cujo objetivo era acabar com o monopólio econômico da Espanha e de Portugal. No Recife, eles foram abrigados por parentes aqui já estabelecidos, mas constituíram sua própria comunidade, na qual podiam, enfim, professar sua religião em paz, dedicando-se ao comércio, à botânica e à engenharia. Construíram escolas, sinagogas e cemitério, dando sua contribuição ao enriquecimento da vida cultural da região. A primeira sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel, foi fundada ali, ocupando um dos casarões da rua do Bom Jesus, então chamada de ""rua dos judeus"". Ela foi reinaugurada em 2002, após restauração. As estimativas sobre o número de judeus no período holandês variam muito, entre 350 e 1.450. O número é expressivo, considerando que cerca de 10 mil pessoas viviam na região. Segundo Levy, a isso não só se deveu ao fato de que a Holanda era calvinista, permitindo a liberdade de culto, mas também graças a Johan Maurits van Nassau-Siegen, ou Maurício de Nassau, militar que governou a colônia holandesa no Recife de 1637 a 1643. ""A Holanda era um país protestante e abriu suas portas para outras religiões quando se tornou independente da Espanha. Foi então que os cristãos novos saíram de Portugal e foram para lá. Existiam alguns calvinistas que tinham animosidades contra os judeus, mas, de forma geral, a política holandesa era de tolerância religiosa"", diz Levy. ""Maurício de Nassau, um grande humanista, defendia a visão de que o bom convívio de grupos de diferentes religiões seria politicamente mais proveitoso, e também do ponto de vista econômico"", acrescenta. Com o intuito de transformar Recife na ""capital das Américas"", Nassau investiu em grandes reformas, tornando-a uma cidade cosmopolita. Apesar de benquisto, ele acabou acusado de improbidade administrativa e foi forçado a voltar à Europa em 1644. Após o fim da administração Nassau, a Holanda passou a exigir a liquidação das dívidas dos senhores de engenho inadimplentes, o que levou à Insurreição Pernambucana e que culminaria, mais tarde, com a expulsão dos holandeses do Brasil, em 1654. Na prática, mesmo depois de terem sido derrotados, os holandeses receberam dos portugueses 63 toneladas de ouro para devolver o Nordeste ao controle lusitano no século 17. O pagamento envolvia dinheiro, cessões territoriais na Índia e o controle sobre o comércio do chamado Sal de Setúbal, segundo disse à BBC News Brasil em 2015 Evaldo Cabral de Mello, historiador e integrante da ABL (Academia Brasileira de Letras). O montante equivaleria a cerca de 500 milhões de libras (R$ 4 bilhões) em valores atualizados, de acordo com Sam Williamson, que fez o cálculo na ocasião a pedido da reportagem. Williamsom é professor de economia da Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, e cofundador do Measuring Worth, ferramenta interativa que permite comparar o poder de compra do dinheiro ao longo da história. Os judeus que haviam fincado raízes por aqui se viram sem alternativa. Receberam um ultimato do então governador da região, Francisco Barreto de Menezes: três meses. Alguns deles fugiram o Sertão. Outros decidiram voltar à Holanda —dando início à epopeia que abre esta reportagem. Após a intempérie com os piratas e a prisão na Jamaica, 23 deles, entre os quais famílias com crianças nascidas no Brasil, partiram rumo a Nova Amsterdã. Registros populacionais da prefeitura de Nova York mostram que eles chegaram em setembro de 1654, mas não foram ""bem recebidos"", conta Levy. A então colônia holandesa era insignificante, quase deserta e governada por um calvinista fanático, Peter Stuyvesant, que impôs várias dificuldades aos recém-chegados. ""Stuyvesant não gostava de judeus. Ele não queria permitir a entrada deles. Mas a comunidade judaica da Holanda interferiu a favor deles e eles foram aceitos"", diz Levy. ""O restante do grupo —que havia ficado preso na Jamaica— acabaria se juntando aos 23 posteriormente"", acrescenta. A duras penas, os 23 judeus conseguiram sobreviver a partir do comércio, que logo cresceu, atraindo mais judeus para a cidade, que viria a mudar de nome (para Nova York) em 1664. Depois da guerra de independência americana, seus descendentes alcançaram plena cidadania. Um deles, Benjamin Mendes (1745-1817), fundou a Bolsa de Nova York. Na Grande Maçã, um monumento, chamado Jewish Pilgrim Fathers, rende homenagem aos Henrique, Lucena, Andrade, Costa, Gomes e Ferreira que ajudaram a fundar e desenvolver a cidade. Recentemente, essa saga deu origem a um novo livro, ""Arrancados da Terra - Perseguidos pela Inquisição na Península Ibérica"" (Companhia das Letras), do escritor e jornalista Lira Neto. Após a ocupação holandesa, imigrantes judeus começaram a chegar ao Brasil em 1810, oriundos, em sua maioria, do Marrocos. Eles se estabeleceram principalmente em Belém, onde fundaram a segunda mais antiga sinagoga do Brasil, que continua ainda hoje em pleno funcionamento. Ali também construíram o primeiro cemitério israelita do país. A partir de então, a imigração judaica se intensificou, culminando na primeira metade do século 20, após a Segunda Guerra Mundial. Além do Nordeste, Sul e Sudeste foram os principais destinos. Os imigrantes partiram, na maior parte, da Europa e de alguns países árabes. Nesta quinta-feira (18), comemora-se o Dia Nacional da Imigração Judaica. A data que celebra a contribuição do povo judeu na formação da cultura brasileira foi criada por um projeto de lei de autoria do então deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e sancionado em 2009. Para marcar a ocasião, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) vai promover uma live reunindo Itagiba e o ex-chanceler Celso Lafer, professor e membro da ABL. ""O Brasil permitiu que imigrantes judeus reconstruíssem suas vidas com acolhimento e liberdade, e nossa comunidade, pequena, mas diligente, retribuiu com muito amor e trabalho. Aqui criamos nossas famílias, criamos empresas, desenvolvemos carreiras profissionais nas mais diversas áreas de atuação e conhecimento"", diz Claudio Lottenberg, presidente da Conib. ""Por isso a comunidade judaica brasileira está tão bem integrada à comunidade maior de brasileiros, com diversidade e dedicação ao país generoso que acolheu nossos pais e avós"", acrescenta. Atualmente, o Brasil possui a segunda maior comunidade judaica da América Latina, com cerca de 120 mil cidadãos. A julgar pelas idas e vindas que os processos a que já responde na Justiça Federal em Brasília já tiveram, o ex-presidente Lula terá uma longa tramitação pela frente até o desfecho de seus casos que anteriormente estavam no Paraná. O petista foi beneficiado na última semana por ordem do ministro Edson Fachin (STF) que anulou sentenças e determinou que quatro ações penais abertas a partir da Lava Jato em Curitiba reiniciem a tramitação no Distrito Federal, isso por não terem vínculos diretos com a Petrobras. No DF, Lula já conseguiu decisões definitivas para absolvição ou trancamento em três processos em que era réu. Há outras três ações abertas, porém, sendo que a mais antiga tramita desde 2016, mesma época em que começou a ser processado no Paraná, sem que haja uma perspectiva de assinatura de sentença logo. O caso mais cheio de percalços no DF é o que mira também seu filho mais novo, Luís Cláudio. Em um desdobramento da Operação Zelotes, pai e filho viraram réus em processo que trata da compra de caças pelo governo federal e da edição de medida provisória que prorrogou incentivos a montadoras. Os dois são acusados de lavagem de dinheiro e de organização criminosa —o ex-presidente também responde por tráfico de influência. Uma empresa de Luís Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu de 2014 a 2015 R$ 2,55 milhões de um escritório apontado como sendo de lobistas. Segundo o Ministério Público Federal disse na denúncia, houve uma simulação de prestação de serviços pela firma de Luís Cláudio, e o dinheiro foi pago para influenciar decisões do governo federal à época. A Procuradoria também afirma que o filho do ex-presidente plagiou textos na internet ao elaborar relatórios que justificariam a suposta consultoria que disse ter prestado ao escritório dos lobistas. Até hoje ainda não aconteceu o interrogatório do ex-presidente nessa ação, etapa fundamental para que o processo avance. O juiz responsável, Vallisney Oliveira, marcou o depoimento pela primeira vez em 2017, mas a audiência acabou adiada em sucessivas ocasiões, inclusive por ordens de segunda instância seguindo pedido da defesa. A previsão agora é que o interrogatório ocorra em 27 de maio. As defesas argumentavam que não havia como os réus serem questionados em juízo antes da resposta de autoridades estrangeiras sobre pedidos para ouvir testemunhas que vivem fora do Brasil. Na lista dos depoimentos a serem colhidos, estavam os dos ex-presidentes franceses Nicolas Sarkozy e François Hollande, além do primeiro-ministro sueco Stefan Löfven. A França e a Suécia disputavam o contrato do governo brasileiro para a compra de caças. A sueca Saab acabou sendo a escolhida em 2013, em um negócio de US$ 4,5 bilhões. Em 2018, a audiência do ex-presidente foi suspensa na véspera da data marcada, também por ordem de um juiz do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). ""O que não se pode é esperar eternamente o cumprimento de diligência internacional"", escreveu em 2019 o juiz Vallisney, que citou na ocasião o princípio da ""razoável duração do processo"". O depoimento dos franceses, pedido em 2017, só chegou à Vara Federal em fevereiro de 2020. Houve ainda uma discussão de meses sobre quem pagaria pelos serviços de tradução do material enviado por autoridades da França. A defesa de Lula argumentou que ele estava com bens bloqueados por decisão de Curitiba, não tinha como arcar com os custos da tradução pediu a gratuidade à Justiça, o que foi negado. Em fevereiro, por fim, despacho informou que o pagamento da tradução tinha sido feito. As autoridades suecas responderam em 2018. O Reino Unido, também acionado, pediu garantias em 2019 de que a cooperação não provocaria a abertura de processo contra a testemunha. Pedidos de colheita de depoimento no exterior também foram feitos na ação que tramita há menos tempo no DF, na qual o ex-presidente é acusado de corrupção envolvendo linha de crédito para a Odebrecht na África. O TRF-1 mandou suspender por seis meses, em novembro passado, o interrogatório de Lula nesse caso para aguardar a resposta de autoridades de Angola. Antes, o juiz Vallisney tinha colocado a possibilidade de ouvir testemunhas fora do país por vídeoconferência, citando a necessidade de celeridade. O pedido dos depoimentos, de 2019, inclui o ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos. Os ex-ministros Paulo Bernardo e Antonio Palocci também são réus. Na Lava Jato em Curitiba, o então juiz Sergio Moro costumava barrar pedidos para tomada de depoimentos fora do país. Moro, hoje ameaçado de ser considerado pelo Supremo parcial em sua atuação em casos do petista, expediu a primeira sentença de Lula, agora anulada, depois de dez meses de tramitação do processo, entre 2016 e 2017. A 13ª Vara Federal de Curitiba, na qual atuava o ex-juiz, é especializada em crimes financeiros, e o titular se dedicou apenas a casos ligados à Lava Jato, o que acelerou suas iniciativas. Realidade bem diferente ocorre no DF. Em 2018, o TRF-1 afirmou que a 10ª Vara Federal, que recebeu casos de Lula, estava em ""situação quase caótica"" pelo acúmulo de casos complexos, fruto de uma sequência de operações da PF. Na ocasião, casos foram destribuídos para outros juízes de primeira instância. Isso afetou outro processo da Zelotes em que Lula é réu, acusado de corrupção por supostamente ter participado da ""venda"" de outra medida provisória que beneficiou o setor automobilístico. Nessa ação, porém, ele já prestou depoimento, um ano atrás. Na ocasião, disse que o Ministério Públicou ""mentiu na acusação porque a Polícia Federal mentiu no inquérito"". Também afirmou que Palocci deve ter recebido ""um prêmio"" para acusá-lo. É o caso em estágio mais avançado entre os três. O ritmo de tramitação dos casos pode ser decisivo para definir, por exemplo, o status dos direitos políticos do ex-presidente. Se ele for condenado, e a sentença for confirmada em segunda instância, ele ficaria sujeito à Lei da Ficha Limpa. Esse cenário, hoje, é improvável que ocorra antes das eleições de 2022. A anulação dos casos que estavam no Paraná, ordenada por Fachin, ainda será avaliada pelo plenário do Supremo. A Procuradoria-Geral da República recorreu da decisão, e o assunto será avaliado por outros dez ministros da corte. Lula sempre negou que os pagamentos recebidos pela empresa do filho Luís Cláudio tivessem origem ilícita. A defesa já afirmou que o plágio apontado pela PF corresponde a uma pequena parcela das informações dos documentos relativa a dados públicos incluídos na consultoria. Também disse que no período investigado Lula já não era mais presidente. Em relação ao caso que envolve a Odebrecht, a defesa afirmou na época da abertura da ação que ele jamais solicitou vantagem indevida e que a acusação tentou atribuir responsabilidade penal ao então presidente por ""decisões legítimas tomadas por órgãos de governo"". Para responder à pergunta que encabeça este artigo, é preciso focar nos resultados eleitorais dos últimos anos. O centro-esquerda e a esquerda conquistaram os seus rivais de direita em vários países da região. Assim, em maio de 2018, Carlos Alvarado, de centro-esquerda, ganhou, numa eleição acirrada, a presidência da Costa Rica. Em julho do mesmo ano, Manuel López Obrador chegou ao poder no México. Em 2019, o centro-esquerda ganhou a presidência do Panamá com Laurentino Cortizo. Em outubro de 2019, Alberto Fernández pôs fim ao governo de Mauricio Macri e à sua tentativa de ser reeleito na Argentina. Mais recentemente, em outubro de 2020, Luis Arce do MAS venceu claramente as eleições presidenciais na Bolívia e, em fevereiro de 2021, o candidato apoiado por Rafael Correa no Equador, Andrés Arauz, venceu o primeiro turno no Equador. Enquanto no México López Obrador pôs fim a um longo período de presidências que podem ser colocadas no espectro centro-direita, nos casos da Argentina, Bolívia e Equador as forças de esquerda que venceram não eram novidade para os cidadãos. Estes processos eleitorais parecem indicar que estes não são bons tempos para a direita na América Latina. No entanto, é conveniente qualificar esta tese uma vez que, neste mesmo período -de 2018 a 2020- houve também importantes triunfos de candidatos de centro-direita e da direita, como os que ocorreram ao longo de 2018 nas eleições presidenciais do Paraguai, Colômbia e Brasil. Do mesmo modo, em 2019, a vitória de Luis Lacalle Pou pôs fim a 15 anos de governos de esquerda no Uruguai. Em 2020, Luis Abinader, candidato de um novo partido dominicano (PRM) que ainda é difícil de localizar ideologicamente, mas com fortes ligações ao mundo empresarial da ilha, terminou o período de três quinquênios de governos do PLD. Cenários eleitorais Portanto, se olharmos globalmente para a região e, enquanto se aguarda o que acontece nos próximos meses em que se realizarão diferentes eleições presidenciais (Peru, Nicarágua, Chile, Honduras e o segundo turno no Equador), não é possível dizer conclusivamente que a ""maré rosa"" —que caiu na primeira década deste século— está de volta. As eleições previstas para este ano serão realizadas novamente - como em muitos dos exemplos anteriores - num clima de crise econômica e social aguda, agravada pelos efeitos da pandemia. Neste sentido, vale a pena reformular a questão e tentar revelar se este cenário é mais favorável para a esquerda ou para a direita. Fazer este exercício em termos transversais é arriscado, devido à heterogeneidade e pluralidade de forças políticas à esquerda e à direita em cada país. Embora os países possam partilhar um ciclo e um contexto em termos econômicos, as diferenças são marcadas e cada caso tem a sua particularidade inevitável. Por esta razão, os parágrafos seguintes são uma reflexão sobre tendências e sequências políticas e não uma análise exaustiva que deve necessariamente concentrar-se em cada país. O giro à esquerda anterior Entre as várias causas do giro à esquerda na primeira década dos anos 2000, foram mencionados os efeitos causados pelos ajustamentos estruturais enquadrados pelo neoliberalismo dos anos anteriores, que levaram a um aumento da pobreza, da desigualdade e do descontentamento social. Os presidentes de esquerda desse período, mas também os de direita, uma vez que estes últimos continuaram governando em diferentes países, foram favorecidos em termos econômicos pelo aumento do preço das matérias-primas no mercado internacional. O rendimento gerado foi fundamental —em muitos casos— para levar a cabo políticas redistributivas que reduziram a pobreza e a desigualdade. No entanto, a situação econômica começou a deteriorar-se a partir de 2012, causando uma desaceleração econômica na região. Na arena política, este ciclo econômico foi acompanhado pela saída do poder de alguns dos expoentes do giro à esquerda, quer através de derrotas eleitorais ou através de juízos políticos questionáveis como o que ocorreu no Paraguai em 2012 ou no Brasil em 2016. Como resultado destes acontecimentos, o debate começou a centrar-se no esgotamento dos governos de esquerda e na mudança para uma liderança de direita. Embora, mais do que um giro, o que ocorreu foi um voto de castigo para com aqueles que tinham estado no poder. Crise e pandemia: o papel do Estado O fim do boom das matérias primas tem tido efeitos visíveis na economia latino-americana desde 2014 e efeitos dramáticos em termos sociais. A percentagem da população em situações vulneráveis cresceu, aumentando o número de pessoas sem proteção social na região mais desigual do mundo. Por sua vez, no campo dos valores políticos, a América Latina não escapou da tendência global de descontentamento com a política e de questionamento das elites políticas atormentadas por numerosos casos de corrupção. O desconforto com a democracia representativa e as políticas desenvolvidas, bem como o aumento da desafeição, refletiram-se numa escalada de protestos que levou com que 2019 fosse um ano de enormes explosões sociais em diferentes países da América Latina. Este é o cenário em que surge a COVID-19, que vem agravar a desigualdade social ao mesmo tempo que torna visível o impacto negativo que teve as políticas de cortes na despesa pública no setor da saúde e privatizações defendidas pelo neoliberalismo e, em termos gerais, pelos atores políticos mais próximos da direita. Neste sentido, se os cidadãos associarem os níveis de desempenho do Estado no tratamento da pandemia com os ajustamentos estruturais do neoliberalismo, a direita pode decair nas preferências dos cidadãos. Do mesmo modo, a probabilidade de que os protestos sociais se reproduzam quando a incidência do vírus cair é elevada, porque os problemas não só não desapareceram, como foram agravados durante este ano muito duro. Assim, os governos terão de se adaptar às exigências dos diferentes setores sociais. Para a direita seria uma estratégia perigosa manter a defesa da austeridade e do status quo ante às exigências e necessidades sociais em tempos tão difíceis. Vale a pena lembrar que a emergência de novos atores e lideranças que questionam a democracia liberal, e na América Latina há exemplos tanto à direita como à esquerda, está relacionada —entre outras causas— com a incapacidade de canalizar as exigências dos setores que não encontram representação nos partidos tradicionais. Neste sentido, os indicadores de descontentamento dos cidadãos com a democracia representativa na região são extremamente alarmantes e devem preocupar tanto a esquerda como a direita, se quiserem sobreviver à investida do populismo. Equipes da Polícia Militar prenderam na tarde desta quarta-feira (17), na zona oeste de São Paulo, dois homens suspeitos de participarem da morte do professor de jornalismo da Unesp em Bauru Ricardo Luís Nicola, 52, assassinado horas antes em Jaú (a 287 km da capital paulista). A principal suspeita da polícia é que Nicola tenha sido morto pela dupla durante um roubo (latrocínio). Um dos criminosos teria marcado encontro com a vítima por um aplicativo de relacionamentos (Tinder) e, assim, teve acesso à casa dele. O corpo do docente foi encontrado pela família na manhã desta quarta. Segundo informações da Polícia Militar, ele estava caído, já sem vida, com sinais de violência pelo corpo, “sinais notórios de agressão”. A polícia logo desconfiou da possibilidade de um latrocínio (roubo com morte) porque a família notou que alguns pertences da vítima tinham sido levados, como aparelhos eletrônicos, celular e o próprio veículo dela —um Honda Civic, cinza, ano 2020. Foi por conta desses pertences roubados que a polícia localizou os suspeitos. Eles rastrearam os sinais do GPS do aparelho telefônico e chegaram à dupla, na região da Lapa (zona oeste). A notícia da morte do professor deixou os colegas da academia chocados. Em nota, a Unesp em Bauru declarou estar em luto. ""Estamos todos consternados com a perda desse professor jovem, ainda que dedicado à universidade havia mais de 30 anos, atuando ativamente nos cursos de graduação e pós-graduação. Prestamos nossa homenagem ao professor Ricardo Luís Nicola e nossa solidariedade aos seus familiares, colegas e estudantes por essa irreparável perda, de modo tão repentino e violento"", informa trecho da nota. O ex-diretor da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design Marcelo Carbone disse à Folha que todos estão muito tristes. “Estou até com dificuldades de falar. Ele tem quase 30 anos de casa. Dedicação de uma vida. Pessoa dedicada. Triste. Triste. Estamos em luto.” Na próxima edição do Ciclo de Cinema e Psicanálise, que ocorre na terça-feira (23), às 20h, o filme debatido será ""Os 7 de Chicago"", de Aaron Sorkin. O filme venceu o Globo de Ouro de melhor roteiro e está com seis indicações ao Oscar, incluindo as categorias de melhor filme, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original. ""Os 7 de Chicago"" é baseado em uma história real, que envolveu sete ativistas após um protesto contra a guerra do Vietnã, em 1968. O filme acompanha o longo julgamento do grupo, que foi acusado de conspiração. Participam do debate a psicanalista Marcella Monteiro de Souza e Silva, Luís Francisco Carvalho Filho, advogado criminal e colunista da Folha, e a mediação será feita por Luciana Saddi, coordenadora de cinema e psicanálise da diretoria de cultura e comunidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, a SBPSP. O filme não será exibido durante o debate, mas está disponível na Netflix. A transmissão do debate será feita pelo canal do MIS no YouTube. O Ciclo de Cinema e Psicanálise é promovido pela SBPSP, em parceria com a Folha e o MIS. Há muito tempo venho insistindo em meus artigos que o debate econômico no Brasil se processa como se nosso país tivesse caído numa falha de espaço-tempo (peço as devidas vênias aos físicos por me intrometer na sua seara), tendo sido transportado para um universo paralelo onde as leis econômicas funcionam ao contrário do universo de referência. A pressão que os economistas e analistas do mercado financeiro têm feito, por intermédio da grande mídia, para que o Banco Central do Brasil retome imediatamente a “normalização” da política monetária, com um “ajuste” (ou seja, elevação) da taxa Selic é mais uma demonstração da minha tese de que habitamos um universo paralelo. No universo de referência —aquele em que habitam o Federal Reserve, o Banco Central Europeu, o Bank of England e o Banco do Japão, entre outros— não existe ninguém, fora de alguma clínica psiquiátrica, que esteja defendendo uma elevação da taxa básica de juros no meio da maior contração do nível de atividade econômica desde a grande depressão de 1929. Mas no universo B do Banco Central do Brasil, ao que tudo indica, o Copom (Comitê de Política Monetária) deverá retomar o processo de elevação da taxa de juros com vistas a (sic) normalização das condições monetárias do país. Os economistas do universo paralelo advogam duas razões para isso. A primeira é que o Banco Central do Brasil teria ido longe demais no processo de redução dos juros em 2020, o que levou a um aumento da inclinação da curva de juros, ou seja, a uma elevação da taxa de juros de longo-prazo relativamente a de curto-prazo dado que o mercado, atento ao crescente desequilíbrio fiscal da economia brasileira, estaria precificando uma elevação futura da Selic. A redução excessiva da Selic em 2020 também teria levado a uma redução do diferencial de juros com respeito as economias desenvolvidas, produzindo assim uma forte desvalorização da taxa de câmbio e, dessa forma, uma aceleração da inflação. A segunda razão é que, dada a elevação observada da inflação entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, o Banco Central corre o risco de não alcançar a meta de inflação para 2021, o que justificaria a mudança imediata de postura na condução da política monetária. Conforme argumentei inúmeras vezes, a inclinação da curva de juros não tem nada que ver com o desequilíbrio fiscal do Brasil. Em função da pandemia de Covid-19 todos os países do mundo tiveram que adotar políticas fiscais extremamente expansionistas, vide o pacote de US$ 1,9 trilhão recentemente aprovado pelo governo Biden nos Estados Unidos, bem como a suspensão das regras fiscais na União Europeia até 2022. Apesar da “indisciplina” ou “populismo” fiscal desses países, as taxas de juros de curto e longo-prazo continuam nas suas mínimas históricas e nem mesmo o governo da fiscalista Alemanha discute a possibilidade de, no futuro próximo, reverter essa política. No Brasil a curva de juros “imbicou” porque o BC, na contramão do realizado pelos seus pares no hemisfério norte, e apesar de ter os instrumentos fornecidos pela EC do orçamento de guerra, decidiu não intervir na parte longa da curva de juros sob o argumento de não produzir (sic) artificialismos na estrutura de juros da economia. Quanto a aceleração recente da inflação, o gráfico mostra que a elevação da média móvel dos últimos 12 meses do IPCA foi resultado basicamente da elevação extraordinária dos preços de alimentos e bebidas. As medidas de núcleo de inflação (aparadas sem suavização e excluindo alimentos e preços monitorados) mostram uma inflação bastante comportada e baixa, compatível com uma economia que opera com enorme capacidade ociosa. Isso mostra, portanto, que a aceleração recente da inflação foi devida a um choque de oferta negativo, o qual, por sua natureza, não pode ser combatido por intermédio de elevação de juros, cuja função é reduzir pressões de demanda; as quais são inexistentes na economia brasileira no presente momento. Elevar os juros nesse contexto será prova cabal de negacionismo econômico. Para a ex-chanceler da gestão de Jeanine Añez, o atual presidente da Bolívia, Luis Arce, está ""entrando num terreno perigoso"" com a prisão da ex-presidente interina e de alguns de seus ex-ministros. ""A ideia de que poderia ser uma gestão moderada, do diálogo, está sendo enterrada"", disse à Folha, de La Paz, Karen Longaric, 63, que não está na lista de pedidos de prisão ordenados pela Justiça boliviana. Professora emérita de Direito Internacional na Universidad Mayor de San Andrés, ela conta que vem recebendo ameaças anônimas e que não pretende voltar à política.  Como avalia a detenção da ex-presidente Jeanine Añez? Estou muito preocupada pelo povo boliviano, que mais uma vez assiste a um gesto de arbitrariedade cometido pelo MAS [Movimento ao Socialismo, partido do ex-presidente Evo Morales e de Luis Arce]. A detenção é uma demonstração de que há uma perseguição política e um avanço do Executivo contra as instituições. O Ministério Público e a Justiça estão sendo usados de modo impiedoso para servir aos propósitos deste governo. Por sorte, temos a manifestação em nosso favor do Brasil, da União Europeia e de outros organismos internacionais. Apreciamos que o governo do presidente Bolsonaro tenha demonstrado solidariedade e sabemos que contamos com a solidariedade de todos os governos realmente democráticos. A senhora crê que o presidente Luis Arce está envolvido? Claramente a gestão do MAS está debilitando e destruindo a independência das instituições. Não há um projeto de estabilidade no plano do senhor Arce, como ele prometeu em seu discurso de campanha. Mas sim o projeto de implementar na Bolívia o sistema do socialismo do século 21. Os bolivianos queremos viver em paz, com regras claras e uma Justiça independente, não num governo com essa finalidade. A construção da candidatura de Luis Arce foi feita partindo da ideia de que era preciso se apresentar como um moderado, diferente de Morales, mas essa ideia de que poderia ser uma gestão moderada, do diálogo, está sendo enterrada. Causa estranheza que, na gestão de Añez, Evo Morales tenha sido denunciado por terrorismo, e, agora que o MAS voltou ao poder, essa acusação caiu, e a ex-presidente seja acusada de sedição, num primeiro momento, e de terrorismo. Os supostos crimes são diferentes? São completamente diferentes. O nosso governo pretendeu sancionar delitos comprovadamente relacionados a uma campanha terrorista. Há evidências apresentadas para esse processo, e lamentamos que tenha caído. É muito diferente culpar agora a ex-presidente Añez por uma figura jurídica sui generis, a de um suposto delito, quando ela era ainda senadora, por supostamente articular para tomar o poder. É preciso lembrar que Añez não tomou a dianteira nesse processo. A própria Assembleia Legislativa, cuja maioria era do MAS, decidiu cancelar a eleição depois das evidências de fraude. Depois, foram vários os pedidos para que Morales renunciasse, de organizações sociais, da Defensoria do Povo, por conta da violência desatada nas ruas, e culminou com a sugestão das Forças Armadas. Não houve golpe, houve uma fraude. E quem decidiu anular a eleição foram os parlamentares do MAS, não Añez. Depois, a questão da sucessão foi decidida de modo consensual no âmbito legislativo e depois referendado pelo Tribunal Constitucional. Portanto, não há delito. A senhora e seu grupo político planejam alguma reação ao que está acontecendo na Bolívia? Eu não tenho por que reagir porque não faço parte de partido político, não pretendo voltar à politica. Opino como ex-funcionária deste governo e como cidadã que Arce está entrando num terreno perigoso, avançando contra as instituições. Eu nunca soube de eles [o MAS] terem algo contra mim, mas, se for chamada à Justiça, responderei mostrando que minha passagem pelo governo foi transparente, visando a paz e a institucionalidade na Bolívia. No mais, minha ideia é seguir com a minha vida acadêmica, que é o meu território natural de atuação. Karen Logaric, 63 Chanceler durante o governo interino de Jeanine Añez, é diplomata, professora emérita de direito internacional na Universidad Mayor de San Andrés (Bolívia), onde se formou na área, e doutora em economia pela Universidad de La Habana (Cuba) O tradicional bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista, é a região da cidade em que a Covid-19 mais matou pessoas, proporcionalmente, em 2021. O distrito registrou índice de 68,5 óbitos a cada 100 mil habitantes até 11 de março. Na cidade, essa taxa ficou em 49,5. A pressão sobre o sistema de saúde tem sido tão intensa, que o hospital municipal do bairro superlotou e não atende novos pacientes desde o último sábado (13). Para ser atendido em outras unidades, é preciso encarar uma longa espera. Levantamento feito pela Folha com base nos dados do sistema Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade) mostra ainda que dos dez distritos com mais óbitos de Covid-19 por 100 mil habitantes, oito estão na zona leste da cidade. Bairros próximos à Mooca, como Água Rasa, Vila Formosa e São Lucas integram o topo da lista dos distritos com mais óbitos por 100 mil habitantes da cidade. Eles ainda ficam próximos da região de Sapopemba —recordista de mortes em números absolutos no município, onde o coronavírus já fez 807 vítimas, 124 só neste ano. A circulação de pessoas pelos comércios, segundo moradores, é o principal motivo da disseminação do vírus na Mooca. Moradora da Mooca há 55 anos, Yara Falconi dos Santos, 59, relata que os supermercados, sempre estão cheios. “O pessoal não tem feito muito isolamento social por aqui. E alguns usam a máscara de maneira errada. Só ontem [segunda] à noite, com o início do toque de recolher, vi menos gente”, diz. Yara ainda afirma que muitas famílias estão se encontrando, o que pode causar mais infecções. “Na última semana, perdi um colega. Ele tinha só 45 anos. Parece que os casos estão cada vez mais perto da gente.” A sensação de aumento de infectados no bairro também é citada pelo conselheiro tutelar Wilson Cotrim, 65. “Conheço gente que está internada, está na UTI, e até quem está se tratando em casa. Tem muito mais casos agora do que no ano passado”, diz. O reflexo desse aumento da circulação do vírus no bairro já é sentido no sistema de saúde. Superlotado, o Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa, referência para doentes com Covid-19, não atende mais novos pacientes desde a tarde de sábado (13). A AMA (Assistência Médica Ambulatorial), que funciona como porta de entrada do hospital, também foi fechada. Segundo funcionários, que pediram para não ser identificados, os médicos se reuniram na tarde de sábado e resolveram cessar a entrada de pacientes para que conseguissem dar assistência aos que estão internados. Eles relatam que foram abertos leitos em várias áreas do hospital, até na sala de descanso dos médicos, mas todos estão ocupados. A dona de casa Silvia Lopes, 44, estava no hospital aguardando o boletim médico do pai quando os médicos resolveram fechar a unidade. ""Eles [médicos] estavam muito tristes, mas a gente via que não tinham outra opção”, conta. A reportagem ficou cerca de 40 minutos na porta do hospital na manhã desta terça (17) e viu três pacientes serem dispensados. Funcionários da segurança orientam que os doentes procurem outros hospitais. Mas quem busca outros equipamentos no bairro tem de enfrentar um longo tempo para ser atendido. Na UBS Mooca, somente um médico atendia na manhã desta terça. O tempo de espera era de quatro horas. Os pacientes que podiam se deslocar eram orientados a seguir para a AMA Água Rasa. A reportagem esteve no local por volta das 12h e a espera pela consulta levava 2 h 30. Funcionários disseram que a fila tem sido assim todos os dias. Segundo o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, a circulação do vírus está descontrolada em toda a cidade e, como o bairro tem uma parcela maior de idosos —em torno de 22% da população (na capital, essa faixa etária corresponde a 15,9%) —, eles podem acabar infectados e, como são mais suscetíveis à doença, morrem. Por mais que a idade seja um fator de risco para a Covid-19, Suleiman chama atenção para o aumento de pacientes mais jovens hospitalizados, muitos com quadros graves da doença. “Faço um apelo para que as pessoas usem máscara corretamente, mantenham o distanciamento social e se desloquem somente para o necessário. Só isso pode tentar conter a alta de casos.” A Prefeitura de São Paulo informou, por meio de nota, que o Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa, não está com atendimento interrompido. A reportagem, no entanto, presenciou o local fechado e os pacientes sendo dispensados nesta terça, e ainda falou com funcionários e parentes de pacientes que confirmaram a informação. ""Toda a demanda espontânea de pacientes com síndrome gripal está sendo atendida e os pacientes graves com qualquer patologia, que são encaminhados ao hospital pela rede pré-hospitalar de urgência (Samu, Cobom, entre outros) são prontamente atendidos"", afirma trecho da nota. O hospital estava com 96% de lotação na enfermaria e tinha 95% dos leitos de UTI ocupados nesta terça, segundo a prefeitura. Em relação à demora no atendimento nas unidades de saúde do bairro, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que na UBS Mooca I havia uma médica até as 10h e, após esse horário, mais uma médica passou a atender os pacientes, ""o que equalizou o atendimento"". A reportagem, no entanto, esteve no local às 11h e havia apenas uma profissional atendendo. Sobre a AMA/UBS Água Rasa, a pasta afirmou que, ""das 7h às 11h30, foram abertas 77 fichas de atendimento"". Sobre o fato de a Mooca e outros bairros da zona leste terem as maiores taxas de óbitos de Covid-19 a cada 100 mil habitantes, a secretaria afirmou que precisa fazer um estudo epidemiológico para avaliar o quadro. A secretaria ainda afirma que as UBSs monitoram sintomáticos respiratórios e encaminham casos mais graves para hospitais de referência. ""Até o dia 13 de março já foram monitorados mais de 1.300.415 pacientes na cidade. Deste total, mais de 941.440 mil já receberam alta e cerca de 260.842 mil ainda seguem monitorados"", informa a nota. Cliente na compra de combustíveis e candidata à compra de ativos da Petrobras, a Cosan avalia que a decisão pela troca no comando da estatal, feita há quase um mês, não produziu ainda efeitos práticos sobre suas políticas, tanto de preços quanto de desinvestimentos. A substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em meio à crescente insatisfação com a escalada dos preços dos combustíveis e gerou no mercado temor de intervenção do governo na empresa. ""A gente não viu nenhum movimento na prática que mudasse a política, o alinhamento ao preço internacional continua"", afirmou nesta terça (16) o presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães. ""E a gente entende que a venda de certos ativos da Petrobras continua, até por conta dos acordos com o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]."" Castello Branco permanece no comando da estatal até a posse de Silva e Luna, cuja indicação será apreciada pela assembleia de acionistas da empresa no dia 12 de abril. Apesar das críticas de Bolsonaro, a gestão atual promoveu novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel após o anúncio da troca de comando. Por meio da Raízen, distribuidora de combustíveis em que é sócia da Shell, a Cosan é uma das principais clientes das refinarias da Petrobras. Em outras frentes, negocia com a estatal a compra da empresa de distribuição de gás canalizado Gaspetro, e participa o processo de venda das refinarias da estatal. As negociações para a Gaspetro são feitas pelo braço de gás natural do grupo, a Compass. As duas partes já entraram na fase de negociações exclusivas e esperam fechar o negócio ainda este ano, para levar a operação aos órgãos de defesa da concorrência. Caso a operação seja concluída, a Compass agrega a seu portfóllio participações em 19 distribuidoras de gás canalizado no país. A empresa já controla a Comgás, maior concessionária brasileira deste segmento, que atua na região metropolitana de São Paulo. Já as negociações por refinarias são feitas por meio da Raízen. Em para investidores nesta terça (16), a direção da Cosan disse que o objetivo é entrar com parceiros no negócio de refino, para compartilhar o elevado investimento e diluir riscos. A Petrobras colocou à venda 8 de suas 13 refinarias, processo que enfrenta resistência de trabalhadores e da oposição, mas é respaldado por acordo com o Cade para reduzir a concentração no segmento de produção de combustíveis no país. Uma delas, na Bahia, está em fase de negociações avançadas com o fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. Em entrevista após o evento com investidores, Guimarães ponderou que o Brasil se beneficia dos altos preços do petróleo, já que é um exportador da commodity, mas defendeu a adoção de algum mecanismo que atenue o repasse das variações internacionais ao mercado interno. ""A gente deveria encontrar algum mecanismo que não interfira na Petrobras"", afirmou, argumentando que a manutenção do alinhamento internacional de preços nas refinarias é importante para atrair investimentos e garantir a importação de combustíveis para suprir o déficit de produção nacional. ""Temos que ter política de preços internacionais por que somos deficitários. Se não tiver esse preço, não vai ter combustíveis"", disse. ""O desafio é como se equilibra isso."" Ele lembrou que há experiências internacionais com fundos de estabilização de preços e que o governo já vem estudando alternativas. Guimarães disse que o mercado de combustíveis já vem sentindo impactos do aumento de medidas restritivas para enfrentar o pico de casos de Covid-19 no país, mas ainda em ritmo inferior à queda do início da pandemia, quando restrições mais severas foram tomadas em quase todo o país. Os efeitos, por enquanto, se dão com mais intensidade nas vendas de gasolina e etanol. O mercado de diesel, diz a empresa, está sendo beneficiado pelo transporte da safra agrícola. ""A vacinação é a saída para que economia e saúde andem juntos. O mais importante agora é foco na vacina"", defendeu, dizendo que o grupo não tem planos de adquirir vacinas. ""A gente não quer tumultuar o processo, porque vemos que há enorme procura e é melhor que o governo brasileiro lidere isso."" Com negócios espalhados em diversos setores da economia, a Cosan vem passando por um processo de reestruturação organizacional e trabalha para lançar ações em bolsa das quatro grandes subsidiárias resultantes desse processo: Compass, Raízen, Rumo (de transportes) e Moove (de lubrificantes) Em 2020, a holding planejava abrir o capital da Compass, mas desistiu após avaliação de que não era o melhor momento. Agora, passou a Raízen à frente na lista de prioridades, com expectativa de ir à bolsa ainda em 2021. O lançamento de ações vai ajudar a financiar as aquisições e os pesados investimentos previstos pelas subsidiárias. Além de negociar a Gaspetro, por exemplo, a Compass inicia este ano obras de um terminal de importação de gás natural em São Paulo, com início de operações previsto para 2022. O projeto é um primeiro passo para a redução da dependência da Petrobras, hoje praticamente a única fornecedora no mercado brasileiro. O gás, que é transportado em navios no estado líquido, será comprado da francesa Total. O próximo passo é a construção de um gasoduto ligando reservas do pré-sal ao litoral paulista, mas esse projeto ainda não tem data de conclusão. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta segunda-feira (15) em várias cidades da Bolívia para protestar contra a prisão da ex-presidente interina Jeanine Añez, detida no último sábado (13). Conforme decisão da Justiça boliviana, Añez deve passar os próximos quatro meses em prisão preventiva sob acusações de conspiração, sedição e terrorismo no processo que levou à renúncia de Evo Morales, em novembro de 2019, e no governo interino que se seguiu. ""Não foi golpe, foi fraude"", diziam os cartazes dos manifestantes em cidades como La Paz, Cochabamba, Sucre, Trinidad e Santa Cruz de la Sierra. As palavras de ordem ecoavam a reação da própria Añez à sua prisão, segundo a qual ela estaria sendo responsabilizada criminalmente por um ""golpe que nunca aconteceu"". Em Santa Cruz de la Sierra, capital econômica da Bolívia e um reduto da direita opositora, cerca de 40 mil pessoas se reuniram na praça Cristo Redentor, segundo estimativas de autoridades locais. “Esses presos, esses perseguidos políticos, não os abandonaremos"", prometeu o ultradireitista Luis Fernando Camacho, referindo-se a Añez e a dois de seus ex-ministros. ""Estaremos firmes porque esta será uma luta forte."" Camacho foi aliado da ex-presidente interina na manobra que levou à renúncia de Evo e também é investigado por conspiração. O Ministério Público da Bolívia, no entanto, não pediu sua prisão. Ao contrário de Añez, ele concorreu à Presidência nas eleições de outubro e ficou em terceiro lugar, com 14% dos votos, enquanto a ex-líder interina desistiu de sua candidatura, pedindo união contra os socialistas. Na semana passada, Camacho obteve mais de 55% dos votos nas eleições regionais e foi eleito governador de Santa Cruz, enquanto Añez teve um desempenho fraco no pleito para o governo do departamento de Beni, ficando em terceiro lugar. Os partidos de Añez (Unidad Nacional) e de Camacho (Creemos) juntaram-se a outras legendas da oposição de centro e de direita nos protestos contra o Judiciário boliviano, que estaria, segundo eles, subordinado ao governo de Luis Arce, aliado de Evo que preside o país depois de uma vitória avassaladora nas urnas. Cinco ex-ministros do governo interino de Añez —Arturo Murillo (Governo), Luis Fernando López (Defesa), Yerko Núñez (Presidência), Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrígo Guzmán (Energia)— receberam ordens de prisão. Destes, Coimbra e Guzmán já foram detidos, e o objetivo dos opositores é impedir que as prisões continuem. Há ainda ex-militares, ex-chefes de polícia e outros civis na mira do Ministério Público. Todos são alvos de uma denúncia apresentada por um bloco de deputados e ex-deputados do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo e Arce. No processo, a Promotoria acusa a cúpula do governo de Añez de ter causado mais de 30 mortes na repressão aos protestos após a saída do líder indígena. As acusações de ""sedição, conspiração e terrorismo"" referem-se ao modo como Añez atuou antes de se autoproclamar presidente e no período em que esteve interinamente no poder —entre 12 de novembro de 2019, dois dias depois da renúncia de Evo, e 8 de novembro de 2020, quando Arce assumiu depois de vencer as eleições realizadas em outubro. Em resposta aos protestos desta segunda, o atual ministro da Justiça, Iván Lima, disse que ""o golpe deve ser resolvido na Justiça e não nas ruas"". “O que buscamos não é uma detenção de quatro meses. O que buscamos é uma pena de 30 anos, porque aqui ocorreram massacres sangrentos”, disse Lima, referindo-se à prisão preventiva determinada contra Añez e aos incidentes violentos durante o governo de transição. A detenção da líder conservadora, que se escondeu dentro de uma cama box quando os policiais entraram em sua casa em Trinidad, gerou críticas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo a entidade, os canais judiciais bolivianos estão sendo objetos de abuso para fins políticos. ""Eles se tornaram instrumentos repressivos do partido no poder [o MAS]. O sistema judicial da Bolívia não está em posição de fornecer as garantias mínimas de um julgamento justo, de imparcialidade e do devido processo legal"", disse, em uma publicação no Twitter, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro. Em resposta, Evo criticou Almagro por se omitir diante de ""36 assassinatos, 800 feridos, 1.500 detidos ilegalmente e centenas de perseguidos"". ""Não nos surpreendemos com sua defesa de Añez, porque ele [Almagro] também deveria ser julgado por promover o golpe de Estado e por crimes contra a humanidade na Bolívia"", escreveu o ex-presidente. A chancelaria boliviana também reagiu às críticas da OEA, citando diretamente o seu secretário-geral. Segundo o jornal El Deber, em comunicado, a pasta vincula Almagro a defesa de interesses pessoais e políticos e, por isso, ""“não tem autoridade moral ou ética para se referir à Bolívia, depois do profundo dano que causou ao povo boliviano”. “A declaração de Luis Almagro, como suas ações no passado, visa novamente polarizar nosso país com base na mentira, tentando reacender o caminho da violência e do confronto entre os bolivianos”, diz o texto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores. O comunicado também fala em ""interferência colonialista durante o processo eleitoral de 2019"". A chancelaria afirma ainda que “realizará as iniciativas necessárias para que as ações condenáveis de Luís Almagro não fiquem impunes”. Por outro lado, os nove comitês cívicos do país divulgaram uma carta, também de acordo com El Deber, que será enviada a Almagro. O texto afirma que os comitês fazem “eco ao apelo à formação de uma comissão internacional e à libertação dos presos políticos que eles sofreram esse ultraje devido à falta de justiça imparcial ”. Eles também pedem a formação de uma comissão internacional para investigar com imparcialidade os acontecimentos no país entre outubro e novembro de 2019. O comunicado assinado pelos líderes cívicos fala ainda em ""ameaça iminente à democracia e à validade do Estado de Direito"" que existe na Bolívia devido às ""violações dos direitos humanos dos bolivianos pelo governo do presidente Luis Arce Catacora"". Em 2019, a OEA era oficialmente responsável por monitorar a eleição presidencial. Após a vitória de Evo, o órgão apontou fraudes no processo eleitoral, posição questionada por dois pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology), John Curiel e Jack R. Williams, para quem não havia ""evidência estatística de fraude"". Agora, a OEA pede a libertação de Añez e de seus ministros e que haja uma investigação internacional independente. Para a Anistia Internacional, a prisão da ex-presidente interina, junto com a decisão de rejeitar quaisquer processos pendentes contra membros do MAS, representa a continuação de uma ""crise de impunidade"" que já dura décadas na Bolívia. Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instou o Estado boliviano a garantir a imparcialidade e independência judicial e a tomar medidas imediatas, segundo o jornal El Deber. “A CIDH expressa sua preocupação pelas reiteradas denúncias sobre a falta de independência na administração da Justiça no país, bem como a prevalência de desafios estruturais no sistema judicial"", diz o texto. ""[A comissão] Reitera seu apelo ao Estado da Bolívia para que leve as medidas necessárias para garantir a independência e imparcialidade do sistema Judiciário do país."" Dois dias depois de Evo deixar o cargo, Añez chegou ao poder em uma controversa manobra legislativa, aproveitando-se de uma brecha na legislação boliviana, uma vez que todos os que estavam na linha de sucessão direta renunciaram após a saída de Evo. Sem ter reunido quórum nem na Câmara de Deputados nem no Senado, ela justificou que assumiria a Presidência de acordo com o que estabelece o regimento do Senado sobre sucessão na Casa. Segundo as regras, ante a renúncia do presidente e do primeiro vice-presidente do Senado, o regimento permitia que ela, segunda vice-presidente, assumisse o comando. Em seu mandato, de 11 meses, Añez enfrentou uma dura oposição do partido de Evo, que incluiu atos violentos e bloqueios de estradas reprimidos pelo Estado. Também durante o governo interino, a Justiça boliviana abriu processos judiciais contra Evo, que o acusavam de terrorismo por estimular protestos violentos. Uma ordem de prisão foi expedida contra ele, mas o ex-presidente se refugiou no exterior. A ordem de prisão foi cancelada em outubro. Em entrevista à Folha, o ex-vice-presidente Álvaro García Linera, que assessora Arce ""de modo informal"", disse que as acusações contra Añez e contra Evo são ""completamente diferentes"". Igualá-las é tentar diminuir a Justiça boliviana. As acusações contra Morales nunca foram comprovadas, e eram por suposto 'terrorismo', por ele ter supostamente incitado rebeliões desde o exterior. Isso nunca se provou. Contra Añez, o processo é outro"", disse Linera. A Justiça Federal reverteu decisão que condenava a União a pagar indenização por danos morais a um homem preso pela ditadura militar por considerar que ele sabia dos riscos de se posicionar contra o regime. Um acórdão do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) modificou sentença favorável a Antonio Torini, ex-funcionário da Volkswagen que, segundo ação iniciada pela família, não conseguiu empregos formais após ser preso durante o regime de repressão no Brasil (1964-1985). A decisão foi tomada, por unanimidade, pela Sexta Turma da corte, formada pelo relator, Johonsom Di Salvo, e pelos juízes federais Souza Ribeiro, Toru Yamamoto e Diva Malerbi. Utilizando termos como ""líder de movimento esquerdista"", o acórdão afirma que ""a prisão, a incomunicabilidade, o julgamento e o banimento sofridos por Torini eram as consequências jurídicas de seus atos que tendiam à implantação de uma ditadura comunista no Brasil, em confronto com a opção política vigente"". A decisão afirma ainda que ""não há espaço para indenização do agente dessas condutas a ser paga, via judicial, pela União, eis que o infrator das leis vigentes era Antonio Torini, vinculado a movimentos e partidos defensores da ditadura do proletariado"". Na primeira instância, a Justiça havia ordenado que a União pagasse uma indenização por danos morais de R$ 150 mil à viúva de Torini. Torini foi preso em 1972, durante a ditadura militar, e permaneceu detido no DOPs (Departamento de Ordem Pública e Social) de São Paulo por 49 dias, incomunicável, segundo os advogados de defesa de Livonete Aparecida Torini. O ferramenteiro fazia parte do Movimento pela Emancipação do Proletariado. Ainda de acordo com os defensores Bruno Luis Talpai e Victor de Almeida Pessoa, ele voltou a ser preso em 1974 e seu nome figurou na lista suja elaborada por empresas e enviada ao governo, o que impossibilitou que ele conseguisse um emprego formal. Torini ficou desempregado até 1998, ano de sua morte. Durante o período pós-prisão, o ferramenteiro teria sobrevivido de trabalhos informais, e a família teve dificuldades financeiras. Os advogados afirmam que ele foi perseguido e vigiado por forças de segurança durante muitos anos. Na decisão, o TRF-3 desconsidera o fato de que a própria União reconheceu a condição de anistiado político de Torini. Segundo o acórdão, ""isso não está em discussão —esse reconhecimento não induz necessariamente que a pessoa foi torturada no cárcere, como alega a inicial"". O tribunal também não considerou o termo de ajustamento de conduta assinado pela Volkswagen com o Ministério Público Federal pelo qual a empresa se comprometeu a pagar cerca de R$ 36 milhões, em diversas ações, por sua colaboração com a ditadura militar. Torini foi preso dentro da própria fábrica da empresa. Para o TRF-3 não cabe indenização por parte do Estado brasileiro já que ""não há qualquer prova nos autos de que, encarcerado, Antonio Torini sofreu as 'bárbaras' torturas que a inicial imputa aos agentes da União"". A doutora em direito e professora da PUC-SP Lucineia Rosa dos Santos questiona o entendimento do tribunal. Segundo ela, apenas a presença do nome de Torini na lista suja, que reunia o nome de militantes políticos e era compartilhada por governo e empresas, já justificaria uma indenização por violar convenções de direitos humanos. ""Os danos que ocorreram na vida familiar desta pessoa por conta da presença do nome dela nessa lista, que antes era admissível, mas que deixou de ser admissível com a Constituição de 1988, já justificam a indenização. A sua vida civil foi afetada diante de complicações para conseguir um emprego"", afirma. Especialista em direitos humanos, Lucineia afirma também que o tribunal deveria julgar o caso de acordo com as leis estipuladas pela Constituição Federal de 1988 em vez de considerar a legislação em vigor durante o período do regime de repressão. Os advogados da família de Torini afirmam que pretendem recorrer da decisão. ""O Poder Judiciário não pode chancelar os atos de exceção praticados durante a ditadura militar contra os que foram perseguidos por posições político-ideológicas, seja à luz da Constituição de 1967 —como fundamentou o relator do acórdão tampouco sob a égide da Carta Maior de 1988"", diz nota. A defesa diz ainda: ""[É] necessária a reforma do supramencionado entendimento pelos tribunais superiores como garantia de fiel cumprimento à Constituição Federal de 1988 e do fortalecimento do Estado democrático de Direito. Em adição, para solidificar um parâmetro punitivo e educativo para o que o Estado brasileiro não mais se valha das instituições públicas na prática de atos de intolerância política"". ""São acusações completamente diferentes"", responde Álvaro García Linera, ex-vice-presidente da Bolívia (2006-2019), sobre o processo contra Evo Morales durante a gestão da interina Jeanine Añez (2019-2020). As acusações de sedição e terrorismo contra Evo, que caíram com a volta ao poder do partido dele, o MAS (Movimento ao Socialismo), agora pesam sobre a própria Añez, detida na madrugada de sábado (13), escondida dentro de uma cama box em sua casa em Trinidad. García Linera, que é também o guia intelectual do MAS, está em La Paz assessorando ""de modo informal"" o novo presidente, Luis Arce, que assumiu em novembro. Oficialmente, no entanto, ele diz estar se afastando das atividades políticas desde que deixou a Bolívia, em 2019, com Evo, rumo ao exílio no México e depois na Argentina. ""Minha ideia é retornar à Argentina quando as aulas voltarem a ser presenciais e retomar a atividade acadêmica."" Desde que se radicou em Buenos Aires, García Linera tem dado aulas em duas universidades locais. O ex-guerrilheiro de esquerda, matemático e cientista social falou à Folha, por telefone, de La Paz. Aos olhos do exterior, causa estranhamento que a Justiça que acusou Evo Morales de terrorismo derrube o processo contra ele quando o seu partido volta ao poder e agora detenha Añez pelo mesmo motivo. Como explica isso? É que são coisas completamente diferentes. E igualá-las é tentar diminuir a Justiça boliviana. As acusações contra Morales nunca foram comprovadas, e eram por suposto ""terrorismo"", por ele ter supostamente incitado rebeliões desde o exterior. Isso nunca se provou. Contra Añez, o processo é outro. Neste primeiro momento, ela está sendo acusada de sedição. Ou seja, refere-se a um período anterior a ter assumido o governo, e o processo portanto não tem de passar pelo Congresso. Trata-se de uma investigação focada apenas nas ações em que forçou uma sucessão ilegítima. Segundo o artigo 170 da Constituição, na ausência do presidente e do vice, assumem, na sequência, o presidente do Senado e da Câmara. E para por aí. Añez não era nenhum desses. Portanto, a questão da sucessão teria de passar por uma decisão do Congresso que, de modo majoritário, escolheria um novo líder. E sabemos que isso não ocorreu, porque ela se proclamou sem a anuência de nossos congressistas, que eram a maioria. O processo ""Golpe de Estado"", como está sendo chamado, refere-se também a outros crimes. Quais considera serem os mais graves? Sem dúvida o caso dos dois massacres [Senkata e Sacaba, quando foram assassinados mais de 30 civis]. Estas e outras ações de abusos de força que foram realizados para que ela se mantivesse no poder. Porém, estão numa fase posterior, em que serão revistas suas ações já como presidente. Neste caso, os processamentos devem ser aprovados no Congresso. Isso, tecnicamente, pode ser contestado [a necessidade de passar pelo Congresso], porque se ficar provado, no atual processo, que sua chegada ao poder foi ilegítima, não se poderia considerar que ela foi uma presidente legítima, logo não precisaria haver o aval do Congresso para julgá-la. Podia-se julgá-la fora do âmbito do cargo político. Mas essa é uma questão para ser resolvida pela Justiça. Como vê a região hoje? Estamos vivendo uma segunda onda de governos progressistas. Já é uma realidade. Começou no México, com a vitória de Andrés Manuel López Obrador [2018], depois Alberto Fernández [2019] na Argentina, o retorno do MAS na Bolívia [2020] e ainda nas próximas semanas isso ocorrerá no Equador [o favorito ao segundo turno das eleições é Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa]. Esta segunda onda tem características particulares. São marcadas por lideranças mais moderadas, menos carismáticas, e embaladas por uma sociedade que busca recuperar conquistas sociais que foram perdidas no passado recente, com os governos neoliberais. A conjuntura econômica também mudou. Sim, na primeira onda, havia uma bonança econômica devido ao ""boom das commodities"", que nós soubemos potencializar. Agora, a economia, agravada pelo impacto da pandemia, é o grande desafio desta segunda onda progressista. E quanto ao cenário político? Também é diferente porque, na primeira onda, a oposição era formada por partidos de centro-direita neoliberais, mas não radicais, que não questionavam a democracia. Hoje a segunda onda progressista tem de enfrentar uma extrema direita que não tem problemas em minimizar ou desrespeitar a democracia. Uma amostra disso foi o golpe de Estado na Bolívia. A ideia de que se pode remover um governo à força é de extrema direita. O Brasil é outro exemplo da força desse pensamento que o progressismo terá de enfrentar com estratégias mais duras, mais audazes. O que quer dizer com estratégias mais duras e mais audazes? No plano econômico, por exemplo, se não temos como ter o excedente dos tempos da bonança, precisamos aplicar os impostos a grandes fortunas de maneira mais sistemática e voltar ao processo de nacionalizações de empresas. Ou seja, não basta apenas administrar o modelo que já tínhamos. É preciso reformá-lo. Isso pode causar novas tensões. Sim, mas é que o rival mudou, e se mostrou não apenas mais racista, mais antidireitos sociais e de gênero, mostrou-se também como antidemocrático e uma força que veio questionar a democracia. Enquanto para a esquerda a democracia é o único recurso, para a direita é um dos recursos. Se não for a democracia, podem usar a força. Imagino que ficaram contentes com a possibilidade de que o ex-presidente Lula venha a ser candidato nas próximas eleições. Sim, muito. Muito felizes em primeiro lugar por ter sido revertida essa decisão injusta, sem evidências, fruto de perseguição política. E, mais do que isso, sua liberação e seu retorno ao jogo político ajudarão a dar um empurrão nesta segunda onda progressista. Álvaro García Linera, 58 Matemático e cientista social, Álvaro García Linera foi vice-presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, durante o governo de Evo Morales. Vive e dá aulas em Buenos Aires. Mulheres na linha de frente Enfermeira há 35 anos, fiquei feliz com o artigo de Drauzio Varella (""Mulheres que cuidam"", Ilustrada, 14/3). É bom, de vez em quando, sermos reconhecidas pelo árduo e silencioso trabalho. Cerca de 70% dos profissionais de uma instituição são enfermeiras. Estamos junto aos pacientes em momentos felizes, como num nascimento, e, muitas vezes, somos as únicas pessoas no momento de sua morte. Ana Maria Calil (São Paulo, SP) O que fazer? A Folha permite que o assinante compartilhe cinco publicações com amigos a cada dia. O artigo de Davi Arrigucci Jr. (Tendências / Debates, 14/3) merece ser compartilhado. É uma maneira de fazermos nossa parte nessa luta que é de todos. Não dá para sermos omissos. Dea Maria Kowalski (Curitiba, PR)  Davi Arrigucci Jr. diz o que pensam as pessoas dignas e honestas deste país. Seu texto é uma aula de cidadania e de como escrever bem. Wander Melo Miranda (Belo Horizonte, MG)  O sábio e indignado artigo do cidadão brasileiro Davi Arrigucci Jr. tem um único senão: deveria ter se tornado de imediato um abaixo-assinado! Apenas na minha família nuclear seríamos sete cidadãos que concordam integralmente com ele. Pior é que, se ""os quadrúpedes rumam ao abismo"", todos nós seguiremos o mesmo destino caso não sejamos capazes de enfrentar tanto descalabro. Heloísa Fernandes (São Paulo, SP) 2022 ""A política e as crises"" (Opinião, 13/3). A polarização nas próximas eleições, se vier, seria de todo ruim? Não seria o sinal de um ""basta"" à enxurrada de partidos políticos que, sem identidade ideológica e proposta de governo, buscam apenas alcançar o poder ou estar próximo dele? Orlando Ferreira Barbosa (Belo Horizonte, MG)  O editorial vinha bem até a menção de que haveria ""polarização estéril"" entre o governo atual e o governo petista. Para que houvesse polarização, o atual governo precisaria ter um plano, uma visão de país, um direcionamento coerente, política, econômica e socialmente. E isso, definitivamente, não há. Monica Damous Duailibe (São Luís, MA) Ruy Castro Os artigos de Ruy Castro são imperdíveis. Ele se supera a cada dia. Em relação a ""Aos biógrafos de Bolsonaro"" (Opinião, 13/3), penso que ele tenha razão em não perder seu tempo com Bolsonaro. Ninguém mesmo vai querer saber da vida desse ""ser abominável das trevas"". Bárbara Quadros (Salvador, BA) Espero que este nobre jornal já tenha pensado em erigir uma estátua em homenagem ao escriba chamado Ruy Castro; e que o façam com ele em vida. A cada leitura de seus escritos, me regozijo com as palavras do meu conterrâneo. Não foi diferente com ""Aos biógrafos de Bolsonaro"". Espetacular. Luiz Antonio Pereira de Souza (São Paulo, SP) STF A reportagem ""Antes de beneficiar Lula, Fachin rejeitou dez vezes retirar ações de Curitiba"" (Poder, 13/3) mostra que, tanto há três anos como agora, as decisões sobre o tema tiveram vieses políticos. Por que o Poder que deveria ser o mais técnico dos três falha em cumprir seu papel constitucional e democrático? Como evitar esse desastre democrático? Como aperfeiçoar seu funcionamento? Nivaldo da Silva Lavoura Júnior (Piracicaba, SP) Vôlei Tá certo que o futebol é o esporte de preferência nacional. Mas o caderno ""Esporte"", se leva esse nome, deveria abranger outros esportes, como o voleibol. Lembrando que o leitor é eclético e que, neste momento, estamos com as quartas de final da Superliga, antecedendo os Jogos Olímpicos. Nenhuma linha sobre esse importante (e popular) esporte no Brasil. Virgínia M. Knabben, geógrafa e professora (São Paulo, SP) Covid Para calcular taxas, é preciso um denominador comparável (""Gestão Doria inclui alunos que não foram à escola em cálculo sobre incidência de Covid"", Saúde, 12/3). Com a heterogeneidade da abertura das escolas, é impossível ter um número exato de alunos e professores de cada escola pública e privada de cada cidade. Utilizamos o número de alunos do Censo Escolar de 2020. Mesmo não tendo sido incluídos alunos que eventualmente não foram à aula, também não estão os professores que foram. Wanderson Oliveira, comissão médica da Secretaria da Educação (São Paulo, SP) Meio Ambiente É lamentável a mentirosa reportagem ""Pró-governo, Carla Zambelli assume Comissão do Meio Ambiente sem citar desmate e queimadas"" (Ambiente, 12/3), que afirmou que não falei sobre desmatamentos e queimadas ao assumir a comissão. Sugiro à Folha que seja honesta e assista novamente a todo o meu discurso e, em vez de publicar tamanha fake news, honre com o compromisso que diz honrar: a verdade. Carla Zambelli, deputada federal pelo PSL-SP (Brasília, DF) Desde que começou a apresentar o “BBB”, esta é a temporada de maior sobrecarga para Tiago Leifert, já que ele tem uma bebê em casa. Na noite deste sábado (12), no Altas Horas, Daiana Garbin, mulher do apresentador, falou sobre a nova fase, marcada pela chegada de Lua, filha do casal, e compartilhou sua experiência com amamentação, ressaltando a importância de doar leite materno. PRONTO Silvio Santos trocou o pijama, mas manteve o figurino de dormir, da grife do neto Tiago Abravanel, para sair de casa e ir tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19. O animador está ansioso para voltar aos estúdios do SBT, o que deverá ocorrer em um prazo de 15 dias. ALTA O cantor Edson Cadorini, 46 anos, recebeu alta da UTI —Unidade de Terapia Intensiva— do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo. Par do irmão Hudson na música, ele estava internado desde segunda-feira (8) para tratar uma pneumonia decorrente da Covid-19. “Ele está estável e respira espontaneamente, sem a necessidade de oxigênio suplementar. Há perspectiva de alta hospitalar nos próximos dias”, informa comunicado da assessoria de imprensa da dupla sertaneja. OBSERVAÇÃO Após onze dias de UTI para sanar a Covid-19, Geraldo Luís permanece internado em leito comum, mas já sem ajuda de aparelhos. ADEUS À MAJOR JEIZA Reprisada apenas três anos após ter acabado, “A Força do Querer” saiu de cena mais uma vez com saldo positivo para Paolla Oliveira, a Major Jeiza, que em 2017 levou o troféu de melhor atriz do ano no Domingão do Faustão. Enquanto a novela se despedia da tela, na noite de sexta (12), a casa da atriz no Rio enfrentava um incêndio por pane elétrica, como informou esta coluna. Neste domingo (14), a atriz, que não estava em casa, se manifestou pelo Instagram: “A gente muda, transforma, reconstrói a casa e a vida, se ela ainda existir. Bom domingo, obrigada pelo carinho e vamos em frente” MIAU Em rara imagem com seu filho Ben, 10 anos, John Travolta anunciou a chegada da nova mascote à família, a gata Crystal. O astro tem agido de modo discreto desde a morte de sua mulher, a atriz Kelly Preston (1962-2020), em julho passado, em consequência de um câncer. AJUSTES Jennifer Lopez e Alex Rodriguez desmentiram o fim do romance. Um dia depois de notícias que anunciavam o rompimento do noivado entre a atriz e cantora e o ex-jogador de beisebol, o casal divulgou um comunicado dizendo que as notícias são “imprecisas” e eles estão “trabalhando em algumas coisas”. A estátua de Cazuza no cruzamento da rua Dias Ferreira com a avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, zona sul do Rio, é símbolo de um dos mais famosos redutos gastronômicos e boêmios carioca. Na tarde deste domingo (14), o movimento era tímido nos bares e restaurantes da região. É o primeiro fim de semana após a Prefeitura ampliar o horário de funcionamento dos estabelecimentos, após uma semana de fechamento determinado às 17h. Em razão de decreto da Prefeitura que entrou em vigor na última sexta (12), bares e restaurantes da cidade estão funcionando em horário reduzido, das 6h às 21h, com atendimento presencial limitado a 40% da capacidade. Fora desse intervalo, são permitidos apenas serviços de entrega e retirada de pedidos. O decreto 4.086 é o segundo editado em março pela administração municipal como medida para conter o avanço de Covid-19 na capital fluminense. Até ontem, o Painel Rio Covid-19, da Prefeitura do Rio, confirmava 213.289 casos da doença na cidade, com 19.379 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 9,1%, quase 4 vezes maior que a média nacional, de 2,4%. A ocupação de leitos de UTI na rede pública da cidade chega a 90%. Um primeiro decreto, de 4 de março, determinava o teto de 17h para o funcionamento de bares e restaurantes. No dia seguinte, após pedido da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional do Rio (Abrasel-RJ), uma liminar expedida pela Justiça do Rio estendeu o horário até as 20h. A associação considerava a medida como “inócua” e “arbitrária”. A liminar, no entanto, foi cassada no dia seguinte. Na última sexta, o novo teto de 21h passou a valer. Subgerente de um restaurante na rua Dias Ferreira, Alexandre Paiva diz que foi pego de surpresa com as mudanças sucessivas de horário. Segundo ele, no mesmo dia em que o teto de funcionamento permitido voltou para as 17h, com a cassação da liminar, agentes da prefeitura vieram fechar o bar quando ainda havia clientes no local. ""Acredito que faltou um pouco de responsabilidade dos governantes quanto ao horário. Estávamos orientados para fechar às 20h. Foi uma situação bem desagradável"", diz. Além de funcionários fixos, o bar também trabalha em regime de freelancers. ""Recebo ligações de garçons todos os dias, pedindo por ajuda, uma cesta básica ou trabalho"", afirma o subgerente. ""Acho que seria mais efetivo a gente se proteger, como estamos fazendo, do que ficar em casa, sem receber e com as contas continuando a chegar"", diz Paiva, que estima uma queda de até 60% no movimento de clientes desde a edição dos decretos. Perto dali, em um dos muitos restaurantes especializados em galetos na região, Francisco Mota acomodava clientes recém-chegados em mesas na calçada. ""Não estamos trabalhando com fila de espera justamente para não aglomerar, não servimos mais clientes em pé e limitamos ao máximo de seis pessoas por mesa"", afirma. Do lado de fora, segundo ele, o número de mesas caiu de oito para três. No salão principal, foi de dez para cinco. No tradicional Jobi, na Ataulfo de Paiva, os funcionários agora se revezam em turnos com horário de trabalho reduzido. Durante a vigência do primeiro decreto, com teto de 17h, um grupo precisou ficar em casa. Em 2020, férias coletivas e redução da jornada de trabalho contribuíram para que nenhum dos 30 funcionários fosse demitido. Aberto em 1956, o restaurante mantinha, antes da pandemia, as portas abertas até o amanhecer. De quinta a domingo, só encerrava as atividades às 6h. Desde o ano passado, as portas começaram a ser baixadas já no começo da madrugada. Segundo Elina Rocha, sócia do bar, o intervalo em que o bar agora está fechado em razão do decreto municipal representa no mínimo 80% do faturamento da casa. ""É de apavorar"", diz Rocha, que no dia anterior estava lançando as contas. ""As contas não pararam. Não temos nenhum auxílio, os impostos estão aí para ser pagos, as mercadorias foram compradas."" Apesar dos prejuízos, Rocha mantém o apoio às ações de contenção do contágio do coronavírus pela Prefeitura. ""A gente tem que lutar contra essa pandemia e espera que isso passe o mais rápido possível"", afirma. ""A gente não é contra essas medidas. Precisamos vencer esse vírus. Mas também acho que só fechar bares e restaurantes até 17h, e deixar o resto do comércio e igrejas abertas, pode diminuir o contágio, sim, mas tem que ser para todo mundo, como foi no último decreto."" Do outro lado da rua, no MicroBar, a ocupação habitual não chega nem ao percentual máximo exigido de 40% da casa, afirma a gerência, em nota por email. Com a queda no faturamento estimada em 20%, o restaurante reduziu a equipe, o que prejudica, segundo a casa, o controle das medidas de segurança. ""Antes tínhamos uma equipe que permitia controlar pessoas em pé, pessoas sem máscaras. Atualmente não temos o 'luxo' de ter uma equipe grande o suficiente para garantir isso"", afirma a nota. O restaurante continua com álcool nas mesas e nos totens, distanciamento entre as mesas, equipe com máscara e higienização regular de mesas, cadeiras e cardápios. ""Só não temos mais 'babás' para cuidar de eventuais clientes que desrespeitam as regras 'sugeridas' pela Prefeitura, porque em momento nenhum foram impostas sobre a população."" O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), revogou neste domingo (14) a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e determinou a prisão domiciliar do parlamentar. Silveira foi preso em 16 de fevereiro após publicar um vídeo de 19 minutos nas redes sociais em que atacou e ofendeu ministros do Supremo, além de ter defendido o AI-5, ato mais duro da ditadura militar. O deputado terá que usar tornozeleira eletrônica e poderá exercer o mandato por meio do sistema de deliberação remota da Câmara, segundo a decisão do ministro do Supremo. Moraes, no entanto, o proibiu de “frequentar ou acessar, inclusive por meio de sua assessoria de imprensa”, as redes sociais Youtube, Facebook, Instagram e Twitter. Segundo a decisão do ministro, o deputado não poderá receber visita nem conceder entrevista sem prévia autorização judicial. Também está proibido de manter contato com investigados nos inquéritos das fake news e no dos atos antidemocráticos. Diversos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro são alvos dessas investigações, incluindo colegas do deputado na Câmara. Moraes determinou ainda à Polícia Federal que faça um relatório semanal com os dados da movimentação de Silveira, que serão extraídos da tornozeleira eletrônica do deputado. A Câmara dos Deputados, que poderia revogar a prisão, manteve a detenção por 364 votos a 130. O placar só foi possível após ampla negociação do Supremo com a cúpula da Câmara, que se empenhou para manter a prisão em uma sinalização ao STF. O deputado é alvo de processo no Conselho de Ética da Casa. Na última quinta-feira (11), o STF iria julgar a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o deputado. Na acusação, constava o pedido de prisão domiciliar. A defesa de Silveira, no entanto, perdeu o prazo para se manifestar e Moraes deu mais 15 dias para os advogados. O ministro preferiu esperar a manifestação da defesa antes de levar o caso ao plenário e retirou a matéria de pauta. Na ocasião, o ministro Marco Aurélio sugeriu que, independentemente da análise da denúncia, o plenário do STF determinasse a prisão domiciliar. Moraes, no entanto, rejeitou e a discussão gerou um bate-boca entre os ministros. Moraes classificou a sugestão como desrespeito com o relator do processo, e Marco Aurélio o chamou de “xerife” e classificou o presidente, Luiz Fux, como “autoritário”. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. A prisão foi também uma resposta ao ex-comandante do Exército general Villas Bôas. Os ataques de Silveira partiram justamente de uma nota em que Fachin respondeu o militar e disse ser “intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”. A declaração repercutia a revelação de que a cúpula do Exército, então comandado pelo general, articulou um tuíte de alerta ao Supremo antes do julgamento de um habeas corpus que poderia beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Segundo Villas Bôas, em livro-depoimento recém publicado pela Fundação Getulio Vargas, o texto do tuíte foi escrito por ""integrantes do Alto Comando"". Fachin reagiu e, um dia depois, o militar ironizou o fato de a resposta ter sido dada apenas três anos depois. O ministro Gilmar Mendes, então, também reagiu e usou as redes sociais para criticar a ditadura militar. Depois da nota de Fachin, Silveira gravou um vídeo em que defendia Villas Bôas e atacava o STF. Após ser preso, o deputado voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". O deputado foi preso por Moraes e a decisão foi ratificada por unanimidade pelo plenário da corte. Na ocasião, Moraes sustentou que Silveira já é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos e que é reincidente nas ofensas a integrantes da corte. Ao votar, Moraes disse que Daniel Silveira já é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos e que diversas vezes já ofendeu ministros do Supremo. ""As manifestações não atingiram somente a honorabilidade, não configuraram somente ameaça ilegal à segurança e integridade física de diversos ministros, mas visaram principalmente impedir o exercício da judicatura, o exercício independente do Poder Judiciário e a própria manifestação do Estado Democrático de Direito"", afirmou. O magistrado disse que as declarações incentivaram a “tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos”. O ministro também sustentou que as declarações não tiveram conexão com seu mandato e que, por isso, a defesa do deputado não pode suscitar a imunidade parlamentar. O ministro mandou a Polícia Federal prender Silveira no mesmo dia da publicação do vídeo. Quando a corporação chegou à sua casa, o deputado voltou às redes sociais. ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"", disse. Na filmagem que levou à sua prisão, Silveira usa palavras de baixo calão contra Fachin e outros ministros do Supremo, acusa-os de vender sentenças e sugere agredi-los. ""Hoje você se sente ofendidinho, dizendo que é pressão sobre o Judiciário, é inaceitável. Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o fodão, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas."" O deputado segue com as ofensas: ""Vai lá e prende um general do Exército. Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças"", afirmou. Silveira também afirma que Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". O deputado bolsonarista também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"".Em relação a Moraes, deputado chama o ministro de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse também que Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. O parlamentar diz ainda que Fachin é militante do PT e de partidos e nações ""narcoditadoras"". ""Foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte para que ele proteja o arcabouço do crime no Brasil, que é a Suprema, a nossa Suprema, que de suprema nada tem."" A política e o direito convivem em tensão, mas ambos são necessários à paz e ao desenvolvimento da sociedade. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, as Constituições nacionais assumiram um­ novo papel: elemento moderador dessa tensão. A Constituição passou a nortear a preservação da civilidade necessária à vida social. Não por acaso as ditaduras que se instalaram na América Latina na segunda metade do século 20 suspenderam ou revogaram as Constituições, porque a violência institucional para atender a vontades políticas era incompatível com a ordem constitucional. A Constituição do Brasil de 1988 foi uma conquista, esperança de um novo tempo. Nesta semana foram publicados no Diário Oficial da União sucessivas portarias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, subscritas pela ministra Damares Regina Alves, invalidando portarias anteriores que declaravam anistiados políticos por argumento de “ausência de comprovação da existência de perseguição exclusivamente política no ato concessivo”. A Constituição de 1988 reconhece, em seu artigo 8º das chamadas “disposições constitucionais transitórias”, o dever do Estado de conceder anistia àqueles que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição, “(...) foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares (...)”. Há diversas anistias concedidas —e agora anuladas— que datam de 2002 a 2005. O artigo 54 da lei federal nº 9.874/99, lei que regula o processo administrativo, delimita em cinco anos a possibilidade da administração pública federal de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários. Este prazo chamado “decadencial” objetiva assegurar o que se chama de “segurança jurídica”, princípio jurídico que se faz presente por toda a ordem constitucional, a exemplo do direito fundamental à proteção de direitos adquiridos (art. 5º, XXXVI). A revisão dos atos de anistia concedidos há mais de cinco anos por suposto argumento da falta de provas ignora regras e princípios constitucionais e legais. O que se expõe em tal comportamento é a simples vontade política de reescrever a história e ignorar a existência de um regime ditatorial que subjugou a democracia. Como se não tivesse existido o Ato Institucional nº 5 (AI-5), editado em 1968, um dos maiores símbolos desse regime de opressão. Vale lembrar o ano de 1968, o início, como dizem os historiadores, dos ""anos de chumbo"": em março, o movimento estudantil saiu às ruas, e no Rio de Janeiro morreu o estudante Edson Luís, baleado pela polícia; em junho, na ""sexta-feira sangrenta"", estudantes e populares depararam-se com a polícia e agentes do Dops: o saldo foram mortos, feridos e prisões; em 26 de junho houve a ""Passeata dos Cem Mil"", em protesto contra a repressão; em julho, por recomendação do ministro da Justiça, passeatas foram proibidas no território nacional; em agosto houve a violenta ocupação militar na Universidade de Brasília; em outubro a polícia encerrou o 30º Congresso da UNE em Ibiúna (SP) e prendeu estudantes. Em 13 de dezembro foi anunciado o AI-5, e o Congresso Nacional foi fechado pela ditadura. Não é a toa que o ano de 1968 é conhecido como ""o ano que não terminou"", no clássico livro do jornalista Zuenir Ventura. Não acabou mesmo. Em 2021, o governo anula anistias reconhecidas há mais de 15 anos, faz letra morta da segurança jurídica. Vontades políticas atravessam a Constituição com efeitos devastadores. Os atos de violência institucional da ditadura militar são cultuados e encontram um mecenas: o Estado. O autoritarismo cada vez mais conquista seu espaço, a democracia gradualmente deixa o cenário, e a Constituição torna-se uma figura de linguagem. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. [RESUMO] A anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva e os votos pela suspeição de Sergio Moro no STF, tal qual uma tragédia grega, reabilitam o ex-presidente e lhe conferem o papel de salvar a democracia brasileira, defende professor da USP. Discurso mostrou Lula apto a governar e ergueu um dique de contenção temporário para Bolsonaro e suas loucuras de extrema direita.  A tarde quente e nublada do sábado, 7 de abril de 2018, em que Luiz Inácio Lula da Silva, então com 72 anos, saiu preso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, marcou um momento fatal na carreira do ex-operário convertido em presidente da República. Ninguém, nem mesmo “o cara” de Obama, passa impune por 580 dias preso sob a sombra de encardidas acusações. Ali se encerrava um ciclo. Foi no período que se abriu, pós-prisão, que vimos emergir o atual presidente Jair Bolsonaro, ocupando o vácuo de liderança popular encarcerada em Curitiba. Eis que, passados três anos, em que o vazio de uma oposição politicamente efetiva ao ex-militar reformado vinha tornando irrespirável o ar nacional, acontece o milagre da ressurreição. Para tanto, não bastava Lula estar solto. Tinha que poder concorrer às eleições presidenciais, desde sempre a sua arma infalível para ser ouvido no Brasil. Anos atrás, no início desta infindável crise, um amigo mencionou, a propósito de Dilma Rousseff, a peça “Filoctetes”, de Sófocles, que eu não conhecia, sobre uma vítima de ostracismo. Ao observar o que aconteceu nas 72 horas desde que Lula foi reabilitado até o fim do seu discurso “épico”, a lembrança voltou. Sem avisar ninguém, na segunda-feira (8), com o número de mortos pela Covid-19 crescendo sem parar, Edson Fachin, o enigmático ministro do STF que apoia Moro e Lula ao mesmo tempo, arvorou-se no papel de Ulysses, não o Guimarães, mas o grego, e tirou o personagem desterrado da ilha deserta. Talvez, com a reabilitação do lulismo, os aqueus vençam Troia, terá pensado o juiz? No caso da tragédia brasileira, goste-se ou não do passado de Lula, à esquerda ou à direita, o rol que lhe foi agora conferido é o de salvar a democracia. O regime democrático é o único meio de voltarmos a ter não a resolução de todos os problemas, coisa que, sabemos, só ocorre nos contos de fadas (e os dramaturgos neles não creem), mas um mínimo de racionalidade na condução do Estado. Note-se que a reserva de Fachin foi tal que até Lula, escalado de uma hora para outra, foi pego de surpresa. O que lhe deu certo espaço para o indispensável aquecimento foi a entrada em cena de outro membro do STF, cuja longa costura contra a Lava Jato explica, em parte, o lance espetacular do colega que fez carreira no Paraná. Sim, pois no dia seguinte à decisão de Fachin, quando Lula já anunciava a coletiva que foi obrigado a adiar, Gilmar Mendes, esgrimindo o julgamento da suspeição de Moro, tomou à força o centro do palco para contar, em cadeia nacional, como o ex-chefe autonomeado da Lava Jato, uma espécie de guardião da Torre de Londres —na expressão célebre de outro Sérgio (Machado)—, tramara com procuradores e policiais para incriminar e condenar Lula e, quem sabe, de passo, proclamar, ao arrepio das leis, uma República independente no Paraná. Enfim, secundado por Ricardo Lewandowski, Mendes acabou por calçar moralmente a decisão tomada por Fachin no “take” anterior. (Se esta peça não fosse tão curta, seria interessante explorar a disputa por protagonismo entre suas excelências. Fica para outra oportunidade). Mas, apesar do interesse provocado pela oratória de Mendes, a qual não poupou referência nem sequer à própria decisão escandalosa de impedir Lula de assumir a chefia da Casa Civil em março de 2016, Fachin roubara a cena, pois o principal estava resolvido: até segunda ordem, Lula é candidato. Talvez isso explique, em parte, o repentino acesso democrático de Fachin. Antecipando-se a Gilmar, Fachin tentou salvar Moro da suspeição. Afinal, Kassio Nunes Marques, estreando na condição de primeiro indicado pelo bolsonarismo ao STF, pediu vista do processo, com o que adiou a provável condenação do “constable” curitibano, a qual vingaria todos os que há um lustro denunciam em vão as flagrantes ilegalidades cometidas na versão local da torre londrina. Do ponto de vista político, o passo processual determinado por Nunes Marques é secundário. Muita água vai correr por baixo da ponte jurídica até a campanha de 2022, e ninguém pode saber ao certo o que vai ocorrer, nem mesmo se Lula será de fato candidato. O importante é que Lula voltou a ser candidato agora e, de lambuja, teve reconhecida, por Mendes e Lewandowski (mas Cármen Lúcia também pronunciou um sonoro “gravíssimo” durante a fala de Gilmar), a condição de vítima de armação macabra. Antes de passarmos ao segundo e derradeiro episódio desta obra sumária, vale notar que Fachin preparou com cautela o “ippon” do 8 de março. Um mês antes, concedeu entrevista à Folha cheia de recados fortes, cujo alcance só agora é compreensível. Na ocasião, Fachin criticou a “remilitarização do governo civil” promovida por Bolsonaro; alertou para “intimidações de fechamento dos demais Poderes”; lembrou o assalto ao Congresso norte-americano, ocorrido em 6 de janeiro, para dizer: “Lá não ocorreu a adesão de lideranças políticas à tentativa de golpe e não ocorreu a atuação ilegítima das Forças Armadas”. Por fim, declarou, de modo a que não restassem dúvidas: “Como vice-presidente do TSE e como futuro presidente que vai preparar as eleições de 2022, estou extremamente preocupado com as ameaças que a democracia vem sofrendo no Brasil e com aquilo que pode resultar das eleições de 2022”. Como o cenário geral era dos piores, as condições atmosféricas para a reentrada lulista eram ótimas. A gestão negacionista da pandemia transformou o Brasil na possível estufa mundial de variantes do coronavírus. Com mais de 2.000 mortos por dia, um recorde desde que a Covid-19 começou a se espalhar, doentes morrem à espera de vaga em UTIs, médicos são obrigados a escolher entre os que têm mais chance de sobreviver, e cadáveres são acondicionados em contêineres. Com a demora governamental na compra de vacinas, apenas 5,8% dos cidadãos receberam a primeira dose. Nos Estados Unidos, outra nação administrada por um negacionista até 20 de janeiro passado, quase 20% da população foi vacinada. Aqui, a responsabilidade do ministro da Saúde, apelidado de general Pesadelo no Congresso, segundo um comentarista da TV, é investigada no STF. A recusa de Bolsonaro em promover o isolamento social, tendo como bandeira a economia, também não funcionou. Enquanto a China, que optou por medidas duras de confinamento, conseguiu crescer 2,3% em 2020, o Brasil perdeu 4,1% do PIB. Em consequência, o desemprego subiu de 11,9% para 13,5%. O quadro descrito seria suficiente para abrilhantar a “rentrée” de qualquer exilado. Bastava demonstrar alguma empatia com o povo e enumerar um programa mínimo —vacina, emprego e escola— para sair-se bem. Mas Lula, no discurso que pronunciou na quarta-feira (10), entre o final da manhã e o almoço prolongado, fez muito mais. Além de se apresentar na pele do anti-Bolsonaro, com uso explícito de máscara, fazendo questão de pedir conselho médico antes de tirá-la para falar, e elencar os contatos internacionais para contrastar o isolamento verde-amarelo, desarmou os espíritos, falando do sofrimento pelo qual passou. Aí, Lula deu uma de Churchill, mexendo com a emoção dos que o viam, desde os escritórios da Faria Lima até os recantos desta nação sem fim. Começou por relatar parábola verídica que, segundo a revista Época, consta de “A Autobiografia do Poeta-escravo”, de Juan Francisco Manzano, publicada em 1840, único material do tipo escrito por um latino (cubano). Depois de levar 98 chibatadas, o escravo é posto diante da alternativa de economizar as duas últimas se agradecer ao senhor. Prefere levar as que faltavam, antes que ceder aos dominantes. Mensagem: meus algozes me fizeram sofrer muito, mas não conseguiram me quebrar; mantive a dignidade. Em seguida, consciente de que havia se mostrado inteiro, ou seja, apto para governar, o candidato afirmou o inesperado: não guardo mágoa de ninguém. Vida que segue. Reeleito, conversará, literalmente, com todos: empresários, financistas, militares, sindicalistas, sem-terra, sem-teto, jornalistas, líderes identitários. Abriu uma curiosa excepcionalidade para os donos de meios de comunicação, de quem afirmou preferir guardar alguma distância, recusando almoços privados. As reações ao pronunciamento mostram que Lula, em linguagem futebolística, recebeu a bola de Fachin e enxergou uma avenida aberta, levando-a direto para o gol. Em questão de minutos, a mídia passou a veicular que Bolsonaro, afetado pela volta do ex-chefe de Estado, passara a usar máscara em cerimônias públicas. Hamilton Mourão, que em 2018 falava em autogolpe, virou um democrata ao afirmar que “se o povo quiser a volta de Lula, paciência”. João Doria reconheceu que Lula (e Bolsonaro) têm “forte densidade política e eleitoral”. Rodrigo Maia, mesmo criticado por Lula por não ter colocado o impeachment em votação, fez questão de ressaltar que o líder do PT possui visão de país e “respeita e defende a democracia”. O que aconteceu? Surgiu o Joe Biden brasileiro? Ainda não. Ocorre que a escalação precisa de Fachin, seguida pela demonstração de que o jogador se encontrava em forma, ergueu um dique de contenção temporário para Bolsonaro e suas loucuras de extrema direita pós-moderna. Diante da possibilidade de alternância do poder em 2022, os ocupantes do Planalto perceberam que não podem fazer qualquer coisa. Ficam limitados, o que é a essência da democracia moderna. O governante de hoje estará na planície amanhã. Por isso, precisa ter medo. Claro que, na prática, nada será tão simples quanto parecem prometer os passes vindos de cima protagonizados entre a segunda (8) e a quarta (10). No chão da realidade, o tecido sociopolítico vem sendo ocupado por grupos cada vez mais agressivos e predatórios. A nota do Clube Militar em repúdio à volta de Lula mostra que os militares, completamente fora da política entre 2003 e 2010, entraram na arena (passe o trocadilho) para valer. Agora que a pasta saiu do tubo, quem vai colocá-la para dentro outra vez? É evidente que Bolsonaro, tal como Trump, vai ameaçar um golpe se perder a eleição de 2022. No dia seguinte à decisão de Fachin, o presidente declarou: “Não tem problema. Gostaria de enfrentar qualquer um, se eu vier candidato, com um sistema eleitoral que pudesse ser auditado”. Em que pese a sintaxe presidencial estranha, quando Fachin deu a entrevista à Folha em fevereiro, avisou que isso iria acontecer. Com Lula na parada, Bolsonaro, se perder, vai dizer que houve fraude. Como reagirão os militares? Fachin sabe do que fala. Em abril de 2018, seguido por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber, liderou a recusa ao habeas corpus que poderia ter aberto a porta para Lula constar das urnas já naquele ano, poupando-nos, talvez, desta agoniante travessia. Relator do caso, argumentou “ausência de ilegalidade, abusividade ou teratologia” na decisão de prender Lula, mesmo depois de o comandante do Exército ter ameaçado a corte na véspera (ou “alertado”, como preferiu reafirmar no livro “General Villas Bôas: Conversa com o Comandante”, lançado pela FGV). “Last but not least”, para que não digam que não falei de flores (o espaço acabou). No bojo da tensão militar, o “mercado” fará todo tipo de chantagem para que Lula, se candidato, assuma compromisso com um equilíbrio fiscal que o impedirá de gerar os empregos, a picanha e a cerveja que prometeu ao “povaréu sonâmbulo” no discurso de quarta. Mantidas as condições presentes, a sétima vida do lulismo implicará que o Brasil vai comemorar os 200 anos como nação independente, e eternamente semiconstruída, em meio a uma campanha, esta sim, épica. Com a temperatura perto dos 30º C, o número de banhistas na faixa de areia da praia do Arpoador, neste sábado (13), era típico de um fim de semana quente no Rio de Janeiro. No mar, o tradicional congestionamento de pranchas de surf e bodyboard. O comércio na areia também estava agitado, com vendedores de chapéus, óculos escuros, chá gelado e biscoito de polvilho. O último fim de semana do verão foi também o primeiro de funcionamento do novo decreto da prefeitura que impõe restrições a atividades comerciais na orla. Em vigor desde sexta (12), a norma libera o funcionamento do comércio fixo e ambulante na orla até as 17h. As medidas valem até o dia 22 de março. Inicialmente, um decreto editado no dia 4 de março proibia o comércio na orla, mas a medida foi revista. Ao longo do calçadão da praia de Ipanema, dezenas de vendedores ambulantes ocupavam o chão com barracas de diversos produtos, como bebidas, comida, bijuterias, roupas e souvenirs. Era comum ver pedestres, corredores e ciclistas circulando sem uso de máscara. Valdir Ganeo, 50 anos, guardava duas caixas de isopor com água, refrigerantes e cerveja perto do encontro das praias do Arpoador e de Ipanema. Ele conta, que sem casa ou emprego, mora na rua há cinco anos e, desde dezembro do ano passado, passou a bater ponto como ambulante no calçadão, onde diz fazer ""uns R$ 40, R$ 50"" por fim de semana. Durante a interdição do comércio na praia, que vigorou até esta sexta, ele diz que viu colegas comerciantes terem a mercadoria apreendida por agentes de fiscalização. ""Quando o pessoal da prefeitura vinha, o pessoal avisava e a gente recolhia e esperava eles saírem"", afirma o vendedor. A prefeitura diz que, desde o dia 4 de março, já aplicou 521 multas e interditou 105 estabelecimentos. No primeiro dia após o relaxamento das restrições, a fiscalização aplicou 17 multas e fez 58 interdições. As fiscalizações são feitas com apoio do Instituto de Vigilância Sanitária e da Polícia Militar. A Secretaria de Ordem Pública afirma que mil agentes estão alocadas em pontos diversos da orla carioca, com forças-tarefas atuando em locais de altos índices de aglomeração e em registros de denúncias. “Nossa avaliação desse primeiro dia de ações de fiscalização do novo decreto é positiva"", afirma o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale. ""Seguimos conseguindo evitar grandes concentrações de pessoas e, no geral, contamos com grande adesão da população às novas determinações da Prefeitura, em especial dos comerciantes."" Para Francinês Tertuliano, 46, vendedor de um quiosque em Ipanema, o comércio na orla tem sido um ""sufoco"". Ele começou a trabalhar no local no fim de 2019, pouco antes da pandemia. Quando chegou, a loja tinha oito funcionários. Hoje, segundo ele, restam apenas dois, após demissões por queda no faturamento. Na última semana, o quiosque ficou sete dias fechado em razão do decreto que interditou o comércio na praia. ""Ganhamos 10% da mesa e 4% da venda total. Se não vendemos nada, ganhamos só o salário mínimo"", ele diz. ""Mantemos o distanciamento, usamos máscara e álcool. Não acho que a praia seja o problema."" O novo decreto também estabelece um toque de recolher no município entre as 23h e as 5h e proíbe festas e eventos, além de vetar o funcionamento de boates e casas de espetáculos. Bares, restaurantes e quiosques poderão funcionar até às 21h com atendimento presencial, limitado a 40% da capacidade. Segundo a prefeitura, o descumprimento das normas pode resultar em multas, interdições e, em caso de reincidência, possível cassação de alvará. De acordo com dados do Painel Rio Covid-19, o Rio tem 213.289 casos da doença causada pelo novo coronavírus, com 19.379 óbitos. Até o momento, 470.291 pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina no município, o que representa 6,97% da população carioca. De acordo com a prefeitura, os óbitos mantêm a tendência de queda, mas o aumento do atendimento de casos suspeitos nas unidades de urgência e emergência contribuiu para a decisão de prorrogar as novas medidas restritivas. Quando Francisco Vera Manzanares pediu a palavra durante uma sessão do Senado colombiano em 2019, sua fala era firme, mas poucos prestavam atenção. Bastou citar o tema da reforma tributária —questão à época sensível ao governo, já que milhares de manifestantes protestavam nas ruas de Bogotá—, e os cerca de 300 presentes se calaram imediatamente. “Vocês, governantes que legislam pela vida, devem lutar por um planeta sustentável. Deveriam votar contra [a proposta], porque isso é um desrespeito ao povo colombiano”, disse ele, arrancando vaias e aplausos. Manzanares se despediu deixando uma plateia com muitos cabelos grisalhos atônita. Afinal, não é sempre que uma criança de nove anos discursa sobre economia e meio ambiente. A cena rememorou na imprensa local o ativismo de Greta Thunberg, 18, em frente ao Parlamento sueco, em 2018, ato que germinou a criação do movimento mundial Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro), em que estudantes faltam às aulas para exigir ações que freiem as mudanças climáticas. Afeitos aos mesmos interesses em favor do meio ambiente, Francisco e Greta rapidamente se tornaram amigos virtuais e hoje trocam curtidas em redes sociais e ideias para acabar com a emissão de poluentes. “Admiro muito o trabalho de Greta e o que ela representa para o mundo”, diz à Folha Manzanares, que viu os planos de conhecer a sueca pessoalmente congelados devido à pandemia. Restou então concentrar seus esforços na ONG Guardiães pela Vida, que lhe rendeu uma carta de reconhecimento da ONU assinada pela alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em 2020. Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o interesse dos mais novos em tópicos de mobilização social está crescendo. “Estamos vivendo um momento poderoso na história da América Latina, em que os jovens são protagonistas de mudanças e transformações”, diz Emilia Numer, consultora do Unicef em Desenvolvimento e Participação Adolescente no continente. Desde 2016, a entidade realiza, junto a parceiros, o Concausa, evento que reúne ações de inovação social e ambiental promovidas por adolescentes de 14 a 17 anos em suas comunidades. De 2018 para 2019, houve aumento de 74% no número de interessados e o surgimento de novas agendas. Os temas favoritos são mudança climática, direitos das mulheres e violência. A próxima edição está programada para o fim deste ano, no Chile, e as inscrições estão abertas até 15 de abril. Outro exemplo desse movimento é o mexicano Luis Ricardo Ordaz Zaragoza, 6. Impossibilitado de brincar na pracinha devido à crise da Covid-19, ele decidiu escrever, com a ajuda do pai —um economista—, um livro sobre temas que o comoviam, como o amigo que vendia balas com a mãe perto de sua casa. “Quero um mundo melhor, sem guerras, sem lixo no mar e sem pobreza”, sintetiza o autor de ""El Niño que Quiso Cambiar el Mundo"" (o menino que quis mudar o mundo, Editorial Utrilla, 2020), obra que traz questões sobre pobreza, meio ambiente e guerras. O ebook se tornou o mais vendido na Amazon mexicana logo na primeira semana, impulsionado por uma editora que se interessou pelo material e que agora prepara o lançamento do livro físico, com participações em feiras literárias na Espanha, na Argentina e na Itália. Apesar de as pautas ambientais serem a principal bandeira desta geração, os mini-ativistas também abordam outros temas. Tiziana Contrera, 13, foi uma das primeiras meninas transexuais a conseguir documentos oficiais com seu nome social na Argentina. O feito a catapultou a porta-voz da luta pela infância e família de pessoas trans de dois movimentos importantes no país: MTA (Mulheres Trans Argentinas) e Sigla (Sociedade de Integração Gay Lésbica Argentina). “Minha luta é para que todas as pessoas trans possam ter uma infância melhor do que a que os trans mais velhos tiveram e muito melhor do que a vida que eu tive”, diz ela, acrescentando que ainda enfrenta olhares atravessados de vizinhos mais conservadores. Tiziana afirma contar com uma rede de apoio: as “tias do movimento” e os amigos que fez no novo colégio, “de ambos os sexos, porque sou muito sociável com todos”. Daqui a alguns anos, ela começará o tratamento de bloqueio hormonal que viabilizará, no futuro, a cirurgia de mudança de sexo. “Os movimentos sociais sempre tiveram a participação de crianças e adolescentes, mas repercutiam pouco porque dependia da cobertura da mídia tradicional. Hoje, as redes sociais permitem uma manifestação mais ampla, com pessoas que têm o mesmo interesse, a mesma idade e a mesma forma de comunicar”, diz Mario Volpi, coordenador do programa de cidadania dos adolescentes do Unicef no Brasil. Foi devido a um vídeo viral que Maria Érica Rocha Simão, 12, conseguiu pressionar a prefeitura do município de Coelho Neto, no interior do Maranhão, para que construísse uma brinquedoteca na região. “Com a pandemia, muita gente ficou sem aula. Peguei uns materiais no lixo e decidi fazer um espaço de leitura, com lousa, mesa e cadeira. Como tenho bolsa num colégio particular, e as aulas continuaram virtualmente, decidi ajudar as crianças que não têm a mesma sorte”, conta. Atualmente Maria Érica ensina 20 crianças, de 4 a 12 anos. “Mudar o mundo é muito importante, e nós, crianças, temos boas ideias. Os adultos precisam nos ouvir.” “A liderança do jovem é importante porque quebra essa visão do adulto de que ‘sempre foi assim e sempre será’. A força do jovem acaba mobilizando outros jovens. Acaba sendo a ruptura de algo já estruturado”, diz Volpi. Assim como Greta, cujo nome em latim significa ""romper com algo"". Jeanine Añez, ex-presidente interina da Bolívia, foi presa na madrugada deste sábado (13) sob as acusações de conspiração, sedição e terrorismo nos dias que se seguiram à renúncia de Evo Morales, em novembro de 2019. A ordem de prisão preventiva surpreendeu Añez em sua casa, na cidade de Trinidad. Ela foi encontrada pelos policiais escondida dentro de uma cama box, segundo a agência estatal de notícias ABI. Imagens da TV boliviana a mostram saindo de casa puxada pelo braço. A prisão ocorreu por volta de 1h. Dali, ela foi transportada a La Paz, onde foi colocada em uma cela dentro de um quartel. Apesar de o governo boliviano afirmar que a Justiça está atuando com independência, ao desembarcar do avião que a levou de Trinidad ao aeroporto de El Alto, Añez foi escoltada pelo ministro de Governo, Carlos Eduardo del Castillo. “Nós não temos medo de quem pensa diferente, este governo não está perseguindo ninguém. O que está fazendo é garantir que exista Justiça neste país”, disse Castillo. A denúncia contra a ex-presidente foi apresentada por um bloco de deputados e ex-deputados do MAS, legenda de Evo e do atual presidente do país, Luis Arce. No processo, a Promotoria acusa a cúpula do governo de Añez de causar mais de 30 mortes na repressão aos protestos após a saída do líder indígena. Civis foram assassinados em Sacaba (Cochabamba) e Senkata (El Alto), em meio à atuação das forças de segurança do governo contra as manifestações pró-Evo Morales. As acusações de sedição, conspiração e terrorismo referem-se ao modo como Añez procedeu no período em que esteve interinamente no poder —entre 12 de novembro de 2019, dois dias depois da renúncia de Evo, e 8 de novembro de 2020, quando assumiu Luis Arce, que venceu as eleições realizadas em outubro. As penas para os crimes descritos, caso sejam confirmadas, vão de 5 a 20 anos de prisão. A ordem de prisão também atinge os ex-ministros Arturo Murillo (Governo), Luis Fernando López (Defesa), Yerko Núñez (Presidência), Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrígo Guzmán (Energia). Coimbra e Guzmán já foram detidos. Segundo a Interpol-Bolívia, outros dois ex-ministros acusados deixaram o país em novembro passado e estão nos Estados Unidos. O ministro da Justiça do governo Arce, Iván Lima Magne, afirmou que a investigação que gerou a ordem de prisão ""se apresentou contra a ex-senadora Jeanine Añez, e não contra a ex-presidente"", e, assim, ela não tem direito a proteções destinadas a ex-chefes de Estado. Añez, 53, afirmou que sua prisão é ilegal e um ato de perseguição política e que o governo a ""acusa de ter participado de um golpe de Estado que nunca ocorreu"". Após ser detida, a ex-presidente enviou cartas para a União Europeia e para a OEA (Organização dos Estados Americanos) para pedir o envio de observadores que acompanhem o processo contra ela. Sem citar a ex-presidente diretamente, Evo pediu punição firme. “Por justiça e verdade para as 36 vítimas fatais, os mais de 800 feridos e mais de 1.500 detidos ilegalmente no golpe de Estado. Que se investigue e sancione os autores e cúmplices da ditadura que abalou a economia e prejudicou a vida e a democracia na Bolívia”, escreveu o líder indígena, em uma rede social, neste sábado. Evo, que presidia a Bolívia desde 2006, disputou um quarto mandato em 2019. Acusações de fraude na eleição e pressão das Forças Armadas e de movimentos populares, cujos protestos deixaram mortos e feridos pelo país, no entanto, forçaram a sua renúncia em 10 de novembro de 2019. Dois dias depois de Evo deixar o cargo, Añez chegou ao poder em uma controversa manobra legislativa, aproveitando-se de uma brecha na legislação boliviana, uma vez que todos os que estavam na linha de sucessão direta renunciaram após a saída do ex-presidente Sem ter reunido quórum nem na Câmara de Deputados nem no Senado, ela justificou que assumiria a Presidência de acordo com o que estabelece o regimento do Senado sobre sucessão na Casa. Segundo as regras, ante a renúncia do presidente e do primeiro vice-presidente do Senado, o regimento permitia que ela, segunda vice-presidente, assumisse o comando. Em seu mandato, de 11 meses, Añez enfrentou uma dura oposição do partido de Evo, que incluiu atos violentos e bloqueios de estradas reprimidos pelo Estado. Durante o governo de Añez, a Justiça boliviana abriu processos judiciais contra Evo sob acusações de terrorismo por estimular protestos violentos. Uma ordem de prisão foi expedida contra ele, mas o ex-presidente se refugiou no exterior. A ordem de prisão foi cancelada em outubro, após a vitória de Arce. Añez também foi criticada pela má gestão da crise da pandemia. Houve casos de corrupção, como a compra superfaturada de respiradores, caso que levou à prisão do então ministro da Saúde. A um mês das eleições de outubro, ela desistiu de sua candidatura, pedindo ""união"" contra o partido de Evo. A prisão de Añez foi feita uma semana depois de ela ser derrotada nas eleições regionais, quando disputou o cargo de governadora do departamento de Beni. Seu desempenho nas urnas foi medíocre, e ela ficou em terceiro lugar. Já o direitista Luis Fernando Camacho, aliado na manobra que levou à renúncia de Evo, foi eleito governador de Santa Cruz de la Sierra. Ele também é alvo da ação contra Añez, mas a promotoria não ordenou sua prisão. O ex-presidente Carlos Mesa, que competiu com Evo e Arce nas eleições de 2019 e 2020, respectivamente, foi um dos primeiros a expressar repúdio pela ordem de prisão a Añez. Em entrevista à CNN na noite de sexta-feira (12), afirmou que a detenção da ex-presidente seria um ato de perseguição política. Mesa também postou em suas redes sociais que o momento político atual da Bolívia é ""pior que os das ditaduras"". ""Executa-se quem defendeu a democracia e a liberdade em 2019. O poder judicial e a Procuradoria vinculados ao MAS são o martelo que executa essa perseguição. Os autores da fraude se anistiam e pretender ser as vítimas."" O ex-presidente Jorge ""Tuto"" Quiroga também repudiou a prisão e afirmou que ""Arce criminalizou uma sucessão constitucional democrática. O diretor para as Américas da ONG Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, disse que ""as ordens de captura contra Añez e seus ministros não contêm nenhuma evidência de que tenham cometido o delito de terrorismo"". Quando Luciano, 27, olha para o banco de reservas do estádio do Morumbi, ele não vê somente um treinador à beira do campo. Enxerga, apesar dos cabelos brancos e do blazer, um ex-atleta que já foi referência na sua posição. Seu técnico, o argentino Hernán Crespo, balançou as redes em finais de Copa da Uefa e de Champions League. Centroavante de carreira sólida na Europa, é o quarto maior goleador da seleção argentina em toda a história e conquistou títulos por onde passou –River Plate, Parma, Inter de Milão, Chelsea. Currículo e experiência que servem de modelo para Luciano. E uma fonte permanente de consulta para que o atacante tricolor, artilheiro do último Campeonato Brasileiro pelo São Paulo com 18 gols, continue em busca de evolução na arte de superar os goleiros adversários. ""Crespo foi um monstro no futebol, na seleção argentina. Dentro da área, então, nem se fala. Matador, goleador, jogava muito. Vou pedir conselhos para ele sim, já temos conversado sobre isso, e pegar conselhos de um cara que já jogou e sabe das coisas com certeza será muito bom para a minha carreira"", diz o camisa 11, em entrevista à Folha. Neste sábado (13), contra o Novorizontino, em Novo Horizonte, o São Paulo mira sua terceira vitória consecutiva no Campeonato Paulista. O jogo, válido pela quarta rodada do estadual, começa às 16h30 e terá transmissão do Premiere. Será o último antes da suspensão anunciada pelo governo do estado, que vai do dia 15 ao 30 deste mês. Fazia quase duas décadas que o clube não registrava um artilheiro de Campeonato Brasileiro. O último havia sido Luis Fabiano, em 2002, com 19 gols naquela edição do torneio. A chegada de Luciano ao Morumbi foi um dos encaixes que permitiu à equipe brigar pelo título nacional na temporada passada. Encostado no Grêmio, foi contratado a pedido do técnico Fernando Diniz, com quem tinha trabalhado no Fluminense. A troca pelo meia-atacante Everton foi bastante benéfica ao São Paulo. O camisa 11 rapidamente se adaptou ao novo ambiente e, ao lado de Brenner no comando do ataque, fez o torcedor sonhar com a conquista do Brasileiro. Mas a derrocada na reta final da competição transformou em decepção uma campanha que sinalizava um encerramento glorioso. Apesar da queda para o quarto lugar, que terminou garantindo ao menos uma vaga direta na fase de grupos da Libertadores, Luciano foi poupado das críticas pela perda do campeonato e encerrou a temporada como uma das poucas notícias positivas do clube. Já Fernando Diniz, o treinador que levou o São Paulo à liderança momentânea, foi demitido depois que o clube cedeu a primeira posição na tabela, ainda antes de terminado o Nacional. ""O São Paulo me deu toda estrutura possível, tanto taticamente quanto tecnicamente. O Diniz já conhecia meu trabalho e eu o dele, o que facilita o processo. Ele é um dos caras que mais respeito e admiro no futebol, um profissional como poucos"", diz Luciano, agradecido ao técnico pela oportunidade de trabalharem juntos. ""Como funcionário, respeito a decisão da direção do São Paulo [pela demissão], pois sei que as pessoas que lá estão pensam no melhor para o clube, mas meu carinho e admiração pelo amigo Diniz vai seguir sempre."" Na atual temporada, Luciano terá a oportunidade de enfim disputar a Copa Libertadores pelo clube. Algo que ele não pôde fazer em 2020. Com uma suspensão que herdou da passagem pelo Grêmio, o jogador, que chegou em agosto ao Morumbi, não pôde atuar pelo tricolor paulista na competição e assistiu de fora à eliminação precoce dos são-paulinos na fase de grupos. Agora, o atacante quer ser protagonista do São Paulo também no torneio continental e, quem sabe, conquistar o título da Libertadores. Assim como fez seu técnico, especialista da grande área, em 1996. Campeão com o River Plate daquela edição do torneio, Hernán Crespo marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre o América de Cali (COL) na final e eternizou seu na história do clube argentino. ""Enxergo [a disputa da Libertadores] com uma expectativa muito boa. Vamos em busca dos nossos objetivos que temos para essa temporada, e a Libertadores é um deles. Espero que a gente tenha sucesso, porque o torcedor são-paulino merece"", completa Luciano. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (11) declarar válida a lei de 2015 que reduziu os prazos para veículos de comunicação responderem a ações judiciais de direito de resposta e ampliou a possibilidade de processos dessa natureza serem protocolados. Os ministros Kassio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Luiz Fux acompanharam o voto do relator, Dias Toffoli, para manter a vigência da norma. O único trecho derrubado pela corte é o que desautoriza despachos monocráticos de segunda instância que revoguem decisão de primeiro grau em ações sobre direito de resposta. Isso já havia sido invalidado por decisão liminar (provisória) de Toffoli em 2015. As demais previsões da lei estão em vigência há seis anos, desde que foram sancionadas. Até 2009, a lei estabelecia prazo de 24 horas para citação do veículo e outras 24 horas para a resposta. A partir de 2009, quando o STF revogou a Lei de Imprensa editada pela ditadura militar (1964-1985), passou a não haver mais prazo. Isso mudou, novamente, com a lei aprovada em 2015, que voltou a fixar os prazos de um dia para citação e outro dia para a resposta. O ministro Edson Fachin também acompanhou a maioria, mas divergiu em relação aos prazos previstos na legislação. Assim, os magistrados indeferiram a maior parte das ações apresentadas pela ANJ (Associação Nacional dos Jornais), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que são julgadas em conjunto. A norma foi aprovada pelo Congresso para suprir a lacuna deixada após o STF declarar inconstitucional, em 2009, a Lei de Imprensa do período do regime militar. Os ministros entenderam ser constitucional a redução de prazos em processos dessa natureza. A lei define que o juiz tem 24 horas para determinar a citação do responsável pelo veículo de comunicação e dá outras 24 horas para a empresa se manifestar sobre o caso. A legislação também prevê que processos dessa natureza devem ser julgados em até 30 dias. Outro ponto atacado pelas entidades, mas mantido pelo Supremo, é a previsão de que ações de direito de resposta podem ser ajuizadas tanto no domicílio do ofendido quanto na região em que a publicação tiver maior repercussão. Os ministros também votaram a favor da possibilidade de o Judiciário determinar a publicação de direito de resposta mesmo se o meio jornalístico tiver se retratado em espaço idêntico ao usado na publicação considerada ofensiva. Barroso afirmou que “não se impressionou” com o argumento das associações porque, segundo ele, as críticas à Justiça devem ser feitas devido à morosidade, e não à celeridade da tramitação dos casos. Fachin, porém, criticou a previsão aprovada pelo Congresso sobre o tema. “São todos prazos que não permitem que o veículo de imprensa possa exercer o contraditório na sua forma plena, assim como a ampla defesa”, disse. O ministro foi ao encontro do argumento da ANJ, que afirmou que a lei fixou procedimentos que, “no seu conjunto, retira do veículo de comunicação qualquer chance de se defender; qualquer possibilidade de reagir eficazmente a uma determinação judicial”. “De tão restritivo, o rito fixado tem o condão de inviabilizar o exercício do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. E isso em um contexto de restrição a liberdades preferenciais consagradas na Constituição, tais como as de expressão e de imprensa.” A maioria dos ministros também entendeu que limitar a territorialidade para a apresentação de ações desse tema poderia violar o princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição. A ANJ, entretanto, disse que a possibilidade de ações serem movidas tanto no local de domicílio quanto na região de maior repercussão estabelece um “prejuízo injustificável” aos veículos de comunicação. A entidade usou como exemplo um jornal localizado no Acre que dê uma notícia contrária a uma empresa sediada no Rio Grande do Sul e que, por sua vez, tenha como maior mercado consumidor São Paulo. “Não se pode perder de vista que somente a ANJ representa 135 órgãos de imprensa, muitos dos quais pequenos veículos de comunicação interioranos que, além de não disporem de porte e de recursos para litigar pelo país afora, frequentemente são alvo de tentativas de subjugação por parte de autoridades e agentes econômicos locais.” Já a ABI afirma que a lei “desconhece o princípio da ampla defesa e o do contraditório ao não oportunizar ao suposto ofensor, em prazos e formas iguais, a comprovação da inexistência de ofensa"". “A Constituição da República, ao garantir o direito de resposta proporcional ao agravo, também deve garantir o direito de se opor nos mesmos prazos e condições”, disse a entidade. Em relação aos prazos, Toffoli sustentou que “a característica principal do rito especial do direito de resposta é a celeridade”. “O exercício do direito de resposta é regido pelo princípio da imediatidade (ou da atualidade da resposta), o qual obriga a publicação da resposta com a maior brevidade possível, de forma a garantir a sua utilidade comunicativa, assegurando que a resposta seja veiculada quando ainda presente o contexto que a ensejou.” Gilmar Mendes afirmou que a Constituição protege a imprensa, “mas também prevê a proteção contra a imprensa”. “A Carta concede amplo espaço de liberdade de atuação, mas também protege o indivíduo em face do poder da imprensa”, disse. Segundo o magistrado, a legislação está “nos estritos termos do texto constitucional”. Rosa Weber, por sua vez, declarou que “a premissa fundamental do julgamento é que o direito de resposta está expressamente assegurado na Constituição. “A lei veio a suprir vazio legislativo deixado pela declaração de não recepção da Lei de Imprensa por esta Casa."" A ministra Cármen Lúcia também defendeu a lei e afirmou que os prazos impostos não são inconstitucionais. “Não me parece afastar o contraditório ou a ampla defesa nem comprometer o devido processo legal, parece, na verdade, o contrário: essa rapidez é razoável para atender a necessidade de veiculação breve daquilo que se tem como resposta jurisdicional necessária para que se tenha afastamento da ofensa daquele que se sinta ofendido”, disse. Já Lewandowski afirmou que o direito de resposta é uma garantia constitucional e que a única condicionante para isso é que seja proporcional ao agravo. O magistrado disse que essa foi a orientação do Supremo no julgamento de 2009 que tratou da Lei de Imprensa do regime militar. “Naquela ocasião, prevaleceu o entendimento segundo o qual a liberdade de expressão e o direito de resposta possuem eficácia plena e aplicabilidade imediata."" As imagens captadas pelo fotógrafo da Folha Lalo de Almeida ao longo das queimadas que devastaram o Pantanal em 2020 estão entre as finalistas na categoria Ambiente do World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo, anunciadas nesta quarta (10). A sequência de fotografias de Lalo, que ao longo de meses cobriu os incêndios na região ao lado do repórter Fabiano Maisonnave, ganha força principalmente pelo registro de um bugio ajoelhado e carbonizado. A semelhança com a figura humana e a dificuldade para distinguir a diferença entre o corpo do animal e o cenário em volta todo destruído são outros elementos marcantes da foto. Desde 2019, quando o World Press Photo passou a divulgar os finalistas a foto do ano antes de anunciar o vencedor da categoria, o prêmio oferece um panorama mais amplo do que aconteceu no ano anterior e dá pistas de como o júri de cada edição chegou ao resultado final. Até então, a fundação holandesa revelava apenas a fotografia eleita, monopolizando a atenção para um assunto específico, quase sempre relacionado a conflitos. Ainda assim, nos últimos dez anos houve duas exceções significativas: as escolhas das imagens do dinamarquês Mads Nissen, de um casal gay na Rússia em um momento de intimidade, em 2015, e do americano John Stanmeyer, um ano antes, de imigrantes africanos com os braços esticados para conseguir captar sinal em seus celulares. Além dos temas pouco usuais para vencedores da categoria, as imagens se destacaram por não exibirem momentos eletrizantes. Essa tônica, uma marca fundamental do fotojornalismo, deve continuar a ter força no World Press Photo, mas os finalistas deste ano apontam para um caminho diferente. Entre os seis indicados, há uma foto de conflito —a disputa entre azeris e armênios por Nagorno Karabakh—, outra do tema obrigatório de 2020 —a pandemia de coronavírus— e, por fim, o registro da tragédia em Beirute, onde uma explosão na zona portuária da capital libanesa deixou centenas de mortos. A segunda metade dos finalistas muda a chave. Além de uma imagem que aborda questões raciais —a remoção de uma estátua em Washington— e outra que discorre sobre pessoas transgênero, o World Press Photo selecionou pela segunda vez para a principal categoria do prêmio um registro ligado a ambiente. Na primeira vez, em 2019, a imagem escolhida trazia uma integrante de um grupo anti-caça para a preservação da natureza no Zimbábue. A imagem de uma mulher com arma na mão e uniforme militar, porém, versava mais sobre empoderamento feminino do que meio ambiente. Já a fotografia do espanhol Luis Tato exibe um homem tentando espantar gafanhotos que devastam pastagens no Quênia. Curiosamente, é essa a fotografia que, entre os finalistas de 2021, representa o filão de imagens de impacto imediato, facilmente encontrável em revistas como National Geographic. Todas as outras, porém, são mais silenciosas. A foto do espanhol também causa espanto porque o episódio retratado não foi uma pauta proeminente no ano passado. Ainda que esteja ligado à mudança climática, o problema dos gafanhotos nem de longe ocupou no noticiário o espaço que os incêndios no Pantanal, capturados por Lalo, ocuparam. Esta é a segunda vez que o profissional figura entre os indicados ao prêmio. Em 2017, ele ficou em segundo lugar na categoria de assuntos contemporâneos com uma série sobre famílias afetadas pelo zika vírus. Ainda que Lalo seja o único brasileiro na edição deste ano, o Brasil está presente na categoria principal. Mads Nissen, dinamarquês vencedor do World Press Photo pelo retrato do casal gay em 2015, fotografou no país a crise da Covid-19. A imagem, como tantas que vimos no ano passado, mostra o primeiro abraço de uma idosa em cinco meses. Rosa Luzia Lunardi, 85, aparece de costas, em São Paulo, abraçando uma enfermeira e enrolada em um plástico que acaba assumindo um formato parecido ao de asas de anjo. Assim como outros dois finalistas —a foto de um ferido pela explosão no Líbano, registrada por Lorenzo Tugnoli, e a de uma família armênia atingida pela guerra com o Azerbaijão, de Valery Melnikov—, a foto de Nissen se dedica mais ao momento posterior de uma crise do que a crise em si. As escolhas do World Press Photo talvez indiquem um caminho: quando o imediatismo é a regra, a dedicação aos desdobramentos de grandes histórias oferecem compreensão maior dos fatos. Os vencedores serão anunciados no dia 15 de abril. O agravamento da pandemia do novo coronavírus no país já faz com que apenas duas capitais tenham ocupação de leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) abaixo de 80%. Outras 16 se aproximam do colapso, com mais de 90% de suas vagas em uso. É o que mostra levantamento feito pela Folha com todos os estados e capitais do país. Só em Maceió e Macapá o cenário não estava tão crítico no início desta semana. No início do mês, eram dez as capitais com mais de 90% de ocupação. Em outros locais, como Porto Alegre, Porto Velho, Aracaju e Rio Branco, a situação vivida nos hospitais assusta diariamente profissionais de saúde e filas por vagas viraram rotina nas três primeiras cidades. No Rio Grande do Sul, pela segunda semana seguida o índice de ocupação de UTIs ultrapassa 100%, apesar de muitos hospitais terem aberto espaços improvisados para atender pacientes graves. Em Porto Alegre, a taxa chega a 102%. Na última sexta-feira (5), a Procuradoria-Geral do Estado entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para fazer com que a União retome o custeio de todos os leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19. De outra ponta, o estado teve um pedido de retomada das aulas presenciais negado pelo STF semana passada. Em Porto Velho, também não há leito de UTI disponível para pacientes infectados pelo novo coronavírus. A capital de Rondônia tem 184 vagas implantadas. Com isso, pacientes estão aguardando numa fila para acessar uma vaga no hospital. Aracaju é outra capital que já tem as vagas em UTIs tomadas. Em uma semana, a ocupação de leitos públicos passou de 69% para 99%, restando só uma vaga no hospital estadual do Coração na segunda. Pacientes já aguardam dias por leitos de terapia intensiva, e a situação também é crítica na rede privada, onde 94% das vagas estão ocupadas. Atividades não essenciais estão proibidas nos finais de semana e entre 22h e 5h, nos dias úteis. Já Rio Branco chegou a 99% de taxa de ocupação na segunda (8), com apenas um leito de UTI livre. Apesar do avanço da doença, o governo adiou para sábado (13) o início do cumprimento das medidas restritivas aos finais de semana, quando restaurantes, bares e supermercados estarão proibidos de oferecer atendimento presencial, funcionando só por delivery. Além da lotação dos leitos, o estado ainda enfrenta aumento nos casos de dengue e enchentes com o transbordamento dos rios, que desalojaram dezenas de famílias. Em todos os estados do Centro-Oeste a situação também está crítica. Em Goiânia, dos 257 leitos existentes, 98% também estão ocupados, índice que repete a média estadual, mesmo com a implantação de novos leitos. Em Cuiabá e na região da Baixada, que inclui Várzea Grande, há 258 leitos, incluindo municipais e federais, com ocupação de 95%. Há uma semana, era de 83%. O hospital municipal São Benedito, em Cuiabá, por exemplo, estava com as 40 vagas exclusivas para Covid-19 ocupadas na última segunda. No estado, a ocupação passou de 87% para 97% em uma semana. Já em Campo Grande, o índice avançou e já está em 91% e, no Distrito Federal, que enfrenta o auge da crise, 93,2%. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), decretou toque de recolher das 22h às 5h na segunda (8), até o dia 22. Na terça (9), decretou estado de calamidade pública. Além de Porto Alegre, as outras duas capitais da região Sul, Curitiba e Florianópolis, apresentam altos índices de ocupação de leitos, 96%. Nesta terça a central de leitos registrava que 123 pessoas aguardavam por vagas na capital paranaense e na região metropolitana. A secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, anunciou que sete UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) passarão a fazer a retaguarda de hospitais para internamentos em enfermaria. “O risco de contaminação é muito alto, então estamos clamando para que as pessoas não vão para as UPAs com sintomas leves ou outras doenças.” No estado, que tem 97% de ocupação, há mais de mil pessoas à espera de vagas. Além de lidar com a rotina de atendimento, o auxiliar de enfermagem Sidirley Blanck, de Corbélia, cidade de 17 mil habitantes da região oeste do estado, viveu a agonia da espera por UTI para sua prima, Silvia Lauxen, que ficou quatro dias intubada em um espaço improvisado no hospital. Só na segunda-feira ela conseguiu uma vaga em Nova Aurora, a 40 km. “O nível da pandemia da Covid-19 está dia a dia pior, não esperava que fosse chegar nessa proporção. Os municípios estão fazendo o máximo de ações para que isso diminua, mas, de outro lado, grande parte da população não está entendendo a gravidade dessa doença”, disse. O cenário é parecido em Santa Catarina, onde 96% dos leitos estão em uso na capital e no restante do estado. Nesta terça, havia apenas sete vagas em UTIs em hospitais de Florianópolis. No Nordeste, São Luís, Recife e Natal têm 95% de vagas em UTIs ocupadas. Na capital maranhense, há apenas nove leitos livres e, para conter o avanço da doença, foram suspensas as aulas presenciais em escolas e universidades públicas ou privadas e o horário de funcionamento do comércio foi limitado das 9h às 21h. No Rio Grande do Norte, dos 299 leitos disponíveis na rede estadual, 92% estão ocupados, enquanto na região metropolitana de Natal a ocupação chega a 95%. “Não vou iludir a população afirmando que basta abrir leitos. É imperativo que a gente adote o isolamento social”, afirmou a governadora Fátima Bezerra (PT) na última sexta. Em João Pessoa, o índice subiu para 90%, enquanto Fortaleza se manteve em 87%. Salvador tem 85% e Teresina, 84%. No Sudeste, 82% dos leitos na capital paulista estão ocupados e dois hospitais municipais chegaram a 100% de ocupação na terapia intensiva: Brigadeiro e José Soares Hungria (Pirituba). No Rio, a ocupação das UTIs públicas era de 93% na segunda, com 16 pacientes aguardando transferência. Em Minas Gerais, Belo Horizonte voltou a autorizar a abertura apenas de serviços essenciais para evitar que a rede fique lotada (está em 86%). No Espírito Santo, a região metropolitana de Vitória chegou a 80% na taxa de ocupação de leitos. “É preciso que a gente compreenda que a abertura de leitos não é a solução definitiva. Precisamos interromper a cadeia de transmissão do vírus, enquanto a gente não tiver vacina para todos”, afirmou o governador Renato Casagrande (PSB) durante a entrega de 20 leitos de UTI no fim de semana. Em Palmas há apenas três leitos de UTI livres para o tratamento de doentes da Covid-19, o que fez a prefeitura suspender o funcionamento das atividades não essenciais, missas e cultos. Após a abertura de 40 leitos, o índice em Belém caiu de 84% para 82%. “Antes de abrir mais leitos precisamos adequar o atendimento a quem já está no hospital. Faltam respiradores, material de intubação e até máscara N95. Não está faltando oxigênio, mas a alta demanda fez com que os pontos de oxigênio não sejam mais suficientes em alguns hospitais, que precisam transferir os pacientes para outras unidades onde ele possa receber esse suporte”, disse o médico Wilson Machado, diretor de comunicação do sindicato da categoria no Pará. Em Manaus, que começou a flexibilizar as medidas de restrição ao comércio em 15 de fevereiro, a abertura de novos leitos não evitou o aumento na taxa de ocupação das UTIs entre o dia 1º e a última segunda, quando 90% das vagas estavam ocupadas. Nas duas capitais com índices abaixo de 80%, porém, o cenário não é de tranquilidade, já que houve avanço em relação à semana anterior na ocupação de leitos. Em Maceió, passou de 64% para 73%, e em Macapá, de 72% para 75%. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira (10), dois dias após ter suas condenações anuladas e ter sido autorizado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a disputar eleições. Lula defendeu o uso de máscaras e o distanciamento social como medidas de prevenção à Covid-19, mas tirou a proteção para falar, alegando que estava a pelo menos dois metros de distância de outras pessoas. Entre pronunciamento e respostas às perguntas de jornalistas, foram mais de duas horas, nas quais Lula criticou diretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em diversos momentos. A Lupa checou algumas declarações do petista. A assessoria de imprensa do ex-presidente foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta checagem. FALSO A decisão do ministro do STF Edson Fachin não cita, em nenhum momento, que o ex-presidente Lula nunca cometeu crimes. Ele apenas considerou que as ações do tríplex de Guarujá (SP), do sítio em Atibaia (SP) e do Instituto Lula não têm relação direta com a Petrobras e não deveriam ter tramitado na Justiça Federal de Curitiba. Os casos, segundo Fachin, estão ligados também a outras empresas e, por isso, teriam de ser analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, onde serão reiniciados —ou seja, voltarão a ser julgados. O ministro, portanto, não analisou o mérito dessas questões, isto é, não escreveu que reconhecia que nunca houve crime cometido por Lula. Ele entendeu que não cabia ao juiz Sergio Moro, que atuava na 13ª Vara Federal de Curitiba, julgar o ex-presidente nesses três casos. No entendimento do magistrado, a sentença dada no Paraná foi irregular e, por isso, inválida. Com a anulação das condenações proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, a decisão de Fachin teve como consequência tornar o ex-presidente inocente dessas acusações, de acordo com o artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. EXAGERADO Na decisão que anulou as condenações de Lula, o ministro Edson Fachin explica que as ações penais não poderiam ter sido comandadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba porque os fatos apontados não têm relação direta com o esquema de desvios da Petrobras. Fachin não ""reconhece"" que Lula nunca teve envolvimento com o esquema de corrupção da petroleira, mas sim que os casos investigados pela Lava Jato em Curitiba não têm relação exclusiva com a Petrobras. Em um dos pontos do texto, Fachin diz que as acusações contra o ex-presidente envolviam muito mais empresas que a própria Petrobras. “A conduta atribuída ao ora paciente, qual seja, viabilizar nomeação e manutenção de agentes que aderiram aos propósitos ilícitos do grupo criminoso em cargos estratégicos na estrutura do Governo Federal, não era restrita à Petrobras S/A, mas a extensa gama de órgãos públicos em que era possível o alcance dos objetivos políticos e financeiros espúrios”, diz Fachin (página 30). Em outro trecho, o ministro afirma que o Ministério Público Federal apontava Lula como “figura central” de um “grupo criminoso organizado” com ampla atuação na administração pública, sendo a Petrobras apenas um deles. Como a acusação imputada a Lula não tinha relação exclusiva com a petroleira, “o caso, portanto, não se amolda ao que veio sendo construído e já decidido no âmbito do Plenário e da Segunda Turma do Supremo” (página 40). CEDO Pesquisadores da Fiocruz que investigam a variante P.1 do novo coronavírus, detectada em Manaus, afirmam que a cepa é potencialmente mais contagiosa. Contudo, ainda não há dados oficiais da entidade que falem sobre o nível de transmissão. No final de fevereiro, o Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde) divulgou um artigo afirmando que a variante brasileira é até 2,2 vezes mais transmissível. Contudo, essa pesquisa ainda não foi publicada em nenhuma revista científica. Essa cepa está se espalhando por várias regiões do país. Em comunicado técnico, pesquisadores da Fiocruz alertam para a alta prevalência da variante nas três regiões do Brasil avaliadas (Sul, Sudeste e Nordeste). “Dos oito estados avaliados neste recorte apenas dois não tiveram prevalência da mutação associada às variantes de preocupação superior a 50%: caso de Minas Gerais, com 30,3% das amostras testadas como positivo para a mutação, e Alagoas, com 42,6%. Nos demais estados, mais de 50% das amostras foram identificadas com a mutação associada às ‘variantes de preocupação’”, afirma a Fiocruz. Segundo a Fiocruz, um adulto infectado com essa variante tem uma carga viral —quantidade de vírus no corpo— dez vezes maior em relação a uma infecção por outras variantes. O estudo foi publicado como ""preprint"", ou seja, ainda não passou pela revisão de outros cientistas, a chamada revisão de pares. Contudo, isso não quer dizer que a nova cepa seja “dez vezes mais contagiante”, como afirmou o ex-presidente Lula. Os primeiros casos da Covid-19 no Amazonas foram detectados em março de 2020. Segundo a nota técnica da Fiocruz Amazônia, no dia 30 de dezembro de 2020 os pesquisadores identificaram um possível caso de reinfecção. Eles realizaram o sequenciamento e, no dia 13 de janeiro, veio a confirmação de que o vírus analisado na amostra era uma nova variante, que foi denominada P.1. VERDADEIRO O Brasil, que começou a campanha de imunização contra o vírus H1N1 em março de 2010, ultrapassou 81 milhões de vacinados até 16 de junho daquele ano. O governo federal esperava vacinar 80% dos 92 milhões de brasileiros que estavam em grupos prioritários e conseguiu chegar a 88%. Em janeiro de 2010, o governo federal havia adquirido 83 milhões de doses da vacina contra o vírus H1N1. A maior parte, 40 milhões de doses, foi comprada do laboratório inglês GlaxoSmithKline (GSK); outras 33 milhões foram adquiridas do Instituto Butantan. Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde em julho de 2010 mostrou que o número de casos graves e de mortes causadas pela gripe H1N1 caiu entre março e julho daquele ano em todas as regiões do país, devido à vacinação. VERDADEIRO As primeiras tentativas de negociação da Pfizer com o governo brasileiro para fornecimento das vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas em parceria com a BioNTech ocorreram em agosto do ano passado. Naquela época, a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses para entrega entre dezembro de 2020 e junho deste ano. De lá para cá, outras propostas foram feitas. Em novembro, o laboratório propôs um novo acordo para o Ministério da Saúde. Em janeiro, o governo criticou as cláusulas do contrato proposto pela empresa americana e afirmou que a compra causaria “frustração” aos brasileiros porque envolvia apenas 2 milhões de doses no primeiro trimestre deste ano. Em 3 de março, o Ministério da Saúde oficializou a intenção de compra de 100 milhões de doses do imunizante. O contrato ainda não foi fechado, mas o governo estima que 14 milhões de doses —do total de 100 milhões em negociação— chegarão ao país em maio e junho. O imunizante da empresa teve o registro definitivo concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro. Até o momento, somente vacinas do Instituto Butantan (Coronavac) e da Universidade de Oxford/AstraZeneca estão disponíveis para a população brasileira. De acordo com calendário divulgado nesta terça-feira (9) pelo Ministério da Saúde, as doses da indiana Covaxin, da Barat Biotech, devem chegar ao país ainda no primeiro semestre. Além da Pfizer, o governo federal negocia com a Janssen (Johnson & Johnson), com a Moderna e a União Química (vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleia, da Rússia). FALSO Além das ações contra Lula que tramitavam na Justiça Federal no Paraná no âmbito da Lava Jato e que foram anuladas pelo ministro do STF Edson Fachin, Lula ainda é réu em outras quatro ações penais no Distrito Federal e em São Paulo. Ele não foi absolvido nesses processos. A decisão de Fachin não afetou esses casos. Uma das acusações diz respeito a corrupção e lavagem de dinheiro junto aos ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo e ao empresário Marcelo Odebrecht na Justiça Federal em Brasília. O ex-presidente também é réu, com o filho Luís Cláudio Lula da Silva, acusado de tráfico de influência em uma concorrência que resultou na compra de caças suecos pela FAB (Força Aérea Brasileira) entre 2003 e 2010. O caso tramita na Justiça Federal de Brasília e faz parte da Operação Zelotes. O petista foi absolvido em apenas uma ação, em 2018, pela Justiça Federal em Brasília. Ele tinha sido acusado de obstrução da Justiça por supostamente tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Lava Jato. EXAGERADO Embora a venda de veículos tenha caído nos últimos anos, a queda não foi tão brusca como sinalizou o ex-presidente Lula durante a coletiva. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, em 2008, quando o petista estava no segundo mandato, foram licenciados 2,82 milhões de veículos novos —ou seja, 1,18 milhão a menos do que o valor citado por ele na entrevista. O número é 29,5% menor. Em 2020, último ano com dados completos, esse número caiu para 2,05 milhões. Os dados correspondem ao licenciamento total de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), sejam eles nacionais ou importados. Analisando apenas os dados sobre carros, foram licenciados 2,3 milhões em 2008. Esse número caiu para 1,6 milhão em 2020. Mesmo se forem consideradas as exportações, o dado citado por Lula continua exagerado. Em 2008, a soma de licenciamentos e exportações da indústria automobilística brasileira foi de 3,3 milhões de unidades. No ano passado, 2,3 milhões de veículos foram vendidos e exportados pelo Brasil. Ou seja, no comparativo entre os dois períodos, não houve uma queda de 2 milhões de unidades, mas de 1 milhão. EXAGERADO O crescimento das intenções de voto em Lula em 2018 não foi tão grande depois da sua prisão. A alta oscilou entre 2 e 14 pontos percentuais, dependendo do instituto de pesquisa —mas nunca chegou a 16 pontos, como citou o ex-presidente. Essa mesma informação já foi classificada como exagerada pela Lupa em abril de 2019. Naquele mês, a agência verificou uma entrevista que o petista concedeu à Folha e ao El País na prisão. Segundo o Datafolha, Lula tinha entre 34% e 37% das intenções de voto em 31 de janeiro de 2018. Em 16 de abril, nove dias após a prisão, o petista oscilava entre 30% e 31%. No dia 22 de agosto, na última pesquisa Datafolha com Lula entre os presidenciáveis, ele tinha 39% das intenções de voto. Nos levantamentos do Ibope, o petista tinha 35% das intenções de voto em outubro de 2017 —a última pesquisa antes de ele ser preso— 33% em junho de 2018 e 37% em agosto do mesmo ano. Já o instituto Vox Populi, vinculado ao PT, indicava que Lula tinha 42% das intenções de voto em novembro de 2017, 56,1% em maio de 2018 e, em julho, o percentual havia diminuído para 41%. VERDADEIRO Em 2011, o Brasil superou o Reino Unido e se tornou a sexta maior economia do mundo segundo ranking do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês). Nessa época, o país era presidido pela petista Dilma Rousseff, então no primeiro ano do primeiro mandato. Antes dela, Lula tinha governado entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010. O Brasil fechou o ano de 2020 na 12ª posição e a consultoria britânica especializada em análises econômicas projeta que o país cairá para o 13º lugar da lista em 2021. CEDO Ainda não há estudos que falem sobre a letalidade da variante P.1 do novo coronavírus, identificada em Manaus. O Comitê de Assessoramento Científico Externo, formado por pesquisadores da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), instituições locais e outros estados, desenvolve 12 estudos sobre a cepa. Eles estão em fase preliminar de análises e, por essa razão, ainda não têm resultados conclusivos sobre a letalidade da variante. Com a sensação de que foram traídos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), os integrantes da UPB (União dos Policiais do Brasil) ameaçam paralisação e rompimento com o atual governo. A UPB é formada por ao menos 24 instituições da área da segurança pública. As declarações foram dadas em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (10). A gota d'água para a crise seria o texto da PEC enviado à Câmara pelo Senado. Ele teve apoio do Palácio do Planalto, inclusive, com o voto do senador Flávio Bolsonaro contra a exclusão dos policiais da proposta, como revelou o Painel. Se aprovada, a PEC estipula um gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%. “A gente está falando em paralisação porque estamos na discussão se podemos ou não podemos fazer greve, mas não descartamos nem greve. O essencial sempre vai funcionar, estamos vendo como fazer o processo para que seja entendido pelo governo federal. Estamos extremamente insatisfeitos”, disse Edvandir Paiva, presidente da ADPF (Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal). O conselho de diretores da ADPF, inclusive, enviou um ofício aos superintendentes regionais da Polícia Federal nesta quarta-feira (10). A intenção é que possam atuar como porta-vozes junto ao diretor-geral da Polícia Federal para levar a situação ao presidente Jair Bolsonaro. Eles afirmam que ainda há como reverter a situação. Para as entidades, o governo promete uma coisa publicamente e nos bastidores se articula de outra maneira. Eles alegam que já houve ao menos três traições desde o início do mandato, entre elas a Reforma da Previdência. Segundo Luis Antônio Boudens, presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), as entidades não são contra a PEC e o auxílio emergencial, mas pela forma que está sendo feita. Ele afirma que a segurança pública está na linha de frente contra a pandemia e não parou, devendo ser tratada de forma respeitosa pelo governo federal. “Nós seremos pela terceira vez alvo dessas medidas pensadas criadas pelo Ministério da Economia e aceitas pelo presidente. Nós, que apoiamos o presidente, estamos sendo alvos. Para os policiais que ainda não acordaram, acordem”. Rafael Sampaio, presidente da ADPJ (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária), disse que os servidores da segurança pública estão sendo desprestigiados pelo atual governo. “Estamos sendo desprestigiados por um governo que se elegeu com a bandeira de segurança e com a valorização da segurança. Recentemente, foi publicado, por exemplo, os grupos de vacinação e os presos tiveram prioridade em detrimento dos policiais que possuem taxas altíssimas de contaminação”. Auxílio emergencial Permite nova rodada da assistência em 2021, com custo de até R$ 44 bilhões. Novo auxílio fica fora do teto de gastos. Texto não detalha público e valor do auxílio. Governo editará MP para efetivar o programa, que deve ter parcela padrão de R$ 250 por quatro meses (mulher chefe de família receberá valor mais alto, e pagamento será menor para pessoas que vivem sozinhas). Medidas de ajuste fiscal Decreto de calamidade pública nacional Pode ser acionado em situação de crise aguda e generalizada no país, como por exemplo em uma pandemia. Neste ano, o governo não pretende decretar nova calamidade. Cria dispositivos para enfrentamento dessas crises, como a flexibilização de limites de gastos e afrouxamento de regras para compra de insumos e contratação de pessoal. Durante a vigência da calamidade, gatilhos de controle de despesa também são acionados. Objetivo é compensar o endividamento provocado pelo aumento de gastos. Entre os gatilhos, estão a suspensão de reajustes de servidores, de criação de cargos e concursos públicos, além de vedação de aumento de auxílios e criação de despesas obrigatórias ou incentivos tributários. Fica autorizado o uso do saldo financeiro dos fundos públicos para abater a dívida pública. Emergência fiscal Para a União, cria gatilhos a serem acionados temporariamente em caso de aperto nas contas públicas, quando a despesa obrigatória primária passar de 95% da despesa total. Para estados e municípios, o ajuste é facultativo, quando a despesa corrente ultrapassar 95% da receita corrente. Objetivo é limitar o crescimento das despesas da União e assegurar que estados e municípios poupem. Medidas de ajuste fiscal são as mesmas previstas para a calamidade. Outras medidas Prevê que uma lei complementar traga regras e medidas visando a sustentabilidade da dívida pública. Determina um prazo de seis meses para que o governo apresente um plano para redução gradual dos benefícios tributários. Proposta terá que estabelecer corte de benefícios em 10% ao ano, levando o montante a até 2% do PIB em oito anos (hoje está acima de 4% do PIB). Prorroga de 2024 para 2029 o prazo para que estados e municípios paguem precatórios. Acaba com a obrigatoriedade de que União crie financiamentos para ajudar no pagamento desses precatórios. O que saiu da PEC na Câmara Proibição de promoções e progressões de carreira para servidores públicos em momentos de emergência fiscal ou calamidade pública. Esse benefício é mantido. Desvinculação de receitas tributárias a fundos, despesas e órgãos específicos. Governo não poderá remanejar recursos que alimentam fundos como os de meio ambiente, cultura, aviação civil, saúde e social. Também será obrigado a manter os repasses à Receita Federal. O que saiu da PEC no Senado Extinção do gasto mínimo para saúde e educação Gatilhos mais rígidos, como corte de jornada e salário de servidores públicos em até 25%, além de redução de pelo menos 20% dos cargos de confiança Fim das transferências de recursos do FAT ao BNDES Fim da obrigatoriedade de reajuste anual dos servidores Limite à correção de valores das emendas parlamentares Extinção de municípios pequenos que não tenham recurso para se sustentar Criação do Conselho Fiscal da República Definição do TCU (Tribunal de Contas da União) como instância superior aos tribunais de contas estaduais e municipais, padronizando entendimentos na área fiscal Fim de vinculações de receita Extinção dos fundos públicos Necessidade de dotação orçamentária para o cumprimento de determinação judicial ou de lei que implique aumento de despesa A espiral de hiperinflação na Venezuela chegou a um novo marco nesta semana. O Banco Central da Venezuela (BCV) colocou em circulação uma nova nota que reflete a situação econômica que o país experimenta há anos: a cédula de 1 milhão de bolívares, a de maior valor nominal da história do país. Apesar do número alto, seu valor real é muito baixo: US$ 0,52 (cerca de R$ 3) pelo câmbio oficial da semana passada, quando o BCV anunciou sua introdução ao conjunto de notas e moedas em circulação. E a previsão é que ela se desvalorize rapidamente, já que a escalada de preços segue fora de controle e a Venezuela segue vivendo uma das mais graves crises econômicas da história recente. Segundo o BCV, os índices de preços subiram 2.665% no último ano. Além da cédula de 1 milhão de bolívares, o Banco Central da Venezuela anunciou no Twitter o lançamento de outras duas novas notas, de 200 mil e 500 mil, ""para atender às necessidades da economia nacional"". Em 2018, já tinham sido retirados cinco zeros da moeda, o que não impediu que o valor do bolívar continuasse a cair. A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, procurou o governo venezuelano por meio do Ministério das Comunicações da Venezuela, mas não recebeu resposta imediata. Em meio a uma dolarização de fato (66% das transações já são feitas com dólar, segundo a Ecoanalítica), a medida tem sido interpretada como uma resposta ao problema da falta de troco, que torna as transações mais comuns extremamente difíceis no dia a dia dos venezuelanos. Como o dinheiro em bolívares é escasso e o valor real do que está disponível está diminuindo, muitas pessoas tentam pagar por serviços de baixo valor, como passagens de transporte público (150 mil bolívares ou US$ 0,07), com notas de um dólar, e motoristas raramente têm troco suficiente para devolver. A desvalorização irrefreável do bolívar tornou o dólar americano a moeda preferida nos últimos anos —e o bolívar foi deixado apenas para transações menores e para o varejo. Mas uma vez que não há dinheiro suficiente, ele também não cumpre esse papel. Pelas estimativas da Econométrica, apenas 1,9% dos bolívares que circulam no sistema o fazem em espécie. E à escassez de bolívares em dinheiro se soma a falta de dólar em baixo valor, tornando pagamentos de um pacote de farinha ou de uma passagem de ônibus uma dor de cabeça para muitos. O economista Luis Vicente León, da consultoria Datanálisis, disse à reportagem que ""estão lançando uma cédula que terá o valor mais alto de uma nota em bolívares, mas, na realidade, funcionará mais como uma moeda para dar troco"". O lançamento da nova nota foi recebido com ceticismo. A previsão geral é que perderá seu valor já baixo tão rapidamente quanto muitos de suas antecessoras. León acredita que ""esta medida só terá efeito durante algumas semanas ou, talvez, meses, porque o bolívar não inspira qualquer confiança"". A história recente não inspira motivos para otimismo. No verão de 2018, Nicolás Maduro anunciou o lançamento de um novo cone monetário (conjunto de notas e moedas) como parte de seu Plano de Recuperação Econômica, Crescimento e Prosperidade para enfrentar a ""guerra econômica"" dos EUA, a quem ele culpa pelos problemas da economia venezuelana. Nasceu ali o bolívar soberano, um novo bolívar de cujo valor nominal foram retirados cinco zeros para compensar o efeito acumulado da hiperinflação. Maduro continuou na linha de seu antecessor, Hugo Chávez, que adotou medida semelhante anos antes. Essas sucessivas reavaliações do valor nominal do bolívar como resultado de uma decisão política são medidas paliativas para a erosão que a hiperinflação impôs à moeda venezuelana. O economista e político da oposição José Guerra calcula que, se somarmos todos os zeros eliminados pelo governo nos últimos anos, a nova nota de 1 milhão seria, na verdade, de 100 bilhões. Embora a Constituição da Venezuela estabeleça que sua moeda é o bolívar, parece difícil que, no contexto atual, a moeda possa recuperar seu valor e seu papel na economia. ""Remover zeros da moeda ou renomeá-la não é a solução"", diz Léon. A Venezuela está mergulhada em uma crise econômica há anos que consumiu mais da metade de seu Produto Interno Bruto (PIB) e foi agravada pela pandemia do coronavírus. Depois de anos proibindo o uso do dólar, o governo nos últimos meses permitiu o uso crescente da moeda como ""válvula de escape"", nas palavras de Maduro. ""Não vejo mal (...) esse processo que chamam de dolarização; pode servir para a recuperação e o desenvolvimento das forças produtivas do país e o funcionamento da economia. (...) Graças a Deus ele existe"", disse ele há alguns meses. ""A Venezuela sempre terá sua moeda (...), sempre teremos o bolívar, e vamos recuperá-lo e vamos defendê-lo."" Maduro disse recentemente que quer levar adiante um plano para que, neste ano, a economia do país seja totalmente digital. Assim, já foi implementado o pagamento do metrô de Caracas com cartão eletrônico. O dirigente chavista sustenta que as sanções dos EUA e o ""bloqueio internacional"" são a causa dos problemas da economia venezuelana. Mas especialistas e vários organismos internacionais alertam que, até que as reformas estruturais sejam realizadas, não será possível estabilizar o bolívar —e recomendam que o governo abandone a prática de monetizar o déficit fiscal (cobrindo com a emissão de dinheiro o desequilíbrio entre receitas e despesas do Estado). Para melhor fugir da pandemia, a Mostra de Cinema de Gostoso muda de rota em sua sétima edição. Em vez de acontecer na areia da famosa praia do Rio Grande do Norte, as exibições desta vez serão pelo online, com todos os 36 filmes programados. Esta está longe de ser a única mudança. Os curadores suprimiram este ano o concurso para escolha dos seis longas e dez curtas da mostra central. Eles foram pinçados pela curadoria entre produções concluídas entre 2019 e 2021. O mais importante, no entanto, é o que foi acrescentado. Gostoso procurou agitar um tema central no cinema brasileiro atual, a memória —ver o fechamento da Cinemateca Brasileira pelo governo federal— e desencavou algumas raridades e outras nem tanto. A maior dessas joias é “A Vida Provisória”, único filme dirigido pelo mineiro Maurício Gomes Leite. O filme de 1968 trata da atividade política do jornalista Estevão já durante o período da ditadura militar. Estevão não tem a pegada expansiva do Paulo Martins de “Terra em Transe”. É discreto em seu agir. O estilo de Gomes Leite também não tem nada de glauberiano: é seco e realista, porém bem moderno, como os toques godardianos deixam bem ver. Talvez o espectador contemporâneo estranhe no início a narrativa não linear, em que se alternam os tempos de vida do jornalista (em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília), seus elos com pessoas no poder, os documentos que detém e seu amor por Paola, vivida por Dina Sfat. A cópia a ser exibida é preservada pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna e foi exibida há sete anos numa mostra dedicada a Paulo José do Centro Cultural Banco do Brasil. Mas não é a toda hora que passa. Quanto a Gomes Leite, também não se sabe muito, exceto que se mudou para a França e trabalhou para a Unesco por muitos anos. Crítico importante, Gomes Leite logo disse que “O Bandido da Luz Vermelha”, de 1968, de Rogério Sganzerla, estava 20 anos à frente do nosso cinema. Mas sua “Vida Provisória” acabou numa espécie de limbo, pois não era cinema novo, nem universalista, nem intimista. No entanto, continua moderno. O que é mau, o que é ressaltado pelo cineasta Vladimir Carvalho em seu depoimento ao festival. Outro depoimento gravado, o do cineasta João Callegaro, é mais importante, já que ele é um dos raros remanescentes dos que inauguraram o “cinema da Boca”, entre eles Rogério Sganzerla e Carlos Reichenbach. A ideia central era fazer filmes baratos e rentáveis. Mais do que isso. Essa tendência nasceu da convivência entre Callegaro, Reichenbach e Sganzerla, colegas na efêmera Escola de Cinema São Luís, a primeira do país. Sganzerla fez sucesso com seu “Bandido”. Callegaro e Reichenbach se juntaram ao crítico Antônio Lima para criar a Xanadu, responsável por dois filmes inaugurais, feitos em episódios, que o festival trará de volta –“As Libertinas”, de 1968, e “Audácia”, de 1970. Callegaro toma parte apenas no primeiro deles. Como ele próprio deixou os longas-metragens por documentários e filmes publicitários, após fazer o formidável “O Pornógrafo”, de 1970, e como Lima abandonou a realização para voltar ao jornalismo, o interesse central dos filmes acaba sendo (sobretudo em “Audácia”) a oportunidade de ver Carlos Reichenbach, entre altos e baixos, dar seus primeiros passos, por vezes hesitantes, por vezes já anunciando o que seria o seu riquíssimo cinema futuro. Quanto ao depoimento, se trata de um precioso documento sobre a gênese do cinema paulista que vigorou a partir do final dos anos 1960 e até os 1980 (ainda que com mudanças profundas) e complementa o documentário inserido no início de “Audácia” (a rigor, a melhor parte do filme). É verdade que esses eventos correm o risco de ofuscar até certo ponto a programação de novos filmes. Mas nem tanto assim. Primeiro, porque a pandemia impede a realização de muitos novos filmes. Segundo porque, entre os escolhidos (e lembrar que não se trata de mostra competitiva) existem filmes que passaram por festivais relevantes e não receberam a devida atenção dos serviços de streaming. Entre eles estão “Antena da Raça”de 2020, de Paloma Rocha e Luis Abramo, que passou por Brasília, “Açucena”, de 2021, de Isaac Donato e “Essa Terra É Nossa”, de 2020, de Isael e Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, que estiveram em Tiradentes. Esse último é muito especial, pois, filmado por índios e sobre índios, dispensa paternalismos para ser admirado. Traz uma visão inesperada, fresca e madura, sobre como olhar e experimentar o mundo em que vivemos. Não menos relevantes são os filmes da mostra Acervo, entre eles “Vidas Secas”, de 1963, de Nelson Pereira dos Santos, “Copacabana Mon Amour”, de 1970, de Sganzerla, “Claro”, de 1975, de Glauber Rocha e “São Bernardo”, de 1972, de Leon Hirzman, entre outros. Por fim (e para não falar dos curtas), os dois filmes que compõem com “A Vida Provisória” a série Limite são imperdíveis –“O Bravo Guerreiro”, de Gustavo Dahl, e “Desesperato”, de Sergio Bernardes Filho (ambos são de 1968). Ah, sim, não se pode deixar de lembrar que também será exibido “Cinemateca Brasileira”, que Ozualdo Candeias filmou em 1993. Afinal, é em torno da memória, portanto da preservação, portanto da Cinemateca Brasileira, que gira grande parte das escolhas de Eugênio Puppo e Matheus Sundfeld. Para acessar tudo isso e um pouco mais desse programa não parece complicado. Tudo estará no site mostradecinemadegostoso.com.br. Delegados, peritos, agentes da Polícia Federal, policiais rodoviários federais e outras 20 carreiras da segurança pública ameaçam realizar protestos em cidades de todo país nesta quarta-feira (10). Integrantes da UPB (União dos Policiais do Brasil), os servidores se dizem traídos pelo presidente Jair Bolsonaro, que teria prometido apoio aos pedidos das categorias para serem poupados de congelamentos na PEC Emergencial. Os policiais são proibidos de fazer greve, por isso, dizem eles, o plano é realizar paralisações ao longo do dia. O texto da PEC enviado à Câmara pelo Senado teve apoio do Palácio do Planalto, inclusive, com o voto do senador Flávio Bolsonaro contra a exclusão dos policiais da proposta, como revelou o Painel. Se aprovada, a PEC estipula um gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%. “É um movimento de traição, são montadas estratégias, deixando o Congresso ser culpado. Com Rodrigo Maia era mais fácil. Agora, no Senado, o governo votou contra a emenda defendida pelos policiais. É uma estratégia de fazer um discurso público e nos bastidores fazer outra coisa”, diz Luis Antônio Boudens, presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais). Tanto Boudens como o presidente da FenaPRF (Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais), Dovercino Borges Neto, classificam a postura de Bolsonaro nos últimos dias, quando sinalizou apoio aos policiais, como “jogar pra galera"". Para o líder dos policiais rodoviários, as categorias estão muito chateadas e o encaminhamento para os protestos e paralisação tem como objetivo ser um “ato simbólico de que a segurança pública desembarcou no governo Bolsonaro”. Representante dos peritos federais, o presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais), Marcos Camargo, afirma que os protestos são para chamar a atenção para o que eles consideram “equívocos e absurdos” da PEC. “É a terceira traição (do governo de Jair Bolsonaro), a primeira foi na reforma da previdência, a segunda na votação da lei complementar 173, que também já trouxe vedações, e a terceira agora. E essa é muito grave”, diz ele. Edvandir Paiva, presidente da ADPF, que representa os delegados da PF, afirma que o apoio do governo e de alguns parlamentares à versão atual da PEC não é compatível com o discurso que elegeu o presidente. “Estamos trabalhando, fazendo operação, evitando desvio de recurso do combate à pandemia. Ai, de repente, coloca na Constituição um congelamento salarial por tanto tempo, a gente entende que é desproporcional”, diz Paiva. A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que vai reativar 14 drive-thrus para realizar a vacinação contra a Covid-19 em 115 mil idosos entre 75 e 76 anos a partir da próxima segunda-feira (15). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a pasta segue os critérios dos programas Estadual e Nacional de Imunização e afirma ter doses suficientes para todos os grupos elegíveis até o momento, mas não informou a quantidade destinada para a nova fase de imunização. Disse ainda, em nota, que estarão disponíveis para a vacinação os mesmos pontos utilizados até o momento. A secretaria não disse se houve aprimoramento para evitar filas nos locais de imunização. A imunização no estado de São Paulo começou no dia 17 de janeiro. Até as 12h50 desta segunda (8), o governo estadual, sob a gestão João Doria (PSDB) afirmou ter vacinado 2.450.584 pessoas com a primeira dose. Já outras 845.821 completaram o ciclo vacinal com a segunda dose, totalizando 3.296.405 vacinações em todo o estado. Já a prefeitura disse que até o meio-dia desta terça-feira (9) foram aplicadas 1.006.283 doses do imunizante, entre a primeira e a segunda doses. Ao anunciar nesta segunda a próxima etapa da vacinação contra a covid-19 para 420 mil idosos com 75 e 76 anos, Doria pediu cautela. “Aproveito para pedir que evitem a concentração na manhã do dia 15 para que não tenhamos filas e o desconforto na vacinação nos drive-thrus, seja na capital ou em outras localidades. A vacinação seguirá normalmente das 8h às 17h”, disse o governador. Confira os locais de vacinação Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Vila Itapema - R. Costeira, 572, Jd. Arisi Jd Brasilia - Av. Osvaldo Valle Cordeiro, 245, Jd Brasilia Fazenda Do Carmo - R. Francisco Cardoso Jr., 10, Cidade Tiradentes Humberto Cerruti - Av. Olavo Egídio De Souza Aranha, 704, Vl Cisper Jd Das Laranjeiras - R. Bento Guelfi, 1100, Jd Das Laranjeiras Jd Da Conquista III - Trav essa Somos Todos Iguais, 330, São Mateus Jd Das Oliveiras - R. José Da Cruz Camargo, 174, Itaim Paulista Vila Carmosina - R. Ipopoca, 61, Itaquera Parada XV De Novembro - R. Ibiajara, 804, Parada XI De Novembro Aguia De Haia - R. Tantas Palavras, 59, Cohab Águia De Haia Parque Paulistano - R. Silveira Pires, 265, Parque Paulistano Jd Helena - Av. Kumaki Aoki, 785, Jd Helena Jose Bonifacio I - Av. Prof. Osvaldo De Oliveira, 610, Jd Helena Ama/UBS Jose Bonifacio III - R. Silvio Barbini, 40, Itaquera Jd Três Marias Mauricio Zamijovsky - R. Breno Accioli, 440, Vl São Francisco Jd Tietê I - Av. Engenho Novo, 120, Jd Tietê Jd Santo André - R. Miguel Ferreira De Melo, 497, Jd Santo André Jd São Francisco II - R. Bandeira De Aracambi, 704, Jd Rodolfo Pirani Sitio Da Casa Pintada - Av. Maria Santana, 101, São Miguel Paulista Norte Cidade Líder - Av. Dr Francisco Munhoz Filho, 379, Cidade Lider Vila Itaim (Jd Romano) - R. Rio Manuel Alves, 182, Itaim Paulista Jd Ladeira Rosa - R. José Da Costa Gavião, 150, Brasilândia Jd Paulistano R. Encruzilhada Do Sul, 220, Jd Paulistano Massagista Mario Americo - R. Oscar De Moura Lacerda, 231, Imirim Vila Palmeiras - R. Francisco Lotufo, 24, Freguesia Do Ó Elisio Teixeira Leite - Av. João Amado Coutinho, 400, Jaraguá Jd Ipanema - R. Pedro Ravara, 11‐A, Jaraguá City Jaragua - Estrada De Taipas (Esq. Rua Paulo Arentino), 1648, Jaraguá Vila Barbosa - Av. Mandaqui, 197, Limão Lauzane Paulista - R. Valorbe, 80, Lauzane Paulista Perus - Praça Vigario João Gonçalves De Lima, 239, Perus Vila Pereira Barreto - R. Dom Manoel D'elboux, 76, Jd São Jose Anhanguera - R. Marcela Alves De Cassia, 175, Jd Jaraguá Parque Maria Domitila - Av. Do Anastácio (Esq. Rua Willis Roberto Banks), 2421, Pq Maria Domitila Jd Joamar - R. Adauto Bezerra Delgado, 230, Jd Joamar Wamberto Dias Da Costa - R. Paulo Cesar, 60, Tremembé Vila Guilherme - R. João Ventura Batista, 615, Vl Guilherme Vila Medeiros - R. Eurico Sodre, 353, Vl Medeiros Jd Brasil - R. Francisco Peixoto Bezerra, 400, Jd Brasil Oeste Vila Piauí - Praça Camilo Castelo Branco, 10, Vl Piauí Vila Nova Jaguaré - R. Salatiel De Campos, 222, Jaguaré Jd São Jorge - R. Angelo Aparecido Dos Santos Dias, 331, Jd São Jorge Paulo VI - Av. Vaticano, 69, Jd Joao XXIII Vila Sônia - R. Abraão Calil Rezek, 91, Vl Sonia Sudeste Água Rasa - R. Serra De Jaire, 1480, Água Rasa Vl Oratório ‐ Tito Pedro Mascelani R. João Fialho De Carvalho, 35, Vl Diva Vila Antonieta - R. Coronel João De Oliveira Melo, 440, Vl Antonieta Padre Manoel Da Nobrega - Av. Padre Francisco De Toledo, 545, Arthur Alvim Jd Nordeste - R. Nicolo Tartaglia, 45, Jd Coimbra Cangaíba ‐ Carlos Gentile De Mello Av. Cangaíba, 3722, Cangaíba Vila Silvia - R. Belem Dos Santos (Esquina R. Lauro De Freitas), 222, Vila Silvia Chacara Cruzeiro Do Sul - R. Mercedes Lopes, 989, Chácara Cruzeiro Do Sul Vila Carrão ‐ Dr Adhemar Monteiro Pacheco R. Dr Jaci Barbosa, 280, Vl Carrão Vila Moraes ‐ João Paulo Botelho Vieira R. Giovanni Di Balduccio, 250, Vl Moraes São Vicente De Paula - R. Vicente Da Costa, 289, Ipiranga Cupecê ‐ Dr. Waldomiro Pregnolatto Av. Santa Catarina, 1523, Vl Santa Catarina Dr. Geraldo Da Silva Ferreira - Av. Eng Armando De Arruda Pereira, 2944, Vila o Encontro Americanópolis - R. Cidade De Santos, 46, Americanópolis Vila Clara - R. Rolando Curti, 701, Vila Clara Pari - R. Das Olarias, 503, Canindé Parque Bristol - R. Francois Bunel, 194, Pq Bristol Jd Independência ‐ Hermenegildo Morbim Jr R. Planalto De Conquista, 80, Jd Independência Jd Grimaldi - R. Pedro De Castro Velho, 523, Vila Bancária Jd Elba ‐ Humberto Gastão Bodra R. Batista Fergusio, 1016, Vila Cardoso Franco Vila Guarani - R. Teresinha, 123, Jd Maringá Vila Califórnia‐Zeilival Bruscagin - Praça Conde De São Januário, 91, Vila Califórnia Sul Vila Prel‐Antônio Bernardes De Oliveira - R. Tereza Maia Pinto, 11, Vila Prel Parque Fernanda - R. Ernesto Soares Filho, 301, Pq Fernanda Jd Miriam‐Manoel Soares De Oliveira - Av. Santo Afonso, 419, Jd Miriam Vila Missionária - R. Rainha Das Missões, 515, Vila Missionária Ama/UBS Vila Joaniza - R. Luis Vives, 85, Vl Joaniza Vila Império - R. Catarina Gabrielli, 236, Americanópolis Jd Icaraí‐ Quintana - R. São Roque Do Paraguaçu, 190, Vl Quintana Jd Mirna - R. Dr Juvenal Hudson Ferreira, 13, Jd Mirna Jd Castro Alves - Av. João Paulo Barreto, 131, Jd Castro Alves Jd Capela - R. Barao De Paiva Manso, 200, Jd Capela Parque Novo Santo Amaro - R. Porta Do Prado, 18, Pq Novo Sto Amaro Parque Figueira Grande - R. Daniel Klein, 211, Pq Figueira Grande Parque Santo Antonio - R. Manuel Bordalo Pinheiro, 100, Pq Santo Antonio Jd Alfredo - R. Dinar, 51, Jd Alfredo Parque Doroteia - R. Dos Aniquis, 3, Jd Santa Terezinha Centros-escolas - horário: das 8h às 17h Centro-Escola Barra Funda - av. Dr. Abrahão Ribeiro, 283, Bom Retiro Centro-Escola Geraldo de Paula Souza - av. Dr. Arnaldo, 925, Sumaré Centro-Escola Samuel Barnsley Pessoa – av. Vital Brasil, 1.490, Butantã UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ O juiz Frederico Botelho de Barros Viana, juiz substituto da 10ª Vara Federal em Brasília, marcou para o dia 27 de maio o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que ele é acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa pela compra dos caças Gripen no governo de Dilma Rousseff (PT). O petista teria participado, diz o MPF (Ministério Público Federal), de negociações irregulares para a compra de 36 caças do modelo Gripen, fabricados pela empresa sueca Saab. Os crimes teriam sido praticados entre 2013 e 2015. Luis Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do petista, também responde ao processo e teve o interrogatório agendado para o dia 28 de maio. Ele é acusado de receber de um lobista valores supostamente pagos para que Lula usasse sua influência na compra dos caças. O interrogatório de Lula no processo havia sido marcado em 2019, mas foi cancelado pela Justiça para que testemunhas no exterior, entre elas, os ex-presidentes franceses François Hollande e Nicolas Sarkozy, fossem ouvidas. Os depoimentos já estão no Brasil, mas segundo o despacho do juiz Barros Viana, o responsável pela tradução pediu um prazo de 25 dias para terminar o trabalho. A 10ª Vara Federal, onde tramita o caso dos caças, e a 12ª Vara, as duas no Distrito Federal e especializadas em lavagem de dinheiro, são os dois possíveis destinos dos processos de Curitiba cujas decisões foram anuladas na segunda-feira (9) pela decisão do ministro Edson Fachin do STF (Supremo Tribunal Federal). Funcionários da Justiça relataram ao Painel que a 12ª Vara tem mais chances de receber os processos. O motivo, dizem, é ela ter sido criada recentemente, em 2019, e, por isso, ter um acervo de processos menor, esse fato é levado em conta pelo sistema de distribuição eletrônico da Justiça. Há muitos anos o Brasil deixou de ser um destino escolhido por migrantes. Hoje, ele é o país possível, como destaca a professora Rosana Baeninger, do Observatório das Migrações em São Paulo. Em 2018, o país abrigava uma população formada por apenas 774,2 mil imigrantes e refugiados (Agência Senado), chegando a pouco menos de 1 milhão no final de 2020, de acordo com o Relatório Anual da OBMigra. Cifras pequenas comparadas com o drama dos milhares de refugiados e migrantes vulneráveis que são obrigados a deixar seu país de origem no mundo. Com as Leis de Refúgio (1997) e de Migração (2017), imaginava-se que os tempos de tratamento do migrante como uma questão de segurança nacional tinham sido superados. Mas a realidade tem desafiado tal afirmação. A pandemia da Covid-19 foi impactante para as migrações internacionais. Alguns países decidiram impor tipos de restrições à mobilidade humana internacional, intuitivamente compreensível no contexto de uma doença que rapidamente se espalhava pelo mundo no início de 2020. Porém, uma análise criteriosa demonstra que restrições às migrações, em especial as proibições totais, não fazem sentido por conta do tempo de incubação do vírus e por ele já estar presente em todos os países. O combate à pandemia passa por testagem, por aumento da capacidade dos sistemas de saúde e por desenvolver vacinas e medicamentos para superá-la. Fechar fronteiras de forma cruel é simplesmente dar uma resposta rápida, porém ineficaz, no combate à pandemia. Especialmente se o fechamento for apenas das fronteiras terrestres, tendo em vista que essa doença foi inicialmente identificada na China e se espalhou pelo mundo por rotas do transporte aéreo internacional e cepas novas apareceram em países distantes cujos viajantes só conseguem chegar por vias aéreas. Há quem alegue que o fechamento da fronteira terrestre teria como objetivo tirar a pressão do sistema interno de saúde. É o que alega o governador de Roraima, Antonio Denarium (sem partido), que diz ""temer que a entrada de venezuelanos por meio de rotas clandestinas seja um elemento decisivo para que a rede de saúde do estado entre em colapso"", como publicado pelo Painel desta Folha. Tal afirmação é inconsistente do ponto de vista jurídico e sanitário. As fronteiras são porosas, e fechá-las é apenas um alívio formal. Na prática, as pessoas continuarão a circular. Muito melhor seria se aplicássemos medidas sanitárias como testagem e quarentena. Na verdade, fica a sensação de que a luta pelo fechamento de fronteira é a luta por se conseguir uma desculpa pela incompetência de planejamento governamental somada à falta de clareza ao se levarem informações à população. Em editorial intitulado “Tensões fronteiriças”, a Folha chama atenção para a seletividade da reabertura de fronteiras aéreas e o fechamento total das vias terrestres pelo governo Jair Bolsonaro, bem como a falta de embasamento técnico para discriminar quem venha da Venezuela. A proibição de entrada por vias terrestres não tem fundamento no presente caso concreto. Até porque a fronteira terrestre com o Paraguai está aberta e não há restrição de mobilidade entre os estados no Brasil. Sequer temos política pública federal séria de combate à pandemia —não há defesa de ações restritivas por parte da União competente para controlar fronteiras nem plano de longo prazo para tratamento e imunização. Quais motivos levam ao fechamento da fronteira terrestre para refugiados e a manutenção dos aeroportos abertos a turistas? A atual portaria 652 é apenas um veículo de transmissão de crueldade para pessoas que estão em total vulnerabilidade. A realidade tem mostrado que não são apenas as fronteiras que estão bem fechadas. Também estão bem fechados, lembrando o filme de Stanley Kubrick, os olhos de todos no Brasil para a triste realidade migratória. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. O avanço da pandemia de Covid-19 fez com que capitais de todo o país adotassem novas medidas restritivas para tentar conter a disseminação do coronavírus. Seja por meio de decisões próprias ou seguindo determinações dos governos estaduais, as prefeituras passaram a proibir a realização de missas e cultos, reduziram o período de abertura de lojas e adotaram toques de recolher. As alterações mais recentes nos planos de combate ao novo coronavírus foram anunciadas em Belo Horizonte, Natal, Palmas, Porto Velho e Goiânia. Na capital de Minas Gerais, após a identificação de três novas variantes em dois terços dos infectados, a prefeitura voltou a autorizar a abertura apenas para serviços considerados essenciais desde sábado (6). Está suspenso o funcionamento de shoppings, centros comerciais e galerias (supermercados e farmácias nestes locais funcionam), lojas de vestuário, calçado, relojoaria, papelaria, cinema, teatros, academias, salões de beleza e clínicas de estética, entre outros. Bares e restaurantes só podem funcionar com retirada no local ou delivery. A taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que passou para 81%, e a infecção de oito crianças com idades entre dois meses e seis anos também pesaram na decisão. “O perfil de contaminação mudou, e essa foi uma das razões que nos levaram a sugerir que a cidade fosse novamente fechada. Pedimos a todos que se isolem em casa”, disse o secretário municipal da Saúde, Jackson Machado. No Nordeste, a Prefeitura de Natal publicou novo decreto na sexta (5) reduzindo em uma hora o funcionamento de restaurantes e bares —agora até as 21h. Shoppings podem abrir entre as 9h e as 20h. Praias estão fechadas nos fins de semana desde o fim de fevereiro. A capital do Rio Grande do Norte não segue o decreto estadual, mas um plano próprio. Pela orientação do governo de Fátima Bezerra (RN), no estado há toque de recolher a partir das 20h em dias de semana e todo o dia aos domingos e feriados. Já na região Norte, a Prefeitura de Palmas também endureceu no sábado as medidas restritivas, válidas até o dia 16. O decreto suspendeu o funcionamento inclusive de missas e cultos. Bares e restaurantes poderão atender apenas por meio de delivery. Em todos os municípios de Rondônia, inclusive Porto Velho, entrou em vigor nesta segunda (8) decreto que instituiu toque de recolher das 21h às 6h durante a semana e em todo o fim de semana. Ao mesmo tempo, ele flexibiliza medidas de restrição ao comércio menos de uma semana após o fechamento de serviços não essenciais. As mudanças foram anunciadas pelo governador Marcos Rocha (sem partido) após reunião com empresários. Em Goiás, no Centro-Oeste, começou a valer nesta segunda-feira (8) novo decreto válido por sete dias medidas para conter o avanço da Covid-19 na capital, Goiânia. Com 99% de ocupação em UTIs e 97% nas enfermarias da rede municipal, a prefeitura decidiu manter liberados só serviços ligados à saúde, supermercados, bancos e lotéricas, por exemplo. Em outras capitais, medidas restritivas seguem em vigor. É o caso de Salvador e sua região metropolitana, onde só é permitido o funcionamento de atividades essenciais. Em Aracaju, a abertura de atividades não essenciais é vetada das 22h às 5h até o próximo dia 21. Fortaleza também adotou regras mais rígidas, com o funcionamento apenas de serviços essenciais independentemente do horário. Em São Luís, o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais está limitado das 9h às 21h, inclusive aos fins de semana. Além das medidas tomadas pelas capitais, governos estaduais no Nordeste também têm regras a serem seguidas como tentativa de conter o avanço da Covid-19. Em Pernambuco, até o dia 17, decreto do governo estabelece proibição de funcionamento de atividades não essenciais das 20h às 5h nos dias de semana e de forma integral aos sábados e domingos. Praias, parques e clubes ficam fechados. Alagoas retrocedeu para a fase amarela na sexta, com vigência de ao menos uma semana. Nesta fase, o horário de funcionamento de bares e restaurantes passa a ser das 6h às 23h. O governo do Piauí restringiu atividades até o dia 15, proibindo a circulação de pessoas em espaços e vias públicas das 22h às 5h. Na cidade do Rio de Janeiro, está proibido permanecer em espaços públicos, praças e ruas entre as 23h e as 5h, apesar de continuar permitida a circulação. Bares e restaurantes podem funcionar das 6h às 17h e as demais atividades comerciais, das 6h às 20h. Também foi suspenso qualquer tipo de evento e o comércio nas praias e na orla. As medidas valem até quinta-feira. No Sul do país, que vive um cenário crítico, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), deve se reunir com prefeitos nesta terça (9) para definir se prorroga as atuais medidas, que incluem fechamento do comércio e serviços aos finais de semana, ou se adota novas restrições. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) prorrogou as medidas restritivas da bandeira preta, de altíssimo risco para a pandemia, até o dia 21, e a suspensão das atividades não essenciais das 20h às 5h até o final do mês. Além disso, na sexta ele anunciou a proibição de venda presencial de produtos não essenciais, como eletroeletrônicos. Já o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), prorrogou o atual decreto que fechou todos os serviços não essenciais até quarta-feira (10) —a medida será mantida apenas nos finais de semana depois dessa data. Mas enquanto há prefeituras e estados ampliando medidas contra a Covid-19, em Manaus, que sofreu o segundo colapso em janeiro, as restrições fazem caminho inverso. O governo ampliou o horário de funcionamento de academias e supermercados, permitiu a reabertura de salões de beleza e marinas em horários reduzidos e autorizou a reabertura de creches e escolas de educação infantil e o transporte intermunicipal de passageiros. Para o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, a reabertura é precoce e arriscada diante da falta de informações sobre a nova variante e pode refletir em um recrudescimento da pandemia no estado. “Sem falar no risco de Manaus virar um laboratório a céu aberto para o surgimento de novas mutações, mais transmissíveis, e que possam ameaçar inclusive o programa mundial de vacinação”, disse. A Secretaria da Saúde justifica que a flexibilização foi baseada em indicadores que apontaram queda de 51% na média móvel de casos e de 49% na média de óbitos em Manaus nos 14 dias que antecederam a decisão. Em Mato Grosso também houve mudanças nesse sentido: na última sexta o governo ampliou os horários de funcionamento de supermercados (sábados) e restaurantes (finais de semana). Antes liberados para funcionar das 5h às 12h, agora os supermercados poderão atender até as 19h, enquanto os restaurantes ganharam duas horas para operação (agora fecham às 14h). Quatorze anos após a lei estabelecer a necessidade de haver advogados para atender imigrantes impedidos de entrar no país, os aeroportos portugueses passam a contar, a partir desta segunda-feira (8), com esse tipo de plantão jurídico. Os brasileiros lideram com folga o ranking das nacionalidades barradas na chegada a Portugal. Nos últimos três anos, a quantidade quadruplicou. Em 2019, último ano com informações disponíveis, 2.900 brasileiros foram barrados em aeroportos do país: quase 8 por dia. Principal porta de entrada para estrangeiros no território português, o aeroporto de Lisboa contará com uma equipe presencial todos os dias, das 8h às 17h. Nos outros terminais —Porto, Faro, Funchal, Porto Santo, Ponta Delgada e Lages— e em outros horários em Lisboa, haverá advogados de prontidão, deslocando-se até os aeroportos quando houver necessidade de atendimento. “Um cidadão estrangeiro que não conhece a nossa língua, conhece muito menos as nossas leis. Talvez esta escala venha cobrir uma lacuna que existia, entre os direitos que os cidadãos têm quando entram no território nacional e desconhecem"", afirmou Bruno Zangado, primeiro advogado na escala do projeto. Desde 2007, a lei de estrangeiros prevê o estabelecimento desse protocolo. A colaboração, porém, só foi assinada em novembro de 2020, com a repercussão da morte de um ucraniano no centro de detenção temporária do aeroporto de Lisboa, para onde são levados estrangeiros impedidos de entrar no país. A autópsia indicou que Ihor Homeniuk, 40, morreu por asfixia após ter sofrido diversas agressões. Três inspetores do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) são atualmente julgados por acusação de homicídio no caso. O episódio, em março de 2020, ganhou grandes proporções apenas alguns meses depois, com a divulgação de uma sucessão de erros e irregularidades. Além de não ter tido acesso a advogado ou tradutor, o ucraniano também agonizou por várias horas sem receber auxílio. Embora não tenha feito uma associação direta entre a ausência de um advogado e a morte de Ihor Homeniuk, o presidente da Ordem dos Advogados de Portugal, Luís Menezes Leitão, sinalizou que o desfecho do caso do ucraniano poderia ter sido diferente. ""Estou convencido de que, se houvesse advogado, essa situação não teria se passado nesses termos. Se já houvesse aqui uma escala estabelecida, com certeza não poderia se passar uma coisa semelhante."" Questionado sobre as razões para a demora na implementação do plantão jurídico, o líder da OAP avaliou que “faltou vontade política” a governos anteriores. O diretor nacional do SEF, Luís Francisco Botelho Miguel, celebrou o início do plantão jurídico, mas afirmou que os imigrantes não estavam desamparados anteriormente. ""Os cidadãos aos quais era negada entrada já tinham assistência por advogado, mas de uma forma muito mais demorada, e os advogados tinham contato com os cidadãos em pleno aeroporto. Neste momento, o centro conta com um espaço reservado, digno, para que um cidadão receba a assistência judicial"", disse. Para marcar o início da colaboração entre o SEF e a Ordem dos Advogados, houve uma visita conjunta dos chefes das duas entidades às renovadas instalações do Centro de Instalação Temporário. O local agora pouco lembra o espaço onde ocorreram as agressões ao ucraniano. Agora, o alojamento é dividido em uma ala masculina e outra feminina. Em vez de beliches e colchões, há quartos individuais. Há ainda um quarto para famílias e outro para pessoas com mobilidade reduzida, além de sala de orações, espaço de convivência e uma lavanderia. Embora tenha sido celebrado por muitas associações de imigrantes, há quem considere que o plantão jurídico ainda é insuficiente. Os processos contra o ex-presidente Lula, que movimentam o noticiário político do país desde 2016, estão longe de se encerrar, mesmo com a decisão do ministro Edson Fachin que o fez recuperar seus direitos políticos, nesta segunda-feira (8). O ex-presidente continuará acusado em outras ações penais da Lava Jato e da Operação Zelotes.  Qual é a situação do ex-presidente Lula na Justiça agora? Com a anulação das sentenças, Lula deixa sua condição de condenado que aguardava recursos em liberdade e passa a ser apenas réu em primeira instância, tendo todos seus direitos políticos preservados. O ex-presidente estava condenado em duas ações penais por corrupção e lavagem de dinheiro a penas que somavam 26 anos de cadeia. A primeira condenação havia sido por aceitar, em troca de benefícios na Petrobras, a reserva e reforma de um tríplex em Guarujá (SP) bancadas pela empreitera OAS. A pena tinha sido fixada em terceiro grau, pelo Superior Tribunal de Justiça, em oito anos, dez meses e 20 dias de prisão. Ele permaneceu preso, por causa desse processo, por um ano e sete meses. A segunda condenação foi por aceitar, também em troca de favorecimento na Petrobras, reformas e benfeitorias em um sítio que frequentava em Atibaia (SP), pagas pela OAS e pela Odebrecht. O caso já tinha se esgotado em segunda instância, onde a pena por corrupção e lavagem foi fixada em 17 anos, um mês e dez dias de prisão. Também nesse caso ele aguardava em liberdade o julgamento de recursos. Ele é réu ainda em outras quatro ações penais no Distrito Federal e em São Paulo, que não são afetadas pela decisão de Fachin desta segunda. Outras duas ações penais tramitavam ainda em Curitiba, por suposto elo com desvios na Petrobras. Qual era a estratégia jurídica do petista em relação a essas condenações? Antes da decisão de Fachin, a principal aposta da defesa era a anulação das duas condenações em um pedido de habeas corpus no STF em que argumentava que o ex-juiz Sergio Moro não tinha a imparcialidade necessária para julgá-lo. Moro foi o responsável pela primeira sentença condenatória, no caso do tríplex de Guarujá, e participou da tramitação do segundo processo já sentenciado, o do sítio, que teve desfecho em primeira instância assinado pela juíza Gabriela Hardt. A sentença do caso tríplex já tinha sido mantida em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). A defesa ainda podia apelar, em último grau, ao STF. Lula aguardava em liberdade, desde 2019, o esgotamento desses recursos. E a situação do caso do sítio? Esse processo teve sua tramitação em segunda instância esgotada apenas em fevereiro. A condenação ainda seria analisada pelo STJ. A sentença do sítio, porém, possuía ainda uma peculiaridade. Na ação, réus delatores e réus delatados tiveram os mesmos prazos para apresentar suas manifestações finais, embora a defesa de Lula tenha pedido para se pronunciar por último. Após a publicação da sentença, o STF decidiu em 2019 que os delatados devem ser os últimos a se manifestar, como forma de contemplar o direito à ampla defesa. Porém até hoje ainda não foi definido de que maneira essa decisão afeta casos já sentenciados, como o do sítio. Isso significa que essa condenação ainda poderia ser anulada por outro motivo além da imparcialidade de Moro. Duas outras sentenças da Lava Jato, contra ex-executivos da Petrobras, foram anuladas no STF por essa razão, e os processos tiveram que retroceder à primeira instância. E o que mais há em Curitiba contra o ex-presidente após a gestão Moro? No ano passado, Lula se tornou réu sob acusação de lavagem de dinheiro em um quarto processo no Paraná. O juiz responsável por aceitar a acusação é Luiz Bonat, que ocupa o posto que anteriormente foi de Moro. A denúncia afirma que a Odebrecht doou ao Instituto Lula R$ 4 milhões, em 2013 e 2014, com origem em contratos fraudados da Petrobras. Esse caso, porém, ainda estava em fase inicial de tramitação. Lula ainda não havia apresentado a sua primeira manifestação de defesa e reclamava do acesso a elementos incluídos na acusação. Havia ainda uma outra ação em tramitação, aberta em 2016, sobre a compra pela Odebrecht de um terreno para o Instituto Lula em São Paulo. Nela, Moro chegou a comandar a audiência em que Lula foi ouvido como réu, em setembro de 2017. E as apurações contra os filhos do ex-presidente Lula? Em Curitiba, os filhos empresários do ex-presidente não foram alvo de denúncias. O filho mais novo de Lula, Luís Cláudio, porém, é réu em ação penal no Distrito Federal junto com o pai, no âmbito da Operação Zelotes. A empresa LFT Marketing Esportivo, de Luís Cláudio, recebeu R$ 2,5 milhões de um escritório apontado como sendo de lobistas. O Ministério Público Federal diz que houve uma simulação de prestação de serviços pela firma do filho do ex-presidente e fala em tráfico de influência relacionado à compra de caças e à renovação de benefícios fiscais para o setor automotivo. Já Fábio Luís, conhecido como Lulinha, foi investigado na 69ª fase da Lava Jato (batizada de Mapa da Mina), mas esse caso não virou ação penal. Em que estágio estão os casos em tramitação no DF? As ações não têm perspectiva de sentença em curto prazo. Lula só prestou depoimento até agora em um dos três processos em aberto. O caso que envolveu o seu filho mais novo se prolongou, entre outros motivos, pela tomada de depoimentos no exterior. Em outra das ações, na qual também são réus os ex-ministros Paulo Bernardo e Antonio Palocci, a Justiça Federal aguarda prazo para resposta de autoridades de Angola, onde vivem testemunhas arroladas pela defesa do ex-presidente. Há ainda um único processo em tramitação na Justiça Federal em São Paulo, que trata de suposta influência em negócios da empresa ARG em Guiné Equatorial. Mesmo que esses casos sejam sentenciados, eles ainda precisariam ter as condenações referendadas em segunda instância para que Lula fosse impedido novamente de disputar eleições —cenário hoje improvável de acontecer antes das eleições de 2022, pelo ritmo de tramitação. Em quais casos Lula já foi absolvido? As absolvições de Lula foram todas fora do Paraná. A primeira absolvição ocorreu em 2018, em processo no DF em que era acusado de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Em 2019, a Justiça Federal também decidiu absolvê-lo sumariamente no caso do chamado ""quadrilhão do PT"", em que líderes petistas eram acusados de integrar organização criminosa. A ex-presidente Dilma Rousseff também foi beneficiada dessa decisão. Mais recentemente, em setembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu trancar uma ação penal em que Lula era acusado de receber propina para influenciar contratos firmados entre o BNDES e a Odebrecht em Angola. A acusação, nesse processo, afirmava que o benefício tinha sido recebido por meio de um sobrinho de sua primeira mulher, Taiguara Rodrigues. Houve ainda casos que não chegaram a virar ações penais e que foram arquivados. Em São Paulo, a Justiça Federal rejeitou em 2019 abrir ação contra o ex-presidente por causa de suposta mesada paga pela Odebrecht a um de seus irmãos. Foi rejeitada ainda denúncia contra ele em que era acusado de organizar em 2018 a invasão do tríplex de Guarujá por sem-teto. Lula ainda é investigado? Nem todas as investigações em andamento são públicas. Uma das apurações ainda em tramitação é a da fase Mapa da Mina, que investigava no Paraná os negócios de Lulinha com a companhia Oi. Essa etapa da Lava Jato foi deflagrada no fim de 2019, mas acabou paralisada porque o TRF-4 decidiu que ela deveria tramitar em São Paulo. Posteriormente, a Justiça Federal de São Paulo decidiu encaminhar o caso ao Rio de Janeiro, e a investigação acabou emperrada. O STF (Supremo Tribunal Federal) deve concluir nesta quinta-feira (22) o julgamento sobre a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato de Curitiba. Na primeira parte do julgamento, a corte decidiu nesta quinta manter em Brasília os casos de Lula retirados de Curitiba pela decisão do ministro Edson Fachin, que fora confirmada pelo plenário na semana passada por 8 votos a 3 e anulou as condenações do petista, devolvendo a ele seus direitos políticos. Fachin foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Dias Toffoli e Gilmar Mendes na defesa do envio ao Distrito Federal. Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, por sua vez, argumentaram que a competência seria da Justiça Federal em São Paulo, enquanto Kassio Nunes Marques, Marco Aurélio e Luiz Fux defenderam a competência de Curitiba, algo que já havia sido derrubado no julgamento do último dia 15. Na sequência, o plenário do STF discute se a decisão da Segunda Turma (que reúne apenas parte dos ministros) sobre a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro tem de ser mantida ou se deve ser revogada. Isso porque, ao anular as condenações do petista em Curitiba, Fachin afirmou que uma consequência direta da decisão seria a perda de objeto do habeas corpus em que a defesa de Lula aponta a parcialidade de Moro. Assim, caso o entendimento de Fachin prevaleça, dos efeitos práticos da decisão decorreria algo incomum: o plenário sustaria os efeitos do julgamento de uma das turmas do tribunal. Entenda a seguir o que ainda está em jogo, os efeitos do que já foi decidido e qual a situação eleitoral de Lula para 2022. O que o plenário do STF decidiu no julgamento de 15 de abril? Por 8 a 3, os magistrados mantiveram o entendimento de Fachin de declarar a incompetência territorial da 13ª Vara Federal de Curitiba. Em outras palavras, a maioria dos integrantes da corte afirmou que a Lava Jato de Curitiba não poderia ter sido a responsável por processar quatro denúncias apresentadas pela força-tarefa do Paraná da Lava Jato contra o petista. Segundo os magistrados, a competência de Moro era restrita a esquemas diretamente relacionados à Petrobras e as acusações contra Lula envolvem outros órgãos públicos que vão além da estatal petrolífera. Lula, 75, tinha sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do tríplex de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP). O ex-presidente estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa, já que ambas as condenações pela Lava Jato haviam sido confirmadas em segunda instância. O que isso significa para uma eventual candidatura presidencial de Lula? Com a decisão do STF, as condenações que retiravam os direitos políticos de Lula perderam efeito, e ele ficou apto a se candidatar nas próximas eleições, em 2022. Por causa da sentença do tríplex, o ex-presidente ficou preso por um ano e sete meses, entre 2018 e 2019, e não pôde disputar a última eleição presidencial, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Já a segunda sentença, sobre a propriedade rural em Atibaia, foi expedida pela juíza Gabriela Hardt, também de Curitiba. Qual o destino dos processos de Lula que tiveram condenação anuladas pelo Supremo? Fachin defendeu que as ações têm de ser enviadas à Justiça Federal do Distrito Federal, local em que os crimes imputados ao ex-presidente teriam ocorrido. Essa tese saiu vencedora no julgamento desta quinta-feira (22), com os votos de Fachin, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, no entanto, defenderam que o mais adequado seria enviar os processos para São Paulo, onde os procuradores da Lava Jato dizem que teriam sido entregues os benefícios ao petista pelas empreiteiras em troca de contratos com o governo federal. O que o tribunal decidiu sobre a parcialidade de Moro? Também nesta quinta-feira, o plenário formou maioria para confirmar a decisão da Segunda Turma que declarou a parcialidade do ex-juiz na condução do processo do tríplex de Guarujá. Sete dos 11 ministros votaram nesse sentido, enquanto dois divergiram. O tribunal entendeu que o reconhecimento da incompetência territorial da Justiça Federal no Paraná e a anulação das condenações do petista não invalidaram a discussão sobre a atuação de Moro. A maioria divergiu da posição do relator, Edson Fachin, e impôs uma derrota à Lava Jato. Como já se formou maioria contra Moro, porém, é improvável que o resultado seja revertido. Fachin ficou vencido ao defender que o habeas corpus em que a defesa do petista alegou a suspeição do ex-juiz não poderia ter sido julgado porque teria perdido o objeto após a retirada das ações de Curitiba e a ordem para os casos retornarem à fase da análise da denúncia. Kassio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Rosa Weber foram no sentido contrário e afirmaram que o pedido para declarar Moro parcial não estava vinculado ao debate sobre o foro competente para julgar Lula Com a decisão do STF sobre a incompetência de Curitiba os processos começam do zero? A princípio, com a decisão da incompetência, os processos retornam à fase da análise do recebimento da denúncia pelo magistrado de primeira instância na Justiça Federal no Distrito Federal. No recebimento da denúncia, o juiz avalia se ela tem embasamento para abertura de uma ação penal; se a denúncia é aceita, o acusado passa a ser réu. Neste caso, seria preciso apenas que os promotores competentes ratificassem a denúncia então oferecida pela força-tarefa de Curitiba. Isso muda nos processos em que o ex-juiz Sergio Moro seja considerado parcial, como ocorreu no caso do tríplex de Guarujá. Isso porque, com a suspeição, provas e elementos utilizados para apresentar a denúncia podem ser anulados. Medidas como busca e apreensão e grampo telefônico dependem da autorização do juiz. Como o processo do sítio de Atibaia não foi objeto de análise pela Segunda Turma no julgamento de 23 de março sobre a parcialidade de Moro, provas utilizadas seguem valendo e podem ser reaproveitadas caso o novo juiz competente assim decida. No início de abril, a defesa de Lula entrou com pedido no STF para que a declaração de parcialidade do ex-juiz Sergio Moro seja estendida para as ações relativas ao sítio e aos imóveis do Instituto Lula. Uma segunda questão jurídica se refere à prescrição dos casos. Em tese, os crimes de corrupção investigados na Lava Jato prescrevem em até 20 anos. Porém a legislação criminal estabelece que esse prazo deve ser contado pela metade para os réus que têm mais de 70 anos. Assim, como Lula já tem 75 anos de idade, o período prescricional para ele seria de dez anos nos casos em que ele é acusado de corrupção passiva. Assim, existe a possibilidade de que condutas anteriores a pelo menos o início de março de 2011 sejam consideradas prescritas, isto é, não possam mais ser discutidas nas causas criminais. Qual foi a argumentação de Fachin para anular as condenações? Na decisão, Fachin afirma que os delitos imputados ao ex-presidente não correspondem a atos que envolveram diretamente a Petrobras e, por isso, a Justiça Federal de Curitiba não deveria ser a responsável pelo caso. O ministro aponta que o Ministério Público Federal afirmou que Lula exercia “figura central” em grupo criminoso com ampla atuação em diversos órgãos da administração pública, “sendo a Petrobras apenas um deles”. Como a suspeita não tratava exclusivamente da estatal de petróleo, escreveu Fachin, “o caso, portanto, não se amolda ao que veio sendo construído e já decidido no âmbito do plenário e da Segunda Turma do Supremo”, sobre a atribuição da Vara Federal de Curitiba. Na decisão, o ministro fez um histórico da jurisprudência do Supremo acerca dos limites da competência da Lava Jato de Curitiba. Segundo ele, inicialmente foram retirados todos os os casos que não se relacionavam com os desvios praticados contra a Petrobras. Por que a decisão foi dada agora? Fachin argumentou que a questão da competência da 13ª Vara Federal do Paraná já havia sido levantada indiretamente pelos advogados, mas que esta foi a primeira vez que a defesa apresentou um pedido que “reúne condições processuais de ser examinado, diante do aprofundamento e aperfeiçoamento da matéria pelo STF”. Quais são os principais argumentos de Lula ao pedir a suspeição de Moro? O pedido de habeas corpus foi apresentado pela defesa de Lula em 2018 logo depois de o então juiz Moro anunciar que pediria exoneração do Judiciário para assumir o cargo no governo do recém-eleito presidente Jair Bolsonaro. A adesão do magistrado à gestão de um adversário político do petista era na ocasião o principal motivo para os advogados argumentarem que não teria havido a imparcialidade necessária nos atos de Moro à frente dos processos de Lula na Lava Jato. Naquela época, Lula estava detido na sede da Polícia Federal em Curitiba em razão de condenação imposta por Moro no caso do tríplex, também confirmada em segunda instância. Na petição inicial, o advogado Cristiano Zanin Martins e sua equipe diziam que Moro agia na Lava Jato com motivação política e tratava o ex-presidente como inimigo. O Código de Processo Penal afirma que o juiz não pode atuar em um caso se for amigo íntimo ou inimigo capital de uma das partes. Em cerca de 70 páginas, os advogados elencam episódios polêmicos ocorridos na Lava Jato. Entre eles, a ocasião em que Moro agiu para evitar que Lula fosse solto por ordem de um juiz plantonista de segunda instância, em 2018, e a decisão do então juiz de dar publicidade a trechos da delação do ex-ministro petista Antonio Palocci quando faltava menos de uma semana para o primeiro turno da eleição presidencial. Os advogados também mencionam na petição original a ordem de Moro para a condução coercitiva de Lula, em 2016, a interceptação telefônica de advogados e a decisão de tornar públicas conversas do petista com a então presidente Dilma Rousseff (PT). ""O juiz, em vez de dissipar fundadas suspeitas, colabora com a consolidação da fama que ostenta, retroalimentando uma percepção razoável da sociedade de que ele se comporta como inimigo/opositor do ex-presidente"", escreveram os advogados na ocasião. O que as mensagens da Lava Jato revelaram sobre a atuação de Moro? As conversas no Telegram indicam que houve colaboração dele com a força-tarefa, o que comprometeria a chamada ""paridade de armas"" entre a acusação e a defesa. Em relação especificamente a Lula, há trechos que mostram que Moro sugeriu uma pista para a investigação antes da abertura dos processos e combinou a estratégia de comunicação para rebater críticas dos advogados após o primeiro depoimento do ex-presidente como réu, em 2017. Também há diálogo de 2016 em que Deltan antecipa em linhas gerais o teor da denúncia contra Lula que ainda estava sendo elaborada e que só seria apresentada meses depois. No pior cenário que imaginei para esta reportagem, ela seria substituída por um aviso: “As repórteres, editoras e personagens do texto que ocuparia este espaço, todas mães, não tiveram condições objetivas, sanitárias e humanas para concluírem a proposta inicial. Foi mal. É o que temos pra hoje”. Os desencontros, interrupções, gritos e choros que acompanharam entrevistas aqui reportadas sugeriam um grau de desarranjo e imprevisibilidade capazes de surpreender os melhores planejamentos. Também mãe de crianças pequenas e às voltas com as tentativas de acomodar em 24 horas as demandas constantes de três frentes de trabalho (remunerado, doméstico e parental), fiz o que foi possível, não sem me sentir devedora e inadequada mesmo dentro do meu evidente privilégio. Um ano após o início da pandemia e do distanciamento social no Brasil, mulheres que têm filhos parecem estar no limite. Sobrecarregadas, exaustas e frustradas, elas perderam a autonomia, o emprego, o sono ou a cabeça —tudo junto ou em combinações variadas. Ao fechar creches e escolas e isolar pessoas, a crise sanitária global fez ruir as redes de apoio (solidárias, públicas ou contratadas) que permitiam a essas mulheres ter vida produtiva relativamente independente, ameaçando retroceder conquistas femininas em décadas. Não surpreende, portanto, que as mulheres tenham sido mais afetadas pela crise global, a ponto de inspirar a expressão em inglês “shecession”, flexão de “she” (ela) e “recession” (recessão) —algo como “a recessão delas”. Mulheres foram mais impactadas pela pandemia em sua integridade física (com o aumento da violência doméstica) e saúde mental, além da estabilidade financeira. Elas perderam mais emprego e vêm sendo preteridas nas recontratações, além de não conseguirem participar como antes da produção científica ou mesmo da vida pública. O percentual de mulheres brasileiras que trabalhavam ou buscavam trabalho no segundo trimestre de 2020 (45,8%) caiu ao mesmo nível de 30 anos atrás (45,8%), depois de se manter bem acima de 50% ao longo de todos esses anos, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e Pnad Contínua. Para as que conseguiram fazer home office, a sobrecarga do trabalho doméstico aumentou com as crianças (e suas aulas virtuais) em casa, colocando parâmetros pré-pandêmicos de produtividade em xeque. Já as mães que precisaram sair para trabalhar se viram diante do medo da contaminação e do impasse de não terem com quem deixar os filhos, o que levou ao abandono do trabalho ou a demissões. Além disso, os setores de alimentos e serviços domésticos, que contratam mais mulheres e mais mulheres negras, foram os mais afetados pela Covid-19, e isso penalizou esses grupos de maneira desproporcional. Foi assim com Vailma Santos, 26, mãe solo de Heloísa, 5, que trabalhava num restaurante estrelado de São Paulo até maio de 2020, quando foi demitida. “Senti uma turbulência por dentro e um medo enorme de falhar como mãe”, diz, emocionada. “Nunca falo sobre isso. Não tenho tempo”, chora ela. Contratada no final do ano como auxiliar de limpeza, Vailma hoje remunera a própria mãe para que cuide de Heloísa enquanto ela trabalha. Na volta para casa, se dedica a outros desafios da pandemia materna. “Heloísa confunde S com Z. E professora tem paciência, né? Eu não tenho tanta. Estou sempre cansada”, admite. “Queria oferecer opções melhores pra minha filha, mas sozinha é complicado.” Transformadas em arremedos de professoras a contragosto, mães tiveram de sobrepor à jornada tripla a responsabilidade pela escolarização remota das crianças. É uma conta que não fecha. Sem mágica, ela só se resolve à medida que a mulher abre mão de horas de sono, rotinas de autocuidado e tempo de lazer. Esse pacote compromete o bem-estar físico e emocional dessas mulheres, com repercussões nas próprias funções cognitivas e, portanto, no desempenho produtivo e na funcionalidade. “O estresse crônico que atinge as mães com a sobreposição desses trabalhos todos trouxe uma sobrecarga de atenção, que agora fica ativada de maneira mais frequente e intensa”, explica o psiquiatra Gilberto Sousa Alves, professor de saúde mental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, que também leciona na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a pandemia provocou uma primeira onda de aumento na incidência de transtornos mentais da ordem de 30%, com medo da morte, consumo excessivo de álcool, estresse pós-traumático pela morte de parentes e até ideias suicidas. Mulheres eram maioria. O medo da morte bateu com força na atriz e professora de movimento Gabriela Cordaro, 42, mãe de Martim, 7, e Lina, 4. Ela teve suspeita de Covid-19 e, depois, uma sequência de febres inexplicáveis. “Comecei a ter problemas para dormir. Deitada, ficava pensando em todas as desgraças do mundo e sentia muita insegurança em relação ao que poderia acontecer”, lembra. No auge dessa sensação, ela começou a mandar suas senhas e informações sobre os filhos para a irmã. Vai que... O psiquiatra Alves avalia que uma “segunda onda de transtornos tem ocorrido agora e é consequência da primeira onda”. “Ela envolve esgotamentos, problemas de sono e de concentração, irritabilidade, esquecimentos, distrações e perdas de compromissos, que ainda geram culpa porque as mães se pressionam e sofrem pressão”, diz. “Planejar e monitorar tarefas requer muita energia do ponto de vista neurobiológico. E fazer isso o dia todo, por tanto tempo, é muito exaustivo. O cérebro humano não está preparado para esse tipo de uso tão prolongado.” Andressa Reis, 36, criadora de conteúdo para mães, diz estar nessa loucura. “Tenho filtrado muita coisa para poder focar naquilo que é mais necessário. Se quiser armazenar tudo no meu HD, vou simplesmente pifar”, avalia. “Hoje, eu anoto tudo no planner, só que depois esqueço de olhar.” A pesquisa Women in the Workplace 2020, que a consultoria internacional McKinsey realiza anualmente com mulheres que trabalham nos EUA, apontou que as profissionais com filhos se sentem 2,6 vezes menos confortáveis que seus pares masculinos para compartilhar sua condição parental, além de se preocuparem 2,1 vezes mais com o julgamento dos colegas sobre sua necessária dedicação a tarefas de cuidado em casa. “A tarefa do cuidado é uma dimensão importante da vida, mas é percebida socialmente como perda de tempo. Isso leva mulheres que estão em posição de destaque a escondê-las para não parecerem nem frágeis nem menos produtivas”, avalia Noemia Porto, 49, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), mãe de cinco, sendo dois ainda adolescentes, que passou a cuidar também da mãe de 78 anos durante a pandemia. “Tudo isso coincide com um pano de fundo estrutural, algo que a gente não quis, mas que recebe desde que nasceu. Só que, mesmo assim, resolvemos que vamos viver igualitariamente no espaço público.” Essa arquitetura patriarcal mantém sobre as mulheres a responsabilidade pela economia do cuidado, tão essencial quanto invisível e desvalorizada, agora também embalada pelos constantes chamados de “mamãe!”. Só não ouve quem não quer. A multiplicidade de pressões virou de cabeça para baixo a vida dessas mulheres, alterando de maneira determinante as condições objetivas da sua participação no mercado de trabalho e autonomia. Segundo a série histórica do relatório da McKinsey, mulheres e homens deixavam postos de trabalho com a mesma taxa até 2020, quando o número de mulheres superou o de homens pela primeira vez. As entrevistadas declaram se sentir ansiosas, estressadas e inadequadas diante de expectativas criadas sob o paradigma pré-pandêmico que hoje lhes parece impossível cumprir. “É humanamente insuportável cumprir essas tarefas todas, das quais eu tentei cuidar como se fosse o planner do escritório”, explica a advogada e psicóloga maranhense Larissa de Oliveira, 37, mãe de Lucas, 5. “Tive uma redução clara de produtividade, e transitar para uma vida estritamente doméstica foi bem difícil."" ""Batalhei para ter meu espaço e de repente me vi numa posição que eu lutei muito para não assumir, até por preconceito mesmo. Nossa tendência é enxergar o cuidado como algo menor, mas é uma necessidade básica. Se isso não estiver organizado, nada lá fora funciona”, conclui. Em 2019, apenas 1 a cada 50 das mulheres entrevistadas considerava desacelerar sua carreira ou deixar de trabalhar para cuidar da casa e dos filhos. Em 2020, a pandemia alterou essa proporção de maneira drástica, e 1 a cada 3 entrevistadas considerava esses caminhos antes inimagináveis. A sobrecarga por acúmulo de funções é inescapável para as mais de 11 milhões de mães solo do país —majoritariamente pobres e negras. “Desde março de 2020, estou em home office. De lá pra cá, devido ao acúmulo de funções de uma mãe solo que está com o filho fora da escola, pedi demissão do meu emprego formal de assessoria de imprensa”, relatou a artista visual Bruna Alcântara, mãe de Tom, 5, por meio do canal que a Folha abriu para ouvir o desabafo de mães sobre o contexto imposto pela pandemia. Bruna conta ter encontrado “tempo para a arte” enquanto “cozinho, lavo, passo e cuido de criança”. Ela é autora das obras que ilustram esta reportagem e integram a série “Mãe Pandêmica”. “Estou cansada, exausta. Ainda assim, não existe nenhuma maneira de parar de produzir, criar e maternar”, descreve ela. Para Bruna, pesa ainda o fato de o governo brasileiro que, “além de não reconhecer a existência da doença e do seu perigo, também não reconhece as desigualdades de gênero como um problema e como uma questão agravada na pandemia”. O governo não está sozinho em mais esse negacionismo, sugerem dados sobre a divisão sexual dos trabalhos de cuidado doméstico e com pessoas. Antes da pandemia, mulheres gastavam, em média, o dobro de horas semanais que homens nessas atividades de cuidado, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019. Com o confinamento, esse abismo parece ter se aprofundado. Segundo pesquisa do Datafolha, encomendada pelo C6 Bank, 57% das mulheres que passaram a trabalhar em regime de home office na pandemia disseram ter acumulado a maior parte dos cuidados com a casa. Entre os homens, esse percentual é de 21%. Ao entrevistar casais heterossexuais com filhos, o relatório da McKinsey revelou o descompasso na percepção de mães e de pais sobre o próprio envolvimento e responsabilização por esse trabalho. Enquanto 72% dos pais afirmavam dividir com a parceira em pé de igualdade os cuidados com filhos e casa, apenas 44% das mães diziam o mesmo sobre seus companheiros. “A gente já entrou na pandemia com um cenário de desigualdade profunda e, em maio, as mulheres já estavam levantando a mão pra avisar que estavam sobrecarregadas”, diz Giulliana Bianconi, 36, mãe de Martina, 5, e diretora da Gênero e Número, organização que analisa dados para amparar os debates de direitos das mulheres. “Cerca de 25% dos brasileiros são crianças e adolescentes. Quem cuida deles?”, questiona. Para Giulliana, mulheres não cuidam melhor do que homens, mas essa divisão acontece porque cada um se responsabiliza por aquilo que julga ser seu papel. Flexibilidade no trabalho, portanto, tem de ser pensada também para os homens, de modo a permitir que eles também se responsabilizarem por esses cuidados. “Meu marido tem alguma flexibilidade no seu trabalho, e é isso o que me permite trabalhar também. Se não, acho que eu já teria me separado”, afirma, em tom de brincadeira. “Porque nesse caso a guarda compartilhada liberaria ao menos dois dias úteis por semana para eu me concentrar em outra coisa.” A psicóloga Evelyse Claussi, 43, mãe de duas meninas, aponta que o Brasil ainda está em processo de desconstruir a mulher como aquela que cuida e o homem como aquele que provê. “Tem uma naturalização desse lugar materno, que não é biológico, mas uma construção social à qual as mulheres respondem com dificuldade de dizer que têm outros interesses.” Confortável para os parceiros, essa dinâmica é absorvida pelas crianças, que passam a direcionar suas demandas para quem, de fato, as atende. E isso explica cenas tão corriqueiras quanto surreais, em que crianças gritam pedidos para as mães, mesmo quando estão sentadas no colo dos pais. Diante da enxurrada diária desses chamados durante a pandemia, Evelyse passou a reagir com uma barganha bem humorada: “Pago dez centavos para quem disser pai no lugar de mãe!”. Nem sempre dá certo. Andressa Reis, 35 A louça acumulada na pia e os brinquedos espalhados por todo canto da casa de fundos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não incomodam Andressa Reis, 35, que circula entre roupas, bolas e bonecas com Maria, 3, e Caetano, 1, no colo. Já sua sogra, que encontrou a casa dos netos com a mesma bagunça da visita da véspera, tratou de observar: “Mas você não fez nada o dia inteiro?”. “Fiquei bem chateada de ela ter falado isso. É como se todo o trabalho de cuidar e de amamentar fosse resumido a nada”, contesta. “Eu amamento duas crianças, eu cuido delas full-time, eu ofereço tempo de qualidade, eu leio histórias. E elejo algumas prioridades”, explica. “Entre elas não está lavar a louça, que vai morar e fazer aniversário ali naquela pia porque o momento que eu tiver, eu vou sentar no sofá e descansar um pouco”, anuncia. “Não tem como ter duas crianças e manter a casa impecável. Se eu quiser isso, eu vou pirar! Por que essa cobrança de deixar a casa um brinco se minha pretensão é outra?” Foi durante a pandemia, a partir de um desabafo feito em seu perfil numa rede social, que Andressa se tornou produtora de conteúdo para mães. Desde então, esse caos privativo é o cenário dos vídeos de seu perfil no Instagram, que a descreve como “mãe preta e possível” e trata de temas como maternidade real, educação com apego e amamentação com humor e inteligência. “Só rindo para não chorar”, afirma. Há um ano, quando Andressa e a família iniciaram seu distanciamento social, Maria tinha 2 anos e Caetano, só 3 meses. Aquele puerpério parece nunca mais ter acabado. “A pandemia virou um puerpério gigante”, brinca. A fase puerperal, quando o bebê nasce e a mãe passa por alterações hormonais, mudanças no corpo, privação de sono e demandas constantes de amamentação e de cuidados com o recém-nascido, é a alegoria que Andressa encontrou para descrever sua vivência desde março passado. “É dentro de casa com os filhos o tempo todo, tendo outras demandas pra conciliar e administrar. Não consigo saber o lance da aula. Não tem válvula de escape. Não pode ir na pracinha, então você não consegue sossegar a criança por nada”, respira. “Estou vivendo em looping.” Sem rede de apoio num momento crucial, em que o neném é totalmente dependente de cuidados, Andressa se viu “desesperada”. O marido parou de trabalhar, e o casal ficou sem renda. Requisitaram o auxílio emergencial, que levou dois meses para chegar, período em que recorreram à ajuda de pais e amigos, que compravam mantimentos. Eles ainda tiveram o carro, que era financiado, retomado por falta de pagamento. Com o sucesso de seus depoimentos e reflexões sobre maternar, Andressa passou a ser procurada por marcas interessadas em “famílias que não são capa de revista”, e o perfil virou a principal fonte de renda da família. “Já me senti muito inadequada consumindo perfis de mulheres que faziam um recorte da sua vida e pareciam dar conta de tudo e maternar plenamente, enquanto comigo nada era romântico ou maravilhoso”, lembra. “A gente fica muito vulnerável nessa fase. E precisa filtrar aquilo que a gente consome.” Sobre a lida em tempo integral com crianças que exploram tudo, inclusive os limites da paciência materna, ela tem sua receita. “Não tem autocontrole que resista ao mundo atual. E não ter me mantido firme o tempo todo no tipo de educação em que eu acredito não faz de mim a pior mãe do mundo. Eu vou me perdoar e me dar essa colher de chá. E depois fazer diferente.”  Aline, 36 Enquanto Aline (ela preferiu usar nome fictício para evitar julgamentos na internet), 36, faxina um dos cômodos da casa, seus filhos João, 9 e Clara, 7, ambos autistas, viram o resto do avesso. “Quando eles iam para a escola, eu conseguia organizar os espaços da casa. Mas desde que estamos confinados por conta da pandemia, eu vivo de escolhas: a sala limpa e o resto da casa virada”, conforma-se ela, que vive no interior de São Paulo, a centenas de quilômetros do pai das crianças, cuja pensão, somada a um benefício, sustentam a casa. “Ser mãe de filhos com deficiência já é algo que tem um custo emocional e físico muito alto. Mas desde março passado eu me vi sendo mãe, terapeuta e professora. Tem sido muito difícil”, desabafa. João tem autismo leve e crises de agitação, em que não consegue se conter. Clara tem autismo grave, ainda não desenvolveu a fala e sofre crises frequentes de autoagressão. É quando a mãe que fica nervosa que menina esboça uma única palavra: “Caaaaalma!”. “Eu sei que ficar sem a escola e as terapias implica perdas importantes para eles, que precisam de profissionais especializados. Mas, neste momento, estamos no modo contenção de danos”, diz. “Eu estaria babando e batendo a cabeça na parede se perseguisse ter tudo certinho neste momento.” Quando as crianças aprontam algo ou entram em crise, a gritaria na casa é alta e generalizada. “É uma fórmula explosiva, mas prefiro gritar também do que guardar isso e adoecer. Criei uma tática pra vizinhança não se assustar: eu narro tudo o que está acontecendo para que percebam que não se trata de um caso de agressão”, revela. “É isso o que me salva de a polícia”, ri. Às vezes Aline se sente sufocada, às vezes tem vontade de sumir. Para ela, essas são sensações típicas da maternidade, e não do contexto de pandemia, que parece ter quebrado algo mais dentro dela. “Internamente, eu estou um caco. É devastador viver a pandemia no atual cenário político e social do Brasil. Não ter perspectiva de melhora e me sentir impotente é algo que bate muito forte. E, quando você é mãe, tudo é quadruplicado.” Diabética, vive ansiosa e estressada com o vírus. Um espirro, e ela já entra em pânico. Aline tem medo de morrer de Covid-19. “A questão do autismo agrava muito isso. Se eu não estiver aqui, quem cuida dos meus filhos? Me pego pensando nisso e entro em parafuso. Simplesmente não posso morrer.”  Tainá Marajoara, 38 A pequena Inaiê Matsimi, de apenas 2 meses de vida, foi batizada com um nome que remete à gavioa, conhecedora das matas por onde sua mãe não pode circular quando ela ainda estava na barriga. “Eu me descobri grávida em plena pandemia, com uma série de restrições de atendimento médico e muito perigo em todas as idas aos consultórios e laboratórios de Belém do Pará, onde as gestantes dividiram espaço com pacientes com suspeita de Covid-19”, lembra Tainá Marajoara, 38, cozinheira e pensadora indígena, criadora de um ponto de cultura alimentar, o Iacitatá, que está com as portas fechadas desde março e agora faz entregas uma vez por semana. O pavor de ser contaminada, por ser grupo de risco, fez Tainá se sentir “como uma onça”. “Eu só queria me silenciar, aquietar e esperar a gestação.” Criada no seio de uma cultura indígena matriarcal com a ancestralidade de mulheres pajés, Tainá queria parir na comunidade dos Aruâ Marajoara, do outro lado do rio Arari, mas o mais próximo disso que conseguiu foi ter um parto “respeitoso, natural e de cócoras” que durou quase 30 horas e não pode ser acompanhado pela família, que ainda não tem previsão de conhecer a pequena Inaiê por causa do agravamento da pandemia. “Nossa identidade cultural precisa ser preservada e isso é algo muito delicado”, diz. “Eu acordo e durmo com Inaiê no peito, cantando o dia inteiro, tomando Sol de janela e fazendo barulhos da mata para ela. No meio de tudo, ainda trabalho pelo computador e pelo celular.”  Daniela da Silva, 36 Durante a quarta das oito reuniões virtuais do dia, a financiadora de projetos Daniela da Silva, 36, abre o microfone e acompanha o efeito imediato na expressão dos colegas, que se desmancha. É que o som que invade a sala virtual não é do comentário de Daniela, mas do choro de sua filha, Olívia, 4. Enfiada debaixo da mesa de trabalho da mãe, esse é o jeito como ela protesta por sua companhia. Presa dentro de casa com os pais, Olívia, como quase todas as crianças menores, tem dificuldade de entender por que a mãe está presente, mas não está disponível para ela. “É uma situação desesperadora, que pode ser definida pela sensação de não estar fazendo nada direito. Não consigo acompanhar minha filha, não consigo trabalhar com qualidade”, admite Daniela, que diz ter contado com “total compreensão” da organização de direitos humanos em que trabalha. “Fui entrando num pico de estresse porque trabalho com demandas da sociedade civil, e não são coisas que podem esperar. Sofri minha própria pressão. Mas se tivesse tido pressão hierárquica, teria espanado.” É ela quem arca com as contas da família enquanto o pai de Olívia faz uma segunda graduação. “Ainda que, objetivamente, ele esteja disponível para cuidar dela, tem uma demanda afetiva da criança que conta muito, e acabo me envolvendo no cuidado para não deixar meu parceiro na mão.” Numa reunião, todos os participantes foram estimulados a compartilhar as estratégias que estavam usando para ficar bem. À medida que cada um falava, aumentava o mal-estar de Daniela. “Meditação, exercícios, cursos… Na minha vez, me senti tão mal que inventei que estava fazendo um curso de ioga. Mas a real é que estava apenas sobrevivendo.” Daniela faz parte da geração de mulheres autônomas, urbanas e modernas que comprou a falácia da parentalidade compartilhada. “A gente achou que teria um arranjo que, na verdade, não tem. E isso se torna uma conversa infinita entre o casal”, relata. Mudanças nessa diâmica têm ocorrido nos últimos anos, mas elas parecem graduais demais para a crise do cuidado agora instaurada. Estudos apontam que as mulheres gastam o dobro do tempo dos homens em tarefas domésticas e parentais, e que o percentual de homens que dizem dividir esses afazeres igualmente com a companheira é sempre bem maior que o de mulheres, o que evidencia essa desigualdade. “Está tudo tão estruturado para que o cuidado seja de responsabilidade da mulher que qualquer compartilhamento do parceiro é percebido como suficiente”, avalia ela, que volta e meia se lembra de algo que está faltando na casa no meio do trabalho. É a chamada carga mental, uma queixa frequente mesmo entre mulheres que têm parceiros mão na massa. Trata-se da gestão de tudo aquilo necessário para a funcionalidade da casa e da rotina dos filhos. Algo que requer atenção, planejamento e monitoramento. Um exemplo: o parceiro pode se dispor a cozinhar, mas isso alivia pouca coisa se for a mulher quem tiver de planejar as refeições, checar a disponibilidade dos ingredientes e realizar as compras do que falta. “A gente está colocando um band-aid numa grande ferida brasileira que é a divisão da carga de trabalho doméstico.” Nela, entram as múltiplas desigualdades brasileiras: de gênero, mas também social e racial, já que são mulheres pobres e majoritariamente negras que entram em cena para permitir que a mulher branca de classe média e alta possa trabalhar e que o seu parceiro continue a achar que está fazendo a sua parte, mesmo quando não está.  Larissa Oliveira, 37 O relógio batia 23h e a advogada Larissa Oliveira, mãe de Lucas, 5, passava roupa em sua casa num condomínio fechado em São Luís, no Maranhão. Cansada e ansiosa, ela tentava cuidar de tudo de maneira inédita. Até o início da pandemia e do isolamento social, ninguém almoçava em casa, e cozinha, limpeza e lavanderia ficavam a cargo de trabalhadoras contratadas. Nas primeiras semanas, ficou perdida. “Não sei o que vamos comer. Vai pedir? Vai fazer? Como? Era algo inexistente na minha rotina”, lembra. As demandas do filho único, que antes passava 8 horas na escola, foram outra descoberta. “Ele queria atenção, queria brincar. ‘Mãe, eu quero isso.’ ‘Mãe, eu quero aquilo.’ Depois, houve momentos de tristeza e de saudades dos amigos e da escola”, lamenta. “Eu me cobrava tirar um tempo livre de qualidade para ele, em meio à sensação de vulnerabilidade e à ideia de não tar conta ao ver o tamanho de tudo o que precisava ser feito.” Naquela noite, com o ferro na mão, Larissa recebeu um telefonema da mãe e desabou num choro de cansaço e frustração. “Veio a voz da maturidade questionar por que eu estava fazendo passando roupa. Era um quadro ansioso que tem um quê de perfeccionismo”, avalia. “Eu tentava me equilibrar numa corda bamba, levando o escritório, o marido, o filho e a casa, além de manter, à distância, a logística da casa dos mais.” Sob pressão, Larissa intensificava as corridas pelo condomínio. “Quando tenho poucos problemas, corro 5 quilômetros. Quanto tenho muitos, corro 10”, conta. Mas seu corpo mandou avisar que não dava mais. “Meu coração acelerou, os membros esfriaram, a garganta deu um nó. Eu simplesmente pensei que estava infartando”, lembra. “Era uma crise de pânico.” O gatilho foi a notícia de que seu pai estava com Covid-19, 25% do pulmão comprometido e falta de ar. “Surtei, mas fiquei com medo de ir ao hospital. As sensações foram passando, e não quis me expor ao vírus.” Mas o quadro voltou uma, duas, três vezes. “Eu já não dormia mais.” Imersa em pensamentos trágicos noite adentro, Larissa percebeu que precisaria de ajuda médica. “Tive de superar preconceitos para buscar um psiquiatra, mas foi essencial”, diz. “Caiu a ficha de que está todo mundo meio louco neste país neste momento e, por mais que isso seja triste, dá certo alívio perceber que você não está sozinha neste lugar. A situação em si é humanamente insuportável.” Larissa passou a encarar os medicamentos, que via com desconfiança, como uma ferramenta tecnológica e científica para atravessar um momento de crise. Entre as crises e o início do tratamento, Larissa se tornou apática, letárgica, e seu marido teve de se apropriar das rotinas da casa. “Ele entrou num processo de perceber essa sobrecarga e se apropriar das tarefas. Acho que foi um despertar, e ele cresceu muito no processo.”  Fernanda Viana, 41 Todos os dias, quando chega do trabalho em casa, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Fernanda Viana, 41, encontra os três filhos —de 11, 13 e 23 anos— saudosos da convivência com a mãe e cheios de histórias pra contar. Mãe solo, a assistente social passou boa parte do último ano cadastrando as famílias do complexo que mais precisavam da ajuda coletada e distribuída pela ONG Redes da Maré, onde trabalha. “Eu já sabia que muita gente ganha de dia para comer de noite. Mas, durante a pandemia, eu descobri a extrema pobreza. Vi casas sem banheiro e famílias sem telefone para pedir o auxílio emergencial. Vi gente desesperada e sem comida na geladeira. Mesmo sendo uma mãe preta e favelada, isso me deu outra visão da pandemia.” Essa vivência fez do retorno para casa um momento de alívio e reencontro, mas também de revolta. “Depois de viver um turbilhão de emoções, chegar em casa me traz paz. Ao mesmo tempo, a vida não parou, e taí um prejuízo que não vai ser reparado: não consegui acompanhar meus filhos, que praticamente perderam o ano letivo”, conta. “Na hora da prova para entrar no colégio militar, não houve nenhum tipo de reparação pra quem estudar em escola pública e ficou sem aulas virtuais o ano inteiro. Meu filho não entrou. A roda sempre gira pra gente ficar de fora, e pra que as posições estabelecidas entre nós e os outros sejam mantidas.” Os filhos de Fernanda não têm computador, celular ou acesso a internet, como ocorre com 1 a cada 4 crianças da Maré. “Criaram um mecanismo supostamente universal, mas que exclui a maioria da população”, critica. “Meus filhos usam o meu celular, quando chego em casa, para acessar os conteúdos disponibilizados pela escola. Não posso nem quero deixar dois adolescentes em casa o dia todo com um celular, acessando conteúdos que podem não ser apropriados para eles”, avalia. A partir desse uso conjunto do celular, surgiu de maneira orgânica uma rotina de compartilhamento de músicas, vídeos e textos. “Eles têm essa necessidade de trocar porque eu virei a única convivência deles. Estreitamos nossos laços, aumentamos as leituras e as conversas, e conseguimos tirar uma coisa boa disso tudo.” O principal revés é que Fernanda em nenhum momento consegue ficar sozinha. “Nem sempre eu tô a fim, mas levo em consideração tudo o que estamos passando, respiro fundo e fico com eles.” “Isso é a retórica do ódio. Não trata do assunto mas desqualifica o interlocutor”, diz padre Júlio Lancellotti, 72, coordenador da Pastoral do Povo de Rua em São Paulo, sobre as críticas feitas, neste domingo (7), pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), à “Carta aberta à Humanidade”, divulgada por religiosos e intelectuais. “Até parece que só eu assino”, afirma padre Júlio. A carta já tem quase 100 mil assinaturas desde que foi tornada pública no sábado (6) e afirma, em seu conteúdo, que o Brasil se transformou em uma câmara de gás como resultado da ""política genocida"" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Neste domingo, em visita a Israel, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criticaram duramente o conteúdo da carta. Segundo o chanceler trata-se de ""colocação totalmente absurda e ofensiva para a comunidade judaica"". O filho do presidente endereçou suas críticas a padre Júlio. Segundo ele, o religioso ""fez ataque vil"", em momento em que uma comitiva brasileira, da qual ele e Araújo fazem parte, está em Israel ""buscando levar para o Brasil medicamentos para combater a Covid”. Padre Júlio afirma que não há qualquer polêmica em relação à comunidade judaica e a afirmação do chanceler é apenas uma forma de evitar o debate do problema. ""A carta é, inclusive, assinada por judeus como Silvio Tendler”, afirma. Além de Tendler, que é um dos criadores da carta, ao lado do professor da PUC e UERJ Adair Rocha, o rabino Nilton Bonder também assina o documento. Para Rocha, a comparação é clara. “A morte se transformou numa estratégia governamental. O que são 10 mil mortes em uma semana?”, diz. “É, de fato, uma situação genocida, como uma máquina de morte instalada.” Neste domingo, o Brasil registrou 1.054 novas mortes pela Covid-19 e manteve, pelo nono dia seguido, recorde de média móvel de óbitos, com 1.497. O recorde anterior era de 1.455. Dessa forma, o país completa 46 dias com média móvel acima de 1.000. O número de casos nas últimas 24 horas foi de 79.237. Com isso, o total de mortes no país chegou a 265.500 e o de casos a 11.018.557 desde o início da pandemia. Além de religiosos e intelectuais, centrais sindicais e lideranças comunitárias das favelas como a do Jacarezinho, Alemão, Santa Marta e Rocinha apoiaram o movimento. Alguns dos nomes que assinaram são: Itamar Silva, Grupo ECO, Santa Marta Rumba Gabriel, Jacarezinho, TV Portal de Favelas Álvaro Maciel e André Constantini, Chapéu Mangueira e Babilônia, Dom Mauro Morelli, bispo emérito de Caxias Nilton Bonder, rabino Frei Betto, frade dominicano e escritor Celso Amorim, diplomata, ex-chanceler Milton Hatoum, escritor Eric Nepomuceno, jornalista, escritor Marieta Severo, atriz Edu Lobo, compositor, músico Camila Pitanga, atriz Paulinho da Viola, cantor, compositor Ivan Lins, compositor, músico Ricardo Coutinho – Ex-governador da Paraíba Chico Buarque, músico Gisele Cittadino, jurista, ABJD Marta Skinner, economista Murilo Salles cineasta Marcelo Barros, teólogo Maria Victoria de Mesquita Benevides, cientista política João Bosco, compositor, músico José Luis Fiori, cientista político Patricia Pillar, atriz A carta, disponível em https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeAUTbllrhdBSuBMceaIxrzcSHff70-5uLxVM7LCIhlXWV9ig/viewform, já foi traduzida para inglês, espanhol, francês e alemão e deve rodar o mundo recolhendo assinaturas a partir de agora. Doze pacientes de Covid-19, alguns em pé ou mesmo sentados no chão por falta de cadeiras, usavam cilindros de oxigênio no corredor do pronto atendimento do maior hospital da periferia de Porto Alegre, na final da manhã desexta-feira (5). Estavam misturados a crianças, acidentados e idosos com problemas ortopédicos. Sem se identificar, a reportagem acompanhou por cerca de três horas o quadro crítico da emergência do HRES (Hospital da Restinga e do Extremo Sul de Porto Alegre), que atende a maior região carente da cidade. O local retrata a situação limite da rede de saúde da capital gaúcha na pandemia. Porto Alegre atingiu na semana a lotação máxima de leitos de UTI para casos graves da Covid-19. Um contêiner precisou ser instalado para abrigar corpos das vítimas do coronavírus no maior hospital particular do município. Por causa da lotação, o HRES suspendeu na sexta todas as visitas, além do acompanhamento de pacientes por seus familiares, como medida extrema para conter a disseminação da Covid-19. Não havia cadeiras de rodas na emergência para transportar pacientes. Uma mulher com falta de ar teve de ser carregada pelo filho para dar entrada no hospital. Ela foi levada ao hospital de carro porque o Samu estava com todas as unidades ocupadas, contaram os familiares. Inaugurado em 2014, o Hospital da Restinga é gerido por uma associação sem fins lucrativos e atende cerca de 100 mil pessoas. O bairro Restinga fica na periferia da capital, a 30 km do centro da cidade. O motorista Luís Fernando da Silva, 52, chegou às 10h na emergência do HRES com falta de ar. Morador do bairro, teve diagnóstico de Covid-19 confirmado na segunda (1º), e no dia seguinte começou a tomar antibióticos. De madrugada a situação piorou. Às 15h, a dona de casa Berenice, esposa de Silva, recebeu a notícia de que o marido teria de ficar internado. “Estou muito aflita porque ele deveria estar melhor, depois de três dias de medicação. Mas acabou piorando. Como não vou ficar nervosa?”, disse a mulher, aos prantos. Só estão autorizados acompanhantes para os doentes no caso de internação e crianças e idosos que sejam muito dependentes, contaram funcionários, sob a condição de anonimato. Exames, cirurgias eletivas e consultas também foram canceladas. Os 87 leitos estão ocupados. Informações sobre o estado de saúde dos pacientes demoravam mais de três horas para chegar, segundo relato de parentes que aguardavam na unidade na sexta. Jandira Alves, 40, buscava informações sobre o estado de saúde de seu primo intubado desde a quarta-feira (3). Portador de uma síndrome grave, o rapaz necessita de cuidados especiais, mas está sem acompanhamento familiar. O diagnóstico de Covid-19 foi confirmado nesta sexta. “Devido à síndrome, o Wagner frequentemente tem baixa de imunidade. Ele estava há um ano sem sair de casa, não sabemos como pode ter positivado”, disse. A prima relatou que o rapaz de 22 anos teve falta de ar, tosse seca e pneumonia. A saturação sanguínea baixou a 60%. “Ele tem dificuldade de falar. Alguém da família tem que ficar lá para ajudar”. Dos 20 leitos intensivos do HRES, 19 estavam ocupados por pessoas com Covid-19. Doze casos confirmados aguardavam por vaga em UTI na emergência do hospital. Outras quatro pessoas sem a doença também esperavam por leito. Na terça-feira (2), o hospital dobrou de 10 para 20 as vagas de UTI. No dia seguinte, não havia mais lugar. “A situação é dramática. Estamos com muitos óbitos, os casos que chegam são mais graves que no ano passado e não há profissionais suficientes para atender a demanda de tratamento intensivo”, disse o anestesista Caio Nazário, que está atuando como intensivista no HRES nesta pandemia. Durante a tarde, o hospital bateu recorde de ocupação de UTI em Porto Alegre na pandemia, chegando a 145%. No pico do dia, 31 pacientes com resultado positivo aguardavam vaga. No fim da tarde, a ocupação voltou a ser de 100%. Para dar conta de demanda, o hospital transformou uma das salas de recuperação de cirurgias em ambiente para tratamento de Covid-19. A preocupação da equipe médica é com a prevalência de variantes mais agressivas do vírus em Porto Alegre, já detectadas pelo Centro de Vigilância Sanitária. “Estamos com muito medo”, disse Nazário. Procurada pela reportagem, a administração do HERS informou que está aguardando o envio de ventiladores e de monitores para abrir mais dez leitos de UTI durante a semana que vem. [resumo] Ensaísta discute a entrada em cena, em tempos de pandemia e debates públicos, de quatro escritores afrodescendentes —Itamar Vieira Junior, Paulo Scott, Jeferson Tenório e José Falero. Argumenta que os romances desses autores, marcados pela perspectiva da pobreza, do racismo e da violência, carregam valores profundos cuja época chegou —com a retaguarda de investimentos anteriores em educação.  1. Nesses dias entrei numa conversa no Facebook —era e continuou civilizada, coisa nem tão frequente no meio— que tinha no centro a lamentação de um escritor da minha geração, por volta dos 60 anos. Em outras palavras, ele se queixava de não haver leitor para gente de qualidade, que produzia material de excelência, dominava os meios expressivos e estava na janela há décadas. Minha entrada se deu para duvidar da falta de leitores —e dei como exemplo escritores (os adjetivos aqui podem variar) periféricos, negros, identitários etc. que estão circulando como nunca antes. Trata-se de um reconhecível fenômeno, que se expressa hoje em dia por editoras segmentadas, com identidade negra, como Malê, Mazza, Figura de Linguagem, Venas Abiertas, Pallas, Ogums. Já este fenômeno dá o que pensar. 2. Logo atrás está o notável aumento de oferta de cursos superiores no Brasil, nos tempos de Lula e Dilma, tanto em faculdades privadas, para as quais o governo federal providenciou amplo financiamento, quanto em públicas. Foi apenas agora, neste século, que o Brasil conseguiu alcançar escola para todos. Ainda com qualidade duvidosa e financiamento problemático, mas acessível. O resultado desse esforço está aí. Uma vez proporcionado o acesso, eis que, sem milagre algum, muitos milhares de pobres brasileiros, entre os quais a maioria de afrodescendentes, simplesmente passaram a escrever e ler, e a querer ler coisas que fizessem sentido. 3. Sim, esse é um fenômeno identitário, mas não se limita a isso. É preciso tomar distância e constatar que, de certo modo, é sempre assim que acontece: os leitores, no mundo moderno, se formam lendo coisas que façam sentido imediato, como o romance urbano no século 18 ensinando como funcionava o mercado do casamento, ou as histórias de piratas, trazendo para dentro de casa notícias daqueles mundos distantes que iam sendo acessados, eram demandas vitais para aquele público. Assim se pode olhar para os casos em que grupos sociais, seccionados por gênero, idade, etnia, nacionalidade, especialidade profissional, o que for, são abastecidos com literatura (e arte em geral) que lhes fale à alma diretamente. A leitura de clássicos vindos de outros tempos e quadrantes, regra geral, é conquista mais lenta, que, falando nisso, tem que ser ensinada na escola sim, que deve mediar o remoto com o próximo. Machado de Assis para todos, mas não custa oferecer primeiro leitura de compreensão imediata. 4. Uma vez desnaturalizado o que se chamava de cânone literário, a conversa ganha amplitude e profundidade. Mesmo os clássicos ocidentais são, em primeiro, ocidentais —não deixam de ser interessantes, mas deixam de ter uma hierarquia transcendental. Até o Borges setentão sabia disso. Num ensaio chamado “Sobre os Clássicos”, reunido em “Outras Inquisições”, ele relativizou: “Clássico é aquele livro que uma nação ou um grupo de nações ou o longo tempo decidiram ler como se em suas páginas tudo fosse deliberado, fatal, profundo como o cosmos e capaz de interpretações sem fim”. Ou outra frase, que parece saída de um relativista, não de um classicista: “Clássico não é um livro (repito) que necessariamente possui estes ou aqueles méritos; é um livro que as gerações humanas, premidas por razões diversas, leem com prévio fervor e misteriosa lealdade”. Onde se lê “nação” ou “gerações”, ponhamos “grupo social”, e encerram-se as perguntas, meritíssimo. 5. A pandemia alterou quase tudo, e o lugar da literatura, como passatempo ou forma de reflexão, entrou nessa. O livro, em papel ou não, parece ter ganhado um sentido novo no último ano. Não temos números nítidos, mas é certo que aumentou a circulação de livros, o número de edições, especialmente em tiragens pequenas e muitas vezes vendidas pelo autor, e houve mesmo fenômenos correlatos, como as lives de lançamento de livros ou para leitura e conversa sobre livros, os saraus online. A literatura, uma arte essencialmente fria na modernidade, elaborada na solidão e fruída no isolamento, parece ter ganhado temperatura com a leitura pública, o compartilhamento de impressões. 6. E em paralelo ocorreu o transbordamento da luta antirracista, que nunca mais será a mesma. Não foram só os assassinatos de pessoas negras, nos EUA ou no Brasil: foi uma virada de maré, em tudo, da sala de aula à delegacia de polícia, passando pelos estádios, governos e parlamentos. Com um vigor comparável ao movimento feminista, já nítido há mais tempo, essa luta não vai mais voltar ao patamar anterior, em que o racismo podia ainda alegar inocência. 7. No Brasil já havia figuras negras com lugar até canônico na literatura. Temos Machado de Assis, por pouco que tenha escrito sobre o tema do racismo e contra a escravidão com que conviveu por quase 50 anos. Lima Barreto, mesmo dispersivo e pouco rígido com sua produção, está aí. Há bem menos tempo ingressaram no radar da escola, do vestibular, da rotina (fraca) de leitura no país autoras do passado como Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus, ou autoras vivas como Conceição Evaristo e Ana Maria Gonçalves. Duas ou três décadas atrás, entraram para o repertório do debate obrigatório Paulo Lins e Ferréz. Não se trata de casos isolados mais. 8. Faz pouco, quatro autores devem ser alinhados nesse percurso. Quatro romancistas —e isso não é detalhe, tomando a forma romance como fruto de uma visão de conjunto sobre determinados tempo, espaço e experiência social, nesse sentido, portanto, uma forma mais difícil que o conto, a canção ou o poema. Por ordem de entrada em cena: “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior (Todavia), e “Marrom e Amarelo”, de Paulo Scott (Alfaguara), ambos de 2019, e “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras), e “Os Supridores”, de José Falero (Todavia), ambos de 2020. O grupo é muito reduzido diante da variedade desses anos e conta apenas com homens. Mas, ponderadas essas limitações, os quatro têm alta qualidade e oferecem um espetáculo que precisa nos impressionar. 9. “Torto Arado” contém um apelo que os demais não têm: traz para o palco um mundo distante, geográfica e socialmente, lá do sertão fértil da Chapada Diamantina. Em linguagem transparente, que nada tem a ver com os experimentos do paradigmático Guimarães Rosa, o romance tem protagonistas mulheres, duas irmãs, e uma arquitetura narrativa algo fluida, com troca de ponto de vista nas três partes que o constituem. O manejo do tempo contribui para essa fluidez, porque temos cenas miúdas do presente alternando com evocações velhíssimas, sempre conectadas com o baixo-contínuo da permanência de escravidão, aberta ou velada. Mas com esses traços, que evocam um mundo pré-urbano, vivenciado como mágico e atravessado por práticas religiosas envolventes, o romance dá a ver toda a estrutura de dominação social implicada. 10. Os outros três são romances urbanos, em que qualquer dimensão transcendental de tipo religioso inexiste. “Marrom e Amarelo” repassa a história de dois irmãos, de mesmo pai e mesma mãe, mas com tons de pele diferentes, e que por isso vivem distintas realidades emocionais e sociais, e é narrado com grande amargura; o ambiente é o das classes médias, que aceitam com muitas restrições as pessoas negras. “O Avesso da Pele” tem, ao contrário, certo tom lírico, que o aproxima de “Torto Arado”, mas o mundo é o da cidade grande, os personagens vivem e agem à sombra das instituições modernas como a escola e a polícia —o personagem do pai é professor de escola pública, e sua morte se deve à violência de nosso tempo, que prefere vítimas negras. “Os Supridores” conta a história de dois amigos, trabalhadores precarizados, abastecedores das prateleiras de supermercado que gente como eu vê sempre organizadas e repletas. Como Quixote e Sancho, são um o cérebro e outro o amigo fiel: o primeiro convence o segundo a vender drogas para ter um mínimo de altivez social, que o salário mínimo e a sua rotina vão negar para sempre. Quanto ao tom do relato, não há nem resquício de lirismo, nem viés de amargura: um andamento nítido, com um quê irônico, com figuras e cenas claras —há mesmo um mapa para orientar a leitura, sobre cena decisiva—, e uma virada final que não cabe aqui enunciar. 11. Em cada um dos quatro romances, um mundo se apresenta inteiro, com condicionantes sociais ou psicológicos, com horizontes possíveis e desejáveis, com um processo acompanhado por inteiro. São histórias de nosso tempo (mas “Torto Arado” podia ser datado de umas décadas atrás, o que não lhe tira mérito nem qualidade). Os outros três em conjunto representam, de certa forma, um corte transversal da vida urbana atual: Scott nos mostra o mundo das classes mais acima (mas sem ricos); Tenório, o das classes médias com perigo de queda; e Falero nos dá o mundo da pobreza. Nos quatro, a violência é para qualquer momento, numa proporção que gente branca e confortável como este resenhista não experimenta, salvo excepcionalmente. Os quatro romances abrem fendas na parede invisível que nos separa da vida rotineira dos pobres e dos negros brasileiros. 12. São quatro escritores nascidos e/ou criados fora das duas metrópoles brasileiras (embora os quatro editados por majors), mas seus romances não padeceram de restrições na recepção, ao que consta, em função de qualquer coisa como “regionalismo” ou “localismo”, ainda que carreguem, os quatro, marcas de paisagens e linguagem não paulistana nem carioca. Por quê? Aqui outra novidade: para além de ser o corredor do supermercado um cenário universal, para além de o sertão oferecer, depois de Rosa ao menos, condições para uma metafísica de amplo alcance, o racismo e a pobreza os universalizam (o verbo é ruim, mas bastante). O corte epistemológico proporcionado pelo tema de fundo supera o provincianismo, de parte a parte, para autor e leitor. 13. Quase uma década atrás, veio a público uma antologia da revista Granta, “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros”, com 20 autores abaixo de 40 anos. Essa seleção oferece um excelente contraponto, ainda que seja desigual o material comparado (lá 20 contos, aqui quatro romances, mais o critério de idade etc.). Em estudo quantitativo, publicado aqui na Folha em 2 de setembro de 2012, apontei que em 60% deles o centro dos enredos trazia conflitos entre filhos e pais, em 55% deles havia alusões “cult” como parte importante da retórica do texto, e 50% deles apresentam personagens escritores, eventualmente em crise com a tarefa de escrever. Fazendo uma manchete um pouco distorcida, é o oposto do que verificamos nos quatro romances aqui abordados. 14. São quatro escritores que se identificam como afrodescendentes, e por certo carregam suas vivências para a alma do texto. E aqui creio que encontramos um elemento de imensa força: a organizar cada um dos quatro ótimos romances, o leitor percebe, nas entrelinhas mais do que no enunciado, a pujança dos valores profundos que estão implicados nas tramas. Aqui nos ajuda a pensar Bakhtin: qualquer romance se estrutura em torno de um eixo de valores, que o narrador e as personagens não necessariamente encarnam nem explicitam diretamente, mas que se fazem sentir no conjunto do relato. Ao contrário da crise de leitores ou de criatividade que alguns escritores experimentam, esses quatro romances oferecem, sem qualquer populismo ou apelo, a força das obras estruturadas em torno de valores cujo tempo chegou. Não, nenhum dos quatro é ideologia trivial, e é muito provável que os quatro sobrevivam a seus autores. Assim como o naturalismo dos anos 1880 e 1890, o romance crítico e a poesia moderna dos anos 1930 a 1950, a crônica carioca dos anos 1950, a canção de protesto e o tropicalismo nos anos 1960 e 1970, esses quatro são romances fortes também porque carregam em seu ventre a história. Torto Arado Autor: Itamar Vieira Junior Editora: Todavia Quanto: R$ 57,90 (264 págs.) Marrom e Amarelo Autor: Paulo Scott Editora: Companhia das Letras Quanto: R$ 39,90 (160 págs.) Os Supridores Autor: José Falero Editora: Todavia Quanto: R$ 59,90 (304 págs.) O Avesso da Pele Autor: Jeferson Tenório Editora: Companhia das Letras Quanto: R$ 47,90 (192 págs.) Após a invasão do Capitólio por apoiadores extremistas de Donald Trump que contestavam o resultado das eleições nos EUA, Bolsonaro disse que, se não houver voto impresso em 2022, ou uma maneira de auditar o voto, haverá no Brasil “problema pior do que nos Estados Unidos”. A declaração se soma a um discurso contra o sistema eleitoral e a um contexto que inclui militarização do governo, flexibilização do acesso a armamento e naturalização da corrupção no país. Para especialistas ouvidos pela Folha, toda essa atmosfera alimenta a desconfiança sobre um risco de golpe, que não deve ser ignorada, ainda que vários considerem improvável que tal cenário se concretize. A estratégia de manter um discurso que coloca em xeque o sistema eleitoral brasileiro e, ao mesmo tempo, questiona um eventual resultado negativo nas urnas aproxima o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de outros líderes populistas, a exemplo do que fez Trump antes de deixar a presidência dos EUA. No Planalto, Bolsonaro faz do mandato uma campanha eleitoral constante, alimentando sua base de apoiadores mais fiel com a retórica própria do autoritarismo. Apesar de eleito por vias democráticas, especialistas afirmam que, em vários episódios, Bolsonaro já expressou de forma clara seu desprezo pelo sistema. ""Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria este o regime que nós estaríamos vivendo. E apesar de tudo eu represento a democracia no Brasil”, afirmou durante formatura da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP), em fevereiro deste ano. Na avaliação feita pelo ministro Edson Fachin (STF) em recente entrevista à Folha, há sete sintomas de que a democracia está sendo corrompida no país. A recusa antecipada em aceitar uma derrota eleitoral está entre eles. Bolsonaro ameaçou adotar essa postura em 2018 caso perdesse as eleições. Ao repetir o gesto desde já, no contexto das eleições nos EUA, ele dá um passo a mais e adota um discurso com flerte ao golpismo. Entenda como o questionamento do resultado eleitoral afeta a democracia: Quais os riscos para a democracia se Bolsonaro mantiver o discurso de que, sem voto impresso ou maneira de auditar o voto, Brasil pode ter um “problema pior que os Estados Unidos” nas próximas eleições? Uma das bases que formam o tripé que sustenta o regime democrático é a participação da oposição no pleito e chances de ganhar a disputa, sem que haja manipulação nos resultados, destaca a cientista política Joyce Luz, professora da Fesp-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e doutoranda pela USP. Para Andréa Freitas, cientista política e professora da Unicamp, caso o discurso de Bolsonaro se mantenha há um risco enorme para a democracia, uma vez que ela depende de um equilíbrio frágil que, caso rompido, coloca em xeque todo o sistema. A professora acrescenta que, se a parcela mais fiel a Bolsonaro resolver ir à rua violentamente contestar um resultado —assim como Trump incitou seus apoiadores a fazer após perder a reeleição—, a polícia ou o Exército terão que adotar um posicionamento. “Disso pode sair qualquer resultado, inclusive uma guerra aberta entre as pessoas que acham que o resultado foi legítimo e as que acham que não”, diz. Em 2014, após perder a eleição para a então presidente Dilma Rousseff (PT) por uma pequena margem de votos, o hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) contestou o resultado eleitoral e seu partido apresentou um recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Apesar do ineditismo do gesto na redemocratização, o cientista político e professor da UFMG Leonardo Avritzer avalia que o cenário atual não é equivalente ao de 2014. “O recurso apresentado pelo PSDB foi a uma instituição encarregada de julgar isso [TSE], portanto, dentro de um certo padrão de institucionalidade legal. Hoje o que a gente tem é, na verdade, uma ameaça de uma não aceitação de resultado eleitoral por uma pessoa que ocupa a Presidência. Evidentemente que isso é novo.” “O atual presidente da República está usando de uma estratégia que o ex-presidente Trump usou de atacar a estrutura do sistema eleitoral e criar uma espécie de “habeas corpus preventivo” caso ele perca a eleição e tente na força, na violência, reverter esse quadro”, acrescenta a professora de direito constitucional da UFPR e pesquisadora do CNPQ Vera Karam. A presidente do Instituto Liberal do Nordeste, Catarina Rochamonte, concorda. “Junta essa retórica contra o processo eleitoral e às urnas eletrônicas, a questão também da militarização e esse decreto liberando as armas, pinta-se um quadro bem complicado, que pode possibilitar uma coisa não muito interessante, ou, como o próprio Bolsonaro disse, algo pior do que a invasão do Capitólio.” Depois da invasão do Capitólio nos EUA, muitos críticos apontaram que as instituições nos EUA demoraram a agir. A democracia tem que ser defendida? Heloisa Fernandes Câmara, professora da UFPR e doutora em direito do Estado, sustenta que as democracias devem ter mecanismos de defesa diante de ameaças, e que essa defesa deve ser feita por meio de instituições, como o Legislativo e o Judiciário, e com a própria estrutura burocrática. “[A burocracia] me parece que poderia servir como defesa, na medida em que a lei estabelece que a própria administração pública, o governante, não pode seguir o que ele quer. Ele tem que seguir a lei na estruturação do seu comportamento”, diz. O pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP e autor do livro “A República das Milícias - Dos Esquadrões da Morte a Era Bolsonaro”, acrescenta que não dá para considerar as ameaças de Bolsonaro como mero discurso. “A gente tem dois anos e o desafio de controlar essa figura antidemocrática e que aposta na guerra, e que quer fortalecer o seu poder, a partir do confronto. E que afirma isso com todas as letras em diversas ocasiões.” Paes Manso destaca dois episódios. Um deles na reunião ministerial realizada em abril de 2020, quando Bolsonaro expressou o desejo de armar a população para que resistissem a medidas restritivas de governadores, para conter a pandemia, e a uma possível ditadura. “Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado”, disse o presidente na ocasião. A segunda declaração destacada foi em uma entrevista em 1999, quando o então deputado disse que não acreditava que houvesse solução por meio da democracia e defendeu a morte de ""30 mil"", incluindo a de civis e a do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). ""Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando pelo FHC, não deixar ele pra fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente."" “Isso sempre fez parte do histórico e das falas políticas dele, não dá pra fingir que isso não existe, ou não dá pra fingir que o que ele fala não deve ser levado a sério”, conclui Paes Manso. Para a professora da USP, antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz, com suas falas no sentido de armar a população para combater uma ditadura, Bolsonaro tem travado uma batalha de narrativa. “A história é sempre acionada em momentos de crise, ou seja, nesses contextos, ocorrem verdadeiras batalhas narrativas. E em que sentido? Aqueles que estão no governo pretendem recontar a história. O que tem feito o governo Bolsonaro constantemente? Tem aludido ao golpe de 64 como um golpe democrático.” Ela explica que não existe golpe de Estado democrático, já que ele ocorre quando um governo legalmente constituído é retirado por outro que não foi legalmente constituído. “O que foi 64? Exatamente isso”, conclui. O fato de Bolsonaro dar declarações como esta e manter apoio político diz o quê da democracia brasileira? Para Joyce Luz, quando a sociedade elege representantes políticos que desrespeitam valores democráticos isso evidencia que há uma descrença em relação ao sistema e a seus princípios pela própria população. Mudar esse cenário só é possível investindo em ações para acabar com o analfabetismo político, diz. “Deveríamos concentrar esforços em dialogar e instruir essa população, que ainda é muito voltada para o negacionismo, para a onda de fake news, que não sabe como a política funciona e aí acredita facilmente em tudo que os representantes políticos falam.” Em comparação com os Estados Unidos, Avritzer diz que, caso algo semelhante venha a ocorrer no Brasil, a situação seria mais complicada. “Nós temos muito mais fragmentação, nós temos muito menos confiança em torno dos valores democráticos, nós temos, muito menos apreço pela legalidade dos processos políticos e eleitorais.” Como as instituições brasileiras se colocam? As instituições têm reagido à altura dos ataques à democracia? O atual presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, tem reagido às falas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral. Em resposta à declaração de que “vamos ter problema pior que os Estados Unidos”, o magistrado disse, sem mencionar diretamente Bolsonaro, que a “vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam”. ""Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições"", disse Barroso. Ele ainda afirmou que “tudo o que não se precisa no Brasil é a judicialização do processo eleitoral”. Avritzer avalia que um cenário de contestação das eleições na Justiça, como o empreendido por Trump nos EUA, não teria tido o mesmo resultado no Brasil. “Tenho minhas dúvidas de que nós dispomos de um Poder Judiciário tão coerente no Brasil, nosso poder Judiciário não tem sido coerente na defesa da democracia e dos processos legais, depende demais das pressões que ele sofre ou, vamos dizer assim, das idiossincrasias dos ministros.” A advogada Sheila de Carvalho considera que as reações das instituições frente às investidas de Bolsonaro não têm sido suficientes. “Quando as instituições democráticas vão começar a reagir a essa violência explícita que está saindo do gabinete da Presidência da República? Porque tudo isso nos fragiliza, não só para um processo eleitoral, mas fragiliza a nossa democracia”, afirmou ela. “Se ele alega que houve fraude, ele tem que provar, se ele não prova, ele está colocando em risco nosso sistema eleitoral, nosso sistema democrático, isso vai passando batido e as instituições não vão reagindo.” Há risco de que líderes políticos deem sustentação a uma tentativa de golpe? Isso seria possível sem o apoio do alto comando das Forças Armadas? A cientista política Joyce Luz afirma que o risco sempre existe, mas que é preciso lembrar que não há um pensamento homogêneo dentro das Forças Armadas em defesa da ruptura democrática. Em sua avaliação, tanto o Legislativo quanto o Judiciário estão mais robustos do que em 1964 e têm capacidade para reagir, caso seja preciso. Alcides Costa Vaz, professor do Instituto de Relações Internacionais e coordenador geral do Grupo de Estudos em Política e Segurança Internacional (GEPSI) da UnB, avalia que não há disposição das Forças Armadas em contestar o resultado das eleições. “Não acho que haja essa disposição, porque aí é de fato para um golpe militar. É muito mais do que estamos falando e é um ponto muito mais grave do que onde estamos agora”, disse ele, que é ex-diretor da Associação Brasileira de Estudos de Defesa. Do mesmo modo, a cientista política Rita Biason, professora na Unesp no Campus de Franca, avalia que nem os militares tampouco o setor financeiro apoiariam uma tomada de poder por Bolsonaro. Ela até considera provável, em caso de derrota de Bolsonaro, que seus apoiadores se dirijam à Esplanada e façam tentativas semelhantes ao que ocorreu no Capitólio nos EUA, mas acredita que o Brasil tenha instituições democráticas consolidadas que impediriam a concretização de um golpe. ""Se houvesse uma eleição hoje, se ele perdesse, os pró-Bolsonaro iriam ali para a Esplanada dos Ministérios fazer manifestação. Com certeza, tentariam invadir, tentariam tomar o Congresso”, afirma, acrescentando não acreditar que os militares apoiariam essa reação. Já o cientista político João Roberto Martins Filho, que é professor titular sênior da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), considera que um cenário possível seria de que os militares, caso não apoiem Bolsonaro num eventual golpe, tentariam negociar espaço no governo vitorioso para manter os privilégios obtidos ao longo dessa gestão. “As Forças Armadas, os chefes do Exército principalmente, avaliam que um fracasso do governo Bolsonaro levaria obrigatoriamente à volta aos quartéis e um próximo governo seria muito rigoroso com a instituição”, diz. ""Não podemos defender o passado de modo cego, nem avançar para o futuro de modo cego"", diz Carolina Cosse, 59, sobre as mudanças recentes na arquitetura de Montevidéu, que embora preserve seu patrimônio histórico, também tem derrubado prédios antigos para a construção de novos. ""Temos tudo para ser uma capital do século 21"", explica, orgulhosa do local onde nasceu, a engenheira que hoje comanda a cidade. Um dos nomes de destaque da Frente Ampla, partido de centro-esquerda que esteve 15 anos no poder com Tabaré Vázquez e José ""Pepe"" Mujica, Cosse foi pré-candidata à Presidência dentro da sigla nas últimas eleições, mas a vaga ficou com Daniel Martínez. A Frente Ampla acabou perdendo esse pleito e cedeu lugar para o retorno do tradicional partido Nacional (blanco), de centro-direita. A prefeita, que assumiu em novembro do ano passado —já em plena pandemia do coronavírus— tem hoje, no entanto, o mais importante cargo entre os dirigentes de seu partido. Ela defende que, após uma ditadura (1973-1985) que ""foi terrível para o Uruguai"", é preciso não tomar a democracia como ""fato consolidado"". ""No momento em que pensarmos assim, vamos estar abrindo espaço para que a democracia retroceda."" Cosse, que foi ministra da Indústria e senadora, conversou com a Folha por videoconferência, da sede da prefeitura de Montevidéu.  A senhora sabe que muitos brasileiros dizem que têm planos de se mudar para Montevidéu? O que acha disso? Nós romantizamos muito a cidade? Sou suspeita para falar. Sou montevideana, e esta é uma cidade muito linda. Como prefeita, meu desafio é que aqui seja construída a beleza das cidades do século 21. E como seria isso? Temos a obrigação de proteger os edifícios que são patrimônio arquitetônico e cultural da cidade, mas também de construir o futuro, não podemos ficar parados no passado. E também temos de integrar a região rural de Montevidéu com a cidade. A cidade está triste sem os turistas, sem os estrangeiros. Todos os que nos visitam sempre se referem à simpatia e à hospitalidade dos montevideanos. O que estamos tentando fazer é estimular o turismo interno e incentivar que jovens do interior se hospedem por um preço mais ameno em hotéis da capital, para ajudar a ambos os lados que estão sofrendo com a crise econômica gerada pelo coronavírus. Também neste conceito de cidade para o século 21, falo não só da cidade fisicamente. Montevidéu também somos todos nós que a vivemos. Como a cidade é vista por nós e por quem nos visita, como é o cheiro do ar que se respira aqui, o que se escuta em suas ruas. A senhora não é a primeira prefeita mulher de Montevidéu. Ainda assim, os cargos públicos do Uruguai ainda estão dominados por homens. Como vê isso? Quando se trata do patriarcado, a modernidade fica de lado. Olha só, até rimou [ri]. Creio que a democracia é resultado da luta pela igualdade. Não cheguei a esta responsabilidade apenas por mim mesma. O fato de eu estar aqui é fruto do esforço de muitas mulheres que vêm lutando por igualdade no Uruguai. Estou apoiada sobre o ombro de gigantes. Fiz questão de ter um gabinete paritário e de escolher outros cargos de modo paritário. Se você faz isso, se investe em uma infraestrutura social igualitária, começa a ser natural que as mulheres estejam nas rodas de decisão. A paridade é a avenida e a ponte para atingir uma democracia igualitária. Há algum plano para o Dia da Mulher deste ano? Estamos num momento difícil da pandemia. Há muitas restrições na cidade para que não haja aglomerações. Mas uma das coisas que vamos lançar no dia 8 é um sistema de implementação de pilares com código QR apenas em praças e monumentos dedicados a mulheres. Quem passar por eles e quiser saber mais sobre esses personagens, escaneia o código e vai parar num link sobre tal personagem feminino. Vamos fazer isso com outras praças e monumentos depois, mas vamos começar com os que têm nome de mulher. Isso é parte de construir a cidade do futuro, que as pessoas andem por suas ruas sabendo o que aconteceu lá antes e quem caminhou por aquelas ruas antes. O Uruguai tem sido um exemplo de institucionalidade na região, por exemplo na transição ordenada do poder presidencial, no ano passado, da Frente Ampla para o partido Nacional. Como explica isso? Nossa democracia é uma construção, até agora de sucesso, mas não é algo que se deva ter como um fato consolidado e estático. Nós vivemos uma ditadura [1973-1985] de corte fascista que durou 12 anos e foi terrível para o Uruguai. Mesmo assim, a população continuou preferindo a democracia e lutou por ela. Só que não podemos simplesmente tomar o que temos e crer que isso basta, que já atingimos nosso objetivo. No momento em que pensarmos assim, vamos estar abrindo espaço para que a democracia retroceda. E para o enriquecimento e a sobrevivência da democracia é necessário lutar pela igualdade em distintos âmbitos. Falamos aqui das mulheres, mas houve outros momentos. Por exemplo, a luta pela igualdade no voto universal. Cada passo é uma conquista dessa democracia. Mas não podemos descansar em nenhum minuto. E a senhora acha que isso ocorreu recentemente? Sim, quando o presidente [Luis] Lacalle Pou assumiu, logo levou ao Congresso um pacote de 500 artigos abrigados na categoria de ""lei de urgente consideração"", que é uma figura que existe em nossa Constituição apenas para questões de emergência, e não é para ser usada sempre, muito menos com tantos artigos. A Constituição garante que as ""leis de urgente consideração"", por terem essa característica emergencial, sejam aprovadas de qualquer maneira depois de determinado prazo. E o novo governo colocou nela todo o seu plano de governo. Sem a possibilidade de que o Legislativo debatesse de modo profundo os pontos. Para mim, isso danifica a institucionalidade uruguaia, foi uma ferida em nossa democracia. E devemos estar atentos para que seu uso não se generalize. A democracia é como a saúde. Quando você está com boa saúde, crê que está tudo bem e que nada vai te acontecer. Até que algo te acontece. Por isso é preciso que nós nos cuidemos e que façamos os nossos exames com regularidade. A democracia também funciona assim. Respondendo a sua pergunta, creio que sim, que o Uruguai é um exemplo de democracia, mas que uruguaios e uruguaias precisam vigiá-la constantemente. Apesar de suas discordâncias, a relação com Lacalle Pou é boa? Parte da essência democrática é não conceber a política como um clube de amigos, mas sim como uma ferramenta para mudar as coisas. Nesse sentido, a relação é institucional e, portanto, frutífera. Agora na pandemia, estamos trabalhando lado a lado com a autoridade nacional de saúde, seguindo as regras determinadas por eles. Começamos a vacinação contra o coronavírus na última segunda-feira [1º], e isso foi feito em conjunto entre cidade e nação. A relação é boa e com intercâmbios muito francos. Mas isso não significa que eu não possa expressar discordância política quando é o caso. Há uma sensação geral de que a Frente Ampla não vem se renovando, por conta do envelhecimento de suas caras mais conhecidas, como o José ""Pepe"" Mujica, e a morte de outros, como Tabaré Vázquez. O que o partido deve fazer para se renovar? A Frente Ampla está se renovando naturalmente por meio de sua militância. Seu maior desafio é manter unidas as distintas correntes. Tabaré dizia que o que nos une é um ""fino fio de ouro"" [na agrupação há comunistas, socialistas, ex-guerrilheiros e social-democratas]. Nós adquirimos uma força conceitual, um conjunto de valores, que é sua maior fortaleza. E é a partir dela que a renovação deve ocorrer. O Uruguai foi muito bem no início da pandemia, depois a situação se complicou um pouco, mas agora estão vacinando com certa celeridade. O que destacaria da luta contra o coronavírus? A decisão do governo nacional foi boa, a de ter a ciência como referência. Mas creio que houve uma minimização dos outros efeitos da pandemia na questão da pobreza, da solidão, do acompanhamento da situação social. Se vamos ouvir a ciência para tratar do vírus, temos de ouvir a ciência sobre esses outros temas também. Por exemplo, já havia estudos da Universidade da República, a principal do Uruguai e de onde vêm os médicos que estão assessorando o governo, que mostram que se não mudarmos nosso sistema de manter o equilíbrio fiscal a todo custo, vamos ter novos 100 mil pobres no país. O governo precisa olhar para o emprego, oferecer benefícios para que empresas não demitam, ter um olhar mais aberto para a economia e a sociedade. No nível da cidade, além de ajudar na vacinação, no que tem trabalhado? Temos vigiado de perto a mobilidade, que é algo importante para conter o vírus. Além disso, criado opções para que as pessoas não se desloquem, mas não percam o vínculo com amigos, com seus bairros. Estamos promovendo ações cênicas de rua, com pouco público, já que os teatros estão fechados. E uma preocupação grande é como substituir a presencialidade nos lugares que tínhamos para oferecer aos mais idosos oficinas e atividades, que eram lugares muito concorridos e sabemos que os idosos têm sentindo falta deles. Carolina Cosse, 59 Engenheira, é prefeita de Montevidéu, já atuou como ministra da Indústria e senadora e integra a Frente Ampla, partido de centro-esquerda pelo qual foi pré-candidata à Presidência do Uruguai na última eleição [resumo] Aos 71 anos, consagrado como um dos mais originais prosadores brasileiros atuais, autor de “Pornopopéia” preserva em seu trabalho os excessos que a idade e um problema no coração moderaram na vida pessoal. Em entrevista, fala da estreia como entrevistador na TV, de um roteiro sobre vampiros para o cinema e da conclusão do romance “Maior que o Mundo”, “trilogia em dois volumes” em seu universo paralelo em que “todo mundo quer trepar com todo mundo”.  Na última vez em que nos vimos num boteco da Vila Madalena, em São Paulo, em fevereiro de 2020, Reinaldo Moraes descreveu uma fibrilação atrial sofrida aos 69 anos e meio. “O cardiologista disse que meu coração estava um liquidificador. De repente eu me senti com 70 anos.” Naquela mesa de rua, de onde espiava o horizonte de prédios, as pernas anônimas e um terminal de ônibus, ele logo falaria das trepidações por sorte restritas à vida literária. Pela primeira vez, teve um livro, o romance “Pornopopéia”, traduzido para o inglês. Um mês depois, todos os bares da vizinhança fecharam e o romancista viu-se solitário em seu ofício. Agora ele tem 71 anos e conta por celular como atravessa a pandemia do coronavírus: “Trabalhar no romance foi a minha tábua de salvação mental. Não fosse isso, eu virava alcoólatra terminal ou acabaria vendo Jesus na goiabeira. Ou coisa pior”. Disciplinado, desperta às 5h30 para finalizar a segunda parte de seu romance “Maior que o Mundo”, cujo volume inicial saiu em 2018. Um pouco antes do início da pandemia, gravou entrevistas com 11 escritores lusófonos para a série “Destino: Ficção” em Portugal, Angola e Brasil. Dirigida por Lia Kulakauskas, com produção original do canal CineBrasilTV, a série estreou em 2018 com 13 autores brasileiros de diferentes gerações, dentre os quais João Almino, Mario Prata, Amara Moira e Joca Reiners Terron. “Lia teve uma ideia que eu acho singela: pegar só um livro. O romance se passa numa determinada cidade ou região, em geral com a cidade aparecendo como personagem na trama, como Manaus é pro Milton Hatoum, como Salvador era pro Gregório de Mattos e, por consequência, para Ana Miranda”, explica o romancista, que viajou aos cenários literários até quando foi possível. “Desde o começo eu queria que a literatura não estivesse num pedestal erudito, inalcançável. Com o Reinaldo é possível abordá-la na padaria da esquina, num jogo de futebol ou na mesa de bar”, diz Lia. Ainda sem previsão de estreia, os próximos 11 episódios abordam os livros dos moçambicanos Mia Couto e Ungulani Ba Ka Khosa, do português José Luís Peixoto, dos angolanos Pepetela e Kalaf Epalanga e dos brasileiros Itamar Vieira Junior e Giovana Madalosso, entre outros. Nos programas, surge um Reinaldo Moraes talvez desconhecido para a maioria de seus leitores, na pele de entrevistador de bons ouvidos e improvisos. Nada pavoneado em seus 1,88 m de altura —chegou a ter 1,92 m, mas o tempo lhe roubou quatro centímetros—, ele parece alérgico a conversas agudamente literárias, e até prefere, entre umas e outras, travar papos sobre culinária ortomolecular, terraplanismo satânico e sexo sob gravidade zero. “A pior coisa que tem é você ser escritor e ter a sua própria companhia. É horrível, cara”, assegura. “Está num lugar e, em vez de reparar no que o outro está falando, está pensando no que vai escrever.” Seus planos de aproximar vivência e literatura eclodiram em “Tanto Faz”, de 1981. Aquela excitação vital convertida em estilo, marcante em sua estreia, se deslocou nos últimos anos para a busca de uma voz disposta a exceder a experiência na criação literária. Em “Maior que o Mundo – Volume 1” (ed. Alfaguara), um escritor zanza por São Paulo enquanto grava “erupções emocionais” que possam render uma boa história, quem sabe superior ao seu romance mais bem-sucedido. O estilo de Reinaldo Moraes assimila a pulsação do desejo. Em “Pornopopéia”, de 2009, suas descrições libertinas de transas e surubas repletas de malabarismos deixam explícito não “o sexo”, mas o sexo como linguagem, recriado com voos irrealistas e picarescos. O anacronismo desse submundo de safadeza e drogas, já apontado pela crítica, ganha novas camadas de subversão à medida que o Brasil se ajeita no colo da extrema direita. Para as tensões eróticas de seus personagens, nada mais alienígena do que a pregação de abstinência sexual pelo governo de Jair Bolsonaro. “Excita ainda mais a moçada”, adverte Moraes. “Abacaxi”, de 1985, e “Umidade”, de 2005, reafirmaram seu talento, mas o impacto de “Tanto Faz”, coqueluche literária nos anos 80, só encontraria correspondência com o lançamento de “Pornopopéia”, que fixou Moraes entre os mais originais prosadores da literatura brasileira contemporânea, conquistando elogios dos críticos Roberto Schwarz, Alcir Pécora e Eliane Robert Moraes. Façamos um retorno ao bar nos bons tempos pré-coronavírus. O garçom põe duas garrafas no chão e reabastece a nossa mesa com outra gelada. Moraes toma mais um gole de cerveja antes de refletir sobre o impulso erótico de seus livros. “Isso é uma coisa que eu fui percebendo em mim mesmo. É a ideia de criar um universo paralelo. Eu não sou arauto de uma realidade. Fui criando uma realidade paralela.” “Eu uso a realidade pra criar uma irrealidade, a realidade como matéria-prima pra criar esse mundo onde as mulheres querem foder com os caras, os caras querem foder as mulheres, todo mundo quer trepar com todo mundo, os gays querem trepar com os gays. É uma espécie de bolha erótica que seria a única possibilidade de existência livre dentro da ordem capitalista.” Paulistano nascido em 1950, Moraes estreou como escritor quando o ciclo da contracultura estava encerrado, mas a sua obra refletiria o fogo dos artistas dos anos 60 e 70, além dos expoentes da geração beat e daquele tio a quem chama de “o velho Bukowski”. A poesia experimental enfiada em alguns momentos de sua prosa deixa vestígios de seu cânone de marginais. “Li 200 vezes o ‘Me Segura qu’eu Vou Dar um Troço’, de Waly Salomão, e o ‘Quampérius’, do Chacal, que tem uma espécie de Oswald de Andrade com muita maconha na cabeça, o que me interessava nessa época”, conta Moraes. Canções e filmes comparecem em sua formação cultural sem hierarquias duras. Na adolescência, amava “Todas as Mulheres do Mundo” (1966), de Domingos Oliveira. “Ninguém tinha calça com camisa. Ninguém se vestia como um cara de classe média e pegava um táxi ou dirigia um fusca. Esse filme de Domingos se passa na classe média, da qual eu provinha. Mas não havia filme sobre esse estrato. Vem o Domingos, que também tinha humor, e bota Leila Diniz. Aí é foda.” Ele continua escrevendo a sequência da história de “Maior que o Mundo”, a princípio anunciada como trilogia, mas a caminho de ser encerrada no segundo volume. No primeiro volume, acompanhamos o bloqueio do protagonista, o escritor Cássio Adalberto, o Kabeto, que decide gravar ideias para seu novo romance. Na rua, descobre o manuscrito de um anão. “Eu queria fazer uma trilogia. Acabei e vi que tinha dois pontos fortes de virada. O cara estava em bloqueio literário e, lá pelas tantas, descobre um caderno numa caçamba de lixo. Vamos acabar aí. A segunda parte é o que ele achou, o que tinha nesse caderno. Ele vai fazer uma pirateada, vai pegar aquilo que está escrito num português sofrível”, revela. “Transcriação. Transrecriação. Cleptorretransrecriação. É disso que se trata. Literatura é fraude. O escritor assalta a vida dos outros pra escrever, a História, o próprio idioma. E é daí que vem toda a verdade que tu deita no papel”, definiu o narrador. “Nesse agora, essa busca de estilo é elevada a um desespero, a ponto de dissolver a ideia de representação literária, porque o cara descobre que está contando uma história que é de outro cara”, diz o romancista. “Ele vai estar sob o impacto da leitura, e a leitura é uma vivência de segundo grau. Vou fazer uma trilogia de dois volumes só. E há uma lógica, porque no segundo tem um romance embutido. O marketing vai ser: pague três e leve dois.” O romance brotou do roteiro que ele mesmo escreveu para o filme homônimo do diretor Roberto Marquez, a cuja montagem final assistiu na quarentena. “É muito legal e tem uma pegada pop-udigrudi meio maluca, sem nenhum viés sociológico ou militante. É pura curtição”, elogia, antecipando que fará um novo roteiro para Marquez. “Trata-se de um punhado de vampiros que se metem numa eleição numa pequena cidade do interior. Meus vampiros terão uma forte tendência monarquista absolutista, bem ao gosto da atual onda predadora, reacionária, genocida e autocrática que vem sufocando o país. Não haverá nenhuma menção direta ao protótipo de tiranete que nos governa.” As proezas da prosa reinaldiana fisgaram a sua primeira tradutora para o inglês, a californiana Jennifer Sarah Cooper. Minuciosa ao falar dos desafios da tradução de “Pornopopéia”, ela destaca “a acrobacia linguística”, “a velocidade feroz das mudanças de registros”, “a sonoridade da língua no romance”, os poemas, os trocadilhos e “a farta code-mixing”, misturas de duas ou mais línguas. “Um desafio foi ‘buceto’, que traduzi como ‘vagino’”, conta Jennifer Sarah. Numa passagem —“como é que um gay notório daqueles ousava se deixar bagadabronhar assim pela minha Sossô?”—, criou um verbo equivalente para “bagadabronhar”, qual seja, “bagadaboner”. A “surubrâmane” para a qual foi convidado o protagonista, Zeca, acabou virando “brahmanorgy”. Ela concluiu a tradução durante um pós-doutorado na USP e pretende apresentá-la a editoras como New Directions e City Lights. Em inglês, “Pornopopéia” será “Pornodyssey”. A tradutora identifica a filiação de Reinaldo Moraes com as manobras linguísticas de James Joyce e Guimarães Rosa, mas gosta de associá-lo ao humor do século 13, “no qual o corpo e seus fluidos ainda não eram restringidos pelas normas cristãs”. De volta ao bar. “Eu estou muito embalado”, diz Moraes. “Se você quer terminar um livro, tem que chutar o cansaço. Durante um tempo eu cheirava um pó. Só que aí, no dia seguinte, estava uma merda. Parei de fazer isso. À noite, às vezes pra dar mais uma ludibriada, eu fumo unzinho, que é ótimo. Vem aquela tempestade de sinapses e você bota no papel.” Depois dos embaraços com a saúde, ele tenta pegar leve. “Sempre detonei que nem um filho da puta”, reconhece, cheio de outras esperanças. “Tem uma erotização da velhice. Espero que sim.” O número de internados com Covid-19 em UTIs públicas bateu recorde em 13 das 18 regiões do estado de São Paulo neste ano, em meio ao forte crescimento de novos casos nas últimas semanas. As piores situações estão em Bauru, Araraquara e Presidente Prudente, todas com mais de 90% de ocupação nos leitos. A área que engloba a capital paulista está com 80%, praticamente igual ao pior período de 2020. A partir deste sábado (6), porém, todo o estado estará na fase vermelha, a mais rigorosa, em que apenas serviços essenciais podem funcionar. Em 11 regiões, a taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva em 2021 superou o pico do ano passado—houve ampliação de leitos em alguns locais, o que suavizou a situação mesmo diante de uma demanda inédita por internações. Nesta quinta (4), as UTIs dos hospitais públicos paulistas tinham cerca de 7.000 pacientes. É a maior taxa já registrada até o momento, e a ocupação chega a 77% no estado como um todo. Em Bauru, a prefeita Suéllen Rosim (Patriota) tem travado um embate com o governador João Doria. A gestão municipal chegou a editar um decreto que ampliava o leque de atividades consideradas essenciais, flexibilizando medidas impostas pelo governo. A lei, depois suspensa pela Justiça, permitia o funcionamento, por exemplo, de shoppings, bares e salões de beleza. Rosim também participou de uma manifestação crítica a Doria e que pedia a abertura do comércio na cidade. O governador, por sua vez, disse que a prefeita fazia “vassalagem” ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em vez de adotar medidas para frear a contaminação entre os bauruenses. Em forte alta desde dezembro, o número de infecções pela doença na região tem apresentado tendência de estabilidade nas últimas duas semanas, embora em patamar mais alto que o registrado em 2020. Araraquara, por sua vez, foi fortemente afetada pela nova variante do coronavírus descoberta no Amazonas e vive dias dramáticos. Das 202 mortes registradas no município até a quarta, 112 (55%) ocorreram neste ano. Apesar de fortes medidas restritivas que vigoram desde fevereiro, os casos ainda crescem com velocidade —a média de novos infectados nesta semana é 60% maior que há 14 dias. Em Presidente Prudente, onde os casos avançam rapidamente e há recorde de diagnósticos, 19 pacientes aguardavam na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) por transferência para algum hospital até esta quarta-feira (3), segundo a prefeitura. O jardineiro Paulino Pontólio, 51, esperou por quatro dias para conseguir leito de UTI, em Dracena (SP), conta o filho, o operador de máquinas Luís Paulo Ferreira Pontólio, 25. “Ele começou a passar mal no dia 12 [de fevereiro], precisou de UTI e só foi transferido quatro dias depois para o HR [Hospital Regional, em Prudente]”, diz. Seu pai teve alta no último domingo. O próprio operador ficou internado na UTI no mês passado, quando a oferta de vagas ainda não havia atingido grau tão crítico como agora. A aposentada Luzia Machado Barbosa, 68, também esperou na fila. Segundo sua neta, a técnica de enfermagem Jeniffer Barbosa Oliveira, ela recebeu diagnóstico positivo de Covid-19 no dia 4 de fevereiro. Três dias depois foi internada na UPA de Prudente e, após uma semana, foi levada ao hospital do município vizinho de Regente Feijó. Luzia precisou aguardar três dias até que fosse transferida para um leito de terapia intensiva, mas já era tarde demais. Ela não resistiu e morreu no último dia 19. A região soma 767 óbitos desde o início da pandemia. Na capital, mais de 2.500 pacientes estavam internados em UTIs na quinta. Nesta última semana, foram admitidos, entre leitos intensivos e de enfermaria, 4.362 pacientes por dia, em média. A taxa de ocupação de UTIs públicas chegou a 80%, repetindo o recorde de 2020. Já instituições particulares como Beneficência Portuguesa, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Oswaldo Cruz tiveram mais de 95% dos leitos para Covid ocupados nesta semana. São Paulo conseguiu estabilizar o número de novos casos nas últimas semanas, mas ainda é cedo para dizer se essa tendência se manterá a longo prazo. Nesta sexta, a cidade somava 536,6 mil contaminados e 18,9 mil mortes pela Covid-19. Contêiner para armazenamento de corpos no estacionamento de um hospital, novas covas abertas nos cemitérios, pacientes graves na fila por uma vaga de UTI e espera de até seis horas dentro de uma ambulância. Este é o cenário em boa parte das capitais nordestinas após a pior semana desde o início da pandemia do novo coronavírus. Nas cidades de Natal, Recife, São Luis e Teresina, a ocupação de leitos de UTI para pessoas com sintomas da Covid-19 ultrapassou os 90%. A trilha sonora da pandemia é angustiante. Nas ruas, a qualquer hora, as sirenes das ambulâncias não param. Nos hospitais públicos e privados, médicos e profissionais de saúde exaustos se desdobram para socorrer tantos pacientes. Em algumas cidades, usuários de planos de saúde estão sendo atendidos nos hospitais públicos. Em Natal e Salvador, doentes graves chegam a esperar até seis horas dentro de ambulâncias particulares e do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). Na prática, sem vagas nas UTIs, as viaturas são transformadas em leitos temporários. O médico Pedro Julião, que atua no Samu de Salvador, fez um desabafo sobre o esgotamento do sistema de saúde. “A situação é real e precária. Não duvide de que hoje nós não temos vagas para as pessoas nos hospitais e muitas delas estão falecendo dentro das ambulâncias e nas portas da UPAs”, disse. O coordenador de urgência da Secretaria de Saúde de Salvador, Ivan Paiva, destaca que, enquanto as ambulâncias estão paradas por seis horas com pacientes esperando para acessar uma vaga na unidade de saúde, três transferências poderiam ser feitas neste período. “O que mais me preocupa não é a assistência ao paciente durante este tempo porque a ambulância tem toda a estrutura, mas é que poderíamos transportar outras pessoas”, ressalta. Na região metropolitana de Natal, nenhum leito está vago desde a última semana de fevereiro. Os pacientes estão sendo atendidos em leitos improvisados nas UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento). Segundo a Secretaria de Saúde de Natal, 35 pacientes com Covid-19 estão na fila de espera da UTI; outros 12 suspeitos também aguardam a regulação. Rejane Maria Soares, 58, era uma destas pacientes até a quarta-feira (03). Ela foi internada na manhã de segunda-feira (1º) com falta de ar, depois de tratar os sintomas da Covid-19 durante uma semana em casa. Na noite do mesmo dia, foi colocada na lista de espera por um leito de UTI devido à gravidade da doença e esperou durante 48 horas. Ela precisou ficar seis horas sentada numa poltrona que servia de leito improvisado diante da lotação da unidade de saúde. “Depois arranjaram uma maca e deixaram em condições melhores, mas somente 24 horas depois é que ela foi para uma sala de estabilização na UPA para aguardar o leito de UTI”, contou a filha Maíra Soares. Na quarta-feira (03), Rejane apresentou melhora no estado de saúde e foi retirada da lista, mas retornou à fila nesta sexta-feira. Ela segue internada na mesma unidade de saúde e espera a transferência para um leito clínico nos hospitais de referência de Natal. Hipertensa e diabética, a paciente faz parte do grupo de maior risco da Covid-19. O jornalista Matheus Magalhães sofreu espera semelhante. O pai, Ivanildo Magalhães, 71, suboficial reformado da Aeronáutica, apresentou sintomas na sexta-feira antes do Carnaval e piorou na semana seguinte. No dia 24 de fevereiro, foi internado num leito de enfermaria do Hospital da Base Aérea de Natal, mas teve piora no estado de saúde e dois dias depois precisou ir para a UTI. O Hospital da Base Aérea de Natal tem convênio com quatro hospitais privados da capital, mas nenhum possuía leitos de UTI disponíveis no dia. Ele foi colocado na lista de espera do SUS. “Aí eu me desesperei porque vi que tinha pacientes com mais de 15 horas de espera. Meu pai não estava na pior situação”, disse Matheus. Por ser suboficial reformado da Aeronáutica, Ivanildo conseguiu ser transferido na madrugada do domingo (28) para uma unidade hospitalar das Forças Armadas no Recife (PE), onde segue internado na UTI. Com o colapso na região metropolitana, os pacientes passaram a ser transferidos para regiões do Rio Grande do Norte que possuem leitos disponíveis. Entretanto, todas as regiões já ultrapassam os 90% de ocupação. No Hospital Regional do Seridó, localizado a 283 km de Natal, os 30 leitos de UTI estão ocupados e apenas quatro leitos de enfermaria estão vagos. Funcionária do hospital, a técnica de enfermagem Lourdes Cristina Gomes, 51, contou que as equipes estão exaustas com o número crescente de pacientes desde fevereiro. A impressão até então é de que o pior já havia passado, mas os casos voltaram a explodir como antes. No último plantão, encaminhou sete pacientes para internação. “Hoje, eu preciso trabalhar no pronto-socorro, na ala de traumas e na sala de estabilização do hospital. Me sinto exausta e angustiada vendo os pacientes naquela situação, tendo que improvisar leitos em poltronas.” A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, disse que não basta abrir leitos. “Chegamos ao nosso limite, a começar pela exaustão dos profissionais de saúde e pelo alto número de internações. Não vou iludir a população do Rio Grande do Norte dizendo que basta abrir leitos. Não basta. É preciso aumentar o isolamento social rigorosamente”, declarou. Segundo o secretário estadual de Saúde, Cipriano Maia, a maior dificuldade é a abertura de leitos na mesma velocidade do aumento das internações. ""Não conseguimos fazer convocações e nem realizar contratação temporária de profissionais com qualificação necessária para atuar nas UTIs.” No Recife, um contêiner para armazenar corpos foi instalado pela prefeitura no estacionamento do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa, na zona oeste da cidade. Em Olinda, cidade vizinha ao Recife, a prefeitura precisou viabilizar dois novos terrenos para instalação de 800 gavetas especiais para as vítimas do coronavírus. “Estamos correndo atrás e será feito no mais breve tempo possível. No fim do ano passado, diante do aumento de casos, precisamos abrir 200 novas covas no cemitério de Águas Compridas”, afirmou o coordenador de necrópoles Edvaldo Alves. Em Pernambuco, nesta quinta-feira (4), havia apenas 92 leitos de UTI para pacientes com síndrome respiratória aguda grave nas redes pública e privada. Um médico que trabalha em um hospital particular do Recife, que preferiu não se identificar por temer algum tipo de represália, informou que pacientes com planos de saúde estão aguardando na urgência porque não há mais leitos. “Vai morrer muita gente de câncer, de infarto, por exemplo, porque estamos perto de colapsar o privado e não terá mais leitos”, diz o presidente dos hospitais particulares de Pernambuco, George Trigueiro. Diante do quadro de extrema gravidade, governadores do Nordeste publicaram decretos nesta semana com toques de recolher e medidas restritivas na tentativa de diminuir a aceleração do contágio. O desafio é remover Jair Bolsonaro da Presidência da República. O problema não é ideológico ou partidário e transcende a estupidez ou as pilantragens do entorno familiar. O governo federal transforma o Brasil em “Estado pária” —o que compromete o futuro de gerações. É preciso traçar, com absoluta nitidez, a linha divisória. Quem participa de um governo que promove esta “estratégia genocida” (palavras do biólogo Atila Iamarino) de enfrentamento à pandemia, do presidente do Banco Central ao ministro da Ciência e Tecnologia, do ministro da Saúde ao ministro da Justiça, do presidente da Caixa Econômica Federal aos generais medíocres que despacham no Palácio do Planalto, é cúmplice da mortandade diária. Morrem no Brasil mulheres e homens que poderiam estar vivos. Quem está com Jair Bolsonaro merece a perda do sono e da paz. A imagem repulsiva do berne, tão presente no universo rural, explica o estado das coisas. Berne (miíase ou bicheira) é a infecção parasitária provocada por larvas de moscas (como a varejeira azul ou verde-metálica) que invadem a pele e corroem tecidos vivos, devorando até cartilagens e ossos. É raro, mas em situações extremas, quando invadem o couro cabeludo do ser humano e alcançam o cérebro, são capazes de matar. Bernes são extirpados para o bem da saúde. Jair Bolsonaro deve ser extirpado para o bem da Saúde. Há um ano, o presidente da República boicota sistematicamente o distanciamento social e as recomendações médicas e científicas para a contenção da Covid-19. Na contramão das estratégias adotadas pelos organismos internacionais e por todos os governos, independentemente da coloração ideológica, Jair Bolsonaro acredita que a superação da crise depende da disseminação do vírus, sendo irrelevante a perda de vidas, tratada como efeito colateral da equação econômica. Por isso, o presidente da República, além de minar a credibilidade de instituições e valores humanitários e democráticos, aposta no caos e estimula a desobediência a medidas adotadas por governadores e prefeitos, desconexos e atordoados, para restringir a circulação de pessoas e reduzir internações e óbitos. Por isso, o presidente da República alerta contra a “efetividade da máscara”, para ele, o “último tabu a cair” (26/11/2020), e insiste em criar desconfiança em relação à vacina que sempre desprezou: “não vou tomar” e “ponto final” (15/12/2020). Para empresários e para o sempre tão sensível mercado, deve gerar desconforto o olhar retrospectivo dos 25 pronunciamentos que a jornalista Maria Cristina Fernandes relaciona e sintetiza no jornal Valor Econômico (26/2/2021): “Quando o léxico também mata”. Na quarta-feira, o país atingia a assombrosa marca de 1.840 mortes em 24 horas e Bolsonaro exclamava mais um impropério: “Chega de frescura”. O avanço da doença no Brasil, patrocinado pelo gestor homicida, impiedoso e temerário, é uma ameaça global. O território brasileiro se transforma em campo aberto para a proliferação de variantes virais mais agressivas e contagiosas, o que compromete os esforços planetários para a superação da crise sanitária. O Brasil de Jair Bolsonaro é inimigo público da humanidade. Além de aprofundar o isolamento internacional que desconstrói a soberania, o país poderá ser destinatário de sanções econômicas e (em situação limite) militares. O desafio é remover Jair Bolsonaro da Presidência da República. Logo. O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria, nesta sexta-feira (5), para manter a autorização dada a governadores e prefeitos na adoção de medidas de combate à Covid-19 como isolamento social, quarentena e uso de máscara. Os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Rosa Weber e Dias Toffoli referendaram a decisão de dezembro do ministro Ricardo Lewandowski de prorrogar a vigência da legislação que prevê as ações de enfrentamento à pandemia. A eficácia da lei terminava no fim de 2020, mas o magistrado já havia estendido seus efeitos por tempo indeterminado. Os mesmos cinco ministros votaram para manter o despacho liminar (provisória) de Lewandowski que proibiu o governo federal de requisitar seringas, agulhas e outros insumos do governo de São Paulo. O Executivo federal havia feito a requisição no início de janeiro sob o argumento de “iminente perigo público”, mas a medida foi cancelada após o governo paulista acionar o Supremo. Os dois julgamentos ocorrem no plenário virtual. Os outros integrantes da corte têm até o fim desta sexta para incluírem suas posições no sistema. Os ministros não têm obrigação de apresentar um voto escrito no julgamento online e, nesses dois casos, eles se limitaram a acompanhar o entendimento firmado por Lewandowski. Assim como havia feito na decisão liminar, o magistrado voltou a criticar a medida do governo de requerer insumos de São Paulo. “Observo, ademais, que a incúria do governo federal não pode penalizar a diligência da administração do estado de São Paulo, a qual vem se preparando, de longa data, com o devido zelo para enfrentar a atual crise sanitária”, disse. Lewandowski ainda defendeu que há precedentes no tribunal para embasar sua decisão. Ele ressaltou que, em caso semelhante relacionado ao Mato Grosso, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu ato “por meio do qual a União requisitou 50 ventiladores pulmonares adquiridos junto a empresa privada”. O debate sobre os ventiladores ocorreu no início da pandemia de Covid-19. O magistrado sustentou que a competência da União de coordenar o Programa Nacional de Imunização não retira a possibilidade de os estados se organizarem para viabilizar a vacinação da população. “Tal atribuição não exclui a competência dos Eetados, do Distrito Federal e dos municípios para adaptá-los às peculiaridades locais, no típico exercício da competência comum de que dispõem para ‘cuidar da saúde e assistência pública’, ressaltou. Sobre a extensão da vigência das medidas sanitárias, o ministro disse que a legislação foi aprovada de forma “tecnicamente imperfeita” ao vincular a efetividade da lei ao decreto decreto que tratou da calamidade pública e se encerrou no fim de 2020. Segundo o ministro, não se pode excluir “a conjectura segundo a qual a verdadeira intenção dos legisladores tenha sido a de manter as medidas profiláticas e terapêuticas extraordinárias, preconizadas naquele diploma normativo, pelo tempo necessário à superação da fase mais crítica da pandemia”. A lei prevê uma série de medidas que podem ser adotadas no combate à Covid-19 e prevê facilidades, por exemplo, para aquisição de máscara e outros equipamentos necessários no enfrentamento da doença. Capitais como Rio de Janeiro, Curitiba e Cuiabá retomaram a vacinação de pessoas da terceira idade com a chegada de novas remessas de imunizantes. Goiânia precisou interromper a imunização por falta de doses, enquanto Manaus ampliou a vacinação para a faixa dos 60 anos. Goiânia encerrou nesta quinta-feira (4) a vacinação de idosos (que estava na faixa dos 77 anos) e aguarda a remessa de mais doses para seguir a campanha. A capital goiana tem cerca de 23 mil doses em estoque, com as 7.400 doses que chegaram nesta semana, e está vacinando idosos acamados com idade igual ou superior a 60 anos, idosos que moram em instituições de longa permanência e profissionais de saúde. No Rio de Janeiro, a campanha chegou a ser interrompida por oito dias por falta de doses, mas foi reiniciada no dia 25 e prossegue. Se as novas remessas prometidas pelo Ministério da Saúde se confirmarem, a cidade pretende imunizar os idosos com 67 anos ou mais até o fim de março. Antes do reajuste no calendário, a ideia era vacinar nesse período todos acima dos 60 anos. Nesta semana, o alvo são idosos a partir dos 79 anos, além das pessoas e profissionais de saúde de 80 anos ou mais que perderam sua data de vacinação. Com o recebimento de mais uma remessa de cerca de 11 mil doses, Curitiba ampliou a campanha de vacinação para idosos entre 81 e 79 anos. A escala de aplicação foi modificada, levando em consideração também o mês de nascimento, para evitar aglomerações, já que a quantidade de moradores por grupos etários aumenta na medida em que idade diminui. Desde esta sexta-feira (5), os pontos de vacinação da cidade passaram a fazer a imunização tanto da primeira dose quanto da segunda dose. Belo Horizonte, que começou a vacinação no fim de fevereiro, passou a imunizar idosos a partir de 80 anos na quarta-feira (3) e não registrou atrasos nas aplicações até aqui. Foram enviadas 51,3 mil doses, sendo 33,5 mil doses da Oxford/Astrazeneca e 17,8 mil da Coronavac. A capital mineira já está aplicando a segunda dose de Coronavac, mas a previsão para quem foi imunizado com a Oxford/AstraZeneca é de que o reforço aconteça em maio. Vitória, que também começou em fevereiro a campanha, está aplicando a primeira dose para idosos com 80 anos ou mais, em postos de saúde, e em acamados ou restritos ao leito, em casa, e a segunda dose de pessoas com 90 anos ou mais e profissionais de saúde que foram vacinados entre 19 de janeiro e 5 de fevereiro. Florianópolis vai começar a vacinar idosos entre 80 e 84 anos nesta sexta-feira (5). Pessoas com mais de 85 anos também podem procurar os locais de imunização em qualquer dia. A aplicação está sendo feita no sistema drive-thru ou em casa, no caso de idosos acamados. Já Porto Alegre ampliou nesta semana a faixa etária de vacinação, incluindo idosos a partir de 79 anos. Segundo a prefeitura, com a última remessa de 21.420 doses da vacina de Oxford, será possível imunizar todos os moradores da cidade dessa faixa de idade. Campo Grande está vacinando o público de 78 e 79 anos (primeira dose), além de vacinar pela segunda vez os idosos com mais de 90 anos. A capital sul-matogrossense recebeu na última sexta-feira (26) 13.139 doses, para vacinar esse público idoso e também trabalhadores da saúde com mais de 60 anos que atuam em clínicas particulares e farmácias, o que ocorreu na última semana. Já em Cuiabá, a vacinação foi retomada na terça-feira (2), após a cidade receber um lote de 6.410 doses. Não há previsão de quando o estoque acabará, pois isso depende do total de pessoas que fazem o agendamento a cada dia. Estão sendo vacinados trabalhadores da saúde com a segunda dose e nesta quinta (4) começou a aplicação em idosos de 80 a 84 anos. A retomada ocorreu após duas semanas de suspensão por conta da falta de doses. No Distrito Federal, a vacinação contra o novo coronavírus está ocorrendo normalmente. A secretaria da Saúde recebeu 26,2 mil doses da Coronavac na quarta. Metade será reservada para aplicação da segunda dose. Com isso, idosos com 75 anos entraram na lista do grupo prioritário que já pode receber o imunizante. A expectativa é vacinar 9.364 pessoas nessa faixa etária. Até então, as dosas estavam liberadas para pessoas com 76 anos ou mais, profissionais de saúde da rede pública, de hospitais particulares, idosos institucionalizados e indígenas. No total, foram 143.007 pessoas vacinadas até terça, sendo que 52.680 já receberam a segunda dose. Salvador recebeu na quarta 14.980 doses da Coronavac. Com a nova carga, foi possível iniciar nesta quinta a aplicação da primeira dose em idosos com idade igual ou superior a 79 anos, bem como em trabalhadores da área de saúde. No sábado (6) e domingo (4), há a expectativa de ampliar o grupo prioritário para pessoas com idade a partir de 78 anos. Em 16 de fevereiro, a vacinação chegou a ser interrompida na capital baiana por falta do envio de novas doses. Uma semana depois, o plano foi retomado. Em Manaus, que recebeu remessas extras de vacina por conta do colapso do sistema de saúde, a vacinação não foi interrompida por falta de doses. Na última segunda (1) a prefeitura iniciou a imunização dos idosos entre 65 e 69 anos e a estimativa é que, na próxima semana, comecem a ser vacinados também os idosos de 60 a 64 anos. Como está a vacinação nas capitais SUDESTE Rio de Janeiro: Cada idade tem dois ou três dias para se vacinar —até dia 6, acima de 78 anos; até dia 13, acima de 75 anos; até dia 20, acima de 72 anos; até dia 27, acima de 69 anos; até dia 31, 68 ou 67 anos. https://prefeitura.rio/noticias/prefeitura-anuncia-calendario-de-vacinacao-ate-o-fim-de-marco-confira-as-datas/ São Paulo: Começou a vacinação de idosos de 77 a 79 anos na quarta. A imunização está sendo feita em unidades de saúde e pontos de drive-thru. Os locais de aplicação podem ser consultados em https://www.vacinaja.sp.gov.br/ Belo Horizonte: Começou a vacinação de idosos de 85 anos na quarta e idosos de 84 anos na quinta; começará na segunda (8), para 83 anos; na terça (9), para 82; na quarta-feira (10), para 81 e na quinta (11), para 80 — todos finalizando até o dia 12. https://prefeitura.pbh.gov.br/campanha-de-vacinacao-contra-covid-19 Vitória: Sendo aplicada a primeira dose em domicílio para pessoas com 80 anos ou mais, acamados, e segunda dose para idosos com 90 anos ou mais e trabalhadores da saúde. www.vitoria.es.gov.br/vacinometro CENTRO-OESTE Goiânia: Vacinação para idosos em geral (que estava no momento na faixa dos 77 anos) terminou na quinta; cidade aguarda remessa de mais doses. https://www.goiania.go.gov.br/imunizagyn/ Cuiabá: está vacinando trabalhadores da saúde e idosos acima de 80 anos; dia 11 começa a aplicação da segunda dose em idosos com 85 anos ou mais. https://vacina.cuiaba.mt.gov.br/ Campo Grande: Vacinou idosos de 79 e 78 anos na quinta e nesta sexta, no Parque Ayrton Senna, no sistema drive-thru. http://www.campogrande.ms.gov.br/cgnoticias/noticias/prefeitura-inaugura-sistema-drive-thru-para-vacinacao-de-idosos-contra-a-covid-19/ NORTE Manaus: idosos de 65 a 69 anos começaram a ser vacinados dia 1 de março; não há data definida para o início da vacinação dos idosos de 60 a 64 anos e demais grupos. Idosos acima de 70 anos e profissionais de saúde que ainda não se vacinaram podem procurar qualquer posto de vacinação. Belém: vacinação de idosos de 80 a 82 anos começou na terça e de idosos de 78 e 79 anos nesta sexta (5); idosos acima de 82 anos que ainda não receberam a primeira dose devem procurar qualquer posto de vacinação. http://www.saude.pa.gov.br/vacinometro/ Porto Velho: Vacinação de idosos a partir de 80 anos iniciada no dia 2 de fevereiro. Sem previsão para cronograma de novos grupos. https://transparencia.portovelho.ro.gov.br/covid19/vacinometrosaude Boa Vista: não há datas fixas para cada etapa. Na segunda (1º), começaram a ser vacinados os idosos de 75 a 79 anos. Outras estapas serão divulgadas quando mais remessas chegarem. SUL Curitiba: Sexta-feira (5) – 81 anos completos, nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho; sábado (6) – 81 anos completos, nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro; segunda-feira (8) – 80 anos completos, nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho; terça-feira (9) – 80 anos completos, nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro; quarta-feira (10) – 79 anos completos, nascidos entre 1º de janeiro e 30 de junho; quinta-feira (11) – 79 anos completos, nascidos entre 1º de julho e 31 de dezembro. https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/com-novas-doses-curitiba-amplia-vacinacao-a-partir-desta-sexta-para-idosos-entre-81-e-79-anos-veja-o-cronograma/58168 Florianópolis: 84, 83 e 82 anos, nesta sexta-feira; 81 e 80 anos, no sábado (6). https://datastudio.google.com/reporting/0cc4dda4-9bae-4452-9836-efd2ae73d6d3/page/7FP1B Porto Alegre: vacinou idosos a partir de 80 anos na quarta e na quinta; sexta (5) e sábado (6), idosos a partir de 79 anos. https://datastudio.google.com/embed/reporting/df0da4e7-787c-423f-bc08-d4c5a8a2ff2e/page/NnVxB NORDESTE Salvador: idosos com idade igual ou superior a 79 anos começaram a ser vacinados a partir de quinta. No sábado (6) e domingo (7), a expectativa é iniciar vacinação de pessoas a partir de 78 anos. http://www.saude.salvador.ba.gov.br Fortaleza: Desde o dia 27 de janeiro, idosos acima de 75 anos são vacinados mediante cadastramento prévio. Não há previsão para cronograma de novos grupos https://vacineja.sepog.fortaleza.ce.gov.br/ Recife: Vacinação de pessoas a partir de 75 anos iniciada no dia 27 de fevereiro. Não há previsão de cronograma para novos grupos. https://conectarecife.recife.pe.gov.br/vacinometro/ Natal: Vacinação para pessoas com 80 anos ou mais. Outras etapas serão divulgadas conforme novos lotes chegarem à prefeitura. https://rnmaisvacina.lais.ufrn.br/cidadao/#pessoas-cadastradas-info Aracaju: Os idosos estão sendo vacinados no drive-thru do parque Augusto Franco e nas 40 Unidades Básicas de Saúde da capital, das 8h às 17h. Nesta semana, estão sendo vacinados os idosos entre 85 e 89 anos. Na próxima, será a vez das pessoas entre 83 e 84 anos. https://www.aracaju.se.gov.br/ Maceió: Teve início na segunda-feira (1°) a vacinação contra a Covid-19 para idosos a partir de 79 anos. A imunização seguirá das 10h às 16h em quatro pontos da cidade. Não há previsão de cronograma para novos grupos. http://www.maceio.al.gov.br/sms/ João Pessoa: Na segunda-feira (1°), começaram a ser vacinadas pessoas acima de 84 anos. Nesta sexta-feira (5), serão vacinados os idosos a partir de 80 anos. A imunização acontece em três pontos da cidade, das 9h às 17h. https://www.joaopessoa.pb.gov.br/ Teresina: A partir desta quarta (3), passou a vacinar profissionais da saúde que ainda não receberam as doses e também idosos de 80 a 84 anos pelo sistema de drive thru. São Luís: Na próxima segunda-feira (8), a cidade vai passar a aplicar a vacinação em idosos de 75 anos já cadastrados na plataforma do sistema responsável pelo procedimento. https://www.saoluis.ma.gov.br/vacinasaoluis A Prefeitura de Duque de Caxias, terceira maior cidade do Rio de Janeiro, provocou filas quilométricas e aglomerações em postos de vacinação após prometer imunizantes contra a Covid-19 a toda a população acima dos 60 anos a partir desta sexta (6). Sem doses suficientes, muitos voltaram para casa sem a aplicação. O anúncio do público-alvo no dia anterior gerou uma corrida a esses locais desde a madrugada, inclusive de idosos de outros municípios. Uma fila enorme de carros se formou em um posto de drive-thru e chegou a causar um congestionamento de 6 km na rodovia Washington Luís —no fim da manhã, o trânsito já havia melhorado, segundo a concessionária Concer. Em outras oito praças onde as tendas de vacinação foram montadas, os moradores também viveram horas de confusão e aglomeração. Em uma delas, no bairro Jardim Olimpo, imagens da TV Globo mostram uma fila tripla que dá voltas tanto na quadra de esportes quanto no quarteirão. A faxineira Ivanete Aguiar, 67, foi uma das que não conseguiram se imunizar. Vizinhos lhe contaram sobre o novo público-alvo e ela foi até uma praça onde, no dia anterior, estavam sendo aplicadas doses em idosos acima dos 80 anos. Quando chegou lá, porém, não havia vacinação. ""A prefeitura mudou o local e não avisou"", diz seu neto Well Rodrigues, 28. ""Estava uma confusão que ninguém sabia informar, com a tenda montada, sem funcionários. Eu estou revoltado. Estão fazendo os idosos irem para a rua, pessoas que não têm acesso à informação fácil na internet, está um calor dos infernos e minha avó está passando mal em casa porque foi para a praça de manhã de bicicleta, e ela não mora perto."" O prefeito Washington Reis (MDB) admitiu que o município só tinha 6.100 doses, mas decidiu ofertar a aplicação para uma população que soma, segundo ele, 100 mil idosos —o último censo do IBGE, de 2010, fala em 86 mil pessoas acima de 60 anos, e 76 mil pessoas entre 60 e 79 anos. Ele, no entanto, não demonstrou ver problema nisso. ""Nós madrugamos, distribuímos as senhas, divulgamos bem. São nove pontos de vacinação aqui no 4º distrito para diminuir a aglomeração e nós vamos seguir para os bairros. O que eu não admito é a vacina ficar guardada na geladeira"", respondeu ao ser questionado sobre o transtorno na logística pelo ""Bom Dia Rio"", da TV Globo. Ele confirmou que não cobrou comprovante de residência e afirmou que a corrida de pessoas de outros municípios já era esperada: ""É inevitável, outras pessoas de Duque de Caxias também vão se vacinar em outras cidades, isso é normal"", disse ele, acrescentando que ""o mais importante é que a cidade tem infraestrutura para fazer 100 mil vacinações num dia"", caso as doses cheguem. A notícia de que toda a população acima dos 60 anos seria vacinada fez com que o Ministério Público do RJ expedisse nesta quinta (4) uma recomendação à prefeitura, pedindo para que priorizasse idades mais avançadas dentro da faixa dos 60 a 80 anos. ""Sabe-se que a taxa de letalidade por Covid-19 é maior de acordo com a elevação da faixa etária, de modo que um idoso com 79 anos é mais vulnerável, em tese, do que outro com 60 anos. Assim, sustenta o parquet fluminense, neste momento, em que ainda há escassez de doses de vacinas, que é fundamental a adoção de prioridade por maior idade, mesmo entre os idosos"", afirma o órgão. Após a confusão da manhã, uma decisão liminar da Justiça determinou que a prefeitura reorganize sua campanha de acordo com a faixa etária em 48 horas. Caso isso não seja feito, a multa estipulada é de R$ 50 mil por dia, pessoalmente para o prefeito Washington Reis e o secretário municipal de Saúde, Antônio Manoel de Oliveira. Procurada, a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que priorizou os idosos de 80 anos ou mais desde o início da campanha. ""Após um mês, a procura pelos pontos de vacinação pelos idosos dessa faixa etária diminuiu consideravelmente, demonstrando que a maior parte do público-alvo já tinha sido beneficiada"", informou. O município ressaltou que já vacinou todos os profissionais de saúde, os idosos acamados ou em instituições de longa permanência, os idosos acima de 80 anos e os profissionais da educação acima de 60 anos: ""Assim, para ampliar o alcance da imunização, a prefeitura decidiu contemplar também os idosos acima de 60 anos de idade"", disse. ""A procura pelos locais de vacinação está muito grande, desde as primeiras horas da manhã de hoje, com pessoas vindas do município e de muitas cidades do estado. Por isso, agentes da Guarda Municipal e fiscais de trânsito estão atuando no quarto distrito, em Xerém, principalmente nos pontos de vacinação com maior demanda, para organizar a movimentação dos veículos e a fila de atendimento do drive-thru"", acrescentou. President Jair Bolsonaro (no party) again criticized social isolation measures Thursday (4) and said that Brazilians need to face their problems. “We have to face our problems, enough with the fussing and whining. How long will you be crying? We have to face the problems. Obviously, respecting the elderly, those who have diseases, comorbidities, but where will Brazil stop if we stop?,” asked the president in São Simão (GO). Next, Bolsonaro published a text on social media that says ""Essential activity is all that is necessary for a breadwinner to earn money,"" in yet another speech against social isolation. On Wednesday (3), Brazil recorded its second consecutive day of record Covid-19 deaths in 24 hours, 1,840, with the hospital network collapsing in several states, and surpassed the United States in number of new deaths from the disease per 100 thousand inhabitants. Covid-19 in Brazil has already caused about 260 thousand deaths. Translated by Kiratiana Freelon Read the article in the original language El presidente Jair Bolsonaro (sin partido) volvió a criticar el jueves (4) las medidas de distanciamiento social en el país y dijo que los problemas deben ser enfrentados por la población. “Tenemos que afrontar nuestros problemas, basta ya de quejas y lloriqueos. ¿Cuánto tiempo van a tirarse llorando? Tenemos que afrontar los problemas. Respetando obviamente a los ancianos, a los que tienen enfermedades, patologías, pero ¿dónde va a llegar Brasil si paramos? ”, preguntó el presidente en São Simão (GO). A continuación, Bolsonaro publicó un texto en una red social: ""la actividad esencial es todo aquella necesaria para poner comida en la mesa de una familia"", siguiendo su discurso contra el aislamiento social. El miércoles (3), Brasil batió por su segundo día consecutivo el récord de muertes por Covid-19 en 24 horas, 1.840, con la red de hospitales colapsando en varios estados, y superó a los Estados Unidos en número de nuevas víctimas de la enfermedad por cada 100 mil habitantes. Al menos 260 mil personas han perdido la vida en Brasil como consecuencia de la Covid-19 en Brasil. Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGA Lea el artículo original O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar nesta quinta-feira (4) as medidas de isolamento social no país e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população. “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente em São Simão (GO). Em seguida, Bolsonaro publicou um texto em rede social que diz ""Atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa"", em mais uma fala contra o isolamento social. Na quarta-feira (3), Brasil registrou seu segundo dia consecutivo de recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, 1.840, com a rede hospitalar colapsando em vários estados, e superou os Estados Unidos em número de novas mortes decorrentes da doença por grupo 100 mil habitantes. Já são cerca de 260 mil mortes provocadas pela Covid-19 no Brasil. Bolsonaro foi à cidade goiana participar da inauguração de um trecho de 172 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, que ligará o município a Estrela D’Oeste (SP), o que permitirá o envio de cargas ao porto de Santos. Num discurso de cerca de 20 minutos, o presidente ainda elogiou produtores rurais —parte do público presente na inauguração do terminal ferroviário—, ao dizer que eles não se acovardaram na pandemia, e disse que até o final do próximo mês o país terá recebido ao menos 40 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus. “Só este mês vamos chegar 20 milhões de doses para nós, no mínimo, o mês que vem, no mínimo, 40 milhões de doses. Somos responsáveis, estamos fazendo o que é certo”, afirmou o presidente. De acordo com ele, as vacinas começaram a ser compradas assim que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou e seu governo nunca se afastou delas. “Nunca nos afastamos de buscar vacinas, mas sempre disse uma coisa: ‘ela tem que passar pela Anvisa’. A gente está vacinando seres humanos e a Anvisa é uma passagem obrigatória. E isso aconteceu tão logo a Anvisa começou a certificar as vacinas, nós passamos a comprá-las. Hoje somos um dos países que em valores absolutos mais temos gente vacinada.” O presidente ainda voltou a dizer que “lockdown não funciona” e disse, erroneamente, que teve a autoridade “castrada”.“Apelo aqui, já que foi me castrada a autoridade, para que governadores e prefeitos repensem a política do fechar tudo [...] Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida. Como gostaria de ter o poder, como deveria ser meu, para definir essa política.” O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, ainda em 2020, que estados e municípios têm autonomia para determinar o isolamento social em meio à pandemia. No evento, o presidente ainda criticou a imprensa e afirmou, ao se referir ao ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que ele só sai do governo se “for elogiado pela Globo ou pela Folha”. Quando todos os caminhos levam a Berlim, em algum momento, mesmo que imperceptível, as personagens de Jason Lutes vão se encontrar. Um olhar furtivo, arisco, ou um simples aceno num cruzamento para nunca mais se ver. E o leitor acompanha, pelas ruas, vielas, casarões, cortiços, pela burocracia do Parlamento, cabarés, Redação de jornal. Um susto ou riso abafado, numa cafeteria do centro intelectual, que num instante estará no olho do furacão, enquanto gangues nazistas e grupos comunistas duelam por seus ideais, a República de Weimar é sacudida. ""Berlim"" é um trabalho monumental. Realizado ao longo de 24 anos pelo cartunista Jason Lutes, o livro é uma unanimidade aclamada pela crítica por seu trabalho de pesquisa, ao mesmo tempo em que o lirismo contorna as personagens dos três livros reunidos no volume da edição brasileira, até então inédita em português. Em meados de 1920 a estudante Marthe Müller, pequena burguesa vinda de Colônia, pretende estudar belas artes em Berlim. Seu primeiro contato com a alma da cidade é ainda no vagão do expresso. Um encontro marcado pelo destino, se ele existir, com o jornalista Kurt Severing, do Die Weltbühne, que muito tem a ver com a clássica passagem de ""Os Destinos do Sr. Norris"", de Christopher Isherwood, ocorrida também num vagão, lembrada no filme biográfico do escritor que retratou a República de Weimar, ""Christopher and His Kind"", lançado há dez anos pela BBC. Daquela primeira conversa, Kurt e Marthe vão ter idas e vindas. Eles se apaixonam, ela se rebela contra as belas artes e toda a pomposidade do círculo que cerca a elite intelectual dos jovens libertários de Berlim. Fica por conta, desenhando, resolve pôr a mão na massa, mas falha. Ela flana e vai para cama com Kurt, estabelecendo uma relação de confiança e aprendizado. Marthe, na medida em que desbrava Berlim, se incorpora ao espírito das vanguardas da cidade, louvando a vida mundana e o hedonismo sem, entretanto, escolher alguma escola estética. Ela abomina a teoria, tanto na pintura, quanto na vida. Para a jovem que cresceu às margens do Reno, numa família abastada, o submundo de Berlim é um baque instantâneo. Levada pelos amigos do liceu em que estudava, ela se impressiona com as mulheres nos cabarés, fica deslumbrada, segue o caminho dos jovens. Com o primeiro volume da série publicado há exatos 20 anos nos Estados Unidos, ""Berlim"" finalmente ganhou edição brasileira pela editora Veneta, com projeto gráfico da Casa Rex e tradução de Alexandre Boide. Conforme o livro engrena, o extremismo e os vermes do fascismo eclodem pelas ruas e praças da cidade, em comícios antissemitas, com simpatizantes do partido nazista se chocando com os comunistas. Kurt Severing, repórter especial do Die Weltbühne, é constantemente cobrado a assumir uma posição. Intelectual, por vezes solitário, ele analisa a conjuntura política com pessimismo, desde a debandada do rei Luís 3º da Baviera, em 1918, à burocracia do Parlamento que, em 1928, começou a mitigar liberdades de expressão, sendo o editor do jornal, por exemplo, processado e preso por divulgar um escândalo do Estado que desrespeitara o Tratado de Versalhes. A imprensa está no centro de ""Berlim"", com Kurt processando o ruído das passeatas, os germes do fascismo que passou a perseguir cidadãos comuns a intelectuais, e o debate teórico dentro das Redações. Perde as esperanças, principalmente quando Marthe sai de cena para namorar Anna, uma personagem cross-dresser, com quem viverá aventuras. Enquanto os protagonistas enfrentam suas cruzadas pessoais, personagens secundários têm voz ativa e dão substância a um panorama completo de várias realidades sociais. Um deles é o pequeno David, judeu filho de um rude ortodoxo, que passa a vender jornais ligados ao Partido Comunista para ganhar uns trocados. Um menino doce e inteligente, David é fã do mágico húngaro Harry Houdini, escapista que ganhou fama mundial ao desafiar a polícia da Europa em seus shows. Assim como o ilusionista, que destrancava cadeados complicadíssimos, o menino também tem esse dom —uma proeza útil para as circunstâncias. Quando ele é apanhado pelo pai, se aproxima de Sílvia, órfã trazida por um mendigo à família de judeus, que tem raiva do mundo desde que sua mãe foi morta em uma passeata pela liberdade da classe trabalhadora. A pulsão libertária alavanca a novela gráfica. Sem estar na linha de frente, o jornalista observa o cerco apertar cada vez que presencia as tropas da Sturmabteilung nazistas marcharem pela praça Potsdamer, livres e desimpedidos. Das manifestações violentas, com provocações espúrias que envolviam antissemitismo e ódio, o grupo dos camisas pardas batia, mas também levava dos bolcheviques, que, em Berlim, perdem uma especial integrante. Essa revolta pulsante nas ruas é o estopim para o processo arrastado da queda da República de Weimar. Políticos depostos, opositores mortos, a polícia secreta da SS invadindo lares à luz do dia são alguns dos fragmentos que Lutes escolheu para dimensionar a catástrofe que estava por vir. Ao retratar os sintomas de um regime despótico e perigoso, Lutes, ao ser publicado no Brasil de Jair Bolsonaro, abre uma caixa de Pandora na cabeça do leitor. Ao destrinchar a manipulação em massa de Adolf Hitler, Lutes, se espraia pela crônica cotidiana, pelas pequenas histórias costuradas em cima de um pano de fundo tempestuoso. Jogando luz sobre os protagonistas (um jornalista, uma estudante de desenho, um transexual, uma menina abandonada e um mendigo), ele crava uma narrativa com certo ineditismo para o século passado, quando foi construída. A cidade vira palco de guerra civil e os jornais e revistas lançam manifestos nas prorrogações da tomada de poder de Hitler. Culpado por ficar “em cima do muro”, Kurt, envolto em suas próprias trevas, não sai da cama. Seu emaranhado de complicações pessoais é uma narrativa à parte, mesmo ele estando mais consciente do que nunca. Seus pares, nem tanto. Enquanto isso, na high society, Margarethe, ex de Kurt, é a materialização da dama libertina que vai apoiar o Führer, o regime, o partido, embora se embale nos rumos da noite berlinense, levando, inclusive, Marthe a uma festa secreta. A hipocrisia da sociedade alemã que apoiava Hitler à luz do dia, à noite frequentando cabarés, é uma das críticas do quadrinista à patrulha de costumes do regime. Lutes tem ótimo repertório, que, inclusive, ganha um índice remissivo. De Brecht a Isherwood, na literatura, sem esquecer do antológico ""Berlin Alexanderplatz"", do cineasta Rainer Werner Fassbinder. Requintes como a topografia da cidade, reprodução facsimilar do diário AJZ complementam a verossimilhança de um relato que poderia ser fantástico, mas é um desdobramento da história contemporânea. Anotações manuscritas e mensagens em aparelhos celulares apreendidos pela Polícia Federal mencionam três deputados federais do PL em conexão com suposto desvio de emendas orçamentárias destinadas à saúde no Maranhão. Os parlamentares citados são Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Seus nomes aparecem em documentos obtidos na Operação Ágio Final, deflagrada pela PF maranhense em 3 de dezembro de 2020. A operação investiga um esquema de extorsão contra prefeituras que foram beneficiadas com as emendas obtidas pelos deputados. O cabeça da organização seria o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, dono de postos de gasolina no estado que seriam usados para lavagem de dinheiro. Segundo a PF, Pacovan se apresentava junto a prefeitos como responsável por obter as emendas junto aos deputados envolvidos no esquema. Em troca, exigiria deles a devolução de uma parte do dinheiro como pagamento de propina, em valores que poderiam chegar a 25%. Esse desvio ocorreria por meio de contratos com empresas de fachada. Uma parte seria repassada aos deputados, mediante comissão de Pacovan e seu grupo. A ação da PF foi possível após denúncia feita no ano passado por um dos prefeitos abordados pelo grupo, Eudes Sampaio (PTB), de São José do Ribamar (MA), que não se reelegeu. ""O conjunto de elementos probatórios obtidos no decorrer da investigação aponta que Josival Cavalcanti da Silva (Pacovan) atuou como mentor intelectual da associação criminosa, arregimentando pessoas e recursos de modo a viabilizar as extorsões praticadas em desfavor do prefeito Eudes Sampaio"", diz relatório assinado pelo delegado da PF-MA Itawan de Oliveira Pereira, com data de 17 de dezembro. Para viabilizar a extorsão, Pacovan contava com os serviços de subordinados, entre eles os irmãos Abraão Nunes Martins Filho, vereador em Itapecuru-Mirim (PDT), e Adones Gomes Martins. Eles teriam como função ameaçar prefeitos que resistissem ao pagamento da propina. Também faz parte da quadrilha, segundo a PF, o ex-prefeito de Água Doce (MA) Antonio José Silva Rocha (PSDB), conhecido como Rocha Filho. Na casa de Rocha Filho, a PF apreendeu papéis com referências aos repasses federais. ""Foram encontrados na residência de Rocha Filho diversos documentos relacionados com repasses federais destinados a municípios do interior do Maranhão, além de planilhas com valores e nomes de prefeituras relacionados"", afirma o relatório. Um dos documentos, uma lista manuscrita, indica três emendas destinadas a São José do Ribamar, mencionando os deputados responsáveis por elas. Também são citados os valores totais dos repasses e a propina a ser cobrada do prefeito, correspondente a 25% do recurso obtido do Orçamento federal. A lista menciona emendas de R$ 4.123.000 do deputado Bosco Costa (R$ 1.030.750 referente à parcela de 25%), de R$ 1.500.000 de Josimar Maranhãozinho (R$ 375 mil de propina) e R$ 1.048.000 de Pastor Gil, com R$ 262 mil de propina. ""Os valores discriminados na anotação são idênticos aos valores de emendas parlamentares constantes na notícia crime encaminhada pelo prefeito de São Jose de Ribamar"", afirma o relatório da PF. Os nomes dos parlamentares também aparecem em uma mensagem de WhatsApp trocada entre o filho de Pacovan, que trabalha com o pai, e Abraão Nunes Martins Filho, um dos responsáveis por fazer a cobrança da extorsão, geralmente com uso de intimidação e violência. Outro indício foi obtido a partir de mensagem de Pacovan cujo destinatário é um assessor do prefeito Sampaio. Nele, o agiota relata que esteve em Brasília ""pela segunda vez"" tratando da liberação das emendas pelos deputados. Após citar os três parlamentares e os valores que conseguiram, ele diz que vai levar os parlamentares pessoalmente ao encontro do prefeito, supostamente como forma de pressionar pelo recebimento da propina. ""Caso haja alguma dúvida, trarei os deputados epigrafados aqui ao Maranhão, mas precisamente no seu município pra dirimir toda é qualquer dúvida"", escreve Pacovan. Há também referências a uma pessoa identificada como ""Fernando do Dep.Hildo Rocha [MDB-MA]"". Segundo Pacovan, ele estaria ""ciente de que todas essa emendas são de deputados ligados a mim"". Não há referências a emendas de Rocha, no entanto. De acordo com a PF, o esquema se repetiria em outros municípios maranhenses. A citação aos deputados, por enquanto, não configura prova do envolvimento deles. A apuração em questão se limitou a suposta extorsão que era feita. No relatório final da operação enviado à Justiça, o delegado pediu para poder compartilhar as informações com o grupo da PF que investiga políticos com foro, que fica em Brasília. Nesse grupo da polícia, antes mesmo do inquérito do Maranhão, já havia outra investigação sendo feita, especificamente sobre desvio de emendas da saúde --essa corre no Supremo Tribunal Federal. Em decorrência dessa apuração, em 9 de dezembro, a PF deflagrou a operação Descalabro, e fez busca e apreensão em endereços ligados a Josimar Maranhãozinho. Na época, divulgou ter encontrado R$ 2 milhões em espécie no escritório parlamentar dele em São Luís (MA). Nessa operação, chamada de Descalabro, o deputado é investigado por suspeita de fazer parte de um esquema semelhante ao investigado pela PF maranhense, de desvio de dinheiro de emendas destinadas à saúde. O caso está sob sigilo. Procurada, a assessoria do deputado Josimar Maranhãozinho disse que não se pronunciaria por não ter tido acesso ao relatório. Em dezembro de 2020, o parlamentar afirmou ao G1 que destinou mais de R$ 15 milhões aos municípios maranhenses de forma legal. O montante encontrado no escritório seria referente a sua atividade pecuária e empresarial. Por meio de sua assessoria, o deputado Pastor Gil disse que desconhece a existência de lista que o cite. ""Nunca compactuei com qualquer esquema de desvio de dinheiro público"", declarou. O parlamentar afirma que destinou emenda para a cidade de São José de Ribamar dadas as carências do município. ""Por conhecer bem a situação de São José de Ribamar e, claro, ter tido mais de 2.000 votos do povo ribamarense é que procurei o então prefeito, Eudes Sampaio, e garanti a ele que encaminharia uma emenda parlamentar para ajudar na área da Saúde"". ""Assim foi feito. Foi liberado e ficou na responsabilidade do prefeito a aplicação da verba destinada"", declarou. Já o deputado Bosco Costa disse que ""tem por norma não comentar o trabalho da Polícia Federal ou autoridades judiciárias"". ""Entretanto, esclarece que não tem relação com a emenda citada, visto que a mesma não é de sua lavra"", afirmou, por meio da assessoria. Após a Polícia Federal afirmar em relatório não ter encontrado indícios de crimes contra bolsonaristas no inquérito dos atos antidemocráticos que tramita no Supremo, a PGR (Procuradoria-Geral da República) agora avalia o futuro da investigação. A existência do documento inconclusivo, após os autos do inquérito passarem praticamente todo o segundo semestre de 2020 em poder da PF, criou um embaraço para a cúpula da Procuradoria. Iniciada no ano passado a partir de um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, com medidas duras e sem poupar o entorno do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a apuração chegou à PGR em momento sensível. Isso porque o mandato de Aras no comando do MPF (Ministério Público Federal) termina em setembro. Se antes o movimento foi o de conter o isolamento interno e estancar críticas de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a equação agora ficou mais complicada. Manter uma boa relação com o Palácio do Planalto em busca da recondução ao cargo está na agenda do procurador-geral. A manutenção do inquérito, que já motivou interrogatório de dois filhos do chefe do Executivo, de assessores palacianos e de um punhado de militantes bolsonaristas, desagrada o presidente e aliados. À frente do caso, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, estuda o relatório policial desde o início de fevereiro e opinará sobre as medidas a serem adotadas na investigação. A palavra final é do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo. Até o momento, duas denúncias foram apresentadas pela PGR, mas por crime que não estava originalmente no escopo da apuração. Dois deputados investigados foram acusados de coagir ministros do STF. Investigadores com conhecimento dos autos disseram à Folha que, apesar do relato inconclusivo da PF, há no material potencial para o aprofundamento das investigações e a apresentação de novas denúncias. A apuração dos atos antidemocráticos foi aberta em abril de 2020 mirando apoiadores do presidente que defenderam, nas redes sociais e em manifestações de rua, o fechamento do Supremo e do Congresso. No pedido de investigação, a Procuradoria listou eventuais transgressões a três artigos da Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83). Foram citados trechos que criminalizam ações violentas ou com grave ameaça que buscam mudar o regime vigente; propaganda de processos ilegais para alteração da ordem política ou social, incluindo seu financiamento; e incitamento à animosidade entre as Forças Armadas e as instituições. A PGR estabeleceu uma hipótese inicial: uma rede estruturada de comunicação virtual bolsonarista voltada à sectarização da política, à desestabilização das instituições e à aferição de ganhos financeiros. A delegada Denisse Ribeiro, encarregada do caso, afirmou nos autos nos primórdios da apuração que a PF se pautaria por tentar identificar a “prática de crimes, circunstâncias e respectivos autores e partícipes”. Seria necessário, portanto, individualizar as condutas de pessoas e enquadrá-las criminalmente. Na visão da policial, esse objetivo não foi, por ora, alcançado. Daí, o relatório inconclusivo enviado ao STF, segundo revelou a coluna Painel, da Folha. Denisse não pediu a prorrogação do inquérito, mas apontou linhas de apuração serem aprofundadas e a abertura de novas frentes. No final do ano passado, ainda sem saber o resultado do trabalho policial, Aras afirmou que o inquérito cumpriu importante papel ao dar “certa estabilidade ao país num momento relevante em que havia movimento de extremistas”. Agora, a PGR dirá se a apuração vai adiante ou para por aí. Na largada do inquérito, foram indicadas para serem investigadas 40 pessoas e outras tantas então não identificadas, por exemplo administradores de perfis e canais pró-Bolsonaro nas redes sociais. Ações foram realizadas como buscas em endereços dos investigados e quebra de sigilo bancário e telemático. Militantes, incluindo empresários, e parlamentares foram alvos dessas ações. Pelo menos 35 pessoas foram interrogadas pela polícia até o momento, incluindo dois filhos do presidente —o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Foram também ouvidos assessores especiais da Presidência. Em uma das linhas de apuração, a PF buscou elementos para comprovar a ligação de assessores especiais do chamado “gabinete do ódio” com youtubers bolsonaristas suspeitos de estimular os ataques antidemocráticos. Responsáveis por canais de YouTube que apoiam o presidente confirmaram à PF interlocução com um dos assessores da Presidência. Um deles disse que recebia de Tércio Tomaz Arnaud, auxiliar de Bolsonaro no Planalto, vídeos do chefe do Executivo por meio do WhatsApp, para uso em seu canal. Apesar do cerco que se fecha em torno de auxiliares diretos do chefe do Executivo, a delegada colocou o “gabinete de ódio” entre os eventos que exigem o aprofundamento das investigações. O funciondamento do gabinete foi revelado pela Folha em setembro de 2019. Em outro flanco sensível ao Planalto, revelou o Painel na semana passada, a PF mirou o empresário Fabio Wajngarten, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), alvo de pedido de busca e apreensão no final de julho de 2020. A polícia também pediu buscas nas dependências da Secom. A PGR se manifestou contra as solicitações, sob o argumento de que não havia lastro mínimo concreto que justificasse a ação policial e que as buscas poderiam ser substituídas por medidas menos invasivas. Foi levantada a suspeita de que o governo federal, por meio da Secom, repassava de forma indireta dinheiro de publicidade para páginas bolsonaristas que incentivaram atos antidemocráticos. Até o momento, desde a abertura do inquérito, a PGR divulgou o envio de duas denúncias ao STF. As acusações tiveram como alvos os deputados Daniel Silveira (PSL-RJ), que está preso por ordem de Alexandre de Moraes, e Otoni de Paula (PSC-RJ). As acusações correram porque, segundo a PGR, os parlamentares cometeram o crime de coação por tentar intimidar quem poderá julgá-los. A coerção ocorreu no curso da investigação, mas não era crime que figurava entre os tipos penais previstos inicialmente para serem apurados. Dos inquéritos em andamento hoje no Supremo, o presidente da República figura como parte apenas na investigação sobre a suposta interferência na Polícia Federal denunciada pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça). Outros dois inquéritos, esse dos atos antidemocráticos e o das fake news, já envolveram pessoas próximas e os filhos do chefe do Executivo.  Os três inquéritos têm Bolsonaro como alvo? Não. O presidente da República figura como parte apenas na investigação sobre a suposta interferência na Polícia Federal denunciada por Moro. Os outros dois inquéritos, no entanto, já envolveram pessoas próximas e os filhos do chefe do Executivo. No que investiga atos antidemocráticos, por exemplo, a Polícia Federal colheu informações que reforçam a ligação de assessores especiais do chamado “gabinete do ódio” da Presidência com youtubers bolsonaristas suspeitos de estimular os ataques às instituições. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chegaram a prestar depoimento nesse caso na condição de testemunha. No inquérito das fake news, aliados de Bolsonaro também são investigados. Entre eles, as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) Quais são os principais alvos do inquérito dos atos antidemocráticos? A investigação da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República) chega perto do núcleo político do presidente e atingem nomes importantes do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro pretende fundar. O segundo vice-presidente da sigla, que ainda não foi criada oficialmente, o empresário Luís Felipe Belmonte, foi alvo de busca e apreensão e é um dos investigados. Sérgio Lima, um dos idealizadores da legenda e que se autointitula marqueteiro do partido, também foi alvo de mandado de busca e apreensão. Em março de 2020, ele esteve na comitiva de Jair Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos. O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o youtuber Allan dos Santos também são investigados e tiveram busca em suas casas por determinação de Moraes. Além deles, são investigados blogueiros que mantêm sites de apoio a Bolsonaro, como Roberto Boni e Ernane Neto Um grupo de ex-ministros, juristas, advogados, economistas e professores universitários assina um manifesto enviado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apontando ""preocupação com a possível nomeação da deputada Bia Kicis (PSL-DF) para presidir"" a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) daquela casa legislativa. ""Bia Kicis na CCJ da Câmara ameaça o equilíbrio institucional brasileiro"", diz o texto. ""Não se trata aqui de divergir da atuação da deputada no seu pleno e efetivo exercício do seu legítimo mandato."" ""Trata-se, antes de mais nada, de buscar preservar o equilíbrio institucional da Câmara dos Deputados e de ter, à frente da CCJ —comissão responsável por analisar a constitucionalidade das propostas legislativas, por onde passam projetos dos mais diferentes assuntos, porém todos de grande relevância institucional—, uma liderança que busque a harmonia e o equilíbrio entre os poderes da República e que preserve, acima de tudo, a paz institucional que hora precisamos para seguir adiante nessa grande crise que atravessamos"", afirma a carta. O documento é subscrito pelos ex-ministros da Justiça José Carlos Dias, José Gregori e Miguel Reale Jr., pelo ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira e pela ex-ministra da Administração Claudia Costin. Também assinam o texto o jurista Dalmo de Abreu Dallari, o professor emérito de direito na USP Fábio Konder Comparato, a desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça de SP Kenarik Boujikian, o advogado José Luís Oliveira Limae e intelectuais e professores como Luiz Felipe Alencastro, Maria Hermínia Tavares de Almeida e Oscar Vilhena. ""Mais de uma vez a parlamentar se referiu à Suprema Corte brasileira de forma ofensiva, estimulando, inclusive, por meio das redes sociais, atos contra a cúpula do poder, que culminaram em ações violentas contra a Corte e seus membros"", segue o manifesto. O texto ainda aponta que Kicis é investigada no inquérito das fake news, que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e ""apura a propagação de notícias falsas que estimularam atos violentos contra instituições, e estímulo à intervenção das Forças Armadas, conforme discurso já proferido em plenário da Casa"". ""[A deputada] é acusada, inclusive, de utilizar verba parlamentar para propagar inverdades e defender o fechamento do Congresso Nacional e do STF, fato conhecido após ter seu sigilo bancário quebrado, por determinação daquela corte, colaborando, ainda mais, com o aprofundamento da crise institucional vivida no Brasil"", emenda o manifesto, que cita ainda ""reiterados ataques [de Kicis] a governadores"". ""Acreditamos que os fatos acima narrados são suficientes para que apresentemos o apelo à V. Exa. sobre a necessidade da escolha de um nome que preze a ponderação e agregue, frente a uma das comissões mais importantes da Câmara, ações capazes de estimular o diálogo institucional"", afirmam os autores da missiva. ""Não bastasse o exposto, com sua postura negacionista em relação à pandemia que ora vivemos, a parlamentar estimulou a desinformação sobre a Covid-19 e criticou o uso de máscara e também o isolamento social"", conclui o manifesto. O documento é assinado por: Dalmo de Abreu Dallari, professor emérito da USP Miguel Reale Jr., professor titular da USP Fábio Konder Comparato, professor emérito da USP Maria Paula Dallari Bucci, professora da USP Nina Ranieri, professora da USP Rafael Maffei, professor da USP Gustavo Bambini, professor da USP Helena Regina Lobo da Costa, professora da USP Murilo Gaspardo, professor da UNESP Kenarik Boujikian, desembargadora aposentada do TJ-SP Lucy Lago, juíza do TRT-ES Maurício Brasil, juiz do TJ-BA José Antonio Correa Francisco, juiz do TRT-11 Virgínia Bahia, juíza aposentada do TRT-6 Gefran Carneiro Moreira, juiz do TRT-11 Denise Antunes, juíza aposentada do TJ-PR Belisário dos Santos Jr., advogado. José Carlos Dias, advogado José Luís Oliveira Lima, advogado Paulo Vannuchi, jornalista Oscar Vilhena Vieira, professor da FGV-SP Paulo Sérgio Pinheiro, professor da USP Claudia Costin, professora da FGV-RJ Maria Victoria Benevides, professora da USP Luiz Felipe de Alencastro, historiador Manuela Carneiro da Cunha, professora da USP Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista José Gregori, advogado e ex-ministro da Justiça Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora da USP Uma coalizão de grupos indígenas brasileiros e colombianos e de entidades ambientais francesas e americanas está processando o grupo de varejo francês Casino —dono do Pão de Açúcar (GPA), no Brasil, e do Éxito, na Colômbia— por danos ambientais e violação de direitos humanos ligados a desmatamento na Amazônia, ao comprar carne fornecida pela JBS. Segundo as entidades, esta é a primeira ação contra uma cadeia de varejo sob a lei francesa de “dever de vigilância”, de 2017, que responsabiliza companhias com mais de 5.000 funcionários por violações ambientais ou sociais em sua cadeia de suprimentos. Na ação, apresentada na corte de Saint-Etienne, os indígenas pedem compensação por danos ligados a desmatamento e invasão de terras praticados por fornecedores do grupo varejista. No total, os autores calculam um prejuízo de 2,45 milhões de euros (R$ 17 milhões) a três diferentes comunidades brasileiras e 1 milhão de eruos (R$ 7 milhões) a indígenas colombianos, fora os danos morais. À Folha, o Casino afirmou que não vende carne brasileira na França e não comenta processos judiciais em andamento. A companhia disse porém que a subsidiária do Brasil “possui uma política sistemática e rigorosa de controle da origem da carne bovina entregue por seus fornecedores”, para garantir ""o cumprimento dos critérios socioambientais (sem desmatamento, sem trabalho forçado, sem trabalho infantil), definidos com a ONG Imaflora e pelo governo brasileiro”. Já segundo levantamento feito pelo Centro de Análise de Crimes Climáticos (CCCA), que embasa a ação na Justiça, as empresas do grupo varejista compraram regularmente carne de três frigoríficos da JBS que recebem gado de 592 criadores responsáveis por desmatamento. De 2008 a 2020, a área destruída pelos pecuaristas, segundo o CCCA, foi de 50 mil hectares, ou cinco vezes a área de Paris (cada ha equivale a uma quadra de cidade, de 100 m X 100 m). As entidades também afirmam haver invasão, por fornecedores da JBS, do território de indígenas uru-eu-wau-wau em Rondônia. A carne produzida nessa área, segundo os autores da ação, foi vendida para o Pão de Açúcar. As ONGs dizem que o Casino falhou em fiscalizar sua rede de abastecimento, apesar de “repetidas denúncias de desmatamento e invasão de terras”. O Casino afirma que “vem lutando ativamente, há vários anos, contra o desmatamento vinculado à pecuária no Brasil e na Colômbia, levando em consideração a complexidade das cadeias produtivas”. A base mais recente de evidências usadas para a acusação é o relatório publicado na última semana pela ONG Repórter Brasil, que identificou a venda de carne bovina com origem em áreas de desmatamento ilegal a frigoríficos que abastecem grandes redes varejistas. O relatório aponta diversos casos em que o monitoramento das empresas não foi suficiente para barrar compras ligadas a desmatamento. Um dos investigados foi um frigorífico amazônico fornecedor do Grupo Pão de Açúcar. Ele adquiriu ao menos 370 cabeças de gado entre julho e outubro de 2020 de uma fazenda de 100 hectares, dos quais 30% são de mata nativa. A área disponível para pastoreio seria, portanto, incompatível com a quantidade de animais vendida. Segundo o Ministério Público Federal, o índice máximo de produtividade para evitar a suspeita de triangulação de animais é de 3 cabeças por hectare a cada ano. O parâmetro foi adotado no último ano pelos principais frigoríficos e redes varejistas do país, sob coordenação do MPF, para evitar a ""lavagem de gado"" na Amazônia —ou seja, a transferência do gado de áreas embargadas por desmate ilegal para terras com ficha limpa. Em comunicado da entidade Envol Vert, uma das envolvidas no processo, o advogado da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Luis Eloy Terena, disse que “a demanda por carne bovina do Casino e do Pão de Açúcar traz desmatamento e grilagem e violência, além do assassinato de lideranças indígenas que optam por resistir”. “Estamos buscando também responsabilização por danos causados aos nossos territórios. Esses danos afetam nosso modo de vida, nossa ancestralidade, nossa cultura e, sobretudo, a nossa sobrevivência enquanto povo indígena e a capacidade de resguardar as nossas tradições para futuras gerações”, completou. O advogado do grupo Seattle Avocats e responsável por entrar com o processo judicial, Sebastien Mabile, afirmou à Folha que esse tipo de responsabilização judicial é recente e desponta como tendência no continente europeu. “Nossa ação é apenas a quinta apresentada à Justiça com base na lei do Dever de Vigilância e nenhum dos outros quatro processos foi julgado ainda. A Alemanha e a Comissão Europeia também preparam legislações semelhantes”, disse. A diretora de sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar, Susy Yoshimura, afirmou à Folha que dois fornecedores foram bloqueados pelo grupo após a investigação da Repórter Brasil. Para Yoshimura, o principal desafio é o rastreamento dos fornecedores indiretos, já que a documentação —a Guia de Transporte Animal— não é uma informação pública. A executiva nega que o grupo tenha descumprido a lei francesa do Dever de Vigilância. “O que a lei nos pede é uma análise de risco”, afirma. Questionada sobre a continuidade de compra de carne bovina da JBS, que aparece en diversas denúncias de compra proveniente de desmatamento ilegal, Yoshimura respondeu que a JBS, junto a Marfrig e Minerva, domina 80% do mercado. “Eles são bem pressionados por nós, mas também preciso ser sincera e não ser tão utópica de falar que a gente consegue mudar o comportamento de um player (ator) desse porte. Não tenho esse romantismo.” Procurada para comentar, a JBS afirmou, em nota, que ""refuta frontalmente essa acusação"". ""Todas as compras de matéria-prima da JBS respeitam política de compra responsável e o Protocolo de Fornecedores de Gado do Ministério Público Federal"", diz a nota. A empresa afirma ainda que monitora seus fornecedores por meio de um sistema de imagens de satélite, e que já bloqueou 9 mil propriedades que não se enquadram em seus critérios socioambientais. ""Mais do que isso, a JBS está implantando uma ferramenta blockchain para estender esse mesmo monitoramento aos fornecedores de seus fornecedores"", completou. No primeiro dia da vacinação contra a Covid-19 em idosos de 77 a 79 anos na cidade de São Paulo, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da capital paulista registraram longas filas na manhã desta quarta-feira (3). Em alguns postos, o tempo de espera chegou a duas horas, conforme registrou a reportagem, e os pacientes tiveram de aguardar o atendimento na calçada, sob sol forte. O Agora percorreu seis UBSs da cidade na manhã desta quarta, nas zonas sul, leste e região central. Em quatro delas, o tempo médio de permanência na fila era superior a uma hora. Por outro lado, na AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Santa Cruz (zona sul) e na UBS Humaitá, na região da Bela Vista (centro), a espera era de menos de cinco minutos. Já na UBS Nossa Senhora do Brasil, também na Bela Vista (centro), o tempo médio de espera era de aproximadamente uma hora e meia, segundo os idosos que se vacinaram por lá. A fila de pedestres tinha em torno de 100 metros de extensão no fim da manhã desta quarta. Os dois postos de saúde do bairro ficam a uma distância de 1,4 km. A pé, o percurso pode ser percorrido em menos de 20 minutos. A pior situação encontrada foi na UBS Cambuci, também na área central da cidade. Por ali, funcionários montaram um sistema de drive-thru, em que os idosos são vacinados dentro dos carros. Por volta das 11h, a fila de veículos tinha extensão aproximada de 600 metros. Os motoristas que ocupavam as primeiras posições relataram que esperaram duas horas para serem atendidos. Na mesma unidade, também são vacinadas as pessoas que chegam a pé. Nesse caso, a demora era de cerca de 1h15. Na zona leste, a vacinação organizada pela AMA/UBS Integrada Água Rasa foi feita em uma agência do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que fica ao lado do posto de saúde. A espera era de aproximadamente uma hora, tempo semelhante ao da UBS Cupecê, na Vila Santa Catarina (zona sul). Nas unidades com grande fluxo de pessoas, a reportagem verificou que o distanciamento social não estava sendo cumprido. Nas filas, os idosos se posicionavam a menos de um metro de distância entre eles. Não foram vistos funcionários cobrando que o afastamento fosse mantido. Por outro lado, trabalhadores dos postos de saúde chamavam a atenção dos idosos para que utilizassem as máscaras de proteção de modo correto. Mesmo com as longas filas, os idosos que optaram por se vacinar nas UBSs da capital esperavam que fossem demorar ainda mais para serem atendidos. ""Fiquei aguardando em pé por uma hora e quarenta minutos. Mas eu achava que fosse ser mais, já que no Pacaembu o pessoal esperou até oito horas"", disse a aposentada Celeste Marques Vieira, 77 anos, referindo-se ao drive-thru montado no estádio da região central. Ele se vacinou na UBS Nossa Senhora do Brasil. ""Eu esperava que fosse ter mais gente por aqui, principalmente porque a ansiedade pela vacina é muito grande"", acrescentou o aposentado Marcos Medeiros, 79, que levou aproximadamente uma hora para receber o imunizante contra o novo coronavírus, também na unidade da Bela Vista. Por outro lado, Valderi Antão Ruviaro, 79, demorou menos de cinco minutos para ser vacinado na UBS Humaitá. ""Agora, com a vacina, vou viver até os 130 anos. Anota aí"", afirmou ele, depois de receber a primeira dose. Para a aposentada Maria da Silva Gonçalves, 79, a vacina devolve à população a chance de sonhar. ""Ainda quero viver mais um pouco, conviver com meus filhos e esperar por um neto"", disse. No caso da também aposentada Odete Faria de Aguiar, 79 anos, a imunização foi um presente de aniversário, já que ela faz 80 anos no domingo (7). ""Ainda não vou poder fazer festa, mas, depois que todos estivermos vacinados, teremos mais liberdade"", disse. A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que o calendário vacinal contra a Covid-19 têm exigido dos serviços de saúde constantes reavaliações e readequações. ""No momento em que se verifica algum tipo de problema, as supervisões técnicas de saúde imediatamente providenciam recursos humanos e materiais para que não haja desconforto à população. Segundo a nota, na região das UBS Cambuci e Nossa Senhora do Brasil a população é orientada a procurar o drive-thru localizado na praça Dom Orione, na Bela Vista, de responsabilidade da UBS Humaitá. Para ""otimizar o atendimento, na UBS Cambuci, foi aberto um segundo ponto de vacinação por meio do sistema drive-thru"", diz. ""Na manhã de hoje [quarta], foram enviados três profissionais da Unidade de Vigilância em Saúde Sé para a UBS Cambuci, além de profissionais do Centro de Referência e Saúde do Trabalhador e Residentes da Unidade de Medicina Tradicional, que auxiliaram com os procedimentos"", afirma a pasta. ""Para a UBS Nossa Senhora do Brasil, o mesmo procedimento de cobertura foi adotado."" ""A recomendação é que os idosos busquem a vacina de maneira gradual, evitando aglomerações nos postos da capital e preenchendo o pré-cadastro no site VacinaJá para agilizar em até 90% o tempo de atendimento para imunização"", afirma. Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Norte Oeste Sudeste Sul Centros-escolas - horário: das 8h às 17h UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ Com o início da vacinação de idosos de 77 anos a 79 anos, nesta quarta-feira (3), a demanda nos pontos de vacinação deverá aumentar. Como a maioria das imunizações feitas até agora ocorreram nas 468 UBSs (unidades básicas de saúde), segundo a gestão Bruno Covas (PSDB), a reportagem consultou 18 unidades de várias regiões da capital para saber em quais horários há menos filas para os idosos, que têm sido grande nos últimos dias. Em apenas sete foi possível obter um horário mais adequado para que fugir das filas. Mesmo assim, algumas alertam para se evitar das primeiras horas da manhã, o horário de maior demanda, e outras, para tentar não ir ao posto o período da tarde. Assim, para evitar ter de esperar muito tempo, o melhor é ligar para a própria unidade de saúde antes de sair de casa para saber como está o movimento. Na maior parte (11), os funcionários disseram que não conseguiriam passar um horário mais adequado. Na UBS Jardim Panamericano, no Jardim Vivan (zona norte), a dica é evitar o horário das 15h ou 16h. O motivo é que os filhos voltam do trabalho e daí decidem levar os pais para vacinar nesse horário. “Às 7h é um bom horário, mais tranquilo. Exceto às segundas-feiras, que lota mais no período da manhã”, disse uma atendente. O horário das 7h não é indicado para quem for procurar a UBS Autódromo, na Cidade Dutra (zona sul), segundo os funcionários. O motivo é que neste horário é feita a coleta de exames de sangue. O mesmo acontece na UBS Parque Dororteia, no Jardim Santa Teresinha (zona oeste). Na UBS Vila Matilde, na zona leste, a nformação é que entre 7h e 8h o posto fica mais mais lotado, porque nesse horário acontece a coleta de sangue e outros exames, ao lado do local de vacinação. A mesma explicação foi dita na UBS Autódromo, na zona sul. Procurada para pedir informações sobre os melhores horários, a atendente da UBS Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista (centro), disse que o movimento era intenso durante todo dia. A atendente afirmou que a situação era melhor na UBS Humaitá, na rua de mesmo nome, também na Bela Vista, mas ninguém, atendeu o telefone. Esta unidade de saúde, entretanto, montou um ponto de vacinação na praça dom Orione, no sistema de drive-trhu, em que as pessoas não precisam descer do carro, como uma forma de se evitar filas na unidade. Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde não respondeu sobre como os idosos podem obter informações a respeito dos melhores horários para imunização. Mas disse que, para agilizar o atendimento, recomenda que os idosos busquem a vacina de maneira gradual, evitando aglomerações nos postos. Também indicou o preenchimento do pré-cadastro no site Vacina Já, que agiliza o tempo de atendimento em até 90%. Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Norte Oeste Sudeste Sul Centros-escolas - horário: das 8h às 17h UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ A gestão Bruno Covas (PSDB) abre nesta quarta-feira (3) dois novos pontos de drive-thru para vacinação contra a Covid-19, ambos na zona sul: no teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, e no ginásio do Ibirapuera, no Paraíso. Nesta terça (2) entraram em funcionamento drive-thrus no Memorial da América Latina e o no estádio do Morumbi, ambos na zona oeste. O do Pacaembu, um dos primeiros a serem montados e um dos mais procurados, terá seu último dia de funcionamento nesta quarta-feira. A justificativa, segundo a prefeitura, é que o estádio, que passou para a iniciativa privada, passará por obras. O plano da prefeitura é o de abrir mais quatro pontos de drive-thru até a próxima sexta-feira (5). Nesta quinta, serão mais três: no parque Villa-Lobos (zona oeste), no do Clube Atlético Monte Líbano, na região do Ibirapuera (zona sul), e na subprefeitura de M’Boi Mirim (zona sul). Na sexta-feira (5) será aberto mais um ponto de drive-thru, o do Club Athletico Paulistano, no Jardim América (zona oeste). Caso todos os endereços se confirmem, a capital terá 14 pontos de drive-thru para imunização contra a Covid-19. Do total, porém, apenas três estão em bairros afastados: Itaquera (estádio do Corinthians); autódromo de Interlagos, e o do M’Boi Mirim. A escolha dos locais é motivo de críticas do médico sanitarista Jorge Kayano, pesquisador do Instituto Pólis. “É injustiça social”, afirma. Kayano é coautor de um estudo do Instituto Pólis que defende a necessidade de imunizar populações de regiões mais afetadas pela pandemia, e não por faixas etárias. O estudo indica ser mais eficaz distribuir as doses onde há mais mortes de pessoas idosas pela doença do que distribuir os imunizantes em todos os locais onde há pessoas mais velha. A partir desta quarta-feira (2), começa vacinação de 114 mil idosos da faixa etária de 77 anos a 79 anos na cidade de São Paulo. Os pontos de drive-thru terão vacinação exclusiva para esse público e também para oferecer o reforço, a segunda dose. Os imunizantes também estarão disponíveis nas UBSs (unidades básicas de saúde) da capital. Aqueles que receberam a primeira dose nesta quarta-feira no drive-thru instalado na praça Charles Miller (estádio do Pacaembu, que será fechado nesta quinta), ou quem já foi imunizado no local e ainda aguarda pela dose de reforço, poderá procurar outro endereço de drive-thru ou qualquer UBS para a segunda dose. Dados do Vacinômetro (ferramenta do governo estadual que monitora a imunização) indica que, no total, já foram distribuídas 776.865 doses na cidade de São Paulo. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que os drive-thrus são para agilizar a imunização dos grupos prioritários e complementam o trabalho realizado pelas 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde ) espalhadas por todas as regiões. ""Os drive-thrus atendem não somente os moradores do centro expandido, mas de diversos bairros vizinhos somados com a área de cobertura das UBSs"", diz a nota da gestão Bruno Covas (PSDB). “Devido aos critérios de priorização, neste momento os locais escolhidos são os mais indicados. A ampliação dos postos está sendo gradativa, conforme a demanda”, afirma. Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Norte Oeste Sudeste Sul Centros-escolas - horário: das 8h às 17h UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ O Corinthians remendado por conta de um surto de Covid-19 no elenco. O Palmeiras concentrado na final da Copa do Brasil, preservando seus principais jogadores. Assim será o primeiro clássico do Campeonato Paulista de 2021, nesta quarta-feira (3), às 19h, na Neo Química Arena (o Premiere transmite o duelo). No Parque São Jorge, oito jogadores e 11 funcionários do clube receberam diagnóstico positivo para o novo coronavírus, entre eles quatro titulares: o goleiro Cássio, os laterais Fagner e Fábio Santos e o volante Gabriel. O quarteto ficará em isolamento e não poderá atuar no dérbi, assim como o goleiro Guilherme, o zagueiro Raul Gustavo, o meia Ramiro e o atacante Cauê, todos reservas. O clube não revelou os nomes dos funcionários que foram acometidos pela doença. No entanto, o técnico Vagner Mancini não está entre os infectados. Ele comandou o treino nesta terça (2), no CT Joaquim Grava, onde ensaiou a formação que deve ir a campo. Sem pistas dos 11 titulares, a única certeza é a escalação do goleiro Matheus Donelli, único da posição disponível. Nesta terça, o clube anunciou o empréstimo de Walter ao Cuiabá até o fim do ano. Atualmente, o Corinthians tem 18 atletas inscritos dos 26 possíveis para a lista A do Campeonato Paulista. Na B, na qual constam os jovens formados na base do clube, a equipe alvinegra tem mais 11 jogadores. O regulamento doa competição, contudo, só permite a escalação simultânea de sete pratas da casa. Nesta terça, o Palmeiras encaminhou à FPF (Federação Paulista de Futebol) seus primeiros inscritos no Estadual. O clube usou apenas nove das 26 vagas possíveis na lista A. Fazem parte dela: Jailson, Vinicius Silvestre, Luan, Victor Luis, Lucas Lima, Gustavo Scarpa, Breno Lopes, Willian e Papagaio. Na lista B, com jogadores formados na base, estão o lateral direito Garcia, os zagueiros Renan e Henri, o lateral esquerdo Vanderlan, os meio-campistas Danilo, Gabriel Menino, Fabinho, Ramon Cesar e Vitinho, além dos atacantes Marcelinho, Gabriel Silva e Giovani Henrique. No último encontro entre os rivais, o Palmeiras goleou o Corinthians por 4 a 0, pela última edição do Campeonato Brasileiro. Diante do Corinthians, o time alviverde fará sua estreia no campeonato, pois a primeira rodada do torneio foi disputada no último fim de semana, quando o Palmeiras fez a partida de ida da final da Copa do Brasil com o Grêmio, em Porto Alegre. Na ocasião, o elenco comandado pelo técnico Abel Ferreira venceu por 1 a 0. O jogo de volta será domingo (7), no Allianz Parque, às 18h. O clube chegou a pedir o adiamento do dérbi por ele ter sido programado entre as finais, mas o pedido não foi atendido pela FPF. Na última década, o Brasil vem perdendo protagonismo regional. Esse movimento foi acentuado nos anos mais recentes. Ao mesmo tempo, vários presidentes tentaram ocupar o vazio deixado pela omissão brasileira. Todos fracassaram. Seria diferente com o uruguaio Luis Lacalle Pou? Em 2017, o peruano Pedro Pablo Kuczynski propôs a criação do Grupo de Lima para tratar da crise da Venezuela. Em 2018, o colombiano Iván Duque decidiu abandonar a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) em sua primeira semana de governo. Em 2019, o chileno Sebastián Piñera reuniu outros seis presidentes da região para criar o Fórum Prosul com o objetivo de substituir a Unasul. Os brasileiros Michel Temer e Jair Bolsonaro não se envolveram diretamente em nenhuma dessas iniciativas. Nos três casos, os resultados concretos após alguns anos ficaram muito aquém do voluntarismo presidencial. O Grupo de Lima tornou-se inócuo depois da aventura venezuelana do autoproclamado Juan Guaidó. Alguns presidentes eleitos mais recentemente, como o argentino Alberto Fernández e o boliviano Luis Arce, e candidatos ao posto como Andrés Arauz, que passou ao segundo turno em primeiro lugar no Equador, têm chamado à reestruturação da Unasul. O Fórum Prosul fracassou ao não conseguir apresentar resultados na concertação regional, nem sequer para coordenar esforços para enfrentar os efeitos da pandemia na saúde pública; Bolsonaro não participou de nenhuma das três reuniões virtuais do Prosul organizadas pelo Chile em 2020. Agora parece ser a vez do Uruguai, liderado por Lacalle Pou, assumir o protagonismo. Diante do quadro de desintegração econômica e fragmentação política que predomina na América do Sul, o presidente do Uruguai recebeu Alberto Fernández em Colônia do Sacramento em novembro passado. Em fevereiro, visitou Bolsonaro para um almoço no Palácio da Alvorada e convidou o paraguaio Mario Abdo na terça-feira de Carnaval para uma conversa em Punta del Este. Houve traços comuns em todos os encontros. Informais, sem declarações oficiais ou comunicados conjuntos das chancelarias. As agendas das três conversas presenciais foram pautadas pelo Uruguai. Acompanhada de questões menos importantes de interesse dos interlocutores, a flexibilização do Mercosul sempre foi o tema principal. A agenda uruguaia de flexibilizar o Mercosul é um eufemismo para acabar com a tarifa externa comum (TEC), que obriga a que todos os países do bloco cobrem a mesma alíquota de importação de produtos de fora do bloco. A TEC é o instrumento que garantiu grande crescimento do comércio intrabloco entre 1991 e 2011, mas que perdeu fôlego pela crise industrial no Brasil e Argentina, fragmentação política e aumento da presença chinesa. A alta demanda chinesa por produtos primários do bloco garantiu divisas abundantes nos últimos anos e anestesiou o esforço exportador industrial dos países membros. No Uruguai, a flexibilização do Mercosul parece ter legitimidade interna. Afinal, entre 2015 e 2019, esse país apresentou crescimento econômico enquanto Argentina e Brasil estavam estagnados. Lacalle Pou defende que o Mercosul abandone a TEC e que cada sócio negocie individualmente acordos comerciais com terceiros países ou blocos. Entre os quatro fundadores do Mercosul, o Uruguai é o único que tem fronteiras apenas com países originais do bloco e a sua economia era a mais integrada com os vizinhos antes do Tratado de Assunção de 1991. O país manteve sua tradição de não alinhamento automático com nenhum dos dois vizinhos. A própria independência do Uruguai pode ser entendida como funcional ao distensionamento entre Brasil e Argentina. Agora parece promover seu afastamento de ambos, o que seria um movimento inédito. A senha de Lacalle Pou já fora dada em seu discurso na reunião virtual do Mercosul de julho de 2020 que transmitia a presidência do bloco do Paraguai para o Uruguai. Ele concentrou seu discurso na defesa de relações “desideologizadas” com a China e na importância da especialização agrícola das economias da região. A reação foi de baixa intensidade. As atenções estavam voltadas para o Acordo Mercosul-União Europeia, cujas negociações se arrastam por mais de duas décadas, não teve nenhum avanço no último ano e perdeu espaço nas preocupações presidenciais. O comércio exterior uruguaio é cada vez menos sul-americano e cada vez mais chinês. Em 2000, 49% das exportações do Uruguai tinham como destino os países vizinhos da América do Sul, após uma década de forte crescimento do comércio dentro do Mercosul. Em 2010, o patamar da América do Sul no total das exportações uruguaias estava em 39,4%; em 2020, o nível ficou abaixo de 25%. Há dez anos, o Brasil comprava 24% das exportações uruguaias e a China apenas 5%. Hoje, a China compra sozinha 28% do que o Uruguai vende, e o Brasil, apenas metade disso (14%). O dinamismo chinês anestesiou a integração regional. Para o Brasil, comercialmente o Uruguai também representa cada vez menos. Se em 2018 o Brasil teve um superávit de US$ 1,8 bilhão de dólares, em 2020 foi de apenas US$ 600 milhões. As exportações brasileiras para o Uruguai caíram 40% em dois anos. As exportações uruguaias para a China são concentradas em apenas dois produtos agropecuários, carne e soja, em contraste com as exportações industrializadas e diversificadas para o Brasil e a Argentina. O comércio intrarregional é mais acessível às pequenas empresas e gera mais e melhores empregos. A especialização propagada pelo presidente uruguaio implica em desindustrialização e menos empregos vinculados ao comércio exterior. Lacalle Pou acerta em fomentar o diálogo regional e em se preocupar com os custos de uma política ideologizada em relação à China, principal parceira comercial do Mercosul. Erra, porém, ao entender que o Uruguai sozinho negociará de forma mais favorável com parceiros extrarregionais. A tendência de construção de blocos regionais, ainda que com instabilidade nos últimos anos, continua se fortalecendo. Em toda parte, os custos de deixar um acordo regional é muito maior do que o de se manter nele. O resultado concreto da flexibilização do Mercosul seria mais especialização produtiva e maior interdependência com a China. Mesmo com a China o Mercosul poderia negociar melhor em conjunto. Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai respondem juntos por 75% das importações totais de soja da China, além 37% das carnes e 25% da celulose. Todos esses produtos muito intensivos em terra e água. A China depende do Mercosul para garantir o aumento de seu consumo de proteína, mas, por inabilidade política, até agora o bloco não tirou vantagens indiretas dessa situação. O diálogo político é especialmente importante no Mercosul porque boa parte de seu comércio é administrado. Quando os ministros da economia de Brasil e Argentina não conversam, as trocas entre os dois países diminuem significativamente. Parte da queda do comércio intrarregional é fruto da fragmentação política. Há outros instrumentos de integração regional que deveriam ser modernizados, como o Convênio de Créditos Recíprocos da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), cuja sede também está em Montevidéu. No atual quadro de desintegração econômica e fragmentação política da América do Sul, o Uruguai pode parecer uma ilha de prosperidade em um mar de instabilidade. Mas a sua estabilidade a médio prazo será comprometida pela falta de harmonia entre Argentina e Brasil. Lacalle Pou pode conseguir colocar Alberto Fernández e Jair Bolsonaro pela primeira vez em uma mesma mesa, mas dificilmente teria o mesmo êxito tratando com economias 200 vezes maiores do que a sua. O Uruguai teria muito mais a ganhar viabilizando o bom diálogo entre seus dois vizinhos e ajudando a construir uma agenda de consenso na América do Sul do que negociando sozinho com China, Estados Unidos ou União Europeia. O médico infectologista José Eduardo Panini, 31, de Toledo, no oeste do Paraná, afirma ter sido agredido com chutes e socos ao alertar conhecidos sobre o agravamento da pandemia do novo coronavírus no estado. A agressão, segundo ele, aconteceu na sexta-feira (26), após uma reunião em que foi definido o que seria fechado na cidade como medida de prevenção à Covid-19. ""Ao alertar sobre os riscos a pessoas conhecidas, a resposta que me foi dada foram chutes e socos, enquanto um me segurava o outro me agredia"", relatou nas redes sociais. O resultado está na foto postada pelo médico: o olho direito roxo e inchado e a boca machucada. ""Pessoas assim é que ajudaram a situação chegar onde está"", disse. O agressor estava se preparando para ir uma festa quando recebeu o alerta e agrediu o médico. Um amigo do agressor teria ajudado, segurando a vítima no chão enquanto apanhava. Com taxa de ocupação de leitos de UTI em 94%, o governo do Paraná determinou no final da semana passada a suspensão do funcionamento de serviços e atividades não essenciais em todo o estado e a ampliação da restrição de circulação de pessoas no horário das 20h às 5h. Foi para discutir as adaptações a essa medida no município que o médico, que é servidor público, participou de uma reunião e, logo depois, tentou avisar as pessoa que o agrediram sobre o que os números mostram em relação à pandemia. Com 142 mil habitantes, Toledo registrou até agora 141 mortes causadas pela Covid. O total de casos é de 14.793. No momento, a média de ocupação de leitos de UTI na região é de 96,15%. A violência contra o médico foi repudiada pelo prefeito Luis Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt (MDB) e pelo Conselho Municipal de Saúde. Em nota, o prefeito afirmou que toda agressão é injustificável e inaceitável. Também em nota, o Conselho Municipal de Saúde defendeu a punição aos agressores. ""Aos profissionais de saúde que enfrentam as mais diversas dificuldades para atender toda população, nosso reconhecimento e empatia em um momento de absoluta tensão e risco"", diz a manifestação do conselho. Panini registrou um boletim de ocorrências sobre o fato, que será investigado pela Polícia Civil. O agravamento da pandemia fez com que ao menos três estados anunciassem novas medidas restritivas nesta segunda-feira (1º), que vão do fechamento de praias ao toque de recolher. Elas se somam a outros estados, como os três do Sul e São Paulo, que nos últimos dias divulgaram uma série de regras para tentar frear a disseminação do coronavírus e o aumento de internações e mortes provocadas pela Covid-19, como a suspensão de cirurgias não emergenciais em hospitais e a proibição da celebração de missas e da venda de bebidas alcoolicas. O inquérito das fake news que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) tem avançado na busca de elementos que reforçam as ações contra a chapa de Jair Bolsonaro (sem partido) e Hamilton Mourão (PRTB) em curso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo investigadores, a apuração tocada pela Polícia Federal, por ordem do STF, encontrou informações que podem vincular o esquema de disparo em massa de fake news pelo WhatsApp nas eleições de 2018 com a investigação em tramitação na corte sobre um esquema de aliados do presidente para disseminar notícias fraudulentas e ataques contra as instituições. As informações obtidas, no entanto, são mantidas sob sigilo. Nos bastidores, reservadamente alguns ministros do TSE avaliam que não há pressa para julgar as ações e que esse material pode ter potencial para conter o chefe do Executivo em uma eventual ofensiva contra a democracia. Além disso, a avaliação é que atualmente não há clima na sociedade para cassar Bolsonaro, que, apesar de estar com a popularidade em queda, ainda mantém apoio de quase um terço da população. Magistrados e investigadores que acompanham o caso, no entanto, afirmam que as investigações contra fake news em andamento no Supremo encontraram elementos que devem reforçar a acusação de que integrantes da campanha do presidente sabiam do esquema de propagação de notícias falsas durante o pleito de 2018. Atualmente, porém, os processos estão parados porque ainda está pendente um pedido que pode autorizar o compartilhamento de provas do inquérito do STF com o TSE. Logo depois de o Supremo desencadear uma operação contra diversos aliados de Bolsonaro em maio do ano passado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, o PT, autor das ações, solicitou ao TSE o aproveitamento dos elementos também pela corte eleitoral. Então relator do caso, o ministro Og Fernandes admitiu compartilhar as provas, mas decidiu primeiro consultar o ministro do STF para verificar se de fato havia pertinência entre os casos. Moraes, então, afirmou que os dados ainda estavam sendo periciados pela PF e que só depois de a corporação concluir o trabalho daria uma resposta. Até o fim do ano passado, a perícia ainda estava sendo realizada pela polícia. Além de a operação ter mirado pessoas que apoiaram Bolsonaro no pleito, o fato de o ministro ter quebrado os sigilos fiscal e bancário do empresário Luciano Hang a partir de 2018, período eleitoral, aumentou a expectativa no PT de que a medida reforce a acusação contra a candidatura do atual chefe do Executivo. A ação movida pelo Partido dos Trabalhadores teve como base revelação de reportagem da Folha de que correligionários de Bolsonaro dispararam, em massa, centenas de milhões de mensagens, prática vedada pelo TSE. O esquema foi financiado por empresários sem a devida prestação de contas à Justiça Eleitoral, o que também pode configurar crime de caixa dois. As informações se transformaram em ações apresentadas pelo PT e pelo PDT ao TSE no período eleitoral. Duas do PDT foram rejeitadas pela corte por falta de provas no início de fevereiro. Nesses processos, no entanto, não houve pedido de compartilhamento de provas com o inquérito das fake news. No julgamento em que o tribunal negou a ação, seis ministros entenderam que não foram apresentadas provas suficientes para comprovar a participação de Bolsonaro e Mourão no esquema. O ministro Edson Fachin, porém, ficou vencido ao defender que o caso não deveria ser julgado naquele momento porque seria mais adequado analisar o tema junto com duas ações do PT que têm objeto similar. Nas representações, ambos os partidos de oposição apontaram Luciano Hang como principal financiador da prática. O Palácio do Planalto teme uma resposta positiva de Moraes. Os advogados do chefe do Executivo se posicionaram contra o pedido do PT para que a Justiça Eleitoral aproveite dados da investigação em curso no STF. O atual relator do processo é o ministro Luís Felipe Salomão. Quando a sigla pediu o compartilhamento das informações, porém, o responsável pelo caso era Og Fernandes. Na ocasião, o magistrado disse que há indícios de conexão entre as investigações. ""É inegável que as diligências encetadas no inquérito podem ter relação de identidade com o objeto da presente AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral), em que se apura a ocorrência de atos de abuso de poder econômico e uso indevido de veículos e de meios de comunicação por suposta compra, por empresário apoiadores dos então candidatos requeridos, de pacotes de disparo em massa de mensagens"", afirmou. Essa sigla para o tipo processual da Justiça que serve para apurar se campanhas políticas cometeram abuso de poder político, econômico ou no uso de meios de comunicação ficou conhecida no segundo mandato do governo Dilma Rousseff (PT). O TSE também guardou a ação contra o governo federal da época, envolto em polêmicas devido ao início da Operação Lava Jato. A petista, porém, acabou sofrendo o impeachment e o caso só foi julgado quando Michel Temer (MDB), que era vice de Dilma, estava na Presidência. Na ocasião, o TSE decidiu que tem, sim, poder para cassar presidente da República. No caso concreto, no entanto, entendeu que não tinham provas suficientes para retirar Temer do cargo. Isso ocorreu principalmente porque a corte rejeitou incluir a delação premiada de executivos da Odebrecht na ação sob o argumento de que a colaboração tinha sido incluída depois do início do processo. No caso de Bolsonaro, a ação foi apresentada ao TSE após reportagem de Folha. Além da propagação em massa de notícias contra o PT, a Folha também revelou que as empresas responsáveis pela disseminação das fake news recorreram ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e garantir o disparo de lotes de mensagens em favor de diversos políticos. Uma das agências envolvidas no esquema é a Yacows. Especializada em marketing digital, ela prestou serviços a vários políticos e foi subcontratada pela AM4, produtora que trabalhou para a campanha de Bolsonaro. Um dos pontos mais concorridos de vacinação contra a Covid-19 no primeiro dia de imunização de idosos acima de 80 anos, no sábado (27), o drive-thru montado em frente ao estádio do Pacaembu, na praça Charles Miller (zona oeste da capital paulista), que chegou a ter cinco horas de espera, teve movimento intenso nesta segunda-feira (1º). Apesar disso, as filas estavam menores que as do fim de semana. “Foi rápido. Não esperei quase nada. Estava organizado e foi tudo ótimo”, afirmou a médica Maria Aparecida Cardoso de Barros, 63 anos. Ginecologista e obstetra, ela tomou a segunda dose do imunizante nesta segunda-feira. “Me sinto privilegiada”, afirma. Apesar de estar vacinada, ela conta que continuará com todas as medidas de precaução. “Ainda mais porque eu sou do duplo grupo de risco. Idosa e profissional de saúde”, disse. A reportagem constatou que o maior movimento foi registrado dentro do estacionamento na praça, em uma espécie de ferradura (em “U”). O atraso maior acontecia na tenda para fazer o cadastro, antes da aplicação da vacina. Várias vezes os carros ficavam represados ali enquanto a fila para aplicar as doses estava vazia. O Pacaembu é um dos pontos de vacinação fora de serviços de saúde especializados. Nesta segunda, a prefeitura confirmou mais dois locais onde as pessoas não precisam descer do carro na tentativa de diminuir as filas, no estádio do Morumbi e no Memorial da América Latina, ambos na zona oeste. Eles começam a funcionar nesta terça (2). No total são oito. A vacina está disponível em 468 UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) do município. Em 80 destes postos de saúde, é possível receber o imunizante sem sair do carro. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Bruno Covas (PSDB), diz que são quatro as tendas para realização do cadastro, cada uma com dois funcionários cada, no total de oito atendimentos ao mesmo tempo. Além disso, existem 11 mesas de vacinação. A secretaria reforçou o pedido para que as pessoas façam o cadastro prévio no site Vacina Já para agilizar o atendimento. “A SMS recomenda que os idosos busquem a vacina de maneira gradual, evitando aglomerações nos postos da capital”, diz a nota. Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Norte Oeste Sudeste Sul Centros-escolas - horário: das 8h às 17h UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ A alta demanda pela vacina contra a Covid-19 levou a Prefeitura de São Paulo a abrir dois novos postos de drive-thru na capital a partir desta terça-feira (2): o do estádio do Morumbi e no Memorial da América Latina, ambos na zona oeste da capital paulista. Desde o último sábado, idosos acima de 80 anos estão enfrentando longas filas para poder se vacinar. No estádio do Pacaembu, a espera chegou a cinco horas no sábado (27). A situação levou a prefeitura a abrir, no domingo (28), um novo ponto de drive-thru no clube Hebraica, em Pinheiros (zona oeste de SP). Com a abertura dos dois novos endereços nesta terça, sobe para oito o total de pontos de imunização na capital paulista em sistema de drive-thru fora dos serviços de saúde. São eles: estádio do Pacaembu (zona oeste); centro de exposições do Anhembi (zona norte); Igreja Boas Novas, na Vila Prudente (zona leste); autódromo de Interlagos (zona sul); Neo-Química Arena (estádio do Corinthians), na zona leste; clube Hebraica, em Pinheiros, (zona oeste); estádio do Morumbi (zona oeste) e Memorial da América Latina (zona oeste). Ainda segundo a prefeitura, a vacina está disponível em 468 UBS’s (unidades básicas de saúde) do município. Em 80 dessas UBSs é possível receber o imunizante sem sair do carro. Além das filas, os idosos que foram até a UBS Mooca 1, na zona leste, nesta segunda-feira (1º), enfrentaram demora para receber a vacina. Segundo constatou a reportagem do Agora, até o início da aplicação, às 9h58, mais de 100 pessoas aguardavam em duas filas, sendo uma do drive-thru, de carros, e outra com senhas, sob a marquise, para quem foi a pé. Mesmo com a abertura da UBS programada para as 7h, só havia nesse horário vacina Coronavac, do Instituto Butantan, para quem tomaria a segunda dose. Para aqueles que receberiam a primeira dose, a vacina ofertada seria a da Oxford/Astrazeneca, da Fiocruz, que chegou à unidade apenas às 9h43. Em nota, a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), reforçou o pedido para que os idosos preencham o pré-cadastro disponível no site Vacina Já (www.vacinaja.sp.gov.br) para evitar aglomerações. Até as 17h do domingo, 716.712 pessoas haviam recebido as vacinas na capital, sendo 551.696 da primeira dose, e 165.016 a dose de reforço (segunda dose). Só no sábado, foram aplicadas 18.543 doses para a faixa etária entre 80 e 84 anos. Drive-thrus - horário: das 8h às 17h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro • Sé - R. Frederico Alvarenga, 259, Pq. D. Pedro II Leste Norte Oeste Sudeste Sul Centros-escolas - horário: das 8h às 17h UBS – horário 8h às 17h Os endereços das unidades podem ser acessados pela ferramenta Busca Saúde: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, visitou a Folha nesta segunda-feira (1º), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Alexandre Silveira, presidente do PSD-MG, e Alex Capella, assessor de imprensa.  O embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson, visitou a Folha em 26 de fevereiro. Estava acompanhado de Lisa Weedon, ministra conselheira e cônsulgeral adjunta, e Leandro Beguoci, diretor de diplomacia pública e comunicação.  O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), visitou a Folha em 24 de fevereiro. Estava acompanhado de Vera Oliveira, secretária de Comunicação, e Leonardo Souza, consultor em comunicação.  O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, visitou a Folha em 18 de janeiro. Estava acompanhado de Paulo Jorge Nascimento, cônsul-geral de Portugal em São Paulo. Foi o Brasileirão mais difícil da história. Forças terríveis se uniram contra o Flamengo, como se pode ver pela escalação dos adversários. Se alguns dos nomes a seguir não lhe forem familiares, é porque eles não são do seu time. Mas os torcedores de cada um saberão de quem estou falando. Para ser octacampeão, o Flamengo teve de atravessar uma cordilheira de kás e quês: Caio, Caio Lopes, Caio Vidal, Cayo Tenório, Kaio Jorge, Kevin, Kelvin, Klaus, Kayque, Keno e Cano. E um exército de jogadores com nomes para tentar confundi-lo: Hyoran, Shaylon, Raniel, Renyer, Mayke, Sandry, Werley, Warley, Derley, Darlan, Éverson, Everton, Weverton, Jemerson e Uêndel, além do doce Rodinei. Sem falar nos joões em várias línguas: Jean Pyerre, Jean Mota, John Victor, John Kennedy, Juanfran e até um Ruan. Aos quais se juntavam um Luan Peres, um Luan Silva e montes de outros luans. Quantos Lucas se puseram contra nós? Lucca, Lucas Ribeiro, Lucas Lima, Lucas Esteves, Lucas Fonseca, Lucas Braga, Luccas Claro. Quantos Diegos? Diego Loureiro, Diego Churin, Diego Costa, Diego Barbosa e o terrível Diego Souza. Quantos Leos? Leo Chu, Leo Gil, Leo Matos, Leo Natel. Quantos Igor? Igor Torres, Igor Vinícius, Igor Catatau. E quantos Yans, Yuris e Yagos? Yan Sasse, Yuri Alberto, Yago Felipe, Yago Pikachu. E os Gabrieis? Gabriel Menino, Gabriel Lacerda, Gabriel Dias. E os Brunos? Bruno Melo, Bruno Mendez, Bruno Nazário, Bruno Gomes. E os Nathans? Só o Curitiba tinha três: Nathan, Nathan Silva e Nathan Ribeiro. E a família Alves? Daniel Alves, Felipe Alves, Bruno Alves, Marcelo Alves. Fora a multidão de Willians, Felipes, Luíses, Gustavos e Henriques. Só que, nome por nome, o Flamengo tinha como neutralizá-los. Confira: Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Éverton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. Oto patamá. Para celebrar seus 100 anos, a Folha convidou seus leitores para dividirem suas melhores e piores lembranças do jornal. As respostas integram a nova série Meu Caso Com a Folha. Foram recebidos mais de 300 relatos com memórias afetivas, histórias curiosas e, como não poderia deixar de ser, apontamentos críticos e decepções em relação à Folha. Leia abaixo uma seleção dos comentários recebidos. Pela grande quantidade, dividimos os relatos em três partes. Leia também a parte 1 e a parte 2.  A boa lembrança era, após o jantar, ter o prazer de ler todo o arco-íris de boas opiniões e notícias, e ter a confirmação da não existência do absoluto. A decepção foi ter que cancelar minha velha assinatura, pela incapacidade de ser entregue com constância em Fortaleza. A melhor lembrança foi a resposta a um e-mail crítico enviado ao colunista Hélio Schwartsman. Muito educado. A maior decepção foi um período de censura sistemática de meus comentários no site. Má lembrança: a votação da emenda das Diretas Já em 1984 avançou pela madrugada num tempo em que as TVs não transmitiam as sessões do Congresso ao vivo e não havia internet. A Folha disponibilizou um serviço telefônico em que o resultado seria noticiado numa mensagem gravada. Quando acordei, ainda escuro, fiz a ligação esperançoso. Mas a notícia não era boa. Faltaram poucos votos para a aprovação da Emenda. Nasci na periferia de São Paulo em 1981, num barraco de madeira, sou neto e filho de operários nordestinos, meu pai metalúrgico, minha mãe enfermeira e dona de casa. Nos anos 1990, o lugar onde nasci e morava era considerado o bairro mais perigoso do mundo, o Jardim Ângela. Ali quase nada de bom podia ser ofertado para o adolecente que eu me tornava. Por volta dos 14 anos eu ia à missa aos domingos, uma coisa na sacristia me interessava muito, a edição dominical que o padre deixava sobre a mesa. Roubei o exemplar algumas vezes, até que meu pecado foi descoberto. Ganhei a primeira assinatura por volta dos 15 anos. Lembro do esforço financeiro de meus pais para pagar o investimento. ""Não é muito, mas é o que nosso esforço pode fazer por você, já que não podemos colocar você numa boa escola"", dizia minha mãe. Naquelas páginas descobri pensadores, artistas, intelectuais, aprendi sobre a mesquinharia da política e a tristeza da guerra, a injustiça social e os privilégios da desigualdade, aprendi sobre o Brasil profundo e suas misérias, sobre o Brasil Gigante e sua cultura, descobri a Bossa Nova e Dostoievski e tudo mais sobre o sexo. Entendi que o mundo era muito além da ponte do Socorro. A Folha me fez sonhar, me fez chorar, me fez acreditar que novas histórias podem ser contadas. Hoje reconheço que aquela assinatura como presente na adolescência foi um privilégio que muitos colegas do bairro, da igreja, da escola não tiveram. Hoje reconheço que a desigualdade social é o que mais mata em nosso país, ou de morte matada, ou de morte simbólica. E que sim, a leitura de um jornal pode transformar e salvar vidas. Nem tudo são flores nessa relação. Com o apoio do jornal ao golpe contra a presidenta Dilma veio a grande decepção e o divórcio mais doloroso. Como o jornal que me ensinou sobre o horror da ditadura militar poderia apoiar um golpe contra a democracia? Me senti traído! Cancelei a assinatura. Essa é a grande ferida na minha relação com a Folha. E foi pela democracia que fui capaz de superar as diferenças e restabelecer o diálogo com o jornal. Quando a Folha lançou a campanha Amarelo pela Democracia, pensei: ""esse é o momento de continuar a nossa história"". E me tornei leitor assinante mais uma vez. Foi amor à primeira vista! Jornal de admirável postura, que traz sempre a verdade, em matérias interessantes e relevantes. E muitas vezes, antes de todos! Ao completar 100 anos, divide a festa com o leitor, dando a chance de mostrar o que gostou e o que decepcionou. Realmente um aniversariante muito especial. Só tenho elogios. A matéria que gostaria de destacar foi muito impactante: ""O homem gabiru"". Lembro que tinha uma foto de uma família e embaixo o jornalista citou a hora exata da foto e dizia que até aquele instante nenhuma daquelas pessoas tinha se alimentado ainda. Fiquei chocada. Que venham muitos 100 pela frente. Nós merecemos vocês por perto! Minha melhor lembrança é a de um curso de história do teatro brasileiro, com Sábato Magaldi, no auditório da Folha, em meados dos anos 1960. Meu pai me inscreveu e pela primeira vez fui sozinha ao centro da cidade. O melhor momento de todas as décadas em que sou assinante foi o embate entre Matinas Suzuki Jr. e Pepe Escobar nos anos 1980 resultando na histórica capa da Ilustrada ""O novo juveniilismo"". Foi o fim de uma era. Nostalgia: a retomada democrática. Tenho excelentes lembranças da cobertura que a Folha fez a respeito da campanha das Diretas Já, bem como das edições na época da redemocratização do país ou das eleições presidenciais em 1989. Eu tinha entre 15 e 16 anos, não adquiria o jornal todo dia, pois era/é muito caro. Mas as edições de domingo eram ""colossais"". A introdução da figura do ""Ombudsman"" nas páginas do jornal foi algo sensacional! Realidade: não existe almoço grátis. Por sua vez, a grande decepção veio com a infeliz utilização do termo ditabranda em editorial no longínquo ano de 2009 (ver ""Limites a Chávez"", do dia 17/02/2009). Com a utilização do termo ""ditabranda"" o Editorial pretendia fazer crer que o Golpe militar de 1964 praticado no Brasil teria sido mais suave quando comparado às ações militares ocorridas nos países vizinhos da América Latina. Acredito que com aquele editorial o jornal pretendeu aliviar a sua cooperação com ação militar. ""Folha 100: não dá para ler 100 ter um pé atrás."" Nas jornadas de 2013, comecei a ler os canhestros editoriais em que a Folha endossara a truculência, famosa, da polícia militar de São Paulo, comandada pelo PSDB, para conter as manifestações pelo passe livre e desde então passou a ser minha companhia diária. Durante esses oitos anos de assídua leitura, confesso que nem sempre concordei com algumas posições do jornal. Mas me abriu os olhos para variados temas que eu nem imaginava ler. A série Desigualdade Global liderada por Fernando Canzian e a Fernanda Mena vai ficar para a posterioridade. Hélio Schwartsman é obrigatório junto de Ruy Castro, Élio Gaspari, Jânio de Freitas e Reinaldo Azevedo. Apesar do envenenamento de política no segundo caderno, ainda vale a leitura dos textos do Toninho (desculpa a intimidade, Antônio Prata) aos domingos e do Gregório às quartas. Novas penas que estão ganhando corpo valem a nossa leitura também. É o caso do Thiago Amparo e da Marcella Franco. A cereja do bolo é o caderno Ilustríssima. A melhor lembrança que tenho da Folha é que foi o primeiro jornal ""de adulto"" que escolhi para leitura. Comecei na adolescência e leio até hoje. A pior lembrança foi quando eu li uma reportagem que noticiou um protesto que aconteceu na rua da minha casa, em Curitiba, e dizia que a carreata era contra o lockdown, a favor do Bolsonaro e contra a China. Eu acompanhei a movimentação desde o início até o fim da janela do meu apartamento e em momento algum os manifestantes falaram sobre a China. Eles oraram, daquele jeito bem brega, gritavam 'mito, mito"" e coisas como “queremos trabalhar”. Mas nenhuma palavra foi pronunciada contra a China. Desde então, leio as matérias da Folha com mais cautela e desconfiança. Mas talvez isso não seja algo tão ruim... Fiquei muito contente quando publicaram no antigo Folhetim entrevista com Geraldo Vandré na década de 1980. Ele estava sumido havia muitos anos, e eu escrevi para o Folhetim, usando pseudônimo de Clara Cambara, pedindo a entrevista que foi publicada algum tempo depois. Fiquei felicíssima! Tristeza: a notícia da morte de Gilberto Dimenstein, jornalista que eu sempre admirei. Eu fazia graduação em história na UFOP, em Ouro Preto (MG), e era frequentador do restaurante universitário na Praça Tiradentes. Depois do balde de água fria que foi a derrota da emenda Dante de Oliveira no Congresso, a Folha publicou quem votou a favor e quem votou contra. Recortamos a página, enquadramos e colocamos na parede do restaurante. Dez anos depois de formado voltei ao local e o quadro continuava na parede. Não sei hoje, mas gosto de imaginar que ainda esteja lá. Minha relação com o jornal é do começo dos anos 1980. Sempre que possível e movido basicamente pela dupla Paulo Francis/Mariza Dias Costa, no “Diário da Corte”, aos sábados pela manhã saía andando de minha casa até a única banca que distribuía a Folha, na Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre. Por muito tempo, ler a Folha e tomar um café no centro foi meu ritual de início dos finais de semana. Longa vida à Folha! A melhor lembrança que guardo da Folha é aquela notinha de venda de lotes, que na verdade eram quadradinhos com várias letras e números, correspondentes aos lotes que cada empreiteira iria pegar da Ferrovia Norte-Sul. Grande ideia. Sou assinante digital desde 2017 e vou sempre lembrar da Folha para poder me informar dos acontecimentos. Desde que tenho 8 anos tenho um sonho de seguir a carreira diplomática, e desde então meu avô sempre me incentivou a leitura de jornais e revistas. Com isso, foi inevitável ler a Folha em vários momentos da história. Ainda não realizei meu sonho, mas a cada leitura, a cada notícia, a cada artigo de opinião eu estou mais perto. Assim como vários livros, a Folha será um degrau na minha escada de sucesso. Minha maior decepção são casos cujo desfecho não ficamos sabendo. Esse foi meu email à ombudsman no ano passado: “Boa tarde, sra Flávia. Tudo bem? Sou assinante antigo da FSP e gostaria de perguntar o seguinte: o jornal noticia, e muito, os temas mais atuais, como o Covid-19 e as intermináveis bolsonarices. Porém, temas recentes ou um pouco mais antigos simplesmente somem do noticiário e não sabemos o que houve ou em que pé estão as coisas. Exemplos: a mancha de óleo no litoral, a cervejaria Backer, Brumadinho, Ronaldinho preso, o navio encalhado no litoral do MA, entre outros (...)” Minha melhor lembrança com a Folha ocorreu no dia 24 de dezembro de 1988, quando a Folha publicou a lista dos aprovados no vestibular da Universidade de São Paulo. Eu morava em um lugar muito afastado. Acordei cedo, peguei uns trocadinhos, caminhei uns 2 quilômetros até chegar a uma banca de jornal mais próxima. Meu coração nunca bateu tão forte. Comprei o jornal e andando pela rua, procurava meu nome na lista. Quando encontrei, levantei voo. Saí correndo em disparada para avisar meus pais. Jamais esquecerei desse dia que mudou minha vida. Amo os podcasts, o Café da Manhã é realmente minha companhia matinal e Ilustríssima Conversa é outra paixão. Parabéns pelo aniversário e pelo jornalismo de qualidade! Minha melhor lembrança é de 1990 quando estava em Manaus e tínhamos uma assinatura da Folha, e mesmo sendo dona de casa e mãe, eu adorava me sentir instruída através das páginas do jornal. Se temos o genocida no poder, a Folha e seu posicionamento contribuíram muito, assim como grande parte da mídia, que têm poder de chegar em todos os lares do país. Agora Inês está morta e chorar na cama é um bom lugar. Desejo sorte ao jornal quando a ditadura estiver instalada. E não será uma ditabranda, podem ter certeza. Eu estudava em uma escola particular perto do terminal de ônibus Princesa Isabel, e todo dia passávamos eu e minha mãe em frente a Folha. Era mágico o processo de impressão dos jornais que víamos através de uma parede de vidro pelo lado de fora do prédio. Eu sempre parava um pouquinho pra assistir. Seguindo a Folha no Instagram, essas lembranças vem à mente com frequência. Em 2011, com 19 anos, entrei para a faculdade de jornalismo. Dois amigos me disseram que a família assinava a Folha e me fizeram uma proposta: eles poderiam me entregar a edição impressa que chegava na casa deles, mas somente no dia seguinte ao da circulação. E foi assim durante mais de 1 ano. Foi um período que me enriqueceu muito. Passei a adorar alguns articulistas (Elio Gaspari, gênio!) e a discordar completamente de outros, o que faz parte da democracia. Acho que me tornei uma pessoa mais crítica e antenada nos fatos. Hoje, formado há seis anos, sou assinante da Folha com acesso à edição digital. Logo no final da noite, chega a notificação do jornal de amanhã. Que ironia do destino. Antes, lia a edição do dia anterior. Agora, vejo na noite anterior o jornal que vai chegar nas bancas pela manhã. Minha melhor lembrança era a Folhinha de S.Paulo aos domingos com os personagens do Mauricio de Sousa. Foi decididamente o que me fez leitor da Folha nos anos seguintes. Decepção são os atuais quadrinhos na Ilustrada. Assim como escondia dos meus filhos (nenhum deles se interessa pelo jornal), não os deixo acessíveis ao meu neto. Penso que a geração de leitores em minha família se encerra comigo. Para onde vou tenho que ler a Folha, no papel ou no aplicativo. Muitas e boas recordações eu tenho, e como aprendi também ensinei minhas filhas a ler pela Folhinha. Em tempos de pandemia e home office, o melhor café da manhã, junto com o café no bule, é a Folha, que me informa sobre tudo. E como nenhuma empresa é perfeita, a minha decepção foi em 1997, na morte do maior oceanógrafo que no mundo já viu, Jacques Cousteau. Noticiou-se somente 1/4 de página, se não me engano, no caderno Ilustrada, muito pouco para o calibre dele. Eu trabalho com seguros e as poucas notícias que vejo no jornal sobre esse tema têm erros, por estarem fora do nível da rua, do cotidiano, parece que entrevistam somente acadêmicos ou super empresários que não retratam o que de fato acontece. Já escrevi uma vez para o “erramos” dizendo: se vocês erram nessa matéria de seguros, será que devo acreditar nas matérias de outras áreas, será que cometem as mesmas imprecisões? Na minha escola, quando dava a hora do intervalo, em vez de ir para o pátio, ia para a biblioteca do local ficar consumindo, além dos livros, os jornais, mesmo sendo do dia anterior. Um deles era a Folha. Consegui uma edição do caderno especial dos 90 anos da Folha, o que me motivou a colecionar conteúdos similares de todo o Brasil, o que faço com afinco desde meados de 2015 e que pode ser comprovado na imagem anexa. Mesmo tendo algumas boas lembranças, hoje considero a Folha, parafraseando uma passagem do livro ""Feliz Ano Velho"", de Marcelo Rubens Paiva, uma ""bosta de jornal"". Tanto que a única sessão que me agrada, atualmente, no jornal são as palavras cruzadas no caderno Ilustrada. Perdoem-me o ""sincericídio"" praticado e desejo bons auspícios ao novo ciclo que se inicia. O Congresso Nacional retomou o debate sobre a necessidade de substituição de uma legislação que voltou aos holofotes após a ascensão de Jair Bolsonaro e que é considerada um dos principais entulhos autoritários da ditadura que vigorou no Brasil de 1964 a 1985, a Lei de Segurança Nacional. Retirada do ostracismo pelo governo do ex-capitão do Exército, a lei passou paradoxalmente a ser usada também contra o bolsonarismo, em especial nas investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal sobre as manifestações antidemocráticas e, mais recentemente, na ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Mais de três dezenas de projetos em tramitação na Câmara dos Deputados tratam de alterações ou revogação da norma, editada em sua última versão em 1983, que seria substituída por uma Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, tese que encontra respaldo significativo entre especialistas. Apesar disso, há ao menos dois fatores que conspiram contra a articulação. O primeiro é o histórico de fracassos de ações nesse sentido. A revogação da lei de segurança é uma ideia discutida desde o fim da ditadura militar, tendo atingido o ápice após a péssima repercussão do uso da norma pela Polícia Federal, em 2000, para enquadrar integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) montou então uma comissão coordenada pelo ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Luiz Vicente Cernicchiaro e que contou com a participação, entre outros, do atual ministro do STF Luís Roberto Barroso, então professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O trabalho da comissão resultou em um projeto de lei que revogava a Lei de Segurança Nacional e introduzia no Código Penal um título específico sobre crimes contra o Estado democrático de Direito, entre eles o golpe de Estado. A proposta foi encaminhada em abril de 2002 a FHC pelo então ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, mas nunca prosperou. Após isso, houve a retomada da iniciativa nos governos do PT, mas nada, igualmente, foi adiante, até pela consolidação nos meios jurídicos da insignificância da norma à luz de um ambiente democrático. Sob Bolsonaro, e com o surgimento de movimentos ostensivos de questionamento das instituições e da democracia, a Lei de Segurança Nacional voltou a ser acionada com ênfase. Dados revelados pelo Painel mostram que em 2020 houve um recorde no número de investigações da PF abertas com base na lei (51), praticamente o dobro em relação a 2019, primeiro ano de mandato de Bolsonaro, e que já havia registrado o maior número de casos dos últimos anos (26). Entre as apurações motivadas pelo governo houve representação encaminhada à Procuradoria-Geral da República pelo Ministério da Defesa contra o ministro do STF Gilmar Mendes, que havia declarado que o Exército estava ""se associando a um genocídio"" na gestão da pandemia, e pedidos de investigação feitos pelo ministro da Justiça, André Mendonça, contra jornalistas. Entre eles um relativo ao colunista da Folha Hélio Schwartsman, pelo texto ""Por que torço para que Bolsonaro morra"", publicado após o presidente anunciar que havia contraído a Covid-19. É nesse contexto que surge o outro dos grandes entraves. Hoje a Câmara é comandada pelo centrão, que dá sustentação política ao governo. Bolsonaro, que é entusiasta da ditadura militar e de próceres do regime, tendo apoiado várias manifestações contrárias às instituições, é praticante de atos que poderiam ser enquadrados como crimes em uma Lei de Defesa do Estado Democrático. Projeto de lei elaborado por uma equipe de especialistas e apresentado no ano passado pelos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e João Daniel (PT-SE) estabelece, por exemplo, pena de até três anos de prisão a quem fizer apologia de ""fato criminoso ou de autor de crime perpetrado pelo regime ditatorial de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985"". O projeto ainda não teve tramitação na Câmara. Dentre as várias manifestações feitas ao longo de toda a carreira política de Bolsonaro, inclusive na Presidência, está a defesa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015. Ele comandou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército (SP) entre 1970 e 1974, órgão que a Comissão Nacional da Verdade apontou como responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 45 presos políticos nesse período. A Lei de Segurança Nacional tem 35 artigos e trata, em suma, de crimes contra a ""a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a federação e o Estado de Direito e a pessoa dos chefes dos Poderes da União"". Suas versões anteriores, bem mais duras, foram usadas diversas vezes para perseguição a opositores políticos do regime. O texto de 1983 mantêm trechos genéricos e anacrônicos como o de incitação ""à subversão da ordem política ou social"" ou a pena de até quatro anos de prisão para quem imputar fato ofensivo à reputação dos presidentes da República, do Supremo, da Câmara e do Senado. Nome escolhido pelo novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para comandar as principais medidas de alteração jurídica de sua gestão, a deputada Margarete Coelho (PP-PI) se diz favorável à revogação da Lei de Segurança Nacional. ""Eu entendo que ela não deveria ter permanecido na ordem constitucional de 1988, porque ela dialoga com um outro tempo, cujo regime identificava parte dos cidadãos como inimigos internos, e nenhum cidadão que reivindique direitos pode ser considerado inimigo do Estado"", afirma a parlamentar. Ela ressalta que as Forças Armadas existem para proteger o país de inimigos externos, ""jamais de seus próprios cidadãos"", e que, por isso, entende que a lei deve ser substituída. ""Sei que temos boas propostas na Câmara para que criemos uma lei de garantia do Estado democrático de Direito, com o qual eu estaria de acordo."" Lira não respondeu às perguntas da Folha. Em live neste sábado (27), ele foi instado a priorizar a remoção da lei. Na resposta, o presidente da Câmara afirmou que o assunto será debatido em algum momento e opinou que a norma, ""até pelo nome, já deveria ter sido modificada"". Ressaltando que, em sua visão, o problema do Brasil não são as leis, mas a interpretação que a Justiça dá a elas, ele acrescentou que não faltará oportunidade para que o debate sobre a modificação ou revogação da Lei de Segurança Nacional seja feito ""com a urgência e a importância que ele requer"". Especialistas ouvidos pela Folha foram unânimes em também defender a substituição da lei. ""Esse aparato autoritário subsiste no Brasil muito em função de uma transição inadequada da ditadura para a democracia"", afirma Tayara Lemos, professora de direito constitucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (campus Governador Valadares). ""A Justiça de Transição requer que levemos a sério o dever de memória, a verdade histórica factual, as políticas de reparação em relação às vítimas da ditadura. A subsistência de leis como a de Segurança Nacional demonstra como nossa Justiça de Transição foi mal feita e como isso prejudica o entendimento da própria sociedade, que se reflete em atos públicos de pedido de retorno da ditadura, do AI-5, de fechamento do STF, de questionamento da independência e equilíbrio entre os Poderes e de apologias de torturadores."" A professora lembra que embora a lei seja um dispositivo antidemocrático, está em vigor, sendo necessária uma ação legislativa que coloque fim ao legado autoritário ou uma jurisprudência do Supremo que solidifique a interpretação pró-democracia. ""Uma lei em defesa da democracia, por exemplo, dificilmente não enquadraria como criminosas ações de desmantelamento de instituições democráticas. Por outro lado, dificilmente enquadraria como criminosas ações da imprensa, da arte, da cultura, como a Lei de Segurança Nacional vem fazendo."" Rubens Beçak, professor associado do Departamento de Direito do Estado da USP, afirma que o cenário nacional e internacional que vem desde o final do século 20 reforça a necessidade de uma nova lei. ""Não tem sentido falar hoje numa lei que pune charge, caricatura, isso é de uma outra época. Já em 83, quando tivemos essa lei, questionava-se se fazia sentido reeditar a doutrina de segurança nacional dos anos 60. Já era algo extremamente antiquado. Então, quase 40 anos depois, pretender que aquela lei ainda seja usada? Estamos muito atrasados nessa discussão"", afirma. Fernando Dias Menezes de Almeida, professor titular da Faculdade de Direito da USP, afirma que do ponto de vista político-constitucional há pertinência na maior parte dos casos definidos na lei, ainda que comportando atualizações, mas há pontos incompatíveis com a ordem constitucional vigente. Ele cita como exemplos os artigos de incitação a subversão da ordem pública e os de calúnia e difamação do presidente da República e outras autoridades, ""que, se levados ao extremo, seriam atentatórios à liberdade de expressão"". Também professor titular do Departamento de Direito da USP, Floriano de Azevedo Marques Neto afirma ser premente a substituição da norma por uma lei de defesa da democracia, nos termos da proposta que tramita no Congresso. ""Não só porque a lei é dos tempos da ditadura. Sua substituição é necessária pois ela partia de uma visão ultrapassada de soberania como um dado titularizado pelo ente Estado e pela nação e não algo pertencente aos cidadãos, típica visão Schmittiana [Carl Schmitt, teórico jurídico nazista]. Suas prescrições, baseadas na defesa da autoridade e não da democracia e de suas instituições, estão ultrapassadas. E seus tipos são antigos e não colhem os desafios contemporâneos"", afirma o professor. Entenda as origens, o seu uso atual e as propostas para modificá-la ou revogá-la A LEI Tendo sua última versão editada no estertores do regime militar (1964-1985), em 1983, é uma herança do período ditatorial, sendo um desdobramento de legislações anteriores, mais duras, usadas contra opositores políticos. O QUE HÁ NELA Com 35 artigos, estabelece, em suma, crimes contra a ""a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a federação e o Estado de Direito e a pessoa dos chefes dos Poderes da União"". Traz termos genéricos, como incitação à subversão da ordem política ou social"" e artigos anacrônicos, como pena de até 4 anos de prisão para quem imputar fato ofensivo à reputação dos presidentes da República, do Supremo, da Câmara e do Senado. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO NOS DIAS DE HOJE PROPOSTAS DE MUDANÇA OU REVOGAÇÃO Há em tramitação na Câmara 37 projetos de lei que alteram ou revogam a lei, entre elas a de substituição por uma Lei de defesa do Estado democrático de Direito em que seria punido, entre outras ações, a apologia de fato criminoso ou de autor de crime perpetrado pelo regime militar (1964-1985) O Flamengo é bicampeão brasileiro. Neste domingo (28), começa a decisão da Copa do Brasil, entre Grêmio e Palmeiras. Iniciaram também os estaduais, a Copa do Nordeste, a Libertadores e outras competições. O futebol não descansa e ainda contribui para as aglomerações. Algumas pessoas perderam a dimensão da gravidade. Parece um prolongado suicídio coletivo. Ao mesmo tempo em que estou cansado, com um ano de quarentena, de ver tanto futebol, programas esportivos e noticiários, que costumam ser iguais, a responsabilidade e o prazer de escrever, de ver belas partidas e a convivência com as pessoas queridas me ajudam a suportar essa tragédia. A vacinação, que está muito lenta, é a esperança. Aguardo, com paciência, a minha vez. Em um campeonato por pontos corridos, no fim, predomina a qualidade do elenco, com algumas exceções. O Flamengo, apesar da má atuação, da derrota para o São Paulo, de ter levado um grande número de gols na competição e de outros atropelos, venceu porque tem melhores jogadores. Faltou ao Inter mais talento individual, além de ter vivenciado mais uma decisão polêmica, a não marcação do pênalti a seu favor, que poderia ter mudado a história do campeonato. O Atlético-MG teve excelentes momentos, contratou muitos bons jogadores, mas não do nível dos que tem o Flamengo. O São Paulo surpreendeu, chegou perto do título, mas se liquefez, por vários motivos, principalmente pelo modesto elenco. A estratégia defensiva usada contra o Flamengo funcionou bem, mas para esse jogo e para esse momento. Na Europa, o futebol também não para. Bayern e Manchester City são os times que têm atuado melhor. O PSG, com Neymar e Mbappé e, agora, com um técnico melhor, Mauricio Pochettino, é também forte candidato ao título europeu. Guardiola, no início do Campeonato Inglês, teve uma crise de anormalidade, de mesmice, e escalou a equipe como a maioria dos outros técnicos faz com seus times. Deu errado, e ele voltou à lucidez, ao jogar apenas com um volante, dois meias avançados e com o ótimo lateral esquerdo Cancelo como um armador, próximo ao volante. Filipe Luís joga mais ou menos assim no Flamengo, mas o time não tem um ponta aberto. Fica embolado pelo meio. Rogério Ceni pede para Bruno Henrique atuar mais pelo lado, mas ele brilha quando entra pelo meio, para finalizar e fazer dupla com Gabigol. No jogo entre Borussia Monchengladbach e Manchester City, em Budapeste, na Hungria, em campo neutro, por causa dos problemas de entrada e saída de pessoas em alguns países, o bom comentarista Bruno Formiga, da TNT Sports, contou que o pai dele viu, no estádio, em Budapeste, o Honvéd jogar. A base da seleção húngara de 1954, um dos mais espetaculares times da história, onde jogava Puskás, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo. Imediatamente, lembrei-me da derrota do Brasil para a Hungria, em 1966, por 3 a 1. Fiz o gol da seleção. Eu tinha 19 anos. Ao falar da Hungria, lembrei-me também, do belo livro ""Budapeste"", escrito por Chico Buarque. Coincidentemente, comecei a ler o livro ""O ar que me falta"", de Luiz Schwarcz, fundador da editora Companhia das Letras, que narra a chegada ao Brasil de seus antepassados, vindos da Hungria. Por tudo isso, passei a fazer planos de viajar a Budapeste, cidade que sempre pensei em visitar. A mente funciona por meio de associações de ideias, de fatos e de sentimentos. As lembranças e os encontros são reencontros com o que vivemos e/ou imaginamos. Num grupo de WhatsApp, um pastor brinca que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu imunidade de rebanho no eleitorado evangélico. Estaria protegido, assim, contra o ""vírus de esquerda"" por contar com a ampla maioria de uma fatia que representa cerca de 30% dos brasileiros. Mas não é só o campo progressista que precisa se preocupar com a fidelização ao bolsonarismo dos principais líderes evangélicos do país —estima-se que 70% do segmento tenha aderido a ele em 2018. Muitos pastores que marcharam junto com o governador João Doria (PSDB) agora dizem que ele perdeu moral com as igrejas. E isso, apostam, sairá caro na eleição de 2022, caso ele consiga pôr de pé uma candidatura presidencial. No dia 19 de novembro de 2020, o pastor Silas Malafaia postou uma foto: ele, o apóstolo César Augusto, da Igreja Apostólica Fonte da Vida, e Bolsonaro, ""num bate-papo sobre o Brasil agora à tarde"". Duas pontes entre o presidente e essa parcela religiosa, eles dizem que o tucano não é sequer cogitado no pastorado. ""Nunca vi tanto o Doria quanto o [Luciano] Huck se posicionarem a favor dos valores que defendemos. Como disse, evangélicos apoiam os valores conservadores. Bolsonaro até então é o único que os tem"", afirma Augusto à Folha. Sobre o ""mocinho engomado"", como Malafaia chama o governador, tem a dizer: ""A ideia que a liderança tem é a de que ele é traíra. O cara que você não pode confiar, o verdadeiro escorpião. Traiu Alckmin, depois Bolsonaro"". Em 2018, Doria escanteou seu padrinho político no PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, e se elegeu pregando o voto BolsoDoria. Agora, faz oposição feroz ao titular do Palácio do Planalto. Se muito, conseguirá ""arrumar algum pastor aí pra enfeite"" em 2022, diz Malafaia. Augusto e ele já tiveram um lugar no coração para o governador. Em 2017, o pastor carioca disse à Folha que, embora preferisse Bolsonaro, o tucano —então prefeito paulistano— faria ""um bem danado ao Brasil"" e daria um ""ótimo presidente"", isso ""se não descambar"". Já Augusto começou aquela campanha endossando Alckmin, que acabaria em quarto lugar no primeiro turno, contrariando o favoritismo inicialmente previsto. Um ano antes do pleito, o apóstolo foi recebido pelo tucano, que à época controlava o Palácio dos Bandeirantes. Ali o instigou: Deus o convocaria a concorrer à Presidência de novo (já havia perdido em 2006, para Lula). O pastor mudou de lado perto da reta final, quando a vitória de Bolsonaro se avizinhava. A simpatia por Doria, então aposta de Alckmin, veio por extensão. Augusto diz que nutria a esperança de que ""ele abraçaria os valores que apoiamos"", e que o tucano ganhou pontos por se acoplar ao bolsonarismo antes da eleição. Fato é que, ao se mudar para o Bandeirantes, Doria diminuiu o contato com pastores. ""O distanciamento, além da pandemia, também se configura pelo próprio cargo: políticas públicas são mais fáceis de serem implementadas no âmbito municipal do que estadual"", diz Carolini Gonçalves, presidente do Núcleo Cristão do PSDB em São Paulo. Coordenador de Assuntos Religiosos do grupo tucano, o pastor Luciano Luna lembra que Doria foi muito próximo, enquanto prefeito, dos evangélicos. ""Ele e Bruno [Covas, seu sucessor] conseguiram muitas conquistas pras igrejas, em relação a alvarás e licenciamentos."" Os humores eleitorais sempre foram fluídos na liderança evangélica. Malafaia é um bom estudo de caso. Em 1989, apoiou Leonel Brizola e, no segundo turno, Lula, por então vê-lo como ""um cara que vem da classe baixa, do sofrimento do pobre"". Depois, ladeou com FHC (PSDB), voltou a exaltar o lulismo, então defendeu os tucanos José Serra e Aécio Neves. Debates progressistas aceleraram o divórcio entre o PT e os pastores evangélicos de maior alcance nacional —como Edir Macedo e José Wellington Bezerra da Costa. O desgaste gerado por um projeto que combatia o bullying homofóbico nas escolas, apelidado por conservadores de kit gay, é um ponto de inflexão. Formulado por ONGs a pedido da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o material foi acompanhado pelo Ministério da Educação sob guarda de Fernando Haddad. Acabou suspenso após ser bombardeado por vozes religiosas. Em 2018, um católico com fortes laços no pentecostalismo brasileiro conseguiu a proeza de reunir em torno dele um segmento tão pulverizado quanto o evangélico. Jair Bolsonaro, casado com uma evangélica e batizado ele próprio, de forma simbólica, nas águas do rio Jordão pelo hoje presidiário Pastor Everaldo, permanece como predileto no que podemos chamar de nata do pastorado nacional. Se já era de se esperar o azedume com que se referem a políticos da esquerda, outro nome malquisto é o de Luciano Huck. O apresentador, figura mais ao centro e com entrada na direita, nunca oficializou sua intenção de se candidatar, mas essa hipótese circula livremente em Brasília. Com sogros evangélicos, Huck nunca teve uma relação azeda com o segmento. Já recebeu estrelas da música gospel em seu programa de TV e tem bom trânsito em estratos mais carentes do país, onde a participação evangélica é forte. Com a polarização dos últimos anos, contudo, sua ligação com a Globo virou vidraça —muitos pastores reproduzem o discurso de ""Globo Lixo"" que Bolsonaro dissemina. Seu posicionamento em temas morais, mais progressista, também joga contra ele. Há ainda quem resgate imagens dele com Tiazinha e Feiticeira, personagens sensuais do programa que apresentava na Band nos anos 1990. A possibilidade de a esquerda voltar a abocanhar votos evangélicos em massa é vista com descrença, o que se estende a outros atores do campo, como Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL). Mas o fogo maior é contra o petismo. ""Com todo o respeito, em 2018 o PT pegou uma meia dúzia de gente sem nenhuma expressão no mundo evangélico"", diz Malafaia. ""Dá até vergonha os caras que apoiaram, não tem expressão."" Refere-se aos pastores que se alinharam a Haddad em 2018 —que pode repetir a candidatura ano que vem, caso condenações judiciais impeçam mais uma vez que Lula entre no páreo. Coordenador no núcleo evangélico do PT, Luis Sabanay afirma que o partido perdeu votos sobretudo na população pobre, ""onde a presença evangélica é significativa"". A ""divinização da imagem de Bolsonaro"" somada a artifícios ""para destruir a imagem do PT"" agravaram o quadro. Pastor presbiteriano, ele questiona se líderes como Macedo e Malafaia estão a fim de papo. ""Não digo que foram aliados dos governos petistas, mas eles tinham canais de diálogos abertos. Romperam porque tinham outro projeto."" Sabanay prefere focar em fronts socioeconômicos para reconquistar esse eleitor. Defende ""um maior diálogo com as classes empobrecidas nas periferias urbanas e rurais, onde os impactos do desmonte das políticas sociais e da crise sanitária [a pandemia] são devastadores"". O PT explorou bem esse ângulo em 2002, quando lançou a Carta aos Evangélicos. Nela, Lula enfatizou ""projetos de promoção social"" e de ""resgate dos marginalizados"", para depois agradecer ""o amor cristão que vocês têm demonstrado por nós"". O amor acabou? Talvez não na base, pondera Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Instituto de Estudos da Religião. ""Importante lembrar que no primeiro turno de 2018, quando o Lula ainda era o candidato, liderava as intenções de voto no segmento evangélico, sempre seguido de perto por Bolsonaro. Não por acaso as lideranças evangélicas também demoraram para declarar seu apoio [a Bolsonaro]."" Dados da última eleição revelam que esse eleitorado elegeu representantes ""a partir de pautas que se relacionavam com a forma pela qual as crises econômicas e de segurança pública afetavam suas vidas, não apenas por orientação religiosa"", afirma. ""Ao mesmo tempo, também é uma base que vem se movendo por valores cada vez mais conservadores, não apenas morais, mas na educação e na segurança pública."" Os pastores ""estarão onde estiver o poder e a chance de vitória, não importando em qual espectro"", diz Evangelista. ""A história mostra isso."" O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta sexta-feira (26), que as leis estaduais que regulamentam a cobrança de imposto sobre herança, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação), são inconstitucionais. A corte, porém, ainda não definiu se os estados deverão devolver o imposto cobrado até hoje porque as legislações não tinham validade ou se a decisão só valerá da publicação do acórdão do julgamento em diante. O tributo incide sobre brasileiros que fazem doação ou deixam herança de bens no exterior. Sete ministros entenderam que o imposto só pode ser regulamentado por lei complementar federal a ser aprovada pelo Congresso e que os estados não poderiam ter atuado nesse sentido. Entre os sete, porém, houve divergência. Os ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Kassio Nunes Marques e Ricardo Lewandowski votaram para que a decisão não tenha efeito retroativo e as cobranças já feitas com base nas leis estaduais não sejam ressarcidas. Os ministros Marco Aurélio e Edson Fachin, porém, afirmaram que as legislações estaduais são nulas e que nunca poderiam ter entrado em vigência, abrindo espaço para que as pessoas cobrem de volta os recursos pagos relativos ao ITCMD. Os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Gilmar Mendes, por sua vez, entenderam que as unidades da federação têm competência para editar legislações que regulamentem o imposto até que sobrevenha lei federal sobre o tema. O julgamento ocorreu no plenário virtual e, como não houve maioria de seis votos em nenhum sentido, não há como afirmar qual decisão irá prevalecer. O Supremo informou à reportagem que uma definição sobre a proclamação do resultado da análise do tema deve sair na próxima segunda-feira (1). O julgamento do recurso tem repercussão geral reconhecida, o que significa que a decisão vale para todos os processos sobre o tema no Brasil. O caso concreto trata de um processo movido pela Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, que argumenta que algumas das famílias mais ricas do estado enviam dinheiro a paraísos fiscais para escapar da tributação na herança. Relator do caso, Toffoli defendeu que o imposto só pode ser regulamentado por meio de lei complementar federal, vetando a atuação dos estados nesse sentido. A proposta para que a decisão não tenha efeito retroativo, porém, visa evitar prejuízo aos cofres estaduais. “Só no estado de São Paulo, a consequência da decisão, incluindo a projeção para os próximos cinco anos, será um negativo impacto orçamentário de R$ 5.418.145.428,86, em valores estimados, sendo que a maior parte dessa perda é reputada como imediata”, disse. Segundo o ministro, é papel do Legislativo federal tratar do tema: “Foi devido ao elemento da extraterritorialidade que o Constituinte ordenou ao Congresso Nacional que procedesse a um maior debate político sobre os critérios de fixação de normas gerais de competência tributária, com o intuito de evitar conflitos de competências geradores de bitributação entre os estados da Federação e entre países com os quais o Brasil possui acordos comerciais, mantendo uniforme o sistema de tributos”, sustentou Toffoli. O advogado Marco Aurélio Silva, especializado em sucessão de patrimônio, afirma que, se prevalecer a decisão de Toffoli e o Congresso não regulamentar a tributação, haverá uma intensificação do envio de recursos para o exterior com o objetivo de evitar a tributação em caso de doação. “O aumento e a modernização tecnológica das plataformas de investimento offshore nos últimos anos deve incentivar ainda mais famílias a utilizarem esta estratégia para fugir da cobrança do ITCMD”, afirma. A advogada Janaina Rodrigues Pereira, que atua na área e tem mestrado na Universidade de Salamanca, na Espanha, defende que restringir os efeitos da decisão, como propôs Toffoli, vai na contramão do entendimento firmado pelo Supremo em outro julgamento recente. “O Supremo já reconheceu que não pode uma lei nascer de forma viciada e surtir efeitos por tantos anos. Eu me alinho mais ao entendimento do ministro Marco Aurélio de preservar o texto elaborado pelo constituinte originário de 1988. A lei está viciada desde a origem e não há que se falar em modulação de efeito”, opina. “O nacionalismo da vacina” é como se denomina o comportamento dos governos –de direita e de centro– dos países desenvolvidos em sua disputa para garantir o fornecimento da vacina contra a Covid-19 para suas respectivas populações. É na realidade a ideia de “salve-se quem puder” dos tolos, pois como afirmou António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, “Covid-19 em qualquer lugar significa Covid-19 em todas as partes”. Essa busca para assegurar o próprio bem-estar, enquanto as nações pobres são deixadas para se defenderem, ignora o aspecto básico das mutações que vão surgindo e que tornam o vírus mais resistente. Portanto, para minimizar os riscos, o vírus deve ser contido globalmente. Entretanto, desde que a Organização Mundial do Comércio (OMC) declarou a situação de pandemia em 11 de março de 2020, a única coisa que foi globalizada é a falta de coordenação –deliberadamente– para continuar enriquecendo os mais ricos, as grandes multinacionais e particularmente as empresas farmacêuticas. Isso apesar do fato de Guterres afirmar que “a vacinação para todos é o caminho mais rápido para reabrir a economia global”. Nos últimos meses, governos de países líderes do Sul global, como Índia e África do Sul, pediram à OMC para suspender temporariamente as patentes ligadas ao coronavírus, para que os medicamentos possam ser distribuídos de forma mais democrática e para que as vacinas possam se tornar um bem da humanidade. Mas a União Europeia concordou com os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha para se opor ao pedido, argumentando que isso desencorajaria o investimento e a inovação. A defesa da indústria farmacêutica tem sido uma estratégia histórica dos países desenvolvidos e, nesse caso, não houve exceção. Os gigantes farmacêuticos Pfizer e AstraZeneca –fornecedores da vacina– não retribuíram o favor. O atraso anunciado e a redução das entregas de vacinas não agradaram aos governos europeus, que os apoiaram com adiantamentos multimilionários e compromissos de compra de mais de 1,3 bilhão de doses. As farmacêuticas não apenas aspiravam a priorizar a ordem de chegada dos países, ignorando os contratos assinados, mas a concorrência por vacinas se estendeu aos preços. Algumas publicações afirmam que existem países na União Europeia que pagam de US$ 14 a US$ 18 por dose, que os Estados Unidos pagam US$ 19 e que Israel, que está entre os líderes em vacinação, paga até US$ 62. A mídia noticiou que a Pfizer espera fazer um faturamento de 12 bilhões de euros com a vacina contra a Covid-19 somente em 2021. E se levarmos em conta que as farmacêuticas manterão os direitos exclusivos por 10 ou 20 anos, dependendo do caso, os lucros são inimagináveis. O fornecimento de vacinas em geral e particularmente para a União Europeia está muito abaixo dos compromissos acordados nos contratos. E nesse contexto líderes europeus como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e seu vice-presidente, Josep Borrell, declararam a necessidade de manter a transparência sobre o destino das vacinas. Se a opacidade é um problema para os cidadãos da União Europeia, a exigência de confidencialidade das empresas farmacêuticas nos acordos com os governos da América Latina é alarmante. O objetivo é manter o silêncio sobre as pretensões absurdas e abusivas das empresas com países em desenvolvimento. Mas, apesar do sigilo, as condições vazadas para a imprensa ou diplomaticamente escapadas por funcionários governamentais de alto nível revelaram algumas pérolas. Na Argentina, a Pfizer teria exigido como garantia ""uma nova lei com bens impenhoráveis que incluísse geleiras e licenças de pesca"", segundo um assessor de Axel Kicillof, o governador da província de Buenos Aires. Não se supõe que a inclusão de geleiras seja por ativismo contra as mudanças climáticas, mas porque a água começou a ser comercializada em Wall Street. A Ministra das Relações Exteriores do Peru não pôde dar detalhes do contrato ""por causa da cláusula de confidencialidade"", mas admitiu em uma entrevista que em 23 de novembro o governo peruano recebeu a minuta do contrato da Pfizer. Entretanto, esse não pôde ser assinado na data planejada devido ao seu conteúdo. O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, declarou à imprensa que as informações sobre os contratos com as farmacêuticas não seriam divulgadas ao público. Ele justificou sua declaração dizendo que ""tínhamos que escolher entre ter um contrato de confidencialidade ou não ter vacinas"". Por sua vez, o ministro da Saúde brasileiro disse que “as cláusulas injustas e abusivas que foram estabelecidas pelo laboratório da Pfizer criam uma barreira à negociação e à compra”. Na Colômbia, várias organizações sindicais e da sociedade civil têm denunciado a recusa do governo de Ivan Duque em fornecer informações sobre os contratos. Esses exemplos descrevem as pressões das gigantes farmacêuticas sobre os governos enfraquecidos dos países em desenvolvimento. E não há razão para acreditar que demandas similares não tenham se espalhado para outros países da América Latina, África e Ásia, em detrimento do Sul global. Esse comportamento das grandes empresas, como se o mundo fosse seu ""quintal"", deve-se precisamente à falta de regras internacionais claras para refrear sua ganância. Diante de tais ultrajes, o secretário-geral da ONU declarou que o mundo precisa de um forte multilateralismo. A imposição da confidencialidade dos contratos não só favorece o apetite leonino dos laboratórios mas também é uma oportunidade para que alguns governos corruptos aproveitem para continuar cometendo crimes. A fragilidade do planeta diante da pandemia de Covid-19, a perda de empregos, o empobrecimento e as mudanças climáticas foram algumas das questões mencionadas por Guterres em seu discurso no Fórum Econômico Mundial. Ele também mencionou a possibilidade de uma grande fratura geopolítica nos setores liderados pelas duas potências (China e Estados Unidos), com duas moedas diferentes, e insinuou o alargamento da brecha Norte-Sul. De certa forma, Guterres pintou um quadro que em muitos aspectos se assemelha ao de 70 anos atrás. A grande conquista do neoliberalismo foi levar o mundo de volta ao tempo imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, com um multilateralismo muito enfraquecido e no qual as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas não parecem fazer parte da agenda internacional. Tradução de Maria Isabel Santos Lima A fé, o amor a Deus e a doçura eram as características marcantes de Ruth Vidal da Silva Martins. Filha de Antônio Salles Vidal e Carísia Barreto de Almeida, Ruth nasceu em Monte Mor (a 117 km de SP). Principalmente após a morte de seu pai, em 1943, Ruth era o braço direito de Carísia nas tarefas domésticas. Seu propósito era estudar direito. “Terminado o colegial no Liceu Pasteur, mas tendo que abandonar a Aliança Francesa e as aulas de violino com a morte do pai, Ruth ingressou no cursinho pré-vestibular Castelões para se preparar para o vestibular do curso de direito da Faculdade do Largo de São Francisco”, conta o filho Ives Gandra da Silva Martins Filho, jurista e ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Lá, em 1953, conheceu o marido, o atual jurista Ives Gandra da Silva Martins, que havia chegado da França, onde fez um curso técnico de perfumista para trabalhar com o pai, José da Silva Martins, um português que representava no Brasil uma firma francesa de essências aromáticas. A beleza, a discrição, as virtudes, o caráter e a fé de Ruth despertaram o amor em Ives. Após alguns encontros, em um 24 de dezembro, Ruth aceitou o pedido de namoro. Ambos se formaram na mesma turma de direito. Casaram-se em 31 de julho de 1958 e tiveram seis filhos, entre eles Ives Gandra da Silva Martins Filho e Angela Vidal Gandra Martins, secretária nacional da Família no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro. “Meu pai era agnóstico e avesso à religião. Ela o aproximou de Deus e propagou a fé entre a família. Nos ensinou a valorização da fé e a visão transcendente da vida. Com sua doçura, manteve a coerência entre a vida e a fé”, afirma o filho. No início de casada, Ruth se dedicou à casa e à família com especial atenção à educação dos filhos. Firme e exigente, sabia aliar carinho e autoridade sem pecar por omissão, desde o comportamento à mesa ao desempenho escolar, passando pela obediência e fraternidade. Paralelamente, como tinha formação jurídica e escrita impecável, revisava os pareceres jurídicos feitos pelo marido e colaborava com o escritório de advocacia dele, do qual veio a ser sócia por vários anos. Mesmo sendo uma pessoa discreta, por pouco tempo Ruth comandou um programa de entrevistas na Rede Vida sobre cultura e atualidades. Ao longo da vida, sentia-se feliz em ficar perto da família, principalmente dos filhos e netos. “Ela soube estruturar sua família e mantê-la unida, estar presente e acompanhar o desempenho escolar dos filhos e sua projeção profissional, enfrentar os desafios familiares com perseverança e serenidade, dividir com o marido a corresponsabilidade no lar e conquistar o amor a cada dia, tornando sua casa um verdadeiro lar, onde cada filho, neto ou membro da família poderia considerar-se único”, diz Ângela. Desde a época de namoro até os dias atuais, após sua morte, Ruth é a inspiração do marido para a composição de poesias. Em 1999, veio o primeiro livro em sua homenagem: “O Livro de Ruth: Obra Poética”, que remete ao título bíblico. Em 2016, foi a vez da obra intitulada “101 Poemas para Ruth” e três anos depois Ives Gandra publicou “Mais Haicais para Ruth”. Ruth Vidal da Silva Martins morreu em 26 de janeiro, aos 86 anos, por complicações da Covid-19. Deixa o marido, os filhos Ives, Ângela, Roberto, Renato, Rogério e Regina, o genro Marcos, a nora Cláudia e os netos Fernanda, Guilherme, Renata, Helena, Daniela, André e Luís Felipe. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa Começa neste sábado (27) a vacinação de idosos com idade de 80 a 84 anos na cidade de São Paulo. A prefeitura da capital paulista, gestão Bruno Covas (PSDB), estima que o grupo é composto por 140 mil pessoas no município. Na segunda-feira (1º) começa a vacinação desta faixa etária em 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no município e em todo o estado. Para segunda, está mantido o início da imunização de aproximadamente 3.500 funcionários que atuam na linha de frente nas ações da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, além de trabalhadores autônomos da Saúde com idade superior a 55 anos. Neste sábado, a aplicação de doses em idosos entre 80 e 84 anos será feita nas 82 AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais)/UBSs Integradas do município entre 7h e 19h. A partir de segunda, os idosos com mais de 80 anos também poderão se vacinar em qualquer uma das 468 UBSs da cidade. A imunização neste sábado também ocorrerá nos cinco drive-thrus criados pela prefeitura, no estádio do Pacaembu (região central), Arena Corinthians (zona leste), Autódromo de Interlagos (zona sul), Centro de Exposições do Anhembi (zona norte) e na Igreja Boas Novas (zona leste). O horário foi estendido das 8h às 19h. Drive-thrus - horário: das 8h às 19h AMAs/UBSs Integradas - horário: das 7h às 19h Centro Leste Norte Oeste Sudeste Sul Fonte: Secretaria Municipal da Saúde O presidente Jair Bolsonaro estuda o que considera uma saída honrosa para tirar o ministro Eduardo Pazuello da Saúde: promovê-lo a um grau hierárquico hoje inexistente no Exército. Só que a mera ideia, que circulou no começo do mês e voltou a ganhar força, gerou grande contrariedade no Alto-Comando do Exército, que discutiu o tema durante uma reunião regular nesta semana. Há forte resistência ao arranjo proposto, que parece de execução quase impossível. Se Bolsonaro insistir, terá uma crise contratada. A proposta surgiu após o aumento da pressão do centrão para retomar a pasta, que comandou no governo Michel Temer (MDB), e pelo fracasso gerencial de Pazuello evidenciado pelo agravamento da pandemia de Covid-19 no país. O centrão quer a volta do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para o cargo que já ocupou. Pazuello é general-de-divisão da ativa. Só que ele é um intendente, ou seja, militar que cuida de logística, para quem as três estrelas sobre o ombro são o topo da carreira. Na ideia formulada na Casa Civil a pedido de Bolsonaro, o decreto 3.998/2001, que regula a lei 5.8121/1972), seria alterado para permitir que um intendente vire general-de-exército, quatro estrelas e cume hierárquico na Força. Há um consenso relativo no Planalto de que a manobra é exequível legalmente, mas ela esbarra num detalhe: o regramento interno do Exército e o princípio de hierarquia. Só podem ser promovidos a oficiais-generais nomes indicados pelo Alto-Comando, um colegiado que reúne o comandante da Força e 15 chefes militares. Há uma série de condições para isso, a começar pela antiguidade. Um militar só pode ficar no generalato no máximo por 12 anos, divididos de forma mais ou menos equânime entre os três graus hierárquicos. Isso considerando alguém promovido sempre, o que ao fim só acontece com quatro integrantes de cada turma com mais de 400 alunos formados anualmente pela Academia das Agulhas Negras. Pazuello foi promovido a general-de-brigada, o primeiro posto do generalato, com duas estrelas, em 2014. Ganhou a terceira estrela quatro anos depois. Neste ano, estão disputando vagas para virar quatro estrelas ao menos nove integrantes da turma de 1983. Se fosse elegível a mais uma promoção, Pazuello, que é da turma de 1984, disputaria naturalmente uma das três vagas que serão abertas no Alto-Comando no ano que vem. Ou seja, se ele for promovido agora, irá deixar para trás toda uma geração de generais de três estrelas mais antigos na Força que ele, o que é considerado inadmissível no meio militar. O Alto-Comando tem três vagas para decidir neste ano: duas agora e outra em agosto. Para um dos postos foi indicado o general Guido Amin Naves, que chefiou a divisão de segurança cibernética do Exército. O candidato mais forte para a segunda vaga é André Luís Novaes Miranda, subcomandante de Operações Terrestres. Os nomes precisam ser referendados pelo presidente, o que é usualmente uma formalidade. A confusão proposta por Bolsonaro azeda ainda mais as relações entre o Planalto e o serviço ativo, que busca uma forma de se desvincular do governo após ter apoiado e aderido a ele, com a presença maciça de oficiais na Esplanada. O fato de Pazuello não ter deixado a ativa, estando emprestado ao governo, incomoda de sobremaneira a cúpula militar. A fama de bom organizador que ele auferiu trabalhando como refugiados venezuelanos esvaiu-se com a tragédia em curso na condução da crise sanitária, com mais de 250 mil mortos e uma política de vacinação errática, para dizer o mínimo. A turbulência na relação remonta ao começo do governo, quando diversos oficiais da reserva e da ativa foram para o ministério do capitão reformado Bolsonaro, que deixou o Exército em 1988 sob graves acusações de indisciplina. Após um primeiro ano de disputa por espaços, a ala militar consolidou sua força com o enfraquecimento político de Bolsonaro em 2020, que descambou para um ensaio de crise institucional promovido pelo presidente. Os militares do governo se viram envolvidos na confusão, com crescentes boatos de que poderiam apoiar o golpe contra Supremo Tribunal Federal e Congresso que manifestantes pediam na presença de Bolsonaro. O mal-estar cresceu no serviço ativo, culminando na fala do comandante do Exército, Edson Leal Pujol, afirmando que militar não deveria ter lugar na política. A linha foi riscada, apesar de a associação com o governo ser considerada inevitável mesmo pelos generais. Não ajuda o fato de que Pazuello não foi à reserva, como queriam seus superiores. A sugestão do Planalto adicionou insulto à injúria, nas palavras de um oficial-general. Rogério Ceni sabia que sua vida ficaria muito mais difícil se o Flamengo não conquistasse o Campeonato Brasileiro. A confirmação do título veio nesta quinta-feira (25), no Morumbi, e com ela a segurança, para Ceni, de que poderá seguir com o seu trabalho à frente da equipe. O sucesso reafirma o momento vitorioso dos rubro-negros, campeões brasileiros também em 2019, ano marcado ainda pela conquista da Libertadores. A manutenção do treinador, que mesmo após a conquista segue alvo de críticas de parte da torcida, evita que clube e elenco, com três técnicos na última temporada, passem por mais uma reformulação dentro de um calendário que segue atípico e não dá respiro. Ainda na ressaca da conquista nacional, o Flamengo já volta a campo na próxima terça-feira (2), para a estreia do time no Estadual do Rio de Janeiro. Iniciar, de fato, o ano de 2021 com alguém que já conhece a casa e sabe de que forma poderá utilizar melhor seus atletas é uma vantagem com relação a outros concorrentes que trocarão de comando e começarão do zero. Dos classificados à próxima Copa Libertadores, São Paulo e Santos estrearão seus novos técnicos no fim de semana, em jogos do Campeonato Paulista. O Fluminense é outro que terá novidade no banco de reservas, com a chegada de Roger Machado, e o Atlético-MG, que se despediu de Jorge Sampaoli, busca treinador. Abel Braga deixará o Internacional com o vice-campeonato brasileiro e o clube deve confirmar a contratação do espanhol Miguel Ángel Ramírez, apalavrado com os colorados desde o ano passado. Ainda há incerteza sobre a permanência de Renato Gaúcho à frente do Grêmio. O ídolo gremista, no cargo desde 2016, é o dono do trabalho mais longevo da elite nacional. Apenas o Palmeiras também tem a certeza de contar com o mesmo comandante que encerrou a última temporada: Abel Ferreira, português campeão da América com a equipe alviverde e que poderá conquistar a Copa do Brasil daqui a pouco mais de uma semana. Rogério Ceni foi o terceiro comandante do Flamengo em uma temporada conturbada para o clube, que viu Jorge Jesus, o condutor do ano mágico de 2019, ir embora ainda antes de começar o Nacional. Também estrangeiro, o catalão Domènec Torrent foi contratado para substituir o português, mas não agradou e saiu, deixando o time na terceira colocação do Brasileiro. Havia uma distância entre o que Torrent buscava implementar e o que era a característica do time flamenguista. Os atletas, acostumados a jogar com movimentação constante sob Jesus, tiveram dificuldades de se adaptar ao modelo do jogo posicional proposto pelo catalão. Com Ceni, o discurso era o de retomar as principais referências de jogo do trabalho feito em 2019, com um pouco mais de liberdade na estrutura tática. Internamente, houve boa aceitação dos métodos do ex-goleiro, tanto no que foi feito no campo como no trato pessoal com os comandados. O início, porém, não foi simples. Eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores deixaram o treinador pressionado. Mas uma campanha de recuperação no Campeonato Brasileiro levou o Flamengo ao título, o segundo consecutivo dos cariocas na competição. Foram cinco vitórias e um empate nas últimas sete partidas, incluindo o triunfo sobre o Internacional, no Maracanã, quando assumiram a liderança na 37ª rodada. ""A maior dificuldade foi entender o momento certo para colocar [as mudanças], porque em um clube você tem de conhecer as características, os atletas, os atletas de base, e algumas coisas foram mudadas. Resolvemos trazer o Arão para a zaga, fazer um meio de campo mais técnico. Fizemos o Filipe Luís jogar muito mais por dentro do que na linha de fundo"", afirmou Ceni, após a conquista no Morumbi. ""São caras consagrados, que ganharam muita coisa na Europa e aqui, mas têm prazer e vontade, querem informação. Então eu tenho de trabalhar muito todos os dias para fornecer todo o material que eles necessitam, mas são caras que dão retorno e entregam tudo dentro do campo. As mudanças não davam para ser feitas em um dia. A mudança do Arão para a zaga nem eu descobri no primeiro dia. Fico feliz que nesses pouco mais de três meses a gente possa fechar com um título brasileiro"", completou. Além da manutenção de Ceni, o título brasileiro também afasta a imagem de fim de ciclo que costuma acompanhar o declínio de times vitoriosos. No caso do Flamengo, manter-se competitivo passa por segurar a base forte de jogadores que vem sustentando o clube no topo. Da equipe que entrou em campo na quinta, contra o São Paulo, nove titulares já haviam sido campeões na temporada anterior. ""Tivemos a troca de dois treinadores que foram complicadas. A gente perdeu um pilar como era o Jorge Jesus. Quem viesse ia sofrer, e foi o que aconteceu. O Dome [Torrent] tem muito mérito, também fez um grande trabalho aqui"", disse o lateral esquerdo Filipe Luís, 35, um dos pilares da equipe bicampeã. ""Às vezes, quem joga cinco minutos é mais importante que quem joga 85. Às vezes, o pessoal não entende por que o Flamengo chegou, por que o Flamengo estava sempre ali. Mas é porque a gente não deixou de acreditar nem um segundo, nem nos nossos piores dias. É um grupo de muito caráter que conseguiu levar o troféu para casa"", completou o lateral. Tornar uma faixa estreita a ponto de o motorista não se sentir seguro para acelerar. Substituir o asfalto por paralelepípedo. Transformar uma via de mão única em mão dupla. Estender a calçada, nem que seja só com uma pintura no chão, para o espaço onde antes estavam os carros. Medidas como essas não costumam agradar motoristas, que se veem forçados a pisar no freio. Mas têm sido tomadas como forma de acalmar o tráfego e baixar o número de acidentes e mortes no trânsito no mundo todo, inclusive em São Paulo. A alta velocidade é tida como um dos principais fatores de risco no trânsito, além do uso de álcool associado à direção e da falta de cinto de segurança e capacete, segundo cientistas e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Além da perda humana, as mortes no trânsito brasileiro têm alto impacto também na economia do país. Segundo estudo do Ipea do fim do ano, o Brasil gasta R$ 132 bilhões por ano com acidentes de transporte. Desde que prefeitos em São Paulo começaram sistematicamente a baixar as velocidades máximas permitidas nas ruas da cidade em 2011, há dez anos, o número de mortes no trânsito caiu quase pela metade, chegando a 765 no ano passado, segundo dados do governo paulista. Na visão de especialistas, se a cidade quiser baixar ainda mais esses números, é preciso tomar medidas mais ousadas além de multar motoristas que conduzem a velocidades acima do permitido. “Reduzir velocidades para 50 km/h e fazer fiscalização trouxe a gente para esse patamar que algumas cidades atingiram de 6 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes”, diz, elogiando os avanços na última década, Eduardo Pompeo, gerente de programas da Iniciativa Global de Desenho de Cidades da Nacto, organização norte-americana especializada em desenho urbano. “Se quisermos baixar mais ainda, dependeremos de ações mais contundentes, abrangentes e sofisticadas”, completa. A saída, diz ele, é redesenhar o modo como as ruas são construídas. Entre as estratégias, estão pontos como tornar cruzamentos mais compactos, para que os motoristas tenham que reduzir a velocidade ao virar uma rua, além de implementação de lombadas e travessias elevadas. Isso não significa que é preciso colocar quarteirões abaixo e construir do zero. “A gente não vê, mas nossas ruas são renovadas frequentemente, por exemplo com recapeamentos. A gente precisa adotar padrões de desenho que tenham como princípio trazer segurança”, diz Pompeo. Ele usa vias opostas da cidade como exemplos. ”Lugares com dominância grande do carro, com avenidas largas, muitas faixas e pouca atividade urbana ao redor passam uma mensagem para os motoristas de que está tudo bem acelerar naquele lugar. Podemos pensar nas marginais, em São Paulo”, diz. “Já ruas mais estreitas, com muita gente circulando, a pé ou de bicicleta, passam a mensagem oposta. Um exemplo é a rua Avanhandava [região central]. Nem que você queira, consegue acelerar em uma rua como aquela”, diz. Pompeo frisa que entende que são exemplos extremos, mas didáticos, do problema e ressalta que é preciso desacelerar os carros inclusive para beneficiar quem depende deles. “Quando a gente investe em transporte público, bicicleta e a pé, a gente torna o trânsito mais eficiente e melhora as condições inclusive para quem precisa do carro, como serviços de entrega e pessoas com dificuldade de locomoção”, diz. A gestão Bruno Covas (PSDB) lançou no fim do último ano o Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias, que também orienta o poder público sobre como acalmar o trânsito da cidade. O manual fala, entre outras coisas, construção de avanços da calçada, ampliação de ciclovias e redução da largura da faixa de rolamento para moderar o tráfego. “Por estimularem o comportamento seguro dos motoristas, essas ações contribuem para a redução da velocidade dos veículos automotores (carros, motos, ônibus e caminhões), diminuindo o risco de atropelamentos e colisões e, assim, criando um ambiente mais favorável e seguro aos usuários mais vulneráveis —pedestres, ciclistas e motociclistas”, diz o texto. Uma série de ruas na cidade têm passado por intervenções ao longo dos últimos anos para virar as chamadas áreas calmas, com velocidades menores e estrutura para evitar acidentes, protegendo os pedestres. Exemplos estão por todo lado, de regiões centrais, como na Liberdade e 25 de Março, a bairros ricos, como Pinheiros (zona oeste), e locais afastados, como Cidade Tiradentes (zona leste). O cruzamento das ruas Salete e Dr. Cesar, em Santana (zona norte), por exemplo, costumava ser daqueles em que os pedestres levavam um bom tempo para atravessar. Em 2018, as calçadas foram alargadas, uma rotatória foi criada e sinalização foi colocada no local. Há 27 anos trabalhando num comércio bem naquela esquina, Marilucia Gonçalves, 47, diz que os acidentes ali ficaram bem menos constantes. “O pessoal vinha rápido e tinha muita batida nesse cruzamento. Agora, o pessoal tem que desacelerar”, afirma. Funcionária de uma loja perto dali, Michele Santos, 37, relata que muitos veículos dão um jeito de desrespeitar a sinalização e passam em velocidade superior ao permitido pelo cruzamento. Parte dos canalizadores de tráfego —pequenos postes colocados no chão para alargar a calçada— também já está amassada ou foi retirada. Segundo usuários da rua, vários deles foram atingidos por carros. Apesar de todo aparato para proteger os pedestres, também não são raros os que atravessam fora da faixa. No geral, porém, a maioria diz que a vida ficou mais fácil para quem anda por ali. No fim do ano passado, já em meio à pandemia da Covid-19, a ladeira Porto Geral, na região da 25 de Março, no centro, ganhou um ""puxadinho"" da calçada no asfalto, pintado de verde. Em 2018, a rua dos Pinheiros, no bairro de mesmo nome, também cedeu parte do asfalto, especialmente próximo aos cruzamentos, para dar lugar a uma calçada extendida. A medida ajudou tanto a aliviar a movimentada calçada da rua com comércios e restaurantes quanto a desacelerar os carros. Luis Antonio Lindau, diretor do programa de Cidades do WRI Brasil , afirma que tendência mundial para reduzir acidentes de trânsito é desenhar a estrutura viária para compensar erros humanos, uma estratégia batizada como visão zero, em prática na Suécia desde a década de 1990. ""A visão zero está baseada no fato de que as pessoas erram. Numa intersecção, o motorista tem que tomar múltiplas decisões. Pensar nos ciclistas, pedestres, semáforos. Invariavelmente o sujeito vai acabar errando. Como posso reduzir esses erros?"", diz. ""O sucesso é conseguir fazer alguma coisa para reduzir os erros e, acontecendo os erros, que a pessoa não morra. O desenho de uma boa via é aquela que perdoa os erros, não pune com a morte"", completa. Importante parte deste trabalho se dá nos cruzamentos, onde acontece a maioria dos acidentes. Em muitos casos, as vias são resenhadas, por exemplo, e as vias são estreitadas para alargar as calçadas e forçar o motorista a frear antes da faixa de pedestres. De quebra, os pedestres ficam mais visíveis e correm menos risco. No Brasil, Fortaleza (CE) desenvolveu um trabalho importante neste sentido. A cidade bateu meta da ONU (Organização das Nações Unidas) e conseguiu diminuir pela metade as mortes no trânsito, que passaram de 14,9 por 100 mil habitantes para 7,4. Especialista em transporte, Lindau cita exemplos bem-sucedidos em cidades asiáticas. ""Tóquio foi a minha Disneylândia. É impressionante caminhar em por lá e ver o olhar clínico no tratamento das vias e adoção de baixas velocidades. O resultado é que Tóquio tem 1,3 mortes por 100 mil habitantes."" Além do desenho das vias e ruas mais calmas, os países asiáticos também utilizam o conceito de cidades compactas, com oferta de transporte público próxima das regiões movimentadas. Especialistas afirmam que embora a redução de velocidades tenha espaço central na prevenção de mortes no trânsito, acidentes envolvem uma equação complexa e, nessa conta, entraram também avanços tecnológicos nos veículos nas últimas décadas, como os freios ABS e o airbag, e a aplicação de leis. Aprovada em 2008, a Lei Seca, que aumentou as penas para pessoas que bebem e dirigem, é considerada um marco na legislação de trânsito do país, ao punir com prisão motoristas embriagados. Já há iniciativas que pretendem tornar ainda mais difícil para os motoristas beberem e dirigir. Na França, por exemplo, desde 2012, os motoristas são obrigados a carregarem o próprio bafômetro no carro. Na Câmara, já há um projeto de lei do deputado Bosco Costa (PL-SE) com objetivo de que seja obrigatória a instalação de bafômetros nos veículos. Pela proposta, os veículos só dariam partida após o teste. Além disso, a evolução da tecnologia pode ajudar na equação, como carros autônomos que são programados para seguir as leis de trânsito. O SUS enfrenta o seu pior momento desde o início da epidemia do novo coronavírus no Brasil: as taxas de ocupação de UTIs do sistema público batem recordes, com 17 capitais registrando lotação de pelo menos 80%. As capitais com os piores indicadores são Porto Velho (RO), com lotação de 100%, Rio Branco (AC), com 88,7%, Manaus (AM) com 94,6%, Boa Vista (RR), com 82,2%, Palmas (TO), com 80,2%, São Luís (MA), com 88,1%, Teresina (PI), com 93%, Fortaleza (CE), com 94,4%, Natal (RN), com 89,0%, Recife (PE), com 80,0%, Salvador (BA), com 82,5%, Rio de Janeiro (RJ), com 85,0%, Curitiba (PR), com 90,0%, Florianópolis (SC), com 96,2%, Porto Alegre (RS), com 84,0%, Campo Grande (MS), com 85,5%, e Goiânia (GO), com 94,4%. Segundo a Fiocruz, é o pior cenário já observado durante a pandemia. Os dados são do Boledtim Observatório Covid-19, que será divulgado nesta quinta (25). com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Em meio à quarentena, muitas famílias cresceram com a inclusão de cães e gatos. Quem opta por viajar neste momento de pandemia pode levá-los, dependendo do destino. Uma opção são os hotéis e pousadas pet friendly, ou seja, que aceitam a presença dos animais de estimação. Há aqueles em que o bicho ganha destaque durante a estadia, como na pousada A Mata que Canta, em Socorro (a 130 km de SP), próxima a Minas Gerais. Os chalés não se diferenciam de qualquer outra hospedagem, com quarto amplo, banheiro e varanda —gradeada. Na área das piscinas, porém, os patudos são contemplados com uma unidade cercada, rasa e em formato de osso. Também há a piscina principal, para adultos, com queda d'água que a conecta com uma segunda, para as crianças. A pousada é voltada aos pets desde a abertura, em 2013. Cinco anos depois, morreria seu fundador, Sebastião Ginghini, devoto de São Francisco de Assis que tinha a companhia constante da cadela Neguinha. Até na tirolesa da pousada (R$ 39, com 300 m). Segundo a atendente Eliza Zanesco, um dos destaques do local é a receptividade a cães de todos os portes. A pousada tem um vasto gramado, onde o pet pode ficar solto. O uso de máscaras é obrigatório em locais fechados, porém liberado ao ar livre. Para promover o distanciamento, o café passou a ser entregue embalado em uma cesta deixada na varanda do chalé. Caso o animal não queira apenas sol e piscina, há o parque Monjolinho, logo em frente e fundado pelo dono da pousada. A trilha São Francisco de Assis é curta, sem dificuldades e com acesso gratuito. Como o caminho margeia o rio do Peixe, há alguns trechos onde animais de pequeno porte podem se refrescar. Os mais aventureiros podem praticar o supdog, stand-up paddle com cães (R$ 60), ou rafting (R$ 85, por 4 km, ou R$ 105, por 7 km). O ideal é que o patudo goste de água, já que o banho é garantido, principalmente nas corredeiras. Se o passeio é sem a companhia deles, há mais opções. Entre as atividades na água, também há caiaque, boia cross e trilhas com cachoeiras. O parque oferece também arvorismo, escalada e passeio de quadriciclo. Os menos aventureiros podem aproveitar o gramado da entrada do Monjolinho, com suas redes, ou o restaurante, que, inclusive, tem uma área para quem estiver acompanhado de seu bichinho. O Santa Clara Eco Resort, em Dourado (a 280 km de SP), uma antiga fazenda, também é um local onde cães de pequeno porte são bem-vindos. Na frente da sede, construída pela família do ex-presidente Washington Luís (1869-1957) e onde fica a recepção e o restaurante, há um grande gramado cercado por árvores —um bom espaço para o animal brincar. ""Por ser uma fazenda, nascemos pet friendly. Não adianta aceitar o cachorro para depois ele ser tolhido, não poder fazer nada"", afirma Taiza Krueder, diretora-executiva da rede Clara Resorts. Logo no início da quarentena, a unidade de Dourado recebeu orientação da Santa Casa de São Carlos para aderir aos novos protocolos e poder reabrir o hotel de uma maneira segura. Assim, voltou a funcionar após 70 dias fechado. Hoje, oferece espaço com boa internet e café para quem está em home office ou estudando a distância. Voltado para a família, o resort tem monitores que conduzem brincadeiras com a garotada e organizam trilhas e jogos com os adultos. Há várias trilhas no bosque em volta do hotel, e Tomé, mascote que há anos habita o local, é presença garantida. Dependendo da opção, cães de pequeno porte podem acompanhar o passeio, mas atenção: em um trecho ou outro é necessário atravessar riachos ou pontes com os bichinhos no colo. O cão-repórter Café, 4, um pug bastante ativo, acompanhou o grupo tranquilamente pelos 3 km de um dos passeios, tendo de ser carregado no colo apenas em uma ponte de cordas —incompatível para suas patas. No fim, a água gelada da cachoeira recompensou o exercício matinal. Outra caminhada, com um trecho no qual é necessário andar por volta de 500 metros com água por vezes até o joelho, fez com que o animal aguardasse o restante da equipe no quarto. O resort tem nove piscinas e um variado bufê nas quatro refeições do dia —na entrada, há totens com máscaras e luvas descartáveis. Os animais, porém, não podem frequentar esses ambientes. Pousada A Mata que Canta Diárias a partir de R$ 320 para duas pessoas, pousadamataquecanta.com.br Santa Clara Eco Resort Diárias a partir de R$ 1.105 para uma pessoa, clararesorts.com.br/santaclara O jornalista viajou a convite do Clara Resorts  –Antes da viagem, leve o cachorro ao veterinário para um check-up; certifique-se de que ele não tenha problemas cardíacos ou de locomoção, e se as medicações contra ectoparasitas, como carrapatos, estão em dia –Aclimate seu animal à natureza antes da viagem, levando-o a parques, se ele não estiver acostumado –Mantenha o cachorro com guia, de preferência peitoral e com placa de identificação, porque ele pode correr ao se deparar com outros animais ou com barulhos que não reconhece –É ideal evitar as horas mais quentes do dia, para que não ocorram queimaduras nas patas; animais de pelagem e pele branca também sofrem mais com o sol e podem precisar de protetor solar veterinário –Não esqueça de levar água para o cachorro em passeios longos –Não force o animal a fazer alguma atividade se ele estiver assustado –Respeite o ritmo de caminhada do cachorro e seus sinais de cansaço, como respiração ofegante –Cachorros com focinho curto, como pugs, boxers e buldogues, exigem mais cuidado em atividades no calor: seu nariz tem dificuldade para resfriar o ar, o que pode causar hipertermia; fique atento aos sinais de cansaço –Se o cachorro for entrar na água, é indicado colocar tufos de algodão hidrófobo nas orelhas, para evitar infecções de ouvido –Nunca jogue o cachorro na água, porque nem todos sabem nadar instintivamente; em piscinas ou rios, entre com ele primeiro, segurando-o pelo peitoral, até que o animal se acostume. Além do risco de afogamento, o cachorro pode passar a ter medo de água se a experiência for negativa –Antes de deixar o cachorro entrar na piscina, verifique se há uma escada adequada, porque ele pode ter dificuldade para sair –Atenção ao cloro nas piscinas, que pode irritar os olhos dos cachorros e ressecar a pelagem; se está irritando os olhos dos humanos, também está afetando o animal Fonte: Aldo Marcellaro Júnior, veterinário e fundador do Clube de Cãompo, hotel fazenda para cachorros em Itu (SP) O Tesouro Nacional observou aumento das taxas cobradas por investidores para emprestar ao governo no longo prazo. Os receios sobre o impacto do auxílio emergencial nas contas públicas impulsionaram o movimento, de acordo com os técnicos. ""A curva de juros apresentou alta nas taxas, reagindo às expectativas em relação à política monetária e às discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial e seu impacto nas contas públicas"", afirma o Tesouro em relatório mensal sobre a dívida pública publicado nesta quarta-feira (24). Segundo o documento, o ano de 2021 começou com volatilidade, especialmente no fim de janeiro, e deterioração nos cenários internacional e doméstico. Além da preocupação com as contas públicas, os investidores veem com apreensão a descoberta de variantes do novo coronavírus. As taxas negociadas pelo Tesouro também sofreram elevação nesta semana, em decorrência do noticiário sobre a troca do presidente da Petrobras a mando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). ""A partir de segunda-feira [22] observamos aumento ao longo de toda a curva de juros, principalmente concentrada em prazos mais longos. Parte desse aumento se corrige nos dias seguintes. Na terça [23], já vimos o mercado corrigindo o excesso"", afirmou Luis Felipe Vital, coordenador-geral de operações da dívida pública. O CDS (Credit Default Swap, indicador de risco do país) de 5 anos registrou aumento, de 140 pontos em dezembro para 174 pontos em janeiro. Pares emergentes também sofreram com maior aversão a risco no primeiro mês do ano, mas com o CDS mais baixo que o Brasil –é o caso de Colômbia (113 pontos), Chile (54), Peru (62) e México (95). De acordo com o Tesouro, houve ao longo do mês de janeiro elevação nas taxas médias praticadas nos leilões de títulos, embora o custo como um todo ainda permaneça em nível historicamente baixo, principalmente por causa do atual patamar da Selic (2% ao ano). A elevação em taxas de longo prazo ocorre enquanto há crescente necessidade de endividamento para cobrir o déficit nas contas públicas. A dívida pública federal cresceu 0,99% na passagem de dezembro para janeiro passando de R$ 5,009 trilhões para R$ 5,059 trilhões. Por outro lado, o prazo médio de pagamento da dívida total subiu de 3,57 anos em dezembro para 3,61 anos em janeiro, reduzindo pressões sobre a rolagem da dívida neste ano. O percentual de vencimentos nos próximos 12 meses diminuiu de 27,57% em dezembro para 27,10% em janeiro. Segundo Vital, o aumento no prazo é proporcionado pela gradativa melhora nos mercados após o estresse vivido no ano passado. Em 2020, a fuga de risco levou investidores a preferirem prazos mais curtos. ""Estamos conseguindo emitir títulos de prazos mais longo, o que é muito saudável para a dívida pública"", disse. A estratégia do Tesouro no ano passado de encurtar os vencimentos também para aproveitar juros mais baratos no curto prazo colaborou para reduzir os preços. O custo médio acumulado da dívida total nos últimos doze meses caiu de 8,37% ao ano em dezembro para 8,29% ao ano em janeiro, o menor da série histórica. Para fazer frente aos vencimentos, o Tesouro tem usado parte de seu colchão de liquidez. A reserva apresentou redução nominal passando de R$ 881,28 bilhões em dezembro para R$ 805,68 bilhões em janeiro. Mesmo com a diminuição do colchão, Vital afirma que a situação é confortável para enfrentar os vencimentos de dívida nos próximos meses –principalmente em março e abril, que têm grandes volumes agendados. Segundo ele, os recursos são suficientes para pagar os próximos seis meses de dívida. Além disso, o Tesouro tem feito leilões de rolagem antecipada da dívida –diminuindo a pressão sobre as obrigações no curto prazo. ""O Tesouro está bastante tranquilo pois temos recursos em caixa mais que suficientes e um instrumento adicional [rolagem antecipada] para suavizar esse movimento. Não há nenhuma preocupação com essas torres maiores [de vencimento] em março e abril"", afirmou. De acordo com o Tesouro, o mês de fevereiro, até o momento, tem sido marcado pela recuperação no mercado externo, com avanço nas discussões de pacotes fiscais em algumas economias e avanço nas campanhas de vacinação, produzindo uma melhora na percepção de risco de emergentes. Mesmo assim, o CDS do Brasil de 5 anos teve performance pior que os pares emergentes, principalmente em função das preocupações sobre a trajetória fiscal e o ritmo da agenda de reformas. Enquanto Peru, Colômbia, México e Chile mostraram retração na percepção de risco nas últimas semanas, o Brasil foi na contramão do movimento e viu seu CDS subir de 174 pontos no fim de janeiro para 181 pontos até a última terça. No último ano, cibercriminosos voltaram seus ataques a hospitais e infraestrutura ligada à saúde, se aproveitando da alta demanda no setor provocada pela pandemia de Covid-19. A conclusão aparece em estudo divulgado pela IBM nesta quarta-feira (24) e corrobora o que apontaram especialistas e relatórios de outras empresas publicados ao longo do último ano. Segundo o levantamento, a fatia de ataques ao setor mais do que dobrou em 2020 em relação a 2019, passando a 6,6% das ameaças detectadas (ante 3%). A análise leva em consideração mais de 130 países, incluindo o Brasil. Um dos ataques detectados pela empresa, em outubro, mirava a Comissão Europeia e outras organizações em diferentes países envolvidas na cadeia de distribuição de vacinas da Covid-19. Não foi possível identificar o autor da ofensiva, que tentava roubar dados de acesso a sistemas e informações privilegiadas. No mês anterior, a Microsoft publicou um estudo apontando que 16 grupos hackers que recebem apoio de governos de países passaram a visar atores envolvidos na resposta à pandemia. Ataques do tipo ""ransomware"" tiveram uma alta de 20% em relação a 2019 e foram responsáveis por um a cada quatro dos incidentes de segurança detectados na análise da IBM. Especificamente contra a saúde, foram 28% dos casos. Nessa modalidade, programas maliciosos bloqueiam computadores ou sistemas. Os criminosos, então, exigem pagamento de resgate para devolver o acesso —um sequestro digital. ""Quando as instituições de saúde são vítimas de ransomware, além de consequências econômicas drásticas, o ataque pode ter implicações gravemente prejudiciais, como a perda de registros de pacientes e atrasos ou cancelamentos de tratamentos"", diz Luis Corrons, pesquisador da Avast, empresa tcheca de cibersegurança. Em setembro, um desses vírus paralisou um hospital em Dusseldorf, na Alemanha. Como o local ficou impedido de receber novos pacientes, recusou a ambulância que transportava uma mulher de 78 anos que chegava com um aneurisma da aorta (dilatação da maior artéria do corpo, que pode romper). A idosa precisou ser levada a outra instituição, a 32 km dali. O translado demorou uma hora e ela morreu pouco depois. Mais da metade dos casos desses sequestros digitais em 2020, aponta o relatório, foram de uma variante chamada de “extorsão dupla”. Nela, além de cobrar para restaurar as máquinas, os criminosos pedem dinheiro para não vazar os dados obtidos. O ransomware “Sodinokibi”, que usa essa estratégia, foi o mais popular no período. A IBM estima que ele tenha rendido mais de U$ 120 milhões (R$ 650 mi) em resgates. A orientação para esse tipo de crime é de não ceder às demandas. ""As empresas têm que lembrar que estão lidando com criminosos, não existe nenhuma garantia"", diz Marcio Silva, gerente técnico da IBM Security Brasil. Nesses casos, as dicas de Silva são: fazer a gestão correta de usuários e só dar os acessos necessários a cada um, fazer correção de eventuais vulnerabilidades (ou seja, manter os sistemas atualizados) e ter um plano de resposta para os casos de incidentes. O estudo aponta ainda que os criminosos cada vez mais voltam sua atenção à infraestrutura crítica, não necessariamente ligada ao combate ao coronavírus. Entram na categoria, por exemplo, sistemas de fornecimento de água e de energia. Foi o caso em Oldsmar, na Flórida, no último dia 8. Um hacker acessou o computador de um funcionário na estação de tratamento de água e tentou aumentar os níveis de hidróxido de sódio (soda cáustica) no abastecimento. A ameaça foi detectada e impedida sem causar danos. As áreas de manufatura e energia estão mais visadas para golpes e, no ano passado, ficaram atrás apenas do setor de finanças. Nelas, os atacantes se aproveitaram principalmente de vulnerabilidades em sistemas de controle industrial (usados para operar ou automatizar processos). ""O mercado financeiro e de seguros sempre foi o mais atacado, historicamente. Ao longo dos anos as empresas vêm fazendo mais investimentos em segurança"", diz Silva. Na avaliação do especialista, os hackers perceberam que as outras áreas seriam potencialmente mais vulneráveis por não possuírem um retrospecto tão extenso de lidar com cibercrime. Além disso, como são setores onde uma paralisação nos trabalhos pode causar grandes prejuízos, há uma maior tendência de aceitar os pedidos dos atacantes a fim de diminuir o tempo parado. As ameaças contra a área da saúde acenderam diversos alertas ao longo do ano passado. Em abril, a Interpol advertiu para o crescimento de ciberataques contra hospitais. A polícia internacional destacou também o ransomware como a ameaça mais comum. Para a proteção, recomendou: Nos EUA, o FBI emitiu alerta para emails de phishing, mensagens falsas construídas para roubar dados ou instalar programas maliciosos. Não é de hoje, no entanto, que o setor da saúde está na mira do cibercrime. Um dos casos mais famosos aconteceu em 2017. Na ocasião, o ransomware WannaCry afetou computadores no mundo todo e causou danos principalmente ao sistema público de saúde britânico. No ano passado, o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sofreu uma tentativa de invasão que minou os serviços do site e do app da instituição. Pacientes disseram que não conseguiram ter acesso a exames como ressonância magnética e tomografia. Meses antes, em janeiro, uma investida inutilizou os computadores de um hospital universitário em Madri, na Espanha. Anteriormente, ataques afetaram hospitais na França. Em 2019, um centro médico em Michigan, nos EUA, teve que interromper temporariamente os seus serviços após um ciberataque. No mesmo ano, os serviços do Hospital Pediátrico de Boston foram impactados por semanas —neste caso, o responsável foi preso. É comum que hackers se atentem aos principais temas em discussão na sociedade para pautar seus ataques. Durante a crise do coronavírus, golpes que usam a doença como pretexto se espalham por aplicativos mensageiros, como o WhatsApp, redes sociais e por email. Golpistas criaram, por exemplo, um site falso prometendo liberar o auxílio emergencial. Ao entrar no site e preencher o formulário, a vítima tem seus dados roubados. Essa informação é útil para outros golpes, como tentar se passar pela vítima para pedir dinheiro a contatos no WhatsApp. É também um dos principais vetores para ataques mais complexos. Informações pessoais podem ajudar um criminoso a obter acesso ao sistema de uma empresa, por exemplo. A migração de empresas para o trabalho remoto também foi explorada. Análise da Kaspersky, empresa de segurança virtual, mostra um aumento de 235% nos ataques a protocolos de conexão remota —usados por empresas para permitir que funcionários acessem sistemas internos mesmo trabalhando a distância. Folha, 100 Parabenizamos a jornalista Claudia Collucci e todos os que fazem o jornal circular diariamente. Afinal, um jornal só existe graças à dedicação incansável de seus jornalistas. Parabéns pelo trabalho e vida longa à Folha! Ety Cristina Forte Carneiro, diretora-executiva do Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba, PR) Parabéns à Folha pelo seu primeiro centenário! Desejo muito sucesso a este jornal, que é uma referência de jornalismo ético, plural e apartidário e que tanto contribui para mim e para o nosso país. Penso que, para cooperar por um Brasil melhor para todos, ler a Folha é fundamental"". Filipe Novelli de Almeida Delfini (Araraquara, SP)  Sou assinante da Folha há 30 anos, primeiro do jornal impresso, quando eu tinha que brigar quase todos os dias com o entregador. Morador de São Luís, só recebia o exemplar no final da tarde ou no começo da noite. Hoje, que maravilha, tenho a edição online, e a cada minuto me nutro de informações. Parabéns e vida longa à essa trincheira da liberdade em um mundo tão caótico. Luiz Thadeu Nunes e Silva (São Luís, MA) Tortura ""Governo Bolsonaro nomeia discípulo de Olavo de Carvalho, que já relativizou tortura, para órgão antitortura"" (Painel, 22/2). Quando li o título da reportagem pensei que fosse a manchete do jornal satírico Sensacionalista. Paulo Bittar (São Paulo, SP)  Mais um sociopata no governo; só pode entrar quem não passar no exame psiquiátrico. Rodrigo Negrão (São Paulo, SP) O Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura agora realmente vai acabar com a tortura no Brasil. Bolsonaro sempre achou que deveriam é matar. Lembram? Uns 30 mil... Renato Botelho (Niterói, RJ) Rachadinhas ""STJ anula quebra de sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro no caso das 'rachadinhas'"" (Poder, 23/2). Os chocolates continuarão a ser vendidos, a cloroquina continuará sendo enviada aos hospitais, as armas continuarão liberadas e assim vai. E nós continuaremos assistindo a tudo isso graças a uma parte da população que acredita na terra plana e que o vírus pode ser eliminado a tiros. Marisa Oliveira (Curitiba, PR)  Ou o povo deste país reage ou isso aqui vai virar uma Líbia da era Gaddafi. José Campos (São Paulo, SP)  O acordão já está feito. Bolsonaro, centrão, STF, STJ, indiciados do Lava Jato, PT, Lula e asseclas. O próximo passo é anular o julgamento de Moro que condenou Lula. Resta ainda o julgamento da juíza que substituiu Moro, cuja anulação é mais complicada, mas que também deverá ocorrer. Todos os que quebraram o Brasil estão unidos. Nelson Prado Rocchi (Campinas, SP) Petrobras ""Agenda liberal do governo cai em descrédito na Faria Lima após intervenção na Petrobras"" (Mercado, 23/2). O Brasil há tempos já pertence ao mercado. Vá deixar o mercado insatisfeito para ver o que acontece, vá! Bolsonaro, mesmo sem querer, está mostrando como é a cara do mercado —enlouquecendo porque insatisfeito. Enoisa Veras (Teresina, PI)  Como pode um militar nacionalista e radical conviver harmoniosamente com uma agenda liberal? Era só uma questão de tempo. Que ingenuidade desse pessoal da Faria Lima! Paulo André Palma de Carvalho (Rio de Janeiro, RJ) Sempre fui contra esse liberalismo selvagem. Em todos os países capitalistas desenvolvidos do mundo o Estado intervém na economia sempre que necessário, inclusive nos EUA. Ocorre que para intervir é preciso competência, coerência, estratégia e análise técnica. Henrique Cavalleiro (Brasília, DF)  O Brasil pode ter 250 mil mortos por Covid, 15 milhões de desempregados, aumento da miséria, da fome, da população de rua, da desigualdade, preço de alimentos e combustíveis nas nuvens, devastação da Amazônia, ataque às minorias... Mas trocar o presidente da Petrobras e mexer com meia dúzia da bancada da especulação? Isso não, assim o mundo acaba! Emerson Luís de Moraes (São Paulo, SP) Covid Surpreendente o grupo denominado Médicos do Tratamento Precoce Brasil ter o desplante de pôr anúncio de meia página no jornal fazendo apologia de hidroxicloroquina, ivermectina e outros. Fica evidente que tal grupo não tem nenhum compromisso com a verdade, usando argumentos claramente políticos para se contrapor às investigações da Justiça sobre a conduta criminosa do Ministério da Saúde. Auro C. Oliveira (Salto Grande, SP)  O que há em comum entre o ativismo antiaborto e a promoção da cloroquina? O anúncio publicado nesta Folha pelos ""médicos pela vida"" nos esclarece. Longe da ciência, o que guia esse pessoal são pre(con)ceitos ideológicos, no caso os da direita e extrema direita. Nenhum país do mundo utiliza esse tratamento. A história já mostrou que a mistura de ciência com ideologia é letal. Manifestos como esse devem ser (e são) repudiados pela comunidade científica. Sérgio Rosemberg, professor titular aposentado da FM da USP e professor titular da Santa Casa (São Paulo, SP) Dediquei meus últimos três anos a pesquisas e análise de dados sobre fake news e desinformação no Monitor do Debate Político no Meio Digital. Compreendi a importância da grande mídia no combate à desinformação e como o retorno da credibilidade ao jornalismo profissional é necessário para combater fake news. Ver o anúncio sobre o tratamento precoce contra a Covid-19 foi um dos momentos mais desanimadores que vivi neste período. Gustavo Bianchini, mestre em estudos culturais pela USP (São Paulo, SP) Quatro negócios de impacto que atuam com melhoria das condições de moradia de milhares de brasileiros receberam recursos e capacitação na terceira edição do Lab Habitação: Inovação e Moradia. As empresas Akredito, Biosaneamento, Comuta Arquitetura e Isobloco ganharam capital semente de R$ 30 mil cada e acesso a metodologia intensiva e personalizada para desenvolvimento dos negócios. As iniciativas atuam com acesso a microcrédito habitacional, saneamento básico, inovação na construção civil e reformas habitacionais de baixo custo. O programa de aceleração de curta duração, que já apoiou mais de 80 empreendedores em três edições, é uma iniciativa da coalização pela habitação liderada pela Artemisia e Gerdau em parceria com o Instituto Vedacit, Tigre e Votorantim Cimentos. Dezoito negócios passaram pela aceleração. O objetivo é o de fortalecer empreendedores que têm conduzido soluções destinadas a tornar as moradias mais saudáveis, dignas e confortáveis, com potencial de atender comunidades em situação de vulnerabilidade social. “Se antes da pandemia o tema era urgente, hoje é de extrema relevância contribuir para melhorar a vida de um contingente de pessoas que reside em condições inadequadas”, afirma Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia. A aceleradora apoia negócios voltados à população em situação de vulnerabilidade econômica que criam soluções para problemas socioambientais e provocam impacto social por meio de sua atividade principal. “Temos que atentar para a importância de apoiar empreendedoras e empreendedores e essas iniciativas selecionadas têm potencial para impactar positivamente a vida de muitos brasileiros”, completa. A paulista Biosaneamento atua com infraestruturas modulares e de fácil execução em qualquer tipo de terreno, além de tratar esgoto sem adição química. O projeto já beneficiou mais de 500 famílias e 2.000 pessoas diretamente. A Comuta Arquitetura, de São Paulo, faz reformas habitacionais em pacotes subdivididos por cômodos e enxerga o pedreiro como agente fundamental nas relações com as comunidades. A Akredito, com sede no Rio de Janeiro, negocia dívidas e limpa o nome de pessoas negativadas, possibilitando ao cliente reduzir em 73% o valor da dívida. A quitação é o primeiro passo para que se possa realizar planos como a compra da casa própria. A Isobloco, de Alagoas, atua com um sistema construtivo modular, ecoeficiente, sustentável, salubre e econômico, formatado na união do concreto celular com aços longos. O vice-presidente da Gerdau Aços, Marcos Faraco, aponta que negócios de impacto social podem oferecer soluções que colaborem com temas de habitação para a população de baixa renda no país. “Com a iniciativa buscamos empoderar pessoas e empresas interessadas em transformar o cotidiano da população brasileira”, afirma. Luis Fernando Guggenberger, executivo de Inovação e Sustentabilidade da Vedacit, afirma que é fundamental dar subsídios para fortalecer a jornada completa dos empreendedores. “Precisamos garantir que mantenham os negócios de pé, evitando que entrem nas estatísticas de falência e desemprego –potencializadas durante a pandemia–, assim como continuem a promover impacto socioambiental”, diz. Segundo ele, o momento traz uma reflexão importante sobre o quanto é necessário olhar para a saúde das habitações. “É preciso estar atento à qualidade dos ambientes de convívio para que possamos nos proteger de forma adequada em cenários como o que estamos enfrentando”, completa Guggenberger. A iniciativa conta com apoio da Caixa, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, da Vivenda, da Habitat para a Humanidade Brasil e do Instituto Iguá. [RESUMO] Teorias da conspiração se multiplicaram com a popularização de redes sociais, cuja lógica de engajamento privilegia a controvérsia e a polêmica, tornando as plataformas incubadoras perfeitas da desinformação. Para ajudar pessoas envolvidas nessas narrativas, é preciso evitar o confronto e tratá-las com empatia e paciência, afirmam autores.  Quando o presidente Jair Bolsonaro minimizou a Covid-19, os brasileiros ficaram compreensivelmente confusos em relação à gravidade da ameaça. Isso ajuda a explicar, em parte, porque o Brasil está entre os países com as maiores taxas diárias de mortes pelo vírus. Porém, outro fator relacionado desempenhou papel crucial na disseminação da doença e na crescente resistência às medidas de saúde, como o uso de máscaras e o distanciamento social: conspirações digitais. Os brasileiros estão entre os mais ávidos produtores e consumidores de mídias sociais e estão sendo alimentados com uma dieta constante de desinformação. É difícil medir com precisão o elevado volume de conspirações digitais circulando no Brasil. Às vezes, elas transbordam para o mundo ""real"". Um exemplo aconteceu durante os protestos pró-Bolsonaro em Brasília, em maio de 2020. Em meio a bandeiras e carreatas, estava a letra Q exibida na janela de um veículo. Até aquele momento, a maioria dos brasileiros não tinha ideia ao que a letra se referia. Os tempos mudaram. Referências ao QAnon agora estão espalhadas por redes sociais. A versão brasileira do QAnon é assumidamente pró-Bolsonaro. Seus seguidores têm como alvo personalidades populares como Felipe Neto e Xuxa, que são falsamente acusados de promover pedofilia. Partidos políticos de esquerda, ex-líderes do Legislativo e ministros da Suprema Corte também são caluniados. Em resumo, os oponentes de Bolsonaro são inimigos do QAnon. Em contraste, o presidente é visto como um cruzado travando uma guerra santa contra os crimes sexuais infantis, a corrupção da elite e a disseminação do “globalismo”. A admiração de Bolsonaro por Donald Trump —a figura messiânica do QAnon— dá credibilidade às causas do líder brasileiro. Uma vez incubada, a versão brasileira do QAnon metastatizou rapidamente, inclusive influenciando as eleições municipais de novembro. Ao menos quatro candidatos que concorriam a câmaras municipais declararam apoio ao Q. Candidatos como Alan Lopes (Rio de Janeiro), Dom Lancellotti (Fortaleza), Daniel Augusto Rocha Carneiro (Belo Horizonte) e Luis Alexandre Mandú (Pindamonhangaba) colocaram citações do QAnon e hashtags em suas redes sociais durante a campanha. Embora nenhum deles tenha sido eleito, eles representam a ponta do iceberg infodêmico. Embora o Brasil tenha serviços de saúde pública e programas de vacinação exemplares, também é lar de um crescente movimento ""antivax"". Uma minoria significativa de brasileiros afirma que recusará se vacinar contra a Covid-19, embora o país tenha uma das taxas de infecção mais altas do mundo. Uma pesquisa do Datafolha revelou que 73% da população está disposta a ser vacinada. Ainda que isso possa parecer bom à primeira vista, é um decréscimo em relação aos 89% de meses antes. Especialistas em saúde pública e imunização estão impressionados com o aumento da desinformação online e a ofensiva do presidente para desacreditar a qualidade das vacinas. Teorias da conspiração não são novidade no Brasil —elas estiveram profundamente enraizadas na política durante o século 20. No entanto, com a internet, elas passaram a circular na velocidade da luz em plataformas populares de mídia social e aplicativos de mensagens. Os algoritmos do Facebook, Twitter e YouTube priorizam o engajamento acima de tudo. Quanto mais sensacionalista e polarizadora é a história, maior a probabilidade de ser compartilhada. Até mesmo os esforços para desacreditar notícias falsas podem aumentar sua circulação. Para complicar ainda mais, o chefe dos conspiradores e seu séquito estão inundando ecossistemas digitais com fake news. Em um mundo conectado digitalmente, praticamente todos estão em risco. O bombardeio implacável de desinformação, especialmente durante a pandemia, significa que ninguém está seguro. As vulnerabilidades são intensificadas pelos ataques contra a mídia independente. Muitos dos apoiadores de Bolsonaro acreditam que as grandes empresas de notícias e de tecnologia são administradas por uma elite liberal corrupta com a intenção de destruir sua “cultura”. Fóruns digitais como 4Chan, 1500Chan e FavelaChan estão repletos de discussões sobre como a mídia tradicional supostamente trava uma guerra cultural contra os brasileiros conservadores. Os esforços para desacreditar esses rumores frequentemente desencadeiam um efeito bumerangue, que fortalece a fé entre os que acreditam na tese da guerra cultural. Uma das razões pelas quais as conspirações online são tão eficazes é porque elas ressoam vieses e preconceitos enrustidos ou explícitos. Os seres humanos são essencialmente programados para negar fatos que não se encaixam em sua visão de mundo. Considere o caso do enviesamento de âncora, a tendência de as pessoas confiarem fortemente no primeiro conjunto de “fatos” que absorverem sobre um determinado tópico. Esse processo de ancoragem é o motivo pelo qual as pessoas tendem a ter dificuldade em aceitar novas informações sobre tópicos aos quais já têm opiniões formadas. Ao contrário, novas evidências podem na verdade intensificar o viés de confirmação, que é a tendência de abraçar ideias que apoiam a própria crença e rejeitar as que as contradizem. Outro fator aprazível para as conspirações é a raiva. Emoções relacionadas à raiva, ao medo e à indignação podem interferir na busca de informações e no processamento de ideias complexas. Com efeito, ela causa um curto-circuito no pensamento cuidadoso, deliberativo e racional. Isso explica por que as pessoas costumam tirar conclusões precipitadas quando estão com raiva, mesmo que depois se arrependam de suas decisões. Estudos mostram que, quando as pessoas estão com raiva, diminuem significativamente a sua predisposição para informações completas e elaboradas. As redes sociais são, em muitas formas, as incubadoras perfeitas da desinformação, exatamente porque prosperam através de controvérsias e polêmicas. Hoje em dia, a maioria dos brasileiros conhece algum parente ou amigo que caiu na estufa das teorias da conspiração. Histórias de parentes absorvidos pelo QAnon ou por movimentos similares se tornaram comuns. Na maioria dos casos, há espanto e descrença sobre a rapidez com que a conversão ocorreu. A surpresa costuma ser acompanhada por uma profunda preocupação com os riscos potenciais que os convertidos representam para si próprios e para os outros. Existem maneiras de ajudar as pessoas a escapar da ratoeira da desinformação, mas elas exigem empatia, paciência e resistência. Qualquer tentativa de ajudar alguém a se afastar da conspiração deve ser guiada pela gentileza. Embora seja muito mais simples tratar os crentes nas teorias como fanáticos, o confronto apenas fortalece a ancoragem e seleção por viéses. Uma abordagem baseada na empatia e desprovida de condescendência é essencial para construir confiança. Também é útil manter conversas em particular e longe das redes sociais. Isso evita possíveis constrangimentos ou humilhações. Outra lição para ajudar a afastar as pessoas das conspirações é convergir para áreas de consenso e explorar com tato os pontos de desacordo. Trabalhar com áreas de concordância diminui a temperatura da discussão. Quando ocorre uma conversa entre pessoas que compartilham um relacionamento mais profundo, refletir sobre memórias e experiências comuns pode restaurar a confiança e evitar um recuo para uma conversa de soma zero. É improvável que uma troca única resolva o problema. Na verdade, pode piorar. Extrair pessoas do pensamento conspiracionista é normalmente um processo lento. Parte do dano colateral das conspirações é a maneira como elas destroem os laços afetivos. Reconstruí-los pode exigir o mesmo nível de esforço e tolerância que existe em nossos relacionamentos mais próximos. Desse mundo louco, de tudo um pouco, eu vou levar pra 2001, avançar no tempo e nas estrelas fazer meu ziriguidum... Alô, povão, agora é fé! Motivado pela dica do colega Luís Marcelo Castro neste Agora, ganhei quatro horas na minha vida com o espetacular ""Doutor Castor"", série disponível no Globoplay. Para quem, como eu, ama futebol e Carnaval, é imperdível. Para quem quer entender o Brasil e o brasileiro através da lupa metonímica apontada para o subúrbio do Rio, obrigatório. Doutor Castor é sobre o Castor de Andrade. É sobre o Bangu. É sobre a Mocidade. É sobre o Carnaval É sobre futebol. É sobre o bicho. É sobre o poder público. É sobre hipocrisia. É sobre bandidagem. É sobre política. É sobre polícia. É sobre milícia. É sobre imprensa. É sobre conivência. É sobre subserviência. É sobre traição. É sobre família. É sobre egocentrismo. É sobre corrupção. É sobre dinheiro. É, na prática, uma metonímia do mundo. ""Doutor Castor"" é sobre como todos convivemos bem ou mal com o legal/ilegal de acordo com o interesse. À vera, ""Doutor Castor"", como o mundo, é um grande cada um por si. Quando é favorável, o bandido é carismático, amigo dos amigos. Quando é contra, é caso de polícia!  Fosse vivo, com o histórico de quem comprou árbitros e adversários e de quem também viu seu Bangu ser roubado, o que diria o criminoso Castor de Andrade sobre a absurda expulsão (operada por Raphael Claus com o ""auxílio"" do lixo do VAR) de Rodinei no VARgonhão? Luiz Carlos Gonçalves, o larápio confesso Cabelada, não faria pior! Nelson Rodrigues: ""Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos"". Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca! No agora.com.br! E no youtube.com/blogdovitao!  Pássaro Uma das mentiras dos dinizistas fanáticos é dizer que a culpa pelo São Paulo ter jogado o título no lixo não é do mentor da saidinha patética, mas da atual diretoria pelo ""erro"" de ter dispensado o cartola Alexandre Pássaro. Bom, com Pássaro, o Vasco foi rebaixado. A culpa de Casares foi teimar com o fraco Diniz até não ter mais chance! Gaciba Se a arbitragem roubou escandalosamente a cena em boa parte das partidas em todas as 37 rodadas do VARgonhão-2020, Leonardo Gaciba, que faz um trabalho horroroso e sem qualquer transparência na comissão de arbitragem, tem culpa! E olha que na Copa do Brasil não foi menos VARgonhoso! Até quando, Gaciba?! Em viagem oficial, Georg Plehn, ministro da Alemanha junto ao governo brasileiro, chegou a São Paulo nesta quarta-feira (23). Plehn foi recebido na estação da Luz pelo tenente Tenório de Brito, que era o representante do presidente do estado (governador), Washington Luís. Também havia representantes de outras autoridades, vários membros da colônia alemã na cidade e uma banda de música, que estava postada em frente à estação. Após a recepção, o ministro foi ao Rotisserie Sportsman, hotel onde está hospedado. Depois, dirigiu-se ao palácio do governo para cumprimentar Washington Luís. Em uma partida apenas para cumprir tabela e mais preocupados com decisões que encaram no próximo final de semana, Palmeiras e Atlético-GO empataram, por 1 a 1, no Allianz Parque. Campeão da Copa Libertadores, o Verdão começa a decidir neste domingo (28), às 16h, contra o Grêmio, em Porto Alegre, a Copa do Brasil. Os dois clubes voltam a se encontrar, no dia 7 de março. A CBF alterou, nesta segunda-feira (22), para as 18h, o início do duelo. O Atlético-GO, que conseguiu a classificação para a próxima Copa Sul-Americana, decide, em jogo único o Campeonato Goiano. A final vai ser neste sábado (27), contra o Goianésia. Do lado palmeirense, que vem enfrentando uma maratona de jogos, esperava-se uma formação com os jogadores com menos rodagem nesta temporada. O técnico Abel Ferreira, que cumpriu suspensão por ter recebido o terceiro cartão amarelo no clássico contra o São Paulo, montou a equipe com quase todos os considerados titulares. Sob o comando do auxiliar João Martins, a novidade foi colocar o lateral direito Mayke improvisado como terceiro homem de frente. Com controle da posse de bola, menos chutão e mais velocidade, os palmeirenses foram melhores ao longo da partida. Mas só conseguiram anotar um gol. De pé direito, no chute de longa distância, o lateral esquerdo Matías Viña acertou o ângulo esquerdo do goleiro Maurício Kozlinski e abriu o placar, aos 22min do primeiro tempo. O gol de empate, aos 43min, saiu com Matheus Vargas, que, da entrada da área, também de pé direito mandou a bola no mesmo setor da meta do arqueiro Weverton. Mesmo com ritmo mais cadenciado, os dois times criaram oportunidades na etapa final, mas, principalmente os palmeirenses, falharam nas conclusões. Ao Palmeiras, vale destacar, a partida serviu para o atacante Wesley voltar a jogar uma partida oficial. O garoto, que passou por cirurgia no joelho direito, em novembro, mostrou que pode ser uma opção nos jogos decisivos contra o Tricolor gaúcho. Nenhum país do mundo sabe produzir talentos para o futebol como o Brasil. Vale para o masculino e também para o feminino. Mas o fenômeno com as mulheres é ainda mais expressivo. Porque o Brasil nunca fez nada para incentivar meninas a jogarem futebol. Pelo contrário, fez de tudo para impedi-las disso. Proibiu o jogo para elas por quatro décadas, não fomentou a prática nas escolas ou clubes, demorou a criar campeonatos, ignorou a existência delas pelo tempo que pôde. E, mesmo assim, o Brasil teve Roseli, uma das melhores finalizadoras que o futebol já viu. Teve Michael Jackson, a artilheira de mais de mil gols. Teve Sissi, e eu busco uma definição melhor em português para nossa Imperatriz do futebol do que “world-class”. Sissi enxergava o jogo mais rápido do que todas as outras, com os passes mais impressionantes e as cobranças de falta mais precisas. Acima de tudo, sem esforço nenhum, o Brasil produziu a melhor de todos os tempos, Marta, que fez 35 anos na última semana e há quase duas décadas é a referência absoluta para as mulheres no futebol. Aliás, o Brasil fez esforço para Marta desistir. Em Dois Riachos (AL), ela não podia disputar campeonatos com os meninos. Foi para o Rio de Janeiro jogar no Vasco, e o clube encerrou os trabalhos do time feminino. Precisou sair do país para seguir a carreira. No domingo, a seleção feminina enfrentou os Estados Unidos, que dominam o futebol entre as mulheres há três décadas. Do lado delas, estava uma brasileira, Catarina Macario, a camisa 11 que não entrou em campo. Nascida em São Luís (MA), ela foi para lá aos 12 anos porque aqui não encontrou clubes onde pudesse jogar com meninas. Na época, não tinha campeonato nem adulto para as mulheres jogarem. Em solo americano, Macario teve todas as oportunidades para se tornar jogadora. Disputou competições desde essa idade, foi para o futebol universitário, se destacou em todas as categorias. Com toda a formação nos Estados Unidos, ela optou por representar a seleção americana em vez de vestir a camisa amarela. Para muitos, isso é um ""insulto”. Para mim, é o justo. Macario vai dedicar seu talento ao país que deu a ela condições de se tornar jogadora. Se tivesse continuado no Brasil, é bem provável que não estivesse mais jogando. A seleção americana tem oito categorias de base (sub-14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 23), o Brasil tem duas (sub-17 e 20). Um estudo da Fifa de 2019 mostrou que existiam 1,5 milhão de meninas nos Estados Unidos abaixo de 18 anos registradas em times de futebol e disputando competições. O Brasil tinha 475 meninas nas mesmas condições. A primeira competição oficial de base em nível nacional aconteceu em 2019. Só agora passamos a ter um olhar para a formação das jogadoras, um trabalho que ainda é embrionário nos clubes e que começa a ser mais bem lapidado na seleção. Sem nunca termos feito nada, produzimos tantos talentos como os já citados acima. Imagina o potencial que temos agora, que finalmente começamos a fazer alguma coisa. É uma questão de tempo para sermos as melhores do mundo. Resta termos paciência (porque resultados não vêm da noite para o dia) e darmos condição de trabalho e estrutura para as mulheres chegarem lá. VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto) “E assim acaba o mundo. Não com uma explosão, mas com um gemido”, concluía T. S. Eliot em “The Hollow Men”. Uma pandemia não é menos destrutiva que uma guerra. Pode, no entanto, ser desqualificada, total ou parcialmente. Sejamos claros: em nenhum momento a Covid-19 assolou o Brasil como agora. Crescem as internações e mortes. Disseminam-se variantes virais, provavelmente mais transmissíveis e talvez causando doença mais grave. Pior: é possível que essas variantes escapem à imunidade conferida pelas vacinas. Que essa não é uma situação sem esperança demonstram os exemplos da Nova Zelândia, Alemanha e Espanha. E o movimento coerente (ainda que tardio) do município de Araraquara (273 km de SP). Porém, vivemos uma epidemia de cegueira que ultrapassa as previsões de Saramago. O pacto coletivo de autoengano consistia em negar o que ocorre na Europa. Agora se estende a ignorar o colapso da cidade vizinha. Como entender que Araraquara e Jaú estejam em lockdown enquanto Bauru, a 55 km da última, faz passeatas pelo direito à aglomeração? Sem dúvida esse é um caso para análise em antropologia e ciências do comportamento. Não que se menosprezem os danos econômicos, sociais e psicológicos do distanciamento. Mas, na emergência da saúde pública, o valor intrínseco da vida deve ser reforçado. Não sabemos tudo, mas já acumulamos fortes evidências. As “medidas não farmacêuticas”, incluindo distanciamento social por fechamento de comércio, inibição de aglomerações e uso rigoroso de máscaras são o único (amargo) caminho para interromper a progressão da Covid-19. Não conseguiremos vacinar a tempo. É possível que o vírus se antecipe à vacina, com suas mutações de escape. A transmissão do coronavírus gera oportunidades para surgimento de variantes. É urgente, pois, interrompê-la. Mas, se continuarmos a pensar que Araraquara e Jaú são longínquas ilhas do Pacífico, marcharemos rapidamente para o colapso da saúde. Não no estado de São Paulo, mas no país. Passamos pela fase da ilusão de “enterros falsos”. Muitos de nós já tiveram vítimas fatais na família. Também já estão soterradas as pílulas milagrosas —cloroquina, ivermectina e nitazoxanida. Os antivirais com resultados promissores são novos, caros, inacessíveis. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), já menciona a dificuldade em conseguir oxigênio. O caos está aqui, está em todo lugar. Pesa sobre nós uma escolha. De um lado temos o darwinismo social, em que aceitaremos a morte de centenas de milhares como uma pequena inconveniência suportada em nome da economia. Do outro, a chance de aprender com as lições positivas e negativas de outros países. Como bom exemplo, temos a Nova Zelândia. No extremo oposto, os Estados Unidos. Ainda há tempo para deixarmos de bater continência a réplicas da Estátua da Liberdade e reconhecermos que Donald Trump levou seu país ao fundo do poço da saúde pública. Não será o fim do mundo, mas já é uma catástrofe sem precedentes. Silenciosa, exceto pelos ruídos de ambulâncias e ventiladores mecânicos, quando existem. Ou pelos gemidos daqueles a quem falta o ar. Uma agonia tão intensa e destrutiva quanto bombardeios. Manipular politicamente o boicote às medidas óbvias de contenção da Covid-19 foi a receita para o caos, tanto nos Estados Unidos quanto no Amazonas. Não é muito desejar que aprendamos com nossos erros. “O que a vida quer da gente”, diria Guimarães Rosa, “é coragem”. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza Infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) Luís Fernando Aranha Camargo Professor de infectologia da Unifesp Dimas Tadeu Covas Diretor do Instituto Butantan Marcos Boulos Professor titular aposentado da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP) Rodrigo Nogueira Angerami Infectologista (Unicamp) Benedito Antônio Lopes da Fonseca Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) Eduardo Massad Professor da FGV-RJ e da USP Francisco Coutinho Professor do Departamento de Patologia da FM-USP Gonzalo Vecina Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. No momento em que a Folha faz cem anos, é natural que todos se lembrem das grandes reportagens, que são, de fato, a alma do jornal. Mas eu, pessoalmente, sempre gostei da Folha também como espaço de debate de ideias. Por isso, resolvi fazer minha homenagem ao jornal lembrando de três discussões importantes publicadas aqui. Todas estão disponíveis no Acervo Folha. Após a derrota para Collor em 1989, o Partido dos Trabalhadores formou um “governo paralelo”, um grupo de debates sobre políticas públicas que embasaria a atuação do partido na oposição. Uma das ideias que circulavam amplamente era a da renda mínima, defendida nas páginas da Folha desde os anos 70 pelo então jovem economista Eduardo Suplicy. Em um debate do governo paralelo, o economista José Márcio Camargo elogiou a ideia de Suplicy, mas sugeriu que o foco inicial do programa fossem as crianças, não os idosos, como no projeto original do senador. Tanto quanto sei, seu comentário ao projeto de Suplicy, publicado na Folha de 26 de dezembro de 1991, é a primeira formulação do Bolsa-Escola, “um programa que complementasse a renda de todos os trabalhadores, desde que eles coloquem seus filhos em escolas públicas”. Em 1994, o Brasil elegeu como presidente um de seus grandes intelectuais, Fernando Henrique Cardoso. Quem esperava oito anos de grandes debates intelectuais com o presidente decepcionou-se: FHC presidente falava como político, como, aliás, tinha mesmo que fazer. Porém, no meio da campanha eleitoral, provocado por dois intelectuais de esquerda —José Luis Fiori (no artigo “Os moedeiros falsos”) e Roberto Mangabeira Unger (na entrevista “O ideólogo da terceira via”)—, Cardoso publicou, em 10 de julho de 1994, “Reforma e imaginação”, sua defesa mais vigorosa contra a acusação de que havia “traído seus ideais” aliando-se à direita, um documento importante sobre o “neoliberalismo” brasileiro. É um texto de transição entre o intelectual e o presidente, que cada um julgará se para em pé diante dos resultados posteriores. Finalmente, quando denúncias de corrupção abalaram o governo tucano, o filósofo José Arthur Giannotti, historicamente próximo de FHC, publicou, em 17 de maio de 2001, “O dedo em riste do jornalismo moral”, manifestando seu temor de que a política de denúncias morais esvaziasse a política, em que, apesar da importância indiscutível das regras, sempre haverá uma “zona cinzenta”. A filósofa Marilena Chaui, historicamente próxima do PT, respondeu com o belo artigo “Acerca da moralidade pública”, em que defendeu que a imprensa e os partidos de oposição que faziam as denúncias também participavam, legitimamente do debate sobre a fronteira da “zona cinzenta”. Não sei qual dos dois tinha razão, talvez os dois tivessem, mas hoje está claro que não soubemos gerir bem a convivência da política com a defesa da moral nos últimos anos. No Brasil de hoje, a zona cinzenta da política é definida cada vez mais arbitrariamente, as críticas de Fiori e Unger parecem mais pertinentes do que foram na era FHC, e o auxílio emergencial, feito nos moldes do Bolsa Família, acabou. Espero que a Folha continue sendo um espaço onde alternativas a esse desastre sejam pensadas, pois, sem sombra de dúvida, elas são mais necessárias do que nunca. O futebol e seus detalhes decisivos voltaram a dar o ar de sua graça no Maracanã quando o Flamengo venceu o Inter por 2 a 1, assumiu a liderança do campeonato pela primeira vez para buscar o bicampeonato consecutivo, o octa brasileiro porque foi quem ganhou em 1987. Um acidente doméstico tirou Willian Arão do jogo e seu substituto, Gustavo Henrique, zagueiro de ofício, cometeu um pênalti infantil para permitir que o Inter saísse na frente. Caso fosse o gol do título colorado, provavelmente o ex-santista nunca mais pisasse na Gávea. Mas Rodinei, o improvável refugo rubro-negro, que valeu multa de R$ 1 milhão para estar em campo, vacilou ao dividir com Bruno Henrique e viu o atacante dar o empate para Arrascaeta. Não contentes, os dois, Rodinei e Gustavo Henrique, no fim do primeiro tempo, protagonizaram outro lance dramático, quando o lateral invadiu a área carioca e a bola desviada no flamenguista explodiu no travessão de Hugo. Por incrível que pareça, teria mais, para jogar R$ 1 milhão no lixo. Nem bem começou o segundo tempo e Rodinei pisou em Filipe Luís para ser expulso de campo. Ora, em jogo tão equilibrado, a volúpia do Flamengo contra a frieza do Inter, jogar um tempo inteiro com 10 contra 11 é dose para mamute. E o Colorado não suportou a pressão, tomou a virada dos pés de Gabigol com direito a passe precioso de Arrascaeta. Agora ficou tudo para quinta-feira (25), no Morumbi e no Beira-Rio. Caso o Flamengo enfim ganhe do São Paulo na temporada 2020/21, Rogério Ceni erguerá sua primeira taça da elite nacional como treinador de futebol. Os dois times se enfrentaram três vezes na temporada e os paulistas venceram as três, por 3 a 0 e 2 a 1 na Copa do Brasil e por 4 a 1 no primeiro turno do Covidão-20, no Maracanã. Ceni pode ser campeão em cima do clube que o fez Mito, desses de verdade. O detalhe é que até hoje ele não venceu nenhum dos sete jogos que fez contra o tricolor, o máximo que conseguiu foram dois empates. Vencerá o mais importante de todos? Tudo conspira para que consiga e, de fato, nem pode pensar em outro resultado, porque embora possa vir a ser campeão mesmo com derrota, esperar que o Corinthians dificulte a vida do Inter no Beira-Rio é mais ou menos como contar com chuva no deserto. Poucos jogos tiveram tanto a cara de segunda divisão como o 0 a 0 entre Corinthians e Vasco, em Itaquera. O alvinegro para sacramentar sua participação na Copa Sul-Americana, a Série B continental. O Vasco para voltar a viver a atmosfera que conhece bem, agora pela quarta vez, na Série B nacional. Uma lástima para o Cruzmaltino, de presidente novo, Jorge Salgado, mas que talvez tenha a chance de com menos pressão cimentar a base que possa fazer do gigante de São Januário um clube autossustentável. Já o Corinthians não tem do que se queixar, depois que seus sócios, quer dizer, cúmplices, mantiveram a mesma cartolagem que o trouxe à mediocridade nebulosa em que vive. Jogar a pré-Libertadores seria vexame na certa e nem a Sul-Americana lhe sobraria. Agora terá com o que se divertir, quem sabe até vencê-la para enganar os fanáticos com a taça que ainda não tem. Alguém sabe explicar por que a FPF marcou um dérbi entre um jogo e outro da decisão da Copa do Brasil? E o Palmeiras aceitou? O Internacional fez bem ao pagar R$ 1 milhão para ter Rodinei em campo na decisão contra o Flamengo, mas era evidente que a multa poderia implicar peso maior sobre suas costas. O gol do Flamengo nasceu de Bruno Henrique no setor de Rodinei, passe para De Arrascaeta. A expulsão do lateral, por pisar o tornozelo de Filipe Luís aos 3 minutos da segunda etapa, foi decisiva. Também foi marcante o fato de o gol de Arrascaeta ter assistência de Bruno Henrique. Apesar de Abel Braga ter escalado os dois juntos, sua saída da Gávea deixou muito a lembrança das vezes em que o atual técnico do Internacional julgou que o casamento entre Bruno Henrique e Arrascaeta era inviável. Craque sempre pode jogar junto, e Arrascaeta foi o melhor em campo. Com um homem a mais, Rogério Ceni fez o que a torcida pedia há semanas: Gabigol e Pedro juntos. Não deslocou Gabriel para a direita, manteve os dois pelo meio e foi por ali o segundo gol, construído com passe brilhante de Arrascaeta para Gabriel marcar pelo quinto jogo seguido. Pois logo depois trocou Gabigol por João Lucas, para recompor a lateral-direita, perdida pela ousadia de tirar Isla e encher a área com dois centroavantes. Outra alteração que deixa a torcida com pulga atrás da orelha com Rogério, mas é inegável que o time melhorou depois de sua chegada. Evoluiu em comparação com o período de Domènec Torrent, não com a fase de Jorge Jesus. Conta-se no Ninho do Urubu que Jorge Jesus riu ao saber que o Flamengo pensava em Rogério Ceni como alguém para fazer o time jogar igual ao ano passado. Verdade que o treinador português não anda com motivos para sorrisos, pelo quarto lugar que ocupa no Campeonato Português. Sua risada era resultado da sabedoria de que Rogério Ceni foi formado pensando futebol diferente do que pensa Jorge Jesus. Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Rogério fez o Fortaleza do ataque, na Série B, e não manteve a mesma agressividade na Série A porque não tinha elenco para isso. Buscou a força ofensiva quando pôde dirigir um elenco com essa vocação. Rogério não é o melhor técnico do Brasil, mas foi um exagero a quantidade de cornetas, como se seu trabalho estivesse esgotado, pelo tempo que demorou para fazer avançar. Assim como Abel não estava e nem está acabado. Sempre justo lembrar que seu último grande momento na carreira, antes do Internacional, havia sido a conquista da Taça Guanabara num improvável Fla-Flu vencido nos pênaltis. Quatro meses depois, ele perdeu seu filho. Assim como Rogério, Abel fracassou no Cruzeiro, rebaixado em 2019. Mas quem daria certo num clube tão castigado por maus dirigentes? A vitória do Flamengo no Maracanã era previsível, porque há mais jogadores de talento, mais experientes, mais decisivos na Gávea do que no Beira-Rio. Mesmo assim, o Internacional chega à última rodada com chance de ser campeão. Não se esqueça que Crespo pode até estrear, se sua documentação estiver regularizada. E que o São Paulo não gostaria de ver Rogério Ceni dando a volta olímpica no Morumbi. O Brasileiro da pandemia terminará na última rodada, o que não acontecia desde 2011. Terá o Flamengo como grande favorito ao bicampeonato. Mas a decisão só sairá na quinta-feira à noite. Abel Ferreira fala a verdade, não chora o mau desempenho recente. Explica. O Palmeiras entrará em campo nesta segunda-feira (22) para sua partida número 16 em 47 dias de 2021. Time reserva e preparação para tentar jogar bem contra o Grêmio, pela Copa do Brasil. O Corinthians completou quatro rodadas sem vitórias. Jogou melhor do que o Vasco, mas não sacramentou o quarto rebaixamento vascaíno, que ficou muito próximo por seu saldo negativo de 20 gols, 12 de diferença para o Fortaleza. O Corinthians tem de pensar em 2021. Atual campeão brasileiro, o Flamengo ainda não havia liderado esta edição do Nacional. Agora, às portas do encerramento da competição, não vê mais ninguém à sua frente e está a uma vitória de conquistar o bicampeonato consecutivo, o oitavo em sua história. Neste domingo (21), no Maracanã, a equipe rubro-negra venceu o Internacional por 2 a 1, de virada, e tomou a ponta do time gaúcho na penúltima rodada. Arrascaeta e Gabriel marcaram os gols flamenguistas depois que Edenilson havia aberto o placar. Basta aos cariocas, com 71 pontos, um triunfo no jogo da próxima quinta-feira (25), contra o São Paulo, no Morumbi, para confirmarem o título. Situação inusitada para Rogério Ceni, ídolo são-paulino enquanto jogador e que busca seu primeiro troféu como técnico na elite nacional –faturou a Série B pelo Fortaleza. Além da perda da liderança, o Inter, com 69 pontos, reclamou bastante da arbitragem de Raphael Claus, que expulsou Rodinei no início do segundo tempo. O lateral direito só entrou em campo porque a diretoria gaúcha pagou cláusula de R$ 1 milhão (doados pelo empresário e torcedor Elusmar Maggi) para contar com o jogador, que está emprestado justamente pelo Flamengo. Os colorados podem se apegar ao fato de que os flamenguistas ainda não superaram os são-paulinos nesta temporada. Em três encontros, somando o primeiro turno do Brasileiro e dois duelos pela Copa do Brasil, os tricolores venceram todos –incluindo vitórias por 4 a 1 e 3 a 0. Se contar com um tropeço dos rubro-negros, o Internacional será campeão caso vença o seu compromisso, diante do Corinthians, no Beira-Rio. A última rodada será toda disputada na próxima quinta-feira (25), às 21h30. Antes de a bola rolar neste domingo, torcedores flamenguistas se aglomeraram no entorno do Maracanã para esperar a chegada do ônibus da delegação. A aglomeração, contudo, foi dispersada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro com uso de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. No sábado (20), colorados também haviam se reunido na chegada da equipe gaúcha ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, de onde partiu em direção ao Rio de Janeiro. O Brasil se aproxima da marca de 250 mil mortes decorrentes da Covid-19 e já ultrapassou o índice de 10 milhões de infecções desde o início da pandemia. No campo, o Internacional abriu o placar logo no início da partida, aos 11 minutos do primeiro tempo, em sua primeira boa chegada ao ataque. Patrick acionou Moisés na esquerda, o lateral cruzou e Yuri Alberto teve a camisa puxada por Gustavo Henrique. Pênalti. Edenilson cobrou bem, no ângulo, e marcou. Com a vantagem, a equipe gaúcha se fechou atrás e permitiu que o Flamengo ficasse com o domínio das ações. Os cariocas circulavam a bola, mas tinham dificuldade de furar o bloqueio dos colorados, que por sua vez não conseguiam sair de trás, sufocados pelo avanço dos donos da casa. O time comandado por Rogério Ceni tanto insistiu diante do recuo do Inter que foi premiado com o empate ainda na etapa inicial. Filipe Luís ganhou rebote à frente da área e acionou Bruno Henrique. O atacante ganhou pela esquerda na velocidade de Rodinei, que parou com receio de derrubar o adversário, e cruzou para trás. Arrascaeta finalizou de perna esquerda, a bola tocou na trave e entrou. Minutos antes do fim do primeiro tempo, o lateral, personagem do jogo, acertou o travessão de Hugo pela direita. Não seria sua última intervenção importante na partida. Logo no início do segundo tempo, Rodinei entrou duro em Filipe Luís e recebeu o cartão vermelho –após revisão de Raphael Claus no monitor. Imediatamente após a expulsão, Ceni mandou a campo o centroavante Pedro no lugar de Isla, para ter mais um homem prendendo a atenção dos zagueiros colorados. Abel reagiu com a entrada do lateral direito Heitor na vaga de Praxedes, para recompor sua linha defensiva. Com um a menos o Internacional, que já havia se fechado depois de abrir o placar, se armou em um 4-4-1, com duas linhas bem próximas, para tentar impedir que os flamenguistas arrumassem os espaços. Mas Arrascaeta, que saiu da esquerda e passou a atuar mais centralizado, conseguiu encontrar um corredor e passou para Gabriel nas costas da zaga do Inter. O camisa 9 rubro-negro bateu cruzado, na saída de Lomba, e virou o jogo para o Flamengo, aos 17 da etapa final. Foi o 27º gol do atacante na temporada, o 14º no Brasileiro. Pedro ainda marcou o que seria o terceiro, mas foi anulado após consulta ao VAR, que viu falta em ação do atacante no início da arrancada. February 1) Folha da Noite circulates for the first time on the 19th. Launched by Olívio Olavo de Olival Costa and Pedro Cunha, the newspaper's headquarters are in Antônio Prado square, between São Bento and João Brícola streets, in a room loaned by O Estado de S. Paulo, which was also responsible for printing the edition. Cover of the first edition of Folha da Noite, published on February 19, 1921 2) The newspaper often receives criticism from authorities who attempt to persecute the media outlet. An example of this is when President Arthur Bernardes bans the circulation of Folha da Noite, which had referred to his government as “a period of darkness”. 1 7 The Folha newspaper group launches Folha da Manhã. That same year, Folha reveals a cartoon character that represents the demands of the São Paulo middle class—Juca Pato. Created by the cartoonist Belmonte, Juca Pato is a bald, thin man of medium height who wears glasses. Belmonte Cartoons 22.may.1934 - Getúlio makes his offerings to the god Povo, who, suspiciously, claims that the ""jewels"" are nothing more than costume jewelry from a famous store of the time, Casa Sloper The defense of São Paulo's interests is one of the principles that guide Folha da Noite. When the crash of the New York Stock Exchange triggers a serious economic crisis, this is reflected in texts in support of the federal government, at the time led by Washington Luís. Admirers of Getúlio Vargas attack the company because they are uncomfortable with its criticism of the president. The newspaper stops circulating for two months. Farmer and trader Octaviano Alves de Lima buys the newspaper group. He sees the newspapers as more than just a media business opportunity: they would become a way to favor his coffee business 7) On September 7, Folha da Noite publishes comic strips for the first time. The pioneering character is the sailor Popeye, created by the American cartoonist A.C. Segar. Folha da Noite becomes the exclusive publisher in Brazil. With the establishment of the Estado Novo [New State] dictatorship, the Vargas government begins to control the press through censorship, economic blackmail and political pressure, which limits the political news published in Folha until the 1940s. Folha Informação launches. Through the telephone service, anyone can obtain updated news on any subject directly from a team of journalists. It works uninterrupted until 1992. 10) Folha da Noite improves its work during the Second World War. It is the first São Paulo newspaper to report the Allied invasion of Nazi Europe (known as D-Day), thanks to an extra edition produced in the early hours. January 11) The portrayal of Hitler and Mussolini in Belmonte's cartoons reap international repercussions. Joseph Goebbels, the German Nazi Propaganda Minister, even complains about the cartoons. Março 12) The company is sold again. Alcides Ribeiro Meirelles, Clóvis Queiroga and José Nabantino Ramos take control. Julho 13) A love affair between two great names in Brazilian culture wins over the pages of the newspaper. Jorge Amado declares his love for Zélia Gattai in his column in Folha da Manhã. Architect Oscar Niemeyer (l) with the couple Zélia Gattai and Jorge Amado at the mass for the commemoration of the 28th anniversary of Brasília, in the cathedral in Brasília, in 1988 14) The section No Mundo da Ciência is launched, and written by José Reis. The structure of materials, the operation of the microscope, the life of microorganisms and the dangers of pollution are some of the topics addressed in this section (launched as a notebook in 2000). 15) The company launches the “Programa de Ação das Folha”. This program helps to professionalize the newsroom. With this the newspaper breaks political party connections, institutes performance awards, creates hiring tests, implements internal evaluations, starts managing corrections and holds monthly meetings to discuss goals and problems. July 16) Another publication of the group is launched: Folha da Tarde, an easy to read, modern, local newspaper. 17) All departments meet at the address they are at today: between Rua Barão de Campinas and Avenida Barão de Limeira. Before that, the newspaper also occupied buildings on São Bento, Boa Vista, do Carmo streets (now called Roberto Simonsen) and on the Cleveland Mall. 18) In so-called civic campaigns, reporters and photographers start traveling the cities in jeeps, looking for major problems to cover. This campaign, published in Folha's three newspapers, strengthens the Folha brand because of its association with the country's greatest causes. 19) Folha Ilustrada is launched and targets women with light news instead of the cultural journalism that it is known for today. The lives of movie stars, parenting, weddings and book reviews dominate the supplement. 20) Folha da Manhã prints a cartoon story about the dog Bidu for the first time. It is the beginning of Mauricio de Sousa's long standing and successful career in comics. Some of the first comic strips about Bidu, a character by Mauricio de Sousa - Reproduction 21) The names of Folha da Manhã, Folha da Tarde and Folha da Noite are unified under Folha de S.Paulo. The three daily editions circulate until 1962. The slogan ""A newspaper at the service of Brazil"" is launched during this time, in 1961. December 22) A serious financial crisis hits the group. Journalists from São Paulo, including those from Folha, go on strike —from which they emerged victorious—for salary adjustments and labor rights. At the same time, President Jânio Quadros cuts the subsidies that made the news print cheaper. 23) With mounting debts, the newspaper is again sold to Octavio Frias de Oliveira, Carlos Caldeira Filho and Caio de Alcântara Machado - this one would go out of business months later. 24) Journalist Lenita Miranda de Figueiredo creates Folhinha, a children's section whose graphics were created by Mauricio de Sousa. 25) Folha supports the military coup, convinced that Congress would elect a new president within the constitutional term. The military, however, established a dictatorship that lasted until 1985. In 2014, 50 years later, the newspaper publishes an editorial that recognizes the error. 26) The group acquires other outlets, such as the newspapers Última Hora (published until 1979) and Notícias Populares (which circulated until 2001). 27) In January, the Tourism section begins to circulate as an independent weekly supplement. It was launched as a section within Ilustrada in 1959. 28) Folha da Tarde is relaunched to court students and to compete with the Jornal da Tarde, launched in 1965 by O Estado de S. Paulo. It was published until 1999. January 29) The newspaper publishes for the first time an entire edition in offset, technology that allowed more images to be printed and with greater clarity than the competitors. April 30) In the same year that AI-5 would be enacted, Folha publishes allegations of torture. As the target of censorship, the newspaper now includes mock exams for the college entrance exam in order to get closer to the students. In the future, the initiative evolves towards the creation of the Education department, the first dedicated to this topic in the country. 31) Members of the National Liberation Action (ALN), set Folha delivery trucks on fire. According to one of the group members quoted in the book “Folha Explica Folha,” ALN was convinced that the newspaper supported the dictatorship. Leftist militants said they had seen Folha's vehicles at DOI-Codi, the center of the repressive system in SP. According to Otavio Frias Filho, who took over as editorial director in 1984, “Folha has always stated that, if this happened with its vehicles, it was episodic and without the knowledge or authorization of its management.” 32) In June, an editorial says that there are no left-wing men in prison in the country “as a result of their thinking.” In a moment of internal crisis in the newspaper, Cláudio Abramo is removed from the journalistic leadership and the newspaper stops publishing editorials until 1976. 33) For the first time in Brazil, Folha prints, simultaneously with the national edition, a special newspaper with 16 colored pages, front and back. Janeiro 34) A month before the official announcement, the newspaper reveals that the banker and businessman Olavo Setúbal was chosen by Governor Paulo Egydio Martins to become the mayor of São Paulo. Setembro 35) Angeli officially becomes a cartoonist for the newspaper. Together with Glauco and Laerte, who arrived later, they form the collective Los 3 Amigos, which made history in Folha's graphic humor. 36) The Tendências/Debates sections launch, with space for different opinions, and Painel do Leitor. January 37) Folhetim emerges. Folhetim is an alternative cultural section that circulated on Sundays and was designed by journalist Tarso de Castro. Innovative, the supplement paved the way for other high-culture projects in the newspaper, such as Letras (created in 1989), Mais! (1992), Jornal de Resenhas (1995) and Ilustríssima (2010). September 38) Columnist Lourenço Diaféria is arrested after a text criticizing the military. The next day, the space in his column goes blank as a form of protest, and the dictatorship threatens to close down Folha. Fearing the company's demise, Octavio Frias de Oliveira changes direction to avoid further turbulence. Boris Casoy takes over. 39) The Editorial Board is created with the aim of increasing diversity in opinions at the newspaper. Folha intensely covered the birth of the labor union movement in ABC São Paulo. When the mobilizations of workers reached the press, there was a strike by journalists. Almost all Folha professionals stopped, but the newspaper did not stop circulating every day. The precarious edits were made by only 15 people. 41) Clóvis Rossi is hired by Folha. He became one of the most important names in the newspaper's history, working as a correspondent in Buenos Aires and Madrid and a special reporter, among other functions. He died in 2019, aged 76, after a heart attack. February 42) In late April, the research department of Folha de S. Paulo conducted its first survey on the greatest fear of São Paulo residents. This represents the beginning of Datafolha. The institute's methodology was developed by Reginaldo Prandi — then a full professor at the Department of Sociology at USP and a researcher at the Center for Analysis and Planning (Cebrap). Março 43) Federal deputy Dante de Oliveira (PMDB) presents an amendment that restores direct elections. Days later, Folha publishes an editorial in which it supported the idea, but said that it would only be victorious if supported by public opinion. The newspaper's involvement with the campaign increases and it would come to be known as ""the newspaper of the Diretas."" December 44) Reporting by Ricardo Kotscho on Serra Pelada shows the decrease in the gold rush and the situation of the approximately 80 thousand gold miners. May 45) Journalist Otavio Frias Filho becomes editor of the newspaper at the age of 27. June 46) The Folha Project is released, which proposes critical, pluralist, non-partisan and modern journalism that guides the company's practices to this day. August 47) The first Writing Manual is adopted, which standardizes and guides the work of Folha's journalists. 48) Folha surpasses O Globo in the monthly average subscribers and becomes the largest newspaper in the country. The newspaper became the leader in annual readership in 1986 and has maintained so ever since. 49) Censored by Sarney, the film ""Je Vous Salue, Marie"", by Godard, is shown in Folha's auditorium. 50) Created by W/Brasil agency, from Washington Olivetto, the ad ""Hitler"" inserts Folha in the history of Brazilian advertising. The film lists the achievements of a political leader who, moments later, we discovered to be the dictator of Nazi Germany. “It is possible to tell a lot of lies by telling only the truth,” concludes the narrator. He was awarded at the Cannes Film Festival. 51) Janio de Freitas reveals the competition for the construction of the North-South railway. The result was published in Folha five days earlier, in encrypted form. 52) Folha launches the Training Program in order to familiarize reporters with the operation of the newspaper and create a repertoire of professionals capable of acting at the standards of modern journalism. 53) Folha is the first newspaper in Brazil to create the post of ombudsman. The Sunday column of Caio Túlio Costa opens, the first to perform the function. Under the pretext of investigating alleged irregularity in the collection of advertisements, the Federal Police under Fernando Collor invades Folha in an attempt to intimidate the newspaper. The following day, the editorial “The Escalista Fascist” appears on the front page. February 55) Folha becomes the first newspaper in Brazil to have a fixed space dedicated to correcting errors, an Erramos section. 56) At the age of 70, Folha launches a supplement dedicated to teenagers, Folhateen, in addition to a Sunday session on behind-the-scenes television and the Classifieds, Jobs and Real Estate sections. November 56) In the section Dinheiro (currently Mercado), the results of the first Top of Mind survey, done by Datafolha, are published to reveal the brands most remembered by Brazilians, initially with 12 categories. The survey, carried out until today and published on all platforms of the newspaper, is the largest on brand recall in Brazil. The 30-year edition, held in 2020, featured 78 categories of products and services. 58) On March 21, 1994, Folha publishes for the first time in Latin America a fully digital photo, from the camera to the edition. This is the image of the player Viola celebrating Corinthians' winning goal 1-0 over Portuguesa. March 59) On the 12th, with the Atlas of World History inserted, Folha reached its record run: 1,613,872 copies. July 60) Launch of FolhaWeb. The internet user had access to texts made on the same day by Agência Folha. There was news about science and computers, a column on the internet and access to the first Datafolha survey on racism in Brazil. In 1999, Folha Online went live, the first website with real-time coverage in Portuguese and an embryo of the current Folha website. December 61) Tamboré graphic park begins to operate, in Santana do Parnaíba, in Greater São Paulo, considered the largest in Latin America. March 62) The first page now features the three stars (red, blue and black), which have become the newspaper's symbol and which represent the group's old publications (Folha da Manhã, Folha da Tarde and Folha da Noite). Abril 63) UOL (Universo Online) is born, in which Grupo Folha has a minority and indirect stake. March 64) The Guia da Folha (current Guia da Folha) begins to circulate, which includes a schedule of cultural events in São Paulo, in pocket format. May 65) Fernando Rodrigues' report denounces the vote buying scheme of representatives for the amendment of FHC's reelection. January 66) Contract between CBF and Nike, discovered by Juca Kfouri, exposes the transfer of control over the company's team. According to the document, Nike would choose opponents of the team in 50 friendlies. The agreement would be subject to a CPI in the House, which would end without voting on the report. March 67) Jornal Agora launches to succeed Folha da Tarde. 68) São Paulo Distribuição e Logística (SPDL), a partnership of the Folha and Estado groups, starts operating. 69) Sérgio Dávila and Juca Varella, the only Brazilian journalists in Baghdad, recount in a series the arrival of American troops in Iraq and the overthrow of dictator Saddam Hussein. 70) Interview of the then PTB congressman, Roberto Jefferson, by Renata Lo Prete, then editor of the Painel, brings up a scheme to buy votes in the Housefor the approval of government projects that became known as Mensalão. April 71) On the 29th, Octavio Frias de Oliveira, publisher of Grupo Folha, dies at the age of 94. December 72) Elvira Lobato reveals a business empire built in 30 years by the Universal Church of the Kingdom of God, which, in 2014, inaugurated the Temple of Solomon, built at a cost of R$680 million. 73) The newsrooms of the printed newspaper and Folha Online are physically unified, maintaining independent management. In 2010, Folha Online is renamed Folha.com and the leadership is unified. In 2012, the printed logo (Folha de S.Paulo) also goes online and Folha.com ceases to exist. January 74) Reporter Lilian Christofoletti reveals complains from former patients against Roger Abdelmassih for sexual abuse. He is initially sentenced to 278 years in prison, later reduced to 181 years. February 75) In an editorial, the newspaper uses the term ""ditabranda"" to refer to the period of dictatorship in Brazil, a stance that is widely criticized. In a note, published 19 days later, the then editor-in-chief, Otavio Frias Filho, acknowledged the error, saying that all dictatorships are equally abominable, but reiterated that the military regime in Brazil had, in fact, been less truculent than others in Latin American countries. April 76) An article on Dilma Rousseff's work in clandestine groups uses a police record without proven authenticity as a source. 77) Folha debuts its first version for mobile devices. February 78) On its 90th birthday, the newspaper becomes the first of the mainstream Brazilian newspapers to digitize its entire collection and make it available to readers. 79) TV Folha is born, a channel reporting in the form of short documentaries. July 80) Folha.com becomes the first Brazilian newspaper to publish Spanish and English editions on the Internet. 81) F5, an entertainment and celebrity website, launches on the 31st. 82) Folha is the first Brazilian newspaper to implement the porous paywall, where access to the news is free up to a certain number of texts June 83) Giuliana Vallone, a reporter for TV Folha, is hit in the eye during coverage of the protests in June 2013, which were marked by police brutality. November 84) The documentary “June - The Month that Shook Brazil”, produced by TV Folha, won the Esso Award for Best Contribution to Telejournalism in 2013. 85) Estudio Folha launches. It's a business center, independent of the newsroom, for the production of sponsored content on different platforms. 86) Flávio Ferreira's reporting published in Folha reveals a connection between Odebrecht and the site used by Lula, in Atibaia. The case leads to the second conviction of the former president. 87) The Intelligence Center of Folha was created in July, publishing content created from large databases. In May 2019, it is renamed DeltaFolha. February 88) The newspaper stops updating its Facebook page after the social network reduces the reach of journalistic content at the expense of personal interactions. Agosto 89) On the 21st, Otavio Frias Filho, managing director of Folhadurante for 34 years and editorial director of Grupo Folha, dies at the age of 61. 90) On the 29th, Maria Cristina Frias takes over as editor-in-chief. She remains in the position until March 18, 2019, when Sérgio Dávila, the current occupant, takes office. Outubro 91) On the eve of the election, Folha publishes an article by Patricia Campos Mello on mass message blasts on WhatsApp, sponsored by businessmen against the PT 92) On the 28th, Jair Bolsonaro is elected president. The following years are marked by insults and reprisals against Folha and other media outlets by him, his political group and his supporters. January 93) Folha creates vehicle for the production of podcasts. In partnership with Spotify, it launches the daily news program Café da Manhã, which soon becomes one of the most listened to in the country. February 94) Reporting by Ranier Bragon and Camila Mattoso reveals a scheme that used phantom political candidates from the PSL, at the time acronym of Bolsonaro, to circumvent gender quotas in the candidacies and supply other party campaigns with money from the party and electoral funds. April 95) Lula, still in jail, speaks for the first time since he was arrested in April 2018. The conversation is with the Folha columnist Mônica Bergamo and with Florestan Fernandes Júnior, from El País. 96) Folha creates Diversity, a group that works with the newsroom to bring reflections on social diversity to reporting (with guidelines, approaches and sources) and to increase diversity among the newspaper's professionals. April 97) Amid the Covid-19 pandemic, Folha reaches 73.8 million unique visitors in the month, a record for the site. Journalists start working almost 100% in the home office mode and are able to maintain the level of coverage. August 99) Luiz Frias torna-se publisher da Folha de S.Paulo. 98) Folha launches the campaign ""#UseAmarelo pela Democracia,"" which includes a course on the period of the military dictatorship. 99) Luiz Frias becomes publisher of Folha de S.Paulo. 100) On February 19, 2021, Folha joined the select group of centennial newspapers. A revogação de três portarias há dez meses pelo Exército impede o Brasil de aprimorar as regras de rastreamento e identificação de armas de fogo e munições. Sem as normas, o país tem lacunas no controle de artigos bélicos. As Portarias 46, 60 e 61 foram editadas pelo Comando Logístico da corporação em março de 2020. No entanto, os textos foram revogados em abril pela Portaria 62, do mesmo órgão. Na época, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou em redes sociais que havia ordenado a anulação das normas. O presidente afirmou que elas não se adequavam a ""diretrizes definidas em decretos"" sobre armamento. Uma das portarias criava o Sisnar —um sistema de rastreamento de produtos controlados pelo Exército. A segunda determinava que a arma precisa conter, por exemplo, nome do fabricante, calibre e número de série. A outra estabelecia o controle de marcação de embalagens e cartuchos de munição. Segundo especialistas, as portarias seriam fundamentais para o esclarecimento de crimes no país. Com essas regras, seria possível fazer o rastreamento mais minucioso e auxiliar em investigações em andamento. Desde a decisão do Exército e de Bolsonaro, MPF (Ministério Público Federal) e TCU (Tribunal de Contas da União) investigam a revogação das normas. O tribunal de fiscalização já cobrou a publicação de novas regras. Após o pedido feito pelo TCU, o Exército enviou uma manifestação no dia 31 de julho de 2020 com o compromisso de editar novas portarias. ""As propostas serão levadas para autoridade competente para edição do ato normativo, o que deverá acontecer, provavelmente até o mês de novembro de 2020"", afirmou no documento o comandante logístico do Exército, general Laerte de Souza Santos. O prazo não foi cumprido até hoje, e está em atraso há três meses. Também em julho do ano passado, o Exército requisitou ao ministro-relator da representação no TCU, André Luis de Carvalho, a suspensão do processo até a publicação dos novos textos. O pedido foi negado e o processo continua aberto. Nessa ação, o Comando do Exército apresentou justificativas ao TCU para a revogação das portarias. Na época, o órgão disse que poderia haver incompatibilidade entre o Sisnar e o Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), do Ministério da Justiça. Segundo o Comando, caberia ao Sinesp cuidar da rastreabilidade de armas. Antes disso, o Exército já havia encaminhado três outras justificativas diferentes para a revogação das portarias ao MPF e ao STF (Supremo Tribunal Federal). O Exército, em nota, afirmou que em função da publicação de quatro decretos no dia 12 de fevereiro deste ano, as portarias passarão por revisão para só depois serem editadas. Os atos de Bolsonaro facilitam a aquisição de armas e munições. De acordo com a Força, a edição ""deverá ocorrer no mais curto prazo possível"". ""Cabe destacar, ainda, que quaisquer esclarecimentos solicitados pelo TCU serão prestados exclusivamente àquele órgão. Esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército brasileiro com as demais instituições da República"", afirmou. Enquanto isso, o Brasil perde a oportunidade de melhorar o controle das armas, dizem especialistas. ""Quando abre mão dessas regras, acaba promovendo um descontrole no ciclo de vida dessas munições, favorece o crime organizado, o desvio de lotes do mercado ilegal, dificulta a capacidade de investigação criminal"", disse Ivan Marques, advogado, analista de segurança pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Uma das portarias estabelecia que um lote de munição poderia ter no máximo 10 mil unidades para cada código de rastrabealidade. Além disso, era permitido fracionar em lotes menores, com código de rastreabilidade para cada mil unidades. Com menos munições por lote, mais fácil para a polícia rastreá-las e desvendar crimes. ""O Exército prometeu que substituiria as portarias dentro daquele prazo e mais uma vez descumpre esse acordo. Está abrindo mão de sua autonomia, de colaborar com as polícias, por pressão política"", disse Felippe Angeli, gerente de advocacy do Instituto Sou da Paz. Desde o início do governo Bolsonaro, no entanto, já foram publicados 30 atos normativos para flexibilizar o acesso a armas e munições e reduzir mecanismos de controle. Isso corresponde a média de uma regra por mês. ""Acredito ser de interesse do governo que se tenha um caos normativo, isso dificulta a compreensão do cidadão, da imprensa, a fiscalização pelos órgãos com competência de fiscalização. O que está ocorrendo é um ataque à política nacional de controle de arma"", disse Angeli. Melina Risso, diretora de programas do Instituto Igarapé, afirmou que os decretos e portarias publicados causam ainda insegurança jurídica. ""Hoje existe uma fragilidade imensa no processo de monitoramento, rastreamento, isso coloca em risco a sociedade"", afirmou. De acordo com Angeli, as três portarias não são as únicas revogadas que trariam mais controle de armas e munições no país. Em 13 de julho de 2020, o Comando Logístico do Exército havia publicado a Portaria 389, que também trazia aprimoramentos quanto à marcação e rastreamento de armas da Força Nacional de Segurança Pública. ""Ocorre que o Ministério da Justiça publicou uma portaria que torna sem efeito aquelas melhorias"", explicou. Nos decretos do dia 12 deste mês, a nova leva de flexibilizações, publicada às vésperas do feriado de Carnaval, atualiza a lista de PCE (Produtos Controlados pelo Exército). Um dos atos estabelece, por exemplo, que deixam de fazer parte dessa categoria os projéteis de munição para armas até o calibre 12,7 mm, além de armas anteriores a 1900 e acessórios como miras telescópicas, entre outros. Além de facilitar trâmites para a aquisição, os decretos aumentam de quatro para seis o limite de armas de fogo de uso permitido que um cidadão pode comprar. Nos casos de determinadas categorias, como policiais, magistrados, membros do MP e agentes prisionais, há ainda a autorização para a compra de duas armas de uso restrito. Atos normativos sobre armas e munições no governo Bolsonaro 14 Decretos presidenciais publicados Situação 4 em vigor, mas três tiveram parte do texto alterado por novos decretos 4 entrarão em vigor em abril 6 revogados por novos decretos 15 Portarias publicadas pelo Exército, Polícia Federal, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério da Defesa Situação 10 em vigor, mas 1 teve parte do texto alterado por novas portarias 4 revogadas por novas portarias 1 suspensa por liminar 1 Resolução publicada pela Câmara de Comércio Exterior, do Ministério da Economia Situação Suspensa por liminar 2 Projetos de Lei de autoria do Executivo Situação PL 3723/2019 - Aprovado pela Câmara em novembro de 2019, aguarda apreciação pelo Senado Federal PL 6438/2019 - Está na Câmara e aguarda a designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Aguardando parecer do relator na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional Pontos abordados nos atos normativos Decretos - estendem as categorias que podem ter porte e posse de armas e aumentam o número de armas e munições compradas, inclusive para CAC (colecionador, atirador e caçador) - aumentam a validade do porte de arma de cinco para dez anos - regulam a fiscalização de produtos controlados pelo Exército Portarias - ampliam o número de munições compradas por quem tem posse e porte de armas; - foram criadas portarias e revogadas sobre rastreamento, identificação e marcação de armas e munições; - autorizam e regulamentam uso de arma de fogo para policiais federais aposentados - abordam o rastreamento e marcação de armas da Força Nacional - definem as armas de uso restrito e permitido Resolução Zera imposto de importação de revólveres e pistolas Projetos de Lei Tratam de posse, porte e comercialização de arma de fogo por civis 30 de maio de 1990 — Prêmio Esso de Informação Cultural 22 de junho de 1989 25 de setembro de 1988 21 de fevereiro de 1988 3 de fevereiro de 1988 — Prêmio Esso de Jornalismo 13 de maio de 1987 — Prêmio Esso de Jornalismo 14 de fevereiro de 1987 1º de janeiro de 1987 8 de agosto de 1986 7 de janeiro de 1986 dezembro de 1984 e janeiro de 1985 21 de março de 1985 — reportagem não assinada 23 de setembro de 1984 18 a 21 de dezembro de 1983 Como ficou O local acabaria fechado em 1992. 22 de junho de 1983 30 de dezembro de 1982 — Prêmio Esso de Reportagem 10 de outubro de 1982 — Prêmio Vladimir Herzog categoria jornal 28 de agosto de 1981 — Prêmio Vladimir Herzog categoria jornal 27 de março de 1981 - Prêmio Vladimir Herzog categoria jornal 9 de outubro de 1980 — Prêmio Vladimir Herzog 31 de agosto de 1975 — Prêmio Esso de Informação Esportiva 5 de abril de 1978 — Prêmio Esso de Jornalismo 15 de janeiro de 1975 — reportagem não assinada 8 de julho de 1970 — Prêmio Esso de Informação Científica 10 de novembro de 1960 21 de junho de 1959 — Prêmio Esso de Jornalismo No confronto atrasado da 34ª rodada, o São Paulo vacilou nos acréscimos da etapa final, ficou no empate por 1 a 1 com o Verdão e não tem mais chances de título no Campeonato Brasileiro. O Tricolor soma 65 pontos e, com dois jogos, poderia alcançar o líder Internacional (69), que teria de perder as duas partidas. Porém, o São Paulo cairia no número de vitórias (20 a 19). No primeiro tempo, o espetáculo foi difícil de assistir. Poderia ter animado se o árbitro Leandro Vuaden, em um lance parecido ao que teve no primeiro turno, no Allianz Parque, desse um pênalti de Bruno Alves em Luiz Adriano. O juiz gaúcho, que também apitou o último Choque-Rei, deu a penalidade de Lucas Esteves em Igor Vinícius. Reinaldo concluiu e abriu o caminho para a vitória do visitante por 2 a 0. Para os dois goleiros, Tiago Volpi e Weverton, foi uma maravilha ver a partida. Afinal, os dois times, em cinco finalizações, três para os são-paulinos e duas para os palmeirenses, não provocaram sustos nos arqueiros. O jogo seguiu no segundo tempo um espetáculo de baixo nível técnico e sem criatividade nas jogadas ofensivas. Tanto que os dois goleiros viraram armas com lances ofensivos, mas só na base dos chutões. Em um deles, Volpi mandou direto para a área palmeirense e, na sequência, Weverton devolveu a gentileza; Porém, como aconteceu na primeira etapa, entrou em cena a arbitragem. Dessa vez, o árbitro de vídeo chamou Leandro Vuaden para analisar o lance do cruzamento de Toró para a área, que bateu no braço direito do palmeirense Mayke. A penalidade foi confirmada, e Luciano, aos 29min, anotou o seu 17º gol e se igualou na artilharia do torneio com Thiago Galhardo (Inter), Claudinho (RB Bragantino) e Marinho (Santos). Nos acréscimos da partida, aos 49min, o Palmeiras foi para cima e deu sorte. Rony chutou da entrada da área, pela direita, a bola desviou em Luan, depois em Arboleda e enganou o goleiro Tiago Volpi. A Petrobras perdeu R$ 28,2 bilhões em valor de mercado nesta sexta-feira (19), após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que quer mudanças na estatal –o que foi interpretado pelo mercado como interferência, apesar do mandatário negar. “Teremos mudança sim na Petrobras. Jamais vamos interferir nesta grande empresa e na sua política de preços, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes”, disse Bolsonaro nesta sexta. As ações preferenciais (mais negociadas) da estatal fecharam em queda de 6,62%, a R$ 27,33 cada. Durante o pregão, chegaram a cair 7,17%. As ordinárias (com direito a voto) tiveram queda de 7,91%, a R$ 27,10, a maior queda da sessão. Com a desvalorização, a capitalização da estatal foi de R$ 383 bilhões na véspera para R$ 354,79 bilhões nesta sexta. Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras fecharam em queda de 7,12%, a US$ 10,05 (R$ 54,11) no pregão de sexta. Com o anúncio da indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras por Bolsonaro, após o fechamento do pregão, as ADRs chegaram a cair 11,24% no after-market de Wall Street, negociações após o fechamento do pregão, a US$ 8,92 (R$ 48). Por volta de 20h40, as ADRs recuam 8%, a US$ 9,24 (R$ 49,75). No Brasil, a Bolsa de Valores está funcionando com o pregão estendido, das 10h às 18h, para acompanhar o mercado americano, sem after-market. Na quinta (18), durante sua live semanal, o presidente afirmou que vai ter consequência a fala do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que dias atrás havia dito que a ameaça de greve de caminhoneiros não era problema da empresa, que reajustou o preço do diesel e da gasolina nesta sexta. Bolsonaro disse que ""não tem quem não ficou chateado com o reajuste"" e fez críticas a Castello Branco. ""Você vai em cima da Petrobras, ela fala 'opa, não é obrigação minha'. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né, 'eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro'. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente"", disse Bolsonaro. As falas incomodaram o mercado. ""Mais uma vez uma fala do presidente mexe na ação [da Petrobras]. [A live] mostra o governo interferindo na empresa, e o mercado não gosta [de interferência]. Apesar do reajuste, a Petrobras segue defasada em cerca de 7% com relação ao preço internacional do petróleo"", diz Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável e sócio da Veedha Investimentos. ""Continuamos a ver riscos para os resultados futuros da Petrobras tanto em termos de menores margens de refino como também devido a riscos de que a companhia tenha que realizar importações a prejuízo para manter o mercado local abastecido"", diz relatório da XP Investimentos. “É um discurso contraditório ao da eleição, no qual ele defendia a independência das estatais, mas não surpreende. No ano passado já tivemos ruídos e em janeiro tivemos tentativa de intervenção no Banco do Brasil”, diz Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. No mês passado, o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, foi ameaçado de demissão por Bolsonaro após atritos com relação à reestruturação do banco. Em reunião nesta quinta, Bolsonaro defendeu a saída de Castello Branco da presidência da Petrobras. Segundo reportagem da Folha, a estratégia é pressionar o executivo a pedir demissão até a reunião do conselho da petroleira, marcada para a próxima terça (23). Para amigos, o executivo afirmou que não deixará o cargo. Moliterno vê como negativa uma possível troca no comando da empresa. ""Castello Branco está fazendo um excelente trabalho"". O nome apoiado por partidos do chamado centrão, nova base aliada de Bolsonaro, é do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Independente de quem assuma, o mercado vê a mudança como negativa. ""O problema aqui seria o processo, e não a pessoa. Em outro cenário, [Bento Albuquerque] poderia ser uma boa opção, mas o mercado hoje reagiria mal com a saída do Castello Branco por conta da interferência política que já prejudicou a Petrobras algumas vezes"", diz Joelson Sampaio, professor da FGV. O imbróglio bateu nas ações de outras estatais. O Banco do brasil recuou 1,89% na sessão, a maior queda dentre os grandes bancos. Já a Eletrobras retrocedeu 1,32%. ""Interferência política sempre atrapalha a governança das estatais"", afirma Sampaio. Castello Branco é respeitado pelo mercado financeiro e sua gestão é bem avaliada por investidores, mas sua saída é dada como certa por analistas. Na tentativa de impedir o derretimento das ações da companhia, os ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) começaram uma ""operação abafa"" para demover Bolsonaro da troca. Luis Sales, analista da Guide Investimentos, diz que as recentes declarações do presidente indicam que algo pode acontecer na companhia nos próximos dias, o que gera um certo grau de incerteza entre investidores. ""Vale dizer que os aumentos divulgados pela estatal nos últimos meses têm o objetivo de contrabalancear as perdas obtidas durante 2020 por conta do isolamento social e a consequente diminuição na demanda por combustível"", afirmou Sales em relatório. ""O que tem circulado no mercado é que hoje baixou a Dilma no Bolsonaro"", diz Simone Pasianotto, economista-chefe da REAG Investimentos. O governo de Dilma Rousseff interferiu na estatal para controlar os preços dos combustíveis e evitar inflação, causando prejuízo bilionário à companhia. ""Para os acionistas da Petrobras é primordial a independência da política de preços da empresa. Os negócios no mercado de capitais se pautam nos fundamentos financeiros e microeconômicos das empresas. Intervenções políticas são interpretadas como ruídos que sujam o valor da empresa"", completa Simone Pasianotto. O Ibovespa recuou 0,64%, a 118.430,53 pontos, pressionado pela queda dos papéis da petroleira. Na sessão, a B2W teve ganho de 6,81%, enquanto sua controladora Lojas Americanas subiu 1,39%. Após o fechamento do pregão, ambas anunciaram planos para potencial combinação de negócios. O GPA (Grupo Pão de Açúcar), que divulga balanço do quarto trimestre na próxima terça, subiu 3,26%. Sua unidade de atacarejo Assaí, que está sendo cindida, apresenta seus números um dia antes, na segunda, após o fechamento do pregão. Já a CSN avançou 3,22%, após a S&P elevar o rating da companhia de ""B"" para ""B+"", com perspectiva positiva. A siderúrgica levantou recursos com a venda de uma fatia na CSN Mineração, que fez sua estreia na Bolsa na quinta-feira. A Locaweb, por sua vez, disparou 14,6%, após ter anunciado na véspera a compra de duas plataformas de ecommerce: Credisfera, de soluções de crédito para pequenas e médias empresas, e Dooca, que ajuda lojistas a montar loja virtual O IBR Brasil RE recuou 3,91%, após a resseguradora anunciar prejuízo de R$ 620,2 milhões entre outubro a dezembro, afetada por reversão de crédito tributário no exterior, entre outros fatores. Em 2020, o prejuízo foi de R$ 1,5 bilhão. O dólar fechou em queda de 1,08%, a R$ 5,3840, em meio a apostas de que o Banco Central pode ser levado a adotar um tom mais duro e subir os juros já no mês que vem diante da escalada da inflação. O dólar turismo está a R$ 5,563. Com a baixa desta sexta, a cotação reduziu os ganhos na semana para 0,20%. Em fevereiro, o dólar recua 1,72%, mas ainda sobe 3,72% em 2021. Mais duas instituições financeiras (Itaú Unibanco e Credit Suisse) revisaram para cima suas projeções para a inflação devido a pressões no atacado, entre outros fatores. Além disso, Itaú aumentou sua estimativa para a Selic ao fim de 2022, enquanto o Credit Suisse ressalvou que trabalha com um cenário ""não desprezível"" em que o Copom precise continuar a aumentar os juros a ponto de remover completamente o estímulo monetário. Na curva de juros, as taxas para julho 2021 e janeiro 2022 chegaram ao fim da tarde em alta de até 4,5 pontos-base, variação chamativa considerando contratos de curto prazo e que sinaliza apostas de juros ainda mais altos até o fim de 2021. O juro básico da economia está em 2% ao ano, mínima histórica, o que deixa o juro real em território negativo. A volatilidade realizada de 21 dias úteis da taxa de câmbio dólar/real caiu a 18,4%, ante pico de 24,7% no começo do mês. E a volatilidade implícita para três meses recuou a 16,2%, ante pico perto de 20% no fim de janeiro e nos menores níveis em cerca de 11 meses. (Com Reuters) O mais recente romance do anglo-indiano Salman Rushdie, 73, ""Quichotte"", chega ao Brasil no final de abril, editado pela Companhia das Letras. Nele, o escritor inspira-se no personagem Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616), para retratar seu espanto e suas impressões sobre os Estados Unidos de nossos dias. Vivendo em Nova York há 21 anos, Rushdie conversou com a Folha nesta entrevista que abre a série Fuga para a Frente, em comemoração ao aniversário de 100 anos do jornal, completados nesta sexta-feira (19). A conversa foi realizada por videoconferência. Leia a entrevista ou assista ao vídeo. Quanto a escrever, não consegui ser muito produtivo por vários meses. A tragédia que os Estados Unidos vinham vivendo era tão grande que superou meu instinto criativo. É difícil ser produtivo nesses tempos. Shakespeare escreveu durante os tempos da praga na Inglaterra... Sim, é verdade [risos]. Ele escreveu ""Rei Lear"", mas esse era Shakespeare, não eu! O curioso é que uma coisa que fiz, que parece a mais estúpida a fazer em tempos em que os teatros estão fechados, foi escrever uma peça. Estou conversando com produtores e diretores para levá-la aos palcos no ano que vem. Seu romance mais recente, ""Quichotte"", lembra o dilema que Jorge Luis Borges (1899-1986) apresentou em ""Pierre Menard, Autor do Quixote"", um conto que trata de um escritor que tenta reescrever o ""Dom Quixote"", tal qual o fez Cervantes. Como foi o desafio para você? Eu adoro a história de Pierre Menard, ela é engraçada e inteligente, como tudo o que Borges escreveu. Para mim, a decisão de usar a história de Cervantes não era a inicial. Eu queria escrever um romance panorâmico sobre os EUA que envolvesse uma viagem. A estrada é um gênero nos EUA, tanto no cinema como na literatura. Então no início eu pensei num tipo de ""road novel"" [romance de estrada]. Afinal, já vivo nos EUA há 21 anos e, nos últimos tempos, sinto que escrevi muito a partir de e sobre Nova York. Eu queria, desta vez, apresentar uma panorâmica do país, ir a regiões não tão liberais, não tão urbanas. No primeiro momento eu pensei num livro de não ficção, em que eu faria a viagem e logo escreveria um livro sobre essas impressões. Depois, pensei que não devia negar a mim mesmo o uso da imaginação. E, num certo ponto, me veio a ideia de usar o personagem de Dom Quixote, e de pensar no que chamaria a atenção dele nesses EUA da atualidade. O Dom Quixote de Cervantes ficou louco ao ler muitos romances de cavalaria. O seu Quixote fica louco ao consumir ""junk culture"", que é basicamente a televisão. Por quê? Eu pensei no que poderia enlouquecer mais a Quixote, se vivesse nos dias de hoje. Quixote pensava que os romances de cavalaria estragavam seu cérebro. O equivalente a isso hoje é a televisão. Não desprezo toda a produção televisiva. Em termos de drama, este é um tempo rico. Ainda mais agora, que temos essas formas longas, de séries com temporadas, que seguem uma lógica novelística. O que me parece enlouquecedor são os reality shows. Que são tudo menos reais. Se uma pessoa se sentir obcecada por eles, acaba sem conseguir distinguí-los da realidade. Então fiz a experiência e assisti a muitos reality shows. Acho que senti o que Quixote sentiu ao ler os romances de cavalaria. Estragou o meu cérebro [risos]. O senhor sabe que muitos brasileiros estão, nesses dias, obcecados por mais uma versão do Big Brother Brasil? Não me espanta. Há versões do Big Brother em muitos países. Está em todas as partes. E é algo insuportável. Por outro lado, creio que fornece um material com grande potencial para a comédia. E eu queria fazer um livro com um olhar engraçado sobre isso. É curioso que a forma de amor do Quixote do século 17, trazida aos dias de hoje, vira outra coisa, como assédio ou perseguição. Mudou muito o modo como vemos o amor hoje com relação àquela época? Dom Quixote acredita que é uma pessoa muito romântica, mas ele não conhece a mulher que ama. Ele falsifica isso na sua cabeça. Hoje em dia, a mulher certamente não gostaria de ser perseguida da maneira de antes. Se alguém que você não conhece começa a perseguir você, isso não parece uma coisa muito romântica. Ao contrário. Acho que, com a passagem do tempo, muda a percepção das relações. Outro problema com que o seu Quixote se espanta nos EUA é a crise dos opioides. Sei que o senhor teve uma perda pessoal relacionada a isso. Como vê a questão do abuso dos opioides nos EUA hoje? De fato, eu perdi uma irmã para os opioides. Isso fez com que o assunto passasse a chamar muito mais a minha atenção. Nos EUA, todo ano, morrem de 50 mil a 70 mil pessoas por overdose de opioides. É uma tragédia colossal, comparável à pandemia [de Covid-19]. E a área em que o vício se instala mais não são as grandes cidades, mas sim as menores, as áreas rurais. Creio que criamos uma sociedade muito solitária, e o vício é uma resposta a essa solidão e ao sentimento de inadequação da vida. Estranhamente, hoje há tantos modos de comunicação, como este que estamos usando [videoconferência], que não tínhamos até outro dia. Mesmo assim, talvez estejamos mais isolados do que costumávamos estar. Pensei que essa era uma tristeza à qual era necessário prestar atenção. É uma surpresa também para mim que tantos médicos e farmacêuticos tenham sido corrompidos para deixar que as pessoas se viciem. Claro que é uma porcentagem menor dos médicos, mas me espanta que tenham achado que sua ética era tão barata a ponto de vendê-la. E isso me surpreende, especialmente agora, que temos tanta admiração pelos médicos e pelo que estão fazendo na pandemia. O que médicos e enfermeiras estão fazendo e arriscando para todos nós. Tenho grande admiração por eles, mas os corruptos precisam ser apontados. O senhor foi muito crítico com relação à gestão de Donald Trump. Agora, como sente o início de governo Biden? Estou muito aliviado só de não ter de ouvir mentiras todos os dias. Gosto do fato de que Biden não diz o nome dele [Trump]. Também não gosto de dizer. Dizemos ""o cara de antes"". Deveríamos todos fazer assim. Para mim, o fim daquela gestão foi o dia da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro. Eu não conseguia sair diante da TV e estava horrorizado. Foi o clímax dos quatro anos de mentira. E ,ao mesmo tempo, o que provocou que começasse a se desmontar essa grande mentira que vinha sendo defendida, a de que a eleição foi roubada. E é tão fácil desmontá-la. Se você analisar, os republicanos foram muito bem na parte de baixo da cédula. Na Câmara [de deputados] e de senadores. E os votos acontecem no mesmo pedaço de papel. Portanto, como poderia ser possível que uma fraude tenha ocorrido apenas na parte de cima da cédula? Não faz nenhum sentido. Mas o poder de comunicar de Trump era alto, e essa mentira iludiu muita gente. A tentativa de golpe apenas falhou porque os invasores não estavam suficientemente organizados. Havia grupos organizados buscando pessoas para matar, é certo. Mas a maioria não achava que estava fazendo nada de errado, apenas aquilo que o presidente havia pedido que eles fizessem. Achavam que estavam salvando o país. Não podemos dizer que todos eram fascistas, creio até que muitos eram idealistas extremamente equivocados. Mas finalmente isso acabou, e ainda bem que as notícias de repente ficaram chatas. Não temos de acordar todos os dias perguntando: ""o que ele fez hoje?"". Essa foi a realidade por quatro anos, uma cascata de mentiras e de políticas contra o ambiente, contra as minorias, contra os aliados, além de acariciar e aproximar-se de ditadores ao redor do mundo, incluindo o Brasil. O governo Trump acabou, mas as fake news persistem. Qual crê que deveria ser o papel do jornalismo profissional nesses tempos? Eu ensino jornalismo na Universidade de Nova York. E basicamente trato do tipo de jornalismo que ficou conhecido como ""novo jornalismo"", que usa técnicas da literatura para contar uma história de não ficção. O desafio que se impõe é: em tempos em que as pessoas estão tão desconfiadas do jornalismo, até que ponto se podem usar licenças literárias? É claro que é importante reforçar aos estudantes que não se deve inventar diálogos nem juntar vários personagens num só. E o que é mais importante é que não devemos alimentar a ideia de um mundo em que a verdade seja subjetiva. Que o que você acredita ser a verdade tenha o mesmo valor do que o que outra pessoa pensa que é a verdade. Estamos vivendo isso na pandemia, com as pessoas que não querem tomar a vacina. Nos EUA, os grupos que são mais resistentes a tomar a vacina são justamente os mais vulneráveis à doença —negros e latinos—, e isso tem uma razão histórica. Eles foram historicamente maltratados pelo sistema de saúde ou tratados como cobaias. Por isso, esse setor da sociedade suspeita muito do sistema de saúde. Isso precisa ser combatido e superado. O que tenho tentado estudar com meus alunos é como chegar a uma verdade que não seja subjetiva. Que não deixe espaço para que se aceite que a Terra possa ser plana, que a eleição americana tenha sido fraudada, que não se deve tomar a vacina. O jornalismo tem de reconquistar a confiança das pessoas. Com relação à desinformação sobre as vacinas, o senhor parece otimista. Sim. Quanto mais pessoas forem vacinadas e mais gente perceba que a vacina vai permitir que retomemos nossa vida, esse sentimento contrário vai se diluir. Vai ser como uma bola de neve, cada vez haverá mais gente acreditando que a pandemia vai passar se nos vacinarmos. E qual o papel da ficção nessa reconquista da confiança das pessoas na verdade? Há um excelente texto da escritora [canadense] Margaret Atwood que parafraseio aqui. Há uma grande diferença entre ficção e mentira. E o que marca essa diferença é que a ficção tenta dizer a verdade sobre os seres humanos e como interagimos e fazemos as coisas. Esse é o propósito da literatura. Ou seja, revelar verdades. Já o propósito da mentira é o de obscurecer a verdade. Portanto, de várias maneiras, ficção e mentira são os opostos um do outro. Então talvez exista um pequeno papel que a ficção pode jogar nesses tempos. Se você ler um livro do qual gosta, que fala diretamente a você, pensa: sim, isso é como é, o mundo é assim. Talvez ler bons livros seja parte do caminho de reconstruir o senso do que é o mundo real. Parece um paradoxo dizer que a ficção pode ajudar a verdade, mas penso que é real. Vai ser uma longa viagem, porque o dano não começou com Trump, veio antes dele. O que acontece com a internet —que em muitos casos é uma maravilhosa ferramenta— é que há sites que são totalmente lixo, que propagam todo tipo de teorias da conspiração e que convivem lado a lado com sites verdadeiros. Eles parecem iguais e passam a sensação de ter o mesmo nível de autoridade. Tornou-se difícil para as pessoas distinguirem qual é qual. Há um longo caminho para que a desconfiança da mídia ""mainstream"" se dissolva. Reconstruir a crença das pessoas na verdade será um longo processo, mas ao menos eu sinto que, aqui nos EUA, estamos começando, por causa do fim do governo Trump. No Brasil, a desinformação continua causando muito dano. Sim, tenho lido sobre isso. Mas o que acontece hoje no Brasil estava acontecendo aqui nos EUA até janeiro. E simplesmente deixou de existir no nível oficial. No mundo não oficial, ela continua. Mas perde força ao não ser parte do discurso oficial. A desinformação, se não é estimulada pelo Estado, acaba se corroendo. Essa é a razão pela qual eu sinto de que não há volta atrás em direção ao obscurantismo em que estávamos vivendo. Porque quando o culto se fragmenta, não se pode remontá-lo. Quando o culto se revela como fake, não consegue voltar ao pedestal. Salman Rushdie, 73 Nascido em Mumbai, com raízes familiares muçulmanas, o escritor e ensaísta anglo-indiano é formado em História pelo King's College (Inglaterra) e passou a se dedicar à literatura em 1971. Autor de mais de 12 livros —entre eles ""Os Versos Satânicos"" (1988), que lhe rendeu uma sentença de morte no Irã, hoje expirada—, é radicado nos EUA há duas décadas e leciona jornalismo na Universidade de Nova York. Seu livro mais recente, ""Quichotte"", de 2019, será lançado em breve no Brasil pela Companhia das Letras. 1921 Febrero 1) Folha da Noite circula por primera vez el día 19. Fundado por Olívio Olavo de Olival Costa y Pedro Cunha, el periódico está radicado en la plaza Antônio Prado, entre las esquinas de las calles São Bento y João Brícola, en una sala prestada por O Estado de S. Paulo, también responsable de la impresión de la edición. 1924 2) El medio se acostumbra a convivir con las críticas de los agentes, que en ocasiones aumentan su persecución. Un ejemplo de esto ocurre cuando el presidente Arthur Bernardes prohíbe la circulación de Folha da Noite, que calificó su gobierno de “período de tinieblas”. 1925 3) Nace otro periódico del grupo, Folha da Manhã. Este mismo año aparece en sus páginas un personaje que logra expresar los deseos de la clase media paulista. Calvo, delgado, de mediana estatura y con gafas, Juca Pato es la creación de Belmonte. 1929 4) La defensa de los intereses de São Paulo es uno de los principios que guía a Folha da Noite. Cuando se produce el desplome de la Bolsa de Nueva York se desencadena una grave crisis económica, esto se refleja en textos de apoyo al Gobierno Federal, en ese momento liderado por Washington Luís. 1930 5) La empresa es devastada por simpatizantes de Getúlio Vargas, que se sienten incómodos ante las críticas vertidas al presidente. La circulación de periódicos se interrumpió durante dos meses. 1931 6) Las Folhas son compradas por el terrateniente y comerciante Octaviano Alves de Lima, quien ve en los periódicos más que una oportunidad de negocio: sería un medio para favorecer su actividad cafetera. 1935 7) El 7 de septiembre, Folha da Noite publica por primera vez tiras cómicas. El personaje pionero es el marino Popeye, de Segar, que pasa a ser exclusivo del periódico en Brasil. 1937 8) Con la instauración de la dictadura del Estado Novo, el gobierno de Vargas comenzó a controlar la prensa mediante censura previa, chantaje económico y la presión política, lo que hizo que las noticias políticas en Folha fueran más escasas hasta principios de los años cuarenta. 1943 9) Aparece Folha Informação, un servicio telefónico a través del cual fue posible obtener noticias actualizadas sobre cualquier tema directamente de un equipo de periodistas adscrito a la función. Funciona ininterrumpidamente hasta 1992. 1944 10) Folha da Noite refuerza su trabajo durante la Segunda Guerra Mundial. Es el primer periódico de São Paulo que informa sobre la invasión aliada de la Europa nazi (conocida como Día D), gracias a una edición extra producida de madrugada. 1945 Enero 11) Historietas de Belmonte, que retratan a Hitler y Mussolini, tiene repercusiones internacionales. Joseph Goebbels, ministro de Propaganda nazi, incluso se enojó. Marzo 12) La empresa se vende de nuevo. Alcides Ribeiro Meirelles, Clóvis Queiroga y José Nabantino Ramos asumen la gestión. Julio 13) Una pasión entre dos grandes nombres de la cultura brasileña ocupa las páginas del periódico. Jorge Amado declara su amor por Zélia Gattai en su columna en Folha da Manhã. 1948 14) Es creada la sección No Mundo da Ciência, de José Reis. La estructura de los materiales, el funcionamiento del microscopio, la vida de los microorganismos y los peligros de la contaminación son algunos de los temas que aborda este embrión de la sección de Ciencias (lanzado como suplemento en 2000). 15) La empresa lanza el “Programa de Ação de Folhas”. Para disociar la redacción de las conexiones partidistas y profesionalizar el periodismo, se instituyen premios de trabajo, contratación para concursos, evaluación interna, control de errores de información y reuniones mensuales para discutir metas y problemas. 1949 Julio 16) Aparece otra publicación colectiva: Folha da Tarde, anunciada como un diario fresco, moderno y local. 1953 17) Todos los departamentos se concentran en la dirección en la que se encuentran hoy: entre Rua Barão de Campinas y Avenida Barão de Limeira. Antes de ello, también pasó por inmuebles localizados en las calles São Bento, Boa Vista, do Carmo (ahora llamado Roberto Simonsen) y en la alameda Cleveland. 1955 18) En las llamadas campañas cívicas, los reporteros y fotógrafos comienzan a recorrer las ciudades en jeeps, buscando los principales problemas. Publicadas por los tres periódicos, aportan a la marca Folha una imagen valiente, que se asocia a las grandes causas del país. 1958 19) Circula por primera vez Folha Ilustrada, que en su origen no aborda el periodismo cultural, pero recoge las noticias más livianas, supuestamente dirigidas a las mujeres. Las vidas de las estrellas de cine, la crianza de los hijos, las bodas y las críticas de libros dominan el suplemento. 1959 20) Las páginas de Folha da Manhã publican por primera vez una historia del perro Bidu. Es el comienzo de la larga y exitosa carrera de Mauricio de Sousa en el cómic. 1960 21) Los nombres de Folha da Manhã, Folha da Tarde y Folha da Noite se unifican bajo Folha de S.Paulo. Las tres ediciones diarias siguen circulando hasta 1962. Ya en 1961, se lanza el slogan ""Un periódico al servicio de Brasil”. 1961 Diciembre 22) Una grave crisis financiera golpea al grupo. Los periodistas de São Paulo, incluidos los de Folha, se declaran en huelga por ajustes salariales y derechos laborales, de la que salieron victoriosos. Al mismo tiempo, el presidente Jânio Quadros recorta los subsidios que abarataban el papel de imprenta. 1962 23) Endeudado, el diario vuelve a ser vendido a Octavio Frias de Oliveira, Carlos Caldeira Filho y Caio de Alcântara Machado - éste dejaría el negocio meses después. 1963 24) La periodista Lenita Miranda de Figueiredo crea la Folhinha, un cuaderno infantil cuyas obras gráficas fueron desarrolladas por Mauricio de Sousa. 1964 25) Folha apoya el golpe militar, convencida de que el Parlamento elegiría un nuevo presidente dentro del plazo constitucional. Sin embargo, los militares instauraron una dictadura que duró hasta 1985. En 2014, 50 años después, el diario publica un editorial reconociendo su error. 1965 26) El grupo adquiere otros medios de comunicacións, como los periódicos Última Hora (publicados hasta 1979) y Notícias Populares (que circularon hasta 2001). 1966 27) En enero, la sección de Turismo comienza a circular como suplemento semanal independiente. Nació como sección dentro de Illustrada en 1959. 1967 28) Folha da Tarde es creada para conquistar estudiantes y competir con Jornal da Tarde, lanzado en 1965 por O Estado de S. Paulo. El éxito no tardó en llegar, y se publicó hasta 1999. 1968 Enero 29) El diario publica por primera vez una edición completa en offset, tecnología que permitía imprimir más imágenes y con mayor claridad que la competencia. Abril 30) En el mismo año en que se promulgaría la AI-5, Folha publica denuncias de tortura. Objeto de censura, el diario incluye ahora simulacros de examen de ingreso a la universidad para acercarse a estudiantes. En el futuro, la iniciativa evoluciona hacia la creación del departamento de Educación, el primero dedicado a este tema en el país. 1971 31) En acto de la Acción de Liberación Nacional (ALN), se incendian camiones de reparto de Folha. Tal y como recoge el libro “Folha Explica Folha”, según uno de los integrantes del grupo, la ALN estaba convencida de que el periódico apoyaba la dictadura. Militantes de izquierda dijeron que habían visto los medios de Folha en el DOI-Codi, el centro del sistema represivo de SP. Según Otavio Frías Filho, quien asumió como director editorial en 1984, “Folha siempre afirmó que, si se produjo la cesión de medios, fue de forma episódica y sin conocimiento ni autorización de la dirección”. 1972 32) En junio, un editorial asegura que no hay presos de izquierdas en el país “debido exclusivamente a sus ideas”. En un momento de crisis interna en el diario, Cláudio Abramo se ve obligado a dejar la dirección del periódico y se suspende la publicación de editoriales hasta 1976. 1974 33) Por primera vez en Brasil, Folha imprime, simultáneamente la edición nacional y un suplemento especial con 16 páginas a color, anverso y reverso. 1975 Enero 34) Un mes antes del anuncio oficial, el diario revela que el banquero y empresario Olavo Setúbal fue la persona elegida por el gobernador Paulo Egydio Martins para ocupar el Ayuntamiento de São Paulo. Septiembre 35) Angeli se convierte oficialmente en caricaturista del periódico. Junto a Glauco y Laerte, que llegaron más tarde, formaron el colectivo Los 3 Amigos, que marcó la historia del humor gráfico de Folha. 1976 36) Se crean las secciones Tendencias / Debates, con espacio para diferentes opiniones, y Panel de Lectores. 1977 Enero 37) Se publica Folhetim, una sección cultural alternativa que circulaba los domingos y fue diseñada por el periodista Tarso de Castro. Innovador, el suplemento abrió camino a otros proyectos de alta cultura en el periódico, como Letras (creado en 1989), ¡Mais! (1992), Jornal de Resenhas (1995) e Ilustríssima (2010). Septiembre 38) El columnista Lourenço Diaféria es arrestado tras un texto criticando a los militares. Al día siguiente, el espacio de su columna se queda en blanco como una forma de protesta y la dictadura amenaza con cerrar Folha. Temiendo la desaparición de la empresa, Octavio Frías de Oliveira cambia de dirección para evitar más turbulencias. Boris Casoy se hace cargo de la dirección. 1979 40) Folha cubrió intensamente el nacimiento del movimiento sindical en ABC São Paulo (área metropolitana de São Paulo). Cuando las movilizaciones de trabajadores llegaron a la prensa, se produjo una huelga de periodistas. Casi todos los profesionales de Folha pararon, pero el diario no dejó de circular. Las precarias ediciones fueron realizadas por solo 15 personas. 1980 41) Clóvis Rossi es contratado por Folha. Se convirtió en uno de los nombres más importantes de la historia del periódico, siendo corresponsal en Buenos Aires y Madrid y reportero especial, entre otras funciones. Murió en 2019, a la edad de 76 años, víctima de un infarto. 1983 Febrero 42) A fines de abril, el departamento de investigación de Folha de S.Paulo realizó su primera encuesta sobre el mayor temor de los paulistas, sondeo que representó el inicio de Datafolha. La metodología del instituto fue desarrollada por Reginaldo Prandi, entonces profesor titular del Departamento de Sociología de la USP e investigador del Centro de Análisis y Planificación (Cebrap). Marzo 43) El diputado federal Dante de Oliveira (PMDB) presenta una enmienda que restablece las elecciones directas. Días después, Folha publica un editorial en el que apoya la idea, pero declarando que solo saldrá victoriosa si la opinión pública lo apoya. Aumenta la implicación del periódico en la campaña y llegando a ser conocido como ""el diario de las Directas"". Diciembre 44) Una serie de reportajes de Ricardo Kotscho sobre Serra Pelada muestra la disminución de la fiebre del oro y la situación de los aproximadamente 80 mil mineros de oro. 1984 Mayo 45) El periodista Otavio Frias Filho asume la dirección editorial del diario, a los 27 años. Junio 46) Se lanza el Proyecto Folha, que propone un periodismo crítico, pluralista, no partidista y moderno, que pauta las prácticas de la empresa hasta nuestros días. Agosto 47) Se adopta el primer Manual Editorial, que estandariza y sirve de guía a los periodistas de Folha. 1985 48) Folha supera a O Globo en el promedio mensual y se convierte en el diario más vendido del país. El liderazgo en términos de promedio anual se consolidó en 1986 y se ha mantenido desde entonces. 1986 49) Censurada por Sarney, la película ""Je Vous Salue, Marie"", de Godard, se proyecta en el auditorio de Folha. 1987 50) Creado por la agencia W / Brasil, de Washington Olivetto, el anuncio ""Hitler"" inserta a Folha en la historia de la publicidad brasileña. La película enumera los logros de un líder político que, momentos después, descubrimos que se trata del dictador de la Alemania nazi. “Es posible decir muchas mentiras diciendo solo la verdad”, concluye el narrador. Fue premiado en el Festival de Cine de Cannes. 51) Janio de Freitas revela el fraude de la licitación pública para la construcción del ferrocarril Norte-Sur. El resultado se publicó en clave en Folha cinco días antes. 1988 52) Folha pone en marcha el Programa de Formación con el fin de familiarizar a los reporteros con el funcionamiento del periódico y crear un repertorio de profesionales capaces de actuar siguiendo los estándares del periodismo moderno. 1989 53) Folha es el primer periódico de Brasil que crea el cargo de ombudsman. Caio Túlio Costa es la primera persona que ocupa este cargo e inaugura una columna dominical. 1990 54) Con el pretexto de investigar supuestas irregularidades en la facturación de publicidad, la Policía Federal de Fernando Collor invade Folha, intentando intimidar al periódico. Al día siguiente aparece en portada el editorial “La ascensión fascista”. 1991 Febrero 55) Folha se convierte en el primer periódico de Brasil que tiene un espacio fijo dedicado a corregir errores, la sección Erramos. 56) A los 70 años, Folha lanza un suplemento dedicado a los adolescentes, Folhateen, además de una sesión dominical sobre el mundo de la televisión y los suplementos de Clasificados, Trabajos e Inmobiliarias. Noviembre 57) En la sección Dinheiro (actualmente Mercado), se publican los resultados de la primera encuesta Top of Mind, realizada por Datafolha, para revelar las marcas más recordadas por los brasileños, inicialmente contaba con 12 categorías. La encuesta, que se realiza todavía hoy y es publicada en todas las plataformas del periódico, es la más importante sobre memoria de marcas en Brasil. La edición de 30 años, celebrada en 2020, contó con 78 categorías de productos y servicios. 1994 58) El 21 de marzo de 1994, Folha publicó por primera vez en América Latina una foto totalmente digital, desde la cámara hasta la edición. Esta es la imagen del jugador Viola celebrando el gol de la victoria del Corinthians por 1-0 contra Portuguesa. 1995 Marzo 59) El día 12, con el Atlas de Historia Mundial insertado, Folha alcanzó su récord de tirada: 1.613.872 copias. Julio 60) Lanzamiento de FolhaWeb. El internauta tuvo acceso a los textos elaborados el mismo día por Agência Folha. Se publicaron noticias sobre ciencia y computación, una columna sobre Internet y acceso a la primera encuesta de Datafolha sobre racismo en Brasil. En 1999, fue lanzada Folha Online, la primera web cuya cobertura se hace en tiempo real en portugués. Es el embrión de la página actual de Folha. Diciembre 61) Comienza a funcionar el parque gráfico Tamboré, en Santana do Parnaíba, en el área metropolitana de São Paulo, considerado el más grande de América Latina. 1996 Marzo 62) La primera página presenta ahora las tres estrellas (roja, azul y negra), que se han convertido en el símbolo del periódico y que representan las antiguas publicaciones del grupo (Folha da Manhã, Folha da Tarde y Folha da Noite). Abril 63) Nace UOL (Universo Online), en la que Grupo Folha tiene una participación minoritaria e indirecta. 1997 Marzo 64) Empieza a circular Guia da Folha (actual Guia Folha), con la programación cultural de São Paulo, en formato de bolsillo. Mayo 65) Reportaje de Fernando Rodrigues denuncia una trama de compra de votos de diputados para llevar a cabo la reforma de la reelección de FHC. 1999 Enero 66) Contrato entre CBF y Nike, revelado por Juca Kfouri, expone la cesión del control de la selección a la empresa. Según el documento, Nike elegiría oponentes de la selección en 50 amistosos. El acuerdo fue objeto de una comisión de investigación en la Cámara. Marzo 67) Se publica el Jornal Agora, sucesor de Folha da Tarde. 2002 68) Entra en funcionamiento São Paulo Distribuição e Logística (SPDL), sociedad de los grupos Folha y Estado. 2003 69) Sérgio Dávila y Juca Varella, los únicos periodistas brasileños en Bagdad, relatan en una serie de reportajes la llegada de tropas estadounidenses a Irak y el derrocamiento del dictador Saddam Hussein. 2005 70) Entrevista del entonces diputado del PTB, Roberto Jefferson, Renata Lo Prete, entonces editora de la sección Painel, revela una trama de compra de votos en la Cámara para la aprobación de proyectos del Gobierno, un esquema que fue llamado de Mensalão. 2007 Abril 71) El día 29 fallece Octavio Frias de Oliveira, editor de Grupo Folha, a los 94 años. Diciembre 72) Elvira Lobato revela un imperio empresarial construido en 30 años por la Iglesia Universal del Reino de Dios, que en 2014 inauguró el Templo de Salomón, levantado por R$ 680 millones. 2008 73) Las redacciones del periódico impreso y Folha Online se unifican físicamente, manteniendo gestores independientes. En 2010, Folha Online pasa a llamarse Folha.com y se unifica la gestión. En 2012, el logo impreso (Folha de S.Paulo) se incluye en la versión online y Folha.com deja de existir. 2009 Enero 74) La reportera Lilian Christofoletti revela denuncias de expacientes contra Roger Abdelmassih por abuso sexual. Inicialmente es sentenciado a 278 años de prisión, después la pena se redujo a 181 años. Febrero 75) En un editorial, el periódico utiliza el término ""ditabranda"" [dictablanda] para referirse al período de dictadura en Brasil, postura que es ampliamente criticada. A través de un comunicado, publicado 19 días después, el entonces director editorial, Otavio Frias Filho, reconoció el error, diciendo que todas las dictaduras son igualmente abominables, pero reiteró que el régimen militar en Brasil, de hecho, había sido menos truculento que en otros países latinoamericanos. Abril 76) Reportajes sobre el trabajo de Dilma Rousseff en grupos clandestinos utiliza como fuente antecedentes policiales sin autenticidad probada. 2010 77) Folha estrena su primera versión para dispositivos móviles. 2011 Febrero 78) En su 90 cumpleaños, el diario se convierte en el primero de los grandes medios brasileños en digitalizar todo su archivo y ponerlo a disposición de los lectores. 79) Nace TV Folha, un canal de reportajes en forma de cortos documentales. Julio 80) Folha.com se convierte en el primer medio brasileño que publica ediciones en español e inglés en Internet. 81) F5 comienza el día 31, una página de entretenimiento y celebridades. 2012 82) Folha es el primer periódico brasileño que implementa el muro de pago poroso, donde el acceso a las noticias es gratuito hasta cierto límite de textos 2013 Junio 83) Giuliana Vallone, reportera de TV Folha, recibe un disparo en el ojo durante la cobertura de las protestas de junio de 2013, que estuvieron marcadas por la brutalidad policial. Noviembre 84) El documental “Junio - El mes que sacudió a Brasil”, producido por TV Folha, ganó el Premio Esso a la Mejor Contribución al Teleperiodismo en 2013. 2015 85) Aparece Estudio Folha, un centro de negocios, independiente de la redacción, para la producción de contenidos patrocinados en diferentes plataformas. 2016 86) El reportaje de Flávio Ferreira publicado en Folha revela la relación entre Odebrecht y la finca utilizada por Lula, en Atibaia. El caso lleva a la segunda condena del expresidente. 2017 87) En julio se creó el Núcleo de Inteligencia de Folha, sección dedicada al contenido elaborado a partir de grandes bases de datos. En mayo de 2019, pasa a llamarse DeltaFolha. 2018 Febrero 88) El periódico deja de actualizar su página de Facebook, después de que la red social redujera el alcance del contenido periodístico en detrimento de las interacciones personales. Agosto 89) El día 21 falleció a los 61 años Otavio Frías Filho, jefe editorial de Folha durante 34 años y director editorial de Grupo Folha. 90) El día 29, María Cristina Frías asume como redactora jefa. Permanece en el cargo hasta el 18 de marzo de 2019, cuando asume el cargo Sérgio Dávila, actual ocupante. Octubre 91) Pocos días antes de las elecciones, Folha publica un reportaje de Patricia Campos Mello sobre disparos masivos de mensajes por WhatsApp, patrocinados por empresarios contra el PT. 92) El día 28, Jair Bolsonaro se convierte en presidente. Los años siguientes estuvieron marcados por insultos y represalias contra Folha y otros medios de comunicación por parte del mandatario, su grupo político y sus simpatizantes. 2019 Enero 93) Folha crea una sección de producción de podcasts. Junto a Spotify, lanza el noticiero diario Café da Manhã, que pronto se convierte en uno de los más escuchados del país. Febrero 94) El reportaje de Ranier Bragon y Camila Mattoso revela un esquema que utilizó candidaturas falsas del PSL, en aquel momento partido de Bolsonaro, para eludir la cuota de género en las candidaturas y abastecer a otras campañas partidarias con dinero del colectivo y fondos electorales. Abril 95) Lula, aún detenido, habla por primera vez desde que ingresó en prisión en abril de 2018. La entrevista la concede a la columnista de Folha Mônica Bergamo y Florestan Fernandes Júnior, de El País. 96) Folha crea una sección de Diversidad. El núcleo trabaja junto a la redacción para incluir reflexiones sobre la diversidad social en reportajes (con pautas, enfoques y fuentes) y para incrementar la diversidad entre los profesionales del periódico. 2020 Abril 97) En plena pandemia de Covid-19, Folha llega a 73,8 millones de visitantes únicos en un mes, el récord de la web. Los periodistas comienzan a teletrabajar casi al 100% y aún así se mantiene el nivel de cobertura. Agosto 98) Folha lanza la campaña ""#UseAmarelo pela Democracia"", que incluye un curso sobre el período de la dictadura militar. 99) Luiz Frias se convierte en publisher/editor de Folha de S.Paulo. 2021 100) El 19 de febrero de 2021, Folha entra a formar parte del selecto grupo de periódicos centenarios. Em sua defesa à Câmara, o deputado federal preso Daniel Silveira (PSL-RJ) adotou um tom conciliatório e pediu desculpas pelos ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). “De maneira alguma me considero um risco à democracia”, disse o parlamentar. Silveira foi preso na terça-feira (16) após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, em decisão referendada no dia seguinte por unanimidade pelos 11 ministros da corte. O deputado participou da sessão da Câmara por videoconferência após autorização de Moraes. O ministro determinou que o Batalhão Prisional Especial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, onde ele está preso, adotasse as providências necessárias para viabilizar a participação do parlamentar e de seu advogado. A votação sobre a prisão de Silveira começou por volta de 17h. A Câmara irá decidir se ele segue preso ou se derruba a decisão referendada pelo plenário do Supremo nesta semana. Para que a prisão do deputado seja mantida, são necessários ao menos 257 votos a favor (maioria dos 513 deputados). No discurso de defesa antes da votação, Silveira disse que não ofendeu nenhum deputado, reconheceu que se excedeu, mas defendeu a ilegalidade da prisão. Pela Constituição, congressistas não podem ser presos, apenas em caso de flagrante de crime inafiançável. “Em momento algum eu vejo ponto positivo na minha fala [vídeo]”, disse. “De maneira alguma, eu me considero um risco à democracia, como fui classificado pela mídia. E a parte que mais me deixou indignado por algum tempo, na verdade, também já absorvi, foram os ataques inusitados da mídia, sempre tentando execrar a minha imagem publicamente.” Na sua defesa, nesta sexta, ele disse que se exaltou. “Peço desculpas a qualquer brasileiro que tenha se insultado com isso, mas já me arrependi. O ser humano vai de zero a cem em segundos. Você está com um pensamento e se exagera. Quem nunca fez isso na vida? Qual deputado, senador ou próprio ministro do STF que jamais exageraram [sic] em suas falas?”, argumentou. Advogado de Silveira, Maurizio Rodrigues Spinelli também apresentou pontos em defesa do deputado durante a sessão. “É patente que a prisão é ilegal e deveria ser relaxada imediatamente uma vez que não há justa causa para a prisão em flagrante”. Na terça-feira, Silveira publicou na internet um vídeo com ataques a ministros do Supremo. Ao ser preso, voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". Pouco depois, o parlamentar postou um vídeo: ""Neste momento, 23 horas e 19 minutos, Polícia Federal aqui na minha casa, estão ali na minha sala"". ""Ministro [Alexandre de Moraes], eu quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar"", afirmou. Apesar da defesa, a relatora da medida cautelar, a deputada Magda Mofatto (PL-GO), entregou parecer a favor da manutenção da prisão do deputado. Na avaliação dela, houve tentativa de intimidação aos ministros do STF. “A liberdade de expressão protege o discurso que nos desagrada e incomoda, mas não alcança aqueles voltados a incitar a verdadeira prática de atentados contra autoridades públicas”, afirmou. “E, no caso concreto, as circunstâncias, o contexto e o cometimento reiterado de condutas semelhantes pelo parlamentar, amplamente conhecidas e divulgadas pela imprensa do país e por ele próprio, mostram que as ameaças aos integrantes do Tribunal Constitucional eram sérias e críveis, revelando a periculosidade do colega e justificando a sua prisão para impedir a continuidade da prática delitiva”, ressaltou. Mofatto indicou que Silveira dava a entender que havia um risco concreto aos integrantes do STF, reforçado por xingamentos, impropérios e ameaças de cassação por meio de processos ilícitos. Ela defendeu ainda a regulamentação do inciso que dispõe sobre a exceção prevista para a imunidade parlamentar. De acordo com a Constituição Federal, os deputados e senadores somente podem ser presos em flagrante de crime inafiançável. Em resposta, Silveira disse discordar do relatório da colega e pediu novamente desculpas pelo discurso contra o STF. “Eu troco de nome se nenhum deputado ou senador na história do Parlamento tenha se equivocado e errado, ou tenha ido a conselhos, talvez por fatos mais graves, e se arrependeu e fora perdoado, fora interpretado, fora entendido”, disse. “O que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer um dos senhores e senhoras”. Ele pediu aos colegas que analisem seu caso “não na seara emotiva” e tratou suas declarações como uma crítica, não como um ataque ao STF. Segundo o advogado de Silveira, a relatora não foi capaz de enfrentar as questões envolvendo a prisão em flagrante, como a atipicidade do fato, ausência de flagrância e inafiançabilidade. Para ele, o texto se aproxima de uma flexibilidade das imunidades parlamentares que poderia afetar outros deputados. Para que a prisão de Silveira seja confirmada pela Câmara, são necessários 257 votos a favor da decisão do STF. Esse placar precisa ser atingido mesmo se houver ausência de deputados, pois, em caso de análise de prisão, a medida adotada pelo Supremo tem que ser referendada pela maioria dos 513 deputados. ""Esta sessão não dá conforto a nenhum deputado"", disse Lira durante o processo para analisar a prisão de Silveira Com a mudança de humor na quinta, deputados que devem votar em defesa da liberdade de Silveira já passaram a reconhecer uma ampla derrota do deputado do PSL no plenário nesta sexta. Silveira ficou isolado, sem apoio de Bolsonaro e abandonado pelo centrão -que faz parte da base de apoio do governo na Câmara. De acordo com a decisão de Moraes, chegou ao conhecimento do STF nesta terça-feira o vídeo publicado pelo deputado em que ele ""durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5"". O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil. Moraes diz ainda que Silveira defendeu ""a substituição imediata de todos os ministros [do STF]"" e instigou ""a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes"". O deputado comenta no vídeo a manifestação do ministro Edson Fachin, que havia criticado na segunda-feira (15) a tentativa de interferência de militares no Poder Judiciário. A fala do ministro do STF se deu após divulgação de trecho de livro na qual o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas relata que discutiu com Alto Comando da Força uma postagem, que muitos consideraram uma ameaça, às vésperas do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018. Fachin disse que era ""intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário"". Nesta terça, Villas Bôas, em rede social, ironizou o ministro: ""Três anos depois"". Também em uma rede social, Gilmar Mendes, do STF, reagiu. Ele afirmou que ""a harmonia institucional e o respeito à separação dos Poderes são valores fundamentais da nossa república"". ""Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!"", escreveu. Na filmagem que levou à sua prisão, Silveira usa palavras de baixo calão contra Fachin e outros ministros do Supremo, acusa-os de vender sentenças e sugere agredi-los. ""Hoje você se sente ofendidinho, dizendo que é pressão sobre o Judiciário, é inaceitável. Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o fodão, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas."" O deputado segue com as ofensas: ""Vai lá e prende um general do Exército. Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças"", afirmou. Silveira também afirma que Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". O deputado bolsonarista também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". Em relação a Moraes, deputado chama o ministro de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse também que Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. O parlamentar diz ainda que Fachin é militante do PT e de partidos e nações ""narcoditadoras"". ""Foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte para que ele proteja o arcabouço do crime no Brasil, que é a Suprema, a nossa Suprema, que de suprema nada tem."" ""Não se briga com todos ao mesmo tempo”. O comentário é de Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), publisher da Folha, a propósito do jornal acumular contenciosos (políticos e judiciais) com o presidente da República, José Sarney (1985-90), com o governador de São Paulo, Orestes Quércia (1987-91), e com o prefeito da capital, Jânio Quadros (1986-89). Com bom humor, seu Frias, como era chamado, registrava preocupação com a saúde financeira da empresa, mas identificava, sobretudo, o potencial mercadológico de uma publicação “contra” todos —o que não significa ser “contra” tudo. A Folha exerce uma função crítica e informativa inestimável. Desde o fim do regime militar, incomodou todos os governos, sem exceção. A invasão da Polícia Federal, para apurar suposto desrespeito a plano econômico, e a ação penal contra Otavio Frias Filho, para retaliar a revelação do favorecimento de agências de publicidade pelo Palácio do Planalto, ilustram o estilo beligerante de Fernando Collor de Mello (1990-92). Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) guardou palavras mais amargas para a posteridade. Em “Diários da Presidência” (volume 3, lançado em 2017), menciona uma “aliança implícita, tácita, mesmo que eles [proprietários da Folha] não queiram, com as posições extremadas do PT”. Em outro momento anota: “Agora é contra mim, amanhã será contra o Lula”, sentenciando que o jornal, arrogante e niilista, não tem responsabilidade “pública”. Foi durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-11) que se cunhou, entre petistas, a expressão “PIG” (“Partido da Imprensa Golpista”), para difamar veículos de comunicação, entre eles a Folha, que, na visão oficial, são contra o PT, que, por sua vez, sempre quis “regulamentar” a mídia. Liberdade de imprensa só é bom contra os outros. Bolsonaro não esconde o desejo (ainda que se manifeste covardemente, sempre amainando o pensamento com alguma ressalva infantil) de acabar com a Folha. É grave um presidente da República incitar a população a não “comprar” um jornal, um produto, ou a não sintonizar determinada emissora de rádio ou televisão. Não é coincidência que, na mesma semana da celebração dos 100 anos, Jair Bolsonaro diga que o “certo é tirar de circulação” os jornais —entre eles a Folha, é claro—, que, a seu ver, são “fábricas de fake news”. Quando desburocratiza o porte de armas, Bolsonaro sustenta as liberdades individuais e a segurança do cidadão: não importa o estímulo à violência. Quando quer imunidade para policiais corruptos e assassinos, defende quem se “arrisca” por nós e o apoia. Quando estimula a falência econômica e moral dos veículos de comunicação que escolhe, Bolsonaro quer que a população tenha acesso à “verdade”, oculta pelo jornalismo profissional ou esquerdista. A ONG Repórteres sem Fronteiras informa que 85% dos ataques desferidos por autoridades contra jornalistas, organizações e imprensa em geral no Brasil, em 2020, partiram da quadrilha Bolsonaro: Eduardo (208), Jair (103), Carlos (89) e Flávio (69). Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, encabeça a lista de ministros, com 19 ataques. Jair Bolsonaro é inimigo da liberdade de imprensa, um mal a ser eliminado. O fim dos jornais é vigiar o poder público. O jornalismo não acaba, ainda que se transforme. Os governos passam. Parabéns, Folha de S.Paulo. Pela história. Pela intransigência. Por existir. A Folha completa 100 anos nesta sexta-feira (19). Veja a seguir o que autoridades em geral e diferentes membros da sociedade falam sobre o centenário do maior jornal do país.  Um belo dia, já faz bastante tempo, Margarida de Andrade, uma mocinha que trabalhava na fábrica de tecidos Maria Zelia, da Companhia de Tecidos da Juta, viu pela primeira vez um rapaz que muito lhe agradou. Era Pedro Sartorio, também operário, que segundo lhe disseram era muito amante do trabalho e cumpridor dos seus deveres. E entre os dois nasceram logo fortes laços de amor, tão fortes que em breve eles se declararam noivos e começaram a ir juntos ao cinema e a outros divertimentos, fazendo inveja a muitos colegas de trabalho. Mas o amor que tinha para com Margarida veio perturbar um tanto o nosso Sartorio. Foi assim que em 9 de agosto de 1921 a Folha iniciou a narrativa de mais um assassinato de mulher na capital paulista, causa da maioria dos homicídios registrados pelo jornal naquele ano, quase todos ligados a “Vingança Amorosa” —como destacou o título da reportagem—, ocorrências que na maioria das vezes terminaram com o suicídio do agressor. Sartorio, 25, matou Margarida, 18, por não se conformar com o fim do noivado. Sua perturbação, conforme registrado, já havia levado o rapaz a abandonar o trabalho e a perambular pelas ruas —motivos que levaram os pais da moça a cobrar o fim do noivado. “Tornou-se, afinal, um verdadeiro vagabundo”, dizia a reportagem. A ex foi morta com duas facadas, uma nas costas e outro no peito, quando seguia para o trabalho. Ao ser preso momentos depois, Sartorio disse ao delegado responsável pela investigação que não tinha intenção de matar seu amor, apenas de ""dar um susto"". Tinha planos de tirar a própria vida, mas não se sabe se conseguiu posteriormente. Ao menos outros cinco homicídios de mulheres ganharam destaque naquele ano, o que indicava uma das preocupações mais recorrentes dos paulistas nos anos 1920. O feminicídio só viria a existir como crime em 2015, mas um dos problemas enfrentados pela polícia atualmente, já era muito presente então. Em seguida vinham os crimes patrimoniais, como roubos e furtos, seguido pelos acidentes de trânsito, ou, “perigo dos veículos”. A violência policial também tinha destaque, incluindo contra jornalistas. Uma sequência de crimes patrimoniais ocorreu em Perdizes, zona oeste da capital, que levou o jornal a publicar uma reportagem intitulada “Perdizes, paraíso dos ladrões”, que narrava o “clamor dos moradores do belo bairro” contra a “absoluta falta de policiamento”. Segundo a reportagem, guardas-noturnos existiam no bairro, mas em número insuficiente. “Soldado, nem um só.” “Ora, dessa forma é muito natural que os ladrões escolham aquele arrabalde para fazer o seu ‘trabalho’. E ‘trabalham’ de verdade, sem descanso...” Um furto de roupas do varal de uma casa da rua Santos Dumont é citado como exemplo. “Mandaram à sua casa um soldado boçal, que nada mais fez do que admirar-se da sem-vergonhice do gatuno”, diz trecho da reportagem que conclui após citar outros casos. “E enquanto isso, a portentosa polícia de S. Paulo continua naturalmente emboscada com a ‘sem-vergonhice’ desses vagabundos."" As críticas feitas ao trabalho da polícia nem sempre terminavam bem para os jornalistas da época. A Folha noticiou caso de repórter de Santos que, quando estava em um restaurante da cidade, foi ameaçado de morte por um policial descontente com uma de suas reportagens. O jornalista fugiu do policial, que estava com um punhal em riste. Escapou porque encontrou dois soldados que patrulhavam a rua. A própria Folha noticiou, também, críticas a abusos praticados pela polícia: “Apesar das providências solicitadas às autoridades competentes, quase todos os dias, pelas folhas diárias, esse estado de coisas tem continuado invariavelmente”. A reportagem continua: “Anteontem, por exemplo, quando ia ser feita a distribuição da ‘Folha de Noite’ na esquina da ladeira Porto Geral, com a rua Boa Vista, apareceram ali policiais que, em atitude agressiva, impediram que os nossos jornaleiros recebessem as ‘Folhas’, proibindo o seu estacionamento pelas imediações”. Embora o contingente de policiais fosse motivo de críticas dos paulistanos, em 1921 a Força Pública, corporação organizada militarmente que cuidava da segurança e ordem pública, tinha um efetivo fixado de 8.620 policiais para uma população estimada de 4,61 milhões de habitantes. Atualmente, a Polícia Militar de São Paulo tem cerca de 83 mil agentes para uma população de quase 45 milhões. De 1 policial para cada 533 habitantes em 1921 passamos para 1 para cada 565 moradores cem anos depois. Embora a tropa da Força Pública se vestisse ao estilo da polícia inglesa, foi da França que veio seu maior impulso, com a “Missão Militar Francesa”: um contrato do governo do estado pelo qual oficiais do país de Charles de Gaulle vieram instruir e aprimorar o serviço policial, explica o coronel Galdino Vieira da Silva Neto, diretor do Museu da Polícia Militar. “Foi um ponto de virada, uma alavancada que ninguém conseguiu superar até hoje”, disse. A Força Pública deixou de existir em 1970 quando foi unificada com a Guarda Civil (criada em 1926), dando vida ao que é hoje a Polícia Militar de São Paulo. Muitos policiais militares paulistas preferem o termo Força Pública e defendem o retorno do nome. A Polícia Civil também já existia na época, ligada à Secretaria da Justiça. De acordo com o delegado Paulo Roberto Queiroz Motta, considerado o guardião da memória da instituição, o governo de São Paulo também buscou ajuda externa para melhorar o trabalho da polícia paulista. “O governo contratou o perito suíço Rudolph Archibald Reiss para ministrar um curso técnico de investigação, fotografia e exame em locais de crime para os seus delegados”, conta o delegado, que integra do Dipol (Departamento de Inteligência) da Polícia Civil. Ainda segundo o policial, os crimes mais comuns da época eram os homicídios, lesão corporal, defloramento, estelionato, vadiagem, mendicância e furtos. “Defloramento é uma nomenclatura genérica, mas indicando a sedução, que no passado era crime”. Não houve nenhum destaque nos jornais de 1921 para o tráfico de drogas, embora, segundo Motta, existissem comércio de cocaína e ópio. Na região da atual cracolândia no centro de São Paulo, uma ocorrência ganhou registro da Folha. Nada a ver com droga —o problema foi com Odilon Moura , hospedado havia duas semanas em uma pensão da alameda Glete. Depois de um passeio pela cidade, segundo o registro policial, Moura decidiu falar mal de São Paulo aos colegas de pensão. O paulistano Dolivar Pereira Rosa saiu em defesa da cidade. Moura deu um tapa no rosto de Rosa, que em seguida o perfurou na barriga com uma tesoura. “Em resumo, o ferido foi medicado pela assistência e o agressor prestou declarações ao sr. Dr. Soares Calaby que vai abrir um inquérito."" De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, não há estatística sobre a maioria dos processos envolvendo crimes cometidos naquele ano. Um dos problemas no Judiciário citados em várias reportagens da Folha era a quantidade de jurados convocados para participar de julgamentos de casos de homicídio que não compareciam. “As intimações dos jurados não se fazem com escrúpulos, porém, às vezes, elas se tornam impossíveis por causa dos próprios jurados que se esquivam de recebê-las.” O próprio presidente do estado, Washington Luís, foi acionado para resolver o problema. Uma das ações na época foi a criação de varas específicas do tribunal do Júri, além da aplicação de multas aos jurados faltosos. Há 100 anos, a classe média paulistana fazia viagens curtas a destinos como o lago dos Patos, em Guarulhos. A cidade, que abriga o maior aeroporto internacional do país desde 1988, era o destino final dos turistas, não um ponto de partidas e chegadas. Sem transporte aéreo comercial, percorrer longas distâncias, de trem ou navio, era privilégio quase exclusivo dos mais ricos. Enquanto isso, membros de uma classe média ainda incipiente se contentavam com os bate-volta. Os mais pobres, nem isso. ""As pessoas não viajavam com o pensamento de descansar. Os deslocamentos aconteciam sempre com objetivos, por exemplo, de estudar ciência ou a arquitetura"", afirma Marina Araújo, professora de turismo da Universidade Anhembi Morumbi. A classe média da época, formada principalmente por funcionários públicos, profissionais liberais e descendentes de imigrantes europeus —que àquela altura já haviam acumulado algum patrimônio—, fazia viagens sem pernoite, para regiões próximas. Isso porque o transporte era lento, feito de trem, bonde ou em carroças —carro ainda era artigo de luxo. ""Se tivesse trem, dava para ir, mas nem todo lugar era atendido pelas ferrovias"", diz o pesquisador Douglas Nascimento, presidente do Instituto São Paulo Antiga e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Um desses passeios era a visita ao lago dos Patos de Guarulhos, ainda hoje um ponto de lazer, para fazer piquenique e relaxar. Segundo Nascimento, era comum as pessoas pegarem o trem rumo ao lago quando o sol ainda estava nascendo. Quem tinha mais dinheiro viajava de carro, e a viagem durava cerca de uma hora e meia. A década de 1920, aliás, marca o início do turismo com automóveis em São Paulo, acelerado pela gestão do governador Washington Luís (1920-24), que priorizou a abertura de estradas. ""Mas quem podia viajar de carro eram membros das famílias muito ricas, como os Dumont, os Matarazzo, os Scarpa ou os Guinle. Era como ter um helicóptero atualmente"", diz Nascimento. As ferrovias eram as principais ligações entre os destinos. O pesquisador conta que o trem diário para a então capital federal, o Rio de Janeiro, transportava principalmente políticos e pessoas que viajavam a negócios, mas raramente a turismo. Embora pouco acessível para as massas, o Rio já tinha em 1921 parte das atrações ainda hoje muito buscadas pelos turistas. O bondinho do Pão de Açúcar, por exemplo, foi inaugurado em 1912 como um dos poucos teleféricos do mundo. A estrada de ferro do Corcovado, em funcionamento desde 1884, ainda não trazia em seu itinerário a vista para o Cristo Redentor, inaugurado em 1931. O turismo de veraneio já era praticado na orla carioca e em outras praias do país, mas de forma menos difundida. Segundo Luiz Trigo, professor do curso de turismo da USP, um dos motivos para isso era o racismo. ""Na época, quanto mais branco, melhor. Não existia isso de se bronzear na praia. Para um homem, até era suportável estar queimado, principalmente se fosse fazendeiro. Mas, para uma mulher, era inadmissível"", afirma. Era uma fase de transformações para o Rio, com mais investimentos em infraestrutura, embelezamento das vias públicas e alargamento de avenidas para a comemoração do centenário da Independência, em setembro de 1922. Como resultado dessa onda de investimentos, o Copacabana Palace, emblemático hotel de luxo, foi inaugurado no ano seguinte, em 1923. Na época, os grandes hotéis eram responsáveis pelo trabalho que hoje fazem as agências, marcando visitas às atrações turísticas da cidade ou se encarregando do transporte dos visitantes até o porto ou a estação de trem. As operadoras de turismo eram poucas —a primeira no mundo, Thomas Cook, foi fundada em 1841 e fechou as portas em 2019. No início dos anos 1920, o Rio recebia alguns cruzeiros internacionais, que anos antes evitavam fazer paradas por ali por causa das epidemias de febre amarela que atingiam a cidade desde meados do século 19. Em 1907, com a atuação de Oswaldo Cruz, então diretor-geral de Saúde Pública, a doença foi controlada. ""Quando a febre amarela foi dominada, o Brasil se tornou mais atraente"", afirma Lise Sedrez, coordenadora do programa de pós-graduação em história social da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Eventualmente, navios faziam rotas que conjugavam paradas na então capital do Brasil com as cidades de Buenos Aires e Montevidéu, roteiros praticados até hoje. O porto do Rio era também um ponto de partida para famílias da elite brasileira que saíam de férias para a Europa ou os Estados Unidos. Uma vez na Europa, deslocar-se de uma capital para outra era mais fácil do que no Brasil, por causa da malha ferroviária expandida. ""Um dos trens mais famosos saía de Paris para Istambul, na Turquia"", afirma Mário Carlos Beni, professor aposentado da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). No Velho Continente, a malha ferroviária se desenvolveu a partir das capitais e de centros de peregrinação, como Lourdes, na França, e Fátima, em Portugal. No Brasil, as linhas férreas foram construídas para escoar a produção agrícola, afirma Lise Sedrez, da UFRJ. Também já havia um tímido turismo rodoviário europeu. Fundado na França em 1900, o Guia Michelin apresentava mapas das estradas e apontava possíveis paradas nos trajetos de carro para comer e passar a noite. Nos Estados Unidos, a cultura das road trips estava começando —e o carro era um meio de cruzar o país e visitar parques nacionais como o Yellowstone e o Grand Canyon. Diferentemente do turismo atual, em que, em uma mesma viagem, podem-se misturar vários destinos e hospedagens, as classes mais ricas europeias viajavam para passar períodos longos em um mesmo lugar. ""Você ia para os Alpes suíços e ficava um mês morando no hotel, não se deslocava. Tinha serviço de correio, as pessoas vinham te visitar"", afirma Trigo, da USP. Além de promover negócios e ampliar conhecimentos culturais, cuidar da saúde era outro motivo para viajar há 100 anos. Locais como Baden-Baden, na Alemanha, e Vichy, na França, recebiam visitantes que desfrutavam das estâncias termais, à época já conhecidas por trazer benefícios terapêuticos e pelo auxílio no tratamento de problemas musculares. No Brasil, esse tipo de viagem já existia em Caxambu (MG), Poços de Caldas (MG) e Águas de Lindoia (SP). Pacientes em tratamento de tuberculose também viajavam a Campos do Jordão (SP) por causa da qualidade do ar. ""As pessoas se hospedavam em estalagem e ambientes rústicos"", diz Araújo, da Universidade Anhembi Morumbi. Em 1921, o mundo se recuperava dos efeitos da pandemia de gripe espanhola, que se espalhou de 1918 a 1920 e também afetou as viagens, assim como nesta pandemia de Covid-19, mas em menor proporção. ""Não existia o setor de turismo como hoje, não era algo organizado, senão teria tido o mesmo efeito [que a Covid]"", afirma Beni, da USP. Cerca de 35 mil brasileiros morreram por causa da doença —ao redor do mundo, foram 50 milhões. Ainda que letal, a duração da pandemia foi curta no Brasil. ""A gripe veio e foi embora rápido. Durou de cinco a seis meses, porque era algo muito mais fácil de controlar. Se parassem a navegação, a transmissão do vírus também cessava"", diz o pesquisador Douglas Nascimento. Folha, 100 Comecei a ler a Folha em 1980, como ato de rebeldia —pois minha família lia o Estadão— e de reconhecimento de mim mesmo. O jornal me parecia mais alinhado com meu pensamento e já oferecia uma diversidade de opiniões que muito me agradava. Assinei-o àquela época e depois presenteei meu pai com uma assinatura que ele mantém até hoje. Sempre gostei dos colunistas. E, mais recentemente, a inclusão de mulheres teve um acréscimo intelectual inquestionável. As mulheres da Folha são maravilhosas: Angela Alonso, Mariliz Pereira Jorge, Djamila Ribeiro, Fernanda Torres, Ana Cristina Rosa, Cida Bento, Claudia Costin, Claudia Tajes, Tati Bernardi, Cristina Serra, Flavia Boggio, Flavia lima, Ilona Szabó, Manuela Cantuária, Maria Hermínia Tavares, Marilene Felinto, Vera Iaconelli, entre outras que já deixaram o jornal, como Laura Carvalho. Nestes 100 anos, além dos parabéns pela efeméride, parabenizo o jornal por ser mais uma vez revolucionário. A revolução feminina/feminista agrega um pensamento includente, contundente, gentil e educado e uma visão inovadora da qual fomos privados por nossa própria estupidez e atraso cultural. Gustavo A. J. Amarante (São Paulo, SP) Muito se pode falar dos 100 anos da Folha, mas o que dizer de um jornal que oferece direito de resposta sem que o citado recorra à Justiça? Isso ocorre no Painel do Leitor, nas réplicas, na seção Tendências / Debates e até em entrevistas. O leitor sabe que a Folha, com sua ombudsman, é apartidária, crítica, independente e plural e percebe quando o jornal derrapa em seus princípios editoriais. Diogo Molina Gois (Itajubá, MG) Neste dia 19, gostaria de parabenizar a Folha pela sua imparcialidade e por ter se transformado num dos baluartes da democracia brasileira. Aos 51 anos, sinto-me orgulhoso de há quase 30 ser assinante deste importante jornal. Estar presente neste momento do centenário anima a minha autoestima. Que venham outros centenários! Pedro Valentim (Bauru, SP)  Comecei a ler a Folha aos 16 anos, em 1976. Abria o jornal para ver as notícias do meu time; daí, dava uma olhada geral e parava na Ilustrada. Comecei a ler os formidáveis cronistas: Mauro Santayana, Tarso de Castro, Flávio Rangel, Pedro Nava, Otto Lara Resende, Carlos Heitor Cony e Ruy Castro. Não parei mais de ler o jornal e seus cronistas. Acabei fazendo faculdade de letras. Obrigado! E parabéns! Francisco José Bedê e Castro (São Paulo, SP) Mais que um jornal, uma instituição centenária, cuja seriedade, respeito ao leitor, curiosidade, frescor, rebeldia e inconformismo nos tornam, seus leitores, mais jovens e atuantes. Parabéns e obrigado. Paulo César Machado Feitosa (Belo Horizonte, MG)  Nesta época em que os números só têm servido para nos mostrar a tragédia em que estamos, há pelo menos um a comemorar: os 100 anos da Folha. Parabéns! Antonio Gerassi Neto (São Paulo, SP)  Incomparável! / Indispensável! / Imprescindível! / Parabéns, Folha! Therezinha Lima e Oliveira (São José dos Campos, SP)  Fui professora de escola pública por 26 anos (1968/1994). Destinava uma aula por semana para atualidades, com assuntos de jornais. Amava a coluna de Joelmir Beting. Hoje admiro que a Folha destine assinatura gratuita a professores, pois parei de assinar por causa do salário baixo. A leitura de jornal sempre foi uma obrigação para mim. Priscila Bueno Penteado (Santa Bárbara d'Oeste, SP)  Cumprimentos a todos os que fizeram e fazem a história da Folha. Compromisso diário com a informação chegando às nossas casas, por papel, monitor, computador, celular... Chegando até nós e se superando ao longo dos altos e baixos deste querido país. A democracia precisa de imprensa que consiga ser livre, mas sem ""jogar contra"" pelo prazer de contrariar. Celso Luis Gagliardo (Americana, SP)  Em 5 de maio de 2019, o Comércio do Jahu circulou pela última vez, após 110 anos. Um jornal não tem preço, mas a falta dele tem um custo inestimável à sociedade. Lembrando do meu Comércio, parabenizo a nossa Folha pelo seu centenário, do qual sou testemunha, como assinante, do último terço. Parabéns por ser como é. Vida longa! Continue sempre, a serviço da democracia, informando, opinando e mostrando ao povo, com independência e correção, quando o rei está nu. Jorge João M. de Oliveira (Jahu, SP)  Represento o povo que é informado diariamente. Obrigado aos colunistas que alegram o amanhecer, aos que leem nossas mensagens e até corrigem erros ortográficos, valorizando o entusiasmo do conteúdo que obscurece à formalidade das regras gramaticais. Obrigado ao entregador que acorda cedo. É com muito prazer que o recebemos! Sem censura. Hipérides Júnior (Brejo dos Santos, PB) O STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu nesta quinta-feira (17) a cobrança pelo uso de vias públicas para instalação de infraestrutura e rede de telecomunicações. Com a decisão, os ministros evitaram o encarecimento da telefonia 5G, que terá início com o leilão deste ano e exigirá a construção de dez vezes mais antenas de celular do que hoje. A implantação da tecnologia de quinta geração exigirá investimentos muito maiores e a construção de uma rede exclusiva para o novo serviço. Para garantir a entrega de velocidades até cem vezes maiores que as da telefonia 4G, será preciso instalar ao menos dez vezes mais antenas. Antes, para cada antena, era preciso fazer um pedido para cada prefeitura. Caso a isenção da cobrança pelo direito de passagem não fosse mantida pelo Supremo, não seria possível implantar o novo serviço sem repassar os custos pesados desse investimento para os pacotes dos clientes. Para as teles, os preços seriam tão elevados que praticamente inviabilizariam a oferta do serviço. Com a decisão, os ministros do Supremo também impediram o aumento nas contas de consumidores que sentiriam o repasse desses custos pelas concessionárias de serviços como energia, água e esgoto. Somente para as operadoras de telecomunicações, o estoque estimado de cobranças pelo direito de passagem é de quase R$ 4 bilhões, segundo a LCA Consultores. Foram taxas pela liberação de novas antenas de celular ou pela instalação de fibras ópticas para turbinar as conexões das residências à internet, por exemplo. O julgamento atendeu ao pedido das operadoras de telefonia, do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN) e da própria Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que entrou como parte interessada no processo. No final do ano passado, o presidente da agência, Leonardo de Morais, se reuniu com o ministro do STF Gilmar Mendes para defender a manutenção da gratuidade do direito de passagem. ""O entendimento do STF salvaguarda o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras ao reconhecer que a gratuidade é aspecto fundamental para a expansão e o aprimoramento das redes”, disse Moraes após o julgamento do Supremo. Todos agiram depois que o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto, em setembro do ano passado, que reduziu poderes das prefeituras que dificultavam a instalação de antenas de celular. A ideia era destravar as barreiras que impediriam a realização do leilão do 5G neste ano. Para as teles, este era um dos maiores entraves para o avanço da cobertura de telefonia no país e uma das principais barreiras para a chegada da telefonia de quinta geração. Por 10 votos a 1, prevaleceu o entendimento do relator, ministro Gilmar Mendes, de rejeitar ação da PGR (Procuradoria-Geral da República), de julho do ano passado, que buscava invalidar trecho da Lei Geral das Antenas, de 2015, que trata da matéria. Ficou, portanto, reconhecida a constitucionalidade do dispositivo legal. A norma contestada pela PGR proíbe que estados, Distrito Federal e municípios cobrem das concessionárias pelo direito de passagem em vias e outros bens públicos de uso comum na instalação de infraestrutura e redes de telecomunicações. Em muitos casos, prefeituras já vinham abrindo mão da cobrança, especialmente das companhias de energia e telefonia. Ainda segundo a LCA, com essa mudança de comportamento, as teles deixaram de pagar cerca de R$ 547 milhões por ano. Nas demais concessionárias, essa redução de custo anual foi de R$ 223 milhões. Caso a isenção fosse derrubada pelo Supremo, os consumidores teriam de arcar com o repasse dessas cobranças em suas faturas mensais de energia, telefonia, dentre outros serviços. Contrária à isenção, a PGR argumentou que a norma viola a autonomia dos “entes federativos”, pois retira deles eventual receita que poderia ser aplicada nos serviços públicos locais. É usual, defendeu a Procuradoria, o pagamento pelo uso privativo de bem público como elemento de atividade econômica ou comercial. Gilmar sustentou que a medida é positiva para a expansão tecnológica e para levar rede de fibra óptica, necessária para instalação de internet, aos locais mais distantes do país. O magistrado argumentou que a procedência da ação da PGR tornaria inviável para empresas privadas levar internet a cidades pequenas e com pouco potencial rentável. “O custo anual [para as empresas] seria da ordem de R$ 11 mil por quilômetro. Em termos práticos, se uma empresa de telecomunicações decidisse levar rede de fibra óptica de Cascavel [PR] para o distrito de Juvinópolis, a cobrança feita pelo Estado seria 50% superior ao faturamento potencial para prestação do serviço naquela região”, disse. Segundo o ministro, a restrição imposta ao direito de propriedade de estados, municípios e concessionárias de rodovias e outros espaços públicos foi feita de forma proporcional. “A cobrança do direito de passagem, mesmo que de maneira uniforme pelas diferentes esferas administrativas, já elevaria o custo ao consumidor final, dificultando o acesso ao serviço e na contramão da política nacional de telecomunicações”, disse. O ministro sustentou que “existe forte lógica econômica” na extensão da gratuidade e que foi uma política legítima aprovada pelo Congresso. Os ministros Kassio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux acompanharam Gilmar. Ao apresentar o único voto divergente, Edson Fachin avaliou que a norma questionada retira das administrações estaduais e municipais “as prerrogativas de utilização econômica de seus bens”. Antes do debate entre os ministros, houve a manifestação de entidades interessadas na controvérsia. O advogado Gustavo Binenbojm usou a tribuna em nome da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias e defendeu a tese da PGR. Desde 2015, as concessionárias de estradas não podem mais cobrar das operadoras de telefonia pela passagem das fibras ópticas ao longo das vias. “O dispositivo criou uma vantagem competitiva às empresas de telecomunicações em desfavor das concessionárias de rodovias que fazem a terraplanagem, que adoçam os taludes e que constroem essa infraestrutura”, disse Binenbojm. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja defendeu a legislação. Segundo seu advogado, Lucas Mayall, a invalidação da lei teria “efeito catastrófico” para a produção rural no país. “Hoje, um dos principais fatores da produtividade, da grande vantagem competitiva que o Brasil ostenta decorre da utilização de ferramentas de alta tecnologia no campo, como ferramentas de geolocalização de alta precisão, ferramentas de controle de estoque que usam internet das coisas. A conectividade no campo é fundamental”, disse Mayall. Na visão do advogado, a invalidação da legislação faria com que recursos que seriam usados para levar a tecnologia 5G a todo o país fossem para a aquisição do chamado direito de passagem. “Estávamos otimistas e o setor de telecom vê nessa decisão a confirmação de que o acesso à internet é fundamental para o desenvolvimento dos municípios e que sua ampliação deve ser incentivada por legislações modernas e que estimulem o avanço de novas tecnologias, como o 5G e a Internet das Coisas”, disse Marcos Ferrari, presidente da Conéxis, associação que representa as operadoras de telefonia. “Vale reconhecer o esforço do Ministro Fabio Faria, que tem liderado importantes avanços para o setor de telecomunicações. O apoio do governo foi fundamental para a vitória de hoje no STF. Num momento em que a pandemia mostrou o quanto é fundamental a conectividade, seria um retrocesso onerar ainda mais um investimento que é o alicerce da economia do futuro.” Para as operadoras de telefonia, além de onerar consumidores, a cobrança atrasava os projetos. Nos bastidores, as empresas sempre reclamaram que os municípios se aproveitavam da situação para cobrar valores exorbitantes. Caso contrário, as obras não eram autorizadas. Houve casos na cidade de São Paulo, em que a espera para a instalação de um antena de celular levou mais de cinco anos. Com o entendimento de que a internet passou a ser um bem valioso para a população e para a economia das cidades, muitas prefeituras deixaram de cobrar pelo direito de passagem. O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro em sua cueca, reassumiu o seu mantado parlamentar nesta quinta-feira (18), após mais de quatro meses afastado. Ele pediu licença para interesses pessoais, de 121 dias, após ter sido flagrado com maços de notas durante operação da Polícia Federal, em Boa Vista, em outubro do ano passado. O senador é suspeito de desviar recursos destinados para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus —Rodrigues nega. Na quarta-feira (17), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso havia autorizado o retorno do parlamentar a suas atividades, com o término da licença, mas determinou seu afastamento de comissões que tratem do enfrentamento à Covid-19. Aliados do senador defendiam um novo afastamento, para evitar um início tumultuado de gestão para o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Os dois são correligionários. Rodrigues também era vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, quando foi flagrado com o dinheiro. O parlamentar encaminhou um documento à presidência do Senado anunciando seu retorno, no qual afirma que passou por um período de ""enorme padecimento pessoal, familiar e político"". Rodrigues acrescenta que foi vítima de ""escárnio"" e ""veleidades"" e que não conseguiu até o momento se defender das imputações ""brutais e kafkanianas"" contra ele. Afirma que chegou a tomar medicamentos para se recuperar. ""Tomo a iniciativa de, humilde e respeitosamente, prestar alguns esclarecimentos fundamentais neste momento, visto que as circunstâncias terríveis que assombraram a minha vida me impediram inclusive de poder sequer me defender das brutais e kafkanianas imputações feitas contra mim, numa avalanche do destino que me privou de qualquer condição mínima de reagir e de me contrapor"", afirmou. ""Foram meses de condoída e solitária prosternação, em que encarei o escárnio, veleidades e, mais do que nunca, encontrei-me com meu eu mais profundo."" O parlamentar se defende das acusações, afirmando que nunca teve máculas em sua carreira política. E afirma que entrou em pânico com policiais federais em sua residência, chegando a levantar dúvidas sobre as intenções da operação de busca e apreensão. Rodrigues justifica seus atos —sem mencionar diretamente a tentativa de esconder dinheiro na cueca— por conta do pânico provocado pela situação. ""Por aquele momento de desespero, quero pedir desculpas a todos se não consegui manter o comportamento de equilíbrio mais adequado. Poderia ter tido uma reação psicológica melhor? Certamente. Poderia ter lidado com a sensação de pânico, apesar de minha idade e condição de saúde, de forma mais equilibrada? Sem dúvida nenhuma"", afirmou. ""Posso ser criticado por diversos motivos, mas o que é fundamental, do ponto de vista do interesse público e da sociedade, é que não cometi nenhum ato ilícito, nenhuma ação desabonadora, nenhuma prática ilegal. É isso que me fez e me faz sentir tranquilidade no fundo de minha alma, apesar de toda a humilhação pública que enfrentei (e que em si mesma já é uma punição, severa, antes mesmo de ser julgado e, tenho certeza, inocentado)"", completa. O senador afirmou que os recursos encontrados durante a operação da PF seriam destinados para o pagamento de funcionários das empresas da família. E que, por conta da tensão do momento, cometeu os atos que ganharam grande repercussão. ""Posso ter cometido atos que, vistos de fora do prisma daquele lugar, naquele momento, com o medo e a responsabilidade de ter de assegurar os recursos destinados ao pagamento dos funcionários de empresa de minha família, podem ser rotulados como ridículos ou lamentáveis."" ""Os recursos encontrados comigo e que num ato de desespero e desequilíbrio momentâneo, cuja autocrítica hoje é fácil de realizar, mas na aflição e surpresa do acontecimento foi um impulso de autoproteção, constituem valores totalmente compatíveis com o meu patrimônio e, mais importante, estão devidamente declarados em meu imposto de renda. Portanto, são recursos lícitos, legais, oficiais e de origem declarada"", completa. Por fim, o senador afirma que não poderia ter se beneficiado dos recursos das emendas para proveito próprio, alegando que elas não teriam sido liberadas. ""Ou seja, como falar em 'desvio de recursos de emendas' que não foram pagas ou gastas? Encaminho também, em apenso, outros documentos comprobatórios de minha conduta que julgo pertinentes"", conclui. Rodrigues havia entrado em licença para interesses pessoais, aprovada pelo plenário do Senado. Como a licença era de 120 dias, seu suplente imediato deveria ter sido convocado. No entanto, trata-se do filho do próprio senador, Pedro Arthur Rodrigues. Lideranças partidárias defendiam que a convocação poderia aumentar a crise, por isso o suplente nunca foi chamado. Ao longo de mais de quatro meses, portanto, o estado de Roraima permaneceu com apenas dois senadores. Durante a licença, o parlamentar não recebeu salários e nem pode usufruir do seu gabinete parlamentar. Por outro lado, usufruiu de plano de saúde e manteve direito ao imóvel funcional. A Polícia Civil do Rio de Janeiro não considerou como desacato os gritos proferidos pelo deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) contra uma agente do IML (Instituto Médico Legal) por resistir a colocar uma máscara, em função da pandemia do novo coronavírus. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, ""não houve ofensa aos agentes da lei"". ""A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) esclarece que não foi dada voz de prisão por desacato ao deputado pela perita, nem pelos policiais federais, por entenderem que não houve ofensa aos agentes da lei. A Direção do Departamento Geral de Polícia Técnica também fez contato com a servidora, que manteve o posicionamento inicial"", afirma a nota da Polícia Civil. No vídeo, ele chama a perita do IML (Instituto Médico Legal) de ""folgada pra caralho"" após reagir ao pedido para que usasse máscara. ""E se eu não quiser botar? Se a senhora falar mais uma vez eu não boto. Respeito [por] que não está falando com vagabundo, não. A senhora é policial civil, eu também sou polícia, e aí? Sou deputado federal, e aí?"", disse, aos gritos e apontando o dedo contra a perita. A cena foi gravada e transmitida ao vivo na rede social do próprio deputado. Depois de resistir, Silveira acata o pedido da policial, mas meio minuto depois abaixa a máscara, que fica na altura da boca. A Polícia Federal, responsável pela prisão, disse que o caso é de responsabilidade da polícia fluminense, motivo pelo qual não vai emitir comentários. O parlamentar foi conduzido ao IML para realizar o exame de corpo de delito, antes de ser transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde está preso desde a madrugada de terça-feira (17). O ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão de Silveira após o deputado publicar um vídeo com ofensas contra ministros do Supremo. Na tarde desta quarta, a decisão foi mantida por unanimidade pelos 11 ministros da corte. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Na decisão, Moraes disse que ""medidas enérgicas"" são necessárias para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". No vídeo, o deputado afirma que o ministro Edson Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". Silveira também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". O deputado também chama Alexandre de Moraes de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse ainda que o ministro Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar Mendes, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. A prisão ainda precisará ser avaliada pelos deputados e será levada à confirmação pela Câmara, em plenário. Os deputados podem derrubar a ordem, com quórum de maioria simples. Em nota, a defesa do parlamentar afirmou que a prisão do parlamentar representa um ""violento ataque"" à liberdade de expressão e que tem evidente teor político. Os advogados de Silveira sustentam que os fatos não configuram crime, ""uma vez que acobertados pela inviolabilidade de palavras, opiniões e votos que a Constituição garante aos deputados federais e senadores"". ""A prisão do deputado representa não apenas um violento ataque à sua imunidade material, mas também ao próprio exercício do direito à liberdade de expressão e aos princípios basilares que regem o processo penal brasileiro"", diz a nota da defesa. Carreira ou família? A questão se coloca a muitos europeus e a maioria acaba por apostar na primeira, sobretudo quem trabalha em tempo integral, revela um estudo da Coimbra Business School (Portugal) e da Universidade de Málaga (Espanha). A mesma investigação —com uma amostra de mais de 19 mil trabalhadores de 34 países europeus, entre os quais Portugal— mostra ainda que quem trabalha apenas em meio período tem mais disponibilidade para aumentar a família. Por isso, acredita Carla Henriques, o trabalho a distância pode contribuir para o aumento da natalidade. “O teletrabalho permite gerir o horário. Por exemplo, hoje posso estar o dia todo com o meu filho e compenso amanhã ou no fim de semana”, exemplificou a autora do estudo ao jornal Público, acrescentando que o teletrabalho, que aumentou por causa da pandemia, pode ter ainda o aspecto positivo de “alterar o paradigma” e abrir as portas a uma maior flexibilização. “A mudança nas condições de trabalho que a pandemia provocou poderá ter duas consequências benéficas: aumentar o número de filhos que cada família decide ter; e aumentar a produtividade de cada colaborador, por permitir que estes poupem imensas horas em deslocamentos, reduzam o estresse e tenham uma maior satisfação global com o emprego.” A conclusão é do estudo “Getting a balance in the life satisfaction determinants of full-time and part-time European workers”, publicado no Journal of Economic Analysis and Policy, que avalia o bem-estar dos trabalhadores em tempo integral e em meio período. Feito em parceria com os pesquisadores Oscar Marcenaro Gutierrez e Luis Lopez-Agudo, de Málaga, a professora de Coimbra revela que os trabalhadores em meio período mostravam maior disponibilidade para aumentar a família. Agora, com a massificação do teletrabalho, não só “pode crescer a produtividade por colaborador”, como “deverá aumentar o número de filhos que cada família decide ter”, prevêem os autores, na expectativa de que haja uma maior conciliação entre o trabalho e a vida familiar, assim como na relação com a vida social. Segundo os dados recolhidos antes da pandemia, o trabalho em tempo integral no modelo presencial desincentivava as famílias a terem mais do que um filho. “Antes da pandemia, os profissionais indicavam ser muito difícil criar uma harmonia entre o trabalho e a vida pessoal, uma vez que chegavam a casa esgotados com o ritmo e o estresse da rotina dos empregos presenciais e das pendulações casa-trabalho”, afirma Carla Henriques, acrescentando que a opção por não ter filhos ou ter apenas um era tomada para que a pessoa pudesse progredir na carreira. O número de filhos por mulher em idade fértil em Portugal é de 1,41 e a média europeia é de 2,1. Esses valores não permitem a renovação de gerações, alerta a pesquisadora, enumerando alguns dos problemas que decorrem desta decisão —como o envelhecimento das populações, o peso no Serviço Nacional de Saúde, bem como na Segurança Social. “Esta é uma situação que deveria preocupar os políticos”, diz. “Cabe aos Estados proteger os trabalhadores e ter medidas de apoio”, acrescenta. Estas podem passar por políticas de incentivo à natalidade, como promover horários mais flexíveis ou aumentar o apoio aos pais, exemplifica. Também as empresas deverão se posicionar, até porque elas já perceberam que o trabalho a distância veio para ficar. O estudo baseou-se em quatro critérios de análise: satisfação com a educação, trabalho atual, vida familiar e vida social; e revelou que são as mulheres que estão mais disponíveis para “sacrificar a carreira” a favor de ter uma família —ou seja, o estudo “mostra o sexismo existente na vida familiar, com as mulheres sacrificando mais a carreira”, observa a pesquisadora. Carla Henriques está atenta aos números que mostram que as mulheres trabalham mais em casa do que os homens, concordando que há uma cultura machista que continua presente na sociedade portuguesa. Contudo, “já se começa a notar que há uma alteração na mentalidade” e disciplinas como a Educação para a Cidadania podem contribuir para que as novas gerações olhem para o trabalho em casa como uma partilha entre o casal. Pelo segundo dia consecutivo, milhares de espanhóis foram às ruas na noite desta quarta-feira (17) para protestar em favor da libertação do rapper Pablo Hasél, preso sob a acusação de glorificar o terrorismo e insultar a realeza em suas canções e publicações em redes sociais. Desta vez os atos chegaram a Madri e se repetiram em cidades como Barcelona, Girona, Tarragona, Granada, Vic e Lérida. Na capital espanhola, os protestos na praça central, a Puerta del Sol, começaram de forma pacífica, com os participantes entoando frases como ""chega de violência policial"" e ""liberdade para Pablo Hasél"". Em dado momento, entretanto, houve atritos entre os manifestantes e os policiais. Parte da multidão lançou garrafas de vidro e pedras contra os agentes, que reagiram com golpes de cassetete. Alguns grupos também incendiaram lixeiras e contêineres, formando barricadas para impedir o avanço da polícia nas ruas estreitas de Madri. Ao menos 19 pessoas foram presas, segundo autoridades madrilenas. Os serviços de emergência registraram 55 feridos, incluindo 35 policiais. Em Barcelona, agentes da polícia regional da Catalunha dispararam balas de espuma (semelhantes às de borracha) em retaliação à multidão que lançava pedras e garrafas contra os veículos blindados das forças de segurança. Em toda a Catalunha, a polícia disse ter prendido 48 pessoas. Entre dezenas de feridos estão uma jovem de 19 anos que perdeu um dos olhos depois de ser atingida por um disparo e um repórter da agência de notícias Reuters. Os protestos também ameaçam provocar uma crise política na Espanha. Nesta quinta-feira (18), o Partido Popular (PP) —que estava no poder quando foi promulgada a lei sob a qual Hasél foi condenado— exigiu a destituição de Pablo Iglesias, segundo vice-primeiro-ministro na coalizão que governa o país. A exigência se baseia em uma publicação feita por Pablo Echenique, porta-voz do Podemos, o partido de Iglesias. Em uma rede social, Echenique escreveu que dá ""todo o seu apoio"" aos jovens que têm participado das manifestações. O Podemos não condenou publicamente a violência nos protestos, e Echenique também compartilhou uma foto da jovem ferida nos olhos. Para o PP, a postura do Podemos configura encorajamento da violência e, portanto, Iglesias deveria perder seu posto na coalizão. O argumento foi reiterado pelo prefeito e pela governadora de Madri, José Luis Martínez-Almeida e Isabel Díaz-Ayuso, ambos do PP. “Os violentos e os que não aceitam as regras não têm lugar na nossa sociedade"", escreveu Almeida no Twitter. A Espanha atualmente é governada por uma aliança de esquerda formada pelo Podemos, pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, sigla do premiê Pedro Sánchez) e por algumas agremiações menores. Assim, caso o pedido do PP —que lidera a oposição de centro-direita— fosse aceito, isso levaria ao colapso do atual governo, já que sem o Podemos a coalizão perderia sua maioria no Parlamento. Questionada sobre o tema, a número 2 do governo, Carmem Calvo, disse que ""uma coisa é defender a exigência da democracia e outra é encorajar uma situação com feridos e detidos"". ""Todos os direitos têm limites, também os fundamentais, porque se não são inviáveis. A liberdade de expressão é nuclear, mas tem limitações. Os acontecimentos [violência nas manifestações] nada têm a ver com liberdade de expressão"", afirmou Calvo, que é do PSOE. Hasél foi condenado em 2018 no âmbito da Lei de Segurança Cidadã, que impõe restrições à liberdade de expressão e ficou conhecida localmente como ""Lei Mordaça"". O motivo de sua condenação é um conjunto formado por 64 publicações no Twitter entre 2014 e 2016 e uma de suas músicas divulgada no YouTube. Entre outros tópicos, ele compara juízes e policiais espanhóis a nazistas, classifica o rei emérito Juan Carlos como um ""chefão da máfia"" e se refere à monarquia como ""mercenários de merda"". De acordo com a legislação, as publicações e músicas de Hasél podem ser enquadradas como ""glorificação ao terrorismo"" pelas referências ao ETA (o antigo grupo paramilitar separatista basco que se dissolveu em 2018), e como incitação à violência pelas críticas aos policiais e pelos insultos à monarquia. A Justiça deu um prazo até a última sexta-feira (12) para que o rapper se entregasse voluntariamente. Em vez disso, Hasél se juntou a um grupo de apoiadores e se refugiou no prédio da Universidade de Lérida, cidade na região da Catalunha, na segunda-feira (15). Na manhã seguinte, porém, dezenas de policiais invadiram o prédio da instituição para prendê-lo. ""A vitória será nossa. Não haverá esquecimento nem perdão"", gritou ele, com o punho levantado, cercado pela polícia pouco antes de ser levado para a prisão. Em retrospecto, a frase pareceu um prenúncio dos atos que se seguiriam. Horas depois, milhares de pessoas começaram uma onda de protestos pedindo a libertação do rapper e condenando a aplicação da ""Lei Mordaça"". Em resposta ao caso do rapper, a porta-voz María Jesús Montero afirmou na semana passada que o governo está disposto a ""fornecer uma estrutura mais segura para a liberdade de expressão"" por meio da reforma na lei, ainda em estágios iniciais. Em um comunicado, o governo do premiê Pedro Sánchez, disse que a reforma introduzirá penas mais brandas em vez de prisão. Além disso, serão visadas apenas ações que ""claramente envolvam a criação de um risco para a ordem pública ou provoquem algum tipo de conduta violenta"". Nesse sentido, Sánchez também já recebeu críticas de Hasél. Segundo o rapper, o governo não estava fazendo nada para impedir sua prisão. ""Com declarações falsas como tantas outras falsas promessas, eles querem extinguir a solidariedade"", tuitou ele. A ""Lei Mordaça"" foi promulgada em 2015, durante o governo do conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP). O objetivo declarado era proibir a glorificação da violência de grupos armados como o ETA e também coibir insultos às religiões ou à monarquia. Desde então, porém, a lei tem sido aplicada de maneira muito restritiva, impondo penalidades criminais a críticas legítimas ao Estado. Apesar de ter sido condenado a nove meses de prisão, Hasél pode ter a pena aumentada para mais de dois anos porque a sentença inclui uma multa que o rapper se recusou a pagar —assim como outros espanhóis indiciados sob a ""Lei Mordaça"". Os problemas de Hasél com a Justiça espanhola podem, entretanto, ser ainda maiores. Em sua ficha, ele tem outra condenação por atos semelhantes, mas o cumprimento da sentença estava suspenso. Além disso, ele aguarda pareceres da Justiça sobre duas outras sentenças das quais recorreu: uma por agredir um jornalista e outra por agredir uma testemunha durante uma audiência no tribunal. “Doutora Denise, a senhora me serve como juíza.” “O senhor também tem alguma estatura para ser meu réu.” O curioso diálogo entre o banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade e a sua maior pedra no sapato, a juíza Denise Frossard, já nos créditos finais do documentário Doutor Castor, disponível na plataforma Globoplay, é uma pequena mostra do perfil amigável e carismático do contraventor em detrimento à natureza violenta de seus negócios. Com leveza, bom humor e sobriedade, o seriado em quatro episódios dirigido por Marco Antônio Araújo mostra como o poderoso chefão da zona oeste do Rio de Janeiro usou o futebol e o Carnaval para legitimar sua imagem em detrimento ao violento negócio que comandava. São quatro deliciosas horas que voam, ideal para entreter em tristes tempos de festejos momescos sem folia. Como não poderia ser diferente, o principal enfoque da película são, além da escola Mocidade Independente de Padre Miguel, os áureos anos do modesto Bangu Atlético Clube, que, sob a tutela de Castor de Andrade, fez campanhas memoráveis no Carioca, no Brasileiro e até chegou à Libertadores, destronando gigantes, sem, no entanto, conquistar taças relevantes —exceto o Estadual de 1966, quando ele iniciava a trajetória no clube presidido por seu pai. Favorito em um Maracanã lotado, deixou, por exemplo, escapar o título brasileiro de 1985 nos pênaltis, diante do Coritiba, e o carioca, quando só precisava empatar com o Fluminense no triangular final. No período, o time de Moça Bonita tentou alavancar o futebol feminino e, entre os homens, contou com grandes nomes como Marinho, Ado, Arturzinho, Neto e Mauro Galvão. Castor também intimidou e deixou seus capangas agredirem árbitros, comprou jogadores adversários e agiu nos bastidores da cartolagem para favorecer seu clube. Até hoje, 24 anos após sua morte, ele é idolatrado na zona oeste do Rio. Os eventos retratados principalmente entre os anos 1960 e 1990 na minissérie —impunidade, milícias, crime organizado, guerrilha por poder, corrupção policial e política etc.—, também seguem atuais ou até mais graves. O único pobre coitado que nunca mais ganhou força foi o Bangu. Folha completa 100 anos nesta sexta-feira (19). Fevereiro 1) A Folha da Noite circula pela primeira vez no dia 19. Criado por Olívio Olavo de Olival Costa e Pedro Cunha, o jornal funciona na praça Antônio Prado, entre as esquinas das ruas São Bento e João Brícola, em sala emprestada pelo O Estado de S. Paulo, também responsável por imprimir a edição. 2) O veículo acostuma-se a conviver com críticas de mandatários, que por vezes escalaram para perseguição. Exemplo disso ocorre quando o presidente Arthur Bernardes proíbe a circulação da Folha da Noite, que classificava seu governo como “um período de trevas”. 3) Nasce mais um jornal do grupo, a Folha da Manhã. Naquele mesmo ano, surge em suas páginas um personagem que faz sucesso ao expressar os anseios da classe média paulistana. Careca, magro, de estatura mediana e usando óculos, Juca Pato é criação de Belmonte. 4) A defesa dos interesses paulistas é um dos princípios que norteiam a Folha da Noite. Quando a quebra da Bolsa de Nova York desencadeia uma grave crise econômica, isso se reflete em textos de apoio ao governo federal, à época comandado por Washington Luís. 5) A empresa é depredada por admiradores de Getúlio Vargas incomodados com as críticas ao presidente. A circulação dos jornais chega a ser interrompida durante dois meses. 6) As Folhas são compradas pelo fazendeiro e comerciante Octaviano Alves de Lima, que vê nos jornais mais que uma oportunidade de negócios: seria um meio para favorecer sua atividade cafeeira. 7) Em 7 de setembro, Folha da Noite publica, pela primeira vez, tiras de histórias em quadrinhos. O personagem pioneiro é o marinheiro Popeye, de Segar, que passa a ser exclusivo do jornal no Brasil. 8) Com a instauração da ditadura do Estado Novo, o governo Vargas passa a controlar a imprensa por meio de censura prévia, chantagem econômica e pressão política, o que faz rarear o noticiário político nas Folhas até o início da década de 1940. 9) Surge o Folha Informações, serviço telefônico pelo qual era possível obter notícias atualizadas sobre qualquer assunto diretamente de uma equipe de jornalistas destacados para a função. Funciona de forma ininterrupta até 1992. 10) A Folha da Noite fortalece seu trabalho durante a Segunda Guerra Mundial. É o 1º jornal paulistano a noticiar a invasão dos Aliados à Europa nazista (conhecido como Dia D), graças a uma edição extra produzida na madrugada. Janeiro 11) Charges de Belmonte, retratando Hitler e Mussolini, têm repercussão internacional. Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista, chegou a se irritar com elas. Março 12) A empresa é novamente vendida. Assumem o controle Alcides Ribeiro Meirelles, Clóvis Queiroga e José Nabantino Ramos. Julho 13) Uma paixão entre dois grandes nomes da cultura brasileira ganha as páginas do jornal. Jorge Amado declara seu amor por Zélia Gattai em sua coluna na Folha da Manhã. 14) Surge a seção No Mundo da Ciência, de autoria de José Reis. A estrutura de materiais, o funcionamento do microscópio, a vida dos microorganismos e os perigos da poluição são alguns dos temas abordados por este embrião da editoria de Ciência (lançada como caderno no ano 2000). 15) A empresa lança o “Programa de Ação das Folhas”. Para dissociar a Redação de ligações partidárias e profissionalizar o jornalismo, são instituídos prêmios por desempenho, contratações por concursos, avaliação interna, controle de erros de informação e reuniões mensais para discutir metas e problemas. Julho 16) Surge mais uma publicação do grupo: a Folha da Tarde, anunciada como um jornal leve, moderno e local. 17) Todos os departamentos se reúnem no endereço em que se encontram até hoje: entre a rua Barão de Campinas e a alameda Barão de Limeira. Antes, também passou por imóveis nas ruas São Bento, Boa Vista, do Carmo (hoje chamada de Roberto Simonsen) e na alameda Cleveland. 18) Nas chamadas campanhas cívicas, repórteres e fotógrafos passam a percorrer as cidades em jipes, à procura dos principais problemas. Publicadas pelos três jornais, dão à marca Folha um aspecto destemido, associando-a às grandes causas do país. 19) Circula pela primeira vez a Folha Ilustrada, que em sua origem não aborda o jornalismo cultural, mas reúne o noticiário mais leve, declaradamente voltado às mulheres. A vida das estrelas de cinema, a criação de filhos, os casamentos e as resenhas de livros dominam o suplemento. 20) As páginas da Folha da Manhã estampam pela primeira vez uma história do cachorro Bidu. É o início da longeva e bem-sucedida carreira de Mauricio de Sousa nos quadrinhos. 21) Ocorre a unificação dos nomes da Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite sob Folha de S.Paulo. As três edições diárias ainda circulam até 1962. O slogan ""Um jornal a serviço do Brasil"" é lançado nesse meio tempo, em 1961. Das sete vitórias do Coritiba neste Campeonato Brasileiro, segundo time a ser rebaixado para a Série B, duas foram contra o Palmeiras, o campeão da Copa Libertadores e finalista da Copa do Brasil. Como aconteceu no dia 14 de outubro do ano passado, na vitória por 3 a 1, no Allianz Parque, o Coritiba aproveitou a desorganização tática do Palmeiras e fez 1 a 0, no Couto Pereira. A derrota no primeiro turno causou a demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo. Na avaliação dos palmeirenses, a maratona de jogos foi a culpada pelo time não ter conseguido brigar pelo título do Brasileirão. Porém, dos quatro rivais que estão no Z-4, em oito jogos disputados, o Alviverde conquistou apenas uma vitória, sobre o Vasco, em São Januário, no Rio. Além das duas derrotas para o Coxa, o Verdão teve um empate e uma derrota diante do Botafogo, o mesmo ocorreu nos duelos com o Goiás. No outro encontro com os vascaínos, em casa, o time ficou no empate. Ao contrário do jogo contra o Fortaleza, como mandante, quando o Verdão atropelou com três no primeiro tempo, o duelo no Sul foi de dar sono. Contribuiu também para isso o desempenho ruim do rival. No rodízio na escalação palmeirense quem aproveitou a chance foi o terceiro goleiro, Vinicius Silvestre, que substituiu Jaílson, ausente após a identificação de Covid-19 em familiar. O titular Weverton foi poupado. A partida teve poucos lances de perigo e, mesmo após a expulsão do zagueiro Kuscevic, aos 18min da etapa final, as duas equipes pareciam estar em um amistoso de pré-temporada. Em um cruzamento para a grande área, da esquerda para a direita, Patrick de Paula viu a bola vindo em sua direção, mas esboçou o menor esforço para mandá-la para longe. A bola passou e sobrou para o lateral Jonathan, que, aos 43min, mandou rasteira e acertou o canto direito da meta. A decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF) ratificada pelo plenário da corte que ordenou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) na noite desta terça-feira (16) é vista como controversa e divide opiniões entre especialistas em direito ouvidos pela Folha. De acordo com a Constituição Federal, um parlamentar pode ser preso em caso de flagrante de crime inafiançável. Moraes justifica o flagrante pelo fato de a conduta ter sido gravada e disponibilizada na internet. As falas foram consideradas pelo STF crimes contra a segurança nacional, por isso inafiançáveis, por conferirem ataques ao Estado democrático de direito, como a defesa do AI-5 editado pela ditadura militar. O enquadramento feito pelo ministro do Supremo, porém, provoca questionamentos. Para Ivar Hartmann, professor associado do Insper, a menção à lei da ditadura evidencia a “motivação autoritária da própria decisão”. Doutor em direito público, ele diz não acreditar que as falas feitas por Silveira possam ser tipificadas dentro de tal lei. “Fazendo um grande esforço interpretativo, talvez o que mais chega perto é o art. 22, I - fazer propaganda em público de processos ilegais para alteração da ordem política ou social”, diz. Hartmann afirma que as condutas não são suficientes para justificar a prisão, mesmo argumento defendido pelo professor Thiago Bottino, da FGV Direito do Rio de Janeiro. Apesar de a Constituição deixar claro quais são os crimes inaviançáveis, diz, ele cita que o Supremo já usou uma interpretação expansiva, quando determinou a prisão do então senador pelo PT Delcídio Amaral. Em relação ao flagrante, Bottino discorda da interpretação do ministro Moraes. “O fato de o vídeo gravado permanecer online não caracteriza a continuidade da prática da conduta, na minha opinião. Crimes contra a honra ou praticados por meio de palavras são instantâneos."" “Se aceita a autoritária interpretação do ministro, absolutamente qualquer crime pode justificar prisão em flagrante de parlamentar, de que o órgão judicial entenda existir razões para prisão preventiva”, completa Hartmann. A advogada Rachel Amato, especialista em direito penal e econômico pela FGV e integrante do escritório Kehdi & Vieira Advogados, diz que é preciso analisar cada trecho do vídeo, mas o que é possível dizer é que o deputado comete crimes contra a honra. Ela também discorda de que exista flagrante no caso. O professor de direito constitucional da Faculdade de Direito da USP e colunista da Folha, Conrado Hübner, afirma que, pela análise de Moraes, é possível enxergar crimes contra a segurança nacional, como ameaçar o livre exercício de qualquer dos Poderes e incitar animosidade entre as instituições. Ele afirma que além desses, Silveira também comete crimes contra a honra do ministro Edson Fachin, além de quebra de decoro parlamentar. Para o especialista, é importante distinguir a existência dos crimes da possibilidade de prisão em flagrante. “Essa interpretação de flagrante é extremamente perigosa, pois pode justificar que policial prenda uma pessoa qualquer, por exemplo, por post de anos atrás. Mas não seria impossível caracterizar a flagrância de modo mais criterioso e cuidadoso”, diz. Na avaliação do professor da FGV e advogado criminalista Davi Tangerino, a decisão de Moraes foi difícil, mas correta, uma vez que não há posição totalmente consolidada em relação à caracterização de flagrante no caso de conteúdo disponibilizado na internet. Maria Carolina Amorim, diretora nacional do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), também concorda com a decisão do ministro. ""Nem a Constituição Federal, tampouco as leis ordinárias, permitem a propagação de manifestações que incitam a ruptura do Estado de Direito, motivo pelo qual as palavras do deputado contra os ministros do STF e contra as instituições democráticas poderiam, sim, se enquadrar nos crimes acima mencionados."" Segundo os especialistas, Silveira pode ter cometido crimes contra a segurança nacional —ao ameaçar o Supremo e incitar manifestações contra a corte—, além de crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) e quebra de decoro parlamentar. Já a PGR (Procuradoria-Geral da República), ao denunciar o deputado nesta quarta-feira, diz que Silveira incitou, em duas ocasiões, o emprego de violência e grave ameaça para tentar impedir o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário e, ao menos uma vez, instigou a animosidade entre as Forças Armadas e o STF. As atitudes de Silveira, segundo a denúncia assinada pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, configuram os crimes dos artigos 344 do Código Penal (por três vezes) e do artigo 23, inciso II (uma vez) e inciso IV (por duas vezes) da lei 7.170/1983 —este último combinado com o artigo 18 da mesma lei. No vídeo, Silveira reage à nota do ministro Edson Fachin que classificou como “intolerável e inaceitável” às revelações de que a cúpula do Exército, liderada então pelo general Villas Bôas, havia articulado um tuíte para pressionar a corte na véspera do julgamento de um habeas corpus para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018. O deputado chama Fachin de ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é o ministro é ""vagabundo, cretino e canalha"" e parte da ""nata da bosta do STF"". O deputado também diz imaginar uma agressão contra o ministro. “Quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra. O que você vai falar? Que estou fomentando a violência? Não, só imaginei”, diz o parlamentar, que afirma não cometer crime em sua declaração. “Qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência após cada refeição, não é crime”. Silveira também chama Alexandre de Moraes de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. O deputado diz ainda que o ministro Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar Mendes, faz um sinal com os dedos indicando dinheiro. O deputado diz que respeita apenas o saber jurídico do ministro e presidente da corte, ministro Luiz Fux, mas defende a substituição dos onze ministros, aos quais acusa de “defecar” sobre a Constituição. O parlamentar também faz a defesa do AI-5, da ditadura militar, afirmando que o mesmo foi necessário para livrar o país de vagabundos comunistas e que foi um recado muito claro. “Se fizer besteirinha, a gente volta”, disse. O argumento usado por Silveira ao longo do vídeo, e também usado pela defesa do deputado, é de que a fala estaria protegida pelo direito à liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar. O argumento, porém, é questionado. Para o professor de direito penal da Faculdade de Direito da USP e advogado criminalista Pierpaolo Bottini, não há como justificar as falas de Silveira com base no direito à imunidade parlamentar prevista pela Constituição, conforme o deputado alega. “A imunidade parlamentar é sagrada quando desempenhada no exercício da profissão. Neste caso, ele ultrapassou todos os limites. Ali não há uma crítica ácida, política, contundente, mas uma incitação ao ódio, que é vedada pela constituição”, diz. Hübner concorda, mas faz uma ressalva. “Nem a liberdade de expressão e nem a imunidade parlamentar são ilimitadas. Contudo, o diabo está no detalhe: quem define onde traçar essa linha é o judiciário e é preciso ter uma jurisprudência estável, criteriosa e cuidadosa, que analise bem cada caso concreto”. A diretora do IBCCRIM concorda e diz que a imunidade está prevista para que os parlamentares expressem opiniões, palavras e votos com conexão com a atividade da função legislativa. ""Não foi o caso do vídeo do Deputado Daniel Silveira"", diz. Hartmann discorda. “O parlamentar está fazendo crítica ácida da atuação de ministros do STF que têm, por sua vez, enorme poder. O que protege a liberdade de expressão do parlamentar —que na nossa Constituição é mais ampla do que aquela do cidadão comum— é exatamente a imunidade do art. 53”. Bottino afirma que só ao longo do processo poderá se verificar se a fala do deputado tinha nexo com o mandato parlamentar. “O afastamento da imunidade só ocorre quando claramente ausente vínculo entre o conteúdo do ato praticado e a função pública parlamentar exercida."" Na avaliação de Tangerino, a decisão de Moraes é resultado da omissão do Congresso diante de falas de parlamentares contra a ordem democrática, citando como exemplo declarações anteriores do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) em defesa do AI-5 e do fechamento do congresso. “Tendo a acreditar que se o Congresso tivesse tomado posturas mais firmes com os deputados, que não toleram atitudes antidemocráticas, não chegaria a esse ponto”, diz. Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes de determinar a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). O deputado gravou um vídeo com duros ataques aos ministros da corte e teve a prisão decretada na noite de terça-feira (16). Na tarde desta quarta-feira (17), por 11 votos a 0, o plenário do STF manteve a decisão. Os ministros Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux apoiaram a decisão de Moraes. Na terça-feira, Moraes mandou prender o deputado em flagrante. A decisão de Moraes foi de ofício, ou seja, sem provocação da PGR (Procuradoria-Geral da República) ou da Polícia Federal, por exemplo. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. O julgamento no plenário durou cerca de 45 minutos. Logo na abertura, antes de os ministros votarem, o presidente Luiz Fux afirmou que é papel do STF zelar “pela higidez e pelo funcionamento das instituições brasileiras” e por buscar a harmonia entre os poderes. E avisou que é “exatamente por esses motivos que o Supremo mantém-se vigilante contra qualquer forma de hostilidade à instituição”. “Ofender autoridades além dos limites permitidos pela liberdade de expressão que nós tanto consagramos aqui no STF exige necessariamente uma pronta atuação da corte.” Fux sequer sabia o nome completo do deputado e questionou qual era o sobrenome do parlamentar em questão. Ao votar, Moraes disse que Daniel Silveira já é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos e que diversas vezes já ofendeu ministros do Supremo. ""As manifestações não atingiram somente a honorabilidade, não configuraram somente ameaça ilegal à segurança e integridade física de diversos ministros, mas visaram principalmente impedir o exercício da judicatura, o exercício independente do Poder Judiciário e a própria manifestação do Estado Democrático de Direito"", afirmou. O magistrado disse que as declarações incentivaram a “tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos”. “A violência não se dirigiu somente a diversos ministros da corte chamados pelos mais absurdos nomes que não vou repetir aqui, muito mais do que isso, as manifestações dirigiram-se diretamente a corroer as estruturas do regime democráticos”, disse. O ministro também sustentou que as declarações não tiveram conexão com seu mandato e que, por isso, a defesa do deputado não pode suscitar a imunidade parlamentar. Moraes marcou para esta quinta-feira (18) a audiência de custódia do deputado, a ser conduzida pelo juiz Aírton Vieira, que trabalha no seu gabinete. O encontro será por videoconferência e segue a regra de que todo preso em flagrante tem direito a relatar os fatos a um juiz em até 24 horas. O parlamentar está preso no Rio de Janeiro. O ministro determinou que a unidade da Polícia Federal em que ele está preso deverá disponibilizar os equipamentos necessários para realização da audiência. Marco Aurélio defendeu que decisões desta natureza são de responsabilidade exclusiva do relator e que não precisam ser referendadas nem julgadas pelo plenário. No mérito, porém, o ministro acompanhou todos os colegas e fez duras críticas às declarações de Silveira. “Estou com 74 anos de idade, 42 em colegiado judicante e jamais imaginei presenciar o que vivenciei, jamais imaginei que uma fala pudesse ser tão ácida, tão agressiva, tão chula no tocante às instituições”, disse. O magistrado disse que Moraes atuou a partir de fatos concretos. “Era imprescindível interromper a prática delituosa. Creio que ninguém coloca em dúvida a periculosidade do preso e também ninguém coloca em dúvida a necessidade de preservar a ordem pública e mais especificamente as instituições”, afirmou. O ministro elogiou a atuação do colega. “Pronuncio-me no sentido de que tem costas largas o ministro Alexandre de Moraes e a atribuição é de sua excelência, eu apenas assisto o que ocorre de camarote.” Moraes ressaltou que o crime em flagrante está configurado porque o vídeo segue disponível nas redes sociais. Além disso, destacou que Silveira é reincidente na prática criminosa e que, inclusive, fez uma gravação com “comentários jocosos” no momento em que a Polícia Federal foi à casa dele para prendê-lo. O ministro ainda lembrou que o deputado quebrou uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL-RJ) em um comício. Moraes classificou a ação do deputado como um escárnio com a figura da parlamentar. Recordou ainda que, em 2019, Silveira invadiu uma escola e, neste ano, foi expulso de um avião porque se negou a usar máscara. A prisão foi também uma resposta ao ex-comandante do Exército general Villas Bôas. Os ataques de Silveira partiram justamente de uma nota em que Fachin respondeu o militar e disse ser “intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”. A declaração foi uma resposta à revelação de que a cúpula do Exército, então comandado pelo general, articulou um tuíte de alerta ao Supremo antes do julgamento de um habeas corpus que poderia beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Segundo Villas Bôas, em livro-depoimento recém publicado pela Fundação Getulio Vargas, o texto do tuíte foi escrito por ""integrantes do Alto Comando"". Fachin reagiu e, um dia depois, o militar ironizou o fato de a resposta ter sido dada apenas três anos depois. O ministro Gilmar Mendes, então, também reagiu e usou as redes sociais para criticar a ditadura militar. Depois da nota de Fachin, Silveira gravou um vídeo em que defendia Villas Bôas e atacava o STF. Após ser preso, o deputado voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". Pouco depois, o parlamentar postou um vídeo: ""Neste momento, 23 horas e 19 minutos, Polícia Federal aqui na minha casa, estão ali na minha sala"". ""Ministro [Alexandre de Moraes], eu quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar"", afirmou. Silveira foi preso em Petrópolis (RJ) e encaminhado à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense. A ordem de Moraes foi uma decisão liminar (provisória). Por isso, teve de ser submetida aos demais ministros da corte. A prisão é em flagrante e inafiançável. Ela também deverá ser avaliada pelos deputados e será levada à confirmação pela Câmara, em plenário, o que deve ocorrer nesta quinta-feira. Os deputados podem derrubar a ordem, com quórum de maioria simples. ""As manifestações do parlamentar Daniel Silveira, por meio das redes sociais, revelam-se gravíssimas, pois, não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura"", afirmou Moraes na decisão. ""O autor [Silveira] das condutas é reiterante na prática criminosa, pois está sendo investigado em inquérito policial nesta corte, a pedido da PGR [Procuradoria-Geral da República], por ter se associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito."" O ministro afirmou ainda que ""medidas enérgicas"" são necessárias para para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". De acordo com a decisão, chegou ao conhecimento do STF nesta terça o vídeo publicado pelo deputado em que ele ""durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5"". O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil. Preso em flagrante na noite de terça-feira (16) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) causou confusão no IML (Instituto Médico Legal) por resistir a colocar uma máscara, em função da pandemia do novo coronavírus. O parlamentar foi conduzido ao local para realizar o exame de corpo de delito, antes de ser transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. No IML, reagiu ao pedido de uma policial civil para que usasse a máscara, apontou o dedo e levantou a voz para ela. ""E se eu não quiser botar? Se a senhora falar mais uma vez eu não boto. Respeito que não está falando com vagabundo, não. A senhora é policial civil, eu também sou polícia, e aí? Sou deputado federal, e aí?"", disse. ""Folgada pra caralho."" A cena foi gravada e transmitida ao vivo na rede social do próprio deputado. Depois de resistir, Silveira acata o pedido da policial, mas meio minuto depois abaixa a máscara, que fica na altura da boca. O ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão de Silveira após o deputado publicar um vídeo com ofensas contra ministros do Supremo. Na tarde desta quarta, a decisão foi mantida por unanimidade pelos 11 ministros da corte. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Na decisão, Moraes disse que ""medidas enérgicas"" são necessárias para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". No vídeo, o deputado afirma que o ministro Edson Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". Silveira também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". O deputado também chama Alexandre de Moraes de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse ainda que o ministro Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar Mendes, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. A ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes é liminar (provisória) e ainda será submetida aos demais ministros da corte. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, decidiu levar o despacho individual de Moraes para referendo do plenário nesta quarta-feira (17). Além disso, a prisão ainda precisará ser avaliada pelos deputados e será levada à confirmação pela Câmara, em plenário. Os deputados podem derrubar a ordem, com quórum de maioria simples. Em nota, a defesa do parlamentar afirmou que a prisão do parlamentar representa um ""violento ataque"" à liberdade de expressão e que tem evidente teor político. Os advogados de Silveira sustentam que os fatos não configuram crime, ""uma vez que acobertados pela inviolabilidade de palavras, opiniões e votos que a Constituição garante aos deputados federais e senadores"". ""A prisão do deputado representa não apenas um violento ataque à sua imunidade material, mas também ao próprio exercício do direito à liberdade de expressão e aos princípios basilares que regem o processo penal brasileiro"", diz a nota da defesa. A defesa do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou, em nota divulgada nesta quarta-feira (17), que a prisão do parlamentar representa um ""violento ataque"" à liberdade de expressão e que tem evidente teor político. Silveira foi preso em flagrante na noite de terça-feira (16) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal —em decisão confirmada nesta quarta por unanimidade pelo plenário da corte. No mesmo dia, o deputado havia publicado um vídeo com ofensas contra ministros do STF. Ele é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Na decisão, Moraes disse que ""medidas enérgicas"" são necessárias para para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". Os advogados de Silveira sustentam que os fatos não configuram crime, ""uma vez que acobertados pela inviolabilidade de palavras, opiniões e votos que a Constituição garante aos deputados federais e senadores"". ""A prisão do deputado representa não apenas um violento ataque à sua imunidade material, mas também ao próprio exercício do direito à liberdade de expressão e aos princípios basilares que regem o processo penal brasileiro"", diz a nota da defesa. No vídeo, o deputado afirma que o ministro Edson Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". Silveira também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". O deputado também chama Alexandre de Moraes de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse ainda que o ministro Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar Mendes, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. Várias postagens foram feitas no perfil do deputado no Twitter após a sua prisão. ""Ministro [Alexandre de Moraes], eu quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar. Eu já fui preso mais de 90 vezes na Polícia Militar do Rio de Janeiro"", afirmou em vídeo. No IML, o parlamentar resistiu a colocar uma máscara, em função da pandemia do novo coronavírus, e levantou a voz contra uma policial civil. ""E se eu não quiser botar? Se a senhora falar mais uma vez eu não boto. Respeito que não está falando com vagabundo, não. A senhora é policial civil, eu também sou polícia, e aí? Sou deputado federal, e aí?"", disse. Na tarde desta quarta-feira (17), um pequeno grupo de apoiadores de Silveira reunido em frente à Polícia Federal no Rio de Janeiro agrediu um homem que carregava uma placa de rua com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL). Um dos manifestantes derrubou a vítima, que utilizava uma muleta, e tentou dar um golpe ""mata-leão"". Em 2018, o deputado quebrou uma placa idêntica durante comício em Petrópolis (RJ), sua cidade natal, ao lado do governador afastado, Wilson Witzel (PSC), e do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ). A ordem de prisão contra Silveira, despachada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi confirmada por unanimidade pelos demais ministros do Supremo. A prisão ainda precisará ser avaliada pelos deputados e será levada à confirmação pela Câmara, em plenário. Os deputados podem derrubar a ordem, com quórum de maioria simples. Moraes já determinou que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), seja comunicado sobre o caso para a adoção das providências cabíveis. Lira pediu ""serenidade"" após a prisão de Silveira e disse que se guiará pela Constituição no caso. Nas redes sociais, afirmou que a Casa ""não deve refletir a vontade ou a posição de um indivíduo, mas do coletivo de seus colegiados, de suas instâncias e de sua vontade soberana, o Plenário"". Nas redes sociais, deputados federais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saíram em defesa de Silveira, reforçando os ataques ao Supremo. Otoni de Paula (PSC-RJ) chamou Moraes de déspota e disse que a ordem de prisão contra Silveira é uma ""aberração jurídica"". ""O déspota ridiculariza o STF. Qualquer estagiário de direito sabe que se há prisão em flagrante, não pode existir mandado de prisão"", escreveu. ""Ou colocamos o déspota no seu devido lugar ou admitiremos um 'deus'."" Nas redes, Otoni também afirmou que fez contato com movimentos populares de direita para organizar manifestações. ""Temos que ir para as ruas. Não dá mais pra ficar sem por os pés no asfalto. Eles só temem as ruas. Marcha pela liberdade de expressão e contra a ditadura da toga"", disse. O deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) chamou Moraes de ""vagabundo"" em seu Twitter e afirmou que espera que o Lira ""haja com postura contra esses ditadores"". Também disse que discordar da ilegalidade da prisão é ""canalhice conveniente"". ""Chegou a hora do Legislativo mostrar que tem grandeza. Nem maior nem menor que o judiciário, IGUAL tamanho!"", escreveu. Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou em suas redes que a prisão de Silveira foi irregular e manifestou apoio ao parlamentar. ""Se houve um mandado, não houve flagrante. Se há flagrante, não há necessidade de mandado. Que bom termos um Presidente da Câmara sereno e firme. Plenário é soberano. Fique firme, @danielPMERJ, estamos com você."" Em Curitiba, no início da noite desta quarta-feira, cerca de 20 pessoas ligadas a grupos de direita protestaram contra a prisão do deputado Daniel Silveira em frente ao prédio onde mora o ministro do STF Edson Fachin. Por cerca de 10 minutos, os manifestantes bateram panelas, apitaram e gritaram palavras de ordem contra o ministro. Eles carregavam bandeiras do Brasil e cartazes com as inscrições “censura do Judiciário”, “tiranos de toga” e “fora, STF”. Ao final, leram uma carta de repúdio. “Se houve excesso por parte do deputado, cabe à comissão de ética da Câmara julgar, não a um ministro do Supremo declarar uma prisão que acaba praticamente rasgando a Constituição na nossa cara”, afirmou Renato Gasparim, líder do Direita Paraná. Colaborou Katna Baran, de Curitiba O presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), informou que o partido vai expulsar do partido o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) após ataques feitos a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). ""A Executiva Nacional do partido está tomando todas as medidas jurídicas cabíveis para o afastamento em definitivo do deputado dos quadros partidários"", informou Bivar em nota. No comunicado, o presidente da sigla diz que ""a Executiva Nacional do PSL repudia com veemência os ataques proferidos pelo deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ofendendo, de maneira vil, a honra dos mesmos, bem como proferindo críticas contundentes à instituição como um todo"". Silveira foi preso em flagrante na noite de terça-feira (16) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. Nesta terça, Silveira publicou na internet um vídeo com ataques a ministros do Supremo. Ao ser preso, voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". ""Os ataques, especialmente da maneira como foram feitos, são inaceitáveis. Esta atitude não pode e jamais será confundida com liberdade de expressão, uma conquista tão duramente obtida pelos brasileiros e que deve estar no cerne de todo o debate nacional"", diz a nota de Bivar. No comunicado, o presidente do PSL diz que o STF é o guardião da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito. ""O PSL jamais abrirá mão de defender este alicerce institucional que integra, ao lado do Legislativo e do Executivo, a tríade de Poderes que assegura a existência da República"", afirmou Bivar. Já a liderança do PSL na Câmara, sob comando do deputado Vitor Hugo (GO), saiu em defesa de Silveira. A nota cita o artigo 53 da Constituição, segundo o qual parlamentares são invioláveis por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. ""Relativizar tal premissa é abalar a estrutura democrática do Brasil, ferindo mortalmente a separação dos Poderes"". Homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Vitor Hugo diz no comunicado que, no caso de Silveira, ""não houve flagrante e a opinião do parlamentar não pode ser considerada crime inafiançável"". Por fim, a nota diz que a liderança tem ""absoluta certeza"" de que o plenário da Câmara ""mostrará seu compromisso e juramento em defesa da Constituição Federal e restaurará a normalidade democrática no nosso país"". Pouco depois da prisão, Silveira postou um vídeo: ""Neste momento, 23 horas e 19 minutos, Polícia Federal aqui na minha casa, estão ali na minha sala"". ""Ministro [Alexandre de Moraes], eu quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar"", afirmou. De acordo com a decisão, chegou ao conhecimento do STF nesta terça o vídeo publicado pelo deputado em que ele ""durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5"". O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil. Moraes diz ainda que Silveira defendeu ""a substituição imediata de todos os ministros [do STF]"" e instigou ""a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes"". O deputado comenta no vídeo a manifestação do ministro Edson Fachin, que havia criticado na segunda-feira (15) a tentativa de interferência de militares no Poder Judiciário. Na filmagem que levou à sua prisão, Silveira usa palavras de baixo calão contra Fachin e outros ministros do Supremo, acusa-os de vender sentenças e sugere agredi-los. Silveira também afirma que Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". O deputado bolsonarista também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". Em relação a Moraes, deputado chama o ministro de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse também que Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. O parlamentar diz ainda que Fachin é militante do PT e de partidos e nações ""narcoditadoras"". ""Foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte para que ele proteja o arcabouço do crime no Brasil, que é a Suprema, a nossa Suprema, que de suprema nada tem."" Silveira também diz que já imaginou por várias vezes Fachin e os outros ministros do STF ""levando uma surra"". ""Por várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra. Quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte aí. Quantas vezes eu imaginei você, na rua levando uma surra. O que você vai falar? Que eu tô fomentando a violência? Não, só imaginei"", afirma o parlamentar no vídeo. ""Ainda que eu premeditasse, ainda assim não seria crime, você sabe que não seria crime. Você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é previsível. Então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência após a refeição, não é crime."" Após fazer referência ao AI-5, Silveira ofende com palavras de baixo calão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. ""Você lembra, você era militante do PT, do Partido Comunista, você era militante da Aliança do Brasil, militante idiotizado, lobotomizado, que atacava militares, junto com a Dilma, aquela ladra vagabunda, com o multicriminoso Luiz Inácio Lula da Silva."" O deputado federal depois volta a atacar o Supremo, defendendo a destituição dos ministros. ""Suprema Corte é o cacete. Na minha opinião vocês [ministros do STF] já deveriam ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de 11 novos ministros. Vocês nunca mereceram estar aí. E vários que já passaram também não mereciam. Vocês são intragáveis, inaceitável, intolerável, Fachin"", afirma. ""Não é nenhum tipo de pressão sobre o Judiciário não, porque o Judiciário tem feito uma sucessão de merdas no Brasil. E, quando chega em cima, na Suprema Corte, vocês terminam de cagar a porra toda, é isso que vocês fazem: endossam a merda"", completa. Silveira segue atacando o Supremo, afirmando que os ministros poderiam ser retirados do cargo por ""aposentadoria, por pressão popular, ou seja lá o que for"". O deputado comentou em suas redes sociais sua prisão, afirmando que ser detido nessas circunstância seria um ""motivo de orgulho"". ""Aos esquerdistas que estão comemorando, relaxem, tenho imunidade material. Só vou dormir fora de casa e provar para o Brasil quem são os ministros dessa Suprema Corte. Ser 'preso' sob estas circunstâncias, é motivo de orgulho"", escreveu. O bolsonarista é o mesmo que quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro, em 2018. Até a publicação desta reportagem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não havia se manifestado sobre a prisão do aliado. Pela manhã, ele foi às redes sociais apenas para festejar uma apreensão de cocaína pela Polícia Federal. ""Mudam a rota ou abandonam o crime"", escreveu Bolsonaro. Como em outras crises, o presidente tem sido aconselhado por auxiliares a não se envolver. No entanto, em episódios como este, o mandatário é instado por sua base ideológica a sair em defesa de aliados. Após o STF (Supremo Tribunal Federal) referendar por unanimidade a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão em flagrante de Daniel Silveira (PSL-RJ), a Câmara passou a quarta-feira (17) em articulações para derrubar a medida. Mas, em uma tentativa de aceno à corte, estuda aplicar uma punição ao deputado bolsonarista. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentava costurar um acordo com os partidos e com integrantes do STF no sentido de revogar a prisão, considerada um precedente perigoso aos olhos dos parlamentares, mas assegurando um rito acelerado para suspender ou até cassar o mandato de Silveira. A intenção de Lira, que está no início de sua gestão, é a de que o plenário da Câmara nem precise usar nesta quinta-feira (18) de sua prerrogativa de dar a palavra final sobre se mantém ou não a prisão. As conversas se prolongariam pela noite de quarta e manhã desta quinta-feira. Lira chegou a telefonar para ao menos dois ministros do STF na tentativa de articular uma saída política. Segundo relatos, ele deu o recado de que não quer gerar uma crise entre os Poderes, mas que seus aliados temiam, caso validassem a prisão, criar um precedente que pode se voltar contra qualquer um deles no futuro. Integrantes do tribunal, por sua vez, indicaram que veriam como uma afronta do Parlamento uma atitude que livre Daniel Silveira sem nenhuma contrapartida, mesmo após o vídeo em que ele faz diversas ofensas e ameaças contra integrantes do STF, além de defender a ditadura militar.  Quando e por que o deputado foi preso? Silveira foi preso em Petrópolis (RJ) e seria encaminhado à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense. De acordo com a decisão, chegou ao conhecimento do STF nesta terça o vídeo publicado pelo deputado em que ele ""durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5"". O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil. Moraes diz ainda que Silveira defendeu ""a substituição imediata de todos os ministros [do STF]"" e instigou ""a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes"". O deputado comenta no vídeo a manifestação do ministro Edson Fachin, que havia criticado na segunda-feira (15) a tentativa de interferência de militares no Poder Judiciário. Qual o teor do vídeo que motivou a prisão? A fala do ministro do STF se deu após divulgação de trecho de livro no qual o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas relata que discutiu com Alto Comando da Força uma postagem, que muitos consideraram uma ameaça, às vésperas do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018. Fachin disse que era ""intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário"". Nesta terça, Villas Bôas, em rede social, ironizou o ministro: ""Três anos depois"". Também em uma rede social, Gilmar Mendes, do STF, reagiu. Ele afirmou que ""a harmonia institucional e o respeito à separação dos Poderes são valores fundamentais da nossa república"". ""Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!"", escreveu. Na filmagem que levou à sua prisão, Silveira usa palavras de baixo calão contra Fachin e outros ministros do Supremo, acusa-os de vender sentenças e sugere agredi-los. ""Hoje você se sente ofendidinho, dizendo que é pressão sobre o Judiciário, é inaceitável. Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o fodão, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas."" O deputado segue com as ofensas: ""Vai lá e prende um general do Exército. Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças"", afirmou. Silveira também diz que Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". O deputado bolsonarista também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". Em relação a Moraes, deputado chama o ministro de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse também que Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. O parlamentar diz ainda que Fachin é militante do PT e de partidos e nações ""narcoditadoras"". ""Foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte para que ele proteja o arcabouço do crime no Brasil, que é a Suprema, a nossa Suprema, que de suprema nada tem."" O que mais decidiu o ministro do STF? Moraes, ministro-relator no STF, também determinou que o YouTube seja comunicado para providenciar o imediato bloqueio do vídeo em que Silveira ataca a corte, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A PF deverá preservar o conteúdo da gravação. ""As manifestações do parlamentar Daniel Silveira, por meio das redes sociais, revelam-se gravíssimas, pois, não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura"", afirmou Moraes na decisão. ""O autor [Silveira] das condutas é reiterante na prática criminosa, pois está sendo investigado em inquérito policial nesta corte, a pedido da PGR [Procuradoria-Geral da República], por ter se associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito."" O ministro afirmou ainda que ""medidas enérgicas"" são necessárias para para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". Como Alexandre de Moraes justificou a prisão? O ministro afirmou que as manifestações do deputado , por meio das redes sociais, atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do STF, ferindo a Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/73). Diz ainda o magistrado que o conteúdo dessas divulgações se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura, notadamente a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Moraes afirma ainda que Silveira é “reiterante na prática criminosa”. O que dizem os artigos citados pelo ministro na decisão? Moraes citou uma série de artigos da lei: O que diz a Constituição Federal sobre prisão de parlamentares? Em seu artigo 53, parágrafo 2º, a Constituição diz que, desde que são diplomados, os os senadores e deputados federais não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão O que a Câmara pretende fazer? Em reunião realizada nesta quarta, a cúpula da Câmara defendeu a revogação da decisão do STF, mas acompanhada de uma punição ao parlamentar, em um aceno à corte. O encontro foi conduzido pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e contou com a presença dos demais parlamentares que formam a Mesa Diretora —colegiado que define as questões administrativas da Casa e é formado por sete deputados. Lira passou a quarta-feira tentando costurar um acordo com partidos e integrantes do STF para revogar a prisão, considerada um precedente perigoso do Supremo aos olhos dos parlamentares, mas assegurando um rito acelerado para suspender ou até cassar o mandato de Silveira. A intenção de Lira, que está no início de sua gestão, é a de que o plenário da Câmara nem precise usar nesta quinta-feira (18) de sua prerrogativa de dar a palavra final sobre se mantém ou não a prisão. Como seria a votação na Câmara? Pelo entendimento atual (que pode mudar a qualquer momento a depender de acertos políticos entre os partidos), é preciso maioria simples dos deputados presentes à sessão (ou seja, apoio de pelo menos 257, se todos os 513 parlamentares estiverem lá) para que a prisão seja mantida ou para que a decisão do Supremo seja revogada. Pela Constituição e por decisões do Supremo, essa votação é aberta, mas também já há pressão para que seja submetida ao plenário da Câmara a decisão sobre se será aberta ou secreta. Por que a decisão de Moraes foi submetida ao plenário do Supremo? A ordem de prisão foi uma decisão liminar (provisória). Por isso, foi submetida aos demais ministros O que disseram os outros ministros Supremo? Na tarde desta quarta, por 11 votos a 0, o plenário do STF manteve a decisão de Moraes. Os ministros Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux apoiaram a decisão liminar de Moraes. O julgamento no plenário durou cerca de 45 minutos. Logo na abertura, antes de os ministros votarem, o presidente Luiz Fux afirmou que é papel do STF zelar ""pela higidez e pelo funcionamento das instituições brasileiras"" e por buscar a harmonia entre os Poderes"". Marco Aurélio, decano da corte, fez duras críticas às declarações de Silveira. ""Estou com 74 anos de idade, 42 em colegiado judicante e jamais imaginei presenciar o que vivenciei, jamais imaginei que uma fala pudesse ser tão ácida, tão agressiva, tão chula no tocante às instituições"", disse. ""Era imprescindível interromper a prática delituosa. Creio que ninguém coloca em dúvida a periculosidade do preso e também ninguém coloca em dúvida a necessidade de preservar a ordem pública e mais especificamente as instituições"", acrescentou. O que Lira já disse sobre o caso? O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) pediu ""serenidade"" após a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e disse que se guiará pela Constituição no caso. Lira publicou uma sequência de mensagens nas redes sociais. O presidente da Câmara disse que a Casa ""não deve refletir a vontade ou a posição de um indivíduo, mas do coletivo de seus colegiados, de suas instâncias e de sua vontade soberana, o Plenário"". ""Nesta hora de grande apreensão, quero tranquilizar a todos e reiterar que irei conduzir o atual episódio com serenidade e consciência de minhas responsabilidades para com a instituição e a democracia"", escreveu o presidente da Câmara no Twitter. Em um dos últimos atos de 2020 antes do início do recesso, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou os três inquéritos em curso no STF (Supremo Tribunal Federal) que atingem diretamente o presidente Jair Bolsonaro ou seus aliados. As investigações, que representaram derrotas para o chefe do Executivo ao longo do ano, irão prosseguir em 2021 e devem ter consequências para apoiadores do presidente. Os ministros do Supremo avaliam reservadamente que os inquéritos das fake news e o dos atos antidemocráticos são importantes para impor limites a Bolsonaro e à sua militância nas investidas contra o Congresso e o Supremo. Além disso, a apuração instaurada para apurar as acusações do ex-ministro Sergio Moro contra Bolsonaro deve ser destravada em 24 de fevereiro, data prevista para o julgamento que discutirá se o presidente pode depor por escrito ou se deve ser ouvido pelos investigadores presencialmente. Nesta terça-feira, Moraes mandou prender em flagrante o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. Nesta terça, mais cedo, Silveira publicou na internet um vídeo com ataques a ministros do Supremo. Ao ser preso, voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". * Os três inquéritos têm Bolsonaro como alvo? Não. O presidente da República figura como parte apenas na investigação sobre a suposta interferência na Polícia Federal denunciada por Moro. Os outros dois inquéritos, no entanto, já envolveram pessoas próximas e os filhos do chefe do Executivo. No que investiga atos antidemocráticos, por exemplo, a Polícia Federal colheu informações que reforçam a ligação de assessores especiais do chamado “gabinete do ódio” da Presidência com youtubers bolsonaristas suspeitos de estimular os ataques às instituições. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chegaram a prestar depoimento nesse caso na condição de testemunha. No inquérito das fake news, aliados de Bolsonaro também são investigados. Entre eles, as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP). Por que as apurações foram instauradas? O então presidente do STF, Dias Toffoli, afirmou que a instauração do inquérito contra fake news era necessária “considerando a existência de notícias fraudulentas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações que atingem a honorabilidade do STF, de seus membros e familiares”. Moraes, por sua vez, argumentou que protestos com pautas como o retorno da ditadura militar “são inconstitucionais e não se confundem com a liberdade de expressão as manifestações que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático"". Já o então ministro Celso de Mello ressaltou a importância de apurar a veracidade das acusações de Moro e destacou que “ninguém tem legitimidade para transgredir e vilipendiar as leis e a Constituição de nosso país"". Quando as investigações foram abertas? O mais antigo, que apura uma rede de ameaças e notícias falsas contra ministros do Supremo, foi aberto em 14 de março de 2019. Toffoli anunciou a instauração do inquérito na abertura da sessão do plenário da corte daquela data. Praticamente um ano depois, em 19 de março de 2020, apoiadores do presidente fizeram manifestações, com a presença de Bolsonaro, pedindo o fechamento do Congresso e do STF. No dia seguinte, a PGR pediu instauração de inquérito e um dia depois Moraes autorizou o início das investigações sobre os organizadores dos atos antidemocráticos. Já a apuração sobre a veracidade das acusações de Moro contra Bolsonaro foi aberta em 27 de abril de 2020, três dias depois de o ex-ministro pedir demissão do governo federal. Quando os inquéritos serão concluídos? No dia 16 de dezembro, Moraes prorrogou as três investigações por 90 dias. O prazo de três meses para conclusão do relatório sobre a suposta interferência do presidente na autonomia da Polícia Federal começa a contar a partir de 27 de janeiro, data prevista até então para encerramento do caso. Em relação aos atos antidemocráticos, a extensão de 90 dias passou a contar em 25 de dezembro e para as apurações no caso das fake news a contagem se inicia em 15 de janeiro. Apesar do prazo estabelecido, nada impede Moraes de estender ainda mais a tramitação dos casos. Por que Moraes é responsável pelos três casos? O ministro foi sorteado relator da investigação contra organizadores de atos antidemocráticos. Já o inquérito que apura a veracidade das acusações de Moro contra Bolsonaro, Moraes herdou, por sorteio, do ministro Celso de Mello, que se aposentou em outubro e era o responsável pelo caso. No caso da apuração relativa às fake news contra integrantes do STF, Moraes foi escolhido relator pelo então presidente da corte, ministro Dias Toffoli. A indicação foi criticada por não ter havido sorteio de relatoria, como ocorre na maioria dos processos que tramita na corte. Toffoli, por sua vez, citou dispositivo do regimento da corte que permite a abertura de investigações para apurar crimes cometidos dentro da instituição e estabelece que, nesse caso, é permitida a designação de juiz para conduzir a apuração, sem que haja sorteio. Além de mirar blogs que propagam notícias fraudulentas, os inquéritos já foram usados para censurar a imprensa? Sim. Em 15 de abril de 2019, Moraes determinou, no âmbito do inquérito das fake news, a retirada do ar de reportagem e nota da revista Crusoé e do site O Antagonista que citavam Toffoli. O ministro estipulou multa diária de R$ 100 mil e mandou a Polícia Federal ouvir os responsáveis pela revista e pelo site em até 72 horas. Crusoé e O Antagonista recorreram. Após sofrer duras críticas, Moraes revogou a própria decisão. Quais são os alvos do inquérito das fake news e como o grupo atua? Os investigadores do caso dividiram os investigados em três grupos: operadores de uma rede de ataques a autoridades, possíveis financiadores das atividades e parlamentares aliados do presidente Jair Bolsonaro. No primeiro, Allan dos Santos é um dos mais influentes. Sara Winter, líder de um grupo armado de extrema direita, que foi presa no inquérito dos atos antidemocráticos, também integra esse grupo relacionado à apuração das fake news. Quais deputados o inquérito das fake news já atingiu? Em maio de 2020, Moraes determinou que seis deputados federais da base de Bolsonaro prestassem depoimento à Polícia Federal. São eles: Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP). Além disso, os deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP) também tiveram de prestar depoimento à polícia. Nesta terça-feira, Moraes mandou prender em flagrante o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. Nesta terça, mais cedo, Silveira publicou na internet um vídeo com ataques a ministros do Supremo. Ao ser preso, voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". Quem são os supeitos de financiar a rede de ataques ao STF? Moraes determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de três suspeitos de financiar o grupo que espalha notícias falsas e ameaças aos ministros do STF. Um deles é o dono das lojas Havan, Luciano Hang, que se notabilizou como um dos principais aliados do presidente. Além dele, tiveram os sigilos quebrados Edgard Corona, dono das redes de academias SmartFit e BioRitmo; Reynaldo Bianchi Júnior, músico e humorista. Otavio Fakhoury, investidor do setor imobiliário, também foi alvo do inquérito. Quais são os principais alvos do inquérito dos atos antidemocráticos? A investigação da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República) chega perto do núcleo político do presidente e atingem nomes importantes do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro pretende fundar. O segundo vice-presidente da sigla, que ainda não foi criada oficialmente, o empresário Luís Felipe Belmonte, foi alvo de busca e apreensão e é um dos investigados. Sérgio Lima, um dos idealizadores da legenda e que se autointitula marqueteiro do partido, também foi alvo de mandado de busca e apreensão. Em março de 2020, ele esteve na comitiva de Jair Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos. O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e o youtuber Allan dos Santos também são investigados e tiveram busca em suas casas por determinação de Moraes. Além deles, são investigados blogueiros que mantêm sites de apoio a Bolsonaro, como Roberto Boni e Ernane Neto. Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, estão envolvidos na organização dos atos antidemocráticos? Os parlamentares não figuram como investigados no caso e prestaram depoimento na condição de testemunha. A oitiva de Eduardo durou mais de seis horas. Ele confirmou participação em reunião com Allan dos Santos, mas negou que tenha repassado notícias falsas ou incentivado pautas antidemocráticas. Carlos também negou estimular protestos pelo fechamento do Congresso e do Supremo e ainda refutou a ideia de uso de robôs para impulsionar informações falsas nas redes. ""Jamais fui covarde ou canalha a ponto de utilizar robôs e omitir essa informação"", disse. Qual a relação entre as investigações sobre fake news e as ações em curso no TSE que pede a cassação de Bolsonaro devido ao disparo em massa de notícias falsas nas eleições de 2018? Em junho, o então relator das ações do TSE, ministro Og Fernandes (atualmente o relator é Luís Felipe Salomão), acolheu pedido do PT e autorizou o uso das provas obtidas no inquérito do STF nas investigações em curso na Justiça Eleitoral. Um indicativo de que os casos podem ter conexão se deve ao fato de Moraes ter determinado a quebra dos sigilos bancário e fiscal do empresário Luciano Hang desde junho de 2018, ainda no período eleitoral. O Palácio do Planalto teme que o compartilhamento de provas fortaleça a representação eleitoral que apura um esquema financiado por empresários durante o pleito de 2018, via caixa dois, para disseminação em massa de notícias falsas em favor de Bolsonaro e contra seus adversários. Cabe a Moraes autorizar o TSE a usar as provas obtidas em apuração no âmbito do STF. Em junho, o ministro sinalizou favoravelmente, mas afirmou que era necessário aguardar a perícia nas provas para uma decisão definitiva, o que ainda não ocorreu. Os três inquéritos têm alguma relação entre si? Apesar de terem sido abertos por motivos distintos, os inquéritos das fake news e o dos atos antidemocráticos têm alvos em comum e as investigações podem se cruzar. O blogueiro Allan dos Santos, o empresário Otávio Fakhoury e o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) são três exemplos de pessoas investigadas em ambas as apurações. Já o inquérito que apura as acusações contra Bolsonaro não tem, até o momento, nenhum cruzamento com as duas outras investigações. Quais podem ser as consequências das investigações? Caberá à PGR analisar os fatos e apresentar ou não denúncia contra os investigados para que respondam pelos possíveis crimes cometidos. No caso do inquérito das fake news, como não teve início a pedido da PGR, em muitos casos a Procuradoria tem enviado a instâncias inferiores elementos que incriminem investigados sem foro especial. O inquérito sobre as acusações de Moro podem levar ao impeachment de Bolsonaro? Caso a PGR decida denunciar o presidente, o Legislativo deverá autorizar a abertura do processo, com voto favorável de dois terços da Câmara dos Deputados, para que as investigações prossigam. O STF, então, decidirá se recebe a denúncia e, se abrir o processo, o presidente é afastado enquanto durar o julgamento, por até 180 dias. Se a Câmara não autorizar, as investigações são retomadas em primeira instância após o presidente deixar o cargo. Em que estágio está o inquérito? As investigações estão paralisadas devido ao impasse em relação ao modelo de depoimento que deverá ser prestado por Bolsonaro. Celso de Mello mandou o presidente ser ouvido presencialmente, mas tirou licença médica na ocasião e, nesse ínterim, o ministro Marco Aurélio acolheu em parte o recurso do presidente e mandou para o plenário o pedido do chefe do Executivo para depor por escrito. O presidente do STF, Luiz Fux, marcou para 24 de fevereiro o julgamento do caso. Quais crimes são investigados? No pedido de abertura do inquérito, o procurador-geral aponta a eventual ocorrência de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva privilegiada. O que Sergio Moro disse à Polícia Federal em depoimento? O ex-ministro detalhou a pressão exercida por Bolsonaro para ter ingerência sobre a PF, que fica na alçada do Ministério da Justiça, que era comandado por Moro. Em uma mensagem de WhastApp, o presidente falou ao então auxiliar: ""Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”. Qual a relação desse episódio com a indicação do delegado Alexandre Ramagem para o comando da PF, que foi suspensa pelo STF? Moro afirmou que a intenção de Bolsonaro era indicar Ramagem para comandar a corporação no lugar de Maurício Valeixo, que era homem de confiança de Moro. Dias depois, o presidente confirmou a declaração do ex-ministro ao nomear o delegado para chefiar a corporação. Alexandre de Moraes, porém, foi sorteado relator de uma ação do PDT e julgou procedente o pedido que buscava o veto à posse de Ramagem com base no princípio da moralidade e da impessoalidade da administração pública. O que dizem os investigados? Hang, da Havan, negou que tenha produzido notícias falsas sobre ministro do STF. Allan dos Santos escreveu, em maio, em uma rede social que ""quem não deve não teme"". O empresário Otávio Fakhoury negou ter participado de atos ilícitos. Corona, da rede Smart Fit, fisse que não financiou a fabricação nem a divulgação de fake news. Os deputados do PSL atacaram as ações do STF. Daniel Silveira, por exemplo, publicou: ""E ainda dizem que a independência e harmonia entre os poderes permanecem... Você acredita?"". O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou prender em flagrante, na noite desta terça-feira (16), o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). A decisão de Moraes foi de ofício, ou seja, sem provocação da PGR (Procuradoria-Geral da República) ou da Polícia Federal, por exemplo. Silveira é alvo de dois inquéritos na corte —um apura atos antidemocráticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonarista foi expedida na investigação sobre notícias falsas. Nesta terça, Silveira publicou na internet um vídeo com ataques a ministros do Supremo. Ao ser preso, voltou às redes sociais: ""Polícia Federal na minha casa neste exato momento com ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes"". Pouco depois, o parlamentar postou um vídeo: ""Neste momento, 23 horas e 19 minutos, Polícia Federal aqui na minha casa, estão ali na minha sala"". ""Ministro [Alexandre de Moraes], eu quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar"", afirmou. Silveira foi preso em Petrópolis (RJ) e seria encaminhado à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense. A ordem de Moraes é uma decisão liminar (provisória). Por isso, será submetida aos demais ministros da corte. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, pretende levar o caso ao plenário nesta quarta-feira (17). A prisão é em flagrante e inafiançável. Ela também deverá ser avaliada pelos deputados e será levada à confirmação pela Câmara, em plenário. Os deputados podem derrubar a ordem, com quórum de maioria simples. Moraes já determinou que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), seja comunicado sobre o caso para a adoação das providências cabíveis. O ministro-relator no STF também determinou que o YouTube seja comunicado para providenciar o imediato bloqueio do vídeo em que Silveira ataca a corte, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A PF deverá preservar o conteúdo da gravação. ""As manifestações do parlamentar Daniel Silveira, por meio das redes sociais, revelam-se gravíssimas, pois, não só atingem a honorabilidade e constituem ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como se revestem de claro intuito visando a impedir o exercício da judicatura"", afirmou Moraes na decisão. ""O autor [Silveira] das condutas é reiterante na prática criminosa, pois está sendo investigado em inquérito policial nesta corte, a pedido da PGR [Procuradoria-Geral da República], por ter se associado com o intuito de modificar o regime vigente e o Estado de Direito."" O ministro afirmou ainda que ""medidas enérgicas"" são necessárias para para impedir a perpetuação da ""atuação criminosa"" do parlamentar ""visando lesar ou expor a perigo de lesão a independência dos Poderes constituídos e o Estado democrático de Direito"". De acordo com a decisão, chegou ao conhecimento do STF nesta terça o vídeo publicado pelo deputado em que ele ""durante 19 minutos e 9 segundos, além de atacar frontalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal, por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propaga a adoção de medidas antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal, defendendo o AI-5"". O Ato Institucional nº 5, de dezembro de 1968, marcou o recrudescimento da repressão na ditadura militar no Brasil. Moraes diz ainda que Silveira defendeu ""a substituição imediata de todos os ministros [do STF]"" e instigou ""a adoção de medidas violentas contra a vida e segurança dos mesmos, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de Poderes"". O deputado comenta no vídeo a manifestação do ministro Edson Fachin, que havia criticado na segunda-feira (15) a tentativa de interferência de militares no Poder Judiciário. A fala do ministro do STF se deu após divulgação de trecho de livro na qual o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas relata que discutiu com Alto Comando da Força uma postagem, que muitos consideraram uma ameaça, às vésperas do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018. Fachin disse que era ""intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário"". Nesta terça, Villas Bôas, em rede social, ironizou o ministro: ""Três anos depois"". Também em uma rede social, Gilmar Mendes, do STF, reagiu. Ele afirmou que ""a harmonia institucional e o respeito à separação dos Poderes são valores fundamentais da nossa república"". ""Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!"", escreveu. Na filmagem que levou à sua prisão, Silveira usa palavras de baixo calão contra Fachin e outros ministros do Supremo, acusa-os de vender sentenças e sugere agredi-los. ""Hoje você se sente ofendidinho, dizendo que é pressão sobre o Judiciário, é inaceitável. Vá lá, prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Seja homem uma vez na tua vida, vai lá e prende Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes, o homenzão, o fodão, vai lá e manda ele prender o Villas Bôas."" O deputado segue com as ofensas: ""Vai lá e prende um general do Exército. Eu quero ver, Fachin. Você, Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus, vende um habeas corpus, vende sentenças"", afirmou. Silveira também afirma que Fachin é ""moleque, mimado, mau caráter, marginal da lei"" e depois acrescenta que é ""vagabundo, cretino e canalha"". O deputado bolsonarista também fala que o ministro é a ""nata da bosta do STF"". Em relação a Moraes, deputado chama o ministro de ""Xandão do PCC"" em alusão à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Disse também que Luís Roberto Barroso ""gosta de culhão roxo"" e, ao falar de Gilmar, fez um sinal com os dedos indicando dinheiro. O parlamentar diz ainda que Fachin é militante do PT e de partidos e nações ""narcoditadoras"". ""Foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte para que ele proteja o arcabouço do crime no Brasil, que é a Suprema, a nossa Suprema, que de suprema nada tem."" Silveira também diz que já imaginou por várias vezes Fachin e os outros ministros do STF ""levando uma surra"". ""Por várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra. Quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte aí. Quantas vezes eu imaginei você, na rua levando uma surra. O que você vai falar? Que eu tô fomentando a violência? Não, só imaginei"", afirma o parlamentar no vídeo. ""Ainda que eu premeditasse, ainda assim não seria crime, você sabe que não seria crime. Você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é previsível. Então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência após a refeição, não é crime."" Após fazer referência ao AI-5, Silveira ofende com palavras de baixo calão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. ""Você lembra, você era militante do PT, do Partido Comunista, você era militante da Aliança do Brasil, militante idiotizado, lobotomizado, que atacava militares, junto com a Dilma, aquela ladra vagabunda, com o multicriminoso Luiz Inácio Lula da Silva."" O deputado federal depois volta a atacar o Supremo, defendendo a destituição dos ministros. ""Suprema Corte é o cacete. Na minha opinião vocês [ministros do STF] já deveriam ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de 11 novos ministros. Vocês nunca mereceram estar aí. E vários que já passaram também não mereciam. Vocês são intragáveis, inaceitável, intolerável, Fachin"", afirma. ""Não é nenhum tipo de pressão sobre o Judiciário não, porque o Judiciário tem feito uma sucessão de merdas no Brasil. E, quando chega em cima, na Suprema Corte, vocês terminam de cagar a porra toda, é isso que vocês fazem: endossam a merda"", completa. Silveira segue atacando o Supremo, afirmando que os ministros poderiam ser retirados do cargo por ""aposentadoria, por pressão popular, ou seja lá o que for"". O deputado comentou em suas redes sociais sua prisão, afirmando que ser detido nessas circunstância seria um ""motivo de orgulho"". ""Aos esquerdistas que estão comemorando, relaxem, tenho imunidade material. Só vou dormir fora de casa e provar para o Brasil quem são os ministros dessa Suprema Corte. Ser 'preso' sob estas circunstâncias, é motivo de orgulho"", escreveu. O bolsonarista é o mesmo que quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro, em 2018. Na Folha, sinto-me em casa. Literalmente. Passo os dias falando mal de cada detalhe. Uma casa, por definição, é aquilo que você passa o dia querendo mudar. Você não odeia cada detalhe de um bar ou de um museu. Só se perde tempo odiando uma porta que não fecha direito na sua própria casa. Nenhuma janela emperrada te irrita tanto quanto a sua própria. Na Folha, sinto-me em família. Literalmente. No sentido de que não concordo com a opinião política da maioria das pessoas. Preferia fingir que não existem, mas aqui não consigo esquecer. Na Folha sinto-me naqueles botequins com caça-níqueis. Sei que o que dá dinheiro ali é a maquininha. Mas ainda assim fico pela companhia dos bebuns. Na Folha, sinto-me um pinto no lixo. Completamente perdido, me pergunto como é que um filhote de galináceo veio parar em meio a um amontoado de papel higiênico sujo e lixo hospitalar. E o mais importante: por que é que os seres humanos imaginam que estou feliz aqui a ponto de inventar a expressão pinto no lixo? Só porque estou revirando bosta? Não percebem que é desespero? Na Folha, sou tratado como um rei. Mais precisamente Luis 16. A verdade é que a Folha foi uma espécie de pai pra mim. Mais precisamente o Fábio Júnior. Mora em outra cidade, às vezes troca meu nome, mas faz aquele Pix uma vez por mês. A Redação da Folha é uma espécie de paraíso. Cada vez mais vazio. As pessoas que lá estão não parecem vivas. Mas vão ficando por lá. Até porque a concorrência é um inferno. Na Folha, me sinto a última bolacha do pacote. Amassada, estraçalhada, esquecida. A verdade é que minha história aqui tem sido um conto de fadas. Precisamente dos irmãos Grimm, cheia de abandono e experiências de quase-morte. A Folha é a minha cachaça. Desce difícil, dá dor de cabeça. Mas não consigo largar porque me aproximou de muita gente legal. A Folha pra mim foi uma faculdade. Quase não compareci. Mandei quando pude, o que pude. Tranquei quando não pude. E ainda assim não fui jubilado. A Folha é uma espécie de Olimpo do jornalismo —cheia de traições, vinganças e orgulho desmedido. Mentira: aqui estamos todos no mesmo barco. Mais precisamente no Titanic. Caro, cheio de fascistas, fadado ao naufrágio —mas tem umas festas boas na terceira classe, e a gente esquece que vai bater. Cem anos de Folha. Ou 700— porque são anos de cachorro. Parabéns a todos os envolvidos. Incluindo você, amigo leitor. Obrigado pela companhia. Quando Neymar cruzou da intermediária e Sergi Roberto se esticou todo para desviar a bola e fazer, aos 50 minutos da etapa final, o sexto gol da improvável goleada do Barcelona sobre o Paris Saint-Germain, 6 a 1, nas oitavas de final da Champions League 2016/17, os espanhóis viviam um dos últimos momentos de glória do clube no principal torneio da Europa. Quatro anos após aquele emblemático encontro entre as duas equipes, elas voltam a duelar nesta terça-feira (16), às 17h, no Camp Nou, em disputa por vaga nas quartas de final da competição europeia. O canal TNT e a página do Facebook TNT Sports transmitem o confronto de ida. Ausente nesse duelo devido a uma lesão na coxa, Neymar foi um dos protagonistas daquela goleada não só pela assistência no fim, mas principalmente pelos dois gols que fez. Cinco meses após a partida, o brasileiro se transferiu justamente para o PSG. Sem o camisa 11, o famoso trio MSN, formado por Messi, Luis Suárez e Neymar, com o qual o Barça levou a Champions de 2014/15, se desfez. Era o início de uma transformação pela que time espanhol passaria nos anos seguintes a duras penas. Ainda que tenha voltado a conquistar o Espanhol duas vezes já sem o brasileiro (2017/18 e 2018/19), na Champions sofreu duas viradas impensáveis. Nas quartas de final da edição 2017/18, a Roma reverteu desvantagem após ter perdido o jogo de ida por 4 a 1. Em casa, os italianos ganharam por 3 a 0. Na temporada seguinte, foi a vez de o Liverpool reverter um 3 a 0 na ida e ganhar na volta por 4 a 0, na Inglaterra. Como resposta à necessidade de reforçar seu elenco para evitar novos fracassos, o Barcelona abriu os cofres e pagou 120 milhões de euros (na época, R$ 505 milhões) para tirar Griezmann, campeão mundial com a França em 2018, do Atlético de Madrid. Apesar da badalação em torno do nome do atacante, havia um certo temor entre os torcedores que uma nova contratação milionária não fosse suficiente para recolocar a equipe no caminho dos títulos. Quando Neymar saiu, o Barça havia feito algo semelhante, ao buscar outro francês, na Alemanha. Em negociação com o Borussia Dormund, contratou o atacante Ousmane Dembélé num negócio que já chegou a 135 milhões de euros (R$ 810 milhões), devido a termos no contrato relacionados ao aproveitamento do jogador. Nem Dembelé nem Griezmann conseguiram ser para Messi companheiros à altura de Neymar e Suárez, no auge do trio MSN. Prova disso foi o mais recente fiasco dos catalães na Champions, na goleada sofrida diante do Bayern de Munique, por 8 a 2, em partida pelas quartas de final da última temporada. Os franceses iniciaram no banco de reservas e apenas Griezmann entrou no decorrer da partida. A derrota para os alemães foi a gota d'água para Messi querer por fim à relação com o Barcelona, iniciada quando ele tinha 13 anos. Em agosto de 2020, o argentino comunicou que gostaria de deixar o clube, com o qual tem contrato até junho deste ano. Ele não estava contente com a condução do Barcelona sob a presidência de Josep Maria Bartomeu —o cartola renunciaria ao cargo em outubro, em meio a pressões pelo crescimento da dívida da agremiação, atualmente estimada em 1 bilhão de euros (R$ 6 bilhões). Antes disso, Messi decidira que permaneceria mais uma temporada na Catalunha, sem ir à Justiça para tentar romper o acordo. A relação entre ídolo e o clube, porém, nunca mais foi a mesma. A possível saída do argentino após o fim desta temporada atormenta o time desde o início dela. Vários destinos são cogitados, entre eles o próprio PSG, em que o camisa 10 poderia reeditar a parceria com Neymar. Recentemente, a revista France Football, afirmou que a amizade entre os dois seria um dos trunfos do dos franceses para tirar o craque do Barcelona. Curiosamente, quando deixou a Espanha, Neymar partiu em busca de um lugar onde ele pudesse ser o protagonista, não ter a sombra de Messi ao seu lado. No PSG, mesmo ao lado do francês Kylian Mbappé, o brasileiro tem convicção de que é o astro da companhia. Na temporada passada, o time pela primeira vez chegou à final da Champions, mas perdeu a decisão para o Bayern de Munique, 1 a 0. Foi uma edição atípica, já que a pandemia de Covid-19 paralisou a competição durante as oitavas de final. Quando foi retomada, a Uefa determinou que as fases de quartas de final, semifinal e final seriam disputadas em jogos únicos, todos em Portugal e sem torcida. O PSG pegou rivais com menos tradição até chegar à final, ao passar por Borussia Dortmund, Atalanta e RB Leipzig antes da partida com o Bayern. Agora, enquanto o Barcelona tentará salvar a temporada e quem sabe convencer Messi a permanecer, o PSG quer mostrar que o vice do ano passado não foi obra das circunstâncias. Nas ligas nacionais, a equipe espanhola está em terceiro lugar, oito pontos atrás do líder Atlético de Madrid (para onde foi Suárez nesta temporada) e com um jogo a mais. Acostumado a nadar de braçada na Ligue 1, o PSG está na segunda posição, com um ponto de desvantagem para o Lille. Também nesta terça, o Liverpool, afastado da disputa pelo bicampeonato na Premier League, enfrentará o RB Leipzig, semifinalista da última edição da Champions. O jogo de ida será realizado em Budapeste, na Hungria. Os ingleses não puderam entrar na Alemanha por conta das restrições impostas pelo governo alemão para viajantes do Reino Unido, em virtude da cepa britânica do coronavírus. Ida no dia 16/2 e volta no dia 10/3 RB Leipzig (ALE) x Liverpool (ING) - (Facebook TNT Sports/Estádio TNT Sports) Barcelona (ESP) x Paris Saint-Germain (FRA) - (TNT/Estádio TNT Sports) Ida no dia 17/2 e volta no dia 9/3 Porto (POR) x Juventus (ITA) - (Facebook TNT Sports/Estádio TNT Sports) Sevilla (ESP) x Borussia Dortmund (ALE) - (TNT/Estádio TNT Sports) Ida no dia 23/2 e volta no dia 17/3 Lazio (ITA) x Bayern (ALE) Atlético de Madrid (ESP) x Chelsea (ING) Ida no dia 24/2 e volta no dia 16/3 Borussia Mönchengladbach (ALE) x Manchester City (ING) Atalanta (ITA) x Real Madrid (ESP) Ativistas e políticos favoráveis à autorização para candidaturas independentes (sem exigência de filiação partidária) se sentiram esperançosos quando ouviram, em dezembro de 2019, uma fala do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso. ""A minha ideia é ser capaz de liberar esse tema para a pauta no primeiro semestre do ano que vem"", discursou ele na abertura de uma audiência pública na corte para discutir o tema. Hoje proibido no Brasil, o arranjo dependeria de uma mudança na Constituição para ser implementado. Um processo sobre o assunto tramita no STF e tem Barroso como relator. Os mais otimistas acreditavam até que uma mudança já pudesse valer para as eleições municipais de 2020, abrindo caminho para que candidatos desvinculados de legendas disputassem cadeiras de prefeito e vereador. Encerrado o ano, muitos dos entusiastas da causa se viram frustrados com a estagnação do debate, mas reconheceram que a pandemia do novo coronavírus impôs questões mais urgentes —como o próprio adiamento do pleito. Querem, no entanto, insistir na luta pelas candidaturas avulsas (também assim chamadas) e acreditam que a necessidade do novo formato saiu reforçada da disputa de 2020. Mesmo com o impedimento legal, candidatos chegaram a se registrar para concorrer no ano passado sem estarem filiados, mas tiveram o pedido barrado pela inconformidade. Um levantamento do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) feito a pedido da Folha mostrou que casos de pelo menos cinco candidatos que pleitearam uma campanha independente foram julgados na segunda instância da corte. O tribunal não informou números de ações na primeira instância, alegando dificuldade para a extração dos dados. Um dos casos examinados pelo TRE-SP foi o do advogado Carlos Alexandre Klomfahs, de São Bernardo do Campo. Um velho conhecido de quem acompanha o debate sobre o tema, ele chegou a tentar concorrer à Presidência da República em 2018 sem filiação, mas foi brecado pelo STF. Em 2020, Klomfahs empreendeu uma batalha jurídica em esforço para virar prefeito de São Bernardo. Encarou negativas nas duas instâncias do TRE e chegou a ir ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) reclamar de um desembargador pelo que considerou lentidão na análise de seu caso. Por fim, seu processo chegou ao STF e foi parar nas mãos de Barroso, que hoje é também o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ministro, baseando-se no texto constitucional que prevê a necessidade de estar filiado a partido para disputar cargo eletivo, negou a demanda. ""Não vou desistir. Isso que tenho o prazer de fazer não é pensando em mim, é para a coletividade"", diz Klomfahs, que se define como alguém de esquerda, porém sem identificação com nenhum dos 33 partidos em funcionamento no país. ""É uma coisa estranha, né? A pessoa tem que ter partido para concorrer, mas depois pode deixá-lo?"", acrescenta, sobre a possibilidade de exercer mandato sem estar ligado a uma sigla, caso de Bolsonaro hoje. O TSE, em decisão do ministro Alexandre de Moraes, também barrou em 2020 a segunda tentativa do advogado Rodrigo Mezzomo de concorrer a prefeito do Rio de Janeiro. Na primeira vez, em 2016, seu caso foi avançando no Judiciário até chegar ao Supremo. A ação que Barroso disse querer liberar em 2020 era a de Mezzomo, personagem que se tornou pioneiro e espécie de garoto-propaganda da pauta. Se o STF vier a decidir favoravelmente a ele, o entendimento seria estendido a todo o sistema político e impactaria o modo como se organizam as eleições hoje no país. A possibilidade de que o assunto seja decidido por vias judiciais, e não pelo Congresso Nacional, é uma das críticas recorrentes à bandeira das candidaturas independentes. A ideia sofre resistência de parlamentares, que também são pressionados por líderes partidários a engavetar propostas do tipo. Se instituída, a alteração acarretaria uma revolução não só na disputa eleitoral, com consequências, por exemplo, nas regras de distribuição do fundo público de campanha. Também exigiria uma readequação no funcionamento das casas legislativas, já que o modelo de bancadas partidárias ficaria fragilizado. Apesar do ano infrutífero, Mezzomo diz receber com compreensão a decisão que o brecou. ""Sei que mudar as regras do jogo em período eleitoral gera muita insegurança jurídica, e o TSE precisa ser burocrático"", afirma. O advogado, que é conservador, se diz confiante em obter sucesso com sua causa no STF, a partir da liberação do voto do ministro relator. ""2021 será o ano da vitória, na minha leitura"", calcula. Procurado, Barroso não quis comentar o tema. Em entrevista à Folha dias antes da audiência pública de 2019, ele rebateu a tese de que a discussão contribui para enfraquecer os partidos, mas evitou antecipar voto. ""O meu esforço é para aprimorar a política, inclusive atraindo novos valores para ela."" Para Mezzomo, a eleição mais recente confirmou um cenário positivo para a causa. ""A fervura está subindo. Nunca a crise de representatividade dos partidos se agudizou tanto quanto em 2020"", diz. Ele cita como justificativas as altas taxas de abstenção e de votos brancos e nulos, além da queda no voto em legenda. ""Sinalizam o clamor por mudanças."" Outro movimento apontado como sintoma da necessidade de reformas é a popularização das candidaturas coletivas, que também não são reconhecidas pela legislação brasileira, mas têm se espalhado por diferentes cidades e partidos de maneira informal. Nesse formato, o candidato regularmente filiado se registra na Justiça Eleitoral, mas faz campanha e se propõe a ocupar um mandato legislativo em conjunto com mais pessoas, geralmente empregadas como assessoras no gabinete. Na prática, os chamados ""cocandidatos"" não precisam pertencer a legendas. Por essa lógica, pessoas já estão fazendo parte de mandatos sem terem vinculação partidária —embora o eleito para a cargo seja, para todos os fins, aquele que colocou o nome na urna. ""As candidaturas coletivas entraram na pauta e retroalimentam o debate. Ambas as questões mostram que o sistema precisa desesperadamente de uma válvula de escape"", defende Mezzomo. A principal linha de argumentação dos defensores das candidaturas independentes envolve o Pacto de São José da Costa Rica, um tratado internacional de 1969, do qual o Brasil é signatário, que garante a qualquer cidadão o direito de votar e ser votado. O debate nos tribunais, até agora com placar desfavorável para os desgarrados partidários, é se os termos do pacto passam a fazer parte imediatamente do ordenamento jurídico dos países que o assinaram ou se, em caso de divergência, prevalece o que está escrito na Constituição. Mezzomo sustenta que o STF tem o entendimento de que, em situações assim, a convenção internacional se sobprepõe ao texto constitucional no que for mais favorável ao indivíduo. O advogado já denunciou o Brasil à OEA (Organização dos Estados Americanos) por descumprimento do pacto. Na audiência pública promovida por Barroso, 11 dos 12 partidos ouvidos se manifestaram contra a mudança. Só a Rede Sustentabilidade endossou a questão, dizendo ver espaço ""para experimentações"". Na ocasião, representantes da Câmara dos Deputados e do Senado também fustigaram a ideia e defenderam a separação dos Poderes, deslegitimando uma eventual alteração via Judiciário. Diretor-executivo da Transparência Brasil, Manoel Galdino se pronunciou na época contra a proposta e mantém a avaliação de que as candidaturas avulsas fragmentariam ainda mais o sistema político. ""Os partidos brasileiros têm problemas, claro, e precisam de reformas no sentido de democracia interna, representatividade e transparência, mas candidaturas avulsas seriam uma tentativa de contornar o problema por fora, implodindo o sistema"", diz o porta-voz da organização. Em comum com entusiastas da pauta, Galdino tem o diagnóstico de que a explosão de candidaturas coletivas mostra a necessidade de renovar as práticas partidárias e favorecer a entrada de novos nomes. ""As candidaturas avulsas são um sintoma de uma causa mais profunda."" Um déficit de R$ 76,2 milhões em uma década e uma estrutura que está sendo considerada obsoleta pelo governo estadual. São esses os principais argumentos da equipe do governador João Doria para a aprovação de um polêmico projeto de remodelação do complexo que abriga o ginásio do Ibirapuera, no Paraíso, e que também prevê a concessão pública da administração daquele espaço. Segundo dados da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, o déficit gerado pelo complexo esportivo foi agravado pelo desinteresse de grandes eventos. O secretário da pasta, Aildo Rodrigues Ferreira, diz, por exemplo, que o ginásio não comporta mais alguns dos espetáculos do Cirque Du Soleil, embora OVO, com direção de Deborah Colker, tenha passado por lá no primeiro semestre de 2019. Aos números. Em 2018, as despesas do complexo atingiram R$ 13,5 milhões, e as receitas somaram R$ 2,7 milhões, com diferença negativa de R$ 10,8 milhões. Em 2019, as despesas caíram para R$ 2,6 milhões, com receita de R$ 4,4 milhões, saldo positivo. Em 2020, esses números são respectivamente de R$ 12,1 milhões e R$ 307 mil. A queda abrupta de receita foi causada pelos cancelamentos e os protocolos de isolamento social impostos pela pandemia do coronavírus. A redução orçamentária de 2019, por sua vez, foi, segundo a Secretaria de Esportes, uma exceção causada pela troca de gestão, incluindo a revisão de custos e da programação do ginásio. Ainda segundo Ferreira, o Estado não tem caixa para realizar o investimento que considera necessário para o conjunto. O governo Doria aposta na reversão do déficit a partir de duas fontes: um valor de outorga fixa, valor a ser pago pela empresa que vencer o edital e firmar contrato de concessão pública com o estado (ainda não fixado no texto de um edital ainda a ser publicado); haveria também, anualmente, a cobrança de 0,5% sobre qualquer receita, mais 0,5% da receita para cobrir a fiscalização, no projeto preliminar da concessão, que pode sofrer modificações. O projeto prevê livre circulação e utilização gratuita de serviços pelos paulistanos. A concessão segundo Ferreira ""facilitaria processos burocráticos de contratação, eliminando etapas exigidas por lei do poder público, como a realização de licitações"", o que acontece em processos de compra e contratação. A propostas têm sido combatidas por atletas, associações de bairro e políticos da oposição. Lançada pela Secretaria de Esportes do Estado como um estudo preliminar ao chamamento público que dará origem ao processo de concorrência, a ideia é erguer um novo ginásio conjugado a um complexo multiuso. Atletas, arquitetos e associações de moradores se uniram para barrar o edital, que, segundo o governo, deve ser lançado ainda em março. Mas a própria Justiça já colocou mais um obstáculo. Em dezembro, a juíza Liliane Keyko Hioki, da 2ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, concedeu liminar para suspender a publicação de edital de concessão do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, que ocupa uma área de 95 mil m² e agrega o Ginásio Geraldo José de Almeida (ou ginásio do Ibirapuera), o Estádio Ícaro de Castro Mello, o Conjunto Aquático Caio Pompeu de Toledo, o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro e o Palácio do Judô. A decisão ainda não foi revertida. A medida resultou de ação popular assinada por diversos atletas, como o velocista André Domingos, a esgrimista Maria Julia Herklotz, o nadador Ricardo Prado e a jogadora de vôlei Vera Mossa. Também está na lista o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro. Um processo de tombamento do complexo foi recusado no Condephaat, órgão de preservação do estado, porém foi aberto pelo Iphan, que opera na esfera federal. O processo pode resultar em tombamento. O valor arquitetônico é o centro da discussão e da recusa ao projeto. Na liminar, a juíza Hioki diz que o complexo é ""marco de uma época, de um estilo arquitetônico, que uma vez demolido para sempre estará perdido, guardado em simples fotos e memórias de quem por lá teve o prazer de passar"". ""É certo que, como todo aparelhamento esportivo público do país, o complexo foi esquecido pelo Poder Público e não se mostra tão grandioso como outrora, há deterioração das áreas e dos aparelhos, porém, isso não pode ser motivo para se destruir um marco da cidade. A preservação, como em qualquer país civilizado, deve prevalecer, porque nisso está o interesse público"", ela escreveu. Diversas representações de moradores do bairro se uniram contra o projeto também sob a bandeira da preservação da memória. “O que é estranho para nos munícipes da região é que em nenhum momento fomos consultados ou ouvidos sobre o tema. Questiona-se por que não tem sido feito nenhum investimento do próprio governo na modernização”, diz Marcelo Torres de Oliveira, presidente a Associação Viva Paraíso, citando federações brasileiras abrigadas pelo conjunto. “Nós da associação somos contrários a proposta na forma apresentada, pois é uma região que não comporta a existência de mais um shopping, porque e estrutura viária não foi dimensionada para receber o fluxo de veículos, e não existe transporte público de acesso a esta região”, prossegue. O Ginásio fica a 2 km da estação Brigadeiro do Metrô e está próximo à avenida Brigadeiro Luís Antônio, onde há diversas linhas de ônibus. Oliveira afirma: “Somos favoráveis a melhoria e modernização das estruturas do atual espaço, mas não na sua modificação”. [RESUMO] Maior poeta vivo brasileiro, Augusto de Campos chega neste domingo (14) aos 90 anos em plena atividade. Do início do movimento concretista, nos anos 1950, ao bolsonarismo atual, manteve-se fiel aos compromissos e ao rigor formal de sua poesia, cuja consciência “apocalíptica”, moldada pela corrosão da utopia na aproximação da vanguarda com as massas, vê na linguagem uma forma de resistir e reexistir em face da mercantilização da vida, da domesticação da arte e do descambar político do país.  Completa 90 anos neste domingo (14), em plena atividade, o maior poeta brasileiro vivo: Augusto de Campos. Não faço essa afirmação à maneira da corrida pelo lugar do “number one”, que se dá em quase todos os setores da vida contemporânea, mas em nome da poesia que está no avesso disso —e Augusto de Campos ocupa esse lugar avesso de maneira particularmente radical. Não se trata, pois, de colocá-lo no topo de um sistema literário que se pulverizou, nem de condecorá-lo com honras literárias de praxe, mas de entender o lugar dessa poesia contumaz em sua “clareza de cristal” e sua “dureza de rochedo”, fiel a seu núcleo irredutível à facilitação e consumada em mais de 70 anos de exercício da literatura em estado múltiplo: poesia na página do livro, no cartaz, no objeto multidimensional, no vídeo, no som. E na tradução: Augusto agregou à poesia em língua portuguesa não só obras traduzidas de Ezra Pound, James Joyce, e. e. cummings, Maiakóvski, Rilke, Mallarmé, Rimbaud e Paul Valéry, mas também de poetas provençais, de Dante Alighieri, John Donne, William Blake, Lewis Carroll e Emily Dickinson, entre muitos outros, além de participar da redescoberta dos brasileiros Sousândrade, Kilkerry e Pagu. É significativo que João Cabral de Melo Neto (que sucedeu Drummond, pode-se dizer, no papel tácito de número um da poesia brasileira, quando isso ainda fazia algum sentido) tenha eleito Augusto, em um momento importante de definição, como o interlocutor privilegiado de sua própria poesia. Em um testemunho sobre a radicalidade da obra de Augusto, sobre as diferenças de linguagem entre os dois e, de certo modo, sobre o destino incerto da poesia no Brasil, Cabral dedicou o poema de abertura de seu livro “Agrestes” (1985) a esse “cuja vida sempre / foi fazer / catar o novo”, esse que “faz uma poesia de distinta liga de aço”, capaz de “lavar-se da que existia” levando-a “à pureza extrema”, ao preço da invisibilidade e, no limite, à quase inviabilidade (“A Augusto de Campos”). Em outras palavras, João Cabral detectava solidariamente o relativo isolamento a que se via confinada a poesia “sem mídia sem média sem medo” de Augusto (para usarmos, agora, palavras deste). Mais que isso, convidava o poeta concreto a aferir a poesia contida em “Agrestes”, tomando como pedra de toque o seu obstinado rigor de leitor “intolerante” e avesso ao fácil e ao cediço. Com certa deferência retórica, mas sincera, Cabral submetia, então, a cadência de seus “não versos” de oito sílabas e suas rimas toantes, próxima da prosa, ao crivo daquele que levou a poesia a um “ponto extremo” além do verso, e que “soube ler com acuidade / poetas revolucionados”. Em suma, assinalava a continuidade descontínua que se estabelecia entre eles, fazendo um gesto de identificação preferencial por esse que, se é que era “leitor contra” e “leitor malgrado”, constituía-se afinal no “contra mais a favor”, como acabou dizendo Augusto de Campos no poema-resposta em que encarece em Cabral “uma / fala / tão / faca / fratura / tão / ex / posta / tão / ácida / tão / aço / osso / tão / osso / só” (“joão / agrestes”). Com o que os dois poetas se congratulavam na adesão comum a uma linguagem não ornamental, construtiva e voltada para a objetividade da palavra “sem plumas” e do canto “a palo seco” (para usar aqui expressões do poeta pernambucano). Mais que mero elogio, a homenagem cabralina tinha acento reflexivo e se fazia no próprio ato poético. Com ela, o poeta da “educação pela pedra” oferecia uma alternativa para desatar o nó que aprisiona muito da avaliação da poesia de Augusto de Campos à gangorra viciosa entre seguidores e detratores. Aliás, o mais consistente, independente e receptivo trabalho crítico de fôlego sobre a poesia concreta foi escrito por um argentino, Gonzalo Aguilar —próximo o bastante do Brasil e suficientemente distante do imbróglio crítico brasileiro em torno do assunto para desenvolver uma perspectiva histórica que soa equilibrada. Chama-se “Poesia Concreta Brasileira: as Vanguardas na Encruzilhada Modernista” (Edusp, 2005). A palavra “encruzilhada” pode ser entendida como contradição (o que não quer dizer incoerência, mas movimento interno das tensões). Entre as contradições que marcam o momento originário do movimento concretista, a principal reside, segundo Aguilar, na conturbada sustentação de uma “teoria essencialista do progresso”, articulada em torno da absolutização do novo e da autonomia teleológica dada à forma, em meio às contingências explosivas que cercam a prática artística. Comprometida com uma visão não aurática e utilitária da poesia, afinada com o objeto industrial consumível, técnico, plástico, ligado ao planejamento construtivo, à arquitetura, ao design, à publicidade, o movimento concretista entra na cena cultural brasileira dos anos 1950 como um trator de última geração em tempos de construção de Brasília. Trator traumático, abrindo terreno para o anúncio, não sem estardalhaço, do fim do ciclo do verso em poesia e de uma repaginação completa da cultura literária pensada nos termos da teoria da informação e do design. O respaldo dado à arte moderna, desde o final dos anos 1940, por instituições como o Masp, o MAM e a Bienal de São Paulo reforçava, segundo Aguilar, a crença na “imposição hegemônica e em nível nacional” dos postulados da vanguarda paulista. O que havia de linha reta nessa certeza veio a ser sacudido nos anos 1960 pelas instâncias da participação política, da explosão dos meios de massa e da carnavalização tropicalista. Revolução, mercado e corpo, isto é, engajamento, cultura pop e contracultura foram fatores intervenientes que puseram à prova a ortodoxia do novo, bagunçando a seu modo o coreto concreto e obrigando-o várias vezes a se reinventar. A passagem utópica à sociedade livre “na qual a poesia definitivamente seria útil” encontrou uma sobrevida na ideia de “produssumo”, formulada por Décio Pignatari: a aposta na redução da distância entre a produção de vanguarda e o consumo de massas. Os tempos prometiam uma ampliação significativa da sensibilidade simultaneísta e não linear turbinada pelos media: Miles Davis dialogara com a música de Stravinski, Stockhausen colaborava com os Beatles, a concisão joãogilbertiana podia ser comparada à de Anton Webern, Godard estava nas telas, a tropicália levava repertório vanguardista às paradas de sucesso e a massa parecia pronta a comer “o biscoito fino que fabrico”, dando corpo à profecia de Oswald de Andrade. Deu-se, de fato, uma grande mudança de parâmetros de linguagem no período, com uma influência decisiva da poesia concreta na nova semiótica verbal e visual brasileira, no repertório literário, além das marcas impressas ao longo do tempo nas obras de Caetano, Gil e Gal, de Walter Franco, Tom Zé e Arnaldo Antunes. É claro, no entanto, que “produção” e “consumo” não estavam em rota de convergência, mas de distanciamento abissal, e que aquele foi um interregno de sonhos para a arte ocidental (especialmente no cinema e na música), em que novas e imensas possibilidades técnicas e vivenciais se entreabriram para um público vasto, antes de o mercado implantar a sua lógica redutora de maneira impositiva e onipresente. Afinal, a utopia dos objetos artísticos de fatura industrial entrando nos meios de massa e determinando seus padrões estéticos, embutindo em si uma emancipação social, diz Gonzalo Aguilar, é problemática, senão “paradoxal”, em um mundo em que a utilidade faz parte das relações de dominação. É na espiral dessas muitas contradições que o programa da poesia concreta foi finalizado enquanto programa, sem prejuízo de que seus poetas principais, Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos, partissem para suas respectivas carreiras poéticas solo. Essa grande alteração no tamanho das expectativas é essencial para situar a trajetória da poesia de Augusto de Campos, que absorve e atravessa problematicamente a fratura em seu próprio projeto. De maneira obstinada, porém, mantém ao longo do tempo uma implacável integridade de fundo, não obstante os impasses com os quais se defronta. Nesse sentido, sua atitude em relação à poesia se afina com a de João Gilberto para a canção, enquanto artista fiel ao grão incorruptível da sua arte, do qual não se afasta de jeito nenhum. Ambos provocativamente silenciosos e esquivos, embora assertivos no seu rigor formal à toda prova, mantiveram-se aferrados aos compromissos e às promessas dos anos dourados do pós-guerra, mesmo quando as promessas se esvaíram e quando as leis do mercado se impuseram por tudo e com tudo. “Mercado” (2002), aliás, é um poema sintomático a esse respeito: tudo à venda / nenhum poema. Entre o anúncio que abre e o antianúncio que fecha o texto-imagem, uma forma esferoide arrola em seu giro virtual itens heteróclitos que abarcam praticamente tudo: “cdtvcinema / o gênio da raça / a mortalidade infantil / a má distribuição de renda / a comunicação de massa / a injustiça do sistema / o risco brasil”. A vendabilidade geral engolfa os “mass media”, as potências simbólicas, a desgraça social, o cálculo econômico. Nessa gira tecnomercável, a poesia não deixa traço que não seja o traço negativo de sua própria existência. Umberto Eco distinguia o modo “apocalíptico” e o modo “integrado” de reagir ao avanço da nova tecnologia das comunicações e ao império dos meios de massa. Os “apocalípticos” viam esse avanço como uma calamidade destruidora da cultura; os “integrados”, como uma abertura empolgante a novas e inimagináveis possibilidades para a vida e para a arte. Se a poesia concreta, enquanto movimento, expandiu-se em um clima de franco e programático entusiasmo “integrado” (protagonizado sobretudo por Décio Pignatari, até certa altura), Augusto revelou-se com o tempo o mais “apocalíptico” dos artistas contemporâneos. Vale lembrar, a propósito, que sua poesia sempre esteve ligada, desde o início, à temática da angústia, palavra que aparece insistentemente em “O Rei Menos o Reino” (1949-1951) e que se associa curiosamente, aliás, a seu próprio nome em “Ad Augustum per Angusta” (1951-1952). E que “Greve” (1961), poema político participante, se escrevia sobre a película transparente que distancia e cumplicia o trabalho do poeta com o trabalho do operário, ambos em greve, em suspensão e em protesto. Mas o indicador maior desse ponto de torsão é o famigerado poema “Pós-tudo” (1984), cujo texto em linguagem mais corrente, despido de sua visualidade, seria: “quis / mudar tudo / mudei tudo / agorapóstudo / extudo / mudo”. “Pós-tudo” é uma expressão genérica e sumária, mas intuitiva e de sentido imediato para quem viveu as contorções da arte no turbilhão das modas, da proliferação dos pós e dos néos-tudo dos tempos chamados pós-modernos nos anos 1980. Ela indicia a aceleração e a saturação instantaneísta do moderno, bem como o que o processo tem de esgotamento entrópico e de colapso —a absolutização do novo posta em espasmo. “Pós-tudo” imita e condensa em uma palavra a corrente frenética das modas, mas para exacerbá-la virando-a do avesso. Na última palavra do poema —mudo— o vetor de mudança que atravessava o processo todo vira mudez. E aqui está o ponto sensível: o sujeito emudecido pela avalanche entrópica do pós-tudo, ex-tudo, resiste e reexiste ainda assim na sua disposição de ser o mudo sujeito da mudança emudecida, insistente e silenciosa mesmo que sem chão histórico e sem lugar. Não à toa, “Despoesia” e “Não” serão os títulos de seus livros de 1993 e 2003, regidos pela via negativa. Roberto Schwarz criticou “Pós-tudo” como se o poema selasse uma acomodação acrítica ao mercado e aos meios de massa, sem perder, segundo ele, a arrogância novidadeira da vanguarda (“Marco Histórico”, 1985, recolhido em “Que Horas São”, 1987). O que de mais importante ocorria ali, no entanto, era justamente o oposto: naquele “marco histórico”, o poema de Augusto de Campos acusava o golpe da generalização pós-moderna da mercadoria, nos dois sentidos da expressão, isto é, sofria e denunciava o abalo de grandes proporções na perspectiva cultural do mundo. Para entender isso era preciso ver o mais simples, o mais óbvio e o mais fundamental —que o poema todo é feito para desembocar na ambivalência da palavra mudo, na qual oscilam obstinadamente mudança e mudez. “Pós-tudo” anuncia a disposição dominante na poética de Augusto a partir de então: trata-se da consciência “apocalíptica” de uma condenação ao não lugar, enfrentada com altivez silenciosa, sem abrir mão dos seus pressupostos poéticos de fundo. Porém, pontuada pelo tom incisivamente cáustico de algumas de suas intervenções e poemas feitos já nos anos 2000, críticos ácidos da mercantilização da vida, da mídia medianizada, da domesticação da arte e do descambar político que veio dar no golpe do impeachment de Dilma Rousseff e na vitória do bolsonarismo (ao qual Augusto dirigiu alguns epigramas satíricos). A propósito, Oswald de Andrade resumia em quatro palavras-chave a baixa antropofagia que come por baixo da sociedade brasileira: “inveja”, “usura”, “calúnia” e “assassinato” (“Manifesto Antropófago”, 1928). Augusto (que identifica em Oswald um pensador incontornável) certamente reconheceria nessas quatro bestas do apocalipse político brasileiro a mais completa emanação do bolsonarismo enquanto baixa antropofagia. Elas podem ser traduzidas hoje, termo a termo, por ressentimento (inveja), liberalismo oportunista (usura), fake news (calúnia) e necropolítica assumida (assassinato). Fique claro, no entanto, que Augusto de Campos não é um conteudista que sai brandindo lemas, palavras de ordem e chamados políticos na linguagem corrente que afaga o senso comum. Seu pressuposto ético, poético e político sempre foi o de interceptar o automatismo da linguagem-pensamento e abri-la a um campo de relações em que significados e significantes não marcham soldados, como signos prontos, mas se interferem como partículas que multiplicam seus vieses em fissões e fusões, sobrepondo-se em formas de quadrículas, espirais, linhas horizontais ou verticais que chamam para a viagem na língua via linguagem. Não se trata também de um fluxo irracional de associações livres e devaneios metafóricos. O compromisso é com a materialidade das coisas, a começar da materialidade da palavra entendida como coisa sem maiores sacralidades (daí a afinidade recíproca com João Cabral). No caso de Augusto, o leitor é convidado a sair da zona de conforto das palavras prontas para entrar em uma zona de gozo em que nunca se encontra o dom que chamamos de poesia, embora estejamos dentro dela. É o caso exemplar do poema “Não” (1990), no livro do mesmo nome. Na versão original, era um caderninho artesanal de dez páginas datilografadas, denunciando na precariedade do objeto a própria contingência do assunto. Podemos dizer sem medo que o poema é uma redução radicalmente concentrada de “Procura da Poesia” de Carlos Drummond de Andrade, em que a poesia aparece como essa coisa que nunca está onde se pensa estar (seus temas, seus problemas, suas confissões, vivências, invocações, seus questionamentos, sentimentos) se não entrarmos no “reino das palavras”. Em “Não”, as palavras se agrupam sem separação (o leitor é que tem que distingui-las) em pequenas quadrículas em que se apertam frases que perseguem também a improvável definição da poesia. Ocorre que, a cada página, o número de letras diminui, a mancha afunilada do texto passa por um estreitamento angustioso que soa como uma contagem regressiva, chegando no final a um rasto ou um resto da própria palavra poesia —um “nada que é tudo”, para dizer com Fernando Pessoa; “a iminência de uma revelação que não se dá”, para dizer com Jorge Luis Borges; ou um bim bom (“é só isso o meu baião”) para dizer, de maneira definitiva, com João Gilberto. Falando nisso, o poema “Ão” (1994), o meu preferido em toda a obra de Augusto, pode ser lido em feitio de oração —sintática e poética— oferecida a essa partícula diferencial da língua portuguesa, essa sílaba na qual se joga o enigma do nosso destino inconsciente. Rasgando a página de alto a baixo, em uma linha vertical dominantemente monossilábica, alguma coisa vem do som de um cerne inaudível no “tutano do humano”, seca de mel e de melodia, na casca crescente do ser, ânima animal fazendo-se ouvir em silêncio como “can / ção / sem / voz / que / vem / do / fio / do / vão / da / foz / do / teu / va / zio”. Infinito vão, como diz “Drão” (a canção de Gilberto Gil), “imenso monólito” e arquitetura do nosso amor no soco do coração solar e “sem / dó / da / solidão”. Tudo desembocando em uma fórmula alquímica, secreta e claríssima: a dureza do aço e a doçura do açúcar, o acorde de João (Gilberto) no tom de Tom (Jobim), o mantra do om no ão. Em “Cidade City Cité” (1963), uma única e longa palavra-fluxo, composta pelo engate de substantivos abstratos que portam todos eles o mesmo sufixo cidade (como atrocidade ou elasticidade), desemboca afinal no substantivo concreto cidade, fazendo a megacidade aparecer, em sua avassaladora potência onívora, como a onivoracidade que devora tudo. Ocorre ainda que os mesmos radicais, se associados aos sufixos city e cité, multiplicam o poema pelas línguas inglesa e francesa, nas quais funcionam de forma análoga. Mais que um mero trocadilho, como querem alguns, em avaliação diminuidora, trata-se de um supertrocadilho —um macrotrocadilho expandido em uma palavra-cidade que é também palavra-língua. O fato de parecer fácil e factível, depois de feito, só aumenta, a meu ver, o seu interesse. Já “Sos” (1983) é poesia grave da nossa solidão cósmica, girando em espirais polifônicas em volta do oco/eco do universo, onde jaz o pedido solitário de socorro condensado nas palavras sos e sós. A transcriação visual e sonora do poema, feita em parceria com Cid Campos, ressalta extraordinariamente a sua potência e a sua pungência. No livro mais recente, “Outro” (2015), o alfabeto parece estar às vezes no limite de sua pulverização, como no poema “Pós” (2012), a seu modo um pós-soneto aludindo à morte —esta sim o definitivo e verdadeiro pós-tudo—, mas afirmando, uma vez e sempre, a prova improvável da poesia: “és / pó / só / pó // se / és / pó / sê // es / se / pó // po / es / ia”. A pulverização do alfabeto, convertido às vezes em dados-dominós do acaso ou em sinais mínimos e quase ininteligíveis, indica uma espécie de esgarçamento na relação entre a entropia e os códigos que constituem o humano. Por isso, soa auspicioso que, em meio aos 64 hexagramas milenares do I Ching, um poema encontre escrita, como em um achado arqueológico da espécie, que vazasse a fronteira entre as línguas, o acaso da palavra humano (“Humano”, 2014). Transformado hoje em seres-códigos e submetido aos algoritmos que nos manipulam, o humano reexiste, apesar de tudo, inscrito na longa viagem das linguagens. Não podemos esquecer que temos Augusto. Seus poemas são o “suprassusumo” de uma longa experiência poética acumulada, insumos para uma civilização, pílulas de alta concentração e de amplo espectro, radicalmente irredutíveis, por isso mesmo, à diluição xaroposa das frases-fake de internet que atribuem clichês de sabedoria rasteira a grandes escritores. Além de refratários a todos os que corroboram e coonestam o Mito Bozo Zero (“O Mito”, 2019). O consórcio de veículos de imprensa, formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra, lança neste domingo (14) a segunda fase da campanha “Vacina Sim”. O objetivo é estimular a imunização da população brasileira contra a Covid-19. Mais de 5 milhões de doses da vacina já foram administradas no país. No entanto, para que a população esteja protegida é preciso a adesão em massa à vacinação contra a doença que já causou mais de 237 mil mortes no Brasil e quase 10 milhões de infecções —se contados apenas os casos registrados, pois o número total é provavelmente maior, dada a subnotificação. O lançamento da nova fase da campanha ocorre durante a apresentação do ‘Fantástico’, e conta com a participação de quase 30 profissionais dos veículos do consórcio. Os colunistas da Folha de S.Paulo Luiz Felipe Pondé e Djamila Ribeiro fazem parte da campanha, que tem a atriz Fernanda Montenegro, 91, como um dos destaques. Na última semana, ela foi uma das brasileiras a receber a primeira dose da vacina. Para Djamila Ribeiro, a campanha promovida pelo consórcio de imprensa vem em boa hora e reforça a importância do papel social da ciência e do conhecimento. “É importante para romper com essa visão [negacionista] que tem sido propagada no Brasil.” A colunista da Folha lamenta que até agora o governo federal não tenha feito a sua própria campanha e que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manifeste ele próprio desconfiança em relação à segurança dos imunizantes. “É triste perceber que não há uma campanha do governo. É algo que deve ser denunciado sempre, essa negligência que resulta em mais mortes”, diz Djamila. Luiz Felipe Pondé corrobora essa opinião. “O Estado não fez nenhuma campanha e não está resolvendo. Os órgão de imprensa lançaram essa campanha para que as pessoas percebam que não podem se deixar levar pela ignorância”, afirma. Pondé ressalta que o setor privado pode assumir um papel importante no combate à doença e na conscientização. “A vacinação deveria ser acessível e trabalhada por vários níveis da sociedade e não só o Estado. Isso não quer dizer ‘atravessa o Estado’, significa que empresas tenham a chance de vacinar seus funcionários, que os hospitais privados com poder de compra vendam a vacina. O Brasil tem um sistema privado de saúde. O atraso mental não vem só de Bolsonaro, tem um certo atraso mental também no olhar ideológico sobre como lidar com a vacina”, afirma. Iniciativa inédita, o consórcio foi criado em junho de 2020 para acompanhar e divulgar os números da Covid-19 no país depois que Ministério da Saúde tirou dados do ar e ameaçou sonegar informações sobre a situação da pandemia. Desde então, são divulgados balanços diários de casos e mortes pela Covid-19. Com o inicio da vacinação, em janeiro, o consórcio passou a divulgar também dados de imunizados. As informações são coletadas pelas equipes dos veículos junto às secretarias estaduais de Saúde. Além dos colunistas da Folha, participam da campanha os jornalistas da TV Globo Renata Lo Prete, Glória Maria, William Bonner, Renata Vasconcellos e Bárbara Coelho; o médico Drauzio Varella, também colunista da Folha; os colunistas de O Globo Ancelmo Gois e Miriam Leitão; a colunista Renata Cafardo e a editora executiva do Estado de S. Paulo Andreza Matais; os colunistas do UOL Juca Kfouri, também da Folha, e Thaís Oyama; a comentarista Fabi Alvim e o narrador Luis Roberto, da TV Globo; Maria Beltrão e Aline Midlej, jornalistas da GloboNews; Paula Paiva e Luiza Tenente, jornalistas do G1; os apresentadores da TV Globo Fátima Bernardes e Serginho Groisman; e os atores da TV Globo Fernanda Montenegro, Juliana Alves, Cauã Reymond, Lázaro Ramos, Babu Santana, Ary Fontoura e Regina Casé. Além dos filmes, estão previstas peças para as mídias impressas e digitais dos veículos do consórcio e ativações nas redes sociais a partir de domingo. Mais de 8 toneladas de maconha escondidas em um caminhão foram apreendidas pela Polícia Militar na tarde desta sexta-feira (12) em Araraquara (277 km de SP). O motorista foi preso. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública), uma equipe do TOR (Tático Ostensivo Rodoviário), do 3º BPRv (Batalhão de Policiamento Rodoviário), estava em patrulhamento no km 283 da Rodovia Washington Luís quando abordou o caminhão com a droga no interior paulista. Durante a abordagem, os militares notaram forte cheiro de droga e resolveram fazer uma vistoria no compartimento de carga. Lá, encontraram diversos tabletes de maconha, totalizando mais de 8,6 toneladas, que foram apreendidas e encaminhadas para perícia. Segundo a SSP, o motorista contou que seria pago para transportar a droga de Aparecida do Taboado (MS) para São Carlos (SP). O veículo, os tijolos de entorpecente e o condutor preso em flagrante foram conduzidos à sede da Polícia Federal de Araraquara. O homem foi indiciado por tráfico. Apesar de estar sempre ao lado de grandes empresários, o industrial Paulo Francini raramente era visto de terno e gravata. Seu figurino mais frequente, mesmo ao participar de grandes reuniões, era camisa com os botões abertos até o peito, calça jeans e sapatos sem meias. ""Causava até um pouco de desconforto entre os grandes empresários da época. Ele sempre foi muito elegante e sedutor. Destoava das pessoas mais caretas, dos grandes empresários"", diz o jornalista e escritor Ricardo Viveiros, amigo de Francini há muitos anos. Francini era amante dos livros, ligado às artes e à cultura e jamais dispensava um bom vinho, inclusive na hora do almoço. Ele foi diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) de 2004 a 2018, cargo que já havia ocupado na época em que o presidente da entidade era Luís Eulálio, na década de 1980. O empresário foi um dos fundadores do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Aos 79 anos, teve complicações após contrair Covid-19 e morreu em São Paulo. “Francini era conhecido por sua inteligência, carisma e bom humor. Fará muita falta”, diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Ele também teve um papel fundamental na defesa da indústria. Durante a década de 1970, no governo do general Ernesto Geisel, foi interlocutor do setor e seguiu assim após a redemocratização, desde o governo de José Sarney até a administração Dilma Rousseff. Francini também foi um dos líderes do chamado “Manifesto dos Oito”, movimento de empresários a favor da redemocratização em 1978, que contou com nomes como Antônio Ermírio de Moraes, José Mindlin, Jorge Gerdau, Paulo Villares, Laerte Setubal Filho e Severo Gomes. ""Francini teve um papel importante no processo de industrialização brasileira. Não só como empresário, mas também como uma pessoa que ajudou na formulação de ideias para competitividade da indústria brasileira"", afirma José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp e presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) ""Tinha uma vida cultural intensa. Frequentava a Flip [Festa Literária Internacional de Paraty] todos os anos. Deixa a mulher, Elizabeth. E além dos dois filhos do primeiro casamento e os quatro netos, tinha dois enteados. Um homem de 62 anos foi morto no início da manhã desta sexta-feira (12) após uma tentativa de assalto na rua Adauto Batista de Lima, no Jardim São Luís (zona sul da capital paulista). Ele era motorista de aplicativo e, durante uma corrida com dois passageiros, foi alvejado enquanto dirigia. A Polícia Militar foi chamada para atender a ocorrência e, no local, o veículo da vítima, um Logan branco, estava capotado. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), o motorista já estava sem vida, com uma perfuração na região da nuca. Em depoimento, o casal de passageiros, de 28 e 27 anos, afirmaram que dois homens numa moto abordaram o motorista e anunciaram o assalto, mas ele acelerou e os assassinos dispararam. Após ser atingido, o homem perdeu o controle do carro, acertou o canteiro central e tombou. Quando a polícia chegou ao local, os passageiros já estavam fora do carro. O caso foi registrado no 47° DP (Capão Redondo) e encaminhado ao 92° DP (Parque Santo Antônio). A melhor definição do roteirista Jean-Claude Carrière talvez seja a do diretor espanhol Fernando Trueba: “Era uma árvore imensa, mas não deixava ninguém na sombra”. Bem ao contrário. Embora a fama de “o roteirista de Buñuel” continue a marcá-lo mesmo depois de sua morte —nesta semana, aos 89 anos—, basta passar em revista a lista dos cineastas com que colaborou para notar que Carrière foi muito mais do que isso. Já que hoje o prêmio que conta é o Oscar, vamos começar por ele. Em 1962, quando começava a carreira, ganhou o prêmio de melhor curta-metragem por “Feliz Aniversário”, que dirigiu e escreveu com Pierre Étaix. Também com ele escreveu “O Pretendente”, do mesmo ano, filme que lançou Étaix como o sucessor de Jacques Tati ao posto de grande comediante do cinema francês —coisa que não aconteceu, consta que devido à timidez excessiva de Étaix. Mais Oscar? Ganhou um, honorário, em 2015. Não os exibia na prateleira da sala. Ficavam guardados num armário. E nem no armário ficou a indicação que recebeu e recusou para a Academia Francesa. Seria um contrassenso. Afinal, não foi ele a alma gêmea de Luis Buñuel desde que, juntos, adaptaram “Diário de uma Camareira”, o livro de Octave Mirbeau, em 1964? A colaboração entre os dois nunca mais cessou, de “A Bela da Tarde”, em 1967, até “Esse Obscuro Objeto do Desejo”, em 1977. Não era apenas uma proximidade profissional. Em Buñuel, Carrière encontrou uma espécie de irmão mais velho, capaz de o acompanhar e mesmo guiar pelos caminhos do surrealismo, que já seguia. Mas Buñuel era um pouco mais que isso: era o surrealismo em pessoa. Embora já afastado do grupo de André Breton, sempre permaneceu fiel ao espírito libertário do movimento. Os filmes que o roteirista e Buñuel escreveram juntos falam por si. O humor, o sarcasmo, a irreverência, o desfazer da burguesia e seus hábitos atravessam esses filmes. Assim como o desejo, aquilo que vai para onde bem entende, não para onde quer que vá a razão. Mas Carrière não limitou seu trabalho à colaboração com Buñuel, nem seu pensamento ao surrealismo. Que o digam os dez anos que dedicou a “Mahabharata”, a epopeia que realizou com Peter Brook. A lista de colaboradores pode começar com Brook ou com Jean-Luc Godard, Milos Forman, Louis Malle, Hector Babenco, Volker Schlondorff. E não acaba mais. “Ele não buscava a glória, é como se ela viesse apesar dele”, comentou Brook. E a glória, para ele, era infinitamente menos importante que os ensinamentos que podia transmitir. Vejamos um só, que o ator Louis Garrel citou no jornal Libération. Garrel estava com problemas em uma cena de seu primeiro filme como diretor, em que havia dois personagens. “Se há dois personagens em cena e não está funcionando, acrescente um terceiro personagem, que ouve a conversa”, sugeriu Carrière. Simples, direto e eficiente. Era assim também com seus alunos da Fémis, escola de cinema francesa que substituiu o antigo Idhec, Instituto de Altos Estudos Cinematográficos, que chegou a dirigir. Mas não só. Por onde andava fazia conferências sobre roteiros e roteiristas. Alguns de seus ensinamentos são memoráveis. Dizia, por exemplo, que um personagem se define pelos seus gestos, não por palavras. Ou que todo roteirista deve saber o bastante de cinema para que, ao escrever, possa imaginar o desenvolvimento da cena já transformada em imagem, com seus planos, luzes, atores e cenários. O roteirista deve ser humilde, pensava (e dizia). Seu texto não é senão um estágio intermediário de algo que surgirá e cujo sentido será definido pela imagem, portanto pelo diretor. O roteirista que quiser ser autor deve buscar outro caminho. O romance ou, como o próprio Carrière, o teatro. É ainda Louis Garrel que comenta que o homem que conheceu 12 anos antes da morte era uma enciclopédia ambulante e dono de uma memória prodigiosa. Mais do que tudo, alguém que parecia amar algumas questões específicas do roteiro: o que contar, a quem e como. As questões valiam tanto para os cineastas que o visitavam, quanto para os estudantes que ensaiavam seus primeiros trabalhos. Carrière era isso para isso para todos, inclusive jornalistas, alguém cuja curiosidade se igualava à generosidade. Quem passava por sua casa, no nono arrondissement (ou distrito de) Paris, diz que seu entusiasmo nunca diminuiu com a idade. Nem o prazer de ajudar e o cuidado de nunca fazer sombra, com seu enorme talento e seus conhecimentos, a quem o procurava. [RESUMO] Autora reflete sobre as novas ordens de representação de grupos marginalizados a partir das polêmicas do BBB 21. Em sua opinião, o programa é uma tentativa fracassada de reverter situações de racismo que têm como característica a ausência de pessoas negras.  Olhe-se para onde se olhe, o debate em torno das novas ordens de representação ganha centralidade inaudita, alcançando todos os perímetros da vida social. Da política institucional, passando por diversas esferas do público e do privado, até alcançar os sistemas midiáticos, presencia-se o esgotamento dos regimes de visibilidade de outrora. Da forma que o conhecemos, o termo representação deita raízes nas vertentes teatral (o ator/atriz que se apresenta no lugar da personagem, fala por ela e como ela) e jurídica (o advogado que se apresenta em nome de um acusado e fala em seu nome). São dessas duas raízes que o conceito moderno, eminentemente político, extrai sua seiva: concerne àquele que é escolhido para representar publicamente a vontade, os interesses e os direitos de um outro do qual recebeu o mandato para falar no seu nome. Os debates inflamados, quase sempre movidos por nitroglicerina pura, ancoram-se diretamente nesse postulado, convertendo as tensões em torno da legitimidade de quem-representa-quem em um desafio de dupla face: ao mesmo tempo que se reivindica a assunção de representantes que sejam legítimos para representar corporeidades excluídas dos regimes de visibilidade (negros, mulheres, indígenas, pessoas trans, lésbicas, gays), defende-se também a inclusão dessas corporeidades no que é designado como comum, no acesso à fala pública, como insistia a feminista e pensadora Lélia Gonzalez. Pela representação, tomamos ciência do que é hegemônico. Por motivos óbvios, a televisão (minha noção de TV é estendida) está no epicentro deste debate, o que a torna alvo constante de análises cujo diagnóstico flagra a persistência de um racismo de dominação em virtude da presença mitigada ou da total ausência de pessoas negras e de outros grupos raciais não hegemônicos. O BBB 21 é uma tentativa fracassada (explico por que linhas abaixo) de reverter essa situação: a casa contou inicialmente com sete pessoas negras (até o momento em que escrevo este artigo são seis, depois da saída de Lucas Penteado), ineditismo que atribuiu à esta edição o qualificativo de histórica, uma espécie de linha divisória que abriu caminho para um novo tempo no programa. O fio condutor deste artigo nos leva a pontilhar um percurso tracejado por algumas questões que apontam para a impossibilidade de o BBB promover representacao e visibilidade (visualidade não é visibilidade), uma vez que se insere em uma moldura em que a tirania, o individualismo e a lacração egoica dá suporte à cena que se pinta à nossa frente. 1. Mapa e território, simulacro e simulação O Twitter não nos deixa mentir: as queixas contra Lumena, a ativista que estaria arruinando a imagem de todas as mulheres negras dentro e fora da casa, é a cantilena que nos persegue do nascer ao pôr do sol. Compramos essa ideia porque acreditamos que a microrrede de intrigas seja um exemplar do que acontece na vida como ela é, a casa seria uma representação do que (sobre)vive fora dela, a cópia fac-similar da realidade. Recorramos a quem entende do riscado. A palavra simulacro foi minuciosamente examinada pelo pensador francês Jean Baudrillard que, na esteira do mapa do Império, de Jorge Luis Borges (sim, eu sei, um racista), definiu o termo como uma operação que finge uma presença ausente ou uma realidade sem correspondência com a realidade. O simulacro, para Baudrillard, tem o papel de iludir, pois atribui às imagens que produz um referente real. Lembremos: referir é um ato de remetimento ao mundo. A virtualização da vida cotidiana pelo Big Brother é um autêntico simulacro que impede qualquer possibilidade de representação nos moldes em que descrevemos acima. Do mapa do Império, aprendemos que mapa não é território, pois não representa tudo de um território, o mapa deve ser autorreflexivo. O que nos leva, então, a fazer coincidir mapa com território, mesmo quando o mapa é uma projeção maldecalcada que finge (simula) se ancorar no real? 2. O império do eu Um possível endereço de resposta a essas perguntas parece estar no imperativo da fama, da celebridade, que faz de todos nós um potencial brother. Sob esse ponto de vista, poderíamos cogitar que o ideal da representação se equilibra nesse fiapo, em um jogo de projeções individuais. No entanto, esse fio, que é quase nada, logo se esfarela face à constatação de que representação supõe a interação entre sujeitos. O eu neoliberal que cede ao jogo, que permite e aceita a humilhação, é alguém que está em nome dele próprio, pois não recebeu nenhum mandato para falar em nome de ninguém e, mesmo se tivesse, seria impossível fazê-lo. Fala, reage e interage com outros eus, todos precificados, confinados em si mesmos, segregados de si mesmos. Estabelecer novas ordens de representação é falar de si onde não há mais si mesmo. 3. Peças de um jogo e não jogadores Esse eu é tão mais precário e insuficiente para representar uma coletividade porque nem sequer é o jogador da brincadeira, ele é a peça do jogo. O jogador ou jogadores encontram-se nos bastidores ou fora da casa, tramando cada jogada: exposição desumanizante, exaustão, ridicularização, violação, destituição. Quase sempre as peças da engrenagem saem moídas ou avariadas. Alguns desafios chegam a ter conotação mórbida, assemelham-se a rituais de flagelação. Como então requerer que tal engrenagem ponha em funcionamento um novo contrato social onde a gestão do comum não escorregue para o interesse pessoal? Como avistar representatividade na atmosfera do “salve-se quem puder”? Provavelmente escaparemos dessa aporia se tivermos energia estratégica para incidirmos nos sistemas de representação por meio do acesso e da transformação, ou seja, por meio da inserção de grupos historicamente excluídos na distribuição do comum tal como o mundo é ao mesmo tempo que se reivindica por mudanças estruturais nas dinâmicas desses sistemas. A princípio, essa visada bifronte parece subscrever a presença de pessoas negras ativistas em programas como o Big Brother. No entanto, quando o que está em tela é um programa que bloqueia, pela sua própria essência, qualquer possibilidade de sermos sujeitos, de sairmos do eu em direção ao outro, a reivindicação ao acesso torna-se, ao mesmo tempo, inócua e perigosa. bell hooks, uma das principais críticas culturais do nosso tempo, ensina que é preciso criar condições para contextos de transformação: Se é verdade que novas ordens de representação dependem das imagens que circulam e fazem o laço social, as provocações de bell hooks soam como uma convocatória para a deserção. Decididamente Big Brother Brasil não é território nem mapa para a gente projetar mudanças, tampouco alterar os paradigmas. Ou, mais radicalmente, na trilha da cineasta Nuna Nunes, da qual conheci a referência por meio de outra cineasta, Day Rodrigues: “Não temos que ocupar todos os lugares, porque alguns lugares nem deveriam existir”. Fila 1 Fui na terça (9) vacinar-me no Cremesp. Do térreo fomos levados (em elevador) a um salão onde cerca de 300 idosos ficaram confinados aguardando a chamada. As cadeiras não estavam apropriadamente separadas e havia pessoas sem máscara. Após duas ou três horas de espera fomos reconduzidos ao térreo para a vacinação. Cheguei às 8h e saí às 11h, após passar por toda sorte de descuidos e riscos proporcionados pelo órgão maior dos médicos de São Paulo. Dá para acreditar? Joaquim Prado P. Moraes-Filho, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP) Fila 2 Atacar psicólogos de mais de 60 anos por terem ido se vacinar —seguindo as regras e sem furar fila—, como fez Marcelo Coelho, parece-me totalmente equivocado (""Furando a fila, sem culpa"", Ilustrada, 10/2). Ele desconhece a realidade de grande parte dos profissionais que atendem crianças e vulneráveis emocionalmente, muitos dos quais ficaram sem atendimento por não se adaptarem ao modelo online. Se alguém merece ataques é este governo, que ignorou as medidas de isolamento e não tratou de comprar vacinas suficientes. Viviane Namur Campagna, psicóloga (São Paulo, SP) Um comentarista no Planalto Bruno Boghossian diz que há ""um comentarista no palácio"" (Opinião, 10/2). Concordo plenamente com ele. Mais da metade dos eleitores escolheram um palpiteiro de boteco para governar o Brasil. José Dieguez (São Carlos, SP) Lava Jato ""Com críticas à Lava Jato, STF mantém decisão que autoriza Lula a acessar mensagens"" (Poder, 10/2). Quem ganha com isso é a democracia, em que pouco importa a licitude da obtenção de provas. Uma vez provada a sua autenticidade, mais importante que o formalismo é a verdade dos fatos, tudo preconizado pelos princípios constitucionais da dignidade e soberania (art. 1º), de uma sociedade justa (art. 3º) e do amplo direito à defesa (art. 5º). É isso o que permite à nação defender a Justiça e a dignidade de seus cidadãos. José Alexandre Coelho Silva (Mogi Mirim, SP) Aos poucos a história desnuda os reais interesses da famigerada operação, que, sob o manto do combate à corrupção, foi minuciosamente arquitetada para influenciar diretamente nosso destino. Como resultado dessa verdadeira orgia judicial temos um país fragilizado do ponto de vista político, econômico e institucional e, pior, com sua democracia em iminente risco. Renato Pirondi Silva (Porto Ferreira, SP) Fritação Após extensa lista de ""fritados"" por um desvairado, o óleo parece estar sendo aquecido agora para o general Mourão. Médicos competentes, um juiz e outros que no princípio diziam ""amém"" ao chefe passaram a ser vistos como não confiáveis por algumas atitudes menos subservientes e foram todos expulsos da patota do governo. Terá o general a firmeza moral de não se deixar humilhar por um capitão expulso das Forças Armadas? Moisés Spiguel (Campinas, SP) Autonomia do BC ""Câmara aprova texto-base de projeto de autonomia do BC"" (Mercado, 10/2). Então o dono da Havan poderá ser escolhido para presidir o Banco Central ? E o presidente da CUT também? E o Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, poderá ser candidato ? E chapeiro, terá competência para definir a política econômica do país? Luis Antonio Oliveira (Ilha Solteira, SP) Decoro no Congresso ""Esperança para 2021"" (Opinião, 10/2). Concordo com o que escreveu o articulista Antonio Delfim Netto, que foi ministro da ditadura: o Parlamento é a casa dos debates com argumentos, não um lugar de frases como ""não te estupro porque você não merece"". Lineu Roberto Mickus (Curitiba, PR) Judiciário Achei espetacular a coluna de Conrado Hübner Mendes desta quarta-feira (""Centrão magistocrático se vende por menos"", Poder, 10/2). O Poder Judiciário é a maior caixa-preta que existe no Brasil. Nosso país precisa fazer uma nova proposta de Judiciário: elaborar um organograma, acabar com os inúmeros privilégios, determinar prazos, definir progressão na carreira e acabar com indicações políticas e foro privilegiado, entre muitas outras coisas. Renato Maia (Prados, MG)  A entrevista com o ministro Edson Fachin (""Doença infantil do lava-jatismo pode estar acabando, não a Lava Jato"", Poder, 10/2) revela sua opinião sensível e equilibrada, sem nenhum viés ideológico. O ministro faz uma análise muito objetiva de nossa situação política e moral num momento tão infame no nosso país. Recomendo a leitura a todos os homens públicos, incluídos aqui os ministros do STF e agentes do Ministério Público. A maioria dos nossos homens públicos está envolvida com a Justiça até a raiz dos seus cabelos, mas aponta o dedo para os que honraram seus cargos trabalhando contra a corrupção e o desmando. Berenice Daitzchman Bertoldi (Curitiba, PR) Em ""A arte insiste"" (Ilustrada, 10/2), Arnaldo Antunes lança luzes e muita compreensão sobre a manchete do jornal (""Há sintomas de corrupção da democracia no país, diz Fachin""). Com sua poesia engajada e concretista, Arnaldo Antunes revela o país em que hoje vivemos. Dois homens de respeito: Fachin e Antunes. Um na frieza da lei, outro na frieza do poema concreto, mas ambos de respeito pela coragem de dizer a verdade crua. Espero que não sejam acusados de serem discriminadores, como foi o caso de Monteiro Lobato. Gésner Batista (Rio Claro, SP) Bares e restaurantes Se o senhor Paulo Solmucci (""Lição de Tóquio para São Paulo e o Brasil"", Tendências / Debates, 10/2) fizesse um esforço mínimo de reflexão acerca da diferença do comportamento e da cultura de japoneses e brasileiros, veria facilmente que não faz sentido uma só linha do que escreveu. Longe de enaltecer João Doria, trata-se de nos protegermos uns dos outros. Mas o autor entende de dinheiro e comércio, não de salvar vidas. Pedro Mendonça de Oliveira (São Paulo, SP) O fundo multimercado Verde, carteira com mais de 20 anos de existência e com um patrimônio multibilionário administrado por Luís Stuhlberger, voltou a abrir para captações. As duas últimas vezes em que o fundo reabriu para captação foram em 2018 e em 2007. A captação será feita por meio dos chamados “fundos espelho” —carteiras que investem em um “fundo-mãe” e, assim, espelham seu desempenho— e, segundo fontes a par do assunto, deve chegar na casa dos bilhões de reais. Os fundos espelhos costumam tornar a carteira mais acessível aos investidores, já que os fundos-mãe (como são chamadas as carteiras principais) normalmente possuem investimento inicial alto e são dedicados apenas a investidores qualificados, ou seja, pessoa física ou jurídica que possua aplicações financeiras em valor igual ou superior a R$ 1 milhão e que ateste essa condição por escrito, ou que possua alguma certificação da CVM. Nesta reabertura, o fundo de Stuhlberger terá investimento inicial mínimo de R$ 50 mil. As movimentações adicionais podem ser feitas a partir de R$ 10 mil. O saldo mínimo para manter os recursos no fundo também é de R$ 10 mil. O prazo de resgate é de 60 dias. Desde 1997, quando foi criado, o Fundo Verde totaliza mais de 18.000% de retorno —como base de comparação, o CDI rendeu 2.224% no período. O fundo cobra taxa de administração de 1,5% —valor que pode mudar, dependendo da corretora de investimento— e taxa de performance, sobre o desempenho, de 20%. Geroge Wachsmann, sócio da Vitreo —uma das empresas com fundo espelho do Verde— afirmou que a demanda pelo produto já é alta. Em cerca de quatro dias, praticamente dois terços da captação alvo já havia sido alcançada. “É um fundo que tem um histórico de performance muito consistente e que provavelmente é um dos melhores fundos do Brasil. Apesar de todo mundo que teve um pedaço da captação do Verde ter um certo tempo para conseguir todo o dinheiro, esse é um volume que historicamente termina logo nos primeiros dias”, disse. A expectativa é que as intenções de compra dos fundos espelhos sejam enviadas entre os dias 22 e 26 de fevereiro. A reabertura para captação de fundos renomados não se limita a esse caso. Desde o ano passado, carteiras têm aproveitado o momento de mercado para recolher dinheiro –seja para repor quantias resgatadas ou para aproveitar boas oportunidades. Em 2020, depois dos derretimentos dos mercados acionários pelo mundo com a chegada da pandemia do coronavírus, fundos de gestoras como Atmos, Bogari e Dynamo reabriram. As aplicações mínimas variavam de R$ 50 mil e R$ 300 mil. Com uma reabertura limitada, essas carteiras normalmente batem suas metas de captação muito rapidamente. “É como o Fundo Verde. Ele é muito escasso, então é muito desejado. Tem um histórico muito grande, e retornos muitos bons. Para fundos assim, a melhor opção é uma consistência de investimentos no longo prazo”, disse Wachsmann. Para alocar recursos no Fundo Verde, o investidor pode entrar e escolher qualquer uma das plataformas que receberão ofertas por meio de seus fundos espelho. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou nesta terça-feira (9) duas ações do PDT que pediam a cassação da chapa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do vice Hamilton Mourão (PRTB) por disparo de mensagens em massa pelo WhatsApp durante as eleições de 2018. Os ministros Luís Felipe Salomão, Mauro Campbell, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Tarcísio Vieira de Carvalho e Sergio Banhos entenderam que não há provas suficientes para comprovar a participação dos candidatos no esquema. O ministro Edson Fachin defendeu que o caso não deveria ser julgado agora porque seria mais adequado analisar o tema junto com duas ações do PT que têm objeto similar. No mérito, votou para que a ação fosse rejeitada. Os processos mencionados por Fachin são considerados os mais fortes relativos ao caso em curso no TSE. Ainda estão pendentes de julgamento as duas ações do PT em que pode haver o compartilhamento de provas apreendidas no inquérito das fake news do Supremo. Em junho do ano passado, o relator da investigação do STF, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que aguardava a conclusão da perícia das provas para verificar se “há pertinência temática” entre as apurações antes de autorizar o compartilhamento. Na operação contra apoiadores do presidente, Moraes determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, a partir de 2018. Assim, os dados podem reforçar a tese de que apoiadores de Bolsonaro financiaram a disseminação de notícias falsas durante a última eleição presidencial. Relator do caso, Salomão afirmou que o PDT não apresentou provas suficientes e que a ação se baseou apenas em reportagem da Folha que revelou o esquema. A reportagem mostrou que empresas compraram pacotes de disparos em massa de mensagens no WhatsApp contra o PT. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens. As empresas apoiaram o candidato Jair Bolsonaro, então no PSL, e compraram um serviço chamado ""disparo em massa"", usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato (números cedidos de forma voluntária). Relator do caso, Salomão sustentou que ""o acervo probatório não permite aferir quantitativamente a influência das mensagens enviadas por WhatsApp sobre a vontade do eleitor"". ""Ocorre que a cassação de mandato requer a demonstração evidente do ilícito e de sua repercussão e/ou alcance, pois meras ilações não autorizam a mencionada sanção"", disse. Presidente da corte, Barroso afirmou que a reportagem “não era infundada, tanto que o próprio WhatsApp dias depois da notícia baniu diversas contas”. “E sabemos que as mídias sociais são bastante parcimoniosas nesse banimento e, portanto, se a plataforma assim procedeu é porque entendeu que tinha alguma plausibilidade e elementos consistentes sobre o caso”, afirmou. A advogada de Bolsonaro, Karina Kufa, e o advogado de Luciano Hang, Admar Gonzaga, fizeram críticas a Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, e a acusaram de fazer “política-partidária”. O ministro Alexandre de Moraes, porém, fez uma defesa da repórter. “Acusações de política-partidária, acusações de má-fé, sendo que o trabalho do jornalismo não é produzir provas para a ação. A matéria foi escrita e, se alguma coligação pretende ingressar só com base na matéria, isso não é culpa do jornalismo”, disse. O ministro disse que a diferença entre o trabalho da imprensa e do Ministério Público é que o autor do processo judicial precisa apresentar provas, enquanto o jornalista tem o direito constitucional ao sigilo da fonte. “O jornalismo faz a apuração mas não tem necessidade de apresentar provas robustas de eventual condenação”, afirmou. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgará nesta terça (9) duas ações que pedem a cassação de Jair Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão por disparos em massa de fake news nas eleições de 2018. Os magistrados vão decidir se elas são improcedentes ou se terão continuidade. O relator é o ministro Luis Felipe Salomão. A corte deve analisar também pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal do empresário bolsonarista Luciano Hang, da Havan, que teria financiado os disparos de mensagens pelo WhatsApp. A PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral) pediu também a quebra dos sigilos de quatro empresas que teriam efetuado o serviço. De acordo com órgão, é ""irrefutável que a disseminação de disparos em massa de conteúdo com desinformações foi intercorrência que marcou o desenrolar da campanha da eleição presidencial de 2018"". Nas alegações, a PGE afirma que o próprio WhatsApp informou ter detectado “comportamento anormal”, indicativo de envio de mensagens em massa, por parte das empresas. As duas ações, da coligação Brasil Soberano (PDT e Avante), foram ajuizadas a partir de reportagens publicadas pela Folha. Além delas, há outras duas, da coligação O Povo Feliz (PT, PC do B e PROS), que ainda não entraram na pauta. A defesa de Hang afirma que há confusão entre o impulsionamento de mensagens nas páginas pessoais do empresário em redes sociais com condutas que lhe são “falsamente imputadas”, de financiar disparos em massa de fake news. Bolsonaro também sempre negou qualquer envolvimento com os fatos. Com a vitória de aliados do presidente para comandar a Câmara dos Deputados e o Senado, a possibilidade de impeachment está, pelo menos por enquanto, descartada. E o TSE passou a ser a única instituição que pode dar dor de cabeça a ele —se as ações forem julgadas procedentes, Bolsonaro pode ser afastado do cargo. com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O escritor, diretor e roteirista francês Jean-Claude Carrière, que trabalhou, entre outros, com Luis Buñuel e Milos Forman, morreu nesta segunda (8), aos 89 anos, em Paris Segundo sua filha, Kiara Carrière, confirmou à AFP, o roteirista não estava doente e morreu enquanto dormia em casa. Um dos maiores nomes do surrealismo francês, Carrière começou sua colaboração com Buñuel como roteirista de ""O Diário de uma Camareira"", em 1964, adaptação de um romance de 1900 de Octave Mirbeau, com Jeanne Moreau no papel principal. A parceria continuou em trabalhos como ""A Bela da Tarde"", de 1967, com Catherine Deneuve, ""O Discreto Charme da Burguesia"", de 1972, e ""Esse Obscuro Objeto do Desejo"", de 1977. Carrière também era dramaturgo e escrevia peças como ""O Terraço"", encenada em São Paulo pela primeira vez em 2013. Em 2015, ele recebeu o Oscar honorário por sua carreira no cinema, em que assinou mais de cem roteiros, atuou em alguns filmes e dirigiu alguns curtas. Ele trabalhou ainda com outros diretores renomados, como Jean-Luc Godard, Louis Malle, Michael Haneke, Peter Brook e Andrzej Wajda, com quem contou a história de Danton, personagem da Revolução Francesa, com Gérard Depardieu no papel do protagonista. Em 1988 adaptou o livro de sucesso ""A Insustentável Leveza do Ser"", de Milan Kundera, sob a direção de Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche. Em 1991, foi um dos roteiristas de ""Brincando nos Campos do Senhor"", dirigido por Hector Babenco. Nos últimos anos, escreveu o roteiro de ""No Portal da Eternidade"", de Julian Schnabel, que tem Willem Dafoe como o pintor Vincent Van Gogh, trabalhou com Louis Garrel em ""Um Homem Fiel"", e com seu pai, Philippe Garrel, em ""Le Sel des Larmes"", do ano passado. Instituição de assistência social em São Paulo, a SAEC (Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana) perdeu no último dia 31 a parceria que mantinha com a Prefeitura de São Paulo desde 1989, o que ameaça atendimento de cerca de 6.000 pessoas mensalmente, distribuídas em sete projetos pela cidade paulista. A entidade, que possui sede no bairro Jardim Copacabana (zona sul), foi criada em 1982 por um grupo de moradores da periferia da zona sul de São Paulo, e atua na área de assistência social a crianças, jovens e idosos. De acordo com Edson Luís dos Santos, diretor da instituição, o encerramento do convênio com a prefeitura aconteceu porque a Saec não conseguiu renovar seu cadastro no Cents (Cadastro Único das Entidades do Terceiro Setor), documento obrigatório para a manutenção das parcerias e para o recebimento de verbas públicas. A não renovação se deu por uma série de fatores. Em 2009, a instituição entrou com um processo administrativo solicitando à prefeitura a imunidade sobre o ISS (Imposto Sobre Serviços), alegando que teria direito à isenção, uma vez que possui o Cebas (Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social). Em 2016, recebeu resposta negando o pedido. A entidade recorreu da decisão e obteve outra negativa em 2018. No ano seguinte, a Saec iniciou um processo judicial, solicitando novamente a imunidade sobre os impostos. Enquanto a ação não é julgada, a instituição permanece com uma dívida ativa e seu nome no CADIN (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais), o que a impede de renovar seu cadastro no Cents. Sem os repasses da prefeitura, não há como manter os programas ou o quadro de colaboradores. Gabriel, 9, participa do CCA (Centro para Crianças e Adolescentes) do bairro Copacabana há três anos. Antes da pandemia, o menino frequentava o local cinco vezes por semana, no período da tarde. “Ele participava da capoeira, aulas de culinária, de artes, música, teatro; tinha um reforço escolar também”, diz Iatihara Barbosa, mãe da criança. Com a pandemia de Covid-19, ela conta que houve o afastamento das crianças, mas que Gabriel continuava recebendo do projeto atividades para que pudessem ser feitas em casa. Durante todo o período, o CCA forneceu uma cesta básica para os participantes. Os alimentos faziam parte das refeições das crianças no programa, porém, como não estavam frequentando presencialmente o local, esses alimentos foram entregues às famílias. “Nesse período de pandemia, era uma das atividades que a gente fazia em casa. O CCA enviava vídeos e a gente tentava reproduzir as atividades. Agora está muito complicado, eu ainda não consegui dar essa notícia ao Gabriel”, disse a mãe. “Mesmo se houver uma nova equipe, a gente fica com medo. As crianças estão adaptadas a um certo grupo de pessoas, aos funcionários atuais. Agora com a nova equipe eu, como mãe, fico apreensiva. Com certeza, a criança também ficará porque é uma nova didática, uma nova forma de agir, novos rostos”, completou. Entre os projetos atendidos atualmente estão CCA (Centro para Crianças e Adolescentes), que promove complementação escolar; NCI (Núcleos de Convivência do Idoso), que oferece aos idosos atividades socioeducativas baseadas em seus interesses e necessidades; Sasf (Serviço de Assistência Social à Família), que promove atividades socioeducativas para famílias da comunidade local, pessoas com deficiência e idosos; e CJ (Centro para Juventude), que oferece cursos e orientação que preparam o jovem para o mercado de trabalho. Para Márcia Cristina, mãe do Kaique, 18, que faz parte do CJ de Copacabana, o projeto só tem benefícios. “Todos os que chegam eles abrem as portas, acolhem, dão atenção, dão carinho, dão amor. Lá as crianças têm alimentação, os professores ensinam o jovem a respeitar os outros, como entrar no primeiro emprego. Já me ajudaram muito, os profissionais de lá são ótimos”. Márcia conta que seu filho participou de diversas oficinas, mas dá destaque a de culinária. “Ele aprendeu a fazer pão, a fazer bolo. Abriu muito a mente dele, pois antes ele só vivia na rua”. Assim como Iatihara, Márcia não sabe como ficará o programa após o encerramento da parceria com a Saec. “Eu gostaria que o projeto continuasse, estou rezando para que isso aconteça. Não só eu, como todas as mães”, disse. Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, responsável por cuidar das políticas voltadas à assistência social do município de São Paulo, disse que “que os serviços de responsabilidade da Organização da Sociedade Civil (OSC) Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana (Saec) serão continuados por meio de parcerias com outras organizações"". Afirmou a prefeitura também que ""os serviços que estão instalados em imóveis cedidos pela Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana (SAEC) sofrerão alteração de endereço. As novas organizações terão que apresentar novo plano de trabalho, que deverá estar dentro dos parâmetros estabelecidos pelas normativas da Secretaria"". As crianças, adolescentes e jovens não ficarão sem atendimento, sendo provisoriamente reordenados para outros serviços, completou a secretaria. A pasta não informou, no entanto, quando ou como as famílias serão notificadas sobre as mudanças e para que serviços os beneficiários serão direcionados durante a transição. Candidata a vereadora em São Paulo nas eleições de 2020, Rosário de Fátima (PL) gastou R$ 5.000 com ""serviços de distribuição de santinhos porta a porta"", usando os recursos do fundo público partidário que foram enviados a ela. Obteve apenas nove votos, nenhum deles na seção em que ela própria é eleitora. A participação de Rosário na disputa, porém, contribuiu para que seu partido chegasse ao percentual de 31,25% de candidatas mulheres na capital paulista, um pouco acima da cota de gênero instituída pela Justiça Eleitoral. Por esses dados, Rosário de Fátima é listada em dois levantamentos independentes aos quais a Folha teve acesso como uma das ""candidaturas de risco"" na disputa de 2020. Ambos apontam para a existência de milhares de pessoas que tiveram resultados incomuns na disputa por assentos nas Câmaras Municipais em todo o Brasil. As informações ainda precisam ser analisadas de forma mais profunda para averiguar se as candidaturas são verdadeiras ou se elas são irreais, de laranjas. Mas os dados de um desses levantamentos já foram enviados pelo Ministério Público Eleitoral em São Paulo ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com pedido de medidas urgentes. Essa primeira análise avaliou os gastos feitos pelos candidatos a vereadores em todas as cidades do país e se os seus padrões podiam levantar suspeitas —por exemplo, se 100% das despesas de um candidato foram usadas em um único serviço. A outra, mais restrita, verificou, em cidades com mais de 1 milhão de habitantes, a quantidade de votos que o candidato recebeu, a indicação de que nem a pessoa votou em si mesma e a necessidade do partido de preencher a cota de gênero. O primeiro levantamento foi elaborado pelo cientista de dados e pesquisador do Insper Danilo Carlotti, cujos estudos têm ajudado em investigações do Ministério Público. Casos em que ao menos um candidato usou todo o seu dinheiro em apenas um serviço foram registrados em 4.480 cidades, em todos os estados. O Brasil tem 5.568 municípios. O Ministério Público aponta que esses gastos não são comuns e devem ser averiguados. ""A lógica por trás desta verificação é a de que para uma candidatura ser bem sucedida é razoável esperar que ela gaste de maneira proporcional com vários tipos de itens diferentes"", diz documento encaminhado ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, pelo promotor de Justiça Eleitoral de São Paulo Fábio Bechara e por Carlotti. ""Por exemplo, se material gráfico tiver sido impresso é razoável supor que será preciso que haja pessoas para distribuir este material."" Belo Horizonte foi a cidade com mais candidatos que tiveram apenas uma despesa, seguida de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), da capital paulista, de Salvador e do Rio de Janeiro. ""Dos dados analisados, as discrepâncias identificadas revelam ao mesmo tempo uma possível hipótese de investigação por crime eleitoral ou infrações administrativas"", diz o ofício enviado a Barroso, que termina com um pedido de aperfeiçoamento das ferramentas de análise desses dados eleitorais. Bechara afirma à reportagem que ""quanto mais o processo de prestação de contas for incrementado do ponto de vista tecnológico, inclusive aperfeiçoado em relação ao uso de ferramentas preditivas e de cruzamento, maior a capacidade de você detectar previamente uma possível irregularidade"". A outra análise foi feita pelo ex-vereador de Cascavel (PR) Fernando Hallberg (PDT), que se dedica à pauta anticorrupção. Ele aponta 539 candidaturas com risco de serem laranjas nas 16 cidades brasileiras que têm mais de 1 milhão de habitantes, segundo o IBGE. Brasília não possui vereadores, por isso não entra na conta. Usando dados do TSE, ele fisgou os casos de mulheres que tiveram menos de 20 votos e que não fizeram até dois votos na seção eleitoral em que votam. A lógica é que os candidatos tendem a ser mais fortes na sua região de origem e, com isso, conquistar tração mais expressiva por ali. Em 218 desses casos o número de votos na seção eleitoral das candidatas é zero, indicando que nem a própria pessoa votou em si (ou que não compareceu no dia da eleição). A avaliação foi limitada aos partidos que estavam próximos ao limite dos 30% da cota de gênero. Ou seja, situações em que uma mulher candidata a menos poderia resultar na cassação da sigla toda. O levantamento aponta 57 candidaturas suspeitas em Belo Horizonte, que também lidera a lista. Manaus aparece logo atrás, com 56. São seguidas por uma trinca do Nordeste: Fortaleza (48), São Luís (43) e Recife (42). São Paulo é a penúltima, com 15 ocorrências. Porto Alegre teve o menor número, 8. Em termos de partidos, PROS e PRTB lideram. Têm 37 suspeitas cada. Agora, Hallberg diz que pretende aprimorar a avaliação com mais dados e expandir para outras cidades. Por fim, deve apresentar um dossiê ao TSE. Inicialmente, o sistema foi usado apenas em Cascavel. Na cidade do oeste paranaense, foram levantadas 25 suspeitas. Uma delas foi sobre a candidata Gisele Miranda Ribeiro (Republicanos), que recebeu oito votos no total. Para isso, ela gastou R$ 2.917, praticamente tudo (99%) vindo do fundo de campanha. Desse valor, R$ 2.875 foram para “atividades de militância e mobilização de rua”, pagos a Claudemir José Grando, seu marido. Nas redes sociais de Gisele, apontadas como oficiais no site do TSE, não existe nenhuma menção a sua candidatura. Há apenas o compartilhamento de fotos da convenção partidária na qual foi oficializada a chapa de vereadores para a cidade. Em seu perfil, o marido Claudemir manifesta apoio a um outro candidato, Eduardo Laurentino, também do Republicanos. Das 24 candidaturas a vereador do Republicanos na cidade, 7 eram de mulheres. Com uma a menos, o partido ficaria abaixo da cota estabelecida pelo TSE. A reportagem procurou Gisele e o presidente do partido em Cascavel, Renato Silva. Eles não responderam. Procurado, o PL disse por meio da direção nacional que ""não responde pela eficiência da propaganda de seus candidatos, ou pelos seus respectivos resultados eleitorais. Sobretudo quando se trata de um candidato que disputou a eleição pela primeira vez"". Rosário não foi localizada por meio de seus telefones de contato registrados na Justiça Eleitoral e por email. Apesar de o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, ter se recuperado do impacto do coronavírus, diversos setores ainda amargam perdas relacionadas à pandemia de Covid-19, em especial o de serviços, com destaque para empresas ligadas ao turismo e à educação. Nos últimos 12 meses, Cogna acumula queda de 62%, e Yduqs, de 40%. CVC cai 42,64%, e Gol e Azul, 30,7% e 28,9%, respectivamente. “O consumo cíclico segue desvalorizado e depende da imunização. O país que estiver mais vacinado vai ter uma recuperação da economia mais rápida”, diz Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. Caso a expectativa de uma vacinação em massa em 2021 se concretize, esses ativos poderão ter saltos na valorização, pois estão entre os mais defasados do Ibovespa. “Lojas Renner é a maior pechincha da Bolsa”, diz Luís Fernando Zen, estrategista da Invexa Capital. A varejista acumula queda de 28,3% nos últimos 12 meses e, segundo Zen, está barata com relação ao retorno que pode dar ao investidor. Na mesma lógica, ações de shoppings, construção civil e bancos estão entre as recomendações de especialistas. Como há o risco de a imunização demorar mais do que o previsto, afetando a recuperação econômica, o investidor precisa ficar atento ao noticiário sobre o tema. Caso as perspectivas piorem, as empresas poderão sofrer forte desvalorização. Algumas instituições estão revisando para baixo suas estimativas para a economia brasileira em 2021 dado o atual processo de vacinação e o aumento no número de casos e mortes neste início de ano. A Tendências Consultoria, por exemplo, projeta um crescimento de 2,9% para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, abaixo da mediana do mercado de 3,5% apurada pelo Banco Central na pesquisa Focus. A projeção é a mesma do Santander Brasil, que anteriormente tinha uma estimativa de 3,4%. Na semana passada, o novo presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, afirmou que a instituição projeta uma alta de 4% neste ano, mas que um atraso no plano de vacinação de seis meses, por exemplo, pode reduzir o valor pela metade. O economista José Márcio Camargo, da Genial Investimentos, também está entre os que revisaram a projeção de crescimento do PIB para este ano, de 3,5% para 3%, devido ao avanço da pandemia, mas, em sua avaliação, as perspectivas para o processo de vacinação são positivas. “A retomada depende da vacinação. Ela tem um impacto enorme no crescimento da economia”, afirma Caio Lewkowski, sócio da Tarpon Capital. Para não dependerem apenas da vacinação e da retomada do consumo doméstico, os fundos da Tarpon também investem no agronegócio, que se beneficia do aumento das exportações com o real desvalorizado. ""Investimos em empresas que devem ter desempenho melhor que as concorrentes e que tenham estrutura de capital adequada para passar por momentos em que a atividade econômica não é tão pujante”, afirma Rafael Maisonnave, também sócio da Tarpon. Segundo ele, é importante que o investidor busque empresas com boas margens de lucro, pouco endividadas e com alta previsibilidade de ganhos. O setor elétrico está entre os investimentos da Tarpon justamente pela previsão de renda, já que as empresas do setor têm, geralmente, uma constância no fluxo de caixa. ""Empresas de infraestrutura estão menos expostas à economia real"", diz Maisonnave. Outra aposta é o setor de saúde. ""Cerca de 75% dos brasileiros não têm plano, mas está entre as prioridades, é algo que se deseja"", diz Lewkowski. Ele também cita o impacto da pandemia e do envelhecimento da população como incentivos para a população buscar planos de saúde. No setor, a gestora investe nas operadoras Hapvida e NotreDame Intermédica, que planejam uma fusão. A operação criaria um gigante do setor, impulsionando ainda mais os papéis. A Invexa Capital também vê um potencial de crescimento na adesão de planos de saúde. Outra aposta é no setor de celulose. ""Para uma empresa internacional como a Suzano, questões locais têm pouco impacto. Ela depende mais do dólar"", diz Marcelo Weber, fundador da gestora. A Vale também é vista com bons olhos. ""Este momento da empresa com baixo endividamento e o minério em alta é sensacional."" Empresas de siderurgia e mineração são dependentes da demanda externa, especialmente da China. Como o esperado é uma taxa de crescimento elevada para o país em 2021 —7,9% segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional)—, empresas do setor tendem se favorecer. No setor aéreo, Weber vê uma retomada de Gol e Azul, mas não de Embraer a curto prazo. ""Talvez não seja o grande momento da empresa, pela desistência da Boeing."" A fabricante de aviões brasileira tinha um acordo de venda de sua divisão de aviação comercial para a americana Boeing, que foi desfeito sem aviso prévio em 2020, gerando grande desvalorização nos papéis da Embraer. Bertotti, da Messem, vê boa oportunidade em empresas estatais, cuja privatização fica mais provável com a vitória de Arthur Lira (PP-AL) para liderar a Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para presidir o Senado. Ambos foram apoiados por Jair Bolsonaro (sem partido) e receberam votos em torno da maioria constitucional (60%). Se o apoio se repetir na votação de projetos de privatização, há grande probabilidade de aprovação. A mesma lógica vale para as reformas. O mercado vê uma maior probabilidade no avanço dessa agenda. Nesse cenário, Bertotti aposta na Sabesp e na Eletrobras. “Com a agenda reformista ganhando força, estatais se valorizam.” A expulsão de uma integrante de mandato coletivo da Assembleia Legislativa de São Paulo e a negativa da Câmara Municipal da capital paulista para fornecer segurança a duas covereadoras que denunciaram serem vítimas de atentados escancararam na última semana os problemas de legitimidade causados pela falta de regulamentação das candidaturas em grupo. A destituição da codeputada Raquel Marques (Rede) da Mandata Coletiva da Assembleia depois de acusações de transfobia gerou uma enxurrada de críticas de eleitores que diziam que seus votos foram invalidados. ""Foi um golpe contra nós, que fizemos campanha, apoiamos e votamos na candidatura coletiva"", escreveu nas redes sociais uma usuária. A questão é que Raquel Marques, aos olhos da lei, não é deputada, e sim assessora parlamentar da deputada estadual Mônica Seixas (PSOL). As candidaturas coletivas surgiram em 2018 e se multiplicaram em 2020. Nelas, um grupo de pessoas se candidata em torno de uma mesma plataforma e, em tese, se elege e legisla conjuntamente. Na prática, porém, apenas uma das pessoas do conjunto é de fato parlamentar. ""O mandato no Brasil é personalíssimo. Ou seja, você vota em determinado candidato e ele irá representá-lo, com todas as responsabilidades e também as garantias inerentes ao mandato"", afirma o advogado especialista em direito eleitoral Renato Ribeiro. Segundo ele, a ideia de dar maior horizontalidade às decisões e fazer uma crítica ao que seria um caráter personalista da política é interessante, mas não há formas legais de garantir a legitimidade da eleição dos demais membros dos grupos que não estão inscritos na Justiça Eleitoral como candidatos. Por isso, ele afirma haver poucas chances de integrante que venha a ser expulso conseguir reivindicar seu mandato de maneira legal. ""É uma coisa mais política, simbólica, não tem previsão legal"", diz. Raquel Marques afirmou por meio de sua assessoria que busca uma solução pelo diálogo e que estuda outras possibilidades. A própria candidatura da Mandata Ativista em 2018 teve uma cabeça de chapa definida: Mônica Seixas (PSOL), que se lançou com o nome de urna ""Mônica da Bancada Ativista"". No caso dos grupos candidatos a vereador eleitos em São Paulo em 2020, a mesma coisa. Não foram eleitos o Quilombo Periférico ou a Bancada Feminista. A rigor, o eleitor deu seu voto à Elaine do Quilombo Periférico e à Silvia da Bancada Feminista. São essas pessoas que assumem não só as responsabilidades do mandato dispostas na lei e nos regimentos internos das Casas, como a de votar e falar em plenário, mas também as garantias, como a imunidade parlamentar. Aos codeputados ou covereadores, cabe o papel de, por exemplo, representar o mandato em reuniões com secretários ou com movimentos sociais, dar entrevistas e até participar de audiências públicas, explica a covereadora Paula Nunes (PSOL), parte da Bancada Feminista. ""Mas estamos em contato com outros mandatos coletivos e o que estamos vendo é que isso varia muito entre as Casas, cada lugar está fazendo de um jeito."" Ela diz que todos os membros do grupo sabiam antes de se candidatarem que apenas a titular do mandato poderia exercer certas funções, e que, embora haja um estatuto por escrito, não há no mandato acordo sobre possível expulsão ou destituição de alguma das cinco vereadoras. O problema, afirmaram à Folha pessoas ligadas a partidos que possuem mandatos coletivos, é que nem sempre a campanha deixa claro para o eleitor que ele não está, de fato, dando seu voto para eleger aquela pessoa enquanto parlamentar. ""O mandato coletivo é composto na base do compromisso político"", afirma a professora de direito eleitoral do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) Marilda Silveira. ""Da mesma forma que o presidente da República também se elege com um compromisso de ter certos ministros, mas isso não significa que ele seja obrigado a indicar ou não exonerar aquele ministro."" No caso de Raquel Marques, há um complicador: o mandato é composto por pessoas de diversos partidos, mas é formalmente apenas do PSOL. Membros de partidos participantes dizem que a bancada foi formada à revelia de comandos das siglas e que o fato de ser pluripartidária chegou a gerar desconforto nas bases durante as eleições de 2018. Para a professora Marilda Silveira, falta compreensão sobre o que é o mandato coletivo na sociedade. ""É como se você retirasse o cabo eleitoral das sombras. Alguns tribunais indeferiram registros de candidatura justamente porque o nome dava a entender o contrário. Você não pode fazer isso, transferir pro eleitor a sensação de estar elegendo mais de uma pessoa "", diz. Foi o caso da candidatura de Adevania Carvalho, que teve o pedido de registro de candidatura em Ouricuri (PE) negado pelo ministro Luís Felipe Salomão, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no pleito de 2020, sob a justificativa de que os nomes escolhidos —Coletivo Elas ou Adevania do Coletivo Elas— gerariam dúvidas sobre a titularidade do mandato. Covereadora, Paula Nunes diz que há uma discussão entre os mandatos coletivos sobre ações que possam ser tomadas para diminuir as brechas legais. Ela afirma que os grupos eleitos em 2020 se reúnem periodicamente para trocar experiências sobre os mandatos e que não descartam ingressar, por exemplo, com uma consulta no TSE. Procurado, o TSE afirmou que o tema não tem previsão de ser debatido de maneira ampla no tribunal, pois ""a regulamentação do exercício do mandato parlamentar não é objeto da legislação eleitoral ou atribuição da Justiça Eleitoral"", mas que não há vedação para que ele julgue um eventual caso concreto que chegue à corte. O caminho para o reconhecimento das candidaturas múltiplas pela lei é mais complexo, segundo os especialistas ouvidos. Ambos afirmaram que seria necessário mudar a Constituição. ""O nosso texto constitucional trata as candidaturas como individuais, não tem outra alternativa. Isso pode mudar, por meio de uma PEC [proposta de emenda à Constituição]"", diz Silveira. Além disso, Ribeiro vê com preocupação a possibilidade de estender direitos políticos a mais de uma pessoa por chapa. ""O parlamentar não tem só responsabilidades, tem garantias também, como a imunidade parlamentar. Você pode gerar um risco jurídico imenso, a pessoa cometer um crime e dizer 'ah, mas eu sou codeputado'"", diz. Há na Câmara dos Deputados uma proposição que tramita desde 2017 e que pretende legislar sobre o tema. Atualmente, a PEC 379/2017 está parada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), etapa inicial da tramitação, e não há previsão para que se movimente em direção ao plenário, onde precisaria de pelo menos 308 votos em dois turnos para ser aprovada. A questão de legitimidade política não é a única controvérsia gerada pela falta de regulação. A Procuradoria da Câmara Municipal de São Paulo afirmou não reconhecer a existência de covereadoras na legislatura municipal, informou o Painel na última quinta-feira (4). Por isso, não estendeu às integrantes de mandatos coletivos Carolina Iara (PSOL) e Samara Sosthenes (PSOL), que denunciaram terem sofrido atentados, a escolta concedida a Erika Hilton (PSOL), vereadora titular. O Legislativo diz não ter recursos para fornecer guardas para a segurança de funcionários da Câmara, categoria em que formalmente são enquadradas. A professora do IDP contesta a posição da Câmara e diz que ""nada impede que a administração pública dê proteção para funcionários que estão sob ameaça"". ""Isso é mais comum para titulares de mandato, mas se é possível escoltar um fiscal da vigilância sanitária, é possível escoltar um funcionário comissionado de gabinete"", afirma. Procurado, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o partido busca alternativas para conferir proteção às covereadoras. ""Exigimos que o poder público assuma a responsabilidade de proteger todas as covereadoras, independente de quem seja a titular."" A quinta eliminação de representante sul-americano em semifinal de Mundial de Clubes pode ter sido uma das mais doloridas, mas certamente não a mais vexatória. O Palmeiras viveu maratona física e emocional por 31 dias. Entre 30 de dezembro e 30 de janeiro, disputou dez partidas, quatro de mata-mata, três clássicos seguidos. Estreou no Mundial oito dias depois da conquista da Libertadores, esgotado. Além disso, enfrentou um adversário forte, quatro vezes campeão mexicano e uma vez continental nos últimos cinco anos. O mundo sabia que seria muito difícil. Verdade também que o Palmeiras tem questões táticas para aprimorar, que Marcos Rocha deu espaço de sobra às suas costas e Luan cometeu pênalti tolo. A eliminação na semifinal não deve tirar a alegria da conquista da Libertadores, apesar da frustração evidente. Contra o Tigres, sabia-se da força de Gignac como centroavante. O técnico brasileiro naturalizado mexicano Tuca Ferretti acrescentou o paraguaio Carlos González à grande área. Foi sua a cabeçada aos três minutos, que obrigou cedo Weverton a espalmar para escanteio. Também foi de González o giro sobre Luan, em que o zagueiro brasileiro cometeu pênalti. Marcos Rocha sofreu muito para marcar o colombiano Luis Quiñones. Além disso, apareceu a dificuldade recente de o Palmeiras manter a bola sob seu domínio, no campo de ataque. Gabriel Menino jogou menos do que pode, Danilo e Zé Rafael erraram passes fáceis, mas o principal problema foi a ausência de desarmes na intermediária. Nos melhores jogos sob o comando de Abel Ferreira, o Palmeiras pressionou o homem da saída de bola na intermediária, desarmou e usou a velocidade a seu favor. Contra o Tigres, o Palmeiras roubou apenas uma vez na altura do meio de campo. Também pela qualidade de saída de jogo dos mexicanos, com Rafael Carioca e Guido Pizarro controlando o primeiro passe e distribuindo para os lados do campo, especialmente para Quiñones ganhar o duelo com Marcos Rocha. Não existem aqui heróis ou vilões. Existe um time campeão da Libertadores e escalado oito dias depois para a maior decisão em 21 anos da história palmeirense. O ano da pandemia, da diminuição de 25% da folha de pagamento, do lançamento de 12 jogadores da base pela primeira vez na história do clube. Tudo isso aumentou o peso nas costas. Taticamente, o Palmeiras tem trabalho excelente de Abel Ferreira, para ser mantido por mais um ano. Com mais fôlego, a marcação em bloco médio, a velocidade, a mescla com jogo de mais posse de bola dará mais resultados. O amadurecimento dessa geração também fará um time mais forte. E, principalmente, um calendário mais racional, em que não se jogue dez vezes no intervalo de 31 dias antes de chegar à semifinal do Mundial de Clubes, poderá fazer voltar a ter chance de conquistar o título dos sonhos. Também não se perca de vista que, depois da Sentença Bosman, o Mundial de Clubes ficou completamente desigual. Não com os mexicanos, mas com os europeus. Até 1995, eram 19 troféus da América contra 14 da Europa. Depois disso, nos Mundiais oficiais da Fifa, são 12 troféus da Europa e 4 sul-americanos. O Liverpool cai de produção e se distancia do bicampeonato inglês. Sinal de que nem Jürgen Klopp consegue sucesso todo dia. Guardiola não ganhou o título do ano passado, mas melhorou sua equipe, que saiu da 13ª colocação para a liderança. O São Paulo pensa em técnico português, talvez argentino, ainda não projetou brasileiro. Pode sofrer pelo preço. Esteve perto de Miguel Ángel Ramírez, com compromisso com o Internacional. Mas não pode se esquecer que a mudança tem de ser do clube, não só do técnico. “Malcolm & Marie” lembra a observação de Jorge Luis Borges segundo a qual, em vez de escrever romances, preferia imaginar um romance já escrito e então fazer a sua crítica. Nos primeiros minutos é assim —Malcolm, jovem diretor negro, volta da estreia de seu filme, e comenta sua recepção com amargo sarcasmo. Ele se refere aos críticos que o parabenizaram após a sessão, elogiando a maneira como mostrou a situação dos negros nos Estados Unidos etc. Não é nada disso, diz ele. Por que supõem que um negro só pode falar como negro? Ou por que acreditam que um negro não é um homem como qualquer outro e não pode falar como tal? Esse esforço para ser, a um só tempo, autor e espectador, para controlar o filme, mas também a recepção do filme, já dá ideia do narcisismo quase infinito de nosso herói. O contraponto aparece na pessoa de Marie, sua mulher. Ela não parece nada satisfeita por Malcolm ter usado, ao menos em boa parte, sua história pessoal, mas na hora ter usado outra atriz. Começam as trocas de acusações e os dramas de casais. Essas discussões sem fim, que giram em torno de tudo e nada. Os diálogos e monólogos do roteirista Sam Levinson são inteligentes o bastante para que o espectador abandone a discussão. Na linha de Tennessee Williams e outros dramaturgos dos Estados Unidos do pós-guerra. Quanto a Sam Levinson, o diretor, as impressões são mistas. As primeiras cenas, com o exaltado Malcolm atravessando a sala e outra sala da mansão em que agora vivem, indo e voltando, acompanhado por uma câmera colocada do lado de fora da casa fazem pensar em um estilismo estilista, quer dizer, numa busca de estilo que se esgota em si mesma. O preto e branco reforça essa ideia. Não os planos longos. Esses procuram acompanhar o movimento e a reflexão dos personagens sem cortar-lhes o ritmo a troco de nada. Então, talvez, nem tão estilista assim: prático, antes. Assim varia a impressão do espectador diante do filme. Diante dos argumentos de Marie percebe-se facilmente o quanto Malcolm é narcisista, não consegue sair de si mesmo, eventualmente um sanguessuga. Mas quando Marie se manifesta, por palavras e gestos, bem, talvez ele tenha alguma razão: ela se sabota etc. Em alguns planos, a beleza e a eficácia se igualam. A luz não vem quase o tempo todo detestavelmente de trás, como em alguns preto e branco recentes (“Mank”, “Filmando Casablanca”). No entanto, a reivindicação de Malcolm contra os críticos (em linhas gerais: por que ele seria um “novo Spike Lee”, mas nunca um “novo William Wyler”?) se aplique ao filme. “Malcom & Marie” tem essa exuberância que tanto impressionou aos contemporâneos dos filmes de Wyler, mas depois os tornou esquecíveis. O tempo dirá se resiste. Mas Levinson é um cineasta a seguir, sobretudo porque o filme não se esgota em brigas de casal circulares, com suas crueldades e recuos. Parece central a franqueza e a frequência com que Malcolm (sobretudo) repete para Marie a expressão: “Eu tem amo”. Mas a essa altura o espectador já está diante de outra questão que o filme propõe, talvez a mais interessante: afinal, o que é o amor entre duas pessoas? Por falar em duas pessoas, os dois atores do filme —John David Washington e —Zendaya são ótimos e bem dirigidos. Não só com palavras, mas com gestos também, tornam perfeitamente secundário o fato de só haver dois atores em cena. Por fim: esse é mais um exemplo de como Netflix privilegia distribuir filmes médios (ou pequenos), ao contrário da Amazon, por exemplo, onde parece que o mundo está sempre vindo abaixo a poder de efeitos especiais. Joe Biden é o primeiro presidente dos Estados Unidos a se opor abertamente à pena capital. Não é pouca coisa. Nos últimos 40 anos, o país executou em média 1 condenado a cada 10 dias. A maior parte da população ainda é a favor. Em julho de 2019, sem medo de perder votos, Biden tuitava: “Precisamos eliminar a pena de morte”. Neste assunto, até Barack Obama fraquejou. Se a pena de morte o incomodava “profundamente”, ele compreendia sua aplicação para punir crimes hediondos. A coragem de Biden se apoia em ventos favoráveis à abolição. A série histórica de pesquisas do Gallup registra que 80% dos norte-americanos eram favoráveis à pena de morte em 1994; em 2020, essa maioria favorável era de 55%. O instituto detectou em 2019 uma marca inédita: 60% da população preferindo a prisão perpétua ao teatro das execuções. Cresce também a percepção da falibilidade do sistema. Em 2020, seis prisioneiros deixaram o corredor da morte pelo reconhecimento (em tempo) de erros judiciários. Mesmo entre conservadores o apoio enfraquece. Por razões ideológicas, abolição significa “menos governo”, mais responsabilidade fiscal (os processos que envolvem pena de morte são muito mais dispendiosos) e mais cultura da vida. O fato é que o número de execuções vem diminuindo sistematicamente desde 2000, quando foram executados 85 prisioneiros. Em 2009, ano da posse de Obama, foram executados 52, e, em 2017, ano da posse de Donald Trump, foram 23 execuções (todas impostas em âmbito estadual). Em 2020, seriam só sete, ordenadas por Texas (três), Missouri, Tennessee, Alabama e Georgia, mas Trump resolveu ordenar mais 10 execuções. Trump é o ponto fora da curva no processo civilizatório. Sinistro, rompeu a moratória informal que vigorava desde 2003 e permitiu, a partir de julho de 2020 (na disputa eleitoral), a execução de 13 réus condenados pela jurisdição federal — três deles em janeiro de 2021, dias antes da posse de Biden. Lisa Montgomery foi a primeira mulher executada sob jurisdição federal desde 1953. São crimes federais com previsão de pena capital, entre outros, homicídios de agentes de segurança e de presos federais, assassinatos por motivo político ou relacionados a terrorismo, espionagem, traição e tráfico de drogas. A pena de morte não acaba pela vontade unilateral de Biden. É uma questão essencialmente estadual, mas a sua atuação pode ser decisiva. Um grupo de deputados democratas se movimenta para apresentar ao Congresso projeto de lei abolindo a pena de morte na esfera federal. Movimentos civis reivindicam a comutação imediata da pena de 49 prisioneiros (21 brancos, 20 negros, sete latinos e um asiático) que aguardam execução de sentenças federais. A expectativa é que o Departamento de Justiça deixe de postular a pena em processos futuros. Enquanto o Brasil vê a renovação do sombrio governo de Jair Bolsonaro e seus capangas, com o Poder Legislativo aparentemente submisso e a Câmara dos Deputados entregue ao cangaço, a administração Biden emite sinais iluministas. A ousadia política em relação às mudanças climáticas em um país movido a petróleo e carvão, a oposição ao racismo, a reunificação das famílias de migrantes latinos, criminosamente desfeitas por Trump, a constituição de um gabinete que atende os mais rigorosos critérios de diversidade, assim como a expectativa em torno da abolição da pena capital, são motivos de sincera e compreensível inveja. A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB) vai abrir neste sábado (6) 82 AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais) /UBSs (Unidades Básicas de Saúde) integradas para vacinação de idosos com idade a partir de 90 anos contra o novo coronavírus. O horário de funcionamento é das 7h às 19h. A orientação é que o idoso vá até o posto de saúde mais perto de casa e apresente o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas), a carteira de vacinação e o cartão SUS, se tiver —o documento não é obrigatório. A vacinação de idosos nesta faixa etária, que estava programada para ter início na segunda-feira (8), foi antecipada para esta sexta (5) em 468 unidades básicas de saúde. Neste primeiro dia, foramvacinadas 12 mil pessoas Nesta segunda-feira começam a funcionar os cinco pontos de drive-thru (quando a pessoa não precisa sair do carro para ser vacinada) instalados nos estádios do Corinthians (Neo Química Arena), Pacaembu, Anhembi, autódromo de Interlagos e igreja Boas Novas. Na próxima quinta-feira (11), será a vez de pessoas acima de 85 anos e profissionais de saúde com idade acima de 60 anos. As AMAS/UBSs funcionam de segunda a sábado, das 7h às 19h Centro Leste Norte Oeste Sudeste Sul Fonte: Secretaria Municipal da Saúde Em setembro de 1918, o navio britânico Demerara, vindo de Lisboa, desembarcou em Recife. Trazia cargas e passageiros, como de hábito, mas também o vírus da gripe espanhola. De lá foi para Salvador e Rio de Janeiro. Em pouco tempo, a doença que infectou um quarto da população mundial à época se alastrava pelo Brasil. No interior paulista, anunciava-se a solução à boca miúda: suco de limão, alho, mel e, para potencializar o efeito da mistura, cachaça. Era uma cloroquina raiz, autêntica, há muito receitada contra a gripe comum. Se não curava, ao menos levantava os ânimos. Poções mágicas bem semelhantes foram usadas também para combater a febre amarela e a cólera. Debelada a gripe espanhola, que levou consigo de 17 a 100 milhões de vidas —as estimativas variam muito por conta de fatores como a Primeira Guerra Mundial— aquele remédio caipira ganhou nova coloração, mais prazerosa: o açúcar, mais fácil de encontrar, substituiu o mel e, em lugar do alho, não mais necessário, gelo para espantar o calor. Há outras histórias sobre a origem do drinque nacional por excelência. De acordo com o historiador Luís da Câmara Cascudo, no século 19, fazendeiros da região canavieira de Piracicaba teriam criado o coquetel, então servido em grandes eventos, como alternativa para o uísque e vinho europeus. Outra versão conta que muito antes, em Paraty, marinheiros usavam essa mistura para combater o escorbuto. Há quem diga até que a inventora da nossa caipirinha foi Carlota Joaquina (1775-1830), que era bem chegada numa caninha. Mas foi mesmo na Semana de Arte de 22 (que faz 99 anos em 11 de fevereiro) que a bebida ganhou o status que tem hoje. Como símbolo de brasilidade, o ex-remédio foi o drinque oficial do evento, assim como a cachaça. Os artistas de outros estados trataram de espalhar a boa nova pelo país. Nos anos seguintes, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, que se casariam em 1926, promoveram em Paris vários encontros com pintores e escritores da vanguarda europeia. A comida era a nossa feijoada. E a bebida, claro, a caipirinha. Assim, o manifesto antropofágico estava etílica e gastromicamente bem representado. Detalhe curioso: a cachaça tinha de passar pela alfândega francesa em frascos de perfume. Picasso se revelou um entusiasta. É tentador imaginá-lo com sua caipirinha numa mão e, com a outra, desenhando touros e mulheres nuas em um de seus cadernos eróticos. Aliás, Oswald escreveu em seu diário: “Trago rapadura de cidra e uma alma pré-homérica cheia de pinga com limão. Positivamente amanhece na vida.” Feijoadas com caipirinha passaram a ocupar os almoços às quartas e sábados de pós-homéricos brasileiros (existem também os porres homéricos, mas essa é outra história). Chico Buarque, Ulisses das nossas letras, elevou a evocação oswaldiana à condição de samba obra-prima: ""Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão/e vamos botar água no feijão"", cantou em sua ""Feijoada Completa"". Uca é um dos inúmeros sinônimos de cachaça existentes no país. Jô Soares foi mais longe e fez do caro Watson o inventor da caipirinha. A cena aparece no livro ""O Xangô de Baker Street"" e no filme de mesmo nome. O baixinho Watson está com Sherlock Holmes numa tasca brasileira. Receoso de que seu amigo não tolere a pinga pura, sugere colocar um limãozinho aqui, um pouco de açúcar ali e gelo. Estava feita a caipirinha, para espanto do taberneiro. Aviso aos navegadores afoitos: com esse nome, seja qual for a origem, o coquetel brasileiro mais pedido no mundo é feito com cachaça e limão. Essa é a caipirinha. O resto —e tem muito resto!— pode ser bom, mas não é caipirinha, que tem até decreto oficial para não deixar dúvida quanto aos seus componentes e proporções. Caipiroska, caipiríssima, sakerinha, de kiwi, abacaxi, caju, cajá, o que for, são derivados às vezes muito distantes do original. Elementar. Ingredientes Passo a passo Corte o limão em quatro e tire o miolo. Ponha três pedaços do limão num copo comum, acrescente o açúcar e 30 ml de cachaça. Com um socador, macere o limão para liberar o suco. Coloque gelo (não use gelo moído) e complete com 30 ml de cachaça. Mexa levemente. Depois dos profissionais de saúde, que ainda estão sendo vacinados, capitais brasileiras começaram já no final de janeiro ou iniciarão em breve a vacinação de idosos contra a Covid-19. Em São Paulo, a campanha para idosos foi antecipada para a sexta-feira (5). Das capitais brasileiras, apenas Natal ainda não anunciou data para a imunização de idosos em geral. Os que estão acamados em casa, com idade acima de 75 anos, começaram a ser imunizados na quarta (10). Ainda será anunciada a data para idosos em geral, começando a partir de 90 anos. Uma das últimas a anunciar cronograma, Macapá começa a vacinação neste sábado (13) para pessoas acima de 85 anos. Devem ser vacinados 3.203 idosos, sendo 600 deles acamados, que receberão a vacina em domicílio. A imunização das demais faixas etárias, no entanto, depende da chegada de mais doses de vacina. As capitais do Sul começaram a imunização. Em Curitiba, ela foi direcionada para pessoas com 95 anos ou mais, na quarta; na quinta (11), para aquelas com 93 anos ou mais; e na sexta (12), para os idosos de 90 anos ou mais. Em Florianópolis, a prefeitura espera imunizar todo o grupo de pessoas com 90 anos ou mais em três dias. A aplicação ocorrerá na residência dos idosos, por isso as equipes de saúde entrarão em contato para realizar o agendamento. Já em Porto Alegre, as doses também serão aplicadas em idosos com 85 anos ou mais. A imunização começou para pessoas com 90 anos ou mais, na quarta. Na quinta-feira, serão vacinados idosos com 87 anos ou mais e, na sexta-feira, com 85 anos ou mais. Em Belo Horizonte, a vacinação para idosos a partir de 89 anos (completados até 28 de fevereiro) começou nesta segunda (8). Para ter acesso à vacina, a pessoa deve realizar cadastro pelo site da prefeitura ou pelo telefone 156. Segundo a prefeitura, até o início da tarde de segunda já haviam sido realizados 7.000 cadastros. Uma das capitais mais adiantadas, Recife iniciou a imunização a partir de 85 anos no dia 26 de janeiro. Não há previsão para divulgação de novo cronograma por faixas etárias. Até o dia 7 de fevereiro 1º de fevereiro, 14.490 9.533 pessoas nessa faixa etária haviam recebido o imunizante produzido pela Oxford/AstraZeneca na capital pernambucana. No total, incluindo profissionais da saúde, idosos com mais de 60 anos em asilos e pessoas com deficiência em casas inclusivas, 37.434 25.706 recifenses foram vacinados. No dia 27 de janeiro, foi a vez de Fortaleza, que escolheu dar a vacina a partir de uma faixa etária menor: a imunização foi aberta a pessoas a partir de 75 anos, mas aquelas com idade superior tinham prioridade na fila. Na terça (2), a prefeitura iniciou a vacinação na modalidade drive-thru, mas também mediante cadastro prévio. Dois dias depois, Manaus, que protagonizou cenas de falta de oxigênio nas unidades de saúde no início do ano, começou a imunizar pessoas com mais de 80 anos. Salvador iniciou na segunda (8) a vacinação contra a Covid-19 para idosos a partir de 85 anos. A vacinação está sendo feita em postos de saúde e em drive-thru. Idosos com dificuldade de locomoção podem agendar para fazer a imunização em casa. Na última semana, idosos passaram a receber a vacina contra o coronavírus em capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Rio Branco, Boa Vista e Porto Velho. A capital de Rondônia enfrenta colapso na saúde e precisou transferir pacientes para outros estados, mas mesmo assim se encontra com 100% dos leitos ocupados nesta semana. No Rio, a vacinação dos idosos de 75 anos ou mais começou no dia 1 e deve ser concluída até o fim de fevereiro. Cada semana do mês inclui uma faixa etária, e cada dia corresponde a uma idade. Na primeira semana foi a vez dos idosos de 90 anos ou mais, na segunda, dos de 85 anos ou mais, e assim por diante. Em março, a prefeitura quer aplicar as doses nos cariocas a partir de 60 anos, mas isso ainda dependerá do recebimento de novas remessas. Seguindo a ordem de prioridades, o Rio também já vacinou grupos como profissionais de saúde (da linha de frente e acima de 60 anos), idosos asilados e indígenas aldeados. A vacinação contra a Covid-19 no Distrito Federal foi ampliada nesta terça-feira (9) para pessoas com 79 anos ou mais. São aguardados 6.170 idosos com essa faixa etária para receber o imunizante. De acordo com o governo do Distrito Federal, a intenção era vacinar pessoas a partir dos 75 anos. No entanto, não recebeu um quantitativo suficiente de doses do Ministério da Saúde. O grupo será atendido em 30 unidades básicas de saúde, na policlínica do Lago Sul, em duas quadras poliesportivas e em pontos de drive-thru. O Distrito Federal já vacinou 101.133 pessoas com a primeira dose da vacina até às 19h desta segunda-feira (8). Até o momento, 466 pessoas já receberam a segunda dose do imunizante. Em Cuiabá, a vacinação para pessoas com 90 anos ou mais começou na quarta-feira (10). O estado recebeu uma nova remessa de doses da Coronavac, nesta terça, mas ainda está alinhando como irá funcionar a vacinação. ONDE JÁ COMEÇOU OU VAI COMEÇAR A VACINAÇÃO DE IDOSOS Sudeste São Paulo: Vacinação de pessoas com 90 anos ou mais começou no dia 5 de, para pessoas acima de 85 anos, começará no dia 15 Rio de Janeiro: a partir de 90 anos, até 6.fev; a partir de 85 anos, de 8 a 13.fev; a partir de 80 anos, de 15 a 20.fev; a partir de 75 anos, de 22 a 27.fev; a partir de 60 anos, em março (previsão) Belo Horizonte: começou a vacinar idosos a partir de 89 anos (completados até 28 de fevereiro) na segunda (8). Para ter acesso à vacina é preciso fazer cadastro no site da prefeitura ou pelo telefone 156 https://prefeitura.pbh.gov.br/campanha-de-vacinacao-contra-covid-19 Vitória: Pessoas com 90 anos ou mais, a partir de sexta (5). O atendimento é feito com agendamento online ou com marcação por telefone para unidades de saúde próximas ao local de residência https://www.vitoria.es.gov.br/vacinometro Sul Curitiba: 95 anos ou mais (dia 10); 93 anos ou mais (dia 11); 90 anos ou mais (dia 12). https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/veja-como-chegar-aos-pontos-de-drive-thru-e-os-procedimentos-para-vacinacao/57893 Florianópolis: 90 anos ou mais (a partir do dia 10). https://www.pmf.sc.gov.br/noticias/index.php?pagina=notpagina¬i=22884 Porto Alegre: 90 anos ou mais (dia 10); 87 anos ou mais (dia 11); 85 anos ou mais (dia 12). https://prefeitura.poa.br/sms/noticias/covid-19-calendario-de-vacinacao-para-idosos-comeca-nesta-quarta-feira Nordeste Recife: Vacinação de pessoas com mais de 85 anos iniciada no dia 26 de janeiro. A partir desta sexta (12), para aqueles a partir de 80 anos Fortaleza: Desde o dia 27 de janeiro, idosos acima de 75 anos são vacinados mediante cadastramento prévio. Os mais idosos têm prioridade. https://vacineja.sepog.fortaleza.ce.gov.br/ Salvador: A partir de segunda (8) começou a imunizar idosos com mais de 85 anos. Sem previsão para as outras faixas etárias http://www.saude.salvador.ba.gov.br Aracaju: Idosos acima de 90 anos começam a ser vacinados a partir desta quarta (10) https://www.aracaju.se.gov.br/saude/ Natal: Começou na quarta (10) a vacinar idosos acima de 75 anos acamados em casa. Ainda não anunciou data para idosos em geral coronavírus.natal.rn.gov.br São Luís: Desde o dia 30 de janeiro para pessoas com mais de 75 anos https://www.saoluis.ma.gov.br/vacinasaoluis Teresina: Começou a vacinar idosos a partir de 80 anos na terça (9). Sem precisão para as demais faixas etárias. João Pessoa: idosos com mais de 90 anos começaram a ser vacinados na terça (9). Pessoas com mais de 80 anos que estejam acamadas também estão recebendo o imunizante. Sem data para demais grupos etários https://transparencia.joaopessoa.pb.gov.br/#/covid-vacinacao/lista Maceió: começou na terça (9) a vacinar idosos com 83 e 84 anos. Entre os dias 28 de janeiro e 3 de fevereiro, foram imunizadas pessoas com mais de 85 anos. Não há previsão de cronograma para outros grupos etários. Norte Manaus: acima de 80 anos a partir de 29 de janeiro; 75 a 79 anos a partir de 31 de janeiro; 70 a 74 anos a partir de 5 de fevereiro; não há previsão para os grupos seguintes https://vacinometro.manaus.am.gov.br/view/ Belém: idosos acima de 85 anos a partir de quarta (3); não há previsão para início da vacinação das demais faixas etárias Rio Branco: pessoas acima de 80 anos acamados a partir de terça (2); não há previsão para o início da vacinação nos demais grupos etários Porto Velho: Vacinação de idosos com mais de 80 anos iniciada nesta terça (2). Sem previsão para cronograma por faixas etárias Boa Vista: Vacinação de pessoas com mais de 90 anos iniciada nesta quarta (3). Sem previsão para cronograma por faixas etárias Macapá: idosos de 85 anos ou mais a partir do sábado (13); não há previsão para demais grupos etários http://vacinometro.macapa.ap.gov.br/ Palmas: idosos de 80 anos ou mais a partir de quinta (11); não há previsão para as demais faixas etárias https://coronavirus.palmas.to.gov.br/ Centro-Oeste Campo Grande: a partir de 99 anos, dia 1º; a partir de 98 anos, dia 2; 97, 96, 95 e 94 anos, dia 3; 93 e 92 anos, dia 4; 91 e 90 anos, dia 5; todas as pessoas a partir de 90 anos, dia 6; 89 e 88 anos, dia 8; 87 e 86 anos, dia 9; 85 e 84 anos, dia 10; 83 e 82 anos, dia 11; 81 e 80 anos, dia 12; todas as pessoas a partir de 80 anos, dia 13. http://www.campogrande.ms.gov.br/cgnoticias/noticias/prefeitura-inaugura-sistema-drive-thru-para-vacinacao-de-idosos-contra-a-covid-19/ Distrito Federal: ampliou na terça (9) a vacinação para acima de 79 anos Goiânia: idoso acima de 60 anos acamados a partir de terça (9); idosos acima de 85 anos a partir de quarta (10); não há previsão para os outros grupos etários https://www.goiania.go.gov.br/imunizagyn/ Cuiabá: começou a vacinação de idosos a partir de 85 anos na quinta (11), com agendamento pelo site. Ainda será definida a estratégia para idosos acamados ou que não conseguirem realizar o cadastro on-line https://vacina.cuiaba.mt.gov.br/ O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reuniu assinaturas suficientes para protocolar um pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia da Covid-19. O requerimento conta com 31 assinaturas, acima das 27 necessárias para protocolar o pedido. O documento foi registrado na manhã desta quinta-feira (4). Agora cabe ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidir se instaura ou não a CPI. Sem mencionar a possibilidade de uma CPI, Pacheco e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), divulgaram uma carta na terça-feira com as prioridades do Congresso, na qual afirmam que o Congresso deve ser neste momento “sinônimo de solução, e não de problemas para que o povo brasileiro possa ultrapassar esse drama tão pungente e doloroso da forma mais rápida e com os menos danos”. Nesta quinta-feira, antes de chegar à sessão plenária, Pacheco afirmou que ainda não analisou os termos do requerimento, mas que faria após a atividade legislativa, para verificar se preenchem os requisitos para instalar a comissão. ""Eu soube do requerimento da CPI, das assinaturas, mas ainda não examinei. Mas vou examiná-lo assim que terminar a sessão, junta com a assessoria"", afirmou. ""É importante haver toda e qualquer discussão que seja em torno da pandemia. É importante que haja. Vamos avaliar só os requisitos próprios da CPI para saber se é o caso de instalá-la ou não"", completou. Assinam o requerimento parlamentares de partidos como PT, PSB, Podemos, PSDB, PDT, PSD, Rede, PSL, Cidadania, PROS e MDB. Além de praticamente toda a oposição, também assinaram o documento senadores que costumam votar com o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em muitos temas, como o líder do MDB, Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). A candidata derrotada à presidência do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), também subscreveu o requerimento. O requerimento de Randolfe afirma que o governo federal tem violado direitos fundamentais básicos e que o Brasil tem dado “péssimo exemplo” no enfrentamento à pandemia. A gestão Bolsonaro, afirma o texto, tem deixado de “maneira irresponsável” de seguir as normas sanitárias das principais organizações de saúde do mundo. “O governo Bolsonaro parece ter optado por lavar as mãos e se omitir, incentivando até mesmo tratamentos sem nenhuma evidência científica, além de atrapalhar os esforços de prefeitos e governadores”. O documento também afirma que o governo buscou retardar o processo de aquisição de vacinas e desacreditar as imunizações, por conta de disputa ideológica e política. E também cita como exemplo de má gestão a situação de Manaus, duramente afetada pela segunda onda da pandemia. “É preciso analisar com urgência a grave omissão do governo federal, que foi alertado de que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus quatro dias antes da crise, mas nada fez para prevenir o colapso do SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirma o texto. O estado do Amazonas enfrenta atualmente a segunda onda da Covid-19, que já resultou no colapso do sistema público de saúde. Pacientes enfrentaram problemas com a falta de tubos de oxigênio, com muitos vindo a morrer. Muitas pessoas foram transferidas para outras capitais, como São Luís e Brasília, por conta da falta de estrutura local. Segundo o balanço mais recente divulgado pelo consórcio de veículos de imprensa, na noite de quarta-feira, o Brasil contabiliza até o momento 227 mil mortes em decorrência do novo coronavírus. A região Norte, com UTIs lotadas em Porto Velho e Manaus, reflete a preocupação com a alta de pacientes graves internados no país. Oito capitais brasileiras estão com mais de 80% de seus leitos de UTI para a Covid-19 ocupados, segundo levantamento da Folha com os governos estaduais. A história do trabalhador marítimo José Azevedo Melo, 57, resume a situação limite em Porto Velho, que chegou a transferir às pressas pacientes para outros estados, e em Manaus, com falta de oxigênio nas unidades de saúde no início do ano. Melo esperou cinco dias para conseguir ser transferido da Upa Sul de Porto Velho para a UTI do hospital Regina Pacis, administrado pelo governo de Rondônia. Com o quadro bastante grave, ele não resistiu e morreu um dia depois de acessar a vaga de UTI. Morador de Manaus, trabalhava numa balsa que fazia o trecho entre Amazonas e Rondônia. De acordo com familiares, contraiu a Covid-19 no trabalho e, com o sistema de saúde de Manaus em colapso, foi atendido em Porto Velho. No dia 23 de janeiro, ele deu entrada na Upa com cansaço. Foi direto para o oxigênio. Um dia depois, precisou ser intubado. Os médicos informaram à família que ele precisava ser transferido imediatamente para uma UTI, mas não havia mais vagas na rede pública. “Só conseguimos vaga no dia 29 de janeiro. Ele não resistiu e morreu. A demora na transferência agravou muito a situação. O pulmão já estava bastante prejudicado”, disse o filho Davi Nobre Melo, que chegou a mandar mensagens para servidores do Ministério da Saúde relatando o drama vivido pelo pai. O sistema de saúde de Rondônia segue em colapso. Todos os 151 leitos de UTI para a Covid-19 da rede pública na capital estão ocupados. Pacientes chegam a esperar até uma semana para acessar uma vaga. Sem espaço para todos, uma parte dos infectados está sendo encaminhada para outros estados. Desde o dia 25 de janeiro, 42 doentes com sintomas da Covid-19 foram transferidos para Porto Alegre, Curitiba, Campo Grande e Cuiabá. Deste total, 12 deles necessitavam de cuidados intensivos e foram levados em UTI aérea. Nesta semana, 22 leitos de UTI/Covid-19 foram ativados na rede estadual. Todos eles foram ocupados imediatamente. O estado encontra dificuldade de abrir mais vagas de UTI porque não há médicos intensivistas disponíveis. Diante da gravidade da situação, o Ministério Público Federal solicitou a antecipação da formatura de alunos de Medicina de Rondônia para atuarem na linha de frente. Em Manaus, 366 dos 379 leitos de UTI da rede pública estão ocupados, uma taxa de 96%. O maior gargalo é no atendimento ao público adulto em geral, setor em que a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 101%: há 285 leitos disponíveis e 288 pacientes internados. Com a crise de oxigênio nas unidades de saúde temporariamente estabilizada e com limitações da capacidade de atendimento, o maior problema no Amazonas agora é a falta de leitos. Na última segunda (1), a fila da transferência para um leito nas unidades de referência da capital tinha 568 pessoas, 120 delas à espera de uma vaga na UTI. Para desafogar a rede estadual de saúde, o Ministério da Saúde informou que 1.500 pacientes precisam ser transferidos dos hospitais de Manaus para unidades de saúde de outros estados brasileiros. Até esta terça (2) foram transferidos pouco mais de 400 pacientes. No Rio de Janeiro, o número de internações vem diminuindo nas últimas semanas, segundo especialistas devido ao encerramento das festas de fim de ano. Nesta segunda, 65% das UTIs públicas estavam cheias no estado, e a média de espera por um leito era de seis horas em média. Na capital, porém, o índice era maior: 87%. No Nordeste, o Ceará enfrenta um aumento no número de casos da Covid-19 e de hospitalizações em decorrência da doença e atingiu a marca de 87% dos leitos públicos de terapia intensiva ocupados nesta segunda-feira (2). No estado de São Paulo, das primeiras semanas de janeiro até o primeiro dia de fevereiro houve um aumento de cerca de 9% nas UTIs (a média móvel de sete dias delas passou de 8.098 para 8.844) disponibilizadas para pacientes com Covid-19, com leve oscilação para cima de ocupação. Levando em conta só a capital paulista, o número de UTIs para Covid cresceu pouco mais de 4% (a média móvel de leitos foi de 2.957 para 3.091) e a ocupação também sofreu leve oscilação para cima. Janeiro foi o mês com mais casos de Covid-19 (310.727) no estado de São Paulo desde o início da pandemia, com o mesmo se repetindo para o país como um todo. O estado também registrou 6.237 mortes nesse período. Algumas cidades do interior do estado, já nas primeiras semanas de janeiro, registraram recordes de casos da doença. Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e outros municípios viram suas ocupações de UTI superarem os 70% --alguns chegaram a 100%-- no mês. Em Pernambuco, o número de pacientes permanece muito elevado. Nesta segunda-feira (1), havia 832 doentes graves recebendo cuidados intensivos. A taxa de ocupação dos leitos, mesmo com ampliação contínua da oferta, é de 84%. A situação da UTI no Maranhão piorou, especialmente nas proximidades das capitais. Na região de São Luís, aumentou o total de leitos, de 89 para 111 desde 11 de janeiro, com a ocupação subindo de 66% para 84%, enquanto em Teresina o percentual de utilizados foi de 49% para 75%. Nesta terça-feira (2), o governador Flávio Dino (PCdoB) descartou a imposição de um novo lockdown no estado, mesmo com o crescimento de casos constatados. Ele prometeu ampliar os leitos e tomar outras providências. Defensores públicos haviam pedido novas medidas de isolamento social. Na região Sul, Santa Catarina diminuiu a taxa de ocupação de quase 80% para 73% nas últimas semanas. Oito regiões do estado estão classificadas com risco potencial gravíssimo para a Covid-19, outras sete aparecem no nível grave da pandemia e uma região está em risco alto para a doença. A capital Florianópolis, que aparece com risco grave no mapa do estado, está com 82% das UTIs ocupadas – percentual um pouco acima do registrado no último levantamento, de 75%. Algumas escolas particulares da cidade retomaram as aulas presenciais nesta segunda-feira (1º). As instituições podem manter 100% dos alunos nas salas, desde que tenham espaço físico para cumprir com o distanciamento e regramentos estabelecidos pelo governo estadual. O Paraná, que prorrogou pela terceira vez o toque de recolher entre 23h e 5h –medida que passa a vigorar até 10 de fevereiro– registra 80% das UTIs ocupadas. O porcentual é o mesmo registrado em Curitiba, que na última semana retomou a bandeira amarela, a mais branda em relação às medidas de combate à pandemia. Já em Porto Alegre, a taxa de ocupação caiu, de 86% para 76%, mas, no mesmo período, houve um acréscimo de 60 leitos disponíveis. No estado, o volume de leitos com paciente é de 75%. Os números são reflexo da ampliação das restrições por duas semanas em dezembro, segundo a secretária de Saúde, Arita Bergmann. “Em janeiro, estamos observando queda nos indicadores, mas ainda são dados elevados, se comparados com os do meio do ano passado. O Rio Grande do Sul está numa situação, de certa forma, em equilíbrio, mas a preocupação é permanente”, disse na última semana. Em Roraima, um dos estados com forte presença indígena que criou estratégia de imunização para este grupo, há 62 leitos de UTI para a Covid-19, e 79% estão ocupados. Como em outros estados da região Norte, há ameaça de interrupção no fornecimento de oxigênio. Em Belo Horizonte, houve reabertura do comércio na capital esta semana, após três semanas de fechamento. Até o dia 1º de fevereiro, 77,9% dos 303 leitos de UTI reservados para Covid-19 na rede SUS estavam ocupados — no total, somando rede suplementar, BH chega a 585 leitos reservados para a doença, com taxa de ocupação de 75,7%. A prefeitura diz que abriu 56 novos leitos de UTI em janeiro. No Acre, em menos de um mês, a ocupação dos leitos intensivos para Covid-19 saltou de 57% para 80%. Na capital Rio Branco, a taxa de ocupação está em 76%. Já os leitos clínicos na rede SUS do estado têm ocupação de 95%. Diante da piora no cenário, o governo anunciou nesta segunda-feira (1°) a mudança da classificação do estado para o nível de emergência (bandeira vermelha). Com isso, todos os estabelecimentos não essenciais deverão permanecer fechados. Em Natal, somando vagas estaduais e do hospital de campanha gerido pelo município, a taxa de ocupação dos 86 leitos chega a 72,9%. Entre as internações, estão pacientes vindos de Manaus. No Amapá, estado que atravessou apagão no fim do ano passado, o governador Waldez Goés assinou decreto, nesta segunda (1º), vetando consumo de bebida alcoólica nos fins de semana de fevereiro e suspendendo o ponto facultativo no Carnaval, como medida de contenção à pandemia. “São medidas necessárias, principalmente após o alerta de uma possível nova variante do coronavírus aqui no Amapá”, afirmou Góes. O estado está com 63,7% das 80 vagas de UTI públicas para Covid-19 ocupadas. O Distrito Federal estava com 62% dos leitos de UTI ocupados nesta terça-feira (2). São 285 vagas exclusivas para pacientes com Covid-19 --177 estava preenchidas. Das 108 vagas restantes, seis estavam bloqueadas e e aguardavam liberação na rede pública. A taxa de ocupação, entretanto, é menor que a de 11 de janeiro, quando 76% dos leitos estavam ocupados. Desde o período, foram criadas 113 vagas de leitos de UTI. O Distrito Federal registrou 277.907 casos de Covid-19. Morreram por causa da doença até esta terça 4.564 pessoas. Palhaçaria O articulista Marcelo Coelho, no texto ""Tempo de palhaços de verdade"" (Ilustrada, 3/2), supera-se ao atualizar, com saudade, assunto do século 19. Aluisio Dobes (Florianópolis, SC) Impeachment Os 62 pedidos de impeachment contra o capitão Jair Bolsonaro que dormem na gaveta do presidente da Câmara dos Deputados dificilmente serão despertados, porque, com raras exceções, os deputados brasileiros são muito ordinários. Não valem mesmo nada. Aquele que foi eleito agora presidente da Câmara, por exemplo, é acusado de participação ativa nos fenômenos das rachadinhas e coleta de propinas em Alagoas, seu estado de origem. Joaquim Francisco de Carvalho (São Paulo, SP) 2022 ""'Nos encontramos em 22', diz Bolsonaro ao ser chamado de genocida e fascista no Congresso"" (Poder, 3/2). Bolsonaro vai passar que nem um trator nas próximas eleições por sobre esse povo que deveria ir morar em Cuba ou na avançada Venezuela. Lugar de comunista é lá. Em 2022, vai levar a Presidência no primeiro turno. A turma vai continuar gritando por mais quatro anos; já estão treinando desde agora. Leonardo de Oliveira (São Paulo, SP)  Se é hora, como ele diz, de ""superar os antagonismos"", então é preciso que se tire quem é o antagonismo em pessoa: o presidente boçal. Quem desrespeita as instituições da democracia não é a oposição fazendo oposição, é Bolsonaro fazendo constantes ataques a elas, o tempo todo! Rafael Coêlho (São Paulo, SP)  Escrevam: o menosprezo ao voto evangélico pelas oposições conduzirá Bolsonaro ao poder em 2022. Marcio Carneiro de Albuquerque (Carpina, PE)  O bolsonarismo reuniu tudo e todos os que não prestam no país. É aquele um terço que sempre estará contra o desenvolvimento e o progresso. Felipe José Fernandes Macedo (São João del-Rei, MG)  A força de Bolsonaro Discordo do professor Luis Felipe Miguel em sua análise ""Apesar de seu governo catastrófico, Bolsonaro está mais forte que no início do mandato"" (Ilustríssima, 3/2). O poder está nas mãos da bancada bbb (bala, boi e bíblia). Esse grupo já manda no Orçamento e agora passa a comandar também a pauta política. Bolsonaro será apenas o brinquedo deles, e esse perfil de incompetente só ajuda. Se ele não corresponder, vem o impeachment e Mourão complementa o serviço. Parece que só os fatos (sérias crises econômica e social) serão capazes de parar essa gente. Alexandre Costa (São Paulo, SP)  Enquanto a esquerda vive uma paranoia utópica --incluindo aqui o seu alto-falante, a mídia--, o conservadorismo liberalista avança e ganha ainda mais força do que em 2018. Aos utópicos estendo o lenço. Felipe Amaral Soares de Oliveira (Barra Velha, SC) Pedras contra sem-teto No meio do caminho tinha uma pedra. Aliás, muitas. Mas tinha também um padre. Julio Lancellotti nos dá ânimo para seguir resistindo à barbárie (""Padre Julio Lancellotti quebra a marteladas pedras sob viaduto"", Cotidiano, 3/2). José Marcos Thalenberg (São Paulo, SP) Lava Jato ""Lava Jato de Curitiba é dissolvida após 7 anos; apuração da força-tarefa segue até outubro"" (Poder, 3/2). É o fim da operação que mudou o Brasil. Entre conquistas e escândalos, é certo que a Lava Jato marcou a nossa história. Agora somente o tempo nos mostrará seus feitos e efeitos. Rene Sampar (Curitiba, PR)  Chegou o momento de passar tudo na peneira e catar o gorgulho do feijão. É preciso uma análise sem vícios para que possamos separar o joio do trigo. Esperamos que alguém de consciência tranquila --e sem que haja necessidade de condução coercitiva-- confirme ou negue o que se mostrou sobre as conversas de Dilma. Disseram ser de interesse público; agora é de interesse público conhecermos a verdade. Roberto de S. Matos (Salvador, BA) Eleição no Congresso É a vitória da eleição no superior sistema de cédulas, como disse o patrono de Arthur Lira. Mas cédulas em reais, daquelas que suas excelências costumam carregar na cueca. Jairo Ribeiro (São Paulo, SP) Sputinik V ""Se o Brasil não precisa da gente, muitos outros países pedem a nossa vacina, diz diretor de fundo russo que financia a Sputnik V"" (Mônica Bergamo, 3/2). Se depender de Bolsonaro, quando atingirmos a marca de 1 milhão de mortos ele vai pensar se libera. Antonio Ferreira de Castilho (Dois Córregos, SP)  Tem que comprar imediatamente, para vacinar toda a população. Depois de vacinados e imunizados, milhões estarão nas ruas pedindo a cabeça do negacionista. Edson Saito (São Paulo, SP) Rádio O microfone da rádio Jovem Pan sempre foi sinônimo de credibilidade, pluralismo e respeitabilidade. No entanto, nos últimos anos, a rádio optou pelo partidarismo deslavado, jogando por terra tudo aquilo que conquistou em décadas. Rodrigo Constantino é apenas a face mais sórdida e decadente da emissora (Após crítica a ação de SP contra pandemia, Doria liga para rádio e chama comentarista de terraplanista"", Saúde, 2/2). Luiz Fernando Paulin (Bragança Paulista, SP) O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), pautou para a próxima semana o julgamento que determinará se a queixa-crime movida contra o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por sua ex-mulher irá para a Vara de Violência Doméstica de Brasília. A sessão está marcada para começar em plenário virtual no próximo dia 12. Os ministros da corte têm até o dia 23 para enviar seus votos no processo. Jullyene Lins, que foi casada por dez anos com o parlamentar e teve dois filhos com ele, entrou com a ação por crime contra honra por injúria e difamação em junho do ano passado no STF. Em um dos documentos anexados ao processo, ela afirma que “o medo a segue 24 horas por dia, pois sabe bem o que o querelado [Lira] é capaz de fazer por dinheiro”. Jullyene também diz que o deputado faz insultos não só contra ela, “mas também tentando diuturnamente promover o afastamento familiar dos filhos, principalmente o mais novo, com discursos de ódio e chantagens emocionais”. Além disso, cita o processo que moveu na Vara de Família de Maceió, em Alagoas, estado de origem de Lira, em que pediu o enquadramento do deputado na Lei Maria da Penha e a necessidade de proteção urgente para ela e o seu atual companheiro. Barroso havia determinado que o caso fosse enviado para a Vara de Violência Doméstica de Brasília, após recomendação do procurador-geral da República, Augusto Aras, em novembro do ano passado. Porém, a defesa de Lira entrou com recurso para que o STF rejeite a queixa-crime em razão de sua imunidade parlamentar, e citou o artigo 53 da Constituição, que afirma que deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Também pediu que, caso o STF decida manter a queixa, que seja afastada a hipótese de remessa dos autos ao Juizado de Violência Doméstica de Brasília e, sim, enviado para um dos juizados criminais de Maceió. Em 2006, Jullyene denunciou Lira por lesão corporal, após registro de ocorrência na Polícia Civil de Alagoas. Mas mudou seu depoimento cerca de dez anos depois, quando o processo estava no STF, e o deputado foi inocentado. Em entrevista à Folha no mês passado, Jullyene reafirmou as acusações e disse que Lira a agrediu fisicamente e depois a ameaçou para que mudasse um depoimento sobre as acusações que ela havia feito contra ele. “Ele foi à minha casa, quando abri a porta, me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou. A minha sorte foi a babá do mais velho, que ouviu meus gritos e ligou para a minha mãe, que apareceu lá, mas eu estava desfalecendo já. Muito apanhada. Ele me chutou no chão”, disse. Lira negou o caso e, em nota assinada por seu advogado, disse que o conteúdo das declarações de sua ex-mulher é ""requentado"" e que ele foi absolvido das acusações dela pelo STF. ""O resultado deste processo é de conhecimento público, inclusive, por parte deste veículo de comunicação, de forma que, a repetição e veiculação da falsa acusação, atrai a responsabilidade penal e cível não só de quem a pratica, mas também de quem a reproduz, ante a inequívoca ciência da sua falsidade"", afirmou, em nota assinada pelo advogado Fábio Ferrario. [resumo] Parlamentar de trajetória medíocre, Bolsonaro contrariou as previsões de que seria um presidente fraco, tutelado por partidos ou políticos mais experientes, avalia professor. Em dois anos de mandato, ele conquistou ampla base no Congresso, esvaziou os poderes dos antes tidos como superministros, sujeitou as Forças Armadas a suas políticas, ampliou sua influência sobre a polícia e o Ministério Público e estremeceu as bases da centro-direita.  Para quem passou 28 anos como deputado do baixíssimo clero e nunca chegou à dezena de votos nas vezes em que disputou a presidência da Câmara, Jair Bolsonaro mostrou invejável profissionalismo na eleição desta segunda (1º/2) para o comando da Casa. Elegeu Arthur Lira (PP-AL) no primeiro turno, com uma margem mais dilatada do que se anunciava (302 votos). O custo, segundo as estimativas correntes, foi de R$ 3 bilhões —valor que daria para comprar uma fábrica de leite condensado. Mas o investimento certamente compensa, pelos cálculos de Bolsonaro. Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi humilhado e ficou gravemente ferido o projeto de consolidar um polo de oposição de centro-direita no Congresso. O DEM, sob a liderança paroquial de ACM Neto, transita para a órbita do Planalto. Lira inaugurou seu mandato com a manobra que tirou adversários da mesa diretora da Câmara. Diante de críticas, recuou e cedeu cargos à oposição para evitar o bloqueio de pautas. O banditismo aberto, à la Cunha, retorna ao centro do Legislativo. O apoio do centrão sempre é incerto, a conta sempre é renovada. São parlamentares que não se vendem, apenas se alugam. Bolsonaro, todavia, com certeza fica satisfeito de contar, em posição tão estratégica, com alguém que não tem limites e que fala a mesma língua. Não custa lembrar que Eduardo Cunha só foi retirado do cargo por decisão do Supremo, depois que já havia cumprido seu papel e se tornara uma vulnerabilidade para o governo Temer. É difícil acreditar que Lira siga pelo mesmo caminho, sobretudo a tempo de que um eventual processo de impeachment contra Bolsonaro seja eficaz. Não se trata apenas do impeachment. Um presidente da Câmara alinhado ao governo permite que avancem as pautas de sua conveniência. Por um lado, a agenda de Paulo Guedes, que garante o apoio das camadas burguesas e a simpatia da mídia corporativa que vocaliza seus interesses e que sustenta a ficção de divisão do bolsonarismo entre uma equipe econômica “racional”, “competente”, e uma ala caracterizada como “ideológica” ou mesmo “psiquiátrica”. Por outro, a chamada agenda de costumes, que na verdade incide sobre direitos e liberdades, incluindo da mordaça nas instituições de ensino e limitações no direito ao aborto ao esvaziamento de normas de combate ao racismo, ao sexismo e à homofobia. Mesmo que essa pauta não vingue, por resistências entre os próprios parlamentares ou por intervenção do STF, a tramitação é útil para promover a agitação nas bases militantes e fortalecer a coesão em torno do ""projeto regenerador do mito"". O fato é que Bolsonaro, a despeito de todos os prognósticos negativos, está navegando com competência nas águas poluídas da “alta política” de Brasília e se encontra hoje bem mais forte do que no início do mandato —apesar de seu governo catastrófico, que produz a cada dia um país mais pobre, mais violento, mais burro e mais desrespeitado pelo resto do mundo. Bolsonaro foi um parlamentar menos que medíocre, maneja um vocabulário limitado, ostenta uma incultura chocante, não possui curiosidade intelectual. Seu horizonte sempre foi o do pequeno meliante —negócio de pochete com lona de paraquedas do Exército, rachadinha de gabinete, funcionária fantasma, apartamento “pra comer gente”. Na Presidência, sabe que precisa deixar Guedes contentar seus grandes eleitores com a pauta de desnacionalização da economia, desmonte do Estado e aumento da taxa de exploração. Sua vinculação real, contudo, é com a miuçalha: multas de trânsito, importação de armas, impostos de videogame. E, acima de tudo, blindar a si mesmo e aos filhos contra a Justiça. Sua chegada à Presidência foi, é bom lembrar, uma consequência não antecipada do assalto à democracia brasileira. A extrema direita foi chamada às ruas para pedir a derrubada de Dilma Rousseff, era útil para acuar o PT e seus aliados, mas, imaginava-se, seria novamente recolhida ao canil quando se tornasse desnecessária. O projeto era, após o interregno Temer, entregar a Presidência a algum político também de velha cepa, mas que contasse com a legitimidade da eleição popular. Faltou, no entanto, combinar com os paraguaios, isto é, os eleitores, que, teimosos, continuavam indicando voto em Lula. Foi preciso, então, afastar e prender arbitrariamente o ex-presidente. Ainda assim, o candidato preferido não se viabilizou. Geraldo Alckmin montou uma candidatura tão forte, tão cheia de apoios, que simplesmente não decolou —foi o famoso “zepelim de chumbo”, de que falava Orestes Quércia. Quando as opções se resumiram a duas, nossa centro-direita “civilizada” não teve dúvidas. Entre um apologista da tortura, com nexos com o crime organizado, autoritário, iliberal e de indisfarçável catinga fascista, e um professor educado e afeito ao diálogo, representante da ala mais moderada de um partido moderado de esquerda, optou em bloco por Bolsonaro. Afinal, o ganho que o golpe de 2016 trouxera não podia ser ameaçado: bloquear a presença do campo popular como interlocutor ativo do debate político. Era razoável pensar que, dadas as evidentes limitações cognitivas do novo supremo mandatário da nação, o governo seria tutelado por outros. Bolsonaro, então, teria menor potencial ofensivo. Usaria a faixa, posaria para as fotos, daria pitacos nos temas de tiozão do churrasco que lhe interessavam, mas a política de verdade ficaria com os adultos. Pois foi isso que não aconteceu. Nos dois primeiros anos de mandato, ele paulatinamente ganhou soberania sobre seu próprio governo. Um dos superministros, Sergio Moro, foi eliminado com desgaste político mínimo. Bolsonaro teve sangue frio suficiente para mantê-lo ao longo do escândalo da Vaza Jato, mostrando que não se curvava a pressões, e depois empurrou-o para a demissão. O outro superministro, Paulo Guedes, começou o governo cantando de galo; a cada duas ou três semanas ameaçava renunciar caso não fosse obedecido. Já engoliu a empáfia e se submete docilmente às ordens do chefe. O vice, general Mourão, entendeu rapidamente que deveria ficar calado. Não só ele: Bolsonaro ampliou o comprometimento das Forças Armadas com seu governo, mas afastando a tutela que os generais queriam lhe impor. Enquadrou também os olavistas. O guru de Richmond passou de candidato a eminência parda a um apoiador digital como qualquer outro, às vezes esbravejando impropérios, às vezes mendigando favores. Bolsonaro também acertou o passo nas negociações com o centrão e passou a dispor de uma base alargada no Congresso, ainda que instável, como toda base parlamentar venal. Ampliou sua influência sobre as polícias, aproveitando a ambiguidade do texto constitucional sobre a hierarquia destas corporações e avançando na direção de uma meta estratégica: garantir a lealdade pessoal de corpos armados. Colocou em cargos sensíveis do Ministério Público gente disposta a protegê-lo. Entre concessões e ameaças, chegou a um modus vivendi com o Supremo: ministros do STF vêm periodicamente a público afiançar que o presidente da República não constitui nenhuma ameaça à democracia brasileira, muito pelo contrário. Assim, Bolsonaro alcançou um objetivo para ele inegociável: os vários esqueletos que o assombravam (da rachadinha ao assassinato de Marielle Franco) estão há muito já fora dos armários, mas perderam a capacidade de atingi-lo. A pandemia do coronavírus levou, de forma inesperada, a uma aceleração do distanciamento entre Bolsonaro e os chefes da direita mais tradicional que em 2018 se viram constrangidos a apoiá-lo. Em aposta arriscada, ele jogou tudo no negacionismo e na irracionalidade, sob aplauso do setor mais obtuso do empresariado (Havan, Madero), sacrificando as políticas de saúde em favor do fortalecimento de sua persona política. Mostrou que entende o Brasil: um país que despreza a vida, seja por interesse ou por desespero, e que cada vez mais se espelha na violência. Graças a isso e ao auxílio emergencial aprovado contra sua vontade, mas que soube capitalizar a seu favor, manteve altos índices de aprovação popular mesmo em meio ao colapso do atendimento hospitalar e da morte de mais de 200 mil brasileiros. É impossível calcular com exatidão quantas vidas a sabotagem às medidas de combate à pandemia já custou e ainda vai custar, da campanha contra o isolamento social e da promoção da cloroquina até a ausência de vacinação. Raras vezes na história da humanidade houve um governo tão evidentemente lesivo ao interesse de seu país e de seus habitantes. Todavia, diante de um governo assim, as famosas instituições não foram capazes de produzir um consenso para retirá-lo do cargo. A preocupação dominante, que Maia manteve no centro de seu discurso mesmo ao cabo do traumático processo de sucessão na Câmara, é evitar a “instabilidade” que um processo de impeachment ocasionaria. Apesar de toda a campanha de desinformação e da verdadeira lavagem cerebral promovida pelos circuitos ideológicos da extrema direita, é implausível que o agravamento das crises econômica e sanitária não eroda ainda mais o apoio popular a Bolsonaro. A preocupação principal dele, porém, parece ser outra. Ele está consolidando seus laços com o centrão e agora inseriu uma cunha na relação entre PSDB e DEM. Já anulou Moro, agora enfraquece a candidatura de Doria e dissipa fantasias como Luciano Huck ou Mandetta. Caminha para reproduzir, em 2022, o confronto com um candidato do PT, ciente de que, na hora H, como diria Pazuello, seus desafetos na elite política conservadora, no empresariado e na mídia corporativa engolirão as mágoas, reeditarão o discurso dos “dois extremos” e marcharão a seu lado. Há sagacidade nesse cálculo. Não muito tempo atrás, quem falasse nas raposas da política brasileira pensaria em políticos matreiros, ardilosos, gente da escola dos mineiros, como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves ou José Maria Alkimin. Hoje, a truculência miliciana de Bolsonaro dá conta do recado. Esse também é um indício forte do quanto estamos regredindo. Nas últimas semanas, com o agravamento da pandemia, tornou-se comum ver ambulâncias enfileiradas na porta de hospitais em Portugal. Uma imagem do último sábado (30), no entanto, destoava nos telejornais do país. Não era apenas a aglomeração em um boteco no Rio de Janeiro que chamava a atenção. Nem mesmo a ausência quase completa de máscaras. Ou ainda a abundância de camisas verdes para onde quer que se olhasse. Esses detalhes ficaram todos em segundo plano quando uma pessoa invadiu a entrada ao vivo de um correspondente da RTP, canal estatal do país, para proclamar. “Acabou. A América é nossa. É do Palmeiras”, gritou mais de uma vez. O clima festivo era destaque também na emissora local de maior audiência, a CMTV, que transmitia ao vivo a comemoração pela Libertadores na Pompeia, tradicional reduto alviverde na zona oeste de São Paulo. Não havia como driblar o impacto do que acontecia no Brasil. Assim que acabou o jogo entre Portimonense e Boavista, naquela mesma noite, pela Liga Portuguesa, os técnicos de ambos clubes foram perguntados a respeito da vitória de 1 a 0 do Palmeiras sobre o Santos. O responsável por romper com a monotonia do noticiário atual era somente um: Abel Ferreira, que recebeu ligação até do presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa. ""No mítico Maracanã, a bandeira portuguesa esvoaçou nas costas de Abel Ferreira e voou para milhões de pessoas em todo o mundo. Entrou nas casas de tantos portugueses que festejaram de coração quente"", escreveu Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil, no jornal Diário de Notícias. Para a numerosa comunidade portuguesa que vive de norte a sul e de este a oeste do Brasil, Abel Ferreira deu uma alegria imensa. Um momento para recordar. Um momento que deve ser saboreado e amplificado no tempo, porque esperamos que a era dos treinadores portugueses no Brasil esteja apenas no começo. Ao conduzir o Palmeiras à conquista de sua segunda Libertadores, o português de 42 anos viu o seu nome ressoar do outro lado do oceano como nunca antes em sua carreira. Foi preciso partir para o Brasil para que as suas virtudes e os seus defeitos fossem dissecados ao pormenor, com a cobertura ampla de todas as partidas alviverdes por seus compatriotas. Nem quando levou o Braga, quarta força do país, à melhor pontuação de sua história, ele gerou tanto interesse. “O espaço em Portugal é muito concentrado nos três grandes”, afirma João Aroso, que era assistente do Sporting quando Abel jogava como lateral direito, esteve ao seu lado no Braga e agora é comentarista na Sport TV. “Ele conseguiu desbloquear um pouco isso, embora a diferença em relação ao Jorge Jesus na temporada anterior tenha sido grande. É claro que isso passa pelo estatuto maior que o Jesus carregava ao assinar com o Flamengo. Já havia sido campeão com o Benfica e passado pelo Sporting enquanto o Abel não tinha e ainda não tem o mesmo prestígio”, completa. A exemplo do que acontece no Brasil, as comparações entre os dois treinadores acabam sendo recorrentes. “O Jesus é mais midiático, oferece outro tipo de apelo para a imprensa, uma mensagem diferente. O Abel tem uma mensagem mais técnica, possui outra personalidade e também caráter. Ele merecia ter mais visibilidade”, diz António Carraça, que trabalha no Canal 11. É consenso, ainda assim, que isso é uma questão de tempo. O professor de educação física que abandonou Penafiel, sua cidade natal, para ganhar o mundo tem na Libertadores um ponto de virada em sua carreira. Ele deixa o torneio sul-americano muito maior do que quando assumiu o Palmeiras, em novembro, nas oitavas de final. A conquista de seu primeiro título profissional é a cereja no bolo de um percurso pensado desde o seu princípio ao mínimo detalhe e que, como define uma pessoa próxima, o coloca a partir de agora numa outra prateleira. Com contrato até o fim de 2022 no Palmeiras, Abel já recusou oferta do Al Rayyan, do Qatar, e pretende cumprir o seu vínculo de forma integral. “Esse título naturalmente vai ter proporções gigantescas em sua caminhada e acredito que abra outras possibilidades, inclusive, no mercado europeu. Não só pelo que conseguiu, mas por todo o trabalho que tem desenvolvido, pela maneira como se exprime e como tem o grupo sempre com ele”, analisa Carlos Saleiro, que foi seu colega no Sporting e hoje atua como agente. A despeito de seu peso mais reduzido no velho continente, a Libertadores permite a Abel, enfim, extrapolar as fronteiras de Portugal e passar a ser discutido em ligas maiores. “São façanhas como essa que marcam e transformam a carreira de treinadores. Um treinador pode ter a competência que for e trabalhar muito bem, mas, se não conseguir atingir os objetivos propostos, logicamente não pode aspirar a um nível mais elevado”, avalia Carraça, que foi diretor em diversas equipes, entre elas o Benfica. “O Abel, com essa taça, vem ao encontro disso."" Um dos fatores citados como possível dissuasor para abreviar a sua passagem pelo Brasil é a distância da família, potencializada com a pandemia. Logo que deixou o gramado do Maracanã, no fim de semana, o palmeirense ligou, aos prantos, para o pai, Sebastião. Suas falas na entrevista coletiva também foram fortes: “É verdade que hoje sou melhor treinador, mas sou o pior pai, o pior filho, o pior irmão. Deixei minha família de lado. Vocês não sabem a quantidade de vezes que chorei sozinho no travesseiro"". Como atleta, ele sempre teve a companhia da esposa, que abdicou de sua formação em direito, para acompanhá-lo por todo lado e a quem prometeu, ao se aposentar, que cederia também “para dar um pouquinho de volta”. Nada disso, claro, será colocado na mesa com o Mundial de Clubes em seu plano imediato. Para encarar um possível desafio contra o Bayern, Abel seguirá com o mantra que viralizou recentemente e repete desde sempre: cabeça fria e coração quente. “Ele tem um discurso forte, em que conversa bastante e usa muito essa expressão. Vi no Palmeiras, mas havia escutado antes também no Braga. E a verdade é que ele é um pouco isso, fala com a razão e age, quando o momento exige, com a emoção”, conclui Aroso. O sepultador James Gomes da Silva, 35, perdeu colegas de trabalho e amigos nos últimos meses por causa da pandemia do novo coronavírus. Na família, o irmão foi contaminado. Seu temor é que outros familiares também sejam infectados, principalmente os mais velhos e aqueles com comorbidades. Morador de Cidade Tiradentes, zona leste da capital, ele atua no cemitério Vila Formosa, o maior da América Latina. Antes de março do ano passado, fazia, em média, 35 enterros diários, mas com a pandemia, são ao menos de 60. É um sepultamento a cada 24 minutos. Para ele, a vacina é uma esperança. Apesar disso, o profissional lamenta a ausência da categoria entre os grupos prioritários na fila da vacina. “Como os profissionais de saúde, estamos na linha de frente e temos os riscos”, diz. “Fechamos o ciclo da vida e acabamos esquecidos. Espero que olhem para a gente e para a importância do trabalho que a gente faz."" Carlos é nome fictício de um sepultador no cemitério São Luís, na zona sul, que não quis se identificar. Ele afirma que o preconceito das pessoas sempre foi percebido, mas aumentou na pandemia. “As pessoas nos tratam mal faz tempo, mas com esse vírus deu uma aumentada porque as pessoas achavam que a gente ia infectar [os demais]."" Para o servidor, estar entre as prioridades na vacinação seria um reconhecimento do trabalho executado por eles desde o início da pandemia. “A gente lida com corpos que até os familiares temem, pois ainda podem transmitir a Covid-19, né?” Atualmente, a cidade de São Paulo tem cerca de 400 sepultadores, entre funcionários públicos e terceirizados. Nas periferias, onde a Covid-19 foi mais letal, o pedido para entrar no plano de vacinação oficial do Ministério da Saúde é ainda mais premente. O Serviço Funerário do Município de São Paulo é responsável pela gestão e administração de 22 cemitérios municipais, um crematório, 12 agências de contratação de serviços funerários e 114 salas de velórios, distribuídos em todas as regiões da capital. Fiscaliza, ainda, 20 cemitérios particulares. Há 10 anos, Cláudio de Oliveira dos Santos, 46, atua como motorista no Serviço Funerário do Município de São Paulo. Morador do Jaçanã, zona norte da capital, sua função é transportar pessoas mortas em hospitais, IMLs, casas de repouso ou casas. “Dos 22 cemitérios [municipais], mais o crematório quem transporta o corpo somos nós, do serviço funerário”. Para manejar os corpos é preciso usar EPI (Equipamento de Proteção Individual) como máscara e luvas. “Sempre tem um kit que o agente já sai com ele para realizar o translado”. Nos casos de Covid-19, em que o corpo é entregue ao serviço funerário envolto em um saco preto impermeável, o servidor ainda recebe um manto branco para envolver o cadáver. Não há velório. “Temos família. A gente entra em hospital, manuseia o corpo, é uma classe que carece sim de ser vista pelas autoridades públicas como uma classe de fato essencial”, diz Cláudio, ao defender a priorização dos colegas de profissão. ""Embora no papel seja considerada como serviço essencial, as autoridades não enxergam desta forma."" Ao longo da pandemia, Cláudio perdeu colegas e viu outros se afastarem. Sua esposa também foi contaminada pelo vírus, mas teve um grau leve da doença e logo se recuperou. “Ela ficou um pouco sem paladar. De uma hora pra outra parou de sentir gosto das coisas. Fez o teste e deu positivo"", conta. Faz coro o secretário de comunicação do Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) João Batista Gomes, 55. “O efetivo do serviço funerário está sucateado, houve afastamentos do pessoal com mais de 60 anos e comorbidades —o que obrigou inclusive o serviço funerário a contratar trabalhadores terceirizados para dar conta do serviço”, diz ele. Segundo Gomes, houve pedido aos responsáveis pela saúde no estado e no município para exigir a imunização para quem trabalha nos cemitérios. Ele critica o que chama de falta de transparência da Prefeitura de São Paulo em relação aos dados da pandemia entre a categoria. “Infelizmente, esses dados não são públicos. Sabemos que houve quatro mortes de trabalhadores por Covid, mas é difícil vincular com o trabalho. Isso sem contar os terceirizados, que hoje são a maioria"", afirma. Questionada, a Prefeitura de São Paulo não respondeu às perguntas da reportagem até sua publicação. O enfermeiro infectologista Milton Monteiro Jr. afirma que o plano de vacinação do Ministério da Saúde, ao mencionar exposição constante ao vírus, preveria os sepultadores entre os públicos prioritários na vacinação. Mas o infectologista Renato Grinbaum sublinha que a transmissão do vírus é principalmente respiratória, e as normas do Ministério da Saúde exigem o fechamento dos caixões durante o sepultamento ou a cremação. ""Isso diminui consideravelmente o risco para estes trabalhadores, como se observou na prática"", avalia. Para Grinbaum, é grande a importância dos funcionários do serviço funerário; há, porém, maior risco para quem atua nos hospitais com pacientes com Covid-19: ""Eles [sepultadores] merecem atenção especial, mas os profissionais de saúde são aqueles que devem ser mais protegidos no primeiro momento"". Valdes Roberto Bollela, professor associado da FMRP-USP (Divisão de Moléstias Infecciosas e Tropicais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), considera adequadas as prioridades iniciais dos planos de vacinação, que preconizam profissionais da saúde e pessoas idosas institucionalizadas. ""Entendo os profissionais dos serviços funerários, e que cemitérios têm exposição menor que a dos profissionais de saúde, mas maior que a da população em geral. Poderiam ser priorizados nas próximas fases da vacinação."" Para o professor, mais importante agora é garantir a disponibilidade de doses da vacina para toda a população brasileira. Uma área sombreada do Sítio Rueda, em São José do Rio Pardo (250 km de São Paulo), preserva a calmaria e os sons da antiga vida caipira, no interior de São Paulo. Ressoa uma excitada sinfonia de galinhas, patos, perus. O chef Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco, aproxima-se, pega uma galinha e a leva a uma cozinha ao ar livre, que guarda semelhança com as de antigamente, abertas e apartadas das casas, cujo elemento central, a partir do século 19, era o fogão a lenha. Sobre este, ele deita a galinha com delicadeza, corta-lhe a cabeça. Colhe o sangue, que irá aproveitar em alguma receita. Tira-lhes as penas e faz cortes de modo a deixá-la pronta para deitá-la em uma marinada, na qual descansa até o dia seguinte, quando sua mulher, a chef Janaína Rueda, do Bar da Dona Onça, irá preparar sua vigorosa galinhada. Não se trata de uma tentativa de teatralizar a cozinha. São cenas comuns ao cotidiano do sítio, essas pequenas unidades produtivas e autossuficientes que se fixaram depois da míngua da mineração, onde se gestou e se consolidou a culinária caipira. Nasce aqui um sítio que se presta a laboratório e se pretende escola, uma escola de cozinha caipira a céu aberto, nas palavras de Janaína. “Quero unir cozinheiro e agricultura familiar. Quer fazer uma linguiça? Vai ter que cuidar do leitão até virar porco. Quer um ovo? Já cuidou de um galinheiro? O cozinheiro vai pensar mais na hora de desperdiçar qualquer coisa”, diz Jefferson, que acredita em uma missão educativa de mudar a consciência das pessoas. Neste mês, o sítio deve receber grupos pequenos, de até quatro cozinheiros da própria equipe d’A Casa do Porco, mas está nos planos receber até estagiários estrangeiros, que possam passar temporadas de seis meses. Incipiente, o Sítio Rueda já traduz um pouco da lógica dessas antigas unidades produtivas: o galinheiro fornece adubo para a horta, da qual se aproveitam os descartes para alimentar os animais. Efluentes são tratados, e a água é devolvida sadia à natureza. Criou-se, para tal, o círculo de bananeiras —estas têm capacidade de filtrar até 60 litros de água por dia, e operam como uma bomba, assim como a taioba e o inhame. As abelhas africanas são preservadas para que se mantenha a polinização, vital à horta —dela dependem quiabo, tomate, berinjela. Sob a sombra das mangueiras, serão acomodadas caixas de abelhas nativas para a produção de mel. Esses processos ganham supervisão de um jovem casal, da produção de orgânicos Aroeira, que já fornece hortaliças ao grupo Rueda e busca simular um plantio em solo de floresta, mais rico e diverso. Para otimizar o espaço, combina-se, por exemplo, brócolis e rúcula em um mesmo canteiro, cujos tempos de cultivo são diferentes. Ou elementos como pepino, que precisa de sombra, e jiló, que cresce e o sombreia. Cebolinha repele pulgão. Girassol ajuda na recuperação do solo ao atuar como fixador de nitrogênio —a flor seca também lhes é útil: triturada, serve de cobertura para o solo. Se, de um lado, Jefferson aprende com agricultores, do outro, ele enriquece o repertório culinário de quem trabalha no campo. Estimula a colheita de urtiga, arbusto que irrita a pele e nasce espontaneamente no mato. Embora rejeitado, rende boas receitas. Depois de submeter as folhas a um choque térmico, pode-se refogar, fazer creme, como o de espinafre, enrolar em um charutinho recheado. “A criação é muito mais rica aqui do que quando recebo a matéria-prima no restaurante”, diz o chef. Também pertence à engrenagem do sítio caipira, em sua gênese, a capacidade de fazer bom aproveitamento do excedente. Historicamente, transformam-se frutas em conservas. Janaína Rueda se responsabilizou pela produção de licores. Compara o de jabuticaba, domesticada pelos indígenas, ao vermute, e oferece uma prova. Falta implementar o chiqueiro no novo local —o porco era essencial a esse núcleo rural. Além de ser um símbolo de festa, capaz de juntar vizinhos no ritual da matança, dele derivava banha, usada para conservar carnes. Por enquanto, os porcos que abastecem o restaurante são criados num sítio próximo, sob os cuidados de José Luis Bertoletti. Ele passou a manejá-los de maneira sustentável depois de conhecer Rueda —o chef prefere porcos mais velhos, com um ano e cerca de cem quilos (os industriais são abatidos geralmente com três meses) e faz uso da carne de porcas matrizes, que eram descartadas, no preparo de linguiça. “Leitão é como queijo fresco. Não maturou, não tem identidade. Um porco de dez quilos tem gosto de quê? De leite. É gostoso? É. Macio? É. Tem pouco sal? Tem. Mas um porco mais velho tem personalidade, já andou, tem carne escura, e características singulares. Já não é como um queijo fresco, é um queijo da Canastra”, diz Jefferson De um galpão no qual legumes são beneficiados —chegam da roça, são lavados e encaixotados, segundo padrões estéticos e de peso e tamanho—, recolhem-se cenouras descartadas, quase um terço da produção. As cenouras servem de sustento aos porcos, que também comem capim, beterraba e milho triturado, outro emblema da culinária caipira. Mais adiante, em São Sebastião da Grama (SP), o Queijos Roni, em atividade desde o século 19, fornece o soro expelido na produção aos porcos. Do contrário, o laticínio teria de enfrentar um problema complexo: tratar o soro antes de dispensá-lo. Eis que resulta esse porco, que ajudou a alçar Jefferson Rueda, junto à sua técnica, a um dos chefs mais estrelados do Brasil. O porco, esse poema, já dizia Nina Horta. Rubem Braga imaginaria um animal extremamente gentil, expoente da mais fina flor da espiritualidade suína, com gosto puríssimo e uma ternura quase musical. Acho que se eu ficar mais aqui, diz o chef, minha comida vai ficar cada vez mais poética. As imagens dos caminhões parados nas estradas na greve de 2018 e nos poucos protestos desta segunda (1º) mostram um problema do setor de transportes no Brasil: a idade da frota. Modelos produzidos nas décadas de 1980 e 1990 –em sua maioria dirigidos por motoristas autônomos– aparecem em meio a veículos modernos dos grandes frotistas. De acordo com a pesquisa Perfil dos Caminhoneiros 2019, feita pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), a idade média dos caminhões usados por autônomos é de 18,6 anos. O peso da idade é refletido nos dados sobre frota circulante levantados em 2019 pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). Segundo a entidade, cerca de 340 mil veículos pesados que circulam pelo país têm mais de 16 anos de uso. Quanto mais antigo, mais poluente e menos eficiente. Os motores a diesel emitem óxido de nitrogênio, composto cancerígeno, e particulados, o que exige leis para forçar a constante evolução da indústria. A comparação entre modelos produzidos em 1994, ano em que entrou em vigor a terceira etapa do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), e os atuais mostra uma significa redução das emissões desses poluentes. ""Há um efeito prático percebido. As rodoviárias, por exemplo, não têm mais o cheiro ruim de fumaça do passado"", diz Luis Pasquotto, presidente da Cummins Brasil. Segundo o executivo, o Proconve 7, que entrou em vigor em 2012, possibilitou a redução de 89% na emissão de óxido nitroso e de 97% na de particulados. Esse poderia ter sido um momento de virada com a adoção de um programa nacional para renovação da frota, o que não ocorreu. Na época, planos anunciados no Rio e em São Paulo previam medidas de incentivo para estimular a troca de modelos antigos por unidades mais novas. Frotistas compraram caminhões a juro negativo por meio das linhas do Finame, programa do BNDES voltado para o financiamento de máquinas e veículos pesados. Foram liberados R$ 18,7 bilhões em recursos em 2012. Entretanto, não houve um plano concreto de auxílio aos motoristas autônomos, que tinham mais dificuldade para acessar linhas de crédito e nenhum benefício caso resolvessem entregar seus veículos antigos, como abatimento de multas. Sem estímulo, mantiveram a frota envelhecida, o que fomenta a valorização no mercado de usados. Paulo Cardamone, sócio da consultoria Bright, afirma que há veículos pesados produzidos nos anos 1990 que ainda valem R$ 100 mil, ou até mais. É uma distorção gerada pela falta de um plano que possibilite atualizar a frota. Ele participou da elaboração de propostas para renovação apresentadas nos últimos anos. Um dos entraves que encontrou tem origem na natureza dos projetos: são impopulares, o que dificulta a aprovação por estâncias governamentais. ""A renovação acontece se tiver inspeção veicular e reciclagem, e o programa tem que ser legislado a nível federal"", diz o consultor. ""A inspeção, se bem desenhada, poderia gerar acima de R$ 12 bilhões por ano, com geração de milhares de empregos. Já a reciclagem poderia movimentar uma indústria de R$ 60 bilhões."" Além de poluir menos e ser mais seguro, um caminhão atual tem maior capacidade de carga e menor consumo. Hoje um veículo pesado como o Mercedes Actros faz a média de 2,3 km/l transportando 50 toneladas, segundo a fabricante. Fabricado de 1969 a 1987, o modelo 1113 da mesma montadora registra média de 2 km/l transportando apenas dez toneladas. Com mais de 200 mil unidades produzidas, o 1113 ainda é comum nas estradas e nas imagens dos protestos de caminhoneiros. Um grupo de 58 professores da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, divulgou nesta segunda (1º) um manifesto pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O texto critica a atuação de Bolsonaro no combate à epidemia da Covid-19. Nomes como Conrado Hübner Mendes, Guilherme Guimarães Feliciano e Floriano de Azevedo Marques Neto, diretor da faculdade, aparecem entre os signatários do documento. ""Diante de todos esses vícios de conduta, que agravaram sensivelmente os problemas humanitários advindos da pandemia, e ante a certeza de que tais erros continuarão sendo cometidos, doravante com o sacrifício de outras milhares de vidas, os subscritores entendem necessário e urgente que se instaure o procedimento legal para o impedimento de S.Ex.ª o presidente da República"", diz o texto. ""As milhões de vidas no país não podem mais ser submetidas a essas constantes ameaças. E os subscritores entendem que, a partir deste ponto, o silêncio institucional se convolará em inadmissível conivência"", segue o documento. Em janeiro, um grupo de mais de 890 ex-alunos da instituição também divulgou carta pedindo o impeachment de Bolsonaro. Leia a íntegra do manifesto abaixo: ""NOTA PÚBLICA – SOBRE OS LIMITES DA RESPONSABILIDADE DO MANDATÁRIO MAIOR DA REPÚBLICA E OS RISCOS DO SILÊNCIO Os professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, abaixo subscritos, diante dos últimos fatos envolvendo a pandemia de Covid-19 e as ações (e inações) do Governo Federal, a par das tantas condutas pessoais da S.Ex.ª o Presidente da República que precederam esses eventos, vêm a público externar o que segue: 1. Desde o início do reconhecimento de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, o presidente da República, que é o principal responsável pelo desenvolvimento de uma política pública de saúde, negou a ocorrência da gravidade da situação, estimulando e praticando atitudes individuais contrárias ao interesse coletivo. Assim, p. ex., o presidente equiparou a Covid-19 a uma “gripezinha”, anunciando, em fala perante a imprensa internacional, que haveria excessivo alarmismo em torno do tema. Posteriormente, desprezando as medidas de prevenção, “prescreveu” medicamentos supostamente preventivos, ao largo de qualquer constatação científica adequada, como a hidroxicloroquina (que o governo, com dinheiro público, chegou a adquirir e a produzir em grandes quantidades), a cloroquina e a ivermectina. 2. Da mesma forma, por longo tempo S.Ex.ª externou pública oposição à premência da implementação do plano nacional de vacinação e, bem assim, ao uso de determinadas vacinas, basicamente por questões políticas (em função das disputas que lamentavelmente se antecipam a 2022) e de preconceito (em função da origem nacional da vacina). Tal atitude nos levou ao ponto de o Brasil não possuir perspectiva concreta, na urgência requerida, de implementar um plano de vacinação que beneficie toda a população. De resto, a tais ações e omissões se somaram inúmeras medidas que, segundo o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos, podem ser identificadas como uma “estratégia institucional de propagação do vírus” (https://brasil.elpais.com/brasil/2021-01-21/pesquisa-revela-que-bolsonaro-executou-uma-estrategia-institucional-de-propagacao-do-virus.html). A soma de todos esses atos só pode ser traduzida em uma palavra: irresponsabilidade (pessoal e institucional). 3. De outra parte, S.Ex.ª não se mostra disposto a reconhecer quaisquer erros. Ao revés, assume-os, reafirma-os e justifica-os. Diante disso, a irresponsabilidade ganha outro nome: dolo (intenção deliberada de se omitir, de agir em sentido contrário ao cientificamente recomendado e de aguardar impassivelmente que, após a morte de mais de duas centenas de milhares de brasileiros, a pandemia recue em razão de uma vaticinada “imunidade de rebanho”). 4. Diante de todos esses vícios de conduta, que agravaram sensivelmente os problemas humanitários advindos da pandemia, e ante a certeza de que tais erros continuarão sendo cometidos, doravante com o sacrifício de outras milhares de vidas, os subscritores entendem necessário e urgente que se instaure o procedimento legal para o impedimento de S.Ex.ª o presidente da República, entre outras razões, porque incurso no preceito do art. 85, VI, in fine, da Constituição (por afirmar abertamente, em programa de televisão, que está deliberadamente “descumprindo” decisão do STF com relação às competências para o combate à Covid-19); nos preceitos do art. 85, III, c.c. art. 196 da Constituição e do art. 7º, n. 9, da Lei 1.079/1950 (por atentar, com seus atos e palavras, contra o direito social e difuso à saúde pública, também em relação à Covid-19); nos preceitos do art. 85, V, c.c. art. 37, caput, da Constituição (por violar o princípio da impessoalidade, desfavorecendo abertamente órgãos de imprensa que não lhe são gentis); nos preceitos do artigo 85, IV, da Constituição e do art. 7º, ns. 6, 7 e 8, da Lei 1.079/1950 (pela participação pessoal em manifestações antidemocráticas que pediam, entre outras coisas, a “intervenção militar” e o “fechamento” do Congresso e do STF); e nos preceitos do artigo 85, II, da Constituição e do artigo 6º, n. 5, da Lei 1.079/1950 (pela ameaça de retaliação, em fala e nota pública, a eventual decisão do STF que lhe apreendesse o telefone celular), entre outros. 5. Entendido que as infrações do art. 85 da Constituição e os diversos tipos da Lei 1.079/1950 são de natureza político-administrativa (exigindo, para além da configuração formal das condutas típicas legalmente descritas, a vontade política majoritária do Parlamento), a presente nota serve para reafirmar que, na visão de subscritores, os pressupostos formais constitucionais e legais para o impeachment, do ponto de vista técnico-jurídico (i.e., quanto à configuração das próprias figuras típicas constitucionais e legais), estão já atendidos. Resta, pois, abrir o procedimento pertinente, com o beneplácito da Câmara dos Deputados, para o julgamento – político, mas também necessariamente técnico – do Senado da República. 6. As milhões de vidas no país não podem mais ser submetidas a essas constantes ameaças. E os subscritores entendem que, a partir deste ponto, o silêncio institucional se convolará em inadmissível conivência. São Paulo, 1º de fevereiro de 2020. Alberto do Amaral Júnior Alysson Leandro Mascaro Ana Elisa Liberatore Silva Bechara Ana Maria Nusdeo Antônio Rodrigues de Freitas Jr. Calixto Salomão Filho Carlos Pagano Botana Portugal Gouvêa Celso Fernandes Campilongo Celso Lafer Claudia Perrone Moisés Conrado Hübner Mendes Cristiano Zanetti Dalmo de Abreu Dallari Diogo Rosenthal Coutinho Eduardo César Silveira Vita Marchi Elival da Silva Ramos Elza Antônia Pereira Cunha Boiteux Enéas de Oliveira Matos Eunice Aparecida de Jesus Prudente Erasmo Valladão Azevedo e Novaes França Fábio Konder Comparato Fernando Dias Menezes de Almeida Fernando Facury Scaff Floriano de Azevedo Marques Neto Francisco Paulo de Crescenzo Marino Gilberto Bercovici Guilherme Assis de Almeida Guilherme Guimarães Feliciano Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaró Gustavo Ferraz de Campos Mônaco Helena Regina Lobo da Costa Heitor Vitor Mendonça Sica Jean-Paul Veiga da Rocha Jorge Luiz Souto Maior José Augusto Fontoura Costa José Eduardo Campos de Oliveira Faria José Marcelo Martins Proença José Reinaldo Lima Lopes Luís Eduardo Schoueri Marcos Perez Marcus Orione Maria Paula Dallari Bucci Mariângela Gama de Magalhães Gomes Nina Ranieri Orlando Villas Boas Filho Otávio Pinto e Silva Paulo Borba Casella Paulo Eduardo Vieira de Oliveira Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari Pierpaolo Cruz Bottini Rafael Mafei Rabelo Queiroz Rodrigo Pagani de Souza Ronaldo Porto Macedo Samuel Rodrigues Barbosa Sebastião Botto de Barros Tojal Sérgio Salomão Shecaira Sheila Christina Neder Cerezetti Vitor Rhein Schiratto"" Na véspera da eleição para a presidência da Câmara, o DEM, partido do atual presidente, Rodrigo Maia (RJ), decidiu ficar isento na disputa, em decisão que evidencia a perda de capital político do deputado que comandou a Casa por quatro anos e meio e que impõe mais um revés para o candidato Baleia Rossi (MDB-SP). O DEM tomou a decisão de neutralidade por unanimidade após reunião realizada na noite deste domingo (31), na sede do partido, em Brasília (DF). A proposta de ficar isento na disputa partiu do presidente do partido, ACM Neto (BA), e teve a anuência de nomes importantes na legenda, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o ex-governador de Pernambuco Mendonça Filho e o ex-senador José Agripino. Em discurso, ACM Neto defendeu a decisão, afirmando que o partido está dividido e que é melhor manter a unidade do que ter um cargo na mesa diretora. Maia não participou da reunião. ""A Executiva Nacional optou por não aderir nem a um bloco nem a outro, a escolha foi pela neutralidade"", disse Mendonça Filho. Um dos aliados do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão e candidato do presidente Jair Bolsonaro na disputa, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) confirmou que o partido não faz mais parte da base de apoio de Baleia Rossi. “São 31 votos a menos no bloco dele, e um alívio para os 21 deputados e deputadas que já tinham declarado voto para o Arthur Lira e não gostariam de ter a sua imagem vinculada a um bloco que foi literalmente construído com pautas da esquerda, sem sermos escutados, ouvidos e respeitados”, afirmou. “Nos sentimos vitoriosos de seremos desvinculados do bloco do Baleia Rossi, e agora, em respeito ao presidente ACM Neto, o pedido de união do partido é de que cada um vote com a sua consciência e o partido não irá compor nenhum bloco.” O DEM não havia formalizado a adesão a nenhum dos blocos, mas era contabilizado por Baleia Rossi e por Maia como parte da base do presidente do MDB. Com o DEM, o bloco de Baleia tinha 238 parlamentares, enquanto o de Lira tinha 272. Sem o partido, o número de parlamentares no lado do aliado de Maia cai para 207. O tamanho do bloco partidário é relevante porque define a ordem de prioridade de cada partido na escolha de cargos na Mesa Diretora e nas comissões. O resultado, embora desabonador para Maia, não chega a representar uma grande mudança no cenário eleitoral. Isso porque as divergências no DEM já haviam ficado evidentes nas últimas semanas, com declarações de ex-aliados de Maia, como Elmar Nascimento (BA), de que votariam em Lira. Aliado de Lira, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) afirmou que a atitude do partido foi madura. “Rodrigo criou uma situação artificial porque nunca teve os votos do DEM, apesar de que já tínhamos os votos, também não podemos agir para expor os partidos e suas lideranças porque, após o dia 2, precisamos recompor o centro para enfrentar a pandemia e tocar as reformas."" Os grupos têm até o meio-dia desta segunda (1º) para serem definidos e podem mudar até lá. O voto para a presidência da Câmara é secreto. Logo, os blocos não refletem o placar da eleição. No dia 21, o bloco de Baleia já tinha sofrido um revés, com o desembarque do PSL. O partido, que tem a segunda maior bancada da Câmara, atrás apenas do PT, havia anunciado apoio ao presidente do MDB, principalmente pela aliança entre o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), e Maia. Para ser eleito presidente da Câmara em primeiro turno, o candidato precisa de 257 votos —são 513 deputados no total. Adversários na disputa para presidência da Câmara, os deputados Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) são alvos de ações penais e investigações do Ministério Público. Candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, Lira foi denunciado no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva e organização criminosa. Já o Ministério Público de Alagoas apresentou denúncia por suspeita de participação do parlamentar em um esquema de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa de Alagoas. Ele ainda é acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, Jullyene Lins, que pediu medidas protetivas na Justiça de Alagoas contra o parlamentar. O nome do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) apareceu em documentos compartilhados pelo Ministério Público de São Paulo com a PGR (Procuradoria-Geral da República), na Operação Sevandija, que investiga fraudes em licitações da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP). O candidato apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi citado também na Operação Alba Branca, ação da Promotoria paulista no início de 2016 contra a máfia da merenda no estado de São Paulo. O deputado federal também é investigado pela Operação Lava Jato na Justiça Eleitoral de São Paulo. As acusações contra Arthur Lira (PP-AL) No STF, Lira foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por suspeitas de ter recebido R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, em 2012. Em troca, teria prometido apoio político para se manter no cargo. Segundo a denúncia, o valor foi apreendido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um assessor parlamentar de Lira, que tentava embarcar para Brasília com o valor escondido nas roupas. Em novembro, a Primeira Turma do STF rejeitou um recurso do parlamentar e decidiu mantê-lo como réu. O deputado também responde na corte ao inquérito chamado “quadrilhão do PP”, por suposta participação em esquema de desvios da Petrobras. De acordo com a acusação, um desdobramento da Lava Jato, integrantes da cúpula do PP integrariam uma organização criminosa, com ascendência sobre a diretoria da Petrobras, e que desviava verbas em contratos da estatal. A denúncia foi aceita pela Segunda Turma do Supremo, em junho de 2019, mas a ação penal ainda não começou a tramitar. Em junho do ano passado, a PGR denunciou Lira por corrupção passiva por supostamente ter recebido R$ 1,6 milhão de propina da empreiteira Queiroz Galvão em troca de apoio do PP para a permanência de Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. Porém, três meses depois, a PGR voltou atrás na denúncia e disse que havia fragilidade nas provas produzidas por ela própria. Também tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) um recurso movido por Lira para tentar liberar bens que foram bloqueados em uma ação da Lava Jato há quatro anos. Ele e seu pai, Benedito de Lira (PP), ex-senador e atual prefeito de Barra de São Miguel (AL), tiveram bens bloqueados no valor de até R$ 10,4 milhões. O pedido decorreu de uma ação da 11ª Vara Federal do Paraná de improbidade administrativa em que os dois são acusados de se beneficiar de R$ 2,6 milhões desviados da Petrobras. O parlamentar também foi denunciado pelo MP de Alagoas por suspeita de participação em um esquema de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa daquele estado, no que foi chamado de Operação Taturana. De acordo com a denúncia, a fraude se dava a partir da apropriação de parte dos salários de funcionários e uso destes valores para pedidos de empréstimos. Ele foi condenado por improbidade administrativa na esfera cível, mas recorreu da decisão. Já na parte criminal foi absolvido, mas o MP recorreu da decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Lira também foi acusado por sua ex-mulher por injúria e difamação, em processo que corre no STF. Ela afirma que “o medo a segue 24 horas por dia, pois sabe bem o que o querelado [Lira] é capaz de fazer por dinheiro”. Cita o “enquadramento do querelado na Lei Maria da Penha e necessidade de proteção urgente” para ela e o seu atual companheiro. Por outro lado, Lira diz que, ao longo do tempo, as denúncias da ex-mulher ""mostraram-se infundadas"". O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu em outubro que o caso fosse encaminhado para um dos Juizados de Violência Doméstica “do local dos fatos”. O parecer foi aceito pelo ministro relator do caso no Supremo, Luís Roberto Barroso, que encaminhou a um Juizado de Violência Doméstica de Brasília. Lira, porém, apresentou recurso contra a decisão, que deve ser julgado pelo STF em fevereiro. Em entrevista à Folha neste mês, Jullyene reafirmou uma denúncia que havia feito em 2006 por lesão corporal e disse que o candidato à presidência da Câmara a agrediu fisicamente e depois a ameaçou para que mudasse um depoimento sobre acusações que ela havia feito contra ele. Jullyene foi casada por dez anos e tem dois filhos com Lira. “Me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou”, disse. “Ele me disse que onde não há corpo, não há crime, que 'eu posso fazer qualquer coisa com você'”, afirmou. “Aquilo era o machismo puro, o sentimento de posse."" Ela afirmou ainda ter sido usada como laranja. “Ele abriu uma empresa com meu nome e até hoje não tenho vida fiscal.” Lira também tem nomeado em seu gabinete o sócio do advogado que o defende na maior parte destes casos, Fábio Ferrario. Milton Gonçalves Ferreira Netto também já atuou na defesa de Lira em ações penais, cíveis e eleitorais, mesmo nomeado no gabinete, onde está desde 2014. Ferrario e Ferreira Netto também aparecem com o mesmo endereço de trabalho no cadastro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Pajuçara, bairro de Maceió.Em outra decisão do STF, de 2018, o deputado perdeu o registro de sua arma, uma pistola de marca Glock calibre 380, por decisão do ministro Edson Fachin do STF, e teve que entregá-la à Polícia Federal para destruição. Procurado pela reportagem, Lira respondeu por meio de sua assessoria que ""os processos que, de fato, vieram a julgamento contra o deputado foram arquivados e os próximos devem ter o mesmo desfecho devido a suas inconsistências. No STF, em relação à Lava Jato, três foram arquivados"". ""A própria Procuradoria-Geral da República pede o encerramento de um quarto e a acusação nem sequer possui amparo legal válido para o período questionado no quinto processo. Com as ações anuladas ou seguindo para esse desfecho é natural a solicitação do desbloqueio de bens. O caso da CBTU não há conexão temporal entre os supostos fatos"". No caso da Operação Taturana, disse que a decisão que absolveu o deputado indica que a acusação, mesmo advertida pelo STF e Receita Federal, manteve irregularidades e ilegalidades na apuração e condução do processo. Sobre as deúncias de sua ex-mulher, disse que ""a própria Folha de S. Paulo conhece os resultados em favor do deputado e persiste em acusações requentadas, agredindo e desrespeitando sua família"". Disse que a nomeação de sua equipe é transparente e pode ser consultada inclusive pela internet. Sobre a posse de arma, ""trata-se de renovação de registro da arma, que seria destinada a um terceiro"", respondeu. As acusações contra Baleia Rossi (MDB-SP) A investigação na Operação Sevandija mirou fraudes em licitações da Prefeitura de Ribeirão Preto, São Paulo, em desvios de mais de R$ 200 milhões.As informações sobre o deputado foram anexadas a um inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que tramita sigilosamente na corte desde 2018, sob a relatoria do ministro Kassio Nunes Marques. As investigações começaram a partir de suspeitas de direcionamento de contrato para o fornecimento de catracas a serem instaladas em escolas. Entre a papelada encaminhada à PGR pelos promotores de Justiça Marcel Bombardi e Luciano Romanelli, estava uma planilha apreendida em poder de um dos alvos da operação, o empresário Marcelo Plastino, que já morreu. Plastino era o dono de empresa que firmou contratos com o município. O nome de Baleia consta no documento relacionado a valores que totalizam R$ 760 mil, sendo R$ 660 mil supostamente repassados em parcelas mensais de R$ 20 mil por um período de 33 meses, além de R$ 100 mil nas eleições de 2014. Outros políticos de Ribeirão Preto também tiveram os nomes listados no tópico “Baleia”, com supostas transferências no total de R$ 600 mil. As investigações do Ministério Público indicaram a suspeita de que a prefeitura usava a Coderp (Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto) para contratar uma empresa, por meio de licitações fraudadas, para abrigar funcionários terceirizados indicados por políticos. Baleia foi apontado, ao lado de “Cícero”, como padrinho de algumas indicações. Cícero, de acordo com investigadores, seria o ex-vereador Cícero Gomes (MDB). Após as menções a seu nome nos autos da Sevandija, Baleia recorreu ao STF para que a documentação da operação fosse enviada à corte em 2017, levantando a tese de que a competência do tribunal estaria sendo usurpada pela Justiça de São Paulo. Em decisão de junho de 2017, o ministro Gilmar Mendes determinou ao juiz responsável pelo caso que prestasse informações sobre as investigações. Aliados do emedebista atribuem menções ao nome dele em operações policiais realizadas em 2016 às eleições daquele ano, quando Duarte Nogueira (PSDB) venceu a disputa. Baleia era aliado de Dárcy Vera (PSD), então prefeita e adversária de Nogueira. Baleia também é investigado pela Operação Lava Jato em um inquérito em tramitação na 1ª Zona Eleitoral da capital paulista, que apura se o parlamentar foi beneficiário de recursos ilícitos nas campanhas de 2010 e 2014, quando concorreu, respectivamente, aos mandatos de deputado estadual e federal. As suspeitas estão relacionadas às delações premiadas de dois grupos empresariais: J&F (holding controladora da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista) e Odebrecht. Os dois casos foram reunidos no ano passado em um único inquérito, que integra um conjunto de investigações sob a responsabilidade do que se convencionou chamar Lava Jato Eleitoral. A apuração é sigilosa. Baleia foi citado também na Operação Alba Branca, ação da Promotoria paulista no início de 2016 contra a máfia da merenda no estado de São Paulo. A Alba Branca mirou grupo acusado de se instalar em dezenas de prefeituras paulistas e na Secretaria de Educação do estado para fraudar compras de merendas escolares Pessoas ligadas à Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) envolveram políticos nas irregularidades, acusados de receber propina para facilitar a concretização de negócios. O ex-vice-presidente da entidade, Carlos Alberto Santana, e dois ex-funcionários citaram Baleia. Porém o delator Cássio Chebabi, ex-presidente da Coaf, negou envolvimento do emedebista. A exemplo da Sevandija, a PGR também recebeu informações sobre a Alba Branca do Ministério Público de São Paulo. No entanto, pediu ao STF o arquivamento do inquérito. “Trata-se, portanto, de arquivamento por insuficiência de provas”, afirmou o ministro Gilmar Mendes. Baleia é filho de Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ambos do PT. Ele pediu demissão em meio a uma série de irregularidades na pasta revelada pela imprensa. Em 2018, Rossi foi preso por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, no inquérito que investigou suspeita de que o ex-presidente Michel Temer (MDB), por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de propina.O aliado de Temer presidiu a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal administradora do porto de Santos entre 1999 e 2000. A investigação foi um dos desdobramentos da delação premiada do empresário Joesley Batista e de outros executivos do grupo J&F. Joesley entregou à PGR uma planilha contendo nomes de políticos e empresas, além de valores que o empresário diz se tratar de caixa dois nas eleições de 2010. De acordo com o relato inicial do empresário, foi feita doação não contabilizada para a campanha de Baleia por intermédio da Ilha Produções, pertencente a Paulo Luciano Rossi, conhecido como Palu e irmão do deputado. O documento listou três repasses para a empresa, em um total de R$ 240 mil, entre os meses de agosto e setembro de 2010. A Ilha também foi mencionada no acordo de delação premiada que o marqueteiro Duda Mendonça firmou com a Polícia Federal. Duda disse que a produtora recebeu R$ 4 milhões em ""recursos não contabilizados"" referente à campanha de Paulo Skaf (MDB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e candidato ao Governo de São Paulo em 2014. Segundo Duda, o dinheiro foi pago pela Odebrecht. Procurado, o deputado afirmou por meio de sua assessoria que sobre a denúncia relacionada à Prefeitura de Ribeirão Preto ""o deputado sequer foi intimado, portanto desconhece os autos, e ressalta que ele não recebeu nenhum recurso ilícito"" e acrescenta que ""o MDB de Ribeirão Preto apoiou a administração na época, mas o deputado não fez nenhuma indicação em seu nome"". Já na Operação Alba Branca, a assessoria disse que o delator do caso, o presidente da Coaf, Cássio Chebabi, ""afirmou que o deputado não participou dos fatos"". ""A Procuradoria Geral da República solicitou o arquivamento, e o STF acatou o pedido"".Afirmou também que Wagner Rossi é inocente, ""pois na denúncia formal da Procuradoria Geral da República sobre o caso dos Portos sequer consta o nome dele"". ""A prisão dele foi flagrantemente arbitrária, e desnecessária"". Além disso, disse que ""nenhum dos 77 delatores da Odebrecht citou o deputado ou qualquer familiar dele"". ""A Ilha foi prestadora de serviços da campanha de marketing de Paulo Skaf, cujo responsável era Duda Mendonça. Sócio da empresa, Paulo Luciano Rossi confia na sua absolvição. Joesley Batista deu três versões distintas sobre temas relacionadas à família Rossi. Segundo a advogada Elizabeth Queijo, em nenhuma delas o empresário apresentou provas quanto a ilícitos"". Marisete Perin aguardava notícias da filha, Paula Perin Portes, 18, no primeiro semestre de 2020, quando ouviu falar de um grupo de famílias que conheciam o sentimento de angústia que ela sentia. Paula havia desaparecido em Soledade (a 216 km de Porto Alegre) e não havia pistas sobre ela. Depois de mais de 60 dias de buscas, em agosto, a Polícia Civil localizou o corpo da jovem, enterrado em um local de difícil acesso. A perícia constatou morte por asfixia. O inquérito indiciou cinco pessoas, quatro delas por envolvimento na execução da morte. No pior momento da sua vida, Marisete começou a conversar com Sônia Fátima Moura, 55, outra mãe que conhecia essa dor e estava em Campo Grande (MS), a 1.256 km de distância de sua cidade, Fontoura Xavier (RS). Dez anos antes, Sônia havia perdido a filha, Eliza Samudio. O caso gerou repercussão nacional devido ao envolvimento do então goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes. Assim como Paula, Eliza desapareceu, mas o corpo dela nunca foi encontrado. “Eu ficava só escutando ela me falar o que aconteceu. Ela me disse: 'essa dor e esse vazio a gente vai ter que carregar para o resto da vida, porque nunca mais será a mesma coisa”, conta Marisete. “Eu levanto, eu deito e meu pensamento é [na Paula], 24 horas. Só quem passa por isso para saber como é”. “Você sente como se você estivesse se afogando na sua própria dor. Ela disse que se sentia assim e não sabia falar. É importante a gente saber que, em algum lugar, existe outra pessoa que já viveu a dor que a gente vive e que gente pode compartilhar. Eu me sinto útil, me sinto bem, apesar de que a gente lembra das dores e acaba chorando”, diz Sônia. Ela descobriu grupos que reuniam famílias de vítimas de violência anos depois da morte de Eliza. Por meio de um deles, conheceu as mães de Bianca Consoli, assassinada pelo cunhado em 2011, de Renata Miguel, morta em 2013, e de Eloá Pimentel, sequestrada e morta pelo namorado em 2008. Desde o ano passado, elas estão entre as famílias que se uniram em um novo grupo, sob um novo nome: União de Vítimas. Pais e mães que perderam filhos assassinados, por algum outro crime ou que estão desaparecidos auxiliam famílias em situação parecida, com apoio psicológico e ajuda para navegar nas relações com a Justiça e a imprensa. “Você está perdido, sem saber lidar com determinadas situações e, de repente, surge um grupo de pessoas sabe Deus de onde e vem te trazer um abraço, falar com você, mostrar quais os passos que você tem que dar se for precisar de ajuda psicológica, de apoio de advogados”, conta um dos integrantes, Luis Alberto Vaz, 36, pai de Vitória Gabrielly, assassinada em 2018, em Araçariguama (SP). Dois meses depois da morte da filha e do contato com outros pais, Beto recebeu uma ligação perguntando se ele poderia conversar e ajudar uma mãe que estava vivendo situação parecida. Com representantes em vários estados, todos eles familiares que passaram por traumas, só entre dezembro e janeiro o União de Vítimas recebeu 30 novos casos para atender. No site, onde são listados os casos acompanhados, há várias histórias que ocuparam por tempos as páginas dos jornais, mas algumas famílias se afastaram, segundo a diretora Elizabeth Misciasci. Atualmente, diz ela, há cerca de 90 membros ativos no grupo de WhatsApp do União de Vítimas. “Esse objetivo de transformar em um grupo de projeção nacional é porque, infelizmente, a todo tempo tem coisas acontecendo no Brasil inteiro. Devido à pandemia, não conseguimos dar andamento, mas esse projeto continua”, diz Beto. “O União de Vítimas, o próprio nome fala, está familiarizado com várias situações. São vítimas de agressões, assédio, abuso, pessoas que sofrem descaso da Justiça, pessoas que estão desaparecidas, mas o processo está parado”, diz Angelita Miguel, mãe de Renata (morta em Mauá em 2013) que hoje toca um projeto de palestras em escolas contra bullying, depressão, suicídio. “Depois que eu perdi minha filha, minha vida mudou por completo. Hoje eu vivo em função de ajudar pessoas. Isso me traz alegria, motivação, sentido à vida. Se eu não tivesse tomado esse caminho, talvez eu seria mais uma mãe ferida, amargurada, sufocada na própria dor."" Diante de situações de violência e dos desdobramentos de processos jurídicos que podem levar anos, o apoio de um coletivo pode servir como lugar seguro quando se vive uma dor, segundo a professora da PUC-SP e coordenadora do Laboratório de Estudos Sobre o Luto, Maria Helena Franco. “Ao compartilhar, você ouve sua voz falando e aquilo dá mais concretude. Você não guarda aquele sentimento que causa mal-estar, que causa sofrimento. Você falar para alguém que te escuta atentamente, que está ali para você. Isso ajuda extremamente no processo de luto”, diz. Na missa de sétimo dia, quando ainda não se sabia quem havia cometido o crime, Marta foi abordada por um grupo de pessoas, vestindo camisetas com as fotos de seus filhos, como Ives Ota, sequestrado e assassinado em 1997. “O chão poderia abrir e me engolir que não teria problema algum. Os primeiros dias foram muito difíceis”, lembra ela. “Eu falei: como vocês estão de pé? Como vocês conseguem caminhar? Foi onde eu comecei. Se eles conseguiram, eu também ia conseguir. Terminada a missa, ficamos mais umas duas ou três horas em conversa ali."" Cada pessoa vive o luto de uma forma diferente. Ana Cristina Pimentel da Silva, 54, mãe de Eloá, que ficou sequestrada por cerca de 100 horas pelo namorado, em um caso com transmissão ao vivo pela TV, conta que é procurada por muitas pessoas, inclusive pela decisão de doar os órgãos da filha. “[O grupo] ajuda, sim, porque se eu quiser conversar com alguém, com a Marta, a Angelita, com outras mães, eu sei que sempre vou contar com eles”, diz ela, que hoje prefere guardar a dor para si. “Um dia você está bem, no outro dia você está triste, e você vai levando. O que me deixou de pé foi servir ao Senhor e ao consolo do povo. A Justiça que eu espero é a de Deus, porque a daqui eu não vou ter."" Muitos dos relatos das famílias passam a sensação de frustração com os sistemas de segurança e justiça, o que leva alguns deles a transformarem a busca por mudanças em causas. Para quem perdeu alguém que amava, toda investigação é lenta e qualquer punição não parece suficiente. Em muitos casos, há reclamações sobre pouco retorno e informações ou processos que se arrastam por muito tempo até uma resposta. Para Daniel Achutti, que desenvolve pesquisa de pós-doutorado na PUC-RS e especialista em justiça restaurativa, o sentimento de injustiça pode ser explicado pela estrutura do processo penal brasileiro, centrada no réu, e que não inclui as vítimas e o que elas pensam. A participação delas, geralmente, se restringe a um meio de obtenção de prova, por meio de depoimentos prestados nas fases do processo. “A gente não tem, no Brasil, esses serviços de apoio estruturados, ninguém liga para a vítima para perguntar se ela precisa de apoio. Isso acaba fazendo com que as pessoas se sintam jogadas à própria sorte”, avalia Achutti. “O Brasil tem um exército de vítimas para quem ninguém dá bola. Se o Judiciário ou o Ministério Público fizessem esse tipo de serviço, de apoio, tenho a impressão que a avaliação da população em geral, em relação ao sistema de justiça, seria melhor."" Países do Cone Sul têm avançado em negociações para adquirir a vacina Coronavac por meio do Instituto Butantan. Outros o fazem por via direta com o laboratório chinês Sinovac, como o Chile, que recebeu os primeiros 2 milhões de doses na última quinta-feira (28). No Uruguai, o presidente Luis Lacalle Pou anunciou, no último sábado (23), que já está encaminhada a compra de 1,75 milhão de vacinas do laboratório chinês. Na estimativa dele, elas começariam a chegar entre o final de fevereiro e em março. Faltaria apenas o pagamento. Na terça-feira (26), porém, o diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou à Folha que, diferentemente do que disse o mandatário uruguaio, o acordo com esse país não estava fechado e que havia apenas um ""pré-acordo em andamento"", sem especificação do número de doses. As declarações de Covas levantaram polêmica no país vizinho. Na última quarta-feira (27), Lacalle Pou voltou a afirmar que o acordo havia sido feito por meio de ""um representante autorizado da Sinovac"". A efetivação da compra por meio de outra empresa descumpriria o acordo entre o Butantan e o laboratório chinês, segundo Covas. Nesta sexta (29), em entrevista coletiva, Covas afirmou que as negociações envolvendo o Uruguai continuam a todo vapor e são feitas de forma tripartite. ""O pleito do país é discutido pelo Butantan junto com a Sinovac. Neste momento temos uma sinalização muito positiva da Sinovac de uma liberação de 500 mil doses para esses países, excluindo Uruguai e Colômbia, que estão negociando diretamente com a Sinovac, com a participação do Butantan."" E acrescentou: ""brevemente teremos as assinaturas de contratos, que não estão assinados. Menciono que toda essa negociação é feita sem prejudicar em nenhum momento o que está planejado para o Brasil. São doses adicionais que virão prontas diretamente da China ou que serão produzidas no Butantan, mas que não afetam em nada os quantitativos anunciados para o programa nacional de imunização"". Na Argentina, de acordo com a agência pública oficial de notícias do país, a Télam, a negociação com o Butantan está em estágio ""adiantado"". Covas reafirmou à Folha que o acordo com a Argentina é ""o mais avançado de todos no processo de possíveis exportações"" do Butantan. Por ora, a Argentina vem vacinando profissionais da saúde com a vacina russa Sputnik V. Já foram aplicados 200 mil doses. Porém, o instituto Gamaleya, que fabrica a Sputnik V, vem descumprindo as datas da entrega dos primeiros 5 milhões de doses, e a Argentina começa a ficar sem opções, uma vez que recusou a oferta da Pfizer por afirmar que não tem como investir nos ultracongeladores necessários. Assim, o governo afirma que está correndo para assinar contratos para a compra de doses das chinesas Sinopharm eSinovac, ainda sem número de doses ou de datas definidas. O Paraguai divulgou um programa de vacinação que tem como objetivo imunizar seus 7 milhões de habitantes. ""A ideia é que 30% da população seja vacinada por meio do mecanismo Covax"", disse à Folha Guillermo Sequera, diretor-geral de vigilância sanitária do país. A vacinação no Paraguai está prevista para começar em meados de fevereiro. A reportagem apurou que 2 milhões de vacinas estão sendo negociadas com a Sinovac, por meio do Butantan. Ainda haveria pedidos para oferecer a Coronavac para o Peru e a Colômbia. O diretor do Butantan afirmou à Folha que, com relação a outros países da América Latina, ""há conversas, mas ainda nenhum contrato foi assinado com os países"". E que, portanto, ""não há definição de prazos de entrega nem de valores."" Em paralelo a essas negociações, o diretor cobrava, por meio de ofício, informações concretas do Ministério da Saúde sobre a intenção de comprar ou não mais doses da vacina Coronavac. Segundo Covas, o instituto deve cumprir o contrato de entregar 46 milhões de doses ao ministério, mas existia a possibilidade de o governo federal contratar mais 54 milhões. O Butantan precisava dessa definição para fazer o planejamento da importação de insumos e a produção de novas doses, inclusive para esses futuros acordos com países vizinhos. Nesta sexta, Covas afirmou que recebeu uma mensagem do governo federal, ainda não oficial, dizendo que comprará as vacinas na próxima terça, e o Ministério da Saúde confirmou a informação. Até o momento, o Butantan já entregou por volta de 6 milhões de doses ao governo federal. No dia 3 de fevereiro, devem chegar da China insumos para a fabricação de 8,6 milhões de doses. A expectativa do Butantan é conseguir entregar todas as doses compradas pelo governo federal até abril. O capítulo mais bombástico da delação premiada que quase derrubou um presidente da República começa com uma menção ao pai do atual candidato ao comando da Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (MDB-SP). Mentor político do filho, Wagner Rossi, hoje com 78 anos, era ministro da Agricultura quando apresentou o então deputado federal Michel Temer (MDB-SP) a Joesley Batista, dono da JBS, em 2010. A ligação entre o cacique emedebista e o empresário evoluiu a partir dali até se tornar explosiva em 2017, quando Joesley gravou uma conversa com Temer, já na Presidência da República, em que fazia citação a pagamento de propina. A revelação do diálogo foi o episódio mais crítico do governo emedebista e quase custou seu cargo. ""Conheci o senhor Joesley Batista no período em que fui ministro. Era um grande empresário do setor, de trato cordial, que demonstrou interesse em conhecer o então deputado Michel Temer, presidente do meu partido. Não vi problema nisso"", disse Wagner em mensagem a jornalistas, em 2017. Atualmente aposentado, o ex-ministro teve trajetória política sempre próxima do ex-presidente. Os dois foram contemporâneos nos estudos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e em mandatos no Congresso. Temer é padrinho de casamento de Baleia Rossi, líder de seu partido na Câmara quando presidiu o país, e disse em uma campanha eleitoral o considerar também seu afilhado político. Wagner, em vídeo na campanha de 2010, destacou o papel do amigo na carreira do filho. ""Michel abriu as portas de Brasília para o Baleia"", disse à época. O ex-deputado atualmente está distante do dia a dia da política e aparentemente não participa da campanha do filho à presidência da Câmara. Em 1999, Wagner foi nomeado para o comando da Companhia Docas de São Paulo, autoridade portuária de Santos, antiga área de influência de Temer. Também ocupou a direção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) antes de comandar o Ministério da Agricultura nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, indicado pelo antigo amigo. Sua passagem pela Esplanada acabou se tornando um outro capítulo das acusações relatadas por Joesley, que culminaria em uma prisão temporária ordenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2018. Em relato que foi incluído em uma denúncia até hoje não sentenciada, apelidada de “quadrilhão do MDB”, Joesley afirmou que Temer pediu a ele que pagasse um “mensalinho de R$ 100 mil” a Wagner, prática que teria durado um ano. Segundo Joesley, no início se tentou colocar o ex-ministro em um trabalho de consultoria, o que não foi adiante, mas, mesmo assim, os pagamentos persistiram. Temer tem negado desde aquela época todas as acusações feitas pelo delator. O empresário da JBS hoje tenta manter no STF a validade de seu acordo de colaboração diante de indícios de que omitiu da Justiça informações por má-fé. Denúncia do Ministério Público contra Temer feita com base na conversa gravada pelo dono da JBS já foi rejeitada na Justiça Federal. O ex-presidente também obteve direito a indenização, confirmada no STJ (Superior Tribunal de Justiça), por danos morais por declarações feitas pelo empresário em entrevista em 2017. A prisão do pai de Baleia há três anos ocorreu no âmbito da Operação Skala, por ordem do ministro do STF Luís Roberto Barroso, em apuração sobre irregularidades envolvendo pessoas do entorno de Temer. Wagner foi liberado dizendo que nada tinha a ver com os fatos investigados. Ele confirmou que prestou por alguns meses colaboração remunerada a uma das empresas da JBS e negou ilícito. As apurações da Operação Skala contribuíram para outra das três denúncias apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer, sobre supostas irregularidades no setor portuário, na qual o ex-ministro da Agricultura não foi incluído. A demissão no governo Dilma também teve um elo com aquele que seria um dos principais personagens da delação da JBS, o lobista Ricardo Saud, que tinha sido subordinado de Wagner no ministério. Em 2011, reportagem do jornal Correio Braziliense mostrou que o então ministro e Baleia viajavam em um jatinho pago pela empresa Ourofino Agronegócio, do ramo de produtos veterinários e com interesses em decisões da pasta. Os donos da empresa tinham sido sócios de Saud em uma outra firma até 2009. Além disso, a Ourofino também fez doações eleitorais de R$ 100 mil a Baleia, em 2010, e contratou a produtora de vídeo Ilha Produção, que pertence a um irmão do deputado, Paulo Luciano. Os Rossi e a Ourofino, à época, negaram qualquer irregularidade ou conflito de interesses. O episódio contribuiu para o desgaste do então ministro. Anos mais tarde, em 2017, o acordo de colaboração dos integrantes da JBS novamente voltou a mirar a produtora de vídeo da família, em caso ainda sob investigação na Justiça Eleitoral de São Paulo. Os delatores apontaram que a Ilha Produção recebeu da JBS pagamentos, supostamente sem lastro, de R$ 240 mil, que na verdade se destinavam a financiar a campanha de Baleia a deputado estadual em 2010. A produtora teve a esposa de Baleia, Vanessa Cunha Rossi, como sócia até 2017. Comunicado enviado à reportagem por Wagner Rossi e pela Ilha Produção, que pertence a um filho dele, afirma que, quando foi apresentado a Michel Temer, Joesley Batista “era um empresário respeitado em todo o Brasil, frequentemente citado como tal inclusive por veículos de comunicação como a Folha”. Diz que o ex-ministro prestou consultoria para o grupo, o que é admitido por Joesley em seus depoimentos. “Wagner Rossi tem posse de emails, registros de viagens e demais documentos que comprovam os serviços de consultoria prestados ao grupo J&F [dono da JBS].” A nota também diz que a Operação Skala resultou em uma denúncia que não incluiu Wagner entre os acusados. “Nas milhares de páginas do documento acusatório, o nome dele nem é mencionado.” Sobre o pagamento de R$ 240 mil pela JBS, diz que não houve ilícito e que os serviços foram prestados pela produtora. Também afirma, sobre a empresa Ourofino, que a Ilha já prestava serviços para essa empresa antes mesmo de Wagner se tornar presidente da Conab ou ministro da Agricultura. Entidades que representam caminhoneiros prometem iniciar uma greve na segunda-feira (1º) para pressionar o governo federal a negociar uma pauta com dez exigências, em uma tentativa de repetir o movimento que, em 2018, parou o país por 11 dias e deu origem à tabela de preços mínimos para os fretes rodoviários. A realização da paralisação, no entanto, não é consenso na categoria, e enfrenta oposição em grupos patronais e do setor produtivo. Prestes a começar o escoamento das safras de milho e soja, o agronegócio –que apoiou o movimento de 2018– diz que obstruir a logística neste momento seria irresponsável. Pelo menos quatro entidades anunciaram participação e estão convocando caminhoneiros a não pegar a estrada na semana que vem. Para os que estiverem fora de suas cidades, os sindicatos, confederações e associações estão sugerindo que os motoristas busquem postos de parada, encostem os caminhões e conversem com outros. Lideranças dizem acreditar que em até três dias conseguirão que 80% dos motoristas autônomos deixem suas boleias e participem da mobilização. Confirmaram adesão à greve CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), criado no ano passado, CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística) e ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil). A pauta de reivindicações traz questões como a necessidade de um marco regulatório do transporte e de uma jornada de trabalho para esse tipo de função. Entre as lideranças, porém, são listados como “a gota d’água” para a mobilização marcada a falta de efetividade da aplicação do piso mínimo de frete, o preço do óleo diesel e as regras para a aposentadoria de motoristas –somente os que conduzem material inflamável conseguem enquadramento especial junto ao INSS. Falta também fiscalização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para o cumprimento do piso do frete, dizem. Os motoristas alegam que o piso não é um tabelamento, mas uma garantia de que os custos mínimos da viagem serão pagos. Em um percurso de quase 600 quilômetros entre Ijuí e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, o motorista recebe R$ 35 pelo frete; se o piso fosse aplicado, ele deveria receber R$ 72, segundo o porta-voz da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer. “Há uma disparidade entre os ganhos do setor agrícola, e que é merecido, e dos caminhoneiros. Só que até hoje eu não vi navio atracar na lavoura. Em algum momento da produção, é do caminhão que eles precisam”, disse. Para os grupos contrários à paralisação, o momento é inoportuno. A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) divulgou nota em que diz reconhecer as dificuldades enfrentadas pelos motoristas, mas descarta a paralisação devido à “delicada realidade que o país está passando”. José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), da Conftaq (Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas), e um dos líderes do movimento de 2018, diz acreditar que a paralisação deste ano não terá força. “O momento não é adequado por causa da pandemia. Já estamos em uma situação de desgraça, imagina fazer aglomeração, ficar sem combustível, sem alimentação”, disse. Segundo ele, as entidades que comanda representam 65 sindicatos. Wallace Landim, o Chorão da greve de 2018 e atual presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), diz que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) trata os caminhoneiros com descaso e falta de respeito. A entidade, porém, decidiu não aderir à greve. Na sexta (29), um operador de exportações disse à Reuters que a greve preocupa, mas que as informações que chegam ao setor são de que o movimento não terá a mesma força, pois não tem o apoio da sociedade para realizar bloqueios. Segundo Plínio Dias, do conselho de transporte, não estão previstos fechamento de rodovias. Se isso acontecer, segundo ele, partirá de grupos isolados. Associações, cooperativas e sindicatos que atuam na Baixada Santista divulgaram na quinta (28) nota e vídeo no qual duas lideranças, uma de Santos e outra do Guarujá, dizem ter decidido não participar do movimento. As reivindicações, afirmam, são justas, mas o momento é inoportuno. Gilberto Benzi, que foi candidato a vice-prefeito pelo PSL em chapa derrotada no ano passado, aparece junto aos caminhoneiros. Outra figura política que se manifestou contra a mobilização foi o deputado distrital pelo Distrito Federal Valdelino Barcelos (PP). Caminhoneiro, ele esteve na greve de 2018. Em publicação em suas redes sociais, o parlamentar afirma não apoiar a paralisação, que poderia levar o país a uma crise mais profunda. A existência de vozes contrárias ao movimento é vista como natural por Luis Fernando Ribeiro Galvão, representante do conselho em São Paulo e presidente do Sindicato dos Motoristas Autônomos de Guarulhos. Para ele, é reflexo de uma disputa política pelo protagonismo do movimento. “Quem nos pediu para fazer [a greve] foram os próprios motoristas porque eles não estão aguentando mais”, disse. O apoio ao presidente, no entanto, continua firme entre os motoristas, segundo ele. “Continuamos apoiando Bolsonaro, mas nossa situação é de fome.” Grupos patronais, como a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística e a CNT (Confederação Nacional do Transporte) também divulgaram notas contrárias à paralisação. Em nota, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) diz que a provável paralisação dos caminhoneiros não deverá gerar risco para o setor. A associação afirma que está em contato permanente com outros atores da cadeia para garantir o abastecimento da população. ""Não há motivos para uma corrida aos supermercados"", diz a entidade. O Ministério da Infraestrutura disse, em nota, que tem uma agenda permanente de diálogo com as principais entidades representativas da categoria por meio do Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas. O pior de todos ""Brasil é o país que lidou pior com a pandemia, aponta análise de 98 governos"" (Mundo, 28/1). Muito triste o Brasil ser eleito o pior país na luta contra a Covid. A população não atura Bolsonaro no poder nem mais um dia! A saída desse desgoverno deve acontecer agora. Os brasileiros não toleramos mais esperar. Rafael Braga Neves (Brasília, DF) Comparação injusta. O Brasil não tem governo. Tinha que comparar com churrascarias. Marcio Coutinho de Mattos (Caraguatatuba, SP)  Alguém tinha alguma dúvida de que estaríamos em último lugar nesse ranking? Este governo só pensa em ""Pária Armada, Brasil!"". Paulo Sakanaka (Paulínia, SP)  Sem querer desmerecer o estudo, mas já o fazendo... A conclusão não é novidade para ninguém por aqui. A gestão absurda desta crise sanitária pelo governo Bolsonaro pode, sim, ser enquadrada como genocídio. O presidente só não sofreu impeachment porque não somos um país sério. Se fôssemos, aquele lambedor de leite condensado já teria sido retirado do poder. Rondinelle Nery Silva (Fortaleza, CE) P2IM A partir de agora, quando a Folha citar Jair Bolsonaro, não precisará indicar entre parênteses ""sem partido"", pois Maria Hermínia Tavares mostrou que ele é o chefe do P2IM, Partido da Irresponsabilidade, da Ignorância e da Morte (""Combate sem comando"", 28/1). É um partido aberto, que aceita filiados de outros partidos, bastando demonstrar ter falta de caráter e estar à venda por preço baixo. Dorivaldo Salles de Oliveira (São Paulo, SP) Impeachment A probabilidade de tirar Bolsonaro do poder é muito pequena. O Congresso tem outros interesses --a pedra já foi cantada pelos prováveis presidentes das duas casas--, e a pandemia não permite uma mobilização popular com visibilidade. Elio Gaspari (""Fora, Bolsonaro, para quê?"", 27/1) mostrou que quase nada vai mudar se o vice assumir. Alguma coisa parecida com a campanha Diretas Já vai ter de acontecer se quisermos tirar pelo voto o mal que se instalou no Planalto. Flávio Madureira Padula (São Paulo, SP) Fapesp Falta com a verdade o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, no artigo ""Ciência e pesquisa intactas em São Paulo"" (Tendências / Debates, 26/1). As verbas da Fapesp e das universidades públicas paulistas só foram mantidas devido à mobilização das comunidades acadêmica e científica. Ainda assim, a falácia do decreto 65.438/2020 esconde o fato de que é inconstitucional deixar, todo ano, as instituições com a necessidade de vir com o pires na mão para que o governador prorrogue o ""benefício"". E os projetos de privatização dos institutos de pesquisa, incluindo o aclamado Butantan, continuarão? Adilson Roberto Gonçalves, Instituto de Pesquisa em Bioenergia da Unesp em Rio Claro (Campinas, SP) PGR Conrado Hübner Mendes dá uma aula de direito sem ser pedante (""Aras é a antessala de Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional"", Poder, 28/1). Imagino os envolvidos nos desmandos relatados na coluna lendo o texto. Se tivessem alguma vergonha na cara... bem, deixa para lá, se tivessem mesmo vergonha nem teriam sido objeto da coluna. Jaime Alberto Costa Ribeiro (Porto Alegre, RS) Lava Jato E continua a perseguição a Lula (""Dallagnol e procuradores pedem que STF impeça que Lula tenha acesso às conversas da Lava Jato"", Mônica Bergamo, 28/1). Se essas pessoas estivessem interessadas em fazer justiça ou em conhecer realmente a verdade do que aconteceu, nada teriam a temer. Lula foi altamente prejudicado ao ser julgado de forma absolutamente parcial, o que fere a Constituição. Se o STF quer promover a justiça e proteger os cidadãos de perseguições institucionalizadas, Lula deve ter acesso, sim, a essas conversas. Pelo bem da verdade. Wilson Rodrigues de Almeida (Sanclerlândia, GO)  É fato incontestável. Os comentaristas petistas, em sua grande maioria aqui neste espaço, só atacam a Lava Jato, os procuradores liderados por Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal Sergio Moro porque estes tiveram a coragem de processar, julgar e condenar o ex-presidente Lula, o verdadeiro chefe da organização criminosa. Max Morel (São Paulo, SP) Volta às aulas ""Justiça barra retorno das aulas presenciais no estado de SP"" (Educação, 28/1). Parabenizo a juíza Simone Gomes Casoretti por sua elegante, constitucional, legal, moral e ética decisão. É uma decisão difícil, mas necessária. E os fundamentos apresentados são perfeitamente adequados ao momento e servem para proteger pais, professores/as, bedéis, funcionários das escolas e outras pessoas envolvidas direta ou indiretamente com elas. Ricardo Santa Maria Marins (São Paulo, SP) Educação é absolutamente essencial; e professores querem e devem ser tratados assim, como essenciais. Mas, neste momento, se escondem. Com os devidos cuidados, com rodízio de alunos usando máscaras e com uma carga horária menor, as aulas podem recomeçar, oferecendo riscos baixos para os professores. Cleber Alves (São Paulo, SP)  O retorno presencial às escolas, no momento que vivenciamos desta pandemia, seria um verdadeiro genocídio patrocinado pelo governo paulista. Ao que parece, o governador João Doria e o secretário Rossieli Soares trabalham a favor do vírus, não na proteção dos profissionais da educação e de seus familiares. Luis Antonio Nunes da Horta (Ourinhos, SP)  Para o secretário —e para parte da sociedade—, professor é apenas um número a ser trocado. Ivan Guedes (Guarulhos, SP) Há quase um ano, a província de Formosa, uma das mais pobres da Argentina, está completamente isolada do resto do país. Apenas moradores podem entrar ali e, mesmo assim, só depois de cumprir longas e draconianas medidas sanitárias impostas pelo governo local para combater o coronavírus. Imagens de ginásios lotados, sem isolamento das pessoas infectadas, de acampamentos abarrotados nas fronteiras e de gente pedindo ajuda aos gritos de dentro de quartos de hotel têm chocado os argentinos. Além de exigir um teste com resultado negativo, o governo obriga quem ingressar no território a cumprir quarentenas, em locais designados pelas autoridades, que ultrapassam os 20 dias —excedendo a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Atualmente, há 18.800 moradores mantidos em ginásios, escolas e hotéis, que sofrem com a falta de água, comida e acesso a higiene e não recebem acompanhamento médico. Os locais, trancados e vigiados pela polícia, estão lotados, o que impede que sejam cumpridas as medidas de distanciamento social. Os testes para o diagnóstico de Covid-19 demoram dias para serem realizados, e os resultados são entregues apenas oralmente, sem laudos. Também é assim, sem apresentar documentos oficiais, que as autoridades avisam as pessoas sobre quantos dias elas devem permanecer no local —há relatos de moradores que estão há mais de um mês em quarentena. Nas fronteiras da província, mais de 7.500 moradores estão acampados de maneira precária, alguns tentando voltar para casa desde março. Muitos deles possuem os documentos necessários e, ainda assim, não conseguem entrar no território. Outros não podem arcar com os custos do exame de PCR. Assim, acabam ficando nos acampamentos, onde também falta comida e água —entidades de direitos humanos têm distribuído doações nesses locais. Acusações de violações de direitos humanos vêm se acumulando, e a Anistia Internacional divulgou um comunicado afirmando que as medidas sanitárias do governo de Formosa excedem as normas de um Estado de Direito. A organização pede uma intervenção do governo nacional. No dia 11 de outubro, Mauro Rubén Ledesma, 23, foi encontrado morto por um pescador no rio Bermejo, na fronteira entre Formosa e a vizinha Chaco. O rapaz havia pedido a permissão especial de voltar para casa, onde estão sua filha de 2 anos e sua mulher, mas ela foi recusada. Por meses, ficou esperando a oportunidade de cruzar a divisa, até que se desesperou e tentou entrar na província ilegalmente, a nado. No começo deste mês, Zunilda Gómez, grávida, o marido e seus três filhos foram retirados de casa, na cidade de Clorinda, e levados pela polícia a um centro de isolamento sanitário. Eles fizeram o teste, e o resultado deu negativo. Ainda assim, ficaram isolados mais de dez dias em um quarto sem água ou limpeza e com poucas visitas de um médico. Zunilda perdeu o bebê. As duas histórias são parte de uma série de depoimentos colhidos por advogados e políticos locais, que pretendem levar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A Igreja Católica também se pronunciou, repudiando os métodos usados em Formosa. Jornalistas estrangeiros ou de outras províncias da Argentina não podem entrar na região, mesmo com as permissões de trânsito emitidas pelo governo nacional e que, em teoria, valem para todo o país. Na semana passada, a vereadora e advogada Gabriela Neme foi detida ao visitar vários centros de isolamento pedindo a liberação de pessoas que já estavam havia mais de um mês nesses locais com testes negativos ou sem sintomas da doença —neste caso, para cumprir a quarentena em casa. “O ambiente é tão insalubre para todos que está levando pessoas que não tinham o vírus a se infectarem"", afirmou ela à Folha. Ela foi presa diante de câmeras de TV e solta horas depois, mas responderá a um processo. ""Estou com hematomas e machucados já documentados, também entrarei com uma ação contra o Estado"", disse. Para o senador Luis Naidenoff, o que está sendo feito em Formosa é uma demonstração de poder que não tem a ver com a saúde. ""É um abuso de autoridade. Temos vários exemplos de outras medidas de quarentena, na Argentina e em outros países, em que é possível cumprir com os protocolos, evitar aglomerações, manter distância social e higiene sem causar esse sofrimento ou abusos de direitos humanos"", afirmou. Formosa é governada desde 1995 por Gildo Insfrán, filiado ao Partido Justicialista (a sigla peronista), que comanda a província como um caudilho —a legislação regional permite a reeleição indefinida. De acordo com os dados oficiais, 41,6% dos 630 mil habitantes de Formosa viviam abaixo da linha da pobreza em 2019, segundo pior resultado em todo o país e acima da média nacional, de 35,4% —no Brasil, o índice fica em 24,7%, aponta o IBGE. No IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a região é a lanterna no ranking argentino. Mais de 80% da população tem empregos vinculados ao poder público e praticamente não há oposição. Mesmo com acusações de vínculo com o contrabando (a província faz fronteira com o Paraguai) e de desvio de verbas federais, Insfrán é blindado pelo peronismo —movimento político que tem entre seus principais integrantes o presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner. Naidenoff, que pertence ao partido de oposição União Cívica Radical, afirma que ""Insfrán se apoia numa das práticas mais antigas de poder na América Latina, o clientelismo e o medo. Ninguém se levanta contra ele porque aqui não há Estado de Direito. A Justiça da província está em suas mãos, o cidadão não tem proteção, não tem uma Justiça a quem recorrer e teme seu poder"". Em resposta às críticas sobre as medidas para tentar conter o coronavírus, Insfrán diz que “nosso objetivo é salvar vidas” e cita dez mortos por conta da doença—o número, sobre o qual pairam dúvidas por falta de comprovação, é o menor do país. ""Vocês pensam que para nós é agradável tomar essas medidas? Claro que não."" Insfrán afirma que os ataques contra as medidas sanitárias impostas por ele são “uma perseguição política, porque este é um ano eleitoral” —em referência às eleições legislativas de outubro. Nesta quinta-feira (28), chegaram ao país 5 milhões de novas doses de vacina vindas da Rússia. Até agora, já receberam as duas doses da Sputnik V 200 mil argentinos que trabalham na área da saúde em todas as províncias do país. Agora, o governo prepara o início da vacinação da população em geral, começando pelos idosos e pela população de grupos de risco. A Argentina também fechou um acordo com a vacina de Oxford/AstraZeneca, prevista para chegar em março. E há negociações ainda em aberto com a Pfizer, a Sinovac e a Sinopharm, além da Moderna. A Argentina, que tem 44,45 milhões de habitantes, já registrou quase 1,9 milhão de infecções e 47 mil mortes pela doença, segundo a Universidade Johns Hopkins. [RESUMO] Pesquisador e diretor de documentário inédito no Brasil sobre Fordlândia argumenta que a cidade, construída por Henry Ford no Pará para a produção de borracha e abandonada em 1945, é um marco do modelo dominante de ocupação da Amazônia, que carrega a utopia de subjugar a floresta e ameaça suas populações e culturas locais.  O anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil provocou uma série de questionamentos sobre seus efeitos na economia e algumas rememorações sobre a presença centenária da empresa no país. Um aspecto crucial, contudo, merece ser esmiuçado: a maneira como a Ford se liga historicamente a um modelo predatório de exploração econômica ainda vigente na Amazônia. Há 94 anos, sob a batuta do então presidente Washington Luís e do governador Dionísio Bentes, a Assembleia Legislativa do Estado do Pará aprovou a concessão de uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares (10 mil km²) situada a 820 km da capital, Belém, para Henry Ford, o pai da primeira linha de produção automobilística dos tempos modernos. O empresário tinha uma ideia ambiciosa, como tudo em sua época: levar a “civilização” ao seio da floresta amazônica por meio do plantio de 800 mil hectares de seringueiras e da construção de uma cidade inteira para produzir borracha às margens do rio Tapajós, um dos principais afluentes do Amazonas. Ford precisava garantir matéria-prima para a produção de pneus, que custavam cerca de 30% de seus carros, e não lhe agradava a ideia de um mercado controlado por ingleses, que produziam seringueiras em suas colônias orientais. A preocupação de Ford estava ligada à interrupção da cultura da borracha na Amazônia, fornecedora original dos gigantes automobilísticos da época, bruscamente interrompida, após mais de 60 anos, quando o produto dos ingleses invadiu o mercado mundial. As sementes amazônicas, cerca de 70 mil, foram contrabandeadas para a Inglaterra —e de lá para a Índia e a Nova Zelândia— pelo britânico Henry Wickham. Em poucos anos, o eixo produtor da borracha no mundo foi deslocado para as colônias britânicas, deixando ao vale amazônico a obsolescência e o esquecimento. Tal desfecho salvou a vida de centenas de indígenas e ribeirinhos amazônicos de um sistema que em muito era análogo à escravidão. Ford tentou, por 18 anos, subjugar a floresta para satisfazer seus objetivos mercantis. Foi derrotado. Em seu meio natural, as seringueiras espalhavam-se por grandes extensões de mata e eram protegidas pela diversidade de espécies florestais em seu entorno. Porém, plantadas em áreas desmatadas e próximas umas das outras, foram presas fáceis para fungos, que paulatinamente consumiram o projeto do empresário norte-americano. Ainda hoje é questionável o desembarque da companhia Ford na Amazônia brasileira em 1927, inexplicavelmente no declínio do boom da borracha. O dito pretexto seria fugir de qualquer dependência econômica dos cartéis ingleses e holandeses no suprimento do látex para sua linha de montagem. Sabemos que não foi bem assim. Ford lucrou muito mais com a madeira e os minerais extraídos da região e exportados sem nenhum controle pelas autoridades brasileiras. Não obstante, ao construir as cidades de Fordlândia e Belterra, Ford levou a cabo sua utopia capitalista de controle da natureza. Era um modelo que usurpava a cultura e o modo de vida local, impondo dinâmicas alheias ao caboclo amazônida e a seus modos de alimentação, festejo e labor. Fordlândia e Belterra foram abandonadas subitamente quando já não satisfaziam os interesses econômicos da companhia. Práticas semelhantes de abandono se repetem ainda hoje, como o repentino fim de todas as operações da fábrica no Brasil neste ano —e vão além. Os rastros predatórios de destruição iniciados pela Ford na Amazônia se reinventam, porém deixam em evidência que, embora a Fordlândia tenha fracassado como projeto, de alguma maneira o modelo de ocupação da região triunfou e se multiplica nas veias de um sistema circulatório-capitalista adoecido. Meu documentário ""Beyond Fordlândia"" (muito além da Fordlândia, 2018, 75 min) conecta o passado da borracha ao cenário contemporâneo do agronegócio na Amazônia. Fica em evidência a ameaça que modelos de intervenção econômicos como o de Fordlândia produzem hoje aos biomas e às populações rurais, urbanas, indígenas, pequenos agricultores, mulheres e homens que têm uma ligação cultural e histórica com a região. Como bem sintetiza, no documentário, o professor Luís Magno Ribeiro, diretor da escola em Fordlândia, o que fica para a população são apenas buracos, doenças e o vazio de esperanças: Segundo o historiador David L. Lewis, Henry Ford fez altos investimentos em soja. Em 1929, ele estabeleceu um laboratório em Dearborn, Michigan, para realizar pesquisas sobre como diversas plantas poderiam servir para fins industriais. Em 1931, ele decidiu concentrar esforços na soja. Até 1933, ele havia gastado US$ 1,2 milhão, e a revista Fortune apontou que “ele tinha tanto interesse na soja quanto no V8”. Ford acreditava que o plástico produzido com soja seria o material do futuro e, embora nunca tenha conseguido produzir em massa seu “sojamóvel”, Ford desenvolveu e testou um protótipo. Se as empreitadas de Ford se desenharam como uma batalha do empreendedorismo contra o “inferno verde” ao tentar impor uma lógica de produção, se representaram a batalha do homem contra o desconhecido, o agronegócio representa uma situação um tanto diferente. O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de soja do planeta. A safra 2019/2020 —atualizada em setembro de 2020— produziu 126 milhões de toneladas, das quais cerca de 93,6 milhões foram exportadas, de acordo com dados publicados pelo Ministério da Agricultura e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A partir de julho de 2006, e renovado por prazo indefinido em maio de 2017, a moratória da soja, primeiro acordo brasileiro voluntário de desflorestamento zero nos trópicos, concordou em não comprar soja produzida nas terras desflorestadas da Amazônia brasileira. Não obstante, os campos de soja expandiram-se em 1 milhão de hectares nas últimas décadas no bioma amazônico, e a conversão direta de florestas para a produção de soja contribuiu para taxas recordes de desflorestamento. Uma das cidades erguidas por Henry Ford, a paraense Belterra possuía 13.851 hectares de plantio de soja em 2019, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). O Sindicato Rural de Santarém, por sua vez, estima que a área plantada tenha superado os 25 mil hectares em 2020. No cerrado, segundo estudo da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), em parceria com a Agrosatélite, a área de soja passou de 7,5 milhões de hectares em 2000/2001 para 18,2 milhões de hectares em 2018/2019. Nesse mesmo período, segundo a entidade, a produtividade cresceu 30%. A aliança do atual governo com o agronegócio e a mineração ilegal foi construída ainda nas eleições de 2018 e tem resultado em uma série de ações criminosas que ameaçam a sobrevivência da floresta e seus povos. Apesar de serem claros os vínculos entre a expansão dessas atividades e tais efeitos devastadores, ainda parece haver pouco espaço de contestação ao modelo vigente, implementado por Ford há quase cem anos. Quais são as razões do saudosismo da Ford na Amazônia? Seriam as apelativas notas publicadas no jornal A Cidade, de Santarém? “Ford é nosso amigo! Ele vai trazer dinheiro para esta terra! A vida vai melhorar! Teremos acesso ao luxo, o bom e o melhor! O progresso finalmente chegará ao Tapajós!” De forte e enganoso apelo popular, o exemplo fordista no Brasil é um modelo de cultura econômica predatória, mas sem parecer. Ele se apresenta como salvação na promoção de bem-estar e da riqueza na floresta, supondo a chegada de um inesperado progresso. Portanto, em 2021, é extremamente importante estudar comparativamente esses processos de ocupação na região, com vistas às gerações futuras. Denota-se daí que os movimentos de defesa da floresta e seus povos acham que detêm, de alguma forma, o avanço desses modelos por algum tempo. Não obstante, essa puxada de freio não resultará em estruturas institucionais que lhes permitam ter sustentação própria, pois o modelo Ford em curso no Brasil desde Fordlândia ganhou novos contornos e matizes de sedução (leia-se agronegócio). A matriz Fordlândia e o agronegócio têm em comum na sua gênese a digital da exclusão e do racismo ambiental e se reproduzem como câncer nas artérias industriais do país. Seja na Zona Franca de Manaus, no Pólo Siderúrgico-Metalúrgico do Pará, nos projetos hidrelétricos como Belo Monte ou na cultura pop do agronegócio da soja, exemplos de como a Amazônia é tratada como força produtiva. O perfil cultural da Ford na Amazônia tipifica um modelo imperial que se metamorfoseou no Brasil na forma de agronegócio. Pode-se dizer que o agronegócio superou o modelo econômico imperial fordista e se coloca nos movimentos da globalização da economia mundial, como um tipo de cultura que imprime um dinamismo aparente fora dos lugares centrais onde eles são gerenciados. Do ponto de vista causal é muito mais do que se apresenta: seria como uma caixa de pandora. Ou seja, quando se fala em uma cultura econômica, se trata- de um conjunto de determinações que estão embutidas e vão se abrindo, dependendo do lugar onde estejam, com várias feições. Daí que temos a Cargill atuando de uma forma, a Alcoa de outra, o projeto Jari de outro, em Fordlândia de outro, em uma espiral déjà vu interminável. Em essência, são estruturas diferentes de um mesmo modelo de cultura econômica. São ressignificações de algo muito profundo. Embora consista em uma atividade que extrai a riqueza do subsolo, a mineração mata menos pessoas a curto prazo que grandes empreendimentos (Cargill, Alcoa, Bunge etc.) que exploram as pessoas, a floresta, suas culturas e seus modos de vida e criam a ilusão de salvação e impedem o caminho próprio do etnodesenvolvimento. O agronegócio supera o imperialismo fordista porque ele se reinventa na economia global, vai além de uma estrutura produtiva ligada ao que se extrai da terra. Não obstante, ele passa a comandar a Bolsa de Valores e leva à falência as iniciativas locais. Excluídos os competidores, torna-se centralizador e monitorador da ocupabilidade —por conseguinte, destruidor dos recursos naturais. A ideia de industrialização da floresta em outras latitudes do planeta ocorre em longos processos de tempo de maturação para emergir —entre 50 e 100 anos. Na Amazônia, o mesmo processo se abrevia em períodos que variam de um a quatro anos. O tempo da industrialização na floresta exige, portanto, a violência como modus operandi. Diferentemente de outras regiões do planeta, na Amazônia não há nenhum tipo de preparação ou condição de emergência, simplesmente uma imposição predatória, onde todos os projetos operam na velocidade da luz: tiram tudo o que se pode com a máxima eficiência e rapidez. Quanto mais rápido, menor o tempo de reação da sociedade. Como experiência histórica, Fordlândia ocupa um lugar de destaque na gênese desses processos de violência industrial na Amazônia. Ou seja, uma violência temporal impingida que desorganiza o próprio tempo da floresta e de seus povos. A matrix Fordlândia torna-se, nesse sentido, um padrão (imposição de uma lógica de tempo, de extração e de padrão de controle) a ser seguido por seus pares contemporâneos (hidrelétricas, mineradores, sojeiros etc.). Na demanda global de extração fóssil, agridem o sistema metabólico da floresta, quebrando seu metabolismo e o dos sujeitos que moram nela. Entre o empreendimento de Ford na Amazônia e o governo Bolsonaro, uma mesma racionalidade parece atravessar a lógica dos empreendimentos capitalistas. Talvez a noção da natureza como obstáculo, o desprezo às diferenças, a forma autoritária e antidemocrática de tomada de decisão e a indiferença para com a vida. A síntese feita por Bruno Malheiro e Valter Cruz sobre a racionalidade bio/necropolítica dos grandes projetos na Amazônia nos ajuda a entender esse atravessamento histórico de formas violentas que forjaram o capitalismo na Amazônia. Só interrompemos essa história de destruição ouvindo seus povos originários, ainda que “ouvir os povos” seja apenas uma parte da história agora. Estes já são minoria na região. Pesquisa Datafolha recente revelou que 56% dos brasileiros são contra o voto obrigatório. O tema é relevante e faz parte de um conjunto de reformas institucionais que o país precisa enfrentar, e é bom que seja discutido. O ministro Luís Roberto Barroso parece concordar com essa ideia, mas com ressalvas. Ele diz que nessas eleições começamos uma ""transição"" para o voto facultativo, com um porém: que ainda somos uma ""democracia jovem"" e tudo deve ficar para ""um futuro próximo"". Quanto tempo ainda para amadurecermos? Sabe-se lá. Pelé dizia coisa parecida nos anos 1970: ""O povo não está preparado pra votar"". Cresci com essa frase na cabeça, que soava como uma verdade intransponível. Por alguma métrica que desconheço, as pessoas, inclusive um sujeito brilhante como o ministro Barroso, continuam acreditando que o povo não sabe votar, mesmo que um dia possa aprender. Se não sabe, é lógico ter um ""nudge"". Uma sanção leve, tipo uma palmadinha na bunda para criança se comportar. No nosso caso, é a chatice de fazer o ""requerimento de justificativa eleitoral"", bloquear documentos, pagar a multinha de R$ 3,51. Só uma palmadinha, até a gente amadurecer. O curioso é que já votamos 20 vezes desde a volta da democracia. Elegemos oito presidentes, fizemos uma Constituição, dois plebiscitos. Com um sistema de votação exemplar. Mas, por alguma razão, a frase de Pelé continua grudada na nossa cabeça. Há quem diga que o assunto é irrelevante. Dias atrás alguém me deu este argumento: ""Não precisamos nos preocupar com isso"", disse o sujeito, ""o voto já é quase facultativo. Veja a abstenção nessas eleições"". Talvez ele tenha razão. Num país infestado de burocracia, qual é o problema em ter mais uma multinha? Alguns dizem que o mais importante são os riscos do fim da obrigatoriedade. E se só radicais forem votar? E se o comparecimento for baixo, minando a ""qualidade da democracia""? Argumentos difíceis. A maioria das democracias consolidadas na Europa adotam o voto facultativo, enquanto a obrigatoriedade tende a ser padrão na América Latina. Difícil dizer que nosso modelo melhora a democracia. Há bons exemplos, também na direção oposta, como o da Austrália. Quanto à legitimidade, daria muito pano pra manga. Na eleição de 1996, nos Estados Unidos, o comparecimento eleitoral foi de 49%. Nesta última foi acima dos 66%. Biden terá mais legitimidade do que Bill Clinton? O não comparecimento indicaria ""recusa de consentimento"" aos governos? Lembrei-me das lições de Norberto Bobbio, para quem a abstenção pode significar exatamente o contrário: a saúde do sistema ou uma ""benévola indiferença"" em relação aos candidatos. Um bom argumento que escutei dizia que ""a obrigatoriedade protege a todos"". Evitaria o coronelismo e o cabresto em um país que ainda se parece, em muitas regiões, com a República Velha. Não me perguntem como medir isso, ainda que o argumento tenha certo apelo. De minha parte o incômodo é outro. É a reiterada ideia de que ""não sabemos"". A crença difusa de que o cidadão comum é, de algum modo, um incapaz. Ela vem do fundo de nossa cultura autoritária. E de lugar nenhum, visto que ninguém até hoje inventou um ""incapacitômetro"" para medir o grau de maturidade dos cidadãos. Intuo que é a mesma crença que diz que os mais pobres não podem escolher a escola dos filhos, como aplicar o fundo de garantia e tantas outras coisas. Crença que está na base de nosso Estado paternalista. Nos últimos anos avançamos um pouco. Exemplo foi a decisão, meio que por milagre, de que os brasileiros podem decidir se querem ou não pagar o seu sindicato. Mas a verdade é que a estrada é longa e o voto facultativo, para além de nos livrar do cartório, afirma um tipo de valor. O valor da autonomia dos cidadãos. A ideia de que as pessoas comuns podem aprender e tomar decisões por conta própria. E que sempre que alguém com o poder de ditar as regras do jogo disser o contrário, devemos desconfiar. Impeachment Bolsonaro ultrapassou o limite de ser um grave problema político para tornar-se uma séria questão epidemiológica nacional. Sua remoção da Presidência pelo processo de impedimento tornou-se uma questão de saúde pública, urgente e inadiável para o país. Érico Gonçalves Flores (Belo Horizonte, MG) Sugiro aos leitores deste jornal que vejam a coluna de Elio Gaspari desta quarta-feira (""Fora, Bolsonaro, para quê?"", Poder, 27/1), escrita com isenção, clareza e competência pelo brilhante jornalista. José Roberto Cassiano (São Paulo, SP)  Discordo da coluna desta quarta (27) de Elio Gaspari. O apenso ""para quê?"", colocado após ""Fora, Bolsonaro"", já existe. Com o fim do auxílio emergencial, já tem muita gente passando fome; gente que não é nem de esquerda nem de direita. E logo logo, além da pandemia da Covid-19, que mata mais de mil cidadãos por dia, vamos ter a pandemia da fome. Pobres que morrerão nas favelas e nas pirambeiras sem que ninguém saiba"". Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (São Paulo, SP)  Elio Gaspari afirma que o vice-presidente, Mourão, tem sido um ""fiel comandado"" do presidente Bolsonaro, alegando que nada mudaria se houvesse o impeachment. Ledo engano. O general obedece à inusitada hierarquia, mas suas opiniões, além de mais inteligentes, geralmente são opostas às do capitão. José Carvalho (São Paulo, SP) Parabenizo as instituições católicas e evangélicas por pedirem o impeachment de Bolsonaro (""Entidades católicas e evangélicas apresentam pedido de impeachment"", Poder, 27/1). É um alívio a todo cristão essa notícia, que mostra posição clara contra Bolsonaro, que sabotou todo o sistema de saúde e boicotou medidas a favor da vacinação. São vozes que gritam no deserto, mas serão ouvidas. A fraternidade vencerá a maldade de Bolsonaro; o amor vencerá as armas liberadas por ele; a saúde irá sobrepor-se à doença. A boa semente já foi plantada. Ricardo Osman Gomes Aguiar (São Paulo, SP) Leite condensado Após informações sobre as volumosas compras de alimentos sobrevalorizados para o Executivo, o Portal da Transparência do governo federal saiu do ar. Inúmeros pequenos sites e blogs informaram isso ainda na terça-feira (26). Nesta quarta, às 8h20, o portal continuava fora do ar e não havia nenhuma referência sobre isso no site da Folha. André Boniatti (São Paulo, SP) Ibirapuera Jair Bolsonaro, quando acerta, como no caso do Ibirapuera e seu tombamento, é por vingança (""Bolsonaro acena a atletas e quer barrar plano de Doria para Ibirapuera"", Cotidiano, 27/1). Marcos Barbosa (Casa Branca, SP) Assédio na Alesp Leio na Folha que ""Deputado que apalpou colega em SP quer perícia de imagem e fará estratégia de defesa a partir de acusação"" (Cotidiano, 27/1). É ou não é um canalha? Mauricio Huertas, jornalista (São Paulo, SP) Vacina ""Butantan diz que vai exportar doses extras de Coronavac se Ministério da Saúde não se manifestar"" (Saúde, 27/1). Dois presidentes sofreram impeachment por muito menos. Esse daí já coleciona no seu roll até o que poderíamos enquadrar como ""crimes contra a humanidade"". E todos ficam calados, não fazem nada contra esse plano maquiavélico. Pedro Henrique Alves Lopes (São Paulo, SP) Jair Bolsonaro e João Doria precisam parar com as picuinhas. Se Bolsonaro não comprar as vacinas, que São Paulo as use para imunizar sua população; e os outros estados que se entendam com o governo federal. Agora, exportá-las é um absurdo e soa como ameaça juvenil. Mario José Corrêa de Paula (São Paulo, SP)  Dimas Covas, do Instituto Butantan, fala como se a gente tivesse vacina transbordando pelo ralo. O país está tomado pela insanidade! É só vender para os estados ou até para a iniciativa privada dentro do país. O presidente é péssimo, mas essa atitude é insana! Giordano Mochel Netto (São Luís, MA) Primeiro seria bom saber se o governo federal já pagou o que deve ao estado de São Paulo. Todo gasto com Coronavac até o momento foi financiado pelo estado. Segundo, eu pergunto: o que impede Doria de ficar com o restante das vacinas que o governo federal não quer e vacinar todo o estado de São Paulo? Com certeza haveria dinheiro para isso, mesmo que fosse de fonte privada. Peter Janos Wechsler (São Paulo, SP) Pazuello A situação está clara: o capitão não tem peito para demitir o general. Está usando a mão do procurador-geral da República. Narciso Capasciutti (Jaboticabal, SP) A falta de dignidade do general Eduardo Pazuello é estarrecedora. Como se fosse uma criança, é colocado de castigo em Manaus por seu chefe enquanto o país necessita com urgência de medidas efetivas do Ministério da Saúde. O mínimo que se espera é que ele peça demissão, mas creio que ele não tenha escrúpulos para tanto. Luiz Fernando Paulin (Bragança Paulista, SP) Volta às aulas Triste ler um artigo de opinião que se propõe a fazer uma reflexão sobre a necessidade da reabertura das escolas mas que não menciona, em nenhum momento, os professores (""Educação é atividade essencial, e a reabertura das escolas, urgente"", Cotidiano, 27/1). Foram citados os alunos, os pais, os avós e os cidadãos, mas os docentes, grupo continuamente desvalorizado nos debates públicos, não apareceram e não são pensados como agentes importantes desse processo de reabertura. Qual o motivo da exclusão? Esquecimento ou indiferença? Leonardo de Atayde Pereira, professor da rede privada e pública do estado de São Paulo (São Paulo, SP) IPTU em São Paulo Quem foi o Pinóquio que falou que os valores do IPTU 2021 seriam congelados? O meu subiu 10%. Gilberto Assad (São Paulo, SP) “Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!”, diria Luís de Camões diante do jogo monumental que teremos neste sábado (30) no santuário do Maracanã. Tudo novo, dos times ao estádio, tudo histórico, como os clubes e o palco. Um clássico nacional disputado pela primeira vez em 1915, com goleada santista por 7 a 0, devolvida 17 anos depois com acréscimo, 8 a 0. Esqueça os jogos nas últimas duas rodadas do campeonato nacional. Palmeiras e Santos só pensavam na final continental, batismo do clássico como internacional. Não será, como é sabido, a primeira decisão brasileira na Libertadores, mas a inédita final paulista. Nem o Rei Pelé e nem o Divino Ademir da Guia tiveram a responsabilidade que terão as mãos de Weverton e os pés de Marinho. As armas do jovem compatriota do velho Camões, Abel Ferreira, dão mais alternativas, são mais valiosas e em quantidade maior que as do experiente Cuca, surpreendentes, alegres e abnegadas. O Palmeiras chegou à decisão por cálculo, planejamento e obsessão. O Santos, ao contrário, por acaso, sem que ninguém acreditasse, muito mais leve e solto. Dizer que o peso maior está sob as costas alviverdes é verdade só pela metade porque nenhum santista dirá que o time é franco atirador, sem nada a perder. Se o Palmeiras quer o bicampeonato e a passagem em busca do Mundial que lhe falta, o Santos busca ser o primeiro clube brasileiro tetracampeão sul-americano, além de empatar com o São Paulo com três Mundiais. A rara leitora e o raro leitor se lembram de terem parado para ver Boca Juniors e River Plate decidirem a taça dois anos atrás. O mundo inteiro viu até por ter sido em Madri, no lendário Santiago Bernabéu, não por mérito, mas pela vergonha do acontecido em torno do Monumental de Núñez. Agora pararão todos para ver o Maracanã, sem a beleza que seria lotado de branco e verde, ainda assim em espetáculo imperdível. Ao torcedor brasileiro neutro, tomado pela chamada inveja saudável, restará desejar o jogo com a qualidade que os dois times podem disputar e que vença o melhor. Na história do confronto, o melhor, durante mais de década, fins da de 1950 e toda de 1960, foi o Santos, embora em 105 anos seja o Palmeiras, com 138 vitórias contra 105 em 330 clássicos. Vivêssemos tempos normais, o Rei e o Divino poderiam ver a finalíssima abraçados no estádio, quem sabe dar com seus pés mágicos o pontapé inicial da epopeia. Felizes aqueles que viram ambos protagonizarem partidas inesquecíveis, ainda restritas às fronteiras estaduais ou nacionais, e agora podem ver novos personagens extrapolarem pelo planeta Bola. “Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!”, pois daqui para frente nada mais será igual sempre que Palmeiras e Santos se encontrarem. Lembre-se de que, se faltasse alguma regra para medir o tamanho do jogo, até hoje, desde 1958, trata-se do clássico brasileiro recordista em número de gols em apenas 90 minutos, 7 a 6 para o Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo, gols praianos de Dorval, Pagão (2), Pelé e Pepe (3). Também único jogo a decidir um Supercampeonato paulista, o de 1959, 2 a 1 para o alviverde, com cobrança magistral de falta por Romero. Diante do tamanho deste sábado, só resta perguntar: quem tem roupa para vê-lo? O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha lança nos próximos meses o livro “Tchau, Querida”, em que promete revelações bombásticas sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Um de seus principais alvos é o ex-presidente Michel Temer. Sem a atuação dele, diz Cunha, “não teria havido impeachment”. A coluna teve acesso com exclusividade à íntegra da introdução das memórias do ex-parlamentar sobre o período. Nela, Cunha critica o livro “A Escolha”, lançado por Temer. Segundo ele, a obra quis “passar a informação de que Michel Temer apenas se beneficiou pelo destino da previsão constitucional de que o vice sucede o titular na Presidência”. Não, diz Cunha. Segundo ele, Temer “foi sim o militante mais atuante e importante” na derrubada de Dilma Rousseff da presidência. “Ele simplesmente quis e disputou a Presidência de forma indireta. Ele fez ‘a escolha’”. Cunha, que está em prisão domiciliar, promete “detalhes inéditos e minuciosos” sobre a batalha de Temer para derrubar Dilma. No livro, ele também mira em dois personagens em destaque no atual cenário político: o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Baleia Rossi (PMDB-SP), que disputa o cargo com apoio do próprio Maia. Segundo ele, o atual presidente da Câmara foi articulador e “um dos principais militantes” pelo impeachment, buscando “os holofotes dessa participação”. “Não tinha limites para a sua ambição e vaidade”, segue. Foi no apartamento de Maia, segundo Cunha, que ocorreram as reuniões cruciais para o afastamento de Dilma. O atual presidente da Câmara queria inclusive ser o relator do impeachment. Já Baleia Rossi também teria atuado na derrubada da petista. E só não foi ministro de Temer porque respondia a acusações de fraude na merenda escolar de São Paulo. O presidente da Câmara dos Deputados diz que a versão de Cunha é mentirosa e que ele, Maia, não poderia viabilizar o impeachment – seu partido, o DEM, era da oposição ""coerente e transparente"". Para derrubar Dilma, era necessário reunir traidores do então governo. E quem comandou o processo de traição, afirma Maia, foi Eduardo Cunha ""depois que o PT se negou a dar três votos que o absolveriam no conselho de ética"". Na época, Cunha sofria um processo de cassação do mandato. ""Um criminoso, quando é pego pela Polícia, pela Justiça, apresenta uma versão para os fatos tentando se afastar da responsabilidade pelos crimes que cometeu. Eduardo Cunha, como sabemos, é criminoso. Cumpre pena por alguns crimes já julgados, pelos quais foi condenado, e tenta fugir de outras condenações"", afirma o presidente da Câmara. ""Em seu livro, com prefácio vazado agora para tentar desesperadamente ajudar aos amigos e cúmplices que ainda tem na política, ele cria uma versão para tentar se manter protagonista na história. Mas a História já o expulsou das páginas gloriosas e o prendeu em notas de rodapé"" Leia abaixo a íntegra da introdução do livro --a obra ainda não passou por revisão ortográfica.  ""Esse livro começa com a história que todos sabem o seu final. no dia 17 de abril de 2016, um domingo, por volta das 23 hrs e 7 minutos, o então deputado Bruno Araújo deu o voto decisivo, de número 342, a favor da abertura do processo de impeachment, em uma votação que terminaria com 367 votos favor da abertura do processo, 137 votos contrários, 7 abstenções, que na prática eram votos contrários a abertura, além de dois ausentes que, também na prática eram votos contrários a abertura do processo de impeachment. As duas únicas ausências nessa votação, foram as do então deputado do PMDB do Ceará Aníbal Gomes que, para justificar a sua negociação com o governo, se internou para uma cirurgia e a da deputada Clarissa Garotinho do Rio de Janeiro onde, em função de uma negociação de benesses para a prefeitura de Campos, feita pelo seu pai, antecipou uma licença maternidade para o dia 15 de abril, de um filho que nasceria em 20 de maio, 35 dias depois. O que se pretende com esse livro não é contar a história do final já conhecido, mas sim levar ao leitor todos os fatos que ocorreram para que se chegasse a esse resultado, com informações inéditas, relatados em ordem cronológica e, análise das condições históricas que levaram a esse processo de impeachment. O relato será fiel aos fatos, descrevendo o papel de cada um nessa trajetória do impeachment e as atuações que alavancaram ou prejudicaram o processo. Relataremos também a participação do então vice presidente Michel Temer, com detalhes inéditos e minuciosos, para demonstrar que o principal beneficiário do processo, foi sim o militante mais atuante e importante. Sem essa sua atuação não teria havido o impeachment. Recentemente, Michel Temer lançou um livro denominado “A Escolha “, onde além de produzir uma obra que parece ser para presentear aos amigos, afim de colocarem nas mesas das suas salas de visitas, ele fala sobre o impeachment. O livro, feito através de entrevistas, a um amigo dele, Denis Rosenfield, peca pela bajulação, onde as perguntas já fazem a defesa de Michel, com mais ênfase do que ele mesmo. Entretanto, o mais importante foi querer passar a informação, de que Michel Temer apenas se beneficiou pelo destino da previsão constitucional, de que o vice sucede o titular da presidência. A verdade é que essa obviedade, que aliás deveria ser alterada na Constituição, para que haja novas eleições, no caso da vacância do cargo de presidente, em função de morte ou impedimento, não se deu extamente como ele escreveu. Não foi apenas o destino, ou simplesmente a previsão constitucional, que fizeram Michel Temer presidente da República. Ele simplesmente quis e disputou a presidência de forma indireta. Ele fez “a escolha“. Em função do protagonismo assumido nos últimos tempos, detalharemos também a participação de Rodrigo Maia no impeachment. Ele era um dos principais militantes, articuladores e buscava os holofotes dessa participação. Foi no apartamento de Rodrigo Maia, em São Conrado no Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 2015, em uma reunião articulada por ele, com o então líder do PSDB Carlos Sampaio e o então líder da minoria Bruno Araújo, que se decidiiu a mudança, exigida por mim do pedido de impeachment, que tinha sido apresentado na Câmara. Sampaio foi o encarregado da redação, junto aos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. Foi essa mudança que levaria a minha decisão, de aceitação do impeachment, já que foi nesse momento que se incluiu os decretos orçamentários, editados em agosto de 2015, já no segundo mandato de ilma, sem autorização do congresso. Nesse momento praticamente se selou a decisão do impeachment. O combinado era que eu despacharia esse pedido com a mudança solicitada, rejeitaria o pedido, mas acolheria um recurso do PSDB e o levaria a votação em plenário. Nesse caso, a decisão da minha prerrogativa de aceitação ou não da abertura do processo de impeachment, iria caber ao plenário da Câmara. Isso só não ocorreu dessa forma pela intervenção do STF. Nós vamos mostrar também que Rodrigo Maia não tinha limites para a sua ambição e vaidade. Na busca do protagonismo do impeachment, ele quis forçar ser o relator da comissão especial do impeachment. Eu tive que vetar essa sua pretensão, preferindo indicar o então líder do PTB, Jovair Arantes. Nós não venceríamos na comissão especial, se a relatoria ficasse com Maia. Depois, já com o impeachment aprovado na Câmara, Rodrigo Maia quis de qualquer forma ser o líder do governo Michel Temer na Câmara. Ele já estava oficialmente convidado pelo novo governo, quando atendendo a pressão dos líderes dos partidos de centro, que ajudaram no impeachment, eu interferi junto a Michel Temer, alterando a decisão. Os líderes dos partidos PP, PSD, PR, Solidariedade, PTB, PSC, PHS e PTN, dentre eles estava o líder do PP Agnaldo Ribeiro, exigiram que Rodrigo Maia fosse desconvidado e indicaram o então líder do PSC André Moura. Coube a mim levar a Michel a demanda, para evitar uma crise política, logo no início da presidência dele e alterar a decisão. Agnaldo Ribeiro depois viararia o grande aliado de Maia. Essas duas ambições de Rodrigo Maia, frustadas por mim, o levaram ao rompimento comigo. Por consequência, quando ele consegue ascender a presidência da Câmara, por vingança, facilita a cassação do meu mandato, fazendo uma sessão às vésperas das eleições municipais, além de impedir que eu pudesse ter a votação de uma punição alternativa. Como estamos no meio do seu protagonismo, não deixaremos de tratar também do deputado Baleia Rossi, que acabou virando o herdeiro de Rodrigo Maia, na tentativa de monopolizar o controle político da Câmara. Baleia Rossi, vem a ser filho de Wágner Rossi, ex deputado e principal “parceiro “ político de Michel Temer. Wágner ocupou vários cargos por indicação de Michel, dentre eles a presidência da Companhia Docas de Santos, a Cnab e o Ministério da Agricultura, nos governos de Lula e Dilma. Ele acaba demitido por Dilma, debaixo de suspeitas de irregularidades, chegando até a ser preso no inquérito dos portos, que envolve Michel Temer. Para quem não sabe, coube a Wágner Rossi, a aproximação entre Michel Temer e Joesley Batista. Isso está refletido nas delações de Joesley e de Lúcio Funaro. Dentre as denúncias, a empresa “A Ilha Produção ltda “, pertencente ao irmão de Baleia e a sua mulher, receberam nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014, milhões de reais em pagamentos oficiais e caixa 2, inclusive da Odebrecht, conforme outra delação, dessa vez do marqueteiro Duda Mendonça. Há relatos também nas delações, de que Joesley Batista teria supostamente pago uma mesada a Wágner Rossi, depois da sua demissão do Ministério da Agricultura, a pedido de Michel Temer. Nós não podemos afirmar que os conteúdos das denúncias são verdadeiros. O que podemos afirmar é a proximidade entre Rossi e Temer. Baleia, vereador em Ribeirão Preto, deputado estadual em São Paulo, que sempre votava em Michel Temer para deputado federal, acaba ascendendo a presidência do PMDB em São Paulo e a deputado federal em 2014 com o apoio de Michel. Com o impeachment em andamento, contrariando o que Baleia diz, que era um personagem irrelevante no impeachment, Michel Temer nomeia o então líder do PMDB Leonardo Picciani para o Ministério dos Esportes, para que vagasse o cargo de líder e assim Baleia pudesse assumir a liderança com o seu apoio. Na verdade Michel Temer o queria ter feito ministro, para desagravar ao seu pai, demitido por Dilma. mas, Baleia respondia naquele momento pela investigação de fraudes na merenda escolar de São Paulo, preferindo ficar na posição de líder, do que se arriscar como ministro. A força de Baleia Rossi junto a Michel Temer é de tal ordem, que depois em 2019, Michel patrocina e o elege presidente do PMDB nacional, o deixando acumular um poder de líder da bancada e de presidente do partido. A possibilidade de alcançar a presidência da Câmara faria Baleia se igualar ao próprio Michel Temer e a Ulysses Guimarães no acúmulo de funções importantes. No momento em que assistimos ao PT apoiar Rodrigo Maia e Baleia Rossi, como se eles não tivessem tido protagonismo no impeacahment, não podemos de deixar de registrar essa posição, que chega a ser hilária, para quem viveu aquele processo. Essa aliás é, uma das razões da situação do PT, ter chegado aonde chegou. Os seus erros políticos e de avaliação são tão grandes, que será muito difícil o PT se levantar, se não tiver uma grande mudança de ventos. O apoio do PT a Rodrigo Maia e a Baleia Rossi, nos leva a sensação de que o partido está acometido da síndrome de Estocolmo. Baleia Rossi, depois como líder do PMDB, protagonizou um acordo comigo, depois não cumprido por ele. Eu acabaria renunciando a presidência da Câmara em 7 de julho de 2016, em função desse acordo promovido por ele, que envolvia michel Temer e o então presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Osmar Serráglio. A proposta que foi aceita por mim, era a minha renúncia, para que mediante uma petição elaborada pelo próprio Osmar Serráglio, o meu processo de cassação retornasse ao Conselho de Ética, para nova apreciação. Essa proposta havia sido acertada no gabinete do já presidente Michel Temer e me levada pelo Baleia. A proposta incluiria também, que o nome que eu escolhesse como o meu candidato a presidência da câmara, seria apoiado por eles. Eu depois de debater com os líderes, incluindo o próprio Baleia, escolho o líder do PSD Rogério Rosso, como candidato a minha sucessão, acordado por todos. Eu cheguei antes até a oferecer a candidatura a presidência ao próprio Baleia, que recusou por receio da sua investigação que estava em andamento. Como já sabemos, eu renunciei a presidência, assinei a petição preparada por eles, mas de nada adiantou. Eles não cumpriram a parte deles no acordo. Com a minha renúncia, a nova eleição na câmara foi feita em seguida. Michel Temer de maneira velada, trai o compromisso e apoia a candidatura de Rodrigo Maia, o elegendo em detrimento da candidatura de Rogério Rosso combinada por mim. Michel se fingiu de neutro, mas delegou a Moreira Franco, sogro de Maia, a articulação, onde ele reverte a posição do PR e de grande parte do PMDB, incluindo Baleia. Com isso Rodrigo Maia acaba eleito presidente, em uma disputa em segundo turno contra Rogério Rosso, já como meu adversário ferrenho. Ele trata de combinar a votação da minha cassação, logo após a votação no Senado do afastamento definitivo de Dilma, mas antes das eleições municipais. Isso aliás, foi moeda de troca para que Maia obtivesse votos da esquerda no segundo turno dessa eleição. O livro fará também um breve relato da história das eleições presidenciais e do Congresso, desde a proclamação da República até a eleição do segundo mandato de Dilma Roussef, interrompido pelo processo de impeachment. Nós não pretendemos expôr todos os detalhes das eleições anteriores, mas tão somente fazer o relato dos fatos, das condições políticas, razões e consequências dos respectivos processos eleitorais, para que o leitor possa se situar e comparar com os tempos atuais. Na eleição de Fernando Collor, traremos um pouco de fatos inéditos vividos por mim, já que participei naquela eleição trabalhando na campanha eleitoral. Essa eleição teve relevância, para entender o processo que levaria a seu impeachment. ""Tchau Querida “ pretende ser uma obra para registro da história e vamos abordar também o processo do impeachment do ex presidente Fernando Collor, que teve a participação ativa do partido dos trabalhadores, vítima depois do mesmo processo que impôs a Collor onde, naquele momento não era golpe e quando foi vítima passou a ser golpe, ou seja, quem com golpe fere, com golpe será ferido. A origem do título “Tchau Querida “, vem de um grampo ilegalmente divulgado pelo então juiz da Lava-Jato e depois ministro da justiça, Sérgio Moro, onde um diálogo entre Dilma e Lula gravado com autorização dele, como juiz, porém realizado fora do período autorizado e, divulgado sem base legal, apontava que Dilma queria que Lula assinasse o termo de posse como ministro imediatamente, para evitar qualquer risco de uma atitude de Sérgio Moro, contra Lula, que já tinha sido alvo de busca e apreensão e condução coercitiva, autorizada por Moro, dez dias antes. No referido diálogo, Lula se despede de Dilma com a frase que ficou notabilizada pelo deboche e virou a frase mais usada nos passos seguintes do processo de impeachment, o “tchau querida“. Dessa forma adotamos a frase como título, não com intuito de deboche mas, apenas para chamar a atenção que houve sim, um ato ilegal de um juiz, que hoje se sabe que era líder e chefe de uma organização política, que poderia, se usado os mesmos critérios das acusações e sentenças da Lava-Jato, ser considerada uma organização criminosa. Claro que para se constatar isso, deveríamos submetê-lo ao devido processo legal, com o devido contraditório e sentenciar de acordo com as provas produzidas, fato que não ocorria na sua jurisdição e na sua atividade jurídica política de comandante em chefe da organização Lava-Jato. É verdade que conhecemos parte desse fatos pela atuação do Intercept Brasil, com idêntico viés político que, divulgou o que obteve em conta gotas, visando a obter a soltura de Lula. Logo em seguida a Lula ter sido solto, cessaram ou minguaram as divulgações, certamente guardadas para o momento eleitoral de 2022. Além disso o Intercept escolheu a dedo os que poderiam se beneficiar dessa divulgação e, certamente causou prejuízos a muitos que não tiveram vazados os fatos que lhe atingiriam por óbvia opção política, já que para o que ficou conhecido como Vaza-Jato, o importante era Lula. Jamais iriam beneficiar os adversários do PT, como o meu caso, onde o que divulgou sobre mim, foram fatos onde eles não queriam a divulgação, mas foram atropelados pelo órgão de imprensa que os divulgou. Recebi relatos inclusive de que iriam cancelar a parceria, com determinado órgão, caso divulgasse fatos que pudessem me beneficiar, ou seja, passei esses anos todos com Moro me usando como discurso de que ele não era adversário do PT, porque havia condenado o maior adversário do PT que era eu, mas o Intercept não quis fingir a mesma isenção, que não era braço do PT, porque também divulgaria fatos do maior adversário do PT. Eles preferiram o fígado. O livro vai além da análise das razões do processo de impeachment e das dificuldades de termos uma Constituição parlamentarista e um regime presidencialista, pois busca analisar o dia a dia dos erros de Dilma e seus aliados, que culminaram com o seu processo de impeachment. Serão tratadas as decisões do STF, provocadas pelo PT e seus aliados, sobre o processo de impeachment, onde duas dessas decisões tiveram especial relevância para todo o processo. A primeira decisão se deu quando suspenderam uma decisão minha, na presidência da Câmara dos deputados, na questão de ordem número 105, de autoria do então líder do DEM, Mendonça Filho, onde impediram que eventual recusa minha a pedido de abertura do processo de impeachment, pudesse ter recurso ao plenário. Era dessa forma que eu conduziria o pedido de abertura do processo de impeachment. Esse era o entendimento vigente na Câmara, prática que ocorreu em 1999, quando o PT ingressou com pedido de abertura de processo de impeachment contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso, rejeitado pelo então presidente da Câmara Michel Temer e, com recurso ao plenário do deputado do PT e ex presidente da Câmara, Arlindo Chináglia, levado a votação em plenário e derrotado. Essa decisão equivocada, acabou deixando o poder absoluto sem contestação nas minhas mãos, um poder quase imperial de aceitar ou recusar o pedido de abertura do processo de impeachment, sem qualquer possibilidade de recurso ao plenário, o que de fato acabou ocorrendo. Isso sem contar que essa decisão impediu, que Dilma evitasse a abertura do processo de impeachment. Caso eu rejeitasse o pedido e houvesse um recurso ao plenário contra a minha rejeição, bastaria a ela ter a maioria simples para evitar essa abertura. Naquele momento ela ainda teria tido condições para obter essa maioria simples. A atitude de Dilma e do PT, era simplesmente impedir que houvesse recurso contra a minha decisão de rejeitar o impeachment. Eles queriam que eu tivesse a decisão de aceitar ou rejeitar, sem qualquer possibilidade de recurso. Era realmente um contrasenso, que custou a eles a aceitação da minha parte ao impeachment. É evidente que torna-se necessário corrigir essa distorção. Não me parece razoável que o presidente da Câmara, mero representante de uma das casas do congresso e coordenador dos seus trabalhos, tenha um poder monocrático imperial, de aceitar ou rejeitar um pedido de impeachment, sem que caiba recurso ao plenário, onde a maioria pode decidir a sua vontade real. A segunda decisão relevante, foi após a minha decisão de abrir o processo de impeachment em 2 de dezembro de 2015, quando o PT e seus aliados ingressaram com uma ação de descumprimento de preceito fundamental – adpf 378, para impedir o processo de impeachment e contra o rito do processo de tramitação adotado por mim, que havia levado a apreciação do plenário a criação da comissão especial, em voto secreto, admitindo candidaturas avulsas, onde o governo havia sido fragarosamente derrotado. acabou sendo eleita uma comissão opositora ao governo. O livro “Os Onze “, dos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber, sobre os bastidores do STF, faz relatos sobre essa decisão, não contestados por ninguém. Ele relata que o então ministro da justiça José Eduardo Cardoso, teria viajado em avião da FAB a Curitiba, de madrugada, para encontrar o relator dessas ações, o ministro Luís Edson Fachin, nomeado recentemente por Dilma para a vaga que foi de Joaquim Barbosa, onde Cardoso queria que Fachin suspendesse o processo de impeachment. Todos ficaram apavorados com a relatoria de Fachin, visto que como militante da campanha de Dilma que foi, havia a suspeita de parcialidade da sua decisão, mas o que ocorreu é que, apesar de ter atendido a Cardoso e dado inicialmente uma liminar suspendendo o processo, marcou imediatamente o julgamento e, nele o seu voto, confirmava todos os atos por mim praticados e as decisões que a Câmara tinha tomado, para surpresa de todos. No livro “Os Onze“, falam que o voto de Fachin teria uma sutileza que, depois seria usada para anulação de todo o processo de impeachment. A sutileza consistiria, em que o processo de impeachment seria um processo jurídico político e não somente um processo político e, que isso poderia levar a apreciação futura, de que não haveria condição jurídica para o impeachment e com isso se poderia anular todo o processo. Não se sabe se essa era a real intenção de Fachin, ou se foi a desculpa utilizada para justificar o seu voto a quem lhe cobrasse a infidelidade a Dilma, mas o fato é que Fachin estava certo, já que o processo de impeachment era tanto jurídico quanto político. Para corroborar isso, basta ler a minha decisão de aceitação de abertura de processo de impeachment. Ela consistia de fatos que eu entendi que eram cabíveis juridicamente. além disso, quando do julgamento no senado federal, que por disposição constitucional é presidido pelo presidente do STF, todo o debate lá ocorrido, foi feito sobre o cabimento ou não das acusações contra dilma e não sobre a sua pífia presidência. Evidentemente, o caso do impeachment do Collor não teve qualquer base jurídica e foi totalmente político, já que os fatos tratados no relatório da CPMI do Congresso nacional, eram fatos que poderiam ser enquadrados como crimes comuns e não crimes de responsabilidade. Tanto isso é verdade, que a Procuradoria-Geral da República apresentou depois denúncia contra Collor ao STF e ele acabou absolvido pelo STF na ação penal de número 307, dois anos depois do processo de impeachment. Naquele momento Collor foi julgado pelo STF, mesmo depois da perda do mandato, pela jurisprudência da época, modificada hoje, onde não se perdia o foro após o término do mandato. Se a denúncia tivesse sido apresentada, antes da abertura do processo de impeachment, a Câmara dos deputados poderia ter autorizado ou não a abertura do processo penal, implicando no afastamento por 180 dias do presidente, após a denúncia ser aceita pelo STF e, o julgamento ficando a cargo do STF e não do Senado federal. Recentemente, aconteceu isso por duas vezes com Michel Temer que, denunciado pela Procuradoria-Geral da República em duas oportunidades, em ambas a Câmara dos deputados rejeitou a autorização para abertura da ação penal, sustando o processo até o fim de seu mandato. A parte política do processo de impeachment, está na atuação tanto dos deputados que autorizaram a abertura do processo, quanto dos senadores que o julgaram. eles o fizeram por motivações políticas e, além disso, os senadores não são julgadores que tem de fundamentar o seu voto, como os magistrados e são soberanos na sua decisão, não se subordinando a eventual correição do STF. Fachin estava certo no argumento e, se verdadeira a sua motivação divulgada, haveria um erro e me parece que essa alegação foi ter realmente a desculpa de um novato no STF, confrontado com a primeira grande oportunidade de fazer a sua biografia, fato muito comum no STF atual, onde as nomeações ficaram abaixo do nível esperado e com ministros que sem biografia anterior, necessitam da sua atuação no STF para construí-las. O fato é que Dilma tinha outro centro avante no STF, que era o ministro Luís Roberto Barroso, o primeiro a votar depois de Fachin, que fez um voto divergente, criando condições de salvação de Dilma, confirmando que, para o afastamento dela não bastaria a votação de dois terços da Câmara, mas teria de ser confirmada a votação por maioria simples do Senado da admissão ou não do processo de impeachment. Ou seja, absurdamente o Senado por maioria simples, poderia tornar sem efeito uma decisão de dois terços da Câmara. A Constituição é muito clara, onde cabe a Câmara abrir o processo de impeachment e cabe ao Senado o seu julgamento, não lhe cabendo um duplo papel de autorizar o que a Câmara já autorizou e depois também julgar. Isso seria colocar o Senado em um papel superior a Câmara, não admitido na nossa Constituição, onde o texto do artigo 86 fala diretamente que: “admitida a acusação contra o presidente da República por dois terços da Câmara dos deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal nas infrações penais comuns, ou perante o Senado federal nos crimes de responsabilidade.”, texto bem claro, onde a decisão de Barroso foi o seu viés de fidelidade a quem fez a sua nomeação ao STF. Além disso Barroso legislou, interviu no regimento interno da Câmara e teve uma passagem célebre muito ironizada na imprensa, onde leu um artigo do regimento da câmara, artigo 188 inciso iii e, parou a leitura no ponto que iria contradizer o seu argumento, onde o texto diz que a eleição secreta se aplicaria as demais eleições não descritas naquele artigo, o que era exatamente o caso da eleição para a comissão especial do impeachment. Barroso baseado na ausência do dispositivo do regimento interno, que existia e que tinha omitido na sua leitura, anulou a eleição da comissão especial que tinha sido por voto secreto, determinando que fosse em votação aberta. Ele determinou também, sem qualquer respaldo no regimento da Câmara ou na lei 1.079 de 1950, a lei do impechment, que só fossem submetidos a votos do plenário da Câmara, apenas os indicados pelas lideranças dos partidos, não admitindo qualquer candidatura avulsa, fato normal no parlamento, previsto no regimento interno e consolidado nas jurisprudências da Câmara. Em resumo, Barroso interviu e paralisou o processo de impeachment e, naquele momento deu sobrevida a Dilma, já que seria bastante fácil para ela obter maioria simples no senado, para não ser afastada. Sabendo disso, eu resolvi esperar o fim do recesso do Congresso, que iria começar naquele momento, para continuar com o processo, já que a derrota era uma hipótese provável. Barroso foi acompanhado pela maioria do plenário, vencendo o voto de Fachin, mostrando a todos nós, que Dilma estava com a maioria do STF e isso tornava mais difícil o processo, já que sabíamos que além da dificuldade no senado, ainda poderíamos ter outras disputas no STF acerca das decisões. Dilma aliás, em momento anterior, já tinha me dito que tinha 5 ministros no STF, mas a conta dela incluia Fachin, que nesse caso não lhe ajudou mas, eu sabia que ela iria jogar nessas duas frentes, a do STF e também com Renan Calheiros no Senado e, com isso tentar parar ou derrotar o impeachment. além disso, ela contava com a serventia e a atuação do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Todos esse detalhes, reuniões, jantares, articulações, conversas, a obtenção dos votos necessários para a abertura do processo de impeachment, serão contados nesse livro, de forma minuciosa. Ele terá o término do seu relato no dia do afastamento de Dilma e da posse de Michel Temer, em 12 de maio de 2016. Eu também mostrarei alguns detalhes do processo de cassação do meu mandato de deputado, incluindo as tentativas de extorsões que eu sofri. Como a maior parte dessa história está em período posterior a esse, o próximo livro será mais detalhado sobre isso. Eu aproveitei e formulei uma série de propostas de alteração do sistema político, com propostas de mudanças na Constituição, na legislação eleitoral e até no regimento interno da Câmara. As propostas formuladas podem ao menos em parte, alterar profundamente o sistema político e ajudar na estabilidade política. Elas abrangem o parlamentarismo, a extinção ou alteração dos poderes do vice-presidente da República, a vacância da presidência, a mudança do processo eleitoral, dentre outras. É claro que esse livro terá sequência e o segundo relato será feito depois, abrangendo o período de Michel Temer a Bolsonaro no pós impeachment. Com isso pretendo compartilhar para a história, todos os fatos que vivi, protagonizei ou tomei conhecimento ao longo do processo de impeachment, além de todas as consequências que acabou gerando. Esse livro era para ter sido escrito inicialmente em 2016, logo após a cassação do meu mandato de deputado federal, mas a minha prisão impediu isso. O fato de ser escrito em 2020, me permitiu trazer alguns fatos ocorridos nesse período, que influenciam a compreensão de todo o processo, bem como pudemos trazer outras consequências ocorridas, relatando inclusive alguns fatos mais recentes. O livro, com 50 capítulos, acabou ficando maior do que eu esperava, justamente pela riqueza de detalhes que preferi expor. Tiveram muitos desses detalhes, testemunhados por mim ou trazidos por terceiros e até mesmo detalhes que foram noticiados na imprensa, porém esquecidos depois. Se o seu intuito ao ler, for apenas saber os detalhes do impeachment de Dilma, você terá isso a partir do capítulo 22. Mas, se você quiser conhecer as raízes desse processo, não deixe de ler tudo. Não pretendo fazer desse livro, um memorial da minha defesa das acusações injustas que sofri e ainda sofro, mas citarei alguns pontos das fraquezas de alguns fatos denunciados, bem como de incoerências que ocorreram comigo em relação a outras pessoas. Eu vou rebater alguns pontos denunciados, no período que o livro abrange e além disso mostrar o preço que paguei pela abertura desse processo de impeachment. Eu vou mostrar também uma parte das fraquezas da chamada operação Lava-Jato, com as parcialidades do ex juiz Sérgio Moro, incluindo os processos com relação a mim. Eu também irei trazer a prova de algumas injustiças cometidas contra mim, inclusive a de me atribuir a titularidade das contas no exterior, que o próprio Ministério Público Federal do Brasil e da Suíça reconheceram, depois da minha condenação, de que eu era apenas mero usufrutuário, conforme eu declarava na época. De nada adiantou isso, pois fui cassado do meu mandato de deputado, justamente pela alegação de ter mentido ao dizer que não era titular dessas contas e, ainda fui condenado por isso, embora ainda esteja em fase de apelação, com a juntada dessa nova prova nos recursos aos tribunais superiores. É possível que eu venha a sofrer ainda mais consequências, pela publicação desse livro. Muitos atores não ficarão satisfeitos, com a realidade descrita. Muitas críticas eu sofrerei, daqueles que gostariam de ter o seu verdadeiro papel escondido. Além disso muitos que serão criticados por mim, reagirão. Talvez sofra mais e novos processos, ou sofra ainda mais o peso do meu nome na capa dos processos. Mas mesmo sabendo disso, a minha intenção não mudou. Nós vamos tentar usar uma linguagem simples para compreensão de todos e, com isso dar a nossa contribuição para a história. Independente de gostarem ou não de mim, concordarem ou não comigo, a leitura é indispensável, pois queiram ou não, o responsável por todo esse processo de impeachment da Dilma fui eu. Muitos buscaram herdar essa “glória “, mas quase nada participaram ou foram meros atores coadjuvantes, inclusive os próprios autores do pedido de abertura do processo de impeachment, feitos à Câmara dos deputados e aceitos por mim. Aliás devemos registrar, que o primeiro pedido de impeachment de Dilma no seu segundo mandato, coube ao então deputado Jair Bolsonaro, em 13 de março de 2015, em função das denúncias de corrupção na Petrobras. Eu rejeitei o seu pedido, sendo que de todos os pedidos de impeachment por mim rejeitados, Bolsonaro foi o único que recorreu contra a minha decisão ao plenário. Em função da decisão do STF sobre a questão de ordem número 105, eu não pude colocar o seu recurso em votação no plenário. Isso pode explicar um pouco das razões do crescimento dele, pois foi realmente precursor no processo de impeachment. Preferi não ser omisso com a história e nem infiel aos fatos. Foi muito difícil todo esse processo, além das consequências que afetaram toda a minha vida e a da minha família, mas não me arrependo da maior parte das decisões que tomei, embora também tivesse cometido alguns erros durante o processo. Como está na bíblia em II Timóteo capítulo 4 versículo 7: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.“ Tenham uma boa leitura."" com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, 67, informou neste domingo (24) estar infectado pela Covid-19, e que seus sintomas são leves e se sente otimista. Em uma breve mensagem em sua conta oficial no Facebook, o presidente afirmou também estar sob tratamento médico. Ele não usa máscara em lugares públicos e só foi visto usando-a em viagens de avião. López Obrador, que manteve a maior parte de suas atividades durante a pandemia, nomeou a secretária do Interior, Olga Sánchez, para substituí-lo em suas entrevistas coletivas nesta semana. ""Estarei ciente dos assuntos públicos do Palácio Nacional. Por exemplo, amanhã participarei de uma ligação com o presidente Vladimir Putin"", acrescentou. O mandatário tem sido criticado por sua forma de lidar com a pandemia, com uma estratégia focada em aumentar a capacidade hospitalar ao invés de testar e rastrear contatos. O país evitou bloqueios obrigatórios, optando por um sistema de restrições em camadas para limitar o impacto na economia. O ministério da saúde relatou no domingo 10.872 novos casos confirmados de coronavírus e 530 mortes, elevando o total para 1.763.219 infecções e 149.614 mortes, o quarto maior número de óbitos em todo o mundo. O presidente de esquerda realizou três atividades públicas no fim de semana, a última delas na manhã de sexta-feira (22), no estado de San Luis Potosí, ao norte do país. Ele teve problemas cardíacos que o obrigaram a ser internado em um hospital privado em 2013; além disso, ele sofre de hipertensão. Outros líderes mundiais contraíram a Covid-19, como o agora ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. [RESUMO] Blaise Cendrars, escritor, poeta e artista de vanguarda, exerceu marcante influência sobre o modernismo brasileiro da década de 1920. Depois de ter perdido um braço na Primeira Guerra, o franco-suíço, que morreu há 60 anos, conheceu e caiu nas graças de personagens do grupo modernista que viviam em Paris. Convidado a viajar pelo Brasil, encantou-se e passou a considerar o país sua segunda pátria. Cendrars, destaca o autor, foi especialmente decisivo para a obra de Tarsila do Amaral e de Oswald de Andrade.  Há 60 anos, em 21 de janeiro de 1961, morria em Paris o escritor francês de origem suíça Blaise Cendrars. Nascido Frédéric Louis Sauser, em 1887, em uma família burguesa, ainda adolescente ganhou o mundo, antecipando uma vocação de globe-trotter. As primeiras viagens que marcaram sua vida foram a Nova York, que inspirou o poema “Páscoa em Nova York” (1912), e a São Petersburgo, onde foi aprendiz de joalheiro. A experiência russa ensejou “A Prosa do Transiberiano e da Pequena Joana da França” (1913), “primeiro livro simultâneo”, pois uma longa página desdobrada sincronizava texto e mancha visual feita pela artista Sonia Delaunay. Voluntário pela França na Primeira Grande Guerra, perdeu o braço direito em um combate em 1915 e mergulhou em crise profunda, só superada quando reaprendeu a escrever com a mão esquerda. Em 1924, ele chegou pela primeira vez ao Brasil, para avalizar a experiência modernista, então embrionária. Voltaria em 1926 e 1927, atraído por um fascínio que se exprimia no reconhecimento do país como sua “segunda pátria espiritual”, que chamou de Utopialand. Ao Brasil dedicou muitos livros e textos, até o fim da vida. Sua trajetória entre nós começou a ser divulgada no final dos anos 1960, quando Alexandre Eulalio publicou em francês “L’Aventure Brésilienne de Blaise Cendrars” (1969) e Aracy Amaral, “Blaise Cendrars no Brasil e os Modernistas” (1970). Em 28 de maio de 1923, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade visitavam Cendrars no modesto apartamento em que viviam Raymone, sua musa e amada, e a mãe dela, na rue du Mont-Dore, em Paris. Com uma singela dedicatória, ele ofereceu à nova amiga um raro presente: um óleo sobre cartão (“Torre Eiffel”) que pintara —com a mão direita— em 1913, quando ficou imobilizado em um quarto do Hôtel du Palais por quase um mês, devido a uma perna quebrada. Em 1923 concentrava-se em Paris uma tropa de choque de modernistas brasileiros. Sérgio Milliet, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Sousa Lima, Villa-Lobos, Anita Malfatti, Tarsila e Oswald estavam na cidade. E Paulo Prado, nome central na organização da Semana de 22, chegava, como era seu hábito, para passar o verão. O fervilhante ambiente intelectual estimulava os brasileiros a consolidar e ampliar as relações ilustres. Travaram conhecimento com Jean Cocteau, Jules Romains, Juan Gris, Supervielle, Valéry Larbaud, Paul Morand, Giraudoux, Ivan Goll etc. Porém, a simpatia foi imediatamente dirigida a Blaise Cendrars, que compartilhava com eles uma disponibilidade feroz e despojada. Sérgio Milliet, o melhor cronista desses dias fabulosos, relatou —em francês— ao amigo Yan de Almeida Prado, que havia permanecido no Brasil: “Oswald fez uma conferência na Sorbonne. Auditório cheio. Embaixadores, artistas. [...] Cendrars está bastante interessado em nós. Devo visitá-lo em breve para ler poemas brasileiros de Mário [de Andrade], Tácito [de Almeida], Guy [Guilherme de Almeida], Couto [de Barros], [Luís] Aranha, Ronald [de Carvalho], Menotti [del Picchia] etc…”. Em junho, no seu ateliê da Place Clichy, Tarsila ofereceu um almoço brasileiro a Cendrars. Em carta à família, a pintora se refere ao convidado como o maior poeta francês atual: “O mutilado de guerra Blaise Cendrars que com toda a sua incontestada grandeza é o rapaz mais simples do mundo”. A empatia que se estabelece é também de natureza estética, e Cendrars se torna o guru da moçada brasileira. Criado o elo espontâneo e natural, sua influência se fez sentir imediatamente. A convite dele, Sérgio Milliet assistiu à “Criação do Mundo”, encenado pelos Ballets Suédois. O espetáculo tinha libreto de Cendrars, música de Darius Milhaud e cenários de Léger. Era uma premonição: Milhaud havia introduzido sonoridade brasileira na partitura. Além do balé negro, Cendrars havia publicado uma “Antologia Negra”, em 1921, e os “Poemas Negros”, no ano seguinte. O tema da arte negra estava em evidência, e Tarsila, também em 1923, com a liberação do seu inconsciente, sinalizou o alinhamento à nova onda ao dar forma à “Negra”, entidade propiciatória da nova fase da sua pintura, que ainda absorvia a lição cubista de Léger. Cendrars acolheu o gesto de Tarsila. A partir desse momento, passou a acompanhar de perto os passos dela na construção de sua obra, que se tornaria publicamente reconhecida na exposição da galeria Percier, em 1926, realizada sob estrita vigilância do escritor. Ele foi enérgico ao impedir que essa exposição se realizasse no salão da Embaixada do Brasil. Dizia que o principal problema dos artistas brasileiros era o “oficialismo”. Cendrars sempre guardou fidelidade —apesar de seu encantamento com “Morro da Favela”, tela que aliás lhe pertenceu— a essa “Negra” inaugural, para a qual reservaria a capa de seu livro de poemas sobre a viagem brasileira, “Feuilles de Route” (notas de viagem). Oswald de Andrade, entusiasmado com o amigo novo, o apresentou a Paulo Prado, que, por sugestão sua, pediu a Sérgio Milliet que convidasse Cendrars para conhecer o Brasil. Oswald lhe acenou com negócios na América para tornar a viagem ainda mais tentadora, e o suíço obteve a credencial de um jornal para uma série de reportagens nos antípodas. Em 12 de janeiro de 1924, Cendrars embarcava no Havre a bordo do navio Formose, com destino ao Brasil. Na travessia do Atlântico, retomava a bordo alguns projetos antigos de balé, poesia e romance. Embalado pela chegada do calor e pela luminosidade crescente, ao cruzar a linha do Equador já é um novo homem, que vislumbra o “paraíso terrestre” e telegrafa à amiga-musa em Paris para lhe transmitir a sensação recém-conquistada. Sob o lema “é bom viver”, Cendrars entrega-se com generosidade a uma experiência que lhe irá ampliar a percepção e contribuir para o seu amadurecimento como pessoa e escritor. Em São Paulo, instalado no Hotel Victoria, no largo do Paissandu, começa a conquistar os meios literários e cultivados da Pauliceia pacata e provinciana. Frequenta o salão de dona Olívia Guedes Penteado, que lhe oferece um jantar de boas-vindas. Não sai da casa de Paulo Prado, é recebido por René Thiollier, que lhe oferece um “bolo Cendrars”, com pedaços de manga, e também por Freitas Valle, na sua Villa Kyrial, onde dá uma conferência, “Como fiz minha Antologia Negra”. Circulando com desenvoltura no meio da alta burguesia de São Paulo, ele não está menos à vontade na roda dos jovens escritores boêmios, com os quais sai para beber, ir ao cinema, à Confeitaria Vienense ou ao circo para ver Piolin. A pedido do hóspede, que não esquecia a remuneração prometida pelo jornal Excelsior para os seus artigos, um grupo constituído, em torno de dona Olívia, por Mário de Andrade, Oswald e seu filho Nonê, Tarsila e René Thiollier leva-o para conhecer o Carnaval do Rio e os monumentos do ciclo do ouro das Minas. Passam a Semana Santa em São João del Rei e Tiradentes, em cuja cadeia Cendrars encontra o assassino que arrancou o coração da sua vítima e o comeu, por ele transformado no lobisomem do seu “Elogio do Risco da Vida”. Via Divinópolis, o grupo visita Sabará e Belo Horizonte. Aí, os viajantes entram em contato com os jovens modernistas de Minas: Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura, João Alphonsus, Pedro Nava, Francisco Martins de Almeida, Abgar Renault. Em Lagoa Santa, o secretário da Agricultura mineiro, Daniel de Carvalho, oferece aos visitantes, em nome do governo do estado, terrenos nas proximidades desse local —as “terras brasileiras” de Cendrars. A excursão prossegue por Mariana e Ouro Preto. No passeio a Congonhas do Campo, o santuário do Bom Jesus provoca esmagadora impressão no grupo. Diante da melhor escultura do século 18, das histórias do Aleijadinho —“o mutilado genial”— e da fundação de Congonhas em torno do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Cendrars reagia com um indefectível, porém espontâneo, “quelle merveille!” (que maravilha!). A marca profunda dessas paisagens desoladas só será percebida pelos contemporâneos quando a obra futura denunciar o seu impacto na memória do estrangeiro. Da bagagem da comitiva, como era usual em excursões de viajantes estrangeiros do século 19, constava o lápis de um artista-pintor, incumbido de apanhar as paisagens e os tipos encontrados no caminho. “Foi por ocasião da visita de Blaise Cendrars à nossa terra que eu, sem premeditação, sem desejo de fazer escola, realizei, em 1924, a pintura a que chamaram Pau-Brasil.” Assim Tarsila recordaria, 15 anos mais tarde, a gênese do movimento. Os desenhos que fez durante o trajeto, vislumbrando a paisagem da janela do trem ou “sentada à beira de uma pedra” em Barbacena, “entretida em apanhar um croqui” —anotação para futura tela—, iriam transformar a sua obra, então à procura de um estilo e de um tema. Ainda a voz de Tarsila: “Impregnada de cubismo, teórica e praticamente só enxergando Léger, Gleizes, Lhote, meus mestres em Paris; [...] senti, recém-chegada da Europa, um deslumbramento diante das decorações populares das casas de moradia de São João del Rei, Tiradentes, Mariana, Congonhas do Campo, Sabará, Ouro Preto e outras pequenas cidades de Minas, cheias de poesia popular. Retorno à tradição, à simplicidade”. Em Tarsila era impossível separar o impacto de seu encanto pessoal, composto de serena beleza —“o cabelo muito puxado para a nuca, em um penteado moderno; os brincos de ouro, em forma de arrecadas, a tilintarem-lhe pendentes das orelhas”, na descrição de um companheiro de viagem—, do interesse pelos seus desenhos de traços estilizados. Tomado de entusiasmo pelas agradáveis surpresas que a temporada brasileira lhe oferecia, Blaise, desde a viagem para conhecer o Carnaval do Rio, havia pedido a Tarsila que lhe reservasse alguns desenhos para ilustrar um livro de poemas que preparava. Ele jamais escondeu “que Tarsila é genial, que ela é a mais bela e a maior pintora de hoje”. Assim que retornam da viagem a Minas, ainda sob o impacto do abandono a que estavam relegadas as igrejas e as esculturas de Aleijadinho, o grupo modernista, que se reunia semanalmente no salão de dona Olívia, resolve agir em favor da inadiável preservação do patrimônio histórico. Cendrars é então incumbido de redigir os estatutos de uma Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil. Ele concebe uma estrutura privada para agir, resguardada por uma lei, em nome do Estado, que seria capaz de identificar, tombar, aprovar e controlar as obras de restauração, estimular e constituir museus em nível regional e nacional —e não esquece de incluir as fontes de receita e principalmente os meios de divulgação e propaganda mais modernos em 1924, como o cinema e a gravação de discos de música popular. O aspecto visionário do projeto é assim ancorado em uma proposta que imagina poder desenvolver o turismo cultural, a demanda pelos museus e a exploração comercial das festas populares, particularmente do Carnaval, que então se baseava no desfile das sociedades. Esse plano é abortado pela revolução de Isidoro Dias Lopes, que estourou em julho de 1924 com violência surpreendente. Ocupada São Paulo pelos revoltosos e posta sob assédio pelas tropas federais, que a bombardeavam com canhões, Cendrars, veterano da Primeira Grande Guerra, localizava pelo estrondo do obus o alvo atingido. A importância desse movimento militar foi mesmo decisiva: anunciava e antecipava a Revolução de 1930, que iria liquidar a República Velha. Antes liquidara os projetos mais ou menos grandiosos que Blaise havia sonhado realizar no Brasil. A correspondência dele com Paulo Prado e o arquivo na Biblioteca de Berna permitem relacionar as misteriosas atividades em que Cendrars esteve envolvido nas suas cavações brasileiras: produção de um filme de propaganda, pesquisa sobre praga do café, edição de livros (coleção de jovens autores brasileiros, em português, de que saiu apenas “Pau Brasil”, de Oswald de Andrade), traduções (começando pelos contos de Monteiro Lobato, que Sérgio Milliet havia traduzido), o balé Oswald-Tarsila-Villa Lobos, a ser produzido pelos Ballets Suédois, artigos e reportagens em jornais, anúncio luminoso na Champs-Élysées para promover o Rio de Janeiro, números especiais de propaganda institucional do Brasil em revistas de ampla circulação, programas de rádio, teatro de revista, excursão da Orquestra typica brasileira, de Donga, à Europa etc. Blaise tentou de todas as maneiras fazer a América. Contrariando as expectativas do visitante que acolhia, a instabilidade brasileira não lhe permitiu concretizar nenhuma das inúmeras oportunidades de negócios com que sonhara. Cendrars teve inúmeros amigos brasileiros: Mário de Andrade, Antônio de Alcântara Machado, Sérgio Milliet, Rubens Borba de Morais, Leopoldo de Freitas, René Thiollier, Lasar Segall, Yan de Almeida Prado, Ribeiro Couto; entre os mais próximos, Oswald de Andrade e Paulo Prado, que chegaram à sua intimidade. Paulo Prado era 18 anos mais velho que Cendrars e foi um de seus mecenas, proporcionando-lhe a maioria das viagens que de fato realizou em vida. Nem por isso foi credor da sua gratidão, mas do seu afeto, exposto na ampla correspondência que lhe dirigiu entre 1924 e 1943. O débito que Cendrars tinha com Paulo Prado era também de natureza intelectual. Nesses anos de 1924 a 1928, em que Prado publica seus dois livros “Paulística Etc.” e “Retrato do Brasil”, ele exerce enorme influência sobre os jovens modernistas com o seu projeto de redescoberta do Brasil, a partir do estudo dos primeiros cronistas, cujos textos edita estimulado por seu mestre, o historiador Capistrano de Abreu. Cendrars então mergulha no conhecimento do Brasil guiado pela mão do amigo. Graças ao estímulo de Paulo Prado, ele pôde superar a crise que o impedia de tornar-se um romancista. “Ouro”, o seu primeiro “romance fora de série”, conforme expressão cunhada por Alexandre Eulalio para dar conta de um gênero híbrido que recusava a psicologia das personagens e incorporava técnicas da montagem emprestadas das artes plásticas, da música e do cinema, foi concluído logo depois do retorno do seu autor da primeira viagem ao Brasil. Por esse motivo, “Ouro” deveria ter sido dedicado a Prado, não fosse um compromisso anterior de Cendrars. A dedicatória no exemplar do melhor amigo é eloquente: “A Paul Prado este livro que eu jamais teria escrito sem você”. Com Oswald de Andrade, companheiro de geração, a fraternidade se estendia da poesia comum que praticavam —influenciada pelas leituras que Paulo Prado recomendava— ao campo dos negócios e ao encantamento a que ambos eram submetidos pela pintura e beleza de Tarsila. Oswald menciona uma “sugestão” de Cendrars no seu “Manifesto da Poesia Pau Brasil”, em que este chama a atenção dos brasileiros para a necessidade de incorporar a arte negra. “Uma sugestão de Blaise Cendrars: - Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.” Não surpreende que “Pau Brasil”, o livro de poemas de Oswald, publicado na França pela mesma editora de Cendrars, a ele fosse dedicado “por ocasião da descoberta do Brasil”. Para o modernismo brasileiro, Cendrars teve um papel decisivo no período de cristalização do movimento Pau Brasil na literatura e na pintura, nas obras de Oswald e de Tarsila. Incomodado com a proeminência da França entre os intelectuais nativos, recusou-se a pontificar ou assumir liderança. Em suas temporadas entre nós, desfrutou da hospitalidade calorosa do país enquanto advertia: “Brasileiros, cuidem de seus tesouros”. A chuva na tarde deste sábado (23) provocou quedas de árvores e enchentes na capital e na Grande São Paulo. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) colocou as regiões do Campo Limpo, zona sul, e Penha, zona leste, em estado de alerta por causa da chuva. O restante da cidade está em estado de atenção. De acordo com o Corpo de Bombeiros, até as 18h35 foram recebidos 24 chamados para quedas de árvores. Uma delas foi registrada na rua Ângelo Herculano Teixeira da Silva, 45, no Parque Santo Antônio, zona sul. Uma árvore caiu sobre um veículo estacionado na rua. Não há registro de vítimas. Os bombeiros receberam também quatro chamados de alagamentos. Três delas estão na zona leste, em Tatuapé, Cangaíba e Ermelino Matarazzo. Também não há vítimas. Segundo o CGE, até as 16h40 transbordaram os córregos Ponte Rasa e Fraquinho, na Penha e o córrego Morro do S, no Campo Limpo. No Jardim São Luís, zona sul, o telhado de uma casa foi arrancado pelo vento. Uma mulher ficou ferida e foi encaminhada para a UPA do Campo Limpo. O feriadão do aniversário de São Paulo deve ser marcado por calor e pancadas de chuva na capital. Em todos os dias há risco de alagamentos, quedas de árvores, transbordamento de pequenos rios e córregos e deslizamentos na capital e na Grande São Paulo. Neste sábado, a manhã foi de calor, com céu claro e máxima de 31ºC. A mínima foi de 20ºC na madrugada. Essa combinação de calor e umidade alta, provocando chuvas fortes à tarde, deve ser a tendência para o restante do feriadão. No domingo (24), a madrugada deve ter temperatura em torno dos 20°C. A manhã deve ter poucas nuvens, com máxima de 30ºC. À tarde, deve haver pancadas de chuva com intensidade moderada a forte. A segunda-feira (25) também segue com as características de verão. O termômetro deve variar entre 20ºC e 31ºC, e o dia deve começar nublado. À tarde, por causa da chegada de uma brisa marítima, deve haver mais pancadas de chuva isoladas. No futebol, nada fica em segredo por muito tempo. A busca do esporte por talentos é tão abrangente, e sua fome de jogadores tão vasta, que nenhum território passa despercebido, nenhuma oportunidade passa inexplorada, nenhum novo talento passa sem ser visto. A distância não é obstáculo. Os holofotes brilham tanto que já não existe obscuridade. E assim, ao longo dos últimos 12 meses, os mais poderosos clubes das grandes ligas europeias voltaram sua atenção a Sangolqui, um subúrbio ao sul de Quito, a capital do Equador. Estavam de olho em um clube que mal usa seu acanhado estádio, e em um meio-campista adolescentes que mal tinha chegado à segunda temporada de sua carreira no time principal. Moisés Caicedo não estava ciente –pelo menos não até pouco tempo atrás—, mas seu nome vinha ocupando as conversas de olheiros e diretores de futebol de equipes europeias havia meses. Poucos, se algum, dos grandes clubes do velho mundo têm olheiros permanentes em ligas como a do Equador. Os jogadores emergentes nesses lugares são vistos primeiro nas competições continentais da América do Sul –a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana—, ou rastreados nos torneios internacionais de juvenis. Quando um jogador que interessa é identificado, os membros da equipe de recrutamento assistem a vídeos de suas apresentações em torneios nacionais e analisam seus dados estatísticos em plataformas como Wyscout, InStat e Scout7. Só então, caso os números confirmem a observação, um olheiro –seja empregado do clube interessado, seja um freelancer de confiança que cobre aquele mercado– será enviado para assistir ao jogador em pessoa. Caicedo, 19, é um meio-campista enérgico e compenetrado, e passou em todos os testes. O olheiro do Manchester United alertou seu empregador sobre a habilidade do atleta. O Milan descobriu que as observações de seus olheiros e os dados estatísticos batiam. O Club Bruges, campeão belga, também reparou nele. E o mesmo se aplica a uma falange de times da Inglaterra –entre os quais Brighton e Chelsea. Afinal, nada permanece em segredo por muito tempo. Todos, cada qual por sua conta, determinaram que Caicedo era uma proposição interessante. Muitos começaram a realizar consultas discretas, conduzindo as pesquisas necessárias sobre o jogador e seu clube –o Independiente del Valle– a fim de determinar de que maneira era possível fechar negócio. E todos ouviram exatamente o mesmo aviso: encontrar Caicedo era a parte fácil. Determinar como, exatamente, assiná-lo, seria muito mais difícil. Mesmo no Independiente del Valle havia alguma surpresa quanto à rapidez do desenvolvimento do jovem que o clube descobriu jogando em Santo Domingo, uma cidadezinha algumas horas a oeste de Quito. Quando se mudou para Sangolqui, Caicedo não era um dos destaques do time sub-16 para o qual passou a jogar, mas era quieto, determinado e aprendia rápido. A equipe continha diversos jogadores que viriam a jogar pelo Equador em torneios juvenis, mas Caicedo havia superado a todos eles, pelo final de 2019. Ele estreou no Campeonato Equatoriano pelo Independiente em outubro daquele ano, vindo do banco em uma partida contra a LDU. Pelo final do mês, já tinha se tornado titular. Em fevereiro de 2020, capitaneou a equipe juvenil de seu clube na conquista do título da Copa Libertadores Sub-20. Ao voltar, ele subiu direto para o time principal, e em abril fez sua primeira partida pela Copa Libertadores adulta. Ainda que a a velocidade do sucesso fosse um tanto inesperada, o Independiente a tratou como confirmação do modelo do clube. Embora fundado em 1958, a sua moderna encarnação surgiu apenas em 2007, quando o controle sobre ele foi assumido por um grupo de empresários liderado por Michel Deller, que transformou o clube em empresa privada. “Havia uma visão clara”, disse Luis Roggiero, o diretor esportivo. “No Equador, existem muitos talentos que não encontram oportunidade de se desenvolver. Os jogadores que se destacaram o fizeram por mérito pessoal, e não porque os clubes ou a federação os tenham ajudado. A ideia era criar um clube capaz de competir em nível nacional e internacional por meio da descoberta de talentos: encontrá-los cedo e desenvolvê-los ao nosso modo."" Nos últimos anos, o Independiente vem conseguindo vender jogadores não só para ligas que têm alguma tradição de importar jogadores equatorianos –as da Argentina, México e Brasil—, mas também, cada vez mais, diretamente para clubes da Europa. Jogadores do time foram transferidos ao Granada e Real Valladolid, da Espanha; ao Atalanta, da Itália; ao Brighton, da Inglaterra; ao Genk, da Bélgica, e ao Sporting Lisboa, de Portugal. À medida que o prestígio de Caicedo crescia, se tornou claro que ele seria o próximo a fazer essa jornada. Mas embora mais times europeus possam estar cientes da existência do Independiente –e do Equador em geral, depois de uma série de sucessos das equipes juvenis do país– como fonte de talentos, a nação continua a ser um mercado desconhecido para a maioria dos executivos de futebol. Os clubes do Equador em geral preferem vender jogadores a outras ligas sul-americanas, em que o valor inicial de transferência em muitos casos pode ser mais alto. As agências mais poderosas do país tendem a ter vínculos bem estabelecidos com o Brasil, México e Estados Unidos. Poucos clubes europeus têm presença no país, ou acesso fácil ao mercado. Para eles, o Equador pode ser um território complicado e incerto. A maioria dos clubes europeus recebeu o mesmo retorno, quando eles começaram a pesquisar um pouco mais sobre a situação de Caicedo: não estava claro, de imediato, precisamente quem representava o jogador e tinha o poder de aceitar propostas em seu nome. Havia “agentes demais envolvidos”, de acordo com um bilhete enviado a um departamento de recrutamento. Tão logo um jogador talentoso emerge, uma coleção de agentes tipicamente se abate sobre ele, oferecendo acesso exclusivo a um determinado time ou liga, ou simplesmente a capacidade de negociar um contrato melhor. Às vezes, jogadores assinam contratos com múltiplos agentes, com base em nada mais que promessas. A maioria dos envolvidos em recrutamento aceita que é assim que as coisas funcionam, e sempre funcionaram, em todo o mundo, ainda que muita gente considere especialmente difícil desemaranhar contratos a fim de tirar jogadores da América do Sul. O diretor esportivo de um grande clube europeu acredita, porém, que a situação tenha se tornado muito pior depois que a Fifa decidiu desregulamentar o trabalho dos agentes, em 2015. “Agora, um agente pode fazer basicamente qualquer coisa que deseje”, disse o diretor, que falou sob a condição de que seu nome não fosse revelado, porque não tinha autorização para discutir a questão publicamente. Foi exatamente uma disputa aberta dessas que enredou Caicedo. Por boa parte de sua incipiente carreira profissional, ele foi representado pela Kancha, uma agência equatoriana com um elenco de jovens jogadores, diversos dos quais no Independiente. À medida que crescia o interesse de clubes por ele, porém, o das agências também aumentava. Elas estavam ávidas por lucrar não só com o talento do jogador, mas com a inexperiência dos times estrangeiros com negociações no mercado equatoriano. Membros da família de Caicedo –ele é o mais jovem entre 10 irmãos, e tem 25 primos– receberam numerosas ofertas de agentes que buscavam uma procuração para vendê-lo. Pessoas próximas às negociações, embora não tenham autorização para falar sobre arranjos privativos de negócios, disseram acreditar que os parentes do atleta tenham chegado a acordo com duas agências: A PSM Proformance, da Alemanha, e um grupo argentino. A PSM Proformance não respondeu a um pedido de comentário. De repente, havia três agências –entre as quais a Kancha– afirmando representar Caicedo e ter o poder de firmar um acordo. O Independiente, o clube que o desenvolveu, foi para todos os efeitos tornado irrelevante nas negociações; o clube receberá mais ou menos o mesmo valor não importa que agente feche o contrato, e deve exercer uma cláusula que dá ao clube 30% do valor de futuras transferências do atleta. Mas se a situação do clube não muda, o mesmo não pode ser dito necessariamente sobre a de Caicedo. Com múltiplos agentes não só tentando negociá-lo na Europa como bombardeando a mídia do Equador e a internacional com balões de ensaio sobre seu potencial destino, muitos dos clubes que estavam interessados no promissor atleta desistiram de contratá-lo. O Manchester United e o Milan optaram por não se envolver em uma situação que eles dizem que será complicada demais para deslindar. Outros clubes continuam no páreo. O Brighton –atualmente visto como mais provável destino do atleta– tem a vantagem de um relacionamento já estabelecido com a Kancha e o Independiente, tendo contratado um jogador do clube representado pela agência em 2018. Caicedo vai sair, o talento dele garante isso. O que preocupa aqueles que o viram florescer nos dois últimos anos é se essa é a decisão certa pelas razões certas. A ascensão de Caicedo foi até agora inesperada e quase impossivelmente suave. Ficar exposto aos perigos do mercado de transferências, porém, significa que a estrada que leva ao futuro está repleta de obstáculos. Ele foi descoberto. O risco agora é agora é de que se perca. É o mais repugnante governo da história, mas as autoridades, sempre ponderadas, asseguram: não há motivo para preocupação. As instituições são sólidas e funcionam; a democracia só recebe ameaças retóricas. Desde a posse, o discurso de Bolsonaro é invariavelmente conspiratório. Como um governo de história em quadrinhos, repleto de vilões ridículos, ignorantes e imundos, faz a desconstrução diária de valores relacionados aos direitos humanos e à igualdade. Bolsonaro (autêntico Pinguim) tem a insolência de flertar com o golpismo. Enaltece o torturador como herói, e a tortura, como estratégia legítima. Estimula o tiroteio e a letalidade policial. O ministro da Justiça, uma das personalidades patéticas do anedotário contemporâneo, manipula sistematicamente a Polícia Federal para intimidar o exercício da crítica. No Brasil que funciona, a “honra” de Jair Bolsonaro já se confunde com a segurança nacional. Homicida, Bolsonaro estimula o desrespeito à ciência, menospreza o contágio, fragiliza políticas sanitárias e, cinicamente, desincumbe-se da pandemia —o mais dramático acontecimento global desde a Segunda Guerra— como se o assunto fosse da esfera de estados e municípios. Os que a temem e evitam aglomeração social são “maricas”. Os hospitais entram em colapso. Acabam os leitos. Falta oxigênio. Vacinas são desviadas. O país funciona. Os bares estão repletos, as escolas serão reabertas, uma variante do vírus alcança a saúde dos mais jovens. Não há vacina para todos: autoridades e empresários revelam propensão para furar a fila ou para organizar uma outra fila para castas e gente bacana. Logo, as facções e as milícias também vão reivindicar os seus quinhões. Os frutos da política externa destrambelhada de Bolsonaro amadureceram. Uma das “duas maiores democracias do mundo ocidental” criou embaraços inúteis para as relações diplomáticas com China, Índia, Estados Unidos e Argentina. O Supremo Tribunal Federal resiste a eventuais estocadas ilegais ou obscurantistas do governo. Uma liminar aqui, outra ali, os filhos de Bolsonaro vociferando pelo fechamento do tribunal, o que não impede a presença de seus integrantes em alegres confraternizações que reúnem em Brasília expoentes de todos os Poderes. Há, sim, procuradores independentes, destemidos e vigilantes, mas o chefe do Ministério Público Federal, incumbido de acusar o presidente pelo rosário de crimes comuns cometidos, é manso e subserviente, como foi manso e subserviente o presidente anterior do Supremo. A política também funciona. O candidato de Bolsonaro à presidência do Senado é apoiado pelo PT. O presidente da Câmara dos Deputados desfere ataques retóricos ao desgoverno, mas mantém na gaveta os pedidos de impeachment. A decisão de abrir o processo fica para o sucessor. Pensando no bem comum, o PSOL lança a empolgante candidatura de Luiza Erundina à presidência da Casa e reduz a competitividade do desnorteado e combalido movimento oposicionista. Além do fundamento jurídico —a Folha compila nada mais nada menos que 23 situações que poderiam ser enquadradas como crime de responsabilidade— para o impeachment, é necessário que a base de sustentação de Jair Bolsonaro desmorone. Nas ruas e no Congresso. No território sombrio da história em quadrinhos não há espaço para super-heróis. Daqui ninguém sai. Aqui ninguém entra. São párias, marcados para morrer. Ninguém é cidadão. lfcarvalhofilho@uol.com.br O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso é creditado, em uma reportagem de jornal, com a frase que, a nível governamental, se pode transferir o poder e o cargo, mas não se pode transferir a autoridade. É de imaginar que Cardoso se referia ao fato de que os governos estão legitimados em sua capacidade de comandar, de tomar decisões e, finalmente, à eficácia dessas decisões. E parte dessa eficácia tem a ver com o exercício da autoridade e o consenso majoritário sobre esse exercício. Bem, nos últimos dois anos vimos governos da região que emergiram de uma transferência de poder e de cargo, mas não de autoridade. A pergunta conseguinte é se essa modalidade de governo é eficaz para fornecer respostas políticas e se essa eficácia implica a construção de um consenso social. Nas eleições de 2017 no Equador, a candidatura do partido governista PAIS foi liderada pelo ex-vice-presidente de Rafael Correa, Lenin Moreno. Embora o líder indiscutível dessa força política fosse Correa, que havia liderado dois governos consecutivos (2007-2017) com múltiplas reformas progressistas, a fim de não alterar a estrutura institucional forçando uma reforma constitucional que lhe permitiria concorrer por uma terceira vez, ele transferiu sua candidatura para Moreno. Moreno ganhou a Presidência do Equador e tomou posse em 2018. As políticas e reformas do período anterior foram salvaguardadas. Em 2019, na Argentina, devido à crise econômica causada por importantes erros cometidos pela gestão do “Cambiemos” na figura presidencial de Mauricio Macri, a oposição peronista, que se tornou a maioria no kirchnerismo, viu uma oportunidade de recuperar o poder. Mas em um tabuleiro de xadrez político que os analistas e a mídia tinham sintetizado como: ""Com Cristina não alcança, sem Cristina não se pode"". Ou seja, a candidatura direta de Cristina Fernández de Kirchner gerou rejeições importantes no nível eleitoral, mas sem o kirchnerismo era impossível recuperar o poder. Em uma atitude hábil, a ex-presidente entregou a candidatura presidencial a Alberto Fernández, ex-chefe de gabinete na primeira etapa do kirchnerismo, logo um forte oponente. E Fernández, o candidato do “Frente de Todos”, venceu as eleições de 2019. Em 2015, na Bolívia, o presidente Evo Morales, constitucionalmente inibido de concorrer novamente em 2019, forçou um referendo nacional que se opôs a ele por pouco. Diante dessa situação, ele pressionou o Tribunal Eleitoral, que decidiu que inibir uma nova candidatura de Morales constituiria uma violação de seu direito humano de concorrer. Essa situação polarizou o país, envolvendo fortes protestos nas eleições de outubro de 2019, quando o Tribunal Eleitoral certificou a vitória de Morales. O corolário desses violentos protestos foi a saída de Morales do país, uma presidência transitória liderada pela oposição ao MAS, e as eleições de 2020. Contra todas as probabilidades, o MAS triunfou confortavelmente, mas Morales teve que delegar sua candidatura a seu ex-ministro da economia Luis Arce. Desde o início de 2019, Lenin Moreno, já aliado ao establishment econômico do Equador e, portanto, tendo rompido laços com o correismo, a ponto de processar o ex-presidente por corrupção, entrou em negociações com o FMI. Impulsionado pela organização multilateral, em outubro daquele ano o presidente anunciou um pacote de reformas econômicas de natureza neoliberal que desencadeou violentos protestos populares em todo o país. A possibilidade de sufocar esse protesto residiu em recuar em algumas das medidas do pacote e repensar os acordos com o FMI. Uma situação e a outra quebrararam definitivamente a capacidade presidencial, tanto para seus novos aliados quanto para as bases correistas. A fraqueza do governo de Moreno o impede de ter sua própria agenda, o que só o ano pandêmico conseguiu esconder. O início do mandato presidencial de Fernández na Argentina (ele tomou posse em dezembro de 2019) foi marcado pelo início da pandemia. Mas após metade do ano, e em um contexto de crise econômica e social aumentada pela pandemia, o país passou por várias situações de decisões políticas do governo que foram imediatamente modificadas. Os analistas e a mídia concordam que essas mudanças ocorreram devido aos ""vetos"" da vice-presidente Cristina. Da mesma forma, em declarações jornalísticas sobre situações emanadas de governos kirchneristas anteriores, o presidente declarou coisas que ele havia condenado anteriormente. Até hoje, o presidente tem articulado uma oposição que foi derrotada há um ano, antagonizando-a com grupos de poder decisivos, ao mesmo tempo em que não significa o reconhecimento do kirchnerismo. Sua imagem como presidente despencou nos últimos três meses. Na Bolívia, Arce assumiu a presidência no final de 2020. Morales, exilado na Argentina, retornou triunfantemente ao país, prometendo não interferir nas decisões do novo governo do MAS. Entretanto, nos últimos dias e com a iminência das eleições departamentais e municipais, a estrutura política do MAS começou a se dividir diante, segundo o governo, da decisão centralizada e irrecorrível de Morales na preparação das listas do governo. O rumo de um governo recentemente assumido, assombrado pela oposição muito forte de todos os fatores de poder, é incerto. Voltemos à frase de Cardoso. A América Latina, uma região sempre em turbulência e onde as mudanças políticas são sempre mobilizadoras, perturbadoras do status quo e geralmente conflitantes, tem a particularidade de oferecer certos denominadores comuns entre seus países, além dos problemas específicos de cada um deles. É possível afirmar que essa questão de poder delegado, por qualquer razão em cada país, não é exclusiva de nenhum país-situação. E também pode ser afirmado –a evidência da situação atual está provando– que em uma região onde a liderança forte sempre foi a moeda política mais valiosa, a delegação da autoridade presidencial está gerando mais problemas do que esse mesmo ato de delegação quis evitar. www.latinoamerica21.com, uma mídia pluralista comprometida com a disseminação de informações críticas e verdadeiras sobre a América Latina. Tradução de Maria Isabel Santos Lima Impeachment ""Colapso em Manaus e derrapada na vacinação fortalecem base jurídica para impeachment de Bolsonaro"" (Poder, 21/1). Sou a favor do impeachment de Jair Bolsonaro já! Ele está matando em Manaus por falta de oxigênio, está matando no Brasil todo por falta de vacina. Não fez nada para acelerar a vacinação contra a Covid-19. Não vou mais vê-lo matando as pessoas a sangue frio na minha frente todos os dias e não dizer nada. Impeachment! Roberto Mendes Borges (São Paulo, SP)  Quando um presidente, em meio a uma pandemia que já havia levado mais de 180 mil vidas (dez.2020) diz que a melhor vacina é contrair o vírus; quando atua contra as medidas preventivas, colocando em alto risco a saúde e a vida das pessoas; quando diz que ""todos nós vamos morrer"", fica clara a sua intenção genocida. Joaquim Luís Franco (Goiânia, GO) Há um elemento decisivo para a evolução do impeachment de Jair Bolsonaro: o fim do auxílio emergencial. Os ""invisíveis"", definição do ministro Paulo Guedes, terão de sair em busca de sustento e encontrarão uma massa de desempregados e subempregados. Dilema miliciano: furar o teto de gastos ou dar de ombros à turba desassistida? Em ambos os casos, o resultado será o seu impeachment. Joao Marcelo Ramos Pires (Teresópolis, RJ)  Bela reportagem! Parabéns aos jornalistas que a produziram! Robinson Elvas Rosal (Teresina, PI) Qualquer aluno do curso de direito que esteja entre o sétimo ou o oitavo período e que tenha um mínimo de estudo consegue destruir esses argumentos falaciosos da reportagem. Glabson Coelho (Recife, PE)  Se seguíssemos a Constituição e as leis do Estado democrático de Direito, pelo menos um terço do Congresso Nacional estaria atrás das grades e metade do Supremo Tribunal Federal já teria sofrido impeachment. Yuri Stuart Lima Leite (Crato, CE) Condenação ""Justiça condena Eduardo Bolsonaro a indenizar repórter da Folha por danos morais"" (Poder, 21/1). Eles não ligam para as indenizações, pois a grana sai do bolso do contribuinte. É uma vergonha! Antonio Ferreira da Costa Neto (Belo Horizonte, MG)  Tão desqualificado moralmente quanto o pai, que o educou, um psicopata corrupto. Antonio Melo (São Paulo, SP) Covid Por que a Folha não fala nada sobre os hospitais de campanha que foram desativados pelo estado de São Paulo e pela prefeitura da capital? Agora que estamos vivendo a segunda onda não poderíamos dizer que esses hospitais seriam muito úteis e que foram desativados insensata e precocemente? Angelo Alexandref Stefanovits (Santo André, SP Em relação à coluna de Gabriela Prioli desta quinta (""Bolsonaro sequestrou o Brasil"", Opinião, 21/1), digo que a reação de Pazuello não foi sintoma de alucinação, mas, sim, de pequeneza. Ana Cláudia Galvão Galrao (São João del-Rei, MG) Fura fila O grande serviço que as redes sociais prestam é permitir que os imbecis sejam identificados. Os espertinhos, em total desrespeito à população e, principalmente, aos grupos de risco, furam as filas de vacinação. Cometem atos imorais --talvez até crimes. E essas atitudes contaminam autoridades, como em Manaus, onde o prefeito proibiu a divulgação nas redes sociais de fotos de pessoas vacinadas. Antônio Dilson Pereira, advogado (Curitiba, PR) Estão circulando nas redes sociais imagens de filhos de políticos e ""bacanas"" que não fazem parte de grupos de risco mas estão recebendo a vacina contra a Covid-19 apenas por serem ""melhores que os outros"". Será verdade? E se for, como permitem um deboche desses? Rubens Sayegh (São Paulo, SP) Folha Vocês usaram uma página inteira nesta quinta-feira para falar bem do jornal (""Folha encerra a década como o jornal líder em número de assinantes no país"", Poder, A9). Não entendo como isso pode ser uma notícia de interesse público. Seria mais adequado colocar na página A2, como editorial. Por favor, menos autoelogio e mais notícias! Adriano Boscolo (São Paulo, SP)  Parabéns à Folha! Parabéns por décadas de conquista com informação e bom senso; mesmo contra todos os descaminhos da história recente do país. Marcio de Lima (Rio de Janeiro, RJ) Comprar Se o crescimento econômico é parte da melhora da vida, não precisa ser alimentado só pelo consumo, pois seu excesso pode ter efeitos negativos no PIB pela produção de lixo e ser deletério para a natureza. Por isso, surpreende a reportagem ""Com vacina, voltará a compra por impulso, diz presidente da Mondial"" (Mercado, 20/1). Para o cumprimento da Agenda do Desenvolvimento Sustentável, a necessidade, não o impulso, precisa entrar na agenda. Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP (São Paulo, SP) Agrotóxicos São alarmantes os dados sobre agrotóxicos na alimentação humana. E é impressionante a omissão dos órgãos responsáveis pela fiscalização contra o uso abusivo por parte dos produtores. Agora, órgãos representativos da sociedade estão se manifestando contra o projeto de lei apresentado pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, quando era senador para flexibilizar o uso de agrotóxicos no Brasil, maior consumidor mundial desses produtos. Marcos Tito (Belo Horizonte, MG) O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, suspendeu as sanções impostas a quem não votou nas eleições municipais de 2020 e não apresentou justificativa ou não pagou a multa à Justiça Eleitoral. A decisão deverá ser referendada pelo plenário da corte no retorno do recesso. A medida foi adotada devido ao agravamento da pandemia da Covid-19. Entre as consequências suspensas estão o impedimento de tirar passaporte ou carteira de identidade e o veto à inscrição em concurso público, à renovação de matrícula em estabelecimento de ensino e ao recebimento de remuneração em emprego público. A medida vale enquanto estiver em vigência a resolução do TSE que define o funcionamento da Justiça Eleitoral durante a pandemia. De acordo com a corte, embora apenas o Congresso tenha competência para anistiar as multas, a Justiça Eleitoral pode impedir que os eleitores sofram as consequências decorrentes da ausência durante o período excepcional da pandemia. Após o fim do prazo de suspensão estabelecido pelo ministro, caso o Congresso não aprove a anistia das multas, o eleitor deverá pagar a respectiva multa ou requerer sua isenção ao juiz eleitoral. A multa é de R$ 3,51 por cada turno. Para pagá-la, o eleitor precisa emitir um boleto no site do TSE ou no cartório eleitoral e pagá-lo no Banco do Brasil. Para adotar a medida, Barroso editou uma resolução do TSE. O texto afirma que a suspensão é necessária considerando ""que a persistência e o agravamento da pandemia da Covid-19 no país impõem aos eleitores que não compareceram à votação nas eleições 2020, sobretudo àqueles em situação de maior vulnerabilidade, obstáculos para realizarem a justificativa eleitoral, inclusive em razão da dificuldade de obtenção de documentação comprobatória do impedimento para votar no caso de ausência às urnas por sintomas da Covid-19"". A abstenção no pleito de 2020 foi recorde. No primeiro turno, ficou em 23,14%, ante 17,58% de 2016 e 16,41% em 2012. No segundo turno, 29,5% dos eleitores se abstiveram. À época, o presidente do TSE lembrou que chegou-se a temer abstenção na casa dos 50% e atribuiu o dado recorde à pandemia. ""O nível de abstenção foi maior do que desejaríamos, mas realizamos as eleições no meio de uma pandemia. Quando o processo eleitoral começou a ser debatido, temia-se uma abstenção colossal"", disse Barroso. Em entrevista à Folha após as eleições, Barroso afirmou que em 2020 o país iniciou a transição para o voto facultativo ""porque as consequências de não votar são pequenas"". ""O modelo ideal é o voto facultativo e em algum lugar do futuro não muito distante ele deve ser. Por que hoje ainda não defendo voto facultativo? Acho que a democracia brasileira vem se consolidando, mas ainda é jovem, e portanto ter algum incentivo para as pessoas votarem é positivo."" Recém-chegado ao Brasil, o novo embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos, 58, afirma que seu país quer auxiliar as relações brasileiras com o bloco. “Somos porta-vozes do Brasil na UE”, diz o diplomata, que destaca o apoio português ao acordo entre o Mercosul e os europeus. Embora os dois lados tenham chegado a um acordo político, o pacto ainda precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países-membros antes da assinatura formal, e as negociações avançam em ritmo lento devido à resistência às políticas ambientais do Brasil e ao aumento do desmatamento na Amazônia. Questionado se apoiar o Brasil não seria contraditório, já que Portugal assumiu há pouco a presidência rotativa da UE com o compromisso de avançar em medidas para o meio ambiente, Faro Ramos afirma que o acordo traz avanços ambientais e que é importante considerar pontos sensíveis a todos os envolvidos. O embaixador também minimizou a falta de diálogos de alto nível entre os dois países —a última cúpula bilateral Portugal-Brasil aconteceu em fevereiro de 2016—, afirmando que tem havido acordos e avanços produtivos em diversos setores, como agricultura e tecnologia. Além do aspecto comercial, ele tem o desafio de gerir os interesses de uma comunidade de cerca de 1 milhão de lusitanos no país. Diplomata de carreira desde 1986, Faro Ramos foi presidente do Instituto Camões, que promove a língua e a cultura portuguesas no mundo. Por isso, diz querer usar o idioma e as artes para aproximar Portugal e Brasil. “O português tem um futuro fantástico. Nós temos de cuidar deste futuro juntos.”  Apesar da pandemia e da estagnação econômica, o Brasil continua atraente aos portugueses como destino de investimento? O Brasil é sempre atraente. É claro que podemos sempre ter mais profundidade neste conhecimento mútuo. Ajudar o Brasil a conhecer Portugal, a perceber o que o país significa hoje, em termos de investimento, o que é o Portugal moderno. Acho que temos muito a ganhar de um relacionamento mais estreito. Basta lembrar que Portugal e o Brasil partilham três espaços que são da maior importância para a política externa portuguesa: o espaço da língua portuguesa, com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], o espaço ibero-americano e, finalmente, o espaço transatlântico. Para nós, isso torna o nosso relacionamento único. Qual é o estado das relações entre Portugal e Brasil? Não existe uma cúpula de alto nível entre os dois países há muito tempo. Em janeiro de 2018, o então presidente Michel Temer cancelou, em cima da hora, a visita que faria a Lisboa. É verdade que faz algum tempo que não há uma cimeira, mas isso não impede que as relações venham se processando ao ritmo daquilo que é a excelência do nosso relacionamento bilateral. Vou dar dois exemplos. No ano passado, a ministra da Agricultura brasileira, Tereza Cristina, foi a Portugal, teve uma visita muito positiva. Ela falou com membros do governo português, com empresários. Foi visitar o terminal do porto de Sines, que pode vir a ser, no futuro, uma porta de entrada para os produtos brasileiros para a Europa e uma porta de saída para os produtos portugueses para o Brasil. O nosso secretário de Estado da Internacionalização veio ao Brasil em novembro, junto com o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Há poucos dias, os nossos chanceleres falaram por videoconferência. Foi uma conversa muito boa sobre as relações bilaterais. Mesmo não havendo cimeira, há relação institucional. Portanto, as coisas têm continuidade e reforço. Portugal preside a União Europeia até junho. O que podemos esperar? Portugal tem, pela quarta vez, a Presidência do Conselho da União Europeia. Nesta conversa entre os dois chanceleres, Portugal disse que nós somos porta-vozes do Brasil na UE. Há um assunto que interessa muito aos dois lados, e que não falo como Portugal, mas como presidência da União Europeia, que é o acordo do Mercosul com a União Europeia. É um acordo que não está parado, porque foi finalizado, mas ainda não está em funcionamento. Enquanto durar o nosso mandato na União Europeia, pretendemos trabalhar em conjunto com as instituições europeias e com os países do Mercosul. Com o Brasil, obviamente, mas também com a Argentina, que tem neste momento a presidência do Mercosul. Pretendemos trabalhar tendo em consideração que temos de tornar toda a gente confortável, do lado europeu e do lado sul-americano. Portugal, que é um país muito habituado a estabelecer diálogos, vai tentar que esse dossiê tenha desenvolvimentos positivos. Vamos trabalhar neste sentido. Um dos compromissos de Portugal para a presidência da UE é a preocupação com as mudanças climáticas. O fato de o Brasil ter níveis recordes de desmatamento e de ter reduzido a fiscalização ambiental não contradiz isso? É preciso sublinhar que Portugal, como país, quer que o acordo entre em funcionamento. Nós até consideramos, enquanto Portugal, que este é um acordo muito avançado em termos de sustentabilidade. Agora, como União Europeia, temos de ver as sensibilidades dos envolvidos. E, se nós trabalharmos ao mesmo tempo em uma narrativa que possa ser aceita por todas as partes, isso é um avanço. É por aí que temos de avançar: uma narrativa que explique que o acordo, quando entrar em vigor, vai ser bom para a Europa, para as empresas europeias, para o Brasil, para a Argentina. Um acordo que não agride as preocupações com a área do clima. Qual o tamanho e o perfil da comunidade portuguesa no Brasil atualmente? Com base naqueles que estão inscritos nas diversas jurisdições consulares, temos cerca de 800 mil. Mas se levarmos em conta todos que têm dupla nacionalidade, pode ultrapassar 1 milhão. É uma comunidade bastante heterogênea. Além da camada de pessoas que fizeram sua vida aqui e estão estabelecidos, há uma comunidade mais recente. É uma comunidade jovem, qualificada, que muitas vezes trabalha em multinacionais. E tenho de salientar que, em todo o Brasil, a comunidade portuguesa é muito bem recebida. A embaixada vai lançar um podcast cultural. O senhor pode contar um pouco mais sobre o projeto? Chama-se ""Cruzamentos Literários"" e estará no Spotify a partir desta quinta (21). É uma colaboração entre entidades de Portugal e do Brasil. Nós temos o Instituto Camões, temos a embaixada, a Fundação Calouste Gulbenkian e, no Brasil, a Associação Oceanos. A cada 15 dias, vamos ter um diálogo muito interessante entre três pessoas, escritores, curadores, sobre temas que têm a ver com a maneira com que encaramos a língua comum. Nós teremos, na primeira emissão, a escritora moçambicana Paulina Chiziane, que é muito conhecida, com moderação de uma escritora portuguesa e uma brasileira. Estarão presentes nessa conversa [temas como] a solidariedade entre as mulheres e a dignidade feminina. Portugal tem um papel importante no acervo do Museu da Língua Portuguesa. Quando será a reabertura? Eu falei com o governo, falei com o secretário de Cultura [do estado de São Paulo], Sérgio Sá Leitão, que me disse que está preparando um plano muito bom para a reinauguração do museu. Será um momento muito significativo de celebração da nossa língua comum por meio desse museu que, infelizmente, ardeu. Mas acabou por ser uma oportunidade para reformular e abrir agora de cara nova. Há indicações para o fim de março, por aí. Será certamente um grande momento para a língua portuguesa. O interesse dos brasileiros por Portugal continua, mesmo com a pandemia? Sem dúvidas. Antes da pandemia havia uma tendência crescente de procura de Portugal, e estou convencido de que, mesmo nas atuais circunstâncias, continua esse interesse. Estou plenamente convencido de que, assim que a situação melhorar e puder haver condições para uma mais ampla possibilidade de viajar, que esse interesse continuará. Nós não temos nenhuma indicação em contrário. E fico muito satisfeito com isso. O que pode ser feito para aproveitar a conexão proporcionada pela língua portuguesa? Nós temos uma potencialidade enorme no âmbito da CPLP, no instituto internacional da língua portuguesa, nas questões de cuidarmos de um dia o português vir a ser língua oficial da Organização das Nações Unidas, de promover nossa língua comum, de aproveitar a riqueza que os nossos escritores, portugueses, brasileiros, cabo-verdianos, angolanos, moçambicanos nos dão. É integrar e absorver toda esta enorme riqueza, isso não prejudica a nossa língua comum. Pelo contrário: dignifica e torna uma língua de prestígio. O português tem um futuro fantástico. Nós temos de cuidar deste futuro juntos. Luís Faro Ramos, 58 Formado em direito, é diplomata de carreira desde 1986, com passagens pelas embaixadas da Tunísia e de Cuba, e foi presidente do Instituto Camões, que promove a língua e a cultura portuguesas no mundo O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, disse que a requisição de mais um inquérito policial pelo ministro da Justiça, André Mendonça, devido a falas críticas contra o presidente Jair Bolsonaro demonstram que a preocupação do governo é ""intimidar e tentar calar os que apontam seus erros no lugar de salvar vidas"". ""No momento em que o país soma mais de 212 mil vidas perdidas, a preocupação demonstrada pelo governo é intimidar e tentar calar os que apontam seus erros no lugar de salvar vidas, suprir oxigênio nos hospitais e viabilizar a vacinação de todos"", disse Santa Cruz em nota. Após outros pedidos semelhantes contra jornalistas, o ministro André Mendonça pediu mais um inquérito com base na Lei de Segurança Nacional, desta vez para investigar o advogado Marcelo Feller, de São Paulo. A Polícia Federal, subordinada a Mendonça e ao presidente, já abriu uma investigação. Em julho do ano passado, quando integrava o quadro “O Grande Debate”, da CNN, Feller citou estudos e disse que o discurso do presidente era responsável por pelo menos 10% das mortes por Covid-19 no país. ""O ministro da Justiça, André Mendonça, ao requisitar inquérito policial para investigar o advogado Marcelo Feller, busca atingir, mais uma vez, quem se manifesta de forma crítica ao descalabro do governo diante da pandemia que atinge os brasileiros"", diz a nota do presidente da OAB. Santa Cruz classifica a medida do ministro como uma tentativa de criminalizar críticos ao governo. ""Com a tentativa de criminalizar os críticos, o ministro extrapola suas funções, desvia o foco dos verdadeiros responsáveis pelo descaso com a saúde dos brasileiros e desrespeita princípios caros ao Estado Democrático de Direito, como a liberdade de expressão."" O advogado Alberto Toron, que representa Feller, diz que a iniciativa “revela uma faceta opressiva contra a liberdade de expressão e crítica e, mais ainda, contra a liberdade de imprensa, pois Feller falava na condição de debatedor contratado da CNN”. O advogado afirmou que impetraria um habeas corpus pedindo o trancamento da investigação. “Feller disse o que hoje todos dizem: que o presidente tem responsabilidade sobre a política que resultou nessa multidão de mortos”, afirma. Não é a primeira vez que Mendonça pede abertura de inquéritos com base na Lei de Segurança Nacional devido a críticas públicas contra o governo. O último deles resultou na abertura de inquérito contra o colunista da Folha Ruy Castro e o jornalista Ricardo Noblat, da revista Veja. A motivação da investigação foi a publicação de texto de Castro com o título ""Saída para Trump: matar-se"". O autor afirmava que, se o presidente americano optar pelo suicídio, Jair Bolsonaro deveria imitá-lo. Já Noblat se tornou alvo da investigação por ter compartilhado, em rede social, um link para o texto de Castro e por ter reproduzido alguns trechos. ""Alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço. Hoje dois deles instigaram dois presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso"", escreveu Mendonça em uma rede social à época. O ministro chamou as publicações de crimes contra chefes de Estado e de desrespeito à pessoa humana e à nação. Luis Mileo, professor de direito penal do Ibmec-SP (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), argumentou na ocasião que não há crime nas publicações. ""Absolutamente nada. Nada, nada, nada."" Segundo ele, os jornalistas só poderiam ser apontados como infratores do artigo 122 se enviassem diretamente a Bolsonaro uma ou mais mensagens para que ele se suicidasse —e não escrever em uma publicação que o presidente poderia ou não acessar. ""A requisição de inquérito por parte do ministro é absolutamente inviável. Porque a informação não é apta e idônea a levar adiante uma ação por parte da vítima, que seria em tese o Bolsonaro, e não é direta. Vejo como uma matéria crítica, mas jamais criminosa"", afirmou Mileo. Em junho de 2020, o próprio Noblat foi alvo de um pedido de apuração feito pelo ministro à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), após o jornalista ter compartilhado a imagem de uma charge do cartunista Aroeira que ilustrava Bolsonaro pintando uma suástica nazista. À época, Noblat disse que o governo estava usando a LSN para perseguir críticos. No mês seguinte, Mendonça requisitou a abertura de um inquérito pela PF, com base na mesma lei —um resquício da ditadura militar—, para investigar o colunista da Folha Hélio Schwartsman em razão de um artigo publicado no jornal. O texto ""Por que torço para que Bolsonaro morra"" foi publicado depois de o presidente anunciar que havia contraído o novo coronavírus. No mês seguinte, o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Jorge Mussi suspendeu o inquérito para investigar Schwartsman. Mussi atendeu a um pedido da Folha e concedeu liminar que suspendia o procedimento até o julgamento do habeas corpus. Em nota, a Folha afirmou que, ""como no caso de texto anterior de Hélio Schwartsman, que teve inquérito aberto pelo mesmo ministro e depois suspenso pelo STJ, o colunista emitiu uma opinião; pode-se criticá-la, mas não investigá-la"". O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) entrou com duas ações na Justiça com o objetivo de reestabelecer a gratuidade no transporte público para idosos entre 60 e 64 anos. Por decisão conjunta entre estado e capital, essa faixa etária perde isenção de tarifa a partir de 1º de fevereiro. Uma ação contra a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), foi encaminhada pelo MP para a 10ª Vara da Fazenda Pública. Nela, as promotoras Cláudia Maria Beré e Mônica Lodder Pereira solicitam decisão liminar, ou seja, provisória, para suspender alteração nas regras de isenção da tarifa e reestabelecer a gratuidade nas linhas urbanas municipais de ônibus às pessoas com idade igual ou maior que 60 anos. Em uma segunda ação civil pública, contra o governo do estado de São Paulo, a promotoria pede o reestabelecimento da isenção do valor da passagem nos transportes sob gestão estadual para essa mesma faixa etária, no caso, metrô, trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e ônibus intermunicipais. A demanda foi encaminhada pelo MP à 3ª Vara da Fazenda Pública da Capital. Em ambas as ações, as promotoras argumentam que ""a revisão da política tarifária, por si só, já representa um grave retrocesso para a população em geral e causa impacto negativo exacerbado de forma desproporcional para a população idosa e mais pobre, em particular no atual contexto da pandemia Covid-19"". Outro ponto levantado nos documentos foi que a aprovação das medidas ""não foi acompanhada de qualquer estudo técnico ou justificativa plausível, como insustentabilidade do benefício e inexistência de alternativas de financiamento"". A mudança nas regras da gratuidade no transporte foi anunciada em dezembro do ano passado, às vésperas do Natal. Há sete anos, estavam vigentes as leis que garantiam que maiores de 60 anos não pagassem pelo uso de ônibus, metrô ou trem, sancionadas pelo então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e pelo então governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB). No dia 14 de janeiro, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara da Fazenda Pública, negou a tutela de urgência da ação do MP contra o governo estadual. O processo continua em trâmite, porém, sem caráter de urgência, e o estado tem o prazo de 30 dias para apresentar defesa. No início do mês, o presidente do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, derrubou duas liminares que mantinham o benefício. Questionada sobre a ação, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo diz que ainda não foi intimada e, assim que for, tomará as providências cabíveis. A nota diz caber lembrar que o Tribunal de Justiça de São Paulo cassou, no dia 12 de janeiro, a decisão liminar que suspendia a cobrança de tarifas de transportes públicos no Estado para passageiros com idades entre 60 e 65 anos. Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos diz que as novas medidas para a concessão de gratuidade no sistema de transporte público passarão por um período de transição neste mês e começam a vigorar a partir de 1º de fevereiro de 2021. ""Conforme o Estatuto do Idoso, está mantida a gratuidade nas passagens dos ônibus municipais e intermunicipais [EMTU], metrô e CPTM para as pessoas acima de 65 anos de idade. Este período de transição foi estabelecido para levar ao conhecimento e adaptação dos cidadãos."" A Prefeitura de São Paulo afirma que ""vai se manifestar em juízo oportunamente, no prazo previsto em lei"". Em nota, a administração municipal diz que ""manteve a gratuidade para quase 1,7 milhão (1.689.822) de pessoas a partir de 65 anos"". Segundo a prefeitura, ""foram aplicados, em 2019, período anterior à pandemia, R$ 1,8 bilhão para manter todos os benefícios concedidos - as gratuidades - no transporte público da capital. Desse total, foram R$ 712 milhões para estudantes, R$ 338 milhões para idosos entre 60 e 64 anos, R$ 495 milhões para idosos a partir de 65 anos e R$ 275 milhões para pessoas com deficiência"". Mesmo com o reajuste de R$ 0,15 no litro da gasolina nesta terça-feira (19), os preços dos combustíveis da Petrobras continuam defasados, segundo especialistas do setor. De acordo com cálculo de Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, o preço da gasolina vendida pela estatal está 7% abaixo do preço da gasolina internacional. Com relação ao diesel, o percentual de defasagem é estimado entre 11% e 14% pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Thadeu Alves, chefe de petróleo e gás da FCStone, afirma que a postura da Petrobras de segurar os preços vem sendo mantida por um tempo maior do que o habitual. A estratégia, segundo ele, não faz sentido do ponto de vista econômico. ""Por razão de mercado não é. Se quer ganhar um market share, uma fatia de mercado maior, com abrangência maior, coloca abaixo, mas manter por três semanas a 15% abaixo não faz sentido no mercado"", disse Alves. Ele alertou que em alguns locais sem produção, como São Luís (MA), o preço do diesel está abaixo até do praticado no Golfo Americano, principal praça de importação e de onde o Brasil recebe a commodity. ""Se a Petrobras não mudar a postura atual, se o preço não voltar, vamos ter um impasse, porque ela vai precisar subir sozinha no mercado e vai entrar na situação do governo Dilma"", disse Alves. Durante o primeiro mandato de Rousseff, entre 2011 e 2014, a Petrobras não repassou a alta no barril de petróleo internacional para os preços de combustíveis praticados no mercado interno. Isso causou prejuízo bilionário à estatal. A Abicom protocolou no início do mês um ofício no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reclamando do que vê como prática predatória da Petrobras na política de preços. Sergio Araújo, presidente da entidade, afirma que a defasagem na Petrobras inviabiliza a importação e pressiona o setor de produção de etanol. Segundo ele, a credibilidade do país pode ser abalada se a política de preços não for alterada, o que afastaria investidores, atrapalharia a geração de empregos e o desenvolvimento. ""Já vivemos esta mesma história no início dos anos 2000, e o resultado não foi bom para o país, para a sociedade e nem para o refinador"", disse o presidente da Abicom. Outro efeito do preço dos combustíveis diz respeito à inflação. O preço da gasolina compoe 5% do IPCA, principal índice de preços do país, com elevado impacto indireto sobre os preços de outros produtos, dado seu uso para transporte. Nesse sentido, a desafagem de preços poderia evitar um impacto maior sobre a inflação, que encerrou o ano de 2020 em 4,52%, acima do centro da meta da inflação para o ano, de 4%. Alves, porém, avalia que não há ""nenhum indicativo, suspeita ou rumor"" de que haja algum tipo de interferência política na Petrobras para segurar os preços dos combustíveis com o objetivo de evitar o repassa para a inflação, apesar de existir esse efeito colateral benéfico. O último reajuste feito pela Petrobras no preço da gasolina para o distribuidor havia sido em 29 de dezembro, com aumento de 4% no diesel e 5% na gasolina. No mesmo período, o preço do barril do tipo Brent cresceu 8%. De acordo com um levantamento da ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas, o preço do litro da gasolina na bomba subiu de R$ 4,714 para R$ 4,805, uma alta de 1,91% na primeira quinzena de 2021. De acordo com a pesquisa, a maior alta de preços ocorreu no Amazonas (4,73%), e a menor em Tocantins (0,8%). Nenhum estado registrou redução no valor médio do combustível. Os dados foram obtidos por meio do registro das transações realizadas de 1 a 14 de janeiro com o cartão de abastecimento da ValeCard em cerca de 20 mil estabelecimentos credenciados. Procurada, a Petrobras afirma que tem compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados internacionais. ""Estão mantidos os princípios que balizam a prática de preços da Petrobras, como preço de paridade de importação (PPI), margens para remuneração dos riscos inerentes à operação, e nível de participação no mercado. Os reajustes são realizados sem periodicidade definida, de forma que a volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio podem não ser repassadas imediatamente para o mercado interno"", disse a estatal. Segundo o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o reajuste foi resultado da pressão do mercado privado sobre a Petrobras e visa viabilizar sua privatização. Rodrigo Leão, coordenador do Ineep, vê com preocupação a pressão dos importadores. Na sua avaliação, os reajustes podem causar uma eventual volta da volatilidade dos preços no mercado interno. “Com a privatização, a tendência é que o preço dos derivados aumente ainda mais. O projeto de petróleo que o país está seguindo é o de submissão ao mercado internacional, sem o mínimo debate sobre os interesses externos"", disse Leão. Em 1993, o repórter Lucas Mendes, que era então correspondente da Globo em Nova York, teve a ideia de apresentar um programa com outros jornalistas brasileiros que também moravam na cidade. O Manhattan Connection foi exibido pelo GNT até 2011, quando se mudou para a GloboNews. No final de 2020, a emissora anunciou o fim da atração, que não demorou para encontrar uma nova casa. A estreia na TV aberta mantém a mais recente formação —ao lado de Mendes, Caio Blinder, o único outro remanescente da bancada original, além de Angélica Vieira, Diogo Mainardi e Pedro Andrade. Os ex presidentes Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer participam virtualmente. Cultura, 22h, livre Baseado em Fatos Reais Esta série revela a intimidade de atletas. Dois episódios serão exibidos em sequência. Na estreia, os retratados são Daniel Rangel e Karol Knopf. Off, 21h, livre Oficina da Casa do Choro A Casa do Choro e a Funarte promovem uma série de aulas online de choro ao longo do primeiro semestre. Serão lançados três vídeos por semana, num total de 50. Os três primeiros já estão disponíveis. Site bossacriativa.art.br e canal Arte de Toda Gente no YouTube, grátis Riverdale A série chega à sua quinta temporada, em estreia simultânea com a televisão americana. A nova safra cobre os últimos dias dos personagens como alunos do colégio Riverdale. Warner Channel, 21h40, 14 anos Pop’s Talk Logo após a estreia de “Riverdale”, Valentina Pulgarin e Alice Aquino estreiam na TV o bate-papo sobre a série que já faziam (e ainda fazem) no YouTube e no Twitter do canal. Warner Channel, 22h30, 12 anos A Noite É Nossa Geraldo Luís afirma ter se inspirado em antigos programas de auditório para este novo projeto, que traz números musicais, brincadeiras, humor e reportagens externas. Na estreia, o apresentador entrevista o humorista Renato Aragão, que completou 83 anos no último dia 13 de janeiro. Record, 22h30, livre A eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018 teve como consequência uma expansão da presença de militares em cargos do governo. Levantamento da Folha publicado em julho de 2020 mostrou que, em apenas um ano e meio de gestão, Bolsonaro expandiu o número de integrantes das três Forças Armadas em cargos comissionados em 33%. Eram 2.558, em ao menos 18 órgãos, entre eles Saúde, Economia, Família e Minas e Energia. Os apoiadores e o grupo político do presidente expuseram em diversos momentos sua visão radical sobre o papel das Forças Armadas em relação ao estado brasileiro. A atuação militar na república, mesmo após a redemocratização, preocupava uma das figuras históricas da esquerda do Brasil. Em entrevista à Folha em maio de 1986, Luís Carlos Prestes (1898-1990) afirmou não haver ""Nova República"" com a abertura política e disse que o poder militar continuava inalterado após a ditadura. ""As Forças Armadas, em qualquer democracia burguesa, são um instrumento do Estado. Aqui no Brasil é o contrário. Elas tutelam os poderes do Estado. O poder militar é a única força organizada no Brasil"", afirmou. Figura influente desde sua participação no tenentismo (movimento de jovens oficiais críticos às oligarquias que comandavam o país), nos anos 1920, o militar nascido em Porto Alegre ganhou mais notoriedade ao comandar a Coluna Prestes, legião que enveredou pelos confins do país tentando despertar a população para a luta política. O responsável pelo texto que ocupou uma página da editoria de Política (hoje Poder) foi João Batista Natali. Aos 72 anos, ele conta que se aproximou de membros do PCB (Partido Comunista Brasileiro) que estavam exilados na França quando foi correspondente da Folha em Paris. Essas conexões facilitaram o contato e a realização da entrevista. ""Apesar de todo o poder que teve dentro da esquerda brasileira, Prestes sempre foi uma pessoa extremamente humilde. Falava baixinho, quase cochichava as coisas para você como se estivesse em uma conversa íntima"", lembra o jornalista. Natali recorda-se de ter embarcado logo cedo em São Paulo para realizar a entrevista, que ocorreu no Rio de Janeiro. “O bairro do prédio onde ele vivia era bom, mas o prédio, meia-boca. Ele próprio abriu a porta, me convidou para sentar, e a dona Maria [sua segunda esposa] trouxe um cafezinho”. Era um apartamento emprestado pelo amigo Oscar Niemeyer. Durante a conversa, o ex-senador (foi empossado em 1946, mas teve o mandato cassado) contou como se via isolado na esquerda brasileira. Fiel à União Soviética, Prestes chegou a relativizar o desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido na Ucrânia em 26 de abril, uma semana antes da entrevista. Chamou de ""estardalhaço malicioso"" a forma como o incidente era retratado no Brasil. Àquela altura, ainda eram poucas as informações divulgadas sobre o desastre. Para Natali, o ponto alto da entrevista aconteceu quando falaram sobre a biografia de Olga Benário (primeira esposa do entrevistado, entregue por Getúlio Vargas aos campos de extermínio nazista), escrita por Fernando Morais. No livro, Morais conta que, antes de se casar com ela, Prestes não havia tido relações sexuais com nenhuma outra mulher. ""Ele riu. Disse que o Fernando Morais exagerava, mas não desmentiu. Depois ainda deu razão, ao dizer que o pai dele morreu quando ele tinha 10 anos e que ele se tornou chefe de família. Conta isso para dizer que tinha outras coisas para pensar, que não podia pensar na sua sexualidade"", lembra Natali. Prestes também discorreu sobre assuntos com música e cinema. Disse não compreender o rock (""músicas modernas e barulhentas norte-americanas"") e afirmou não ter comprado um videocassete por ser ""muito caro"". Confira a seguir a íntegra da entrevista com Prestes. Também é possível conferir o texto no Acervo Digital da Folha. Luís Carlos Prestes, 88, com seu currículo de controvertida militância política iniciado com o tenentismo, em 1922, deu provas na última quinta-feira [1º de maio] que ainda possuía combustível e motivação para permanecer em evidência. Conseguiu fazer um curto discurso pelo Dia do Trabalho na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio, num palanque que lhe fora vetado pela CGT (Central Geral dos Trabalhadores), hoje integrada por seus ex-companheiros de Partido Comunista Brasileiro. Veto que, ironicamente, foi apoiado pela CUT, central sindical que Prestes, em manifesto distribuído por seus poucos e fiéis correligionários, elogiava de maneira inequívoca. Seis horas antes do incidente, o ex-senador (cassado juntamente com o registro de seu partido, em 1947) dizia à Folha estar disposto a repetir o mesmo roteiro do comício pelas Diretas na avenida Presidente Vargas, em 1984, quando acabou discursando, apesar do veto explicitamente oposto do governador do Rio, Leonel Brizola. A diferença entre os dois atos públicos é que desta vez cortaram o microfone. ""Foi um episódio de luta de classes, que não me deixou pessoalmente magoado"", disse ele anteontem [sexta-feira, 2 de maio]. Pouquíssimas de suas decisões públicas são objeto de arrependimento. Ele ainda hoje acredita ter agido corretamente ao apoiar Vargas em 1945, ainda que o chefe do Estado Novo tivesse entregue anos antes sua primeira mulher, a alemã Olga Benário, aos campos de extermínio nazista. De um dinamismo quase irrequieto, sem a mínima sequela aparente da cirurgia que sofreu em janeiro para a extração de dois tumores benignos do abdômen, ele afirma, com um humor quase irônico, não se importar com seu atual isolamento político. Foi excluído do PCB, em 1979, depois de exercer por 37 anos a secretaria-geral com um estilo que os atuais dirigentes do partido dizem ter sido personalista e autoritário. Aproximou-se do PDT e do PT, com eles compartilhando as críticas —de aceitação minoritária— ao Plano Cruzado do presidente Sarney. Diz acreditar que os militares permanecem no comando da vida pública brasileira, inexistindo, por isso mesmo, qualquer ""Nova República"". E, por fim, mantém inalterada sua antiga idolatria pela União Soviética, numa postura que pouquíssimos comunistas continuam a ter com idêntico vigor. Prestes mora num apartamento modestamente mobiliado na Gávea, zona sul carioca, onde, trajando calças cinzas e uma camisa social branca, mangas curtas e colarinho aberto, discorreu das 10h às 11h15 dessa quinta-feira sobre política e sua vida pessoal, campos que percorre com idêntico desprendimento e invejável fluência. Senador, o senhor criticou de forma categórica as medidas econômicas que o governo decretou em fins de fevereiro [Plano Cruzado, que, entre outras medidas, alterou a moeda, congelou os preços e liberou um abono salarial], argumentando que elas resultavam num confisco salarial. O senhor se mantém nessa posição? Mantenho, e na época eu disse mais: que se tratava de um ato político com o objetivo de ludibriar a classe operária. Em dezembro, o pacote anterior, eminentemente inflacionário, previa uma sobretaxa de imposto de renda que deveria produzir alguns trilhões de cruzeiros em recursos. Ora, os empresários não diminuíram seus lucros, e quem acabou pagando essa sobretaxa foi o consumidor. Os preços subiram em janeiro e fevereiro aceleradamente, sendo então congelados. E enquanto isso o salário mínimo, conforme observou o governador Brizola, passava a ser, em termos reais, o mais baixo desde 1941. Mas é inegável que houve, nesses últimos dois meses, um reaquecimento do consumo. O fenômeno não contradiz a tese de confisco salarial? Não. O que ocorre é a falta de confiança em que os preços permaneçam congelados, consumindo-se, assim, mais produtos industriais de certa duração, como automóveis novos, disponíveis só com o pagamento de um ágio considerável, num mercado acessível só à pequena burguesia mais avançada. Mas aumentou também o consumo de carne. É verdade, está se comendo melhor. Com os preços previamente fixados, o trabalhador pode gastar um pouco mais. O salário mínimo aumentou, embora insuficientemente, pois defasado em dois terços do que deveria ser, segundo estudos do Dieese. Essa é que é a verdade. O senhor mencionou há pouco o governador Leonel Brizola. O senhor não se sente, senador, incomodamente acompanhado ao compartilhar das críticas que ele também faz ao plano cruzado? Absolutamente. No documento que preparei para a entrevista coletiva que dei no mês de março, faço inclusive um elogio ao senhor Brizola porque foi o único governador a assumir uma posição firme contra o pacote. O senhor possui algum prazer íntimo ao se ver como uma espécie de cavaleiro solitário? Não. Eu estou muito habituado a isso. Já muitas vezes fiquei completamente isolado. Em 1930, todos os meus colegas da Coluna e do tenentismo apoiaram a candidatura do Sr. Getúlio Vargas, e eu fui contra. Eles haviam feito de mim, quando eu estava em Buenos Aires, chefe militar da Revolução, em substituição ao marechal Isidoro, que estava muito idoso. Depois eu fiquei um general sem soldados porque eles passaram todos para o Getúlio. No ano passado, o senhor declarou-se equidistante de Tancredo Neves e Paulo Maluf como candidatos à Presidência no Colégio Eleitoral. Manteria hoje essa posição? Perfeitamente. Eu me opunha ao Colégio Eleitoral por questão de princípios. O senhor sabe que o senhor Ulysses Guimarães dizia às massas, durante a campanha das diretas, que o Colégio era uma instituição espúria e ilegítima. Quando ele viu mais de seis milhões de pessoas nas ruas, aparentemente se assustou. Mesmo tendo desembocado na ""Nova República"", não valeu a pena? Não há ""Nova República"" nenhuma. Está tudo igual como antes. No dia seguinte da escolha dos senhores Tancredo e Sarney, os jornais, inclusive a Folha, diziam: reconquistamos a democracia, acabou o militarismo e temos uma República nova. São três mentiras. O poder militar continua intacto. O senhor Sarney é talvez mais obediente a ele que o senhor Figueiredo. As Forças Armadas, em qualquer democracia burguesa, são um instrumento do Estado. Aqui no Brasil é ao contrário. Elas tutelam os poderes do Estado. O poder militar é a única força organizada no Brasil. O senhor conhece outro? Os sindicatos são uma força débil, reunindo apenas de cinco a dez por cento dos assalariados de cada categoria. A Igreja não tem força consistente… Mas o senhor não acredita, para citar um exemplo, que há uma sofisticação dos mecanismos de pressão empresariais, para influir nas decisões da administração pública? Os empresários não dependem dos militares. Eles não estão suficientemente organizados, mesmo porque, entre os empresários, não pode deixar de haver contradições. Nas Forças Armadas não há contradição; há disciplina. Senador, um assunto inevitável: o Partido Comunista Brasileiro. O senhor considera-se uma pessoa rancorosa, criticando tanto seus ex-companheiros de militância? Não há rancor. A divergência é política. Durante dez anos, desde dezembro de 1967, nossas discordâncias estavam evidenciadas. A crise em nosso partido teve uma dimensão inédita em todo o movimento comunista internacional. O secretário-geral, que deveria falar em nome do Comitê Central, por sua vez, se negou a reconhecer seus erros. O Brasil é um país capitalista há muitos anos, e nós negávamos essa verdade, com base no seguinte raciocínio: enquanto não acabarem o latifúndio e a dominação imperialista, o capitalismo não terá condições de surgir. Dávamos à revolução um caráter nacional e libertador, mas como o Brasil é capitalista, a revolução deveria ser necessariamente socialista. Já em 1945, quando saí da prisão, negávamos esse caráter capitalista a um país que já estava construindo Volta Redonda. De qualquer modo, não temos ainda uma análise científica da sociedade brasileira, baseada no marxismo-leninismo. O que há são contribuições esparsas mas importantes, de Florestan Fernandes ou Celso Furtado. Celso Furtado não se considera marxista. Não é necessário ser marxista para se fazer uma análise da realidade, mesmo que seja do ponto de vista dele mesmo. Como o senhor reage às críticas que o PCB faz hoje, de que o senhor impôs um estilo caciquista na direção do partido? Acredito que eles dizem isso para fugir à crítica que nunca fizeram de si próprios. Lancei uma Carta aos Comunistas, defendendo posições políticas definidas, que até hoje permanece sem resposta. Atacam-me por eu ter sido supostamente golpista, autoritário, caudilho. Mas isso são palavras. Em 1971, sob o pretexto de segurança, o Comitê Central decidiu que uma terça parte de seus integrantes deveria se refugiar no exterior. Eu era uma presença incômoda, e assim mandaram-me para um exílio dourado em Moscou. Foi, de certa maneira, bom porque consegui aprofundar minha autocrítica. O PCB estava preso ao equívoco das teses aprovadas pelo Comintern em 1928, em que a noção de ""países coloniais e semi-coloniais"" aplicava-se à África e à Ásia, mas não à América Latina. O Brasil não tinha vice-rei indicado pelo Salazar. Já estávamos desde o século 19 a caminho do capitalismo, que por sua vez não dá margens para a solução de seus próprios problemas. Há exagero seu. Em que sentido o senhor diz isso? Veja, por exemplo, a questão da terra. Ela não será solucionada pelo plano do senhor Sarney, já que os interesses do latifúndio não serão contrariados. É necessário combater o monopólio da terra, limitar a propriedade. Mas o senhor não acredita que esse problema pode avançar no Congresso constituinte? Só se o senhor tiver alguma ilusão com a Constituinte que vem aí. Eu não tenho. Creio que ela será muito mais reacionária do que a Constituinte de que eu participei, em 1946. Como o senhor tem posições definidas, por que então não recuar de sua decisão de não se candidatar e obter com isso a possibilidade de, no Congresso, dispor de uma tribuna para seus contatos com a opinião pública? Não me candidato justamente por não ter qualquer ilusão. Minhas prioridades, hoje, são outras. Trabalho para que o Brasil e a classe operária brasileira disponham de um partido verdadeiramente revolucionário. Desde 1979, quando da ruptura do senhor com a direção do PCB, o senhor tem acalentado esse projeto, mas até agora esse partido não existe. Não existe e por quanto não pode existir. Não há quadros marxistas no Brasil. Nunca se estudou marxismo. Até os intelectuais do PCB, que estudaram na União Soviética, são hoje anti-soviéticos. Ser anti-soviético, para mim, é o mesmo que ser anticomunista. O senhor acredita, senador, que se pode atribuir ao atraso tecnológico da União Soviética o acidente ocorrido esta semana com a usina nuclear perto de Kiev [Chernobyl]? Acidentes como esse são quase inevitáveis. Eles têm ocorrido nos Estados Unidos, no Japão e em outros países. O que se está fazendo no Brasil é um estardalhaço malicioso. Ainda hoje li nos jornais afirmações de que teria morrido mais gente que em Hiroshima, quando o que dizem turistas estrangeiros, que estavam em Kiev e chegaram em Moscou, é que tudo está calmo. Eu apoio a União Soviética porque ela é, a meu ver, o centro da revolução mundial. Eu não a critico mesmo por seus erros porque acho que eles devem ser apontados pelos próprios soviéticos. Uma provocação inevitável, senador. O senhor pronunciou-se contra a censura imposta, no Brasil, ao filme ""Ave Maria"", de Jean-Luc Godard. O senhor criticaria com a mesma veemência a censura na União Soviética? Há censura na União Soviética, e ela se justifica porque a União Soviética é o ponto focal para onde se dirige a luta ideológica do imperialismo contra o socialismo. Todo governo tem a obrigação de defender a sua Constituição. E a Constituição Soviética obedeceu a critérios de elaboração bem mais democráticos do que em qualquer país capitalista. A Constituição diz: ""O regime aqui é socialista"", e todos aqueles que combatem o socialismo devem ser censurados. Desviando, agora, para questões pessoais. O senhor ficou assustado antes de extrair dois pólipos do intestino grosso, em fins de janeiro? O senhor teve medo de morrer? Não tenho a mínima preocupação com a morte, até mesmo porque um dia eu terei que morrer (ri). Pode ser num acidente desses. Mas o senhor não gostaria de viver ainda muitos anos para tocar adiante seus projetos políticos? Não, não. Eu trato é de usar bem os anos que me restam de vida. Tenho certeza de estar fazendo o possível para esclarecer a classe operária e a juventude. O senhor leu o livro ""Olga"", do Fernando Morais? Ele é fiel à vida de Olga Benário? Li e, no fundamental, ele é fiel, apesar de numerosos pequenos erros. Ele havia prometido que, antes de mandar o livro ao prelo, o submeteria a minha apreciação e à de minha filha, mas isso não foi possível. Na essência, o livro é verídico e ele, como repórter, foi muito feliz. Fernando Morais narra com muito respeito detalhes íntimos de sua convivência conjugal. Diz, por exemplo, que antes de se casar com Olga Benário o senhor não tinha tido relações com nenhuma outra mulher. É verdade? Aquilo foi um pouco de exagero dele. Isso é uma questão pessoal, particular. Não seria nenhum mérito nem nenhum defeito. Eu estava com 36 anos, era solteiro, já que, desde a morte de meu pai, quando eu tinha dez anos, trasformei-me em chefe de família. Senador, como um homem de 88 anos de idade e ainda bastante dinâmico vive sua rotina? O senhor dorme bastante, alimenta-se bem? Alimento-me muito normalmente, sem nenhuma dieta ou cuidado especial. Dormir, continuo dormindo pouco, por hábito de quando era oficial do Exército. E o que o senhor mais gosta de comer? Eu como de tudo. Não tenho predileção por nada. O sentido menos agudo que eu tenho é o paladar. Fui educado comendo comida do Colégio Militar e da Escola Militar, na base de feijão com arroz e um ensopado de carne, e como sobremesa uma laranja ou uma banana. O senhor não fuma? Não. Nunca fumei. O senhor gosta de tomar um aperitivo antes das refeições? Eu bebo quando é necessário. Em 1980, por exemplo, estive em Brasília e visitei as embaixadas da União Soviética, Bulgária, Alemanha Democrática e Tchecoslováquia. Em cada uma delas ofereciam-me um cálice de conhaque, e eu aceitava. E o senhor não gosta de beber? Não gosto de cachaça. Nisso não sou nem um pouco brasileiro. Prefiro esporadicamente um cálice de vinho do porto. O que o senhor está lendo agora, de ficção? Comecei há pouco um romance de Thomas Mann, ""Doutor Fausto"". Mas leio bem mais coisas de política. Ainda ontem recebi o último número da Revista Internacional e estou com o informe do camarada Gorbachev ao 27º Congresso do PC Soviético, com sua apreciação autocrítica sobre o atraso técnico da União Soviética. Que tipo de música o senhor gosta de ouvir? Ah, eu gosto só de música clássica. Acompanho também música popular. Gosto dos sambas do Noel Rosa. O senhor gosta de rock? Para falar a verdade, eu não compreendo essas músicas modernas e barulhentas norte-americanas. Qual foi o último filme que o senhor assistiu? É muito difícil dizer. Foi há alguns meses. Agora estava interessado em ver ""A História Oficial"", esse filme argentino sobre a tortura. O senhor tem videocassete em casa? Não, não tenho. É um equipamento muito caro e decidimos, ainda, não comprar. O senhor tem como única fonte de renda a aposentadoria de capitão reformado do Exército? Não, não tenho nada a ver com as Forças Armadas. Fui expulso duas vezes. Aliás, a chamada anistia de 1945 não foi verdadeiramente uma anistia. Foi uma soltura de presos políticos, inclusive minha, já que passei nove anos em regime de absoluto isolamento. Eu nunca reivindiquei coisa nenhuma. Qual então a fonte de renda do senhor? Eu vivo única e exclusivamente de contribuições que me são feitas por meus amigos. Esse apartamento foi cedido por Oscar Niemeyer, e o automóvel foi dado também por amigos, no meu aniversário, em 1983. O senhor se considera um homem feliz? Sou, isso sou. Sempre me considerei um homem feliz. Todo revolucionário deve ter certa parcela de estoicismo. A felicidade consiste em desejar que as coisas aconteçam exatamente como elas acontecem. Mas o senhor não conseguiu fazer a revolução no Brasil, senador. Isso não o deixa, aos 88 anos, absolutamente frustrado? A verdade é que não existiram condições para isso. Antes de se fazer a revolução, será preciso levar a democracia para as massas. No Brasil, a democracia é para uma elite, e mesmo assim no litoral. No interior, o camponês não tem a quem se queixar porque o promotor e o delegado de polícia estão todos a serviço do fazendeiro. Veja, por exemplo, o congresso dos camponeses em Curitiba, denunciando que nos últimos dois anos foram assassinados 267 dirigentes sindicais. A Contag [Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura] revela, por sua vez, que até março deste ano foram mortos outros 38. O primeiro direito do cidadão a ser respeitado deveria ser o da inviolabilidade do lar. A polícia não o respeita. Veja o senhor as violências cometidas contra os líderes dos bóias-frias pela polícia do senhor Montoro, arrancando-os de casa para chicoteá-los. É talvez por isso que o senhor Fernando Henrique Cardoso perdeu as eleições no ano passado em São Paulo. O senhor já foi assaltado? Não. Minha filha uma vez foi roubada. Mas eu não fiquei indignado. Vejo isso com muita frieza. O fenômeno é inevitável numa sociedade com distribuição de rendas tão injusta como o Brasil. Veja o relatório que o senhor Hélio Jaguaribe apresentou para o senhor Sarney. O estudo surpreendeu muito o senhor Sarney, mas a mim não surpreende. São 77 milhões os brasileiros vivendo em miséria absoluta. Os governos não se interessam por isso, por mais que a nação seja o próprio povo. O senhor acredita numa transição pacífica do Brasil ao socialismo? A forma da revolução é secundária. O importante é uma tática justa. Não creio que se possa descartar uma revolução sem conflitos do tipo guerra civil ou luta armada. De qualquer forma, haverá violência. Acredito que, com a concentração da classe operária no eixo São Paulo-Rio-Belo Horizonte, e na medida em que ela se organize e conquiste a democracia, é inevitável que ela forme o bloco revolucionário, juntamente com os camponeses e a pequena burguesia urbana. Esse bloco lutaria contra o latifúndio, o imperialismo como inimigo externo e os monopólios nacionais e estrangeiros como inimigo interno. Estaremos então com o caminho aberto para o socialismo. Se o senhor fosse eleitor em São Paulo, em quem votaria entre esses três candidatos: Orestes Quércia, Eduardo Suplicy e Antônio Ermírio de Moraes? Por enquanto, não tenho uma posição a respeito. A situação ainda está aparentemente muito confusa, e essa será uma eleição de grandes fortunas, como a do senhor Ermírio. E em termos de Rio de Janeiro, como o senhor vê a candidatura de Fernando Gabeira pelo PT? É um direito dele. Qualquer cidadão brasileiro tem o direito de ser candidato. Se ele pedir seu apoio, o senhor o dará? Não. Acho que os únicos partidos que tendem a crescer, por não estarem comprometidos com o governo federal, são o PT e o PDT. Mas aqui no Rio o PT tem uma presença insignificante. Eu não gosto de votar para ser derrotado. Então sua preferência iria para o pedetista Darcy Ribeiro? A situação ainda não está muito definida. O senhor Darcy Ribeiro só será candidato depois da convenção. Este texto faz parte da série Entrevistas Históricas, que lembra conversas marcantes publicadas pela Folha. Vacina Ao final da tarde deste domingo (17/1), ao ver o registro do fotojornalista Eduardo Anizelli no Instagram da Folha, emocionei-me. Fiz um desenho inspirada naquela cena histórica e alentadora para um Brasil imerso na tristeza desencadeada pelo coronavírus e por esse desgoverno de Bolsonaro. Ao Butantan, Fiocruz e governador Doria, a minha gratidão! Em agosto perdi um irmão para esse vírus. Doralice Araújo, professora (Curitiba, PR) A liberação das vacinas pela Anvisa, que se portou de forma irrepreensível, escancarou a incompetência quase criminosa do governo Bolsonaro. Não fosse a Coronavac, o vexame teria sido maior. José Salles Neto (Brasília, DF)  Parabenizo os pesquisadores do Instituto Butantan pelo empenho e dedicação na busca da vacina contra o Sars-COV-2. Esse instituto deveria ser homenageado pelo jornal com um amplo caderno especial. Renata Rossini (São Paulo, SP)  Fé e ciência podem ser, ambas, muito importantes para os humanos. Mas há uma diferença fundamental entre elas: ciência depende de provas reais, ao contrário das crenças. Querer confundi-las é ser intencionalmente safado. Marize Carvalho Vilela (São Paulo, SP)  Parabéns à Anvisa pelo rigor na análise das vacinas contra a epidemia. Cabe a pergunta: a Anvisa aprovou o uso da cloroquina distribuída pelo governo federal com esse mesmo objetivo? Dilson Cardoso, professor sênior da UFSCar (São Carlos, SP)  Parabéns aos médicos, cientistas, profissionais da saúde e ao governo de São Paulo, que lutaram contra a ignorância, a incompetência e o negacionismo do governo federal e nos proporcionaram a vacina contra o coronavírus. Maria Helena Beauchamp (São Paulo, SP) Defesa esburacada O cartola enfeitadinho do Departamento de Marketing foi a campo e marcou um golaço na esburacada defesa do general com excesso de peso e de empáfia. Antonio Carlos Orselli (Araraquara, SP) Pazuello O general Pazuello deveria pedir o boné para o presidente e voltar para os quartéis; que deixe o Ministério da Saúde para quem é da área. Militares em ministérios e secretarias somente em área de segurança pública. Moyses Cheid Junior (São Paulo, SP) ""Ministério da Saúde faz confusão com voos, deixa autoridades esperando nos aeroportos e atrasa vacinação nos estados"" (Painel, 18/1). Nosso grande expert em logística... Imagine uma operação militar liderada por ele? Duvido que o Exército o queira de volta. Não é capaz de operar uma van escolar. Luís Fernando Rocha Pellegatti (Tremembé, SP) Bolsonaro O colunista Celso Rocha de Barros descreveu com perfeição o papel do presidente ao dizer que ""Jair Bolsonaro é o policial com o joelho no pescoço de Manaus enquanto a cidade grita 'I can't breathe'"" (Poder, 18/1). A diferença é que lá, nos EUA, o policial está preso, respondendo por seu crime. Jonas Nunes dos Santos (Juiz de Fora, MG)  Celso Rocha de Barros escreveu um dos mais corajosos artigos já publicados nesta Folha. O povo brasileiro é George Floyd! Nunca pensei que chegaríamos a isso. Geraldo Maia (Belo Horizonte, MG)  Bolsonaro reforça a cada dia a certeza do que se imaginou sobre seu despreparo para administrar o país. A pregação do retorno ao voto impresso, a repetição de que a crise decorrente da Covid-19 se deve ao STF, a insistência no uso de cloroquina, a acusação de fraude na sua eleição e na de Joe Biden são apenas alguns exemplos. É psicopatia ou metodologia para se comunicar com seus seguidores radicais? Ou as duas coisas? José Carlos de Oliveira Robaldo (Campo Grande, MS)  Devemos ficar atentos a possíveis atos de sabotagem que poderão ser perpetrados por Bolsonaro e seus mais fanáticos comparsas. Humilhados pelas circunstâncias, eles não vão querer deixar barato mais essa vitória da ciência e da razão. Marcos Antônio da Silva (Londrina, PR)  Enquanto 30% da população considerar esse desgoverno ótimo/bom, o estrupício genocida vai continuar pintando e bordando. Cabe aos outros 70% se manifestarem veementemente e ininterruptamente contra essa minoria. Sem o apoio explícito desses acéfalos, talvez entre em pauta um dos inúmeros processos de impeachment que jazem nos escaninhos da Câmara. Cassio Antonio Leardini (Mauá, SP)  Aos 73 anos, e com minha indignação no limite, sugiro a todos os partidos e entidades de esquerda que se unam e financiem informes semanais na TV para apontar e rebater as mentiras desferidas pelo presidente e seu governo em suas lives e pronunciamentos. Creio que só assim poderemos mostrar aos apoiadores de Bolsonaro o quão estão sendo enganados e tornar viável o sonhado impeachment. Cilene Chakur, professora universitária aposentada (Araraquara, SP) Alex Periscinoto ""Publicitário Alex Periscinoto morre aos 95 anos"" (Mercado, 18/1), A modernização da imprensa brasileira no século 20 deveu muito a Alex Periscinoto. Um inovador na publicidade, ia pessoalmente às oficinas da Folha colorir à mão os anúncios que criava para os magazines Mappin --numa época em que os jornais em cores eram nada mais que um sonho distante. Alex viveu para provar que uma carreira bem-sucedida fica melhor ainda quando parceira da boa educação, da gentileza e da civilidade. Matinas Suzuki Jr. (São Paulo, SP) Após o Ministério da Saúde começar a entregar a vacina contra a Covid-19 na manhã desta segunda-feira (18), os estados já estão com a logística preparada para que o imunizante seja repassado com agilidade e em segurança aos municípios. Segundo representantes dos governos e de municípios ouvidos pela Folha, entre as estratégias estão o uso de aviões e de barcos e o policiamento no trajeto que a vacina percorrerá para chegar ao destino final. Diversos estados iniciaram a aplicação nesta segunda-feira (18). Em alguns locais a vacina deve demorar até cinco dias para chegar a todos os municípios. Apenas São Paulo iniciou a vacinação no domingo (17), o que ocorreu minutos depois de a Anvisa liberar o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford. Até 19h30 desta segunda, o Ministério da Saúde havia entregado a vacina para dez estados. A programação é que o restante receba o imunizante neste mesmo dia. Somente o Acre e o Amapá receberão as doses durante a madrugada desta terça-feira (19). A pasta publicou nesta segunda uma portaria que obriga serviços públicos e privados a registrarem, nos sistemas de informação da pasta, dados sobre a aplicação de vacinas contra a Covid. Entre os dados que devem ser informados estão vacinas recebidas e aplicadas, tipo de cada uma delas e data de aplicação das doses. O presidente do Consórcio Nordeste, coordenador da temática estratégica da vacina contra Covid-19 do Fórum dos Governadores e governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), disse que entre as estratégias que serão adotadas por todos os governos está o policiamento para entregar as vacinas aos centros regionais de saúde. São desses locais que as vacinas são distribuídas aos municípios. “A vacina virou um bem desejado, vamos tomar mais cuidado. Já tivemos problemas com respiradores e não queremos que isso se repita.” Hisham Hamida, diretor do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e secretário municipal de Saúde de Goinésia (GO), também afirmou que os estados e municípios terão um cuidado maior com a logística do imunizante. “A forma de distribuição do imunizante já é organizada e garantida pelo PNI [Programa Nacional de Imunizações] e ocorre com todas as vacinas, como a H1N1 e a influenza. O que vamos ter é mais cuidado na logística para garantir a segurança”, disse. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a distribuição teve a participação da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Uma ação estratégica foi montada para que as doses da vacina cheguem de forma simultânea e segura, dentro de até dois dias, aos 79 municípios após serem recebidas da Saúde. Serão utilizados caminhões, viaturas, aviões e barcos para a distribuição. “Contamos com nove núcleos regionais de saúde que recebem, armazenam e distribuem os imunobiológicos para os respectivos municípios, estes possuem câmaras refrigeradas adequadas para esse acondicionamento”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. No Pará, a logística também está pronta para a entrega das vacinas aos centros regionais de saúde. Haverá apoio dos grupamentos Aéreo e Fluvial de Segurança Pública. “A depender do horário de chegada das vacinas ao estado, levará até 2 dias para a distribuição para os centros regionais de saúde”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. A Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão informou que haverá o suporte de dois aviões e três helicópteros. São estimados até três dias para a distribuição às 217 cidades maranhenses. “O transporte aéreo garantirá a distribuição da vacina nesse período. A vacina sairá da central estadual de armazenamento de imunobiológicos em São Luís para as 18 centrais regionais de rede de frio. A partir dessas regionais, a secretaria de saúde realizará o transporte aéreo e terrestre até as centrais municipais de rede de frio”. Em Tocantins a programação é que as 139 cidades recebam o imunizante em até cinco dias. Atualmente, o estado possui 314 salas de vacinação. “Para a logística de operacionalização da vacinação contra a Covid-19 a distribuição da vacina será de forma terrestre, através de caminhão refrigerado. Dois pontos de distribuição, organizados por regiões de saúde serão utilizados em todo o estado, um em Palmas e outro em Araguaína”, disse em nota a secretaria estadual de Saúde. Os estados também se organizaram para o armazenamento e aplicação dessas vacinas. Apesar de as agulhas e seringas para a vacina contra a Covid-19 não serem de responsabilidade dos estados, secretarias estaduais dizem ter ao menos 116 milhões de unidades em estoque. No Paraná, por exemplo, a secretaria de Saúde adquiriu 21 câmaras frias para o armazenamento da vacina. Outras 180 estão em processo de aquisição. “Além destes equipamentos, será realizada a contratação de 31 câmaras frias para armazenamento em parceria com o governo federal”, disse em nota. O Amapá, além de ter seringas e estar em processo de aquisição de câmaras frias, planejou que as vacinas que chegarem aos municípios serão aplicadas em salas de vacinação e por drive-trhu nas escolas. “A princípio, está sendo planejado o encaminhamento das vacinas com avião para o município de Oiapoque, no extremo norte do estado, e com carros para as demais cidades”, disse a secretaria estadual de Saúde. A vacina contra a Covid teve a aprovação da Anvisa para uso emergencial no domingo (18). Minutos depois o governador João Doria (PSDB-SP) vacinou a primeira mulher no país. Por conta do ocorrido, o governador foi acusado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de fazer marketing e de quebrar acordo com o governo federal e com os demais estados ao iniciar a vacinação em São Paulo antes do plano federal. No mesmo dia, os governadores foram convidados por Pazuello a viajarem para São Paulo para participarem de ato de entrega das vacinas. O cronograma federal previa o início da vacinação para quarta, mas Pazuello foi pressionado pelos governadores para o começo imediato, com a entrega das doses nesta segunda com aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e a vacinação a partir das 17h. Conforme mostrou o Painel, porém, o ministério mudou horários dos voos e diversos estados só receberão os pacotes de noite, atrasando o início da imunização. Em alguns casos, autoridades estaduais já estavam aguardando nos aeroportos, quando foram surpreendidas pelas mudanças. Ao menos seis locais que receberiam antes das 16h agora só vão receber na parte da noite. Candidato à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) disse nesta segunda-feira (18) que ""não há contemporaneidade nem verdade"" nas acusações feitas à Folha por sua ex-mulher Jullyene Lins. O líder do centrão, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda avaliou que o assunto ""não deve ser politizado"". Em entrevista publicada na semana passada, Jullyene afirmou que Lira a agrediu fisicamente e depois a ameaçou para que mudasse um depoimento sobre acusações que ela havia feito contra ele. Lira afirma que foi inocentado na Justiça das acusações da ex-mulher. ""Você, a Folha e o Brasil sabem que aquele assunto foi julgado e arquivado por improcedência e [eu fui] inocentado por unanimidade. Esse assunto é requentado a cada eleição e não é um assunto que eu fique à vontade porque este assunto não deve ser politizado por uma pessoa exposta, como é qualquer político num momento desse"", afirmou após ser questionado pela Folha em entrevista coletiva. ""Todo jogo baixo, todo jogo vil, nesse momento eleitoral, é rechaçado por homens e mulheres"", afirmou. ""Notícias requentadas nesse momento, no jogo baixo, não é para se tratar aqui. Tudo isso já foi resolvido há anos."" Em 2006, a ex-mulher de Lira apresentou queixa por lesão corporal contra o então deputado estadual à Polícia Civil. Ela afirmou no depoimento que, após ficar sabendo que ela estava se relacionando com outro homem, depois da separação, Lira foi até sua residência e a agrediu com tapas, chutes, pancadas e ""arrastada pelos cabelos, tendo sido muito chutada no chão"". Jullyene anexou fotos das lesões ao processo e o caso foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal). Depois, porém, Julyenne mudou a versão da história, assim como todas as testemunhas, e disse que fez a denúncia ""por vingança"". Em 2015, Lira foi inocentado do caso. À Folha Julyenne disse que o deputado a pressionou e a ameaçou para que ela mudasse o depoimento que fez à Justiça. ""Me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou"", disse. ""Ele me disse que onde não há corpo, não há crime, que 'eu posso fazer qualquer coisa com você'."" Nesta segunda, Lira negou as acusações, mas evitou comentar detalhes. ""Não tem absolutamente contemporaneidade nem verdade nesses fatos. E, como mãe dos meus filhos, quero até preservá-la em respeito a eles"", afirmou o deputado. Jullyene foi casada por dez anos e tem dois filhos com Lira. Em outubro passado, Julyenne solicitou à Justiça de Alagoas medidas protetivas contra o deputado. Conforme mostrou a Folha, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu enviar à Vara de Violência Doméstica do Distrito Federal acusações feitas por ela sobre Lira em uma ação de injúria e difamação de 2020. Ela anexou no processo o laudo da análise feita pelo IML (Instituto Médico-Legal) que constavam da denúncia de lesão corporal. Lira recorre da decisão de Barroso, baseada em pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o caso fosse enviado a um juizado de Violência Doméstica. Em 2007, Julyenne fez outra denúncia contra Lira, desta vez por ameaça. Segundo a acusação, a ex-mulher afirmou que Lira disse à babá que ""os seus dias estavam contados"" e que iria buscar o filho menor, mesmo sem sua permissão. A babá confirmou a denúncia, e Lira foi indiciado no Tribunal de Justiça de Alagoas. O desembargador Orlando Monteiro Cavalcanti aceitou a denúncia, em dezembro de 2007, e proibiu Lira de manter contato pessoal, telefônico, por escrito, ou qualquer outro meio com a vítima, seus familiares, ou testemunhas do caso. Lira teria se recusado a aceitar a ordem dizendo ao oficial de Justiça ""eu recebo já essa merda"". Depois disso, o desembargador o enquadrou no crime de coação no curso do processo e mandou prender Lira. O caso também foi parar no STF, mas prescreveu, e o deputado não recebeu punição. Em nota assinada por seu advogado, Lira afirma que o conteúdo das declarações de sua ex-mulher é ""requentado"" e que ele foi absolvido das acusações dela pelo STF. ""O resultado deste processo é de conhecimento público, inclusive, por parte deste veículo de comunicação, de forma que, a repetição e veiculação da falsa acusação, atrai a responsabilidade penal e cível não só de quem a pratica, mas também de quem a reproduz, ante a inequívoca ciência da sua falsidade"", disse a nota assinada pelo advogado Fábio Ferrario. Ela também acusou Lira de ocultação de bens —segundo ela, o deputado tem um patrimônio de R$ 11 milhões. A denúncia foi enviada ao Ministério Público de Alagoas, que investiga o caso. Além disso, Lira, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro na eleição para a presidência da Câmara em fevereiro, responde a dois processos no STF. Um deles é sob acusação de corrupção passiva, em denúncia oferecida em abril de 2018 pela PGR. Lira, segundo o órgão, teria recebido propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, em 2012. Em troca, teria prometido apoio político para se manter no cargo. O valor foi apreendido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um assessor parlamentar de Lira, que tentava embarcar para Brasília com o valor escondido nas roupas. Em novembro, a 1ª Turma do STF rejeitou um recurso do parlamentar e decidiu mantê-lo como réu. O deputado também responde ao inquérito chamado “quadrilhão do PP”, por suposta participação em esquema de desvios da Petrobras. De acordo com a acusação, desdobramento da Lava Jato, integrantes da cúpula do PP integrariam uma organização criminosa, com ascendência sobre a diretoria da Petrobras, e que desviava verbas em contratos da estatal. A denúncia foi aceita pela 2ª Turma do Supremo, em junho de 2019, mas a ação penal ainda não começou a tramitar. A corrida por uma vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 ganhou um placar competitivo nos últimos meses com a divulgação das taxas de eficácia, tomadas por muitos como a prova inflexível de que um imunizante é superior ao outro. Porém, é impossível comparar diretamente as taxas de eficácia divulgadas pelas desenvolvedoras das vacinas, dizem especialistas. Cada estudo tem sua metodologia própria, em que estão definidos aspectos como o perfil dos voluntários (idade, atividade profissional, comorbidades etc.) e os critérios para definir quais sintomas indicam necessidade do exame laboratorial (RT-PCR) para a confirmação de um caso de Covid-19, entre outros fatores. Ainda que feitos com um mesmo imunizante, estudos diferentes chegam a valores distintos de eficácia, um número que é mais uma estimativa que pode variar para mais ou para menos. A vacina Coronavac, por exemplo, teve um resultado de 50,4% no estudo brasileiro, 91,2% na Turquia e 65,3% na Indonésia. O imunizante da estatal chinesa Sinopharm chegou a 86,% em uma pesquisa feita nos Emirados Árabes Unidos e a 79,3% em um estudo chinês. Em nota, a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) faz uma comparação entre os estudos com vacinas disponíveis e afirma que a pesquisa com a vacina Coronavac conduzida pelo Instituto Butantan no Brasil abriu margem para para detecção de mais casos por diagnóstico molecular (RT-PCR) do que nos outros estudos. Isso influencia a estimativa final de eficácia obtida no estudo. No estudo do Butantan, foram considerados casos de Covid-19, encaminhados para confirmação por RT-PCR, a presença de um ou mais dos seguintes sintomas: febre ou calafrios, tosse, falta de ar ou dificuldade para respirar, fadiga, dor muscular, dor de cabeça, perda de olfato ou paladar, dor de garganta, congestão nasal ou coriza. Além disso, entraram na lista sintomas que não foram considerados pelos outros estudos, mas que fazem parte do quadro clínico que indica a doença, como náusea, vômito e diarreia. A Coronavac é, até o momento, a única vacina testada exclusivamente em profissionais de saúde que trabalham na linha de frente, cuidando de pacientes da Covid-19. Essa é a atividade de maior risco para o contágio. Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa do instituto e responsável pelo ensaio, disse na terça-feira (12), quando os dados mais completos foram divulgados, que na vida real, na população em geral, o resultado tende a ser de maior eficácia da vacina. O estudo da vacina desenvolvida pela empresa de biotecnologia americana Moderna, por exemplo, considerava caso de Covid-19 a ocorrência de dois sintomas leves (febre, arrepios, dor no corpo, dor de cabeça, dor de garganta, perda de olfato ou paladar), com exame RT-PCR para confirmação, ou um sintoma grave como falta de ar, tosse. O estudo considerava ainda o diagnóstico radiológico para encaminhar ao teste molecular. A vacina criada pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford teve a eficácia geral apresentada (70%) baseada em resultados de quatro estudos diferentes feitos no Reino Unido, Brasil e África do Sul. Os sintomas considerados nos estudos do Reino Unido e Brasil eram os mesmos (não incluíam dores no corpo, cabeça e garganta), mas o estudo da África do Sul incluiu outras manifestações na lista. ""Por que cada estudo fez um cálculo diferente? Embora isso não pareça fazer sentido, estamos vivendo um momento histórico em que nunca houve tantas vacinas diferentes ao mesmo tempo para uma mesma doença. Não existe padronização mundial para estudos de fase 3 —embora a Food and Drug Administration [FDA, agência reguladora dos Estados Unidos] recomende isso. A SBI endossa fortemente essa recomendação"", diz a instituição na nota. Para Daniel Tausk, matemático e professor no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP), a eficácia de duas vacinas diferentes só pode ser comparada se fosse realizado um único estudo com as substâncias. Assim, um grupo de voluntários seria dividido em dois e cada grupo receberia uma imunização diferente, sem que participantes e pesquisadores saibam quem recebeu qual vacina. Os dois grupos deveriam compor populações comparáveis, com idades semelhantes e uma mesma proporção de homens e mulheres, por exemplo. As definições de caso da doença deveriam ser as mesmas para todos. Só assim seria possível fazer uma comparação mais correta, diz o matemático. “Acho que ainda não houve uma compreensão exata em relação a essa eficácia. Eficácias entre estudos diferentes não são comparáveis. Para compararmos, poderíamos ter o mesmo desenho, a mesma população alvo. Quando comparamos com estudos assemelhados, a vacina Coronavac na população geral na Turquia teve 91% de eficácia”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva de imprensa na quarta-feira (13). No entanto, o cardiologista Luis Correia, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, onde dirige o Centro de Medicina Baseada em Evidência, diz que é possível fazer um julgamento comparativo entre os estudos. ""Metodologicamente, os estudos são muito mais parecidos do que diferentes. Além disso, é importante notar que a variação da definição de Covid-19 altera igualmente a incidência absoluta da doença, tanto no grupo vacinado como no grupo do placebo. Portanto, não altera a redução relativa do risco de pegar a doença"", afirma o médico. Cientistas e leigos afirmaram que houve sentimento de decepção após a divulgação da eficácia geral da Coronavac, mesmo este sendo ainda um resultado muito bom, especialmente no contexto da pandemia. Para Correia, a divulgação de taxas altas de eficácia de vacinas como a da Pfizer/BioNTech (95%) e Moderna (94%) deixou nosso pensamento ancorado, ou suscetível a considerar números mais baixos como sendo muito menores do que eles realmente são. ""50% de eficácia é cortar pela metade o risco de uma pessoa se infectar com a doença, e isso é muito bom, ainda mais considerando o custo pequeno, pois a vacina aparentemente é muito segura e fácil de ser distribuída. É algo semelhante ao que temos nas vacinas de influenza por exemplo, uma vacinação de grande importância para a população em geral"", diz Correia. Pandemia Parabéns à ciência, ao Instituto Butantan. Que bom, uma enfermeira foi a primeira a ser vacinada, melhor símbolo não há. Que seja um começo de bons momentos que poderão vir (“Minutos após aval da Anvisa, enfermeira de SP recebe a primeira vacina contra a Covid no Brasil”, Saúde, 17/1). Vivian Fiori (São Paulo, SP)  Essa imagem é uma das mais emocionantes que nós, brasileiros, poderíamos presenciar. Viva a ciência, meus amigos! É um dia de muita alegria. Espero que essa vacina seja o início de construção de um mundo mais justo para todos e que a gente cuide melhor da nossa Mãe Terra (“Primeira vacinada é mulher, negra e enfermeira do Emílio Ribas em SP”, Mônica Bergamo, 17/1). Guilherme Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ)  O país está desgovernado nas mãos de amadores. Toda essa baboseira ideológica e crendices no trato da pandemia vão deixar marcas profundas na nossa sociedade. Cada um que faça o que lhe cabe para se proteger. Triste, estamos sós (“Secretários de Saúde falam em vexame com vacina e dizem que estão no limite com Bolsonaro”, Poder, 17/1). Maria Joselita Souza Ferreira (Araçoiaba da Serra, SP) Guido Mantega Como todo economista de esquerda, o ex-ministro tem sempre a mesma solução: gastar mais do dinheiro que não existe (“Em uma crise, se o governi não investir, ninguém vai investir, diz Guido Mantega”, Mercado, 17/1). Roberto de Oliveira Flores (Caxias do Sul, RS)  Esse governo [do qual Mantega foi ministro] foi o começo do fim. Estimulou demais a aquisição de bens de consumo duráveis, como veículos e eletrodomésticos. Mas educação de qualidade, empregos, ciclo virtuoso da economia e reforma tributária, nada. Década perdida. Antonio Pimentel Pereira (Governador Mangabeira, BA) Ditadura O Brasil é um país que foge ao entendimento tanto de neófitos como de veteranos, pois levou à presidência um notório defensor da tortura e da morte, adepto de soluções radicais, sem um mínimo da humana empatia e, como se não bastasse, despreparado para o exercício da presidência (“Morte de Rubens Paiva faz 50 anos com punição ainda sob discussão na Justiça”, Poder, 17/1) . Marize Carvalho Vilela (São Paulo, SP) Atletas de base A matéria da Folha, retratando o protagonismo de jovens atletas das bases dos clubes de futebol, permite inferir que nem tudo o que é ruim traz só resultados ruins. Gera oportunidades, mesmo que tristemente, com estádios vazios (“Presença de atletas formados na base cresce 25% em Brasileiro na pandemia”, Esporte, 17/1). Celso Luis Gagliardo (Americana, SP) Regalias As fotos das mansões dos presidentes da Câmara e do Senado são um escárnio diante da enorme tragédia que se abate sobre a maioria da população. Isso já é tripudiar sobre os eleitores. Parabéns, Folha, pela isenção demonstrada na reportagem. Não é só nosso presidente da República que é desprezível (“Regalias de chefes de Câmara e Senado vão de café premium a mansão em lago”, Poder, 17/1). Gesner Batista (Rio Claro, SP)  Par que parlamentares e juízes não percam centenas de regalias, é preciso continuar arrochando o salário do barnabé que ganha R$ 3.000 ou R$ 4.000 por mês, bruto. Cristina Dias (Curitiba, PR) Mulher na política Deputada Isa Penna, siga em frente, com independência e coragem! Sua agenda é de grande relevância para o conjunto da sociedade. Afeta a cultura patriarcal, o nepotismo, o círculo vicioso e predatório de sexualização do corpo feminino (“Se você é mulher e faz política, sabe que vai sofrer assédio, diz Isa Penna, apalpada por deputado em SP”, Poder, 17/1). Daisy Santos (Aracaju, SE)  A deputada tem toda a razão, e esses comportamentos são inadmissíveis. Macris já está na minha lista de gente a não votar. O governador vai pagar um preço também, ele está subestimando a força do voto feminino. Estamos cansadas desses homens atrasados e abusadores. Vamos dar um basta. Maria Torres (São Paulo, SP) Bolsonaro e Congresso Infelizmente tenho que concordar com o colunista. É muito triste isso. Vamos ter que aguentar esse ano. (“Bolsonaro está mais perto de eleger aliados no Congresso do que do impeachment”, Opinião, Bruno Boghossian, 17/1). Helena Rodrigues Gotis (Hortolândia, SP)  Excelente, Bruno. Finalmente um artigo para informar corretamente e dar condições para o cidadão refletir e entender o que precisa ser feito para remover um presidente. E os riscos de uma tentativa afobada e precipitada acabar por fortalecê-lo. Délcio Cardoso da Silva (São Paulo, SP) ICMS em SP Excelente análise! Moro no interior de São Paulo, região agrícola. Foi hilário ver a turma da Hilux zero quilômetro fazendo tratoraço com os tratores John Deer novíssimos. Coitados devem estar precisando mesmo de subsídios (“Não existe boca-livre”, Opinião, 17/1) Eduardo Mello (Itapetininga, SP)  Muito bom, Marcos Lisboa. Os empresários precisam sair da sombra do socorro oficial. Capitalismo é essencialmente destruição criativa. André Oliveira (Belém, PA)  Certeiro como sempre. O Doria é um oportunista sem escrúpulos, mas nessa reforma está certo. José Cardoso (Rio de Janeiro, RJ) O governo de esquerda do presidente Luis Arce decidiu criar um imposto anual sobre grandes fortunas na Bolívia. A medida lembra a decisão do governo argentino de Alberto Fernández, que também instituiu o chamado ""imposto sobre grandes fortunas"". A diferença entre os dois casos, porém, revela algo sobre as discrepâncias sociais e econômicas da região. Na Argentina, trata-se de uma taxa que atinge aqueles que acumularam mais de 200 milhões de pesos argentinos (R$ 12,6 milhões, pelo câmbio oficial, quase a metade do valor do paralelo). Com isso, alcança a cerca de 12 mil pessoas no país. Já no caso boliviano, o imposto anual a grandes fortunas alcançará aqueles que têm bens acima de US$ 4 milhões (ou R$ 22 milhões). Neste grupo, há apenas 152 pessoas na Bolívia. ""Na verdade isso é quase uma brincadeira, porque mostra que no nosso país até os ricos são pobres. Mesmo na média da região, US$ 4 milhões não seria uma grande fortuna"", diz à Folha o analista político Raúl Peñaranda. Por causa dessa discrepância na renda nacional, a primeira reação da classe média boliviana foi de temor. ""Houve críticas à lei da parte de pessoas desinformadas que acreditavam que íamos taxar a classe média, aqueles que têm um carro, uma casa, e isso não é assim"", diz à Folha o deputado Omar Yujra, redator da lei, eleito pelo do MAS (Movimento ao Socialismo), partido governista, Segundo Yujra, a contribuição tributária dos bolivianos mais ricos era uma demanda antiga do partido, mas ganhou contornos de contribuição social com a pandemia do novo coronavírus. ""A ideia é seguir nosso projeto de campanha, que era o de instalar um sistema de impostos mais progressivo, eliminando carga tributária aos mais humildes e aumentando aos mais ricos. Isso tornou-se mais urgente quando sabemos que os mais pobres não podem trabalhar de casa ou fazer quarentena, e com isso perdem suas fontes de rendas. Enquanto os ricos podem fazer 'home office'"", afirma o parlamentar. Até agora, porém, ninguém sabe quem sãos os donos das fortunas passíveis de tributação. Desde que Luis Arce promulgou o decreto, que já começa a valer agora em janeiro, a lista dos 152 virou um segredo bem guardado na Bolívia. Há meios de comunicação trabalhando para descobrir quem são integrantes, mas o governo disse que manterá a relação de nomes sob sigilo. Pela lógica, porém, é considerado quase certo que entre os listados estão os grandes investidores do agronegócio, principalmente da região de Santa Cruz de la Sierra (mais forte opositora ao governo), os empresários ligados a mineradoras e os donos de bancos. A pandemia chegou à Bolívia num momento de crise institucional. Houve críticas à presidente interina por não ter conseguido administrar o combate ao vírus e os impactos na economia de um país que tem 66% dos trabalhadores na informalidade —enquanto lidava com um escândalo de corrupção, envolvendo a compra superfaturada de respiradores. Neste contexto, o país foi duramente golpeado no primeiro pico da pandemia, entre julho e agosto. Ao todo, o país acumula 173.896 contágios e 9.379 mortes. Médicos e analistas independentes, porém, contestam esse número e creem que o impacto foi muito maior, pois a Bolívia está entre os países que menos testa na região e registrou muitas mortes em casa, sem que as pessoas tivessem sido diagnosticadas. Depois de uma queda na curva em outubro e novembro, o país volta a registrar aumento no número de casos. ""O dinheiro arrecadado com esse imposto irá inteiramente ao combate à pandemia. A ideia é investir em nossos hospitais, em testes e na campanha para prever os novos casos"", diz Yujra. O parlamentar, no entanto, defende que o imposto se torne permanente para ajudar no que considera um resgate das políticas públicas que seu partido ofereceu ao país. Segundo ele, enquanto o MAS esteve fora do poder —entre a renúncia de Evo Morales, em 10 de novembro de 2019, e o retorno do partido ao poder com a eleição de Luis Arce, em 18 de outubro do ano seguinte— houve uma ""desconstrução de tudo aquilo que havíamos construído"" na gestão de Morales. ""Contraíram-se dívidas altas, houve uma retração no mercado interno, temos uma situação financeira muito complicada. Por isso a ideia de impostos progressivos é nossa proposta para sair dessa situação"", afirma Yujra. Os críticos ao imposto sobre fortunas, tanto na Bolívia quanto na Argentina, têm questionado suas limitações legais. Destacam que não é possível, por exemplo, tributar contribuintes que têm fortunas e propriedades não registradas em seu nome no exterior, que tenham contas em paraísos fiscais e que estejam vinculados a atividades delitivas internacionais. Dizem ainda que o tributo pode até incentivar os ricos locais a transferir o patrimônio para países com tributação mais amigável. ""Essa lista também diz muito sobre um outro aspecto de nossa sociedade. Sabemos que há gente com fortuna muito maior do que US$ 4 milhões e que não estará na lista, nem paga impostos. São os narcotraficantes e os contrabandistas. Afinal, estão na economia informal"", diz o analista Peñaranda . [RESUMO] Autor reflete sobre o pioneirismo de ""Manhatta"", realizado há cem anos, que justapõe a paisagem urbana de Nova York a versos de Walt Whitman. Considerado o primeiro filme de vanguarda norte-americano, o curta mudou os rumos do cinema experimental e ressoa em obras de cineastas nova-iorquinos consagrados, como Martin Scorsese e Woody Allen.  Há cem anos, um filme realizado em Nova York desafiou a então incipiente indústria do cinema norte-americano com a projeção-proposição de uma outra possibilidade de imagem em movimento. Produto da colaboração entre o fotógrafo Paul Strand (1890-1976) e o pintor Charles Sheeler (1883-1965), “Manhatta” (1921, 11 minutos) foi pioneiro no uso da poesia como parâmetro não narrativo para o cinema, na contracorrente da indústria do filme “mainstream”, que se apoiava no romance e no teatro. Se é possível dizer que, no período de 1893 a 1913 (“early cinema”, ou cinema das origens), os primeiros filmes eram experimentais pela própria natureza, em métodos de produção e técnicas de linguagem, é correlata a demarcação da era dourada da Hollywood silenciosa, entre 1925 e 1929, devido a “Em Busca do Ouro” (1925, Charles Chaplin), “A General” (1926, Buster Keaton, Clyde Bruckman), “Aurora” (1927, F.W. Murnau), “Docas de Nova York” (1928, Josef von Sternberg) e “Aleluia” (1929, King Vidor). Pouco antes de Strand e Sheeler rimarem normas plásticas e poéticas, D.W. Griffith consolidava as convenções da gramática cinematográfica, baseadas no melodrama, com “O Nascimento de uma Nação” (1915), “Intolerância” (1916) e “Lírio Partido” (1919). Só em 1928 apareceria ali outro filme experimental, “The Life and Death of 9413, a Hollywood Extra” (a vida e a morte 9413: um extra de Hollywood, de Robert Florey, Slavko Vorkapich e Gregg Toland). Ainda em 1921, Marcel L’Herbier realiza “Eldorado” do outro lado do Atlântico, mas o grosso da finesse da “avant-garde” só viria depois: “A Roda” (1923, Abel Gance), “Entreato” (1924, René Clair), “Ballet Mécanique” (balé mecânico, 1924, Fernand Léger e Dudley Murphy), “Cinema Anêmico” (1926, Marcel Duchamp), “Um Cão Andaluz” (1928, Luis Buñuel e Salvador Dalí), “A Queda da Casa de Usher” (1928, Jean Epstein). “Manhatta” é considerado o primeiro filme de vanguarda norte-americano e o primeiro exemplar do ciclo conhecido como sinfonias da cidade. Quase subgênero do documentário, são filmes em que a paisagem urbana é tela de frente e fundo para aquele dito de Lacan trazido por Barthes: “A realidade se mostra, o real se demonstra”. Essas partituras urbano-visuais também ilustrariam as teses de Walter Benjamin sobre o aedo desgarrado no auge do capitalismo, tal como epitomizado por Charles Baudelaire. O ciclo correu mundo —na França, “Rien que les Heures” (apenas as horas, 1926, Alberto Cavalcanti) e “A Propósito de Nice” (1930, Jean Vigo); na Alemanha, “Berlim - Sinfonia da Metrópole” (1927, Walter Ruttmann); na União Soviética, “Um Homem com uma Câmera” (1929, Dziga Vertov); na Holanda, “Regen” (chuva, 1929, Joris Ivens e Mannus Franken); em Portugal, “Douro, Faina Fluvial” (1931, Manoel de Oliveira). Até na província a melodia foi propagada (e não necessariamente papagueada): aqui se filmou “São Paulo, a Sinfonia da Metrópole” (1929, Adalberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig). “Manhatta”, cujos títulos iniciais variaram entre “New York The Magnificent” (Nova York, a magnífica) e “Fumée de New York” (fumaça de Nova York), foi anunciado como “um estudo da moderna Babilônia-sobre-o-Hudson”. O filme constrói os contornos da cidade cola dos às imagens com o cimento das vinhetas feitas dos versos de Walt Whitman (1819-1892). Extraídos de “Folhas de Relva” (1855-1892), os poemas citados são, em tradução livre: “Cidade dos Navios”, “Um Desfile na Broadway”, “Mannahatta”, “Uma Canção às Ocupações”, “Canção da Exposição”, “Canção do Machado Largo”, “Centelhas da Roda” e “Travessia da Balsa do Brooklyn”. Os versos inscrevem-se como intertítulos sobre uma paisagem pintada (o horizonte de arranha-céus, visto a partir do rio Hudson). No filme, não vemos folhas no chão. A maioria das tomadas tem a câmera no topo dos prédios. Além de fachadas e outros sinais que abrem a metrópole, o que mais se vê são as ondas do rio. Por vezes, os versos imantam um sintagma de imagens correspondentes ao que se lê nos letreiros (os barcos na baía); por outras, arma-se uma alavanca de contrastes entre palavra e imagem (exortação redentora e as condições adversas dos operários). Extraídos do poema “Canção da Exposição”, os versos “este mundo todo estendido / com trilhos de ferro” (em tradução livre) chamam uma imagem nebulosa: a fumaça expelida pelo trem vela e desvela a estação ferroviária. A rima visual entre os fios do poste e os trilhos e(s)coa o ranger verbal (trem, trilhos, ferro). A linha “onde a multidão incessante da cidade / move-se, o vivo e longo dia” (em tradução livre) anuncia uma ousada tomada em “plongée”, com colunas de um mirante (em primeiríssimo plano) deixando vazar por entre os vãos as artérias que transportam carros e pessoas, acendendo as “centelhas da roda” que fazem andar a cidade. Planos extremamente gráficos e contrastados de nuvens acima de barcos são introduzidos por trechos de “Travessia da Balsa do Brooklyn”: “lindas nuvens do pôr do sol! / reguem com seu esplendor / eu ou os homens e as mulheres / gerações depois de mim” (em tradução livre). O caráter de porto dessa “cidade do mundo” (como enuncia Whitman) é um irônico e lírico epílogo para a epístola fílmica sobre a ilha. O fulgor fotográfico de “Manhatta” é tributário da origem de seus autores. Sob o contínuo rearranjo de luzes e sombras (como equivalentes de vidros, pedras e metais dos prédios), a construção do filme simula a edificação dos arranha-céus de Nova York, com o acúmulo de imagens que ameaçam desabar sobre o espectador —talvez “assassinado pelo céu”, como diria Federico García Lorca em “Poeta em Nova York”, referindo-se à “arquitetura extraterrestre” da cidade onde escreveu “Ode a Walt Whitman” e o roteiro de filme “Viagem à Lua”. A muda cacofonia proporciona uma experiência óptica arrebatadora. A composição da imagem da ponte do Brooklyn não só é alicerce para filmes de vanguarda posteriores como “Under the Brooklyn Bridge” (sob a ponte do Brooklyn, 1953, Rudy Burckhardt), mas também ressoa nos poemas de Vladimir Maiakóvski (“A Ponte do Brooklyn”, 1925), García Lorca (“Noturno da Ponte do Brooklyn”, 1929) e Hart Crane (“A Ponte”, 1930). Se Whitman foi o guia de Strand e Sheeler, Robert Desnos o seria para Man Ray em “Estrela do Mar” (1928). A noção de poesia como eixo para um programa de linguagem formal e a figura do poeta como um modelo de posição e postura do artista seriam seminais para o cinema de vanguarda e para o americano em particular. Um de seus expoentes sintomáticos foi Stan Brakhage, romântico eremita encarapitado nas montanhas do Colorado, que realizou quase 400 filmes em 50 anos, em formatos e durações variáveis (de 8 mm a Imax; de 9 segundos a 4 horas), em técnicas e estilos vários (de ensaios sensuais encenados a garatujas pintadas sobre a película). Até 2001, “Manhatta” circulava nos Estados Unidos apenas em pobres cópias 16 mm. Até que uma gloriosa cópia em nitrato 35 mm foi repatriada do British Film Institute, de Londres. O cinema underground americano dos anos 1950 e 1960 foi objeto de uma poderosa campanha de institucionalização da arte nos EUA, embora longe dos moldes impressionantes do expressionismo abstrato. Galvanizadas pelo crítico, agitador cultural e cineasta Jonas Mekas, instituições propulsoras do filme experimental pontificaram na Nova York dos anos 1960 e 1970, como a revista Film Culture, a distribuidora The Film-Makers’ Cooperative e os Anthology Film Archives. Manhattan foi celeiro e estaleiro de inúmeros filme-artistas, como Maya Deren e Joseph Cornell nos anos 1940 e 1950 e Ken Jacobs e Hollis Frampton nos anos 1960 e 1970. Morador de Lower Manhattan há mais de 60 anos, Jacobs (nascido no Brooklyn em 1933), fez seu primeiro filme na região —“Rua Orchard” (1955)— e retratou as estripulias performáticas de Jack Smith pelas ruas em “The Whirled” (rodopiado, 1956-1963), “Little Stabs at Happiness” (pequenas facadas na felicidade, 1958-1960), “Blonde Cobra” (1959-1960) e “Two Wrenching Departures” (duas dolorosas partidas, 2006). O filme de Paul Strand e Charles Sheeler inseminou outras áreas além daquelas à margem da indústria. Martin Scorsese e Woody Allen, diretores que são tão cinéfilos contumazes quanto são nova-iorquinos obsessivos, deviam ter em mente o curta de 1921 ao retratarem e radiografarem a cidade em “New York, New York” (1977) e “Manhattan” (1979) respectivamente, entre muitos outros filmes que dirigiram. Mas, talvez, o filme mais apropriado para compor um par com “Manhatta”, no programa duplo de uma sessão perdida na poeira dos tempos de cinematecas, seja a feérica peripécia em Ektachrome de “Go! Go! Go!”, realizado em 1964 pela maviosa fada gorda Marie Menken. O transporte público no país pode passar por uma mudança estrutural ao longo de 2021. Além de sofrer com uma redução circunstancial no número de passageiros, imposta pelo distanciamento social, as empresas dizem que há um esgotamento no modelo de negócio baseado exclusivamente na receita com a passagem paga pelo usuário. O executivo Luís Valença, presidente da CCR Mobilidade, empresa do grupo CCR, que tem várias concessões na área de transporte, diz que o momento é de reflexão. “O sistema do transporte coletivo e urbano é dimensionado para atender horários de pico, mesmo que uma grande infraestrutura fique inutilizada durante o resto do dia. Isso tem um custo, e a pandemia afetou essa lógica”, afirma. Em grandes cidades, a concentração de pessoas no horário de pico ainda é grande, o que leva a aglomerações e risco de contágio. No entanto, o fluxo de passageiros despencou a um nível inesperado. No começo da pandemia, a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) projetou que 2020 terminaria com 80% do número de passageiros regulares e com toda a frota já circulando. Mas não foi o que ocorreu. O ano terminou com 61% do número usual de passageiros e 80% da frota em operação. Com isso, o resultado financeiro também frustrou expectativas. O setor de transporte coletivo no país registrou um prejuízo de R$ 9,5 bilhões em 2020. O resultado ficou 8% abaixo das estimativas. Inicialmente, o setor esperava uma perda de R$ 8,8 bilhões. Segundo o presidente da associação, Otávio Cunha, havia uma queda constante no volume de usuários desde 1994. A pandemia, no entanto, acelerou e aprofundou a retração e ligou um sinal vermelho. “O setor já não vinha conseguindo equilibrar as contas apenas com a receita das tarifas pagas pelos usuários"", diz ele. ""Com a pandemia e o distanciamento social, a demanda chegou a cair 80% em 2020, deixando claro que esse modelo não é mais sustentável.” “O setor já não vinha conseguindo equilibrar as contas apenas com a receita das tarifas pagas pelos usuários”, diz ele. “Com a pandemia e o distanciamento social, a demanda chegou a cair 80% em 2020, deixando claro que esse modelo não é mais sustentável.” Segundo o assessor especial do SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo), Francisco Cristovam, ao menos 15% do total de 390 companhias que operam nas capitais e no Distrito Federal deixaram de operar em 2020 —alguns apenas suspenderam o serviço, mas mas muitas devolveram a concessão para o setor público. “É uma conta que não fecha se não há passageiros em número suficiente para manter a frota operando, e o desequilíbrio entre oferta e demanda é grande agora”, afirma. Quando a pandemia arrefeceu, no segundo semestre de 2020, houve quem acreditasse numa virada. Mas não foi o que ocorreu. Armando Guerra Júnior, presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), disse que o setor vinha com recuperação rápida até novembro, mas estabilizou. “Em janeiro, estamos largados à própria sorte”, afirma. No estado do Rio, alguns segmentos de transporte público chegaram a operar com apenas 11% do contingente habitual. Só o setor de ônibus estima perdas de receitas de R$ 2,6 bilhões, com prejuízo de R$ 1,2 bilhão. Apenas na cidade do Rio, a perda de receita foi superior a R$ 1 bilhão, com prejuízo próximo a R$ 500 milhões. Os ônibus estão trabalhando com 62% do contingente normal, e esse volume já configura uma recuperação. Chegaram, no momento crítico, a rodar com 39% de ocupação. O VLT ficou numa situação ainda pior. Operou com 11% da capacidade e hoje trabalha com 35% de ocupação. O metrô trabalhou com 19% da capacidade. Agora, na média, opera com 45%. Até o sistema aquaviário foi afetado. As barcas, antes da pandemia, transportavam cerca de 80 mil passageiros por dia. Hoje operam com 19 mil usuários por dia, de acordo com a Secretaria de Estado de Transportes. Em Petrópolis, a situação é igualmente crítica. Estão transportando com apenas 25% de passageiros pagantes. Para garantir a primeira parcela do 13° salário aos rodoviários, as empresas tiveram que fazer empréstimos em instituições financeiras. “O sistema de transporte pode entrar em colapso nos próximos dias em Petrópolis”, diz Isidro Rocha, presidente do Setranspetro (Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis). Para Armando Guerra Júnior, da Fetranspor, é preciso rever itens como tributação e benefícios. “Não dá mais para o passageiro no Rio pagar a conta integralmente”, diz. “Precisamos rever tributações no transporte individual, desoneração fiscal e as gratuidades.” Em alguns locais, as empresas já recebem suporte do poder público. Em Curitiba, desde o início da pandemia, em março, o transporte de ônibus circula com um socorro da prefeitura para compensar as perdas com a queda no número de passageiros. O programa foi prorrogado por duas vezes e já repassou às empresas cerca de R$ 180 milhões até o final de 2020, com estimativa de aporte de mais R$ 120 milhões nos próximos seis meses. Em maio, o Tribunal de Contas do Paraná chegou a suspender o subsídio após um pedido movido por sindicatos, que alegavam que o município criou uma despesa sem indicar recursos para custeá-la. O órgão acabou liberando o auxílio, mas mantém acompanhamento das despesas e chegou a verificar “in loco” a lotação dos veículos para comprovar o cumprimento das medidas de distanciamento social. A situação não é diferente no extremo sul do país. Capital com uma das tarifas de ônibus mais caras do país (R$ 4,70), Porto Alegre tem visto o usuário de ônibus migrar para o transporte por aplicativos. Segundo o secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, os consórcios que compõem o sistema de transporte na cidade tiveram um prejuízo de R$ 4,5 milhões ao mês no ano passado. Entre as empresas que compõem o consórcio está a Carris, a única estatal. “A Carris está completamente deficitária. No ano passado, a prefeitura colocou R$ 66 milhões para mantê-la ativa”, diz Záchia, que é favorável à privatização da empresa criada em 1872 por um decreto do imperador Dom Pedro 2º. Para o secretário, porém, a privatização no momento pode não atrair interessados. “Primeiro, a passagem precisa ficar mais barata para atrair mais passageiros”, diz. A diminuição do valor pode ser atingida com revisão de gratuidade e fim dos cobradores, que receberiam capacitação para se tornarem motoristas. Na tentativa de criar uma solução nacional para o problema, executivos tentam por de pé um novo marco regulatório para o setor. A mobilização ganhou força após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter vetado, em dezembro, um projeto de lei que previa o repasse de até R$ 4 bilhões a estados e municípios para custear o transporte público. O objetivo da transferência era permitir que os entes federados renegociassem contratos com empresas prestadoras do serviço. Ao vetar o texto, Bolsonaro argumentou que houve “boa intenção do legislador”, mas disse que a nova despesa foi criada sem que houvesse estimativa de impacto orçamentário. Parte do marco regulatório proposto pelo setor prevê adaptações nas concessões. O atual sistema, baseado em receita com tarifas pagas pelos usuários, seria substituído pelo ancorado em subsídios, bancados por estados e municípios, como acontece em São Paulo, Brasília e Curitiba. A nova dinâmica ajustaria a adoção da gratuidade para alguns segmentos de passageiros. O tema é polêmico. São Paulo, por exemplo, suspendeu, em dezembro, a gratuidade para idosos entre 60 e 64 anos nas linhas municipais e intermunicipais. No início de janeiro, a Justiça determinou a volta do benefício. Procurados para se pronunciar sobre os impactos da manutenção da gratuidade no transporte coletivo de São Paulo, os governos estadual e municipal não haviam se manifestado até a conclusão desta reportagem. A situação do transporte público preocupa até a indústria de equipamentos. A Marcopolo, empresa com sede em Caxias do Sul (RS), referência na fabricação de carrocerias de ônibus, é uma delas. Segundo o diretor de estratégia da empresa, João Paulo Ledur, o transporte público vive um momento crítico e demanda uma solução setorial, que pode ser resolvida por um marco legal. “Entendemos que o problema do transporte público no Brasil é da sociedade, pois trata-se de um serviço essencial à população"", afirma. ""Um marco regulatório pode trazer um fôlego.” Segundo o presidente da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus), Ruben Bisi, o setor terminou o ano com retração de 25% na produção em relação a 2019. Em janeiro de 2020, a previsão era que a produção terminaria o ano com um crescimento entre 10% e 12%. “O setor sofreu muito e teve problemas até com o fornecimento e a alta no preço de matérias-primas, como aço, cobre e alumínio”, diz Bisi. “Isso fez com que os clientes pensassem duas vezes antes de renovar a frota, e os problemas financeiros do setor podem comprometer 2021, se o governo não tiver linhas de crédito para os sistemas de mobilidade.” Mas Bisi destaca que o cenário tende a ficar realmente mais promissor apenas após a vacinação. “Tudo ainda depende muito da vacina, é isso que vai fazer a população voltar a circular.” Dez policiais militares morreram em acidentes de trânsito durante ocorrências no estado de São Paulo nos dez primeiros meses do ano passado, segundo dados obtidos com exclusividade pela reportagem junto a PM, via Lei de Acesso à Informação. O número de PMs mortos no trânsito em 2020 é o maior desde 2015, conforme registrado pela corporação. A Polícia Militar não explicou se o aumento no número de casos no ano passado tem relação com ocorrências ligadas à pandemia do novo coronavírus, que teve seu primeiro caso diagnosticado em São Paulo no mês de março do ano passado. Segundo os dados da PM, desde 2015, ao todo 27 agentes morreram em acidentes de trânsito no estado. Isso representa uma morte a cada dois meses e meio. Apenas em 2019 nenhuma morte por causa de acidentes envolvendo veículos de militares em serviço foi registrada. Além das mortes, a corporação também registrou, ainda entre 2015 e outubro do ano passado, 1.796 afastamentos de policiais decorrentes de acidentes ocorridos durante o trabalho, representando 1,1 caso por dia. O ano com mais ocorrências do tipo foi 2016, com 392. Na última quarta-feira (14), três policiais militares (de 24, 28 e 51 anos) ficaram feridos após a viatura que ocupavam se acidentar, por volta das 2h, durante a perseguição a um um carro, cujo motorista estava em atitudes suspeitas, na avenida Washington Luís, zona sul da capital paulista. Os agentes, segundo a corporação, permanecem internados e não correm risco de morte. Os dois homens que estavam no carro perseguido, que não tiveram as identidades informadas, foram encaminhados ao 27º DP (Campo Belo), onde assinaram um termo circunstanciado por dirigir sem habilitação, por lesão corporal culposa (sem intenção) e também por desobediência. Eles respondem ao caso em liberdade. No ano passado, o soldado Alexandre Leite, 25 anos, morreu após bater a viatura que guiava contra o muro de um condomínio, às 21h51 do dia 23 de maio, quando a vítima perseguia um carro na Vila Jacuí (zona leste da capital paulista). Outro policial que estava no mesmo veículo foi internado em estado grave na ocasião. Câmaras de monitoramento registraram o momento em que a viatura, ocupada pelos dois policiais militares, bate lateralmente contra o muro. Leite foi encaminhado ao hospital Santa Marcelina, em Itaquera, onde morreu. O outro PM foi socorrido à mesma unidade de saúde, com ferimentos graves na região do tórax. A corporação não atualizou o estado de saúde do policial ferido até a publicação desta reportagem. As pessoas que eram perseguidas não foram presas. Policiais civis também morreram durante o serviço, em acidentes de trânsito. Os registros, porém, são menores que os de PMs. Entre 2015 e outubro do ano passado, oito agentes Civis morreram em acidentes de trânsito durante o trabalho no estado de São Paulo. A Corregedoria Geral da Polícia Civil afirma que não houve afastamento de policiais durante o período, por causa de acidentes com viaturas, nos âmbitos administrativo e disciplinar. Um dos policiais civis que morreram entre 2015 e 2020 é o delegado Ferreira da Rocha, 53. Ele se envolveu em um acidente, quando colidiu a viatura que dirigia na traseira de um caminhão, na noite de 30 de março de 2017, na rodovia Euclides da Cunha, altura do km 498, na região da Cosmorama (501 km de SP). Lotado no 4º DP de São José do Rio Preto (438 km de SP), local onde trabalhou pela manhã do dia do acidente, o policial seguia sentido Fernandópolis (553 km de SP), onde iria assumir um plantão de 12 horas na central de flagrantes da cidade do interior. A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirma que este caso foi investigado pela Delegacia Seccional de Fernandópolis (553 km de SP), que encaminhou o inquérito policial do caso ao poder judiciário em agosto de 2017. “Até o momento, o inquérito não retornou ao distrito policial com cota ministerial para cumprimento de novas diligências”, diz trecho de nota. Para o professor Rafael Alcadipani, associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a “cultura de correr riscos” defendida por alguns policiais os coloca em eventuais situações de insegurança, incluindo a morte. “Basta ver as viaturas da Rota [Rondas Ostensivas Tobias Aguiar] e do Choque saindo dos batalhões 'rangendo pneus'. Aquele malabarismo, sem necessidade nenhuma, é feito por uma questão de identidade com o fato de se pensar ser herói, ser o cara que persegue e prende ladrão”, afirmou o especialista, que também é professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). “Há dois fatores a serem considerados. Um deles é o fato de o policial precisar perseguir o criminoso, usar o carro [ou moto] de forma rápida para prender. O outro é o fato de o policial precisar se preocupar com sua vida enquanto faz isso, que faz parte da essência de ser policial [perseguir bandidos]”, disse ainda. A Polícia Militar afirmou que uma sindicância é instaurada assim que um acidente envolvendo viatura é registrado. São também apurados os direitos e responsabilidades dos envolvidos na ocorrência, acrescentou a corporação. A PM afirmou ainda dar orientações à tropa sobre prevenção a acidentes de trânsito, para a preservação da integridade física dos policiais e de terceiros. “O policial militar acidentado pode receber tratamento médico no Centro Médico da Polícia Militar e, enquanto licenciado para tratamento de saúde, permanece recebendo seus vencimentos”, diz trecho de nota. Caso o acidente ocorra em uma perseguição a ladrões, ou detectada alguma transgressão disciplinar, como imprudência ou “desleixo”, o agente pode responder, ainda segundo a PM, a um processo administrativo, pela transgressão, penal, caso haja crime, e cível por eventuais danos a patrimônio público ou particular. Em caso de patrimônio público, o PM pode arcar espontaneamente com o ressarcimento ou, caso se negue, pode responder a uma ação de cobrança na Procuradoria Geral do Estado. Sobre PMs com sequelas e mortos, a corporação afirmou os promover a um posto na hierarquia, além de dar apoio como pensões e indenizações a familiares. A corporação afirmou ainda oferecer apoio psicológico a policiais envolvidos em acidentes e a familiares de agentes mortos em serviço. A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou instaurar uma investigação preliminar sempre que uma viatura da Polícia Civil se envolve em acidente de trânsito. “Geralmente, ocorrem danos pequenos, que são custeados pelo causador do acidente”, diz trecho de nota. Em caso de morte ou invalidez, a pasta afirmou apurar os casos e pagar indenizações, além de contratar seguro de vida e também promover hierarquicamente o agente morto em serviço. O Ministério da Saúde informou que uma aeronave da Azul levará cilindros de oxigênio para Manaus (AM) neste sábado (16). O avião é o mesmo que viajaria à Índia nesta semana para buscar vacinas contra o coronavírus, mas teve a partida adiada após fracasso nas negociações entre os governos brasileiro e indiano. De acordo com a pasta, a aeronave partirá de Campinas (SP) para Manaus neste sábado. A companhia aérea informou que o voo tem previsão de pouso na capital do Amazonas às 17h50. Segundo o governo, o pedido foi feito pelo Ministério da Saúde com objetivo de abastecer as unidades de saúde da região. A capital do Amazonas sofreu um colapso no sistema hospitalar nesta semana por falta de oxigênio. “O voo será realizado pela mesma aeronave que partiria hoje para Mumbai, na Índia, uma vez que a missão foi reprogramada devido questões diplomáticas entre Brasil e Índia e deverá ocorrer nos próximos dias”, informou a pasta. Inicialmente, o voo da Azul partiria para a Índia na quinta-feira (14) e a partida chegou a ser adiada para esta sexta. No entanto, dificuldades na liberação das vacinas provocaram novo adiamento e ainda não há previsão de nova data para a operação. Nesta sexta, o governo da Índia negou a entrega imediata de um lote de imunizantes contra a Covid-19 da Oxford/AstraZeneca ao Brasil, o que frustrou uma operação montada para buscar o material no país asiático ainda neste fim de semana e deve resultar numa derrota política para o Palácio do Planalto. Com o veto da Índia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) corre o risco de assistir o início da vacinação no Brasil com a Coronavac, que tem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Na noite de quinta, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligou para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e fez um último apelo pela liberação de 2 milhões de vacinas produzidas pelo Serum Institute. O lote seria um adiantamento do imunizante que posteriormente será produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e que é a grande aposta do governo Bolsonaro na ""guerra da vacina"" travada com Doria. No entanto, Araújo ouviu que a situação só seria resolvida ""nos próximos dias"", o que foi entendido no Itamaraty como uma sinalização de que não haverá liberação no prazo desejado pelo Brasil. Não houve compromisso com uma data específica. Também na manhã deste sábado (16), o governo federal informou que 23 pessoas que estavam internadas em Manaus foram levadas para São Luís (MA) em dois voos. Os primeiros 12 pacientes foram transportados em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que deixou a capital do Amazonas na noite de sexta-feira, chegando a São Luís durante a madrugada. O Ministério da saúde informou que um segundo avião decolou à tarde com destino à capital maranhense, com 11 pessoas. A previsão é que cheguem até o fim da tarde. A pasta também acrescenta que foram disponibilizados 149 leitos para desafogar os hospitais de Manaus. Além dos pacientes, o Ministério da Defesa informou que foram levados, durante a madrugada, mais cinco reservatórios de oxigênio líquido, que saíram de Guarulhos (SP) para Manaus. O sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso pela segunda vez —a primeira havia sido em maio. O aumento do número de pacientes com Covid-19 na capital resultou em um cenário de superlotação, falta de leitos e macas nos corredores para atender os pacientes. Nos últimos dias, pacientes morreram por asfixia por falta de cilindros de oxigênio. Para que e para quem servem os tubos de oxigênio em um hospital? Quão diferente ele é do oxigênio que respiramos normalmente? Por que seu transporte é tão difícil? Com a situação escandalosa em hospitais de Manaus e a morte por asfixia de pacientes, o oxigênio virou personagem principal nessa crise. Segundo Gustavo Janot, médico intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein, o oxigênio é usado em qualquer situação em que a oxigenação do paciente está abaixo de 90%. Sua utilização costuma ser mais comum em UTIs, unidades semi-intensivas, salas de emergência e departamentos cirúrgicos. Com a pandemia de Covid-19, porém, até áreas de enfermaria têm necessitado de uso de oxigênio, por causa da demanda de pacientes. No ar que respiramos, o usual é haver cerca de 21% de oxigênio em sua composição. A Covid-19, ao atacar os pulmões, dificulta as trocas gasosas que ocorrem nos alvéolos pulmonares. Com isso, torna-se necessário enriquecer o ar que essa pessoa está respirando, seja a partir de cateteres, máscaras ou mesmo por intubação. Segundo Janot, é comum que oxigenação feita em paciente alcance níveis de 40%, 50% ou até 60% de oxigênio no ar fornecido. ""Em casos extremos, oxigênio em 100%. Tem que inalar oxigênio puro"", afirma o intensivista. A intubação, diz o médico, ocorre em casos em que o paciente gasta energia demais para respirar. Com o procedimento, consegue-se diminuir o esforço, a atividade metabólica e o consumo de oxigênio. O intensivista afirma que, em média, em pacientes com quadros leves de Covid são usados de 2 a 3 litros de oxigênio por minuto. Pacientes moderados podem chegar a até 60 litros por minutos. Nos casos mais graves, o consumo tende a ser maior, mas Janot não soube especificar. A produção normal de oxigênio medicinal usado em hospitais e atualmente em severa escassez em Manaus, necessita de processos complexos, como filtragem do ar atmosférico, liquefação do oxigênio e baixíssimas temperaturas. Com a grave falta de oxigênio em hospitais da cidade, parentes de pacientes têm tentado ajudar com cilindros de oxigênio trazidos às pressas às unidades de saúde. A ação, porém, é insuficiente e paliativa frente à necessidade dos pacientes e à baixa capacidade desses recipientes. Para obter o oxigênio medicinal em uma fábrica, inicialmente o ar atmosférico é sugado e passa por um impresso de filtragem para retirar impurezas, como insetos. Em seguida, o ar passa por um processo de compressão e resfriamento. A próxima etapa, segundo Luis Santos, diretor industrial da IBG (Indústria Brasileira de Gases), é um secador no qual são retirados a umidade e o CO2. Começa, então, um processo criogênico —ou seja, em baixíssimas temperaturas— em que o ar é transformado em líquido (liquefeito) e passa por um torre de fracionamento, na qual ocorre a separação em oxigênio e nitrogênio líquidos (e também uma pequena porcentagem de argônio). A partir daí, esse oxigênio com elevado grau de pureza será armazenado, ainda líquido, em tanques criogênicos e poderá ser transportado para os hospitais, afirma Santos. Já nas unidades de saúde, costuma haver outros grandes cilindros para guardar o gás liquefeito. Segundo o diretor da IBG, a opção pelo oxigênio liquefeito é importante pela logística e eficiência da operação, já que o oxigênio líquido ocupa menos espaço do que sua versão gasosa. No hospital, em seguida, o oxigênio é vaporizado e entra na rede de distruibuição da unidade. Pouco antes de acabar no sistema respiratório das pessoas, o oxigênio ainda passa por um umidificador. Há também um processo mais simplificado, sem necessidade do processo criogênico, de obtenção de oxigênio medicinal a partir de um equipamento conhecido como PSA. A vantagem, nesse caso, é que a máquina pode ser instalada na própria unidade de saúde que faz uso do oxigênio. A desvantagem é que há uma menor pureza no oxigênio obtido. Santos, da IBG, afirma que a empresa também já está se movimentando para enviar cerca de 800 cilindros de oxigênio para Manaus. ""Tudo que está ao nosso alcance estamos tentando fazer para ajudar a salvar essas vidas em Manaus"", diz o diretor. Já o transporte aéreo do oxigênio líquido exige um exercício complexo de logística, segundo Santos, e aviões de grande porte. Tal ação foi vista nesta sexta (15), quando aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) levaram para Manaus grandes contêiners de oxigênio. O diretor da IBG afirma que a situação é complicada exatamente pelo tamanho dos contêiners e pela necessidade de cuidados com a pressão e oscilações —lembrado que se trata de uma recipiente criogênico. Um formigueiro de gente se formou e não arreda o pé de uma esquina do distrito industrial de Manaus. Em volta de um típico galpão de aspecto deteriorado, a concentração de pessoas que se protegem da Covid-19 apenas com máscaras no rosto busca, numa fila interminável, o ar que os seus familiares já não têm — seja nos hospitais ou em casa. Veja neste vídeo: A cena é dramática e dá os contornos da crise pela qual passa a gestão da saúde na capital do Amazonas no momento em que o coronavírus ganhou força e não para de fazer novas vítimas. Todas essas pessoas aguardam na fila por um cilindro cheio de oxigênio da empresa Nitron da Amazônia. O produto também é muito disputado em outras fábricas do setor. O objeto que entrou de forma forçada no cotidiano dos manauaras é caro —só o vasilhame de 10 metros cúbicos custa pouco mais de R$ 4.000. A maioria dos que ocupam um lugar na fila adquiriram o cilindro por conta própria. Mas há casos em que as próprias unidades de saúde cedem o equipamento para a família do paciente arcar com o abastecimento. Para aguentar o calor à espera do oxigênio engarrafado, muito guaraná e a solidariedade do vizinho de fila que, vez ou outra, oferece água e até uma cadeira para um descanso rápido. Michele Alves, 37, empresária do ramo gráfico, buscava encher um cilindro para levar oxigênio ao cunhado, que se recupera em casa da Covid-19 e não quis enfrentar os percalços de uma unidade hospitalar da cidade. “Nem que eu saia amanhã, mas só deixarei essa fila com o oxigênio para ele” disse a empresária. A Folha passou algumas horas na fila e percebeu que ela andou para as pessoas que tinham o receituário de uma unidade pública recomendando a compra do produto. Como em toda fila que se preze, os rumores de “o oxigênio acabou” eram constantes e deixavam os ânimos exaltados. A Polícia Militar do Amazonas estava no local para manter a segurança das pessoas e controlar uma possível invasão da fábrica que já disse operar acima de sua capacidade. Ao acompanhar os cilindros em fila indiana, a Folha notou que todos eles têm um nome e um contato telefônico. A nomeação do cilindro faz sentido: para o abastecimento avançar, eles são empilhados e levados numa carroceria para dentro da fábrica. Ao final do processo, os donos certificam do abastecimento, fazem o pagamento e os levam para o uso. O engenheiro Josiney Vicente, 49, busca oxigênio para a mãe, de 69 anos, que está com Covid-19. “Minha mãe ficou 16 horas esperando atendimento no hospital”, lembra. Vicente estava na fila e buscava encher um cilindro de 1 metro cúbico. “Mas não pense você que porque é um cilindro menor que a vida é mais fácil. Não é”, disse. A Folha deixou o local por volta das 19h, início do toque de recolher imposto pelo governo do Amazonas, e nem Josiney nem Michele tinham conseguido abastecer seus cilindros. Uma equipe de policiais militares percorreu a fila e avisou: o toque de recolher começaria logo em seguida, e não seiaá mais disponibilizado oxigênio nesta sexta-feira. “Caso os senhores não deixem o local, serão conduzidos à delegacia”, disse um policial. COLAPSO DA SAÚDE A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do Governo do Estado. A carga veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros, e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio sejam encaminhados ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. O HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) informou que quatro pacientes morreram nas suas dependências na manhã de quinta-feira (14), período em que a unidade ficou sem oxigênio para o tratamento de pacientes com Covid-19. Em nota, o hospital, que é ligado à Universidade Federal do Amazonas, informou que foram três mortes no Centro de Terapia Intensiva e um da enfermaria. O CTI estava com 29 pacientes no momento em que faltou o oxigênio, informou a assessoria da universidade. Médicos que trabalham no HUGV relataram à Folha que as primeiras horas do dia na unidade foram de tensão, após o nível de oxigênio atingir nível crítico, afetando todos os pacientes internados que utilizavam respiradores. “Hoje é o pior dia do hospital desde o início da pandemia”, relatou o profissional, que é residente na unidade. Ele contou que, por volta de 8h da quinta (14), o nível de oxigênio no HUGV chegou ao ponto mais crítico, levando a óbito pacientes que estavam em ventilação mecânica no CTI e um que estava internado na enfermaria. Nesta sexta-feira (15), os profissionais de saúde relatam que as doações de cilindros de oxigênio e as transferências de pacientes devem garantir que a situação fique sob controle para atender aos pacientes já internados pelo menos até o fim de semana. A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do governo do estado. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio sejam encaminhados ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. A Justiça condenou a Prefeitura de Praia Grande (71 km de SP), nesta quarta-feira (13), a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais a uma mulher que foi ofendida por uma médica, durante consulta em uma unidade municipal de saúde, em 23 de fevereiro de 2018. O governo municipal, gestão Raquel Chini (PSDB), entrou com recurso à decisão, que foi negado pela 1ª Câmara de Direito Público do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que manteve a sentença. A prefeitura ainda pode recorrer novamente. A vítima, na ocasião com 41 anos e grávida de quatro meses, foi ao Pronto-Socorro Quietude, no bairro de mesmo nome, pois sentia dores no ombro e em uma das pernas. Durante atendimento na unidade, segundo o TJ-SP, a médica teria afirmado que a paciente estava “velha demais para ter filhos” e, em decorrência disto, o bebê que ele gerava nasceria “mongoloide.” Por causa desta primeira ofensa, segundo consta no processo do caso, o filho da mulher, que a acompanhava na consulta e que não teve a idade informada, tentou defender a mãe. Ele, porém, foi interrompido pela médica, que teria dito: “fique quieto, seu burro, retardado, quem estudou aqui fui eu”, diz trecho de documento da Justiça. A médica, identidade não informada, alegou que o filho da paciente “estava agressivo” e teria ofendido a profissional da saúde, após ela supostamente orientar a vítima sobre os riscos de uma gestação aos 41 anos, como consta no processo. Porém, a médica não conseguiu provar as alegações, durante o andamento do caso na Justiça. O desembargador Luís Francisco Aguilar Cortez, relator do caso, afirmou que as provas apresentadas pelas vítimas comprovam as agressões verbais. “Assim, bem configurada a má prestação do serviço, a justificar a responsabilização, sendo presumido o dano moral decorrente das ofensas verbais, com o constrangimento causado por injusta agressão”, diz trecho de seu parecer. A prefeitura foi multada, segundo a Justiça, por ter sido responsabilizada pela postura da médica. “Diante do dano e nexo causal entre a conduta do agente público e o dano suportado pelos autores, inegável a responsabilidade e correspondente dever de indenizar/compensar, o que implica na manutenção da condenação do município”, concluiu o magistrado. A Prefeitura da Praia Grande afirmou ""que ainda não foi notificada de forma oficial"" sobre a decisão do TJ-SP. ""Desta forma, a cidade aguarda essa comunicação para avaliar as próximas medidas que serão tomadas"", diz trecho de nota. “Todo manauara é um voluntário”. Esse é o slogan dos moradores de Manaus diante da crise que afeta as unidades de saúde da capital do Amazonas pela falta de oxigênio. O produto hospitalar é ainda mais indispensável neste momento devido à pandemia de Covid-19, doença que lesiona e afeta o funcionamento dos pulmões. Os moradores têm feito vaquinha entre si e, com os próprios carros, ido às unidades públicas de saúde para transportar os cilindros até as fábricas localizadas no distrito industrial da cidade. A Folha apurou com os voluntários que a fila —enorme— tem ordem de chegada, e a disponibilidade do produto é cada vez mais escassa pela grande demanda. “É uma operação de guerra”, diz o policial Rodrigo Ricardo Ramos Pinto, 29, que também dá aulas de Crossfit numa academia. Rodrigo conversou com a Folha no final da manhã desta sexta-feira (15) em cima da carroceria de uma caminhonete carregada com sete cilindros vazios de oxigênio hospitalar. Ele estava de folga e se juntou aos amigos para socorrer o serviço de pronto-atendimento do bairro Redenção, na zona centro-oeste de Manaus. A unidade virou um emblema da crise de saúde de Manaus por ter registrado a morte de ao menos seis pacientes no seu setor de emergência por falta de oxigênio nesta última quinta-feira (14). “Esre é o momento em que devemos esquecer as posições políticas e as diferenças e darmos as mãos para sairmos dessa crise”, disse o PM. Rodrigo disse que conseguiu reunir doações de empresários inscritos nas aulas de Crossfit para doar os cilindros às unidades de saúde. “Estamos fazendo esse mutirão que não vai ficar só aqui no Redenção. Iremos atender quantas unidades nós conseguirmos”, afirmou. O movimento de voluntários é tão intenso que, ao lado da caminhonete de Rodrigo, outro veículo de mesmo porte estava lotado de cilindros vazios para serem reabastecidos. O empresário Paulo de Castro, 52, cedeu o próprio carro para a missão. “É uma questão humanitária. Estamos vendo a dificuldade da população e não podemos cruzar os braços. Não é porque eu não tenho ninguém internado que não vou ajudar. Todos nós somos irmãos”, afirmou o empresário. “Não dá para esperar só os governantes. Já vimos que não deu certo”, complementou Castro. Para sensibilizar as empresas, as unidades de saúde estão emitindo receituários com a urgência recomendada de compra que são apresentados pelos voluntários. COLAPSO DA SAÚDE A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do Governo do Estado. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio seja encaminhado ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) cassou nesta quinta-feira (14) a liminar que impedia a Prefeitura de São Paulo a reduzir de 65 para 60 a idade mínima para isenção de pagamento nos ônibus municipais da capital. Com isso a gestão Bruno Covas (PSDB) está liberada para retirar a gratuidade dos passageiros entre 60 e 64 anos. A mudança deverá entrar em vigor no dia 1º de fevereiro. A decisão pela alteração nas regras de isenção no transporte foi anunciada em dezembro após pouco mais de sete anos de vigência —a gratuidade para maiores de 60 anos foi criada após as grandes manifestações de 2013. No dia 8 de janeiro, o juiz Otavio Tioiti Tokuda, da 10ª Vara da Fazenda Pública, acatou uma liminar movida por ação popular e determinou que a prefeitura voltasse a fornecer passe livre nos ônibus municipais para passageiros com mais de 60 anos. O magistrado considerou que a decisão de Covas ""restringiu direitos de idosos, deveria ser clara, transparente e precisa quanto ao seu objeto, situações não observadas na sua edição"". Nesta semana, entretanto, o presidente do TJ-SP, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, cassou a liminar. No entendimento dele, ""a extensão judicial da gratuidade tarifária a conjunto significativo de pessoas pode afetar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão e gerar despesas destituídas de previsão orçamentária"". Pinheiro Franco cita ainda o Estatuto do Idoso, que determina obrigatoriedade de o poder público fornecer a gratuidade somente para os maiores de 65 anos. Para aqueles entre 60 e 64, fica a critério de cada autoridade local. Em nota conjunta publicada em dezembro, Covas e o governador João Doria (PSDB) anunciaram o fim da gratuidade para maiores de 60 anos nos ônibus municipais e intermunicipais, além do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Na semana passada, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública, expediu liminar, desta vez contra o governo do estado, obrigando a concessão da gratuidade para passageiros de 60 a 64 anos, em ação pedida pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas. O argumento do magistrado foi de que tal mudança deveria partir do Poder Legislativo, e não do Executivo. Na terça-feira (12), entretanto, a liminar foi cassada —também pelo desembargador Pinheiro Franco. Assim como na decisão contra a prefeitura de São Paulo, ele citou possíveis danos aos cofres estaduais. Quando estado e prefeitura anunciaram o fim da gratuidade para maiores de 60 anos, afirmaram que a medida “acompanha a revisão gradual das políticas voltadas a esta população, a exemplo da ampliação da aposentadoria compulsória no serviço público, que passou de 70 para 75 anos, a instituição no Estatuto do Idoso de uma categoria especial de idosos, acima de 80 anos, e a recente Reforma Previdenciária, que além de ampliar o tempo de contribuição fixou idade mínima de 65 anos para aposentadoria para homens e 62 anos para mulheres"". A passagem nos ônibus municipais da capital e nos trens e metrô custa R$ 4,40. Nas linhas intermunicipais da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), o valor muda conforme a rota. Diante de um novo pico de casos de Covid-19 e com pacientes morrendo sem oxigênio nos hospitais, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o pedido da empresa White Martins a produzir e distribuir oxigênio com o percentual menor de pureza para a capital do Amazonas. Dessa forma, a porcentagem mínima seria alterada de 99% para 95%, permanecendo em patamar ainda superior ao exigido para a produção via Sistemas Concentradores de Oxigênio, equipamento utilizado por diversas instituições de saúde no Brasil. A agência informou, em nota, que os profissionais e serviços de saúde devem ser informados sobre a correta pureza do produto de cada cilindro. Além disso, a empresa deve cessar a prática assim que a situação for normalizada. A medida valerá pelo prazo de 180 dias. “De acordo com a empresa responsável pela produção de oxigênio medicinal, a flexibilização do nível de pureza vai permitir o aumento da capacidade de fabricação”, disse. A White Martins, principal fornecedora de oxigênio para Manaus, ampliou até o limite máximo a capacidade de produção da planta de Manaus – de 25 para 28 mil metros cúbicos por dia. A empresa também tem comprado oxigênio de fornecedores locais. Isso representou um incremento de cerca de 35 mil metros cúbicos totais até quinta-feira (14). Além disso, ela tem articulado a importação do produto da Venezuela para suprir a alta demanda. O país vizinho informou na noite de quinta-feira (14) que irá disponibilizar oxigênio para atender os hospitais do estado do Amazonas. Uma das formas encontradas para tentar solucionar o problema foi a transferência de pacientes com Covid-19 do Amazonas para outros estados. Numa ação coordenada pelo Ministério da Saúde, governos estaduais e do Distrito Federal disponibilizaram vagas hospitalares para internação imediata As transferências começaram a acontecer nesta sexta-feira (15) por via aérea e já estão garantidos 149 leitos em sete capitais: 40 em São Luís, 30 em Teresina, 15 em João Pessoa, 10 em Natal, 20 em Goiânia, 4 em Fortaleza, 10 em Recife e 20 em Brasília. “Os pacientes que serão trasladados atendem a critérios clínicos definidos pela equipe médica. O transporte será feito em parceria com o Ministério da Defesa por duas aeronaves da Força Aérea Brasileira com capacidade de 25 pacientes deitados em macas dentro de voos”, disse a pasta em nota. O deslocamento será realizado com a presença de profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para prestar atendimento aos pacientes. Em terra, cada destino ainda terá à sua disposição uma frota de ambulâncias para levar os pacientes dos aeroportos aos hospitais. O Ministério da Saúde informou ainda que, para amplia e reforçar o atendimento aos pacientes com Covid-19 em Manaus, realizou o recrutamento de cerca de 2,5 mil profissionais de saúde para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Amazonas. Até o momento, foram recrutados 198 médicos, 562 enfermeiros, 1.212 técnicos de enfermagem, 313 fisioterapeutas e 263 farmacêuticos. No total, a pasta contatou 30.196 profissionais para atender à iniciativa. “Com o objetivo de dar agilidade às ações de enfrentamento da Covid-19 no Amazonas, equipes do Ministério da Saúde estão no estado há mais de 10 dias em reuniões com autoridades e gestores locais de saúde, construindo ações do plano de contingência para controle da pandemia no estado”, disse. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou na live do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (14) que faltam, principalmente, recursos humanos e oxigênio em Manaus. Isso porque a produção da empresa White Martins chegou ao limite. “Ela se mantém no limite, e a demanda, que é a procura pelo oxigênio na capital, por exemplo, subiu seis vezes. Então, já estamos aí em 75 mil metros cúbicos de demanda diária na capital e 15 mil metros cúbicos de demanda diária no interior”, disse. Os hospitais da rede pública de Manaus tiveram uma nova madrugada com mortes de pacientes devido ao baixo estoque de oxigênio para atender os pacientes internados com Covid-19. A Folha ouviu relatos de médicos e outros profissionais da saúde que atuam no tratamento de pacientes com Covid-19, que informam que as dificuldades para conseguir leitos e ter oxigênio se mantiveram na noite de quinta-feira (14) e na madrugada desta-sexta-feira (15). Chorando, a médica do Samu Patrícia Sicchar disse que a dificuldade para conseguir leitos em hospitais de porta aberta em Manaus piorou na noite de quinta-feira. Depois de circular por unidades de saúde da cidade, conseguiu que dois pacientes fossem aceitos no Platão Araújo, zona Leste de Manaus, mas eles teriam de enfrentar o mesmo drama: a falta de oxigênio. “Em meia hora, eu vi falecerem dois. Não tem bico de oxigênio, infelizmente. São cenas de horror, o colega médico não tem mais o que fazer. Teve falta de oxigênio hoje em vários SPAs. É dramática a situação das famílias amazonenses”, disse. No HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas), onde pacientes morreram sem oxigênio na madrugada de quinta-feira (14) , os profissionais de saúde relatam que as doações de cilindros de oxigênio e as transferências de pacientes devem garantir que a situação fique sob controle para atender aos pacientes já internados pelo menos até o fim de semana. Mas, em algumas unidades da rede estadual de saúde, o estoque já chegava perto do nível crítico na manhã desta sexta (15), principalmente nas unidades que são referência para Covid-19 e que possuem pronto socorro, como o Hospital 28 de Agosto, os Serviços e Pronto Atendimento (SPAs) e maternidades, que recebem novos pacientes diariamente. “O HUGV não tem emergência. Nos hospitais de porta aberta, principalmente os SPAs e pronto-socorros, a situação está muito pior, porque você tem muitos pacientes em macas em corredores com uma assistência muito mais precária”, alertou o médico, que pediu anonimato. A enfermeira e presidente do Sindicato dos Profissionais da Saúde, Graciete Mouzinho, 54 anos, estava no plantão para uma inspeção na manhã de quinta-feira (14) dentro do Plantão Araújo quando disse ter percebido corre-corre e desespero dos profissionais por causa da falta de oxigênio para os pacientes. “No corredor lotado, as pessoas estavam tentando respirar e não conseguiram. Foi uma coisa horrível de se ver. Aqueles idosos pedindo socorro, levantando a mão, a família abanando e a gente não ter como ajudar. Sou enfermeira há 18 anos e nunca tinha sentido tanto medo na minha vida”, afirmou, por telefone. Ela disse que a cena se repetiu em outras unidades em Manaus e no interior do Amazonas. “Recebi muitos áudios aqui de técnicos em enfermagem. Estão muito abalados. Tem gente que não quer mais voltar [para o plantão nos hospitais] para não ter que ver essas pessoas morrerem."" O médico cardiologista Anfremon D’Amazonas, que esteve no HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) no momento do caos da falta de oxigênio, publicou um vídeo em suas redes sociais no final do plantão . Ele disse que não fazia parte equipe da manhã, mas se juntou aos colegas no hospital quando soube da urgência. Os profissionais tiveram que racionar o oxigênio para que não faltasse para ninguém. O médico relata que, dos 27 pacientes da ala em que ele atendia, dois morreram: “Foi um momento desesperador. Muito desesperador. Muita gente chorando. Os pacientes morriam e a gente não tinha o que fazer”, afirmou. A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações por Covid-19 e escassez de oxigênio nos hospitais. O insumo faltou em diversos hospitais da rede pública nesta quinta-feira (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos. A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de 6.000 litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do governo estadual. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio seja encaminhado ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. Sem UTIs aéreas, o Ministério da Saúde só está transferindo pacientes de Manaus que não estejam em um leito de terapia intensiva, que não venham a precisar desse serviço e que não tenham desenvolvido um aparente agravamento da saúde dos pulmões. Por outro lado, familiares de pacientes com dinheiro para pagar pelo serviço fazem fila por uma UTI aérea privada. Em algumas empresas, já existem agendamentos de transportes de pessoas com Covid-19 até domingo (17), partindo da capital do Amazonas. Manaus vive mais uma crise aguda na pandemia. Desta vez, a razão da crise é a falta de oxigênio. A segunda onda de infecção na cidade fez repetirem as cenas da primeira, ainda no começo da pandemia. Quem tem dinheiro paga pelo transporte em um jatinho privado equipado com UTI aérea. Quem não tem fica na rede pública da cidade, colapsada por falta de oxigênio, ou embarca em voos do governo para buscar tratamento em outras capitais, desde que não seja grave o estado de saúde. O cenário descrito em empresas de transporte aéreo é de caos, com agendamentos sendo feitos com 48 horas de antecedência. Os voos das aeronaves que contam com esse serviço estão concentrados para atender clientes da capital do Amazonas. A Folha registrou um desses transportes. O jatinho pousou em Brasília, oriundo de Manaus, com um paciente intubado, que enfrenta a Covid-19. O deslocamento até um hospital na capital federal prosseguiu com uma ambulância que tem o serviço de UTI móvel. Já as transferências de pacientes a cargo do governo federal só serão feitas se não houver a necessidade de uma UTI, diante da complexidade do transporte. A Folha apurou a informação com técnicos do governo envolvidos na operação e confirmou com o Ministério da Saúde. “Não haverá uso de UTI aérea porque, ao menos para esta fase da ação, os traslados serão com doentes que não se encontram em estado grave”, afirmou a pasta, por meio da assessoria de imprensa. Os primeiros transportes a um hospital universitário federal foram feitos na manhã desta sexta-feira (15). Inicialmente, iriam embarcar a Teresina 11 pacientes de Manaus. Dois não tinham condições clínicas para voar, e a aeronave seguiu com nove. A capital do Piauí deve receber mais 15 pacientes ainda nesta sexta. O destino dos próximos voos deve ser São Luís, com 40 pessoas em dois voos. Também estão previstos, ainda nesta sexta, deslocamentos de 20 pacientes a Brasília e 20 a Goiânia, sempre a hospitais universitários federais. As reservas feitas nesses hospitais são de leitos de enfermaria, partindo-se do princípio de que o estado clínico dos pacientes não demandará um leito de UTI. O propósito é garantir suprimento de oxigênio e retirar a pressão por oxigênio nos hospitais de Manaus. As transferências são consideradas complexas por servidores do governo envolvidos na operação. Por isso, a opção foi por pacientes que não estejam numa UTI ou mesmo no limiar entre uma enfermaria e uma UTI. Quatro aeronaves fazem os transportes, sendo duas da Força Aérea Brasileira e duas de uma companhia privada, sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. Os aviões estão equipados com oxigênio, mas não contam com serviço de terapia intensiva. Na operação para fazer os deslocamentos, inicialmente cogitou-se o transporte de pacientes que estão em UTIs. O foco passou a ser pessoas internadas em enfermarias. Geralmente, uma UTI aérea transporta um único paciente. Somente os hospitais universitários federais reservaram 135 leitos a pacientes de Manaus, em cinco estados e no DF. Todos esses leitos são de enfermarias. O colapso dos hospitais em Manaus foi geral. Faltou oxigênio de forma generalizada. Um dos focos do problema foi o Hospital Universitário Getúlio Vargas. Ainda na quinta (14), o hospital recebeu uma carga extra de oxigênio, suficiente para oito horas de funcionamento. Um novo abastecimento está previsto para esta sexta. A origem do oxigênio é de remanejamentos entre unidades de saúde em Manaus e de doações. O restabelecimento pela empresa White Martins ainda não ocorreu, segundo fontes do governo. “Ei, chegou!” O grito anunciava a chegada de cilindros de oxigênio, o item mais raro nos últimos dois dias em Manaus (AM). O desembarque da carga, na manhã desta sexta-feira (15), causou uma correria e muita comoção no Serviço de Pronto-Atendimento de Redenção. A unidade pública hospitalar, localizada na região centro-oeste da capital do Amazonas, registrou nesta quinta-feira (14) ao menos seis óbitos por Covid-19 de pacientes por causa da falta de oxigênio. Os óbitos acabaram virando um emblema da crise inédita pela qual passa o sistema público de saúde de Manaus por causa da indisponibilidade de oxigênio hospitalar, que acabou aprofundada pela pandemia de Covid-19. Ainda não se sabe quantas pessoas morreram por falta de oxigênio nas unidades hospitalares de Manaus. No transporte dos cilindros, familiares dos pacientes se juntaram aos funcionários da unidade e levaram o produto até o setor de emergência. O momento pode ser visto neste vídeo: O local continuava superlotado de pacientes com Covid-19 no final desta manhã. A Folha acompanhou a chegada do produto, doado por um sobrinho de um dos internados na unidade. Luciano Passita, 42, diz que passou a madrugada inteira à espera de um cilindro de oxigênio numa empresa que fabrica oxigênio hospitalar na capital. ”Ela [empresa] viu a nossa agonia e acabou fazendo uma troca. Ficou com o meu cilindro vazio e deu um cheio”, disse à Folha. “O governo está anunciando que a carga de oxigênio chegou, mas é tudo mentira. São as famílias dos pacientes que estão se virando”, completou Passita. O tio de Passita, um homem de 45 anos, está internado há quase uma semana na unidade hospitalar com Covid-19. Ele só não morreu, dizem os familiares, porque no último minuto, a unidade conseguiu cilindros de oxigênio, que deram um fôlego à respiração do paciente. Desde as primeiras horas do dia, familiares fazem uma vigília diante da unidade de saúde, que vem recebendo levas de pacientes com Covid-19 em estado grave. Quando a Folha chegou à unidade, familiares faziam oração pela chegada de oxigênio e pela recuperação dos internados. Uma mulher disse: “o oxigênio é Deus”. Ela orava pelo irmão, que deu entrada nesta quinta-feira na unidade no ápice da crise de oxigênio. A mulher do paciente, a dona de casa Eliane Belmiro de Oliveira, 36, assoprava o ar da própria boca em direção à sala de emergência onde o marido encontra-se internado. ”Senhor, meu Deus, encha os pulmões do meu marido com o seu oxigênio”, gritava ela caminhando pelo pátio coberto na entrada da unidade”. ”Eu tenho certeza que o meu marido vai sair dessa. Foi só eu orar, que oxigênio chegou”, disse a dona de casa. A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários no Amazonas. Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia. A White Martins tenta importar o produto da Venezuela. Na madrugada dessa sexta-feira, a Força Aérea Brasileira desembarcou em Manaus uma carga de seis mil litros de oxigênio líquido da empresa White Martins, fornecedora do Governo do Estado. A carga, que veio de São Paulo, transportada em seis isotanques de mil litros e vai ser distribuída nos hospitais da rede estadual. A previsão é que um total de 22 mil metros cúbicos de oxigênio sejam encaminhados ao longo da semana para Manaus, em operação a partir de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Com o apoio da FAB, o governo do Amazonas iniciou nesta sexta-feira a transferência de pacientes com Covid-19 para hospitais de outros estados. Em uma mudança do plano previsto inicialmente, apenas nove pacientes que estavam internados na rede pública estadual foram transferidos para Teresina, no Piauí. A expectativa era que fossem enviados 30. De acordo com o governo do Amazonas, quatro pacientes apresentaram instabilidade e, por isso, não puderam ser embarcados. Outro paciente desistiu. Estes foram os primeiros pacientes 235 que serão enviados para cinco estados brasileiros. Um segundo grupo de 15 pacientes deve ser encaminhado para São Luís, no Maranhão, também nesta sexta-feira. O thriller “12 Minutes” tem um elenco de peso —Willem Dafoe, James McAvoy e Daisy Ridley. Dirigido pelo português Luís António, com estreia prevista para este ano, conta a história de um homem preso num loop temporal em seu apartamento, onde mora com sua mulher grávida, acusada de cometer um homicídio. Essa descrição não é o resumo de um filme ou de uma peça, mas de um jogo de videogame em que as escolhas feitas pelo jogador guiam o caminho que a trama vai seguir. Não é de hoje que atores atuam em videogame. O próprio Dafoe tem no histórico pelo menos cinco jogos. O recente “Cyberpunk 2077” teve Keanu Reeves em papel de destaque. Há dois anos, “Death Stranding”, de Hideo Kojima, contou com a atuação de Norman Reedus, Léa Seydoux e do diretor Guillermo Del Toro. Antes de ficar famoso fazendo o papel principal de “Mr. Robot”, Rami Malek participou de “Until Dawn”, jogo de 2015. O ator Jesse Williams, de “Grey’s Anatomy”, estrelou o game “Detroit: Become Human”, do estúdio francês Quantic Dreams, que também lançou “Beyond: Two Souls”, em 2013, estrelado por Elliot Page e Willem Dafoe. Houve uma época em que atuar em games era praticamente sinônimo de dublar. Hoje em dia, tecnologias de captura de movimentos e de expressões faciais —conhecidas como “mocap”, de “motion capture”— exigem do ator uma performance mais completa, mais próxima do teatro e do cinema, embora tenha suas particularidades. Com uma câmera fixada em sua cabeça, enquadrando seu rosto, o artista em questão veste um macacão cheio de marcações visuais —a face também é marcada com vários “pontinhos”— para facilitar a interpretação dos movimentos pelo software. Em alguns casos a captura é só dos movimentos corporais. Mas o que tem atraído cada vez mais atores do calibre de Willem Dafoe aos games? Claro, é uma indústria bilionária que pode oferecer altos salários a atores consagrados. Mas também é fato que ultimamente games têm contado com narrativas e personagens cada vez mais complexos. O ator britânico Oliver Hollis-Leick, veterano com duas décadas de performances em games, conta que, quando estudou teatro na escola Bristol Old Vic —por onde também passaram Daniel Day-Lewis, Olivia Colman e Jeremy Irons—, seus professores viam os papéis em “mocap” como algo inferior, “não consideravam atuação genuína”, ele afirma. Hoje em dia, “atores estão clamando para terem 'motion capture' em seus currículos”, diz ele, que ensina interpretação em “mocap”. Hollis-Leick lembra os filmes “Avatar” e “O Expresso Polar” como marcos que desencadearam uma mudança na percepção da classe artística quanto ao “mocap”. Ele também lembra de Andy Serkis, o Sméagol de “O Senhor dos Anéis”, como uma voz importante na reivindicação pelo reconhecimento dos atores que trabalham com a técnica. “Com o escaneamento facial, atores perceberam que podem ganhar reconhecimento por suas performances em videogames”, diz Hollis-Leick. “Muitos acham o ‘mocap’ libertador, porque você é livre para interpretar mais do que o seu ‘tipo’. Foram tantos personagens que eu interpretei que eu jamais faria no teatro ou no cinema, porque a minha aparência não combinaria. Então para atores que escolheram a profissão porque queriam explorar mentes de diferentes personagens é uma perspectiva muito interessante.” No Brasil, ainda é cedo para dizer que há um movimento de atores de teatro e audiovisual indo parar nos videogames. A indústria por aqui é pequena se comparada com os Estados Unidos, o Japão e a Europa. Além disso, os diálogos em games latino-americanos, quando existem, são muitas vezes em inglês e com atores nativos de países anglófonos. Por enquanto, o que há por aqui é localização, isto é, a tradução de jogos estrangeiros para o português —o que também tem as suas particularidades. Como as dublagens são feitas antes de o jogo estar pronto, o ator não tem acesso às imagens, e aí a capacidade de improviso é crucial. “É um desafio. O ator tem que ter uma imaginação rápida”, diz a atriz curitibana Lumi Kim, que participou da versão brasileira de “Cyberpunk 2077”. Em “12 Minutes”, Willem Dafoe, James McAvoy e Daisy Ridley só dublam os personagens, não há “motion capture”. No entanto, a interatividade da obra traz exigências diferentes das de uma dublagem de animação —as decisões do jogador podem fazer com que o personagem reaja a um mesmo estímulo com tonalidades diferentes. O diretor, Luís António, porém, diz não ver seu trabalho como uma obra de dramaturgia. Quando teve a ideia inicial, na verdade, ele quis evitar diálogos e arcos narrativos no jogo. Mas logo viu que seria interessante ter falas, já que era uma história sobre pessoas —até aí seriam só legendas, sem áudio. O projeto foi crescendo até que chegou a um ponto em que seu lado dramaturgo falou mais alto. “Chegou a uma altura em que fizemos testes, arranjamos uns atores temporários e vimos que o jogo em si depende muito da criação de uma ligação com os personagens —e essa ligação é muito mais forte se os personagens falarem realmente”, diz António. Jogos recentes tiveram seus roteiros elogiados pela crítica. Um deles é “The Last of Us 2” —a roteirista, Halley Gross, veio do audiovisual tradicional. “Há uma dissonância entre o que tu fazes e o que a história está a dizer. ‘Last of Us’ tem essa história muito profunda sobre os personagens, mas depois está só a matar pessoas durante horas. Estás a matar, matar, matar, matar”, diz Luís António. “Mas, na realidade, matar um ser humano é algo enorme, é uma cena que vai te mudar para o resto da vida.” “Acho que falta a história ser dita através do jogo e não através das ‘cut scenes’”, diz ele, lembrando as cenas não jogáveis. Por isso, o diretor português diz que, em termos de qualidade de narrativa, ainda há muito chão a ser percorrido pelos videogames. “Ainda não chegamos lá, mas estamos quase.” O Ministério Público do Trabalho abriu três inquéritos civis para acompanhar os processos de demissão dos funcionários da Ford no Brasil. Na segunda-feira (11), a empresa anunciou o encerramento das atividades das fábricas de Camaçari, na Bahia, e Taubaté, em São Paulo. Uma terceira planta fabril instalada em Horizonte, no Ceará, será fechada até o fim do ano. Cada inquérito se refere às demissões em uma das fábricas. Os procuradores também criaram um grupo especial para coordenar e criar estratégias de mitigação dos efeitos do encerramento das atividades nas fábricas. Em audiência com o procurador-geral do trabalho, Alberto Balazeiro, representantes da montadora se comprometeram a encaminhar ao MPT e ao governo federal todos os dados que forem requisitados nos próximos dias. Pela Ford, participaram da audiência o diretor jurídico, Luís Cláudio Casanova, o gerente de Relações Governamentais, Eduardo Freitas, e três advogados da empresa. Balazeiro diz que a reunião pretendia garantir um canal de diálogo com a Ford, que permita a coleta de informações sobre a desmobilização da força de trabalho. Os reflexos sociais das demissões e a empregabilidade dos trabalhadores da montadora e da cadeia produtiva no entorno são fontes de preocupação, segundo o chefe do MPT. Oficialmente, os metalúrgicos das duas fábricas ainda não foram demitidos. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Claudio Batista, a empresa chamou os trabalhadores para uma reunião na próxima segunda-feira (18). Em Taubaté, 830 pessoas trabalhavam na produção de motores e transmissões, e cerca de 600 terceirizados atuavam em áreas como limpeza e logística. O sindicato calcula que 10 mil empregos estejam em risco na cadeia produtiva. Na fábrica de Camaçari, onde eram produzidos os modelos EcoSport e Ka, o impacto é ainda maior dado o tamanho do quado, superior ao da fábrica de Taubaté. A Ford diz que não vai se manifestar sobre a audiência ou os inquéritos. Em nota, a montadora que os planos de demissão serão debatidos com os sindicatos e que trabalhadrá intensamente com ""os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio."" Na terça-feira, mesmo dia em que protestos foram realizados nas três cidades afetadas pela decisão da Ford, uma reunião no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) discutia os primeiros passos de uma força-tarefa para requalificar e recolocar os trabalhadores da planta de Taubaté. ""O governo, através da secretária [de Desenvolvimento Econômico] Patricia Ellen, se posicionou para trabalhar em qualificação e recolocação no mercado. Mas nós estamos em outro ponto. Os trabalhadores querem a fábrica aberta e os empregos mantidos"", diz Batista, do sindicato. Também participaram da reunião o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vignoli, e o presidente da Investe SP (agência de fomento do governo), Wilson Mello. Em outra frente, a força-tarefa do governo de São Paulo quer buscar alternativas para fábrica. A administração baiana também anunciou que começaria a sondar interessados na planta. O Ministério da Economia também montou um grupo de trabalho para avaliar o fechamento das unidades fabris e para entrar em contato com outras montadoras que possam se interessar em assumir as plantas. Em Taubaté, os metalúrgicos seguem em vigília. Grupos revezam turnos de seis horas para impedir que a empresa retire equipamentos ou comece a desocupar o prédio. Na quarta, os metalúrgicos do município fizeram mais uma plenária, essa na Câmara de Vereadores, e aprovaram a realização de uma audiência pública no dia 20. Como a Assembleia Legislativa de São Paulo está com acesso restrito devido à pandemia, a audiência será virtual. Nesta quinta, os trabalhadores da GM em São José dos Campos, município vizinho a Taubaté, aprovaram uma moção de solidariedade e apoio ao movimento contrário à saída da Ford do Brasil. Segundo o sindicato de São José, cerca de 1.500 trabalhadores da GM participaram da assembleia. Se a regra é ficar em casa, o jeito é levar a casa para passear. Durante a pandemia, cresceu no Brasil o interesse pelas viagens de motorhome, mais comuns em países da Europa e nos EUA. Na Vandão, locadora de Salto (a 104 km da capital paulista), houve um aumento de 70% na procura em 2020, considerando o período de baixa temporada. Com uma frota de oito motorhomes, a empresa tem hoje uma lista de espera com 114 nomes e vaga só para março —quando dois novos veículos devem ficar prontos. “A expansão desse mercado já vinha ocorrendo no país nos últimos anos, e a pandemia ajudou a acelerá-la”, diz Paulo Zanim, sócio da Pura Vida, empresa de aluguel de motorhomes criada em 2017, com sede em Curitiba. Depois de nove meses de quarentena, só saindo do apartamento para ir ao mercado, o casal Lauren Hikage e Luis Barrales decidiu fazer sua primeira viagem de motorhome em dezembro. “Era o mais seguro para evitar as aglomerações e a estadia em hotéis. Preparamos a nossa comida, foi a melhor experiência para o momento que estamos vivendo”, diz Lauren que, assim como o marido, tem 39 anos e trabalha na área de tecnologia. Moradores de São Paulo, eles foram de carro até a capital paranaense, deixaram o veículo estacionado na locadora e de lá partiram em um furgão Renault Master, equipado com banheiro, chuveiro a gás, frigobar, fogão, micro-ondas e painel solar. O roteiro de dez dias misturou destinos de litoral e de serra, como Palhoça e Bombinhas, em Santa Catarina, e Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul. “Nessa nossa primeira experiência, escolhemos a região Sul porque é onde há mais estrutura para os motorhomes, com muitos campings”, afirma Luis. Como a maioria dos clientes nunca viajou nesse tipo de veículo antes, as empresas de locação oferecem, na hora da retirada, um treinamento para explicar o funcionamento do carro e também da casa. A cada dois ou três dias, é preciso abastecer o reservatório de água limpa e descartar a água suja e os detritos —o que deve ser feito em campings ou postos preparados para isso. Na maioria dos modelos, o descarte é realizado por uma mangueira localizada na parte de trás do veículo. Luis, o encarregado do casal para essa tarefa, diz que teve dificuldade na primeira limpeza, porque a fossa do camping estava num nível acima do carro. “Não foi muito agradável, mas a partir da segunda vez foi tranquilo.” Os dois planejaram paradas que atendessem às necessidades do motorhome, mas também quiseram experimentar passar a noite isolados, em meio à natureza. O local em que mais gostaram de pernoitar foi na frente da entrada do Parque Nacional de Aparados da Serra, região de cânions no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. “Só havia a gente ali e o guarda do parque. Se tivéssemos ficado em um hotel, não teríamos uma vista tão bonita”, diz Lauren. Cada companhia tem suas regras para a locação. Na Vandão, é possível dirigir com carteira de habilitação na categoria B, a mesma usada para automóveis, mas o motorista deve ter pelo menos cinco anos de experiência ao volante. Na Pura Vida, apenas um dos veículos exige categoria D, de ônibus. A empresa funciona como um Airbnb dos motorhomes, conectando donos de veículos a quem deseja alugá-los. Os proprietários podem tocar a operação por conta própria ou deixá-la na mão da companhia. Há opções com limite de ocupação de três até sete adultos, com diárias de R$ 300 a R$ 950 —quanto mais dias, menor o valor da diária. É cobrado R$ 150 por pessoa de seguro para viagens nacionais, além da taxa de limpeza, que varia entre R$ 190 e R$ 290. Na Vandão, as diárias vão de R$ 600 a R$ 1.000, com seguros inclusos. Há veículos de diferentes tamanhos, que acomodam de dois adultos e uma criança até seis adultos. Na hora de programar a viagem, é importante também levar em consideração gastos com campings, combustível (diesel) e pedágio —motorhomes com eixo simples pagam o mesmo que carros de passeio, e com duplo, o dobro. Para o auditor Diego Nascimento, 34, que viajou com a família no fim de novembro, o custo-benefício valeu a pena. “Se eu tivesse que pagar avião, ônibus, hotel e restaurantes, acredito que o valor sairia muito similar ao gasto total do passeio de motorhome. Mas fizemos algo superdiferente, que minhas filhas adoraram, e sem correr riscos.” Laura, 3, e Lívia, 5, se divertiram com essa coisa de ter cama e banheiro dentro do carro, conta Diego. Junto com as meninas, ele retirou o veículo em Salto e depois passou em casa, em Mairinque (SP), para buscar as bagagens e a esposa, Carla Guimarães, 35, analista de crédito. No roteiro de 13 dias, eles passaram por Trindade, Arraial do Cabo e Búzios, no Rio de Janeiro; Capitólio, em Minas Gerais; e Santa Rita do Passa Quatro, em São Paulo. “Com o evento da pandemia e as fronteiras fechadas, as pessoas estão redescobrindo o Brasil”, afirma Nilva Rios, presidente da Anacamp (Associação Brasileira de Campistas), que reúne 650 membros, de todos os estados do país. Segundo Paulo Zanim, da Pura Vida, metade das viagens feitas pela empresa em 2019 foram para fora do país, sobretudo para Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, o que mudou radicalmente em 2020. Ele também afirma que boa parte de seus clientes tem procurado o aluguel como teste antes de comprar o próprio veículo, usado ou novo. Uma das maiores fabricantes de motorhomes do país, a Santo Inácio, de Gramado, também percebeu um aumento da procura durante a pandemia. A empresa trabalha com venda sob demanda e, atualmente, entrega oito veículos por mês. Com chassis Mercedes-Benz e Iveco, os motorhomes têm nove tamanhos, com mais de 80 plantas disponíveis e capacidade para até seis pessoas. Os modelos oferecem alimentação de energia por placas solares, gerador, salas expansíveis, cozinhas na área interna e externa, lavabo, box de banho e até três camas de casal. As opções mais compactas custam em torno de R$ 500 mil e as maiores, R$ 780 mil —os preços são referentes à tabela de janeiro e podem sofrer alterações. “Há pessoas de todo o Brasil que têm nos procurado para realizar esse sonho”, diz Júnior Ghesla, coordenador de marketing da Santo Inácio. Planejamento O mais legal de se fazer uma viagem de motorhome é não ter um roteiro muito definido. No entanto, é preciso elaborar um planejamento mínimo, com os lugares por onde se quer passar e quais são os pontos de parada que existem no caminho. Também é importante verificar as condições das estradas e se elas podem trazer alguma insegurança —por exemplo, quem tem pouca experiência pode se sentir desconfortável ao dirigir em serras com muitas curvas Horário Para evitar perrengues, é importante dirigir somente de dia e, se possível, se programar para chegar ao ponto de parada pelo menos uma hora antes de escurecer, para o caso de haver algum imprevisto Tamanho Vans são mais fáceis de guiar e estacionar. No caso de veículos maiores, são necessários cuidados adicionais, como evitar entrar no meio de cidades, com ruas mais estreitas Aplicativos O favorito dos viajantes é o iOverlander, que funciona de maneira colaborativa, informando pontos seguros para estacionar o veículo, postos de gasolina 24h, campings gratuitos e pagos etc. Outra opção nesse sentido é o aplicativo Viva Sobre Rodas, desenvolvido pela Santo Inácio, que tem mais de 2.300 pontos com estrutura para motorhome na América Latina. A plataforma Maps.me também é muito utilizada, porque funciona como um GPS sem a necessidade de conexão com a internet. Basta baixar o mapa do país e deixá-lo armazenado no celular Parada No caso da necessidade de pernoitar fora de um camping ou posto de gasolina, é importante perguntar para moradores da região se o local é seguro. Uma opção é estacionar o veículo perto de delegacias ou postos policiais Roteiro Com mais tradição no caravanismo, a região Sul concentra boa parte dos campings preparados para receber motorhomes. Mas há boas opções espalhadas pelo país, em estados como São Paulo, Bahia e Paraíba Um série de obras de arte foi apreendida pela Polícia Federal em endereços ligados aos filhos do ex-senador e ex-ministro Edison Lobão, nesta semana. O documento cita uma lista assinada por peritos da PF com 105 obras de arte encontradas no apartamento de Márcio Lobão, filho do ex-ministro, sem deixar claro quais obras foram apreendidas. Constam no documento obras de grandes nomes da arte moderna e contemporânea do país. A coleção inclui as neoconcretistas Lygia Clark e Lygia Pape, hipervalorizadas no mercado mundial, além de outros nomes de peso como Cildo Meireles, Adriana Varejão, Vik Muniz, Beatriz Milhazes, Osgêmeos, Iberê Camargo, Antonio Bandeira, Jac Leirner, Leonilson, Ivan Serpa, Wanda Pimentel, Alfredo Ceschiatti e Maria Nepomuceno. A lista não deixa claro, no entanto, se todas essas obras foram subfaturadas num suposto esquema de lavagem de dinheiro. Os mandados de busca e apreensão fizeram parte da 79ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Vernissage, que apura suposta prática de lavagem de dinheiro pelo ex-ministro e seus filhos Márcio Lobão e Edison Lobão Filho. Segundo o MPF, obras de três artistas contemporâneas brasileiras —Sandra Cinto, Mariana Palma e Vânia Mignone— foram usadas em esquema de lavagem de dinheiro de proprina envolvendo a subsidiária da Petrobras. De acordo com o pedido de busca e apreensão feito pelo MPF, os galeristas Ricardo Trevisan e Rodrigo Editore, da Casa Triângulo, procuraram o Ministério Público Federal para confessar que teriam praticado o crime de lavagem de dinheiro, além firmar um acordo para trancar a ação penal, segundo documento obtido pela reportagem. Trevisan e Editore relatam que venderam obras a Márcio Lobão —duas de Mariana Palma, uma de Sandra Cinto e um conjunto de seis desenhos da artista Vânia Mignone. A obra de Sandra Cinto teria sido vendida em dólares e em espécie, por um total US$ 76,5 mil, em valores de 2013. Editore apresentou capturas de tela de conversas via WhatsApp com Márcio Lobão. Nos diálogos, os dólares em espécie são chamados de ""chocolates"". ""Estou aqui no aeroporto à espera. Te aviso. Preciso te encontrar no aeroporto. Se conseguir embarcar, não terei muito tempo. Estou levando seus chocolates e não poderei carregar eles pela cidade e ou entregar para teu motorista, corre o risco de ele comê-los todos"", diz mensagem enviada a Editore, cuja autoria é atribuída a Márcio Lobão. Ao MPF, Trevisan e Editore afirmaram que realizaram a venda de duas obras de Mariana Palma por um valor efetivo de R$ 130 mil, mas que só foram declarados na nota fiscal um total de R$ 65 mil. O valor real da venda dos desenhos de Vânia Mignone foi de R$ 70 mil, sendo que o valor declarado na nota fiscal teria sido R$ 50 mil. Lobão e os filhos estariam envolvidos num esquema de pagamento de propina para diretores e servidores da Transpetro, responsável pelo transporte e logística do combustível no país, além de terem uma suposta ligação com lavagem de dinheiro por meio da venda de imóveis e obras de artes. O esquema fraudava licitações mediante pagamento de propina a executivos da Petrobras, segundo a acusação. Ainda de acordo com o MPF, Márcio Lobão condicionava o pagamento das obras ao lançamento de um valor de aquisição diferente nas notas fiscais, com o objetivo de lavar o dinheiro em espécie recebido a título de propina no esquema da Transpetro. ""Tiramos nota de menor valor nos quadros para reduzir impostos. Vocês ganham no não pagamento de impostos"", teria escrito Márcio Lobão a um dos galeristas. As buscas foram feitas no Rio de Janeiro e em São Luís, Brasília, São Paulo e Angra dos Reis, no litoral fluminense. Segundo o MPF, o mandado de busca e apreensão era necessário pois o conjunto de obras ""demonstra a reiterada e habitual utilização do mercado de obras de arte e antiguidades para a prática dos crimes de lavagem de dinheiro"". O MPF afirma que as obras serão armazenadas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Segundo a Polícia Federal, também foram apreendidos três veículos de luxo, um helicóptero e documentos, além de ter sido dado um flagrante por posse de arma de fogo calibre 38. Em 2019, Márcio Lobão foi detido pela PF e passou três dias na cadeia após ser acusado de envolvimento num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro ligado à Transpetro, subsidiária da Petrobras, e à usina hidrelétrica de Belo Monte. A representação do MPF detalhava que ele comprou um quadro da artista Beatriz Milhazes, denominado ""A Serpente e o Pássaro"", por R$ 1,295 milhão, pagos em parte com R$ 500 mil repassados pela Odebrecht para Edison. O Ministério Público do Trabalho e representantes da Ford terão nesta quinta-feira (14) uma audiência virtual para discutir demissões com o fim das operações nas fábricas de Taubaté, no interior de São Paulo, Camaçari, na Bahia, e Horizonte, no Ceará. A empresa projeta a demissão de cerca de 5.000 empregados no Brasil e na Argentina. Além do procurador-geral do trabalho, Alberto Balazeiro, e de representantes da Ford, deverão participar da audiência Ronaldo Lima dos Santos, da Conalis (Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social), e Bruno Bianco Leal, secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Na terça (12), o diretor jurídico da empresa americana, Luís Cláudio Casanova, participou de uma videoconferência com a presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Maria Cristina Peduzzi. Segundo o tribunal, os representantes da empresa comunicaram ao TST o encerramento de parte das atividades no Brasil. Casanova disse à ministra que o fechamento das fábricas decorre de uma reestruturação da empresa na América Latina. Segundo ele, a empresa buscou alternativas para evitar o fechamento das fábricas, mas a pandemia elevou o prejuízo anual da montadora, inviabilizando a permanência das operações no Brasil. O advogado da Ford também afirmou, de acordo com o TST, que a empresa valoriza a negociação coletiva e busca manter ""uma postura de apoio aos parceiros"". A fábrica de motores e transmissões de Taubaté está parada desde o anúncio de encerramento das atividades, mas a montadora informou que ainda terá sua produção retomada no decorrer do ano para recompor estoque de pós-venda. Em Horizonte, a fabricação do utilitário Troller T4 continua até o fim de 2021. A planta de Camaçari já está totalmente parada. A ministra Peduzzi, em nota, lamentou o fechamento das unidades e o desemprego decorrente da decisão. ""Esperamos que seja possível resolver os conflitos de forma consensual para satisfazer de maneira efetiva a vontade das partes.” A Ford diz que o plano de demissão dos funcionários será discutido com os sindicatos dos metalúrgicos. Em Taubaté, o acordo coletivo em vigor prevê a estabilidade no emprego até 31 de dezembro de 2021. Nesta quarta (13), o Procon-SP pediu à Ford que explique como garantirá o atendimento aos donos de veículos. A notificação do órgão de defesa do consumidor também solicitou informações sobre o número de peças de reposição que ficarão disponíveis no país, bem como o prazo em que serão oferecidas. A Ford disse que prestará todos os esclarecimentos necessários no prazo solicitado pelo Procon-SP. Damaris Oliveira Lucena protagonizou um dos períodos mais tristes da história brasileira —a ditadura militar. Do sofrimento extraiu a pauta para boa parte dos seus 93 anos: a luta por uma sociedade mais justa. Natural de Codó, que fica a 290 km de São Luís (MA), casou-se com o militante político Antônio Raymundo de Lucena e teve os filhos Ariston (já falecido), Denise, Adilson e Ângela. Em 20 de fevereiro de 1970, Antônio foi assassinado em Atibaia (64 km de SP), por agentes da força pública, e Damaris torturada e ameaçada de morte com os filhos Denise, Adilson e Ângela, que presenciaram o ocorrido. O Lar Mariquinha Lopes recebeu as crianças, que depois seguiram ao Juizado de Menores, enquanto Damaris foi levada à delegacia de Atibaia e posteriormente à Oban (Operação Bandeirantes), onde permaneceu por 23 dias em sessões de tortura. Passado o período, encontrou os filhos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e seguiu com eles ao México e Cuba, onde receberam asilo. Nos seis primeiros meses, Damaris ficou hospitalizada para curar os ferimentos e traumas causados pelos espancamentos e sessões de choque. Depois, entregou-se à vida. Alfabetizou-se no idioma espanhol e estudou até o segundo ano de jornalismo. “Estar lá foi a diferença entre a vida e a morte, e iniciar o processo de ser tratada com respeito, dignidade e reconhecimento”, afirma a tradutora e professora de espanhol Ângela Telma Lucena, uma das filhas. Damaris tornou-se mãe adotiva de Ñasaindy, filha da militante Soledad Barrett Viedma, assassinada em um dos mais trágicos episódios do regime militar, o Massacre da Chácara São Bento. Desde que voltou ao Brasil, em 25 de maio de 1980, buscou justiça pela morte do marido. Profissionalmente, atuou como cozinheira, arrumadeira, babá e secretária, e abriu uma escola de alfabetização. Ao mesmo tempo, dedicou-se a trabalhos sociais e humanitários. De conduta exemplar, não deixou faltar aos filhos um ambiente de amor, carinho e positividade. Damaris morreu no dia 20 de dezembro, aos 93 anos. Deixa quatro filhos e nove netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missa O anúncio do encerramento das linhas de produção na Ford não chegou a ser uma surpresa para quem trabalhava na fábrica de Taubaté, no interior de São Paulo. Trabalhadores sabiam que a fábrica enfrentava dificuldades, evidenciadas pelos sucessivos cortes e PDVs (planos de demissão voluntária). Na sexta-feira (8), colegas comentavam da possibilidade de haver um lay-off (tipo de afastamento remunerado de até quatro meses), conta Cosmerita Santos Costa, 45. Aquele foi o último dia em que ela trabalhou na linha de transmissões da fábrica, que também produz motores. “Quando um amigo me ligou, pensei que fosse o lay-off, mas era bem pior”, afirma. Ela diz ter pensado na filha quando que as operações seriam encerradas. “Tenho plano de saúde e escola particular. Acho que a escola vou ter que cortar”. No setor em que trabalhava, medindo e testando câmbios, 2.000 peças chegaram a ser produzidas por dia. Nos últimos meses, não passavam de 700. Há pouco mais de dois anos, a fábrica da Ford em Taubaté tinha 1.300 funcionários. Hoje, os 830 restantes se preparam para a despedida. “Para quem tinha o sonho de trabalhar aqui é complicado, né? Do dia para noite acaba tudo”, conta Jorcilene da Silva Moreira, 38. Assim como Cosmerita e Jorcilene, a maioria dos metalúrgicos da Ford em Taubaté não estava na fábrica quando a direção comunicou a decisão de deixar de produzir veículos no Brasil. A segunda-feira era “LR”, sigla para licença-remunerada, depois prorrogada até quarta-feira (13). O clima entre funcionários um dia após o anúncio era o de ter havido traição, principalmente porque um acordo assinado no ano passado previa estabilidade no emprego até 31 de dezembro deste ano. Na crise, sindicato e empresa firmaram um acordo coletivo congelando promoções e PLRs (Participação nos Lucros e Resultados), e um PDV. “Abrimos mão de direitos para que essa fábrica continuasse aqui”, diz o dirigente sindical Sidivaldo Borges. Não foram estipuladas indenizações para demissões realizadas antes disso. “Fechamos que não haveria demissão”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Claudio Batista, o Claudião. Líder de processo na linha de motores, Mario Rodolfo Santana já ia para 11 anos de Ford. “A gente não esperava que fosse feito assim. É uma trairagem sem tamanho”, diz. Para ele, o fechamento da fábrica marca o fim de uma era de bons empregos e bons salários. A produção na fábrica de Taubaté ainda será retomada neste ano, segundo a empresa, apenas para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. “Não dá para anunciar um fechamento desse e enterrar a história. Sabemos que retomar [a produção] não é possível, mas queremos a certeza de um pacote de demissão que permita a gente se manter, cuidar da família”, diz Leandro Monteiro, 38, operador de máquinas e há 17 anos funcionário da Ford. Viúvo e pai de três filhas, Monteiro passou a noite no portão de caminhões da fábrica durante o primeiro turno de uma vigília organizada pelo sindicato da categoria. Em assembleia, os trabalhadores definiram uma agenda de mobilização que inclui vigílias, uma plenária virtual e um novo protesto, na quarta (13), em frente à Câmara de Vereadores de Taubaté. Também ficou definida a articulação de reuniões com representantes do poder público. Dirigentes do sindicato foram convidados para reuniões com a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, e outros nomes da gestão João Doria (PSDB) que integram uma força-tarefa criada pelo governador para mitigar os efeitos das demissões. As vigílias nas duas portarias do parque industrial buscam, segundo o presidente do sindicato, Claudio Batista, o Claudião, impedir que a empresa retire peças prontas ou comece a desocupar o prédio antes de discutir o assunto com os trabalhadores. A Ford afirmou, em nota, que o plano de demissão ainda será negociado com o sindicato. “A empresa irá trabalhar imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção.” Nesta terça, representantes da montadora tiveram reunião com a presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministra Maria Cristina Peduzzi. Segundo o tribunal, o diretor jurídico da Ford, Luís Cláudio Casanova, disse que a decisão de reestruturação da empresa ocorreu após a busca de alternativas, mas os prejuízos anuais foram ampliados durante a pandemia. Ainda segundo o TST, ele disse que a empresa sempre valorizou a negociação coletiva e buscou manter uma postura de composição e de apoio aos parceiros. A ministra lamentou o encerramento das unidades e as demissões. ""Esperamos que seja possível resolver os conflitos de forma consensual para satisfazer de maneira efetiva a vontade das partes”, disse Peduzzi. O prefeito de Taubaté, José Saud (MDB), no cargo há uma semana, está na capital paulista para a discussão do plano articulado pelo governo do estado. “Temos que pensar primeiro nos funcionários da fábrica e toda ajuda é bem-vinda. Temos que buscar alternativas. E se nada der certo, vou bater no Planalto e pedir ajuda do presidente Bolsonaro”, disse Saud à Folha. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Taubaté, Ricardo Vilhena, diz que a notícia é muito ruim para o município. A solução, na avaliação dele, é buscar novo destino para a fábrica. “Temos de tentar contornar com indústrias de tecnologia ou de base tecnológica.” O anúncio do fim da produção taubateana já preocupa o comércio da cidade. “É um momento muito preocupante. Primeiro porque ainda estamos em uma pandemia. E agora um grupo muito grande de pessoas que deixa de ter renda, que começa a fazer cortes no orçamento”, afirma o empresário Felipe Bom Meihy. Seu restaurante na região central da cidade só chegou aos 50% de faturamento, na comparação com o período pré-pandemia, há apenas dois meses. “Há ainda toda uma cadeia que acaba sendo movimentada. É incalculável o impacto dos próximos meses”, disse. Em Camaçari (BA), cidade de 293 mil habitantes da Grande Salvador, o anúncio do fechamento da fábrica foi um baque não só para os seus funcionários, como para toda uma cadeia de serviços que gira em torno do Complexo Ford. Como em Taubaté, funcionários afirmam que o sentimento é de traição, pois vinham abrindo mão nos últimos anos de benefícios e reajustes salariais, sob a justificativa de manter a fábrica na Bahia. Desde 2019 a Ford vem realizando PDVs na fábrica baiana. “Nos sentimos traídos. Você dá uma vida dentro da empresa e agora recebe essa notícia?”, afirma o inspetor de qualidade Edson Pereira, 51 anos, que trabalha na Ford há 18 anos. Casado e pai de dois filhos, Edson tenta assimilar a notícia para começar a fazer planos. “Ficamos à deriva. De cara, eu não tenho planos ainda. Penso um dia em empreender, mas em um país em que o próprio presidente não passa segurança para os investidores, para as pessoas comuns fica mais difícil ainda”, declara. Celso Ricardo Moreira, 42 anos, diz que não havia um momento pior para o encerramento das atividades. Ele entrou na Ford há 15 anos na função de operador no setor de pintura e chegou ao cargo de inspetor de qualidade. “O impacto econômico para cada trabalhador será muito grande. A gente sabe que haverá um colapso no sistema de saúde e educação em Camaçari, com os trabalhadores sem plano de saúde e sem poder pagar escola para os filhos”, afirma. Há 20 anos, quando se instalou na Bahia, as vagas na Ford eram uma espécie de sonho de consumo dos trabalhadores da região. Charles Alencar, 48, pediu demissão de uma indústria do Polo Petroquímico de Camaçari para ocupar uma vaga na montadora. Na época com 28 anos, ele fez um curso no Senai e conseguiu um posto na linha de montagem da fábrica. “Com esse fechamento, a sensação é de terra arrasada”, lamenta Charles. Segundo a Ford, são 4.059 empregos diretos na fábrica da cidade. Alguns postos serão preservados no Centro de Desenvolvimento de Produto, mas a empresa não informou a quantidade. O Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari estima que o fechamento da fábrica da Ford e de suas sistemistas podem impactar até 60 mil empregos indiretos. É o caso de Cândido Alencar, 46 anos, que presta serviço de transporte de passageiros a uma empresa multinacional terceirizada da Ford. “Parou a Ford, pararam as outras empresas parceiras. Complicou para todo mundo. Está parecendo feriado em Camaçari. Está todo mundo tentando digerir a notícia”, relata. A Ford não quis se manifestar em relação às queixas dos empregados e informou que os sindicatos foram comunicados na segunda-feira (11) para iniciar as negociações. O Sindicato dos Metalúrgicos informou que vai lutar por uma indenização justa para os trabalhadores. De acordo com a montadora, na cidade, onde são produzidos os modelos Ka e EcoSport, o encerramento das atividades será imediato. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador que corrige o salário mínimo, subiu 5,45% em 2020, ficando acima do reajuste de 5,26% do salário mínimo. Para que a alta pudesse repor o poder de compra, o piso deveria subir para cerca de R$ 1,102. No último dia 30 de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro elevou o salário mínimo de R$ 1.045 para R$ 1.100. O reajuste não prevê ganho real aos trabalhadores, segundo membros do Ministério da Economia. O novo valor havia sido calculado levando em conta apenas a variação da inflação. A Folha procurou o Ministério da Economia para saber se o valor será ajustado após a divulgação do INPC, mas a pasta ainda não respondeu. Em 2019, o valor foi reajustado depois de o IBGE divulgar o INPC, indo de R$ 1.039 até R$ 1.045. O resultado do INPC foi influenciado pelo mês de dezembro, que registrou alta de 1,46%, acima dos 0,95% registrados em novembro. Segundo o IBGE, essa foi a maior variação mensal desde janeiro de 2016 (1,51%) e a maior variação para um mês de dezembro desde 2002 (2,70%). Em dezembro, os produtos alimentícios subiram 1,86%. Em novembro, a alta foi de 2,65%. O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 5 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (12) a 79ª fase da Operação Lava Jato, com o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão. Dois filhos do ex-ministro e ex-senador Edison Lobão estão entre os alvos da investigação, que apura pagamentos de propina na Transpetro e lavagem de dinheiro por meio da negociação de imóveis e obras de arte. Segundo a PF, foram apreendidas ao menos cem obras de arte que seriam usadas para lavar o dinheiro fruto da corrupção na subsidiária da Petrobras. A intenção é que as peças, encaminhadas para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, sejam periciadas e sirvam para eventual reparação dos crimes investigados. Os mandados foram cumpridos em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Angra dos Reis (RJ) e São Luís. Além das obras, foram apreendidos carros de luxo e um helicóptero. A operação é um desdobramento da 65ª fase da Lava Jato, de setembro de 2019, quando Márcio, um dos filhos de Lobão, chegou a ser preso. De acordo com o Ministério Público Federal, as investigações apontam que, entre 2008 e 2014, Márcio e o irmão, Edison, receberam entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões em propinas de empresas que tinham contratos com a Transpetro. Os valores, segundo o MPF, eram muitas vezes pagos em espécie, e sua origem era dissimulada com a aquisição de obras de arte de alto valor. Parte do pagamento era feita “por fora” e tanto o comprador quanto o vendedor emitiam notas fiscais e recibos, mas declaravam à Receita Federal valores menores do que os efetivamente pagos. Segundo a PF, já na 65ª fase da Lava Jato foram encontradas 105 obras de arte na casa de Márcio Lobão, dentre elas dois quadros de Antônio Dias e um de Antônio Bandeira, comprados em 2013 pelo valor declarado de R$ 105 mil. Há indícios de subfaturamento na transação para esconder parte do dinheiro —a avaliação é de que os quadros custariam ao menos R$ 420 mil. O MPF aponta que, em outros casos, há diferença de mais de 500% entre os valores declarados e efetivamente pagos pelas obras. A discrepância é ainda maior se considerados os preços praticados pelo mercado: a PF diz ter encontrado na casa de Márcio, em 2019, peças com diferença de valor de até 1.300%. Galerias de arte também estariam envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro —uma delas foi alvo da operação. De acordo com os procuradores, a forma de atuação foi confirmada por galeristas que procuraram espontaneamente o órgão durante as investigações. Um deles disse ter recebido de Márcio, em 2013, US$ 76 mil em espécie. O dinheiro também seria lavado por meio de transações imobiliárias. Uma das operações suspeitas envolve a compra pela família Lobão de um apartamento de alto padrão em São Luís por R$ 1 milhão em 2007, valor que teria sido pago em espécie por intermédio de uma empresa dos investigados. Menos de dois anos depois, o imóvel foi vendido por R$ 3 milhões. A apuração indica que, hoje, um apartamento no mesmo edifício custa R$ 8 milhões —oito vezes o valor pago pela família do político em 2007. Segundo o MPF, a suspeita é que a compra, à época, foi subvalorizada para esconder quantias obtidas ilicitamente. A defesa de Márcio e Edison afirmou que o Supremo Tribunal Federal decidiu que as investigações envolvendo a Transpetro não guardam relação com a Lava Jato e que, portanto, o juízo de Curitiba seria incompetente para atuar no caso. “Os fatos investigados são antigos e já vem sendo esclarecidos ao Poder Judiciário desde 2017”, disse a defesa. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou dezembro com alta de 1,35% e encerrou o ano de 2020 em 4,52%, acima do centro da meta da inflação para o ano, de 4%. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi a maior alta desde 2016, quando o índice registrou crescimento de 6,29%. O indicador de dezembro, por sua vez, teve o maior crescimento desde fevereiro de 2013, quando registrou aumento de 1,57%. Apesar das altas, o resultado de 2020 ficou dentro do intervalo de tolerância. O índice poderia oscilar entre 3,5% e 5,5%, com o centro estipulado em 4%, sem que a meta seja descumprida. Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters com analistas de alta de 1,21% em dezembro, acumulando em 12 meses avanço de 4,38%. Os dados foram divulgados nesta terça (12). A meta da inflação é fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O Banco Central reduz ou eleva a Selic, a taxa básica de juros da economia, para alcançá-la. O grupo que mais pesou na inflação em 2020 foi o de alimentos e bebidas, cujos preços subiram 14,09% no acumulado do ano. A alta decorre principalmente dos efeitos da pandemia, que impulsionou a demanda por esses produtos, mas também pela alta do dólar, que encarece importações, e pela disparada no preço de commodities no mercado internacional. Entre os alimentos que mais aumentaram de preço no ano, estão óleo de soja (103,79%), arroz (76,01%), leite longa vida (26,93%), frutas (25,40%), carnes (17,97%), batata-inglesa (67,27%) e tomate (52,76%). A alta do preço dos alimentos foi fator de preocupação para o governo ao longo do ano, em meio a um aumento das exportações devido ao real desvalorizado e demanda internacional aquecida. No início de setembro, foi zerado o imposto de importação para 400 mil toneladas de arroz, numa tentativa de conter a carestia do cereal. Antes disso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu “patriotismo” aos donos de supermercado para evitar uma alta de preços maior de itens da cesta básica. De acordo com o IBGE, a inflação de 2020 também foi puxada pelo grupo habitação, que subiu 5,25% no ano passado, influenciada pela alta de 9,14% na energia elétrica. Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa investimentos, afirmou que a energia elétrica foi completamente impactada pela tarifa imposta no fim do ano. ""A bandeira tarifária vermelha 2 devastou o índice, com um avanço de quase 10%, muito grande para um item que tem tanta representatividade"", afirmou Étore. Com a entrada em vigor da bandeira vermelha patamar 2 em dezembro, o preço voltou a subir, após dez meses consecutivos na bandeira verde.Alguns locais também sofreram reajustes tarifários, como Rio Branco (11,05%) e Porto Alegre (11,55%). Outro item do grupo habitação que enfrentou reajuste foi a taxa de água e esgoto. Em Belo Horizonte, a alta foi de 3,04%. Em Vitória, ficou em 2,95%. O economista da Ativa Investimentos se mostrou preocupado com o comportamento da inflação, mas projeta um índice de 3,3% para 2021. ""Ficamos preocupados com os sinais dados pelo processo de inflação, mas os núcleos [desconsiderando itens com preços voláteis, como alimentos] ainda estão deprimidos. Não é nada que a gente possa concluir que temos reflação na economia"", afirmou Étore. Consideramos em conjunto, os grupos alimentação e bebidas, habitação e artigos para residência (eletrodomésticos, equipamentos e artigos de TV, som e informática) foram responsáveis por quase 84% da inflação de 2020. No grupo dos transportes, o segundo com maior peso na composição do indicador de inflação, a alta no ano foi de 1,03%. Segundo Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, a variação se deve ao comportamento do preço dos combustíveis. “Tivemos quedas fortes, em abril e maio, por conta do preço da gasolina, que fechou o ano em queda (-0,19%), apesar das seis altas consecutivas de junho e dezembro. As passagens aéreas tiveram uma queda de 17,15% no acumulado ano, ajudando a puxar o resultado para baixo”, disse Kislanov. Paulo Levy, pesquisador do Ipea, apontou que o resultado da inflação de 2020 foi influenciado pelos choques de preços causados pelos comportamento de oferta e demanda da pandemia, razão pelo qual não há motivo para se preocupar em 2021. ""Também tivemos choque de alimentos de preços de carnes no final de 2019 que pressionaram a inflação daquele ano, de 4,31%, mas uma vez passado aquele choque a inflação voltou para baixo em 2020"", analisou o pesquisador. O grupo de alimentos para consumo no domicílio ficou 2,21% mais caro em dezembro. Alimentação fora do domícilio também registrou alta de 0,77% no mês, com destaque para refeição (0,74%) e lanche (0,89%). O preço dos artigos para residência, por sua vez, subiu 1,76%, a segunda maior alta entre os nove grupos pesquisados. Os artigos de TV, som e informática subiram 2,52%, móveis, 2,92%, e eletrodomésticos e equipamentos, 1%. No grupo Educação, a alta foi de 0,48% em dezembro. O maior impacto veio dos cursos regulares (0,55%). A educação de jovens e adultos sofreu a maior variação (3,83%). João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, creditou a alta no grupo educação a reajustes nas mensalidades que não ocorreram no meio de 2020 por causa da pandemia. ""Não houve no meio do ano e se trouxe para o fim do ano. Mesmo ainda com as escolas voltando de forma devagar pela Covid, começamos a observar essa recomposição nos preços. Isso deve permanecer, mas sendo gradual, bastante relacionado ao processo de reabertura econômica"", afirmou o economista. Segundo ele, o mesmo comportamento vem sendo observado no setor de saúde - alta de 0,40% em dezembro - e deve permanecer em 2021, ganhando força ao longo do ano. ""Isso vem também pelo começo dos reajustes bloqueados ao longo do ano passado, pela pandemia. Alguns serviços de saúde começaram a ajustar esses preços. Deve ter um impacto maior no começo do ano, a ANS determinou que os reajustes serão escalonados"", afirmou. Todas as regiões pesquisadas tiveram alta em dezembro. Aracaju (0,91%) apresentou o menor índice, impulsionado pela queda nas mensalidades dos cursos regulares e nos preços de produtos alimentícios como o queijo e o tomate. Já a alta nas carnes fez São Luís ter o maior resultado (2,18%). (Com Reuters) Um serviço realizado pela empresa de Jonas Suassuna, ex-sócio de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, para a Prefeitura do Rio de Janeiro teve um sobrepreço de R$ 4,7 milhões, aponta relatório do Tribunal de Contas do Município. O serviço de disparo de mensagens de Central 1746, feito por três anos das duas primeiras gestões do prefeito Eduardo Paes (DEM) —que voltou ao comando da cidade em 2021—, é um dos alvos de investigação da Operação Mapa da Mina, deflagrada há cerca de um ano. Depoimentos apontam que o acordo com o município foi obtido por meio de influência do ex-presidente. O contrato foi fechado em 2011 entre a Secretaria Municipal da Casa Civil e a Oi, que subcontratou a Gol Mobile, de Suassuna, para executar todo o serviço. Planilhas das duas empresas obtidas pela Folha indicam que a firma do empresário recebeu 51,3% do total pago pelo município e 76% do líquido recebido pela Oi –após o desconto de impostos. A suspeita da PF é de que o dinheiro pago pela tele à Gol Mobile era direcionado à família do ex-presidente Lula, por meio de Suassuna. Uma parte teria sido usada na compra do sítio de Atibaia (SP), cuja reforma gerou condenação do ex-presidente. O ex-presidente e seu filho afirmaram não ter qualquer relação com o serviço prestado por Suassuna. O empresário declarou que o serviço prestado foi fiscalizado pela Receita Federal, sem ter sido detectada qualquer fraude. A Oi disse que auditoria externa não detectou irregularidades. O TCM já impôs multa ao ex-subsecretário de Gestão da Casa Civil municipal Francisco Bandeira pelo contrato. A corte também abriu novo processo para responsabilizar outros agentes envolvidos na contratação. Um dos alvos é Guilherme Schleder, ex-secretário da Casa Civil e escolhido para a pasta de Esportes na nova gestão Paes. Os auditores do TCM identificaram que o município pagou R$ 0,39 por SMSs enviados a usuários da Central 1746 (usada para queixas de cidadãos), enquanto havia outro acordo fechado na prefeitura pelo mesmo serviço que custava R$ 0,05 por mensagem. Isso fez com que o município desembolsasse R$ 5,4 milhões entre 2011 e 2014, em vez de R$ 692 mil com base no acordo mais barato. Também chamou a atenção dos auditores do TCM-RJ o fato de a prefeitura pagar valores idênticos para períodos diferentes num serviço de demanda ""aleatória"". Foi o que ocorreu para os períodos entre outubro e dezembro de 2011 e janeiro e fevereiro de 2012. Para cada um dos intervalos a Oi recebeu a mesma quantia exata: R$ 899.999,98, o equivalente a 2,3 milhões de SMSs para cada período. No total, o município pagou pelo disparo de 13,8 milhões de SMSs no período de quase três anos —uma média de mais de duas mensagens por habitante do Rio de Janeiro. As supostas irregularidades no serviço foram reveladas pela Folha em 2017. Emails obtidos na investigação da PF com autorização judicial indicam que o deputado Pedro Paulo (DEM), aliado mais próximo de Paes, direcionou a contratação da empresa de Suassuna. Ele é ex-secretário da Casa Civil e agora comanda a pasta de Fazenda, Planejamento e Controladoria. Mensagens internas da Oi também indicam que servidores da prefeitura pressionavam para que a tele repassasse com agilidade os recursos para a Gol Mobile. Num deles, o contrato é tratado com um “projeto político” e que “não é uma prestação de serviço tradicional”. Marco Aurélio Vitale, ex-diretor do grupo empresarial de Suassuna, afirmou à Folha em 2017 que o serviço foi obtido por ""indicação puramente política"", com atuação de Lula. O ex-governador Sérgio Cabral, que firmou acordo de delação com a PF, também afirmou que interferiu junto a Paes a pedido do ex-presidente para que a empresa de Suassuna fosse beneficiada em contratos do município. O empresário, sócio de Lulinha na empresa Gamecorp até dezembro de 2019, pagou R$ 1 milhão por uma parte do sítio de Atibaia, frequentado pelo ex-presidente Lula. Também quitou aluguéis do filho do ex-presidente, além de ter comprado um apartamento de R$ 3 milhões para que Fábio Luís morasse. A PF afirma que Suassuna cobrou um aluguel abaixo do valor de mercado. A Operação Mapa da Mina ainda não resultou em denúncia contra os investigados. O caso ficou praticamente parado por um ano após sua deflagração porque foi transferido da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba para a de São Paulo em março deste ano. No início de dezembro, a Justiça Federal de São Paulo determinou o envio do caso para o Rio de Janeiro. A defesa de Lulinha está recorrendo da decisão e pede o arquivamento do caso. A defesa de Fábio Luís afirmou, em nota, que o filho do ex-presidente Lula “jamais foi sócio da empresa Gol Mobile, do empresário Jonas Suassuna, do Rio de Janeiro”. “O que se vê, mais uma vez, são malabarismos para envolver Fábio Luiz Lula da Silva em uma história que não é dele. As suspeitas devem ser investigadas, mas não podem ser tratadas como verdades”, afirmam os advogados Fábio Tofic e Marco Aurélio de Carvalho, em nota. “Nos últimos 15 anos, Fábio teve sua vida revirada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça. Jamais se conseguiu demonstrar qualquer ilegalidade”, declararam os defensores do filho do ex-presidente. O advogado Cristiano Zanin, que representa Lula, afirmou que não comentaria o caso porque “não há qualquer vínculo real com o ex-presidente”. “Segundo a lei, declarações de delator não têm qualquer valor probatório”, afirmou Zanin, sobre os depoimentos de Cabral e Vitale. O advogado Ary Bergher, que representa Suassuna, disse que os valores do negócio são de responsabilidade da Oi, que firmou contrato com o município. Ele declarou também que o serviço prestado para a Oi pela Gol Mobile não envolvia a emissão de SMS comum, mas também o fornecimento de “tecnologia inteligente, consistente no envio e recebimento de mensagens de qualquer operadora a destinos específicos, e no disparo de respostas particularizadas aos usuários” “[Era] Atividade extremamente complexa, que demandava que a Gol Mobile fosse uma empresa broker, desenvolvedora de uma plataforma própria e com funcionários treinados”, afirmou Bergher. “Por fim, destaca-se que todos os contratos da Gol Mobile concernentes a esses serviços foram fiscalizados pela Receita Federal, não tendo tal órgão atestado qualquer irregularidade”, declarou o advogado. A Oi disse, em nota, que ""colabora de forma transparente com as investigações de autoridades competentes, prestando todos os esclarecimentos necessários, tanto na esfera administrativa como na judicial"". ""A Oi informa ainda que o contrato mencionado foi objeto de investigação forense conduzida por auditor externo independente, que não identificou qualquer indício de ilegalidade praticada pela companhia"", afirma a nota da tele. Paes, Pedro Paulo e Schleder afirmaram, por meio da assessoria de imprensa, que não foram notificados da decisão do TCM e só se pronunciaram após a comunicação oficial. O acesso ao jornalismo profissional de qualidade reduz consideravelmente a chance de um eleitor acreditar em fake news, mostra pesquisa acadêmica inédita conduzida em São Paulo, em novembro e dezembro. O trabalho foi feito por cientistas políticos das universidades da Carolina do Norte - Charlotte (EUA), federal de Minas Gerais (UFMG) e federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a Folha e a consultoria Quaest. Foram testadas diferentes formas de contato das pessoas com veículos de comunicação. A constatação geral foi que leitores com acesso a veículos como a Folha tendem a acreditar menos em informações falsas. Em uma das análises, foram selecionados dois grupos, com 500 eleitores cada, ambos com representação estatística do eleitorado paulistano. Os grupos foram entrevistados por meio de painel online, entre os dias 19 e 24 de novembro. Em seguida, para metade dos entrevistados (grupo de tratamento) foi fornecida assinatura gratuita da Folha por três meses, além do envio por email de reportagem que falava sobre processo de checagem de informações. O segundo grupo, chamado de controle, não recebeu nem a assinatura nem a reportagem sobre a checagem. Chamada de estudo experimental, a metodologia é usada comumente em áreas como psicologia e medicina (como para testar eficácia de vacinas), em que se aplica tratamento em um grupo e o compara com outro, que não recebeu a intervenção. Os dois grupos de eleitores, que foram sorteados, eram praticamente idênticos em termos de gênero, idade, classe social e religião. Eles foram entrevistados em um segundo momento, entre 8 e 16 de dezembro. Para os dois grupos, foram mostrados textos cujo teor foi classificado como falso por agências de checagem (mas essa classificação não foi dita aos entrevistados). No grupo que não recebeu a assinatura, 65% dos entrevistados consideraram como verdadeiro ao menos um dos textos com teor falso, na segunda rodada de entrevistas. No grupo que recebeu a assinatura, o percentual dos que acreditaram em ao menos uma fake news foi menor, 46% dessa amostra, diferença estatisticamente significativa. Algumas das informações falsas mostradas diziam que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, instruiu militantes do partido a recusar ajuda do governo; que o canal CNN noticiou que o ex-juiz Sergio Moro recebera propina para beneficiar doleiros; e que o youtuber Felipe Neto fez apologia de violência sexual contra crianças. Outro texto falso dizia que a Rede Globo pertence a três países árabes. Essa última fake news foi mostrada nas duas rodadas de entrevistas. Na primeira, em novembro, o percentual de pessoas que classificaram como verdadeira essa informação falsa era semelhante entre os dois grupos (perto de 20%). Na segunda entrevista, cerca de 20 dias depois, os resultados dos grupos se distanciaram. Entre os que receberam a assinatura da Folha, a crença nessa fake news caiu de 20% para 12% dos entrevistados. No outro grupo, a crença na informação falsa referente à Globo subiu de 21% para 39%. Na avaliação dos pesquisadores, esse aumento no grupo de controle se deve ao fato de os entrevistados estarem vendo o texto pela segunda vez, o que reforçou a mensagem. E o tratamento foi o responsável por um movimento contrário no outro grupo. Para essa análise, foi utilizada técnica chamada diferença em diferença, que, entre outros elementos, controla fatores além do analisado como principal, para evitar que a variação ocorra por outra razão que não o objeto da análise (nesse caso, acesso ao conteúdo da Folha). Os acadêmicos que conduziram as pesquisas foram Frederico Batista (Universidade da Carolina do Norte - Charlotte), Felipe Nunes (UFMG) e Nara Pavão (UFPE). Eles pretendem publicar um paper (trabalho científico) com os resultados. Os cálculos mostram que o grupo que recebeu o tratamento teve 25% menos chances de acreditar na informação falsa. É um resultado compatível com o da pesquisa conduzida pelo professor Andrew Guess, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos e na Índia. O pesquisador acompanhou o impacto de campanha que fornecia dicas de como checar informações em diversos países. Nos Estados Unidos, pessoas que receberam esse conteúdo tiveram 27% menos chances de acreditar num texto falso; na Índia, 18% (considerando público com mais anos de escolarização). Disseminação deliberada de notícias falsas tem sido apontada por especialistas como grande risco ao processo democrático. Em sua posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em maio passado, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou que uma das grandes preocupações do órgão eram “as informações intencionalmente falsas, deliberadamente propagadas”, feitas por ""terroristas virtuais, que utilizam como tática a violência moral, em lugar de participar do debate de ideias, de maneira limpa e construtiva”. O pesquisador Ricardo Ribeiro Ferreira, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, verificou que o engajamento dos textos falsos foi até três vezes maior do que as notícias da imprensa profissional, durante as eleições presidenciais brasileiras de 2018. Para o advogado e professor Marco Antonio da Costa Sabino, coordenador do Centro de Pesquisas de Mídia e Internet do Ibmec-SP, o estudo feito em São Paulo mostrou que, quanto maior a noção das pessoas sobre o tema, menor o risco de contaminação por fake news. “Ficou constatado que, se a pessoa recebe o mínimo de conscientização a respeito do que está lendo e vendo, desenvolve instrumentos próprios de questionamento e avaliação”, disse ele, que analisou a pesquisa a pedido da reportagem. Sabino, que é doutor em direito pela USP, afirmou que, embora o acesso ao jornalismo profissional possa ser um dos caminhos no combate à desinformação, a solução passa por uma etapa prévia, que ele chama de educação básica em conteúdo midiático. “O que é imprescindível é ser sempre crítico em relação ao que se está lendo, independentemente de origem, viés ou ideologia. Tem que duvidar de tudo. Não pode existir argumento de autoridade.” A pesquisa brasileira com o eleitorado paulistano também mediu o impacto de diferentes veículos de comunicação —foi considerado o perfil de consumo de notícias dos 731 entrevistados que participaram das duas rodadas de averiguação. Foi questionado a eles de quais, entre oito veículos, eles consumiam informações ao menos quatro vezes por semana. Leitores assíduos da Folha tendem a acreditar 17 pontos percentuais a menos em fake news do que os não assíduos (ou seja, quem lê o jornal regularmente acredita menos em informações falsas). Também teve efeito positivo o consumo de informações do UOL (15 pontos a menos na crença em fake news) e da Rede Globo (10 pontos). Por outro lado, há veículos cuja frequência de consumo aumenta a chance de o entrevistado acreditar em fake news. Se a pessoa é telespectadora da TV Record, cresce em 24 pontos a chance de ela acreditar em informação falsa. Também tiveram efeito semelhante os sites Terça Livre (22 pontos) e Brasil Paralelo (19). Procurada, a Record não se manifestou. O Terça Livre disse à Folha: ""Essa pesquisa é uma notícia falsa e quem está consumindo são vocês"". Afirmou ainda que ""isso só comprova"" pesquisas de mercado do site, segundo as quais ""o Terça Livre Premium irá ultrapassar a Folha de S. Paulo em assinaturas"". ""Aproveitamos o ensejo para afirmar que a direção do Terça Livre não contratará jornalistas que tenham passado pela Folha"", completou. A Brasil Paralelo evitou comentar e, em nota, disse que, ao analisar o estudo, ""identificou falhas de enviesamento no objeto, na amostragem e no método, estando assim em desacordo com as boas práticas científicas e sendo, portanto, uma peça de desinformação"". “Esses resultados dão sentido ao comportamento político da nossa elite política”, afirmou o cientista político Felipe Nunes, um dos autores do estudo. “Não é loucura nem maluquice, é estratégico tentar acabar com a reputação da imprensa profissional. Isso legitima a existência de canais alternativos partidários que não informam, mas dão legitimidade ao discurso oficial.” Na avaliação dos pesquisadores, “só campanha de conscientização massiva pode ajudar públicos distintos a distinguir melhor entre notícias falsas e verdadeiras”. Eles afirmam que não só cada jornal ou canal deve se mobilizar, mas também os governos, o TSE e os partidos políticos “interessados em manter a democracia viva”. Os autores defendem a ideia de que o público seja exposto a alertas “em vários meios de comunicação profissionais, todos ao mesmo tempo, em grande quantidade, com dicas, exemplos e tudo o mais que for necessário”. Na mesma linha, Sabino diz que a conscientização deve começar ainda na escola e que o debate não pode perder de vista a liberdade de expressão. “Remoção e silenciamento são, em tese, a solução mais simples [para fake news]. É preciso cuidado, porque qualquer regulação pode perigosamente flertar com a censura”, afirma o especialista. A pesquisa com os eleitores paulistanos foi desenhada pelos acadêmicos. O custo para a realização das entrevistas foi coberto pela consultoria Quaest, que também aplicou o questionário. A Folha cedeu as assinaturas para parte dos entrevistados e revisou o questionário. O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmou neste domingo (10) que vai requisitar a abertura de inquérito policial para apurar publicações de dois jornalistas neste fim de semana. A declaração foi dada após a publicação de texto do colunista da Folha Ruy Castro com o título ""Saída para Trump: matar-se"". O autor afirma que, se o presidente americano optar pelo suicídio, Jair Bolsonaro (sem partido) deveria imitá-lo. Outro jornalista alvo das críticas é Ricardo Noblat, da revista Veja. Em rede social, ele compartilhou um link para o texto de Castro e reproduziu alguns trechos. ""Alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço. Hoje dois deles instigaram dois presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso"", escreveu Mendonça em uma rede social. O ministro chamou as publicações de crimes contra chefes de Estado e de desrespeito à pessoa humana e à nação. ""Por isso, requisitarei a abertura de inquérito policial para apurar ambas as condutas. As penas de até 2 anos de prisão poderão ser duplicadas (§ 3º e 4º do art. 122 do Código Penal), sem prejuízo da incidência de outros crimes"", escreveu Mendonça, ainda na rede social. O artigo citado pelo ministro diz que ""induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça"" geraria pena de reclusão de 6 meses a 2 anos. O parágrafo 3º do artigo afirma que a pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil ou se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de resistência. Já o parágrafo 4º diz que a pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da internet, de rede social ou transmitida em tempo real. Não é a primeira vez que Mendonça pede abertura de inquéritos contra profissionais da imprensa. Em junho de 2020, o próprio Noblat foi alvo de um pedido de apuração feito pelo ministro à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), após o jornalista ter compartilhado a imagem de uma charge do cartunista Aroeira que ilustrava Bolsonaro pintando uma suástica nazista. À época, Noblat disse que o governo estava usando a LSN para perseguir críticos. No mês seguinte, Mendonça requisitou a abertura de um inquérito pela PF, com base na mesma lei —um resquício da ditadura militar—, para investigar o colunista da Folha Hélio Schwartsman em razão de um artigo publicado no jornal. O texto ""Por que torço para que Bolsonaro morra"" foi publicado depois de o presidente anunciar que havia contraído o novo coronavírus. No mês seguinte, o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Jorge Mussi suspendeu o inquérito para investigar Schwartsman. Mussi atendeu a um pedido da Folha e concedeu liminar que suspendia o procedimento até o julgamento do habeas corpus. Em nota, a Folha afirmou que, ""como no caso de texto anterior de Hélio Schwartsman, que teve inquérito aberto pelo mesmo ministro e depois suspenso pelo STJ, o colunista emitiu uma opinião; pode-se criticá-la, mas não investigá-la"". Questionado pelo UOL, Castro afirmou: ""Foi só uma sugestão para Trump e Bolsonaro, eles não precisam aceitar. E todos vamos morrer um dia, não? Além disso, não sou coveiro"", parafraseando declaração de Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus. Luis Mileo, professor de direito penal do Ibmec-SP (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), afirma que não há crime nas publicações. ""Absolutamente nada. Nada, nada, nada."" Segundo ele, os jornalistas só poderiam ser apontados como infratores do artigo 122 se enviassem diretamente a Bolsonaro uma ou mais mensagens para que ele se suicidasse —e não escrever em uma publicação que o presidente poderia ou não acessar. ""O direcionamento da minha informação teria que ser direto, teria que induzir ou instigar alguém diretamente. Ele não está falando diretamente ao Bolsonaro, está escrevendo em uma matéria"", diz. O professor ressalta ainda que a mensagem teria de ser apta o suficiente para que a pessoa realmente sofresse a influência dessa informação. ""Tem que ser uma mensagem absolutamente idônea e capaz. Tenho que buscar uma vítima propensa a isso. Sem isso, jamais eu conseguirei levar adiante o plantar da ideia. A vítima tem que ser receptiva e apta a sofrer influência dessa informação."" ""A requisição de inquérito por parte do ministro é absolutamente inviável. Porque a informação não é apta e idônea a levar adiante uma ação por parte da vítima, que seria em tese o Bolsonaro, e não é direta. Vejo como uma matéria crítica, mas jamais criminosa"", afirma Mileo. Outros membros do governo criticaram as publicações de Castro e Noblat. ""Criminoso e canalha, que atenta contra o país, afetando a segurança nacional. Isso deve ser repudiado não só pela Veja, mas também por todos os brasileiros. São pessoas que fomentam a guerra e o caos"", escreveu o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que disse ainda que incitação ao suicídio é crime e discurso de ódio. A ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) defendeu que a conta de Noblat no Twitter fosse encerrada. ""Além do mais incitar o suicídio é crime!"", escreveu. Noblat teve suas postagens sobre o tema apagadas pelo Twitter. Segundo a empresa, as postagens violaram as regras de uso da rede social. Além disso, suas funções foram desabilitadas pela rede social e ele ficou sem poder tuitar, retuitar ou curtir nada por até 12 horas. Procurado, o Twitter Brasil afirmou que ""tem regras que determinam os comportamentos e conteúdos permitidos na plataforma, e violações a essas regras estão sujeitas às medidas cabíveis"". A rede social apontou que tem entre suas diretrizes regras que não permitem ""se envolver no assédio direcionado a alguém nem incitar outras pessoas a fazer isso"". O Twitter não informou se o jornalista teve espaço para se defender. A revista Veja chegou a afirmar que repudia com veemência a declaração de seu colunista. ""Não achamos que esse tipo de opinião contribua em nada para a análise política do país"", publicou a revista em rede social. Noblat enfatizou que apenas reproduziu o conteúdo do texto de Castro. ""Não desejo a morte de ninguém. Minha religião o impediria"", publicou em rede social após a repercussão. ""Mas, ao fazer, como faço aqui, um clipping diário da mídia, não posso nem devo ignorar o que me pareça que repercutirá, mais ainda quando publicado em um grande jornal. Seria uma forma odienta de autocensura"", afirmou Noblat. ""Por fim: vida longa ao presidente Jair Bolsonaro para que ele possa colher o que plantou"", escreveu. Imagine que você cresceu em bairros periféricos e não teve acesso a muita coisa boa que permite as pessoas se educarem e ganharem dinheiro. Agora, imagine que você escuta com frequência, porque trabalha para a elite, coisas como “minha empregada, coitada, é evangélica, não teve opção na vida”, “essas crianças vão reproduzir a violência que veem nos seus bairros e nas suas casas”, “pessoas ignorantes votam em idiotas”, e por aí vai. Agora, imagine que essas pessoas da elite, com as quais você convive profissionalmente, resolvem explicar para você que, como você é ignorante e pobre, você acredita em fake news. Imagine você, servindo cafezinho para essas “gentes”, enquanto eles e elas, todos e todas bem chiques, discutem a complexidade do impacto da desinformação na era das mídias sociais e como isso fortalece discursos populistas do tipo Trump e Bolsonaro. Arriscaria dizer que não adianta ficarmos xingando os invasores do Capitólio em Washington, do dia 6 de janeiro, porque eles não acreditam em nós que somos mais inteligentes, mais ricos (no geral) e mais bem informados. Somos essa elite chique que discute a complexidade do impacto da desinformação na era das mídias sociais e como isso fortalece discursos populistas tipo Trump e Bolsonaro. Eles são os que fazem nossas estantes em nossas bibliotecas ou os que fazem o encanamento de nossas casas de praia. Agora, eles têm formas de transformar o ressentimento e a exclusão de postos institucionais de produção de informação em ação. Diria, em práxis. Eis o caráter democrático popular das redes. A vocação à tagarelice na democracia já era apontada por Alexis de Tocqueville (1805-1859) em seu monumental “Democracia na América”. A elite não gosta de ruídos e falta de educação. Mas é típico de toda elite hoje ser condescendente com os menos afortunados. E, quando esses se fazem revoltosos, temos uma gama de justificativas para julgá-los. A extrema direita americana e brasileira julgam ter atingindo o grau de verdadeiros revolucionários e disputam pau a pau o vocabulário jacobino. A esquerda, atordoada, como toda elite quando vê gente se comportando de forma inadequada em relação ao status quo, busca explicações para se acalmar à noite, além de tranquilizantes. Essa turba não está nem aí para as instituições democráticas. Consideram-nas todas corruptas e defensoras das elites. Xingam jornalistas de mentirosos porque a mídia é elite, assim como as universidades. Há uma ruptura de vocabulário que a inteligência pública insiste em não reconhecer porque alimenta, ainda, o fetiche de termos como “revolucionário”, “quebra de paradigmas”, “preconceitos estruturais” e afins. Essa turba pensa que nós temos um preconceito estrutural contra gente que não aceita nossas explicações sofisticadas para o mundo deles. As redes sociais estão criando uma ruptura radical na semântica da reflexão pública, trazendo à tona todo um universo de significados políticos (e outros) que a maioria de nós não consegue assimilar porque aderimos a um jogo de linguagem de gente chique: “defesa das instituições democráticas” soa, para os descamisados dos Estados Unidos, como “se não tem pão por que não comem brioche?”. Essa turba aprendeu a lição da disputa por narrativas e sabe que as pessoas, na realidade profunda do cotidiano, acreditam em qualquer lixo que as agrade. O povo, quando faz o que eu acho idiota, é ignorante. Quando faz o que eu acho legal, é progressista. Um detalhe significativo. Luís Corrêa Lima, no seu “Fernand Braudel e o Brasil, Vivência e Brasilianismo (1935-1945)”, lançado pela Edusp, em 2009, dedica excelentes páginas à missão francesa na USP nos anos 1930, da qual Braudel fez parte. Numa dessas narrativas, vemos que os jantares inteligentes da elite paulistana de então tinha que ter seu francês inteligente, antes do vinho e do jantar, ilustrando a noite. Essas “gentes” tinham seus serviçais ignorantes também. Nada mudou. Continuamos com nossos franceses, em nossos jantares inteligentes, em que vomitamos com demonstrações de política sem educação. Quando pendurou as chuteiras, em dezembro de 2014, o meio-campista Alex já tinha a convicção de que seria treinador. Só não quis fazer a transição imediatamente. Era preciso, na sua visão, se desintoxicar do ambiente do futebol e adquirir conhecimento teórico. Nos últimos anos, enquanto participou do programa Resenha ESPN, o ex-meio-campista estudou, fez os cursos da CBF (até a Licença A) e procurou se aprofundar em práticas de gestão. A busca por ampliar o olhar lhe deu mais certeza de que seu futuro seria à beira do gramado, não dentro de um escritório. ""Precisei me ausentar e me isentar desse mundo. No meio disso, eu fiz um curso de gestão, mas ali percebi que não é para mim, não queria fazer isso. Eu queria estar no campo"", diz Alex, 43, que deixou as participações na TV para iniciar, em 2021, sua trajetória como técnico —ainda não se sabe em qual time. Em entrevista à Folha o curitibano fala sobre as ideias que quer implementar nas suas equipes e elogia os dois treinadores com quem mais levantou troféus: Luiz Felipe Scolari, no Palmeiras, e Vanderlei Luxemburgo, no Cruzeiro. Ambos no auge de suas carreiras. Na hora de escolher a referência para o seu trabalho na nova função, porém, Alex não nega: o futebol que ele quer como técnico é mais Luxemburgo do que Felipão. ""O Felipe me mostrou a importância de buscar a vitória, em cima de um pragmatismo, e muitas vezes funcionou. O importante era vencer o jogo, o campeonato. O Vanderlei, no meu período, jamais quis ganhar de qualquer forma. Eu lembro de ir para o vestiário ganhando, jogando bem, e ele pedindo para continuar marcando em cima, buscar o próximo gol"", conta o agora treinador. * Geralmente, o atleta passa a cogitar a carreira de técnico em algum momento no fim da carreira. Quando foi que você teve esse clique? Não sei se foi um clique. Eu jogava com o Deivid em 2003 e já falava a respeito. Dividi quarto com o Arce no Palmeiras e lembro dele fazendo anotações a respeito de treinamentos e conversando sobre isso. Eu sempre fui curioso, no sentido de questionar os mais velhos. Quando eu tinha técnicos que davam abertura, fazia muitas perguntas. E aprendi que não existe pergunta estúpida. Uma outra coisa que também foi natural na decisão é que eu era capitão da grande maioria dos times em que joguei. Tive abertura com o Vanderlei [Luxemburgo], com o Luis Aragonés, com o Zico. Devido à minha forma de ser, essa decisão foi amadurecendo ao longo dos anos. É comum que o jogador faça essa transição logo após pendurar as chuteiras. Você esperou seis anos. Por quê? Fiz isso de maneira proposital. Mesmo o jogador mais generoso do mundo é egoísta. Se você acompanhar o dia a dia de um clube, muitos jogadores não sabem se o companheiro é casado ou não, se nasceu no Nordeste ou no Centro-Oeste. O que eu pensei? Eu não quero trabalhar com jogadores que em algum momento tive algum tipo de relação. E ao mesmo tempo eu preciso ter um olhar mais macro da situação. Precisei me ausentar e me isentar desse mundo. E também curtir um pouco a minha família, ver meus filhos crescendo. Depois fui pegando a parte teórica. Eu parei em dezembro de 2014, fiquei seis meses sem fazer nada. Aí veio o convite da ESPN e pensei: opa, vou descobrir um pouco mais sobre esse espaço, saciar uma curiosidade de como funciona o jornalismo. E a experiência foi superboa. Enquanto isso, fiz um curso de gestão, mas ali eu percebi que não é para mim. Eu queria estar no campo. Tem jogador que não gosta de ex-colegas que viram comentaristas. Você teme que isso possa atrapalhar de alguma forma? Acho que não atrapalha porque eu não fui comentarista mesmo, eu devo ter feito pouquíssimos jogos. Participava mais do Resenha [ESPN], que não fala do factual. E um dos meus pedidos quando fui para a televisão era participar o mínimo possível dos programas diários de debate. Eu não fui Caio Ribeiro, não fui Ricardinho, Pedro [Pedrinho, ex-Vasco], Roger Flores, o pessoal que está na TV todo dia. E a questão do jogador que se torna comentarista é a maneira como se faz o comentário, não o comentário. Você está abrindo mão de uma vida estável na TV, com sua família, para assumir a função mais instável no futebol, que é a de técnico. O treinador também tem culpa na ciranda de trocas de comando? Não uso nem a palavra culpa, uso responsabilidade. Treinador, dirigente, o próprio torcedor, a imprensa. Todos querem ganhar e só ganha um. Existe uma discussão que no Brasil ainda é muito rasa, sobre o trabalho. Na Europa, você entra no vestiário de um clube e vê os objetivos: primeiro, não cair para a segunda divisão. Objetivo 2: atingir X pontos. Depois, tentar classificar para uma competição europeia. O clube sabe o tamanho dele. No Brasil tem uma falácia muito grande que é a de achar que 12 times podem ganhar o Campeonato Brasileiro. Mentira. Mas tem gente que vende isso. Se você buscar matérias na imprensa, sempre tem: ""O Palmeiras vai ganhar todas as competições"". Ninguém no Palmeiras disse isso. Com a velocidade do WhatsApp, das redes sociais, coisas não faladas passam a ser verdadeiras. Eu tenho uma vida muito estável, independentemente da televisão. Não tinha necessidade nenhuma de voltar ao futebol. A minha volta é paixão, é o campo, a bola, o envolvimento com o jogo. Nesse processo de estudo enquanto esteve fora, você tirou todas as licenças necessárias para trabalhar na Série A. O que achou dos cursos da CBF? Ajudou a organizar as ideias. Em termos de volume, do valor das aulas dadas, eu sempre gostei muito. E indico o curso. Minha única ressalva é o valor, e falei isso para o pessoal lá. O valor é alto [a Licença A, necessária para comandar na elite nacional, custa R$ 8.840]. O investimento pra quem quer trilhar um caminho até a Licença Pro é um investimento alto. Mas em termos de conteúdo, de aprendizado, foi muito bom. O que poderemos ver dos seus times? Eu quero um time que, quando tiver a bola, tenha muita coragem para jogar, muita liberdade. O trabalho do treinador é montar a plataforma para que a individualidade do jogador aconteça. É isso que ganha jogo. Eu não acredito na história do nó tático. Um passe errado acaba com toda a parte tática. A parte tática, que todo mundo hoje quer falar, comentar, passa muito pelo que você tem na mão. Não adianta eu falar que eu quero um time assim, que marque pressão, mas chego em um clube e tenho um centroavante pesado, que não marca pressão. E tem o que o clube pode oferecer. Muitas vezes a ideia do treinador fica em segundo plano porque ele precisa ganhar o jogo, senão acaba perdendo o emprego. Mas num mundo ideal, utópico, com tempo para trabalhar com esses jogadores que você imagina para o seu jogo, quero um time agressivo, para que esteja jogando sempre perto do gol. Você trabalhou com Felipão e Luxemburgo no melhor momento da carreira desses dois treinadores. O que absorveu de cada um e o que levará para os seus trabalhos? O principal para mim é a relação pessoal e entender as diferenças que existem. Peguei o Felipe vindo do Japão, supercampeão no Grêmio, com uma ideia de jogo em que você tinha que ganhar, mas o interessante era só ganhar. Posso chamar nosso jogo, naquele momento, de pragmático. Ele tinha muita qualidade na mão, mas isso não era importante. O importante era vencer o jogo, o campeonato. O Felipe me mostrou a importância de buscar a vitória em cima de um pragmatismo, e muitas vezes funcionou. Possivelmente seja o treinador que mais venceu no futebol brasileiro. E é engraçado, porque no mesmo período eu tive o Luxemburgo como meu adversário, no Corinthians. Ele assume a seleção logo após 1998, eu começo a ir para a seleção com o Vanderlei. E com ele era uma outra forma de ver o jogo, de lidar com os jogadores. O Vanderlei, no meu período, jamais quis ganhar de qualquer forma. Eu lembro de ir para o vestiário ganhando, jogando bem, e ele pedindo para continuar em cima, buscar o próximo gol. Essa é a diferença básica entre os dois, e não faz com que um seja melhor que o outro. O que eu tiro dos dois é que o time tem de ser organizado. O Alex técnico será mais Felipão ou mais Luxemburgo? Eu sou mais Luxemburgo. Uma das coisas que aprendi com o Felipão é que eu tinha que fazer coisas diferentes, porque se não fizesse essas coisas possivelmente não jogaria. Na forma como eu atuava, eu me enquadrava muito mais no que o Vanderlei entendia do jogo. Com o Felipe, achei uma forma de jogar e ele achou minha posição. E aí nos encontramos no meio do caminho sobre o que queríamos para o jogo. E esse é o trabalho dos treinadores. Foi um período de riqueza nesse sentido. Tive que fazer um esforço menor com o Luxemburgo. Porque minha característica e a forma como ele via o jogo se encontravam antes mesmo de o jogo começar. E com a forma do Felipe de ver o futebol, eu precisei me esforçar mais para me encontrar com ele. Esses dois técnicos têm enfrentado muitas críticas nos últimos anos, relacionadas a uma suposta defasagem de conceitos mais modernos de jogo. Acha as críticas justas? Eu acho injustas, e explico o porquê. Vou te dar o exemplo de um jogo que vi, Palmeiras x Athletico. O Abel [Ferreira] colocou o Luan como volante. E a leitura dos comentários foi que o Abel estava buscando novas opções dentro do grupo, colocando o Luan, que é zagueiro, como volante. O Felipão já fazia isso com o Roque Júnior em 1997. Eu estive na imprensa esportiva todos estes últimos anos. O trabalho é deixado de lado e a análise é levada pela pessoa. O Adilson Baptista era chamado de professor pardal, porque colocava alguns jogadores fora de posição. Se não fosse o Adilson, fosse outro treinador, a colocação seria feita de forma diferente. As críticas são normais, mas as coisas são colocadas de maneiras injustas, com o personagem à frente. Se um treinador jovem faz um trabalho e chega em quinto lugar, é um trabalho valorizado. Está começando a carreira. Se esse mesmo trabalho for desenvolvido por um Felipão, Abel [Braga], Luxemburgo, treinadores que já têm história, o parâmetro é a própria história, os títulos conquistados. Revelada pelo Painel em abril de 2020, a saga da importação de aparelhos respiradores da China, com parada na Etiópia, mobilizada sigilosamente pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), para escapar de possível confisco do governo federal, virou livro. ""A Operação Secreta Etiópia-Maranhão"" (editora Vestígio), do jornalista Wagner William, vencedor do Prêmio Herzog, entra em pré-venda nesta segunda-feira (11). A obra conta os detalhes e os bastidores da ação tratada como ""operação de guerra"" pelo governo do Maranhão contra a Covid-19. A logística passou a ser estudada pela equipe de Dino no ano passado após sucessivas reservas de respiradores terem sido atravessadas por Alemanha, Estados Unidos e pelo próprio governo federal. Os equipamentos saíram da China, passaram pela Etiópia, foram desembarcados em São Paulo e colocados em avião fretado para São Luís. Eles foram postos em funcionamento horas depois de chegarem. Depois de revelada a operação, a Receita Federal disse que ela havia sido ilegal, pois ""realizada sem o prévio licenciamento da Anvisa e sem autorização da Inspetoria da Receita Federal em São Luís, órgão legalmente responsável por fiscalizar a importação das mercadorias"". A Receita afirmou então que tomaria as medidas cabíveis contra os envolvidos e aplicou a pena de perdimento (confisco) dos respiradores, que implica no desligamento e retirada dos equipamentos. No entanto, a Justiça Federal da 1ª Região suspendeu a pena. O juiz Jose Valterson de Lima destacou, em sua decisão, que ainda que se admita, conforme alegou a administração federal, que o estado do Maranhão agiu com ""truculência"", é possível afirmar que agiu dessa forma devido ao ""aumento no número de óbitos em decorrência da Covid-19 e tendo visto algumas de suas iniciativas malograrem pela ação do governo federal e de governos estrangeiros"". Uma vacina contra a Covid19 desenvolvida no Brasil só deve chegar à última fase de testes em 2022. Os projetos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que é vinculada ao Ministério da Saúde, acabam de começar os testes em hamsters e ainda partirão para provas em primatas não humanos. O Instituto Butantan, do governo de São Paulo, tem projetos em fase pré-clínica e outros em etapas anteriores. Para cientistas brasileiros, a falta de investimento e de empenho do governo em promover um imunizante 100% nacional prejudica o combate à pandemia no país, mesmo após o início da imunização com vacinas de origem estrangeira, como está previsto para ocorrer com a chinesa Coronavac e a vacina inglesa da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca. Segundo relatório do Ministério da Saúde, atualizado em 30 de novembro de 2020, há 16 projetos de pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina em andamento no país –todos em fase pré-clínica, quando testes são realizados em células ou animais. É o relatório mais recente da pasta sobre o tema. Na lista de vacinas em desenvolvimento da OMS (Organização Mundial da Saúde), porém, apenas três projetos brasileiros foram registrados até a sexta-feira (8). Segundo a pasta, oito iniciativas nacionais recebem apoio financeiro do Ministério da Saúde, do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Desde 22 de dezembro, o MCTI propõe ao Ministério da Economia uma MP (medida provisória) para liberar R$ 390 milhões em caráter emergencial para financiar até três projetos na fase 1 dos ensaios clínicos e pelo menos um projeto na fase 3, a última antes da liberação da vacina. Até a noite desta última sexta (8), 17 dias depois, não havia uma resposta da pasta de Paulo Guedes ao ofício do MCTI. Técnicos do MCTI registraram nos documentos que embasam o pedido os riscos existentes para o país caso não seja liberado o dinheiro e o Brasil fique sem vacina própria. O principal deles é a evolução do vírus, que pode caminhar para mutações com características próprias na região. “Seria imprevisível se fôssemos acometidos por mutações no vírus Sars-CoV-2 que levassem o vírus a se tornar resistente às vacinas existentes. Certamente, o domínio de uma tecnologia nacional mitigaria essa imprevisibilidade”, afirma um documento usado para embasar a liberação extra de R$ 390 milhões. O mesmo documento diz que, “caso a linhagem resistente seja endêmica no Brasil, teríamos muita dificuldade em adaptar vacinas existentes sem o domínio da tecnologia em território nacional”. A nota técnica é do mesmo dia do pedido de edição da MP. O MCTI não respondeu aos questionamentos da Folha sobre ter pedido os recursos somente no fim de 2020. A reportagem procurou todas as instituições responsáveis por pesquisas com uma vacina brasileira, para saber o estágio dos estudos e a dependência da liberação de recursos públicos. A maioria planeja testes em humanos somente em 2022 —em boa parte dos institutos, falta dinheiro para essa fase, a mais cara do processo. A USP está envolvida em sete projetos de pesquisa para criação de um imunizante. O Instituto Butantan e a Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos no Rio de Janeiro e da Fiocruz Minas, aparecem na sequência, com três iniciativas em cada instituição. Os métodos das vacinas em desenvolvimento variam, e vão desde técnicas mais conhecidas e utilizadas, como a de vírus inativado, até mecanismos mais modernos, como o uso de DNA e nanopartículas para induzir uma resposta imunológica. Todas as vacinas carregam de alguma forma um antígeno, uma pequena porção do patógeno que tem a identidade reconhecida pelo corpo e ativa a resposta imunológica. Um dos projetos mais avançados no país é desenvolvido pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP). Ali, os pesquisadores esperam que a formulação em teste entre em estudos clínicos ainda neste ano. Segundo o imunologista Jorge Kalil, que é ex-diretor do Instituto Butantan e coordena a iniciativa, os testes em humanos têm financiamento garantido de R$10,5 milhões, fornecidos pelo MCTI. A pesquisa fez, inicialmente, uma análise da resposta imunológica do corpo ao entrar em contato com o Sars-CoV-2. Depois, os pesquisadores selecionaram os melhores antígenos para uma vacina, que atualmente passa por estudos pré-clínicos. De acordo com Kalil, o objetivo é criar um imunizante para ser usado nas mucosas orais ou nasais. “Isso facilitaria muito a aplicação, que não dependeria de seringas e agulhas”, afirma. A compra dos equipamentos é outro fator que preocupa e pode atrapalhar um plano de imunização nacional. Outro projeto entre os mais adiantados é realizado pela empresa de biotecnologia brasileira Farmacore, em parceria com a americana PDS Biotech e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). A vacina em desenvolvimento ali é baseada em nanopartículas e proteínas recombinantes, pequenas partes do vírus produzidas por bactérias ou células que recebem informação genética do patógeno. A pesquisa passa pela fase final de estudos pré-clínicos. Segundo Helena Faccioli, diretora da Farmacore, a previsão é de que os ensaios clínicos comecem em maio deste ano. A executiva estima que serão necessários cerca de US$ 100 milhões para a fase 3 dos testes em humanos e diz que a empresa busca parcerias e financiamento. No Instituto de Biociências da USP, quatro projetos são realizados sob coordenação do biólogo Luís Carlos de Souza Ferreira, diretor da unidade. Entre as plataformas investigadas estão vacinas com base em DNA e nanopartículas, e outros dois projetos para desenvolver imunizantes baseados em proteínas recombinantes. Segundo Ferreira, todos os projetos estão na fase pré-clínica. Em Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, dois projetos estão em andamento com recursos próprios e de captação externa, de acordo com Márcia Arissawa, assessora de Desenvolvimento Tecnológico da unidade. Uma das vacinas em teste na instituição usa a técnica de subunidade, ou seja, um pequeno pedaço do vírus capaz de induzir resposta imune no corpo. A outra usa peptídeos sintéticos que correspondem a pequenas porções de proteínas do vírus. Segundo Arissawa, os projetos estão na fase de testes em animais. Na lista do Ministério da Saúde, o Instituto Butantan aparece com três pesquisas em andamento na fase pré-clínica. A instituição, porém, não detalhou os estudos a pedido da reportagem e diz que não faltam recursos para as pesquisas. Alguns cientistas reorientaram seus projetos em busca de uma solução. É o caso de pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) que desenvolvem uma vacina que usa como vetor um polímero de origem bacteriana capaz de carregar o antígeno do Sars-CoV-2 para o corpo. Inicialmente, os estudos com o polímero eram voltados para o desenvolvimento de materiais. O grupo recebeu financiamento no ano passado do CNPq e realiza testes em camundongos. Segundo Breno Castello Branco Beirão, professor do Departamento de Patologia Básica da instituição, os pesquisadores buscam parcerias que permitam avançar para a próxima fase de estudo. Outros cientistas tentam adaptar vacinas que já são bem conhecidas. A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Butantan, testa a possibilidade de usar a BCG, vacina usada contra a tuberculose —baseada em uma bactéria atenuada— para gerar imunidade contra a Covid-19. Os pesquisadores tentam fazer com que a bactéria contida na BCG passe a produzir as proteínas do coronavírus, segundo Sérgio Costa, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e coordenador da pesquisa. O estudo ainda não chegou aos testes em animais. Na avaliação de cientistas brasileiros, ainda é tempo de buscar uma vacina própria. “É uma questão de soberania nacional não depender de tecnologia estrangeira”, diz Costa. “Não tem vacina para todos no momento, e essa situação pode se estender até o fim do ano ou pelo próximo ano. Se tivermos opções nacionais nas mãos, nos tornamos independentes”, completa. “As vacinas disponíveis não são definitivas; vacinas são aprimoradas. Pode ser que tenhamos uma vacina brasileira igual ou melhor do que uma estrangeira, e ainda vai ser mais barato para o país”, afirma Kalil. China, Índia e Rússia, países em desenvolvimento como o Brasil, já possuem vacinas próprias aprovadas para uso emergencial. Para Ferreira, da USP, falta maior atuação do Ministério da Saúde, com investimento e fomento de parcerias. “Nenhuma dessas pesquisas nacionais vai competir com as vacinas já disponíveis. Então, o caminho é gastar bilhões de reais para licenciar os imunizantes estrangeiros e aplicá-los. O investimento é fundamental para que isso não se repita”, diz. De acordo com o pesquisador, ficou clara a falta de competência nacional para criar um imunizante. “Temos duas grandes empresas públicas que fabricam vacinas, mas não temos autonomia. Estamos praticamente de joelhos esperando pelos fabricantes do exterior. O Brasil não se preparou”, diz. Bio-Manguinhos/Fiocruz Tipo Sintética Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Um ano Tipo Baseada em subunidade proteica Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Um ano Fiocruz Minas e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas Tipo Baseada em vetores virais Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Fim de 2021 ou início de 2022 Duração de testes clínicos De um ano a um ano e dois meses Butantan/Dynavax/PATH Tipo Vírus inativado Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Não informado Duração de testes clínicos Não informado Butantan Tipo Vesículas de membrana externa Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Não informado Duração de testes clínicos Não informado Tipo Baseada em partículas semelhantes ao vírus Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Não informado Duração de testes clínicos Não informado Incor (USP) Tipo Baseada em partículas semelhantes ao vírus Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Ainda em 2021 Duração de testes clínicos Um ano Instituto de Ciências Biomédicas (USP) Tipo DNA Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos: Sem previsão Tipo Baseada em nanopartículas Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Sem previsão Tipo Baseada em proteína recombinante Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Sem previsão Faculdade de Ciências Farmacêuticas (USP) Tipo Baseada em nanopartículas Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Não informado Duração de testes clínicos Não informado Universidade Federal de Viçosa Tipo Baseada em proteína recombinante Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Em aproximadamente um ano Duração de testes clínicos 20 meses Universidade Federal do Paraná Tipo Baseada em nanopartículas Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Sem previsão Universidade Federal de Minas Gerais Tipo DNA Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Sem previsão Duração de testes clínicos Sem previsão Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (USP) Tipo Baseada em vetores virais Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Não informado Duração de testes clínicos Não informado Farmacore, PDS Biotech, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP Tipo Proteína recombinante e nanotecnologia Fase Testes anteriores aos ensaios clínicos Início dos ensaios clínicos Maio de 2021 Duração de testes clínicos Cerca de dois anos Fontes: Relatório de monitoramento de vacinas em desenvolvimento do Ministério da Saúde, Bio-Manguinhos/Fiocruz, Fiocruz Minas, Instituto Butantan, USP, UFV, UFPR, UFMG e Farmacore Após uma operação desbaratar uma quadrilha acusada de desviar mais de R$ 200 milhões da Prefeitura de Ribeirão Preto, o Ministério Público de São Paulo compartilhou com a PGR (Procuradoria-Geral da República) informações sobre suspeitas contra o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), hoje candidato à presidência da Câmara. A PGR enviou essas informações a um inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que tramita sigilosamente na corte desde 2018. Sob a relatoria do recém-empossado ministro Kassio Nunes Marques, o inquérito está atualmente em fase de diligências. Nos últimos cinco anos, esse foi um dos casos em que Baleia, familiares ou uma empresa ligada aos Rossi tiveram os nomes mencionados em suspeitas levantadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Houve referências na Lava Jato e na delação premiada de Joesley Batista e executivos da holding J&F, controladora da JBS. Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, o deputado negou envolvimento nas irregularidades e o recebimentos de valores ilícitos. Baleia está em seu segundo mandato como deputado federal, após 12 anos na Assembleia Legislativa de São Paulo. Foi também vereador. Entrou na disputa para suceder Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. É o nome de Maia contra Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As informações enviadas à PGR fazem parte da Operação Sevandija, que mirou fraudes em licitações da Prefeitura de Ribeirão Preto. As investigações começaram a partir de suspeitas de direcionamento de contrato para o fornecimento de catracas a serem instaladas em escolas. O caso foi comunicado à Procuradoria em 2016, após a 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto autorizar o compartilhamento de informações. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça o envio a Brasília de “relatório de compartilhamento elaborado pela Agência Regional de Inteligência do Ministério Público, com os respectivos documentos e mídias, diante das referências que surgiram ao deputado federal Baleia Rossi, durante as investigações da Operação Sevandija”. Entre a papelada encaminhada à PGR pelos promotores de Justiça Marcel Bombardi e Luciano Romanelli estava uma planilha apreendida em poder de um dos alvos da operação, o empresário Marcelo Plastino, que já morreu. Plastino era o dono de empresa que firmou contratos com o município. Na planilha consta o nome de Baleia relacionado a valores que totalizam R$ 760 mil, sendo R$ 660 mil supostamente repassados em parcelas mensais de R$ 20 mil por um período de 33 meses, além de R$ 100 mil nas eleições de 2014. Outros políticos de Ribeirão Preto também tiveram os nomes listados no tópico “Baleia” da planilha, com supostas transferências no total de R$ 600 mil. Foi também anexada ao pacote de informações enviado pelo Gaeco à PGR uma lista contendo indicações políticas para cargos na administração local. As investigações do Ministério Público indicaram a suspeita de que a prefeitura usava a Coderp (Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto) para contratar uma empresa, por meio de licitações fraudadas, para abrigar funcionários terceirizados indicados por políticos. Baleia foi apontado, ao lado de “Cícero”, como padrinho de algumas indicações. Cícero, de acordo com investigadores, seria o ex-vereador Cícero Gomes (MDB). Após as menções a seu nome nos autos da Sevandija, Baleia recorreu ao STF para que a documentação da operação fosse enviada à corte em 2017, levantando a tese de que a competência do tribunal estaria sendo usurpada pela Justiça de São Paulo. Em decisão de junho de 2017, o ministro Gilmar Mendes determinou ao juiz responsável pelo caso que prestasse informações sobre as investigações. Mendes foi informado pela Justiça que informações sobre o deputado do MDB já haviam sido anteriormente compartilhadas com a PGR. Kassio, que assumiu vaga na corte por indicação de Bolsonaro, é o atual relator do inquérito, que está “baixado para diligências” desde 16 de dezembro, última movimentação processual. Por meio de sua assessoria de imprensa, Baleia afirmou que não recebeu qualquer valor de Plastino. Aliados do emedebista atribuem menções ao nome dele em operações policiais realizadas em 2016 às eleições daquele ano, quando Duarte Nogueira (PSDB) venceu a disputa. Baleia era aliado de Dárcy Vera (PSD), então prefeita e adversária de Nogueira. Baleia foi citado também na Operação Alba Branca, ação da Promotoria paulista no início de 2016 contra a máfia da merenda no estado de São Paulo. A Alba Branca mirou grupo acusado de se instalar em dezenas de prefeituras paulistas e na Secretaria de Educação do estado para fraudar compras de merendas escolares. Pessoas ligadas à Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) envolveram políticos nas irregularidades, acusados de receber propina para facilitar a concretização de negócios. O ex-vice-presidente da entidade, Carlos Alberto Santana, e dois ex-funcionários citaram Baleia. Porém o delator Cássio Chebabi, ex-presidente da Coaf, negou envolvimento do emedebista. A exemplo da Sevandija, a PGR também recebeu informações sobre a Alba Branca do Ministério Público de São Paulo. No entanto, pediu ao STF o arquivamento do inquérito. “Trata-se, portanto, de arquivamento por insuficiência de provas”, afirmou o ministro Gilmar Mendes. Baleia é filho de Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ambos do PT. Pediu demissão em meio a uma série de irregularidades na pasta revelada pela imprensa. Em 2018, Rossi foi preso por determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, no inquérito que investigou suspeita de que o ex-presidente Michel Temer (MDB), por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de propina. O aliado de Temer presidiu a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal administradora do porto de Santos entre 1999 e 2000. A investigação foi um dos desdobramentos da delação premiada do empresário Joesley Batista e de outros executivos do grupo J&F. Joesley entregou à PGR uma planilha contendo nomes de políticos e empresas, além de valores que o empresário diz se tratar de caixa 2 nas eleições de 2010. De acordo com o relato inicial do empresário, foi feita doação não contabilizada para a campanha de Baleia por intermédio da Ilha Produções, pertencente a Paulo Luciano Rossi, conhecido como Palu e irmão do deputado. O documento listou três repasses para a empresa, em um total de R$ 240 mil, entre os meses de agosto e setembro de 2010. “Tais doações na forma de ‘caixa dois’ tiveram por escopo manter um bom relacionamento com o referido agente político e sua boa vontade em relação a futuros pleitos da empresa”, afirmou Joesley. Baleia negou “ter recebido valores ilegais ou irregulares” do grupo J&F. A Ilha também foi mencionada no acordo de delação premiada que o marqueteiro Duda Mendonça firmou com a Polícia Federal. Duda disse que a produtora recebeu R$ 4 milhões em ""recursos não contabilizados"" referente à campanha de Paulo Skaf (MDB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e candidato ao Governo de São Paulo em 2014. Segundo Duda, o dinheiro foi pago pela Odebrecht. Em abril do ano passado, a Lava Jato incluiu Palu na denúncia enviada à Justiça Eleitoral em São Paulo contra Skaf, acusado de crime eleitoral. Por meio da assessoria de imprensa, o deputado Baleia Rossi afirmou que nenhum valor ilícito foi recebido por ele, como sugeriu planilha apreendida em poder de empresário alvo da Operação Sevandija, de 2016, que apurou fraudes em contratos da Prefeitura de Ribeirão Preto. Baleia disse que o empresário investigado era figura pública em Ribeirão Preto, mas que eles nunca foram amigos, “nunca tiveram negócios nem sequer se reuniram” e que nunca fez indicações para o preenchimento de cargos na administração local. O parlamentar acionou sua defesa e, de acordo com a nota da assessoria, não houve qualquer intimação de seu cliente e não houve acesso aos autos do inquérito em tramitação no STF para onde a PGR enviou informações da Sevandija. O emedebista disse ainda que não fez indicações políticas para a administração local, como sugeriu outro documento apreendido na mesmo operação. Sobre as citações no bojo da Operação Alba Branca, que investigou a máfia da merenda em São Paulo, Baleia disse que, a pedido da PGR, o STF arquivou o caso. “Nos autos, o único delator Cássio Chebabi negou, em mais de um depoimento, qualquer participação de Baleia Rossi nos episódios. Infelizmente, o caso tem sido usado para manchar a sua imagem”, afirmou a defesa do congressista. A nota afirma ainda que o marqueteiro Duda Mendonça, em sua delação, em nenhum momento envolveu o deputado. Duda disse que uma empresa ligada à família Rossi, a Ilha, recebeu valores da Odebrecht referentes a caixa 2 da campanha de Paulo Skaf ao Governo de São Paulo. Sobre as menções em outra delação, a da JBS, a defesa do deputado afirmou que Joesley já apresentou três versões distintas sobre um suposto pagamento e nenhum elemento de prova. “Não obstante, o deputado nega ter recebido valores ilegais ou irregulares”, diz a resposta enviada à Folha. Candidato à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) é alvo de ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal) e de uma recente acusação enviada à Vara de Violência Doméstica do Distrito Federal. A medida decorre de um documento apresentado pela sua ex- mulher, mãe de seus dois filhos, Jullyene Cristine Santos Lins, em agosto do ano passado, ao STF. Na petição, anexada a um processo em que Jullyene acusa Lira de injúria e difamação, ela afirma que “o medo a segue 24 horas por dia, pois sabe bem o que o querelado [Lira] é capaz de fazer por dinheiro”. Por outro lado, Lira diz que, ao longo do tempo, as denúncias da ex-mulher ""mostraram-se infundadas"". Jullyene diz que o deputado, com quem foi casada por dez anos, faz insultos não só contra ela, “mas também tentando diuturnamente promover o afastamento familiar dos filhos, principalmente o mais novo, com discursos de ódio e chantagens emocionais”. Cita o “enquadramento do querelado na Lei Maria da Penha e necessidade de proteção urgente” para ela e o seu atual companheiro. O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu em outubro que o caso fosse encaminhado para um dos Juizados de Violência Doméstica “do local dos fatos”. O parecer foi aceito pelo ministro relator do caso no Supremo, Luís Roberto Barroso, que encaminhou a um Juizado de Violência Doméstica de Brasília. Lira, porém, apresentou recurso contra a decisão, que deve ser julgado pelo STF em fevereiro. Em outra decisão do tribunal, de 2018, o deputado perdeu o registro de sua arma, uma pistola de marca Glock calibre 380, por decisão do ministro Edson Fachin, e teve que entregá-la à Polícia Federal para destruição. O processo foi aberto em decorrência de outra ação de violência doméstica movida por Jullyene contra Lira, em que o deputado foi absolvido nove anos depois. Em 2006, ela apresentou queixa por lesão corporal contra o então deputado estadual à Polícia Civil. Afirmou no depoimento que, após ficar sabendo que ela estava se relacionando com outro homem, depois da separação, Lira foi até sua residência e a agrediu com tapas, chutes, pancadas e “arrastada pelos cabelos, tendo sido muito chutada no chão”. Disse que, indefesa, perguntava o porquê daquilo, ao que o deputado a chamava de ""rapariga e puta"". Acrescentou que, no momento em que agredia, Lira colocava a mão em sua boca para abafar seus gritos e dizia que mataria a declarante para ficar com os seus filhos. A agressão, segundo ela, durou 40 minutos. A babá teria ouvido gritos de socorro e ligou para a mãe de Jullyene, pedindo ajuda. Esta teria chegado ao local e expulsado o homem, que chegou a dizer, segundo ela, que ""onde não há corpo, não há crime”. Jullyene anexou fotos das lesões ao processo e o caso foi parar no STF. Em 2015, Lira foi inocentado do caso, após ela mudar a versão da história, assim como todas as testemunhas, e dizer que fez a denúncia “por vingança”. Em 2007, ela fez outra denúncia contra Lira, desta vez por ameaça. Segundo a acusação, a ex-mulher afirmou que Lira disse à babá que “os seus dias estavam contados” e que iria buscar o filho menor, mesmo sem sua permissão. A babá confirmou a denúncia, e Lira foi indiciado no Tribunal de Justiça de Alagoas. O desembargador Orlando Monteiro Cavalcanti aceitou a denúncia, em dezembro de 2007, e proibiu Lira de manter contato pessoal, telefônico, por escrito, ou qualquer outro meio com a vítima, seus familiares, ou testemunhas do caso. Lira teria recusado a aceitar a ordem dizendo ao oficial de Justiça ""eu recebo já essa merda”. Depois disso, o desembargador o enquadrou no crime de coação no curso do processo e mandou prender Lira. O caso também foi parar no STF, mas prescreveu e o deputado não recebeu punição. Na acusação feita no ano passado, Jullyene diz que o único objetivo de Lira é “continuar coagindo e assustando quem há 12 anos sofre com processos judiciais intermináveis, intervenção com busca e apreensão em casa pela Polícia Federal”. Ela também acusou Lira de ocultação de bens —segundo ela, o deputado tem um patrimônio de R$ 11 milhões. A denúncia foi enviada ao Ministério Público de Alagoas, que investiga o caso. Além disso, Lira, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na eleição para a presidência da Câmara em fevereiro, responde a dois processos no STF. Um deles é sob acusação de corrupção passiva, em denúncia oferecida em abril de 2018 pela PGR. Lira, segundo o órgão, teria recebido propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, em 2012. Em troca, teria prometido apoio político para se manter no cargo. O valor foi apreendido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um assessor parlamentar de Lira, que tentava embarcar para Brasília com o valor escondido nas roupas. Em novembro, a 1ª Turma do STF rejeitou um recurso do parlamentar e decidiu mantê-lo como réu. O deputado também responde ao inquérito chamado “quadrilhão do PP”, por suposta participação em esquema de desvios da Petrobras. De acordo com a acusação, desdobramento da Lava Jato, integrantes da cúpula do PP integrariam uma organização criminosa, com ascendência sobre a diretoria da Petrobras, e que desviava verbas em contratos da estatal. A denúncia foi aceita pela 2ª Turma do Supremo, em junho de 2019, mas a ação penal ainda não começou a tramitar. Já em junho do ano passado, a PGR denunciou Lira sob acusação de corrupção passiva por supostamente ter recebido R$ 1,6 milhão de propina da empreiteira Queiroz Galvão em troca de apoio do PP para a permanência de Paulo Roberto Costa como diretor da Petrobras. Porém, três meses depois, a PGR voltou atrás da denúncia e disse que havia fragilidade nas provas produzidas por ela própria. No STJ (Superior Tribunal de Justiça), tramita um recurso movido por Lira para tentar liberar bens que foram bloqueados em uma ação da Lava Jato há quatro anos. Ele e o seu pai, Benedito de Lira (PP), ex-senador e atual prefeito de Barra de São Miguel (AL), tiveram bens bloqueados no valor de até R$ 10,4 milhões. O pedido decorreu de uma ação da 11ª Vara Federal do Paraná de improbidade administrativa em que os dois são acusados de se beneficiar de R$ 2,6 milhões desviados da Petrobras. No mês passado, Lira também foi absolvido das acusações de prática de ""rachadinha"" pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. A denúncia contra Lira pedia a condenação do deputado por peculato, a proibição do exercício de função pública e ainda pagamento de indenização por dano moral coletivo. Ele havia sido acusado pela PGR de desvio de verbas da Assembleia Legislativa de Alagoas, por meio de apropriação de salário de servidores e empréstimos na rede bancária pagos com verba de gabinete. O juiz Carlos Henrique Pita Duarte aceitou a tese da defesa de que a Justiça Federal não deveria atuar no caso porque os fatos são relacionados a supostos desvios de recursos estaduais. Por meio de sua assessoria, Arthur Lira afirmou que todos os processos da Lava Jato que vieram a julgamento foram arquivados e os próximos devem ter o mesmo desfecho. ""Três processos no STF foram arquivados e, no quarto processo, a própria Procuradoria-Geral da República pede o encerramento. Em outro, a acusação nem sequer possui amparo legal válido para o período questionado. É natural, portanto, a solicitação da liberação dos bens bloqueados referentes a essas acusações"", disse. Sobre os relatos da ex-mulher, Lira diz que as denúncias dela sempre se mostraram infundadas. O parlamentar disse ainda que seu patrimônio ""é declarado publicamente a cada nova eleição"". ""As alegações de ocultamento estão relacionadas a patrimônio que já está em posse da ex-mulher, por meio de um acordo judicial. Ou seja, não pertencem mais ao deputado e a disputa judicial está encerrada. A guarda dos filhos também está decidida pela Justiça"", disse. O deputado afirmou que possuía posse de arma ""para mantê-la em sua residência"". ""Na sua renovação de posse, por ter processo na Justiça em andamento e em cumprimento ao Estatuto do Desarmamento, foi indicado que não poderia renovar o registro. Assim, o deputado solicitou a transferência de titularidade para entregá-la a um terceiro."" Também disse que nunca foi preso ou detido. ""Por estar em uma sessão, não pôde receber um oficial de Justiça no exato momento em que chegou à Assembleia Legislativa de Alagoas. O oficial não quis aguardar o final da sessão e retornou ao tribunal. A ordem de prisão que se seguiu foi feita de forma ilegal e abusiva."" Jullyene e o advogado dela não responderam à reportagem. O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira (7) que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que houve fraude nas eleições de 2018 contribuem para a “ilegítima desestabilização das instituições”. Sem mencionar diretamente o chefe do Executivo, o magistrado disse que a “vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam”. ""Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições."" Barroso cobrou que Bolsonaro apresente as provas prometidas desde março de 2020 de que teria sido eleito no primeiro turno em 2018. Barroso condenou, ainda, a afirmação de Bolsonaro de que, se não tiver voto impresso nas em 2022, “o problema será pior” que o ocorrido nos Estados Unidos, onde apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio para impedir a ratificação de Joe Biden como presidente. “Por fim, uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem. Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições”, afirmou o ministro. Barroso classificou o evento ocorrido nos EUA na última quarta-feira (6) como “atos de incivilidade e de ataque às instituições”. Segundo o ministro, os invasores do Congresso americano são “extremistas inconformados com a derrota”. O ministro destacou que a alternância no poder é “rito vital da democracia e não aceitá-la é vício dos espíritos autoritários, que não respeitam as regras do jogo”. Por meio de nota, o presidente do TSE também defendeu as urnas eletrônicas e afirmou que o sistema é auditável e fiscalizável, diferentemente do que afirma Bolsonaro. “Cabe lembrar que, nos Estados Unidos, existe o voto impresso, o que não impediu o ajuizamento de dezenas de ações para questionar o resultado eleitoral, todas sem êxito. Tudo o que não se precisa no Brasil é a judicialização do processo eleitoral”, frisou. Segundo Barroso, as urnas não operam em rede, ou seja, não têm conexão com a internet, o que as torna “imunes a ataques hackers”. Na quarta-feira (7), o ministro já havia rebatido declarações de Bolsonaro em uma nota curta. Hoje, Barroso endureceu o tom contra o chefe do Executivo. “Nunca se apresentou perante o TSE qualquer evidência ou mesmo indício de fraude. No Brasil, fraude havia no tempo do voto em cédula, o que está vastamente comprovado nos registros históricos”, assinalou. Ele ainda lembrou que o voto impresso não é possível de ser implementado no Brasil por decisão do STF, que o declarou inconstitucional por unanimidade. “O Tribunal concluiu que a impressão colocaria em risco o sigilo e a liberdade de voto, além de importar em um custo adicional de quase R$ 2 bilhões, sem qualquer ganho relevante para a segurança da votação”. Uma decisão provisória da Justiça de São Paulo obriga o governo do estado a conceder novamente gratuidade a passageiros com idade entre 60 e 64 anos. A liminar, foi expedida nesta quinta-feira (7) pelo juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo). Cabe recurso. A decisão do juiz Fonseca Pires inclui metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), que opera as linhas intermunicipais na Grande São Paulo. E não envolve ônibus municipais da cidade de São Paulo, que também tiveram o fim do benefício em uma ação conjunta entre o governo João Doria, e a prefeitura, gestão Bruno Covas, ambos do PSDB. O pedido pela retomada da isenção do pagamento a usuários entre 60 e 64 anos foi feito à Justiça pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas O magistrado suspendeu os efeitos do decreto assinado pelo governador João Doria (PSDB) no dia 23 de dezembro do ano passado, que obrigava os idosos com idade entre 60 e 64 anos a pagar passagens. A gratuidade para maiores de 60 anos foi instituída após os protestos de 2013 pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). O juiz considerou que o governador não poderia, sozinho, decidir pela alteração no sistema de gratuidade do transporte. Para que tal mudança pudesse ser feita, teria que partir do Poder Legislativo, ou seja, dos deputados estaduais. A área jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, um dos autores da ação, afirma que, após esta liminar, irá entrar com outro pedido, desta vez contra a prefeitura de São Paulo, para tentar obter decisão semelhante a respeito dos ônibus municipais. O governo do estado diz que, assim que for intimado, irá recorrer da decisão. Afirma ainda que ""as legislações federal e estadual em vigor foram devidamente observadas, tanto que a gratuidade para maiores de 65 anos foi preservada"". Quando anunciaram a redução do benefício, estado e prefeitura, por meio de nota conjunta, afirmaram que a medida “acompanha a revisão gradual das políticas voltadas a esta população, a exemplo da ampliação da aposentadoria compulsória no serviço público, que passou de 70 para 75 anos, a instituição no Estatuto do Idoso de uma categoria especial de idosos, acima de 80 anos, e a recente Reforma Previdenciária, que além de ampliar o tempo de contribuição fixou idade mínima de 65 anos para aposentadoria para homens e 62 anos para mulheres"". Também procurada, a Prefeitura de São Paulo disse que a ação não envolve o município. O valor atual da tarifa de ônibus municipal, metrô ou trem na capital paulista é de R$ 4,40. Os ônibus intermunicipais, da EMTU, têm valores variados de acordo com a linha. Quando o jogo apertava, Juninho Fonseca, ex-zagueiro da seleção brasileira, não pestanejava. Largava tudo na arquibancada, corria até o alambrado e soltava sempre o mesmo recado. “Passa para o 10, passa para o 10”, repetia, aos berros. Então diretor das categorias de base do Botafogo-SP em 2013, ele sabia que tinha “uma pedra preciosa”, como define, em mãos. Recém-chegado da cidade de Luís Antônio, vizinha de Ribeirão Preto, Alex Apolinário carregava a camisa muitas vezes gritada por Juninho, mas não mostrava sentir qualquer pressão. Alto e dono de uma passada larga, o meia fazia de tudo um pouco no time: armava, assistia os colegas e ainda finalizava na frente. O talento que levava funcionários do clube a compará-lo a antigos meias canhotos como Pita e Rivellino ficou escancarado para todo Brasil ver no início de 2015, durante a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Com Alex regendo a equipe, o Botafogo-SP fez uma campanha histórica e derrubou vários gigantes para fazer a final do torneio. Nas oitavas, bateu o Fluminense que tinha o centroavante Pedro, hoje no Flamengo. Em seguida, nas quartas, foi a vez do Grêmio do volante Arthur, agora na Juventus, ficar pelo caminho. E por fim, nas semis, sobrou para o Palmeiras e o atacante Gabriel Jesus, atualmente no Manchester City. Somente o Corinthians conseguiu parar a sensação do interior na decisão. A perna esquerda de Alex não era mais um segredo guardado. A despeito do vice-campeonato, o seu destino parecia selado: seguiria os passos do trio que despachou na Copinha e, em pouco tempo, estaria na Europa. “Eu imaginava ele um clube top de Portugal, por exemplo”, conta Juninho. “Era um meia raro, forte, elegante, chegava na frente para decidir o jogo. É aquele tipo de jogador que a gente na base fica muito feliz porque foi trazido direto do futebol amador, sem qualquer formação anterior, e deu aquele clique que você, como atleta, sente: esse vai virar."" Alex virou, correu por gramados europeus nem tão badalados, mas, nesta quinta-feira (7), os sonhos que foram imaginados para ele se esvaíram. Com apenas 24 anos, o meio-campista morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória no domingo passado (3), em jogo entre o Alverca, seu clube, e o União de Almeirim, pela terceira divisão de Portugal. Por volta dos 27 minutos do primeiro tempo, perto do círculo central do meio-campo, Alex caiu desacordado, sendo socorrido prontamente pela equipa médica dos dois times. Logo depois, foi conduzido de ambulância para o Hospital de Vila Franca de Xira, na grande Lisboa, onde ficou internado desde então. Ele teve a sua morte cerebral confirmada nesta quinta (7), pela manhã. Pai precoce, ainda aos 17, o jogador deixa esposa e dois filhos. Em sua homenagem, o Alverca decidiu aposentar a camisa 99 que utilizava e sinalizou que irá honrar integralmente com as obrigações contratuais que tinha com ele para apoiar a sua família. O corpo será levado ao Brasil para o funeral. Na última noite, na porta do estádio, havia um pequeno memorial com uma faixa que dizia “eterno Alex”, flores e velas. O percurso do meia cumpriu o roteiro de muitas promessas que despontam ainda novas. Depois de se destacar pelo Botafogo-SP, ele foi contratado pelo Cruzeiro. Em Belo Horizonte, chegou a fazer 17 partidas como profissional e integrar o grupo que venceu a Copa do Brasil em 2017, mas sem conseguir se firmar. Repassado por empréstimo, foi parar no Athletico após ter tudo fechado com o Londrina, vestir o uniforme da equipe e participar até de jogo-treino. A dificuldade em confirmar o potencial que apresentou durante a Copinha de 2015, ainda assim, era notória. “Eu achava que, pela qualidade do Alex, o físico impecável, a sua carreira poderia ter sido muito maior”, afirma Macalé, responsável por descobri-lo num torneio amador em Luís Antônio. “O seu grande problema é que ele era muito introvertido. Acredito que isso impediu que tivesse um processo mais natural até o topo. Faltou alguém ao seu lado para fazer esse aspecto desabrochar, porque o talento era evidente”, acrescenta. Sem conseguir jogar com regularidade, Alex se transferiu para o Alverca, tradicional time português que tenta se reerguer após a entrada recente de investidores brasileiros. Com o antigo diretor da base do Cruzeiro, Bruno Vicintin, na linha de frente, o clube ainda tem o ex-goleiro Artur Moraes como vice-presidente. A meta é voltar a projetar jogadores como no passado: Deco, Maniche e Ricardo Carvalho passaram por suas fileiras. Alex poderia ter sido o próximo. Na temporada passada, ele viveu seu momento de maior protagonismo, quando marcou um dos gols e liderou a equipe na vitória 2 a 0, dentro de casa, que eliminou o Sporting da Taça de Portugal. O meia que era impulsionado pelos gritos que vinham da arquibancada se despediu dos campos em silêncio e num triste vazio ao seu redor. O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) concedeu nesta quinta-feira (7) o pedido de liminar feito por sindicatos para restabelecer o transporte gratuito a idosos entre 60 e 64 anos no estado. Segundo a decisão do juiz Luis Manoel Fonseca Pires, da 3ª Vara de Fazenda Pública, o decreto assinado pelo governador João Doria em dezembro não se sobrepõe à lei estadual que determina a gratuidade a esse grupo. Na ação movida por sindicatos de aposentados e metalúrgicos, junto a CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas), na quarta (6), as entidades disseram que a medida representava um retrocesso e que foi ""ataque feito na surdina"" no momento de pandemia em que muitos idosos estão sustentando suas famílias. O fim da gratuidade no transporte coletivo a idosos entre 60 e 64 anos foi uma ação conjunta entre a Prefeitura de São Paulo e o governo do estado. Procurado, o governo paulista diz que vai recorrer de decisão quando for intimado. ""As legislações federal e estadual em vigor foram devidamente observadas, tanto que a gratuidade para maiores de 65 anos foi preservada"", afirma em nota. Paula Soprana (interina), com Filipe Oliveira e Mariana Grazini No dia seguinte à invasão do Congresso americano, o presidente Jair Bolsonaro disse que a falta de confiança nas eleições levou ""a este problema que está acontecendo lá"" e que, no Brasil, ""se tivermos voto eletrônico"" em 2022, ""vai ser a mesma coisa"" ou ""vamos ter problema pior que nos Estados Unidos"". Bolsonaro aproveitou a repercussão do ataque inédito à democracia americana para repetir, sem provas, as suspeitas que costuma propagar sobre a votação eletrônica brasileira —modelo diferente do adotado nos EUA. Na quarta-feira (6), a sessão de certificação do resultado da eleição americana, que teve a vitória de Joe Biden, foi interrompida quando uma multidão inflamada pelo presidente Donald Trump invadiu o Capitólio. Ao contrário de outros governos, que condenaram o episódio, a administração brasileira não se manifestou. Nesta quinta-feira (7), Bolsonaro comentou a situação dos EUA com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada. ""Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos"", disse Bolsonaro a apoiadores. Apesar de autoridades americanas negarem evidências de fraudes, ele insistiu nesta tese. ""O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda. Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí"", disse Bolsonaro. ""Então, a falta desta confiança levou a este problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa"", afirmou o presidente. O voto pelos correios criticado por Bolsonaro não se repete no modelo brasileiro, que adota as urnas eletrônicas —elas foram utilizadas pela primeira vez em todo o país no ano 2000. Em março de 2020, Bolsonaro chegou a prometer mostrar provas ""brevemente"" de fraude na eleição de 2018 —ele disse que deveria ter sido eleito no primeiro turno, e não no segundo. ""Eu acredito, pelas provas que eu tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito em primeiro turno"", afirmou Bolsonaro na ocasião. ""Nós temos não apenas uma palavra, nós temos comprovado. Nós temos de aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos"", disse. Quase um ano depois, porém, Bolsonaro nunca apresentou nenhuma evidência. Pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro mostrou que 73% dos brasileiros defendem que o sistema de voto em urna eletrônica seja mantido. Já o voto em papel, abandonado nos anos 1990, tem sua volta pleiteada por 23% da população. Do total de entrevistados, 69% disseram que confiam muito ou um pouco no sistema de urnas informatizadas, que passou a ser adotado gradualmente em 1996. Outros 29% responderam que não confiam. Nesta quinta, nos 17 minutos de vídeo divulgados por um canal bolsonarista, o presidente da República fez diversos ataques à imprensa. ""A fraude existe. Daí a imprensa vai falar 'sem prova, ele diz que a fraude existe'. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 18. Não estou falando que vou ser candidato ou que vou disputar as eleições"", disse Bolsonaro. Nesta quinta, o presidente brasileiro também criticou o fato de Trump ter tido suas redes sociais bloqueadas após publicações favoráveis aos invasores. ""Pode ver: ontem, nos Estados Unidos, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas"", declarou Bolsonaro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu o chefe do Executivo na tarde desta quinta. ""A frase do presidente Bolsonaro é um ataque direto e gravíssimo ao TSE e seus juízes. Os partidos políticos deveriam acionar a Justiça para que o presidente se explique. Bolsonaro consegue superar os delírios e os devaneios de Trump"", afirmou Maia em rede social. O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, respondeu a declaração de Bolsonaro de que houve fraude nas eleições que o elegeram presidente em 2018. Segundo ele, a corte “lida com fatos e provas, que devem ser apresentadas pela via própria”. E complementou: “Eventuais provas, se apresentadas, serão examinadas com toda seriedade pelo tribunal”. O vice-presidente do TSE, Edson Fachin, que comandará a corte entre março e agosto de 2022, divulgou uma nota para condenar a invasão no Congresso americano. O ministro afirmou, ainda, que a “violência cometida contra o Congresso norte-americano deve colocar em alerta a democracia brasileira”. “Em outubro de 2022 o Brasil irá às urnas nas eleições presidenciais. Eleições periódicas de acordo com as regras estabelecidas na Constituição e uma Justiça Eleitoral combatendo a desinformação são imprescindíveis para a democracia e para o respeito dos direitos das gerações futuras”, ressaltou. Para o magistrado, a “democracia não tem lugar para os que dela abusam” e quem desestabiliza a renovação do poder deve ser responsabilizado. “Alarmar-se pelo abismo à frente, defender a autonomia e a integridade da Justiça Eleitoral e responsabilizar os que atentam contra a ordem constitucional são imperativos para a defesa das democracias”, frisou O objetivo de movimentos como o ocorrido nos Estados Unidos, segundo Fachin, é “produzir destroços econômicos, jurídicos e políticos por meio de arrasamento das bases da vida moral e material”. O ministro Alexandre de Moraes, que integra o TSE e será o presidente do tribunal nas eleições de 2022, já havia comentado a invasão ao Congresso americano nas redes sociais na quarta-feira (6). Moraes é relator dos inquéritos que investigam disseminação de fake news e atos antidemocráticos no Brasil. “Os EUA certamente saberão responsabilizar os grupos que atentaram gravemente contra sua história republicana. Milícias presencias ou digitais, discursos de ódio e agressões às Instituições corroem a democracia e destroem a esperança em um futuro melhor e mais igualitário”, escreveu. Três dias antes do Natal, Bolsonaro voltou a defender a aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) apresentada pela aliada Bia Kicis que prevê a impressão de uma cópia do voto registrado na urna eletrônica para eventual checagem posterior. ""Se a gente não tiver voto impresso, pode esquecer a eleição"", respondeu ele a um apoiador que o questionou sobre o pleito de 2022, no qual deve disputar a reeleição. Em vídeo recente no canal no YouTube do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente afirmou que ""70% ou mais da população"" não confiam no sistema atual. Ele também reiterou apoio à PEC que institui a cópia impressa. A medida chegou a ser aprovada pelo Congresso em 2015, mas foi declarada inconstitucional pelo STF em setembro de 2020. A corte entendeu que isso colocaria em risco o sigilo e a liberdade do voto, aumentando a insegurança e favorecendo manipulações. * ‘Perder na fraude’ Em live, em setembro de 2018, quando se recuperava de facada “A grande preocupação realmente não é perder no voto [a eleição presidencial], é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta.” Supostas provas Durante evento em Miami, em março de 2020 “Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente [até hoje o presidente não apresentou o material], eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude. E nós temos não apenas palavra, temos comprovado, brevemente quero mostrar, porque precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes (...).” ‘Vão querer que eu prove’ Em novembro de 2020, após votar no pleito municipal “A minha eleição em 2018 só entendo que fui eleito porque tive muito, mas muito voto. Tinha reclamações que o cara queria votar no 17 e não conseguia. Vão querer que eu prove. É sempre assim.” Pior que os EUA Nesta quinta (7), ao comentar invasão do Congresso americano “Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos.” “Lá [EUA], o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí.” Em 20 de janeiro, Joe Biden tomará posse como 46º presidente dos Estados Unidos. Como essa mudança no governo afetará as relações entre Washington e a América Latina? Aqui estão algumas pistas. Uma perspectiva geral mostra, por um lado, que a América Latina é o reino da tensão e da desconfiança. Como ilhas solitárias no meio de um mar agitado, os países latino-americanos na época da Covid-19 parecem decidir tudo fronteira adentro. As políticas públicas para a pandemia e a pós-pandemia mostram muito pouca coordenação regional, e há um retrocesso sem precedentes em todas as instâncias de integração. Além disso, em muitos casos, não há sequer uma troca fluida de informações. O caso paradigmático desse modelo de país-ilha é o Brasil, que nos últimos meses se afastou ostensivamente de seus vizinhos latino-americanos (e também dos europeus). A realidade mostra que o espírito da Grande Pátria está passando por um mau momento, e esse é um dos piores momentos da história para a unidade latino-americana. Por outro lado, os Estados Unidos, uma potência atualmente imersa em uma crise econômica e militar que questiona substancialmente sua hegemonia, enfrentam um rival em ascensão que está se consolidando (China) e outras forças menores que também pretendem tomar seu lugar sob o sol (Rússia e Irã). Nesse contexto, duas possíveis linhas de ação são reveladas. A primeira é a chamada estratégia realista seguida por Trump, que consistia basicamente em abandonar a cooperação multilateral a fim de fechar-se em sua própria bolha, tentando evitar os efeitos negativos da globalização. Durante os últimos quatro anos, os Estados Unidos mostraram pouco interesse pela América Latina, embora essa indiferença não implicasse na ausência de uma perspectiva sistêmica, simples, mas, em última análise, baseada na Doutrina Monroe do século 19. Os Estados Unidos se apresentaram na região como o irmão maior que, no âmbito das relações interamericanas, tentou proteger os irmãos menores da influência maligna de atores não regionais, como a China, a Rússia e o Irã. O que está em jogo e o que pode ser mudado com Biden? Os objetivos do presidente eleito são os mesmos de Trump, ou seja, reposicionar os Estados Unidos como um jogador central no jogo global. Mas, embora o fim do jogo seja o mesmo, haverá algumas mudanças nas regras, e é aqui que é delineada a encenação de uma segunda estratégia que seria realizada pelo governo democrata. Em primeiro lugar, prevê-se um retorno dos Estados Unidos ao multilateralismo. Em segundo lugar, e isso tocará mais diretamente a América Latina, o estilo de Washington de se relacionar com a região passará da imposição aberta para a busca de consenso. Portanto, talvez não tenhamos outro episódio no horizonte, como a recente eleição de Claver-Carone como chefe do BID. Em terceiro lugar, é anunciado que questões como os direitos humanos e a mudança climática serão acrescentadas às questões tradicionais da migração e do tráfico de drogas. Entretanto, vamos ajustar o zoom e visualizar a situação de alguns países em particular. Em essência, as falhas na cooperação e o aumento dos curto-circuitos regionais têm sido causados até agora pela situação venezuelana. Trump falhou em sua tentativa de acabar com a experiência chavista, e Biden terá que superar esse fiasco da política externa estadunidense. Para isso, ele terá que apostar na reversão da política de sanções generalizadas para enfrentar questões humanitárias urgentes e, sobretudo, apoiar uma solução política para a situação na Venezuela que respeite a autonomia dos atores internos, ou seja, da oposição e do governo de Maduro, e deixar para trás, de uma vez por todas, potenciais soluções violentas para a crise. A luz no fim do túnel parece estar na realização de eleições legítimas, com um árbitro eleitoral verdadeiramente independente e atores que reconhecem e aceitam os resultados. No caso de Cuba, junto com a Venezuela, parte do chamado Oriente Médio latino-americano, as relações com os Estados Unidos visam melhorar (reativação de vistos e remessas), embora as possibilidades de retorno ao contexto de normalização que existiu durante a administração Obama pareçam distantes. Brasil, México e Argentina têm em si uma importância regional extra para os Estados Unidos. Os gigantes latino-americanos estão entre os dez maiores exportadores de alimentos do mundo, frequentemente ocupam posições em organizações internacionais, e os Estados Unidos nunca foram facilmente associados a eles. Com o México, há expectativas bem fundamentadas de que haverá elementos de ruptura e continuidade. Entre os primeiros, espera-se um resfriamento político das relações bilaterais que estará mais ou menos longe da extraordinária afinidade pessoal entre López Obrador e Trump. Novos conflitos surgirão a partir do anunciado monitoramento americano dos direitos trabalhistas e das questões ambientais no âmbito da TMEC. Dentre os segundos, o forte intercâmbio comercial entre os dois países continuará, assim como as relações diplomáticas mais permanentes e profissionais dos últimos anos, fortalecidas pelo fato de que o México ocupará um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas no período 2021-2022. Nesse sentido, os primeiros cem dias do governo de Biden serão fundamentais para saber como as relações entre os dois países amadurecerão definitivamente. O Brasil é o país latino-americano que mais tem a perder com a nova administração estadunidense, e suas expectativas são francamente negativas. O presidente brasileiro não hesitou em argumentar que a vitória de Biden foi o resultado de uma fraude eleitoral gigantesca, e isso completou seu isolamento regional. A derrota do bolsonarismo como força política nas eleições municipais de novembro de 2020 e a mudança do eleitorado da extrema direita para a direita moderada poderia ser o prelúdio para um revés de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, levando de alguma forma a um retorno do Brasil à arena internacional. Em qualquer caso, com ou sem Bolsonaro, a questão ambiental é apresentada como uma das questões que definirão a agenda entre os dois países. Em contraste, há uma série de países que aparecem com possibilidades e expectativas positivas em relação ao governo Biden. Um deles é a Argentina, que pode tornar-se um interlocutor privilegiado e, nesse sentido, o papa Francisco está desempenhando um papel ativo na aproximação entre Biden e Fernández. A Colômbia manterá seu status de país-chave para os Estados Unidos, como tem sido desde os anos 1990, e os países do triângulo norte da América Central (Honduras, El Salvador e Guatemala) continuarão a ser uma parte muito importante do controle das marchas migratórias que procuram alcançar os Estados Unidos. Deve-se notar que há vários países pequenos, como o Uruguai ou o Paraguai, que sempre se moveram pragmaticamente para além de qual partido governa ou quem quer que seja o presidente nos Estados Unidos, e não parece haver qualquer mudança nessas posições. Finalmente, uma referência ao caso da Bolívia. Deve-se lembrar que a Bolívia e os Estados Unidos não têm embaixadores desde 2008. Nesse contexto, o fato de que o atual presidente boliviano foi um dos cinco primeiros líderes mundiais a reconhecer formalmente a vitória de Biden, algumas horas após as eleições, sugere que uma nova era será inaugurada para as relações entre esses países, cujo primeiro passo anunciado será a reinstauração dos embaixadores à frente das delegações diplomáticas. Resta ver se, além desse fato, será consolidada pelo presidente Luis Arce uma linha diferente da política externa boliviana seguida na época por Evo Morales. www.latinoamerica21.com, uma mídia pluralista comprometida com a disseminação de informações críticas e verdadeiras sobre a América Latina. Tradução de Maria Isabel Santos Lima O presidente Jair Bolsonaro destoou dos chefes do Congresso Nacional brasileiro, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao deixar de condenar a invasão do Capitólio dos EUA, nesta quarta-feira (6), por apoiadores do presidente Donald Trump. Ao ser questionado por um apoiador em frente ao Palácio do Alvorada, em Brasília, o presidente disse que houve ""muita denúncia de fraude"" nas eleições americanas na qual o republicano perdeu para Joe Biden. “Eu acompanhei tudo. Vocês sabem que eu sou ligado ao Trump, já sabem qual a minha resposta. Agora, [houve] muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei há um tempo atrás, a imprensa falou ‘sem provas, o presidente Bolsonaro falou que foram fraudadas as eleições americanas'.” Os presidentes da Câmara e do Senado do Brasil, Maia e Alcolumbre, por sua vez, descreveram os atos em Washington como inaceitáveis em qualquer democracia e fruto de desespero. Insuflados por Trump, a ação dos militantes obrigou a Câmara e o Senado dos EUA a trancarem suas portas e a paralisarem a sessão que deveria confirmar a vitória presidencial de Joe Biden. “As imagens vistas de invasão ao Congresso Nacional americano, na tarde dessa quarta-feira (6), em uma tentativa clara de insurreição e de desprezo ao resultado das eleições por parte de um grupo, são inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade”, afirmou Alcolumbre, por meio de nota. “O Senado Federal brasileiro acompanha atentamente o desenrolar desses acontecimentos, enviando aos congressistas e ao povo americano nossa solidariedade e nosso apoio. Defendo, como sempre defendi, que a democracia deve ser respeitada e que a vontade da maioria deve prevalecer.” Maia afirmou que os atos em Washington são fruto de desespero de uma corrente antidemocrática, que saiu derrotada das eleições. Descreveu o grupo como “extremistas”. “A invasão do Congresso americano por extremistas representa um ato de desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições. Fica cada vez mais claro que o único caminho é a democracia, com diálogo e respeitando a Constituição”, escreveu o presidente da Câmara em suas redes sociais. Além dos chefes do Congresso Nacional, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso também usou as redes sociais e descreveu os autores do episódio como “apoiadores do fascismo”. “No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apóiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia”, completou. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que o resultado das eleições nos Estados Unidos representa a vontade legítima do povo americano. “Da mesma forma que os vencedores têm que saber vencer, os derrotados, principalmente, têm que compreender a derrota e aceitá-la, dentro de um sistema democrático que preza pela soberania da democracia a qualquer custo”, afirmou Trad à Folha. Desde o dia da eleição americana, em 3 de novembro, Bolsonaro repetiu argumentos falsos usados por Trump sobre supostas fraudes nas eleições —jamais confirmadas. Foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden, apenas em 15 de dezembro, um dia depois da votação do Colégio Eleitoral. Mesmo após o reconhecimento, o brasileiro continuou insinuando falta de lisura nas eleições americanas. Nesta semana, ao conversar com apoiadores, um deles sugeriu que até mortos haviam votado nas eleições nos Estados Unidos, ao que o presidente respondeu: “E não foi pouco, não”. Contrastando com o silência do presidente brasileiro, alguns de seus aliados se manifestaram para criticar o episódio desta quarta-feira. “Repudio a invasão do Congresso Americano. Parlamentos são os altares sagrados da democracia e jamais devem ser violados! Esquerdopatas invadiram o plenário da Comissão de Direitos Humanos quando eu presidia. Reclamei e não fui ouvido! Quase bateram em mim. Jamais esquecerei”, escreveu em suas redes sociais o deputado federal Marcos Feliciano (Republicanos-SP). Com uma atuação de time copeiro, o Palmeiras despachou o poderoso River Plate, por 3 a 0, na Argentina, e ficou muito próximo de se classificar para a sua quinta final de Libertadores, a primeira desde o vice de 2000. Para carimbar a vaga e disputar a final, no próximo dia 30 no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, o Verdão pode perder por até dois gols de diferença. O confronto da volta será na próxima terça-feira (12), no Allianz Parque. Com seis anos e meio à frente do River Plate, dois títulos da Libertadores (2015 e 2018), o time, que jogou no estádio Avellaneda, era apontado como favorito. Além disso, pela Libertadores, o mandante ostentava a invencibilidade de 12 partidas sem perder. A sequência de nove vitórias e três empates. Do lado palmeirense, o técnico português Abel Ferreira, que chegou em outubro e treina a equipe mais na conversa e vídeos do que no campo, entrou nesta semifinal como azarão. As primeiras ações da partida davam conta de que seria muito difícil o Palmeiras conseguir vencer o adversário pela primeira vez em solo argentino. Com dificuldades para impedir os avanços pela direita da defesa, o Verdão contou com o goleiro Weverton, que salvou no arremate do artilheiro Borré. Acuado, o Alviverde viu Borré chegar atrasado em um cruzamento para a área e depois Matías Suárez também em uma bola alçada. Só que esse Palmeiras, que foi campeão paulista e está na final da Copa do Brasil, mostrando como é um time copeiro, começou a destruir o poderoso River Plate sem piedade. Em um cruzamento para a área de Gabriel Menino, vindo da direita, o goleiro Armani errou ao cortar e a bola sobrou para Ronny, que emendou de primeira, a bola desviou em Montiel e enganou o arqueiro, aos 27min. Em desvantagem, os donos da casa quase empataram no último lance de perigo da primeira etapa. Aos 44min, Nacho Fernández carimbou o travessão na cobrança de falta. Só que o segundo tempo, o Palmeiras foi letal e logo tirou as esperanças de o River conseguiu a virada. Em uma arrancada fulminante, aos 2min, o atacante Luiz Adriano deixou para trás a marcação do zagueiro Rojas e chutou na saída do goleiro Armani. A situação ficou ainda melhor aos 15min, quando Gabriel Menino levou uma pancada de Carrascal e o jogador foi expulso. Dois minutos depois, em uma cobrança de falta ensaiada, Gustavo Scarpa mandou a bola com precisão para o lateral Matías Viña, que desviou de cabeça e construiu a goleada. É a primeira vez na era Gallardo, que o River perde, como mandante, por três gols de diferença Com os três gols marcados nesta partida, o Palmeiras superou o adversário e se tornou o melhor ataque da atual Libertadores. São 32 gols pró Palmeiras contra 31 do River Plate. Sensação com o Palmeiras, Abel Ferreira deu adeus aos gramados precocemente, aos 31 anos, devido a uma lesão. Partiu em seguida para o banco de reservas e não tardou a mostrar serviço. No comando do time sub-19 do Sporting, viu seus garotos enfiarem 4 a 0 no Liverpool, baterem o Arsenal por 3 a 1 e pararem apenas no Aston Villa de um endiabrado Jack Grealish, hoje destaque da seleção inglesa, em um dos principais torneios de base da Europa, em 2013. “Não me interessa se é um prodígio do futuro. Quem não quer correr, vai sair deste clube”, cobrava seus jogadores publicamente. Foi premiado com quatro anos de contrato e a chance de completar o seu aprendizado como técnico no time português. Nem tudo aconteceu como esperado, mas, ainda assim, aos 36 anos, conseguiu um de seus objetivos iniciais: tirar a licença máxima, o Uefa Pro, equivalente ao quarto e último nível de formação. Abel estava livre para trabalhar onde quisesse, com plenos poderes, a partir de então. A despeito da fama de sua escola de treinadores, essa é uma realidade cada vez mais distante em Portugal. Ao longo das últimas temporadas, cresceu o número de profissionais que chegam à sua elite sem a devida habilitação, gerando um debate que tem colocado a federação portuguesa e as condições de acesso aos seus cursos contra a parede. Uma petição pública com 2.000 assinaturas cobra mais vagas, critérios mais justos e mais clareza no processo de seleção. Não são poucos os que pregam demorar mais tempo no país para obter o diploma de técnico do que o de médico, com relatos, inclusive, de uma espera que pode alcançar dez anos. A exemplo da Premier League e outros campeonatos badalados ao redor do continente, é obrigatório contar com o Uefa Pro para treinar na primeira divisão em Portugal, mas não tem funcionado exatamente assim na prática. Uma mostra disso foi a última edição da Liga Europa: dois de seus quatro representantes na fase de mata-mata não tinham treinadores com o grau exigido para a competição. Sem isso, eles constavam na súmula como assistentes, não podiam se levantar no banco para orientar seus atletas nem mesmo dar entrevistas antes e depois do jogo. Em suma, estavam impedidos de desempenhar suas funções por completo. O técnico português Sérgio Vieira, que fez relativo sucesso na Ferroviária e passou pelo Athletico, viveu isso na pele. Ao retornar do Brasil, em 2017, ele assumiu o Moreirense na Liga Portuguesa, mas, como não tinha o quarto nível, viu o seu campo de influência na área técnica ser limitado pelas restrições que enfrentou. “Quando você tem de ficar sentado, sua perspectiva do jogo é diferente, alguns bancos não têm o melhor ângulo para acompanhar a partida. Acima de tudo, você não tem liberdade para interagir quando necessário, precisar passar a instrução através de seu auxiliar e isso condiciona toda a comunicação até o jogador”, explica Vieira. Mas as dificuldades não pararam nisso. Ao fazer o terceiro grau, ele esbarrou em um entrave inesperado: a federação portuguesa não aceitou os mais de 50 jogos que dirigiu no futebol brasileiro como parte de seu estágio obrigatório e desconsiderou a sua experiência do outro lado do oceano. “Houve um pouco de radicalismo no processo”, opina. Na última temporada, Vieira conduziu o Farense para a elite portuguesa e tem se firmado como uma das referências da nova geração local. Desde julho, a cada pausa para data Fifa, ele viaja até Lisboa para frequentar as aulas do curso Uefa Pro. A concorrência para entrar não foi fácil: teve de ficar entre os 40 primeiros em um universo de 199 candidatos. A mesma sorte não teve o ex-goleiro Peçanha, que surgiu no Flamengo e construiu carreira em Portugal. Ele foi o brasileiro mais bem colocado, porém, não passou da lista de suplentes. “Não me senti prejudicado porque, no meu caso específico, eu estava desempregado e, por isso, não cumpria parte dos requisitos. Tive passagem recente por um clube, mas, com a mudança de investidor, acabei saindo. Preciso de uma oportunidade para voltar”, afirma o carioca radicado em Paços de Ferreira. A briga para entrar no curso do terceiro nível foi ainda mais ferrenha, com 460 profissionais competindo por 30 vagas. No fim das contas, entre outros, ficou de fora Luís Freire, que, mesmo após subir de divisão seis vezes em oito anos, não foi aceito. A sua ausência causou grande indignação e reforçou a impressão de que a federação portuguesa não valoriza suficientemente o mérito esportivo. Freire já havia protagonizado um episódio insólito em agosto, após garantir o acesso com o Nacional da Madeira. Na cerimônia de gala para os destaques, o prêmio de melhor treinador foi entregue ao seu auxiliar, Joaquim Rodrigues, que ocupava o posto principal somente por possuir o terceiro nível pedido no campeonato. Agora na primeira divisão, a situação ganhou outros contornos: como nem Freire e Rodrigues têm o Uefa Pro, foi necessário trazer um novo membro com essa credencial para se juntar à comissão técnica e cumprir com a exigência. Nem mesmo os grandes escapam disso: esse é também o dia a dia de Rúben Amorim, que se tornou o terceiro treinador mais caro da história do futebol em março, após o Sporting topar pagar a sua multa de 10 milhões de euros (R$ 60 milhões) ao Braga, mas que não conta com a licença máxima. “Não acredito de forma alguma que isso coloque em dúvida a escola portuguesa. Os treinadores não são formados apenas na teoria”, analisa Vieira. “É uma situação realmente ilegal, que não deveria acontecer, mas não quer dizer que seja integralmente errada. Temos que lutar para que isso não ocorra, para que todos tenham formação, porém não é um crime”, completa. A princípio, a Uefa permite a realização do curso de quarto nível a cada dois anos, mas é possível solicitar a abertura de novas classes em situações excepcionais, como a demanda elevada de interessados. Existem hoje no país ao redor de 900 treinadores com a licença Uefa Pro. A federação portuguesa não respondeu aos contatos da reportagem até a publicação desta matéria. Custo: 4.750 mil euros (R$ 28.725) Duração: 376 horas Concorrência: aprovou 40 de 199 candidatos na última edição, em julho - Portugal tem ao redor de 11 mil técnicos de futebol inscritos no Instituto Português do Desporto e da Juventude (IDPJ) - José Mourinho, André Villas-Boas, Nuno Espírito Santo e outros nomes completaram seus cursos em países como Escócia e Irlanda do Norte para fugirem da burocracia portuguesa Bolsonaro E aí, advocacia? Penso que já tenha passado da hora de encher a família Bolsonaro de ações populares para cobrar atos e atitudes. Fica fácil para eles desafiarem as instituições e o bom senso e não lhes acontecer nada. Em governos anteriores, ao menor deslize o pessoal tacava uma ação popular e, pelo menos, dava trabalho para os advogados de autoridades. Paulo Della Vedova (Mogi das Cruzes, SP) A irresponsabilidade do presidente ultrapassou todos os limites do bom senso. Motivado pelo pueril e incontrolável desejo de criar factoides, ele se joga de uma lancha e vai nadando até a areia. Mas, como imagem é tudo, o mito, uma vez mais, consegue ser manchete em toda as mídias, da forma mais estúpida possível. A insanidade do presidente é apologia de crime. O ano é novo, mas as deprimentes atitudes de Bolsonaro são velhas. Liz Thadeu Nunes e Silva (São Luís,MA) * A Folha deste sábado (2/1) trouxe uma foto digna de primeira página de nosso caríssimo presidente ""nadando"" no raso (Poder, pág. A6). À sua volta, aparecem sete banhistas com água pela cintura; uma cena ridícula. No raso até eu. Na lagoa da Praia Seca (RJ) não tem nem marola. Aluízio D. Silva (São Paulo, SP) A imagem do presidente numa praia, cercado de apoiadores sem máscaras, é mais um exemplo de uma das dezenas de crimes de responsabilidade que ele cometeu durante a maior crise sanitária que o país atravessa. Até que ponto os comandantes das três Armas vão continuar chancelando esse criminoso? Não falo de intervenção militar, falo de estarem sendo avalistas de um governante que poderá arrastar as instituições que o apoiam a um mergulho no limbo da história. Bernardo Assis Filho (Salvador, BA) Covid De minha varanda, na praia da Costa, na noite de 31, constatei muita gente se dirigindo para onde, em época normal, acontecem os fogos; a maioria sem máscara. No dia 1º, às 14h, de cerca de cem transeuntes, apenas três usavam máscaras. É visível a indiferença em relação à Covid. Gente, o coronavírus é cruel; verões e férias acontecem todos os anos, mas vida só temos uma. Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES) Falácias não ajudam na discussão (""Limites da quarentena"", Demétrio Magnoli, Poder, 2/1). Países que realizaram isolamento de forma séria tiveram redução extrema nos contágios. Se o articulista quiser me rebater, apresente os nomes dos países onde isso não surtiu efeito. Antonio Almeida (Linhares, ES) * Por gentileza, alguém poderia dizer ao senhor Demétrio Magnoli que pandemia é assunto a ser tratado pelos epidemiologistas? A esta altura, ter que explicar algo tão primário para um jornalista é dose... Alex Fabiano Nogueira (São Paulo, SP) * Demétrio Magnoli, neste jornal ou na TV, põe no mesmo cesto lockdown, isolamento, quarentena, distanciamento... Como doutor, poderia ser claro e usar esses termos de forma correta. Luciana Amaral (Curitiba, PR) Justiça na TV Concordo plenamente com o jurista Lenio Streck (""Transparência nunca é demais"", Tendências/Debates, 2/1), pois a TV Justiça já é um componente da nossa democracia. Tirando as longas leituras de textos repetitivos e de tautologias, não se trata de uma ""espetacularização"", e sim de expor aos cidadãos, de forma democrática e transparente, como funciona o nosso sistema de justiça. Paulo Sérgio C. Santos, advogado (Curitiba, PR) * O STF não pode simplesmente ""pôr fim às transmissões"", como redigida a pergunta do debate (""O Supremo deveria pôr fim às transmissões ao vivo de julgamentos da corte?""). Essa decisão foi implantada por meio da lei 10.641/2002 —embora distorcer o significado das leis não seja uma novidade nos julgados do STF. Criada com propósitos louváveis, para dar mais transparência aos julgamentos e aproximar a corte da sociedade, teve como o mais que negativo corolário o de conferir protagonismo exacerbado a vários ministros na mídia, alguns até mesmo indignos de nosso Tribunal Constitucional. José Cretella Neto, advogado (São Paulo, SP) * Sempre fui contrário à transmissão dos casos criminais. Ocorre uma superexposição dos réus, uma espetacularização do processo penal com graves ofensas a direitos constitucionais. É uma condenação acessória. E os ministros são pressionados a julgar pela ""voz das ruas"". No mensalão, fui advogado de Duda Mendonça e ele foi absolvido, mas restou condenado no imaginário popular. Em casos como células-tronco e casamento homoafetivo, a transmissão é importante pela transparência. Mas nunca no processo penal. Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay (São Paulo, SP) Aborto Com a legalização do aborto, a corporeidade cidadã das mulheres argentinas logrou importante vitória sobre a tirania do patriarcado e do machismo. Desse modo, elas podem contar agora com os cuidados das políticas públicas de saúde sem restrições. Legitimamente, suas vozes prevaleceram. Contudo é preciso ponderar a lembrança do respeito à voz dos homens responsáveis que engravidam juntos, além da vida cuja voz foi interrompida. Alegria e cautela. Walter Roberto Correia (São Paulo, SP) * Penso que o lema feminista ""Quem ama não mata"" —citado por Cristina Serra (Opinião, 2/1)— deva valer também para a prática do aborto. Roberto C. Vaz de Carvalho (Araraquara, SP) Rachadinhas ""58% consideram Flávio Bolsonaro culpado no caso das 'rachadinhas', diz Datafolha"" (Poder, 2/1). Esse resultado de 58% somente seria admissível caso 42% declarassem não ter nenhuma informação sobre o assunto. Rosane Sampaio dos Reis Vieira (Rio de Janeiro, RJ) Para 73% dos brasileiros, o sistema de voto em urna eletrônica deve ser mantido no país, de acordo com pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro. Na opinião de 23%, o voto em papel, abandonado nos anos 1990, deveria voltar a ser usado, e 4% responderam não saber. O questionamento a respeito da segurança das urnas se intensificou após a eleição presidencial de 2014 e ganhou maior proporção a partir do pleito de 2018. Sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) insinua haver fraudes e coloca o modelo em xeque. Com a onda de notícias falsas e teorias da conspiração, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem realizado campanhas de esclarecimento e reafirmado que o formato e a tecnologia são confiáveis. A pesquisa do Datafolha ouviu 2.016 brasileiros adultos em todas as regiões e estados do país, por telefone, com ligações para aparelhos celulares (usados por 90% da população). A margem de erro é de dois pontos percentuais. Do total de entrevistados, 69% disseram que confiam muito ou um pouco no sistema de urnas informatizadas, que passou a ser adotado gradualmente em 1996. Outros 29% responderam que não confiam. A desconfiança atinge percentuais superiores na faixa de pessoas de 25 a 34 anos. Dentro desse grupo, 26% afirmaram acreditar muito nas urnas (ante 33% na média geral) e 34% declararam não confiar nelas (ante 29% na média). Essa fatia da população também é a que mais concorda com o retorno ao voto em papel, bandeira que é difundida por Bolsonaro. A ideia alcança apoio de 26% entre cidadãos de 25 a 34 anos, enquanto a manutenção das urnas digitalizadas é defendida por 69% (os percentuais gerais são, respectivamente, 23% e 73%). Quando os entrevistados são classificados em relação à renda, os que declaram ganhos de mais de dez salários mínimos tendem a acreditar mais na eleição informatizada, ao passo que os grupos com salários inferiores se inclinam para uma desconfiança maior. As urnas eletrônicas foram adotadas pela primeira vez em todo o país no ano 2000. O TSE considera que o modelo nacional de votação, contagem e divulgação dos dados é único no mundo. Rumores sobre a insegurança do processo ganharam impulso na eleição municipal de 2020, com o atraso na divulgação dos resultados de algumas cidades no primeiro turno, em novembro. A demora motivou a disseminação de mensagens em redes sociais colocando em dúvida a confiabilidade da apuração. Parte delas foi divulgada por políticos que apoiam Bolsonaro, como os deputados federais Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR), todos do PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu. O TSE atribuiu o problema a uma dificuldade na totalização dos votos em Brasília, mas foi a público informar que a falha não afetava os dados registrados nas urnas nem os números finais. A organização SaferNet Brasil levou à PGR (Procuradoria-Geral da República) denúncia de uma campanha de desinformação sobre o sistema eletrônico, envolvendo parlamentares e influenciadores digitais. A PGR afirmou à Folha que o caso está sob análise na assessoria criminal do gabinete do procurador-geral Augusto Aras, mas não forneceu detalhes porque o caso tramita sob sigilo. Além disso, tentativas de ataques hackers às plataformas do TSE, ocorridas antes do pleito, são alvo de investigação da Polícia Federal. Um suspeito de liderar a ação foi preso em novembro. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, sempre negou que a ofensiva tenha representado risco para a segurança interna. A PF confirmou que o ataque não prejudicou a integridade dos resultados. Em entrevista à Folha no início de dezembro, Barroso rebateu as suspeitas de vulnerabilidade das urnas e disse que invadi-las é impossível porque elas funcionam sem conexão a uma rede de computadores, como a internet. ""A urna brasileira não é hackeável, se revelou até aqui totalmente segura"", afirmou o magistrado. Uma cartilha produzida pelo TSE para tirar dúvidas menciona a auditoria pedida pelo PSDB após a derrota do candidato da legenda, Aécio Neves, para a presidente reeleita, Dilma Rousseff (PT), em 2014. Após ter acesso à base de dados, ""a conclusão da equipe do partido foi de que o resultado da eleição correspondia fielmente aos resultados apurados"", afirma o documento. Três dias antes do Natal, Bolsonaro voltou a defender a aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) apresentada pela aliada Bia Kicis que prevê a impressão de uma cópia do voto registrado na urna eletrônica para eventual checagem posterior. ""Se a gente não tiver voto impresso, pode esquecer a eleição"", respondeu ele a um apoiador que o questionou sobre o pleito de 2022, no qual deve disputar a reeleição. Já na semana passada Bolsonaro deu informação falsa sobre a eleição na Câmara em nova defesa do voto impresso. Ele disse que as eleições para a presidência da Casa ocorrem no ""papelzinho"", quando na verdade o processo de escolha é eletrônico desde 2007. Em vídeo recente no canal no YouTube do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente afirmou que ""70% ou mais da população"" não confiam no sistema atual. Ele também reiterou apoio à PEC que institui a cópia impressa. A medida chegou a ser aprovada pelo Congresso em 2015, mas foi declarada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro de 2020. A corte entendeu que isso colocaria em risco o sigilo e a liberdade do voto, aumentando a insegurança e favorecendo manipulações. No dia do segundo turno das eleições municipais, de novo sem exibir evidências, Bolsonaro repetiu a afirmação de que as eleições de 2018 foram fraudadas. Ele diz também, sem apresentar nenhuma prova, que venceu aquele pleito ainda no primeiro turno. Bolsonaro endossou as infundadas alegações de fraude feitas por Donald Trump nas eleições americanas em 2020. O presidente dos Estados Unidos foi malsucedido em ações judiciais que contestavam a vitória de seu oponente, Joe Biden. A pesquisa do Datafolha mostrou que a descrença no sistema é maior entre aqueles que avaliam positivamente o governo federal e confiam mais no presidente. A defesa da volta da cédula física, que na média é expressada por 23%, sobe para 32% entre os entrevistados que consideram a gestão de Bolsonaro ótima ou boa. Entre os que avaliam o governo como ruim ou péssimo, o retorno ao papel é apoiado por apenas 13%. A manutenção do uso das urnas eletrônicas, aprovada por 73% do total de entrevistados, cai para 62% entre as pessoas que declaram sempre confiar no que Bolsonaro fala e chega a 81% entre quem diz nunca confiar nele. O voto em papel, na avaliação de Barroso, é um anacronismo. ""O tempo que tínhamos voto impresso é que tinha muita fraude"", afirmou o presidente do TSE. Já a deputada Carla Zambelli, que faz críticas ao atual sistema informatizado, disse à Folha que ""há muita desinformação sobre o que é, realmente, o voto impresso"". Ela afirma que o comprovante previsto na PEC de Kicis ficaria de posse da Justiça Eleitoral para fins de auditoria. ""Seria depositado em uma caixa de acrílico, sem contato manual do eleitor. É absolutamente falsa a alegação de que a pessoa poderia levar o comprovante do voto para casa"", diz Zambelli. Na visão da deputada, ""implementar soluções tecnológicas para que o eleitor confie no sistema eleitoral deveria ser preocupação de todas as correntes políticas, não apenas de um só lado"". Especializada em privacidade e proteção de dados, a advogada e pesquisadora Maria Cecília Oliveira Gomes diz que a segurança do sistema brasileiro é incontestável. Ela menciona os testes públicos feitos há anos pelo TSE, com hackers convidados para tentar burlar as barreiras. Para Maria Cecília, que é ligada à FGV e à USP, o movimento para desacreditar as urnas eletrônicas é uma das consequências da ""polarização do debate público em relação a várias questões, incluindo os métodos eleitorais"". ""Pode ser positivo o fato de as pessoas buscarem se inteirar, entender o mecanismo e como ele funciona. A transparência deve ser total. O problema é que muita gente questiona a confiabilidade baseada meramente em opiniões políticas, e não em fatos"", afirma a especialista. Procurado para esta reportagem, o TSE respondeu que sobre o tema ""quem se manifesta é o presidente do tribunal"" e lembrou a entrevista recente que ele deu ao jornal. Questionado, o Planalto encaminhou transcrição de falas de Bolsonaro durante entrevista coletiva no Rio, em 29 de novembro. Na ocasião, ele disse esperar que em 2022 o país tenha ""um sistema seguro, que possa dar garantias ao eleitor que, em quem ele votou, o voto foi efetivamente para aquela pessoa"". Argumentou ainda que, com a alteração, ""qualquer um pode pedir a recontagem naquela área. E você vai ter a comprovação do voto eletrônico com o voto no papel. É pedir muito isso?"". O que aconteceu em 2020 para sempre vai ser lembrado. É assim que o médico intensivista Caio Jaoude, 34 anos, resume o sentimento de profissionais da saúde durante o último ano. Entre desafios, aprendizados e superações, cansaço, medo e algumas alegrias descrevem a rotina dessa categoria, que, durante a maior crise sanitária do século, reafirmou sua importância para a população. O Agora mostra histórias que cinco profissionais da linha de frente de combate à pandemia da Covid-19 em São Paulo viveram no ano de 2020 como uma homenagem à categoria. Ter tanto protagonismo devido a uma situação de emergência não era uma meta de nenhum deles. Mas foi uma tarefa tomada com garra. A força de cada um desses profissionais vem de onde mal sabem que ela ainda existe, diz a enfermeira Sandra Fernandes Barbosa, 50. ""Todo dia cada um de nós sai de casa para dar o seu melhor sem saber o que nos espera. É altruísmo misturado com consciência social e dedicação."" E depois de tantos dias, o ano parece que ainda não acabou, afirma a pediatra Elisabeth Rebouças, 54. Isso porque o vírus que já matou mais de 190 mil pessoas no país continua a avançar. ""Na minha cabeça, só quando tudo isso se resolver, a pandemia acabar, será a zero hora do dia primeiro de janeiro de 2021."" Mas ele há de acabar, ela afirma. ""Vai passar e a gente vai poder se abraçar."" A data é precisa na memória: desde o dia 29 de janeiro de 2020, a médica Beatriz Perondi, coordenadora do Comitê de Crise do HCFMUSP (Hospital das Clínicas), não vive outra rotina que não seja relacionada à Covid-19. Ainda nem havia casos da doença oficialmente registrados no país, mas já era necessário preparar o hospital para recebê-los quando fosse a hora. O HC viveu uma operação de guerra. Os pacientes no Instituto Central foram realocados, deixando o prédio dedicado somente àqueles com o novo coronavírus, a equipe teve que ser reforçada e novos processos e rotinas foram criados. Em abril, eram 60 doentes graves chegando à unidade diariamente. ""O principal desafio foi trabalhar utilizando a técnica que aprendi sem misturar com a parte emocional, vendo os colegas ficando doentes e com medo de também ser infectada."" Trabalhando dia e noite na tentativa de melhorar o atendimento, toda a equipe, e ela também, agora vivem com o cansaço crônico que não tem data para acabar. ""Eu foquei no trabalho, porque, se a gente ficar pensando muito no que acontece, já era."" Um dos momentos mais difíceis, ela lembra, foi quando um residente do hospital, jovem, se infectou com o coronavírus e ficou muito grave. ""Como era no começo da pandemia, a gente não sabia bem como devia ser o tratamento, o que poderia fazer ou não"", ela afirma. Depois de meses intubado, ele ficou bem. A festa que outro funcionário do hospital recebeu quando teve alta da doença também foi uma história que marcou. Ele trabalha há 30 anos na unidade e é muito querido por lá, segundo Beatriz. ""Parecia final de Copa do Mundo. A rua do HC ficou tomada, foi impressionante. Foi um momento em que todo mundo descarregou as energias gritando o nome dele."" A médica, formada para o atendimento de desastres, achava que uma experiência no Haiti tinha sido o grande momento da sua carreira. ""Mas porque eu não tinha noção do tamanho de tudo isso que vivemos agora."" Depois de 11 meses de trabalho intenso, ela diz que chorou ao ver a primeira dose da vacina sendo aplicada no Reino Unido: um momento simbólico de esperança. Mas o que está por vir é um período de batalha. ""Ainda temos muito o que fazer."" Preparar o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo) para a pandemia da Covid-19 foi um desafio, mas o planejamento permitiu que o trabalho fluísse, afirma o médico intensivista Caio Jaoude, 34. O mais complicado, segundo ele, foi preparar também a vida particular para a rotina. ""É difícil falar como eu me sinto porque eu não faço a menor ideia."" A sinergia alcançada entre os profissionais da área médica, de enfermagem e fisioterapia, além de outras áreas de apoio, foi o saldo positivo que 2020 trouxe. ""Hoje a gente não trabalha mais solitariamente, é em grupo. Essa troca, a capacidade de cada um ajudar com o que sabe, foi o grande ganho."" Enquanto a doença demandava isolamento social --inclusive dele mesmo, na tentativa de proteger familiares e amigos--, houve uma maior aproximação entre as equipes e os pacientes. Conhecendo a biografia e a evolução de cada um, os profissionais acabavam estreitando laços. Por isso, ele diz, era difícil ver especialmente famílias inteiras internadas juntas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com o mesmo diagnóstico. Recentemente foi o caso de uma colega do Iamspe, que esteve internada junto da mãe e do pai. ""O nosso desafio era tirar toda a família bem daqui."" O pai, infelizmente, não sobreviveu. Outra lembrança é de um casal de idosos que também esteve juntos na UTI. Quando melhorava, o outro piorava. Até que a mulher se recuperou e chorou ao ver o homem permanecer em tratamento. Ele não conseguiu superar. ""Ficamos preocupados com ela, mas ela disse: 'tudo bem, o que importa é que eu consegui vê-lo pela última vez'."" Apesar dos momentos de dor, há alguns de esperança, como o caso de uma mãe que estava internada em estado grave, e o filho pediu à equipe do hospital que mostrasse a ela um louvor que ele cantava. Foi a primeira vez que a equipe fez isso, segundo o médico. Ela acordou, chorou e, em poucos dias, conseguiu sair da ventilação mecânica. ""Isso mostra o quanto é importante o contato com o mundo externo. E isso nos tocou para caramba, foi emocionante."" ""Apesar de tudo, da tecnologia, do conhecimento, da ciência, os pequenos gestos humanos são os mais valorosos e os que mais ajudam"", afirma Caio. Aprender, reaprender, mudar e recomeçar são algumas das lições que a pandemia deixa. E, mesmo com o cansaço, ele diz, seguir fazendo mais que o possível até que a vida volte a se aproximar do normal. ""Eu tenho mais de 20 anos de formada, e esse foi o ano mais marcante da minha vida"", afirma Elisabeth Rebouças, 54, gerente da Pediatria do Conjunto Hospitalar Mandaqui. Mesmo acostumada a lidar com a vida e a morte, estar diante do desconhecido foi um desafio. Crianças evoluindo com sintomas diferentes, colegas adoecendo, o medo de contaminar a família. Foi necessário superar tudo isso, mais o sentimento de impotência, segundo ela, para seguir na missão. Além dos sintomas da Covid-19 em si, ainda é complicado lidar com os efeitos psicológicos que a doença traz. ""O paciente já ficava em pavor quando recebia o diagnóstico. Passar segurança de que ia dar certo mesmo sem a gente ter certeza e conseguir tratar os sintomas sabemos que não há tratamento específico para a doença era o nosso trabalho."" ""Temos muitas memórias, não dá para dizer uma só como principal. São muitas lembranças boas e ruins, e o primeiro óbito dói tanto quanto o último."" Marcou também a emoção de ver os pacientes deixando a UTI depois de longos períodos de intubação. Confiar no trabalho, nos estudos e sempre tentar fazer o melhor foi a receita para ter força de superar cada dia, segundo Elisabeth. ""2020 é o ano que não quer acabar. Eu quero dormir, acordar e pensar 'que pesadelo terrível que eu tive'."" Para quando tudo isso tiver fim, ela tem dois desejos dos mais simples: paz e abraços. Mesmo fazendo parte do grupo de risco devido à asma, Luis Araújo, 31, tomou a luta contra a Covid-19 como uma missão. ""Medo não tem como não ter, mas quando você entende o seu papel, o resto se torna um pouco menor"", afirma o fisioterapeuta intensivista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. ""A gente entende que não tem como fugir: alguém precisa fazer algo, e foi isso o que a gente [profissionais de saúde] escolheu."" E talvez essa dedicação tenha ajudado a salvar vidas, segundo ele. Isso não significa, contudo, que tenha sido fácil. Manter o psicológico em ordem e segurar a ansiedade eram um desafio. ""Apanhar"" da rotina e voltar mais forte era a meta. ""Mesmo com tudo isso o que aconteceu, a gente também tem muitas histórias boas, e isso acabava motivando a gente. Mesmo num ambiente de terapia intensiva, tivemos uma coleção boa de vitórias"", afirma o fisioterapeuta. Ele diz lembrar com orgulho do primeiro paciente grave que se recuperou: depois da intubação, ele voltou a correr oito quilômetros por dia. As tristes também deixaram marcas. Como quando um paciente era sedado antes de ser intubado e já sabia que o pior poderia acontecer. Ouvir as últimas palavras deles era pesado, afirma Luis. ""Teve um paciente que a última frase que ele disse foi 'eu te amo' para a esposa, por telefone. Depois, ele só confirmou, com a cabeça, nos autorizando a prosseguir com o procedimento."" Manter a sanidade no meio disso tudo é difícil, segundo Luis. Especialmente porque, sendo da área da saúde, extravasar perto da família nem sempre é uma opção. ""A impressão era de que a gente não podia demonstrar fraqueza, e isso dava uma carga ainda maior."" O juramento de ajudar e defender as pessoas é o que ajuda a guiar cada dia. Hoje ainda há medo, ele diz, mas também há espaço para orgulho do trabalho feito e do que está por vir. ""Que a gente possa trazer o aprendizado de tudo isso e entender o que é mais importante, que é mover o mundo por quem a gente ama."" A pandemia da Covid-19 fez com que planos e metas mudassem: foi necessário passar a ver o mundo com outro prisma, diz Sandra Barbosa, 50, enfermeira líder da UTI do Hospital Sírio-Libanês. Com a saúde não foi diferente. Veio o reconhecimento do trabalho feito. Superar a ansiedade inicial foi difícil, segundo ela. Muitos profissionais, com receio de contágio, chegavam a chorar para entrar no quarto de pessoas com a doença. ""Como atuar nessa doença que pode nos levar à morte? Trabalhamos com a orientação, foi um trabalho de formiguinha para chegar ao empoderamento do profissional."" O combate à Covid-19 fez com que a equipe de saúde passasse a ser reconhecida como um todo, afirma Sandra. ""Agora, mais que nunca, cada profissional da saúde teve reconhecido o seu valor. Ninguém trabalha sozinho, e com isso quebramos alguns paradigmas."" Do período mais intenso da pandemia, ela lembra da história de um casal que estava internado em quartos separados no dia em que completavam 50 anos de casados. Numa situação normal, eles não poderiam se encontrar. Mas a data valeu a exceção. ""Com todos os cuidados, levamos o marido para o quarto da esposa, e ele deu de presente um ramalhete de flores. Nesse encontro todo mundo estava chorando. Eles disseram que nunca iriam esquecer aquilo."" Os dois se recuperaram. Há também episódios simples que se mostram importantes para os pacientes e acabam inspirando. Como o dia em que uma idosa, depois de muito tempo internada, foi maquiada. ""Quando ela se olhou no espelho, começou a chorar."" Ou quando um homem conseguiu tomar um banho de chuveiro depois de um longo período no leito da UTI. ""Ele falou que a gente não sabia o tanto que aquilo fez ele feliz."" ""Quantas vezes a gente está correndo igual a um maluco no mundo e não valoriza um banho ou uma maquiagem. Coisas tão triviais têm outro sentido para as pessoas quando elas passam por isso, parece que dá um outro significado para a vida."" ""Mais forte"": é assim que Sandra diz se sentir depois de um ano de luta sem fim. Um estampido seco misturado ao som dos fogos de artifício disparados nos céus do Rio de Janeiro celebrando a chegada de 2021 inaugurou as estatísticas de crianças mortas por armas de fogo no estado neste ano. Alice Pamplona de Souza, 5, foi morta com um tiro no pescoço quando celebrava a chegada do ano novo na madrugada de sexta-feira (1º) com a família e amigos no morro do Turano, na região central da capital. Vídeo registrado por pessoas que estavam na festa, exibido pela TV Globo, mostra os fogos de artificios explodindo no céu quando, aos 52 segundos, dois estampidos secos são ouvidos. Um choro vem logo depois, seguido de gritos de desespero dos convidados. “Às 0h07 já estávamos dentro no hospital”, diz Mayara Aparecida de Souza, 22, prima e madrinha da menina. Alice chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Casa Portugal, no mesmo bairro, mas não resistiu. O corpo da menina será enterrado hoje no Cemitério do Caju, na região portuária do Rio. O caso foi registrado na 6ª DP (Cidade Nova), que instaurou inquérito para apurar os fatos. Os pais já prestaram depoimento na unidade policial. Outras testemunhas também estão sendo chamadas. Segundo nota da Polícia Civil, o caso ficará sob a responsabilidade da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ainda não se sabe de onde partiu o tiro que atingiu a criança. A Polícia Militar informou que não houve registro de operações policiais na região no momento em que a menina foi atingida. Alice estava no colo da mãe, no quintal da casa da madrinha quando foi baleada. Os familiares chegaram a pensar que se tratasse de um ferimento por fogos de artifício, e só descobriram a causa da morte com o atestado de óbito que indicava a perfuração por um projétil. O ajudante de construção Luís Henrique Albuquerque, 27, tio de Alice, diz que tinha a menina como uma filha. “Estávamos sempre conversando, brincando. Na última quinta, brincamos, ela fez tranças no meu cabelo e disse que eu estava lindo daquele jeito”, lembra o tio, que trabalha em uma loja de material de construção. Durante o velório, no começo da tarde deste sábado, a mãe de Alice, Franciely da Silva, passou mal e precisou ser amparada e levada ao hospital. Era a sua única filha. De acordo com a ONG Rio de Paz, 12 crianças foram mortas vítimas de armas de fogo no estado no ano passado. ""Mais um caso de criança pobre que o Rio impediu de crescer. Alice entra para a estatística de criança morta por bala perdida, lado mais hediondo do crime. O que os governos têm feito para evitar armas e munição no Rio?"", afirmou Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz. As últimas foram Emily Victória Silva dos Santos, 4, e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7, mortas ao serem atingidas por balas de arma de fogo em dezembro quando brincavam na porta de casa. A família atribuiu o caso a policiais que patrulhavam a região. A PM nega que tenha ocorrido disparos por parte de seus agentes. O caso está sob investigação da Divisão de Homicídios. A primeira em 2020 foi Anna Carolina de Souza Neves, 8, atingida por uma bala perdida na cabeça no sofá de casa em Belford Roxo, na região metropolitana, em 9 de janeiro. Vinte dias depois, foi a vez de João Vitor Moreira dos Santos, 14, também baleado na cabeça quando voltava de uma festa com a família no bairro Vila Kosmos, zona norte do Rio. Em 6 de fevereiro, Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, 14, foi atingido na perna assim que saiu de uma consulta no psicólogo com a mãe adotiva em São João de Meriti, também na região metropolitana, e morreu no dia seguinte. Um dos casos que causaram maior comoção foi o do menino João Pedro Mattos, 14. Ele foi baleado nas costas dentro da casa de seus tios durante uma operação, no dia 18 de maio. Os três policiais que fizeram a incursão dizem que houve troca de tiros com bandidos que fugiram pelo muro, mas os primos de João afirmam que não havia bandidos e que os agentes chegaram atirando. Prefeitos eleitos tomam posse nesta sexta-feira (1º) em um novo momento da pandemia da Covid-19 no país. Enquanto o Brasil registra nova alta de mortes e internações em razão do novo coronavírus, boa parte das capitais planeja como estruturar escolas públicas para o retorno das aulas presenciais, ainda que de forma parcial. Em meio às dificuldades sanitárias, os prefeitos terão de lidar com os efeitos do fim do auxílio emergencial pago pelo governo federal. Alguns estudam criar benefícios locais, mas enfrentam dificuldades financeiras para encontrar caixa para projetos. Alguns dos eleitos também já se posicionaram na disputa política em relação à vacinação para imunizar a população contra o novo coronavírus. A Covid-19 afetou campanhas e a posse de alguns mandatários que foram contaminados, como Maguito Vilela (MDB) que vai tomar posse internado numa UTI. São Paulo Bruno Covas (PSDB), 40, toma posse tendo pela frente um cenário de aumento de casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, impulsionado pelas celebrações de fim de ano. Com um discurso de moderação e experiência, Covas se reelegeu após vencer Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno e tirar de cena o candidato de Jair Bolsonaro (sem partido), Celso Russomanno (Republicanos), ainda no primeiro turno. Agora, o tucano é parte importante do projeto de João Doria (PSDB), como um palanque da candidatura à Presidência da República em 2022. Ao mesmo tempo, ganha força para fazer sombra ao governador como grande nome dentro do PSDB. No final de seu primeiro mandato, Bruno Covas acabou no alvo de críticas por ter sancionado o aumento de 46% em seu próprio salário em plena crise econômica pouco tempo depois de acabar com a gratuidade para idosos entre 60 e 64 anos que utilizam o sistema de transporte público. Entre os assuntos urgentes que o prefeito deve tratar daqui por diante está a implementação da volta às aulas da rede municipal de ensino em meio à segunda onda da pandemia. Elas estão previstas para fevereiro, com expectativa de revezamento entre os alunos e outras medidas preventivas ainda sob estudo. Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM), assume o Palácio da Cidade pela terceira vez com perspectivas distintas das duas gestões à frente do município. Enquanto seus dois mandatos anteriores, entre 2009 e 2016, foram marcados por obras, Paes terá quatro anos sem recursos para grandes investimentos. Sua principal plataforma é melhorar os serviços públicos, principalmente da saúde, em meio à pandemia. Ele tem defendido a ampliação de leitos desativados para o atendimento. Em entrevistas, transparece não defender a restrição à circulação de pessoas para evitar a transmissão do coronavírus. Argumenta ser ineficaz impor regras que não serão cumpridas. Paes disse querer manter uma boa relação com o presidente Jair Bolsonaro, com quem se reuniu em dezembro. Também firmou acordo com o governador João Doria (PSDB) para obter doses da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. O prefeito formou um secretariado que mescla antigos aliados com jovens vinculados a movimentos sociais. A medida faz parte da promessa de fazer uma gestão antirracista. Paes assume a prefeitura numa situação jurídica mais delicada desde a prisão de vários políticos do Rio, entre eles o ex-aliado Sérgio Cabral. O prefeito eleito responde a três ações penais, duas por corrupção. Aracaju O prefeito reeleito Edvaldo Nogueira (PDT), 59, assume o cargo após prometer um pacote de obras de R$ 1 bilhão para ampliar a oferta de empregos na cidade durante a pandemia. É a terceira vez que ele administra a capital de Sergipe. Belém Eleito pela terceira vez para comandar a prefeitura, Edmilson Rodrigues assume como o único nome do PSOL a comandar uma capital. Sua equipe prepara um plano para busca ativa de contaminados pelo novo coronavírus a fim de evitar agravamento da doença. Belo Horizonte Reeleito, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) toma posse discutindo a retomada das aulas presenciais na cidade. É cotado para disputar o governo do estado em 2022 em razão de sua vitória com 69% dos votos válidos no primeiro turno. Boa Vista Atual vice-prefeito, Arthur Henrique (MDB) toma posse na capital de Roraima após perder sua companheira de chapa Edileuza Loz, morta pela Covid-19. Ele assume prometendo manter o trabalho da antecessora, Teresa Surita (MDB). Campo Grande Marquinhos Trad (MDB) toma posse para um segundo mandato com a cidade em toque de recolher para conter a Covid-19 determinado pelo estado entre 22h e 5h. Ele já havia determinado a medida no início de dezembro na capital. Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) foi reeleito mesmo tendo virado réu sob acusação de receber mensalinho quando era deputado estadual. Ele nega. O prefeito decidiu cancelar a cerimônia de posse em razão da alta de casos de Covid-19 na cidade. Curitiba Rafael Greca (DEM) prepara seu terceiro mandato com acordo assinado com o governo de São Paulo para aquisição da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan. Curitiba prepara a retomada das aulas na rede municipal com um modelo híbrido. Florianópolis Gean Loureiro (DEM) foi reeleito no primeiro turno após ter enfrentado acusação de estupro de uma ex-assessora. Ele disse que as relações foram consentidas. Internado por uma semana com Covid-19 em outubro, ele planeja o verão em meio à pandemia. Fortaleza O prefeito eleito Sarto Nogueira (PDT) assume planejando o retorno das aulas na rede municipal, num modelo híbrido. Ele toma posse respondendo a ação do Ministério Público que pede cassação de seu registro de candidatura por captação ilícita de sufrágio. Goiânia O ex-governador Maguito Vilela (MDB), 71, poderá tomar posse como prefeito de Goiânia na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde está internado há dois meses em razão de complicações decorrentes da Covid-19. João Pessoa Empresário da construção, Cícero Lucena (PP) assume a capital paraibana pela terceira vez. Ele retorna após ser preso em operação da Polícia Federal, suspeito de irregularidades em contrato feito entre a prefeitura e a Embratur. Foi inocentado em 2019. Macapá Dr. Furlan (Cidadania) assume a capital do Amapá com só dez dias para a transição. A cidade sofreu com a crise energética em novembro, que adiou a eleição e afetou a candidatura de Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado. Maceió João Henrique Caldas (PSB) assume a prefeitura da capital alagoana após vencer o grupo político do senador Renan Calheiros (MDB) na disputa em novembro. Deputado federal e advogado, JHC é filho do ex-deputado João Caldas. Manaus David Almeida, 51, assume o cargo planejando reabrir um hospital de campanha. Ele também pretende reeditar decretos municipais para impedir a circulação de pessoas para frear o novo aumento de casos de Covid-19 na capital do Amazonas. Natal Álvaro Dias (PSDB) vai para o segundo mandato na capital potiguar após uma reeleição tranquila, na qual venceu com 56,6% dos votos válidos. Defende a manutenção do comércio aberto, desde que respeitadas regras sanitárias. Palmas Única mulher a vencer numa capital, Cinthia Ribeiro (PSDB) inicia seu segundo mandato com as escolas da rede municipal fechadas. Fonoaudióloga, ela autorizou a reabertura de colégios particulares e cinemas a partir de fevereiro de 2021. Porto Alegre Eleito com um programa econômico liberal, Sebastião Melo (MDB) tem se posicionado contra o fechamento de comércio em razão da pandemia. Deputado estadual, foi vice-prefeito da cidade na gestão José Fortunati (2013-2016). Porto Velho Reeleito, Hildon Chaves (PSDB) é advogado e foi promotor em Rondônia. Em 2013, deixou o Ministério Público, segundo ele, para se dedicar às suas empresas de educação. Anunciou interesse em comprar a vacina do Instituto Butantan. Recife Mais jovem prefeito das capitais, João Campos (PSB), 27, é filho do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 2014. Na transição, anunciou planejamento para a imunização contra o novo coronavírus. Rio Branco Um dos poucos eleitos com o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro, Tião Bocalom (PP) ficou em quarentena em parte da campanha por ter sido contaminado pelo novo coronavírus. Ele prometeu reabrir as escolas no início de seu mandato. Salvador Vice-prefeito de ACM Neto, Bruno Reis consolida um ciclo de gestões do DEM em Salvador que deve chegar a 12 anos. Assume planejando a retomada das aulas na rede municipal. Promete prorrogar o auxílio emergencial pago pela prefeitura a ambulantes. São Luís Opositor do governador Flávio Dino (PC do B), o prefeito eleito Eduardo Braide (Podemos) assume pela primeira vez a capital maranhense. O deputado federal afirmou após eleito ter como prioridade a retomada das aulas após o fechamento das escolas. Teresina José Pessoa Leal (MDB), conhecido como Dr. Pessoa, assume após uma tentativa frustrada. Ele é médico, ex-vereador e atualmente deputado estadual. Filho de agricultores e alfabetizado aos 15 anos, foi professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Vitória O delegado Lorenzo Pasolini toma posse após ser eleito com plataformas similares às do presidente Jair Bolsonaro, embora na campanha tenha afirmado rejeitar extremos. Ficou conhecido por ter atuado para evitar o aborto de uma menina estuprada pelo tio. Metade dos processos de competência do Tribunal do Júri, que julga crimes dolosos contra a vida, leva quase cinco anos para ser encerrada. Em 26% dos casos, a demora ultrapassa oito anos. Os números são de relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que analisou ações que tramitaram de 2015 a 2018 nas Justiças estaduais. Em média, um processo criminal leva 3 anos e 10 meses para chegar à primeira sentença na Justiça estadual. Nos casos do Tribunal do Júri, o tempo médio é de 4 anos e 7 meses até a sentença em primeira instância. O STF (Supremo Tribunal Federal) ainda deve concluir o julgamento que analisa se um réu condenado no Tribunal do Júri pode começar a cumprir pena após a sentença na primeira instância ou se é necessário aguardar o trânsito em julgado —quando esgotam-se os recursos e o processo se encerra. A ideia, defendida pelos ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, é controversa no mundo jurídico. O julgamento, que começou em abril, foi suspenso após pedido de vista de Ricardo Lewandowski. Até o momento Toffoli e Barroso votaram a favor da medida, e Gilmar Mendes divergiu. Em novembro de 2019, o Supremo barrou a prisão de condenados em segunda instância e determinou que se aguarde o fim dos recursos para que a pena comece a ser cumprida. No caso do condenado por Tribunal de Júri, porém, a prisão aconteceria após a sentença da primeira instância. No pacote anticrime aprovado pelo Congresso, está prevista a execução imediata de penas iguais ou superiores a 15 anos. O Tribunal do Júri julga os crimes dolosos contra a vida: homicídio, feminicídio, infanticídio, aborto e auxílio, indução e instigação ao suicídio. Nessas situações, o veredicto é dado por um conjunto de jurados escolhidos entre a população, e o julgamento é presidido por um juiz de direito. Toffoli e Barroso afirmam que, como se trata de crimes graves e violentos, é necessário dar uma resposta à sociedade e prender os condenados já após a primeira instância. Para eles, a medida não entra em contradição com a lei, visto que a decisão do júri é soberana —ao analisar um recurso à decisão dos jurados, o tribunal não julga mais se o réu é culpado ou inocente, mas pode vir a anular o processo por irregularidades. O argumento é similar ao usado para defender a prisão de condenados após segunda instância nos demais casos. STF e STJ (Superior Tribunal de Justiça) não revisam provas, mas avaliam se a sentença que está sendo contestada ou o rito processual em questão infringiu as normas legais. A demora para dar início à execução da pena, dizem os ministros, leva à impunidade. Segundo o relatório do CNJ, que analisou casos de 2015 a 2018, 14% dos processos do júri no país prescreveram antes de chegar a um desfecho. Os casos do júri têm um rito diferente dos demais, dividido em duas fases, o que explica boa parte da demora na tramitação. A primeira é semelhante aos outros crimes, e tem início com o recebimento da denúncia. Serão ouvidas testemunhas, e as partes entregam suas argumentações. Ao fim, o juiz decide se o crime em questão de fato é doloso contra a vida e se há indícios de materialidade e autoria. É o chamado julgamento de pronúncia, em que o magistrado determina se aquele caso se enquadra nas determinações legais para ir a júri popular. A segunda é o julgamento em si, em que os jurados decidirão se o réu é inocente ou culpado. É possível recorrer da sentença de pronúncia, e o caso fica suspenso até que haja uma definição. Esse é um dos motivos, diz o professor e especialista em direito penal Davi Tangerino, da FGV-SP, pelo qual os casos costumam demorar a ter um desfecho. “Toffoli já falou em rever a pronúncia, e tem certa razão. Uma possibilidade [para acelerar a tramitação] seria acabar com o efeito suspensivo."" Para o professor, a soberania do júri não implica a viabilidade da execução da pena logo após a segunda instância. “Particularmente entendo que a soberania do júri diz se o réu é inocente ou culpado. Isso não é contraditório com o duplo grau [de jurisdição]. A segunda instância pode chegar à conclusão de que o veredicto se deu em um processo nulo. Se a questão é prescrição ou demora, existem outros arranjos que não infringem direitos."" Estudo feito pelo Instituto Sou da Paz e pela Universidade Mackenzie mapeou casos do Tribunal do Júri em São Paulo. O estado é o mais lento do país: processos encerrados levam, em média, 10 anos e 9 meses segundo o CNJ. Para efeito de comparação, o Paraná, o mais célere, leva 2 anos e 2 meses. A conclusão da pesquisa, diz Bruno Langeani, do Sou da Paz, é que várias falhas de gestão das instituições jurídicas acabam por atrasar o julgamento. Há casos como salas de audiência que não foram marcadas, ofícios para transporte do réu ao fórum que não foram enviados a tempo, falta de juízes, dificuldade de intimar testemunhas e perda de prazos. “Há questões de gestão que não estão sendo olhadas, e casos estão demorando tempo superior ao esperado. [Com a demora] Você tem riscos de prescrição, risco de fuga do suspeito. É comum que testemunhas mudem de local ou esqueçam do caso. Se você vai testemunhar sobre um caso três ou quatro anos depois, a qualidade da informação é perdida”, afirma. Outro ponto, segundo Langeani, é que um percentual muito pequeno de casos de fato vai a julgamento, visto que o índice de resolução de homicídios no país é baixíssimo. Em média, 62% dos casos de homicídio não passam da delegacia —ou seja, nem sequer viram uma ação penal. Para ele, a sociedade brasileira tem por hábito discutir impunidade de uma maneira sempre relacionada ao tamanho da pena e o início da sua execução, mas deixa de lado os fatores que mais contribuem para a impunidade: problemas de investigação e a qualidade do trabalho da polícia. “O que precisa ficar claro é que se a gente vai perdendo casos nesses gargalos, se 60% caem na fase policial, se mais tantos outros demoram dez anos [para serem julgados], o efeito pretendido de executar a pena mais rápido vai ser muito limitado, pois está limitado à base que conseguiu chegar ao julgamento.” Vale lembrar que a lei permite a prisão de presos perigosos de maneira cautelar (provisória), ainda que não tenham sido condenados. Cerca de 40% dos presos no Brasil nunca passaram por um julgamento. Além dessa definição se um réu condenado nessa tribunal pode começar a cumprir pena após a sentença na primeira instância, o STF julga se cabe recurso contra julgamento do Tribunal do Júri que absolva o réu na contramão das provas indicadas no processo. A análise do tema ocorre em um recurso que discute se o tribunal de segunda instância pode determinar a realização de um novo júri caso o primeiro tenha inocentado o investigado por clemência, piedade ou compaixão e de forma manifestamente contrária aos indícios presentes nos autos. Na análise do recurso que teve julgamento iniciado em outubro, o Ministério Público de Minas Gerais afirmou que aceitar a absolvição por clemência, sem possibilidade de recurso, significa o Supremo autorizar o restabelecimento da vingança e da justiça com as próprias mãos. No caso concreto, o Conselho de Sentença do Júri, mesmo reconhecendo a autoria do delito, absolveu um homem por tentativa de homicídio pelo fato de a vítima ter sido responsável pelo assassinato de seu enteado. Em um caso similar julgado em outubro, a Primeira Turma do Supremo rejeitou a realização de um segundo Tribunal do Júri contra um homem que, no primeiro, foi absolvido da acusação de tentar matar a esposa com golpes de faca por imaginar ter sido traído. Por ora, o Supremo tem ao menos quatro votos para decidir que não cabe recurso contra julgamento do Tribunal do Júri que absolva o réu na contramão das provas indicadas no processo. O julgamento teve início em outubro, em sessão virtual, mas foi interrompido e remetido ao plenário presencial a pedido do ministro Alexandre de Moraes. A ideia é pacificar um entendimento sobre o tema, uma vez que o tribunal tem dado decisões em sentido diverso em processos similares. Olívio Olavo de Olival Costa tinha um sonho, e jornais não estavam nele. O filho de imigrantes portugueses queria se tornar advogado. Sem recursos, porém, abandonou os estudos e começou a trabalhar como jornalista aos 19 anos, em Pedreira, na época um distrito de Amparo (SP). De lá saiu aos 30 anos, em 1906, para tentar a vida no Rio. Meses depois, foi contratado não por um jornal carioca, mas por O Estado de S. Paulo, então o diário paulista mais importante. Escrevia sobre corridas de cavalo, teatro e falecimentos quando, aos 45 anos, apostou o que tinha e o que não tinha no lançamento de um novo jornal vespertino: a Folha da Noite, que quase três décadas depois de sua morte se tornou Folha de S.Paulo e completa cem anos em 19 de fevereiro de 2021. Com Olival na aventura estavam cinco colegas do Estado, que viram uma oportunidade no mercado de notícias da capital paulista. Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), algumas empresas deixaram de publicar uma edição no final da tarde, mais atualizada, cuja leitura havia se tornado hábito para os trabalhadores que voltavam para casa. Sem capital, durante um bom tempo trabalharam sem receber um tostão de salário. A penúria era tanta que os sócios trocavam anúncios por pratos da Gruta Baiana, um restaurante do centro paulistano. Pequeno, frágil, vestido em terno escuro, camisa branca e gravata, Olival usava os cabelos repartidos numa entrada mais alta à esquerda da testa e “tinha sempre uma pilhéria na ponta da língua”. Seu senso de humor aparecia mesmo em momentos difíceis do jornal. Ele quis interessar o público feminino e idealizou uma seção de moda, mas não encontrava uma mulher que pudesse cuidar da coluna. “Por deliberação da Direção, tendo em vista suas tendências para o mexerico, fica você encarregado da seção nova”, escreveu para o repórter Paulo Duarte, que cobria política. “O seu ordenado será dobrado!”, concluiu o diretor da Folha da Noite com um risinho: ninguém no jornal ganhava sequer um vintém. Na rua do Carmo, onde os sócios instalaram em 1925 sua primeira rotativa, Olival andava agitado de um lado para outro, dava instruções, ajudava a carregar bobinas de papel, ensinava o funcionamento das máquinas, tomava notas. Em 1925, com uma rotativa própria, Olival decidiu lançar um novo jornal, a Folha da Manhã. Apesar dos dois títulos, os jornais eram conhecidos na São Paulo dos anos 1920 como “Folha do Olival” ou apenas “Folha”. Eram anos agitados, e as Redações reuniam intelectuais atraídos pela possibilidade de debater política e problemas sociais. Nem sempre eram discussões pacíficas. Mais de uma vez, Olival teve que expulsar da Redação adversários irados. Aos amigos mais íntimos, ele confessava que se sentia esgotado pelos esforços agora dobrados para editar duas Folhas. Em 1930, os conflitos atingiram o ápice. Na manhã de 24 de outubro, Olival, depauperado fisicamente, procurava animar os companheiros. Repórteres iam e vinham da Central de Polícia com informações preocupantes: avanços da coluna getulista, comícios nas praças públicas. O ato final começou às 14h, quando foi confirmada a deposição do presidente Washington Luís, partidários de Getúlio Vargas começaram a se aglomerar na praça da Sé. A multidão queria vítimas, e as Folhas, que haviam apoiado Washington Luís, eram um alvo próximo, mas primeiro os getulistas seguiram para a Gazeta e para o Correio Paulistano. Por volta das 23h, chegaram à sede do jornal, com archotes, pedaços de pau e barras de ferro. Da esquina, Olival viu máquinas de escrever, cadeiras e mesas serem arremessadas pela janela. Bobinas de papel-jornal foram desenroladas até a praça da Sé. Pouco depois da meia-noite, estava tudo destruído. Uma fogueira pôs fim a esta fase da Folha. Olival morreu após dois anos, em 13 de dezembro de 1932, aos 56 anos. O que sobrou das Folhas foi comprado pelo fazendeiro e comerciante Octaviano Alves de Lima. Fundador dos jornais Folha da Noite (1921) e Folha da Manhã (1925), que dariam origem à Folha de S.Paulo. Morreu dois anos depois de ver a Redação das Folhas ser destruída por apoiadores de Getúlio Vargas, em 1932. Este texto faz parte do projeto Humanos da Folha, que apresenta perfis de profissionais que fizeram história no jornal. Uma versão desse perfil foi escrita para o livro “Folha Explica Folha” (Publifolha, 2012). A década que se encerra em 2020 consagrou as big techs. As empresas de tecnologia alcançaram um patamar inédito desde a criação das Bolsas, o patamar dos trilhões em valor de mercado. A Apple se valorizou 672 vezes no período e saiu de segunda colocada para o topo na lista das mais valiosas do índice S&P 500, que reúne as principais empresas da Bolsa de Nova York e da Nasdaq. A empresa termina este ano (dados até terça-feira, 29) valendo US$ 2,29 trilhões (o equivalente a R$ 11,9 trilhões, ou 61% a mais que o PIB brasileiro de 2019). Neste mesmo 2020, ela ultrapassou a petroleira Saudi Aramco, uma trilionária da velha economia que tem valor de mercado de US$ 1,87 trilhão (R$ 9,7 trilhões). ""Estamos no segundo ciclo de tecnologia"", diz Ruy Alves, gestor da Kinea, plataforma de gestão de investimentos ligada ao Itaú. ""O primeiro veio antes do ciclo devido e criou a bolha ponto com, pois, naquela época, o mundo não estava tecnologicamente preparado."" A bolha ponto com estourou depois de, em março de 2000, o índice Nasdaq atingir um recorde de 5.132,52 pontos com a valorização das empresas de tecnologia, na carona no avanço da internet. Em abril, o índice caiu 35%, para 3.321,29 pontos. Em outubro de 2002, o índice retrocedera 78,4%, para 1.108,49 pontos. Considerando a inflação, o índice só se recuperou em agosto de 2017, mais de 17 anos depois do pico. ""Não tínhamos os meios, a tecnologia para permitir essa revolução"", diz Alvez. ""Você não tinha internet rápida, smartphone."" O fato: as empresas de tecnologia não entregaram a lucratividade projetada pelas altas expectativas do mercado na época. Quando a realidade se impôs, as ações despencaram. Muitas quebraram. As sobreviventes ascenderam. Cinco delas ocupam o posto de empresas mais valiosas dos EUA: Apple, Microsoft, Amazon, Google e Facebook. Nesses dez anos, a Alphabet, dona do Google, é um importante destaque em valorização. Quando a década estava começando, valia US$ 191 bilhões (R$ 991 bilhões). Agora, seu valor de mercado já passa de US$ 1 trilhão (R$ 5,19 trilhões). É a quarta companhia americana mais valiosa. Segundo a Guide Investimentos, o Google detém 86% de participação no mercado global de meios de pesquisa e 85% do seu faturamento com base em anúncios. ""Destacada por sua vasta base de dados, o Google consegue mapear os diferentes usuários de seus serviços e então converter suas informações e preferências em anúncios eficientes que sejam interessantes a cada perfil específico"", diz a corretora em relatório. Uma das vedetes do momento é a Tesla. Neste ano, as ações dispararam 737,7%, e a empresa entrou para o S&P 500. Ela cria, desenvolve, fabrica e vende veículos elétricos e produtos de armazenamento de energia, um ramo que gera grandes expectativas em investidores que apostam em meios de transporte sustentáveis. Apesar de ter um valor de mercado (US$ 631 bilhões, equivalente a R$ 3,3 trilhões) muito acima do que a montadora entrega atualmente, neste ano, o lucro cresceu e surpreendeu o mercado. A Guide vê a companhia como altamente inovadora, ""com capacidade de superar os atuais veículos a combustão"" e ""margens elevadas mesmo com a quantidade de veículos produzidos ainda bem abaixo das outras montadoras"". Em relatório, a corretora também afirma que o status premium da marca pode continuar a alavancar as vendas nos próximos trimestres, ""semelhante ao efeito da Apple no mercado de smartphones"". Enquanto isso, as empresas de petróleo perderam a liderança ao longo da década no ranking de mais valiosas. A ExxonMobil era a número um dessa lista em 2010, com US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em valor de mercado. Hoje, ela vale US$ 176 bilhões (R$ 913,26 bilhões), sendo a 47ª mais valiosa do S&P 500. A Chevron, por sua vez, que era a oitava mais valiosa, passou de US$ 184 bilhões (R$ 954,77 bilhões) para US$ 163 bilhões (R$ 845,80 bilhões), caindo para a 53ª posição. Em parte, o valor das empresas reflete as mudanças no mercado de óleo e gás. Há dez anos, o barril de petróleo estava cotado acima US$ 90. Hoje, vale pouco mais de US$ 50. Entre muitos fatores, a desvalorização decorre do aumento na oferta, especialmente via petróleo de xisto, mas também da busca por alternativas mais sustentáveis e consideradas ambientalmente corretas, como o uso do etanol e do carro elétrico. Houve também quem se mantivesse no topo nestes dez anos. Na avaliação dos analistas, os resistentes se destacam pela qualidade da gestão e pela capacidade de preservar a liderança nos mercados em que atuam. São elas Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e Walmart. ""O Walmart é a empresa com a maior receita do mundo e que tem ganhado participação de mercado em ecommerce"", afirma Alves. Outra companhia que teve expressiva valorização na década --com perspectivas futuras tão boas quanto as vistas no passado-- é a Johnson & Johnson. Ela agora produz uma das vacinas contra a Covid-19. Para os analistas, a empresa se destaca justamente pela capacidade de gerar inovação na biotecnologia, com várias patentes já registradas, e potencial de crescimento na tecnologia hospitalar. ""Hoje ideias valem mais que bens materiais"", afirma Alves. ""A Moderna tem cerca de metade da capitalização da Vale porque vai permitir que a sociedade saia de volta à rua com uma tecnologia inovadora."" A Moderna tem valor de mercado de US$ 44 bilhões (R$ 228 bilhões), e a Vale, de R$ 460 bilhões. A Bolsa brasileira não apresentou a mesma dinâmica nesses dez anos. Segundo analistas, ela reflete a economia com baixa diversidade que caracteriza o Brasil no período. Enquanto as Bolsas dos EUA refletem uma revolução tecnológica, o mercado local mostra uma economia baseada em matérias-primas, com a dominância dos grandes bancos no setor financeiro. ""Nossa Bolsa é muito concentrada"", diz Michel Viriato, professor de finanças do Insper e colunista da Folha. ""O Brasil não tem investimento em pesquisa, desenvolvimento de empreendedores ou Vale do Silício, então é difícil acontecer o que acontece lá fora."" Segundo ele, a falta de investimentos em empresas no Brasil é fruto dos juros altos que predominaram nesta década, o que incentivou o investimento em renda fixa em detrimento de projetos mais arriscados, como startups. ""O Brasil é um dos piores países no que se refere a regras para ter e fazer negócios"", afirma o docente. ""Se não der certo, o empreendedor se ferra, com um monte de passivo, pois a legislação para fechar empresa é terrível."" Na comparação com 2010, as empresas mais valiosas do Ibovespa em 2020 são praticamente as mesmas. As novidades são Magazine Luiza, Weg e B3. Nesse meio-tempo, a Magazine Luiza promoveu uma intensa mudança interna, integrando as vendas físicas e online e conquistando uma importante fatia no ecommerce brasileiro, o que impulsionou sua valorização de 109% em 2020, quando o varejo online explodiu com a pandemia. ""É provável que a Magalu continue ganhando participação de mercado nos próximos anos, apoiada por vantagens competitivas importantes, como o desenvolvimento robusto de tecnologia e serviços de construção e recursos de pagamento"" diz Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos em relatório. Fagundes projeta que a empresa vá ter 23,7% de participação de mercado entre 2020 e 2025. No ano passado, a sua fatia era de 15%. Assim como a Magalu, a Weg é uma empresa considerada sólida e bem gerida, com uma trajetória emblemática no mercado local e internacional. Em plena pandemia, foi beneficiada pela valorização do dólar e por exportar muito para a China. Destaca-se também pela busca por fontes de energia limpa. Para Luís Sales, analista da Guide, a Weg se fortalece com o mix de produtos diversificado e tem alto potencial de crescimento no segmento de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A OGX, por sua vez, teve o caminho contrário. A empresa de petróleo e gás de Eike Batista era a oitava companhia mais valiosa do Brasil em 2010, com R$ 65 bilhões em valor de mercado. Quando a exploração de seus campos de petróleo se mostrou mais difícil do que o vendido pela empresa, a desvalorização foi rápida e piorou com a prisão de seu fundador. Hoje, rebatizada com o nome de Dommo Enegia, vale R$ 435 milhões. Chama a atenção o fato de que a própria Bolsa brasileira encerra a década como um caso de sucesso em termos de valorização. A B3, que opera a Bolsa de Valores de São Paulo, integrando BM&F Bovespa e Cetip, se beneficiou do desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil. Como a Bolsas regionais foram sendo fechadas, hoje ela atua sem concorrência como central depositária e de negociação e liquidação de ativos. Em 2002, incorporou a Bolsa do Rio, a segunda maior do país na época. Além de ser um dos escritores brasileiros mais populares da história, Jorge Amado (1912-2001) foi também um político de atividade intensa. Em 1932, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual dedicou sua militância durante os anos de Getúlio Vargas no poder. Manteve-se ligado à política durante a clandestinidade e o exílio e, em 1945, foi eleito deputado federal e participou da Assembleia Nacional Constituinte. Sua aproximação com o PCB ocorreu na mesma época de sua estreia na literatura, com a publicação do romance “O País do Carnaval” (1931). Na década de 1930, o escritor baiano, criado em Ilhéus (BA), entrou em contato com o movimento comunista enquanto cursava direito no Rio de Janeiro. Sua obra nesse período é marcada pela luta de classes, como o romance proletário “Cacau” (1933), que narra a trajetória de um operário cearense que parte para a zona cacaueira, ao sul da Bahia, em busca de trabalho. Em entrevista à Folha seis décadas depois, em 1991, a política e sua adesão ao comunismo são os temas sobre os quais Amado mais discorre, além de falar de seu romance nunca acabado “Boris, o Vermelho” (""o desgraçado deste livro"") e do processo de escrita de “Navegação de Cabotagem"", autobiografia que lançou em 1992. A entrevista fez parte de uma série especial do jornal, que propunha conversas entre dois jornalistas e uma grande personalidade brasileira. Desta forma, “sujeitas um pouco ao zeitgeist da época”, conta o jornalista Alcino Leite Neto, editor do caderno Letras àquela altura. “E o zeitgeist naquele momento era a perestroika, a glasnost e o fim do comunismo”, diz ele, que entrevistou Amado ao lado de Marilene Felinto, escritora e colunista da Folha. Para essa mesma série, eles também entrevistaram os escritores Ariano Suassuna e Rachel de Queiroz. Com Jorge Amado, o comunista best-seller, a forma como conciliou política e literatura ao longo de toda a vida foi o fio condutor da conversa. Em especial, o passado político de “um país sem memória”, como ao final ele chama o Brasil. Durante a entrevista, Amado narra sua trajetória no PCB, lembra a desavença com Oswald de Andrade e se recorda da amizade com Graciliano Ramos, um dos escritores preferidos de Felinto —foi ela quem quis conversar com Amado sobre o relatório que Graciliano escreveu quando foi prefeito de Palmeira dos Índios (AL). Há também uma reticência que Leite Neto lembra ser curiosa: quando Amado falava da morte de Stálin, afirmando que o enterraram “rapidamente para evitar…”, raciocínio que ele não concluiu. E os jornalistas optaram por evidenciar este silêncio. Leia abaixo a íntegra da entrevista com Jorge Amado, republicada agora como parte da série Entrevistas Históricas, que celebra o centenário da Folha relembrando conversas marcantes do jornal. Nesta quinta, dia 31 de dezembro, faltam 50 dias para que o jornal, fundado em 19 de fevereiro de 1921, complete cem anos. * Em 1992, o escritor Jorge Amado completa 80 anos. ""Espero estar vivo porque quero receber João Ubaldo Ribeiro na Academia Brasileira"", ele brinca. Enquanto João Ubaldo não chega, é Dias Gomes que o escritor vai saudar no próximo dia 16, quando o dramaturgo e telenovelista toma posse entre os acadêmicos. Jorge Amado prefere não divulgar seu discurso, mas trata-se de uma profissão de fé socialista, feita por este que é um dos mais célebres comunistas do país e o escritor brasileiro mais conhecido internacionalmente. Todas as suas preocupações parecem se voltar atualmente para aí: o futuro do socialismo. Também sua memória parece ocupada com as recordações dos tempos heróicos do comunismo no Brasil. Na entrevista à Folha, é principalmente destes tempos que o ex-militante Jorge Amado fala. Mas também conta sobre os livros que está escrevendo, suas aventuras no cinema e um de seus maiores amigos, Graciliano Ramos. O que o sr. está escrevendo no momento? Posso te adiantar que comecei um livro que espero publicar no ano que vem. É um livro não de memórias, mas um livro de notas de memórias que eu não escreverei jamais. Vai se chamar ""Navegação de Cabotagem"". Qual a primeira ""nota"" deste livro? A primeira nota é uma conversa com o escritor Ilya Erenburg, na dacha dele, em Nova Jerusalém, no interior da Rússia. No inverno, em que ele me dizia: ""Jorge, nós somos escritores sem memória. Nunca poderemos escrever livros de memória porque as coisas que nós sabemos não podemos contar"". Mas quando veio [Nikita] Khruschev [líder soviético que abrandou o stalinismo na URSS] e aquela primeira abertura, ele escreveu sete livros de memórias. E vou contar... Vivi, por exemplo, uma vida de partido longa, onde uma série de circunstâncias me fizeram tomar conhecimento de coisas porque eu merecia a confiança do partido. Mas não me acho no direito de sair hoje contando o que aconteceu... Ao mesmo tempo, estou escrevendo um romance chamado ""Boris, o Vermelho"". É o mesmo livro que o sr. dizia estar fazendo em 84? É. Tentei escrever o desgraçado deste livro pela primeira vez em 83. Mas ele não estava maduro na minha cabeça. Voltei a tentar mais duas vezes. Estou fazendo a quarta tentativa. O que é que está impedindo o sr. de terminar? É o seguinte: este livro tem uma data que é o ano de 1970. Qual é o meu projeto? É uma coisa que eu vivi muito, não por mim mas por meus filhos, que foi o tempo dos hippies, o tempo em que Arembepe, na Bahia, era a capital dos hippies da América Latina. Pensei em fazer um retrato de um jovem brasileiro naquela época. Só e exclusivamente um jovem brasileiro, sem nenhuma ideia política na cabeça, e que as circunstâncias da vida nacional levam a fazer uma série de coisas que eu ainda não sei quais serão. De onde vem o nome ""Boris, o Vermelho""? Tudo o que por enquanto sei da história é que a mãe dele é uma costureira de famílias ricas, que lê aqueles folhetins e se apaixona pela vida na corte imperial dos czares e põe nele o nome de Boris. E o vermelho porque ele é mulato sarará. Quando acontecem as coisas que eu não sei ainda quais são, um general diz: ""Boris, o Vermelho —o nome diz tudo"". Então, ele é vítima deste nome. Toda vez que eu tentei fazer este livro, a não ser esta última, a tendência era contar o processo da ditadura. Hoje isto não tem interesse de jeito nenhum. Então, eu quero fazer um pequeno livro que seja o perfil de um jovem e sobre a incongruência das coisas em que ele se vê de repente metido, como bandido e herói. Na minha concepção, tem um pouco a ver com o mundo atual que vivemos após a queda do muro de Berlim. Tenho 25 páginas de um livro que imagino deva ter cem páginas. O sr. esteve em Moscou recentemente? O que achou das reformas? Estive em Moscou pela última vez em 1989. Vi duas coisas terríveis. Uma, que podia haver uma volta para trás. Outra, que poderia haver uma guerra civil. Tive um trauma com isto. Minha pálpebra do olho esquerdo caiu. Voltei de Moscou correndo porque estava certo que tinha um tumor no cérebro. E aí vi que não era nada disso. Vi que era a União Soviética, o Muro de Berlim, aquilo tudo caindo na minha cabeça. Ao contrário do personagem de seu próximo livro, Boris, o sr. se envolveu voluntariamente na militância comunista e chegou mesmo a participar da Constituinte de 1946, eleito pelo PCB... Em realidade, nós não fomos eleitos para uma Assembleia Constituinte. Foi eleito um Senado e uma Câmara de Deputados. Quando em janeiro nos reunimos para tomar posse, resolveu-se transformar deputados e senadores em constituintes. O partido tinha feito 16 deputados. O único senador era o Luís Carlos Prestes. O sr. se adaptou bem ao Congresso? Eu fui deputado contra a minha vontade porque nunca tive vocação parlamentar. O partido me colocou na lista porque eu já era conhecido e iria trazer votos. Aceitei com a condição de que não exerceria, que renunciaria. E o partido aceitou? Eu me lembro que houve uma reunião no Rio e me esculhambaram muito porque diziam que militante não tinha direito de fazer exigência. Mas Prestes interveio e então eles aceitaram. Eu fui eleito e, quando terminou, escrevi minha carta de renúncia. Eu e Zélia, que estávamos juntos desde o meio do ano, viajamos em lua de mel. Fomos ao Rio Grande do Sul, a Montevidéu e íamos a Buenos Aires. Quando estava em Montevidéu, em dezembro de 1945, recebi um telegrama de Prestes, pedindo que eu voltasse imediatamente. Voltamos, e Prestes mais a direção do partido pediram que eu assumisse em 3 de janeiro. Houve algum atrito? Eu aleguei que havia um compromisso e eles me disseram: ""Você teve uma votação grande em São Paulo, e uma votação não-comunista grande pelo fato de ser escritor, e para o partido vai ficar muito feio se você não assumir, vão dizer que foi exploração de seu nome"". Finalmente ficou acordado que eu assumiria por três meses. Quando entrei, passei a exercer um papel de certa importância em relação à bancada porque eu me dava com todo mundo. Essa Assembleia Constituinte de 1946 tinha uns 20 escritores, eleitos pelos diversos partidos e estados. Na Constituinte, o sr. se empenhou numa lei que garante a liberdade de culto, não foi? Sim. Foi um dos parágrafos de minha autoria. Resolvi fazê-lo porque a perseguição religiosa no Brasil era brava. Hoje, ser de outra religião que não a católica é um negócio ótimo, você até pode ser proprietário de rede de televisão... Eu me lembro que, numa viagem que fiz ao Ceará, o que vi de igreja protestante incendiada era uma coisa séria. Se você falava então em candomblé, religião de origem africana no Brasil, era uma porrada grossa, prisão. O sr. chegou a militar com Oswald de Andrade? O Oswald de Andrade estava brigado com o partido na época da eleição. Ele tinha brigado comigo, inclusive. Brigaram por quê? Oswald tinha entrado no partido, o que foi um absurdo. Quando ele entrou, eu lhe disse: ""Estás fazendo uma tolice"". A disciplina do partido era muito dura naquela ocasião e eu disse que seria difícil ele aguentar. Quando houve as eleições, o Oswald queria ser candidato. Lutei muito para que isto acontecesse, mas a direção do partido não o colocou na lista. Fomos escolhidos eu, Caio Prado Jr., que não ganhou, e José Geraldo Vieira, que era ""soi disant"" [que se diz] católico. O partido explorava muito o fato de ele, católico, ser membro. Também não ganhou. Monteiro Lobato foi candidato e deixou que usassem o seu nome até certo momento. Um pouco antes da eleição, retirou sua candidatura. O Oswald, então, por intrigas de outras pessoas, achou que eu tinha impedido que ele fosse candidato. Mas foi o contrário. O sr. escreveu alguma coisa nesta época? Escrevi ""Seara Vermelha"". Foi o único livro que estava pronto na minha cabeça. Escrevia pela manhã. Morava numa pequena chácara no estado do Rio, não vivia na capital. Fazia todos os dias uma hora de viagem para ir, uma hora para voltar. Não sei se no meu tempo de deputado eu faltei a dez sessões. Naquele tempo, nós ganhavamos 9.000 cruzeiros —6.000 de ordenado e 100 cruzeiros por sessão. Se você não ia, descontavam. E eu pagava casa, comida, tudo, tudo. Não tinha mordomia de espécie alguma. Além disso, o partido tomava meu dinheiro todo. Como o partido considerava que eu tinha do que viver, pois era escritor, tinha direitos e tal, me tomava os 9.000 cruzeiros menos 2.000, me tomava 7.000. Com o que sobrava, eu pagava a condução. E o sr. realmente tinha dinheiro? Não tinha e foi a única vez em minha vida que eu fiquei devendo a editor. Quando fomos expulsos do Congresso em janeiro de 48, eu devia ao Martins, que foi meu editor por 30 anos, 90 mil cruzeiros. Ele tinha me financiado, todo mês me pagava. Mas como eu só fiz o ""Seara Vermelha"", só tive direitos deste livro. Eu paguei a ele antes de viajar para a Europa, no fim de janeiro. O partido me mandou para a França porque se esperava uma perseguição muito grande e tal. Fiquei em Paris até 1950, quando fui expulso da França. Depois, fui para Praga. Qual foi o motivo de sua expulsão da França? Não foi só eu. Também Neruda, Carlos Scliar, o pintor... Eu era um representante do partido e atuava em duas frentes. Sobretudo fui um dos dirigentes mundiais do Movimento dos Partidários da Paz, que era um instrumento da União Soviética na Guerra Fria. O motivo da expulsão foi minha atuação política. Nessa época, não escrevia. Sempre estava lutando para voltar a escrever. Mas o partido ia adiando, adiando. Eu era um elemento disciplinado, sentia que minha atuação tinha algum valor. Quando eu voltei ao Brasil em 1952, comecei a pressionar o partido. Pressionar como? Dizia: ""Quero voltar a ser escritor etc."" Eles sempre respondiam: ""Você espera um pouco"". Eu sou incapaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo. Além de gostar de uma mulher e escrever, uma terceira coisa eu não consigo, não consegui nunca em minha vida, compreende? Eu devo ser muito limitado em todas as coisas. Para fazer uma coisa que não me diverte tenho que fazer um esforço muito grande. De forma que só em 1952 eu comecei arranjar de escrever e fiz um imenso romance, ""Os Subterrâneos da Liberdade"", diretamente influenciado pela minha atividade política. Foi depois de sua volta que o sr. trabalhou para o cinema no Brasil? Não, foi antes de eu ir para a França. Como eu contei, estava devendo para o Martins. O partido me disse: ""Você vai para a França"". Mas não me deu um tostão. Tive que me virar. Fiz de tudo. Eu sempre tive uma ligação muito grande com o pessoal de cinema. Escrevi muito diálogo para chanchadas. Nunca assinei. Fiz os diálogos para um filme sobre Castro Alves com roteiro de Joracy Camargo e dirigido por Leitão de Barros. Fiz o argumento de um filme chamado ""Estrela da Manhã"", que tinha o Dorival Caymmi fazendo um pescador. O sr. chegou também a trabalhar como ator? Uma única vez. Foi num documentário de 1937 sobre Itapuã, feito pelo Ruy Santos. Naquele tempo, você ia a Itapuã de barco, não havia estrada. Era realmente uma povoação de pescadores. Creio que se chamava ""Itapuã"". Fiz o argumento do filme. Tem uma cena em que o Ruy filma um pescador puxando um jumento. Este pescador sou eu. Minha relação com o cinema vem desde 1933, quando a Carmen Santos quis filmar ""Cacau"" e eu fiquei amigo do pessoal de cinema. Mais tarde, ela quis filmar meu livro sobre Castro Alves com o menino do ""Limite"". O Mário Peixoto? Ele. Trabalhamos juntos, pusemos o roteiro de pé, tudo isso. Como foi esse trabalho? A Carmem me chamou, me pagou um dinheiro. Já era o começo do meu mandato de deputado e todo dinheiro era útil. Nós fizemos o roteiro, mas a Carmen não levou adiante. Eu conheci muito pouco o Mário Peixoto. Trabalhamos bem. Era um homem muito gentil, muito educado, muito fino. Muitos anos depois eu pude ser útil a ele para a publicação de seu romance. Mário começou como romancista. Quando voltou a escrever, falou comigo e eu falei com o Alfredo Machado (editor da Record), que publicou seu livro ""O Inútil de Cada Um"". Era um homem encantador. Você conheceu Graciliano através da militância? Não. Eu o conheci em 1933. Ele tinha sido prefeito de uma cidade chamada Palmeira dos Índios e escreveu uma coisa que ficou muito célebre, um relatório de prefeito que tinha esta frase: ""Enterrei cem mil réis no cemitério"". O José Américo de Almeida foi quem trouxe este relatório para o Rio, eu acho. O José Américo foi um homem muito importante no Brasil, infelizmente esquecido, uma espécie de vice-rei do Nordeste após a revolução de 1930. O relatório então tornou Graciliano conhecido no Rio... Sim. O poeta Augusto Frederico Schmidt, chamado gordinho sinistro, dono de uma editora de importância fundamental, ao saber que ele tinha um romance pronto mandou um telegrama para Graciliano pedindo o livro. Depois mudaram a história. Disseram que quando o Schmidt soube do tal relatório teria dito: ""Este homem deve ter um romance"". É mentira. Ele soube da existência do romance no mesmo momento que eu soube por José Américo. Levou dois anos e tanto para publicar. E publicou porque eu, Santa Rosa e Alberto Guimarães lutamos tanto que o ""Caetés"" é dedicado a nós. O Schmidt era apoiado financeiramente por alguns homens importantes: Tristão de Ataíde [líder católico, crítico literário e professor], que era um homem rico, Hamilton Nogueira [senador carioca], Tristão da Cunha [político e professor]... Eu era estudante de direito no Rio, vagabundo, e sub-literato. Então, um dia na gaveta do Schmidt eu vejo os originais de ""Caetés"", em 1932. E me apaixonei pelo livro, gosto até hoje. Você chegou a escrever sobre ""Caetés""? Não, foi muito mais importante: eu peguei um navio, em 1933, e fui para Maceió, onde ele estava morando. Naquele momento Maceió era um centro literário importante. Estavam José Lins do Rego, paraibano, Rachel de Queiroz, que era cearense, Santa Rosa, muito esquecido hoje, um grande desenhista e ilustrador, que fez a revolução das capas dos livros. Morava aí o Aurélio Buarque de Hollanda, que era um rapaz bonito. Mas não fui lá para vê-los. Fui para ver Graciliano. E ficamos amigos. Nos encontramos pela primeira vez em um café. Graciliano sempre tomava café numa xícara grande, enquanto os outros usavam a pequena. A sua amizade com Graciliano terá influenciado no fato de ele se aproximar do partido? Absolutamente. Depois deste encontro só revi Graciliano quando ele saiu da cadeia, em 1946. Porque veio o negócio de 1935 e ele foi denunciado por inimigos políticos como comunista. Ele nem era comunista ainda. Eu estive preso nesta ocasião, mas nunca coincidiu estarmos na mesma prisão. Eu estive preso em 1936 na Polícia Central do Rio quase três meses e Graciliano estava na Casa de Correção. O Rubem Braga tinha conseguido fugir. O Moacyr Werneck de Castro também escapou. Mas eu tinha um pijama de listas que tinha levado para a cadeia. Quando saí, estava preso um rapaz, Isnard Teixeira, que agora figurou muito nos jornais num Congresso do PCB, um ortodoxo, e dei a ele o meu pijama. O rapaz foi para a Casa de Correção e correu a notícia que eu estava lá, por causa do pijama. Dizem que Graciliano foi ver. Fomos amigos fraternos a vida toda. Eu vi Graciliano morrer. Foi na mesma época em que me mandaram vir às pressas do Chile, onde estava para um congresso de cultura, porque tinha morrido Stálin. O partido ia mandar uma delegação a Moscou para o enterro, mas não deu tempo porque enterraram Stálin rapidamente para evitar... Quando eu vim, Graciliano estava morrendo. Foi um amigo muito querido. O que você tem lido ultimamente? Atualmente eu releio mais do que leio porque é natural. Quando a gente chega em certa idade, você tem o desejo de reler livros que te disseram alguma coisa. E, por outro lado, o tempo de leitura diminuiu muito. Hoje sou um homem muito mais ocupado do que era antes. Quem você relê? Mark Twain eu releio todo o tempo. Releio Charles Dickens, Maupassant, Zola, Gógol, Rabelais, Cervantes. Não estou dizendo para ser pretensioso, mas porque são coisas que me tocaram, a quem eu devo alguma coisa como romancista. Tem literatura demais no mundo. Eu passo a maior parte do meu tempo na Europa e, de repente, você descobre que há escritores da maior importância que nem sabia que existia. Você acompanha a produção literária brasileira atual? Não me aflijo para ler imediatamente. Porque às vezes eu leio e não é bom. Posso dizer que busco acompanhar porque a literatura brasileira me interessa acima de qualquer outra. Mas não é fácil porque há muita coisa. Eu fico esperando. Quando a coisa se assenta mesmo, aí eu leio. Algo que eu acho muito positivo, primeiro, é o fato de que uma literatura, para que ela se afirme, tem que ter um grande número de autores. Segundo, é esta tendência à profissionalização, que parece que se acentua no Brasil. Houve um tempo em que os dois escritores que viviam disso no Brasil eram só eu e o Érico Veríssimo. Érico, por sinal, está muito esquecido. É uma grande pena. Quando você morre em um país sem memória, imediatamente eles te esquecem. Quando eu morrer, vou passar uns 20 anos esquecido. Este texto faz parte da série Entrevistas Históricas, que lembra conversas marcantes publicadas pela Folha. A menos de um mês das eleições municipais, no auge da campanha eleitoral, o que movimentou a política do Acre foram buscas e apreensões relacionadas a suspeitas de um esquema de ""rachadinha"" na Assembleia Legislativa do estado. A operação de 29 de outubro, chamada Dirty Safe, levou ao afastamento do presidente da Casa, deputado Nicolau Júnior (PP). Segundo a Polícia Federal, a investigação aponta depósitos em espécie suspeitos de aproximadamente R$ 30 milhões. A apuração envolve outros deputados. A Dirty Safe, do Acre, segue uma tendência de todo o país. Nos últimos três anos, escândalos ligados à prática de ""rachadinha"", nos quais há suspeitas de desvios de salários de funcionários ligados a políticos, foram notícia na maioria dos estados brasileiros. Muitas vezes esses repasses em dinheiro envolvem pessoas que nem sequer trabalham de fato nos gabinetes, os chamados funcionários fantasmas. Em relação a esses casos, houve operações policiais, denúncias apresentadas pelo Ministério Público, condenações na Justiça ou movimentações relevantes em tribunais sobre agentes públicos de pelo menos 21 das 27 unidades federativas. Os fatos investigados, porém, não necessariamente são de um período recente. Embora seja o mais célebre, o caso do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tramitou ao mesmo tempo em que esses outros políticos eram investigados, denunciados e condenados –ou ainda absolvidos e com processos anulados. No Acre, no mês seguinte à Dirty Safe, em novembro, os deputados votaram para reverter o afastamento de Nicolau Júnior e também medidas cautelares contra deputados. Procurada, a defesa de Nicolau diz que não há ""qualquer elemento concreto que indique alguma prática criminosa de sua parte"" nas investigações relativas à operação de outubro. ""A investigação é um conjunto confuso de ilações, que se utiliza de fatos isolados para a construção de uma narrativa absolutamente fantasiosa"", afirma o advogado Erick Venâncio, em nota. Segundo ele, Nicolau Júnior se colocou à disposição da autoridade policial para o esclarecimento dos fatos desde o início, mas ainda não foi ouvido no curso do inquérito. Em novembro, Flávio Bolsonaro foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob a acusação de ter liderado uma organização criminosa para recolher parte do salário de seus ex-funcionários em benefício próprio no período em que era deputado estadual. A defesa do senador tem dito que a tese acusatória é forjada, não tem provas e não se sustenta. Ainda na própria Assembleia do Rio de Janeiro, também foi denunciado o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC), sob a acusação de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em nota, sua defesa afirmou à época que ele “confia na Justiça e nas instituições e também que o contraditório esclarecerá nunca ter se beneficiado, apropriado ou consentido com o desvio de recurso público”. Entre os denunciados sob acusação de participarem de esquemas de ""rachadinha"" nos últimos anos estão o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi um dos principais líderes do MDB da Bahia, e o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria, do PSD. Robinson, que é pai do ministro das Comunicações Fábio Faria, virou réu em julho sob acusação de peculato por suposta participação em um esquema de fraudes de R$ 3,7 milhões da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte de 2008 a 2010. À época, ele era presidente do Legislativo potiguar. A acusação aponta para um esquema que envolvia servidores fantasmas, cujos salários eram desviados com a ajuda se funcionários que trabalhavam para a cúpula do órgão. Em nota, a defesa do ex-governador afirma que “o Ministério Público insiste em sua campanha de perseguição a Robinson Faria, imputando ao ex-governador fatos criminosos sem amparo em elementos mínimos de prova”. “Esta defesa tem total confiança no Poder Judiciário e tem plena convicção de que a denúncia será devidamente rechaçada”, afirmam os advogados José Luis Oliveira Lima e Daniel Kignel. Meses antes, em março, a força-tarefa da Operação Greenfield ratificou denúncia que havia sido oferecida em 2018, pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o seu irmão, o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) e a mãe deles. A acusação é de peculato. O Ministério Público Federal diz que houve apropriação de recursos ligados ao pagamento de secretários parlamentares na ordem de R$ 5,2 milhões. Procurada, a defesa de Geddel não se manifestou. O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão e candidato de Bolsonaro à presidência da Câmara, também foi acusado da prática de ""rachadinha"" por um período em que integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas, mas ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça alagoano. Uma acusação de ""rachadinha"" em relação ao deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) começou a ser julgada em novembro deste ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin votaram pela condenação de Silas, mas a votação acabou interrompida pelo ministro Kassio Nunes. O caso, que era analisado pelo plenário virtual, passará a ser julgado em plenário físico, o que ainda não aconteceu. A acusação é de desvios que teriam acontecido de 2000 a 2011. Em outros estados, há condenações relativas a vereadores e até a um ex-prefeito —neste caso, em Caxambu do Sul (SC). Vereadores e ex-vereadores foram condenados em Hortolândia (SP), Itabira (MG), Viana (ES) e, no Paraná, em Foz do Iguaçu e Curitiba. No Pará, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decidiu abrir uma apuração a respeito de suspeita de um esquema de ""rachadinha"" em cartórios de Belém. Em 2019, a Polícia Federal fez uma operação também relacionada a suspeitas de esquema de ""rachadinha"" na Assembleia Legislativa de Rondônia. À época, a PF anunciou que o valor das apreensões e bloqueios de contas podia chegar ao valor de R$ 500 milhões. Arthur Lira (PP), deputado federal por Alagoas Líder do centrão e candidato de Bolsonaro à presidência da Câmara, foi acusado da prática de “rachadinha” por um período em que integrou a Assembleia Legislativa de Alagoas, mas ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça do estado Geddel Vieira Lima (MDB), ex-ministro Em março, a força-tarefa da Operação Greenfield ratificou denúncia que havia sido oferecida em 2018, pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi um dos principais líderes do MDB da Bahia, o seu irmão, o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) e a mãe deles. A acusação é de peculato. Procurada, a defesa de Geddel não se manifestou Marcio Pacheco (PSC), deputado estadual do Rio de Janeiro Pacheco foi denunciado sob a acusação de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Sua defesa afirmou que o deputado não se beneficiou de desvio de recurso público Nicolau Júnior (PP), deputado estadual do Acre A Operação Dirty Safe, de 29 de outubro, levou ao afastamento de Nicolau da presidência da Assembleia Legislativa do Acre. Em novembro, os deputados votaram para reverter a medida. Em nota, sua defesa afirmou que não há “qualquer elemento concreto que indique alguma prática criminosa de sua parte” Robinson Faria (PSD), ex-governador do Rio Grande do Norte Pai de Fábio Faria, ministro das Comunicações, o ex-governador virou réu em julho sob acusação de peculato por suposta participação em um esquema de fraudes de R$ 3,7 milhões da Assembleia Legislativo do estado de 2008 a 2010. À época, ele era presidente do Legislativo potiguar. A acusação aponta para um esquema que envolvia servidores fantasmas. Em nota, a defesa do ex-governador afirmou que o Ministério Público imputa a ele “fatos criminosos sem amparo em elementos mínimos de prova” Vacina “Para Bolsonaro, laboratórios é que deveriam ir atrás do Brasil” (Saúde, 29/12). O ministro Paulo Guedes poderia ter ensinado ao presidente que a lei da oferta e procura não pode ser revogada por ninguém, nem mesmo pelo seu ministro Kassio Nunes. Comprar vacinas no auge de uma pandemia não é como comprar banana na feira. Declarações como essa revelam a total incapacidade de Bolsonaro para o exercício do cargo máximo da República. Fernando Hintz Greca (Curitiba, PR) * O presidente Zero-Zero é patético. O mundo correndo atrás de laboratórios pelas vacinas, e o inconsequente manda os laboratórios correrem atrás do Brasil? Insano, passível de tratamento psiquiátrico. Luís Cláudio Marchesi (São Paulo, SP) * O governo informa que nenhuma vacina solicitou autorização da Anvisa. Ouvindo essa afirmativa o povo fica com a impressão de que o atraso na vacinação por aqui é culpa das empresas detentoras das vacinas. A verdade é que a imunização ainda não começou aqui por pura incompetência do governo, que não comprou as vacinas antes, como fizeram os países que já estão vacinando ou vão iniciar a imunização, como está acontecendo em países da América Latina muito mais pobres que o Brasil. Reinaldo Oliveira (Rio de Janeiro, RJ) * A americana Pfizer mostra desprezo e falta de compromisso com o Brasil ao não apresentar pedido de autorização emergencial e/ou registro definitivo de sua vacina contra a Covid-19 para a Anvisa. Os poderes constituídos da República deveriam se unir para que a empresa apresentasse as documentações necessárias. Osvaldo César Tavares (São Paulo, SP) Gol na Vila A imagem do presidente Bolsonaro fazendo um gol na Vila Belmiro pode ser analisada sob uma perspectiva simbólica. É evidente que tanto o time dele quanto o rival prepararam a jogada, com escancarada ajuda do goleiro. Com a possibilidade de impeachment praticamente afastada, o que o Brasil precisa fazer nos próximos dois anos é o que aconteceu no jogo: os demais poderes conduzirem o país, com, sem e apesar de Bolsonaro, fazendo dele um mero fantoche que só empurre a bola para o gol. Luciano Harary (São Paulo, SP) Ano-Novo Medidas planejadas para o Réveillon do Rio fazem lembrar o indivíduo que trancou a casa, mas deixou a janela aberta para o ladrão entrar. Acesso à orla bloqueado —mas quem vier de táxi pode passar. É proibido aglomerar —mas os hotéis podem dar festa, e os quiosques, funcionar. Agente entrevistado diz que confia na consciência da população. Lavam as mãos, enfim, as autoridades. Se depender da tal consciência, vamos mesmo é ouvir a marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, sucesso na voz de Jorge Veiga no Carnaval de 1947: “Eu Quero É Rosetar”. Patricia Porto da Silva (Rio de Janeiro, RJ) Ano velho O artigo “Feliz Ano Velho”, de Cristina Serra (Opinião, 29/12), é uma aula de como se faz uma síntese. Ali está, em poucas linhas, o que um presidente da República foi capaz de dizer sobre uma pandemia que já matou quase 200 mil brasileiros em menos de um ano. Eu me pergunto: será um pesadelo? Alguém poderia imaginar tamanha tragédia? E ainda não acabou. Avelino Antônio Correa (Garopaba, SC) * As bobagens que Jair Bolsonaro diz já entraram para o anedotário nacional, assim como seus efeitos deletérios, como apontado pela articulista. Neste momento, o que preocupa, na verdade, são esses quase um quarto de negacionistas da vacina que ainda não entenderam que a imunidade coletiva ante a Covid só virá com a vacinação em massa. Geraldo Cassales Izaguirre Júnior (São Vicente, SP) Hidroxicloroquina É perfeitamente legítimo que o senhor Emerson Kimura tenha sua opinião sobre a efetividade de hidroxicloroquina como tratamento precoce para Covid-19 (Tendências / Debates, 29/12). No entanto, a argumentação dele é exatamente o contrário do que é dito no artigo do BMJ, por ele citado. Fazer uma citação tirando frases de contexto é um procedimento muito usado pelos mercadores da dúvida mencionados no artigo, entre os quais o senhor Kimura deve ser incluído. Ele nega resultados obtidos em inúmeros testes, tentando sugerir controvérsia onde há consenso. Ciência se faz com fatos, não com opiniões. Leandro R. Tessler (Campinas, SP) * Enfim um pouco de sensatez no debate do que devia ser uma questão técnica, sem despertar paixões contra ou a favor. Como Donald Trump falou bem da droga, a imprensa automaticamente ficou contra. Para piorar, existe de fato um certo risco na associação de hidroxicloroquina com azitromicina —combinação que se mostrou eficaz em alguns estudos, desde que usada precocemente. E esse risco levou à suspensão de muitos ensaios. Paulo César de Oliveira (Franca, SP) Sucessão na Câmara “Bloco de sucessão na Câmara é sinal forte sobre aliança de 2022” (Poder, 29/12). Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderia fazer um último gesto de elegância política e, antes de sair da presidência da Câmara, colocar em votação um dos 42 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro. Só para ver o que acontece e para ter repercussão mundial. Sem seu mestre Donald Trump, Bolsonaro não é mais ninguém. Fabrizio Wrolli (São Paulo, SP) * Maia engavetou uma pilha de pedidos de impeachment, pautou a aprovação da quase totalidade da agenda do governo genocida, fingiu independência e conquistou os corações de partidos que outrora foram de esquerda. Maia é mais do mesmo de um sistema que sempre massacrou o povo, que perdeu o protagonismo político, mas que nunca deixou o poder e, agora, se articula para retomá-lo. Francinezio Amaral (Manaus, AM) Escrita por Cao Hamburger e com direção artística de Paulo Silvestrini, ""Malhação - Viva a Diferença"" foi exibida originalmente entre 2017 e 2018. A trama retorna à Globo, em versão especial, em virtude da pandemia do novo coronavírus que fez com que a emissora suspendesse as gravações da nova temporada ""Malhação - Transformação"". Essa temporada de ""Malhação"" mostra a história de cinco adolescentes: Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Benê (Daphne Bozaski) e Keyla (Gabriela Medvedovski), com histórias, origens e personalidades diferentes, mas que se encontram de forma inesperada e desenvolvem uma amizade forte entre elas. Grande sucesso de público, a novela venceu o prêmio no Emmy Internacional Kids 2018 e uma continuação em forma de série. Chamada ""As Five"", a produção mostrará a vida das mesmas personagens seis anos depois do que foi mostrado no folhetim, e deve estrear em 12 de novembro na Globoplay. A segunda temporada também já foi confirmada. O STF (Supremo Tribunal Federal) também pediu a reserva de 7.000 doses da vacina contra a Covid-19 ao Butantan, a Coronavac, para os seus funcionários, assim como fez para a vacina produzida pela Fiocruz. O ofício obtido pela Folha foi enviado ao diretor do instituto, Dimas Covas, no mesmo dia em que também foi encaminhado o da Fiocruz, em 30 de novembro, solicitando o mesmo número de doses da vacina. O tribunal também usa argumentos semelhantes para obter a reserva e diz que a ação tem dois objetivos principais. O primeiro, a imunização do maior número possível de trabalhadores de ambas as casas (STF e Conselho Nacional de Justiça), que desempenham papel fundamental no país e têm entre suas autoridades e colaboradores uma parcela considerável de pessoas classificadas em grupos de risco. O outro é que a realização da campanha pelo tribunal seria uma forma “de contribuir com o país nesse momento tão crítico da nossa história, pois ajudará a acelerar o processo de imunização da população e permitirá a destinação de equipamentos públicos de saúde para outras pessoas, colaborando assim com a Política Nacional de Imunização”. ""Ante o exposto, considerando se tratar de um produto novo e ainda não autorizado pela Anvisa, gostaria de verificar a possibilidade de reserva de doses da vacina contra o novo coronavírus para atender a demanda de 7.000 (sete mil) pessoas”, diz o documento. Afirma também que o pedido ocorre “a exemplo do que já fora realizado com a vacina contra a influenza”e que visa atender “à política de promoção da saúde e redução do absenteísmo por causas evitáveis”. O ofício é assinado pelo diretor-geral do STF, Edmundo Veras dos Santos Filho e foi encaminhado a Paulo Luis Capelotto, diretor jurídico do Butantan. Procurados, STF e Butantan não responderam à Folha. Segundo a reportagem apurou, o instituto não deu resposta ao Supremo. Já a Fiocruz havia informado que negou o pedido do tribunal. Os documentos obtidos pela reportagem mostram que, inicialmente, o STF tratava de uma quantidade de vacinas para 4.000 pessoas, mas as solicitações oficiais mencionaram o total de 7.000. O presidente do STF, Luiz Fux, mandou exonerar o secretário de serviços integrados de saúde da Corte, Marco Polo Dias Freitas, que segundo ele foi o autor do pedido feito à Fiocruz. Segundo o presidente do STF, a solicitação foi feita sem o seu conhecimento. “Foi um choque para mim [o pedido]. Não é do meu feitio fazer isso. Foi uma falta de noção, um pedido inoportuno. Estamos em videoconferência, não havia necessidade disso. Foi agressivo”, disse Fux à Folha. No último dia 23, o presidente do STF havia defendido a medida, em entrevista à TV Justiça. Na ocasião, ele ressaltou a preocupação de não parar as instituições fundamentais do Estado, nem o Executivo, nem o Legislativo, nem o Judiciário, “normalmente integrados por homens e mulheres que já têm uma certa maturidade"". À Folha nesta terça-feira, 29, Marco Polo Dias Freitas afirmou que nunca realizou ato sem a ciência de seus superiores. O funcionário ocupava o cargo de secretário de Serviços Integrados de Saúde da Corte há seis anos. “Respeito rigorosamente a hierarquia administrativa do STF. Nesses 11 anos no STF, nunca realizei nenhum ato administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos. Continuarei, como médico, de corpo e alma, na luta diária pela saúde e bem-estar das pessoas”, disse. O governo de São Paulo pretende iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro, com as 10 milhões de doses já em território brasileiro da Coronavac, a vacina da Sinovac. Segundo Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde de São Paulo, a eficácia da Coronavac ficou abaixo de 90%. Ele observou diferenças entre as eficácias nos diferentes países onde ocorreram os testes, com o Brasil apresentando um dado menor. Por isso, a farmacêutica quis rever os dados. Os desafios enfrentados pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, são imensos e, em muitos aspectos, sem precedentes. Os historiadores do futuro terão muito a dizer sobre como o trumpismo, uma forma extrema de populismo de direita, aproximou o populismo do fascismo e da ditadura, mas também como e por que ele foi rejeitado no final de 2020. Biden foi votado por um número recorde de estadunidenses, mais de 81 milhões de cidadãos, unidos por sua rejeição ao trumpismo. Para citar o escritor Jorge Luis Borges, eles não estavam unidos pelo amor, mas pelo medo. A questão atual que se aplica ao presente dos Estados Unidos e ao futuro de países como o Brasil ou a Hungria é: será que a política só pode ser feita com medo do passado imperfeito? Por um lado, Biden está enfrentando uma crise econômica e de saúde sem precedentes. Por outro lado, o presidente eleito tem que resolver uma crise política que, de certa forma, já foi vista no passado. Como reconstruir a democracia e gerar apoio em uma frente eleitoral popular que o elegeu por não ter sido Trump? Para Biden, ser honesto, não ser racista e discriminatório ou simplesmente evitar o escândalo permanente, a mentira constante e a manipulação total do cenário da mídia eletrônica (Twitter em particular) e a demonização da mídia não será suficiente. Biden precisa expandir a democracia, melhorar as condições de vida, saúde e educação, para representar seus eleitores e não voltar à inércia do passado. Em muitos casos, o antitrumpista advertiu sobre o perigo ditatorial e o risco do fascismo representado pelo trumpismo, mas muitas vezes a crítica propôs um mito alternativo, uma versão idealizada do excepcionalismo histórico, a ideia de uma normalidade antes do Trump que nunca foi tão normal. Mas um cordão sanitário, como demonstrado, por exemplo, pelo caso da França com as candidaturas de Le Pen, não é suficiente para manter o apoio a longo prazo. A era pré-Trump também teve elitismo, um papel predominante para a tecnocracia, a repressão policial de Bill Clinton e a desregulamentação de Wall Street e dos bancos, ou a falta de ação ou mesmo a adoção de medidas às vezes regressivas tomadas pelo governo Barack Obama com respeito aos imigrantes, o descontrole com armas, a continuação da repressão policial e as taxas pantagruelescas de encarceramento de minorias, o confinamento da educação pública e tantos outros problemas que alienaram muitos cidadãos do Partido Democrata. Se você pensar no trumpismo como um mero parêntesis, a nova administração Biden verá um declínio no grande apoio que obteve. Se ele não apoiar o trabalho da Justiça na investigação das possíveis ações criminais do líder que está saindo, a mesma coisa pode acontecer. O mesmo se aplica a sua futura política externa e sua relação com os líderes democráticos e autoritários. Uma aproximação com a Comunidade Europeia é previsível, mas o que acontecerá com os cúmplices de Trump a nível global? Qual será sua política em relação ao trumpismo tropical de Jair Bolsonaro no Brasil? Quais serão suas ações em relação à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela ou no reino da Arábia Saudita? Não fazer nada não é uma opção viável. Mas há sempre a possibilidade de que Trump não desapareça de cena, lembrando a maioria dos cidadãos das falhas de seu governo. Apenas um presidente norte-americano, Grover Cleveland, perdeu sua reeleição (em 1888) e retornou à asa Branca após quatro anos. Ele derrotou o presidente Harrison, que o havia derrotado. Mas, ao contrário de Trump, Cleveland ganhou a maioria do voto popular em suas três eleições presidenciais, enquanto Trump foi sempre um presidente rejeitado pela maioria. Em qualquer caso, Trump pode dar a Biden alguns meses, um respiro, para não começar a fazer o que é necessário. O próprio fato de que, neste momento, Trump, e em menor grau o Partido Republicano, está negando resultados democráticos deveria ser um aviso contra a urgência de declarar os últimos quatro anos um parêntesis em uma democracia que, de outra forma, seria saudável. A democracia americana deve ser melhorada e ampliada em termos sociais, econômicos e políticos. Após o fim das ditaduras latino-americanas da Guerra Fria, como havia acontecido na Europa após o fim dos regimes fascistas em 1945, essas posições apresentadas por muitos, inclusive por intelectuais de alto nível, provaram ser mal orientadas e ingênuas, pois várias formas de autoritarismo e xenofobia continuaram a surgir em ambos os lados do Atlântico. Pensar no fascismo ou no autoritarismo populista como uma aberração, e não como expressões de fortes tendências locais e globais, pode apresentar uma forte barreira ao trabalho de reconstrução democrática necessário para desarraigá-los. A história estadunidense, como qualquer outra história, apresenta padrões de continuidade e mudança nacional e global. Recordar nossas histórias de democracia e daqueles que procuram minimizá-la ou destruí-la é uma tarefa fundamental na defesa da democracia e na mudança de nós mesmos. www.latinoamerica21.com, uma mídia pluralista comprometida com a disseminação de informações críticas e verdadeiras sobre a América Latina. Tradução de Maria Isabel Santos Lima Após um 2020 de pouco andamento em seus processos judiciais, o próximo ano tende a ser decisivo para o futuro do ex-presidente Lula em seus embates com a Operação Lava Jato. O petista, que ficou preso por 580 dias até novembro de 2019, tenta rever suas condenações e lança mão de um arsenal jurídico para questionar seus acusadores e as conclusões dos juízes de instâncias inferiores. Ironicamente, o desenlace pode estar nas mãos de um novo ministro do Supremo escolhido por Jair Bolsonaro, seu principal antípoda político. * Qual o status de Lula na Justiça hoje? O ex-presidente está condenado em duas ações penais por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, mas aguarda em liberdade o julgamento de todos seus recursos em instâncias superiores. Não está sob restrições, como uso de tornozeleira, e pode sair do país. No caso tríplex de Guarujá (SP), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) fixou a pena em oito anos, dez meses e 20 dias de prisão. Ele já ficou detido por um ano e sete meses em Curitiba entre 2018 e 2019. Nesse caso, sentença do ex-juiz Sergio Moro, confirmada em mais duas instâncias, apontou que a empreiteira OAS reformou e reservou um apartamento no litoral paulista ao petista em troca de favorecimento na Petrobras. A segunda condenação foi por reformas e benfeitorias pagas pela OAS e Odebrecht em um sítio que o petista frequentava em Atibaia (SP). Sentença da juíza Gabriela Hardt, em 2019, foi confirmada em segundo grau por juízes do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). A pena foi fixada em 17 anos e um mês e ainda não começou a ser cumprida. Ele ainda é réu em outros processos no Paraná, DF e São Paulo. Quais são os próximos desdobramentos dos processos contra Lula na Justiça? A principal aposta da defesa e a maior expectativa estão no julgamento de um pedido de habeas corpus no Supremo questionando a imparcialidade de Moro para julgar o ex-presidente. Os advogados afirmam que o magistrado agiu de modo político à frente da Lava Jato, mencionam a iniciativa dele de se exonerar para aderir ao governo Jair Bolsonaro e pedem a anulação de todos os atos do ex-juiz nos processos. Como Moro também participou do início da tramitação do caso do sítio, também essa condenação seria anulada. Dois ministros já rejeitaram esse pedido em 2018: o relator, Edson Fachin, e Cármen Lúcia. Porém outros dois juízes já afirmaram publicamente que entendem que Moro agia de modo político: Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowksi. O pedido tramita na Segunda Turma do Supremo, formada por cinco ministros —o outro integrante é Kássio Nunes Marques, escolhido neste ano pelo presidente Bolsonaro. O presidente da corte, Luiz Fux, mudou as atribuições das turmas neste ano, mas, segundo a assessoria do tribunal, a princípio o julgamento de habeas corpus permanece sob responsabilidade da turma. Não há prazo para julgar esse pedido de anulação das sentenças. O ex-presidente pode voltar à cadeia? Sim. Caso todos os recursos do caso tríplex estejam esgotados e a condenação não seja anulada, ele ainda precisaria voltar a cumprir uma parte da pena, mas provavelmente no regime semiaberto. Isso só acontecerá quando o caso chegar ao Supremo e a absolvição ou anulação da sentença for rejeitada. Atualmente, o processo do tríplex ainda está em fase final de tramitação no STJ, que mandará o caso para o Supremo. Em novembro de 2019, o Supremo decidiu que a prisão de condenados só ocorre quando não houver recurso pendente em nenhuma instância do Judiciário. Nos casos da Lava Jato, isso tende a ocorrer apenas no STF. Lula deixou a cadeia logo após o STF fixar esse entendimento. E o caso do sítio? Essa segunda condenação ainda tem um caminho mais longo a percorrer no Judiciário. Ela ainda não teve a tramitação encerrada na segunda instância e só então será enviada ao STJ, que funciona como terceiro grau do Judiciário. Lula pode disputar eleições? No momento, ele é considerado ficha-suja, mesma condição que detinha em 2018, quando foi impedido de concorrer a presidente da República. Também nesse quesito ele depende da anulação das sentenças para restabelecer seus direitos. A decisão do ministro Kassio Nunes Marques que alterou provisoriamente o funcionamento da Lei da Ficha Limpa no último dia 19 não modifica no momento a situação do petista, embora eventualmente possa beneficiá-lo daqui a alguns anos. As mensagens de procuradores no Telegram serão usadas a favor de Lula? Até agora, essas mensagens, que mostraram colaboração entre procuradores e o então juiz Moro, não foram utilizadas formalmente como prova. Em novembro, o ministro Edson Fachin decidiu levar ao plenário da corte pedido da defesa para acessar os dados dos hackers presos na Operação Spoofing, que investigou a invasão de celulares de autoridades no ano passado. Também não há prazo para esse julgamento. Porém, mesmo fora dos processos, o conteúdo dessas mensagens, divulgadas em 2019 pelo site The Intercept Brasil e outros veículos, como a Folha, teve um inegável peso político a favor do ex-presidente no Judiciário. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, chegou a ler a transcrição de várias delas em um julgamento no plenário do Supremo, em 2019. Há algum outro caso próximo de ser sentenciado? Uma terceira ação aberta no Paraná, que trata de suposta propina paga pela Odebrecht por meio da compra de um terreno para o Instituto Lula, chegou a ficar pronta para ser sentenciada em 2018, ainda quando Moro era juiz. Nos últimos tempos, porém, a defesa foi bem-sucedida ao questionar no Supremo partes da acusação. O ministro Ricardo Lewandowski determinou neste ano que os advogados nessa ação tivessem acesso amplo a dados e documentos do acordo de colaboração da Odebrecht. Também ordenou que os procuradores mostrassem suas comunicações com autoridades estrangeiras antes da assinatura desse acordo, em 2016. O juiz responsável na primeira instância, Luiz Bonat, considerou essas determinações cumpridas, mas Lewandowski não entendeu dessa maneira. O ministro reiterou em novembro que a fase de alegações finais só poderá ser aberta quando a defesa tiver acesso aos dados pleiteados. Isso novamente deve atrasar eventual sentença desse processo. Ainda que seja condenado, também nessa ação penal Lula só teria que cumprir a pena quando não houvesse mais recursos pendentes na Justiça. Além desse caso, em outubro foi aberta uma quarta ação contra Lula no Paraná, sobre lavagem de dinheiro. A acusação afirma que R$ 4 milhões doados pela Odebrecht ao Instituto Lula tinham como origem contratos fraudados na Petrobras. Essas acusações podem prescrever? Depende de cada caso. Como Lula tem mais de 70 anos, os prazos são contabilizados pela metade. Nas duas sentenças já expedidas, se não houver a anulação das condenações no STF, a prescrição é pouco provável. No processo do terreno do Instituto Lula, o marco para a contabilidade de prescrição é o recebimento da denúncia, ocorrido há quatro anos, o que pode facilitar a obtenção desse benefício. E os casos que tramitam no Distrito Federal? Essas outras ações não tiveram participação de Sergio Moro e são desdobramentos da Lava Jato ou de outras operações, como a Zelotes. No DF, Lula já obteve decisões definitivas a seu favor em três ações penais, mas ainda há outros três processos em que é réu em aberto. Desses, em apenas um deles o ex-presidente já prestou depoimento, etapa que sinaliza que os trabalhos já estão em fase mais adiantada. Essa ação se refere à Zelotes e trata de suposto favorecimento a empresas na edição de uma medida provisória quando era presidente. Outra das ações no DF se arrasta desde 2016 com entraves para a tomada de depoimentos no exterior e sua posterior tradução. Esse processo aborda a compra de caças pelo governo brasileiro e tem como réu também um dos filhos do ex-presidente, Luís Cláudio. Há ainda um único processo em tramitação na Justiça Federal em São Paulo, que trata de suposta influência em negócios da empresa ARG em Guiné Equatorial. Em que casos o ex-presidente já foi absolvido? As absolvições de Lula foram todas fora do Paraná. A primeira absolvição ocorreu em 2018, em processo no DF em que era acusado de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. No ano passado, a Justiça Federal também decidiu absolvê-lo sumariamente no caso do chamado ""quadrilhão do PT"", em que líderes petistas eram acusados de integrar organização criminosa. A ex-presidente Dilma Rousseff também foi beneficiada dessa decisão. Mais recentemente, em setembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu trancar uma ação penal em que Lula era acusado de receber propina para influenciar contratos firmados entre o BNDES e a Odebrecht em Angola. A acusação, nesse processo, afirmava que o benefício tinha sido recebido por meio de um sobrinho de sua primeira mulher, Taiguara Rodrigues. Houve ainda casos que não chegaram a virar ações penais e que foram arquivados. O mais recente deles foi uma investigação em São Paulo sobre pagamentos da Odebrecht, por meio de uma firma intermediária, para uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva. Também em São Paulo, a Justiça Federal rejeitou em 2019 abrir ação contra o ex-presidente por causa de suposta mesada paga pela Odebrecht a um de seus irmãos. Foi rejeitada ainda denúncia contra ele em que era acusado de organizar em 2018 a invasão do tríplex de Guarujá por sem-teto. No Paraná, inquérito que tinha sido aberto em 2015 sobre pagamentos por empreiteiras por palestras do ex-presidente foi arquivado neste ano por falta de provas. Há outras investigações pendentes? Nem todas as investigações são de conhecimento público. Um dos inquéritos abertos ainda sem conclusão trata de negócios entre a companhia Oi e um dos filhos do ex-presidente, Fábio Luís. No fim de 2019, as autoridades da Lava Jato no Paraná deflagraram uma fase da operação a respeito dessas suspeitas de favorecimento. Meses depois, porém, o TRF-4 decidiu mandar o caso de Curitiba para São Paulo por falta de vínculo do assunto com a Petrobras, foco da Lava Jato paranaense. A apuração pouco andou. No fim deste ano, em São Paulo, a Justiça Federal entendeu que o adequado seria a tramitação da investigação no Rio de Janeiro. A escritora e tradutora Anna Maria Martins morreu neste sábado (26), aos 96 anos, em decorrência de uma obstrução estomacal, segundo informou a sua filha, Ana Luísa Martins. Ela passou cerca de um mês internada no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo. A paulistana que ocupava desde 1992 a cadeira de número sete na Academia Paulista de Letras também foi vice-presidente da União Brasileira de Escritores e atuou em cargos de assessoria cultural, consultoria e júris literários, além de ter dirigido a Oficina da Palavra na Casa Mário de Andrade. Atualmente, participava regularmente das reuniões online da academia e tocava um clube do livro. Ela também trabalhava em uma antologia de contos que não tem previsão para ser lançada. Martins iniciou sua carreira como tradutora e, ao longo da vida, trabalhou com obras de nomes como Agatha Christie (“A Testemunha do Processo""), Aldous Huxley (“O Sorriso da Gioconda”) e Maurice Leblanc (“Arsène Lupin na Prisão”). Seus primeiros contos foram publicados no suplemento literário do jornal O Estado de S. Paulo, e, sua principal obra, “A Trilogia do Emparedado e Outros Contos” (1973), foi premiada com o prêmio Jabuti de autor estreante. Posteriormente, também lançou os livros “Sala de Espera” (1979), “Katmandu” (1983) e “Retrato sem Legenda” (1995). A autora era filha de Renato de Andrada Coelho e Lucia do Amaral de Andrada Coelho —uma prima de Tarsila do Amaral. A pintora se relacionou com o escritor Luís Martins entre 1933 e 1952, mas ele a deixou para viver com Anna após conhecê-la em uma fazenda da família. Segundo Ana Luísa, sua filha com Martins, ela ""lutou a vida inteira para sair das convenções sociais com muita educação e delicadeza, mas fazendo o que queria.” Em 2004, Ana Luísa, organizou as cartas de Tarsila do Amaral e de Anna Maria recebidas pelo pai no livro ""Aí Vai Meu Coração"" (Global Editora). O corpo da escritora foi velado na Academia Paulista de Letras e a cerimônia de cremação, neste domingo (27), é restrita à família. A maioria dos brasileiros é contrária à obrigatoriedade do voto atualmente em vigor no país, aponta levantamento nacional feito pelo Datafolha. Segundo o instituto, 56% dos entrevistados são contrários à obrigação de comparecer às urnas, ante 41% que se dizem favoráveis a esse dever. Não soube responder 1% dos entrevistados, e outro 1% se disse indiferente a respeito. A margem de erro na pesquisa, feita de 8 a 10 de dezembro, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Foram ouvidos 2.016 brasileiros adultos que possuem telefone celular de todas as regiões brasileiras. A taxa de rejeição à obrigatoriedade do voto é inferior ao pico registrado na pesquisa anterior do instituto, de 2015, quando atingiu 66%. Em levantamentos feitos ao longo de 2014, ano eleitoral, os eleitores contrários também eram maioria. Já em maio de 2010, os blocos contrários e favoráveis ao voto obrigatório estavam empatados, com 48% cada. A última década coincide com uma década de forte turbulência institucional, com ascensão de uma retórica antipolítica nas redes sociais e de desgastes na imagem de governantes e do Congresso diante de escândalos políticos. No histórico do Datafolha, o bloco favorável ao voto impositivo liderou a pesquisa em uma ocasião, em dezembro de 2008, na qual somou 53% dos entrevistados ante 43% do bloco contrário. Recuando ainda mais no histórico de pesquisas, os opositores do voto obrigatório eram maioria em levantamento feito em agosto de 2006 (50% a 45% dos favoráveis) e em duas aferições produzidas nos anos 1990. Em agosto de 1994, os contrários à obrigatoriedade eram 53% (ante 42% dos favoráveis). Neste ano, a pesquisa foi feita por telefone para evitar a infecção por Covid-19. Esse tipo de entrevista exige questionários mais rápidos, sem a utilização de estímulos visuais. O debate sobre a obrigatoriedade do voto no país voltou à arena política agora devido à pandemia do novo coronavírus, que afastou das urnas eleitores receosos com o comparecimento, e por causa dos elevados índices de abstenção nas eleições municipais de novembro. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, disse em entrevista à Folha, no início do mês: ""A gente começa a fazer uma transição. O modelo ideal é o voto facultativo e em algum lugar do futuro não muito distante ele deve ser."" O ministro afirmou, porém, que ainda não defende o voto opcional. Disse que nos países com esse modelo há um incentivo à polarização, porque ""os extremos não deixam de comparecer [às urnas], e os moderados muitas vezes deixam"". A abstenção ficou em 23% no primeiro turno no pleito deste ano e em 29,5% no segundo, taxas superiores à média histórica. Quem mais deixou de ir às seções eleitorais em comparação com a disputa de quatro anos atrás foram os jovens de 18 anos —um salto de 124%. No primeiro turno, as capitais com as maiores abstenções foram Porto Alegre, com 33,1%, e Rio de Janeiro, com 32,8%. No município de São Paulo, a soma de abstenções com votos brancos e nulos superou a votação obtida pelo prefeito reeleito, Bruno Covas (PSDB), no segundo turno. Hoje, quem não aparece para votar nem justifica a ausência fica sujeito a uma multa de R$ 3,51, além de não conseguir retirar passaporte e prestar concurso público, entre outras consequências. O voto é facultativo para quem tem 16 ou 17 anos e mais de 70 anos, além dos analfabetos. Nesta eleição, facilitou a ausência a introdução da justificativa eleitoral por aplicativo de celular —anteriormente para se justificar era preciso comparecer presencialmente a uma seção eleitoral no dia da eleição ou, posteriormente, a um cartório eleitoral. O cancelamento do título de eleitor ocorre após três ausências não justificadas. Segundo o Datafolha, a rejeição à obrigatoriedade do voto é maior entre homens (64%) do que entre mulheres (50%). A crítica ao atual modelo cai de maneira significativa, para 40%, entre os jovens de 16 a 24 anos. No recorte por escolaridade, a faixa que mais rejeita o voto obrigatório é a dos eleitores com curso superior, com 62%. A oposição também sobe se forem considerados apenas os funcionários públicos (vai a 68%) ou os aposentados (61%). No recorte regional, a crítica é mais expressiva em regiões metropolitanas (64%) do que em localidades do interior (51%). As taxas se mantêm parecidas entre apoiadores e opositores do governo de Jair Bolsonaro. A maioria das democracias pelo mundo adota o modelo de voto facultativo. Críticos do formato brasileiro afirmam que, em países de tradição democrática mais consolidada, essa imposição não existe. O voto é opcional, por exemplo, nos Estados Unidos, e na maior parte dos integrantes da União Europeia. Na América Latina, a obrigatoriedade é comum. Também existe em países como Austrália, Bélgica e Argentina. Há ainda casos de países onde a obrigação é prevista em legislação, mas as autoridades na prática não punem quem não comparece às urnas. Estudiosos opositores da imposição costumam argumentar que ela estimula práticas como o coronelismo em lugares mais carentes, incluindo a troca do voto por promessas de benefícios rudimentares. Os contrários à imposição existente na legislação eleitoral também sustentam que o direito ao voto não pode ser enquadrado pelo Estado como um dever e que isso o desvirtua. Já os favoráveis ao atual modelo vigente têm afirmado que a obrigatoriedade promove a consolidação de práticas democráticas na sociedade, necessidade maior ainda em um país que passou por uma ditadura militar de 21 anos no fim do século passado. Entendem ainda que o endosso mais amplo a um governante eleito pela população aumenta a sua legitimidade para exercer o cargo. Quando o Palmeiras pisar no estádio Libertadores da América para enfrentar o River Plate pelas semifinais do torneio continental, no dia 5 de janeiro, estará pronto para o 13º embate contra o tetracampeão sul-americano, de quem perdeu seis vezes e venceu três. Os únicos jogos entre os dois pela Copa Libertadores aconteceram em 1999. No Monumental de Núñez os argentinos venceram por 1 a 0 e, no Palestra Itália, Alex deu show, fez dois gols e o Palmeiras ganhou por 3 a 0 para se classificar às finais que valeram seu único título. Quando o Santos pisar na Bombonera para enfrentar o Boca Juniors pelas semifinais do torneio continental, no dia 6 de janeiro, estará pronto para fazer também o 13º embate com o hexacampeão sul-americano, de quem perdeu quatro vezes e venceu seis. O último jogo entre os dois aconteceu 17 anos atrás, quando o Boca venceu por 3 a 1, no Morumbi, e foi pentacampeão continental. Era o troco pelo bicampeonato santista conquistado em 1963 na Bombonera, de virada, por 2 a 1, gols de Coutinho e Pelé. Sim, os dois só se enfrentaram na Libertadores para decidir o título e a nota curiosa de agora é a presença de Carlitos Tévez, autor de um dos gols em 2003, aos 19 anos. A vantagem que os dois brasileiros teriam, a dos jogos de volta em casa, se desfaz pela ausência de torcida, embora os portenhos mais se alimentem da hostilidade do que a temem. Neste 2020 o balanço dos nove mata-matas entre brasileiros e argentinos, na Copa Libertadores e na Sul-Americana, é acachapante: apenas um brasileiro se classificou, o Bahia, contra o Unión de Santa Fé, para depois cair diante do Defensa y Justicia. Com um detalhe: metade das eliminações aconteceu em gramados brasileiros. O Galo foi eliminado pelo Unión, o Fortaleza pelo Independiente, o São Paulo para o Lanús e o Vasco também para o Defensa y Justicia, na Sula. Na Liberta, Athletico-PR, Flamengo e Internacional não resistiram a River Plate, Racing e Boca Juniors respectivamente. Pensar numa final, no Maracanã, dia 30 de janeiro, entre Palmeiras e Santos é sonho que remete à década de 1960. Entre 1960 e 1969, em dez Campeonatos Paulistas, o Santos ganhou oito e o Palmeiras dois, além de ter sido quatro vezes vice-campeão. Ironia será ver outra decisão entre os dois gigantes de Buenos Aires. Já decidiram uma vez o título continental no Santiago Bernabéu, em Madri, em 2018, e podem cometer tamanha desfeita no Rio. Soará como um Corinthians x Flamengo na Bombonera. Porque, como diz o sociólogo Pablo Alabarces, da Universidade de Buenos Aires, “os brasileiros amam odiar os argentinos e os argentinos odeiam amar os brasileiros”. Se para Galvão Bueno, “Ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muito mais gostoso”, Luis Fernando Verissimo, com a genialidade que o distingue, foi além. Ao comentar o gol de mão de Túlio contra os hermanos na Copa América de 1995, saiu-se com esta: “Contra a Argentina, mão é peito”. Estamos em contagem regressiva. Mais nove dias, o Palmeiras estará em Buenos Aires. Mais dez, será a vez do Santos. Dois empates serão bem-vindos. Com gols, então, nem se fala. Querer mais, será demais. E dizem que quem tudo quer, nada tem. Que Pelé e Alex iluminem Marinho e Gabriel Veron. Porque ironia maior será ver Verón, ídolo do Estudiantes e homenageado pelo nome do menino, feliz com a derrota dos rivais locais. Dois Brasis Efeito cicatriz. Bem que poderia chamar de efeito revelador, como a ação do vírus expôs a falta de compromisso dos nossos governantes com o povo (“Pandemia deixa efeito cicatriz e cria dois Brasis, com retomada desigual”, Mercado, 25/12). Já estávamos quebrados e não sabíamos, porque nunca houve educação de qualidade para a massa. Agora, vemos que esquerda e direita não têm um plano, estamos à deriva. Aroldo Sebastião de Paula (Cuiabá, MT) * Muito pertinente no texto quando colocado que a maior das desigualdades do país é a educacional. Somos um país rico, porém desinformado. José William Silva Ramos (Teresina, PI) * Quem sou eu para duvidar dos dados referentes à educação, mas acredito que não é bem assim. Em minha família tem crianças que frequentam escolas públicas e particulares. E, apesar de todos os esforços de professores e alunos, ninguém aprendeu nada em 2020, ninguém mesmo. O ano está perdido, infelizmente. Só as vacinas vão resolver, se pararem de politizar. Ana Marisa Freitas Machado (Balneário Pinhal, RS) Feminicídio Se isso ocorre com uma juíza, imaginem com a Dona Maria da favela onde o Estado não está presente (“Juíza é assassinada pelo ex-marido na véspera de Natal no Rio”, Cotidiano, 25/12). Douglas Cesaretti de Freitas (Mirassol, SP) * Os homens estão dando chiliques violentos porque não suportam perder. Será que não percebem que estamos num ponto irreversível? Vergonha alheia desses brucutus que só olham para o próprio umbigo e pensam que o próprio desejo de posse vale mais do que uma vida. Esse mundo do passado está desmoronando não é à toa, tem que cair em ruínas mesmo. Verônica Alves de Souza Medeiros (Belo Horizonte, MG) * Que triste! Bonita, deixou a vida por causa da estupidez de um homem machista e sem escrúpulos. Marly Pigaiani Leite (Ubatuba, SP) Covas É de dar nojo e ódio ver o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, sancionar o próprio aumento salarial em 46%. Bruno, você traiu seus eleitores, muito deles também servidores públicos. Seu avô, Mario Covas, um político sensato no trato das coisas públicas, deve estar se remexendo no túmulo. Em tempos de pandemia, onde todos estão dando suas doses de sacrifícios, você toma uma medida extremamente irresponsável. O caráter de um político está muitas vezes em sua decisão. Nessa você errou feio (“Covas sanciona reajuste de 47% de seu próprio salário”, Cotidiano, 25/12). Luis Carlos Bonadio (Marília, SP) Crivella e o Judiciário O Judiciário do país às vezes envergonha a sociedade com suas decisões (“Presidente do STJ determina que Crivella vá para prisão domiciliar imediatamente”, Poder, 23/12). Não pode ver alguém ser preso que imediatamente manda soltar. Engraçado que, na hora de roubar o dinheiro público, ninguém está doente, ninguém está velho demais, ninguém está no grupo de risco do Covid. Enfim, o Brasil só estará livre da corrupção quando o povo fizer grande mobilização. Luciano Vettorazzo (São José do Rio Preto, SP) Assédio na Alesp Meio a meio seria o justo (“Após denúncia de assédio na Alesp, deputado pede troca de homens por mulheres em comissão de ética”, Painel, 25/12). E que dessa reunião saia, pelo menos, uma cartilha de “comportamentos” porque, pela ética, não estamos conseguindo. Se os legisladores não entendem o macro, talvez entendam o micro. Emilia Amoedo (Rio de Janeiro, RJ) * Toda comissão deveria ser paritária. Ernesto Pichler (São Paulo, SP) * Isso é manobra casuística e antiética. Da próxima vez as senhoras deputadas que se candidatem, com antecedência, para ocupar as vagas da Comissão de Ética. Roger Z. Moire (São Paulo, SP) * Gênero não tem nada a ver com competência, o que importa são as ideias e a plataforma que o(a) parlamentar defende. Manola Dias (São Paulo, SP) Colunista Simplesmente sublime o artigo de Lusmarina Campos Garcia (“É Natal na pandemia!”, Opinião , 25/12). É uma gota de esperança para todos nós, em meio a um oceano de despautérios de pseudointelectuais, cépticos, ateus e agnósticos, sobre o nascimento da criança que dividiu a humanidade de 8 bilhões de criaturas em antes e depois do seu nascimento, ou seja, a.C. e d.C. Roberto Cecil Vaz de Carvalho (Araraquara, SP) Vacina Efusivos cumprimentos e agradecimentos a Eloisa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e aos seus colegas e subordinados por sua competência, dedicação, humanidade e respeito ao cargo nesta horrível epidemia. Sua crítica à população que, ainda, não entendeu que está ajudando a matar pessoas ou a fazê-las sofrer, sem usar os cuidados que a medicina recomenda há meses, é procedente. Entende-se seu sofrimento. Há que sacudir os incautos (“Se tem uma coisa que une saúde, vida e economia é a vacina”, Mônica Bergamo, 25/12). Marly A. Cardone, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Jr (São Paulo, SP) Boas-Festas A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas de Comunicação IMS, Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Guilherme Barros (São Paulo, SP), Iguatemi e JK Iguatemi, Improve, João Pimentel (Confederação Nacional da Indústria - CNI), Márcio Porfírio (Guarulhos, SP), Talento Comunicação, Tucca e Yang Wanming, embaixador da República Popular da China no Brasil. Embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha afirmado que vai indicar um nome ""terrivelmente evangélico"" para a próxima vaga que será aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) em 2021, uma ala do Congresso vai trabalhar para emplacar um ministro do Norte do país. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é o principal defensor dessa ideia. Segundo pessoas próximas, o parlamentar até já disse a Bolsonaro que gostaria de ver a região representada na corte. O primeiro indicado pelo presidente, em outubro deste ano, foi Kassio Nunes Marques, do Piauí. Apesar de não ter sido essa a principal razão da escolha, acabou por configurar um gesto de Bolsonaro ao Nordeste, algo que foi explorado por senadores quando o agora ministro do Supremo passou por sabatina. Nunes Marques entrou na vaga de Celso de Mello, que se aposentou em outubro, prestes a completar 75 anos. Em julho do próximo ano estará disponível uma nova cadeira no Supremo, com a saída de Marco Aurélio de Mello, que também completará a idade máxima para permanecer na corte. Em live na quinta-feira (24), véspera de Natal, Bolsonaro saiu em defesa de Kassio e disse querer fazer nova indicação ao STF de alguém com o mesmo perfil dele. ""O outro que eu vou indicar é o padrão dele. Pode ter certeza disso"", disse. Um nome que circula entre aliados de Alcolumbre é o do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell, nascido em Manaus, a capital amazonense. O senador já demonstrou preferência pelo nome do magistrado. Campbell, de 57 anos, chegou ao STJ em 2008, após ter sido procurador-geral de Justiça do Amazonas por três vezes. O ministro foi o primeiro representante da região Norte no tribunal. O magistrado foi cotado para todas as vagas abertas no STF desde 2015 e inclusive considerado para esta última ao lado de outros pares do Superior Tribunal de Justiça. Aliados de Alcolumbre contavam que o senador teria mais força para atuar junto a Bolsonaro pelo nome de Campbell porque tinha a perspectiva de ser reeleito para o comando do Senado. O Supremo, porém, barrou essa possibilidade. De todo modo, Alcolumbre segue como aliado do governo e foi sondado para ocupar ao menos três ministérios desde a decisão do STF, no último dia 6, que o impediu de buscar a recondução. A expectativa de pessoas próximas ao parlamentar é que ele aceite ocupar a Secretaria de Governo, que faz a articulação política, num movimento no qual o atual ministro, Luiz Eduardo Ramos, seria deslocado para a Secretaria Geral. O ministro Jorge de Oliveira, titular dessa pasta, deixará o cargo para assumir uma cadeira no TCU (Tribunal de Contas da União). Caso vá para o governo, Alcolumbre manterá influência sobre decisões de Bolsonaro. No Senado, que sabatina e vota o nome dos indicados ao STF, outros parlamentares fazem coro com o presidente da Casa. O senador Lucas Barreto (PSD-AP) diz que seria importante a nomeação de um representante do Norte para equilibrar a balança da corte e para que ela tenha um ministro mais a par do cenário da região. ""É importante ter um ministro que conheça as causas ambientais, a realidade da Amazônia"", diz. ""Seria um gesto muito importante para prestigiar o Norte. O último [Kassio Nunes] veio do Nordeste. Se tiver uma escolha que seja do Norte será muito bem-vinda"", continua o senador. O Supremo só teve um ministro da região Norte. Menezes Direito, paraense, foi nomeado em 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ficou até setembro de 2009, quando morreu aos 66 anos. O magistrado foi sucedido por Dias Toffoli. Apesar da vontade e da articulação de senadores, Bolsonaro já se comprometeu com a bancada evangélica da Câmara e com pastores e disse publicamente que vai nomear um ministro terrivelmente evangélico. Campbell, citado por quem defende a opção pelo Norte, não é reconhecido por ser dessa corrente cristã. Na mesa de Bolsonaro já constam dois nomes que representam o segmento religioso: um deles é André Mendonça, ministro da Justiça e da Segurança Pública. Nomeado para o cargo em abril deste ano e advogado da União, é pastor presbiteriano. Outro cotado é o juiz federal William Douglas, do Rio de Janeiro. O magistrado tem o apoio de Silas Malafaia, pastor da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. O nome de Douglas constava em lista tríplice entregue por outras denominações evangélicas. Ele já teve encontros com Jair Bolsonaro e tem também o respaldo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente. Bolsonaro não deu indicativos a aliados sobre qual seria o nome de sua preferência, mas ambos aparecem com fortes chances. O presidente foi alvo de fortes críticas de Malafaia e outros evangélicos depois de indicar Kassio Nunes Marques para a vaga de Celso de Mello. Diante das reclamações públicas dos religiosos, o presidente deu uma declaração enfática sobre o tema em outubro. ""A segunda vaga, que será em julho do ano que vem, com toda a certeza, mais do que um terrivelmente evangélico, se Deus quiser nós teremos lá dentro um pastor"", afirmou Bolsonaro durante culto em um templo da Assembleia de Deus em São Paulo. ""Imaginemos as sessões daquele Supremo Tribunal Federal começarem com uma oração"", completou. Os fiéis reagiram dizendo ""glória a Deus"". Além de ter sido um gesto ao Nordeste, a escolha de Kassio prestigiou a ala garantista do Supremo, mais crítica à Lava Jato, e políticos do chamado centrão, muitos dos quais são investigados. Entre os outros cotados que seguiram no páreo está o ministro do STJ Humberto Martins, que é adventista. Além dele, há outros nomes citados, mas que não são notoriamente religiosos. O preferido do presidente do STF, Luiz Fux, por exemplo, é Luís Felipe Salomão, também integrante do STJ. O ministro tem o respaldo de outros magistrados do Supremo. Uma psicóloga recorreu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para acusar o Judiciário do Maranhão de ter sido incompetente em protegê-la da violência que ela diz sofrer há anos do ex-marido, um influente advogado local. Artenira Silva e Silva Sauaia é professora da Universidade Federal do Maranhão e, em 2009, separou-se do advogado Hugo Moreira Lima Sauaia —oriundo de uma tradicional família de profissionais do direito no estado. Desde 2012, eles travam uma batalha judicial que já resultou em 16 processos, entre cíveis e penais. “Os 16 processos aqui [no Maranhão] não deram em nada. Por isso houve a possibilidade de entrarmos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, já que esgotou a jurisdição interna de punição”, diz Artenira. Há sentença de mérito em apenas um dos processos envolvendo Artenira e Hugo, favorável ao ex-marido. Duas ações já prescreveram. A psicóloga também aponta o sumiço de dois inquéritos que saíram da delegacia da mulher e nunca chegaram à Justiça. Segundo a acusação na Comissão Interamericana, o Judiciário maranhense não foi capaz de impedir que o ex-marido ficasse próximo dela —Artenira o acusa de agressão. O documento enviado ao colegiado, com sede em San José, na Costa Rica, relata que atualmente “não existem medidas protetivas de urgência em favor da vítima”. Até agora 26 juízes e nove desembargadores se declararam impedidos de julgar processos relativos à separação da psicóloga e o advogado. Há denúncia do Ministério Público que menciona dois boletins de ocorrência em que ela relata ter sido agredida fisicamente por Sauaia nos anos de 2007 e 2008, quando ainda moravam juntos. O ex-marido nega as agressões. Apesar de as acusações contra Sauaia serem ponto central no documento enviado à comissão, o alvo da ação não é o ex-marido, mas sim o Judiciário do Maranhão. “Eu me sinto violentada 30% pelo Hugo, mas 70% pelo Judiciário maranhense. Meu maior violentador foi o Judiciário do Maranhão”, diz a psicóloga. Artenira e Hugo estão separados desde 2009, mas só procuraram o Judiciário em 2012 para regulamentar a guarda e as visitas à filha. Na ocasião, a guarda da menina ficou com Artenira. No ano passado, o advogado pediu a guarda da filha, que, aos 13 anos, escolheu ficar com o pai. Artenira concordou. Em 2016, eles trataram formalmente do pedido de divórcio num acordo assinado pelos dois. Esse trato foi reconhecido pelo desembargador Paulo Velten Pereira, do Tribunal de Justiça do Maranhão, dois anos depois. Para ser colocado em prática, porém, é necessário o despacho do juiz Holídice Barros, o que até o momento não aconteceu. “Por isso eu ainda tenho o sobrenome do meu marido. Quando eu escrevo algum artigo ou recebo alguma homenagem eu peço para não constar o sobrenome dele”, diz Artenira. A Folha ouviu uma juíza e um advogado especializados em direito de família sobre a demora no despacho do documento que colocará em prática o divórcio. Ambos falaram em tese, por não conhecer o processo, mas estranharam que o ato se arraste por tanto tempo. “O juiz precisa fazer um despacho para que as partes possam pegar esse documento e ir no cartório para registrar a separação. É assim que se dá definitivamente a separação”, diz a juíza Tatiane Moreira Lima, da Vara de Violência Doméstica contra a Mulher, em São Paulo, e que já atuou na Vara de Família. “É um tempo excessivo, mas tem que analisar se o processo, de fato, efetivamente ficou parado na fila de um juiz para que ele emitisse uma decisão ou se houve uma sequência de atos causando uma morosidade em cascata.” O advogado Cláudio Mendonça Braga, especialista em direito de família, diz que atualmente o reconhecimento do divórcio costuma ser rápido. “Antigamente era preciso esperar dois anos da separação de fato para propor o divórcio. Depois se discutia a culpa, se houve traição. Hoje não tem nada disso, a pessoa tem direito a se divorciar diretamente, dizer que não quer mais e pronto.” Uma cláusula do acordo entre Artenira e Hugo, porém, já foi colocada em prática. Ela está impedida de falar em público sobre as violências que diz ter sofrido, sob pena de multa no valor de 10 salários mínimos. A cláusula de sigilo é um dos pontos contestados pela denúncia feita na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Na época da assinatura do acordo, o Ministério Público foi contrário à censura, mas o juiz Holídice Barros considerou o item válido. Segundo a defesa da psicóloga, essa cláusula fere a liberdade de expressão de Artenira, que hoje escreve artigos e dá palestras sobre violência doméstica. A Folha consultou a juíza Tatiane Moreira Lima também sobre essa cláusula. “Nossa Constituição assegura a liberdade de expressão, só que ela não é ilimitada. Se alguém se sentir lesado por aquilo que eu falei, eu posso ser processada e responder por isso. Mas não há censura prévia. Então, essa cláusula com certeza é inconstitucional.” Artenira também entrou com reclamação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra o juiz Holídice Barros e outros quatro magistrados do TJ do Maranhão. A alegação para a queixa, mais uma vez, foi que o Judiciário maranhense não a protegeu. Holídice Barros alegou, em sua defesa, que a psicóloga tenta constranger os magistrados e cita como exemplo de intimidação outras denúncias feitas por ela contra juízes na corregedoria, a denúncia à CIDH e o fato de ela ter falado com um repórter da Folha. “Ainda denunciou o fato a jornalista da Folha de S.Paulo, também com o propósito de intimidar e de constranger, fazendo com que o reclamado [Holídice] e o desembargador Paulo Sérgio Velten Pereira tivessem que esclarecer os fatos àquele jornal que lucidamente deixou de publicar qualquer reportagem a respeito da aventura intentada pela reclamante”, diz a defesa de Holídice, ao citar período em que a reportagem ainda estava em apuração. O desembargador Velten não consta da reclamação feita por Artenira ao CNJ. A Folha solicitou uma manifestação do TJ do Maranhão sobre a reclamação feita por Artenira ao CNJ e sobre o trecho da defesa do juiz que cita o jornal, mas não recebeu resposta. A carreira de Artenira mudou de rumo nos 11 anos em que se separou do ex-marido. Além das palestras, também dá atendimento psicológico a 28 mulheres que sofreram violência doméstica no Maranhão, todas elas profissionais da área do direito. As atendidas não fizeram boletim de ocorrência contra seus agressores. “Nenhuma delas [registrou boletim de ocorrência] e todas pelo mesmo motivo: não acreditam no sistema que integram e temem se expor sem que dê em nada”, afirma Artenira. A militância da psicóloga teve reflexo na legislação do Maranhão. Com apoio do governador Flávio Dino (PC do B), que antes da política foi juiz federal, ela conseguiu a aprovação de uma lei estadual, em 2018, sobre o tratamento da vítima de violência doméstica. “Conseguimos que o governador pudesse reconhecer em lei que o atendimento à mulher violentada deveria ser integral, abrangendo os filhos, seu agressor e dois apoiadores sociais [familiares ou amigos]”, diz Artenira. O advogado Hugo Sauaia disse, por mensagem, que ""as alegações de violência da sra. Artenira nunca foram acolhidas em qualquer processo judicial"". Ele diz ter lido a representação na CIDH e considera que ""não atende aos requisitos formais ou materiais de admissibilidade na corte, não se passando, em uma opinião técnica, de mera narrativa voltada a tentar compelir o Judiciário a acolher pleitos absurdos ou ilegais"". Sobre a cláusula do acordo que impede Artenira de falar publicamente dos supostos casos de violência, ele diz que é ""perfeitamente lícita."" O Tribunal de Justiça do Maranhão enviou nota com manifestação do juiz Holídice Barros. O magistrado diz que a alegação de Artenira de que o Judiciário não a protegeu ""parte faz do seu ponto de vista e é comum quando as decisões não lhe são favoráveis"". Afirmou que ela teve direito a ampla defesa e ao contraditório. Em relação aos magistrados que se deram por suspeitos, o TJ do Maranhão diz que ""esse é um direito do próprio juiz e visa à proteção da própria jurisdição e do devido processo legal"". O desembargador Paulo Sérgio Velten Pereira disse que a ação de divórcio corre sob segredo de Justiça e que por isso ""não cabe ao tribunal tornar público os fatos discutidos na ação e muito menos antecipar juízo de valor sobre as alegações das partes"". Na tarde deste sábado, o Tribunal de Justiça do Maranhão divulgou a seguinte nota: O Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão repudia, com veemência, os termos da matéria publicada pelo jornal ‘Folha de São Paulo’, intitulada “Judiciário do MA é acusado em corte internacional de não proteger mulher contra violência”, de autoria do jornalista Wálter Nunes. Na oportunidade, reitera que a proteção da mulher contra todo e qualquer tipo de violência sempre foi uma prioridade desta Corte, que possui entre seus órgãos mais atuantes a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEMULHER/TJMA). Ainda como manifestação inquestionável do zelo da Corte com a temática, vale lembrar a recente instalação de unidade especializada em violência contra a mulher, no termo judiciário de São José de Ribamar, que compõe a Comarca da Ilha de São Luís. Quanto aos processos referidos, não se verificou, até o momento, atuação ilegal de qualquer magistrado, seja do primeiro ou do segundo grau. Ao contrário, o tratamento dispensado às partes observa, rigorosamente, o princípio da imparcialidade, o que haverá de ser confirmado pelo Conselho Nacional de Justiça, pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos ou por qualquer órgão que venha a avaliar a questão. Detalhes sobre a tramitação dos processos não podem ser informados por tratarem-se de processos em segredo de justiça, por determinação legal. Por fim, assegura-se a conduta irrepreensível do juiz Holídice Cantanhede Barros, nos processos citados na matéria, bem como em toda a sua carreira no Judiciário maranhense. Fui precipitado e otimista demais quando escrevi para a Folha (19/12) que nunca mais seria admitido o argumento da “legítima defesa da honra” no Brasil. Na mesma semana da morte de Doca Street, quando se rememorou a condenação do assassino de Ângela Diniz, em Búzios, considerada um marco de evolução social, foi publicada decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal que, na prática, autoriza a absolvição do réu que matar a mulher em defesa da honra ferida. O homem beneficiário do habeas corpus (concedido em setembro) tentou matar a mulher a facadas, na saída de um culto religioso, por acreditar que estava sendo traído. Foi absolvido pelos jurados de Nova Era, pequeno município de Minas Gerais com 17.607 habitantes (IBGE/2018), apesar da prova incontroversa do crime e da própria confissão. O STF restaurou a absolvição original, anulada pelo Tribunal de Justiça mineiro. O voto do ministro Marco Aurélio é curto: o jurado pode absolver o réu “com base na livre convicção e independentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais”. Dias Toffoli e Rosa Weber acompanharam o relator. Vigorava o princípio de que a decisão dos jurados, mesmo sendo soberana, poderia ser anulada (uma única vez pelo mesmo motivo) por instâncias superiores se fosse manifestamente contrária à prova dos autos. Foi o que aconteceu no caso Ângela Diniz e Doca Street. Esta soberania controlada pela prova do processo é capaz de reduzir a incidência de erros no julgamento de crimes dolosos contra a vida, proferido por pessoas comuns. Segundo a maioria dos ministros, a reforma legislativa de 2008, que alterou a sistemática de deliberação do Tribunal do Júri, instituindo o quesito genérico de absolvição, determina a mudança jurisprudencial. A decisão do STF confere aos jurados uma autorização ilimitada de clemência, e clemência é coisa de monarquia absoluta, não de regime republicano. O Tribunal do Júri, essencialmente defeituoso e supostamente democrático, poderá decretar a inocência de qualquer réu, independentemente da torpeza ou da violência praticada. Não faz sentido: a regra não vale (ainda bem) para a condenação contrária à prova dos autos. As consequências podem ser monstruosas, beneficiando, além de maridos ciumentos, policiais que atiram primeiro e perguntam depois, matadores profissionais, mandantes poderosos, milicianos e exterminadores de “bandido”. Votaram contra a mudança jurisprudencial e foram derrotados os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Em seu voto, Barroso lamenta: “Presidente, sinceramente, não gostaria de viver em um país em que os homens pudessem matar suas mulheres por ciúmes e sair impunes”. O tema será submetido ao plenário do Supremo em julgamento de outro processo oriundo de Minas Gerais (recurso extraordinário com repercussão geral de questão constitucional), distribuído a Gilmar Mendes. Se o entendimento da Primeira Turma prevalecer, mais uma modalidade de licença para matar estará instituída no país de Jair Bolsonaro, terra marcada por índices desconcertantes de homicídio, letalidade policial extrema e racismo. Em centros urbanos onde o feminismo e a imprensa livre se fazem presentes é provável que a tese da “legítima defesa da honra” permaneça adormecida. A decisão do STF, porém, afeta o chamado Brasil profundo, onde machismo e ignorância são hegemônicos. O STF (Supremo Tribunal Federal) tem ao menos quatro votos para decidir que não cabe recurso contra julgamento do Tribunal do Júri que absolva o réu na contramão das provas indicadas no processo. A análise do tema ocorre em um recurso que discute se o tribunal de segunda instância pode determinar a realização de um novo júri caso o primeiro tenha inocentado o investigado por clemência, piedade ou compaixão e de forma manifestamente contrária aos indícios presentes nos autos. Na análise do recurso que teve julgamento iniciado em outubro, o Ministério Público de Minas Gerais afirmou que aceitar a absolvição por clemência, sem possibilidade de recurso, significa o Supremo autorizar o restabelecimento da vingança e da justiça com as próprias mãos. No caso concreto, o Conselho de Sentença do Júri, mesmo reconhecendo a autoria do delito, absolveu um homem por tentativa de homicídio pelo fato de a vítima ter sido responsável pelo assassinato de seu enteado. Em um caso similar julgado em outubro, a Primeira Turma do Supremo rejeitou a realização de um segundo Tribunal do Júri contra um homem que, no primeiro, foi absolvido da acusação de tentar matar a esposa com golpes de faca por imaginar ter sido traído. Na ocasião, o ministro Alexandre de Moraes divergiu e advertiu para o impacto que o entendimento poderia ter em relação aos episódios de feminicídio. “Até décadas atrás no Brasil, a legítima defesa da honra era o argumento que mais absolvia os homens violentos que mataram suas namoradas e esposas, o que fez o país campeão de feminicídio”, ressaltou. O magistrado defendeu a manutenção da decisão de segundo grau do Tribunal de Justiça de Minas Gerais de determinar a realização de novo júri. O tribunal mineiro entendeu que a decisão contrariou as provas dos autos, uma vez que o homem confessou ter tentado matar a mulher porque ela o teria traído. Moraes e o ministro Luís Roberto Barroso, porém, ficaram vencidos. Prevaleceu o entendimento dos ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e Rosa Weber de que a Constituição assegura a soberania do júri, contra o qual não cabe recurso. Agora, o Supremo irá discutir a matéria com repercussão geral, o que significa que a decisão valerá para todas as ações similares em curso no país. O julgamento teve início em outubro, em sessão virtual, mas foi interrompido e remetido ao plenário presencial a pedido de Moraes. A ideia é pacificar um entendimento sobre o tema, uma vez que o tribunal tem dado decisões em sentido diverso em processos similares. A própria Primeira Turma, em março, aceitou recurso em favor da realização de novo Tribunal do Júri. A mudança de posição do colegiado ocorreu devido à troca de Luiz Fux, que assumiu a presidência do STF, por Dias Toffoli, que deixou o comando da corte. Fux era a favor de recurso contra julgamento do júri, enquanto Toffoli se posicionou de maneira oposta em outubro. Quando o julgamento foi interrompido para ser submetido ao plenário físico, os ministros Gilmar Mendes (relator) e Celso de Mello já haviam defendido a soberania do júri. Os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia, porém, haviam divergido e proposto a seguinte tese a ser aplicada pelas instâncias inferiores da Justiça: ""Inexistindo provas que corroborem a tese da defesa ou sendo concedida clemência a casos que, por ordem constitucional, são insuscetíveis de graça ou anistia, a decisão do Tribunal de Justiça que anula a absolvição fundada em quesito genérico é compatível com a garantia da soberania dos vereditos do Tribunal do Júri."" O quesito genérico mencionado pelos ministros diz respeito à discussão levantada após o Congresso aprovar, em 2008, uma lei que alterou diversos procedimentos do Tribunal do Júri e que, agora, estão em julgamento no STF. A ideia da lei era tornar o modelo de julgamento mais célere. Essa legislação extinguiu, por exemplo, a reanálise automática do caso quando a condenação ultrapassar os 20 anos de prisão. Além disso, a lei de 2008 definiu nova forma de questionar os julgadores sobre o crime. Primeiro, pergunta-se sobre a materialidade do fato, depois, sobre a autoria ou participação do acusado e, em terceiro, se o réu “deve ser absolvido”. Ao defender a aplicação da repercussão geral ao recurso, Gilmar Mendes disse que o recurso contra decisão do júri pode ter “assumido uma nova feição” após a legislação aprovada 12 anos atrás. Isso porque o Código de Processo Civil de 1940 sempre admitiu o recurso, mas a nova lei deu outra natureza à norma na visão de parte dos ministros O então ministro Celso de Mello foi o primeiro a defender que, se o jurado passou a ter a opção de absolver o réu genericamente, a lei consagrou ao jurado o poder de julgar inclusive contra as provas e com base no sentimento de clemência e compaixão. “Na prática, se o júri, soberano em suas decisões nos termos determinados pela Constituição, pode absolver o réu ao responder positivamente ao quesito genérico (o jurado absolve o acusado?) sem necessidade de apresentar motivação, isso autorizaria a absolvição até por clemência e, assim, contrária à prova dos autos? ”, resumiu Gilmar ao defender a aplicação de repercussão geral ao caso. Caberá ao plenário do STF dar uma resposta. Como o ministro Alexandre de Moraes retirou o caso do ambiente virtual, caberá ao presidente da corte, ministro Luiz Fux, definir uma data para julgamento do caso em sessão física, atualmente realizada por videoconferência. Quando o julgamento sai do ambiente virtual, ele começa do zero no plenário presencial. Celso de Mello, porém, já havia votado e, agora, ele está aposentado. Nesse caso, os ministros deverão discutir se o novo integrante da corte, Kassio Nunes Marques, poderá votar ou se valerá o voto de Celso. A tendência é que permaneça a posição de Celso. Nesse caso, já seriam cinco votos pela soberania do Júri. A PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou no processo para que a Justiça tenha poder de determinar novo julgamento. “É compatível com a soberania dos vereditos do júri a possibilidade de o Tribunal anular a decisão absolutória baseada no quesito genérico, com fundamento na contrariedade à prova dos autos, e determinar a realização de novo julgamento”, escreveu o procurador-geral, Augusto Aras. O advogado Fabio Tofic Simantob representa o Movimento de Defesa da Advocacia, que consta como amicus curiae (amiga da corte) no processo, e defende que a realização de novo Tribunal do Júri esvazia o próprio modelo de julgamento. “Se um juiz togado pode dizer o que é certo e errado no júri, para que preciso do júri? É um pouco aquela coisa assim: o povo decide, desde que decida do jeito que eu quero. Tradição antidemocrática.” O advogado criminal Luís Francisco Carvalho Filho cita um dos casos judiciais mais famosos do país nos anos 1970 como exemplo de reviravolta em decisões do Tribunal do Júri. Trata-se do julgamento de Raul Fernando Doca Street, que assassinou Ângela Diniz e, inicialmente, recebeu dois anos de prisão e pôde cumpriu a pena em liberdade por ser réu primário. Na ocasião, o advogado Evandro Lins e Silva afirmou que seu cliente tinha agido em legítima defesa da honra e argumentou que a mulher teria comportamentos inadequados que teriam ferido a honra de Doca Street. O resultado do julgamento, porém, mobilizou o movimento feminista e fez surgir o slogan “Quem ama não mata”. A pressão das mulheres ativistas mudou o cenário e, no segundo Tribunal do Júri, o assassino foi considerado culpado e recebeu pena de 15 anos. Coronavac Estes adiamentos constantes da divulgação da eficácia da vacina Coronavac só trazem incertezas sobre ela, bem como aumentam a rejeição popular à imunização (“Governo Doria adia revelar dados da Coronavac, mas diz que ela é eficaz”, Saúde, 24/12). Se não é eficaz, divulguem isso e pronto. Nem todas as pesquisas científicas têm êxitos. Vital Romaneli Penha (Jacareí, SP) * Um balde de água fria, frustração total, péssimo presente de Natal esta divulgação da eficácia da Coronavac. Enquanto países da Europa, EUA, Rússia e várias nações da América Latina vão ter outras vacinas com mais de 90% de eficácia, no Brasil vamos ficar com uma “que atingiu o limiar de 50%”! Fracasso, lamentável! Renato da Cunha Lemos (São Paulo, SP) * Há muitos interesses em jogo nesse caso da pandemia. Dá para parodiar o ministro inglês Winston Churchill e dizer o seguinte: “nunca tão poucos mentiram tanto para tantos”. André Coutinho (Campinas, SP) * Se isso for para melhorar o estudo da vacina , tudo bem. Com certeza tudo vai dar certo. Ronaldo Alcides Tavares Paiva (São Paulo, SP) * Estou achando muito estranho o constante adiamento dos resultados da Coronavac no Brasil. Me parece palhaçada da equipe brasileira ou do João Doria. Já passou da hora de a imprensa buscar a verdade por trás desses adiamentos. Hackers invadiram algum computador? Alguém errou o delineamento experimental? Torço pela Coronavac, mas é preciso saber a verdade por trás disso. Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva (Campinas, SP) O Supremo e a vacina (“Supremo pede à Fiocruz reserva de vacina para 7.000 servidores para ‘contribuir com país’”, Saúde, 23/12). O absurdo dessa iniciativa é a instituição encarregada de defender e fazer valer a Constituição, cujo primeiro artigo diz que todos são iguais perante a lei, pedir um privilégio. Serão uns mais iguais que outros? Vergonha deste meu país. Maria Helena Rabelo Campos (Nova Lima, MG) Colunistas Ruy Castro novamente brilhante em sua abordagem sobre a vergonha política diretiva chamada Rio de Janeiro (“Vergonha ou orgulho?”, Opinião, 23/12). Tanta sujeira num espaço lindo e divino. O RJ só não é recomendado para os possíveis bons políticos (eles existem), pois eles podem voltar contaminados! Celso Luís Gagliardo (Americana, SP) * “Viva a imigração” (Opinião, 23/12). Diversas colônias de imigrantes que vieram para o Brasil demonstram isso claramente. Mesmo quando apenas mudamos de cidade deixando nossos ciclos de amizade e familiar tendemos a nos dedicar mais, a sermos mais resilientes e disciplinados. Leiser Franco (Goiânia, GO) Praias Definitivamente, o ser humano vai se extinguir. No meio de uma pandemia, com taxa de ocupação de UTIs beirando os 100%, alguém pensa em ir comemorar Ano-Novo na praia? Ano-Novo tem todo ano, mas a vida é só uma. Paulo Sakanaka (Paulínia, SP) * As prefeituras resolveram tomar atitude depois das eleições para não comprometerem suas reeleições com medidas antipopulares (“Baixada Santista vai fechar praias no Ano-Novo contra Covid-19”, Cotidiano, 24/12). Foi uma atitude tardia, e deu no que deu. Pura irresponsabilidade e egoísmo. Bruno Souza Dias (São Paulo, SP) Aumento para Covas Aumento de salários dos gestores do município, extinção da gratuidade no transporte público para maiores de 60 anos e menores de 65 anos, volta à fase vermelha, intenção de ida do governador a Miami etc. Se tudo isso ocorresse antes das eleições o que aconteceria? A política é um nojo (“Câmara de São Paulo aprova reajuste de 47% no salário do prefeito Bruno Covas (PSDB)”, Cotidiano, 24/12). Tersio Gorrasi (São Paulo, SP) * Fico pensando no salário dos professores que lutam em três ou quatro empregos para receberem uma merreca, trabalhando arduamente sabe-se lá quantas horas por dia. Na iniciativa privada se conta nos dedos quem recebe um salário desses. Carlos Alberto Corteletti (Vila Velha, ES) Leitura É muito interessante a lista (“Conheça 30 obras que ajudam a entender o mundo na última década”, Mundo, 23/12). Conheço algumas da obras, mas senti falta de alguns autores: Noam Chomsky, Michael Löwi, Ruy Fausto, Vladimir Safatle, Marcia Tiburi, Djamila Ribeiro, João Moreira Salles e Kleber Mendonça. O primeiro é americano, e todos os demais são brasileiros e nos ajudam a compreender o mundo desde o nosso lugar de pertença. É bom lembrar que nós também produzimos e construímos compreensão. Gustavo A J Amarante (São Paulo, SP) Boas-Festas A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de Ângela Luiza S.Bonacci (Pindamonhangaba, SP), Amauri Elias Xavier, presidente do Sindicato Rural de Itapetininga, Antônio Pereira Carvalhal Neto e Adilson Carnaval Júnior (Casa Flora Importadora), GBR Comunicação, Grupo Fasano, Deloitte Brasil, Luciana Lima (Vila Galé Brasil) e Reinner Carlos de Oliveira (Araçatuba, SP). Chile, México e Costa Rica foram os primeiros países da América Latina a iniciar a vacinação contra a Covid-19, nesta quinta-feira (24), enquanto o Brasil segue como uma das poucas nações do continente que nem sequer têm uma previsão oficial para o início da campanha de imunização. As primeiras 10 mil doses da vacina contra o coronavírus fabricada pelos laboratórios Pfizer/BioNTech chegaram ao Chile nesta quinta, e uma auxiliar de enfermagem de 46 anos foi a primeira a ser vacinada. O país fechou um contrato para comprar 10 milhões de doses da vacina da Pfizer e vai começar atendendo aos profissionais de saúde. ""Quando alguém toma a vacina, está protegendo não apenas a si próprio, como as pessoas que ama, sua comunidade e seu país”, afirmou o presidente chileno, Sebastián Piñera, que foi ao aeroporto acompanhar a chegada do primeiro lote. A vacinação no Chile será voluntária e gratuita para os 18 milhões de habitantes —o governo pretende vacinar 80% da população no primeiro semestre de 2021. O México recebeu 3.000 unidades da vacina da Pfizer na quarta-feira (23). Na manhã desta quinta, uma enfermeira de 59 anos recebeu a primeira dose. ""Hoje é o princípio do fim da pandemia”, comemorou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard. O México registrou 120.311 mortos por Covid-19 —é o quarto país do mundo em óbitos, só perde para Estados Unidos, Brasil e Índia. ""Estou um pouco nervosa, mas muito feliz. É o melhor presente que eu poderia ganhar em 2020, me dá mais segurança e mais ânimo para seguir na guerra contra o inimigo invisível”, disse a enfermeira mexicana María Irene Ramírez, a primeira a receber a vacina no país. Na América Latina e no Caribe, houve 14,9 milhões de infecções pelo novo coronavírus e 490 mil mortes. Uma mulher de 91 anos, moradora de um lar de idosos, foi a primeira pessoa a ser vacinada na Costa Rica, também nesta quinta. O país iniciou a campanha pelos asilos. “É um momento muito importante para nosso país"", disse o presidente Carlos Alvarado. A Argentina recebeu nesta quinta um carregamento de 300 mil doses da vacina russa, a Sputnik V, e o governo anunciou que a vacinação começará na semana que vem. Informou também que o país receberá mais 5 milhões de doses em janeiro. A vacina obteve autorização para uso emergencial na quarta-feira —foi o primeiro país a aprovar esse tipo de autorização ao imunizante russo. No mundo, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita, Rússia, Israel e Suíça já começaram a vacinar a população. Nos Estados Unidos, onde morreram mais de 360 mil pessoas, mais de 1 milhão de americanos já receberam a primeira dose da vacina em dez dias de campanha. No Brasil, a Fiocruz anunciou que a vacina da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford começará a ser entregue ao Ministério da Saúde a partir de 8 de fevereiro. Mas o secretário da Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, não informou uma data para o início da vacinação. Em audiência pública na Câmara na terça-feira (22), Medeiros disse que a pasta receberá ao menos 150 milhões de doses no primeiro semestre. Desse total, estão incluídas as vacinas do Butantan, da Pfizer e da AstraZeneca. Serão 100,4 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, 46 milhões da Coronavac —a aquisição de mais doses está sendo negociada— e 8 milhões de doses da Pfizer. Entre essas vacinas, a única que já obteve autorização emergencial em outros países foi a da Pfizer. Mas o secretário admitiu que o Brasil ainda nem fechou contrato para comprar as vacinas da farmacêutica americana —disse que as negociações do Brasil com a Pfizer estão avançadas e o contrato em processo de finalização. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que, na pior das hipóteses, a vacinação começaria em fevereiro. “Previsão nossa, como sempre, final de janeiro na melhor hipótese, indo até meio de fevereiro, final de fevereiro, numa pior hipótese. Estamos caminhando forte para poder termos vacina de várias matizes e entrega o mais rápido possível”, disse. O ministro já deu outras declarações, entretanto, dizendo que a vacinação poderia começar em dezembro deste ano ou em janeiro ou março de 2021. O governador de São Paulo, João Dória, chegou a anunciar para 25 de janeiro o início da vacinação com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e a Sinovac. No entanto, o governo de São Paulo adiou a divulgação dos dados sobre a eficácia do imunizante. O Equador é outro país que está à frente do Brasil na corrida pelas vacinas. O governo equatoriano espera receber as primeiras 50 mil doses da Pfizer em janeiro para imunizar idosos em abrigos e profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19. A vacinação em massa deve começar em março. O governo está em estágio adiantado de planejamento para a distribuição do imunizante: serão 400 centros de distribuição, entre eles postos de saúde na zona rural, e 10 mil postos de vacinação, em farmácias, universidade e consultórios. O Equador viveu cenas de horror no início da pandemia, com superlotação de hospitais e acúmulo de corpos. Na Colômbia, o presidente Iván Duque anunciou que fechou acordo para a compra de 40 milhões de doses de vacinas e estima que a campanha de imunização comece em fevereiro. Profissionais de saúde, idosos, pessoas com comorbidades como obesidade ou câncer e professores da educação básica serão os primeiros na fila. Outros países estão mais atrasados. No Uruguai, o presidente Luis Lacalle Pou é alvo de críticas por não ter anunciado contratos com laboratórios farmacêuticos, a não ser o consórcio da Covax, e transferiu a responsabilidade das negociações para a Presidência, tirando do Ministério da Saúde. Nas ditaduras do continente, tampouco há grandes progressos. Cuba está testando sua própria vacina, a Soberana 02, mas pouco se conhece sobre os resultados. Na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro anunciou que o país deve iniciar a vacinação contra Covid-19 só em abril de 2021 com os imunizantes da Sinovac, chinesa, e a Sputnik, russa. A Nicarágua também aposta na vacina russa, mas o ditador Daniel ortega não anunciou data de início da campanha de imunização. O Peru já garantiu 16 milhões de doses, sendo 9,9 milhões da Pfizer/BioNTech. Mas o governo não anunciou data de início e ainda se prepara para ter capacidade de armazenamento para as vacinas da Pfizer, que exigem temperatura de 70º C negativos para terem validade de seis meses. Começaram a vacinar nesta quinta (24): México, Chile e Costa Rica Começa na semana que vem: Argentina Começam nos próximos meses: Equador - janeiro Colômbia - fevereiro Venezuela - abril Sem previsão oficial: Brasil, Nicarágua, Uruguai, Peru Já estavam vacinando: Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Arábia Saudita, Israel e Rússia STF e a Ficha Limpa A emenda constitucional da Ficha Limpa, de iniciativa popular, sofreu tantas alterações, em seu trânsito até ser aprovada, que não serve para nada. Na prática, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes (“Fux discorda de Kassio sobre Ficha Limpa, diz a colegas que não vai cassar liminar, mas busca revisão”, Painel, 23/12). Getulio Moura de Siqueira (Goiânia, GO) * A decisão do ministro Nunes parece ter sido para agradar a partidos da base aliada do governo que o colocou no cargo, visando angariar apoio e votos para as eleições na Câmara (“Após decisão de Kassio, Ficha Limpa mais frouxa gera impasse no TSE”, Poder, 22/12). Sem verba para distribuir emendas, o caminho é pelo Judiciário. Greyson Bueno Lima de Araujo (Pesqueira, PE) * É engraçado ver gente que defende o trânsito em julgado completo para cumprimento da pena, como diz a Constituição, avacalhando o ministro Kassio por ser escolha de Bolsonaro. O cara tem que ser julgado por completo para cumprir a inelegibilidade. Quem defende que alguém já seja condenado a caminho da delegacia, é o cidadão de bem, o escárnio brasileiro. Que culpa tem o ladrão da morosidade judiciária? Para condenar o Lula, foi recorde mundial de rapidez. Por que será? Marcelo Rod (Guarujá, SP) O Supremo e a vacina (“Supremo pede à Fiocruz reserva de vacina para 7.000 servidores para ‘contribuir com país’”, Saúde, 23/12). O STF erra por: 1) pedir diretamente a Fiocruz, quando a autoridade para o assunto é o Ministério da Saúde; 2) furar a fila criando uma regra privilegiada; 3)desobedecer a um critério baseado em gestão de risco; 4) criar um precedente que se estenderá aos Três Poderes e suas corporações poderosas, pois o argumento no qual se louvou é genérico e vale para todos; e 5) dar um péssimo exemplo. Jose Vanzo (Franca, SP) * Como sempre, Judiciário dá exemplo. Exemplo de falta de escrúpulos. Cristina Dias (Curitiba, PR) * Todos os homens são iguais, mas alguns são mais iguais que outros. E assim caminhamos. Que vergonha! Maria de Lourdes Vasconcelos (Itatiba, SP) Marcelo Crivella Para muitos, Jesus é o caminho, no entanto alguns, em nome de Deus, insistem em ser pedágio. No princípio era o verbo, atualmente é a verba. Não é raiz, é Crivella (“STJ determina que Crivella cumpra prisão domiciliar”, Poder, 23/12). José Roberto Machado (São Paulo, SP) * “Corrupto, eu?” “Sou o que mais combateu a corrupção!” E, assim, Marcelo Crivella é mais um na invejável história do Rio. Afilhado de Bolsonaro, é a expressão religiosa das quadrilhas que assolaram o Rio e o país. O Estado deve fiscalizar as “igrejas”, tributariamente, para evitar que fiéis que criam mitos e deuses não fiquem perdidos nas filas de hospitais por falta de dinheiro, sempre “religiosamente desviados”. Jose Alexandre Coelho Silva (Mogi Mirim, SP) Doria e Miami Como assim (“Doria cancela licença e anuncia retorno de Miami; vice recebeu diagnóstico de Covid-19”, Painel)? Deixa na fase vermelha e pega avião? Como entrou nos EUA se estão impedindo a entrada de brasileiros? Adriana Justi Monti (São Paulo, SP) * Que vergonha, Doria, deixa os paulistas sem nada no Natal e no Ano Novo e vai passear. Sua palavra vale tanto quanto uma nota de 3 reais. Fatima Marinho (São Paulo, SP) * As fronteiras dos EUA estão fechadas para o Brasil. Só entra quem tem cidadania americana, green card ou pessoas a “serviço diplomático”, conforme informado no site da Embaixada dos EUA. Gostaria de entender em qual dessas qualidades o prefeito se enquadra. Ilan Wainstein (São Paulo, SP) Acusação de assédio Parece o caso de Jeffrey Epstein, o milionário americano amigo de celebridades —Trump, Clinton e o filho Andrew da rainha Elizabeth, entre outros. As 14 denúncias não parecem chantagem. Interessante como tantos já foram acusando as mulheres. País bem esquisito este. Homens com consciência culpada vão logo defendendo o colega e acusando as moças (“Filho do fundador das Casas Bahia é acusado de estupro e aliciamento por 14 mulheres”, Mônica Bergamo, 23/12). Maria Torres (São Paulo, SP) * Isso tem cheiro de chantagem da grossa. Quando há muito dinheiro envolvido, há gente querendo se aproveitar. Alberto Jorge Ruiz (São Paulo, SP) Colunista Quanto ao texto da Cristina Serra (“Ecos da Praia dos Ossos”, Opinião, 22/12), vejo que a legítima defesa da honra nunca deixou de existir. Só houve uma mutação. A nova cepa se chama “domínio de violenta emoção” (“homicídio privilegiado”), também com eficácia para matar a infortunada vítima uma vez mais, responsabilizando-a por sua morte. Bruno Paiva Tilelli de Almeida, promotor de Justiça do Estado de São Paulo (Bebedouro, SP) Boas-Festas A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), Amit Kumar Mishra, cônsul-geral da Índia em São Paulo, CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Luís Perez, publisher do Carpress, Marcelo Rech, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Moacyr Rodrigues Nogueira (Salvador, BA) e Zhang Zhu, vice-cônsul do Consulado Geral da República Popular da China em São Paulo. Após fazer uma denúncia de racismo contra Juan Ramírez, do Bahia , em uma entrevista ao vivo após o jogo do último domingo (20), e depor na delegacia de Crimes Raciais do Rio de Janeiro, Gerson, do Flamengo, não quer mais falar sobre esse caso. “Quem quiser ver, entra no YouTube”, diz ele ao canal virtual do clube, a Fla TV. Gerson acusa Ramírez de ter dito ""cala a boca, negro"" durante confronto pelo Campeonato Brasileiro. Ele move ações contra o jogador colombiano na Justiça desportiva e também na criminal, na qual um inquérito foi instaurado para apurar o caso. O atleta do Bahia, por sua vez, foi afastado do clube temporariamente, mas nega as acusações. Afirma que não entende português e que no momento da confusão havia pedido que os atletas cariocas jogassem com seriedade. Disse, ainda, que também foi chamado de “gringo de merda”. Gerson pretende não falar mais sobre o caso em específico, embora queira marcar posição no combate ao racismo. “Já tomei todas as medidas. Espero ser uma das vozes ativas no mundo para que aquelas pessoas que às vezes se sintam acuadas e precisarem de uma ajuda minha, de um apoio meu para poder falar, ir à delegacia, prestar queixa. Eu estou à total disposição”, afirmou. Ele disse ainda que não falou nada sobre o assunto para a filha de quatro anos, que não estava assistindo ao jogo no momento. Também contou que espera que sua denúncia possa ajudar seus familiares a não sofrerem o que ele sofreu. “Em pleno século 21, a gente não pode ver essas coisas. Pandemia, tantas outras coisas, famílias sofrendo, perdendo familiares e amigos, e a gente tendo que lidar com coisas assim. Acho que as pessoas tem que pensar... já falei tudo que tinha pra falar e fiz tudo que tinha pra fazer. Espero nunca mais passar por isso”, completa. No inquérito policial também serão ouvidos o ex-treinador do Bahia, Mano Menezes, demitido após o jogo e acusado de ter sido conivente com a suposta injuria racial, e o árbitro da partida, que relatou a acusação na súmula, mas não testemunhou o fato. Segundo o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, uma perícia de leitura labial contratada pelo clube identificou uma injúria racial por parte de Ramírez, mas direcionada a Bruno Henrique. Luis Felipe Ramos Barroso, Felipe Oliver e Mikel Vidal, especialistas em leitura labial consultados pelo GloboEsporte.com, afirmam que Ramírez diz a Bruno Henrique o seguinte: ""Está falando muito, seu negro."" Vidal é filho de colombianos e tem experiência em perícia na língua espanhola. Todos os especialistas ouvidos pelo site trabalham como tradutores no Ines, e Barroso acrescenta que Bruno Henrique também ofende Ramírez, ao chamá-lo de ""gringo de merda"" na discussão. A assessoria de Bruno Henrique afirma que o atacante não ouviu a ofensa de Ramírez. Presidente do Bahia, Guilherme Bellintani afirmou à Folha ter visto mais de uma hora de gravações da partida e que as imagens são inconclusivas. ""Não tenho dúvida de que a afirmação de Gerson é verdadeira, ele de fato ouviu aquilo, não tenho nenhuma dúvida. A dúvida é se Ramírez falou."" O clube baiano explicou em nota, publicada na noite de terça, que também contratará uma perícia para apurar os supostos episódios de racismo e xenofobia dentro de campo. De olho em alimentar pessoas no home office ou baratear produtos em meio à crise, startups estão surgindo com foco em alimentação sustentável. Essas empresas atuam desde a criação de alimentos à base de plantas, passando pela conexão entre pequenos produtores e cozinheiras, até a logística de distribuição, evitando assim o desperdício de comida. Esse último é o caso da SuperOpa, uma foodtech que surgiu como um trabalho universitário em 2018 e hoje está em 500 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O modelo consiste em um aplicativo que funciona como marketplace da indústria de alimentos, conectando distribuidoras diretamente ao cliente final, para que possam vender, a preços mais baixos, alimentos próximos do vencimento e que não vão para as prateleiras de mercado. São toneladas e toneladas de comida que, de outra forma, acabariam em lixões ou incineradas porque não acham comprador. ""É uma ineficiência enorme da cadeia. Além de perder o que comprou da indústria, as distribuidoras ainda têm o custo de descarte do lixo"", explica Luís Borba, presidente-executivo da startup. Para que a operação aconteça, o alimento passa por uma verificação de qualidade antes de ser disponibilizado pelo aplicativo. Aprovado, recebe um selo de sustentabilidade, estratégia encontrada pelos empreendedores de levar uma imagem positiva aos produtos que são por vezes rejeitados por mercados e clientes, ainda que estejam em ótimo estado para consumo. ""É necessária uma mudança de paradigma que talvez seja nosso maior desafio. A gente tem esse hábito de achar que a comida próxima à validade não presta e isso atrapalha muito a distribuição de alimentos. Fazendo o movimento contrário, ajuda a combater a fome e diminuir o descarte de lixo"", diz Borba. Outro desafio também encontrado pela empresa é o de negociar os descontos com as marcas. Segundo Borba, algumas não permitem ofertas muito grandes, e como consequência alguns produtos seguem empacados. Aqueles que não são vendidos em um prazo considerado adequado para o consumo antes do vencimento, são distribuídos pela startup a ONGs parceiras. Borba explica que seu principal público hoje está nas classes B e C, que se beneficiam dos baixos valores em que os alimentos são vendidos —os descontos podem chegar a até 70%. Os preços acessíveis ainda têm como efeito melhorar a alimentação da população, que sem eles acaba por vezes recorrendo a mercadorias de baixa qualidade, por serem mais baratas ou serem as disponíveis nos mercados próximos. ""Tivemos um distribuidor com uma picanha argentina de R$ 85 o kg empacada. Colocamos por R$ 16, preço da salsicha, que é campeã de vendas nas classes C e D e acaba sendo usada como mistura no dia a dia. Os clientes enviaram vídeos recebendo a carne, fazendo churrasco. Salvamos 200 kg de alimento e tivemos um impacto positivo na vida de pessoas que não conseguiriam introduzir a carne ao cardápio."" Outras startups como a Liv Up e a duLocal vão além na cadeia e conectam agricultores a consumidores finais preparando os pratos e levando refeições saudáveis de porta em porta. Para isso, usam inteligência de dados para prever consumo, elaborar cardápios e preparar pratos na medida certa, levando em consideração a sazonalidade de produtos e a demanda calculada. A Liv Up começou com um portfólio de alimentos prontos congelados que podiam ser combinados pelo consumidor no momento da compra pelo aplicativo. Hoje a empresa entrega também refeições completas, sopas e sobremesas em 50 cidades brasileiras, além de oferecer uma quitanda de orgânicos. Essa última opção teve início durante a pandemia, quando seus agricultores parceiros perderam muitos clientes com o fechamento de restaurantes. São mais de 7.000 toneladas compradas de mais de 30 famílias. ""Nossa tese sempre foi pautada em aliar alimentação saudável e praticidade"", diz o presidente-executivo Victor Santos. ""Fazemos um trabalho bastante intenso com chefes de cozinha, nutricionistas e engenheiros de dados para entender como melhorar a experiência do consumidor nesse sentido."" A duLocal possui uma logística semelhante, com a diferença de incluir cozinheiras de Paraisópolis, na periferia de São Paulo, que preparam refeições para serem consumidas na hora, a partir de ingredientes também comprados de produtores familiares. As mulheres, que atuam como autônomas, recebem os produtos e realizam o preparo de casa. Para isso, recebem treinamento gastronômico, capacitação e apoio psicológico —hoje esse processo tem sido feito todo de forma online. ""Acho que de certa forma acabamos democratizando o home office, que foi segmentado para algumas classes"", diz Roberta Rapuano, sócia da foodtech e diretora de operações. ""Mulheres venderem comida que fizeram nas próprias casas é a realidade do Brasil. Nós profissionalizamos essas mulheres que ganham a vida dessa forma."" A startup, que começou com a ideia de reunir campo e cidade, abarca hoje uma rede de 13 cozinheiras, 30 entregadores e quase 50 fornecedores entre agricultores orgânicos e cooperativas. Por ora, as entregas são feitas apenas na região do centro expandido de São Paulo, mas a empresa tem planos de aumentar o alcance e também levar a produção para outras comunidades da periferia. ""Acreditamos no poder de descentralizar as cozinhas na cidade, podendo produzir para mais pessoas sem precisar de grandes recursos"", diz Roberta. Ainda na linha do uso de tecnologia para fomentar uma alimentação saudável e sustentável, outras startups atuam na própria criação de novos alimentos. É o que faz a N.Ovo, ao desenvolver produtos alimentícios à base de plantas. ""Conhecendo startups que fazem isso no Vale do Silício, vi quantos problemas globais elas ajudam a endereçar ao criar esse tipo de alimento, como combater aquecimento global, fomentar um uso sustentável da terra, combater pandemias e, principalmente, a fome"", diz a fundadora Amanda Pinto, nomeada este mês ""inventora do ano"" pela MIT Technology Review, publicação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Atualmente a N.ovo oferece variantes de ovos para serem usadas em receitas, ovos mexidos e três tipos de maionese. No ano que vem a startup pretende lançar um quarto sabor, que poderá ser escolhido pelos clientes. ""Queremos ser a escolha óbvia, sem sermos impositivos. Trabalhamos para educar consumidores e atingir um público de 'flexitarianos'"", brinca, se referindo a pessoas que comem carne, mas se preocupam com a diminuição do seu consumo. Entre as limitações dessas foodtechs está o de ainda atingirem um público restrito, devido ao preço de seus produtos ou área de alcance. Com exceção da SuperOpa, os clientes das demais se concentram nas classes mais altas. O segundo desafio, dizem os empreendedores, está na educação alimentar. ""Tenho certeza de que o mercado está só no começo. As pessoas estão tomando consciência dessas questões e nós também estamos começando a desenvolver as tecnologias nesse sentido. Há um universo a se explorar"", conclui Pinto. Na quinta-feira passada (17) o STF foi além da mera análise de constitucionalidade da lei 13.979/20 e autorizou pesadas medidas punitivas a quem se recusar a tomar a vacina contra a Covid-19, em efeito tornando-a obrigatória, inclusive para crianças. Luís Roberto Barroso, relator, afirmou que ""o direito à saúde da coletividade e das crianças prevalece sobre a liberdade de consciência e convicção filosófica"". Segundo o ministro, ""o Estado pode proteger as pessoas, mesmo contra sua vontade"", e defendeu que aquele que se recusar, pode ter expressamente proibida a ""a matrícula de uma criança em escola privada, ou benefícios como o Bolsa-Família"". Ricardo Lewandowski argumentou pela obrigatoriedade ""em prol do bem estar da saúde da coletividade"". Marco Aurélio Mello foi além, e afirmou que a recusa do pai ""pode implicar inclusive a retirada do pátrio poder."" As vacinações e imunizações inequivocamente contribuem com a saúde ao prevenir doenças. Há mais de 100 anos melhoram a qualidade e expectativa de vida no Brasil e no mundo. As candidatas à vacina mais próximas da realidade brasileira (Coronavac, Astrazeneca/Oxford e Pfizer) têm até agora demonstrado eficácia contra a Covid-19, bem como segurança de curto prazo. É imprescindível que, após conclusão da aná-lise oficial, sejam disponibilizadas, em particular ao grupo de risco, logo que possível. No entanto, a obrigatoriedade conforme descrita pelo STF é afronta grave à liberdade. Nenhum país desenvolvido adotou essa prática: preferiram realizar campanhas de comunicação e tratar a vacina como direito da população. Os defensores da obrigatoriedade baseiam-se na absurda hipótese de que quem não se vacinar necessariamente (a) contrairá a doença, e que ato contínuo (b) transmitirá o vírus a terceiros. Na versão mais branda, sustentam que há ao menos o ""risco"" de que ambos ocorram. Porém, a sociedade decente não pune cidadão algum por ""risco"" ou ""chance"" de que causará dano futuro. Se ficar demonstrado que 95% dos crimes são causados por jovens do sexo masculino, isto ensejaria restrição ou punição preventiva a estes? É evidente que não. O princípio histórico de não causar danos determina que a conduta do indivíduo só pode ser restringida caso represente ameaça iminente e manifesta à integridade física de terceiros. O infectado que apresente sinais exteriores da doença ou falta de precaução deve ser restringido de imediato. Mas o sujeito saudável não pode nem deve ser coagido. A decisão individual sobre a vacinação envolve a ponderação entre potenciais benefícios e danos, com apoio do médico. O inescapável risco de dano a si compensa em inúmeros casos, em especial ao grupo de risco. O argumento pela obrigatoriedade, porém, justifica poder absoluto. Seguindo lógica análoga, caso a ""saúde da coletivida-de"" necessitar dispor de um de seus dois rins para suprir a escassez da fila de órgãos, o Estado deverá lhe ""restringir"" (multa, proibição de filhos na escola, perda da guarda) até que você seja ""incentivado"" a se comportar bem e doar seu rim em vida. Finalmente, a obrigatoriedade pode gerar mais resistência à vacina do que se for tratada como um direito. Haverá aumento da polêmica e politização de um tema de saúde pública. Os indecisos tenderão a se opor à imposição —vejam a reação da população de Búzios, que reverteu no grito o estapafúrdio fechamento da cidade determinado por um juiz. Grupos religiosos e contrários à vacina tenderão a ficar com suas convicções, e naturalmente surgirá o mercado negro dos comprovantes de vacinação. O vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, afirmou nesta terça-feira (22) que especialistas em leitura labial identificaram uma injúria racial do colombiano Juan Ramírez, do Bahia, proferida a Bruno Henrique, do Flamengo. Os dois discutiram no mesmo jogo em que Gerson acusa Ramírez de ter-lhe dito ""cala a boca, negro"". Os especialistas que analisaram as imagens são do Instituto de Educação de Surdos (Ines). O laudo será encaminhado pelo Flamengo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e à polícia fluminense. A filmagem que mostra o bate-boca entre Ramírez e Bruno Henrique viralizou nas redes sociais nesta terça. ""O Flamengo encomendou a especialistas do Ines uma leitura labial da situação do Ramírez com o Bruno Henrique momentos antes do que se passou com o Gerson. A prova revelou que teria havido a ofensa, vamos apresentar ao STJD e entregar à polícia"", escreveu Dunshee em sua conta no Twitter. Luis Felipe Ramos Barroso, Felipe Oliver e Mikel Vidal, especialistas em leitura labial consultados pelo GloboEsporte.com, afirmam que Ramírez diz a Bruno Henrique o seguinte: ""Está falando muito, seu negro"". Vidal é filho de colombianos e tem experiência em perícia na língua espanhola. Todos os especialistas ouvidos pelo site trabalham como tradutores no Ines, e Barroso acrescenta que Bruno Henrique também ofende Ramírez, chamando-o de ""gringo de merda"" na discussão. A assessoria de Bruno Henrique afirma que o atacante não ouviu Ramírez chamá-lo de ""negro"". Em entrevista à Folha Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, afirmou que, se as supostas injúrias raciais forem comprovadas, o episódio se tornará uma mancha na história do clube, que promove iniciativas contra o racismo. A estratégia do Flamengo para o desdobramento do caso foi verificar todos os registros de áudio coletados durante a partida após a denúncia de Gerson, no domingo. Não há evidência no material de ofensas dirigidas a Gerson. Na manhã desta terça, o meio-campista do Flamengo foi à delegacia prestar depoimento sobre a suposta injúria cometida por Ramírez contra ele. ""Estou aqui na delegacia, vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim aqui só para falar por mim, mas também para falar por minha filha, que é negra, meus sobrinhos, que são negros, meu pai, minha mãe, amigos também, e a todos os negros que têm no mundo"", declarou o meio-campista em trecho de vídeo divulgado pelo Flamengo. O fim de 2020 marca, também, o encerramento de uma década marcada por agitações políticas, sociais e culturais. Das ruas cheias da Primavera Árabe, em 2011, às metrópoles mundiais vazias em função da pandemia, em 2020, o mundo viveu dez anos de intensa transformação. Para relembrar as tragédias, os momentos inspiradores e as imagens que entrarão para a história, a Folha preparou dez listas com os principais acontecimentos dos anos 10, além de um especial que explica como essa década mudou as nossas vidas. 1 ""Vada a bordo, cazzo"" ""Volte a bordo"", ordenou o capitão Gregorio De Falco, da Guarda Costeira italiana, ao capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, que abandonou a embarcação sem prestar socorro às mais de 4.000 pessoas a bordo, quando o navio naufragou, em 2012, causando 32 mortes. 2 ""Tem que manter isso, viu"" A frase foi dita pelo então presidente Michel Temer em gravação feita clandestinamente pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, no Palácio do Jaburu. Joesley havia dito que mantinha boa relação com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso pela Lava Jato. Quando o áudio foi revelado, em maio de 2017, Temer foi acusado de dar aval à compra de silêncio de Cunha, mas conseguiu sobreviver no cargo. 3 ""Je suis Charlie"" ""Je suis Charlie"" ou ""eu sou Charlie"" foi o slogan usado na internet e em protestos pela liberdade de expressão após o atentado terrorista que matou 12 pessoas na sede do jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015. O slogan foi criado pelo diretor de arte francês Joachim Roncin. 4 ""Black Lives Matter"" A frase ""vidas negras importam"" virou nome de um movimento fundado em 2013, nos EUA, que busca combater o racismo e a violência policial contra pessoas negras. O movimento começou a crescer a partir de 2014, após o assassinato de Michael Brown, 18, na cidade de Ferguson, no estado do Missouri. Ganhou destaque em 2020, depois da onda de protestos por todo os EUA causados pelo assassinato de George Floyd, em Mineápolis, por um policial branco. 5 ""Make America great again"" A frase ""faça a América grande de novo"" foi o slogan da campanha de Donald Trump à presidência dos EUA em 2016, como parte do discurso nacionalista do republicano. Ela é inspirada em um discurso do ex-presidente americano Ronald Reagan, em 1980, quando o país passava por uma recessão. 6 ""Tchau, querida"" ""Tchau, querida"" foi a forma como o ex-presidente Lula se despediu da sucessora, Dilma Rousseff, em um telefonema entre os dois divulgado pela Operação Lava Jato. Ficou sendo slogan dos defensores do impeachment. 7 ""Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria"" Em março de 2015, no auge da Lava Jato, o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi gravado, em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, dizendo que era preciso mudar o governo para ""estancar a sangria"" provocada pela operação. Jucá defende trocar a então presidente Dilma Rousseff pelo seu vice, Michel Temer, num grande acordo nacional ""com o Supremo, com tudo"". 8 ""O senhor é a mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia"" No plenário do STF, em 21 de março de 2018, o ministro Gilmar Mendes criticou o colega Luis Roberto Barroso durante a votação de uma ação da OAB contra doações ocultas em campanhas eleitorais. ""O senhor é a mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia"", reagiu Barroso, em direção a Gilmar. Na época presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia interrompeu a sessão. 9 ""Não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não, tá ok?"" Em entrevista concedida após vários ministros contraírem o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a pandemia. ""Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar"", disse em 20 de março deste ano. Em julho, o presidente contraiu a doença, mas continuou mantendo o discurso de que há exagero nas medidas de isolamento social. 10 ""Não é pelos 20 centavos"" Em junho de 2013, o que começou como protestos contra o reajuste de R$ 0,20 na tarifa de ônibus em São Paulo se transformou num movimento que levou milhares de pessoas às ruas para protestar pela melhoria dos serviços públicos e pela renovação política. A frase ""não é pelos 20 centavos"" virou o slogan do movimento. Coronavírus Raul Cutait (“Responsabilidade de todos”, Opinião 20/12) fez um grave chamamento para que todas as mídias (impressa, televisiva e sociais) protagonizem imediatamente uma grande campanha de prevenção da Covid-19. Ele tem todas as credenciais para fazer esse apelo: além da sua reconhecida autoridade como médico, foi infectado pelo vírus, ficou entubado vários dias e só permaneceu entre nós pela mão de Deus. Levemos isso a sério. José Pastore (São Paulo, SP) * Li o texto de Dimas Covas na Folha (“Coronavac é a mais segura das vacinas em teste no país”, Opinião 19/12) e devo dizer que vou tomar a Coronavac, assim que estiver disponível. Mas, professor Covas, menos. O senhor é um cientista e não fica bem escrever que a “sua” vacina é a mais segura ou a melhor. Como pesquisador, sabe que não há estudo comparativo e não pode afirmar isto. Se quer que a população se sinta segura, diga a verdade, sem exageros, pois o exagero pode passar por mentira e gerar tensões. Bruno Caramelli, professor associado da Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP) * O governo sempre desmereceu a Covid-19, mas não se furta agora de baixar a portaria 630 sem saber as condições de realização do RT-PCR nos vários países. Prazo para resultado, custo, disponibilidade, etc. Muitos brasileiros ficarão retidos nos aeroportos ou perderão suas passagens, poderão até ficar ilegais. Será de qual cabeça sai uma ignorância dessas? Impedir o cidadão de entrar em seu próprio país (“Brasil vai exigir exame para entrar no país”, Saúde 19/12). Flávio Fonseca (Mendes, RJ) Ombudsman Acertada a análise da ombudsman (“Folha busca intimidar Bolsonaro, mas ele é imbatível na retórica”, 20/12). Detesto e repudio Bolsonaro, mas espero análises coerentes e lúcidas nos textos da Folha. Adjetivos de indignação como os descritos, que têm seu lugar na indignação popular, ficam vazios em análise editorial e depõem contra ela. Marcus Machado (Porto Alegre, RS) * A Folha subiu o tom para o ponto da escala em que deve estar: o do combate ao mal extremo que desgoverna o país. Bolsonaro deve, sim, ser afastado da vida política. Ao contrário do que diz a ombudsman, o editorial vai perdurar. Eu próprio o divulguei a muita gente, e outros o fizeram. Enquanto isso, o jornalismo investigativo continua a fazer seu papel. Uma coisa não atrapalha a outra. Nelson Oliveira (Brasília, DF) Estraga prazer Poxa, Antonio Prata, você devia ter iniciado seu texto “O Cambaio da rainha” (Cotidiani, 20/12) com uma advertência de “spoiler”. Ainda bem que eu já tinha visto a série, que, por sinal, adorei. Célia Maria Benati Verissimo (Americana, SP) ‘Chorrindo’ O artigo do Hélio Schwartsman “Guerra” (Opinião, 20/12) é lúcido, coerente, didático, mas deixou uma dúvida incômoda: é pra rir ou pra chorar? Luiz Carlos de Souza (São Paulo, SP) Tendências e Debates Parabéns, Daniel Cara, pelos esclarecimentos sobre por que não se deve destinar recurso do Fundeb às escolas privadas. Já os argumentos usados por Ademar Batista Pereira em defesa do repasse desses recursos são insustentáveis (“As escolas privadas e filantrópicas, como as ligadas a igrejas, deveriam receber mais verbas do Fundeb?”, Opinião 19/12). Zoraide Inês Faustinoni da Silva (São Paulo, SP) José Luiz de Magalhães Lins Bela história de vida, mostrando que o investimento em cultura traz tranquilidade e paz ao homem e independe de seus posicionamentos ideológicos. Parabéns! (“Conheça o banqueiro que financiou o cinema novo, salvou a Globo e livrou Garrincha da cadeia”, Ilustríssima 19/12). Luis Flavio Mesquita (Uberaba, MG) * Excelente reportagem sobre José Luiz de Magalhães Lins. Parabéns! Isso é que é jornalismo. Henderson Verona (São Paulo, SP) Esquerda e Direita Eu teria que ler o livro inteiro para saber, mas me impressiona que a reportagem em nenhum momento cite “A psicologia de massas do fascismo”, de Wilhelm Reich, o livro que melhor explica o bolsonarismo. Ficou muito claro para todos que Bolsonaro começou a se tornar conhecido a partir de um discurso de repressão sexual (“Livro explica gênese do antipetismo e avanço da direita radical no Brasil”, Poder 20/12) José Aguiar Freitas Jr. (Guarulhos, SP) * Uma análise mais definitiva dos governos PT e Bolsonaro só poderá ser feita no futuro, depois que as paixões (e ódios) arrefecerem. O que marcará o PT? Talvez o Bolsa Família, mas sobretudo o Petrolão. Nunca mais chegará ao poder, e talvez mude de nome, como fez a Odebrecht. E Bolsonaro? Acho que será lembrado pelo bozó que sempre foi. Tristes trópicos os nossos. Henrique Marinho (Brasília, DF) Marcelo Leite Perfeito! Não há nada o que se comemorar neste ano, e nossa população infelizmente não está nem aí para a “gripezinha’’ (“Infeliz Natal, péssimo Ano Novo”, Saúde 20/12). Francisco Ferreira (Fortaleza, CE) * Às vezes, a verdade nua e crua, que corta a pele, sem imunizante, dói muito, mas liberta. Liberta o Brasil destas horrendas lideranças políticas capitaneadas na morbidez, ignorância, conservadorismo criminoso e adjeto do eventual ocupante do Palácio do Planalto. Que sejam breves estes tempos sombrios porque o povo Brasileiro não merece! Geraldo Silveira (Belo Horizonte, MG) Perto da estação de trem em Guaianases, na zona leste de São Paulo, fica uma lanchonete de propriedade de Bianca Alves de Araujo, 30. Quando foi confirmada a pandemia de Covid-19 e teve início o período de quarentena, em março, seu negócio foi atingido por medidas restritivas: os clientes não podiam comer ou beber dentro da casa, e a saída foi investir no sistema de entregas. Quatro meses depois houve flexibilização das medidas. Araujo diz que conseguiu recuperar parte do prejuízo, mas agora vê novamente a pandemia se agravar. Apesar dos receios, a comerciante afirma que não se surpreendeu com a nova alta de casos de contaminados pelo coronavírus. “A doença nunca foi embora, mas, infelizmente, as pessoas vão parando de se cuidar”, diz. “Agora temos que reforçar os cuidados e cuidar uns dos outros porque qualquer descuido pode ser fatal.” Nos últimos meses, houve queda nas doações de alimentos para famílias pobres, e Araujo fala de preocupações relacionadas ainda ao fim do auxílio emergencial. Oficialmente, o governo federal mantém o posicionamento de que encerrará o pagamento do auxílio. Existe a possibilidade de uma prorrogação, a depender do número de mortes por Covid-19. Crianças sem aula e pais incertos sobre como funcionará o ano letivo no próximo ano, o desemprego e a possibilidade de ser necessário endurecer a quarentena também preocupam. Mesmo diante da crise, Bianca diz que não conhece políticas públicas voltadas aos empreendedores e comerciantes. “O governo federal não deu suporte necessário para os microempreendedores Individuais durante essa pandemia e nós passamos sufoco com um auxílio emergencial”, define. “Esse governo reforça a lógica de aprofundamento da desigualdade pois auxilia e ajuda grandes empresas e deixa afundar os pequenos”. Questionado pela reportagem, o Governo Federal nega. Em nota, afirma que não poupou esforços para que o crédito dos diversos programas emergências chegasse efetivamente a quem precisa e que os dados estão disponíveis no portal Vamos Vencer e o Portal do Empreendedor. Para a dona da loja, os últimos oito meses foram de aprendizados. A equipe de entregadores aumentou, e quem atua na cozinha foi treinado para se adaptar às medidas sanitárias e à nova lógica da vida social da pandemia. Passados os meses de prejuízo, Araujo se diz mais segura em caso de recuo na flexibilização. “Agora estamos preparados se precisarmos ficar fechados”. Na zona leste, a empreendedora e líder comunitária em Cidade Tiradentes, Rúbia Mara da Silva Oliveira, 31, afirma que a periferia teve pouco isolamento, devido a questões sociais, como a falta de renda. “As pessoas continuaram nas ruas, ainda que algumas empresas tenham fechado”. Ela diz, contudo, que pouca coisa muda agora com a nova alta de casos e mortes. Para ela, a periferia entendeu que a única saída é continuar a rotina. Outra coisa apontada pela líder é que, com as festas de fim de ano, é mais dramático pensar em fechar comércios que tentam se recuperar dos meses de prejuízo. “É difícil imaginar o fechamento das lojas e restaurantes no Natal, por exemplo. E o governo não vai conseguir controlar tudo isso”. Sobre o auxílio do governo a comerciantes e à população para diminuir o impacto da pandemia, Rúbia diz desconhecer socorro de entidades públicas aos mais vulneráveis. “A sensação é de que na periferia a segunda onda vai vir e só rico vai ser salvo. O Estado deve demorar para assumir responsabilidade e a gente continua nesta crise”, resume. Dos 20 distritos com mais mortes pela Covid-19, todos são das periferias da cidade, locais mais populosos e com piores condições de cumprir o distanciamento social. Cidade Tiradentes, onde Rúbia mora, teve 237 mortes confirmadas e outras 133 que são suspeitas, segundo dados de 10 de dezembro da prefeitura. Também na zona leste, Sapopemba é a mais afetada com 613 óbitos (433 confirmados e outros 180 suspeitos). Brasilândia, Grajaú, Cidade Ademar, Sacomã, Jardim São Luís e Capão Redondo aparecem na sequência dessa lista. Ainda sob a ameaça de restrições e crise econômica, os comerciantes tentam alternativas para manter os espaços em funcionamento. A cabeleireira Ludimila Matos, 31, tem um salão há sete anos em um espaço alugado em Perus, na zona noroeste da cidade. O local reabriu em julho, quando a quarentena chegou a fase amarela do Plano São Paulo. Ela tem tomado alguns cuidados com a higiene, como o uso de máscaras e álcool em gel. “O movimento ainda não está bom. Antes da pandemia, atendia uma média de oito pessoas por dia. Agora, atendo duas ou três. Tem dias que abro o salão para atender uma única cliente”, lembra. Outro desafio citado entre comerciantes é que com poucos atendimentos é desafiador recuperar o prejuízo dos meses anteriores. Também é necessário, dizem, contabilizar o dinheiro para investimentos necessários à adequação às medidas exigidas ou recomendadas no período de pandemia. Como exemplo, citam as chapas de acrílicos, que barram perdigotos e a proliferação do vírus no ambiente. Enquanto o comércio teme a necessidade de fechamento, nas maiores favelas da capital, a queda nas doações também causa preocupação. O presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, 35, afirma que o cenário é de incertezas nos próximos meses e de dificuldades financeiras entre as famílias na região. “Não temos como nos manter sem ajuda das pessoas, ainda com a segunda onda e a possibilidade de um janeiro triste para o Brasil”. Uma das ações para controlar atender a comunidade foi a contratação de ambulâncias. Por falta de recursos, porém, o serviço deve ser encerrado no próximo dia 20 de dezembro. Segundo informações da União de Moradores, foram mais de dez chamados nos últimos meses. Com o objetivo de arrecadar mais dinheiro e divisão nas ações comunitárias, a opção foi criar uma plataforma de doação, que inclui atividades no Natal, como a distribuição de alimentos e calçados às famílias. Em Heliópolis, na zona sul, a líder comunitária Antonia Cleide Alves, 56, diz que enxerga com “muita preocupação e muito medo” a nova alta de casos. Por lá, diz que grande parte das pessoas não usa máscaras e também teme-se o fim do auxílio emergencial. “Fico imaginando que estas pessoas não irão cumprir o isolamento e terão que sair para trabalhar. Os hospitais estão lotados, e a incidência de mortes pode aumentar aqui. Conhecemos muitas pessoas que morreram na pandemia”, afirma. Antônia comenta a importância das doações que chegaram na favela nos últimos meses e que seguem em queda. “Foi muito importante para as pessoas terem o que comer”. No caso dos comerciantes, nem todos conseguiram recuperar suas receitas. “Todos falam da diminuição do consumo”. Sobre a atuação do governo federal, a líder afirma que tem sido de omissão. “Isso nos preocupa porque ele passa a imagem de que vidas não importam”, acrescenta. Num intervalo inferior a uma semana, quatro prefeitos de três estados morreram vítimas do novo coronavírus. Desde o início da pandemia, já são ao menos 22 pessoas no exercício do principal cargo nas cidades brasileiras que perderam a vida devido a complicações da Covid-19. O óbito mais recente foi o de Humberto Pessatti, o Betão, 56 (MDB), prefeito de Rio do Oeste (SC), que morreu na terça-feira (15) faltando 16 dias para o término de seus oito anos de mandato à frente da administração. As mortes dos titulares provocaram substituição às pressas do candidato às eleições, a posse de uma viúva —que era vice-prefeita— para completar o mandato e até mesmo um prefeito que tentou a reeleição enquanto estava internado para se tratar da doença, entre outras particularidades dos municípios. A primeira morte de um prefeito brasileiro ocorreu em 27 de março, em São José do Divino (PI), envolvendo Antônio Nonato Lima Gomes, o Antônio Felicia (PT), 57. Foi, também, o primeiro óbito no estado. A partir dela, óbitos de prefeitos em outros 14 estados em todas as regiões do país engrossaram a lista das vítimas da Covid-19 no país, cujo total já passou de 183 mil mortes. Na cidade catarinense, que teve três mortes na pandemia, o vice-prefeito, Luis Carlos Muller, decretou luto oficial de oito dias devido ao óbito de Pessatti e houve velório aberto à população. Segundo a prefeitura, a medida seguiu nota técnica sobre funerais para mortes ocorridas após 21 dias ou mais do início dos sintomas. A aglomeração de pessoas foi proibida e a permanência no local foi restrita à família. “A população poderá neste horário se despedir respeitando o cordão de isolamento, sendo permitido somente passar perante o caixão”, informou a administração no comunicado aos moradores. Entre domingo (13) e segunda-feira (14), dois prefeitos paulistas morreram. No domingo, foi Wair Jacinto Zapelão (PSDB), 56, prefeito de Santa Clara D’Oeste, enquanto Benedito da Rocha Camargo Júnior, 79, o Dito Rocha, governante de Pardinho, morreu no dia seguinte. Zapelão estava internado em observação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de Santa Fé do Sul desde o dia 7, mas foi transferido no dia seguinte para o Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde morreu cinco dias depois. Já Dito, que foi prefeito de Pardinho em seis mandatos, estava internado em São Paulo. Com quatro mortes, São Paulo é o estado com mais óbitos de governantes no cargo. As outras duas foram as de Antônio Carlos Vaca (PSDB), de Borebi, e Rodrigo Aparecido Santana Rodrigues (DEM), de Santo Antônio do Aracanguá. Na última sexta-feira (11), morreu Farid Abrão David (PTB), 76, que governou Nilópolis (RJ), na Baixada Fluminense, por três mandatos (2001-2008 e desde 2017). Ex-diretor do Fluminense e ex-presidente da escola de samba Beija-Flor por 18 anos, ele foi sucedido nos últimos dias do mandato por sua mulher, Jane Louise Martins David, 74, que era vice-prefeita. A cidade, que acumula 246 mortes e 1.995 casos confirmados da doença, terá como prefeito a partir de 2021 Abraão David Neto (PL), 40, sobrinho do prefeito morto. Ainda em dezembro, no dia 6, morreu José Reinoldo Oliveira (MDB), 61, que governava Santa Maria do Oeste (PR). Ele, que foi internado em Ivaiporã e, depois, numa UTI em Curitiba, é um dos três óbitos confirmados no município. Além das cinco mortes de dezembro, em novembro houve outras três. Em São Braz do Piauí (PI), o prefeito Nilton Pereira Cardoso (MDB), 53, morreu em 5 de novembro. Ele, que era candidato à reeleição, foi substituído por sua filha, Deborah Cardoso (MDB), que venceu a disputa dez dias depois. No dia 20, foi o prefeito de Santa Terezinha, Geovane Martins, o Vanin de Danda (Avante), 51, quem morreu. Ele estava internado desde o início do mês no Recife e seu nome foi às urnas com ele no hospital. Teve 38,93% dos votos e ficou em segundo lugar na eleição do dia 15. No dia 24, Wilson da Silva Santos (PSDB), 73, de Jussara (GO), morreu de complicações da doença, após cerca de dois meses de internação. A Covid-19 gerou um imbroglio sem precedentes na história política de Araguanã (TO), onde o prefeito Hernandes da Areia (DEM), 54, morreu ainda no começo da pandemia. Ele era vice-prefeito, mas assumiu o governo após o titular renunciar, em 2017. O presidente da Câmara, seu substituto imediato, morreu enquanto Hernandes estava internado. Sobrou à vice-presidente do Legislativo, Irene Duarte (PSD), assumir o cargo, primeiro interinamente, depois por meio de uma eleição indireta. Ela não tentou a reeleição no último mês. No Sudeste, também morreram os prefeitos de Duas Barras (RJ), Luiz Carlos Botelho Lutterbach (PP), e Água Doce do Norte (ES), Paulo Márcio Leite Ribeiro (PSB) e, no Sul, Valdir Jorge Elias (MDB), que governava Viamão (RS). No Nordeste, as vítimas foram os governantes de Paraibano (MA), José Hélio (PT), Santa Quitéria do Maranhão (MA), Alberto Moreira da Rocha (PDT), Ingá (PB), Manoel Batista Chaves Filho (PSD), e Santana do Ipanema (AL), Isnaldo Bulhões (MDB). Já na região Norte do país, os prefeitos de Redenção (PA), Carlo Iavé Araújo (MDB), e Igarapé-Açu (PA), Nivaldo Costa (SD). No Centro-Oeste, morreu Fabio Mauri Garbugio (PDT), que governava Alta Taquari (MT). O câncer do endométrio, que ocorreu com a apresentadora Fátima Bernardes, 58 anos, tem como principal sintoma o sangramento uterino não relacionado à menstruação. Diferentemente de outros tumores, em que o sangramento geralmente indica uma evolução do tumor, na maior parte das vezes o sangramento provocado pelo câncer do endométrio é o primeiro alerta da doença. Detectado e tratado no início, a chance de cura é grande. ""É uma doença que conseguimos diagnosticar rápido, já que acomete mais mulheres na pós-menopausa"", afirma o médico Luis Felipe Sallum, assistente da divisão de ginecologia oncológica do Hospital da Mulher da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O endométrio é o tecido que reveste a parte interna do útero e onde o embrião se desenvolve na gravidez. O câncer do endométrio se caracteriza pela mutação genética no interior das células que acaba por provocar um crescimento descontrolado de células anormais. Estatísticas indicam que 75% dos casos de câncer de endométrio atingem mulheres com mais de 50 anos, na chamada pós-menopausa. Entre 40 a 50 anos, a incidência é de 20%. É uma doença que registra 6 casos a cada grupo de 100 mil mulheres, e a obesidade é o principal fator de risco. ""O tratamento é baseado no estágio de detecção da doença. Quando localizada no corpo uterino, é realizado tratamento cirúrgico histerectomia total com remoção do corpo uterino, colo, trompas e ovários. Se houver acometido outras estruturas, como bexiga e reto ou doença à distância [metástase] com principais locais pulmão e fígado, o tratamento é quimioterapia seguido de radioterapia"", explica Vivian Sartorelli, ginecologista oncológica do IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer). Apesar de ser raro, é possível a mulher em idade fértil fazer um tratamento alternativo para evitar a histerectomia e ainda ter filhos (leia mais ao lado). O câncer do endométrio está intimamente relacionado ao desequilíbrio entre dois hormônios responsáveis pela manutenção do sistema reprodutor feminino, explicam os médicos. ""No organismo da mulher obesa há maior produção de estrogênio e menor ação da progesterona, mesmo na menopausa. Essa reação torna, portanto, a obesidade o principal fator de risco da incidência de tumores no endométrio"", diz o médico Glauco Baiocchi Neto, dirigente do departamento de ginecologia oncológica do A.C. Camargo Câncer Center. O tratamento mais comum do câncer do endométrio é a histerectomia total, quando o corpo uterino (incluindo colo, trompas e ovário) é retirado durante uma cirurgia. Apesar de raro, o tumor também pode atingir mulheres jovens que ainda pretendem ter filhos. Nesses casos, é possível adiar a cirurgia empregando a terapia hormonal, tecnicamente chamada de hormonioterapia, que, se tiver êxito no combate ao tumor, permitirá à mulher engravidar. ""É para casos muito iniciais e específicos. A mulher pode fazer isso sabendo que logo depois do nascimento da criança deve fazer a histerectomia"", afirma Glauco Baiocchi Neto, dirigente do departamento de ginecologia oncológica do A.C. Camargo Câncer Center. O tratamento, já empregado com terapia auxiliar do câncer de mama, é indicado para casos de tumores no endométrio que ainda estão restritos ao corpo do útero e não se espalharam pelos gânglios linfáticos e nem por outros órgãos. Na hormonioterapia para combate ao câncer de endométrio, é empregado o hormônio progesterona com o objetivo de bloquear o tumor. A mulher só é liberada para engravidar se a resposta ao hormônio for completa. ""Em mil casos registrados no banco de dados do A.C.Camargo, tenho conhecimento de 25 que tiveram êxito. É muito restrito, porém, é possível"", afirma o médico. O QUE É O ENDOMÉTRIO? COMO ACONTECE O CÂNCER DO ENDOMÉTRIO? FATORES DE RISCO PREVENÇÃO SINTOMAS DIAGNÓSTICO Preliminar Após detectar a doença TRATAMENTO NÚMEROS* 6.540 projeção de novos casos para 2020 1.743 mortes em 2018** 2,9% incidência em mulheres 80% dos casos ocorrem na pós-menopausa (mais de 50 anos) 5% em mulheres com menos de 40 anos * Inca (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva) ** Atlas de Mortalidade por Câncer do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde Fontes: Vivian Sartorelli, ginecologista oncológica do IBCC Oncologia; Luis Felipe Sallum, médico da divisão de ginecologia oncológica do Hospital da Mulher da Unicamp; Glauco Baiocchi Neto, dirigente do Departamento de Ginecologia Oncológica do A.C.Camargo Cancer Center e Inca (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva) Como definir a natureza histórica deste processo, caso Doca Street ou caso Ângela Diniz? O resultado de uma busca no Google mostra que o tema ainda está em movimento: “caso Ângela Diniz”, 3.890 ocorrências; “caso Doca Street”, 3.290. Os detalhes do processo, o duelo da defesa e da acusação, protagonizado por notáveis advogados cariocas de outra época, assim como o perfil de uma mulher incomum, que desafiou os valores da sociedade reacionária e provinciana do Rio de Janeiro, estão no podcast “Praia dos Ossos”, produzido pela Radio Novelo –uma pequena obra prima de jornalismo lançada durante a pandemia. Foram dois julgamentos. No primeiro, venceu a defesa do réu e a tese (hoje inconcebível) da “legítima defesa da honra”, com punição diminuta para quem mata alguém. No segundo julgamento vingou a tese acusatória: 15 anos de cárcere. O tribunal do júri, soberano e formado por pessoas comuns, é sempre volúvel, como, aliás, são também volúveis os juízes concursados e profissionais. O Código Penal estabelece três modalidades de homicídio doloso: homicídio comum (seis a 20 anos de reclusão), homicídio privilegiado (pena reduzida de um sexto a um terço) e homicídio qualificado (12 a 30 anos de reclusão). Matar alguém por vingança ou por traição ou por ser mulher (condutas consideradas mais graves) é diferente de matar alguém porque, por exemplo, foi humilhado durante uma discussão. É natural existir penas diferentes para situações distintas. A figura da “legítima defesa da honra” não existe no Código Penal. É criação de advogados que se aproveitaram da ignorância, do machismo e do moralismo das pessoas comuns. O que existe é a redução de pena para situações especiais: quando o réu pratica o crime “impelido por motivo de relevante valor social ou moral” ou sob o domínio de “violenta emoção” logo em seguida a “injusta provocação da vítima”. O mundo mudou desde o assassinato de Ângela Diniz. As relações afetivas também. Pessoas do mesmo sexo mantêm sociedades conjugais. Mulheres também matam suas mulheres, assim como homens matam seus maridos: é o que se vê no noticiário, ainda que a maioria dos crimes seja de homens contra mulheres. Mas nunca mais será admitido o argumento da “legítima defesa da honra”, ainda que a violenta emoção esteja presente nas relações afetivas e permaneça nos recintos dos tribunais. A pandemia arrebentou o negócio de Maria Aparecida das Graças Oliveira. Tecelã de Turmalina (MG), no Vale do Jequitinhonha, ela viu as vendas secarem após o cancelamento das feiras nacionais de artesanato, principal meio de escoar sua produção. Na associação local de artesãs que ajudou a fundar há 28 anos, viu muitas colegas na mesma situação. ""A gente não parou de trabalhar, só parou de vender"", diz. ""Está todo mundo desmotivado. A gente viajava o mundo levando produtos; hoje, a gente está parada e não sabe até quando."" A loja mantida pelas associadas ficou fechada durante quatro meses, por não ter como pagar as despesas fixas. Hoje, está aberta por meio período, mas os itens de cama mesa e banho que elas produzem quase não são vendidos. Com a perspectiva de suspensão do auxílio emergencial do governo —para muitas tecelãs, a única renda fixa nos últimos nove meses—, 2021 promete ser ainda mais duro. ""A tendência é que as vendas piorem, com a segunda onda. A situação das famílias vai complicar. A gente não tem planejamento para resolver isso, não."" Para muitos outros artesãos, a insegurança financeira foi regra em 2020. Levantamento do Itaú Cultural feito a partir de dados da Pnad Contínua, do IBGE, mostra o artesanato como o segundo setor da economia criativa mais afetado pela pandemia, tanto em números absolutos como proporcionalmente. No primeiro e segundo semestres, atividades artesanais perderam 49,6% de seus postos de trabalho (atrás do mercado editorial, que perdeu 76,8%), o que corresponde a 132,8 mil empregos (atrás da moda, com 259 mil). Sônia Carvalho, presidente da ONG Artesol, aponta uma conjunção de fatores para explicar esse impacto. Para além da suspensão das feiras, o varejo, que antes comprava até 20% da produção dos artesãos, cortou gastos e deixou de buscar esses produtos. Houve artesãos que ficaram sem matéria-prima, já que muitas fábricas pararam e, quando voltaram, privilegiaram o fornecimento a clientes maiores. Por fim, todo o país perdeu poder de compra. ""Nesse momento, ninguém está procurando comprar uma cesta ou toalha de mesa. Ninguém está preocupado em comprar nada supérfluo."" Pesaram ainda a localização dessas comunidades tradicionais de artesãos (a maior parte está nas áreas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto o mercado consumidor se concentra no Sudeste e nas grandes capitais) e sua baixa inclusão digital. Carvalho estima que, por esses dois motivos, os artesãos mais prejudicados tenham sido os indígenas. Na região Norte, que tem a maior população indígena do país, o artesanato corresponde a 38,6% da receita bruta da indústria criativa, a proporção mais alta no Brasil. ""O ano foi péssimo em termos de mercado, mas pelo menos os artesãos puderam sobreviver com o auxílio que o governo deu"", diz. Uma pesquisa conduzida pela Artesol mostrou que entre 40 e 50% dos artesãos tradicionais receberam o benefício. Nas contas de Carmem Pereira, outra tecelã de Turmalina (MG), a proporção de artesãs que pediram o auxílio na sua comunidade foi de 80%. ""O governo não pode deixar o barco à deriva. Até que as coisas voltem à normalidade, há uma necessidade de os governantes continuarem pegando pela mão. Sozinho a gente não dá conta"", diz. Além do auxílio, Carmen conseguiu captar recursos pela Lei Aldir Blanc e se beneficiou de políticas públicas locais, como o projeto Arte Salva, do governo mineiro, que distribuiu cestas básicas para artesãos. Nos últimos meses, projetos sociais da Universidade Federal de Minas Gerais e do CAV (Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica) também têm ajudado as comunidades. A Lei Aldir Blanc foi acionada por muitas artesãs, mas contemplou uma minoria. Isso porque ela exige a Carteira do Artesão, documento emitido pelo governo que, num setor marcado pela informalidade, pouca gente tem. Na ausência de apoio garantido do Estado, restam as saídas individuais. Carmen, que já revendia cosméticos para complementar a renda, fez desse seu ganho principal. Como são produtos de primeira ordem, desodorantes e sabonetes, não pararam de vender. Já as artesãs que trabalham com barro na região tiveram a sorte, em março, de fechar parceria com a empresa Camicado para produzir uma linha de moringas, vasos e outros objetos domésticos. ""Foi uma salvação, porque a maioria dos maridos das artesãs ficaram parados"", diz a artesã Terezinha Santos. Com a crise, ela também passou a vender mais pela internet, mas reclama que, além das taxas cobradas pelos sites de vendas, o envio dos produtos por correio é caro e inseguro. ""Para transportar as peças, a gente acaba pagando mais. Às vezes a gente manda, quebra, aí precisa repor. Complicou um pouco."" O coordenador-geral de Artesanato e Empreendedorismo do Ministério da Economia, Fábio Silva, admite que ""foi um ano diferente para todos"". Responsável pelo PAP (Programa do Artesanato Brasileiro), que realiza as quatro maiores feiras do país, ele defende a continuidade dos eventos presenciais. ""Uma peça de artesanato tem uma história, uma cultura, o artesão tem um porquê daquela produção"", afirma. ""A história passada para o comprador, na feira, gera valorização muito maior do que para quem compra pela internet."" Em 2020, apenas uma dessas feiras foi realizada, na primeira semana de dezembro. Feita em Belo Horizonte, teve tamanho reduzido (apenas dez estados) e, segundo Silva, foi ""tranquila, segura e com nível considerável de venda"". (Segundo Cida Oliveira, ""ninguém'' da sua comunidade ''teve coragem de ir"".) A pretensão, segundo Silva, é ampliar a parceria do órgão com o Sebrae para investir na capacitação digital dos artesãos, fazer um catálogo de produtos no site do governo e criar uma loja do programa no Mercado Livre. Ele ainda planeja lançar um aplicativo com orientações sobre exportação para os artesãos. Para o artesão José Luís Ferreira, de Santos (SP), a priorização das vendas online na pauta do governo pode ser boa notícia —ele pensou em fazer uma loja digital para vender suas caixas de madeira, mas desistiu por ter ""limitações com informática"". Ele, afirma, no entanto, que o artesanato já vinha passando por depreciação mesmo antes do vírus. ""Ninguém dá muito valor, entendeu? E o material ficou muito caro, então não tem retorno."" Não é de hoje que o combo Natal e cinema vende. O primeiro filme natalino da história, “Santa Claus”, é de 1898, três anos depois de o cinematógrafo ser apresentado ao público pela primeira vez. Foi só mais recentemente, nos anos 2000, porém, que esses filmes começaram a ser feitos em massa, diz a pesquisadora australiana Lauren Rosewarne, autora de “Analyzing Christmas in Film”, ou analisando o Natal no cinema, sem edição no Brasil. Naquela época de apogeu da TV a cabo, muitos canais encontraram na produção de conteúdo próprio uma forma de engordar suas grades de programação. E filmes de Natal, previsíveis e relativamente baratos, eram uma ótima alternativa nesse sentido. Enquanto um deles custa cerca de US$ 2 milhões, um filme hollywoodiano em geral começa nos US$ 10 milhões. Um dos canais que mais investiu nesse conteúdo sazonal foi o americano Hallmark. A partir de 2009, ele passou a produzir em série comédias românticas ambientadas na data, parte de um plano de negócios que buscava alinhar a identidade do canal com o segmento de cartões natalinos da empresa. Em 2010, foram cinco. No ano passado, foram 40. As informações são de uma reportagem Wall Street Journal. Pode parecer muito —e é, se pensarmos que a maioria desses filmes é formada por variações de uma mesma trama que inclui, entre outros, identidades trocadas, encontros mágicos em lojas de departamento e, claro, um protagonista que odeia o Natal. “Parece que estamos assistindo sempre aos mesmos filmes porque, basicamente, estamos”, resume Rosewarne. “As histórias são simplistas e repetitivas porque isso ajuda a moldar as nossas expectativas em relação ao gênero.” Agora, a expectativa é que a quantidade de produções do tipo cresça ainda mais. Isso porque, na guerra do streaming, as plataformas buscam garantir a maior quantidade de títulos para o próprio catálogo —o modelo de maratonas no sofá no qual elas se baseiam exige, afinal, um fluxo constante de novidades. E, de novo, filmes de Natal são uma solução simples e barata para resolver o problema. A Netflix, por exemplo, lançou seu primeiro título natalino original, um especial com Bill Murray, em 2015. Mas só começou a investir pesado no gênero em 2017, lançando quatro produções desse tipo. Desde então, vem aumentando a quantidade de filmes, séries e especiais passados no feriado cristão a cada ano —foram ao menos 11 em 2018, 19 em 2019, e 29 deles neste ano. Vale notar que a maioria dessas obras não é das comédias românticas que viraram sinônimo da data, ainda que elas representem quase um quinto do total de produções natalinas originais da plataforma. Mais numerosos são aqueles voltados para o público infantil, principalmente os animados. Em nota, a Netflix afirma que a empresa “investe numa variedade de gêneros e formatos” natalinos para agradar aos assinantes, “cada um com seu gosto”. A Netflix não está sozinha nessa avalanche natalina. O recém-lançado Disney+ reúne 71 produções do tipo no seu catálogo, entre clássicos como “Esqueceram de Mim” e estreias exclusivas, como “Noelle”. O Amazon Prime Video tem ao menos 40 títulos, vários deles romances açucarados da Hallmark. Isso inspira a seguinte pergunta —sendo esse um gênero saturado, cheio de clichês, será mesmo que essa quantidade enorme de títulos não é, no fundo, uma onda de clones, como afirma Rosewarne? O streaming parece estar transformando um pouco esse cenário. Primeiro, porque as plataformas trouxeram para essas narrativas, dominadas por casais brancos heterossexuais, uma diversidade de raças e de gêneros há muito necessária. Até Kristen Stewart embarcou num romance lésbico ambientado no Natal neste ano, o “Happiest Season”, do Hulu. Além disso, o modo de produção globalizado dessas empresas, baseado em parcerias com produtoras locais, tem ajudado a mostrar comemorações da data pelo mundo que se afastam dos clichês de suéteres cafonas, príncipes disfarçados e até da neve, que reinam nessas narrativas. Neste ano, por exemplo, a Netflix lançou produções natalinas da Noruega, da Alemanha, da África do Sul e até do Brasil —o filme “Tudo Bem no Natal que Vem”. Este último, estrelado por Leandro Hassum, reinventa uma trama comum natalina, de “loop do tempo”, ao mostrar um homem que acorda só nas vésperas da data, sem lembrar o que viveu no resto do ano. Por coincidência, não é o único filme de Natal brasileiro de 2020 —o outro é “Dez Horas para o Natal”, com Luis Lobianco e Giulia Benite, sobre irmãos que correm contra o tempo para comemorar a data como ela merece depois que os pais, separados, desistem da ceia de família tradicional. Os dois filmes seguem à risca a cartilha natalina definida por Rosewarne, a pesquisadora. São “narrativas centradas no amor, na família e na celebração em que temas como reconciliação, renascimento e reunião são comuns”. Ao mesmo tempo, incorporam a ela elementos típicos da experiência brasileira —o parente sem graça que repete todo ano a piada do pavê, a gritaria na hora de cortar o peru, o trânsito e as filas no supermercado. Até o caos da 25 de Março, reduto do comércio popular paulistano, aparece em “Dez Horas para o Natal”. Diretora do longa, Cris D’Amato diz esperar que esses dois filmes de Natal brasileiros sejam os primeiros de muitos. “Abrimos a porteira”, diz a cineasta. “Às vezes falamos que não dá para fazer tal gênero, porque vamos perder na competição com os americanos. Mas esse filme de Natal me abriu a cabeça.” Lojistas e clientes chegam comedidos às festas de fim de ano. Até houve aumento no movimento em ruas comerciais e shoppings, com casos pontuais de aglomeração e risco de contágio em alguns locais mais populares. Porém, nada do que se vê pode ser comparado ao antigo normal para esta época. A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), por exemplo, projeta para o varejo estadual uma alta de 1% no faturamento de dezembro —o pior resultado para o mês desde 2015, quando houve queda de 4,3%. Segundo Altamiro Carvalho, assessor econômico da entidade, houve uma diluição, ao longo do ano, de pagamentos de benefícios que poderiam impulsionar as vendas. O 13º benefício de aposentados do INSS, por exemplo, foi liberado entre abril e junho. Trabalhadores de empresas que aderiram à medida provisória da suspensão do contrato de trabalho tiveram redução no valor do abono natalino. No caso de informais e desempregados, o auxílio emergencial, que garantiu a retomada do comércio no meio do ano, quando a parcela era de R$ 600, chega às festas com metade do valor e não será prorrogado. “Em termos de projeção, este é o pior ano da história”, afirmou Carvalho. “Foi um ano errático, e 2020 só não será pior do que 2014 e 2015 [quando houve impacto da recessão].” Carvalho destaca que as projeções indicam alta nas vendas de alguns produtos normalmente ignorados no Natal e queda na procura de itens que costumam fazer sucesso. “Este mês de dezembro e este Natal são totalmente atípicos”, disse. “Projeções apontam que material de construção terá crescimento de 43%, autopeças e acessórios para veículos, de 25%, enquanto as vendas nos supermercados tendem a ter crescimento de 15% apenas em dezembro.” Enquanto isso, explica, vestuário e calçados não reagem e tendem a fechar o ano com retração de 37%. Para Cardoso, o distanciamento social e as reuniões com um número menor de familiares devem ajudar lojas de móveis e decoração. Segundo ele, a tendência de cuidar mais do lar, que ganhou força na pandemia, tende a ser uma inspiração na hora da escolha de presentes. Lojistas, que estão na linha de frente do balcão, vislumbram dificuldades. Pesquisa do Sindilojas-SP (sindicato de lojistas da cidade) mostra que, para 53% dos comerciantes, as vendas de Natal neste ano serão inferiores às do ano passado, enquanto 33% estimam que o faturamento permanecerá igual. Apenas 14% estão otimistas e projetam a retomada nas vendas. Nos shoppings, a preocupação é idêntica. De acordo com Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), lojistas de centros de compras dizem que já será bom se venderem 70% do que conseguiram no ano passado. Existe até a expectativa de aumento no número de clientes perto do Natal, mas sem efeito expressivo no resultado. “Em muitos lugares a pandemia voltou a avançar, e as pessoas estão contidas”, afirma. “Algumas até podem sair para fazer uma ou outra compra, mas não esperamos uma avalanche.” Ildefonso afirma que o investimento em ecommerce, feito pela maioria dos lojistas durante a pandemia, está mais estruturado e poderá ser mais bem aproveitado no Natal. “A grande sacada para o Natal deste ano é o comércio eletrônico, e o lojista foi se preparando para esse momento ao longo de toda a pandemia”, disse. Outro diferencial realizado pelos shoppings neste ano, segundo a Alshop, é o investimento em vendas do tipo clique e retire: o cliente compra pela internet e se dirige ao shopping apenas para buscar o produto. “Os shoppings neste ano estão mais aparelhados para drive-thru: a pessoa compra eletronicamente, passa na loja ou no estacionamento e já pega o produto.” A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) até está mais otimista. Revisou a projeção de crescimento das vendas de 2,2% para 3,4% em nível nacional. De acordo com Fabio Bentes, economista da entidade, caso a projeção se confirme, o comércio nacional deverá movimentar mais de R$ 38 bilhões. No entanto, lembrou que, historicamente, as vendas nas véspera do Natal estão perdendo força no calendário do varejo. Uma das razões é a popularização da Black Friday. “Comparando o varejo com outros setores, como o de serviços, vemos uma recuperação relativamente mais rápida, mas não teremos daqui para a frente um crescimento em ritmo tão forte como ocorreu nos últimos meses.” O avanço nos casos de Covid-19 é uma das coisas para a perda de fôlego. Desde 30 de novembro, o estado de São Paulo, por exemplo, voltou para chamada a fase amarela em relação à abertura de empresas. Na prática, ocorre redução no horário de funcionamento do comércio, o que limita o horário de compras para o consumidor. De acordo com Jorge Dib, diretor da Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de março), a medida impactou as vendas de Natal, mas o comércio digital é suporte. “Depois do segundo turno das eleições municipais, o pessoal voltou a ficar em casa, e os lojistas estão recorrendo aos canais digitais para melhorar as vendas”, disse. Durante a semana, a rua 25 de Março, um dos comércios mais populares de São Paulo, estava bastante movimentada. No entanto, o volume de pessoas não se comparava às multidões vistas nesta época do ano, em especial na ladeira Porto Geral —rua que dá acesso à região pelo metrô. “Parece um mês normal, e não dezembro”, disse Alex Oliveira, ambulante que vende camisetas na região. “Olha, até as lojas grandes estão vazias.” O controle de circulação era muito flexível na maioria das lojas. Os Armarinhos Fernando eram uma das poucas lojas que mediam a temperatura na entrada e ofereciam álcool em gel. Havia também controle na entrada, mas, no horário em que a reportagem esteve lá, não havia fila. Quem saiu para ir às compras disse à Folha que, no geral, neste ano o Natal será enxuto: menos convidados e menos presentes. “Estou comprando lembrancinhas só para os mais próximos”, contou Elaine Freitas, que é autônoma. Segundo ela, o Natal sempre foi uma reunião de famílias para muitos: reunia mas 40 pessoas, entre familiares e amigos. Neste ano, porém, ela diz que limitou o encontro para um pequeno grupo de dez pessoas mais próximas. Caren Mello, que vende caixas de MDF e vai na região a cada dois meses para comprar o material, conta que sua festa será econômica sob todos os aspectos. Ela pretende gastar cerca de R$ 400 neste ano, metade do que desembolsou em 2019. “Até o gasto com a comida ficou menor porque seremos apenas meu marido, meu filho e eu”, afirmou. A família da vendedora Daniela Karine resolveu o problema de presentes organizando um amigo secreto de canecas. “Em anos anteriores a gente dava perfume, roupa, calçado, mas neste ano vamos fazer diferente porque nem todo o mundo está trabalhando.” A costureira Luciana Oliveira foi até a 25 de Março comprar bonecas e dinossauros para os netos de 6, 3 e 2 anos —os únicos que receberão presente dela neste ano. Ao todo, gastou R$ 300, bem menos que os mais de R$ 1.000 usados para agradar a parentes e amigos no ano passado. A técnica de enfermagem Tatiana Ribeiro está desempregada e, com o fim do auxílio emergencial, também segurou os gastos. Foi à 25 de Março comprar o básico: chinelo e utensílio para a casa. Vai passar o Natal com a vizinha e o filho. “Geralmente somos em 30 pessoas, mas neste ano, não tem condições.” É hábito antigo, que vem das carroças, passou pelos bondes e se mantém até hoje. Autoridades brasileiras não usam transporte coletivo. Os ônibus são bom exemplo. Qual prefeito de nossas mais de 5.000 cidades passa pela catraca? É quente. É velho. É sujo. É lento. Dá para dizer, sem medo de cometer injustiça, que quase todo político até aceita o carro oficial, mas curte mesmo é o banco macio de um helicóptero. É fresquinho. É novo. É limpo. É rápido. Também é de graça, porque tem uma multidão de otários para pagar. Por outros caminhos e com os pés no chão, cerca de 3 milhões de cidadãos viajam todo os dias nos ônibus paulistanos. Os R$ 4,40 de cada passageiro, mais o dinheiro que a prefeitura repassa às empresas —o subsídio—, não são suficientes para manter o sistema; é o que ouço desde que mudei para cá, há 33 anos. Nessa hora surge uma ideia mais nefasta que investir parte dos impostos em helicópteros: que tal demitir os 20 mil cobradores? Afinal, 90% das viagens são pagas com Bilhete Único. A profissão acabaria de vez até 2020; acabaria, mas não acabou. O sindicato conseguiu um acordo. Porém, o que se diz nas garagens é que uma decisão da Justiça paulista já permite a demissão em massa. Assim como políticos, juízes e desembargadores não andam de ônibus. É quente. É velho. É sujo. É lento. Na campanha, nenhum candidato assegurou que vai manter os cobradores. Passageiro e eleitor, eu gostaria que o prefeito reeleito, Bruno Covas (PSDB), embarcasse nessa com a gente. O prefeito aprenderia que passageiros precisam de cobradores para descer no ponto certo, para se informar se a rua tal fica antes ou depois do ponto, para saber o itinerário. Tudo bem, tem aplicativo. Mas brasileiro se informa conversando. É assim que ele chega. É o cobrador quem recebe pagamentos em dinheiro —poucos, é verdade— e ajuda o motorista quando o veículo tem algum defeito —e aí não são poucos. Cobradores ajudam cadeirantes, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção a entrar e a sair. Qual o preço disso? O que significa para quem tem uma limitação perder essa ajuda? Nos horários de pico, muitos passageiros não chegam à porta traseira, entram e saem pela frente. Quem pega o Bilhete Único, passa no leitor eletrônico e gira a catraca é o cobrador. Sem isso, muitas viagens não seriam pagas. Prefeitos não andam de ônibus. E assim, ignorantes, repetem a cantilena como papagaios. “Ora, ora, cobradores vão apenas mudar de função, farão cursos para aprender outra profissão. Isso é exagero da imprensa.” Convido Bruno Covas a embarcar no busão que sai da Vila Buarque, no centro, e vai até Santo Amaro. É a chance de conhecer a cobradora Zenaide, nascida em Esperantina, no Piauí. Ela faz três viagens ida e volta. São sete horas de trabalho, de segunda a sábado. Em tempos normais, até 500 passageiros transportados por dia. A profissão garante plano de saúde, vale-refeição e cesta básica. Com o salário, que nunca foi bom e agora está abaixo de R$ 1.700, criou, sozinha, os dois filhos. Hoje, ajuda na formação de Stéfani, a neta de 12 anos. Quando o ônibus lota, a jovem avó ajeita o cabelo atrás da orelha e repete frases telegráficas. — Um passinho à frente, por favor. — Segundo ponto da Consolação, acesso para linha amarela do Metrô e avenida Paulista. — Quem não descer agora, libere a porta. — Segura aí motorista, vai descer! — Última parada da Rebouças. Bairro de Pinheiros. Depois entramos na Faria Lima. Se andassem de ônibus, os mandachuvas da cidade saberiam como essas informações são fundamentais. A poucos quilômetros do fim da linha, Zenaide permite o trabalho de Maykon, o vendedor de chocolate. Ela costuma ganhar um Galak de presente, que divide com a neta na hora da novela. A morena mostra dentes perfeitos e me olha por cima dos óculos quando pergunto se já rodou catraca para algum prefeito. Boa de troco, calcula de cabeça: — Se são 20 mil cobradores e cada um tiver uma família de quatro pessoas, as demissões vão prejudicar 100 mil cidadãos. É mais que o dobro da população da minha Esperantina. Governo é para arranjar ou tirar emprego? Lá na frente, Ananias acelera e o argumento ganha embalo. — O motorista vai dar troco e dirigir ao mesmo tempo? Isso não atrasa a viagem e causa acidente? Mais uma vez não tenho resposta. Embarcar no busão da Zenaide ou outro qualquer é a chance de o prefeito descobrir uma São Paulo que até gostaria, mas não pode parar. Cidadãos que, por falta de opção, economia ou consciência ambiental, ajudam a cidade a ser menos barulhenta, menos congestionada, menos egoísta. Mais gente no ônibus é igual a menos carro na rua, que é igual a trânsito melhor, que é igual a ônibus veloz. Mais rápido, o ônibus atrai novos passageiros, que dispensam o carro e as ruas ficam mais livres. O sistema de transporte arrecada, a prefeitura economiza e a mobilidade avança. O ex-prefeito de Bogotá, capital colombiana, declarou há alguns anos: cidade desenvolvida não é aquela em que pobres andam de carro, é aquela em que ricos usam transporte coletivo. Prefeito Bruno Covas, preste atenção! É só um passinho à frente, por favor. TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Não existe verbete na Wikipédia sobre Doca Street. Morto nesta sexta (18) aos 86 anos, talvez agora ele ganhe uma página em seu nome nesta que é a maior enciclopédia colaborativa do mundo, onde só em português constam 1.049.371 artigos. A menção mais relevante no site a Raul Fernando do Amaral Street, o nome completo de Doca, aparece na entrada que fala de Ângela Diniz, socialite mineira assassinada em 1976 com quatro tiros disparados pela arma –e pelas mãos– de Doca, na casa que o casal dividia na Praia dos Ossos, em Búzios (RJ). Nada surpreendente. Afinal, desde que pôs um fim à existência de Ângela, Doca viu sua vida marcada e conectada ao crime que cometeu –ainda que, após seu primeiro julgamento, em 1979, ele tenha saído pela porta da frente do tribunal, ovacionado pelo público de Cabo Frio, também no litoral fluminense. Foi só em 1981, após anulação do primeiro veredito a pedido do Ministério Público, que um novo júri montado para avaliar o caso acabou por condenar Doca. Declarado culpado, recebeu pena de 15 anos de prisão. Cumpriu três em regime fechado, dois no semiaberto, e dez em liberdade condicional. A lacuna de três anos entre uma audiência e outra foi suficiente para que se erguesse e fortalecesse um movimento feminista que, com faixas e cartazes contra Doca, recepcionou-o em frente à corte, em busca de algo diferente da alegação de “legítima defesa da honra” usada pelos advogados no primeiro tribunal. Escoltado, Doca se deparou com um acampamento exclusivamente feminino, que gritava palavras de ordem pelo fim das agressões e crimes contra a mulher. Em um dos sinais que as manifestantes carregavam, dava para ler “O silêncio é cúmplice da violência”. Relatar tantos detalhes de algo que aconteceu há 40 anos, quando transmissões televisivas eram, de longe, muito mais precárias, só é possível neste final de 2020 porque a história de Doca Street acaba de ser contada em um dos podcasts mais ouvidos do ano. “Praia dos Ossos”, uma produção da Rádio Novelo, remontou ao longo de oito episódios não só o crime de que Ângela Diniz foi vítima, mas também toda a sua história de vida, passando, obviamente, pelo relacionamento com Doca. Foram dois anos de produção, com a colaboração de 40 profissionais, para que a idealizadora e apresentadora Branca Vianna, junto com a pesquisadora Flora Thompson-Devaux, pudessem colocar de pé a produção, que consideraram, em entrevista ao portal Universa, um apanhado de “fatores sistêmicos que estão por trás do feminicídio no Brasil”. Um dos principais trunfos de “Praia dos Ossos” aparece no antepenúltimo episódio: uma entrevista com Doca Street. Trechos bem selecionados do material bruto, com duas horas e meia de duração, rechearam um dos mais surpreendentes capítulos do podcast. Na conversa, gravada no apartamento de um amigo de Doca que o convenceu a falar sobre o caso, ele explicou que evitava tocar no assunto por ficar “emocionado”, além de pedir respeito à memória da ex-namorada. ""Ângela é mito. Nunca vou deixar de ter admiração"", disse. Antes disso, Doca havia dado sua versão do caso no livro “Mea Culpa: O Depoimento que Rompe 30 anos de Silêncio” (Editora Planeta). À época do lançamento, em 2006, Cristiana Vilas Boas, uma das filhas de Ângela, então com 42 anos de idade, protestou. ""Esse homem é um canalha. Ele está querendo ganhar dinheiro à custa da minha mãe. Meu Deus, quando é que ele se cansará de assassiná-la e a reputação dela?"", disse, em entrevista à Folha. A reportagem lembrava, ainda, uma frase dita no ano do primeiro julgamento de Doca, em 1979, pelo poeta Carlos Drummond de Andrade. ""Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras."" Era uma referência à argumentação dos advogados de defesa que diziam que Ângela Diniz era uma ""vênus lasciva” movida a cocaína e álcool. O advogado de Doca era Evandro Lins e Silva, ministro do STF (Supremo Tribunal de Federal) aposentado pelo AI5 e um dos maiores criminalistas do país. Raul Fernando do Amaral Street nasceu em 5 de dezembro de 1934, em São Paulo. Ganhou o apelido de Doca ainda na infância, como diminutivo de “Fernandoca”, como era chamado pela família. Nos anos 1970, foi descrito pela Revista Setenta como “homem forte do mercado de capitais, figura obrigatória nas reuniões e happenings da sociedade paulista, bon vivant”. Quando lançou seu livro, tinha 71 anos e ganhava a vida operando no mercado financeiro e negociando carros. Em entrevista à Revista “Isto É Gente”, por ocasião do lançamento do livro, contou que recebia também R$ 1.400 como aposentado pelo INSS, e que era proprietário de um apartamento e de dois carros. Declarou-se, ali, livre de vícios em bebida e cocaína, dos quais disse ter abusado por “pura farra” nas décadas de 1960 e 1970. Fumava no máximo alguns cigarros. Quando cometeu o crime, Doca tinha 42 anos. Ângela, 32. Três meses antes, ele havia se separado de Adelita Scarpa, com quem tivera um filho, Luís Felipe, então com três anos. Doca Street morreu nesta sexta-feira (18), no Hospital Samaritano, em São Paulo, após sofrer um infarto. Deixa viúva, três filhos, dez netos e uma bisneta. A Polícia Federal prendeu um delegado da própria instituição nesta terça-feira (15), em Santarém (PA). Alexandro Cristian dos Santos Dutra é acusado de vender informações a donos de garimpo da região do rio Tapajós, a maior área de mineração ilegal de ouro do país. A prisão temporária de Dutra, decretada pela Justiça Federal de Itaituba (PA), foi revelada pelo Blog do Jeso e confirmada pela Folha. Em nota, a PF informou que “um servidor público federal teria recebido ao menos R$ 150 mil de garimpeiros da região de Itaituba, como forma de ‘blindá-los’ de eventuais ações policiais”. O comunicado não mencionou que se trata de um delegado. Segundo a PF, um lobista dos mineradores intermediava o pagamento ao delegado e repassava as informações privilegiadas. À época, Dutra estava lotado em Itaituba. Além do delegado, o suposto lobista, de nome Paulo Ney, também foi preso na terça. Em paralelo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Santarém, Itaituba e São Paulo. Batizada de Fool’s Gold (ouro de tolo, em inglês), a operação da PF visa ""desarticular um grupo criminoso investigado pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, violação de sigilo funcional, advocacia administrativa e associação criminosa”. Em 2017, Dutra, à época em Itaituba, abriu um inquérito com o pretexto de investigar por que os repórteres da Folha Fabiano Maisonnave, que assina este texto, e Avener Prado foram convidados pelo Ibama para acompanhar ações contra mineração ilegal de ouro. Intimados a depor, os repórteres foram questionados sobre os valores de seus salários e sobre os detalhes da destruição, por parte do Ibama, de uma balsa de garimpo no rio Jamanxim, afluente do Tapajós. O operativo ocorreu dentro de área protegida federal, vetada à mineração. O equipamento pertencia a Luis Rodrigues da Silva, o Luis Barbudo, então presidente do Movimento em Defesa da Legalização da Garimpagem Regional. À época, ele estimou o prejuízo em R$ 1,5 milhão e alegou que a balsa estava parada no local porque o motor havia quebrado. Após os depoimentos, realizados por meio de carta precatória, os repórteres não foram mais intimados. Nenhum servidor do Ibama foi punido pelo caso. A reportagem não localizou os advogados de defesa de Dutra e de Ney até a conclusão deste texto. Se este texto tivesse sido escrito por Rubem Braga, ele poderia começar do seguinte jeito. Antigamente, jornais e revistas tinham pequenas seções de crônica, mas depois houve mudanças na direção da imprensa, e a crônica não foi mais necessária. Essa é uma adaptação do primeiro parágrafo de “O Poema que Não Foi Aprovado”, crônica publicada por Braga perto do Natal de 1957 e lançada no seu livro “Ai de Ti, Copacabana”, na qual escreve sobre o fim de uma coluna sobre poesia na revista Manchete. Mas este texto de hoje não é assinado por Rubem Braga, nem devemos confundir reportagem com crônica. Por isso, ele vai recomeçar de um jeito mais duro e informativo. Maior cronista brasileiro, Braga morreu há 30 anos, em 19 de dezembro de 1990, depois de um câncer. Sua morte não foi só o ponto final numa obra que conseguiu se tornar incontornável na literatura brasileira exclusivamente com crônicas. Depois dela, um conjunto de mudanças ocorreram no gênero, tanto no tema quanto na forma. Para muitos, a morte do escritor foi também a pá de cal sobre a crônica —pelo menos da maneira como ela se consolidou como escola literária no Brasil. “Não estaria errado dizer que a crônica clássica acabou”, avalia Sergio Rodrigues, escritor e colunista deste jornal. “Existe um pré e um pós-Braga”, concorda Rachel Valença, coordenadora de literatura do Instituto Moreira Salles. O texto do escritor capixaba, que vivia numa cobertura no Rio de Janeiro cheia de árvores, era marcado por uma leveza muitas vezes surpreendente, como se retratasse o nada e a desimportância. Mas isso era só a casca, porque trazia uma profundidade poética e lírica pouco vista na imprensa nacional. Não era raro suas publicações nos jornais falarem sobre o homem que nada no mar, a primeira mulher do fulano, as amendoeiras, os passarinhos e as borboletas cariocas. Uma conversa sobre o dia a dia, mas capaz de esconder o sublime —e que fez o crítico Antonio Candido definir a crônica como um gênero menor. “A crônica transforma a banalidade em arte, e não a política ou o ódio em arte”, avalia o escritor Mario Prata. Segundo ele, a partir dos anos 1990, a imprensa deixou a era dos cronistas para viver a época dos articulistas. “O cronista conta um caso, o articulista explica e defende uma tese.” Pai de Antonio Prata, que mantém uma coluna semanal de crônicas neste jornal, ele conta que às vezes puxa a orelha do filho quando ele se desvia da literatura e deixa seu texto ser levado pelo comentário político, por exemplo. Estes de tempos de polarização, sobretudo depois do impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro, são lidos como um dos motivos para o suposto fim da crônica —como se o país vivesse uma época borbulhante demais para se debruçar sobre passarinhos e amendoeiras. Mas é bom lembrar que Rubem Braga escreveu durante a ditadura militar e na inflação galopante dos anos 1980, por exemplo. “O que mudou foi a imprensa”, acredita Ana Maria Machado, escritora e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, que conheceu Braga quando era criança. “Só o Rio tinha dez jornais diários ou mais. Cada um com seus espaços para a crônica. Isso permitiu que florescesse uma geração de escritores. Hoje os jornais diminuíram e os suplementos culturais desapareceram. Com menos espaço, a imprensa ficou mais ‘hard news’”, segue Machado. A autora pondera, contudo, que o ocaso da crônica “braguiana”, que tem um texto lírico e pode lembrar muitas vezes um poema em prosa, esbarra também em uma mudança nos ares do tempo. “A sociedade hoje exige que todo mundo tenha uma opinião sobre tudo. Quer logo o like e a lacração”, diz. “Isso acaba com as divagações.” Sergio Rodrigues, que também escreve semanalmente neste jornal, vai além. “Aquele tipo de texto não cabe mais no Brasil de hoje nem na expectativa e na sensibilidade do leitor contemporâneo.” É como se a crônica de Rubem Braga —e isso pode se estender a outros autores, caso de Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade ou Rachel de Queiroz— fosse lida como uma perda de tempo atualmente. “Aquilo era uma epifania, mas o importante hoje parece ser só a política”, diz Rodrigues. “É como se as pessoas tivessem perdido a capacidade de se encantar e dissessem sempre: ‘está rindo de quê?’”, fala Ana Maria Machado. O resultado, segundo os autores, é uma imprensa sisuda. “O humor no jornalismo está na UTI”, afirma Mario Prata. “Em muitos dias, você lê o jornal inteiro e não existe um respiro sequer nele.” O lugar da crônica literária brasileira —que reuniu mais nomes do que os já lembrados aqui, como Machado de Assis, Lima Barreto, Otto Lara Resende, João Antônio e, mais recentemente, Luis Fernando Verissimo e Humberto Werneck, por exemplo— parece cada vez mais estar saindo dos jornais e migrando para outras plataformas. Um dos casos é o Portal da Crônica Brasileira, lançado pelo Instituto Moreira Salles em parceria com outras instituições, entre elas a Fundação Casa de Rui Barbosa, que cuida do acervo de Rubem Braga. Embora não tenha crônicas novas publicadas periodicamente, ele serve como um museu do gênero. “É um ambiente de estudo dessa época em que a literatura encontrava espaço na imprensa”, conta Rachel Valença, do IMS. “Ainda é cedo para saber para onde vai esse tipo de texto no século 21 —talvez para as redes sociais.” Independentemente dos rumos, Mario Prata faz um apelo. “Sem a crônica, resta salvar as palavras cruzadas. Hoje é o único lugar do jornal que não foi contaminado pela política. Pelo menos ainda.” O STF (Supremo Tribunal Federal) invalidou nesta sexta-feira (18) o trecho da reforma Trabalhista que determinou a aplicação da TR (Taxa Referencial) para a correção monetária de dívidas trabalhistas. Além disso, a corte também excluiu a incidência mensal de 1% de juros de mora para esses processos. A decisão afeta o valor final que os trabalhadores têm para receber em todas as ações na Justiça do Trabalho. Como o julgamento também alterou a questão do juros de mora, especialistas apontam que a situação ficou ainda mais desfavorável aos trabalhadores do que estava com a vigência da reforma. Os ministros decidiram que passará a incidir sobre os créditos trabalhistas e os depósitos recursais no âmbito da Justiça do Trabalho o IPCA-E (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial) na fase pré-judicial e, a partir da citação, a taxa Selic. Prevaleceu o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, que afirmou que o correto é aplicar os índices de vigentes para as condenações cíveis em geral. O magistrado foi acompanhado pelos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Kassio Nunes Marques. Os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio divergiram. O uso da TR foi incluído na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) pela reforma sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB), mas a regra tem sido rejeitada por magistrados de todo o país. A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) e centrais sindicais defenderam a correção pelo IPCA-E sob o argumento de que a legislação questionada viola direitos do trabalhador. O IPCA-E está em 4,31%, no acumulado dos últimos 12 meses, até novembro. A Selic —taxa básica de juros da economia—, no menor nível histórico, está em 2% ao ano. No fim de junho, Gilmar determinou, em caráter provisório, a suspensão de todos os processos em curso na Justiça do Trabalho que envolviam discussão sobre qual índice aplicar. Depois ele explicou que a decisão não travava o andamento das ações. Após a decisão monocrática do ministro, o plenário iniciou a análise do caso em 26 de agosto com o voto de Gilmar, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vista de Toffoli. Em agosto, Gilmar reconheceu a ""complexidade histórica"" do caso e indicou uma série de precedentes do STF em variados sentidos do uso da TR, seja pela inconstitucionalidade, seja pela constitucionalidade do seu uso. ""É uma sopa de letrinhas"", disse Gilmar. ""A toda hora é preciso analisar o que é mais adequado. É necessário se repensar todo este universo [de índices] que causa insegurança jurídica."" O ministro também foi acompanhado pela maioria ao estabelecer um marco temporal para aplicação da decisão do STF. Assim, pagamentos já realizados usando a TR, o IPCA-E ou outros índices são considerados válidos e não devem ser rediscutidos e a nova regra vale daqui para frente. Na prática, quase todas as ações exigem correção. Ela incide sobre indenizações de horas extras, férias, depósitos no FGTS ou 13º salário. Por mês, os trabalhadores recebem em média R$ 1 bilhão em causas. Ao votar nesta sexta, Toffoli disse que, diante da inconstitucionalidade da aplicação da TR, o Congresso deverá estipular o “índice de correção monetária que seja apto a preservar o valor da moeda diante da inflação”. Apesar de reconhecer que é um papel do Legislativo, o ministro disse que, enquanto não for elaborada uma lei, o STF deve estabelecer um novo critério para que não seja causada uma “situação mais gravosa do que a regra estipulada pelos dispositivos impugnado”. O ministro Ives Gandra, do TST (Tribunal Superior Eleitoral), elogiou a decisão do STF. “Por que crédito trabalhista tem que ser mais privilegiado, por exemplo, que o crédito previdenciário? Prevaleceu a isonomia em todas as esferas da Justiça”, avaliou. A presidente da Anamatra, Noêmia Porto, porém, afirma que o entendimento fixado pelo STF representa “uma das piores decisões de 2020 para os trabalhadores”. A chefe da entidade afirma que a exclusão do juros de mora de 1% mensal foi uma “inovação” do voto de Gilmar e que o tema sequer era tratado na ação. “Essa decisão favorece a inadimplência, quem deve na Justiça do Trabalho não vai pagar rapidamente e a tendência é de prolongamento das execuções trabalhista. Isso porque ficou mais barato, vão investir no setor financeiro o dinheiro que tiverem e lá na frente poderão pagar o débito com o melhor índice que já se teve notícia”, avalia. Nem todos os votos abordou a exclusão do 1% de juros de mora, mas a presidente da Anamatra avalia que, como o voto do relator saiu vencedor e tratava do tema, essa regra deve prevalecer. O advogado trabalhista Ricardo Calcini também critica o entendimento do Supremo. “Embora tivesse por escopo debater índice de correção monetária, o caso acabou por impactar na temática de juros de mora na Justiça do Trabalho que, segundo a CLT, são devidos à razão de 1% ao mês após a distribuição da ação trabalhista. A taxa Selic já compreende juros de mora e, em tese, o STF tornou letra morta esse trecho da CLT”, ressalta. O advogo trabalhista Luiz Marcelo Góis, por sua vez, acredita que a decisão dará mais previsibilidade às empresas. ""Era um julgamento muito esperado. Não só pelo volume de processos parados na Justiça do Trabalho aguardando uma definição, mas, principalmente, porque agora as empresas passam a ter um pouco mais de segurança para quantificar suas contingências trabalhistas e realizar seus planejamentos financeiros"", afirma. Paralisadas desde julho de 2018 com vergalhões expostos e parte de pistas cobertas por lama e mato alto, as obras dos contornos da rodovia dos Tamoios, iniciadas em 2013 pelo governo de São Paulo para melhorar o fluxo de veículos e acesso às cidades do litoral norte paulista, tem a promessa de serem retomadas até março de 2021. A nova projeção é feita pela própria Secretaria de Logística e Transporte após a conclusão de um estudo realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da USP, que apontou, segundo o governo, segurança estrutural e viabilidade econômica para sequência do projeto, que já possui 76,4% de execução. “Acredito que em dezembro teremos uma solução final e isso passa pela própria Concessionária Tamoios, que tem a possibilidade contratual de assumir essa obra com preços compatíveis ao que foi licitado. Se tudo correr bem, entre fevereiro e março retomamos”, disse o secretário João Octaviano Machado Neto. A intenção do estado é trabalhar com “valores de saldo contratual”, previstos na licitação. Até a paralisação, as obras do trecho eram executadas pelas empresas Serveng/Civilsan e Queiroz Galvão, com investimento de R$ 1,4 bilhão. Na ocasião, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) informou que os responsáveis pelo empreendimento paralisaram os serviços unilateralmente em dezembro de 2018. As construtoras demitiram funcionários e iniciaram o esvaziamento dos canteiros de obras nas cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, provocando um processo de definhamento e deterioração gradativa de trechos inacabados. Moradores de bairros mais populosos de Caraguatatuba como Golfinho e Tinga, além de Jaraguá e Enseada, em São Sebastião, fizeram reclamações recorrentes às prefeituras pela invasão de lama nas ruas de acesso e alagamentos. “Temos tido problemas com alagamentos nestes bairros quando chove. Fizeram um dique artificial na drenagem, interrompendo a drenagem natural do solo e isso prejudicou. O governo nos chamou, falaram em relicitar, mas não se comprometeram com prazos. A conclusão das obras causaria uma mudança histórica na cidade”, afirmou o vice-prefeito de Caraguatatuba, Capitão Campos Júnior. Procuradas, a Queiroz Galvão não quis se manifestar, enquanto a Serveng/Civilsan não respondeu aos questionamentos da reportagem. As obras de contornos estão localizadas nas duas cidades e foram incluídas no projeto de ampliação da Tamoios após o seu lançamento, em 2011, pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). A ideia principal era a de desafogar centros urbanos, utilizando as novas vias para que motoristas de caminhões tivessem acesso direto ao Porto de São Sebastião e à região norte de Caraguatatuba. A proposta inicial previa apenas a duplicação da rodovia em duas etapas: trecho planalto, entre São José dos Campos e Caraguatatuba, e o trecho de serra, até a chegada ao litoral. Assim como o trecho paralisado, as obras de duplicação também já sofreram com os adiamentos, o último deles do final de 2021 para fevereiro de 2022. De acordo com a secretaria, o atraso ocorreu após a identificação de problemas no solo. O trecho terá o maior túnel do Brasil, com mais de 5,5 km de extensão. “A avaliação técnica foi profunda antes de retomarmos. Não há nada estrutural que comprometa essa obra. As ferragens aparentes serão arrumadas, assim como paredes de apoio e outros pontos”, explicou Octaviano. “Arriscamos dizer, inclusive, que vamos concluir esse movimento de retomada com cronograma compatível ao outro trecho [em fevereiro de 2022]”, acrescentou. Até o momento, a Concessionária Tamoios, que administra a rodovia e foi apontada pelo estado como favorita para assumir os trabalhos de conclusão, diz que acompanha com interesse a retomada das obras, mas não confirmou se há conversas adiantadas ou viabilidade em executar os trabalhos no trecho. De acordo com a Prefeitura de São Sebastião, as conversas aconteceram de forma contínua nos últimos meses, mas ainda não há esperança por um desfecho rápido, uma vez que uma nova licitação para término dos trabalhos pode levar mais de seis meses. “Eu e o prefeito já fizemos algumas reuniões com o governador [João Doria] explicando a urgência de finalizarmos. Uma licitação desse porte vai durar, no mínimo, seis meses, esse é o tempo médio. Ainda não temos a informação de um outro acordo com a concessionária. Precisam solucionar essa questão”, disse Luis Eduardo Bezerra, secretário de obras da cidade. A Fipe prevê um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão para conclusão das obras do trecho com cronograma bem menos otimista, de 18 a 24 meses, o que pode estender a entrega para 2023. A secretaria diz que, como instituição independente, a Fipe realiza projeção mais rigorosa e conservadora. A atriz Lilia Cabral posou ao lado da filha, Giulia Figueredo. O ator Luis Miranda postou uma selfie. “Quais são as suas tradições de Natal preferidas?”, escreveu a atriz americana Reese Witherspoon. Veja imagens de personalidades durante o isolamento social causado pela Covid-19: Tudo aconteceu muito rapidamente. De uma semana para a outra, já não era possível combinar o tradicional encontro, às 9h de domingo, com o amigo Rodrigo Fonai no bar do Tustão Cebola, na Mooca, para abrir o dia com um litrão antes da peleja do Juventus na gloriosa Rua Javari. Também pararam os telefonemas do Renato Silvestre para ir a Osasco ou Barueri a fim de acompanhar o Oeste, o Audax, o GEO ou o Osasco FC, que, inclusive, fechou as portas de vez durante a pandemia. Da mesma forma, excepcionalmente neste ano não pude convidar o Xico para assistirmos ao mata-mata da Série A-2 do Campeonato Paulista no Anacleto Campanella ou ainda no 1º de Maio, ambos no Grande ABC. Sem poder visitar meus velhos, em Piracicaba, pela primeira vez desde muito pequeno, deixei de caminhar, em 2020, as sete quadras que separam o apartamento deles do grandioso Barão de Serra Negra a tempo de ver o time zebrado entrando em campo sob efusivos aplausos. As constantes idas ao Allianz Parque, Canindé, Comendador Souza, Morumbi ou Neo Química, acompanhando amigos ou profissionalmente, de repente, cessaram completamente. Até mesmo as viagens com a esposa, invariavelmente acompanhadas de visitas guiadas em algum estádio, é claro, precisaram ser adiadas. O isolamento forçado pela Covid-19 fechou os portões de todos os templos do futebol pelo Brasil, em março, sem previsão do retorno das torcidas, tão importantes para o espetáculo quanto os atletas em campo. Em um ano marcado por tantas mortes, internações, sofrimento, separações e problemas financeiros e psicológicos, resta desejar que em 2021 a vacinação comece rapidamente e que a nova praga seja contida. E que os estádios voltem a receber o público com segurança. E que uma horda de camisas grenás possa se aglomerar no bar do Tustão, sem medo, antes do almoço em família. São essas pequenas alegrias que ajudarão a vida voltar ao normal. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (17) que a vacina contra a Covid-19 pode ser obrigatória desde que exista uma lei nesse sentido. A corte deixou claro que a imunização forçada é proibida, mas liberou a União, estados e municípios a aprovarem lei que restrinja direitos das pessoas que não quiserem se vacinar. Prevaleceu o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski. Ele defendeu que a vacinação compulsória pode ser implementada por “medidas indiretas” e citou como exemplo a vedação a frequentar determinados lugares ou a exercer certas atividades. Ele disse, porém, que é necessário o consentimento da pessoa para para que ela seja vacinada. “Afigura-se flagrantemente inconstitucional toda determinação legal, regulamentar ou administrativa no sentido de implementar a vacinação forçada das pessoas, quer dizer, sem o seu expresso consentimento”, disse. Os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Luiz Fux acompanharam o relator. O ministro Kassio Nunes Marques foi o único a votar de maneira distinta. O magistrado afirmou que a vacinação obrigatória é constitucional, mas que depende de “prévia oitiva” do Ministério da Saúde e que só pode ser usada como “última medida”. Todos outros integrantes da corte, porém, concederam autonomia a governadores e prefeitos para impor a obrigatoriedade e manteve a linha adotada pelo Supremo desde o começo da pandemia do coronavírus no sentido de esvaziar os poderes do governo federal. ""Tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos estados, Distrito Federal e municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência”, disse. Moraes seguiu a tese de Lewandowski e criticou a “hipocrisia” de pessoas que criticam a imunização contra a Covid-19, mas não reclamam da vacinação obrigatória para entrar em determinados países. “A preservação da vida, da saúde, seja individual, seja pública, em país como Brasil com quase 200 mil mortos pela Covid-19, não permite, ao tratarmos desse tema, demagogia, hipocrisia, ideologias, obscurantismo, disputas político eleitoreiras e principalmente não permite ignorância”, disse. Para o magistrado, essa atitude ocorre por uma “total falta de empatia” com familiares de pessoas que morreram pelo novo coronavírus. “A proteção de direitos fundamentais não pode de forma alguma conviver com tanta falsa ideologia, sem ignorar os avanços históricos que a produção de vacinas, que a ciência trouxe para a vida humana”, afirmou. Barroso também se posicionou a favor da imunização da população. “É impossível exagerar a importância da vacinação como meio de preservação da vida e da saúde da coletividade, as vacinas historicamente se provaram uma grande invenção da medicina em prol da humanidade”, ressaltou. A ministra Cármen Lúcia, por sua vez, deu um voto enfático em favor da vacina e chamou a atenção para a responsabilidade dos cidadãos ao viver em sociedade. ""O egoísmo não é compatível com a democracia. A Constituição não garante liberdade a uma pessoa para ela ser soberanamente egoísta. É dever do Estado, mediante políticas públicas, reduzir riscos de doenças e outros agravos, adotando as medidas necessárias para proteger a todos da contaminação de um vírus perigoso"", afirmou. O julgamento não tratou da necessidade de aval ou não da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que uma vacina contra Covid-19 seja usada no país. Os ministros, porém, sinalizaram a favor da lei, que foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no início da pandemia e que dá 72 horas para a agência brasileira avaliar solicitações de registro de imunizantes que tenham sido aprovados por órgãos equivalentes de outros países. Marco Aurélio, por exemplo, fez um paralelo com a decisão do STF que obrigou o Estado brasileiro a fornecer medicamentos que não têm registro na Anvisa, mas que tenham sido aprovados por órgão equivalente de outros países. “O mesmo ocorre quanto à vacina”, disse. Moraes também defendeu que estados e municípios podem vacinar a população antes de a União viabilizar a medida. “Não se pode impedir que entes regionais que eventualmente já tenham possibilidade de começar a imunizar os brasileiros que lá vivem tenha que ficar aguardando”, observou. O ministro criticou indiretamente Bolsonaro por atacar a vacina feita pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac. “A sociedade não quer saber de onde está vindo a vacina, se é do estado, do município ou da União, e não quer saber também de qual laboratório. A sociedade quer saber se a vacina é eficaz, segura e quando que será ministrada para que brasileiros possam voltar a viver a normalidade que todos desejamos"", comentou. Gilmar Mendes e Lewandowski deram declarações no mesmo sentido. A norma mencionada, que fixa as 72 horas, prevê que a vacina deve ser autorizada no país mesmo sem aval da Anvisa caso tenham sido liberadas por quatro agências internacionais: FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos; EMA (European Medicines Agency), da Europa; a PMDA (Pharmaceuticals and Medical Devices Agency), do Japão; e a NMPA (National Medical Products Administration), da China. Foram julgados em conjunto três processos: uma ação do PDT a favor da obrigatoriedade e da autonomia de estados e municípios para vacinar; outra do PTB contra a compulsoriedade; e um recurso que discute se pais podem deixar de vacinar seus filhos devido a convicções filosóficas, religiosas ou morais. No último, o relator foi Luís Roberto Barroso. Ele foi acompanhado pelos colegas ao defender que os pais têm obrigação de vacinar os filhos. “O direito à saúde da coletividade é particularmente das crianças e dos adolescentes deve prevalecer sobre a liberdade de consciência e de convicção filosófica”. Quando surge uma grande promessa nas categorias de base do Santos, ela é logo chamada de ""raio"". A origem é uma brincadeira dos torcedores de que, na Vila Belmiro, o raio cai mais de uma vez no mesmo lugar. Trata-se de alusão principalmente a Pelé, Robinho e Neymar. Outros receberam o mesmo apelido, mas não deram certo e, por isso, foram esquecidos. O mais correto seria dizer que o raio é o próprio Santos. Toda vez que o clube está com as costas contra a parede e vê o futuro ameaçado, alguns jovens e um técnico aparecem para salvar a situação. A temporada 2020 pode ser outro exemplo disso. Em crise financeira, política e menos de um mês após um inédito impeachment do presidente, o Santos está a três jogos do título da Libertadores e da vaga no Mundial em Doha, em fevereiro. Em janeiro, fará a semifinal do torneio contra Boca Juniors ou Racing. Os argentinos definem a vaga no próximo dia 23, na Bombonera. A equipe xeneize perdeu o confronto de ida por 1 a 0. A situação de hoje remete a quando, com os cofres vazios, o presidente Rubens Quintas Ovalle avisou ao técnico Chico Formiga que aquele elenco de 1978 teria de ser formado sem reforços caros. O treinador respondeu que usaria os garotos da base para disputar o Campeonato Paulista. Os ""raios"" eram Juary, Pita, Célio, Claudinho e Rubens Feijão. Ao lado de desconhecidos recém-chegados, como João Paulo e Nilton Batata, eles foram campeões do estadual naquele ano. Foi o nascimento da expressão ""Meninos da Vila"", alcunha que virou marca registrada do clube. O Santos também estava à beira do abismo em 2002. Sem dinheiro para contratações e eliminado na primeira fase do Torneio Rio-São Paulo, depois de perder para o Americano e empatar com o Bangu. A equipe era uma aposta para o rebaixamento no Brasileiro, e cair para a Série B era o maior medo da diretoria liderada pelo então presidente Marcelo Teixeira. O técnico Emerson Leão, demitido meses antes da seleção brasileira, disse que gostaria de se arriscar com garotos como Diego, Robinho, Alex e Paulo Almeida. O grupo de atletas, tão jovem que não tinha nenhum integrante casado –isso durou até a volta do goleiro Fabio Costa, nas quartas de final–, acabou com o jejum de 18 anos sem títulos de expressão ao vencer o Brasileiro daquele ano. Dezoito anos depois, a temporada de 2020 parecia ser aquela em que todos os problemas acumulados pelo Santos nos últimos anos explodiriam. Com sérios problemas de fluxo de caixa, uma dívida de R$ 536 milhões (R$ 256 milhões a serem pagos até a metade de 2021), a diretoria atrasou salários, entrou em conflito com o elenco por promessas não cumpridas e chegou à situação em que a presença do presidente José Carlos Peres não era bem vista no centro de treinamento. Por causa de débitos com Hamburgo (ALE) –pelo zagueiro Cleber Reis–, Huachipato (CHI) –Soteldo– e Atlético Nacional (COL) –Felipe Aguilar–, a agremiação ainda está proibida de registrar reforços. O futebol ruim e os resultados fracos antes da pandemia da Covid-19 e no retorno do futebol causaram a demissão do português Jesualdo Ferreira. Ele saiu atirando e acusou Peres de deslealdade. A escolha para substituí-lo foi Cuca. A decisão surpreendeu, já que o técnico havia passado pelo clube em 2018, durante a mesma administração, e deixado a Vila Belmiro falando mal do mandatário. Peres foi afastado por má gestão no fim de setembro. Seu impeachment foi confirmado pelos sócios em novembro. Nesta década, o Santos já havia tido um presidente que pediu afastamento por motivos de saúde, em meio a uma crise política (Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro), e dois expulsos do quadro de sócios (Odilio Rodrigues Filho e Modesto Roma Júnior) depois de terem balanços financeiros rejeitados pelo conselho deliberativo. Odilio entrou na Justiça para voltar ao clube. Modesto afirma não ter sido comunicado da sua expulsão de forma oficial. Sem reforços de peso e com apostas em nomes como Kaio Jorge, 18, Vinicius Baleiro, 21, Lucas Lourenço 19, Sandry, 18, e Marcos Leonardo, 17, o Santos entrou no mata-mata da Libertadores como azarão. A esperança estava em Marinho, reconhecido nesta semana por Tite, técnico da seleção brasileira, como um dos melhores jogadores do país. O atacante chegou ao clube paulista trocado por David Braz com o Grêmio em 2019. A decisão desastrada dos gaúchos mudou os rumos da equipe da Vila Belmiro. Uma troca tão bem sucedida é novidade na vida dos torcedores do Santos. Muitos até hoje se lembram de quando a diretoria mandou o meia Pita para o São Paulo e recebeu em troca Humberto e Zé Sérgio em 1984. Ou da negociação de 1991 em que Palmeiras ficou com César Sampaio e deu Ranielli e Serginho Fraldinha. A equipe alvinegra ainda tem altos e baixos. Mas quem apostava em rebaixamento –ou pior, que o clube poderia ser um novo Cruzeiro, um grande a cair para a Série B mergulhado em dívidas–, vê o Santos brigar por vaga entre os seis primeiros do Brasileiro, que dá lugar na Libertadores de 2021, e pelo próprio título da competição continental de 2020. Cuca encontrou uma formação que sabe explorar a velocidade de Marinho e Soteldo nas pontas. Kaio Jorge, antes criticado por não fazer gols, mas elogiado pelo técnico por trabalhar para o time, fez 3 dos 5 anotados nas duas partidas diante do Grêmio nas quartas de final do torneio sul-americano. Em Sandry e Diego Pituca, o treinador tem dois volantes com bom toque de bola e que sabem sair para o jogo. A permanência de Lucas Veríssimo deu à defesa um zagueiro dominante pelo chão e que não costuma falhar pelo alto. O ano foi tão conturbado que o time titular teve três goleiros: Vladimir, João Paulo e John. Este último, atual dono da posição, era a quarta opção em 2019. Tão improvável como é a campanha do Santos, mais uma vez. Se terminar em título, como aconteceu em 1978 e 2002, o clube se transformará no maior campeão do país na Libertadores, com quatro troféus. ""O Santos é uma fênix"", disse o presidente José Carlos Peres, antes do seu afastamento, ao apostar que tudo terminaria bem. O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o governo João Doria providencie um plano para a retomada das visitas presenciais a presídios, que deverão coexistir com as virtuais, na impossibilidade de visita presencial. O Ministério Público já havia se manifestado a favor do planejamento, mas a Fazenda Pública paulista recorreu e afirmou que o contexto de crise econômica exige redução de despesas, o que inviabilizaria investimentos em equipamentos de proteção individual para os familiares. Após ação da Defensoria Pública de São Paulo, o juiz Luís Antonio Nocito Echevarria acatou o pedido para que houvesse um planejamento, mas disse que não cabe ao Judiciário determinar a melhor forma de contenção do vírus em unidades prisionais —a defensoria pedia a distribuição das visitas ao longo dos dias da semana. “Não só [é] recomendável, como obrigatório, um plano de retomada, fundado em aspectos absolutamente técnicos e dotado da devida discricionariedade, sem qualquer prazo (já que condicionado à involução da pandemia)”, afirmou o magistrado. A determinação do Tribunal de Justiça também inclui a disponibilização, quando houver o retorno das visitas nos estabelecimentos prisionais, de equipamentos de proteção individual, a criação de áreas de higienização e verificação de temperatura. A Procuradoria Geral de São Paulo diz que ainda não foi intimada da decisão judicial. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) afirma que as visitas presenciais já foram retomadas de maneira gradual e controlada em novembro. ""Foi adotado um protocolo único, aprovado pelo Centro de Contingência do Coronavírus, para todos os presídios do estado"", segue a SAP. IVAN FINOTTI (interino) com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO Vacina Agradeço sinceramente ao presidente Jair Bolsonaro por abrir mão de seu direito constitucional de ser vacinado contra a Covid-19 e, principalmente, por incentivar seus asseclas, seguidores, idólatras e negacionistas em geral a também não tomarem a vacina. É bem provável que o número disponível de doses a curto prazo não seja suficiente nem para os trabalhadores da saúde, portanto, quanto mais abrirem mão, melhor. Pertenço ao grupo de risco e portanto não posso me dar ao luxo de escolher vacinas em função de origem. Carlos Gonçalves de Faria (São Paulo, SP) * “Se algum de nós exagerou, foi no afã de buscar solução, diz Bolsonaro sobre tensões envolvendo vacina” (Sáude, 16/12). Dizer que esse presidente desqualificado está brincando com vidas é chover no molhado. Acho até que tem um método na loucura: prolongar a epidemia para evitar o grito das ruas e estender o auxílio emergencial para manter apoio popular. Até quando, presidente? Adriano Souza (Salvador, BA) * Jair Bolsonaro e os seus comensais da morte. Nisso incluo alguns militares. Um dia todos eles serão julgados. Quando houver homens no Judiciário, é claro. Alvo Araújo (Salvador, BA) * Bolsonaro é político profissional, com 30 anos de especialização na Câmara Federal, sabe adaptar o discurso para cada público. Se saísse dali e encontrasse com bolsonaristas, o discurso seria outro. Por isso, nunca perdeu uma eleição e está montando a estratégia para 2022. Luis da Gouveia (Ponta Grossa, PR) Biografia Achei simbólica a história contada pelo colunista Ruy Castro (“Pazuello já merece uma biografia”, Opinião, 16/12), de como o ainda tenente-coronel humilhou um soldado sob seu comando. A intenção do intendente é usar a população brasileira atrelada a arreios e usando tapa-olhos para puxar a carroça de Bolsonaro com destino à morte. Francisco Pedro Reis Junior (Santos, SP) * Ruy Castro está fazendo história com seus artigos curtos, objetivos e nos quais diz tudo o que o leitor precisa saber. Parabéns. Quanto ao minis tro (Eduardo Pazuello), pelo que fez com seu subordinado, só poderia estar no governo que está: é um medieval. Edgar Candido Ferreira Candido (Marília, SP) * Que texto elegante para descrever a trajetória de um militar do alto escalão do Exército com credenciais dignas de um pateta. Pena que as papagaiadas de Eduardo Pazuello pouco sirvam para educar aqueles que creem piamente que os militares são os salvadores da pátria. Paulo Watrin (Belém, PA) * Com meia dúzia de Pazuellos na Guerra do Paraguai, hoje estaríamos falando espanhol. Alcides Alcântara (Belém, PA) Seringas “Saúde ignora há seis meses processo de importação de seringas da China” (Saúde, 16/12). O mais asqueroso é saber que os milicos incompetentes e cúmplices do genocídio em curso, que ocupam postos para os quais não têm preparo, não o fazem sequer por fidelidade ao tenente promovido. Fazem pela boquinha mesmo. Alguém deveria investigar se Pazuello e outros não estão devolvendo parte do salário para a bolsomáfia. Waldo Assahi (Rio de Janeiro, RJ) * Estamos literalmente nas mãos de amadores e generais que só querem saber de aumentar seus penduricalhos. Esse é o desgoverno desse mito falsário. O pior é que tem gente que apoia o insano. David Silva (Serra, ES) * O Ministério da Saúde tem um sério problema em postergar as ações. Mas quando João Doria (PSDB) toma atitudes de enfrentamento à pandemia, sem aguardar o governo, Pazuello veste sua farda e vai gritar em reuniões. Seis meses pensando se compra ou não seringas, brincadeira. Esteide Gomes (São Paulo, SP) Energia Considero muito grave a revelação feita por Kamyla Borges no artigo “A hora e a vez da eficiência energética” (Tendências / Debates, 16/12), que diz que empresas brasileiras fabricam geladeiras usando tecnologia de 20 anos atrás para consumo interno, mas exportam equipamentos de alta eficiência. Além de não colaborarem para a diminuição do consumo de energia, essas empresas praticam um verdadeiro estelionato no país, provocando forte impacto negativo na economia. Macer Nery Filho (Campinas, SP) Mensagens “Marcius Melhem mostra mensagens que sugerem amizade com Dani Calabresa” (Ilustrada, 15/12). É incrível o linchamento absurdo feito contra Marcius Melhem. O cara simplesmente foi massacrado sem nem ser ouvido, muito menos ter sua versão confrontada com a da vítima. E se depois nada for provado? Essa advogada da Dani Calabresa está querendo chamar a atenção, isso sim. Tudo está muito precipitado e não devemos julgar ninguém por enquanto. Eduardo Henrique (Itapira, SP) * Basta um pouco de sagacidade para entender o conteúdo da mensagem de Dani Calabresa. Invocou a existência da família dele, filhos, falou “eu te amo” em uma simbologia de amor fraterno universal. O cara era diretor da Globo, seu chefe, portanto, pareceu uma tentativa de trazê-lo à razão. Mais uma prova de que sua conduta estava fora da normalidade. Tornar a vítima culpada é a perpetuação do abuso sobre pessoas em situação de vulnerabilidade. Neiva Maria Chemite (São Paulo, SP) Obras roubadas “Obras roubadas por nazistas não vão para herdeiros e Holanda sofre ataques” (Ilustrada, 16/12). As obras possuíam proprietários legítimos. Na maioria dos casos, herdeiros diretos. Elas só podem ir para museus com a autorização dos herdeiros; ou após o governo holandês reembolsar seus proprietários. José Fontes Lima (São Paulo, SP) Nas quatro investigações relacionadas a disparos em massa pelo WhatsApp na eleição presidencial de 2018, nenhum investigado foi ouvido, todos os pedidos de quebra de sigilo bancário e fiscal e todas as requisições de envio de documentos e notas fiscais foram recusados, nenhuma busca e apreensão foi realizada e a única testemunha ouvida foi da defesa do presidente Jair Bolsonaro. Todas as informações acima estão nas ações que tramitam no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As ações que motivaram a abertura das investigações foram ajuizadas pelas coligações Brasil Soberano (PDT e Avante) e O Povo Feliz de Novo (PT, PC do B e PROS) a partir de reportagens publicadas pela Folha. As reportagens detalharam o submundo do envio de mensagens em massa pelo WhatsApp e indicavam que empresários teriam comprado pacotes de disparos de mensagens em massa contra o então presidenciável Fernando Haddad (PT) em benefício a Jair Bolsonaro (então no PSL). Os textos também apontaram como uma rede de empresas recorreu ao uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e permitir o disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos. Caso comprovados pela Justiça Eleitoral, esses atos relalatos nas reportagens poderiam configurar abuso de poder econômico e uso indevido de meio de comunicação social. Em parecer emitido no último dia 1º, o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, indica que não houve procedimentos investigatórios suficientes nas quatro ações que pedem a cassação da chapa de Bolsonaro e de seu vice, Hamilton Mourão (PRTB) e que tramitam na corte desde 2018. Segundo Góes, se não houver quebra de sigilo e envios de documentos relativos às ações, haverá “limitação de conteúdo probatório com enorme prejuízo ao real esclarecimento dos fatos”. Ao longo de dois anos e dois meses, em sucessivas decisões, os relatores das ações negaram ao menos 16 pedidos para produção de provas e de oitiva de testemunhas. Na época em que foram propostas as ações, em outubro de 2018, o então corregedor-geral, Jorge Mussi, não autorizou a requisição de documentação contábil, financeira, administrativa e de gestão das partes, além de quebra de sigilo bancário, telefônico e telemático e oitivas. Em junho de 2019, em decisão monocrática, Mussi indeferiu pedidos de oitivas de testemunhas, ao afirmar que os testemunhos de nada acrescentariam ""de útil e necessário ao esclarecimento dos fatos relatados na petição inicial”. Segundo informações da corregedoria da corte, outras testemunhas foram dispensadas pelas próprias partes e outras não compareceram. Na ação, Mussi embasou sua recusa sobre testemunhos dizendo estar diante ""do flagrante interesse das pessoas indicadas no resultado da demanda e da impertinência e falta de proveito útil dos respectivos depoimentos”, de acordo com relatório do TSE. Em contrapartida, Mussi aceitou o pedido da defesa de Bolsonaro de ouvir como testemunha Rebeca Félix da Silva Ribeiro Alves, que trabalhou durante a campanha eleitoral na agência AM4, prestadora de serviços para a chapa de Bolsonaro. Na época, Rebeca era assessora de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência. Mussi não esclareceu por que não viu flagrante interesse nesse caso. O então corregedor-geral negou novamente pedido de quebra de sigilo dos investigados e de busca e apreensão. Em março de 2019, Mussi havia excluído do processo uma das peças-chave para a ação, um empresário dono de uma agência de comunicação, afirmando que ele não havia sido localizado pela Justiça. O empresário é Peterson Rosa Querino, sócio da agência Quickmobile, suspeita de fazer disparos em massa anti-PT pagos por empresários. Uma outra empresa dele já foi alvo de uma petição do PSDB ao TSE sob suspeita de ter feito, em 2014, o mesmo serviço de disparos de mensagens contra o então presidenciável Aécio Neves. A petição foi feita em uma ação contra a chapa de Dilma Rousseff (PT), que acabou absolvida em 2017. Mussi decidiu excluir Querino do processo após três tentativas para notificá-lo da apresentação de defesa. Segundo Mussi, o objetivo da decisão foi “não comprometer a celeridade” da investigação. Duas semanas depois, quando autores da ação localizaram mais um endereço de Querino, o juiz se negou a incluir a informação na ação e tentar notificar o investigado. Também foram indeferidos pedidos de requisição de informações à CPMI das Fake News no Congresso e ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e de compartilhamento das provas relacionadas à investigação sobre a existência de suposta rede de divulgação de notícias falsas no Facebook. Em setembro de 2019, Mussi também indeferiu a oitiva do deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), “pelo fato de ser notória a inimizade entre o deputado e o investigado J. B. [Jair Bolsonaro]”. Os depoimentos das partes foram indeferidos porque a maioria delas é demandada nas ações e, assim, não pode ser obrigada a prestar depoimento pessoal. Isso não se aplica, no entanto, ao envio de documentação requerida. Uma das partes, Lindolfo Antônio Alves Neto foi processado em abril de 2020 pelo próprio WhatsApp por disparo em massa para fins políticos que viola termos de uso da plataforma e copyright, além de ter sido condenado pela Justiça a suspender operações. Ele também não foi ouvido nas ações do TSE. O relator deferiu, após parecer favorável da Procuradoria-Geral Eleitoral, consulta ao relator do inquérito das fake news que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Alexandre de Moraes, para eventual compartilhamento de informações com as duas ações que ainda não tiveram o período de instrução encerrado. O único envio de informações realizado foi do WhatsApp. Segundo o TSE, a empresa relatou em novembro de 2019 ter detectado “comportamento anormal, indicativo do envio automatizado de mensagens em massa” por parte das empresas SMSMarket Soluções Inteligentes Ltda. e Yacows Desenvolvimento de Software Ltda. “É incontroverso que o surgimento dessa relevante informação superveniente —que converge harmonicamente com os fatos narrados na representação inaugural— consiste em indícios suficientes para a revisitação da decisão de indeferimento das medidas cautelares requeridas pela coligação representante”, disse Góes, vice-procurador-geral eleitoral, em seu parecer. Ele se referia ao envio de relatório contábil, relação de clientes, contratos, notas fiscais e todos os documentos necessários à demonstração das relações jurídicas no período eleitoral direcionado às empresas Havan Lojas de Departamento Ltda., AM4 Brasil Inteligencia Digital Ltda., Quick Mobile Desenvolvimento e Serviços Ltda., Yacows Desenvolvimento de Software Ltda., Croc Services Soluções de Informática Ltda. e SMSMarket Soluções Inteligentes Ltda, além de um pedido de notificação da Folha para que envie as notas fiscais que evidenciam os contratos da campanha de Bolsonaro com as mencionadas empresas. A Aije 194358, que pedia a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer (MDB), teve mais de 8.000 documentos anexados. Em 4 de novembro deste ano, o relator no TSE, ministro Luís Felipe Salomão, determinou, em decisão monocrática, encerrar a instrução do processo e indeferir o pedido de detalhamento de informações pelo WhatsApp. Procurada, a corregedoria do TSE enviou nota na qual afirma que ""sempre conduziu as Aijes [ações] seguindo rigorosamente os dispositivos legais e a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral. Três ministros já atuaram como corregedores nas Aijes, apresentadas em 2018 (Jorge Mussi, Og Fernandes e Luís Felipe Salomão, atual, desde agosto de 2020).” De acordo com a corregedoria do tribunal, “os argumentos articulados pelas partes em suas manifestações, assim como os trazidos pela Procuradoria-Geral, serão analisados no início do ano que vem pelo plenário do TSE, que decidirá a respeito"". Duas ações tiveram sua produção de provas encerrada e devem ter julgamento marcado para fevereiro. Durante o julgamento, haverá discussão sobre o pedido da Procuradoria-Geral Eleitoral de reabrir a coleta de provas e junção de todas as ações. Já as outras duas ações tiveram reabertas as fases de instrução em 10 de outubro de 2019, diante de informações do WhatsApp e agora aguardam manifestação do ministro Alexandre de Moraes (STF) sobre compartilhamento de provas colhidas no inquérito das fake news. Aije 1782-57 Foi ajuizada pela coligação Brasil Soberano (PDT e Avante) e aponta a contratação, por pessoas jurídicas (inclusive a Havan), das empresas de tecnologia Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMSMarket para a realização de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. A Aije teve a instrução encerrada em 4 de novembro de 2020 e está no período das alegações finais. Aije 1779-05 Foi proposta pelo PDT e pela coligação Brasil Soberano e apresenta como fato a ser investigado a contratação de empresas de tecnologia responsáveis pelo disparo em massa, via WhatsApp, de mensagens contra o PT. A fase de instrução foi encerrada em 10 de setembro de 2019 e também está na fase das alegações finais. Aije 1771-28 Foi apresentada pela coligação O Povo Feliz de Novo (PT, PC do B e PROS) e questiona a contratação, por pessoas jurídicas, entre elas, a Havan, das empresas Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMSMarket, responsáveis pelo disparo em massa, via WhatsApp, de mensagens contra o PT e a coligação O Povo Feliz de Novo. A ação aponta ainda a existência de uma “estrutura piramidal de comunicação” para disseminar desinformação via grupos originários da campanha dos representados ou grupos derivados de WhatsApp. A Aije, em fase de alegações finais, teve reaberta a fase de instrução em 10 de outubro de 2019. Aije 1968-80 Foi ajuizada pela coligação O Povo Feliz de Novo e apresenta como fato a ser investigado a contratação da Yacows, Kiplix e AM4 Informática para a prestação de serviço de disparos em massa de mensagens de cunho eleitoral, pelo WhatsApp. A coligação aponta uso fraudulento de nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e garantir disparos em massa. Ainda segundo a ação, o suposto uso de robôs deve ser investigado. A Aije ainda cita que algumas das agências contratadas foram subcontratadas pela AM4. A ação está em fase de alegações finais. A reabertura da instrução foi determinada em 15 de outubro de 2019. Os auxílios emergenciais evitaram que cerca de 28% da população que vive nas regiões metropolitanas brasileiras caísse na pobreza durante a pandemia de Covid-19. Em termos numéricos, isso significa que a ajuda pública preservou a renda de 23 milhões de brasileiros durante a crise econômica deflagrada pela doença. Como houve casos em que os benefícios elevaram o ganho das famílias, ocorreu até redução da pobreza em alguns locais. Na média, a parcela mais pobre da população que mora nas 22 regiões metropolitanas do país equivalia a 19,1% no final de 2019. A taxa caiu para 15,9% em agosto de 2020. Sem os auxílios –sobretudo o federal, mas também estatuais e municipais–, a pobreza teria crescido. Os dados integram o segundo boletim “Desigualdade nas Metrópoles”, que considera a renda individual por média domiciliar. O primeiro estudo mostrou a queda de renda exclusiva do trabalho e o aumento da desigualdade durante a pandemia. A nova pesquisa, porém, passou a incluir não somente os dados sobre renda do trabalho, mas também a renda dos auxílios e seus feitos. O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), do Observatório das Metrópoles, ligado ao programa INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia), e do RedODSAL (Observatório da Dívida Social na América Latina). “É muito claro que o auxílio emergencial fez efeito, na medida em que protegeu a renda dos mais vulneráveis, um dos seus principais objetivos”, afirma Salata, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-RS. ""Em alguns lugares, a pobreza chegou a cair."" Pelos critérios adotados, os pesquisadores consideram que uma pessoa vive na pobreza quando sua renda domiciliar per capita é inferior a R$ 450 por mês, mesmo critério do Banco Mundial para países como o Brasil. Segundo o pesquisador, o efeito da ajuda pública sobre a renda foi maior onde se ganha menos. “Pelo padrão que encontramos, e isso era esperado, os efeitos de auxílios, como o emergencial do governo federal, são mais evidentes nas metrópoles de menor renda, como as do Norte e Nordeste, onde R$ 600 representam mais, e também porque há um número maior de pessoas que atende aos critérios para entrar nos programas”, explica Salata. Na região metropolitana de Macapá, por exemplo, 39% da população estava na pobreza em 2019. Considerando a renda adicional com os auxílios, a parcela da população que vivia na pobreza passou a ser 29,5% em agosto de 2020. Sem os auxílios e contabilizando apenas os ganhos com o trabalho em agosto, os pesquisadores identificaram que mais da metade da população local estaria na pobreza, ou 51,4%. De acordo com a pesquisa, em 2019 havia 15,698 milhões de pessoas em situação de pobreza nas metrópoles. Em agosto de 2020, eram 13,279 milhões. Todavia, o número poderia ser de quase 23,366 milhões sem os auxílios que protegeram a renda durante a pandemia do novo coronavírus. A pesquisa utilizou microdados de duas pesquisas do IBGE: a Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2019 e a Pnad-Covid-19 de agosto deste ano, quando se encerrou a quinta parcela do auxílio emergencial no valor de R$ 600. Enquanto a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indica que não haverá prorrogação do auxílio, atualmente reduzido ao valor de R$ 300, a pesquisa mostra também que o programa foi capaz de reduzir a desigualdade de renda no país. A medida usada para calcular a desigualdade é o Coeficiente de Gini, que vai de 0 a 1. Na escala desse indicador, 0 significa igualdade total de renda. Quanto mais próximo de 1, por sua vez, maior será a desigualdade. Assim, uma alta no Gini assinala uma piora nas condições socioeconômicas. O estudo mostra, porém, um cenário de diminuição da desigualdade, de 0,538, em 2019, para 0,477 em agosto de 2020, uma redução de 11,3%. Sem os auxílios emergenciais, a desigualdade teria aumentado para 0,560, 17,3% maior. “Esta simulação [cenário sem auxílio] é importante na medida em que se tem sustentado a posição de que não haverá renovação do auxílio emergencial. A simulação mostra o quão dramática será a situação da população de baixa renda a partir de janeiro”, diz Marcelo Gomes Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ. “É preocupante olhar o que teria acontecido sem o auxílio. Vemos que o estado não encontrou um caminho para o que vai acontecer com o programa. Sem o auxílio emergencial, teria sido trágico. A pobreza teria aumentado muito. O governo está apostando que a renda do trabalho irá se recuperar, mas isso não parece condizente com os números da economia”, acrescenta Salata. No Maranhão, por exemplo, a região metropolitana de São Luís viu a desigualdade diminuir. O indicador passou de 0,507 em 2019 para 0,429 em agosto deste ano. Sem os auxílios, a desigualdade teria saltado para 0,555. Porém, a diminuição da desigualdade neste cenário não é necessariamente uma boa notícia, explicam os pesquisadores. “A redução que verificamos nas desigualdades não se traduz em maior bem-estar para a maioria da população, mas sim a um nivelamento por baixo. E, portanto, não há quase nada a comemorar, a não ser o sucesso em evitar que os estratos mais vulneráveis fossem brutalmente atingidos pela crise. O que só foi conseguido em função dos auxílios emergenciais”, afirmam no documento. Os mais pobres chegaram a ter um aumento de renda, mas os mais ricos perderam. Assim, o rendimento médio geral caiu nas metrópoles de R$ 1.860 para R$ 1.582, apesar dos auxílios. “A desigualdade se mede pela distância de renda entre as pessoas. Os estratos de renda alto e médio perderam. As pessoas de renda mais baixa ganharam mais, com os auxílios, diminuindo as distâncias”, explica Ribeiro. Entretanto, é um cenário diferente do que o Brasil viveu nos anos 2000 até 2014, explica Salata, quando o movimento era o que se pode chamar de ""pró-pobre"", nas palavras do pesquisador. “Todo mundo melhorava de vida, mas o pobre melhorava mais"", diz ele. ""Agora, vimos uma redução de desigualdade, em vários casos, acompanhada de uma piora na renda."" E ele explica: ""Temos uma crise violenta, e ela faz com que os de cima percam renda, os de baixo não percam tanto e, no caso de quem está muito embaixo, faz com que ganhe um pouco a mais, por um tempo, mas, no geral, as pessoas estão numa situação muito pior do que estavam no passado.” Segundo os pesquisadores, a manutenção do auxílio emergencial envolve uma discussão mais ampla, passando necessariamente pela questão fiscal, já que custa aos cofres federais cerca de R$ 50 bilhões mensais. O Bolsa Família, por exemplo, custa aproximadamente R$ 30 bilhões anuais. “O que está muito claro é que, dentro das possibilidades, é necessário uma política social para seguir auxiliando os mais vulneráveis nos próximos anos”, diz Salata. Além disso, afirma Ribeiro, é preciso fazer um plano econômico. “Há um debate, que vai contra a perspectiva mais hegemônica do pensamento econômico, sobre a importância do Estado realizar gastos que sejam capazes de retomar uma demanda efetiva na economia, que atualmente é insuficiente, sobretudo em um cenário de crise, quando o mercado não investe”, diz Ribeiro. “A lógica para investimento das empresas se baseia na perspectiva de rentabilidade futura. Se ela não é observada, empresários ficam com medo de realizar investimentos. É necessário que se realize gastos para reativar a economia, sobretudo na área de estrutura, porque tem um efeito multiplicador. Tem que ser algo pensando em aquecimento em curto prazo, mas também projeto de desenvolvimento econômico que permita um crescimento mais sustentável”, diz Ribeiro. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu nesta quarta-feira (16) que os governos federal, estadual e municipal podem impor a obrigatoriedade da vacina contra Covid-19 desde que exista uma lei nesse sentido. O magistrado afirmou que a imunização forçada é proibida, mas que a vacinação compulsória pode ser implementada por “medidas indiretas”, como a vedação a frequentar determinados lugares ou a exercer certas atividades. Essas restrições deverão ser aprovadas por lei de qualquer uma das três esferas da federação. Lewandowski é relator de duas ações que tratam do tema e foi o único a votar nesta quarta. A análise do caso será retomada nesta quinta-feira (17). Estão sendo julgados em conjunto três processos: uma ação do PDT a favor da obrigatoriedade e da autonomia de estados e municípios para vacinar; outra do PTB contra a compulsoriedade; e um recurso que discute se pais podem deixar de vacinar seus filhos devido a convicções filosóficas, religiosas ou morais. Neste último, o relator é o ministro Luís Roberto Barroso, que será o primeiro a votar nesta quinta. Caso prevaleça o voto de Lewandowski, governadores e prefeitos deverão iniciar uma corrida para aprovar as normas nos Legislativos de suas regiões. A União e muitos estados e municípios já têm normas que estabelecem a obrigatoriedade, mas em praticamente nenhum caso já existe previsão de restrições a serem impostas a quem não se vacinar. Lewandowski afirmou que a autorização da pessoa é pressuposto para que ela seja vacinada. “Afigura-se flagrantemente inconstitucional toda determinação legal, regulamentar ou administrativa no sentido de implementar a vacinação forçada das pessoas, quer dizer, sem o seu expresso consentimento”, disse. O ministro afirmou que os imunizantes têm de ser distribuídos de maneira universal e gratuita e precisam vir acompanhados de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações. Lewandowski manteve a linha que o Supremo vem adotando desde o começo da pandemia do coronavírus ,no sentido de esvaziar os poderes do governo federal e conceder autonomia a governadores e prefeitos em relação ao tema. “Tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos estados, Distrito Federal e municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência”, disse. O procurador-geral da República, Augusto Aras, seguiu a mesma linha e afirmou que o Estado não pode forçar a vacinação de ninguém. Ele defendeu a possibilidade de imposição de restrições a quem não se vacinar, mas, diferentemente de Lewandowski, disse que isso seria competência da União. Estados e municípios, segundo ele, só poderiam agir nessa área em caso de omissão do governo federal. Para Aras, cabe ao governo federal coordenar a política de vacinação. “Divergências políticas eventuais não podem prejudicar a efetivação do direito de toda a população brasileira”, disse. O procurador-gera fez um paralelo com as eleições para defender sua tese. “Assim como o voto é obrigatório, nem por isso os eleitores são capturados para que compareçam às urnas. A vacinação obrigatória não significa condução coercitiva, imobilizações ou emprego de força física para inocular o imunizante”, ressaltou. Ele defendeu, porém, que a imunização em massa “é medida que prevalece, pois materializa o direito coletivo à saúde pública"". ""O indivíduo que se recusar sofre no plano de restrição de direitos, como por exemplo o de ingressar em certos públicos, ou mesmo de receber benefícios"", observou. O advogado-geral da União, ministro José Levi, também sustentou que a obrigatoriedade da vacina não pode se confundir com a coerção da população. Para ele, será natural a busca pela vacina quando houver comprovação de eficácia do produto. “Vacinas que se mostrem eficazes e seguras serão ao natural demandadas pela população, aliás a União já assumiu o compromisso público de proporcionar gratuitamente todos e quaisquer imunizantes que sejam comprovadamente eficazes e seguros para prevenir a Covid-19."" O estoque central de soros antirrábicos em Minas Gerais está zerado. O órgão da Secretaria de Saúde que distribui o soro aos hospitais do estado está sem ampolas para ministrar a substância, usada para evitar a contração da raiva após a pessoa ser ferida por animal contaminado. Segundo nota da secretaria de Saúde do estado, o Ministério da Saúde atrasou a entrega de soros neste mês, alegando um corte de carga na companhia aérea responsável pela entrega. Procurada, a assessoria do ministério disse que autorizou todas as 1.200 ampolas solicitadas por Minas no mês, mas não confirmou se houve efetivamente a distribuição. Ainda de acordo com a pasta, as distribuições foram regulares nos últimos dois meses e que a média de demanda no estado é de 1.083 doses mensais. O soro antirrábico, prescrito para evitar a contração da raiva após ferimentos por animais contaminados, é distribuído pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios a partir da produção de laboratórios públicos, como a Funed (Fundação Ezequiel Dias), em Minas, e o Instituto Butantan, em São Paulo. A assessoria da secretaria estadual não informou o estoque atual das unidades regionais, mas afirmou que o sistema opera em um regime que permite remanejamento das reservas para suprir possíveis faltas. A reposição do estoque central está prevista para esta semana, segundo o órgão. Mordido por um gato de rua durante uma vacinação em Belo Horizonte, o médico boliviano Diego Rolando, 30, procurou na sexta-feira (11) atendimento no Hospital João XXIII, que é referência no estado para esse tipo de caso. Ao chegar à unidade, foi informado da falta do soro e teve o nome inscrito em uma lista de espera. “Ficamos aguardando, pegaram o nosso contato e disseram que entrariam em contato quando o soro estivesse disponível”, diz Rolando, que teve cinco ferimentos nas mãos. Ele foi chamado novamente à unidade para receber a dosagem na segunda-feira (14). “Pediram que eu fosse o mais rápido possível, pois o soro havia chegado em pouca quantidade, apenas para as pessoas que já estavam na lista”, afirma o médico. Segundo a assessoria do Hospital João XXIII, que atende cerca de 1.300 pacientes por ano com demanda de soro antirrábico, o estoque foi reposto ontem e não há no momento fila de espera de pacientes. A Fifa elege nesta quinta-feira (17) o vencedor do prêmio The Best de melhor jogador de futebol do mundo. A cerimônia, que será realizada de maneira virtual na Suíça, começa às 15h (de Brasília) e será transmitida pelo site oficial da entidade. Robert Lewandowski, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo são os finalistas da premiação, que há mais de uma década marca a queda de braço entre o argentino e o português pelo posto de maior craque do planeta. Desde 2008, quando Ronaldo conquistou seu primeiro troféu, ele e Messi levaram 11 dos 12 em disputa. O jogador do Barcelona, eleito pela última vez em 2019, tem seis dinstinções, uma a mais que seu principal concorrente. Campeão e artilheiro da última Champions League com o Bayern, o atacante polonês Robert Lewandowski tenta repetir o feito de Luka Modric, que em 2018 conseguiu interromper o duopólio Messi-Ronaldo para faturar o prêmio. Na ocasião, o croata foi campeão da Champions com o Real Madrid, mas o fator decisivo para que vencesse a eleição foi a grande campanha de sua seleção na Copa do Mundo da Rússia. Finalista, a Croácia perdeu a decisão do Mundial para a França. Sem o peso de uma Copa a seu favor, Lewandowski aposta em sua ótima temporada individual e coletiva, além dos sinais de declínio da dupla Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que já não consegue manter o nível de excelência que eles mesmos estabeleceram. Somando todas as competições, a média de gols do polonês foi superior a um por jogo. O centroavante marcou 55 vezes em 47 partidas, enquanto Messi anotou 31 em 44 jogos e Cristiano Ronaldo, 37 gols em 46 apresentações. Autor de 15 gols na última Champions League, Robert Lewandowski ainda distribuiu seis assistências na campanha que culminou no título dos alemães, o sexto na história do clube. Na semifinal do torneio europeu, em Lisboa, os bávaros atropelaram o Barcelona de Messi por 8 a 2 para chegar na decisão –Lewandowski fez um e deu passe para outro. A essa altura, a Juventus de Ronaldo já havia sido eliminada, nas oitavas de final, pelo Lyon. O português, discreto, marcou apenas quatro gols na Champions, sua pior marca desde 2008/2009. O atacante de 32 anos também foi determinante para as conquistas do título da Bundesliga e da Copa da Alemanha, que garantiram ao clube de Munique um triplete na temporada. Além de eleger o melhor jogador do mundo, o prêmio The Best também revelará os vencedores nas categorias de melhor jogadora do planeta, melhor técnico do futebol masculino, melhor técnico ou técnica do futebol feminino, melhor goleiro, melhor goleira e o gol mais bonito da temporada. O júri internacional que decide os eleitos é formado pelo treinador de cada seleção nacional filiada à Fifa, seus respectivos capitães, um jornalista representante de cada país e os votos computados no site da entidade. O mesmo vale para as premiações do futebol feminino. A votação foi realizada entre os dias 25 de novembro e 9 de dezembro. Tite, técnico da seleção brasileira masculina, revelou seus votos para a eleição de melhor jogador do mundo: Neymar em primeiro, Robert Lewandowski em segundo e Kevin De Bruyne em terceiro. Dos três, apenas o polonês ficou entre os finalistas. Melhor jogador Robert Lewandowski, Bayern de Munique (ALE) Cristiano Ronaldo, Juventus (ITA) Lionel Messi, Barcelona (ESP) Melhor jogadora Lucy Bronze, Manchester City (ING) Pernille Harder, Chelsea (ING) Wendie Renard, Lyon (FRA) Melhor técnico do futebol masculino Hansi Flick, Bayern de Munique (ALE) Jürgen Klopp, Liverpool (ING) Marcelo Bielsa, Leeds United (ING) Melhor técnica ou técnico do futebol feminino Emma Hayes, Chelsea (ING) Jean-Luc Vasseur, Lyon (FRA) Sarina Wiegman, Seleção holandesa Melhor goleiro Alisson, Liverpool (ING) Manuel Neuer, Bayern de Munique (ALE) Jan Oblak, Atlético de Madrid (ESP) Melhor goleira Sarah Bouhaddi, Lyon (FRA) Tiane Endler, Paris Saint-Germain (FRA) Alyssa Naeher, Chicago Red Stars (EUA) Prêmio Puskás de gol mais bonito De Arrascaeta, Flamengo Son Heung-min, Tottenham (ING) Luis Suárez, Atlético de Madrid (ESP) Na última reunião do Mercosul de 2020, realizada novamente por meio virtual devido ao coronavírus, nesta quarta-feira (16), a pandemia foi o assunto principal. Enquanto o presidente argentino, Alberto Fernández, pediu uma ação integrada dos países da região, o paraguaio Abdo Benítez reforçou que era necessário que ""as vacinas cheguem rapidamente para superar a atual crise"". Em sua participação, Jair Bolsonaro não falou sobre a chegada ao país dos imunizantes —que já declarou que não vai tomar—, mas afirmou que o bloco agiu para ""salvar vidas e proteger nossas economias"". Na Argentina, a vacinação com a russa Sputnik V começa ainda neste mês, e a parcela do grupo de maior risco à doença e os agentes da saúde serão os primeiros da fila. Segundo estimativa do ministro da Saúde, Ginés González García, o país terá novas doses para vacinar a população em geral em fevereiro. O presidente chileno, Sebastián Piñera, por sua vez, anunciou o início da imunização já na próxima semana. O país tem acordos com os laboratórios Pfizer e BioNTech. E Luis Arce, recém-eleito presidente da Bolívia, pediu que ""os países do Mercosul trabalhem numa agenda de consensos para acesso a medicamentos, vacinas e equipamentos médicos"". Para além da crise sanitária, que definiu como ""sem precedentes"", Bolsonaro fez um discurso moderado, enfatizando que espera o predomínio dos interesses comerciais sobre as diferenças entre os governos. Ao lado do chanceler Ernesto Araújo (sem máscara) e do ministro da Economia, Paulo Guedes (de máscara), o presidente reforçou, também, que espera que o Mercosul seja ""um aliado na agenda de reformas que estão sendo feitas para melhorar o Estado brasileiro"". Na reunião em que entregou a presidência temporária do bloco para a Argentina, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, afirmou que as recentes negociações entre Mercosul e Israel e Coreia do Sul são exemplos de como o grupo deve funcionar. ""O bloco está avançando em conjunto, mas cada país está atuando na sua velocidade"", disse. Segundo ele, quando se fala de ""consenso"" em termos de Mercosul, é necessário entender que ""alguns têm necessidades mais urgentes e que outros não necessariamente vão avançar como os demais"". Em sua fala, Fernández chamou a atenção para justiça social no pós-pandemia. ""Não haverá economias robustas sem inclusão social, sem incluir os mais vulneráveis."" O presidente argentino acrescentou que será necessário, nas próximas reuniões, priorizar a transição para a economia digital, muito mais ativa durante a crise sanitária. ""Queremos que o Mercosul seja um mecanismo solidário, e, citando aqui o papa Francisco, repito que creio que ninguém se salva sozinho."" Estreando nas reuniões do Mercosul, o presidente da Bolívia agradeceu a ajuda de Fernández na transição de poder em seu país —o ex-presidente boliviano Evo Morales, de quem Arce foi ministro da Economia, passou quase 11 meses exilado na Argentina após renunciar. Arce também pediu que o bloco analise a criação de um fundo para ajudar as economias locais a se recuperarem após a fase aguda da pandemia —mas não deu detalhes de como deveria funcionar.BodyText A mistura na casa da Priscilla Ribeiro mudou. Até o começo de 2020, escolhia sempre carne para acompanhar o arroz e o feijão nas refeições da sua família. No meio da pandemia, passou a colocar mais ovos na cesta de supermercado para os almoços e jantares. O auxílio emergencial pode mudar novamente a sua alimentação. A dona de casa de 40 anos não recebeu a ajuda do governo no ano passado, e portanto não vai receber este ano —o novo benefício não aceita novos cadastros—, mas a sua filha de 22 anos, Viviane, pode ser contemplada. E, assim como em 2020, deve ajudar nas compras de casa. ""Hoje a coisa mais difícil é comprar carne. A gente come ovo, arroz e feijão, de vez em quando compra salsicha"", afirma. Moradora de Heliópolis, maior favela de São Paulo, Ribeiro dará o destino mais comum ao dinheiro entre os moradores de comunidades brasileiras. De acordo com pesquisa do Datafavela, uma parceria do Instituto Locomotiva e da Cufa (Central Única de Favelas), 79% dos que moram em favelas pediriam o auxílio emergencial caso fossem autorizados. Desses, 98% pretendem usar o dinheiro para comprar comida. A pesquisa foi feita entre 9 e 12 de março e tem margem de erro de 3,6 pontos percentuais. Os dados vêm de uma base formada por mais de 21 mil pessoas de 2.700 favelas brasileiras, uma amostra nacional de comunidades com iguais proporções de idade, gênero e raça, de acordo com os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A coleta de informações foi online. Nesta terça-feira (6), o governo federal voltou a fazer os repasses após um hiato de três meses. O programa deste ano vai liberar o equivalente a 15% da assistência de 2020. No ano passado, o auxílio emergencial pagou cinco parcelas de R$ 600 e mais quatro de R$ 300, e mulheres chefes de família recebiam em dobro. Com o orçamento encolhido deste ano, serão quatro parcelas que variam a depender da formação familiar. O benefício padrão será de R$ 250. Pessoas que vivem sozinhas receberão R$ 150 por mês, limitação que não existia em 2020. Mãe de sete filhos —quatro com menos de 12 anos e ainda dependentes—, Ribeiro deixou de trabalhar no final de 2020. Sua vaga como segurança de um supermercado foi para uma unidade da rede longe de sua casa, o que a impedia de olhar e alimentar os filhos no horário de almoço. Em São Paulo, as escolas estão fechadas por causa de restrições da pandemia. Ela tem evitado sair, tentando seguir as recomendações de distanciamento para evitar a contaminação, mas com a situação em sua casa, diz que toparia voltar a trabalhar. ""Eu quero, mas não tem a escola para as crianças ficarem. Teria que ser um trabalho muito perto"", diz Ribeiro. Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e coordenador da pesquisa, define a situação como uma ""calamidade gigantesca"". ""Esse dinheiro [do auxílio emergencial] vai justamente para que as pessoas não tenham que escolher entre a fome e o vírus. É essa decisão que a ausência do auxílio emergencial está impondo aos 16 milhões de moradores de favela todos os dias"", afirma. Lucia Galdino, 55, diz que também voltaria a trabalhar se pudesse. Outra moradora de Heliópolis, ela ainda faz retornos médicos a cada seis meses para finalizar o tratamento de um câncer. Sabendo que está no grupo de risco, reduziu saídas e encontros com família e amigos quando a pandemia começou. Com o fechamento das escolas, a sua fonte de renda como cuidadora de crianças entre os vizinhos também secou —com as mães sem trabalho, não é mais necessário ter uma babá. E desde então ela passa os dias em casa. Assim como ela, 83% dos que pretendem retirar o auxílio emergencial dizem que com certeza vão continuar trabalhando ou procurando emprego. O que tem explicação: 81% desses moradores dizem que a sua renda atual é menor se comparada à vida pré-coronavírus. Galdino deve dar um uso diferente ao novo auxílio: compra de remédios, que são muitos devido à saúde ainda debilitada. ""Ontem mesmo eu acordei, precisava tomar um remédio e não tinha. Às vezes eu acordo, quero comer um pão e também não tem. O auxílio do ano passado foi de boa ajuda"", afirma. Na última visita ao posto de saúde, não encontrou o seu remédio para asma e não tinha dinheiro para comprá-lo. Desde então está sem o medicamento. Galdino mudou alguns hábitos. Sem a aposentadoria, que não conseguiu acessar, vive com duas filhas e duas netas. Ela tem mais dois filhos que já se sustentam. ""A minha filha trabalhava, agora está parada. Ela me levava para comer um lanche, almoçar fora. Nunca mais pude, já faz um ano que eu não sei mais o que é isso"", afirma. ""Eu estava com medo até de entrar em depressão. Não pode ir para a rua, não pode sair, não pode ir na casa de parentes. É rezar para acabar logo essa quarentena."" Apesar do tratamento de saúde, a situação que vive a fez pensar em procurar pais e mães interessados em uma cuidadora, trabalho necessariamente presencial. ""Quando a gente fala de trabalho essencial, pensamos no médico, mas tem o auxiliar de enfermagem, tem o segurança, o vigia do hospital, a moça da limpeza que apaga e acende o hospital. Essas pessoas fizeram com que o Brasil não parasse. E essas pessoas que garantiram que os mais ricos continuassem a trabalhar em home office"", diz Meirelles, do Locomotiva. Beatriz Maria de Sousa, 43, falava com a reportagem ainda com as caixas de mudança em sua casa. Recentemente ela foi despejada de onde morava. ""Eu pagava o aluguel com o auxílio, e acabou. Dividi em dois pagamentos no mês para conseguir, mas teve uma hora que ela [a proprietária] não aceitou mais. Tem uma semana que estou nesta casa"", conta. Com oito filhos —cinco morando com ela—, a última vez que conseguiu trabalho como empregada doméstica foi há um ano. A única entrada na casa é do Bolsa Família, destinado ao aluguel. Alimentação, normalmente, vem por meio de doações. Sem ir à feira e ao mercado, seus hábitos alimentares também mudaram. ""Não consigo comprar o que as crianças gostam, e carne eu consumo bem pouco."" Para Preto Zezé, presidente nacional da Cufa, falta pensar na favela como investimento, e não como gasto. ""Se as pessoas não têm dinheiro em casa para segurar a onda enquanto não podem trabalhar, vão para a rua se contaminar, colapsando o sistema de saúde e ficando com sequelas. Essa dicotomia entre saúde e economia é tão mentirosa que nós não estamos tendo nenhuma das duas"", afirma. O governo prevê um gasto de R$ 44 bilhões para atender 45,6 milhões pessoas na rodada do auxílio de 2021. No ano passado, foram gastos R$ 293 bilhões para atender 67,9 milhões de pessoas. Liliam, de 48 anos, vive da renda de faxinas e de bicos num restaurante e numa pizzaria em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, para manter as duas filhas que vivem com ela. Ela já catou frutas na xepa da feira e costuma levar uma marmita com o que sobra no trabalho para não faltar comida em casa. “A gente deixa atrasar duas, três, cinco contas e vai dando prioridade para o alimento para as meninas.” Adriana, de 40 anos, teve a luz cortada em sua casa em São José dos Campos, no interior paulista, ficou desempregada e passou a depender do auxílio emergencial e do salário do filho, como menor aprendiz, para sobreviver. “Eu vivo de doação. O pessoal fala 'Adriana, você quer um arroz?'. Eu falo que quero, porque não tenho de onde tirar.” Elisa, de 45 anos, mãe de quatro filhos, mora em Interlagos, na zona sul paulistana, e conta com a renda do companheiro para manter a casa. Diz que se reveza entre dias de aperto e aqueles em que estão bem. “Se tiver ovo não tem açúcar, se tiver açúcar não tem ovo. Mas minhas irmãs passam por mais dificuldades.” As três são netas da escritora mineira Carolina Maria de Jesus e têm como pai José Carlos de Jesus, filho do meio da autora. Ele morreu há cinco anos, em decorrência de um atropelamento. Além delas, há ainda uma quarta irmã, Eliane Carvalho de Jesus, de 47 anos, que também vive na cidade de São Paulo, em Parelheiros, é mãe de quatro filhos e também enfrenta dificuldades financeiras, segundo as irmãs. Em fevereiro, uma amiga de Adriana publicou nas redes sociais um texto relatando a dificuldade dela para seguir a faculdade de pedagogia por causa de uma dívida com a universidade e indicando uma conta para que as pessoas colaborassem. Poucos dias depois, em 13 de fevereiro, no aniversário de morte da escritora, as irmãs e conhecidos delas falaram sobre as necessidades que passavem numa live com a participação de Vera Eunice de Jesus, única filha viva de Carolina Maria. Elas contam que foram excluídas do evento e bloqueadas pela organização. Na data do nascimento de Carolina, 14 de março, as três voltaram a tentar expor suas dificuldades em outra live. “Foi a segunda live que a gente não pôde falar nada”, diz a neta Adriana. Para reivindicar seus lugares como descendentes de Carolina, elas criaram ainda um perfil no Instagram — @netascarolinadejesus— em que falam sobre a avó e narram sua situação e a dificuldade na relação com a tia Vera Eunice, além de contestarem o fato de não serem consultadas para assuntos relacionados à avó. Numa das publicações, elas lembram, por exemplo, uma reunião realizada pelo Instituto Moreira Salles, o IMS, para discutir uma exposição que será dedicada à Carolina Maria de Jesus. A autora foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas enquanto ele fazia uma reportagem para este jornal na favela do Canindé, em São Paulo, e se tornou conhecida internacionalmente a partir da publicação de “Quarto de Despejo”, de 1960. Nele, narrava em primeira pessoa, numa espécie de diário, a vida na favela. Num trecho do livro, ela escreve “atualmente somos escravos do custo de vida"". ""Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.” Em outro, diz que “não tinha dinheiro em casa para comprar pão”. Em outro, “já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para residir, procuro lhes dar uma refeição condigna”. “A gente vive a vida da nossa avó, a única diferença é que a gente não pega papel na rua e não está na favela do Canindé. Mas a gente está em outros lugares, com as mesmas dificuldades. Tem dia que tenho pão na minha mesa, tem dia que não. Tem dias em que conto centavos, como ela fazia, para poder comprar um sabão”, diz Adriana. “A gente está vivendo 'Quarto de Despejo 2' e não deveria ser assim.” Com a publicação do livro, Carolina se tornou conhecida, apareceu em eventos com Clarice Lispector e outras personalidades da época e conseguiu comprar uma casa de alvenaria em Santana, na zona norte paulistana. Mas terminou a vida com dificuldades e, em 1977, ano de sua morte, tinha só o sítio no distrito de Parelheiros. “Eu conheci minha avó como uma pessoa normal, não como uma pessoa famosa. Ficava com ela no sítio. Ela tinha uma máquina de costura, eu sentava com ela e ela ficava me olhando. Ela me encarava muito. Uma vez, fiquei cheia de lombriga e ela me levou numa mulher para catar hortelã”, lembra Liliam, a que mais conviveu com a avó. José Carlos teve ainda outros três filhos, mas não os registrou. Uma filha morreu, outro foi adotado e um terceiro, que Adriana diz que contatou, não teria demonstrado interesse na relação. O filho mais velho de Carolina, João José, morreu pouco tempo depois da mãe e não deixou herdeiros. Ao todo, as quatro netas de Carolina têm três processos na Justiça em busca de direitos sobre o espólio da avó. O primeiro é o inventário do pai, José Carlos, que acabou sendo paralisado quando elas descobriram que o inventário da própria Carolina nunca havia sido feito. Elas abriram então esse processo, mas a dificuldade, segundo a advogada das netas, é descobrir o acervo deixado pela avó por completo. Adriana foi nomeada inventariante nele. O terceiro é uma ação movida pelas irmãs contra a tia, Vera Eunice, pedindo que ela apresente em juízo informações sobre o patrimônio cultural, bens móveis e imóveis deixados por Carolina. “Há uma dificuldade de saber com quais editoras ela assinou contratos de 2016 para cá, para quais atores, atrizes ela autorizou o uso do nome de Carolina. Essas informações estão concentradas nela, porque o mundo conhece apenas a Vera”, diz a advogada das irmãs, Luana Romani. “Tudo que não tem autorização [das netas], a gente tem o direito de barrar judicialmente. Não é o caminho que gostaríamos, porque prejudica a manutenção da memória da Carolina, mas, infelizmente, diante dessa queda de braço, não tem outro caminho”. Com a editora Ática, que é a detentora dos direitos de comercialização de “Quarto de Despejo” até 2026, elas ainda negociam na Justiça. Segundo a advogada das netas, a editora tentou pagar os valores dentro do inventário, mas ela recusou porque defende que os pagamentos devem ser feitos diretamente às herdeiras —o montante acumulado seria de cerca de R$ 100 mil. A Ática não comentou o valor, mas, por meio de nota, disse que “com o falecimento de José Carlos, filho da autora, aguarda autorização judicial para iniciar o pagamento em juízo dos direitos autorais aos seus herdeiros”. “Os herdeiros, em relação à lei de direitos autorais, têm a possibilidade dos chamados direitos materiais do autor, tudo aquilo que do ponto de vista patrimonial adviria da obra dele. A lei estabelece um prazo de 70 anos a contar do ano seguinte ao falecimento —a autora teria direito enquanto fosse viva, e os herdeiros nesse período de 70 anos”, afirma o professor do departamento de direito civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Fernando Campos Scaff. A relação de Vera Eunice com as sobrinhas é difícil, e os dois lados contam versões diferentes sobre desentendimentos dos últimos anos e do passado. Vera, que tem cinco filhos, diz não querer mais relação com as filhas de José Carlos. As sobrinhas, por sua vez, afirmaram no Instagram que “não são aceitas pela tia, que envia mensagens ofensivas e discriminatórias” a elas. Duas das netas chegaram a morar com a tia por um período, depois que a mãe as deixou e o pai não tinha condições de ficar com elas. Vera conta ainda ter mágoas do irmão devido a forma como ele tratou a mãe algumas vezes —ela cita, inclusive, agressão física. Ela diz que acredita ser a primeira pessoa procurada para falar sobre Carolina Maria de Jesus por ser a única filha viva, e que seria natural que a contatassem antes de netos. “Minha mãe é minha vida. Eu fui criada por ela, vivi com ela até os 18 anos”, diz. “Meu objetivo maior da vida é colocar Carolina Maria de Jesus onde ela deve estar, como uma escritora reconhecida mundialmente. Ela não viveu de direitos autorais e ninguém viveu dos direitos autorais dela. Quando ela não podia mais trabalhar, a Vera Eunice de Jesus sustentava ela.” A reportagem tentou contato com a advogada de Vera, mas não teve sucesso. “A gente é honesta, trabalhadora, a gente não é burra. Mas nos humilham demais”, diz Liliam. “Eu quero justiça, ser reconhecida perante a minha avó. Gostaríamos de também estar à frente das coisas dela”, afirma Elisa, que sonha um dia gravar músicas compostas por Carolina Maria de Jesus. De um lado, as orientações sanitárias indicam que as pessoas devem ficar em casa para conter a disseminação do coronavírus e frear o número de mortes no auge da pandemia. Do outro, a fome. A falta de emprego e auxílio emergencial leva parte da população às ruas para tentar colocar comida na mesa. Uns saem para trabalhar, outros vão atrás de doações. Independente do caso, a conta não fecha. Vanessa Pereira, 40, moradora de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, une os dois mundos. Ao passo em que tenta se proteger da contaminação, precisa sair de casa diariamente para vender balas e água nas ruas do centro da cidade e buscar doações para alimentar dois dos nove filhos que ainda vivem com ela. Os gêmeos Enzo Gabriel e Emanuelly Vitória, 6, são criados por ela e pelo atual marido, Flávio Alessandro, 40, que perdeu o emprego como operador de máquinas em eventos no início da pandemia. Desde então ele está buscando bicos como pedreiro, mas não consegue encontrar trabalho. Sem movimento nas ruas para conseguir vender e sem auxílio do governo, a saída é pedir. Naquela tarde fazia dois dias que Pereira estava sem gás em casa. Não tinha almoçado, para garantir que os filhos fariam as três refeições. “Hoje mesmo se eu falar que eu almocei eu ainda não almocei. O meu marido comeu um pão que ele trouxe da rua e é assim que a gente tá vivendo. Sobrou um pouquinho de arroz na panela e um pouquinho de feijão para dar à noite para os meus filhos”, conta. O cardápio é sempre o mesmo: arroz e feijão, sem mistura. Vez ou outra comem ovo, “mas é muito difícil”. O auxílio emergencial era a garantia de que Pereira iria manter sua família. Com as parcelas de R$ 600 somadas aos R$ 212 que recebe do Bolsa Família, conseguia pagar o aluguel de R$ 500, as contas e comprar algo no mercado. Depois, com o pagamento no valor de R$ 300, não comprava comida nem pagava as contas, mas ao menos garantia o teto. Com o aluguel, atrasado vai ter que entregar a casa e ainda não sabe para onde ir. Em março completam-se três meses desde que a última parcela do auxílio emergencial foi paga. Foi aprovada uma nova rodada com valores de R$ 175, R$ 250 e R$ 375, mas só serão liberados em abril. Reportagem da Folha mostrou que com o valor médio do novo auxílio, o beneficiário conseguirá comprar, em São Paulo, 39% de uma cesta básica de alimentos, calculada em média em R$ 639,47 na capital paulista. Enquanto isso, as desigualdades são aprofundadas e a fome aumenta. O fim do auxílio afetou também o trabalho desenvolvido por Gilson Rodrigues, 36, líder comunitário em Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo, e presidente do G10 Favelas. Enquanto as doações que mantêm a distribuição de marmitas e cestas básicas caíram vertiginosamente, a busca por comida aumentou. Todos os dias, entre 500 e 700 pessoas são alimentadas com quentinhas distribuídas na sede do G10 em Paraisópolis. Tem dias que a comida acaba e a fila continua. No auge da distribuição, cerca de 10 mil marmitas foram dadas em um só dia. Hoje, a escassez de doações faz com que famílias tenham que dividir uma ou duas refeições entre todos os moradores da casa. Em 2020, cerca de 120 mil cestas básicas foram distribuídas. Este ano, a doação de cestas é um desafio. São 16 mil pessoas cadastradas no Emprega, programa que conecta moradores desempregados com oportunidades. Ao menos 8.000 precisam de comida. O trabalho é desenvolvido desde antes do início da pandemia, mas ficou mais intenso com a crise sanitária. “O cenário da fome na favela é antigo. Ele foi só evidenciado com a pandemia. Com a falta de políticas públicas ele vai se agravando ainda mais, mas não havia essa quantidade de pessoas e essa demanda tão grande. Agora precisamos de mais ajuda”, conta Rodrigues. Dados da pesquisa “A favela e a fome” do Data Favela, uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Cufa (Central Única das Favelas), mostra que a média diária de refeições entre os moradores de comunidades é de 1,9 por dia. Pelo menos 8 em cada 10 famílias não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza, ou pagar as contas mais básicas caso não tivessem recebido doações. Patrícia Jesus, 33, mantinha a casa como atendente em um restaurante. Moradora de uma ocupação na Chácara Maria Aparecida, em Mauá, ela perdeu o emprego no início da pandemia, quando a doença respiratória do filho Lucas, 16, uma bronquite severa, os forçou a ir constantemente ao hospital. Equilibrava a atenção com a saúde dele com os cuidados com os filhos mais novos, João, 5, Estevão, 4, e a Caterine, 2. Para buscar sustento, Jesus começou a fazer faxinas. Com a piora da crise, mal conseguia tirar R$ 300 por mês. Começou cancelando a internet, terminou trocando itens da própria casa em troca de alimentos para os filhos. Trocou chapinha, liquidificador e secador de cabelo por leite, arroz, feijão e óleo. Ela tenta fazer trocas porque está difícil conseguir doações. Sem Bolsa Família e auxílio emergencial, não tem renda. Nas redes sociais, faz postagens oferecendo algo em troca de alimento. “Às vezes aparece uma pessoa boa e fala 'não, vou te doar'. E outras pessoas que não estão numa situação muito boa falam que podem ajudar trocando, sabe? É assim que eu tenho mantido eles para não chegar ao ponto de dizer que estamos morrendo de fome”. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) revelam que o agravamento da fome no Brasil é anterior à pandemia, quando quatro em cada dez famílias viviam em insegurança alimentar. A crise sanitária, no entanto, está levando a fome a uma situação trágica. No caso de São Paulo, para Renato Maluf, ex-presidente do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e professor do CPDA/UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), a pandemia no estado gera um impacto crescente na fome. “Eu posso afirmar que junto com o agravamento da pandemia em São Paulo, que pelos dados é muito grande, certamente há um agravamento da insegurança alimentar”, diz. A insegurança alimentar, por sua vez, trará consequências imediatas para a população, que precisa se expor para buscar comida. “Milhares de mortes evitáveis, pessoas padecendo dos efeitos do contágio, um sistema de saúde colapsado e um prejuízo econômico maior do que o imaginado”. Efeitos sentidos principalmente entre a população pobre. “A pandemia afeta mais fortemente os mais vulnerabilizados, que são aqueles em insegurança alimentar. Então posso afirmar que a pandemia amplia a insegurança alimentar dos setores vulnerabilizados, porque perdem renda ou porque tem dificuldade de acesso aos alimentos. A relação entre a crise sanitária e a crise alimentar já era esperada”, completa. Quando o indivíduo é um verdadeiro inútil na cozinha, ele costuma se definir assim: “Não sei nem fritar um ovo”. Seus problemas acabaram! Hoje você vai aprender a fritar um ovo. Ter noções elementares de cozinha se tornou questão de sobrevivência em tempos de pandemia —ainda mais quando as regras de distanciamento se arrocham, com a proibição do atendimento presencial nos restaurantes. Preparar ovos é visto como uma tarefa simples, mas está longe de ser fácil fazê-lo direito. Agora que o ovo é o novo bife do brasileiro —comprar carne se tornou um luxo—, essa habilidade específica ganha importância inédita. A culinária clássica francesa já louvava a majestade do ingrediente. “Dizem que na toque blanche, aquele chapéu plissado dos chefs, cada prega representa uma receita de ovos”, conta a Talitha Barros, do restaurante paulistano Conceição Discos (r. Imaculada Conceição, 151, Santa Cecília, tel.: 11-3477-4642; pedidos por telefone ou pelo aplicativo iFood). Lá, o ovo frito pode ser acrescentado a qualquer item salgado do cardápio. Em dias de muito movimento, Talitha chega a fritar 300 ovos. Segundo ela, o sucesso da empreitada culinária começa na escolha dos ovos. O critério mais importante é o frescor. Há mercados que vendem ovos postos no mesmo dia. Com até cinco dias de idade, o ovo ainda está bastante fresco. A cor da casca não altera absolutamente nada –apenas indica a raça da galinha. Algumas põem até ovos de casca azul ou esverdeada. Já a tonalidade da gema varia de acordo com a ração que o animal come. Alguns criadores misturam corantes naturais ao alimento das aves —por consequência, a gema fica laranja ou avermelhada. Thalita destaca ainda um componente político na compra dos ovos —está vendo como a coisa não é tão simples? “Eu só compro ovos de galinhas criadas livres, sem gaiolas”, afirma. Nessa pegada de bem-estar animal, há ainda os ovos caipiras (de aves que ciscam em área aberta) e orgânicos. O consumidor é quem paga pela qualidade de vida da galinha: esses ovos têm preços mais altos do que os produzidos em granjas comuns, em que a aglomeração de bichos cria um ambiente estressante para as penosas. O maior desafio de fritar um ovo é evitar que a película da gema estoure. O desastre pode acontecer na hora de quebrar a casca ou no momento de tirar a comida pronta da frigideira. Por isso, a importância de uma boa frigideira com revestimento antiaderente. Tenha ainda uma espátula de silicone (se for metálica, vai riscar a panela). Os ovos, assim como a carne, têm ponto de cozimento: podem ser malpassados (gema líquida), ao ponto (gema cremosa) ou bem passados (gema sólida). As autoridades sanitárias mandam evitar a gema mole, devido ao risco de contaminação por salmonela; a maior parte dos chefs, porém, considera a gema dura um atentado à gastronomia. Como resolver esse dilema? “Milhões de pessoas comem ovos crus sem problema algum”, afirmam os autores da coleção de livros “Modernist Cuisine” (“Cozinha Modernista”, sem edição brasileira). “Mas, ocasionalmente, algumas ficam doentes.” A obra, espécie de compêndio de investigações científicas na culinária, aconselha o leitor a pasteurizar os próprios ovos, “já que é tão fácil”. É só deixar os ovos em água a exatos 55 ºC por duas horas, depois guardá-los de volta na geladeira. O único problema da técnica é que ela requer o uso de um termocirculador, aparelho elétrico que aquece a água a temperaturas precisas e constantes. Se você não tem um, arrisque-se no ovo mole ou renda-se à gema dura. Você pode escolher também o estilo do ovo frito. Preparado em fogo brando, ele fica com a clara macia; no fogo vivo, com óleo abundante, a clara adquire uma casquinha crocante. No Conceição, a chef Talitha serve a versão macia, frita suavemente numa mistura de óleo e manteiga em partes iguais. Para o ovo crocante, melhor usar só óleo. “Em temperaturas muito altas, a manteiga queima”, diz a chef. Ela recomenda o uso de óleo de milho ou de girassol. “O óleo de soja deixa um gosto muito forte para mim.” Em ambos os estilos, o bom fritador deve conter o próprio impulso de cutucar o ovo ou jogar gordura sobre ele. Deixe o cara quietinho, no canto dele, até ficar pronto. “Se quiser a gema bem passada, é só tampar a frigideira”, ensina Talitha. O vapor que sobre do próprio ovo vai criar uma espécie de estufa. Outra opção para cozinhar a gema é virar o ovo com a espátula assim que a clara estiver sólida o bastante. Ovo pronto, remova-o imediatamente do óleo quente. “As pessoas se esquecem de que o calor residual continua a cozinhar a comida”, diz a chef. Sirva com pão quentinho, com cuscuz de milho ou com arroz. E abra um vinho para celebrar a independência culinária, agora que você já sabe fritar um ovo. Quando o assunto é comida, vender um só produto passa uma mensagem clara: sou especialista. Segundo Simone Galante, presidente da consultoria Galunion, especializada em negócios de alimentação, a estratégia proporciona vantagens ao empreendedor. “Quem produz um único item, mesmo que haja variação de sabores, adquire menos ingredientes, o que facilita a operação, aumenta a produtividade e evita desperdícios.” O formato, ela acrescenta, é facilmente escalável. “O mercado está repleto de redes monoproduto que cresceram porque criaram marcas relevantes e descobriram o canal de vendas ideal para seus consumidores.” Em contrapartida, o mix limitado de produtos exige criatividade. “É preciso ser autêntico e comunicar muito bem essa identidade ao consumidor. Quanto mais simples o produto, maior o desafio”, diz Léo Texeira, sócio da consultoria NaMesa. Ele recomenda inovar sempre, sem deixar que o cardápio cresça demais. “No caso do monoproduto, as novidades vêm na forma de sabores que vão se alternando ou de edições sazonais, lançadas em datas específicas”, sugere. A gestão estratégica do menu, de acordo com Simone Galante, também requer equilíbrio entre itens mais baratos, que turbinam as vendas, e outros com margem de lucro maior, sem deixar de fora as opções para dietas restritivas, que estão em alta. Quanto a seguir modismos, Texeira diz que é preciso estar ciente de que o negócio pode ter vida mais curta. “Quem opta por negócios com prazo de validade não pode fazer altos investimentos. Nesse caso, atuar só no delivery e produzir em uma cozinha de aluguel pode ser a melhor solução.” A seguir, adeptos do monoproduto narram a trajetória de seus negócios: Descendente de argentinos, Juan Ferrante, 41, inaugurou a Juanito’s Empanadas Artesanales em 2014, na capital paulista. No menu, optou por apenas seis sabores do salgado. “Abri uma loja bacana, com salão, para que eu pudesse receber as pessoas e explicar sobre o produto, que não era tão conhecido aqui”, conta. Hoje, a Juanito’s tem quatro unidades, sendo três exclusivas para delivery e retiradas. A produção chega a 30 mil empanadas mensais, que custam entre R$ 8,90 e R$ 12,90. O faturamento, em 2020, superou os R$ 3 milhões. Ferrante está em busca de investidores para expandir a marca com lojas próprias —pretende abrir uma nova unidade a cada três meses, chegando a 25 nos próximos dois anos. A professora de inglês Vinha de Ávila, 55, cresceu em uma fazenda mineira, onde o feijão preparado pela tia era obrigatório à mesa. Na cidade, porém, via que muita gente evitava cozinhar o grão no dia a dia. “Aquele feijão bom, à moda antiga, envolve várias etapas e dá trabalho mesmo.” Ávila enxergou nisso uma oportunidade de negócio e, em 2018, inaugurou a DaquiÓ. No Brooklin, zona sul de SP, a loja vende 12 variedades de feijão pronto, fresco ou congelado, com preços de R$ 19 (para dois) a R$ 49 (para oito). A produção é diária e segue a receita da tia. Também há versões com paio, sopa de feijão e caldinho para bebês. Ela ainda vende 15 tipos de grãos a granel e, duas vezes por mês, às quartas-feiras, prepara feijoada ou cassoulet (feijoada francesa, com feijão branco). Quem dá sorte de ser atendido pela proprietária recebe uma aula sobre feijões. “Viajo o Brasil atrás de variedades novas. São mais de 90”, diz. A DaquiÓ vende por aplicativos de entrega, mas a empreendedora diz que 60% dos clientes são das redondezas e vêm pelo boca a boca. Por isso, está à procura de um endereço na zona oeste para uma segunda unidade. Com faturamento mensal de R$ 6.000, ela conta que tem sido assediada por candidatos a franquias, mas descarta o formato por ora. “Gosto de estar na cozinha e de fazer venda olho no olho.” Lá se vão oito anos desde que Juliana Mangione, 38, deixou o trabalho na área de eventos para empreender. Cozinheira de mão cheia, elegeu as tortas como produto único e lançou o serviço de delivery A Torteria. Os 16 sabores, doces e salgados, eram preparados em uma pequena cozinha alugada. Em seis meses, a demanda era tamanha que ela e os três sócios tiveram de alugar um espaço maior. “No primeiro ano, crescemos 400%”, conta. Hoje, a marca tem lojas em Pinheiros, Morumbi e Higienópolis e, em breve, inaugura a unidade do Tatuapé. Durante a pandemia, com os salões funcionando parcialmente, 40% das vendas são efetuadas por aplicativos de delivery e outros 40% pelo ecommerce próprio. A produção diária varia entre 200 e 300 tortas, em três tamanhos —as individuais custam de R$ 15 a R$ 22. O menu ficou mais enxuto. São apenas 12 sabores, entre quiches, tortas abertas e fechadas, mas Mangione turbinou o cardápio com saladas e sobremesas. “A diversificação foi uma estratégia para aumentar o ticket médio nos aplicativos, que hoje chega a R$ 80. Nas lojas, é metade disso.” Formada em gastronomia e hotelaria, Daniela Aliperti, 40, fazia um pudim de leite que arrancava suspiros da família e dos amigos. Volta e meia surgiam encomendas, que a encorajaram a empreender. Mas a ideia inicial era abrir uma doceria. “Quando um consultor sugeriu abrir uma loja monoproduto, já que a doceria teria muito mais concorrência, achei loucura.” Mesmo estranhando a ideia, ela e a sócia, Fernanda Nader, 45, inauguraram em 2012 a Fôrma de Pudim. E não é que deu certo? Na loja física, localizada em Moema, a dupla oferece 12 sabores de pudim em diferentes tamanhos —o de baunilha é o campeão de vendas. Os minipudins, que Aliperti criou para que a clientela pudesse degustar novos sabores, custam R$ 7. Já os maiores têm preços entre R$ 65 (500 g) e R$ 150 (1,7 kg). Todos são entregues dentro das formas de alumínio e devem ser desenformados pelo cliente. Se a loja física e os eventos eram os principais canais de venda antes da pandemia, hoje o cenário é outro. As sócias aceitam encomendas via WhatsApp, email e aplicativos —o delivery próprio escoa 85% da produção mensal, de 700 pudins. Versão menor do abacate, o avocado está na moda em vários países. Foi nessa onda que o empreendedor Brendon Peters, 39, quis surfar ao inaugurar, em novembro de 2020, a loja Avoca Toast. A casa na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, tem como especialidade as avocado toasts —parecidas com bruschettas, são grandes fatias de pão artesanal torrado, cobertas com pasta de avocado e ingredientes variados. “Como estou no Beco do Batman, um ponto que atrai turistas de outros países, tem sido fácil vender mesmo sem cardápio bilíngue. Já os brasileiros de outros estados são mais desconfiados, porque o abacate sempre foi ligado a receitas doces”, compara. Os preços variam de R$ 19 a R$ 26. O avocado custa até seis vezes mais do que o abacate comum, afirma Peters, mas tem vantagens. “É mais oleoso, com consistência parecida com a do requeijão. Por isso não deixa o pão encharcado.” Também está nos planos abrir novas unidades. Ao contrário da matriz, porém, serão exclusivas para delivery. Louco por brownie, Chico Salgado, 34, desenvolveu a própria receita porque não conseguia encontrar um exemplar à altura em Florianópolis, onde vivia em 2013. Ficou tão bom que ele decidiu anunciar pelo Instagram e vender o doce de porta em porta. Assim nasceu a Browneria. “Ia ao fórum, oferecia a taxistas, nos pontos de ônibus... Essa fase durou um ano e meio”, lembra. Em 2014, o empreendedor inaugurou a primeira loja na capital catarinense. Cinco anos depois, desembarcava com sua marca em São Paulo, onde já tem duas unidades próprias em sociedade com a mulher, Carolina Tellechea. A produção é descentralizada —cada loja fabrica o próprio estoque diariamente. “Já tive uma cozinha central, que trabalhava com grandes quantidades, mas não gostei do resultado. Nesse novo formato, não perco o aspecto artesanal.” Vendidos em fatias (R$ 7) ou marmitinhas de alumínio (R$ 14), os brownies saem em 20 sabores, dois deles veganos. Edições especiais são lançadas em datas festivas. Para a Páscoa de 2021, uma das novidades será o ovo de colher com brownie. Mais da metade da produção mensal, de 25 mil unidades, é distribuída pelos aplicativos de delivery. O restante é vendido pelo ecommerce ou nas lojas físicas. Salgado só admite mais dois itens na produção: pão de mel e cookie. “Os brownies representam 90% da linha e assim vão continuar. Não quero virar confeitaria e perder minha essência.” A partir desta sexta (19), dois festivais online vão ajudar quem está isolado em casa a passar o tempo de maneira mais gostosa e criativa. A ideia é continuar usando as telas dos celulares, tablets e computadores para acompanhar a programação, mas dar a elas um novo uso, mais ativo, não só assistindo coisas sem participar delas. O FestA! – Festival de Aprender do Sesc São Paulo, acontece de 19 a 28 de março nos canais e redes sociais das unidades do Sesc em todo o estado de São Paulo. Os organizadores do evento explicam que as oficinas para crianças prometem aumentar o contato com os fazeres artísticos ancestrais, que eram tradição há muitos e muitos anos. Esta é a quarta edição do FestA! Dessa vez, além das atividades online, também é possível baixar de graça o Almanaque FestA!, que tem 102 páginas. Nele, arte-educadores da equipe do Sesc e artistas de diversas linguagens contam curiosidades e sugerem jogos em sete seções: Impressão, Matriz & Cópia; Trama; Traço; Pigmento; Forma & Volume; Imagem, Tempo & Movimento e Remix. “Montar cabaninha e inventar brinquedos com embalagens descartadas são algumas das possibilidades que as crianças nos trazem, e mostram como nossa casa é um lugar interessante”, diz Juliana Braga de Mattos, gerente de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo. “Uma cozinha, por exemplo, pode se tornar um grande ateliê, onde é possível fazer tintas naturais com café ou temperos e pintar um desenho, fazer massa de pão e modelar as formas mais inusitadas."" Já O FIL – Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens também começa dia 19, mas acontece sempre apenas de sexta a domingo, por dois finais de semana, até o dia 28 de março. Na programação infantil, haverá poemas visuais, historietas musicadas, marionetes corporais e em 3D, dança e muita música. “Você sabia que a música também é um brinquedo? Por isso, a gente anda no ritmo do nosso coração. A gente escova os dentes, vira páginas de um livro, e a gente brinca num ritmo próprio”, ensina a Palhaça Rubra, que vai oferecer uma oficina no FIL. “Nessa oficina, nós vamos brincar de música. Lembrando que o nosso corpo é música também.” Confira a seguir algumas das atividades infantis online que vão acontecer no FIL e no FestA!.  FIL – Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens RuBarbaGibatuques - Palhaça Rubra Show Oficina A palhaça Rubra e Minduim, do grupo Barbatuques, usam o corpo para contar historietas musicadas. O show brinca com tutoriais de percussão corporal, e convida todo mundo a participar das músicas e historietas. Quando: 21/3, às 16h Onde: www.fil.art.br e nas plataformas do FIL no Youtube e Facebook Homenagem à Lucia Coelho “A Pequena Vendedora de Fósforos”, de Hans Christian Andersen, conta a história de uma menina que, para sobreviver, ajuda a família vendendo fósforos. Em uma fria noite de Natal, ela acende um dos palitos para se aquecer. Com isso, vai imaginando tudo que nunca teve, como brinquedos e comidas gostosas. Esta montagem teatral tem adaptação de Denise Crispun, e direção de Lúcia Coelho. Quando: 26/3, às 19h Onde: www.fil.art.br e nas plataformas do FIL no Youtube e Facebook A História do Homem e o Ovo A atriz, professora e contadora de histórias Silvia Castro vai falar sobre como uma pequena mentira acaba se transformando em algo gigantesco, de infinitas proporções. A fábula quer ensinar mais sobre fake news às crianças, e vai ser assistida ao vivo por nove países que falam a língua portuguesa. Quando: 27/3, sábado, às 15h Onde: www.fil.art.br e nas plataformas do FIL no Youtube e Facebook FestA! – Festival de Aprender do Sesc São Paulo Animais de Origami O origamista Professor Ozy ensina diversas formas ao longo de quatro encontros, sempre às 10h. Na sexta (19), todos são convidados a fazer uma baleia cachalote, conhecida como o maior mamífero com dentes na Terra. No domingo (21), é a vez do sapo. Dia 25, quinta-feira, todos constroem um peixinho em origami, e no domingo (28), é dia do cavalinho saltador. Quando: Dias 19, 21, 25 e 28/3, às 10h Onde: Canais do Sesc Piracicaba no Facebook, Instagram e YouTube Terra Fértil para Crianças Uma oficina para todo mundo em casa brincar em conjunto. A ideia é usar algo totalmente sem estrutura e criar um mundo a partir disso. Para participar é preciso separar argila ou massinhas coloridas, plástico para forrar a mesa, elementos que possam servir de ferramentas, como copinhos e canudos de plástico, e palitos de sorvete. Quando: 20/3, das 11h às 12h Onde: Plataforma Microsoft Teams Inscrições a partir das 14h do dia 17/3 em sescsp.org.br/inscricoes Construção De Máscaras Fantásticas com Papelão Uma oportunidade para construir máscaras planas ou tridimensionais em papelão e em diversos outros materiais recicláveis, com a atriz Daiane Baumgartner. Para participar, separe caixa de papelão ou qualquer tipo de papel mais durinho, tipo E.V.A, materiais recicláveis como potinhos vazios e tampas de garrafa, jornal ou revista, materiais de costura, enfeites, tesoura, tintas e pincéis, cola, fitas adesivas, lápis e papel. Quando: Dia 20/3, sábado, das 15h às 18h Onde: Plataforma Microsoft Teams Inscrições a partir das 14h do dia 17/3 em sescsp.org.br/inscricoes Passarinho de Papietagem Conheça a papietagem, uma técnica para criar peças delicadas e simples feitas de papéis picados e colados, um a um, camada por camada. Quando: Dia 20/3, sábado, das 10h às 11h Onde: Canais do Sesc Piracicaba no Facebook, Instagram e YouTube Ateliê de invenções: Maurizio Zelada Quem se lembra do Castelo Rá-Tim-Bum da televisão já conhece um pouco do trabalho de Maurizio. Era ele quem criava vários elementos cênicos do programa. Agora, Maurizio ensina crianças e adultos a fazer uma engenhoca simples e divertida. Quando: Dia 21/3, domingo, às 11h Onde: Canais do Sesc Birigui no Facebook, Instagram e YouTube Programação completa e informações FIL www.fil.art.br FestA! www.sescsp.org.br/festa TODO MUNDO LÊ JUNTO Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança O preço do ovo de Páscoa pode custar 50% a mais, dependendo do supermercado, conforme pesquisa do Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Fundação Procon-SP. O levantamento, feito nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro, pela internet, tem como base 96 produtos, e inclui também caixas de bombons e barras de chocolates. Segundo o Procon, só foram comparados os valores de produtos encontrados em ao menos três dos nove site visitados. A maior diferença entre os ovos de Páscoa, de 50,48%, foi encontrada no Ferrero Rocher de 225 g. Seu preço, no local mais caro, foi de R$ 89,99 e, no mais barato, de R$ 59,80. Em reais, a diferença foi de R$ 30,19. Já nas caixas de bombons, a maior diferença foi de 81,51%, também no produto da marca Ferrero Rocher. A caixa com 12 unidades custava R$ 47,50 em uma loja e, em outra, R$ 26,17, uma diferença de R$ 21,33. No caso das barras de chocolate, a maior diferença encontrada foi no Alpino de 90 g. Em um estabelecimento, o produto custava R$ 9,69, enquanto em outro, R$ 4,99, uma diferença de 94,19%. Em reais, o consumidor paga R$ 4,70, dependendo do local da compra. A orientação do diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez, é para que o cliente faça a comparação entre os preços praticados por diferentes estabelecimentos antes de definir e fechar a sua compra. ""Como estamos no momento de pandemia, o levantamento deve ser feito em lojas virtuais, considerando a relação qualidade, peso e preço do item a ser adquirido. Nas lojas virtuais, é fundamental também levar em conta o preço do frete"", diz Capez, em comunicado oficial. Na comparação entre as pesquisas online de 2021 e 2020 constatou-se que houve, em média, aumento de 7,38% no preço dos bombons e de 8,95% nas barras de chocolate. Já o valor médio dos ovos de Páscoa apresentou queda de 2,05%. Porém, o que ocorre é que alguns fabricantes diminuíram novamente o peso dos produtos. Por isso, dentre as dicas do Procon, é essencial que o consumidor verifique com atenção o prazo de validade, a composição e o peso líquido do produto. Outra forma de economizar é deixar de lado os ovos de personagens licenciados, que, em geral, têm um preço mais elevado.  Veja os preços dos itens mais em conta, em R$, de cada produto pesquisado Locais pesquisados: Maior diferença encontrada (Ovo de Páscoa) As equipes de resgate já tinham desistido de encontrar o piloto paraense Antônio Sena, 36, quando coletores de castanha se depararam com um jovem franzino e abatido na mata. Havia 36 dias que ele sobrevivera a um acidente de avião. Estava com 26 quilos a menos. O piloto desapareceu em 28 de janeiro, quando o avião caiu em uma área de floresta de difícil acesso nas redondezas do rio Paru, perto da divisa do Pará com o Amapá. Antônio foi resgatado no sábado (6), após caminhar por 32 dias, pondo fim a uma busca que envolveu Força Aérea Brasileira, Corpo de Bombeiros e voluntários de dois estados e dando início a uma nova vida, com novas prioridades. Eu sempre trabalhei com aviação comercial. Quando eu voltei do meu último trabalho, na África, estava decidido a ficar em Santarém, onde tenho um restaurante. Com a pandemia, o bar fechou e as contas seguiam chegando. Sempre recebi convite para voar para o garimpo e, com o [preço do] ouro lá em cima e a gente precisando, aceitei. O salário de um comandante de uma companhia no Brasil chega a R$ 18 mil, o que dá uma diária de mais de R$ 810 para voar 22 dias, algo em torno de R$ 68 a hora. O voo de garimpo paga R$ 300 a hora. Eram três dias de experiência e, no terceiro voo, aconteceu o acidente. Entre a pane e o impacto foram dois minutos, uma eternidade na aviação. Meu conhecimento da região amazônica e treinamentos me trouxeram muita calma. Consegui informar que eu estava caindo e, como estava voando baixo porque era um voo de garimpo [clandestino], eu precisava fazer um pouso forçado. Quando caí com o avião num igarapé, ele ficou coberto de diesel. A primeira coisa que fiz foi pegar as três garrafas de água de 500 mL que estavam lá. Consegui pegar ainda quatro latas de refrigerante, um pacote de pão, sacos de sarrapilha [usados para ensacar o ouro no garimpo], uma corda e minha mochila, onde tinha canivete, faca de bolso, lanterna e isqueiro. Peguei tudo e me afastei da aeronave. Aos poucos, ouvi ela queimando. Sabia que teria uma semana de buscas, então, aguardei no local nos primeiros oito dias. Me concentrei em fazer fogueiras para que vissem a fumaça, e ficava perto da clareira aberta pelo acidente. Fiquei preocupado em me manter ativo, achar água, comida e fazer abrigo. Fiz uma barraca com duas forquilhas de madeira, folhas de palmeira e usei sacos de sarrapilha para forrar, cobrir a barraca e aquecer meus pés à noite, quando a temperatura chegava a 16°C. No curso de sobrevivência, aprendi que, se os recursos são escassos, a pessoa não pode beber água nas primeiras 24 horas nem comer nas primeiras 48. E que é preciso garantir as primeiras necessidades: água, abrigo e fogo. Se eu tive medo? Várias vezes. À noite, mais, porque é um momento em que a floresta te envolve nos medos mais profundos. Improvisei uma vara com uma faca amarrada e dormia com ela no peito, caso algum animal aparecesse. Sei que a água atrai bichos, então, evitava dormir perto de igarapés. Pela manhã, ouvia as aeronaves de busca, mas elas passavam mais longe e com menos frequência a cada dia. No oitavo dia, decidi caminhar para buscar ajuda. Como estava voando com aplicativo GPS no celular, que resistiu à queda, e tinha a carta aeronáutica, pensei em usar o aparelho como bússola. Mas, sem sinal, eu só tinha um ‘print screen’ do mapa. Decidi caminhar para o leste, na direção de três pistas de pouso marcadas ou do rio Paru. Logo no primeiro dia de caminhada tive uma crise de hipoglicemia, desmaiei e acabei tendo que tomar a última lata de refrigerante. Água eu tinha bastante; já a oferta de frutas era pouca. Eu me alimentei muito de uma frutinha chamada breu, que conhecia só como fonte de fogo. Onde via, pegava e guardava, mas não sabia que era comestível até acabar o pão e, eu, com fome, comecei a observar os macacos. Tudo o que eles comiam eu comia também. A base da minha alimentação foram as frutas. Mas também encontrei ovos de aves. Nos 36 dias, encontrei ovo três vezes, taperebá [cajá] duas vezes e cacau três vezes, mas o que me alimentou mesmo foi o breu. Acontecia muito de eu passar três dias sem comer. Assim, eu perdi 26 quilos. Com o celular já sem bateria, meu relógio me ajudava a condicionar a rotina. Caminhava até umas 14h e a partir dali, precisava providenciar abrigo e fogo. Até que umas 16h de sexta (5), eu vi uma lona cheia de castanhas e pensei: ""Essa é uma área de castanheiros"". Fui seguindo até encontrar um rapaz, me apresentei e contei o que aconteceu. Ele perguntou: ""E o que a gente faz?"". Respondi: ""Primeiro, me dá duas castanhas dessas"". Eles me levaram para um barracão, onde conheci a dona Maria Jorge. Ela disse que ligaria para minha família com um rádio amador e me preparou leite quente com bolacha. Eu já estava muito fraco, com perda de visão e desmaios há três dias. Os exames que fiz depois apontaram um nível de desgaste muscular como se eu tivesse corrido uma maratona a cada dois dias. Eles entraram em contato com meu irmão, em Santarém, e minha mãe, em Brasília, e disseram para ela: ""Seu filho mandou avisar que ele está vivo"". No dia seguinte, fui resgatado. Muita gente falou que eu venci a floresta, mas eu só passei por ela. E ela me sustentou, me deu água, alimento. A floresta não está lá para te matar. Ela é o sustento dos castanheiros que me salvaram. Tem algumas lições para tirar dessa história. Uma delas é a de que, para o garimpo clandestino, eu não volto. Tenho muita vontade de voltar a voar. Mas isso tudo faz a gente repensar. Importante é ter família, teto e comida. Se você tem um teto, agradeça. Se tem família, cuide dela. Se pode ajudar alguém, ajude. É clichê, mas não tem como fugir: nasci de novo. Na semana passada publiquei no Guia Folha uma crítica do Cuia Café, da chef Bel Coelho, em São Paulo. Numa das visitas, provei um prato que, suavemente, provocou-me uma discreta evocação proustiana (não ficasse o restaurante dentro de uma livraria). Sendo ali café e restaurante, o cardápio oferece desde pratos mais consistentes até sanduíches, bolos, frutas, granolas. Alguns são servidos em cuia —e foi um destes que me pegou: uma combinação cremosa (mas com elementos crocantes) de cuscuz de milho, ovo perfeito, espuma de queijo Mandala e chips de batata-doce. Esta cuia, pela combinaçãode ingredientes, pode ser uma entrada do almoço, mas também item do café da manhã. Segundo a chef, a ideia do prato é mesmo evocar o desjejum reforçado do campo —embora aqui ele tenha uma delicadeza que é típica da Bel, mas não da vida rural. E foi da minha infância, urbana mas também de uma passagem rural, que me lembrei. Começando pelos cafés da manhã de domingo, que ficavam sob responsabilidade do meu pai, um pernambucano que embrulhava a farinha de milho numa tolha de pano e colocava sobre o vapor da cuscuzeira, para depois ser servida, fumegante, com leite ou manteiga. Mas em casa, em São Paulo, este desjejum de domingo ainda era muito leve comparado aos da infância do meu pai, no agreste de Pernambuco, e que eu viria a conhecer com a idade de dez anos, após minha primeira viagem de avião. Meu primeiro café da manhã ali, no sítio onde ele cresceu, na cidade de Bom Jardim, foi a outra lembrança remexida em minha memória pela cuia de Bel Coelho. Era muito, muito cedo para os padrões do menino paulistano. Galos cantavam num ar fresco enquanto o Sol ainda hesitava em aparecer. E era muita, muita comida para os padrões do café da manhã “continental”, baseado em pão, café e laticínios, a que nos habituamos em São Paulo. A farta mesa estava coberta de pães e bolos, é certo, como também manteiga e geleias; mas também de macaxeira (a mandioca) cozida, cuscuz de milho, manteiga de garrafa, tapioca, farinha, carne de sol, guisado de bode. Uma refeição para forrar de energia os corpos que iam se entregar ao trabalho no campo. Mesmo que àquela altura, muitos já não se entregassem a esse tipo de lida. Foi uma viagem em que vi meus avós paternos, conheci o açude do sítio, visitei a Pedra do Navio (rocha neste formato, atração local), percorri a rua mais longa da cidade (e que após a morte precoce de meu pai recebeu o pomposo nome de rua Jornalista Josimar Moreira de Melo); e com tudo isso, a impressão mais forte que me ficou foi a do café da manhã. Primeira lição de como se come diferente em cada lugar, mesmo num prosaico desjejum. Ao longo da vida e das viagens, esta verdade viria a se repetir com insistência. Em São Paulo, comemos de manhã como os franceses —pão, manteiga, leite, queijos, iogurte, uma presença forte de laticínios. Na hotelaria chamam a isto de café da manhã “continental”, na verdade europeu, mas é continental porque na ilha do outro lado da Mancha estão os ingleses com uma dieta matinal bem diferente: bacon, ovos fritos, linguiças, feijão. Esta dieta dos anglo-saxões foi exportada para sua colônia americana, e assim, nos Estados Unidos também são frituras, não queijos, que imperam na primeira refeição do dia. Mas não em toda a América do Norte: no México haverá frutas típicas e tortillas de milho, além de molhos apimentados que não encontraríamos mais ao norte. E, se rumarmos para o sul, encontraremos nos países andinos próximos da Amazônia uma profusão de frutas ligeiramente familiares a quem conhece o Norte do Brasil, ou absolutamente exóticas para quem fica mais nas redondezas do trópico de Capricórnio. Viajando pela Ásia, nós brasileiros estranharemos ao ver tanto arroz (de que tanto gostamos no almoço) imperando já tão cedo no dia —e junto a ele, peixes secos e legumes marinados. Cadê o pão na chapa?? Cada viajante terá sua experiência e suas surpresas a relatar. Mas nenhum será jamais indiferente ao fato de que, ao acordar em diferentes quadrantes do mundo—inclusive em variados lugares de seu próprio país—, os primeiros sabores do dia já serão o alerta da cultura diferente a explorar nas horas do dia que se avizinham. O apartamento de 70 m² em que vive o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), na Barra Funda, zona oeste, não teve decorador: seu estilo faz a linha “quarentão com filho adolescente”, brinca o candidato à reeleição. Os móveis da casa foram comprados com a ajuda da ex-mulher, Karen Ichiba. “Falei o que precisava e ela foi procurando nas lojas. Depois, mandava [fotos] por WhatsApp e eu ia escolhendo”, diz. O candidato, que vivia em um flat no Panamby, decidiu ficar mais perto do centro após se tornar vice-prefeito. Chegou a cogitar um prédio na avenida Brigadeiro Luís Antônio, mas o plano não vingou. “Aí me falaram deste aqui. Imagina se eu ia ficar olhando 40 apartamentos. O primeiro eu já achei bom.” Há três anos, ele tem como vista da varanda o Memorial da América Latina, o terminal Barra Funda, o Allianz Parque e a serra da Cantareira. A decoração de jeitão utilitário (mesa de jantar, rack para TV, sofá) é pincelada por objetos pessoais: ímãs de diferentes países e fotos cobrem a geladeira. Uma delas é do avô Mário Covas (1930-2001), que foi governador paulista. Ao lado, na prateleira, fica a réplica do capacete do piloto Ayrton Senna, de quem é fã desde menino. “Impressionante como ele mudava nossas rotinas no fim de semana.” A única escrivaninha do imóvel é usada pelo filho, Tomás,15, para jogar videogame e fazer lição. Covas não é de levar trabalho para casa —prefere ficar até tarde na prefeitura. “Aqui eu desestresso, vejo uma série, leio e faço lição com o Tomás.” O filho é quem cuida do cachorro Volpi, que ganhou o nome em homenagem a outro cão, que foi de Mário Covas. O prefeito cozinha pouco: faz macarrão, ovo mexido, hambúrguer. No freezer, há comida congelada com opções fit, herança do tempo de reeducação alimentar. Também pede refeições por aplicativos e vai a restaurantes no shopping Higienópolis e na praça Vilaboim. Com a campanha, porém, o cardápio inclui pastel de feira, bolo e pão na chapa a rodo. Um bar com garrafas de vodca, gim, uísque e vinho fica perto da porta de entrada. As bebidas, no entanto, estão intocadas desde o ano passado, quando Covas recebeu o diagnóstico de câncer. O candidato, que segue em tratamento imunoterápico, teve ainda Covid-19. Neste ano, fez home office, como muitos brasileiros, e morou por 80 dias na prefeitura. * Bruno Covas, 40 Filiação PSDB Intenção de voto 23%* Cidade natal Santos (SP) Bairro atual Barra Funda Vive com O filho, Tomás, 15, que passa temporada na casa do pai durante a pandemia Estrutura Apartamento com dois quartos, dois banheiros, sala, cozinha e varanda Tamanho 70 m² Há quanto tempo mora no local 3 anos Condição do imóvel Alugado (R$ 4.000/mês) Bairros onde já viveu Morumbi, Vila Madalena, Vila Leopoldina, Alto de Pinheiros e Panamby Animal de estimação Volpi, cachorro da raça staffordshire bull terrier *Segundo pesquisa Datafolha que ouviu 1.204 eleitores paulistanos em 20 e 21 de outubro. A pesquisa foi feita em parceria com a TV Globo [RESUMO] À semelhança de ficções distópicas, pandemia aprofundou artificialização do cotidiano, isolamento de pobres em moradias precárias e sentimento de angústia sobre o futuro. Previsões sobre o mundo pós-coronavírus são terreno fértil para a ficção, não para a reflexão acadêmica, diz autor. Sobre a crise pandêmica que nos acomete, eis a única futurologia crível, porque já presente: tudo o que estamos passando aumentará os níveis mundiais de desigualdade sócio-étnico-econômica, que já eram horrorosos em perspectiva cristã ou funcional. Mas e a evidente melhora do ar e das águas, os tais ganhos ambientais que o “decrescimento” trouxe? Nas grandes cidades, até o momento, o novo coronavírus transformou os mais ricos em meros consumidores, na linha das ficções distópicas. Estamos mais próximos dos robôs do comércio online, em nosso cotidiano privado dominado por premências fisiológicas e pela atividade turva dos encontros virtuais, das relações impalpáveis com imagens. Netos não tocam avós. Mantemos uma dieta solitária, recorrendo a aplicativos de compra que prometem agilidade na entrega e auxílio nas escolhas racionais, balanceadas, ao estilo da nutrição sideral. Aumentamos ainda mais nosso uso de máquinas mcluhanianas que, como extensões de uma corporeidade agora verdadeiramente truncada, expandem as telepresenças e estimulam a musculatura, adiando o colapso de nossas estruturas ósseas “desenhadas” pela natureza para funcionar ao ar livre, sob sol, vento e chuva. Sol, vento e chuva tornaram-se commodities impossíveis, cujo gozo é controlado pelas leis que regulam a fruição do espaço. O novo coronavírus, desse modo, aprofundou a artificialização da vida e impediu experiências pouco assépticas, cultuadas pelo hábito descalço e desnudo. A vida boêmia voltou a ser infecta. Compartilhar cigarro é risco. Com luvas kubrickianas, borrifamos germicidas nas cascas de ovo, respirando por trás de máscaras. Complicou-se o contato orgânico entre mãos e alimento. Ratificou-se a telemedicina, e, mesmo para aqueles que vão a hospitais, o médico é sem rosto, como naquela cena marcante do “E.T.”, de Spielberg. No sufoco, ficamos da porta para dentro, minando-se assim a tímida porém fortuita retomada do espaço público, sobretudo pelos jovens. A maioria não fugiu para o campo. O campo é ""prime"", como a casa de praia. Os pobres, até aqui, o novo coronavírus reduziu à condição de presidiários domésticos, no programa canhestro da autoconstrução e do “in-saneamento” bubônico. As habitações são exíguas e de pouca infraestrutura. São as células cínicas do morar onde grandes e complexas famílias revezam um só banheiro, tornando risível a cartilha do isolamento. Há até aqueles que têm quintais, mas assim mesmo rezam diuturnamente pelo pão do dia, circulam à procura de caridade ou assistência na defesa da prole, não dispondo de playgrounds nem sequer em rodízio. São as periferias de sempre, onde estendem-se as filas da Caixa, onde falham as conexões de rede e o Rappi vai dormir cansado depois de abastecer o centro. São os barracos de sempre, onde netos e avós dividem a cama. Entre ricos e pobres, algo em comum: poucos sabem seu destino na nova configuração socioeconômica que emergirá e que desconhecemos, pois está em processo. Assistentes sociais, terapeutas e psiquiatras trabalham como nunca, na urgência de fomes e angústias extremadas. Aumentou o consumo de bebidas e psicotrópicos, conforme o vaticínio de Huxley. Pipocam previsões arrepiantes a respeito do ilhamento, de um mundo sem praças ou parques, com ilusões neuronais instaladas na sala. Em tais imaginações, se houver renda garantida, os óculos de videogame nos trarão o céu aberto, turbinado por tecnologias endodérmicas complementares que, ao estilo “Black Mirror”, restaurarão na pele a sensação perdida: sol, vento e chuva, sexo e fluidos, plantas e terra, rumores dominicais de criança correndo. As TVs e rádios, os jornais e a internet se acham assim coalhados de charlatões do amanhã, dublês de intelligentsia preditiva externando palpites exóticos sobre o mundo porvir, arriscando-se na roleta da futurologia que consagrou Nouriel Roubini em 2008. Na Bloomberg News, Anthony Fowler alertou elegantemente os incautos: a Covid-19 é mau negócio para as ciências sociais, mas poucos ouviram. Produzem-se assim quilos de caracteres que enrubescerão carreiras, conforme aconteceu com Giorgio Agamben: apressado em esposar os efeitos do ""lockdown"" e sua justa visão sobre as brutalidades biopolíticas do Estado ultramoderno, Agamben apostou na minimização constrangedora da doença e de suas consequências sanitárias, num lance de má-calibragem doravante carimbado em seu curriculum. Essa sociologia afobada praticada igualmente por medalhões e neófitos ignora a demora do conhecimento e maltrata a lição das teorias da história: as imanências do presente são assaz imanifestas e sujeitas às muitas variações do acaso, do imprevisível e do inimaginável. A própria pandemia é exemplo disso. Portanto, os cenários de futuro não são brincadeira boa para rascunhos especulativos, mas são férteis para a ficção e a arte. Essas sim, como instâncias da livre maquinação, interessam enormemente porque apresentam insights, fobias e posições relativas. Uma dessas ficções vulgares circulou no WhatsApp da classe média na última semana. Em um vídeo inglês, um homem louro e de rosto quadrado, com sotaque britânico, se encontra num futuro distante e conta para seu filho que o ano de 2020 foi marco de uma virada para a humanidade: vivíamos um dia a dia de equívocos, destruindo o planeta, siderados por telinhas e telonas que nos impediam até mesmo de atentar para os filhos. Foi então, diz o pai, que veio o novo coronavírus, causando transformação radical. Moral: não foi fácil, é claro, muitos morreram, mas foi graças àquela longínqua pandemia que voltamos a viver em família, consumir menos, andar devagar, desligar os celulares, respirar fundo, cozinhar folgadamente. No “fofismo” que nos assola, pipocam carochinhas de mau gosto. Essa é particularmente grotesca e interessante porque sintetiza o delírio oposto ao desespero apocalíptico. Sua fantasia central é a transformação da doença em cura, pressupondo que a pandemia é panaceia e fará emergir um mundo melhor. É a transformação da Covid-19 no “Emplastro Brás Cubas” para todos os desvios predatórios que andamos cometendo. Até o momento, exceto pela desaceleração que indubitavelmente melhorou o ar e as águas urbanas, nós apenas pioramos em todos os quesitos de que o próprio vídeo trata. Há muito sabemos que toda depressão econômica resulta positiva para o meio ambiente. O desafio real, porém, não é simplesmente puxar o freio da economia, mas também encontrar formas novas de renda, desatreladas da performance produtiva, a fim de que a recuperação ambiental não se faça no lombo dos mais pobres, às custas de seu martírio e de seu extermínio, como está acontecendo. Qualquer celebração de supostas conquistas ecológicas, elevações espirituais ou ""joie de vivre"" baseada nesses primeiros efeitos da pandemia é tão caricata e paralógica quanto o “fim do mundismo” e tão desgraçadamente necrofílica quanto a trampa bolsonarista do negacionismo. José Guilherme Pereira Leite, sociólogo e ensaísta, é professor e coordenador de Relações Institucionais da Escola da Cidade. Durante a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, algumas pessoas podem evitar ou recorrer à comida para lidar com a situação atual. Neste momento de isolamento social, as pessoas podem ter sintomas de ansiedade ao ficarem preocupadas com emprego e a saúde, por exemplo, e descontam na alimentação em excesso, segundo Márcia Nacif, professora de nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutora em saúde pública pela USP (Universidade de São Paulo). Da mesma forma em que os momentos para trabalhar ou organizar o armário são criados, vale incluir o horário das refeições como almoço e jantar no planejamento da semana. Com rotina, “é possível evitar ficar beliscando algo a todo o momento”, diz Márcia. O autoconhecimento também é importante, afirma Maria Cláudia dos Santos, nutricionista, professora e coordenadora do curso de nutrição da Universidade Anhembi Morumbi . “É preciso diferenciar fome de vontade de comer, que pode ser causada por um momento de tédio, e saber quando está saciado.” As nutricionistas destacam que não há um alimento “milagroso” que aumente a imunidade de um dia para o outro. É pela alimentação balanceada que o corpo adquire as substâncias necessárias para funcionar corretamente. O organismo obtém vitaminas e minerais de frutas, verduras e legumes. “O melhor para saúde é sempre manter o equilíbrio, ou seja, comer de tudo um pouco”, diz Maria Cláudia. De acordo com as nutricionistas, isso inclui guloseimas como chocolate. Para evitar comer mais doces ou salgadinhos do que deveria, uma opção é ter pouca quantidade guardada em casa. Para a nutricionista Márcia Nacif, parar de comer determinados alimentos sem prescrição não deve acontecer neste momento delicado e nem em nenhum outro. “Dietas sem orientação [de um profissional] não são nem um pouco recomendadas”, afirma Márcia. A professora diz que, quando a pessoa restringe a alimentação para seguir uma dieta que promete milagres, por exemplo, pode acabar prejudicando a própria saúde, já que o corpo não terá todos os nutrientes necessários. Já a nutricionista Maria Cláudia diz que as dietas restritivas podem afetar a imunidade e o bem-estar, já que a pessoa come menos do que deveria e sente fome o dia todo. Depois de um período, a pessoa pode perder o controle e comer muito mais do que o habitual, resultando em uma frustração pessoal. Crie uma rotina Saiba o que o corpo precisa Atenção às dietas Tenha equilíbrio Não faça estoque de guloseimas em casa Beba água Faça você mesmo Caso peça comida Mantenha os hábitos anteriores à quarentena Como compor as refeições Uma refeição balanceada significa consumir alimentos de grupos variados Os grupos: Energéticos - Alimentos que dão energia para fazer atividades como pão, macarrão, arroz e alguns tipos de gordura como azeite de oliva Construtores - Alimentos que trazem proteína como carne (vermelha, branca ou de soja), leite, queijo, ovo e grão de bico Reguladores - Alimentos fontes de vitaminas e minerais como legumes, frutas e verduras Sugestões de refeições: Café da manhã - café com leite, pão com manteiga e fruta Lanche da manhã - Outra fruta ou iogurte sem açúcar Almoço - arroz, feijão, carne e salada Lanche da tarde - pão com requeijão, suco ou chá Jantar - semelhante ao almoço; vale macarrão com brócolis por exemplo Ceia - um copo de leite ou chá com bolachas sem recheio Fontes: Maria Cláudia dos Santos, nutricionista, professora e coordenadora do curso de Nutrição da Universidade Anhembi Morumbi; Márcia Nacif, professora de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo). Em uma casa de apenas um cômodo no sopé de uma encosta no bairro do Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador, Andressa Cerqueira, 18, e Felipe Santana, 23 viveram uma noite de tensão no início de abril. A chuva forte castigou o telhado, goteiras se formaram e alagaram o chão de cimento da casa. Mal pregaram o olho. Mas, desta vez, a terra não deslizou tal qual aconteceu há dois anos, atingindo uma casa vizinha. Em 12 horas, choveu em média 120 milímetros na capital baiana, o equivalente a metade do volume esperado para todo o mês de abril. Desde então, novas frentes frias chegaram à cidade e causaram estragos: nesta segunda-feira (20), foram registrados 70 deslizamentos de terra na capital baiana. A chegada do período chuvoso criou uma espécie de tempestade perfeita para famílias que moram em áreas de risco. Além medo de deslizamentos, recorrentes nesta época do ano, as famílias ainda têm que enfrentar os desafios da falta de renda e dos cuidados com a pandemia do novo coronavírus. As chuvas também trouxeram um novo um dilema para as famílias: ficar em casa, seguindo a recomendação de isolamento para achatar a curva da pandemia, ou de sair de casa, diante do risco iminente de deslizamentos de terra. “Fico aqui porque não tenho outro lugar para ir. Mas, em uma situação dessas, quem não fica com medo de morrer? A chuva me dá medo, o coronavírus também”, afirma a dona de casa Andressa Cerqueira. O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macêdo, afirma que as equipes do órgão estão fazendo vistorias nos imóveis em áreas de risco e orientando a população a buscar abrigo em locais mais seguros durante o período de chuvas. “O ideal é que as pessoas que vivem em áreas mais vulneráveis busquem soluções de moradias temporárias neste período. Com o coronavírus, queremos afastar ao máximo a possibilidade de ter que colocar essas pessoas em abrigos e gerar aglomerações”, afirma. Mas nem todo mundo tem essa possibilidade. Andressa afirma que não faz sentido ir para casa de um parente porque eles também vivem em áreas de risco. Seu pai, sua irmã, tia e avó moram em casas vizinhas, todas residências de um ou dois cômodos e sem reboco, próximas à linha do trem. As casas ficam em uma das áreas de maior risco de deslizamento em Salvador. A região é considerada tão crítica que foi escolhida para receber um dos 11 sistemas de sirenes que a prefeitura de Salvador instalou há quatro anos em áreas de risco. O pai de Andressa, Anderson Cerqueira, 41, mora três casas adiante da dela. Ele sobrevive da venda de balas dentro dos ônibus de Salvador, mas se viu sem renda em meio à pandemia: com a redução do número de pessoas nas ruas, não há para quem vender. Ele diz acreditar que, mesmo se as pessoas estivessem nas ruas e os ônibus, cheios, a situação não seria diferente. Pelo menos enquanto os casos da doença não cessarem. “Você acha que alguém vai querer chegar perto e tocar na minha mão para pegar uma bala ou entregar o dinheiro? Não vai”. Sem nenhuma outra fonte de renda, Anderson conta com a ajuda dos parentes para alimentar a si mesmo, sua mulher e o filho pequeno. Na manhã desta terça-feira (7), levou o filho para a casa da irmã para tomar uma xícara de café. No dia anterior, o almoço da família foi apenas cuscuz. Sem leite, sem ovo, nem manteiga. ""Estou vivendo pela misericórdia de Deus. Semana passada, cheguei a ficar dois dias sem nenhuma comida em casa”, afirmou. O botijão de gás da casa de Anderson também havia acabado —desde então, ele cozinhava na casa da irmã, Débora Cerqueira, 30. Moradora da casa ao lado, Débora, que também sobrevive vendendo balas em ônibus, agora se vê em casa com o marido, dois filhos, uma sobrinha e a sua mãe, que tem 60 anos e é considerada grupo de risco em caso para a Covid-19. Ela estava preocupada porque a mãe saiu para ir ao posto de saúde para tratar da diabetes. Também preocupa o fato de seu marido sair todos os dias em busca de bicos para garantir a comida da família, ficando exposto à doença. Enquanto isso, o restante da família fica em casa: “A gente não está saindo. Fico aqui, mas tenho medo”. Na casa da sobrinha de Débora, Andressa, é o marido Felipe que sai todos os dias em busca de trabalhos como carregador na feira de São Joaquim, a maior da capital baiana. Ele diz que o movimento por lá caiu abruptamente. No dia em que conversou com a reportagem, conseguiu fazer três carregamentos e voltou para casa com R$ 30. Na geladeira do casal há apenas garrafas com água e uma panela com um resto de feijão do dia anterior. Da feira, Felipe voltou com uma penca de bananas, que pediu a um feirante com quem trabalha. Na casa ao lado, a irmã de Andressa, Adriana Cerqueira, 17, teve um pouco mais de sorte: o marido voltou da feira com um pedaço de fígado, que ela cozinharia com sal e cominho para alimentar os dois e a filhinha Ayana, de 2 anos. Não havia arroz para cozinhar. Sem fontes de renda alternativas, em meio a uma pandemia e com chuvas que colocam a vida de toda a família em risco, Andressa, Anderson, Débora e Adriana apostam todas suas fichas na ajuda do poder público. Eles cadastravam-se para receber os R$ 600 prometidos pelo governo federal para trabalhadores informais por três meses. Aguardam o benefício com ansiedade: “Não pode para demorar. Logo, logo a nossa barriga vai colar nas costas”, diz Andressa. Focados em garantir uma renda para ter o pão na mesa, não se preocupam com as novas frentes frias que devem chegar à cidade – o período chuvoso vai até junho. Diz Felipe: “Se chover forte e essa sirene tocar, nem sei o que vai ser. Vou deixar minha casa? Aqui estão as coisas que a gente guerreou para conseguir. Não dá para ir embora”. Na casa da atriz Maíra Dvorek, mãe do Henrique, de seis anos, os doces estão liberados nos dias de semana. Antes do confinamento, era só nos fins de semana. Também já foram servidos batatas fritas e cachorros quentes, o que nunca acontecia. Como ela não está mais fazendo feira, acabaram as hortaliças e as frutas. “Mas estou tentando não avacalhar muito para não acabar esse período com o Henrique com diabetes, colesterol, essas coisas”, ela brinca. Refrigerantes, por exemplo, o menino continua sem saber o que é. “Quando eu tomo, falo que é bebida de adulto”, diz ela. A comida das crianças é mais um fator de ansiedade para os pais durante a pandemia do coronavírus —maior para os que podiam contar até a crise com refeições na escola ou os serviços de uma cozinheira. Mas, segundo a pediatra e nutróloga Giuliana Taralli, não é hora de estressar muito com isso. “Em períodos de grande instabilidade, ainda mais nesse momento de isolamento social, as regras de nutrição podem —e devem— ser relaxadas”. Mais importante é fazer da refeição um momento agradável, leve e em família. “Tudo bem se não deu tempo de preparar uma comida perfeitamente saudável e a criança vai comer arroz com ovo pelo segundo dia seguido. Forçá-la a comer algo que ela não quer só faz aumentar a ansiedade, o grande vilão da alimentação saudável.” A especialista em nutrição pediátrica Elaine Bento, no entanto, alerta para um problema que tem crescido muito na infância no Brasil, a obesidade infantil. “Com a criança afastada das suas atividades, isso tem um impacto no seu balanço energético, e se ela comer muito mais do que gasta a energia será acumulada.” A família da jornalista Lígia Carvalhosa, mãe do Theodoro, de seis anos, e da Martina, de quatro, tem feito as três refeições do dia juntos. Antes, só conseguiam tomar o café da manhã os quatro ao mesmo tempo. ""É o momento em que nós nos desconectamos das demandas de trabalho, deixamos o celular longe e ficamos só nós”, diz ela. Na casa de Lígia o cardápio não mudou tanto, só o macarrão e os doces que foram mais liberados, mas quase todas as refeições têm saladas —”e frutas o dia inteiro”. Luana Bottini, uma psicóloga social e mãe da Maria Clara, de seis anos, e do Guilherme, de oito, tem um hortifruti do lado de casa e tem feito compras semanalmente. Desde que dispensou a cozinheira, quando começou o confinamento, ela mesma prepara as refeições para a família e tem tentado fazer comidas saudáveis e gostosas. “Uma noite fiz fondue de queijo, na outra fiz x-salada com hambúrguer com menos sódio”, conta ela. “Mas entraram guloseimas no nosso cardápio que não tinha antes, como yakult, danoninho, sucos em caixas”. A arquiteta Maria Fernanda Nascimento, mãe do Theo, de sete anos, mora em uma casa com cinco adultos e duas crianças. São ela, um irmão, a mãe, o pai, a avó, o filho e a sobrinha. Ela e a mãe estão se revezando na cozinha nesse período, e as duas fazem muitas coisas em casa, como iogurte, granola, pão e bolos. “Mas produzi uma gaveta de chocolates para os momentos de faniquito das crianças, e temos feito cachorro-quente duas vezes por semana, antes não entrava salsicha de jeito nenhum em casa”, afirma a arquiteta. Elaine Bento, a especialista em nutrição pediátrica, também mãe de dois filhos pequenos, Lucas, de seis anos, e Lorenzo, de três, sugere envolver as crianças nas preparações das refeições. “O simples fato de quebrar um ovo ou misturar ingredientes pode ser uma descoberta incrível que faz com que a criança se aproxime do alimento”, afirma. E a família deve negociar o que pode entrar no cardápio das crianças com elas mesmas. “No último domingo fizemos brigadeiro em casa e os meninos ajudaram a enrolar. Mas não puderam comer quantos quiseram. Negociamos o fracionamento durante a semana”. O mais importante, na visão de Elaine, é ser o exemplo. “Não adianta querer que a criança coma um prato cheio de salada se ela nunca vê você comendo”. Do mesmo modo, se você passar o dia inteiro beliscando ou abrindo e fechando a porta da geladeira, vai ser isso que as crianças vão tender a fazer. Faz duas semanas que Paula Renata dos Santos, 30, e seus quatro filhos acordam mais tarde. É que já está faltando dinheiro até para o pão, e o jeito é pular direto para o almoço, ao 12h. Nas duas refeições que a família tem feito por dia, o cardápio se repete: arroz, feijão e ovo. Desempregada e vivendo de bicos, ela é uma das mães solo que aguardam o auxílio emergencial de R$ 1.200 do governo federal para colocar comida na mesa. ""Se não morrer do vírus, morre de fome"", diz Paula, cuja conta bancária está a zero e que está descrente do prazo para liberação do dinheiro. ""Essa demora não me espanta, nunca consegui ajuda do governo."" Foi liberado nesta terça-feira (7) um aplicativo para que os trabalhadores informais se inscrevam para ter direito ao auxílio emergencial. A intenção do governo federal é que os valores sejam pagos antes da Páscoa. De acordo com a lei, pode receber o auxílio quem não tem emprego formal ou é MEI (microempreendedor individual), não recebe benefício do INSS ou seguro-desemprego e tenha renda familiar, por pessoa, de até meio salário mínimo ou renda mensal familiar de até três salários mínimos. As mães que são chefes de família recebem cota dobrada e terão direito a até R$ 1.200 por mês. O benefício será pago por três meses. Paula mora na favela do Nove, que fica na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Lá, ao menos 270 famílias perderam tudo no início de fevereiro, quando uma enchente deixou a capital debaixo d'água. Ainda tentando se recuperar dos estragos da chuva, muitas mães solo não conseguem mais trabalhar devido à pandemia. E é difícil achar quem esteja cumprindo à risca a orientação de ficar em casa, de quarentena. Eliane dos Santos, 25, passa o dia sentada em uma cadeira de plástico com a filha de seis meses no colo em um dos becos da favela. Quando questionada sobre se não tem medo de se infectar com o novo vírus, ela mostra onde vive. O barraco minúsculo mal acomoda a cama de casal, a geladeira, o fogão, um guarda-roupas mínimo e uma cômoda. Não tem janela. ""Não dá pra ficar lá o dia todo, não tem ventilação, é apertado. Saio para fora confiando em Deus"", diz ela, que não trabalha e ganha R$ 178 do Bolsa Família. ""Tá faltando a mistura, coisa de higiene, fralda, roupinha pro neném, que essas já estão ficando apertadas."" Com três filhos, Rafaela dos Santos, 36, recebia R$ 500 por mês para trabalhar num salão como manicure. Como não tinha carteira assinada, ficou sem renda desde que o estabelecimento foi obrigado a fechar com a quarentena determinada pelo governo do estado. Ela abre a cesta básica que acabou de receber e que vai alimentar a família nas próximas semanas. Tem arroz, feijão, farinha, farofa, macarrão, óleo, molho de tomate, açúcar, leite, ervilha, café e sardinha. ""Também tenho essa salsicha enlatada. A gente vai se virando como dá, né?"", diz. A escola onde a filha estuda, que é parte de um projeto social, também enviou itens de limpeza: álcool em gel, desinfetante, detergente. Rafaela, como outras mulheres, não sabe como se cadastrar para receber o auxílio emergencial. ""É do SUS [o aplicativo]?"", pergunta. Até o mês passado, Grazielle Cristina Beraldo, 34, recebia da prefeitura um auxílio-aluguel, de R$ 400, mas o benefício foi cortado. Ela, que tem sete filhos, com idades entre 6 meses e 12 anos, também não recebe o Bolsa Família. A casa de um cômodo na favela do Nove custa R$ 500 por mês. ""O pai de uma das crianças me ajuda como pode, mas ele é caminhoneiro e às vezes não consegue"", conta ela, que vez ou outra junta e vende latinhas para comprar itens mais baratos, como pão. ""Quer que eu seja sincera? Não tenho esperança [de receber o auxílio do governo]. E se for pra pegar [o coronavírus], todo mundo aqui vai pegar. Não tem pra onde correr."" Por enquanto, na favela do Nove há casos suspeitos, mas nenhum confirmado. Pesquisa do Data Favela, da Cufa e do Instituto Locomotiva com 621 mães em 260 favelas de todos os estados mostrou que 9 em cada 10 mudaram suas rotinas devido ao coronavírus. Todas afirmaram estar preocupadas com o impacto da doença e a maioria relatou que os gastos aumentaram quando as crianças passaram a não ir mais para a escola, o que também dificulta a saída da mãe para trabalhar. Ainda segundo o estudo, 37% dessas mulheres são autônomas e só 15% tem carteira assinada. Por causa da pandemia, 84% já tiveram a renda diminuída e 72% afirmam que a alimentação da família já está ou ficará prejudicada. A pesquisa foi realizada nos dias 26 e 27 de março e tem margem de erro de 2,9 pontos percentuais. Antes da pandemia, Flavia Dourado, 37, estava em busca de emprego e chegou a fazer dois processos seletivos. Como não conseguiu trabalho, não tem de onde tirar dinheiro para manter a casa com os filhos de 13 e 5 anos, na Vila Fundão, no Capão Redondo, zona sul da capital paulista. ""Uma mãe chefe de família é mais difícil, né? E criança em casa sem fazer nada só come, é desesperador. Estou tentando segurar para a peteca não cair. Eles pedem danone, bolacha, e não posso dar"", conta Flavia. ""Quem pode, estoca. Mas e quem não pode?"" Os três estão vivendo com a ajuda de amigos e doações de cestas básicas. ""Mas não vem uma fruta, não vem papel higiênico, sabão em pó."" O aluguel de R$ 900 vence em poucos dias e ela só tem R$ 280. ""É o dinheiro para comer. Não sei ainda como vou fazer para não ser despejada."" Sobre o auxílio do governo, diz: ""Só acredito vendo"". Na casa de Aluzinalda Oliveira dos Santos, 61, na favela Parque Jocelia II, na periferia de Salvador, ""tá faltando já é tudo"" para ela e os dois filhos, de 20 e 24 anos. Diarista, ela ganhava R$ 500 por mês, mas agora ela está ""dentro de casa, proibida de sair na rua"", já que é parte do grupo de risco da Covid-19. Os filhos também não trabalham. ""Quando isso começou, já era ruim, mas agora o negócio pegou mesmo"", conta ela, que está comendo com a ajuda de vizinhos, ""que dão o que pode, porque também não são ricos"". ""É 1kg de arroz, de feijão, de farinha."" O que recebe do Bolsa Família, usa para pagar o aluguel, de R$ 200. ""Se eu deixar o aluguel, vão me botar para fora. Vou morar aonde? Tem que entregar na mão do Senhor. Quem tem fé em Deus não cai."" São 16h41 de sábado, 4 de abril. Há exatos 19 minutos, aceitei a missão de encarar, profissionalmente, o jejum convocado pelo presidente Jair Bolsonaro. Um minuto antes, a Folha me escrevera para pedir a pauta. Estava no caixa do supermercado. Pensei: “Dançou o churrasco solitário dominical de quarentena.” Quase voltei e comprei um pote de doce de leite para afogar as mágoas. São 16h46, e já estou arrependido. Não pelo jejum em si —tenho reservas energéticas para queimar—, mas por atender a um chamado do berrante do Rei do Gado. Pelo menos não me mandaram rezar. Sou ateu e, se cristão fosse, tampouco rezaria por aquele indivíduo. Tudo bem, vai passar. Eu só preciso me controlar para não contar cada minuto do relógio. Isso enlouquece. São 17h10. São 21h47. Estou morto de fome, mas vou retardar ao máximo o jantar de sábado. O cardápio é burrito, em homenagem ao patrono do jejum. São 23h55. Terminei de jantar. Vou dormir com a barriga cheia de feijão, grande ideia. São 13h38 de domingo, 5 de abril. Maravilha, só acordei agora. O truque do remedinho funcionou novamente. Mesmo assim, tenho um longo e tedioso dia pela frente. Também tenho fome. São 13h52. Ligo o computador. Eita! Acho que acordei atrasado. Vejo que os pastores recomendaram jejum da meia-noite de sábado ao meio dia de domingo. Em Brasília, as cheerleaders de Cristo –uma claque que veio de Ceilândia– já forraram a pança. Mas que diabo de jejum é esse, que termina antes do almoço? Parece jejum de laboratório. Como não vou fazer exame de sangue, sigo no propósito de fazer um jejum sério, de 24 horas. São 14h44. Ok, mas como seria um jejum sério? Em alguns sites católicos, descubro que o ideal é apenas beber água, mas... E aí segue um rol de exceções e relaxamentos da penitência. Dá para fazer jejum de pão e água, dieta líquida, pular uma refeição ou até mesmo comer e se sentir culpado por isso. Escolho a dieta líquida. Pego as duas mexericas que tenho em casa e as transformo em suco de tangerina. Por que a mexerica muda de nome quando vira suco? São 15h15. Tédio. Gatos de rua fazem um barulhão com sexo ou briga, não sei bem dizer. Todos os cachorros do bairro latem de volta. São 16h01. Acompanho a hashtag #jejumpelobrasil no Twitter. Gente, esse povo é ainda mais doido do que eu imaginava. Eles fazem genuflexão na calçada cheia de cocô de cachorro, piolho de pombo e escarro de corona. Foooome. Na internet, me deparo com uma história assaz interessante. No século 17, monges da ordem dos mínimos passavam a quaresma toda só na base da cerveja. Instalados na Baviera, sul da Alemanha, os religiosos inventaram um estilo de cerveja –hoje conhecido por doppelbock– forte o bastante para os sustentar nos 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa. São 7,9% de álcool. Não é de se admirar que os frades tivessem visões místicas de vez em quando. São 17h20. Abro minha primeira cerveja. Boa ideia? Obviamente não é. Mas convenhamos que as boas ideias andam escassas. Perto de combater demônios, coronavírus e o comunismo com jejum, beber de barriga vazia até parece algo sensato. São 18h18. Caceta, eu tinha certeza de que havia sobrado amendoim em algum lugar desta casa. São 18h45. Um filminho, talvez, para distrair? Tem um que parece bom aqui na Netflix, “O Poço”. Sinopse: numa prisão vertical, a comida desce por uma corda: os que estão nos andares mais altos comem; os outros, só quando sobra. Vou passar. São 19h18. Aquela zapeada básica no Instagram. Diacho, só tem foto de comida. Para piorar, tem alguém que aparentemente cozinha muito bem no meu prédio. O cheiro, hoje, é de carne assada. Vapapu. São 20h31. Não tenho forças para bater panelas. Resolvi comprar on-line um ovo de Páscoa para o meu filho. Quase lambi a tela do computador. Vou cozinhar para que o jantar esteja pronto à meia-noite. Macarrão é o que tem para comer. São 20h45. A hashtag #jejumpelobrasil não está mais no top 20 do Twitter. Imagino que os devotos já tenham cedido ao bolo com chá. São 21h12. O álcool varreu o tédio e bateu com força inédita. Se pudesse sair de casa, procuraria um pé de goiaba. São 22h25. Nota mental: não posso dormir antes de comer. São 22h34. O “Fantástico” termina com o Gilberto Gil e a neta cantando “Volare”. Tenho um surto de choro. Já passa. São 23h10. Daqui a pouco a tortura acaba. Vou beber água e, ao abrir a geladeira, faço contato visual com um vidro de azeitonas. Vade retro, esconjura, mangalô, pé de pato, três vezes. É meia-noite de segunda-feira, 6 de abril. Com licença, vou jantar. Corona acabou? Não. Duvido que o comunismo tenha sido fulminado. Só mais tarde saberei se os meus demônios de estimação foram expulsos pelo jejum. Mas já sei que não. Antes de existir como nação, estados independentes da Itália pouco compartilharam de sua cultura —e, portanto, de suas tradições culinárias. Particularidades regionais são acentuadas em função de uma topografia rica e diversa, que agrega planícies, áreas montanhosas, uma larga costa e variadas zonas climáticas. Ainda que haja antagonismos, um eixo comum —e vital— unifica essa cozinha: o estilo familiar de prepará-la. A seguir, é possível conhecer as características de algumas regiões e identificar receitas —com ou sem adaptações —que podem ser encontradas em São Paulo, essa cidade que desabrochou na presença de imigrantes e, portanto, tem certa alma italiana. Muitos fatores contribuem para a diversidade da cozinha dessa ilha extensa, banhada pelo mar Mediterrâneo, com personalidade particular, tais quais as condições topográficas (costa e montanhas) e as influências dos povos invasores. De um mar rico saem peixes, moluscos e crustáceos. Pães, queijos e castanhas (amêndoas, avelãs, nozes) eforçam a amostra que, em determinados períodos do ano, também listam carnes de animais como pombos, javali e patos. Nascido na Sardenha, o chef Salvatore Loi fez fama no Fasano ao chegar ao Brasil e hoje está à frente do restaurante Mondo, para o qual trouxe de sua região a fregola com frutos do mar. Trata-se de uma massa fresca, sem ovos, no formato de bolinhas irregulares, parecidas com um grão-de-bico. Primeiro é torrada (em intensidades variadas para ampliar a gama de sabor) e depois hidratada em água fervente. ""É como um cuscuz mais grosso, herança da colonização árabe, e deve ser preparada igual a um risoto, mexendo sempre, para incorporar todos os sabores"", diz Loi. A massa é agregada a uma panela com frutos do mar (camarão, vieira e lulas), legumes cortados em cubinhos, de modo a não ultrapassar o tamanho da massa (abobrinha, salsão, cenoura) e caldo de peixe. Para finalizar, tomate-cereja, manjericão e salsinha frescos —e azeite. Mondo - R. Oscar Freire, 30, Jardins, tel. 3061-2787. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sex.: 12h às 15h e 19h à 1h. Sáb.: 12h às 17h e 19h à 1h. Dom.: 12h às 17h. Localizada no sul da Itália, seu solo vulcânico, apropriado para cultivar frutas e legumes, levou napolitanos a serem conhecidos como ""comedores de folhas"". É dessa região também o famoso tomate San Marzano, estreito e alongado, com polpa firme e pouca água. A cozinha da capital, Nápoles, atrai viajantes desde outrora. Destacam-se as pizzas à semelhança do que André Guido, da Leggera, na Pompeia, reproduz aqui. A massa, de sabor complexo com leve acidez, é bem hidratada e manipulada somente com as mãos. Depois de submetida a um calor agressivo —em um forno napolitano que alcança 480°C— resulta deliciosamente elástica, com bordas gorduchas, com alvéolos, e um provocante tostado. Pode receber molho de tomate, combinado a manjericão fresco, que perfuma o conjunto da obra, e mozarela, o queijo mais emblemático da região. Também virou marca dali o espaguete ao vôngole, como José Alencar de Souza faz há quase 30 anos em seu Santo Colomba. Sua receita segue coordenadas clássicas: massa seca com vôngole fresco, alho, azeite, salsinha e vinho branco. No Pettirosso, Marco Renzetti incrementou essa base com mexilhões —e usa linguine, cujo cozimento se dá no caldo das conchas. A única gordura que acrescenta é um tantinho de azeite. Leggera Pizza Napoletana - R. Diana, 80, Pompeia, tel. 3862-2581. Ter. a qui.: 19h às 23h. Sex. e sáb.: 19h às 23h30. Dom.: 19h às 22h. Santo Colomba - Al. Lorena, 1.157, Jardim Paulista, tel. 3061-3588. Seg. a sáb.: 12h às 15h e 19h às 23h30. Dom.: 12h às 16h. Pettirosso - Al. Lorena, 2.155, Jardim Paulista, tel. 3062-5338. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 23h30. Sáb.: 12h às 16h e 19h às 23h30. Dom.: 12h às 16h30. Ponto de convergência entre Norte e Sul do país, tem cozinha na qual sobressaem temperos cítricos e a presença do alho —ainda que italianos dispensem ou amenizem esse ingrediente em muitos preparos. Solo fértil acolhe produção de frutas e hortaliças. São dessa região várias das receitas facilmente assimiladas pelos brasileiros —cacio e pepe, carbonara, amatriciana. No cardápio da Tappo, na Consolação, que valoriza a simplicidade da cozinha caseira, o cacio e pepe leva queijo pecorino e pimenta-do-reino, ambos sabores herdados dos romanos antigos, e aproveita a água do cozimento para dar cremosidade ao todo, como manda o figurino. O mesmo mecanismo se repete no espaguete à carbonara, que recebe gema de ovo, queijo (pecorino e parmesão), pimenta-do-reino moída na hora e papada de porco salgada. Aqui, usa-se a pancetta, que, sem passar por defumação, conserva certa suavidade no sabor e funciona como bom substituto. Sobretudo em Roma, capital, nota-se uma cozinha apoiada em poucos ingredientes e execuções. ""É uma cozinha absolutamente trivial, rústica, rudimentar"", diz o italiano Marco Renzetti, do Pettirosso. Ali ele faz pratos clássicos de sabor rico, como a tripa à la romana, uma dobradinha refogada com tomate fresco e finalizada com folhas de hortelã e pecorino ralado; e o saltimboca de vitela. Depois de assar a paleta do animal em baixa temperatura, cubos suculentos da carne são envolvidos no presunto. Refoga-se, então, na manteiga com vinho branco, sálvia e um pouco de farinha. A rabada ao vinho tinto que, desfiada integra um croquetão, empanado e assado ao forno. Foge da apresentação tradicional, mas respeita o sabor original. Tappo - R. da Consolação, 2.967, Cerqueira César, tel. 3063-4864. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 24h30. Sáb.: 12h30 às 16h e 19h30 às 24h30. Dom.: 12h30 às 17h. Pettirosso - Al. Lorena, 2.155, Jardim Paulista, tel. 3062-5338. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 23h30. Sáb.: 12h às 16h e 19h às 23h30. Dom.: 12h às 16h30. Na base dos Alpes, essa área é marcada por invernos rigorosos, que inspiram uma cozinha mais robusta e calorosa, rica em carnes de caça e vegetais, como aspargos e alcachofras. No passado, uma cozinha muito pobre, na qual pão e batatas eram frequentes, convivia com uma cozinha da aristocracia, influenciada pela França. No Gero, do grupo Fasano, fez história o bollito misto, um cozido italiano, de sabor complexo, cujas carnes (língua, vitela, carne-seca, ossobuco e embutidos) são cortadas num carrinho no salão, à frente do cliente. Servido às sextas, com legumes, a receita é antecedida por um cappelletti in brodo. É com ele também que se faz o ""piará"", um pirão de farinha de rosca de sabor incrementado pela untuosidade do tutano. No Così, em Santa Cecília, Renato Carioni não segue à risca o protocolo de nenhuma região, mas acolhe em seu cardápio itens que flertam com essa região do norte, como o crudo com maionese trufada (de Alba) e o escalope —mais alto e rosado que o habitual— com um empanamento rústico, com farinha de rosca. É servido com capellini no molho de parmesão e trufa, estas também do Piemonte. Gero - R. Haddock Lobo, 1.629, Jardins, tel. 3064-6317. Seg. a qui.: 12h às 15h30 e 19h às 24h. Sex. e sáb.: 12h às 16h30 e 19h à 1h. Dom.: 12h às 16h30 e 19h às 24h. Così - R. Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília, tel. 3826-5088. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sáb.: 12h às 16h e 19h às 24h. Dom.: 12h às 17h. Embora seja mais uma região da Itália que conjugue mar e montanha, a área interiorana tem a particularidade de acolher hortas ricas, com saladas silvestres e ervas aromáticas, beneficiadas pelo clima temperado e pela maresia. Ainda que tenha uma costa extensa, sua cozinha não se aprofundou nos frutos do mar —mas há bons mexilhões e peixes. Ali também há o hábito de cristalizar frutas, herdado dos árabes e o azeite, extraído de olivais viçosos, é a gordura mais comum. Na Vinheria Percussi, há 34 anos em operação, Silvia Percussi exibe uma boa amostra dessa cozinha, cujas receitas podem ser combinadas com vinhos da mesma região. ""Fazemos o nhoque ao pesto, com aquele manjericão grande, pinoli, azeite e queijo pecorino"", diz a chef, que prepara uma massa texturizada com batatas assadas, de modo a absorver mais o molho. A focaccia está integrada ao couvert e, a cada fim de semana, tem um sabor diferente, como o de azeitonas e tomates. Vinheria Percussi - R. Cônego Eugênio Leite, 523, Pinheiros, tel. 3088-4920. Ter. a sex.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sáb.: 12h às 16h30 e 19h às 24h. Dom.: 12h às 16h30. A geografia da Calábria, ao sudoeste da península, a isola entre mar e montanhas e também colabora para preservar a cultura local, não muito exportada. O estilo de vida mais rústico leva a uma cozinha baseada na autossuficiência e em alimentos rústicos, locais e selvagens —carnes de caça, cogumelos, molhos condimentados, marinadas. Não são inexistentes, porém, pontos em comum com outras regiões, como a forte produção de cítricos e o protagonismo da berinjela e do porco. No TonToni, Gustavo Rozzino flerta mais intensamente com o norte da Itália, mas ao ceder ao seu fraco pelos frutos do mar abundantes ao sul, entrega receitas como o orechiette alla marinara, com camarão e polvo, fatias finas de lula, pancetta e nduja. Esta última é especialidade da Calábria, uma salsicha apimentada, de papada de porco, mais gorda, com pimenta calabresa. Essa linguiça geralmente enriquece molhos de tomate, mas na região também ""passam na torrada como se fosse manteiga"", diz Rozzino. Rafael Lorenti, da quinta geração da família fundadora da padaria Basilicata e à frente do restaurante que hoje funciona no mesmo espaço, no Bexiga, também se dedica à cozinha do sul. Toma emprestada de sua avó calabresa a receita do bacalhau molicata, cujo preparo mistura aparas de bacalhau com miolo de pão, tomate picado, cebola e alcaparra —que juntos vão ao forno. Traduz bem a origem pobre dessa cozinha que dependia de mecanismos para render, como o uso do pão amanhecido que, ralado, frito e temperado com parmesão, alho, azeite e nozes, é transformado ali numa crocante e versátil molica também usada para polvilhar o fusilli calabresa, com ragu de linguiça fresca e curada na casa. TonToni - Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1.537, Jardins, tel. 3051-4750. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 23h30. Sáb.: 12h às 16h e 19h às 23h30. Dom.: 12h às 17h. Restaurante Basilicata - R. Treze de Maio, 596, Bela Vista, tel. 3289-3111. Ter. a qui.: 12h às 15h30 e 19h30 às 23h30. Sex. e sáb.: 12h às 16h e 19h30 às 24h. Dom.: 12h às 17h. Símbolo do crescimento econômico da Itália, trata-se de uma região que preserva produtos agrícolas e modos de preparo tradicionais, que incrementam economia e cultura locais. Em sua cozinha, outrora marcada pelo consumo diário de polenta por camponeses oprimidos, que tinham acesso restrito à carne, manteiga prevalece sobre azeite, arroz sobre as massas e os queijos são de qualidade cobiçada. No Evvai, Luiz Filipe Souza faz uma homenagem a Gualtiero Marchesi (1930-2017), considerado o chef fundador da moderna cozinha italiana. Ele parte do típico risoto milanês, de açafrão, cuja versão de Marchesi com uma folha de ouro tornou-se icônica. A brincadeira está em entregar um prato esteticamente igual ao original, mas, no lugar da folha de ouro, Luiz Filipe acomoda uma folha de arroz sob a qual esconde um purê rústico de mandioca, bem amanteigado. Também recebe um toque cítrico o risoto milanês que acompanha o ossobuco de vitela colagenoso e macio, que Salvatore Loi faz no Mondo. No Vicolo Nostro, cujo ambiente simula uma viela italiana, o ossobuco é vigoroso —servido com osso, o tutano pode ser pinçado e dar untuosidade ao todo. Evvai - R. Joaquim Antunes, 108, Pinheiros, tel. 3062-1160. Seg. a qui.: 19h às 0h. Sex. 12h às 15h e 19h a 1h. Sáb.: 12h às 16h e 19h à 1h. Dom.: 12h às 17h. Mondo - R. Oscar Freire, 30, Jardim Paulista, tel. 3061-2787. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sex.: 12h às 15h e 19h à 1h. Sáb.: 12h às 17h e 19h à 1h. Dom.: 12h às 17h. Vicolo Nostro - R. Jataituba, 29, Vila Gertrudes, tel. 5561-5287. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 0h. Sex.: 12h às 15h e 19h às 1h. Sáb.: 12h às 16h30 e 19h às 1h. Dom.: 12h às 16h30. Essa região de comida rica, suculenta e famosa reúne alguns símbolos da cozinha italiana. O presunto de Parma, por exemplo, feito do porco que se alimenta com castanhas e soro de leite da sobra da produção do queijo parmesão. O próprio parmigiano-reggiano, curado por pelo menos 12 meses, cuja base é o leite de vacas que comem ervas da região. O vinagre balsâmico, uma redução concentrada de uvas brancas, envelhecido por mais de doze meses. O lambrusco, vinho frisante doce de uvas tintas. Das receitas emblemáticas, o ragu bolonhês, geralmente servido com tagliatelle, surge em destaque. No Più, na unidade do shopping Iguatemi, Marcelo Laskani propõe uma versão autoral, que combina carnes potentes —ora em pedaços, ora moídas. O blend, que conjuga língua, linguiça de javali e bochecha de porco, incrementa o molho de tomate e vinho tinto para acompanhar o maltagliati, aquela massa ""mal-cortada"", com pedaços que diferem em forma e tamanho. Recebe, na finalização, um rosbife de bochecha cortado bem fininho. No mesmo restaurante, o presunto cru é muito bem tratado, cortado à faca e servido sem firulas. Pode compor, ainda, um sanduíche de pão no vapor com alface romana e maionese de café. No recém-inaugurado Osteria Nonna Rosa, o chef e empresário Rodolfo de Santis homenageia a ""cucina della nonna"". Faz referência às avós o taglieatelle ao sugo de costela, vigoroso e aconchegante. Più - Shop. Iguatemi. Av. Brig. Faria Lima, 2.232, Jardim Paulistano, tel. 3198-7649. Seg.: 12h às 15h e 19h às 22h. Ter. a qui.: 12h às 15h e 19h às 23h. Sex.: 12h às 15h30 e 19h às 23h. Sáb.: 12h às 16h30 e 19h às 23h. Dom.: 12h às 16h30 e 19h às 21h. Osteria Nonna Rosa - R. Padre João Manuel, 950, Jardins, tel. 2369-5542. Ter. a qui.: 19h às 24h. Sex. e sáb.: 12h às 16h e 19h a 0h. Dom.: 12h às 17h. Maior ilha do Mediterrâneo, foi um território que sofreu dominação de vários povos, e isso se reflete na diversidade de sua cozinha, de sabor autêntico, cujo eixo são os peixes carnudos e vegetais viçosos —tomate, brócolis, abobrinha, berinjela. As receitas são geralmente feitas a partir de ingredientes simples e locais. Há forte presença de frutas cítricas em sorvetes ou cristalizadas e laticínios com leite de cabra e ovelha. Um grande painel de azulejos na parede do Nino Cucina, a primeira casa do italiano Rodolfo de Santis, traz a imagem de uma fazenda típica do sul —mesa farta, azeite, tomate, berinjela, limão-siciliano, vinho. O cardápio, ainda que tenha intervenções autorais e modernas, conserva clássicos sicilianos, como o arancini (bolinhos de risoto frito) e os cannoli, aqueles canudos de massa sequinha e crocante. No Taormina, batizado com o nome de uma cidade da costa leste da ilha, há 20 anos a receita que ocupa o centro das atenções é o ditalini alla norma, feita desde os primórdios pela proprietária, Helena Maria Zamperetti Morici, 77. A massa se assemelha a um pequeno tubo, curto, e é envolta em um molho de tomate com manjericão, cubinhos de berinjela na chapa, ricota seca defumada e azeite extravirgem. Sobre ela, polvilha-se farinha de pão italiano, com pinole e uva passa —""para comer de colher, como os mafiosos"", diz a chef aos risos. Nino Cucina e Vino - R. Jerônimo da Veiga, 30, Jardim Europa, tel. 3368-6863. Seg. a qui.: 12h às 15h e 19h às 24h. Sex.: 12h às 16h e 19h à 1h. Sab.: 12h às 17h e 19h à 1h. Dom.: 12h às 20h. Ristorante Taormina - Al. Itu, 251, Cerqueira César, tel. 3253-6049. Seg. a sex.: 12h às 15h. Sab. e dom.: 12h às 16h. Semana passada postei no Instagram uma gougère –delicada bolota de massa assada –coroada com uma vasta peruca de trufa. Um excesso de trufa. Trufa da boa, francesa, ralada bem fininha. Comi aquela bolota com gosto, lambendo os beiços. Eu estava no Geranium, um restaurante chiquérrimo e caríssimo –um dos mais famosos de Copenhague. A gougère tinha sido feita por Clare Smyth, chef cheia de estrelas que estava ali cozinhando por um dia. Na foto não aparecia a taça de champanhe, mas é claro que eu bebi champanhe junto com a bolota trufada. Corrigindo: espumante inglês feito à moda champenoise. E bebi todo o resto também que serviram sucessivamente. Um chardonnay do Jura. Um riesling bem velho, de 2003, que lembrava petróleo, do jeito que eu gosto. Um Rioja que uma garota (sommelière, perdoem) abriu fazendo o maior dos espetáculos, primeiro esquentando o gargalo com uma enorme pinça de ferro com ares de instrumento de tortura, passada na chama de um maçarico, depois dando um choque de temperatura com água gelada. Pléc! o vidro se partiu, a sommelière sorriu e todo mundo filmou e fotografou. E postou, claro. Hashtag Geranium. Duas horas depois eu estava chorando baixinho em posição fetal na cama do meu quarto de hotel, a roupa do almoço jogada no chão numa bola. Talvez fosse a chuva fria que não parava há dois dias que me deprimia. A enxaqueca não ajudava: sentia que minha cabeça ia explodir em mil pedaços. Eu ainda nem tinha chegado ao fim do meu fim de semana pantagruélico –""o grand finale"" foi um banquete no wine bar Manfreds– mas já não aguentava mais. Minha barriga inchara como se fosse uma bola de futebol que alguém não parava de bombear de ar. Quando cheguei em Copenhague, na sexta, fui tomar um vinho em um wine bar hipster, sozinha. Ou, sendo mais sincera, tomei três taças de vinhos de diferentes regiões, porque fiquei amiga de umas moças locais que não paravam de me pedir conselhos e opiniões sobre vinhos, e sabem como é, né? Eu me empolguei. Depois jantei sozinha em um rooftop elegante, quieta, olhando melancolicamente as luzinhas da cidade e tirando fotos de tudo para me sentir ocupada. ""Eu deveria fazer um vídeo. Pô, se eu fosse 'influencer' de sucesso, clicaria, postaria e ainda comentaria o meu jantar inteiro em vídeo!”, disse a mim mesma. Eu vivo me dando broncas mentais. Tentando me convencer a virar a ""instagrammer"" que nunca serei. Morro de vergonha de falar sozinha para o meu próprio telefone –ainda mais em público. No sábado almocei sozinha –sim! de novo sozinha! Todos os 22 pratos e sete vinhos do menu degustação do Geranium, que parecia não acabar nunca mais, estavam maravilhosos, mas saí de lá esgotada. Meu corpo já pedia trégua. Mesmo assim me arrastei para um jantar-evento ou evento-jantar para jornalistas onde passei três horas comendo mais e bebendo mais. Fatias de batata sobre fatia de pão com cebola frita por cima. Mais isso, isso e aquilo. ""São receitas tradicionais!"", dizia o maître, esfuziante. Peguei o copinho que me serviram de schnapps –a cana do nórdicos, que desce pela goela como uma bola de fogo –e virei de uma vez. Alguns schnapps e vinhos mais tarde, capotei na cama. Toda vez que encontro alguém que me reconhece em um evento ou restaurante vem a pergunta. Sempre a mesma! ""Que inveja do seu trabalho, como é que você faz para não engordar?"" Dou uma risadinha, desconverso. Mas a vontade que eu tenho é de gritar a verdade para o mundo inteiro ouvir : ""É claro que eu engordo!"" Ainda mais agora que tenho 46 anos e um metabolismo lento como uma lesma. A cada viagem como essa a Copenhague eu pago o preço depois, almoçando alface e jantando couve por dias em casa. E dá-lhe sopinha de legumes… Além da comida em excesso, em eventos eu bebo para quebrar o gelo e conseguir passar três ou cinco horas conversando animadamente. Costumo preferir um bom Bordeaux de safra antiga ou um branco da Borgonha mas nessas situações em que me vejo rodeada de estranhos, se me oferecerem apenas schnapps, schnapps será! Quinze dias atrás, quando estreei essa nova versão da minha coluna, prometi que falaria mais de temas acessíveis e menos das estrelas da cena gastronômica mundial. No entanto, cá estou abrindo este texto falando justamente de um desses templos gastronômicos pluriestrelados –o Geraniu –de um dos chefs mais brilhantes, tecnicamente, que já conheci na vida (Rasmus Kofoed). E para quê? Sei que a maioria de vocês não irá lá nunca. Mas quis usar de exemplo de quão diferentes são o Instagram e a vida real. Quando postei a linda gougère de trufas, minha vida me parecia tudo menos linda. Ninguém precisa comer no Geranium para ser feliz em Copenhague. Muito menos no Noma, o mais famoso restaurante da cidade –ou do mundo? Minha última conta no Noma custou centenas de euros, sendo que eu tive que me forçar a comer alguns dos pratos, estranhezas que achei, francamente, difíceis de engolir. Não recomendo a vocês que percam horas e horas tentando conseguir uma mesa quase impossível de conseguir no Noma. É muita dificuldade e muita grana por uma experiência que é como coentro: uns amam e outros odeiam. Se eu fosse a Copenhague à toa, de férias, gastaria minhas coroas dinamarquesas em tiros certos. No mercado Torvehallerne, todo envidraçado, onde as bancas de frutas, carnes e legumes dividem espaço com mini lugares servindo comida deliciosa –como a taqueria Hija de Sanchez –ou a Hallernes Smorrebrod, famosa pelos sanduíches abertos de peixe empanado sobre pão de centeio. Ou no Schonnemann, restaurantezinho fofo onde começo com um smorebrod de salmão defumado e depois me jogo no arenque com dill e ovo empanado e no pato cozido. Passei anos sofrendo vendo vidas douradas e maravilhosas de outros e outras no Instagram. Até que bloqueei as saradas, as veganas e o ex-namorado que posa em frente à porta de restaurantes estrelados fazendo cara de galã com a peguete da vez. Dei unfollow em todas as ""influencers ""que surgiam no meu feed magicamente lindas do raiar do dia até a última festa da semana de moda. Isso me fez um bem enorme. Se meus posts de belíssimos vinhos, queijos tentadores, restaurantes suntuosos e pratos de chefs famosos deixarem vocês lamentando a relativa simplicidade de suas idas a restaurantes, bloqueiem-me. Deletem-me. Ou, no mínimo, olhem aquilo tudo sabendo que nada é o que parece. Tem muita dor, muito chocolate de frigobar de hotel para levantar o humor e muitas cenas impublicáveis entre um jantar glamoroso e outro. Não levem ao pé da letra meus posts, porque no Instagram minha vida é uma mentira. A jornalista viajou a Copenhage a convite do restaurante Geranium. Na TV, pela milionésima vez, Cinderela brinca com a mãe. No sofá, minha filha abre um sorriso, mas logo seu rosto se turva e ela salta pro meu colo. ""Eu sei porque você quis colo"", digo, tentando consolá-la. ""Porque você lembrou que a mãe da Cinderela vai morrer e ficou triste."" Ela me olha pasma, como se eu tivesse lido os seus pensamentos. Explico que não preciso ser mágico para entender como uma menina de seis anos se sente a respeito de uma filha que perde a mãe. Ela diz que fica muito, muito, muito triste sempre que chega a parte em que a mãe da Cinderela morre. Comento que é triste, mesmo, mas que depois fica tudo bem, ela consegue fazer o vestido com a ajuda dos ratinhos, a fada madrinha os transforma em cavalos da carruagem de abóbora, ela vai ao baile, se apaixona pelo príncipe, se livra da madrasta e das irmãs malvadas e acaba tendo uma vida feliz. Enquanto ouve, minha filha fita o chão e vai desnublando: consigo ver o brilho do sapato de cristal dentro da sua cabeça. Ela sorri e se aconchega no meu colo. Percebo que é um desses momentos raros da paternidade que preciso aprender a reconhecer para não deixar passar batido no meio de tantos ""Já pedi três vezes pra lavar a mão!"" e ""veste logo essa meia que a gente tá atrasado!"" e ""não, porque não estamos na Páscoa, não tem ovo de Páscoa aqui, você já escovou os dentes e são duas da manhã!!"". Digo à minha filha que fiquei muito contente por poder consolá-la e que é muito bom assistir a filmes com ela. Ela não dá muita bola. Na verdade, ela e meu filho não entendem e acham meio chato quando eu fico muito babão. Um dia, porém, ela vai valorizar aquele momento e proponho uma brincadeira: sempre lembrarmos daquele dia. Todas as semanas, pelo menos uma vez, a gente vai recordar do dia em que ela ficou triste vendo Cinderela e veio pro meu colo e eu a acalmei e ela ficou ali, aninhada até o final do filme. Ela se anima, não porque veja qualquer profundidade na situação, mas porque a excita a antecipação do jogo recém-inventado. Uma memória que teremos que manter: é como fazer pão, plantar feijão no algodão, como as marcas de altura que riscamos com Bic, desde que aprenderam a ficar de pé, no batente da porta do banheiro. Daria um bom livro, penso, um romance sobre a relação de um pai e uma filha ou um filho, contado a partir desta cena e narrando todas as vezes em que eles a recordaram: o que estava acontecendo na vida de cada um? Qual era a relação entre os dois? Como e por que a cena veio à tona no dia seguinte, na semana seguinte, no ano seguinte? Na formatura da filha? Num momento delicado na saúde do pai? Talvez em algum momento a memória deles transforme Cinderela em Bela Adormecida. Ou o filme em livro. O pai diga que a filha estava aos prantos e depois do que ele falou, ela caiu na gargalhada. Talvez a filha diga que a ideia do jogo foi dela, ela é quem quis lembrar daquilo pra sempre. Talvez os dois duvidem da veracidade da cena. Talvez nenhum dos dois se lembre exatamente de quando aquilo aconteceu, só das vezes que retomaram a história. Talvez um dos dois escreva este livro, em homenagem ao outro, no final da vida. Talvez a filha conte a história, já bem velhinha, ao tataraneto daquele pai, sentado em seu colo. Talvez eu e a minha filha nos esqueçamos da brincadeira alguns meses depois do ocorrido: imagino que não, porque a partir de agora a memória estará esculpida em zeros e uns, per saecula saeculorum, em algum rincão da rede mundial de computadores. No lugar da carne, ovo. O suco previsto em contrato é cortado pela metade. Não tem proteína de soja? É só trocar por pão de queijo e pipoca, e basta pôr mais arroz no prato para compensar. Com truques deploráveis como esses, quadrilhas teriam desviado grana destinada à compra de alimentos para estudantes de escolas do estado. Iniciada pela Polícia Federal em 2018, a operação Prato Feito vai chegando ao fim com números impressionantes. No total, 154 pessoas foram indiciadas. A investigação aponta que 13 prefeitos paulistas tiveram participação direta no caso (alguns já foram presos ou cassados) e R$ 1,6 bilhão teria sido surrupiado. De maneira interligada, segundo a PF, cinco grupos de empresários burlavam licitações e pagavam propinas a políticos. E não era só na merenda: os indiciados também forneciam material escolar, uniformes e serviços como limpeza. A desfaçatez era tanta que a Prefeitura de Tietê (SP), por exemplo, chegou a pagar R$ 12 pela unidade do ovo. Escutas telefônicas revelaram negociatas e cardápios foram adulterados, com menos comida e itens mais baratos. Se for possível classificar os crimes de corrupção, o desvio de merenda é certamente um dos mais desprezíveis —ainda mais em um país onde muitas crianças dependem da escola para comer. O que mais assusta é que maracutaias dessa grandeza não são novidade. Já houve escândalo semelhante em 2016, em 22 cidades do estado. Polícia e Promotoria também investigam um esquema de desvios de merenda na capital. Espera-se que, daqui para a frente, a Justiça cumpra a sua parte. O mesmo vale para os eleitores, que escolherão novos prefeitos a partir de outubro. Carne substituída por ovo, proteína trocada por pipoca e mais arroz do que o previsto no prato da merenda escolar. Esses são alguns dos exemplos dos truques que eram usados por quadrilhas para desviar dinheiro que deveria ser destinado à compra de alimentos para estudantes de escolas de todo o estado de São Paulo, de acordo com a Polícia Federal. A operação Prato Feito, iniciada pela PF em 2018, vai chegando ao final com indiciamento de 154 pessoas suspeitas de participar do esquema. Ao todo, segundo a investigação, cerca de R$ 1,6 bilhão foi desviado dos cofres públicos. Ao menos 13 prefeitos são suspeitos de participar diretamente do esquema, alguns dos quais foram presos; quatro foram cassados após a abertura dos inquéritos. Em um relatório final obtido pela Folha, a PF pede que os bens apreendidos na operação, incluindo carros e dinheiro, sejam revertidos para a polícia. A ação aponta a existência de cinco núcleos de empresários que, de maneira interligada, burlavam licitações, pagavam propina a políticos e até influenciavam eleições. Os homens apontados como os líderes do esquema são Valdomiro Coan, Carlos Zeli Carvalho, Fábio Favaretto, Simon Bolivar Bueno e Wilson da Silva Filho. Segundo as investigações, para cometer irregularidades eles usavam um grande número de empresas. Eles são sócios de algumas delas; outras estão em nome de parentes. Além de fornecer merenda, as companhias dos indiciados atuam como fornecedores de material escolar, uniformes e serviços como de limpeza. Os empresários são acusados de usar lobistas para comprar políticos que, em troca, concediam a elas contratos superfaturados. Uma investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) anexada ao bojo da investigação mostra, por exemplo, que a prefeitura de Tietê, no interior, em 2014 e 2015, chegou a pagar R$ 12 pela unidade do ovo. As apurações da PF e da CGU constataram que, em alguns casos, houve troca de carne por apenas ovos na mistura. A investigação afirma que há suspeita de fraude e pagamento de vantagens em licitação vencida pela Le Garçon em 2016, para fornecimento de alimentos para a Prefeitura de Águas de Lindoia. Em 2017, a empresa ganhou contrato específico para merenda na mesma cidade, também com indícios de fraude, segundo a PF —neste caso, órgão relata não ter havido indícios de envolvimento de servidores, apenas de empresários. A análise do contrato de 2017 constatou a incidência de cardápio com metade do suco, com mais arroz e a troca de proteína de soja por pão de queijo e pipoca, embora o valor unitário fosse mais alto. “Tal análise evidencia superfaturamento, uma vez que os cardápios foram alterados com substituição de itens de menor custo e com redução de fornecimento de itens de maior custo, mantendo-se o mesmo valor contratual”, diz o relatório da PF. A atual gestão da Prefeitura de Águas de Lindoia afirmou que o contrato firmado em 2017 —que atendia menos órgãos que o anterior —teve redução de 40%. A administração afirma que a pipoca só foi substituída uma vez por mês em sessões de cinema e a Polícia Federal não constatou envolvimento de servidores no caso. Diversas conversas interceptadas com autorização judicial indicam a prática de propina e a doação de verba eleitoral como roupagem para a corrupção. Em uma delas, dois investigados conversam sobre a propina, que girava em torno de 20% a 30% do contrato, em diversas cidades. Favaretto, em uma reunião, teve uma declaração gravada que indica como os empresários viam a questão das doações, segundo a investigação. “Você apostou num prefeito e o prefeito perdeu, você tem que saber perder, não é verdade? Você tem que saber perder. Agora você vai querer achar que é o rei do negócio? Jogou na ficha errada, cê perdeu, sai fora”, disse, segundo a polícia. Outra afirmação interceptada, segundo a PF, indica que ele beneficiou o atual prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), durante as eleições de 2016. Na conversa, ele afirmou que se houvesse segundo turno seria ruim para ele. “Agora vai ser mais caro ainda, imagina o que vai sobrar pra mim”, disse em trecho da conversa. Depois da eleição, segundo a PF, pessoas ligadas ao grupo criminoso foram indicadas para cargos importantes na gestão. De acordo com o relatório, “num lapso de um ano, logo no início da gestão de Orlando Morando”, o grupo criminoso “obteve cinco contratos públicos e estava na iminência de assinar o sexto”. Também na região do ABC, a polícia chegou a prender o prefeito de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), que foi cassado pela Câmara Municipal da cidade. No entanto, ele conseguiu liminar para voltar ao cargo. “Assim que assumiu o mandato na qualidade de prefeito, Átila nomeou seus assessores —operadores do ‘esquema’— em cargos públicos de confiança, a fim de garantir que os tentáculos da organização criminosa se estendessem em diferentes áreas da administração pública de Mauá”, diz a investigação. O uso de diversas empresas ligadas ao mesmo grupo criminoso para burlar licitações é uma das práticas descobertas na operação, o que teria se repetido naquela cidade, de acordo com a PF. Segundo a investigação, no caso de Mauá, o indiciado Wilson da Silva Filho era a pessoa por trás de uma rede de empresas que burlava licitação para apresentar material didático. Relatório de investigação afirma que empresas são utilizadas para forjar orçamentos e simular concorrências públicas. Em uma ocasião, um lobista chegou a pedir o dinheiro da propina de volta devido ao não-pagamento de uma compra por parte da prefeitura. Após a operação Prato Feito, a PF já deflagrou outras duas ações para combater desvios de verbas federais voltadas à educação. O prefeito de Mauá chegou a ser preso novamente em uma delas, a Trato Feito. Antes, em 2016, 22 cidades foram investigadas na operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual, por supostos pagamentos de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo do estado. Na capital paulista, a Polícia Civil e a Promotoria também investigam esquema de desvio de merenda e superfaturamento, conforme revelado pela Folha. Procurada, a prefeitura de São Bernardo afirmou que o prefeito Orlando Morando prestou todos os esclarecimentos às autoridades, “tendo afastado qualquer relação com o objeto da investigação em seu depoimento”. “As informações mencionadas no relatório da operação causam estranheza, uma vez que se mostram inverídicas e descoladas da realidade. O prefeito reitera que não possui vínculo ou conivência com as eventuais irregularidades apontadas”, diz, em nota. A prefeitura de Mauá afirmou que acompanha desdobramentos da operação e “reafirmamos a confiança nos esclarecimentos dos fatos e na isenção do prefeito Átila Jacomussi do envolvimento de qualquer crime, mantendo crença nas instituições democráticas e no Poder Judiciário”. A Prefeitura de Águas de Lindóia afirma também que, em 2017, foram implantadas ""novas práticas de fiscalização sobre a qualidade e quantidade de merenda escolar servida foram adotadas pela atual administração"". De acordo com a gestão, houve melhoria no cardápio, seguindo instruções do Ministério da Saúde e de nutricionistas, ""com a mudança no fornecimento de 50% de suco por iogurte e de soja por outras proteínas (carne)"". ""O acréscimo de pipoca e pão de queijo ocorreu nas sessões de cinema oferecidos nas escolas infantis (creches) uma vez ao mês"", afirma a gestão. A administração afirmou ainda que ""nenhuma autoridade da Prefeitura (prefeito ou secretários) da gestão atual foi indiciada à Justiça pela Polícia Federal, que em seu relatório final deixa claro que o atual prefeito não tem participação no esquema em investigação"". A reportagem procurou os cinco principais investigados — Valdomiro Coan, Carlos Zeli Carvalho, Fábio Favaretto, Simon Bolivar Bueno e Wilson da Silva Filho — ligando para telefones de empresas deles, deixando recado em alguns casos e também mandando emails. Até o fechamento desta reportagem, não recebeu nenhuma resposta. ÁREAS AFETADAS As empresas atuavam no fornecimento de merenda, material escolar, uniformes e também faziam prestação de serviços às escolas, como limpeza. Criminosos desviavam verba e até comida destinada aos estudantes de escolas públicas FRAUDES NA LICITAÇÃO As empresas atuavam de maneira interligada, usando empresas de fachadas e laranjas, para burlar licitações. Por exemplo, empresas pertencentes ao mesmo grupo disputavam entre si, manipulando propostas e preços PAGAMENTO DE PROPINA Lobistas mediavam o pagamento de propina, que poderia ocorrer sob a roupagem de doação de campanha CONEXÃO POLÍTICA Lobistas faziam a ligação com prefeitos e assessores, que, em troca do dinheiro, garantiam vantagens aos empresários. Os lobistas chegavam a pedir o dinheiro de volta, se os políticos não cumprissem o prometido CONTRATOS SUPERFATURADOS Os contratos com valores acima do praticado eram conseguidos por meio dos lobistas e também das fraudes na licitação. Uma das prefeituras chegou a pagar R$ 12 por unidade de ovo, por exemplo. O envolvimento de servidores também garantiam vistas grossas para descumprimentos contratuais, como substituir carne prevista por ovo Mundo afora, salada russa é uma mistura de legumes, ovo e presunto coberta por maionese. Na Rússia, o prato de fato existe, mas é conhecido como salada Olivier. O estrogonofe também tem um twist: não leva tomate e não é servido com arroz. As tiras de carne e de cogumelos (não o champignon de Paris, mas um tipo escuro, cor de carne) são cozidas em smetana, um tipo de creme de leite azedo muito utilizado na culinária local. O resultado é um molho escuro, bem denso. O estrogonofe russo é, então, acompanhado por purê de batatas e, às vezes, batata palha. A própria smetana é o molho em alguns pratos: o pelmeni, massa recheada que lembra um capeletti, é servido ou coberto por um pouco desse creme, ou com o caldo do cozimento, como uma sopa. Outra especialidade do país é o blini, panqueca fina parecida em gosto e aparência com o crepe francês. Há redes de fast food dedicadas ao prato. A massa é levemente adocicada e pode ser consumida com recheios salgados e doces. Ou às vezes nem recheio: você pode dobrar seu blini em quatro e mergulhá-lo no mel. A única exigência é que se coma o prato com as mãos. Encontra-se também na Rússia restaurantes de comida típica da vizinha Geórgia. Vale a pena experimentar o khachapuri e os khinkalis. O primeiro lembra, em aparência, uma esfiha aberta oval, com um ovo de gema mole no meio. Na verdade, a massa é um híbrido entre pão e pizza: você retira com as mãos pedacinhos dela e molha no recheio de queijo com ovo. Com os khinkalis se faz ainda mais sujeira: são trouxinhas de massa mole, recheadas com carne e bastante caldo. No restaurante Pirosmani, há nas mesas instruções de como comer os khinkalis: pegá-los com as mãos, morder e sorver o caldo quente, para depois comer o bolinho. Como eles são moles e grandes —você faz o pedido por número de bolinhos, não há porção de tamanho definido—, pegá-los já é um desafio em si. Mordê-los sem deixar o caldo cair no prato e fazer é dificílimo de primeira (crianças locais, por outro lado, o fazem com desenvoltura). Para a sobremesa, há bolos de todos os tipos. Uma boa opção é o medovik, à base de mel, com camadas finas de um bolo esponjosos intercaladas por um creme, que também leva smetana, o que ajuda a equilibrar o sabor doce. Há outras bebidas típicas além da vodka. A gazirovka é uma alternativa soviética ao refrigerante: na época, como não havia Coca-Cola, eles misturavam xaropes diferentes à água com gás. Havia pelas ruas máquinas de gazirovka com um copo de vidro comunal: inseria-se a moeda, escolhia-se o sabor (de estragão a frutas cítricas) e o copo era enchido. Ao final, o recipiente era deixado ali mesmo. No restaurante Dr. Zhivago ainda há uma máquina dessas —é possível se servir de graça. A combinação verão e férias permite trocar o escritório pela liberdade de correr e jogar bola na praia, fazer caminhadas a beira-mar ou se exercitar em parques, mas praticar atividades físicas sem preparo ou sem conhecimento sobre a saúde do coração pode trazer riscos —e, em casos extremos, até levar à morte. Para começar ou recomeçar uma atividade física é recomendável procurar um médico e fazer uma avaliação, especialmente se o exercício for de alto impacto. A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo divulgou na última semana um alerta sobre os riscos a que os ""atletas de verão"" estão sujeitos. Segundo a entidade, ataque cardíaco fulminante é a principal causa de morte durante as atividades físicas. Se o indivíduo tiver mais de 35 anos ou histórico de doença cardíaca na família, os cuidados devem ser redobrados, porque as chances de morte súbita são maiores. O infarto pode ocorrer em qualquer idade, mas idosos têm chance maior de sobrevivência porque, com o passar da idade, surgem vasos colaterais que irrigam o coração e ajudam a salvar um paciente após parada cardíaca. ""Hoje as pessoas vivem mais, mas também são mais sedentárias, não têm tempo para o exercício e se alimentam mal. A combinação de sedentarismo com falta de tempo e alimentação inadequada resulta em excesso de peso. Aí vêm as promessas milagrosas de final de ano. De uma hora para a outra, a pessoa resolve praticar esporte sem saber como está a pressão, a glicemia e o coração"", afirma o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, o médico José Francisco Kerr Saraiva. ""Quando você começa a se exercitar, a pressão sobe porque o coração é requisitado para uma demanda maior de sangue. O resultado pode ser a morte"", diz o médico. Foi o que ocorreu com o humorista Bussunda, que morreu na Alemanha, durante a Copa do Mundo de Futebol de 2006, após uma partida de futebol com amigos. A editora de livros Luciana Pereira dos Santos Cunha, 49, de Petrópolis (RJ), é a típica atleta de verão. Há dois anos, é adepta da corrida e caminhada seis vezes por semana, uma hora e vinte minutos por dia, mas não o ano inteiro. ""No outono e no inverno não faço exercícios porque aqui é muito frio. Volto na primavera, quando o tempo começa a ficar mais quente"", diz Cunha, que recomeçou as atividades físicas há 15 dias. O empresário Tom Borges, 48, de Santa Rita do Passa Quatro (248 km de SP), também admite que é no verão que se dedica mais aos exercícios. ""Sou o praticante de verão. Com a minha agenda de trabalho complicada, deixo os exercícios de lado. Quando volto, opto por correr na esteira, durante 40 minutos com intensidade alta. Sei que é prejudicial, mas conheço meu corpo"", diz. Além do coração, o resto do corpo também sofre com o excesso repentino de exercícios sem orientação de um profissional. ""Há uma sobrecarga das articulações, porque o corpo não está acostumado com o exercício realizado. Existe o risco de lesões musculares, por falta de flexibilidade e coordenação motora, e aumentam as chances de lesões de ligamento de joelhos e ombros"", diz Karina Hatano, médica com mestrado em medicina do exercício e do esporte. Durante o treino, de acordo com os especialistas, é preciso se hidratar e repor os sais. Se a atividade física durar até uma hora, com pequena e média intensidade, basta beber água. Caso seja longa e intensa, é recomendável acrescentar isotônico ou água de coco. Ao final, é preciso repor energia e a proteína. A quantidade depende da intensidade, tempo de treino, índice de gordura e massa muscular. Um nutricionista pode indicar o cardápio ideal para cada um. ""As pessoas acham que podem correr e fazer musculação de uma hora para a outra. É imprescindível fazer uma avaliação médica, evitar bebida alcoólica, parar de fumar, dormir bem e adotar hábitos e alimentação saudáveis"", afirma Murilo Alves, personal trainer. Para ele, o ideal é começar com caminhadas leves três vezes na semana, aumentando progressivamente tempo e intensidade. Se a opção for pela musculação, treinar em dias alternados, com cargas leves e exercícios de adaptação muscular e cardíaca. ""A dor não é indício de bons resultados, como muitos pensam, mas que você fez algo errado ou exagerou nas atividades."" Bom senso é um ótimo parceiro do esporte, de acordo com os especialistas consultados. ""Não vou dizer que é preciso consultar um médico toda vez que atravessar a avenida Paulista, mas é importante procurar um médico antes de iniciar até mesmo uma caminhada. O médico do posto de saúde pode avaliar"", explica Saraiva. Redobre os cuidados se você tiver mais de 35 anos (a partir desta idade, o ataque cardíaco fulminante é a principal causa de mortes durante as atividades físicas) e histórico de doença cardíaca na família Interrompa a atividade física e procure imediatamente atendimento médico em casos de Alimentação Adote uma dieta baseada em vitaminas, minerais e nos grandes nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras). Exemplo de cardápio: Pré-treino (de 30 minutos a 1 hora antes da atividade) 1 fruta ou 1 copo de suco + iogurte 1 fatia de pão e 1 proteína, que pode ser ovo, queijo branco, queijo cottage, atum sem óleo ou peito de peru desfiado Durante o treino Hidrate-se e reponha os sais Para treinos de até 1 hora, de pequena e média intensidade, beba água Se passar de 1 hora e for intenso, acrescente isotônico ou água de coco Pós-treino Reponha a energia e a proteína 1 copo de leite ou iogurte ovo ou queijo (as quantidades dependem da intensidade, tempo de treino, índice de gordura e massa muscular Dicas para iniciar atividade física corretamente Fontes: Sociedade Brasileira de Cardiologia, Assessoria Personal 360 e Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte Está acabando a carne em La Paz. Tanto o frango quanto o boi, ingredientes muito usados na culinária boliviana, já são difíceis de serem encontrados em mercados e restaurantes. Os ovos também escasseiam, assim como algumas verduras, leite e pão. Além disso, acabou a gasolina e o diesel nos postos de combustível, que estão fechados. Trata-se do último efeito na sede do governo da crise política que se instalou no país desde as últimas eleições, seguidas da renúncia de Evo Morales após denúncias de fraude. Partidários do ex-presidente, que defendem que o país sofreu um golpe de Estado, bloquearam trechos de estradas para protestar contra Jeanine Añez, senadora de oposição que assumiu o cargo. Caminhões-tanque e veículos que trazem alimentos, especialmente da região leste do país, estão bloqueados. Em um grande supermercado do centro, cenoura, cebola e tomate acabaram; leite e pão estão no fim. A geladeira de carnes está totalmente vazia. Um supervisor conta que até sexta-feira (15) havia ainda algumas opções, e os clientes faziam filas para comprá-las, mesmo com preços mais altos que o normal —o quilo de frango subiu de 13,50 bolivianos (cerca de R$ 8) para 16,50 (R$ 10) e o preço do ovo, que era 80 centavos (R$ 0,50), quase dobrou e foi para 1,50 (R$ 0,90). Neste sábado (16), não havia sobrado nada. “Estocamos uma quantidade de carne em casa. Mas agora está no fim”, diz a dona de casa Nataly Flores, 32. “As pessoas estão recorrendo a comida enlatada, tipo sardinha e atum.” “Ironicamente lá em Santa Cruz, de onde vem a maioria dos alimentos, os preços baixaram, porque não conseguem escoar os produtos”, diz o marido dela, Ubaldo Jimenez, 42. Sem matéria-prima, alguns restaurantes fecharam as portas e outros reduziram o horário de funcionamento. Em um centro comercial, o proprietário de um deles, German Sandoval, 30, não está servindo nenhum prato com frango. O local, que antes abria das 10h às 22h, agora funciona das 11h às 16h apenas. No momento da visita da Folha, não havia quase ninguém na praça de alimentação, que geralmente lota no sábado à tarde. “Não há clientes. Além de tudo os bancos estão fechando por medo de saques nas manifestações e as pessoas não têm dinheiro vivo.” O bloqueio do combustível acontece em El Alto, área nos arredores de La Paz que concentra muitos evistas. Na quinta-feira (14), havia filas nos postos. Agora, eles estão fechados, a não ser os que vendem gás natural, ainda disponível. Mas também houve problemas com esse produto: após a ruptura de um gasoduto perto de Cochabamba e sem poder fazer o reparo devido aos bloqueios, o governo suspendeu o abastecimento de indústrias para garantir o gás domiciliar. Com tudo isso, taxistas aumentaram o preço das corridas e tornou-se quase impossível conseguir um carro pela Uber. Os contêineres de lixo também estão transbordando, já que sem o diesel não há coleta. O novo ministro de Hidrocarbonetos, Victor Hugo Zamora, empossado por Añez, disse que solucionaria a crise e dialogaria com o grupo que promove os bloqueios. Uma solução cogitada por empresários é enviar a carne por ponte aérea, em voos fretados de Santa Cruz para La Paz. Os frangos de um caminhão que a Folha encontrou abastecendo uma lanchonete já tinham vindo de avião, contou um funcionário. Segundo Zamora, mesmo depois que as estradas forem desbloqueadas, demorará cinco dias para que o abastecimento seja normalizado. Ele calcula o prejuízo com o desabastecimento em 1,5 milhão de bolivianos (R$ 912 mil) por semana, sem contar as perdas da indústria. Homens, mulheres e crianças, muitos sem sapatos, carregando sacos plásticos pequenos apenas com celulares e passaportes, cruzaram a porta do desembarque internacional do aeroporto de Confins (MG), pouco antes das 3h do sábado (26). Presos atravessando a fronteira entre México e Estados Unidos, nas cidades de Ciudad Juárez e El Paso, eles foram deportados em voo fretado pelo governo de Donald Trump, segundo a Polícia Federal. A maioria dos ouvidos pela Folha estava havia cerca de 20 dias detida no Texas. Segundo a Polícia Federal, dos 70 deportados, 32 são menores de idade e 59 são de Minas Gerais —entre eles, há um homem de 48 anos condenado por homicídio qualificado cometido em Governador Valadares (MG) em 2000. O Itamaraty afirma que são 51 deportados. Em comunicado, o CBP (Proteção de Fronteira e Alfândega, na sigla em inglês) e a ICE (alfândega e imigração), informam outros números: seriam 66 integrantes de 24 famílias e um homem que estava só. Os brasileiros contam que foram mantidos em tendas, que tinham entre 200 e 400 pessoas, dormiam no chão ou em colchões finos, recebiam comida estragada e em quantidades pequenas, usavam banheiros químicos e passavam até oito dias sem banho. “Queria tentar uma vida melhor para o meu filho, mas você é tratado igual cachorro. Criança dormindo no chão, sem comer? É melhor que nos deportaram, aqui nunca passei fome”, diz Magno Bruno, 32, que passou seis dias no local com o filho Caio, 13. Apesar de terem sido presos em datas diferentes, os brasileiros contam histórias parecidas da chegada à fronteira. Todos viajaram de avião do Brasil ao México —país que dispensa visto aos brasileiros por 180 dias— e com um contato indicado por algum conhecido. Depois de desembarcarem na Cidade do México, seguiram em outro voo para Chihuahua e foram de ônibus até Ciudad Juárez. Como as travessias aconteciam de madrugada, eles contam que policiais apareceram com lanternas e os ajudaram a chegar ao lado americano. Lá, depois de passarem pela polícia, foram levados ao local onde ficaram detidos. No site oficial, a CBP, responsável pelas fronteiras, informa que em 2019 houve um recorde de detenções de famílias na fronteira sul dos EUA: 473.683. Ao todo, foram detidos 851.508 imigrantes. A rotina descrita pelos brasileiros começava por volta das 5h, quando eram acordados pelos agentes. Às 6h, era servida a primeira refeição do dia, um burrito (uma espécie de pão enrolado, típico do México) recheado com ovo e feijão. Às 12h, recebiam outro burrito com recheio de frango. No fim da tarde, vinha a última refeição do dia: sanduíche de peito de peru. Segundo eles, a comida costumava estar azeda, e várias pessoas encontraram partes de baratas, cabelos e prazo de validade vencido. Guardar comida para comer em outros horários era proibido. “O que mais me doeu lá dentro foi ele me pedir comida”, conta Lilian Aparecida, 37, olhando para o filho de três anos. Além dele, foram deportados com ela o marido e a filha de dez anos. Havia ordens para que todos se mantivessem sentados ou deitados. As crianças também tinham restrições para brincar. Um dia, segundo uma das brasileiras, elas juntaram canudos que vinham com o suco e improvisaram um jogo de varetas. Um agente jogou o material no lixo. As agências afirmam que seguem um manual de práticas da CBP de outubro de 2015 —editado no governo de Barack Obama, ele segue valendo com o governo Donald Trump. O Itamaraty informou que “não foram verificados maus-tratos ou abusos de qualquer natureza” e que as autoridades consulares brasileiras acompanham casos de brasileiros detidos por irregularidades de migração, “atuando para apoiar esses nacionais, nos limites impostos pela legislação e soberania dos Estados Unidos”. A maioria dos que tentam entrar nos EUA sem visto vem de México, El Salvador, Guatemala, e Honduras. Os brasileiros que desembarcaram no aeroporto de Confins no sábado, contaram à Folha que, ainda que sua situação fosse precária, o tratamento reservado a imigrantes da América Central era pior. Segundo o Instituto Migration Policy, o atual governo limitou o acesso ao sistema de pedido de asilo e está enviando mais de 50 mil imigrantes ao México para aguardar audiências judiciais que avaliarão sua situação. A diretora de comunicação da organização, Michelle Mittelstadt, explica ainda que o número de brasileiros pegos na fronteira é pequeno perto do total de migrantes enviados aos centros de detenção. “Há muitas reclamações, de grupos de direitos civis e outros, de que as condições de migrantes detidos nos EUA são muito inadequadas, e no início do ano, houve um clamor maior com denúncias de que crianças eram mantidas em estações da Patrulha de Fronteira por dias, semanas, em locais superlotados, sem acesso a coisas básicas como escova de dentes e sabão”, diz ela. Outra mulher, que também não quer ter o nome revelado, foi deportada com os filhos de 14 e 16 anos. O marido dela vive nos Estados Unidos com dois filhos do casal, de dez e cinco anos. Os três têm Green Card, documento de residência para estrangeiros, e a família iria se reencontrar após um ano. “Eu tentei [tirar] visto duas vezes, meus filhos precisam de mim”, conta. Enquanto conversava com a reportagem, ela abria o WhatsApp e dezenas de mensagens surgiam na tela, vindas do marido e de outros familiares, à espera de sinal no telefone por mais de 20 dias. Telefonemas não eram permitidos no período em que eles foram mantidos no centro de detenção. A ICE afirmou que a deportação do grupo foi realizada “devido ao grande número de casos”. “O Departamento de Segurança Nacional está comprometido em reduzir o tempo que estrangeiros permanecem sob sua custódia e desencoraja indivíduos, especialmente unidades familiares, de tomar jornadas muitas vezes perigosas aos EUA com a falsa pretensão de que poderão ficar no país”, afirmou o órgão. A embaixada dos Estados Unidos em Brasília disse, em nota, que “facilitar a remoção de estrangeiros, sujeitos a uma ordem final de remoção, especialmente aqueles que oferecem perigo à segurança nacional ou pública, é uma prioridade do governo”. A lista de pessoas deportadas não foi divulgada, e grande parte das famílias só foi informada do que havia acontecido depois do desembarque em Confins. Várias pessoas ouvidas pela reportagem relataram que, na segunda-feira (21), um homem que se apresentou como representante do governo brasileiro os entrevistou, avisou que eles estavam em uma lista de deportação, perguntou sobre as condições do local de detenção e disse que voltaria a contatá-los. O Itamaraty confirmou a visita do Consulado-Geral do Brasil em Houston aos brasileiros detidos e diz que foram feitos “contatos e gestões junto às autoridades norte-americanas competentes”. Os brasileiros contam que, no dia da viagem, foram acordados por volta das 3h30 e encaminhados para um ônibus com grades. De lá, subiram em um avião. A maioria diz que não sabia para onde estava sendo levada. Michelle conta que o governo americano tem divulgado que acabou com a prática conhecida como “pegar e largar” (catch and release), termo usado quando imigrantes eram detidos na fronteira, mas podiam ficar no país e defender seu caso diante de uma corte de imigração —às vezes, isso podia levar três anos. Mesmo que pareça difícil que a prática tinha sido completamente deixada pelo governo, diz ela, “mais adultos e famílias estão sendo detidos, e o governo está testando audiências de imigração ainda mais rápidas na fronteira, deportando em seguida aqueles que eles acham que não tem razão legítima para ficar”. A PF informou que tomará depoimentos dos deportados para investigar um esquema de imigração ilegal. Para a polícia, “imigrantes teriam se valido de crianças e adolescentes para facilitar a entrada e a permanência em território americano”. A corporação também citou duas operações, realizadas entre agosto e outubro, visando combater falsificação de documentos públicos para tentar vincular crianças e adolescentes a adultos sem nenhum parentesco, “com o único objetivo de usar esses falsos filhos como um escudo contra a deportação”. A corporação não respondeu se algum dos deportados foi identificado incorrendo na prática. Uma das brasileiras ouvidas pela Folha no aeroporto conta que foi colhido DNA dela e da filha de 7 anos para comprovar o parentesco entre elas, nos EUA. A decisão de tentar viver no país surgiu pelas dívidas da família no Brasil e ameaças. Ela pediu para não ser identificada. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro Paulo Guedes (Economia) era ""chucro"" politicamente, assim como o ministro da Justiça, Sergio Moro, um ""ingênuo"" até chegarem ao governo. Guedes foi citado no contexto sobre a relação do presidente com Moro, desgastada nas últimas semanas. As declarações foram dadas nesta terça (3), em um café da manhã com a Folha no Palácio do Alvorada. Segundo Bolsonaro, o ex-juiz federal não tinha ""malícia"" da política. Na sua avaliação, o nome de Moro não passaria hoje no Senado em uma indicação para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele voltou a elogiar o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, como cotado para o Supremo. ""O André é muito bom"", disse. A Folha questionou o presidente sobre as especulações em torno da possibilidade de Moro disputar a Presidência em 2022. ""Já falamos, eu disse para ele que essa cadeira de super-homem é feita de kriptonita. Se quiser sentar, senta"", afirmou. Participaram da conversa, além dele, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40 às 9h10. Na conversa com a Folha, Bolsonaro disse ainda que o comando da Polícia Federal precisa dar uma ""arejada"" e chamou de ""babaquice"" a reação de integrantes da corporação às declarações dele sobre trocas em superintendências e na diretoria-geral. O presidente afirmou também que o governador João Doria (PSDB) não tem chance nas eleições presidenciais de 2022 porque ""é uma ejaculação precoce"". No café da manhã, Bolsonaro comeu pão com manteiga, cuscuz e ovo mexido e bebeu café com leite. Ele brincou com a Folha dizendo que colocaria estricnina no café dos representantes do jornal. Em rápida entrevista aos jornalistas na porta do Alvorada, Bolsonaro comentou o encontro: ""Quem foi que pediu para mim um café da manhã? Foi o Marco Feliciano, né? Fala, Marcão. Fala aí, Marcão. Por que você convidou os caras, aí, Marcão? Conta aí"". ""Só uma reunião institucional para o presidente conversar com o pessoal de imprensa. Vocês são tão amáveis com ele. Foi muito interessante"", ironizou o deputado. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não tem chance nas eleições presidenciais de 2022 porque é uma ""ejaculação precoce"". Na avaliação de Bolsonaro, Doria deveria pensar ""talvez"" somente nas eleições de 2026. ""Ele não tem apoio popular"", disse nesta terça (3), em um café da manhã com a Folha no Palácio do Alvorada. Bolsonaro afirmou ainda que está disposto a concorrer à reeleição. ""Pretendo sim, se estiver bem lá"", disse. No sábado (31), em uma conversa com jornalistas, o presidente afirmou que Doria está ""morto"" para 2022. Dois dias antes, acusou o tucano de ter ""mamado nas tetas do BNDES"" no governo do PT, em referência à compra de jatinho a juros subsidiados do banco. Doria rebateu afirmando que nunca precisou mamar em ""teta nenhuma"". No café da manhã, o presidente reclamou da cobertura da imprensa e criticou as reportagens sobre a avó da primeira-dama, Michelle. A Folha mostrou que Maria Aparecida Firmo Ferreira, 78, passou mais de dois dias aguardando atendimento deitada em uma maca no corredor de um hospital na periferia do Distrito Federal. Ela foi transferida e submetida a uma cirurgia de urgência após o governo do Distrito Federal ser procurado pela reportagem. Outros veículos publicaram que ela foi presa por tráfico de drogas e que dois tios maternos enfrentam problemas com a polícia. Bolsonaro sugeriu que os jornais criem uma página fixa de notícias positivas sobre o Brasil. Participaram da conversa, além dele, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40 às 9h10. O presidente comeu pão com manteiga, cuscuz e ovo mexido e bebeu café com leite. Bolsonaro brincou com a Folha dizendo que colocaria estricnina no café dos representantes do jornal. Em rápida entrevista aos jornalistas na porta do Alvorada, Bolsonaro comentou o encontro: ""Quem foi que pediu para mim um café da manhã? Foi o Marco Feliciano, né? Fala, Marcão. Fala aí, Marcão. Por que você convidou os caras, aí, Marcão? Conta aí"". ""Só uma reunião institucional para o presidente conversar com o pessoal de imprensa. Vocês são tão amáveis com ele. Foi muito interessante"", ironizou o deputado. Bolsonaro afirmou que não tem nada contra bater um papo com a imprensa. ""Combinamos, logicamente, eu falo às vezes algumas palavras meio fortes, palavrões, não publicar nada. Acreditei na Folha, hein, que não vai ter nenhum palavrão amanhã, valeu!."" Bolsonaro afirmou que não fechou apoio a nenhum candidato para a disputa de 2020: ""Tem muita gente aí falando em meu nome, mas eu ainda não tenho ninguém"". Aproveitou para alfinetar a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), cotada para ser a candidata do seu partido à Prefeitura de São Paulo. ""Joice está com um pé em cada canoa"", afirmou, referindo-se à aproximação dela com João Doria. O presidente contou que prioriza a vitória nas seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pelo tamanho, e Boa Vista e Porto Velho, pelo ""simbolismo"" por receberam imigrantes venezuelanos. Ele criticou o PSL: ""Dos 55 deputados do PSL, 45 foram eleitos por minha causa. Eu queria a legenda. Se eu quiser, eu saio. O Eduardo [filho dele] não pode ser candidato [por esbarrar em dispositivo constitucional conhecido como inelegibilidade por parentesco], se não seria eleito no primeiro turno em São Paulo"". Bolsonaro disse que o ministro Paulo Guedes (Economia) era ""chucro"" politicamente, assim como o ministro da Justiça, Sergio Moro, um ""ingênuo"" até chegarem ao governo. Guedes foi citado no contexto sobre a relação do presidente com Moro, desgastada nas últimas semanas. Segundo Bolsonaro, o ex-juiz federal não tinha ""malícia"" da política. Na sua avaliação, o nome de Moro não passaria hoje no Senado em uma indicação para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele voltou a elogiar o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, como cotado para o Supremo. ""O André é muito bom"", disse. A Folha questionou o presidente sobre as especulações em torno da possibilidade de Moro disputar a Presidência em 2022. ""Já falamos, eu disse para ele que essa cadeira de super-homem é feita de kriptonita. Se quiser sentar, senta"". ""Todos os principais líderes estarão comigo no desfile de Sete de Setembro, entre eles o bispo Edir Macedo [Igreja Universal], ao meu lado"", disse o presidente. ""Eu não o conhecia pessoalmente até domingo [quando Bolsonaro esteve em um culto da Universal], só me ligou uma vez durante a eleição"", disse. Segundo Bolsonaro, é preciso conversar com os evangélicos. ""Trazer para perto"". O presidente afirmou que declarações polêmicas recentes, como a que tratou da morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, na época da ditadura, são reações ao que chamou de ""sacanagem"" contra ele. Afirmou que, apesar do que diz ter sofrido, não tomou nenhuma medida excepcional. ""Se eu levantar a borduna, todo mundo vai atrás de mim e eu não fiz isso ainda"", disse. Bolsonaro anunciou que pretende editar uma medida provisória para mudar as regras do BV (Bônus por Volume), comissão paga a agências de publicidade por direcionar anunciantes. Para o presidente, um projeto de lei não andará rápido no Congresso. ""Pelo menos por cinco meses por ano [na verdade o prazo de validade de uma MP é de 120 dias se não for votada pelo Congresso] teremos democracia na distribuição de verbas publicitárias no Brasil"". Ele ameaça reeditar a MP a cada ano de seu governo. O alvo da medida é o Grupo Globo, segundo Bolsonaro. O presidente afirmou que a recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF deve ser condicionada a uma compensação para a população. ""Já falei para o Guedes: para ter nova CPMF, tem que ter uma compensação para as pessoas. Se não, ele vai tomar porrada até de mim"", disse. Bolsonaro afirmou que a proposta de reforma vai se concentrar em impostos federais. ""O Cintra [Marcos Cintra, secretário especial da Receita Federal] às vezes levanta a cabeça, mas eu vou lá e dou uma nele"", disse. Segundo Bolsonaro, os vetos dele ao projeto sobre abuso de autoridade podem tirar apoio de senadores à indicação de seu filho Eduardo ao cargo de embaixador nos Estados Unidos. Por isso, a oficialização da indicação pode levar mais tempo. A nova lei, que trata de abuso de autoridade, foi aprovada pelo Congresso e o veto de itens pode desagradar os senadores. Já a indicação do nome de Eduardo precisa ser aprovada por maioria simples no Senado. ""Ele [Eduardo] vai perder muito apoio com os vetos, vou esperar [a indicação]"", disse o presidente. Bolsonaro negou intenção em recuar da decisão de indicar o filho. ""Você já namorou? Quanto tempo demorou para levar para o motel? Não é na primeira vez"", ressaltou sobre a demora em confirmar a indicação. Bolsonaro citou a visita que Eduardo e o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) fizeram a Washington na última sexta (30), dizendo que o mérito do acesso rápido ao presidente norte-americano foi do filho. Eles foram recebidos por Donald Trump em audiência na Casa Branca. ""Com todo o respeito ao Ernesto, o Eduardo esteve agora nos EUA, e o Trump está alinhado conosco"", afirmou. O presidente adiantou pontos do discurso que fará na Assembleia-Geral da ONU, no dia 24 de setembro, em Nova York. ""Será um discurso de soberania e patriotismo. E falarei da Amazônia"", disse. Ele voltou a negar a oferta de recursos feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para combater as queimadas. ""Só aceito se Macron pedir desculpas, ele me chamou de mentiroso. Não preciso de esmola. Ele [Macron] me deu duas coisas de graça: o discurso da soberania e o de patriotismo"". Bolsonaro anunciou também que pretende mexer em comandos de embaixadas que, segundo ele, têm atuado contra seu governo. Disse ainda que pretende indicar uma pessoa de sua confiança, que não seja necessariamente diplomata de carreira, para a embaixada do Brasil em Cuba. Ele não descartou escolher um militar para a função. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que ainda não fechou apoio a nenhum candidato para as eleições municipais de 2020. ""Tem muita gente aí falando em meu nome, mas eu ainda não tenho ninguém"", disse nesta terça (3), em um café da manhã com a Folha no Palácio do Alvorada. Ele aproveitou para alfinetar a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), cotada para ser a candidata do seu partido à Prefeitura de São Paulo. ""Joice está com um pé em cada canoa"", afirmou, referindo-se à aproximação dela com o governador paulista, João Doria (PSDB). O presidente contou que prioriza a vitória nas seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pelo tamanho, e Boa Vista e Porto Velho, pelo ""simbolismo"" por receberam imigrantes venezuelanos. Ele criticou o PSL: ""Dos 55 deputados do PSL, 45 foram eleitos por minha causa. Eu queria a legenda. Se eu quiser, eu saio. O Eduardo [filho dele] não pode ser candidato [por esbarrar em dispositivo constitucional conhecido como inelegibilidade por parentesco], se não seria eleito no primeiro turno em São Paulo"". Participaram da conversa, além dele, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40 às 9h10. O presidente comeu pão com manteiga, cuscuz e ovo mexido e bebeu café com leite. Bolsonaro brincou com a Folha dizendo que colocaria estricnina no café dos representantes do jornal. Em rápida entrevista aos jornalistas na porta do Alvorada, Bolsonaro comentou o encontro: ""Quem foi que pediu para mim um café da manhã? Foi o Marco Feliciano, né? Fala, Marcão. Fala aí, Marcão. Por que você convidou os caras, aí, Marcão? Conta aí"". ""Só uma reunião institucional para o presidente conversar com o pessoal de imprensa. Vocês são tão amáveis com ele. Foi muito interessante"", ironizou o deputado. Na conversa com a Folha, Bolsonaro disse ainda que o comando da Polícia Federal precisa dar uma ""arejada"" e chamou de ""babaquice"" a reação de integrantes da corporação às declarações dele sobre trocas em superintendências e na diretoria-geral. O presidente afirmou também que o governador João Doria (PSDB) não tem chance nas eleições presidenciais de 2022 porque ""é uma ejaculação precoce"". Com um público cada vez mais ávido por comida sustentável, motivado pela crescente discussão do impacto ambiental da produção de carne, um mercado multimilionário toma corpo entre as startups de tecnologia, com a bênção dos fundos de investimento: o hambúrguer vegetal. O “plant-based”, termo mais moderno e empreendedor para a comida vegetariana, tem demanda certa. Segundo a consultoria Euromonitor, o mercado de comida industrializada saudável cresce a uma taxa de 1,8% globalmente, ante 1,5% da regular. De acordo com o mesmo estudo, o crescimento anual de produtos rotulados como “livres de” foi de 5% na América Latina, entre 2013 e 2018. No norte do continente, a taxa chega aos 10%. Mas o novo público, de onívoros preocupados, exige mais do que os vegetarianos por opção: precisa de uma troca justa, sem perder o prazer do sabor e textura da carne, e aí entra em cena a tecnologia. Para desenvolver seu hambúrguer, a Impossible Foods, avaliada em US$ 2 bilhões (R$ 8 bilhões), lançou mão de um time de cientistas que desenvolveu uma substância similar à hemoglobina presente no sangue dos animais, que, segundo a empresa, é responsável pelo sabor e textura da carne. O processo usa engenharia genética para inserir DNA da raiz da soja em uma levedura transgênica que gera a chamada leghemoglobina. O produto tem tido boa recepção nos EUA. Foi de 3.000 para 40 mil restaurantes em um ano, incluindo em Hong Kong e Macau. Com três rodadas de investimento, captou US$ 750 milhões de empresas como Google e UBS e até de Bill Gates, cofundador da Microsoft. Sua principal concorrente nos EUA é a Beyond Meat. Com uma técnica parecida, a empresa também produz linguiças e carne moída e foi mais ousada no mercado. Após captar US$ 120 milhões em sete rodadas de investimentos —contando com a participação até da Tyson Food, maior produtora de carne dos EUA—, a empresa fez a oferta pública de suas ações em maio. Tornou um unicórnio logo no primeiro dia, sendo avaliada em mais de US$ 3 bilhões. As ações, negociadas a US$ 65 na abertura, já chegaram a atingir US$ 234. No Brasil, a Fazenda Futuro, empreitada dos fundadores da marca de sucos Do Bem, tem conseguido escalar sua operação com hambúrgueres que simulam carne animal e até sangram —na verdade, é suco de beterraba. O Futuro Burguer 1.0, lançado em maio, é feito à base de proteína de grão de bico, soja e ervilha de forma mais natural, sem envolver modificação genética. A empresa produz 150 toneladas de carne vegetal por mês. Segundo o fundador, Marcos Leta, a produção duplica mensalmente. O produto já pode ser encontrado em 3.000 hamburguerias e em redes de supermercados como Carrefour e Pão de Açúcar. “Nosso público é todo o mundo, mas, pela textura e sabor, o produto tem agradado mais aos onívoros. O vegano já está mais distante dessa experiência com carne.” A versão 2.0 do Futuro Burguer deve ser lançada até o fim de setembro, com a receita aprimorada após feedback do consumidor. A americana Impossible Foods tem como missão tornar a carne animal obsoleta até 2035. Leta é mais conservador: “Um dia, provavelmente, vamos chegar a um ponto em que não vai ser possível distinguir uma carne da outra”. A indústria da carne brasileira também já fez seus movimentos nesse mercado. A Marfrig anunciou, no dia 6, o lançamento de um hambúrguer vegetal, que deve chegar ao mercado até o fim do ano. O produto será vendido inicialmente no Burger King. A JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, lançou em maio, pela subsidiária Seara, o Incrível Burger, feito à base de soja e beterraba. Em paralelo à corrida dos búrguers, a busca pelo ovo sintético, o não ovo, começa a despontar no planeta. Um dos destaques é a chilena NotCo. A startup já passou por duas rodadas de investimentos, captando US$ 33 milhões no total, com a participação do fundo de investimento de Jeff Bezos, fundador da Amazon, e do fundo Kaszek, que já financiou empreitadas como Mercado Livre e Nubank. Para desenvolver seus produtos, a empresa investe em biotecnologia e big data. Um grupo de cientistas faz uma análise laboratorial de uma série de vegetais e coloca os dados num algoritmo, apelidado de Giuseppe, que é capaz de indicar quais são os ingredientes corretos para atingir determinada textura ou sabor. O carro-chefe é a maionese Not Mayo —o Chile é o terceiro maior consumidor de maionese per capita do mundo—, feita com grão de bico e temperos. No Brasil, é vendida na rede do Grupo Pão de Açúcar. “Nosso foco era encontrar uma receita que o consumidor não conseguiria distinguir de uma receita convencional. Existem várias opções vegetais no mercado, mas o sabor era bem diferente”, afirma Luísa Marchiori, diretora de marketing para América Latina. A NotCo acaba de lançar no Chile um leite vegetal à base de repolho e abacaxi e uma linha de sorvetes à base de ervilha. Os produtos devem chegar ao Brasil até o fim do ano. Concorrente no mercado americano, a Just aposta no ovo líquido. O Just Egg é um análogo de ovos mexidos, feito à base de feijão moyashi e cúrcuma. A marca também conta com uma não maionese à base de ervilha amarela. No Brasil, a Mantiqueira, maior produtora de ovos do país, lançou recentemente o N.Ovo, substituto de ovo em pó, à base de ervilha e linhaça. “Na Venezuela, a gente fala que a vida é como uma arepa. Você coloca dentro o que quer: pode ser um recheio bom ou um recheio ruim”, diz Marifer Vargas, 37, enquanto vira os discos de massa de milho, para depois enchê-los com carne desfiada com cebola e pimentão. Ex-diretora de escola numa cidade próxima a Caracas, ela é uma das imigrantes do país vizinho que transformaram o hobby de cozinhar em um meio de recomeçar a vida em São Paulo. É um caminho já percorrido por refugiados sírios que chegaram nos últimos anos à cidade —com o desafio adicional de que a comida venezuelana é menos conhecida no Brasil. Para apresentar os pratos, os cozinheiros recorrem a muita explicação, e alguns promovem experiências gastronômicas em suas casas ou na casa de clientes. “Não é só comer por comer. A gente pesquisa a história dos pratos e transmite isso. Somos vizinhos, mas nem nós sabemos muito sobre vocês nem vocês sobre nós”, diz Marifer. A maioria deles ainda não tem ponto fixo e trabalha com delivery, feiras e bufês para eventos. Os cardápios vão além das conhecidas arepas: há outras comidas à base de milho, salgadinhos, sanduíches orgânicos, bolos e sobremesas. Para ampliar o público, muitos oferecem opções veganas ou adaptam os recheios com sabores como brigadeiro e frango com catupiry. “Há muitas comidas venezuelanas incríveis e com potencial para conquistar o paladar brasileiro”, afirma Camila Batista, vice-diretora da Migraflix, startup social que ajuda imigrantes a empreender. Segundo ela, as opções venezuelanas estão entre as mais procuradas por empresas que contratam o serviço de “catering cultural” da organização —que tem 17 venezuelanos entre seus cadastrados. Nesses eventos, os imigrantes conversam com o público. “Eles são os protagonistas. As pessoas perguntam sobre algum tempero e ali começa um diálogo sobre as histórias de vida deles. O alimento une as pessoas”, diz Camila. Apesar de a maioria dos ingredientes estar disponível no mercado brasileiro, a farinha de milho branco, base de vários pratos —a “harina pan”—, é mais difícil de encontrar. Alguns cozinheiros compram o produto de conterrâneos que o revendem. Outros passaram a produzi-la —caso de Paola Ramirez, 33, dona de um restaurante. “Testei todas as farinhas vendidas nos supermercados daqui. Nenhuma deu certo para fazer arepas. Então desenvolvi uma receita, um processo artesanal, como faziam nossas bisavós”, diz. Segundo esses imigrantes, além de ajudá-los a obter renda para viver na nova cidade e a ajudar os familiares que ficaram na Venezuela, a culinária mostra um lado de seu país pouco presente nos noticiários. “Tem muitos venezuelanos se reinventando, criando”, afirma Rosalva Cardona, 36, que trabalha com comida entregue em domicílio. “Queremos apresentar nossos sabores e nossa capacidade de superação.” “Arepa Guaidó: a que vem com tudo!” A opção do cardápio, que homenageia o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, leva queijo, guacamole, pernil e banana-da-terra. É uma das favoritas dos clientes que pedem o delivery da Arepas Picatta, conta a proprietária, Rosalva Cardona. No Brasil desde 2015, a engenheira eletricista percebeu que a maioria dos brasileiros conhece as arepas por causa da comunidade colombiana. “A arepa venezuelana é feita com os mesmos ingredientes, mas é mais grossa, bem recheada, é mais uma refeição. O tamanho impressiona”, diz. Não foi só a crise econômica, mas a falta de segurança que tirou Rosalva e o marido da Venezuela. “Tínhamos de olhar no retrovisor a cada cinco minutos para ver se vinha alguém nos sequestrar”, conta. O irmão dela, que vivia no Brasil trabalhando para o programa Mais Médicos, convenceu o casal a migrar. Além de entregas e participações em eventos, eles estão reformando a casa onde vivem, na Pompeia, para oferecer uma experiência gastronômica aos brasileiros. Arepas Picatta Tel. (11) 98991-3811 www.facebook.com/arepaspicattasp Na casa de Carmen López, todo dia é Natal. Ela prepara diariamente um prato que os venezuelanos costumam comer apenas nas festas de fim de ano: as hallacas. A massa de milho recheada e envolta em folhas de bananeira pode vir com vários recheios. “Frango, porco, carne vermelha, verduras, alcaparras, abacate, queijo, azeitona”, enumera, com sotaque doce e cantado. “São espetaculares. Você vai ficar encantada.” Formada em administração e estudante de direito em seu país, a venezuelana de 46 anos chegou a São Paulo sozinha, há três anos, usando milhas para comprar as passagens. Achou que o mercado de trabalho seria mais fácil. “Lá eu era gerente-geral de uma grande rede de lojas. Aqui fui atendente de lanchonete, garçonete."" Decidiu começar a vender hallacas há seis meses. “Todo mundo vende arepas, mas hallacas ninguém tem. Os brasileiros adoram."" Carmen entrega os pedidos em estações de metrô e faz comida para eventos. “Com muito sacrifício”, trouxe para o Brasil um neto e dois sobrinhos “que estavam passando fome”. Agora, economiza para financiar a viagem de mais familiares. “Estou na batalha. Quero trazer todo mundo.” Carmen López- Hallaca Yo (11) 98768-7893 “Culinária venezuelana express.” Assim Paola Ramírez define o Bom Tequenho, seu restaurante de fast-food. Uma das poucas venezuelanas que já conquistaram o sonho do ponto fixo, Paola chegou ao Brasil com o marido, há cinco anos. O nome do estabelecimento é uma referência aos “tequeños”, salgadinhos muito populares em seu país. Não foi só o “ñ” do nome que foi abrasileirado. Além do tradicional recheio de queijo, o cardápio tem tequeños de carne, frango com catupiry, brigadeiro, beijinho e romeu e julieta. Também há uma cachapa (panqueca) paulista, e o suco de rapadura com limão (papelón con limón) ganhou uma versão com maracujá. “Todos os produtos foram adaptados para o paladar de vocês”, diz. O público do restaurante, que tem seis funcionários brasileiros, é principalmente de moradores do Jardim Anália Franco (zona leste de SP), muitos deles jovens. “Era um mercado bem virgem na época que chegamos. O brasileiro não conhecia nossa comida”, diz. Recentemente, ela começou a organizar festas latinas no local, com música típica. Agora, quer encontrar um sócio para abrir outra loja e montar uma rede. “Quando começamos, a economia do Brasil oferecia uma perspectiva melhor. Com a crise, estamos mais cuidadosos em cada passo. Mas acreditamos muito que o país vai melhorar.” Bom Tequenho R. Maria Otília, 241, Jd. Anália Franco, tel. (11) 99002-7061 www.facebook.com/BomTequenho Sem usar nenhum utensílio, Marifer Vargas tira os discos de arepa da chapa quente e vira a massa de um lado para o outro. “Minha mãe fala que você é esperta quando consegue virar só com a mão, sem se queimar”, diz. “Você sabe que está pronta quando faz um som igual ao do tambor. 'Bum bum bum.' Assim”, ensina. Professora de história, Marifer fala sobre os costumes e o simbolismo por trás de cada prato que cozinha. “A primeira coisa que as mães fazem para a criança comer, quando nascem os dentes, é a arepa. E você recheia com o que quiser. Se só tiver salsicha, come com salsicha. Se só tiver manteiga, come com manteiga.” Ela e seu companheiro, o jornalista Carlos Escalona, 35, criaram no fim de 2017 o negócio Nossa Janela, em que fazem arepas, sanduíches e outros pratos por encomenda. O foco é na culinária saudável e orgânica. Os sanduíches levam nomes de lugares que têm valor sentimental para o casal: Vale do Guanape, Canaima e Margarita. “Nosso pão é artesanal. E cada ingrediente tem um porquê”, diz Carlos. Ex-gerente de produção em um canal de TV, ele conta que deixou a Venezuela após denunciar um caso de corrupção na empresa e ser sequestrado, agredido e ameaçado. Praticante de capoeira, vinha de férias para o Brasil com seu grupo e escolheu o país como refúgio. Marifer veio depois, com a filha adolescente. Sem conseguir trabalho em sua área, Carlos foi auxiliar de cozinha em um hotel e gostou de trabalhar com culinária. “Fiquei frustrado no início por não achar emprego na minha profissão. Mas hoje vejo que tive uma oportunidade, que é a de poder recomeçar."" O casal também conduz workshops em unidades do Sesc e experiências gastronômicas na casa de clientes e sonha em abrir um restaurante. “Não estamos aqui para tirar o emprego de ninguém. Queremos contribuir, usamos matéria-prima daqui, pagamos impostos. É um ganha-ganha.” Nossa Janela Tel. (11) 94671-9507 www.facebook.com/Nossa-Janela-143261792965942 “A Venezuela não é só arepa, concurso de miss e problemas políticos”, afirma Yilmary de Perdomo, 36. Em São Paulo desde 2016, a venezuelana diz que quer compartilhar, por meio da comida, a cultura de seu país com os brasileiros. Terapeuta ocupacional, ela recomeçou a vida no Brasil vendendo bolos e café da manhã em pontos de ônibus. Hoje, tem o delivery Tentaciones da Venezuela e faz pratos por encomenda em sua casa, em São Caetano do Sul, onde vive com o marido, dois filhos e um enteado. Seu carro-chefe é a cachapa, espécie de panqueca típica de sua região, Aragua. “O milho vem direto da espiga, não é enlatado, já que o conservante muda totalmente o sabor”, explica. “Não tem nada de glúten nem de lactose.” São três recheios: com carne, vegetariano (queijo meia-cura) e vegano (vegetais). “A cachapa é parte da minha história. Quando participo de eventos e feiras, dou informações sobre cada prato”, conta. O cardápio inclui ainda tequenhos, típicos de Los Teques, onde vivia seu marido. Motorista de Uber, faz propaganda das comidas da esposa com passageiros. Aos domingos, Yilmary vende suas comidas no parque Chico Mendes, em São Caetano. No futuro, quer ter um food truck. Tentaciones da Venezuela (11) 94932-7060 www.facebook.com/tentacionesdavenezuela Adriana Camargo, 32, percorreu um longo caminho antes de chegar ao Brasil. Saiu da Venezuela em 2014, morou na Espanha e na Colômbia e, em 2016, chegou a Brasília. Hoje, mora em São Paulo, onde acabou de montar uma cafeteria. Ela começou vendendo os bolos que prepara na academia na qual trabalhava como monitora de escalada esportiva. “Um dia, fiz um bolo para o aniversário de um amigo, e as pessoas perguntaram por que eu não fazia para vender. Aí comecei a trazer”, conta. Opções veganas —sem ovo e/ou ovos— e sem glúten estão entre as que fazem mais sucesso, a exemplo do bolo de aveia com banana e chocolate meio-amargo. Também há bolos caseiros comuns, cupcakes e cinnamon rolls. O menu de Adriana tem ainda receitas venezuelanas, como o “majarete de coco” e a “torta negra de Navidad”, preparada com castanhas, uísque e frutas cristalizadas. A mãe, que conseguiu trazer ao Brasil neste ano, a ajuda a cuidar do estabelecimento. Adriana também oferece uma degustação de uma hora, com doces e bebidas típicas. Aromas Café R. Caraibas, 46, Pompeia; tel. (11) 95971-6822 Corte, em rodelas da espessura que preferir, uma banana-da-terra nem muito verde nem muito madura. Frite-as até ficarem douradas, amasse-as (com o fundo de um prato) e volte a fritá-las. Sirva-as com o recheio que quiser. Sugestões: carne desfiada com queijo, frango com abacate, tomate com cebola CONHEÇA ALGUNS PRATOS DA CULINÁRIA VENEZUELANA Pabellón criollo Um dos pratos mais típicos da culinária local, é uma refeição composta por arroz branco, feijão preto, carne desfiada e fatias de banana-da-terra frita. Datado da época colonial, costuma ser descrito como representativo dos três povos que formaram o país, devido à cor dos ingredientes: indígenas (carne), europeus (arroz) e africanos (feijão) Papelón con limón Bebida refrescante à base de rapadura (chamada papelón ou panela) e limão Tequeño Também chamado de “dedito de queso” (dedinho de queijo), é uma massa de farinha de trigo recheada de queijo branco, muito consumida em festas ou como tira-gosto Patacón Tradicional em várias regiões da América e do Caribe, na Venezuela é muito típico do estado de Zulia, mas consumido em todo o país, onde também é conhecido como tostón. É preparado com pedaços amassados e fritos de banana e servido com diversos recheios ou como acompanhamento de pratos Torta tres leches Bolo de massa esponjosa umedecida com uma calda feita com três tipos de leite (creme de leite, leite condensado e chantilly). Às vezes, é polvilhado com canela em pó Arepa É o quitute venezuelano mais conhecido fora do país. Consumida em todas as refeições, é feita com discos de farinha de milho dispostos em uma chapa de ferro ou barro (budare). Também comum na Colômbia, na Venezuela geralmente é servida com recheios variados Hallaca Tipicamente servido na ceia de Natal, consiste em um guisado feito com carne, envolto em uma massa de milho empacotada em folhas de bananeira. É um prato trabalhoso, muitas vezes feito por toda a família ao longo de três dias Cachapa Também preparada no budare (chapa de ferro ou barro), é uma espécie de panqueca à base de milho fresco batido e pode ser recheada de queijo, carne ou vegetais. Tradicional da região central do país Pão de ló, bolo caseiro, doces portugueses, éclair e mil-folhas são só algumas das opções de guloseimas oferecidas pelas casas no Rio da seleção abaixo. Café do Alto Concorrido em Santa Teresa, elabora um desjejum de sotaque nordestino: o bufê, a R$ 56 por pessoa, traz opções como ovo mexido com carne seca, queijo de coalho grelhado, tapiocas, milho cozido, cartola e mingau do dia. Entre os combos à la carte, o mixuruca inclui cesta de pães, fruta, bolo e bebida quente (R$ 29). R. Paschoal Carlos Magno, 143, Santa Teresa, tel. (21) 2507-3172. Sáb., dom. e feriados: 9h às 13h. Casa Carandaí Misto de delicatéssen, padaria e bistrô, é comandado por Janjão Garcia e sua filha Mariana. Para abrir o dia, serve croque monsieur feito com pão de miga da casa (R$ 24), ovos beneditinos (R$ 23), scone (espécie de bolinho inglês) com creme fresco e geleia artesanal (R$ 14) e panquecas (R$ 19). Também há favoritos da clientela mais triviais, casos da cesta de pães (R$ 11,50) com queijo da serra da Canastra (R$ 11) ou ovos mexidos (R$ 9). R. Lopes Quintas, 165, Jd. Botânico, tel. (21) 3114-0179. Seg. a sáb.: 8h30 às 21h. Dom.: 8h30 às 17h. Empório Jardim Servido o dia inteiro, o café da manhã tem mais de 80 opções. Entre elas, há produtos de fabricação própria, como os pães de fermentação natural (a baguetinha francesa custa R$ 3,70), o gourgère (espécie de pão de queijo francês, feito com gruyère; R$ 11,90 por três unidades) e o requeijão da casa (R$ 4,50). Os ovos beneditinos vêm com peito de peru (R$ 21,50) ou salmão defumado (R$ 27,90). Na ala doce, vá de bolo do dia (R$ 8,70) ou croissant de amêndoas (R$ 11,80). Abriu duas filiais, uma na Gávea e outra em Ipanema. R. Visconde da Graça, 51, Jd. Botânico, tel. (21) 2535-9862. Seg. a dom.: 8h às 22h. Marchezinho Meio mercadinho, meio bistrô (daí a brincadeira com o “marché”, do francês, no nome), é criação de dois franceses e dois cariocas. Disponível até as 18h, o cardápio diurno tem pedidas como o croc’ canastra (R$ 25) —pão de mandioca, queijo da serra da Canastra, pastrami da casa e bechamel. Também serve quiches (R$ 14), tartelettes (R$ 14) e bolos (R$ 8 cada fatia). R. Voluntários da Pátria, 46, Botafogo, tel. (21) 96722-4946. Seg. a sáb.: 10h à 1h. Slow Bakery Referência na cidade por seus pães de fermentação natural, que levam dois dias para ficar prontos, tem à frente o casal Rafa Brito e Lud Espíndola. O de estilo Rio sourdough é a base para pedidas como o croque do padeiro (R$ 24), com queijo meia cura artesanal, presunto, molho bechamel e mostarda, tudo gratinado com queijo D’Alagoa. Para acompanhar, o café da casa (R$ 8), blend especial da Slow, pode ser coado em diversos métodos. Está de mudança para outro imóvel, maior, no mesmo bairro. R. São João Batista, 93, Botafogo, (21) 3563-8638. Ter. a sex.: 9h às 19h30. Sáb.: 9h às 15h. Talho Capixaba A casa abriu em 1999 e foi uma das pioneiras da cidade na fermentação natural. Oferece 25 tipos de pães, como o francês especial, a baguete au levain e o pão tradição. No café da manhã, trabalha com o sistema de combos. O talho da fazenda (R$ 89, para até três pessoas) leva à mesa um mix de pães artesanais, frios, queijos, geleia, bebidas quentes, sucos, frutas e bolo do dia. Av. Ataulfo de Paiva, 1.022, loja A-B, Leblon, tel. (21) 2512-8760. Seg. a dom.: 7h às 22h. Alda Maria Doces Portugueses O casarão em Santa Teresa guarda segredos do século 18: as receitas de família da dona, que cuida de tudo ao lado da filha, Simone Jaeger. Feitos com ovos orgânicos, os doces da “terrinha” são as estrelas: pastel de nata (R$ 10), pastel de Santa Clara (R$ 10), toucinho do céu (na receita clássica ou de chocolate, R$ 7 o pequeno) e fatias de Braga (R$ 7). R. Almirante Alexandrino, 1.116, Santa Teresa, (21) 2232-1320. Ter. a sáb.: 10h30 às 19h. Dom.: 14h às 19h. Confeitaria Colombo Patrimônio histórico do Rio, foi inaugurada em 1894. Com espelhos de cristal belga, móveis de jacarandá e vitrais franceses, o símbolo da belle époque carioca faz doces portugueses, herança de seus fundadores, como o pingo de tocha (R$ 11,30). Receitas francesas também têm vez —destaque para o mil-folhas, de creme ou chocolate (R$ 11,60), e as bombas, em sabores como brigadeiro com café (R$ 11,30). Abriu duas filiais, no Forte de Copacabana e no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). R. Gonçalves Dias, 32, centro, tel. (21) 2505-1500. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb. e feriados: 9h às 17h. Kurt Os carros-chefes da casa, fundada pelo alemão Kurt Deichmann, são as receitas de origem europeia. A torta sacher (R$ 16 a fatia, R$ 145 a pequena e R$ 160 a grande), com massa e cobertura de chocolate e recheio de geleia de damasco própria, é austríaca. Já a picada de abelha (R$ 16 a fatia e R$ 150 inteira), um bolo recheado com crème pâtissière e cobertura crocante, vem da Alemanha, e o streusel de frutas vermelhas (R$ 160) é uma espécie de crumble alemão. R. General Urquiza, 117, loja B, Leblon, tel. (21) 2294-0599. Seg. a sex.: 8h às 19h. Sáb.: 9h às 18h. L’Éclair Shop Como o nome indica, é especializada em éclairs, os doces chamados por aqui de bombas. Maria Fernanda, que comanda a loja, passou pelas escolas francesas Alain Ducasse, Lenôtre e Le Cordon Bleu. Entre os recheios fixos há chocolate meio amargo, caramelo salgado, baunilha, café bicolor, lavanda e limão (R$ 7 a mini e R$ 12 a de tamanho original). Às quintas (ou sob encomenda, nos demais dias), faz sempre um sabor salgado (R$ 14). Sem mesas, serve café expresso no balcão. Galeria Condor. Largo do Machado, 28, sobreloja 248, Catete, tel. (21) 98560-3456. Ter. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 16h. Le P’tit Café Escondida em uma galeria de Ipanema, a doceria da chef-confeiteira Patrícia Lombardi, formada na Le Cordon Bleu, faz sucesso com os bolos caseiros, de sabores como laranja (R$ 16 a fatia), chocolate (R$ 17) e cenoura (R$ 17) —este último chega à mesa com calda quente de brigadeiro mole e é um dos mais vendidos. Também há versões mini para levar para casa (R$ 25), pão de queijo da serra da Canastra (R$ 7,50) e o cigarrete, enroladinho de queijo mineiro assado (R$ 7). R. Visconde de Pirajá, 444/loja 114, Ipanema, tel. (21) 2267-7546. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 14h. Torta & Cia As mesas da pequena loja da Cobal do Humaitá são disputadas pelo público, geralmente em busca da receita que dá nome à casa, acompanhada por um café. A torta de coco é feita com pão de ló recheado com creme do fruto e cobertura de marshmallow e coco fresco ralado (R$ 15 a fatia e R$ 138 a torta inteira). Sazonal, a maravilha de morango combina pão de ló recheado com creme maravilha e morangos, cobertura de chantili e morangos frescos (R$ 16 a fatia e R$ 158 a inteira). Tem quatro unidades na cidade. Cobal do Humaitá. R. Voluntários da Pátria, 446, loja 13, Humaitá, tel. (21) 2537-8484. Seg. a dom.: 9h às 22h. Esteja você de passagem ou em viagem prolongada no Rio, vale a pena conhecer um (ou alguns) dos lugares selecionados. Arp Na beira da praia do Arpoador, anexo ao recém-reformulado hotel homônimo, foi aberto em maio. O menu de comidinhas é assinado por Roberta Sudbrack e o de coquetéis, por Néli Pereira. Entre as bebidas, o mojito da Amazônia traz infusão de aridan, cumaru, hortelã, xarope de demerara e limão (R$ 26). Para comer, vieiras na brasa com manteiga queimada (R$ 82) ou a salada mozza! Tomate!, com tomate orgânico marinado, mozarela de búfala, basílico e pão queimado (R$ 28). Hotel Arpoador. R. Francisco Otaviano, 177, Arpoador, tel. (21) 2529-1000. Seg. a dom - café da manhã: 7h às 12h (bufê). Almoço: 13h às 16h. Jantar: 18h às 22h. Bar até as 23h. Garoa Na rua mais gastronômica do Leblon, a filial carioca da casa —nascida em Santiago de Compostela, na Espanha— tem à frente do bar o mixologista Igor Renovato. O carro-chefe é o gim: são mais de 20 coquetéis com a bebida (R$ 32 cada um). Inspirado na primeira viagem do bartender à Espanha, o de Compostela é feito com gim Bombay, infusão de parmesão, brandy de Jerez, xarope de pão, molho de maracujá e mexilhão em conserva. R. Dias Ferreira, 50, Leblon, tel. (21) 3591-7617. Ter. e qua.: 19h à 1h. Qui.: 19h às 2h. Sex. e sáb.: 19h às 2h30. Meza Já completou 11 anos e é um dos pioneiros da coquetelaria na cidade. Envolto em uma folha de bananeira, o savana 55 combina vodca em infusão de cumaru, licor de pequi e shrub de caju e limão (R$ 29). Já o urutu (R$ 35) vem num copo dourado oval com vodca Ciroc Peach e Pineapple, cupuaçu, maracujá e Mandarinetto. Os quitutes têm assinatura da chef e sócia Andressa Cabral e chegam em potinhos, caso do lamen com carne de porco, camarão e tucupi (R$ 30). R. Capitão Salomão, 69, Humaitá, tel. (21) 3239-1951. Dom.: 18h à 1h. Seg. a qui.: 11h30 às 15h30 e 18h à 1h. Sex.: 11h30 às 15h30 e 18h às 3h. Sáb.: 18h às 3h. Nosso Aqui, quem dá as cartas é o rum: a casa oferece mais de 30 tipos, de diferentes nacionalidades. Um dos drinques mais pedidos é o dark n’ stormy, com rum envelhecido, limão-siciliano, bitters e ginger beer (R$ 31). A comida fica a cargo do chef Bruno Katz, ex-Olympe, que criou sugestões como o polvo com arroz negro cremoso, aïoli de páprica picante e tempurá (R$ 79). R. Maria Quitéria, 91, Ipanema, tel. (21) 99619-0099. Ter. a qui.: 19h à 1h. Sex. e sáb.: 19h às 2h. Stuzzi Recentemente, o bar ganhou um reforço e tanto nos coquetéis: Alex Miranda e Lelo Forti (ex-Mixxing) agora são sócios da chef Paula Prandini. Do balcão, saem drinques como o pecato rosso, com vodca Absolut, coulis de frutas vermelhas, sour mix e espuma de gengibre (R$ 33). Para acompanhar, o menu lista petiscos e pratos, da porção de coxinhas de polenta recheadas de frango e emulsão de Catupiry (R$ 35) ao risoto de açafrão com frutos do mar e limão-siciliano (R$ 41). R. Dias Ferreira, 45, Leblon, tel. (21) 99138-4663. Ter. a sáb.: 19h às 3h. Dom.: 18h às 24h. Vizinho Jessica Sanchez comanda o balcão, com criações como o come as you fucking are —vodca Grey Goose, redução de vinho do Porto, grapefruit e Peychaud’s Bitters (R$ 31). Do cardápio de comidas, enxuto, fazem sucesso os sanduíches. O de costela bovina desfiada com molho de gorgonzola e queijo minas padrão é gratinado na baguete crocante (R$ 36). Vogue Square. Av. das Américas, 8.585, quiosques 3-4, Barra da Tijuca, tel. (21) 97154-0841. Dom., ter. e qua.: 17h às 24h. Qui.: 17h à 1h. Sex. e sáb.: 17h às 3h. Adega Pérola O grande charme do bar, fundado em 1957, é seu balcão com conservas: cerca de cem opções ficam expostas, seduzindo a clientela. Dali, saem tesouros como o alho espanhol no azeite (100 g, R$ 28) e o polvo ao vinagrete (100 g, R$ 36). A cozinha também prepara receitas quentes —a porção de lula frita custa R$ 44. Em 2010, correndo o risco de fechar, foi comprado por três frequentadores. Além do chope Colorado Indica (R$ 10), serve cerca de 30 rótulos de cervejas artesanais. R. Siqueira Campos, 138, Copacabana, tel. (21) 2255-9425. Seg. a sáb.: 11h30 às 2h. Armazém São Thiago Neste ano, comemora-se o centenário da casa, também conhecida como Bar do Gomez —homenagem ao antigo sócio, o espanhol José Gomez Cantorna, morto em 2016. O casarão traz diversos objetos da época em que foi fundada, da geladeira com portas de madeira à caixa registradora. Os bolinhos são o carro-chefe e aparecem em mais de 20 versões, como o de feijão branco com calabresa (R$ 10 a unidade). O chope Brahma vem na caldereta (R$ 7,50) ou na jarra de 1,5 litro (R$ 30). R. Áurea, 26, Santa Teresa, tel. (21) 2232-0822. Seg. a sáb.: 12h às 24h. Dom.: 12h às 22h. Bar Brasil Encravado na Lapa desde 1907, é um dos bares tradicionais que resistem no bairro boêmio. Quando abriu, chamava-se Zeppelin; mudou de nome após a Segunda Guerra. As receitas alemãs dominam o cardápio, com sucessos como o croquete alemão (R$ 8 a unidade e R$ 36 a porção) e o joelho de porco aperitivo (R$ 57). Na ala de refeições figuram o einsbein, joelho de porco com chucrute e batatas cozidas (R$ 82, para dois), e o kassler, costela de porco defumada, acompanhada por salada de batatas (R$ 58 para um e R$ 88 para dois). Chope Brahma: R$ 6,50. Avenida Mem de Sá, 90, Lapa, tel. (21) 2509-5943. Seg. a sáb.: 11h às 24h. Bar do Momo O local pertenceu a um Rei Momo e, em 1987, foi comprado por Antonio Lopes dos Santos, o Tonhão. Mas conquistou uma legião de fãs quando o festival Comida di Buteco revelou o talento de Antonio Carlos Laffargue, o Toninho, filho do dono e responsável pelas receitas que fazem a fama do botequim da zona norte —hoje, os frequentadores se espalham pela calçada. Um dos destaques é o farol de milha: porção de filé de lagarto recheado com linguiça, intercalado por queijo meia cura, com ovo estrelado por cima e torradas de alho (R$ 29). Não aceita cartão. R. General Espírito Santo Cardoso, 50-A, Tijuca, tel. (21) 2570-9389. Seg. a sáb.: 7h às 22h. Casa Paladino Patrimônio da cidade, foi fundada em 1906 como uma fina delicatéssen. Daquele tempo, resta a ambientação, praticamente intacta. Atualmente, funciona como bar e armazém de secos e molhados. Famoso no Rio inteiro é o sanduíche triplo, que vem com um embutido, provolone e ovo no pão francês (a partir de R$ 11). Já as omeletes podem ser recheadas de bacalhau (R$ 26) ou gorgonzola (R$ 28). R. Uruguaiana, 224/226, centro, tel. (21) 2263-2094. Seg. a sex.: 7h às 20h30. Sáb. (somente loja): 8h às 12h. Cervantes Seu sanduíche com abacaxi é um dos ícones gastronômicos cariocas. Para o recheio, pode-se escolher entre 30 sabores, como filé-mignon (R$ 30; com queijo, R$ 34) e pernil (R$ 22 e R$ 26). Outro clássico é o salsichão com salada de batatas (R$ 45). A casa original, em Copacabana, recebe notívagos madrugada adentro. Duas filiais foram abertas na Barra. Av. Prado Júnior, 335, loja B, Copacabana, tel. (21) 2542-9287. Ter. a qui.: 12h às 4h. Sex. e sáb.: 12h às 6h. Dom.: 12h às 2h. Booze Bar Há quatro anos operando na Lapa, oferece cerca de 150 opções de cervejas em garrafa e tem 16 torneiras de chope. A régua de degustação com quatro copos de 150 ml inclui Booze pilsen, Booze weiss, irish red ale e session IPA (R$ 20). Para os vegetarianos, a novidade do cardápio é o sanduíche de faláfel (R$ 26). Av. Mem de Sá, 63, Lapa, tel. (21) 2252-1588. Seg. e ter.: 17h às 24h. Qua. e qui.: 12h à 1h. Sex. e sáb.: 12h às 3h. Brewteco O ambiente é como o de um velho e bom pé-sujo carioca, mas as cervejas vão muito além do que se costuma encontrar nesses bares. Tem 15 torneiras de chope artesanal, sendo quatro da casa: Pilsenzinha (R$ 9, com 300 ml); a APA Pé Sujo (R$ 10); Meio a Meio, de trigo (R$ 10); e a IPA Traçado (R$ 12). R. Dias Ferreira, 420, loja E, Leblon, tel. (21) 3217-8280. Seg. a sáb.: 11h à 1h. Dom.: 15h30 às 24h. Delirium Café Ipanema ganhou uma filial do famoso bar de Bruxelas, a primeira das Américas, há dez anos. A carta de cervejas lista cerca de 400 rótulos e há dez torneiras na casa. A Delirium Tremens é um dos sucessos, na versão chope, com 350 ml (R$ 29), ou na garrafa de 330 ml (R$ 34,90). R. Barão da Torre, 183, Ipanema, tel. (21) 2502-0029. Seg. a qua.: 17h à 1h. Qui.: 17h às 2h. Sex. e sáb.: 17h às 3h. Dom.: 16h às 24h. Hocus Pocus DNA A cervejaria carioca abriu bar próprio em 2016, ocupando uma antiga oficina mecânica em Botafogo. Das 14 torneiras, seis são fixas e trazem sugestões da casa, como a Pineapple Express, uma american IPA com abacaxi (R$ 15,50). No menu, há quitutes como as azeitonas empanadas (R$ 10) e o croquete de língua (R$ 15). R. Dezenove de Fevereiro, 186, Botafogo, tel. (21) 4107-3107. Seg. e ter.: 11h45 às 15h30 e 18h às 24h. Qua. e qui.: 11h45 às 15h30 e 18h às 2h. Sex. e sáb.: 18h às 2h. Hop Lab Pub Tem 30 torneiras de chopes nacionais e importados, além de uma carta de drinques. A pilsen da casa, Blank Mind Monk, custa R$ 15 (300 ml). Para comer, o burger suíno leva queijo, tomate, cebola caramelizada e maionese de ervas no brioche (R$ 36). R. Barão de Iguatemi, 292, Pça. da Bandeira, (21) 3217-1146. Ter. a qui.: 17h às 23h. Sex. e sáb.: 17h às 24h. Dom.: 12h às 18h. Yeasteria - Ponto Cervejeiro Na casa, o cliente escolhe entre 300 rótulos de cerveja e oito torneiras de chope (de R$ 7 a R$ 12, em copos de 300 ml). O cachorro-quente hot costella vem com duas linguiças de costela angus, queijo gouda gratinado, cebola crocante, molho à escolha e batatas fritas (R$ 31,50). R. Pereira Nunes, 266, Tijuca, tel. (21) 3579-3003. Ter. a qui.: 18h às 24h. Sex. e sáb.: 18h à 1h. Dom.: 18h às 23h. Quiabo, frango caipira, queijo da ilha de Marajó, pão de mandioca, mandioca com tucupi, farinha de Uarini, pimenta-cambuci, bolo de rolo, torta de banana. Com esse desfile de ingredientes da vizinhança, não é simples classificar a cozinha do Evvai de italiana. Não se encaixa no ramo popular nem no elitizado do gênero. Mas a carne do frango caipira surge envolta num par de tortelli da cor da abóbora. A pele da ave, transformada em lâminas crocantes, ladeia uma fatia de quiabo. Todos se acomodam numa emulsão do queijo de búfala que veio da ilha amazônica. Um prisma de mandioca aparece enegrecido de carvão. Dialoga com um mascarpone de ovelha. A pimenta-cambuci recheia o ravióli, cuja massa também contém mandioca. O bolo de rolo, tão pernambucano, tem recheio de compota de tomate, tão mediterrâneo. Acompanha um sorvete de mascarpone e azeite. É de grana padano o sorvete irmanado com a torta de banana. A fluidez dos conceitos não complica só a definição da cozinha. Às vezes o paladar contradiz a visão. Um picolé avermelhado chega à mesa na tigela de vidro transparente. Não é paleta mexicana. O glacê de morango envolve uma camada de foie gras. O que parece uma miniatura de carbonara não é carbonara. As tiras finas são de batata. As massas são curtas. O ovo, platinado. Em vez da charcutaria da bochecha do porco, um presunto de pato curado na casa. Snacks para comer sem talher iniciam o passeio pelo longo menu-degustação. Há manteiga de maçã em três graus de cozimento para passar no pão de mandioca de azedume memorável. Há lanchinho de vieira. Iguarias nadam em conchas de mexilhão. O ambiente confortável e o serviço discreto, mas atento, convidam à permanência. Não vá com pressa nem dispense o café coado no final. Se alguma vez você ouviu que deve evitar os alimentos ultraprocessados pelo bem da sua saúde, agradeça ao médico Carlos Augusto Monteiro. Cunhado por ele, o termo ultraprocessado se refere a alimentos que são feitos essencialmente a partir de matéria-prima barata (farinha, óleo e açúcar, por exemplo) e aditivos que dão cor, sabor, textura e outras características para tornar o alimento mais atraente. Macarrão instantâneo, salgadinhos e refrigerantes fazem parte da lista. Monteiro, que é professor titular da USP e um dos mais relevantes pesquisadores brasileiros segundo o relatório Highly Cited Researchers, da consultoria Clarivate Analytics, afirma que o mundo está se alimentando de uma forma cada vez mais padronizada e, por isso, a cultura gastronômica está se perdendo. Obesidade, diabetes, hipertensão, câncer e outras doenças associadas ao consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional estão aumentando. E, para ele, a indústria que produz os ultraprocessados tem culpa no cartório. Apesar de o consumo desses alimentos ter aumentado nas últimas décadas no Brasil, seu nível não se compara ao de países como EUA e Inglaterra, onde mais da metade das calorias diárias ingeridas vem de alimentos processados. Mas ainda há tempo de reverter a tendência no Brasil, diz o professor. “Em outros países as pessoas não cozinham, têm só um micro-ondas e geladeira em casa. Tudo é pronto, o café é instantâneo. Aqui as pessoas se sentam à mesa para comer. A gente ainda não passou do limite em que recuperar a alimentação tradicional significa voltar a ter um fogão em casa.” Monteiro participa de discussões na ONU, coordenou a elaboração do “Guia alimentar para a população brasileira” e idealizou o Vigitel, sistema que, por meio de contato telefônico, estima os fatores de risco para doenças crônicas presentes no Brasil. Aos 71 anos, apesar do cenário desfavorável que descreve, ele se diz otimista. “A nossa relação com a comida é algo bonito, intangível, e está mais perto da que franceses e italianos têm do que a dos americanos. Talvez isso explique o sucesso dos programas de culinária.” Processamento de alimentos Nos anos 1980 e 1990, o alimento sai do campo para as fábricas. Da soja, tira-se o óleo, do milho e do trigo, o carboidrato; da cana, o açúcar. Os alimentos ultraprocessados são feitos juntando um ou mais desses elementos com muita tecnologia e aditivos cosméticos, como corantes, saborizantes, texturizantes. Hoje já são mais de 2.000 aditivos aprovados. Eles permitem que você pegue farinha de trigo e açúcar, coloque uma gota de um saborizante de amêndoa e crie um biscoito que parece ter usado 10% de amêndoas na receita. O lucro é enorme. Uma fábrica dos EUA pode comprar soja do Brasil, milho do México e açúcar da Jamaica pelo preço mais barato, juntar tudo numa fábrica de alta tecnologia usando esses aditivos e produzir uma linha de produtos de baixíssimo custo e que competem com o que chamamos de alimento de verdade, que não passou por uma reengenharia. O DNA do queijo é o leite; do pão, o trigo. E no alimento ultraprocessado? Você não sabe. Você olha na lista de ingredientes e não consegue nem entender o que tem ali. Milhares de produtos processados são lançados a cada ano: refrigerantes, snacks, doces, miojo, maionese, caldo de carne. Riscos à saúde Se você coloca no seu organismo todo dia 15 ou 20 moléculas estranhas, a chance de todas serem ruins para a saúde é pequena, mas a chance de pelo menos uma criar problemas é grande. Quem contrata os testes de segurança para liberar os aditivos é a própria indústria. Ela usa usa modelos experimentais para saber se esses aditivos causam câncer em algumas semanas ou meses, mas há muitas outras doenças que eles podem gerar. Existe uma preocupação toxicológica. Imagina se eles estão avaliando inflamação crônica? Não há segurança nessa questão. Gigantismo das indústrias Em vez de dez indústrias, deveria haver 10 mil e uma lei antitrust —a partir de um número determinado de funcionários, a empresa teria se dividir ou vender uma parte. Antes não havia esse oligopólio. Um problema desse gigantismo é que essas grandes empresas compram até a ONU. A ONU é subfinanciada, não há recursos suficientes para as atividades. Quando vão fazer um encontro com especialistas, uma empresa paga por tudo, aluga o local. Isso põe em risco a independência. No futuro os problemas causados pela indústria de alimentos, como aqueles causados pelo aquecimento global, vão ficar mais evidentes. A economia vai sofrer. Essas dez empresas ganham dinheiro, mas e o restante? Empresas de seguro saúde podem se tornar inviáveis. Outros setores que não lucram com alimentos estão pagando a conta. Financiamento de pesquisas A indústria de alimentos não está preocupada em financiar a pesquisa, mas em cooptar o pesquisador. Isso é péssimo. O fato de existir uma Fapesp aqui no estado de São Paulo, o CNPq, a Finep, e o Ministério da Saúde, que financiam pesquisas, permite que meu grupo de pesquisa [que tem cerca 30 pessoas] tenha só dinheiro público, o que é uma coisa impagável. A gente não existiria sem esse apoio. Não temos tido tanta dificuldade para obter financiamento. O difícil é obter recursos humanos. Diferentemente das universidades estrangeiras, aqui ou a pessoa é o professor —vitalício— ou estudante. Não há posições intermediárias, não se pode contratar uma pessoa para atuar num projeto específico, por dois, três anos, nem com dinheiro da Fapesp. Ricos X pobres A teoria que formulamos é que os grandes problemas da alimentação no Brasil e em outros lugares do mundo estão ligados ao consumo de muito açúcar, muito sódio, muita gordura saturada, muita gordura trans, pouca proteína, pouca fibra, poucas vitaminas e minerais. E isso está relacionado à quantidade de ultraprocessados que as pessoas consomem. Hoje, pessoas ricas se alimentam pior do que as mais pobres do ponto de vista do risco de adquirir doenças crônicas. Curiosamente, no Brasil os produtos ultraprocessados ainda são caros. O agricultor ganha muito pouco, vende barato na feira. Em países como os EUA é tudo mais caro. As pessoas acham que uma pessoa é gorda porque ela come muita fritura e muito doce feito em casa. Mas quando você olha as estatísticas, essas pessoas não estão comprando mais óleo, mais açúcar… O que entrou no lugar? Biscoito, guloseimas em geral, salgadinhos, refrigerantes, bebidas lácteas, miojo. Quantidades Muita gente se convenceu de que o alimento ultraprocessado não é bom, mas acha que não há muito o que fazer e que temos que nos acostumar. Isso implica em aumentar as cadeiras dos aviões e achar remédios melhores para diabetes, como se fosse um novo padrão. Seria algo semelhante à adaptação às mudanças climáticas que já estão por aí. A ideia não é fazer as pessoas voltarem a plantar seu próprio alimento. A discussão de política pública não é essa. Na América Latina, o consumo de ultraprocessados não é tão alto. Se a pessoa almoça e janta comida de verdade, a ingestão de ultraprocessados não passa de 20%. Mas se ela troca o almoço por fast food e come uma lasanha congelada no jantar, esse valor passa de 50%. Aqui a gente ainda está no refrigerante, no salgadinho um dia ou no outro. Nos EUA, quase não se acha quem coma menos de 30%. Marketing da indústria As multinacionais sabem que é preciso destruir a cultura alimentar para vender o produto deles. E fazem bons truques de marketing. As misturas para bolos, por exemplo, pedem para colocar ovo, um copo de leite… Não precisaria, mas assim a pessoa tem a sensação de que está realmente fazendo o bolo. A pessoa diz que é mais prático, que não tem que lavar louça... O cara começa a enunciar o que está ganhando, mas se esquece de que alimentação não é como escolher a gasolina do carro pelo preço e pela rapidez do serviço. Alimentação é muito mais do que isso. Para João Dornellas, presidente executivo da Abia (Associação Brasileira de Indústria de Alimentos), que congrega gigantes como Nestlé, Pepsico, Ambev, Coca-Cola, Unilever, entre outras, não há respaldo científico para a classificação de um alimento como ultraprocessado. “Um mesmo tipo de alimento pode ser produzido de diferentes formas, assim como variam as receitas culinárias. É possível fazer um salgadinho em casa, do tipo batata chips, com os mesmos ingredientes que a feita pela indústria: batata, óleo e sal. Por que a industrializada seria “ultraprocessada” e a caseira não? Os aditivos alimentares, explica, são aprovados pelo JECFA, um comitê conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). “Nos primórdios da civilização, os caçadores já salgavam a carne para que ela durasse mais. É o mesmo sódio que hoje é usado pela indústria para diminuir a umidade, que propicia a proliferação de bactérias”, diz Dornellas. “Os aditivos evoluíram para atender a processos produtivos muito mais complexos, mas isso não os transforma em ingredientes nocivos. Pelo contrário: continuam sendo sistematicamente testados e utilizados para cumprir funções tecnológicas desejadas, tais como conservantes, estabilizantes, gelificantes, espessantes e fermentos químicos.” Com relação ao aumento de obesidade e de outras doenças crônicas, Dornellas diz que a indústria se vê como parte da solução do problema “no que diz respeito ao papel dos alimentos para a promoção da saúde”. Além de fornecer alimentos de qualidade e saudáveis, diz ele, a indústria está informando melhor os consumidores para que eles consigam de forma consciente equilibrar a dieta de acordo com os alimentos disponíveis. Entre as iniciativas está a redução de teores de gorduras trans, sódio e açúcares em alimentos industrializados. Algumas das vantagens de alimentos processados, diz ele, são a praticidade e a possibilidade de fortificá-los com vitaminas das quais a população necessita ou enriquecê-los com fibras e proteína. Também é possível permitir a adequação a dietas especiais, como as sem lactose ou glúten. “O alimento industrializado não tem o objetivo de substituir a alimentação tradicional porque faz parte dela. Muitos pratos da culinária brasileira incluem, em sua preparação, ingredientes industrializados. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, comer bem é comer de tudo. As comidas tradicionais ou típicas continuam na mesa dos brasileiros. Isso é uma das riquezas do Brasil, que a indústria reconhece e valoriza”, diz. Para ele, enxergar a indústria como inimiga da população é um equívoco. O setor emprega 1,6 milhão de pessoas no país e processa quase 60% de tudo que é produzido no campo no país. Minha primeira viagem internacional, com paradas em Casablanca e Madri, tinha Paris como destino. Nada mau para um pobre pós-adolescente glutão. A primeira boa impressão gastronômica foi comer cuscuz marroquino —no Marrocos! Nada mau, para quem não conhecia nenhum dos dois. O primeiro jantar na França também surpreendeu: salmão defumado, numa imensa travessa no Natal. Uma iguaria na época, nunca disponível no Brasil (e era salmão selvagem da Escócia, coisa dos deuses). Fez esquecer minha vergonha de horas antes na estação de trem. Para entender minha humilhação, é preciso saber que estava crente de que falava francês (na verdade sabia melhor ler e, de preferência, sobre política, e, de preferência, sobre o trotskismo que me alimentava coração e mente, e, de preferência, lido às escondidas dos fascistas —agora redivivos vestidos de Bozo— da ditadura militar). Pois lá estava eu na estação de trem, louco para comer alguma comida francesa, quando li no painel do bar a opção “sandwich paté fromage”. Deve ser uma espécie de misto quente deles (pensei), mas com patê (no lugar do presunto) e queijo. E ergui a voz, expelindo minha pronúncia afetada ao pedir o tal “sandwich paté frrrrromage”. Só na terceira vez em que o exasperado francês me exigiu uma definição (“monsieur: ou paté ou fromage!”) foi que entendi que era um ou outro. Gaguejei então a primeira opção e, devo dizer, não foi nada mau. O tal patê, mesmo num modesto quiosque, era bem diferente daquele ao que eu estava acostumado. Não era uma massinha espalhada sobre o pão. Era uma posta grossa e carnuda que, numa baguete de textura e cheiro inéditos, por mais que fosse uma porcaria de estação, me deu as boas vindas à comida daquele país. Mas minha surpresa mais curiosa viria nos dias seguintes, à medida que me habituava a comer, clandestinamente, nos baratíssimos restaurantes universitários (mesmo sendo estudante no Brasil, eu não o era lá, mas frequentava os campi porque o controle era tão frágil quanto era amplo o acolhimento de exilados no país). A surpresa tinha nome: maionese. Ocorre que, sempre que conseguia não comer num “resto-U”, corria para algum modesto, mas atraente, bistrô. (O luxo máximo, em ocasiões especiais, era o Bouillon Chartier, joia de ambientação em Montmartre, tombada pelo patrimônio histórico. Com mais de um século de vida, tem preços quase daquela época: jantar com quatro pratos por, no máximo, € 26, ou R$ 115, hoje.) Pois, em todos, o barato menu de preço fixo sempre (sim, sempre) tinha entre as entradas o “oeuf dur mayonnaise”, ovo cozido com maionese. Não consegui entender direito, no princípio. Espera aí, ovo com maionese? Mas maionese já não é ovo? Pareceu-me que seria algo como pedir arroz com macarrão, dois carboidratos juntos. Mas viajando de ônibus pela Rio-Bahia em direção ao Nordeste, tantas vezes nos restaurantes de estradas não comi o PF com arroz, feijão e macarrão (e o que mais viesse)? E, então, rendi-me ao ovo com maionese dos franceses. Para começar, senti uma ponta de alívio. Sempre comi meu cheeseburger com maionese, mas, na tenra e imatura juventude, suspeitava que aquela graxa branca pudesse ser um deslize, tipo mais junk food americano do que gourmet. Que alívio cair na real de que a maionese é, afinal, um dos tantos sofisticados molhos da gastronomia francesa. E com a vantagem de ser tão versátil que até num prosaico hambúrguer vai muito bem. Foi minha reconciliação com uma amante a qual, na verdade, nunca abandonei. Mas um reencontro em outro nível. No Brasil, a maionese parece que já nasceu amaldiçoada, num potinho industrial. Tive a sorte de ter, na infância, visto minha mãe produzi-la em casa, com outro gosto, mas, mesmo assim, com a preguiçosa ajuda do liquidificador. Que prazer ter começado, desde os bistrôs baratos de Paris, a desafiar-me a prepará-las com as próprias mãos, com um tiquinho de mostarda, gotas de limão e, principalmente, a firme rotação manual do batedor (aquele de arame), para sentir, por meio das sinapses musculares que nos sobem pelos braços até o cérebro, o momento do ponto perfeito. Confesso que dá errado às vezes. Mais vezes do que eu gostaria. E que estou cansado de saber que nos melhores bistrôs ela é batida na máquina (e nos piores, da minha juventude, possivelmente chegava pronta em galões). Mas, ok, também... Quem nunca viajou na maionese, qualquer que seja ela? Ao mirar o único ovo coletado pelo naturalista Charles Darwin (1809-1882) que sobreviveu ao tempo, um funcionário do museu que o conserva, na Inglaterra, referiu-se a ele como “ovo de Páscoa de Darwin”. Duas características o levaram a isso: a inscrição na casca, “C. Darwin”, e a cor marrom, de chocolate. Ainda que a guloseima tenha surgido só no século 18, pelas mãos de confeiteiros parisienses, ovos de aves simbolizam o renascimento antes mesmo de os cristãos celebrarem a ressurreição de Cristo —e o final da longa Quaresma— no domingo de Páscoa. Identificados por uma autora americana como uma das coisas mais privadas do mundo (antes de serem quebrados), os ovos pertencem a uma cultura antiquíssima. Foram eleitos por gregos e romanos símbolo da passagem do inverno para a primavera, para celebrar o início de um período de abundância das colheitas e de renovação da vida. Também como sinal de fertilidade, prosperidade e regeneração da vida ao final do inverno surge o ritual de trocar ovos. A tradição de decorá-los veio depois. Registros indicam que nasce como forma de aproveitar os ovos que eram perdidos na Quaresma, quando era proibido comê-los. O costume de oferecer ovos decorados persistiu na Idade Média com a temática cristã, carregada de imagens sacras. Foi nas cortes de reis que a prática ganhou refinamento, incorporando materiais como ouro e pedras preciosas. Na França do século 15, em particular na região da Alsácia, eram cozidos e depois pintados —prática que se repetia em regiões de países como Alemanha, Bulgária, Estônia, Estados Unidos e Rússia. Nesse país, aliás, onde a Páscoa é chamada de “Paskha”, ovos são pintados ou cozidos com substâncias que dão cor, como cascas de cebolas. Também era costume entre as mulheres usar joias com pedras preciosas em formato de ovos nas festividades da Páscoa. Quiçá tenha sido esse hábito que influenciou o ourives e joalheiro Peter Carl Fabergé (1846- 1920) a criar valiosos e sofisticados ovos. Ele usava esmaltação para deixá-los bem coloridos, explicitava referências às cores de pedras preciosas, de pérola e de várias tonalidades do ouro. O czar Alexander 3º (1845-1894) tomou uma das peças, o “Ovo de Galinha”, para presentear a imperatriz Marie Fedorovna, que depois recebeu outros nove exemplares assinados por Fabergé. Todos os cerca de 56 da série imperial, quando abertos, mostravam algo inesperado, relata Dinah Bueno Pezzolo, em “A Pérola - História, Cultura e Mercado”. Em contradição, o ovo simboliza o luto na Páscoa judaica, época em que se lembra a fuga dos judeus do Egito, quando escaparam da perseguição de um faraó e lembra-se a destruição dos templos de Jerusalém. Ao mesmo tempo, seu formato simboliza o fato de a vida dar voltas, como a passagem da escravidão para a liberdade. Uma boneca, uma bicicleta e um ovo de Páscoa. Esses foram os três pedidos que uma sobrinha do humorista Grande Otelo (1915-1993) deixou inscritos em uma carta endereçada ao tio, às vésperas das festividades religiosas. Eram os anos 1970, a vida estava difícil, o dinheiro mal dava para as despesas básicas, —mas já estava no imaginário das crianças o ritual de receber ovos de chocolate. Também se espalharam, ao longo do tempo, brincadeiras de caça aos ovos em países como EUA, Canadá e Inglaterra. Na Bélgica, é costume as crianças fazerem ninhos de palha à espera dos coelhos. Outra alusão frequente no período, aliás, é justamente a esse animal, em certas culturas incumbido de trazer os ovos ou escondê-los para as crianças. Na Itália, são comuns os ovos-surpresa, embrulhados em papéis coloridos, a esconder doces, pequenas lembranças ou brinquedos. Bem, percorreu-se um longo caminho para que as primeiras plantações de cacau nas florestas do México, em 1.200 a.C., dessem origem à bebida achocolatada, que existe ao menos desde o século 6 a.C., e, mais tarde, às barras de chocolate, cuja matéria-prima se tornou a base dos ovos de Páscoa no século 18. Nos primórdios, a semente de cacau era rara, usada como moeda, à semelhança das pedras preciosas. Dela se fazia a bebida que ganhou reinos e banquetes luxuosos, aromatizada com baunilha, flores, sementes de urucum, pimenta, mel e, às vezes, cogumelos alucinógenos. Após o descobrimento da América, os espanhóis conheceram o chocolate e levaram as primeiras mudas de cacaueiro à Europa. Foram eles que apresentaram, inclusive, a bebida feita de chocolate, com adição de açúcar extraído da cana, aos reinos da Espanha. A bebida chegou à França em 1615, diz-se que por ocasião do casamento de Luís 13º. Depois, tornou-se tradição servi-la três vezes ao dia no palácio de Versailles. Foi a industrialização que deslocou o chocolate, à época também presente na forma de tabletes secos e quebradiços, ao universo popular. Espalhou-se em fórmulas e formatos e hoje, ainda que variem em qualidade e preço, mantêm um eixo comum: a capacidade de confortar. Já libertou a chef Heloísa Bacellar, do restaurante Lá da Venda, por exemplo, de uma tristeza profunda. No livro “Chocolate Todo Dia”, ela relata o dia em que chorava e quebrou um tablete, fechou os olhos e colocou um pedacinho na boca. “Senti o chocolate se desmanchar na língua e no céu da boca, se transformar em algo quente, cremoso, aveludado, delicioso, doce e amargo ao mesmo tempo e terminar deixando uma sensação de conforto.” O ovo de Páscoa, pois, não se encerra na sua matéria-prima nem tampouco na sua forma, mas no que há de essencial em muitas culturas, a celebração da renovação. Bacalhau é bacalhau “Bacalhau não é peixe nem é carne. Bacalhau é bacalhau”, diz um ditado português. Bacalhau é um processo milenar de salga e secagem de peixes da família dos gadídeos, que vivem em águas gélidas e têm pouca gordura. São geralmente preparados, portanto, com acréscimo de elementos untuosos como manteiga, azeite ou creme de leite Torta capixaba No Espírito Santo, é tradição do estado comer a torta capixaba, que parte de uma base de moqueca —um refogado com frutos do mar, sururu (pequeno molusco de manguezal), bacalhau e palmito, temperado com colorau e coentro. Em uma panela de barro, agrega-se ovos a esse mexido e, para finalizar, claras em neve, que lhe dá aparência de suflê Folar português Em Portugal, madrinhas e padrinhos têm o costume de dar aos afilhados um folar, popularizado em versões salgadas (recheadas com carne) e doces (que fazem referência a um pão doce com ovos, e pode receber erva-doce e canela). Sobre a iguaria, são acomodados ovos cozidos e tirinhas de massa entrelaçadas Páscoa à mexicana Na Semana Santa, cresce a demanda por romerito nos mercados populares mexicanos. Trata-se de um vegetal tenro, de folhas verdes, típico de solos salinos que, depois de cozidos, são incorporados a um guisado com camarão, enriquecido com elementos como chocolate amargo, pimentas, cravo, canela, e amendoim —estes misturados e fritos em banha de porco Rabanada espanhola Na Espanha, come-se um preparo semelhante à rabanada, que também parte de um pão amanhecido, fatiado e embebido em leite, envolto em seguida em ovos. Aromatizado com flor de laranjeira e casca de limão ralada, frita-se, polvilha-se açúcar e serve-se o mais quente possível. Calórico e energético, fez-se adequado à época de jejum Colomba italiana Nesta época, as confeitarias italianas ganham um perfume de Colomba Pascal. Trata-se de um bolo em formato de pomba, com massa aerada, como a do panetone, coberta de açúcar e amêndoas. Uma lenda sobre sua origem cita uma batalha em Milão, concluída com a imagem de pombas a voar, como símbolo da liberdade do povo milanês ""Katerre”, na língua ianomâmi, corresponde ao nosso “tudo bem, tudo bom, beleza” e é o nome da expedição que leva grupos pequenos ao remoto Alto Amazonas, na região do rio Negro. São cinco dias de navegação para explorar o Parque Nacional do Jaú, se é que dá para dizer explorar, no caso dessa reserva que é a quarta maior do país sob proteção total e a terceira floresta tropical úmida intacta do mundo. Também superlativo e protegido, o arquipélago fluvial de Anavilhanas, um emaranhado verde e azul com 420 ilhas, está incluído no roteiro. Tudo bem, para quem valoriza um mergulho fundo no maior estoque de água doce do globo —inclui cascatas desertas, passeios noturnos por igapós, caminhadas em mata primária, abraço gratiluz em árvore de 70 metros, socialização com boto-cor-de-rosa. Tudo bom, para quem pode pagar por um turismo artesanal, com causa, que garante o ar-condicionado na cabine e o vinho no jantar ao mesmo tempo que expõe o viajante à realidade das comunidades isoladas, à necessidade e à precariedade da preservação na Amazônia e a projetos socioambientais sustentados pelo negócio das viagens. Beleza. Mas ficar confinado num barco com gente desconhecida? E qual a graça de estar num éden inacessível e não ostentar nas redes sociais, já que, como avisa o material para o turista, não há conexão de internet, “tampouco se consegue o sinal de telefonia móvel das operadoras durante a navegação”? Alguém ainda pergunta sobre o aumento dos ataques piratas nos rios da Amazônia. E sobre repelentes, claro. O surto de dúvidas ansiosas acontece em cima do rio Negro, na cidadezinha de Novo Airão, a 195 km de Manaus, em um bar-restaurante flutuante de onde saem os microcruzeiros de charme da Katerre. Ali, onde o grupo aguarda a embarcação sob 38 graus, acontece o primeiro banho numa água que parece glicerina, o que afasta toda paranoia, ainda mais acompanhado de dadinhos de tapioca crocantes e drinques à mão. Lembra frescura de resort, mas em vez de piscina de borda infinita há um oceano doce, preto e ao mesmo tempo transparente, tratado quimicamente só pela natureza: a água tem esse aspecto em razão do pH, resultante dos ácidos que se formam na decomposição de húmus no solo. Graças à acidez, mosquitos são tão escassos quanto humanos na região. Quase não tem gente, que dirá pirata. O Flor do Luar é um restaurante com píer nos moldes dos flutuantes locais, que atraem turistas e moradores com comida, bebida e banho de rio. Mas, lá, o tambaqui, o baião de dois, a farofa de tucupi bem como o cardápio regional inteiro recebem o acento da chef paulista Debora Shornik. O nome homenageia a ilustradora botânica inglesa Margaret Mee (1908-1988) e a última expedição que ela fez à Amazônia, no ano de sua morte, para desenhar a rara flor da lua (Selenicereus wittii), espécie de cacto que só floresce à noite, uma vez por ano, e é endêmica em Anavilhanas. Quem explica é o empresário paulista Ruy Tone, líder da expedição, sócio da Katerre e de um monte de empreendimentos no Amazonas que vão do restaurante Caxiri e da pousada Casa do Teatro, em Manaus, ao Flor do Luar e ao hotel de selva Mirante do Gavião, em Novo Airão. Alguns dadinhos, caipirinhas e baiões de dois depois surge, duplicado no espelho do rio, o Jacaré-Açu, a maior espécie do bicho. Aqui, felizmente, é só o barco que será nossa casa nos próximos dias. Construído de madeira no estilo convencional da região, tem uma carranca do predador na proa, 64 pés, três andares e pode levar até 16 pessoas. No andar de cima é o solário: melhor lugar para observar aves, jacarés, botos, ariranhas e as festas diárias de sol indo e sol chegando. No convés principal ficam a cozinha integrada à sala de refeições de onde espirram pratos da culinária caseira amazonense feitos por umas moças tímidas. Ficam ali também a área de serviço da tripulação e quatro cabines com beliches. No convés superior há uma sala, outros quatro camarotes e a cabine de comando —e é lá que dorme Raimundo Mendes, 47 anos, nascido no rio Jaú e criado em Novo Airão, um comandante que diz amar seu ofício de carregar “gente de todo lugar”, mas que nunca quis sair de seu estado. Fim do sinal no celular, início do detox digital e da navegação pelo “black mirror’’: o Negro é um espelho mesmo, não importa hora e lugar, sempre garante o clichê fotográfico das paisagens dobradas. A viagem já começa com uma força da natureza chamada Josué, o guia, tocando terror na sua apresentação cheia de dados sobre o “inferno verde”. Perigos, anacondas, formigas assassinas e uma certa Ilha da Caveira para onde vamos e da qual você não vai achar, depois registro na internet, em mapa nenhum. Neto de índia da etnia tukana e de japonês, Josué é PhD em sobrevivência na selva, deu treinamentos militares et cetera. Sua introdução ao mundo amazônico poderia ser um workshop sobre autoconfiança. “Sou passado e escovado em casca de alho”, afirma, e quem ignora essa expressão nortista descobre mais tarde que significa alguém esperto, ladino, protegido contra o mal. Qualquer coisa, agarre na mão de Josué. Depois do primeiro jantar a bordo, você pode escolher entre dormir no barco ou pegar uma rede na cabine e ir dormir na selva, para ter a real experiência cabocla. Apenas as mulheres da turma optam pela alternativa dois. O subgrupo deixa o Jacaré-Açu de voadeira até o Mirante do Madadá, que é um bangalô na floresta com um banheiro e ganchos para redes. Até chegar a ele é preciso encarar, no breu, uma subida com degraus tão distantes um do outro que parecem feitos para gigantes. No mirante, a primeira coisa que a lanterna de Josué ilumina é uma tarântula. Beleza. A trilha curta, mas íngreme, os sons dos bichos e o balanço da rede induzem ao sono até o nascer do sol na mata. Você acorda ao relento, constata que não tomou picada de carapanã (mosquito, em amazonês) e que está de frente para uma prainha deserta e bem diagramada, na região mais preservada da Amazônia. De volta ao barco, é bom caprichar no café da manhã feito à mão, incluindo pão de queijo de tapioca, bolos, sucos, biscoitos caseiros e o supervitaminado tucumã —em geleia, em suco ou ele em si, é o fruto pau para toda obra. O que te espera agora é um trekking de mais de três horas até as grutas do Madadá. No caminho, Josué e seu facão dão um espetáculo que não parece muito roteirizado como costuma ocorrer. A mata primária é mutante, cenário que exige improviso. Nesse dia o show inclui provocar formigas venenosas e explicar, tim-tim por tim-tim, como os índios preparam luvas com folhas recheadas dessas assassinas para que os garotos enfiem suas mãos e as deixem lá por horas. É uma prova de coragem e espécie de imunização que marca a passagem da puberdade para a fase adulta. O ritual é vivo hoje em muitas tribos. Quando você acha que não consegue mais dar um passo naquele mato úmido e no calor de 37 graus, você chega às grutas do Madadá. É um azar (ou uma sorte) que a logística complexa prive tanta gente de conhecer esses dois conjuntos de rochas, formados há mais de 700 milhões de anos por blocos de arenito de vários tons. Também diversa em cores, do verde ao vinho, a vegetação de selva equatorial decora, com as teias de aranha, os salões de pedra. Para descansar da andança, o programa seguinte é provar mais uma das praias que se formam no Negro, já que o mês é outubro, período de vazante, com muitos bancos de areia. O nível da água varia em até dez metros de altura entre a seca e a enchente —que vai de fevereiro a julho. Agora, a paisagem é outra. Ainda mais inesperada é a cidade-fantasma de Airão Velho, na confluência do Negro com o rio Jaú. São umas ruínas que incluem paredes de casarões coloniais, mas também uma escola de ocupação mais recente, tudo abandonado, atacado por mato, raízes e cipós de todos os lados. Há vestígios do primeiro povoado português ali, erguido por missionários em 1694, e sobras do que foi o centro mais importante da região durante o ciclo da borracha. E se ainda sobra algo para olhar é graças a um senhor fofo e franzino nascido há 65 anos, diz, em Fukuoka, no Japão: Shigero Nakayama, único morador de Airão Velho, guardião das memórias do lugar. Ele decidiu, em 2001, viver sozinho naquele filme de terror e cuidar do patrimônio. Nakayama recebe os visitantes com um facão na mão, uma evidência de que é caboclo, não é mais japonês, apesar do sotaque forte. Na sua casa de madeira, um quartinho foi transformado em um museu singular. De cara, você vê uma pin-up peituda montada em uma fera, num pôster velho pregado na parede. O clima é de borracharia, o tema é o ciclo da borracha. Uma pintura naïf mostra como a vila era no tempo de glória. E há objetos importados desenterrados de escombros, telhas portuguesas, coisas que atestam o luxo em que viviam os “coronéis do barranco” (seringalistas). O acervo inclui utensílios de cerâmica feitos por indígenas, do tempo da aldeia que havia ali antes da colonização. A região toda tem marcas desses antigos moradores, como petróglifos (gravuras rupestres), visitados pela expedição. Sempre que recebe pesquisadores, estudantes, turistas e jornalistas, Nakayama conta como Airão Velho faliu depois da Segunda Guerra, quando o comércio da borracha secou de vez. Os moradores abandonaram o lugar, a maioria foi transferida para a atual cidade de Novo Airão, daí o nome. A última família saiu nos anos 1980. Mas, segundo a lenda, a população foi expulsa por formigas de fogo gigantescas. “Airão Velho é conhecida mundialmente hoje só por causa de mim, tudo saiu da minha cabeça”, diz Nakayama, e mostra o xerox plastificado da reportagem publicada três anos atrás no jornal The New York Times, com outros recortes sobre o “eremita da Amazônia”. “Não é só Manaus, o interior tem muita riqueza’’, ele avisa aos navegantes. Que naquele momento aproveitam as molduras da cidade morta para fazer selfies, enquanto o homem segue no papel de guia. Aponta restos das ruas de pedra, lápides comidas por selva, a andiroba de sua farmácia particular, o urucum e o buriti. Chega de história. O barco zarpa com destino à base flutuante do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), na entrada do Parque Nacional do Jaú, onde cada um que passa é identificado, assina um livro, ganha um papel com carimbo. Já são dias sem internet, os passageiros querem dar um salve ao pessoal de casa. A esperança é que o órgão federal libere o sinal e o grupo possa se comunicar um minutinho. Mas não libera, não. O consolo é a navegação pelo espelho do Jaú, no início do parque que desde 2000 tem o status de patrimônio natural da humanidade. A área protegida pega quatro municípios de dois estados (Amazonas e Roraima), tem 2,4 milhões de hectares, um perímetro de 1.213 quilômetros e, diz a estatística oficial, um jacaré por quilômetro. Detalhe: é fiscalizado por um exército de três funcionários do ICMBio. Há mais três para Anavilhanas e outros três para a reserva do rio Unini. O Jaú é o centro de um sistema aquático composto por mais dois rios grandes: o Unini, ao norte, e o Carabinani, de leito rochoso, ao sul. A gente deixa o barcão e segue de barquinho até a cachoeira do Carabinani, para uma hidroterapia em jatos cor de âmbar que despencam das pedras. Ninguém mais parece se lembrar de que continua incomunicável. À noite, o passeio de canoa para observar jacarés vale pela experiência de imersão na escuridão da água e da floresta. Ecoturistas curtem esse negócio de focagem noturna de animais, mas algum mais fundamentalista vai se sentir desconfortável ao ver o guia enfiar a lanterna na cara do filhote, pegá-lo nas mãos (o que vimos estava sem uma patinha) e desfiar uma aula completa de zoologia, para aflição da criatura aprisionada. A aventura amazônica precisa incluir o homem, então a expedição visita uma das 14 comunidades que restaram no Parque Nacional do Jaú. A reserva foi criada em 1980, na ditadura militar, em um ato que desprezou a situação de famílias que ali viviam e que foram sendo expulsas com a pressão das proibições. A tensão entre a cultura tradicional dos moradores —caçar, pescar, queimar e derrubar para viver— e a necessidade de preservar a floresta está lá até agora. Na comunidade Cachoeira do Jaú, com 45 pessoas, o grupo forasteiro conhece a casa de farinha em que adultos e crianças, sentados em círculo, descascam mandioca. Pamela, 6, trabalha com um facão maior que a mão dela. Tudo bem, porque facão está para criança ribeirinha como celular para criança urbana. Lá não tem celular nem orelhão, mas tem banheiros, uma conquista recente: a expedição Katerre construiu fossas sépticas na escola, em parceria com a secretaria da Educação de Novo Airão. Na sala de aula há alunos misturados do segundo ao nono ano. “Levo os cadernos dos pequenos, passo tarefinha, chego aqui, dou atenção para os da frente, enquanto copiam aqui, dou atenção para os outros. É suado”, diz a professora Márcia Oliveira. Os moradores de Cachoeira são parceiros na proteção ambiental. Sibá, o líder, diz que caçava e matava. Calhou de trabalhar como ajudante em trabalhos de campo do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), aí mudou a cabeça. Hoje, ajuda no monitoramento de aves, mamíferos, borboletas e principalmente de quelônios: tartaruga-da-amazônia, tracajá, irapuca e iaçá. O projeto envolve intervenção humana para proteção dos ovos até a eclosão e, depois, a soltura dos filhotes na água, numa tentativa de aumentar a população das espécies, que diminui ano a ano. Gavião pega ovo de tartaruga, piranha pega filhote, mas a ameaça maior aos bichos de casco é o homem mesmo. “Nossos filhos estão com fome, mas tem caboclo comendo o que estamos protegendo, tem gente fazendo zoeira de voadeira e assustando tartaruguinha na ponta da praia.” A praia em questão é uma ilha fluvial em frente à casa de Sibá, onde ele planta os ovos e monitora os filhotes, lugar conhecido como praia do Sibá. O líder critica a atuação do ICMBio: “Queria ser o chefe do parque do Jaú, ia dar tanta chulapa em cabra sem vergonha que rouba. Porque quem está no ar-condicionado não sabe da realidade que se passa aqui, fecha os olhos para o tráfico de quelônio. Não botam pressão, então continuam levando”, ele diz. Muito longe, na sede do instituto do ICMBio, em Novo Airão, a chefe do parque, Mariana Leitão, uma bióloga carioca de 40 anos, vai explicar depois que não pode dar chulapa nos moradores de comunidades que infringem a lei nem confrontar o comércio local, sob o risco de ficar sem ambiente na cidade em que mora. “Temos nossa vida aqui, se bater de frente com comércio local você não compra mais nada na cidade, o cara da esquina onde você compra, sabe? A gente não tem como lidar com essa coisa complexa.” Há dois anos, foi feita uma fiscalização integrada com a Polícia Federal, pegaram uma canoa cheia de bichos de casco no rio Jaú, eram moradores de uma comunidade mais isolada. Reincidentes, ficaram dois meses no presídio de Manaus. “A farinha tem preço muito baixo, tráfico é um dinheiro mais fácil”, diz Mariana. Embora exista só uma entrada oficial para o parque, na foz do rio Jaú, onde está a base do instituto, há furos. Pelos igarapés tem entra e sai de gente, o tráfico de tartaruga passa escondido direto pelo rio Carabinani, que é desabitado, sobe, vai para o alto, pesca lá dentro, arrasta as canoas. “Isso é consolidado. Comerciantes em Novo Airão pagam essas pessoas, dão combustível, rancho, alimentação. Muitos já foram pegos, dormem na cadeia, no outro dia estão soltos. A gente apreende motor, apreende canoa, no outro dia esses comerciantes compram outro motor e outra canoa”, diz a chefe do parque. A expedição está quase no fim. O grupo se despede da tripulação do Jacaré-Açu como quem deixa a família. Após o desembarque, é hora de conhecer, em Novo Airão, a Fundação Almerinda Malaquias, fundada por um suíço há 20 anos, que dá educação ambiental a 150 crianças e capacitação profissional para jovens por meio do design em madeira e da técnica de marchetaria. As peças são feitas com madeiras locais certificadas, restos descartados pelos estaleiros da cidade. Uma loja própria vende os objetos que saem das oficinas. A organização tem 32 hectares de floresta primária, a seis quilômetros do centro de Novo Airão, onde está sendo implantado, com apoio do governo japonês e da associação suíça Ailleurs Aussi, um laboratório de pesquisa ambiental. “Temos dois eixos: geração de renda para 40 famílias, com captação de recursos e criação de canais de venda;e educação de crianças e jovens, com aulas de ecoturismo e horta orgânica, para disseminar o conhecimento da floresta, a importância de mantê-la de pé”, diz Ruy Tone, presidente da fundação, que tem entre mantenedoras tanto a Katerre como o hotel Mirante do Gavião. “Nosso trabalho é retardar ao máximo o processo de degradação da Amazônia, que avança. Nossa luta é uma longa derrota”, afirma Tone. A jornalista viajou a convite da Expedição Katerre Mais de 50 blocos saem pelas ruas da capital paulista neste domingo (10). No Rio, 15 trios vão fechar o Carnaval carioca. Daniela Mercury, com o Pipoca da Rainha, e Preta Gil e seu Bloco da Preta são os destaques em São Paulo. A festa comandada por Daniela Mercury começa às 14h na rua da Consolação, região central de São Paulo. O Bloco da Preta agita os foliões que forem à avenida Pedro Álvares Cabral (Ibirapuera) a partir das 12h. No Rio, a festa começa mais cedo, com Monobloco, às 9h, no centro da cidade. Leia mais sobre o Carnaval aqui Existe algo de excessivo no tamanho das porções de comida servidas em restaurantes e isso não ocorre apenas nos Estados Unidos. Estudo realizado por equipe internacional de pesquisadores, que contou com o apoio da Fapesp, mostra que porções exageradas são comuns em restaurantes mundo afora. O estudo publicado no British Medical Journal pesou e mediu o valor calórico de refeições em restaurantes populares no Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia. O resultado mostrou que 94% das refeições à la carte e 72% dos pratos servidos em fast foods continham mais de 600 quilocalorias —mais que o consumo energético por refeição recomendado pelo Sistema de Saúde da Inglaterra (NHS). Os pesquisadores encontraram uma relação significativa entre o peso da porção servida e o seu conteúdo calórico. De acordo com as medições, refeições como, por exemplo, o tradicional arroz, feijão, frango, mandioca, salada e pão (841 gramas e 1.656 kcal), servido em qualquer restaurante do Brasil, ou o clássico ganês fufu com carne de bode e sopa (1.105 gramas e 1.151 kcal) e o típico prato indiano biryani de carneiro (1.012 gramas e 1.463 kcal), além de extremamente calóricas, primam pela quantidade exagerada de comida. “A obesidade é um problema mundial, causado por vários fatores como sedentarismo, ingestão de alimentos processados, açúcar e também pela quantidade excessiva de comida ingerida. Uma parcela da população pode estar confundindo fome com vontade de comer. Esse estudo mostra que para combater a obesidade é preciso também olhar para esses excessos”, diz Vivian Suen, do departamento de clínica médica da faculdade de medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP), uma das autoras do artigo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade uma epidemia global que aumenta o fator de risco para doenças como cardiopatias, AVC e diabetes. Estima que 1,9 bilhão de adultos tenham sobrepeso, sendo 600 milhões com obesidade. No estudo, exceto na China —que apresentou pratos menos calóricos que nos outros países estudados—, o consumo das porções servidas em restaurante fornecia entre 70% e 120% das necessidades calóricas diárias para uma mulher sedentária, cerca de 2.000 quilocalorias. “Não levamos em conta, nesse estudo, o modo de preparo e a composição nutricional dos pratos estudados. O fato é que, pelos restaurantes pesquisados, há uma parcela da população que está comendo muito”, diz Suen. O estudo mediu as calorias de 223 amostras de refeições populares de 111 refeições escolhidas aleatoriamente de pratos à la carte e fast food de restaurantes de Ribeirão Preto (Brasil), Pequim (China), Kuopio (Finlândia), Acra (Gana) e Bangalore (Índia). Os dados foram comparados com um estudo anterior realizado na Universidade de Tufts com as medidas de restaurantes de Boston (Estados Unidos). A escolha dos restaurantes devia atender a distância dentro de um raio de 25 quilômetros de cada centro de pesquisa que participou do estudo. “A análise quebrou dois sensos comuns: de que não estamos só comendo pior, mas em exagero, e que, em termos de calorias, muitas vezes um prato considerado saudável pode engordar mais, deixar o balanço energético mais positivo, do que o de um fast food”, diz Suen. Embora os resultados tenham mostrado que, na média, as refeições fast foods continham menos calorias (809 calorias) que as servidas à la carte (1.317 kcal), o estudo está longe de ser uma defesa desse tipo de restaurante. “Isso só mostra que enquanto estamos prestando atenção em fast foods, com campanhas para alimentação saudável, que são muito positivas e necessárias, estamos deixando de lado fatores importantes como o tamanho das porções que estamos comendo. Isso pode ter um impacto grande também na obesidade mundial”, diz Suen. A pesquisadora explica que as porções exageradas têm efeito também no chamado mecanismo compensatório. “Normalmente, quando uma pessoa não obesa faz um almoço muito reforçado, ela tende a sentir menos fome e comer menos no jantar, por exemplo. Porém, e isso já foi muito estudado pelo grupo de pesquisadores da Tufts University, os obesos perderiam essa percepção. Portanto, não ocorre mais essa regulação de comer menos na refeição subsequente”, afirma Suen. Ela destaca que outro problema é que o organismo de pessoas obesas também cria resistência para a perda de peso. “Existem muitas dietas. Tem, por exemplo, a low carb, a dieta com alto conteúdo proteico e a dieta com baixo teor de gordura. Mas qual é a melhor delas para emagrecer? Até hoje não se sabe. O que conta é o conteúdo calórico total no longo prazo. Logicamente, a qualidade do alimento também é importante. Comer carboidrato de má qualidade, gordura saturada, carboidrato simples, isso contribui para doenças relacionadas ao excesso desses alimentos. Porém o ganho de peso está relacionado ao excesso de calorias”, diz. O ovo frito agora faz parte do cardápio da rede de lanchonetes do McDonalds. A partir dessa terça-feira (28), a rede oferece dois lanches com ovo: o Egg Junior (opção para o combo Mc Lanche Feliz), que vem com pão, ovo, ketchup e mostarda. E o Egg Quarterão, com ovo frito, hambúrguer de carne, duas fatias de queijo, cebola e picles. Os preços sugeridos para os sanduíches são R$ 5,50 para o Egg Junior individual (R$ 17 no combo McLanche Feliz) e R$ 17,90 para o Egg Quarterão (R$ 29,90 no Triplo Quarterão). A rede de fast-food diz que a escolha pelo ovo nos seus novos lanches decorre da intenção de oferecer alimentos nutricionalmente mais equilibrados. Nos últimos anos, a marca tem feito uma série de reformulações no cardápio para reduzir sódio, açúcar e calorias. Segundo o vice-presidente de Marketing do McDonald's, Roberto Gnypek, ""o ovo, além de muito consumido e apreciado pelos brasileiros, é uma tendência em termos de sabor e um sinônimo de produto saudável e natural."" Neste ano, a rede também comemorou os 50 anos de seu sanduíche mais famoso, o Big Mac. O lanche da rede de fast-food McDonald’s surgiu em Pittsburgh, nos Estados Unidos, pelo dono de um restaurante da franquia, Michael James Delligatti. No Brasil, o primeiro restaurante da rede a prepará-lo foi o de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 1979. A quase onipresença do Big Mac pelo mundo fez com que ele se tornasse referência de um índice econômico, em 1986. O chamado Big Mac Index ganhou notoriedade. O banco suíço UBS, por exemplo, desenvolve a cada três anos um ranking sobre o tempo de trabalho necessário em cada país para pagar o sanduíche. Neste ano, a pesquisa mostrou que um paulistano precisa trabalhar, em média, 52,5 minutos para conseguir comprá-lo. O esforço é ainda maior no Rio, onde o tempo chega a 56,7 minutos. Ambas as capitais estão entre as cidades com o maior custo de vida entre as 77 pesquisadas. Ele já foi a estrela do brunch, escorrendo sobre torradas e avocados, misturando-se ao bacon ou ao salmão defumado. Depois, invadiu sanduíches e petiscos, como o bolovo. Agora, salta para o topo de um bocado de receitas, lideradas por carbonaras, lámens e tartares. Jogou para escanteio o discurso do colesterol alto para inaugurar tempos de pura ""ovolatria"". ""O ovo é um coringa, ele te dá muitas possibilidades e tem um lado estético fenomenal"", defende Uilian Goya, que tem o insumo como protagonista de um terço de seu cardápio no Izakaya Taka Daru. ""A carta não foi premeditada, é que gosto de trabalhar com ovo na minha cozinha em diferentes cocções e proporções. Ele dá cremosidade, equilibra um caldo muito forte, suaviza algo muito apimentado, dá uma untuosidade melhor"", completa. Assim, ele aparece no menu de várias formas: mexido, frito, marinado no shoyu, cozido em caldo, perfeito (feito a 63°C, que conduz gema e clara à mesma textura), omelete... Esta última é inspirada na de Paulo Shin, do Komah. ""Tenho muito carinho pelo kimchi bokumbap [kimchi é um preparo coreano com acelga condimentada e fermentada] e pela omelete que coloco sobre ele. Preparo os ovos na frigideira, mexendo com hashis, e acrescento apenas manteiga"", explica Shin. Ele conta que o resultado é um preparo cremoso. ""É simples, é arroz com ovo, mas também é especial."" No mundo da culinária, os ovos são o ingrediente que mais deixam evidente o quanto um preparo aparentemente simples pode, na verdade, ser bastante complexo. O ovo pode ser orgânico de galinha albina caipira e a frigideira pode ser maravilhosa, mas sem a mão para sentir a temperatura e virar no ponto exato, não se faz uma omelete excelente. Excelência, aliás, é conceito polêmico no que tange à gema... ""Uso a perfeita, cozida a 63°C por duas horas. Tiro a clara e recheio o pastelzinho, que frito e sirvo cortado no meio"", ensina o chef Fabio Vieira, do Micaela, que ainda adiciona farinha de pururuca para criar o contraste de texturas e um molhinho de alfavaca e pimenta fidalga para aprofundar os sabores. Daniel Hirata, do Hirá Ramen Izakaya, é um amante do ovo ajitama, que é cozido e mergulhado no shoyu. ""A gema continua cremosa e é perfeita para lámens"", diz. Charlô Whately, em seu bistrô, gosta dela nua e crua sobre seu nhoque propositalmente afrancesado: ""Não é o carbonara tradicional da Itália, mas uma receita inspirada nos restaurantes franceses. Nela vai creme de leite e, no final, a gema caipira que nosso garçom mistura à mesa"". À frente do Bar da Dona Onça, a chef Janaina Rueda integra o time da gema curada: ""Tinha galinhada na casa desde a abertura, mas era a tradicional. Quis brincar e dar um toque moderno que vem da gema da galinha. Ela descansa em água, sal e açúcar e fica mais durinha"". Durinha é força de expressão, já que a graça é explodi-la com o garfo e deixá-la fluir no prato. Nessa mesma pegada acolhedora, Marcelo Tanus, da Bráz Trattoria, explica a receita que batizou de ovos no purgatório. ""Tem coisa mais reconfortante do que rasgar uma gema com um pedaço de pão? É delicioso"", emenda. A tentação à base de ovos, tomates e mozarela assados no forno a lenha acompanhada de pão de fermentação natural legitima a fala do chef. Bar da Dona Onça - av. Ipiranga, 200, centro, tel. (11) 3257-2016 Bistrô Charlô - r. Barão de Capanema, 454, Jardins, tel. (11) 3087-4444 Bráz Trattoria - Shopping Cidade Jardim - av. Magalhães de Castro, 12.000, 4º piso, Morumbi, tel. 3198-9435 Hirá Ramen Izakaya - r. Fradique Coutinho, 1.240, Vila Madalena, tel. (11) 3031-3025 Izakaya Taka Daru - r. Costa Carvalho, 234, Pinheiros, tel. (11) 3034-0937 Komah - r. Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda, tel. (11) 3569-7956 Micaela - r. José Maria Lisboa, 228, Jardins, tel. (11) 3473-6849 Por Marcelo Tanus, da Bráz Trattoria Ingredientes 2 ovos caipiras 1 tomate assado* ½ xícara (chá) de molho de tomate caseiro** 1 dente de alho laminado puxado no azeite Uma pitada de pimenta calabresa seca Uma pitada de flor de sal 50 g de queijo tipo fiore di latte (ou mozarela de búfala) Queijo parmesão a gosto Modo de Preparo Em um refratário, adicione o molho de tomate, o tomate assado, o alho laminado já puxado no azeite e a pimenta calabresa seca Quebre dois ovos por cima dessa combinação e complete com o queijo tipo fiore di latte (ou a mozarela de búfala) em cubos Finalize com o parmesão ralado na hora Em forno preaquecido, asse a 200°C por cinco minutos * Ingredientes para o tomate assado 1 tomate Sal, pimenta e açúcar Azeite a gosto Modo de preparo do tomate assado Lave o tomate, retire a pele as sementes Tempere com sal, pimenta e açúcar Regue com azeite Leve ao forno preaquecido a 200°C por 5 minutos ** Ingredientes para o molho de tomate ½ kg tomate italiano bem maduro ½ maço pequeno de manjericão ½ dente pequeno de alho Sal a gosto Óleo a gosto Modo de preparo do molho de tomate Descasque os tomates e tire as sementes Corte-os em quatro partes, como pétalas Aqueça bem uma frigideira e acrescente um pouco de óleo Coloque o alho Sele os tomates e jogue-os em uma panela grande Adicione o manjericão e ajuste o sal Tampe e deixe cozinhar até murchar o manjericão Maior rede de varejo do país, o Carrefour anunciou que vai se alinhar a uma tendência internacional de comercializar apenas ovos de galinhas criadas sem gaiolas até 2028, em todas as suas lojas. Numa primeira fase, até 2025, a medida será aplicada para as marcas próprias da casa, como o selo Sabor e Qualidade. A empresa já comercializa ovos caipiras e orgânicos, como por exemplo os da marca Korin, mas o maior volume hoje ainda é de ovos de granja, em sistema tradicional. O sistema tradicional confina os animais em locais minúsculos onde não podem se movimentar, se alimentam de ração ininterruptamente e são arrancados seus bicos. Comparações entre nutrientes dos ovos criados em sistemas diferentes apontam maior quantidade de vitaminas nas galinhas que ciscam livremente e podem se alimentar conforme sua vontade. O compromisso do Carrefour foi estabelecido também nas lojas de países da Europa como França, Itália, Polônia, Bélgica, Espanha e Romênia. O sistema livre de gaiolas é uma bandeira dos militantes contra a crueldade animal e pelo consumo consciente. Organizações como o Mercy for Animals, Animal Equality, Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e Humane Society International documentam os maus tratos sofridos pelas aves para pressionar consumidores e produtores a eliminar esse tipo de criação. Para Lucas Alvarenga, vice-Presidente da Mercy For Animals no Brasil, o compromisso ajudará a ""reduzir o sofrimento extremo de milhões de animais, além de ser um importante exemplo para que outras empresas implantem políticas semelhantes. Esperamos que os demais grandes grupos, como Walmart e Grupo Pão de Açúcar, também assumam esse compromisso"". Segundo relatório da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil produziu em 2016 39 bilhões de unidades, sendo que apenas 0,43% da produção foi exportado. Naquele ano, o consumo per capita do brasileiro foi de 190 ovos. O Carrefour tem 20 fornecedores atuais de ovos. Considerando o volume total de ovos vendidos atualmente pela rede, se o compromisso final para 2028 fosse implementado hoje, mais de 700.000 galinhas seriam retiradas das gaiolas. TIPOS DE OVOS OVO DE GRANJA INDUSTRIAL As galinhas ficam confinadas sem espaço para se mover nas gaiolas. Os animais têm seus bicos cortados como forma de aumentar a produtividade. Como são alimentadas com ração, é possível obter manejar a produção de ovos com acréscimo de vitaminas ou outros aditivos. OVO CAIPIRA Para a produção do ovo caipira, as galinhas têm de ser criadas fora de gaiolas, ciscando livremente, e devem se alimentar de ração vegetal, sem adição de corante. As galinhas não podem receber complementos, hormônios, antibióticos ou outros remédios. OVO ORGÂNICO Para ser considerado orgânico, a criação das galinhas tem de ser sem gaiolas e a alimentação integralmente orgânica, sem uso de agrotóxico ou fertilizante químico. As galinhas não podem receber complementos, hormônios, antibióticos ou outros remédios. Não podem sofrer debicagem e nem confinamento. O produtor precisa receber uma certificação específica de alimento orgânico conforme padrões estabelecidos no setor. A rede deve atuar junto aos fornecedores para que modifiquem os espaços e os mecanismos de criação a fim de adotar o sistema sem gaiolas. Para isso, promete auxiliar na obtenção de linhas de crédito e na contratação de técnicos para orientar a transição. No compromisso anunciado no último dia 13, o Carrefour afirma que vai atuar para elaborar um protocolo com as diretrizes do sistema sem gaiolas a ser discutido nas associações do setor como a Abras (de supermercados) e a ABPA. A empresa trabalha com a ideia de que o sistema de produção sem gaiolas pode aumentar o custo final dos ovos em 15% a 20% logo após a transição, mas este custo deve se diluir no médio prazo, quando o ovo produzido sem gaiolas deixará de ser ""e nicho"" e passará a ser considerado o padrão. Pesquisa encomendada pela ONG Mercy For Animals apontou que 81% das pessoas se preocupam com a forma como os animais são tratados pela indústria alimentícia. 72% acham que o consumidor deveria estar ciente sobre a crueldade contra animais envolvida na produção de comida e, para 57%, restaurantes e supermercados deveriam parar de oferecer produtos que envolvem sofrimento para os animais. A pesquisa foi realizada pelo instituto Ipsos em 2017, com 1001 internautas de ambos os sexos, com 18 anos ou mais, e tem margem de erro de 3 pontos percentuais. Além de perguntas genéricas, o questionário exibia uma foto do sistema de produção de ovos com as gaiolas. Perguntados sobre o que achavam do confinamento de galinhas em gaiolas limitando seus movimentos, 63% dos entrevistados consideraram absolutamente inaceitável tal procedimento, 19% parcialmente aceitável, 9% não tinham opinião, 7% achavam parcialmente aceitável e 3% absolutamente aceitável. Sophie Deram acha que os brasileiros merecem mais. Doutora em nutrição e professora na Universidade de São Paulo (USP), a franco-brasileira acredita que, mesmo que o país tenha uma boa oferta de produtos naturais e saudáveis, o brasileiro escolhe mal o que comer. E, quando escolhe alimentos industrializados, tem opções piores do que em outros países. ""A indústria está fazendo uma festa de ultraprocessados no Brasil, e com certeza tem que ter um olhar mais firme do governo para limitar esses excessos. As multinacionais fazem no Brasil coisas que não se permitiriam fazer em outros países"". Deram é nutricionista, engenheira agrônoma e especializada em obesidade infantil, nutrigenômica, transtornos alimentares e neurociência do comportamento. Autora do livro ""O Peso das Dietas"" (Ed. Sextante), defende que uma alimentação com menos processados evita a adoção das dietas da moda que são, segundo ela, ""um gatilho para engordar"". ""Acho que, como brasileiros, devemos pedir uma melhora na qualidade dos alimentos, tanto processados quanto in natura. Mais vigilância sobre os agrotóxicos, mais alimentos in natura dentro dos processados, menos conservantes."" O ""Guia Alimentar para a População Brasileira"" define alimentos ultraprocessados como aqueles que ""são formulações industriais feitas totalmente ou em grande parte de substância extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos, sintetizadas em laboratório, realçadores de sabor e aditivos"". Por exemplo, refrigerante e macarrão instantâneo. Outros, como atum enlatado e frutas em calda são considerado processados. Já cortes de carne congelados e leite pasteurizado são considerados minimamente processados. ""Vemos que 95% das pessoas que fazem dieta fracassam. Quer dizer, todo mundo fracassa. A dieta restritiva abre a rodovia do engordar"", afirma. Confira os principais trechos da entrevista: BBC Brasil - A alimentação do brasileiro piorou? Sophie Deram - O que piorou não foi a nossa alimentação, foi a neura das pessoas. Elas estão com uma neura absurda. Dá para comer de maneira superadequada indo na feira, cozinhando e comendo alimentos menos processados. Mas todo mundo está sempre de dieta, muitos profissionais fazem o que eu chamo de ""terrorismo alimentar"", e a indústria coloca produtos carregados de açúcar e adoçantes nas prateleiras, por exemplo. Hoje os estudos já sugerem que essa troca de açúcar por adoçante não é nada saudável. Enfim, tem um conjunto de forças que vão contra a boa alimentação apesar de no Brasil haver uma abundância de frutas e verduras. BBC Brasil - Que tipo de forças? Deram - O Brasil passou pelo que se chama de transição nutricional, uma mudança cultural da alimentação. Vemos isso em todos os países, e tem a ver com a globalização e a urbanização acelerada. Isso muda completamente o modelo. Mulheres, homens, inclusive os educadores, muitas vezes não tiveram uma infância na cidade e agora tem que inventar um novo modelo de viver. Muitos tinham as mães na casa cozinhando, pegando legumes na feira ou no quintal. De repente, têm que viver na cidade e compram tudo no supermercado sem nem saber o que há em cada pacote. Essa transição fez com que a população começasse a consumir cada vez mais alimentos processados e ultraprocessados. Em 2007 e 2008, o Brasil foi apontado como um dos países em que a indústria de alimentos e bebidas mais crescia no mundo. Houve um investimento muito grande de marketing dessa indústria aqui. As pessoas que foram viver nas cidades acabaram sendo educadas pelo marketing da indústria, pela televisão. Vejo isso no meu consultório: muitas dessas pessoas acreditam que o suco em caixa é melhor porque dá mais energia ao filho ou porque na embalagem diz que ele tem cálcio e outras vitaminas. BBC Brasil - Mas você defende que dá para comer bem cozinhando mais, comprando mais produtos in natura na feira e menos processados. Em uma sociedade em que cada vez mais mães, além dos pais, trabalham fora e o trabalho doméstico está mais caro, como é possível manter essa rotina? Deram - É um desafio cozinhar, é verdade, mas é também uma questão de planejamento. Trabalhei em um laboratório de obesidade infantil, e muitas mães de baixa renda faziam um trabalho ótimo de cozinhar no fim de semana para ter comida pronta. Mas muitas achavam que era mais saudável comprar pronto porque a comida pronta continha mais vitaminas. Vale lembrar que esse papel também é dos pais, não só das mães. Temos que reorganizar a sociedade, aprender a lidar com a realidade de hoje, em que todo mundo trabalha e almoça fora. BBC Brasil - Você lançou a campanha #queromaisqualidade, e afirmou que os brasileiros precisam exigir alimentos melhores, tanto in natura quanto processados. O que exatamente significa exigir mais qualidade? Deram - No caso dos alimentos in natura, precisamos de mais vigilância sobre os agrotóxicos. Mas é preciso ter cautela com os números divulgados por aí dizendo, por exemplo, que o brasileiro consome cinco a sete litros de agrotóxico por ano. Esses números são divulgados por habitante, mas não devemos esquecer que o Brasil é o maior exportador do mundo de produtos agrícolas. Então nem tudo o que é produzido aqui é consumido pela população brasileira. Esses dados nem sempre são adequados. Acho que deveríamos saber a quantidade de agrotóxicos por quilos de alimento produzidos. Outra coisa importante de lembrar é que estamos num país tropical, que tem menos facilidade de produzir alimentos orgânicos como os Estados Unidos ou a França. Um país tropical precisa de pesticidas. Fazer agricultura orgânica no Brasil é uma arte, e nunca vamos conseguir ter uma quantidade plena para alimentar todo mundo. Sou engenheira agrônoma, também entendo a dificuldade dos agricultores. Temos que parar o terrorismo de acusar a agricultura dessa maneira, mas o governo precisa de mais vigilância. A atual não é adequada. BBC Brasil - E o que significa exigir qualidade nos alimentos processados? Deram - O iogurte vem com foto de morango, mas dentro dele quase não tem morango. Tem um xarope, um aroma. Porque a lei brasileira permite que não tenha nada de morango. Se você pega o mesmo produto na Europa, da mesma empresa, ele vai ter de 8 a 10% de fruta. Ou seja, o país maravilhoso de frutas permite comercializar um produto com foto de fruta sem exigir certa quantidade de fruta. É impressionante como a qualidade dos alimentos processados aqui é pior do que a gente vê fora. Acho isso uma coisa inaceitável. Mais qualidade também significa ter menos aditivos, menos conservantes. Sabemos que eles são necessários para vender os alimentos, que precisam ser estáveis. Mas a indústria está colocando aqui muitos aditivos cosméticos. O Guia Alimentar brasileiro até nomeia alguns deles. Dentro dos alimentos ultraprocessados, a maioria dos ingredientes são aditivos cosméticos, para dar um gosto e um aspecto bonitinho pra vender, ou mais açúcar ou gordura. E nosso cérebro adora açúcar e gordura. Esses alimentos ficam na nossa memória hedônica, a memória do prazer. Esses alimentos sequestram nosso sistema de recompensa. Mas aí começa também um terrorismo de que não se deve comer nada processado, qualquer coisa da indústria vira vilão. Isso também não é verdade. Há muitos produtos que são interessantes, higienizados, práticos. Esse terrorismo de pessoas querendo comer tudo fresco atrapalha o dia a dia, porque você demora muito para achar esses produtos. A comida deve ser, de preferência, in natura, mas também integrando alguns alimentos processados como base e, de vez em quando, ocasionalmente, alguns ultraprocessados. Mas não se deve viver disso. Para crianças, as mães compram tudo empacotado. Suco de caixinha, bolo empacotado achando que é melhor porque alegam ser saudável, dizem ter cálcio, vitaminas. Mas o melhor seria um bolo caseiro, com ovo de verdade. A indústria é capaz de fazer bolo processado com manteiga, ovo, farinha e um conservante. Mas ela faz com mil xaropes e gorduras. BBC Brasil - Mas, segundo os dados da última pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, um em cada cinco brasileiros é obeso. E esse índice aumentou nos últimos 10 anos. Por que isso? Deram - Esse levantamento mostrou que as pessoas de fato estão engordando mais e ficando mais obesas, mas também mostrou que as pessoas estão comendo mais verduras e legumes e fazendo mais exercícios físicos. Então não é tão simples assim. A oferta de alimentos no Brasil não piorou, mas as pessoas estão escolhendo de maneira pior. Há muita esperança. A população brasileira ainda come muito alimento de verdade. Os EUA estão numa situação bem pior. Aqui, 60 a 70% do que comemos ainda é comida de verdade. Mas esse índice de obesidade está crescendo de modo que ninguém sabe explicar. Está acontecendo no mundo inteiro. Um estudo publicado na (revista científica) Lancet em 2014 mostrou que nos últimos 30 anos, cerca de 149 países aumentaram o número de obesos e ninguém conseguiu diminuir. Estamos revendo até o tratamento. Será que o que estamos fazendo está ajudando? Provavelmente não. BBC Brasil - Revendo o tratamento de que maneira? Deram - Estamos vendo que as coisas que passam para obesos e pessoas acima do peso fazerem atrapalham o processo, em vez de ajudar. Quando você faz uma dieta muito restritiva você emagrece sim, no começo, mas seis meses a dois anos depois você volta a engordar. Vemos que 95% das pessoas que fazem dieta fracassam. Quer dizer, todo mundo fracassa. A dieta restritiva abre a rodovia do engordar. Infelizmente, há um entendimento errado de que quanto mais magro, mais saudável. A saúde não é avaliada pelo número na balança, mas por muitos fatores. O peso na balança é um deles. Há os níveis de colesterol, de insulina, muitos dados são importantes. Focar tudo no peso é um dos muitos erros da saúde atual. Outro erro é achar que o corpo é uma máquina simples de calorias, que se trata do que entra e do que sai. Cada pessoa tem um corpo diferente e o que você come não é computado no corpo como calorias e sim como proteína, carboidrato, etc. A pessoa que só pensa em calorias não cuida da qualidade, e sim da quantidade. Além disso, esse ganho de peso em excesso não é necessariamente o problema que você tem que atacar. Às vezes ele é consequência de um estilo de vida, um problema de saúde, um desrespeito ao corpo, que engorda para se defender. As pessoas precisam parar de fazer dieta e fazer as pazes com a comida. BBC Brasil - Você diz que dietas da moda, como a low carb (com pouco consumo de carboidratos), jejum intermitente, sem glúten e sem lactose são ""terrorismo nutricional"". Por quê? Deram - Por que quem ganha com isso é a indústria porque as pessoas ficam reféns de produtos ultraprocessados que não têm glúten ou lactose. Quando se começa a proibir alimentos básicos da nossa cultura, como pão e leite, é preciso se preocupar. Temos que repensar o comer, mas não proibir tudo o que era da nossa cultura. Com certeza há cerca de 2% da população que precisa tirar o glúten, que é uma proteína, por causa das doenças celíacas. E algumas pessoas têm uma sensibilidade maior do que outras. Mas as pessoas tratam se isso fosse alergia ao glúten, e não é isso. Não é tão grave assim. O que acontece é que no processo de panificação antigamente, a fermentação era natural e bem mais lenta. Os micro-organismos digeriam mais o glúten. Já a panificação industrializada de hoje é rápida, muito brutal. Eles até colocam como ingrediente dentro desses pães o glúten refinado, para crescer mais rápido. Isso sim pode irritar nosso sistema intestinal. Comendo mais alimentos in natura você já volta a uma alimentação mais tranquila. A lactose, por sua vez, é o açúcar do leite. Quando viramos adultos, digerimos menos esse açúcar. Algumas populações de origem asiática ou africana nem conseguem digerir. Na Europa houve uma mutação genética que faz com que muitos adultos ainda produzam essa enzima. Muitas pessoas, mesmo com intolerância diagnosticada, toleram um pouco de lactose. Low carb é mais um terrorismo, como se de repente o vilão fosse o carboidrato a todo custo. Tenho no meu consultório uma vibe de compulsão alimentar por causa desse low carb. O carboidrato é nossa gasolina para funcionar. Se você corta isso, claro que emagrece, mas seu cérebro não vai gostar e começa a pedir carboidrato. As pessoas que ficam low carb muitas vezes desenvolvem a compulsão por carboidrato. É como se o cérebro valorizasse mais a comida que foi proibida. Depois da dieta, o cérebro não responde mais aos sinais simples de ansiedade. Ele mistura sinais de cansaço, tédio, tristeza, com sinais de fome. E nisso, a tendência é justamente comer alimentos com carga energética maior, que confortam mais o cérebro - açúcar e gordura. Aí ela fica com culpa porque fica low carb o dia inteiro e no fim da tarde come um pacote de bolacha. Esse terrorismo faz com que as pessoas busquem mais ajuda de profissionais e de produtos industrializados. Há um mercado aí por trás disso. Já tive pacientes que estavam sem glúten, mas, para ser mais fácil, só compravam produtos empacotados onde estava escrito sem glúten. E eu dizia: ""Mas gente, arroz e feijão são sem glúten. Mandioca, pão de queijo..."". Jejum intermitente já se mostrou interessante em adultos em pesquisa controlada, em laboratório, em hospital. Mas em casa, não faça. Você funciona no dia a dia com muitas cobranças. Se você não está alimentando seu corpo, vira uma bomba prestes a explodir. De início se emagrece, mas o problema é manter. BBC Brasil - E existe algum tipo de dieta que valha a pena fazer? Deram - As dietas ayurvédicas são muito interessantes, se são bem feitas. Mas é preciso tomar cuidado porque muitos usam esse termo para fazer dietas da moda. Também é preciso combater o que chamo de ""comer emocional"". Quando você está triste, é melhor chorar do que comer uma barra de chocolate. Mas tudo isso pede um investimento de tempo, de energia, de concentração que as pessoas não querem fazer. Seus avós sentavam à mesa e comiam mais ou menos em função da fome. Não tinham esse conhecimento de glúten, lactose, blá blá blá que atrapalha a alimentação. Se tinha uma goiabada, pegavam um pedaço. E hoje temos que treinar as pessoas a voltar a funcionar assim. Temos tudo dentro de nós para funcionar corretamente, mas terceirizamos nossa fome, olha que loucura. É importante dizer às pessoas que emagrecer não é só questão de #foco, #força e #fé (hashtags populares para tratar do tema no Instagram). O interessante seria as pessoas tentarem manter o peso e mudar sua alimentação. É possível treinar mais o comer emocional antes de tentar emagrecer 10 quilos. Ou seja, comer porque está com fome ou vontade de comer. Quando está triste, chora. Quando está ansioso, liga para um amigo, sai com o cachorro. Sustentabilidade, para o cozinheiro Cesar Costa, 27, é a próxima vanguarda da gastronomia. “Passamos pela cozinha espanhola, pela nova cozinha nórdica, e o que vem agora?” Ele parece, pois, estar à frente de seu tempo quando se observa com minúcia a operação do Corrutela, aberto recentemente na Vila Madalena. É o primeiro restaurante da América Latina a receber cotação máxima da Sustainable Restaurants Association, uma ONG inglesa que aborda os problemas complexos do sistema alimentar, orienta e certifica casas pelo mundo. Parte-se de diretrizes que visam o abastecimento (como a ênfase no sazonal e no local), a sociedade (como estabelecer relações justas e respeitosas de trabalho) e o meio ambiente (ações como gerar menos lixo). É um trabalho discreto, de bastidores —que pode ou não refletir no prato servido à mesa. ""Termos as três estrelas da SRA não significa que nossa comida é um nível três estrelas 'Michelin'. Significa que, em relação à gestão de resíduo, de eficiência energética [na casa, a energia solar reduz em torno de 20% o consumo de energia elétrica], de tratamento de funcionário, a gente está num patamar superalto."" No Corrutela, nota-se que a rede de fornecedores que o chef garimpou rodando com o próprio carro, como que em busca de um Brasil pré-industrial, traz frescor e intensidade de sabor às suas receitas, nas quais vegetais orgânicos surgem em evidência. Também há reflexo no preço. Um menu de altíssimo nível, com entrada, prato e sobremesa, sai por R$ 95. São iniciativas como a logística de compra de ingredientes, que lhe exige certa compreensão dos ciclos da natureza, que colaboram. ""Eu sei que o trigo e o milho têm uma safra ao ano, então posso comprar em grandes quantidades e armazenar"", diz Cesar Costa. Pois bem, o chef compra lotes de 300 quilos de cada grão e a maneira pela qual são manipulados internamente também segue uma lógica que poupa investimento e reduz o impacto do lixo no restaurante. Pois bem, o chef compra lotes de 300 quilos de cada grão e a maneira pela qual são manipulados internamente também segue uma lógica que poupa investimento e diminui o impacto do lixo no restaurante. São processados em um moinho de pedra na casa. Do trigo faz-se, por exemplo, um pão de fermentação lenta, que gerou frisson desde a abertura da casa —e paga-se menos no grão do que em uma farinha. O milho transforma-se em uma polenta que realça o sabor do grão, ao qual é acrescido somente água --fica cremosa e amanteigada ainda que não leve um pingo de manteiga. O cacau, que Costa recebe seco e fermentado, é torrado no Corrutela e transformado em chocolate. De industrializado, o que compra? “Honestamente?”, e faz uma pausa. “Anchova.” De industrializado, o que você compra? ""Honestamente?"", e faz uma pausa. ""Anchova."" Com o leite recebido da fazenda Atalaia, em Amparo, em leiteiras de 30 quilos --de novo há uma contenção no uso de embalagem — , produz-se a coalhada, o iogurte, o sorvete. Cesar Costa é um cozinheiro com certas excentricidades. Volta-se para a qualidade da sua comida com a mesma dedicação que empenha-se em tratar do lixo gerado em seu Corrutela. Experienciou, aliás, a rotina do Chez Panisse, em Berkley, na Califórnia, no qual Alice Waters, a musa do movimento Slow Food, aboliu a palavra lixo. Costa não tem televisão e coleciona livros antigos de décadas remotas. Trabalhou ao lado de um dos grandes pesquisadores de plantas não cultivadas pelo homem, o inglês Miles Irving.Foi sob sua tutela em uma cidade medieval na Inglaterra que o jovem chef passava o dia a coletar itens que distribuía a mais de 70 restaurantes. Entrava na água do rio para pegar folhas de agrião selvagem; esperava a maré baixar para coletar algas marinhas; na floresta, colhia cogumelos. O ato de catar coisas lhe mostrou, mais profundamente, o valor da comida, assim como plantar, colher e manejar o lixo. Foi tonificando, portanto, seu respeito pelos produtos --a coluna vertebral de sua cozinha, que parte de elementos reconhecíveis, do repertório comum do brasileiro, para alcançar resultados surpreendentes.""Todo profissional de cozinha tem que usar o máximo de um ingrediente. Não só para não gerar lixo, mas por respeito ao produto e ao produtor"", diz Eduardo Amorim, 27. Ele é o braço direito de Cesar na cozinha e mantém um controle planilhado de todos os resíduos gerados no restaurante --quanto vai para a composteira, instalada logo na entrada do Corrutela a comportar até 30 quilos de lixo orgânico por dia, e quanto é rejeito destinado ao aterro sanitário (lixo de banheiro, perfex etc.). Há registro que num mesmo dia em que foram gerados 28 quilos de lixo orgânico, foram para o aterro 5 quilos de rejeito. Ao pinçar algum elemento do cardápio, o cliente não sabe que os vegetais (dos quais se aproveita a maior parte ou a totalidade) foram entregues em caixas que vão e vêm do produtor. E o mesmo sistema é adotado para receber os peixes e frutos do mar, mergulhados em gelo, em caixas retornáveis. Também não se sabe, explicitamente, que a carne é usada em pouquíssima quantidade porque chega embalada a vácuo, em plástico. De dez itens do cardápio, renovados com frequência com base nos ingredientes sazonais, apenas um leva carne. Trata-se de um tartare de cor avermelhada vibrante, a manter a estrutura da carne, com maionese com ovo pochê, de sabor delicado, e mostarda de Dijon. Para aprofundar sua gestão de resíduo, Cesar Costa passará uns dias no restaurante Amass, em Copenhague, na Dinamarca, a acompanhar um departamento que só cuida da sustentabilidade antes da composteira. ""É um setor de pesquisa para salvar as coisas de ir para o lixo. Como aproveitar a casca de tomate? O que se pode fazer com o café depois de passado? E com o osso dos peixes?"" Ele há de aprender --e aplicar. ""Se você pedir uma receita para um chef estrelado, talvez ele desligue na sua cara, mas quando se fala em sustentabilidade, todo mundo é solícito."" Nos últimos anos, a chef Roberta Sudbrack começou a achar indigesto o formato de alta gastronomia que ela mesma tinha ajudado a criar. O modelo de menu degustação, do qual foi pioneira no Brasil e que por 12 anos foi a marca do restaurante que levava o seu nome, no Rio de Janeiro, tinha se tornado cansativo e excessivo. Para ela e para toda a equipe. No começo de 2017, a chef surpreendeu ao anunciar o encerramento da casa que lhe rendeu uma estrela Michelin e o título de melhor chef mulher da América Latina pela revista britânica Restaurant, em 2015. Saiu para se reinventar, como proclamou. A imersão culminou no Sud, o Pássaro Verde Café, restaurante que abre as portas nesta terça (24), no Rio. Sem lista de reservas, com apenas 12 mesas e sem carta de vinho —“somente sugestões bacanas”, diz a chef. “O Sud não é um restaurante, mas às vezes pode ser. É mais parecido com um café moderno, desses que a gente encontra em Berlim, Paris ou Amsterdã”, conta. Visitantes da nova casa devem gastar, em média, de R$ 120 a R$ 150. O pássaro do nome é uma referência à liberdade que ela tanto procurava. O restaurante vai abrir tarde (12h) e fechar cedo (21h). “Porque queremos que a nossa gente também possa se divertir”, escreveu no Instagram. “Se quiser jantar, venha cedo.” Esse ritmo descompassado da nova casa tem inspiração em Vó Iracema, morta em janeiro e que sempre influenciou o trabalho da neta. “O Sud é uma casa de avós. Quero que elas venham, sozinhas, com seus netos e suas amigas, tomar um cafezinho da Iracema.” Roberta explica que o cardápio será simples, privilegiando o produto e a natureza. “Mas de qualidade máxima, o que sempre pautou o meu trabalho.” É a parte da alta gastronomia que ela não abandona. Como exemplo de “prato simples, com ingredientes de alta qualidade e precisão técnica”, Roberta cita o que vai à mesa com carne crua, nozes torradas e queijo brasileiro. Também estão no cardápio o arroz molhadinho preparado com legumes e tubérculos orgânicos no forno a lenha e o pão caseiro, também no forno a lenha, recheado com doce de leite e farinha de banana, servido quentinho. Ao explicar a guinada na carreira, a chef lembra uma noite no antigo restaurante. Após um jantar de 12 pratos, um dos clientes disse que jamais se esqueceria de um tomatinho servido no garfo. “Era muito simples, quase infantil. Sem excessos. Um tomatinho orgânico e sua pureza. Depois disso, para mim, o mundo se divide entre os que compreendem um tomatinho no garfo e os que não compreendem.” No novo restaurante, Roberta segue com essa obsessão de tirar o máximo de ingredientes brasileiros, como o quiabo e o ovo caipira. Em 2017, ela se tornou uma espécie de baluarte dos pequenos produtores do país, após a polêmica apreensão no seu estande no Rock in Rio. Alguns itens não tinham o selo de inspeção fiscal nos produtos. A indignação pública da chef ajudou a acelerar a Lei 13.680, aprovada em 14 de junho. Na prática, ela facilita a comercialização dos alimentos artesanais em território nacional. “Qualquer cozinheiro que pratique uma cozinha dita brasileira tem o dever de honrar, utilizar e zelar por esses produtos e esses produtores artesanais.” Sud, o Pássaro Verde Café rua Visconde de Carandaí, 35, Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Ter. a sáb., das 12h às 21h Na primeira quadra para quem desce do metrô Ana Rosa sentido bairro da Aclimação, na zona central de São Paulo, o aroma de carne assada recebe os passantes. Do espeto do comerciante libanês Saad Zaikir, dono da casa Kome Kome, saem as tiras para montar um shawarma (R$ 15). A opção vegetariana, com falafel (R$ 15), é suculenta como a original. O bairro esconde pérolas. Descendo mais um pouco, cadeiras de praia e luzes penduradas no quintal de uma casa grande são as pistas de que aquela não é uma residência comum. A Beth Bakery, padaria artesanal da empresária Beth Viveiros, fica movimentada no brunch de sábado. Entre os sanduíches do menu, vale destacar os de pão de brioche: salmão curado e cream cheese com geleia de tomate (R$ 17), e mozarela fior di latte com pesto e abacate (R$ 17). Os cookies (R$ 10) e o bolo de chocolate com caramelo salgado (R$ 10) convidam a esticar a tarde ali. Do outro lado do parque da Aclimação pode ser encontrada uma ótima trinca de asiáticos. O coreano e o chinês se assemelham na clientela: a maior parte das mesas é ocupada por comensais da mesma origem dos pratos servidos. De salão simples, o coreano BiCol surpreende com o famoso dolsot bibimbap (R$ 49). Feito com arroz, vegetais, e ovo de gema mole, é servido em uma tigela de pedra quentíssima, formando crostas deliciosas na parte inferior. De três salões, o restaurante China Garden tem capacidade para 380 pessoas. A gerente e os donos são da região de Wenzhou, de forte tradição gastronômica. Há dois menus. Um, mais refinado, traz clássicos como o secular Pato de Pequim (R$ 158). Fatias finas da pele crocante da ave são servidas com banquete para montar a panqueca oriental na hora. O outro, mais singelo, é inspirado nos típicos restaurantes de Dim Sun, nos quais os clientes pedem pequenas porções e passam horas beliscando. Tem o bun (R$ 9), pão de massa fofa, dumplings (R$ 9 a R$ 16) e diversas sopas. A um quarteirão, no tailandês Thai Chef, a língua corrente na cozinha é a mesma daquele país. O chef Noom e a esposa, Fabiana, cozinham clássicos da culinária local, como o pad thai (R$ 59 a R$ 69), e apresentam sabores ao paladar brasileiro, como o tom kha kai (R$ 39 a R$ 49), que leva leite de coco, folha de limão kaffir e galangal, um primo mais perfumado do gengibre. Para digerir, um passeio à volta do lago do parque da Aclimação encerra a programação com o que o bairro tem de melhor a oferecer. Kome Kome R. Dr. José de Queirós Aranha, 44 Beth Bakery R. Paula Ney, 298 - WhatsApp: (11) 94183-5634 BiCol Pça. Gen. Polidoro, 111 - tel.: (11) 3341-3745 China Garden Av. Turmalina, 45 - tel.: (11) 2389-8887 Thai Chef Av. da Aclimação, 297 - tel.: (11) 2389-4119 Nos anos 1970, minha cunhada Maria Helena lia alto um modo de fazer uma comida, de um pocket meio velho e manuseado. Puxei da mão dela, ela puxou do outro lado, sabia que se eu pegasse aquela preciosidade ia roubá-la, sem escrúpulos. E roubei e achei o que já procurava sem saber. Era a Elizabeth David. Tinha alma. Escrevia como os melhores autores ingleses, viajava, era inteligente, engraçada, localizava as receitas, descrevia a galinha, o galinheiro, a canja. As receitas nem eram exatas, nem receitas eram, mas sabia das coisas. Foi um alívio e um reconhecimento. Guardaria todos os livros dela. (""Cozinha Francesa Regional"" e ""Cozinha Italiana"", da Cia. das Letras, estão fora de catálogo). Depois me aparece uma alma gêmea que fazia a mesma coisa que David, mas nos Estados Unidos. M. F. K. Fisher. A principal qualidade, também, era escrever bem, feminista avant la lettre, mas não das chatas, era das que adorava os homens, apaixonou-se várias vezes, sofreu, contou tudo junto com receitas de sanduíche de ovo frito. (""Como Cozinhar um Lobo"" e ""Um Alfabeto para Gourmets"", da Cia. das Letras, estão fora de catálogo). Não sei dizer qual é a mais obrigatória, são igualmente boas, vai do gosto de cada um. Levaria comigo, para referência, uma coleção do Time Life, escrita pelos melhores da época. Cada livro é a sobre um país, as ilustrações um pouco datadas, mas de confiança (dá para achar edições em sebos). Nós, brasileiros, já começamos pelos melhores, pelos calhamaços de peso. E asseguro que não há possibilidade de entender nossa comida sem Gilberto Freyre e Câmara Cascudo. Sem chance. E em julho, na Flip, Carlos Alberto Dória e Marcelo Corrêa Bastos vão lançar ""A Culinária Caipira da Paulistânia"" pela Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha, e acho que vai ser preciso guardá-lo. Franceses? Proust, amarrado com barbante para não perder, com tia Léonie e Françoise, e Flaubert, com o sorvete de marrasquino de Emma. Os catalães? Ótima comida, mas seria um prazer deixar para trás todos os volumes de uns 10 kg cada, perigo se caírem no pé, os do Ferran Adrià, então, tão minuciosos que chega a doer (Phaidon, importado). Agora vem o principal, para cozinhar de verdade, aquelas receitas impossíveis de errar, compridas, explicadas com rigor. Marcella Hazan que ensinou os americanos a comida italiana como deve ser. (""La Cucina"", da Cia. das Letras, está fora de catálogo.) Para pesquisar peixes e sentir o sopro de um intelecto privilegiado, o inglês Alan Davidson (só importado). No final, são poucos, não é? Caberiam numa estante, mas já ia me esquecendo de Pedro Nava, memorialista mineiro. Uma página de comida dele vale por cem livros que saem todo ano. Será que ainda me meto a fazer pão? Acho que não. Mas, se me der na telha fico com o ""Pão Nosso"", de Luiz Américo Camargo. Há teses não publicadas, mas excelentes, é só procurar. Uma delas é do Ulisses Stelmastchuk. Acham que não vou beber? Vou, mas no caso deixo o livro e levo o autor. Vamos lá, Luiz Horta. Kkkkk... E os 2.000 ebooks? Inqueimáveis, sem cheiro, impossível doar. Mas como diria Melania Trump: ""Não estou nem aí. Você se importa?"" Comer comida é essencial pra ser feliz e ter saúde. Ninguém se senta à mesa e compartilha pílulas de vitamina, que sozinhas não dão conta da nutrição. Respeito as opções alimentares conscientes, sem loucuras e modismos. Minhas filhas só diziam ""não gosto"" quando experimentavam. Não gosto de ouriço e gema mole, acontece. Respeito vegetarianos e veganos por ideologia e que levam a nutrição a sério (só não entendo a questão vegana com o mel, não acho que as abelhas sejam roubadas, elas produzem demais, coletar a sobra é natural). E compreendo bem as dificuldades e restrições sofridas por intolerantes à lactose e ao glúten, desde que haja diagnóstico. Irritante é conviver com o ""não como isso ou aquilo"" por moda, gente sem noção de nada, que faz tudo errado, ignora fontes de proteínas, vitaminas e minerais. Uns resolvem não comer nada e ficam até acinzentados de tanta anemia. Levo vegetarianos tão a sério que em livros e no site há várias receitas com vegetais. No Lá da Venda, há pratos vegetarianos e agora um vegano. No balcão, há uma lista de delícias sem glúten, sem lactose e veganas (pamonha, bolos, pão de queijo). Pelos celíacos, que sofrem com contaminação cruzada do glúten, asso pão de queijo num forno só dele. Só que, como ""dona de venda"", ouço absurdos. Um senhor me diz ""ouvi dizer que é descolado ser vegano"" e pergunta se ""pode pão de queijo"", digo ""sabe, veganos não comem nada de origem animal, o queijo vem do leite da vaca e o ovo da galinha"" e ele ""que pena, quero um bolo"", falo que todos têm ovo, aí ofereço os sucos, e ele ""suco natural não dá, prefiro coca zero"". Uma sorridente diz ""tô feliz demais, decidi virar celíaca"", arregalo os olhos e pergunto sobre o diagnóstico. ""Nada de doente, só não vou comer trigo porque engorda, pizzas de queijo são minha perdição."" Loucura... O intolerante à lactose vive bem, toma enzima para consumir laticínios comuns e tem mil possibilidades sem lactose (fiz muito doce de leite para uma filha intolerante há anos). Não pode cortar tudo. Pesquisas mostram aumento de mulheres jovens com osteopenia, que evolui para osteoporose, muitas veganas, intolerantes à lactose ou que não consomem ""porque não"", achando que cálcio e vitamina D resolvem. O glúten é o culpado por quase todo desconforto digestivo. A pessoa vê um caso na internet e o corta, sem cogitar que o problema possa ser outro, e passa a viver com pouco ferro, vitaminas, fibras e anemia. Celíacos sofrem muitas restrições, o glúten vai além do trio trigo/centeio/cevada e derivados, não podem correr risco da contaminação cruzada. Muita coisa tem glúten, e os produtos ainda não são muito bons. Bom senso, por favor! Passa mal quem vive de dietas malucas ou só come isso ou aquilo. O que faz diferença são ingredientes bons, frescos e da estação, feitos de forma séria, artesanal e sustentável por pequenos, médios e grandes produtores, que já estão mudando, tudo sem venenos e outros artificiais prejudiciais à saúde. Heloisa Bacellar Chef, dona do Lá da Venda e autora do site e canal Na Cozinha da Helô, no YouTube Item de maior clamor na violência atual, as circunstâncias da morte de Marielle Franco estão, com o tempo, mais distantes da resposta que as investigações iniciais prenunciavam. Não parece ser o caso de responsabilizar a polícia. Antes cabe reconhecer que o crime não foi obra apenas de matadores profissionais. A execução planejada e realizada com os requintes mais aguçados para estender o êxito do crime à frustração das investigações. Mesmo o que aparente clarear alguns pontos pode ser ainda mais intrigante. Foi assim com as cápsulas de metralhadora incomum. No presente estágio das perplexidades, assumiu relevância uma testemunha espontânea e não identificada que traz informações com nomes e pormenores precisos, como se fossem o relatório final de competente investigação. Quem estava no carro dos matadores, quando e em que restaurante foi decidido o fim de Marielle, conversas que o informante assistiu ou de que até participou. Grande presente. E gratuito, além de voluntário. Mas, se não suscitou indagações, ao menos indagações que chegassem às notícias, a aceitação do pacote é tão exótica quanto seu conteúdo. Cá entre nós, alguém daria pormenores que permitiriam sua fácil identificação pelos denunciados do crime, mandantes e executores? No que diz sobre o que viu e ouviu, o informante se identifica para ser o próximo executado. Com esse testemunho original, surge no caso Marielle uma segunda investigação necessária: trata-se de saber se as informações são uma via ou um descaminho perturbador. Talvez outra interrogação sem resposta, considerando-se que, no dizer recente de um delegado, esclarecer a morte de Marielle Franco exigiria abandonar muitas outras investigações. Precisamos pedir aos assassinos contumazes que, em atenção às dificuldades funcionais e materiais da polícia, diminuam temporariamente a sua produção. Por outros motivos, é também interessante a falta de seguimento de um caso surgido de relance e desaparecido sem rastro no começo de maio. Não menos de 120 mandados judiciais de busca e apreensão buscaram, naqueles dias, comprovações da fraude cometida por ao menos 30 prefeituras de São Paulo. Nelas, um cartel de cinco empresas fraudava os valores e o material para escolas. Sobretudo a merenda escolar, em que o leite pago era substituído por refresco, a carne por um ovo, o pão por uma bolacha. Em 20 anos de licitações e fornecimentos fraudados, houve o desvio de ao menos R$ 1,6 bilhão de verbas escolares municipais. Roubar na alimentação de crianças é monstruosidade. Só na capital São Paulo, foram realizadas 13 buscas. Em Araçatuba, por exemplo, dos R$ 3,2 milhões recebidos, em dois períodos, do Programa Nacional de Alimentação Escolar, R$ 2,2 milhões foram desviados. A busca de documentos deu-se também em Brasília, Salvador e Curitiba, a pura. A Polícia Federal pediu a prisão de 62 pessoas, nem uma só autorizada pelo Judiciário. Não se sabe por que os pedidos, nem as recusas. Não se sabe de mais nada, sobre parte alguma desse crime revoltante, desde o começo de maio. Por quê, também não se sabe. Também não se sabe, mas se sabe por que não se sabe, se a razia feita pelo delegado Gastão Schefer Neto, da PF, no acampamento de petistas em Curitiba custou-lhe algo. O policial resolveu acabar com o ""bom dia, Lula"", gritado às sete horas. Considerou-o cedo demais. É, porém, até para as mais barulhentas obras, a hora de término legal do silêncio obrigatório. Apesar dos dorminhocos. Cinco dias antes, de madrugada foram disparados tiros contra os petistas acampados. Um mês antes, sempre no Paraná, houve disparos contra um ônibus da caravana de Lula pelo Sul. Era o ônibus dos repórteres. Por aqui, não é preciso serem crimes refinados para serem crimes apagados. Cardiologista, Henrique Cruz era um defensor tanto do ovo quanto da manteiga na dieta, ainda que os dois já tenham sido considerados vilões para a saúde. A explicação talvez não viesse de ordem médica, mas do paladar —Henrique era um glutão, desses que gostam de receber amigos para refeições. A comida está também em um dos seus bordões preferidos: ""Pão, pão, queijo, queijo"", dizia, como que para ilustrar que as coisas precisavam ser tratadas de maneira objetiva. Recifense, Henrique seguiu a carreira do pai Domingos, renomado médico de família. Formado, foi aos Estados Unidos especializar-se em cardiologia, especialidade que exerceu até o fim da vida. Apaixonado pelo Sport Club do Recife, foi um verdadeiro promotor do futebol. Quando voltou dos EUA para morar em um apartamento simples na capital pernambucana, montou uma quadrinha na garagem do prédio em que morava, por conta própria, com traves e tudo. Comprava camisas e bolas e organizava verdadeiros ""campeonatos mundiais"" com os filhos e a molecada do prédio. Mais tarde, ao realizar o sonho de morar numa casa, o fez em um terreno atrás da Ilha do Retiro, o estádio do Sport. E, claro, fez um gramadinho society para as peladas do bairro, com iluminação noturna. Mantinha o portão aberto a fim de que o campinho recebesse os jogos, para o deleite de moradores do entorno, como os da favela do Coque. Jogou até os 72, quando as complicações de um câncer de pulmão impediram-no de distribuir seus passes cerebrais. Como cardiologista, atuou na saúde pública, no hospital Agamenon Magalhães, e em sua clínica no bairro dos Aflitos, práticas que fizeram com que a clientela ao longo da sua vida fosse diversa e fiel. O coração que acolheu tantos outros deixou de bater no último dia 28, em decorrência do câncer. Aos 76, deixa a mulher Eugênia, com quem foi casado por 52 anos, os filhos Domingos, Henrique e Alexandre, e cinco netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas Sorte ou azar. Seu supermercado preferido ou aquele do lado da sua casa pode não ser o melhor para fazer compras nesses dias de paralisação de caminhoneiros. Ou pode. Questão de sorte ou azar. Sorte. Você se dirige ao Santa Luzia, meca gourmet nos Jardins, na zona oeste de São Paulo. Está quase tudo lá. Alimentos kosher, geleias St. Dalfour, patês Roger Vidal, Bottarga, Green Label, caviar. Falta mamão formosa e patinho, veja só. O super estava lotado nesta terça-feira (29) e os clientes podiam comprar perecíveis como alface e tomates orgânicos e não orgânicos, em bandejas com legumes e verduras lavadas ou não lavadas. Azar. O Pão de Açúcar da rua Maranhão, em Higienópolis, região central, estava uma tristeza. Nem um litro de leite (os funcionários mesmo tomaram apenas café puro no lanche). Uma dúzia de saquinhos de arroz escondidos no fundo de uma prateleira. Só tem patinho, coxão mole e contra-filé. Na verdade, o açougueiro corrige, há filé de marcas premium, mas não o da casa. Pois a peça do Angus vai a R$ 102,63. A da picanha Hereford, a R$ 104,59. E pedação de bife de chorizo argentino Pico, que parece não depender de caminhões (via aérea, estampa a embalagem), custa R$ 111,10. E não havia papel higiênico, céus! Havia, pelo menos, papel toalha para emergências. Uma empregada doméstica uniformizada, fazendo compras para a patroa, contou ter dado falta de outro produto: não há mais Silvo, limpador de pratarias, em Higienópolis. Sorte. A poucas quadras dali, no entanto, o popular e enorme Sonda (ocupa um quarteirão na Barra Funda) exibe estoque musculoso. Há uma montanha de papel higiênico do Alfredo, e em oferta (aquela do leve 16 e pague 15). Falta laranja-pera, alface e cenoura, mas há dúzias de frutas e verduras. E tem filé e picanha, essa a R$ 32,22 a peça de 700 gramas (não se discute aqui a qualidade com a vendida no Pão de Açúcar). Azar. No Pastorinho, na Vila Mariana, na zona sul, as coisas começam a rarear. O mamão formosa (olha ele aí de novo) está em falta. O limão, a mandioquinha, a cenoura, a batata, a laranja pera, o alface. ""Muitas carnes faltando"", diz um funcionário. Um cliente comemora: ""Queria fazer um chá de limão e consegui os dois últimos"". Exibe orgulhoso o saquinho com o par de frutinhas feias. Sorte. Há todo tipo de carne (chegaram na terça mesmo) e orquídeas de todas as cores no St. Marche do Itaim Bibi, na zona oeste. Faltam alguns perecíveis e falta presunto. Ah, e falta também o mamão formosa, que parece o maior inimigo dos caminhoneiros desse Brasilzão. Azar. O mercadinho KL, na Consolação (centro), está sofrendo às pampas nessa crise. O dono, Kim Chen, chinês há dez anos no país, conta que há mais de uma semana não encosta um mísero caminhão de entrega em sua porta. E o que está faltando aqui? ""Pão de forma, arroz, farinha, ovo, frutas, verduras, legumes, leite, tudo, falta tudo. Nem precisa anotar. Falta tudo!"" Nove dias depois de os primeiros caminhões interromperem a passagem em rodovias brasileiras, faltam verduras, legumes, ovos, carne e até pão em supermercados de ao menos 22 capitais, segundo levantamento da reportagem nesta terça-feira (29). Grandes centros urbanos do Sul e Sudeste são os mais afetados, enquanto capitais do Norte demonstram normalidade nesta terça. A mesma lógica se aplica aos postos de combustíveis: em 11 capitais, a maioria do Norte, havia etanol e gasolina em mais da metade dos postos. São Paulo, Rio e mais 13 capitais seguiam na situação crítica de não ter combustível nem em metade dos estabelecimentos. Produtos hortifruti, os mais perecíveis, são os principais itens que sumiram na maioria dos estados. Em Florianópolis, nas unidades dos Supermercados Imperatriz, chegou-se ao extremo de sugerir-se uma cota para o cliente: três produtos por pessoa ou 3 kg no total. A capital catarinense é uma das mais críticas afetadas pela paralisação, sem combustível nem previsão de abastecimento. Em sete lojas da rede Muffato, em Curitiba, uma das principais do estado, faltam ovos, batata-doce, cenoura, carne suína e alguns cortes de carne bovina com osso. Há também carência de pães industrializados. No Rio, o Ceasa é o retrato da falta crônica de alimentos. De 80% a 90% das lojas do entreposto permanecem fechadas nesta terça-feira (29). O local, que é o principal ponto de chegada de frutas, verduras e legumes do estado, recebeu 50 caminhões para abastecimento —em dias normais o número chega a 600 veículos. Em São Paulo, supermercados ainda têm estoque de produtos não perecíveis por mais dez dias, segundo a Apas, entidade que representa a categoria. No Centro-Oeste, Brasília registra carência de hortifrutigranjeiros, especialmente legumes e frutas, como tomate, laranja, banana e mamão —que chegaram a zerar em várias redes. Frango e alguns tipos de carne também estão em falta. Em Goiânia, prateleiras estão vazias nas seções de hortifruti, e faltam verduras frutas e legumes, assim como em Cuiabá e Campo Grande. Belém é uma das poucas capitais do Norte que registra falta de alimentos. A Ceasa viu cair em 95% a oferta de hortifrutis: nesta terça havia 46 toneladas disponíveis deles, ante 117 no dia anterior. Manaus vive dias tranquilos. As unidades da rede de supermercados DB, a maior do estado, não sofreram desabastecimento. Também não há desabastecimento em Rio Branco. Em Porto Velho, o que falta são produtos trazidos de outros estados, como tomate, cebola, batata e repolho. Em Boa Vista, nenhum gênero está em falta e, mesmo com bloqueio, as cargas de alimentos estão passando normalmente. A situação está normalizada em Macapá. No Nordeste, laticínios como iogurte estão em falta em João Pessoa, e a carne acabou em alguns estoques. Em Maceió, onde faltam embutidos, laticínios e hortifrutis, distribuidoras calculam prejuízos de até R$ 2 milhões. Aracaju não sofre desabastecimento, mas todas as 33 unidades da rede GBarbosa operam com restrição de alguns tipos de produtos. Em São Luís, o desabastecimento de verduras e frutas chegou a 40% do ideal. (Com Mônica Prestes, de Manaus, Moisés Sarraf, de Belém, Fábio Pontes, de Rio Branco, Cecília Santos, de Palmas, Felipe Corona, de Porto Velho, Jéssica Alves, de Macapá, Camila Dell Agnol, de Boa Vista, Samuel Nunes, de Curitiba, Laura Loth, de Florianópolis, Fernanda Canofre, de Porto Alegre, Luísa Leite, do Rio, Dhiego Maia, de São Paulo, Lucas Rezende, de Vitória, Alvim Bossuet, de Belo Horizonte, João Valadares, Recife, Rodrigo Meneses, de Salvador, Cledivânia Pereira, de Natal, Aline Martins, de João Pessoa, Danielle Menezes, de Aracaju, José Linhares Jr., de São Luís, Yala Sena, de Teresina, Marcel Rizzo, de Fortaleza, Katia Vasco, Maceió, Pablo Rodrigo, de Cuiabá, Cleomar Almeida, de Goiânia, e Natália Cancian, de Brasília) A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio limitou nesta sexta-feira (13) os tipos de alimentos e objetos que podem entrar nas prisões sob sua responsabilidade. As regras foram definidas um dia após o retorno do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) ao estado. O emedebista foi transferido para Curitiba há três meses após uma inspeção do Ministério Público do Rio encontrar alimentos considerados irregulares na cela do ex-governador, como camarão, bolinho de bacalhau e iogurte. A Promotoria afirmou que ele recebia regalias na cadeia em razão das conexões políticas que obtivera a frente do Palácio Guanabara (2007-2014). O retorno de Cabral ocorreu nesta quarta-feira (11) após decisão da 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). A Seap editou na quinta (12) resolução listando quais alimentos podem ingressar no sistema penitenciário. Ela foi publicada na edição desta sexta (13) no Diário Oficial do estado. Camarão, bolinho de bacalhau e iogurte não constam da lista. São permitidos pão com ovo, linguiça ou manteiga, biscoitos, pipoca salgada ou doce, entre outros itens. A resolução também proíbe que as refeições levadas por parentes nos dias de visita permaneçam na cela. Antes, as famílias podiam levar até três sacolas por encontro com todo tipo de alimento para o detento —exceto alimentos in natura. A lista também não autoriza aquecedores elétricos que os detentos usavam para esquentar suas quentinhas em banho-maria. O acesso desses alimentos e objetos na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, levou a Justiça a determinar a exoneração do então secretário Erir Ribeiro Filho. Até então, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) não havia retirado o coronel da PM do cargo, mesmo com os relatos sucessivos de regalias na prisão. Além dos alimentos, Cabral é acusado de ter cometido fraudes para instalar uma videoteca em seu presídio —caso pelo qual responde na Justiça estadual. O Ministério Público afirmou que não tem indícios de que o governador autorizou os benefícios ao seu padrinho político. As novas regras foram definidas pelo substituto David Anthony Alves, nomeado por Pezão. Atualmente, o secretário responde ao general Braga Neto, interventor federal na segurança pública —que também abrange a pasta. Cabral retornou ao Rio, mas foi levado para o Complexo Penitenciário de Bangu, e não para Benfica, onde estão os demais presos da Operação Lava Jato no Rio. O advogado do ex-governador, Rodrigo Roca, pediu para a Vara de Execuções Penais a transferência do emedebista para o mesmo local em que estava. Ele alegou que seu cliente sofria risco por estar próximo de milicianos e policiais expulsos da corporação e presos em seu governo. Cabral está preso desde novembro de 2016 sob acusação de cobrar 5% de propina nos grandes contratos do estado em sua gestão (2007 - 2014). Ele responde a 22 ações penais, tendo sido condenado em cinco delas. É fácil distinguir as pessoas que veem televisão de madrugada. Têm problemas auditivos, aversão a números redondos e coceira na cabeça. Pessoalmente, não conheço nenhuma, mas os infomerciais indicam com muita clareza as características do seu público-alvo: têm um apresentador que grita, vende tudo a 49,90 e mostram cidadãos que, confrontados com dificuldades, coçam a cabeça. Os comerciais mostram, por exemplo, uma pessoa que corta pão com uma faca romba. Normalmente, a pessoa está a esfarelar o pão num momento em que a sua vida decorre a preto e branco —e, depois de cortar as fatias mais horríveis da história da panificação, coça a cabeça. É então que o apresentador lhe comunica, aos gritos, que conhece umas facas que cortam sapatos e custam apenas 49,90. Nesse momento, a pessoa passa a viver a cores e diz ""Uau!"" em estrangeiro, mas uma voz tem a gentileza de traduzir para nós e diz ""Uau!"" em português. Entretanto, a urticária passou. Acontece o mesmo com esfregonas que absorvem a água toda, uau, ao contrário das que absorvem menos e dão coceira na cabeça. E frigideiras às quais nada gruda, uau, e aparelhos de ginástica que dão choques eléctricos na barriga, uau, e cera para polir o carro que resiste ao fogo, uau. E a gente pensa como foi possível viver com restos de ovo frito no fundo do tacho, abdômenes que não eram sujeitos a electrocussão e veículos cuja pintura não sobrevivia a incêndios. Além da chaga na cabeça, de tanto a coçar. Quem assiste a infomerciais caracteriza-se ainda por não ter qualquer sentido de oportunidade. Ou se precipita ou se atrasa. Por isso, eles dizem primeiro: ""Espere! Não é tudo. Há ainda outra faca. Espere! Tem também um brinde"". E depois, na altura própria, sim: ""Ligue agora! Compre já!"". Recentemente, assisti a um infomercial sobre determinado aparelho que corta cenoura, tomate e pepino em fatias perfeitas, todas iguais. A senhora que o operava deixava para trás um passado negro de décadas a comer verduras assimétricas e obtinha a felicidade através da salada. Não sei por que, mas a alegria daquela consumidora encheu-me de uma tristeza muito profunda. Tanto que era, à sua maneira, uma tristeza uau. Boa parte do potencial turístico de Belo Horizonte está na sua comida. De acordo com levantamento da Belotur (empresa municipal de turismo), a gastronomia foi o ponto mais bem avaliado por aqueles que visitaram a cidade no ano passado. Em 2016, a capital mineira só ficou atrás de Belém nesse quesito, na avaliação de turistas estrangeiros, segundo o Ministério do Turismo. A Folha percorreu pontos tradicionais de Belo Horizonte que oferecem boa culinária e também ajudam a contar a história local. CAFÉ NICE Em meio ao tumulto da praça Sete, no centro, fica o café Nice. O modesto estabelecimento coberto por azulejos desbotados guarda quase oito décadas de história. Em seus primeiros anos de funcionamento, tinha como cliente assíduo o então prefeito da cidade Juscelino Kubitschek (1902-1976), que passava ali para tomar café, prosear e, claro, fazer política. O atual proprietário, Renato Caldeira, conta que, com Juscelino, deu-se início a uma lenda urbana: ""Quem não toma café no Nice não ganha eleição para presidente"". Nos últimos anos, o local se tornou parada quase obrigatória para políticos em campanha presidencial. E a história mostra que o mito tem algo de verdade. Em 1989, o então candidato ao Planalto Leonel Brizola (1922-2004) chegou de caminhão ao café, afirma Caldeira. O tumulto era tanto que ele não conseguiu atravessar a rua para entrar no Nice. No mesmo ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma passeata da praça da Liberdade até a praça Sete. Ao chegar à cafeteria, pediu um suco de laranja. Quem saiu vitorioso foi Fernando Collor, que, por sua vez, provou do cafezinho. O petista só voltaria ao local em 2002, desta vez sem recusar uma xícara. Em 2014, Marina Silva também fez uma visita. Preferiu beber chá e não foi eleita. No mesmo ano, Aécio Neves fez uma carreata que lotou a avenida Afonso Pena, impedindo que o candidato conseguisse chegar ao café. Também não ganhou. Tanto em 2010 quanto em 2014, Dilma Rousseff bateu ponto no estabelecimento. O combo com pão de queijo e cafezinho coado, extraoficialmente conhecido como ""kit Nice"", sai por R$ 5,30. MERCADO CENTRAL Criado em 1929, o mercado é um lugar que passou imune pela onda da gourmetização. Os estabelecimentos investem na chamada baixa gastronomia. No local é possível encontrar uma grande variedade de ingredientes tradicionais da cozinha mineira. Não é à toa que novos expoentes da culinária local estão sempre por lá. O chef Leonardo Paixão, do premiado Glouton, sugere a empada de carne seca com jiló do Ponto da Empada, que custa R$ 4, e a tradicional limonada do Mercado (o copo de 200 ml sai por R$ 2, e o de 500 ml, por R$ 5), cuja loja está no ponto há quase oito décadas. O chef Frederico Trindade, do restaurante que leva seu sobrenome, indica a casa Comercial Sabiá, famosa pela broa de fubá com queijo canastra, que custa R$ 4,50. A loja também conta com uma marca de café própria, produzida na serra da Canastra. CANTINA DO LUCAS No cruzamento da rua da Bahia com a avenida Augusto de Lima, situava-se o Grande Hotel de Belo Horizonte. Os modernistas mineiros, entre eles Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Pedro Nava (1903-1984), fizeram do bar do hotel um de seus pontos de encontro. Demolido no fim da década de 1950, deu lugar ao edifício Maletta, que logo se tornou o centro da boêmia da capital mineira, de intelectuais e artistas -e ponto de resistência ao governo militar. No segundo andar do Maletta, antes de existir o Clube da Esquina, Milton Nascimento se apresentava tocando contrabaixo, num trio formado por ele, Wagner Tiso e Paulinho Braga. Mas o epicentro do Maletta é a Cantina do Lucas, cujos protagonistas não eram músicos nem escritores. O nome é inspirado no maître do restaurante do Grande Hotel. Ele também serviu de inspiração para o nome de um prato: o filé do maître Lucas, que vem acompanhado de legumes na manteiga, ovo, mussarela e presunto. Custa R$ 71,30 e serve dois. Outro personagem importante foi seu Olympio, garçom da cantina por décadas. Nascido na Espanha, veio para o Brasil fugindo do regime franquista e tinha forte antipatia pelo governo militar. Olympio criou um código com os frequentadores, que em grande parte eram de esquerda. Quando ele percebia a presença na cantina de algum ""dedo-duro"" a serviço do governo, ele dizia ""estamos sem filé à cubana"". O prato ainda existe no cardápio e é composto por filé à milanesa, batata palha, banana, abacaxi, ovo, cebola e bacon. Serve duas pessoas e custa R$ 81,40. NOVA GERAÇÃO Uma nova leva de cozinheiros de Belo Horizonte que ganhou força no início da década tem explorado a culinária contemporânea a partir de produtos tradicionais mineiros e brasileiros. Um dos expoentes desse movimento é o chef Leonardo Paixão, do Glouton, que se autodenomina um restaurante franco-mineiro. Paixão abriu o Glouton em 2013, recém-chegado da França, onde estudou culinária e estagiou em restaurantes. O objetivo era fazer uma cozinha puramente francesa. A necessidade de renovar constantemente o cardápio e a proximidade com produtos locais, no entanto, fez com que a mineirice invadisse o menu naturalmente. ""Na hora de finalizar os pratos, não tinha jeito, eu sempre buscava esse gosto de comida caseira"", diz o chef. Um dos pratos preferidos de Paixão é a papada de porco -um corte tipicamente mineiro- acompanhada de mil-folhas de mandioca e molho de laranja. A finalização é praticamente idêntica à de uma receita tradicional francesa de vitela. Atualmente, a faceta europeia do restaurante aparece sobretudo nas técnicas. Outro representante dessa nova geração da alta cozinha mineira é o restaurante Trindade, comandado por Frederico Trindade. Ele também estudou na França, onde trabalhou na Maison Troisgros, com três estrelas pelo Guia Michelin. No Brasil, passou pelo D.O.M., de Alex Atala. O Trindade já nasceu como uma casa contemporânea brasileira, em 2011. Inspirado por Atala, mas também por nomes como dona Nelsa Trombino, fundadora do tradicional Xapuri, Trindade diz valorizar o pequeno produtor local e ingredientes tradicionais, mas sem deixar de combinar a culinária internacional e a brasileira. Um dos exemplos é o guioza com recheio de pezinho de porco, frango caipira com tucupi e picles. Estamos em 2016, mulheres já fazem balizas, empresas, motins, aplicações e livros melhores do que os homens. Mas, uma vez dentro de um relacionamento, não importa se você trabalhou 14 horas e acabou de voltar de uma ponte aérea cansativa, ele sempre vai ter o impulso de olhar pra você, algo entre o infantil e o feudal, e perguntar: ""O que tem pra comer?"" Mesmo você não sabendo cozinhar, mesmo a mãe dele não sabendo cozinhar, mesmo a ex-mulher dele não sabendo cozinhar, mesmo a próxima mulher dele não sabendo cozinhar, ele segue te encarando como se fosse muito óbvio que você, apenas por ter uma vagina, saiba fazer algo a respeito da fome alheia. Talvez pão, queijo, ovo, peito de peru, tomate, massa seca, frango congelado, essas coisas que sempre tem. Abra a geladeira e procure. Faça. Peça. Pronto, foi instaurado um problema. Você foi grossa, ele estava apenas puxando um papinho. Então vamos aprender? Como foi seu dia, sua reunião, melhorou sua dor nas costas? Olha só que trio maravilhoso de questionamentos bem melhores do que a constatação tão primitiva ""uga buga macho com fome""! Cientistas ainda não descobriram se é um problema nos cerebelos ou no duodeno, mas já é sabido que os rapazes não agem por mal. Existiu um momento na infância, promovido talvez por uma avó ou uma babá, em que ele apenas chorou e um sandubinha quente com suco veio parar no seu colo. A esse momento ele chamou de supremo amor feminino. É preciso perdoar. Ou não. Casamento não é hotel, rapazes. Não é spa e nem férias. Você não cansa da libertinagem e vem dar um tempo em uma pousada maravilhosa chamada ""casa da minha mina"". Você não pega bode do seu apartamento sem forno, sem mantinhas e sem gavetas recheadas de biscoitos e vem passar uns anos num Roteiros de Charme chamado ""mozinha pega lá pra mim"". Se você se apaixona pela quantidade de estrelas em quesitos de hotelaria, algo de errado está acontecendo com seu discernimento. Ah, você rala o dia inteiro e ainda tem que continuar se esforçando quando chega em casa? Exatamente! Parceiros são seres humanos e não serviço de quarto. Vai ter que fazer supermercado, farmácia, massagem e aturar o documentário da Chelsea Handler. E talvez ainda seja pouco. Pode perceber, a maioria dos homens não quer ""se aquietar"" com a moça que dá mais trabalho. Fulana era o sexo da minha vida. Beltrana tinha uma conexão intelectual muito forte comigo. Sicrana me fazia rir o tempo todo. Mas a Belzinha, ah, a Belzinha, como me acalma! Belzinha é discreta, entende quando eu sumo 19 dias, sempre sabe onde está o meu Sorine e faz um risoto de funghi que pelo amor de Nossa Senhora! E então, achando que se trata da tocha olímpica da luxúria, o mimadão decide dar à Belzinha, depois de percorrer o Brasil, suas meias azedas. Mas que grande destino vitorioso a vida reservou para essa moça! Mas o lance é que pequena Bel vai dormir e como explodem as mensagens no celular desta que vos escreve. Onze de dez ex-namorados sempre lembram de mim quando Belzinha se entrega aos lençóis que ela própria perfumou. Nunca tirei aspirinas, pantufas e lasanhas da cartola, mas algo de certo devo ter feito. Enfim, fica a dica: é mais fácil comprar a própria canja do que ter que esperar a Belzinha nanar pra se sentir vivo.BodyText Com um hit radiofônico atrás do outro, Projota subiu ao palco Sunset na tarde deste sábado (5) cumprindo a promessa de mandar um recado político no Rock in Rio. “Comecei a ouvir rap com 15 anos de idade, e o principal motivo foi para mandar o presidente tomar no cu”, disse depois de ouvir a plateia entoar em coro “ei, Bolsonaro, vai toma no cu”, grito frequente no festival. Ele cantava naquele momento “Sr. Presidente”, com o refrão “senhor presidente, até queria que a gente entendesse, mas não sei como faz, porque nessa noite se foi mais um menino ali na rua de trás”. Depois pediu: “Se você também tá cansado dessa porra levanta a mão e faz barulho”. Ele incluiu no repertório vários de seus sucessos, como “Linda” (sem a voz feminina), “O Homem que Não Tinha Nada” (com a voz feminina), “Ela Só quer Paz” e “Muleque de Vila”. Com os olhos marejados, disse: “Já cantei no asfalto quente, em cima de uma cadeira, em cima de uma Kombi. Eu sempre glorifico a Deus por poder cantar, mas isso aqui é de outro mundo”. “Ave maria, agora eu vou chorar de verdade”, continuou, antes de homenagear Chorão e Charlie Brown Jr. cantando “Só os Loucos Sabem”. Pediu barulho para o vocalista e para o baixista Champignon, que também morreu em 2013. Giulia Be entrou logo depois fazendo as vezes de Anitta, que se apresenta em seguida no palco Mundo, em “Cobertor”. Ela também chorou, falando que há dois anos era mais uma na multidão do festival e pedindo para a plateia não desistir dos seus sonhos. Projota, de 33 anos, foi escalado para substituir o cantor americano Kane Brown, que declinou o convite por causa da gravidez de sua mulher. Um comentário minimizando a necessidade de punição a menores de 18 anos que cometam assassinatos e defendendo que adolescentes de 16 e 17 anos não sejam responsabilizados por crimes está sendo atribuído, nas redes sociais, ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o falso viral, Lula teria dito: ""Sou totalmente contra prender menor que mata pessoas. Devemos coloca-lo na escola para reeduca-lo. Quem morreu, morreu não volta mais. Agora deixar preso um muleque só porque ele matou, sou contra"". Na montagem enganosa, há também uma foto de Lula e a logomarca da revista Época, como se a declaração fizesse parte de algum conteúdo da publicação —o que também é mentira. O texto ainda tem erros de ortografia, acentuação e pontuação. Procurada pelo projeto Comprova, coalizão de 24 organizações de mídia brasileiras, dentre elas a Folha, que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018, a revista informou que jamais publicou a declaração. O Comprova também não encontrou registros de nenhum discurso ou entrevista que coincida com a fala disseminada na internet. A única reportagem publicada pela revista Época em que Lula comenta a maioridade penal é de 3 de julho de 2015 e tem o título: ""Lula diz que violência não se resolve ‘colocando jovens na cadeia’"". O texto reproduz declarações dadas pelo ex-presidente durante evento da FUP (Federação Única dos Petroleiros), em Guararema (SP). ""Será que o Estado brasileiro cumpriu com suas obrigações com os jovens de 16 anos? Será que oferecemos a educação necessária? Será que oferecemos oportunidades para esses jovens terem opção?"", disse Lula, de fato, durante discurso. “O Estado que não cumpriu com suas obrigações resolve acabar com a violência colocando moleque na cadeia"", prosseguiu. ""Mas o que essa meninada está precisando é de oportunidade, não de cadeia."" De acordo com a Época, esta é “a única reportagem da revista que relaciona Lula com o tema”. “Quem quer que tenha produzido esta imagem modificou o sentido da declaração. Além disso, ao descontextualizar a citação e —sem permissão— inserir o logotipo da Época na imagem, provavelmente tinha a intenção de causar um efeito distinto do pretendido originalmente pela matéria”, afirmou a publicação em nota enviada ao Comprova. O tema estava em evidência na ocasião porque a Câmara dos Deputados havia aprovado em primeiro turno emendas à PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 171/1993 para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos como estupro, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Outros veículos fizeram a cobertura jornalística do evento da FUP, mas em nenhum deles Lula aparece dizendo ser contra prender um adolescente ""só porque ele matou"". O material preparado pela FUP também não faz menção a isso. A assessoria do ex-presidente disse ao Comprova que Lula é contra a diminuição da idade mínima para aplicação das leis penais, mas frisou que o petista jamais fez o comentário atribuído a ele. Após aprovada em segundo turno na Câmara, em 19 de agosto de 2015, a PEC foi encaminhada para apreciação no Senado, onde ganhou o número 115/2015. A proposta ainda não entrou em vigor e está parada na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado. O primeiro registro da declaração falsamente relacionada a Lula encontrado pelo Comprova é de 2 julho de 2015, no Facebook e no Twitter. Exatamente o mesmo dia da primeira aprovação da PEC na Câmara dos Deputados. Também no dia 3, o site Jo Notícias fez um publicação com a falsa declaração. Antes da participação no evento da FUP, Lula afirmou, em 1º de maio de 2015, durante evento do Dia do Trabalhador, em São Paulo, ser ""bem possível que muitos jovens cometam crimes"", mas ponderou que era necessário apontar o ""crime do Estado brasileiro"" contra eles ""ao longo de 500 anos"". A verificação da montagem foi uma sugestão enviada ao Comprova pelo WhatsApp do projeto. MANUAL PARA NÃO PROPAGAR FAKE NEWS Busque a fonte original; Faça uma busca na internet: muitos casos já foram desmentidos; Cheque a data: a ""novidade"" pode ser antiga; Leia a notícia inteira; Cheque o histórico de quem publicou; Se a notícia não tem fonte, não repasse. Pelo menos 2.000 pessoas assistiram ao show do rapper Projota, na Chácara do Jockey, segundo estimativa da produção. Com cerca de dez minutos de atraso, a música “A Milenar Arte de Meter o Louco” abriu a apresentação. O palco foi montado num espaçoso campo de futebol, o que permitiu que o público se espalhasse pelo local sem tumulto. Os fãs que se posicionaram mais próximos ao palco cantaram junto as letras de músicas como “Oh Meu Deus” e “Ela Só Quer Paz”. Sem se manifestar politicamente de forma explícita, Projota falou da corrupção, do “trabalhador que venceu na vida” e fez uma defesa do rap nacional, que hoje pode ser visto “até no Faustão”. “Muito obrigado, Virada Cultural, que está entendendo o valor do rap nacional, que também é cultural”, disse em rima freestyle. Fechou a apresentação com “Muleque de Vila”. Logo em seguida, uma multidão de jovens correu em direção ao camarim do rapper. Ninguém conseguiu entrar. Crescido na periferia de São Paulo, o rapper Projota alcançou a fama com o disco ""Foco, Força e Fé"", de 2014, e já fez parcerias com nomes como Anitta, Marcelo D2 e Anavitória. Popular entre o público jovem, Projota tem 1,8 milhão de ouvintes mensais no Spotify. O clipe de “Oh, Meu Deus”, de fevereiro de 2017, tem quase 65 milhões de visualizações no YouTube. Já ""Ela Só Quer Paz"" tem mais de 151 views. O mais recente álbum de estúdio do artista, “A Milenar Arte de Meter o Louco”, foi lançado em julho do passado."